Salário mínimo impacta custo de produção do café arábica e do
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Salário mínimo impacta custo de produção do café arábica e do
Ano 10 - Edição 24 - Abril de 2016 Salário mínimo impacta custo de produção do café arábica e do conillon Com a política de valorização do salário mínimo nacional, o reajuste para a preservação do poder aquisitivo em 2016 foi de 11,67%. Assim, o novo valor passou a vigorar em 1º de janeiro e subiu para R$ 880,00. Este aumento no salário mínimo trouxe impactos diretos sobre a composição dos custos de produção da cafeicultura brasileira, com as devidas proporções entre as diferentes espécies produzidas no país: arábica (Coffea arabica) e conillon (Coffea canephora) e entre os diferentes tipos de manejo no processo de produção, seja manual, semimecanizado ou mecanizado. O aumento no Custo Operacional Efetivo (COE) da produção de Coffea arabica, causado apenas pelo reajuste salarial, no comparativo entre janeiro de 2015 e 2016, foi de 4,05%, em média, como se observa no Gráfico 1. Nos municípios cujo tipo de produção é manual, houve um acréscimo de R$ 27,03 no COE por saca, o que representa uma variação de 6,34%. Para a produção mecanizada, o acréscimo foi de R$ 7,82 por saca (2,29%), e para o semimecanizada, R$ 21,73 por saca, alta de 6,22%. Entre os municípios analisados, o maior aumento no COE devido à variação salarial foi observado em Manhumirim (MG), de 6,79%, e o menor, de 1,60%, em Monte Carmelo(MG). O tipo de produção nestas regiões é manual e mecanizado, respectivamente. Na produção de Coffea canephora, a alta do COE causado apenas pelo reajuste nos salários dos funcionários foi de 5,70% em média. Em Jaguaré (ES) foi evidenciado o maior aumento (5,95%), que representou acréscimo de R$ 14,20/ saca. Em Cacoal (RO), a elevação foi de 5,31%, e em Itabela (BA), de 4,68%, o que representou incrementos de R$ 10,29 e R$ 12,03 por saca, respectivamente. Devido ao atual cenário político e econômico do Brasil, e suas consequências sobre variáveis que interferem diretamente nos custos de produção da cafeicultura, como a taxa de câmbio e os combustíveis, por exemplo, este aumento no COE deve ser analisado com cautela. A possibilidade de novos acréscimos nos próximos meses não deve ser desconsiderada. Deste modo, os produtores devem gerenciar os custos de sua propriedade com maior critério, além de intensificar o controle do fluxo de caixa e rever a orçamentação do processo de produção. Gráfico 1: Influência do reajuste salarial sobre o COE de janeiro/16 Elaboração: CIM/UFLA Preço médio do Coffea canephora tem valorização de 40,18% em 2015 A desvalorização do Real frente ao dólar favoreceu a cafeicultura brasileira em 2015 no que diz respeito à formação do preço pago ao produtor. Apesar da desvalorização na bolsa de Nova Iorque (em dólar), a taxa de câmbio no Brasil manteve as cotações do café em patamares relativamente estáveis em relação a períodos anteriores. Ao longo do ano, o preço médio da saca de 60 quilos pago ao produtor de Coffea arabica foi superior a R$ 420,00, e o preço médio da saca do Coffea canephora foi superior a R$ 300,00. Os preços mais expressivos foram observados em dezembro/2015, como disposto no Gráfico 2. Naquele mês, 2 Ano 10 - Edição 24 - Abril de 2016 o produtor de C. arabica recebeu em média R$ 456,07/saca, e o produtor de C. canephora recebeu R$ 365,62/saca. Estes preços resultaram das médias mensais do café em cada município pertencente ao projeto Campo Futuro, considerando as classificações física (classificação por tipo) e sensorial (classificação quanto à bebida) para o C. arabica, obtidas durante os painéis de levantamento de custos. Para o C. canephora, foram consideradas as classificações físicas. Ao longo de 2015, o aumento acumulado nos preços do C. arabica foi de 3,19%. Ressalta-se que no período da colheita, como ocorre historicamente, houve queda nos preços em relação aos primeiros meses do ano. Em junho/2015, os preços ficaram 11,53% menores do que os de janeiro/2015, caracterizando os menores níveis no ano. Já os preços do C. canephora se valorizaram 40,18% de janeiro a dezembro do ano passado, como se observa no Gráfico 3, que está apresentado em Base 100. O menor preço de venda foi observado no primeiro mês do ano, e durante a colheita também houve um movimento de retração, apesar de o preço médio ter sido superior ao de janeiro/2015. A partir de maio/2015, iniciou-se um movimento de alta dos preços, que foi constante até o final do ano quando foram observados preços recordes. Gráfico 2: Preço médio pago ao cafeicultor