Entrevista de Josias Gomes ao site Bocão News

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Entrevista de Josias Gomes ao site Bocão News
Secretaria de Relações Institucionais - SERIN - Governo da Bahia -
Entrevista de Josias Gomes ao site Bocão News
Notícias
Postado em: 08/10/2015 14:20
O secretário de Relações Institucionais do governo do Estado da Bahia, Josias Gomes, concedeu
entrevista exclusiva ao Bocão News, na última quarta-feira (7), onde explicou o polêmico projeto que
prevê a contratação de um empréstimo de R$ 1,6 bilhão junto ao Bird, o Banco Interamericano de
Desenvolvimento.
O deputado federal licenciado e secretário de Relações Institucionais do governo do estado, Josias
Gomes, viveu um início de semana turbulento com a Assembleia Legislativa apreciando três
projetos do Executivo com forte atuação da oposição na Casa. A votação das proposições durou 36
horas e o próprio secretário chegou a ir ao plenário levar “um abraço de agradecimento” enviado
pelo governador Rui Costa, que se encontra em viagem oficial pela Europa. Em entrevista exclusiva
ao Bocão News, nesta quarta-feira (7), o responsável pela articulação política do governo explica o
polêmico projeto que prevê a contratação de um empréstimo de R$ 1,6 bilhão junto ao Bird, o Banco
Interamericano de Desenvolvimento. “Os recursos são para uma série de eventos que o governo
quer fazer na saúde na infraestrutura, enfim, uma diversidade de possibilidades que existe e todas
essas possibilidades foram amplamente discutidas com a Assembleia e inclusive com a oposição.
Não escondemos nada, não temos nenhum motivo para esconder nada do povo baiano”, descreveu.
Durante o bate-papo, Gomes também falou sobre os entraves políticos que lida diariamente e
afirmou que não está descartada a possibilidade de um secretário ser liberado do governo para
disputar a prefeitura de Salvador. Assunto que tem deixado os deputados na Alba enfurecidos, as
emendas parlamentares que ainda não foram liberadas também foi tratada na conversa. Gomes
alega dificuldades econômicas, mas diz que o governo estuda entregar máquinas agrícolas e
veículos escolares para os deputados como forma de compensar a falta do repasse. Confira a
entrevista na íntegra: Bocão News - Secretário, qual avaliação que faz do embate ocorrido na
Assembleia Legislativa da Bahia na votação dos três projetos do governo estadual, em uma
discussão que o senhor chegou a intervir diante da resistência da oposição? Josias Gomes - Foi
positivo. Os três projetos versavam sobre assuntos diferentes, não tinham nenhuma relação entre si,
mas que tinham forte impacto no estado. À bancada do governo, nós tomamos a iniciativa de
explicar os projetos antes e ela tinha muita consciência da importância de cada um dos projetos
para o governo. Essa é uma prova da relação nossa com a Assembleia de que ela é positiva. Um
fruto dos que esperamos na hora que precisamos da bancada. Porque ela estava consciente,
conhecia a matéria e sabia muito bem em que estava votando. Ontem pela manhã, em conversa
com o governador relatei o acontecido nessa relação nossa com a bancada e ele me pediu para ir lá
na Assembleia agradecer pessoalmente a cada um dos nossos deputados. Do ponto de vista da
oposição, apesar de vocês terem destacado esse empréstimo de 1,6 bilhão de reais do Banco
Interamericano de Desenvolvimento, o Banco Mundial, mas na realidade, se você observar, todos os
projetos passaram por um processo de obstrução muito forte. O primeiro projeto que foi sobre os
créditos não tributários, ele foi aprovado à 1h da madrugada de segunda para terça-feira (6). E a
obstrução continuou e só viemos aprovar o segundo que foi sobre a alteração no regime
previdenciário do estado quase 13h da tarde. Só no final da tarde é que aprovamos o terceiro que foi
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o empréstimo. Como na madrugada e pela manhã, talvez vocês não estivessem ainda atentos,
acabou que o projeto do empréstimo virou uma discussão como se ele fosse o que mais chamava a
atenção. Na verdade, é um projeto no qual estamos pedindo a autorização para tomar o
empréstimo na ordem de US$ 400 milhões ao Banco Interamericano de desenvolvimento, mas que
já estava tramitando há bastante tempo. É do conhecimento da Assembleia o objetivo do
empréstimo, é bastante conhecido, versa sobre uma gama de atividade que o governo pretende
fazer. Bocão News - Em que será investido esse dinheiro exatamente? Porque esse era o
questionamento que a oposição fazia o tempo todo durante a discussão... Josias Gomes - Os
recursos são para uma série de eventos que o governo quer fazer na saúde na infraestrutura, enfim,
uma diversidade de possibilidades que existe e todas essas possibilidades foram amplamente
discutidas com a Assembleia e inclusive com a oposição. Não escondemos nada, não temos
nenhum motivo para esconder nada do povo baiano. É do conhecimento de todos que nós somos
um dos poucos estados que temos condições de tomar empréstimo e daí decorre essa necessidade,
porque vivemos em uma crise tremenda e temos que recorrer, já que temos capacidade de tomar
empréstimo, a empréstimo para poder investir, uma vez que nossos recursos próprios não estão em
uma situação confortável para área de investimento. É disso que se trata e a oposição sabe. Bocão
News - Nos bastidores da Alba, circulava a especulação de que essa obstrução na votação dos
projetos do governo se dava como uma espécie de retaliação pelo fato de ainda não terem sido
liberadas as emendas parlamentares. Existe previsão de pagamento das verbas para os deputados?
