Revista HUGV 2007 - Hospital Universitário Getúlio Vargas
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Revista HUGV 2007 - Hospital Universitário Getúlio Vargas
revistahugv Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas The Journal of Getulio Vargas University Hospital v.6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGAS Rua Apurinã nº 04 – Praça 14 de Janeiro, Cep: 69020-170 Fones: (092) 3305-4782 Manaus - AM E-mail: [email protected] UFAM FUNDADORES Ricardo Torres Santana Jorge Alberto Mendonça LISTA DO CONSELHO EDITORIAL DA REVISTA HUGV EDITOR-CHEFE Fernando Luiz Westphal Kathya Augusta Thomé Lopes Maria Augusta Bessa Rebelo Rosane Dias da Rosa Maria Lizete Guimarães Dabela LISTA DO CONSELHO CONSULTIVO DA REVISTA HUGV Aluísio Miranda Leão Àngela Delfina B. Garrido Antonio Carlos Duarte Cardoso Célia Regina Simoneti Barbalho Cláudio Chaves Clemencio Cezar Campos Cortez Dagmar Keisslich David Lopes Neto Domingos Sávio Nunes de Lima Edson Sarkis Gonçalves Ermerson Silva Eucides Batista da Silva Eurico Manoel Azevedo Cristina Melo Rocha Fernando César Façanha Fonseca Fernando Luiz Westphal Gerson Suguyama Nakajima Ione Rodrigues Brum Ivan da Costa Tramujás Jacob Cohen João Bosco L. Botelho José Correa Lima Netto Julio Mario de Melo e Lima Kathya Augusta Thomé Lopes Lourivaldo Rodrigues de Souza Luís Carlos de Lima Luiz Carlos de Lima Ferreira Luiz Fernando Passos Maria Augusta Bessa Rebelo Maria do Socorro L. Cardoso Maria Fulgência Costa L. Bandeira Maria Lizete Guimarães Dabela Mariano Brasil Terrazas Miharu Maguinoria Matsuura Matos Neila Falcone Bonfim Nelson Abrahim Fraiji Nikeila Chacon de O. Conde Osvaldo Antônio Palhares Ricardo Torres Santana Rosana Cristina Pereira Parente Rosane Dias da Rosa Rubem Alves da Silva Junior Wilson Bulbol Zânia Regina Ferreira Pereira revistahugv Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas The Journal of Getulio Vargas University Hospital v.6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGAS Copyright© 2007 Universidade Federal do Amazonas/HUGV REITOR DA UFAM Dr. Hidembergue Ordozgoith da Frota DIRETOR DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGAS Dr. Raymison Monteiro de Souza PRODUÇÃO GRÁFICA-EDITORIAL: EDUA DIRETOR DA EDUA Dr. Renan Freitas Pinto COORDENADORA DE REVISTAS DA EDUA/UFAM Profª Dayse Enne Botelho REVISÃO (LÍNGUA PORTUGUESA) Sergio Luiz Pereira CAPA Rodrigo Pereira Verçosa TIRAGEM 300 EXEMPLARES Ficha Catalográfica elaborada na fonte R454 Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas. – Vol. 1, n. 1 (2002) – Manaus: Editora da Universidade Federal do Amazonas, 2002 v. : iI.; 21x 29cm Semestral Título da revista em português/inglês ISSN 1677-9169 1. Medicina-Periódico I. Hospital Universitário Getúlio Vargas II. Universidade Federal do Amazonas. CDU 61(051) SUMÁRIO Editorial .................................................................................................................................................. 9 Dr. Raymison Monteiro de Souza (Diretor do HUGV) ARTIGOS ORIGINAIS 1. Avaliação dos acidentes biológicos ocorridos no Hospital Universitário Getúlio Vargas entre os profissionais de saúde no período de 1999 a 2004 Miharu Maguinoria Matsuura Matos, Hilkem Gomes Alves, Lorena dos Santos Vásquez .................................. 11 2. Condições de Acessibilidade para pessoas com deficiência na cidade de Manaus Rosangela Santos da Silva, Kathya Augusta Thomé Lopes........................................................................ 19 3. Avaliação das condições periodontais entre pacientes fumantes e não-fumantes atendidos na disciplina de periodontia da Ufam Morgana Rabelo Abreu, Izabella Andrade Ferreira dos Santos, MiriamRaquel Ardigó Westphal, Maria Augusta Bessa Rabelo ........................................................................................................................................ 27 REVISÃO DE LITERATURA 4. Abordagem dos efeitos deletérios do diabetes mellitus nas doenças periodontais: uma via de Mão Dupla Nícia Marques de Almeida Oliveira, Cláudia Kelly Diniz de Oliveira, Miriam Raquel Ardigó Westphal, Paulo Augusto da Silva Filho, Alessandra Valle Salino........................................................................................ 33 RELATO DE CASO 5. Hemopneumotórax complicado com edema pulmonar de reexpansão Fernando Westphal, Luiz Carlos de Lima, José Correa Lima Netto, George A. M. Lins de Albuquerque Ingrid Loureiro de Queiroz Lima, Danielle Cristine Westphal ............................................................................... 39 6. Turbeculose esternal como diagnóstico diferencial de neoplasias esternais Fernando L. Westphal, Luiz C. Lima, José Correa Netto, André C. C. Souza, André C. L. Dias, Danielle Cristine Westphal, Ingrid Loureiro Queiroz Lima............................................................................................... 45 7. Diagnóstico e tratamento de lesões endoperiodontais: relato de caso Cintia Mara Melo Rêgo, Aida Renée Assayag Hanan, Luciana de Sousa Falcão, Nícia Marques de Almeida Oliveira, Ângela Delfina Bittencourt Garrido .............................................................................................. 49 8. Anais .............................................................................................................................................. 53 6 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 CONTENTS Editorial .................................................................................................................................................. 9 Dr. Raymison Monteiro de Souza (Director do HUGV) ORIGINAL ARTICLES 1. Evaluation of the biological accidents occurred in University hospital Getúlio Vargas, the professionals of health in the period of 1999 until 2004 Miharu Maguinoria Matsuura Matos, Hilkem Gomes Alves, Lorena dos Santos Vásquez .................................. 11 2. Conditions of accessibility for people with disability in manaus Rosangela Santos da Silva, Kathya Augusta Thomé Lopes........................................................................ 19 3. Evaluation of periodontal conditions between smokers and non-smorkers taken care in disciplines of periodontics of the Ufam Morgana Rabelo Abreu, Izabella Andrade Ferreira dos Santos, MiriamRaquel Ardigó Westphal, Maria Augusta Bessa Rabelo ........................................................................................................................................ 27 LITERATURE REVIEW 4. “Aprach” of the deleterious effect of diabetes mellitus the periodontal diseases: oneway of double hand Nícia Marques de Almeida Oliveira, Cláudia Kelly Diniz de Oliveira, Miriam Raquel Ardigó Westphal, Paulo Augusto da Silva Filho, Alessandra Valle Salino........................................................................................ 33 CASE REPORT 5. Reexpansion pulmonary edema as complication of traumatic hemopneumothorax Fernando Westphal, Luiz Carlos de Lima, José Correa Lima Netto, George A. M. Lins de Albuquerque Ingrid Loureiro de Queiroz Lima, Danielle Cristine Westphal ............................................................................... 39 6. Sternal tuberculosis as diferential diagnostic of sternum neoplasias Fernando L. Westphal, Luiz C. Lima, José Correa Netto, André C. C. Souza, André C. L. Dias, Danielle Cristine Westphal, Ingrid Loureiro Queiroz Lima............................................................................................... 45 7. Diagnosis and treatment of endoperiodontais injuries: a case report Cintia Mara Melo Rêgo, Aida Renée Assayag Hanan, Luciana de Sousa Falcão, Nícia Marques de Almeida Oliveira, Ângela Delfina Bittencourt Garrido .............................................................................................. 49 8. Annals .............................................................................................................................................. 53 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 7 8 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 EDITORIAL Raymison Monteiro de Souza Diretor da HUGV Ao assumirmos a Direção do HUGV, em março de 2007. Apresentamos como proposta a construção de um Hospital Universitário que atendesse de forma real os anseios da comunidade acadêmica no que diz respeito a área de ensino e pesquisa, incentivando a produção científica, a realização de eventos na área de saúde e principalmente os programas de pós-graduação desenvolvidos na Instituição. Em relação aos Programas de Residências Médicas, o HUGV, o pioneiro em formação de residentes no Estado do Amazonas, por meio do Ministério da Educação, passou a disponibilizar 125 vagas de residência médica, distribuídas em 22 Programas. Além disso, implantou a residência médica em Neurologia Clínica, com a primeira turma começando em março de 2008. As dificuldades estruturais e financeiras enfrentadas pelo hospital, não impediram a realização de eventos de cunho científico, que são conseqüências naturais em uma instituição de ensino que é campo de estágio para cursos de várias áreas tanto da Ufam quanto de outras unidades educacionais. Em 2007, destacou-se a IV Jornada de Saúde da Amazônia Ocidental, realizada em novembro com o tema “Saúde, uma abordagem multidisciplinar.” Esse tema foi escolhido por ser parte da realidade do HUGV, que possui em seu quadro de pessoal, profissionais de diversas áreas, tais como: Médicos, Assistentes Sociais, Nutricionistas, Fisioterapeutas, Psicólogos, Profissionais de Educação Física, Farmacêuticos, Bioquímicos, entre outros. Essa equipe multidisciplinar atua em vários Programas do hospital e procura ter uma visão holística do paciente e da ciência, tratando o ser humano e as patologias de forma ampla e inteira e não de forma fragmentada, considerando aspectos de ordem física, mental e social. Com a Jornada houve o aumento da produção científica do hospital, na forma dos Temas Orais e Pôsteres inscritos, tanto que os anais do evento podem ser vistos nesta edição da revista. A publicação da Revista HUGV também é uma grande conquista, pois estimula a realização de pesquisas, resultando na elaboração de artigos originais, resumos e relatos de casos. Fortalecer a área de pesquisa é uma das principais metas do hospital, pois, como centro formador de recursos humanos especializados é de fundamental importância se manter na vanguarda na área de saúde. A formação de recursos humanos na área de medicina é dependente de Serviços e pessoas comprometidas com o ensino como primeiro passo para a produção do saber e, a seguir a contextualização dos Serviços em forma de artigos e livros. A independência intelectual está diretamente vinculada à produção científica, pois assim podemos descrever as rotinas utilizadas no dia-adia do Hospital e descrever a experiência adquirida no exercício da medicina e áreas correlatas. Assim, conclamo a comunidade deste Hospital para a realização de artigos científicos, retrospectivos ou prospectivos, relatos de casos ou revisão sistemática, criando nossa memória e aumentando a produção científica deste Hospital. revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 9 10 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 AVALIA ÇÃ O DOS A CIDENTES BIOL ÓGIC OS ALIAÇÃ ÇÃO ACIDENTES BIOLÓGIC ÓGICOS OC ORRIDOS N O HOSPIT AL UNIVERSIT ÁRIO GETÚLIO OCORRIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO VAR G AS ENTRE OS PR OFISSION AIS DE S AÚDE N O ARG PROFISSION OFISSIONAIS SA NO PERÍODO DE 1999 A 2004 EVALUATION OF THE BIOLOGICAL ACCIDENTS OCCURRED IN UNIVERSITY HOSPITAL GETÚLIO VARGAS, THE PROFESSIONALS OF HEALTH IN THE PERIOD OF 1999 UNTIL 2004 Miharu Maguinoria Matsuura Matos*, Hilkem Gomes Alves**, Lorena dos Santos Vásquez** RESUMO: A contaminação acidental dos profissionais da área de saúde é uma preocupação importante, embora pouca ênfase seja dada em nosso meio. Dentre as doenças de possível contaminação, as hepatites B e C e a Sida são as que mais preocupam essa categoria. Foi realizada uma análise retrospectiva de 35 fichas de notificações arquivadas no Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) referentes aos acidentes ocorridos no Hospital Universitário Getúlio Vargas, em Manaus (AM) durante o período de 1999 a 2004. A categoria profissional mais atingida foi o corpo de enfermagem, sendo a agulha o agente que mais causou acidente. O local mais freqüentemente envolvido na ocorrência dos acidentes foi o PSU, sendo a exposição percutânea a mais comum. Os dedos da mão, principalmente da direita, foram as áreas corporais mais atingidas nos acidentes notificados neste estudo. Quanto ao material biológico envolvido no acidente foi por exposição a sangue. Em relação ao uso de equipamento de proteção individual (EPI), a maioria dos profissionais fazia o uso de luvas e eram vacinados contra hepatite B. Neste estudo, foi observado um considerável número de subnotificação, em função do número reduzido de fichas notificadas, promovendo uma baixa representatividade dos acidentes ocupacionais. A subnotificação é um problema grave e muito sério que leva a uma falsa impressão de que os acidentes não ocorrem, quando, na verdade, representa uma falta de conhecimento de como proceder mediante a um acidente, aliada ao descaso em comunicar o ocorrido por ter receio de ser taxado de displicente e imprudente. Palavras-chave: Acidente biológico, material perfurocortante, riscos ocupacionais, biossegurança. ABSTRACT: The accidental contamination of the employees of the health area is an important concern, even so little emphasis is given in our environment. Among the possible diseases of contamination, the hepatitis B and C and the Aids have been the ones that are more concerned in this category. A retrospective analysis of 35 forms filled in the Specialized Service in Engineering of Security and Medicine of the Job (SESMT) was done regarding the notifications of the accidents occurred at Getúlio Vargas University Hospital in Manaus, Amazonas, during the period from 1999 to 2004. The most affected professional category was the nursing crew, and the needle accident was the main cause of the accidents. The most frequent place involved in the occurrence of the accidents was the PSU, and the per cutem access was the most common exposition. The fingers, mainly on the right hand, were the body part most affected among the accidents notified in this study. In relation to the biological material involved in the accidents, it was the blood exposition; in relation to the use of the individual protection equipment (EPI), the majority the employees was using gloves and were vaccined against Hepatitis B. In this study, it was observed a great number of sub notifications, because of the low number of notified forms, reflecting a low representation of the occupational accidents. The sub notification is a very serious problem that leads to a false impression that accidents do not occur, when in the truth, it represents a lack of knowledge of how to proceed when a real accident occurs, it is allied to the indifference in communicating the occurrence because of the fear of being considered careless and imprudent. Keywords: Biological accident, needlestick materials, occupational risks, biossecurity. * ** Farmacêutica-bioquímica do Hospital Universitário Getúlio Vargas/Ufam. Farmacêutica-bioquímicas, Universidade Federal do Amazonas. revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 11 AVALIAÇÃO DOS ACIDENTES BIOLÓGICOS OCORRIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGAS ENTRE OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NO PERÍODO DE 1999 A 2004 INTRODUÇÃO O crescimento do número de indivíduos infectados pelo HIV, bem como pelos vírus das hepatites B e C na população geral, tem aumentado o risco para o profissional de saúde, visto que, muitas vezes, esses indivíduos infectados necessitam de atendimento em unidades de assistência de saúde e são submetidos a procedimentos diagnósticos e terapêuticos nos quais o sangue e os fluidos corpóreos podem estar envolvidos.1,2 É sabido que a freqüência da exposição acidental a material biológico potencialmente contaminado em profissionais da saúde varia de acordo com a ocupação, os procedimentos realizados e as medidas preventivas efetuadas.3 No Brasil, assim como em outros países da América do Sul, os dados sobre esse assunto ainda são escassos e poucos notificados, uma vez que apenas algumas instituições de saúde possuem o registro sistemático das circunstâncias e dos materiais envolvidos nestes acidentes, tornando desconhecida a real situação dos acidentes biológicos em âmbito nacional. Diante deste complexo quadro que envolve os acidentes com material biológico, o presente estudo propôs caracterizar os acidentes biológicos pela avaliação de todas as notificações referentes aos acidentes registradas e arquivadas no Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) do Hospital Universitário Getúlio Vargas – HUGV, no período de 1999 a 2004, entre os profissionais de saúde da instituição. Sabe-se que o conhecimento das ocorrências dos acidentes é de grande valor no campo da orientação ocupacional, prevenindo o aparecimento ou recorrência de acidentes biológicos e levando a uma maior segurança no manuseio de materiais perfurocortantes e, conseqüentemente, reduzindo os riscos ocupacionais no ambiente hospitalar. METODOLOGIA Trata-se de um estudo retrospectivo, observacional sobre a freqüência dos acidentes biológicos ocorridos no Hospital Universitário Getú- 12 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 lio Vargas (HUGV) no período de 1999 a 2004 por meio de levantamento de dados. Os dados foram obtidos diretamente dos formulários registrados e arquivados no SESMT do HUGV. Essa coleta de informações compreendeu o registro em planilha eletrônica Excel, sendo constituída pelos seguintes itens analisados: sexo, idade, profissão/ocupação, setor de trabalho, tipo de exposição, área corporal mais atingida no acidente, material orgânico e agente envolvido no acidente, informações sobre o paciente-fonte quanto à situação sorológica para HIV, hepatite B e C, uso de equipamentos de proteção e situação imunológica do acidentado com relação à vacinação contra hepatite B. Para verificar quais as categorias profissionais mais expostas ao risco de acidentes, durante o exercício de suas funções, foi correlacionado o número de acidentes ocorridos, neste estudo, com as respectivas áreas do ambiente hospitalar. Todos os testes de HIV, hepatites B e C registrados nos formulários de acidentes foram realizados no Laboratório de Análises Clínicas do HUGV por intermédio da análise sorológica das amostras de sangue do acidentado e o paciente-fonte, utilizando a técnica comercial de reação imunoenzimática (Elisa) e a interpretação dos resultados foi baseada na leitura do cutoff. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Amazonas sob n.º 199/2005, de 28 de novembro de 2005. RESULTADOS Foram avaliados todos os formulários referentes aos acidentes ocorridos entre os profissionais de saúde do HUGV, no período de 1999 a 2004, totalizando 35 formulários registrados e arquivados no Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT da instituição. Os profissionais de saúde envolvidos no acidente eram 26 (74%) do sexo feminino e 9 (26%) do sexo masculino. A faixa etária variou de 17 a 64 anos (38,4±12,9), sendo que a maioria dos acidentes notificados ocorreu em profissionais MIHARU MAGUINORIA MATSUURA MATOS, HILKEM GOMES ALVES, LORENA DOS SANTOS VÁSQUEZ AGENTE entre 20 a 49 anos de idade. O número de acidentes biológicos notificados pelo SESMT e o tipo de exposição, por ano, estão demonstrados na Tabela 1. Agulha de injenção Abocath Instrumento cirúrgico Lâmina de bisturi Agulha de sutura Outros intracath Agulha de biópsia Tabela 1 – Notificações de acidentes com exposição a sangue e fluidos corporais segundo ano de ocorrência e tipo de exposição no HUGV Tipo de Exposição Ano de Ocorrência 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Percutânea Mucosa ocular Mucosa oral Pele íntegra Pele não íntegra Outros Total 02 02 07 01 08 12 01 13 06 06 02 02 04 04 Total (%) 33 (94%) 01 (3%) 01 (3%) 35 (100%) Fonte: SESMT até maio/2004 A avaliação das categorias profissionais mais expostas aos riscos de acidentes durante o exercício de suas funções demonstrou que 28 (80%) eram do serviço de enfermagem, incluindo 17 (48,6%) técnicos de enfermagem, 7 (20%) auxiliares de enfermagem, 3 (8,6%) enfermeiros, 1 (2,8%) acadêmico de enfermagem, conforme demonstra a Figura 1. Figura 2 – Caracterização dos agentes envolvidos na ocorrência do acidente. As áreas corporais mais atingidas nos acidentes notificados neste estudo foram os dedos das mãos, sendo 15 (41%) da direita e 12 (33%) da esquerda. 6 (17%) dos acidentes atingiram as mãos, 2 (6%) o antebraço – pulso e 1 (3%) outras áreas, como mostra a Figura 3. Um profissional foi atingido por mais de uma área em um acidente envolvendo tubo de ensaio. ÁREA CORPORAL ATINGIDA PROFISSÃO / OCUPAÇÃO Bolsista de 2º grau (Farmácia) Técnico de Enfermagem Auxiliar de Enfermagem Farmacêutico Médico Médico residente Téc. de hemoterapia Téc. de laboratório Enfermeiro Acadêmico de Enfermagem DMD DME MÃO ANTEBRAÇO OUTROS (pulso) Figura 3 – Área corporal atingida nos acidentes notificados no HUGV. Figura 1 – Distribuição dos acidentes biológicos segundo a categoria profissinal Os agentes que levaram a ocorrência do acidente, neste estudo, foram identificados como materiais perfurocortantes e estão distribuídos na Figura 2. 17 (48%) dos acidentes que envolviam a agulha de injeção, 12 (38%) o uso do abocath, lâmina de bisturi, agulha de sutura, intracath, agulha de biópsia, instrumento cirúrgico e 5 (14%) outros agentes não especificados. A avaliação dos materiais biológicos envolvidos nos acidentes do HUGV mostrou que 31 (88%) foram com exposição a sangue e 4 (12%) a outros fluidos corporais, como secreções gástricas. Os locais mais freqüentemente envolvidos na ocorrência dos acidentes identificados neste estudo foram Pronto-Socorro de Urgência, Clínica Médica e Centro Cirúrgico, conforme demonstra a Tabela 2. revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 13 AVALIAÇÃO DOS ACIDENTES BIOLÓGICOS OCORRIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGAS ENTRE OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NO PERÍODO DE 1999 A 2004 Tabela 2 – Notificações de acidentes com exposição a sangue e fluidos corporais no HUGV segundo ano de ocorrência e setor Tipo de Exposição Ano de Ocorrência 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Banco de Sangue Centro Cirúrgico Clínica Cirúrgica Clínica Médica CTI Exame especiais Farmácia Laboratório Nefrologia Neuro Ortopedia Pediatria PSU (Pronto Socorro) TOTAL 01 01 02 01 01 01 01 01 03 08 01 04 01 01 01 02 01 02 13 01 01 01 01 02 06 01 01 02 02 01 01 04 Total (%) 01 (3%) 04 (11%) 02 (6%) 06 (17%) 02 (6%) 01 (3%) 01 (3%) 02 (6%) 02 (6%) 01 (3%) 03 (8%) 01 (3%) 09 (25%) 35 (100%) Fonte: SESMT até maio/2004 As informações sobre o uso de equipamento de proteção individual (EPI), no momento do acidente, demonstraram que 16 (46%) profissionais faziam o uso, 4 (11%) não utilizavam nenhum EPI e 15 (43%) dos formulários apresentaram ausência desses dados. Dos que utilizavam EPI, a maioria fazia uso somente de luvas. As informações sobre o paciente-fonte quanto à situação sorológica para HIV, hepatite B e C mostraram que 17 (49%) apresentavam sorologia negativa, 4 (11%) eram positivo para um dos testes sorológicos e 14 (40%) não especificados. A avaliação da situação imunológica do acidentado com relação à vacinação contra hepatite B, no momento do acidente, demonstrou que 16 (46%) eram vacinados, 5 (14%) não eram vacinados e 14 (40%) não especificados. Dos profissionais vacinados, 2 (13%) relataram imunização incompleta (faltava a 3.ª dose). DISCUSSÃO Desde os primórdios do mundo do trabalho o acidente fez parte do cotidiano dos trabalhadores, mais do que isso se pode afirmar que, ligados à dinâmica da sociedade, que está sempre em movimento, acidentes sempre farão parte do cenário social, por isso deve-se conhecer, identificar e controlar as ocorrências dos acidentes na tentati- 14 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 va de reduzir os riscos ocupacionais no ambiente hospitalar e valorizar a orientação ocupacional. Neste estudo foram avaliados 35 formulários referentes a acidentes dos profissionais de saúde do HUGV, no período de 1999 a 2004, sendo 74% do sexo feminino e a maioria dos acidentes notificados ocorreu em profissionais entre 20 a 49 anos de idade. Esses resultados conferem com os das literaturas consultadas. Machado et al.4 relataram que 75% dos acidentados de seu estudo eram mulheres e a faixa etária compreendia de 23 a 40 anos. Belei et al.5 observaram em seus estudos que, dos acidentados, 70% eram do sexo feminino e 70% encontravam-se na faixa de 19 a 26 anos. Segundo o Sistema de Notificação de Acidentes Biológicos – Sinabio6 (2004), os acidentes ocupacionais notificados no Estado de São Paulo, no período de 1999 a 2003, envolveram 80,8% profissionais do sexo feminino e 66,8% estavam na faixa entre 20 e 39 anos de idade. Foi observado, neste estudo, que 94% dos acidentes notificados eram de natureza percutânea e o material biológico envolvido, na maior parte das exposições, foi o sangue. Esses dados conferem com as informações do Sinabio (2002; 2004), onde encontrou uma freqüência de 85% das exposições estudadas. Do total dos acidentes notificados, 80% ocorreram entre os profissionais de enfermagem, sendo 48,6% técnicos de enfermagem. Estudo de Machado et al.4 observaram que 88,8% dos acidentes envolveram o corpo de enfermagem, sendo a maioria auxiliar. Este percentual foi confirmado por Marziale e Rodrigues.8 Já no estudo de Bernal et al.,9 em Campinas (SP), observou-se que as categorias mais atingidas foram as de técnico e auxiliar de enfermagem, 48,4%. Cocolo10 verificou que enfermeiros e auxiliares de enfermagem foram responsáveis por 41% dos acidentes. Já o Sinabio6,7 detectou uma taxa de 59,5%, sendo a maioria auxiliar de enfermagem. Acreditamos que esses resultados estão relacionados à própria estrutura funcional no atendimento ao paciente, onde os profissionais constantemente envolvidos nesses cuidados são os técnicos e auxiliares de enfermagem. MIHARU MAGUINORIA MATSUURA MATOS, HILKEM GOMES ALVES, LORENA DOS SANTOS VÁSQUEZ Quanto aos agentes que levaram à ocorrência dos acidentes no HUGV, a agulha de injeção foi o de maior incidência, correspondendo a 17 (48%) notificações, e a área corporal mais atingida foi a mão perfazendo um total de 33 (91%). Machado et al.4 também detectaram que a região de maior ocorrência de acidentes é das mãos. Segundo Sinabio,7 a grande maioria dos acidentes notificados, 68,7%, teve como causa a agulha. Cocolo10 relatou que agulhas e lâminas foram a causa de 76% dos acidentes no seu estudo. Já em um estudo italiano, Puro et al.11 relataram que 48% dos acidentes envolviam agulhas. Consideramos que pelo fato de a agulha de injeção ser um instrumento de uso rotineiro no atendimento ao paciente seja o principal agente envolvido nos acidentes. No HUGV, os locais onde ocorreram mais acidentes foram: Pronto-Socorro de Urgência (PSU), Clínica Médica (CM) e Centro Cirúrgico (CC). Cocolo,10 também, relatou no seu estudo que a maior incidência de acidentes ocorreu nas enfermarias clínicas e nas UTIs. Atribuímos que grande parte dos acidentes ocorridos no PSU seja pela alta rotatividade e pelas condições de agitação dos pacientes que procuram este serviço de urgência. Em relação aos acidentes no Centro Cirúrgico seja pelo fato de o profissional estar mais preocupado com o paciente do que com a própria segurança (pois está em um procedimento cirúrgico), os acidentes são mais propícios a acontecer. No momento do acidente, embora 43% das fichas apresentarem ausência de dados referentes ao uso de EPI, 11% não faziam sua utilização. Já no trabalho de Cocolo,10 39% dos profissionais acidentados não usavam equipamentos de proteção, como luvas e máscaras. Esses dados sugerem que o excesso de confiança esteja envolvido na não utilização desses EPIs. Com base na sorologia do paciente-fonte, 4 (11%) eram positivos para um dos testes sorológicos apresentados neste estudo. Segundo dados de Sinabio,6,7 no ano de 2002, 20,8% apresentaram algum teste sorológico positivo; no ano de 2004 foi encontrado 18,8%, enquanto Cocolo10 mostrou uma taxa de 19%. O percentual encon- trado neste estudo foi inferior aos da literatura, provavelmente em razão do considerado número de notificações incompletas (40%). Em relação à vacinação contra hepatite B do profissional acidentado, este estudo detectou que 27% dos profissionais não estavam totalmente protegidos. Esse resultado foi similar ao encontrado em Sinabio, 6,7 de 24,3% e 26%, porém não correspondeu ao resultado apresentado por Cocolo10 de 66%. Esses dados refletem a falta de consciência dos profissionais do risco em adquirir doenças infecciosas, principalmente o vírus da hepatite B. Neste estudo foram encontrados apenas 35 acidentes em cinco anos de notificações analisadas. Esse dado demonstra um grande número de subnotificações, pois, segundo a Eucomed,12 em um hospital médio verifica-se anualmente cerca de 30 acidentes com materiais perfurocortantes para cada cem leitos. Considerando esta informação, seria esperada uma notificação de 75 acidentes por ano no Hospital Universitário Getúlio Vargas, pois este possui em torno de 250 leitos. Dados publicados por Sassi et al.,13 indicam que o cenário dos acidentes ocupacionais envolvendo material biológico no Brasil é semelhante aos observados em outros países, quando comparamos a incidência de acidentes e de subnotificação. Em um estudo de avaliação da subnotificação num Hospital Universitário de São Paulo, os autores relataram que 49% no ano de 1998 e 2000, e 41% em 2002, foi apontada como justificativa dos profissionais para a “não-notificação do acidente” respostas como “desconhecimento sobre os riscos e/ou não ver necessidade”. Já Canini et al.,14 em um estudo realizado no hospital do interior paulista, revelaram um índice de 91,9% de subnotificação entre trabalhadores de enfermagem, sendo os acidentes perfurocortantes os de maior índice de subnotificação (34,4%). Nesse mesmo estudo, a principal causa de subnotificação atribuída pelos profissionais foi considerar pequena a lesão, sem importância (53,1%), seguida do desconhecimento referente ao dever de comunicar o acidente (36,8%). revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 15 AVALIAÇÃO DOS ACIDENTES BIOLÓGICOS OCORRIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO VARGAS ENTRE OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NO PERÍODO DE 1999 A 2004 É responsabilidade de toda unidade de saúde criar normas, procedimentos e políticas para o caso de acidentes com material perfurante ou qualquer exposição a material contaminado. No entanto, muitos profissionais de saúde preferem omitir tais ferimentos. Isso contribui para que as informações sobre exposição de profissionais de saúde sejam inexatas e, mais importante ainda, contribui para a falta de orientação, acompanhamento, exames, tratamento e cuidados. Uma vigilância contínua e o incentivo à notificação das exposições são outros mecanismos que podem reduzir os riscos ocupacionais. CONCLUSÃO • A avaliação dos acidentes biológicos ocorridos no HUGV entre os profissionais de saúde no período de 1999 a 2004 foram concordantes com os dados encontrados na literatura, quanto: ao sexo, à categoria profissional, aos agentes envolvidos, à região corporal mais atingida, com exceção ao local do acidente. • Foram avaliados 35 formulários referentes a acidentes dos profissionais de saúde do HUGV, no período de 1999 a 2004, esses dados foram inferiores às nossas expectativas, acreditamos que essa baixa taxa seja em função das subnotificações. • Cada instituição deve se auto-avaliar para conhecer a magnitude do problema e identificar suas necessidades. Sugere-se a estruturação de um Programa de Biossegurança e a implantação efetiva deste em todos os setores de atuação dos profissionais da área de saúde. Este Programa de Biossegurança deverá conter uma estratégia efetiva de prevenção de acidentes e de minimização dos riscos ocupacionais no caso das exposições ocorridas. REFERÊNCIAS 1. BASSO, M. Acidentes ocupacionais com sangue e outros fluidos corpóreos em profissionais de saúde. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Escola 16 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 de Enfermagem da Universidade de São Paulo, 1999. 2. POLETTO, M. Acidentes Biológicos em Hospital Universitário. Revista Médica Hospital Universitário São Vicente de Paulo, Passo Fundo (RS), v. 11, n.26, 2000. 3. MASTROENI, M. F. Biossegurança aplicada a laboratórios e serviços de saúde. São Paulo: Atheneu, 2004. 4. MACHADO, A. A et al. Risco de Infecção pelo vírus de Imunodeficiência Humana (HIV) em profissionais da saúde. Revista Saúde Pública, São Paulo, 26: 54-6, 1992. 5. BELEI, R. A et al. 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Utilizamos a metodologia da observação sistemática, buscando coletar e analisar os dados de forma qualitativa. Sendo assim, o universo desta pesquisa foram as áreas de lazer, zonas urbanas e no entorno de hospitais e postos de saúde. Foi diagnosticado tanto o ambiente interno como externo dessas áreas. Resultados: A amostra esteve representada por 28 locais, dentre áreas urbanas, representadas pelos terminais de ônibus; áreas de lazer, representadas por parques, cinemas, estádios, shopping, e no entorno de hospitais e postos de saúde. Totalizando 82 ruas e 9 locais que foram observados também seu ambiente interno. Os resultados da análise nos levou a inferir que a cidade de Manaus, nos locais onde foi realizada a coleta de dados, não garante acessibilidade à pessoa com deficiência. Conclusão: A falta de acessibilidade pode ser uma barreira que põe o deficiente em desvantagem. Garantir a cidadania para essas pessoas e dar-lhes autonomia e condições de domínio sobre o ambiente físico e social. Palavras-chave: Acessibilidade; Autonomia; Deficiente. ABSTRACT The objective of this research was to identify the real situation of the city of Manaus, regarding the accessibility of the people with disability and compare the accessibility rules of ABNT 9050 with the social aspects of autonomy. : We used the methodology of the systematic observation, seeking the collection and analyzing the data in a qualitative way. This way, the environment of this research were the leisure areas, urban zones and around the hospitals and health posts. It was diagnosed both the internal and external environment of these areas. Results: The sample was represented by 28 locations, among urban areas, represented by the central buses stations; leisure areas, represented by parks, movie theaters, stadiums, mall, and around the area of hospitals and health posts. Totalizing 82 streets and 9 locations in which were also observed the internal environment. The results of the analysis led us to deduce that the city of Manaus, in the locations where were collected the data, does not guarantee accessibility for people with disabilities. Conclusion: The lack of accessibility can be a barrier that puts the deficient person in disadvantage. To guarantee the citizenship for these people and to give them autonomy and conditions of the physical and social environment. Keywords: Accessibility; Autonomy; Disability. INTRODUÇÃO O presente estudo teve como objetivo investigar as condições de acessibilidade para pessoas com deficiência em alguns pontos da cidade de Manaus, e apontar de que forma essas * ** condições estão relacionadas com a questão da cidadania e da autonomia dessas pessoas. O objetivo da acessibilidade é permitir um ganho de autonomia e de mobilidade ao deficiente. Assim sendo, arquitetos, projetistas ou responsáveis pelas políticas públicas devem rever a forma de Professora de Educação Física do Programa de Atividades Motoras para Deficientes - PROAMDE/UFAM. Professora Doutora da Faculdade de Educação Física da Ufam. revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 19 CONDIÇÕES DE ACESSIBILIDADE PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NA CIDADE DE MANAUS conceber os espaços, os objetos, de modo que eles possam oferecer segurança, eficácia e acima de tudo que o deficiente possa se dirigir a eles com autonomia e independência. As intervenções de aumento de acessibilidade trazem benefícios diretos às pessoas com deficiência. Oferecem-lhes condições de exercer com autonomia o seu direito de ir e vir, ampliando as suas possibilidades de deslocamento e aumentando sua segurança. Gerar acessibilidade, entretanto, é fundamental para promoção da cidadania da pessoa com deficiência, mas não é suficiente. É preciso criar condições para que a pessoa deficiente possa agir em direção de seus objetivos com autonomia e independência. Assim, o foco principal deste projeto foi verificar as condições de acessibilidade para pessoas com deficiência na cidade de Manaus e identificar como esses aspectos podem influenciar na falta de autonomia dessas pessoas. Pois o início do processo é caracterizado pela disponibilidade de ir e vir de qualquer pessoa na medida em que ela desejar, e as barreiras arquitetônicas são impedimentos para a concretização do processo de autonomia dessas pessoas. MÉTODO Para o desenvolvimento deste trabalho, dividimos a amostra em três blocos para início da coleta de dados da pesquisa, que ficou assim distribuído: Áreas de lazer, áreas urbanas, hospitais e postos de saúde, distribuídos pelas seis zonas da cidade de Manaus. Apesar de ter sido solicitada a autorização para coleta de dados, muitos órgãos não permitiram os registros fotográficos dos ambientes internos eleitos para a pesquisa, mesmo tendo a garantia de que ao final da pesquisa não seriam identificados os nomes dos locais referidos. Nos ambientes pesquisados foram coletadas amostras do aspecto físico de áreas externas e internas desses locais sendo assim consideradas: Área Externa – relacionada ao caminho percorrido que uma pessoa normalmente faria 20 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 para chegar a um determinado local, supondo que ela poderia chegar de carro próprio ou de ônibus, registramos o trajeto levando em consideração os aspectos como parada de ônibus, rampas, barreiras arquitetônicas urbanísticas e nas edificações. Área Interna – relacionada ao acesso a esses lugares levamos em consideração a entrada e saída, estacionamento, mobiliários e banheiros. O estudo constou de duas partes: a) 1.ª Parte: Parte teórica. Realizada por meio de pesquisa bibliográfica em livros, artigos pesquisados em bibliotecas virtuais para compor a fundamentação teórica da pesquisa. b) 2.ª Parte: Pesquisa de campo. Procedimentos de pesquisa qualitativa das condições de acessibilidade dos ambientes: zonas urbanas, áreas de lazer e entorno dos hospitais públicos da cidade de Manaus. O trabalho trata de uma observação sistemática, cujos resultados poderão ser utilizados como base para adequação ou construção de ambientes mais acessíveis para pessoas com deficiência na cidade de Manaus. Definimos os locais e aspectos que constituíram questionamentos para o material de investigação: Aspectos físicos: parada de ônibus, rampas, barreiras arquitetônicas urbanísticas e nas edificações, mobiliários e equipamentos urbanos, estacionamentos, banheiros, transporte. Levando em consideração o trajeto que uma pessoa normalmente faria para chegar ao local determinado e no acesso à visitação a esses lugares supondo que poderia chegar de ônibus ou de carro próprio. Os locais selecionados foram: Zona Urbana: no entorno dos terminais: locais e interestadual, no entorno dos postos de saúde. Nas áreas de lazer: entorno do Teatro Amazonas, entorno Amazonas Shopping, Studio 5, Complexo Ponta Negra. Entorno de hospitais públicos: Hemoam, HUGV, Fundação de Medicina Tropical, Centro Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, João Lúcio. ROSANGELA SANTOS DA SILVA, KATHYA AUGUSTA THOMÉ LOPES ANÁLISE DOS DADOS Rampa em passeio com faixa de travessia 32,1% das ruas no entorno dos locais A análise estatística do trabalho distingue essencialmente duas fases: Uma primeira fase em que se procura descrever e estudar a amostra: Estatística Descritiva; e uma segunda fase em que se procura extrair conclusões para a população: Estatística Indutiva. RESULTADOS A seguir estão descritos os resultados divididos em áreas externas e áreas internas. 1. Áreas Externas A coleta e análise dos dados foram realizadas a partir do estabelecimento de quais aspectos físicos dos locais da pesquisa seriam fundamentais para a promoção da acessibilidade com autonomia para pessoas com deficiência na cidade de Manaus. De acordo com as normas 9050 da ABNT, levamos em consideração os seguintes aspectos: rampa única, rampa em passeio com faixa de travessia, parada de ônibus próxima do local específico, barreiras arquitetônicas, entrada e saída de pessoas. Estes foram classificados de acordo com sua real situação como: adequado, inadequado, inexistente e não aplicável. estavam inadequadas e em 19% inexistentes. Paradas de ônibus Das 28 ruas observadas, 10,7% possuíam paradas de ônibus mais próximas dos locais e foram classificadas como inadequadas, em função da inexistência de rampas adequadas que permitissem acesso às pessoas com deficiência. Barreiras arquitetônicas São impedimentos da acessibilidade, natural ou resultante de uma implantação arquitetônica ou urbanística. Em 28,6% das ruas observadas encontramos barreiras como esgotos sem tampas próximos às rampas e faixas de travessia, meio-fio sem rampa que dificulta a travessia de uma rua, lixeiras nas calçadas, camelôs e escadas desnecessárias. Entrada e saída de pessoas Levamos em consideração o trajeto que a pessoa normalmente faria para chegar ao local determinado e observamos até o ponto de entrada e saída de pessoas a este local. Os acessos de entrada e saída destes locais estavam localizados em 17,9% do total da amostra e foram classificados como inadequados por não possuírem rampas adequa- 1.1 Zona Urbana das às normas de acessibilidade. Este bloco está representado pelos terminais municipais e o terminal interestadual, rodoviária, de Manaus. No entorno destes locais foram feitas as observações em 28 ruas. Os resultados revelaram as seguintes características: 1.2 Entorno das áreas de Lazer Rampa única Diz respeito à rampa de passeio que não está necessariamente em faixa de travessia, deve atender às normas da ABNT e estar adequada para utilização. Quanto a este item, 3,6% das ruas estavam inadequadas para uso e em 96,4% das ruas observadas eram inexistentes. Neste grupo serão descritos os resultados dos locais de lazer selecionados, shoppings, cinemas, estádios de futebol e parques da cidade de Manaus. Entorno destes locais foram observadas 21 ruas. Rampa única Em se tratando deste item 28,6%, das ruas estavam adequadas e em 71,4% não existem rampas para acesso. revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 21 CONDIÇÕES DE ACESSIBILIDADE PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NA CIDADE DE MANAUS Rampa de passeio com faixa de travessia Somente 9,5% estavam adequados, 23,8% inadequados e em 66,7% das ruas observadas não existem rampas nas faixas de travessia inviabilizando o acesso. Paradas de ônibus As paradas de ônibus que estavam localizadas mais próximas dos locais encontravam-se em 39,4% das ruas e foram caracterizadas como inadequadas, pois não possuíam rampas adequadas. Paradas de ônibus Entrada e saída Em 57,1% das ruas as paradas de ônibus Com relação ao local de entrada e saída estavam localizadas mais próximas dos locais de de pessoas destes ambientes, somente 3% eram lazer e foram classificadas como inadequadas por adequadas e 33,3% foram diagnosticadas como não haver rampas para acesso do deficiente. inadequadas. Entrada e saída Barreiras Arquitetônicas Em se tratando agora das ruas de acesso Em 24,2% das ruas observadas, foram de entrada e saída de pessoas nestes ambientes, encontradas barreiras ou impedimentos da 14,3% estavam adequadas, ou seja, possuíam ram- acessibilidade arquitetônica ou urbanística, como pas, e 47,6% eram inadequadas. por exemplo, lixeiras nas calçadas, escadas desnecessárias e falta de estacionamento Barreiras Arquitetônicas adequado. Foram encontradas barreiras de impedimento (esgoto sem tampa, grelha com lixo em 2. Áreas Internas frente às rampas, escadas e estacionamentos inadequados) em 42% das ruas, que impedem o acesso de pessoas com deficiência a estes locais. Alcançaram-se os resultados das áreas internas (shoppings, estádios de futebol, parques, terminal interestadual, porto) a partir do que 1.3 Entorno de Hospitais e Postos de Saúde estabelecemos dos aspectos físicos dos locais, considerando os pontos fundamentais para o acesso De acordo com as observações no entorno com autonomia dentro das dependências inter- dos hospitais e postos de saúde selecionado para nas dos locais eleitos (totalizando 9 locais) para esta pesquisa em 33 ruas detectamos as seguintes pesquisa. De acordo com as normas 9050 da características: ABNT, levamos em consideração os seguintes aspectos: estacionamentos, rampa única, espaços Rampa única reservados em locais de reunião, telefones Com relação a este aspecto, 9,1% estavam públicos, bebedouros, textura diferenciada de adequadas e permitiam o acesso aos ambientes; pisos em rampas e escadas, elevadores e banheiros 6,1% eram inadequadas, ou seja, não atendiam adaptados. Estes foram classificados de acordo às normas de adequação da ABNT e em 84,8% com sua real situação como: adequado, inade- das ruas observadas não existiam rampas de quado, inexistente e não aplicável. acesso. Estacionamento com vagas sinalizadas Rampa de passeio com faixa de travessia Com relação a este aspecto, somente 12,5% Detectou-se que em 93,9% da amostra não estavam adequados; em 87,5% não existiam existiam rampas em faixas de travessia e somente estacionamentos adaptados para as pessoas com 6,1% possuíam, mas eram inadequadas. deficiência, dificultando o acesso e segurança delas. 22 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 ROSANGELA SANTOS DA SILVA, KATHYA AUGUSTA THOMÉ LOPES Rampa única Detectou-se que em 37,5% da amostra as rampas eram adequadas e em 62,5% não existiam rampas. Espaços reservados em locais de reunião Este item refere-se a espaços adequados reservados, por exemplo, em salas de cinema e estádios. Estes espaços devem garantir lugares próximos para a pessoa deficiente e seus acompanhantes. 50% dos ambientes pesquisados deveriam atender a essas necessidades, mas 37,5% foram inadequados e em 12,5% não existe tal aspecto. afixado o Símbolo Internacional de Acesso. Ter comunicação tátil e comunicação auditiva quando tiver um número de paradas superiores a dois. Em 25% dos locais observados encontramos elevadores e eram inadequados. Banheiros Adaptados Os sanitários devem possuir bacia adaptada na lateral e no fundo com barras para apoio e transferência, o assento deve estar a uma altura de 0,46 m do piso. O boxe tem de permitir ao deficiente a transferência frontal e lateral para a bacia sanitária e a porta do boxe deve ser aberta para fora. 62% dos locais possuíam banheiros Telefones Públicos Os telefones para pessoas com deficiência devem atender os requisitos de acessibilidade permitindo a sua utilização por pessoas com deficiência física e sensorial auditiva parcial. Sempre que houver um conjunto de telefones de uso público, pelo menos um deles deve atender às condições das pessoas deficientes. Somente 12,5% dos locais observados possuíam este item adequadamente, 50% foram inadequados e em 37,5% dos locais não existiam telefones adaptados. Bebedouros Este item deve atender às pessoas com deficiência física e devem permitir a aproximação da cadeira de rodas e ser acessíveis. Ter uma altura de 80 cm e com dispositivos que permitam operação manual. 12,5% dos locais eleitos possuíam bebedouros adequados e em 62,5% inadequados, 37,5% não existiam estes itens. Textura diferenciada em piso nas escadas e rampas Os degraus e escadas fixas devem ter texturas diferenciadas para garantir acesso aos deficientes visuais. Em 100% dos lugares selecionados não possuíam este aspecto de acesso. Elevadores Junto às portas de elevadores deve ser inadequados ao uso por pessoas com deficiência e somente 37,5% eram adequados e seguiam as normas exigidas pela ABNT. DISCUSSÃO A conquista da autonomia e da independência é uma característica da cidadania, esta ação possui relação direta com o bem-estar do indivíduo e o meio em que ele está inserido. A falta de acessibilidade aos espaços públicos e/ou privados para pessoas com deficiência constitui-se em barreiras concretas que os põem em situação de desvantagem. Na maior parte das vezes o deficiente é visto pela sociedade pela sua deficiência e pelas suas potencialidades, pois não tem a oportunidade de demonstrar suas potencialidades em função da dificuldade em interagir fisicamente com as outras pessoas, pois não consegue ter acesso aos locais públicos, conseqüentemente as outras pessoas não têm conhecimento sobre aquela. Segundo Marques1, as pessoas deficientes vêm buscando tornar visível as suas diferenças no sentido de desmistificar a imagem social que constantemente lhes é imposta. A eliminação de barreiras pode contribuir para que sejam equiparadas as oportunidades dando mais autonomia e independência à pessoa com deficiência. Ponderando essas considerações, o resultado do nosso trabalho nos levou a detectar revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 23 CONDIÇÕES DE ACESSIBILIDADE PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NA CIDADE DE MANAUS que a cidade de Manaus, nos locais em que foram avaliados, não pode ser dita como uma cidade acessível ao deficiente. A amostra esteve representada por 28 locais, dentre áreas urbanas, representadas pelos terminais de ônibus; áreas de lazer, representadas por parques, cinemas, estádios, shoppings, e no entorno de hospitais e postos de saúde. Totalizando 82 ruas e 9 locais que foram observados também seu ambiente interno. Pequenas reformas podem ser efetuadas visando proporcionar o acesso ao deficiente, rampas em lugar de escadas, portas mais largas, textura diferenciada etc., podem ser necessárias em alguns lugares. De acordo com o resultado vimos que muitos desses aspectos eram inadequados ou inteiramente inexistentes. Segundo Costa 8 , cidadania diz respeito à autonomia da sociedade, no sentido de ela ter condições de traçar suas políticas. Fazendo um paralelo a esta afirmação, acreditamos que sem a questão da acessibilidade o deficiente não está tendo a oportunidade de agir com autonomia e ir ao encontro de seus objetivos. Estudos como este podem contribuir para fomentar novas perspectivas de planejamento urbano, contribuindo para a autonomia da pessoa com deficiência, transformando o espaço que, acima de tudo, é utilizado por todos os grupos da sociedade. REFERÊNCIAS 1. MARQUES, C. A. A estetizaçäo do espaço: perspectivas de inserção ou de exclusão da pessoa portadora de deficiência. 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A avaliação das condições periodontais nos fumantes e não-fumantes atendidos, ao longo da realização das atividades da disciplina «Periodontia», na UFAM, busca analisar os efeitos do fumo sobre a severidade e a extensão da DP, para melhor compreender os efeitos negativos que este hábito provoca na saúde bucal. Para a realização deste estudo, foram selecionados e examinados, por meio de sondagem, 200 pacientes. Os dados foram analisados e, posteriormente, comparados utilizando-se métodos de estatística descritiva, além de teste de associação de variáveis. Como resultado, foi observado Índice de Extensão e Severidade (ESI), significativamente mais elevado entre os fumantes do que entre os não-fumantes: p=0,0102 e p=0,0087, respectivamente. Quando levado em consideração o tempo de consumo de cigarros e a carga tabágica, também foi constatada uma diferença significativa no ESI, verificando-se maior severidade naqueles que fumavam há 20 anos ou mais. A análise e discussão dos resultados obtidos permitiram concluir que o hábito de fumar é um importante fator de risco para o desenvolvimento da DP, havendo evidências que sugerem uma relação dose-dependente. Palavras-chave: doença periodontal, fator de risco, tabagismo ABSTRACT Scientific evidences have considered the tobacco as the most important risk factor for the progression and severity of the periodontal disease, because of its local and systemic symptoms. The evaluation of the periodontal conditions between smokers and non-smokers attended during the activities of the classes of «Periodontics», at UFAM, searches the analysis of the effects of the tobacco on the severity and on the extension of the periodontal illness, aiming the understanding of the negative effects which this habit causes on the mouth health. To carry out this study, 200 patients were selected and examined through a poll. The data were analyzed and compared, using descriptive statistics methods as well a test of association of variables. As results, it was observed Index of Extension and Severity (ESI) significantly higher beetwen the smokers, compared with the non-smokers (p=0,0102 and p=0,0087), respectively. According to the time of cigarette use and the tobacco load, it was also a significant difference in the ESI, verifying a higher severity on the ones that smoked for 20 years or more. The analysis and the discussion of the results concluded that the smoke habit is an important risk factor for the periodontal disease, existing evidences that suggest a relation dose-dependent. Keywords: periodontal disease, risk factor, tobacco. Cirurgiã-dentista pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Amazonas – UFAM Graduanda do curso de Odontologia da Universidade Federal do Amazonas – UFAM *** Mestranda em Odontologia, área de concentração em Periodontia pelo Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic, professora Auxiliar de Ensino do Departamento de Estomatologia da Universidade Federal do Amazonas – Ufam, Especialista em Periodontia e Endodontia *** Doutora em biologia e Patologia Buco-dental pela Faculdade de Odontologia de Piracicaba – UNICAMP e professora Adjunto-IV do Departamento de Estomatologia da Universidade Federal do Amazonas – UFAM. * ** revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 27 AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES PERIODONTAIS ENTRE PACIENTES FUMANTES E NÃO-FUMANTES ATENDIDOS NA DISCIPLINA DE PERIODONTIA DA UFAM INTRODUÇÃO que provocará vasoconstrição periférica, capaz de gerar redução do sangramento à sondagem e A DP representa um dos grandes problemas de saúde pública, pela sua incidência relativamente alta, mesmo nos países desenvolvidos, sendo considerada a doença crônica mais prevalente que afeta a dentição humana1. Ela decorre do desequilíbrio entre a presença de patógenos periodontais e a resposta imuno-inflamatória do hospedeiro 2 , tendo como agente etiológico primário o biofilme dentário. Fatores de risco, quando presentes, são capazes de facilitar sua instalação ou agravar a sua progressão.3 Pesquisas recentes apontaram o hábito de fumar como um dos fatores de risco mais significativos para o desenvolvimento e progressão da DP4, 5, 6, 7,8,pelos seus efeitos locais e sistêmicos, e pela disseminação deste hábito no mundo. 9, 10 O consumo de tabaco, em geral, e de cigarros, em particular, provoca efeitos nocivos diretos ao usuário, expondo-os a mais de 4,7 mil substâncias tóxicas.11, 12 A OMS estima que um terço da população mundial adulta, 1,2 bilhão de pessoas, são fumantes, o que deve ser considerada uma pandemia.11 No Brasil, 16,7 milhões de homens e 11,2 milhões de mulheres são fumantes. 14, 13). No âmbito da saúde bucal, durante muito tempo os estudos têm destacado a relação existente entre o consumo de tabaco e as lesões malignas que se desenvolvem na cavidade bucal. Nos últimos vinte anos, os pesquisadores têm voltado parte de suas atenções para a interação entre a DP e o fumo, tendo observado diferentes efeitos deletérios sobre o periodonto, tanto de proteção como de sustentação.4 A exposição a altas concentrações de dos sinais de inflamação induzidos pelo acúmulo nicotina afeta negativamente a população local afetando negativamente tanto a saúde bucal de células, podendo ser a nicotina absorvida pelos quanto sistêmica, no seio do enorme contingente tecidos moles, aderir-se às superfícies dentárias de pessoas fumantes, necessitando ser enqua- ou localizar-se no plasma, onde é convertida em drada como prioridade em programas que visem seu principal metabólito, a cotinina .7 à melhoria da saúde de uma população.17 de placa.15 O fumo também aumenta a liberação e ativação de enzimas tecido-destrutivas (metaloproteinases) aumentando a destruição do ligamento periodontal, a perda óssea e, conseqüentemente, a perda dental (PD).15, 4, 1 Evidências emergentes sugerem que a formação de cálculo subgengival é mais severa e prevalente em fumantes, comparados a não-fumantes, sendo esta tendência para a calcificação do biofilme dental aumentada nos fumantes independente da profundidade da bolsa .15 Os subprodutos do tabaco podem, ainda, alterar a cicatrização, pois inibem eventos celulares, ocasionando dano direto às células normais dos tecidos periodontais. 4, 7, 1 O prognóstico a longo prazo para o paciente fumante é pobre para todas as modalidades de terapia periodontal,16 uma vez que eles não respondem tão bem à terapia quanto os não-fumantes e o número de recorrências é grande. Os estudos, porém, demonstram que a progressão da DP diminui em pacientes que param de fumar e esses indivíduos conseguem responder de forma similar à terapia periodontal comparados com os não-fumantes.17 Existem poucos dados coletados a partir de levantamentos epidemiológicos, sejam nos níveis nacional ou local, particularizando a cidade de Manaus, sobre os efeitos na prevalência e severidade da DP em fumantes. É importante um estudo nesta área, uma vez que o fumo é um fator de risco que favorece o aparecimento da DP, A nicotina e seus metabólitos, quando O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos absorvidos pelos tecidos, ligam-se a receptores do hábito de fumar na prevalência e severidade da específicos, induzindo à liberação de epinefrina, doença periodontal por meio da análise das 28 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 MORGANA RABELO ABREU, IZABELLA ANDRADE FERREIRA DOS SANTOS, MIRIAMRAQUEL ARDIGÓ WESTPHAL, MARIA AUGUSTA BESSA RABELO condições periodontais (IP, IG e PD), de pacientes fumantes e não-fumantes, encaminhados para tratamento junto aos ambulatórios da Disciplina de Periodontia da Universidade Federal do Amazonas. MATERIAL E MÉTODOS O projeto foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Amazonas, sob o protocolo de número 043/05/CEP-Ufam. Foram selecionados 200 pacientes, 50 fumantes e 150 não-fumantes, compreendidos na faixa etária entre 20 a 60 anos, independendo do gênero ou raça, que não apresentavam doenças sistêmicas e que concordaram com as condições do estudo, conforme consentimento formal, para a realização da pesquisa; foram excluídos ex-fumantes, gestantes, e aqueles que faziam uso de medicamentos. Todos os pacientes responderam um questionário de saúde, passando posteriormente pelo exame periodontal, quando foi aplicado o ESI e realizada a sondagem das faces vestibular e mesiovestibular de todos os dentes nas duas hemiarcadas contralaterais e calculado o índice gengival (IG) de acordo com o Índice de O’Leary e o de placa bacteriana (IP), de acordo com o Índice de Aimano & Bay.19 As sondagens do nível de inserção periodontal e profundidade de bolsa foram realizadas por um único avaliador, com sonda periodontal com marcação em milímetros (MM GOLDMAM FOX COLOR, TRINITY®). A periodontite foi classificada como localizada, quando a extensão abrangeu menos de 30% dos sítios, de acordo com a classificação das DPs, e generalizada, quando a extensão foi maior que 30% dos sítios investigados. A severidade foi classificada como leve, quando a perda de inserção conjuntiva estava entre 1 e 2mm; moderada, perda entre 3 a 4mm; e severa, com perda superior a 5mm. Os dados foram analisados e comparados por intermédio de estatística descritiva e teste quiquadrado, para associação de variáveis. O nível clínico de inserção, extensão, severidade, IP, IG e PD foi avaliado, utilizando-se o teste T de Student, quando os dados encontravam-se normalmente distribuídos, e o de Mann-Whitney, quando não satisfeita a hipótese de normalidade, com significância de 5% para todos os casos e variáveis. RESULTADOS Dos 200 pacientes analisados, 40,5% (81) foram do gênero masculino e 59,5% (119) do feminino. Na comparação das variáveis clínicas entre fumantes e não-fumantes, foi encontrada maior perda de inserção clínica nos fumantes, não sendo esta diferença, porém, significante. O ESI nos fumantes (27,0; 9,5) mostrou-se elevado, quando comparado aos não-fumantes (17,1; 7,1), havendo relevância estatística, sendo p=0,0102 para extensão e p=0,0087 para severidade. O IP, assim como a PD, foi significantemente maior (p=0,0001 e p=0,0042, respectivamente) nos fumantes. O IG foi menor nos pacientes fumantes, porém a diferença não foi estatisticamente significante (Gráfico 1). Variáveis Clínicas Gráfico 1 – Distribuição dos pacientes segundo o fumo em relação às médias das variáveis clínicas. p-valor em negrito itálico indica diferença estatisticamente significante ao nível de 5%; **Teste de Mann-Whitney; * Teste T de Student PIT: perda de inserção total; PIM: perda de inserção média; E: extensão; S: severidade; IP: índice de placa; IG: índice de sangramento gengival; PD: perda dental Dentro do grupo de pacientes fumantes, não foi observada diferença estatisticamente significante, que fumavam havia menos tempo em revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 29 AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES PERIODONTAIS ENTRE PACIENTES FUMANTES E NÃO-FUMANTES ATENDIDOS NA DISCIPLINA DE PERIODONTIA DA UFAM relação ao ESI, perda de inserção, IP e PD, quando levado em consideração o número de cigarros consumidos por dia. A análise do IG, porém, mostrou-se significantemente menor (p=0,0339) naqueles expostos a uma maior carga tabágica diária (Gráfico 2). Variáveis Clínicas