Baixar este arquivo PDF - Revista de Arqueologia
Transcrição
Baixar este arquivo PDF - Revista de Arqueologia
ARTI GO pnÉ-HlstóRtA 0 MEGALIIISMo NA Johnni l-anger BRASTLETRA I RESUMO O presente artigo procura reconstituir os registros de evidências megalíticas no Brasil, contrastando aspectos imaginários e míticos com pesquisas arqueológicas. ABSTRACI The present article tries to reconstitute the registrations of megalithic evidences in Brazil, contrasting imaginary and mythical aspects with archae olo tDoøtorardo g ic al re s e arche s. en Hi:nlia pek Unitersadade Federal do Paraná. Endereço para cottespondência Cuxz Postd. 273 Curitiba - PR CEP:80001-970 FAX: (041) 336-9458 E-mail: sa tørn u s@n tp ar. com. br RevisÌo deArqueologia, ì0:89-10ó, ì997 89 / Langer J O MEGALITISMO NA PRE-HISIORIA BRASILEIRA Nesta iminente virada de mìlênio, abun- dante quantidade cle teorias preenchem o mercado literário, a respeito de temas vinculados à pré-história humana. Desde fantasias espcculltivas de origem cxtrxterrcstre, à interpretações místìcas de nossa vinculaçào t'aciaì com os tempos primitivos. O nosso país não se exclui dessa tendência, apresentando, há muitas décadas, difetentes versões de nossa história, seja colonizada por navegantes de origern fenícia e ceIta, atê a existência de antigas civilizações perdiclas. Uma das provas apresentadas pelos defensores dessas polêmicas históricas seriam vestígios de pedra enconttados pot todo o Brasil, em diferentes épocas. Seriam apenas fomações natufais ou, em alguns casos, realmente obra de culturas antigas? O tema clo megalitismo brasileiro está relacionado a di- vefsos mitos arqueológicos, como as cidades perdidas, mas também existem diversas pesc¡uisas ecadênricas que colnprovarn a exis- ffìente, as suâs forn-ias t-rão são precisas e a superfície não é poltda. A terminologia me- galitismo surgiu em 1867 na Europa @óchclete, 1924: 373) c, com o sucessivo desenvoh'ir¡ento das pesquisas arqueológicas, torllou-se O objetivo principal desse estudo ó pto- porcionar elementos bibliográficos para futuras pesquisas nessa temâttca. termo empregado para tos megalíticos: menir, alinhamento, crom- lech e dóL¡en. O nenir (Baixo Btetão nten - pedra e hir - longa) é uma pedra bruta artificiaLmente pou- co trabalhada, de fotma e altura variáveis, disposta verticâlmente no solo (Déchelete, 1924:375; Otens, 1978:11). Pode enconttarse isolada (nonólito) ou agrupada (alinhan-ren- to). O alinhamento colrstitui-se de uma sé- rie de menires dispostos em fila, por vezes retìIneâ, cujo n-iais famoso exemplo é o de Carnac na França. Os agupan-rentos citculares cle menires são denon-rinados nanleclt (Celta croltl tência dessa classificação cultural em nosso país. u111 o mundo inteiro. Tanto para o continente europeu cotr.to p^f^ Ásra, África e Polinésia, distinguem^ se quatro tipos específìcos de ltìonuffìen- - cûrv,^ e /eclt - peclra). O dóhmn (Baixo llretão - dol - mesa e nen pedra) são rnonumentos de pedra hori- zontais sustentâclos por dois ou n-iais blo- cos verticais ao plâno do nível de solo (Déchelete, 1.924: 375). Os autores clistin- I MEGALITISMO - guem os dóL¡ens simples, os colTì cotreTIPOLOGIA E PARAMEIROS Os denominados monumentos megali ticos (do gt:ego tl/egd - grande e lìtltot - pedra) são construções em rocha, geralmente de forr¡a tosca ou retalhada. Mas antes de tudo, signifìca "um conjunto determinado modo de de elementos culturais (..) "construção (Orens, 1.978: 10)". Generica- rO dores, os cle aléias cobertas e os com câmaras tumulares (Otens, 1978: 10). Os dólmens mais famosos são os cle Stonehenge (Inglaterrra) e New Grange QLlanda). Os rnonumentos megalíticos são registrâdos em todas as partes cìo mundo, real:zados por diferentes culturas e períodos, abran- gendo desde o neoìítico até o séc. XIX.r maìs anLigo centro megalÍtico foi localizado no norte africano, datado de 8.000 a.C. e com implicaçòes âstronômicâs (À.{alvi1le, 1 998: 488). 90 Revislo de Arqueologio, I 0: B9'l 0ó, I 997 0 Me00lilisn0 no Pré-Hislório Ercsileira O megalitisrno na América, apesar cle re- culates descobettos na Argentina, os alinha- gistrado, semPre sofreu severas ctíticas quan- mentos encontraclos no Brasil por Meggers to à sua presençâ, terminologia e difusão cul- e Evans, os centros megalíticos de Chon- nrral pelos especialistas. O americanistaJ. Im- tales Q\icarágua), Capá (Porto Rico), Chacu- belloni, por exemplo, questionâvâ o uso da terminologìa européia e1rr monurrìentos e ey (República Dominicana), L-ifernito (Co- evidências sul-ameticanas. Para ele, o uso cle nomenclaturas universais aplicadas em formas independentes e não hon.rogêneas, como a dos abotígenes latinos, era problen-rática (Imbelloni, 1956: 152-153). A maioria dos pesqu.isaclores, no entânto, acabou por seguir as reflexões do ac¿dêmico Canals Frau. En'r lômbia), Queneto e Sillustani @erú), Tafí, Tiu Cañada, Alatniro e Salta (Argentina). Er¡ nosso país, apesar cla escassa bibliografia sobre o temâ, a sisternatização realizada por r\nclté Prous para a produção arqueológica brasileira incluiu a tern-iinologia crolt/eclt para círculos de peclra em Nlinas Gerais, Bahia e Amapá (Prous, 1992: 31). su¿ sistematização, considerou a culrura me- galitica atnericana como senclo do período formativo, antecedendo as grandes civihz¡ções ameríndias (Ftau, 1950: 491-499). Recentemente, o atqueólogo Arie Boomert clas- siûcou os conjuntos megaLíticos clo nordeste dr Anlóricl do Sul enr scis categories: os agupârnentos de peclras afastadas; os cítculos cle peclras afastadas; as sin-rples pedras le\¡ântadas; as fìguras de pedras; as pilhas de peclras e os lrluros cle pedras (N4az-iere, 1997: 121). Essas duas últimas catcgotiâs são ptoblemáticas devido à intencionaLidade questionável desses conjuntos em alguns casos e, também, de possíveis origens histórico-coloniais cle al- guns rnuros cle pedras nas áreas cle ocorrência. De qualquer r-naneira, o registro de pilhas cle peclras em tútmulos e olttfas espécies de sítios arqueológicos neln sempre possuelr co- notação megalírica. Apesar clos vestígios andinos incaicos e 2 REGISTROS MEGALITIiOS NO BRASIL COLONIAL Um petíodo hisrórico complexo de examinat relatos dessa n^tsrez^, devido à perspectivâ eurocêntrica pre conizada pelo agente colonizador. O mais antigo relato aparecelr com o avenrureiro Anthony l(nivet, em 1597. Exploranclo a legião clo Rio de Janeito, indígenas o concluziram ao lu¡¡ar denominado Itaoca (casa de pedra): "(...) bloco rnaciço de pedta, do potte cìe quatfo grandes canl'rões, repousando no solo sôbre quatro seixos como calços, pouco maiores que urr dedo l-iumano" (I(nivet, 1947). Ainda próxirno deste local foram encontradas n-iarcas de pés humanos, que os indígenas tan-ibén-r associaram col1l o mito do deus Znlti, o ctviltza- dor dos "selvagens". Em 1615 o padre Ivo D'Euvreux con-ìen- das estátuas da Ilha cle Páscoa e Tiahuanaco tou a existência de altares serem colocados nur¡a categorìa inclependen- a petr'óghfos. Os indígenas, mais uma vcz, crc- en-r pedra em