Apostila

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Apostila
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ELE NOS DEU PROFETAS
Dr. Richard Pratt
Seminário Internacional de Miami (MINTS)
2012
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ELE NOS DEU PROFETAS
CONTEÚDO
LIÇÃO 1 – PERSPECTIVAS HERMENÊUTICAS ESSENCIAIS........................................04
LIÇÃO 2 – O TRABALHO DE UM PROFETA ....................................................................13
LIÇÃO 3 – O POVO DO PACTO ...........................................................................................24
LIÇÃO 4 – AS DINÂMICAS DO PACTO .............................................................................39
LIÇÃO 5 – ANÁLISE HISTÓRICA DOS PROFETAS ........................................................53
LIÇÃO 6 – ANÁLISE LITERÁRIA DOS PROFETAS .........................................................71
LIÇÃO 7 – O PROPÓSITO DAS PREDIÇÕES .....................................................................87
LIÇÃO 8 – REVELAÇÃO ESCATOLÓGICA .....................................................................105
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ELE NOS DEU PROFETAS
Propósito do Curso:
Ao terminar o curso, o aluno estará mais apto para interpretar adequadamente os
profetas. No curso ele aprenderá o trabalho dos profetas bem como fazer análise literária e
histórica dos profetas. De forma especial o aluno aprenderá que os profetas tinham um ponto
de partida nas suas tarefas: o pacto. Além disso, o aluno entenderá o propósito das predições
bem como verdades importantes sobre a revelação escatológica nos profetas.
Materiais requeridos:
1. Manual do curso, o qual inclui 8 lições.
2. Bíblias em várias versões para comparação de textos.
Objetivos:
1. Crescer em sua estima pela Palavra de Deus e entender os profetas maiores e menores
2. Por em prática este modelo de interpretação usando um texto dos profetas.
3. Pregar e ensinar com mais acuidade nos livros proféticos.
Requisitos do Curso e Critérios de Avaliação:
1. O aluno assistirá às aulas e reuniões do grupo e delas participará. (10%).
2. O aluno completará as tarefas de curso:
2.1. Leitura dos livros proféticos (Isaías a Malaquias) (15%)
2.2. Sintegrama de cada uma das lições (15%)
3. Prova objetiva com questões sobre o material estudado (20%).
4. Trabalho final com 5 páginas escritas, dentro das normas da ABNT, para os
estudantes de bacharelado (40%).
5. Trabalho final com 10 páginas escritas, dentro das normas da ABNT, para os
estudantes de Mestrado.
Só alunos do Mestrado:
Leitura obrigatória adicional, com ficha de leitura, de mais 300 páginas.
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LIÇÃO 1 – PERSPECTIVAS HERMENÊUTICAS ESSENCIAIS
INTRODUÇÃO
O que nos vem à mente quando falamos em profecia? Somos levados a pensar em
que? Vejo líderes cristãos, falando em profecia, apenas como se todas elas falassem acerca da
volta de Cristo e, especialmente com os eventos do fim do mundo.
Ainda que seja natural falarmos desses temas, nessas lições buscaremos uma
perspectiva diferente e mais ampla das profecias, a perspectiva que os próprios profetas
bíblicos tiveram. Como veremos os profetas do AT tem muito mais a dizer-nos do que
poderíamos esperar.
Perspectivas Hermenêuticas Essenciais – Com isso quero dizer considerações
hermenêuticas ou interpretativas que todos temos que captar se vamos manejar, estudar as
profecias bíblicas responsavelmente.
Dividiremos esta lição em 4 partes:
1. Nossa confusão acerca da profecia do VT – veremos três tópicos que nos ajudarão
a superar nossa confusão.
2. A natureza da experiência de um profeta
3. A importância de encontrar o significado original
4. Entender as perspectivas do Novo Testamento acerca da profecia do AT.
1. NOSSA CONFUSÃO ACERCA DA PROFECIA DO VT
Os cristãos conhecem algumas partes da Bíblia muito melhor do que outras. No Antigo
Testamento as histórias do Pentateuco são muito familiares. Leitores ávidos da Bíblia
conhecem a Josué e Juizes. E alguns poucos crentes entendem acerca de livros como Samuel,
Reis e Crônicas.
Mas, quando falamos dos proféticos, as pessoas perguntam: de que trata Isaias? E
Sofonias? Não é Ageu um livro emocionante? E ficamos mudos porque sabemos muito pouco
acerca desses livros. Evitamos falar deles porque estamos sem muito o que dizer a respeito
deles.
Ao começarmos esse estudos sobre profecia começaremos com um destaque sobre
nossa confusão. Usaremos duas perguntas:
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1.1. Quais são as fontes da nossa confusão sobre a profecia?
Existem dois problemas quando tratam de entender a profecia do AT:
1.1.1. Os próprios livros proféticos
Os livros proféticos são os textos das escrituras mais difíceis de captar. Muitos cristãos
tem problema até para pronunciar os nomes dos profetas do Antigo Testamento, mas ainda
para entenderem o que dizem. Freqüentemente, ficamos perplexos com:
a. Os conteúdos dos livros
b. Parece que não se encaixam. Os versículos parecem não parecem seguir um ao
outro. Parecem falar em enigmas e adivinhações. As vezes as palavras dos profetas não nos
fazem sentido absoluto.
c. Não sabemos muito acerca dos eventos históricos: reis, nações, guerras. São tantas
complexas que nos dão trabalho seguir o seu rumo.
d. Cultura diferente – A maioria dos cristãos quando lêem os profetas se sentem como
se entrassem numa terra estranha. E os letreiros nas ruas não têm sentido. Os costumes são
estranhos. Caminhamos nesses livros perplexos por conta dessas dificuldades deles mesmos.
1.1.2. A Igreja
A igreja cristã tem uma maravilhosa harmonia de ensino em muitas áreas. Mas,
quando se trata das profecias do Antigo Testamento, dificilmente há harmonia, só desacordo.
Uns são pré-milenista dispensacionalista.
Outros pré-milenista histórico
Outro pós-milenista
Amilenista Otimista ou Amilenista Pessimista.
Cada um dos grupos diz que os outros estão errados. Estamos todos divididos em
vários pontos. O único ponto de convergência entre os grupos é que Cristo retornará em
glória. A igreja está tão dividida quanto aos profetas do AT que é difícil ler estes textos com
segurança.
A conclusão é que chegamos é que essa confusão traz toda sorte de resultados
lamentáveis. A confusão traz resultados.
1.2. Quais são os resultados dessa confusão sobre a profecia?
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1.2.1. Vitimização – Devido ao fato de ter tantos desacordos, começam a levantar-se
muitos experts em Profecia. E ensinando as suas opiniões como sendo absolutamente certas.
Exemplos: Em 1948 Israel se tornou nação e começou-se a dizer um número sem fim
de coisas a respeito disso. Ensinou-se que Cristo voltaria em uma geração depois dessa data.
40 anos e Cristo voltará, se dizia. 40 anos passou e nada aconteceu.
Depois os chamados experts nos disseram que seriam no ano 2000. Nos Estados
Unidos neste período dezenas de livros foram lançados sobre esse assunto. No Brasil, não foi
diferente.
As profecias do AT estão a ponto de serem cumpridas.
A aplicação prática é “comprem meus livros”, dêem dinheiro para o meu ministério,
etc.
Assim, muitos cristãos são enganados e sentem-se posteriormente vítimas disso. E
vivem de uma interpretação a outra porque não sabemos estudar por nós mesmos.
1.2.2. Apatia – Os cristãos passam por fases: 1. Começam com muito entusiasmo;
Escutam alguém ensinando e encontram muita emoção em assistir a conferências e ler livros;
2. Passam por uma crise quando percebem que não é verdade aquilo que esses mestres
disseram; 3. Terminam em apatia, se dão por vencidos por não entenderem esta parte da
Bíblia.
Nós pastores, algumas vezes, por conta da dificuldade que temos em interpretar as
profecias dizemos aos membros, não se preocupem, vocês nunca poderão entender essa parte
das Escrituras.
CONCLUSÃO
É tempo de mudar essa situação. Precisamos aprender acerca das profecias para não
sermos levados por todo vento de doutrina. Bem como devemos estudá-la para evitar a apatia.
Deus não a incluiu na Bíblia para que a ignorássemos. Ele no-las concedeu para que nos
beneficiemos dela em incontáveis formas. Não deveríamos está satisfeitos em permanecer
ignorantes ou confundidos com relação à profecia bíblica.
Bem, que classes de coisas pode ajudar-nos a sobrepormos a nossa confusão quanto à
profecia? O que necessitamos para entendermos como incrementar nosso entendimento dessa
parte da Bíblia?
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Existem três principais aspectos para evitar a vitimização e a apatia.
1. Saber acerca da natureza da Experiência dos profetas
2. Reafirmar a importância do sentido original que pretenderam os autores dos
livros
3. A forma como o Novo Testamento tratou as profecias do AT
2. EXPERIÊNCIA DE UM PROFETA
Se esperamos manejar a profecia responsavelmente teremos que observar
cuidadosamente as experiências de um profeta. Que sucedeu com estes homens? Os que
experimentaram esses homens quando falam de Deus?
Quando conversamos com pessoas acerca das experiências de um profeta, são três, ao
menos, os mal entendidos que surgem a esse respeito.
2.1. Mal entendidos
2.1.1. Entendemos mal o estado mental dos profetas quando receberam a Palavra de
Deus
2.1.2. Não temos uma idéia correta da forma como Deus inspirou as palavras e
escritos dos profetas
2.1.3. Não temos idéia correta acerca da compreensão dos profetas e do que
entenderam das palavras que falaram.
2.1.1. Estado Mental
Falam como se os profetas estavam fora de si; perderam seus sentidos. Entraram em
estado de delírio, de forma bem parecida com os profetas pagãos de Baal e de outras religiões.
Isso não coincide com o que diz as Escrituras. Houve ocasiões em que os profetas
caíram surpreendidos pelo que viram e ouviram de Deus. Apenas podemos imaginar o estado
mental que experimentou Ezequiel quando no cap. 8 do seu livro (v. 3) Deus lhe tomou pelos
cabelos e o levou para Jerusalém. Ezequiel não estava fora de si, não perdeu a consciência.
Ele atua racionalmente. Ele estava alerta e consciente enquanto Deus lhe revela a palavra.
2.1.2. Inspiração
Um segundo problema tem a ver com a forma como os profetas foram inspirados por
Deus.
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1. Inspiração mecânica – tratamos os profetas como se fossem meras máquinas.
“Quando Isaías falava simplesmente deixava que Deus mexesse seus lábios. Quando Amós
pregava Deus lhe forçava cada Palavra que saia da sua boca. Os tratamos como instrumentos
passivos de revelação.
2. Inspiração Orgânica – Cremos que a Bíblia inspirou os escritos do AT, de maneira
que não há erros.
a. Não há erros;
b. Deus usou as personalidades de cada profeta – basta olhar os escritos de Isaias e o
de Amós para contrastar e veremos isso.
c. Formas de pensar de autores humanos.
2.1.3. Sua compreensão das suas profecias
Alguns acham que os profetas
a) Não entendiam suas próprias palavras – se perguntassem a Amós: o que você quer
dizer com essa profecia, ele diria: não sei. Só falo o que Deus me mandou falar.
b) Entendimento Parcial – Eles entendiam o que diziam. Por exemplo: Daniel 12.8.
Daniel entendeu o que havia escutado e escrito, conhecia o vocabulário, a gramática, eram
suas próprias palavras, mas não entendia tudo. Admitiu não saber com precisão como seria
cumprida a profecia.
1 Pe 1.11 diz que os profetas tentaram em vão descobrir o tempo e a circunstancias
que lhes indicava o E.S. Eles ficaram sem saber os tempos e circunstâncias, mas não sugere
em nenhum momento que eles não tinham entendimento do que diziam.
Ao contrário tinham um tremendo discernimento quanto ao caminho de Deus para seu
povo.
Essas três verdades nos ajudarão na análise da profecia.
3. A IMPORTÂNCIA DA MENSAGEM ORIGINAL DE UMA PROFECIA
Aqui nos enfocaremos em dois temas:
3.1. A Exegese popular dos profetas
3.2. A Exegese apropriada dos profetas
3.1. A Exegese popular dos profetas
Dão pouca atenção ao significado original do que quiseram dizer os profetas.
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1. Atomista – Ler as profecias do VT como uma coleção de predições vagamente
conectadas. Ao invés de ler e focarmos numa passagem mais longa da Bíblia, ficamos
satisfeitos com uma frase chave ou uma palavra especial. Ou pegamos alguns pouco
versículos e os consideramos.
2. Ahistórica ou não-histórica – não levam em consideração o contexto em que está o
profeta que escreveu ou escreveu determinado livro. Não considera o escritor original. Não
considera as circunstâncias da audiência original do livro ou das palavras.
Ao invés disso as profecias são tratadas como vasos vazios esperando ser enchidos
com significados. Não nos preocupamos com o significado original, damos a eles os
significados de coisas que vemos nos nossos dias. Olhamos pros eventos e vamos a procura
de algo que possamos encaixar nas profecias.
É muito comum pegarmos palavras que são parecidas com as da Bíblia e acharmos
que podemos encaixá-las no texto apenas por causa da semelhança entre elas.
Quando não levamos em conta o escritor e a audiência original corremos o risco de
lançar sobre o texto bíblico aquilo que ele nunca disse.
3.2. A Exegese apropriada dos profetas
EXEGESE HISTÓRICO GRAMATICAL
3.2.1. Examinar o contexto literário
Não é suficiente focarmos analisar uma palavra chave, aqui e ali, como se faz por aí.
Temos que analisar todo o contexto literário.
Devemos aprender a estudar: versículo, livro, capítulo, livro inteiro.
Ex.: Isaias 7.14.
Muitos se preocupam com palavras como virgem, filho. Mas, para considerar a
passagem com propriedade precisamos considerá-la no contexto inteiro, muito além das
palavras chaves. 1. Que lugar ocupa esse versículo dentro de Isaias 7? 2. Que lugar ocupa
dentro dessa seção de Isaias? Como contribui ao propósito completo e ao significado de
Isaias? Só assim poderemos saber o significado original do texto.
3.2.2. Examinar o contexto histórico
A exegese histórico gramatical, requer que você devolva o texto ao seu contexto
original.
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Fazemos perguntas como:
1. Quem escreveu essas palavras?
2. Quando?
3. A quem as estava escrevendo?
4. Por que?
Porque disse Isaias essas palavras (do exemplo de 7.14). E aplicar todas as perguntas
feitas acima. Só colocando essas palavras no seu contexto histórico podemos entendê-las
corretamente.
Assim temos que deixar de lado a hermenêutica tomista ou ahistórica, e esforçar-nos
por entender o seu contexto e o contexto literário (será alvo de nossa apreciação mais
adiante).
4. AS PERSPECTIVAS DO NOVO TESTAMENTO ACERCA DA PROFECIA
Quando consideramos as perspectivas do Novo Testamento com respeito às profecias
do VT muita questões vêm a nossa mente.
4.1. A autoridade dos profetas
4.2. A aplicação dos profetas
4.1. A autoridade dos profetas
Jesus e os apóstolos no NT freqüentemente mostraram que estavam convencidos da
autoridade dos profetas do VT. Esse tema aparece de duas formas: 1. Referência as Escrituras
proféticas e referências às intenções dos profetas.
4.1.1. Referências às Escrituras Proféticas
Jesus e os apóstolos demonstraram submissão às Escrituras dos profetas. Ele foi
obediente ao judaísmo bíblico de sua época. Uma das grandes afirmações do Judaismo era a
autoridade absoluta das Escrituras – essa era a razão pela qual Jesus sempre afirmava que
seu ministério era conforme essa Sagrada Escritura.
Ex.: Mateus 5.17 –
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4.1.2. Referências às intenções dos profetas
a) Não eram arbitrários
Os escritores do NT não eram arbitrários na maneira como entendiam as profecias.
Eles não impunham os seus próprios significados sobre os profetas.
b) Em vez disso estavam preocupados em descobrir seu significado original e
construir sobre sólido fundamento cristão.
Alguns pensam que os escritores poderiam tomar o texto e dar outro significado. Nada
está mais longe da verdade. Vejamos dois exemplos para que isso fique claro para nós:
1. Pedro explicou sua forma de explicar as profecias em Atos 2.29-31. Ele não impôs
nenhum significado estranho, mas interpretou as palavras à luz do que Davi havia escrito no
Salmo 16.
2. João também demonstra isso (Jo 12.39-40). João focou a sua intenção nas palavras
de Isaias e na intenção do profeta ao dizer essas palavras, organicamente inspiradas.
A exegese histórico gramatical é a única salvaguarda que temos para fazer uma boa
exegese.
4.2. A aplicação dos profetas
Jesus e os apóstolos não estavam preocupados apenas com o significado original, ao
contrário, estavam também preocupados em aplicar as palavras proféticas aos dramáticos atos
de Deus em seu tempo. Para entender isso precisamos considerar duas idéias:
4.2.1. Expectativas proféticas – falaremos sobre isso no tempo devido. Mas, falemos
em termos gerais.
a) Os profetas sabiam que o pecado haviam causado grande devastação no mundo. O
próprio povo de Deus andou tão corrupto que Deus o mandou para o exílio. Apesar dos
resultados do pecado, os profetas esperavam um tempo em que Deus restauraria as coisas.
Esse futuro era um tempo de juízo total sobre os ímpios, mas também um tempo de bênçãos
eternas para os fiéis.
Pecado – Exílio – Restauração (juízo e bem-aventurança).
Os profetas tinham um classe de termos que usavam para falar sobre esse clímax da
história humana: Dia do Senhor, Últimos dias (Esse tempo, seria o tempo em que Deus
interviria no mundo e traria todas as coisas a seu fim último).
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4.2.2. Cumprimentos proféticos – Eles viram o cumprimento de todas essas
expectativas proféticas em Cristo. Nos dias de Jesus os homens esperavam que os dias da
retribuição estivessem para vir rapidamente, logo. Esperavam por um Messias que trariam a
história humana a seu clímax.
Os cristãos receberam a Jesus como o Messias, como o cumprimento da profecia.
Como resultado Jesus se tornou o elemento central para o entendimento da profecia. Ele
mesmo insistiu que as interpretações dos profetas devem ser cristocêntrica.
Ele falou dessa importância no caminho a Emaús depois da sua ressurreição. (Lc
24.25-26). Jesus deixa claro nesse texto que esperava que seus discípulos o vissem como o
cumprimento das profecias do VT. Por essa razão, o verso seguinte nos diz: LER. Jesus
explicou tudo o que os profetas disseram acerca dele mesmo.
Assim também os escritores do NT enfatizaram a importância e as expectativas
originais das profecias. Como também relacionaram essas expectativas proféticas originais
com a pessoa e obra de Cristo, Originalmente, os profetas fitaram uma trajetória de
expectação, um tempo futuro de grande juízo e bem-aventurança estava por vir. O NT segue
essa trajetória, e projeta seu futuro e encontra seu cumprimento na primeira vinda de Cristo,
seu reino hoje e o fim desse mundo quando Jesus regressar em glória.
Importante:
O NT explica que Cristo cumpriu todas as profecias do Antigo Testamento em três
etapas de seu reino:
1. Fez muito na inauguração de Seu reino – Seu ministério terreno a quase dois mil
anos;
2. Continua cumprindo as expectativas do VT na continuação do seu reino através da
história da igreja;
3. Consumação – Cristo trará todas as profecias a um pleno cumprimento quando
regressar e traga a consumação do seu reino.
Essas três etapas deram aos escritores do Novo Testamento um modelo hermenêutico
por meio do qual eles pudessem aplicar as profecias do VT a seus dias, nossos dias e nosso
futuro.
Como seguidores de Cristo, também devemos aprender como tomar as expectativas
das profecias do Antigo Testamento quanto à primeira vinda de Cristo, a continuação do seu
reino e, a segunda vinda de Cristo.
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LIÇÃO 2 – O TRABALHO DE UM PROFETA
INTRODUÇÃO
Quando conhecemos uma pessoa na nossa cultura lhe perguntamos o nome e depois
que trabalho a pessoa tem, o que ela faz. Da mesma forma temos que perguntar que tipo de
trabalho faz um profeta do VT?
O trabalho de um profeta
Dividiremos esta lição em 3 partes:
1. Os títulos de trabalho de um profeta
2. As transições do trabalho de um profeta – As mudanças que se levaram a efeito na
profecia.
3. As expectativas do trabalho de um profeta – O que Deus esperava que fizessem os
seus profetas.
1. OS TERMOS PARA DESCREVER O TRABALHO DE UM PROFETA
Na vida diária chamamos as pessoas de muitas maneiras. De fato, podemos chamar
uma pessoa de muitas formas e títulos diferentes: podemos chamar uma pessoa de pastor,
atleta, ou músico, etc. Por que? Porque as pessoas fazem vários tipos de coisas na vida.
No VT acontece o mesmo tipo de coisas aos profetas do VT. Os chama com diferentes
títulos. Para explorar os títulos que o VT utilizou para os profetas vamos fazer duas categorias
básicas:
1.1. O termo primário
1.2. A variedade de termos usado pela Bíblia para designar os profetas.
1.1. O termo primário ou técnico
Quando a maioria dos cristãos escutam a palavra profeta tendem a pensar que o
profeta é simplesmente alguém que: a) Predisse o futuro
b) É um adivinho
c) Psíquico
É verdade que os profetas do Antigo Testamento predisseram o futuro, porém o seu
papel era mais amplo que isso. Assim, a palavra profeta deve significar mais que alguém que
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predisse o futuro. A nossa tradução da Bìblia, herdou o termo profeta pela tradução grega do
Antigo Testamento, a Septuaginta.
1.1.1. Prophetês
Não nos damos conta, mas a palavra grega “prophetês”, é um termo que combina dois
elementos:
o 2º. elemento: phetês – significa: falar, escrever.
o 1º. Elemento: pro – pode significar: predizer, falar de antemão e pode
simplesmente significar: proclamar algo.
Um profeta então pode ser alguém que prediz ou simplesmente alguém que proclame.
Na realidade os profetas do VT fizeram ambas as coisas. Eles falaram sobre o futuro, mas
também falaram audazmente sobre os problemas dos seus dias. O título básico de profeta
aponta para os vários trabalhos que essas pessoas realizaram.
1.1.2. Nabi
Quando olhamos o VT em hebraico descobrimos que o termo profeta tem um
significado muito mais amplo. O termo é nabi, que significa uma pessoa chamada. É um
termo muito flexível, indicando que o profeta era alguém chamado por Deus. Eles não eram
pessoas comuns. Deus os chamou para muitos serviços especiais.
1.2. Variedade de termos
Além do termo primário, temos ainda uma variedade de termos também se associam
com o ofício do profeta do VT. Vejamos vários desses termos importantes.
1.2.1. ebed (servo) – Os profetas foram largamente designados como ebed (servo).
Muitas pessoas foram chamadas de servas, o termo indica subordinação e humildade. Porém
esse título é importante, porque toma a conotação de um oficial ou funcionário especialmente
um funcionário de uma corte real. Os profetas tiveram papeis especiais na corte real de Deus,
porque serviram como representantes do trono celestial. Eles foram os servos especiais que
falaram em nome do grande Rei. Por isso Daniel diz que foi um grande pecado de Israel
ignorar os profetas. Leiamos Daniel 9.6. Os profetas representam o trono do céu com servos
da corte real de Deus.
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1.2.2. ró’eh (vidente) e hózéh (vidente ou observador) - Além disso duas palavras
hebraicas ligadas entre si, apontam para a função especial que tinham os profetas. Vamos ler 1
Sm 9.9; 2 Sm 24. 11.
Que sugerem esses títulos a um profeta acerca dos seus labores? Essas designações
apontaram para uma experiência muito importante que os profetas tinham freqüentemente
quando recebiam a Palavra de Deus. Chamam-se os profetas videntes porque lhes havia sido
dado o privilégio de mirar os lugares celestiais. 2 Cr 18.18. Essa passagem nos mostra porque
se chamavam videntes aos profetas, eles escutavam a voz de Deus. Eles atuavam com Deus
nos lugares celestiais e devemos recordar que este tipo de experiência foram centrais para os
seus ministérios.
1.2.3. shómér (vigilante; alguém que está em guarda) - Esta metáfora compara o
serviço de um profeta com o serviço normal de um vigilante no antigo Israel. As cidades do
mundo antigo tinham sentinelas que examinam o horizonte para perceber visitantes esperados
ou inesperados. Os profetas faziam o mesmo, vigiando aos inimigos e esperando a
aproximação de Deus em bênçãos e em juízo. Ex.: Ez 3.17.
Naqueles tempos a advertência da chegada de um inimigo ou de um amigo era
importante para os assuntos de uma cidade. Deus revelou que seus profetas freqüentemente
permaneciam alertas ao castigo iminente e às bênçãos que se aproximavam. De tal maneira
que as pessoas tinham a oportunidade para prepararem-se. Os profetas diziam o que estavam
vendo nas visões e depois se dirigiam às pessoas e anunciavam o que viam no horizonte.
1.2.4. mal’ak (mensageiro) - No mundo do VT não havia telefone, correio eletrônico,
nem haviam televisões. A única maneira de comunicar-se à distância era por meio dos
mensageiros. Quando os mensageiros recebiam um comunicado de uma pessoa,
freqüentemente um rei ou um general militar, eles levavam essa mensagem a seus receptores.
O VT designa os profetas por esse termo porque eles recebiam mensagens de Deus e
levavam essas comunicações urgentes ao povo de Deus. Ex.: Quando o povo voltou de
Jerusalém, houve um tremendo desânimo. Assim, Deus chamou a Ageu, o profeta e o enviou
com uma mensagem. Por essa razão, Ageu 1.13. A designação de mensageiro deixa claro
que os profetas não levavam suas próprias mensagens ao povo de Deus, ao contrário, eles
serviam como enviados do Senhor, e falavam da parte dele.
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1.2.5. ‘îsh ‘elóhîm (homem de Deus) – pode ser traduzido também como homem que
provem de Deus. Este título aponta ao seu especial papel sagrado que tinham os profetas. Eles
eram chamados e enviados por Deus. Como tais, os profetas teriam proteção especial da parte
de Deus e teriam uma autorização especial. Ex.: 2 Rs 1.12. O chamado de Deus se mostra
pelo fogo de Deus que desce para consumir aqueles que se opunham ao profeta. Elias não era
homem qualquer, havia sido enviado por Deus. Deus estava com ele.
CONCLUSÃO
Assim, temos visto que os profetas do VT tinham muitas designações e títulos. Nossa
pesquisa apenas tocou alguns termos dessa variedade que são usados no AT. Mas, podemos
ver uma coisa muito claramente, os profetas forma muito mais do que a maioria das pessoas
pensam. Não foram foram meros psíquicos, advinhadores, eles tiveram uma variedade de
títulos porque tiveram uma variedade de serviços. E se queremos entender a profecia do AT
teremos que ampliar nossa idéia do que é um profeta.
2. TRANSIÇÕES NO TRABALHO DOS PROFETAS
Que transições tiveram lugar no labor de um profeta?
Todos arrumamos muito trabalho em nossas vidas. E uma coisa é certa: todos eles têm
mudanças. Os trabalhos se tornam diferentes do que eram anteriormente. Bem, algo disso é
similar aos trabalhos do profeta do AT. Eles tinham um trabalho a realizar entretanto, no
desenvolvimento da Bíblia seus labores passaram por transições.
Para entender como passaram por transições os labores dos profetas do AT, nos ajudará
pensar na profecia durante quatro etapas históricas:
2.1. O período pré-Monarquico – O tempo antes de se levantarem os reis de Israel
2.2. O período Monarquico 2.3. O período Exílico – provocada pelas invasões mesopotâmicas
2.4. O período Pré-exílico – Quando Israel regressou do exílio
2.1. O período pré-monárquico
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Quando exploramos esse tempo, antes que houvessem os reis em Israel, é fácil ver
vários aspectos da profecia. Gênesis, Êxodo, Levítico, Número, Deuteronômio, Josué e
Juizes.
2.1.1. Havia poucos profetas – Há menos de 20 referências a profetas nesses livros.
Varias delas concernentes aos futuros profetas que estavam para vir. Assim havia poucos
profetas durante o tempo quando não havia rei.
2.1.2. Variedades de serviços – Os profetas receberam uma variedade de serviços
relativamente informais. Muitos dos seus labores parece haver sido temporal, dedicadas para
situações particulares e tempos particulares.
2.1.3. Variedades de pessoas - O termo nabi no período pré-monárquico se usa para
significar uma ampla variedade de pessoas, fazendo muitas coisas deferentes.
2.2. O período monárquico
No período monárquico temos uma drástica mudança do trabalho dos profetas. Este
período traz muitas mudanças à nação de Israel, e isso inclui a nação de Israel. Em contraste
com o período pré-monárquico:
2.2.1. Havia muitos profetas – Há muitos mais profetas nesse período bíblico que
qualquer outro.
2.2.2. A profecia é muito mais formal – No início dos reinados Deus deu aos profetas,
o trabalho de enfocar as nações dos reis. E assegurar-se de que eles sejam obediente à Lei de
Moisés.
2.2.3. Perigo de reis corruptos – Deus sabia que com a natureza humana caída, havia o
perigo de reis corruptos. Os seres humanos não sabem como lidar com muito poder. As
pessoas se corrompem e abusam daqueles que estão debaixo da sua autoridade. É o caso da
história de Israel quando os reis viveram corruptamente, e isso era muito perigoso porque suas
ações traziam o juízo de Deus a toda nação.
Por essa razão Moisés pôs um número de restrições sobre o poder do rei. Dt 17.14-20:
a) deve ser um rei que o Senhor tenha escolhido; b) de entre os irmãos; c) não deveria adquirir
grande quantidade de cavalos; não deveria regressar ao Egito; não deveria ter muitas esposas;
não acumular prata e ouro; escrever para ele uma cópia da lei; ler a lei todos os dia da sua
vida; seguir cuidadosamente a lei; não deveria considerar-se melhor que seus irmãos.
É claro que os reis não cumpriram o que Moisés determinara, e assim, Deus enviou
profetas para clamarem contra a desobediência dos reis e às pessoas que o seguiam. Os
profetas sustentaram um oficio formal, para balancear o poder dos reis.
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Podemos ver num quadro:
PROFETA
Natan
Obede
Elias
REI
Davi
Acaz
Acabe
Entretanto, nem todos os profetas serviram oficialmente na corte real. Muitos profetas
verdadeiros foram rechaçados pelos reis do seu tempo. Mas mesmo assim, fosse nas estradas,
nas ruas ou nos palácios, os profetas os profetas do período monárquico responsabilizavam
aos reis e outros funcionários ante a Lei de Deus.
Eles serviam a Deus em algumas ocasiões indicando quando os reis e seus oficiais
violavam a Lei de Deus.
Assim, vemos um aumento dos profetas e também uma função mais formal deles.
2.3. O período Exílico
No ano 722 aC Samaria caiu ante os Assírios. E em 586 aC Jerusalem caiu ante os
babilônios. Um grande número do povo de Deus foi tomado de suas terras e levado como
cativos para outras nações. Durante esse tempo dois destaques devem ser vistos no ministério
dos profetas.
2.3.1. Houve uma diminuição numérica – Não houve muitos profetas que tenham sido
suficientemente proeminente para ter suas profecias registradas na Bíblia. Daniel e Ezequiel
por exemplo, são os mais conhecidos dentre os poucos que havia durante esse período.
2.3.2. Dissolução do reinado de Israel – Por essa razão os serviços dos profetas a Deus
passou a ser:
2.3.3. Serviço Diverso e Informal – Em sua maioria os derradeiros profetas de Deus
passaram seu tempo explicando o exílio e instruindo ao povo de Deus acerca da possibilidade
de regressar à terra.
2.4. O período pós-exílico
O primeiro líder do período pós-exílico Zorobabel, começou a reerguer à nação, um
pontencial para a monarquia restaurada ressuscitou. Duas coisas se passaram com respeito à
profecia:
19
2.4.1. Número de profetas relativamente igual – Não houve aumento ou diminuição.
Os profetas importantes desse período são: Ageu, Zacarias e Malaquias são os profetas mais
importantes desse período.
2.4.2. Ofício mais formal – O oficio de profetas começou ligeiramente a regressar a
ser mais formal. Zorobabel se tornou governador de Judá e as esperanças foram postas neles,
como o próximo monarca. Como resultado Ageu e Zacarias, animaram aos funcionários de
Israel, para reconstruir o templo. Malaquias, repreendeu aos oficiais e ao povo da
comunidade restaurada por continuar rebelando-se contra Deus.
