Consultar Jornal - Junta de Freguesia de Queluz

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Consultar Jornal - Junta de Freguesia de Queluz
Notícias do GCQ
Ano XVII - n.º 24
Editorial
O ano coral que encerrou no passado mês de julho, sobre o
qual esta edição do Notícias do GCQ se debruça, é o primeiro
que conta com a direção artística do maestro Pedro Miguel.
Podemos afirmar que a adaptação do Grupo Coral de
Queluz à mudança de direção artística foi bem sucedida.
Reforçou-se a matriz do repertório do GCQ, baseado
essencialmente na música portuguesa; desde janeiro deste
ano, foram interpretadas em concerto pela primeira vez oito
peças. Foi muito o trabalho e o empenho de todos. Guiados
pelas competentes mãos do novo maestro, cantámos o país,
do continente às ilhas, visitámos romarias, louvámos a Virgem,
festejámos efemérides e percorremos outras paragens. Mas, se
a adaptação dos coralistas ao novo maestro decorreu sem
problemas, estamos em crer que a adaptação do maestro
Pedro Miguel ao GCQ foi igualmente muito boa, conforme ele
próprio dá notícia neste jornal.
Com Lopes-Graça revisitámos, por exemplo, Trás-osMontes com Se fores ao S. João, a Beira Litoral com Do varão
nasceu a vara, a Beira Alta com Senhora do Livramento, a
Beira Baixa com a Canção da vindima e o Alentejo com Dizes
que sou lavadeira, entre várias outras peças. Eurico
Carrapatoso levou-nos musicalmente ao Alentejo com O que
me diz o vento de Serpa, Altara ou com Música para um Tempo
de Canícula, Extravagante e à Beira Baixa com O que me diz a
calma que vai caindo, Nossa Senhora das Preces e Nossa
Senhora do Carmo. Com Sérgio Azevedo e Vasco Pearce de
Azevedo viajámos até aos Açores, respetivamente com
Chamarrita e Bela Aurora e Hugo Ribeiro trouxe-nos a beira
Zêzere, com Minha roda ‘stá parada.
Demos um salto ao outro lado do mundo com Timor et non
tremor, Lilo eh!, de Eurico Carrapatoso e ao Brasil com Olha o
rojão, de Fernando Lopes-Graça e Rosa amarela, de Heitor
Villa-Lobos e ainda viajámos por vários países da Europa
(Espanha, França, Inglaterra, Irlanda). Muitas foram as
paragens por onde andamos, musicalmente falando, que vos
convidamos a descobrir ao ler os artigos escritos pelos nossos
jornalistas.
Por indisponibilidade temporária do maestro Pedro Miguel,
em julho, tivemos oportunidade de trabalhar com três outros
maestros. Para o coro, é sempre uma experiência muito
enriquecedora, tendo os coralistas de se exceder (ainda mais)
para se adequar a outros métodos. Os coralistas gostaram, os
maestros convidados também e Pedro Miguel transmitiu-nos
que o trabalho valeu a pena!
Cumprindo o princípio de “o seu a seu dono”, a direção do
GCQ decidiu iniciar o processo de compra dos direitos de autor
ao compositor Eurico Carrapatoso adquirindo a licença de
apresentação pública do Pequeno Poemário de Sophia 1.
Apesar; 2. Pudesse eu e 3. Se. Estabelece-se assim uma
relação cordial e correta com este grande compositor,
permitindo ao GCQ a divulgação da sua excelente obra.
Setembro/2013
Em fevereiro, foi comemorado o centésimo aniversário do
Lavadouro Público, local onde há quinze anos está localizada a
Sede do GCQ. Foram pensadas diversas atividades, todas elas
relacionadas com água: um passeio, uma conferência, um
convívio e um concerto; de todas estas atividades vos damos
também conta neste jornal.
À semelhança de outros anos também se realizaram
atividades não corais. Para além das já indicadas
anteriormente, foram realizados alguns convívios, que são
fundamentais para o entrosamento de todos os integrantes do
GCQ, uma exposição de pintura e abrimos a nossa Sede a um
grupo de teatro.
Para terminar tão grande jornada, o nosso maestro Pedro
Miguel levou-nos em Peregrinação ao Palácio Nacional de
Queluz onde, no dia 23 de Junho, apresentámos a uma Sala do
Trono repleta, o nosso concerto de fim de temporada. Tudo
teria sido perfeito não fosse a novidade criada pela nova
direção do PNQ… O maestro e coralistas tiveram de carregar
com as cadeiras para o público! Não lembra ao demónio!
Novo ano coral nos espera. Como sempre, estamos cheios
de entusiasmo e confiança no trabalho a desenvolver,
reforçados pela certeza de novos elementos que passam a
integrar o coro neste início de ano coral. Aqui lhes deixamos as
boas-vindas e votos de que não esmoreçam na vontade de
permanecer no GCQ!
A Direção
“Bem-vindo a Queluz!”
Pedro Miguel (*)
E foi assim… com uma
frase singela, mas cheia de
intenção/emoção, e um sorriso que cheguei ao
Grupo Coral de Queluz.
Nada o faria prever mas os meses seguintes
seriam de grande mudança pessoal, de maturação
musical e de uma evolução na compreensão da
música coral em Portugal e em Português.
Ser confrontado, de um dia para o outro, com
uma nova realidade musical (coralistas, direção,
tradição e objetivos) e ser levado a sair da sua
“zona de conforto” para um mundo quase
Notícias do GCQ
n.º 24 – Setembro/2013
desconhecido muda qualquer um. E perguntam
dá aquele que considero ser o momento
tudo igual?” Grande parte da magia e do fascínio
durante o convívio, por iniciativa própria, os
da música é o poder fantástico da diversidade
coralistas cantaram “Camponesa, camponesa” de
cultural, etc…) que tão profundamente nos toca e
tudo o que se passou a seguir é indescritível. Foi,
muda enquanto seres humanos. Se nunca
sem dúvida, sentir que me tinham mostrado a
frequência que dá a vossa música. Quando digo
Termino dirigindo um agradecimento a todos
vocês: “Mas não é tudo música? Não deveria ser
(melódica, harmónica, tímbrica, temática, textual,
sentiram isso é porque ainda não sintonizaram a
charneira na minha curta história com o GCQ:
Fernando Lopes-Graça. Num misto de sensações,
porta de entrada para o Grupo Coral de Queluz.
vossa música não quero dizer que exista um tipo
os maestros que trabalharam com o GCQ e que
específico de música para cada um, apenas sinto
ajudaram a fazer do GCQ o coro que é. Um
que há a nossa música, aquela que nos convida a
abraço especial ao Pedro Teixeira pela confiança
todas as músicas em perfeita harmonia.
durante todo o processo de mudança de direção
entrar no “Mundo da Música” onde habitam
que depositou em mim e pelo apoio que me deu
artística. Obrigado, Pedro! Por último, e não
“À vossa porta cheguei…”
Os três primeiros meses enquanto maestro do
GCQ revelaram-se fundamentais, diria mesmo
cruciais, na definição do futuro. Normalmente,
quando há substituição de maestro a tendência é
para baixar o ritmo inicial e permitir a quem
menos importante, um beijinho especial para os
elementos da direção e todos os coralistas que me
receberam de braços abertos e que em todos os
ensaios me levam a perceber que viver no
“Mundo da Música” é fantástico! 
chega de novo iniciar funções com alguma
serenidade.
Pois…
Esqueçam,
isso
é
para
meninos! Mais uma vez, o GCQ marca a
diferença.
A 12 e 13 de Janeiro apresentei-me pela
primeira vez em concerto com o GCQ. Dois
concertos (“Os primeiros de muitos…”) que, por
motivos
diferentes,
considerei
de
responsabilidade. O primeiro por ser em Sintra
com outro coro e o segundo por ser o primeiro no
Palácio Nacional de Queluz. Estes são os
momentos em que sentimos que o passado dum
coro
como
o
GCQ
tem
muito
peso
e,
independentemente de onde o faz e para quem o
faz, o Grupo Coral de Queluz deve reger-se por
uma cultura de excelência artística. Assim foi no
passado e assim será no futuro.
Com um saldo global bastante positivo (na
minha opinião), é no período pós-concerto que se
Santuário de Nossa Senhora do Carmo (fotógrafa: Ana Pedroso)
(*) Maestro do GCQ
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Notícias do GCQ
n.º 24 – Setembro/2013
Reflexões
Pedro Miguel (*)
“Primeiro estranha-se e depois
entranha-se.”
Quantas vezes não penso se Fernando
Pessoa não terá cantado no GCQ!? Não
há frase que melhor espelhe o que fui
sentindo ao longo desta temporada.
Fazer parte do GCQ é, sem dúvida, uma
experiência única.
uma temporada em que tanta música
portuguesa trabalhei, assim não poderia
deixar de ser. Inspirado pela Nossa
Senhora do Carmo e pelos ares da Serra,
dei por mim a pensar: “se não gostar de
mim quem gostará!?” Não me referia a
mim, mas sim à Música Portuguesa.
Resolvi, então, tirar uma manhã das
minhas férias e fazer alguns quilómetros
para ficar a conhecer o Santuário de
Nossa Senhora do Carmo situado, tal
como o texto nos diz, entre Relvas e
Ourondo. Como diria o “outro”: há
sempre um Portugal desconhecido!
Música Portuguesa em ALTA!
Numa época de globalização em que,
tentamos que nossa identidade cultural
sobreviva, e por vezes damos por nós a
pensar que “lá fora é que é bom!” surgem
duas iniciativas que merecem destaque
pelo trabalho que fazem na divulgação
dos valores da Música Portuguesa:
Movimento Patrimonial pela Música
Portuguesa (http://www.mpmp.pt/) e ainda a
Música Portuguesa a gostar dela própria
(http://amusicaportuguesaagostardelapropria.org/).
Como podem ver, são duas iniciativas
com abordagens completamente distintas
mas todas a trabalhar com o mesmo
objetivo: a Música Portuguesa. Vale a
pena estar atento!
Entre Relvas e Ourondo (fotógrafa: Ana Pedroso)
“Entre Relvas e Ourondo…”
Desde 2006, ano em que casei, passo
uma semana durante o mês de Agosto na
aldeia dos meus sogros (Teixeira de
Cima, Seia). Apesar de ter algumas raízes
na Serra, confesso que nunca tive grande
ligação à cultura local. Fruto da
tendência geracional ou duma oferta
cultural mais diversificada que nos chega
do estrangeiro? Não sei, mas este ano
estive muito mais atento a todas as
manifestações de cultura local. Depois de
Santuário de Nossa Senhora do Carmo (fotógrafa: Ana Pedroso)
(*) Maestro do GCQ
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Seis Meses, Sete Concertos
Clara Ramos (*)
Este poderia ser um título duma qualquer comédia
romântica de verão. Mas não… refiro-me ao GCQ, de
janeiro a junho deste ano: participou em sete concertos.
Nada mal, para um grupo que mudou neste ano coral
de direção artística! Vamos, então, revisitar esses sete
concertos!
“Concerto de Reis” - 12 de Janeiro
(Igreja de S. Martinho, Sintra)
Tenho a convicção de que o primeiro concerto de
um maestro do GCQ ser em Sintra dá sorte! E foi
precisamente em Sintra que aconteceu o primeiro
concerto do maestro Pedro Miguel com o GCQ, na
Igreja de S. Martinho, a 12 de janeiro. A Igreja estava
muito composta de público, embora a noite estivesse
bastante fria, bem ao jeito de Sintra.
Da memória que guardo deste concerto, ressalta a
concentração que maestro e coro puseram no decurso
de todo ele.
Para a história do GCQ, ficará que a primeira peça
apresentada em concerto com Pedro Miguel foi “In the
bleak midwinter” de Gustav Holst, peça que já há
alguns anos o GCQ não interpretava. Igualmente
recuperada após algum tempo sem a cantarmos foi a
peça “Wither’s rocking hymn” de Christopher
Bochmann. O Coro Leal da Câmara, que connosco
participou neste concerto organizado pela CMS, teve a
qualidade que sempre lhe conhecemos; ambos os coros
interpretaram conjuntamente a peça “Natal de Elvas”
de Mário de Sampayo Ribeiro.
“Concerto de Ano Novo e de 46.º Aniversário”
- 13 de Janeiro (PNQ)
Os coralistas do GCQ puseram muito empenho na
divulgação deste concerto. Afinal, todos queríamos que
a Sala do Trono do PNQ estivesse cheia do nosso
público, no primeiro concerto do maestro Pedro
Miguel em Queluz com o GCQ. E fomos
recompensados: de facto, a sala estava cheia de público
atento! 
Neste concerto, com o subtítulo “O Advento e o
Natal na música vocal: Canções de natividade do séc.
XX”, o GCQ interpretou canções de Natal de Fernando
Lopes-Graça e peças de origem inglesa e espanhola.
Um pequeno incidente marcou este concerto.
Chegados ao momento de cantar “O Menino nas
Palhas”, o Pedro deu os tons cantando “Parti…”.
Apercebi-me que ele estava a dar-nos os tons da peça
“Partidos são de Oriente”, que se devia seguir a “O
Menino nas Palhas”; no entanto, as solistas soprano
não se aperceberam da troca de tons e entraram no
solo de “O Menino nas Palhas”, mas uns tons acima…
A peça foi até ao final, mas, claro, saiu um pouco…
bizarra, é o mínimo que se pode dizer! No final do
concerto, o Pedro disse-nos que, por momentos,
pensou que o coro o estava a “praxar”!  Pedro, os
coralistas do GCQ procuram sempre divertir-se com a
música que cantam, mas… levam muito a sério as
apresentações em público!  Como dizemos por vezes
de brincadeira… 13 de janeiro foi o dia em que o
“Menino partiu das palhas para Oriente”! 
