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ARTI GO
pnÉ-HlstóRtA
0 MEGALIIISMo NA
Johnni
l-anger
BRASTLETRA
I
RESUMO
O presente artigo procura reconstituir os registros de evidências megalíticas no Brasil, contrastando aspectos imaginários e míticos com pesquisas arqueológicas.
ABSTRACI
The present article tries
to reconstitute the
registrations of megalithic evidences in Brazil,
contrasting imaginary and mythical aspects with
archae olo
tDoøtorardo
g ic
al re s
e
arche
s.
en Hi:nlia pek
Unitersadade Federal do Paraná.
Endereço para cottespondência
Cuxz Postd. 273
Curitiba - PR
CEP:80001-970
FAX: (041) 336-9458
E-mail:
sa tørn
u
s@n
tp ar. com.
br
RevisÌo deArqueologia,
ì0:89-10ó,
ì997
89
/
Langer
J
O MEGALITISMO NA PRE-HISIORIA BRASILEIRA
Nesta iminente virada de mìlênio, abun-
dante quantidade cle teorias preenchem o
mercado literário, a respeito de temas vinculados à pré-história humana. Desde fantasias espcculltivas de origem cxtrxterrcstre, à interpretações místìcas de nossa vinculaçào t'aciaì com os tempos primitivos.
O nosso país não se exclui dessa tendência,
apresentando, há muitas décadas, difetentes
versões de nossa história, seja colonizada por
navegantes de origern fenícia
e ceIta, atê a
existência de antigas civilizações perdiclas.
Uma das provas apresentadas pelos defensores dessas polêmicas históricas seriam
vestígios de pedra enconttados
pot todo o
Brasil, em diferentes épocas. Seriam apenas
fomações natufais ou, em alguns casos, realmente obra de culturas antigas? O tema clo
megalitismo brasileiro está relacionado a di-
vefsos mitos arqueológicos, como as cidades perdidas, mas também existem diversas
pesc¡uisas ecadênricas que colnprovarn a exis-
ffìente, as suâs forn-ias t-rão são precisas e a
superfície não é poltda. A terminologia me-
galitismo surgiu em 1867 na Europa
@óchclete, 1924: 373) c, com o sucessivo
desenvoh'ir¡ento das pesquisas arqueológicas, torllou-se
O objetivo principal
desse estudo ó
pto-
porcionar elementos bibliográficos para futuras pesquisas nessa temâttca.
termo empregado para
tos megalíticos: menir, alinhamento, crom-
lech e dóL¡en.
O nenir (Baixo Btetão
nten
-
pedra e hir
-
longa) é uma pedra bruta artificiaLmente pou-
co trabalhada, de fotma e altura variáveis,
disposta verticâlmente no solo (Déchelete,
1924:375; Otens, 1978:11). Pode enconttarse
isolada (nonólito) ou agrupada (alinhan-ren-
to). O alinhamento colrstitui-se de uma
sé-
rie de menires dispostos em fila, por vezes
retìIneâ, cujo n-iais famoso exemplo é o de
Carnac na França. Os agupan-rentos citculares cle menires são denon-rinados nanleclt (Celta
croltl
tência dessa classificação cultural em nosso
país.
u111
o mundo inteiro.
Tanto para o continente europeu cotr.to
p^f^ Ásra, África e Polinésia, distinguem^
se quatro tipos específìcos de ltìonuffìen-
-
cûrv,^ e /eclt
-
peclra).
O dóhmn (Baixo llretão
-
dol
-
mesa e nen
pedra) são rnonumentos de pedra hori-
zontais sustentâclos por dois ou n-iais blo-
cos verticais ao plâno do nível de solo
(Déchelete, 1.924: 375). Os autores clistin-
I
MEGALITISMO
-
guem os dóL¡ens simples, os colTì cotreTIPOLOGIA E PARAMEIROS
Os denominados monumentos megali
ticos (do gt:ego tl/egd - grande e lìtltot - pedra) são construções em rocha, geralmente
de forr¡a tosca ou retalhada. Mas antes de
tudo, signifìca "um conjunto determinado
modo de
de elementos culturais (..)
"construção (Orens, 1.978: 10)". Generica-
rO
dores, os cle aléias cobertas e os com câmaras tumulares (Otens, 1978: 10). Os dólmens
mais famosos são os cle Stonehenge (Inglaterrra) e New Grange QLlanda).
Os rnonumentos megalíticos são registrâdos em todas as partes cìo mundo, real:zados por diferentes culturas e períodos, abran-
gendo desde o neoìítico até o séc. XIX.r
maìs anLigo centro megalÍtico foi localizado no norte africano, datado de 8.000 a.C. e com implicaçòes
âstronômicâs (À.{alvi1le, 1 998: 488).
90
Revislo de Arqueologio, I 0:
B9'l 0ó, I 997
0 Me00lilisn0 no Pré-Hislório Ercsileira
O megalitisrno na América, apesar cle re-
culates descobettos na Argentina, os alinha-
gistrado, semPre sofreu severas ctíticas quan-
mentos encontraclos no Brasil por Meggers
to à sua presençâ, terminologia e difusão cul-
e Evans, os centros megalíticos de Chon-
nrral pelos especialistas. O americanistaJ. Im-
tales Q\icarágua), Capá (Porto Rico), Chacu-
belloni, por exemplo, questionâvâ o uso da
terminologìa européia e1rr monurrìentos e
ey (República Dominicana), L-ifernito (Co-
evidências sul-ameticanas. Para ele, o uso
cle
nomenclaturas universais aplicadas em formas independentes e não hon.rogêneas, como
a dos abotígenes latinos, era problen-rática
(Imbelloni, 1956: 152-153). A maioria dos
pesqu.isaclores, no entânto, acabou por seguir
as reflexões do ac¿dêmico Canals Frau. En'r
lômbia), Queneto e Sillustani @erú), Tafí, Tiu
Cañada, Alatniro e Salta (Argentina).
Er¡ nosso país, apesar cla escassa bibliografia sobre o temâ, a sisternatização realizada por r\nclté Prous para a produção arqueológica brasileira incluiu a tern-iinologia
crolt/eclt para círculos de peclra
em Nlinas
Gerais, Bahia e Amapá (Prous, 1992: 31).
su¿ sistematização, considerou a culrura me-
galitica atnericana como senclo do período
formativo, antecedendo as grandes civihz¡ções ameríndias (Ftau, 1950: 491-499). Recentemente, o atqueólogo Arie Boomert clas-
siûcou os conjuntos megaLíticos clo nordeste
dr Anlóricl do Sul enr scis categories: os agupârnentos de peclras afastadas; os cítculos
cle
peclras afastadas; as sin-rples pedras le\¡ântadas; as fìguras de pedras; as pilhas de peclras
e os lrluros cle pedras (N4az-iere, 1997: 121).
