PDF Português - Banco Internacional de Cabo Verde
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RELATÓRIO E CONTAS 2014 Banco Internacional de Cabo Verde, S.A., Sede na Avenida Cidade de Lisboa, Caixa Postal 35, Cidade da Praia, Santiago, Cabo Verde, NIF 261973240, registada e matriculada na conservatória do Registo Comercial da Praia com nº 3076, com o Capital Social de CVE 1.433.000.000$00 ÍNDICE A. PRINCIPAIS INDICADORES ............................................................................................... 3 B. RESULTADOS E RENDIBILIDADE .................................................................................... 4 C. GRÁFICOS-RESUMO DOS PRINCIPAIS INDICADORES .................................................. 5 I. RELATÓRIO DE GESTÃO ................................................................................................... 6 1. MENSAGEM DO PRESIDENTE....................................................................................... 6 2. O BANCO .......................................................................................................................... 7 3. 4. 2.1. Do BES Cabo Verde ao Banco Internacional de Cabo Verde................................. 7 2.2. Capital Social e Estrutura Acionista ....................................................................... 8 2.3. Órgãos Sociais .......................................................................................................... 8 2.4. Presença Geográfica, Rede de Distribuição e Instalações..................................... 9 2.5. Recursos Humanos ................................................................................................ 10 2.6. Responsabilidade Social ........................................................................................ 12 Enquadramento Económico 2014 ............................................................................ 13 3.1. Enquadramento internacional.............................................................................. 13 3.2. Enquadramento Nacional ..................................................................................... 16 3.3. Perspetiva Sectorial da Economia de Cabo Verde............................................... 18 Atividade Comercial.................................................................................................... 23 4.1. 5. 6. 1 Estratégia e Modelo de Negócio ........................................................................... 23 Análise do Risco do Crédito ....................................................................................... 25 5.1. Carteira de Crédito e Provisões ............................................................................ 25 5.2. Análise do Risco de Crédito .................................................................................. 28 Análise da Evolução da Atividade ............................................................................ 29 6.1. Síntese da Atividade .............................................................................................. 29 6.2. Balanço ................................................................................................................... 31 RELATÓRIO E CONTAS 2014 7. 8. II. Resultados, Rácios Financeiros e Prudenciais ...................................................... 37 7.1. Resultados .............................................................................................................. 37 7.2. Rácios Financeiros ................................................................................................. 40 7.3. Rácios Prudenciais................................................................................................. 42 Notas Finais .................................................................................................................. 43 8.1. Declaração de conformidade sobre a Informação Financeira apresentada...... 43 8.2. Proposta de Aplicação dos Resultados................................................................. 44 8.3. Agradecimentos ..................................................................................................... 44 Demonstrações Financeiras e Notas às Contas.......................................................... 45 1. Demonstrações Financeiras ...................................................................................... 45 2. Notas Explicativas às Demonstrações Financeiras ............................................... 50 3. Relatório e Parecer do Conselho Fiscal ................................................................... 89 4. Relatório da Auditoria Externa ................................................................................ 91 III. Informação sobre o Governo da Sociedade ............................................................ 93 1. Estrutura Organizacional e Governativa ................................................................ 93 2. Poderes do Órgão de Administração ....................................................................... 94 3. Sistema de Controlo Interno e de Gestão de Riscos .............................................. 94 3.1. Área de Risco Global .............................................................................................. 94 3.2. Área de Compliance ............................................................................................... 95 3.3. Auditoria Interna ................................................................................................... 97 4. Área Administrativa e Financeira ............................................................................ 97 5. Área de Marketing, Organização e Qualidade........................................................ 98 6. Comercial .................................................................................................................... 100 2 RELATÓRIO E CONTAS 2014 A. PRINCIPAIS INDICADORES 3 RELATÓRIO E CONTAS 2014 B. RESULTADOS E RENDIBILIDADE 4 RELATÓRIO E CONTAS 2014 C. GRÁFICOS-RESUMO DOS PRINCIPAIS INDICADORES Resultado do Exercício (MCVE) 103 Activo Líquido (MCVE) 80 24,085 15,082 11,656 28 2012 2013 2014 2012 2013 2014 Qualidade dos Activos (%) 3,56 2,46 1,92 0,76 1,17 2012 0,77 2013 2014 Provisões/Crédito Rendibilidade e Eficiência (%) Fundos Próprios (MCVE) e Rácio de Solvabilidade (%) 78,35 37% 1,577,494 4,78 28% 64,19 49,38 22% 1,539,330 3,01 1,520,013 1,65 2012 2012 2013 Fundos Próprios 2014 ROE 2013 Cost-to-Income (%) 2014 Solvabilidade Banco Internacional de Cabo Verde, S.A., Sede na Avenida Cidade de Lisboa, Caixa Postal 35, Cidade da Praia, Santiago, Cabo Verde, NIF 261973240, registada e matriculada na conservatória do Registo Comercial da Praia com nº 3076, com o Capital Social de CVE 1.433.000.000$00 I. RELATÓRIO DE GESTÃO 1. MENSAGEM DO PRESIDENTE O ano de 2014 constituiu-se num ano bastante complexo para o nosso Banco, devido à deliberação do Banco de Portugal, no dia 3 de Agosto, referente à aplicação ao Banco Espírito Santo de uma medida de resolução, transferindo a generalidade da sua atividade e do seu património, de forma imediata e definitiva, para o NOVO BANCO S.A. (Portugal). Sendo o BES África S.A. o nosso principal acionista, também este transitou para a esfera das participações do NOVO BANCO, S.A. (Portugal). Neste contexto, foi decidida a alteração da nossa denominação social para BANCO INTERNACIONAL DE CABO VERDE (BICV), que se efetivou a 31 de Outubro de 2014. Assim, a nossa atividade ficou limitada à perceção da nova realidade acionista, cujos principais objetivos foram os de manter a base de clientes com um nível de satisfação condizente com a tradição de um banco local orientado para as operações de financiamento do comércio exterior bilateral com Portugal e de uma aproximação ao mercado cabo-verdiano. As incertezas derivadas da crise, no âmbito dos riscos soberanos, levaram a uma maior prudência e maior rigor na aproximação a novos mercados africanos, fato que nos orientou para uma redução temporária da atividade internacional, linha de orientação estratégica do BICV. O nosso acionista definiu novos objetivos que, embora não tendo sido muitos, foram mais exigentes e mais focados no crescimento dos depósitos, no crescimento moderado do crédito em boas empresas, no rácio de transformação, no rácio de capital e nas receitas operacionais. Neste contexto, centrou-se a atividade na ótica do serviço a clientes, ética e transparência, solidez e segurança, prudência no risco e eficiência na definição de processos simples e objetividade operacional. Finalmente, cabe um agradecimento muito especial ao emprenho e profissionalismo dos nossos colaboradores, elemento essencial do sucesso presente e futuro da nossa instituição, tanto no mercado local, como no muito promissor mercado africano, onde Cabo Verde se posiciona com atributos de liderança como plataforma para o desenvolvimento na prestação de serviços na área financeira de comércio exterior. Pedro Menéres Cudell, Presidente Banco Internacional de Cabo Verde, S.A., Sede na Avenida Cidade de Lisboa, Caixa Postal 35, Cidade da Praia, Santiago, Cabo Verde, NIF 261973240, registada e matriculada na conservatória do Registo Comercial da Praia com nº 3076, com o Capital Social de CVE 1.433.000.000$00 2. O BANCO O Banco Espírito Santo Cabo Verde, S.A. (BESCV) foi inaugurado em Julho de 2010, tendo as suas atividades comerciais iniciado em Agosto do mesmo ano, com uma agência a funcionar na Cidade da Praia, Ilha de Santiago, capital da República de Cabo Verde. Em Junho de 2011, foi aberta uma segunda agência, a funcionar na ilha do Sal, permitindo, deste modo, o crescimento da rede e uma atuação comercial mais intensa. 2.1. Do BES Cabo Verde ao Banco Internacional de Cabo Verde Por deliberação do Conselho de Administração do Banco de Portugal, tomada em reunião extraordinária de 3 de agosto de 2014, foi aplicada uma medida de resolução ao Banco Espírito Santo, S.A. (BES) e constituído o Novo Banco, S.A., cujo capital social é de quatro mil e novecentos milhões de euros, representado por quatro mil e novecentos milhões de ações ordinárias, com o valor nominal de um euro, totalmente detidas pelo Fundo de Resolução. Foram transferidos do BES para o Novo Banco determinados ativos, passivos, elementos extrapatrimoniais e ativos sob gestão do BES, identificados na deliberação tomada pelo Conselho de Administração do Banco de Portugal e refletidos no balanço preliminar do BES, com referência a 30 de Junho de 2014, em base individual ajustado ao momento da transferência ora referida. De entre os ativos transferidos para o Novo Banco consta o Banco Espírito Santo Cabo Verde, S.A. A mudança de nome era uma imposição que não podia ser adiada, agravada pelo fato de já existir, em Cabo Verde, uma instituição denominada Novo Banco. Visando recriar uma nova dinâmica de desenvolvimento e crescimento, em Novembro de 2014, adotou-se a denominação Banco Internacional de Cabo Verde, SA (Banco Internacional ou BICV), rompendo com o último elo que o mantinha vinculado à marca BES. Embora a alteração do nome seja um ato recente, os impactos já se fazem sentir, com a recuperação da confiança de alguns clientes, também ligados ao antigo BES em Portugal. O Banco Internacional herdou do BESCV, além da experiência que o permite enfrentar uma crise, tudo aquilo que o fazia ser um dos mais promissores bancos do país, nomeadamente elevada experiência internacional; boa rede de correspondentes; equipa jovem, altamente motivada e qualificada; elevado grau de liquidez; boa carteira de crédito; rigoroso sistema de compliance, assente nas melhores e mais recentes práticas internacionais; facilidade de comunicação com clientes, permitindo responder, em tempo útil, às suas necessidades; e o 7 RELATÓRIO E CONTAS 2014 importante apoio da rede internacional do Grupo Novo Banco, que permite uma maior proximidade dos clientes com o exterior e uma maior celeridade das operações. 2.2. Capital Social e Estrutura Acionista O Banco Internacional possui um capital social de 1.433.000.000$00 (mil quatrocentos e trinta e três milhões de escudos), dividido em 1.433.000 ações, com valor nominal de 1.000$00 (mil escudos) cada. Em 2014, a estrutura acionista sofreu alterações, deixando de ter acionistas particulares e passando a ter a seguinte composição: Estrutura Acionista (valor em escudos) Nº Acções BES África, SGPS - S.A. NOVO BANCO, S.A. TOTAL 2.3. Valor % 1 432 850 1 432 850 000 99,9895% 150 150 000 0,0105% 1 433 000 1 433 000 000 100% Órgãos Sociais Os órgãos sociais do Banco Internacional de Cabo Verde (BICV), eleitos em AssembleiaGeral de acionistas em 30 de Junho de 2010 e reforçado a 24 de Junho de 2013, com a elevação do número de administradores de três para cinco, mantiveram-se inalterados em 2014, dando continuidade ao plano de desenvolvimento estratégico definido pelos acionistas. Os estatutos do Banco Internacional preveem uma orgânica composta por uma Assembleia-Geral, um Conselho de Administração e um Conselho Fiscal. Assembleia-Geral Presidente Rui Manuel Duarte Sousa da Silveira (apresentou renuncia a 31 de Julho de 2014) Secretário Nelson Raposo Bernardo 8 RELATÓRIO E CONTAS 2014 Conselho de Administração O Conselho de Administração é composto por seis elementos, cinco efetivos e um suplente, indicados pela Assembleia-Geral de 24 de Junho de 2013. Presidente Pedro Menéres Cudell Vogais António Manuel Cerveira Duarte José Francisco de Oliveira e Silva Mendes Palma Paula Cristina Santos Ferreira Borges Marta Carolina Mota Leite Machado Mariz Suplente José Alberto Monteiro Soares Conselho Fiscal Adalberto De Oliveira Mendes – Presidente Ildo Adalberto Lima - Vogal Eunerlia Sousa Freitas 2.4. Presença Geográfica, Rede de Distribuição e Instalações O Banco Internacional de Cabo Verde (BICV) tem sede própria na Av. Cidade de Lisboa, na cidade da Praia, onde funcionam os serviços centrais e a agência Sede. Possui, ainda, uma segunda agência, na ilha do Sal. As mudanças institucionais ocorridas no Grupo e, consequentemente, no Banco, não possibilitaram a expansão territorial projetada para 2014, que visava, de entre outras medidas, dotar o Banco de mais uma agência, por forma a garantir uma maior cobertura nacional e proporcionar um maior acesso aos seus produtos, reforçando a sua política de proximidade aos clientes. 9 RELATÓRIO E CONTAS 2014 Presença Geográfica do Banco Internacional SEDE/AGÊNCIA DA PRAIA – ILHA DE SANTIAGO Av. Cidade de Lisboa, CP nº 35 – Cidade da Praia Telefone: +238 2602626 Fax: +238 260263 AGÊNCIA DE SANTA MARIA – ILHA DO SAL Vila Verde Resort, Condolote 01 Telefone: +238 2428210 2.5. Bloco D, Loja R CP nº 142 Fax: +238 2428219 Recursos Humanos O capital humano constitui um dos principais ativos do Banco Internacional e a sua evolução continua a ser uma das prioridades da Administração. Um dos objetivos estratégicos é, cada vez mais, alinhar os macros processos de recursos humanos (recrutamento e seleção, formação e desenvolvimento, sistemas de avaliação de desempenho, sistemas de remuneração e incentivos, elaboração de contratos de trabalho, controlo de presenças e absentismo e processamento de salários) ao core business da empresa, de forma a maximizar a criação de valor. 10 RELATÓRIO E CONTAS 2014 O Banco possui um quadro global de 25 colaboradores, 13 dos quais afetos aos Serviços Centrais e 12 à Área Comercial. O quadro efetivo comporta 17 colaboradores (68%) e os demais 8 são contratados a termo certo. Estrutura dos Recursos Humanos VARIÁVEL Sem Estudo Superior Ensino Superior dos quais Pós-Licenciatura (MBA, Mestrado…) HOMEM MULHER TOTAL 1 10 1 13 2 23 3 3 6 11 2 4 5 11 4 7 11 14 2 6 6 14 8 6 14 25 4 10 11 25 13 12 25 QUOTA 44% 56% Idade Média MULHERES Idade Média HOMENS IDADE MÉDIA DOS COLABORADORES 33A 34A 33A TOTAL POR HABILITAÇÕES ACADÉMICAS 1º Emprego Com experiência bancária Sem experiência bancária TOTAL POR EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL Área Comercial Serviços Centrais TOTAL POR ÁREA O escalão etário que encaixa o maior número de colaboradores é no intervalo entre os 30 e os 37 anos. A idade média dos empregados é de 33 anos (2013: 32), retrato de um quadro jovem, experiente, multidisciplinar, comprometido com a missão do Banco e altamente qualificado. O Banco Internacional aposta em proporcionar formações pontuais aos seus colaboradores, sendo que as áreas que estão diretamente envolvidas no core business são alvo de atualizações contínuas, em alinhamento com as prioridades e estratégias do Banco, que lhes propiciem o suporte necessário na montagem e estruturação das atividades dos clientes, sobretudo os ligados ao comércio internacional. A área de branqueamento de capitais, pela sua pertinência, é alvo de formações constantes, quer através de ações internas, quer externas, para todos os colaboradores do Banco. 11 RELATÓRIO E CONTAS 2014 2.6. Responsabilidade Social O Banco Internacional de Cabo Verde tem como compromisso estar atento aos impactos ambientais dos seus produtos e serviços financeiros e às oportunidades de negócio que daí advêm, solidificando a sua oferta, de acordo com as expectativas dos seus stakeholders. Das soluções preconizadas pelo Banco, destaca-se a Linha de Crédito Ambiente e Energia, uma linha especialmente criada para aquisição de equipamentos de energias “limpas”. Com a adoção de Extrato Digital, ao nível da comunicação com os seus clientes, o Banco sensibiliza os seus clientes a trocarem os extratos em papel pelos digitais. Os clientes do Banco podem optar por extratos digitais de contas, cartões de crédito e títulos constitutivos de depósitos e de produtos de poupança, etc. A concessão de patrocínios continua a ter como principal alvo a distribuição de fundos e/ou materiais, de forma a melhor contribuir para a inclusão social, quer por via de ajudas a organizações, para a realização de eventos, quer por via de entrega direta de materiais escolares. O Banco Internacional de Cabo Verde, consciente do papel que a Educação tem no desenvolvimento das sociedades modernas, estabeleceu um protocolo com a Universidade de Cabo Verde, à qual doou 100 computadores, permitindo colaborar na formação e acesso dos futuros profissionais de Cabo Verde às atuais tecnologias de informação, melhorando a capacidade de aproximação às novas realidades e ao conhecimento cientifico, tecnológico e de gestão internacional. 