Informativo, nº 2, 2013 - Associação Brasileira da Medicina do
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Informativo, nº 2, 2013 - Associação Brasileira da Medicina do
NOTA ESPECIAL ABMT- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MEDICINA DO TRABALHO FUNDADA EM14/12/1944 . DECLARADA DE UTILIDADE PÚBLICA . DECRETO 40162, DE 10/10/1955 DO GOVERNO FEDERAL. LEI MUNICIPAL 892, DE 12/08/1958 DO RIO DE JANEIRO ANO XL N° 2 MAI/JUN/JUL - 2013 sa “A redução, neutralização e controle dos riscos inerentes ao trabalho são condições No s r i n a t u fundamentais para garantir a qualidade do trabalho e do ambiente, a preservação da Do vida dos trabalhadores e essencial para o desenvolvimento sustentado da nação”. NOVA DIRETORIA 2013-2016 No dia 26 de abril foi eleita por aclamação, conforme estabelece o Estatuto, a nova diretoria da ABMT para o triênio 2013/2016, em assembléia realizada no Auditório Julio Sanderson, do CREMERJ, com a presença de 182 associados, atendendo ao edital de convocação do Conselho Superior e da Diretoria Executiva, em acordo com o Estatuto e Regulamento Básico da ABMT. DR. DAPHNIS É ACLAMADO PRESIDENTE DE HONRA DA ABMT Na mesma assembleia, o Ex-Presidente da ABMT Dr. Paulo Rebelo, ainda na função de presidente, apresentou a proposta da Diretoria Executiva de conceder ao Associado Benemérito Dr. Daphnis Ferreira Souto o título de Presidente de Honra da ABMT, pelos seus relevantes serviços prestados à Medicina do Trabalho e a Associação. Páginas 6 e 7. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ MANUSEIO DE DOCUBurnout - O Mal do Trabalho MENTOS CONTAMINA- Doença é confundida com estresse e depressão. Tratamento exige mudanças DOS POR DESASTRES de hábitos. Página 5. NATURAIS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Os fenômenos naturais como chuvas torrenciais, inundações, avalanches terremotos, maremotos, e acidentes decorrentes destes eventos como desabamentos e soterramentos, que acontecem de maneira surpreendente e muitas vezes súbita, não escolhem lugar, bens ou pessoas para atingir e são cada vez mais frequêntes. Página 3. DOENÇAS DO TRABALHO POR CAUSA DE RISCOS BIOLÓGICOS Os riscos biológicos que podem ser capitulados como doenças do trabalho,portanto classificados como acidentes do trabalho, desde que estabelecido o respectivo nexo causal, incluem infecções agudas e crônicas, parasitoses e reações alérgicas ou intoxicações provocadas por plantas e animais. As infecções são causadas por bactérias, vírus, riquetzias,clamídias e fungos. Página 9. Conversando com você Há um caminho... Expediente Boletim de Divulgação da Associação Brasileira de Medicina do Trabalho - ABMT Av. Almirante Barroso, 63/301 - Centro - RJ CEP: 20031-003 Fax: 0XX(21) 2240-8519 Tel: 0XX(21) 2240-8469 E-mail: [email protected] site: www.abmt.org.br Coordenação Editorial Daphnis Ferreira Souto, Eduardo L. Souto, Nadja de Sousa Ferreira e Armando J. M.Pimenta Diretoria Executiva Presidente: Paulo Antonio de Paiva Rebelo Diretor da Área Administrativa: Eliane Monteiro Raposo Adjunto: Vera Lúcia Santos Nogueira Pinto Diretor da Área Financeira: Ricardo Rodrigues da Cunha Adjunto: Reinaldo Rocha Rosadas Diretor da Área Científica: Nadja de Sousa Ferreira Adjunto: Laura M. de Povina Cavalcanti Diretor da Área de Relações Externas: Luiz Carlos Carnevali Adjunto: Alessandra P. Bastos Órgãos Deliberativos Conselho Superior Silvia Regina Fernandes Matheus Elisabeth Fialho Cantarelli Jorge da Cunha Barbosa Leite Eduardo Leal Souto Osmond Degow da Rocha Mônica Machado M. Ferreira Werneck Conselho Técnico - Científico Antonio Edson Alves Sampaio Daphnis Ferreira Souto Claudia da Silva Santos Armando Jorge Marques Pimenta Conselho Fiscal Elizabeth Mota Schiavo Fernando Puperi Sergio Cruz Campos Adjuntos: Lumena Tereza Gandra Ruth Huf Mario Henrique de Almeida Fonseca Editoração: Fátima Bréa - Reg.Prof. 3264/RJ Impressão: 3MARC Impressões Gráficas Ltda. Tiragem: 1.000 exemplares As matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores. 2 ANO XL N°2/13 Há um caminho. Há um destino. Há um dever. A bem dizer, assim podem ser contadas as histórias das nações, dos povos, das pessoas, sociedades e instituições. Também das publicações - proeminência na cultura moderna - no correr dos tempos e, numa unidade de ação e reflexão, como propagadoras do acervo vivo das idéias. No entanto, não ficam apenas nas páginas escritas o testemunho da experiência, a oportunidade e o esforço da pesquisa, o patrimônio para exaltar o subsidio das fontes recorridas, multiplicados pelo talento individual. Ampliam-se suas dimensões e propiciam, ao pensamento positivo, o salto de qualidade. A obra se emancipa e adquire maturidade, começa a valer e influir no campo do conhecimento. Defini-se, enfim, o primeiro grande mérito das publicações, sobretudo aquelas que emanam saber e arte, sem postergar os valores morais. Aqui caberiam maiores digressões, mas o limite editorialista não transige Um fato, todavia, de caráter universal, é compreender que a falta de cultura não faz bem a nenhuma pessoa, instituição e muito menos a um País. Aumenta a rejeição do discurso da criação eficaz e alonga a distância entre valores, aspirações, crenças e esperanças, assumidas pela perspectiva do tempo que corre junto às gerações sucessivas de cada país. Cultura é conquista humana. Licença para realçar este aspecto, quem sabe, constitui impecável questão concernente ao dualismo social. Na verdade, se trata de uma formulação concreta, que se impõe, particularmente, pela ocasião de mudanças. Por que tudo isso? Eis a indagação pertinente, perspicaz e justa: não reduz o problema ao sentimento da discussão teorética e abstrata. Vai muito além, exige um ato de compreensão mais amplo. A força da civilização está na cultura. Estabeleçamos, de novo, o primado normativo do aspecto técnico da forma e conteúdo de uma introdução editorial: observância do comentário curto, mesmo nos pontos sensíveis que afloram e emergem como proposta na- NOTA ESPECIAL tural das temáticas conflituosas. O mundo de hoje assimilou e superou arcaísmos estéreis e anacronismos prolongados, nas relações