Gráfico 2 – Distribuição dos pacientes segundo o número de cigarros consumidos por dia e as médias das variáveis clínicas. p-valor em negrito itálico indica diferença estatisticamente significante ao nível de 5%; **Teste de Mann-Whitney; * Teste T de Student PIT: perda de inserção total; PIM: perda de inserção média; E: extensão; S: severidade; IP: índice de placa; IG: índice de sangramento gengival; PD: perda dental Quando levado em consideração o tempo de consumo de cigarros em anos, foi constatada diferença significante ao nível de 5% no ESI, sendo maior nos indivíduos que fumavam havia 20 ou mais anos (36,8; 12,3), comparados aos que não fumavam havia menos de 20 anos (20,8; 7,8) (Gráfico 3). Variáveis Clínicas Gráfico 3 – Distribuição dos pacientes segundo o tempo de consumo e as médias das variáveis clínicas. p-valor em negrito itálico indica diferença estatisticamente significante ao nível de 5%; **Teste de Mann-Whitney; * Teste T de Student PIT: perda de inserção total; PIM: perda de inserção média; E: extensão; S: severidade; IP: índice de placa; IG: índice de sangramento gengival; PD: perda dental 30 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 A análise da PD mostrou-se superior nos pacientes com hábito de fumar havia 20 ou mais anos, comparados àqueles que não fumavam havia menos tempos (p=0,0102) (Gráfico 3). DISCUSSÃO Estudos realizados por Damé20, em 1996, e Gunsolley et al.21, em 1998, revelaram fortes associações entre o hábito de fumar e a perda de inserção, sendo esta, segundo eles, comprovadamente maior nos fumantes, se comparados aos não-fumantes. No entanto, neste estudo, apesar de ter sido encontrada maior perda de inserção nos fumantes, a diferença não foi significante. O ESI significantemente maior nos fumantes, comparados aos não-fumantes comprovam os achados obtidos por Torrungruang et al., em 2005, que, ao realizarem testes com pacientes fumantes, ex-fumantes e não-fumantes, concluíram que os fumantes apresentam 1,7 e 4,8 vezes mais probabilidade de desenvolver periodontite moderada e severa, respectivamente. De acordo com Neto 8 , a maioria dos estudos relata que o consumo de cigarros não influencia o acúmulo de biofilme dental. Em nossa pesquisa, porém, observamos maior acúmulo de biofilme nos fumantes, o que pode contribuir para a posterior formação de cálculo, que, segundo Bergstrom15, 16 é maior neste grupo de indivíduos. Em concordância com o descrito anteriormente por Silva et al.1, Bezerra et al.4 e Bergstrom16, a PD, neste estudo, mostrou-se significantemente maior nos fumantes (p=0,0042) (Gráfico 1). Molloy et al.23 também encontraram relação direta entre a PD e o consumo de tabaco em geral. Esta PD significante pode estar associada à perda óssea mais acentuada sofrida pelos fumantes, conforme salientado por Silva et al.1. Dentro do grupo de pacientes fumantes, quando levada em consideração a carga tabágica diária, a análise do IG mostrou-se inversamente proporcional à carga, ou seja, quanto maior a carga, menor o IG, havendo relevância estatística. Resultados semelhantes foram observados por MORGANA RABELO ABREU, IZABELLA ANDRADE FERREIRA DOS SANTOS, MIRIAMRAQUEL ARDIGÓ WESTPHAL, MARIA AUGUSTA BESSA RABELO Dietrich et al. 25, que, ao avaliarem o efeito do tabaco no sangramento gengival, concluíram que o consumo de cigarros exerce efeito supressivo crônico e dose-dependente no sangramento gengival. Quando levado em consideração o tempo de consumo de cigarros em anos, foi constatada diferença significante ao nível de 5% no ESI. A revisão de literatura realizada por Bergström16 mostrou que níveis maiores de exposição ao tabaco trazem consigo aumento na severidade e elevação do risco de desenvolver a DP. Também Bezerra4 e Cruz et al.24, em seus estudos, relataram relação direta entre a exposição ao tabaco e a DP. As demais variáveis não mostraram diferença estatística quando relacionadas ao tempo de consumo de cigarro. Os dados obtidos e expressos nos Gráficos 2 e 3, apesar de alguns não terem significância estatística, mostram correlação entre a carga tabágica e o tempo de exposição ao cigarro com a DP. Em ambos os casos, a perda de inserção foi maior nos indivíduos expostos à maior carga tabágica por tempo mais prolongado. Igual fato ocorreu com o índice de extensão e severidade da DP, que avalia o grau de perda de inserção com base na profundidade das bolsas periodontais, e com a avaliação de dentes perdidos. Estes resultados, assim como os obtidos por Molloy et al.23, sugerem efeitos do cigarro sobre o periodonto com base em uma relação dosedependente. CONCLUSÃO Os indivíduos fumantes mostraram diferença significante no índice de extensão e severidade quando comparados aos não-fumantes, o mesmo ocorrendo com o IP e a PD, comprovando os efeitos deletérios provocados pelo fumo sobre o periodonto. As médias das variáveis aumentadas nos indivíduos sob maior carga tabágica a um período de tempo maior, principalmente no que se refere à perda de inserção, sugerem uma relação dosedependente, estando esses pacientes mais susceptíveis a um quadro mais severo da doença. O IG estatisticamente menor nos indivíduos expostos a uma maior carga tabágica diária comprova os efeitos do tabaco e de seus componentes sobre a modulação da resposta inflamatória do paciente. Estudos na área podem ser desenvolvidos com o intuito de determinar como ocorre a relação entre dose/efeito e sinais clínicos locais nos indivíduos fumantes. REFERÊNCIAS 1. SILVA, C. H. F. P. et al. «O fumo como fator de risco para as doenças periodontais». Riso, 2002. 2. REGO, N. G. C.; SILVA, D. F. Terapia Periodontal de Suporte – fundamentos, práxis e dinâmica. Odontologia.com.br. Abril, 2004. Disponível em: <www.odontologia.com.br/artigos.asp?id=460> Acesso em: 13.4.2004. 3. WILLIAMS, D. M. et al. Pathology of periodontal disease. New York: Oxford, 1992. 4. BEZERRA, M. G. et al. «Avaliação do hábito de fumar como fator de risco para a doença periodontal». Revista Brasileira de Periodontia Oral, v. 2, n. 3, p. 18-21, jul.-set., 2004. 5. BOZKURT, F. Y. et al. «Gingival crevicular fluid leptin levels in periodontitis patients with longterm and heavy smoking». J. Periodontol., v. 77, n. 4, p. 634-640, april, 2006. 6. 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AB ORD AGEM DOS EFEIT OS DELETÉRIOS DO ABORD ORDA EFEITOS DIABETES MELLITUS N AS DOEN ÇAS PERIODONT AIS: NAS DOENÇ PERIODONTAIS: UMA VIA DE MÃ O DUPL A MÃO DUPLA APRACH OF THE DELETERIOUS EFFECT OF DIABETES MELLITUS THE PERIODONTAL DISEASES: ONEWAY OF DOUBLE HAND NÍCIA MARQUES DE ALMEIDA OLIVEIRA*, CLÁUDIA KELLY DINIZ DE OLIVEIRA**, MIRIAM RAQUEL ARDIGÓ WESTPHAL***, PAULO AUGUSTO DA SILVA FILHO****, ALESSANDRA VALLE SALINO***** RESUMO As doenças periodontais são processos infecciosos, biofilme dental dependentes, que em seus estágios mais avançados podem levar à perda do elemento dentário. A presença dessas comunidades bacterianas, com seus produtos metabólicos, é necessária, mas não suficiente para provocar a severidade de certas formas das referidas patologias. Atualmente, tenta-se explicar a multifatoriedade das doenças periodontais pela participação do hospedeiro, com seus componentes genéticos, metabólicos e imunológicos, constituindo respostas biológicas individuais. O objetivo deste artigo foi realizar uma revisão de literatura sobre os fatores sistêmicos como o diabetes mellitus (DM), que atuam modificando o curso das doenças periodontais, podendo interferir na reação inflamatória periodontal e na defesa imune ante o desafio do biofilme dental, bem como limitar a capacidade de reparação tecidual. A influência das doenças periodontais, afetando o controle do diabetes mellitus, também será tratada neste trabalho. Palavras-chave: Doença periodontal, Diabetes mellitus, fatores de risco. ABSTRACT The Periodontal diseases are infectious processes, dependent of the dental biofilms, that in its more advanced stages can lead to dental loss. The presence of these bacterial communities with its metabolic products, is necessary, but not enough to provoke the severity of certain forms of the related pathologies. Currently, the multifactority of the periodontal diseases is explained through the participation of the host, with its genetic, metabolic and immunological components, constituting individual biological answers. The objective of this article was to accomplish a literature revision about the systemic factors as the Diabetes mellitus (DM), that act modifying the course of the periodontal diseases, with the possibility of interfering in the periodontal inflammatory reaction and in the immune defense in the presence of the challenge of dental biofilm, as well to limit the capacity of tissues repairing. The influence of the periodontal diseases, affecting the diabetes mellitus control will also be treated on this assignment. Keywords: Periodontal diseases, diabetes mellitus, risk factors. Doutora em Periodontia/Pós-Doutora em Prevenção Bucal Universidade Paris VI – França, Professora da UEA. Mestranda em Periodontia/UNICAMP/UEA, Especialista em Periodontia e Implantodontia/USP, Professora de Periodontia da UEA. *** Professora Chefe da Disciplina de Periodontia da Ufam, Mestranda em Periodontia – SLMandic- Campinas/Usp, Especialista em Endodontia e Periodontia, Representante Estadual da Sociedade Brasileira de Periodontia – SOBRAPE. **** Mestrando em Periodontia/UNICAMP/UEA, Especialista em Periodontia e Implantodontia /USP, Professor de Periodontia e Implantodontia da UEA. ***** Especialista em Endodontia/UERJ e em Auditoria dos Sistemas de Saúde/UESA, Professora da Disciplina de Pacientes Especiais e Periodontia/UEA. * ** revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 33 ABORDAGEM DOS EFEITOS DELETÉRIOS DO DIABETES MELLITUS NAS DOENÇAS PERIODONTAIS: UMA VIA DE MÃO DUPLA INTRODUÇÃO O paradigma de promoção de saúde bucal tem cada vez mais norteado o comportamento clínico dos profissionais e o trabalho multidisciplinar hoje faz parte do raciocínio diagnóstico. Assim eles estão, paulatinamente, incorporando a prática de avaliar o indivíduo como um ser integral, único e indivisível. Isto oportuniza a aplicação de medidas preventivas e terapêuticas, reconhecendo, identificando, eliminando ou controlando os agentes etiológicos do processo saúde-doença. 1 «A associação entre algumas doenças sistêmicas e a ocorrência da doença periodontal é nitidamente evidenciada em pacientes portadores de diabetes, osteoporose, lupus eritematoso, entre outros.»2 A correlação dos processos patológicos sistêmicos com as doenças periodontais fez surgir o termo medicina periodontal como um emergente ramo da periodontia, que procura dar ênfase a dados científicos que mostram este relacionamento recíproco.3 A doença periodontal, representada por processos infecciosos, de expressão clínica inflamatória e imunológica, desenvolvidos em resposta aos produtos metabólicos das bactérias, principalmente as Gram-negativas anaeróbias, como A. actinomycetemcomitans (Aa), Porphyromonas gingivalis, Capnocytophaga sp, Prevotella intermedia, Eikinella corrodens, que formam comunidades organizadas e bem estruturadas sobre as superfícies dentais e que fazem parte do biofilme dental.4 Estas bactérias sintetizam metabolicamente, no fluido gengival, produtos que são nocivos ao hospedeiro, como as colagenases, cuja ativação nos diabéticos não-compensados estimula a ação dos osteoclastos, provocando uma extensa perda óssea alveolar. Felizmente, este processo pode ser controlado com a utilização de tetraciclinas, haja vista seu papel inibidor da função enzimática.5 Outras substâncias pró-inflamatórias produzidas pelos microrganismos em níveis mais 34 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 elevados em diabéticos não-compensados são as citocinas (Il-1a e Il-1b), as prostaglandinas E2 (PGE2), os fatores de necrose tumoral (TNF2) e as metaloproteinases da matriz (MMPs), que contribuem para exacerbar uma periodontite preexistente.6 Atualmente, diversas pesquisas dão ênfase ao fato de que mesmo sendo necessária a presença destes microrganismos para o início e desenvolvimento das periodontopatias, ela não explica a severidade de certas formas de periodontites agressivas. Deste modo, surgiu o clamor dos pesquisadores por maiores explicações biológicas para tal fenômeno e, assim, chegaram à conclusão de que devem haver outros fatores de risco presentes neste cenário, a exemplo das alterações sistêmicas, como o diabetes mellitus (DM), gravidez, puberdade, menopausa, tabagismo e outras. REVISÃO DE LITERATURA O diabetes mellitus O diabetes mellitus (DM), como resultado da hiperglicemia e da cetoacidose, pode influenciar a resposta do hospedeiro em face das doenças periodontais, por meio de marcadores genéticos, da redução da função fagocitária dos leucócitos polimorfonucleares neutrófilos e macrófagos, de alterações vasculares, de outros fatores da resposta inflamatória e imunológica e de deficiências na cicatrização tecidual. Todo este cortejo de males leva a modificações na susceptibilidade do hospedeiro aos fatores de risco das patologias do periodonto, em face das agressões, via produtos metabólicos da microbiota do biofilme dental, como já citado anteriormente.7 Esta patologia é, portanto, complexa, com graus diversos de complicações sistêmicas e bucais, dependendo da extensão do controle metabólico, da presença da infecção e das variáveis demográficas subjacentes.8 A prevalência do DM tem aumentado de maneira efetiva e calcula-se que este dado NÍCIA OLIVEIRA, CLÁUDIA OLIVEIRA, MIRIAM WESTPHAL, PAULO FILHO, ALESSANDRA SALINO epidemiológico venha a se elevar cada vez mais inclusive no Brasil, adquirindo caráter endêmico. No estudo Global Burden of Diabetes, 19952025, a estimativa do número de adultos com DM, no Brasil, aumenta de 4,9 milhões em 1995, para 11,6 milhões em 2025, e no mundo para 300 milhões.9 Existem dois tipos de diabetes mellitus (DM): o Tipo 1, que ocorre quando o sistema imunológico passa a reconhecer como estranhas as células B das ilhotas de Langerhans pancreáticas, começando a destruí-las e, em conseqüência, há a falta do hormônio insulina no organismo, portanto, apresentando uma hiperglicemia e alterações no metabolismo dos açúcares, lipídios e protídeos. Já o Tipo 2, caracteriza-se pela utilização deficiente da insulina existente, «isto ocorrendo quando indivíduos geneticamente predispostos sucumbem a um evento indutor como uma infecção viral ou outros fatores que desencadeiam uma resposta auto-imune destrutiva».10 Outros autores sugerem que «uma relação inversa pode estar presente, indicando que as doenças periodontais também podem ser prejudiciais nesse contexto e que já foram identificados diversos mecanismos biológicos pelos quais as periodontopatias dão sua contribuição para alterar as condições sistêmicas». 11 Entre os ditos mecanismos citaremos a presença de prostaglandinas (PGE2) em maior quantidade no fluido gengival de portadores de diabetes mellitus não-compensados e com gengivite ou periodontite, em comparação com indivíduos saudáveis.12 Sintomas Clínicos bucais do diabetes mellitus Os pacientes diabéticos não-compensados geralmente queixam-se de sensação de queimação lingual e da boca sem saliva (xerostomia), o que os predispõem a infecções oportunistas como a candidíase. Esta associada à supressão de radicais de oxigênio livre por leucócitos polimorfonucleares neutrófilos (PMNs) provoca a depressão dos mecanismos de quimiotaxia e da fagocitose. Quanto a periodontites nestes pacientes diabéticos, as pesquisas sugerem uma relação de causa-efeito, dependendo do controle glicêmico, da idade, do tempo de duração da patologia, da higiene bucal deficiente e da susceptibilidade a doença periodontal. Westfelt et al.13 encontraram indícios de perda de inserção em indivíduos com diabetes Tipo 1 e Tipo 2, quando estes não monitoravam sua glicemia. Stewart et al.14 chamaram a atenção para o fato de que os procedimentos básicos da periodontia, como motivação para estimular mudanças de comportamento do paciente em relação à higiene bucal, assim como raspagem, alisamento e polimento corono-radicular costumam dar bons resultados na manutenção da saúde periodontal, em pacientes com os dois tipos de diabetes e, em conseqüência, um melhor monitoramento do nível glicêmico. Outra patologia de expressão clínica em diabéticos não-compensados refere-se aos abscessos periodontais, causando rápida destruição óssea alveolar, o que podem preceder ao diagnóstico do descontrole da insulina, fato que muitas vezes ainda é desconhecido do próprio paciente. Diabetes Mellitus X Doenças Periodontais Estudos sugerem que a relação entre o diabetes mellitus e as periodontopatias reside no fato de essas duas entidades mórbidas possuírem aspectos comuns no âmbito do estímulo inflamatório e imunológico, constituindo uma via de mão dupla, onde a primeira não estando com sua taxa insulínica compensada poderá agravar uma periodontite preexistente e vice-versa.15 Novaes et al 16 salientaram que a incorporação de antibioticoterapia local (minociclina) ou sistêmica (doxiciclina), ao tratamento periodontal não cirúrgico, pode diminuir o grau de infecção periodontal, como também os níveis de hemoglobulina glicada e de marcadores inflamatórios. revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 35 ABORDAGEM DOS EFEITOS DELETÉRIOS DO DIABETES MELLITUS NAS DOENÇAS PERIODONTAIS: UMA VIA DE MÃO DUPLA DISCUSSÃO Esta revisão de literatura chamou a atenção para a estreita relação existente entre o diabetes mellitus não-compensado e as doenças periodontais. De acordo com Sá et al., 19 o diabetes mellitus constitui um dos grandes problemas do mundo moderno, contribuindo para alterar a qualidade de vida de um elevado número de pessoas. Esta foi classificada pela Organização Mundial da Saúde como um problema de saúde pública, desde 1975, pelas suas seqüelas, haja vista ser passível de incapacitar e diminuir os anos de vida útil dos seus portadores, pela presença de nefropatias, neuropatias e retinopatias, que podem se desenvolver. Pesquisas epidemiológicas atestam a existência de cerca de 170 milhões de pessoas afetadas pelo diabetes mellitus em todo o mundo, sendo que no Brasil esta taxa chega a aproximadamente 10 milhões e que, se este ritmo de incidência for constante, constituirá a principal causa de mortalidade nos cinco continentes.18 Slots21 salientou que o processo saúdedoença depende do equilíbrio microbiota/ hospedeiro e que qualquer alteração deste mecanismo pode conduzir a modificações locais ou sistêmicas, provocando aumento de fatores de virulência, que podem aumentar a susceptibilidade do hospedeiro às doenças. Golla et al.22 observaram que, atualmente, os mediadores pró-inflamatórios estão no foco de atenção dos pesquisadores, justamente no momento em que a importância da resposta do hospedeiro salienta-se como fundamental para a severidade de certas formas de periodontites denominadas agressivas, que contribuem para uma elevada e rápida destruição das estruturas periodontais. Nascimento et al. 23 mencionaram que o biofilme oral, aderindo às superfícies dentárias, as mucosas e aos materiais usualmente utilizados na Odontologia, constitui um reservatório natural 36 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 para a biodiversidade microbiana, cujo nível de organização, estruturação e cooperação mútuas permite aos seus membros se protegerem dos antimicrobianos e da ação do sistema imunológico do hospedeiro, contribuindo para a persistência de processos infecciosos, principalmente em pacientes debilitados. O controle diário deste biofilme por meio da motivação do paciente para a mudança de hábitos higiênicos bucais, da adoção de uma alimentação saudável, bem como de práticas de exercícios físicos bem orientados, certamente irão contribuir para uma melhor qualidade de vida. CONCLUSÃO A título de conclusão podemos sugerir que: • O diabetes mellitus não-compensado, causando uma queda da resistência orgânica, expõe o paciente a uma série de eventos nocivos, entre os quais um aumento da severidade das doenças periodontais. • As doenças periodontais com seu cortejo de substâncias nocivas ao organismo, provindas da sua microbiota específica contribuem como fator de risco para o agravamento de um diabetes mellitus preexistente. REFERÊNCIAS 1. FICHER, R. G. apud PAIVA, J. S., ALMEIDA, R. V. Periodontia: A atuação clínica baseada em evidências científicas. 1. ed. São Paulo: Artes Médicas, cap. 18, p. 285-294, 2005. 2. GENCO, R. J. «Current view of risk factors for periodontal diseases». Periodontol., 76: 1.0411.049, 1996. 3. LORENZO, J. L. & LORENZO. «As Manifestações sistêmicas das doenças periodontais: prováveis repercussões». Rev. APCD, v. 56, n. 3, 2002. 4. SOCRANSKY, S. S., HAFFAJEE, A. D. «Dental biofilms: diffucylt therapeutic tarjetes». 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LINDHE, J. et. al. Tratado de Periodontia Clínica e Implantologia Oral. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 2-6, 2005. 11. PAPAPANOU, P. N., LINDHE, J. «Epidemiologia da doença periodontal». In: LINDHE, J. Tratado de periodontia Clínica e Implantodontia Oral. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, cap. 2, p. 51-52, 2005. 12. OFFENBACHER, S., FARR, D. H., GOODSON, J. M. «Measurement of Prostaglandin E in crevicular fluid». J. Clin Periodontol, v. 8, p. 359-367, 1981. 13. WESTFEL,T, E., RYLANDER, H., BLOHME, G., JOANASSON, P., LINDHE, J. «The effect of periodontal therapy in diabetes». J. Clinical Periodontology, 23: 92-100, 1996. 14. STEWART, J. E., WAGER, K. A., FRIEDLANDER, A. H., ZADET, H. H. «The effect of periodontal treatment on glycaemic control in patients with type 2 diabetes mellitus». J. Clinical Periodontology, 28: 306-310, 2001. 15. ROITT, I., BROSTOFF, J., MALE, D. Imunologia. 6. ed. São Paulo: Manole-Brasil, 2003. 16. GROSSI, J. L., NEHME, M. 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J. «Diabetes mellitus an updated overview of medical menagement and dental implications». Gen. Dent., p. 52-96, 2004. 23. NASCIMENTO, D. F. F., SILVA, A. M., MARCHINI. «O papel das bactérias orais em doenças sistêmicas». ABO Nac., v. 14, n. 2, abrilmaio, 2006. revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 37 38 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 HEMOPNEUMOTÓRAX COMPLICADO COM EDEMA PULMON AR DE REEXP ANSÃ PULMONAR REEXPANSÃ ANSÃO O REEXPANSION PULMONARY EDEMA AS COMPLICATION OF TRAUMATIC HEMOPNEUMOTHORAX FERNANDO WESTPHAL*, LUIZ CARLOS DE LIMA*, JOSÉ CORREA LIMA NETTO**, GEORGE A. M. LINS DE ALBUQUERQUE*** INGRID LOUREIRO DE QUEIROZ LIMA****, DANIELLE CRISTINE WESTPHAL**** RESUMO: Edema Pulmonar de Reexpansão (EPR), embora seja uma entidade rara, pode se constituir como complicada evolução para alguns casos isolados, como neste caso, em que o paciente, após apresentar um quadro de hemopneumotórax espontâneo em hemitórax direito, evoluiu com edema pulmonar maciço, necessitando de tratamento em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), bem como o uso de prótese ventilatória após um quadro de insuficiência respiratória. Trata-se de uma doença de elevada mortalidade, tornando imperativo o diagnóstico precoce, bem como seu tratamento imediato. Tendo em vista o alto índice de mortalidade, as medidas preventivas ainda constituem a melhor estratégia no manejo dos pacientes em condições predisponentes para o desenvolvimento do EPR. Palavras-chave: Edema; Reexpansão; Pulmão. ABSTRACT: Reexpansion Pulmonary Edema (RPE), even considered rare, can constitute as complicated development in some isolated cases as related here. The patient, after showing the presence of spontaneous hemopneumothorax in right hemithorax, developed a massive pulmonary edema, needing intensive treatment in the Unit of Intensive Therapy, as well the use of ventilatory prothesis, after showing respiratory insufficiency. RPE is a pathology of high mortality and the early diagnosis and immediate intervention for treatment are imperative. Because of its high mortality rate, preventive procedures still constitute the best strategy on the treatment of the patients with the prognosis of RPE development. Keywords: Edema; Reexpansion; Lung. INTRODUÇÃO O edema pulmonar de reexpansão (EPR) consiste numa rara complicação conseqüente à rápida expansão do pulmão colapsado após esvaziamento da cavidade pleural. Os fatores implicados na sua patogênese são o colapso pulmonar prolongado por mais de 72 horas de evolução, a velocidade de reexpansão, o aumento da permeabilidade capilar pulmonar, a perda do surfactante e a alteração no leito capilar pulmonar.1 O objetivo é relatar um caso de edema pul- monar de reexpansão após o tratamento do hemopneumotórax traumático. RELATO DO CASO Paciente do sexo masculino, 42 anos, iniciou quadro de dor torácica abrupta associada à dispnéia leve. Procurou atendimento médico e foi constatada a diminuição do murmúrio vesicular fisiológico em hemitórax direito. À radiografia de tórax evidenciou-se imagem compatível com hidropneumotórax (Fig. 1). Hospital Beneficente Portuguesa de Manaus - Serviço de Cirurgia Toráxica; Hospital Universitário Getúlio Vargas - Serviço de Cirurgia Toráxica Hospital Universitário Getúlio Vargas - Serviço de Cirurgia Toráxica *** Acadêmico de Medicina do Centro Universitário Nilton Lins **** Acadêmicas de Medicina da Universitade Federal do Amazonas * ** revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 39 HEMOPNEUMOTÓRAX COMPLICADO COM EDEMA PULMONAR DE REEXPANSÃO Pulmão Colapsado No 3.º dia de ventilação mecânica houve piora do quadro clínico com a evolução do edema pulmonar e comprometimento de todo o pulmão direito. No 5.º dia de evolução, os parâmetros gasométricos começaram a melhorar, com recuperação da função pulmonar e melhora do quadro radiológico (Fig. 4). Figura 1 – Radiografia de tórax em PA mostrando hidropneumotórax direito, com colapso pulmonar total. O paciente foi submetido à pleurotomia intercostal fechada, na qual observou-se na radiografia de tórax a reexpansão pulmonar completa. Após cerca de 12 horas, apresentou dispnéia e a ausculta pulmonar revelou estertores crepitantes em base direita. Neste momento, a radiografia de tórax evidenciava um infiltrado alveolar limitado à base direita (Fig. 2). Figura 4 – Radiografia de tórax em PA, obtido 5 dias após o início da terapêutica, revelando início da regressão do edema pulmonar. DISCUSSÃO Figura 2 – Radiografia de tórax em PA, obtido após 12 horas de pleurotomia com drenagem fechada de tórax, mostrando reexpansão pulmonar, além de infiltrado alveolar limitado à base do hemitórax direito. Após 24 horas da pleurotomia, houve aumento da dispnéia, com dados clínicos e gasométricos compatíveis com insuficiência respiratória, sendo indicado o uso de prótese ventilatória. A radiografia de tórax, neste momento, evidenciou um infiltrado de padrão de edema alveolar difuso com hipotransparência em hemitórax direito (Fig. 3). Figura 3 – Radiografia de tórax em PA, obtido após 24 horas de pleurotomia com drenagem fechada de tórax, mostrando imagem compatível com edema pulmonar maciço em hemitórax direito. 40 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 Em 1958, Carlson et al.2 descreveram o primeiro caso de EPR após drenagem de pneumotórax. No período de 1958 a 1985 somente 60 casos de EPR haviam sido descritos; destes, 93% eram unilaterais, 6,7% bilaterais e somente 0,3% contralaterais. Nesta amostra, sete casos foram em conseqüência de derrame pleural e 53 ocorreram após pneumotórax, apesar das diferentes técnicas de reexpansão pulmonar.3 Matsuura et al.4 postularam que a incidência de EPR é maior em pacientes na faixa etária de 20-39 anos do que naqueles com idade acima de 40 anos, o que difere deste caso, visto que nosso paciente tem 42 anos. DuBose e cols. descreveram que embora diversas publicações de edema bilateral após toracocentese unilateral tenham sido descritas, apenas 4 casos de edema pulmonar de reexpansão contralateral após pneumotórax foram publicados, até então, e com uma taxa de mortalidade de aproximadamente 50%; o que não se compatibiliza com o caso por nós relatado, tendo-se em vista que se trata de um paciente com edema pulmonar de reexpansão homolateral.7 A fisiopatologia do EPR é multifatorial.1 Genofre et al.3 relataram o colapso pulmonar com FERNANDO WESTPHAL, LUIZ LIMA, JOSÉ NETTO, GEORGE ALBUQUERQUE, INGRID LIMA, DANIELLE WESTPHAL mais de 72 horas de evolução como fator determinante na geração das alterações da permeabilidade capilar pulmonar, além disso ocorre também uma perda de surfactante, como observaram Aidé e Matsuura.5,3 As técnicas de reexpansão empregadas inadequadamente, como rapidez durante a reexpansão, e o emprego de excessiva pressão negativa intrapleural, também exercem papel fundamental na sua gênese.3,6,7,8 A alteração da permeabilidade capilar pulmonar apresenta duas causas básicas. Em primeiro lugar, temos a causa predominantemente vascular, na qual um volumoso e prolongado colapso causa hipoxemia local, lesionando a parede do capilar pulmonar e, com isso, reduz a produção de surfactante.3 Como resultado da hipoxemia e da lesão capilar, há liberação de mediadores inflamatórios (IL-8, MCP-1, óxido nítrico, polimorfonucleares e radicais livres),1,7,8 que perpetuam a lesão microvascular e alteram também a permeabilidade da parede capilar pulmonar. Moya Solera et al.8 postularam que a lesão mecânica dos vasos sangüíneos durante a reexpansão também poderia contribuir para o aumento da permeabilidade capilar pulmonar. Talvez o fator determinante na origem do EPR no paciente tenha sido de fato a rápida reexpansão pulmonar. Keel et al.9 relataram que em algumas situações clínicas, como hipóxia, hipotensão, processos isquêmicos e distúrbios de reperfusão, síndromes compartimentais, intervenções cirúrgicas e infecções induzem uma intensa resposta inflamatória. Esta é caracterizada pela liberação local e sistêmica de citocinas pró-inflamatórias, metabólitos do ácido araquidônico, proteínas da fase de contato e do sistema de coagulação, fatores do complemento e proteínas da fase aguda, assim como mediadores hormonais, esta resposta é definida como Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SRIS). Os critérios para este diagnóstico são freqüência cardíaca > 90 bpm; freqüência respiratória > 20 irpm; temperatura corporal < que 36º ou > 38º e, ainda, leucocitose acima de 12.000 mm3 ou leucopenia abaixo de 4.000 mm3. Pelo menos dois dos quatro parâmetros clínicos devem estar presentes para o diagnóstico de SRIS (9) . Contudo, paralelamente a esta resposta, caracterizada basicamente pela liberação de citocinas pró-inflamatórias, são produzidos também mediadores anti-inflamatórios (Síndrome da Resposta Antiinflamatória Compensatória – SRAC).9 Um desequilíbrio entre essas duas respostas mediadas pelo sistema imune parece ser o mecanismo responsável pela disfunção orgânica e maior susceptibilidade às infecções.9 Miyaoka et al10 referiram que muitos estudos demonstraram que citocinas pró-inflamatórias como a IL1â, IL-6, IL-8 e TNF-alfa estão muito aumentadas nos pacientes com SRIS. Além disso, as suas concentrações têm sido demonstradas e correlacionadas com a severidade da SRIS. 10 Miyaoka et al.10 recomendaram a identificação precoce da SRIS nos pacientes, para determinar sua causa e, com isso, instituir o tratamento antes que a SRIS progrida para a sua forma severa. Este paciente era portador de fatores de risco para o desenvolvimento da SRIS, além de apresentar pelo menos dois critérios como FR: >20 irpm e FC: >90 bpm, conclui-se que ele era portador de tal entidade clínica. Genofre et al.3 referiram que os sintomas do EPR podem surgir já nas primeiras 2 horas após a reexpansão pulmonar, podendo perdurar por 24 a 48h, desaparecendo depois de 5 a 7 dias. Clinicamente os pacientes com EPR apresentamse com sinais e sintomas gerais, como febre, náuseas, vômitos, taquicardia e hipotensão. As manifestações respiratórias caracterizam-se por dispnéia de diversos graus, dor torácica, tosse associada ou não à presença de escarro róseo e espumoso abundante, cianose e, principalmente, a presença de estertores à ausculta pulmonar.6 Aidé et al.5 descreveram ainda que escarros com sangue não são freqüentes, e surgem naqueles casos de insuficiência respiratória aguda secundária a edema pulmonar maciço. No caso relatado, houve de fato edema pulmonar maciço, e o revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 41 HEMOPNEUMOTÓRAX COMPLICADO COM EDEMA PULMONAR DE REEXPANSÃO paciente apresentou dispnéia intensa, dor torácica e estertores crepitantes à ausculta, porém sem a presença de hemoptóicos. A evolução é variável, podendo ocorrer desde a resolução espontânea, ou seja, autolimitada, 3,7 até a insuficiência respiratória fatal. O paciente do caso relatado evoluiu com insuficiência respiratória, e necessitou de prótese ventilatória e tratamento em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Levando-se em consideração a alta mortalidade, as medidas de prevenção ainda são a melhor estratégia no manuseio dos pacientes com doenças que podem evoluir para EPR.4 Diante dessas circunstâncias, Aidé et al5 recomendaram, portanto, atenção a essa complicação em potencial na drenagem pleural. Nas grandes coleções de líquido ou de ar, alguns princípios deverão ser seguidos. Dentre eles, temos: monitoramento da pressão pleural durante o esvaziamento da cavidade até no máximo – 20 cmH2O; volume ideal a ser retirado não deverá ultrapassar 1.500 ml. A retirada deve ser lenta; em caso de tosse seca, persistente, que surge durante a toracocentese, pode sugerir início de formação de edema, indicando que devemos parar o esvaziamento. Matsuura et al4 relataram que, num estudo realizado no Hospital de Hiroshima, 164 casos de pneumotórax espontâneo foram analisados e tratados no período de 1974-1985. Desses, 146 foram tratados com toracocentese, drenagem pleural ou toracotomia. Vinte e um pacientes (14%) desenvolveram subseqüentemente o EPR e foram tratados ativamente com variadas modalidades de drogas, incluindo suporte de oxigênio, corticoterapia, diuréticos, sedativos, e agentes inotrópicos sem nenhuma fatalidade. Aidé et al5 comentam que a terapêutica caracteriza-se pela restrição hídrica e salina, uso de diuréticos (furosemida) e oxigênio sob cateter nasofaríngeo. A resposta ao tratamento é rápida, desaparecendo os sintomas e as alterações radiográficas em poucas horas. Nos casos de edema pulmonar maciço, o prognóstico é reservado, requerendo uso de prótese respiratória e terapêutica intensiva para edema de pulmão.7 42 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 Concluímos que nosso paciente, após um quadro de hemopneumotórax, apresentou um grave edema pulmonar de reexpansão, que com medidas terapêuticas adequadas, obteve uma evolução favorável como ocorre na maioria dos casos descritos. REFERÊNCIAS 1. ISAACS, S.M.; MORA, M. Fulminant reexpansion pulmonary edema in a patient with aids. Ann. Emerg. Med., v. 24, n. 5, p. 975-978, nov., 1994. 