12 RELATÓRIO E CONTAS 2014 3. Enquadramento Económico 2014 3.1. Enquadramento internacional A economia mundial cresceu 3,3% em 2014, mantendo o ritmo de expansão observado no ano anterior. Subjacente a esta evolução, esteve um comportamento desigual entre as diferentes áreas económicas, com uma recuperação da atividade nas economias desenvolvidas e um abrandamento no conjunto das economias emergentes. O PIB dos Estados Unidos cresceu 2,4% em 2014, após um registo de 2,2% no ano anterior, suportado por uma política monetária expansionista, pela atenuação da natureza restritiva da política orçamental e pela queda significativa do preço do petróleo. A Reserva Federal manteve a target rate dos Fed Funds inalterada em 0%-0,25% e prosseguiu uma política de quantitative easing até Outubro, sinalizando uma postura paciente em relação a uma futura subida dos juros. Neste contexto, e na ausência de pressões inflacionistas relevantes, a yield dos Treasuries a 10 anos desceu de 3,03% para 2,17%. A recuperação da atividade, num ambiente de ampla liquidez, traduziu-se em ganhos significativos dos principais índices acionistas, com o S&P 500, o Dow Jones e o Nasdaq a registarem variações anuais de 11,4%, 7,5% e 13,4%, respetivamente. A redução da taxa de desemprego, de 6,7% para 5,6% da população ativa, não se traduziu em pressões inflacionistas pela via salarial. A inflação homóloga manteve-se muito contida, situando-se em 0,8% no final do ano. Para um quadro de baixa inflação, nas economias desenvolvidas, contribuiu a queda significativa do preço do petróleo (-49,7% no Brent, para USD 55,8/barril, e -45,9% no WTI, para USD 53,3/barril). Este comportamento resultou de uma moderação da procura, mas, sobretudo, de uma expansão da oferta, associada ao aumento da produção de shale oil e à decisão da OPEP de não reduzir o seu output em resposta à queda dos preços. No seu conjunto, os mercados emergentes foram penalizados pelo início do tapering do quantitative easing pelo Fed, pelos receios em torno do abrandamento da atividade na China e por um aumento dos riscos geopolíticos, em particular associados às tensões entre a Ucrânia e a Rússia. O crescimento da economia chinesa recuou de 7,7% para 7,4%, sobretudo em função do arrefecimento do sector imobiliário e da atividade industrial. A tendência de desaceleração foi, contudo, mitigada a partir do 2º trimestre, por um conjunto de estímulos seletivo de política económica. O índice acionista Shanghai Composite valorizou-se perto de 53% em 2014, beneficiando do relaxamento da política monetária e de um forte aumento do margin trading. No Brasil, a persistência de pressões inflacionistas e a tendência de depreciação do real (-10,8% face ao dólar) levaram o Banco Central a elevar a taxa de juro SELIC de 10% para 11,75% (com uma nova subida para 12,25% em Janeiro de 2015). O PIB registou um crescimento apenas marginal, de 0,1%, 13 RELATÓRIO E CONTAS 2014 após um registo de 2,5% em 2013. Em Angola, a atividade económica terá desacelerado de 6,8% para 3,9% em 2014. As restrições de liquidez e a redução da procura, associadas à quebra das receitas de petróleo, produziram um impacto negativo nas exportações portuguesas para esta economia. A recuperação da atividade económica nas economias desenvolvidas foi extensível à Europa, embora com ritmos de expansão diferenciados. O PIB do Reino Unido cresceu 2,6% em 2014, em aceleração face ao registo de 1,7% observado em 2013, suportado por uma procura interna dinâmica. Com a inflação numa tendência descendente (0,5% homólogo em Dezembro), o Banco de Inglaterra manteve a base rate inalterada em 0,5%. A libra apreciou-se 7,2% face ao euro. Na Polónia, e não obstante o impacto negativo das sanções da UE à Rússia, o PIB cresceu 3,3%, com expansões de 3% e 9,4%, no consumo privado e no investimento, respetivamente. O Banco Central da Polónia reduziu, em Outubro, a principal taxa de juro de referência, de 2,5% para 2%, respondendo à descida da inflação para valores negativos. No conjunto de 2014, o zloty depreciou-se perto de 3%, face ao euro. Depois de uma queda de 0,5% em 2013, o PIB da Zona Euro cresceu 0,8% em 2014. Apesar de sinais de estabilização no 2º semestre, o crédito ao sector privado não financeiro manteve-se em queda, sobretudo no segmento das empresas, com os diferentes sectores da economia a prosseguirem um processo de desalavancagem. A evolução do crédito foi ainda restringida pela incerteza em torno do asset quality review e dos stress tests aos bancos europeus, cujos resultados – globalmente favoráveis – foram conhecidos apenas em Outubro. O BCE anunciou, em Junho e em Setembro, dois cortes de 10 bps na taxa de juro das operações principais de refinanciamento, levando esta taxa para 0,05%. No mesmo período, a taxa de juro da facilidade de depósitos foi reduzida de 0% para -0,2%. A autoridade monetária introduziu, ainda, as Targeted Long Term Refinancing Operations e um novo programa de aquisição de asset-backed securities e de covered bonds, com o objetivo de melhorar os mecanismos de transmissão da política monetária. Não obstante esta postura expansionista do BCE, as expectativas de inflação na Zona Euro registaram uma clara tendência de queda e, no conjunto de 2014, a inflação homóloga diminuiu de 0,8% para -0,2%. As medidas atrás referidas e a expectativa de um reforço adicional dos estímulos monetários (que viria a concretizar-se, já em Janeiro de 2015, no anúncio de um programa de quantitative easing com um montante inicial de EUR 1,1 trillion) resultaram numa diminuição significativa dos juros de mercado na segunda metade de 2014. A Euribor a 3 meses diminuiu de um máximo de 0,347%, no início do 2º trimestre, para 0,078% no final do ano, enquanto a yield dos Bunds a 10 anos recuou de 1,929% para 0,541%, no conjunto do ano. O euro depreciou-se 12,3% face ao dólar, para EUR/USD 1,21, tendo esta tendência sido prolongada no início de 2015, para valores em 14 RELATÓRIO E CONTAS 2014 torno de EUR/USD 1,13. O final de 2014 e o início de 2015 seriam marcados por um aumento da incerteza política, com uma deterioração da perceção de risco face à Grécia e um aumento da volatilidade nos mercados financeiros. No conjunto de 2014, os principais índices acionistas europeus oscilaram entre as perdas e os ganhos moderados. Os índices FTSE 100 e CAC 40 recuaram 2,7% e 0,5%, respetivamente. O índice alemão DAX valorizou-se 2,65%. O ano de 2014 foi marcado pela saída de Espanha e Portugal dos respetivos programas de assistência financeira e por uma melhoria da perceção de risco face a estas economias. O PIB de Espanha cresceu 1,4%, no conjunto do ano, após contração de 1,2% em 2013, com uma recuperação da procura interna e uma estabilização do setor imobiliário. Neste contexto, e não obstante uma queda no 4º trimestre, o índice IBEX valorizou-se 3,7%, no conjunto do ano. A yield dos títulos de dívida pública espanhola a 10 anos desceu de 4,15% para 1,61%. Em Portugal, o PIB cresceu 0,8% em 2014, após três anos de contração. Esta evolução assentou, sobretudo, numa recuperação da procura interna. O consumo privado cresceu 1,7%, depois de uma contração de 1,4% em 2013, beneficiando de um aumento do rendimento disponível real e de uma melhoria da confiança das famílias. A taxa média anual de desemprego reduziu-se de 16,2% para 13,9% da população ativa. A formação bruta de capital fixo terá crescido 2,2%, a partir do aumento da despesa em máquinas e equipamentos e em material de transporte. A despesa em construção atenuou, por sua vez, a tendência de queda dos últimos anos. O sector do turismo revelou um dinamismo elevado em 2014, prosseguindo a tendência dos anos anteriores. O crescimento das exportações foi, no entanto, penalizado por fatores não recorrentes (relacionados com o encerramento temporário de unidades produtivas nos sectores automóvel e da refinação) e, apesar de uma recuperação no 2º semestre, recuou de 6,4% para 3,5%. Por sua vez, as importações avançaram 4,7%, em aceleração face ao ano anterior, refletindo a recuperação da procura interna. A capacidade líquida de financiamento da economia, medida pelo excedente do saldo conjunto das balanças corrente e de capital, subiu de 1,3% para cerca de 2,2% do PIB, refletindo um aumento da poupança interna pública e privada. O défice das contas públicas terá atingido um valor em torno de 3,7% do PIB (excluindo efeitos não recorrentes), abaixo da meta de 4%. Os sinais de reequilíbrio financeiro, o crescimento da atividade económica e o impacto positivo das medidas do BCE resultaram numa melhoria da perceção externa sobre a economia portuguesa, que se traduziu na saída antecipada do programa de assistência económica e financeira (em Maio) e numa melhoria das condições de acesso ao financiamento de longo prazo nos mercados de capitais. A yield das OT a 10 anos desceu, no conjunto do ano, de 6,13% para 2,69%, prolongando esta tendência no 15 RELATÓRIO E CONTAS 2014 início de 2015. A instabilidade vivida no sector financeiro, com a resolução do Banco Espírito Santo, no início de Agosto, condicionou a evolução da confiança e o financiamento da atividade económica, e penalizou fortemente o mercado acionista, com o índice PSI-20 a perder perto de 27% no ano. Em todo o caso, e não obstante alguns sinais de moderação do crescimento no último trimestre, a economia portuguesa mostrou-se resiliente perante este evento, com a generalidade dos indicadores avançados a suportar um cenário de recuperação da atividade em 2015. Uma capacidade produtiva excedentária e a queda dos preços dos bens energéticos pressionaram em baixa a inflação, com a variação média anual dos preços a fechar o ano em -0,3%. Já os preços da habitação seguiram uma tendência positiva, com uma variação homóloga de 4,9% no 3º trimestre, refletindo, sobretudo, o aumento da procura de habitação por parte de não residentes. 3.2. Enquadramento Nacional O Produto Interno Bruto (PIB) de Cabo Verde cresceu, aproximadamente, 1% em 2014 (0,5% em 2013), fruto de um aumento progressivo do dinamismo da procura interna, com o consumo privado a ser positivamente influenciado pelo aumento do rendimento das famílias, por via do crescimento das remessas dos emigrantes e dos benefícios sociais, associados ao aumento dos rendimentos salariais e à redução dos preços nos consumidores. O desempenho da procura interna ajudou, assim, a compensar o menor fulgor evidenciado pelo turismo cabo-verdiano, muito condicionado pela conjuntura económica na área do euro (crescimento do PIB de 0,8%, em 2014). Cabo Verde afirma-se, fundamentalmente, como uma economia de serviços. Apesar dos atuais receios com a evolução da economia mundial, ao longo do último trimestre de 2014, as perspetivas globais são de aceleração da atividade durante os próximos anos, com o consequente aumento do dinamismo dos principais mercados emissores de turismo para Cabo Verde que, assim, ajudarão o pais a atingir um crescimento mais robusto (4% em média entre 2015 e 2017, de acordo com o FMI). Os preços no consumidor apresentaram uma tendência decrescente, desde meados de 2013, refletindo, fundamentalmente, a redução dos preços internacionais de bens alimentares, o aumento contido dos preços do petróleo nos mercados internacionais e a redução da inflação nos países que são os principais fornecedores de Cabo Verde. Com efeito, os principais contributos para o comportamento da inflação cabo-verdiana foi, fundamentalmente, resultante da redução do preço do gás butano, da diminuição dos preços de bens alimentares, bem como pela dissipação dos efeitos do ajustamento da taxa do imposto sobre o valor acrescentado nos bens e serviços, administrados em inícios de 16 RELATÓRIO E CONTAS 2014 2013. Neste contento, em 2014, a variação média dos preços situou-se em 0,8%, abaixo dos 1,5% registados no ano anterior. Nos últimos cinco anos, a taxa de inflação média situou-se em 2,3%, tendo o valor mais baixo sido registado precisamente em 2009, depois de, em 2011, se ter registado o valor mais elevado (4,5%). Evolução do PIB e PIB per capita, 2003-2014 (%) USD % 10 8 9 ,1 9 ,2 6 ,7 4 ,9 2 159 3 633 3 809 4 000 3 500 3 471 3 419 3 000 3 134 5 ,8 4 3 709 3 533 7 ,5 6 3 805 2 500 2 568 4 ,0 2 278 2 000 1 908 1 500 1 ,5 2 1 ,2 0 ,5 1 ,0 1 000 0 500 -2 2003 2004 2005 2006 2007 2008 - 1 ,3 2009 0 2010 2011 2012 2013 2014P Fontes: FMI Apesar do alargamento das fontes de receita e da implementação de medidas visando o reforço da eficiência e da eficácia tributária, no quadro das reformas fiscais em curso desde 2013, as receitas de impostos registaram um decréscimo ao longo de 2014. A redução das receitas, a par do aumento ainda que contido das despesas correntes, determinou o agravamento do défice orçamental de 9% para 9,6% do PIB. A execução das receitas fiscais ficou a dever-se à extensão das isenções fiscais, bem como à redução do valor aduaneiro de combustíveis e demais mercadorias importadas. A redução das receitas fiscais, aliada à expressiva diminuição dos donativos, induziu a uma contenção adicional das despesas de funcionamento, bem como no atraso na execução de alguns projetos de investimentos públicos, tendo em conta uma menor execução do Programa Plurianual de Investimentos Públicos. O esforço e a necessidade de consolidação orçamental estão intimamente relacionados com a evolução do nível de endividamento público que, em 2014, deverá ter atingido um montante equivalente a 110,4% do PIB e que tem levado o FMI a produzir, reiteradamente, alertas para a sustentabilidade do mesmo, a prazo. Ao nível das contas externas, a evolução tem sido favorável, com as remessas de emigrantes, provenientes maioritariamente da Zona Euro (75% do total), a evoluírem positivamente. De igual modo, a boa evolução das reservas externas líquidas continua a 17 RELATÓRIO E CONTAS 2014 garantir uma margem de conforto para uma adequada intervenção no mercado cambial, no sentido de permitir a estabilidade do regime que indexa o escudo cabo-verdiano (CVE) ao Euro (EUR=CVE 110,265). No entanto, após uma assinalável redução em 2013, as necessidades de financiamento da economia registaram um aumento ao longo de 2014, impulsionadas pelo agravamento do défice da balança corrente. As estimativas apontam para um crescimento do défice da conta corrente de 3,958% para 5,835% do PIB, entre 2013 e 2014, induzido pelo aumento das importações de mercadorias, pela queda das exportações dos serviços turísticos e pelo acentuado crescimento dos rendimentos de investimento externo expatriados. 3.3. Perspetiva Sectorial da Economia de Cabo Verde Cabo Verde afirma-se, fundamentalmente, como uma economia de serviços, cerca de 75% do PIB, com o turismo (contribuição direta e total para o PIB de 16,2% e 42,9%, respetivamente) a manter-se como setor economicamente dominante, sendo o 10º país, à escala global, em termos da importância relativa do setor do turismo para a sua economia, e 29º no que concerne às expectativas de crescimento para o setor. O WTTC – World Travel & Tourism Council (2014 Annual Research) estima um crescimento médio anual das receitas do turismo de, aproximadamente, 6,5% nos próximos dez anos e o The Travel & Tourism Competitiveness Index 2013 do WEF coloca o país no 4º lugar africano (África a sul do Saara), em termos de competitividade turística. Distribuição setorial do PIB, 20141 (%) Agricultura, silvicultura, pesca e caça 9,0% Indústria transformadora 5,8% Eletricidade, gás e água 1,7% Indústria Extractiva 0,5% Turismo e comércio 20,5% Construção 10,5% Administração pública, educação e saúde/Serviços sociais e pessoais 15,1% Setor financeiro, imobiliário e serviços ás empresas 19,0% Tranportes e comunicações 17,8% 1 Estimativa obtida pelo Banco Internacional de Cabo Verde e o Novo Banco Research, segundo uma metodologia que utiliza como referência os últimos dados setoriais publicados pelo BAD (Africa Economic Outlook) e a evolução entre 2011 e 2014 do crédito aos diferentes setores da economia (crédito às empresas não financeiras). Fontes: Africa Development Bank, BCV, NB Research - Research Setorial. 18 RELATÓRIO E CONTAS 2014 A distribuição do PIB setorial de Cabo Verde, elemento muito relevante de enquadramento da atividade económica do país para os agentes económicos que com eles se relacionam, continua a indiciar a centralidade do setor do turismo na economia do arquipélago, apesar do esforço continuado de diversificação da economia, nomeadamente, através da potenciação de atividades afins e de suporte à atividade económica: transportes, logística marítima e aeroportuária, comércio, pescas, tecnologias de informação e da comunicação, serviços financeiros e energia. Trata-se de áreas setoriais fundamentais para a concretização da visão do arquipélago como hub regional de serviços, no contexto da África Ocidental, num horizonte potencial de 350 milhões de consumidores e um PIB de USD 800 milhões (2014, Estimativa), em condições ímpares, do ponto de vista da segurança, da eficiência operacional, do contexto institucional e da qualificação dos recursos humanos. Deste modo, contribuindo para a projeção da economia do arquipélago, muito para além do perímetro estrito de um mercado interno, necessariamente diminuto, explorando o fortalecimento da integração regional de Cabo Verde numa das mais dinâmicas áreas da economia mundial, simultaneamente beneficiando de condições de acesso privilegiadas ao mercado europeu e norte-americano. Em Fevereiro de 2014, foram concluídas as negociações entre a UE e a África Ocidental para a celebração de um acordo de parceria económica (APE). O Acordo constitui a primeira parceria económica que reúne não apenas os 16 países da África Ocidental, mas também as duas organizações regionais: CEDEAO e a UEMOA (União Económica e Monetária dos Estados da África Ocidental). A economia de Cabo Verde insere-se numa área regional que tem evidenciado apreciável dinamismo da procura turística, ao longo dos últimos anos, sobretudo em termos da chegada de turistas, refletindo uma crescente integração da região na economia mundial. Neste contexto, Cabo Verde destaca-se pelo dinamismo do setor do turismo: • O crescimento das chegadas de turistas, 11,4%, é mais do dobro do observado na África Subsariana, 5,1%; • As receitas turísticas cresceram entre 2010 e 2013 a um ritmo de 18,4%, mais do que quadruplicando o observado na África Subsariana. O reforço do setor turístico de Cabo Verde tem-se refletido no crescimento sustentado da sua contribuição para o PIB, para o esforço exportador e crescimento do investimento. Ao longo da última década, a procura turística dirigida a Cabo Verde evidencia um padrão de crescimento regular, sob o qual o número de dormidas nos estabelecimentos hoteleiros do arquipélago quase quadruplicou, passando de 865 mil dormidas, em 2004, para 3 milhões 19 RELATÓRIO E CONTAS 2014 e 436 mil dormidas, em 2013, TCMA04-13=14,8%. Contudo, o ano de 2013 caracterizava-se já por um claro abrandamento, em relação aos anos anteriores, 3,4%, abrandamento que, nos três primeiros trimestres de 2014, se converte num decréscimo do número de dormidas, -1%, face ao período homólogo do ano anterior. A ilha do Sal e a ilha da Boavista destacam-se, em termos da oferta turística do arquipélago, correspondendo-lhes, respetivamente, 45% e 27,3% da capacidade de alojamento em 2013 (43% e 45% das dormidas). Continua a verificar-se uma forte dependência do turismo externo, mais de 95% do total das dormidas, com uma quase exclusiva concentração nos mercados europeus. Os países que mais se destacaram, em 2013, foram: o Reino Unido, 24,3%; a Alemanha, 15,4%; Países Baixos, 9,5%, Portugal, 9,4% e França, 9,3%. Turismo, Cabo Verde, 2000-2024 (USD milhões) 2,5 2 1,5 1 0,5 Turismo Contribuição para o PIB Exportações Associadas ao Turismo 2024 2023 2022 2021 2020 2019 2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 0 Investimento Fontes: World Tourism Organization, World Travel & Tourism Council, Instituto Nacional de Estatística Cabo Verde. Este setor também tem sabido captar novos segmentos de procura, nomeadamente, o turismo de cruzeiro e a náutica de recreio. O Turismo de Cruzeiro, que tem crescido exponencialmente, é uma das apostas do Governo cabo-verdiano, que, em julho de 2013, assinou com a Holanda um acordo de financiamento do estudo para a construção de um terminal de cruzeiros no Mindelo, que deveria estar operacional no final de 2015. Em Maio de 2013, foi anunciado que, em Cabo Verde, serão contempladas cinco zonas de jogo, em vez das três inicialmente previstas. Para além das zonas de jogo do Sal, de Santiago e de São Vicente, o Governo vai criar também as da Boavista e do Maio. O 20 RELATÓRIO E CONTAS 2014 Governo e a empresa Casino Royal assinaram um contrato de concessão para a Ilha do Sal e o Casino deverá ser instalado no interior do hotel Hilton, na vila de Santa Maria. O Grupo Louvre, a segunda maior cadeia hoteleira da Europa, anunciou, em Novembro de 2014, ir explorar o hotel casino, que deverá nascer no primeiro semestre de 2015, na cidade do Mindelo, um investimento de EUR 20 milhões. Igualmente relevante para a sustentabilidade do setor, o posicionamento do arquipélago como um destino turístico de qualidade e o potenciar de efeitos de arrastamento sobre outros setores da economia, nomeadamente na área agrícola, é o ambicioso programa lançado em 2010, pelo Governo de Cabo Verde, de construção de 17 barragens até ao fim da legislatura, em 2016, bem como dezenas de diques, furos e sistemas de bombagem de água. A barragem de Figueira Gorda, a maior albufeira do país (com capacidade para armazenar 1,5 milhões de metros cúbicos de águas pluviais), no interior norte de Santiago, recentemente inaugurada, tal como a de Canto Cagarra, em Santo Antão, são exemplos da determinação do Governo de Cabo Verde em mitigar duas das tradicionais restrições ao desenvolvimento de economia do arquipélago: disponibilidade de água para consumo e para a agricultura; potenciando, deste modo, o impacto do previsto crescimento do setor do turismo sobre a economia. Outras duas, Principal e Flamengos, ambas no norte da ilha de Santiago, estão em fase final de construção. Na sequência da desaceleração no ritmo do crescimento do volume total de ativos do setor bancário, observada em 2013, o ano de 2014 apresenta uma performance muito semelhante, tendo o saldo agregado ascendido a 190,6 mil milhões de escudos, em Junho de 2014, o que representa um crescimento de cerca de 7,9%, face ao exercício do ano anterior, em linha com os 7,6% registados em Junho de 2013. Registou-se uma estagnação da carteira de crédito a clientes, mantendo-se em 97,6 mil milhões de escudos, enquanto os depósitos de clientes – principal fonte de financiamento - cresceram 18,2%, reforçando uma dinâmica já observada em 2013. A evolução do crédito vencido continua a evidenciar uma clara deterioração. O peso dessa componente, na estrutura do crédito total, registou um aumento de 2,9 pontos percentuais, entre Junho de 2013 e Junho de 2014, para 14,4%. Relativamente à distribuição sectorial do crédito às empresas não financeiras, constatouse a predominância dos setores do “Comércio, restaurante e hotéis”, dos “Transportes e comunicações”, da “Construção e obras públicas” e dos “Serviços sociais e pessoais”, que, juntos, representaram, em 2014, cerca de 65% do crédito total às empresas não financeiras. O crédito aos particulares representa, aproximadamente, 50% do total (70%, crédito à habitação). 