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Vida nômade: uma família argentina
está viajando há 11 anos pelo mundo.
Fonte: Jornal El Confidencial – 04/2011 http://www.elconfidencial.com
Quem nunca sonhou em deixar tudo e aventurar-se percorrendo o mundo?
Candelaria Chovet e Hermann Zapp, um casal de argentinos, o fez. Está a quase onze
anos viajando, convertendo o viajar em uma forma de vida: foi na estrada que
formaram família. Seus quatro filhos nasceram em algum ponto desta viagem que já
percorreu todo o continente americano, Oceania e parte da Ásia.
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É o sonho que uma secretária e um mecânico um dia decidiram realizar. Foi em
2000, quando Candelaria e Hermann decidiram vender tudo para lançar-se a percorrer
um caminho mil vezes feito em suas conversas. O objetivo era subir a partir da
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Se já é difícil para uma mente urbana imaginar uma vida nômade, pode ser
ainda mais se descobrimos que esta família se desloca desde o primeiro momento em
um carro de 1928, um velho Graham-Paine que não chega aos 60 quilômetros por
hora e que foi batizado de Macondo Cambalache. A bordo deste veículo, que depois
de remodelações, complementações e ampliações já se transformou em sua casa,
percorreram milhares de quilômetros de selva, bosque, deserto e estradas. Com ele
superaram os múltiplos obstáculos do caminho: para navegar pelo Amazonas, por
exemplo, os Zapp construíram uma enorme balsa com troncos para poder levar o
carro. E também, em barco, cruzaram o Atlântico e o Pacífico, até o ponto em que o
veículo deixou de ser um mero carro antigo para converter-se no símbolo de um
sonho.
Argentina, o ponto de partida, até o
Alaska, a bordo do Macondo
Cambalache a 60 quilômetros por
hora.
“No ano de 2000 nos atrevemos a
começar a viver os melhores anos de
nossa vida, e ainda nos perguntamos
como não o fizemos antes”,
conta Hermann
Zapp para
o El
Confidencial.
Segundo eles: aquela viagem nós iniciamos como turistas e terminamos como
viajantes. E como pais. O primeiro dos quatro filhos dos Zapp chegou ao mundo na
Califórnia e, apesar da distancia da família, não faltaram presentes. Os Zapp chegaram
a ganhar mais de dez carrinhos de bebê, cortesia das pessoas da região que haviam
conhecido durante a viagem e que queriam apoiar a aventura.
“Quando alguém vive uma vida nômade como a nossa necessita do afeto das pessoas,
isto nos ajuda a não sentir falta de nossa família e amigos”, afirma Hermann. “Tanto na
Ásia, como na Oceania e na América, sempre encontramos este afeto. As pessoas não
mudam pelo fato de viver em diferentes latitudes”.
De fato, mesmo que no inicio Hermann y Candela partiram dispostos a ‘viver’
em um carro, o certo é que na maioria das noites destes 11 anos foram passados como
convidados em casas de pessoas que os acolheram com todo o carinho do mundo.
Também receberam outras ajudas, de todo o tipo, desde mecânicos solidários que
deram uma mão quando o carro estragou até ricos empresários que se prontificaram
a pagar o caro pedágio para cruzar o oceano em barco.
“As pessoas continuam sendo a melhor surpresa de nossa viagem. É incrível, hoje em
dia já somos seis na família e as pessoas nos recebem igualmente em suas casas e
compartilham conosco sua maior riqueza: sua família e seu lar”, explica Herman.
Sobre sua aventura pelo continente americano, que iria durar seis meses e se
prolongou por quatro anos, Candela y Herman escreveram um livro: Atrapa tu sueño
(Agarre seu Sonho), que acaba de ser lançado na Espanha pela Editora Altair e
criaram uma página web onde narram suas aventuras. Graças ao sucesso de vendas
conseguiram financiadores para parte de suas viagens que, segundo eles, não custa
muito mais caro que a vida em uma casa normal, já que “no carro não tem que pagar
luz, nem gás, nem impostos”.
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Em Sidnei nasceu o último filho, Wallaby, que já tem dois anos. Ele e seus
irmãos, Pampa (8 anos), Tehue (6) e Paloma (3) cresceram na estrada. Seu colégio tem
sido o mundo e sua educação é feita através da internet e do empenho de sua mãe
(que era professora).
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Depois de sua aventura americana, os Zapp, que já haviam passado de turistas
para viajantes e a partir dai converteram o movimento em estilo de vida, decidiram
encarar seu segundo grande projeto, que batizaram como “Ásia. Além da fronteira”.
Assim, desde finais de 2008, a família se dedicou a percorrer Oceania e, mais
recentemente, a Ásia.
“Que uma criança cresça vendo o mundo no próprio mundo, que aprenda os idiomas
no lugar em que são falados, que seja recebido na casa de um pescador, de um
camponês, de um rico, de um pobre, de um Amish, de um protestante, de um judeu,
de um muçulmano, e se alguém lhes diz para que tenham cuidado com estas pessoas
eles poderão dizer que já estiveram em suas casas.” É essa a definição da educação
que os Zapp querem para seus filhos.
É, simplesmente, uma educação diferente da habitual. Candela dá um exemplo:
“Quando chegamos a Borneo
nos encontramos com uma
manada enorme de elefantes
que estavam a menos de 20
metros e ficamos vendo eles por
muito tempo. Depois pedi às
crianças que desenhassem os
animais e que descrevessem o
que tinham visto, fazendo frases
e parágrafos com sentido, e
ainda explicando em que lugar
do mundo havia ocorrido, como
era a paisagem, etc. Além disso,
me dou conta de que Pampa e
Tehue (os filhos maiores) graças
a viagem, querem bem a este
mundo, a natureza, as pessoas.
Querem reciclar, se entristecem
quando vemos a derrubada da floresta ou o lixo nas praias e não entendem a guerra,
porque eles, ao serem recebidos em tantas casas, sabem que as pessoas tanto daqui
como de lá são maravilhosas”.
Assim, descobrindo mundos, pessoas e culturas, vão avançando em sua viagem.
No último ano percorreram Coreia, Japão, Filipinas, Malásia, Brunei e Indonésia (esta
semana escreveram da ilha de Java) e seu próximo objetivo é ‘conquistar’ a China,
Índia e o Himalaia. Como explicam, esse ‘conquistar’ não se limita a uma simples visita,
se não a viver o lugar, e, sobre tudo, as pessoas. “Uma montanha depois de mil
montanhas, é uma montanha a mais. Uma praia depois de mil praias, é uma praia a
mais. Porém essa pessoa que conhecemos que nos recebe, que nos ajuda… é a razão
pela qual voltaríamos a esse lugar”.
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Quando acabarem o percurso na Ásia, quem sabe o que será desta família de
globetrotters. Ainda faltam dois continentes para explorar, para viver, África y Europa.
Este será como dizem, a sobremesa, porque será “mais cômodo” percorrê-los quando
forem “velhinhos”. O sonho continua.
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