internacionais. Bem compreensível se manifesta a evolução que advoga uma larga medida de entendimento entre os povos e entre as religiões, nacionalidades e cientistas. A mudança está presente em todos os setores. Inevitável a consciência dos paradigmas que advirão. Fundamental é qualquer Nação ter o requisito de afirmação. Encontrar soluções e atingir seu desiderato. Sua importância convive com o ponto critico da história do mundo. Que tipo de sociedade teremos no ano de 2020? Quais serão os padrões de comportamento? Onde se encontrará o "conhecimento científico"? Para avaliar a dimensão filosófica de todos essas transformações, é necessário aprender o desafio, não esquecido das noções sociais "do ser" e "deve ser". Não percamos de vista, igualmente, que os poetas e os filósofos são adivinhos. Deve-se meditar sobre o que dizem. Fernando Pessoa, no "Cancioneiro" "Hora absurda", vaticina: "Hoje o céu é pesado com a idéia de nunca chegar a um ponto..." / Sêneca ilustra: "Não há bons ventos para quem não sabe onde vai". "Não é porque as coisas são difíceis que não ousamos. É porque não ousamos que as coisas são difíceis ". As citações não revelam, somente, propositura de tese. Significam ordenação racional de senso comum: "preservar não modifica. Conservar modifica sem desfigurar. O "NOTA ESPECIAL" da ABMT tem a visão ampliada pelas lentes da tradição e seriedade de seus quase 40 anos de publicação. Acompanha e estuda os assuntos relevantes. Afugenta, para longe as idéias vazias e os pensamentos vadios. Cumpre a missão e sublima a função. Os resultados projetam sua ascensão.Faz aderir e proclama na sua estrutura, a verdade da fé, em plena harmonia com os entrelaces de civismo e ideal. Nada é feito de empréstimo. Há um caminho. Há um destino. Há um dever.... ABMT Opinião MANUSEIO DE DOCUMENTOS CONTAMINADOS POR DESASTRES NATURAIS Nadja Ferreira Médica do Trabalho Os fenômenos naturais como chuvas torrenciais, inundações, avalanches terremotos, maremotos, e acidentes decorrentes destes eventos como desabamentos e soterramentos, que acontecem de maneira surpreendente e muitas vezes súbita, não escolhem lugar, bens ou pessoas para atingir e são cada vez mais frequêntes. Desastres naturais podem ser definidos como o resultado do impacto de fenômenos da natureza catastróficos intensidade anormal sobre um sistema social organizado ou em formação causando sérios danos e prejuízos materiais que excedem a capacidade da comunidade ou a sociedade atingida em conviver com o esse impacto (Tobin e Montz,1997; Marcelino, 2008) Além de suas consequências psicológicas decorrentes de perdas de vidas humanas.. As pessoas necessitam de socorros imediatos e de atendimentos médicos de emergência pelas lesões corporais e risco de morte nessas ocasiões. Mas o risco de contaminação pelo manuseio de objetos oriundos do consequente caos ambiental, que ocorre nesses eventos e da ansiedade das pessoas em procurar parentes, conhecidos ou documentos pessoais que as identifiquem é outra grave ameaça que paira sobre as pessoas atingidas por esses acontecimentos. Se um evento desse tipo atingir uma empresa o médico do trabalho juntamente com a engenharia de segurança deve dispor de orientações preventivas para o comportamento dos empregados e de um planejamento de contingência para enfrentar tais ocorrências. A área médica terá que participar também na pres- "Desta forma, as tarefas de recuperação de documentos em sua forma física, mais próxima possível de seu original, com transcrição de todos os dados e/ou em cópia por imagem desses documentos é uma parte da reconstrução "da mais ampla identidade" das pessoas para refazer sua personalidade abalada e recuperar as condições normais de vida perante à comunidade." tação do atendimento à população atingida, mesmo que sua empresa não tenha sido atingida diretamente, como parte do programa comunitário de defesa civil. A contaminação secundaria de objetos pessoais ocorre em qualquer parte do mundo onde ocorrer esse tipo de acontecimento. Em nosso país os fenômenos metereológicos catastróficos mais recentes foram na região serrana próximo ao Rio de Janeiro atingindo fortemente as cidades de Teresópolis, Petrópolis, Friburgo e adjacências. Na última década estão acontecendo mudanças no perfil e na frequência desses fenômenos no Brasil principalmente na Região Sul e na Amazônia.. Segundo Cardona (1996) são oito as etapas que compõem o gerenciamento desse tipo de desastres:: Prevenção, Mitigação, Preparação, Alerta, Resposta, Reabilitação, Reconstrução e Desenvolvimento. Muitas são as suas consequências em perdas humanas, materiais, sociais e emocionais, mas a retomada da "normalidade da rotina da vida" deve ser ato de reconstrução imediata aqui focada nas tarefas recuperação de documentos. Desta forma, as tarefas de recuperação de documentos em sua forma física, mais próxima possível de seu original, com transcrição de todos os dados e/ou em cópia por imagem desses documentos é uma parte da reconstrução "da mais ampla identidade" das pessoas para refazer sua personalidade abalada e recuperar as condições normais de vida perante à comunidade. A contaminação de documentos pode ocorrer por: 1.Substâncias químicas tóxicas ou sensibilizantes depositadas no solo: fertilizantes, detergentes ou efluentes de indústrias, principalmente as metais pesados; 2.Agentes biológicos gerados pelas águas altamente poluídas por dejetos de animais e humanos, mistura de detritos de várias procedências, lixo, fossas etc.. Cadáveres e carcaça de animais mortos carreados pela chuva pelos mananciais que vão abastecer as cidades. Essas tarefas englobam: NOTA ESPECIAL ANO XL N° 2/13 3 ABMT Artigo Continuação da pág. 4 MANUSEIO DE DOCUMENTOS CONTAMINADOS POR DESASTRES NATURAIS 1.Retirada dos documentos dos escombros - ação imediata com previsão média de 7 dias. 2.Transporte para local determinado - pode ocorrer achá-los e a retirada é feita de imediato ou meses após na dependência das condições da infraestrutura encarregada dessa tarefa muito importante) 3. Posicionamento para secagem - seria ideal iniciar de imediato. Mas é realizado 4. Processo de recuperação física dos documentos: a.Retirada física dos materiais estranhos ao documento (terra, plásticos e outros possíveis de exclusão). b.Higienização e retirada da sujidade. c.Restauração por pessoa especializada. 