21 RELATÓRIO E CONTAS 2014 Apesar de um contexto macroeconómico que se tem mantido menos favorável, Cabo Verde tem merecido o apreço das principais instituições internacionais. O Indicador de Facilidade em Fazer Negócios do World Bank, Doing Business 2015 (DB 2015), coloca o país no ranking 122, entre 189 economias analisadas, 2ª melhor classificada na África Central e Ocidental. No Índice de Desenvolvimento Humano, da Organização das Nações Unidas, Cabo Verde surge entre os países posicionados na classe “desenvolvimento humano médio”; em 2014, Cabo Verde é o sexto país melhor classificado da África Subsaariana. No Índice Ibrahim de Governação Africana, Cabo Verde classificou-se em 2º lugar, entre os 52 países africanos analisados, sendo apenas ultrapassado pelas Maurícias. 22 RELATÓRIO E CONTAS 2014 4. Atividade Comercial 4.1. Estratégia e Modelo de Negócio Embora não estando, financeiramente, envolvido com a crise derivada da medida de resolução aplicada ao Banco Espírito Santo, o Banco Internacional absorveu o impacto reputacional, que acabou por influenciar toda a sua atividade para o resto do ano, conforme se pôde constatar pela alteração sentida na consolidação que se tinha verificado no primeiro semestre, no tocante ao crescimento dos recursos, à abertura de contas e à confiança dos clientes. Reagindo prontamente à instabilidade provocada no BES, através da mudança de atitude perante o mercado e da adoção de novas estratégias de comunicação e abordagem, o Banco conseguiu minimizar o impacto da crise do Grupo, reconquistando a confiança de clientes. Com o intensificar, em Cabo Verde, dos impactos da crise financeira internacional, o mercado se retraiu na concessão de novos créditos, com os bancos a adotarem uma postura mais prudente, tornando o processo de análise de crédito mais criterioso. O nível de incumprimento de créditos aumentou, crescendo também a imparidade da carteira, em alguns casos imposta pela própria entidade supervisora. A concorrência entre os bancos aumentou, particularmente no financiamento das empresas, provocando uma quebra nas margens das operações funding e nas comissões do crédito extrapatrimonial. A retração do crédito mexeu com o lado oposto do balanço, ao nível dos recursos, tendo a liquidez do setor fechado em alta, estimulando uma redução nas taxas de remuneração de depósitos. Dadas as circunstâncias acima, em conjugação com a crise que abalou o Grupo, o Banco Internacional manteve uma postura de seleção criteriosa e de muita prudência na concessão de novos créditos. Por outro lado, o Banco introduziu uma nova dinâmica na recuperação do crédito vencido, tendo em vista alcançar uma estrutura financeira equilibrada, fator fundamental para o restabelecimento da confiança. Em termos de evolução da carteira de clientes, o Banco manteve o foco na captação de clientes dos segmentos-alvo. Apesar da exiguidade do mercado, o ritmo de abertura de novos clientes, até Abril, decorreu normalmente, tendo sofrido quebras, no segundo semestre, quando já se fazia sentir a real situação do BES. 23 RELATÓRIO E CONTAS 2014 O forte impacto do fim da marca BES obrigou a uma contenção no approaching a alguns potenciais clientes, devido à incerteza quanto à dimensão das consequências que os desenvolvimentos do caso teriam para a estrutura cabo-verdiana. A estratégia agora passa por se conseguir um maior envolvimento financeiro dos clientes, com destaque para as grandes empresas, através da redinamização das operações de crédito. Evolução da Carteira de Clientes Ativos (Número de clientes ativos) 2013 2014 + 17% 1 484 1266 + 8% 379 409 Empresas Particulares A carteira de clientes cresceu 15%, em 2014, com destaque para os clientes Particulares. O maior foco está nos clientes Internacionais, incluindo Emigrantes, que representam cerca de 40% dos clientes novos de 2014. O crescimento dos Particulares indica uma maior fidelização desse segmento, que, neste contexto de crise, financeira e institucional, significa a manutenção da confiança por parte do mercado. Dos 1.893 clientes em carteira, 1.484 são particulares (o correspondente a 78%), residentes e não residentes, incluindo os emigrantes, e 409 empresas nacionais e estrangeiras, na sua maioria sediadas em Cabo Verde. 24 RELATÓRIO E CONTAS 2014 5. Análise do Risco do Crédito 5.1. Carteira de Crédito e Provisões O modelo de crescimento do crédito do Banco Internacional, nos últimos três anos, está assente, sobretudo, na concessão de crédito a grandes empresas, que apresentem uma melhor notação de risco. A carteira de crédito do Banco Internacional registou, neste ano particular, uma redução de 12%. Situação inédita, mas consistente com a conjuntura e com a própria composição da carteira, que é formada, em larga medida (aprox. 54%), por créditos cuja maturidade não ultrapassa os três anos, originando amortizações em grande escala durante um exercício. Registando, pela primeira vez desde o arranque das atividades, redução no volume de crédito (-288 milhões de escudos), devido, por um lado, a uma maior retração na contratação de créditos, (relacionado com o desenvolvimento do mercado local e com a própria conjuntura internacional) e ao défice de procura que se encaixe no perfil do risco do Banco e, por outro lado, devido à amortização de avultados montantes das principais operações de créditos. O crédito aos clientes empresariais, responsável por 76% da carteira (2013: 81%), registou um decréscimo de 339 milhões de escudos (-17%, decréscimo acima da média da carteira), refletindo a política de crédito às empresas, assente em créditos de médio prazo, que, aliada à contenção e prudência na contratação de novas operações, gerou uma certa deterioração na carteira. Do total de créditos às empresas (1,67 mil milhões de escudos), 76% são financiamentos de médio e longo prazo, na sua maioria com maturidade até três anos, e 23% são créditos de apoio à tesouraria (descoberto e conta corrente caucionada). A carteira empresarial se concentra maioritariamente nos sectores de Serviços (57%) e da Construção e Obras Públicas (27%). No caso do segmento Particulares, o principal financiamento é o crédito à habitação, destinado à construção e aquisição de imóvel para habitação, correspondendo a 83% do total da carteira de crédito a particulares. O total de garantias pessoais e reais recebidas, representa, respectivamente, 57% e 41% do total do crédito concedido em 31 de Dezembro de 2014. 25 RELATÓRIO E CONTAS 2014 Quanto à maturidade das operações de crédito (prazo residual até o vencimento do contrato), espera-se amortizar, no prazo de até 3 anos, 54% do valor atual da carteira. Evolução do Stock da Carteira de Crédito a 31/12/2014 (mCVE) Quanto ao provisionamento da carteira de crédito, o Banco contabiliza Imparidade sempre que o valor deste for superior ao das provisões regulamentares de crédito, em cumprimento ao Aviso da entidade supervisora. O custo com o provisionamento dos créditos aumentou 17 milhões de escudos, em 2014, como resultado do agravamento das taxas de provisões de clientes com degradação do risco de crédito. O valor de Imparidade contabilizado reflete uma taxa de perda esperada de 3,56% do montante da carteira de crédito (2013: 2,46%) e um índice de cobertura de 21,6% do montante de crédito vencido (2013: 25%). 26 RELATÓRIO E CONTAS 2014 Milhões CVE Maturidade da carteira de crédito, por prazo residual, a 31/12/2014 4 400 350 300 250 200 150 100 50 0 Desde Julho de 2013, o Banco calcula, simultaneamente, provisões e imparidade da carteira de crédito. O cálculo regulamentar de provisões de crédito considera os parâmetros e taxas do Aviso viso nº 4/2006, alterado pelo Aviso nº 6/2007, de 25 de Fevereiro de 2008. Já as taxas de imparidade de crédito resultam de características inerentes ao contrato de crédito, como o valor da garantia, a tipologia e a maturidade do crédito, o risco de crédito do cliente, a taxa de juros do contrato, o segmento do cliente e outros indicadores de default do crédito. Distribuição da carteira de crédito por classe de risco a 31/12/2014 31/12/201 Classe C 3% Classes D,E 2% Classe B 7% Classe A 88% 27 RELATÓRIO E CONTAS 2014 5.2. Análise do Risco de Crédito O risco de crédito, risco em que Banco tem maior exposição, é amenizado pela prática adotada pelo Banco em monitorizar, de forma constante, todas as operações contratadas, em interação com unidades do Grupo, método que tem permitido identificar, tempestivamente, os principais triggers de default, mantendo um adequado acompanhamento do risco da carteira de crédito. O Banco faz uso de metodologias e políticas de gestão risco, que vão de encontro às orientações da entidade supervisora e do próprio Grupo, assentes nas boas práticas de governança das instituições financeiras, ao nível internacional. Em qualquer processo de crédito, a área que gere o risco de crédito, age tanto a montante como a jusante, auxiliando na elaboração das propostas de operações de crédito; participando, de forma determinante, no Comité de Crédito; e interagindo, constantemente, com a área Comercial, na definição de estratégias de cobrança ou de propostas de negociação de créditos vencidos e no seu devido provisionamento. A qualidade da carteira de crédito do Banco é determinada em função da distribuição, por classes de risco, dos contratos de crédito, das operações de crédito em risco (contratos vencidos e reestruturados), dos processos instruídos para cobrança judicial, do coeficiente de provisões e de imparidade do crédito e de outros indicadores de mensuração do risco da carteira de crédito. A 31 de Dezembro de 2014, a carteira de crédito comportava 16,5% de crédito em mora, sendo que 14,8% da carteira são créditos vencidos há mais de 90 dias. No que tange à classificação do risco das operações de crédito, a 37% das operações de crédito foram atribuídas classificação “baixo risco”, a 52% “risco moderado” e 11% das operações ficaram no nível “risco elevado”. Registou-se uma alteração residual do risco da carteira de crédito devido à morosidade na recuperação dos créditos vencidos e à permanência dos mesmos clientes, particularmente empresas, em situação de incumprimento. A carteira de crédito apresentava, a 31 de Dezembro de 2014, 49 clientes em situação de mora (28 em mora há mais de 90 dias), denotando um crescimento de 30%, quando comparado com o ano transato. 28 RELATÓRIO E CONTAS 2014 6. Análise da Evolução da Atividade 6.1. Síntese da Atividade O exercício de 2014 ficou marcado por uma grande crise no setor financeiro português, que culminou com a medida de resolução aplicada ao BES. Uma série de acontecimentos favoreceram a derrocada da marca BES, tendo sido criado um banco novo, com um novo nome, a fim de serenar o mercado. No caso de Cabo Verde, no início de Novembro, adotouse uma nova denominação – Banco Internacional de Cabo Verde (BICV), passo essencial para se apagar, em definitivo, qualquer ligação ao BES, que continuará como “banco mau”, até à sua total dissolução. O novo nome, associado à nova marca NOVO BANCO, foi bem aceite no mercado, acreditando-se que será um ponto forte na estratégia delineada para o próximo exercício. Esses e outros acontecimentos que ocorreram durante o segundo semestre, bem como as inúmeras mudanças advenientes da conjuntura, levaram a que os números do ano não tivessem sido os melhores. Após o ocorrido, a estratégia promovida, até o final do exercício, resumiu-se, em grande escala, em manter os clientes em carteira e impedir, ao máximo, a retirada dos fundos. Registou-se, ainda, um crescimento de clientes abaixo do que se verificou no primeiro semestre, com a maior queda a se registar no mês de Agosto, altura em que a crise se instalou no grupo. Em 2014, o Banco angariou um total de 224 novos clientes Particulares (145 afetos à Agência da Praia e 99 afetos à Agência do Sal) e 45 Empresas (25 afetos à Praia e 20 ao Sal), num total de 269 novos clientes. Registou-se um incremento substancial na emissão de cartões (831, no total), com especial realce para o cartão pré-pago Kretxeu, com 212 novos cartões durante o ano. O tradicional cartão de débito (Vinti4), atualmente o principal meio de pagamento, entre emissões e renovações, contou com 574 novas unidades. Os cartões de crédito vêm ganhando aderentes, gradualmente, contabilizando 45 novos cartões, em 2014. O número de utilizadores do Internet Banking aumentou, face ao período homólogo, tendo sido registado 192 novas adesões durante o ano. Foram introduzidas atualizações e novas funcionalidades, tornando mais célere e mais segura a plataforma. O Banco manteve a sua atitude dinamizadora do comércio internacional, mormente no triângulo Portugal-Brasil-África Ocidental, servindo de intermediário das operações 29 RELATÓRIO E CONTAS 2014 comerciais entre essas regiões países, servindo-se da sua rede de correspondentes disponibilizada pelo Grupo, o que facilita as operações com o exterior. Com uma carteira de créditos de 2,20 mil milhões de escudos (2013: 2,49 mil milhões) e um volume de 9,88 mil milhões em recursos de clientes (2013: 13,97 mil milhões), o Banco atingiu um Rácio de Transformação de Depósitos em Crédito (LTD) de 22%, sendo que no ano anterior esse rácio tinha sido de 18%, elevando o nível de liquidez. No segmento Empresas, o LTD (total de crédito a dividir pelo total de depósitos), que tinha atingido 84%, em 2013, indicando estabilidade nesse segmento, em 2014 sofreu um revés, com a queda dos recursos locais em mais de 50%, levando o rácio LTD à cifra dos 126%. O segmento Particulares fechou o ano com uma carteira de 1.484 clientes, entre Residentes, Emigrantes e Internacionais, aumentando seu peso no negócio, traduzindo sua importância para o Banco, uma vez que os seus recursos tendem a ser mais estáveis que os das empresas, a médio e longo prazo. A atividade bancária do segmento Internacional, no geral, após um forte crescimento em 2013, apresenta um decréscimo de 22% no volume de recursos captados, motivado, essencialmente, pela interrupção da dinâmica desse sector, imposta pelo contexto em que o Grupo se envolveu no segundo semestre de 2014. Extrapatrimoniais O mercado bancário cabo-verdiano pouco se desenvolveu no último ano e, por conta disso, as operações extrapatrimoniais, emissão de garantias bancárias e de créditos documentários, foram limitadas. Importante gerador de receitas, na forma de comissões, o não crescimento dessa área teve impacto direto nas contas do Banco. No primeiro bimestre do ano, notou-se um crescimento do saldo da carteira extrapatrimonial, que se mostrou descendente a partir daí, devido aos efeitos da crise no setor da Construção Civil, principal cliente deste tipo de operação, pelo seu envolvimento em grandes projetos. O número de novas operações de garantias bancárias e os valores pouco expressivos foi insuficiente para alavancar o negócio dos produtos extrapatrimoniais. De 2012 a 2014, a contratação de produtos extrapatrimoniais seguiu o desenvolvimento da economia, com as empresas ligadas aos grandes projetos estatais a dominarem os pedidos de emissão desses produtos. 30 RELATÓRIO E CONTAS 2014 As operações extrapatrimoniais, além de constituírem uma importante ferramenta geradora de receitas, são fundamentais para o apoio à economia, desempenhando um papel de extrema relevância no fomento ao comércio internacional. Durante o exercício de 2014, em virtude do contexto económico e da conjuntura interna do Grupo, foram realizadas apenas 46 novas operações extrapatrimoniais, emissão de 35 Garantias e 11 Créditos Documentários, fechando o ano com um saldo de 681 milhões de escudos (2013: 1,33 mil milhões de escudos), sendo 96% em Garantias. 6.2. Balanço O balanço registou, durante o ano, um decréscimo assinalável, resultado de uma redução dos recursos alheios e do consequente efeito no volume das disponibilidades. O balanço de 2014 passou de um total de 24 mil milhões de escudos, em 2013, para 12 mil milhões de escudos. Os ativos e passivos financeiros mantêm um papel de relevo no balanço do Banco, com um peso significativo na composição do mesmo, 87% e 85% respetivamente. ATIVO A diversificação da carteira de ativos constitui um dos desafios assumidos pelo Banco Internacional, com o intuito de melhor gerir os riscos subjacentes. Buscando maximizar esse propósito, destacam-se na distribuição dos recursos financeiros do Banco as aplicações remuneradas em outras instituições de crédito, com 67% (79% em 2013), e créditos a clientes, com 18% (10% em 2013). As aplicações em instituições de crédito registaram um decréscimo de 59% no seu saldo e o crédito a clientes decresceu 12%. A totalidade dos ativos remuneráveis corresponde a 87% do ativo líquido do Banco, sendo que em 2013 o volume dos ativos remuneráveis ascendia a 90% do ativo. Essa variação teve impacto direto nos resultados financeiros e, consequentemente, no resultado líquido do exercício. 