Ação do Metabólito 5-Hidroxi-2-Hidroximetil - PPGBAIP
Transcrição
Ação do Metabólito 5-Hidroxi-2-Hidroximetil - PPGBAIP
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO BIOLOGIA DE AGENTES INFECCIOSOS E PARASITÁRIOS AÇÃO DO METABÓLITO 5-HIDROXI-2-HIDROXIMETIL-GAMA-PIRONA SOBRE O FUNGO FILAMENTOSO Curvularia pallescens. JORGE AUGUSTO LEÃO PEREIRA Belém-Pará 2013 JORGE AUGUSTO LEÃO PEREIRA AÇÃO DO METABÓLITO 5-HIDROXI-2-HIDROXIMETIL-GAMA-PIRONA SOBRE O FUNGO FILAMENTOSO Curvularia pallescens. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários. Orientadora: Profª. Dra. Edilene Oliveira da Silva Belém-Pará 2013 1 JORGE AUGUSTO LEÃO PEREIRA AÇÃO DO METABÓLITO 5-HIDROXI-2-HIDROXIMETIL-GAMA-PIRONA SOBRE O FUNGO FILAMENTOSO Curvularia pallescens. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários. Orientador: Profa. Dra. Edilene Oliveira da Silva Laboratório de Protozoologia, ICB-UFPA Banca Examinadora: Profa. Dra. Silvia Helena Marques da Silva Laboratório de Bacteriologia e Micologia, SABMI-IEC Prof. Dr. Jorge Pereira da Silva Laboratório de Imunologia Clínica, ICS-UFPA Prof. Dr. Moysés dos Santos Miranda Laboratório de Fertilização Animal, ICB-UFPA Profa. Dra. Jeannie Nascimento dos Santos (Suplente) Laboratório de Biologia Celular e Helmintologia, ICB-UFPA Belém, 22 de Abril de 2013 2 A Deus pela força e inspiração. À minha filha Adrielly pelo privilégio de tê-la como filha. À minha família pelo apoio e dedicação. 3 “Quanto mais aumenta nosso conhecimento, mais evidente fica nossa ignorância”. (John F. Kennedy) 4 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, pelo dom da vida. À minha mãe, Lucília Rosa Leão Pereira, pelo amor silencioso e paciente. Ao meu pai, Boanerges Viana Pereira, referência em sabedoria e perpiscácia. Aos meus irmãos, que de forma velada, estão sempre na torcida pela realização dos meus sonhos. À minha filha Adrielly pela compreensão nas minhas ausências necessárias. À Profª. Drª. Edilene O. Silva, pela oportunidade, orientação, acolhimento, incentivo a pesquisa, dedicação no desenvolvimento deste trabalho e aos ensinamentos proporcionados. Ao Profº. Dr. Alberdan Silva Santos do Laboratório de Planejamento e Desenvolvimento de Novos Fármacos, por ceder o HMP biotecnológico e a infra estrutura do laboratório de microbiologia onde grande parte deste trabalho foi realizado. Agradeço também a Márcia e Marcela pelo apoio dispensado durante os experimentos. À Fernanda pela ajuda no processamento das amostras, pelo ensinamento das técnicas e por aturar minhas chatices. À Ana Paula, pela ajuda providencial, auxílio na obtenção das imagens, dicas, ensinamentos e conselhos que direcionaram este trabalho nos momentos mais difíceis. Ao Luis Henrique pela ajuda na obtenção e processamento das imagens no microscópio confocal e citometria. Ao Davi Oliveira pela ajuda nos resumos em inglês e dicas de quem já tem experiência de caminhada. Ao Bruno Martins pela ajuda no espectrofotômetro, gráficos e pelas risadas no decorrer desses anos. Amandinhaaa, valeu pelos protocolos quase sempre corretos e pelos artigos sobre “Lipid droplets”. Alô Raquel! Ainda bem que você jogou minhas lâminas com poli-L-lisina, elas não iam funcionar mesmo. “Hoje vou me fazer um agrado”. Ao Rodrigo Furtado obrigado por guiar-nos na viagem do Rio de Janeiro. À Paula Frade exemplo de sensibilidade a flor da pele e a maior bandida que eu já conheci principalmente após passar no mestrado. À Josineide Pantoja tenho uma inveja branca de estares no Doutorado. À Caroline Martins pela companhia nos momentos descontraídos no laboratório. 5 À Lienne Silveira pela dedicação integral nos últimos meses. Por ter suportado meu estresse exacerbado nos momentos difíceis. Sua companhia e ajuda foram fundamentais para conclusão deste trabalho. Foi bom te conhecer e conviver com você. Ao Aprígio Nunes pelo exemplo de perseverança. Vamos sair mais vezes pra você pagar a conta. Ao Heider pela obtenção análise de microscopia eletrônica de transmissão. Aos novos alunos do laboratório de protozoologia, Evelen, Ingrid e Sandro pelo convívio e momentos descontraídos. À CAPES e INBEB pelo suporte financeiro. Ao Laboratório de Biologia Estrutural da Universidade Federal Pará. Ao Instituto Evandro Chagas e Museu Emílio Goeldi pelo uso dos equipamentos para obtenção das imagens. Enfim, Agradeço a todos que de alguma maneira contribuíram para a realização deste trabalho. 6 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ......... 8 LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS ......... 10 RESUMO . 11 ABSTRACT ........................................................................................................................... 12 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13 1.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS FUNGOS ............................................................. 14 1.2 ESPÉCIECurvulariapallescens .......................................................................................... 16 1.3 MELANINA FÚNGICA .................................................................................................... 17 1.4CORPÚSCULOS LIPÍDICOS ............................................................................................ 