Essas duas últimas catcgotiâs são ptoblemáticas devido à intencionaLidade questionável
desses conjuntos em alguns casos e, também,
de possíveis origens histórico-coloniais cle al-
guns rnuros cle pedras nas áreas cle ocorrência. De qualquer r-naneira, o registro de pilhas
cle peclras
em tútmulos e olttfas espécies
de
sítios arqueológicos neln sempre possuelr co-
notação megalírica.
Apesar clos vestígios andinos incaicos
e
2
REGISTROS MEGALITIiOS NO BRASIL COLONIAL
Um petíodo hisrórico complexo de examinat relatos dessa n^tsrez^, devido à perspectivâ eurocêntrica pre conizada pelo agente
colonizador.
O mais antigo relato
aparecelr com o
avenrureiro Anthony l(nivet, em 1597. Exploranclo a legião clo Rio de Janeito, indígenas
o concluziram ao lu¡¡ar denominado
Itaoca (casa de pedra): "(...) bloco rnaciço de
pedta, do potte cìe quatfo grandes canl'rões,
repousando no solo sôbre quatro seixos
como calços, pouco maiores que urr dedo
l-iumano" (I(nivet, 1947). Ainda próxirno
deste local foram encontradas n-iarcas de pés
humanos, que os indígenas tan-ibén-r associaram col1l o mito do deus Znlti, o ctviltza-
dor dos "selvagens".
Em 1615 o padre Ivo D'Euvreux con-ìen-
das estátuas da Ilha cle Páscoa e Tiahuanaco
tou a existência de altares
serem colocados nur¡a categorìa inclependen-
a petr'óghfos. Os indígenas, mais uma vcz, crc-
en-r
pedra em n-ieio
te do n-regalitismo, emprega-se a terminolo-
clitaram a seus heróis rníticos â âutoria desse
Ar-
gta pana^ as áreas culrur¿r-is pré-incaicas da
e
local @'Evreux,1929).
O r¡ais famoso relato colonial, que pos-
Amédca Central. Os mais expressivos exem-
sui similaridades com os dois anteriores, é o
plos são as apachetas
de Elias Herckn-ian. Futuro governador da
gendna, Chile, norre da América do Sul
-
aLinhamentos cir-
RevislodeArqueologia,l0:89-10ó,199/ 9ì
/
Longer
J
Paraíba holandesa, chefiava uma expedição
pelos sertões de Cupaoba (Pernarnbuco),
quando encontrou exóticos monumentos:
"(...) daas pedras de tnoin/to, perfeitauente rcdondas
e
de estupendo tattanho.
de dìâtnetro
(..) No gande
coitas, não rte
será
Mediant
16 pés
ignorância duta¡
facil diryr con
qrc
fnt
as
teiam alí amonÍoado as bárbaras (..,) Vimnt
tras (...) uma lapa de peclra tedonda á maneita cle uma mó de ferreiro, do tamanho
de uma rodeira de carro, deitada sobre outras pedras" ( Menezes, 1887: 244-45). Certamente todas as desctições anteriores ao oi-
tocentos, referentes a vestígios arqueológicos, servem pâra pefcebermos as diversas
concepções culturais que a pté-história pas-
oatra ue7¡þedras de devlesuruda grande7a, atton-
sou até nossa época atual. Misto de enga-
toada.rpela não do hotnent, quaisþossae tantbém
nos, acertos e fantasias, o conhecimento clos
na Ho/anda a regìão de Drent (.,.)
dms parecian-se na
þrrua
A:
tai: pe-
com altarvs" (Bar-
laerc, / 980: 225),
Os relatos de D'Euvreux, I(nivet, e FIerckmann são questionáveis quanto à autoria
humana desses vestígios em pedra. Não fo-
ram confìrmadas até hoje, pela arqueologia
tempos passados também proporcionou
muitos mìtos que resistem ao tempo, bem
como valiosas informações empíricas, qlÌe
não podem passâr despercebidas.
3
MEGALIiISMO NO BRASIL OITOCENIISIA
brasileira, estruturas megaìíticas de grande
Com o advento da arqueologia no Brasil
porte, no caso dos dois ultimos cÍonistas, de
)tar para o desconhecido faciLitando, dessa
p^ttir de 1840, e sua sistemattzação nas
décadas seguintes, o megalitismo torna-se
uma possibilidacle não pela verificação
empírica, mas pela propagação de diversos mitos arqueológicos (Langer, 1997þ):
maneira, a conquista e
117). Esses mitos, de cunho nacionaLista
dólnens.
Famlharizados com uma pré-história
eufopéiâ colossal, os aventureifos podem tef
transferido esquemas de representação fami-
^
colorização.
Ainda no período colonial (1806), temos
do padre Ftancisco Menezes,
mais fìdedígnas quanto à estrurura de seus
relatos. Em sua obra Lamentação Brasílica, fez um regisrro de 274 locais onde apaas descrições
reciam evidências de arte fupestre, cons.ide-
rado o mais importante documento arque-
ológico do período (Souza, 1991: 54). Associadas a esses petróglifos e pinruras descreveu formações de pedra: "(...) uma car-
reira de pedras grandes, redondas, que estão todas em linha, dividrdas umas das ou-
^
e
civilizatório, propunham uma concepçào
difusionista das culturas ameríndias - originadas do suposto contato com civilizações européias, como a dos fenícios e vikings (Frost, 1993), ou declínio culturâl
- os aborígenes constituìram uma civjlização avançada e depois decairam.2 Inúmeros histotiadores e arqueólogos brasileiros
deste período erâm partidários dessas concepções. Um exemplo do alcance internacional dessas teorias foi a publicação do
mais influente e famoso estudo da arqueo-
2--.
-
Mitos civilizatórios na pré-história são atualmente muito estudados no oc.idente, principalmente a cidade
perdida de Zknbawe @each, 1998), bem como as implicações poJíticas clesses mitos nas sociedades (-ima,
1988; Harke, 1998).
92
Revislo de Arqueologic, I 0:
89-l 0ó, I 997
0 filegolilismo no Plé-Histólio Blosileiro
logia americana do séc.
XIX
LAaériqaepráhìr
de carnis depierres
Escrito pelo marquês de Nadaillac,
confirmava os relatos coloniais de antigos
monumentos no Brasil:
tonqae.
qa'on a aþþortées /à, íuìdem-
ment, toilt exprès" (Coadreau,
/887:75/.