31 RELATÓRIO E CONTAS 2014 Ativos Remuneráveis Englobam-se nos ativos remuneráveis todos os que geram receitas para o Banco, mediante uma taxa de remuneração previamente contratada. O Banco Internacional procura aplicar os seus recursos excedentes preferencialmente a curto ou a muito curto prazo, de maneira a garantir um nível satisfatório, e quase que permanente, de liquidez imediata. Para mitigar o risco inerente aos ativos financeiros, as aplicações são feitas, fundamentalmente, no Head-Office (Novo Banco). Composição do Ativo Activo Imobilizado 2,050% Aplicações de Crédito 18,10% Outros Activos 0,010% Aplicações Monetárias 11,320% Aplicações Financeiras 68,519% 32 RELATÓRIO E CONTAS 2014 A 31 de Dezembro de 2014, o Banco apresentava investimentos em imobilizado na ordem dos 357 milhões de escudos (289 milhões em 2013), correspondendo a 2% do total do ativo, reforçando o investimento em 24%, durante o exercício, sobretudo em sistema de tratamento de informação e equipamentos de transporte. O crédito a clientes, um dos mais importantes ativos financeiros do Banco, porquanto seja o principal indicador da atividade bancária, registou um decréscimo de 12% no seu stock, influenciando negativamente o resultado financeiro, tendo passado de um saldo bruto de 2,49 para 2,2 mil milhões de escudos. Desse montante, 81% corresponde a créditos a médio e longo prazo (2013: 80%) e 76% a créditos a empresas (2013: 81%), mantendo a mesma tendência dos exercícios anteriores. O volume total dos créditos de curto prazo fixou-se em 410 milhões de escudos, decrescendo 17%, em relação ao ano anterior, e vendo seu peso na carteira cair de 20% para 19%. Por ser um banco com uma missão, sobretudo, ligada ao desenvolvimento da economia, através do financiamento de projetos que tenham o propósito de alavancar o crescimento do país, o financiamento ao setor público e administrativo é bastante residual, inclusive pelo fato de não possuir, em carteira, produtos específicos para as necessidades desse setor. Assim sendo, o financiamento ao setor público e administrativo se resume a 1% do total da carteira (2013: 0,5%), tendo, entretanto, em termos proporcionais, registado um considerável crescimento em 2014 (+79%). A procura por financiamento por parte dos clientes empresariais desacelerou, tendo as empresas recorrido, maioritariamente, a créditos de apoio à tesouraria, de curto prazo. Registando um decréscimo de 17% no seu stock final, o crédito às empresas fechou o exercício com um saldo de 1,67 mil milhões de escudos, face ao saldo de 2 mil milhões do ano transato. Contrariamente, o crédito às famílias reconheceu um aumento durante o ano, com uma maior procura do financiamento para aquisição/construção de habitação própria, com um relativo acréscimo em contraste com a vertente Consumo, onde se registou uma inversão, muito devido à retração imposta pela crise financeira. O setor do Comércio e Serviços destaca-se na carteira de crédito, ocupando cerca de 43% da mesma, pese embora o seu saldo tenha decrescido 15%. Na mesma sequência, o saldo do crédito vencido, respeitante a esse setor, é o que se apresenta de maior volume. O setor da Construção e Obras Públicas, com destaque para a Construção Imobiliária, ainda 33 RELATÓRIO E CONTAS 2014 ressente-se da crise que se vem instalando desde 2008, registando decréscimos anuais consideráveis no acesso ao crédito. Em 2014, o crédito deste setor registou um decréscimo de 22%, com os financiamentos cada vez mais regulados pelas autoridades. Carteira de Crédito a 31/12/2014 Indústria 7,32% Hotelaria e Restauração 4,25% Habitação 19,26% Particular Outros 3,82% Construção e Obras Públicas 20,86% Sector Público e Administrativo 1,06% Comércio e Serviços 43,43% No cômputo geral, o crédito total às empresas decresceu, enquanto o seu saldo de crédito vencido aumentou consideravelmente. O crédito vencido dos clientes empresariais que correspondia, em 2013, a 10% do total de créditos às empresas, passou a equivaler a 19%. Por outro lado, a qualidade do crédito a particulares melhorou ligeiramente, com a proporção do crédito vencido a descer 0,6 pontos percentuais. Devido à conjuntura desfavorável à concessão de créditos e ao cumprimento na liquidação das prestações, a carteira de crédito de 2014 apresenta uma importante deterioração na sua qualidade, com o consequente aumento do volume de créditos vencidos e não pagos, cujo valor apurado veio agravar o índice de sinistralidade da carteira. O índice de sinistralidade, medido pelo rácio crédito vencido há mais de 90 dias sobre o total da carteira e que mede a qualidade da carteira de crédito, ficou situado em 14,82%, com o crédito vencido há mais de 90 dias a apresentar um saldo de 325 milhões de escudos. O total da carteira vencida ascende a 361 milhões de escudos (2013: 244 milhões), situação que acarretou uma mudança de paradigma, no que concerne ao seguimento e tratamento dos créditos em mora e dos em risco. Nessa ótica, foi reajustado o cálculo da imparidade dos créditos, culminando com um reforço no provisionamento dos créditos em risco e dos que apresentam situações de 34 RELATÓRIO E CONTAS 2014 incumprimento. A carteira ficou provisionada à taxa média de 3,56% (2013: 2,46%), com um total de imparidade de 78 milhões de escudos (2013: 61 milhões), sobretudo devido à evolução desfavorável dos casos de incumprimento dos clientes empresariais. Esse reforço no provisionamento da carteira teve um impacto direto e significativo no resultado do exercício, mas dando uma conveniente cobertura do risco de incumprimento, ao nível prudencial. Evolução mensal do crédito a clientes 2013 10% 2014 6% 4% 1,9% 2% 2% 2% 0,5% -0,2% Jan Fev -2% Mar -2% Abr -1% Mai 2% Jun Jul -3% Ago 3% Set Out -1% -1% Nov -1% -2,6% Dez -1% -2,8% -3% -5% -6% PASSIVO O passivo do Banco Internacional constitui-se, sobretudo, de recursos alheios, sendo a sua estrutura dominada em 99% por depósitos de clientes (2013: 62%). Durante o ano de 2014, o passivo registou um decréscimo de 55%, em relação ao exercício anterior, como consequência da redução dos recursos de mercado (fundos de bancos centrais e de outras instituições de crédito). Os recursos de mercado, constituídos sobretudo por depósitos de bancos centrais (74%), detêm um peso ínfimo (0,07%) no total do passivo do Banco, com um saldo de 6,58 milhões de escudos (em 2013, o seu saldo era de 8,37 mil milhões de escudos, correspondendo a 37% do passivo). Os recursos de clientes sofreram uma queda considerável, sobretudo no período pós-crise no Grupo. A movimentação de fundos, na sua quase totalidade, por empresas, residentes e não residentes, levou a que o volume de recursos de clientes reconhecesse um decréscimo notório, caindo de um saldo de 14 mil milhões de escudos, em 2013, para menos de 10 mil milhões, uma queda de 29%. 35 RELATÓRIO E CONTAS 2014 Toda a composição dos recursos de clientes se alterou, com destaque para os depósitos a prazo que viram seu saldo diminuir, pelo fato de os clientes terem preferido manter os seus fundos o mais acessível possível, dada a incerteza que pairava no Grupo. Representando, em 2013, 84% do volume total de recursos de clientes, os depósitos à ordem passaram, em 2014, a ter um peso de 91%, vendo seu volume cair de 11,7 para 9 mil milhões de escudos. Paralelamente, os clientes empresariais, que detinham 95% dos recursos de clientes, passaram a ser detentores de 89%, num decréscimo de 4,4 mil milhões de escudos. Embora numa proporção menor, os recursos dos clientes particulares registaram um acréscimo durante o ano, expressando uma maior abrangência do mercado dos não residentes. Os clientes não residentes, particulares e empresas, detinham mais de 89% dos recursos, num total de 8,8 mil milhões de escudos, tendo registado um decréscimo de 22%. Com uma variação mais brusca, os recursos dos residentes, viram seu saldo decrescer 1,5 mil milhões de escudos, ficando com um saldo 60% inferior ao de 2013. Os depósitos dos emigrantes mantiveram um saldo aproximado ao volume do ano anterior, tendo registado um ligeiro acréscimo de 5%. O Banco apresenta, a 31 de Dezembro de 2014, uma situação líquida (capital próprio) de 1,637 mil milhões de escudos, para uma estrutura de financiamento total de 11 mil milhões de escudos (2013: 1,66 para uma estrutura de 24 mil milhões). Estrutura de Financiamento Capitais Próprios 14,28% Outros Passivos 0,70% Recursos de Mercado 0,01% Recursos de Clientes 85,00% 36 RELATÓRIO E CONTAS 2014 O envolvimento financeiro dos clientes caiu 26%, como consequência, principalmente, do decréscimo dos seus recursos. Ainda assim, o volume de recursos ficou muito acima da carteira de crédito (4,5 vezes), permitindo uma margem de liquidez confortável para o Banco. Assim, o rácio de transformação de depósitos em créditos passou de 18% para 22%. CLIENTES: Crédito e Depósitos na Estrutura do Balanço Milhões de CVE Balanço Recursos Crédito 11 656 24 085 85% 58% 10% 19% 2013 2014 7. Resultados, Rácios Financeiros e Prudenciais 7.1. Resultados Manteve-se, durante todo o ano, o clima de incertezas no mercado financeiro, já anteriormente referido, pouco favorável a investimentos das empresas ou mesmo ao normal desenvolvimento das suas atividades. Para as famílias, a atual conjuntura também se mostra bastante adversa, porquanto o acesso ao crédito vê-se restringido, tanto do lado das famílias, que enfrentam dificuldades em honrar seus compromissos, aliado à fragilidade das garantias que podem oferecer aos bancos, como do lado dos bancos, que se vêm bloqueados por essa “incapacidade” das famílias em cumprir as suas obrigações financeiras. A fraca procura de garantias bancárias, a menor concretização de créditos e o consequente agravamento das provisões para risco de crédito levaram a que os resultados tenham baixado, em relação ao exercício anterior. Esse resultado traduz, de certa forma, a atual conjuntura do mercado financeiro, na qual os grandes clientes, maiores geradores de receitas, se encontram em situação pouco favorável para o financiamento. 37 RELATÓRIO E CONTAS 2014 Evolução da margem financeira 3,81% 3,10% 3,03% 3,02% 2,75% 2,55% 2,54% 2,43% máx. 2013 = 3,,81% (Dez) máx. 2014 = 2,75% (Set) Jan Fev Mar Abr Mai Jun 2013 Jul Ago Set Out Nov Dez 2014 Perante as moderações impostas pela crise no Grupo, aliada às dificuldades do mercado nacional, o Banco Internacional se distanciou dos objetivos orçamentados. O resultado financeiro, abaixo do esperado, teve como origem, sobretudo, a contração do crédito, que acarretou um decréscimo nas receitas financeiras na ordem dos 33%. Houve regressão, tanto nas receitas como nos custos financeiros, numa proporção manifestamente desequilibrada, conduzindo a uma quebra total de 78 milhões de escudos no resultado financeiro. Por sua vez, as comissões líquidas do exercício amorteceram, ligeiramente, o impacto da queda do resultado financeiro, porquanto assinalou um acréscimo de 11%. Foram cobradas, durante o ano, comissões no valor de 59 milhões de escudos e pagou-se cerca de 2 milhões, originando um Produto Bancário Comercial (PBC) de 235 milhões de escudos, registando um decréscimo de 24%, em relação ao período homólogo. As operações financeiras em moeda estrangeira mantêm um importante papel na geração de receitas, tendo um papel fundamental na formação do produto bancário. O resultado dessas operações ficou acima do valor do ano anterior (+70%), amortecendo os efeitos do decréscimo do PBC e conduzindo a um Produto Bancário (PB) de 275 milhões de escudos, acusando um decréscimo de 17% (2013: 331 milhões de escudos). O modelo de gestão financeira foi mantido, dada a rigorosidade das suas funções, visando manter o controlo das operações e dos clientes e, assim, manter a confiança e a fidelidade da sua carteira. O Cash-Flow de Exploração, que é a medida dada pela diferença entre o Produto Bancário e os Custos de Estrutura, situou-se em 102 milhões de escudos, valor 38 RELATÓRIO E CONTAS 2014 três vezes superior ao resultado líquido, registando um decréscimo de 35% (2013: 157 milhões de escudos). Entretanto, os custos operativos, que no final do exercício totalizavam 216 milhões de escudos, ficaram abaixo do esperado e ao nível semelhante ao dos custos do exercício anterior, atenuando a deterioração do resultado final. Essa contenção do volume de custos deveu-se, essencialmente, ao refreamento da expansão da atividade interna do Banco, devido à reversão na economia nacional, bem como à interrupção do processo de internacionalização do Banco, imposta pela atual realidade na qual o Banco se enquadra. Do total dos custos operativos, 31% são referentes a custos com pessoal (2013: 28%), 49% são relativos a gastos administrativos (2013: 53%) e o restante é respeitante às depreciações e amortizações legais. Dados os crescentes casos de eventos de incumprimento e o agravamento de casos de atrasos no pagamento das prestações de crédito, fez-se necessário recorrer a um recálculo da imparidade do crédito, de modo a garantir a conveniente prudência exigida pela autoridade supervisora. Assim sendo, o resultado antes de impostos ficou em 43 milhões de escudos, montante 57% inferior ao do exercício anterior. Com base nesse resultado, ficou apurado e provisionado o valor do imposto sobre o rendimento, referente às obrigações fiscais anuais, originando um resultado líquido de 28 milhões de escudos, contra os 79 milhões do ano anterior. Demonstração de Resultados 331 Milhões de CVE 2013 2014 275 256 213 216 178 80 39 20 15 28 Resultado Líquido Provisões Custos Operativos 19 17 Outros Custos 40 Resultado Mercados Serviços a Clientes Margem Financeira 24 Produto Bancário 51 57 RELATÓRIO E CONTAS 2014 Apesar dos resultados terem ficado abaixo dos do ano anterior, não se registou perda de eficiência ou diminuição da performance do Banco. Essa quebra enquadra-se na reação do Banco às mudanças ocorridas no Grupo, sendo que uma profunda reformulação dos paradigmas foi levada a cabo, para se segurar um resultado positivo e preparar a recuperação no próximo exercício. O valor do Produto Bancário alcançado (275 milhões de escudos), não obstante a conjuntura pouco propícia a negócios, situou-se a 17% abaixo do PB do ano anterior, o que indica que o Banco conseguiu manter o seu dinamismo, não só na atração de clientes com capacidades de negócio, de forma a maximizar a rentabilidade das carteiras de crédito, mas também no que concerne à consecução de receitas complementares. Resultados Milhões de CVE 2013 331 2014 275 256 178 157 102 80 28 Margem Financeira Produto Bancário (PB) 7.2. Cash-Flow Resultado do Exercício Rácios Financeiros Conforme já explicado, registou-se uma quebra considerável nos resultados, o que condicionou o crescimento previsto do Banco. O Banco tem primado por uma maior flexibilização, adaptando-se às condições do mercado sempre que estas se alterem, no intento de manter a sua performance a um nível satisfatório. Durante o exercício findo, as condições do mercado e a própria conjuntura institucional revelaram-se adversas, dificultando o objetivo do Banco em manter o mesmo grau de dinamismo, dos anos anteriores, na captação de novos clientes e na realização de grandes operações, geradoras de receitas que propiciem esse crescimento. O rácio de transformação de depósitos em crédito, um dos indicadores de liquidez, que indica a capacidade do Banco em financiar créditos com recursos alheios, ficou em 22% (2013: 18%), dado que, embora a carteira de crédito tenha decrescido, os depósitos 40 RELATÓRIO E CONTAS 2014 registaram uma queda ainda maior, fazendo com que a parcela de depósitos convertida em crédito tenha sido superior à do ano anterior. Esse valor traduz o elevado nível de liquidez do Banco, que lhe tem permitido uma considerável margem para outros tipos de aplicações, que garantam, simultaneamente, riscos menores e rentabilidades satisfatórias. O indicador de liquidez de um ano é de 309%, que indicia uma elevada capacidade de financiamento das atividades operacionais, sem necessidade de recorrer ao mercado interbancário ou às disponibilidades do Grupo. O impacto acumulado dos ativos e passivos sensíveis à taxa de juro, em relação à margem de juros, é de -1,74%, resultado que mostra que, no balanço do período, os ativos sensíveis à variação de taxa de juros são inferiores aos passivos sensíveis a essa mesma variação. A retração creditícia, tanto no que toca ao setor privado como às famílias, e o aumento de eventos de crédito vencido, com consequente perda de qualidade da carteira de crédito, e reavaliação dos créditos vencidos, que culminou com o aumento da imparidade e do provisionamento da carteira, constitui o conjunto de fatores que mais contribuiu para a quebra no resultado líquido. Por conseguinte, os rácios de performance, diretamente ligados ao resultado final, também registaram variações negativas. A conjugação do decréscimo do ativo líquido com a queda do resultado origina rácios de rentabilidade também inferiores aos do período homólogo. O rácio que mede a rendibilidade dos ativos - Return on Assets (ROA) – ficou em 0,24% (2013: 0,33%), pela conjugação da queda do resultado e do ativo líquido. O que mede a rendibilidade dos capitais próprios - Return on Equity (ROE) – ficou em 1,65% (2013: 4,78%), queda resultante da conjugação do aumento dos capitais próprios com a quebra no resultado líquido. Rácios Financeiros 201 % 3 4,78 1,65 0,33 0,24 ROA 41 ROE RELATÓRIO E CONTAS 2014 Outro importante indicador de performance financeiro, o rácio Cost-to-Income, mensurado através da proporção entre os custos operativos e o produto bancário (/, também sofreu variação negativa, embora os custos tenham-se mantido ao nível semelhante ao do ano anterior. Esse rácio cresceu de 64% para 78%, ou seja, os custos operativos passaram a ter um peso maior no produto bancário, denotando uma perda de eficiência de 14 pontos percentuais, mais uma consequência da atual conjuntura económica e institucional. 7.3. Rácios Prudenciais Do conjunto de normas prudenciais emitidas pela autoridade reguladora, o Banco de Cabo Verde (BCV), cuja missão é a estabilidade do sistema, o Banco Internacional vem cumprindo com todas as exigências impostas, complementando com algumas normas que regem o Grupo, visando manter e reforçar o equilíbrio institucional e, assim, contribuir para o equilíbrio do sistema. No cumprimento do Aviso nº 03/2007, de 19 de Novembro, que fixa os elementos que servem de base ao cálculo dos Fundos Próprios, o Banco Internacional manteve o nível dos anos anteriores, permanecendo acima do mínimo exigido pela norma prudencial do BCV. Os Fundos Próprios do Banco, a 31 de Dezembro de 2014, situavam-se em 1,55 mil milhões de escudos, ligeiramente abaixo dos fundos do ano anterior, servindo de amortecedor para eventuais riscos inerentes à atividade bancária. Possuindo uma carteira de investimento em imobilizado tangível (líquido) de 122 milhões de escudos (2013: 117 milhões) e um valor de Fundos Próprios bastante confortável, o Banco apresenta de um rácio de cobertura de imobilizado de 1268% (2013: 1339%). O Aviso que regula essa norma prudencial, Aviso nº 11/98, de 28 de Dezembro, determina que o ativo imobilizado de um banco não deve ultrapassar os seus fundos próprios, ou seja, que o rácio não deverá ser inferior a 100%. Consequentemente, o risco de Solvabilidade encontra-se totalmente assegurado pelos Fundos Próprios, estando o Banco coberto por um rácio de 38% (2013: 22%), sendo que o exigido para os bancos comerciais é de 10% (Aviso nº 04/2007, de 25 de Fevereiro de 2008). 42 RELATÓRIO E CONTAS 2014 Rácio de Cobertura do Imobilizado 2014 2013 Activos fixos tangíveis 171 473 157 457 IMOBILIZAÇÕES BRUTAS 171 473 157 457 Amortizações ( 49 379) ( 39 683) IMOBILIZAÇÕES LÍQUIDAS (A) 122 095 117 774 FUNDOS PRÓPRIOS (B) 1 548 047 1 577 494 Diferença 1 425 952 1 459 720 1268% 1339% Grau de cobertura (%) 8. Notas Finais 8.1. Declaração de conformidade sobre a Informação Financeira apresentada Os membros do Conselho de Administração do Banco Internacional de Cabo Verde, S.A., declaram: − As demonstrações financeiras do Banco Internacional de Cabo Verde, S.A., relativas aos exercícios findos em 31 de Dezembro de 2014 e em 31 de Dezembro de 2013 foram preparadas de acordo com as Normas internacionais de Relato Financeiro (NIRF ou IFRS), tal como foi definido pelo Banco de Cabo Verde (BCV) no Aviso nº 2/2007, de 25 de Fevereiro de 2008); − Tanto quanto é do seu conhecimento, as demonstrações financeiras referidas na alínea anterior proporcionam uma imagem verdadeira e apropriada do ativo e do passivo, da situação financeira e dos resultados do Banco Internacional, de acordo com as referidas Normas, e foram objeto de aprovação na reunião do Conselho de Administração, realizada no dia 31 de Março de 2015; − O relatório de gestão expõe a evolução dos negócios, o desempenho e a posição financeira do Banco Internacional, no exercício de 2014, e contém uma descrição sobre a evolução prevista da sociedade. 