nas trilhas do fogoi - IFSP-PRC
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NAS TRILHAS DO FOGOI OdisséaBoaventurade Oliveira 'Os homenstêm datasde nascimento'mas o nomem não a tem." (Geertz) "A O Íilme Guerrado Fogol" apresentaum intervalo ou uma trajetóriacurtada históriaevolutivahumaapreenderalgumascaracterísticas na, possibilitando que faz questãode aparentarbastanteevidentescomo: alimentaçãovariada;práticasexual; percepçãoolfativa desenvolvida;práticae superaçãodo canibalismo; diÍerençasf ísicasentretribos;caça; aprendizagemdo domíniode técnicas; da linguagem; riso;complexidade Íogo. e moradia armas, Por outrolado o Íilmetambémapontaparaalguns de aspectosbastantediscretos,como:domesticação animais;cataçãode piolhos;liderança;posiçãoÍemido núcleofamiliar. nina no grupo;constituição Pretendonestaanáliseprivilegiaro últimoaspecto listadoacima, tomando-ocomo fio condutorpara o comentáriodos demais,procurandoentenderassim a derivaçãoda famíliadentrodo que hoje é chamado de modeloocidentalcom uma conÍiguraçãopatriarcal - monogâmica.Para tal dentreas leiturasÍeitasescolhia visãode EdgardMorin2que propõea comunicaçãoentrea Biologiae a Antropologiaparao estudo d a e v o l u ç ã oh u m a n a . N o m e s m o n í v e l u t i l i z a r e i no homemconDesmondMorrisque buscaidentiÍicar primitivos. traços de presença evolutiva temporâneoa visão de outros a secundariamente, Tambémutilizarei, e Kristeva Julia Bronowski, autores como Jacob F r e u d . Sigmund Antes de apresentarminhasprópriasobservações sobreo tema da formaçãodo núcleoÍamiliar,gostaria de tazer uma referênciaà crítica feita por Ricardo Picchiarinie EliasThoméSalibapublicadana revista "Apontamentos" da FDE (Fundaçãopara o Desenvolvimentoda Educação- Secretariade Educaçãodo Estadode São Paulo)em que os comentadorescitados reÍerem-seà pretensãodo drretor,Jean-Jacques Annaud,em realizarum épico sobre a conquistado um modelode romanceatual Íogoque acabaprojetando na pré-História.Vejo, no entanto,a despeitodisto, muitosaspectosapontadosde forma bastanteinteressanteDaraseremdiscutidosem sala de aulacom alun o s d o e n s i n om é d i o ,e m d i s c i p l i n acso m o B i o l o g i ae Filosofia.Concordocom os críticosque muitasidéias presentesno filme foram subaproveitadas,até mesmoem relaçãoà utilizaçãodo Íogo pelastribos, assuntoque preÍirodiscuti-lomais adiante. Retomando meu propósito, a título de queroinicialmente aproÍundara análiembasamento, se das cenas da evoluçãohumanaque o Íilme apresentade Íorma bastanteevidente,como a diferença cultural e evolutiva entre as várias tribos' Os asao visualdos indivíduoectosdestacadosreferem-se os, ao domíniode técnicas,aos hábitose à incorpoE possívelobservar raçãode certasaprendizagens. a primeirade triaqui três níveisevolutivos,chamarei "peluda",a segundade "intermediária" e a terceira bo "pelada". de tribo Neste caso acredito que o diretor queira' metodologicamentm e ,o s t r a ra s v á r i a sÍ a s e s p e l a s quaiso Homo sapiensatravessouaté chegarao que é hoje,sem se preocuparse existiramtantasdiÍerenças num mesmoperíodo,já que as apresentadasequivaleriam,cremos,a séculosde evoluçãobiológicae cultural.Aparecemno filme homenscom muitospêlos cobrindoo corpo,guardandomuita semelhança Íísica com os macacos.Estes,podemosconsiderápois utilizam-sede armasenlos mais rudimentares, contradasna naturezacomo pedras,galhosde árvod e c a r n e ,i n c l u s i v eh u m a n a 'O res e alimentam-se aqui mostradoé abominadoé apresentacanibalismo do como práticajá interditadapelo grupode