Estamos com um fluxo de caixa muito complicado, mas o governador se comprometeu ainda no
primeiro semestre de fazer isso. Inclusive tive uma reunião com a oposição e expliquei isso, falei das
dificuldades que temos de marcar um prazo em função de não ter uma previsão de aumento da
receita no segundo semestre, como de fato não ocorreu. Então, estamos ainda com uma situação
de fluxo de caixa muito complexa, muito apertada. Mas mesmo nessa situação, nós estamos vendo
a possibilidade de comprar alguns veículos de transporte escolar, uns equipamentos agrícolas e
vamos fazer esse atendimento das emendas dessa forma. Pelo menos dentro daquilo que temos a
possibilidade de fazer. Se trata também de reconhecer que quando estamos buscando diálogo com
o parlamento, queremos dizer a eles que essa relação não deve ser o móvel da nossa relação, e eu
sei que não é o caso deles. São parlamentares, tanto do governo como da oposição, que são muito
responsáveis em tudo que fazem. Isso é inegável. Não posso afirmar que oposição está sendo
qualificada disso ou daquilo porque é o papel da oposição, compete a ela fazer oposição, como o
próprio nome já diz. Não temos essa noção de que mesmo na oposição eles queiram o pior para o
estado. Pelo contrario, acompanham o desenrolar dos fatos, sabem da crise que estamos vivendo e
tenho certeza que vão reconhecer o esforço que estamos fazendo para resolver essa questão das
emendas. Bocão News - Temos visto que o secretário tem mantido um forte diálogo com prefeitos,
vereadores e lideranças do interior. A ideia comum que se tinha nessa relação era de que os
deputados faziam essa intermediação entre as lideranças regionais e o governo. Não acha que isso
gere algum tipo de ciúme ou mal-estar entre os deputados e o governo? Josias Gomes - Aqui, essa
secretaria funciona como a porta de entrada política do governo. É natural que todos os segmentos,
além de prefeitos e vereadores, acorram para aqui no sentido de buscar a porta para que a gente
abra as portas para cada um desses segmentos. Isso a gente tem feito de modo a contemplar esses
segmentos, mas sem esquecer da importância da representatividade que os deputados tem. Houve
uma reclamação inicial porque eu estava fazendo esse recebimento sem os deputados
acompanhando os prefeitos, as lideranças. Nós corrigimos isso, todos os prefeitos que vem agora
trazem os seus representantes e isso acho legítimo. Como parlamentar, sei da necessidade de se
manter o vínculo com as suas lideranças, com o pessoal que segue os mandatos parlamentares.
Bocão News - Teve uma reunião no início dessa semana do Conselho Político do governo
capitaneada pelo governador interino João Leão. Qual o balanço que faz desse encontro que
discutiu, sobretudo, as eleições de 2016? Josias Gomes - Nós somos uma coalizão do governo com
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mais de dez partidos e o propósito dessa primeira reunião coordenada pelo nosso vice foi de
começar a entender a necessidade de que nós da coalização do governo, liderados pelo Partido dos
Trabalhadores, precisamos ganhar as eleições do ano que vem. Esse objetivo foi definido em um
lugar comum, mas é necessário, como dizia Churchil, ‘na política, tudo que não for óbvio, é
bobagem’. Então, o que buscamos é exatamente dialogar com os presidentes dos partidos que são
da coalizão do governo um caminho para que possamos ter nas eleições de 2016 uma relação
muito fraterna. Sabendo que cada partido terá seu esforço para aumentar o seu tamanho politico.