5.Seleção e manuseio dos documentos para inserção de dados em meio magnético e/ou cópia virtual do mesmo.. 6. Arquivamento eletrônico , por digitalização ou outro modo. Os trabalhadores que irão realizar as tarefas contidas nos itens de 1 a 4 se relacionam diretamente com o evento e possuem probabilidade de contaminação por algumas doenças infecciosas como: leptospirose, hepatite, gripe, tétano, febre tifóide e outros. Essa 4 ANO XL N°2/13 condição resulta do contato direto das pessoas encarregadas das tarefas de socorro e o meio ambiente em condições sanitárias precárias. Já os que irão realizar as tarefas do item 5 e 6 possuem a probabilidade de contaminação reduzida ou até ausente, uma vez que a relação com os agentes biológicos, vai se dar de forma indireta. Essa contaminação pode ser evitada com uso de EPI e EPC sugerida a seguir. Em cada uma das tarefas o médico do trabalho deverá selecionar a conduta mais viável levando em conta a experiência, operacionalidade e/ ou custo. Em linhas gerais as condutas são: 1. Contratar empresa especializada em recuperação de documentos e migração para meio magnético. 2. Gerenciar o processo de manuseio com orientação específica para o as condições do trabalho a ser realizado as condições do ambiente donde provém o material a ser trabalhado e sua relação com as pessoas que vão manipular o mesmo e o meio ambiente em relação ao trabalhador e para o próprio trabalhador. Para o Trabalhador: 1. Receber vacinas que leve em conta a especificidade de doenças com probabilidade de acontecer devido as características do evento procurando estabelecer o menor prazo suficiente para formação da resposta imunológica; 2. Higienização corporal cuidadosa principalmente das mãos adotando o padrão do Manual de Higienização das Mãos em Serviço de Saúde da ANVISA (2007) com secagem por papel toalha e após uso de NOTA ESPECIAL luvas, uma ação não elimina a outra. Esse tipo de higienização é proposto para setores reconhecidos de alta probabilidade de contaminação biológica. Se for aplicada em locais de menor probabilidade, haverá bom nível de segurança. 3. Adotar unhas curtas e cabelos presos. 4. Usar luvas. Há, naturalmente, sempre contaminação por algum microorganismo, principalmente os não reconhecidos. Nesses casos, os fungos são os com maior probabilidade. Os vírus da hepatite e as leptospiroses já não possuem muita viabilidade. 5. Máscaras devem ser usadas para evitar gotículas em suspensão no ar e as poeiras respiráveis e a não respiráveis, uma vez que podem desencadear pruridos e levarem a uso das mãos e posterior acesso oral e nasal. Essas máscaras devem ser substituídas obrigatoriamente pelo menos uma vez por semana ou antes quando a sua condição física ou higiênica solicitar. 6. Avental com capuz ou peças separadas, mas ambas em uso. 7. Óculos de proteção, mesmo sobre os de correção de graus. 8. Retirada, redução ou inativação de "veículos" e "vetores" na transmissão de agentes biológicos. Não permitir alimentação por ocasião da realização das tarefas, retirar brincos, pulseiras, colares, anéis, relógios, piercing e outros. Não usar MP3/similares ou celulares. No meio ambiente em sua relação com o trabalhador: 1. Higienização diária retirando a sujidade. 2. Ventilação geral e direcionada do tórax do trabalhador para frente. 3. Exaustão do ambiente. 4. Temperatura controlada. ABMT Artigo Burnout - O Mal do Trabalho. Doença é confundida com estresse e depressão. Tratamento exige mudanças de hábitos. por Fátima Bittencourt Muito se fala sobre o estresse, que vem sendo caracterizado como a doença do século XXI. Um levantamento realizado pela Associação Internacional do Controle do Estresse, ISMA (International Stress Management Association), revelou que o Brasil é o segundo país do mundo com níveis de estresse altíssimos. Pelo menos três em cada sete trabalhadores sofrem a síndrome de Burnout e não sabem. Resultado da soma de algumas respostas mentais e físicas, o estresse fisiológico, sem sobrecargas, pode contribuir de forma saudável para o crescimento e o desenvolvimento dos nossos ossos, músculos, cérebro e demais partes do corpo. Sua causa como doença, porém, está relacionada aos estímulos externos e à pressão a qual é submetida uma determinada pessoa e ao desgaste que ela pode sofrer sob esta pressão. A pressão no trabalho e as cobranças diárias são responsáveis por doenças que até bem pouco tempo eram desconhecidas. È o caso da Síndrome do Burnout que tem como sintomas a sensação de cansaço, falta de energia, dores no corpo, lapso de memória, irritabilidade, instabilidade de humor e insônia. Identificada pelo pesquisador Herbert Freunderbeger, em 1974. Ela corresponde ao colapso físico e mental. No entanto, ela não está atrelada ao trabalho, mas à relação que o indivíduo estabelece com a sua profissão. Uma pessoa pode trabalhar muito e, mesmo assim, ter uma relação saudável com o trabalho. Os profissionais de alto rendimento, alta responsabilidade e competitividade, como médicos, professores, corretores, enfermeiros, estão mais propensos a desenvolver a Síndrome de Burnout. A doença pode muitas vezes ser confundida com depressão e isso gera um risco para o paciente. Além de o tratamento acabar se demonstrando ineficaz o doente pode acabar desenvolvendo uma dependência de remédios. Por isso, a importância de um diagnóstico exato. A incidência de casos de Síndrome de Burnout tem preocupado várias empresas que começam a buscar ajuda junto a especialistas na doença. Segundo a Psicoterapeuta Fátima Bittencourt, diretora do Grupo Sanare, a síndrome não é relacionada diretamente a profissão, e sim à relação da pessoa com o trabalho. Um indivíduo pode trabalhar muito, mas ter uma relação saudável com o trabalho. No entanto, todas as profissões de alto rendimento e alta responsabilidade e competitividade como médicos, bombeiros, policiais, corretores e executivos de bolsa de valores, são mais propensos - diz. Para a psicóloga