2. CARLSON, R.J.; CLASSEN, K. L.; GOLLAN, F., et. al. 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Por sua vez, a osteomielite de esterno, causada pelo Mycobacterium tuberculosis, é rara, representando menos de 1% dos casos de tuberculose óssea, apresentando disseminação por meio de extensão direta ou proveniente de disseminação linfática ou hematogênica.OBJETIVO: Apresentação de dois casos de osteomielite esternal por tuberculose secundária, simulando tumoração esternal. MÉTODO: Estudo retrospectivo, por análise de prontuário médico, realizado no período compreendido entre 2002 e 2005, no setor de cirurgia torácica do Hospital Beneficente Portuguesa. RELATO DOS CASOS: Os dois casos eram do sexo masculino, idade acima de 55 anos e fumantes pesados. Um dos casos desenvolveu derrame pleural, sendo que a investigação diagnóstica revelou um exsudato com predomínio linfocítico associado à pleurite crônica inespecífica, havendo resolução do derrame e do quadro clínico. Após dois anos, observou-se o aparecimento de tumoração em região esternal. A ressonância nuclear magnética evidenciou uma lesão osteolítica esternal com volumoso componente de partes moles. A biópsia da junção condroesternal revelou processo inflamatório granulomatoso caseoso, sugestivo de tuberculose. O outro caso apresentava-se com sinais e sintomas infecciosos do trato respiratório e tumoração na região esternal, com evolução de três meses. Na biópsia do esterno foi evidenciada massa circundada por cápsula espessa, com conteúdo caseoso, sugestivo de tuberculose, confirmado pelo estudo histopatológico. CONCLUSÃO: A tuberculose continua revelando-se uma doença altamente incidente, com comprometimento de diversos órgãos e sistemas, devendo encontrar-se no arsenal de diagnósticos diferenciais, pois nestes dois casos a primeira hipótese sugeria neoplasia do esterno, quando na realidade tratava-se de tuberculose. Palavras-chaves: Tuberculose. Esterno. Neoplasia. ABSTRACT: INTRODUCTION: The tumors of sternum are, in majority of the cases, malignant, and may be primary or secondary. On the other hand, the osteomielitis of sternum, caused by the Mycobacterium tuberculosis, is rare, representing less than 1% of the cases of bone tuberculosis, and presents dissemination through direct extension or coming from lymphatic or hematogenous dissemination. OBJECTIVE: Presentation of two cases of sternal osteomielitis from secondary tuberculosis, simulating sternum tumoration. METHOD: Retrospective study, from medical charts analysis, carried through in the period from 2002 to 2005, in the thoracic surgery division of the Portuguese Beneficent Hospital. REPORTS: The two cases were males, ages above of 55 years and heavy smokers. One of the cases developed pleural spill, and the diagnostic inquiry revealed an exsudate with a linfocytic predominance associated to the unspecific chronic pleuritis, having resolution of the spill and the clinical picture. After two years, the appearance of tumoration in the sternal region was observed. The magnetic nuclear resonance evidenced a sternal osteolytic injury with voluminous component of soft parts. The biopsies of the condrosternal junction revealed granulomatosus caseosus inflammatory process, suggestive of tuberculosis. The other case presented signals and infectious symptoms of the respiratory tract and tumoration in the sternal region, with evolution of three months. In the biopsy of the sternum it was evidenced a mass surrounded for thick capsule, with caseosus content, suggesting tuberculosis, confirmed by the hstopathologic study. CONCLUSION: The tuberculosis continues showing an illness highly incident, commiting several organs and systems, and it has to be included in the collection of differential diagnostics, because in these two cases, the first hypothesis suggested neoplasm of sternum, when actually it was tuberculosis. Keywords: Tuberculosis. Sternum. Neoplasia. Hospital Beneficente Portuguesa de Manaus - Serviço de Cirurgia Toráxica; Hospital Universitário Getúlio Vargas - Serviço de Cirurgia Toráxica Hospital Universitário Getúlio Vargas - Serviço de Cirurgia Toráxica *** Acadêmicos de Medicina do Centro Universitário Nilton Lins **** Acadêmicas de Medicina da Universitade Federal do Amazonas * ** TURBECULOSE ESTERNAL COMO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE NEOPLASIAS ESTERNAIS INTRODUÇÃO Os tumores de esterno são em sua grande maioria malignos e correspondem perto de 15% de todos os tumores ósseos da parede torácica, podendo ser primários ou secundários. Por sua vez, a osteomielite de esterno causada pelo Mycobacterium tuberculosis é rara, representando menos de 1% dos casos de tuberculose óssea. A sua disseminação pode ser dada através de extensão direta ou proveniente de disseminação linfática ou hematogênica. 1, 2, 3, 4 Este trabalho tem como objetivo a apresentação de dois casos de osteomielite esternal por tuberculose, simulando tumor de esterno. CASO 2 C. S. L., sexo masculino, 55 anos de idade, agricultor, tabagista de 10 maços/ano, apresentou tumoração esternal com evolução de três meses (Fig. 2 e 3), tosse produtiva, febre vespertina, astenia e perda ponderal de 7 kg. A biópsia da lesão evidenciou presença de tecido caseoso com aéreas de necrose e com diagnóstico histopatológico de tuberculose, evoluindo com melhora clínica e da tumoração após tratamento medicamentoso. RELATO DOS CASOS CASO 1 F. M. V., sexo masculino, 76 anos, branco, tabagista, apresentou quadro de pneumonia e derrame pleural direito, cuja investigação revelou um exsudato com predomínio linfocítico e a biópsia pleural demonstrou uma pleurite crônica inespecífica, havendo resolução do derrame e do quadro clínico. Dois anos após o paciente evoluiu com tumoração em região esternal. A ressonância nuclear magnética evidenciou uma lesão osteolítica com volumoso componente de partes moles e com impregnação de contraste em regiões paraesternais de arcos costais superiores à direita, medindo cerca de 7,5 x 4,0 cm (Fig. 1). A biópsia da junção condroesternal revelou um processo inflamatório granulomatoso caseoso, sugestivo de tuberculose. O paciente evoluiu com resolução da tumoração e do quadro clínico após o tratamento específico. Figura 2 – Tumoração em região esternal Figura 3 – Tomografia computadorizada de tórax evidenciando lesão expansiva em região esternal DISCUSSÃO Figura 1 – Ressonância nuclear magnética evidenciando lesão esternal, incluindo arcos costais superiores à direita, medindo cerca de 7,5 x 4,0 cm 46 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 As neoplasias primárias de manúbrio e esterno constituem 15% de todos os tumores ósseos da parede torácica, sendo a subtotalidade malignas (96%). A maioria são condrosarcomas, mielomas, linfomas malignos e sarcomas osteogênicos. Além disso, o esterno é freqüente FERNANDO WESTPHAL, LUIZ LIMA, JOSÉ NETTO, ANDRÉ SOUZA, ANDRÉ DIAS, DANIELLE WESTPHAL, INGRID LIMA local de metástases, tais como carcinomas originários da mama, glândula tireóide ou rim. Dentre os tumores benignos, condromas, hemangiomas e cistos ósseos têm sido registrados.1, 2 Pacientes com faixa etária entre 50 a 70 anos, que apresentam quadro clínico com comprometimento da região esternal, deve ser aventada a hipótese diagnóstica inicial de tumores de esterno, porém não podemos descartar outros diagnósticos. As causas infecciosas podem apresentar sinais e sintomas semelhantes aos tumores ósseos, como perda ponderal e astenia, encontrado nos casos de actinomicose e tuberculose óssea, observados nos casos relatados neste trabalho. A tuberculose isolada de esterno teve seu primeiro registro em 1918 por Vaughn. Em uma revisão de 1.134 pacientes com tuberculose óssea e articular, Wassersug encontrou somente doze casos de tuberculose de esterno. É estimado que o esterno contribua com 1,1% dos casos de tuberculose de ossos e articulações e cerca de 7% dos casos de tuberculose de parede torácica.1, 3, 4, 5, 6 A tuberculose de esterno tem sido registrada mais freqüentemente em adultos. Entretanto, em alguns poucos casos compromete crianças com menos de 1 ano e idosos acima de 82 anos. Ela parece ser uma forma de reativação da tuberculose, sendo a sua forma inicial de disseminação por via linfática ou hematogênica.3 O primeiro paciente relatou a ocorrência de derrame pleural com resolução espontânea dois anos antes, o que pode sugerir que a tuberculose de esterno apresentada por ele seja uma forma de reativação de tuberculose. Em áreas endêmicas para tuberculose, esta deverá ser considerada como um importante diagnóstico diferencial das lesões de parede torácica. Uma tumoração macia dolorosa ou indolor como em um típico abscesso frio é a característica usual da tuberculose nesta localização. O diagnóstico diferencial inclui: lesões inflamatórias comuns, lipoma, leiomiosarcoma epitelióide, tumores neuroendócrinos e carcinoma mestastático.3 A tomografia computadorizada de tórax é mais sensível que a radiografia simples para detecção de alterações inflamatórias do esterno, porém menos sensível do que a ressonância nu- clear magnética, a qual é ideal para estudo do esterno em função da sua capacidade de obtenção de imagens multiplanares e pela sua excelente resolução espacial e de contraste.3 A punção por agulha fina é uma das modalidades de diagnóstico utilizada nas lesões da parede torácica. Na tuberculose de esterno os granulomas caseosos típicos são vistos, porém raramente os bacilos ácidos-álcool resistentes são observados. Os métodos microbiológicos podem não ser muitos sensíveis quando a carga de bacilos não é muito alta. É importante suspeitar de tuberculose de esterno nos casos de osteomielite em que não há crescimento de microrganismos na cultura de rotina, porém o paciente não apresenta melhora com as drogas de rotina.3, 4, 5 A terapêutica de escolha é a associação de drogas. Embora o uso do regime de quatro drogas diariamente (HRZE) durante a fase aguda seja recomendada para tuberculose extra-pulmonar, o regime compreendendo Isoniazida, Rifampicina e Pirazinamida pode, também, ser suficiente desde que a quantidade de bacilo esperada seja pequena. Na ausência de resposta à terapia antituberculostática, os princípios da cirurgia de osteomielite de esterno devem ser aplicadas, estando recomendado desbridamento com reconstrução com músculo ou omento maior. Em conclusão, a importância deste relato está em apresentar dois casos clínicos com diagnóstico inicial de neoplasia de esterno, tendo como diagnóstico definitivo a tuberculose esternal. REFERÊNCIAS 1. PAIROLERO, P. C. Chest wall tumors. 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J., Tub, 48, p. 35, 2001. 48 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 6. SALAK, A. Y.; GUNDES, H.; GUNDES, S.; ALP, M. Primary sternal tuberculosis; a rara unhealed case treated by resection and local rotational flap. Thorac Cardiovasc Susg., 49 (01), p. 58-9, fev. 2001. 7. CARDOSO, M. S. L.; SARDINHA, A. D.; BRITO, B. M. Bone tuberculosis – Epidemiological representation in a clinic school in Manaus – Amazonas, Brazil (1983 to 2003). Proceedings of the American Thoracic Society. Abstracts, 2005, 2: A682. DIA GN ÓS TIC O E TRA TAMENT O DE LESÕES DIAGN GNÓS ÓSTIC TICO TRAT AMENTO ENDOPERIODONT AIS: REL AT O DE C ASO ENDOPERIODONTAIS: RELA CASO DIAGNOSIS AND TREATMENT OF ENDOPERIODONTAIS INJURIES: A CASE REPORT CINTIA MARA MELO RÊGO*, AIDA RENÉE ASSAYAG HANAN**, LUCIANA DE SOUSA FALCÃO***, NÍCIA MARQUES DE ALMEIDA OLIVEIRA****, ÂNGELA DELFINA BITTENCOURT GARRIDO***** RESUMO: A lesão endoperiodontal é um processo inflamatório que apresenta tanto envolvimento endodôntico quanto periodontal. A etiopatogenia está associada a uma inter-relação do periodonto ser anatomicamente interligado à polpa dental por meio das foraminas apicais e dos canais laterais, criando vias de acesso para troca de agentes nocivos entre os dois tecidos quando um deles ou ambos são afetados. As interações entre esses tecidos podem ocorrer, produzindo patologias, nas quais os sintomas e sinais clínicos podem ocasionalmente confundir e causar falhas na interpretação das suas etiologias. Considerando-se a complexidade do diagnóstico e do modo de tratamento dos diferentes tipos de lesões endoperiodontais, visto que as características clínicas destas podem ser similares, este trabalho visa apresentar um caso clínico de lesão endoperiodontal do tipo endodôntico primária, alertando os profissionais (ou cirurgião-dentista) sobre a importância de um correto diagnóstico para que se possa estabelecer um plano de tratamento apropriado e conseqüentemente obter um prognóstico favorável do caso. Palavras-chave: Lesões endoperiodontais, diagnóstico, tratamento. ABSTRACT: The endoperiodontal injury is an inflammatory process that involves both endodontic and periodontal involvement. The etiopathogeny is associated with an interrelation of the periodonto being anatomically linked to the dental pulp through the apical foramina and to the lateral canals, creating ways of access to exchange harmful agents between the two tissues when one or both are affected. The interactions between these tissues may occur, producing pathologies, in which the clinical signs and symptoms may occasionally confuse and cause errors in the interpretation of their etiologies. Considering the complexity of the diagnosis and the way of treatment of the different types of endoperiodontals injuries, thus the reason that the clinical characteristics of these injuries may be similar, this work has as objective to present a clinical case of endoperiodontal injury of the primary endodontic type alerting the professionals (or dentist-surgeon) about the importance of a correct diagnosis to establish an appropriate treatment plan and consequently obtaining a favorable prognosis of the case. Keywords: Endoperiodontais injuries, diagnosis, treatment. INTRODUÇÃO O periodonto apresenta-se anatomicamente interligado à polpa por meio do forame apical e ramificações do sistema de canal radicular. As interações entre esses tecidos podem ocorrer produzindo patologias, nas quais os sintomas e sinais clínicos podem ocasionalmente confundir e causar falhas na interpretação das suas etiologias.1 O termo lesão endoperiodontal ainda causa dúvida ao cirurgião-dentista em função do fato de não diferenciar entre: (1) lesões que são primariamente pulpares na origem; (2) lesões que são primariamente periodontais na origem; e (3) lesões produzidas tanto por doença periodontal quanto pulpar, com a unificação de duas lesões distintas. Entretanto, em todos os casos, manifestações patológicas periodontais e pulpares coexis- Aluna da Especialização em Endodontia da Universidade Federal do Amazonas. Especialista em Endodontia e Prof.a Adjunto da Disciplina de Endodontia do Curso de Odontologia da Universidade Federal do Amazonas. *** Graduanda em Odontologia da Universidade Federal do Amazonas. **** Pós-Doutorado em Prevenção Bucal, Doutora em Periodontia e Prof.ª de Periodontia da Universidade Estadual do Amazonas. ***** Pós-doutora, Doutora e Mestre em Endodontia, Prof.a Adjunto da Disciplina de Endodontia do Curso de Odontologia da Universidade Federal do Amazonas. * ** revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 49 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE LESÕES ENDOPERIODONTAIS: RELATO DE CASO tem e são fatores etiológicos primários e secundários que podem contribuir para o início e perpetuação de uma lesão endoperiodontal verdadeira. A etiopatogenia está associada à inter-relação anatômica do periodonto e o canal radicular.2 As características clínicas das lesões endodônticas e periodontais podem ser similares, tornando o diagnóstico diferencial das lesões endoperiodontais difícil e esse dilema é enfrentado tanto pelos clínicos como por especialistas das áreas envolvidas, pois não há um dado clínico de valor absoluto para estabelecê-lo corretamente. Isso explica o fato de nenhum dado diagnóstico ser avaliado isoladamente e nestas circunstâncias é o conjunto de informações obtidas durante a anamnese que conduzirá o profissional a um diagnóstico seguro e conseqüentemente a uma abordagem terapêutica correta, excluindo tratamentos desnecessários e até mesmos iatrogênicos.3 Ao deparar-se com uma lesão endoperiodontal é de fundamental importância um diagnóstico preciso para que se possa traçar um plano de tratamento coerente, a fim de remover os fatores etiológicos, restaurando a saúde e principalmente a função nos casos de severa perda dos tecidos de sustentação.4 Este trabalho visa relatar um caso clínico de lesão endoperiodontal do tipo endodôntica primária. do a paciente, mesmo fazendo uso da placa por aproximadamente dois anos, o sintoma não regrediu e apareceu um edema na gengiva marginal. Neste momento, foi encaminhada a um periodontista, o qual submeteu a paciente a terapias de raspagens por seis meses, porém, como as sintomatologias persistiram, foi orientada a procurar a Clínica Odontológica da Ufam, a fim de um parecer do caso. Ao exame clínico intra-oral, observou-se a presença de abscesso em torno da gengiva marginal. Ao teste de sensibilidade à percussão, a resposta foi positiva, enquanto que na avaliação da vitalidade pulpar, onde o método de escolha foi o teste térmico com frio, a resposta foi negativa. Já ao exame radiográfico periapical foi possível detectar uma radiotransparência na furca se estendendo ao ápice da raiz distal do elemento dentário 36 (Fig. 1). Com bases nos achados subjetivos e objetivos, um diagnóstico de lesão endodôntica primária foi estabelecido, sendo indicado apenas o tratamento endodôntico. RELATO DO CASO Paciente do sexo feminino, com 34 anos de idade, leucoderma, foi encaminhada por um periodontista à Clínica Odontológica da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), relatando presença de abscesso periodontal em torno do primeiro molar permanente esquerdo (36). Durante a anamnese, informou ela que havia dois anos procurou um cirurgião-dentista, pois sentia sensibilidade à mastigação. Este profissional encaminhou a paciente a um colega protesista que recomendou o uso de uma placa miorrelaxante para tratamento de um possível trauma oclusal decorrente de maloclusão. Segun- 50 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 Figura 1 - Radiotransparência ao nível de furca e ao nível do periápice. Inicialmente, o plano de tratamento consistiu no preparo químico-mecânico coroa-ápice (Fig. 2) com copiosas irrigações de hipoclorito de sódio a 2,5% e uso de EDTA a 17% como solução irrigadora final para remoção da smear layer. Em seguida, realizou-se a repleção dos canais com uma medicação intracanal à base de hidróxido de cálcio e PMCC em veículo viscoso (polietilenoglicol) (Fig. 3). A troca da medicação intracanal foi realizada quinzenalmente durante dois meses. CINTIA RÊGO, AIDA HANAN, LUCIANA FALCÃO, NÍCIA OLIVEIRA, ÂNGELA GARRIDO Em acompanhamento de seis meses após o tratamento endodôntico, foi observado um reparo parcial em nível de furca e regressão da radiotransparência apical, evidenciando a normalização gradativa das estruturas periodontais (Fig. 5). A paciente estava sem sintomas e o edema gengival havia regredido completamente. Figura 2 - Odontometria. Figura 5 - Proservação após 06 meses. DISCUSSÃO Figura 3 - Aplicação da medicação intracanal. Após as sucessivas trocas de medicação, o tratamento endodôntico foi concluído pela obturação do sistema de canais radiculares, empregando a técnica híbrida de Tagger (condensação lateral e termoplastificação da guta-percha). A radiografia final revelou a presença de um canal lateral e ele foi preenchido pelo cimento obturador durante a condensação lateral (Fig. 4). Figura 4 - Obturação do sistema de canais radiculares. A Endodontia e a Periodontia são especialidades distintas e desenvolvidas por seus respectivos profissionais, entretanto o desconhecimento quanto ao diagnóstico nos processos patológicos de outras especialidades, ou no que se refere ao diagnóstico diferencial (lesão endodôntica e/ ou periodontal), implica em dificuldades ao profissional diante de quadros clínicos desta ou de qualquer outra natureza. 5, 6 O diagnóstico diferencial entre uma lesão endodôntica ou periodontal raramente é difícil, pois as endodônticas em geral provocam sintomas derivados do periodonto apical, enquanto os sinais da doença periodontal geralmente estão confinados ao periodonto marginal.7 Para outros autores, o diagnóstico diferencial dessas lesões nem sempre é fácil.5,8 Os sinais e sintomas clínicos podem causar adversidades e serem mal interpretados, pois o que parece uma lesão marginal pode ser, em verdade, um problema pulpar, ou o contrário.3,7 Neste caso clínico, a má interpretação das características clínicas levou ao diagnóstico incorreto com tratamento inadequado, implicando na instituição revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 51 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE LESÕES ENDOPERIODONTAIS: RELATO DE CASO desnecessária ou mesmo iatrogênica da terapia periodontal. O tratamento periodontal não promoveria regressão do processo, podendo comprometer o prognóstico, pois, em um tecido conjuntivo pulpar previamente alterado, a ação mecânica do tratamento periodontal poderá agravá-lo.1 A avaliação semiológica de fatores como presença de dor, duração, localização, sensibilidade à percussão, sondagem de bolsas, testes de vitalidade pulpar, edema, presença de mobilidade e avaliação radiográfica, facilita o diagnóstico diferencial entre as lesões.1,3,5 No presente caso clínico, por meio desses achados subjetivos e objetivos, foi possível determinar a etiologia da lesão. O teste de vitalidade negativo foi essencial para o diagnóstico de envolvimento endodôntico primário, contribuindo para a indicação ao tratamento endodôntico e conseqüentemente prognóstico favorável. Em lesões eminentemente endodônticas, a polpa não responde aos testes de vitalidade pulpar e com o tratamento endodôntico efetivo o caso apresenta uma resolução.6 Além dos testes pulpares, a presença de radioluscência periapical sugeriu que a lesão era de origem endodôntica.8 A terapia para o caso foi o tratamento de canais radiculares, e o resultado foi favorável, pois a causa era estritamente endodôntica. Em lesões endodônticas primárias, o tratamento endodôntico é a terapia proposta.1,8 Instituído o tratamento endodôntico, o aparelho de suporte do dente se refaz, observa-se a regressão das lesões e o reparo dos tecidos apicais.3,6 Observou-se, seis meses após, um periodonto saudável, reparo parcial da furca, e diminuição da radiotransparência apical. O prognóstico da lesão endodôntica primária é favorável e a cura radiográfica e clínica rápida e excelente. A cicatrização em geral pode ser obtida de três a seis meses.8 CONCLUSÕES Baseado na revisão de literatura e no relato de caso clínico, pode-se concluir: • É de fundamental importância tentar identificar a origem da lesão endoperiodontal 52 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 apresentada pelo paciente, pois a forma de tratamento e o prognóstico do caso estão diretamente relacionados com sua etiopatogenia; • O profissional deve ter sempre uma visão multidisciplinar na Odontologia para benefício do paciente, independente da especialidade. REFERÊNCIAS 1. LAMBERTI, P. L. R.; ALBERGARIA, S. J.; CAMPO, P. S. F.; FAGUNDES, D. M. Inter-relação endodontia – periodontia. Rev. Odontol. Univ. Santo Amaro, v. 5, n. 1, p. 9-12, 2000. 2. ROSENBERG, M.; KAY, KENOVGH, HOLT. Tratamento periodontal e protético para casos avançados. 2. ed. São Paulo: Quintessence, 1996. 3. AGUIAR, T. R. S. Inter-relação Endodontia – Periodontia. 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In: GENCO, R. J.; COHEN, D. W.; GOLDMAN, H. M. Periodontia Contemporânea. 