Durante todo o período pós-exílico os profetas continuaram vigiando aos lideres e à
população em geral, assim como animando-os a serem fiéis a Deus. Assim foi que a profecia
se tornou mais ou menos preeminente e mais ou menos formal enquanto que a instituição da
monarquia se levantou e caiu.
Quando exploramos as palavras de alguns profetas em particular, sempre devemos ter
em mente em que período estava. Pré-monárquico, monárquico, exílico ou pós- exílico. Essas
transições no labor dos profetas nos darão uma orientação para entender suas palavras.
3. EXPECTATIVAS DO TRABALHO DOS PROFETAS
Que espera Deus que dissessem os profetas? Para explorar esses tópicos veremos dois
assuntos:
3.1. Modelos populares de expectativas – que muitos intérpretes da Bíblia aplicam
aos profetas.
3.2. Modelos do Pacto que a Bíblia visa dá como a norma da expectativa do
trabalho de um profeta.
3.1. Modelos populares de expectativas – do que Deus esperavam fossem seus
profetas.
3.1.1. Por toda a história da interpretação tantos os judeus como os cristãos, tem
entendido o papel dos profetas de diferentes maneiras. Alguns desses modelos tocam aspectos
da verdade mas lhes falta proporcionar um modelo compreensivo do que Deus queria que
fossem seus profetas. Muitos intérprete tem comparados os profetas do AT com médiuns de
outra cultura, de maneira similar ao oráculo de Delphis ou médiuns de outras culturas, do
Oriente, os profetas tem sido vistos como homens que acesso a Deus e entregam suas
respostas às perguntas e orações pessoais. Agora penso que teremos que admitir que os
20
profetas assumiram esse papel na Bíblia, de vez em quando, mas essa perspectiva não é
adequada para um modelo abarcador do que se esperava que devia fazer um profeta .
3.1.2. Adivinhos – Outra idéia popular do que faziam os profetas no AT é que eram
fundamentalmente pessoas que prediziam o futuro ou eram adivinhos. Quando alguém queria
saber o que passaria depois ia a algum profeta para saber. Uma vez mais, há algo de verdade
nessa perpectiva, porque freqüentemente os profetas prediziam o que ia suceder no futuro,
Deus lhe dava visões e eles proclamavam às pessoas apropriadas. Entretanto, devemos ser
cuidadosos em não pensar a predição como o coração ou centro da profecia do AT. Algo muito
maior e significativo se esperava dos profetas do AT.
Esses modelos podem ajudar-nos de alguma maneiras, mas também podem
obscurecem a expectativa mais fundamental que Deus tinha para seus profetas.
O modelo mais compreensivo que o AT usa para descrever a profecia é um modelo de
pacto.
3.2. Modelos do Pacto que a Bíblia visa dá como a norma da expectativa do
trabalho de um profeta.
Quando começamos a explorar o modelo do pacto para a profecia devemos recordar
que por séculos os judeus e os cristãos têm reconhecido que o pacto é um conceito central na
Bíblia. Entretanto o nosso entendimento da idéia bíblica de pacto tem melhorado através dos
anos. Assim devemos começar a pensar dos entendimentos passados e depois do
entendimento contemporâneo.
3.2.1. Entendimentos passados –
Tem funcionado bem, mas com pouca idéia fora do contexto histórico de como iniciou
os conceitos do pacto da Bíblia. Não temos sabido muito dos contextos dos pactos do AT do
antigo Oriente até recentemente. Assim, os teólogos não tiveram outra opção a ler as próprias
idéias de pacto da Bíblia. Geralmente eles lêem os termos do pacto em termos da lei romana,
ou argumentos legais contemporâneos. Por exemplo, quando escutamos que os pactos são
acordos entre duas ou mais pessoas, como se diz freqüentemente, esta formulação ou
formulações similares, não é de todo mal, mas é um pouco vagas para que nos dê muita ajuda.
No passado os teólogos entenderam o pacto desta maneira geral porque não poderia
fazê-los melhor.
3.2.2. Entendimento contemporâneo de Pacto
21
a) Descobertas Arqueológicas - O modelo contemporâneo de pacto é muito mais
completo do que essas formulações passadas. Em décadas recentes muitos descobrimentos
arqueológicos importantes nos tem ajudado a fazer grandes descobertas em nosso
entendimento dos pactos no AT. Essas descobertas nos põem em uma melhor posição no
entendimento de como o pacto estabeleceu as expectativas do trabalho dos profetas do AT.
b) Tratados políticos do Mundo Antigo - As descobertas no Oriente têm demonstrado
que o AT freqüentemente define a relação de Deus com Israel de maneira muito similares aos
tratados políticos que existiram no Mundo Antigo. Por todo o antigo mundo do Oriente Médio
freqüentemente existiam os tratados internacionais entre uma nação e outra. Ainda que haja
uma variedade na maneira como se formaram esses tratados, também há uma consistência, de
forma que as pessoas de toda região entendiam como funcionava estes tratados. Por esta
razão, o Senhor relacionou em pactos que faziam paralelo de muitas maneiras com esses
tratados no Antigo Oriente.
Condições:

Tratados de Igualdade - Nos tempos bíblicos os tratados freqüentemente se
estabelecia em nações de status iguais e chamamos a estes tratados de tratados
de igualdade. Por exemplo, um tratado entre os impérios Egipcio e Assirio, os

colocaram como iguais em certos períodos da história.
Tratados de Soberano-Vassalo - Mas com maior freqüência os tratados no
mundo antigo eram acordos entre um grande imperador e um rei de menor
status de uma cidade ou nação pequena. Por exemplos, reis cananeus e das
cidades estados faziam tratados com um grande império assírio. Esses tipos de
tratado são conhecidos como tratados de Soberano-Vassalo. O termo soberano
quer dizer simplesmente imperador e vassalo, quer dizer (claro!) os servos do
grande imperador. Os soberanos ou grandes imperadores estabeleciam as
regras da relação e proporcionava proteção e cuidado. Os estados vassalos ou
servos mostravam lealdade ao soberano ao pagar impostos e apoiar seus

esforços na guerra.
Um aspecto importante desses tratados de soberano-vassalo era o papel
especial
que davam os imperadores aos representantes ou emissários.
Freqüentemente os soberanos enviavam emissários ou embaixadores que
relembrava aos vassalos os termos dos seus tratados. Estes emissários atuavam
como fiscais do tratado do pacto. Eles cuidavam para que os estados vassalos
cumprissem com os termos de seus acordos, mas freqüentemente não o faziam.
22
Agora, os imperadores eram muito pacientes com suas nações vassalas, mas ao
final se os vassalos não escutavam as palavras do emissário, o grande
imperador empreendia seus esforços militares para derrotar essas pequenas
nações.
A função dos emissários no antigo Oriente proporcionou o modelo para os profetas do
AT. Os profetas serviram como emissário de Deus ou os fiscais de seu pacto. Eles receberam
suas mensagens do trono do Imperador Divino, e o Imperador Divino falou a sua nação
vassala por meio deles.
Ocasionalmente os profetas elogiaram a Israel por cumprir com seu pacto, mas
principalmente lhes advertia que as contínuas violações trariam o chicote de um Deus irado.
Seria difícil superenfatizar essa intuição da profecia do AT. Os profetas foram os
emissários de Deus. Eles os representavam como o grande Soberano da nação vassala, Israel.
Sempre quando nos lembramos desse modelo de pacto básico é que então seremos capazes de
entender o trabalho que fizeram os profetas para Deus.
A bem conhecida história de Isaias 6, ilustra a importância desse modelo emissarial,
muito claramente. Ainda que não se mencione o pacto explicitamente nesse capitulo, a idéia é
que os profetas são fiscais do pacto. Os emissários do Grande Rei guia toda a apresentação de
Isaias 6.
6.1-5 – Isaias recebe uma visão – nessa visão ele vê a Deus em seu trono celestial.
Essa passagem deixa claro como o profeta entendia a seu Deus. Deus era o Rei do seu povo, o
Soberano, o Imperador, que era alto e sublime como Senhor de tudo. O profeta teve o
privilégio de entrar na presença desse Soberano Divino. Ainda assim temos de perguntar
porque foi Isaias convidado a ver a glória do trono de Deus? Ele reconheceu porque
imediatamente.
Isaias viu o trono do Soberano e no resto do capítulo 6. Vejamos o versículo 5. Isaias
havia sido chamado à presença porque havia levado a cabo o pecado sério e extenso de uma
nação vassala. Ele entende isso muito bem.
Essa é a reação normal do porque os profetas são chamados no AT. O povo de Deus
deixa de ser fiel ao Senhor do pacto, assim que Deus chama a seus profetas para falar àqueles
que quebram o pacto.
6.6,7 – Isaias recebe limpeza - Um serafim se acerca de Isaias e toca os seus lábios
com uma brasa. Essa limpeza torna possível que Isaias sirva a Deus como seu porta-voz.
6.8-13 – Isaias recebe comissionamento - Nesses versículos Isaias recebe uma
comissão de falar contra os violadores do pacto.
23
O resto do livro de Isaias ilustra como o profeta serviu nesta função. Ele falou ao rei e
a outros líderes e às pessoas. Ele condenou as violações do pacto e ofereceu a esperança das
bênçãos do pacto ao povo de Deus. O modelo ilustrado em Isaias cap. 6 aparece em todas as
partes da profecia do AT. Os profetas eram emissários que levavam mensagens desde o trono
do Deus soberano a sua nação vassala, Israel.
CONCLUSÃO
Existe muita confusão no mundo acerca dos profetas. E podemos evitar essa confusão
se somente os títulos do trabalho do trabalho do profeta; as transições pelas quais passaram e
as expectativas que Deus tinha acerca dos profetas que representariam seus pactos. Se
lembrarmos essas coisas acerca dos profetas seremos capazes de aplicar suas palavras a nosso
mundo de hoje em dia.
24
LIÇÃO 3 – O POVO DO PACTO
INTRODUÇÃO
Certamente todos já ouviram piada do pastor que disse: Este trabalho seria grandioso
se não fosse pelas pessoas. Dessa mesma forma, são muitas áreas da vida. A vida seria
grandiosa se não fosse pelas pessoas com que temos que tratar. Mas o fato é que não podemos
nos afastar das pessoas. A vida se faz tendo outras pessoas ao nosso redor. Assim foi com os
profetas do Antigo Testamento, eles também trataram com pessoas.
Por isso esta lição leva o título: O povo do Pacto.
Examinaremos 3 conceitos: 1. A humanidade e o Pacto – como viram os profetas do
Antigo Testamento uma relação de pacto entre Deus e toda a humanidade; 2. Israel e o Pacto –
que papel especial teria o povo de Israel por meio da relação do pacto; 3. A salvação e a
Comunidade do Pacto.
1. A Humanidade e o Pacto
Vejamos primeiro como os profetas entenderam a toda humanidade no pacto com
Deus.
Algo que sabemos a respeito das pessoas é que cada um é diferente do outro. Vimos de
diferentes culturas e temos personalidades diferentes, mas sabemos que há certas coisas que
são comuns para todas as pessoas: todos sentimos fome, todos necessitamos de um amigo;
todos pagamos impostos.
Os profetas sabiam que isso era verdade para as pessoas também. Eles entenderam que
as diferentes nações da terra foram tratadas de forma diferente pelo Senhor, porque Deus
havia escolhido a Israel como seu povo especial. Mas, ao mesmo tempo, os profetas sabiam
que Deus também havia entrado num pacto com todas as nações da terra.
Vamos explorar esses pactos universais e como os profetas apresentaram esses pactos
ás nações da terra.
Ainda que diferentes grupos cristãos, falem dos pactos de diferentes maneiras é seguro
dizer que muitas tradições cristãs, vêem cinco eventos principais do pacto no Antigo
Testamento.
Esses eventos moldaram significativamente a história da Bíblia. Deus estabeleceu os
pactos entre Ele mesmo e o seu povo por meio de cabeças representativas.
25
Estes representantes foram: Adão, Noé, Abraão, Moisés e Davi. Os pactos com Adão e
Noé, estão separados dos outros porque foram pactos universais. Esses foram pactos
estabelecidos entre Deus e toda a humanidade. Não foram para um povo em particular, mas
para todas as pessoas. Esses estabeleceram compromissos permanentes entre Deus e cada ser
humanos.
Esses pactos universais proporcionaram aos profetas orientações teológica importante,
porquanto serviam como emissários do pacto de Deus. Enquanto exploramos esses pactos
universais veremos dois assuntos diferentes:
1. Quais foram as preocupações centrais desses pactos universais;
2. Como os profetas dependiam, nos seus ministérios, desses pactos.
1. Quais foram as preocupações centrais desses pactos universais
Vejamos primeiro as preocupações nos primeiros pactos com Adão e Noé.
O primeiro pacto da Bíblia, é o pacto que Deus fez com Adão. Esse pacto é conhecido
tradicionalmente como o “pacto de Obras”. Em nossos dias um bom número de teólogos
pensam que não deveríamos chamar a este de “pacto”. O termo pacto não é usado em Gênesis
1-3. E também vieram muitas provas mais envolvidas nesse pacto feito com Adão. Talvez seja
melhor simplesmente se falar disso com um compromisso que Deus fez entre ele mesmo e
Adão.
Mas, nos dias de Adão Deus estabeleceu certos pilares que permanecem ao longo de
toda a história da Bíblia.
Pelo menos 3 pilares se estabeleceram nos dias de Adão que duraram ao longo de toda
a história da Bìblia: Esses pilares são: Responsabilidade Humana, Corrupção Humana e
Redenção Humana
1.1. Responsabilidade Humana
Deus ordenou a responsabilidade humana nos dias de Adão. Deus criou a raça humana
como sua imagem nesse mundo e quanto Deus falou dos seres humanos em Genesis 1.26, ele
disse: Façamos o homem a nossa imagem e semelhança.... tenha ele domínio”. Todos os
homens são imagem de Deus e portanto, e são responsáveis por representar o seu reino nesse
mundo.
Os seres humanos devem viver de maneira que honrem a Deus em cada parte da terra.
Com base nas Escrituras os profetas entenderam que todas as pessoas de cada nação,
receberam essa sagrada responsabilidade nos dias de Adão
26
1.2. Corrupção Humana
Entretanto, o “compromisso” com Adão, também estabeleceu que todos os homens
sofreram corrupção. Como ilustra toda a história da Bíblia tão claramente, os eventos de
Genesis capítulo 3 não foram isolados nas vidas de Adão e Eva. Como o livro de Romanos no
capítulo 5 ensina.
Os profetas não precisavam ir muito longe para ver que as nações haviam se separado
do seu Criador e se afastado também da sua responsabilidade como imagem de Deus.
1.3. Esperança de Redenção
Em Genesis 3.15, Deus amaldiçoou a maligna serpente que tentou a Adão e a Eva. Ali
Ele prometeu que a semente de Eva, feriria a cabeça da serpente. Os profetas do Antigo
Testamento entenderam que a vitória eventual sobre o mal e a morte viria a cada nação da
terra.
Esses pilares básicos estabeleceram as estruturas da interação divina e humana ao
longo de toda a história. Se estenderam a toda a raça humana.
Vamos nos dirigir agora aos assuntos principais do segundo pacto universal feito entre
Deus e Noé.
Dito simplesmente Deus levou as regras do compromisso com Adão, mais adiante.
Mas, agregou o aspecto da estabilidade para o universo físico. Depois do dilúvio Deus pôs o
arco-iris nas nuvens para demonstrar que Ele não castigaria imediatamente aos seres humanos
cada vez que pecassem. Ao invés disso, Deus prometeu uma ordem nova, em que Ele seria
paciente com nossos pecador. Como declarou em Gênesis 8.22.
Por que Deus fez essa promessa de estabilidade natural? Qual era seu interesse
central?
Há pelo menos duas razões principais para a estabilidade do universo nos dias de Noé.
a) Deus estava demonstrando paciência com a raça humana. Isso se esclarece em
Genesis 8.21. Este versículo nos diz que Deus reconheceu a depravação total dos seres
humanos e determinou ser paciente para conosco ao não destruir o mundo cada vez que
pecamos.
Um segundo propósito para a estabilidade da natureza no propósito do pacto com Noé
também é evidente.
27
b) Deus nos deu um mundo ordenado para que possamos cumprir nosso destino
humano de servir com a sua imagem. Gênesis 9.1, nos diz que Deus falou a Noé o pai de
todas as pessoas e lhe disse essas palavras: (ver o texto).
Olhando as palavras que primeiro Deus falou a Adão, em Gn 1, Deus reafirmou, mais
uma vez, a responsabilidade de todas as naões de servir como sua imagem. Assim vemos que
Deus prometeu ser paciente e de prover um mundo estável para a raça humana de tal maneira
que todas as nações da terra lhe servissem como sua imagem.
Os assuntos principais dos primeiros pactos na Bíblia são muito similares. Com adão
Deus estabeleceu os pilares da responsabilidade, corrupção e redenção. Com Noé, Ele
continuou esses princípios juntos com a paciência divina e a reafirmação de nosso destino
humano como imagem de Deus.
Agora temos de fazer uma segunda pergunta: como dependiam o ministério dos
profetas do Antigo Testamento desses pactos Universais?
Teremos que admitir que os profetas do Antigo Testamento não mencionam
explicitamente Adão e Eva com freqüência. Em sua maioria a perspectiva teológica que se
derivou dos pactos com Adão e Noé, está implicitamente detrás do que disseram os profetas
do Antigo Testamento.
Talvez a maneira mais importante de que os profetas dependeram desses pactos
aparecem na atenção que eles deram ás nações gentílicas. Como os emissários do pacto de
Deus, os profetas do Antigo Testamento focaram a sua atenção na nação de Israel, mas
também foram emissário às nações do mundo. Como Deus disse a Jeremias 1.5.
Freqüentemente, os profetas se dirigiram às nações estrangeiras porque foram
emissários dos pactos universais de Adão e Noé. O assunto profético para as nações foi em
duas direções:
1. Os profetas geralmente apontavam que os pecados das nações ameaçavam com que
o juízo de Deus viriam contra eles. Por exemplo, o livro inteiro de Obadias se dedica a expor
os pecados de Edom e anunciar o juízo divino. Jonas reporta que o profeta ministrou à cidade
de Nínive. Naum declarou o juízo de Deus contra a Assíria. Grandes porções de outros livros
enfocam a ira do Senhor contra as nações que não eram de Israel. Muitas passagens deixam
claro que os profetas criam que todas as pessoas eram pecadoras e portanto, estavam sujeitas
ao juízo de Deus.
Ainda que o tema do juízo era proeminente ao dirigir-se os profetas às nações,
devemos recordar também m segundo tema:
28
2. O tema da redenção para as nações.
Os profetas frequentemente falaram de um tempo futuro de grandes bênçãos para as
nações da terra. Desse ponto de vista o futuro mantia uma esperança de redenção para cada
tribo e língua. O plano de Deus não era que apenas uma nação fosse salva do domínio do
pecado e da morte. Ao invés disso, em cumprimento ao desígnio original de Deus para a raça
humana, ele sempre pretendeu redimir pessoas de cada nação. Por essa razão, os profetas não
somente olhavam adiante para o dia de grande benção quando Israel seria redimido do Exílio,
mas também que muitas pessoas das nações gentílicas participariam dessa grande redenção.
Veja Isaías 25.6-8; Jeremias 3.17.
Muitos profetas anunciaram que chegaria o dia quando alguns dos gentios se
arrependeriam de sua rebelião contra Deus. Eles viriam a Israel e encontrariam a salvação do
juízo divino.
Como cristãos sabemos que essa promessa se cumpre na extensão do Evangelho de
Cristo por todo o mundo. Ele estava cumprindo as esperanças positivas que tinham os profetas
do Antigo Testamento para todas as nações da terra.
Assim vemos que nos dia de Adão e Noé, Deus fez pactos universais que se
estenderam a todas as pessoas. Os profetas do Antigo Testamento chamaram a atenção para as
severas violações das nações contra Deus. Mas, também anunciaram que um dia Deus
redimiria pessoas de cada tribo e nação da terra.
2. Israel e o Pacto
Já vimos que Deus fez pacto com todas as pessoas em Adão e Noé. Mas, agora vamos
dirigir nossa atenção a Israel como o povo do pacto de Deus.
Que pacto fez Deus com a nação de Israel?
Freqüentemente minha família celebra festas para os estudantes no seminário. Mas,
algumas vezes a lista é tão grande que não chamamos a todos eles, mas selecionamos alguns
dos estudantes chaves e eles chamam aos outros. Em muitos aspectos é isso que Deus fez com
Israel.
Eles foram seu “povo chave” e ele chamou Israel para si mesmo com pactos especiais
de tal maneira que Israel poderia ministrar ou chamar todas as pessoas para se encontrar com
Deus.
29
Recordemos que Deus fez 3 pactos principais com Israel: fez pacto com Abraão,
Moisés e Davi. Cada um desses pactos preparam Israel de maneiras especiais, não somente
para sua própria salvação, mas também para a salvação para todas as famílias da terra.
Vejamos primeiro o pacto com Abraão.
2.1. O Pacto com Abraão
O pacto de Deus com Abraão foi especial porque foi o primeiro a identificar a Israel
como uma família escolhida para levar a redenção por graça de Deus a todo mundo.
Como Israel pode fazer isso? Vivendo um pacto redentivo com o Senhor.
Devemos ver primeiro os interesses centrais desse pacto com Abraão e depois
estaremos prontos para explorar as maneiras em que os profetas do Antigo Testamento
dependeram desse pacto com Abraão.
2.1.1. Preocupações centrais do pacto com Abraão.
Podemos resumir o pacto abraâmico como um em que Deus escolheu uma nação
especial. O estabelecimento de Israel como povo escolhido de Deus envolveu duas bênçãos
principais de Deus a essa nação.
Deus prometeu a Abraão muitos descendentes e uma terra especial. Em Gn 15 e 17 o
pacto de Deus com Abraão mostrou a Israel a maneira de multiplicar muitos descendentes e
de tomar possessão de um pedaço de terra. Esta multiplicação e possessão de uma terra
especial devia ser o ponto de partida para estender o reino de Deus por todo o mundo.
Daqui em diante os descendentes e a terra de Abraão, tornaram-se o cenário central na
história da Bíblia.
Temos visto que se prometeu a Abraão muitos descendentes e uma terra especial e
agora, devemos perguntar: Como confiavam os profetas do Antigo Testamento nesse pacto
com Abraão?
2.1.2. Dependência dos profetas do Pacto com Abraão.
Vez por outra os profetas do Antigo Testamento se basearam nos princípios do pacto
entre Deus e Abraão. A importância que tinha esse pacto se percebe através de todos os
profetas. Eles falaram frequentemente da promessa da terra e da promessa de uma multidão de
descendentes. Em Isaías 41.8, ele se refere a Israel dessa maneira: “Mas tu, ó Israel, servo
meu, tu, Jacó, a quem elegi, descendente de Abraão, meu amigo”. No pensamento de Isaías a
nação de Israel, em seus dias, era a que tinha direito a herança do pacto com Abraão.
30
Da maneira semelhante Oseias alude ao pacto com Abraão, no capítulo 1 verso 10 do
seu livro. As alusões como essa demonstram que os profetas dependiam grandemente do
pacto com Abraão. Quando falavam a respeito de que Deus lhes daria a terra a seu povo ou
que multiplicaria seus descendentes se referiam ao pacto que Deus fez com Abraão.
Abraão foi mencionado por nome, somente 7 vezes nos profetas do Antigo
Testamento, mas a teologia do pacto de Abraão penetrava seus ministérios.
2.2. O pacto com Moisés
O pacto com Abraão foi primeiro com a nação de Israel, mas lhe seguiu um segundo
pacto: o pacto com Moisés.
Em nossos dias, o pacto com Moisés não tem sido visto positivamente, mas nada pode
está mais longe da verdade. O pacto de Moisés tem um papel vital na redenção positiva da
raça humana. Mais uma vez devemos dar uma olhada nos interesses vitais do pacto de Moisés
e então considerar como os profetas entenderam do Antigo Testamento deste pacto.
2.2.1. Preocupações centrais do pacto com Moisés.
O compromisso com Moisés enfoca a Lei de Deus. A lei de Deus proporcionou
regulamentos que governavam a vida do pacto em Israel. Este pacto aparece mais
explicitamente em Exodo capítulos 19 a 24, quando o pacto foi iniciado com o livro do Pacto
e dos dez mandamentos. Também aparecem os regulamentos de adoração do livro de
Levítico. O livro de Deuteronômio registra a renovação do pacto de Israel perto da morte de
Moisés.
Dito de forma mais simples o pacto com Moisés enfocou nos regulamentos da vida do
pacto. As leis que dirigiriam a bênção e a maldição da parte do grande soberano divino.
2.2.2. Dependência dos profetas do Pacto com Moisés.
Como dependeram os profetas do pacto com Moisés?
Os profetas do Antigo Testamento estavam profundamente endividados com Moisés e
sua lei, já que esta proporcionou as normas principais pelas quais os profetas criticaram a
nação de Israel. Os profetas fiscalizaram segundo o pacto ao lembrar a Israel de sua
responsabilidade de ser fiel à lei de Moisés.
Como veremos na lição seguinte há maldições e bênçãos específicas que os profetas
anunciaram ao povo de Deus, e estas vieram principalmente do pacto com Moisés.
31
Quando Isaías queria indicar que as pessoas tinham sido infiéis ao Senhor, apela à Lei
de Moisés como modelo de autoridade. Como disse Isaías 5.24. Este tipo de referência a
Moisés e à sua Lei, aparece inumeráveis vezes nos profetas, porque os profetas do Antigo
Testamento foram emissários de Deus para exigir que Israel prestasse contas pela maneira
como havia violado o pacto com Moisés.
2.3. O pacto com Davi.
O pacto final do Antigo Testamento dado a Israel como nação foi o pacto com Davi.
O pacto de Abraão focou os descendentes e na terra. Moisés deu atenção ás leis para
viverem na terra, depois da morte de Moisés, Deus fez um pacto especial com Davi, o rei de
Israel.
Mais uma vez devemos ver os interesses principais desse pacto e depois ver como os
profetas dependeram dele.
2.3.1. Preocupações centrais do pacto com Davi.
O pacto com Davi focou em edificar ao povo de Deus como um enorme império. O
pacto com Davi aparece em 2 Samuel 7, nos salmos 89 e 132. Essas passagens esclarecem
que um aspecto vital do pacto foi o estabelecimento da família de Davi como a dinastia
permanente sobre o povo de Deus. A família de Davi certamente teve problemas e fracassos,
mas Deus escolheu essa família para ser a dinastia sobre o seu povo para sempre.
Os descendentes de Davi estabeleceriam um reino de salvação para todo o mundo.
Sem necessidade de fazê-lo este pacto oferecia ao povo de Deus um brilhante futuro de vitória
e domínio sobre a terra.
E ainda como cristãos de hoje seguimos a Jesus como nosso rei porque ele foi o
grande filho de Davi cujo reino nunca terminará. Agora devemos fazer-nos outra pergunta:
Como os profetas dependiam desse pacto com Davi?
2.3.2. Dependência dos profetas do Pacto com Davi.
Os profetas do Antigo Testamento freqüentemente se referiam ao pacto com Davi ao
ministrar a Israel. E no que concernia aos profetas Deus prometeu que, eventualmente, o reino
de Davi seria um reino magnífico a nível mundial. Eles criam nisso com todas as suas forças e
predisseram que isso aconteceria algum dia no futuro.
32
Amós 9.11 – O profeta descreve os dias da restauração depois do exílio dessa maneira
(ler).
Os profetas muitas vezes falam dessa maneira acerca do pacto davídico. Esse pacto foi
tão importante para eles que mencionam a Davi por nome, trinta e quatro vezes.
2.4. O novo Pacto
2.4.1. Preocupações centrais do pacto com Moisés.
Quais foram os interesses principais desse novo pacto? O novo pacto pode
caracterizar-se por uma palavra: cumprimento. Todas as promessas dadas ao povo de Deus
nos pactos anteriores com Abraão, Moisés e Davi, se realizam no período do novo pacto.
O povo de Deus seria numeroso e herdaria a terra inteira. A lei de Moisés seria escrita
no coração e obedecida a partir do coração. O Filho de Davi reinará no trono para sempre.
2.4.2. Dependência dos profetas do Pacto com Moisés.
Como foram influenciados os profetas por esse novo pacto?
Os profetas do Antigo Testamento anelam pelo dia desse grande pacto. Por exemplo,
Jeremias falou do Novo Pacto em Jeremias 31.31. Jeremias predisse que nos dias depois do
exílio de Israel Deus renovaria seu pacto de maneira dramática. O profeta Ezequiel falou
desse pacto futuro também em Ezequiel 34.25. Os profetas ministraram como os emissários
de Deus em antecipação do grande final do pacto por vir. Como aprendemos dos profetas nos
veremos antecipado esse pacto do Novo Testamento, uma e outra vez.
Os pactos que Deus estabeleceu com Israel guiaram os profetas em tudo o que
fizeram. Eles entenderam que Deus tinha um papel especial para a nação de Israel e que os
pactos com Abraão, Moisés e Davi e ainda, o novo pacto guiaram a Israel nesse papel
especial. Assim, quando os profetas ministram ao povo de Deus, eles ministram dentro dos
limites desses pactos especiais que Deus fez com seu povo.
Até aqui nessa lição acerca do povo do pacto vimos que os profetas serviam como
emissários dos pactos de Deus com a humanidade em geral e com Israel.
Todas as pessoas da terra estavam sujeitas aos pactos universais com Adão e Noé, mas
os israelitas e os gentios que se converteram a sua fé estavam em pactos muito especiais com
Deus. Eles eram separados do resto da humanidade. Até esse ponto necessitamos ver outro
aspecto do povo do pacto.
33
3. Salvação e o Pacto.
Como entenderam os profetas a salvação na comunidade do pacto?
Freqüentemente os cristãos modernos tem dificuldades de entender a salvação no
pacto porque fazemos distinções que os profeta não seguiam. Debaixo da influencia do
reavivamento dividimos a raça humana em dois grupos ordenados: aqueles que são salvos e
aqueles que não são salvos, ou os regenerados e os não-regenerados. Agora, não deixemos
margem para mal entendidos, essa distinção é muito importante porque as pessoas são uma
entre duas coisas: salvas ou não salvas. Mas, ao mesmo tempo, essas não são as categorias em
que os profetas do Antigo Testamento pensavam. Uma das melhores maneiras de entender
como eles entendiam a salvação é fazer distinção entre 3 diferentes tipos de pessoas no
mundo: 1. Aqueles que estavam fora da comunidade do pacto de Israel; 2. Aqueles que
estavam na comunidade visível do pacto de Israel; e, 3) Aqueles que dentro da comunidade
invisível do pacto. Consideremo-los:
1. Aqueles que estavam fora da comunidade do pacto
Na realidade esta é a categoria mais óbvia de pessoas que seguiam os profetas. Essas
são pessoas fora do pacto que Deus fez com Israel. Quando Deus escolheu a nação de Israel e
lhes deu seus pactos especiais em Moisés, Abraão e Davi, essa eleição de Israel significou que
as outras nações da terra não estavam dentro do povo eleito.
Com raras exceções de pessoas como Rute e Raabe, os gentios foram separados do
povo de Deus e, portanto, estiveram fora desses pactos especiais com a nação.
Como vimos os profetas criam que os gentios estavam atados aos pactos universais
com Adão e Noé. As estruturas básicas de juízo e redenção nesses pactos se aplicavam a todas
as nações, mas ao mesmo tempo durante os dias do Antigo Testamento, aqueles que estavam
fora da comunidade do pacto ou fora da relação de pacto especial de Israel com Deus, essas
pessoas foram cortadas da possibilidade da salvação. Seu pecado lhes havia deixado sem
esperança no mundo. Paulo falou dessa maneira em Efésios 2.11-12.
Esta era a condição das nações gentias durante os dias do Antigo Testamento. Elas
estavam fora do pacto e com raras exceções muito distantes da possibilidade da salvação que
viria por meio dos pactos com Israel.
A maioria dos cristãos tem um pouco de dificuldade para entender a categoria dos
gentios como fora do pacto. Mas, as dificuldades começam a surgir quando nos movemos
para falar acerca da segunda categoria de pessoas na perspectiva profética.
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2. Aqueles que estavam dentro da Comunidade visível do Pacto de Israel.