O antropólogo ainda aflexou
duas ilus-
trações dos menires, pelas quais percebe-se
'ïJerckmann, enuolé dans /'intáriear de
uince de Pernambaco
Siegen, darant
par
/e
þro-
um nítido alinhamento destes, bem como
prince de Na¡saa-
sua evidente artifìcialidade, em meio a bases
la donination
la
hollandaise, slg-
nalaìt deux þieres þefaitenent rondes, donl la
plus grande mesøraìt :ei7e þieds de diánetre,
cée¡
þla-
/'une ¡ar I'auhe. Cbtait /rí ane de ce¡ con¡-
tracûons, qui marquent
lb{anæ
de
/'añ dan¡
formadas por montículos de pedras menores. O tamanho e a estruntra dos megalitos
é pertinente com a registrada nos parâmetros da atualidade.
toate¡ les ¡ociehis" (\adai//ac, 1885: 471 ).
O renomado especialista não confirmou
o relato por pesquisas de campo, atribuindo o controvertido vestígio umz- cultura
ancestral e mais civilizada que
^
a
indígena. Esse
procedimento não foi típico do período, a
exemplo do único registro confìável que temos até o séc. XX. Realizando pesquisas ernográficas no Xingú, o antropólogo francês
Henri Coudreau encontrou artefatos líticos
e pinturas pré-históricas. Na área de Cachoeira Comprida, em meio a um riacho, defrontou formações arrifìciais de pedra:
"Ces ritranges
Menhirs
ou
þierres
/euée¡ du
Xin-
gtí, au nombre de haìt, ont actue//eøent cbacan de 1m. à 1nt.50 at-de¡¡us de¡ eailx mlJennes de /'étiage; aux &rzsîes eaax ì/s doiuent ètre
tots
aa
þnd.
Ces étrangu
éuidemment aax
þieres
Menhir¡ empruntés
de
la
riuière,
par qui
ont-il¡ été dre¡sé¡? Les Jurunas les disent lrès
ancienncs, remonlanÍ
Ce qui achèue
t
à ane origine
inconnae.
4.
EVIDÊNCIAS MEGALíIICAS NO SÉC XX
No início deste século, o geógrafo Alfredo Brandão encontrou evidências monumentais no estado de Alagoas. Membro do
Instiruto Arqueológico e Geográfìco Alagoano, possuia vasta experiência em registros
arqueológicos, a partir da qual publicava
descrições analíticas na revista do mesmo
instituto. Entre os supostos monumentos
encontrados, merece destaque o do sitio Sapucaia, no engenho Bom Jesus: "(...) parece
ser um cromleck - trata-se de um circulo
formado de pedras brutas implantadas verticalmente
flo solo" (Brandão, 1937:
252).
Uma das características que concede credibilidade a seu relato é perceber a diferença
entre estruturas coloniais históricas com os
vestígios observados: "(...)
o. cromlecks, ou
círculos de pedras brutas. Especialmente no
þrouuer le uoalu de lear érecti-
sertão, é preciso disungui-los dos curraes de
on, c'est qu'i/s Je trzltuent tltlJ p/acés aa mi/ieu
pedra, que pertencem a época anal" (253).
de
"Ert., estranhos menites ou pedras levantadas do Xingu, em número cle oito estão, no momenro, a um metro
ou um metro e meio acima das águas méd.ias das vazântes; nas cheias devem ficar todos emersos. Estranhos
menires, feitos evidentemente com pedras do próprio rio, por quem terão sido etguidos? Os
Jurunas dizem que
são muito antigos, ¡emontando a uma orìgem desconl-recida. A prova clefìnitiva de que foram erigidos com uma
intenção determinacla é que se encontram todos colocados no meio de quadrados cle pedras, que Foram para lá
levadas de propósito, evidentemente" (Coudreau, 1,977: 70),
RevilodeArqueologio,l0:89-10ó.1997
93
Langer
re
J
O primeiro acadêmico a efetivâmente
râm encontraclos seis blocos alinhaclos cir-
\lzar. escavações sistemáticas em um con-
cularmente em umâ elevação natural.
Como não foi clescoberto nenhum vestí-
junto megalítico brasileiro foi Curt Nimuendajú. Seus trabalhos na região amazônica entre 1,922 e 1,921 foram publicados em Stutgart, sob
o rírulo
.lnzifT.ige in
No sítioJosé Antônio, curso infetior do rio Cunani (notte clo Amapá), en-
Aruaqonien.
controu ul]1 extenso alinhamento de pedras
não polidas, erigiclas intencionalmente (I-inné, 1928:77). Neste sítio, teriam ainda per-
manecido 150 blocos verticais susrentados
por outros meflores> por vezes apoiaclos
um no outro, e que forrnan-r uma dupla
Linha, cotrendo paralelamente o rio Calçoene. O rnaior bloco do conjunto rnedia
2x0,1x0,25m, tendo seu peso avaliado em
600kg. Devido ao f,Ìto de não enconrrarelr-t-se sìgnificativos vestígios cerâmicos e
líticos, e as pedras terem sido cleslocadas
de grandes disrâncias, Nirnuendaju acreditava que estes alinhamentos teriam ligações
corn práticas religiosas, sendo o sítio um
local sagr:ado.
No mesmo estado, porérn mais ao sul,
os arqueólogos norte-americanos Clifford
Evans
e
Betty Meggers encontrâram alinha-
mentos semelhantes. No sítio Aurora (região do rio Flexal), existiar¡ blocos de granito com tar¡anhos variáveis e raspaclos asperamente. Devido à ação cle caçadores de
tesouros, a posição original e o número
exato das pedras não pôde ser reconstituído. Em outro sítio, Ilha da Fortaleza, fo-
gio de urna nem sepultamento, os arqueólogos concluíran-i que o sítio: "(...) was used
of rvorship ot cetemonial gatheting" (Meggers & Evans,1957:40), con-
as â place
cordanclo con-i Nimuendaju quanto à hna-
lidade dos megalitos encontrados por ele.
Quanto âos autofes dos monumentos pétteos, setiam indígenas da fase Aruã, a mais
^ntig^ ^
1992:
ocupâr o espaço anazõntco (Prous,
496).4
Ainda flo norte do Brasil foram registradas ocorrências de figuras de pedra,
no estaclo do Pará. O etnógrafo alernão
Manfred Rauschert-Alenani encontrou em
1970, nas nâ.scentes do rio Citaré: "fìguras compostas de linhas longas de peda-
ços cle pedra soltos, colocados sôbre o
planrlto rochoso. llá, outrossirn, peqLLenas figuras de animais e urr.râ figura humana feìta com â ûìeslna técnica" (Rauschert-Alenar-ri, 1 970: 531).5
No sul
cla Guiana Francesa tambén-r
foram registraclas frguras de pedra, corr
cerca de 1Ocm de altura, representando
for-
mas animais e humanas. Uma das únicas
áreas cncontredas ern nosso contincntc
com tal ocorrência são os geogltfos chilenos e do Petu (lrJazca) mas, devido à sua
natûteza funcional, são tratados pelos especialistas regionais como manifestações
de arte rupestre, e não como conjuntos
u
Os mesmos pesquisacìores citatr registros cle aLinhamentos ne Guiana lnglesa, clue não foram encontraclos
pessoalmente por eles (I4egqcrs & Evans, 1960: 300).
s
A presente bibliografia, bem como os estucìos sobre fìguras cle pecìra na Gniena FLancesa, Foram gentilmente
forneciclos pela arclueóloga Eclithe Pereita (Museu Goeldi, pará).
