Veja o último news da Oral-B
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05/2014 A N O 2 • N º 5 • O U T U B R O 2 0 1 4 • P R O C T E R & G A M B L E • D I S T R I B U I Ç Ã O G R AT U I TA PA R A D E N T I S TA S • W W W. D E N TA L C A R E . C O M CARIOLOGIA E OPERATÓRIA Restaurações em compósito elaboradas em uma única sessão clínica Alejandro Bertoldi Hepburn CIRURGIA E PRÓTESE A cirurgia com ressecção e a reconstrução cirúrgico protética. Uma integração imprescindível Héctor Álvarez Cantoni ESTÉTICA Restaurações indiretas em cerâmica. Facetas sem preparo dental (lentes de contato) Victor Clavijo Continuando o Cuidado que Começa no Seu Consultório. P&G - Job 1771-14 - Adaptação Revista Oral-B News_Revista.indd 2 03/10/14 17:50 EDITORIAL O que nasceu como um projeto da Oral-B da América Latina, visando a educação contínua dos dentistas da região, hoje já é uma realidade tangível que nos permite afirmar que estamos obtendo os objetivos buscados. Esta edição da Revista Oral-B News da América Latina Nº 5, cujo lançamento se realiza na formosa cidade de Santiago do Chile, permite-nos acessar aos conhecimentos e às experiências de outros três autores latino-americanos, neste caso do Chile, da Argentina e do Brasil. Esperamos que os temas selecionados sejam uma contribuição a mais, somada às numerosas e prestigiosas fontes de consulta existentes em cada país da região. CONTEÚDO CARIOLOGIA E OPERATÓRIA Restaurações em compósito elaboradas em uma única sessão clínica .............................................. 3 Alejandro Bertoldi Hepburn CIRURGIA E PRÓTESE A cirurgia com ressecção e a reconstrução cirúrgico protética. Uma integração imprescindível...... 10 Héctor Álvarez Cantoni ESTÉTICA Restaurações indiretas em cerâmica. Facetas sem preparo dental (lentes de contato).................................. 16 Victor Clavijo O conteúdo dos artigos publicados nesta revista, inclusive imagens e fotos, são de responsabilidade direta de seus autores. A Procter & Gamble não se responsabiliza pela opinião de seus colaboradores, nem se identifica necessariamente com as mesmas. Proibida a reprodução total ou parcial de qualquer meio, inclusive eletrônico, sem a expressa autorização por escrito dos autores. Marketing Oral B Procter & Gamble Hans Álvarez Diretor Científico Dr. Eduardo Ceccotti Técnica de restaurações em compósito em uma única sessão clínica A redução da técnica de restaurações em compósito a uma única sessão, não apenas significa economia de tempo, com as óbvias vantagens para o clínico e para o paciente. Além disso, torna desnecessária a confecção de um elemento provisório, o que resume ainda mais a técnica clínica. No artigo também são analisadas particularidades, recursos técnicos e materiais inerentes a este tipo de restauração, bem como suas possíveis vantagens clínicas. A experiência que o autor compartilha com generosidade nesta edição, sem dúvida, será de utilidade para os colegas, que certamente vão obter melhores resultados na sua prática diária. O compromisso multidisciplinar para tratar a agressividade recidivante de um ameloblastoma coloca a ênfase e o esforço na modernidade reconstrutiva Alguns tumores maxilares requerem técnicas cirúrgicas importantes, imprescindíveis para evitar o comprometimento do remanescente sadio dos maxilares e, inclusive, para a sobrevida do paciente. O avanço das tecnologias permite aos especialistas obter a melhor reconstrução possível, incluindo uma reabilitação protética adequada, que abrange a biomecânica, a fonética, o emocional e a vida de relação. A grande variedade de recursos e biomateriais que existem hoje para restituir o rebordo exíguo, obriga a tentar reconstruções osteomucodentárias que concluam com prótese implanto assistida de tipo fixo. Neste artigo, os autores apresentam um caso clínico referido a um ameloblastoma, seu tratamento cirúrgico e a reconstrução da área remanescente com enxerto ósseo e implante. Compartilham com o leitor uma técnica muito interessante quanto à originalidade dos recursos empregados em cada passo para obter os objetivos. Recordam-nos a importância da oclusão durante a etapa pós-cirúrgica ressectiva e durante a longa etapa cirúrgico-protética reconstrutora. Protocolo clínico para a realização de restaurações cerâmicas sem preparo dental (lentes de contato dentais) Atualmente, muitas pessoas exigem a estética dental que desperta o interesse permanente de todos os dentistas que procuram levar função e beleza à boca de seus pacientes. Neste artigo, descreve-se um protocolo clínico para a realização de restaurações de cerâmica sem o preparo do dente. Agrada-nos comprovar que a Oral-B News é bem recebida, não apenas por todos os colegas da América Latina, mas também por prestigiosos autores que colocam à nossa disposição seus artigos como uma generosa contribuição à formação contínua. Edição, formação e design ImageGraf 3 P&G - Job 1771-14 - Adaptação Revista Oral-B News_Revista.indd 3 03/10/14 17:50 RESTAURAÇÕES EM COMPÓSITO ELABORADAS EM UMA ÚNICA SESSÃO CLÍNICA RESUMO No presente artigo, descreve-se uma técnica para a elaboração de restaurações de resina composta em uma única sessão clínica. ALEJANDRO BERTOLDI HEPBURN Diretor do Curso de Estética em Odontologia, Faculdade de Odontologia, “Universidad del Desarrollo”, Concepción, Chile. Professor Responsável por Cariologia e Dentística, Faculdade de Odontologia, “Universidad del Desarrollo”, Concepción, Chile. Docente Autorizado, Faculdade de Odontologia, Universidade de Buenos Aires, Argentina. Em um molar inferior com tratamento endodôntico e com importante perda de tecidos, foi realizada uma cavidade para receber uma restauração. Posteriormente, foi tomada uma impressão parcial e foi usado um novo silicone como material para a elaboração do modelo. O silicone foi injetado dentro da impressão e polimerizou em poucos minutos. Quando solidificado, o silicone alcançou alta rigidez e resistência suficiente para ser retirado do recipiente e, desse modo, obteve-se o modelo de trabalho. A restauração foi confeccionada com resina composta. Ao ser extraoral, o processo de elaboração da restauração foi simples e rápido. Este tipo de restauração indireta pode controlar também alguns inconvenientes que as resinas compostas apresentam, quando são inseridas de forma direta. Do mesmo modo, permite tratar o bloco de compósito com distintos procedimentos, a fim de conseguir um maior grau de polimerização e melhorar algumas propriedades. Por último, o compósito foi acondicionado e fixado de forma adesiva no preparo cavitário. No artigo também são analisadas algumas particularidades, recursos técnicos e materiais inerentes a esse tipo de restauração, bem como suas possíveis vantagens clínicas. INTRODUÇÃO E-mail: [email protected] As técnicas de restauração indiretas com compósitos nos dentes posteriores apresentam vantagens específicas sobre as diretas. A elaboração anatômica é mais simples e adequada já que é realizada sobre um modelo fora da boca. Em cavidades que en- volvem porções proximais, é possível conseguir, desse modo, relações de contato mais firmes e estáveis. Outra vantagem importante é que, dado que o material polimeriza sobre um modelo sem adesão às paredes da cavidade, pode contrair-se livremente. Desta forma não ocorrem, como ocorre habitualmente nas restaurações diretas, tensões posteriores à contração de polimerização que podem produzir falhas adesivas ou problemas estruturais no tecido dentário remanescente (fissuras, fraturas). A ausência de tensões derivadas da restrição da contração de polimerização do compósito (tensões estáticas) proporciona melhores possibilidades para um fechamento marginal hermético, especialmente onde o esmalte se perdeu (situação frequente em ângulos cavo de caixas proximais). Porque recebem um tratamento de polimerização extraoral, onde o material é ativado com maior energia e, às vezes, com