3. ed. São Paulo: Santos, 1999. p. 605- 618. ANAIS A A TU AÇÃ O D A FISIO TERAPIA RESPIRA T ÓRIA N A SEGUND A ATU TUA ÇÃO DA FISIOTERAPIA RESPIRAT NA SEGUNDA ET AP A DO PR OAMDE N O HOSPIT AL UNIVERSIT ÁRIO GETÚLIO PRO NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ETAP APA VAR G AS (HUG V) – PR OAMDE/P APS ARG (HUGV) PRO AMDE/PAPS SUSANA DA CONCEIÇÃO ROCHA Introdução: O trauma raquimedular ocorre quando a medula espinhal é danificada como resultado de um trauma, processo de doenças ou defeitos congênitos. As manifestações clínicas variam dependendo da extensão e localização do dano à medula espinhal (Umphred, 2004). Para melhorar a respiração, prevenir infecções respiratórias e eliminar secreções a conduta fisioterapêutica é realizada de acordo com a Ausculta Pulmonar. Objetivo: Este relato descreve a atuação da Fisioterapia com um grupo de 18 pessoas de um núcleo de reabilitação no HUGV no período de agosto de 2006 a agosto de 2007 distribuídos em turmas com período aproximado de três meses. Método: É feita uma avaliação inicial obedecendo a itens relacionados ao condicionamento respiratório. No período de três meses ocorrem os atendimentos e, após este, é realizada uma avaliação final para verificar a evolução e o aprendizado do paciente, atribuindo notas entre 1 e 5 pontos que variam em «não realiza» a «realiza totalmente». Resultado: Os resultados foram comparados com a evolução dos pontos obtidos entre a avaliação inicial e a avaliação final apresentando a seguinte evolução respiratória: 7,55%. Conclusão: Com o processo de reabilitação no Proamde/ PAPS, a intervenção fisioterapêutica proporciona uma melhora no padrão respiratório, elemento especial para a manutenção de uma vida saudável para a pessoa com lesão medular, possibilitando capacidades de desenvolver suas potencialidades que o torna mais independente. Palavras-chave: Condicionamento respiratório, ausculta pulmonar, lesão medular Correspondência para: [email protected] AN ÁLISE C OMP ARA TIV A ENTRE AS IMA GENS UL TRA ANÁLISE COMP OMPARA ARATIV TIVA IMAGENS ULTRA TRA-SON OGRÁFIC AS CHADOS HIS TOP ATOL ÓGIC OS E OS NÍVEIS ÓGICOS SONOGRÁFIC OGRÁFICAS AS,, A AC HIST OPA OLÓGIC DAS AMIN OTRANSFERASES S AN GÜÍNEAS N A ES TEA T OSE AMINO SAN ANGÜÍNEAS NA ESTEA TEAT HEP ÁTIC A SECUND ÁRIA À OBESID ADE MÓRBID A HEPÁ TICA SECUNDÁRIA OBESIDADE MÓRBIDA GERSON SUGUIYAMA NAKAJIMA; ÁDRIA SIMONE FERREIRA BENTES; LUIZ CARLOS DE LIMA FERREIRA; ROBSON SILVA OLIVEIRA; ADRIANO MACHADO; ISAAC TAYAH; MÔNICA SOUTO; SÔNIA BRITO. Introdução: A Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica é uma patologia que pode cursar com esteatose somente ou esteato-hepatite, sendo clinicamente assintomática, está se tornando uma causa comum de doença hepática crônica, paralelo a «epidemia» de obesidade. Estudo de imagem como a USG pode prover a primeira indicação que o paciente tem a doença, já que as alterações laboratoriais são leves e a histopatologia é um exame caro. Objetivo: Avaliar a relação entre as imagens da ultra-sonografia, histologia e níveis das aminotransferases na Esteatose hepática não alcoólica. Metodologia: No pré-operatório foi realizada a USG de abdome total e a dosagem do nível sangüíneo das aminotransferases (TGO/TGP). No momento do ato cirúrgico, foi realizada a biópsia hepática sendo posteriormente feita a histopatologia. No pós-operatório foram coletadas as aminotransferases. Resultados e Discussão: Foram estudados 13 pacientes obesos mórbidos submetidos à cirurgia bariátrica. Comparando a histopatologia com a ecogenicidade hepática de 12 pacientes, esta foi compatível em 6 pacientes (50%). Com relação aos exames laboratoriais, de 7 pacientes as aminotransferases elevaram-se no pós-operatório em 3 pacientes (42,85%), o restante mantendo-se normais. Conclusão: A USG é um método confiável para detectar acometimento hepático pela esteatose, mas não informa o grau de lesão hepática e o nível das aminotransferases não pode ser considerado um marcador de lesão hepática. Local de realização da pesquisa: Hospital Universitário Getúlio Vargas e Ambulatório Araújo Lima. Correspondência para: [email protected]; [email protected] Ufam/HUGV revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 53 ANAIS CARA CTERÍS TIC AS EPIDEMIOL ÓGIC AS AS E L AB ORA TORIAIS ARACTERÍS CTERÍSTIC TICAS EPIDEMIOLÓGIC ÓGICAS AS,, CLÍNIC CLÍNICAS LAB ABORA ORAT AM DAS ES TAFIL OC OCCIAS EM MAN AUSAFILOC OCOCCIAS MANA US-AM EST MARIA AUXILIADORA NEVES DE CARVALHO, BRUNA CECÍLIA NEVES DE CARVALHO, RODRIGO PADILHA, DANIELLE WESTPHAL, LUCIANE MORAL. Introdução: O S. aureus é um desafio na prática médica. Uma descrição sistemática da doença de seu agente patogênico na região amazônica se fez necessária em função da gravidade de formas clínicas encontradas. Objetivo: O trabalho identificou pacientes infectados pelo S. aureus no Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) em um período de 6 meses e avaliou as características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais desses pacientes. Metodologia: Por um período de 6 meses foi feito um estudo prospectivo observacional em pacientes com cultura positiva para S. aureus. Os pacientes foram divididos em dois grupos: pacientes que adquiriram o S. aureus na comunidade e pacientes que adquiriram o S. aureus no hospital. Resultado: 55 culturas positivas para S. aureus foram isoladas em 6 meses (14 de abril de 2005 a 14 de outubro de 2005) em um universo de 847 culturas, e as seguintes características foram analisadas nos pacientes: maior incidência nos homens 60%, caucasianos 58,2%. Identificou-se 39 pacientes com S. aureus hospitalar e 16 com S. aureus comunitário. A infecção mais freqüente pelo S. aureus hospitalar foi à infecção de pele 30,8%, enquanto que pelo S. aureus comunitário foi a infecção respiratória (50,0%). O resultado do antibiograma mostrou uma alta incidência de resistência aos antibióticos beta-lactâmicos 94,5% - 100%, nos dois grupos, e uma maior incidência (61,5%) de S. aureus meticilina-resistentes (MRSA), entre os pacientes com S. aureus hospitalar. Em nenhum dos grupos se observou resistência a vancomicina. Dos 55 pacientes, 16,4% morreram e todos eram portadores de S. aureus hospitalar (p-valor < 0,05). Conclusão: As infecções por S.aureus hospitalar, 70,9%, foram muito mais freqüentes que as infecções por S. aureus comunitário, 29,1%, com uma alta incidência de MRSA 61,5%. Quando a infecção hospitalar por S. aureus foi relacionada a óbito o p-valor < 0,05. Instituição: Hospital Universitário Getúlio Vargas Correspondência para: [email protected] C ONHECIMENT O E A TITUDE D A POPUL AÇÃ O DO ONHECIMENTO ATITUDE DA POPULA ÇÃO AMBUL AT ÓRIO ARA ÚJO LIMA D A UNIVERSID ADE FEDERAL DO AMBULA ARAÚJO DA UNIVERSIDADE AMAZON AS SOBRE DO AÇÃ O DE ÓR G ÃOS AMAZONAS DOA ÇÃO ÓRG M. R. BEZERRA; C. R. T. BARROS; B. M. MESQUITA; A. F. BEZERRA; F. M. R. BEZERRA; M. C. OLIVEIRA Mais de 42 mil brasileiros estão em listas de espera por transplante e nem 10% dessa lista são atendidos por ano. O presente estudo avaliou o perfil da população atendida no Ambulatório Araújo Lima (AAL) quanto à doação de órgãos e identificou as deficiências para o aumento de doadores. Aplicou-se um questionário numa amostra sistemática que consistiu de 301 participantes na fila de atendimento, de cada quatro pessoas presentes, o quarto era convidado a participar da pesquisa. Após a coleta, os dados foram tabulados no Epi Info 6 e exportados para o SAS, 8.6. Os resultados mostraram que 53% dos participantes referiram-se doadores, sendo o principal motivo a solidariedade, enquanto para não-doação foi falta de conhecimento. Apenas 34,6% autorizariam a concessão de órgãos de familiares. Exatamente 22,6% comunicaram à família o desejo de serem doadores. A presente pesquisa sugere que houve uma proporção representativa da população favorável à doação de órgãos. Sendo que a maioria da população entrevistada desconhecia o significado de morte encefálica. Os resultados confirmam que as pessoas com nível de escolaridade superior incompleto e completo têm maior chance de entender o que é morte encefálica, quando comparado com outros graus de escolaridade. Por outro lado, classe social, faixa etária, sexo e escolaridade parecem não influenciar na decisão de ser ou não doador como demonstrado na análise de associação. Local da Pesquisa: Ambulatório Araújo Lima – Manaus/AM. Correspondência para: [email protected] 54 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 ANAIS ES TUDO B ACTERIOL ÓGIC OD A MICR OBIO TA D AS MÃ OS DOS ESTUDO BA CTERIOLÓGIC ÓGICO DA MICROBIO OBIOT DAS MÃOS PR OFISSION AIS D A S AÚDE DO HOSPIT AL UNIVERSIT ÁRIO DA SA HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PROFISSION OFISSIONAIS GETÚLIO V AR G AS VAR ARG MESQUITA, C. B.; BAIMA, J.P.; BEZERRA, M.R.; BARROS, C.R.T.; GAMA, J.G. Introdução: Um dos principais indicadores da qualidade da atenção médica que um hospital oferece é a sua taxa de infecções hospitalares. Dentro do âmbito da prevenção, enfrenta-se um problema não só limitado a recursos materiais, mas também a erros humanos como a não higienização correta e freqüente das mãos. Objetivo: Identificar a microbiota prevalente nas mãos dos profissionais de saúde do HUGV, antes e depois da lavagem delas. Metodologia: Foram avaliados, no período de janeiro a maio de 2006, 41 voluntários. As amostras foram coletadas em duas fases, antes e após a lavagem das mãos, e processadas no laboratório de Microbiologia da Ufam. Os microrganismos foram isolados e identificados por meio de análises macro e micromorfológicas além de testes bioquímicos. Resultados e Discussão: A contaminação antes e após a lavagem das mãos esteve presente em 90,2% e 80,5% dos voluntários, respectivamente. Os microrganismos mais encontrados na fase I foram: Staphylococcus epidermidis (58,5%), Serratia sp. (19,5%) e Pseudomonas mallei (12,2%). Já na fase II, detectou-se Staphylococcus epidermidis em 48,8% e bacilos gram-negativos em 24,4% dos participantes. Conclusão: O estudo revelou alta taxa de contaminação das mãos dos profissionais de saúde do HUGV, mesmo após a anti-sepsia. Apesar da CCIH incentivar, diariamente, a prática da higienização das mãos, a maioria dos membros da equipe de saúde parece não praticar corretamente o método. Local: Hospital Universitário Getúlio Vargas – Manaus, AM. Correspondência para: [email protected] ES TUDO DOS PRIN CIP AIS INDIC ADORES DE USO RA CION AL ESTUDO PRINCIP CIPAIS INDICADORES RACION CIONAL DE MEDIC AMENT OS N O HOSPIT AL UNIVERSIT ÁRIO GETÚLIO MEDICAMENT AMENTOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO VAR G AS (HUG V) N O PERÍODO DE MAR ÇO A MAIO DE 2007 ARG (HUGV) NO MARÇO ÉLLEN REGINA DA COSTA, THIAGO GOMES BATISTA, JOÃO PAULO DA SILVA CAVALCANTE, LUIZ FERREIRA DA COSTA, ALAMIR SILVA DINIZ, ALCINEIDE DE LIMA MAGALHÃES, VICTOR BRAULE PINTO MARQUES, MELCA GABRIELA PRINTES, ANDRÉ ARAÚJO RODRIGUES, EDUARDO B. SANTANA FILHO, MARCÉLIA CÉLIA COUTEIRO LOPES Introdução: A avaliação do uso racional de medicamentos por meio de indicadores específicos permite propor a melhor utilização destes, pois auxilia a medição da qualidade das prescrições, subsidia a otimização da eficácia, segurança e custo da assistência e fornece dados que viabilizam discussões para a melhoria do sistema. Objetivo: Avaliar os principais indicadores do Uso Racional de Medicamentos no HUGV. Metodologia: Estudo retrospectivo, descritivo e transversal de todas as prescrições do HUGV, no período de março a maio de 2007, para análise de indicadores do Uso Racional de Medicamentos. Resultados: A média de medicamentos por prescrição, aproximadamente 6, é superior a indicada pela OMS como razoável na atenção básica de saúde, no entanto, o HUGV possui serviços de cirurgia, internação e terapia intensiva que justificam o maior consumo de medicamentos por paciente. 9.903 medicamentos SN foram prescritos em 6.934 receitas (75,41% do total de receitas), média de 1,43 medicamento SN por receita. 72,47% dos medicamentos foram prescritos pela denominação genérica e 7.220 medicamentos (13,1%) foram prescritos com dose implícita. Do total de medicamentos prescritos, 1.920 (3,48%) não constavam no padrão de medicamentos do hospital e 2.528 (4,58%) não estavam disponíveis na farmácia para atender a prescrição. Conclusão: O perfil dos indicadores do Uso Racional de Medicamentos do HUGV iguala-se ao perfil da maioria dos hospitais brasileiros, porém é necessário melhorar os índices como o percentual e medicamentos prescritos por nome genérico e o número de prescrições com dose implícita para atingir o perfil recomendado pelas principais organizações de saúde. Instituição: Hospital Universitário Getúlio Vargas/Universidade Federal do Amazonas Correspondência para: [email protected] Faculdade de Ciências Farmacêuticas/Serviço de Farmácia do HUGV revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 55 ANAIS ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO SOBRE CÂNCER DE PÊNIS NO ES TADO DO AMAZON AS AMAZONAS EST JONAS RODRIGUES DE MENEZES FILHO, GIUSEPPE FIGLIUOLO, ANDRÉ LUIZ CAMPOS MANCINI, VICTOR LAZARINI, EDSON SARKIS GONÇALVES Introdução: A incidência mundial do câncer de pênis varia de 0,07-3,32 casos/100.000. No Brasil, dentre as neoplasias malignas, corresponde a 2,1%. Há incidência aumentada nas Regiões Norte e Nordeste. Objetivos Conhecer o número de casos de câncer de pênis atendidos em centro de referência em oncologia, no Estado do Amazonas, bem como as características clínicas dos pacientes acometidos. Materiais e Métodos: Revisão de prontuários de pacientes com câncer de pênis e indicados para tratamento, no período de janeiro de 2003 a dezembro de 2006. Resultados: Realizaram-se 45 penectomias (11,25 casos/ano). Idade média de 64 anos (19-88 anos). O questionário da SBU foi preenchido em 27 pacientes, destes o nível de instrução foi de 15% analfabetos e 85% em nível primário; 5 relataram fimose. Realizaram-se 21 ressecções parciais e 6 totais; seguimento médio de 12,1 meses (1-45 meses) Dezesseis perderam o seguimento (59%), houve 2 óbitos, 2 foram encaminhados para radioterapia e quimioterapia adjuvante e 7 (26%) sem evidências de neoplasia. Conclusão: O restrito nível de instrução dos pacientes parece ter sido o fator de maior impacto no desenvolvimento da neoplasia, principalmente por causa dos maus hábitos de higiene genital. A maioria dos pacientes foi diagnosticada em estágio onde a cirurgia conservadora foi inviável, sendo necessária amputação parcial ou total. Serviço de Urologia do Hospital Universitário Getúlio Vargas. Amazonas, Brasil. Correspondência para: [email protected] HUMANIZA ÇÃ O E S AÚDE: A F ORMA ÇÃ O DO GR UPO DE HUMANIZAÇÃ ÇÃO SA FORMA ORMAÇÃ ÇÃO GRUPO TRAB ALHO EM HUMANIZA ÇÃ O (G TH) D A FUND AÇÃ O HOSPIT AL TRABALHO HUMANIZAÇÃ ÇÃO (GTH) DA FUNDA ÇÃO HOSPITAL ADRIANO JORGE LUCIANA MARTA TAVARES FABRÍCIO, ROBERTA JUSTINA DA COSTA, ROSIANE PINHEIRO PALHETA Introdução: A formação de um Grupo de Trabalho em Humanização, na Fundação Hospital Adriano Jorge, é fruto de uma necessidade premente de inserir mudanças nas práticas de atenção à saúde preconizadas pela Política Nacional de Humanização. O GTH foi formado em abril de 2007 a partir da adesão dos funcionários que trabalham nos diversos setores para os quais o trabalho de sensibilização seria direcionado a partir de um processo de capacitação e formação em Humanização. Objetivos: Formar agentes multiplicadores da PNH para formação de facilitadores, sensibilizar os profissionais sobre a importância da Humanização para a melhoria dos processos de trabalho, desencadear uma melhoria na forma de tratamento dispensada ao usuário da FHAJ e divulgar a PNH. Metodologia: Apresentação da PNH aos funcionários da FHAJ para adesão ao grupo, formação do Grupo de Trabalho em Humanização – GTH com o objetivo de formar multiplicadores por intermédio de estudo dirigido, exposições das temáticas, vivências e dinâmicas, leituras e discussão do material didático-teórico disponível sobre a PNH. Resultados: A criação do GTH, composto pelos servidores de diversos setores, dentre eles: Serviço Social, Psicologia, Farmácia, Nutrição, Recursos Humanos, Fisioterapia, Imagenologia e Ambulatório, tornando-se referência do HumanizaSUS no Hospital. O grupo foi subdividido para desenvolver as atividades das oficinas de Humanização, os subgrupos estão voltados para a organização (logística) e para a elaboração e execução das oficinas nas quais alguns membros atuam como facilitadores do processo pedagógico. Conclusão: A formação do GTH revela um alcance importante de um dos objetivos da PNH do SUS, qual seja a sensibilização e o «Contágio» dos trabalhadores e gestores de saúde, uma vez que houve incentivo e o envolvimento dos membros para o desenvolvimento das ações propostas. Tal assertiva baseia-se nas discussões e estudos sobre os dispositivos da política. Esse contágio está sendo ampliado a cada oficina realizada, quando os trabalhadores entram em contato com os princípios e diretrizes da política e se vêem como atores fundamentais e determinantes do processo de mudança. Correspondência para: [email protected] 56 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 ANAIS IN CIDENT AL OMA ADREN AL INCIDENT CIDENTAL ALOMA ADRENAL LEONARDO SIMÃO GUIMARÃES, LUCIANO SANTOS LOURENÇO, LAURA BIANCA FRAIJI, EVANDRO AGUIAR AZEVEDO, JESSÉ B. TORRES Introdução: Os incidentalomas adrenais são entidades nosológicas surgidas com advento dos exames de imagem nas investigações ambulatoriais e hospitalares. Consiste de achado em 5% das autópsias, aumenta significativamente com a idade (6,9% em > 70 anos) e pode permanecer assintomático por décadas. Os adenomas constituem 60% dos incidentalomas, seguidos dos carcinomas, feocromocitomas, mielopomas, cistos e outros. Os tumores adrenais podem ser classificados em funcionantes e não funcionantes de acordo com a capacidade de produzir ou não cortisol. Objetivo: Mostrar que os incidentalomas são mais diagnosticados hoje em dia em função do avanço dos exames de imagem e a facilidade de acesso a eles. Materiais e Métodos: Paciente do sexo masculino, 61 anos, natural e procedente de Manicoré, que durante investigação de hiperplasia benigna de próstata foi evidenciada massa calcificada em topografia de supra-renal num raio-x simples de abdômen. Tinha história de hipertensão havia mais ou menos 1 ano do tipo maligna, que respondeu à terapêutica anti-hipertensiva. Tabagista de 2 maços de cigarro/dia por 40 anos e alcoolista de 1 litro de aguardente/dia. Dosados metanefrinas urinárias e ácido vanil mandélico-normais. Afastada a hipótese de feocromocitoma após abordagem especifica já citada e investigação tomográfica que, além da massa calcificada adrenal, foi evidenciada também nódulo hepático. Paciente foi submetido à supra-renalectomia esquerda e nodulectomia hepática evoluindo de maneira satisfatória no pós-operatório. Resultado: Pseudocisto de adrenal. Conclusão: Exames de imagem podem diagnosticar de maneira inusitada patologias adrenais que na maioria das vezes são assintomáticas, Palavras-chave: Adenomas, pseudocisto adrenal, incidentaloma. Correspondência para: lleoguimarã[email protected] O A TENDIMENT O A PESSO AS C OM LESÃ O MEDUL AR N A ATENDIMENT TENDIMENTO PESSOAS COM LESÃO MEDULAR NA A DO PR OAMDE PÓL O HUG V PRIMEIRA ET AP ETAP APA PRO PÓLO HUGV KEEGAN BEZERRA PONCE, KATHYA AUGUSTA THOMÉ LOPES, ROSANGELA MARTINS GAMA, LEONARDO CHAVES DA SILVA Introdução De acordo com Umphred (2004, p.507), o traumatismo raquimedular é uma condição catastrófica que pode causar alterações dramáticas na vida da vitima. O Proamde pólo HUGV, ocorre em duas etapas distintas de atendimento a essas pessoas. Objetivo: Na primeira etapa, a Educação Física atua oportunizando ao aluno, acompanhantes e seus familiares, formas de adquirir ou manter atitudes favoráveis à prática de atividades físicas, compreender suas novas características motoras, com o diferencial de educar o aluno para tais conhecimentos. Método: No período de agosto de 2006 a agosto de 2007 tem-se cadastrado 42 pessoas com diagnóstico de traumatismo raquimedular, dessas 38% não possuem déficit motor ou sensitivo, onde são somente acompanhadas, 5% foram a óbito e 57% apresentam déficit motor e/ou sensitivo, onde receberam atendimentos. Resultado: As atividades são planejadas de acordo com a avaliação inicial para conhecer as características da pessoa. São atividades motoras que trabalharão a musculatura funcional por meio de: alongamentos, exercícios resistidos e jogos recreativos. Conclusão: Todos recebem alta com informações de como realizar os exercícios em casa de forma eficaz e correta, têm o primeiro contato com a cadeira de rodas ao serem sentados e incluídos em uma lista onde poderão vir participar da segunda fase do Programa. Palavras-chave: Atividades físicas, lesão medular, reabilitação Universidade Federal do Amazonas/ Hospital Universitário Getulio Vargas Correspondência para: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 57 ANAIS PERFIL D AS N OTIFIC AÇÕES DE REA ÇÃ O AD VERS A A DAS NO TIFICA REAÇÃ ÇÃO ADVERS VERSA MEDIC AMENT OS N O HOSPIT AL UNIVERSIT ÁRIO GETÚLIO NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO MEDICAMENT AMENTOS VAR G AS EM MAN AUS/AM ARG MANA MARIA ELIZETE DE ALMEIDA ARAÚJO, ANDERSON DA PAZ PENHA, SILVIA ROSANE SANTOS DE SOUZA, MARY JOYCE MAGALHÃES, BRENA AGUIAR DE LOURDES LIMA, JAQUELANE SILVA DE JESUS, FRANCISCA GARCIA DA ROCHA Introdução: As ações de Farmacovigilância desenvolvidas no Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) visam detectar, avaliar e notificar Queixas Técnicas (QT) e Reações Adversas a Medicamentos (RAM). Objetivos: Caracterizar as notificações de suspeitas de RAM ocorridas no HUGV. Método: Estudo descritivo, retrospectivo, quantitativo, a partir das notificação de suspeita de RAM, de janeiro a dezembro de 2006. Resultados: Foram notificadas 61 suspeitas de RAM envolvendo 73 medicamentos. 52% foram causadas por antimicrobianos, seguidos dos analgésicos e antiinflamatórios (16%) e anticonvulsivantes (8%). Pacientes do sexo feminino (57%) prevaleceram e a faixa etária mais incidente variou entre 26 e 51 anos. Traumatismos, Pneumopatias e Lúpus Eritematoso Sistêmico foram as condições patológicas mais freqüentes. Foram consideradas prováveis 64% das reações e 54% tiveram severidade moderada. Prevaleceram as manifestações dermatológicas (rash), gastrointestinais (náuseas, vômitos, dor epigástrica) e alterações do sistema nervoso central (cefaléia, hipertermia, tontura). Suspendeu-se o medicamento em 41% dos casos, e a administração foi continuada em 13% das suspeitas. CONCLUSÕES: Salientase a importância da Farmacovigilância para o gerenciamento de riscos em saúde por meio da detecção e notificação de QT e RAM, do favorecimento à cultura de notificação voluntária, além do estímulo incessante ao uso racional de medicamentos e redução de custos hospitalares. Palavras-chave: Rede Hospitais Sentinela, Farmacovigilância, Reação Adversa a Medicamentos. Correspondência para: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] PERMANECE ES TÉRIL A SOL UÇÃ O FISIOL ÓGIC A 0,9%, APÓS ESTÉRIL SOLUÇÃ UÇÃO FISIOLÓGIC ÓGICA INSER ÇÃ O DE C ATETER VEN OSO CUR TO ((SC SC ALP O FRASC O? FRASCO? INSERÇÃ ÇÃO CA VENOSO CURT SCALP ALP)) N NO JUCIMARY ALMEIDA DO NASCIMENTO, LÚCIA DE FÁTIMA RODRIGUES GOMES, LUCIETE ALMEIDA SILVA Introdução: Observamos em vários hospitais de Manaus a prática inadequada da utilização de frasco de 500 mL de solução fisiológica a 0,9% (SF) com a acoplagem de cateter venoso curto (scalp), para a diluição de medicamentos injetáveis. Na maioria das vezes o cateter é fixado ao frasco com esparadrapo ou pode ser encontrado solto. Sabemos que a manipulação inadequada e exagerada das soluções de infusão venosa, como o uso de agulhas para aeração de frascos de soro e mesmo as formas não apropriadas de armazenamento e transporte de frascos, podem ser fatores responsáveis pela contaminação, tornando-se uma importante fonte de bactérias e fungos, introduzidos diretamente no sangue do paciente. Objetivo: Identificar a presença de microrganismos patogênicos nas soluções para diluição de medicamentos utilizados no Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), no período de 30/6/ 2006 a 23/4/2007. Método: Estudo qualitativo, quantitativo e descritivo. Utilizado o método de isolamento e identificação bacteriana por meio dos kits Biomerieux, no Laboratório do Centro de Estudos e Pesquisas Leônidas & Maria Deane – Fiocruz. Resultados: Foram colhidas 46 amostras de SF, nas 6 clínicas do HUGV. Isolados diferentes microrganismos: 2 Staphylococcus aureus, 1 Klebsiella oxytoca, 2 Pseudomonas aeruginosa, 3 fungos, 1 Chryseomonas luteola, 1 levedura e 1 amostra com numerosas colônias bacterianas Gram(+). Conclusão: Este estudo detectou contaminação de 23,91% das amostras, as quais poderão estar servindo de veículo de microrganismos patogênicos que podem ter ocasionado infecção na corrente sangüínea, principalmente de pacientes imunocomprometidos. Correspondência para: [email protected] 58 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 ANAIS PNEUMONIA NECR OS ANTE: REL AT O DE C ASO NECROS OSANTE: RELA CASO NECROTIZING PNEUMONIA: CASE REPORT FERNANDO LUIZ WESTPHAL, LUIZ CARLOS DE LIMA, JOSÉ CORREIA LIMA NETTO, LAURA BIANCA CABRAL FRAIJI, IGOR ARAÚJO FERREIRA DA SILVA Introdução: A pneumonia necrosante (PN) é uma complicação pouco freqüente da pneumonia lobar, caracterizada por focos de necrose e liquefação de tecido pulmonar com formação de múltiplas cavidades não coalescentes, e que, acompanhada de complicações pleurais, exige a adoção de medidas mais agressivas para o seu tratamento. A maioria dos casos de PN é tratada clinicamente, porém em determinadas situações, apesar da otimização e maximização do tratamento clínico, o paciente persiste com sinais de septicemia associado ou não a complicações pleurais. Nestes casos a indicação cirúrgica pode ser a única terapia para a resolução do quadro. Objetivo: Relatar um caso de PN em uma criança de dois anos. Métodos: Relatar um caso de PN em criança atendida pelo serviço de Cirurgia Torácica do HUGV. Resultados: Paciente masculino, dois anos de idade, natural de Manaus-AM, com história de tosse produtiva, dispnéia e febre havia aproximadamente duas semanas. À admissão hospitalar, apresentava-se taquidispnéico, febril, hipocorado +/+4 e, à ausculta pulmonar, murmúrio vesicular diminuído em base esquerda e estertores crepitantes bilateralmente. Radiografia de tórax demonstrou sinais de cavitação em uma área pulmonar com condensação, e à Tomografia Computadorizada perda da arquitetura normal do parênquima pulmonar, múltiplas cavidades e derrame pleural bilateral. O paciente evoluiu com quadro séptico e foi submetido à ressecção pulmonar da área acometida. Palavras-chave: Pneumonia necrosante; cirurgia. PR OJET O MISSÃ O UB ARÉ D A FEF / Uf am PROJET OJETO MISSÃO UBARÉ DA Ufam THOMAZ DÉCIO ABDALLA SIQUEIRA, MELITA MADDY ROSSETY Instiruição: Universidade Federal do Amazonas – Ufam Secretaria de Educação e Qualidade do Ensino do Amazonas – Seduc Introdução: intervenção junto às crianças e adolescentes oriundas das ruas de diversos bairros da cidade de Manaus e de Itacoatiara que estavam sendo exploradas sexual e comercialmente. Entre 2004 e 2005, visa oferecer novas alternativas de vida e inserção das crianças e adolescentes na escola, no trabalho e na vida social. Surgiu com a preocupação e compromisso do Ministério Público do Trabalho que estabeleceu convênio com diversas instituições entre elas a UFAM, que acompanha (follow up) e articula ações por intermédio de atividades que possam proporcionar a este grupo de crianças e adolescentes prostituídas de rua novas alternativas, por meio de uma série de atividades sócio-educativas, além de atendimento médico, psicológico. Especificamente visa abranger dois eixos de atuação. Objetivos e Metodologia: (1) Ajudar por intermédio de oficinas educativas interativas, as famílias e as crianças e adolescentes ajudando-as a rever ou a reconstruir suas representações masculinas e femininas, suas representações sobre a sexualidade, rever seus valores, hábitos e atitudes e de seus familiares, mediante atividades recreativas, culturais, físicas, pedagógicas como alternativas de reeducação; (2) Estruturar e intercambiar, institucionalmente via extensão, a equipe interdisciplinar para acompanhar. Conclusão: monitoramos e avaliamos o processo de sensibilização e reeducação das crianças, com base nos indicadores de sucesso, facilitar a comunicação. Palavras-chave: Exploração sexual, re-educação, vitimização. Correspondência para: [email protected]. revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 59 ANAIS A SENSIBILIZA ÇÃ O EM HUMANIZA ÇÃ O A P AR TIR D AS F AL AS SENSIBILIZAÇÃ ÇÃO HUMANIZAÇÃ ÇÃO PAR ARTIR DAS FAL ALAS GE DOS SER VIDORES D A FUND AÇÃ O HOSPIT AL ADRIAN O JOR FUNDA ÇÃO HOSPITAL ADRIANO JORGE SERVIDORES DA ROSIANE PINHEIRO PALHETA, ROBERTA JUSTINA DA COSTA, LUCIANA COELHO, MARIA AUXILIADORA A. DA FONSECA Introdução: As ações e serviços de saúde com enfoque na Política Nacional de Humanização (PNH) estão sendo desenvolvidas em Manaus a partir de experiências nas unidades que fazem parte da Secretaria Estadual de Saúde do Estado do Amazonas. A experiência deste trabalho volta-se para um dos sujeitos que compõem o tripé da PNH, ou seja, gestores, usuários e trabalhadores de saúde. Estes últimos têm sido sensibilizados por meio de oficinas de humanização desenvolvidas na Fundação Hospital Adriano Jorge a partir do projeto intitulado «Humanizando o trabalho dos funcionários da Fundação Hospital Adriano Jorge». Objetivos: Sensibilizar os funcionários sobre a importância da Política de Humanização para a melhoria dos serviços de saúde em todos os níveis; articular, sensibilizar e envolver os gestores e profissionais de saúde nos objetivos, princípios e diretrizes da PNH; instrumentalizar os profissionais envolvidos nas oficinas para aprimoramento das ações do Grupo de Trabalho em Humanização e avaliar os primeiros impactos da intervenção a partir da própria fala dos profissionais treinados. Metodologica: Três Encontros semanais com grupos de vinte e cinco servidores para conhecimento e socialização dos conceitos em Humanização; metodologia expositivo-participativa, onde os envolvidos vivenciam momentos em que os conceitos são transformados por intermédio de dinâmicas e reflexões que estimulam a participação e sugestão de todos os participantes a partir do cotidiano de trabalho e das atividades de cada oficina. Resultados: A importância dos encontros é evidenciada na fala dos funcionários que passam pelas oficinas, como espaços de encontro, reflexão e de valorização do conhecimento e da prática de cada trabalhador. Falas como: «Estou saindo daqui renovada»; «Deveria haver sempre encontros como este»; «Há muito tempo queria falar o que falei hoje» são evidências da importância do trabalho e do «contágio» previsto nos objetivos da PNH, o que tem sido desencadeado pela proposta pedagógica que parte da realidade e do saber produzido e que valoriza o conhecimento dos envolvidos no processo educativo. Conclusão: As oficinas de humanização realizadas na FHAJ têm sido um espaço de encontro e de produção e socialização de saberes e experiências, acima de tudo, uma possibilidade de expor problemas e, sobretudo, alternativas de solucioná-los vindas dos trabalhadores de saúde. O dispositivo Acolhimento tem sido refletido a partir do momento em que eles se vêem, ao mesmo tempo, como trabalhadores e usuários do Sistema Único de Saúde, o que sinaliza para a melhoria das práticas em saúde realizadas in loco. Correspondência para: [email protected] ADEN OC AR CIN OMA G ÁS TRIC O ADENOC OCAR ARCIN CINOMA GÁS ÁSTRIC TRICO LEONARDO SIMÃO COELHO GUIMARÃES, LUCIANO SANTOS LOURENÇO, LAURA BIANCA FRAIJI, EVANDRO AGUIAR AZEVEDO, JESSÉ B. TORRES HUGV/Ufam Introdução: O câncer de estômago ocupa o segundo lugar em freqüência em todo o mundo, depois do câncer de pulmão. A ocorrência dos diversos tipos de câncer varia entre populações de diferentes regiões. Essas diferenças devem-se a susceptibilidade à doença ou a variações dos níveis de fatores etiológicos. Quanto à etiologia, há fatores hereditários e ambientais relacionados ao aparecimento e desenvolvimento do câncer gástrico. Entre os fatores biológicos, o H. pylori tem importante correlação no câncer gástrico Objetivo: Detecção precoce e tratamento adequado do câncer gástrico. Material eMétodos: Paciente M. G. S, sexo feminino, 66 anos, parda, aposentada, procedente de Santarém – PA, é admitida com dor em região epigástrica, em pontada, sem irradiação, que piorava após ingestão de alimentos e melhorava ao uso de antiespasmódicos, com evolução de 1 ano e 6 meses. Apresentava ainda hipersalivação, náuseas, vômitos e plenitude pós-prandial. Há 5 meses relata piora do quadro álgico, perda ponderal de +/- 5 kg e aumento da freqüência dos vômitos e episódios de hematêmese em borra de café. Conclusão: O câncer gástrico, sendo um dos tumores malignos mais comuns tanto no sexo masculino quanto feminino, deve ser sempre aventado diante de um paciente com sintomas dispépticos e quadro consumitivo associado. Deve-se aliar a clínica ao arsenal disponível para investigação para detecção precoce e tratamento curativo adequado. 