Concerto de 13 de janeiro (fotografia de: Clara Ramos)
Pela parte que me toca, fiquei imensamente feliz
porque, nesse dia, recebi o diploma de 20 anos de
associada do GCQ! 
“Chá com música - 100 Anos do Lavadouro Público”
- 17 de Fevereiro (Espaço Lavadouro)
O GCQ na Igreja de S. Martinho, Sintra, a 12 de janeiro
(fotógrafa: Sofia Pego)
Como com certeza todos os coralistas do GCQ
desejam, este foi “o primeiro de muitos” concertos do
maestro Pedro Miguel com o GCQ!
Não tem sido frequente o GCQ fazer concertos na
sua Sede, o Espaço Lavadouro, porque, embora todos
nós o prezemos muito, este é pequeno para concertos,
tem muito pouca capacidade para coro e público. No
entanto, comemorar os 100 anos do Lavadouro sem
uma apresentação do GCQ no local onde trabalha não
gostaríamos que acontecesse! Assim, pensámos num
evento que, duplamente, esteve associado a água: um
concerto subordinado a este tema e uma prova de chás,
que se seguiu ao concerto.
O Pedro selecionou um conjunto de peças todas de
temática relacionada com água, algumas que o GCQ
havia interpretado mais recentemente, outras que já
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não cantava há algum tempo, como “Dizes que sou
lavadeira” de Fernando Lopes-Graça e ainda duas
novas peças: “Esta Tierra”, de Javier Busto e “Minha
roda ‘stá parada” de Hugo Ribeiro. O concerto
terminou com a peça “Canto do Livre” de Fernando
Lopes-Graça com poema de Soares de Passos, numa
alusão ao Centro Escolar Republicano A “Lucta”, que
teve a iniciativa de construir o lavadouro público, cuja
inauguração ocorreu em fevereiro de 1913, conforme
placa ainda hoje existente.
A propósito da peça “Esta Tierra”, o Pedro dirigiu
umas palavras muito simpáticas aos coralistas,
agradecendo
o
acolhimento
que
todos
lhe
proporcionaram quando se tornou maestro do GCQ.
Os coralistas agradeceram-lhe, oferecendo-lhe um vaso
de violetas “ao comprido”!
Concerto “Chá com Música” (fotógrafa: Rita Firmino)
Todo o evento foi muito bonito e apreciado pelos
presentes, quer o concerto, quer a prova de chás.
“Concerto comemorativo do 25 de Abril”
- 25 de Abril (Igreja da Graça, Santarém)
n.º 24 – Setembro/2013
O reportório do GCQ foi integralmente constituído
por música portuguesa de Fernando Lopes-Graça e
Eurico Carrapatoso; as nossas interpretações de
“Cantigas do Maio” (peça que o GCQ apresentou pela
primeira vez neste concerto) e de “Grândola, Vila
Morena” foram muito apreciadas e aplaudidas. O GCQ
interpretou também pela primeira vez “Nossa Senhora
do Carmo”, de Eurico Carrapatoso, um belo canto de
romaria, integrado no ciclo “O que me diz a calma que
vai caindo”.
O concerto terminou com três peças de conjunto,
interpretadas pelos quatro coros, todas de Fernando
Lopes-Graça, tendo cada uma das peças sido dirigida
por um dos maestros. Ao nosso Pedro coube dirigir “O
milho da nossa terra”.
“Concerto Mariano” - 26 de Maio
(Igreja de Nossa Senhora da Conceição, Queluz)
No nosso tradicional concerto mariano, na Igreja de
Nossa Senhora da Conceição, recebemos o Orfeão da
Covilhã, coro que o Pedro já dirigiu. Foi um belo
encontro de amigos!
O programa do GCQ, sob o título “Romaria”, foi
organizado pelo nosso maestro dum modo muito
interessante, simulando uma romaria: primeiro, cantos
de romaria, interpretados pelos romeiros enquanto se
dirigem à romaria, depois cantos de louvor à Virgem e
novamente cantos de romaria, com os romeiros de
regresso. Uma das peças que o GCQ interpretou foi “A
Hymn to the Virgin”, de Benjamin Britten, cujo
centenário do nascimento se comemora neste ano de
2013; apresentou ainda pela primeira vez “Nossa
Senhora das Preces” de Eurico Carrapatoso, do ciclo “O
que me diz a calma que vai caindo”.
A convite do Coro do Círculo Cultural Scalabitano,
o GCQ participou num concerto comemorativo do 25
de Abril, em que, para além dos Coros anfitriões,
adulto e infantil, atuou também o Grupo Coral da
Associação dos Trabalhadores do Metropolitano de
Lisboa.
A organização do concerto foi muito interessante,
com os coros a posicionarem-se em quatro pontos da
bonita Igreja da Graça (Santarém) e, após a
interpretação duma peça por cada um dos quatro
coros, estes mudavam de posição. Assim, cada coro
cantou uma peça num desses quatro pontos, juntandose por fim no altar-mor para as peças de conjunto, o
que resultou bastante interessante e dinâmico.
Concerto Mariano a 26 de Maio (fotógrafa: Filomena Loura)
“Concerto Sintra Viva”
- 2 de Junho (Quartel de Queluz)
Concerto na Igreja da Graça, Santarém (fotógrafa: Sofia Pego)
Integrado no evento da CMS “Sintra Viva”, o GCQ
apresentou-se num palco ao ar livre instalado no
Quartel de Queluz.
Cantar ao ar livre não é a melhor maneira do GCQ
se apresentar em público, ou, melhor dizendo, nenhum
coro. Se a isso juntarmos muito barulho ambiente e um
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imenso calor… havia todos os ingredientes para o
concerto correr mal. Mas não foi o que aconteceu! O
nosso reportório era bastante descontraído e o nosso
caríssimo maestro imprimiu imensa alegria ao concerto!
O público gostou, os coralistas também!  O GCQ
interpretou neste concerto três peças que já não fazia
há algum tempo: “Olha o rojão” de Fernando LopesGraça, “Rosa Amarela” de Heitor Villa-Lobos e “Lilo
eh!” de Eurico Carrapatoso. De registar ainda que foi a
primeira vez que o GCQ cantou no Quartel.
“Concerto Peregrinação” - 23 de Junho (PNQ)
Sob o título “Peregrinação”, o GCQ efetuou o seu
concerto de final de ano coral mais cedo que o
habitual, por indisponibilidade de calendário do nosso
maestro. Foi um concerto muito bonito! Para isso,
contribuiu o belo reportório que apresentámos, o
muito público que encheu a Sala do Trono e a maneira
descontraída e divertida com que o Pedro foi
explicando o desenrolar do concerto.
O GCQ fez uma peregrinação por diversas regiões
do país (Trás-os-Montes, Beiras Alta e Baixa, Alentejo e
Açores), dando ainda um saltinho a França; interpretou
pela primeira vez “Hymne à la Vierge” de Pierre
Villette, “Chamarrita” de Sérgio Azevedo e “Bela
Aurora” de Vasco Pearce de Azevedo.
Concerto Peregrinação (fotógrafo: Abílio Pereira)
Aproveitando o desenrolar do concerto e a
interpretação de peças específicas, o Pedro foi fazendo
algumas dedicatórias: nas peças açorianas, a Ana Isabel
Santos, Sara Ramalhinho e Francisco Anjos pela
colaboração em ensaios; também aqui lhes deixo o meu
agradecimento: estão sempre prontos a ajudar-nos na
montagem de peças! Na peça “Extravagante”, ao nosso
coralista Manuel Marques que, por questões de saúde,
não cantou no concerto, mas estava na primeira fila do
público e muito comovido ficou com a dedicatória. E
na peça extra “Esta Tierra”, ao nosso anterior maestro
Pedro Teixeira, que connosco iniciou este ano coral que
terminou neste concerto, enquanto apresentação do
GCQ ao público; aqui, quem se emocionou foram os
coralistas mas, talvez pela dedicatória que o Pedro fez,
cantaram ainda mais empenhadamente a peça!
Por tudo isto, penso que este concerto ficará
durante muito tempo na nossa memória!
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Ainda uma nota final sobre estes sete concertos:
todos eles foram feitos sem recurso a qualquer
“reforço” ou “coralista convidado”, o que a mim,
pessoalmente, muito me apraz! 
Agora que estamos a iniciar mais um ano coral,
poderei dizer que guardo muito gratas recordações
destes sete concertos, os primeiros com o maestro
Pedro Miguel. Muitos mais se lhes seguirão, assim o
espero!
(*) Coralista e Vogal da Direção do GCQ
Um Concerto,
uma “Peregrinação”,
muitas emoções,
um agradecimento,
algumas opiniões…
Manuel Lourenço Marques (*)
Foi com enorme expectativa,
por um lado, e com muita emoção, por outro, que, no
passado dia 23 de junho, pelas 18:30, participei no
concerto do Grupo Coral de Queluz (GCQ) realizado no
Palácio Nacional de Queluz (PNQ), mas agora no lado de
lá, ou seja, na primeira fila do público.
O título do concerto era sugestivo: “Peregrinação”.
Porquê este título? O maestro Pedro Miguel fez o favor
de nos explicar com muito saber e criatividade a razão de
ser deste título. Acho muito interessante que o GCQ
continue a chamar as coisas pelos nomes, ou seja, a ter
concertos temáticos e programas de concertos divididos
em subtemas e foi o caso deste com “Canções Regionais
Portuguesas”, “Cantos de Louvor à Virgem” e “Canções
Regionais Portuguesas - A Herança de Graça”. Assim,
peregrinámos por Trás-os-Montes, Beira Alta, Beira Baixa,
Alentejo, Açores e outros locais fora de Portugal.
A sala do Trono, a maior do PNQ, estava cheia, apesar
do dia de verão que se fazia sentir lá fora e da hora tardia
do início do concerto em relação ao que é habitual.
Dedicatórias
O maestro Pedro Miguel lembrou e agradeceu as
ajudas preciosas dos músicos amigos que colaboraram na
preparação do concerto de final de temporada: Ana
Isabel Pereira, Sara Ramalhinho e Francisco Anjos.
Também lembrou o trabalho do maestro Pedro
Teixeira, no início do ano coral em curso 2012/2013,
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desenvolvido com o GCQ e foi-lhe dedicada a última peça
do concerto (extra programa) intitulada “Esta Tierra”, que
teve grande impacto devido ao conteúdo da letra e de ser
em língua castelhana, pois o Pedro Teixeira deixou-nos
para ir trabalhar como maestro titular para Madrid, na
direção do Coro de la Comunidad de Madrid.
Igualmente, em jeito de dedicatória, foi-me dedicada
a última peça prevista no programa “Extravagante” de
Eurico Carrapatoso do Ciclo “Música para um tempo de
Canícula” (Alentejo). O Pedro explicou-me mais tarde,
que, ao ver-me na primeira fila do público e, passadas
seis semanas da minha ausência aos ensaios, por motivos
de saúde, não resistiu a dedicar-me esta peça, que fala de
um tal rapaz extravagante, de noitadas, etc., tão bem
interpretada pelo Grupo. Eu gostei muito e, se Eurico
Carrapatoso estivesse presente, também iria gostar muito
da interpretação. Vi, no final da interpretação desta peça
nos olhos de alguns colegas alguma emoção, apesar de
ter os meus olhos com algumas lágrimas tal foi a
sensação da inesperada dedicatória e da sua belíssima
interpretação.
Ao Pedro e ao Grupo o meu muito obrigado. Este
gesto contribuiu positivamente para a minha
recuperação.
Manuel Marques, agradecendo a dedicatória
da peça “Extravagante” (fotógrafo: Abílio Pereira)
O Público
Muitas das pessoas presentes eram, como
habitualmente, nossos amigos e também amigos do GCQ,
que estão habituados a ouvir boa música coral. Também
havia muitas pessoas anónimas e novas presenças que
garantem uma cada vez maior influência do GCQ na
cultura, numa perspetiva de contribuição para uma
permanente “educação pela arte” de coralistas e público,
que é um dos objetivos da nossa atividade.
As entidades autárquicas das Juntas de Freguesia e da
Câmara Municipal de Sintra (CMS) estiveram mais uma
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vez ausentes. Com pena minha, pois seria uma altura
nobre para nos darem apoio e reconhecerem
presencialmente o nosso valor e estima.
Teremos de chegar ainda a um público mais
diversificado. Para isso, deveremos manter e, se possível,
aumentar a divulgação das nossas atividades. É um
trabalho da Direção e de todos nós. Deveremos incluir,
como já fazemos, o pedido de divulgação às Juntas de
Freguesia da nossa cidade, Queluz, Monte Abraão,
Massamá e à Câmara Municipal de Sintra, recorrendo aos
meios clássicos e às redes sociais. Justo é de referir a JFQ
com bom apoio na divulgação quer na Newsletter quer,
algumas vezes, nos placards de rua.
