Massacre do Charlie Hebdo Massacre no Paraná: dessa vez só não

Transcrição

Massacre do Charlie Hebdo Massacre no Paraná: dessa vez só não
Trabalho de recuperação de redação – 2º ano –Professora Tânia Mara
Aluno : ______________________________________________________Nº __ __ turma: __
Proposta ILeia os textos:
Massacre do Charlie Hebdo
Foi um atentado terrorista que atingiu o jornal satírico francês Charlie Hebdo em 7 de janeiro de 2015, em
Paris, resultando em doze pessoas mortas e cinco feridas gravemente.7 8 O ataque foi perpetrado pelos
irmãos Saïd e Chérif Kouachi, vestidos de preto e armados com fuzis Kalashnikov,1 na sede do semanário
no 11º arrondissement de Paris, supostamente como forma de protesto contra a edição Charia Hebdo, que
ocasionou polêmica no mundo islâmico e foi recebida como um insulto aos muçulmanos.9 8 Mataram 12
pessoas, incluindo uma parte da equipe do Charlie Hebdo e dois agentes da polícia nacional francesa,
ferindo durante o tiroteio mais outras 11 pessoas que estavam próximo ao local.10 11 8
No mesmo dia, outro francês muçulmano, Amedy Coulibaly, ligado aos atacantes do jornal (ele conhecia
bem Chérif Kouachi) matou a tiros uma policial em Montrouge, na periferia de Paris, e no dia seguinte
invadiu um supermercado kasher perto de Porte de Vincennes fazendo reféns, quatro deles são mortos
pelo Coulibaly no novo ataque que terminou após a invasão do estabelecimento pela polícia francesa.12 13
No dia 11 de Janeiro, após as acções e a morte de Coulibaly, um vídeo é publicado na Youtube para
reivindicar os actos: A. Coulibaly confirma a sua responsabilidade no ataque a Montrouge; ele também se
reivindica como membro do Estado Islâmico do Iraque e do Levante.14 No total, durante os eventos entre 7
a 9 de janeiro, ocorreram 17 mortes15 em atentados terroristas na região de Île-de-France, em Paris.
Centenas de pessoas e personalidades manifestaram seu repúdio aos ataques orquestrados contra o
jornal.16 17 18 19 20 21 O presidente da França, François Hollande, decretou luto nacional no país no dia
seguinte ao atentado.22 Em 11 de janeiro, cerca de três milhões de pessoas em toda a França, incluindo
mais de 40 líderes mundiais, fizeram uma grande manifestação de unidade nacional para homenagear as 17
vítimas dos três dias de terror.23 24 A frase "Je suis Charlie" (francês para" Eu sou Charlie") transformou-se
em um sinal comum, em todo o mundo, de prestar solidariedade contra os ataques e para a liberdade de
expressão.25
Massacre no Paraná: dessa vez só não foi à cavalaria
Mesmo distante de meu estado natal, passei o dia aqui em São Paulo apreensivo.
Acompanhei com muita atenção os desdobramentos da escalada de violência por parte do Governo do
Estado do Paraná contra os milhares de professores que, de forma democrática e guerreira, tentavam
impedir o atentado aos profissionais da educação do Paraná, com a votação em regime de urgência de mais
um projeto de lei na Assembleia.
Desta vez a vítima era a Previdência dos docentes. A proposta do Governo era mudar do regime e
sobrecarregar ainda mais os professores da ativa.
Há algumas semanas, uma manifestação em frente ao prédio do legislativo já havia rendido cenas no
mínimo cômicas como deputados chegando de camburão para votar o pacote de maldades do Governo
Beto Richa (PSDB) ou a fuga desastrada do Secretário de Segurança Pública, com medo dos professores ou
até a Sessão da Assembleia feita escondida, no refeitório da ALEP.
Mas as imagens dos últimos dois dias, culminando com o massacre da PM do Paraná contra servidores,
comemorado da Janela do Palácio Iguaçu pelo alto escalão do Governo, e que deixou mais de duzentos
feridos na tarde desta quarta-feira (29), mostraram como o Governador Richa e sua turma vêem a
educação e os servidores.
Mostraram, também, como a Assembleia Legislativa do Paraná – como acontece em outros tantos
estados – é submissa ao Executivo, indo contra a chamada divisão de poderes, uma das bases da
democracia.