60 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 ANAIS AL ON G AMENT O A TIV O E P ASSIV O, UM ES TUDO C OMP ARA TIV O ALON ONG AMENTO ATIV TIVO PASSIV ASSIVO ESTUDO COMP OMPARA ARATIV TIVO EM GIN AS TAS INICIANTES DO MUNICÍPIO DE MAN AUS MANA US,, GINAS AST AMAZON AS AMAZONAS AS,, BRASIL KEMEL JOSÉ FONSECA BARBOSA, MARIA DAS DORES LIMA DE AGUIAR RESUMO: (Introdução e Objetivos): o estudo sobre a flexibilidade tem aumentado no inicio deste século, principalmente em função do grande número de lesões ortopédicas. Hoje em dia, porém, há um grande consenso entre os estudiosos ao caracterizar a flexibilidade como um importante componente da aptidão física (Abdllah, 2002), e não apenas como uma qualidade restrita ao atleta. Dentro desta abordagem, diz-se que o tecido conjuntivo oferece resistência ao desenvolvimento da flexibilidade. Araújo (1990) menciona que a flexibilidade é uma qualidade com base na modalidade articular, que permite o máximo de percurso das articulações em posições diversas, possibilitando a realização de ações motoras com grande amplitude. (Metodologia) a flexibilidade tem várias limitações mecânicas. Onde destacamos: excesso de gordura ou massa muscular, pessoas obesas geralmente fracas e flexíveis, como causa da combinação da fraqueza com a flexibilidade; a flexibilidade é de pouco valor funcional, em alguns grupos musculares, o limite mecânico ocorre pelo impedimento da aproximação do tronco aos membros inferiores, assim como peso excessivo do corpo pode tornar flácido o ligamento. Sabendo-se que a flexibilidade é extremamente importante na prática da ginástica olímpica para população de crianças de diferentes grupos em regiões brasileiras e pelo mundo. (Conclusões) nos testes comparativo da flexibilidade ativa e passiva apresentou resultados significativos nos escolares do sexo feminino da flexibilidade ativa, sendo ainda pouco significativa a diferença entre elas (ativa e passiva) para ambos os sexos. PalavrasChave: Alongamento passivo, massa muscular, flexibilidade ativa. Correspondência para: [email protected], [email protected]. AN ÁLISE D AS T ORA COT OMIAS DE EMER GÊN CIA ANÁLISE DAS TORA ORAC EMERGÊN GÊNCIA A N O PR ONT O-SOC ORR O 28 DE A GOS TO E N O RESSUSCIT ATIV NO RESSUSCITA TIVA NO PRONT ONTO-SOC O-SOCORR ORRO AGOS GOST PR ONT O-SOC ORR O JOÃ O LÚCIO PEREIRA MA CHADO PRONT ONTO-SOC O-SOCORR ORRO JOÃO MAC BIANCA CORRÊA ROCHA, ADALBERTO CAORU, SAULO BATISTA COUTO, RAQUEL BARCELOS, VALÉRIA CARVALHO, GISELLE SARAIVA, FERNANDO LUIZ WESTPHAL Introdução: O trauma torácico constitui uma das maiores causas de morte em todas as idades e representa entre 25 a 50% injúrias traumáticas. Objetivos: Analisar casos de pacientes submetidos à toracotomia de emergência ressuscitativa na sala de emergência (S.E.), decorrente de trauma torácico. Pacientes e Métodos: Trata-se de um estudo transversal e observacional, com análise de prontuários médicos por meio de um protocolo de pesquisa, nos pronto-socorros de referência em Manaus (AM). Foram incluídos pacientes acima de 13 anos submetidos à toracotomia de emergência decorrente de trauma torácico no período de 15 de outubro de 2006 a 15 de junho de 2007. Resultados: Foram identificadas 38 toracotomias, sendo oito (29,4%) na S.E., dos quais, todos eram do sexo masculino. A faixa etária variou de 16 a 29 anos. Desses pacientes, quatro (50,0%) foram atendidos no PS João Lúcio Pereira Machado e quatro (50,0%) no PS 28 de Agosto. O Samu esteve presente em 37,5% (3) dos casos, enquanto 62,5% (5) dos pacientes tiveram outro tipo de atendimento pré-hospitalar. Quanto ao tipo de trauma, houve três (37,5%) ferimentos por arma branca, quatro (50,0%) por arma de fogo e 1 (12,5%) do tipo contuso. Sobre o status fisiológico na admissão, 50% (4) apresentavam grau I, 12,5%(1) grau II e grau III e 25%(2), grau IV. Os procedimentos realizados foram exploração da cavidade torácica (25%), massagem cardíaca interna (100%), clampeamento de aorta descendente (37,5%%) e introdução de Sonda de Foley no ventrículo esquerdo (12,5%). A taxa de mortalidade na sala de emergência foi de 100%, enquanto que 33,2% dos pacientes tratados no centro cirúrgico evoluíram para óbito. Conclusões: A toracotomia na sala de emergência não se demonstrou eficaz no contexto socioeconômico do Amazonas, assim como a presença do Serviço Móvel de Urgência – Samu não teve influência sobre a mortalidade dos pacientes. Jovens do sexo masculino foram os mais acometidos. Não houve sobreviventes entre os pacientes submetidos à toracotomia na sala de emergência. revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 61 ANAIS AN ÁLISE DOS EFEIT OS DO ÓLEO DE C OP AÍB A E DO T AL CO ANÁLISE EFEITOS COP OPAÍB AÍBA TAL ALC NA C AVID ADE PLEURAL DE RA TOS VIDADE RAT CA SAULO BATISTA COUTO, SILVIA ROCHA NAKAJIMA, RISONILCE SOUZA, BIANCA ROCHA, JOSÉ CORREA LIMA NETTO, LUIZ CARLO DE LIMA, FERNANDO LUIZ WESTPHAL Introdução: A Amazônia é a maior reserva de produtos naturais do planeta, entretanto, estudos atualizados sobre os efeitos medicinais destes são escassos. Objetivo: Analisar as alterações anatomopatológicas desencadeadas na cavidade pleural de ratos pelo óleo-resina de copaíba e talco. Material E Métodos: Trata-se de um estudo experimental e prospectivo com 72 ratos da raça Ratus novergicus var. Wistar, machos, com peso médio de 191,6 g. Dividiu-se aleatoriamente em três grupos: Controle (1 ml de soro fisiológico 0,9%); Copaíba (0,4 ml de óleo de copaíba puro) e Talco (60mg diluído em 1 ml de soro fisiológico 0,9%), tendo cada grupo 24 animais. Alocou-se, por sorteio, em outros quatro subgrupos de acordo com os períodos previstos para aplicação das substâncias, observação e análise macroscópica correspondentes 24, 48 e 72 horas e 504h. Resultados: Durante a evolução, seis animais (8,3%) morreram, sendo todos do grupo copaíba, um deles de 24h e os demais de 504h. Entre a cirurgia e a morte, 51,4% dos animais apresentaram perda ponderal, principalmente no grupo copaíba, no qual todos os ratos dos tempos 48 e 72h apresentaram a alteração. Não houve relação entre a perda ponderal e o óbito dos ratos. À análise macroscópica, no tempo de 24h, a copaíba foi a substância que mais provocou reação na cavidade torácica, estando todos os animais do grupo com algum grau de alteração. No tempo de 48h, o grupo copaíba destacou-se por apresentar 66,6% dos ratos com reação inflamatória moderada. Conclusão: Constatou-se uma maior mortalidade no grupo copaíba, que se mostrou extremamente irritante para a pleura e parênquima pulmonar de ratos e o talco, moderadamente irritante. ASC ARIDÍASE BILIAR C OMPLIC AD A – REL ATO DE C ASO ASCARIDÍASE COMPLIC OMPLICAD ADA RELA CASO CLÍNICO JONAS R. MENEZES FILHO, RUBEM ALVES DA SILVA JR., LUCIANO SANTOS LOURENÇO, JESSÉ BISCOSIN TORRES, EVANDRO AGUIAR AZEVEDO, CELSO OLIVEIRA FILHO VIANEZ, T. N.; PINHEIRO, C. C. Introdução: A infecção por Ascaris lumbricoides (AL) é uma das mais comuns helmintíases humanas. Apesar da alta prevalência da ascaridíase em nosso meio (as estimativas são de ¼ da população mundial e 39% da população brasileira infestadas). Entre as complicações da Ascaridíase a obstrução intestinal é a mais comum e achados de AL em colédoco mais raras, sendo o acometimento mais freqüente em população pediátrica. Relato De Caso: Relatamos no presente trabalho um caso de Ascaridíase biliar em homem adulto jovem complicada e sua condução no Serviço de Cirurgia Abdominal do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), cujos helmintos permaneceram mortos no interior do colédoco após tentativa de tratamento clínico, propiciando colestase e pancreatite. Discussão: A migração dos vermes adultos para a via biliar e suas excretas causa irritação da árvore biliar que resulta em cólicas biliares e espasmos do esfíncter de Oddi, com obstrução biliar parcial. Pode ainda levar a resposta inflamatória intensa que provoca necrose ductal, calcificações, litíase, estenose, fibrose, colecistite acalculosa, colangite e abcessos hepáticos. A pancreatite associada com ascaridíase resulta da obstrução causada pelo verme no ducto pancreático ou da obstrução do ducto biliar comum. Conclusão: Em países em desenvolvimento, com condições precárias de saneamento básico deve-se levar em conta a Ascaridíase como causa de doença obstrutiva biliar ou pancreática e conseqüente causa de colangite e/ou pancreatite. O conhecimento do quadro clínico e suas complicações, além das diferentes opções de tratamento deve ser de domínio dos todos os médicos. Palavras-Chave: Ascaris, Colédoco, Pancreatite. Correspondência para: lleoguimarã[email protected] 62 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 ANAIS ATITUDE DE ENFERMEIR OS PSIQUIA TRAS EM REL AÇÃ O À ENFERMEIROS PSIQUIATRAS RELA ÇÃO DOEN Ç A MENT AL E A O P ACIENTE MENT AL MENTAL AO PA MENTAL DOENÇ THOMAZ DÉCIO ABDALLA SIQUEIRA RESUMO: Introdução: A saúde mental engloba todas as diversas formas de atuação profissional, na questão do doente mental. Isso permite abordamos o assunto desde a história clássica da psiquiatria até a atualidade e o modo como são planejados e executados os atuais Programas de Saúde Mental tanto no Brasil quanto no Japão, exigindo dos referidos profissionais de enfermagem, com especialização em psiquiatria, experiências e conhecimentos, tanto da Psiquiatria como especialidade, como do arsenal da Saúde Pública, inclusive no Planejamento de Saúde. Metodologia: este estudo foi realizado por meio de um questionário em uma população de 184 enfermeiros de hospitais psiquiátricos de Okayama – Japão, sendo 38 do sexo masculino e 142 do sexo feminino, 4 respondentes não respondeu esse item, com a idade média de 39 anos. Resultados: no Brasil, a pesquisa foi desenvolvida na cidade de São Paulo com uma população de 144 enfermeiros, sendo 49 do sexo masculino e 93 do sexo feminino, 2 respondentes não responderam esse item, com a idade média de 32 anos. Os dados foram cruzados, observando que tanto os japoneses quanto os brasileiros apresentaram atitudes preconceituosas em relação à possibilidade de um ex-paciente de doença mental trabalhar em atividades onde se requer capacidade intelectual mais estruturada, aceitando apenas que o ex-paciente engaje em atividade que requer habilidade manual. Conclusão: evidenciou-se que o instrumento utilizado na coleta de dados foi eficiente em detectar as opiniões de profissionais na área de saúde. Palavras-Chave: Saúde Mental, Transtorno Mental, Paciente Mental. Correspondência para: [email protected] AVALIA ÇÃ O DO ES TRESSE O XID ATIV O N O PRÉ E PÓSALIAÇÃ ÇÃO ESTRESSE OXID XIDA TIVO NO OPERA T ÓRIO EM P ACIENTES C OM DIA GN ÓS TIC O DE CÂN CER OPERAT PA COM DIAGN GNÓS ÓSTIC TICO CÂNCER G ÁS TRIC O SUBMETIDOS À CIR UR GIA CURA TIV A ÁSTRIC TRICO CIRUR URGIA CURATIV TIVA GERSON SUGUIYAMA NAKAJIMA, ALFREDO COIMBRA REICHL, EMERSON SILVA LIMA, SILVIA ROCHA NAKAJIMA, ANDRÉ LUÍS DE SOUZA GALVÃO É conhecida na literatura a participação dos radicais livres na fisiopatologia de doenças, como inflamações, doença de Parkinson, aterosclerose e câncer. Em função das inúmeras etilogias destas, os dados relacionados com os fatores oxidativos devem ser interpretados com cautela e cruzados com outros parâmetros fisiopatológicos antes de uma relação ser proposta. Objetivo: Investigar a relação do estresse oxidativo com a fisiopatologia do câncer gástrico. Metodologia: Trata-se de estudo prospectivo em que se mensuraram os níveis séricos de marcadores do perfil oxidante/antioxidante em 15 pacientes com diagnóstico de câncer gástrico submetidos à cirurgia curativa. Foi realizada coleta de sangue do paciente no pré-operatório, e nova coleta no 30.° dia após a cirurgia. No sangue foram dosadas: capacidade antioxidante total, capacidade oxidante total, grupos sulfidrilas, malondialdeído, bilirrubina, albumina, ácido úrico, proteínas totais e magnésio. Resultados E Discussão: Dos parâmetros analisados, os níveis da capacidade oxidante total foram menores na segunda coleta (11,167±7,08) quando comparada com a primeira coleta (37,21±25,3) e os níveis dos grupos sulfidrilas, ao contrário, foram maiores na primeira (0,175±0,04) do que na segunda coleta (0,120±0,03). Os demais parâmetros analisados não mostraram diferenças estatisticamente significantes entre os dois períodos analisados. Conclusão: Apesar do pequeno número de pacientes analisados, conclui-se que parece haver uma diminuição do estresse oxidativo no pós-operatório de pacientes submetidos à gastrectomia curativa de câncer gástrico. Local de realização: FCECON; Faculdade de Farmácia, Ufam. Correspondência para: [email protected]; [email protected] 37 Professor pós-doutor da Faculdade de Educação Física – FEF da Universidade Federal do Amazonas – Ufam . revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 63 ANAIS AVALIA ÇÃ O FUN CION AL DO EQUILÍBRIO E D A QU ALID ADE DE ALIAÇÃ ÇÃO FUNCION CIONAL DA QUALID ALIDADE VID A EM IDOS AS SUBMETID AS A UM PR OGRAMA DE SUBMETIDAS PROGRAMA VIDA IDOSAS REABILIT AÇÃ O REABILITA ÇÃO MARCOS GIOVANNI SANTOS CARVALHO, GYSELLE POMAR FALCÃO; AMANDA MELO DE ANDRADE RESUMO: A população idosa mundial cresceu nas últimas décadas e esse aumento repercute na estrutura dos países. Com o passar dos anos, o organismo humano passa por um processo natural de envelhecimento sofrendo modificações funcionais e estruturais que diminuem a vitalidade e favorecem o aparecimento de doenças. As alterações mais freqüentes que ocorrem com o envelhecimento são: a perda da mobilidade, diminuição do equilíbrio funcional e aumento do risco de quedas. Este estudo teve como objetivo investigar o impacto de um programa de reabilitação aplicado em idosas na qualidade de vida e equilíbrio funcional. Foram avaliadas 10 voluntárias, participantes do Serviço Social do Comércio (Sesc), que foram submetidas ao Timed Get up & go test (TUG) e a aplicação de um questionário genérico de qualidade de vida Medical Outcomes Study 36 – item Short Form Health Survey (SF-36). Após terem sido avaliadas, foram submetidas a um programa fisioterapêutico durante 6 semanas, sendo posteriormente reavaliadas. Para a análise estatística, foram aplicados os testes de Shapiro-Wilk e t de student e os resultados mostraram uma melhora estatisticamente significativa (p < 0,05) no TUG de 10,2 ± 2,39 seg para 8,4 ± 1,5 seg, e em 3 domínios do SF-36: capacidade funcional de 51 ± 18,52 para 72,5 ± 12,96, vitalidade de 65 ± 19,43 para 81± 23,06 e estado geral de saúde de 69,2 ± 19,68 para 84,7 ± 14,82. Os resultados obtidos neste estudo permitem concluir que um programa fisioterapêutico aplicado em idosas promoveu uma melhora significativa na mobilidade, risco de quedas e capacidade funcional, e na qualidade de vida dessa população. palavras-chave: idosas, envelhecimento, qualidade de vida, equilíbrio funcional, programa fisioterapêutico. Correspondência para: [email protected] Instituição: Universidade Paulista (Unip) campus Manaus AVALIA ÇÃ O TÉCNIC A DOS ESFIGMOMANÔMETR OS DE ALIAÇÃ ÇÃO TÉCNICA ESFIGMOMANÔMETROS COL UN A N O HOSPIT AL UNIVERSIT ÁRIO GETÚLIO V AR G AS OLUN UNA NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO VAR ARG MARIA ELIZETE DE ALMEIDA ARAÚJO, ANDERSON DA PAZ PENHA, SILVIA ROSANE SANTOS DE SOUZA MARY JOYCE MAGALHÃES, BRENA DE LOURDES AGUIAR LIMA, FRANCISCA GARCIA DA ROCHA, SIDNEY DUARTE GALVÃO Introdução: Na prática médica, os Esfigmomanômetros Mecânicos de Líquido Manométrico (EMLM) são utilizados para a medição não-invasiva da pressão sangüínea arterial por meio de uma braçadeira inflável, configurando-se como importantes agentes diagnósticos e preventivos de Hipertensão Arterial Sistêmica, quando em condições adequadas de calibração e uso. Objetivos: Avaliar as condições técnicas dos EMLM disponíveis no Hospital Universitário Getúlio Vargas – HUGV e no Ambulatório Araújo Lima – AAL. Métodos: Foram avaliados 12 EMLM por intermédio de inspeção visual e ensaios de verificação, em parceria com o Ipem-AM, de acordo com a Portaria n.º 153/2005 Inmetro, utilizando-se o equipamento Onneken-Thommen Calibrator, modelo OM 631.000 S. resultados: Na inspeção visual, foram identificados defeitos físicos em 50% dos aparelhos, a saber: a) Pêra – 4 colabadas, 2 derretidas, 3 com microfuros; b) Manguito – 2 colabados, 1 derretido, 3 com microfuros. Quanto aos ensaios de verificação apontaram a presença de bolhas de ar no mercúrio de 2 EMLM. Não foram encontradas alterações na válvula de deflação e na escala graduada de nenhum manômetro. Conclusões: Os manômetros de mercúrio continuam sendo os mais fidedignos em qualquer comparação experimental realizada com aneróides ou digitais. Apesar disso, a conservação inadequada e a falta de calibração periódica dos aparelhos favorecem aferições imprecisas e erros diagnósticos. Nesse sentido, aponta-se a importância da Tecnovigilância para a redução de riscos à saúde no âmbito hospitalar. Palavras-chave: Esfigmomanômetro de Coluna, Tecnovigilância, HUGV. Correspondência para: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] 64 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 ANAIS C AR CIN OMA P APILÍFER O REN AL ARCIN CINOMA PAPILÍFER APILÍFERO RENAL LEONARDO SIMÃO COELHO GUIMARÃES, RUBEM ALVES DA SILVA JÚNIOR; EVANDRO AGUIAR AZEVEDO, LAURA BIANCA C. FRAIJI, JESSÉ BISCONSIN TORRES; LUCIANO SANTOS LOURENÇO Introdução: Os carcinomas de células renais representam aproximadamente 1 a 3% de todas as neoplasias viscerais. São responsáveis por 85% das neoplasias renais primárias. Geralmente são adenocarcinomas. Mais freqüentemente ocorre em indivíduos entre a sexta e a sétima década de vida, mostrando uma predominância masculina na proporção de 3:1(1,2).1 O carcinoma papilífero de células renais, inicialmente descrito em 1976, representa apenas 10% dos carcinomas renais.2 Relato De Caso: Paciente 62 anos, feminino, admitida com queixa de dor abdominal em flanco esquerdo, de leve intensidade, em peso, de caráter intermitente associada a plenitude pós-prandial havia 8 meses. A paciente apresentava uma massa palpável em flanco esquerdo, de aproximadamente 5 centímetros, sem evidências de nodulações. A T.C. de abdome confirmou a presença da tumoração em retroperitônio, cuja suspeita diagnóstica inicial foi de sarcomatose retroperitonial. No intra-operatório foi evidenciada uma massa em retroperitônio que tinha contigüidade com o pólo superior do rim esquerdo. Realizou-se nefrectomia radical em bloco com a lesão tumoral, firmando-se diagnóstico histopatológico de carcinoma papilífero renal, estágio II. Discussão: Apesar de classicamente descrito como a tríade: dor em flancos, hematúria grosseira e massa renal palpável, esse quadro é observado em apenas 10% dos pacientes e representa a doença avançada2. Quadro que não se configurou no caso em questão, tornando difícil o diagnóstico. Corrobora ainda com a insuspeita diagnóstica a não evidenciação disto em exames de imagem previos. Conclusão: A cirurgia tem papel relevante, sendo a remoção total do tumor com margem de segurança, a melhor opção curativa para o carcinoma do rim.2 Palavras-Chave: Carcinoma Papilífero Renal, Câncer Renal Correspondência para: lleoguimarã[email protected] C OL AN GITE A GUD A SUPURA TIV A OLAN ANGITE AGUD GUDA SUPURATIV TIVA LANA MÁRCIA E. RODRIGUE, EVANDRO AGUIAR AZEVEDO, LUCIANO SANTOS LOURENÇO, LAURA BIANCA C.FRAIJI, JESSÉ B. TORRES, ANDERSON RICARDO S. CANÇADO Introdução: Colangite aguda é uma síndrome definida clinicamente, causada por obstrução do ducto biliar parcial ou total com infecção ascendente de patógenos intestinais. Os sintomas clínicos típicos que levam ao diagnóstico da colangite aguda são: dor abdominal, icterícia, febre com calafrio, descritas como tríade de Charcot. Cerca de 70% dos pacientes apresentam estes sintomas,podendo evoluir para uma doença sistêmica progressiva rapidamente, acrescida de hipotensão e delírio, conhecida como pêntade de Reynolds. A infecção tem como germes mais freqüentes organismos entéricos gram-positivos (Escherichia coli e Klebsiella sp), e os gram-negativos (Enterococcus). Objetivo: O diagnóstico por imagem pode ser feito por Ultra-sonografia, tomografia computadorizada, colangiografia endoscópica (padrão ouro), colangiografia por ressonância nuclear magnética, sendo os mais utilizados. O tratamento consiste em drenagem da via biliar. Material e Métodos: Relato de caso; M. J. P. S., 33 anos, feminino, cor parda, natural e procedente de Manaus-AM, relatou quadro de dor em hipocôndrio direito e epigástrio. Evoluiu com piora da dor, febre alta intermitente, náuseas, vômitos biliosos, icterícia e colúria. Foi submetida à colecistectomia com exploração das vias biliares e colocação de dreno de Kehr no colédoco. Conclusão: paciente com sintomas colestáticos associados à febre e dor abdominal devem ser investigados para afastar a possibilidade de tratar-se de colangite, em caso de diagnósticos dela, devem receber antibiótico e suporte hidroeletrolítico adequado e apenas após melhora do quadro clínico deverá ser submetido ao procedimento cirúrgico. Instituição: Hospital Universitário Getúlio Vargas. HUGV/UFAM Correspondência para: lanamá[email protected] revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 65 ANAIS CORPO ES TRANHO N O APÊNDICE VERMIF ORME – REL ATO DE ESTRANHO NO VERMIFORME RELA CASO CLÍNICO LANA MÁRCIA ESTEVES RODRIGUES, EVANDRO AGUIAR AZEVEDO, LUCIANO SANTOS LOURENÇO, LAURA BIANCA C. FRAIJI, JESSÉ B. TORRES, DANIEL CARRIJO MARQUES Introdução: A presença de corpo estranho no intestino grosso pode ocorrer por ingesta ou introdução de objeto pelo ânus. A ingesta de corpo estranho é um evento relativamente comum, mas raramente determina sintomatologia, já que 80 a 90% deles passam sem complicações pelo trato alimentar, sendo eliminados pela via natural. Objetivo: Relatar o caso de garimpeiro que apresentou corpo estranho (metálico) no apêndice vermiforme. Materiais e Métodos: Paciente A. B. F., 48 anos, sexo masculino, natural Porto Velho/RO, procedente de Manaus/ AM, profissão comerciante, cor branca. Relata que há mais ou menos 8 meses, dor lombar. Abdome globoso, flácido, doloroso a palpação profunda em hipogástrio, RHA positivo, DB negativo, sem visceromegalia. Na história psicossocial relata que trabalhou há +/- 5anos no garimpo de Porto Velho. Rx de abdome mostrou corpo estranho radiopaco. Tomografia de abdome evidenciou corpo estranho na junção ureterovesical. Na urografia excretora nenhuma obstrução no trato urinário. Na colonoscopia foi evidenciado presença de um pólipo em sigmóide, cólon e retos normais. O paciente foi encaminhado ao serviço e cirurgia abdominal do HUGV, onde foi submetido à laparotomia exploradora. No ato cirúrgico, presença de abaulamento em região distal do apêndice. Realizado apendicectomia. Histopatológico mucosa de intestino grosso em condições habituais. Aguardo análise do corpo estranho pelo setor de geologia da Ufam. Resultado: Corpo metálico no apêndice vermiforme. Conclusão: Consiste num caso raro, com pouca sintomatologia, e a localização do corpo estranho. Correspondência para: [email protected] CREN Ç AS IRRA CION AIS E A UT OACEIT AÇÃ O IN CONDICION AL: CRENÇ IRRACION CIONAIS AUT UTOO-A CEITA ÇÃO INC ONDICIONAL: UM ES TUDO V OL TADO P ARA A TRANSPOSIÇÃ O D A TEORIA DE ESTUDO VOL OLT PARA TRANSPOSIÇÃO DA ALBER T ELLIS EM UMA POPUL AÇÃ O DE ADOLESCENTES ALBERT POPULA ÇÃO THOMAZ DÉCIO ABDALLA SIQUEIRA, EDA TEREZINHA DE OLIVEIRA TASSARA Resumo: Introdução: Foram utilizados os pressupostos teóricos da Terapia Racional-Emotivo-Comportamental desenvolvida em 1955 por Albert Ellis e apresentada em uma conferência proferida no congresso da American Psychological Association (GRIEGER, 1985). Objetivo e Método: Baseia-se no tratamento dos distúrbios emocionais e segue o modelo educacional de aprendizagem cognitiva. Procura tornar as mudanças cognitivas mais duradouras por meio do estudo do comportamento racional-emotivo da seguinte forma: (a) de como as pessoas desenvolvem e podem superar suas perturbações; (b) do detectar de crenças irracionais; (c) do debater, discriminando e disputando crenças irracionais; (d) do mudar com novos efeitos ou teorias. Resultados: O modelo terapêutico da REBT é ativo, diretivo e educacional (ELLIS & DRYDEN, 1987; ELLIS, 1984; WALLEN, DiGIUSEPPE & WESSLER, 1980). Foram aplicados os Inventários de Crenças Irracionais, por Charles Newmark, Ruth Ann Frerking, Louise Cook e Linda Newmark (1973) – Crenças Irracionais, por Ellis e Hayslip (1994) e Formulário de Auto-ajuda da REBT, por Sichel e Ellis (1984), e a Escala de Crenças (JOHN M. MALOUFF & NICOLA S. SCHUTTE, 1986). Conclusão: Verificamos como as crenças irracionais em relação à auto-aceitação incondicional. A análise destas informações ofereceu subsídios para a formulação de políticas públicas voltadas para a socialização dos jovens, por intermédio de práticas desportivas e de lazer competentes. Palavras-Chave: Crenças Irracionais, Terapia Racional-EmotivoComportamental, Práticas Educativas. 39 Correspondência para: [email protected] 66 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 ANAIS CUID ADOS DE ENFERMA GEM A O P ACIENTE SUBMETIDO À CUIDADOS ENFERMAGEM AO PA DERIV AÇÃ O VENTRICUL AR EXTERN A – D VE ÇÃO VENTRICULAR EXTERNA DVE DERIVA ADRIANY ALVES PINTO DINIZ ARAÚJO Introdução: Paciente neurológico que apresenta hidrocefalia por processo expansivo, trauma, malformação congênita e hemoventrículo (rotura de aneurisma) no geral são submetidos à derivação ventricular externa em função do caráter de urgência necessitando de cuidados de enfermagem específicos para esta conduta. Objetivo: Mostrar sobre dispositivo implantável neurológico – a Derivação Ventricular Externa, assim como seus cuidados de enfermagem ao paciente que desenvolveu hidrocefália. Metodologia: Abordagem teórico-científica. Conclusão. Hidrocefalia é uma doença grave que consiste no excesso de liquor dentro da cavidade intracraniana em conseqüência da alteração na produção, fluxo ou absorção do liquido cefalorraquidiano (LCR), caracterizando-se pelo aumento anormal no volume do liquor no sistema ventricular, sob pressão aumentada, produzindo dilatação passiva dos ventrículos. Em RN e lactentes em razão das fontanelas ainda estarem abertas e ganham proporções descomunais. O líquido cefalorraquidiano é produzido dentro dos ventrículos pelo plexo coróide e é reabsorvido principalmente para o espaço subaracnóide que circunda o cérebro. Os pacientes que apresentam alterações podem ser capazes de levar a este processo como, superprodução do líquido cefalorraquidiano pelo plexo coróide, obstrução do sistema ventricular e reabsorção alterada do líquido no espaço subaracnoide. No geral, a conduta para as situações, quando não há drenagem do líquor de forma fisiológica, a intervenção da derivação ventricular externa dá-se em situação emergencial requerendo da equipe de enfermagem cuidados específicos. Correspondência para: [email protected] DIA GN ÓS TIC O OR G ANIZA CION AL DO HOSPIT AL DIAGN GNÓS ÓSTIC TICO ORG ANIZACION CIONAL HOSPITAL UNIVERSIT ÁRIO GETÚLIO V AR G AS POR MEIO DO MANU AL DE UNIVERSITÁRIO VAR ARG MANUAL ACREDIT AÇÃ O HOSPIT AL AR (MAR ÇO – ABRIL DE 2007) CREDITA ÇÃO HOSPITAL ALAR (MARÇO DIRCEU BENEDICTO FERREIRA, ROSEMARY ALVES DE ALMEIDA, BRUNO CORRÊA ELAMIDE FATIMALINE GURGEL DE SOUZA AVELINO, ANDRÉA GUERREIRO MACHADO, LAÍZA ARRUDA PINHEIRO Introdução: Hospitais Universitários precisam ser qualificados quanto à infra-estrutura, processos e resultados, pois além da assistência prestada ao SUS, são referência aos acadêmicos da área da saúde. Uma das formas de avaliar um hospital é pela Acreditação Hospitalar, enquadrando-se em um dos 3 níveis de complexidade. O Nível–1 engloba as exigências mínimas. Objetivo: Verificar as condições de estrutura e funcionamento do HUGV, considerando Nível–1. Métodos: Visitas aos setores e entrevistas com profissionais foram realizadas pelo orientador e acadêmicos do PET-Medicina. Nas entrevistas utilizou-se o protocolo de Acreditação Hospitalar com mais de 700 perguntas, cujas respostas admitiam apenas «sim» ou «não». Considerou-se atingido o Nível–1 se houvesse 100% de conformidades. Resultados: Percentuais: Serviços de Apoio ao Diagnóstico = 99%; Administração Hospitalar = 80%; Atenção ao Paciente = 75,1%; Serviços Assistenciais e de Abastecimento = 74,6%; Ensino/ Pesquisa/Educação = 72,5%; Estrutura Físico-Funcional = 67,3%. Conclusão: Nenhuma seção obteve 100% de conformidade, mostrando que o HUGV não atinge o Nível–1. É imprescindível estruturá-lo para atingir as exigências mínimas de prestação de serviços assistenciais, além de melhorar a qualidade oferecida em termos de ensino, pesquisa e gestão hospitalar. Palavras-chave: Avaliação institucional; Acreditação Hospitalar; Gestão hospitalar. Financiamento: Bolsas do PET, MEC/SESu/Depem. Agradecimentos: Ao diretor do HUGV, Dr. Raymison M. Souza (MsC), à coordenadora administrativa, Francinely Bastos de Alencar, aos demais integrantes do PET-Medicina e a todos os entrevistados. Correspondência para: [email protected] revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 67 ANAIS DUPLICID ADE PENIAN A – UMA AN OMALIA RARA DUPLICIDADE PENIANA ANOMALIA MARIA AUXILIADORA NEVES DE CARVALHO, BRUNA CECÍLIA NEVES DE CARVALHO, RODRIGO PADILHA, DANIELLE WESTPHAL, LUCIANE MORAL Introdução: A duplicidade peniana é uma anomalia rara com uma incidência de 1 para 5.500.000. Embrilogicamente parece estar associada a uma falha nas bandas mesodérmicas. Na maioria dos casos está associada a outras malformações dos sistemas: reprodutor, digestivo e excretor e deformidades vertebrais. Objetivo: Por ser uma anomalia rara, com apenas 100 casos descritos na literatura, a sua apresentação torna-se importante, pela raridade e conduta dotada. Metodologia: Apresentamos o caso clínico de RSB, 1 ano e 6 meses de idade, sexo masculino, que procurou o Instituto da Criança do Amazonas (Icam) com a queixa de possuir 2 pênis. Ao exame físico, observou-se que ambos os pênis nasciam juntos da bolsa escrotal e somente por um deles havia saída de urina. Uma cistoscopia e exames de imagem foram realizados. Resultado: Optou-se pela remoção cirúrgica do pênis, cuja uretra terminava em fundo cego seguida de plástica peniana. Conclusão: O caso está sendo apresentado pela sua raridade e complexidade assim como pela técnica cirúrgica adotada e como alerta para a necessidade de se investigar sempre outras anomalias associadas, principalmente do sistema reprodutor e urinário para a completa elucidação e elaboração de plano terapêutico correto. Instituição: Instituto da Criança do Amazonas Correspondência para: [email protected] DUPLICID ADE URETRAL – AN OMALIA C ON GÊNIT A RARA DUPLICIDADE ANOMALIA CON ONGÊNIT GÊNITA MARIA AUXILIADORA NEVES DE CARVALHO, RODRIGO PADILLA, BRUNA CECÍLIA NEVES DE CRAVALHO, LUCIANE MORAL, DANIELLE CRISTINE WESTPHAL Introdução: É uma anomalia rara, mais freqüente no sexo masculino, que pode se acompanhar de outras malformações como: extrofia vesical, hipospádias ou epispádias e criptorquidia. Foi descrita pela primeira vez por Aristóteles. Objetivo: O objetivo deste trabalho é apresentar e discutir os achados clínicos, o tratamento e o diagnóstico de dois casos de duplicação uretral em crianças do sexo masculino. Metodologia: Procuraram o Instituto da Criança do Amazonas dois pacientes do sexo masculino com idades variando entre 6 meses e 10 anos e que apresentavam como queixa a presença de 2 orifícios na glande. O menor de 6 meses apresentava um quadro de postite grave que mereceu internação hospitalar para tratamento adequado, e o menor de 10 anos apresentava concomitância de hipospádia médio peniana sendo essa a queixa maior pela qual procurou o Icam. Resultados: Ambos os pacientes foram submetidos a tratamento cirúrgico especifico após a realização de exames de imagens para elaboração de conduta cirúrgica adequada. Conclusão: O trabalho está sendo apresentado pela sua raridade, pela importância da investigação de anomalias associadas, pela terapêutica adotada e pela época adequada para correção do defeito. Instituição: Instituto da Criança do Amazonas Correspondência para: [email protected] 68 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 ANAIS ECT OPIA TES TICUL AR TRANS VERS A: REL AT O DE C ASO ECTOPIA TESTICUL TICULAR TRANSVERS VERSA: RELA CASO MARIA AUXILIADORA NEVES DE CARVALHO, LUCIANE MORAL DA SILVA, BRUNA CECÍLIA NEVES DE CARVALHO, DANIELLE CRISTINE WESTPHAL, RODRIGO PADILLA Introdução: A ectopia testicular cruzada é uma entidade rara descrita pela primeira vez por Lenhossek em 1886 como um achado durante uma autópsia e posteriormente por Hasteld em 1907. Até o momento, pouco mais de 100 casos foram descritos na literatura. Trata-se de uma anomalia congênita na qual ambos os testículos penetram o mesmo canal inguinal podendo ocupar o mesmo escroto.Objetivo: Mostrar a importância da videolaparoscopia no diagnóstico e tratamento dos testículos impalpáveis, assim como nas ectopias testiculares transversas. Metodologia: Foram avaliados 2 pacientes do sexo masculino, que apresentavam testículo não palpável em bolsa escrotal e em região inguinal unilateral. Um dos pacientes apresentava hidrocele mais hérnia