O GCQ, o Palácio e as Autarquias
O GCQ já realizou mais de 100 concertos no Palácio
Nacional de Queluz. Este foi, julgo eu, o 103.º concerto
realizado pelo GCQ no PNQ. É, sem dúvida, o Grupo que
mais vezes atuou no Palácio. Estes concertos tiveram
lugar em diversos locais: Entrada do Palácio, Sala do
Trono, Sala da Música, Capela, Sala dos Embaixadores,
Escadaria Robillion e outros locais do Jardim. Assim, deve
haver um reconhecimento público pelas entidades
oficiais, nomeadamente o Palácio, agora sob a gestão dos
Parques de Sintra Monte da Lua e das Entidades
autárquicas, deste grande trabalho realizado ao longo de
quase cinquenta anos. Sim, o GCQ, em 2017, comemora
o seu 50.º aniversário e é uma boa altura para esse
reconhecimento.
Na verdade, a Junta de Freguesia de Queluz habituounos, ao longo de muitos anos, a ajudar-nos e a colaborar
connosco, quer logística quer monetariamente. O último
subsídio veio no tempo em que o Presidente da Junta de
Freguesia era o senhor Célio Toste (1997). Depois, com o
Presidente da Junta de Freguesia senhor Armando
Santos, vieram os Protocolos em que o GCQ faz, em
organização conjunta, quatro concertos anuais na
Freguesia, normalmente três no Palácio e um na Igreja
Paroquial de Queluz.
Esta é ainda a forma mais correta, na minha opinião;
com o senhor António Barbosa de Oliveira, atual
Presidente da Junta de Freguesia de Queluz, foi mantido
o protocolo já existente anteriormente. Julgo que a
mesma “política” vai ser seguida pelo(a) futuro(a)
Presidente da Junta da União das Freguesias de Queluz e
Belas.
Ao GCQ, com a união das duas Freguesias, amplia-se a
sua influência a mais uma freguesia de grande
intervenção - Belas, onde poderá intervir mais
frequentemente, podendo ter acesso a novos locais de
concertos, nomeadamente a Igreja da Misericórdia de
Belas e o Palacete da Quinta Nova da Assunção, também
em Belas, sob a gestão da CMS.
(*) Coralista do GCQ
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Notícias do GCQ
n.º 24 – Setembro/2013
Comemorações do 100.º Aniversário
do Lavadouro Público de Queluz
Durante o mês de fevereiro de 2013, o GCQ
comemorou os 100 anos do Lavadouro Público de
Queluz com um conjunto de atividades diversificadas.
A Telha
As comemorações iniciaram-se a 3 de fevereiro,
tendo sido abertas por Fátima Salvaterra, Presidente da
Direção do GCQ.
Exposições
Clara Ramos (*)
Há 15 anos, quando a nossa Sede foi inaugurada,
dizíamos, por graça, que o GCQ estava “com a telha”;
isto porque, aquando das obras para adequação do
Lavadouro Público a Sede do GCQ, foi retirada do
telhado uma “telha progresso privilegiada”, da Empreza
Cerâmica de Lisboa, na R. Saraiva de Carvalho, datada
de … 1895! É verdade, com mais de 100 anos! Essa telha
foi guardada até agora, tendo sido emoldurada e
ganhou a honra de estar em exposição permanente na
nossa Sede!
O descerrar do quadro com a “telha centenária” foi o
primeiro evento das comemorações dos 100 anos do
Lavadouro, a 3 de fevereiro de 2013, tendo cabido a
Fernando Salvaterra, sócio fundador do GCQ, a tarefa
de “puxar o pano” para pôr o quadro à luz do dia.
Quando
pensámos
em
comemorar os 100 anos da
inauguração do Lavadouro Público, achámos que
deveríamos levar a efeito várias atividades, todas mais
ou menos relacionadas com água. No entanto, e por
coincidência, na mesma ocasião, passaram 15 anos da
inauguração do Espaço Lavadouro como Sede do GCQ.
Um dos eventos que decidimos fazer foi uma
exposição de atividades desenvolvidas pelo GCQ no seu
espaço Sede nestes 15 anos. Mas… outra exposição
aconteceu e igualmente preparámos um objeto para
ficar em exposição permanente na Sede.
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Notícias do GCQ
O Estendal
Lavadouro sem estendal de roupa? Claro que não!
Metemos mão à obra e, durante um mês, o Lavadouro
fez justiça ao seu nome e teve um estendal um
bocadinho peculiar: um conjunto de t-shirts brancas
com letras coloridas pintadas, formando as frases: “100
Anos Lavadouro” e “15 Anos GCQ”.
n.º 24 – Setembro/2013
“Percursos d’Água em Queluz”
Manuel Lourenço Marques (*)
A Direção do GCQ desafiou-me
para a realização de uma
iniciativa,
no
âmbito
das
comemorações do centenário do
Lavadouro Público de Queluz. A
ideia constava em fazer novamente uma sessão de
Percursos de Água, cuja primeira sessão foi por mim
realizada em 2007, no âmbito do 40.º aniversário do
GCQ integrado nos “40 anos - 40 eventos”.
Foi uma maneira bem descontraída de divulgar as
nossas comemorações, uma vez que o estendal era
visível da Avenida Duarte Pacheco, uma das avenidas
mais movimentadas de Queluz.
E, claro, suscitou alguns momentos divertidos,
nomeadamente num ensaio, em que o nosso maestro,
sempre bem-disposto, nos aconselhou a ir apanhar a
roupa porque… estava a chover! 
Espaço Lavadouro - 15 Anos de Atividades
Uma outra exposição esteve no interior da Sede, com
fotografias alusivas às atividades que o GCQ aí realizou
durante 15 anos.
Sob o título “Espaço Lavadouro - De Lavadouro
Público… a Sede do GCQ”, a exposição iniciava-se com
um conjunto de fotografias do estado em que estava o
Lavadouro antes do início das obras de requalificação
que o GCQ levou a efeito em 1997 / 1998, seguindo com
as obras, a gravação do programa “Acontece” e a
inauguração como Sede do GCQ. Depois, as nossas
atividades “correntes”: reuniões e ensaios. Em seguida,
as muitas atividades que realizámos neste espaço:
concertos, convívios, colóquios e palestras, exposições,
lançamento de livros, percursos, sessões de música.
Esta exposição foi aberta ao público no dia 3 de
fevereiro e coube-me a honra de apresenta-la a quem
esteve nesse dia na nossa Sede para o início das
comemorações dos 100 anos do Lavadouro.
Esta sessão realizou-se a 3 de fevereiro de 2013, pelas
10 horas na Sede do GCQ. Para o efeito, consultei muita
bibliografia e tirei centenas de fotografias, tendo muitas
delas sido projetadas durante a sessão. Na assistência
encontravam-se sócios do GCQ e público anónimo,
talvez em partes iguais. Na minha opinião foi uma
sessão interessante, cuja primeira parte foi em sala,
seguida de um percurso a pé (Lavadouro, Parque
Urbano, ao longo da Ribeira do Jamor, Arcos, Tanque do
Miradouro e Mina) terminando com uma visita ao
interior da Mina, junto ao restaurante “A Mina”. A visita
ao seu interior deve-se ao empenho do senhor
Presidente da Junta de Freguesia, senhor António
Barbosa, a quem mais uma vez agradeço, pois estas
instalações estão fechadas ao público. Seguidamente,
alguns de nós fomos almoçar ao restaurante “A Mina”.
(*) Coralista e Vogal da Direção do GCQ
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Notícias do GCQ
A projeção em sala das fotografias antigas e recentes
foi acompanhada pela sua descrição e contextualização
nos locais e no tempo e agrupadas em oito temas, que
passo a descrever:
O Lavadouro Público de Queluz,
hoje “Espaço Lavadouro”, Sede do GCQ
Foi construído pelo Centro Escolar Republicano A
“Lucta” em fevereiro de 1913, conforme a placa
existente. Os CER eram associações que visavam
responder a problemas sociais decorrentes do
movimento de migração das pessoas do campo para as
cidades, provocando o desenraizamento das populações
e tiveram um período áureo nos primeiros anos da
república; foram especialmente dedicados ao ensino
básico e, em menor escala, à emancipação da mulher.
Terá sido esta a razão da construção do Lavadouro
Público?
Das pesquisas feitas em 1996 pela Direção do GCQ,
aquando do pedido destas instalações ao Executivo da
Junta de Freguesia de Queluz para proceder à sua
requalificação, constatámos que o CER A “Lucta” já
estava extinto. Nesta data também constatámos, eu
como presidente da Direção do GCQ e o senhor Célio
Toste como Presidente da JFQ, que as instalações do
Lavadouro e as instalações contíguas utilizadas pelo
Grupo de Escoteiros 23, não estavam inscritas nas
Finanças. Portanto, o primeiro trabalho conjunto, foi
fazer o registo matricial por usucapião a favor da JFQ.
Em outubro de 1996, a Assembleia de Freguesia
aprovou a cedência deste espaço ao GCQ. O GCQ (e só o
GCQ) candidatou-se então a fundos estatais do PIDDAC
e da CMS, que apoiavam pequenos projetos de
associações com a finalidade de recuperação de espaços
culturais, com a apresentação de uma proposta de
requalificação no valor de 50.000 euros (30.000 euros
estatais e 20.000 euros verba cedida pela CMS). A
proposta para requalificação deste espaço foi aprovada.
Por fim, houve necessidade de fazer um peditório e
solicitação de patrocínios a entidades e comércio local e
assim se conseguiu uma verba adicional de 15.000 euros
para despesas complementares.
A 31 de Janeiro de 1998, foi inaugurado o Espaço
Lavadouro, com a presença da Presidente da CMS Dr.ª
Edite Estrela e outras entidades locais.
Mais tarde, foi celebrado e assinado o protocolo de
cedência do Espaço Lavadouro entre o senhor Armando
Santos (PJFQ) e a Presidente da Direção do GCQ Fausta
Fidalgo no final de um concerto no PNQ. A este
propósito, queria complementar com uma transcrição
do livro “As minhas Memórias” de José Manuel Gil: “…
vamos ao encontro do Lavadouro, da casa do Bicho Mau
e da Sede dos Escoteiros do 23 a que o meu filho José
Pedro pertenceu. Como a casa do velho Bicho, onde eu
ia com frequência, era contígua ao citado lavadouro,
muitas vezes lá fui fechar a água que uma certa malta
marginal deixava aberta. Esse local começou a ficar sujo
n.º 24 – Setembro/2013
demais e, por fim, já ninguém utilizava os tanques para
lavar a roupa. Até que apareceu alguém de larga visão e
grande sentido de oportunidade, que agarrou numa
marreta e esmagou o contador e o tubo da água. Ao
deixar de haver água pararam os marginais, acabou a
porcaria e todos ficaram contentes! Já agora por
curiosidade, conto que eu próprio, o Mário Pinto e o
Armando Santos, Presidente da Junta de Freguesia,
fomos a Sintra testemunhar, perante um notário, que
todo o edifício era património da Junta, para que
pudesse ser cedido oficialmente ao Grupo Coral de
Queluz. O Bicho Mau, que vivera numa parte onde tinha
funcionado a primitiva prisão, já não pertencia a este
mundo e assim tudo poderia ser resolvido dentro da
legalidade e sem traumas. Servi de testemunha porque
tinha sido o meu pai, enquanto Presidente da Junta de
Freguesia, quem havia cedido oficialmente essa parte da
casa para ele viver com a mulher,…”
Vistas gerais de Queluz
vs A importância da água em Queluz
Todos os “antigos” se recordam que, quando Queluz
não tinha grandes construções em altura, nos jardins das
moradias, a água era proporcionada por fontes e poços,
de onde era tirada através de moinhos de vento, sendo
que ainda hoje existem alguns poucos sobreviventes.
Aquando da criação dos SMAS, foi ordenado o fecho
destes poços e o desmontar desses moinhos de vento,
para se proceder à ligação obrigatória à rede, aquando
da construção dos grandes edifícios que vieram
substituir as vivendas. Em 1938, inicia-se a instalação da
rede de água canalizada na Freguesia; Queluz tinha
cerca de 5000 habitantes. É frequente encontrar a 40, 60
ou 80 metros de profundidade grandes lençóis de água.
Daí não é de estranhar que diversos edifícios hoje têm
poços nos seus alicerces e que têm a necessidade de
bombear a sua água com muita frequência.
Não há dúvida para ninguém que a água teve e tem
grande impacto da paisagem urbana da cidade de
Queluz. Isto deve-se principalmente às necessidades de
água em grande escala para sua utilização nos Jardins do
Palácio e, para isso, a necessidade de captação de água
em diversos locais e de a transportar, via aquedutos à
superfície, com grande impacto nas “vistas” de Queluz, e
/ ou em condutas subterrâneas, tão maltratadas ao
longo dos tempos pelos construtores civis.
Aquedutos
O Infante D. Francisco de Bragança (1691 - 1742),
segundo senhor da Casa do Infantado, à qual pertencia o
Pavilhão de Caça de Queluz, que D. Francisco habitou,
ordenou a captação de águas para essa Pavilhão.
Mandou edificar o primeiro aqueduto, Aqueduto
Infante D. Francisco de Bragança, para levar as águas
das minas de Monte Abraão a um grande tanque no Alto
do Miradouro, para a sua recolha. O Tanque do
Miradouro, com 35 m de comprimento e 20 m de
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Notícias do GCQ
largura, ainda hoje existe. Tem duas entradas de água,
uma delas é uma gárgula e dele corriam as águas para o
Palácio Nacional de Queluz.