outras particularidades, as restaurações em compósito podem aumentar seu grau de conversão, e assim melhorar diferentes propriedades físicas e/ou químicas. Materiais com alta carga cerâmica associados a um maior grau de polimerização obtêm tanto um módulo de elasticidade, quanto um coeficiente de variação dimensional térmico mais similar àqueles da dentina. Sendo assim, estas restaurações vão desenvolver menos tensões (tensões funcionais), ao receberem cargas derivadas de sua função e com as frequentes mudanças térmicas que ocorrem na cavidade bucal. Desse modo, prolongam sua vida útil. Os compósitos são materiais amplamente conhecidos pelo dentista, de adesão confiável e relativamente simples aos tecidos dentários. As restaurações em compósitos não precisam de acondicionamentos adesivos complexos no momento de sua fixação. Sua maior tenacidade faz com que as técnicas de trabalho com restaurações em compósito sejam menos sensíveis, comparadas com aquelas que utilizam porcelanas, e em casos clínicos onde existe importante estresse mecânico, faz com que também melhore o rendimento da restauração. Um procedimento de trabalho mais simples e de menor sensibilidade técnica, fazem que muitos profissionais prefiram os compósitos, no momento de confeccionar restaurações da cor do dente. No entanto, também foram reconhecidas limitações para as incrustações elaboradas com compósito, das quais duas podem ser consideradas como relevantes: por 3 P&G - Job 1771-14 - Adaptação Revista Oral-B News_Revista.indd 3 03/10/14 17:50 Figs. 1 a 3. Situação pré-operatória de peças 4.6. e 4.7. um lado, o preparo cavitário que exige maior desgaste dentário, já que é necessário produzir uma planimetria e conseguir uma separação total com a peça vizinha. Por outro lado, a técnica de trabalho precisa de duas sessões clínicas, uma para o preparo cavitário, tomada de impressões e provisionalizações, e outra para o ajuste e fixação da restauração. Na atualidade, novos materiais possibilitam uma técnica clínica mais breve onde, imediatamente após a impressão do preparo cavitário, são tomadas as impressões e o modelo de trabalho é confeccionado. Desse modo, pode-se elaborar a incrustação e fixá-la na mesma sessão clínica, quer dizer, é possível completar a técnica de restauração com compósito em apenas uma sessão clínica. A redução da técnica de concessão de compósito a uma única sessão clínica, não significa apenas economia de tempo, com as óbvias vantagens para o clínico e o paciente, mas também torna desnecessária a confecção de um provisório e, assim, resume a técnica que se converte em mais simples e de maior aceitação pelo profissional. A peça 4.6 está tratada endodonticamente há vários anos e apresenta uma extensa restauração oclusal de resina composta. O remanescente coronário está fraturado pela parte distal (Figs. 1 e 2). Com a inspeção clínica se percebe que a perda de tecido chega até o limite amelocementário e o ultrapassa em algumas áreas. Desta forma, não existe quantidade e/ou qualidade adequada de esmalte na margem proximal da futura cavidade que permita praticar uma técnica adesiva, e assegurar uma selagem correta com uma restauração direta. Em cavidades tão volumosas, esta condição favorece que as tensões derivadas da contração de polimerização do compósito produza falhas adesivas e margens abertas. A imagem radiográfica mostra o tratamento endodôntico da peça 4.6. A obturação é curta, mas depois de vários anos não existem sintomas ou sinais que indiquem a necessidade de um retratamento. Percebem-se também defeitos ósseos em 4.6 e 4.7 (Fig. 3). Decidiu-se elaborar uma incrustação de compósito para conseguir as vantagens acima enumeradas: uma restauração com correta anatomia que estabeleça uma relação de contato firme e estável, e que proteja suas margens de falhas adesivas e o remanescente coronário de deformações com possíveis fissuras ou fraturas. Deste modo, pretende-se que a restauração harmonize visualmente com o remanescente e dentes vizinhos, mas também que a técnica de trabalho seja simples e rápida. DESENVOLVIMENTO DE CASO CLÍNICO A paciente, uma mulher de 50 anos que é atendida na clínica de Pós-graduação de Reabilitação Oral da Faculdade de Odontologia da “Universidad del Desarrollo (Concepción, Chile)” apresenta o primeiro e o segundo molar inferiores direitos com danos estruturais importantes. Figs. 4 a 11. Tratamento adesivo, preenchido com compósito autoativado (Rebilda DC, Voco GmbH) e posterior escultura da peça 4.6 para obter a cavidade para a incrustação. 4 P&G - Job 1771-14 - Adaptação Revista Oral-B News_Revista.indd 4 03/10/14 17:50 Figs. 12 a 19. Vazamento da impressão de trabalho de silicones por condensação (Speedex, Coltène Whaledent) com silicone para modelos (Die Silicone, Voco GMBH). O fabricante indica o uso de alginato para a impressão de trabalho. Após isolar o campo operatório de forma absoluta, a restauração antiga de compósito foi removida totalmente (Fig. 4). O guta-percha e o cimento de selagem da entrada aos condutos radiculares foram removidos. O ideal é remover uns 2 mm. Posteriormente, foi colocada uma matriz metálica com uma cunha de madeira e se realizou uma técnica de adesão com um sistema adesivo de gravura independente com gel de ácido fosfórico a 37% e líquidos adesivos (primer e bond) separados (Solobond Plus, Voco GmbH) (Fig. 5). A cavidade foi preenchida com um compósito de polimerização de dupla ativação (Rebilda DC, Voco GmbH) o qual solidificou polimerizando unicamente mediante ativação química, sem aplicação de luz (Figs. 6, 7 e 8). Esta manobra tem por objeto estender a fase de pré-gel no compósito, e dessa forma dissipar grande parte das tensões de polimerização. Cavidades como estas apresentam grande volume e alto fator C, ambos fatores produziriam tensões ao trabalhar com compósitos que solidifiquem de forma rápida, como é o caso daqueles que polimerizam mediante fotoativação. Neste tipo de cavidades, a ativação química da polimerização dos compósitos pode significar uma redução de 2/3 partes das tensões associadas à polimerização. Este fenômeno também é explicado pelo menor grau de conversão que os compósitos autoativados obtêm. A menor formação de tensões protege as paredes do remanescente coronário de uma deflexão que poderia ocasionar-lhes fissuras e, inclusive, fraturas após lapsos variáveis. Em cavidades pós-endodônticas como estas, existem braços de alavanca importantes e paredes mecanicamente frágeis, devido à grande perda de tecido, razões que favorecem fraturas, quando há existência de flexões. Uma vez solidificado o compósito (5 minutos depois de sua inserção) a cavidade foi esculpida (Fig. 9). A forma conseguida corresponde a uma cavidade expulsiva, com total separação em relação à peça vizinha. Considerou-se também estender as margens da caixa proximal para vestibular e lingual e assim contribuir com maior controle visual para esculpir e para a posterior higiene da paciente (Figs. 10 e 11). Imediatamente após o preparo cavitário, foi tomada uma impressão apenas da hemi-arcada correspondente à peça 4.6, e como material de impressão foi empregado silicone de polimerização por reação de condensação de duas consistências (Speedex, Coltène Whaledent) (Figs. 12 e 13). Para realizar a impressão, não devem ser empregados silicones de polimerização por reação de adição, já que ambos os silicones (da impressão e do modelo) podem se aderir e dificultar a obtenção do modelo. Corresponde destacar que o fabricante de silicone para modelos só indica o alginato como material para impressão. O silicone para modelos (Voco Die Silicone, Voco GmbH) (Fig. 14) se auto-mistura em um dispositivo que serve também para ser injetado. É preenchido uniformemente sobre a impressão, das porções mais profundas (pontas das cúspides) até as mais superficiais (assoalho da cavidade e caixa proximal) (Figs. 15 a 19). Logo se adiciona mais material