Quando falamos da comunidade visível do pacto temos em mente todos aqueles nos
dias do Antigo Testamento que foram parte da nação de Israel. Essa categoria inclui tantos aos
verdadeiros crentes como aqueles que não eram verdadeiros crentes.
Ainda que os protestantes antigos tenham usado diferentes termos que os profetas
usaram, os teólogos protestantes têm descrito a igreja de maneira que fazem paralelo à
maneira de pensar do profeta acerca da comunidade do pacto de Israel. Me refiro aqui à
designação tradicional da igreja visível. Desafortunadamente, essa terminologia não se usa
muito hoje em dia. Assim, precisamos ver o que queriam dizer com esse termo da igreja
visível os protestantes antigos.
A Confissão de Fé de Westminster descreve a igreja visível dessa maneira no capítulo
25, parágrafo 1: “A Igreja visível, que também é católica ou universal, sob o Evangelho (não
sendo restrita a uma nação, como antes sob a Lei), consiste de todos aqueles que, pelo mundo
inteiro, professam a verdadeira religião, juntamente com seus Filhos; é o Reino do Senhor
Jesus Cristo, a casa e família de Deus, fora da qual não há possibilidade de salvação.”
Essa descrição da igreja visível nos alerta acerca de dois aspectos da comunidade
visível do pacto:
a) A igreja visível inclui mais que crentes verdadeiros. Muitas pessoas que vêm a
igreja simplesmente declaram seguir a Cristo, mas esses crentes estão separados do mundo
por sua associação com a fé cristã. Se tornam membros da igreja, todavia não são redimidos
eternamente de seus pecados.
b) Os títulos dados à igreja visível.
É importante ainda notar os títulos especiais dados à igreja visível. Soa estranho para
nossos ouvidos, mas de acordo com a teologia protestante tradicional a igreja mesclada com
crentes e não-crentes pode ser chamada corretamente de “Igreja”, “Reino”, “Casa de Deus” e
a “família de Deus”.
No vocabulário cristão contemporâneo nós reservamos estes títulos para as pessoas
que cremos que são verdadeiramente regeneradas e aqueles que estão unidos
irrevogavelmente ao céu. Mas, de acordo com a teologia tradicional esses termos são títulos
gerais que abarcam a todo aquele que está na igreja visível. Sejam ou não verdadeiramente
redimidos.
Quando lemos os profetas do Antigo Testamento, não é difícil ver que eles pensaram
de modo similar acerca da nação visível de Israel. Por exemplo: os primeiros capítulos de
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Oséias apresentam um notável contraste de termos usados para descrever a comunidade
visível do pacto.
Juízo em Oséias
Em Oséias 1.3-9, ele anuncia grande maldições que viria sobre o Norte de Israel, e o
faz ao dar aos seus 3 filhos nomes que prediziam maldições tremendas.
Ele colocou o nome de um de Jezreel, lembrando a destruição que aconteceu em Israel
nos dias de Jeú. Esse menino simbolizou que Deus estava ameaçando destruir a Israel.
Oseías colocou o nome de sua segunda filha de Lo-Ruhamah, seu nome significa não
amada por Deus. Nesse contexto amor é um termo que descreve uma positiva relação de
benção do pacto entre Deus e seu povo. Essa menina simbolizava que a posição do pacto de
Deus, prontamente seria tirada da nação.
O terceiro filho de Oséias foi chamado Lo-Ammi, ou não é meu povo. Isto
simbolizava a ameaça de que Deus desconheceria a seu povo ao retirar as bênçãos de seu
pacto com a nação de Israel.
Bênçãos em Oséias
Entretanto, Oséias também deu esperança aqueles que estavam prestes a cair no juizo
de Deus, o exílio. O profeta assegurou à nação de Israel que a restauração da terra se
consumaria algum dia. Para comunicar essa esperança Oséias relembrou os nomes terríveis
que ele deu a seus filhos uma vez mais.
No capítulo 1, versículo 10, ele disse que Jezreel tomaria mais uma vez seu lugar. Mas
desta vez ele queria dizer que Deus pelejará contra seu povo. Mas que Deus pelejará contra os
inimigos de Israel.
Mais ainda quando Deus devolver para os israelitas sua terra, ele os chamará agora
Ruhamah, “amado de Deus”. De acordo com 2.1, aqueles a quem se chama não é meu povo se
convertem em Ammi, meu povo.
É importante ver que Oséias fala da comunidade visível do pacto em termos
contrastantes. O resto das Escrituras esclarece que Oséias não está falando das pessoas como
se tivessem a salvação depois a perdessem, e então, a obtivessem de novo. Essa, ao contrário,
é uma linguagem de pacto. Com esses títulos especiais Oséias está anunciando que Deus
retirar suas bênçãos do pacto, mas depois, algum dia, renovará seu pacto e Israel receberá aos
bênçãos de Deus outra vez.
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Há muitos termos que normalmente reservamos em nosso vocabulário para os
verdadeiros crentes que os profetas aplicam a comunidade visível do pacto de Israel. Quando
usamos o termo eleito ou escolhido realmente nos referimos aos eleitos para a salvação. Mas,
os profetas com freqüência não queriam dizer isso. Algumas vezess usamos o termo eleito ou
escolhido para descrever as pessoas que estavam na comunidade visível do pacto sendo elas
verdadeiros crentes ou não.
Por essa razão em Isaías 14.1 lemos: “Porque o SENHOR se compadecerá de Jacó, e
ainda elegerá a Israel”. Note que Isaías disse que Israel será escolhido mais uma vez. Tão
forte como soa aos nossos ouvidos o vocabulário dos profetas, as pessoas podem ser
escolhidas por Deus, rejeitadas e escolhidas de novo.
Isso acontece porque a eleição de Deus no vocabulário profético não é eleição para
salvação, mas eleição para a bênção do pacto. Os eleitos são aqueles que estão na comunidade
visível do pacto e essa comunidade inclui tanto a crentes como a não-crentes.
No Novo Testamento algumas vezes o termo eleito se usa dessa maneira. Quando
Jesus disse em João 6.70: “Não vos escolhi eu em número de doze? Contudo, um de vós é
diabo”. Jesus fala do chamado de Judas e dos outros apóstolos. Há uma relação especial de
bênção de pacto. Ele não está falando de salvação eterna.
3. Aqueles que estavam dentro da Comunidade visível do Pacto de Israel.
Agora chegamos à terceira categoria com as quais trataram os profetas: a comunidade
invisível do pacto.
Mais uma vez, a teologia tradicional protestante nos ajuda nessa área. Dentro da igreja
visível há um grupo seleto conhecido como a igreja invisível. Na linguagem da Confissão de
fé de Westminster no capítulo 25, parágrafo 1, a igreja invisível “...consiste do número total
dos eleitos que já foram, dos que agora são e dos que ainda serão reunidos em um só corpo,
sob Cristo, seu Cabeça; ela é a esposa, o corpo, a plenitude daquele que enche tudo em todas
as coisas”. Nessa declaração da Confissão de Fé, se descreve a igreja invisível da perspectiva
de Deus, se define a partir de uma perspectiva eterna o número de seres humanos que virão à
fé salvadora, que passarão a eternidade debaixo da bênção de Deus.
A partir dessa descrição da igreja invisível podemos ver pelo menos duas idéias
básicas:
a) A igreja invisível está formada unicamente de crentes verdadeiros. Esses
verdadeiros crentes estão dentro da igreja visível. Porém já têm a fé salvadora e como
resultado entram na comunidade menor da igreja invisível.
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b) Podemos ver que na igreja invisível tem um destino seguro de salvação. Devido ao
fato de que essas pessoas deram seus corações ao serviço de Cristo, sua salvação estará segura
até ao fim.
O apóstolo Paulo apontou para esse tipo de distinção entre a comunidade visível e
invisível do pacto mesmo dentro da nação de Israel. Ver Romanos 9.6-7.
A idéia de Paulo é essa: ser um filho físico de Abraão pode lhe introduzir na nação de
Israel, mas não é suficiente para trazer salvação. Um verdadeiro filho de Abraão, deve ter fé
salvadora como Abraão. Por essa razão, podemos falar de um Israel dentro de Israel. Um povo
invisível redimido por Deus dentro da comunidade visível do povo de Deus.
Essa idéia da igreja invisível é análoga ao pensamento dos profetas do Antigo
Testamento. Eles viam a nação de Israel e criam que havia uma comunidade invisível do
Pacto. Algumas pessoas dentro da nação de Israel sempre eram fiéis. Eles eram o
remanescente fiel porque haviam exercido a fé salvadora. Seus destinos eternos estavam
seguros, mesmo quando a nação como um todo passava por tempos de juízo terrível.
Essa distinção de um povo redimido dentro da comunidade visível do pacto se faz
clara em um bom número de passagens nos profetas. Várias vezes os profetas distinguiam
entre os israelitas que estavam só externamente na comunidade visível do pacto e aqueles que
se arrependiam genuinamente e estavam entre os verdadeiros crentes invisíveis. Cujos
estavam eternamente fixados.
Jeremias 4.4 – Quando Jeremias ministrou à nação de Judá, todos os homens de Israel
haviam sido circuncidado fisicamente. Eles e suas famílias estavam na comunidade visível do
pacto. Entretanto, Jeremias sabia que a maioria dos corações das pessoas de Judá não estava
bem com Deus. Assim, os exortou a salvarem-se da ira de Deus ao circuncidar seus corações
por meio da fé salvadora.
O profeta Ezequiel também ilustra essa distinção muito claramente. Vejamos Ezequiel
18.31. Ezequiel pregou a pessoas que eram filhos de Israel, mas isso não necessariamente
queria dizer que eram pessoas redimidas, por essa razão o profeta chama a um profundo e
sincero arrependimento de coração.
Cada vez que lemos os profetas do Antigo Testamento, devemos recordar sempre o
modo como eles entendiam a salvação em relação com o pacto. Está no pacto não era o
mesmo que ser redimido ou ser salvo eternamente. Quando os profetas do Antigo Testamento
categorizaram as pessoas eles pensaram nos gentios que estavam fora da nação visível de
Israel. Essas pessoas estavam perdidas a menos que viessem a Israel e encontrassem a
salvação em seu Deus.
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Os profetas sabiam que as nações visíveis de Israel eram muito especiais aos olhos de
Deus. Consistiam em todos os filhos de Israel e qualquer gentio que se associava
estreitamente com a religião de Israel. Essa comunidade visível do pacto tinha tanto crentes
verdadeiros como não crentes, mais ainda assim, era uma comunidade escolhida para
desfrutar as bênçãos e as responsabilidades do pacto com Abraão, Moisés e Davi. Esse era o
lugar onde o povo encontraria a salvação.
Mas ainda uma terceira categoria dominou o pensamento dos profetas. Os profetas
sabiam que dentro da nação de Israel havia uma comunidade invisível. Essa era um
remanescente fiel do povo de Deus, dos fiéis que creram verdadeiramente. E ainda que
passassem tempos difíceis, o remanescente estava longe de ser perfeito, mesmo assim, eles
haviam confiado em Jeová como Abraão, e haviam sido justificados por sua fé unicamente.
Sempre que lermos os profetas devemos ter em mente essas distinções. Aqueles fora
do pacto, a nação visível do pacto e o povo invisível do pacto.
Podemos evitar muita confusão e podemos obter tremendas perspectivas das
mensagens dos profetas se nunca nos esquecermos dessas três distinções.
Conclusão
Nessa lição tocamos em vários temas relacionados com o modo como os profetas
entenderam o povo do pacto. Todo o povo estava unido ao Senhor por meio do pacto por meio
de Adão e Noé. Mas, depois Israel teve uma relação especial com Deus devido aos pactos
com Abraão, Moisés e Davi, incluso o novo pacto em Cristo.
E notamos também depois, que os profetas fizeram distinções que nós não fazemos
com freqüência. Eles pensaram em termos de três tipos de pessoas no mundo. Aqueles que
estavam fora do pacto; aqueles que participavam do pacto; e depois aqueles que eram crentes
verdadeiros dentro do pacto.
Contanto que recordemos essas distinções e como entendiam ao povo de Deus
estaremos capacitados para entender e aplicar a palavra profética também aos nossos dias.
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LIÇÃO 4 – AS DINÂMICAS DO PACTO
INTRODUÇÃO
Você já notou que a relação humana tem seus altos e baixos? Das amizades
desfrutamos algumas vezes, mas outras nem tanto. Algumas vezes são seguras e outras vezes
são inseguras.
Já vimos em lições anteriores que os profetas no Antigo Testamento foram emissários
dos pactos de Deus com seu povo. E para entender essa função de emissário temos que
entender que os profetas se deram conta que a relação entre Israel e Deus teve seus altos e
baixos.
O tema dessa lição é: As dinâmicas do pacto. Nela veremos três tópicos diferentes:
Primeiro exploraremos os ideais do pactos; 2. examinaremos o juízo dos pactos – como
ministravam os profetas da parte de Deus quando as pessoas caiam debaixo do juízo divino; 3.
veremos as bênçãos do pacto – como falaram os profetas da bênçãos que Deus ofereceu ao
seu povo? Entender essas dinâmicas da vida pelos pactos nos ajudará a profecia do Antigo
Testamento e como se aplicam a a igreja e ao mundo hoje em dia.
1. OS IDEAIS DOS PACTOS
Quais foram os ideais básicos da vida no pacto com Deus?
Alguma vez você já esteve num casamento, onde se escutou as coisas maravilhosas
que os noivos dizem um ao outro. “Para amar você na saúde e na doença, na riqueza e na
pobreza”. Não seria estranho escutar o noivo e a noiva começar seu matrimônio com votos
que fossem menos que ideais? Pode imaginar um homem dizer a uma mulher: “Te tomo para
ser minha esposa. Eu realmente vai ser muito difícil permanecer junto se você ficaar doente”.
Ou, você pode imaginar uma mulher dizer ao homem: “Te tomo para ser meu esposo, mas não
deixar que fiquemos pobres”. Bem, nós nos perguntaríamos o que passaria com um casal
assim. Porque esperamos que o princípio de um matrimônio se foque num ideal.
É uma relação amável. Mas, há um tempo quando as coisas não serão como desejamos
que fossem. Todos esperamos que o casal se lembre das coisas que disseram uma ao outro
quando a relação era ideal.
Os profetas do Antigo Testamento sabiam que isso era verdade na relação entre Deus e
seu povo. Eles entenderam que haviam certos ideais na relação entre os pactos entre Deus e
seu povo. Agora, para entender essa relação ideal devemos ver dois assuntos:
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1.1. As estruturas básicas que há nos pactos;
1.2. Os ministérios proféticos ou como os profetas confiavam nessas estruturas.
1.1. As estruturas básicas dos pactos
Nas lições anteriores vimos que o Antigo Testamento descreve os pactos de Deus com
Israel como se estivessem moldados como os tratados entre soberanos e vassalos do Antigo
Oriente Médio.
No Antigo Testamento os grandes imperadores entravam em tratados ou pactos com
nações menores. E a Bíblia diz que Deus entrou em pacto com a nação de Israel. Quando os
imperadores entravam em pacto pela primeira vez com as nações vassalas, começavam a
declarar certos ideais que formavam as estruturas básicas dos seus acordos políticos. Sempre
apareciam, pelo menos, dois componentes nos tratados Soberano-vassalo.
a) Os tratados antigos do Antigo Oriente sempre afirmavam a benevolência dos
imperadores para com os seus vassalos.
Declaravam o nome do grande e começavam com um registro histórico que
enumerava todas as grandes coisas que o rei havia feito por seu povo. Os tratados se
baseavam sempre na bondade do imperador e este tema da bondade do imperador é também
verdade no ideal da Bíblia pelos pactos.
No centro de cada pacto bíblico divino era a bondade de Deus para com seu povo.
b) A responsabilidade humana
Esse é outro elemento do pacto que não podemos jamais esquecer. Assim como cada
tratado de soberano-vassalo no mundo antigo requeria lealdade do súdito ao imperador, da
mesma maneira cada pacto no Antigo Testamento requeria lealdade do povo a Deus.
Agora, sempre temos que recordar que a resposta de lealdade era sempre uma resposta.
Uma resposta à misericórdia divina. As pessoas não ganham seu status ante Deus. Deus
estabeleceu pacto com as pessoas baseado em sua graça.
Sem nenhuma exceção os ideais do pacto sempre envolviam responsabilidade humana,
o requisito de viver lealmente ante Deus.
Aqui devemos pensar como cada um desses elementos idéias entrou no pacto do
Antigo Testamento.
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Como vimos nas lições anteriores os profetas do Antigo Testamento entenderam que
Deus entrou em cinco relações de pacto. Ele Estabeleceu pacto com todas as nações da terra
por meio de Adão e Noé. Depois Ele chamou a Israel a uma relação especial por meio dos
pactos com Abraão, Moisés e Davi, assim como o pacto futuro em dias posteriores depois do
exílio.
Pensemos no pacto com Adão.
Nos dias de Adão a benevolência de Deus se expõe na maneira como criou o mundo
para a humanidade. Ele tomou uma habitação inabitável e caótica e lhe transformou num belo
jardim em que habitaria a humanidade. Como lemos em Gn 1.2. Depois deu fez um paraíso
para a sua imagem e pôs a Adão nesse paraíso.
Essa misericórdia foi a base com a qual Deus entrou em pacto com nossos primeiros
pais Adão e Eva. Ao mesmo tempo se requeria, nos ideais do pacto com Adão, a
responsabilidade humana. Deus pôs Adão no maravilhoso jardim do Éden. Mas
imediatamente, eles estabeleceu sérias estipulações (Gn 2.16-17).
Entretanto, mesmo no paraíso, o ideal não incluía somente a benevolência de Deus,
mas também a responsabilidade da raça humana.
O mesmo também é verdade com o pacto com Noé.
Por um lado Deus misericordiosamente resgatou a Noé e a sua família do dilúvio a
nível mundial (Gn 6.7-8). O pacto com Noé se baseou na imerecida misericórdia divina.
Ainda assim o pacto que Deus fez com Noé, conta também com a responsabilidade
humana. Quando Noé saiu da arca depois do dilúvio Deus estabeleceu bastantes estipulações
explícitas. Em Gn 9.7, Deus lembrou a Noé da sua responsabilidade humana básica. Tanto a
misericórdia divina como a responsabilidade humana aparece no pacto com Noé.
Agora vejamos, por um momento, os pactos especiais que Deus fez com a nação de
Israel. Você lembrará que o primeiro pacto que Deus fez com Israel foi por meio do
patriarca Abraão.
A graça de Deus aparece nesse pacto porque Deus escolheu só a essa família para ser
bendito sobre todas as nações da terra. Deus mostrou grande misericórdia para com Abraão
quando pronunciou Gn 12.2-3.
Mais uma vez a graça divina é o elemento central no ideal deste pacto. Não obstante, a
responsabilidade humana, também foi uma parte essencial do ideal do pacto com Abraão. A
responsabilidade do patriarca vem em primeiro plano em muitas ocasiões. Por exemplo: Gn
17.1-2. O pacto abraâmico incluía a responsabilidade humana.
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Muitos cristãos hoje em dia, tem uma impressão falsa com relação ao pacto de Deus
com Moisés.
Eles pensam que esse pacto se concentrou nas obras, mas não foi assim. E podemos
ver isso claramente no fato de que os dez mandamentos começam com um prólogo histórico
muito parecido com os prólogos dos tratados dos soberanos do Oriente.
Antes que se desse qualquer mandamento, em Êxodo 20.2, lemos: Eu sou o Senhor
Deus. Deus esperava que seu povo lhe obedecesse, mas na base desse mandamento estava a
misericórdia ao tirá-los da terra do Egito.
Claro, o outro lado, o da responsabilidade humana também aparece no pacto com
Moisés (Ex 19.5). A graça divina foi unida a responsabilidade humana nos ideais do pacto
com Moisés.
O pacto real com Davi também focou a benevolência divina. Isso está claramente
exposto em 2 Sm 7.8. Deus escolheu a família de Davi como a dinastia permanente sobre seu
povo por puro amor, não por mérito algum que tenha visto em Davi. A dinastia de Davi se
estabeleceu porque Deus foi misericordioso com ele. Ao mesmo tempo Deus uniu essa
amostra da graça a Davi com o requisito da lealdade. Veja a maneira como se apresenta o
requisito da lealdade do salmo 89.30-32. Deus esperava que os filhos de Davi lhes fossem
obedientes por conhecer a graça que Ele havia demonstrado a Davi.
Os dois lados dos ideais do pacto aparecem também no novo pacto que os profetas
predisseram que viria por meio do Messias.
Paulo expôs isso brevemente em Efésios 2.8-10. A graça é a base do pacto em Cristo,
mas se você leu atentamente o texto viu que a responsabilidade humana segue a ela. O ideal
do novo pacto inclui a responsabilidade humana das boas obras.
Dirijamos nossa atenção ao segundo tópico.
1.2. O ministério dos profetas
Como confiaram os profetas nessas estruturas?
Por um lado, constantemente os profetas lembraram ao povo de Deus as misericóridias
que o Senhor lhes havia demonstrado. Entretanto, os profetas do Antigo Testamento
concentraram muito da sua atenção na responsabilidade humana ante o pacto. Foram
chamados por Deus para acercar-se das pessoas e lembrar-lhes do serviço leal a Deus.
Sempre devemos recordar que havia tanto crentes como não-crentes dentro da
comunidade visível de Israel e por essa razão, trataram a responsabilidade humana nos pactos
como área de prova.
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A resposta das pessoas às estipulações dos pactos mostrou a verdadeira natureza dos
seus corações. Por outro lado os não-crentes na comunidade visível mostraram que de fato,
não tinha a fé salvadora porque se afastaram das suas responsabilidades dos pactos. Negaramse a confiar no Senhor para salvação e se negavam a dar-lhe sua lealdade. Esses violadores
flagrantes do pacto sofreriam o juízo de Deus.
Por outro lado a prova da responsabilidade humana também identificava aqueles que
estavam na comunidade invisível do pacto. Agora, essas pessoas redimidas internamente,
haviam exercido a fé salvadora no Senhor e estavam a caminho da vida eterna. Mas, o fato é
que muitas vezes os profetas desafiaram até mesmo a essas pessoas a provarem sua fé, da
mesma maneira que o faz o Novo Testamento. Veja Apocalipse 2.7.
Esse tipo de tema, que devemos obedecer ao Senhor com o fim de provar que
genuinamente temos a fé salvadora é um tema que se encontra também nos profetas.
Agora aqui devemos ter cuidado de não pensar que os profetas foram legalistas,
simplesmente porque enfatizaram a responsabilidade humana. A verdade é que os profetas
entenderam que a graça de Deus estava por trás de cada ato de obediência e fidelidade.
Sabemos isso também por todo o ensino da Escritura e sempre que as pessoas são fiéis ao
Senhor é pelo Espírito do Senhor trabalhando neles. Entretanto, ao mesmo tempo nos recorda
constantemente nossa responsabilidade de obedecer. E porque sabemos que a graça de Deus
está por trás de cada ato de obediência eles não vacilavam em chamar o povo de Deus à
obediência e fidelidade.
Até aqui, em nosso estudo das dinâmicas do pacto, vimos dois lados dos ideais do
pacto. Agora vamos dirigir nossa atenção ao nosso segundo tópico: o juízo dos pactos.
2. O JUÍZO DOS PACTOS
Qual foi a dinâmica da vida dos pactos quando o povo de Deus se afastou do serviço
ao Senhor?
Há muitas formas humana de governar representadas no mundo. Mas, há uma coisa
em comum em cada governo humano: todos reconhecem que as pessoas de um lugar não
obedecerão todas as suas leis e como resultado estabelecem um sistema de castigo.
O mesmo aconteceu com os pactos de Deus com Israel. Ele sabia que o seu povo era
pecador. Sabia que eles se rebelariam contra seus mandamentos. Assim, estabeleceu um
sistema de juízo sobre o seu povo.
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Os profetas tiveram um papel muito importante no sistema de juízo. Foram
mensageiros do pacto. Eles traziam à memória do povo os delitos e também os advertia dos
castigos que Deus lhes traria se violassem o pacto.
Agora para entender como os profetas funcionavam como mensageiros do juízo
precisamos entender dois elementos do juízo dos pactos que Deus pôs sobre o seu povo. 1.
Exploraremos os tipos de juízos que os profetas anunciaram e 2. Exploraremos o processo que
seguiriam o juízo.
2.1. Os tipos de Juízo
Vejamos primeiro os tipos de juízo que os profetas emitiram contra aqueles que
violavam notariamente seus pactos com o Senhor.
É importante notarmos que os profetas do Antigo Testamento não inventaram os tipos
de juízos com que ameaçavam. Ao contrário, eles liam nas Escrituras do Antigo Testamento,
as listas ou catálogos dos diferentes tipos de juízo que deveria esperar o povo de Deus.
Dependência de Moisés
O vocabulário dos profetas revela que freqüentemente eles dependiam de passagens
que vinham dos livros de Moisés. Há cinco passagens principais que guiaram os profetas a
enumerar os tipos de juízo que vinham contra o povo de Deus: Deuteronômio 4.25-28;
Deuteronômio 28. 15-68; Deuteronômio 29.16-29; Deuteronômio 32.15-43; Levítico 26.1439. Esses textos proporcionam informações aos profetas, para buscar compreender os tipos de
juízo que Deus traria a seu povo.
Há tanto material nessas passagens que é difícil resumir o que dizem. Mas, é seguro
dizer que Moisés escreveu essas passagens para comunicar à nação que havia duas categorias
básicas de juízo nos pactos.
O primeiro tipo de juízo é que Deus responderia os pecados persistentes com juízo
na natureza. Deus ameaça tirar sua ameaça retirar sua bênção da ordem natural de tal
maneira que o mundo se torne hostil ao povo de Deus.
Você lembra que Deus levou a Israel a uma terra que mana leite e mel. A ordem
natural na terra prometida ia ser uma bênção tremenda ao povo de Deus. Mas, os profetas
advertiram que quando Israel se rebelasse, Deus tiraria essa bênção em juízo.
Agora que tipo de juízos naturais viriam contra a comunidade visível do pacto?
Deuteronômio 4. 28, 29, 32 e Levítico 26 enumeram pelo menos seis tipos de juízo
naturais contra o povo de Deus. a) Estes capítulos nos livros de Moisés nos diz que algumas
vezes Deus enviará seca à terra de Israel. b) Essa seca castigará a terra de tal maneira que as
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pessoas sofrerão tremendamente e haverá pestilência; c) Também haverá fome de tal maneira,
que as pessoas não terão o que comer quando se rebelarem notoriamente contra Deus. d) Virá
enfermidades sobre eles, sobrevirão febre, e tumores, e pragas; e) Os animais selvagens
também sobrevirão sobre a população e; haverá uma perda da população. A infidelidade
definitivamente trará dificuldades que dizimarão os animais e a população humana na terra da
promessa.
Os profetas mencionaram esse tipo de juízo do pacto várias vezes. Freqüentemente
advertiram que Deus iria trazer desastre natural que perturbaria a vida na terra prometida. Por
exemplo: Ageu 1.9-11.
Com freqüência Deus ordena que seus profetas anunciassem que o juízo estava vindo
na ordem natural. Agora, além do juízo na natureza também encontramos o anúncio do juízo
na guerra.
O segundo tipo de juízo é o juízo na guerra. Freqüentemente a guerra traz horrores
naturais tais como fome e enfermidade. Mas Deus também falou de enviar inimigos humanos
contra seu povo como um tipo de juízo dos pactos.
Um número grande de motivos de guerra aparece nos escritos de Moisés.
Deuteronômio 4.28, 29, 32 e Levítico 26, encontramos pelo menos 5 categoria de juízo na
guerra.
1. O povo de Deus sofrerá derrota. Não serão capazes de resistir os ataques de seus
inimigos;
2. Suas cidades serão sitiadas. As cidades serão rodeadas por seus inimigos e seus
habitantes sofrerão.
3. Os inimigos ocuparão a terra. Os inimigos do povo de Deus virão à terra e
tomarão o controle;
4. A morte e a destruição é outra maldição do pacto na guerra. Muitos dos inimigos
morrerão nas mãos dos seus inimigos.
5. Finalmente a pior de todas as maldições: o exílio. Deus disse que seu povo seria
tomado cativo e espalhado pelas nações em exílio.
Os profetas não só anunciavam sempre que o povo de Deus seria derrotado por seus
inimigos, mas também lhes advertiam que estava vindo o exílio da sua terra. Por exemplo: o
profeta Miquéias muitos seriam exilados da terra prometida (Miquéias 1.16). Ameaças de
juízo e guerra como essas aparecem em todos os profetas do Antigo Testamento.
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Assim vemos que os profetas do Antigo Testamento anunciavam dois tipos básicos do
juízo do pacto: desastres naturais e guerra. Agora, vamos dar uma olhada ao processo que
Deus poria ao exercer esses tipos de juízo sobre o seu povo.
2.2. Os processos de Juízo
Que processos de juízo esperavam os profetas que se levariam a efeito?
Os profetas aprenderam os processos de juízo dos pactos principalmente de Levítico
26.14-39. Nessa passagem Moisés escreve juízo como algo que se leva a cabo num longo
período de tempo e segue um modelo particular.
Ao examinarmos essa passagem vamos encontrar pelo menos três princípios que
governam o processo que se consumará esses juízos: 1. Deus mostrará paciência; 2. Os juízos
se incrementarão em severidade; 3. Haverá um clímax particular para esse juízo.
Vamos pensar primeiro na paciência divina.
a) A Paciência Divina
Levitico 26.14-39 esclarece que Deus exerce grande paciência para com o seu povo
quando ele peca. Deus se dá conta que seu povo se rebelará e que serão obstinados recusandose a arrepender-se.
Assim, nessa passagem Moisés revela que Deus será muito paciente com o seu povo.
Levítico 26 se divide em 5 sessões principais: 1. versos 14-17; 2. versos 18-20; 3. versos 2122; 4. versos 23-26; 5. versos 27-39.
Cada um desses segmentos começa assim: Se não me ouvirdes... Depois segue o que
Deus trará como juízo. Essa repetição de Se não me ouvirdes... mostra que Deus tem a
intenção de ser paciente com o seu povo ao dar-lhe muitas oportunidades para arrepender-se.
Uma das descrições mais breves da paciência de Deus aparece na profecia do Antigo
Testamento. O profeta Joel falou da paciência de Deus em seu capítulo 2.13, quando chamou
o povo ao arrependimento. Os profetas criam fortemente no juízo dos pactos, mas também
criam que o Senhor era muito paciente com o seu povo. O primeiro principio dos juízos do
pacto em Levítico 26 é que Deus será paciente.
Mas há um segundo princípio.
b) O Incremento da severidade
Assim como Deus é paciente, também o texto de Levítico nos diz que a severidade de
Deus é crescente.
47
Os cinco segmentos do texto nos mostra isso. Os versos 18, 21, 24 e 28 Deis nos
adverte dessa maneira: que se nos continuarmos rebelando contra ele então Ele aumentará os
juízos sete vezes mais.
O texto de Levítico 26 nos diz que os juízos tem graus. Algumas vezes os profetas
advertiam de juízos relativamente pequenos e depois mais tarde, advertiam de juízos
vindouros mais graves. Por exemplo, lemos de um pequeno juízo em Isaías 38.1. Estou seguro
que Ezequias pensou que esse era um grande juízo contra ele. Mas, em termos de toda a nação
de Israel, era pequeno. Era somente um sofrimento individual do juízo de Deus.
Mas por outro lado, depois que Ezequias resolveu se submeter ao Senhor incluindo
depois da libertação milagrosa do ataque dos assírios Isaias deu um juízo muito mais severo.
Ele anunciou que os babilônios um dia, conquistariam a nação inteira de Judá (Isaías 39.6).
Essa declaração foi muito mais severa do que a ameaça contra Ezequias acerca da sua saúde.
Essa é uma ameaça contra uma nação inteira. E muitos profetas seguiriam esse mesmo
padrão. Falariam de juízos que iam aumentando em severidade.
c) Clímax Particular
Não encontramos que Deus somente traz o juízo dos pactos com paciência e com
severidade crescente, mas também encontramos um terceiro princípio: o clímax do juízo, o
exílio da terra. A última sessão de Levítico 26 versículos 27 a 39, nos diz que o pior juízo que
vem contra o povo de Deus será uma devastação total da terra e o exílio da terra prometida.
Vejamos a maneira como Moisés expôs em Levítico 26.33. Nas mentes dos crentes do
Antigo Testamento, era difícil de imaginar algo pior que isso. Deus havia trazido Israel à terra
prometida, uma terra onde mana leite e mel, e agora os profetas estavam anunciando que
haveria um exílio dessa terra.