Em 1752, foi adquirido o Casal de Albergaria, no
Pendão, e aí D. Pedro III manda efetuar novas captações
e conduta, para melhoria do caudal. Em 1757, estavam
terminados os trabalhos. Assim, foi possível satisfazer
minimamente as novas necessidades do Palácio, pois
este estava em obras e os jardins em construção, para
contemplar nos jardins lagos e repuxos de água.
De 1758 a 1769, novas captações são necessárias,
novas condutas são construídas, melhorando assim o
abastecimento do Palácio.
No entanto, o abastecimento de água era
insuficiente e precário em relação às necessidades.
Assim, o Príncipe da Beira, futuro D. João VI, em 1790,
após doação ao monarca da nascente da Gargantada, na
zona de Carenque, ordena novas captações e a
construção do Aqueduto Príncipe da Beira com uma
conduta vinda das minas de Carenque. Chega ao edifício
“Mina”, em pleno coração da parte antiga de Queluz, em
conduta subterrânea. Neste local, há repartição de
águas e desce alguns metros em termos de
profundidade e também por via subterrânea segue até
ao Palácio.
Em 1794, chegava finalmente a água ao Palácio. Mais
tarde, foram também feitas captações em Massamá e
conduzidas as águas também para o Palácio.
Principais Fontanários Públicos
Ainda existentes:
Fonte da Pedra Lavrada ou da Carranca (como é
vulgarmente conhecida) - Junto ao Palácio;
Fonte D. Carlos I - mandada abrir por este Rei, em
favor das gentes da Povoação de Queluz. Situa-se no
Aqueduto de D. Francisco no Largo da Ponte Pedrinha
ou Largo D. Carlos ou ainda Largo dos Arcos Reais;
neste fontanário existe uma placa que diz: “Esta água foi
concedida por Sua Magestade El-Rei O Senhor Dom
Carlos 1º por mercê de 19 de Março de 1891 para uso dos
moradores d’este logar”.
Chafariz na Calçada da Bica da Costa - próximo da
atual Biblioteca Ruy Belo, no Pendão.
Fontanário do Pendão - Fontanário oitocentista,
mais propriamente de 1806, edificado pelas Reais Obras
das Águas Livres para abastecimento público.
Chafariz do Bairro Almeida Araújo - localizado
numa praceta no Bairro.
Chafariz do Largo Mouzinho de Albuquerque antes, este chafariz estava localizado à entrada do Largo
Manuel da Costa, junto a um edifício que foi demolido
(O grande palheiro).
Chafariz de Massamá - a fonte do sobrante das
águas para o Palácio, de 1863. No seu frontal tem “Este
chafariz centenário, muitos segredos encerra, e
cumprindo o seu fadário, é orgulho desta terra.
n.º 24 – Setembro/2013
Massamá - Francisco Rodrigues, 29/09/63” e ainda
“Obras Públicas 1863”
Já extintos:
Fonte das quatro bicas - destruída na década de 50;
desconhecemos a localização.
Fonte dos Namorados - situava-se ao fundo da
Alameda Conde Almeida Araújo e abastecia a população
da zona antes das canalizações camarárias, cujo estudo
inicial data de 1917. A este propósito, no livro “Memórias
minhas” de José Manuel Gil, pode ler-se: “ A Fonte dos
Namorados foi uma nascente que nunca deixou de jorrar
até a marreta dos “marretas” a destruir. O projeto
descrito data de 1917 e dezenas de anos passaram antes
da era das torneiras em casa de cada um. Nesse longo
entretanto era a senhora Júlia, mãe do Bicho Mau, que
nos trazia a água num carro de mão comprido e com
dois buracos onde entravam bilhas de zinco. Era depois
despejada dentro de um pote de barro que tapávamos
com um pano sobre o qual assentava o púcaro das
utilizações, também em barro. E todo o mundo
mergulhava o púcaro para beber quando era preciso. O
mesmo sistema era usado nas caravelas da época dos
descobrimentos. Havia uma pia na cozinha para as
necessidades limpas e outra na cave para as sujas.
Lembro-me que de vez em quando não tinha tempo de
ir e ficava-me pelo andar de cima. Era também na cave
que tomávamos banho, dentro de uma celha. E depois
de cada banho era preciso um cacilheiro para sair do
“salão” cuja porta de entrada obrigava a espinha a fazer
90 graus….”
Fonte das sete bicas - situava-se no Largo do Palácio
no local onde está agora a estátua D. Maria I. Era
bebedouro para os animais dos meios de locomoção da
época. Conta-se que todos os dias, a horas certas, a um
toque dos corneteiros, os cavalos e mulas do Quartel
iam beber água.
Pontes
Ponte seiscentista do Catita - sobre a Ribeira da
Cascata (vulgo Carenque) e nos limites de Queluz Amadora; há, no encontro dos dois curiosos planos da
ponte, um marco - cruzeiro onde falta a cruz, onde se
pode ler em letras gravadas na pedra “Esta ponte
mandou fazer o Senado de Lisboa a custa do Real do
Povo em 1631”; a ponte tinha como finalidade facilitar a
ligação Lisboa - Sintra.
Ponte da Ribeira das Jardas - é uma ponte
setecentista com um só arco e ostenta marco de pedra
em cuja base se lê “ Esta ponte mandou fazer o Senado
de Lisboa a custa do Real do Povo era 1708”.
Ponte Pedrinha - junto ao Aqueduto de D. Francisco,
mais vulgarmente conhecido por “Arcos” ou “Arcos
Reais” ou ainda Aqueduto da “Ponte de Pedrinha”.
Ponte D. Maria I - junto ao Lavadouro; como aspeto
a evidenciar, nesta ponte há uma referência às grandes
cheias de 25 de novembro de 1967, assinalando com
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Notícias do GCQ
n.º 24 – Setembro/2013
uma placa a marca do nível que as águas atingiram neste
local.
Ribeiras
Ribeira das Forcadas:
Nasce na Freguesia de Monte Abraão e encontra o
Rio Jamor nos Jardins do Palácio, junto ao dique ou
comporta onde hoje existe uma ponte em madeira e o
bar do PNQ. Segundo o Dr. Fernando Ricardo Ribeiro
Leitão, os caçadores esperavam a vinda das codornizes e
perdizes que vinham a esta ribeira beber água.
Ribeira do Jamor/ Rio Jamor:
Há quem considere que o Rio Jamor começa só ao
fundo do PNQ, após ter recebido as águas da ribeira da
Cascata ou Carenque. Tem um comprimento de
aproximadamente 17 km. Nasce a norte do Casal do
Brejo, Dona Maria, no concelho de Sintra e tem a sua foz
no Rio Tejo, na Cruz Quebrada. Corre de norte para sul
como a maioria dos rios em Portugal. Atravessa os
concelhos de Sintra, Amadora e Oeiras. Os seus
principais afluentes são: Ribeira de Belas ou do Jamor,
Ribeira da Idanha, Ribeira da Cascata (ou de Carenque) e
Ribeira das Forcadas. O Dr. Fernando Ricardo Ribeiro
Leitão contava que havia grossa enguia que era pescada
na Ribeira do Jamor há 7 décadas. Por outro lado, era
habitual a rapaziada utilizar a Ribeira do Jamor para
tomar banho no verão na zona da represa/açude.
Ribeira da Cascata ou Carenque:
Nasce em Carenque, entre o monte da Silveira e o
monte de Carenque. Limita a Freguesia de Queluz do
concelho da Amadora. Encontra o Rio Jamor ao fundo
do Palácio. Hoje tem um leito calmo e diminuto mas se
observarmos as pontes desta ribeira, por exemplo a
ponte seiscentista, podemos concluir ou imaginar que
nem sempre terá sido assim.
Cursos de Água na Quinta Nova
Antigamente era conhecida pela Quinta do Araújo e
estendia-se desde a ponte seiscentista junto ao Lido até
à proximidade dos Jardins do Palácio.
Na Quinta, além do Aqueduto, grandes tanques de
água e a existência de duas minas de água, há o leito da
ribeira de Carenque e uma bela ponte provavelmente
construída no início do séc. XVIII e relativamente bem
conservada.
A água e os Jardins do Palácio
Com as diversas captações e aquedutos construídos,
o Palácio fica assim dispondo de diversas fontes de
abastecimento de águas alternativas e complementares
que alimentavam os belos lagos e repuxos de água que
funcionavam devido à gravidade.
Desde sempre os jardins do Palácio foram
entendidos como um prolongamento natural das Salas
do Palácio, para onde se desenvolvem todas as
fachadas.
Quem não admira os Jardins superiores? O belo
Jardim de Malta, frente às fachadas da Sala dos
Espelhos ou do Trono e da Sala da Música ou ainda o
Jardim Pênsil, assim chamado por estar construído
sobre um reservatório ou cisterna abobadada que
recolhia o excesso das águas dos lagos destes jardins.
Quem não deu um grito numa das aberturas desta
cisterna? Na decoração destes lagos e jogos de água,
verifica-se a predominância de temas aquáticos, como
Neptuno, Anfitrite, Tritões, sereias e peixes.
Quem não admira a Cascata Grande, construída na
década de 70 do séc. XVIII encimada também por um
reservatório de água? Também a Cascata Grande era
alimentada de água com o efeito da gravidade a partir
de minas e aquedutos localizados a cotas superiores.
Trata-se do elemento mais espetacular de todo o
sistema de jogos de água dos lagos do Palácio.
Quem não admira o Lago das medalhas, o maior lago
dos jardins, na ala norte onde se situavam os antigos
jardins do palácio dos Marqueses de Castelo Rodrigo e
onde, ao cimo desta alameda, existe também um outro
tanque, o “Tanque do curro”? Esta designação vem do
tempo em que, num redondel que se erguia a pouca
distância, se faziam corridas de touros.
Por fim, quem não admira o Canal dos azulejos,
construído por volta de 1756, numa extensão de 115 m,
sobre a Ribeira do Jamor, onde se colocavam comportas
de ferro para formar o chamado Grande Lago? Também
aqui a ribeira do Jamor constitui um importante recurso
hídrico.
Não é do nosso tempo, mas por cima, na parte
central do Canal havia uma Casa Chinesa ou Casa da
Música, cujas portas eram ricamente trabalhadas em
ouro.
Os Jogos de água das 15 fontes que ornamentam o
percurso pelos 16 hectares do jardim estão todos ligados
ao mesmo tempo. A sua restauração recente veio
devolver o brilho e grandiosidade que o espaço tinha
durante as festas e momentos especiais celebrados na
antiga residência real.
Desafios:
Como habitante atento ao que se passa na Cidade de
Queluz e para concluir este longo artigo, formulo dois
desejos ou desafios:
Primeiro - Que os Queluzenses e cidadãos de um
modo geral se empenhem pela defesa do que resta
deste património edificado pelos nossos antepassados.
Porque não criar uma associação de defesa deste
património?
Segundo - Que as entidades autárquicas, Juntas de
Freguesia e Câmara Municipal de Sintra tenham
iniciativas deste género, por exemplo caminhadas,
ligando os aspetos físicos aos culturais e até mesmo aos
gastronómicos.
(*) Coralista do GCQ
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Notícias do GCQ
n.º 24 – Setembro/2013
Convívio “Água e mais líquidos”
Rosário Henriques (*)
“Chá com Música”
Rosário Henriques (*)
A Direção e os coralistas do
GCQ são gente cheia de vida, alegria, vontade de rir,
cantar, dançar e, de uma maneira geral, gosta de um
pedaço de noite bem passado! Por isso, as
comemorações do 100.º aniversário do Espaço
Lavadouro não estariam completas sem o batismo de
risadas. Lá veio o karaoke e o pessoal divertiu-se à
grande… até tivemos direito a uma coreografia ensaiada
pelo João Simões, em que todos terminámos a fazer
umas figuras muito tristes . O nosso maestro Pedro
Miguel encantou todos com interpretações de canções
bem divertidas!
E porque o Carnaval estava à porta, houve quem se
“aperaltasse” a rigor!
Os petiscos estiveram na mesa, para que a fome não
afastasse ninguém. Mas a água, como não podia deixar
de ser, foi o mote para mais este convívio. A água que
aqui corre tão perto de nós e em tempos foi tão utilizada
neste espaço que agora nos orgulhamos de chamar
Sede. Cem anos nos separam da inauguração deste
edifício enquanto Lavadouro mas a Historia é feita de
histórias e chegou o tempo de homenagear as histórias
que nos trouxeram à nossa História. A noite passou em
animação, numa alegria nem sempre presente neste
espaço, que já foi de trabalho duro, mas que queremos
seja uma constante nos tempos vindouros.
Agora, diga-se em abono da verdade, que água, que
se diga água não houve muita… foi mais usada como
solvente para outros sabores…  E viva a sangria do
Salvaterra!
Pois,
como
poderíamos
comemorar os 100 anos do Lavadouro sem mostrar o
que lá fazemos? Cantar, pois claro…
Daí o nosso concerto, dentro de nossa casa, sem
indumentária de concerto (afinal, estávamos entre
amigos) e bem descontraídos. Foi um concerto
maravilhoso, com uma sonoridade confortável, a que
estamos habituados por ser o espaço onde ensaiamos,
com muitas caras conhecidas na assistência e com o
nosso Pedro Miguel a fazer as suas maravilhas.