a incidência de casos é maior nos grandes centros, onde o número de estressados é maior. "Além disso, se um workaholic (pessoas que vivem para o trabalho) se tornou status para a maioria das pessoas que vivem nas grandes cidades", afirma. Tratamento exige equipe multidisciplinar. Para Fátima Bittencourt, é comum os pacientes com a Síndrome de Burnout serem diagnosticados como depressivos, o que pode comprometer o tratamento, já que o paciente poderá, por exemplo, se tornar dependentes de medicamentos incorretos. Por isso, ela desenvolveu um check-up envolvendo vários profissionais. - A equipe é formada por psicólogo, neuropsicológo, psiquiatra e médico especialista medicina chinesa que trabalham simultaneamente na avaliação do nível de estresse. É importante frisar que o tratamento varia de caso para caso - explica. Na avaliação da terapeuta, o estresse é resultado de uma série de fatores como o excesso de ruídos, luzes artificiais, falta de exercício, poluição, excesso de informações e preocupações. Tudo isso são fontes para gerar o estresse. Nosso corpo com estrutura viva e complexa responde e se adapta ao estresse, mas quando vem a sobrecarga não estamos preparados - explica a terapeuta, lembrando que o estresse pode levar a outras doenças, como problemas cardiovasculares. A terapeuta garante ser possível curar a síndrome, caso o paciente siga as orientações que inclui desde alimentação saudável, atividade física e gerenciar seu tempo. NOTA ESPECIAL ANO XL N° 2/13 5 ABMT Transmite NOVA DIRETORIA 2013-2016 No dia 26 de abril foi eleita por aclamação, conforme estabelece o Estatuto, a nova diretoria da ABMT para o triênio 2013/ 2016, em assembléia realizada no Auditório Julio Sanderson, do CREMERJ, com a presença de 182 associados, atendendo ao edital de convocação do Conselho Superior e da Diretoria Executiva, em acordo com o Estatuto e Regulamento Básico da ABMT. A chapa eleita tem como Presidente a Dra. Nadja de Sousa Ferreira e os seguintes colegas: Diretor Técnico Científico - Dr. Paulo Antonio de Paiva Rebelo; Diretora Administrativa - Dra. Eliane Monteiro Raposo; Diretor Financeiro - Dr.Ricardo Rodrigues da Cunha e Diretor de Relações Externas - Dr. Luiz Carlos Carnevali. Conselho Superior - Dra. Silvia Regina Fernandes Matheus, Dra. Elisabeth Fialho Cantarelli, Dr. Jorge da Cunha Barbosa Leite, Dr. Eduardo Leal Souto, Dr. Osmond Degow da Rocha, Dra. Laura Maria Campello Martins, Dra. Nova Diretoria Leocádia Sales Cunha. Conselho Fiscal Titulares - Dra. Elizabeth Mota Schiavo, Dra. Laura Maria Povina Cavalcanti e Dra. Lumena Teresa Gandra. Suplentes - Dra. Andréa Morgado Coelha, Dr. Gualter Nunes Maia e Dr. Tommaso di Martino. Vista geral da plateia Outros colegas irão compor as comissões e grupos de trabalho que serão criados, com o objetivo de desenvolver atividades da ABMT. O Ex-Presidente Paulo Rebelo fez uso da palavra para agradecer a colaboração de todos durante seus dois mandatos na presidência da ABMT e desejou sucesso a nova Presidente, Dra. Nadja. A nova Presidente Dra. Nadja ao tomar posse agradeceu a todos a participação e a confiança depositada em sua diretoria, a cujo encargo está entre outras atividades a celebração dos 70 anos da ABMT em 2014. A seguir, foi servido coquetel aos presentes. DR. DAPHNIS É ACLAMADO PRESIDENTE DE HONRA DA ABMT O ex-Presidente, o Presidente de Honra e a atual Presidente 6 ANO XL N°2/13 NOTA ESPECIAL Na mesma assembleia, o Ex-Presidente da ABMT Dr. Paulo Rebelo, ainda na função de presidente, apresentou a proposta da Diretoria Executiva de conceder ao Associado Benemérito Dr. Daphnis Ferreira Souto o título de Presidente de Honra da ABMT, pelos seus relevantes serviços prestados à Medicina do Trabalho e a Associação, o que foi aprovado por unanimidade. sob intensos aplausos da platéia, demonstrando o grande carinho, respeito e admiração que todos os associados ao grande líder e sustentáculo da Associação. Dr. Daphnis emocionado agradeceu a concessão do título, já que foi surpreendido com esta manifestação de carinho e reconhecimento. ABMT Transmite AGRADECIMENTO DO DR DAPHNIS FERREIRA SOUTO Presidente de Honra da ABMT MOMENTO INESQUECÍVEL Em verdade, que palavras eu teria para testemunhar a todos, meu apreço, minha simpatia e meu reconhecimento, e principalmente a surpresa pela decisão magnânima de todos, Diretoria, Conselhos e Associados, na Assembléia Geral, realizada em de 26 de abril 2013, de conceder-me o Título de PRESIDENTE DE HONRA da Associação Brasileira de Medicina do Trabalho. Recebo esse título com desvanecido orgulho de quem recebe um prêmio maior a uma vida dedicada a Medicina do Nos tempos idos e vividos de minha mocidade, li certa vez, que há momentos na vida do homem o que menos, ás vezes, se consegue falar é a palavra. Desde então, durante minha longa vida, já lá se vão 90 anos, tenho vivido, vez por outra, tais momentos onde a emoção e o coração falam mais fortes e embargam a voz. Estou bem certo que, para mim, aquele instante de emoção que vivi entre meus amigos e colegas no acolhedor Auditório do CREMERJ, foi um destes momentos, face a grandeza do gesto de submeter meu nome à consideração dos colegas, para fazer jus a uma homenagem, acrescentando-lhes matizes positivos, a fim de justificar tão alta distinção ao professor, conselheiro, que sempre ajudou seus pares na solução de problemas, ao longo desses 66 anos de vida profissional, já se aproximando de seu final. Trabalho, voltada toda a ela, inclusive favor, meus amigos, que transforme toda ao seu magistério. Outro não é o meu essa esplêndida emoção, mesclada com desejo senão o de encontrar aquelas os tons suaves e harmoniosos do respeipalavras que retratem a alegria de meu to e do reconhecimento, em uma prece espírito e a ventura de receber tão sig- ardente, fervorosa, sincera para que a nificativo Laurel, muito acima e muito Associação Brasileira de Medicina do além das minhas aspirações…mesmo Trabalho continue sempre conduzida, nos meus momentos de devaneios. com entusiasmo, segurança e firmeza, Mas se esse foi para mim um dos aos gloriosos destinos a que, tão merecitais momentos em que pouco falam as