94
Revilo de Arqueoloçia,
l0r 89-10ó, 199/
0 Meg0lilism0 na Pré-llistória Brosileira
megalíticos.6De igual modo, na Gniana
Francesa ocorrel¡ alinhatnentos letilíneos,
o r¡ais importante com 287 blocos à uua
clistância de 65 lnetros (Nlaztete, 1997:
121), e citculares, colTl cercâ de três metros (Flurault,l'963:164). A distinção con'r
a maioria dos alinharnentos megalíticos
americânos é que a altura de cada pedra
não ultrapassa 12cm, não constituindo,
POf
Rio Grancle do Sul, o arqueóìogo José Proença Btopaís,
chado também encontrorÌ vestígios megalíticos durante pesquisas em1967-68. No vale
dos tios Ijuí eJacuí, numa pequenâ encosta,
foram encontrados:
e
215 cnt
de
tahnenle aþaiados sôbte pedns
de
ntelo:s. O
fgna
buco, onde "um deles forma um círculo com
40-60 cm cle alrura, enquanto o outro dese-
nha uma linha quebracla irregular" (Prous,
1992: 354). Ern Roraima, o explorador Mar-
can-
tência de alinhamentos na região do rìo Suru-
otien-
mu, que podern ser confìrmadas ou não em
¡iltehia a/i-
þdild 0 îefih'l do conjunlo uill Pl:te de
l.¡a¡aha
de a/tum, gv.ç:eiruuette conþntta-
a
constatou diversos alinhatnentos em Pernam-
Uma equipe do lVluseu Goeldi realizou pesquisas neste estado e foi informada cla exis-
nhado /este-oe.rÍe, acotttþanhanlo o dccliue. Out-
do de nnneira
arqueólogo Marcos Galindo Lima (IJFPE)
durante os ânos 50 (Homet, 1959: 12, 68).
þd oa hoùqott-
tados norle-.rr/, czul 0 .ielt eixo de
2u
lates de pedra associadas a machados e cerâ-
at
junto (...) aþru:enta uátios alinhattenlo¡
nediudo
universitátios encontratâm forrnações circu-
utelirdo en-
cottþtiannto þor 26 a 60
de /argrrra, estit.terant co/ocados
Em outras regiões no llrasil foram registrtdos tou/eclts.Em Pompeu (N4inas Gerais),
cel Flornet registrou ocorrências megalíticas
"do7g /ages de basalto rclang,nlate.r,
trc 50
gern patagônica.
rnica da ttadição Äratu (Prous,1.992 352). O
tanto> menlres.
No extremo oposto do
de túmulos de pedra ptóximos, taml¡ér¡
alinhaclos leste-oeste, com aberruras voltadas para oeste.t O arqueólogo Brochado
associou esses vestígios a ttadições de ori-
reþreJentdr Plssìue/tnenle una
hutttana" (Brucltado, /969: 49-50).
outrâs etapas de investigação desse grupo (I{t-
beiro, P., 1987 43). Recentemente, próxirno
à l¡ase do monte Roraima, exploradores fotografaram um cromlech atribuíclo aos jndû
os Pémons (Itrbeiro, R., 1995: 38-39).
Pesquisadores amaclores e aventureiros
Percebe-se a nítida orientação astronô-
das mais diversas épocas relatam â ocorrên-
mica do conjunto, reforçada pelo encontto
cia de estnrtutas megaìíticas compiexâs em
6
Parr a espccialista Susana Monzon, vários geoglifos clo Chile e Peru são traçacìos cotn motit'os geométticos c
natutalìstas, constituindo "l'accumnlation cìe pierres de pet.ite climension dc coulenr plus foncée que celle clu
sol, ainsi que le netto¡'age et I'extraction des cailloux dans les tettains pierrcux" (Monzon, 1987: 99). Os
geoglìlos de Nazca são recentemente apontaclos como calcncìátios (Aveni, 1986:35). Segundo All¡edo de
Souza, alguns geoglilos também são rcaljzacìos por âmontoamento de seixos (Souza, 1997: 59). Iixìstem ainda,
na América clo Norte, as chamaclas "Medicine \X/heels", realizaclas há alguns séculos por incltgenas, consdrr"rinclo-se em alinl¡amentos de pecìras e peguenos blocos rochosos cle lorma citcular', também com intenções
astronômicas @,dd¡', 1977: 140).
t No Rio Grande c1o Sul foram registrados
aìnda cotpos junto a nrontículos e pecìras (ttadição Taquara),
entetrados estend.icìos de costas com o crâneo voltado pârâ o n^scente ou Poente (Ribeìro, P.,1'971: 46).
Muitos atqueólogos também encontraram crâneos e esclueletos em samba<1uis com o eixo orientaclo para
pontos cle interesse astronômico, como o Leste (?tous, 1992: 211),
Revilo de Arqueologia,
I
0, 89-l 0ó, ì
99/
95
7
Lcnger J.
ções geológicas naturais tomadas como
exemplo de cidade perdida, devido à sua
relaçào colr o tema mítico das civilìzações
dólmens, sendo estes monumentos até hoje
que tetiam existido nas terras brasílicas.
nosso país. Geralmente tratâm-se de forma-
não comprovados no Brasil (Souza, 1.997
45). Os autores das descobertas creditam
berta Teodoro Sampaio estava rcalizando
geralmente aos celtas a origem desses su-
trabalhos de exploração geogrâfica pelo in-
postos monumentos. Âqui evidenciamos
considerados obras dos bárbatos gauleses.
terior da Bahra, procurando desmistificar
nossa pré-história. Entre os acadêmicos do
império, a existência de antigas civilizações
adiantadas erâ um tema fecorrente. A fa-
Sobrevivendo no academismo até fìns do
mosa cidade perdida da Bahia, buscada in-
oitocentos, quando verificou-se que os mo-
cessantemente por especialistas do Instiruto
numentos pétreos eram obras de culturas
muito mais antigas, o mito celta demonstra
Histórico e Geográltco Brasjleiro desde
a constfução de ideais nacionaListas, procu-
de nome da arqueologia brasileira dessa épo-
rando vincular a pré-história corrr um passado civilizado e glorioso, jusrificando o pre-
ca, Ladislau Netto.
continuidade de um mito iniciado no
a
séc.