n-ieio te do n-regalitismo, emprega-se a terminolo- clitaram a seus heróis rníticos â âutoria desse Ar- gta pana^ as áreas culrur¿r-is pré-incaicas da e local @'Evreux,1929). O r¡ais famoso relato colonial, que pos- Amédca Central. Os mais expressivos exem- sui similaridades com os dois anteriores, é o plos são as apachetas de Elias Herckn-ian. Futuro governador da gendna, Chile, norre da América do Sul - aLinhamentos cir- RevislodeArqueologia,l0:89-10ó,199/ 9ì / Longer J Paraíba holandesa, chefiava uma expedição pelos sertões de Cupaoba (Pernarnbuco), quando encontrou exóticos monumentos: "(...) daas pedras de tnoin/to, perfeitauente rcdondas e de estupendo tattanho. de dìâtnetro (..) No gande coitas, não rte será Mediant 16 pés ignorância duta¡ facil diryr con qrc fnt as teiam alí amonÍoado as bárbaras (..,) Vimnt tras (...) uma lapa de peclra tedonda á maneita cle uma mó de ferreiro, do tamanho de uma rodeira de carro, deitada sobre outras pedras" ( Menezes, 1887: 244-45). Certamente todas as desctições anteriores ao oi- tocentos, referentes a vestígios arqueológicos, servem pâra pefcebermos as diversas concepções culturais que a pté-história pas- oatra ue7¡þedras de devlesuruda grande7a, atton- sou até nossa época atual. Misto de enga- toada.rpela não do hotnent, quaisþossae tantbém nos, acertos e fantasias, o conhecimento clos na Ho/anda a regìão de Drent (.,.) dms parecian-se na þrrua A: tai: pe- com altarvs" (Bar- laerc, / 980: 225), Os relatos de D'Euvreux, I(nivet, e FIerckmann são questionáveis quanto à autoria humana desses vestígios em pedra. Não fo- ram confìrmadas até hoje, pela arqueologia tempos passados também proporcionou muitos mìtos que resistem ao tempo, bem como valiosas informações empíricas, qlÌe não podem passâr despercebidas. 3 MEGALIiISMO NO BRASIL OITOCENIISIA brasileira, estruturas megaìíticas de grande Com o advento da arqueologia no Brasil porte, no caso dos dois ultimos cÍonistas, de )tar para o desconhecido faciLitando, dessa p^ttir de 1840, e sua sistemattzação nas décadas seguintes, o megalitismo torna-se uma possibilidacle não pela verificação empírica, mas pela propagação de diversos mitos arqueológicos (Langer, 1997þ): maneira, a conquista e 117). Esses mitos, de cunho nacionaLista dólnens. Famlharizados com uma pré-história eufopéiâ colossal, os aventureifos podem tef transferido esquemas de representação fami- ^ colorização. Ainda no período colonial (1806), temos do padre Ftancisco Menezes, mais fìdedígnas quanto à estrurura de seus relatos. Em sua obra Lamentação Brasílica, fez um regisrro de 274 locais onde apaas descrições reciam evidências de arte fupestre, cons.ide- rado o mais importante documento arque- ológico do período (Souza, 1991: 54). Associadas a esses petróglifos e pinruras descreveu formações de pedra: "(...) uma car- reira de pedras grandes, redondas, que estão todas em linha, dividrdas umas das ou- ^ e civilizatório, propunham uma concepçào difusionista das culturas ameríndias - originadas do suposto contato com civilizações européias, como a dos fenícios e vikings (Frost, 1993), ou declínio culturâl - os aborígenes constituìram uma civjlização avançada e depois decairam.2 Inúmeros histotiadores e arqueólogos brasileiros deste período erâm partidários dessas concepções. Um exemplo do alcance internacional dessas teorias foi a publicação do mais influente e famoso estudo da arqueo- 2--. - Mitos civilizatórios na pré-história são atualmente muito estudados no oc.idente, principalmente a cidade perdida de Zknbawe @each, 1998), bem como as implicações poJíticas clesses mitos nas sociedades (-ima, 1988; Harke, 1998). 92 Revislo de Arqueologic, I 0: 89-l 0ó, I 997 0 filegolilismo no Plé-Histólio Blosileiro logia americana do séc. XIX LAaériqaepráhìr de carnis depierres Escrito pelo marquês de Nadaillac, confirmava os relatos coloniais de antigos monumentos no Brasil: tonqae. qa'on a aþþortées /à, íuìdem- ment, toilt exprès" (Coadreau, /887:75/. O antropólogo ainda aflexou duas ilus- trações dos menires, pelas quais percebe-se 'ïJerckmann, enuolé dans /'intáriear de uince de Pernambaco Siegen, darant par /e þro- um nítido alinhamento destes, bem como prince de Na¡saa- sua evidente artifìcialidade, em meio a bases la donination la hollandaise, slg- nalaìt deux þieres þefaitenent rondes, donl la plus grande mesøraìt :ei7e þieds de diánetre, cée¡ þla- /'une ¡ar I'auhe. Cbtait /rí ane de ce¡ con¡- tracûons, qui marquent lb{anæ de /'añ dan¡ formadas por montículos de pedras menores. O tamanho e a estruntra dos megalitos é pertinente com a registrada nos parâmetros da atualidade. toate¡ les ¡ociehis" (\adai//ac, 1885: 471 ). O renomado especialista não confirmou o relato por pesquisas de campo, atribuindo o controvertido vestígio umz- cultura ancestral e mais civilizada que ^ a indígena. Esse procedimento não foi típico do período, a exemplo do único registro confìável que temos até o séc. XX. Realizando pesquisas ernográficas no Xingú, o antropólogo francês Henri Coudreau encontrou artefatos líticos e pinturas pré-históricas. Na área de Cachoeira Comprida, em meio a um riacho, defrontou formações arrifìciais de pedra: "Ces ritranges Menhirs ou þierres /euée¡ du Xin- gtí, au nombre de haìt, ont actue//eøent cbacan de 1m. à 1nt.50 at-de¡¡us de¡ eailx mlJennes de /'étiage; aux &rzsîes eaax ì/s doiuent ètre tots aa þnd. Ces étrangu éuidemment aax þieres Menhir¡ empruntés de la riuière, par qui ont-il¡ été dre¡sé¡? Les Jurunas les disent lrès ancienncs, remonlanÍ Ce qui achèue t à ane origine inconnae. 4. EVIDÊNCIAS MEGALíIICAS NO SÉC XX No início deste século, o geógrafo Alfredo Brandão encontrou evidências monumentais no estado de Alagoas. Membro do Instiruto Arqueológico e Geográfìco Alagoano, possuia vasta experiência em registros arqueológicos, a partir da qual publicava descrições analíticas na revista do mesmo instituto. Entre os supostos monumentos encontrados, merece destaque o do sitio Sapucaia, no engenho Bom Jesus: "(...) parece ser um cromleck - trata-se de um circulo formado de pedras brutas implantadas verticalmente flo solo" (Brandão, 1937: 252). Uma das características que concede credibilidade a seu relato é perceber a diferença entre estruturas coloniais históricas com os vestígios observados: "(...) o. cromlecks, ou círculos de pedras brutas. Especialmente no þrouuer le uoalu de lear érecti- sertão, é preciso disungui-los dos curraes de on, c'est qu'i/s Je trzltuent tltlJ p/acés aa mi/ieu pedra, que pertencem a época anal" (253). de "Ert., estranhos menites ou pedras levantadas do Xingu, em número cle oito estão, no momenro, a um metro ou um metro e meio acima das águas méd.ias das vazântes; nas cheias devem ficar todos emersos. Estranhos menires, feitos evidentemente com pedras do próprio rio, por quem terão sido etguidos? Os Jurunas dizem que são muito antigos, ¡emontando a uma orìgem desconl-recida. A prova clefìnitiva de que foram erigidos com uma intenção determinacla é que se encontram todos colocados no meio de quadrados cle