Ao enviar a maioria dos profetas bíblicos Deus havia advertido várias vezes que ia
mandar o seu povo para fora da terra. E assim encontramos os profetas anunciando que os
profetas estavam vindo. Por exemplo, Amós 5.26-27.
Ainda que Moisés fez uma clara ameaça de exílio em Levítico 26, e em outras
passagens, o povo de Israel não queria crer nisso. Era mais popular que Deus não tiraria seu
povo da sua terra, pelo menos Jerusalém permaneceria intacta. O povo havia esquecido que
seu pacto com o Senhor requeria a responsabilidade humana. Essa era a razão pela qual os
últimos anos da segurança de Jerusalém, Jeremias teve que proclamar que a destruição da
cidade e do templo estava perto. Vejamos Jeremias 7.13-15.
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Deus é misericordioso e paciente e bom com o seu povo. É tardio em irar-se, mas, sim,
pode ser provocado à ira. Assim descobrimos que Deus traz juízo sobre seu povo.
Até aqui nessa lição das dinâmicas dos pactos temos visto os ideais dos pactos e os
juízos dos pactos. Agora veremos um terceiro elemento em nossa discussão.
3. AS BÊNÇÃOS DOS PACTOS
Como Deus derrama suas bênçãos sobre o seu povo?
Já teve alguma amizade em que a outra pessoa simplesmente esquece-se de você?
Talvez tenha mudado para longe um do outro e as cartas continuam chegando. Mesmo depois
vocês se esquecem de responder ou o telefone toca e é o teu amigo. Bem, é bom ter amigo
como esse que estão apegado a você todo o tempo.
O mesmo foi verdade na relação do Senhor com Israel. Os profetas sabiam que Deus
julgaria severamente a seu povo mas também sabiam e proclamam que o Senhor nunca
abandonaria o povo do seu pacto.
Para explorar esse lado da vida dos pactos precisamos explorar duas considerações
como fizemos no estudo do juízo. Primeiro veremos os tipos de bênçãos do pacto e depois os
processos das bênçãos dos pactos.
3.1. Os tipos de bênçãos
As bênçãos vêm quando o povo busca ser fiel a Deus. Claro, Deus não espera que seu
povo seja perfeito. Mas, sim espera que o busquem sinceramente e não se rebele contra Ele.
Quando o povo do pacto é fiel dessa forma, Deus os abençoa ricamente.
3.1.1. Benção pela natureza
A primeira categoria de bênção é a bênção pela natureza. Assim como Moisés falou de
juízo por intermédio da natureza também falou das bênçãos da maldição através do ambiente
natural.
Moisés revelou a Israel que Deus ofereceu tremendas bênçãos naturais somente
quando lhe servissem fielmente. Esse tipo de motivo aparece ao menos de quatro formas em
Deuteronômio capítulos 4, 28 e 30 e Levítico 26.
São elas:
a) Abundância na agricultura - Os campos estariam cheios para a colheita se o povo
fosse fiel ao seu Senhor.
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b) Fertilidade do gado – O gado cresceria em grande quantidade se o povo servia
fielmente ao Senhor.
c) Saúde e prosperidade ao povo – Deus daria saúde e prosperidade ao povo de Deus.
Desfrutariam saúde em geral e bem estar.
d) População crescente – O número de israelita aumentaria para encher a terra
prometida.
Os anúncios de bênção pela natureza não deveria surpreender-nos. Quando Deus fez a
Adão e Eva os colocou num paraíso, o jardim do Éden. Mas depois Deus os expulsou de lá
devido ao pecado.
Quando o povo do pacto é fiel a Deus ele promete dar-lhes bênçãos. Bençãos pela
natureza para que possam experimentar o tipo de coisas que Deus queria que tivessem a ração
humana no princípio.
Os profetas do Antigo Testamento falaram de muitas maneiras a respeito das bênção
pela generosidade da natureza. Vejamos dois exemplos: Joel 2.22-23; Zacarias 8.12
3.1.2. Benção na guerra
Ainda que o primeiro tipo de bênção do pacto se enfoca na abundante recompensa da
natureza, também aparece uma segunda categoria principal nos profetas, várias vezes. E esta é
a bênção na guerra.
Assim como o povo do pacto sofria a derrota na guerra quando estava debaixo do
juízo de Deus, eles experimentavam a vitória e a paz quando estava debaixo das bênçãos do
pacto.
Isso aparece pelo menos de quatro maneiras em Deuteronômio capítulo 4, 28 e 30 e
Levítico 26.
1. O povo derrotaria seus inimigos
2. Haveria fim da guerra – Cessaria a hostilidade com as nações;
3. Alívio da destruição;
4. Regresso de cativos - aqueles que haviam sido levados para longe da terra
prometida.
Os profetas do Antigo Testamento freqüentemente falaram desses tipos de bênçãos na
guerra. Vejamos como Amós profetiza um grande futuro de êxito militar para a nação de
Israel, em 9.11-12, num período pós-exílico.
50
O profeta Amós anunciou num mundo de hostilidades e problemas que a casa de Davi
teria a vitória sobre todos os inimigos hostis. Da mesma maneira, Miquéias 4.3 anunciou que
haveria grande paz como resultado dessas vitórias.
Assim, podemos ver nessas passagens que os profetas se orientaram pela graça e pelas
bênçãos de Deus. Mesmo que os profetas tivessem que dizer muito do negativo acerca do
juízo e pecado, também disseram que o arrependimento e a fidelidade trariam as grandes
bênçãos pela natureza e na guerra.
Agora que já vimos os tipos de bênçãos que Deus traria a seu povo, também devemos
ver os processos pelos quais viriam essas bênçãos.
3.2. Os processos de bênçãos
Assim como havia um processo para o juízo também havia para as bênçãos.
Há pelo menos três princípios que governam o processo das bênçãos divinas.
1. As bênçãos vêm por meio da graça
2. As bênçãos vêm em vários graus
3. As bênçãos têm um clímax.
3.2.1. Graça
Com muita freqüência os cristãos modernos têm impressões falsas de que o Antigo
Testamento as pessoas ganhavam a sua salvação ou ganhava sua justiça ante Deus. Mas, nada
pode está mais longe da verdade.
Os profetas não ofereceram uma forma de salvação por obras para os homens e para as
mulheres. Eles faziam um chamado às pessoas para arrepender-se e buscar a misericórdia de
Deus. Em Oséias 14.1-2, vemos isso. Nota-se que Oséias não disse nada acerca de que seus
leitores deveriam trabalhar duro para ganhar as bênçãos de Deus, pelo contrário, os fiéis em
Israel sabiam que unicamente a misericórdia de Deus lhes traria bênçãos.
Eles buscavam o perdão como uma base para as bênçãos do pacto, não o mérito
humano.
3.2.2. Graus
O segundo princípio que governa as bênçãos dos pactos é que elas vêm em uma
variedade de graus. Assim como os juízos vinham em graus, assim podemos falar de bênçãos
menores e maiores.
51
No mais nível mais baixo da escala os profetas do Antigo Testamento falaram da
misericórdia de Deus relativamente pequenas. Por exemplo, assim como Isaías disse a
Ezequias que ele ficaria doente e morrer, também anunciou uma pequena bênção ao rei
quando disse que Deus o deixaria viver. Isaías 38.5.
Um bom número de profecias tem um foco nesses tipos de bênçãos pessoais ou
individuais, mas muitas vezes os profetas também dirigiam sua atenção às grandes bênçãos
nacionais que Deus traria a seu povo. Por exemplo, no ano 701 aC, os assírios haviam atacado
a Judá e chegado ás portas de Jerusalém. Em Isaías 37.34-35, o profeta anunciou que Deus
claramente os livraria dessa grande derrota. Esta era uma grande bênção para o povo de Deus,
porque sua própria existência havia sido ameaçada e Deus disse que lhe daria a bênção da
vitória na guerra.
Ao ler os profetas do Antigo Testamento sempre devemos está alerta às pequenas
bênçãos bem como às maiores que Deus pronunciou ao povo do pacto.
3.2.3. Clímax
Além da graça divina e dos graus de bênçãos um terceiro princípio governa as bênçãos
dos pactos. O clímax da restauração do remanescente.
Os profetas do Antigo Testamento criam que não importava quão grande fosse o juízo
de Deus, sempre haveria um remanescente. O remanescente poderia ser grande ou muito
pequeno, dependendo de como o povo de Deus reagisse. Os profetas disseram que Deus
sempre guardaria seguro um remanescente e edificaria esse remanescente. Por exemplo,
Jeremias disse que Jerusalém seria totalmente destruída. Mas em Jeremias 5.18, ele assegura
às pessoas que o remanescente sobreviveria.
A sobrevivência do remanescente é importante porque por meio desse remanescente
Deus prometeu trazer a seu povo a bênção maior de todos. Já vimos em Levítico 26 que a pior
maldição de todas era o exílio da terra. Mas, em Levítico 26.40-45, assim como em
Deuteronômio 4 e 30, Deus prometeu que preservaria um remanescente e o traria de volta à
terra e os abençoaria muito mais que antes. Veja a maneira como Moisés expressou isso em
Deuteronômio 30.4, 5.
Esse tema da restauração do remanescente aparece em todos os profetas. Por exemplo,
Jeremias ensinou que depois do exílio Deus daria grandes bênçãos naturais ao remanescente.
Ver Jeremias 23.3.
Da mesma maneira, depois do exílio, o remanescente receberá uma grande bênção na
guerra. O profeta Joel ensinou que quando o povo de Deus regressasse o povo de Deus
52
experimentaria uma grande vitória e uma paz duradoura. Ver Joel 3.9 e Joel 3.17. Vemos
nesse último a vitória de Israel. Joel falou de uma grande vitória na batalha que estabeleceria
Israel com segurança para sempre.
Todos os profetas do Antigo Testamento ansiava a restauração do remanescente do
povo de Deus. Deus prometeu que apesar do grande castigo do exílio, o remanescentes
receberia a bênção maior da restauração.
CONCLUSÃO
Nessa lição exploramos como os profetas entenderam a dinâmica dos pactos e
entendemos três tópicos principais:
1. Os ideais da benevolência divina e a responsabilidade humana;
2. Vimos depois, como os profetas advertiam o juízo tanto a nível individual com até o
grande juízo do exílio nacional;
3. E depois, finalmente, vimos também que Deus redimiria seu povo de maneira
pequena e depois por meio de um remanescente trazendo uma grande restauração depois do
exílio.
Esses temas, essas dinâmicas guiaram os profetas do Antigo Testamento em tudo o que
disseram e esses tema também deve nos guiar a estudar os profetas do Antigo Testamento.
53
LIÇÃO 5 – ANÁLISE HISTÓRICA DOS PROFETAS
INTRODUÇÃO
Tenho um amigo que recentemente me contou uma anedota. Haviam passado uns
poucos anos desde o seu casamento quando sua esposa encontrou em uma caixa uma carta
escrita por suas namoradas no passado. A principio ela se enfureceu muito porque pensou que
a carta havia sido escrita recentemente. Mas, meu amigo foi capaz de provar que se tratava de
uma carta antiga, por causa da data. Meu amigo me olhou e me disse: Olha, não sei o que teria
acontecido se eu não fosse capaz de provar quando se escreveu essa carta.
Desafortunadamente muitas vezes os cristãos interpretam mal a profecia do AT porque
não lhes interessa quando falou o profeta ou quando escreveu seu livro. Se vamos estudar
responsavelmente os profetas do AT, devemos entender as datas e os tempos em que eles
ministraram.
TEMA: ANÁLISE HISTÓRICA DA PROFECIA
Vamos examinar como a história do AT prover um contexto essencial para entender
apropriadamente a profecia do AT. Nossa análise histórica estará dividida em 4 períodos
principais da história profética.
1. Período da Monarquia Incipiente
2. Período do juízo por meio da Assíria
3. Período do juízo por meio da Babilônia
4. Período da restauração do Cativeiro Babilônico
Vejamos primeiro:
1. O PERÍODO DA MONARQUIA INCIPIENTE
Vimos em uma das lições anteriores que a profecia chegou a ser preeminente em
Israel quando a monarquia chegou a ser preeminente. Assim será de muita ajuda fazer uma
análise histórica da profecia, considerando a monarquia incipiente: aqueles dias em que Israel
teve seus primeiros reis.
54
Desde o tempo de Abraão que viveu ao redor de 2000 aC até os dias de Saul, o povo
de Israel não teve um rei humano. Entretanto, o reino foi estabelecido ao redor de 1000 aC e
seu reino permaneceu intacto através de várias gerações.
Ao explorarmos este período da história de Israel usaremos duas perguntas
importantes: 1. Quais foram os acontecimentos mais importantes que tiveram lugar nesse
período?
2. Como estes acontecimentos deram forma ao ministério dos profetas.
Consideremos primeiro dois acontecimentos importantes que ocorreram durante a
monarquia incipiente (colocar o nome de PRIMEIROS ANOS DA MONARQUIA):
1.1. Acontecimentos importantes
1.1.1. Reino Unido – Primeiro devemos falar do Reino Unido.
Aproximadamente ao redor do ano 1000 aC, quando Davi ascendeu ao trono de
Jerusalém, uniu todas as tribos , estabeleceu fronteiras relativamente seguras para o Reino e
trouxe a arca para Jerusalém, como uma preparação para que seu filho construísse o templo de
Deus.
Salomão, o filho de Davi, seguiu os passos de seu pai: 1.expandiu o território de Israel;
2.
Manteve as tribos unidas, também construiu o templo glorioso e o dedicou para adoração de
Deus.
Os livros de Samuel, Reis e Crônicas, deixam claro que nem Davi nem Salomão foram
reis perfeitos. De qualquer forma, a Bíblia se refere a esse período com a época ideal quando
o povo de Deus recebeu muitas bênçãos.
Contudo, por melhores que fossem as condições, nessa época incipiente devemos
recordar outro acontecimento importante: o reino dividido
1.1.2. O Reino Dividido
Tristemente nem Salomão nem Roboão trataram as tribos do Norte com o respeito que
mereciam, pelo que as tribos do Norte se separaram e formaram sua própria nação cerca de
930 aC. Podemos ler acerca desse acontecimento em 1 Reis 12 e 2 Cr 11.
Quando Roboão se recusa a tratar as tribos do Norte com justiça elas se separam e
formam seu próprio estado.
55
Jeroboão chegou a ser rei das tribos do Norte e estabeleceu sua capital em Samaria.
Bem como centros de adoração em Dã e Betel.
Mas, Jeroboão levou muito mais adiante sua rebelião contra o Sul e estabeleceu ídolos
nos citados centros de adoração e ao fazer isso o reino do Norte se corrompeu de forma grave.
A nação se afastou da lealdade ao Senhor, recusou a submeter-se à sua
responsabilidade do pacto.
Durante ante este período Judá também teve seus altos e baixos, mas na maioria dos
casos permaneceram muito mais fiéis que Israel do Norte.
Assim, podemos ver dois acontecimentos importantes nos primeiros anos da
Monarquia: 1. O reino unido debaixo da direção de Davi e Salomão. Quando o povo foi
tremendamente abençoado e; 2. A divisão do Reino nos dias de Roboão.
1.2. Ministério dos profetas
Agora que já vimos os acontecimentos importantes no período da monarquia
incipiente temos que perguntarmos: como deram forma este acontecimento ao ministério dos
profetas.
Existem 16 profetas diferentes cujos ministérios estão resumidos nos livros proféticos
Maiores e Menores do AT. Nos livros de Samuel, Reis e Crônicas deixam claro que no
período da Monarquia Incipiente estava cheia de atividade profética, mas nenhum desses
livros de profecia vêm desse período.
Só falamos da monarquia incipiente como contexto histórico dos profetas que estamos
estudando e podemos ver esse contexto de pelo menos duas formas:
a) Por um lado os profetas que escreveram por último olhavam para os dias da
monarquia unida como o estabelecimento de importantes ideais reais do Pacto. Passavam
todas as esperanças do povo de Deus no pacto que deus fez com Davi e confirmou com
Salomão. Anelavam os dias em que Israel se reuniria de novo a Judá, como nos dias de Davi e
Salomão. Anelavam em que o trono de Davi estaria firme outra vez e as fronteiras da terra
seriam estendidas outra vez. E nesse sentido, a monarquia unida provia um fundo histórico
para os profetas do AT.
IDEAIS DO PACTO
Unidade das nações (Judá e Israel)
Segurança do povo de Israel
56
b) A divisão do Reino também proveria um fundo histórico, pelo fato de que os
profetas serviam a duas nações diferentes. Essas nações teriam uma história relativamente
independente.
Alguns profetas serviram ao Senhor no Reino do Norte, ameaçando com o juízo do
pacto, e assegurando ao povo de Deus acerca de um dia acerca de grande bênção. Seu enfoque
estava em Samaria, a capital das tribos do Norte.
Outros profetas serviram ao Senhor m Judá e também advertiram acerca do juizo e
ofereceram bênçãos ao povo de Deus no Sul. Mas, se enfocavam em Jerusalém e na tribo de
Judá.
Ainda que nenhum dos livros proféticos tenham sido escritos nos tempos da
monarquia incipiente temos descoberto que este período forma um fundo essencial para o
ministério de todos os profetas.
O período da monarquia incipiente estabeleceu os
1.
ideais dos pactos e também
estabeleceu a 2. realidade dos reinos do Norte e do Sul.
Até aqui vimos o fundo histórico da monarquia incipiente. Agora avançaremos o
Segundo período importante da história profética: O período de Juízo por meio da Assíria.
2. O PERÍODO DE JUÍZO POR MEIO DA ASSÍRIA
Como vimos nas lições anteriores, o povo do pacto tinha a responsabilidade de ser fiel
e leal ao Senhor e quando Deus descaradamente esse pacto, Deus
enviava juízo através de
guerras.
A primeira vez que Deus enviou uma grande guerra contra o povo de Deus, foi durante
o período de juízo por meio da Assíria.
O juízo divino e a derrota na guerra, veio sobre o povo de Deus através do Império
Assírio foi durante os anos de 734 aC até 701 aC. E nos anos do século 7 antes de Cristo, o
império assírio cresceu em força e conquistou muitas nações.
A expansão do Império foi no que hoje é Turquia até o Golfo Pérsico e se expandia até
ao Sul do Egito. Israel e Judá não podeia evitar de tratar com este império massivo e
agressivo.
Para explorar o período do juízo por meio da Assíria nos enfocaremos outra vez em
dois pontos:
57
2.1. Acontecimentos importantes – Quais foram os acontecimentos mais importantes
que ocorreram neste período?
2.2. Ministério dos profetas – Como afetaram esses acontecimentos ao ministério dos
profetas durante estes séculos . Que acontecimentos importantes ocorreram durante os séculos
da dominação assíria que tiveram influência sobre os escritos dos profetas do AT?
2.1. Acontecimentos importantes
Ocorreram 3 acontecimentos pelo menos que são importantes para nosso estudo:
2.1.1. Coalizão Síria-Israel
A Coalizão Siro-Israelita envolveu três nações pequenas que estavam debaixo do
controle assírio naquele tempo. Síria, Israel do Norte e Judá. Podemos ler acerca desses
acontecimentos em vários lugares no AT. Entretanto, uma passagem muito interessante é
Isaías 7.
Cerca de 734 aC Síria e Israel do Norte se cansaram de pagar tributo ao império
Assírio, pelo que decidiram formar uma coalizão pra resistir aos assírios devido ao fato de que
estes estavam enfrentando problemas em outras partes dos seus império.
Depois de formar sua própria coalizão Israel e Síria, trataram de forçar a Judá para se
unir a eles. Mas, Acaz o rei de Judá se recusou a se unir a eles e pediu ajuda à Síria.
Estes acontecimentos tiveram muitos resultados para o povo de Deus. Mas, devemos
estar conscientes de pelo menos uma dessas conseqüências importantes. Tanto o Norte quanto
o Sul estavam no caminho do conflito com a Assíria. Israel do Norte se Havaí rebelado contra
a Assíria, pelo que os reis da Assíria vieram, atacaram e destruíram a Israel do Norte. Judá se
aliou à Assíria por um tempo pelo que pagou grandes tributos e impostos ao império assírio.
Não obstante, com o tempo também Judá se rebelou contra a Assíria e o juizo também viria
sobre Judá.
2.1.2. A queda de Samaria
Um segundo acontecimento importante no período do Juízo por meio da Assíria foi a
queda de Samaria.
Samaria era a capital de Israel do Norte e veio a ser objeto da vingança assíria pela
coalizão rebelde da Síria-Israel. Podemos ler acerca desse acontecimento em 2 Rs 17 (722
aC). O grande exército assírio marchou em direção contra Israel do Norte e destruiu Samaria,
e os assírios enviaram ao exílio a muitos israelitas.
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Este acontecimento marcou um novo dia para o povo de Deus: o clímax do juizo pela
quebra do pacto manifestado em um exílio em grande escala veio na primeira vez com a
destruição de Israel do Norte pelas mãos dos assírios
2.1.4. Invasão de Senaqueribe
O terceiro acontecimento importante do período do juízo por meio da Assíria ocorreu
na invasão de Judá sob a liderança de Senaqueribe. Judá escapou da ira dos assírios por um
tempo porque se submeteram à Síria para ter proteção do reino do Norte. Porém, mais adiante,
quando Judá se rebelou contra a Assíria e provocaram a ira desse grande império, vieram
vários ataques contra Judá, mas o pior veio em 701 aC: a invasão de Senaqueribe. Podemos
ler acerca desses acontecimento em 2 Rs 18-19.
Os assírios destruíram muitas cidades judias e chegaram até Jerusalém. Tudo parecia
está perdido quando Ezequias, o rei de Judá se voltou ao Senhor pedindo ajuda e foi livrado
milagrosamente. Ainda que Judá tenha permanecido um vassalo da Assíria evitou ser
destruída totalmente nos dias de Ezequias e da invasão de Senaqueribe.
Como podemos ver, os 3 acontecimentos importantes por meio da Assíria: 1. A
coalizão Siro Israelita em 734 aC; 2. A destruição de Samaria em 722 aC; 3. A invasão de
Senaqueribe em 701 aC.
2.2.Ministério dos profetas
Agora que já vimos os acontecimentos importantes do período do juízo por meio da
Assíria, vamos examinar como estes 3 acontecimentos influíram no ministérios dos profetas.
O juízo por meio da Assíria teve uma grande influência sobre o ministério dos
profetas.
Dos 16 livros que temos no AT 6 deles reportam o ministério dos emissários de Jeová
durante esse período: Jonas, Oséias, Amós, Miquéias, Naum e Isaías. Todos esses profetas
ministraram ante o tempo do juízo por meio da Assíria.
Vamos resumir brevemente o que esses profetas disseram acerca do juízo por meio da
Assíria.
a) Jonas – De acordo com 2 Rs 14.25 Deus chamou a Jonas a profetizar durante o
reinado de Jeroboão II, que era rei em Israel do Norte ao redor do ano 793 até 753.
O lugar do ministério de Jonas foi singular já que Deus o chamou para ir a Nínive, a
capital do império da Assíria. Ele foi a esta cidade, a capital dos assírios e pregou a Palavra do
Senhor e a mensagem central era simples, como podemos ler em Jonas 3.4 (ler):
59
Para o pesar de Jonas a cidade de Nínive se arrependeu quando escutaram essa palavra
da parte do Senhor e Deus não trouxe sobre eles o desastre que havia ameaçado à cidade. O
ministério de Jonas fala da misericórdia de Deus que se estende até a uma comunidade tão má
quanto o império assírio.
Data: 793 até 753 aC.
Lugar: Nínive
Mensagem: Destruição de Nínive.
b) Oséias – Um segundo profeta que ministrou no período de juízo por meio da Assíria
foi Oséias (ler 1.1). Este texto nos diz que ele serviu nos dias de Uzias, Jotão, Acaz e
Ezequias, reis de Judá. No último ano do reinado de Uzias cerca de 740 aC, e o primeiro ano
do reinado de Ezequias cerca de 716 aC, este intervalo estabelece um períoso largo para o
ministério de Oséias. Ele ministrou principalmente em Israel do Norte cerca de 750 aC pelo
menos até a queda de Samaria em 722 aC. Depois provavelmente Oséias imigrou ao Sul.
Podemos ver então que Oséias profetizou em dias de prosperidade antes da coalizão
Siro-Israelita. E também profetizou até o tempo da queda de Samaria. O enfoque das
profecias de Oséias, revela que ele ministrou no Israel no Norte. A maioria das suas profecias
consistem em advertências contra a corrupção e a maldade do Norte.
A mensagem central de Oséias era este: o reino do Norte estão tão corrompido pelo
pecado que Deus vai castigá-los trazendo os assírios para destruir Israel e Samaria.
Esta predição certamente, se cumpriu com a queda de Samaria. Sem dúvida, Oséias
também deu esperança. Ele disse que um dia a bendição da restauração viria ainda que depois
do exílio.
Data: 750-722 aC
Lugar: Israel do Norte
Mensagem:
Destruição do Israel do Norte pela Assíria
Esperança de restauração futura.
c) Amós – O terceiro profeta que se enfocou no juízo por meio da Assíria foi Amós.
Amós 1.1. nos diz que Amós ministrou quando Uzias era rei de Judá e Jeroboão era Rei de
Israel. Esse versículo nos dá um intervalo de datas para situar o ministério de Amós entre 760
aC até 750 aC. Amós serviu antes da coalizão Siro-Israelita em 734 aC. Serviu nos dias de
prosperidade de Israel do Norte e sua complacência debaixo do poder de Jeroboão II.
60
Da mesma forma que Oséias, o ministério de Amós em Israel do Norte e sua
mensagem principal foi esta: advertiu à geração da sua época que o juízo por meio da Assíria
era iminente e Samaria cairia e que o exílio ocorreria.
Data: 760-750 aC
Lugar: Israel do Norte
Mensagem:
Destruição pela Assíria do Israel do Norte. (Amós 5.27).
Esperança de Restauração Futura.
Ele, no último capítulo do seu livro, Amós reafirma a esperança de que o exílio não é o
fim de Israel, haverá uma restauração. A bênção da restauração depois do exílio a qual Moisés
mesmo prometeu, é reafirmada também por Amós.
d) Miquéias – O quarto profeta que falou do Juízo por meio da Assíria foi Miqueias.
Miquéias 1.1 diz que ele ministrou durante os dias de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, o
que viu sobre Samaria e Jerusalém.
Miquéias serviu como profeta de Deus pelo menos desde 735 aC. Do último ano do
reinado de Jotão até 701 aC, nos dias da invasão de Senaqueribe. Diferentemente de Oséias e
Amós, Miquéias ministrou em Judá, especialmente nos arredores de Jerusalém.
Dizendo de uma maneira simples a mensagem de Miquéias era que Deus ia castigar
tanto a Samaria como a Jerusalém pelas mãos dos assírios. Teria pouca esperança de que
Samaria escaparia da destruição total e também advertiu de que Jerusalém iria ser destruída.
Durante a invasão de Senaqueribe, Miquéias se opôs aos falsos profetas que diziam que
Jerusalém nunca poderia ser destruída pelos inimigos. Ele avisou que Jerusalém ia ser
destruída, se não houvesse arrependimento. Ainda assim, Miquéias deu esperança a Israel e
Judá dizendo que ainda que ainda que ocorrera o exílio, um Deus ia vingar-se dos inimigos e
ia libertar o seu povo da opressão dos assírios e trairia um grande rei para reunir de novo a seu
povo e iria ainda, restaurar as bênçãos do pacto na terra.
Data: 735-701 aC.
Lugar: Judá
Mensagem:
Destruição de Israel e Judá por meio da Assíria
Esperança de restauração futura.
e) Naum – o quinto profeta que ministrou no período do juizo por meio da Assíria foi
Naum.
61
O tempo do ministéio de Naum não se declara explicitamente em seu livro. Mas, pode
ser inferido pelos temas tratados em seu livro. Seu ministério teve lugar em cerca de 663-612
aC.
Dois versículos do livro estabelecem as possibilidades. Em Naum 3.7,8 descobrimos
que a cidade egípcia de Tebas, já havia sido conquistada pelos assírios e este acontecimento
teve lugar em 663 aC. O profeta também predisse a destruição de Nínive, a capital da Assíria
e fala disso como um acontecimento futuro no capítulo 3.7. A destruição de Nínive ocorreu
em 612 aC. Portanto, sabemos que seu ministério se desenvolveu antes desse grande
acontecimento.
Lemos em 1.15 que Naum se dirige a Judá, por isso podemos ter segurança de que ele
ministrou em Judá.
Mas, Naum não enfoca sua atenção em Judá mas na Assíria. Tanto Israel como Judá
haviam servido severamente às mãos dos assírios até então e no meio desse sofrimento Naum
teria uma mensagem principal: Deus vai destruir a Assíria. E assegura a Judá que Deus vai
castigar a Assíria destruindo Nínive, a capital.
Em 3.5-7, o Senhor fala contra Ninive.
Data: 663-612 aC.
Lugar: Judá
Mensagem: Destruição da Assíria.
f) Isaías – O sexto profeta que enfocou o juízo por meio da Assíria foi Isaías. Isaias
1.1, menciona que Isaias ministrou durante o tempo do reinado de Uzias, Jotão, Acaz e
Ezequias, reis de Judá. Este registro dos reis nos indica que Isaias serviu cerca de 740 aC até
701 aC quando ocorreu a invasão de Senaqueribe.
Como podemos ver Isaias ministrou durante a coalizão Siro Israelita, na queda de
Samaria e na invasão de Senaqueribe.
O conteúdo do livro de Isaías nos revela que ele ministrou em Judá, especialmente em
Jerusalém. Isaias tratou com Judá de muitas maneiras durante o juízo por meio da Assíria. Isso
é um chamado à fidelidade e à confiança no Senhor durante a Coalizão Siro-Israelita.
Durante a invasão de Senaqueribe Isaías guiou o rei Ezequias a confiar no Senhor para a
libertação de Jerusalém.
Essas porções de seu ministério tiveram uma mensagem principal: Judá deve confiar
no Senhor ao estar enfrentando o juízo por meio dos assírios. Quando os israelitas não
confiaram no Senhor, Isaías deu outra advertência: O exílio chegará para Judá. Não obstante,
62
como tantos outros profetas Isaías afirmou que a restauração de Judá ocorreria depois do
exílio.
Data: 740 – 701 aC.
Lugar: Judá
Mensagem:
Confiança no Senhor contra a Assíria
Exílio para Judá
Esperança de Restauração futura.
Como temos visto, o período do juízo por meio dos assírios teve acontecimentos
importantes que tiveram conseqüências importantes no ministério dos profetas. Os profetas
sabiam que este ia ser um tempo de grande miséria e dificuldades para o povo de Deus e
vieram com palavra de juízo, mas também com palavras de ânimo de que um dia mais
brilhantes estava no horizonte.
3. JUÍZO POR MEIO DA BABILÔNIA
Vamos focar agora o período de juízo por meio da Babilônia.
Até este ponto temos visto que a monarquia incipiente foi fundo histórico para todos
os profetas que escreveram os livros proféticos no AT. Também temos visto que o juízo por
meio da Assíria em 734 a 701 aC formam o contexto histórico dentro do qual ministraram
Jonas, Oséias, Amós, Miquéias, Naum e Isaias.
Agora chegamos ao 3º. Período principal do ministério profético: o juizo por meio da
Babilônia.
Este período de juízo se estende pelo período de 605 aC até 539 aC.
De muitas maneiras o profeta Isaías teve seu ministério entre o período de juízo por
meio da Assíria e o juízo por meio da Babilônia. Já vimos que Isaías ministrou no tempo de
Ezequias durante os dias da invasão se Senaqueribe. Depois que acabou a invasão Ezequias
tratou de fazer uma aliança com Babilônia para proteger-se de ataques futuros.
No capitulo 39 de Isaías, o profeta descobre o que havia feito Ezequias e diz essas
palavras em 39.5-7.
De novo, vamos dividir nossa discussão em dois aspectos:
3.1. Acontecimentos Importantes – Quais foram os acontecimentos importantes que
ocorreram durante o período de juízo por meio de Babilônia?
3.2. Ministério dos profetas – Como ministraram os profetas durante esse tempo?
63
3.1. Acontecimentos Importantes
Para entender esse período devemos identificar 3 acontecimentos importantes:
3.1.1. A primeira incursão babilônica em 605 aC.
Em 605 antes de Cristo ocorreu a primeira incursão e deportação de alguns líderes de
Judá até a Babilônia. O rei Joaquim foi infiel ao imperador babilônico Nabucodonosor, pelo
que Nabucodonosor invadiu Judá e retirou a muitos dos líderes de Jerusalém. O profeta e seus
amigos estiveram entre as pessoas deportadas nesta ocasião.