X\alI,8 peio qual os megalitos europeus eram
sente político @emoulle, 1.982 7 44; Lrm4
1988: 20). Isto não impediu a populariza-
ção da antiga teoria na literatura, cinema e
cultura de massa: os famosos alinhamentos
de Carnac e Stonehenge são creditados
muitas vezes,
atê.
em obras didáticas, aos ou-
sados celtas, desconsiderando pesquisas ar-
queológicas que os vinculan-r ao período
neolítico eLrropeu, de 4.000 a 1.800 a.C. @.en-
frew,1983: 128).
5. 0
ALTNHAMENT0 DE MONTE
ALr0
(BA)
Os mais famosos e polêmicos megálitos
brasileiro, situados no sudoeste da Bahia,
foram descobertos em 1879 pelo engenhei-
ro Teodoro Sampaio. Muitos autores em
nosso século tÍatar^m o local como um
8
Cutiosamente, no momento da desco-
1840, era defendida até mesmo pelo gran-
O IHGB e o Museu
Nacional procurâvam demonstrar a idéia de
um passado nacional "civlltzado", uma alternativa à nossa singela e primitiva pré-história Q,anger, 1997 (a): 81 -1 08).
Ao final do período imperial, Teodoro
Sampaio encontrou formações geológicas
l¿izarras associaclas com pinturas rupestres
na Serra do Sincorá (BA), um dos locais
presumíveis da fantástica urbe esquecida.
Para este pesquisador, trâtava-se do próprio sítio que deu origem ao mito (Sampaio, 1931: 234). A divulgação dessa descoberta efltre os especialistas foi uma das
iniciativas que tfatafiam de deslocar o tema
das discussões acadêmicas da arqueologia
p^1i^ cultura populat. Porém, ao final de
^
sua expedição, tambérn encontrou próximo à cidade de Monte Alto algumas ruínas e um extenso alinhamento de pedra,
que não soube esclarecer neste período.
O primeiro a associar os megaLitos com os celtas foi o antiquárìo John Aubtey (1626-1697), em
seu livro
a,creditlt que os círculos de pedta btìtânicos eram templos clruíclicos, uma idéia
que acabou por influenciar a litetatuta e a poesia romântica posteriot. A imagem-estereótìpo de Stonehenge,
Montmenta Britannica. Aubtey
por exemplo, associada a cultos pagãos de sactifício humano é herdeira direta desse períoclo ìntelectual.
9ó
Rwisto de Arqueologìa,
l0:89-10ó, 199/
0 Megolitisnro nc Pré-Histrjrio Brcsilejro
Como pretendia desmistificar o panoramâ
quanto antes, ser devidamente estudaclos,'
etnogtáftco brasileiro e não criar ourras dis-
(Pereira
cussões,
ornitiu esta descoberta até. 1,922.
Ao organizat o verbete sobre arqueologia
na importante publcação do centenário
O próxin-io acadêmico a visitar Montc
Alto foi novâmente un-r engenheilo, FIeman
Il-use, em 1940. Realizou rrabalhos ropo-
ptornoviclo pelo IFIGB, descreveu:
gráfìcos e forneceu algurnas referências so-
'Elt
Mante
A/Í0,
no /ogar chartalo Nacbo
io
da.r Ponta.r, uertente do
ltilr/
ltetro
I/e rde Gtande, há,
e nteio de a/tura,
'21 s p c d r a.r nt erÌ e tu, aþ
/olteh-0,
e
sob
þroxilto,
ìe alti.gas
sa, a.r raìnas
toscas,
aþultas de.rla¡
Igtora-se ainda ltaje a
tlta
g'anles
orþtt
un ki-
roxilt
a
I a tu n le, / x2 x6
sãar\tcalasþor
eles
dois þalnas dentn da
Íen alt enla/lte naþarÍe suþeri-
or À4, eu ulo þonlo inÍetior corrc a lil/ta da
ruirn (...) A.r pcrlra.r sc ac/tant frcalas elt listância.r i.gttaìs, de cerca de 7
fedra.r
4afuos, aþuttas
caíralt e oatra.r desaþarecerutt (...) Não
dilten.ções.
de¡.ra.ç
e
tena. Todo¡
esþ/atada rocho-
consturcçõe.r ìe
de
þaltnoq
fncadas eqri-
distantet, de:enuohtendo-se por cerca le
1944: 60)
bte o local:
cdluþo) extclso a/inha¡uenlo dc peìta.r de
cerca de
J4
uilas"
ìndtbiÍauehuenfe,
(9aupaio, / 922: 848).
ìe
se h'a/a,
una cerca de can'a/" (lvIon-
ta, / 996: 25-26).
Apesat da teputação de Sampaio, a des-
coberta foi recebida com muira flvolidade entte os estudiosos.
Angl'6¡s Costa, por
exemplo, na primeira publicação especi-
Infelizmente seu trâbâlho permaneceu
inédito, sendo parciahrente descrito recen-
936), co-
temente por seu colega de topografla, Waldel¡ar Moura
Nlonte Ako novan-rente seria populari-
rneslïrír categoria quc
zada em 1971, quando foi reclescoberta pelo
outros locais fantasiosos, como Vila Velha
pesquisador Luis Galdino. Em diversos artlgos pâra tev'stâs e jornais, forneceu foto,
alizada em arqueologia no Brasil
locou Monte Alto
nl
(1
(PR) e as conhecidas Sete Cidades do Piauí
(Costa, 1980, 9B).eEsse preconceito ideológico se deve, em pârte, ao impacto ainda
gtafìas e descrìções do inttiganre local:
"(...) O a/ittbatteulo ne/ltot' can.¡enado ie¡en-
Ptesente nesta época dos antigos mitos oi-
ru/te-.çe
tocentistas em nosso colltinente. Uma das
taras exceções foi o pesquisador Anthero
esse
procedimento clos
Alto na Lista
tiat/to da:
ncarlos :e þrct/ctttga
rlms to.çcas. Os uaìotes alingcn 'l ,50a4 enqtran-
t0 0r il/ettztvi
estào .reui-seþu/tados no brejo"
(Calrlino, 1977: )9).
acaclôr.r.ricos prosseguiu
ça cle Souza, ao ìncluir no\/amente À'Ionte
ìo
þ0r fttca de 600 neho.r. Ol
ttat'cos de þcdm são hmnÍado: a esþaços de )
ntetro.ç. .lãtt ba.rtanle tnles, consliÍu1do.r ìe
þe-
f
Arquivo Municipal de São Paulo, alertava
P^f^ ^ verifìcação in /oco dos vestígios ern
questão: "aqui fìca o que sabemos de maior sôbre tais alinhamentos, que devem,
Na tealiclacle,
/ottgo
Ponla.r (...) O lenicírulo þrntado þc/os þìlater
PereiraJr. Em um artigo p^r^^ Revista clo
t
elt ¡euìcírut/c, ao
ltó nossos
c1ias,
conro cìemonsffotr ¡\llreclo À,Icnclon-
clas cidades petcüclas brasilejras (Sotrza, 1991: 77).