para conformar uma base, e assim outorgar maior espessura, a fim de prevenir uma fratura, no momento de retirar a impressão. Este tipo de silicones para modelos apresenta características particulares: inicialmente são materiais fluídos, o que lhes permite ocupar espaços de espessura reduzida, e quando polimerizados se convertem em materiais de alta rigidez (condição necessária para qualquer material para modelos) o que evita deformações, no momento de retirá-los do recipiente. Também exibem boa estabilidade dimensional, por isso o modelo 5 P&G - Job 1771-14 - Adaptação Revista Oral-B News_Revista.indd 5 03/10/14 17:51 obtido constitui uma reprodução fiel da preparação dentária na boca do paciente. O modelo de silicone oferece boa resistência para suportar a inserção do compósito que dará origem à incrustação, a remoção da incrustação finalizada, e as provas posteriores. Logo após uns poucos minutos, uma vez solidificado o material, o modelo é extraído facilmente da impressão (Fig. 20). Podem ser observados os detalhes do preparo que o silicone para modelos reproduziu adequadamente (Fig. 21). Obtido o modelo, começa a elaboração da restauração, para o que foi selecionado como material a resina composta Belleglass NG (KerrLab) (hoje chamada Premise Indirect). Este compósito apresenta um coeficiente de variação térmica similar ao da dentina (13.1 ppm/°C) e tem a possibilidade de ativar sua polimerização com luz, calor e pressão. O material foi carregado sobre a preparação no modelo de silicone elaborando e polimerizando, em primeiro lugar a parede proximal ausente (Fig. 22) para carregar, logo, a porção interna (Fig. 23) com uma massa mais opaca (Opaceous Dentin). Foi empregada também uma resina composta fluída marrom (Cor Modifier) para caracterizar os sulcos. Uma última capa de dentina translúcida (Translucent Dentin) (Fig. 24) com a que se terminou de conformar a anatomia da restauração foi insertada e polimerizada com luz azul. O silicone permite uma inserção simples do compósito e resiste adequadamente às diferentes manobras. Finalmente a restauração do modelo (Fig. 25) foi extraído, para passar à fase de polimerização final em uma unidade extraoral. Figs. 20 a 25. Sequência da elaboração da incrustação sobre o modelo de silicone. Figs. 26 e 27. Incrustação dentro da câmara de curado da unidade de polimerização extraoral Curing Unit (KerrLab). Fig. 28. Aspecto da incrustação após o ciclo de curado. O compósito é levado para uma unidade de polimerização extraoral que fornece calor e pressão em um ambiente livre de oxigênio (Curing Unit, KerrLab) (Figs. 26 e 27). Por intermédio deste dispositivo de laboratório, o bloco de compósito recebe um tratamento térmico de 138 graus com 60 PSI em um ambiente de nitrogênio, livre de oxigênio. A intenção é combinar distintos fatores físicos e proporcionar ao compósito um grau de poli- merização maior do que resultaria do emprego exclusivo da luz azul com fotoativador. Um maior grau de conversão pode obter uma restauração com propriedades físicas mais altas (resistência mecânica e ao desgaste) e maior estabilidade química. Neste dispositivo, o ciclo de curado é de 10 minutos; depois a incrustação fica opaca, sem brilho, devido à ausência da capa de inibição da polimerização (Fig. 28). 6 P&G - Job 1771-14 - Adaptação Revista Oral-B News_Revista.indd 6 03/10/14 17:51 Figs. 29 y 30. Incrustação terminada, logo depois das manobras de correção anatômica e polimento. Fig. 31. Ajuste da relação de contato. Figs. 33 a 38. Preparação da supercie interna da incrustação para a fixação adesiva. Fig. 32. Correto assentamento da incrustação. Figs. 39 e 40. Conservação da incrustação em recipiente ad-hoc. É importante mencionar que alguns estudos também confirmam melhoras físicas e químicas nos compósitos, logo após receberem calor (95-140 graus) por meio de outras fontes. pondente à caixa proximal, a fim de poder visualizar o ajuste da incrustação. Se há excessos de material, deverão ser feitas correções, mas sempre cuidando de não desgastar a área de contato. Para isso, convém marcá-la previamente com um lápis. É assim como procedimentos muito simples, possíveis de realizar em qualquer consulta odontológica, tais como levar o bloco de compósito (protegido em algum recipiente) até a água em ebulição, ou o emprego de lâmparas de fotoativação com lâmpada de halogênio, cuja guia de luz é removida e se aproveita o espaço criado como “câmara de curado”, são recomendáveis, caso não tenha uma tecnologia mais complexa, como o sistema aqui exposto. Então, o compósito é testado e ajustado na boca do paciente. Logo após realizar umas correções menores sobre a relação de contato, utilizando um papel para articulação fino, a incrustação foi adaptada e ajustada adequadamente (Figs. 31 e 32). Posteriormente a superfície interna da incrustação foi preparada para sua fixação adesiva com os meios de cimentação resinosos. Alguns sistemas de polimerização extraoral tecnologicamente complexos demonstraram não funcionar melhor que estes procedimentos mais elementares, ou inclusive, que a simples aplicação de luz pelas diferentes faces do bloco de compósito. Foi arenada com óxido de alumínio de 50 micras a 60/80 PSI de pressão (Microetcher II, Danville Eng.) e se aplicou uma capa de resina de dimetacrilatos sem solventes e pH neutro (Heliobond, Vivadent) (Figs. 33 a 38). Logo após a polimerização final, foram realizadas as manobras de correção anatômica e polimento da incrustação (Figs. 29 e 30). O filme de resina foi uniformizado com ar a pressão, não fotoativado e se conservou protegido da luz ambiente, a fim de evitar a polimerização antecipada até o momento da fixação (Figs. 39 e 40). Nesta fase do trabalho, o modelo de silicone deve ser seccionado no espaço interdentário corres- 7 P&G - Job 1771-14 - Adaptação Revista Oral-B News_Revista.indd 7 03/10/14 17:51 Figs. 41 a 45. Acondicionamento adesivo da supercie da preparação dentária. longar no tempo a boa qualidade da margem da restauração. Finalmente, a região na boca da paciente foi isolada de forma absoluta com dique de borracha, e foram executadas as manobras para a fixação adesiva da incrustação. Para a remoção de excessos, foram usadas espátulas com ponta de borracha, pincéis e fio dental (Figs. 47 e 48). A cavidade foi enxaguada com água a pressão e o compósito da preparação do dente foi submetido ao processo de arenado com arenadora intraoral (Microetcher II, Danville Eng.) (Fig. 41). A ativação da polimerização do material empregado é unicamente lumínica, por isso deverá incidir com a quantidade de energia adequada. Alves Morgan LF (2008) sugere a irradiação com 16 mJ/ cm2 para polimerizar adequadamente 50 micras de um cimento resinoso através de 2 mm de composite. Isso significaria, por exemplo, fotoativar com 400 mW/cm2 por 40 segundos. Já que na clínica podem intervir outros fatores (maior espessura ou opacidade do material, ou dificuldade para aproximar a guia de luz), recomenda-se aumentar essa quantidade de energia, incidindo por cada face do dente com não menos de 800 MW por 60 segundos. Também deve-se controlar que a espessura da incrustação em suas diferentes partes não seja maior do que 2 mm. Caso haja maior espessura, ou se trabalhe Logo após limpar as partículas de óxido de alumínio, colocou-se fita de teflón sobre a face proximal da peça vizinha, para poder aplicar ácido fosfórico a 37% (Vococid, Voco GmbH) sobre o esmalte e o compósito da preparação (Figs. 42 e 43). A fita de teflón tem por objetivo evitar a gravura do esmalte da peça vizinha e assim a adesão do adesivo, ou do meio de cimentação resinoso. Sobre o esmalte gravado e o compósito limpo foi aplicada uma capa da resina hidrófuga livre de solventes e se uniformizou com ar a pressão (Figs. 44 e 45). Posteriormente, aplicou-se o meio de cimentação sobre a cavidade, e sobre ele, a incrustação (Fig. 46). O material de cimentação é um compósito fluido de alta carga cerâmica (Grandio Flow, Voco GmbH) que apresenta um marcado comportamento tixotrópico. Flui ao receber cargas (neste caso, gerada pela inserção da incrustação) e recupera a viscosidade ao entrar em repouso. Desta forma, é possível uma inserção e adaptação adequada da incrustação. Pelas mesmas razões, a eliminação de excessos do material também se torna mais simples. Beun S et al. (2007) destacaram a alta carga cerâmica deste material, comparável a compósitos híbridos universais de viscosidade média/ alta. Meios de cimentação de maior conteúdo cerâmico ajudam a pro- Figs. 46 a 49. Inserção e fotoativação da incrustação na preparação dentária. Foi empregado Grandio Flow (Voco GmbH) como material de cimentação. 