homens da segundatribo. O Íoco do Íilme se dá basicamentesobre estatria qual alimenta-sedos mais variabo intermediária, dos tipos de substânciascomo piolho,osso, plantas, Íolhas,carne crua, carneassada,ovos e frutos.Os galhos das árvores, utilizadoscomo armas já são aÍiladospara emborarudimentarmente, manualmente, pele de anide vestimentas usam intmigos, atingiros mãossão Suas naturais. em cavernas residem e mais ainda rudimentaresem termos de habilidadespara movimentosminuciososno manuseiode objetos. Já os homensda terceiratribo,praticamentenão possuempêlos, lazem pinturano corpo,usam máscaras no rosto,residemem cabanasconstruídas,produzem potes e jarros decoradosde barro' caçamcom instrumentosque lançamÍlechas,incluemo leiteem s u a a l i m e n t a ç ã od, o m i n a ma t é c n i c ad e p r o d u z i ro fogo. Possuemrituaiscomo a oferendadas Íêmeas parao prisioneiroter relaçõessexuais,provavelmente mais com o objetivode obtergravidezsegurado que o de proporcionarprazerao visitante. Os itensapontadosacimademonstrama vivência de uma organizaçãosocialem que já se sinalizaalde uma culturapartigunstraçosde desenvolvimento :::,r::ii,:::;.il:::.rilillll cular,isto é, a criaçãode elementosque identificam o grupo,inclusivepor meiode pinturascorporais, dando-lhes uma marcacaracterística, estandopresente a transÍormação da naturezaem seu proveito.Também lhes é peculiara domesticação de animais,uma vez que se alimentamde leite.O Íato de conhecerema produçãodo fogo vem acompanhadoda práticade divulgaçãode conhecimentos adquiridoscertamentepor tentativas.Destacoque a tribo intermediária, assim como a "peluda",procuravamevitara facilitaçãoda possedo Íogopelaoutratribo,invariavelmente consideradarivale ameaçaà sobrevivência do grupo. Esta tribo,a "pelada",praticao riso,que segundo Morris(1967)é uma maniÍestação aindamaisespecializadaque o choro,já que este é partilhadopor milharesde outrasespéciesanimaisquandosentemdor ou estão assustados.Segundoeste zoólogo o riso evoluiudo choro,umavez que guardamsemelhanças como tensãomuscular,aberturada boca,retraçãodos lábios,exageroda respiraçãocom expiraçõesintensas, vermelhidão da Íace e lacrimejar. Diferenciam as vocalizaçõesque no chorosão estridentesde tonalidade elevada.Paraele, quandose diz "rir até chegarem as lágrimasaos olhos"refere-sea relaçãoíntima riso-choro.Porém,em termosevolutivosteriaocorrido o contrário_ "choramosaté rirmos". Outra diÍerençapresenteentre a tribo "pelada"e a tribo "intermediária" é o posicionamento dos corposno momentoda cópula.Enquantoa tribo menos evoluída praticasexo com o machoatrás da íêmea,coito a tergo, a tribo mais evoluídapratica-ode Íorma que os parceiros fiquem de Írenteum para o outro.Ao que pareceo homem é o únicoanimaloue realizatal ato destamaneira_face-a-Íace, o que é natural,poisdada as característicasde sua sexualidade, seus própriosatrativose zonas erógenascomo a boca, o ruborfacial,os seios arredondados, o pênise a genitáliaÍemininacomomasculina situam-sena frentedo corpo,semprevisíveis segundoa posturaerectadefinitivamente assumida. Vale mencionarque, segundoFreud,apresentada em Totem e Tabu,esta postura que resultou de um aÍastamentoou elevaçãodo homem em relaçãoao chão, o que teriafragilizadoa importânciado olÍato, possibilitoua exposiçãopermanentedos órgãossexuaise zonaserógenas,doravantealvoda visualização que dá primaziaaos olhos em detrimentodo nariz. Relacionando a questãodo envolvimento sexualdo filmeaos dias atuaispercebe-sepassagensopostas, ou melhor,atualmenteo comportamentosexualdos