pedras, que Foram para lá levadas de propósito, evidentemente" (Coudreau, 1,977: 70), RevilodeArqueologio,l0:89-10ó.1997 93 Langer re J O primeiro acadêmico a efetivâmente râm encontraclos seis blocos alinhaclos cir- \lzar. escavações sistemáticas em um con- cularmente em umâ elevação natural. Como não foi clescoberto nenhum vestí- junto megalítico brasileiro foi Curt Nimuendajú. Seus trabalhos na região amazônica entre 1,922 e 1,921 foram publicados em Stutgart, sob o rírulo .lnzifT.ige in No sítioJosé Antônio, curso infetior do rio Cunani (notte clo Amapá), en- Aruaqonien. controu ul]1 extenso alinhamento de pedras não polidas, erigiclas intencionalmente (I-inné, 1928:77). Neste sítio, teriam ainda per- manecido 150 blocos verticais susrentados por outros meflores> por vezes apoiaclos um no outro, e que forrnan-r uma dupla Linha, cotrendo paralelamente o rio Calçoene. O rnaior bloco do conjunto rnedia 2x0,1x0,25m, tendo seu peso avaliado em 600kg. Devido ao f,Ìto de não enconrrarelr-t-se sìgnificativos vestígios cerâmicos e líticos, e as pedras terem sido cleslocadas de grandes disrâncias, Nirnuendaju acreditava que estes alinhamentos teriam ligações corn práticas religiosas, sendo o sítio um local sagr:ado. No mesmo estado, porérn mais ao sul, os arqueólogos norte-americanos Clifford Evans e Betty Meggers encontrâram alinha- mentos semelhantes. No sítio Aurora (região do rio Flexal), existiar¡ blocos de granito com tar¡anhos variáveis e raspaclos asperamente. Devido à ação cle caçadores de tesouros, a posição original e o número exato das pedras não pôde ser reconstituído. Em outro sítio, Ilha da Fortaleza, fo- gio de urna nem sepultamento, os arqueólogos concluíran-i que o sítio: "(...) was used of rvorship ot cetemonial gatheting" (Meggers & Evans,1957:40), con- as â place cordanclo con-i Nimuendaju quanto à hna- lidade dos megalitos encontrados por ele. Quanto âos autofes dos monumentos pétteos, setiam indígenas da fase Aruã, a mais ^ntig^ ^ 1992: ocupâr o espaço anazõntco (Prous, 496).4 Ainda flo norte do Brasil foram registradas ocorrências de figuras de pedra, no estaclo do Pará. O etnógrafo alernão Manfred Rauschert-Alenani encontrou em 1970, nas nâ.scentes do rio Citaré: "fìguras compostas de linhas longas de peda- ços cle pedra soltos, colocados sôbre o planrlto rochoso. llá, outrossirn, peqLLenas figuras de animais e urr.râ figura humana feìta com â ûìeslna técnica" (Rauschert-Alenar-ri, 1 970: 531).5 No sul cla Guiana Francesa tambén-r foram registraclas frguras de pedra, corr cerca de 1Ocm de altura, representando for- mas animais e humanas. Uma das únicas áreas cncontredas ern nosso contincntc com tal ocorrência são os geogltfos chilenos e do Petu (lrJazca) mas, devido à sua natûteza funcional, são tratados pelos especialistas regionais como manifestações de arte rupestre, e não como conjuntos u Os mesmos pesquisacìores citatr registros cle aLinhamentos ne Guiana lnglesa, clue não foram encontraclos pessoalmente por eles (I4egqcrs & Evans, 1960: 300). s A presente bibliografia, bem como os estucìos sobre fìguras cle pecìra na Gniena FLancesa, Foram gentilmente forneciclos pela arclueóloga Eclithe Pereita (Museu Goeldi, pará). 94 Revilo de Arqueoloçia, l0r 89-10ó, 199/ 0 Meg0lilism0 na Pré-llistória Brosileira megalíticos.6De igual modo, na Gniana Francesa ocorrel¡ alinhatnentos letilíneos, o r¡ais importante com 287 blocos à uua clistância de 65 lnetros (Nlaztete, 1997: 121), e citculares, colTl cercâ de três metros (Flurault,l'963:164). A distinção con'r a maioria dos alinharnentos megalíticos americânos é que a altura de cada pedra não ultrapassa 12cm, não constituindo, POf Rio Grancle do Sul, o arqueóìogo José Proença Btopaís, chado também encontrorÌ vestígios megalíticos durante pesquisas em1967-68. No vale dos tios Ijuí eJacuí, numa pequenâ encosta, foram encontrados: e 215 cnt de tahnenle aþaiados sôbte pedns de ntelo:s. O fgna buco, onde "um deles forma um círculo com 40-60 cm cle alrura, enquanto o outro dese- nha uma linha quebracla irregular" (Prous, 1992: 354). Ern Roraima, o explorador Mar- can- tência de alinhamentos na região do rìo Suru- otien- mu, que podern ser confìrmadas ou não em ¡iltehia a/i- þdild 0 îefih'l do conjunlo uill Pl:te de l.¡a¡aha de a/tum, gv.ç:eiruuette conþntta- a constatou diversos alinhatnentos em Pernam- Uma equipe do lVluseu Goeldi realizou pesquisas neste estado e foi informada cla exis- nhado /este-oe.rÍe, acotttþanhanlo o dccliue. Out- do de nnneira arqueólogo Marcos Galindo Lima (IJFPE) durante os ânos 50 (Homet, 1959: 12, 68). þd oa hoùqott- tados norle-.rr/, czul 0 .ielt eixo de 2u lates de pedra associadas a machados e cerâ- at junto (...) aþru:enta uátios alinhattenlo¡ nediudo universitátios encontratâm forrnações circu- utelirdo en- cottþtiannto þor 26 a 60 de /argrrra, estit.terant co/ocados Em outras regiões no llrasil foram registrtdos tou/eclts.Em Pompeu (N4inas Gerais), cel Flornet registrou ocorrências megalíticas "do7g /ages de basalto rclang,nlate.r, trc 50 gern patagônica. rnica da ttadição Äratu (Prous,1.992 352). O tanto> menlres. No extremo oposto do de túmulos de pedra ptóximos, taml¡ér¡ alinhaclos leste-oeste, com aberruras voltadas para oeste.t O arqueólogo Brochado associou esses vestígios a ttadições de ori- reþreJentdr Plssìue/tnenle una hutttana" (Brucltado, /969: 49-50). outrâs etapas de investigação desse grupo (I{t- beiro, P., 1987 43). Recentemente, próxirno à l¡ase do monte Roraima, exploradores fotografaram um cromlech atribuíclo aos jndû os Pémons (Itrbeiro, R., 1995: 38-39). Pesquisadores amaclores e aventureiros Percebe-se a nítida orientação astronô- das mais diversas épocas relatam â ocorrên- mica do conjunto, reforçada pelo encontto cia de estnrtutas megaìíticas compiexâs em 6 Parr a espccialista Susana Monzon, vários geoglifos clo Chile e Peru são traçacìos cotn motit'os geométticos c natutalìstas, constituindo "l'accumnlation cìe pierres de pet.ite climension dc coulenr plus foncée que celle clu sol, ainsi que le netto¡'age et I'extraction des cailloux dans les tettains pierrcux" (Monzon, 1987: 99). Os geoglìlos de Nazca são recentemente apontaclos como calcncìátios (Aveni, 1986:35). Segundo All¡edo de Souza, alguns geoglilos também são rcaljzacìos por âmontoamento de seixos (Souza, 1997: 59). Iixìstem ainda, na América clo Norte, as chamaclas "Medicine \X/heels", realizaclas há alguns séculos por incltgenas, consdrr"rinclo-se em alinl¡amentos de pecìras e peguenos blocos rochosos cle lorma citcular', também com intenções astronômicas @,dd¡', 1977: 140). t No Rio Grande c1o Sul foram registrados aìnda cotpos junto a nrontículos e pecìras (ttadição Taquara), entetrados estend.icìos de costas com o crâneo voltado pârâ o n^scente ou Poente (Ribeìro, P.,1'971: 46). Muitos atqueólogos também encontraram crâneos e esclueletos em samba<1uis com o eixo orientaclo para pontos cle interesse astronômico, como o Leste (?tous, 1992: 211), Revilo de Arqueologia, I 0, 89-l 0ó, ì 99/ 95 7 Lcnger J. ções geológicas