Quando, por volta das 15h, as redes sociais começaram a mostrar fotos e vídeos das atrocidades
cometidas pelas forças do Estado no Centro Cívico da capital paranaense, tive a dimensão e da gravidade
da ação.
Consegui falar com algumas pessoas e entrevistei um ex colega de escola e hoje servidor da Rede
Estadual do Paraná, o Prof. Antônio Costa, que me relatou a covardia e o uso desproporcional da força.
“Jogaram bomba de gás até do helicóptero.” – afirmou.
Segundo ele, o tumulto começou quando alguns professores tentaram entrar no prédio para
acompanhar a Sessão e foram impedidos pelas tropas da PM.
Nessa hora, relatou Costa, começaram as bombas contra os docentes. “Foi um cenário de guerra. Foi feio
mesmo.”. Ele destacou, ainda, o fato de vários dos policiais da linha de frente parecerem muito novos.
“Aparentemente PMs ainda não formados.” – explicou.
Ele descreveu muitos dos horrores vividos e destacou o despreparo da PM para atos democráticos. “Os
primeiro policiais que estavam na linha de frente, respiravam o mesmo ar com gás que a gente, mas não
podiam sair do posto e passaram mal. A gente percebeu o quanto eles – os policiais – estavam também em
pânico e não sabiam o que fazer. Soube de seis policiais feridos. E muitos de nós. O Governo Richa não está
nem aí com os servidores, seja polícia, seja professores.”
Proposta: Redija um texto dissertativo argumentativo discutindo sobre as ideias dos textos apresentados
e respondendo a questão:
Deve existir um limite para a liberdade de expressão?
Seu texto deve ter no mínimo 18 linhas
Proposta IILeia os textos:
Trote
Em fevereiro de 2009, o mundo ficou espantado com a violência sofrida por uma advogada brasileira em
Dübendorf, cidade da Suíça. Ela teria sido agredida e muito machucada por neonazistas, num ataque brutal
de xenofobia (desconfiança, temor ou antipatia por estrangeiros). A jovem advogada teria, inclusive,
sofrido um aborto de gêmeos, sendo encaminhada para o hospital em estado de choque. Até o presidente
Lula declarou publicamente seu horror diante do acontecido. Poucos dias depois, contudo, o mundo inteiro
se revoltou, ao descobrir que tudo era uma grande inverdade. Todos nós, certamente, conhecemos vários
mentirosos. Por que eles existem? O que é, afinal, a mentira: doença, problema moral, necessidade
irresistível, brincadeira? Ou o ato de mentir é provocado por todas essas razões?
Prenda-me se for capaz
Divulgação
Leonardo DiCaprio, em Prenda-me se for capaz, de Steven Spielberg
Nem sempre a mentira tem perna curta. O filme de Steven Spielberg conta a história real de um mestre do
disfarce, Frank Abagnale Jr. (personificado por Leonardo Di Caprio).
Ele fez carreira, aproveitando suas habilidades de grande mentiroso. Mudou várias vezes de identidade e
viveu a vida como quis, aplicando golpes milionários, até ser apanhado pela polícia. O impostor, o
estelionatário, muitas vezes, é uma figura sedutora, mas isso não diminui a gravidade de seu crime.
Primeiro de abril!
"O hábito de brincar com essa data é universal. A origem das brincadeiras nesse dia é desconhecida, mas
dizem que tudo começou no século 16, com a mudança para o calendário gregoriano, que trocou a
comemoração do Ano Novo para 1º de janeiro (antes a data era móvel, variando de 25 de março a 1º de
abril). Quem continuava comemorando na antiga data era chamado de "bobo de abril". Na Inglaterra,
quem "cai em 1º de abril" é chamado de noodle (pateta). Na França, de poisson d'avril (peixe de abril); nos
Estados Unidos, de april fool (bobo de abril)."
[IBGE Teen]
O mitômano ou mentiroso patológico
Mitômano (...) é a pessoa manipuladora e autocentrada que inventa histórias continuamente para
conseguir o que quer, com pouca consideração ou respeito pelos interesses dos outros. (...) A causa pode
ser mecanismo de defesa ou autoafirmação desenvolvido na primeira infância, associada à alguma
desordem mental, caso das personalidades narcísicas ou histriônicas.