19 1.4.1 Biogênese dos Corpúsculos Lipídicos ......................................................................... 20 1.4.2 Função dos Corpúsculos Lipídicos.............................................................................. 21 1.5DROGAS ANTIFÚNGICAS .............................................................................................. 22 1.6 METABÓLITO 5-HIDROXI-2-HIDROXIMETIL-GAMA-PIRONA (HMP) ................ 23 2. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 25 3. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 26 3.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................................... 26 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................ 26 4. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 27 4.1 OBTENÇÃO DO METABÓLITO HMP ......................................................................... 27 4.2 OBTENÇÃO,CULTIVO E MANUTENÇÃO DE Curvulariapallescens ......................... 27 4.3 DILUIÇÃO DO METABÓLITO HMP ............................................................................ 28 4.4ANÁLISE MICROSCÓPICA ............................................................................................. 28 4.4.1 Microscopia Óptica de campo claro (MOCC) ........................................................... 28 4.4.2 Microscopia Eletrônica Varredura (MEV) ................................................................ 28 4.4.3 Microscopia Eletrônica Transmissão (MET) ............................................................. 29 4.5 TESTE DE VIABILIDADE CELULAR EM HIFAS TRATADAS COM HMP USANDO O FUN-1 .................................................................................................................................. 29 4.5.1 Análise por microscopia óptica de fluorescência ...................................................... 29 4.6 ANÁLISE CITOQUÍMICA PARA DETECÇÃO DE LIPÍDIOS .................................... 30 7 4.6.1Marcação de corpúsculos lipídicos pela coloraçãosudanblack B .............................. 30 4.6.2Detecção de corpúsculos lipídicos pelo marcador fluorescente BODIPY® ............... 30 4.6.3 Detecção de corpúsculos lipídicos pelo método ósmio-imidazol ............................... 31 5.RESULTADOS ................................................................................................................... 32 5.1ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS MACROSCÓPICAS ........................................... 32 5.2 ANÁLISE MORFOLÓGICA POR MICROSCOPIA ÓPTICA DE CAMPO CLARO .... 33 5.3 ANÁLISE MORFOLÓGICA POR MICROSCOPIA ELETRÔNICAVARREDURA(MEV) .................................................................................... 36 5.4 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE TRANSMISSÃO (MET) ...................................... 41 5.5 ANÁLISE CITOQUÍMICA DAS VESÍCULAS DE Curvulariapallescens .................... 46 5.5.1 Sudanblack B ................................................................................................................ 46 5.5.2 Bodipy ............................................................................................................................ 49 5.5.3Ósmio-imidazol ............................................................................................................... 54 6. VIABILIDADE DAS CÉLULAS FÚNGICAS ................................................................ 59 7. DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 62 8. CONCLUSÃO..................................................................................................................... 66 9. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 67 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Morfologia básica dos fungos ............................................................................... 14 Figura 2 – Representação esquemática da membrana e parede celular fúngica..................... 15 Figura 3 –Características morfológicas de Curvularia. pallescens ........................................ 16 Figura 4 – Representação esquemática das vias de síntese da melanina fúngica ................... 18 Figura 5 – Representação esquemática da biogênese dos corpúsculos lipídicos ................... 21 Figura 6 –Representação esquemáticados alvos de ação das drogas antifúngicas .................. 22 Figura 7 – Estrutura química do HMP .................................................................................... 23 Figura 8 – Características morfológicas da cultura de Curvularia. pallescens, cultivadas com diversas concentrações de HMP comercial .............................................................................. 32 Figura 9 – Características morfológicas da cultura de Curvularia. pallescens, cultivadas com diversas concentrações de HMP biotecnológico ..................................................................... 33 Figura 10 – Microscopia óptica de campo claro deCurvularia. Pallescens, cultivados com diferentes concentrações de HMP comercial e coradas com lactofenol azul de algodão......... 34 Figura 11 – Microscopia óptica de campo claro deCurvularia. Pallescens, cultivados com diferentes concentrações de HMP biotecnológico e coradas com lactofenol azul de algodão. 