Mas não se recebem os amigos em casa sem um
miminho extra… Um chá (ou não fosse a água a nossa
inspiração…) e uns bolinhos para “ensopar”… Bom, dizer
um chá é só uma expressão, na verdade foram doze
variedades diferentes: Söderblandnig (Suécia), Jasmim
(Bali), Chocolate, Limão (Nepal), Imperial Coca (Perú),
Mosaico de Veneza (Itália), Rum com baunilha, Thé à
L’Opéra (França), Earl Grey Vermelho (China), Whiskey
(Escócia), Verde Morangos e Nata e Assam (Índia). Mas a
grande variedade não se limitou aos chás, tivemos
outros tantos bules, caixas de chá e filtros, cada um mais
encantador que o outro… tudo da coleção da nossa
querida Clara Ramos.
Os nossos amigos ouviram o concerto, mostraram a
sua apreciação com uma grande salva de palmas e nós
oferecemos chá como agradecimento por terem vindo…
Todos queriam provar um chá, ou dois, ou três…
Um chá destacou-se pela procura… Conseguem
adivinhar? Pois, esse mesmo… o Imperial Coca! 
(*) Coralista e Secretária da Direção do GCQ
(*) Coralista e Secretária da Direção do GCQ
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Notícias do GCQ
“A Água na Poesia”
Maria de Lurdes Esteves (*)
O “Espaço Lavadouro”, Sede do Grupo Coral de
Queluz, desde 1998, é um dos locais privilegiados de
Queluz. Situado nas imediações do ex-libris desta
cidade, o Palácio Nacional, foi construído onde durante
muitos anos existiu um lavadouro público cujo
centenário se celebrou no mês de fevereiro deste ano,
pois a data da sua construção remonta a fevereiro de
1913, nos primeiros anos da 1ª República, quando houve
várias iniciativas de cariz social, por parte dos Centros
Republicanos, entre as quais a construção de lavadouros
públicos em todo o país. Neste caso coube ao Centro
Republicano «A Lucta» a iniciativa da construção do
lavadouro público de Queluz.
Assim, para celebrar essa efeméride, no dia 24 de
fevereiro houve uma sessão de poesia no “Espaço
Lavadouro” cujo tema foi “A Água na Poesia”, em que
foram lidos poemas por parte de alguns coralistas e
também de amigos e familiares que simpaticamente se
disponibilizaram para a leitura de textos sobre aquela
temática.
Dada a importância que a água tem na vida da
humanidade e tendo em atenção o facto do rio Jamor
correr junto ao “Espaço Lavadouro”, passando pelos
jardins e pelos pomares do Palácio, procurei fazer um
enquadramento histórico sobre a utilização deste
precioso elemento. Assim, foi fácil imaginar os reis, os
príncipes, enfim alguma da aristocracia da segunda
metade do século XVIII e do princípio do século XIX a
passear de barco no rio, nos seus momentos de lazer,
que eram muitos, pois o Palácio era residência de verão
e por isso um local de férias e de grandes festas. Nessa
época, a água do Jamor era utilizada mais para lazer da
aristocracia e eram os membros da família real e da
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nobreza os protagonistas. Imaginemos então as
conversas entre os membros da nobreza nos seus
passeios de barco, os jogos de sedução, os namoros, os
segredos, as intrigas palacianas e as fofoquices cortesãs
que a água presenciou.
Mais de um século volvido, com a construção do
lavadouro público, houve grandes mudanças, como diz o
poeta «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades»
(Camões). Com a queda da monarquia e o início da 1ª
República os protagonistas foram as mulheres do povo,
as lavadeiras, que traziam grandes quantidades de
roupa para serem lavadas publicamente, numa época
em que não havia máquinas de lavar. Muita dessa roupa
pertencia a uma classe social mais elevada, a média e
pequena burguesia para quem as lavadeiras
trabalhavam. Todos nos lembramos do filme «Aldeia da
Roupa Branca», com a Beatriz Costa. Era assim naquele
tempo…
Em 1913 e nos anos seguintes, o lavadouro era
animado pelas vozes das lavadeiras que ecoavam neste
espaço. Imaginemos as histórias que seriam outras, os
mexericos do povo. Havia então dois tipos de lavagem: a
lavagem da roupa suja, metaforicamente falando e a
lavagem da roupa de cada uma. Certamente que o
movimento e as conversas das lavadeiras no exercício da
sua profissão seria um espetáculo interessante, sob o
ponto de vista visual e sonoro.
Hoje já não há o lavadouro público, restando apenas
dele a sua memória, e sobre os seus escombros
reergueu-se outro espaço - o “Espaço Lavadouro” - onde
o espetáculo sonoro é privilegiado. As águas do rio
Jamor, que ouviram tantas histórias da corte galante dos
séculos XVIII e XIX, tantas histórias pitorescas e mesmo
algumas picantes das lavadeiras do povo do século XX,
ouvem agora melodias harmoniosas, pois é neste local
que o Grupo Coral de Queluz faz seus ensaios. Os sons
melodiosos das vozes dos coralistas que cantam
prestigiados compositores de várias épocas, ecoam nas
águas do Jamor que as escuta com agrado. Certamente
que o rio que passa aqui junto ao “Espaço Lavadouro” se
sentirá feliz com o timbre e o tom das vozes do GCQ.
(*) Colaboradora do GCQ para eventos culturais
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Notícias do GCQ
n.º 24 – Setembro/2013
Cantos, feiras e romarias
Filomena Leite Pinto (*)
As romarias, tradições
milenares que se realizam por
todo o Portugal, multiplicam-se
nos meses de verão. São festividades com grande
participação das populações locais, que se fazem
normalmente em nome de um santo padroeiro. Nelas se
misturam o sacro e o profano de um modo muito peculiar.
Quem nunca foi à “Festa da Terra” participar na missa e
na procissão de manhã, no jogo do chinquilho à tarde e ao
fim da noite se regalou com uns comes e bebes ou dançou
ao som do conjunto mais pimba que se possa imaginar, no
adro poeirento da aldeia?
A curiosidade levou-me a procurar saber quais as
lendas e as terras associadas aos cânticos de louvor às
“Senhoras” que fazem parte do repertório do GCQ. Vou
cingir-me neste jornal às que apresentámos em 2013,
embora várias outras façam parte do nosso repertório. A
pesquisa tem como fonte a Internet. Não nomeio autores
de textos ou imagens porque são de livre acesso. Se a
informação não for exata também não é grave. Quem
conta um conto acrescenta um ponto… e lenda é lenda.
“A Senhora d’ Aires” (Baixo Alentejo) Fernando Lopes-Graça /
“Altara” - Eurico Carrapatoso
Estas duas peças são das mais conhecidas e cantadas
por grupos corais de Portugal. O repertório do GCQ inclui
ambas, “A Senhora d’Aires” de Fernando Lopes-Graça e
“Altara” de Eurico Carrapatoso (peça que integra o ciclo
“O que me diz o vento de Serpa”); neste ano coral, o
GCQ cantou “A Senhora d’Aires” no dia 25 de abril, na
Igreja da Graça, em Santarém e “Altara” a 26 de maio, no
Concerto Mariano, na Igreja de Queluz.
A romaria de Nossa Senhora d'Aires, em Viana do
Alentejo, distrito e arquidiocese de Évora, remonta a
1748, quando se iniciou o culto mariano deste local
situado nas imediações da vila de Viana do Alentejo.
Tudo terá nascido de um voto feito por alguns
comerciantes (devido a uma epidemia que então grassava
na região). Uma vez atendido o voto, de imediato se
iniciou a construção do imponente santuário que hoje é o
palco desta romaria.
O Santuário, edificado num estilo barroco - rococó,
fica situado a cerca de 1000 metros de Viana do Alentejo,
é muito conhecido pelas festividades que anualmente aqui
decorrem em honra à Padroeira Nossa Senhora de Aires,
no quarto fim-de-semana de setembro.
A famosa Romaria de Nossa Senhora d'Aires é mais
propriamente uma feira, com origem no alvará do Rei D.
José I, em 1751, autorizando a realização de uma feira
franca nesta local.
Nossa Senhora das Preces (Beira Baixa) Eurico Carrapatoso
Esta peça faz parte da obra “O que me diz a calma que
vai caindo” (Casegas)”, de 2000 e foi cantada pelo GCQ
duas vezes neste ano coral, no dia 26 de maio na Igreja de
Nossa Senhora da Conceição, em Queluz e a 23 de junho
no Palácio Nacional de Queluz.
Há também uma peça de Fernando Lopes-Graça com
o mesmo título, que o GCQ já interpretou há alguns anos
corais atrás.
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Notícias do GCQ
n.º 24 – Setembro/2013
Nossa Senhora do Carmo (Beira Baixa) Eurico Carrapatoso
O Santuário de Nossa Senhora das Preces situa-se em
Vale de Maceira, Aldeia das Dez, Oliveira do Hospital e a
romaria ocorre no primeiro fim-de-semana de julho.
Diz a lenda que ao andarem ali uns pastores a
apascentar os seus rebanhos terão encontrado uma
imagem de Nossa Senhora e logo a trouxeram para o
povoado mais próximo, Vale de Maceira. Porém, no dia
seguinte, a imagem já não estava no local onde tinha sido
colocada. A mesma tinha desaparecido, sendo de novo
encontrada no local onde os pastores a tinham descoberto.
Isto repetiu-se por mais duas ou três vezes o que levou o
povo a deduzir que Nossa Senhora queria ser venerada lá
no monte. Decidiram então aí construir uma pequena
capela e mais tarde uma maior. Há alguns anos foi
devorada por um violento incêndio e posteriormente
reconstruída pela Irmandade de Nossa das Preces com a
ajuda dos crentes da região e de algumas terras distantes.
Esta peça faz também parte da obra “O que me diz a
calma que vai caindo” (Casegas), de 2000 e foi cantada
pelo GCQ, neste ano coral, três vezes: no dia 25 de abril
na Igreja da Graça, em Santarém, no dia 26 de maio, na
Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Queluz e no
dia 23 de junho no Palácio Nacional de Queluz.
Também Fernando Lopes-Graça tem uma peça com
este mesmo título, já interpretada pelo GCQ, integrando o
nosso CD “Grupo Coral de Queluz celebra Fernando
Lopes-Graça”.
A Capela de
Nossa Senhora do
Carmo fica no
chamado Cabeço
do Prado ou
Outeiro de São
Gens e serve tanto
a população da
freguesia do Ourondo como a de Relvas, perto da
Covilhã. Nesta capela existe um quadro cuja pintura
retrata a morte de São Gens.
Nossa Senhora do Carmo (ou Nossa Senhora do
Monte Carmelo) é um título consagrado à Virgem Maria.
Este título apareceu com o propósito de relembrar o
convento construído em honra da Santíssima Virgem
Maria nos primeiros séculos do Cristianismo, no Monte
Carmelo, em Israel. A principal característica desta
invocação mariana é apresentar o Escapulário do Carmo,
uma "tira de pano que os frades e freiras de certas ordens
trazem sobre o peito". Normalmente, quando se fala de
um escapulário costuma referir-se ao escapulário da
Ordem do Carmo, que é reconhecido pela Igreja Católica
e que todos os Papas do século XX usaram.
A sua festa litúrgica é comemorada pelos cristãos no
dia 16 de julho.
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Notícias do GCQ
n.º 24 – Setembro/2013
Senhora do Livramento (Beira Alta) Fernando Lopes-Graça
Esta é uma das peças habituais do repertório do GCQ
e, neste ano coral, foi cantada duas vezes na Igreja de
Nossa Senhora da Conceição em Queluz, nos dias 2 de
dezembro de 2012 e 26 de maio de 2013 e ainda no dia 23
de junho no Palácio Nacional de Queluz.
A lenda do Ermitão, de S. João do Monte (Tondela),
refere a história de um homem, Plácido, que não podia
casar por ser esconjurado e primo da sua noiva. A única
forma de o conseguir era pedindo uma Bula ao Papa, mas
o processo demorou tanto tempo a ser tratado que o
homem resolveu ir a Roma, para obter o documento.
Na viagem de regresso, o barco onde viajava foi
acometido de várias tempestades, que quase o destruíram.
Plácido temendo não voltar para a sua amada Laura,
pediu à Nossa Senhora do Livramento que o salvasse. Em
troca, prometeu construir uma capela num local elevado,
de onde se avistasse o lugar onde desembarcasse.
Quando deu à costa, foi informado de que Laura não
aguentara o sofrimento da doença e da ausência do seu
amado. O choque foi brutal, mas como jovem forte
recompôs-se e mandou edificar a Capela. Ao lado
construiu uma casa de habitação, assim se tornando
ermita: o Ermitão.
Ainda hoje, no dia 8 de setembro, acorrem a este local
inúmeros peregrinos para a festa em honra da Nossa
Senhora do Livramento.
Senhora Santa Cat’rina (Beira Baixa) Fernando Lopes-Graça
Esta é outra das peças mais antigas do repertório do
GCQ e neste ano coral foi cantada no dia 2 de junho no
Quartel de Queluz.
A Romaria de Santa Catarina, no Ladoeiro, efetua-se
em abril.
A Capela de Santa Catarina situa-se no lugar de
Antinha perto do Ladoeiro no concelho de Idanha-aNova. Esta capela guarda uma imagem de Santa Catarina
de Sena muito antiga, inspiradora de forte devoção. É um
pequeno e harmonioso templo datado de 1872.