naturais tomadas como exemplo de cidade perdida, devido à sua relaçào colr o tema mítico das civilìzações dólmens, sendo estes monumentos até hoje que tetiam existido nas terras brasílicas. nosso país. Geralmente tratâm-se de forma- não comprovados no Brasil (Souza, 1.997 45). Os autores das descobertas creditam berta Teodoro Sampaio estava rcalizando geralmente aos celtas a origem desses su- trabalhos de exploração geogrâfica pelo in- postos monumentos. Âqui evidenciamos considerados obras dos bárbatos gauleses. terior da Bahra, procurando desmistificar nossa pré-história. Entre os acadêmicos do império, a existência de antigas civilizações adiantadas erâ um tema fecorrente. A fa- Sobrevivendo no academismo até fìns do mosa cidade perdida da Bahia, buscada in- oitocentos, quando verificou-se que os mo- cessantemente por especialistas do Instiruto numentos pétreos eram obras de culturas muito mais antigas, o mito celta demonstra Histórico e Geográltco Brasjleiro desde a constfução de ideais nacionaListas, procu- de nome da arqueologia brasileira dessa épo- rando vincular a pré-história corrr um passado civilizado e glorioso, jusrificando o pre- ca, Ladislau Netto. continuidade de um mito iniciado no a séc. X\alI,8 peio qual os megalitos europeus eram sente político @emoulle, 1.982 7 44; Lrm4 1988: 20). Isto não impediu a populariza- ção da antiga teoria na literatura, cinema e cultura de massa: os famosos alinhamentos de Carnac e Stonehenge são creditados muitas vezes, atê. em obras didáticas, aos ou- sados celtas, desconsiderando pesquisas ar- queológicas que os vinculan-r ao período neolítico eLrropeu, de 4.000 a 1.800 a.C. @.en- frew,1983: 128). 5. 0 ALTNHAMENT0 DE MONTE ALr0 (BA) Os mais famosos e polêmicos megálitos brasileiro, situados no sudoeste da Bahia, foram descobertos em 1879 pelo engenhei- ro Teodoro Sampaio. Muitos autores em nosso século tÍatar^m o local como um 8 Cutiosamente, no momento da desco- 1840, era defendida até mesmo pelo gran- O IHGB e o Museu Nacional procurâvam demonstrar a idéia de um passado nacional "civlltzado", uma alternativa à nossa singela e primitiva pré-história Q,anger, 1997 (a): 81 -1 08). Ao final do período imperial, Teodoro Sampaio encontrou formações geológicas l¿izarras associaclas com pinturas rupestres na Serra do Sincorá (BA), um dos locais presumíveis da fantástica urbe esquecida. Para este pesquisador, trâtava-se do próprio sítio que deu origem ao mito (Sampaio, 1931: 234). A divulgação dessa descoberta efltre os especialistas foi uma das iniciativas que tfatafiam de deslocar o tema das discussões acadêmicas da arqueologia p^1i^ cultura populat. Porém, ao final de ^ sua expedição, tambérn encontrou próximo à cidade de Monte Alto algumas ruínas e um extenso alinhamento de pedra, que não soube esclarecer neste período. O primeiro a associar os megaLitos com os celtas foi o antiquárìo John Aubtey (1626-1697), em seu livro a,creditlt que os círculos de pedta btìtânicos eram templos clruíclicos, uma idéia que acabou por influenciar a litetatuta e a poesia romântica posteriot. A imagem-estereótìpo de Stonehenge, Montmenta Britannica. Aubtey por exemplo, associada a cultos pagãos de sactifício humano é herdeira direta desse períoclo ìntelectual. 9ó Rwisto de Arqueologìa, l0:89-10ó, 199/ 0 Megolitisnro nc Pré-Histrjrio Brcsilejro Como pretendia desmistificar o panoramâ quanto antes, ser devidamente estudaclos,' etnogtáftco brasileiro e não criar ourras dis- (Pereira cussões, ornitiu esta descoberta até. 1,922. Ao organizat o verbete sobre arqueologia na importante publcação do centenário O próxin-io acadêmico a visitar Montc Alto foi novâmente un-r engenheilo, FIeman Il-use, em 1940. Realizou rrabalhos ropo- ptornoviclo pelo IFIGB, descreveu: gráfìcos e forneceu algurnas referências so- 'Elt Mante A/Í0, no /ogar chartalo Nacbo io da.r Ponta.r, uertente do ltilr/ ltetro I/e rde Gtande, há, e nteio de a/tura, '21 s p c d r a.r nt erÌ e tu, aþ /olteh-0, e sob þroxilto, ìe alti.gas sa, a.r raìnas toscas, aþultas de.rla¡ Igtora-se ainda ltaje a tlta g'anles orþtt un ki- roxilt a I a tu n le, / x2 x6 sãar\tcalasþor eles dois þalnas dentn da Íen alt enla/lte naþarÍe suþeri- or À4, eu ulo þonlo inÍetior corrc a lil/ta da ruirn (...) A.r pcrlra.r sc ac/tant frcalas elt listância.r i.gttaìs, de cerca de 7 fedra.r 4afuos, aþuttas caíralt e oatra.r desaþarecerutt (...) Não dilten.ções. de¡.ra.ç e tena. Todo¡ esþ/atada rocho- consturcçõe.r ìe de þaltnoq fncadas eqri- distantet, de:enuohtendo-se por cerca le 1944: 60) bte o local: cdluþo) extclso a/inha¡uenlo dc peìta.r de cerca de J4 uilas" ìndtbiÍauehuenfe, (9aupaio, / 922: 848). ìe se h'a/a, una cerca de can'a/" (lvIon- ta, / 996: 25-26). Apesat da teputação de Sampaio, a des- coberta foi recebida com muira flvolidade entte os estudiosos. Angl'6¡s Costa, por exemplo, na primeira publicação especi- Infelizmente seu trâbâlho permaneceu inédito, sendo parciahrente descrito recen- 936), co- temente por seu colega de topografla, Waldel¡ar Moura Nlonte Ako novan-rente seria populari- rneslïrír categoria quc zada em 1971, quando foi reclescoberta pelo outros locais fantasiosos, como Vila Velha pesquisador Luis Galdino. Em diversos artlgos pâra tev'stâs e jornais, forneceu foto, alizada em arqueologia no Brasil locou Monte Alto nl (1 (PR) e as conhecidas Sete Cidades do Piauí (Costa, 1980, 9B).eEsse preconceito ideológico se deve, em pârte, ao impacto ainda gtafìas e descrìções do inttiganre local: "(...) O a/ittbatteulo ne/ltot' can.¡enado ie¡en- Ptesente nesta época dos antigos mitos oi- ru/te-.çe tocentistas em nosso colltinente. Uma das taras exceções foi o pesquisador Anthero esse procedimento clos Alto na Lista tiat/to da: ncarlos :e þrct/ctttga rlms to.çcas. Os uaìotes alingcn 'l ,50a4 enqtran- t0 0r il/ettztvi estào .reui-seþu/tados no brejo" (Calrlino, 1977: )9). acaclôr.r.ricos prosseguiu ça cle Souza, ao ìncluir no\/amente À'Ionte ìo þ0r fttca de 600 neho.r. Ol ttat'cos de þcdm são hmnÍado: a esþaços de ) ntetro.