Por sua
\¡ez, Ancìté Prous clernonstrou
ullr catninho invcrso, ¿o insisúr na necessicìade cle se ,-etom;rr textos xntigos,
entiquecenclo a tìpologia biblìográfica do arclueólogo @rous, 1992: 55) Um dos mais recentcs exempkrs cla
utilizaçào de crônicas e relatos históticos na ar:queoJogia brasileirl foi o excelente traballro cle lldithe Pereira para
com os regjstros rupestres do Pará (?ercira, 1993).
Revisln de Árqueologio,
I
0: B9,l 0ó, I
99i
9/
/
Longer
J
Através das informações publicadas por
Galdino uma equipe do Museu Nacional
e
Universidade Federal do Paraná. desenvolveu pesquisas no local em 1996. Confirman-
do a sua origem indígena,lO os especialistas
chegaram à conclusão de que o alinhamento seria "a projeção vertical do céu na su-
lados mais estreitos voltados p^r^
leste-oeste (Beltrão
^
direção
& Afonso, 1998 (b)). O
monólito de Segredo - com cerca de 1,70m
de altura - estava associado a um sítio arqueológico e, âo seu redot, havia pedras
menores indicando, aparentemente, as direções helíacas (Afonso, 1998: 1).
desse conjunto poderia ter sido
Os menires são o estágio cultural mais
prìmitivo e primário do megalitismo. Em
sua forma pura são antagônicos aos dól-
a de um calendário baseado no nascer helí-
mens, estes a forma mais complexa das dis-
aco do aglomerado das Plêiades.ttDiversas
posições em pedra:
perfície terrestre no instante do aparecimento
das Plêiades" (Beltrão e Afonso, 1998 (a):
99).
A função
sistemas de marcações pâra controle da es-
"O menir é certamente
o monumento megalítico mais puro e mais
simples; uma pedra bruta ou apenas retocada cravada no solo e que tende de modo
geral à forma de um fuso hregulzr" (Orens,
1978: 250). O encontro de monólitos (me-
tação agtícoIa. Estruturas monumentals or1-
nires isolados) no Brasil indica uma tendên-
entadas para essâ região estelar também são
cia iniciada desde os primórdios das comu-
encontfadas em diversas regiões do planeta
nidades pré-históricas, em realizar monu-
etnias da América e do mundo inteiro mar-
cavam o início do ano baseado nas Plêiades, assim como os grupos indígenas brasi-
leiros, cuja maior utilidade era desenvolver
@aiq,,197!
A
mentos que sejam reflexos de aspectos so-
420).
mesma equipe que pesquisou Monte
ciais e também práticos, ao serem utilizados
Alto igualmente havia identifìcado monóli-
como calendários. Recentemente, o estudo
tos orientados em Central @A) em 1996
e,
de estruturas sìmilares nn Afutru com gran-
anteflofmente, o prof. Germano Afonso
estudou uma estrutura similar em Salto Segredo fR). Consistem em megálitos com
os quatro lados talhados artifìcialmente e de
de antiguidade (Malville, 1998: 490) e de
orientações astronômicas em megálitos argentinos (Bravo, 1996: 25-29), permite contexã) hz^f esses estudos com os efefuados
maneira tosca, com larguras diferenciadas
em nosso país, efetivando a universalidade
e
orientados pafa os pontos cafdeais, com os
dos padrões megalíticos.
'oAs ruínas identificadas inicialmente por Teodoto Sampaio no local, poclem ser depósitos de salitre do séc.
XVIII, sem vinculação com os aLinhamentos. Pesquisas sistemáticas em arqueologia histórica elucidarão a
origem desses vestígios. Quanto aos blocos de pecìras alinhaclos, a alrura (cerca cìe 0,70m) e afastamento
(méclia de 2,50m) descartou plenamente a possibilidacìe de tajs blocos de pecìra terem sido utilizaclos ou
construidos para fins de cercamento e cuttal. A extensão do alinhamento, cerca de 1km, torna o conjunto o
maior jâ tegistrado no Brasil (Beltrão & Afonso, 1998(a): 95-96).
" O primeiro pesquisador a identifìcar possíveis correlações astronômicas na pté-hìstória brasi.leira foi Marcel
Homet, durante os anos 50 no estado de Roraima. Na Serra do Machado, encontrou umâ caverna com
petróglifos que considerou representações do sol, associadas com utnas funerárias. Próximo da entrada do
sítio, sinrava-se um monólito com dois petróglifos, semelhantes aos da caverna (Homet, 1959: 68).
98
Revislo de Arqueologio,
l0: 89-10ó, 1997
0 Megclitismo no Pré-[lislóric Brcsileilo
Apesar do eminente ceticismo dos acadêmicos brasileiro pâra com interpretações
"(...) a ruarcação
asrronômicas na Pré-his tótia,t2 diversas pesquisas apont^m Pata uma nova revisão do
sol
tema. Os vínculos do megaLitismo com a âr-
þ
queoastfonomia são antigostt e, fecentemente, aplica-se também essa perspecttva p^r^
^
intetpretação d^ arte ruPestfe. De maneira geral, as culturas ameríndias criavam calendâri-
os com fìns empíricos, relacionadas a funções coletivas de demarcar
o tempo:
de dias atmués daþroJeção das
¡onbras de uu bastã0, que se interþõe enlrc
e
o
una pedm, nada tetn de conþlexo oa ex-
traordinário (...) Nao uenas qøalquer raqão
ara
aceìtar- se rc/a ções n e tafísicas comp /exas
/igadas à at'te rilþe$ïe e releitar,
de
þronto,fin-
þmticas þara determinadas obras, que, se
intþ/icauart erl /l;/t/d contplexidade ruenta/, en-
çõe:
uo/uìaru oþerações sitnþles: reþetìmos, ob¡eruar
as sotnbras þrojetadas
þor am objeto e tnarcar a
þosição destas sornbras, ttada tem de conþÌìcado" (.leda, 1997: 160).