damente, tem direito, e com os quais palavras, e se ainda não as tenho exa- todos nós há tão longo tempo tanto tetas, precisas e justas para testemunhar mos sonhado. Muito obrigado. Muito obrimeus sentimentos, permitam-me, por gado de coração. PRIMEIROS ATOS DA NOVA DIRETORIA A nova diretoria da ABMT, presidida pela Dra. Nadja, já está trabalhando para fazer adequações administrativas e dar prosseguimento à programação científica. Foram propostos temas a serem desenvolvidos nos novos eventos, o primeiro previsto para setembro com enfoque em doenças psiquiátricas, alterações sócioemocioais em trabalhadores. Haverá também este ano Curso de Ergonomia. Para dezembro está sendo planejada a nossa tradicional Jornada de Medicina do Trabalho. Também já estão sendo iniciados os preparati- vos para a realização da programação de 2014 os preparativos da Celebração dos 70 anos, incluindo o desenvolvimento de uma identidade visual para o evento que valorize a tradição da ABMT como a mais antiga associação de medicina do trabalho, no Brasil. Outra iniciativa é a elaboração de Manuais técnicos da ABMT, para a qual necessitamos da adesão de voluntários para formação de Comissões de Apoio para criação dos conteúdos. Foi criada a Comissão de Residência em Medicina do Trabalho, sob a Co- ordenação da Dra. Laura Campelo Coordenadora da Residência Médica do INCA, e ligada à Diretoria Científica da ABMT. Estão previstas a criação das comissões de Estudos e Recomendações em Doenças Psiquiátricas e de Alterações Socioafetivas; de Uso de Substâncias Psicoativas e o Trabalho; Comissão de Estudos e Recomendações em Doenças Ortopédicas e Reumatológicas e o Trabalho; e a Comissão de Estudos e Recomendações sobre Doenças Neurológicas; após a instalação dessas comissões, outras serão propostas. NOTA ESPECIAL ANO XL N° 2/13 7 ABMT Informa POR QUE DEPENDER OU ADOTAR SE É POSSÍVEL CRIAR Não foi somente uma produção elevada a característica do desenvolvimento nas chamadas Nações do Primeiro Mundo. Fundamental foi a capacidade de resolver suas necessidades e enfrentar os desafios. Para isso foi indispensável um grande esforço para dominar o conhecimento científico e técnico, preparar e dispor de pessoal competente e habilitado para equacionar, dar solução com criatividade e gerenciar a sua própria ambiência. Tais condições endógenas resultaram da capacidade dos diversos níveis de sua estrutura técnica, científica e intelectual de analisar seus problemas, desenvolver pesquisas e pessoas com habilidade para solucionar esses problemas, o que resultou para esses países um melhor Estilo de Vida para seus habitantes e Poder para seu Governo. Por outro lado, as facilidades criadas no mundo para a divisão internacional do saber, levou alguns países, entre eles o Brasil, a acreditar que sem grandes esforços intelectuais, seus problemas podiam ter solução através da transferência e adoção da tecnologias geradas nas nações industrializadas; isso bastaria para se tornarem beneficiários do desenvolvimento ocorrido fora de suas fronteiras. Ocorre que tal diretriz não levou ao esperado objetivo. Apesar de certa dose de transferência ser necessária, ela em si não é uma alternativa para a capacitação em ciência e tecnologia estimuladora do desenvolvimento. O Brasil precisa implantar com esforço, dedicação e criatividade próprias, sua capacitação endógena, para então assumir a solução de seus problemas corretamente. Essa tem sido uma das dificuldades encontradas para solução dos problemas de saúde. Por sua vez, no que diz respeito as condições e ao controle das condições de trabalho a estrutura oficial de ensino, ainda não se preocupou seriamente, nem desenvolveu um conjunto de conhecimentos em saúde no trabalho capaz de suprir a experiência e critérios técnicos adotados a nossa realidade e necessários nesse imenso e contraditório país. Tudo o que se faz por aqui (com al- 8 ANO XL N°2/13 gumas exceções) é copiar e adotar o que se faz em outros países, infelizmente com acentuadas conotações ideológicas e corporativistas, experiências que na maioria das vezes não se adaptam as nossas condições técnicas e culturais. É através do estabelecimento de uma orientação científica e tecnológica que uma Nação atinge as condições indispensáveis para auto afirmar-se. O domínio do conhecimento é que será o grande alimentador das grandes iniciativas que levam a um conhecimento sustentável. È nesse ponto que se coloca a questão da assistência médica à população brasileira. As soluções propostas por dois ministros politicamente bisonhos, e que disputam o governo do mais importante estado brasileiro, é de uma impropriedade gritante. É necessário se mostrar a classe política, aos setores do planejamento e da administração governamental, aos empresários e aos trabalhadores a função que a ciência e a tecnologia têm no processo de desenvolvimento, em qualquer área de atividade. Tal orientação também leva a se destacar o importante papel que as Sociedades Técnico-Científicas têm que exercer. Elas são o estúdio e a arena onde os problemas são debatidos e avaliados ate se chegar a um aplicabilidade. Por isso elas têm o dever de dizer e o direito de serem ouvidas como participação e com a responsabilidade que o domínio do conhecimento lhes outorga, no encaminhamento das soluções para os problemas nacionais. Esclarecido esse ponto, é preciso que se diga, que o problema do equilíbrio entre as ações políticas e as ações técnicas não tem sido observado no contexto brasileiro. O ideal é que não houvesse uma ação política em conflito com ações técnicas, apesar de ser difícil na prática, uma harmoniosa e perfeita sintonia entre ambas, E o que é mais grave, se a razão técnica do passado produzia decisões viáveis, embora pudessem não serem desejadas socialmente, a razão política de hoje adota decisões desejadas socialmente, mas que não raro são totalmente inviáveis. No campo da saúde passamos por fase semelhante, sob a influência de uma desconcertante ação de atos reguladores governamentais sem nenhum nexo com a NOTA ESPECIAL realidade fática, cujo mérito está inteiramente fora do objetivo para a qual se propôs resolver. A nada