[Quando mentir é um problema, reportagem da revista "Época", 19/2/09]
Escritores e a mentira
"A mentira é, muita vez, tão involuntária como a transpiração."
Machado de Assis
"A principal mentira é aquela que contamos a nós mesmos".
Nietzsche
"Somente as mulheres e os médicos sabem o quanto a mentira é benéfica aos homens."
Anatole France
"A mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer."
Mario Quintana
"Uma mentira dá uma volta ao mundo antes mesmo de a verdade ter oportunidade de se vestir".
Winston Churchill
Proposta:
Elabore um texto dissertativo argumentativo considerando as ideias a seguir sobre o tema:
“Mentira é doença, problema moral, necessidade ou brincadeira?”
Seu texto deve ter:
No mínimo 18 linhas e máximo 30
Letra legível
Linguagem da norma culta da língua.
Apresente medidas de intervenção em relação ao tema discutido
Proposta III
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo
de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema: A herança da escravidão na sociedade brasileira do século XXI, apresentando
proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma
coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
Seu texto deve ter no mínimo 18 linhas e no máximo 30.
TEXTO I
Três séculos de escravidão vincam até hoje os comportamentos da sociedade brasileira
Escrevi certa vez que se Ronaldo, o Fenômeno, se postasse na calada da noite em certas esquinas de São
Paulo ou do Rio, e de improviso passasse a Ronda, seria imediata e sumariamente carregado para o xilindró
mais próximo. Digo, o mesmo Ronaldo que foi ídolo do Brasil canarinho quando adentrava ao gramado.
Aí está: o protótipo do preto brasileiro, o modelo-padrão, está habilitado a representar e orgulhar o Brasil
ao lidar com a redonda ou ao compor música (popular, esclareça-se logo), mas em um beco escuro- será
encarado como ameaça potencial. Muitos, dezenas de milhões, acreditam em uma lorota imposta pela
retórica oficial: entre nós não há preconceito de raça e cor. Pero que lo hay, lo hay. Existem provas
abundantes a respeito e a reportagem de capa desta edição traz mais uma, atualíssima. Na origem,
obviamente, a escravidão, mal maior da história do Brasil.
Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-maior-d… Acesso em: 26 jun.
TEXTO II
A prática do trabalho escravo no Brasil, em pleno século XXI, apresenta-se sob a junção de duas formas: a
primeira é o trabalho forçado ou obrigatório; a segunda, o trabalho realizado em condições degradantes.
Tal prática abominável fere os direitos humanos naquilo que a pessoa tem de mais sagrado: a dignidade. O
trabalho escravo tem denegrido a imagem do nosso país, principalmente perante os órgãos internacionais.
SIQUEIRA,Tulio Manoel. O Trabalho escravo perdura no Brasil de século XXI.
TEXTO III
Na ausência de uma política discriminatória oficial, estamos envoltos no país de uma “boa consciência”,
que nega o preconceito ou o reconhece como mais brando. Afirma-se de modo genérico e sem
questionamento uma certa harmonia racial e joga-se para o plano pessoal os possíveis conflitos. Essa é sem
dúvida uma maneira problemática de lidar com o tema: ora ele se torna inexistente, ora aparece na roupa
de alguém outro.
É só dessa maneira que podemos explicar os resultados de uma pesquisa realizada em 1988, em São Paulo,
na qual 97% dos entrevistados afirmaram não ter preconceito e 98% dos mesmos entrevistados disseram
conhecer outras pessoas que tinham, sim, preconceito. Ao mesmo tempo, quando inquiridos sobre o grau
de relação com aqueles que consideravam racistas, os entrevistados apontavam com frequência parentes
próximos, namorados e amigos íntimos. Todo brasileiro parece se sentir, portanto, como uma ilha de
democracia racial, cercado de racistas por todos os lados.
(Lilia Moritz Schwarcz. Nem preto nem branco, muito pelo contrário, 2012. Adaptado.)
Proposta IV
Automedicação: por que a prática é tão comum entre os jovens?
Uma pesquisa do ICTQ (Instituto de Ciência Tecnologia e Qualidade), feita em 12 capitais do país, mostrou
que a automedicação é praticada por 76,4% dos brasileiros, a maioria dos quais (90,1%) jovens entre 16 e
24 anos. Além disso, a pesquisa apontou ainda que quase um terço (32%) dos brasileiros que se
automedicam costuma aumentar a dose do remédio por conta própria, sem orientação do médico ou do
farmacêutico.