ç. .lãtt ba.rtanle tnles, consliÍu1do.r ìe þe- f Arquivo Municipal de São Paulo, alertava P^f^ ^ verifìcação in /oco dos vestígios ern questão: "aqui fìca o que sabemos de maior sôbre tais alinhamentos, que devem, Na tealiclacle, /ottgo Ponla.r (...) O lenicírulo þrntado þc/os þìlater PereiraJr. Em um artigo p^r^^ Revista clo t elt ¡euìcírut/c, ao ltó nossos c1ias, conro cìemonsffotr ¡\llreclo À,Icnclon- clas cidades petcüclas brasilejras (Sotrza, 1991: 77). Por sua \¡ez, Ancìté Prous clernonstrou ullr catninho invcrso, ¿o insisúr na necessicìade cle se ,-etom;rr textos xntigos, entiquecenclo a tìpologia biblìográfica do arclueólogo @rous, 1992: 55) Um dos mais recentcs exempkrs cla utilizaçào de crônicas e relatos históticos na ar:queoJogia brasileirl foi o excelente traballro cle lldithe Pereira para com os regjstros rupestres do Pará (?ercira, 1993). Revisln de Árqueologio, I 0: B9,l 0ó, I 99i 9/ / Longer J Através das informações publicadas por Galdino uma equipe do Museu Nacional e Universidade Federal do Paraná. desenvolveu pesquisas no local em 1996. Confirman- do a sua origem indígena,lO os especialistas chegaram à conclusão de que o alinhamento seria "a projeção vertical do céu na su- lados mais estreitos voltados p^r^ leste-oeste (Beltrão ^ direção & Afonso, 1998 (b)). O monólito de Segredo - com cerca de 1,70m de altura - estava associado a um sítio arqueológico e, âo seu redot, havia pedras menores indicando, aparentemente, as direções helíacas (Afonso, 1998: 1). desse conjunto poderia ter sido Os menires são o estágio cultural mais prìmitivo e primário do megalitismo. Em sua forma pura são antagônicos aos dól- a de um calendário baseado no nascer helí- mens, estes a forma mais complexa das dis- aco do aglomerado das Plêiades.ttDiversas posições em pedra: perfície terrestre no instante do aparecimento das Plêiades" (Beltrão e Afonso, 1998 (a): 99). A função sistemas de marcações pâra controle da es- "O menir é certamente o monumento megalítico mais puro e mais simples; uma pedra bruta ou apenas retocada cravada no solo e que tende de modo geral à forma de um fuso hregulzr" (Orens, 1978: 250). O encontro de monólitos (me- tação agtícoIa. Estruturas monumentals or1- nires isolados) no Brasil indica uma tendên- entadas para essâ região estelar também são cia iniciada desde os primórdios das comu- encontfadas em diversas regiões do planeta nidades pré-históricas, em realizar monu- etnias da América e do mundo inteiro mar- cavam o início do ano baseado nas Plêiades, assim como os grupos indígenas brasi- leiros, cuja maior utilidade era desenvolver @aiq,,197! A mentos que sejam reflexos de aspectos so- 420). mesma equipe que pesquisou Monte ciais e também práticos, ao serem utilizados Alto igualmente havia identifìcado monóli- como calendários. Recentemente, o estudo tos orientados em Central @A) em 1996 e, de estruturas sìmilares nn Afutru com gran- anteflofmente, o prof. Germano Afonso estudou uma estrutura similar em Salto Segredo fR). Consistem em megálitos com os quatro lados talhados artifìcialmente e de de antiguidade (Malville, 1998: 490) e de orientações astronômicas em megálitos argentinos (Bravo, 1996: 25-29), permite contexã) hz^f esses estudos com os efefuados maneira tosca, com larguras diferenciadas em nosso país, efetivando a universalidade e orientados pafa os pontos cafdeais, com os dos padrões megalíticos. 'oAs ruínas identificadas inicialmente por Teodoto Sampaio no local, poclem ser depósitos de salitre do séc. XVIII, sem vinculação com os aLinhamentos. Pesquisas sistemáticas em arqueologia histórica elucidarão a origem desses vestígios. Quanto aos blocos de pecìras alinhaclos, a alrura (cerca cìe 0,70m) e afastamento (méclia de 2,50m) descartou plenamente a possibilidacìe de tajs blocos de pecìra terem sido utilizaclos ou construidos para fins de cercamento e cuttal. A extensão do alinhamento, cerca de 1km, torna o conjunto o maior jâ tegistrado no Brasil (Beltrão & Afonso, 1998(a): 95-96). " O primeiro pesquisador a identifìcar possíveis correlações astronômicas na pté-hìstória brasi.leira foi Marcel Homet, durante os anos 50 no estado de Roraima. Na Serra do Machado, encontrou umâ caverna com petróglifos que considerou representações do sol, associadas com utnas funerárias. Próximo da entrada do sítio, sinrava-se um monólito com dois petróglifos, semelhantes aos da caverna (Homet, 1959: 68). 98 Revislo de Arqueologio, l0: 89-10ó, 1997 0 Megclitismo no Pré-[lislóric Brcsileilo Apesar do eminente ceticismo dos acadêmicos brasileiro pâra com interpretações "(...) a ruarcação asrronômicas na Pré-his tótia,t2 diversas pesquisas apont^m Pata uma nova revisão do sol tema. Os vínculos do megaLitismo com a âr- þ queoastfonomia são antigostt e, fecentemente, aplica-se também essa perspecttva p^r^ ^ intetpretação d^ arte ruPestfe. De maneira geral, as culturas ameríndias criavam calendâri- os com fìns empíricos, relacionadas a funções coletivas de demarcar o tempo: de dias atmués daþroJeção das ¡onbras de uu bastã0, que se interþõe enlrc e o una pedm, nada tetn de conþlexo oa ex- traordinário (...) Nao uenas qøalquer raqão ara aceìtar- se rc/a ções n e tafísicas comp /exas /igadas à at'te rilþe$ïe e releitar, de þronto,fin- þmticas þara determinadas obras, que, se intþ/icauart erl /l;/t/d contplexidade ruenta/, en- çõe: uo/uìaru oþerações sitnþles: reþetìmos, ob¡eruar as sotnbras þrojetadas þor am objeto e tnarcar a þosição destas sornbras, ttada tem de conþÌìcado" (.leda, 1997: 160). 124 antropóloga Vilma Chiara, em recente trâb^lho, criricou as pesquisas cìe arqueoastronomia publìcadas no Brasil. Concordâmos com a autorâ quanto à questão da interpretação clos vestígios de arte nþeslre. Torna-se extremâmente complicado para o pesquisador estabelecer parâmetros de anáLise para categorias sìxtbólica¡ ¡elrr sempre universais. Porém, a tespeito de cleterminaclos pontos metodológicos, â Írutora equivoca-se. Para Chiara, as populaçòes ìncLígenas brasileiras não poderiam ter elaborado calendátios cle cìemarcação astTonômica clo tempo, por serem "socieclades sem estado", e sua utilìzação implicarìa nâ Presença de uma fotma de escrita (Chiara, 1998: 6). As pesquisas clemonstram que cliversas sociedades sent conhecinento de ucrita elaboraram soFrsticaclos sistemas de cômputo do tempo na América clo sul e Brasil (Catlson, 1990:76,84; Dearbotn, 1998: 244; Afonso, 1998: 1). Na questão da relação subsistêncìa e clima, a pesquisadora declara que sua dematcação não necessita de outros fatotes, além da óbvia oposição estação seca/chuvosa. A antropóloga Betta Ribeiro, ao contrátio, demonstrou que os índios Desanâ utilizam urna quantidade maìor de estações, teguladas cLiretamente pelo sutgimento de constelações, estas determjnanclo o cic.lo econômico anual (Ribeiro,8., 1987: 35). Chiara insiste na noção de padtões civilizatórios relacionados com conhecimento técnico - uma sociedade pata elabotar calencìátios astronômicos tem necessâriâmente que crirr monumentos sofisticados, escrita, otgantz'ações políticas complexas, etc. (Chiara, 1998:6). Conruclo, civilìzações "superiores" como a inca cLesconheciam a rocla e a escrita, mâs tinham necessiclade de realjzar clematcações asttonômicas como outras etnias consideradas "menos complexas". Sobre o tema da etnoâstronomiâ americana, ro contrário clo que aFtrma â autotâ (Chiara, 1,998: 2), a bibliografia é extensa (vide anexos Batry, 1973: 423-451). Vilma Chiara também desconhece a metodologia da arqrcoaslranonia'. "A associtção entre a arqueologia e a astronomìa, c{e manejra nenhuma subtende ou sugere interdiscìplinaridade, pois cacìa especialistâ se âtém estrit^mente, ou deve se ater à sua área cle conhecimento" (Chiara, 1998: 1). Em clássica sistematização, a antropóloga Elizabeth Bairy deFrne os parâmetros modernos: "The interdisciplinaty study os archaeoastronomy, supplemented with the insights rvhich a broader ethnoasLronomy can provide, afforc{s the possib.ility of a new dimension for archaeology upwatc{ while ethnoastronomy, looking within ideological strucrures, must aPPly the ancient cultic concept, - as above, so belorv" (Bairy 1973: 418). 