CORRUPÇÃO SE COMBATE COM CONTABILIDADE
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CORRUPÇÃO SE COMBATE COM CONTABILIDADE
CORRUPÇÃO SE COMBATE COM CONTABILIDADE INDEPENDENTE Salézio Dagostim Professor do Unilasalle, Presidente da Confederação Nacional dos Contadores [email protected] O Governo Federal criou a Corregedoria-Geral da União, órgão ligado ao poder executivo e com status de ministério, para investigar as denúncias de corrupção no Governo, combatendo as irregularidades, punindo os responsáveis e buscando o ressarcimento dos prejuízos causados ao erário público. Com todo o respeito que merece, de nossa parte, tal iniciativa, e sem querer analisar o fator político em jogo, limitando-nos ao aspecto técnico da matéria, somos da opinião de que não é criando um órgão ligado ao Executivo que se combaterá a corrupção promovida pelo próprio agente ordenador das despesas. A corrupção se combate dando autonomia e independência a quem processa e analisa os gastos: a contabilidade. O contador é o profissional que apura os custos, as receitas, o lucro, o prejuízo, o desequilíbrio financeiro e econômico, a evolução patrimonial. E mais: ele detecta também a corrupção, os desvios, a malversação dos recursos públicos. Por isso ele não pode ficar vinculado a quem gasta os recursos. Combater a corrupção é mais simples do que se pensa. Basta transformar a contabilidade pública em um organismo autônomo e independente, com a função de controlar os recursos públicos. O Executivo deve cumprir com o orçamento. A contabilidade analisa os documentos, processa, informa e audita a sua correta aplicação. Quando da constatação de qualquer problema, o contador-geral encaminha representação das irregularidades a quem de direito. Assim, com a contabilidade independente nos órgãos públicos, a exemplo da Procuradoria Geral da República, os desvios, as falcatruas, os superfaturamentos seriam dificultados. Ao criar uma corregedoria para apurar denúncias (e não, de fato, combater a corrupção) ao invés de instituir uma contabilidade independente nos órgãos do executivo, o Governo cria mais uma despesa e, pior, sem que o problema da corrupção, que hoje abala o país, seja resolvido. Somente colocando ordem nas contas públicas é que alcançamos o progresso. Para isso, é necessário que o organizador das contas — o contador — seja um profissional independente.