conduzem essas decisões e é evidente que suas razões são portadoras de irracionalidade ao processo decisório de Estado, são razões parciais, incompletas, sacrificadas em sua legitimidade e em sua credibilidade. Os donos do poder de governança precisam entender com mais profundidade e clareza que não se separa a política da técnica e que o conhecimento científico não é propriedade individual, em seu amplo espectro, ele pertence a comunidade do saber cimentado por experiências sentidas e vividas pelos profissionais da área. As Associações Médicas de Nível Profissional Superior num grande esforço, tentam suplantar essa situação, tomando iniciativas para dar aos seus afiliados médicos, o aprimoramento técnico-científico e um "status" profissional ao exercício responsável de suas atividades, de modo a garantir-lhe voz ativa na "mesa de discussão" sobre moral, ética e condições dignas de trabalho dentro de uma avaliação de conhecimentos, na qual acima de tudo seja valorizada a VIDA DAS PESSOAS. Por isso, torna-se cada vez mais necessário que cada Médico, que batalha diariamente assistindo seus pacientes, assuma uma posição definida "pelo dever de dizer e o direito de ser ouvido" com realismo e sem constrangimentos, através de uma participação concreta nas reuniões e debates na sociedade que raciocina e que sabemos nos respeita e admira. Essa conjugação de esforços compartilhados é que nos conduzirá acertadamente, a estabelecer o perfil ético e competente, do nosso campo de ação, de uma respeitada e imprescindível atividade que aí sim, independerá de intervencionismos ou de protecionismos. O produto dessa diretriz é eminentemente técnico-científico, voltado para o que é, para o que existe. Para o que se pode dispor, para o que é viável, que pode ser valorizado e integrado no contexto dos interesses da sociedade. De nada vale a técnica se não servir a boa política. De nada servirá a política se não se valer da boa técnica. ABMT Artigo DOENÇAS DO TRABALHO POR CAUSA DE RISCOS BIOLÓGICOS Palestra realizada na SOBES (Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança). Daphnis Ferreira Souto Médico do Trabalho Membro do Conselho Técnico Científico da ABMT. Os riscos biológicos que podem ser capitulados como doenças do trabalho,portanto classificados como acidentes do trabalho, desde que estabelecido o respectivo nexo causal, incluem infecções agudas e crônicas, parasitoses e reações alérgicas ou intoxicações provocadas por plantas e animais. As infecções são causadas por bactérias, vírus, riquetzias,clamídias e fungos. As parasitoses envolvem protozoários, helmintos e artrópodes. Muitas das doenças ocupacionais são zoonoses, isto é, tem origem pelo contato com animais e consequentemente trabalhadores agrícolas e aqueles envolvidos no manejo de aviários, rebanhos e criação em geral, podem estar sob permanente risco se medidas preventivas apropriadas não forem aplicadas. Em geral o que acontece é que os trabalhadores em industrias urbanas estão mais protegidos contra os riscos do trabalho que os trabalhadores rurais. Algumas das doenças infecciosas e parasitárias são transmitidas ao homem por espécies de artrópodes (mosquitos, carrapatos, pulgas, etc.) que atuam não somente como vetores de doenças transmissíveis, mas também , como hospedeiros intermediários. Um grande número de plantas e animais produzem substâncias que são irritantes, tóxicas ou alérgicas. Poeiras advindas dos locais onde ficam plantas e animais carreiam vários tipos de materiais alergênicos, incluindo pequenos ácaros, pelos, fezes ressequidas em pó, pólen, serragem, esporos de fungos e outros sensibilizantes. Riscos biológicos ainda incluem picadas de animais peçonhentos, mordidas por ataque de animais domésticos e selvagens (caso da raiva). Mergulhadores e pescadores podem ocasionalmente defrontar-se com tubarões, sáurios e outros peixes perigosos, serpentes marinhas e outros animais aquáticos venenosos. Em algumas regiões, riscos de exposição ocupacional à picadas de cobras ou (como é o caso do potó) são muito frequentes. Trabalhos ao relento sob a ação permanente de sol, frio, chuva e vento pode propiciar a quebra da resistência orgânica e favorecer o aparecimento de infecções. Do mesmo modo as pessoas que lidam com plantas e animais e seus produtos ou na produção de alimentos e seu processamento, tem mais probabilidade de se exporem aos riscos biológicos. Pessoal de laboratórios, hospitais e serviços sanitários, comumente estão sujeitos a esse tipo de risco. Trabalhos em novas regiões insalubres, por pessoas sem exposição prévia ou susceptíveis, aumenta o risco de contrair doenças endêmicas. Dentre os riscos biológicos podemos destacar: -- Viroses: São várias as doenças produzidas por vírus que podem ser caracterizadas como ocupacionais. Elas abrangem viroses respiratórias, viroses eruptivas, enteroviroses e arboviroses. Esse tipo de infecção pode ser de transmissão direta, de pessoa a pessoa (rubéola, gripe) ou por um vetor (o mosquito na febre amarela silvestre) ou pelo manuseio de animais infectados. As infecções adquiridas em laboratórios de patologia podem ser resultantes do trabalho com o vírus, de pequenos acidentes ou proveniente de animais em experimentos (na observação ou na autopsia), de aerossóis ou da contaminação e utensílios usados (tubos, pipetas, placas etc.). O mesmo pode ocorrer no trabalho de saúde pública. A infecção por vírus pode acontecer simultaneamente em pacientes e no pessoal que trabalha no hospital. A temida e indesejável infecção hospitalar. Dentre as viroses mais comumente ligadas ao trabalho temos: - a Raiva, que se constitui num risco para veterinários, tratadores de animais, entregadores de compras, carteiros, exploradores de cavernas e todo aquele que tenham contato com canídeos e felinos não vacinados, morcegos e outros mamíferos que mordem. É uma doença constituída por encefalite aguda geralmente fatal, à qual são susceptíveis a maioria dos mamíferos. O período de incubação é em geral de 1 a 3 meses, mas pode variar muito dependendo da extensão da laceração, inervação da região atingida, proteção da roupa no local da mordida e outros