3.1.2. A segunda incursão em 597 aC.
O segundo acontecimento foi em 597 aC. Nabucodonosor respondeu à rebelião
contínua de Judá com uma segunda incursão e deportação. Nessa ocasião ele destruiu muitas
partes de Judá e levou cativa à Babilônia uma grande quantidade de pessoas. O profeta
Ezequiel foi levado à Babilônia nessa deportação. Essa segunda incursão feriu de muitas
maneiras a nação de Judá, ainda assim a nação não se arrependeu de seus maus caminhos.
3.1.3. A terceira incursão em 586 aC.
Nabucodonosor se abusou da 3ª. e contínua rebelião em Judá e realizou uma terceira e
final incursão e deportação. Nessa ocasião os babilônio destruíram totalmente Jerusalém e seu
santo templo. A vasta maioria das pessoas de Judá foram levados ao exílio e à terra ficou
desolada. Judá havia experimentado seu grande exílio.
Quando pensamos nesses três importantes acontecimentos ocorridos durante o juízo
por meio da Babilônia devemos recordar que este foi um tempo de decepção total para o povo
de Deus. O filho de Davi foi levado ao exílio e o templo de Jerusalém foi destruído. Foi um
tempo terrível na história do povo de Deus.
3.2. Ministério dos profetas
Devemos agora considerar as maneiras como ministraram os profetas durante esse
tempo.
O juízo por meio da Babilônia prover um fundo histórico para vários profetas do AT.
De fato, 7 profetas serviram como emissários do Senhor, durante esse tempo: Jeremias,
Sofonias, Joel, Obadias, Habacuque, Ezequiel e Daniel.
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a) Jeremias – O primeiro profeta do período babilônico foi Jeremias. Jeremias serviu
como profeta de Deus em Judá durante as 3 invasões e deportações.
Como podemos ler em Jr 1. 1-3, Jeremias ministrou no ano 13º. do rei Josias. Logo,
durante o reinado de Josias, até o fim do 11º. Reinado de Zedequias quando as pessoas de
Jerusalém foram levadas ao cativeiro.
Baseados nestes versículos, podemos dizer que Jeremias ministrou desde 626 aC
ainda antes dos babilônio derrotarem os assírios e continuou servindo como emissário do
Senhor até pelo menos um pouco depois de 586 aC quando ocorreu a incursão e deportação
final babilônica.
Mensagem:
1. Chamado ao arrependimento verdadeiro - Antes dos babilônios
invadissem a primeira vez, Jeremias chamou o povo ao arrependimento verdadeiro para evitar
as invasões.
2. Destruição de Jerusalém – Ao continuar os ataques babilônicos,
Jeremias reiterou que a destruição de Jerusalém era certa. Chamou o povo ao arrependimento
e a preparar-se para dias de dificuldades.
3. Esperança de Restauração Futura – Ainda assim, apesar de seu
enfoque no exílio na Babilônia, Jeremias também afirmou que Israel iria ser restaurada no
futuro.
Ex.: Em Jr 30 e 31 ele recorda ao povo de Judá que Deus os ia trazer de novo à terra e
estabeleceria a segurança de um novo pacto.
b) Sofonias
O segundo profeta desse período foi Sofonias.
Data – 640 – 609 aC - Sf 1.1 nos diz explicitamente quando ele serviu como profeta
de Deus. Ele serviu durante o reinado de Josias, filho de Amnom, rei de Judá.
Local
-
Josias reinou sobre Judá de 640 a 609 antes de Cristo. Isto faz de Sofonias um contemporâneo
do ministério incipiente de Jeremias.
Mensagem – Destruição da Assíria por meio da Babilônia – Em 2.13-15 Sofonias
predisse que Nínive cairia pelas mãos dos babilônios. De fato Sofonias predisse que o Dia do
Senhor viria contra a Assíria e outras nações que haviam perseguido ao povo de Deus.
Ele antecipou a dominação babilônica sobre toda a região incluindo a Judá. Ainda
assim, Sofonias proclamou que chegaria o dia em que Israel e Judá seriam restaurado em
grandeza, como nos diz o capitulo 3, versículo 20.
65
c) Joel
Data – Não podemos ser dogmáticos com relação às datas do ministério de Joel
porque seu livro não nos dá um tempo especifico para seu ministério. Alguns interpretes
situam a Joel, mas cedo na história, outros mais tarde. Não obstante, baseados em 1.13, 2.1,
podemos está seguros de que o templo e o sacerdócio estavam tão ativos quando Joel pregava.
Local – Joel anuncia que veria a destruição de Sião em 2.1. Assim, fica claro que Joel
ministrou em algum tempo durante as deportações dos judeus à Babilônia.
Mensagem:
1. Destruição de Jerusalém. Sua mensagem foi direta. A terra de Juda
seria arrebatada por exércitos estrangeiros. No capítulo 2, Joel faz um chamado ao
arrependimento, com a esperança de que com o arrependimento sincero, poderia evitar ou
suavizar a destruição dos babilônios.
2. Esperança de restauração Futura - Ainda depois de concluir que
esta destruição viria Joel, não deixou de falar totalmente das bênçãos de Deus. Ele afirmou a
seus leitores que uma vez que terminasse o exílio, Deus iria restaurar a seu povo a um tempo
de bênçãos do pacto, insuperáveis, como disse em 3.20-21.
d) Obadias
Data – não tem no seu livro datas especificas. Mas, se concentra em como Edom se
aproveita do sofrimento terrível dos judeus.
Local – Muito provavelmente Obadias tinha em mente os problemas que vieram a
Judá durante as variadas invasões e deportações que os babilônios fizeram contra Judá durante
os anos 597 a 586 aC.
Mensagem: Destruição de Edom – Obadias anunciou que o Senhor não passaria por
alto as crueldades dos edomitas. Edom seria destruído. De fato, anunciou que de fato, os
exilados de Judá regressariam e tomariam posse de Edom, como está no verso 15. Obadias
proclamou que depois que acabar o exílio de Judá, Deus castigaria as nações por haver
maltratado a seu povo.
e) Habacuque
Data - De novo não sabemos com precisão quando ministrou . Não obstante, o
conteúdo do seu livro nos dá certa orientação. Em 1.1, o profeta ora pela destruição pelos
governadores ímpios de Judá. A resposta de Deus encontramos no capítulo 1.6. À luz dessa
66
passagem é provável que Habacuque ministrou antes da primeira invasão e deportação
babilônica em 605 aC.
Local – Judá.
Mensagem:
1. Lamentou a maldade – Habacuque primeiro se lamentou da maldade
de Judá; logo se lamentou pela opressão dos babilônios;
2. Confiança no Senhor – No final do livro Habacuque afirmou sua
confiança no Senhor. Sem importar tempo tardará Deus em destruir os babilônios. Isso pode
ser visto nas palavras de fé registradas em 3.17-18.
f) Ezequiel
Lugar - No cap. 1 verso 2 nos diz que o profeta foi levado à Babilônia, 597 aC. Ele
ministrou em Babilônia entre os exilados e como seu livro deixa bem claro, Ezequiel ainda a
grande destruição de Jerusalém em 586 aC.
Data - Assim, Ezequiel ministrou desde 597 aC até a destruição de Jerusalém em 586
aC. (Ez 29.17).
Mensagem:
1. Destruição de Jerusalém – Ezequiel passou a maior parte do
principio do seu ministério proclamando que os babilônios destruiriam a Jerusalem e a seu
templo.
2. Diretrizes para a reconstrução – Mas, além disso, grande parte do
livro, enfoca em como o povo regressaria à terra e como deviam reconstruir o templo quando
regressasse. Depois de descrever como seriam grandiosa a cidade, bem como o templo,
conclui o seu livro dessa maneira, (ler 48.35).
g) Daniel
Lugar – Daniel foi levado à Babilônia na primeira deportação em 605 aC.
Data – As referências de seu livro indicam que o ministério de Daniel se estende de
605 até 539 aC.
Mensagem:
1. Exílio Longo - Daniel interpretou sonhos e teve várias visões que
deixaram que o exílio de Judá ia ser estendido por longo tempo. Se deu conta de que o povo
de Deus não se havia arrependido, ainda que estando no exílio (ler 9.13 - pacto).
Como resultado Daniel se inteirou de que o exílio do povo de Deus se estenderia
durante quatro reinos: os babilônios, os medos e persas, os gregos e uma quarta nação sem
nome que agora sabemos que foi o império romano.
67
2. Animou os exilados ao arrependimento – Daniel animou os exilados
ao arrependimento e à fé. Lhes advertiu que a rebelião contínua prolongaria a separação da
terra.
Seria muito difícil cair em erro por enfatizar demais o juízo de Deus por meio da
Babilônia. Foi um tempo em que o povo de Deus sofreu sua pior derrota. O povo de Deus
estava no exílio, fora de sua terra de Judá, o filho de Davi havia sido exilado do seu trono; a
cidade de Jerusalém foi destruída (Sl 137); e o templo de Deus foi destruído. Esse foi o pior
tempo que passou o povo de Deus no AT. Durante esse tempo os profetas ofereceram palavra
de advertência e juízo, mas também ofereceram a esperança de que um dia o Senhor
restauraria o seu povo a Jerusalém e Judá.
4. O PERÍODO DA RESTAURAÇÃO
Até agora vimos 3 períodos e os acontecimentos importantes em cada período. Agora
chegamos ao último período da profecia do AT.
Como vimos na Monarquia Incipiente prover o fundo histórico para os profetas que
escreverem livros da Bíblia. Vários profetas ministraram no período do juízo por meio da
Assíria e outros mais serviram a Deus durante o juízo por meio da Babilônia. Agora devemos
explorar os profetas que ministraram ao povo de Deus quando alguns israelitas regressaram
do exílio da Babilônia à terra de Judá.
O período de restauração se estende ao redor de 539 aC a cerca de 400 aC.
Exploraremos este período da maneira usual, enfocando os acontecimentos principais
e depois no ministério dos profetas.
4.1. Acontecimentos Importantes.
4.1.1. O regresso dos Israelitas à terra
Nos anos 539 e 538 aC Deus fez algo grandioso por seu povo exilado (Sl 126). Em
cumprimento das profecias de Isaias, Ciro, o imperador persa, conquistou o império
babilônico e animou os israelitas a regressar à sua terra e reconstruir o templo de Jerusalém.
Essa restauração inicial do povo teve lugar sob a liderança de Belsazar e que muitos pensam
que é Zorobabel, o herdeiro legitimo do trono de Davi.
Entretanto, os exilados que regressaram foram relativamente poucos em número e não
estavam muito dedicados a cumprir a vontade do Senhor. Isso nos leva ao segundo
acontecimento importante desse período da restauração:
68
4.1.2. A Reconstrução do templo (520-515 aC).
Falha na responsabilidade - Os israelitas que regressaram primeiro à terra,
descuidaram da reconstrução do templo. Começaram o projeto, mas logo, começaram a se
preocupar com suas próprias necessidades e deixaram de construir.
Devido ao fato do povo de Deus está falhando em sua responsabilidade de reconstruir
o templo, os profetas Ageu e Zacarias foram às ruas de Jerusalém e cerca do ano 520 aC. para
exortar às pessoas a reconstruir o templo de Deus.
A principio houve um grande otimismo e esperança, mas esse otimismo não durou
muito tempo.
4.1.3. Apostasia Geral
Essa apostasia cresceu depois da reconstrução inicial do templo, especialmente
durante os ministérios de Esdras e Neemias. Os eruditos debatem com respeito às datas exatas
desse período. Pelo que devemos estabelecer uma margem de possibilidade em cerca de 450400 aC.
Depois de uma geração depois que Zorobabel reconstruiu o templo, o povo de Deus
começou a casar-se com mulheres estrangeiras e como resultado a religião de Israel se
misturou com a religião de outros povos.
O período da restauração se deteve.
Esdras e neemias fizeram reformas que funcionaram por um tempo. Mas não passou
muito tempo antes que falhassem algumas das reformas. O período da restauração chegou a
ser um período de grande apostasia.
Agora consideremos um segundo aspecto:
4.2. O ministério dos profetas
a) Ageu
Lugar – O livro de Ageu deixa bem claro que este profeta esteve aqueles que
regressaram à terra. Como resultado seu ministério teve lugar em Jerusalém.
Data – Além disso, sabemos com muita precisão quando ministrou Ageu. Lemos em
Ageu 1.1, que Deus falou através de Ageu no primeiro dia do sexto mês, a Zorobabel,
governador de Judá.
69
Olhando essa e outras passagens do livro nos inteiramos de que todas as profecias de
Ageu ocorreram durante um período de 4 meses em 520 aC.
Mensagem:
1. Bênção através da Reconstrução – Ageu estava determinado a
animar os israelitas a reconstruir o templo. De fato, Ageu predisse que viriam grandes vitórias
e bençãos a Zorobabel se ele e o povo de arrependesse dos seus pecados, como disse em 2.21.
Ageu proclamou as ricas bençãos de Deus às pessoas se a nação regressasse
sinceramente ao Senhor e reconstruisse seu templo.
b) Zacarias
Local - Olhando os conteudos das profecias de Zacarias, nos inteiramos de que ele
ministrou em Jerusalém, junto com Ageu.
Data - Em 1.1. menciona-se que Zacarias começou a ministrar no 8º. mês do segundo
ano de Dario, ou seja, no ano 520 aC. E pelo conteudo dos capitulos 9 a 14 muitos interprétes
creem que o ministério de Zacarias continuou depois e ele deixou claro que simplesmente
reconstruir o templo não era suficiente para atrair a bênção divina.
Mensagem:
1. Reconstrução do templo – em seu ministério inicial, resumido nos
primeiros oito capítulos de Zacarias, a mensagem do profeta foi muito simples: grande
bênçãos virão se o povo reconstruir o templo.
2. Futura intervenção Divina – Mas, além disso, nos capítulos 9 a 14
Zacarias predisse que a restauração total viria somente por meio de uma intervenção
catastrófica divina no futuro. O profeta teve visões de uma série de grandes acontecimentos
no futuro quando Deus iria intervir e trazer vitória e justiça ao seu povo, como diz 14.20.
c) Malaquias
O último profeta do AT foi Malaquias.
Lugar – Por seu enfoque no templo e nos levitas parece que Malaquias também
ministrou nos arredores de Jerusalém.
Data: Sua mensagem é compatível com o tempo de antes ou depois das reformas de
Neemias cerca de 450-400 aC.
Mensagem:
1. Grande juízo - Os serviços dos templos se haviam corrompido de tal
maneira e o povo se havia afastado de tal maneira do Senhor, que Malaquias anunciou que um
grande juízo todavia, viria sobre o povo de Deus, como lemos em 3.5.
2. Restauração Final – Não obstante, Malaquias sabia que o juízo de
Deus no futuro também levaria à restauração final dos justos em Israel.
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Em 4.2 Malaquias oferece esparança para aqueles que se arrependem e mostram ser
fiéis ao Senhor (LER). Malaquias assegurou a Israel, apesar da sua apostasia, que depois do
juízo, teriam um tempo de grande benção.
Os profetas do período da restauração tiveram que lidar com grandes crises. O povo de
Deus que havia regressado do exílio continuou rebelando-se contra Deus. Como resultado os
profetas concluíram finalmente que as grandes bênçãos da restauração viriam num futuro
distante.
Como cristãos sabemos quando se cumpriram. Foi quando Jesus veio à terra.
Ao interpretarmos a profecia do AT sempre é essencial relacionar as palavras
proféticas com as circunstâncias. Ao relacionar as palavras dos profetas com as circunstâncias
históricas que enfrentaram seremos capazes de entender que significaram suas palavras para
as pessoas desses dias. Também seremos capazes de entender que significam suas palavras
para nós hoje.
71
LIÇÃO 6 – ANÁLISE LITERÁRIA DOS PROFETAS
INTRODUÇÃO
Tenho vários amigos que tem se comprometido a Bíblia toda em um ano. Mas, em
várias ocasiões esses amigos me tem procurado e dito: quando comecei a ler os profetas do
Antigo Testamento me senti como perdido num bosque enorme e escuro. O mesmo nos passa
a muitos de nós. Começamos a pensar que conhecemos os profetas entretanto nos damos
conta de que damos voltas e voltas por desconhecer o terreno dos profetas do AT.
Nesta lição começaremos a ter alguma familiaridade com o terreno dessa parte da
Bíblia.
TEMA: ANÁLISE LITERÁRIA DOS PROFETAS
Dividiremos esta lição em 3 tipos de literatura que encontramos em toda a literatura da
profecia do AT:
1. As narrativas históricas – ou seja, histórias que informam acontecimentos que
ocorreram na vida dos profetas.
2. Comunicação com Deus – passagens que informam os louvores e as orações dos
profetas quando se dirigiam a Deus.
3. Comunicação com as pessoas – os discursos que os profetas dirigiram aos seus
contemporâneos humanos.
Para entendimento de como aparecem esses tipos de literaturas nos livros proféticos
nos proverão um mapa que nos levarão aos tesouros que nos aguardam nessa parte da Bíblia.
Vejamos primeiro:
1. AS NARRATIVAS HISTÓRICAS
Todos gostamos de boas histórias por isso, muitos de nós lemos histórias e vemos
filmes. As histórias fazem mais do que informar-nos, também desperta nossa imaginação e
nos muda de maneira que as vezes não imaginávamos.
Quando pensamos na Bíblia, sabemos que há muitas narrativas ou histórias na Bíblia.
Geralmente pensamos nas histórias de Gênesis ou Êxodo. Entretanto, devemos notar que há
muitas narrações nos livros proféticos do VT.
72
As narrativas históricas dominam absolutamente o terreno de vários livros proféticos.
O primeiro da lista é o livro de Jonas. Do principio ao fim nos conta a história de
Jonas e seu ministério na cidade de Nínive.
Uma porção grande do livro de Daniel também é uma narrativa histórica. As lições e
profecias de Daniel estão postas em acontecimentos históricos. Além disso, vários capítulos
do livro de Jeremias e Ezequiel que são também relatos históricos.
Em menor medida, aparecem também, aqui e ali, em livros como Oséias, Amós e
Isaías.
Ao estudarmos os profetas devemos estar sempre atentos às narrações históricas. Essas
se constituem partes importantes de muitos livros. Exploraremos o papel que cumprem as
narrativas históricas na profecia, enfocando dois aspectos:
1.1. Os tipos de narrativas
1.2. Conteúdo dessas narrativas
Vejamos primeiro os tipos de narrativas que encontramos nos livros proféticos.
1.1. Os tipos de narrativas
As profecias do AT apresentam dois tipos básicos de narrativas:
1.1.1. As Biografias – como o próprio termo indica a biografia são relatos a partir da
perspectiva de uma terceira pessoa.
1.1.2. Autobiografia – são relatos feitos na primeira pessoa do singular.
Em alguns casos aparecem no mesmo livro relatos biográficos e autobiográficos.
Por exemplo:
a) Os primeiros 6 capítulos de Daniel informam vários acontecimentos da vida de
Daniel do ponto de vista de uma terceira pessoa.
No capítulo 1 – lemos sobre o treinamento de Daniel na Babilônia.
No capítulo 2 – temos o sonho da grande estatua que teve Nabucodonosor e a
interpretação de Daniel.
No capítulo 3 – temos a história do famoso forno ardente.
No capítulo 4 – encontramos o sonho que teve Nabucodonosor e a interpretação de
Daniel.
No capítulo 5 – temos a Escritura na parede de Belsazar.
No capítulo 6 – temos o relato de Daniel no poço dos leões.
73
Todos esses capítulos tem a forma de uma biografia. São narrações feitas na 3ª. pessoa,
acerca do profeta do AT, chamado Daniel.
Ainda que os primeiros 6 capítulos sejam biográficos os capítulos restantes tomam a
forma de uma autobiografia. Algumas introduções curtas começam cada sessão. Entretanto, o
terreno é dominado pelos relatos feitos na 1ª. pessoa do singular. Daniel com suas próprias
palavras relata o que lhe ocorreu.
No capítulo 7 – Informa o episódio de Daniel e as 4 bestas.
No capítulo 8 – Daniel fala da sua visão do Caneiro e cabrito macho.
No capítulo 9 – É um relato autobiográfico da oração de Daniel para que os exilados
retornem à terra.
Nos capítulos 10-12 – tem um relato das visões de Daniel sobre o futuro do povo de
Deus.
Ao estudar a profecia do AT, encontraremos muitas biografias e muitas autobiografias.
E sempre devemos dar-nos conta desses gêneros quando os encontrarmos. Os escritores do AT
escrevem em forma de narrativa para ensinar-nos indiretamente suas lições. E se passarmos
por alto esses gêneros literários nós perderemos mensagens importantes que querem dar-nos.
Já vimos que as narrativas históricas são uma parte vital dos livros proféticos estamos
agora prontos para fazermos outra pergunta. Quais o conteúdo básico desses registros
históricos?
1.2. Conteúdo dessas narrativas
Através de todos os profetas podemos notar que as narrativas tem o foco em 4 direções
básicas:
1.2.1. O chamado do profeta
1.2.2. Ações Simbólicas
1.2.3. Informações sobre visões
1.2.4. O contexto histórico
Vejamos cada um deles:
1.2.1. O chamado do profeta
O chamado do profeta é a informação do momento quando Deus comissiona o profeta
para falar por Ele. Esse tipo de registro aparece em várias passagens importantes.
74
Por exemplo: Isaías 6 informa: O chamado de Deus a Isaias
Jeremias 1 narra como Deus chama a Jeremias para apresentar o pacto
de Deus.
Ezequiel 2 vemos que Deus chamou a Ezequiel de uma maneira muito
especial.
Em cada uma dessas passagens encontramos histórias ou narrações e notamos a
unidade dos profetas de Deus e como os profetas estavam seguros de que Deus havia
autorizado seu ministério.
A história do chamado dos profetas estavam desenhadas para validar ou para
demonstrar que Deus havia chamado aos profetas para cumprir a sua vontade. Isso era muito
importante porque os profetas parecem dizer coisas que não eram muito atrativas ou
facilmente aceitáveis.
E pretendemos recordar que essas historias que Deus havia chamado a esses homens
para servi-lo. Ao estudarmos os profetas encontraremos coisas que não gostamos ou não
queremos aceitar, mas devemos recordar que os profetas foram chamados por Deus.
1.2.2. Ações Simbólicas
Dessas razões históricas dos livros proféticos também tem seu foco nas ações
simbólicas dos profetas. Muitas Deus chamou seus emissário a realizar certas ações que
teriam um valor simbólico para seus ministérios.
Por exemplo: Em Jeremias 13 foi dito ao profeta que enterrasse um cinto de linho até
que apodrecesse, para ilustrar a corrupção de Judá. No capítulo 19 se disse a Jeremias que
comprasse uma vasilha de barro e que a quebrasse na presença dos anciãos como um símbolo
do que iria acontecer a Judá. No capítulo 32 Deus disse a Jeremias que comprasse um campo
e que guardasse a Escritura da propriedade como um sinal para o povo de Deus de que um dia
Deus os traria de volta à terra.
Esses exemplos do livro de Jeremias são alguns dos muitos exemplos das ações
simbólicas que se narram nos livros proféticos.
Nos livros tais como Oséias e Ezequiel estão cheios desse tipo de acontecimento. No
AT, o povo de Deus podia ver com os seus olhos o que DEUS está fazendo através dos seus
profetas e quando lemos estes registros, também nós podemos ver com nossos próprios olhos
o que Deus estava dizendo através dos profetas.
1.2.3. Informações sobre visões
75
Além das razões do chamado dos profetas e das ações simbólicas também
encontramos um terceiro tipo de narrativa histórica nos livros proféticos: Informes de visões.
Os informes de visões são aquelas passagens em que os profetas descreve um encontro
pessoal com Deus.
Uma série importante de informes de visão aparece em Amós 7.1-9. Essa passagem
realmente é um informe de 3 visões.
a) Amós 7.1-3 – O Senhor mostra a Amós a praga de gafanhotos que estava a ponto de
destruir a Israel do Norte. Mas, Amós ofereceu uma resposta a esta visão. No capitulo 7,
versículo 2, (LER) Amós mostra a preocupação de que um remanescente sobrevivesse a uma
praga tão terrível. No versículo 3, Deus decide não enviar os gafanhotos.
b) Amós 7.4-6 – De maneira muito parecida, nos versículos de 4-6 Deus permite a
Amós ver como decretava incêndio para consumir a terra de Israel do Norte. Amós respondeu
de novo e clamou ao Senhor, no versículo 5. Outra vez no versículo 6, Deus não permite o
acontecimento.
c) Amós 7.7-9 – se informa uma terceira visão. Nessa ocasião Amós viu a Deus sobre
um muro e com um prumo na mão. Estava medindo o muro para ver se estava fora do padrão
e necessitava ser derrubado. Esse prumo simbolizava o fato de que Deus vai julgar a cada
individuo dentro do seu povo, e destruiria só aqueles que haviam se rebelado. Amós ficou
perturbado e não soube o que dizer acerca dessa visão. Ele sabia que seria achado como um
homem justo e sobreviveria.
Os livros proféticos estão cheios de informes pessoais como este. Seguramente, você
recordará que o capitulo 1 de Ezequiel quando ele viu o grande trono e a carruagem de Deus,
também recordamos as muitas lições de Daniel e os profetas. Os informes de visão nos faz
conscientes da origem divina da Palavra profética.
1.2.4. Contexto Histórico
Além do chamado dos profetas, das ações simbólicas e dos informes das visões vários
relatos dos livros proféticos simplesmente nos provêm um contexto histórico. Esses tipos de
narrativas aparecem espalhadas nos livros proféticos.
Um exemplo importante desse enfoque no contexto histórico é o que aparece em Isaias
7 e 8. Esses capítulos provêem o contexto histórico da profecia muito conhecida de Isaias
capítulo 7, verso 14. (LER). Muitas vezes, os cristãos erroneamente não presta a devida
atenção à narrativa que rodeia a este versículo: a narrativa dos capítulos 7 e 8 de Isaias.
76
Esses capítulos provêem um contexto histórico para a palavra profética de Isaias. Em
Is 7. 1-2 averiguamos que Isaias se dirigia a Acaz, quando este estava aterrado com as
ameaças da Síria e de Israel do Norte. Estas nações queriam se unir numa coalizão contra o
império da Assíria.
Is 7.3-11 - Assim nos versículos 3-11, a narrativa nos indica que Isaías deu uma
advertência a Acaz. A advertência foi que ele não devia temer a nenhuma dessas nações senão
que devia confiar em Jeová que o libertaria.
Is 7.12 – No versículo 12 lemos que Acaz se recusou a confiar em Deus, pelo que
lemos em 7.13-8-18 como Isaias repreendeu a Acaz e anunciou que Deus iria julgar a Judá de
acordo com o império Assírio.
Esta narrativa histórica foi desenhada para prover um contexto histórico para as
profecias de Isaias nessa passagem. Podemos esperar entender corretamente as predições de
Isaías se as pusermos dentro do contexto dessa narrativa histórica.
Quando lemos a profecia do AT e encontramos uma história devemos fazer-nos essas
perguntas:
1. Essa é uma narração do chamado do profeta?
2. Estamos vendo um informe de uma ação simbólica?
3. É isto o informe de uma visão?
4. Ou simplesmente é uma narrativa que nos prover um contexto histórico da profecia?
Ao fazermos essas perguntas seremos capazes de entender passagens que de outra
maneira estariam ocultas para nós.
2. A COMUNICAÇÃO COM DEUS
Até agora nessa lição sobre a literatura profética temos notado que os profetas
incluíram narrativas históricas em seus livros. Agora vamos considerar um segundo tipo de
material literário que encontramos nessa parte da Bíblia: A comunicação do profeta com
Deus.
Os profetas do AT foram homens e mulheres que amavam ao Senhor, pelo que suas
vidas estiveram plena de oração. Mas também devemos recordar que eles amavam suas
Bíblia e aprenderam a orar tendo com base as suas Bíblias. Assim, descobrimos que os
profetas do AT oravam a Deus da mesma maneira que os salmistas oravam ao Senhor. Nos
livros proféticos podemos encontrar todo tipo imaginável de oração.
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Para dizer as coisas de uma maneira simples, vamos falar dos vários tipo de orações
que encontramos nos profetas:
2.1. Orações de Lamento
2.2. Orações de louvor
Quando os profetas falavam com Deus abriam seus corações diante dele através de
todo âmbito de dor ou alegria. Consideremos primeiro como se expressava os profetas a Deus
através das expressões de lamento.
2.1. Orações de Lamento
Desafortunadamente muitos cristãos não estão familiarizados com os tipos de oração
que denominamos lamento. Os lamentos são aquelas orações que expressam ao Senhor
decepção, tristeza e confusão. Em nossos dias muitos cristãos pensam que não é apropriado
orar dessa maneira. Entretanto, descobrimos que os profetas do AT nos dizem que este tipo de
oração é parte vital de nossas vidas com o Senhor. Os profetas oferecem sua confissão, sua
decepção e sua tristeza a Deus através da oração.
Os lamentos aparecem nos profetas.
Jeremias, Lamentações e Habacuque são conhecidos pelos seus lamentos extensos.
Mas, este tipo de oração aparecem em muitos livros proféticos. De fato o livro de
Ageu é o único livro que não tem nenhuma passagem de lamento.
Da freqüência com que encontramos lamentos nos profetas nos indica que esta era
uma parte importante do ministério profético. Os profetas ofereciam suas preocupações ao
Senhor através do lamento porque estavam enfrentando um dos piores momentos da história
do povo de Deus.
Para explorar como aparecem os lamentos nos livros proféticos, devemos dar conta de
que os profetas usualmente se lamentavam acerca de dois temas diferentes:
2.1.1. Por causa do pecado do povo de Deus
2.1.2. Por causa do juízo de Deus diante do pecado do povo.
Uma das melhores maneiras de ilustrar esses lamentos proféticos e considerar os
lamentos no livro de Habacuque.
Habacuque ministrou pouco antes e durante a crise babilônica em Judá. Por esta razão
Habacuque falou a Deus acerca de dois grandes problemas.
1. Por um lado, no capítulo 1.2-4 se lamentou pelos pecados de Israel e pela maneira
como Israel havia se rebelado contra Deus.
2. Depois, se lamentou pela dureza do juízo de Deus na agressão dos babilônios.
78
Devemos começar considerando o lamento do profeta pelos pecados do povo de Deus.
2.1.1. Por causa do pecado do povo de Deus
Nos primeiros versículos do seu livro, Habacuque reflete sobre os pecados do povo de
Deus e clama a Deus. (Hc 1.2 (ler). Habacuque estava profundamente contrariado pelo fato de
que Deus não havia escutado suas orações pela condição moral de Judá. Como muitos outros
profetas Habacuque estava muito preocupado pela injustiça desenfreada que reinava na terra.
Hc 1.4 (ler). Habacuque estava contrariado porque Deus não havia reagido com juízo
por conta do pecado do seu povo. Habacuque se sentia frustrado e desamparado.
Essa primeira oração em Habacuque ilustra como os profetas expressavam seus
corações ao Senhor. Quando via a dor e o sofrimento do povo de Deus, clamavam a Deus e
conclamavam os demais a clamar a Deus através de lamentos. Como temos visto Habacuque
clamou a Deus para castigar ao povo de Judá por causa de seus pecados. E quando lemos o
livro de Habacuque encontramos que no capítulo 1.5-11 Deus lhe responde dizendo (ler).
Deus responde que irá responder a petição de juízo contra os praticantes da injustiça
em Judá. Deus cumpriu a sua palavra e enviou os babilônios como juízo do pacto que
subjulgaram a Judá e maltrataram ao povo de Deus.
Uma vez que Deus atuou em juízo Habacuque olhou a situação de novo e expressou
um segundo tipo de lamento que é comum nos livros proféticos: os lamentos pelo juízo de
Deus!
2.1.2. Por causa do juízo de Deus diante do pecado do povo.
Escutemos como Habacuque ora pelos sofrimentos de Judá. Ler 1.13. O profeta sabia
que o povo de Deus havia pecado terrivelmente, mas agora se dá conta que os pecados dos
Babilônios são bem maiores. A dor e o sofrimento debaixo dos opressores estrangeiros
compeliu Habacuque a clamar a Deus com um profundo lamento.