8 P&G - Job 1771-14 - Adaptação Revista Oral-B News_Revista.indd 8 03/10/14 17:51 Figs. 50 a 52. Ajuste e finalização posteriores à fixação. com materiais mais opacos como as porcelanas, será necessário um cimento resinoso de ativação dual (Fig. 49). Logo após a fotoativação do meio de cimentação, foi completada a eliminação de pequenas quantidades de excessos remanescentes, ajustada a oclusão, foi meFig. 53. Imagem pós-operatória imediata da Fig. 54: Imagem pós-operatória das peças 4.6 e peça 4.6. 4.7 aos 60 dias. lhorada a adaptação marginal do compósito com pontas de diamante fino e ultrafino 5. Bertoldi Hepburn A. Rehabilitación posendodóntica. Base racional y consideraciones estéticas. Editorial (Figs. 50 e 51). Logo foi realizado polimento de alto Médica Panamericana 2012. Buenos Aires, Argentina. brilho com borrachas e escovas (Fig. 52). 6. Bertoldi Hepburn A. Restauraciones posendodónticas directas con composites en el sector posterior: Una revisión general. Rev Asoc Odont Arg 2005;93(5):413-24. 7. Beun S et al. Characterization of nanofilled compared to universal and microfilled composites. Dent Mater 2007;23(1):51-9. 8. Braga RR et al. Mechanical properties of resin cements with different activation modes. J Oral Rehabil (2002);29:257-62. 9. Dietschi D, Moor L. Evaluation of the marginal and internal adaptation of different ceramic and composite inlay systems after an in vitro fatigue test. J Adhes Dent 1999;1(1):41-56. 10. Garber D, Goldstein R. Porcelain and composite inlays and onlays. Esthetic posterior restorations. Quintessence Books 1994. Illinois. USA. 11. Hummel SK et al. Surface treatment of indirect resin composite surfaces before cementation. Prost Dent 1997;77(6):568-72. 12. Manhart J et al. Three-year clinical evaluation of composite and ceramic inlays. Am J Dent 2001;14(2):95-9. 13. Peutzfeldt A. Indirect resin and ceramic systems. Operative Dentistry supplement 6. Management Alternatives for the Carious Lesion 2001;153-76. 14. Sakaguchi R, Powers JM. Craig’s restorative dental materials. 13th edition. Elsevier Mosby 2012. Philadelphia. USA. 15. Schwartz R, Fransman R. Adhesive dentistry and endodontics: Materials, clinical strategies and procedures for restoration of access cavities: A review. JOE 2005;31(3):151-65. 16. Versluis A et al. Residual shrinkage stress distributions in molars after composite restoration. Dent Mat 2004;20(6):554-64. 17. Wendt SL, Leinfelder KF. Clinical evaluation of a heat treated resin composite inlay: 3-year results. Am J Dent 1992;5(5):258-62. Ao final do processo de restauração, o compósito confeccionado em uma única sessão clínica apresentou uma anatomia apropriada e harmonia visual com os tecidos do dente (Fig. 53). A peça vizinha (4.7) foi restaurada na seguinte sessão, seguindo o mesmo conceito de trabalho (Fig. 54). Pelas características dos materiais empregados e pelo processo de tripla ativação da polimerização do compósito, presume-se que o comportamento físico e químico do material se manterá adequado no tempo. CONCLUSÃO A técnica de elaboração de restaurações de resina composta em uma única sessão clínica se associa às vantagens gerais que o compósito proporciona como material. Maior rapidez e simplicidade clínica se adicionam à confiabilidade e estética próprias deste material. Leitura sugerida 1. Alves Morgan LF et al. Light Transmission through a Translucent Fiber Post. JOE 2008;34(3). 2. Bagis YH, Rueggeberg FA. Effect of post cure temperature and heat duration on monomer conversion of photo-activated dental resin composite. Dent Mat 1997;13(6):377-80. 3. Bertoldi Hepburn A. Fijación de estructuras rígidas. Una revision general. Rev Asoc Odont Arg 2007;95(5):403-16. 4. Bertoldi Hepburn A. Incrustaciones de resina compuesta: Consideraciones generales. Rev Asoc Odont Arg 2004;92(3):253-64. 9 P&G - Job 1771-14 - Adaptação Revista Oral-B News_Revista.indd 9 03/10/14 17:51 A CIRURGIA COM RESSECÇÃO E A RECONSTRUÇÃO CIRÚRGICO PROTÉTICA. UMA INTEGRAÇÃO IMPRESCINDÍVEL RESUMO HÉCTOR ÁLVAREZ CANTONI Reitor da Faculdade de Odontologia da Universidade de Buenos Aires (FOUBA), Argentina. Professor Titular da Cadeira de Clínica II de Dentística e Prótese. Diretor do Curso de Especialização em Prótese Dentobucomaxilar. ARIEL CHARI Especialista em Cirurgia de Cabeça e Pescoço SEBASTIÁN PUIA Professor Adjunto, Cadeira de Cirurgia Dentobucomaxilar I PABLO CARRASCAL Chefe do Departamento de Cirurgia Maxilofacial e de Cabeca e Pescoço do Hospital Sírio Libanês MARIELA ÁLVAREZ CASTRO Professora Adjunta, Cadeira de Clínica II de Dentística e Prótese, FOUBA JOSÉ MANUEL ÁLVAREZ CASTRO Professor Adjunto, Cadeira de Clínica II de Dentística e Prótese, FOUBA IGNACIO FITA Cirurgião Ortopédico MARÍA LUISA PAPARELLA Patologista Bucomaxilofacial E-mail: [email protected] É possível afirmar que a cirurgia com ressecção salva a vida, que a cirurgia reconstrutora devolve a qualidade de vida e que, quando se pode ter acesso a uma prótese fixa implanto assistida, a restituição é realmente ad integrum. Neste artigo, apresenta-se um caso clínico em que foi realizado um enfoque multidisciplinar, utilizando técnicas cirúrgicas clássicas e com a contribuição de tecnologia avançada, como os modelos estereolitográficos estéreis, a mesa cirúrgica para a preparação dos enxertos em bloco, o osteótomo piezo elétrico, o expansor de tecidos moles e a prótese híbrida de alta complexidade. INTRODUÇÃO Sem dúvida nenhuma, determinados tumores maxilares requerem importantes técnicas ósseas ressectivas, imprescindíveis para evitar o comprometimento do remanescente sadio dos maxilares e, inclusive, para a sobrevida do paciente. Este tipo de cirurgia em si mesma não permite uma funcionalidade acorde à uma qualidade de vida pós-cirúrgica aceitável. Hoje, o avanço das tecnologias reconstrutoras nos permite (alías, obriga) a uma melhor reconstrução possível das estruturas perdidas que, também, inclua uma reconstrução protética adequada. Quando dizemos adequada, não nos referimos apenas aos valores estéticos, mas queremos abranger também a biomecânica, a fonética, a parte emocional e a vida de relação. As diversas técnicas para a reconstrução do rebordo exíguo e os variados biomateriais atualmente existentes exigem que tentemos realizar reconstruções osteomucodentárias que concluam com prótese implanto assistida (PIA) de tipo fixo. A clássica prótese total removível ou parcial removível, que questionamos fortemente, inclusive em pacientes sem ressecções, está composta por elementos protéticos que requerem necessariamente um esforço excessivo das peças dentárias e do remanescente ósseo, muito mais ainda quando as carências de suporte ósseo são tão importantes como nestas situações pós-cirúrgicas. Além disso, como fundamento de oclusão essencial, devemos recordar que toda perda de um setor dental implica a disfunção de todos os seus antagonistas, sendo, portanto, dupla a perda. Este fenômeno não somente provoca alterações estéticas, fonéticas e mastigatórias. Além disso, submete as áreas dentadas remanescentes a um esforço para o qual não estão preparados, e que compromete a articulação temporomandibular (ATM) da