35 Figura 12 – Microscopia eletrônica de varredura de Curvulariapallescenscultivados com diferentes concentrações de HMP comercial........................................................................... 38 Figura 13 – Microscopia eletrônica de varredura de Curvulariapallescens cultivados com diferentes concentrações de HMP biotecnológico.................................................................... 40 Figura 14 – Microscopia eletrônica de transmissão de Curvulariapallescens cultivados com diferentes concentrações de HMP comercial........................................................................... 43 Figura 15 – Microscopia eletrônica de transmissão de Curvulariapallescens cultivados com diferentes concentrações de HMP biotecnológico................................................................... 45 Figura 16 – Microscopia óptica de campo claro de Curvulariapallescens, cultivados com diferentes concentrações de HMP comercial e marcado com sudanblack B ......................... 47 Figura 17– Microscopia óptica de campo claro de Curvulariapallescens, cultivados com diferentes concentrações de HMP biotecnológico e marcado com sudanblack B ................. 48 Figura 18– Microscopia confocal de Curvulariapallescens, cultivados com diferentes concentrações de HMP comercial e incubados com BODIPY® .............................................. 51 Figura 19– Microscopia confocal de Curvulariapallescens, cultivados com diferentes concentrações de HMP biotecnológico e incubados com BODIPY® ...................................... 53 9 Figura 20– Microscopia eletrônica de transmissão pelo método ósmio-imidazol de Curvulariapallescens, cultivado com diferentes concentrações de HMP comercial ............... 56 Figura 21– Microscopia eletrônica de transmissão pelo método ósmio-imidazol de Curvulariapallescens, cultivado com diferentes concentrações de HMP biotecnológico 58 Figura 22– Microscopia de fluorescência de Curvulariapallescens, cultivados com diferentes concentrações de HMP comercial e incubados com FUN-1® .................................................. 60 Figura 23 – Microscopia de fluorescência de Curvulariapallescens, cultivados com diferentes concentrações de HMP biotecnológico e incubados com FUN-1® .......................................... 61 10 LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS °C – Graus Celsius CLAE – Cromatografia Líquida de Alta Eficiência µg/mL – Microgramas por mililitros g – Grama µL – Microlitros µm – Micrometros HMP – 5-hidroxi-2-hidroximetil-gama-pirona M – Molar mL – Mililitros MET – Microscopia Eletrônica de Transmissão MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura MOCC – Microscopia Óptica de Campo Claro mg/ mL – Miligramas por mililitros nm- Nanômetro RPM – Rotação por minuto UV – Ultravioleta DHN – 1,8-di-hidroxinaftaleno L- DOPA – L-3,4-dihidroxifenilalanina DMP30 – Dimethylaminomethyl phenol PHEM – Pipes, Hepes, EGTA e Magnésio pH – Potencial hidrogeniônico GPY – Sigla inglesa para glicose peptona e estrato de levedura 11 RESUMO Os fungos são organismos eucarióticos que desempenham um importante papel na manutenção da vida no planeta. Existem cerca de noventa mil espécies fúngicas descritas, sendo que apenas algumas destas são patógenos de plantas e animais. A espécie Curvularia pallescens é um fungo endofítico produtor de melanina que ocasionalmente pode causar algumas infecções humanas. Atualmente, há alguns estudos acerca dos efeitos antifúngicos de bioprodutos que possuem baixa toxicidade. O 5-hidroxi-2-hidroximetil-γ-pirona (HMP) é um metabolito secundário sintetizado por algumas espécies de fungos do gênero Aspergillus. O HMP possui várias aplicações, principalmente como inibidor da tirosinase, enzima que ajuda na via biossintética para formação da melanina em células de mamíferos e fungo. Este estudo avaliou a ação deste metabólito sobre o fungo filamentoso C. pallescens cultivado e tratado com 25, 50, 100 e 200 µg/ml de HMP comercial e obtido por processos biotecnológicos. A análise morfológica por microscopia óptica de campo claro, microscopia eletrônica de varredura e microscopia eletrônica de transmissão, mostrou um acúmulo de estruturas intracitoplasmáticas semelhantes a corpúsculos lipídicos, externalização de vesículas e desestruturação da parede celular. Análises citoquímica específicas, sudan black B, bodipy e ósmio-imidazol, para detecção de lipídio definiram que estas vesículas continham lipídio e que estavam sendo externalizadas provavelmente por causa da desestruturação da parede celular provocadas pelo tratamento com HMP. Apesar desses danos celulares apresentados, o teste de viabilidade celular utilizando FUN-1, mostrou que a viabilidade foi alterada somente em algumas concentrações de HMP. Esses resultados sugerem que o HMP pode apresentar ação fungistática e promover alterações importantes na morfologia das células de Curvularia pallescens as quais podem estar relacionadas à diminuição da viabilidade de algumas células. Assim, novos estudos são necessários para identificar o mecanismo que induzem estas alterações. Palavras-chave: HMP; Fungo; Alterações morfológicas; Curvularia pallescens. 