inguinal contralateral e o outro hipospádia peniana proximal. Resultados: Após a videolaparoscopia para a identificação do testículo não palpável, evidenciou-se em ambos que o testículo não palpável cruzava a linha média e adentrava o anel inguinal interno junto com o testículo pálpavel do lado contralateral. Conclusão: Ambos foram submetidos a cirurgia de Ombredane, porém o que apresentava hipospádia teve de ser submetido à cirurgia de Ombredane modificada. Instituição: Instituto da Criança do Amazonas Correspondência para: [email protected] ENDOMETRIOSE VESIC AL RECIDIV ANTE: REL AT O DE C ASO VESICAL RECIDIVANTE: RELA CASO JONAS RODRIGUES DE MENEZES FILHO, GIUSEPPE FIGLIUOLO, ANDRÉ LUIZ CAMPOS MANCINI, FELIPE JEZINI III, EDSON SARKIS GONÇALVES Introdução: A endometriose é definida como a presença de glândulas endometriais ou estroma fora da cavidade uterina. A incidência é de 10 a 15% das mulheres na pré-menopausa, sendo mais freqüente entre 25 a 45 anos. No trato urinário ocorre em 1 a 2% dos casos, sendo a bexiga o local mais comum (84%). Objetivo: Relatar um caso de endometriose vesical recidivada e a abordagem terapêutica. Paciente e Métodos: Paciente ECS, sexo feminino, 31 anos, nulípara, apresentando há dois anos disúria, hematúria cíclica e dor em hipogástrio no período pré-menstrual. USG transvaginal revelando nódulo sólido intravesical. Foi submetida à cistoscopia e ressecção de lesão vesical. O resultado histopatológico demonstrou endometriose de parede vesical. Iniciado tratamento com desogestrel 75mcg sem interrupção e cistoscopia de controle em três meses sem lesão vesical. Resultados: Após um ano do tratamento, paciente apresentou sintomas semelhantes e USG de controle mostrando recidiva da lesão vesical. Realizado nova ressecção da lesão vesical com histopatológico demonstrando endometriose recidivada. Iniciouse o tratamento com Zoladex 10,8 mg. Paciente em acompanhamento ambulatorial sem queixas. Conclusão: São raros os casos de endometriose do trato urinário e não se deve esquecer dos diagnósticos diferenciais. Portanto, o quadro clínico associado à cistoscopia nos dá subsídios para o tratamento, concluindo-se o diagnóstico pela histopatologia. Serviço de Urologia do Hospital Universitário Getúlio Vargas. Amazonas, Brasil. Correspondência para: [email protected] revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 69 ANAIS ES TUDO D A SITU AÇÃ O V ACIN AL DOS FUTUR OS CUID ADORES ESTUDO DA SITUA ÇÃO VA CINAL FUTUROS CUIDADORES DA S AÚDE D A UNIVERSID ADE FEDERAL DO AMAZON AS – DA UNIVERSIDADE AMAZONAS SA DIA GN ÓS TIC O SITU ACION AL DOS CURSOS DE MEDICIN A E DIAGN GNÓS ÓSTIC TICO SITUA CIONAL MEDICINA ODONTOLOGIA FABIANA PAULA DE SOUZA, IRACEMA DA SILVA NOGUEIRA A situação vacinal dos acadêmicos da área da saúde foi estudada e investigada, por se tratar de população vulnerável aos riscos derivados de sua profissão. Trata-se de um estudo exploratório-descritivo com abordagem quantitativa cujo objetivo geral foi avaliar a situação vacinal dos Futuros Cuidadores da Saúde da Ufam e específicos: verificar os conhecimentos dos acadêmicos dos Cursos de Medicina e Odontologia sobre vacinas e doenças imunopreviníveis, verificar se estudantes estão com esquema vacinal completo e atualizado, levantar os motivos alegados pelos alunos que porventura não completaram o esquema vacinal e encaminhá-los às Unidades Básicas de Saúde e propor estratégias de Educação em Saúde preventiva que certamente reduzirão as condutas arriscadas nesses futuros cuidadores da saúde, população vulnerável aos riscos decorrentes da profissão. A população abrangeu 777 sujeitos, sendo a amostra constituída de 193 (35,5%) alunos do Curso de Medicina e 60 (31,8%) do Curso de Odontologia. Para a coleta de dados utilizou-se um questionário. Quanto à caracterização dos sujeitos da pesquisa, os resultados indicaram que a maioria incluía-se no gênero feminino e os estudantes eram predominantemente jovens, faixa etária entre 18 a 25 anos. No que se refere aos dados específicos da pesquisa, os achados indicaram que 67% dos sujeitos não possuíam carteira de imunização, o que leva a inferir que esses sujeitos não estavam com o esquema vacinal completo e atualizado; 79% demonstraram deter conhecimento sobre imunização e doenças imunupreviníveis. Dentre os motivos alegados por aqueles sujeitos que não completaram o esquema vacinal, destacase: «falta de informação», «falta de interesse», « falta de tempo» e «perda da carteira de imunização». Os resultados obtidos permitem concluir que o conhecimento adquirido não está sendo posto em prática, sendo que tal conduta vai de encontro ao compromisso profissional no que tange ao atendimento da população sem sofrer e nem causar danos. Dentre as estratégias de Educação em Saúde, propõe-se fazer campanhas educativas e de vacinação dentro da própria Universidade; estabelecer como exigência a apresentação da carteira de vacinação antes de iniciar as aulas práticas e estágios curriculares; promover maior integração entre as Unidades Acadêmicas e o Centro de Assistência Integral à Saúde (Cais) com intuito de ampliar o processo de construção de uma consciência sanitária dos futuros cuidadores da saúde sobre a promoção da saúde e prevenção de doenças, notadamente as doenças imunopreviníveis, foco deste estudo. Palavras-chave: Cuidadores da Saúde, Doenças imunopreviníveis e Imunização. Correspondência para: [email protected] ES TUDO D A SITU AÇÃ O V ACIN AL DOS FUTUR OS CUID ADORES ESTUDO DA SITUA ÇÃO VA CINAL FUTUROS CUIDADORES DA S AÚDE D A UNIVERSID ADE FEDERAL DO AMAZON ASSA DA UNIVERSIDADE AMAZONASDIA GN ÓS TIC O SITU ACION AL DOS CURSOS DE ENFERMA GEM E DIAGN GNÓS ÓSTIC TICO SITUA CIONAL ENFERMAGEM FARMÁ CIA ARMÁCIA GABRIELA DIAMANTINA GOELLNER, IRACEMA DA SILVA NOGUEIRA Os acadêmicos da área da saúde têm um risco aumentado de aquisição e transmissão de algumas doenças imunopreviníveis pelo contato com pacientes ou materiais infectados. Desse modo, realizou-se o estudo exploratório-descritivo com enfoque quantitativo que objetivou avaliar a situação vacinal dos acadêmicos dos Cursos de Graduação em Enfermagem e de Farmácia da Ufam, que totalizou 408 estudantes. O grupo amostral abrangeu 33,6% dos alunos do Curso de Enfermagem e 34% do Curso de Farmácia. Utilizou-se o questionário para coleta de dados. Os resultados obtidos indicaram que a 70 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 ANAIS maioria dos sujeitos de ambos os cursos era do gênero feminino e estava na faixa etária entre 18 a 25 anos. Destaca-se que 28,6% dos acadêmicos do Curso de Enfermagem atuavam na área da saúde como técnicos de enfermagem. Quando solicitados a apresentarem a carteira de vacinação, constatou-se que 81% dos sujeitos da pesquisa apresentaram-na, sendo 44% do Curso de Enfermagem e 37% do Curso de Farmácia. Quanto às respostas referentes ao conhecimento sobre imunização e doenças imunopreviníveis, verificou-se que a maioria denotou ter conhecimento. Para os alunos que não completaram o esquema vacinal, os motivos alegados por eles foram: «falta de tempo», «falta de informação e interesse», «esquecimento», entre outros. Pode-se concluir que há um contingente significativo de acadêmicos que não possuem a carteira de vacinação pondo-os em situação de risco. Constatou-se também que 56% dos sujeitos do Curso de Enfermagem e 63% do Curso de Farmácia estavam com o esquema vacinal completo e atualizado. Palavras-chave: Imunização; Doenças Imunopreviníveis; Cuidadores da Saúde; Saúde do trabalhador Correspondência para: [email protected]; [email protected] ES TUDO F ARMA C OEPIDEMIOL ÓGIC O DOS INDIC ADORES D A ESTUDO FARMA ARMAC OEPIDEMIOLÓGIC ÓGICO INDICADORES DA PRÁ TIC A DE PRESCRIÇÃ O: INIBIDORES D A SECREÇÃ O PRESCRIÇÃO: DA SECREÇÃO PRÁTIC TICA G ÁS TRIC A E ANTIUL CER OGÊNIC OS O HOSPIT AL ÁSTRIC TRICA ANTIULCER CEROGÊNIC OGÊNICOS OS,, N NO HOSPITAL UNIVERSIT ÁRIO GETÚLIO V AR G AS UNIVERSITÁRIO VAR ARG PRISCILA MOREIRA PINTO, ÉLLEN R. DA C. PAES, EVANDRO DE A. SILVA, MARCÉLIA C. C. LOPES, MARIA E. ALMEIDA, TAIS GALVÃO, VIVIAN DO N. PEREIRA, MARIA V. DA S. VIANA, CLÁUDIA P. VALOIS, CLÁUDIO N. DO NASCIMENTO, EMANNUELLE C. DE QUEIROZ, FERNANDA G. SIMPLICIO, IARA F. DA SILVA, IZABELE I. B. CAVALCANTE, MARIA C. A. GUIMARÃES, PRISCILA M. PINTO, HELTON F. DOS A. CARDOSO Introdução: A qualidade e a quantidade da utilização de um medicamento em um grupo populacional está sob ação direta da prescrição clínica. Os indicadores das práticas de prescrição medem os cuidados de saúde fornecidos ao paciente internado. Objetivo: Medir e avaliar as prescrições dos medicamentos Inibidores da Secreção Gástrica (MISG) e Antiulcerogênicos (AU) no HUGV nos meses de fevereiro e março de 2006. Método: Estudo observacional descritivo e retrospectivo das prescrições da Clínica Medica (CM), Ortopédica (COT), Neurológica (Neuro), Cirúrgico (CCH), Pronto-Socorro (PSU) e Centro de Terapia Intensiva (CTI). Os dados foram plotados em uma tabela que continha os seguintes itens: (1) número de prescrições médicas; (2) número total de medicamentos prescritos; (3) número de prescrições com Inibidores da Secreção Gástrica (Misg) e Antiulcerogênicos (AU); número de Disg e AU prescritos; (4) e número de Disg e AU prescritos pelo total de Disg e AU. Resultados: Foram prescritos 44.555 medicamentos sendo 7,3% Misg e AU. A média do número de Disg e AU por prescrições com inibidores e antiulcerogênicos na CM foi 0,91; no PSU foi 0,98; no CCH foi 1.03; no CTI foi 1,04; no COT foi 0,99; e na Neuro foi 1,06. A porcentagem de Misg e AU prescritos na CM foi 8,92%; no PSU foi 6,56%; no CCH foi 9,02%; no COT foi 2,49%; e na Neuro foi 1,93%. Dos 3.256 Misg e AU prescritos, 0,52% foi de hidróxido de alumínio, 5,5% de omeprazol VO, 9,95% de omeprazol INJ, 33,2% de ranitidina VO, e 50,8% de ranitidina INJ. Conclusão: A prática da prescrição clínica é influenciada por múltiplos fatores que devem ser estudados na busca do uso racional de medicamentos. Este estudo revelou que ainda existe ausência de critérios para prescrever medicamentos Inibidores da Secreção Gástrica e Antiulcerogênicos, sendo necessário o estabelecimento de protocolos de prescrição objetivando o uso racional de medicamento, e redução de custos, beneficiando assim o paciente e a instituição. Instituição: Universidade Federal do Amazonas – HUGV Correspondência para: [email protected] revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 71 ANAIS EXTENSÃ O UNIVERSIT ÁRIA N A EDUC AÇÃ O C ONTINU AD A P ARA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA EDUCA ÇÃO CONTINU ONTINUAD ADA PARA O USO RA CION AL DE MEDIC AMENT OS EM MAN AUS – MEDICAMENT AMENTOS MANA RACION CIONAL AMAZON AS AMAZONAS MARIA ELIZETE DE ALMEIDA ARAÚJO, ANDERSON DA PAZ PENHA, SILVIA ROSANE SANTOS DE SOUZA, MARY JOYCE MAGALHÃES, BRENA DE LOURDES AGUIAR LIMA, JAQUELANE SILVA DE JESUS, FRANCISCA GARCIA DA ROCHA Introdução: A promoção do Uso Racional de Medicamentos (URM) está intrinsecamente relacionada ao ensino de práticas em saúde baseadas em evidência. Investigações no Hospital Universitário Getúlio Vargas – HUGV apontaram a necessidade de orientar profissionais para esta temática. Objetivo: Relatar as ações desenvolvidas em Manaus/ AM voltadas à educação continuada sobre o URM. Método: Foram elaborados projetos de extensão universitária submetidos à Proexti/Ufam, numa parceria entre a Faculdade de Farmácia da Ufam, a Gerência de Risco Sanitário Hospitalar e o Setor de Educação Continuada em Enfermagem do HUGV. Contou-se com palestrantes mestres e doutores da Ufam, USP-Ribeirão Preto e UFRGS. O público-alvo incluiu profissionais e acadêmicos de Enfermagem e Farmácia. Resultados: O «Curso de Uso Racional de Medicamentos» e «Curso de Preparo e Administração de Medicamentos por Via Parenteral» foram realizados em março e julho de 2006, respectivamente. Constaram aulas teóricas e orientações técnicas sobre a farmacoterapia racional, a aplicação de estudos de utilização de medicamentos e a formulação de protocolos operacionais. Totalizando cerca de 60 horas de atividades, aproximadamente 460 pessoas foram atingidas. Conclusões: Aponta-se para a necessidade de expansão destas ações a profissionais de outras instituições do Estado, a fim de fortalecer o compromisso com a promoção do URM, no esforço de garantir uma terapia medicamentosa eficaz e segura, conforme as demandas locais e respeitando as diferenças regionais em saúde. Palavras-chave: Extensão Universitária, Uso Racional de Medicamentos, Amazonas. Correspondência para: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] GIN ÁS TIC A L AB ORAL N O HOSPIT AL UNIVERSIT ÁRIO GETÚLIO GINÁS ÁSTIC TICA LAB ABORAL NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO VAR G AS (HUG V) – UMA A ÇÃ O INTEGRAD A C OM O SER VIÇO ARG (HUGV) AÇÃ ÇÃO INTEGRADA COM SERVIÇO ESPECIALIZADO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E MEDICIN A DO TRAB ALHO – SESMT MEDICINA TRABALHO KEEGAN BEZERRA PONCE, CLEVIS DE SOUZA BRUCE, KATHYA AUGUSTA THOMÉ LOPES, ROSANGELA MARTINS GAMA, LEONARDO CHAVES DA SILVA, EVA VILMA ALVES DA SILVA, VANUSA FABIANO ROSAS, ADRIA DA SILVA NOBRE, Introdução: Na atualidade o mercado de trabalho vem expondo as pessoas a níveis demasiados de distress, a ginástica laboral é uma ferramenta da ergonomia que compreende exercício físicos programados no local de trabalho, com o objetivo de prevenir lesões físicas, psicológicas e até mesmo problemas sociais. Objetivo: Este trabalho visa relatar a experiência desenvolvida por professores de Educação Física, na execução de um Programa de Ginástica Laboral, elaborado juntamente com o SESMT – HUGV. Método: as atividades ocorrem simultaneamente em dois espaços: 1 – na capela do Hospital e 2 – Prédio anexo, duas vezes por semana durante 15 minutos no período da manhã, são atividades que visam preparar os colaboradores para a jornada diária de trabalho, com exercícios de alongamento, fortalecimento muscular e relaxamento, com atividades individuais e coletivas. Resultados: Atualmente participam das atividades cerca de 40 colaboradores, sendo na sua maioria mulheres de meia-idade, e de setores variados. Conclusão: Tendo em vista a satisfação com que esses colaboradores fazem as atividades, em função de relatarem sentirse bem mais preparadas para o dia de labuta, com menos desconforto e dores, observamos ainda que a grande maioria dos homens ainda não participa por falta de conhecimento dos benefícios da ginástica e espera-se ampliar o atendimento para as clinicas e demais turnos de trabalho. Palavras-chave: Prevenção, ergonomia, trabalho. Instituições: UFAM e HUGV Correspondência para: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] 72 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 ANAIS HEMÓLISE INDUZID A POR PRIMA QUIN A EM UMA UNID ADE DE INDUZIDA PRIMAQUIN QUINA UNIDADE ATEN ÇÃ O TER CIÁRIA A AMAZÔNIA OCIDENT AL ÇÃO TERCIÁRIA CIÁRIA,, N NA OCIDENTAL TENÇÃ WILSON MARQUES RAMOS JÚNIOR; MARCUS VINÍCIUS GUIMARÃES DE LACERDA Introdução: A malária vivax produz formas hipnozoítas que são responsáveis pela recaída da malária. A primaquina é a única droga capaz de eliminá-los; no entanto, é muito tóxica. O principal efeito colateral é a anemia hemolítica, pois pode levar a graves repercussões hemodinâmicas, necessitando de internação hospitalar. Objetivo: Caracterizar os aspectos clínicos e laboratoriais da crise hemolítica, induzida por primaquina. Métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo, com revisão de prontuários de pacientes da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMTAM), com diagnóstico de hemólise, apresentando bilirrubina indireta (BI) maior que 1 mg/dl e BI maior que a bilirrubina direta (BD). Foram avaliados os principais sinais e sintomas durante a hospitalização, os dados laboratoriais de hemograma e bioquímica, além da presença de deficiência enzimática de G6PD, por teste qualitativo. Resultados: Foram analisados no estudo 36 pacientes (33 homens e 3 mulheres), sendo a média de idade 17 anos. 97,2% apresentavam icterícia; 94,4% palidez cutâneo-mucosa; 66,7% colúria; 63,9% vômitos; 30,6% desidratação; 19,4% febre; 8,3% oligúria e 2,8% cianose. O hematócrito obteve média de 20,6%; creatinina 1,3 mg/dl; BI 4,1 mg/dl; BD 0,4 mg/dl. Vinte e cinco pacientes foram testados para deficiência de G6PD, sendo 48% deficientes. Dos 36 pacientes, 80,6% precisaram de transfusão e 16,7% evoluíram para insuficiência renal aguda (IRA). Conclusão: Grande parte dos pacientes com hemólise por primaquina tem como fator desencadeante a deficiência de G6PD e como principal complicação a IRA, sendo necessária a estabilização hemodinâmica e a indicação de transfusões de hemácias. Tratase do primeiro estudo descritivo, realizado na Amazônia Brasileira, em que se avaliou o impacto da hemólise após o uso de primaquina no tratamento da malária, entre pacientes com necessidade de hospitalização. O melhor entendimento deste problema pode ajudar no estabelecimento de rotinas de manejo clínico. Instituição: Fundação de Medicina Tropical do Amazonas Correspondência para: [email protected] INDICADORES DO USO DE MEDICAMENTOS ANTIMICR OBIAN OS EM UM HOSPIT AL DE GRANDE POR TE D A ANTIMICROBIAN OBIANOS HOSPITAL PORTE DA CID ADE DE MAN AUS CIDADE MANA DEBORAH MENESES DE MELO, VANESSA XAVIER DE OLIVEIRA, QUEZIA ALVES DE LIMA, JUSELE OLIVEIRA SOUSA, LESLYE LUCIANA REIS BEZERRA, DANIELLE SOUZA ANDRADE, FRANCISCO GESSY MENDONÇA JÚNIOR, MICHAEL ROSENFELD DE PAULA RODRIGUES, ELLEN REGINA PAES, MARCÉLIA CÉLIA COUTEIRO LOPES Resumo: Uma das principais preocupações mundiais quanto ao uso racional de medicamentos está relacionado à utilização de antimicrobianos. O aumento da resistência bacteriana acarreta dificuldades no manejo de infecções e contribui para o aumento dos custos dos sistemas de saúde. Assim, torna-se necessário estabelecer mecanismos de vigilância sobre o uso desses medicamentos. O objetivo deste trabalho foi confeccionar os indicadores do uso de antimicrobianos de um hospital de grande porte de Manaus. Foram analisadas as vias do Serviço de Farmácia (2.ª via) das prescrições de 79 dias corridos dos meses de março, abril e maio do ano corrente (2007) nas seis clínicas do hospital, sendo um total de 9.918 prescrições analisadas. Também foram quantificados os antimicrobianos prescritos no período citado anteriormente. Os resultados mostraram que 38,17% dos pacientes internados fizeram uso de antimicrobiano, 96,65% dos antimicrobianos prescritos faziam parte da lista de medicamentos padronizados no hospital, 89,05% foram prescritos pelo nome genérico e a média de antimicrobiano prescrito por paciente foi de 1,19. Os antimicrobianos mais prescritos foram Cefazolina e Cefalotina (explicado pela rotina cirúrgica) seguidas dos antimicrobianos de alta potência e alto custo (Ciprofloxacino, Ceftriaxona, Vancomicina). Baseado nos resultados, é notório a necessidade da promoção do uso racional de antimicrobianos e da criação de protocolos farmacoterapêuticos compatíveis com a realidade da instituição. Palavras-chave: Antimicrobianos, indicadores, medicamentos. Correspondência para: [email protected] revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 73 ANAIS LEIOMIOMA GIG ANTE: REL AT O DE C ASO GIGANTE: RELA CASO ANA MARIA MELO, LUÍS CARLOS CEMBRANI, LAURA BIANCA CABRAL FRAIJI, LUCIANO LOURENÇO, EVANDRO AGUIAR AZEVEDO, KAROLINE RODRIGUES DA SILVA RESUMO: Introdução: Leiomiomas são tumores benignos. Eles surgem no miométrio e contêm quantidade variável de tecido conjuntivo fibroso. Cerca de 75% dos casos são assintomáticos, encontrados ocasionalmente durante exame abdominal, pélvico bimanual ou ultra-sonografia. Os sintomas são relacionados diretamente ao tamanho, ao número e à localização dos miomas. Os subserosos tendem a causar sintomas compressivos e distorção anatômica de órgãos adjacentes, os intramurais causam sangramento e dismenorréia, enquanto que os submucosos produzem sangramentos irregulares com maior freqüência. Objetivo: Relatar um caso de leiomioma gigante em paciente parda de 43 anos. Métodos: Relatar caso de leiomioma gigante em paciente atendida pelo serviço de Cirurgia Abdominal do HUGV. Resultados: Paciente foi admitida no Hospital Universitário Getúlio Vargas com quadro de parestesia e edema em membros inferiores, aumento do diâmetro abdominal, constipação, irregularidade do ciclo menstrual, menorragia e lombalgia. Associado ao quadro apresentou perda ponderal de aproximadamente 10 kg em 1 ano. O diagnóstico foi baseado na história clínica, exame físico e exame de imagem (Tomografia Computadorizada). A terapêutica de escolha foi cirúrgica por causa do quadro clínico, presença de prole definida e paciente sem desejo reprodutivo. O exame histopatológico da peça cirúrgica (massa abdominal medindo 30x25 e pesando 9.100 g) confirmou o diagnóstico de leiomioma. Conclusão: Mulheres com miomas muito volumosos, com sintomas compressivos, como compressão ureteral, necessitam de tratamento. LEV ANT AMENT O DOS CUS T OS NECESS ÁRIOS P ARA O LEVANT ANTAMENT AMENTO CUST NECESSÁRIOS PARA C ONTR OLE D A QU ALID ADE D A Á GU A UTILIZAD A N A ONTROLE DA QUALID ALIDADE DA ÁGU GUA UTILIZADA NA HEMODIÁLISE DO HUG V HUGV MARIA ELIZETE DE ALMEIDA ARAÚJO, ANDERSON DA PAZ PENHA, SILVIA ROSANE SANTOS DE SOUZA, MARY JOYCE TARGINO LOPES MAGALHÃES, BRENA AGUIAR DE LOURDES LIMA, JAQUELANE SILVA DE JESUS, FRANCISCA GARCIA DA ROCHA Introdução: A hemodiálise é um importante tratamento para portadores de insuficiência renal e como os pacientes ficam expostos a grandes volumes de água durante cada sessão de hemodiálise, o processo e controle da água são de fundamental importância para evitar que os mesmos sejam expostos a diferentes tipos de contaminantes. No HUGV o processamento da água é feito por osmose reversa. Objetivo: Levantar os custos de um ano para o controle da água processada por osmose reversa para hemodiálise no HUGV. Método: Realizou-se um levantamento de custos a partir da remessas de postagem e gastos diretos com análises do material coletado por meio das notas de empenho para pagamento das analises. Resultados: Conforme o levantamento realizado, no período de um ano, obteve-se um gasto de R$ 6.947,60. Conclusão: Por se dispor de uma água de qualidade onde se reduzem os riscos associados ao paciente, não podemos mensurar que este seja um custo elevado quando se trata em reduzir riscos e salvar vidas. Tais custos seriam aumentados se o hospital não dispusesse do equipamento osmose reversa, o qual é de alta eficiência para o tratamento da água utilizada na hemodiálise. Palavras-chave: Hemodiálise, Tratamento de água, Osmose reversa. Correspondência para: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] 74 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 ANAIS LINF OMA G ÁS TRIC O – REL AT O DE C ASO CLÍNIC O LINFOMA GÁS ÁSTRIC TRICO RELA CASO CLÍNICO RUBEM ALVES DA SILVA JR., EVANDRO AGUIAR AZEVEDO, LUCIANO SANTOS LOURENÇO, LAURA BIANCA C. FRAIJI JESSÉ B. TORRES, ANDERSON RICARDO S. CANÇADO Introdução: O linfoma gástrico é uma neoplasia maligna e constitui cerca de 5% de todos os linfomas primários não-Hodgkin. Dos linfomas primários não – Hodgkin localizados no trato gastrointestinal, o estômago é o sítio extranodal mais acometido, tendo sua incidência duplicada nos últimos 10 anos e correspondendo atualmente a 60% dos casos. A idade média dos pacientes é de 60 anos e entre as manifestações clínicas destacam-se: dor epigástrica,perda ponderal, hemorragia gastrointestinal e astenia. Objetivos: Mostrar a dicotomia da incidência do câncer gástrico. Material e Métodos: Paciente do sexo masculino, 23 anos, pardo, natural e procedente de Manaus-AM, com quadro de início insidioso há dois meses de epigastralgia do tipo queimação acompanhada de 3 episódios de hematêmese, melena persistente e perda ponderal de 8 kg no período. Relata pai falecido com 48 anos com câncer de próstata. Apresentava endoscopia digestiva alta (EDA) – úlcera gigante de corpo gástrico – com resultado histopatológico inconclusivo e radiografia de tórax sem alterações. Foi internado e os exames laboratoriais mostraram anemia(Hb-11.7g%) e Ht-34.9%). Conclusão: Em função da elevada incidência de câncer gástrico na atualidade e a mudança nos fatores causais, sendo mantidos os já referidos na literatura e adicionada ao padrão alimentar da atualidade, houve uma mudança expressiva na faixa etária dele, uma vez que antes os diagnósticos eram feitos em pacientes na quarta década e hoje sua apresentação tem sido cada vez mais precoce. Apresenta-se um caso de linfoma gátrico tipo Burkit, que nessa localização é ainda mais raro, já que 5% dos linfomas gástricos são tipo Malt em um paciente jovem com sintomatologia aguda. Instituição: Hospital Universitário Getúlio Vargas HUGV/Ufam Correspondência para: [email protected] MANEJO DE C ADEIRA DE R OD AS N O PR OCESSO DE CADEIRA ROD ODAS NO PROCESSO O N O HOSPIT AL UNIVERSIT ÁRIO REABILIT AÇÃ REABILITA ÇÃO NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO V AR G AS (HUG V) – PR OAMDE /P APS VAR ARG (HUGV) PRO /PAPS LEONARDO CHAVES DA SILVA, KATHYA AUGUSTA TOMÉ LOPES, KEEGAN BEZERRA PONCE, ROSANGELA MARTINS GAMA, Introdução: O Trauma Raquimedular ocorre quando a medula espinhal é danificada como resultado de um trauma, processo de doença ou defeitos congênitos (UMPHRED, 2004, p. 507). O manejo na cadeira de rodas é um dos pontos essenciais no processo de reabilitação, pois dará ao aluno o conhecimento para o ir e vir de forma adequada. Objetivo: Este relato descreve o ensino do manejo de cadeira de rodas realizado com um grupo de 18 pessoas de um núcleo de reabilitação no HUGV no período de agosto de 2006 a agosto de 2007 distribuídos em turmas com período aproximado de três meses. Método: O aluno é avaliado obedecendo 10 itens relacionados ao manejo. No período de três meses ocorrem as aulas para desenvolver a habilidade e, após, é feita uma avaliação final para verificar a evolução e o aprendizado. Atribuindo notas onde, 1 é não aplicável, 2 não realiza, 3 realiza parcialmente, 3 realiza com ajuda, e 5 realiza com independência. Resultado: Ao somar a pontuação da avaliação inicial, obtemos um total de 36 pontos, de 90 pontos possíveis, já na avaliação final observamos um aumento para 64 pontos, perfazendo, assim, um aproveitamento de 77,8% do conteúdo ministrado. Conclusão: Com o processo de reabilitação no Proamde/PAPS, essas pessoas são capazes de desenvolver suas potencialidades, e as possibilidades que o torna mais independente e, assim, realizar atividades cotidianas participando ativamente da sociedade. Palavras-chave: Manejo de cadeira de rodas, trauma raquimedular, reabilitação. Instituição: Universidade Federal do Amazonas/ Hospital Universitário Getúlio Vargas Correspondência para: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 75 ANAIS MEL AN OMA MALIGN O DO RET O: REL AT O DE C ASO MELAN ANOMA MALIGNO RETO: RELA CASO Sílvia Rocha Nakajima, Gerson Suguyiama Nakajima RELATO DE CASO: S.G.G., masculino, 75 anos, pardo, casado, apresentou perda ponderal 15 kg, dificuldade de evacuação e hematoquezia em três meses. Ao exame, observou-se massa castanho-escura com fibrina central, ulceração e sangramento discreto. A colonoscopia demonstrou lesão vegetante circunferencial no reto originandose da linha denteada. A histopatologia revelou melanoma retal (MR) infiltrando o tecido submucoso. A tomografia computadorizada (TC) de tórax detectou nódulos metastáticos nos pulmões em lobos inferiores esquerdo e direito, medindo respectivamente 2,4x2,4 e 2,4x2,3 cm. A TC de abdome surpreendeu linfonodos ilíacos e para-retais, tendo os maiores 4,5x3,4 cm e 3,3x3,0 cm. Procedeu-se a ressecção local ampliada do tumor. Paciente faleceu dois meses depois. Discussão: O MR é raro e constitui menos de 1% dos tumores malignos dessa região. Diagnóstico tardio e seu caráter agressivo estabelecem mau prognóstico. Predomina no sexo feminino, raça branca, entre a 5.a e 6.a décadas de vida. Os principais sintomas são sangramento e sensação de massa em região anal, comuns à doença hemorroidária e ao pólipo. Somado ao fato de haver pigmentação macroscópica em 16 a 41% dos casos, seu diagnóstico pode ser dificultado. Acredita-se que surjam de tecido anal ectópico, já que não há melanócitos acima da linha denteada. Cerca de 60% dos pacientes, ao diagnóstico, têm metástase à distância. Independente da técnica cirúrgica empregada – amputação abdominoperineal do reto ou ressecção local ampliada – os resultados são pobres. Conclusão: O MR continua sendo uma entidade de grande interesse na comunidade médica por sua raridade e difícil tratamento. Local de realização: Hospital Sírio-Libanês, São Paulo; Hospital Santa Júlia, Manaus. Correspondência para: [email protected]; [email protected] MIELOLIPOMA ANA MARIA MELO SAMPAIO, LEONARDO SIMÃO GUIMARÃES, LUCIANO SANTOS LOURENÇO,LAURA BIANCA FRAIJI, EVANDRO AGUIAR AZEVEDO, JESSÉ B. TORRES Introdução: Entre os incidentalomas adrenais o mielolipoma encontra-se na quinta colocação em incidência. Tendo como características básicas uma densidade de Housfield muito baixa, sendo às vezes negativa em função do seu conteúdo gorduroso, tem seu diagnóstico facilitado. É um tumor não funcionante da adrenal, muitas vezes assintomático, todavia pelo crescimento importante da massa tumoral pode, apresentar sintomatologia. Objetivo: Diagnóstico diferencial entre os incidentalomas adrenais. Material e Métodos: paciente sexo masculino, 78 anos, natural do Careiro, estava internado na enfermaria de Clínica Médica do HUGV com diagnóstico de insuficiência venosa profunda e durante a investigação tomográfica foi evidenciado grande massa retroperitoneal. Foi submetido à laparotomia exploradora para retirada da tumoração de grande volume, 12x9 cm, localizada em topografia de adrenal esquerda. Após avaliação histopatológica, foi feito o diagnóstico de mielolipoma. Paciente evoluiu no pós-operatório satisfatoriamente recebendo alta da cirurgia no 5 DPO. Conclusão: Os incidentalomas adrenais, em conseqüência do advento dos exames de imagem, têm sua incidência aumentada, sendo muitas vezes achado esporádico e assintomático. Neste relato de caso, mostra-se uma massa de grandes dimensões e paciente evoluindo sem queixas, sendo feito diagnóstico radiológico e intracirúrgico de massa retroperitoneal. Palavras-chave: Incidentaloma adrenal, mielolipoma, massa retroperitoneal. Instituição: Hospital Universitário Getúlio Vargas Correspondência para: [email protected] 76 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 ANAIS MOBILID ADE E TRANSFERÊN CIA P ARA A PESSO A C OM LESÃ O MOBILIDADE TRANSFERÊNCIA PARA PESSOA COM LESÃO MEDUL AR – UM REL AT O DE EXPERIÊN CIA N A SEGUND A EXPERIÊNCIA NA SEGUNDA MEDULAR RELA ET AP A DO PR OAMDE/ HUGV ETAP APA PRO KEEGAN BEZERRA PONCE, KATHYA AUGUSTA THOMÉ LOPES, ROSANGELA MARTINS GAMA, LEONARDO CHAVES DA SILVA, Introdução: A medula espinhal é sede freqüente de lesões traumática (LEVY, 2003, p. 23), ao se avaliar a lesão, devemos considerar não somente o nível acometido, mas principalmente a funcionalidade de cada pessoa. O ato físico de mudar si mesmo de uma superfície para outra é descrito como uma transferência (ATRICE, 2004, p. 541). Objetivo: Na segunda etapa do Proamde Pólo HUGV, têm se trabalhado a transferência como parte integrante do conteúdo ministrado