homens, segundoMorris,atravessatrês Íases que seguem geralmenteesta ordem:formaçãode pares (namoro),atividadepré-copulatória e cópula.No Íilme ocorre o contrário,a primeiraimagemrelacionadaà práticasexualmostrauma fêmeasendo"estuprada", segundoo padrãosexualatual.lgualmente,no decorrer do Íilme, a cópulanas outrasduas cenas, ainda que com o consentimento e até mesmopor desejoda Íêmea, não demonstraqualquersinal de namoroanteriorou da Íase pré-copulatória. No entanto,a última cena do Íilmerefere-seao casalobservandoa lua, com os corposentrelaçados. Seria entãoo Íato de que o machoe a Íêmeanecessitamsentir-sevinculadosum ao outroparaque haja trocade afagos,o que evidenciariauma maturidadeafetivae sexual. F a z e n d ou m p a r a l e l oc o m a i d é i ad e B r o n o w s k i (1983),a preocupação com a escolhado par é a continuaçãodo eco da força evolutivamaispoderosa,através da qual evoluímos.A ternurae a horado casamento são a expressãoda importânciaatribuídaao descobrimentode qualidadesocultasno par. Traço universalque permeiatodasas culturas.Paraele o sexo é Íundamentalna evoluçãocultural,uma vez que as m u l h e r e ss e c a s a m c o m h o m e n si n t e l e c t u a l m e n t e afins.PreÍerênciaesta que se iniciouhá mais de um milhãode anos,é a chamadaseleçãode habilidades, os ágeis e inteligentes,capazesde manter o maior númerode cônjugese filhosem melhorescondições de alimentação, desÍrutama vantagemseletiva. No Íilme,a Íêmea"pelada"se aproximado macho por contadeletê-lalivradodos da tribo"intermediária" canibais,o que o colocouno papelde"herói",evidenciandoas virtudesocultasque despertariam, segundo Bronowsky,o interessesexuale aÍetivoque tornouos enamorados. A caça, segundoMorris,surge como uma característicaque levao machoa estabelecer uma tendência para o acasalamentocom uma únicaÍêmea, criando portantoa capacidadede se apaixonar.Outro aspectoque podeter contribuídoparaa Íormaçãode p a r e s e x c l u s i v o st e r i a s i d o a p e r d ad o s p ê l o s , q u e permitiuchamara atençãopara determinadosatrativ o s c o m o , m a m a s e m a m i l o s s a l i e n t e s ,ó r g ã o s genitaisexpostos,alteraçõesna cor da pele em momentosde excitaçãoe tambémmaiorpercepçãodas sensaçõestáteisno corpo. Com o aumentoda excitabilidade sexual, houve necessariamente a introduçãode restriçõesculturais comoo uso de vestuáriosparacobriras partesgenitais e mais recentementea proibiçãodo incesto,pois, segundoFreud(1974),os selvagensestãomaissujeitos por isso desena esta práticado que nós civilizados, volvemmaiorproteçãopara evitá-lo,que se conÍigura na forma do horrorao incesto.Na análisefreudiana, existeuma relaçãoentretotemismoe exogamia,já que todosos que descendemdo mesmototem_o guardião do clã_ são consideradosparentesconsangüíneos, então nestes lugareshá uma lei contraas relações sexuaisentreDessoasdo mesmototem. VistodestaÍorma,no filme,o fogopoderiaser consideradouma espéciede totemparaas tribosque não detinhamo domíniode sua conÍecção,pois representa um elementode transÍormaçãoculturale biológica. SegundoBronowski,ele é o símbolodo lar, ou ainda pelaorigemdo sonho,comoapontaMorin3. responsável Na visãode Morin,a caça intensiÍicae complexiÍica que por sua vez a relaçãopé-mão-cérebro-instrumento tambémintensiÍica e complexiÍica a caça,ela é o grande continuumna evolução,poissurgiuhá algunsmilhões i'i::::::l::] l::::l::i:::::::l :::.i:r::::i acelerounos últimos500 milanos de anos,progrediu, e só decaiupor voltade 8 mil anosatrás.Elatambém que os primitipeloolÍatodesenvolvido