124
antropóloga Vilma Chiara, em recente trâb^lho, criricou as pesquisas cìe arqueoastronomia publìcadas no
Brasil. Concordâmos com a autorâ quanto à questão da interpretação clos vestígios de arte nþeslre. Torna-se
extremâmente complicado para o pesquisador estabelecer parâmetros de anáLise para categorias sìxtbólica¡ ¡elrr
sempre universais. Porém, a tespeito de cleterminaclos pontos metodológicos, â Írutora equivoca-se. Para
Chiara, as populaçòes ìncLígenas brasileiras não poderiam ter elaborado calendátios cle cìemarcação astTonômica
clo tempo, por serem "socieclades sem estado", e sua utilìzação implicarìa nâ Presença de uma fotma de escrita
(Chiara, 1998: 6). As pesquisas clemonstram que cliversas sociedades sent conhecinento de ucrita elaboraram
soFrsticaclos sistemas de cômputo do tempo na América clo sul e Brasil (Catlson, 1990:76,84; Dearbotn, 1998:
244; Afonso, 1998: 1). Na questão da relação subsistêncìa e clima, a pesquisadora declara que sua dematcação
não necessita de outros fatotes, além da óbvia oposição estação seca/chuvosa. A antropóloga Betta Ribeiro, ao
contrátio, demonstrou que os índios Desanâ utilizam urna quantidade maìor de estações, teguladas cLiretamente pelo sutgimento de constelações, estas determjnanclo o cic.lo econômico anual (Ribeiro,8., 1987: 35).
Chiara insiste na noção de padtões civilizatórios relacionados com conhecimento técnico - uma sociedade pata
elabotar calencìátios astronômicos tem necessâriâmente que crirr monumentos sofisticados, escrita, otgantz'ações políticas complexas, etc. (Chiara, 1998:6). Conruclo, civilìzações "superiores" como a inca cLesconheciam
a rocla e a escrita, mâs tinham necessiclade de realjzar clematcações asttonômicas como outras etnias consideradas "menos complexas". Sobre o tema da etnoâstronomiâ americana, ro contrário clo que aFtrma â autotâ
(Chiara, 1,998: 2), a bibliografia é extensa (vide anexos Batry, 1973: 423-451). Vilma Chiara também desconhece a metodologia da arqrcoaslranonia'. "A associtção entre a arqueologia e a astronomìa, c{e manejra nenhuma subtende ou sugere interdiscìplinaridade, pois cacìa especialistâ se âtém estrit^mente, ou deve se ater à sua
área cle conhecimento" (Chiara, 1998: 1). Em clássica sistematização, a antropóloga Elizabeth Bairy deFrne os
parâmetros modernos: "The interdisciplinaty study os archaeoastronomy, supplemented with the insights
rvhich a broader ethnoasLronomy can provide, afforc{s the possib.ility of a new dimension for archaeology upwatc{
while ethnoastronomy, looking within ideological strucrures, must aPPly the ancient cultic concept,
-
as above, so
belorv" (Bairy 1973: 418).
't Os estu.los â[queoâstronômicos são quase tão antigos quanto a arqueologia moderna Em 1740, o anriquátio
William Stukeley percebeu o alinhamento solar de Stonehenge; Jacaues de Cambry (1805) associou os
menires ao culto do sol; H. clu Cleuziou (1874) desenvolveu a teotia solsticjal dos megáL.itos; P Crossin
(1898) aprofunclou a reoria dos alinhamentos megaliticos equinociais. Os estuclos astronômicos aplicados à
arqueologia somente tiveram total credibiliclacle a pattir clo tespeitaclo J. Norman Lockyer. Ctiador da
revista Nature, pubLicou entre 1890 e 1906 pesquisas a tespeito c{a orientação dos monumentos egípcios e
megalíticos. Outra publicâção clássica a respeito fot L'Oienlatìon des rtíga/ithes fitntiraire¡ et /e utlte ¡olaire à
l'époqae tzígalìtbiqw (1912) de Marcel Bauclouin (Hicks, 1979: 46; Orens, 1918:216,282-283) A arqueoâstronom.ia megalítica tomâria grancles propotções acadêmicas e metoclológicas a pattir c{os célel¡tes estudos
dos especialistas Alexander Thom em 1.954-1912 e Ge¡ald Hawkins entre 1963-1'910 (Bait¡ 1'973: 389'
397; Hawkins, 1963; Thom, L973)'
Rwilo
de Arqueologio,
l0: 89'10ó,
1997
99
Longer
J
Outra confirmâção pârâ os estlrdos arqueoastronômicos nâ pré-história brasileira
são os registros de evidências etnográficas
-Arnapá ocorreraûì evidêncìas dos dois agru-
de nossos inclígenas, registradas há clécadas
pamentos, relacionados à mesma etnia inclí-
pelos ântropólogos e acadômicos.ra
gena (Nleggers, 1957; Prous, 1992). ELn ou-
circulos cle pcdta (cron/ec/ts) conccntra-se no
norte e norcleste do país. No estacìo do
trâs regìões da An-iética do Sul, a ocotl'ência
dc ct'oilthr/ts ó absoltrtrlltcnte suPef ior elrì
ó. iONCLUSAO:
PADROES COMPARAIIVOS DO
MEGALIIISMO BRASI
relação aos aìir-rhar-nentos retilíneos.
A sustentação dos blocos
LEI RO
megalíticos
brasilejros geraln-iente et;a tealtzada. direta-
Os registros megalíticos no Btasil correspondern ao panorallla observaclo em
no solo. Em alguns câsos, como no
Nlato Grosso e Rio Grande do Sul, estjve-
todo o continente. Especialmente na Amé-
ran-r apoiados em montículos de pedtas me-
tica cìo Sul, existem padrões de analogia
rnuito grandes que, sem evidenciartlos relações culturais diretas, demonstram paralelos tipológicos in-rportantes.
O prìmeiro padrão de compatação ó o
tamanho observaclo nos blocos cle pedra.
Corn ur¡a altura máxima de 2m e méclia cle
rrìente
11ores elrr sua base.
O menir central do crom-
lech cìo monte Roraima foi realizado taml¡ém corn
essâ
técnica (R-ibeiro, R., 1995: 38).
Os monólitos (rnenires isolaclos) registrados na Bahia e P¡:ø'nâ estâvâm associa-
dos a sítios cerâmicos, ambos com otien-
0,50cm, os megálitos brasjleiros se asselne-
tação astronômica (Beltrão & Afonso,
1998). O encontro cle monólitos é comur¡
lhan-i aos observados na América, não apre-
na Arnérica do Sul, geralmente situados em
sentando as dimensões colossais da Eutopa
Iocais elevados.
e Oceania. As construções monurnentais de
contraram blocos pré-incaicos isolados na
Ilha cla Páscoa
(Chile), Tiahuanaco (Bolívia) e La Venta
regìão cle Pajatén, apresenrando cada um
San Augustin (Colôn-rbia),
No Petu, arqr,reólogos
"cêrca de 1m30 de altura.
A
en-
base é qua-
o topo, em forma de lança
(Nléxico), são exchrídas dessa classifrcacão
drada e
crilrural, como já observamos.
arestas agudas" (Wood, 1967:1.5). Os pes-
O padrão de disposição mais ol¡servado no Brasrl é o alinhamento retilíneo,
ocotrendo no Rio Gtande do Sul, Mato
quisadotes comparatam esses monólitos
colrl âs intihuatana¡ e huacasl5 cle pedra, utili-
Grosso, Bahia e Amapá.