Como fazer isso de forma a que haja um consenso progressivo entre todos e que ninguém se
digladie é o centro da nossa conversa. Eu creio que foi positivo esse primeiro momento porque deu
para estabelecer o que a gente chama de princípios basilares dessa relação. Após isso, marcamos
para o dia 26 a próxima reunião, quando já vamos conversar sobre casos específicos que não
fizemos nessa primeira. Foi mais um reconhecimento de gramado. Bocão News - Nesse cenário das
eleições de 2016, qual tem sido a orientação do governador Rui Costa para os casos de alianças? A
ideia é reforçar as alianças que já possui ou vai dar prioridade ao aliado que tenha força no
município onde poderá disputar? Josias Gomes - O caso específico de cada cidade é o que
prevalece. Não dá para discutir no geral nessa nossa situação. São 417 municípios e cada um com
sua realidade. Há casos em que dois determinados grupos políticos locais apoiaram o governador
Rui Costa e no plano local eles disputam entre si. Como vamos então fazer isso, é esse consenso
que vamos buscar onde for possível. Onde não for, vamos buscar manter a civilidade no debate
para que não crie arestas futuras para que continuemos juntos, ainda que nesses casos existam
divergências inevitáveis. Como aspecto central, o primeiro ponto é que nos três municípios onde
tem segundo turno, é importante que saiam candidaturas dos partidos da base para produzir a
condições de ir a para o segundo turno. Nos demais, vamos discutir caso a caso, sobretudo aquelas
grandes cidades onde elas acabam tendo um reflexo positivo sobre as demais. Se você resolve a
questão dos partidos da coalizão, por exemplo, em Juazeiro, você acaba espraiando aquilo para
região no entorno do município e assim por diante, como Barreiras, Teixeira de Freitas, Itabuna,
esse é o nosso propósito e com isso nós vamos, já na próxima reunião, tratar desses municípios
sedes de regiões. Bocão News - Nesse caminho já vislumbrado sobre segundo turno, vindo para
Salvador, poderia dizer que uma candidatura do PT hoje já é irreversível? Josias Gomes - Dos
partidos da base, nós estamos conversando no sentido de colocar candidaturas. Se o PT tiver uma
candidatura competitiva, eu espero que tenha, como o Sargento Isidório que saiu recentemente do
PSC e será candidato, como a companheira Lídice da Mata(PSB) tem dito que será candidata e nós
a apoiamos, da mesma forma a deputada Alice Portugal (PCdoB), será bem-vinda nesse propósito
de a gente permitir que a eleição vá para o segundo turno. Bocão News - Quando Rui Costa
assumiu o governo, foi firmado um acordo com o seu secretariado para que nenhum deles deixasse
o cargo para disputar prefeitura em 2016. Existe a possiblidade de o governador abrir exceção e
liberar algum secretário como Pelegrino ou Carlos Martins para entrar na briga em Salvador? Josias
Gomes - O governador pediu aos secretários que assumiram no início desse ano sendo claro na sua
determinação de que queria que os secretários permanecessem ate o final do mandato, portanto
não concorressem nessas eleições. Portanto, qualquer decisão nesse caso caberá ao governador
junto com esses secretários que tiverem interesse em discutir. Bocão News - Então não essa
possibilidade não está descartada, não é uma coisa fechada? Josias Gomes - Veja, o governador foi
claro quando afirmou isso. Eu estou dizendo que na política tudo pode acontecer. Não estou
dizendo a você que via acontecer isso. Creio até que a determinação do governador seja cumprida,
porque ali ele tinha um propósito de que seus secretários ficassem para ter condições de seguir o
governo e não gerar descontinuidade. Bocão News - Mudando de assunto, quando os vereadores
Henrique Carballal e J. Carlos Filho saíram do PT, sendo expulsos consequentemente, houve
petista que disse considerar algumas perdas um ganho. Na sua visão enquanto articulador político,
esse pensamento faz sentido em algum desses casos de ida de aliados para o campo de oposição
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ligada ao prefeito ACM Neto (DEM)? Josias Gomes - Nunca se comemora perda, ao contrário, se
comemora adesões. Eu creio que os dois vereadores ao optarem por deixar a base do governador
fizeram vendo as suas conveniências eleitorais em Salvador. É um caminho que seguiram, respeito,
porém discordo, porque todos tiveram, no conjunto, todas as condições dentro do PT e da base do
governador Rui Costa de também crescerem, mas vida que segue e vamos em frente. Bocão News
- No caso de Alan Sanches, do PSD, acha que faltou alguma coisa, houve falha, no diálogo com ele
que deixou a base do governo para ingressar na oposição? Josias Gomes - Da minha parte, eu fiz o