pela Educação Física, por esta se apresentar uma importante atividade no aprendizado da sua independência funcional. Método: Foram avaliados 18 alunos no período de agosto de 2006 a agosto de 2007 em 10 itens julgados como importantes para verificar se o aluno executa transferência. Esses itens são pontuados: como 0 não aplicável, 1 não realiza, 2 realiza parcialmente, 3 realiza com ajuda ou dificuldade, 5 realiza com segurança e somada a pontuação de todos. Resultados: Assim, temos que na avaliação inicial esse grupo obteve 36 pontos de 90 possíveis, tendo uma nota média de 4,0 pontos, e na avaliação final obtiveram 56 pontos, passando para uma nota média de 6,23, o que demonstra uma evolução de 55,5% no aprendizado. Conclusão: Assim concluímos que com o ensino de mobilidade e transferências, houve uma significativa evolução nessa habilidade, fazendo assim com que os alunos obtivessem uma significativa evolução na independência funcional. Palavras-chave: Manejo, transferência, reabilitação. Instituição: Universidade Federal do Amazonas/ Hospital Universitário Getúlio Vargas Correspondência para: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] NEFR OLIT OTRIPSIA PER CUT ÂNEA: EXPERIÊN CIA INICIAL DO NEFROLIT OLITO PERCUT CUTÂNEA: EXPERIÊNCIA HUG V HUGV JONAS RODRIGUES DE MENEZES FILHO, GIUSEPPE FIGLIUOLO, ADRIANO MAIA SIQUEIRA, FLÁVIO ANTUNES RIBEIRO, ANDRÉ LUIZ CAMPOS MANCINI, MIKA SHIBUYA, EDSON SARKIS GONÇALVES. Introdução: A cirurgia de nefrolitotripsia percutânea (NLP), instituída desde 1976, é uma modalidade terapêutica minimamente invasiva, indicada no tratamento de cálculos renais maiores de 20 mm, cálculos de cistina e cálculos complexos. Objetivo: Avaliar a experiência inicial do Serviço em NLP no período de abril/2006 a junho/2007. Pacientes e Métodos: Trinta pacientes foram submetidos à NLP, os quais foram analisados prospectivamente por meio de protocolos. Resultados: Quinze pacientes eram homens (50%) e 15 mulheres (50%), com idades entre 10 e 66 anos, média de 41,7 anos; quanto ao tamanho, variaram de 1,5 a 12 cm2, média de 6,1 cm2; quanto à localização, 15 (50%) encontravam-se no cálice inferior, 4 (13,3%) no superior, 3 (10%) no médio, 4 (13,3%) na pelve e 4 (13,4%) coraliformes. O tempo médio cirúrgico foi de 142,6 minutos, foram transfundidos 6 pacientes (20%) e a média de internação foi de 5,1 dias. Quatro sofreram reintervenção, e 3 (10%) complicaram. Nefrostomia foi necessária em 21 (70%) e duplo J em 10 (33,3%). O índice de stone-free foi alcançado em 18 casos (60%), porém, em uma reintervenção, esse índice subiu para 80%. Conclusão: A NLP é uma opção de tratamento para a doença litiásica, apresentando vantagens como tempo cirúrgico reduzido, internação mais curta e pequena morbidade, o que confere indicação segura e eficaz. Serviço de Urologia do Hospital Universitário Getúlio Vargas. Amazonas, Brasil. Correspondência para: [email protected] revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 77 ANAIS NEOPL ASIA CÍS TIC A MUCIN OS A DO PÂN CREAS – REL AT O DE NEOPLASIA CÍSTIC TICA MUCINOS OSA PÂNCREAS RELA CASO CLÍNICO LEONARDO SIMÃO COELHO GUIMARÃES, EVANDRO AGUIAR AZEVEDO, LUCIANO SANTOS LOURENÇO, LAURA BIANCA, JESSÉ B. TORRES, PRISCILA A. LAGO, DANIEL CARRIJO MARQUES Introdução: As lesões císticas do pâncreas compreendem os pseudocistos inflamatórios, em cerca de 90% dos casos, e as neoplasias císticas, em aproximadamente 10%. As neoplasias císticas podem ser subdivididas em tumores císticos primários e naqueles tumores com degeneração cística secundária. No primeiro grupo, estão incluídos os cistoadenomas mucinosos pancreáticos que correspondem, a neoplasias epiteliais císticas compostas por células colunares produtoras de mucina circundadas por estroma do tipo ovariano e que não se comunicam com o ducto pancreático principal, constituindo cerca de 1% de todas as neoplasias e 45% de todas as lesões císticas pancreáticas. Objetivo: Relatar o caso de uma patologia rara que acomete o pâncreas, e que pode ser confundida com pseudocisto inflamatório. Materiais e Métodos: Paciente de 33 anos, feminino, natural e procedente de Parintins, Amazonas. Admitida com queixa de dor abdominal em mesogástrio, de leve intensidade, em peso, de caráter intermitente há 12 meses. Ao exame físico, apresentava dor à palpação profunda em epigástrio e flanco esquerdo. A tomografia computadorizada (CT) de abdome evidenciou uma lesão hipodensa bem delimitada, arredondada, com projeções intraluminares na topografia do pâncreas (septações internas). Foi, então, realizada uma esplenectomia associada com pancreatectomia corpo-caudal. O histopatológico evidenciou um processo expansivo benigno do tipo cistoadenoma mucinoso de pâncreas. Resultado: Neoplasia Cística Mucinosa. Conclusão: Consiste num caso raro, com pouca sintomatologia, e que o diagnóstico pode ser confundido com pseudocisto inflamatório. Correspondência para: lleoguimarã[email protected] NEOPL ASIA DE PR ÓS TATA EM P ACIENTE JO VEM C OM PS A NEOPLASIA PRÓS ÓST PA JOVEM COM PSA BAIX O AIXO JONAS RODRIGUES DE MENEZES FILHO, GIUSEPPE FIGLIUOLO, ANDRÉ LUIZ CAMPOS MANCINI, CELSO OLIVEIRA FILHO, THIAGO CAMPOS, EDSON SARKIS GONÇALVES Introdução: Câncer de próstata é a neoplasia mais comum em homens com idade superior a 50 anos. É uma patologia rara em pacientes com idade inferior a 50 anos, com uma incidência de 4%. No Estado do Amazonas a estimativa para o ano de 2006 foi de 23,11 por 100.000 habitantes. Objetivos: Relatar um caso de neoplasia de próstata em paciente jovem com valores de PSA normais.Paciente e Métodos: Paciente BARV, 16 anos, apresentou retenção urinária em dezembro de 2006, passando a realizar cateterismo vesical intermitente limpo. Em maio de 2007, foi identificado aumento da próstata por meio do toque retal. PSA total 0,5 e livre 0,04. A biópsia de próstata evidenciou neoplasia de pequenas células. TC de abdome total identificou aumento prostático e cintilografia sem alterações. Programado prostatectomia radical retropúbica. Resultados: Observou-se, na cirurgia, invasão tumoral em cadeia linfonodal obturatória bilateral, infiltração do púbis, da fáscia de Denonvillier e lateral à musculatura elevadora do ânus. Pela invasão tumoral, foi decidido por realização de linfadenectomia obturatória bilateral e biópsia prostática. Encontra-se em acompanhamento com oncologia clínica. Conclusão: Portanto, observou-se que o comportamento de neoplasia de próstata em paciente jovem é agressivo e sua morbimortalidade maior que em pacientes mais velhos. Assim, podemos reafirmar o que a literatura descreve. Serviço de Urologia do Hospital Universitário Getúlio Vargas. Amazonas, Brasil Correspondência para: [email protected] 78 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 ANAIS O ASSIS TENTE SOCIAL E O POR TADOR DE DEFICIÊN CIA ASSISTENTE PORT DEFICIÊNCIA FÍSIC A: UMA AB ORD AGEM SOBRE O TRAB ALHO DO SER VIÇO ORDA TRABALHO SERVIÇO FÍSICA: ABORD SOCIAL N A SEGUND A ET AP A PR OGRAMA DE A TIVID ADES NA SEGUNDA ETAP APA PROGRAMA ATIVID TIVIDADES MO T ORAS P ARA DEFICIENTES – PR OAMDE N O PÓL O DO HUG V MOT PARA PRO NO PÓLO HUGV SAMEA LORENA DE PAULA ESCÓSSIO, VALCILENE DOS SANTOS RIBEIRO, TULI VITOR GOMES, MARIA DO SOCORRO AZEDO LOBATO, TERESINHA DE JESUS GIOIA PINHEIRO Introdução: O assistente social é um profissional que exerce um papel de extrema importância na efetivação dos direitos sociais, favorecendo e garantindo o acesso à cidadania e a bens e serviços. A partir do Programa de Preparação de Alta para Paciente com Lesão Medular e seus Familiares – PAPS e a adesão dos educadores físicos, o programa passou a ter uma segunda fase, atendendo os pacientes após alta hospitalar. Objetivo: Nessa segunda fase, o Serviço Social tem como objetivo orientar os pacientes e seus familiares aos dispositivos legais (saúde, educação, Previdência e assistência) socializando as informações sobre os diversos recursos existentes na comunidade. Metodologia: Para isto são realizadas entrevistas sociais e visitas domiciliares com o intuito de conhecer a realidade de cada aluno e sua família e direcionar o trabalho, pautando na necessidade que cada um apresenta, e a partir disto são realizados as orientações, encaminhamentos e contatos com as instituições que constituem a rede de amparo social. Resultado: O resultado deste trabalho se dá na instrumentalização dos quais que passam a conhecer os direitos e recursos a que podem ter acesso, desenvolvendo a autonomia e o seu potencial na defesa e ampliação da cidadania. Conclusão: Portanto, é por intermédio deste trabalho de socialização de informações que os alunos passam a conhecer e buscar o acesso aos direitos e recursos sociais existentes na cidade de Manaus. Palavras-Chave: Trabalho, assistente social, lesão medular. Correspondência para: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] PREV ALÊN CIA DE ANEMIA ENTRE P ACIENTES A TENDIDOS EM PREVALÊN ALÊNCIA PA ATENDIDOS UMA REDE PÚBLIC A DE S AÚDE – MAN AUS/AM PÚBLICA SA MANA DHANE EYRE ALBUQUERQUE VIEIRA, MARIA LINDA FLORA DE NOVAES BENETTON Anemia, como mazela coletiva, é indiscutivelmente um problema de saúde pública e não se constitui uma manifestação orgânica isolada do processo de nossa organização social, fazendo com que haja impactos negativos ao desenvolvimento físico e psicológico, no comportamento e na capacidade de trabalho. Objetivo: Conhecer a prevalência de anemia entre pacientes do Centro de Saúde Frank Calderon Rosemberg, Aterro do 40 – Manaus/ Am. Materiais e Métodos: No período de março a agosto de 2007 realizou-se um estudo de prevalência de anemia envolvendo 334 pacientes, sendo 142 masculino e 192 feminino em diferentes faixas etárias distribuídos em: grupos I (0-10), grupo II (11-20), grupo III (21-30), grupo IV (31-40) e grupo V (41-50) e grupo IV (> 50 anos) atendidos no C.S.F.C.R. Foram coletados 5 mL de sangue venoso em tubo a vácuo contendo EDTA para determinação da hemoglobina, o método utilizado foi cianometa-hemoglobina. Resultados: Encontrou-se uma prevalência de anemia 33,9% no sexo feminino e 28,9% no masculino. Foram considerados anêmicos pacientes com níveis de hemoglobina (Hb) inferior a 12 mg/dL, O grupo I revelou uma maior prevalência 95 (53,6%), grupo II 60 (28,3%), grupo III 48 (25%), grupo V 45 (17,7%) e grupo VI 48 (12,5%), os paciente do grupo IV não apresentaram quadro anêmico. Conclusão: A prevalência de anemia na população estudada é bastante significativa, principalmente no grupo I composta por crianças, esses dados indicam a necessidade de medidas de intervenção e controle desse distúrbio nutricional. Palavras-chave: Prevalência, anemia, hemoglobina. Correspondência para: [email protected] revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 79 ANAIS PSEUDOCIS TO P AN CREÁ TIC O PSEUDOCIST PAN ANCREÁ CREÁTIC TICO RUBEM ALVES DA SILVA JR, EVANDRO AGUIAR AZEVEDO, LUCIANO SANTOS LOURENÇO, LAURA BIANCA C. FRAIJI, JESSÉ BISCOSIN. TORRES, ANDERSON RICARDO S. CANÇADO Introdução: O pseudocisto pancreático é uma complicação da pancreatite de qualquer etiologia (aguda, crônica agudizada ou traumática). Consiste de uma coleção encapsulada de fluidos com elevada concentração enzimática. Pode localizar-se dentro, adjacente ao pâncreas ou distante dele. Sua parede é formada por fibrose inflamatória, o que o difere do cisto pancreático já que a parede do dele é composta por tecido epitelial. Objetivo: Evidenciar o pseudocisto pancreático como principal complicação da pancreatite. Material e Métodos: O relato de caso aqui apresentado versa sobre um paciente do sexo masculino, 51 anos, natural e procedente de Manaus, que foi atendido com quadro de dor abdominal de forte intensidade e, após atendimento em Pronto-Socorro, foi transferido para a Enfermaria de Cirurgia Abdominal para melhor investigação. Após investigação laboratorial e radiológica, foi feito o diagnóstico de pseudocisto pancreático, sendo tratado com conduta expectante. Evoluiu com complicação do quadro sendo submetido à drenagem percutânea dele. Conclusão: O pseudocisto pancreático consiste na complicação que deve ser aventada após 4 semanas do curso de uma pancreatite. Corrobora o diagnóstico o retorno da sintomatologia ou a persistência dela. A investigação baseia-se nos exames laboratoriais associados a exames radiológicos. O tratamento no quadro inicial é conservador, sendo reservado tratamento cirúrgico para as complicações dele, sendo o bascesso pancrático a mais comum. Instituição: Hospital Universitário Getúlio Vargas HUGV/Ufam Correspondência para: [email protected] QU ALID ADE DOS REGIS TR OS PRÉ- E PÓSTRANSFUSION AIS N OS QUALID ALIDADE REGISTR TROS PÓS-TRANSFUSION TRANSFUSIONAIS NOS ÁRIOS DE P ACIENTES N O HOSPIT AL UNIVERSIT ÁRIO PR ONTU PRONTU ONTUÁRIOS PA NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETÚLIO V AR GAS – AM VAR ARG MARIA ELIZETE DE ALMEIDA ARAÚJO, ANDERSON DA PAZ PENHA, SILVIA ROSANE SANTOS DE SOUZA, MARY JOYCE MAGALHÃES, BRENA AGUIAR DE LOURDES LIMA, JAQUELANE SILVA DE JESUS, FRANCISCA GARCIA DA ROCHA Introdução: A Hemovigilância visa detectar incidentes transfusionais imediatos e tardios, buscando identificar suas causas nas etapas do ciclo do sangue. Para tanto, sua adequada eficiência depende da confiabilidade dos dados gerados pelos serviços de saúde. Objetivo: Avaliar a qualidade dos registros pré- e pós-transfusionais nos prontuários dos pacientes do Hospital Universitário Getúlio Vargas, no período de junho a agosto de 2007. Método: Pesquisa de informações relevantes nos prontuários com base na RDC 153/2004 da Anvisa. Resultados: Foram analisados 202 prontuários de pacientes submetidos à transfusão, totalizando 278 bolsas transfundidas, dos quais verificou-se que 71 transfusões não estavam registradas nas prescrições médicas e 70 não estavam registradas na Evolução de Enfermagem. Em relação à checagem dos sinais vitais, 133 prontuários não apresentavam registros pré-transfusionais e 143 não apresentavam registros pós-transfusionais. Conclusão: Observou-se que a qualidade das informações não é suficiente para uma boa rastreabilidade de um incidente transfusional, e que o registro de dados necessários de acordo com a RDC 153 de 2004 não são cumpridos a contente. Diante dessa realidade, fazse necessário uma maior conscientização acerca da importância de se registrar todos os dados que compõem as etapas da cadeia transfusional. Palavras-chave: Hemovigilância, Registros, Incidentes Transfusionais. Correspondência para: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] Dados da Estatística: ° Número de transfusões analisadas no período: 208 ° Número de transfusões com dados incompletos: 6 (foram desconsiderados da análise) ° Total estimado de transfusões analisadas: 202 ° Transfusões no prontuário médico: sim (131)/ não (71) ° Transfusões no registro de enfermagem: sim (132)/ não (70) ° Registro pré-transfusional dos sinais vitais: sim (69)/ não (133) ° Registro pós-transfusional dos sinais vitais: sim (59)/ não (143) ° Número de bolsas transfundidas: 278 80 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 ANAIS RUA DE C ÁL CUL OS OILÍA C O ESQUERDO E CÁL ÁLCUL CULOS OS,, URETER RETR RETROILÍA OILÍAC ASO NEFR OC AL CIN OSE: REL AT O DE C ALCIN CINOSE: RELA CASO NEFROC OCAL JONAS RODRIGUES DE MENEZES FILHO, GIUSEPPE FIGLIUOLO, ANDRÉ LUIZ CAMPOS MANCINI, MIKA SHIBUYA, EDSON SARKIS GONÇALVES Introdução: Rua de cálculos descreve o acúmulo de fragmentos da cálculos no ureter e obstrução do sistema coletor, após Leco. Dois a 10% de chance de ocorrer após Leco de cálculos maiores de 20 mm, 41% após Leco como monoterapia para cálculos coraliformes. Objetivo: Relatar a ocorrência de rua de cálculo bilateral em paciente com nefrocalcinose e ureter retroilíaco. Paciente e Métodos: MIPB, sexo feminino, 41 anos, apresentando por 20 anos cólica nefrética e eliminação de cálculos. Em 1994, foi submetida à nefrolitotomia esquerda e em 1997 e 1999, à direita. Em 2000, realizou Leco bilateralmente sem sucesso. Em 2006, apresentou anúria, então tentou-se, sem sucesso, ureteroscopia bilateral com ureteroscópio semi-rígido e litotriptor balístico optando-se por realizar nefrostomia percutânea bilateral. Resultados: Paciente foi submetida à ureterolitotomia por via abdominal identificando-se cálculos que se estendiam do meato ureteral até o nível dos vasos ilíacos com o ureter passando atrás desses vasos à esquerda, onde foi realizado reimplante ureteral com a técnica de Boari e à direita ureterolitotomia com passagem de duplo J bilateralmente. Conclusão: Portanto, a cirurgia aberta é uma opção com alto índice de sucesso, sobretudo nas alterações anatômicas (ureter retroilíaco). Mostrando, assim, que a via aberta ainda se torna necessária e eficaz entremeio a tendência de se priorizar os procedimentos endoscópicos. Serviço de Urologia do Hospital Universitário Getúlio Vargas. Amazonas, Brasil Correspondência para: [email protected] SC HW AN OMA RETR OPERIT ONEAL: REL ATO DE C ASO SCHW HWAN ANOMA RETROPERIT OPERITONEAL: RELA CASO JONAS RODRIGUES DE MENEZES FILHO, GIUSEPPE FIGLIUOLO, ANDRÉ LUIZ CAMPOS MANCINI, VICTOR LAZARINI, EDSON SARKIS GONÇALVES Introdução: A localização do schwanoma (neurilemoma) retroperitoneal é incomum representando cerca de 0,5 a 1% da ocorrência usual. Eles são comuns em tecidos moles da cabeça, pescoço, extremidades (membros superiores e inferiores) e mediastino, ocorrendo em raízes nervosas ou proximidade de nervos. Objetivo: Demonstrar um caso de neurilemoma em topografia não usual (retroperitôneo). Paciente e Métodos: Paciente CC, sexo masculino, 54 anos, em investigação de lombalgia inespecífica há seis meses. A RNM mostra imagem sólida localizada entre aorta e rim esquerdo, na altura de L1-L2, interrogando linfonodomegalia. TC de abdome total apresenta lesão expansiva, ovalada, heterogênea, com densidade de partes moles e com calcificações e áreas císticas, necróticas no seu interior, localizada entre o rim esquerdo e a aorta abdominal. Resultado: Paciente foi submetido à cirurgia aberta com incisão subcostal esquerda. O achado transoperarório foi de tumoração arredondada comprimindo a glândula supra-renal esquerda sem comprometimento de órgãos vizinhos. No 30.° dia de pós-operatório foi realizado TC de controle que mostrou ausência da lesão anteriormente descrita e em acompanhamento ambulatorial. O histopatológico apresentou neurilemoma com degeneração. Conclusão: O diagnóstico pré-operatório é difícil pela pobre sintomatologia clínica e inespecificidade de exames complementares, sendo diagnóstico definitivo obtido somente por meio de histopatológico. Os diagnósticos diferenciais, tais como lesões de supra-renal e linfonodomegalias, devem ser lembrados. Serviço de Urologia do Hospital Universitário Getúlio Vargas. Amazonas, Brasil Correspondência para: [email protected] revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 81 ANAIS TRA TAMENT O CIRÚR GIC O DE ESCR O TO GIG ANTE PÓSTRAT AMENTO CIRÚRGIC GICO ESCRO GIGANTE RADIOTERAPIA JONAS RODRIGUES DE MENEZES FILHO, CRISTIANO SILVEIRA PAIVA, ANDRÉ LUIZ CAMPOS MANCINI, FELIPE JEZINI III, RAUL ALVES SIQUEIRA NETO, EDSON SARKIS GONÇALVES Introdução: A radioterapia normalmente é bem tolerada, desde que sejam respeitados os princípios da aplicação fracionada da dose total do tratamento. Os efeitos colaterais podem ser imediatos ou tardios, sendo que neste último pode haver falência dos vasos linfáticos por lesão actínica, com posterior surgimento de linfedema. Pacientes e Métodos: Paciente JCG, 39 anos, com história de tumor de testículo ressecado e radioterapia adjuvante em 1994. Em 1998 apresentou recidiva tumoral em cadeia linfonodal retroperitoneal, sendo então submetido à quimioterapia. Evoluiu com linfedema escrotal volumoso bilateral. TC de tórax e de pelve onde foram evidenciados linfonodos retroperitoneais peri-aorto-cavais alguns com calcificações de permeio e acentuado aumento da bolsa testicular com paredes espessadas e líquido em seu interior. Resultados: Foi realizada cirurgia reconstrutora para correção desta patologia, com ressecção em bloco da linfocele, drenando aproximadamente 5 l de líquido amarelo-citrino e a preservação do testículo contralateral. Conclusão: O linfedema genital é uma patologia rara, promove desconforto físico, alteração na auto-imagem, no relacionamento familiar e problemas de aceitabilidade social. A baixa morbidade e o resultado estético bem-sucedido, assim como a satisfação do paciente indicam que o procedimento pode e deve ser oferecido aos pacientes. Serviço de Urologia do Hospital Universitário Getúlio Vargas. Amazonas, Brasil Correspondência para: [email protected] TRA TAMENT O MICR OCIRÚR GIC O DE AMPUT AÇÃ O P AR CIAL DE TRAT AMENTO MICROCIRÚR OCIRÚRGIC GICO AMPUTA ÇÃO PAR ARCIAL PÊNIS POR ARMA DE FOGO JONAS RODRIGUES DE MENEZES FILHO, ANDRÉ LUIZ CAMPOS MANCINI, CRISTIANO SILVEIRA PAIVA, ÍTALO DO VALLE CÉSAR CORTEZ, RENATO SANT’ANA DE ALBUQUERQUE, GEORGE LINS DE ALBUQUERQUE, EDSON SARKIS GONÇALVES. Introdução: As lesões genitais são raras no sexo masculino por causa da sua localização e mobilidade, contudo merecem destaque pela sua complexidade e risco de complicações estéticas e funcionais. Objetivos: Relatar um caso de amputação parcial de pênis por arma de fogo tratado por intermédio de técnicas microcirúrgicas. Paciente e Método: Paciente ADC, 48 anos, foi atendido no PS apresentando lesão pérfuro-contusa no dorso da base do pênis causada por arma de fogo (de caça). US da região peno-escrotal demonstrava espessamento difuso da parede escrotal, integridade dos corpos cavernosos e testículos, assim como fluxo sangüíneo testicular normal. Identificou-se durante a cirurgia extensa lesão vásculo-nervosa dorsal do pênis e dos corpos cavernosos. Foi realizado desbridamento rigoroso e anastomose vásculo-nervosa microcirúrgica. Resultado: No 2.° DPO foi realizado US Doppler do pênis, demonstrando fluxo sangüíneo presente nas veias e artéria dorsais do pênis e artérias cavernosas bilateralmente. Conclusão: As lesões genitais por arma de fogo são emergências urológicas graves, devendo ser abordadas por meio de exploração cirúrgica precoce. Em lesões vásculo-nervosas associadas, devem ser empregadas técnicas de reconstrução microcirúrgicas em função do melhor resultado funcional e menor risco de complicações. Correspondência para: [email protected] TUMOR C AR CIN ÓIDE E SEQÜES TR O PULMON AR – REL ATO DE CAR ARCIN CINÓIDE SEQÜESTR TRO PULMONAR RELA CASO FERNANDO LUIZ WESTPHAL, LUIZ CARLOS DE LIMA, JOSÉ CORRÊA LIMA NETTO, BRUNA CECÍLIA NEVES DE CARVALHO. Introdução: As doenças que cursam com bronquiectasias são numerosas, principalmente as de causas infecciosas, com destaque para a tuberculose. O achado de neoplasia em paciente com bronquiectasia é indicação precisa de ressecção pulmonar, mesmo em casos de tumores menos agressivos como o carcinóide, pela possibilidade de obstrução brônquica. Objetivos: Relatar caso de paciente com tumoração endobrônquica, submetido à ressecção 82 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 ANAIS pulmonar com intercorrências de sangramento em função do seqüestro pulmonar, atendido pelo Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Beneficente Português de Manaus. Relato de caso: Paciente apresenta pneumonia de repetição evoluindo com episódios esporádicos de tosse produtiva e febre. Tomografia computadorizada de tórax mostrou bronquiectasias císticas em lobo inferior direito. Broncofibroscopia teve como achado lesão tumoral em brônquio intermediário, a biópsia da tumoração apresentou como resultado tumor carcinóide típico. Realizado bilobectomia (lobo médio e lobo inferior direito), apresentou como complicação intra-operatória sangramento após secção do ligamento pulmonar por causa da artéria anômala que irrigava o parênquima pulmonar tendo controle da hemostasia após ligadura dela. Paciente com boa evolução pós-operatória tendo alta no 5º dia de pós-operatório. Conclusão: As complicações em razão da ressecção em pacientes com seqüestro pulmonar são muitas vezes graves, podendo levar a óbito por choque hipovolêmico pelo fato de a artéria que participa da formação da anomalia ser sistêmica, com grande pressão e em alguns casos após a lesão dela, esta retrai para a cavidade abdominal, tornando seu controle ainda mais difícil. TUMOR DE FRANTZ LEONARDO SIMÃO COELHO MAGALHÃES, LAURA BIANCA CABRAL FRAIJI, EVANDRO AGUIAR AZEVEDO, LUCIANO LOURENÇO, PRISCILA DE ALMEIDA LAGO RESUMO: Introdução: O tumor de Frantz é uma neoplasia rara, ocorrendo em aproximadamente 0,17 a 2,7% dos tumores não-endócrinos do pâncreas, porém é uma neoplasia que tem sido cada vez mais descrita na literatura, sendo encontrada na maioria dos casos em adolescentes do sexo feminino e considerada uma neoplasia com pequeno grau de malignidade, desde que seja passível de ressecção cirúrgica completa. Objetivo: Apresentar um caso de tumor de Frantz em adolescente do sexo feminino. Métodos: Relato de um caso de tumor de Frantz em paciente jovem. Resultados: Paciente de 15 anos, feminino, natural e procedente do Amazonas, é admitida com queixa de náuseas, vômitos pós-prandiais e epigastralgia há cinco meses. Evoluiu com uma intensa dor epigástrica sugestiva de pancreatite aguda. Apresentava uma história familiar de câncer de cabeça de pâncreas e renal em parentes de primeiro grau. Ao exame físico, abdome tenso e doloroso à palpação superficial em toda região do mesogástrio e massa palpável em epigástrio. A tomografia computadorizada de abdome evidenciou uma lesão expansiva no pâncreas. A paciente foi submetida à cirurgia e o achado foi uma lesão tumoral em cabeça e colo do pâncreas sem invasão de veia mesentérica e/ou metástase hepática. O relatório imuno-histoquímico demonstrou achados confirmatórios de uma neoplasia pseudo-papilífera do pâncreas. Conclusão: Enfatiza-se a necessidade de se considerar o tumor de Frantz no diagnóstico diferencial de massa abdominal em pacientes jovens. TUMOR MEDIAS TIN AL X HIPERP ARA TIREOIDISMO – REL AT O MEDIASTIN TINAL HIPERPARA ARATIREOIDISMO RELA DE CASO FERNANDO LUIZ WESTPHAL, LUIZ CARLOS DE LIMA, JOSÉ CORRÊA LIMA NETTO, SILVANO BARAÚNA, RODRIGO PADILLA, DANIELLE CRISTINE WESTPHAL Introdução: O hiperparatiroidismo primário é um distúrbio hipercalcêmico que resulta da secreção excessiva de parato-hormônio (PTH). Em 80% dos casos, é causado por adenoma único da paratireóide, sendo que destes 4 a 10% são causados por paratireóide ectópica. Os principais locais onde encontramos essas glândulas ectópicas são o timo e o mediastino anterior embora raramente observamos ectopia em outros locais como o mediastino posterior e a região submandibular. Objetivos: Relatar um caso de hiperparatireoidismo primário com deformidades esqueléticas causadas por adenoma de paratireóide localizado em mediastino posterior, tratado com toracotomia póstero-lateral e ressecção da tumoração. Resultados: MRA, 72 anos, branca, feminina. Há 20 anos apresentava manifestações ósseas (dor óssea, fratura traumática) evoluindo há 15 anos com deformidade esquelética, osteoporose. Ao exame apresentava deformidades em membros superiores e inferiores confirmado pelos rx de crânio (lesões em sal e pimenta) e membros (tíbia em sabre e reabsorção óssea em vários ossos). TAC de tórax – tumoração em mediastino posterior sendo observado plano de clivagem com outras estruturas mediastinais. Cintilografia da paratireóide com 99mTcSestamibi evidenciou paratireóide ectópica hipercaptante em terço superior de hemitórax direito. Realizado ressecção de tumoração no mediastino posterior que teve como resultado após análise histopatológica de adenoma de paratireóide. Conclusão: Nos tumores mediastinais que cursam com hiperparatireoidismo primário é essencial a localização exata da lesão, pois o planejamento cirúrgico é essencial para o sucesso do tratamento. revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007 83 ANAIS URETER OCELE PR OL APS AD A PÓS-P AR TO URETEROCELE PROL OLAPS APSAD ADA PÓS-PAR ART JONAS RODRIGUES DE MENEZES FILHO, ANDRÉ LUIZ CAMPOS MANCINI, GIUSEPPE FIGLIUOLO, PABLO FEITOZA, JOSENILSONA SILVA PASSOS, EDSON SARKIS GONÇALVES Introdução e Objetivos: A ureterocele constitui uma dilatação cística da mucosa ureteral distal, projetando-se para a luz da bexiga ou colo vesical. A incidência varia de 1/5000 a 1/12000, prevalecendo no sexo feminino com uma taxa de 4-7:1. Constitui-se o objetivo relatar um caso incomum, caracterizando-a clinicamente, bem como a propedêutica utilizada para o seu estudo, e sua evolução clínica. Pacientes e Métodos: R.M.M, 19 anos, feminino, estudante e natural do Amazonas. Apresentava dificuldade de urinar e massa avermelhada no intróito vaginal, no 1.° dia após parto normal. Solicitado USG abdominal que identificou bexiga contendo grande ureterocele à direita. À UGE demonstrou-se moderada dilatação dos sistemas uretero-pielocaliciais à direita, volumosa ureterocele ipsilateral (imagem em «cabeça de cobra»). Realizou-se tratamento definitivo com redução da ureterocele e ressecção endoscópica transuretral da parede da ureterocele. Resultados: Após um mês de pós-operatório, realizou-se seguimento da paciente por meios de exames de imagem que revelaram permeabilidade dos ureteres, com resolução completa da ureterocele. Conclusão: O tratamento inicial da ureterocele prolapsada consiste na redução do prolapso e correção cirúrgica definitiva, sendo a ressecção endoscópica transuretral da parede da ureterocele uma opção pouco invasiva e com altos índices de resolutividade. Serviço de Urologia do Hospital Universitário Getúlio Vargas. Amazonas, Brasil Correspondência para: [email protected] VALID AÇÃ O DO QUES TION ÁRIO SEMI-QU ANTIT ATIV O DE ALIDA ÇÃO QUESTION TIONÁRIO SEMI-QUANTIT ANTITA TIVO ONSUMO ALIMENT AR – QSFC A E PERFIL FREQÜÊN CIA DO C FREQÜÊNCIA CONSUMO ALIMENTAR QSFCA NUTRICION AL D A POPUL AÇÃ O UNIVERSIT ÁRIA D A UF AM NUTRICIONAL DA POPULA ÇÃO UNIVERSITÁRIA DA UFAM BARROS, C. R. T.; BEZERRA, M. R.; MESQUITA, C. B.; DRUMOND, M. C. E OLIVEIRA, M. C. As regiões do Brasil se caracterizam por suas peculiaridades culturais, no caso do amazonense há uma grande ingestão de farinha e caldos gordurosos que podem caracterizar um perfil nutricional típico desta população. O presente estudo teve como objetivo construir o questionário semiquantitativo do consumo alimentar (QSFCA) a partir do recordatório de 24h, do qual foram identificados os alimentos mais representativos, em relação ao consumo total de energia – carboidrato, proteína, lipídio, cálcio e vitamina C. No QSFCA foram definidas porções médias por meio da medida de tendência central, a moda, e a freqüência de consumo (oito categorias de opção). Os dados foram analisados utilizando-se o pacote estatístico Epi Info 6,0 e SAS 8.2, 2000. Em conclusão, essa ferramenta possibilitará avaliar a ingestão usual de determinada população, pois o QSFCA é constituído pelos alimentos ingeridos em maior freqüência, possibilitando a investigação das características da alimentação habitual deste grupo e o estabelecimento das possíveis relações entre dieta, estado nutricional e o risco de doenças correlacionadas. Local da pesquisa: Universidade Federal do Amazonas – Ufam, Manaus/AM. Correspondência para: [email protected] 84 revistahugv hugv – Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas v. 6. n. 1-2 jan./dez. – 2007