A
ocorrência de
com
zadas pelos incas para otientações solares
do solstício (Wood, 1961:
16).
taA etuoa¡fronottia pode ser defrnicìa como: "cìoscl¡' alliccl tcseatch fielcl rvbich merges astronom)/, textu^l
scholatship, ethnology, ancl tbe interpretation of ancient iconograplry for: the purpose of reconsttuctìng
lifes'ays, astronomical techniques, ancì rituals" @aiq,, 1973: 390). Uma das mais recentes aplicrçòes cìa
etno^sti:onornix americana foi o trabelho cle ìvlarsback sobre calenclários indígenas oitoccntistas (Nlarshak,
1985). Sobre o tema da etno^stronomiâ brasileira ver - Laraia, 1967; Coelho, 1983; Mourào, 1984,1991;
Ribeito, B., 1987; Afonso, 1998.
tt
A,
l,onro, etar.n locais sagrados, cle venetação relìgìosa, geralmente feitos dc pecìra ou macleira.
þoste
cle âmÍìrrâr
Cuzco, ou em elevaçòes como Nfachu Picchtr (Coe, 1991:198).
I
00
A inlilttnlata
o sol) era uma lrueca cìe peclta loca)izacla geralmente num centro utbano clefiniclo, como
Rwisto de Arqueologic,
l0:
B9-10ó, 199/
0 Megolilismo na Pré-llìstório Brosileiro
Não foram registradas no Brasil oco¡rências de atte rupestre - petróglìfos ou pinruras
-
realizados nos blocos dos conjuntos
megalíticos.16
No sítio
de Jacuí (Iì-io Grande
do Sul) o menir cenrral foi trabalhado, com
uma possivel imitação de forma humana
Rico), era um importante centro religioso
político da culrura Taino (1ü/illey,1971:
e
390).
Também apresentava funções cerimoniais o
centro megalítico Taino de Chacuey, na Repúblìca Dominicana (lVloyo, 1955: 44).lJm
(Brochado, 1969: 49). Em ourras âreas ar-
dos mais antigos monumefltos peruanos,
Queneto, foi interpretado pelos especialis-
queológicas, como na Argentina, as manifes-
tas como um duplo templo, construído com
(lucu-
grandes pedras e fileiras de lajes (Fraus, 1950:
man) os menires apfesentam, além de dese-
497). No complexo Alamito (Argentina), cír-
nhos e símbolos abstratos, rostos humanos
gravados no alto dos blocos. É um tipo de
culos de pedra eram utilizados para rituâis,
manifestação mais tara, ocorrendo nos me-
indígenas Ciénega (tVilley, 1971: 220). As
nires da Córsega e da Oceania. Evidenternente,
admiráveis apachetas (círculos de pedra) des-
megálìtos aproximam-se no conceito de
cobertas em grandes altitudes na Argentina,
tações attísticas são comuns. F;mTafí
esses
associados com plataformas cerimoniais dos
estánras-estelas, típica de culturas mais com-
associavam-se com ritos sacrifìciais incas e pré-
plexas, porém americanistas insistem em suas
incaicos (Schobinger,
diferenciações.r7
ras e alinhamentos de pedra da Guiana Fran-
197
5:
7 8-7
9).'t As fìgu-
Quanto aos aspectos funcionais do
cesa foram relacionadas com motivos sim-
megalitismo brasileiro, não foram descobertos megálitos no Brasil associados com res-
bólicos e mitológicos dos antigos indígenas
tos fúnebres ou com intenções funerárias,
da região QvIaziere,1997: 125). A mais completa escavação e esrudo no Brasil, em sítio
típicos no Chile (Encina, 1983:45),Argenti-
megalítico, foi realtzada por Evans e Meggers
na (Dougherqr,1972:20) e Colômbia (Coe,
1997: 167), todos com dólmens e menires
no An-iapá. Suas conclusões foram que o local era utilizado para fìns cerimoniais (À4e-
adaptados pata cãmaras mortuárias,
ggers
& Evans,
1,957:40).
A maioria das estruturas megalíticas ame-
Especìalistas contemporâneos em mega-
ricanas está relacionada com práticas religi-
litismo insistem na necessidade de perspecri-
O mais impressionante conjunto megalítico do Caribe, Capá (Porto
vas sociais no estudo funcional desses monu-
osas e sagradas.
mentos. Qual o seu papel e como eles foram
16O
pesquisador Luis Galdino teria encontrâdo petróglifos em um megálito
(Galdino, 1917: 39).
cle
Monte Alto @A) em 1911
ttEstudando
monólitos com figuras anttopomórfìcas na República Dominicana, o arqueólogo Emile Moya
diferenc.ia os mesmos das estátuas e íclolos típicos dos maias, astecas e incas: "consicleramos éstas cle
Chacuey, como monolitos columnares, piezo,s más bien comparables a los menhires neolíticos cle la vieja
Eutopa" (N'Ioya, 1955:
51).
'8,{ tegião norte cla Argentine possui e mlior concentração cìe centtos megalíticos clo continente, respectivamene nâs províncias de Salta, Tucuman e Catamatca. Também nessa região foi localizado o conjunto
megalítico mais alto do mundo, no r,'ulcão Antofalla (6,100m, Puna de Catamarca). Consiste em um
alinhâmento circular de pedra, disposto em volta cle um monólito verticaì âo centro (Schob.inger, 1975:78).
iiiì.:ii. l{) I L::tjÀ
RevisrodeÄrqueologio,l0:89-10ó,199/
l0l
7
Longer
J
uti-lizados, efetivamente, no funcionamento da
sociedade. Para Coün Renfrew, os megálitos
estabeleciam "coesão social", estimulando
a
unidade das comunidades. Sua edifìcação
duradoura era sentida como um "a[o simbólico", servindo como canâliz^ção àe
seios religiosos @enfrew, 1982: 133).
^n-
Outra tendência atraI, que complementa
essa pefsPectiva, são os estudos afqueoas-
tronômicos. Diversas pesquisas em inúmeras localidades
do mundo comprovaram
a
AGRADECIMENIOS
Agtadeço a co\aboraçào do prof. Getmano Bruno Afonso (IJFPR), pela orientação em arqueoastronomia brasileira; Luiz
Galdino (IHGSP), André Prous (UFMG),
Edithe Pereira (Vluseu Goeldi) e Pedro Funari (Unicamp) pelo envio de material; o
prof. Igor Chmyz (lJtrPR) pela consulta ao
acervo bibliogáFtco do Centro de Estudos
e Pesquisas Atqueológicas.
efetiva orientação astronômica de estruturas megalíticas. Essa tendência de orientar
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
determinado monumento, alé.m da óbvia
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Resta aos especialistas futuros a delir¡i-
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