Conta a lenda que andava um honrado lavrador a
amanhar a terra com uma junta de vacas no sítio da
Antinha e um dos animais morreu repentinamente. Aflito
e desgostoso com a perda de tão útil animal, pôs-se o
lavrador a chorar a sua pouca sorte, pois, acabava de
perder o "ganha-pão" da sua numerosa e necessitada
família e implorava, por isso, o auxílio divino.
Apareceu-lhe, então, Santa Catarina que devolveu a
vida ao animal e lhe ordenou para ir ao povoado contar o
sucedido e dizer do seu desejo de que naquele preciso
local fosse erguida uma capela em sua honra, mas com o
alpendre voltado a poente.
Acudiram os habitantes a satisfazer prontamente o
pedido mas virando o alpendre a nascente, como era
costume na época, pensando que o lavrador vidente se
havia equivocado.
No dia seguinte, porta e alpendre estavam caídas no
chão. Refizeram a obra deixando na mesma o alpendre
dirigido a nascente e, de novo, voltou a ruir.
Convenceram-se, então, os habitantes de que o lavrador
não se havia enganado e executam a obra segundo as
indicações recebidas.
Ainda hoje podemos apreciar a capela com a porta e o
alpendre voltados a poente; a fé dos ladoeirenses jamais
deixará cair por terra este pequeno templo que tanto
carinho e estima incute ao povo do Ladoeiro.
(*) Coralista e Suplente da Direção do GCQ
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Notícias do GCQ
n.º 24 – Setembro/2013
Ensaios a seis mãos
Fernando Salvaterra (*)
A falta do nosso maestro
titular pode ser de alguma
forma desestabilizadora do
trabalho mas se se conseguir encontrar substitutos
à altura pode também ser enriquecedora para os
coralistas pois permite conhecer dinâmicas de
trabalho diferentes.
Assim, durante o mês de julho, por motivos
profissionais, o maestro Pedro Miguel delegou a
continuidade do nosso trabalho coral não a um
mas a três profissionais diferentes: Margarida
Simas, Pedro Rodrigues e Sérgio Fontão. Foram
três experiências diferentes que, quanto aos dois
primeiros maestros, não dão grande hipótese de
análise, dado que cada um só efetuou um ensaio.
Quanto ao Sergio Fontão, foi na minha opinião
uma boa experiência já que o seu trabalho se
revelou meticuloso e com o seu caracter calmo e
afável, com algum senso de humor, criou um bom
ambiente favorável à aprendizagem.
(*) Coralista, Vogal da Direção e sócio-fundador do
GCQ
Fim de Ano Coral
Fátima Salvaterra (*)
Com a chegada do final de
mais um ano coral e já no limiar
das férias, o Grupo Coral de
Queluz realizou, no dia 27 de julho pelas 18h00, na
sua Sede, um convívio de fim de ano coral com os
coralistas e maestro.
Foi sugerido a todos que preparassem músicas,
textos, anedotas, histórias engraçadas, episódios,
enfim, tudo o que quisessem partilhar com os
outros, para tornar o convívio animado e divertido.
Também teriam que levar a “comidinha” e mais uma
vez o Salvaterra cumpriu a tradição e a sangria
esteve presente para contentamento de todos.
Muitos colaboraram e deram o seu contributo
para o sucesso deste convívio.
Tal como previsto, entre os petiscos deliciosos,
sobremesas de “comer e chorar por mais” e uns
copitos bem fresquinhos, lá se foram contando as
anedotas, cantando umas músicas, lendo uns
poemas e umas histórias. Claro, tudo com algum
“sal” porque o chiste dá outra vida a estas coisas! O
nosso amigo maestro teve que sair bastante cedo
porque tinha também outro convívio com o Coro
Regina Coeli de Lisboa, com quem tinha realizado
um concerto às 16H30 no jardim do Museu de Arte
Antiga. É o que faz ter muitas ocupações e ter que
dar resposta a todas as solicitações...
Considero que se encerrou o ano coral da melhor
forma: bem comidos e bem bebidos, com alegria e
boa disposição!
Venha o próximo convívio!
(*) Coralista e Presidente da Direção do GCQ
Teatro do GCQ no GCQ
Fátima Salvaterra (*)
No dia 1 de junho de 2013, o
Grupo de Teatro do Ginásio Clube de Queluz (o
“outro” GCQ) apresentou na nossa Sede a peça de
teatro “A Farsa de Mestre Pathelin”, de autor anónimo
do século XVI. Trata-se de uma sátira de costumes aos
advogados, tribunais e à justiça e também aos
ardilosos e manhosos que, com as suas “artes” e
engenho, conseguem enganar a humanidade e ficar
impunes. Enfim, tal como nos nossos dias!
Este grupo de teatro tem elementos que também
fazem parte do Grupo Coral de Queluz, que se
revelaram grandes atores. Em noite de casa cheia, foi
uma agradável surpresa! Com esta peça simples,
proporcionaram um serão bem divertido. Estão todos
de parabéns mas, permitam-nos a “preferência”, em
especial as nossas Helena Gomes e Rosário Henriques!
Ficamos à espera da próxima!
“A Farsa de Mestre Pathelin” (fotógrafa: Clara Ramos)
(*) Coralista e Presidente da Direção do GCQ
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Notícias do GCQ
Carta Aberta aos Coralistas e Maestro
Adília Lacerda (*)
Gosto de cantar!
Sempre gostei de cantar.
Quando era mais nova, os
únicos coros que eram mais conhecidos eram os
chamados “coros de igreja”. Ah! E o Coro de Santo
Amaro de Oeiras, claro!
Recordo-me que, ainda adolescente, ingressei
não em 1, mas em 2 coros de paróquias próximas
da minha residência e, todos os Domingos, depois
de cantar na missa da igreja da Madalena,
acelerava em direção à Sé, para também aí cumprir
funções.
Foi uma boa experiência, que recordo bastante
prazenteiramente.
Quando tinha cerca de 16 anos, a maestrina da
igreja da Madalena teve de se ausentar
temporariamente por questões de saúde e fui
incumbida de a substituir. Logo eu, que não tinha (e
não tenho ainda) quaisquer conhecimentos
musicais. Aceitei, com a imprudência e otimismo
próprios da juventude!
Peripécias??! Claro que as houve: uma vez,
quando ia cantar o salmo, deu-me um “branca” e
saiu-me uma música doutro salmo qualquer. Apesar
de estupefactos e de olhos arregalados, os
elementos do coro não se desmancharam e
ninguém chegou a perceber a troca.
Depois, a minha vida académica afastou-me das
lides musicais e só há 15 anos a retomei aqui no
GCQ, pelas mãos de uma colega de trabalho que
não aguentou a pressão de assistir a um ensaio da
maestrina Paula Coimbra.
Eu fiquei e não me arrependo.
Apesar do GCQ ser um coro amador, nunca
considerei que o seu desempenho devesse ser
abaixo de Bom.
É dentro desse espírito que tenho trabalhado e
exigido mais de mim. Bem, isso e o perfecionismo
característico dos virginianos…
É por isso que, às vezes, saio dos ensaios triste
e desanimada quando sinto que as coisas correram
menos bem.
Na minha opinião, há determinadas atitudes e
hábitos que considero básicos ao bom e
harmonioso funcionamento de um coro e que
poderiam facilitar a aprendizagem: nunca repetir os
tons que o maestro dá; nunca falar durante ou
depois do maestro dar os tons; quando o maestro
está dar exemplos, manter o silêncio para que seja
percetível, ainda que não seja a linha do nosso
naipe; colocar os telemóveis em modo silencioso e,
caso seja absolutamente necessário atender a
chamada, fazê-lo noutro local; se tivermos de
n.º 24 – Setembro/2013
conversar, fazê-lo num volume de som que não
permita aos outros ouvi-la…
É claro que também facilitaria se nosso maestro
repusesse os intervalos, aqueles 5 ou 10 minutos
“livres” para conviver, pôr as novidades em dia e
extravasar alguma energia…
Felizmente, na maioria das vezes, saio satisfeita
e realizada. Sabe tão bem quando conseguimos
montar uma nova peça ou quando sentimos um
arrepiozinho por um ou outro acorde perfeito!
Estando nós a iniciar mais um ano coral, com
novos e promissores elementos, tenho a certeza
que todos queremos sentir-nos “em casa”,
confortáveis, mas trabalhando para um sucesso
que, sendo do GCQ, é com certeza de todos nós.
(*) Coralista e Presidente do Conselho Fiscal do
GCQ
A “falsificação”
Rosário Henriques (*)
Este ano (e só este ano!
Juro!), os nossos santos foram
testemunhas de um pecado
perpetrado em nome do
convívio e da boa disposição. Chegou a altura do
nosso convívio dos Santos Populares… a Sede foi
decorada de acordo com a ocasião, foi
convocado o nosso mestre do Karaoke, foram
preparados os petisquinhos habituais e …horror,
os Salvaterra não poderiam comparecer!!! Iam
de
férias
(ou
tinham
outro
qualquer
compromisso… que isso agora não vem ao caso) e
quem faria a SANGRIA DO SALVATERRA???
Show must go on… alguém teria de assumir a
execução da sangria. Fiz peito à aventura e
disse: “Eu faço!”. Mas do dizer ao fazer vai a
distância da terra à lua. Chegou o dia e comecei
a preparar o que julgava vir a ser uma sangria
gostosa. Vai de vinho, sumos de fruta,
limonadas, açúcar… prova! Naaa… falta qualquer
coisa… Vai de licores, sumo de limão, vinho do
porto… prova! Naaa… ainda não está. Ahhh, o
gelo! Prova… Naaaa…. Não havia tempo para
mais. O pessoal começou a chegar, a sangria
corria para os copos, os copos iam à boca… um
olhar, uma pergunta: Foi o Salvaterra que fez?
Um sorriso meu disfarçava a conversa. A música
animou a malta e a noite correu cheia de
alegria… mas quando o copo ia à boca
continuavam os olhares de estranheza…
Perdão!!!! Não torno a fazer!!!!   
(*) Coralista e Secretária da Direção do GCQ
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Notícias do GCQ
Quiz
n.º 24 – Setembro/2013
Exposição de pintura de Isabel Oliva
Clara Ramos (*)
Quem me conhece, sabe
como eu gosto de jogos. Por
esse
motivo,
costumo
acompanhar o João Simões,
nosso habitual animador de
karaoke, em algum dos locais onde faz animação,
essencialmente porque o João faz uns “quiz”,
sempre com prémios simbólicos. Eu mais as
minhas amigas do GCQ, as “meninas do naperon”,
temos feito boa figura; geralmente, se não em
primeiro lugar, pelo menos no pódio!
Quando combinámos o nosso karaoke de
Santos Populares, o João lançou-me o repto de eu
fazer um quiz sobre o GCQ para essa ocasião.
Bom… mas se eu gosto de jogos (e de jogar),
também gosto de preparar jogos para os meus
amigos, como muito sabe o pessoal do GCQ; entre
Rali Papers, foto-convívios e outros, já tratei de
preparar vários jogos.
É claro que aceitei o repto do João e imaginei
um quiz sobre o GCQ nos mesmos moldes: 20
perguntas, em que a pergunta 5 e 15 fossem
sobre música. Bom… em boa verdade, todas as
perguntas foram sobre música… mas, para estas
duas perguntas, foram reproduzidas duas faixas
do CD do GCQ,
A luta foi renhida entre as várias equipas.
Algumas perguntas (ou respostas!) foram muito
contestadas. Mas, das cinco equipas a concurso,
apenas uma podia ganhar! Duas equipas foram ao
desempate por “penalties”, mas quem ganhou
foi… a equipa da Fátima Vale. Não é a primeira
vez que a Fátima Vale ganha nas perguntas sobre
o GCQ. Uma concorrente difícil de bater!
O prémio ficou bem entregue e a equipa
ganhadora resolveu reparti-lo pelas várias
equipas. É que o prémio era docinho… muito
docinho e soube bem… nem que mais não fosse
para compensar o “desconsolo” da “falsa sangria
do Salvaterra”!! 
Um convívio muito animado (fotógrafa: Clara Ramos)
(*) Coralista e Vogal da Direção do GCQ
Muitas atividades decorrem na nossa Sede, como
todos sabem e constantemente se prova.
No fim-de-semana de 4 e 5 de maio, esteve
patente uma exposição de pintura de Isabel Oliva.
Amiga de longa data do GCQ e de coralistas, foi com
grande prazer que recebemos cerca de uma dúzia dos
seus quadros. Os quadros eram variados em tema,
cor, tamanho, texturas, estilo… o que contribuiu para a
riqueza desta exposição. A música foi um dos temas
presentes o que muito nos lisonjeou. Não só os
amigos vieram ver mas também público anónimo que
quis aproveitar mais este apontamento diferente em
Queluz.
Novo Sócio Honorário
Na última Assembleia Geral do GCQ, a associada
Clara Ramos apresentou a seguinte proposta:
“Considerando:
que Pedro Teixeira foi o maestro que mais
tempo esteve à frente da Direção Artística do
Grupo Coral de Queluz (12 anos);
que o seu relacionamento quer com os
coralistas quer com os associados não coralistas
extravasou largamente o âmbito estritamente
coral;
ao abrigo do artigo terceiro alínea b) e do
artigo décimo alínea i) dos Estatutos do GCQ,
Proponho:
que a Assembleia Geral aprove o maestro
Pedro Teixeira como sócio honorário do GCQ.”
Esta proposta foi aprovada por unanimidade.
