MATERIAL LPT II 2011-01 - Engenharia Elétrica 3° Semestre

Transcrição

MATERIAL LPT II 2011-01 - Engenharia Elétrica 3° Semestre
MATERIAL ORGANIZADO PELOS
PROFESSORES
Chafiha Maria Suiti Laszkiewicz
Clélia Maria da Silva
Jacy do Nascimento Floriano
Ligia Ramo de |Souza Rosa
Maria Aparecida Silva Salim
ALUNO: ________________________________________________ RA: _____________
CURSO ________________________________________________ SALA ____________
1º SEMESTRE DE 2011
1
1. O PROCESSO DA ESCRITA
É muito comum estudantes e profissionais sentirem certa dificuldade na produção de textos.
Esse problema se deve, na maioria das vezes, à falta do hábito de leitura, de treino e também de
técnica.
Aprender a escrever é aprender a pensar. Não é possível escrever sem que se tenha o que dizer
e sem que se possa organizar o pensamento. Portanto, é necessário observar os fatos, analisá-los, criar
idéias sobre eles, ou seja, pensar.
Como falantes, somos produtores diários de comunicação e, na vida profissional, cada vez
mais faz-se necessário dominar técnicas de produção de textos tanto orais como escritos. Em função
disso, é preciso conhecer os modos fundamentais de redação: narração, descrição e dissertação.
2. TRABALHANDO O TEXTO - DISSERTAÇÃO
Dissertar é exercer nossa consciência crítica, questionar um tema, debater um ponto de vista,
desenvolver argumentos.
Existem dois tipos de dissertação: o texto dissertativo expositivo e o dissertativo
argumentativo. O primeiro tem como objetivo primordial expor uma tese, analisar e interpretar idéias e
pode ser identificado como demonstrativo: não se dirige a um interlocutor definido e se constitui de
provas as mais impessoais possíveis. Na dissertação argumentativa – texto argumentativo, além do
interlocutor não definido e da utilização de provas impessoais, tentamos, explicitamente, formar a
opinião do leitor ou ouvinte, procurando persuadi-lo de que a razão está conosco.
Para a argumentação ser eficaz, os argumentos devem possuir consistência de raciocínio e de
provas. O raciocínio consistente é aquele que se apóia nos princípios da lógica, que não se perde em
especulações vãs, no “bate-boca” estéril. As provas, por sua vez, servem para reforçar os argumentos.
Os tipos mais comuns de provas são: os fatos exemplos, os dados estatísticos e o testemunho.
A estrutura dos dois tipos de composição é a mesma: introdução, desenvolvimento e
conclusão.
2.1 ASSUNTO, TEMA, RECORTE, TESE, TÍTULO
Para alcançar um bom texto, é necessário relembrar alguns pontos fundamentais que
favorecem a organização daquilo que se pretende comunicar.
Observe:
Assunto é algo amplo, genérico.
Tema é o assunto já delimitado.
Recorte é o que interessa ao autor discutir no texto.
Tese é o ponto de vista a ser defendido sobre um determinado tema.
Título é o nome dado ao texto, visa a atrair o leitor para a leitura do texto, fazendo referência ao
tema abordado.
2
Veja, agora, alguns exemplos:
1. Assunto: Centros urbanos.
Tema: O desenvolvimento dos grandes centros urbanos.
Recorte: A violência em São Paulo.
Tese: A cidade de São Paulo enfrenta sérios problemas em relação à segurança da população.
Título: O desenvolvimento urbano e violência.
2. Assunto: Tecnologia.
Tema: O avanço tecnológico no século 21.
Recorte: Os meios de comunicação e as relações sociais.
Tese: Na era da comunicação, o homem contemporâneo encontra-se cada vez mais sozinho.
Título: O paradoxo da era da comunicação.
Outro aspecto que merece ser lembrado é a estrutura do parágrafo: introdução,
desenvolvimento e conclusão.
Em relação ao conteúdo do parágrafo vale lembrar: “Se o texto é um conjunto de idéias
associadas, cada parágrafo – em princípio, pelo menos – deve corresponder a cada uma dessas
idéias(...)” (Garcia 2003). Desse modo, cria-se um parágrafo para cada aspecto a ser discutido no
texto.
Além disso, a construção do tópico frasal – idéia núcleo – auxilia na construção do parágrafo
e, consequentemente, do texto claro e coeso.
2.2. O PLANEJAMENTO DO TEXTO I: mapeamento de idéias por meio de fluxograma
Para início de conversa, vamos considerar algumas idéias sobre leitura:
•
Ler é raciocinar, pois é por meio da leitura que extraímos do texto as idéias importantes e as
idéias secundárias.
•
O saber ler é saber construir: cada pedra é uma palavra; cada pá de reboco, a coesão; cada
parede levantada, a coerência. Assim, a construção do texto, tecedura feita de fios
significativos.
O MAPEAMENTO DE IDEIAS
Mapear a idéia significa encontrar no texto aquilo que é importante e separá-lo do que é secundário.
Para realizar essa tarefa, é preciso seguir quatro etapas:
•
Leitura integral do texto;
•
Nova leitura, destacando os elementos mais importantes de cada período ou de cada
parágrafo, dependendo de sua extensão;
3
•
Estabelecer a idéia-matriz que vai ser o elemento-chave para se relacionar as várias
informações, elaborar um esquema, ou um fluxograma;
•
Relacionar as ideias que se complementam, montando, enfim, o mapeamento.
PARA QUE SERVE O MAPEAMENTO?
O mapeamento serve para agilizar a leitura, porque trabalha com a essência do texto.
Por meio do mapeamento, chega-se mais facilmente à leitura crítica, pois o leitor é estimulado não
só a encontrar a essência do texto, mas também a fazer inferências e tirar conclusões. Assim, é que,
por meio da leitura, descobre-se a coesão textual pelas orações, períodos, parágrafos.
COMO SE FAZ O MAPEAMENTO?
Após a primeira leitura, destacam-se os elementos mais importantes de cada trecho e se observa
como esses elementos fazem progredir o texto.
Normalmente, esses elementos aparecem ao longo do texto das mais variadas formas: repetidas,
modificadas, retomadas por sinônimos.
Como vimos, a organização do pensamento pode ser feita por meio da construção de um gráfico
ou fluxograma. Para compreender essa técnica de planejamento de texto, ou pelo menos, amenizar as
dificuldades em relação à escrita, faremos a análise do texto a seguir.
a) Leia o texto na íntegra;
b) Elabore uma lista, para cada um dos parágrafos, com as palavras repetidas, retomadas por
sinônimos, ou modificadas;
c) Selecione, de cada lista, as palavras que ocorrem ao longo do texto, verifique – entre as
palavras mais recorrentes – aquelas que têm sentido mais amplo: essas são as palavraschave;
d) Destaque a frase que representa a idéia central de cada parágrafo;
e) Elabore um fluxograma que represente a sequência do raciocínio desenvolvido pelo autor.
O cientista é uma pessoa que pensa melhor do que as outras?
Antes de mais nada, é necessário acabar com o mito de que o cientista é uma pessoa que pensa
melhor do que as outras. O fato de uma pessoa ser muito boa para jogar xadrez não significa que
ela seja mais inteligente do que os não jogadores. Você pode ser um especialista em resolver
quebra cabeças. Isso não o torna mais capacitado na arte de pensar. Tocar piano (como tocar
qualquer instrumento) é extremamente complicado. O pianista tem de dominar uma série de
técnicas distintas – oitavas, sextas, terças, trinados, legatos, stacattos - e coordená-las, para que a
execução ocorra de forma integrada e equilibrada. Imagine um pianista que resolva especializar-se
4
(...) na técnica dos trinados apenas. O que vai acontecer é que ele será capaz de fazer trinados
como ninguém – só que ele não será capaz de executar nenhuma música. Cientistas são como
pianistas que resolveram especializar-se numa técnica só. Imagine as várias divisões da ciência –
física, química, biologia, psicologia, sociologia – como técnicas especializadas. No início pensavase que tais especializações produziriam, miraculosamente, uma sinfonia. Isso não ocorreu. O que
ocorre, freqüentemente, é que cada músico é surdo para o que os outros estão tocando. Físicos não
entendem os sociólogos, que não sabem traduzir as afirmações dos biólogos, que por sua vez não
compreendem a linguagem da economia, e assim por diante.
A especialização pode transformar-se numa fraqueza. Um animal que só desenvolvesse e
especializasse os olhos se tornaria um gênio no mundo das cores e das formas, mas se tornaria
incapaz de perceber o mundo dos sons e dos odores. E isto pode ser fatal para a sobrevivência.
O que eu desejo é que você entenda o seguinte: a ciência é uma especialização, um
refinamento de potenciais comuns a todos. Quem usa um telescópio ou um microscópio vê coisas
que não poderiam ser vistas a olho nu. Mas eles nada mais são do que extensões do olho. Não são
órgãos novos. São melhoramentos na capacidade de ver comum a quase todas as pessoas. Um
instrumento que fosse a melhoria de um sentido que não temos seria totalmente inútil. Da mesma
forma como telescópios e microscópios são inúteis para cegos, e pianos e violinos são inúteis para
surdos.
A ciência não é um órgão novo de conhecimento. A ciência não é a hipertrofia de capacidades
que todos têm. Isso pode ser bom, mas pode ser muito perigoso. Quanto maior a visão em
profundidade, menor a visão em extensão. A tendência da especialização é conhecer cada vez mais
de cada vez menos.
ALVES, Rubens. In: VIANA, Antônio Carlos et alii. Roteiro de redação: lendo e argumentando. São
Paulo, Scipione, 1998, p. 128-9.
EXERCÍCIOS PARA COMPOSIÇÃO DE NOTA – AV1
a) Em grupo, para exposição oral:
Selecione um assunto na área de engenharia, delimite um tema, estabeleça um recorte e
elabore uma tese. (1.0)
b) Leia com atenção o texto abaixo e, em seguida, produza um parágrafo com, no máximo 8
linhas, adotando como tópico frasal a tese apresentada pelo autor. (1.0)
Como planejar uma carreira de sucesso?
5
A incerteza é algo comum no pensamento de profissionais em início de carreira. È que se, de
um lado, há uma considerável disposição para enfrentar os desafios do dia-a-dia, do outro, há a
falta de referência sobre quais são os passos que devem seguir. Um bom exemplo é o
considerável número de recém-formados que encontram dificuldades para ingressar no
mercado de trabalho.
Aliás, para que servem as desculpas e argumentos senão para separar os profissionais que
são determinados daqueles que preferem acreditar que as coisas estão cada vez mais difíceis e
que todas as oportunidades aconteceram apenas até ontem? Trata-se de um interessante
dilema: por que algumas pessoas conseguem desenvolver suas carreiras imediatamente após a
formatura enquanto que outros sofrem e acabam desistindo de atuar na profissão para a qual
estudaram?
A resposta está na capacidade que cada pessoa tem de fazer conexões entre seus objetivos
pessoais e a realidade à sua volta. Explico. Algumas pessoas são competentes apenas para
desperdiçar oportunidades pela completa falta de visão sobre o futuro e carreira. Em vez de
aproveitar as chances que surgem no dia-a-dia, como quando clientes de uma farmácia, de um
posto de gasolina ou qualquer coisa do gênero, esses recém-formados preferem se resignar ao
papel de mero consumidor.
Logo, o primeiro passo para quem quer construir uma carreira de sucesso é aprender a
fazer conexões entre seus objetivos e o mercado de trabalho. Às vezes, por exemplo, o dono da
panificadora aonde você vai todo dia pode conhecer alguém que tem interesse no seu trabalho.
Mas, para isso, você precisa interagir com as pessoas dividindo expectativas e partilhando seus
objetivos. Resumindo: você precisa desenvolver a habilidade de estabelecer conexões
produtivas para sua carreira.
(Luciano Salamacha)http://www.sinproorp.br/Clipping/visaoempresarial/034.htm)
3 PRÁTICAS GRAMATICAIS I
Os sinais de pontuação – vírgula, ponto e vírgula, travessão, aspas – são, entre outros elementos
que compõem a Língua Portuguesa, elementos muito importantes, pois conferem clareza aos textos.
Verifique o exemplo a seguir que poderia fazer parte do relatório do projeto integrador de 2010 –
Fórmula Truck. Certamente, perceberá que a ausência de pontuação cria uma grande confusão de
sentido.
Apesar de a equipe ter feito a seleção prévia dos materiais no momento da prova a prancha
utilizada na confecção da carroceria do caminhão assim que recebeu a carga extra de 200 gramas
6
rompeu inviabilizando de modo definitivo a participação do grupo na competição entre os grupos da
classe.
O texto a seguir foi, propositalmente, modificado. Foram retirados os sinais de pontuação – exceto
os pontos finais. Leia-o com atenção e, em seguida, faça a pontuação necessária.
Notícias de engenharia
Dificuldades em executar
Obras não assustam Engenharia Brasileira
Não é novidade que a Engenharia Brasileira é reconhecida mundialmente. Prova disso é o
grande número de projetos desenvolvidos por empreiteiras e projetistas nacionais especialmente nos
países americanos africanos e asiáticos.
Grandes viadutos pontes estradas entre outras obras de arte fazem parte do portfólio das
construtoras. A realização de gigantescas estruturas significa o desenvolvimento na economia mesmo
que local e o incremento na infraestrutura de uma nação.
É o que se vê no trabalho que está sendo feito no Sistema Nacional de Estradas na Bolívia.
As rotas fundamentais estão sendo desenvolvidas e construídas pela brasileira OAS que apesar das
dificuldades topográficas encontradas tem feito um belo trabalho.
A estrada Potosí – Uyuni tem extensão de 201 quilômetros dividida em cinco trechos em
uma região topográfica que varia desde planícies até regiões montanhosas com altitudes que podem
chegar a 4,2 mil metros.
Essa estrada vai ser de vital importância para a Bolívia pois conectará os Estados mais
importantes do país fazendo com que as regiões produtivas se integrem melhorando a vida de
diversas comunidades inclusive por meio do estímulo ao turismo.
Além disso permitirá a exploração e exportação de petróleo e de outros recursos naturais
controlará os assentamentos urbanos invasivos que depredam as áreas de preservação ambiental e
controlará a plantação ilegal de coca.
A estrada apesar de não pertencer ao IIRSA (Integração da Infraestrutura regional Sul
Americana) projeto do governo brasileiro faz parte do corredor Leste-Oeste Brasil Bolívia e Chile
ajudando a promover a total ligação da América do Sul.
O investimento total dessa obra que gerou dois mil empregos diretos e indiretos é de US$
100 milhões com previsão de término para 2010 o que está dentro do cronograma original.
Dificuldades – A empresa relatou que algumas dificuldades tiveram de ser vencidas. As
maiores foram a altitude a logística e o frio intenso durante o inverno comenta Geraldo Santana líder
da OAS para a América latina. Alguns funcionários tiveram que retornar ao Brasil por não suportar
7
grandes altitudes.
Mas os problemas não acabaram por aí. Todo o equipamento, importado pela construtora
para a realização do trabalho teve de passar por compensações mecânicas. Devido às grandes
altitudes alguns nem chegavam a funcionar disse Santana.
A compensação é necessária para que a queima de combustível seja feita com menos
oxigênio. Santana explicou que mesmo assim um equipamento novo perde atá 30% da potência. Tal
modificação só poderia ser feita pelos fabricantes por causa das especificações ou seja tudo deveria
retornar ao Brasil. Tal fato não alterou a data de entrega da rodovia.
O impacto ambiental também foi estudado pela empresa. A região onde está sendo
construída a rodovia faz parte do caminho inca. A topografia local foi aproveitada ao máximo
tentando causar o menor impacto. A rodovia é atravessada por diferentes formações geológicas.
Turismo – Essa rodovia permitirá o acesso ao Solar de Uyuni muito visitado por turistas
que está hoje entre as 10 maravilhas da natureza no mundo. Como é a região mais pobre do país a
rodovia é fundamental para o seu desenvolvimento. Naquela área há uma cultura muito forte na
criação de lhamas alpacas e apesar de estar em risco de extinção a vicunha.
A OAS também está encarregada da conclusão das Rodovias Potos–Tarija e Potosí Cotagaitas cuja extensão é de 480 quilômetros.
(Adaptado de Instituto de Engenharia. Agosto, 2009, nº 52, p. 12.)
Além da pontuação, outras questões importantes na construção dos textos são os elementos de
coesão e a concordância. Verifique, no artigo a seguir – que serve também de exemplo de texto
científico, como são utilizados os recursos utilizados na construção do texto, entre eles, o tópico frasal,
a divisão dos parágrafos, a pontuação, os elementos coesivos, a concordância e a impessoalização.
Observe os trechos grifados.
Gestão & Produção
versão ISSN 0104-530X
Gest. Prod. vol.17 no.3 São Carlos 2010
doi: 10.1590/S0104-530X2010000300005
Projeto conceitual de componentes de um forno industrial por meio da integração
entre a engenharia reversa e o DFMA
Conceptual design of components of an industrial oven through the integration between
the reverse engineering and DFMA
Carlos Henrique Pereira MelloII; Filipe Natividade GuedesI; Carlos Eduardo Sanches da
SilvaII; José Hamilton Chaves Gorgulho JúniorII; Amanda Fernandes XavierIII
I
Graduando em Engenharia de Produção, Núcleo de Otimização da Manufatura e de Tecnologia
da Inovação - NOMATI, Instituto de Engenharia de Produção e Gestão - IEPG, Universidade
Federal de Itajubá - UNIFEI, CP 50, CEP 37500-000, Itajubá, MG, Brasil, E-mail:
[email protected]
II
Professor Adjunto, Doutor, Núcleo de Otimização da Manufatura e de Tecnologia da Inovação
- NOMATI, Instituto de Engenharia de Produção e Gestão - IEPG, Universidade Federal de
Itajubá - UNIFEI, CP 50, CEP 37500-000, Itajubá, MG, Brasil, E-mail:
8
[email protected];
[email protected];
[email protected]
III
Mestranda em Engenharia de Produção, Núcleo de Otimização da Manufatura e de Tecnologia
da Inovação - NOMATI, Instituto de Engenharia de Produção e Gestão - IEPG, Universidade
Federal de Itajubá - UNIFEI, CP 50, CEP 37500-000, Itajubá, MG, Brasil, E-mail:
[email protected]
RESUMO
O tema deste artigo é o estudo da integração da engenharia reversa (ER) e o projeto para
manufatura e montagem (DFMA) como ferramentas de suporte ao projeto conceitual de
produtos. A partir de uma fundamentação teórica sobre esses conceitos, o presente trabalho visa
analisar a adequação de um modelo para a utilização integrada do DFMA com a prototipagem
rápida em uma abordagem de ER no projeto de um novo sistema de fechadura para forno
industrial e recomendar melhorias no projeto conceitual do novo sistema de fechadura. O
método de pesquisa empregado foi a pesquisa-ação, uma vez que o pesquisador buscava resolver
um problema identificado dentro do objeto de estudo em parceria com a equipe de profissionais
da empresa. Os resultados das recomendações para o projeto conceitual apresentam redução,
especialmente, no custo, no tempo para fabricação e no tempo para montagem. Conclui-se que o
modelo de integração estudado foi adequado para apoiar o processo de projeto do sistema de
fechadura proposto por meio da ER.
Palavras-chave: Engenharia reversa. Processo de desenvolvimento de produtos. Projeto
conceitual. Projeto para manufatura e montagem.
ABSTRACT
This study focuses on investigating the integration between reverse engineering (RE) and design
for manufacture and assembly (DFMA) as tools to support the conceptual design of products.