que foi definido comigo e o governador. Busquei entrosá-lo com a Secretaria de Saúde, que como
médico e presidente da Comissão de Saúde da Assembleia teve toda essa movimentação,
discutimos todas as questões que diz respeito às bases eleitorais e procuramos tratá-lo como aliado
de primeira hora, como aliado do governador e da presidente Dilma. Lamentavelmente, ele seguiu
outro caminho e espero que ele tenha lá o sucesso dele. Não tenho nenhuma dúvida de que seria
muito importante ele estar na nossa base, onde ele se elegeu inclusive. Bocão News - Seria um
deputado que, por ter saído da base do governo e conhecer internamente a estrutura do governo,
deveria ter uma atenção especial do núcleo político por conta da possibilidade e ataques vindos
dele, já que agora está na oposição? Josias Gomes - A oposição como um todo, como eu disse
mais cedo, tem um papel de fazer essa oposição ao governo. Se foi para lá, o caminho é esse, não
tem meio termo. Ou você é oposição ou é governo. Eu creio que nisso aí, não há nenhuma
necessidade de olhar mais ou olhar menos para ele ou qualquer um outro. Para todos nós temos
um olhar muito claro, os parlamentares da oposição são da oposição e nós temos que respeitá-los,
algo próprio da democracia e seguir em frente como fizemos agora nesses projetos que vocês
acompanharam o que foi essa obstrução, segundo se comenta, a segunda maior existente no
parlamento. Bocão News - Secretário, no início do ano, o PTN e o PSB se juntaram à base do
governo. Recentemente, voltou a se especular que o PROS também estaria se aproximando do
governo. Em que pé ficou isso? Josias Gomes - Tiveram algumas conversas no início do ano com a
presidente nacional do PROS que não foram em frente em função de que estávamos negociando
com eles em função de uma outra situação. Acabou não ocorrendo, por exemplo, o PTB, que
poderia ter se fundido com o DEM, isso não ocorreu. Mas recentemente, outras conversas que
estivemos bolando, também não foram adiante, de modo que nós recuamos de fazer essa busca do
PROS. Porque seria, na verdade, para acomodar duas situações políticas que tanto uma como a
outra não se materializou. Não vimos a necessidade de se insistir no PROS. Bocão News - E no
caso do PRP, o partido está realmente se aliando ao governo? Josias Gomes - Fiz uma conversa
aqui com o deputado estadual Jurandy Oliveira e com o presidente do partido, o vereador Alexandre
Marques ali de Lauro de Freias, e eu creio que as conversas estão muito avançadas. Em breve, a
gente deve estar anunciando aí uma adesão do PRP em definitivo. Até porque o deputado Jurandy
foi eleito pelo PRP e não estava na base, o que causou um certo transtorno para ele quando não
podia ir para nossas atividades exatamente porque o partido dele não estava em nossa coligação. E
isso nós discutimos, é um deputado com base social muito forte na região de Ipirá e de reconhecida
competência política. Bocão News - O que se decidiu na situação do PDT, onde os deputados estão
com o governador Rui Costa, mas o partido institucionalmente se afastou? Josias Gomes - Nós
estamos tentando retomar as conversas com o PDT, até porque essa discussão em Brasília se
resolveu e melhorou muito porque teve uma alteração lá, o deputado André Figueiredo assumiu o
Ministério das Comunicações e acho que isso vai facilitar muito a retomada do diálogo com o PDT,
que eu espero que seja positivo. Bocão News - Para concluir, o senhor que é deputado federal
licenciado, o que acha da reeleição para presidente de Casas Legislativas, a exemplo do que ocorre
na Alba, onde o deputado Marcelo Nilo já se encontra no quinto mandato à frente da presidência?
Veja bem, eu não tenho opinião formada sobre essa questão. Agora, a gente diz às vezes que um
mandato de quatro anos para governador é pouco, daí ter surgido o instituto da reeleição, um pouco
para favorecer, como era nos Estados Unidos. Aliás, nos Estados Unidos não tinha limitação de
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mandato, isso ocorreu depois que o Roosevelt foi eleito quatro vezes, então, fizeram uma alteração
lá e só pode dois mandatos agora. Para o Executivo, tem uma razão de ser, eu acho, e defendo,
inclusive, que haja essa reeleição. No parlamento, eu não tenho opinião formada sobre essa
questão, porque trata-se mais de um cargo importante, mas de representação. O que quero dizer é
o seguinte, dois anos para governar um estado é muito pouco. Já para uma Assembleia, uma
Câmara Federal, um Senado, eu não tenho certeza que terá que ter a reeleição. Muito embora
também não veja isso como problema de maior envergadura. Afinal, você tem a possibilidade de
tirar ou não, se não estiver de acordo, aquele que está dirigindo a Casa.
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