12 ABSTRACT Fungi are eukaryotic organism that have an important role in maintenance of the life on the planet. There are approximately ninety thousand fungal species described, with only some of these are pathogens of plant and animals. The species Curvularia pallescens is a entophytic fungi and producer of melanin that occasionally causes a variety of human infections. Nowadays, there are some studies about antifungi effects of bioproducts which have low toxicity. The 5-hydroxy-2-hydroxymethyl-γ-pyrone (HMP) is a secondary metabolite synthesized by some species of fungi from Aspergillus genera. The HMP has several applications mainly as tyrosinase inhibitor, enzyme that helps in biosynthetic pathway for melanin formation in various mammalian and fungi cells. This study evaluated the HMP effect on the filamentous fungus C. pallescens cultivated and treated with 25, 50, 100 e 200 µg/ml of HMP. The morphological analysis by bright field optical microscopy, scanning electron microscopy and transmission electron microscopy of treated cells showed accumulation of many structures intracytoplasmatic like lipid droplets, vesicles externalization and disruption of the cell wall. Cytochemical analyses specific, sudan black B, bodipy and osmium-imidazole, to detect lipid defined that vesicles had lipid e was be externalised probably by disruption of the cell wall caused by treatment with HMP. Despite the present cellular damage, the viability test using FUN-1, showed that the viability was altered only in some concentrations of HMP. These results suggested that HMP may have fungistatic action and promote significant changes in cell morphology of Curvularia pallescens, that may be related to decreased of viability of few cells. Thus, further studies are needed to identify the mechanisms that induce these alterations. Keywords: HMP; Fungal; Morphological alterations; Curvularia pallescens. 13 1. INTRODUÇÃO Os fungos são seres eucarióticos, heterótrofos que desempenham um papel essencial para a manutenção da vida no planeta. Constituem um grupo grande e heterogêneo encontrado virtualmente em todos os ambientes e são importantes recicladores da matéria orgânica. Podem viver em simbiose com plantas e animais, além de servirem como alimentos para produção de drogas (Lacaz et al., 2002). Estão envolvidos também em processos biotecnológicos produzindo enzimas, fármacos, ácidos orgânicos, proteínas heterólogas e metabólitos como o 5-hidroxi-2-hidroximetil-gama-pirona (Wang et al., 2005; Ferreira et al, 2010). Apresentam organizações celulares básicas do tipo leveduriforme e hifal (uni ou multinucleada). São revestidos por uma parede celular que confere resistência aos desafios ambientais, sendo constituída basicamente de quitina e outros polissacarídeos como glicanas e mananas, possuindo uma porção fibrilar e outra amorfa, composição que pode variar entre os filos do reino fungi (Tortora et al., 2005). Sua nutrição ocorre através da secreção para o ambiente externo de uma grande variedade de enzimas como hidrolases e peroxidases, além de outros metabólitos secundários. São capazes de decompor os substratos em moléculas menores para que possam atravessar a parede e a membrana celular. A reserva energética baseia-se no armazenamento de glicogênio (Papagianni, 2004). Estima-se que existam cerca de um milhão e meio de espécies fúngicas, com aproximadamente noventa mil descritas, sendo algumas destas patógenos de plantas e animais (Margulis & Schwartz, 2001; Putzke & Putzke, 2004). Em alguns fungos, a patogênese baseia-se principalmente na produção de glicoproteínas, enzimas e pigmentos (Eisenman et al., 2009). Uma grande variedade de fungos produz pigmentos com diversas funções com grande destaque para a melanina, um pigmento escuro, que protege contra dissecação, temperaturas extremas, osmose, radicais de oxigênio, radiação ionizante e radiação ultravioleta (Wang & Casadevall, 1994; Bryan et al., 2011; Khajo et al., 2011). Dentre as espécies produtoras de melanina, destaca-se o fungo Curvularia pallescens, alvo de estudo neste trabalho. 14 1.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS FUNGOS Os fungos são seres eucarióticos pluricelulares e unicelulares que possuem, na grande maioria, genoma haplóide. São multinucleados e possuem reprodução sexuada e assexuada. Não possuem pigmentos fotossintéticos, utilizando fontes energéticas do ambiente onde vivem para obter compostos orgânicos necessários para seu crescimento e armazenamento de energia. Os principais compostos armazenados compreendem açucares, alcoóis e lipídios. Fungos apresentam vida livre, mas podem estabelecer relação mutualística ou parasitária com outros organismos. Os fungos estão distribuídos em quatro grandes divisões: Chytridiomycota, Zygomycota, Ascomycota e Basidiomycota. Essa divisão baseia-se nas estruturas esporuladoras originadas sexuadamente (zoósporo, ascósporo e basidiósporos). Os fungos que não produzem essas estruturas são denominados fungos mitospóricos (anamórficos) e são colocados em categorias artificiais como a divisão Deuteromycota ou subdivisão Deuteromycotina constituindo os fungos imperfeitos (Esposito & Azevedo, 2010). Quanto à morfologia, os fungos apresentam-se sob duas formas principais, filamentosa ou hifal e leveduriforme. A primeira possui forma tubular, contendo normalmente um ou mais núcleos. Podem apresentar paredes transversais denominadas septos que em algumas espécies possuem poros centrais que permitem o fluxo de material citoplasmático entre os compartimentos. As hifas que não possuem septos são chamadas de cenocíticas. As leveduras são células arredondadas que se reproduzem por brotamento (Figura 01). Figura 1: Morfologia básica dos fungos. (A) hifa cenocítica; (B) hifa Septada; (C) levedura. Fonte: Winn jr et al., 2008 modificado. 