From a literature review of these concepts, this research aims to examine the adequacy of a
model for the integrated use of DFMA and rapid prototyping in an ER approach in the design of
a new locking system for an industrial oven and recommend improvements in conceptual design
of a new lock system. The research method employed was action-research since the aim was to
solve a problem identified in the company, object of study, in partnership with the company
team. The results of the conceptual design indicate reductions, especially in cost, time to
manufacture, and assembly time. It was concluded that the integration model studied was
adequate to support the design process of the locking system proposed by the ER approach.
Keywords: Reverse engineering. Product development process. Conceptual design. Design for
manufacturing and assembly.
1 INTRODUÇÃO
Cada vez mais o mercado tem imposto aos produtos especificações que vêm se
desenvolvendo e se atualizando de forma muito rápida. As empresas sabem que, para se
manter no mercado, são obrigadas a aprender a analisar e atender a essas necessidades a uma
velocidade muitas vezes maior que o próprio surgimento delas (HUANG; MAK, 1998;
SALGADO et al., 2009). Melhorar um produto implica em oferecer novas características,
tecnologias, formas atrativas melhorar a qualidade para o seu lançamento no mercado
(GAUTAM; SINGH, 2008). Desta forma, técnicas para análise do mercado são utilizadas para
auxiliar na interpretação do que o mercado está necessitando ou do que ele ainda necessitará.
Os clientes aguardam pelo lançamento de novos produtos, preferencialmente, no menor tempo
possível. Alguns desses clientes esperam a sua marca preferida lançar um novo produto. Na
realidade, o tempo de renovação de seus produtos e o potencial de renovação de modelos e
diversificação das versões passaram a ser mais algumas das características que ajudam a
redefinir o conceito de marca preferida. Este ritmo acelerado das exigências dos consumidores
obriga as empresas a manterem seus produtos atualizados e competitivos no mercado e,
9
consequentemente, o seu processo de desenvolvimento. Para alcançarem estes resultados, os
produtos precisam ser constantemente melhorados com base nas necessidades dos
consumidores.
Dufour (1996) é enfático ao dizer que muitos dos novos projetos, mesmo que
inconscientemente, são na maioria dos casos, reprojetos baseados em um produto já existente.
Porém, esta atividade não pode ser realizada, unicamente, de forma intuitiva, dependendo
apenas do empirismo. O reprojeto necessita ser realizado por meio de um processo
sistematizado, que oriente o trabalho do projetista e da equipe de desenvolvimento de produtos,
desde a identificação do problema até o projeto final do produto, oferecendo maiores
possibilidades de sucesso.
No caso das pequenas e médias empresas, Silva (2001) pondera que, para este tipo de empresa,
ser considerado como pioneiro no desenvolvimento de produtos não é um dos fatores críticos de
sucesso. Então, adiciona-se a esta análise o estudo da montabilidade e manufaturabilidade, pela
avaliação estruturada das condições e dos recursos produtivos disponíveis, interna e
externamente, como forma de redução de custos imprevistos e otimização dos prazos para
lançamento de produtos. Sendo assim, o reprojeto dos produtos, apoiado por uma abordagem de
engenharia reversa (ER) integrada ao projeto para manufatura e montagem (DFMA), pode ser
uma forma de essas empresas conseguirem lançar novos produtos com menores investimento
e risco.
O presente trabalho identificou um problema de pesquisa em uma pequena empresa de bens de
consumo para fins alimentícios, consolidada no mercado de fornos industriais e que apresentou
oportunidade de melhorar todo o sistema de fechamento da porta de um de seus modelos. O
novo sistema necessita permitir sua utilização para qualquer tipo de fechamento, principalmente
geladeiras e fornos, devido à semelhança de características para seu manuseio de abertura e
fechamento. A fechadura precisa atender a uma característica básica que é a perfeita selagem da
câmara, mesmo após ser aberta e fechada inúmeras vezes. A partir de então, todo o resto
depende da tecnologia do mecanismo. Além disso, a empresa ainda não possui um processo
consolidado para o reprojeto de seus produtos.
Para resolver o problema de pesquisa identificado, definiram-se como objetivos do trabalho:
analisar a adequação de um modelo para a utilização integrada do projeto para manufatura e
montagem (DFMA) com a prototipagem rápida em uma abordagem da engenharia reversa (ER)
no projeto de um novo sistema de fechadura para forno industrial; e recomendar melhorias no
projeto conceitual do novo sistema de fechadura.
O método de pesquisa empregado foi a pesquisa-ação. Segundo Thiollent (2007), a pesquisaação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita
associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os
pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de
modo cooperativo ou participativo.
2 Fundamentação teórica
2.1 Processo de desenvolvimento de produtos
Segundo Toledo et al. (2008), o processo de desenvolvimento de produto (PDP) é considerado,
cada vez mais, um processo crítico para a capacidade competitiva das empresas, tendo em vista
a necessidade, de um modo geral, de renovação frequente das linhas de produtos, redução dos
custos e prazos de desenvolvimento, desenvolvimento de produtos mais adequados às
necessidades do mercado e, para empresas que participam de redes de fornecimento de
componentes e sistemas, capacitação para participar de estratégias de desenvolvimento conjunto
(co-design) com os clientes.
Para Rozenfeld et al. (2006), desenvolver produtos consiste em um conjunto de atividades por
meio das quais se busca, a partir das necessidades do mercado e das possibilidades e restrições
tecnológicas, e considerando as estratégias competitivas e de produto da empresa, chegar a
especificações de projeto de um produto e de seu processo de produção para que a manufatura
seja capaz de produzi-lo.
A inovação é fundamental para o desenvolvimento da sociedade, rejuvenescimento, crescimento
10
de negócios e críticas para a sobrevivência, a longo prazo, de uma empresa no mundo dos
negócios. Também é reconhecido que a inovação é mais do que a invenção de novos produtos,
mas um complexo conceito multidimensional, que deve ser visto de diferentes perspectivas, no
seu contexto específico (HÜSIG; KOHN, 2009).
Muitos produtos são feitos de componentes distintos que, por si só, não têm nenhuma
influência para os consumidores finais. Na indústria automobilística, por exemplo, alguns
componentes de sistemas do carro como, motor, sistema de freio, sistema de suspensão, são
usados para apenas um único veículo. Normalmente, um componente distinto pode ser usado
para produzir sistemas de carros diferentes, desde que as interfaces relevantes sejam
padronizadas. É por isso que empresas diferentes (que podem ou não ser concorrentes), muitas
vezes acordam em desenvolver alguns componentes do produto por meio da cooperação
(BOURREAU; DOGAN, 2009).
Sobre os modelos de desenvolvimento de produtos, Ogliari (1999) cita que é possível encontrar
diversos tipos disponíveis na literatura (BACK, 1983; ROSENTHAL, 1992; VINCENT, 1989;
WHEELWRIGHT; CLARK, 1992; COOPER; EDGETT, 1999; PAHL et al., 2005;
ROZENFELD et al., 2006; BACK et al., 2008), e a principal diferença entre eles ocorre
normalmente nas denominações de suas fases, mantendo-se quase que constantes as suas
sequências e conceitos.
Pahl et al. (2005) mencionam um modelo de desenvolvimentos de produtos (Figura 1) que
destaca os aspectos importantes para a implantação da engenharia simultânea, considerando
basicamente a antecipação e intersecção do início das fases para uma redução do prazo para o
desenvolvimento de um novo produto e de acompanhamento de seus custos. Na Figura 1 foi
destacada a utilização do DFMA.
No processo de criação de um produto sob a ótica da engenharia simultânea, as atividades de
cada um dos departamentos da empresa caminham, em grande parte, em paralelo. Ocorre
também um permanente monitoramento do produto até o fim do seu ciclo de vida. Pahl et al.
(2005) ressaltam a importância da equipe de desenvolvimento ser constituída não somente por
pessoas responsáveis diretamente pelo projeto, mas também por outros setores que estejam
envolvidos com o desenvolvimento de produtos, para que os aspectos ligados ao processo
possam ser tratados de forma a romper as fronteiras departamentais.
Visto que, em geral, a condição das pequenas e médias empresas (PMEs) não é necessariamente
a de pioneirismo e que suas estratégias de desenvolvimento de produtos não são necessariamente
ofensivas (SILVA, 2001), devido à necessidade de grandes investimentos em pesquisa e
desenvolvimento tecnológico, muitas vezes, este entendimento e uma revisão na estratégia
passam a ser o ponto chave para a redução de custos ou, até mesmo, a possibilidade única de
desenvolvimento de novos produtos de uma forma estruturada e com maiores chances de
sucesso. Dessa forma, a abordagem da engenharia reversa para o processo de desenvolvimento
de produtos passa a ser uma possível solução para a inovação nessas empresas.
2.2 Engenharia reversa
A engenharia reversa (ER) é uma ferramenta muito importante, e esta técnica tem sido
amplamente reconhecida como sendo um passo importante no ciclo de desenvolvimento de
produtos. O uso da ER diminui o tempo e os custos para chegar-se ao novo produto. Em contraste
com as sequências tradicionais de desenvolvimento de produtos, a engenharia reversa
normalmente começa com a medição de um produto de referência, de modo que um modelo
sólido pode ser deduzido, a fim de fazer uso das vantagens tecnológicas existentes.
Posteriormente, modelos são utilizados para a fabricação ou prototipagem rápida (BAGCI, 2008).
Segundo Kim e Nelson (2000), países com a industrialização recente recorreram, principalmente
nas décadas de 1960 e 1970, à engenharia reversa. Zhu, Liang e Xu (2005) afirmam que o
processo de aquisição de tecnologia da China segue, geralmente, a seguinte linha: aquisição de
linhas de manufatura e técnicas de países desenvolvidos, modificação do processo e
identificação das partes e componentes, alcançar o desenvolvimento do produto por meio da ER
e, por fim, otimizar os produtos. O processo de inovação da Coreia do Sul é por meio da ER,
esperando os países desenvolvidos gerarem novas tecnologias e mercados para, aí sim,
desenvolver seus produtos (HOBDAY; RUSH; BESSANT, 2004).
11
A ER é útil para orientar o entendimento do sistema de interesse e permitir que sejam feitas
comparações com modelos de design semelhantes para verificar o que realmente pode ser
aproveitado da tecnologia (KANG; PARK; WU, 2009).
Ingle (1994) define a ER como um processo de levantamento de informações sobre um produto
de referência por meio da sua desmontagem, com o objetivo de determinar como ele foi
desenvolvido, desde seus componentes separados até o produto final. Sua abordagem defende
claramente a aplicação da ER com o objetivo de gerar um produto o mais similar possível ao
original com um nível de investimento que possa garantir a geração de lucros ao
empreendimento.
A principal aplicação da ER é no reprojeto e aperfeiçoamento de peças já existentes, em que
sejam desejadas melhorias, tais como redução de custo ou mesmo inclusão de novas
características ao produto. Além disso, um projeto de ER permite, por meio da construção de
peças de reposição, fora de linha ou de difícil acesso, manter equipamentos obsoletos em
funcionamento (MURY, 2000).
Apesar de muito citado na literatura, o modelo de Ingle (1994) não contempla a integração do
projeto para manufatura e montagem com a prototipagem rápida em uma abordagem de
engenharia reversa para o reprojeto de produtos. Essa é uma contribuição científica que o
presente trabalho busca oferecer.
Outra abordagem que, de forma integrada com a ER, pode auxiliar a análise de reprojeto de
produtos é o projeto para manufatura e montagem (DFMA).
2.3 Projeto para manufatura e montagem
Dentre os métodos de apoio ao design de produtos que auxiliam a considerar a fabricação e
montagem, durante a fase de concepção, o DFMA é utilizado como apoio para melhorar o
conceito do produto ou um projeto já existente. Afinal, o foco do DFMA é contribuir para gerar
um projeto considerando a capacidade de fabricação da empresa, para facilitar a montagem do
produto final (ESTORILIO; SIMIÃO, 2006).
O DFMA visa que o projeto de produto e o planejamento da produção aconteçam
simultaneamente a partir de um conjunto de princípios. Já no reprojeto, o DFMA ajuda a
adequar o produto da melhor maneira às características da produção e montagem, procurando
melhorar a qualidade e reduzir o tempo de manufatura e montagem (DUFOUR, 1996).
Segundo Stephenson e Wallace (1995) e Boothroyd, Dewhurst e Knight (2002), os requisitos da
concepção original devem ser reavaliados para estabelecer os novos requisitos de qualidade
DFMA, considerando sempre os seguintes princípios básicos do projeto para manufatura (DFM)
e do projeto para montagem (DFA): simplicidade (diminuir o número de partes, sequência de
manufatura mais curta etc.); materiais e componentes padronizados; liberar tolerâncias (evitar
tolerâncias muito justas, que implicam em custos altos); uso de materiais mais processáveis;
reduzir operações secundárias; utilizar características especiais de processo (tirar vantagem das
capacidades especiais dos processos de manufatura, eliminando operações onerosas e
desnecessárias); evitar limitações no processo.
2.4 Prototipagem rápida
A prototipagem rápida (PR) é uma tecnologia inovadora desenvolvida nas últimas duas décadas.
Ela visa produzir protótipos de forma relativamente rápida para inspeção visual, avaliação
ergonômica, análise de forma/dimensional e como padrão mestre para a produção de
ferramentas para auxiliar na redução de tempo do processo de desenvolvimento de produtos
(CHOI; CHAN, 2004). A PR permite aos projetistas criar rapidamente protótipos concretos a
partir de seus projetos, ao invés de Figuras bidimensionais, possibilitando um auxílio visual
excelente durante a discussão prévia do projeto com colaboradores ou clientes.
Atualmente existe um grande número de tecnologias de prototipagem rápida disponíveis no
mercado. Entretanto, sete delas se destacam: estereolitografia (SLA), sinterização seletiva a laser
(SLS), manufatura de objetos em lâminas (LOM), modelagem por deposição de material
fundido (FDM) e impressão tridimensional (3D Printing) (CHEN, 2000).
A presente pesquisa se concentrou na tecnologia de modelagem por deposição de material
12
fundido (Fused Deposition Modelling - FDM), por ser aquela que oferece equipamentos de
menor custo (KOCHAN, 2000), ou seja, ao alcance das pequenas e médias empresas e das
instituições de pesquisa.
A FDM se baseia na deposição, sobre uma plataforma, de camadas resultantes do aquecimento e
amolecimento de filamentos do material plástico destinado à confecção do modelo, como ilustra
a Figura 2. Simultaneamente, outros fios amolecidos vão formando suportes para as superfícies
livremente suspensas do modelo, a fim de que elas possam ser construídas. Os arames
destinados ao modelo são, geralmente, de ABS (Acrylonitrile Butadiene Styrene), enquanto os
destinados aos suportes são uma mistura de ABS e cal.
A partir do protótipo gerado, a equipe de projeto pode analisar o produto adotado como
referência, testar suas especificações, testar situações de manufatura ou montagem, propor
alterações dimensionais ou construtivas e estabelecer as possíveis melhorias a serem feitas no
produto final a ser desenvolvido.
2.5 Integração da engenharia reversa com o projeto para manufatura e montagem
No processo de criação de um produto, sob a ótica da engenharia simultânea, as atividades de
cada um dos departamentos da empresa caminham, em grande parte, em paralelo. Ocorre
também um permanente monitoramento do produto até o fim do seu ciclo de vida.
Partindo-se do modelo analisado por Pahl et al. (2005) (Figura 1), Souza (2007) propôs uma
adaptação no modelo para a inclusão das considerações realizadas por Ingle (1994), de forma
que se contemple o desenvolvimento de produtos em uma abordagem de engenharia reversa.
Depois de realizada a inclusão do processo de engenharia reversa, é necessário deixar as fases de
forma clara dentro do modelo. Analisando-se o trabalho proposto por Ingle (1994), observa-se
que existe uma grande deficiência nas considerações relativas às necessidades da manufatura e
montagem. Desta forma, o modelo proposto por Souza (2007), considera que os fundamentos do
DFMA sejam incluídos durante as análises de engenharia reversa, fazendo com isto um
complemento ao proposto por Ingle (1994). A partir da análise dessas necessidades, Souza
(2007) gerou um modelo composto por oito etapas, como ilustra a Figura 3.
Esse modelo não busca substituir todas as fases inicialmente propostas por Pahl et al. (2005),
mas sim as fases específicas de desenvolvimento do projeto e do processo. Ou seja, esta
adaptação busca otimizar a parte técnica do processo de desenvolvimento de um produto, de
forma que ele poderá ser aplicado a outros modelos existentes, inclusive de reprojeto de um
produto, esperando-se que os mesmos resultados finais possam ser obtidos.
O Quadro 1 apresenta um breve detalhamento de cada uma das fases do referido modelo.
3 Pesquisa-ação
3.1 Descrição do método
Bryman (1989) considera que a pesquisa-ação é uma abordagem da pesquisa social aplicada, na
qual o pesquisador e o cliente colaboram no desenvolvimento de um diagnóstico e para a
solução de um problema, por meio da qual as descobertas resultantes irão contribuir para a base
de conhecimento em um domínio empírico particular.
De modo geral, esta abordagem de pesquisa compreende três fases principais: uma preliminar,
um ciclo de condução e uma meta-fase, ilustradas na Figura 4. O ciclo de condução da pesquisa
13
compreende seis passos, enquanto que a meta-fase está presente em cada um desses seis passos.
A fase do estudo preliminar no presente trabalho compreendeu reuniões de planejamento,
realizadas com o intuito de identificar os problemas no sistema de fechamento de um forno
industrial, por meio de informações fornecidas pelos próprios clientes e análise do mercado.
Assim, o seguinte propósito foi estabelecido: desenvolver um sistema de fechadura, de fácil
utilização se comparado ao atual, para o forno modelo EC-10.
Na segunda fase, o ciclo de condução constituído por seis passos (Figura 3), foi repetido 12
vezes, como mostra o Quadro 2. Alguns ciclos foram mais longos do que os demais, tais como
os ciclos 5 e 9, em que foi necessário projetar as peças no software SolidWorks (versão 2005) e
usinar as peças em metal, respectivamente.
Na terceira (meta) fase, denominada de monitoramento, foi realizada a verificação de cada um
dos seis passos anteriores, no sentido de identificar qual é o aprendizado gerado na condução da
pesquisa-ação. O monitoramento gerou diversas lições aprendidas que foram registradas na base
de dados da empresa para serem utilizadas em projetos futuros.
3.2 Descrição da pesquisa
A unidade de análise selecionada para o presente trabalho foi a Prática Technicook. Ela foi
fundada em 1991, está situada em Pouso Alegre (MG), e desde 1994 fabrica com sucesso fornos
para panificação e para cozinhas industriais. A empresa é líder nacional no segmento dos fornos
para cozinhas profissionais, sendo referência no mercado em que atua.
A pesquisa, realizada de janeiro a setembro de 2009, seguiu as etapas do modelo de integração
proposto por Souza (2007), citados no item 2.5, apresentadas a seguir.
3.2.1 Identificar a oportunidade
Foram identificados dois fornos de referência. Um proveniente de uma empresa alemã,
concorrente direta no Brasil, e outro de uma empresa italiana, que faz a comercialização de
diferentes produtos, inclusive fechaduras. Também foram utilizados para fins de comparação
todos os quatro diferentes tipos de fechadura usados atualmente na empresa.