Em resposta ao clamor do profeta Deus lhe disse em 2.2-20 (ler) que um dia ele iria
castigar aos babilônios por sua opressão. Por exemplo: 2.8. O lamento de Habacuque pela
severidade do julgamento de Deus alcançou o trono celestial e lhe assegurou que Babilônia
seria destruída.
Através de todos os profetas encontramos que estes servos do Senhor ofereciam seus
lamentos para levar suas preocupações até ao Senhor. Ocasionalmente encontramos alguns
lamentos pelas nações gentílicas para assegurar ao povo de Israel, que esses inimigos seriam
destruídos. Pelo usualmente, ofereciam essas preocupações ao Senhor para que o povo
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soubesse quão severos haviam sido os seus pecados e para serem chamados ao
arrependimento.
2.2. Orações de louvor a Deus
Os lamentos são uma das maneiras que os profetas se comunicavam com Deus. Agora
devemos considerar o segundo tipo de oração principal que aparece nos profetas: a oração de
louvor a Deus.
Tais como os salmos temos muitos exemplos de louvor a Deus. Os profetas utilizaram
também essa forma de expressão para falar com o Senhor.
Usualmente ofereciam louvor a Deus pelas grandes bênçãos do pacto. Quando os
profetas viam as coisas boas que Deus ia fazer iam a Ele com louvores.
O louvor a Deus aparece em muitos livros proféticos por ser um tema muito
importante para os profetas. Completemos nosso estudo de Habacuque considerando o louvor
a Deus que aparece em seu livro.
Como temos visto a maior parte do livro trata dos lamentos do profeta e as respostas a
seus lamentos. Porém o último capítulo do livro sai do lamento para o louvor. (Hc 3.1-21).
Depois de Deus prometer que haveria de destruir os babilônios por causa do trato
severo ao povo de Deus, Habacuque ofereceu ao Senhor um louvor maravilhoso. Que tipo de
louvor encontramos em Habacuque?
Nos profetas encontramos dois temas que estão no centro do lecionário com respeito
ao louvor a Deus.
Quando o profeta ora ao Senhor com louvor, louvava por seus juízos e pelas suas
bênçãos.
Quando lemos o 3º. Capítulo de Habacuque notamos que ele também seguiu essa
mesma pauta. Ler Hc 3.9-12. Vemos aqui que o profeta se dirige a Deus com louvor por sua
habilidade de olhar às nações e de destrui-las em juízos.
Esse tema de louvor pelo juízo de Deus aparece em muitos lugares nos profetas. Por
exemplo: O profeta Isaías louva ao Senhor em 40.22 (ler).
Quando encontramos passagens que honram a Deus por seu juízo, geralmente nos
sentimos um pouco estranho. Os cristãos hoje em dia pensam que só devemos louvar ao
Senhor por suas bênçãos na terra. Mas, a realidade é esta: o mundo persegue o povo de Deus e
quando Deus julga aqueles que perseguem ao seu povo, o povo de Deus deve louvá-lo. Os
profetas entendiam isso e, por isso, louvavam a Deus por seu juízo.
Essa conexão entre o juízo e a benção nos leva ao 2º. enfoque do louvor dos profetas.
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Os profetas sempre louvavam ao Senhor não só por seus juízos, mas também pelas
suas muitas bênçãos para com seu povo.
Ex.: Hc 3.12-13 - O profeta declara explicitamente porque louva a Deus por seu poder
e juízo. Habacuque louva a Deus porque ao julgar aos gentios, Deus libertaria ao povo de
Israel para restaurar a casa de Davi. Habacuque viu essas coisas e louvou a Deus por suas
bênçãos.
De uma maneira semelhante o profeta Isaías também honra a Deus ao citar as Palavras
de Deus de louvor a Ele mesmo. Is 44.24, 26.
Os profetas não só fizeram suas orações de tristeza e lamento, mas também, grandes
louvores a Deus. Quando os leitores finais leram essas palavras também foram levados a
louvar a Deus. Quando escutamos o profeta falar palavras de Louvores ao Senhor, por suas
bênçãos e juízos, nós também devemos unir-nos a eles em louvor a Deus.
3. COMUNICAÇÃO COM AS PESSOAS
Já vimos que nos livros históricos temos narrações históricas e comunicações dos
profetas com Deus. Agora veremos outra categoria principal de literatura que encontramos
nos profetas do AT: a comunicação com as pessoas.
É importante saber que os profetas incluíram esses materiais: relatos históricos e
orações, esses gêneros literários não cumprem o propósito principal pelo qual Deus chamou a
seus profetas.
Deus chamou os profetas para serem seus emissários, para falar aos reis e ao povo da
comunidade do sinal do pacto. Por isso a maioria das suas palavras são mensagens de Deus
para as pessoas. Por isso agora, devemos explorar esse tipo de gênero encontrado no material
profético.
Dividiremos em 3 partes nosso exame da comunicação com as pessoas.
3.1. Discursos de juízo
3.2. Discursos de Bênçãos
3.3. Discursos mesclados no meio desses dois extremos.
3.1. Discursos de juízo
Vejamos alguns dos modos pelos quais os profetas do AT anunciavam as palavras de
Juízo às pessoas do pacto.
81
A investigação recente dos livros proféticos e as comparações com a literatura de
outras culturas, tem revelado que os profetas do AT usualmente diziam seus discursos ás
pessoas de formas típicas ou pautas.
3.1.1. Formas Típicas
Essas pautas de discursos são flexíveis e podem ser adaptadas a situações diferentes
por diferentes pessoas.
Três tipos de discursos principais eram usados para anuncia os juízos do pacto de
Deus.
a) Oráculos de juízo
b) Oráculos de aflição
c) Litígios.
a) Oráculos de juízo
Os oráculos de juízo são os tipos de discurso mais simples que aparecem nos profetas
do AT. Um oráculo de juízo típico tem dois componentes principais: 1. Há uma acusação em
que os profetas chamam atenção aos pecados do povo de Deus; 2. Há um sentença em que o
profeta anuncia que tipo de maldição do pacto experimentará o povo por seus pecados.
Algumas vezes estes dois componentes se apresentam em ordem inversa. Em algumas
ocasiões o oráculo de juízo se abrevia. Temos só uma acusação ou uma sentença. Mas na
maioria das vezes, os profetas seguem a pauta de primeiro a acusação e depois a sentença.
Por ex.: O profeta Amós expressou um oráculo de juízo à Samaria em Amós 4.1-3. Ele
começou com uma acusação contra as mulheres ricas e glutonas de Samaria (v. 1). Temos
aqui que Amós acusa as mulheres de Samaria de oprimir os pobres de Israel. Em lugar de
ajudar nas necessidades dos pobres simplesmente chamam seus esposos para satisfazer sua
gula.
De uma maneira que é comum nos oráculos de juízo, Amós 4.2-3, anuncia em seguida
a sentença contra àqueles que havia quebrantado essa responsabilidade do pacto. Ler Amós
4.2-3. Em resumo, Amos predisse que Samaria seria destruída e que essas mulheres ricas
seriam levadas ao cativeiro.
b) Oráculos de Aflição
Além dos Oráculos de juízo, os profetas do AT, anunciaram as maldições do pacto,
numa pauta conhecida com o nome de: Oráculos de aflição.
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Os oráculos de aflição eram muito similares aos oráculos de juízo, pois começavam
com uma acusação e logo vinha uma sentença. A diferença principal que tem esses oráculos é
que iniciam com uma expressão de aflição. Que em português se traduz como: Ai!
Ex.: Is 5.8-10 – Aqui o profeta anuncia que o povo tem desprezado ao pobre ao
comprar tanta terá quanto podiam. A expressão ai ocorre em 5.8. Os profetas não só
anunciavam as bênçãos sobre seu povo, mas também que declaravam que Deus traria juízo
contra seu povo (5.8b). Devemos recordar que no dia de Moisés (olha o pacto aí) que cada
família devia ter a segurança de uma propriedade permanente.
Nos dias de Isaías, os ricos haviam violado essa sanção do pacto ao comprar todas as
propriedades que podiam. Assim em Isaias 5.9-10, o profeta declara a sentença contra esses
violadores do pacto.
Vemos aqui que como muitas outras profecias, o castigo vai de acordo com o delito.
Os ricos haviam buscado a segurança e as vantagens comprando propriedades. Mas, Deus se
encarregou de que seus esforços sejam em vão.
Is 5.8a – Aflição
Is 5.8b – Acusação
Is 5.9-10 – Sentença
Os oráculos de aflição aparecem nos livros proféticos.
c) Litígios (Termo técnico)
Além dos oráculos de juízo e aflição, os profetas também pronunciaram a maldição do
pacto na forma de litígios.
A palavra hebraica rib geralmente se associa com essa forma de discurso.
Normalmente o termo rib, significa contender ou lutar. Mas tomou um significado especial
para os profetas, indica uma contenda legal. É um termo técnico que indica um processo
legal ou um litígio que tem lugar na corte celestial de Jeová, o grande Rei.
Já vimos que os profetas têm ambição de céu, o trono celestial de Deus. E muitas
vezes o trono celestial de Deus era visto como um tribunal de justiça e, em conseqüência, se
escuta terminologia legal: Deus é fiscal e juiz. Os testemunhos são chamados contra o povo
de Deus e as pessoas são a parte acusada por Deus.
Pessoalmente não encontramos nos profetas um litígio detalhado, mas muitas vezes
encontramos o que poderíamos chamar de litígios modificados.
Um rib ou litígio pode conter muitos elementos. Como poderíamos esperar em
qualquer situação de juízo legal há:
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Uma citação para o juízo;
As Testemunhas são identificadas;
Deus menciona quão bom tem sido para com essas pessoas acusadas
Se dão certos tipos de respostas, às vezes pelo profeta mesmo.
Acusação de Deus
Seguida da sentença.
Um dos melhores exemplos de litígios completos aparece em Mq 6.1-16
Escutamos a citação para o juízo (no versículo 1).
Testemunhas (v. 2)
Lembra a sua bondade a seu povo (v. 3)
Resposta – Miquéias fala em nome do povo respondendo humildemente a pergunta de
Deus (v.6). Logo, admitindo a culpabilidade da nação. Miquéias 6.8.
Acusação – Mq 6.8-12.
Sentença – Mq 6.13-16.
Os litígios similares a esta passagem aparecem nos profetas como uma das formas que
Deus acusa e ameaça a seu povo com o juízo.
Mas, os profetas não apenas declaravam juízos sobre o povo, mas também que Deus
traria bênçãos ao seu povo.
3.2. Discursos de Bênçãos
3.2.1. Formas típicas de discursos de bênçãos
Há basicamente duas maneiras pelas quais os profetas anunciam as bênçãos de Deus
sobre o seu povo.
a) Juizo contra os inimigos – Por um lado os profetas declaram os juízos de Deus
contra os inimigos do povo de Deus.
b) Oráculo de Bençaos – Por outro lado, anunciavam
as bênçãos que vinham
diretamente sobre o povo de Deus.
3.2.1. Juízos contra os inimigos
Vejamos como os juízos contra os inimigos se convertem numa benção para o povo.
Através de toda a história de Israel as nações estrangeiras causaram problemas para o povo de
Israel. Uma das maneiras pelas quais Deus anunciava grandes presentes e bênçãos para o seu
povo era através de que os profetas declararam juízo contra esses inimigos.
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Assim, encontramos:
a) Oráculos de juízo contra os inimigos
b) Oráculos de aflição
c) Litígios contra os inimigos do povo de Deus
Ex.: Naum 3.1. Palavras destinadas a Nínive.
Essas formas cumpriam um duplo propósito: declaram que Deus ia destruir aos
inimigos de Israel e também o propósito positivo de assegurar a Israel que Deus salvaria a seu
povo.
3.2.2. Oráculos de Bênçãos
Além de anunciar os oráculos de juízo contra os inimigos os profetas também traziam
esperança para Israel declarando Oráculos de bênçãos. Os anúncios de benção são muito
flexíveis quanto à sua forma e têm muitas variações, entretanto, repete muitas vezes uma
pauta básica.
1. Aparece uma introdução
2. Menciona-se a razão pela qual Deus está mandando a bênção
3. Logo, mostra-se em que consiste a bênção.
Ex.: O profeta Jeremias anunciou as bênçãos para os reecabitas em 35.18-19.
Encontramos a introdução no versículo 18a. A essa formula introdutória se segue a
menção da razão pela qual Deus dará a bênção ao seu povo. (Razão – 18b). No versículo 19
encontramos o anúncio da bênção.
Outro oráculo de benção bem conhecido se encontra em Jr 31.31-34. Primeiro Deus
anuncia a bênção nos versos 31 a 33. Logo em Jr 31.34b, encontramos a razão dessa bênção.
A graça e o perdão de Deus são a base da promessa do novo pacto.
Como temos visto os profetas tinham discursos típicos que cobriam tanto as bênçãos
como as maldições de Deus. Mas, muitas vezes encontramos nos profetas o que poderíamos
chamar de discursos mesclados.
3.3. Discursos mesclados
Esses discursos mesclados têm muitas formas diferentes pelo que nós só podemos
considerar uns tantos.
Mas, o que devemos recordar é que esses discursos mesclados tinham a potencialidade
de referir-se às bênçãos de Deus ou às maldições de Deus.
85
3.3.1. Oráculos de Juízo e Salvação
Num mesmo discurso fala-se de juízo para alguns e salvação para outros. Is 57.14-21é
um bom exemplo de discursos mesclados, com palavras de juízos para os malvados e salvação
para os justos.
a) Chamado ao arrependimento - Adicionalmente, muitas vezes os profetas chamaram
o povo ao arrependimento advertindo-lhes do juízo e oferecendo bênçãos para aqueles que se
arrependessem. Um exemplo do chamado ao arrependimento pode encontrar-se em Isaias
55.6-13. Ali o profeta chama o povo a arrepender-se dos seus maus caminhos.
b) Chamado à guerra - Em outras ocasiões os profetas chamavam as pessoas á guerra.
Esses chamados estão mesclados porque ser chamados á vitória ou à derrota.
Ex.: Oseias 5.8-11, encontramos um chamado à guerra para preparar-se para o ataque
do juízo de Deus.
3.3.2. Disputa profética
Outro exemplo de discurso mesclado é a disputa profética. Os profetas entravam em
disputas ou discussões com outros profetas. Em Mq 2.6-11, o profeta argumenta contra os
pontos de vistas dos falsos profetas.
1. Condenar
2. Anunciar a verdade
a) Benção
b) Juízo
As disputas anunciavam as bênçãos ou as maldições vindouras.
3.3.3. Parábolas
Finalmente os profetas anunciavam mensagens mescladas através do gênero literário
da Parábola.
As parábolas podiam ser um anúncio positivo da graça de Deus ou um anúncio
negativo do juízo de Deus.
Ex.: Is 5.1-7 – é um exemplo poderoso de uma parábola nos profetas. Ali o profeta
Isaías compara a Israel com uma vinha.
Encontramos nos profetas muitos tipos de Oráculos mesclados. Quando os
encontramos é muito importante notarmos que esses discursos podem ser que estejam
anunciando as bênçãos do pacto ou a maldição do pacto.
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Vimos que a literatura profética contem muitos tipos de discursos enunciados pelos
profetas.
Entre elas as narrativas históricas, a comunicação com Deus e a comunicação com as
pessoas. Os profetas ocuparam a maior parte do seu tempo trazendo a palavra de Deus a
seu povo.
É difícil imaginar que possamos exagerar o importante que é familiarizar-se com os
diversos gêneros que aparecem nos livros proféticos. Muitas vezes nos sentimos perdidos ou
confundidos quando lemos os profetas porque não nos damos conta dos diferentes tipos de
materiais que encontramos ali.
Temos visto que encontramos nos profetas narrativas de relatos históricos, e
comunicação com Deus, e da mesma forma que comunicação com as pessoas. Ao ler os livros
proféticos estando conscientes dessas distinções de gênero podemos avançar em nosso
entendimento do que significa nos seus dias e o que significa para nós hoje.
87
LIÇÃO 7 – O PROPÓSITO DAS PREDIÇÕES
INTRODUÇÃO
Quem quer que leia a profecia do Antigo Testamento prontamente descobre que os
profetas fizeram muitas predições. E se perguntamos às pessoas: por que há tantas predições
nos profetas? elas dirão simplesmente, que era para falar-nos acerca do futuro. Aprenderemos
nessa lição que os profetas não fizeram predições principalmente para nos informar sobre o
futuro, senão antes, predisseram para animar ao povo de Deus a formar o futuro.
O título dessa lição é: O propósito das predições porque vamos explorar a razão pela
qual os profetas falaram acerca do futuro. Para descobrir os propósitos das predições, vamos
explorar quatro tópicos diferentes:
1. Como os profetas entenderam a soberania de Deus na história;
2. O que criam os profetas acerca das predições e contingências humanas;
3. Como entenderam a precisão de suas predições; e,
4. Quais foram os objetivos das predições na profecia do Antigo Testamento.
Vejamos primeiro como a soberania de Deus sobre a história moldou o entendimento
das predições dos profetas.
1. A SOBERANIA DE DEUS
Já notou alguma vez que os cristãos, como todas as pessoas, tendem a ir aos extremos?
– ou comemos demasiadamente ou comemos muito pouco, ou fazemos exercício demais ou
não fazemos quase nada. Algo parecido com isso acontece também na teologia. Muitas vezes
quando pensamos em conceitos teológicos, vamos aos dois extremos. E isto é especialmente
certo com o assunto da soberania de Deus. Encontramos alguns cristãos que enfatizam a
soberania de Deus sobre a história até ao ponto em que excluem a realidade da
responsabilidade humana. E depois encontramos pessoas que enfatizam a importância da
vontade e responsabilidade humana ao ponto de negar a soberania de Deus. Há demasiada
confusão na igreja sobre estes tipos de conceito que devemos nos deter por um momento para
ver o ponto de vista da Bíblia sobre a soberania de Deus e a responsabilidade humana. A
doutrina bíblica acerca da soberania de Deus proporciona um antecedente essencial para
entender as formas que os profetas predisseram o futuro.
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Há muitas maneiras pelas quais podemos abordar o assunto da soberania de Deus, mas
vamos dar uma olhada em dois temas teológicos tradicionais: primeiro, a imutabilidade de
Deus, e segundo, a providência de Deus. Vejamos primeiro o que a Bíblia diz acerca da
imutabilidade de Deus.
1.1. A imutabilidade de Deus
Dito de forma simples, a doutrina da imutabilidade ensina que Deus é imutável. Aqui
devemos ter cuidado quando falamos desta maneira porque Deus não é imutável ou
inalterável da maneira como imaginamos. Por muitos séculos, a teologia sistemática
tradicional, tem sido cuidadosa ao identificar modos específicos nos quais Deus não muda. De
falto, há somente três maneiras principais nas quais se pode falar de Deus como imutável.
1.1.1. O caráter de Deus
Em primeiro lugar, o caráter de Deus não muda. Deus sempre é amoroso, sempre é
justo, sempre sabe de todas as coisas, sempre é todo-poderoso, sempre está presente em todo
lugar. Os atributos de Deus nunca variam com o tempo. Isto é o que queria dizer o escritor aos
Hebreus quando escreveu em Hebreus 13.8: Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será
para sempre.
Deus não pode converter-se em algo diferente do que Ele é. Ele pode contar com Seu
caráter para permanecer o mesmo porque Seus atributos são imutáveis.
1.1.2. As promessas do Pacto
Há outro sentido no qual Deus é imutável além de Seu caráter ou atributos. Essa
imutabilidade tem a ver com as promessas do Seu pacto. Quando Deus faz um voto em um
pacto, permanece válido para sempre e nunca caducará. Uma vez mais, o escritor aos Hebreus
resume notavelmente o ensino das Escrituras sobre esse assunto. Em Hebreus 6.16 e 17 lemos
essas palavras: Pois os homens juram pelo que lhes é superior, e o juramento, servindo de
garantia, para eles, é o fim de toda contenda. Por isso, Deus, quando quis mostrar mais
firmemente aos herdeiros da promessa a imutabilidade do seu propósito, se interpôs com
juramento.
Como fica claro nessa passagem, quando Deus faz um juramento em um pacto,
podemos estar seguros de que o que ele disse não muda.
1.1.3. O Conselho Eterno
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Uma terceira forma na qual a Escritura nos ensina que Deis é imutável é com relação a
seu conselho eterno para o universo. Ainda que alguns grupos de cristãos falhem em ver este
ensino nas Escrituras, tudo o que dissemos nessa lição se baseia na crença de que Deus tem
um plano que não muda e que este plano governa toda a história. Ajuda-nos resumir essa
doutrina de um modo tradicional ao nos referirmos à Confissão de Fé de Westminster. Na
Confissão de Fé de Westminster capítulo 3, parágrafo 1, lemos estas palavras acerca do plano
eterno de Deus: “Desde toda a eternidade e pelo mui sábio e santo conselho de sua própria
vontade, Deus ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece”.
Esta declaração confessional expressa a soberania de deus de uma maneira muito
clara. Falando de forma simples, Deus tem um plano para o universo. É extenso e não falha. O
Apóstolo Paulo falou deste plano de Deus em suas epístolas. Por exemplo, ele falou disso em
Efésios 1.11. Segundo o Apóstolo Paulo, Deus tem um plano que inclui tudo, e Deus faz todas
as coisas de acordo com esse plano.
O profeta Isaías falou sobre este plano de Deus que abarca tudo, em Isaías 46. 9-11.
É muito importante entender que os profetas criam na doutrina bíblica da
imutabilidade de Deus. Deus não muda em seu caráter, em suas promessas pactuais, e em Seu
plano eterno para o universo. Assim, não importa o que aconteça na história de Israel, os
profetas entenderam que Deus sempre será verdadeiro em relação a Seu caráter. Eles
entenderam que sempre guardaria firme suas promessas pactuais, e também sabiam que o
conselho de Deus e seu controle sobre todas as coisas nunca falhariam. Ao ler os profetas,
descobriremos que muitas coisas terríveis sucederam, mas esta confiança na imutabilidade de
Deus sempre os sustentava.
Tendo já visto que a imutabilidade de Deus formou um antecedente para as predições
proféticas, também devemos recordar o outro lado da moeda. A doutrina da imutabilidade de
Deus deve ser balanceada com a doutrina da providência de Deus.
1.2. A Providência de Deus
A providência de Deus pode ser definida como o envolvimento ativo de Deus na
história ao levar a cabo seu plano eterno para o universo. De acordo com as Escrituras, Deus
não se distancia da Sua criação, simplesmente observando que se leve a cabo Seu plano
imutável. Ele tem um plano para Ele mesmo em Seu plano eterno. É por essa razão que a
Bíblia fala com freqüência de Deus como o “Deus vivente”. É porque Ele é um ator no
cenário da história e que constantemente interage com sua criação em providência. Mais uma
90
vez a Confissão de Fé de Westminster pode nos ajudar a entender esses assuntos claramente.
No capítulo 5, parágrafo 2, lemos estas palavras acerca da providência de Deus:
Posto que, em relação à presciência e ao decreto de Deus, que é a causa primária,
todas as coisas acontecem imutável e infalivelmente, contudo, pela mesma providência, Deus
ordena que elas sucedam, necessária, livre ou contingentemente, conforme a natureza das
causas secundárias.
Aqui vemos, primeiro, que a partir de uma perspectiva interna, o plano de Deus se
cumprirá sem falhas, imutável e infalivelmente. Mas também vemos que a partir de uma
perspectiva providencial histórica, Deus cumpre seu plano interagindo com Sua criação de
diferentes maneiras. Ele interage com causas secundárias, em três diferentes formas pelo
menos. Deus cumpre o seu plano ordenando os acontecimento para que siga um ao outro
necessária, livre e contingentemente. Essas distinções são importantes, por isso, vamos
analisá-las um pouco.
Algumas vezes a providência de Deus faz com que sucedam as coisas
necessariamente. Os acontecimentos que tenho em mente aqui são coisas que se levam a cabo
de acordo com as leis regulares da natureza – leis como a lei da gravidade. As leis da natureza
proporcionam modelos previsíveis e necessários. Entretanto, ao mesmo tempo, a Confissão de
Fé também estabelece que alguns acontecimentos ocorrem livremente. Em outras palavras,
parecem acontecer ao azar do ponto de vista humano. Lançar sorte, os prognósticos do tempo,
e outras coisas na vida estão debaixo do controle de Deus em última instância, mas parecem,
do ponto de vista humana que são como por acaso ou não tem associação alguma. Finalmente,
a Confissão de Fé nos diz que algumas coisas sucedem na história contingentemente. Claro,
Deus sempre está por trás de todos os acontecimentos, mas Ele controlou a direção da história
nesses casos ao interagir com as contingências das eleições humanas.
Os profetas não criam unicamente que o plano eterno de Deus seria cumprido
absolutamente sem falha alguma, senão que também criam que o plano de Deus envolvia a
escolha e a reação humana. Este fato joga um papel central no ministério profético que
devemos analisar cuidadosamente.
Tendo em mente a imutabilidade e providência divinas, podemos nos dirigir agora a
nosso segundo tema: as predições e as contingências.
2. PREDIÇÕES E CONTINGÊNCIAS
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Até aqui vimos que algumas vezes Deus cumpre Seu plano eterno através das
eventualidades da escolha humana. Aqui, o que vamos ver é que estes tipos de contingências
humanas tiveram um efeito significativo nas predições da profecia do Antigo Testamento.
Algumas vezes a escolha humana intervindo entre a predição profética e o cumprimento dessa
profecia podia ter uma influência significativa no desenrolar da história.
Para explorar a relação entre as predições e as contingências, necessitamos tocar em
dois assuntos: primeiro, os padrões gerais que a Bíblia nos ensina a esperar, e segundo, alguns
exemplos específicos dessa dinâmica.
2.1. Padrões gerais
Vejamos primeiro o modelo básico ou geral que envolvia predições e contingências
históricas.
Talvez a melhor passagem nos profetas que nos pode ajudar a ver este padrão geral é
Jeremias 18. 1-10. Esta passagem é tão importante que devemos analisá-la cuidadosamente.
Devemos tocar três aspectos desta passagem: primeiro, a observação de Jeremias 18.1-4;
segundo, a explicação do Senhor nos versículos 5-6; e, terceiro, a elaboração do Senhor nos
versículos 7-10.
2.1.1. A observação de Jeremias
Vejamos primeiro a observação de Jeremias nos versículos 1 ao 4.
Deus disse a Jeremias “desce à casa do oleiro”. Jeremias entrou na casa do oleiro, e ali
o viu trabalhando no barro de uma maneira e depois mudando seu desenho. Depois viu que o
barro se lhe estragou nas mãos. O oleiro trabalhou com o barro, moldando-o como melhor lhe
parecia. A observação de Jeremias na casa do oleiro teve um valor simbólico importante que
Deus queria que Jeremias visse.
2.1.2 A explicação de Deus
Depois, nos versículos 5 e 6, o Senhor disse a Jeremias a importância desta
experiência.
Esta passagem disse, como muitas na Bìblia, que o oleiro representava ao Senhor e o
barro representava a Israel. Como a própria passagem esclarece, Deus se reservou o direito de
fazer o que melhor lhe parece com Seu povo, da mesma maneira que o oleiro fazia com o
narro. É certo, como temos visto, que Deus nunca violaria Seu caráter imutável, nem Seus
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pactos, nem Seu plano eterno. Entretanto, dentro desses parâmetros, Deus é livre para variar
as formas como lida com Seu povo.
Tendo em mente a observação do oleiro e depois a explicação de Deus, estamos em
condições de ver como Deus trabalhou neste acontecimento.
2.1.3. Elaboração
Em poucas palavras, Deus aplicou esta analogia do oleiro e do barro a predições
proféticas.
Em primeiro lugar, Deus mencionou predições de juízos nos versículos 7 e 8. Nota-se
a maneira pela qual Deus descreve a situação. Ele disse que pode anunciar juízo em qualquer
momento a qualquer nação. Entretanto, se acontece uma eventualidade histórica de
arrependimento, então Deus pode ceder. Pode ser que não se cumpra o que se predisse. Em
poucas palavras, a contingência histórica da escolha humana podia fazer uma grande
diferença na maneira como Deus cumpria uma profecia de juízo.
Para mostrar que esse princípio também se aplica a outros tipos de predições, Deus
falou de predições de bênçãos nos versículos 9-10. Note-se a situação paralela. Deus disse que
poderia anunciar a bênção da segurança e prosperidade em qualquer tempo e a qualquer
nação. Se houver uma contingência histórica interposta de rebelião e desobediência, então o
resultado pode ser que Deus possa ceder e não fazer o bem que se havia proposto.
Jeremias 18 nos ensina um princípio que devemos está pronto para aplicar a cada
profecia bíblica. Deus disse a Jeremias que Ele era livre para reagir aos modos como os seres
humanos respondiam às ameaças de juízos e oferecimento de bênçãos. Ao lançar um olhar
sobre a profecia bíblica descobriremos que Deus sempre observava para ver como reagiria
Seu povo à palavra profética e depois determinava o que fazer no futuro com eles.
Agora que já vimos o princípio geral de predições e eventualidades, seria bom ver
alguns exemplos deste princípio em ação.
2.2. Exemplos Específicos
Há um número sem fim de exemplos na Bíblia que mostra quando a eventualidade de
escolha humana fez uma grande diferença no cumprimento das profecias. Vejamos somente os
exemplos das muitas vezes que aparece esta dinâmica: primeiro, vejamos uma predição pelo
profeta Semaías, e depois a predição de Jonas. Vejamos primeiro a predição se Semaías.
2.2.1. A predição de Semaías
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Em 2 Crônicas 12.5 lemos o anúncio do juízo de Semaías. Note que Semaías não
ofereceu condição explícita alguma para esta profecia. Para as pessoas que desconhecem o
ministério dos profetas, soa como se Semaías revelasse um decreto imutável, eterno de Deus.
Mas, Roboão e os líderes de Judá conheciam bem o ministério dos profetas. Eles esperavam
que estas palavras fossem somente uma advertência da parte de Deus. Uma advertência do
que Deus ia fazer se eles não se arrependessem.
Assim, encontramos no capítulo 12, versículo 6, estas palavras: Então, se humilharam
os príncipes de Israel e o rei e disseram: O SENHOR é justo.
Quando Roboão e os líderes de Judá escutaram a profecia de juízo, eles souberam o
que fazer. Eles tinham que clamar a Deus em arrependimento e fé, buscando sua misericórdia.
Ao continuar lendo essa passagem, nos damos conta de que a contingência histórica
interventora da oração humilde teve um efeito dramático no cumprimento da predição de
Semaías. De fato, Semaías mesmo reconhece este efeito. Ele falo disso depois que os líderes
se arrependeram. Vemos isso nos versículos 7 e 8.
Esta passagem esclarece que o ministério de Semaías era similar ao dos pregadores de
hoje em dia. Ele advertia o juízo que estava por vir, não tanto para condenar às pessoas à
perdição eterna, senão para as pessoas escutarem esta advertência, se arrepender, e depois
receber a graça de Deus. Assim, vemos que a reação humana da oração fez uma diferença
importante na maneira como seria cumprida a profecia de Semaías. Neste caso, a profecia de
Semaías não foi completamente invertida, mais foi modificada ou suavizada, de tal maneira
que o ataque contra Jerusalém não foi tão grande como seria.
2.2.2. A predição de Jonas
Um segundo exemplo da influência das reações humanas às predições aparece no livro
de Jonas. A história de Jonas é muito familiar para nós. Sabemos que Deus enviou Jonas à
cidade de Nínive para anunciar o juízo que estava por vir. Em Jonas 3.4, Jonas disse: Ainda
quarenta dias, e Nínive será subvertida.
O que poderia ser mais simples do que essa profecia? Jonas anunciou que a cidade de
Nínive tinha somente quarenta dias antes de ser destruída. Não havia “se” algum, não havia
“e” algum e não havia “mas” algum. E, o que aconteceu? O resto do capítulo nos diz. O rei de
Nínive e o povo, junto com os animais, se vestiram de cilício em arrependimento de seus
pecados. O réu anunciou no capítulo 3, versículo 7-9:
94
Por mandado do rei e seus grandes, nem homens, nem animais, nem bois, nem
ovelhas provem coisa alguma, nem os levem ao pasto, nem bebam água; mas sejam cobertos
de pano de saco, tanto os homens como os animais, e clamarão fortemente a Deus; e se
converterão, cada um do seu mau caminho e da violência que há nas suas mãos. Quem sabe
se voltará Deus, e se arrependerá, e se apartará do furor da sua ira, de sorte que não
pereçamos.