43 RELATÓRIO E CONTAS 2014 8.2. Proposta de Aplicação dos Resultados Nos termos da sua competência estatutária, o Conselho de Administração do Banco Internacional tem a honra de apresentar, à Assembleia Geral, a seguinte proposta de Aplicação dos Resultados do Exercício, no montante de 27 528 963$00 (vinte e sete milhões, quinhentos e vinte e oito mil e novecentos e sessenta e três escudos): 8.3. Agradecimentos O Conselho de Administração do Banco Internacional de Cabo Verde, S.A. manifesta o seu agradecimento aos seus Clientes, pela confiança, às Autoridades Governamentais e de Supervisão, pela cooperação, e, especialmente, aos seus Colaboradores, pela entrega, lealdade e dedicação. Cidade da Praia, 31 de Março de 2015 O Conselho de Administração do Banco Internacional de Cabo Verde 44 RELATÓRIO E CONTAS 2014 II. Demonstrações Financeiras e Notas às Contas 1. Demonstrações Financeiras Demonstração de Resultados do Exercício findo em 31 de Dezembro de 2014 (Valores expressos em milhares de escudos) O Director Financeiro O Conselho de Administração __________________________ ___________________________________ 45 RELATÓRIO E CONTAS 2014 Demonstração do Rendimento Integral do Exercício findo em 31 de Dezembro 2014 (Valores expressos em milhares de escudos) O Director Financeiro __________________________ 46 O Conselho de Administração ___________________________________ RELATÓRIO E CONTAS 2014 Balanço do Exercício findo em 31 de Dezembro de 2014 (Valores expressos em milhares de escudos) O Director Financeiro O Conselho de Administração __________________________ ___________________________________ 47 RELATÓRIO E CONTAS 2014 Demonstração de Alterações no Capital Próprio do Exercício findo em 31 de Dezembro de 2014 (Valores expressos em milhares de escudos) O Director Financeiro O Conselho de Administração __________________________ ___________________________________ 48 RELATÓRIO E CONTAS 2014 Demonstração de Fluxos de Caixa do Exercício findo em 31 de Dezembro de 2014 (Valores expressos em milhares de escudos) O Director Financeiro O Conselho de Administração __________________________ ___________________________________ 49 RELATÓRIO E CONTAS 2014 2. Notas Explicativas às Demonstrações Financeiras NOTA 1 - Atividade O Banco Internacional de Cabo Verde, S.A. (BICV) é um banco comercial, com sede na Cidade da Praia, inaugurado em Julho de 2010, tendo iniciado a sua atividade em meados de Agosto do mesmo ano. A atividade do Banco abrange a generalidade das áreas do sector bancário, com especial incidência nos mercados das médias e grandes empresas. O Banco faz parte do GRUPO NOVO BANCO, que detém 100% do seu capital, sendo 99,9% detido através do BES África SGPS, S.A. (detido a 100% pelo GRUPO NOVO BANCO). Atualmente, o Banco Internacional opera através da sede na Cidade da Praia e da Agência da Ilha do Sal. NOTA 2 - BASES DE APRESENTAÇÃO E POLÍTICAS CONTABILÍSTICAS 2.1. Bases de Apresentação As demonstrações financeiras do Banco, agora apresentadas, reportam-se a 31 de Dezembro de 2014 e foram preparadas em conformidade com os princípios consagrados nas Normas Internacionais de Relato Financeiro (NIRF/IFRS), em vigor até 31 de Dezembro de 2014. As IFRS incluem as normas contabilísticas emitidas pelo International Accounting Standards Board (IASB) e as interpretações emitidas pelo International Financial Reporting Interpretation Committee (IFRIC), e pelos respetivos órgãos antecessores. As demonstrações financeiras estão expressas em milhares de Escudos de Cabo Verde, arredondado ao milhar mais próximo. Estas foram preparadas de acordo com o princípio do custo histórico, com exceção dos ativos e passivos registados ao seu justo valor, nomeadamente ativos financeiros disponíveis para venda. A preparação de demonstrações financeiras, de acordo com as IFRS, requer que o Banco efetue julgamentos e estimativas e utilize pressupostos que afetam a aplicação das políticas contabilísticas e os montantes de proveitos, custos, ativos e passivos. Alterações em tais pressupostos ou diferenças destes face à realidade poderão ter impactos sobre as atuais estimativas e julgamentos. As áreas que envolvem um maior nível de julgamento ou 50 RELATÓRIO E CONTAS 2014 de complexidade, ou onde são utilizados pressupostos e estimativas significativos na preparação das demonstrações financeiras, encontram-se analisadas na Nota 3. Estas demonstrações financeiras foram aprovadas em reunião do Conselho de Administração em 31 de Março de 2015. 2.2. Correção de Erros Materiais (IAS 8) No final do segundo semestre de 2014 foram detetados erros materiais no reconhecimento de juros de créditos a clientes e do Imposto Sobre Valor Acrescentado (IVA) relacionado com a prestação de serviços no exterior. Apresenta-se em seguida o impacto da correção bem como a informação comparativa das rubricas das demonstrações apresentada nas presentes demonstrações financeiras que foi reexpressa refletindo retroativamente a correção destes erros. (Valores expressos em milhares de CVE) 51 RELATÓRIO E CONTAS 2014 (Valores expressos em milhares de CVE) 2.3. Principais Políticas Contabilísticas a) Especialização de exercícios O Banco segue o princípio da especialização de exercícios, em relação à generalidade das rubricas das demonstrações financeiras, nomeadamente no que se refere aos juros das operações ativas e passivas que são registados à medida que são gerados, independentemente do momento do seu pagamento ou cobrança. b) Operações em moeda estrangeira As operações em moeda estrangeira são registadas de acordo com os princípios do sistema multi-currency, sendo cada operação registada exclusivamente em função das respetivas moedas. Este método prevê que todos os saldos expressos em moeda estrangeira sejam convertidos em Escudos de Cabo Verde, com base no câmbio médio do dia comunicado pelo Banco de Cabo Verde. As diferenças de câmbio apuradas são refletidas nos resultados do exercício. 52 RELATÓRIO E CONTAS 2014 c) Crédito a clientes O crédito a clientes inclui os empréstimos originados pelo Banco, cuja intenção não é a de venda no curto prazo, os quais são registados na data em que o montante de crédito é adiantado ao cliente. O crédito a clientes só é desreconhecido do balanço quando (i) os direitos contratuais do Banco relativos aos respetivos fluxos de caixa expiraram, (ii) o Banco transferiu substancialmente todos os riscos e benefícios associados à sua detenção, ou, (iii) não obstante o Banco ter retido parte, mas não substancialmente todos, dos riscos e benefícios associados à sua detenção, o controlo sobre os ativos foi transferido. O crédito a clientes é reconhecido, inicialmente, ao seu justo valor, acrescido dos custos de transação e é, subsequentemente, valorizado ao custo amortizado, com base no método de taxa efetiva, sendo deduzido de eventuais perdas de imparidade. Imparidade O Banco avalia, regularmente, se existe evidência objetiva de imparidade na sua carteira de crédito. As perdas por imparidade identificadas são registadas por contrapartida de resultados, sendo, subsequentemente, revertidas por resultados caso, num período posterior, o montante da perda estimada diminua. Um crédito concedido a clientes ou uma carteira de crédito concedido, definida como um conjunto de créditos com características de risco semelhantes, encontra-se em imparidade quando: (i) exista evidência objetiva de imparidade resultante de um ou mais eventos que ocorreram após o seu reconhecimento inicial e (ii) quando esse evento (ou eventos) tenha um impacto no valor recuperável dos fluxos de caixa futuros desse crédito ou carteira de créditos, que possa ser estimado com razoabilidade. Inicialmente, o Banco avalia se existe, individualmente, para cada crédito, evidência objetiva de imparidade. Para esta avaliação e na identificação dos créditos com imparidade numa base individual, o Banco utiliza a informação que alimenta os modelos de risco de crédito implementados e considera, de entre outros, os seguintes fatores: • A exposição global ao cliente e a existência de créditos em situação de incumprimento; • A viabilidade económico-financeira do negócio do cliente e a sua capacidade de gerar meios capazes de responder aos serviços da dívida no futuro; • A existência de credores privilegiados; • A existência, natureza e o valor estimado dos colaterais; • O endividamento do cliente com o sector financeiro; 53 RELATÓRIO E CONTAS 2014 • O montante e os prazos de recuperação estimados. Se, para determinado crédito, não existe evidência objetiva de imparidade, numa ótica individual, esse crédito é incluído num grupo de créditos com características de risco de crédito semelhantes (carteira de crédito), o qual é avaliado coletivamente – análise da imparidade numa base coletiva. Os créditos que são avaliados individualmente e para os quais é identificada uma perda por imparidade não são incluídos na avaliação coletiva. Caso seja identificada uma perda por imparidade numa base individual, o montante da perda a reconhecer corresponde à diferença entre o valor contabilístico do crédito e o valor atual dos fluxos de caixa futuros estimados (considerando o período de recuperação), descontados à taxa de juro efetiva original do contrato. O crédito concedido é apresentado no balanço líquido da imparidade. Para um crédito com uma taxa de juro variável, a taxa de desconto a utilizar para a determinação da respetiva perda de imparidade é a taxa de juro efetiva atual, determinada com base nas regras de cada contrato. O cálculo do valor presente dos fluxos de caixa futuros estimados de um crédito garantido reflete os fluxos de caixa que possam resultar da recuperação e venda do colateral, deduzido dos custos inerentes com a sua recuperação e venda. No âmbito da análise da imparidade numa base coletiva, os créditos são agrupados com base em características semelhantes de risco de crédito, em função da avaliação de risco definida pelo Banco. Os fluxos de caixa futuros para uma carteira de créditos, cuja imparidade é avaliada coletivamente, são estimados com base nos fluxos de caixa contratuais e na experiência histórica de perdas. A metodologia e os pressupostos utilizados para estimar os fluxos de caixa futuros são revistos regularmente pelo Banco de forma a monitorizar as diferenças entre as estimativas de perdas e as perdas reais. Quando o Banco considera que determinado crédito é incobrável e tenha sido reconhecida uma perda por imparidade de 100%, este é abatido ao ativo. d) Outros ativos financeiros O Banco classifica os seus outros ativos financeiros no momento da sua aquisição, considerando a intenção que lhes está subjacente. 54 RELATÓRIO E CONTAS 2014 • Investimentos detidos até à maturidade Estes investimentos são ativos financeiros não derivados, com pagamentos fixados ou determináveis e maturidades definidas, que o Banco tem intenção e capacidade de deter até à maturidade e que não são designados, no momento do seu reconhecimento inicial, como ao justo valor através de resultados ou como disponíveis para venda. • Ativos financeiros disponíveis para venda Os ativos financeiros disponíveis para venda são ativos financeiros não derivados que: (i) o Banco tem intenção de manter por tempo indeterminado, (ii) são designados como disponíveis para venda no momento do seu reconhecimento inicial ou (iii) não se enquadram nas categorias anteriormente referidas. Reconhecimento e mensuração inicial e desreconhecimento Aquisições e alienações: (i) investimentos detidos até à maturidade e (ii) ativos financeiros disponíveis para venda, são reconhecidos na data da negociação (trade date), ou seja, na data em que o Banco se compromete a adquirir ou alienar o ativo. Esses ativos financeiros são inicialmente reconhecidos ao seu justo valor, adicionado dos custos de transação e são desreconhecidos quando: (i) expiram os direitos contratuais do Banco ao recebimento dos seus fluxos de caixa; (ii) o Banco tenha transferido, substancialmente, todos os riscos e benefícios associados à sua detenção; ou, (iii) não obstante retenha parte, mas não substancialmente todos os riscos e benefícios associados à sua detenção, o Banco tenha transferido o controlo sobre os ativos. Mensuração subsequente Os ativos financeiros detidos para venda são registados ao justo valor sendo as respetivas variações reconhecidas em reservas, até que os ativos sejam desreconhecidos ou seja identificada uma perda por imparidade, momento em que o valor acumulado dos ganhos e perdas potenciais registados em reservas é transferido para resultados. As variações cambiais associadas a estes ativos são reconhecidas também em reservas, no caso de ações e outros títulos de capital, e em resultados, no caso de instrumentos de dívida. Os juros, calculados à taxa de juro efetiva, e os dividendos são reconhecidos na demonstração dos resultados. Os investimentos detidos até à maturidade são valorizados ao custo amortizado, com base no método da taxa efetiva e são deduzidos de perdas de imparidade. 55 RELATÓRIO E CONTAS 2014 O justo valor dos ativos financeiros cotados é o seu preço de compra corrente (bid-price). Na ausência de cotação, o Grupo estima o justo valor utilizando (i) metodologias de avaliação, tais como a utilização de preços de transações recentes, semelhantes e realizadas em condições de mercado, técnicas de fluxos de caixa descontados e modelos de avaliação de opções customizados, de modo a refletir as particularidades e circunstâncias do instrumento, e (ii) pressupostos de avaliação baseados em informações de mercado. Transferências entre categorias O Banco apenas procede à transferência de ativos financeiros não derivados com pagamentos fixados ou determináveis e maturidades definidas, da categoria de ativos financeiros disponíveis para venda para a categoria de ativos financeiros detidos até à maturidade, desde que tenha a intenção e a capacidade de manter estes ativos financeiros até à sua maturidade. Estas transferências são efetuadas com base no justo valor dos ativos transferidos, determinado na data da transferência. A diferença entre este justo valor e o respetivo valor nominal é reconhecida em resultados até à maturidade do ativo, com base no método da taxa efetiva. A reserva de justo valor existente na data da transferência é também reconhecida em resultados com base no método da taxa efetiva. Imparidade O Banco avalia regularmente se existe evidência objetiva de que um ativo financeiro, ou grupo de ativos financeiros, apresenta sinais de imparidade. Para os ativos financeiros que apresentam sinais de imparidade, é determinado o respetivo valor recuperável, sendo as perdas por imparidade registadas por contrapartida de resultados. Um ativo financeiro, ou grupo de ativos financeiros, encontra-se em imparidade sempre que exista evidência objetiva de imparidade resultante de um ou mais eventos que ocorreram após o seu reconhecimento inicial, tais como: (i) para as ações e outros instrumentos de capital, uma desvalorização continuada ou de valor significativo no seu valor de mercado abaixo do custo de aquisição, e (ii) para títulos de dívida, quando esse evento (ou eventos) tenha um impacto no valor estimado dos fluxos de caixa futuros do ativo financeiro, ou grupo de ativos financeiros, que possa ser estimado com razoabilidade. No que se refere aos investimentos detidos até à maturidade, as perdas por imparidade correspondem à diferença entre o valor contabilístico do ativo e o valor atual dos fluxos de 56 RELATÓRIO E CONTAS 2014 caixa futuros estimados (considerando o período de recuperação) descontados à taxa de juro efetiva original do ativo financeiro. Estes ativos são apresentados no balanço, líquidos de imparidade. Caso estejamos perante um ativo com uma taxa de juro variável, a taxa de desconto a utilizar para a determinação da respetiva perda de imparidade é a taxa de juro efetiva atual, determinada com base nas regras de cada contrato. Em relação aos investimentos detidos até à maturidade, se num período subsequente o montante da perda de imparidade diminui, e essa diminuição pode ser objetivamente relacionada com um evento que ocorreu após o reconhecimento da imparidade, esta é revertida por contrapartida de resultados do exercício. Quando existe evidência de imparidade nos ativos financeiros disponíveis para venda, a perda potencial acumulada em reservas correspondente à diferença entre o custo de aquisição e o justo valor atual, deduzida de qualquer perda por imparidade no ativo anteriormente reconhecida em resultados, é transferida para resultados. Se num período subsequente o montante da perda por imparidade diminui, a perda por imparidade anteriormente reconhecida é revertida por contrapartida de resultados do exercício até à reposição do custo de aquisição se o aumento for objetivamente relacionado com um evento ocorrido após o reconhecimento da perda por imparidade, exceto no que se refere a ações ou outros instrumentos de capital em que as mais-valias subsequentes são reconhecidas em reservas. e) Passivos financeiros Um instrumento é classificado como passivo financeiro quando existe uma obrigação contratual da sua liquidação ser efetuada mediante a entrega de dinheiro ou de outro ativo financeiro, independentemente da sua forma legal. Os passivos financeiros não derivados incluem recursos de instituições de crédito e de clientes, empréstimos e responsabilidades representadas por títulos, bem como passivos incorridos para pagamento de prestação de serviços ou compra de ativos, registados em “outros passivos”. Estes passivos financeiros são registados inicialmente pelo seu justo valor deduzido dos custos de transação incorridos e subsequentemente ao custo amortizado, com base no método da taxa efetiva. 57 RELATÓRIO E CONTAS 2014 f) Outros ativos tangíveis Os outros ativos tangíveis encontram-se valorizados ao custo de aquisição deduzido das respetivas amortizações acumuladas e perdas de imparidade. As despesas com a manutenção e reparação são reconhecidas como custo, de acordo com o princípio da especialização dos exercícios. As amortizações são calculadas segundo o método das quotas constantes, às seguintes taxas de amortização que refletem a vida útil esperada dos bens: Número de Anos Imóveis de serviço próprio 25 Mobiliário e material 4-8 Equipamento informático 4 Máquinas e ferramentas 5 Material de transporte 4 Instalações interiores 8-10 Equipamento de segurança 4-5 Quando existir indicação de que um ativo possa estar em imparidade, o IAS 36 exige que o seu valor recuperável seja estimado, devendo ser reconhecida uma perda por imparidade sempre que o valor líquido de um ativo exceda o seu valor recuperável. As perdas por imparidade são reconhecidas na demonstração de resultados. O valor recuperável é determinado como o mais elevado entre o seu preço de venda líquido e o seu valor de uso, sendo este calculado com base no valor atual dos fluxos de caixa estimados futuros que se esperam vir a obter do uso continuado do ativo e da sua alienação no fim da sua vida útil. g) Ativos intangíveis Os custos incorridos com a aquisição, produção e desenvolvimento de software são capitalizados, assim como as despesas adicionais suportadas pelo Banco necessárias à sua implementação. Estes custos são amortizados de forma linear ao longo da vida útil esperada destes ativos, a qual se situa normalmente entre 3 a 10 anos. Todos os restantes encargos relacionados com os serviços informáticos, que não sejam expectáveis de virem a gerar benefícios económicos futuros para além de um exercício, são registados como custos quando incorridos. 