't Os estu.los â[queoâstronômicos são quase tão antigos quanto a arqueologia moderna Em 1740, o anriquátio William Stukeley percebeu o alinhamento solar de Stonehenge; Jacaues de Cambry (1805) associou os menires ao culto do sol; H. clu Cleuziou (1874) desenvolveu a teotia solsticjal dos megáL.itos; P Crossin (1898) aprofunclou a reoria dos alinhamentos megaliticos equinociais. Os estuclos astronômicos aplicados à arqueologia somente tiveram total credibiliclacle a pattir clo tespeitaclo J. Norman Lockyer. Ctiador da revista Nature, pubLicou entre 1890 e 1906 pesquisas a tespeito c{a orientação dos monumentos egípcios e megalíticos. Outra publicâção clássica a respeito fot L'Oienlatìon des rtíga/ithes fitntiraire¡ et /e utlte ¡olaire à l'époqae tzígalìtbiqw (1912) de Marcel Bauclouin (Hicks, 1979: 46; Orens, 1918:216,282-283) A arqueoâstronom.ia megalítica tomâria grancles propotções acadêmicas e metoclológicas a pattir c{os célel¡tes estudos dos especialistas Alexander Thom em 1.954-1912 e Ge¡ald Hawkins entre 1963-1'910 (Bait¡ 1'973: 389' 397; Hawkins, 1963; Thom, L973)' Rwilo de Arqueologio, l0: 89'10ó, 1997 99 Longer J Outra confirmâção pârâ os estlrdos arqueoastronômicos nâ pré-história brasileira são os registros de evidências etnográficas -Arnapá ocorreraûì evidêncìas dos dois agru- de nossos inclígenas, registradas há clécadas pamentos, relacionados à mesma etnia inclí- pelos ântropólogos e acadômicos.ra gena (Nleggers, 1957; Prous, 1992). ELn ou- circulos cle pcdta (cron/ec/ts) conccntra-se no norte e norcleste do país. No estacìo do trâs regìões da An-iética do Sul, a ocotl'ência dc ct'oilthr/ts ó absoltrtrlltcnte suPef ior elrì ó. iONCLUSAO: PADROES COMPARAIIVOS DO MEGALIIISMO BRASI relação aos aìir-rhar-nentos retilíneos. A sustentação dos blocos LEI RO megalíticos brasilejros geraln-iente et;a tealtzada. direta- Os registros megalíticos no Btasil correspondern ao panorallla observaclo em no solo. Em alguns câsos, como no Nlato Grosso e Rio Grande do Sul, estjve- todo o continente. Especialmente na Amé- ran-r apoiados em montículos de pedtas me- tica cìo Sul, existem padrões de analogia rnuito grandes que, sem evidenciartlos relações culturais diretas, demonstram paralelos tipológicos in-rportantes. O prìmeiro padrão de compatação ó o tamanho observaclo nos blocos cle pedra. Corn ur¡a altura máxima de 2m e méclia cle rrìente 11ores elrr sua base. O menir central do crom- lech cìo monte Roraima foi realizado taml¡ém corn essâ técnica (R-ibeiro, R., 1995: 38). Os monólitos (rnenires isolaclos) registrados na Bahia e P¡:ø'nâ estâvâm associa- dos a sítios cerâmicos, ambos com otien- 0,50cm, os megálitos brasjleiros se asselne- tação astronômica (Beltrão & Afonso, 1998). O encontro cle monólitos é comur¡ lhan-i aos observados na América, não apre- na Arnérica do Sul, geralmente situados em sentando as dimensões colossais da Eutopa Iocais elevados. e Oceania. As construções monurnentais de contraram blocos pré-incaicos isolados na Ilha cla Páscoa (Chile), Tiahuanaco (Bolívia) e La Venta regìão cle Pajatén, apresenrando cada um San Augustin (Colôn-rbia), No Petu, arqr,reólogos "cêrca de 1m30 de altura. A en- base é qua- o topo, em forma de lança (Nléxico), são exchrídas dessa classifrcacão drada e crilrural, como já observamos. arestas agudas" (Wood, 1967:1.5). Os pes- O padrão de disposição mais ol¡servado no Brasrl é o alinhamento retilíneo, ocotrendo no Rio Gtande do Sul, Mato quisadotes comparatam esses monólitos colrl âs intihuatana¡ e huacasl5 cle pedra, utili- Grosso, Bahia e Amapá. A ocorrência de com zadas pelos incas para otientações solares do solstício (Wood, 1961: 16). taA etuoa¡fronottia pode ser defrnicìa como: "cìoscl¡' alliccl tcseatch fielcl rvbich merges astronom)/, textu^l scholatship, ethnology, ancl tbe interpretation of ancient iconograplry for: the purpose of reconsttuctìng lifes'ays, astronomical techniques, ancì rituals" @aiq,, 1973: 390). Uma das mais recentes aplicrçòes cìa etno^sti:onornix americana foi o trabelho cle ìvlarsback sobre calenclários indígenas oitoccntistas (Nlarshak, 1985). Sobre o tema da etno^stronomiâ brasileira ver - Laraia, 1967; Coelho, 1983; Mourào, 1984,1991; Ribeito, B., 1987; Afonso, 1998. tt A, l,onro, etar.n locais sagrados, cle venetação relìgìosa, geralmente feitos dc pecìra ou macleira. þoste cle âmÍìrrâr Cuzco, ou em elevaçòes como Nfachu Picchtr (Coe, 1991:198). I 00 A inlilttnlata o sol) era uma lrueca cìe peclta loca)izacla geralmente num centro utbano clefiniclo, como Rwisto de Arqueologic, l0: B9-10ó, 199/ 0 Megolilismo na Pré-llìstório Brosileiro Não foram registradas no Brasil oco¡rências de atte rupestre - petróglìfos ou pinruras - realizados nos blocos dos conjuntos megalíticos.16 No sítio de Jacuí (Iì-io Grande do Sul) o menir cenrral foi trabalhado, com uma possivel imitação de forma humana Rico), era um importante centro religioso político da culrura Taino (1ü/illey,1971: e 390). Também apresentava funções cerimoniais o centro megalítico Taino de Chacuey, na Repúblìca Dominicana (lVloyo, 1955: 44).lJm (Brochado, 1969: 49). Em ourras âreas ar- dos mais antigos monumefltos peruanos, Queneto, foi interpretado pelos especialis- queológicas, como na Argentina, as manifes- tas como um duplo templo, construído com (lucu- grandes pedras e fileiras de lajes (Fraus, 1950: man) os menires apfesentam, além de dese- 497). No complexo Alamito (Argentina), cír- nhos e símbolos abstratos, rostos humanos gravados no alto dos blocos. É um tipo de culos de pedra eram utilizados para rituâis, manifestação mais tara, ocorrendo nos me- indígenas Ciénega (tVilley, 1971: 220). As nires da Córsega e da Oceania. Evidenternente, admiráveis apachetas (círculos de pedra) des- megálìtos aproximam-se no conceito de cobertas em grandes altitudes na Argentina, tações attísticas são comuns. F;mTafí esses associados com plataformas cerimoniais dos estánras-estelas, típica de culturas mais com- associavam-se com ritos sacrifìciais incas e pré- plexas, porém americanistas insistem em suas incaicos (Schobinger, diferenciações.r7 ras e alinhamentos de pedra da Guiana Fran- 197 5: 7 8-7 9).'t As fìgu- Quanto aos aspectos funcionais do cesa foram relacionadas com motivos sim- megalitismo brasileiro, não foram descobertos megálitos no Brasil associados com res- bólicos e mitológicos dos antigos indígenas tos fúnebres ou com intenções funerárias, da região QvIaziere,1997: 125). A mais completa escavação e esrudo no Brasil, em sítio típicos no Chile (Encina, 1983:45),Argenti- megalítico, foi realtzada por Evans e Meggers na (Dougherqr,1972:20) e Colômbia (Coe, 1997: 167), todos com dólmens e menires no An-iapá. Suas conclusões foram que o local era utilizado para fìns cerimoniais (À4e- adaptados pata cãmaras mortuárias, ggers & Evans, 1,957:40). A maioria das estruturas megalíticas ame- Especìalistas contemporâneos em mega- ricanas está relacionada com práticas