Quanto à aquisição, não houve problemas, pois o forno alemão já havia sido adquirido
anteriormente pela fábrica, também com o intuito de fazer uso da técnica de ER para outras
partes do forno. A fechadura italiana foi fornecida pela própria empresa fabricante, como
amostra para possíveis vendas futuras. Dessa forma, não houve custo algum.
3.2.2 Coletar e preparar dados iniciais
Todas as informações foram coletadas por um colaborador e dentro da própria empresa, já que
havia a disponibilidade da fechadura alemã e da italiana, além das fechaduras usadas na fábrica.
Para se obter outras informações foram consultados os chefes de cozinha, funcionários da
assistência técnica, funcionários da engenharia de produto, gerentes, diretores e coletados dados
do SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente), além de buscas pela internet.
3.2.3 Formação da equipe
A equipe de pesquisa formada foi composta pelo Cozinheiro Chefe, Gerente de Engenharia,
Diretores da Fábrica e Responsável de Compras, além do pesquisador, os quais supriram as
necessidades de informações em diferentes áreas. Cada um dos participantes da empresa tem
mais de cinco anos de experiência no desenvolvimento e fabricação dos fornos.
3.2.4 Desmontar (informações sobre o produto)
Para as fechaduras usadas na empresa, foram utilizados seus desenhos virtuais, o que
possibilitou analisar cada uma quanto à montagem e também cada peça separadamente, sem
precisar desmontar o produto.
Já com a fechadura alemã e a italiana, foi realizada a desmontagem, a análise e, por meio de
fotografias, o conteúdo pôde ser arquivado. O Quadro 3 apresenta a comparação entre o sistema
atual de fechadura do forno modelo EC-10 e o sistema proposto. Para monitorar o trabalho, toda
a sua condução foi registrada na forma desenhos virtuais, fotos e vídeos, visando análise
posterior.
14
3.2.5 Medir e testar (informações sobre os componentes)
Nesta fase, identificou-se a aplicabilidade do DFMA durante as análises dos componentes,
observando:
•
•
•
•
•
desgastes prematuros;
redução do número de componentes;
materiais alternativos;
equipamentos necessários para a manufatura, qualidade e manuseios; e
layout do chão de fábrica.
O funcionamento das fechaduras usadas na empresa foi observado nos próprios fornos. A
fechadura alemã foi observada quanto ao funcionamento, pois pôde ser montada no seu forno de
origem. Para a fechadura italiana, foi possível apenas a observação por meio de um simples
encaixe manual.
As análises de aplicabilidade do DFMA foram feitas e, como a empresa não fabrica os
componentes da fechadura, foi solicitado o auxílio de profissionais especializados em processos
de fabricação desse tipo de peças que trabalham em duas empresas que comercializam serviços
de usinagem na região.
3.2.6 Especificar e documentar
A proposta da nova fechadura foi modelada por meio do software SolidWorks (versão 2005) e,
levando em consideração as informações obtidas pelas fases anteriores, o novo produto foi
definido. Cada um dos novos componentes foi desenhado e devidamente registrado e
documentado.
3.2.7 Prototipar
Todas as peças da fechadura foram prototipadas na Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI),
na máquina Dimension SST 768, pelo método de Modelagem por Deposição de Material
Fundido (FDM), como ilustra a Figura 5.
3.2.8 Analisar e rever os resultados
Assim como descrito na literatura, o projeto passou por todas as fases anteriores e, ao final delas,
o protótipo pôde ser apresentado para a equipe formada para a pesquisa.
Foram identificadas novas necessidades, fazendo o projeto retornar a algumas das fases
anteriores para reavaliação e reprojeto. Depois de repetir esse ciclo por diversas vezes,
finalmente chegou-se a um projeto conceitual final, mostrado na Figura 6.
15
4 Análise dos resultados
Segundo Coughlan e Coghlan (2002), o aspecto crítico da análise de dados na pesquisa-ação é
que ela é colaborativa, tanto o pesquisador quanto os membros do sistema cliente (por exemplo,
o time de gerentes, um grupo de clientes etc.) fazem-na juntos. Esta abordagem colaborativa é
baseada na suposição de que os colaboradores conhecem melhor a sua empresa, sabem o que irá
funcionar e, principalmente, serão aqueles que irão implementar e seguir as ações a serem
implementadas. Portanto, seu envolvimento na análise é crucial.
Sendo assim, os critérios e ferramentas para a análise foram discutidos entre o pesquisador e sua
equipe de colaboradores da empresa, de forma a estarem diretamente ligados ao propósito da
pesquisa e no âmago das intervenções.
Foram identificados 12 aspectos para a comparação dos resultados finais entre o sistema atual de
fechadura e o novo sistema proposto. A Tabela 1 apresenta de forma resumida esses aspectos.
A fechadura atual possui 13 componentes, pois são necessárias duas esferas e duas molas. Isso já
não é necessário na nova fechadura, que contém apenas 11 componentes, representando uma
redução aproximada de 15% no número de componentes.
Para a fabricação da fechadura atual, são utilizados cinco processos de fabricação: corte a laser,
dobra, usinagem, solda e conformação de mola. Já para a fechadura nova, propõem-se apenas
quatro: injeção de plástico, usinagem, conformação de mola e fundição, ou seja, uma redução de
20% no número de processos.
O tempo de fabricação da fechadura atual foi obtido do fornecedor que produz o produto,
englobando todos os processos de corte a laser, dobra, usinagem, solda, conformação de mola e
acabamento, resultando em um tempo total de 220 minutos. Além da fabricação, a montagem do
conjunto também é feita por este fornecedor e são necessários, aproximadamente, 480 segundos
para a fechadura estar pronta para despacho. O custo de todo este serviço é de R$ 124,00.
Fazendo contado com os fornecedores, discutindo métodos de produção e fazendo estimativas
para a nova fechadura, pôde-se estimar os custos em, aproximadamente, R$ 45,00 (redução de
64% no custo), englobando todas as peças necessárias e o tempo para fabricação das peças
manufaturadas em, aproximadamente, 20 minutos (redução de 91% no tempo de fabricação).
Por meio da montagem de protótipos usinados, estima-se um tempo de 150 segundos (redução
de 68%) para a montagem do sistema.
Por meio do sistema de atendimento ao consumidor (SAC) e pessoal de assistência técnica foi
possível identificar alguns problemas apresentados pela fechadura atual:
•
•
•
•
•
processo de fabricação caro, devido à quantidade e complexidade da usinagem de alguns
componentes;
sobra de material (sucata);
com o passar do tempo ou utilização excessiva, o sistema gera uma folga, ocasionada pelo
desgaste, dado pela alavanca que pressiona o conjunto a todo fechamento da porta;
por ser um sistema que trava a porta pelo atrito entre duas partes, até que ambas encaixemse, é necessário fazer certa força para superar esse atrito, tornando o sistema duro;
não existe nenhum sistema de retorno por mola para auxiliar os movimentos;
16
•
•
•
•
o alívio existente gera uma abertura muito pequena entre a porta e a guarnição que, às vezes,
não é percebido pelo cliente e, portanto, não utilizado. Também pode não ser utilizado
quando o cliente o considera ineficiente para liberação do vapor;
o sistema é complicado para montagem e desmontagem, devido à presença de parafuso
mosca, esferas e molas, que podem não ser utilizados de maneira correta por uma pessoa
leiga. Geralmente, quando ocorre folga, é necessária a troca da fechadura inteira;
por ser feita pela união de chapas de três milímetros, gerando um cabo de seis milímetros, os
cantos acabam ficando retos, o que torna o manuseio doloroso, já que há a necessidade de se
fazer força em cima de uma aresta; e
se a fechadura, após a abertura, for retornada à posição vertical e depois for feito o
fechamento do forno, o componente de giro irá bater no painel e, provavelmente, amassar.
Após os primeiros testes com a fechadura nova, foi possível chegar a conclusões preliminares
quanto a algumas dificuldades: por ser um sistema em que a haste/mola deve encaixar-se
perfeitamente na trava, é necessário ter maior atenção no posicionamento da porta, garantindo o
alinhamento correto; se, devido à construção do forno, houver algum erro de dimensões, o que
ocorre com certa frequencia (devido à existência de processos como puncionamento, dobra,
encaixe sem gabaritos e solda), deve-se fazer uso de arruelas para o posicionamento correto da
trava de dois estágios; como algumas peças propostas serão fundidas, é necessário um grande
desembolso inicial para a fabricação dos moldes de fundição, tanto para o metal quanto para o
plástico, num total de aproximadamente R$ 35.000,00.
Em contrapartida a essas dificuldades, foi possível observar os benefícios de cada fechadura. A
atual possui um sistema robusto, que atende às exigências do mercado e está consolidada na
empresa. A nova proposta é inovadora (em relação aos modelos utilizados na empresa), de fácil
utilização e bons recursos.
O sistema atual é de difícil manutenção, uma vez que dificilmente a troca de alguma peça
resolve o problema. Geralmente, o sistema é substituído por inteiro, além da complexidade para
montagem e desmontagem. A fechadura nova é de fácil desmontagem e montagem: as principais
peças podem ser trocadas com a retirada de apenas um parafuso. Possui menor desgaste, pois o
sistema sofre principalmente força axial.
Em relação às funções, é possível observar na atual fechadura as seguintes: garantir a selagem
completa do forno; disponibilizar sistema de alívio; servir como haste para abertura e
fechamento do forno. As funções da fechadura nova contemplam as funções do sistema atual e
ainda: abrir o forno com o giro da maçaneta, tanto para a direita, quanto para a esquerda;
garantir o retorno rápido da maçaneta, após ser acionada.
No que tange ao funcionamento, pôde-se verificar uma melhoria em relação à abertura, alívio e
fechamento.
O sistema de alívio da fechadura atual é considerado ineficiente, já que proporciona distância
muito pequena para liberação de vapores, geralmente imperceptível pelos clientes. O sistema de
alívio da fechadura nova possibilita um alívio de 20 mm, podendo ser utilizado com um leve
toque na maçaneta. Ele pode não ser utilizado por opção, caso a maçaneta seja acionada e
permaneça com 50 graus de torção durante a abertura.
A nova fechadura possibilita o fechamento (lock) da porta, se for deslocada com um leve jogo de
corpo, em momentos em que o operador se encontra com as mãos ocupadas e não tem a intenção
de deixar a porta do forno aberta.
Considerando a ergonomia, a atual fechadura é considerada pela equipe um mecanismo duro,
necessitando de muita força para o acionamento. A maçaneta possui cantos retos que machucam
com a utilização diária. Na nova fechadura o mecanismo é leve, pode ser acionado com um
único dedo, é fácil de fechar e a maçaneta é arredondada para o encaixe da mão.
Após obter todas as peças em materiais suficientemente resistentes para testar o mecanismo, foi
feita uma reunião com todos os responsáveis da equipe para um teste. A Figura 7 ilustra o
protótipo pronto para teste.
17
Com a utilização de uma nova porta com a furação adequada para nova fechadura, montou-se o
mecanismo no forno proposto e pode-se testar o funcionamento.
Todos os integrantes da equipe manusearam a fechadura de formas diferentes, de acordo com
suas percepções de exigências que devem ser atendidas pelo produto.
A nova fechadura foi aprovada por todos, como se percebeu em alguns depoimentos. O
Cozinheiro Chefe afirmou: "Para mim não faz muita diferença o tipo de fechadura, eu gosto do
sistema atual mas, realmente, este novo ficou mais fácil". Já o responsável de Compras
completou dizendo: "Gostei muito, agora temos que decidir os materiais, processos de
fabricação e aonde vai ser feito. Estamos no caminho certo, os concorrentes estão trazendo
coisas novas e essa fechadura vai dar um diferencial para o nosso forno". Finalmente, o Diretor
da Fábrica completou: "O sistema ficou muito legal. Vamos definir se realmente fica finalizado
nesse protótipo, mandar produzir mais protótipos funcionais e testar. Podemos utilizar
acionadores pneumáticos para ver os desgastes e ir ajustando até que possa ser introduzido em
nossa linha".
5 Conclusões
O trabalho realizado preocupou-se em chegar a um produto que atendesse às exigências da
empresa e do mercado, trazendo inovações e soluções para problemas antigos. O projeto
encontra-se em fase de testes, levando em conta pontos importantes listados pela equipe de
projeto e com o intuito de identificar possíveis pontos para reprojeto. Pretende-se chegar a uma
fechadura ideal e, em uma segunda fase, realizar análises financeiras para então programar
fornecedores, modificar linhas de produção e componentes dos fornos para a utilização do novo
sistema.
Analisando preliminarmente a diferença entre custo das fechaduras, tempo para fabricação,
tempo para montagem e facilidades apresentadas pelo modelo novo, percebe-se que será uma
mudança muito positiva e, embora se tenha altos custos com a aquisição dos moldes de
fundição, com o tempo esse montante será recompensado.
Dessa forma, os objetivos do trabalho foram atingidos. Foram feitas as recomendações de
melhorias no projeto conceitual do novo sistema de fechadura. Foi utilizado o modelo proposto
por Souza (2007) que integra projeto para manufatura e montagem (DFMA) com a prototipagem
rápida (PR) em uma abordagem da engenharia reversa (ER). Foram utilizadas fechaduras de
referência, por meio da ferramenta ER, no momento da criação virtual da nova fechadura,
conceitos de DFMA foram empregados para beneficiar o produto e a primeira análise física do
sistema foi possível devido à fabricação do primeiro protótipo por PR, além de utilizar o modelo
no decorrer do projeto, já que ele propõe retornar às fases anteriores sempre que for necessário.
Portanto, o presente trabalho contribuiu na consolidação do modelo proposto por Souza (2007),
que se mostrou adequado para a criação desse novo projeto.
Como os princípios do DFMA não são estruturados, sugere-se para trabalho futuro uma pesquisa
que trate justamente da estruturação dos princípios do DFMA para aplicação no
desenvolvimento ou reprojetos de produtos industriais.
Espera-se que a nova fechadura venha a ser validada e que as melhorias beneficiem tanto a
empresa quanto os seus clientes. Como sugestões para futuros trabalhos, sugere-se aplicar o
18
modelo proposto por Souza (2007) no reprojeto de outros produtos para validar sua utilidade.
Foi dada entrada no INPI de um pedido de patente de modelo de utilização para a fechadura
proposta neste trabalho.
Agradecimentos
Os autores agradecem à Fapemig (processos EDT-538/07 e TEC-PPM-00043/08) os recursos
fornecidos para o fomento de pesquisas sobre o presente tema, sem os quais a realização desta
pesquisa não seria possível. Nosso muito obrigado também à Prática Technicook e aos seus
colaboradores, que nos permitiram realizar o presente trabalho.
Referências
ARTIS. Tecnologias de prototipagem - estereolitografia SLA. Brasília, DF: Clínica de
Odontologia Integrada Artis. Disponível em: <http://www.artis.com.br>. Acesso em: 25 maio
2006.
[ Links ]
BACK, N. et al. Projeto integrado de produtos: planejamento, concepção e modelagem. Porto
Alegre: Editora Manole, 2008.
[ Links ]
BACK, N. Metodologia de projeto de produtos industriais. Rio de Janeiro: Guanabara Dois,
1983.
[ Links ]
BAGCI, E. Reverse engineering applications for recovery of broken or worn parts and remanufacturing: Three case studies. Advances in Engineering Software, v. 40, p. 407-418,
2009.
[ Links ]
BOOTHROYD, G.; DEWHURST, P.; KNIGHT, W. Product development for manufacture
and assembly. 2nd ed. rev. exp. New York: Marcel Dekker, 2002.
[ Links ]
BOURREAU, M.; DOGAN, P. Cooperation in product development and process R&D between
competitors. International Journal of Industrial Organization, 2009. Doi:
10.1016/j.ijindorg.2009.07.010.
[ Links ]
BRYMAN, A. Research methods and organization studies (contemporary social research).
London: Routledge, 1989.
[ Links ]
CHEN, L. C. Reverse engineering in the design of turbine blades - a case study in applying the
MAMDP. Robotics and Computer Integrated Manufacturing, v. 16, n. 2-3, p. 161-167,
2000.
[ Links ]
CHOI, S. H.; CHAN, A. M. M. A virtual prototyping system for rapid product development.
Computer-Aided Design, v. 36, p. 401-412, 2004.
[ Links ]
COOPER, R. G.; EDGETT, S. J. Product Development for de Service Sector. Lessons from
market leaders. New York: Basic Books, 1999.
[ Links ]
COUGHLAN, P.; COGHLAN, D. Action research for operations management. International
Journal of Operations & Production Management, v. 22, n. 2, p. 220-240, 2002.
[ Links ]
DUFOUR, C. A. Estudo do processo e das ferramentas de reprojeto de produtos
industriais, como vantagem competitiva e estratégia de melhoria constante. 1996. 122 f.
Dissertação (Mestrado)-Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1996.
[ Links ]
ESTORILIO, C.; SIMIÃO, M. C. Cost reduction of a diesel engine using the DFMA method.
Product Management & Development, v. 4, n. 2, p. 95-103, 2006.
[ Links ]
GAUTAM, N.; SINGH, N. Lean product development: Maximizing the customer perceived
value through design change (redesign). International Journal of Production Economics, v.
114, p. 313-332, 2008.
[ Links ]
HOBDAY, M.; RUSH, H.; BESSANT, J. Approaching the innovation frontier in Korea: the
transition phase to leadership. Research Policy, v. 33, p. 1433-1457, 2004.
[ Links ]
HUANG, G. Q.; MAK, K. L. Design for manufacture and assembly on the Internet. Computers
in Industry, v. 38, p. 17-30, 1999.
[ Links ]
19
HÜSIG, S.; KOHN, S. Computer aided innovation. State of the art from a new product
development perspective. Computers in Industry, v. 60, p. 551-562, 2009.
[ Links ]
INGLE, K. A. Reverse engineering. New York: McGraw-Hill, 1994.
[ Links ]
KANG, Y.; PARK, C.; WU, C. Reverse-engineering 1-n associations from Java bytecode using
alias analysis. Information and Software Technology, v. 49, p. 81-98, 2007.
[ Links ]
KIM, L.; NELSON, R. Tecnologia, aprendizado e inovação: as experiências das economias de
industrialização recente. Campinas: Unicamp, 2005. Edição do original estadunidense, 2000.
[ Links ]
KOCHAN, A. Rapid prototyping gains speed, volume and precision. Assembly Automation, v.
20, n. 4, p. 295-299, 2000.
[ Links ]
MURY, L. G. M. Uma metodologia para adaptação e melhoria de produtos a partir da
engenharia reversa. 2000. 89f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Escola de
Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2000.
[ Links ]
OGLIARI, A. Sistematização da concepção de produtos auxiliada por computador com
aplicações no domínio de componentes de plástico injetado. 1999. Tese (Doutorado) Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1999.
[ Links ]
PAHL, G. et al. Projeto na engenharia: fundamentos do desenvolvimento eficaz de produtos,
métodos e aplicações. 6. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2005.
[ Links ]
ROSENTHAL, S. R. Effective product design and development - how to cut lead time and
increase customer satisfaction. New York: Irwin Professional Publishing, 1992.
[ Links ]
ROZENFELD, H. et al. Gestão de desenvolvimento de produtos: uma referência para a
melhoria do processo. São Paulo: Saraiva, 2006.
[ Links ]
SALGADO, E. G. et al. Análise da aplicação do mapeamento do fluxo de valor na identificação
de desperdícios do processo de desenvolvimento de produtos. Gestão e Produção, v. 16, n. 3, p.
344-356, 2009.