58 RELATÓRIO E CONTAS 2014 h) Benefícios aos empregados O direito às férias, adquirido no ano em que são usufruídas, não são registadas provisão para os encargos associados a estes benefícios. i) Imposto sobre lucros O Banco está sujeito ao Imposto Único sobre os Rendimentos (IUR) à taxa de 25%, mais uma taxa de incêndio de 2% sobre o imposto apurado, perfazendo uma taxa global de 25,5%. j) Reconhecimento de juros Os resultados referentes a juros de instrumentos financeiros mensurados ao custo amortizado e de ativos financeiros disponíveis para venda são reconhecidos nas rubricas de juros e proveitos similares ou juros e custos similares, utilizando o método da taxa efetiva. Os juros dos ativos e passivos financeiros ao justo valor através dos resultados são também incluídos na rubrica de juros e proveitos similares ou juros e custos similares, respetivamente. A taxa de juro efetiva é a taxa que desconta exatamente os pagamentos ou recebimentos futuros estimados durante a vida esperada do instrumento financeiro ou, quando apropriado, um período mais curto para o valor líquido atual de balanço do ativo ou passivo financeiro. A taxa de juro efetiva é estabelecida no reconhecimento inicial dos ativos e passivos financeiros e não é revista subsequentemente. Para o cálculo da taxa de juro efetiva são estimados os fluxos de caixa futuros considerando todos os termos contratuais do instrumento financeiro (por exemplo opções de pagamento antecipado), não considerando, no entanto, eventuais perdas de crédito futuras. O cálculo inclui as comissões que sejam parte integrante da taxa de juro efetiva, custos de transação e todos os prémios e descontos diretamente relacionados com a transação. No caso de ativos financeiros ou grupos de ativos financeiros semelhantes para os quais foram reconhecidas perdas por imparidade, os juros registados em juros e proveitos equiparados são determinados com base na taxa de juro utilizada na mensuração da perda por imparidade. 59 RELATÓRIO E CONTAS 2014 k) Reconhecimento de serviços e comissões Os rendimentos de serviços e comissões são reconhecidos da seguinte forma: • Os rendimentos de serviços e comissões obtidos na execução de um ato significativo, como por exemplo comissões na sindicação de empréstimos, são reconhecidos em resultados quando o ato significativo tiver sido concluído; • Os rendimentos de serviços e comissões obtidos à medida que os serviços são prestados são reconhecidos em resultados no exercício a que se referem; • Os rendimentos de serviços e comissões que são uma parte integrante da taxa de juro efetiva de um instrumento financeiro são registados em resultados pelo método da taxa de juro efetiva. l) Caixa e seus equivalentes Para efeitos da demonstração de fluxos de caixa, a caixa e seus equivalentes englobam os valores registados no balanço com maturidade inferior a três meses a contar da data de aquisição/contratação, onde se incluem a caixa e disponibilidades em bancos centrais e em outras instituições de crédito. NOTA 3 - Principais Estimativas e Julgamentos utilizados na elaboração das Demonstrações Financeiras Os IFRS estabelecem uma série de tratamentos contabilísticos e requerem que o Conselho de Administração efetue julgamentos e faça as estimativas necessárias para decidir qual o tratamento contabilístico mais adequado. As principais estimativas contabilísticas e julgamentos utilizados na aplicação dos princípios contabilísticos pelo Banco são discutidos nesta Nota com o objetivo de melhorar o entendimento de como a sua aplicação afeta os resultados reportados do Banco e a sua divulgação. Uma descrição alargada das principais políticas contabilísticas utilizadas pelo Banco é apresentada na Nota 2 às demonstrações financeiras. Considerando que em muitas situações existem alternativas ao tratamento contabilístico adotado pelo Conselho de Administração, os resultados reportados pelo Banco poderiam ser diferentes caso um tratamento diferente fosse escolhido. O Conselho de Administração considera que as escolhas efetuadas são apropriadas e que as demonstrações financeiras apresentam de forma adequada a posição financeira do Banco e o resultado das suas operações em todos os aspetos materialmente relevantes. 60 RELATÓRIO E CONTAS 2014 3.1. Perdas por imparidade no crédito sobre clientes O Banco efetua uma revisão periódica da sua carteira de crédito de forma a avaliar a existência de imparidade, conforme referido na alínea c) da Nota 2.3. O processo de avaliação da carteira de crédito de forma a determinar se uma perda por imparidade deve ser reconhecida é sujeito a diversas estimativas e julgamentos. Este processo inclui fatores como a frequência de incumprimento, notações de risco, taxas de recuperação das perdas e as estimativas quer dos fluxos de caixa futuros quer do momento do seu recebimento. A utilização de metodologias alternativas e de outros pressupostos e estimativas poderia resultar em níveis diferentes das perdas por imparidade reconhecidas, com o consequente impacto nos resultados do Banco. 3.2 Investimentos detidos até à maturidade O Banco classifica os seus ativos financeiros não derivados com pagamentos fixados ou determináveis e maturidades definidas como investimentos detidos até à maturidade, de acordo com os requisitos do IAS 39. Esta classificação requer um nível de julgamento significativo. No julgamento efetuado, o Banco avalia a sua intenção e capacidade de deter estes investimentos até à maturidade. Caso o Banco não detenha estes investimentos até à maturidade, exceto em circunstâncias específicas – por exemplo, alienar uma parte não significativa perto da maturidade – é requerida a reclassificação de toda a carteira para ativos financeiros disponíveis para venda, com a sua consequente mensuração ao justo valor e não ao custo amortizado. Os ativos detidos até à maturidade são objeto de teste sobre a existência de imparidade, o qual segue uma análise e decisão do Banco. A utilização de metodologias e pressupostos diferentes dos usados nos cálculos efetuados poderia ter impactos diferentes em resultados. 3.3. Impostos sobre os lucros O Banco está sujeito a tributação em sede de Imposto Único sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IUR). A determinação do montante global de impostos sobre os lucros requer determinadas interpretações e estimativas. Existem diversas transações e cálculos para os quais a determinação do valor final de imposto a pagar é incerto durante o ciclo normal de negócios. 61 RELATÓRIO E CONTAS 2014 Outras interpretações e estimativas poderiam resultar num nível diferente de impostos sobre os lucros, correntes e diferidos, reconhecidos no exercício. As Autoridades Fiscais têm a atribuição de rever o cálculo da matéria coletável efetuado pelo Banco, durante um período de 5 anos, no caso de haver prejuízos fiscais reportáveis. Desta forma, é possível que haja correções à matéria coletável, resultantes principalmente de diferenças na interpretação da legislação fiscal. No entanto, é convicção do Conselho de Administração do Banco, de que não haverá correções significativas aos impostos sobre lucros registados nas demonstrações financeiras. NOTA 4 - Reporte por Segmentos Considerando que o Banco não detém títulos de capital próprio ou de dívida que sejam negociados publicamente, no âmbito do parágrafo 2 do IFRS 8 – Segmentos Operacionais, o Banco não apresenta informação relativa aos segmentos. NOTA 5: Juros e Proveitos Similares Essa rubrica apresenta a seguinte desagregação: (Valores expressos em milhares de CVE) NOTA 6: Juros e Custos Similares Essa rubrica decompõe-se no seguinte: (Valores expressos em milhares de CVE) 62 RELATÓRIO E CONTAS 2014 NOTA 7: Proveitos e Custos de Serviços e Comissões Essa rubrica apresenta a seguinte decomposição: (Valores expressos em milhares de CVE) 31.12.14 31.12.13 Garantias e avales prestados 19 609 20 119 Créditos documentários 11 881 14 849 Transferência de valores 12 507 10 991 Outras comissões 14 924 6 815 58 921 52 774 Por serviços bancários prestados por terceiros (2 220) (1 573) TOTAL 56 701 51 201 Rendimentos de serviços e comissões Encargos com serviços e comissões Em outras comissões realçam-se as relacionadas com operações de crédito que em 2014 ascendem a 9 452 milhares de escudos. NOTA 8: Resultados de Reavaliação Cambial (Valores expressos em milhares de CVE) 31.12.14 31.12.13 605 477 149 431 (571 246) (129 150) 34 231 20 281 Ganhos em operações cambiais Divisas Perdas em operações cambiais Divisas TOTAL 63 RELATÓRIO E CONTAS 2014 NOTA 9: Custos com Pessoal Essa rubrica apresenta a seguinte composição: (Valores expressos em milhares de CVE) 31.12.14 31.12.13 59 949 51 704 Encargos Sociais 5 988 5 650 Outros custos com pessoal 1 571 2 114 67 509 59 468 Remunerações TOTAL Em Remunerações incluem-se 2 646 milhares de escudos respeitantes a senhas de presença dos membros do Conselho Fiscal. NOTA 10: Gastos Gerais Administrativos Essa rubrica decompõe-se no seguinte: (Valores expressos em milhares de CVE) Em serviços especializados diversos incluem-se, fundamentalmente, os encargos associados a serviços de consultoria informática, mCVE 19 276, e aos serviços do sistema de pagamentos, mCVE 2 797. 64 RELATÓRIO E CONTAS 2014 NOTA 11 – Caixa e Disponibilidades em Bancos Centrais Esta rubrica decompõe-se no seguinte: (Valores expressos em milhares de CVE) 31.12.14 31.12.13 Caixa 293 902 266 018 Disponibilidades à Ordem no Banco de Cabo Verde 827 971 1 455 953 1 121 873 1 721 971 TOTAL As disponibilidades à ordem no Banco de Cabo Verde incluem os depósitos de carácter obrigatório (reservas mínimas de caixa), no valor de 270 milhões de escudos (em 31 de Dezembro de 2013, eram de 497 milhões de escudos), constituídas de acordo com a Circular nº 157, de 08/11/2010, do Banco de Cabo Verde. NOTA 12: Disponibilidades em Outras Instituições de Crédito Esta rubrica tem a seguinte composição: (Valores expressos em milhares de CVE) 31.12.14 31.12.13 4 969 7 128 192 672 536 117 197 641 543 245 Disponibilidades sobre instituições de crédito no país Cheques a cobrar Disponibilidades sobre instituições de crédito no estrangeiro Depósitos à ordem TOTAL Os cheques a cobrar correspondem a cheques sacados a clientes de outros bancos, enviados para compensação. Os depósitos à ordem sobre outras instituições de crédito não são remunerados. NOTA 13: Ativos Financeiros Disponíveis para Venda Esta rubrica apresenta a seguinte composição: (Valores expressos em milhares de CVE) 65 RELATÓRIO E CONTAS 2014 As Obrigações em carteira têm maturidade de quatro (4) anos (2013: 5 anos) e vencem juros à taxa anual de 5,625%. A participação na CV Garante corresponde a 15% do capital equivalentes a 15.000 acções registadas ao custo de aquisição. No decorrer da auditoria ao balanço de abertura do accionista indirecto Novo Banco, SA, o grupo Novo Banco procedeu à reclassificação por contaminação da sua carteira de Investimentos detidos até à maturidade, de acordo com o disposto na IAS 39, para a carteira de Activos Financeiros detidos para venda. Nesse sentido, também o Banco Internacional reclassificou a sua carteira de títulos detidos até à maturidade para activos disponíveis para venda no presente exercício de 2014. NOTA 14: Aplicações em instituições de Crédito Esta rubrica compõe-se no seguinte: (Valores expressos em milhares de CVE) 31.12.14 31.12.13 7 767 043 17 362 362 - 1 600 020 935 8 844 7 767 978 18 971 226 Aplicações em instituições financeiras no estrangeiro Aplicações a muito curto prazo no NOVO BANCO Aplicações em outras instituições financeiras Juros TOTAL O escalonamento das aplicações em instituições de crédito, por prazos de vencimento, a 31 de Dezembro de 2014 e 2013, é como segue: (Valores expressos em milhares de CVE) Até 3 meses 31.12.14 31.12.13 7 767 978 18 971 226 As aplicações em instituições de crédito, em 31 de Dezembro de 2014, venciam juros à taxa média anual de 0,53%. A 31 de Dezembro de 2013, as aplicações existentes venciam juros à taxa média anual de 1, 03%. 66 RELATÓRIO E CONTAS 2014 NOTA 15: Crédito a Clientes Esta rubrica apresenta a seguinte composição: (Valores expressos em milhares de CVE) O crédito vencido integrado na carteira de créditos ascendia a 31 de Dezembro de 2014 e 2013 ao seguinte: (Valores expressos em milhares de CVE) 67 RELATÓRIO E CONTAS 2014 O escalonamento do crédito a clientes bruto por prazos de vencimento, excluindo efeito de custo amortizado, a 31 de Dezembro de 2014 e 2013, é como segue: (Valores expressos em milhares de CVE) A carteira de crédito a clientes, a 31 de Dezembro de 2014, foi contratada à taxa média anual de 10,50% (31 de Dezembro de 2013: 10,74%). Os movimentos ocorridos nas perdas por imparidade do crédito são apresentadas como segue: (Valores expressos em milhares de CVE) NOTA 16: Investimentos Detidos até à Maturidade Esta rubrica decompõe-se no seguinte: (Valores expressos em milhares de CVE) 68 RELATÓRIO E CONTAS 2014 No decorrer da auditoria ao balanço de abertura do accionista indirecto Novo Banco, SA, o grupo Novo Banco procedeu à reclassificação por contaminação da sua carteira de Investimentos detidos até à maturidade, de acordo com o disposto na IAS 39, para a carteira de Activos Financeiros detidos para venda. Nesse sentido, também o Banco Internacional reclassificou a sua carteira de títulos detidos até à maturidade para activos disponíveis para venda no presente exercício de 2014. NOTA 17: Outros Ativos Tangíveis Esta rubrica apresenta a seguinte composição: (Valores expressos em milhares de CVE) 69 RELATÓRIO E CONTAS 2014 O movimento nesta rubrica foi o seguinte: (Valores expressos em milhares de CVE) Banco Internacional de Cabo Verde, S.A., Sede na Avenida Cidade de Lisboa, Caixa Postal 35, Cidade da Praia, Santiago, Cabo Verde, NIF 261973240, registada e matriculada na conservatória do Registo Comercial da Praia com nº 3076, com o Capital Social de CVE 1.433.000.000$00 NOTA 18: Ativos Intangíveis Esta rubrica apresenta a seguinte composição: (Valores expressos em milhares de CVE) 31.12.14 31.12.13 Sistemas de tratamento automático de informação (software) 186 022 131 501 Amortizações (69 139) (43 689) TOTAL 116 883 87 812 Outros activos intangíveis O movimento nesta rubrica foi o seguinte: (Valores expressos em milhares de CVE) Saldos em 31.12.13 Valor Bruto Software Software (em curso) Amortizações acumuladas Movimentos em 2014 Valor líquido Saldos em 31.12.14 Regularizações Amortizações Aquisições Transferências Valor Imob. Amortiz. do exercício Valor Bruto Amortizações Valor acumuladas líquido 107 479 24 022 43 689 - 63 790 24 022 72 367 - (84) (17 762) - 1 752 - 23 698 - 179 762 6 260 69 139 - 110 623 6 260 131 501 43 689 87 812 72 367 (17 846) - 1 752 23 698 186 022 69 139 116 883 NOTA 19: Outros Ativos Esta rubrica tem a seguinte decomposição: (Valores expressos em milhares de CVE) Banco Internacional de Cabo Verde, S.A., Sede na Avenida Cidade de Lisboa, Caixa Postal 35, Cidade da Praia, Santiago, Cabo Verde, NIF 261973240, registada e matriculada na conservatória do Registo Comercial da Praia com nº 3076, com o Capital Social de CVE 1.433.000.000$00 NOTA 20: Recursos de Bancos Centrais e Outras Instituições Financeiras (Valores expressos em milhares de CVE) 31.12.14 31.12.13 4 847 8 038 765 BES-SFE, Cabo Verde 1 646 3 550 Ecobank Cabo Verde 91 331 598 6 584 8 373 913 Recursos de bancos centrais Banco Central da República da Guiné Recursos de instituições financeiras no país TOTAL Os recursos de bancos centrais foram remunerados à taxa média anual de 1,75%. NOTA 21: Recursos de Clientes e Outros Empréstimos Esta rubrica apresenta a seguinte composição: (Valores expressos em milhares de CVE) 31.12.14 31.12.13 Depósitos 9 861 423 13 905 184 À ordem 9 006 413 11 755 419 855 010 2 149 765 Outros recursos de clientes 24 400 72 000 Juros 17 198 25 364 9 903 021 14 002 548 A prazo TOTAL Recursos de clientes 0 Residentes 1 042 699 2 616 754 Não Residentes 8 835 256 11 362 050 25 065 23 744 9 903 021 14 002 548 Emigrantes TOTAL 72 RELATÓRIO E CONTAS 2014 O escalonamento dos Recursos de clientes por prazos de vencimento, a 31 de Dezembro de 2014 e a 31 de Dezembro de 2013, é como segue: (Valores expressos em milhares de CVE) 31.12.14 31.12.13 9 006 413 11 755 419 896 608 2 247 129 44 851 1 629 931 De 3 meses a 1 ano 644 526 598 459 De 1 a 5 anos 207 230 18 739 9 903 021 14 002 548 Exigível à vista Exigível a prazo Até 3 meses TOTAL Os recursos de clientes exigíveis a prazo foram contratados à taxa média anual de 4,22% (31 de Dezembro de 2013: 4,19%). NOTA 22: Passivos por impostos Correntes O Banco está sujeito a tributação em sede de Imposto Único sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IUR). O imposto sobre o rendimento corrente é refletido nos resultados do exercício, exceto nos casos em que as transações que os originaram tenham sido refletidas noutras rubricas de capital próprio. Nestas situações, o correspondente imposto é, igualmente, refletido por contrapartida de capital próprio, não afetando o resultado do exercício. O cálculo do imposto corrente do exercício findo em 31 de Dezembro de 2014 foi apurado com base numa taxa de 25,5%, englobando uma taxa nominal de IUR e Taxa de Incêndio, de acordo com a Lei n.º 10/VIII/2011, de 30 de Dezembro. As declarações de autoliquidação do IUR do Banco ficam sujeitas a inspeção e eventual ajustamento pelas Autoridades Fiscais, durante um período de cinco anos. Assim, poderão vir a ter lugar eventuais liquidações adicionais de impostos devidos, essencialmente, a diferentes interpretações da legislação fiscal. No entanto, é convicção da Administração do Banco que, no contexto das demonstrações financeiras, não ocorrerão encargos adicionais de valor significativo. 