religi- litismo insistem na necessidade de perspecri- O mais impressionante conjunto megalítico do Caribe, Capá (Porto vas sociais no estudo funcional desses monu- osas e sagradas. mentos. Qual o seu papel e como eles foram 16O pesquisador Luis Galdino teria encontrâdo petróglifos em um megálito (Galdino, 1917: 39). cle Monte Alto @A) em 1911 ttEstudando monólitos com figuras anttopomórfìcas na República Dominicana, o arqueólogo Emile Moya diferenc.ia os mesmos das estátuas e íclolos típicos dos maias, astecas e incas: "consicleramos éstas cle Chacuey, como monolitos columnares, piezo,s más bien comparables a los menhires neolíticos cle la vieja Eutopa" (N'Ioya, 1955: 51). '8,{ tegião norte cla Argentine possui e mlior concentração cìe centtos megalíticos clo continente, respectivamene nâs províncias de Salta, Tucuman e Catamatca. Também nessa região foi localizado o conjunto megalítico mais alto do mundo, no r,'ulcão Antofalla (6,100m, Puna de Catamarca). Consiste em um alinhâmento circular de pedra, disposto em volta cle um monólito verticaì âo centro (Schob.inger, 1975:78). iiiì.:ii. l{) I L::tjÀ RevisrodeÄrqueologio,l0:89-10ó,199/ l0l 7 Longer J uti-lizados, efetivamente, no funcionamento da sociedade. Para Coün Renfrew, os megálitos estabeleciam "coesão social", estimulando a unidade das comunidades. Sua edifìcação duradoura era sentida como um "a[o simbólico", servindo como canâliz^ção àe seios religiosos @enfrew, 1982: 133). ^n- Outra tendência atraI, que complementa essa pefsPectiva, são os estudos afqueoas- tronômicos. Diversas pesquisas em inúmeras localidades do mundo comprovaram a AGRADECIMENIOS Agtadeço a co\aboraçào do prof. Getmano Bruno Afonso (IJFPR), pela orientação em arqueoastronomia brasileira; Luiz Galdino (IHGSP), André Prous (UFMG), Edithe Pereira (Vluseu Goeldi) e Pedro Funari (Unicamp) pelo envio de material; o prof. Igor Chmyz (lJtrPR) pela consulta ao acervo bibliogáFtco do Centro de Estudos e Pesquisas Atqueológicas. efetiva orientação astronômica de estruturas megalíticas. Essa tendência de orientar REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS determinado monumento, alé.m da óbvia função de calendário agrícoIa, entrelaça-se na organização social ao promover perío- AFONSO, G.B. dos cerimoniais e determinadas funções de p.142-150. classe (Bairy 1.973 418). Um exemplo aruai da utthzaçào das duas perspectivâs é o estu- do pioneiro dos megáIitos argentinos: "Han servido para datar el año solar, fijando los tiempos de laboreo de la rierra, como seña- A arqueoastrononìa e os eclþset. Apostìla do Eclipse, IAG/USP, 1994. E tno as tronoruia gø arani. Trabalho apresentado na Ofìcina de Arqueoastro- nomia clo MAST/CNPQ. Rio de Janei- ro, 1998. Os monólitos orientados. In: Astronomia indtgena. No prelo. lar tiempos sagrados para celebraciones y ritos" (Bravo, 1996: 26). Os esrudos de megalitismo e arqueoâstronomia em nosso país estão em fase inicial, em locais como Monte Alto (BA). Futu- AVENI, A. The Nazca lines: pattetns in the ras pesquisas colrìplementarão informações Archaeoastronomy: past, pf esent, como padrões cerâmicos, cronológicos e culturais. Alinhamentos de pedra que ainda sobrevivem, como rio norte e nordeste do Brasil, são um grande potencial de pesquisa. Resta aos especialistas futuros a delir¡i- tação de uma metodologia que complemente o atual panorama de investigação em nosso país, que algumas vezes relega determinados indícios arqueológicos para segun- do plano. Afinal, os megálitos tornalrl-se clesert. In Arcbaeologt Julho/agosto 1986. p.33-39. and future. In: .Çþ and Teletcoþe. Yol.l2, n.5. Nov. 1986. p.456-460. BARIAEUS, G. Histí,ria dos feito s rece/tÍe/// enle praÍicados durante oìlo anos no Bra¡il (1641). Recife: Secretaria de cultura, 1980. BAITY, E. C. Archaeoastronomy and ethnoastronomy so far. In: Carrent Antroþology. Vol.14, n.4. Outubro 1973. p.389-431,. um BEACH, D. Cognitive archaeology and Iegado cultural de nossos indígenas, tornan- imaginay history at Gt;eat Zirnbal¡we. In: do a investigação do passado ainda mais Carrent Antroþo/ogy. Vol.39, n.1. Feveteiro ins tigante e necessária. 1998. p.47-72. os únicos testemunhos monumentais de I 02 Revilc de Arqueologio, l0: 89-10ó, ì99/ 0 Megolitismo no Pré-Hilório Brosileila COSTA, A. Material suspeito. BELTRÃO, M. C. & AFONSO, G. B. UM calendârio das Plêiades na Bahia. In: R¿- à arqueologìa brasìleira uista do lconos-Bra¡il. São Paulo: Iconos Nacional, 1980. Arqueoastronontia brasi/eira. Trabalho apresentado na Oficina de arqueoastronomia do MAST/CNPQ' contar? In: Reui¡ta de F. O que katiaia,1.977. é Arqøeologia. São Paulo, BRANDÃO, A. Monumentos megalithicos. In A escrþta prehistorica do Bra¡il. Rio de : Civilização Brasl\eira, 1.937 J aneiro . do Brasì/ (1598). São Paulo: Melhoramentos, 1977. Aconquija, provincia de Tücuman. In'. Reui¡ta la Facøhad de Ciencins Exactas 1 Tecnologìa. Unrversidad Nacional de Tucuman, n.3, abril de 1993. p. 5-1,4. Arqueoastronomia en las culturas andinas. In Reaista de Ciencias Exactas e Ingenieria. Universidad Nacional de -, Tucuman, n.10, outubro de 1996. p.16-29. BROCHADq J. P. Pesquisas arqueológicas nos vales do Ijuí e Jacuí. In'. Progranta Nacional de Petqøisas Arqueológicas. Belém: Museu Paraense Emflio Goeldi, 1969. n.13. CARLSON, J. B. America's Ancient Skywatcher s. In: N ational Geographic. Yo1J,77, n.3. março 1990. p.76-107. CHIARA, Y. O ntundo da lua na arclueologia.São Paulo, mimeo.21p. COE, M. et alli. Antigas Äméricas: mosaico de culturas. Madrid: Ed. Del Prado, 1997. COELHO, \ù7aurá. V d'archéologie préhistoriqøe, æltique et gallo-rowain¿. Paris: 1.924. DEARBORN, D. S. P. The sanctuary of Titicaca: where the sun returns to earth. In: Latin American Antiquilt. YoI.9, n.3, setembro 1998. p. 240-258. DEMOULLE, J. Lapréhistoire et ses mythes. Paris'. Annales, 1982. n.5-6. p.7 41-7 59. BRAVO, O. E,l enigma da la Ciudacita: ârqueoastronomia de los nevados del de DÉCHELETTE, J. Manue/ Auguste Ptcard, v.5, n.1. 1988. BR A.NDONIO. Di,ílogos das grandeqas (1934). São Paulo: Ed. Viagen aoXingi. Belo Horizonte: -, Rio de Janeiro, 1998(b). & DORIA, Introdação COUDREAU, H. Volage aa Xingú. Paris La Flure, 1887. Brasil, 1998(a). BELTRA.O, M. C. In P. Um eclipse do sol na aldeia In Joørnal de k \'ociíté duAntiricaniste:. Paris, I.LXIX. 1983. p.149-167. D'EUVREUX, L Viagent ao norte do Brasil (1615) Rio de Janeiro: Livraria Lette Ribeiro, 1929. DOUGFIERTY, B. Un nuevo yacimiento con construciones tumuliformes de piedra: Agua Hedronda. In: Etnia. B¡enos Aires, n.16, janeiro 1.912. p.20-29. EDDY J. A. Ptobing the mystery of the In medicine wheels. National Geographic. voI.151, n.1. janeito 1911. p.140-1'46. ENCINA, F. A. Hìstoria de Clti/e. Santiago: Edrtorial Ercilla, 1983. FRAU, S. C. Las culturas megalíticas americanas. In Prehistoia de amtirica. Buenos ¡\ires: Ed. Sudamericana, 1950. FROST, F. J. Voyages Archaeo/ogy. Vol.46, of the imagination. In: n.2.Marçof abril 1993. A. Arqueologia e poder. In: Arqueo/ogia. São Paulo: Ed. Ática, 1988. F'UNARI, P. P. Arqueologia brasileira: visão geral e reavaltação. In Reui¡ta de histtirìa da arte arqueologia. Campinas: e Ed. Unicamp, L994. n.01,. p.23-41,. Rwilo de Arqueologic, I 0: B9-l 0ó, I 997 I 03 7 kngerJ GALDINq L. O santuário O n-iito clo Eldorado.In: Iltuista de Monte Alto. História (USP). São Paulo, 1997(c). n.136. In'. P/aneta. São Paulo, n.52, 1971 . p35-45. Itacoati¿ras: un-ra pré-histótia da ârte no Brasil. São Paulo: EditoraNo¡ 1 988. FIA\7KINS, G. Stonehenge decoded. In: NaÍøre. Vo1.200. Outubro 1963. p.306-308. Stonehenge: a neolithic computer. In: Natnre. Yo1.202. Junho 1964. p.1258-1261. H ICKS, R. Archaeoas tronom)¡. In: A r c lt a e o /0g1,. Y.32, n.2, matço 1979. p.46-52. FIURAULT, J. et ali. Pétroglyphes et assernblages de pierres dans le sucì-est de la G1,r-1¿¡e Française. SocieÍé In Jotrrna/ de la du An¡eùcanisles. Paris, n.52, 1.963. FION,IET, M. fi/hot do rol. São Paulo: IMBEI-LONI, J. Iu 1 .