[ Links ]
SILVA, C. E. S. Método para avaliação do desempenho do processo de desenvolvimento de
produtos. 2001. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção)-Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, 2001.
[ Links ]
SOUZA, J. F. Aplicação de projeto para manufatura e montagem em uma abordagem de
engenharia reversa: estudo de caso. 2007. 135f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de
Produção)-Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, MG, 2007.
[ Links ]
STEPHENSON, J.; WALLACE, K. Design for reability in mechanical systems. In:
INTERNATIONAL CONFERENCE ON ENGINEERING DESIGN - ICED, 95., 1995, Praha.
Anais.
[ Links ]..
THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. 15. Ed. São Paulo: Cortez, 2007.
[ Links ]
TOLEDO, J. C. et al. Práticas de gestão no desenvolvimento de produtos em empresas de
autopeças. Produção, v. 18, n. 2, p. 405-422, 2008.
[ Links ]
VINCENT, G. Managing new product development. New York: Van Nostrand Reinold, 1989.
[ Links ]
WHEELWRIGHT, S. C.; CLARK, K. B. Revolutionizing product development - quantum
leaps in speed, efficiency, and quality. New York: Free Press, 1992.
[ Links ]
ZHU, J.; LIANG, X.; XU, Q. The cause of secondary innovation dilemma in chinese enterprises
and solutions. In: INTERNATIONAL ENGINEERING CONFERENCE - IEEE, 2005.
Proceedings... 2005. v. 1, p. 297-301.
[ Links ]
Recebido em 10/10/2009 - Aceito em 7/6/2010
Suporte financeiro: FAPEMIG (processos EDT 538/07 e TEC-PPM-00043/08) e CNPq.
Todo o conteúdo do periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença
Creative Commons
20
Universidade Federal de São Carlos
Departamento de Engenharia de Produção
Caixa Postal 676
13.565-905 São Carlos SP Brazil
Tel.: +55 16 3351 8237 r.246
Fax: +55 16 3351 8240
[email protected]
Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104530X2010000300005&lng=pt&nrm=iso – 31/01/2011
3.1 PRÁTICAS GRAMATICAIS II
EXERCÍCIOS
1. O trecho a seguir foi adaptado do resumo de um artigo publicado no Scielo. Leia-o com atenção e,
em seguida, faça as correções necessárias.
RESUMO
As organizações necessitam gerenciar o conhecimento utilizados em seus processos de forma efetiva para
promover aprendizado organizacional e preservar seu capital intelectual. A Gestão do Conhecimento tem
um papel fundamental no desenvolvimento de produtos como agente disseminadores de informações
para os atores envolvidos neste processo. O Processo de Desenvolvimento de Produto (PDP) tem
natureza interdisciplinar e é caracterizado pelo elevado número de informações que são geradas e
manipuladas. Portanto neste processo o compartilhamento de conhecimento, assim como a integração
entre os recursos humanos, faz-se necessária para a solução de problemas. Ontologias, enquanto sistemas
de representação do conhecimento, é importante para apoiar a organização, classificação, representação,
recuperação e difusão do conhecimento no PDP. Nosso objetivo neste artigo é descrever a elaboração de
uma proposta de Gestão do Conhecimento utilizando ontologias, que apoie a representação, recuperação
e disseminação de conhecimento relativo ao PDP. Para tanto, descrevemos um método para a
formalização e construção de ontologias para subprocessos do PDP. Na sequência apresentamos o
método para a construção da ontologia e sua aplicação no SENAI CIMATEC - Centro Integrado de
Manufatura e Tecnologia.
(Uma ontologia para a Gestão do Conhecimento no Processo de Desenvolvimento de
Produto , Maria Teresinha Tamanini AndradeI; Cristiano Vasconcelos FerreiraII; Hernane
Borges de Barros PereiraIII)
2. Reescreva os trechos a seguir, buscando a impessoalização, a clareza e a precisão vocabular.
a) A Engenharia de Software procura chegar a sistematizar a produção, a manutenção, a evolução e a
recuperar os produtos, com essa busca espera-se que tudo saia dentro do prazo e com os valores que
foram desejados pela empresa, com progresso controlado e utilizando princípios, métodos e processo em
contínuo aprimoramento...
21
b) Com a pesquisa, pude perceber que procedimentos sistemáticos de controle não são utilizados sempre
e quando eles são usados, posso notar que muitas vezes ficam só nos produtos que tem um nível inferior,
e ainda ignoram o controle das especificações dos requisitos ou sobre o projeto (design)...
c) Se nós formos analisar o que está acontecendo em outros países com esses rejeitos, vamos ver que nos
Estados Unidos, com a lei do “Clean Water Act” Lei (PL-92-500), as estações de tratamento de água
para abastecimento entram na classificação das indústrias e aí devem ter seus rejeitos tratados e jogados
de acordo com regras. Depois dessa lei, verificamos que outras apareceram para mostrar como é o jeito
que considero correto do tratamento e descarte de rejeitos...
d) Com esse programa temos o objetivo geral de desenvolvermos e aperfeiçoar tecnologias nas áreas de
águas de abastecimento, águas residuárias e resíduos sólidos que sejam fáceis de aplicar, que tenham
baixo custo na sua implantação, na sua operação e também na manutenção e que resultem numa grande
melhoria em termos de qualidade de vida da nossa população carente aqui do Brasil.
Prepare-se para a próxima aula – alimentação temática:
• Durante esta semana, procure ler textos que tratem do desenvolvimento tecnológico (benefícios,
prejuízos, adaptação dos profissionais, implicação em relação ao desemprego, contribuições para
a medicina, para a educação etc.), para que possamos elaborar um fluxograma, ou um
mapeamento de idéias sobre o assunto e desenvolver um texto organizado, claro e coeso. Quanto
mais contato tiver com os meios de informação (TV, jornais, revistas, rádio, livros), maior será
seu conhecimento sobre os assuntos. Por isso é muito importante ler constantemente, a fim de que
seu “arquivo” de conhecimentos esteja sempre cheio e atualizado. Se suas idéias forem limitadas,
seu texto também o será!
4 O PLANEJAMENTO DO TEXTO II: elaboração de argumentos a partir da tese
Outra possibilidade de planejamento de texto é a utilização da técnica do “POR QUÊ?”
Considere a seguinte estrutura textual:
INTRODUÇÃO: Tese + argumento 1 + argumento 2 + argumento 3
DESENVOLVIMENTO: argumento 1+ argumento 2+ argumento 3
CONCLUSÃO: Expressão inicial + reafirmação do tema + observação final
Vejamos, agora, os passos para este tipo de planejamento textual:
22
Tese: O MUNDO CAMINHA PARA A PRÓPRIA DESTRUIÇÃO
Pergunta-se:
Responde-se:
POR QUÊ? O MUNDO CAMINHA PARA A PRÓPRIA DESTRUIÇÃO?
(argumento 1) tem havido inúmeros conflitos internacionais.
(argumento 2) o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio
ecológico.
(argumento 3) permanece o perigo de uma catástrofe nuclear.
Conclui-se: Expressão inicial + retomada do tema + sugestão ou possibilidade (previsão) de solução
do problema.
Com esse esquema preparado, basta desenvolver as idéias selecionadas, articulando os
parágrafos de maneira clara e lógica. E, por fim, escolher um título atraente que faça
referência ao tema abordado no texto. Observe como isso pode dar um excelente resultado:
Destruição: a ameaça constante
O mundo caminha atualmente para a sua própria destruição, pois tem havido inúmeros
conflitos internacionais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio
ecológico e, além do mais, permanece o perigo de uma catástrofe nuclear.
Nestas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros
conflitos internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança das
guerras do Vietnã e da Coréia que provocaram grande extermínio. Em nossos dias,
testemunhamos conflitos que, envolvendo as grandes potências internacionais, poderiam
conduzir-nos a um confronto mundial de proporções incalculáveis.
Outra ameaça constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição
desmedida de alguns, que promovem desmatamentos e poluem as águas dos rios. Tais atitudes
contribuem para que o meio ambiente, em virtude de tantas agressões, acabe por se
transformar em um local inabitável...
Além disso, enfrentamos sério perigo relativo à utilização da energia atômica. Quer pelos
acidentes que já ocorreram e podem acontecer novamente nas usinas nucleares, quer por um
eventual confronto em uma guerra mundial, dificilmente poderíamos sobreviver diante do poder
avassalador desses sofisticados armamentos.
Isso posto ( sendo assim/ desse modo/ assim/ portanto) somos levados a acreditar na
possibilidade de estarmos a caminho do nosso próprio extermínio. É desejo de todos nós que algo
23
possa ser feito no sentido de conter essas diversas forças destrutivas, para podermos sobreviver às
adversidades e construir um mundo que, por ser pacífico, será mais facilmente habitado pelas
gerações futuras.
(Texto adaptado de GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. São Paulo:Ed.
Scipione,1988)
4.1 PRODUÇÃO DE TEXTO
A partir da pesquisa que sugerimos, faremos, agora, a construção do texto, para isso há duas
possibilidades:
PROPOSTA 1
•
Reflita sobre as leituras que fez.
•
Delimite o tema.
•
Estabeleça a tese que será apresentada.
•
Selecione o caminho que o levará à comprovação de sua idéia.
•
Estabeleça a que deseja chegar com a exposição que fará em seu texto.
•
Organize esse raciocínio por meio do gráfico.
•
Agora, transforme em texto as idéias que organizou no gráfico e, a seguir, escreva seu texto.
PROPOSTA 2
•
Reflita sobre as leituras que fez.
•
Delimite o tema.
•
Estabeleça a tese que será apresentada.
•
Selecione o caminho, ou seja, os argumentos que o levarão à comprovação de sua idéia, para
isso, utilize a técnica II.
LEMBRETES:
•
•
Faça sempre um rascunho do texto. Essa prática auxilia a desenvolver um texto mais claro e
coerente.
Se, durante a leitura do texto, você pensar “acho que vão entender”, esse é o momento de reescrever e tornar as idéias mais claras.
24
EXPRESSÕES QUE AJUDAM A MELHORAR SUA REDAÇÃO
1. Para introdução de uma ideia:Segundo Fulano...; Sucedeu que...; Ao iniciar...; Indubitavelmente...;
Ainda que...; Não existe...; O que é...; No dia..; Ao iniciar...; Não há dúvidas que...; Não há muito
tempo...; Primeiramente...; Sabemos que...; De modo geral...; Por que...?; Era uma vez...; Propomonos a ..; No início...; Aconteceu que...; Há...; Havia...; Foi uma vez...; Inicialmente...; Voltemos nosso
pensamento para...; Embora...; Temos...; Eis...; Você sabia...; Durante...; Existem...; Observamos
que...; Quando...; Supomos que...; Em primeiro lugar...; Eu...; Por volta de...; Até meados de...;
Pensamos que...; Sucedeu que...; Nestas considerações iniciais...; A palavra...; Voltemos nossa
atenção para....
2. Para desenvolvimento da ideia: Em segundo lugar...; Com referência a ...; Em seguida...; Outro
enfoque...; Passemos para...; A evidência adicional para confirmação...; Após as considerações
iniciais...; Continuando...; Prosseguindo...; Passamos em seguida para...; Examinemos a seguir...;
Examinemos agora...; Comparemos agora...;Depois...; Além disso...; Então...; Ora...; Voltemos por ora
a nossa atenção para...;
3. Para contraste de várias ideias:
Mesmo que...; Por um lado...; Por outro lado...; Mas...; Porém...;Contudo...; No entanto...; Entretanto...;
Todavia...; Apesar de...; Não obstante...
4. Resultado de ideias:O saldo desse confronto...; Assim sendo...; Em conseqüência...; Como
conseqüência...; Então...; Como resultado do exposto...; O resultado positivo...; Portanto...; Por isso...;
Assim...; Desse modo...; Desde que...; Porque...; Conseqüentemente...; Daí...; Já que...; O saldo
positivo do exposto...; Por essa razão...; Por esse motivo...; O saldo negativo...
5. Transição de ideias:
Concomitantemente...; Paralelamente...; Ao mesmo tempo...; Nesse
ínterim...; Além disso...; Se...; Então...; Voltemos nossa atenção para...; Se o que dissemos é verdade...;
Simultaneamente...
6. Cronologia de ideias:Em primeiro lugar...; Em segundo lugar...; Em Terceiro lugar...; Este...;
Aquele...; Um outro...; O primeiro...; O segundo...; Este...; O próximo...; Por último...; Depois...;
Enfim...; Em conclusão...
7. Ênfase das ideias:Aliás...; Deste modo...; Neste caso...; Isto é importante porque...; Os resultados
25
óbvios são...; Obviamente...; Os resultados significativos são...; Torna-se claro que...; Deixe me
repetir que...; Lembremos que...; Deixe-me enfatizar que...; Enfatizemos que...;Naturalmente...; É
claro que...; Frisemos que...; É obvio que...; Notemos que...
8. Resumo de ideias: Em suma...; Em conclusão...; Em resumo...; Em síntese...; Resumindo...;
Sumarizando...; Sintetizando...; Concluindo...; Como conclusão...; Como demonstramos...; Como
vimos...; Em poucas palavras...; Por esses...; Pelo exposto acima...
9. Explicação das ideias: (Poderia ser encaixado na ênfase das idéias)...isto é; ...é o seguinte;
Esclarecendo...; Explicando melhor...; Neste caso...; Com efeito...;
10. Conclusão das ideias:
Por fim...; Finalmente...; Encerrando...; Afinal...; Enfim...
5 LEITURA, ENTENDIMENTO DE QUESTÕES E RESPOSTAS ADEQUADAS
A resolução de exercícios e as respostas oferecidas a questões de provas também
compreendem o entendimento e a produção de texto. A distração aliada à inconveniente pressa e à
dificuldade em relação aos verbos de comando são as responsáveis, na maior parte das vezes, pelo
mau desempenho na solução desses problemas.
Há que se mergulhar na leitura para melhor compreender o sentido do texto que ora faz parte
de nossa ocupação. Não adianta pular etapas, pois um bom raciocínio requer começo, meio e fim.
É importante lembrar sempre que cada resposta é um pequeno texto e que, portanto, deve ter
introdução (muitas vezes representada pela reescrita da própria pergunta (tópico frasal),
desenvolvimento (a resposta propriamente dita) e, quando possível, conclusão (fechamento do texto).
Na resolução de problemas, muitos alunos começam a ler a questão e, sem terminar de ler todo
o enunciado, acham que já sabem o que se está pedindo e fazem as contas. Mas, na verdade, não
sabem realmente qual é a pergunta do problema. Isso é muito ruim, pois em muitos problemas a
pergunta está justamente no finalzinho do enunciado.
Por esse motivo, na maioria das vezes, uma questão muito fácil pode ser jogada fora por causa
de uma má leitura do enunciado.
Há questões que apresentam enunciados muito longos, daqueles que você já olha e fica
assustado - "isso aqui não sei". Geralmente, nesse tipo de questão, quando o aluno chega ao fim da
leitura do enunciado, já se esqueceu o que dizia o começo do problema: aí fica nervoso e acaba
considerando a questão difícil.
26
O que você deve fazer então?
1. Com calma, faça uma primeira leitura do enunciado para você se familiarizar com o problema
e delinear as metas a serem atingidas;
2. Numa segunda leitura, sublinhe as palavras-chave.
3. A terceira leitura possibilitará que você faça as anotações necessárias ao lado da questão a fim
de buscar uma representação gráfica para evitar abstrações desnecessárias.
4. Liste os dados e as incógnitas - é importante ter acesso fácil, em qualquer etapa da resolução,
aos dados conhecidos e aos desconhecidos.
5. Verifique o sistema de unidades.
6. Elabore hipóteses e escreva as equações apropriadas para delinear o problema da forma mais
clara possível.
7. Desenvolva o problema literalmente.
8. Analise o resultado.
(adaptado
de
http://
plato.if.usp.ler/seminarios
1
resolução
de
problemas
e
de
http://vestibular.uol.com.br)
Para auxiliá-los durante esse processo, vamos analisar alguns enunciados:
1. Um caminhão com carga de 20 toneladas e velocidade de 150 km/h trafega por uma rodovia. No
km 25, passa sob uma ponte cuja capacidade é suportar um peso de 15 toneladas. Pergunta-se o que
ocorre com a ponte durante a passagem do caminhão.
2. Um trem de 150 metros de comprimento, com capacidade para transportar cerca de 200 pessoas,
viaja de uma cidade a outra, movendo-se com uma velocidade constante de 72 km/h. Durante o
percurso, atravessa um túnel de 300 m de comprimento. Sabe-se que a distância entre as duas cidades
é de 2 km. Determine o tempo gasto pelo trem após atravessar completamente o túnel.
3. Em um prédio de 20 andares (além do térreo) o elevador leva 36s para ir do térreo
ao 20º andar.
Uma pessoa no andar X chama o elevador, que está inicialmente no térreo, e 39,6s após a chamada a
pessoa atinge o andar térreo. Determine o valor do andar X, considerando-se que não ocorreram
paradas intermediárias, e que os tempos de abertura e fechamento da porta do elevador e de entrada e
saída do passageiro são desprezíveis.
27
6 O TEXTO ARGUMENTATIVO
O texto argumentativo tem como meta principal a defesa de uma tese, pressupondo a
existência de um “auditório” (interlocutor) definido, isto é, um interlocutor específico, adequando-se a
ele com a intenção de convencê-lo, persuadi-lo (levá-lo a crer no ponto de vista defendido, de tal
forma que passe a aceitá-lo como verdadeiro). Nesse tipo de discurso, o enunciador almeja a adesão
total do interlocutor.
Ao elaborar um texto argumentativo visando a conseguir a adesão de determinado(s)
interlocutor(es), o enunciador precisa escolher os argumentos, conhecer a dimensão deles e
estabelecer uma ordem de apresentação dos mesmos. Em outras palavras, deve ter consciência da
pertinência e da força dos argumentos. Sem esse conhecimento prévio, toda argumentação pode ser
contemplada com seu inimigo fatal: o fracasso.
Os argumentos são, portanto, as “provas” (raciocínio, dados, fatos) apresentadas para
demonstrar que a idéia que você pretende defender é correta. Como diz Aristóteles, os argumentos
servem quando se tem de escolher entre duas ou mais coisas.
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma desvantajosa, como a saúde e a
doença, não precisamos argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas
coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, precisamos argumentar sobre qual das
duas é mais desejável. O argumento pode, então, ser definido como qualquer recurso que torna uma
coisa mais vantajosa que a outra.
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de um fato, mas levar o ouvinte a
admitir como verdadeiro o que o enunciador está propondo.
Sendo assim, podemos dizer que todo texto é argumentativo, porque todos são persuasivos,
mais ou menos explicitamente, uma vez que “ toda a ação comunicativa é dotada de intencionalidade,
veiculadora de ideologia e, portanto, caracterizada pela argumentatividade”.
"Argumentar é a arte de convencer e persuadir. Convencer é saber gerenciar informação, é
falar à razão do outro, demonstrando, provando. Etimologicamente, significa 'vencer junto com o
outro' (com + vencer) e não contra o outro. Persuadir é saber gerenciar a relação, é falar à emoção do
outro". A origem dessa palavra está ligada à preposição ‘per, 'por meio de, e a 'Suada, deusa romana
da persuasão. (... ) Mas em que 'convencer' se diferencia de ‘persuadir'? Convencer é construir algo no
campo das idéias. Quando convencemos alguém, esse alguém passa a pensar como nós. Persuadir é
construir no terreno das emoções, é sensibilizar o outro para agir. Quando persuadimos alguém, esse
alguém realiza algo que desejamos que ele realize".