15 As duas formas possuem uma membrana celular constituída por uma bicamada fosfolipídica intimamente associada a uma parede rígida constituída basicamente por quitina e glucanas, formando um envoltório que confere resistência as condições adversas do ambiente (Figura 02) (Esposito, 2010). Assim como os demais eucariontes, os fungos apresentam, organelas que de modo geral desempenham papel similar a de animais e plantas. Possuem núcleo, mitocôndria e ribossomos que desempenham importante papel no metabolismo oxidativo de energia e síntese de proteínas. O retículo endoplasmático está associado a secreção de proteínas (Griffin, 1994). A maioria das espécies fúngicas apresentam complexo de golgi atípico, constituído de cisternas únicas ou tubulares localizado no ápice das hifas e estão relacionados a seu cescimento (Bracker et al., 1996). Outras organelas como os vacúlos são compartimentos intracelulares que podem estar relacionados ao armazenamento de nitrogênio, empacotamento de enzimas hidrolíticas e síntese e secreção de polissacarídeos extracelulares (Griffin, 1994; Esposito, 2010). O microcorpo é uma organela que recebe denominação dependo das enzimas que produzem, quando contêm oxidases produtoras de peróxido de hidrogênio e catalase são denominados peroxissomos, quando produzem enzimas de beta oxidação são denominados glioxissomos e ao armazenarem hidrogenases e enzimas associadas denominam-se hidrogenossomos (Griffin, 1994). Uma organela fúngica que vem ganhando destaque nos últimos tempos são os corpúsculos lipídicos, que possuem membrana simples, podem ser observados em esporos e hifas e parecem derivar do retículo endoplasmático (Esposito, 2010). Figura 2: Representação esquemática da membrana e parede celular fúngica. Fonte: Kartsonis et al., 2003 modificado. 16 1.2. ESPÉCIE Curvularia pallescens O gênero Curvularia pertence ao grupo dos fungos demáceos e está inserido no filo Ascomycota, classe Euascomycetes, ordem pleosporales e família Pleosporaceae. Habitam regiões tropicais e subtropicais, e estão presentes no solo e vegetais. Possui cerca de trinta e cinco espécies, sendo que a maioria é patógeno de plantas (Assunção et al., 2006). Algumas espécies como C. lunata, C. pallescens e C. geniculata, são patógenos oportunistas podendo causar infecções em humanos e animais. Estas espécies já foram recuperadas de infecções humanas como: ceratite micótica, sinusite, endocardite, peritonite, micetoma e infecções do sistema nervoso central (Ellis et al., 2007; Carter & Boudreaux, 2004; Berbel et al., 2011). As principais formas de infecção ocorrem através da inalação ou inoculação por soluções de continuidade da pele (Vachharajani et al., 2005). A espécie C.pallescens é um patógeno de plantas e animais que apresenta colônias com bordas irregulares, anverso cotonoso acinzentado e verso variando do castanho ao preto (Figura 3 A e B). A conidiação é do tipo simpodial, ou seja, brotamento a partir de gemas laterais (Figura 3 C). Os conídios são retos ou geniculados com três septos e quatro células, sendo que a segunda é mais volumosa (Freire, 1998). Figura 3: Características morfológicas de Curvularia pallescens. A) Anverso da cultura; B) Verso da cultura C) Microcultivo. Fonte: próprio autor. 17 1.3. MELANINA FÚNGICA A melanina é um pigmento, ubíquo no reino biológico, formado pela polimerização de compostos fenólicos ou indólicos e apresenta inúmeras funções biológicas (Plonka & Grabacka, 2006). Em mamíferos a síntese de melanina ocorre em células especializadas denominadas melanócitos sendo mediada pela enzima tirosinase. Nos fungos ela ocorre através de duas vias principais, a via DHN (1,8-dihidroxinaftaleno) (Figura 4 A) e a via L-dopa (L-3,4-dihidroxifenilalanina) (Figura 4 B). A melanina da via DHN é catalisada pela enzima policetídeo síntase que tem como substrato moléculas endógenas provenientes do metabolismo celular como a acetil-CoA e malonil-CoA. Através de reações de redução e desidratação produz intermediário como o 1,3,8trihidroxinaftaleno levando a formação do 1,8-dihidroxinaftaleno o qual sofre polimerização levando à formação de melanina. A segunda é a via L-dopa, semelhante a dos mamíferos, mediada pelas enzimas tirosinase e lacase. As precursoras nesta via são moléculas exógenas como tirosina e L-dopa. Quando L-dopa é a molécula precursora a oxidação para dopaquinona é feita pela lacase. Quando tirosina é o precursor, esta é convertida em L-dopa e a seguir em dopaquinona. Estas duas etapas são mediadas pela tirosinase (Eisenman & Casadevall, 2012). 