Leia a seguir trechos de dois artigos sobre o tema e, considerando as posições neles apresentadas, redija
uma dissertação, expondo sua posição sobre o assunto: você costuma se automedicar? Sim ou não e por
quê? Com qual dos dois textos você tende a concordar? A partir de suas considerações pessoais, é
possível explicar por que a automedicação é tão comum entre os jovens? Minimo 18 linhas, máximo 30.
Texto I
Comprimidos também podem virar um objeto de desejo ou o consumidor sabe o que ingere?
Fenômeno desejável, dentro de limites
Antes de demonizar a automedicação e pintá-la como grande vilã da saúde pública, deve-se ter em mente
que, dentro de certos limites, ela é um fenômeno desejável. A OMS, por exemplo, a descreve como
“necessária” e com função complementar a todo sistema de saúde.
O importante aqui é não perder de vista a totalidade do espaço amostral. Se olharmos só para as
intoxicações involuntárias e óbitos daí decorrentes, fica mesmo parecendo que a automedicação é um mal
a eliminar. Mas é preciso considerar também que a esmagadora maioria das doenças que afetam a
população é autolimitada, não requerendo mais do que o alívio dos sintomas.
Fazer com que a legião de pessoas que são diariamente acometidas por quadros virais menores e dores de
cabeça benignas passe por um médico antes de ter acesso a um analgésico levaria os já saturados sistemas
público e privado de atendimento ao colapso. A última coisa de que o SUS necessita é uma explosão da
demanda motivada por casos triviais.
O desafio diante das autoridades é encontrar o ponto ótimo na regulação que não onere demais o sistema
com consultas desnecessárias nem estimule voos muito arriscados na automedicação.
[Hélio Schwartsman, Folha de S. Paulo]
Texto II
A prática tem de parar
A automedicação é um dos maus (e perigosos) hábitos mais difundidos no mundo. Mais do que uma
atitude esporádica, trata-se de uma prática corriqueira – e de alto risco.
Assim como em qualquer setor de mercado, os consumidores de remédios se julgam aptos a decidir qual
produto adquirir. No entanto, os danos da ingestão inadequada de medicamentos, inclusive os isentos de
prescrição médica, podem ser graves e até fatais. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), quase 35 mil
pessoas sofreram este tipo de intoxicação, em 2007, sendo que 90 morreram.
Ouvir a experiência do vizinho ou somente ler a bula não basta: medicamentos fazem parte da prescrição
de um tratamento e precisam ser indicados por profissional habilitado: o médico. Há décadas, o Ministério
da Saúde divulga a orientação “Se persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado”, após as
propagandas dos laboratórios farmacêuticos. Um encaminhamento completamente equivocado, segundo a
Associação Paulista de Medicina (APM):
“É uma premissa absurda, invertida, um convite à automedicação que coloca a procura do atendimento
como uma simples alternativa à falha daquele produto”, protesta o diretor de Comunicação da APM,
Renato Françoso Filho. Na tentativa de corrigir este equívoco, o projeto de lei 328/06, que tramita no
Senado, propõe a substituição da referida frase por “Antes de consumir qualquer medicamento, consulte
um médico”.
[Acontece Comunicação e Notícias/Associação Paulista de Medicina]
Proposta V
Tema: Racismo: como virar de vez essa triste página da história?
Recentemente, a agressão racista sofrida pelo jogador brasileiro Daniel Alves ganhou destaque
nos meios de comunicação, devido ao modo bem humorado de o atleta reagir a ele. A Daniel se
solidarizou o craque Neymar, que postou uma foto nas redes sociais, e milhares de pessoas,
famosas ou anônimas. Manifestações racistas no futebol, infelizmente, não são novidades e não
acontecem somente no exterior, mas também aqui no Brasil. Não há dúvida de que o preconceito
racial reflete uma mentalidade antiga e supostamente ultrapassada. Remete aos tempos da
escravidão, no Brasil ou nos EUA; da segregação no Sul dos Estados Unidos; do extinto Apartheid,
na África do Sul; e até mesmo do Nazismo, na Alemanha. Então, por que o racismo continua a se
manifestar em pleno século XXI e como combater o problema, de forma a eliminá-lo
definitivamente?