área desdentada com uma carga desmedida. A probabilidade de que esta área sofra um dano é muito grande, o que também provocaria, como fenômeno indireto, a erupção das peças dentárias do setor antagonista à área ressecada. Este processo, que costuma produzir-se mais rapidamente que o desejado, também deve ser previsto durante os processos reconstrutores, como o que vamos mostrar neste artigo, dado que reconstruir com implante e PIA fixa, contra um antagonista que perdeu seu alinhamento tridimensional, incide no sucesso da área reconstruída e nas peças dentárias antagonistas. Do expressado se deduz que a oclusão é determinante durante a etapa pós-cirúrgica com ressecção e durante a longa etapa cirúrgico-protética reconstrutora. O caso clínico que apresentamos aqui é o de um paciente de sexo masculino, de 37 anos de idade, que chega à consulta com dor e tumefação na região dos pré-molares inferiores esquerdos. Relata que deveria ter realizado tratamentos de canal em ambos os pré-molares inferiores (34 e 35), há vários meses. Durante a inspeção clínica observamos um marcado inchaço da tábua vestibular externa (Fig. 1) que, unido à imagem da radiografia panorâmica (Fig. 2), indica-nos que se trata de um processo de maior importância, por isso solicitamos uma TAC 3D. A imagem da TAC (Fig. 3) confirma nossa suspeita e realizamos um diagnóstico de presunção de ameloblastoma. Como conseqüência, decide-se realizar uma biópsia, cujo resultado confirma a lesão como um ameloblastoma convencional multicístico, folicular-acantomatoso (Fig. 4). 10 P&G - Job 1771-14 - Adaptação Revista Oral-B News_Revista.indd 10 03/10/14 17:51 Fig. 1. Vista frontal do setor inferior esquerdo com marcada inflamação. Fig. 5. Férula de Cromo Cobalto Removível. Fig. 2. Rx panorâmico pré-operatório. Fig. 6. É programada uma cirurgia com margem de segurança, com abordagem extraoral à mandíbula, que inclui a possibilidade de realizar a reconstrução óssea imediata, com enxerto livre de crista ilíaca, antes da instalação de uma placa de titânio de 2,4 mm de espessura para osteossíntese e reconstrução mandibular. Antes da cirurgia, com os modelos de estudo montados em articulador, foi construída uma férula de cobalto-cromo (Figs. 5 e 6) que, sem interferir com a oclusão, permitiu controlar, antes e depois da cirurgia, que todas as estruturas estivessem na mesma posição, para garantir a correta relação oclusal, logo após a resseção mandibular. Figs. 7 e 8. Modelo Estereolitográfico construído a partir da TAC pré-operatória. Também a partir da tomografia, foi realizado um modelo estereolitográfico (Figs. 7 e 8) com dois objetivos: No dia 3 de maio de 2011, foi realizada a cirurgia com anestesia geral. Começou com uma cervicotomia ampla horizontal, seguindo as dobras naturais da pele do pescoço (Figs. 9 e 10). Durante a abordagem com planos, até chegar à rama horizontal do maxilar inferior, repararam-se elementos anatômicos que é mister manter ilesos, tendo especial cuidado com a rama marginal mandibular do nervo facial, de vital importância para a mobilidade do lábio inferior. 1) Adaptar a placa de osteossíntese para economizar tempo intracirúrgico porque, além disso, é muito mais fácil e menos traumático adaptá-la sobre uma maquete de forma e tamanho real, do que sobre a estrutura óssea propriamente dita. 2) Planejar melhor a cirurgia, ao realizá-la primeiro no modelo. Fig. 9. Diagrama da incisão e dos limites do maxilar. Fig. 3. Imagem 3D pré-operatória. Fig. 10. Liberada a estrutura esqueletal, reparação do nervo mentoniano. Fig. 4. Imagem de um dos cortes da biópsia Hematoxilina-Eosina 60 X. 11 P&G - Job 1771-14 - Adaptação Revista Oral-B News_Revista.indd 11 03/10/14 17:51 Fig. 11. Prova da correta adaptação da placa previamente ajustada no modelo estereolitográfico. Fig. 16. Rx panorâmico que mostra a ressecção óssea realizada até basal. Fig. 17. TAC, corte paraxial que mostra o escasso remanescente ósseo basal. Fig. 12. Realização da ressecção com osteótomo piezo elétrico (flecha preta). prometimento tumoral (Fig. 14). Foi realizada biópsia por congelamento e a patologista indicou ressecção até a cortical da basal óssea, já que a biópsia era positiva na área medular e, ao mesmo tempo, aconselhou adiar a reconstrução, até ter os resultados do bloco extraído, que também foi realizado com o osteótomo piezo elétrico. Desse modo, restou então uma cortical óssea basal de apenas 3 mm de altura (Figs. 15 e 17). A falta de tecido ósseo medular basal e o risco de comprometimento tumoral, levaram-nos a decidir adiar a reconstrução. Por esse motivo, a sutura foi realizada por planos; na pele realizou-se uma sutura intradérmica que obteve um resultado estético excelente. O tecido ósseo foi enviado (o bloco ósseo extirpado primeiramente e a porção tirada em segundo lugar) para o estudo anatomopatológico, que confirmou o diagnóstico de ameloblastoma convencional multicístico com padrão de diferenciação folicular acantomatoso, com margens cirúrgicas livres de lesão. Além disso, podemos ver na Fig. 16 uma radiografia panorâmica pós-operatória e um corte paraxial de uma TAC que mostram a exígua estrutura basal remanescente (Fig. 17). No dia 22 de março de 2012, realizou-se novamente a abordagem cervical. Com um enxerto livre de crista ilíaca anterior foi reconstruída parte da estrutura óssea perdida em altura e em largura (Fig. 18). O enxerto foi fixado com duas miniplacas, uma por mesial e outra por distal. Diante do sucesso clínico e radiográfico obtido, decidiu-se tentar um novo crescimento vertical, utilizando nesta oportunidade, osso homólogo congelado não irradiado (crista ilíaca) (Banco de tecido ósseo do Hospital Britânico). Posteriormente, realizou-se a fixação da rama horizontal do maxilar, antes da osteotomia, com uma placa de osteossíntese de 10 anéis presa por 6 parafusos IMF (Walter Lorenz) (Fig. 11). Realizou-se a osteotomia tal como foi planejada, utilizando um osteótomo piezo elétrico (Fig. 12). Foi dada especial atenção em não danificar a mucosa lingual, a fim de evitar a comunicação da cavidade bucal com o pescoço. Foi retirado o bloco ósseo com um escopro largo e fino (Fig. 13). Nesse ato, observou-se que a base do bloco ósseo extraído aparentava com- Fig. 13. Completando a ressecção com um escopro largo e delicado. Fig. 14. Note-se restos da lesão na base do bloco ressecado (flecha preta) e altura óssea residual, anterior à biópsia por congelamento (linha azul). Fig. 15. Altura óssea residual, posterior à segunda osteotomia pós-biopsia por congelamento (linha azul). Fig. 18. Corte panorexis pós-enxerto autólogo. 12 P&G - Job 1771-14 - Adaptação Revista Oral-B News_Revista.indd 12 03/10/14 17:52 Fig. 23. Corte panorexis pós-enxerto homólogo de crista ilíaca. Fig. 19. Expansor osmótico e instrumental ad hoc para instalar o distrator de tecido mole. Fig. 20. Preparação dos enxertos em bloco, em cadeia cirúrgica, do tecido ósseo homólogo de banco. No dia 23 de outubro de 2012, a fim de conseguir fundo para este segundo crescimento vertical, foi instalado um cilindro expansor de tecidos moles (Expansores osmóticos de hydrogel Osmeed Gmbh), cuja composição baseada em hidrocolóides permite expandir-se lentamente por embebição, até quintuplicar seu volume (Fig. 19). Sua instalação foi realizada por tunelização e foi fixada com um microparafuso em um dos extremos. No dia 4 de fevereiro de 2013, com um novo modelo estereolitográfico esterilizado com peróxido de hidrogênio, realizou-se a preparação do enxerto de crista ilíaca congelada não irradiada (Fig. 20) na mesa cirúrgica, para a recepção e tratamento dos enxertos em bloco. Com este procedimento Fig. 24. Cortes paraxiais que mostram o ganho obtido após ambas as reconstruções. 1) Pré-operatória. 2) Ressecção segmentar. 3) Primeira reconstrução. 