Assim, e desde o dia 3 de março de 2013, o GCQ
conta com um novo Sócio Honorário: Pedro
Teixeira!
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Notícias do GCQ
Parcerias
Fátima Salvaterra (*)
No dia 16 de julho, a Junta de
Freguesia de Queluz promoveu
um encontro com as associações
com quem realizou nos últimos anos protocolos de
cooperação, com o objetivo de fazer uma avaliação
dos referidos protocolos. O evento ocorreu na sala
Multiusos Fernando Ribeiro Leitão e as várias
associações representadas apresentaram os seus
projetos e atividades. Estiveram presentes
representantes de doze associações que foram
intervindo pela ordem designada pela JFQ e
também pela necessidade de terem que se
ausentar mais cedo. Assim, iniciou Luís Roque do
CBESQ (infantário e lar de terceira Idade que no
conjunto agregam cerca de 100 funcionários);
seguindo-se todos os outros: Cristina Louro da
Cooperativa O Nosso Lar (cooperativa de
habitação); Orlando Gomes do Real Sport Clube;
Ramiro Ramos da Associação Humanitária dos
Bombeiros Voluntários de Queluz (100 voluntários,
55 funcionários e 10.000 associados) que referiu a
colaboração da JFQ na realização das tardes
dançantes, na parte desportiva, também no Teatro
Som da das Letras e na realização dos cursos de
verão sobre Suporte Básico de Vida; Isabel Oliva e
Fátima Vale do Ginásio Clube de Queluz; Isabel
Oliva do Infantário “O Caracol”; Fernando e Fátima
Salvaterra do Grupo Coral de Queluz; Flora Silva da
Associação Olho Vivo; Genoveva Pereira da Unique;
Sara Franco e Luís Fernandes da AMES; Hugo
Martins do Clube Basket de Queluz.
Todas estas associações, incluindo a nossa,
referiram a importância que a colaboração da
Junta de Freguesia de Queluz tem nas suas vidas,
sendo nalguns casos, mesmo de importância vital.
Todas foram unânimes em reconhecer que o maior
apoio que tiveram foi alcançado durante os
mandatos do Presidente António Barbosa.
Não podendo estar presente, a representante da
Associação de Reformados de Queluz, Maria Amélia
Nascimento, escreveu um pequeno agradecimento
que foi lido pelo Sr. Presidente António Barbosa,
agradecendo a cedência do autocarro e todo o
apoio que têm recebido ao longo destes anos.
Os representantes do GCQ fizeram uma
apresentação a duas vozes. Fernando Salvaterra
falou sobre a parceria para a utilização do Espaço
Lavadouro e Fátima Salvaterra apresentou a
parceria no âmbito dos concertos.
A secretária da JFQ, Glória Albuquerque,
encerrou a reunião, realçando a importância da
troca e da partilha das atividades das diferentes
associações,
papel
fundamental
para
o
n.º 24 – Setembro/2013
enriquecimento das localidades e alertando para o
que seria uma insensatez não prosseguir com este
trabalho.
Seguiu-se um simpático beberete, com uns
deliciosos coscorões e pastéis de nata.
Fátima Salvaterra durante a apresentação do GCQ
(fotografia de: Junta de Freguesia de Queluz)
(*) Coralista e Presidente da Direção do GCQ
Autarcas em Final de Mandato
Estando a chegar ao fim os mandatos dos
nossos autarcas, deixamos aqui um pequeno
apontamento sobre a colaboração que tiveram
com o GCQ.
Ao nosso presidente António Barbosa de
Oliveira não podemos deixar de expressar a
nossa tristeza pela sua saída, agradecer-lhe
todo o apoio e colaboração que dispensou ao
GCQ e a forma como se disponibilizou sempre a
escutar os nossos problemas e a atender as
nossas solicitações. Tentou sempre estar
presente ou fazer-se representar nas nossas
atividades, tanto corais como culturais, tendo
sido sempre muito afável e cordial nas suas
relações com o GCQ ao longo destes anos.
Realçamos a importância das parcerias que
temos com a JFQ.
Queremos também deixar aqui o nosso
agradecimento à Dra. Fátima Campos pelo
apoio que deu ao Grupo Coral de Queluz
enquanto presidente da Junta de Freguesia de
Monte Abraão.
Foi também com estes dois autarcas que se
apresentou em público o “Hino da cidade de
Queluz”, em 2011, bem como ajudaram o GCQ
a editar o seu CD “Grupo Coral de Queluz
celebra Fernando Lopes-Graça”, em 2008.
Muitas felicidades e sucesso nas suas
atividades futuras!
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Notícias do GCQ
Dois Coros
n.º 24 – Setembro/2013
Música e Saúde
José Damião (*)
Maria Adelaide Guimarães (*)
A música serve de terapia
para todas as idades. Contribui
para o bem-estar geral do nosso
organismo e para a saúde plena
do indivíduo.
A Organização Mundial de Saúde, em 1946,
formulou a seguinte definição de saúde: “Saúde é o
bem-estar físico, psíquico e social e não apenas a
ausência de doença ou debilidades. É um direito de
todo o cidadão, independentemente da raça, religião,
convicção política ou situação económico-social”.
Nessa conformidade, está provado cientificamente
que a música exerce um fascínio sobre a maioria das
pessoas e interfere com mecanismos cerebrais,
estimulando determinados circuitos da massa
cinzenta, funcionando como terapia.
A música pode ajudar no tratamento da dor, na
reabilitação de quem sofreu um AVC e ficou com
sequelas, em recuperações cirúrgicas e em doentes
com dores crónicas.
A música tem também um papel muito importante
no
idoso
institucionalizado.
Desenraizado
e
vulnerável, o idoso procura na música o amenizar
das mudanças radicais a que passou a estar sujeito,
desde as novas regras de vida diária até à coabitação
com pessoas desconhecidas e que não escolheram
para comparticipar o mesmo espaço e a vida.
A perda dos vínculos familiares, amigos ou
vizinhos levam também a que o idoso se sinta
isolado, desvalorizado, desprovido de autoestima e,
às vezes, até da sua própria identidade.
Por isso, ouvir música é muitas vezes o seu único
prazer e é muito saudável porque alivia tensões,
ajuda a relaxar e a refletir, transporta o idoso para
cenários mais bonitos e cura.
Já Mozart dizia que a música tinha maior efeito
sedativo do que os fármacos!
Apesar de não estar muito
motivado para escrever também
não podia deixar de escrevinhar
algumas breves palavras para o
nosso Jornal!
O mote para este artigo foi-me dado por uma nossa
querida colega que, muito atenta a todas as atividades
do nosso Grupo Coral, sempre tem alguma ideia! O
mesmo já não posso dizer eu que de ideias estou um
pouco parco!... Ser reformado tem esses senãos, as
ideias vão-se…
Mas vamos ao verdadeiro teor do artigo que
pretendo abordar – a minha experiência em fazer parte
de dois Grupos Corais, a saber: Grupo Coral de Queluz
e Grupo Coral Encontro.
E que dizer a esse respeito? Na essência, quer um
quer outro estão votados a divulgar a música coral,
mas também, de uma forma mais abrangente, a Arte,
que tão desprezada tem sido pelos diversos
governantes!
O número de coralistas, em minha opinião, permite
aos grupos dispor de um maior número de
possibilidades para interpretar peças mais complicadas
e aquelas que necessitam de maior número de vozes
nos diversos naipes.
Assim, o Grupo Coral de Queluz tem vantagem em
relação ao Grupo Coral Encontro, pois possui quase o
dobro de coralistas.
Também o número de ensaios semanais é um fator
importante para que um Grupo Coral possa variar o
seu repertório e possuir uma qualidade mais apurada
nas interpretações das diversas peças.
O Grupo Coral Encontro, só com um ensaio por
semana, não tem grandes possibilidades para o fazer,
ao contrário do Grupo Coral de Queluz que, com dois
ensaios
semanais
no
mínimo,
tem
seguras
possibilidades para ter um repertório mais variado e
não só!...
Em relação ao som (refiro-me à qualidade da
harmonia musical do Grupo) quer um como o outro
possuem já uma qualidade que, na minha modesta
opinião, não envergonha qualquer dos Grupos!
Quanto à direção dos maestros, sendo quase todos
eles profissionais da Gulbenkian e possuindo
doutoramento ou mestrado, para além de outras
valências profissionais, a diferença entre eles é mais no
estilo do que nos conhecimentos que possuem e
transmitem.
É sempre gratificante ter a experiência em ser
conduzido nos ensaios e concertos por diferentes
profissionais, pois sempre se aprende algo mais.
Para finalizar gostaria de acrescentar algo que me
parece muito importante, que é o facto de, no Grupo
Coral de Queluz, a assiduidade aos ensaios dos
coralistas ser mais constante do que no Grupo Coral
Encontro!
São os vários fatores que apontei que fazem a
diferença entre um Grupo e o outro, daí a melhor
qualidade do Grupo Coral de Queluz nas interpretações
que faz em Concertos.
Isto de ter amigos com 20 e mais
anos a menos que eu tem destas
coisas… Ultimamente, um conjunto de
siglas e “bonecos” entraram, se não no meu léxico, pelo
menos no meu conhecimento. Refiro-me a LOL, OMG,
BTW, :P e outros… alguns que prefiro não reproduzir! 
Este pequeno apontamento destina-se a agradecer a
esses meus amigos, na sua maioria ligados ao GCQ, por
me manterem “up-to-date”… Obrigada, meus queridos
Ana Luísa, Luís, Nuno, Patrícia, Pedro, Rita, Rita, Sofia, por
fazerem parte da minha vida!! 
(*) Coralista e Tesoureiro da Direção do GCQ
(*) Coralista e Vogal da Direção do GCQ
(*) Coralista do GCQ
OMG! LOL!
Clara Ramos (*)
Pág. 22
Notícias do GCQ
n.º 24 – Setembro/2013
Impressões de Cabo Verde
oásis onde eram plantados alguns legumes,
interrogando-me várias vezes de qual seria o sustento
desta gente.
José Esteves (*)
Sentado no quintal desta
casa
na
Manta
Rota
apreciando uma bela noite
algarvia, tão calma e quente, neste início de
setembro, dou por mim a relembrar a viagem que eu
e a Lurdes fizemos no passado mês de agosto a Cabo
Verde. Foi uma viagem da qual nós já falávamos há já
algum tempo pois a Lurdes ouvia os pais falarem
muito de Cabo Verde. Sendo o pai militar, foi
mobilizado para este arquipélago e aqui viveu uns
tempos. A sua unidade militar entretanto acabou e
ele regressou com a esposa, grávida já de 8 meses, à
chamada “metrópole”. Por pouco a Lurdes não
nasceu em Cabo Verde; talvez daí esta ligação e
interesse em visitar este país.
Não nos preocupou a praia mas sim sentirmos as
pessoas, as vivências e o que é a “morabeza”, palavra
crioula sem tradução para português mas cujo
significado só se começa a perceber depois de aqui
permanecermos uns dias, quando se estão duas horas
para almoçar sem ninguém nos dizer que “está quase
a sair”, quando se pede qualquer coisa a alguém e,
com toda a calma, passado algum tempo e sem
pressas nos respondem áquilo que solicitamos; quer
dizer: “no stress” como eles dizem. Só convivendo
com esta gente tão simpática começamos a perceber
a “morabeza”. Visitámos assim três ilhas deste
arquipélago: São Vicente, Santo Antão e Santiago.
Ao chegar a São Vicente, primeira ilha que
visitámos, aproximando-nos da cidade do Mindelo
dou por mim a compará-la a uma cidade do Norte de
África com a sua grande periferia de casas ainda por
acabar e construídas sem qualquer ordenamento. O
seu centro é interessante com as suas casas coloniais
e alguns edifícios com história (Museu da Alfândega,
Palácio do Governador, o Café Lisboa, os mercados
municipal e do peixe e uma curiosa réplica da Torre de
Belém). Visitámos nesta ilha as localidades do Calhau
e Salamansa onde tivemos a oportunidade de nos
banharmos nas suas águas cálidas e onde à noite, na
Baía das Gatas, assistimos ao seu espetacular festival
que reúne dezenas de milhares de pessoas de todas
as ilhas e da diáspora, onde podemos ouvir as belas
mornas e coladeiras interpretadas por músicos de
renome internacional tais como o Tito Paris, Titina,
etc.. Fez-me impressão a sua imensa aridez
interrompida algumas raras vezes por uns pequenos
Monte Cara, Mindelo, São Vicente (fotógrafo: José Esteves)
Depois de, no nosso terceiro dia em São Vicente,
termos estado três (!!!!!) horas para almoçar (“no
stress”, morabeza) fomos a correr para o barco que
nos levaria até à ilha de Santo Antão, localizada a
norte de São Vicente e muito maior que esta, da qual
dista cerca de 50 quilómetros e cuja viagem levou
cerca de uma hora. Ilha muito montanhosa, é uma
ilha muito verdejante e com paisagens espetaculares
e ribeiras de curso permanente, onde os agricultores
aproveitam os terrenos em locais incríveis, quase a
pique sobre as vertentes das montanhas, onde
plantam milho, mandioca, batata-doce, papaia, etc..
Daí esta ilha ser intitulada “Celeiro de Cabo Verde”.