(Antônio Suarez Abreu, A arte de argumentar - gerenciando razão e
emoção. São Paulo. Ateliê, 1999)
28
É comum utilizarem-se indistintamente os termos "convencer" e "persuadir" como sinônimos.
Na teoria da argumentação, entretanto, eles adquirem sentidos específicos, associando-se o primeiro
conceito mais à razão, e o segundo, à emoção. Koch (1984) adota essa distinção: "Enquanto o ato de
convencer se dirige unicamente à razão, através de um raciocínio estritamente lógico e por meio de
provas objetivas (... ), o ato de persuadir, por sua vez, procura atingir a vontade, o sentimento do(s)
interlocutor(es), por meio de argumentos plausíveis ou verossímeis, e tem caráter ideológico,
subjetivo, temporal".
6.1 FORMAS DE ARGUMENTAÇÃO
Os argumentos são recursos lingüísticos que utilizamos para tornar nosso discurso mais
persuasivo e conquistar a adesão do auditório.
Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase impossível, tantas são as formas de
que nos valemos para fazer as pessoas preferirem uma coisa à outra.
Qualquer recurso lingüístico destinado a fazer o interlocutor dar preferência à tese do
enunciador é um argumento. Os argumentos mais utilizados são:
a)Argumento de autoridade
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas pelo auditório como autoridades em
certos domínios do saber, para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Isso confere ao
texto maior credibilidade, pois o ancora no depoimento de um especialista. Para o auditório, o efeito é
positivo, uma vez que se acredita que as considerações de um expert são verdadeiras.
A estratégia é adquirir respeitabilidade, fazendo valer sua tese com o peso da consideração de que
goza a autoridade citada. Se considerarmos que por meio da argumentação se constrói um determinado
objeto de saber, o discurso como um todo, podemos dizer que a autoridade auxilia-nos a construir esse
objeto. Observe:
Administrar é dirigir uma organização, utilizando técnicas de gestão para que alcance seus
objetivos de forma eficiente, eficaz e com responsabilidade social e ambiental.
Lacombe (2003, p.4) diz que a essência do trabalho do administrador é obter resultados por
meio das pessoas que ele coordena.
A partir desse raciocínio de Lacombe, temos o papel do "Gestor Administrativo" que com sua
capacidade de gestão com as pessoas, consegue obeter os resultados esperados.
Drucker (1998, p. 2) diz que administrar é manter as organizações coesas, fazendo-as
funcionar.
As principais funções administrativas são:
•
•
Fixar objetivos (planejar)
Analisar: conhecer os problemas.
29
•
•
•
•
•
•
Solucionar problemas
Organizar e alocar recursos (recursos financeiros e tecnológicos e as pessoas).
Comunicar, dirigir e motivar as pessoas (liderar)
Negociar
Tomar as decisões.
Mensurar e avaliar (controlar).
Fayol foi o primeiro a definir as funções básicas do Administrador: Planejar, Organizar,
Controlar, Coordenar e Comandar - POCCC. Destas funções a que sofreu maior evolução foi o
"comandar" que hoje chamamos de Liderança.
b)Argumento baseado no consenso
É aquele que corresponde a valores em circulação na sociedade sobre os quais não pairam
dúvidas: trata-se de idéias aceitas como verdadeiras por determinado grupo social, razão pela qual o
consenso dispensa a demonstração (o que é considerado óbvio não precisa ser comprovado para ser
aceito). De certa maneira, os dados consensuais produzem efeito semelhante ao que chamamos
anteriormente de "evidência" (no discurso científico): criam a impressão de que não há o que
argumentar. De fato, só se argumenta para chegar a um consenso, a um ponto comum (na verdade, o
ponto de vista do enunciador).
É preciso cautela no uso desse recurso argumentativo, uma vez que o consenso é o que todos
sabem, e o texto que fala só do que todos já sabem torna-se desnecessário, perde sua razão de ser. Não
há o que argumentar, por exemplo, diante de dados consensuais como a idéia de que o homem é
mortal, a AIDS é uma doença contagiosa, homens não podem engravidar etc. Observe, por exemplo, o
seguinte argumento em se tratando da questão da escassez de água:
A escassez e o uso abusivo da água doce constituem, hoje, uma ameaça crescente ao
desenvolvimento das nações e à proteção ao meio ambiente. A saúde e o bem estar de milhões de
pessoas, a alimentação, o desenvolvimento sustentável e os ecossistemas estão em perigo.
A luta pela água poderá levar o mundo a outra grande guerra. Alguns economistas prevêem
que, por sua importância estratégica, a água será a moeda do futuro. Mais do que o petróleo e o
ouro, ela é valiosa para a humanidade. Sem ouro ou sem petróleo o homem vive; sem água não.
(adaptado de http://www.uniagua.org.br. 06/08/2007)
c)Argumento baseado em provas concretas
30
Trata-se da apresentação de dados que servem para comprovar a nossa tese, criando também
efeito de sentido de evidência, de realidade. Esses dados concretos, isto é, extraídos da experiência
"real", são obtidos de levantamentos estatísticos, relatórios, pesquisas etc., em geral divulgados por
fontes consideradas "fidedignas", ou seja, que gozam de credibilidade - por exemplo, os números do
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os índices da FGV (Faculdade Getúlio Vargas)
etc. Do ponto de vista do poder persuasivo, esse é um tipo de argumento forte, uma vez que cria a
impressão de realidade, o efeito de verdade (embora se saiba que números podem ser desmentidos por
números).
Vejamos um exemplo de uso desse recurso argumentativo extraído do texto "Uma revolução
silenciosa" (Folha de S. Paulo, 29/12/1996), do então presidente Fernando Henrique Cardoso:
" ( .. ) Treze milhões de brasileiros já deixaram a linha de pobreza. As classes D e E diminuíram
17%, e as classes A e B cresceram 21 %. O rendimento dos 1 0% mais pobres da população
dobrou. ( .. ) Carne bovina, ovos, congelados, iogurte e conservas passaram a freqüentar mais a
mesa dos brasileiros. As classes D e E são responsáveis por 30% de produtos como biscoitos,
iogurte e macarrão instantâneo. Aumentou também o número de residências com geladeira, TV
em cores, freezer, produtos eletrônicos e eletrodomésticos (... ). As vendas de cimento cresceram
12% em 1995 e 21,5% no primeiro semestre deste ano. (... ) Nestes dois anos de governo, 100 mil
novas famílias tiveram acesso à terra. ( ... ). Já desapropriamos, neste período, 3 milhões de
hectares (... ). Na Previdência Social, o aumento real médio dos benefícios foi de 39% entre 94 e
96 (... ). Conseguimos reduzir, de maneira sensível, os índices de mortalidade infantil (... )"
Como se vê, o enunciador constrói uma imagem positiva de si, como o "salvador da pátria"
que resgatou o país da situação caótica em que se encontrava (antes do Plano Real), devolvendo ao
povo a esperança de transformações, a partir das realizações "demonstradas" por meio das provas
concretas. Produz, assim, a impressão de comprometimento com os rumos da nação, de seriedade no
exercício da função presidencial. É importante dizer que se trata de uma estratégia: o discurso não diz
a verdade (o que é a verdade?); cria efeitos de verdade, ou seja, faz o auditório crer que aquilo que
parece verdadeiro de fato é verdadeiro.
d)Argumento baseado no raciocínio lógico
O texto é um todo coeso, organizado, coerente - o que pressupõe que nele exista uma
progressão lógica das idéias. Utilizar satisfatoriamente esse recurso argumentativo, então, significa
estabelecer relações adequadas entre as passagens do texto, respeitando, por exemplo, as relações de
31
causa e conseqüência(entre o que provoca dado evento e o resultado produzido). Tudo aquilo que afeta
a maneira habitual de as pessoas raciocinarem, associarem idéias, relacionarem proposições, afeta a
lógica, logo prejudica o sentido (e, como ocorre via de regra, a argumentatividade do texto, seu poder
persuasivo).
Para ser coerente, o texto precisa, entre outras coisas, respeitar princípios lógicos fundamentais, como
o "princípio da não-contradição", por exemplo. Quer dizer que não pode afirmar "A" e o contrário de
"A": suas passagens têm de ser compatíveis entre si. Esta carta publicada no Painel do Leitor da Folha
de S. Paulo (712/2003) ilustra a questão:
"Se não punir Heloísa Helena, por quem tenho o maior apreço, o PT passará a ser mais uma sigla
que, um dia, já foi um partido político. Não estará tolhendo o direito a opinião divergente, mas estará
zelando pela unidade do partido”.
(Fábio P. Marques, São Bernardo do Campo, São Paulo)
De modo como está posto no enunciado, o que se depreende é que a não punição da deputada
implicaria o desaparecimento do PT ("A") e a preservação da unidade do PT (o contrário de "A").
Em matéria de problemas envolvendo o raciocínio lógico, é importante também ficarmos
atentos às formas de ligar orações nas composições dos períodos e aos mecanismos de relação entre
eles. Expressões tais como "por exemplo", "dessa forma", "por outro lado" - que são exemplos de
"articuladores lógicos do discurso" -, só servem à coerência se usadas, respectivamente, para explicar
o que foi dito anteriormente, recuperar a "forma" em questão (o que se falou antes) e apresentar um
outro aspecto do tema tratado.
Outros recursos linguísticos que merecem igual atenção são as conjunções que estabelecem
relações temporais, marcando “anterioridade" e "posterioridade" entre os fatos apresentados, as
conjunções que estabelecem noções de causa e conseqüência, condição, oposição, etc.
e) Argumento de competência lingüística
O que interessa, aqui, não é tanto "o que dizer", mas "como dizer": grosso modo, pode-se
pensar que a competência lingüística está mais ligada à forma do que ao conteúdo. Por melhores que
sejam os argumentos do ponto de vista do conteúdo, a forma como são expostos pode pôr tudo a
perder.
Se considerarmos que a linguagem utilizada pelo é o "cartão de apresentação" do texto,
criando já de início uma boa ou uma má impressão no auditório, a competência linguística, isto é, o
manejo linguístico hábil, adequado, tem força persuasiva. Problemas de concordância, regência, crase,
32
pontuação, ortografia etc, por outro lado, são comprometedores na medida em que desautorizam o
enunciador, enquanto uma dissertação produzida em obediência aos padrões linguísticos formais
colabora para que dele se construa uma imagem positiva. O texto abaixo ilustra exemplarmente o
quanto à competência linguística interfere na persuasão, afetando a imagem do enunciador. Vejamos
um trecho:
“Tropecei num jota muçulmano na semana passada. Caí de cara no chão. Pra quem não leu a
crônica da semana passada vou logo confessando que escrevi 'atinjiu' com jota e não com ge de jeito
(esta dói mais). Mas eu explico. O que eu estava dizendo que atingiu foi jato. Jato com jota. Devo ter
esquecido o dedo na tecla. A quantidade de cartas foi assustadora. Ninguém comentou nada sobre as
torres atingidas. O que doeu mesmo no leitor foi aquele jota de jato. Bem nos alvos.
Como se não bastasse o jota, no lugar de muçulmano, escrevi mulçumano. Aqui eu poderia mentir e
dizer que foi de propósito, pois não queria atingir os muçulmanos que não tinham nada com o
atingido. Então, teria inventado a palavra 'mulçumano. E mais, que teria escrito errado para facilitar
a rima com humano. Tudo mentira. Errei mesmo. Talvez por nunca ter visto um ' muçulmano pela
frente. Aliás, nem por trás, como o Bush anda vendo ( .. ) ".
O jota muçulmano, Mário Prata, O Estado de S. Paulo, 3/10/2001
De forma bem-humorada, o enunciador confessa que cometeu deslizes de
ortografia na crônica anterior, chamando a atenção para o fato curioso de que os erros
ganharam destaque sobre o próprio assunto de que ele falava. As cartas dos leitores são uma
prova disso: enquanto Mário Prata tratava do atentado terrorista, as cartas acusavam-no de
"atentados à língua". Apesar do tom de brincadeira do texto, trata-se de uma questão tão
importante que sua discussão mereceu uma crônica inteira.
6.3 TEXTOS PARA ANÁLISE E DISCUSSÃO
O estudo desse texto nos levará a perceber várias formas de argumentação. Leia-o e, a seguir,
faça os exercícios solicitados.
Apagão de engenheiros no Brasil
Paulo Serteki
Para se atender à demanda de crescimento do país é necessário que haja um número ideal de
engenheiros em torno de 25 mil trabalhadores; hoje estamos com 6 por mil.
A necessidade de investimento em infraestrutura nas áreas como as de construção civil, da energia,
33
do gás e do petróleo, devido ao aquecimento da economia, tornou aguda a demanda por engenheiros
experientes. A falta se dá em virtude dos inúmeros projetos para atender à exploração da camada présal, da infraestrutura necessária para a realização da Copa do Mundo em 2014 e também para a
Olimpíada prevista para 2016.
O apagão de engenheiros se explica pelo fato de que os anos de 1980 e 1990 foram voltados às
necessidades financeiras das empresas durante o longo período inflacionário. Nesses anos os
engenheiros dedicaram-se a atividades pouco ligadas à sua especialidade, ainda que se necessitasse de
suas habilidades para o cálculo matemático, a visão analítica e a capacidade de modelar e resolver
problemas. Por isso hoje há um déficit espantoso de profissionais de engenharia. De acordo com a
Confederação Nacional da Indústria, faltarão até 2012 aproximadamente 150 mil engenheiros. No
Brasil ingressam nas escolas de engenharias, todos os anos, 130 mil e formam-se 30 mil engenheiros,
dos quais, se avalia que 20 mil deles têm formação insuficiente.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoas de Nível Superior (Capes) está desenvolvendo um
programa que pretende em cinco anos dobrar o número de engenheiros. Fixou como meta principal a
redução da evasão dos cursos de engenharia, pois 60% dos alunos matriculados não chegam ao final
do c urso. O plano Nacional Pró-Engenharia terá começo em 2011 e a sua estratégia prevê a bolsa
permanência para estudantes e incentivos ao contato, no início do curso, com as questões práticas
mais motivadoras ao ambiente tecnológico.
Outra dificuldade para assegurar a continuidade dos estudantes nos cursos de engenharia é a
precariedade dos ensinos fundamental e médio do país, acumulando apagões nas habilidades para o
pensamento abstrato, pela deficiência de aprendizagem da matemática e física. O próprio diretor de
Relações Internacionais do Capes, Sandoval Carneiro Júnior, diagnostica que “muitos alunos fogem
da engenharia porque tiveram péssimos professores de matemática.”
Para se atender à demanda de crescimento do país é necessário que haja um número ideal de
engenheiros em torno de 25 por mil trabalhadores; hoje estamos com 6 por mil. Nos EUA, China e
Coreia esse número e de 25, e na Índia, 22.
Por outro lado, o almejado crescimento de 7% anual do PIB, que supera a média de 4% histórica do
período republicano recente, exigirá, além do aumento e aprimoramento dos cursos de engenharia, o
investimento forte em qualidade de ensino, especialmente nas fases iniciais do letramento. A baixa
qualidade da nossa educação é o obstáculo decisivo para o crescimento na melhoria do capital
humano nas universidades.
De acordo com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, “ o número de doutores tem crescido de
forma acelerada no Brasil, em grande parte motivada pela demanda de quadros para atender às
necessidades da própria pós-graduação, assim como do crescimento do sistema universitário em
geral. O crescimento de ml por centro no número de doutores titulados anualmente entre 1987 e 2008
evidencia esse fato, o que se reduz a diferença entre o Brasil e outros países”. Mesmo tendo em conta
o aspecto positivo desses números, “no Brasil, em 2008, foram titulados mais de 10 mil doutores em
todos os programas de doutorado, públicos ou privados. O número total de doutores existentes no país
no ano de 2008 era de 132 mil. Ainda assim, a proporção de doutores na população total é de apenas
1,4 por mil habitantes. Os Estados Unidos, por exemplo, têm 8,4 doutores por mil habitantes e a
Alemanha, 15,4”.
A questão, que necessita um olhar acurado, é a da formação de doutores em engenharia, já que
apenas 6% do total dos formados ao ano são dessa área, comparados, por exemplo, com os 27% na
China e 31% na Coreia. Esse dado é significativo em virtude da questão da inovação como fator de
competitividade, pois esta exige a capacidade de desenvolver pesquisas em engenharia que redundem
em melhorias de produtividade e modos de lidar com problemas tecnológicos.
O apagão de engenheiros graduados e de doutores é um desafio para o próximo presidente, pois
sem isso não há como ser competitivos internacionalmente.
1. Paulo Sertek, doutor em Educação, é professor da UniFae (Centro Universitário) e autor de livros:
Responsabilidade Social e Competência Interpessoal; Empreendedorismo e Administração e
Planejamento Estratégico. Consultor da Bellatrix Gestão em Planejamento e Marketing. Extraído do
jornal Gazeta do Povo, Opinião, 01.10.2010.
34
1. Qual é o ponto de vista defendido pelo autor?
2.Quais são os argumentos utilizados por ele para defender seu ponto de vista e como se classificam?
3. Qual a conclusão a que chega o autor?
4. Você considera o texto convincente e persuasivo? Por quê?
MOMENTO DE PRODUÇÃO EM GRUPO
Novamente, reúna-se com seu grupo de estudos para elaborar uma reflexão acerca da questão
discutida por Stephen Kanitz no texto a seguir.
Na elaboração de seu texto (entre 8 e 12 linhas), utilize, pelo menos, dois dos tipos de
argumentos estudados.
35
PREPARADAS PARA SERVIR
Quem quiser sobreviver na indústria e no comércio terá de se conscientizar de que não está
mais operando nos setores de comércio nem na indústria e sim no setor de serviços. O mundo
empresarial de hoje é o mundo dos serviços.
A grande maioria das empresas ainda não percebeu este fato ou então ainda não estão
preparadas para esta nova era. Poucas estão organizadas e treinadas para servir o outro, neste caso o
cliente. As empresas de sucesso serão as empresas que eu chamaria de “Preparadas Para Servir”.
Transformar estas empresas será um enorme desafio, e vamos ter que promover uma mudança cultural
de enormes proporções, por razões históricas. Herdamos uma cultura portuguesa que via a servidão
como um fardo, uma obrigação a ser evitada. Servir o outro era visto como uma penalidade, algo que
devia ser evitado a todo custo. Esta mentalidade tem muito a ver com os quase 400 anos de tradição
escravocrata, importaram escravos justamente porque servir o outro era impensável. Tanto é, que
fomos os últimos países do mundo a abolir a escravidão. Pior, o Brasil ainda vive a resistência à
servidão e todas as distorções culturais dela decorrentes. Servir está associado a servilismo, serviçal,
subserviente, termos absolutamente negativos. Muito distante da idéia cristã de servir o outro como
finalidade da existência e coroamento da vida.
Em outras culturas servir o outro é um prazer, feito de bom grado e que gera o círculo virtuoso
da reciprocidade. Como mudar este quadro e este pensamento dominante? Que ações uma empresa
poderá efetivar para transformar-se efetivamente numa empresa preparada a servir? Uma das saídas
que recomendo às empresas é contratar funcionários que tenham sido voluntários em entidades
beneficentes no passado. Isto porque não há seminário, palestra motivacional ou treinamento que
induza alguém a mudar de postura, é uma característica pessoal. Funcionários que tenham sido
voluntários mostram pelo menos predisposição a servir os outros. Hoje, muitas empresas incluem
entre os seus critérios de seleção de pessoal a experiência do candidato como voluntário de causas
sociais.