fatores. Os primeiros sintomas são ansiedade, dor de cabeça, febre, mal-estar e perturbações sensoriais frequentemente relacionadas com a mordedura (ou lambida da pele ferida) por animal raivoso. A doença evoluiu, com manifestações de paresia ou paralisia; o espasmo dos músculos da deglutição leva o paciente a evitar a ingestão de líquidos, inclusive água (hidrofobia). Ocorre também aerofobia. Seguem-se delírio e convulsões. A morte resulta da paralisia dos músculos respiratórios, geralmente de 2 a 6 dias. A prevenção da raiva em humanos após mordedura centraliza-se na aplicação imediata de duas medidas básicas: remoção do ví- NOTA ESPECIAL ANO XL N° 2/13 9 ABMT Divulga DOENÇAS DO TRABALHO DEVIDAS A RISCOS BIOLÓGICOS Palestra realizada na SOBES (Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança). rus por limpeza imediata do ferimento e sua desinfecção, emprego de imunoglobulina humana seguindose a vacinação específica. Captura do animal para observação. Medida profilática de valor é a vacinação preventiva de cães e gatos e evitar contato com animais desconhecidos. -Doença da arranhadura do gato, estão sujeitos os que trabalham com este animal e seu causador é um tipo de clamídia que tem acesso ao homem através de uma unhada ou por ferimentos de objetos pontudos ou espinhos contaminados.Forma-se no local uma papula, que pode progredir para uma erupção vesicular. Desenvolve-se posteriormente uma linfadenite regional seguida de febre e mal-estar. Em geral esses sintomas tendem a desaparecer sem sequelas, mas pode ser confundida com doença neoplásica ou granulomatosa A prevenção consiste em trabalhar com esses animais devidamente protegido. - Nódulos dos ordenhadores ou pseudo varíola, esse é um risco para fazendeiros, veterinários e todos os trabalhadores que tenham contato com tetas e úberes de vacas infectados, com mastite. Se caracteriza por múltiplos nódulos nas mãos face e pescoço. A prevenção consiste em tratar a mastite das vacas e usar luvas, sabão água e desinfetantes antes e depois da ordenha. 10 ANO XL N°2/13 - Doença de Newcastle, que pode acometer os que trabalham em aviários e tratadores de pássaros. É produzida pelo Myxovirus multiforme que infeta o homem através do aparelho respiratório provocando lacrimejamento, conjuntivite e edema das pálpebras, febre e manifestações respiratórias. A prevenção consiste no adequado manuseio de pássaros infetados. escolas. A transmissão se faz de pessoa a pessoa. As medidas de prevenção se baseiam principalmente na educação quanto as medidas de saneamento e higiene pessoal; evitar aglomerações e o uso de descartáveis. A vacinação deve ser obrigatória para todos engajados em serviços de saúde, ou que façam atendimento público. -Riquetsioses e clamidias, se caracterizam por febre e erupção na pele e são transmitidas por seus reservatórios os artrópodes: Muitas das doenças -Febre maculosa (febre botonosa, ocupacionais são zoonoses, isto tifo do carrapato) transmitida mordié, tem origem pelo contato com da do carrapato que pode atingir animais e consequentemente mateiros,lenhadores,carvoeiros,vaqueiros, trabalhadores agrícolas e aqueles fazendeiros etc. Início súbito, com fecefaléia, calefrios e congestâo envolvidos no manejo de aviári- bre, das conjuntivas. No 3º dia surge nas os, rebanhos e criação em geral, extremidades exantema maculo papular que rapidamente atinge as podem estar sob permanente palmas das mãos, plantas dos pés e risco se medidas preventivas quase toda a pele do corpo. Petéquias apropriadas não forem aplicae hemorragias são comuns. É alta a das. Em geral o que acontece é mortalidade. A infeção mantém-se na natureza pela passagem transovariana que os trabalhadores em e transestadial nos carrapatos. O cão, industrias urbanas estão mais o gambá e o cavalo são os que mais protegidos contra os riscos do contribuem para a manutenção do citrabalho que os trabalhadores clo da doença. -Febre Q , o maior risco está enrurais. tre vaqueiros, ordenhadores, trabalhadores em matadouros, frigoríficos, tosquiadores. - Hepatites virais (A-B-C-D) estão -Ornitoses (psitacose), estão sob risparticularmente vulneráveis os que co os que lidam com pássaros, os trabalham em hospitais e em postos taxidermistas, os trabalhadores de zode atendimento do público em geral, den- ológicos e casas de vendas de aves. O tistas, pessoal de saneamento, lixeiros. vírus está presente nas secreções nasais, Início geralmente súbito, com febre, tecidos e penas de pássaros infectados, anorexia, náuseas, dores abdominais e principalmente pombos, papagaios e icterícia. Apresenta grande variedade aves domésticas. A maioria das vítimas clínica, desde formas benignas até as se queixam de dor de cabeça, febre e graves e mortais. Ocorre no mundo in- com uma característica de o pulso ser teiro e seu reservatório é o próprio ho- lento. Aparece insônia, letargia, mem. Os surtos são mais frequentes em fotofobia, náuseas, vômitos e diarréia. instituições como industrias, quartéis e Fígado aumentado e pneumonia. Medi- NOTA ESPECIAL ABMT Divulga DOENÇAS DO TRABALHO DEVIDAS A RISCOS BIOLÓGICOS Palestra realizada na SOBES (Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança). As medidas profiláticas se baseiam na refrigeração adequada de alimentos, manuseio higiênico de produtos da alimentação; exclusão temporária das pessoas com qualquer tipo de infecção principalmente as piogênicas e uso de mascaras, luvas e roupas adequadas no preparo de alimentos. da importante é o controle da venda de pássaros - Doenças bacterianas: as principais doenças bacterianas de origem ocupacional são em geral decorrentes da negligência nos cuidados com pequenos ferimentos , escoriações na pele. Essas infecções são em sua maioria causadas por estafilococus e estreptococus e podem ser evitadas com medidas de higiene e cuidados adequados. Entretanto existem aquelas mais graves e perigosas e entre elas destacamos: - Tétano, que se constitui num risco potencial para todos os trabalhadores principalmente aqueles sujeitos a pequenos ferimentos penetrantes e os que lidam com animais. Também se constitui em risco para bombeiros, militares, policiais e