Simplificando, se levou a cabo uma contingência histórica interposta de
arrependimento antes que se cumprisse a profecia. As pessoas se humilharam em
arrependimento ante ao Senhor. E qual foi o resultado desta contingência histórica? No
capítulo 3, versículo 10, lemos estas palavras: Viu Deus o que fizeram, como se converteram
do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria e não o fez.
O cumprimento da predição de Jonas foi influenciado tremendamente pelo
arrependimento de Nínive. Mais tarde ele se queixa com o Senhor desta maneira, no capítulo
4, versículo 2: ...sabia que és Deus clemente, e misericordioso, e tardio em irar-se, e grande
em benignidade, e que te arrependes do mal.
Ainda quando proclamou sua predição, Jonas sabia que havia possibilidade de que
Deus não destruísse a cidade. De fato, não foi senão 100 anos depois que Nínive foi destruída
pelos babilônios.
Do princípio geral de Jeremias 18 e estes dois exemplos específicos, vemos que muitas
vezes a eventualidade da escolha humana influenciou o modo como se cumpriram as
profecias. Algumas vezes Deus reservou um juízo ou uma bênção; algumas vezes debilitava
uma bênção ou mesmo diminua um juízo, e outras vezes aumentaria os juízos ou aumentaria
as bênçãos, dependendo de como respondiam os seres humanos à palavra profética.
Agora que já vimos que as eventualidaes históricas podem influir no cumprimento das
predições, devemos dirigir-nos ao seguinte tema: Que certeza ou confiança podiam ter os
crentes do Antigo Testamento quando escutavam uma predição? Quão confiantes podiam
estar que Deus cumpriria as predições que os profetas haviam feito?
3. CERTEZA DAS PREDIÇÕES
Para responder estas perguntas, nos ajudará lembrar os tipos de predições que
encontramos na profecia do Antigo Testamento. Como temos visto em lições anteriores, um
eixo em que podemos situar as predições do Antigo Testamento é sua variação entre as
bênçãos e os juízos pactuais. As predições proféticas podem classificar-se como as bênçãos
anunciadas por Deus pela natureza e na guerra e Seus juízos pela natureza e na guerra. Vimos
95
também outro eixo organizacional em outras lições. Todas as predições proféticas caem em
algum lugar dentro da categoria de juízos e bênçãos maiores ou menores. Lembremos também
que muitos tipos de bênção pequenas e juízos pequenos foram anunciados pelos profetas, mas
o juízo mais severo foi a ameaça do exílio e a bênção maior foi a restauração depois do exílio.
Esta aproximação básica às predições proféticas nos ajuda a ver, em uma olhada, a mensagem
básica que deram os profetas a suas audiências originais.
Entretanto, aqui necessitamos agregar uma terceira dimensão à nossa organização das
predições proféticas. Os profetas do Antigo Testamento não somente falavam a seus ouvintes
das bênçãos e dos juízos maiores ou menores, mas também indicavam, de uma maneira ou de
outra, o nível de determinação de Deus para executar esses juízos. Em um extremos do
espectro, os profetas diziam a seus ouvintes que Deus tinha um nível muito baixo de
determinação para levar a cabo um cenário particular. Em outro extremo do espectro,
indicavam que Deus estava muito determinado a levar a cabo as predições.
É muito importante recordar que, quando os profetas falam de Deus tendo um alto ou
baixo nível de determinação para levar a cabo uma profecia, estão falando dEle em temos
claramente humanos. Em termos do plano imutável e eterno, Deus sempre cumpre tudo o que
deseja. Mas, quando Deus estava interagindo com as criaturas humanas e consumando Seu
plano em providência, algumas vezes Ele revelou que Sua determinação era muito alta, e
outras, muito baixa.
Há muitas maneiras de abordar esta dimensão das predições do Antigo Testamento,
mas, vamos sinalizar quatro pontos diferentes no espectro da determinação de Deus.
3.1. Predições com condições
Em primeiro lugar, os profetas fizeram um bom número de profecias que revelam que
Deus não havia comprometido a história para uma direção ou outra. Eles fizeram isso ao
qualificar suas predições com condições explicitas. Condições explicitas em forma de
enunciados de “se... então” aparecem muitas vezes nos profetas do Antigo Testamento. Por
exemplo, em Isaías 1.19-20, temos uma predição condicional.
Nesta passagem, o profeta Isaías deixa claro que o povo de Deus tem uma opção. Se
submetessem ao Senhor, seriam abençoados, mas se não o fizessem, seriam julgados. Muitas
vezes, os profetas indicam estes tipos de condições para que as pessoas saibam que Deus está
aberto à direção que tomaria à história. E essa direção seria determinada pelos tipos de
escolhas que eles fizessem.
96
Um segundo ponto junto ao eixo da determinação aparece nas predições
incondicionais.
3.2. Predições Incondicionais
Estas passagens são declarações simples acerca do futuro. Não aparecem condições
explícitas nelas. Em tais casos, os profetas revelara, que nesse momento Deus estava mais
determinado a levar o futuro em uma direção em particular. Mas sabemos pelo desenrolar
destas predições que níveis mais altos de respostas humanas podiam fazer girar os
acontecimentos em direções diferentes. Já vimos um exemplo deste tipo de predição em Jonas
3.4, o profeta disse: quarenta dias, e Nínive será subvertida.
Não há condições explicitas nesta profecia, e o profeta Jonas deixa claro que Deus
estava determinado a destruir a cidade. Ainda assim, o arrependimento notável e extenso
dentro da cidade de Nínive fez com que Deus retardasse o juízo contra essa cidade.
As bênçãos pactuais também aparecem em forma de predições incondicionais.
Vejamos o que disse Ageu a Zorobabel, em Ageu 2.21-23. Esta passagem esclarece que Deus
está pronto para destruir as nações que rodeavam a Israel e tornar Zorobabel rei sobre o Seu
povo.
Não há condições explicitas, ainda que saibamos que isto nunca sucedeu. Zorobabel
nunca chegou a ser rei dobre o povo de Deus e as nações que rodeavam a Israel não foram
destruídas. Por que foi assim? Foi porque a comunidade pós-exílica faltou com a sua
obediência ao Senhor e esta contingência humana teve um efeito na maneira em que se
cumpriu a profecia.
Ainda que algumas predições representam Deus aberto a muitas possibilidades, os
profetas do Antigo Testamento também indicaram algumas vezes que Deus tinha um grau de
determinação para levar os acontecimentos para uma direção em particular.
3.3. Confirmava predições
Ao mostrar que Deus confirmava certas predições, eles comunicavam a determinação
mais alta de Deus. Há duas maneiras principais pelas quais os profetas do Antigo Testamento
confirmavam suas predições: primeiro, Deus indicava Sua determinação mais alta com
palavras; segundo, Ele mostrava Suas intenções com sinais.
Vejamos primeiro as confirmações verbais que Deus oferecia a Seu povo.
3.2.1. Palavras
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Um dos melhores exemplos de confirmação verbal aparece no primeiro capítulo de
Amós. Escutemos o que disse o profeta Amós no capítulo 1, versículo 3, de seu livro:
Por três transgressões de Damasco e por quatro, não sustarei o castigo
As palavras “não sustarei o castigo” formam um traço repetido das predições deste
capítulo.
Por que Deus repetiu isso várias vezes? Ele queria comunicar que tinha um alto nível
de determinação para levar a cabo estes juízos. Mas, esta confirmação queria dizer que não
havia maneira de evitar o juízo de Deus? O profeta deixou claro que o arrependimento sincero
e total podia apartar a ira de Deus. Escutemos o que disse o Senhor em Amós capítulo 5,
versículos 4 e 6:
Pois assim diz o SENHOR à casa de Israel: Buscai-me e vivei. Buscai ao
SENHOR e vivei, para que não irrompa na casa de José como um fogo que a
consuma, e não haja em Betel quem o apague.
Amós capítulos 1 e 2 mostra que Deus estava altamente determinado a enviar Seu fogo
de ira contra a casa de Israel, mas esta passagem demonstra que o arrependimento sincero e
extenso pode, todavia, ter um efeito sobre a ira de Deus.
Muitas passagens na profecia do Antigo Testamento são como esta. Os profetas
indicam quão altamente determinado DEus está ao usar palavras para confirmar Sua
determinação. Fizeram isso com o fim de motivar a seus ouvintes a buscar seriamente a deus e
a arrepender-se sinceramente.
Os profetas não só agregaram confirmações verbais da determinação elevada de DEus,
mas também revelaram níveis altos de intenção divina ao conectar suas predições com sinais.
3.2.2. Sinais
Por todo o Antigo Testamento encontramos que os profetas realizaram vários sinais e
ações simbólicas para deixar claro que Deus tinha níveis muito altos de determinação para
fazer certas coisas. Quando um sinal acompanhava uma profecia, mostrava que Deus estava
determinado a executar o que havia dito o profeta.
Um exemplo muito claro desta prática aparece em Isaías capítulo 7. Você lembrará que
Isaías advertiu a Acaz que deveria confiar em Deus quando os Sírios e os israelitas estava
vindo contra ele. Mas Acaz se recusou e Deus disse isto em Isaías capítulo 7, versículo 11:
Pede ao SENHOR, teu Deus, um sinal, quer seja embaixo, nas profundezas, ou em cima, nas alturas.
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Isaías ofereceu uma confirmação de que Deus cuidaria de Acaz, mas em hipocrisia
Acaz a rejeitou. Assim, Deus deu um sinal, mas em lugar de ser um sinal de salvação se
converteu em num sinal de condenação.
Assim, vemos os profetas não somente deram predições condicionais e predições
incondicionais, mas também confirmaram muitas de suas profecias com palavras e sinais para
revelar que Deus tinha um alto nível de determinação para ir em uma direção particular.
Um quatro tipo de predição revela que Deus estava completamente determinando a
levar a cado o que havia dito por meio dos profetas. Estes tipos de predições tomam a forma
de votos divinos.
3.2.3. Votos Divinos
Com freqüência as palavras dos profetas anunciavam simplesmente que Deus havia
jurado fazer algo. Por exemplo, em Amós capítulo 4, versículo 2, Deus toma um voto que as
mulheres ricas de Samaria seriam levadas por seus inimigos. Escuta como o disse o profeta:
Jurou o SENHOR Deus, pela sua santidade, que dias estão para vir sobre vós,
em que vos levarão com anzóis e as vossas restantes com fisga de pesca.
Outra fórmula para jurar aparece em Ezequiel capítulo 5, versículo 11. Ali lemos estas
palavras:
Portanto, tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, pois que profanaste
o meu santuário com todas as tuas coisas detestáveis e com todas as tuas
abominações, eu retirarei, sem piedade, os olhos de ti e não te pouparei.
Quando Deus agrega um voto a uma predição profética, eleva essa predição ao nível
de ser uma certeza do pacto. Deus fez votos em seus pactos que levaria a cabo tudo o que
havia dito que iria fazer. Quando os profetas acrescentam um juramento divino a uma
predição, indicavam que Deus está absolutamente determinado a levar a cabo o que havia dito
que faria.
Agora, conquanto seja verdade que Deus esteve completamente determinado a levar a
cabo as predições qualificadas por juramente, devemos ver que, todavia, há alguma latitude
para que Deus reaja de alguma maneira às contingências históricas que sucediam nesse
ínterim. Freqüentemente a pergunta de “quando” permanece na balança; o tempo pode ser
influenciado por reações das pessoas que escutam uma predição. Segundo, precisamente
99
quem experimentará a predição freqüentemente permanece uma matéria flexível. E terceiro,
os meios pelos quais se levará a cabo uma predição com freqüência se deixam sem
especificações. E quarto, o grau em que se cumprirá uma predição sempre fica como uma
pergunta aberta.
Consideremos o juramente de juízo que se encontra em Amós capítulo 6, versículo 8:
Jurou o SENHOR Deus por si mesmo, o SENHOR, Deus dos Exércitos, e
disse: Abomino a soberba de Jacó e odeio os seus castelos; e abandonarei a cidade e
tudo o que nela há.
Ainda que antes em seu livro, Amós deixou a possibilidade de escape, era claro agora
que Amós condenou a Samaria à destruição total. Ainda que seja evidente também que este
juramento não contesta perguntas que ainda permanecem abertas, tais como “quando?”,
“Sucederá esta destruição logo, ou se postergará? Segue em aberto o quem ou que pessoas
precisamente morrerão, ou serão exiladas. E não está especificado porque meios precisos
Deus destruirá. E de fato, até em que grau a destruição que será levada a cabo terá está em
aberto também. Estas perguntas permanecem para ser contestadas à luz das reações que
tiveram os israelitas. Suas orações e arrependimento, sua rebelião e desafio, puderam fazer
tremendas diferenças no cumprimento desta predição.
Uma situação similar ocorreu para os juramentos de bênção. Por exemplo, em Isaías
62, versículo 8, lemos este juramente para aqueles que regressaram do exílio:
Jurou o SENHOR pela sua mão direita e pelo seu braço poderoso:
Nunca mais darei o teu cereal por sustento aos teus inimigos, nem os
estrangeiros beberão o teu vinho, fruto de tuas fadigas.
É claro que nesta passagem que Deus jurou trazer seu povo de volta para a Terra
Prometida, e de tal maneira foi feita, que as pessoas pudessem está seguras que esta predição
se levaria a cabo. Sem dúvida, houve perguntas que permaneceram. Quando Deus faria isto?
Quem seria trazido de volta à terra? Por que meios se conseguiria esta restauração? E até que
grau se levaria a cabo esta restauração? Nas profecias com promessas, estes tipos de perguntas
sempre permanecem abertas.
Assim, vemos que os profetas do Antigo Testamento indicavam que Deus teve
diferentes graus de determinação para dirigir o futuro de uma ou outra maneira. Algumas
profecias eram explícitas outras implícitas. Outras foram confirmadas por palavras e sinais. E
finalmente, algumas predições foram asseguradas por promessas divinas.
100
Ao estudarmos as predições dos profetas do Antigo Testamento, sempre é importante
recordar a conexão entre as predições e as contingências históricas que se davam nesse
momento. Deus teve vários níveis de determinação para levar a cabo o que disseram os
profetas, e estaríamos em grande desvantagem se não recordarmos estes diversos níveis de
determinação.
Agora que já vimos como os profetas entendiam a segurança de suas predições,
estamos em posição de discernir os objetivos das predições proféticas.
4. OBJETIVOS DAS PREDIÇÕES
Por que os profetas fizeram predições? Quais foram seus propósitos? Para contestar
esta pergunta, necessitamos tocar, primeiro, nas perspectivas populares, e segundo, nas
perspectivas corretas do propósito das predições.
4.1. Perspectivas Populares
Vejamos primeiro um conceito errôneo muito difundido do propósito das predições do
Antigo Testamento. Se há um ponto de vista predominante do propósito das predições no
Antigo Testamento, se pode resumir na palavra “previsão” ou “prognóstico”.
Como sabeos, quando os profissionais médicos falam de um prognóstico, nos estão
dizendo o que pensam acerca do desenrolar de uma enfermidade ou o que poderá ser no
futuro. De maneira similar, isto é o que muitos cristãos entendem dos profetas. Creem que os
profetas simplesmente prediziam o futuro; prediziam as coisas que iam acontecer.
Há um elemento de verdade neste ponto de vista. Os profetas revelavam que, em
qualquer tempo, Deus estava determinado a ir numa ou noutra direção. Devemos lembrar
sempre que as contingências históricas imediatas podem ter efeitos significativos no modo em
que se cumpriam as profecias.
Uma passagem que traz esta preocupação popular de prognóstico é Deuteronômio
capítulo 18, versículos 20 a 22. Nesta passagem Moisés declarou um critério para que Israel
pudesse determinar se um profetas era um verdadeiro ou falso profeta. O versículo 21 se
refere a uma pergunta que Moisés faz a favor dos israelitas:
Se disseres no teu coração: Como conhecerei a palavra que o SENHOR não falou?
O versículo 22 dá a resposta a esta pergunta:
101
Sabe que, quando esse profeta falar em nome do SENHOR, e a palavra dele se
não cumprir, nem suceder, como profetizou, esta é palavra que o SENHOR não disse;
com soberba, a falou o tal profeta; não tenhas temor dele.
Um conceito errôneo bastante difundido desta passagem, é mais ou menos assim: se
um verdadeiro profeta do Senhor disse algo, então isso deve suceder tal como ele disse. Mas,
para aplicar apropriadamente a prova de Moisés de um verdadeiro profeta, devemos lembrar o
que temos visto nessa lição. Não devemos nos aproximar das palavras dos profetas
superficialmente. Temos que considerar as intenções por trás das predições proféticas.
Quando os profetas falaram, eles nem sempre trataram de dar a impressão de que o que
estavam predizendo era absolutamente seguro. Suas palavras relevaram, algumas vezes
explicitamente e outras implicitamente, que as reações humanas poderiam influenciar o
cumprimento de uma predição. Assim, quando aplicamos a prova de Moisés sobre os profetas,
sempre temos que nos perguntar somente o que disse o profeta explicitamente, mas também
que condições implícitas se aplicam às suas predições.
Moisés e Israel sabiam que isso era certo na profecia. Eles sabiam que somente as
promessas divinas davam por certo a seguridade de um acontecimento futuro. Também
sabiam que, quando os profetas falavam de juízo, geralmente os profetas não condenavam,
mas simplesmente advertiam de juízo. Eles entenderam que a menos que os profetas
indicassem que uma promessa divina se havia dado, eles não prometiam bênção, mas
ofereciam bênção. Nesses casos, as provas de Moisés puderam ser qualificadas pela
ocorrência de contingências históricas significativas que intervieram. Em outras palavras,
conquanto que algumas reações humanas não afetassem o processo, então as provas de
Moisés poderiam aplicar-se facilmente. Por outro lado, a possibilidade da resposta de Deus
teria que ser um fator no processo. Os espectadores teriam que fazer-se a pergunta:
“ocorreram contingências históricas significativas?” Se a resposta for sim, então as provas de
Moisés deveriam ser ajustadas apropriadamente.
4.2. Perspectivas Corretas
Se é uma concepção errônea pensar que o prognóstico foi o objetivo principal da
profecia, então qual foi o propósito principal das predições proféticas? Simplificando, os
profetas falaram do futuro, principalmente para motivar ou ativar seus ouvintes. Outra forma
de dizer isso é que não eles queriam tanto informar a seus ouvintes acerca do futuro, mas
ativá-los para formar o futuro.
102
Para entender essa perspectiva nas predições proféticas, ajudará ver a forma como os
crentes do Antigo Testamento responderam às predições dos profetas. Primeiro, veremos que
o que chamamos de reação “quem sabe?”, e depois, em segundo lugar, veremos o que
chamaremos de reação “dupla”. Essas reações do povo de Deus nos ajudarão a ver estes
objetivos das predições com mais clareza.
Em primeiro lugar devemos ver a reação “quem sabe?
4.2.1. Reação: “Quem sabe?”
Em três ocasiões no Antigo Testamento, quando as pessoas escutaram uma predição
profética, tiveram uma reação que pode parecer estranho para nós. Em lugar de dizer: “Bem
agora já sabemos o que nos espera o futuro...”, ele disseram “Quem sabe?” Ou como diziam
em hebraico me o dayah.
Esta reação de “Quem sabe?” aconteceu em três situações que valem a pena notarmos.
Primeiro quando Natã confrontou a Davi sobre seu adultério com Bateseba, ele fez esta
predição em 2 Samuel capítulo 12, versículo 14:
Mas, posto que com isto deste motivo a que blasfemassem os inimigos do
SENHOR, também o filho que te nasceu morrerá.
Natã predisse que o filho de Davi morreria, e como nos damos conta, isto ocorreu.
Mas, mais tarde Davi explicou as pessoas da sua corte o que estava pensando depois que Natã
havia dado sua predição, antes que o menino tivesse morrido. Ele disse estas palavras em 2
Samuel 12, versículos 22 e 23:
Respondeu ele: Vivendo ainda a criança, jejuei e chorei, porque dizia: Quem
sabe se o SENHOR se compadecerá de mim, e continuará viva a criança? Porém,
agora que é morta, por que jejuaria eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei a ela,
porém ela não voltará para mim
Em lugar de aceitar a palavra profética como inevitável, Davi se perguntou se a
predição poderia ser impedida por meio da oração e arrependimento. Seus esforços não
funcionaram, porque seu filho morreu, mas a atitude de Davi é clara. Até o momento que o
menino morreu, Davi tinha uma esperança. A esperança de “Quem sabe?”
De maneira similar, o profeta Jonas, disse à cidade de Nínive que o juízo estava por
vir. No capítulo 3, versículo 4, de seu livro, lemos esta predição:
Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida.
103
Mais uma vez, poderíamos esperar que o povo de Nínive aceitasse simplesmente a
predição do profeta como inevitável, mas não o fizeram. Em lugar disso, responderam como
Davi o fez. Em Jonas capítulo 3, versículo 9, o rei de Nínive disse:
Quem sabe se voltará Deus, e se arrependerá, e se apartará do furor da sua
ira, de sorte que não pereçamos?
Numa terceira ocasião, a mesma reação à profecia se leva a cabo. Em Joel capítulo 2,
versículos 1 ao 11, o profeta anunciou que um juízo terrível estava vindo contra Jerusalém.
Então, Joel animou aos seus leitores a arrepender-se a e jejuar. Sua razão para animá-los ao
arrependimento e ao jejum se esclarece no capítulo 2, versículo 14. Ali lemos estas palavras:
Quem sabe se não se voltará, e se arrependerá, e deixará após si uma bênção,
uma oferta de manjares e libação para o SENHOR, vosso Deus?
Joel estava convencido de que, conquanto sua predição não tenha sido cumprida
completamente, era bom que as pessoas buscassem o perdão de Deus porque ninguém podia
saber exatamente como Deus reagiria à contingência histórica. Que nos ensinam estas reações
de “Quem sabe?” acerca dos crentes do Antigo Testamento?
Os crentes do Antigo Testamento não pensavam que as predições proféticas selavam
seus destinos. Ao contrário, sempre creram que era possível que as eventualidades históricas –
especialmente a eventualidade da oração – tivesse um efeito significativo no modo como se
cumpriam as profecias.
A reação de “Quem sabe?” nos guia a um entendimento mais amplo do objetivo da
profecia do Antigo Testamento. Os profetas esperavam uma reação dupla a suas predições.
4.2.2. Reação dupla
Por um lado, os profetas sabiam que havia uma maneira de assegurar que a ameaça de
um juízo se concretizasse ou fosse pior. Isso era ignorar a advertência de uma predição e
permanecer em rebelião contra Deus. Ao mesmo tempo, quando os profetas anunciaram que
Deus havia decidido enviar o juízo de Deus um juízo do pacto contra seu povo, eles queriam
que as pessoas se dirigissem a Deus com a esperança de que o juízo fosse eliminado. O
arrependimento e confiança no Senhor era a única esperança para evitar o juízo de Deus. Por
outro lado, quando os profetas davam oráculos de bênção, também queriam incitar reações em
seus leitores. Podiam está seguros de que a rebelião flagrante contra Deus podia retirar a
104
predição de bênção e substituí-la por juízo, mas uma contínua vida de fidelidade traria a
segurança da bênção prometida.
Simplificando, os profetas deram suas predições de juízo e bênção para animar seus
ouvintes a buscar evitar o juízo e acelerar as bênçãos de Deus por suas ações. Desta maneira,
o objetivo das predições proféticas não foi principalmente “prever”, mas para ativar o povo de
Deus ao serviço do Senhor.
CONCLUSÃO
Assim, vimos quatro tópicos nesta lição sobre o propósito das predições. Primeiro,
falamos sobre a soberania divina sobre a história, depois as predições e contingências;
terceiro, vimos a segurança das predições; e depois, finalmente, os objetivos das predições.
Os conceitos que temos tocados nessa lição são absolutamente essenciais para o
entendimento da profecia do Antigo Testamento. Os profetas do Antigo Testamento não
estavam tratando de falar sobre o que ia passar no futuro. Estavam ativando o povo a buscar a
misericórdia de Deus de tal maneira que pudessem evitar o juízo e encontras as bênçãos de
Deus. Ao ler a profecia do Antigo Testamento, devemos ser ativados para buscar a bênção de
Deus e também evitar Seu juízo.
105
LIÇÃO 8 – REVELAÇÃO ESCATOLÓGICA
INTRODUÇÃO
Recordo que quando eu era menino, minha família saia de férias em um carro.
Tínhamos tudo bem planejado: a rota e o tempo calculado que íamos gastar em cada
atividade. Sempre chegávamos a nosso destino, mas durante a viagem sempre surgiam
eventos imprevistos que alteravam nossos planos, como por exemplo: tínhamos que parar para
trocar uma roda do carro, ou em algum lugar um pouco mais de tempo do que havíamos
planejado.
Algo similar acontece com as profecias do Antigo Testamento. Deus tem um plano
soberano para toda a história humana, e esse plano terá sua culminação. Cada etapa dentro
desse plano tem sido soberanamente delineado por Deus, mas ao mesmo tempo nós sabemos
que os planos de Deus são regidos pela Sua santa providência. Deus observa como os seres
humanos reagem a Suas profecias e é com base nessa reação que Ele atua. De maneira que se
atuamos de uma forma, a ação de Deus será diferente que se atuarmos de outra forma.
Encontramos, então, que Deus revela o destino da humanidade através da Bíblia, e esta
revelação é progressiva, segundo a humanidade avança historicamente.
Intitulamos essa lição como “Revelação Escatológica” porque veremos com a
revelação futura do fim dos tempos se desenvolve através de várias etapas proféticas
Vamos estudar quatro etapas da revelação escatológica: primeira a escatologia
mosaica; segundo a escatologia profética primitiva; terceiro, a escatologia profética posterior
subseqüente; e quarto, a escatologia do Novo Testamento.
1. ESCATOLOGIA MOSAICA
Você já passou alguma vez por uma situação terrível em que a única coisa que te
sustentou foi a esperança de que um dia tudo isso passaria? Em grande medido, Moisés deu
esta perspectiva a Israel. Ele anunciou que viriam tempos difíceis, mas também anunciou um
tempo de bonança futura.
1.1. Ciclos Proféticos
106
Lembremos que Moisés entendeu que Deus ia provar a lealdade de sua gente, e que
sua gente freqüentemente ia falhar. Portanto, Moisés ensinou que um ciclo de bênçãos e
maldições ia caracterizar a relação entre Deus e Seu povo. Quando o povo se rebelava
flagrantemente contra Ele, lhe sobrevinha o castigo de Deus na guerra e pela natureza.
Quando o povo de Deus lhe era fiel, experimentava bênção na guerra e na natureza. Vemos
este padrão cíclico de bênção e maldição muitas vezes através de todo o Antigo Testamento.
1.2. Culminação Profética
Em primeiro lugar, Moisés esperava que os juízos fossem incrementados segundo
Israel se movesse cada vez mais para longe de Deus,, o qual culminaria com o exílio. O povo
de Deus experimentaria derrota na guerra, e a derrota se converteria em corrupção da
natureza. A terra prometida ficaria em ruínas. Escutemos a maneira que Moisés, expõe isso
em Deuteronômio capítulo 4, versículos 25 a 28:
Quando, pois, gerardes filhos e filhos de filhos, e vos envelhecerdes na terra, e vos
corromperdes, e fizerdes alguma imagem esculpida, semelhança de alguma coisa, e
fizerdes mal aos olhos do SENHOR, teu Deus, para o provocar à ira, hoje, tomo por
testemunhas contra vós outros o céu e a terra, que, com efeito, perecereis,
imediatamente, da terra a qual, passado o Jordão, ides possuir; não prolongareis os
vossos dias nela; antes, sereis de todo destruídos. O SENHOR vos espalhará entre os
povos, e restareis poucos em número entre as gentes aonde o SENHOR vos conduzirá.
Lá, servireis a deuses que são obra de mãos de homens, madeira e pedra, que não
vêem, nem ouvem, nem comem, nem cheiram
Vemos nesses versículos que Moisés predisse que o povo de Israel sofreria um exílio
terrível, mais ainda quando a situação fosse acótica, isso não significava o fim do pacto entre
Deus e Israel. O arrependimento e o perdão de Deus podiam por fim à situação tal como o
expõe Moisés no versículo 29:
De lá, buscarás ao SENHOR, teu Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o teu
coração e de toda a tua alma
Uma vez que o desterro acontecesse, o povo podia voltar a si, se arrepender e então
poderia encontrar o perdão de Deus. Qual seria então do resultado desse arrependimento do
povo e do perdão do Deus? Em poucas palavras, restauração do exílio. Moisés ensinava que
Deus lhe traria de volta para desfrutar de um estado permanente das bênçãos inimagináveis no
pacto. Ouçamos a descrição que Moisés faz deste regresso do Exílio em Deuteronômio
capítulo 4, versículos 30 e 31:
107
Quando estiveres em angústia, e todas estas coisas te sobrevierem nos últimos dias, e
te voltares para o SENHOR, teu Deus, e lhe atenderes a voz, então, o SENHOR, teu
Deus, não te desamparará, porquanto é Deus misericordioso, nem te destruirá, nem se
esquecerá da aliança que jurou a teus pais.
No versículo 30, Moisés coloca um termo técnico para referir-se a este período de
restauração definitiva. Ele dizia que a restauração de Israel do exílio teria lugar nos “Últimos
Dias”. Em hebraico este termo é b’ah’rit hayyamin. Em muitos casos, esta terminologia
queria dizer simplesmente “o futuro”, de algum tipo indefinido. Mas aqui em Deuteronômio
capítulo 4 versículo 30, achamos o uso técnico da terminologia de “os últimos dias” ou a
culminação da história.
Este uso técnico aparece em muitas partes dos Profetas, incluindo a Isaías capítulo 2
versículo 2; Miquéias capítulo 4 versículo 1; e Oséias capítulo 3 versículo 5. No Novo
Testamento, a mesma expressão aparece em Atos capítulo 2 versículo 17; Hebreus capítulo 1
versículo 2; e Tiago capítulo 5 versículo 3. De fato, é deste termo que derivamos o termo
teológico “escatologia”, o estudo dos dias posteriores, os acontecimentos finais.
Podemos resumir a escatologia moisaica desta maneira, Moisés sabia que Israel ia cair
em sério pecado e que ia ser condenado ao exílio da terra prometida, mas uma vez que o povo
estivesse fora da terra e se arrependesse do seu pecado, seriam perdoados por deus e então,
nos dias posteriores, eles regressariam de volta a sua terra e receberiam tremendas bênçãos. A
perspectiva de Moisés nos prover um contexto para toda a história das expectativas proféticas.
Com a escatologia bem simples de Moisés em mente, agora estamos prontos para ver a
escatologia dos primeiros profetas do Antigo Testamento. Como viam os profetas anteriores
ao exílio babilônico o movimento da história para sua culminação nos dias posteriores?
2. ESCATOLOGIA PROFÉTICA PRIMITIVA
Agora nessa lição, quando nos referimos às expectativas proféticas originais, estamos
pensando naqueles profetas que ministraram até os tempos de Daniel. Os profetas anteriores a
Daniel tem uma interpretação escatológica básica que se assemelha à de Moisés, e segundo,
faz algumas adições a Moisés.
Vejamos primeiro as similaridades que tinha a escatologia profética do princípio com
os padrões básicos estabelecidos por Moisés.
2.1. Similaridades com Moisés
108
Moisés apresenta um padrão de juízo nacional que conduz ao exílio, que seria seguido
por arrependimento que conduz a uma grande restauração.
Os primeiros profetas do Antigo Testamento dedicavam a maior parte do tempo
prevenindo ao povo acerca do exílio vindouro. Novamente os profetas que precederam a
Daniel nunca perderam a esperança de que ainda no exílio, poderia haver arrependimento e
perdão. De fato, os profetas criam que Deus renovaria de maneira sobrenatural ao
remanescente do povo exilado, e lhes concederia o perdão. Como expressa Isaías no capítulo
10, versículo 20:
Acontecerá, naquele dia, que os restantes de Israel e os da casa de Jacó que se
tiverem salvado nunca mais se estribarão naquele que os feriu, mas, com efeito, se
estribarão no SENHOR, o Santo de Israel.
Jeremias fala de forma similar quando disse que o povo receberá um novo coração de
fidelidade e obediência à lei de Deus. Em Jeremias capítulo 31, versículo 33, lemos estas
palavras acerca dos exilados:
Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o
SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas
inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
Os primeiros profetas esperavam que as pessoas que foram para o exílio
experimentassem uma mudança de atitude. Mas, terceiro, os profetas de etapas anteriores do
Antigo Testamento também afirmavam que o remanescente arrependido seria novamente
reunido para uma grande restauração. As palavras de Isaías vão de novo a este ponto. Em
Isaías, capítulo 44, versículos 21 e 22 lemos estas palavras:
Lembra-te destas coisas, ó Jacó, ó Israel, porquanto és meu servo! Eu te formei, tu és
meu servo, ó Israel; não me esquecerei de ti. Desfaço as tuas transgressões como a
névoa e os teus pecados, como a nuvem; torna-te para mim, porque eu te remi.