Outra medida é a criação de um clima motivacional, envolvente, o lançamento de uma
campanha do tipo “Seja Um Voluntário”. Existem mais de 2.000 entidades sem fins lucrativos sérias
neste país, que precisam de trabalho esporádico e eventual. São 2.000 entidades que sabem muito bem
como servir o outro e mostram claramente que isto pode ser um trabalho digno e muito estimulante.
Incentivar seus funcionários a serem voluntários é um primeiro passo para aperfeiçoá-los a atuar no
mundo dos serviços.
A campanha abre oportunidade para os funcionários que normalmente estão bem distantes do
foco da empresa, como os auditores internos, envolvam-se com questões mais humanas e sociais. O
36
que um auditor interno tem para contar de interessante aos seus filhos ao conversar depois do jantar?
Que
descobriu
mais
cinco
notas
frias,
ou
mais
um
desfalque
no
almoxarifado?
“Sexta-feira, dia que reservo para o trabalho voluntário, é uma ocasião em que fico de bem com a vida
e comigo. É minha terapia”, disse um auditor interno depois da introdução do trabalho voluntário na
sua empresa. O trabalho voluntário não ultrapassa a média de três horas por semana, mas muda
significativamente a vida de seus funcionários.
Oito anos atrás criei um site que aproxima entidades e potenciais voluntários, no
www.voluntarios.com.br. Naquela época, ninguém sabia o que era uma .com, muito menos uma .org,
razão do nosso sufixo comercial.
Se ensinarmos as pessoas que servir o outro não é degradante, pelo contrário, é um raro
prazer, construiremos uma sólida plataforma de exportação de serviços além de criar uma nação
de cidadãos compromissados com o cliente e com o social. Vamos começar hoje, por que não?
MOMENTO DE PRODUÇÃO EM GRUPO
ALIMENTAÇÃO TEMÁTICA
Os três primeiros textos - escritos em 2008 - apresentam pontos de vista diversos acerca da
construção da Usina Nuclear Angra III, já os outros textos apresentam a situação atual do mesmo
processo. Reúna-se com seu grupo de estudos para elaborar um texto que apresente seu ponto de vista
sobre a questão discutida.
Na elaboração de seu texto (entre 20 e 25 linhas), utilize, pelo menos, três dos tipos de
argumentos estudados. (Este exercício compõe nota da Av2 - 2,0)
TEXTO I
Uma folga para São Pedro
RONALDO FABRÍCIO
São Paulo, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
__________________________________________________________________________________
Parece óbvio que o Brasil precisa redesenhar sua matriz energética, o que torna a conclusão de Angra
3 uma necessidade urgente
É injustificável achar que o Brasil vai ser para sempre dependente de São Pedro e viver
pavores cíclicos de um novo apagão, como ocorre mais uma vez agora.
Nossa excessiva dependência da energia hidrelétrica não é obra do santo, mas resultado de uma antiga
opção estratégica que só agora começa a ser mudada, pois está impondo ao país perda de tempo, de
recursos e de oportunidades de desenvolvimento.
Se antes podíamos contar com grandes reservatórios em hidrelétricas que garantiam o
37
fornecimento de "combustível" em períodos secos, hoje isso é impossível. Os grandes reservatórios
perderam capacidade por assoreamentos devidos aos desmatamentos e pelo uso de suas águas para
outras finalidades também importantes, como abastecimento e irrigação.
As novas hidrelétricas já não contam mais com tamanha capacidade de armazenamento, por
problemas ambientais. Não se trata de substituir simplesmente uma fonte por outra, mas de explorar
complementarmente todas as boas alternativas disponíveis dos pontos de vista econômico e ambiental.
A energia nuclear é uma delas, como já constataram os países mais avançados.
O Brasil tem a sexta maior reserva de urânio do mundo. São 309 mil toneladas, que equivalem
em energia ao dobro das reservas de gás bolivianas ou quase 240 anos de operação do gasoduto
Bolívia-Brasil, que tem capacidade para transportar 25 milhões de metros cúbicos por dia. Apesar
disso, a energia nuclear representa apenas 2% da matriz brasileira, centrada na fonte hidráulica em
quase 90%. A geração nuclear nos Estados Unidos, França e Inglaterra é maior hoje do que toda a
energia produzida no Brasil. E a previsão é de que cresça no mundo consideravelmente até 2030.
Não faltam argumentos para que o Brasil também tome este caminho.
Do ponto de vista ambiental, as usinas nucleares são defendidas hoje até por ecologistas que
antes as rejeitavam, pois comprovaram ser uma alternativa às emissões provocadas pelas centrais
térmicas e à necessidade de alagamento de grandes áreas para a construção de hidrelétricas. Além de
não emitirem gases causadores do efeito estufa, elas armazenam seus resíduos de forma segura,
isolados do público e do ambiente.
Economicamente, a opção nuclear também é vantajosa em relação a outras energias
alternativas, seja pelo rendimento, seja pelo custo de geração e até mesmo pela tarifa, que se tornou
competitiva no caso do Brasil.
Tomemos o exemplo de Angra 3, projeto estratégico cuja retomada foi anunciada em 2007
sem que até agora tenha se concretizado.
A central nuclear de 1.350 megawatts pode gerar 10,9 milhões de megawatts-hora/ano,
suficientes para abastecer um terço da demanda energética do Estado do Rio de Janeiro.
Uma usina eólica com a mesma capacidade, por exemplo, geraria menos da metade dessa
energia a um preço bem superior e ocuparia uma área muito maior do que o quilômetro quadrado onde
se concentra todo o complexo de Angra.
A geração nuclear se tornou competitiva também em se tratando de tarifa. O Brasil tem déficit
de 4.000 MW e não pode confiar apenas em projetos hidrelétricos disponíveis para atender essa
demanda. No último leilão realizado pelo governo, em outubro passado, a energia contratada de
térmicas foi negociada a um preço médio de R$ 130 o megawatt-hora, considerando que estas usinas
vão operar apenas 5% do tempo. Se for necessário operar por períodos maiores, o custo do
combustível será rateado entre todos os consumidores.
Este valor é muito próximo dos R$ 140 a serem cobrados por Angra 3. Parece óbvio, portanto,
que o Brasil precisa redesenhar sua matriz energética, e nesse redesenho há um bom espaço para a
geração nuclear, o que torna a conclusão de Angra 3 uma necessidade estratégica e urgente. A não ser
que nos conformemos com a reza coletiva a São Pedro como alternativa avançada de política
energética.
___________________________________________________________________
RONALDO FABRÍCIO, 74, engenheiro civil, é vice-presidente executivo da Abdan (Associação Brasileira para
o Desenvolvimento de Atividades Nucleares). Foi presidente de Furnas e da Eletronuclear e diretor de
Engenharia da Eletrobrás.
38
TEXTO II
Quem vai pagar a conta de Angra 3?
BEATRIZ CARVALHO G. SANTOS
São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2008
_____________________________________________________________________
Construir uma usina nuclear no Brasil será um verdadeiro saque aos cofres públicos; se criada, Angra
3 gerará pouca energia e vários problemas
Em recente artigo publicado nesta Folha ("Uma folga para são Pedro", "Tendências/Debates",
13/2/08), Ronaldo Fabrício, da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades
Nucleares, defendeu a construção da usina nuclear Angra 3. Para justificar a opção atômica, listou
argumentos sobre a suposta viabilidade econômica do empreendimento, em detrimento de alternativas
como a energia eólica.
Construir uma usina nuclear no Brasil só será possível por meio de um verdadeiro saque aos
cofres públicos. Se for instalada, Angra 3 vai gerar pouca energia -apenas 1.350 MW- e diversos
problemas sem solução, como lixo radioativo e risco permanente de acidentes.
E, apesar do marketing para posicionar a geração atômica como resposta ao aquecimento
global, sabe-se que o ciclo de vida da energia nuclear, incluindo a fabricação do combustível a partir
do urânio, consome energia e gera emissões indiretas de gases estufa. Tais emissões indiretas podem,
em alguns casos, equiparar-se à poluição de termelétricas fósseis.
Orçamentos estourados e problemas de cronograma são típicos da indústria nuclear, que
registra uma média mundial de quatro anos de atraso na conclusão das obras. O caso de Angra 2 é
emblemático: fruto do tratado Brasil-Alemanha firmado em 1975, a usina custou mais de R$ 20
bilhões e entrou em operação apenas em 2000. A construção de Olkiluoto 3, na Finlândia, está 18
meses atrasada em relação ao cronograma original e acumula perdas de quase US$ 1 bilhão.
O cronograma oficial de Angra 3 prevê que as obras da usina sejam iniciadas em 2008 improvável, já que as licenças ambientais nem sequer foram concedidas- e terminem em 2014. Se a
média de quatro anos de atraso for mantida, a usina ficará pronta só em 2018. Quanto maior o tempo
de construção, maior o ônus financeiro por conta dos juros sobre o capital imobilizado para a obra.
A Eletronuclear informa que o empreendimento custará R$ 7,2 bilhões, sendo que 70% do
financiamento virão de recursos do BNDES e fontes estatais, e os outros 30% de investidores
internacionais, entre eles a gigante francesa Areva.
As condições do financiamento são controversas. A Eletronuclear assumiu uma taxa de
retorno para o investimento entre 8% e 10% -muito abaixo das praticadas pelo mercado, que variam de
12% a 18%. Somente uma taxa de retorno tão baixa pode viabilizar a tarifa de R$ 138 MW/h
anunciada pelo governo federal para Angra 3 e emprestar um verniz de competitividade ao
empreendimento. A título de comparação, a energia da hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira,
foi negociada a uma tarifa de R$ 78,87 MW/h.
A operação a baixas taxas de juros revela o subsídio estatal à construção da usina, uma vez
que o investimento público não será integralmente recuperado. Os subsídios governamentais ocultos
no projeto da usina nuclear Angra 3 são perversos, porque estão disfarçados nas contas de luz dos
consumidores. O Greenpeace não se opõe ao aporte de recursos públicos para setores estratégicos ao
desenvolvimento do país, mas condena a falta de transparência sobre os custos reais das suas opções
energéticas, impedindo que a sociedade saiba, e se manifeste, sobre como e onde seu dinheiro está
sendo investido.
Em um horizonte mais amplo, o desvio de recursos públicos para a opção nuclear é um
verdadeiro obstáculo ao estabelecimento de um mercado de energias renováveis no Brasil.
Com os R$ 7,2 bilhões alocados para Angra 3, seria possível construir um parque eólico com o
dobro da capacidade da usina nuclear em apenas dois anos sem lixo radioativo ou risco de acidentes.
Dados do Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), do governo
federal, mostram que cada R$ 1 bilhão empregado em programas de eficiência energética resulta em
uma economia de 7.400 MW, o equivalente a 5,5 vezes a potência de Angra 3. Se uma usina nuclear
custa mais de R$ 7 bilhões, pode-se concluir que cada R$ 1 bilhão investido em eficiência pode evitar
investimentos de até R$ 40 bilhões para gerar a mesma eletricidade a partir de plantas nucleares.
39
Os custos econômicos, ambientais e sociais de Angra 3 são altíssimos. Apenas as verdadeiras
ambições políticas e econômicas do Programa Nuclear Brasileiro -leia-se: aumento da exploração de
urânio, o mercado de combustível nuclear e finalidades militares- podem explicar tal insistência com
projeto tão desnecessário para o Brasil e tão ineficaz em termos de energia.
___________________________________________________________________
BEATRIZ CARVALHO G. SANTOS , advogada, é coordenadora da campanha antinuclear do
Greenpeace.
TEXTO II
Quem vai pagar a conta de Angra 3?
BEATRIZ CARVALHO G. SANTOS
São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2008
_____________________________________________________________________
Construir uma usina nuclear no Brasil será um verdadeiro saque aos cofres públicos; se criada, Angra
3 gerará pouca energia e vários problemas
Em recente artigo publicado nesta Folha ("Uma folga para são Pedro", "Tendências/Debates",
13/2/08), Ronaldo Fabrício, da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades
Nucleares, defendeu a construção da usina nuclear Angra 3. Para justificar a opção atômica, listou
argumentos sobre a suposta viabilidade econômica do empreendimento, em detrimento de alternativas
como a energia eólica.
Construir uma usina nuclear no Brasil só será possível por meio de um verdadeiro saque aos
cofres públicos. Se for instalada, Angra 3 vai gerar pouca energia -apenas 1.350 MW- e diversos
problemas sem solução, como lixo radioativo e risco permanente de acidentes.
E, apesar do marketing para posicionar a geração atômica como resposta ao aquecimento
global, sabe-se que o ciclo de vida da energia nuclear, incluindo a fabricação do combustível a partir
do urânio, consome energia e gera emissões indiretas de gases estufa. Tais emissões indiretas podem,
em alguns casos, equiparar-se à poluição de termelétricas fósseis.
Orçamentos estourados e problemas de cronograma são típicos da indústria nuclear, que
registra uma média mundial de quatro anos de atraso na conclusão das obras. O caso de Angra 2 é
emblemático: fruto do tratado Brasil-Alemanha firmado em 1975, a usina custou mais de R$ 20
bilhões e entrou em operação apenas em 2000. A construção de Olkiluoto 3, na Finlândia, está 18
meses atrasada em relação ao cronograma original e acumula perdas de quase US$ 1 bilhão.
O cronograma oficial de Angra 3 prevê que as obras da usina sejam iniciadas em 2008 improvável, já que as licenças ambientais nem sequer foram concedidas- e terminem em 2014. Se a
média de quatro anos de atraso for mantida, a usina ficará pronta só em 2018. Quanto maior o tempo
de construção, maior o ônus financeiro por conta dos juros sobre o capital imobilizado para a obra.
A Eletronuclear informa que o empreendimento custará R$ 7,2 bilhões, sendo que 70% do
financiamento virão de recursos do BNDES e fontes estatais, e os outros 30% de investidores
internacionais, entre eles a gigante francesa Areva.
As condições do financiamento são controversas. A Eletronuclear assumiu uma taxa de
retorno para o investimento entre 8% e 10% -muito abaixo das praticadas pelo mercado, que variam de
12% a 18%. Somente uma taxa de retorno tão baixa pode viabilizar a tarifa de R$ 138 MW/h
anunciada pelo governo federal para Angra 3 e emprestar um verniz de competitividade ao
empreendimento. A título de comparação, a energia da hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira,
foi negociada a uma tarifa de R$ 78,87 MW/h.
A operação a baixas taxas de juros revela o subsídio estatal à construção da usina, uma vez
40
que o investimento público não será integralmente recuperado. Os subsídios governamentais ocultos
no projeto da usina nuclear Angra 3 são perversos, porque estão disfarçados nas contas de luz dos
consumidores. O Greenpeace não se opõe ao aporte de recursos públicos para setores estratégicos ao
desenvolvimento do país, mas condena a falta de transparência sobre os custos reais das suas opções
energéticas, impedindo que a sociedade saiba, e se manifeste, sobre como e onde seu dinheiro está
sendo investido.
Em um horizonte mais amplo, o desvio de recursos públicos para a opção nuclear é um
verdadeiro obstáculo ao estabelecimento de um mercado de energias renováveis no Brasil.
Com os R$ 7,2 bilhões alocados para Angra 3, seria possível construir um parque eólico com o
dobro da capacidade da usina nuclear em apenas dois anos sem lixo radioativo ou risco de acidentes.
Dados do Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), do governo
federal, mostram que cada R$ 1 bilhão empregado em programas de eficiência energética resulta em
uma economia de 7.400 MW, o equivalente a 5,5 vezes a potência de Angra 3. Se uma usina nuclear
custa mais de R$ 7 bilhões, pode-se concluir que cada R$ 1 bilhão investido em eficiência pode evitar
investimentos de até R$ 40 bilhões para gerar a mesma eletricidade a partir de plantas nucleares.
Os custos econômicos, ambientais e sociais de Angra 3 são altíssimos. Apenas as verdadeiras
ambições políticas e econômicas do Programa Nuclear Brasileiro -leia-se: aumento da exploração de
urânio, o mercado de combustível nuclear e finalidades militares- podem explicar tal insistência com
projeto tão desnecessário para o Brasil e tão ineficaz em termos de energia.
___________________________________________________________________
BEATRIZ CARVALHO G. SANTOS , advogada, é coordenadora da campanha antinuclear do
Greenpeace.
TEXTO III
Licenciar Angra 3: por quê?
ROBERTO MESSIAS FRANCO
São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2008
_________________________________________________________________________________
Nenhuma alternativa de geração de energia pode ser descartada liminarmente. Isso porque o Brasil
retomou o desenvolvimento
Vários projetos estruturantes para o Brasil do futuro estão em análise pelo Ibama e pelos
órgãos ambientais dos Estados brasileiros. Nesse cenário, nenhuma alternativa de geração de energia
pode ser descartada liminarmente. O Ibama analisa com responsabilidade e rigor os impactos
ambientais relativos a cada uma das opções possíveis.
Isso porque o Brasil retomou o desenvolvimento. Ninguém ignora ou é contra o crescimento
do país, pois significa novas oportunidades de emprego, de desenvolvimento científico e tecnológico e
de uso dos recursos abundantes. Entretanto, para a área ambiental, o desafio é enorme: é, certamente,
mais fácil licenciar e controlar numa economia estagnada.
Além disso, ante as mudanças climáticas, é imperativo ter uma matriz energética com o
mínimo de emissão de CO2 e, neste quesito, o país tem uma situação confortável comparada com a de
outras nações do mundo.
Mas o ritmo do desenvolvimento requer mais produção de energia.
A energia nuclear representa cerca de 3% na matriz energética brasileira, mesmo com a
existência de cientistas de grande capacidade, compromissados com o país, desenvolvendo tecnologias
nucleares que não podem ser confundidas com usos belicosos nem bomba atômica, ao contrário,
resultam em benefícios para a indústria médico-hospitalar em avançados tratamentos de doenças como
o câncer, a conservação de alimentos e outras conquistas científicas.
A produção de energia é mais uma conquista. Juntas, as usinas nucleares brasileiras formam
um complexo de padrão internacional e iluminam a cidade do Rio de Janeiro. Se a energia nuclear
fosse uma tecnologia obsoleta e descartável, não seria usada em grande escala na Europa e nos EUA.
41
O Brasil possui combustível nuclear, já descoberto e de conhecimento de todos, para 400 anos
de geração de energia sem despender um só dólar com importação, ao contrário das termoelétricas,
que terão de importar carvão. As hidrelétricas, por sua vez, apresentam impactos na sua construção,
com áreas alagadas e populações afetadas, e não são todos os rios que mantêm volume de água
suficiente para geração de energia em todas as estações do ano.
O parque eólico e o uso de energias solares, que também têm de ser considerados e
estimulados, são certamente componentes da matriz energética, mas insuficientes para manter toda a
atividade industrial e o consumo urbano que o país vai exigir.
As térmicas a carvão ou a óleo, em funcionamento ou em perspectiva de construção, envolvem
emissão de CO2 na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global, fator que não pode ser
esquecido quando caminhamos para um acordo mundial pós-Kyoto para evitar mudanças indesejáveis
para toda a população da Terra.
As próprias hidrelétricas na Amazônia têm uma complicada análise de custo/benefício e é
necessário estudar com profundidade seu impacto sobre um rico ecossistema e sobre as populações
tradicionais e indígenas.