4) Segunda reconstrução. se economiza muito tempo intracirúrgico (anestesia, contaminação, retalhos expostos, etc). Logo, com anestesia local, chegou-se ao local, realizando uma incisão sobre o rebordo. Foi retirado o dispositivo distrator de tecido mole (Fig. 21) e fixados com parafusos marca Walter Lorenz de 15 e 18 mm de comprimento os quatro novos blocos de osso homólogo de banco (Fig. 22) que, logo após arredondar suas bordas com fresas de carboneto de tungstênio, foram cobertos com o abundante tecido conseguido com o distrator. Na Fig. 23 podemos ver o corte panorexis de uma TAC que mostra a fixação com os parafusos verticais. Na Fig. 24 podemos ver um resumo que mostra 4 cortes paraxiais de: 1) a lesão tumoral antes da ressecção; 2) a ressecção até basal (3,8 mm de remanescente ósseo; 3) o enxerto com crista ilíaca autóloga (19 mm de altura total) e, finalmente, 4) o enxerto com osso homólogo (com crescimento total de 27,54 mm). Fig. 21. Amostra do importante aumento de volume obtido pelo distrator. Fig. 22. Os blocos homólogos fixados verticalmente sobre o primeiro enxerto autólogo, antes de homogeneizar as bordas. 13 P&G - Job 1771-14 - Adaptação Revista Oral-B News_Revista.indd 13 03/10/14 17:52 Fig. 28. Retirada dos parafusos de fixação dos blocos de osso homólogo de banco. Fig. 25. Retirada da miniplaca de fixação mesial dos enxertos de crista ilíaca autóloga. Fig. 29. Instalação dos 5 implantes. Fig. 26. Deiscência óssea entre o primeiro enxerto e distal do incisivo. ram-se os respectivos modelos e se fabricaram duas chaves para transferir a posição dos implantes. Foi realizada a abertura dos implantes e a impressão para transferir a posição, com chaves confeccionadas com resina fotocurável (Fig. 30 e 31). O modelo de trabalho foi confeccionado, montado em um articulador semi ajustável, e foi realizada a construção de uma prótese híbrida parcial de alta complexidade. A prótese híbrida* consta de uma mesoestrutura –os emergentes são fixados aos implantes (Fig. 32)– e de uma supraestrutura –que consta de uma bandeja (parte baixa) cimentada aos emergentes com cimento de compósito adesivo– (Fig. 33) e de uma parte alta que apresenta as peças dentárias e os tecidos gengivais artificiais. A parte alta (Fig. 34 e 35) é fixada à bandeja com dois parafusos horizontais que entram por lingual e se Fig. 27. Cobertura do enxerto heterólogo realizado com biomaterial particulado (Geistlich Bio-Oss) membrana de colágeno Bio-Gide. No dia 29 de maio de 2013, com uma incisão lateral foi retirada a miniplaca de osteossíntese que fixava a crista ilíaca autóloga por mesial, com o duplo objetivo de: 1) evitar que um implante pudesse tropeçar com um parafuso de fixação da placa (Fig. 25), 2) reconhecer a origem de uma imagem radiolúcida existente entre a porção anterior do bloco ósseo autólogo e o septo ósseo distal do incisivo central (Fig. 23). Esta área radiolúcida foi confirmada como uma simples fibrose (Fig. 26) totalmente asséptica que, logo após curetagem, foi enxertada com osso particulado (porção mineral de osso bovino Bio-Oss), coberta com membrana reabsorvível Bio-Gide e suturada por planos (Fig. 27). Fig. 30. Uma das duas chaves de resina para a transferência de posição dos implantes. No dia 19 de junho de 2013, foi realizada uma incisão sobre o rebordo, retiraram-se os parafusos verticais de fixação (Fig. 28) utilizados para fixar os blocos e foram colocados 5 implantes (Fig. 29) BioHorizons Laser-Lok nas seguintes posições: - Em 3.3 implante BioHorizons LL de 3 mm x 15 mm. - Em 3.4 implante BioHorizons LL de 3 mm x 15 mm. - Em 3.5 implante BioHorizons LL de 3 mm x 15 mm. - Em 3.5 implante BioHorizons LL de 3,8 mm x 12 mm. - Em 3.7 implante BioHorizons LL de 3,8 mm x 12 mm. Fig. 31. As duas chaves, quando capturada a posição dos quatro implantes. No dia 9 de agosto de 2013, foi realizada a impressão de ambos os maxilares com alginato, confecciona- *Chama-se prótese híbrida uma PIA que, embora tenha o aspecto de uma prótese removível sem laterais, mantém-se fixamente aparafusada ao maxilar através de sua estrutura e dos implantes previamente instalados. 14 P&G - Job 1771-14 - Adaptação Revista Oral-B News_Revista.indd 14 03/10/14 17:52 Fig. 36. No dia da instalação da híbrida, a férula calça correctamente, na mesma posição que antes de começar o tratamento. Fig. 32. Mesoestrutura e bandeja (parte baixa) da supraestrutura da PIA híbrida. Fig. 33. Prova da bandeja ou parte baixa da supraestrutura. Fig. 37. Prótese híbrida instalada. Fig. 34. Parte alta da supraestrutura, vista por lingual. Fig. 38. Rx panorâmico de controle, tomada em maio de 2014 (3 anos após a ressecção). Fig. 35. Parte alta da supraestrutura, vista inferior. 2. Álvarez Cantoni H et al. Mesa quirúrgica para la recepción y la preparación de los injertos óseos en bloque. Rev Fac de Odont UBA Agosto, Septiembre 2008. 3. Álvarez Cantoni H et al. Prótesis Implanto Asistida, Prótesis Híbrida. La evolución de un clásico, 1ª Parte. Rev Asoc Odont Arg 2000;88(4):353-64. 4. Álvarez Cantoni H et al. Prótesis Implanto Asistida, Prótesis Híbrida. La evolución de un clásico, 2ª Parte. Rev Asoc Odont Arg 2000;88(5)459-70. 5. Álvarez Cantoni H et al. Prótesis Híbrida (PH). Enfoque actual de la Prótesis Implantoasistida-Híbrida. Rev Fac de Odont UBA 2012;27(62). 6. Sampson DE, Pogrel MA. Management of mandibular ameloblastoma: the clinical basis for a treatment algorithm. J Oral Maxillofac Surg 1999 Sep;57(9):1074-7. 7. Tamme T, Tiigimäe J, Leibur E. Mandibular ameloblastoma: a 28-years retrospective study of the surgical treatment results. Minerva Stomatol 2010 Nov-Dec;59(11-12):637-43. 8. Chiapasco M, Colletti G, Romeo E, Zaniboni M, Brusati R. Long-term results of mandibular reconstruction with autogenous bone grafts and oral implants after tumorresection. Clin Oral Implants Res 2008 Oct;19(10):1074-80. 9. Zou D, Huang W, Wang F, Wang S, Zhang Z, Zhang C, Kaigler D, Wu Y. Autologous Ilium Grafts: Long-Term Results on Immediate or Staged Functional Rehabilitation of Mandibular Segmental Defects Using Dental Implants after Tumor Resection. Clin Implant Dent Relat Res. 2013 Oct 31. doi: 10.1111/ cid.12169. 10. Zheng GS1, Su YX, Liao GQ, Jiao PF, Liang LZ, Zhang SE, Liu HC. Mandible reconstruction assisted by preoperative simulation and transferring templates: cadaveric study of accuracy. J Oral Maxillofac Surg 2012 Jun;70(6):14805. atarraxam na bandeja. Entre ambas, coloca-se um silicone fluído para a selagem bacteriana. Finalmente, pode-se observar a férula que foi utilizada durante mais de 2 anos e que, em todas as etapas, permitiu verificar permanentemente a correta manutenção das posições no espaço das partes constitutivas do maxilar inferior, garantindo que, no dia da instalação, o paciente obtivesse a mesma oclusão com que chegou à consulta (Fig. 36). Finalmente, na Figura 37, observa-se a prótese híbrida instalada, e na Figura 38, uma radiografia panorâmica do controle pós-operatório tomada em maio de 2014. CONCLUSÃO Aristóteles diz: “O todo é maior do que a simples soma das partes”. Esta frase sintetiza o conceito que subjaz a um tratamento da complexidade do apresentado aqui e o compromisso mutidisciplinar necessário para implementá-lo, dado que este tratamento contempla de maneira protocolar a técnica que extirpa, para curar a agressividade recidivante de um ameloblastoma, e coloca a ênfase e o esforço na modernidade reconstrutora. Referências Bibliográficas 1. Álvarez Cantoni H et al. Colección Fundamentos, Técnicas y Clínica en Rehabilitación Bucal, Prótesis Parcial Fija, Prótesis Parcial Removible. Tomo III, en prensa. 