|eganda Esfnge Indìana: tnreuos asþectos de/ prubleua de los orþenes anericanos. Buenos Aires: Libreria Flachette, 1956. KNIVET, A. Vaia fortuna e esÍranltos fados (1597). São Paulo: Brasilìense, 1947. IANGER, J. A esfinge adante do Paraná: o imaginário de um mito arqueológico. In: Historia: puestões dv Debates (UFPP'). Curìtiba, vol.1 3, n.25, 1996. p.148-164. Mito, história e literatura: as cidades perdidas do Brasil. In: Histtjria e I>ersþectiua (tlFU) Uberlânclia, n.14, jan. 1996. p.67-83. As cidades ìrucginárias do Brasìl. Curìtiba: Secretaria de Estado da Cultura,1997(a). -, 1 I 04 - zações perdidas no Brasil novecentista. Lr: Anos 90 (UFP'G.î). Porto Alegre, n.9, ju- lho de 1998. p.165-185. LARAIA, R. B. O soì e a lua na mitologia xingr-rana. In: VoI.XVII, 1967 Reui¡ta do Museu Pau/ista. . p.7 -36. LINIA, T A. Patrimônio arqueológico, icleologia e poder. In: Reui¡ta rle ,zJryueo/ogia. v.5, n.1. 1988. p.19102. LINNÉ, S. Les recherches archeéológiques de Nimuendaju au Brésil .In'. Journal de /a du llanicani¡tes. Patis, n.20, 1928. e podet. In 5'éñe arqaeológica (UFPE). Recife, 997(b). n.12. p.109-125. Revislc de Arqueolonìa, MAI-VILLE, J. M. et ali. Megaliths âncl Neolithic astrononì)¡ in southern Egypt. In: NaÍnre. Yc¡1. 392, n.6615. Abtil 1998. p.48B-491. NIANTILLÄ, P. C. Nuevos aportes para el conocirniento cronológico del área Tairona. In: Boktin dezlryueologia.llogotá, ano l, Jrnciro 198ó. p.39-42. MARSFIACK, A. À lunar-solat ),ear calendat stick from North America. In: AnuL canAtttìqailt Vol.50, n.1, 1985. p.27-51. n. I . MARTIN, G. Registlo rupestrc c rcgistro arqr-reológico do norcleste do Brasil. In: Rtuista de Aryneologia. São Paulo, v.8, n.1. 1994. p.291-305. MAZIERE, M. L'att rupestre amótindien cle Gr-ryane. In: PUAUX, Olivier & PRÉVE,NTINE, Michel. (".g.) Archaeological and lì¡torica/ /tfe of .9innanary Mitos arqueológicos Clio Errigmas arqueológicos e civili- p.71-91,. O¡ Ibrasa, 1959. anligtros p.25-40. -, J'ocieté p.157 -166. de I 0: 89-l 0ó, I 997 from 17 e lo 20e Ce ntnry (Fre tch Gryane). Paris, Ftench Archaeologl' Docutnents, n.60. 1997. p.99-130. 0 Megclitismo no Pró-Hislóric Brasileiro MEGGERS, B. & EVANS, C. Archaeologica/ Washington: Smithsonian Institution, 1 957. Arcltaeo/ogica/ ituestigatiom itt Ritish \ùØashington: Government Prinung G u ì a n a. -, NIEGGERS, B. J. Anéica þri-ltiÍí,ricl No de Janeiro: Paz eTerua, L985. ,òJ¿rz .lcienti¡t. 13 abrtl 1972, P.60-62. Les âstronones mégalithiqr-res. La Recltercbe. Paris, vol.4, n.34. Maio 1973. p.437-444. S. L'art ra. São Paulo: 1968. PROUS, A. A ry rc o /ogi a b ra¡ ì lci t'a. Btasíl ia: Ecl. , 1991. RAUSCFIERT-ALENANI, M. I. ExpediUniversiclade de BrasíIia ção ao Tutnucumaque errr 1968-70. In: Cadernas Gerntano-Brasileiro¡. Ano IX, n.8/ 70. Agosto 1.910. p.528-531. RENFREW C. The social atchaeolog¡' sf n-regalithic monullrents. In: J'cientìfic RIBEIRO,ll. G. & KENFIIRI, T. Chuvas e constelações: o calendário econômico clos 1981. MOYA, E. B. AI o n u u de C h a c a e1 Rep tr Ìt en li ca to ru ega li li c o 1t p e h'o.q/iþ l) o tu a. ìn i can ningo: Editota del Catibe, Sa Paltaa¡ de Monte Altl. : nto D o- e ttida le }l4onte Alto: s.ed, 1996. MOURÃO, R. R. F. À¡trorotuia do Macmaílta.No deJaneìro: Francisco Alves, 1984. A observação pr:é-histórica da I\euisÍa lo IHGB. Rio de Janeiro, 1997. voÌ.158, n.395. p.481,-486. NADAILLAC, M. L'Ant riq 11 ue pré ltis to riq l ORENS, M. A In Ciânria Hoje . Rto de Ja- neiro, vol.6, n.36, outubro 1987. p.26-35. Potto Alegre: Ecl. Suljr-ia, 1977. RIBEIRO, P. A. NL et ali. Projeto âtqueológico de salvarnento na região de Boa Vista. In: ReuìsÍn lo CFiPA. Voì.14, n.17. Junho 1987. RlllElRO, R. No mr-rndo perclido. In'. tn> 4, n.7 , julho 1995. p.36-52. ^oo SAMPAIO, T. Archeologia. In D ici o n it Ter- ri o l¡ì s- fóico, geognifm e eÍnográfco brasileiro. Rio de São Paulo: Flemus, s.d. ciui/ì7ação dos tttegnlil0s. aryuaologia. à e. Paris: G. Masson, 1882. NIEL, F. Slonehenge. ínclios Desâna. RIBEIRO, P. A. NL A[anual de inÍroduçìo 1955. MOUR-¡\, W. T. Hi¡triria daþrnaçrio In: PEREIRA JR, J. A. A propósito dos alinhamentos de Nlonte Alto. In: lÙuista lo Àrqaiuo lv[unicil:al. São Paulo, 1944. Anterican. Yo1.249, n.5, 1982. p.128-138. rupestre ¡ud-auericaitt: préhistoìre d'un conÍìnenÍ. Paris: Le Rocher, lr-ra. sárie atqueo/ítgica.P.e- In'. Introdução ao esh.tdo da aryneologìa bm¡ihi- The megalitlic moonvatchers of Europe. In: MONZON, - Àlinhamentos, palalttas, clóln'iens. MENEZE,S, F. T. Lamentação BnzíIica (1806). In Reuista do IHGB. Rro de Janeiro, 1887. vol.50. p.238-294. In Clio vol.XCVII. ¡.55-61. Office, 1960. S. In: cife, vol.1, n.9, 1993. p.21-44. inuettigatious at tlte notttls of ilte AnaTon. MITTON, natur:âlistas. Rio de Janeiro: Otto Pjerre Editotes, 1977. PEREIRA, E,. Registros rupestres no Patá - a contribuição de cLonistas, viajantes e Janeiro: IIIGB,1922. O rio .|¡io Francisco e a cltapada Dirmantin a. Salvador: Ct;¡zeiro, 1937 . Insctições lapidates indígenas no vale do Paraguassú (1916).In: Os ttrthtm/isfas uiQantes e a etrtog'afa indígertn. Sa.Iva- clor: Livraria Progresso, 1955. .l05 RevislrdeArqueolocic,l0:89l0ó,1997 langer I I¿ SCHOBINGER,J. El Toro. Buenos "ml.lflllftia" del Cerro Aires, 1975. Mimeo. SEDA, P. A questão das interpretações em arte rupestre . In: C lio - sárie arqaeo lógica. Recife, v.1, n.12. 1997. p.139-1,67. SILVA A.J M. O megahusmo na Beira Alta. YoLI. (http / / t/ thn/ ata/ rostato/hnnl). 1 998. Clberarqaeó/ogo þortuguês. gemini.ci.uc.p SOUZA, A. M. História da arqueologia brasileira. In: Pesquisas - antropo/ogia. Instituto Anchietano de Pesquisas . n.46. 1991 . Dicionário de arqaeo/ogia. Rro deJa- neiro: Adesa, THOM, A. 1.997 . et ali. The astronomical significance -, of the Crucuno stone rectangle. In: Currenl Antroþology. Vol.14, n.4. Outubro 1973. p.450-451,. \øILLEY, G. R. An ìntroduction to american Archaeology. Vol. II: South America. New Jersey: Prentice FIall, 1971. MNDHA.USEN, R. A. Los misteriosos menhires de Tafí. In América¡. março-abril 1986. p.40-43. \øOOq R. I 0ó P. Anéica¡. Julho 1967. Revisto de Arqueologio, I 0: 89-l 0ó, I 99i p.07 -16.