Diante de todos os desafios impostos ao país, que retoma o caminho para o desenvolvimento
da grande nação que é, o Ibama analisou a licença para Angra 3 à luz das exigências da legislação
ambiental brasileira, com todo o rigor e profundidade para garantir a segurança em relação aos
impactos ambientais que poderiam ocorrer em sua construção e em sua operação.
Vale lembrar que as duas unidades nucleares funcionam sem nenhum episódio de significativo
risco para a população desde que entraram em operação; a licença prevê mecanismos de
monitoramento, com isenção e transparência para a população local e brasileira; e foram impostas
medidas compensatórias para corrigir eventuais pressões causadas por um aumento de densidade da
população na região.
No caso de Angra 3, o empreendedor assumirá custos do saneamento ambiental de Angra dos
Reis e Paraty, uma vez que um investimento desse porte significa uma pressão maior sobre o meio
ambiente. E adotará duas preciosidades da mata atlântica regional, que são o parque da Bocaina e a
Estação Ecológica de Tamoios.
Nenhuma cidade vai deixar de ter seus prédios, elevadores, computadores e chuveiros
elétricos, e as indústrias vão continuar usando energia, gerando trabalho e benefícios. É sob a ótica da
sustentabilidade que o licenciamento sério e responsável de Angra 3 pretende ser uma contribuição ao
desenvolvimento brasileiro.
_____________________________________________________________________
ROBERTO MESSIAS FRANCO , geógrafo, é presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Foi diretor-adjunto para a América Latina do Pnuma
(Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e secretário especial do Meio Ambiente
(governo Sarney).
TEXTO IV
RGR financia Angra 3
www.energiahoje.com/.../2011/.../rgr-financia-angra-3.html
A Eletrobras Eletronuclear vai fechar nesta semana o financiamento no valor de R$ 890 milhões com a
holding Eletrobras para a construção da usina nuclear de Angra 3 (RJ), de 1.350 MW. Os recursos
serão oriundos do fundo da Reserva Global de Reversão (RGR), um dos encargos do setor elétrico
brasileiro.
A usina demandará no total investimentos de R$ 9,9 bilhões. Desse valor, R$ 6,1 bilhões serão
emprestados pelo BNDES. O financiamento com o banco estatal, já aprovado, deverá ser assinado
entre o fim de janeiro e o início de fevereiro.
42
Outros 1,6 bilhão de euros (aproximadamente R$ 2,7 bilhões) serão levantados por um financiamento
internacional, via holding Eletrobras. A expectativa é que a definição da operação, com o nome dos
bancos financiadores, seja definida nas próximas semanas.
De acordo com o diretor de Administração e Finanças da Eletronuclear, Edno Negrini, a empresa
investirá cerca de R$ 1,2 bilhão nas obras de Angra 3 em 2011. A usina está prevista para entrar em
operação em 2016.
TEXTO V
Obras de Angra 3: conteúdo nacional na usina deve chegar a 54%
Rio de Janeiro - A participação do conteúdo nacional na Usina de Angra 3 será de 54%,
segundo informou à Agência Brasil o superintendente de gerenciamento de empreendimento
da Eletronuclear, Luiz Manuel Messias.
Na avaliação do coordenador das obras de construção da terceira unidade nuclear do país,
além da importância estratégica para o suprimento energético do país e a continuidade do programa
nuclear brasileiro, a retomada das obras de Angra 3 vai alavancar os setores de fornecimento de bens e
serviços implementando a indústria nacional.
“A gama de fornecimento de conteúdo nacional é extremamente ampla e diversa. Ela passa
pela parte de serviços, construção civil (que já está sendo feita por uma construtora local), de serviços
de montagem eletromecânica e de engenharia.”
O superintendente da Eletronuclear ressaltou o fato de que, ao suspender os inúmeros
contratos que estão sendo renegociados pela Eletronuclear - advindos ainda do Programa Nuclear
Brasileiro e que foram assinados a cerca de 25 anos por ocasião da construção das usinas de Angra 2 e
3, a subsidiaria da Eletrobras terá que renegociar inúmeros contratos.
“Isso nos levará a desenvolver também uma série de processos licitatórios aqui no Brasil e eles
passam pelo fornecimento de tanque, de tubulações, o envoltório de aço da contenção, trocadores de
43
calor, cabos, painéis elétricos – a gama é extremamente variável e a participação da indústria nacional
é bem extensa”, afirmou.
(Disponível em: exame.abril.com.br/.../conteudo-nacional-na-usina-de-angra-3-sera-superior-a-50)
TEXTO VI
Angra 3 prossegue em 2011
Eletrobras terá recursos necessários para dar continuidade a obras com empréstimo de R$ 6,1
bilhões aprovados pelo BNDES para a Eletronuclear
A aprovação de um empréstimo de R$ 6,1 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) para a Eletronuclear – subsidiária da Eletrobras para o setor de energia
nuclear – permitirá a continuidade das obras de Angra 3. Segundo o superintendente de gerenciamento
empresarial da Eletronuclear, Luiz Manuel Messias, o orçamento para a construção de Angra 3 prevê
para 2011 investimentos de R$ 1,7 bilhão, dos quais até R$ 1,4 bilhão podem vir a ser desembolsados
pelo
banco
de
fomento
do
Brasil.
“Se essa meta vai ser alcançada isso vai depender dos processos de renegociação de contratos e
também dos processos licitatórios. Se correr tudo bem, temos como executar esse programa.”
Os R$ 6,1 bilhões aprovados pelo BNDES para a Eletronuclear, considerando os custos
incorridos, correspondem a 58,6% do investimento total do projeto, que vai criar 9 mil empregos
diretos e mais 15 mil indiretos durante a fase de construção da usina, além de mais 500 quando a usina
entrar
em
operação.
A Eletrobras financiará R$ 890 milhões com recursos provenientes da RGR – Reserva Global de
Reversão e 1,6 bilhão de euros serão captados no mercado externo. Os investimentos diretos ainda a
realizar chegam a R$ 9,9 bilhões.
(Disponível em: http://www.seesp.org.br/site/cotidiano/1188-angra-3-prossegue-em-2011-
.html)
TEXTO VII
Société Générale lidera grupo de bancos que vão financiar Angra 3
18/01/2011 - 19h19 | da Folha.com
JANAINA LAGE
DO RIO
Um grupo de bancos liderado pelo francês Société Générale foi escolhido pela Eletrobrás e pela
Eletronuclear para financiar com 1,5 bilhão de euros parte das obras da usina de Angra 3. A proposta
44
prevê um prazo de pagamento de 30 anos, com seis anos de carência.
Os demais bancos que fazem parte da operação de financiamento são o BNP Paribas, o Crédit
Agricole, o Santander e o CNC. Os recursos serão usados para custear a importação de equipamentos.
O empréstimo será analisado pelo Ministério da Fazenda e será submetido à aprovação do Congresso
ainda neste ano.
O custo total de construção de Angra 3 chega a R$ 10,4 bilhões e inclui também um financiamento do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), de R$ 6,1 bilhões, para financiar
a compra de equipamento nacional. Há ainda uma parcela de recursos da própria Eletrobrás.
No próximo mês, a Eletronuclear espera fechar a renegociação de um dos principais contratos, o de
aquisição de equipamentos da francesa Areva (fabricante de reatores), estimado em 1,1 bilhão de
euros.
A lista de empresas que tiveram contratos renegociados para a obra, que ficou parada por mais de 20
anos, inclui ainda a Andrade Gutierrez, responsável pelas obras civis, a Confab, que produz vasos e
tanques e a Nuclep, responsável pela produção de equipamentos de grande porte.
URÂNIO
A INB (Indústrias Nucleares do Brasil) planeja ainda enriquecer comercialmente todo o urânio
necessário para atender a demanda da usina de Angra 3 a partir de 2016. Para isso, o país terá de
realizar etapas feitas hoje no exterior, como a conversão de urânio em gás e o enriquecimento. O país
já domina a tecnologia, mas ainda não faz o enriquecimento em escala industrial.
Para atender a demanda, será construída uma nova fábrica em Resende. Segundo o diretor de Produção
de Combustível da INB, Samuel Fayad Filho, será possível fornecer combustível fabricado
inteiramente no Brasil na segunda recarga de Angra 3, prevista para ocorrer em 2016/2017.
NOVAS USINAS
O presidente da Eletronuclear, Othon Pinheiro da Silva, afirmou ontem que a próxima central
(conjunto de usinas) será construída no Nordeste por conta de fatores como o ritmo de crescimento
econômico da região e pelo número reduzido de oportunidades de exploração de energia hídrica na
região. A nova usina deverá ser construída nas margens do rio São Francisco.
A Eletronuclear entregará até o fim do semestre um atlas com mais de 40 locais em todo o país que,
em uma primeira análise, seriam capazes de abrigar uma central nuclear.
No Nordeste, a estatal mapeou 12 municípios nos Estados de Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas.
A lista inclui Rodelas (BA), Belém do São Francisco (PE), Traipu (AL), Poço Redondo (SE), Tacaratu
(PE) e Belo Monte (AL). A decisão final caberá ao governo.
http://noticias.bol.uol.com.br/economia/2011/01/18/societe-generale-lidera-grupo-de-bancos-que-vaofinanciar-angra-3.jhtm
7 O TEXTO DESCRITIVO
A descrição é uma espécie de retrato verbal de um determinado objeto. É descritivo o
texto que tem por finalidade retratar algo, de forma que o interlocutor possa, por meio das
palavras, criar mentalmente a imagem do objeto descrito.
45
É importante ressaltar que como não há escrita sem intenção, descreve-se para atingir
determinados objetivos, tais como:
o
exaltar ou criticar.
o
analisar conteúdos.
o
fazer conhecer, direta ou indiretamente, objeto, processos laboratoriais – por
exemplo - e ambientes.
Ao descrever, a pessoa seleciona as palavras que pretende usar para que possa
convencer o interlocutor. Se há um desejo de convencer, de fazer com que o interlocutor
enxergue de acordo com a visão de mundo do enunciador, o texto descritivo possui uma
função argumentativa.
Sendo assim, a descrição pretende ser um retrato verbal, mostrar aquilo que os olhos
do enunciador veem, portanto:
a linguagem deve ser objetiva – vocabulário denotativo;
as frases devem ser curtas e, preferencialmente, na ordem direta;
os verbos devem ser utilizados em 3ª pessoa.
Como construir um texto descritivo:
É muito comum a dificuldade na criação de um texto descritivo, pois a sensação é de
que há muito a dizer e não se sabe por onde começar, ou ainda, definir o que é ou não
relevante para que se atinja o objetivo do texto.
Uma boa maneira de solucionar esses problemas é observar, analisar e classificar as
idéias que se tem acerca do objeto da descrição.
Elaborar uma lista (ou um quadro) com idéias que vão ocorrendo sobre o que se quer
descrever e, a seguir, organizar essas informações, separando-as em grupos que se coordenam
é um bom começo.
A descrição técnica deve apresentar precisão vocabular e exatidão de pormenores.
Deve esclarecer, convencendo. Pode-se descrever objetos, mecanismos ou processos,
fenômenos, fatos, lugares, eventos.
Determinar o ponto de vista e o objetivo do texto são muito importantes na construção
da descrição, deles depende a estrutura do texto: o que será descrito? que aspecto será
destacado? quais são os pormenores mais importantes? que ordem será adotada para a
descrição? a quem se destina o texto: ao técnico ou ao leigo?
Veja na ilustração a seguir o resultado de uma descrição mal feita.
46
Descrição técnica de objeto: passo a passo
Introdução – 1º parágrafo:
No 1º período, apresente o objeto como um todo (nome), função, campo de utilização.
No 2º período, apresente as partes que compõem o objeto, procure adotar um ponto de vista,
uma sequência para que o leitor possa, à medida que lê, visualizar o objeto descrito.
Parágrafos de desenvolvimento:
Elabore um parágrafo para cada parte, procure adotar a sequência que estabelece a
ligação entre elas de modo, agora, a ir montando o objeto na mente do leitor, apresente as
características mais relevantes (função, formato, dimensões, cor – quando isso for relevante,
como no caso de fios -, material (flexibilidade, dureza). Em seguida, indique a que outra parte
se liga. Passe então para o próximo parágrafo e assim sucessivamente.
Conclusão - último parágrafo:
47
Retome o objeto como um todo ( repita o nome), apresente, então mais alguma
característica geral como o peso, a eficácia ou o preço, por exemplo. Traga mais alguma
informação sobre o funcionamento, a segurança no uso ou a manutenção e encerre.
Descrição técnica de processo: passo a passo
Introdução – 1º parágrafo:
No 1º período, cite o nome do processo, sua função, campo de utilização. No 2º
período, indique quantas e quais são as etapas do processo. Em seguida apresente os
materiais, as ferramentas ou equipamentos que são utilizados. Procure descrever a sequência
em que vão ocorrendo os passos, para que o leitor possa, à medida que lê, visualizar e
compreender o que está sendo descrito.
Parágrafos de desenvolvimento:
Elabore um parágrafo para apresentar o preparo para a realização do processo.
Elabore, em seguida, o número de parágrafos necessários para descrever como se dá o
desenvolvimento do processo.
Conclusão - último parágrafo:
Retome o nome do processo, sua validade, eficiência, utilidade ou finalidade. È
possível acrescentar também comentários acerca da segurança da execução do trabalho.
Lembre-se de:
a) impessoalizar o texto, ou seja, utilize expressões como: misturou-se..., procedeu-se a
... No caso de manuais de instrução, os verbos devem ser utilizados no modo
imperativo: faça, pegue, cole etc
b) utilizar expressões correlacionais como: em primeiro lugar, primeiramente, logo após,
em seguida, depois disso, feito isso, a partir disso, posteriormente, por último,
finalmente, por fim.
Descrição técnica de ambiente: passo a passo
Introdução – 1º parágrafo:
Apresente, inicialmente, o nome do ambiente, a que se destina, sua localização, área.
Parágrafos de desenvolvimento:
Elabore um parágrafo para detalhar as características da construção: portas, janelas,
paredes teto, chão. Lembre-se de adotar um ponto de vista: a leitura do texto deve ser um
48
verdadeiro retrato do ambiente, escolha indicar a partir da porta onde está localizada a janela,
por exemplo.
No parágrafo seguinte, faça o detalhamento dos móveis e objetos que estão no
ambiente, localizando sua posição no espaço. Lembre-se novamente de adotar uma sequência,
quanto mais organizado a disposição das informações mais claramente a imagem se constrói
na mente do leitor.
Conclusão - último parágrafo:
Retome o nome do ambiente, e teça comentários acerca da adequação, acesso,
ventilação, segurança, iluminação do local.
Veja, a seguir, alguns exemplos de descrição.
DESCRIÇÃO TÉCNICA DE OBJETO
TEXTO I
O motor está montado na traseira do carro, fixado por quatro parafusos à caixa de câmbio, a qual,
por sua vez, está fixada nos coxins de borracha na extremidade bifurcada do chassi. Os cilindros
estão dispostos horizontalmente e opostos dois a dois. Cada par de cilindros tem um cabeçote
comum de metal leve. As válvulas, situadas nos cabeçotes, são comandadas por meio de tuchos e
balancins. O virabrequim, livre de vibrações, de comprimento reduzido, com têmpera especial nos
colos, gira em quatro pontos de apoio e aciona o eixo excêntrico por meio de engrenagens
oblíquas. As bielas contam com mancais de chumbo-bronze e os pistões são fundidos de uma liga
de metal leve.
(Manual de instruções (Volkswagem). In: Comunicação em prosa moderna. GARCIA Othon,
Rio de janeiro: Editora FGV, 1996, p.388.)
49
TEXTO II
Mesa de Rolos
EFACEC
Mesas de rolos são tipicamente usadas em aplicações onde seja necessário acumular e
manusear um número relativamente grande de malas, como no final de coletoras em pequenos
terminais, no final de rampas, ou após a saída de máquinas de inspeção. Esses transportadores possuem
rolos livres e operam baseados no princípio da força de gravidade.
A estruturas, reforçadas com contrafortes montados na parte inferior a intervalos nunca
maiores do que 1m, são construídas a partir de chapas de aço macio quinado, com 3 mm de espessura,
com robustez e rigidez suficientes para suportar as cargas exigidas e serem fáceis de manusear. São
projetadas para suportar uma carga estática de 1500N/m. Todos os elementos do transportador são
capazes de suportar uma carga singular concentrada de 1150N.
Os rolos são fabricados em aço zincado, possuem rolamentos internos e estão equipados com
veios facetados. O diâmetro é de 60 mm.de Rolos
Os rolos estão inseridos em ranhuras existentes na estrutura do transportador, espaçadas entre
si de 80 mm.
Os rolamentos internos dos rolos são de precisão, do tipo esferas, com lubrificação para a sua
vida útil.
Os elementos estruturais dos transportadores são construídas com aço pré-galvanizado e
pintado. Todas as partes estruturais serão pintadas segundo um processo de pintura eletrostática a pó.
Os suportes dos rolamentos, esticadores e outros acessórios são zincados. Partes maquinadas estão
protegidas contra a ferrugem com pintura inibidora ou então fosfatadas e passivadas.
As guardas laterais são feitas de chapa de aço macio quinada com 2mm de espessura, altura
entre 350-600mm e largura de 40mm, com robustez e rigidez suficientes para suportar impactos
laterais. Nas áreas públicas, as guardas laterais são feitas em chapa de aço inoxidável com 2 mm de
espessura, com acabamento e polimento de acordo com os requisitos do cliente. Localizam-se em
ambos os lados do transportador, exceto em áreas de carga e descarga onde as guardas só existem no
lado oposto ao do operador. As guardas laterais são aparafusadas entre si e à estrutura do transportador
e são reforçadas com contrafortes a intervalos inferiores a 3m, em pontos sujeitos a impactos
constantes. Nas áreas de carga e descarga, do lado do operador, guardas laterais tapam a estrutura do
transportador até o chão.esa de R
Todos os transportadores são equipados com proteções de segurança, para que as bagagens não
caiam no chão. Essa proteção pode ser um rolo proeminente ou uma superfície de borracha com 5mm
de espessura. Como acessórios, os transportadores de rolos estão identificados com uma placa
contendo as indicações mais importantes. Além disso, um par de suportes para fotocélulas e refletores
estão incluídos em cada equipamento.
50
Esses produtos apresentam versões adequadas às diferentes aplicações, com diversas opções,
como sejam diferentes diâmetros de rolos ou dispositivo de travagem passiva. De acordo com o
modelo, podem variar em tamanho tendo comprimento entre 1000-20000mm; largura entre 8001200mm; altura da superfície de transporte: 300mm no mínimo e ângulo de inclinação ± 3º máximo.
(Adaptado de material disponível em:
http://www.efacec.pt/PresentationLayer/ResourcesUser/CatalogoOnline/PDFs/Descri%C3%A7%C3%
A3o%20T%C3%A9cnica%20-%20Mesa%20de%20Rolos.pdf 19/11/2010, 17h30)
II – DESCRIÇÃO TÉCNICA DE PROCESSO
Transmissão de um programa de rádio
Os sons que se produzem dentro do campo de ação do microfone são por estes captados e
transformados em corrente elétrica equivalente. Estas correntes, devido ao fato de serem
extremamente fracas, são conduzidas a um pré-amplificador de
microfone, que as amplifica
convenientemente, depois do que são transferidas para um amplificador de grandes dimensões,
chamado modulador. Existe no equipamento transmissor um circuito gerador de alta freqüência, que
fornece a onda a ser irradiada pela Estação. Esta onda R. F. (alta freqüência) será misturada com as
correntes de som amplificadas pelo modulador e transmitidas no espaço por meio de antena
transmissora.