18 Figura 4: Representação esquemática das vias de síntese da melanina fúngica. (A) Via DHN (1,8-dihidroxinaftaleno); (B) Via L-DOPA (L-3, 4-dihidroxifenilalanina). Fonte: Eisenman & Casadevall, 2012 modificado. O local de síntese de melanina fúngica é bem caracterizado em algumas espécies como Fonsecaea pedrosoi que ocorre em vesículas semelhantes à melanossomos dos mamíferos (Franzen et al., 2006). Em Cryptococcus neoformans a melanização ocorre em vesículas presentes na parede celular (Eisenman et al., 2009; Eisenman & Casadevall, 2012). A melanina fúngica desempenha um papel essencial na biologia e patogênese dos fungos (Revankar & Sutton, 2010). A sua característica multifuncional baseia-se em suas características moleculares, que a torna estável e capaz de resistir a processos físico-químicos. Em fungos patogênicos humanos a função da melanina é bem descrita atuando através de vários mecanismos. A melanina protege contra radicais livres, “burst oxidativo” (Schnitzler et al., 1999) e tem ação antioxidante (Jacobson et al., 1995; Gonçalves & Sponchiado, 2005). 19 Fungos melanizados são menos suscetíveis a fagocitose de neutrófilos e macrófagos (Hayakawa et al., 2006). Nos fungos endofiticos, produtores de melanina, a presença de apressórios melanizados são essenciais para penetração destas estruturas nos tecidos do hospedeiro (Gachomo et al., 2010). Além disso, fungos melanizados são mais resistentes a terapia antifúngica (Van Duin et al., 2002; Paolo et al., 2006). Essa resistência pode ser devido à ligação das drogas com a melanina causando bloqueio do fármaco. A melanina pode ligar-se a anfotericina B, uma droga antifúngica, provocando uma redução na concentração da droga em solução (Ikeda et al., 2003). Essa função variada da melanina pode explicar o potencial patogênico dos fungos melanizados (Revankar & Sutton, 2010). 1.4. CORPÚSCULOS LIPÍDICOS Corpúsculos lipídicos (CL) são estruturas esféricas intracitoplasmáticas, funcionalmente ativas, encontradas em vários tipos celulares (mamíferos, bactérias, fungos e plantas) (Murphy, 2001, Reue, 2011, Zhang et al. 2010). Classicamente eram vistos apenas como reservatório do excesso de gordura, contudo novos estudos acerca da biologia dos CL têm mostrado que proteínas estão associadas a sua monocamada fosfolipídica, conferindo função semelhante à de organelas (Murphy et al. 2009, Thiele & Spandl 2008; Tauchi-Sato et al. 2002). Essas organelas compartimentalizam enzimas envolvidas na biossíntese, transporte e catabolismo de lipídios (Waltermann et al., 2005). Esses corpúsculos apresentam em sua superfície, algumas proteínas específicas, como as pertencentes ao grupo PAT (Perilipinas, ADRP e TIP 47), que estão envolvidas no armazenamento de lipídio, montagem e biogênese dos CL. Algumas proteínas são encontradas dentro do ambiente hidrofóbico do corpúsculo, contudo suas funções ainda permanecem sem entendimento (Robenek et al. 2005, Robenek et al. 2009). Os CL são bem heterogêneos, possuindo tamanhos que variam de 0.1 a 200 μm de diâmetro e tal característica pode estar relacionada ao estágio de maturação dessas organelas (Saka & Valdivia, 2012). A constituição lipídica desses corpúsculos consiste principalmente de triacilgliceróis (TAG), diacilgliceróis (DAG) e ésteres-esteróis, podendo variar dependendo do tipo celular (Rinia et al. 2008). Adipócitos apresentam em sua constituição o predomínio de TAG, enquanto que em leveduras, TAG e ésteres-esteróis estão distribuídos igualitariamente na célula (Bartz et al. 2007, Leber et al. 1994, Tauchi-Sato et al. 2002). 20 1.4.1. Biogênese dos Corpúsculos Lipídicos O retículo endoplasmático (RE) é a organela que está diretamente envolvida na formação dos CL devido possuir a maioria das enzimas necessárias para a biossíntese dos triacilgliceróis, fosfolipídios e esterificação de esteróis (Murphy, 2001). Atualmente existem vários modelos que explicam a formação dos corpúsculos lipídicos. Segundo Ohsaki et al., 2009, três modelos principais são descritos na literatura para demonstrar essa formação. A hipótese mais aceita para a formação dos CL, sugere que lipídios neutros (LN) em células de mamíferos acumulam-se entre os espaços da membrana do RE, causando uma curvatura no folheto citosólico da membrana do retículo com posterior liberação do CL totalmente formado (Figura 5) (Murphy & Vance, 1999, Ohsaki et al., 2009). O segundo modelo sugere que a gênese ocorra de forma semelhante ao primeiro modelo, exceto pelo fato, de os CL ficarem fisicamente conectados ao RE gerando um domínio rico em LN (Saka & Valdivia, 2012). Um terceiro modelo, chamado de escotilha, postula que após os LN acumularem-se no espaço intermembranar do RE essa região seria clivada e liberada para o citosol. Os CL são encontrados próximos a organelas como mitocôndrias, e peroxisomos as quais acessam esses lipídios para β-oxidação de ácidos graxos e fornecimento de precursores para lipidação de proteínas, biossíntese fosfolipídica e biogênese de membrana (Murphy, 2001, Binns et al. 2006, Van Meer et al. 2008). 21 Figura 5: Representação esquemática da biogênese dos corpúsculos lipídicos. Fonte: Martin & Parton, 2006 modificado. 