todos aqueles expostos ao risco de lesões traumáticas na vida diária. Doença aguda devido à ação sobre o sistema nervoso central da toxina do bacilo tetânico em desenvolvimento anaeróbio em um ferimento, em geral perfurante (também queimaduras). Caracteriza-se por contraturas musculares dolorosas iniciando-se pelos masseteres músculos do pescoço dando o trisma e a rigidez da nuca que lhe são característicos estendendo-se a seguir aos do tronco que se acompanha das contraturas. A letalidade pode chegar a 70%. Os animais herbívoros são seus reservatórios em especial o cavalo, em cujo intestino o germe vive como hóspede normal, inócuo. A vacinação geral de todos os trabalhadores é a grande medida para evitar essa perigosa infecção e confere sólida proteção -Antraz, é um risco para quem lida com pelos e peles de animais. No local da entrada do bacilo inicialmente forma-se uma vesícula que progride para uma escara escura . A doença pode espalhar-se e dar uma septicemia. A prevenção baseia-se em medidas de higiene e no tratamento adequado de peles e pelos de animais que vão ser industrializados. -Brucelose, essa doença está ligada a todos aqueles que lidam com carnes (de vaca, porco e cabra), leite e derivados. Sua característica é a febre intermitente que tende a cronicidade com perda de peso e fraqueza acompanhada por manifestações esplênicas e renais e comprometimento das juntas. As medidas preventivas baseiam-se no controle, por vacinação, nos animais. -Leptospirose também chamada de Doença de Weill. As ocupações sob risco inclui pessoal de fazendas, cortadores de cana, plantadores de arroz criadores de pequenos animais, feirantes, trabalhadores em esgotos, mineiros, lixeiros, feirantes, peixeiros, mineiros, magarefes, criadores, pessoal militar etc. São seus hospedeiros intermediárias, os ratos, cães, animais selvagens. Caracteriza-se por febre, calafrios, intenso mal-estar, vômitos, mialgias, conjuntivite e eventualmente síndrome meníngea; as vezes icterícia, insuficiência renal, hemorragias. O gado bovino, cães e porcos são seus reservatórios. Também os ratos e outros roedores e animais silvestres, assim como cobras e rãs. Os surtos ocorrem em pessoas que entram em águas contaminadas com urina de animais domésticos ou selvagens. Medidas preventivas incluem proteção dos trabalhadores com EPI, identificação dos cursos de água contaminados; combate aos roedores nas residências. Queima da palha dos canaviais antes do corte. -Peste, estão sob risco os pastores, vaqueiros, caçadores, geólogos. As pulgas são os seus vetores e os roedores silvestres os seus reservatórios e com menos intensidade os coelhos. Caracteriza-se por febre elevada, cefaléia, hipotensão arterial, confusão mental, dor intensa na região inguinal, axila ou pescoço, conforme a localização do bubão. Apresenta diversas formas clínicas: ganglionar ou bubônica, pneumônica, septicêmica e ambulatória. As medidas preventivas incluem a vacinação. Medidas de antiratização e desratização, combate as pulgas. Educação sanitária. -Tuberculose, é geralmente adquirida no ambiente familiar. No trabalho o pessoal dos serviços de saúde são os mais sujeitos mas é preciso haver um contato frequente e prolongado com casos ativos. É uma doença cuja mortalidade está recrudescendo e já preocupa as autoridades sanitárias de diversos países entre eles o Brasil. Os exames de NOTA ESPECIAL ANO XL N° 2/13 11 ABMT Esclarece DOENÇAS DO TRABALHO DEVIDAS A RISCOS BIOLÓGICOS Palestra realizada na SOBES (Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança). laboratório são fundamentais para se estabelecer o diagnóstico. -Intoxicação alimentar, causadas principalmente pelas bactérias do grupo das salmonelas, clostridium e estafilococus que se desenvolvem na manipulação dos alimentos em cozinhas industriais e cafeterias em fabricas. Tem início e evolução rápidos, geralmente em manifestações entéricas ligadas à ingestão de alimentos ou água entre pessoas que os usaram na mesma ocasião. As medidas profiláticas se baseiam na refrigeração adequada de alimentos, manuseio higiênico de produtos da alimentação; exclusão temporária das pessoas com qualquer tipo de infecção principalmente as piogênicas e uso de mascaras, luvas e roupas ade- quadas no preparo de alimentos. Micoses e fungos, tanto podem ser manifestações sistêmicas, superficiais ou produzindo hipersensibilidade. Entre elas temos a candidiase ou moniliase, a aspergilose, histoplasmose, dermatofitose (pé de atleta), esporotricose, pulmão do fazendeiro, bagaçose, suberose, etc. Doenças parasitárias, tem significado ocupacional aquelas causadas por: -protozoários como a malária, amebiáse, leishmaniose, tripanosomiase. -helmintos como a esquistossómose, ancilostómose, ascarídiase. -artrópodes como os ácaros, carrapatos, bicho do pé, etc. Picadas de cobras venenosas, escorpião, lacraia, centopéia e aranhas venenosas. Nesses casos as medidas de primeiros socorros são soberanas. Se você não conhece cobras, leve se possível a cobra causadora do acidente para identificação (viva ou morta). Atenção para as seguintes características de identificação Venenosas Não Venenosas Cabeça Triangular Arredondada Olhos Pequenos Grandes Fossera lacrimal Escamas 12 Tem Desenhos irregulares Não tem Desenhos simétricos Longa afinando gradativamente Cauda Curta afinando abruptamente Dentes Duas presas ou maxilar superior bem maiores que os demais Dentes pequenos e mais ou menos iguais Picada Com uma ou duas marcas mais profundas Orifícios pequenos mais ou menos iguais ANO XL N°2/13 NOTA ESPECIAL A cobra coral constitui uma exceção: a cabeça não é triangular; a cabeça e a cauda são continuação do corpo. Na ausência ou falta de médico e se identificar a cobra como venenosa, aplique um dos soros específicos, seguindo rigorosamente suas especificações: Anticrotálico - para cas cavel Antibotrópico - para jararaca, urutu, jararacuçu Antilaquésico - para surucucu "pico de jaca Antielapídico - para coral. No caso de picadas por escorpião aplicar o soro específico, dentro da primeira hora da picada Nos demais casos o tratamento é local.
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