15 P&G - Job 1771-14 - Adaptação Revista Oral-B News_Revista.indd 15 03/10/14 17:52 RESTAURAÇÕES INDIRETAS EM CERÂMICA. FACETAS SEM PREPARO DENTAL (LENTES DE CONTATO) RESUMO VICTOR CLAVIJO DDS, MSc PhD em Odontologia Restauradora, Faculdade de Odontologia de Araraquara, Universidade do Estado de São Paulo, Araraquara, SP, Brasil. Dentista formado pela Universidade Paulista - UNIP. Especialização em Odontologia Restauradora, Faculdade de Odontologia de Araraquara, Universidade de Estado de São Paulo - UNESP. Especialização em Implantologia, Universidade SENAC, São Paulo, Brasil. Membro do Comitê Científico Editorial da revista DICAS, Brasil. Professor do Programa Avançado em Implantologia e Odontologia Restauradora, Instituto Implanteperio, São Paulo, Brasil. Prática privada especializada em Odontologia Estética Restauradora. Mais de 40 artigos e capítulos de livros publicados em português, inglês e espanhol. E-mail: [email protected] A Odontologia Restauradora atual preconiza que, para qualquer procedimento, o profissional deve optar sempre pelo conservadorismo, ou seja, a preservação de estrutura dentária sadia. Por muito tempo, acreditou-se que o material de escolha para procedimentos conservadores era a resina composta, uma vez que a evolução das propriedades ópticas desses materiais seria capaz de reproduzir a porção perdida, porém esse material apresenta desvantagens, como instabilidade de cor e baixa resistência. Uma excelente opção que supre diversas deficiências da resina composta são as cerâmicas. Suas vantagens frente à resina composta são: estabilidade química, excelente compatibilidade biológica, coeficiente de expansão térmica semelhante ao das estruturas dentárias, suficiente resistência à compressão e à abrasão, excelente reprodução das propriedades ópticas da estrutura dental, radiopacida- de, adesão ao agente cimentante e aos substratos dentários, estabilidade de cor e longevidade clínica. INTRODUÇÃO O conceito da lente de contato dental está relacionado à óptica de uma lente de contato ocular, que, quando colocada no olho, torna-se virtualmente invisível. Os mesmos princípios podem ser incorporados à lente de contato dental, a qual, depois de cimentada ao dente, uni-se mimeticamente ao mesmo, desse modo, tornando-se dificilmente detectada. As Luminiers, como são chamadas as lentes de contato nos E.U.A., são estudadas há mais de 20 anos e fabricadas a partir de uma cerâmica denominada Feldspática Cerinate, pela Corporação Dent-Mat, com uma espessura de 0,3 mm a 0,5 mm.1 Técnica que foi proposta há 25 anos, por John R. Calamia2, mas que, em sua época, em razão da falta de domínio dos materiais associados aos pobres padrões de adesão à estrutura dental, resultaram em muitas fraturas e persistência de inflamação gengival devido ao sobrecontorno cervical pelas peças feitas em seu trabalho. Porém, ao procurar remover essas restaurações cerâmicas, encontrou-se certa dificuldade e foi concluído que o esmalte é fundamental à adesão e sugerido que um pequeno desgaste dental fosse feito na região cervical para evitar sobrecontornos. Evidentemente que as técnicas e materiais evoluíram ao longo dos anos, assim, tornando restaurações de lente de contato uma realidade para o dia a dia do cirurgião dentista, porém não se pode extrapolar e cair em modismos, dessa maneira, ampliando as indicações precisas desta técnica e, muitas vezes, ocasionando injúrias irreversíveis à estrutura dental. Restaurações cerâmicas pressupõem a realização de parte do trabalho fora da boca do paciente, sendo necessária a realização de técnicas para replicar as situações in vivo (por exemplo, as moldagens e os vários modelos utilizados), por conseguinte, o emprego de um protocolo seguro de trabalho torna-se oportuno para evitar a somatória de distorções que invariavelmente comprometerão o resultado final, portanto, quem errar menos terá os melhores resultados. Essa técnica possui indicação restrita e elevado conhecimento técnico, por isso, nossa coluna descreve um protocolo clínico para realização de restaurações cerâmicas sem preparo dental. O QUE SÃO? As lentes de contato dental são facetas ou lâminas muito finas (de 0,3 a 0,5 mm) de cerâmica acrescentadas ao dente quando se tem como intuito modificar ou devolver sua forma original, podendo ser confeccionada sem nenhum desgaste ou com mínimo desgaste ao esmalte. A maior diferença entre lentes e fragmentos são que para estes, como o próprio nome revela, são frações ou pedaços de cerâmica que envolvem parte do dente e deixam a linha de cimentação na vestibular; por sua vez, as lentes cobrem a face vestibular total do dente (Figs. 1 e 2). INDICAÇÕES São indicadas em situações em que a estrutura/posição dental permite acréscimo de material, como aumento da borda incisal, aumento de volume vestibular, fechamento de diastemas, abfrações e retrações gengivais até restaurações oclusais para aumento de dimensão vertical, desde que não modifiquem ou criem um sobrecontorno (Figs. 3 a 5). 16 P&G - Job 1771-14 - Adaptação Revista Oral-B News_Revista.indd 16 03/10/14 17:52 CONTRAINDICAÇÕES As lentes de contato são contraindicadas quando não há possibilidade de atingir a forma desejada apenas acrescentando material sobre os dentes, sendo necessário o desgaste de estrutura dental, o que descaracteriza as lentes de contato e caracteriza restaurações mais espessas, como as facetas ou laminados cerâmicos. Em casos que se deseja alterar a cor em mais de dois tons na escala, também são contraindicadas (Figs. 6 a 8). Figs. 1 e 2. Lentes de contato (Luiz Alves Ferreira - São Paulo). Fig. 3. Diastema. CASO CLÍNICO A partir de um caso clínico, será demonstrada uma sequência passo a passo do protocolo clínico para lente de contato ou restauração sem preparo dental (Figs. 9 a 17). Fig. 9. Face da paciente em sorriso inicial. Fig. 4. Incisal. Fig. 5. Canino em lateral. Fig. 10. Sorriso em maior aumento. Fig. 6. Caso inicial com presença de diastemas, vista frontal. Fig. 11. Perfil inicial do sorriso, observe que o dente 21 se encontra lingualizado. Fig. 7. Visão de perfil do mesmo caso (Fig. 1). Observe o perfil saliente do terço cervical, portanto, a partir do momento que acrescentar material nesta região, o dente tornar-se-á bojudo, por isso, essa foto é fundamental para análise da indicação ou não de lentes de contato. Fig. 12. Close-up da situação inicial. Fig. 8. Caso inicial com dente escurecido, neste caso, necessita de um desgaste para mascar o substrato, logo, as lentes também são contraindicadas nesta situação. Fig. 13. Close-up meio perfil. 17 P&G - Job 1771-14 - Adaptação Revista Oral-B News_Revista.indd 17 03/10/14 17:52 Fig. 14. Visão oclusal. Fig. 19. Guia de silicone otimizada. Fig. 15. Planejamento virtual para visualização do procedimento periodontal e restaurador (DSD by Christian Coachaman). MURALHA São as muralhas em silicone obtidas do modelo encerado que guiam o clínico e o técnico dando referências de espaços os quais as peças cerâmicas ocuparão. Duas guias são confeccionadas, uma no sentido axial vestíbulo-lingual e outra no sentido horizontal vestíbulo-lingual. Uma muralha total para o mock-up também deve ser confeccionada, essa muralha deve ser realizada com material pesado e leve para perfeita modelagem das estruturas dentais e gengivas do modelo de gesso, proporcionando um mock-up sem excessos (Fig. 19). Fig. 16. Cirurgia plástica gengival flapless (Paulo Fernando Mezquita de Carvalho). MOCK-UP Mock-up aditivo é uma etapa cuidadosa a ser realizada, quando devemos trabalhar com resinas bisacrílicas por sua facilidade de manuseio e excelente acabamento. Nesta etapa, podemos ter a visualização real quanto à forma final, bem como passar informações adicionais ao técnico relativamente a mudanças de forma, mas, para isso, o mock-up em boca precisa ser fiel ao modelo encerado (Figs. 20 e 21). Fig. 17. Estabilização da margem gengival após 60 dias. ENCERAMENTO Uma etapa fundamental para a confecção de lentes de contato é o enceramento, que deve ser totalmente aditivo, ou seja, o técnico, em hipótese alguma, pode remover volume do gesso, mas, apenas, acrescentar cera de maneira precisa e compatível com a forma final a que se deseja chegar. Sendo assim, nesta fase, determina-se a forma e espessura das restaurações. Cuidado especial deve ser tomado com relação ao perfil de emergência gengival, considerando as limitações de cada situação clínica (Figs. 18 a e b). ESCOLHA DE COR A seleção da cor deve ser realizada com os dentes hidratados, por isso, sugerimos que seja feita logo no início da sessão, antes do paciente permanecer com a boca aberta, en- Fig. 20. Guia em posição. Figs. 18 a e b. Modelo encerado em diferentes vistas. Fig. 21. Mock-up em sua visualização final. 