De contrastar a enorme secura de São Vicente com o
verde de Santo Antão. Os caminhos desta ilha não
são para pessoas muito sensíveis às alturas visto que,
em determinados lugares, a estrada passa sobre
desfiladeiros tão profundos que nos cortam a
respiração (há uma passagem chamada “Delgadinho”
onde a estrada não tem mais que cinco a seis metros
de largura e quer de um lado quer de outro existem
diferenças de nível de cerca de 600 metros. É mesmo
de arrepiar!). Vimos também o mecanismo chamado
“trapiche” de onde se extrai o suco de cana-de-açúcar
que serve para a elaboração do “grogue” (aguardente
de cana - bebida típica de Cabo Verde). Visitámos
também a localidade das Fontaínhas onde reza a
tradição teria o corsário Francis Drake desembarcado
à procura de água, tendo encontrado várias fontes
(em inglês “fountains” o que originou o nome de
Fontaínhas). Não serão mais que um dúzia de casas
construídas sobre as falésias, de tal maneira que nos
dão a sensação de a qualquer momento se
desmoronarem. É nesta localidade que existe a
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Notícias do GCQ
“contra-dança” dança mandada cujas ordens são
dadas em francês devido ao facto da ilha ter sido
invadida por corsários franceses (p. ex.: à esquerda - a
gauche; à direita - a droite). Curiosamente os
dançarinos não sabem sequer falar francês; no
entanto sabem o que estas ordens querem dizer.
Almoçámos uma bela cachupa num restaurante
localizado perto da povoação de Populi, nas
montanhas, que curiosamente tinha o nome de
“Relax” (cá está a “morabeza” a funcionar
novamente). De realçar que nesta visita à ilha de
Santo Antão tivemos a companhia da cantora caboverdiana Titina, natural desta ilha e residente em
Portugal, que se encontrava hospedada no nosso
hotel do Mindelo. Daí o convite que lhe foi feito e que
aceitou de bom grado.
Aldeia típica, Santo Antão (fotógrafo: José Esteves)
Atravessámos a ilha pelas montanhas com quase
2.000 metros de altitude e com paisagens de cortar a
respiração, tendo regressado à cidade do Porto Novo
para embarcar de regresso ao Mindelo (São Vicente).
À noite fomos à Casa da Morna onde tivemos o prazer
de ouvir o Tito Paris (dono deste espaço) cantando
belas mornas, o qual depois convidou a Titina, que
entretanto foi com o nosso grupo, para cantar o que
ela aceitou, tendo dedicado as suas músicas ao nosso
grupo e a Cabo Verde.
Partimos no dia seguinte, de manhã, num voo
interno dos TACV que nos levou em cerca de uma
hora até à ilha de Santiago onde almoçámos, tendo
antes, no hotel que nos alojou na Praia, assistido a
uma valente chuvada (uma bênção para eles) já que
nesta altura é a época das chuvas. Da parte da tarde
fomos até à Cidade Velha a cerca de 15 km da Praia e
visitámos o Forte de S. Filipe, construído na época dos
Filipes, o qual foi objeto de recente restauro.
Visitámos a Igreja Matriz da época do séc. XVI tendo
percorrido a Rua da Banana, a rua mais antiga de
n.º 24 – Setembro/2013
todas as ex-colónias portuguesas. Tivemos o prazer
de falar com a D. Rosalinda, guardiã das chaves da
Igreja e figura emblemática da Cidade Velha, que nos
recebeu com muita simpatia na sua casa.
Regressámos à Praia com o prazer de mais um dia
bastante preenchido que nos deixará recordações
para sempre. No dia seguinte fizemos um percurso de
cerca de 70 quilómetros para norte, pelo interior da
ilha, em direção à vila do Tarrafal, tendo passado
neste percurso pela vila de Assomada e atravessámos
a bela Serra da Malagueta, tendo visitado o
tristemente célebre Campo de Concentração do
Tarrafal, agora transformado num pequeno museu,
onde tantos lutadores antifascistas sofreram e
morreram pela liberdade no tempo da ditadura. Este
antigo campo de concentração localiza-se numa
localidade ironicamente chamada “Chão Bom” a
cerca de dois quilómetros da vila do Tarrafal. De
salientar a frase proferida por um médico aqui
destacado e que mostra bem a dureza deste campo:
“Estou aqui, não para curar doentes mas sim para
passar certidões de óbito”. Impressionante! Saí dali
com uma sensação de tristeza e emoção, tal como me
aconteceu quando visitei há uns anos o campo de
concentração nazi de Dachau, perto de Munique.
Como curiosidade, o simpático guia que nos orienta a
visita em Santiago tem o nome próprio de Salazar e
contou-nos um episódio passado com ele: há uns
anos um grupo de resistentes antifascistas que
estiveram presos no Tarrafal quiseram visitar a prisão
e ele é que os foi guiar. Quando o organizador desta
visita lhe perguntou o nome, claro que ele disse que
se chamava Salazar, nome que lhe foi dado pelo seu
avô, admirador do ditador. O senhor ficou
espantadíssimo e perguntou-lhe qual o apelido dele.
Chamava-se Santiago - “Ah! Então, a partir de agora,
vamos tratá-lo por Santiago e não pelo seu nome
próprio”, disse este senhor. Um facto curioso, este.
Campo de concentração do Tarrafal, Santiago (fotógrafo: José Esteves)
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Notícias do GCQ
Almoçámos na vila do Tarrafal num restaurante
mesmo à beira da sua maravilhosa praia e da parte da
tarde aproveitámos para conhecer esta pequena vila e
tomar banho na sua praia de águas quentes e
límpidas.
O dia seguinte foi aproveitado, da parte da manhã,
para desfrutarmos da praia e dar mais uma volta pela
vila, muito airosa e arranjada. À tarde, por volta das
18 horas regressámos à cidade da Praia por uma
estrada à beira-mar. Embarcámos no voo dos TACV
cerca das duas horas da manhã e chegámos a Lisboa
cerca das 8 horas, com a sensação de termos
conhecido um país onde estamos na nossa casa e
onde as pessoas são tão simpáticas e cheias de
“morabeza”.
Por fim, só dar-vos a conhecer uma mnemónica
que faz com que não nos esqueçamos dos nomes das
dez ilhas que compõem o arquipélago de Cabo Verde
e que a Titina se propôs musicar numa morna, a qual
lhe foi transmitida pela Lurdes, que lhe tinha sido
ensinada pelo pai:
“Antão, ó Vicente, a Luzia do Nicolau foi ao Sal à
Boavista? Em Maio, Santiago faz Fogo à Brava”.
São assim os nomes das ilhas de Cabo Verde:
Santo Antão, São Vicente, Santa Luzia, São Nicolau,
Sal e Boavista (ilhas do Barlavento), Maio, Santiago,
Fogo e Brava (ilhas do Sotavento).
Ficámos assim com a enorme vontade de conhecer
outras ilhas do arquipélago (Boavista, Fogo, Brava)
que também têm a sua particular beleza, depois de
nos termos maravilhado com esta magnífica viagem a
estas três ilhas de Cabo Verde.
(*) Coralista e Presidente da Mesa da Assembleia
Geral do GCQ
Eu “fiz de maestro”!
n.º 24 – Setembro/2013
serena, um povo afável e acolhedor, sempre
com um sorriso nos lábios e duma imensa
crença no Budismo. Tudo contribuiu para que
eu tivesse adorado a minha estadia no “Reino
do Dragão”.
Vem esta pequena crónica a propósito de eu
ter “feito de maestro” (ou de maestrina) numa
brincadeira promovida por alguns dos meus
companheiros de viagem!
Inspirada pelas maravilhosas paisagens
butanesas, uma das minhas companheiras
propôs a um grupo de 10 dos 28 viajantes que
fizéssemos uma letra adequada ao Butão para a
canção “Eu gosto é do verão”, do grupo “A Fúria
do Açúcar”. Acabámos por fazer duas letras
para esta canção, para “Porto Covo”, de Rui
Veloso e ainda para “Ó Malhão, malhão”, que
ficou “Ó Butão, Butão”! 
Mas… era preciso cantarmos as nossas
versões para os restantes companheiros de
viagem, o que fizemos no nosso último jantar
no Butão. Para que a nossa sensacional
performance não “descambasse”… tive de dar
os tons de entrada de cada canção e a coisa lá
foi, com muito sucesso! A primeira e última
atuação do “Coro do Autocarro Número Três” foi
muito aplaudida! 
De tudo o que as viagens já me têm trazido…
esta foi inédita: eu “fazer de maestro”! 
Aqui fica uma das letras que fizemos para a
canção “Eu gosto é do verão”:
Eu gosto é do Butão
A terra gentil do Dragão
Com a capital em Thimphu
E o aeroporto em Paro
E ao fim da viagem
Com energia
Regresso a Portugal
Preparado
Para outra viagem qualquer!
Clara Ramos (*)
Apenas cerca de 29.000
afortunados
por
ano
têm
oportunidade
de
visitar
o
longínquo reino do Butão, país situado nos
Himalaias, entre a Índia e a China. Este ano, fui
uma dessas 29.000 pessoas, para minha
felicidade. Afinal, o Reino do Butão diz-se ser
um dos dez países mais felizes do mundo! Tudo
o que por lá vi me fez entender perfeitamente
que assim seja: paisagens extraordinárias,
montanhas com vales férteis onde correm rios
calmamente, arrozais a perder de vista, dzongs
(mosteiros) alcantilados nas montanhas só
acessíveis por difíceis caminhos pedestres, vida
Dzong Rinpung, Paro, Butão (fotógrafa: Clara Ramos)
(*) Coralista e Vogal da Direção do GCQ
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Notícias do GCQ
n.º 24 – Setembro/2013
Concertos realizados
8 de fevereiro - Convívio “Água e mais Líquidos”;
animado por karaoke.
12 de janeiro - Concerto de Reis, na Igreja de S.
Martinho, Sintra; com o Coro Leal da Câmara
(Humberto Castanheira). Organização: Câmara
Municipal de Sintra.
17 de fevereiro - “Chá com Música”; prova de
chás a seguir a Concerto Coral.
13 de janeiro - Concerto de Ano Novo e de 46.º
aniversário do GCQ, no Palácio Nacional de
Queluz. Organização: GCQ e Junta de Freguesia
de Queluz; apoio: PNQ.
17 de fevereiro - Concerto “Chá com Música”, no
Espaço Lavadouro (Sede do GCQ), integrado
nas Comemorações do 100.º Aniversário do
“Lavadouro Público de Queluz”. Organização:
GCQ.
25
de abril - XXXVII encontro de coros
comemorativo do 25 de Abril, na Igreja da
Graça, Santarém; com Coros do Círculo
Cultural Scalabitano (adulto e infantil) (António
Matias) e Grupo Coral da Associação dos
Trabalhadores do Metropolitano de Lisboa (João
Crisóstomo). Organização: Círculo Cultural
Scalabitano.
26 de maio - Concerto Mariano, na Igreja de
Nossa Senhora da Conceição, Queluz; com o
Orfeão da Covilhã (Paulo Serra). Organização:
GCQ e Junta de Freguesia de Queluz; apoio:
Paróquia de Nossa Senhora da Conceição.
2 de junho - Concerto integrado no evento
“Sintra
Viva”,
no
Quartel
de
Queluz.
Organização: Câmara Municipal de Sintra.
23 de junho - Concerto “Peregrinação”, no
Palácio Nacional de Queluz. Organização: GCQ
e Junta de Freguesia de Queluz; apoio: PNQ.
Concertos previstos
27 de outubro (18:30) - Concerto “Gentes e
Poetas”, no Palácio Nacional de Queluz.
Organização: GCQ e Junta de Freguesia de
Queluz; apoio: PNQ.
24 de fevereiro - Sessão de Poesia: “Água e
outros temas”; coordenada por Maria de Lurdes
Esteves.
Outras Atividades realizadas
13 de janeiro - Festa de Ano Novo e Aniversário,
na Sede.
4 e 5 de maio - Exposição de pintura de Isabel
Oliva, na Sede.
1 de junho - Noite de teatro: “A Farsa de Mestre
Pathelin”, na Sede; pelo Grupo de Teatro do
Ginásio Clube de Queluz.
15 de junho - Convívio de Santos Populares, na
Sede; animado por karaoke e com quiz sobre o
GCQ.
27 de julho - Festa de fim de ano coral, na Sede.
Uma Curiosidade…
MUITA M****
Significado: Expressão bastante utilizada
nos meios artísticos como forma de expressar
sucesso e felicidade a um colega.
Origem: Nos séculos XVI e XVII, a maioria
dos frequentadores de espetáculos pertencia a
uma classe social que se deslocava em
carruagens puxadas por cavalos. Quanto maior
era a assistência, mais carruagens circulariam
na rua do teatro, gerando assim uma maior
quantidade de excrementos de animal nas ruas.
(Informação retirada de pacote de açúcar
"Chave d’Ouro Cafés")
Atividades: 100 anos Lavadouro
Comemorações do 100.º Aniversário
“Lavadouro Público de Queluz”:
do
1 a 28 de fevereiro - Exposição “De Lavadouro
Público a Sede do GCQ: 15 anos de atividades”.
1 a 28 de fevereiro - Exposição exterior:
“Estendal 100 anos Lavadouro; 15 anos GCQ”.
3 de fevereiro - Descerrar da “Telha Centenária”,
na Sede.
3 de fevereiro - Percurso da Água, em Queluz;
coordenado por Manuel Marques.
Espaço Lavadouro
Beco do Capucho
2745-086 QUELUZ
Email: [email protected]
Facebook: Grupo Coral de Queluz
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