(Martins, º N., Curso pratico de rádio, p. 127. In: Comunicação em prosa moderna. GARCIA
Othon, Rio de janeiro: Editora FGV, 1996, p.398.)
7.1 EXERCÍCIOS
Nas aulas de Metodologia, vocês tiveram a oportunidade conhecer os laboratórios do curso de
engenharia da unidade em que estuda. A seguir, apresentamos fotos dos laboratórios das outras
unidades. Vamos aproveitar que conhece pessoalmente alguns deles e treinar a descrição técnica.
Selecione uma das imagens e crie uma descrição de ambiente, objeto ou processo que pode ser
executado nesses laboratórios. (Este trabalho compõe a nota da AV3 2.0).
______________________________________________________
Fotos cedidas pela supervisora de campi Catia Regina Wellichan do Departamento de Ciências
Exatas.
51
Laboratório de Elétrica – Memorial
(Wellichan, 2010)
Laboratórios Prédio K – Vila Maria
(Wellichan, 2010)
52
Laboratório de Física – Vergueiro
(Wellichan, 2010)
Laboratório de Automação – Santo Amaro
(Wellichan, 2010)
8 EXERCÍCIOS – ENADE
53
A estrutura dos exercícios a seguir é muito semelhante à das questões solicitadas no Exame
Nacional de desempenho Estudantil. Faça-os com atenção, pode ser um bom treino!
1. Para responder às questões 1 e 2, leia os textos a seguir.
Texto 1
Quase 50% da população vive em cidades
______________________________________________________________
Um novo relatório da Organização das nações unidas (ONU) indica que quase metade da
população mundial vive hoje em cidades, onde está conectada a uma rede econômica global em franca
expansão.. No entanto essa máquina urbana de prosperidade pode ser brutal. Mais de 1 bilhão de
pessoas vivem em favelas e áreas invadidas em todo o mundo.
Istanbul- O relatório situação das Cidades do Mundo, divulgado ontem chega cinco anos depois
de um evento no qual esses problemas foram discutidos, a 2ª conferência da nações Unidas sobre os
Assentamentos Humanos, a Habitar 2. Na conferência, em Istambul, na Turquia, representantes de
mais de 170 países firmaram o compromisso como o de lutar pelo desenvolvimento sustentável de
suas cidades e providenciar teto adequado a seus habitantes. [...]
O relatório da ONU mostra a urgência de se cumprirem metas da declaração de Istanbul.
“Houve, definitivamente, algum progresso desde 1996, mas o xix da questão é que 1,2 bilhão de
pessoas continuam sem teto adequado.” Diz a diretora executiva do Centro habitar, Anna Tabaijuka.
Consumo – Enquanto o Terceiro Mundo luta para providenciar moradia, emprego e serviços básicos,
países industrializados tentam conter o consumo em suas cidades. O mundo usa cinco vezes mais
combustível fóssil e duas vezes mais água potável do que em meados do século 20. A essa taxa de
crescimento, tais recursos estarão exauridos ao final do século.
“Uma criança nascida no mundo industrializado consome e polui durante a vida mais do que 30 a
50 crianças em países em desenvolvimento; ainda assim, o dano ambiental derivado do consumo em
escala global recai mais sobre os pobres”, diz o relatório da ONU.
O Estado de São Paulo, São Paulo, 5 de junho de 2001. (Fragmento)
Texto 2
O gráfico a seguir representa o crescimento das favelas no Rio de Janeiro.
54
(Disponível em: http://ofca.com.br/artigos/wpcontent/uploads.jpg. 04/10/2010, 14h)
1. A leitura e comparação entre os textos 1 e 2 permitem afirmar que:
a) A aglomeração crescente de pessoas na área urbana deixou de ser preocupante
desde a 2ª Conferência das Nações Unidas sobre os Assentamentos Humanos.
b) Nos países de 3º mundo, a população carece de moradia, serviços básicos e
empregos, paradoxalmente, nos países industrializados a preocupação deve-se à
contenção do consumo excessivo de recursos existentes.
c) A utilização descontrolada dos bens naturais em países de Primeiro Mundo tem
como principal consequência o abandono das populações dos países do 3ª mundo e
o consequente aumento de favelas e condições sub-humanas de vida.
d) À medida que os recursos ambientais se tornam cada vez mais escassos, maior o
índice da favelas nos grandes centros urbanos, como ocorreu nos 14 anos
demonstrados no gráfico.
e) O gráfico demonstrado no texto 2 exemplifica perfeitamente as relações entre
pobreza e aglomeração crescente de pessoas nas área urbanas.
2. A leitura e análise dos textos levam a dois problemas que se intensificam na
sociedade:
a) Serviços básicos e pobreza.
b) Assistência social e moradia.
c) Habitação e segurança pública.
d) Crescimento sustentável e urbanização.
e) Escassez de recursos naturais e invasão de áreas.
Textos para questão 3
55
Texto 1
A SOCIEDADE GLOBAL
As pessoas se alimentam, se vestem, moram, se comunicam, se divertem, por meio de
bens e serviços mundiais, utilizando mercadorias produzidas pelo capitalismo mundial
globalizado.
Suponhamos que você vá com seus amigos comer Big Mac e tomar Coca-Cola no Mc
Donald's. Em seguida, assiste a um filme de Steven Spielberg e volta para Casa num ônibus
de maca Mercedes.
Ao chegar em casa, liga seu aparelho de TV Philips para ver o videoclip de Michael
Jackson e, em seguida, deve ouvir um CD do grupo Simply Red, gravado pela BMG Ariola
Discos em seu equipamento AIWA.
Veja quantas empresas transnacionais estiveram presentes nesse seu curto programa de
algumas horas.
(Adap. Praxedes et alli, 1997. O MERCOSUL. SP, Ed. Ática, 1997)
Texto 2
A globalização implica uma nova configuração espacial da economia mundial, como
resultado geral de velhos e novos elementos de internacionalização e integração. Mas se
expressa não somente em termos de maiores laços e interações internacionais, como também
na difusão de padrões transacionais de organização econômica e social, consumo, vida ou
pensamento, que resultam do jogo das pressões competitivas do mercado, das experiências
políticas ou administrativas, da amplitude das comunicações ou da similitude de situações e
problemas impostos pelas novas condições internacionais de produção e intercâmbio. As
principais transformações acarretadas pela globalização situam-se no âmbito da organização
econômica, das relações sociais, dos padrões de vida e cultura, das transformações do estado
e da política.
Outros aspectos são as migrações e viagens internacionais, multiplicação dos contatos e
das redes de comunicação (...) internacionalização de conhecimento social e novas formas de
interdependência mundial.
(VIEIRA, Liszt. Cidadania e Globalização.8ª ed. Rio de Janeiro, Record, 2005. p.73)
Texto 3
56
(Disponível em:http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://1.bp.blogspot.com. 04/10/2010 – 16h25)
3.A leitura o texto permite compreender que:
I.A globalização favorece, principalmente, países ricos como a Europa e a América do Norte.
II. São as empresas transacionais que decidem o país no qual irão atuar e, consequentemente,
favorecer no aspecto econômico.
III. O Brasil não possui empresas transacionais e, portanto, está desvinculado de qualquer
possibilidade de globalização ou movimentos divisinistas.
IV. O capitalismo decorrente da globalização suprimiu as características culturais dos povos.
V. A globalização não é apenas um fenômeno econômico, é também cultural.
Dessas afirmativas, estão corretas:
a) I e II apenas.
b) II,IV e V, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, III e IV, apenas.
e) IV e V, apenas
Textos para questão 4
57
Casos de dengue sobem 109% em 2010, para 108,6 mil registros
Chuvas a altas temperaturas explicam aumento, diz Ministério da Saúde. 5 estados
concentram 71% dos casos e governo nega 'epidemia' nacional.
Alexandro Martello
Do G1, em Brasília
O Ministério da Saúde informou nesta sexta-feira (26) que o número de casos de dengue
registrados no país neste ano, entre 1o. de janeiro e 13 de fevereiro, somaram 108,64 mil
registros, o que significa um crescimento de 109% em relação ao mesmo período do ano
passado, quando foram detectados 51,87 mil casos no país. A dengue é transmitida por
meio da picada do mosquito Aedes aegypti.
O coordenador-geral do Programa Nacional de Controle da Dengue do Ministério da Saúde,
Giovanini Coelho, negou que haja uma epidemia da doença no país - que se caracteriza pelo
aparecimento de casos em todos os municípios do Brasil. Ele não afastou, porém, a
possibilidade da eclosão de uma epidemia de dengue neste ano. "Existe o risco", afirmou a
jornalistas.
Razões do aumento
Segundo Giovanini Coelho, algumas variáveis podem explicar a elevação no número de
casos registrados no país, como o alto volume de chuvas e, também, as altas temperaturas
registradas.
(Disponível em : g1.globo.com/Noticias/.../0,,MUL1507239-5598,00.html)
Texto 2
http://maryvillano.blogspot.com/2008/04/charges-do-dia.html
58
4. O texto e a charge em questão abordam o mesmo tema, a leitura atenta permite afirmar
que:
a) Apesar dos números apresentados na manchete, o lide acalma a população, pois afirma
não haver risco de epidemia.
b) No texto da globo.com o autor é omisso em relação ao fato e mantém a imparcialidade.
c) A charge expressa juízo de valor que contradiz a notícia apresentada pela globo.com.
d) A notícia se detém apenas às informações que dizem respeito aos estados e os números
relacionados à incidência da doença, todavia não deixa clara a real situação do país.
e) Os dois textos transmitem o aumento dos casos de dengue sob o mesmo viés.
Texto para questão 5
A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de
suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender às
necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o
futuro. Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,
criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o
desenvolvimento econômico e a conservação ambiental.
adaptado de:http://www.wwf.org.br/informacoes/questoes_ambientaisdesenvolvimento_sustentavel/ 04/04/2010
Elabore um texto de, no máximo, 12 linhas que valide as afirmações apresentadas no texto.
TEXTOS PARA QUESTÃO 6
59
TEXTO I
TEXTO II
TEXTO III
TEXTO IV
60
6. A partir da leitura dos textos motivadores, redija uma proposta, fundamentada em dois argumentos,
endossando ou refutando os pontos de vista apresentados.
Observações
. Seu texto deve ser dissertativo-argumentativo (não deve, portanto, ser escrito em forma de poema ou
de narração).
. A sua proposta deve estar apoiada em, pelo menos, dois argumentos.
. O texto deve ter entre 8 e 12 linhas.
. O texto deve ser redigido na modalidade escrita padrão da Língua Portuguesa.
. Os textos motivadores não devem ser copiados.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
61
BIBLIOGRAFIA
ABAURRE, Maria Luiza et alii. (2003). Português: língua e literatura. 2. ed. São Paulo: Moderna.
CASTRO, Adriane Belluci Belório de et alii .(2000). Os degraus da leitura. São Paulo: Edusc.
EMEDIATO, Wander (2004). A fórmula do texto: redação, argumentação e leitura. São Paulo:
Geração editorial.
FARACO, Carlos Alberto & TEZZA, Cristóvão. (1999). Prática de texto: língua portuguesa para
nossos estudantes. 7. ed. Petrópolis: Vozes.
FIORIN, José Luiz & SAVIOLI, Francisco Platão. (1995). Para entender o texto: leitura e redação.
11. ed. São Paulo: Ática.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. (2001). Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 2. ed. São
Paulo: Cortez.
NALDÓSKIS, Hêndricas. (2006). Comunicação Redacional. 10. ed. – São Paulo: Saraiva.
PACHECO, Agnelo de Carvalho. (1988). A dissertação: teoria e prática. 19 ed. São Paulo: Atual
SAVIOLI, Francisco Platão et alii. (2004). Coleção Anglo de Ensino. São Paulo: Anglo.
SOBRAL, João Jonas Veiga. Redação: Escrevendo com prática. São Paulo: Iglu, 1997.
TERRA, Ermani & NICOLA, José de.(1997).Gramática, literatura e redação. São Paulo: Scipione.
62
ANEXOS
I . FLUXOGRAMA
Possibilidade 1:
Esquematizando . . .
Cientista X Não-cientista
ser especialista torna
alguém mais capacitado
necessário acabar
com o mito
várias divisões da ciência
como técnicas especializadas
pseudo-sinfonia
especialização transforma-se
em fraqueza
ciência é uma especialização
ser especialista, ou cientista,
é compreender cada vez mais
de cada vez menos
Possibilidade 2:
Esquematizando . . . mais uma vez
ciência
especialização
PERIGOSO
conhece-se cada vez mais
de cada vez menos
cientista pensa melhor do
que as outras pessoas?
UM MITO
63
II. Novo acordo ortográfico
Como estudante da Língua Portuguesa, você já sabe que nosso idioma sofreu algumas alterações
ortográficas com o objetivo de minimizar as diferenças existentes entre os países que tem como
idioma oficial a língua portuguesa. Esse pode ser considerado um primeiro passo em direção à
unificação da língua.
UM POUCO DA HISTÓRIA
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi assinado em 16 de dezembro de 1990, em
Lisboa. Participaram do acordo Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde,
Guiné-Bissau, Moçambique e Timor Leste. Especialmente no Brasil, o acordo foi aprovado em 18
de abril de 1995 pelo Decreto Legislativo nº 54.
NO BRASIL:
As alterações devem entrar em vigor a partir de janeiro de 2009. Recentemente, o Ministério da
Educação (MEC) publicou uma resolução no Diário Oficial exigindo que os livros didáticos que
serão destinados às escolas públicas estejam de acordo com essas novas normas. O mesmo
documento autoriza as editoras a já fazerem as adaptações necessárias, uma vez que a data limite
será 2012.
Embora o documento oficial do Acordo não seja claro em alguns aspectos, julgamos
imprescindível que o revisor conheça as alterações e as possa colocar em prática em sua atividade
profissional.
ALTERAÇÕES:
O alfabeto passa a ter 26 letras, reintroduziram-se as letras k, w e y.
O trema ( ¨ ) não é mais utilizado nos grupos gue, gui, que ,qui para marcar a pronúncia do
u , mas permanece nas palavras estrangeiras:
Lingüiça
Linguiça
Müller
Retira-se o acento dos ditongos abertos ói e éi apenas das palavras paroxítonas:
Asteróide
asteroide
Nas oxítonas, o acento permanece: papéis
Depois dos ditongos o i e o u tônicos não são mais acentuados:
Feiúra
feiura
Nas palavras oxítonas terminadas em que o i ou u (seguidos ou não de s) o acento
permanece: Piauí
64
As formas êem e ôo não são mais acentuadas:
enjôo, lêem
enjoo, leem
Não são mais usados os diferenciais em:
pára / para
péla(s) / pela(s)
pêlo(s) / pelo(s)
péla(s) / pelas(s)
pêra / pera
Permanece o diferencial entre pôde e pode de pretérito e presente respectivamente.
Permanece o diferencial entre pôr e por.
Não há alterações nos verbos ter e vir e seus derivados.
Não se usa mais o acento agudo no u tônico nas formas arguis, argui, arguem.
Verbos terminados em quar, quir e guar usados, no Brasil, com o i e o u tônicos recebem
acento:
enxáguo, delinqües
EMPREGO DO HÍFEN
Se antes da reforma já não havia consenso acerca do emprego do hífen, depois do acordo a
situação continua levantando polêmicas. Vejamos que se apresenta atualmente:
Sempre se usa hífen antes do h: anti-herói
Prefixo terminado em vogal
Sem afim diante de vogal diferente: antiaéreo.
Sem afim diante de consoantes, exceto r e s, com as últimas, dobra-se o r e o s:
anteprojeto, antissocial.
Com afim diante da mesma vogal: micro-ondas.
Prefixo terminado em consoante
Com hífen diante da mesma consoante: inter-relação.
Sem afim diante de consoante diferente e vogal: intercomunicação, superimportante.
Prefixo sub
Com afim diante de r: sub-raça.
Sem hífen diante de h que deve ser omitido: subumano.
Prefixos circum e pan
Com hífen diante de palavra iniciada com m, n, vogal: pan-americano, circumnavegação.
Prefixo co
65
Com hífen: cooperar, cooptar.
Prefixo vice:
Com hífen: vice-presidente.
Prefixos sem, aquém, além, ex, recém, pós, pré, pró
Com hífen: pós-graduação, ex-aluno.
Palavras que perderam a noção de composição
Sem hífen: pontapé, paraquedas.
TUFANO, Douglas. Michaelis. São Paulo. Melhoramentos. 1ed, 2008.
III. ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO
O relatório é um documento para registro de observações, pesquisas, investigações, fatos,
e que varia de acordo com o assunto e as finalidades. Assim, há, por exemplo, relatórios executivos,
operacionais, de estágio, de auditoria e de reunião de estudos.
A redação é a etapa final do desenvolvimento de um processo. Só será bem feita se as
etapas iniciais tiveram sido todas cumpridas com dedicação e cuidado. Para redigir bem, o relator deve
ter expressão linguística desenvolvida pelo treino constante de redação alicerçada em bons
conhecimentos gramaticais. A clareza e a correção devem constituir-se em preocupação constante para
se conseguir um texto de leitura fácil e agradável.
Sugestão de esquema para um relatório:
Na capa:
- Título do relatório
- Nome do relator
- Cidade
- Ano
Na folha de rosto:
- Título do relatório
- Para:
- Elaborado por:
- Assunto:
- Local:
Ref.:
66
- Data de elaboração:
- Tipo de relatório: (parcial, total, inicial, final)
- Natureza: (normal, confidencial, reservado, secreto)
Nas folhas seguintes:
- Resumo (O quê? Por quê? O que se fez? Recomendações.)
- Introdução
- Objetivos (O que se pretende?)
- Métodos (Entrevista, questionários, observações, testes...)
- Meios (Instrumentos)
- Duração (Quanto tempo?)
- Pessoal envolvido (Quem?)
Desenvolvimento:
- Fatos, constatações (Exatos, objetivos, em seqüência.)
- Avaliação crítica (Motivos e conseqüência, ou causas e efeitos.)
- Recomendações (Medidas a serem tomadas.)
- Conclusões (Resultados esperados.)
Anexos:
- Bibliografia
- Assinatura
- Data
- Nome legível
- Identificação funcional
NALDÓSKIS, Hêndricas. (2006). Comunicação Redacional. 10. ed. – São Paulo: Saraiva.
IV. Expressões Evitáveis na Redação Comercial
A clareza de um texto, em geral, está relacionada com frases curtas, utilização de vocabulário
simples e eliminação de palavras desnecessárias.
SE VOCÊ AINDA USA
Levamos ao conhecimento de V.Sa.
Durante o ano de 2003
Devido ao fato de que
Acusamos o recebimento de
Temos a informar que
Vimos solicitar
Até o presente momento
TROQUE POR
Informamos
Em 2003
Por causa
Recebemos
Informamos
Solicitamos
Até o momento
67
Conforme segue abaixo relacionado
Relacionado a seguir
Estas expressões ainda são usadas... (acredite se quiser)
Tomamos a liberdade...
Como dissemos acima...
Tem a presente a finalidade de...
Vimos por meio desta...
Certos de sua compreensão...
Limitados ao exposto, encerramos...
Sem mais para o momento...
Tanto tomou que escreveu...
se já disse, está repetindo por quê?
Expressão desnecessária. Você
escreveria uma carta sem finalidade?
Você viria por meio de outra?
Se o texto for convincente,
ele compreenderá
O ponto final já indica todo
esse palavrório
Se já acabou, não escreva mais nada

Documentos relacionados