1.4.2. Função dos Corpúsculos Lipídicos Os CL podem ser considerados como uma organela multifuncional que está envolvida em vários processos celulares como sinalização celular e autofagia (Murphy et al., 2009; Shibata et al., 2009). Uma característica que merece destaque é a relação dos CL com a patogênese. Agentes patogênicos como vírus, bactérias intracelulares e protozoários induzem o acúmulo de lipídios na célula hospedeira para posterior utilização nas suas necessidades metabólicas. Vírus da família flaviviridae como da hepatite C e da dengue possuem proteínas que se ligam aos corpúsculos lipídicos obtendo precursores para a montagem de novos vírus (Moradpour et al., 1996; Samsa et al., 2009). Os processos inflamatórios desencadeados por muitos agentes infecciosos induzem o acúmulo de corpúsculos lipídicos em células do sistema imune inato como macrófagos, neutrófilos e eosinófilos (Melo et al., 2011). Bactérias intracelulares como M. tuberculosis e M. leprae associam-se aos CL utilizando-os como fonte de nutrientes (Daniel et al., 2011; Mattos et al., 2010, Mattos et al., 2011). O protozoário Trypanosoma cruzi induz acúmulo de CL em macrófagos, que são recrutados para o vacúolo 22 parasitóforo (Melo et al., 2006). Evidências sugerem que os CL também possam participar como mediadores da resposta imune (Saka & Valdivia, 2012). Além desses microorganismos, que podem acumular corpúsculos lipídicos em seu citosol, os fungos de um modo geral merecem destaque, pois ultimamente pouco se sabe sobre os mecanismos de biogênese dos corpúsculos lipídicos nesses organismos. Alguns fungos patogênicos, como Plasmodiophora brassicae utilizam os CL durante a formação de suas estruturas reprodutivas (Losel & Sancholle, 1996). 1.5. DROGAS ANTIFÚNGICAS Segundo Allen (2010) as principais drogas antifúngicas disponíveis atualmente no mercado são classificadas como azóis, polienos, equinocandinase e inibidores mitóticos (Figura 6). Os dois primeiros compostos baseiam-se na inibição de ergosterol e as equinocandinas inibem a síntese de β-1,3-D-glicano da parede celular. Apesar de sua ação de amplo espectro, esses antifúngicos, apresentam elevada nefrotoxicidade e hepatotoxicidade. Além de inúmeros efeitos colaterais como: febre, calafrios, vômitos, diarréia, erupções cutâneas (Allen, 2010; Lewis, 2011). Figura 6: Representação esquemática dos alvos de ação das drogas antifúngicas. Fonte: Lewis, 2011 modificado. 23 1.6. METABÓLITO 5-HIDROXI-2-HIDROXIMETIL-GAMA-PIRONA (HMP) O HMP ou ácido kójico (Figura 7) é um metabólito secundário produzido por fungos do gênero Aspergillus e Penicillium a partir de várias fontes de carbono (Rukachaisirikul et al., 2007; Mohamad et al., 2010). É uma substância cristalina solúvel em água etanol e acetona (Gomes et al., 2001). Figura 7: Estrutura química do HMP. Fonte: Chang et al., 2009. O HMP possui aplicabilidade variada, sendo utilizado principalmente como inibidor da tirosinase (Papagianni, 2004; Chang et al., 2009), agente antioxidante, aditivo alimentar (Bentley, 2006; Chusiri et al., 2011), no tratamento de melasma como agente despigmentante (Lin et al., 2007), ação antitumoral (Tamura et al., 2006), atividade radioprotetora (Bryan et al., 2011) e atividade fungistática (Chee & Lee, 2003). Além disso, apresentam ação ativadora e proliferativa sobre células do sistema imune, como macrófagos (Rodrigues et al., 2011). A ação antioxidante do HMP foi observada em cultura de neutrófilos onde houve uma diminuição significativa das espécies reativas de oxigênio no sobrenadante. Além disso, os neutrófilos tratados com HMP apresentaram aumento na quantidade de cálcio intracelular, íon envolvido na produção de mediadores inflamatórios e na ativação celular (Niwa & Akamatsu, 1991). Devido à ação antioxidante o HMP é usado como aditivo alimentar possibilitando que frutas, verduras e legumes sejam preservados por mais tempo (Burdok et al., 2001). A ação clareadora do HMP também foi observada em peixes escuros que eram alimentados com comidas suplementada com HMP e tornaram-se marrons após 49 dias de tratamento (Bentley et al., 2006). Esta ação deve-se ao fato deste metabólito ser um potente inibidor da tirosinase, enzima fundamental para síntese de melanina (Bentley et al., 2006; Mi 24 ha et al, 2007). O HMP é utilizado eficientemente como despigmentante, demonstrando ser tão eficaz quanto à hidroquinona no tratamento de melasma (Lim et al., 1999). O HMP tem atividade proliferativa em hepatócitos de camundongos que sofreram hepatotomia e foram tratados por quatro semanas com alimentos contendo 3% HMP (Moto et al., 2006; Kono et al., 2007). Em camundongos com lesão na tireóide, tratados por oito semanas com alimentos suplementados com 2% HMP não foi observada proliferação celular anormal (Tamura et al., 2006). Outra aplicação recente desse metabólito é o seu uso como radioprotetor contra irradiação gama. Essa ação pode estar relacionada com a formação de complexos com manganês e zinco, que passam a possuir grande estabilidade hidrolítica, tornando-se altamente lipofílicos ou ainda, devido à atividade antioxidante (Emami et al., 2007; Hosseinimehr et al., 2009). Sua ação sobre patógenos humanos foi demonstrada recentemente por nosso grupo, "Rodrigues (Comunicação Pessoal)", em protozoário do gênero leishmania. Em helminto, como Schistosoma mansoni, foi detectada diminuição da produção de ovos do parasito devido à inibição da enzima tirosinase, presente nos vermes adultos (Fitzpatrick et al., 2007). Sua ação fungistática foi descrita por Chee & Lee (2003), em três espécies de fungos produtores de melanina. Em fungos filamentosos o HMP parece agir sinergicamente com drogas antifúngicas convencionais potencializando sua ação (Kim et al., 2013). Entretanto, não existe na literatura nenhum trabalho descrevendo alterações morfológicas em fungos provocadas pelo HMP. 25 2. JUSTIFICATIVA O número de infecções fúngicas tem