73 RELATÓRIO E CONTAS 2014 Esta rubrica apresenta o seguinte: (Valores expressos em milhares de CVE) NOTA 23: Outros Passivos Esta rubrica apresenta a seguinte composição: (Valores expressos em milhares de CVE) NOTA 24: Capital O capital social do Banco ascende a mCVE 1 433 000 (equivalente a 1 433 000 ações) e encontra-se integralmente realizado, sendo detido em 99,99% pelo BES África SGPS, SA. (Valores expressos em milhares de CVE) 31.12.14 31.12.13 1 433 000 1 433 000 Capital subscrito Acções ordinárias 74 RELATÓRIO E CONTAS 2014 NOTA 25: Outras Reservas e Resultados Transitados Essa rubrica comporta as reservas legais (10%) e outras reservas (90%), originados da transferência dos resultados apurados nos exercícios anteriores, decompondo-se como se segue: (Valores expressos em milhares de CVE) A reserva legal só pode ser utilizada para cobrir prejuízos acumulados ou para aumentar o capital. A legislação aplicável ao sector bancário exige que a reserva legal seja anualmente creditada com pelo menos 10% do lucro líquido anual, até à concorrência do capital social. NOTA 26: Passivos Contingentes e Compromissos Os passivos contingentes e compromissos relacionados com a atividade do Banco são registados em rubricas extrapatrimoniais e apresentam a seguinte decomposição: (Valores expressos em milhares de CVE) Garantias prestadas Créditos Documentários TOTAL 75 31.12.14 31.12.13 651 972 1 005 912 29 894 329 684 681 866 1 335 597 RELATÓRIO E CONTAS 2014 NOTA 27 – Transações com Partes Relacionadas O valor das transações do Banco com partes relacionadas nos exercícios findos em 31 de Dezembro de 2014 e 2013, assim como os respetivos custos e proveitos reconhecidos no exercício, resume-se como segue: (Valores expressos em milhares de CVE) Os ativos em balanço relativos às partes relacionadas incluídas no quadro acima referemse fundamentalmente a depósitos e aplicações mantidos junto dessas entidades. Os passivos referem-se no essencial a depósitos bancários tomados e despesas diversas a reembolsar. NOTA 28 – Justo Valor dos Ativos e Passivos Financeiros Tendo em consideração a maturidade dos ativos e passivos expressos em balanço, o seu valor contabilístico corresponde a uma estimativa razoável do respetivo justo valor. As principais metodologias e pressupostos utilizados na estimativa do justo valor dos ativos e passivos financeiros registados no balanço ao custo amortizado são analisados como segue: Caixa e disponibilidades em bancos centrais, Disponibilidades em outras instituições de crédito e Aplicações em instituições de crédito Estes ativos são de muito curto prazo pelo que o valor de balanço é uma estimativa razoável do respetivo justo valor. Crédito a clientes O justo valor do crédito a clientes é estimado com base na atualização dos fluxos de caixa esperados de capital e de juros, considerando que as prestações são pagas nas datas contratualmente definidas. Os fluxos de caixa futuros esperados das carteiras de crédito homogéneas, como por exemplo o crédito à habitação, são estimados numa base de 76 RELATÓRIO E CONTAS 2014 portfolio. As taxas de desconto utilizadas são as taxas atuais praticadas para empréstimos com características similares, as quais não variaram significativamente desde o momento da contratação dos atuais contratos. Investimentos detidos até à maturidade O justo valor destes instrumentos financeiros é baseado em cotações de mercado, quando disponíveis. Caso não existam, o justo valor é estimado com base na atualização dos fluxos de caixa esperados de capital e juros no futuro para estes instrumentos. Recursos de bancos centrais e Recursos de outras instituições de crédito Estes passivos são de curto prazo pelo que o valor de balanço é uma estimativa razoável do respetivo justo valor. Recursos de clientes e outros empréstimos O justo valor destes instrumentos financeiros é estimado com base na atualização dos fluxos de caixa esperados de capital e de juros. A taxa de desconto utilizada é a que reflete as taxas praticadas para os depósitos com características similares à data do balanço. Considerando que as taxas de juro aplicáveis são renovadas por períodos inferiores a um ano, não existem diferenças materialmente relevantes no seu justo valor. NOTA 29 – Gestão de Riscos de Atividade O Banco está exposto a diversos riscos decorrentes do uso de instrumentos financeiros, os quais se analisam de seguida: Risco de Crédito O Risco de Crédito resulta da possibilidade de ocorrência de perdas financeiras decorrentes do incumprimento do cliente ou contraparte relativamente às obrigações contratuais estabelecidas com o Banco no âmbito da sua atividade creditícia. O risco de crédito está essencialmente presente nos produtos tradicionais bancários – empréstimos, garantias e outros passivos contingentes. É efetuada uma gestão permanente das carteiras de crédito que privilegia a interação entre as várias equipas envolvidas na gestão de risco ao longo das sucessivas fases da vida do processo de crédito. Esta abordagem é complementada pela introdução de melhorias contínuas tanto no plano das metodologias e ferramentas de avaliação e controlo dos riscos, como ao nível dos procedimentos e circuitos de decisão. 77 RELATÓRIO E CONTAS 2014 O acompanhamento do perfil de risco de crédito do Banco, nomeadamente no que se refere à evolução das exposições de crédito e monitorização das eventuais perdas creditícias, é efetuado regularmente pelo Comité de Crédito. Risco de Mercado O Risco de Mercado representa, genericamente, a eventual perda resultante de uma alteração adversa do valor de um instrumento financeiro, como a variação de taxas de juro, taxas de câmbio, preços de ações, preços de mercadorias, volatilidade e spread de crédito. Em Cabo Verde, face à reduzida dimensão do mercado financeiro e de capitais, o risco não é expressivo, com exceção do risco cambial, associado a moedas com câmbio variável face ao Escudo Cabo-verdiano, com predominância para o Dólar dos Estados Unidos da América, moeda em relação ao qual o Banco apresenta um matching equilibrado, em termos de posição cambial. Contudo, a nossa gestão de risco de mercado é integrada com a gestão do balanço, através da estrutura ALCO (Asset and Liability Committee), constituída ao mais alto nível do GRUPO NOVO BANCO. Este órgão é responsável pela definição de políticas de afetação e estruturação do balanço, bem como pelo controlo da exposição aos riscos de taxa de juro, de taxa de câmbio e de liquidez. Risco de Liquidez O Risco de Liquidez, por definição, advém da incapacidade potencial de financiar o ativo, satisfazendo as responsabilidades exigidas nas datas devidas, e da existência de potenciais dificuldades de liquidação de posições em carteira, sem incorrer em perdas significativas. O controlo dos níveis de liquidez tem como objetivo manter um nível satisfatório de disponibilidades para fazer face às necessidades financeiras no curto, médio e longo prazo, encontrando-se a estratégia financeira do Banco desenvolvida no Relatório de Gestão. Com o objetivo de avaliar a exposição global ao risco de liquidez, são preparadas informações de Cash-Flow diários que permitem não só identificar os mismatch negativos, como também elementos para efetuar a cobertura dinâmica dos mesmos. O Banco tem desenvolvido um significativo esforço na diversificação das suas fontes de recursos através de reforço das intervenções, ao nível do mercado externo. Esta diversificação mitiga o risco de liquidez e constitui um dos objetivos das políticas de tolerância ao risco de liquidez do Banco. 78 RELATÓRIO E CONTAS 2014 Até então, o Banco não necessitou de recursos interbancários nem de emissão de produtos financeiros para a capitalização de recursos, pelo que o financiamento da sua atividade tem-se limitado somente aos depósitos de clientes e capitais próprios. Risco Operacional O risco operacional do Banco é estimado pela perda, nos resultados ou no capital, associada aos eventos com impactos negativos nas suas atividades operacionais, através de um questionário que avalia as várias prováveis fontes de risco operacional, de modo a identificar os principais riscos a que o Banco se encontra exposto. Esses eventos podem resultar da inadequação ou deficiência de procedimentos, os sistemas de informação, do comportamento das pessoas ou, ainda, podem ser motivados por acontecimentos externos, incluindo os riscos jurídicos. Em 2014, o resultado desses exercícios avaliou o Banco no nível Reduzido de risco operacional. Para uma melhor gestão do risco operacional, o Banco implementou, em 2014, um sistema modular, que identifica e regista eventos de risco, tendo conseguido uma monitorização mais ampla e rigorosa e a mitigação atempada desse risco. A Gestão do Risco Operacional fixa-se nos princípios e estratégias definidos pelo Banco, código de conduta, políticas e normas de risco operacional, análise do catálogo dos processos do Banco, comunicação dos eventos de risco e definição de ações de melhoria das deficiências detetadas. Gestão de Capital e Rácio de Solvabilidade O principal objetivo da gestão de capital no Banco consiste em assegurar o cumprimento dos objetivos estratégicos do Banco e do GRUPO NOVO BANCO em matéria de adequação de capital, respeitando e fazendo cumprir os requisitos mínimos de fundos próprios definidos pelas entidades de supervisão. A definição da estratégia a adotar em termos de gestão de capital é da competência da Comissão Executiva, encontrando-se integrada na definição global de objetivos do Banco. Em termos prudenciais, o Banco está sujeito à supervisão do Banco de Cabo Verde que estabelece as regras que a este nível deverão ser observadas pelas diversas instituições sob a sua supervisão. Estas regras determinam um rácio mínimo de fundos próprios totais, em relação aos requisitos exigidos pelos riscos assumidos, que as instituições deverão cumprir, materializado através do Aviso nº03/2007. 79 RELATÓRIO E CONTAS 2014 Os elementos de capital do Banco dividem-se em Fundos Próprios de Base, Fundos Próprios Complementares e Deduções, com a seguinte composição: • Fundos Próprios considerados como Core Tier I: Esta categoria inclui, essencialmente, o capital estatutário realizado, as reservas elegíveis os resultados positivos retidos do período, quando certificados, e os interesses que não controlam. São deduzidas as reservas de justo valor negativas associadas a ações ou outros instrumentos de capital, o valor de balanço dos montantes relativos a Goodwill apurado, ativos intangíveis, desvios atuariais negativos decorrentes de responsabilidades com benefícios pós emprego a empregados, acima do limite do corredor prudencial, e, quando aplicável, os resultados negativos do período. • Fundos Próprios de Base (FPB): Para além dos valores considerados como Core Tier I, esta categoria inclui os montantes aceites pelo Regime transitório previsto no ponto 4 do n.º 5 do Aviso n.º 3/2007 - impacto na transição em fundos próprios de base ainda por reconhecer. • Fundos Próprios Complementares (FPC): Incorpora, essencialmente, a dívida subordinada emitida elegível a reservas de justo valor positivas associadas a ações ou outros instrumentos de capital. São deduzidas as participações em instituições financeiras e entidades seguradoras bem como o montante das perdas esperadas para as posições em risco, deduzidas das somas de correções de valor e provisões existentes, decorrentes da aplicação do método IRB para risco de crédito. • Deduções (D): Compreendem essencialmente a amortização prudencial dos imóveis recebidos em dação para liquidação de créditos. Adicionalmente, a composição da base de capital está sujeita a um conjunto de limites. Desta forma, as regras prudenciais estabelecem que os FPC não podem exceder os FPB. Adicionalmente, determinadas componentes dos FPC (o designado Lower Tier II) não podem superar os 50% dos FPB. 80 RELATÓRIO E CONTAS 2014 (Valores expressos em milhares de CVE) O Banco calcula o Rácio de Solvabilidade de acordo com o Aviso nº 4/2007, do Banco de Cabo Verde, o qual define o Rácio de Solvabilidade em função da relação entre os fundos próprios e os riscos de mercado (RTC - Risco taxa de câmbio), risco operacional (RO), risco de crédito (RC), com a finalidade de acompanhar a adequação entre o montante dos fundos próprios e os respetivos riscos inerentes ao Banco. Através desse Aviso, o Banco de Cabo Verde estabelece patamares mínimos de solvabilidade a serem seguidos pelas instituições sujeitas à sua supervisão. Assim, as Instituições Financeiras deverão atingir um Rácio Core Tier I não inferior a 10%, calculada da seguinte forma: á ! " #$%& 'ó)'& 0100 *+, - +,. - +/, Onde: VAPRC – Valor dos ativos ponderados pelo risco de crédito, incluindo os elementos extrapatrimoniais, determinados conforme Anexo 1 do Aviso; 81 RELATÓRIO E CONTAS 2014 VAPRTC – Valor dos ativos ponderados pelo risco de taxa de câmbio, apurados conforme o Anexo 2 do Aviso; VEAPRO – Valor equivalente em ativos ponderados pelo risco operacional, apurado conforme o Anexo 3 do Aviso. NOTA 30 – IFRS Divulgações - Novas normas a 31 de dezembro de 2014: 1.Impacto de adoção de normas e interpretações que se tornaram efetivas a 1 de janeiro de 2014: Normas a) IAS 32 (alteração) ‘Compensação de ativos e passivos financeiros. Esta alteração faz parte do projeto de “compensação de ativos e passivos” do IASB, o qual visa clarificar o conceito de “deter atualmente o direito legal de compensação”, e clarifica que alguns sistemas de regularização pelos montantes brutos (as câmaras de compensação) podem ser equivalentes à compensação por montantes líquidos.A adoção desta alteração não teve impacto nas demonstrações financeiras do Banco. b) IAS 36 (alteração) ‘Divulgação do valor recuperável para ativos não financeiros’. Esta alteração trata da divulgação de informação sobre o valor recuperável de ativos em imparidade, quando este tenha sido mensurado através do modelo do justo valor menos custos de vender. A adoção desta alteração não teve impacto nas demonstrações financeiras do Banco. c) IAS 39 (alteração) ‘Novação de derivados e continuidade da contabilidade de cobertura’.A alteração à IAS 39 permite que uma Entidade mantenha a contabilização de cobertura, quando a contraparte de um derivado que tenha sido designado como instrumento de cobertura, seja alterada para uma câmara de compensação, ou equivalente, como consequência da aplicação de uma lei ou regulamentação. A adoção desta alteração não teve impacto nas demonstrações financeiras do Banco. d) Alterações à IFRS 10, 12 e IAS 27 - ’Entidades de investimento’.A alteração define uma Entidade de investimento (‘Investmententities’) e introduz uma exceção à aplicação da consolidação no âmbito da IFRS 10, para as entidades que qualifiquem como Entidades de investimento, cujos investimentos em subsidiárias devem ser 82 RELATÓRIO E CONTAS 2014 mensurados ao justo valor através de resultados do exercício, por referência à IAS 39. Divulgação específicas exigidas pela IFRS 12.A adoção destas alterações não teve impacto nas demonstrações financeiras do Banco. e) IFRS 10 (nova), ‘Demonstrações financeiras consolidadas’. A IFRS 10 substitui todos os procedimentos e orientações contabilísticas relativas a controlo e consolidação, incluídas na IAS 27 e na SIC 12, alterando a definição de controlo e os critérios aplicados para determinar o controlo. O princípio fundamental de que uma entidade consolidada apresenta a empresa-mãe e as suas subsidiárias como uma única entidade, permanece inalterado.A adoção desta norma não teve impacto nas demonstrações financeiras do Banco. f) IFRS 11 (nova), ‘Acordos conjuntos’. A IFRS 11 foca-se nos direitos e obrigações dos acordos conjuntos em detrimento da sua forma legal. Os acordos conjuntos podem ser operações conjuntas (direitos sobre os ativos e obrigações) ou empreendimentos conjuntos (direitos sobre os ativos líquidos pela aplicação do método de equivalência patrimonial). A consolidação proporcional de empreendimentos conjuntos deixa de ser permitida.A adoção desta norma não teve impacto nas demonstrações financeiras do Banco. g) IFRS 12 (nova), ‘Divulgação de interesses em outras entidades’. Esta norma estabelece os requisitos de divulgação para todas as naturezas de interesses em outras entidades, como: subsidiárias, acordos conjuntos, associadas e entidades estruturadas, de forma a permitir a avaliação da natureza, riscos e efeitos financeiros associados aos interesses da Entidade. A adoção desta norma não teve impacto nas demonstrações financeiras do Banco. h) Alterações à IFRS 10, 11 e 12, ‘Regime de transição’. Esta alteração clarifica que, quando um tratamento contabilístico diferente das orientações da IAS 27/SIC 12 resultar da adoção da IFRS 10, os comparativos apenas devem ser ajustados para o período contabilístico imediatamente precedente, sendo as diferenças apuradas reconhecidas no início do período comparativo, em Capitais próprios. A alteração introduzida na IFRS 11,refere-se à obrigação de testar para imparidade o 83 RELATÓRIO E CONTAS 2014 investimento financeiro que resulte da descontinuação da consolidação proporcional. Os requisitos de divulgação específicos estão incluídos na IFRS 12. A adoção destas alterações não teve impacto nas demonstrações financeiras do Banco. i) IAS 27 (revisão 2011), ‘Demonstrações financeiras separadas’. A IAS 27 foi revista, na sequência da emissão da IFRS 10, e contém os requisitos de contabilização e divulgação para os investimentos em subsidiárias, empreendimentos conjuntos e associadas, quando a Entidade prepara demonstrações financeiras separadas. A adoção desta alteração não teve impacto nas demonstrações financeiras do Banco. j) IAS 28 (revisão 2011),’Investimentos em associadas e empreendimentos conjuntos’.A IAS 28 foi revista, na sequência da emissão da IFRS 11, e prescreve o tratamento contabilístico para investimentos em associadas e empreendimentos conjuntos, definindo ainda os requisitos de aplicação do método de equivalência patrimonial. A adoção desta alteração não teve impacto nas demonstrações financeiras do Banco. 2.Normas, alterações a normas existentes e interpretações que já foram publicadas e cuja aplicação é obrigatória para períodos anuais que se iniciem em ou após 1 de julho de 2014, ou em data posterior, e que o Banco decidiu não adotar antecipadamente: 2.1. Normas a) IAS 1 (alteração), ‘Revisão às divulgações’ (a aplicar nos exercícios que se iniciem em ou após 1 de janeiro de 2016). Esta alteração ainda está sujeita ao processo de endosso da União Europeia. A alteração dá indicação relativamente à materialidade e agregação, a apresentação de subtotais, a estrutura das demonstrações financeiras e a divulgação das políticas contabilísticas. Não se esperam impactos materialmente relevantes nas demonstrações financeiras do Banco com a adoção desta alteração. b) IAS 16 e IAS 38 (alteração), ‘Métodos de cálculo de amortização e depreciação permitidos (a aplicar nos exercícios que se iniciem em ou após 1 de janeiro de 2016). Esta alteraçãoainda estásujeita ao processo de endosso pela União Europeia. Esta alteração clarifica que a utilização de métodos de cálculo das depreciações/ 84 RELATÓRIO E CONTAS 2014 amortizações de ativos com base no rédito obtido, não são por regra consideradas adequadas para a mensuração do padrão de consumo dos benefícios económicos associados ao ativo. É de aplicação prospetiva.Não se esperam impactos materialmente relevantes nas demonstrações financeiras do Banco com a adoção desta alteração. c) IAS 19 (alteração), ‘Planos de benefícios definidos – Contribuições dos empregados’ (a aplicar nos exercícios que se iniciem em ou após 1 de julho de 2014). Esta alteração ainda está sujeita ao processo de endosso da União Europeia. A alteração à IAS 19 aplica-se a contribuições de empregados ou entidades terceiras para planos de benefícios definidos, e pretende simplificar a sua contabilização, quando as contribuições são independentes do número de anos de serviço. Não se esperam impactos materialmente relevantes nas demonstrações financeiras do Banco com a adoção desta alteração. d) IAS 27 (alteração), ‘Método da equivalência patrimonial nas demonstrações financeiras separadas’ (a aplicar nos exercícios que se iniciem em ou após 1 de janeiro de 2016). Esta alteraçãoainda está sujeita ao processo de endosso pela União Europeia. Esta alteração permite que uma entidade aplique o método da equivalência patrimonial na mensuração dos investimentos em subsidiárias, empreendimentos conjuntos e associadas, nas demonstrações financeiras separadas. Esta alteração é de aplicação retrospetiva.Não se esperam impactos materialmente relevantes nas demonstrações financeiras com a adoção desta alteração. e) Alterações à IFRS 10 e IAS 28, ‘Venda ou contribuição de ativos entre um investidor euma sua Associada ou Empreendimento conjunto’ (a aplicar nos exercícios que se iniciem em ou após 1 de janeiro de 2016). Esta alteraçãoainda está sujeita ao processo de endosso pela União Europeia. Esta alteração clarifica que na venda ou contribuição de ativos entre um investidor e uma sua associada ou empreendimento conjunto, o ganho/perda apurado é reconhecido na totalidade quando os ativos transferidos constituem um negócio, e apenas parcialmente (na quota-parte detida por terceiros) quando os ativos transferidos não constituem um negócio. Não se esperam impactos materialmente relevantes nas demonstrações financeiras do Banco com a adoção desta alteração. 