brasileiro entre janeiro/2015 e dezembro/2015 Elaboração: CIM/UFLA Gráfico 3: Variação do preço médio pago ao cafeicultor brasileiro entre janeiro/2015 e dezembro/2015 – Base 100 Elaboração: CIM/UFLA Aumento nos custos com colheita e pós-colheita em Manhumirim(MG) impactaram o COT em 4,19% A cafeicultura brasileira com tipo de produção manual é impactada de maneira mais expressiva quando o salário mínimo sofre reajustes. Isto ocorre, especialmente, porque durante a colheita e a pós-colheita há grande dependência de pessoas na efetivação dos processos de retirada dos frutos dos cafeeiros e dos processos de beneficiamento dos grãos. Com o reajuste salarial de 2015, a variação média ponderada no Custo Operacional Total (COT) da espécie Coffea arabica causada apenas pela influência dos custos com colheita e póscolheita foi de 2,16%. Nos municípios com produção manual, a variação causada por este grupo de custos foi de 3,87%. Em Manhumirim (MG), as duas etapas passaram a representar R$ 230,33 por saca, como apresentado na Tabela 1. O impacto do reajuste salarial neste grupo de custos sobre o COT foi de 4,19%. Já nos municípios com produção mecanizada, o impacto foi de 0,84% em média. A maior influência foi verificada em Capelinha (MG) (2,00%), uma vez que nesta região há necessidade de colheita manual em cerca de 30% da área produtiva. Em Luís Eduardo Magalhães (BA), por outro lado, o reajuste de salários na colheita e pós-colheita impactou em 0,37% no COT. Tabela 1: Impacto do reajuste salarial na colheita e pós-colheita sobre o COT Legenda: MAN – Manual; SEMI – Semimecanizado; MEC – Mecanizado | Elaboração: CIM/UFLA 3 Ano 10 - Edição 24 - Abril de 2016 Na espécie Coffea canephora, a variação média ponderada no COT causada pela colheita e pós-colheita foi de 2,91%. Em Jaguaré (ES), este grupo de custos passou a representar R$ 96,41 por saca após o reajuste salarial, gerando aumento de 3,02% no COT. Em Itabela (BA) e Cacoal (RO), este grupo de custos passou a representar R$ 88,23/saca e R$ 80,80 por saca. Produção de café no continente americano cresceu 27,1% em dez anos Após a análise da cafeicultura nos continentes africano e asiático, o Bureau de Inteligência Competitiva do Café (www.icafebr.com) analisou os dados de produção na América. Os números do United States Department of Agriculture (USDA), compilados pelo Bureau, mostram que no período de dez anos (compreendido entre as safras 2005/2006 e 2014/2015) o continente americano produziu em torno de 60% da oferta mundial. Colômbia (11,3%). Dois apresentaram redução: Guatemala (9,4%) e México (21,4%). Todos esses países foram afetados por um surto de ferrugem a partir da safra 2011/2012 e ainda estão se recuperando. Apesar do crescimento de Honduras e Peru no comparativo de dez anos, as produções desses países no período 2014/2015 foram inferiores à do melhor ano da série, que para ambos foi 2011/2012. O USDA divide o continente em quatros regiões: América do Sul, América Central, América do Norte e Caribe. A América do Sul, que possui os dois maiores produtores da região, produziu 80,9% de todo o café colhido no continente na safra 2014/2015. A América Central respondeu por 14,4% do total, a América do Norte (México) foi responsável por 3,8% e o Caribe correspondeu a menos de 1%. Nesse período, a produção global apresentou incremento de 27,2%, valor muito próximo ao observado na América, onde o crescimento foi de 27,1%, como apresentado no Gráfico 4. Isso mostra que o continente manteve sua expressividade em oferta, mesmo com o aumento na produção mundial. Em comparação, a produção africana cresceu 11,6% e a asiática 33,7%. É importante ressaltar que na Ásia o crescimento foi puxado principalmente pelo Vietnã, enquanto na América o Brasil contribuiu com a maior parte do incremento. A análise do desempenho individual dos cinco maiores produtores do continente americano, depois do Brasil, mostra resultados mistos. Ao longo do período, três apresentaram crescimento: Honduras (56,1%), Peru (19,8%) e Boletim Ativos do Café é um boletim elaborado pela Superintendência Técnica da CNA e Centro de Inteligência em Mercados (CIM) - da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Reprodução permitida desde que citada a fonte. Gráfico 4: Evolução da produção de café na América, Ásia e África entre as safras 2005/2006 e 2014/2015 Fonte: United States Department of Agriculture (USDA) Elaboração: CIM/UFLA CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL SGAN - Quadra 601 - Módulo K - Brasília/DF (61) 2109-1419 | [email protected]
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