Os primeiros profetas sabiam claramente que a escatologia mosaica básica é a verdade.
Israel iria ao exílio, o arrependimento e o perdão o levaria a restaurar sua terra. Mas os
primeiros profetas lhe adicionam outros elementos especiais a este padrão mosaico.
2.2. Adições a Moisés
Falando de forma simples, um evento pactual de grande magnitude teve lugar ente
Moisés e os primeiros profetas, e este pacto foi, óbvio, o pacto real com Davi. Como resultado
109
deste pacto, os primeiros profetas fizeram três adições maiores à representação da antiga
escatologia de Moisés, ou o fim dos tempos. Primeiro o foco esteve no reinado; segundo,
outro foco sobre o templo e o terceiro, um foco sobre o povo gentio. Vejamos primeiro como
os primeiros profetas consideravam o fato reino.
2.2.1. Reinado
Por um lado os primeiros profetas não diziam, como Moisés, que a nação ia sofrer
derrotas e desastres naturais. Já que o trono de Davi se havia convertido no centro da vida do
povo de Deus, de acordo com os profetas, o juízo de Deus incluiria que o trono de Davi
ficaria vago. Vemos em Isaías capítulo 39. Versículos 5 a 7 uma repreensão ao rei Ezequias:
Então, disse Isaías a Ezequias: Ouve a palavra do SENHOR dos Exércitos: Eis que
virão dias em que tudo quanto houver em tua casa, com o que entesouraram teus pais
até ao dia de hoje, será levado para a Babilônia; não ficará coisa alguma, disse o
SENHOR. Dos teus próprios filhos, que tu gerares, tomarão, para que sejam eunucos
no palácio do rei da Babilônia.
A promessa de um filho justo de Davi se converte então em um elemento essencial do
panorama da restauração dos últimos dias.
2.2.2. Templo
Os primeiros profetas não só se concentram no reino de Davi, mas também o fazem no
templo construído por seu filho Salomão. Muitos israelitas pensavam equivocadamente que o
tempo de Deus em Jerusalém nunca ia ser violado. É por isso que os profetas tiveram que
falar ousadamente sobre sua destruição. Jeremias teve que falar com força contra os falsos
profetas e os sacerdotes que insistiam em predizer que o tempo nunca seria destruído.
Não confieis em palavras falsas, dizendo: Templo do SENHOR, templo do SENHOR,
templo do SENHOR é este. (Jeremias 7.4).
Os verdadeiros profetas de Deus unanimemente anunciaram que o templo de Deus
seria destruído por ocasião do exílio. Anunciaram também que, no período de restauração do
reino depois do exílio se reconstruiria um templo glorioso. Mas que qualquer outro profeta,
Ezequiel é quem dá mais ênfase na reconstrução deste templo glorioso. Ezequiel capítulos 40
a 48 se concentra no tema da reconstrução do templo. Deus lhe deu uma imagem especial do
novo tempo e ordena ao povo construi-lo. Vejamos o que disse Ezequiel capítulo 43
versículos 10 e 11:
110
Tu, pois, ó filho do homem, mostra à casa de Israel este templo, para que ela se
envergonhe das suas iniqüidades; e meça o modelo. Envergonhando-se eles de tudo
quanto praticaram, faze-lhes saber a planta desta casa e o seu arranjo, as suas
saídas, as suas entradas e todas as suas formas; todos os seus estatutos, todos os seus
dispositivos e todas as suas leis; escreve isto na sua presença para que observem
todas as suas instituições e todos os seus estatutos e os cumpram.
Os primeiros profetas estavam preocupados com o trono de Davi e o templo, mas
também adicionam um terceiro tópico que Moisés não deixou muito claro: as nações
gentílicas.
2.2.3. Povo Gentio
Primeiramente, os profetas vêm que a derrota do povo de Israel significava a vitória de
algumas nações gentílicas sobre o povo de Israel. Como sabemos, eles predisseram que os
assírios e os babilônios conquistariam Israel e tratariam cruelmente ao povo de Deus.
Ainda que a vitória tenha sido dada aos gentios durante o desterro de Israel, os
profetas esclareceram que a supremacia dos gentios não duraria para sempre. Na restauração
do exílio, por meio do trono de Davi, Deus atacaria os gentios que maltrataram o Seu Povo.
Deus derrotaria aos gentios e daria a Israel grande vitória em uma batalha contra os gentios.
Este tema apareceu de muitas formas nos profetas, mais uma das formas mais dramáticas em
que sai a reluzir é no termo técnico “O dia do Senhor”, em hebraico yom Yahweh. A idéia
básica por trás dessa frase é que o Senhor era capaz de derrotar os inimigos do povo de Israel
em um só dia. É por isso, que o “dia do Senhor” é um dia em que a vitória pertence só a Ele,
assim como os soldados vitoriosos, ainda hoje, quando vão à batalha, dizem “o dia é nosso!”.
Esta terminologia é particularmente poderosa no sentido de que estabelece um forte
contraste entre o exílio de Israel e sua restauração. Talvez a melhor forma de ver isso é
olhando o modo como o profeta Joel usa a expressão “o dia do Senhor”. A expressão aparece
em Joel capítulo 1, versículo 15, capítulo 2 versículo 1, capítulo 2 versículo 11, capítulo 2
versículo 31 e capítulo 3 versículo 14. As três primeiras referências ao “dia do Senhor”
referem-se a quando o Senhor derrotou a Judá. O povo do pacto se havia convertido em
inimigo de Deus por seus pecados, e aqui “o dia do Senhor” se refere a que Deus derrota ao
seu povo e lhe envia ao exílio.
Mas, na segunda metade do livro, ele muda o uso que dá ao termo. Ele descreve outro
acontecimento como “o dia do Senhor”. Este ocorre quando Israel retorna do exílio. Isto
representará a derrota dos povos que oprimem a Israel. Por exemplo, em Joel capítulo 2,
versículos 31 e 32, lemos estas palavras:
111
O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível
Dia do SENHOR. E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será
salvo; porque, no monte Sião e em Jerusalém, estarão os que forem salvos, como o
SENHOR prometeu; e, entre os sobreviventes, aqueles que o SENHOR chamar.
Assim vemos que para Joel “o dia do Senhor” não somente se refere ao juízo contra o
povo de Deus, mas também se refere a uma grande batalha que terá lugar à medida que o
povo de Deus fosse restaurado à terra. Antes de deixar o tema dos gentios na escatologia de
Israel, devemos mencionar um elemento final. A expansão de Israel através da integração do
povo gentio. Nem todos os gentios serão destruídos quando chegar “o dia do Senhor”, contra
eles. Pelo contrário, depois da batalha, muitos dos gentios se unirão ao povo de Deus para
adorar ao único Deus verdadeiro e vivo. Tal como o profeta o expressou em Isaías capítulo 2,
versículos 2 a 3:
Nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do SENHOR será estabelecido no
cimo dos montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão todos os povos.
Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao monte do SENHOR e à casa do Deus
de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque
de Sião sairá a lei, e a palavra do SENHOR, de Jerusalém.
Esta passagem e muitas outras sinalizam a culminação da esperança escatológica nas
primeiras profecias do Antigo Testamento. As bênçãos de Deus fluiriam sobre Israel, mais
incluiriam também a inclusão de incontáveis gentios à fé verdadeira, de maneira que o povo
do pacto com Deus se expanda sobre toda a terra. Os grandiosos novos céus e nova terra
seriam um mundo pelo do conhecimento de Deus. A paz de Deus virá à terra e toda gente que
permanecem adorarão ao Deus vivo e verdadeiro.
Assim vemos que os primeiros profeta seguiam o padrão básico que Moisés marcou.
Eles criam que viria um exílio, mas o arrependimento e o perdão levariam ao escaton ou a
grande restauração. Agora, a este padrão os profetas adicionaram outros temas importantes:
primeiro a centralidade do trono de Davi; segundo a importância do tempo; e terceiro, o papel
muito especial que teria o povo gentio, tanto no exílio, como na restauração do povo de Deus.
Vimos que o fundamento da escatologia mosaica e as similaridades e adições da
escatologia profética primitiva. Agora estamos em posição de explorar a escatologia profética
posterior.
3. ESCATOLOGIA PROFÉTICA POSTERIOR
112
Em lições anteriores vimos com as circunstâncias históricas contingentes têm efeito
significativo no modo em que Deus cumpre as predições de seus profetas. Em muitos
aspectos, nos profetas posteriores vemos como enfrentam uma das maiores contingências
históricas do Antigo Testamento. Descobriremos que as reações do povo de Deus tem um
efeito importantíssimo na maneira como o futuro ou escaton se manifestará.
Neste aspecto, estudaremos estes temas da escatologia posterior: primeiro, a
expectativa de Jeremias; segundo, a sabedoria de Daniel e finalmente, predições finais dos
profetas do Antigo Testamento. Estudemos primeiramente a expectativa particular de Jeremias
sobre a restauração de Israel.
3.1. Expectativa de Jeremias
Em muitos aspectos, Jeremias segue o padrão da profecia primitiva. Em duas
passagens, entretanto, Jeremias adiciona algo nunca conhecido: que o término do exílio seria
em 70 anos. Em Jeremias capítulo 25, versículos 11 e 12, lemos estas palavras:
Toda esta terra virá a ser um deserto e um espanto; estas nações servirão ao rei da
Babilônia setenta anos. Acontecerá, porém, que, quando se cumprirem os setenta
anos, castigarei a iniqüidade do rei da Babilônia e a desta nação, diz o SENHOR,
como também a da terra dos caldeus; farei deles ruínas perpétuas.
De maneira similar, Jeremias capítulo 29, versículos 10 e 11 nos diz:
Assim diz o SENHOR: Logo que se cumprirem para a Babilônia setenta anos,
atentarei para vós outros e cumprirei para convosco a minha boa palavra, tornando a
trazer-vos para este lugar. Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o
SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais.
Vemos como Jeremias predisse que o exílio de Israel terminaria em 70 anos. De fato
em 2 Crônicas 36, versículos 21 e 22 encontramos que esta profecia se cumpriu quando os
primeiros exilados regressaram a sua terra, no ano 539 AC, sob a liderança de Zorobabel.
Zacarias também confirma esta data em Zacarias capítulo 1, versículo 12 e em
Zacarias capítulo 7 versículo 5.
Assim, podemos ver que Jeremias predisse que o exílio duraria 70 anos, e
encontramos que a data foi precisa. No ano 539 AC, o imperador persa Ciro anuncia que os
israelitas regressariam para sua terra a construir o templo.
Levando em conta a expectativa de Jeremias de 70 anos, estamos preparados para
estudar a nova perspectiva de Daniel acerca da escatologia.
113
3.2. Sabedoria de Daniel
É possível que a contribuição profética mais importante de Daniel foi sua famosa
visão das 70 semanas de anos que encontramos em Daniel capítulo 9. É esta passagem uma
resenha autobiográfica de uma intuição que Daniel teve ao redor do ano 539 AC, quando Ciro
faz seu edito para que os israelitas regressem à sua terra prometida.
O capítulo 9 de Daniel começa com uma introdução dos versículos 1 a 13. Ali Daniel
reporta que ele estava lendo a profecia de Jeremias acerca dos 70 anos no exílio. No versículo
2, lemos estas palavras:
no primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi, pelos livros, que o número de
anos, de que falara o SENHOR ao profeta Jeremias, que haviam de durar as
assolações de Jerusalém, era de setenta anos.
Daniel sabia que Jeremias disse que o exílio duraria somente 70 anos, mas em vez de
regozijar-se, como esperaríamos de Daniel, o versículo 3 nos diz que Daniel fez algo muto
diferente:
Voltei o rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, pano
de saco e cinza.
Mesmo que esperássemos que Daniel estivesse contente com que os setenta anos de
Jeremias terminaram, vemos em lugar disso, que ele se volta para o Senhor, com vestes de
saco e cinzas, buscando o favor de Deus. Em Daniel capítulo 9 versículos 4 a 19 encontramos
um resumo da oração de Daniel. Nessa oração, ele aborda um problema sério. Os setenta anos
de Jeremias haviam se cumprido, mas o povo ainda não se tinha arrependido de seus pecado.
Como ele disse em Daniel capítulo 9, versículos 13 e 14:
Como está escrito na Lei de Moisés, todo este mal nos sobreveio; apesar disso, não
temos implorado o favor do SENHOR, nosso Deus, para nos convertermos das nossas
iniqüidades e nos aplicarmos à tua verdade... não obedecemos à sua voz.
Daniel entendeu o que nós já temos visto anteriormente nesta lição. Moisés havia
anunciado anteriormente que o exílio terminaria somente quando o povo se arrependesse de
seus pecados. Mas, houve uma eventualidade histórica que não se esperava. Os israelitas
haviam ido ao exílio, mas ainda não se haviam arrependido de seus pecados. Como resultado,
algumas mudanças significativas ocorreram na forma como Deus desenrolaria o escaton.
Daniel termina sua oração suplicando misericórdia. Já que o poso não se havia arrependido de
114
sua rebelião, Daniel pede a Deus que restaure a seu povo somente para Sua glória. Lemos em
Daniel capítulo 9 versículos 17 e 18:
Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do teu servo e as suas súplicas e sobre o teu
santuário assolado faze resplandecer o rosto, por amor do Senhor. Inclina, ó Deus
meu, os ouvidos e ouve; abre os olhos e olha para a nossa desolação e para a cidade
que é chamada pelo teu nome, porque não lançamos as nossas súplicas perante a tua
face fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias.
Daniel abrigava a esperança da restauração do povo contra toda esperança, apesar de
não se havia arrependido de seu pecado. O resto de Daniel, os versículos 20 a 27 consistem da
resposta de Deus à oração de Daniel. O anjo Gabriel vem com uma mensagem de Deus. Ele
disse isso a Daniel em Daniel 9, versículo 24:
Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para
fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniqüidade, para
trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos
Santos.
Simplesmente, o anjo Gabriel disse que o exílio de 70 anos, segundo Jeremias, havia
sido alongada para 70 vezes 7 anos, perto de 490 anos. Já que o posso se recusou arrependerse, Deus havia multiplicado o tempo do exílio sete vezes mais. Tal como Deus disse em
Levítico capítulo 28, versículo 18:
Se ainda assim com isto não me ouvirdes, tornarei a castigar-vos sete vezes mais por
causa dos vossos pecados.
Deus retardou a restauração do reino e a passou de um reino gentio a outro e logo a
outro mais, até que viesse o reino de Deus através de Jesus Cristo.
Agora que vimos a profecia de Jeremias de 70 anos de exílio e como Daniel soube que
estes 70 anos se multiplicaram para 490 anos, estamos em posição de olhar as etapas finais da
escatologia profética do Antigo Testamento.
3.3. Predições Finais
Esta etapa da profecia teve lugar durante o período da restauração, quando um grupo
de exilados foram postos em liberdade e regressaram à Terra Prometida. Para entender como a
escatologia do Antigo Testamento olhava esta etapa final, consideraremos dois aspectos: as
esperanças iniciais na restauração e as esperanças posteriores na restauração. Consideraremos
115
primeiro as esperanças dos primeiros profetas que serviram nos primeiros anos depois que os
primeiros israelitas regressaram à terra vindo da Babilônia.
3.3.1. Esperanças Iniciais
Neste ponto, estamos focando a etapa inicial da restauração que compreende os anos
539 a 515 AC. Durante este tempo, grupos pequenos regressaram á terra prometida com a
esperança de que as bênçãos de Deus cairiam rapidamente sobre o povo de Deus restaurado.
De certo modo eles queriam encurtar os 490 anos que Daniel havia profetizado através de seu
arrependimento e serviço fiel a Deus. Os profetas Ageu e Zacarias focam quatro esperanças
escatológicas; a restauração do trono de Davi, a vitória sobre as nações gentias, a restauração
do templo, e a renovação da natureza. Ageu e Zacarias tinham grandes esperanças para o povo
de Deus. Eles esperavam que a fidelidade do povo de Deus neste momento lhes traria grandes
bênçãos à nova nação. Apesar do povo ter grandes esperanças em Zorobabel e no tempo nos
primeiros anos, depois que Israel regressou à terra, estas não duraram muito. Em vez disso
encontramos que as esperanças da restauração posterior tomaram um rumo diferente.
3.3.1. Esperanças Finais
Zorobabel completa o tempo seguindo as instruções de Zacarias e Ageu, mas vemos na
segunda parte dos livros de Zacarias, Esdras, Neemias e Malaquias que o povo de Israel
começou a obedecer a Deus só em aparência.
Em uma geração, abundaram matrimônios com mulheres gentias, o que resultou numa
apostasia geral. Como conseqüência a esperança de grande bênção para Israel no período pósexílico ficou relegada a um futuro distante.
Malaquias enfatizava estas esperanças distantes mais que nenhum outro profeta do
período. Ele repreende agudamente aos que vivem em Jerusalém e lhes adverte que um dia de
juízo e bênção viria no futuro. Por exemplo, em Malaquias capitulo 3, versículo 1, lemos estas
palavras:
Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; de
repente, virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, o Anjo da Aliança, a quem
vós desejais; eis que ele vem, diz o SENHOR dos Exércitos.
E nas últimas palavras do capítulo 4, versículos 1 e 2, Malaquias fala acerca do que vai
ocorrer nesse grande dia futuro:
116
Pois eis que vem o dia e arde como fornalha; todos os soberbos e todos os que
cometem perversidade serão como o restolho; o dia que vem os abrasará, diz o
SENHOR dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo. Mas para
vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas
suas asas; saireis e saltareis como bezerros soltos da estrebaria.
Ao encerrar o Antigo Testamento, podemos apreciar que esta salvação nos virá logo. O
povo de Deus terá que esperar uma restauração total.
Vimos que a escatologia no Antigo Testamento começa com Moisés e que os profetas
pioneiros abrem muitos indícios ao acrescentar os temas do trono e do templo. Já vimos como
Daniel e os profetas posteriores do Antigo Testamento se dão conta de que o exílio vai se
estender por um longo período de tempo. Só então a grande intervenção divina teria lugar e
traria a restauração ao povo de Deus. Isto nos traz à última etapa da escatologia bíblica: A
escatologia do Novo Testamento.
4. ESCATOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO
Sempre que lemos as profecias do Antigo Testamento como cristãos devemos observar
as perspectivas dos autores do Novo Testamento. Os Escritores do Novo Testamento
entendiam muito bem o desenvolvimento da escatologia do Antigo Testamento, mas, além
disso, adicionaram a realidade do ministério de Jesus Cristo. Jesus veio a esta terra e produziu
uma mudança na maneira em que a escatologia se manifestaria, e como cristãos, nós devemos
seguir a perspectiva que o Novo Testamento nos oferece.
O novo “retrato” do Novo Testamente da escatologia pode ser entendido se
considerarmos três assuntos: primeiro, alguma terminologia central no Novo Testamento;
segundo, a estrutura básica da escatologia do Novo Testamento, e finalmente, os temas
escatológicos importantes que aparecem no Novo Testamento.
Vejamos primeiro certos termos importantes no Novo Testamento que nos orientam às
perspectivas do Novo Testamento quanto ao fim dos tempos.
4.1. Terminologia
Enfocaremos em três expressões particularmente importantes: primeiro, a palavra
evangelho, logo o termo reino, e finalmente, a expressão os últimos dias.
4.1.1. Evangelho
117
A palavra Evangelho é derivada da palavra grega “euangelion”, que significava “boas
notícias”. Várias vezes, o Novo Testamento nos diz que Jesus e seus discípulos levavam o
Evangelho ou as boas novas. Mas de cem vezes, os escritores do Novo Testamento falam da
mensagem de Cristo, como o Evangelho ou boas notícias. É importante dar-se conta de que o
Novo Testamento não inventou esse termo. Pelo contrário, o tomaram do termo usado pelos
profetas do Antigo Testamento. Os profetas do Antigo Testamento usavam a palavras hebraica
“basar”, que costuma ser traduzida como “dar as boas novas”, ou “dar notícias de gozo” em
numerosas ocasiões. Que notícias tinham em mente? Em poucas palavras, as boas novas
anunciadas pelos profetas eram as noticias de que o exílio havia terminado e que a restauração
do povo de Deus estava por chegar. Por exemplo, escutemos o modo como o profeta Isaías
falou em Isaías capítulo 52 versículos 5 a 7. Nos versículos 5 a 6, lemos estas palavras:
Agora, que farei eu aqui, diz o SENHOR, visto ter sido o meu povo levado sem preço?
Os seus tiranos sobre ele dão uivos... Por isso, o meu povo saberá o meu nome;
portanto, naquele dia, saberá que sou eu quem fala: Eis-me aqui.
Deus anuncia que seu povo veria uma grande demonstração de Seu poder e saberiam
que Ele predisse a restauração depois do exílio. Então, refletindo acerca desta segurança da
restauração, Isaías disse no versículo 7:
Que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas-novas, que faz ouvir
a paz, que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus
reina!
Isaías anuncia que a aparição de certos mensageiros seria bela de contemplar. Que
classe de mensageiros? Aqueles que traria boas novas, o Evangelho.
Agora, este contexto profético para a palavra Evangelho nos ajuda a entender porque
Jesus e os apóstolos vieram anunciando o Evangelho de Cristo. Jesus trouxe a restauração do
exílio. Em Lucas capítulo 4 versículos 18 a 19, Jesus citou a Isaías capítulo 61 versículos 1 e
2, e o aplicou à sua própria vida.
O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres;
enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos,
para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor.
Como esta passagem esclarece, Jesus se vê a si mesmo como o que traz a restauração
do exílio ao povo de Deus. O segundo termo no Novo Testamento revela a mesma
perspectiva. Este termo é “o reino de Deus”.
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4.1.2. Reino
O Novo Testamento freqüentemente resume a era do Novo Testamento como a era do
reino. Por que esta terminologia é tão proeminente no Novo Testamento? O termo “reino” foi
outra maneira que o Novo Testamento reconheceu que Jesus havia cumprido com as
esperanças sobre a restauração do exílio. Escutemos outra vez a profecia de Isaías acerca da
restauração do exílio, no capítulo 52, versículo 7. Ali ele relacionou o Evangelho ao reino de
Deus desta maneira:
Que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas-novas, que faz ouvir
a paz, que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus
reina!
Estas últimas palavras, “Teu Deus reina!” anunciam a restauração do povo de Deus, e
sua vitória sobre o mundo. E este anúncio nos prover o contexto para os ensinos de Jesus
acerca do Reino de Deus. Jesus anuncia que a restauração chegou através dEle porque o reino
de Deus sobre a terra está se estabelecendo.
A terceira expressão também nos ajuda a entender as perspectivas do Novo Testamento
acerca do fim dos tempos, o termos “os últimos dias”.
4.1.3. Últimos Dias
Recordemos que os profetas do Antigo Testamento usaram este termo para referir-se
ao período depois do exílio. Os escritores do Novo Testamento usam a mesma expressão para
descrever o período do Novo Testamento. Por exemplo, lemos estas palavras em Atos capítulo
2, versículo 17:
E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre
toda a carne...
Uma e outra vez, os escritores do Novo Testamento se referem a todo o período do
Novo Testamento como o escaton de nossos dias. Eles fazem isso, já que dependem da
terminologia profética do Antigo Testamento. Eles consideravam sua época como “os últimos
dias”, o fim da espera escatológica. A restauração do povo de Deus. Estes termos importantes
no Novo Testamento revelam que seus escritores viam sua época como a culminação das
esperanças escatológicas do Antigo Testamento. Em poucas palavras, a etapa final da história
humana veio através de Cristo.
Esta orientação sobre a escatologia do Novo Testamento nos põe em posição de
explorar a estrutura básica que se revela neste para a restauração do reino.
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4.2. Estrutura
Para examinar este novo ponto de vista da escatologia, veremos duas das expectativas
descritas no Novo Testamento. Primeiro a expectativa de João Batista e logo a expectativa de
Jesus.
4.2.1. João Batista
João Batista tinha uma expectativa sobre o reino de Deus que era muito comum em
seus dias. Ao ler o Antigo Testamento, João cria que quando o Messias viesse, traria o Reino
de Deus de uma vez por toda. Vejamos o que nos disse João em Lucas capítulo 3, versículos
16 e 17.
Disse João a todos: Eu, na verdade, vos batizo com água, mas vem o que é mais
poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias;
ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. A sua pá, ele a tem na mão, para
limpar completamente a sua eira e recolher o trigo no seu celeiro; porém queimará a
palha em fogo inextinguível.
João cria, como também os profetas do Antigo Testamento, que quando o reino viesse
este seria um tempo de imediata bênção e juízo. Jesus passou a maior parte de seu ministério
ensinando a seus discípulos que os últimos dias não viriam tal como João Batista e outros
esperavam.
4.2.2. Jesus
Em lugar disso, Deus havia decidido trazer a restauração lentamente, estendendo-a
sobre um período de tempo. Talvez a expressão mais clara da nova revelação de Jesus acerca
do escaton apareça em duas parábolas do reino, em Mateus 13, versículos 31 a 35.
Jesus compara o reino com uma semente de mostarda que cresce até converter-se em
uma planta grande; Jesus compara o reino com a levedura que faz crescer a massa de um pão
gradualmente. O ponto que estas parábolas ilustram é que o reino de Deus não vem em
bênçãos e juízo de uma vez só. Em vez disso, viria in crescendo ou em etapas.
A perspectiva do Novo Testamento da escatologia ensinada por Jesus e seus discípulos
se conhece como uma escatologia inaugurada. Esta escatologia inaugurada tem sido descrita
de muitas formas, mas a maneira mais simples de entendê-la é fazendo uso de uma estrutura
tríplice. Primeiro: a vinda de Cristo, foi a inauguração do reino. Isto inclui sua morte,
ressurreição, ascensão, o pentecostes e o ministério dos apóstolos que formam o fundamento
120
ou o começo do escaton. A segunda etapa da restauração, de acordo com o Novo Testamento,
é a continuação do reino. Esta é a etapa em que vivemos hoje, depois da primeira vinda e
Cristo, mas antes da sua segunda vinda. A terceira etapa da restauração pode se descrever
como consumação do reino. Quando Cristo volta, trará a medida pela da restauração
prometida pelos profetas há muito tempo atrás. O Novo Testamento completo se ajusta a esta
estrutura básica da escatologia inaugurada.
Já vimos a terminologia chave e a estrutura do novo ponto de vista que nos apresenta o
Novo Testamento, vamos agora estudar alguns temas da escatologia que aparecem no Antigo
Testamento, mas que também aparecem no Novo Testamento.
4.3 Temas
Nos será proveitoso observar os dois temas principais do Antigo Testamento, so temas
do exílio e da restauração.
4.3.1. Exílio
Referiremo-nos primeiro ao exílio. Como vocês recordarão, o motivo do exílio
consistia em que Deus ameaça a seu povo com um severo juízo na guerra e na natureza. Estes
temas de exílio estão adaptados no Novo Testamento à estrutura da inauguração, continuação
e consumação do Reno. Em primeiro lugar, quando Cristo inaugurou seu reino em seu
ministério terreno, sempre falou palavras de juízo contra as pessoas do pacto.
O tema do exílio também está relacionado à continuação do reino. Por um ladno, o
juízo do exílio espiritual da bênção de Deus, continuava para os filhos físicos de Abraão que
se recusaram a obedecer ao Messias. Ficaram excluídos das bênçãos do reino de Deus. Por
outro lado, o mesmo é certo para os gentios que entraram na igreja visível.
O Novo Testamento deixa claro, várias vezes, que a disciplina da igreja, que alcança o
clímax na excomunhão, era o modo pelo qual os gentios e os judeus na igreja são exilados
quando se rebelam contra Deus.
E finalmente, o Novo Testamento também nos ensina que na consumação do reino terá
um exílio eterno. Quando Cristo regressar, se sentará a julgar aos apóstatas e os enviará a um
juízo eterno, apartados das bênçãos dos novos céus e da nova terra. Vemos então como o
motivo do exílio se cumpre no Novo Testamento. Neste toma a forma de inauguração,
continuação e consumação do reino.
4.3.2. Restauração
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Claro que o Novo Testamento não só fala do tema do exílio. Também ensina
claramente as bênçãos da restauração para o povo de Deus vem através de Cristo. Os profetas
do Antigo Testamento ensinaram que nos últimos dias, Deus bendiria a seu povo além de toda
medida na guerra e na natureza. O Novo Testamento nos ensina que estas bênçãos de
restauração tomariam lugar em três etapas do reino de Deus.
Em primeiro lugar, durante a inauguração do reino, encontraremos muitos temas da
restauração caracterizando o ministério de Cristo. Assim como no Antigo Testamento os
profetas anunciaram o estabelecimento do trono de Davi, Jesus é proclamado “filho de Davi”,
o rei. Assim como os profetas anunciaram a reconstrução do templo durante os últimos dias,
Jesus é proclamado “o templo de Deus”. Assim como os profetas predisseram a vitória sobre a
maldade das nações pagãs e seus deuses, assim também Jesus começa a vitória por seu povo
derrotando a Satanás e o poder da morte. Assim como os profetas do Antigo Testamento
predisseram uma grande herança para o povo de Deus, Jesus mandou o Espírito Santo, o qual
é o primeiro pagamento de nossa herança. Tal como os profetas falaram de grandes bênçãos
na natureza, Jesus fez grandes milagres de saúde física durante seu ministério.
O Novo Testamento ensina que a primeira vinda de Jesus é o princípio da grande
restauração das bênçãos de Deus.
Em segundo lugar, estes temas da restauração também caracterizam a continuação do
reino, nosso tempo entre a primeira e a segunda vinda de Cristo.
Jesus continua reinando como rei do mundo, tal como os profetas predisseram que
reinaria o filho de Davi. O corpo de Cristo é a consumação da visão do templo de Deus ao
final dos tempos. À igreja agora se chama templo de Deus. A igreja é vitoriosa nas batalhas
espirituais sobre a maldade, assim como os profetas disseram que o povo de Deus teria vitória
sobre o mundo.
O Espírito Santo continua na igreja como o primeiro pagamento de nossa herança
plena. Além dos cristãos usualmente vemos as bênçãos de Deus sobre seu povo em saúde e
outros atos especiais de providência. Desta e de muitas outras maneiras, o Novo Testamento
deixa claro que as grandes promessas de restauração vão ser cumpridas na continuação do
reino de Cristo.
Em terceiro lugar, o Novo Testamento não só ensina que Cristo inaugurou o rênio, e
também continua com as bênçãos da restauração, também nos ensina que a consumação do
reino trará o clímax de todas as promessas de restauração do Antigo Testamento. Quando
Jesus retornar, estenderá seu reinado sobre todo o mundo, tal como os profetas ensinaram que
o filho de Davi reinaria sobre todas as nações.
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Quando Jesus regressar, a promessa de um templo renovado terá seu cumprimento
quando Deus remodelar toda a criação e a converter no templo de Deus. Ao final desta era,
haverá uma vitória total do povo de Deus sobre o mal. O povo de Deus receberá a herança
completa de uma nova criação. E claro, a natureza se transformará em um paraíso totalmente
renovado na gloriosa salvação. Nisto e em muito mais, as profecias da restauração serão
cumpridas quando Cristo trouxer seu reino à consumação.
CONCLUSÃO
Nesta lição sobre o desenvolvimento da escatologia, vimos com as expectativas para o
final da história se desenvolvem desde Moisés até os primeiros profetas e destes aos profetas
posteriores, para logo passar ao Novo Testamento. Cada passo através do caminho, vimos
como Deus revela mais e mais sobre a culminação do mundo.
Sempre que lermos o que os profetas do Antigo Testamento falam acerca do juízo do
exílio, devemos vê-lo debaixo da perspectiva do Novo Testamento. Há exílio para os
transgressores do pacto durante a inauguração, continuação e culminação ou consumação do
reino. E sempre que lermos o que os profetas falam de bênçãos futuras de restauração,
devemos recordar que estas grandes bênçãos chegam na inauguração, continuação e
restauração do reino. Se mantivermos estas perspectivas em mente, estaremos preparados para
assimilar as Escrituras do Antigo Testamento, com os olhos dos escritores do Novo
Testamento e de Jesus Cristo.