é responsável que os possibilitava recovos possuíam,característica nhecera presençade presase predadoresa longas predos instrumentos distâncias.O aperfeiçoamento mental. um desenvolvimento sumee proporciona A p e s a r d a a u s ê n c i ad e v e s t í g i o sq u e p e r m i t a m socialno sentidoda seguira evoluçãoda organização tomando-sea caça como atividadecohominização, letivaé possívelimaginaras sujeiçõese as aberturas que ela determinasobre a sociedade.Por exemplo, entreos primatas,machose Íêmeasmantinham-seno m e s m o e s p a ç o , o q u e n ã o a c o n t e c i ae n t r e o s hominídeoscaçadoresque separavamos sexos,de um lado os homenseretos,empunhandosuasarmas e indoatrásde suas presascadavez maislongee de outroas mulheres,sedentáriasnos abrigoscurvadas aos cuidadosmatersobreas crianças,dedicando-se j u n t o a o s j o v e n s .E s t a v e g e t a l , nais,ou colhendo primeiro modelo de dominaçãode marca o dualidade um gênerosobreo outro. Acreditoque o filme não tenha tido a preocupação em demonstrarestasdiferençasentresexos.As cenas envolvendofigurasÍemininassão bastantesutisquanto à submissão,o que constade maisevidenteé em relação à práticasexual,pois logono tnícioas mulheresestão no rio e um dos machoscopulapor detrásde umadelas sem que a mesmatome parte do ato. Apesardisso é perceptívelque são do sexo a maioriados personagens "intermediária" que saem masculino,os líderesda tribo "guerreiros peludos"do à buscado Íogosão machos,os iníciodo Íilmetambémo são. Apenasé dadodestaque "pelada"comoveículode integração individualà Íêmea cultural,emboraem muitasocasiõestame transmissão bém ela é mostradaem situaçõesde submissão,como de acasalamentocom o protagonista a impossibilidade quandoesteé capturadopelasuatriboe colocadoà disposiçãosexualde determinadasmulheresescolhidas pelolídermasculino. Outro aspectobastantedestacadono Íilmeé a linque segundo guagem utilizadapara a comunicação, de organiMorinteve na caçacoletivaa necessidade zaçáo social mais complexae esta requerendocada Kristeva(1969)apontanesvez maisa comunicação. te sentidoao aÍirmarque a linguagemnão é umaf une de ção biológica,ela é uma Íunçãode diÍerenciação signiÍicação,isto é, uma Íunção social possibilitada peloÍuncionamento biológico. "a Diante da pergunta: linguagemsurgiu por um processo de desenvolvimento,de progressãolenta ou desde o princípio a linguagem estava formalmente completa?"(Kristeva,1969 : 64), Morin colocamais u m a p o s s i b i l i d a d ea, d e q u e o d e s e n v o l v i m e n tdoa c o m o l e x i d a d es o c i o c u l t u r ael d o c é r e b r oa n t e s d o sem homo sapiens,possibilitoua intercomunicação reaque signiÍiqueque tudojá fossegramaticalmente lizado,mas que Íaltariaà palavraa lógicado imaginário e das ideiasabstratas,istoé, a criaçãode mitose llii,:i ir,.ii.li :i:ii.,,,ilif',',i ,'::::::::::iiiii:i:ll:ir....l'lii.::.iiiiiii. ..,,iii..lliii:iii::ii 1,,:,i,tÌ:;i,,i,,i,,i,i::i...iii,rli'til':l:'"iii:',,, "Todavia,issoquer dizer que é mais sensato teorias. pensar que foi a linguagem que criou o homem e não o homem a linguagem, desde que se acrescente que o hominidacriou a linguagem"(Morin, 1975 : 80) a primeira MorrisdistingueÍormasde verbalização, permitiu que Íoi a aos chamadade conversainÍormativa, nossosantepassadosnomearos objetos,que adquirindo Íunçõescomplementaresassumiua Íorma de conversade expressãoemocionala qual irá acompajâ expressapor meio nhar ou reÍorçara comunicaçáo que e grunhidos sentimentos exprimem gemidos e de forma de A terceira raiva. de dor ou emoções