85 RELATÓRIO E CONTAS 2014 f) Alterações às IFRS 10, 12 e IAS 28, ‘Entidades de investimento: aplicação da isenção à obrigação de consolidar’ (a aplicar nos exercícios que se iniciem em ou após 1 de janeiro de 2016). Esta alteraçãoainda está sujeita ao processo de endosso pela União Europeia. Esta alteração clarifica que a isenção à obrigação de consolidar aplica-se a uma empresa holding intermédia que constitua uma subsidiária de uma entidade de investimento. Adicionalmente, a opção de aplicar o método da equivalência patrimonial, de acordo com a IAS 28, é extensível a uma entidade, que não é uma entidade de investimento, mas que detém um interesse numa associada ou empreendimento conjunto que é uma “Entidade de investimento”. Não se esperam impactos materialmente relevantes nas demonstrações financeiras do Banco com a adoção desta alteração. g) IFRS 11 (alteração), ‘Contabilização da aquisição de interesse numa operação conjunta’ (a aplicar nos exercícios que se iniciem em ou após 1 de janeiro de 2016).Esta alteraçãoainda está sujeita ao processo de endosso pela União Europeia. Esta alteração introduz orientação acerca da contabilização da aquisição do interesse numa operação conjunta que qualifica como um negócio, sendo aplicáveis os princípios da IFRS 3 – concentrações de atividades empresariais. Não se esperam impactos materialmente relevantes nas demonstrações financeiras do Banco com a adoção desta alteração. h) Melhorias às normas 2010 - 2012, (a aplicar, em geral, nos exercícios que se iniciem em ou após 1 de julho de 2014). Estas melhorias ainda estão sujeitas ao processo de endosso pela União Europeia. Este ciclo de melhorias afeta os seguintes normativos: IFRS 2, IFRS 3, IFRS 8, IFRS 13, IAS 16, IAS 24 e IAS 38.Não se esperam impactos materialmente relevantes nas demonstrações financeiras do Banco com a adoção desta alteração. i) Melhorias às normas 2011 - 2013, (a aplicar na União Europeianos exercícios que se iniciem em ou após 1 de janeiro de 2015). Este ciclo de melhorias afeta os seguintes normativos: IFRS 1, IFRS 3, IFRS 13, e IAS 40.Não se esperam impactos materialmente relevantes nas demonstrações financeiras do Banco com a adoção desta alteração. 86 RELATÓRIO E CONTAS 2014 Melhorias às normas 2012 - 2014, (a aplicar, em geral, nos exercícios que se iniciem j) em ou após 1 de janeiro de 2016). Estas melhoriasainda estão sujeitas ao processo de endosso pela União Europeia. Este ciclo de melhorias afeta os seguintes normativos: IFRS 5, IFRS 7, IAS 19 e IAS 34.Não se esperam impactos materialmente relevantes nas demonstrações financeiras do Banco com a adoção desta alteração. IFRS 9 (nova), ‘Instrumentos financeiros’ (a aplicar nos exercícios que se iniciem em k) ou após 1 de janeiro de 2018). Esta norma ainda está sujeita ao processo de endosso pela União Europeia.A IFRS 9 substitui os requisitos da IAS 39, relativamente: (i) à classificação e mensuração dos ativos e passivos financeiros; (ii) ao reconhecimento de imparidade sobre créditos a receber (através do modelo da perda esperada); e (iii) aos requisitos para o reconhecimento e classificação da contabilidade de cobertura. Não se esperam impactos materialmente relevantes nas demonstrações financeiras do Banco com a adoção desta norma. IFRS 15 (nova), ‘Rédito de contratos com clientes’ (a aplicar nos exercícios que se l) iniciem em ou após 1 de janeiro de 2017). Esta normaainda está sujeita ao processo de endosso pela União Europeia. Esta nova norma aplica-se apenas a contratos para a entrega de produtos ou prestação de serviços, e exige que a entidade reconheça o rédito quando a obrigação contratual de entregar ativos ou prestar serviços é satisfeita e pelo montante que reflete a contraprestação a que a entidade tem direito, conforme previsto na “metodologia dos 5 passos”.Não se esperam impactos materialmente relevantes nas demonstrações financeiras do Banco com a adoção desta norma. 2.2. Interpretações m) IFRIC 21 (nova), ‘Taxas do governo’ (a aplicar nos exercícios que se iniciem em ou após 17 de junho de 2014). A IFRIC 21 é uma interpretação à IAS 37 e ao reconhecimento de passivos, clarificando que o acontecimento passado que resulta numa obrigação de pagamento de uma taxa ou imposto (que não imposto sobre o 87 RELATÓRIO E CONTAS 2014 rendimento - IRC) corresponde à atividade descrita na legislação relevante que obriga ao pagamento. Não se esperam impactos materialmente relevantes nas demonstrações financeiras com a adoção desta alteração. NOTA 31 – Honorários do Auditor Externo Os honorários devidos ao auditor externo pela auditoria às contas do Banco Internacional de 2014 ascendem a 2 757 milhares de escudos. 88 RELATÓRIO E CONTAS 2014 3. Relatório e Parecer do Conselho Fiscal 89 RELATÓRIO E CONTAS 2014 90 RELATÓRIO E CONTAS 2014 Relatório da Auditoria Externa 91 RELATÓRIO E CONTAS 2014 92 RELATÓRIO E CONTAS 2014 III. Informação sobre o Governo da Sociedade 1. Estrutura Organizacional e Governativa A estrutura organizativa, reformulada em 2013, com vista a melhor aproveitar os recursos humanos disponíveis,, mostrou toda a sua eficácia quando se instalou a crise no GBES, durante o exercício ora findo. findo Apenas ligeiras alterações foram levadas a cabo, através da mobilidade de pessoal, a fim de reforçar áreas que careciam de reforço e ajustar colaboradores em áreas que melhor se adequam ao seu perfil. Das alterações efetuadas, a mais importante foi uma maior segregação de funções na área Administrativa e Financeira, com a criação de uma unidade de gestão dos recursos humanos, com grandes ganhos ao nível da organização dos meios humanos. A estrutura orgânica do Banco Internacional é encabeçada por um Conselho de Administração, composto por seis administradores, administradores, sendo um deles Suplente, Suplente e assessorado por três áreas-chave chave: Risco Global, Compliance e Auditoria Interna. Interna O Banco desagrega-se em quatro grandes áreas, Área Comercial, Área Administrativa e Financeira, Área Operativa e Área de Marketing, Organização e Qualidade, Qualidade as quais garantem a sua operacionalidade e o cumprimento c dos princípios que imperam no sistema financeiro. Organigrama 93 RELATÓRIO E CONTAS 2014 2. Poderes do Órgão de Administração O Presidente tem plenos poderes, individualmente e em conjunto com um Administrador, na gestão diária do Banco, de, entre outros, representar o Banco em todos e quaisquer atos, contratos ou documentos no âmbito da sua atividade, designadamente, para a concessão de crédito e demais operações conexas e representação perante quaisquer repartições públicas ou privadas. Um Administrador residente dispõe ainda de poderes para, em conjunto com o Diretor Administrativo e Financeiro, representar o Banco num vasto conjunto de atos e contratos relacionados com a gestão diária do Banco, que passam pela concessão de crédito, prestação de garantias bancárias, subscrição de instrumentos financeiros, gestão dos recursos humanos, no relacionamento com entidades públicas e privadas, embora limitados pelos valores constantes da deliberação do Conselho de Administração adotada em 7 de Junho de 2010. Por conseguinte, no Banco vigora a regra da vinculação mediante a assinatura individual do Presidente e/ou duas assinaturas, que poderá ser do Presidente e de um Administrador e, em alternativa, de um Administrador e do Diretor Administrativo e Financeiro para os atos e nos limites constantes da deliberação do Conselho de Administração. 3. Sistema de Controlo Interno e de Gestão de Riscos No sistema de controlo interno do Banco Internacional destacam-se duas áreas, a de Compliance e a de Risco Global, uma agindo a montante e a outra a jusante, abrangendo todos as fases, direta e indiretamente ligados a um processo, operação ou atividade. 3.1. Área de Risco Global A área de Risco Global tem sob seu encargo a identificação, avaliação, acompanhamento e controlo de todos os riscos materiais inerentes às atividades do Banco, visando assegurar a redução das perda e a observância dos resultados almejados. A área de Risco assume as atribuições de gestão dos riscos de crédito, de mercado, de taxa de juros, de liquidez e do risco operacional, definindo políticas e processos de identificação, mensuração e mitigação de cada um deles, em articulação direta com o Conselho de Administração. É competência dessa área a monitorização da evolução do perfil de risco do Banco, o controlo dos requisitos de capital regulamentar, a preparação 94 RELATÓRIO E CONTAS 2014 de mapas de controlo de liquidez, além do apoio à estrutura comercial. Ocupa-se ainda do reporte das situações de passíveis de incorrer em risco e do seu acompanhamento junto às autoridades. A área é responsável pela produção de relatórios, no âmbito da monitorização do risco inerente aos negócios, do controlo dos limites de exposição aos diversos riscos, do apoio na tomada de decisões, da divulgação das atividades de Gestão de Risco e do acompanhamento das operações e recursos do Banco, permitindo aos decisores ter sempre uma visão global da situação atual. Esse acompanhamento permanente das operações de crédito possibilita a identificação atempada dos casos com triggers de default, que deverão estar sujeitos à aplicação de imparidade, sendo que a área é responsável pela mensuração do provisionamento dos créditos, dentro dos parâmetros definidos pela autoridade supervisora, garantindo uma prudente gestão do risco de crédito. As atividades do processo de gestão do risco operacional desempenhadas durante o ano consistiram, essencialmente, na identificação de eventos e na elaboração de reportes ao Grupo. Foram ainda implementados procedimentos de controlo e de monitorização dos KRI (Key Risk Indicators – Indicadores-Chave de Risco), com a finalidade de identificar tendências, de forma a antecipar, prevenir e quantificar os eventos Por seu turno, as atividades relacionadas com o processo de gestão dos riscos de mercado (de liquidez e de taxa de juro) assentaram-se na elaboração de mapas de liquidez de ativos e passivos do Banco sensíveis à taxa de juros, por banda temporal, no acompanhamento da variação dos recursos e do grau de liquidez, na identificação do gap entre as operações de crédito e os depósitos e, finalmente, na mensuração do impacto da variação de taxa de juros na margem financeira do Banco. Os procedimentos de cálculos são estabelecidos pelo regulador. 3.2. Área de Compliance A área de Compliance é responsável pelo controle e harmonização de atividades e negócios realizados, tendo como missão o apoio ao crescimento das áreas de negócio, fundamental para a sustentabilidade da instituição, a longo prazo, de forma a evitar quaisquer prejuízos de ordem financeira, reputacional ou de imagem. 95 RELATÓRIO E CONTAS 2014 Compete-lhe, de forma direta, estimular e garantir o correto cumprimento das normas e disposições legais, através de criação de procedimentos baseados em regulamentos e exigências dos órgãos reguladores e nas estratégias do próprio Grupo. No âmbito da prevenção e da abordagem baseadas no risco, o Banco tem implementado mecanismos que permitem efetuar uma avaliação prévia e adequada das contrapartes, no início do estabelecimento da relação de negócio, caracterizando-os, individualmente, quanto ao nível de risco associado, em termos da exposição de lavagem de capitais e do financiamento ao terrorismo. Para uma maior eficácia e rigor, essa ferramenta está sujeita a uma revisão periódica, de modo a responder as alterações e tendências quanto aos riscos acima citados. No mesmo contexto, advindo do cumprimento dos deveres regulamentares de diligência continuada e reforçada, o Banco tem vindo a envidar esforços, no sentido de preservar a integridade e a robustez do funcionamento das suas atividades, reforçando o acompanhamento adequado das operações que levantem suspeitas fundamentadas, mormente por meio de alertas gerados diariamente pelo sistema informático, reportando e articulando, quando necessário, com as autoridades competentes. Tendo em conta a necessidade de formação regular dos quadros diretivos e dos colaboradores, visando sobretudo uma capacitação permanente e a mitigação dos riscos inerentes às suas funções, foram administradas duas formações relacionadas com a prevenção e combate à lavagem de capitais, abrangendo todos os colaboradores do Banco. Complementarmente e para uma adequada especialização da área, no que tange à análise de contrapartes e monitorização de operações potencialmente suspeitas, o Banco apostou na formação/estágio de um colaborador da área de Compliance na Direção de Compliance do Novo Banco, por um período de quatro meses. Ainda no capítulo das formações com impacto direto nessa área, no âmbito do projeto FATCA1 (Foreign Account Tax Compliance Act), também se realizou uma formação em formato e-learning, dirigido a todo o universo de colaboradores. Atendendo às alterações, efetuadas pelo Conselho de Administração do Novo Banco, ao Código de Conduta, nomeadamente no que se refere aos princípios e obrigações do Grupo Novo Banco, às regras de acumulação de cargos, às regras de autoavaliação dos membros de órgãos sociais e às regras gerais sobre conflitos de interesses, e preconizando o 1 Regime de prevenção da evasão fiscal norte-americana, através do reporte das contas bancárias dos US Person pelas FFI (Entidades Financeiras não Americanas) aderentes. 96 RELATÓRIO E CONTAS 2014 conhecimento aprofundado do mesmo, a área de Compliance efetuou uma ação de sensibilização, através da divulgação extensiva do seu conteúdo a todos os colaboradores. No que diz respeito ao sistema de Controlo Interno, a área deu continuidade aos trabalhos referentes à elaboração dos Manuais de Controlo Interno (MCI), em articulação com a Unidade de Gestão do Sistema de Controlo Interno do Departamento de Compliance do Novo Banco (UGSCI). 3.3. Auditoria Interna A área de Auditoria Interna tem como objetivo principal concluir se os sistemas de gestão de risco, de controlo interno e de governação, definidos e implantados são adequados e funcionam de tal forma que garantam: - Os riscos são devidamente identificados e geridos; - A informação de gestão, financeira e operacional mais relevante é correta, confiável e tempestiva; - As mais significativas ações dos colaboradores estão em conformidade com as políticas, normas, procedimentos e leis e regulamentos de Cabo Verde; - Os recursos são adquiridos de forma económica, têm uma utilização eficiente e são adequadamente protegidos; - Os programas, planos e objetivos são cumpridos; - Os requisitos legais e regulamentares com maior impacto na organização são identificados e devidamente tratados. Esta ação é desenvolvida pelo Departamento de Auditoria e Inspeção do Grupo, no âmbito do seu perímetro de atuação, em gestão direta com a Administração do Banco. 4. Área Administrativa e Financeira A área Administrativa e Financeira funciona, na sua vertente financeira, como supervisora do funcionamento do Banco, monitorizando as suas atividades de forma transversal e facultando apoio a todas as áreas, visando os objetivos do Business Plan quantificados nos Orçamentos. Na sua vertente administrativa, a área assegura o funcionamento através da identificação e provimento de bens e serviços necessários, tendo também sob a sua tutela a gestão dos recursos humanos. 97 RELATÓRIO E CONTAS 2014 Constitui ponto forte da área, o acompanhamento constante de todas as atividades e operações do Banco, consubstanciado através da produção de reportes e relatórios periódicos à Administração do Banco e do Grupo, às autoridades nacionais e estrangeiras, como é o caso do Banco de Cabo Verde e do Banco de Portugal. 5. Área de Marketing, Organização e Qualidade Dadas as profundas mudanças no seio do Grupo, a atuação do Banco Internacional nesta área foi demarcada por dois momentos distintos durante o ano. Durante o primeiro semestre, decorrente da continuidade de negócio, o mote principal da área foi a manutenção das campanhas de captação de recursos, com a imagem principal Cristiano Ronaldo, e Remessas de emigrantes, com incidência no produto especialmente criado para o efeito, o BESXpress. O segundo semestre destacou-se pela campanha de re-branding, que se manterá durante o ano de 2015. O princípio da campanha de re-branding assentou-se na mudança de imagem, bem como do nome, que o Banco foi alvo, centrando-se no seu principal e mais valioso ativo, que são a competência e o profissionalismo dos colaboradores. A transposição da campanha para a realidade fica comprovada pelos números apresentados no relatório de gestão, demonstrando que, não obstante os acontecimentos, as carteiras de clientes seguiram crescendo, embora se tenha verificado um abrandamento no ritmo de crescimento, justificado pelo afastamento de algumas empresas. A consolidação de produtos e serviços, agora com a marca Banco Internacional de Cabo Verde, foi a grande aposta vencida. A campanha de re-branding deu uma nova roupagem ao Banco, interna e externamente, desde o mais simples impresso até ao exterior das Agências. O ano de 2014 favoreceu ainda a consolidação do Internet Banking, tendo-se concluído o último pacote de desenvolvimentos e melhorias, dos quais constam os pagamentos de serviço, as transferências internacionais e os pagamentos através de ficheiros PS2, este último exclusivo às empresas. Desta forma, o Banco dotou os seus clientes (particulares e empresas) de uma plataforma que os autonomiza por completo do balcão, nas funções básicas do quotidiano financeiro, mantendo assim os níveis de qualidade de atendimento de que o Banco se orgulha e que tem como objetivo manter. 98 RELATÓRIO E CONTAS 2014 O Banco consciente de que a inovação constitui uma das bases de crescimento e desenvolvimento, tem priorizado apostar em projetos informáticos da plataforma do seu Core System, visando atender às solicitações de informatização de processos em todas as áreas, com especial relevância para as áreas Operacional e Comercial. Como exemplo, temse o fato de, em 2014, ter sido reformulado todo o processo de abertura de conta, para fazer face às novas exigências do programa FATCA (Foreign Account Tax Compliance Act). A intranet do Banco foi também alvo de desenvolvimento profundo, nomeadamente ao nível da Informação de Gestão, bem como da implementação de mecanismos de controlo sobre a completude e validade da documentação, quer em aberturas de conta quer noutras operações. Operativa A área Operativa é responsável por toda a parte operacional do Banco e se ocupa do processo efetivo de abertura de conta, da gestão de cartões (crédito, débito e pré-pago) e das transferências (emissão e receção), bem como da emissão dos contratos de crédito, da constituição de depósitos a prazo e da emissão de garantias e créditos documentários. Funciona ainda como BackOffice a todos os balcões, libertando os mesmos de tarefas operacionais que consomem tempo e declinam a atenção devida aos clientes, além de executar ordens de compra e venda de títulos e gerir a respetiva custódia. Embora tenha registado um decréscimo no volume, fruto da conjuntura desfavorável, as transferências mantêm especial importância na área, com o crescimento da carteira de clientes e a consequente intensificação das suas transações com outros bancos, principalmente no exterior. A rede de bancos do Grupo confere mais-valia às operações internacionais, vantajosas para o cliente, tanto nos preços como no timing de execução. Operações com o Exterior durante o ano de 2014 2014 Quantidade Montante Ordens de pagamentos internacionais 3954 32 941 971 Emitidas 2 611 23 664 055 Recebidas 1 343 9 277 916 Crédito Documentário 11 29 894 Importação 11 29 894 Exportação - - Garantias Bancárias 35 651 972 Emitidas 35 651 972 - - Recebidas 99 RELATÓRIO E CONTAS 2014 6. Comercial A Direcção Comercial é a área responsável pela gestão global da carteira de clientes e prospeção do mercado. Está dividida em três segmentos, de acordo com o tipo de cliente em carteira: Particulares (encarregue pela gestão dos clientes particulares private e afluentes), Empresas (Corporate) e Internacional (responsável pela gestão dos clientes não residentes, particulares e empresas). As operações comerciais com clientes (depósitos, levantamentos, compra e venda de divisas, pagamentos) são asseguradas pelos Caixas e coordenadas pelos Gerentes, enquanto as operações que requerem uma análise prévia (abertura de conta, transferências, créditos, constituição de depósito a prazo) estão a cargo das coordenações comerciais, coadjuvados pelos serviços centrais, na área Operativa. Esse sistema tem permitido que a área comercial se demarque das funções operacionais e se ocupe das funções puramente comerciais, dispensando atenção exclusiva às necessidades do mercado e dos clientes. 100 RELATÓRIO E CONTAS 2014