18 P&G - Job 1771-14 - Adaptação Revista Oral-B News_Revista.indd 18 03/10/14 17:52 Fig. 22. Referências de cores com escala via. Fig. 23. Fio retrator em posição, observe a retração da margem gengival. tão, correndo o risco de desidratar os dentes. Incisivos centrais unitários são desafiadores quanto à obtenção da cor, portanto, o máximo de referência é importante, sugerimos o seguinte protocolo para comunicação com o técnico (Fig. 22). Fig. 24. Posição ideal da margem gengival. MOLDAGEM Para a confecção de lentes de contato ou qualquer outro trabalho protético sobre dentes naturais, sempre optar por silicone de adição. As vantagens frente aos outros materiais é bem esclarecida na literatura, ainda, chamamos atenção, nesta coluna, para optarem por realizar o molde do antagonista em silicone de adição, pois, assim, o ajuste de oclusão nos modelos de gesso é mais acurado, principalmente, por tratar-se de peças muito delicadas. Sugerimos a moldagem em dois passos para ter uma cópia precisa de toda a estrutura dentária e gengivas. Contudo, o cuidado fundamental é quanto ao manejo das margens gengivais para moldagem - usar ou não fio afastador gengival? Quando se insere o fio, sempre ocorre uma retração da margem gengival, o que é adequado quando há término cervical, porém as lentes de contato dental são facetas que se caracterizam por serem confeccionadas diretamente sobre o dente, sem a realização do preparo, assim, o afastamento gengival altera a referência dos tecidos gengivais, podendo resultar em peças com sobrecontorno cervical, consequentemente, resultando em aspecto artificial e podendo alterar o perfil de emergência natural do dente ou mesmo causar retração gengival. Para que isso não ocorra, o ideal é sempre realizar moldagem para lentes sem fio retrator, mantendo margem gengival na posição natural. Usa-se fio retrator somente quando se pretende fechar diastemas e seja necessário criar novo perfil de emergência (Figs. 23 a 25). Fig. 25. Jatos de ar para melhor acomodação do material leve. muitas partículas de vidro em sua composição, tornando-se mais translúcida em pequenas espessuras, consequentemente, podendo apresentar baixo valor em seu resultado final. Já as cerâmicas sobre refratário, por serem estratificadas desde o início, podem proporcionar áreas opacas e translúcidas em pequenas espessuras, além de apresentarem mais feldspato e quartzo em sua composição quando comparadas às cerâmicas injetadas. Portanto, a grande vantagem das cerâmicas feldspáticas sobre refratário em relação às injetadas é que, em pequenas espessuras, apresentam uma maior estratificação de cor e as cerâmicas injetadas são totalmente maquiadas em pequenas espessuras (Figs. 26 e 27). Fig. 26. Prova do sistema injetado à base de dissilicato de lítio. MATERIAL CERÂMICO Fig. 27. Prova da cerâmica sinterizada sobre refratário. Hoje, o mercado oferece dois sistemas de confecção de cerâmicas para restauração tipo lentes de contato, os sistemas injetados e outro sinterizado sobre refratário. Cerâmicas injetadas apresentam 19 P&G - Job 1771-14 - Adaptação Revista Oral-B News_Revista.indd 19 03/10/14 17:52 TRY-IN TRATAMENTO DA PEÇA Existem cimentos resinosos com opções de cores e com pastas para prova de cor. O uso dessas pastas de prova ou try-in pode ser feito para corrigir pequenas variações de cor, porém esta etapa deve ser visualizada com muita atenção, pois as lentes de contato são extremamente finas; e a cor utilizada de forma equivocada pode ser desastrosa. Portanto, deve-se dar preferência a cores translúcidas de cimento (Figs. 28 e 29). O condicionamento das lentes de contato deve ser realizado com cautela devido à fragilidade das mesmas. Lembrar de fazer o condicionamento somente após ter realizado a prova da peça. A sequência já é bem descrita na literatura, sempre atentando aos protocolos específicos para cada material cerâmico (ver a Tabela 1). Inicia-se uma aplicação de ácido fluorídrico a 10%, pelo tempo determinado (Tabela 1), remove-se o ácido fluorídrico com água corrente, após lavagem e secagem, depara-se com uma superfície branca e opaca, que são debris do condicionamento, os mesmos devem ser removidos com uma imersão em cuba ultrassônica por 5min, ou aplicação ativa de ácido fosfórico a 37%, através de um microbrush e, novamente, lavagem com água corrente. Uma fina camada de silano é aplicada durante 60s, seguida de secagem e aplicação do sistema adesivo através de uma fina camada e secagem; não fotopolimerizar esse adesivo (Figs. 30 a 34). Fig. 28. Inserção da restauração sem try-in. CIMENTAÇÃO O cimento resinoso de escolha para as lentes de contato deve ser com polimerização exclusivamente por luz, devido às suas características de maior estabilidade de cor e tempo de trabalho. Na estrutura dentária, após a profilaxia com pedra-pomes, o condicionamento deve ser Fig. 29. Inserção da restauração com try-in A4. Fig. 33. Aplicação de uma fina camada de silano por 60s. Fig. 30. Aplicação de ácido fluorídrico com microbrush impedindo que áreas não sejam condicionadas por 90s. Fig. 32. Lavagem com água. Fig. 34. Aplicação de uma fina camada de adesivo, não polimerizar. Fig. 31. Aplicação de ácido fosfórico. Tabela 1. Cerámica Injetadas Estratificada Tempo de condicionamento com ácido fluorídrico a 10% Dissilicato de Lítio (EMAX) 20 Leucita (Pm9) 60 Feldspáticas (creation, d’sign, VM7, SHOFU) 90 20 P&G - Job 1771-14 - Adaptação Revista Oral-B News_Revista.indd 20 03/10/14 17:53 Fig. 35. Inserção do fio retrator. Fig. 36. Proteção dos dentes vizinhos com fita teflón. Fig. 37. Aplicação de ácido fosfórico por 60s. Fig. 38. Aplicação ativa de adesivo com auxílio de um microbrush. Figs 42 a 48. Resultado final obtido. Fig. 39. Inserção da lente contato com cimento resinoso transparente. Fig. 40. Fotopolimerização por 60s faces vestibular e palatina. Fig. 41. Remoção dos excessos com lâmina de bisturi 12. CONCLUSÃO realizado com ácido fosfórico a 37%, por 30s, seguido de lavagem com jato de água e ar. O sistema adesivo será aplicado ao dente e à restauração com auxílio de microbrush, após aplicação ativa por 20s, os excessos serão removidos com uma cânula de aspiração e o jato de ar será aplicado para evaporação do solvente, nesta etapa, não se deve fotopolimerizar o adesivo. O cimento resinoso Variolink II (Ivoclar Vivadent, Liechtenstein) na cor transparente deve ser utilizado como agente cimentante, os excessos de cimento serão removidos antes da fotopolimerização com pincéis, fio dental e sonda exploradora, seguido de fotopolimerização por 40s, nas superfícies vestibular e palatina de cada peça (Figs. 35 a 41). As restaurações tipo lentes de contato cerâmicas podem ser confeccionadas sem danos ao paciente atráves de um protocolo criterioso como foi demonstrado nesse artigo (Figs. 42 a 48). Referências Bibliográficas 1. Calamia JR. Etched porcelain facial veneers: a new treatment modality based on scientific and clinical evidence. N Y J Dent 1983;53(6):255-9. 2. Materdomini D, Friedman MJ. The contact lens effect: enhancing porcelain veneer. Journal Esthetics Dentistry 1995;7(3):99-103. 21 P&G - Job 1771-14 - Adaptação Revista Oral-B News_Revista.indd 21 03/10/14 17:53 continuando o cuidado que começa no seu consultório P&G - Job 1771-14 - Adaptação Revista Oral-B News_Revista.indd 22 03/10/14 17:53 continuando o cuidado que começa no seu consultório P&G - Job 1771-14 - Adaptação Revista Oral-B News_Revista.indd 23 03/10/14 17:53