traverbalizaçãoé chamadade conversaexploratória, por por últifalar e falar do estética, da conversa ta-se mo a conversacatadoraa qual náo exprimetroca de sentimennemos verdadeiros idéiasou de informações, tos das pessoas.Ela tem por Íunção mantero ajuntamento social,atua como substituÌivado catar social. mostradoem uma das primeiras O espiolhamento cenasdo Íilme é uma manifestaçãode afeiçãoentre os indivíduos,substituídoatualmentepela conversa catadora,conformejá dito acima. E interessantea formaoue Morrisrelacionao ato de catar piolhosentre os seres primitivos,medidahigiênicae de maniÍestaçãosocial,presenteem nossosdias sob várias Íormasalémda conversa,como a ida ao cabeleireiro ou os males que convidamà catação(gripe,tosse, doresde cabeça,doresde gargantaetc).Tambémsão bastantepresentesas cenas em que os integrantes das triboslambem-sequandoÍeridose a isso Morris relacionaum indíciode assistênciamédicacooperativa, ou seja, uma cataçãoespecializada. Voltandoagora para a nossaquestãocentralqueé a de analisara formaçãodo núcleoÍamiliar,aspecto poucoexploradono filme.Morinconcebeque a Íamília seja o núcleoprimeiroda sociedade,enquantode um ladoos gruposprimitivosde um sÓmachoconstituem um esboçorudimentarde família,por outro,no grupo de váriosmachosa Íormaçãoda Íamíliaé atroÍiada,pois existea ligaçãomãe - Íilho,macho- Íêmea,mas não existea ligaçãopai - Íilhoe apesarde a Íigurado pai não estaroresentenão se veriÍicao incestoentremãe e Íilho,mesmoapós a maturidadesexual,inibiçãoligada a um estatutoou papel de Íilho e de mãe que persistiuapós a infância.No entanto,a possibilidade de incestoentrepai e filhaé maior,já que a noçãode pai não emergiucom igualintensidade. Somentequandoo homemintroduzentreos jovens rapazeso aprendizadodas armas,das técnicas,da organizaçáosocial sob a orientaçãodos adultos,criamse ligaçõespessoaise em especialentreo filhoe o pai, antesdela a paternidade o que esboçapsicologicamente (Morin, Portanto, a 1975). genitalmente ser reconhecida paique núcleo trinitário um esboça cena finaldo Íilme mãe{ilho,certamentenão pretendeaparentaro reconhecimentode talÍormação,mas sim a idealizaçãode uma nova fase em que se cria o mito da geração,sendono caso,o Íilhoque dentroda barrigada mãe se assemelha muitoao seu supostoprogenitor,a lua. :.iiiii:iii:.:.!1..:.1 A i n d a u t i l i z a n d oa s i d é i a sd e M o r i n ,o p a i t r a z a c o m p l e x i d a d ea, Í a m í l i a ,m a s n ã o é s u f i c i e n t ep a r a q u e s e i n s t i t u aa r e l a ç ã op a i - m ã e -i lf h o ,i s t o é , p a r a q u e a Í a m í l i as e c o n s t i t u aE . p r e c i s oq u e j á a d u l t aa paise que estesperpermaneça seus criança filhade p a i s , c a s a l .S u r g e e n t ã o , o m a n e ç a mc o m o como j u v e n i l i z a ç á od a e s p é c i e e f e i t o s o c i o l ó g i c od a prolongamento período biológicoda Este do sapiens. i n Í â n c i ae a d o l e s c ê n c ieas t á i n t i m a m e n t ree l a c i o n a do ao progressoda cerebralizaçáo,pois a lentidão no desenvolvimento ontogenéticoé favorávelà aptiintelectuale dão para aprender,ao desenvolvimento p o r t a n t oà t r a n s m i s s ã o cultural4. segunDestaÍorma,esta revoluçãoorganizacional, do cérebroque do o autor,estáligadaa complexidade maisvastase compliacabapor levara organizações cadas, pois a unidadesocial Íechadatransforma-se num sistemasocialaberto.isto é, as tribosadotando a exogamiacaminhamparaa sociedadeaberta,o clã. Outraconseqüência da exogamiaé o aumentoda vaÍavorecendo a diÍeriedadedos