Considerando os textos que seguem, faça uma dissertação argumentativa expondo suas ideias
sobre esse grave problema social.
Seu texto deve ter no mínimo 18 linhas e no máximo 30.
Texto I
Em solidariedade a Daniel Alves, Neymar postou nas redes sociais uma imagem em que o craque e
o filho seguram uma banana real e outra de brinquedo
A reação do jogador: O brasileiro Daniel Alves, do Barcelona, respondeu de forma peculiar a uma
manifestação racista da torcida do Villarreal no estádio El Madrigal, em partida do Campeonato
Espanhol.
No segundo tempo, enquanto se preparava para cobrar um escanteio, Daniel Alves se abaixou,
pegou uma banana atirada por um torcedor e comeu a fruta.
[Folha de S. Paulo]
Texto II
Racismo sem vergonha
Muitos se surpreenderam com a agressão da torcida do Mogi ao meia Arouca, do Santos, em
março, no dia seguinte à agressão sofrida por um juiz no Rio Grande do Sul. No entanto, desde que
o futebol virou uma profissão, lá por 1930, grandes craques negros --um Fausto, um Jaguaré, um
Valdemar, um Leônidas, um Zizinho, um Pelé-- e pequenos, cujo número é infinito, foram
hostilizados e prejudicados pelo racismo. (...)
O nosso racismo é envergonhado, tanto que alguém acusado de preconceito e discriminação
racial se defende dizendo que tem amigos e, às vezes, até parentes negros. Diante de uma ofensa
racista, sentimos vergonha pelo ofensor --no fundo, de nós mesmos. Tinga e Arouca são artistas
doces e inteligentes da bola, que vergonha por quem os agrediu! Temos racismo em todas as suas
formas --o preconceito, mais brando, a discriminação, mais eficaz, o racismo propriamente dito,
estrutural, que organizou as nossas relações de trabalho, nossos hábitos, nossa moral pública. (...)
A vergonha de ser racista é que acabou, ou está acabando. Se na Copa pularem feito macacos
atirando bananas no campo, dou meu conselho aos jogadores negros. Façam como Daniel Alves
esta semana: descasquem as bananas e comam. Essa também é uma tradição brasileira: o que
vem a gente traça. No final do processo digestivo, a ofensa se transformará no que
verdadeiramente é --aquela "coisa" amarelada.
[Joel Rufino dos Santos, historiador e escritor, na Folha de S. Paulo]
Texto III
Estereótipo incorrigível
Ao analisar o preconceito, o filósofo italiano Norberto Bobbio deixa claro que ele se constitui de
uma opinião errônea (ou um conjunto de opiniões) que é aceita passivamente, sem passar pelo
crivo do raciocínio, da razão.
Em geral, o ponto de partida do preconceito é uma generalização superficial, um estereótipo, do
tipo "todos os alemães são prepotentes", "todos os americanos são arrogantes", "todos os
ingleses são frios", "todos os baianos são preguiçosos", "todos os paulistas são metidos", etc. Fica
assim evidente que, pela superficialidade ou pela estereotipia, o preconceito é um erro.
Entretanto, trata-se de um erro que faz parte do domínio da crença, não do conhecimento, ou seja
ele tem uma base irracional e por isso escapa a qualquer questionamento fundamentado num
argumento ou raciocínio. Daí a dificuldade de combatê-lo. Ou, nas palavras do filósofo italiano,
"precisamente por não ser corrigível pelo raciocínio ou por ser menos facilmente corrigível, o
preconceito é um erro mais tenaz e socialmente perigoso".[UOL Educação]
Texto IV
Somos todos humanos
Episódios como o insulto ao lateral brasileiro devem mobilizar governos, confederações, clubes e
torcedores em torno de uma agenda positiva, que previna e não apenas reprima a violência.Ação
preventiva requer atuação cotidiana norteada para as causas do racismo e não apenas para seus
efeitos.
Um exemplo simples: até hoje nossas crianças não aprendem nas escolas a razão pela qual negros
e brancos têm diferentes tipos de pele. Trata-se de conhecimento que a genética disponibiliza há
séculos, mas que ainda não aportou no currículo escolar.
Enquanto diferença for associada à inferioridade, o racismo vai continuar se manifestando. Somos
todos seres humanos: essa deve ser nossa resposta ao racismo!
[Hélio Silva Jr., advogado, na Folha de S. Paulo]