genótiposindividuais, renciaçãoe o fortalecimento das raças. que para Morino cérebroé o epicentro Percebe-se da hominizaçãoe esta caracleriza-seinicialmenteno a n d a r s o b r e o s p é s l i b e r a n d oa s m ã o s ,a s m ã o s l i bertamos maxilares,a libertaçãodos maxilarese a verticalizaçãolibertaa caixa craniana.Contudo,ele não reduz a hominizaçãoao desenvolvimentocerebral, mas que ele provocaoutrosdesenvolvimentos e estes outrostambém o provocam,enÍim o essen" um processo de cial da hominização é complexificação multidimensio-nalem função de um princípio de auto-organização ou autoprodução." (Morin,1975:62) Parafinalizar,acreditoque esteÍilmepode funcionar como um provocadorde muitasdiscussõesalém das possibilidades oÍerecidaspelostemas mais evidentescitadasno iníciodestetexto.Destacandoa tentativade amarrara constituiçãoda família,sendo este inicialmente à caça, um aspectoque está relacionado pois os machossaem em buscade alimentoenquanto as Íêmeas permanecemno abrigo,sendo este o Íator desencadeador da monogamiae conseqüentementelevandoà dominaçãodo machosobrea Íêmea. A monogamiarequera formaçãode pares,para isso a atraçãosexualexclusiva,que para é imprescindível maiorefeitoe exibiçãoleva o homema perderos pêl o s . n o e n t a n t o .o a u m e n t od a s e x u a l i d a d ei n d u za certasrestriçõesculturaiscomo vestimentassobreo corpodesnudoe proibiçãodo incesto. Com a constituiçãoda Íamília,prolonga-sea Íase i n Í a n t i el a d o l e s c e n t ed o h o m e m ,p e r m i t i n d om a i o r períodopara a aprendizagem e com issoo progresso cerebrale intelectual,portantocultural. evolutivaadvindacom a caçaé Outracaracterística de comunicaçãoentreos homenscaa necessidade da assimmaiordesenvolvimento çadorespossibilitando sociaismais organizações linguagem e estaprovocando já que a palavracria mitose teorias. complexas, "A guerrado fogo" é um Íilme que oferecemuitas p o s s i b i l i d a d edse d i s c u s s õ e sc o n f o r m ej á c i t a d oe tambémabre caminhoparaa introduçãodas visõese de diversosautoresaindaque de áreas contribuições mas que estãoextremamenterelaciodiferenciadas, nadase mesmo complementares. Até mesmoo Íato do filmeser construídosobreuma linhade progressãobiológicae culturalque caminha parauma ordem,onde os gruposétnicossão colocados numaevoluçãode menospara mais e não de diÍerenças,é um aspectoa ser observadocom reserva, poisapesardas provasarqueológicas nada existede veracidade. conÍirmando sua conclusivo E como diz EliasThomé Salibana revistajá cita"A Guerra do Fogo ainda da Apontamentos(FDE), pode ser um pretexto para se refletir sobre a fortuna ingrata do período conhecido como pré-Historia no ensino e, até, para uma revisão de nossos vícios pedagogicosnessa área temática". Notas 1981, 1. "A guerrado Íogo"(OuesÍforfire,Canadá/França, Annaud,duração100min.) direçãode Jean-Jacques ReÍerências B R O N O W S K IJ, a c o b . ( 1 9 8 3-) A e s c a l a d a d o h o mem. São Paulo: MartinsFontes FREUD,Sigmund.(1974) - Totem e tabu e outros trabalhos. Rio de Janeiro:lmago. K R I S T E V AJ, u l i a . ( ' 1 9 6 9 -) H i s t ó r i a d a l i n g u a g e m . Lisboa:Edições70. M O R I N ,E d g a r d ( 1 9 7 5 )- O e n i g m ad o h o m e m . R i o de Janeiro:Zahar Editores. M O R R I SD , e s m o n d (. 1 9 6 7 )- O m a c a c o n u . R i o d e Janeiro:Record. do DTPEN de Oliveiraé proÍessora OdisséaBoaventura Federaldo Paraná,mestrandana FEI da Universidade U n i c a m pe m e m b r od o g e p C E i F E / U n i c a mEp -. m a i l : odisseal2 @hotmail.com tliii