aumentado nos últimos anos acometendo severamente pacientes imunocomprometidos. Essas infecções, assim como os fármacos antifúngicos, têm recebido pouca atenção das autoridades competentes e o surgimento de novas drogas não tem acompanhado o aumento crescente de micoses em humanos (Di Santo, 2010). Os principais quimioterápicos disponíveis atualmente para o tratamento das doenças fúngicas, apesar de apresentarem amplo espectro de ação, são altamente tóxicos e desencadeiam inúmeros efeitos adversos (Allen, 2010; Lewis, 2011). Nos últimos trinta anos a resistência a antifúngicos tem aumentado devido a fatores intrínsecos aos microrganismos assim como falhas no tratamento dos pacientes (Pfaller et al., 2011; Wandeputte et al., 2012). Atualmente há uma tendência da análise das propriedades antifúngicas de compostos naturais bioativos isolados de diversas fontes biológicas (Mayer et al., 2011). Portanto, torna-se necessário o desenvolvimento de novos compostos antifúngicos que atuem em novos alvos específicos. Estudos demonstram que o HMP, um metabólito secundário produzido pelo gênero Aspergillus, atua como um importante inibidor da síntese de melanina, além de ativar monócitos e macrófagos. Desta forma, considerando que a melanina fúngica desempenha um papel protetor para os fungos e a inexistência de trabalhos na literatura que mostre a ação do HMP sobre as alterações morfológicas em fungos produtores de melanina, o presente estudo buscou elucidar essas questões. 26 3. OBJETIVOS 3.1. OBJETIVO GERAL Analisar a ação do metabólito secundário, 5-hidroxi-2-hidroximetil-gama-pirona (HMP), sobre o fungo Curvularia pallescens. 3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS (1) Analisar a ação do HMP sobre conídios e hifas de Curvularia pallescens; (2) Comparar a ação do 5-hidroxi-2-hidroximetil-gama-pirona HMP comercial e o HMP biotecnológico sobre o fungo Curvularia pallescens; (3) Analisar a viabilidade fúngica após tratamento com HMP; (4) Observar alterações morfológicas das células fúngicas tratadas com HMP. 27 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. OBTENÇÃO DO METABÓLITO HMP O HMP comercial foi obtido da empresa (Sigma-Aldrich) e o HMP biotecnológico foi obtido no laboratório de Desenvolvimento de Fármacos da Universidade Federal do Pará (UFPA). Fungos do gênero Aspergillus foram cultivados em meio Czapek-Dox sólido. Deste cultivo foi feita uma suspensão de esporos da qual foram inoculados 5 mL em frascos contendo 400 mL de meio líquido Czapek-Dox e incubados por 10 dias. Posteriormente, foram realizados repiques a fim de aumentar o crescimento dessa cultura em frascos contendo 500 mL de meio líquido Czapek-Dox (pH 5,5) suplementados com 6% de amido de mandioca devidamente esterilizado (121 ºC / 15 minutos). Os frascos foram colocados em incubadora com agitação e temperatura fixas (120 rpm a 28 ºC). A fase líquida obtida do meio de cultura foi submetida à filtração e em seguida à liofilização para obtenção do material bruto concentrado. O conteúdo foi transferido para frascos contendo solução de etanol e água na proporção de 80:20. Extrações consecutivas foram realizadas e os produtos resultantes foram concentrados por evaporação. O HMP foi obtido por cristalização. A espectroscopia de ressonância magnética nuclear foi utilizada para caracterizar a substância. A pureza foi avaliada por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE), sendo considerado puro o material cristalizado com pureza acima de 95%. A estrutura do HMP foi caracterizada por ultravioleta (UV) utilizando os filtros com comprimentos de onda de 269 nm (para detecção do HMP). 4.2. OBTENÇÃO, CULTIVO E MANUTENÇÃO DE Curvularia pallescens. As cepas fúngicas de C. pallescens foram obtidas no Laboratório de Microbiologia do Instituto Ciências Exatas e Naturais da Universidade Federal do Pará e cultivadas em meio GPY sólido e líquido (20g glicose, 20g ágar, 5g peptona sódica, 5g extrato de levedura em 1000 mL de água destilada). As amostras foram preservadas em glicerol 5%. 28 4.3. DILUIÇÃO DO METABÓLITO HMP A solução estoque foi preparada em uma concentração final de 1 mg/mL e diluída em H2O destilada. As concentrações de 25, 50, 100, 200 µg/mL utilizadas nos experimentos foram obtidas a partir dessa solução. 4.4. ANÁLISE MICROSCÓPICA As células de C. pallescens, utilizadas na microscopia, foram obtidas através do cultivo em meio de cultura GPY sólido e líquido. Em meio sólido foi feito macro e microcultivo. Para o macrocultivo, fragmentos micelias foram inoculados na superfície do meio e cultivados por oito dias permitindo o desenvolvimento completo do fungo, enquanto que para o microcultivo, as células foram cultivadas de acordo com Riddell, 1950. O cultivo em meio líquido foi feito em placas de 24 poços e mantidos por oito dias em temperatura ambiente. 4.4.1. Microscopia Óptica de Campo Claro (MOCC) As células fúngicas cultivadas por oito dias em meio GPY e tratadas com HMP comercial e biotecnológico, nas concentrações de 25, 50, 100, 200 µg/mL foram coradas com lactofenol azul de algodão e analisada em microscópio óptico Axiophot Zeiss. 4.4.2. Microscopia Eletrônica Varredura (MEV) As amostras provenientes do microcultivo foram processadas para MEV. Estas foram fixadas em uma solução de glutaraldeído 1%, paraformaldeído 4%, sacarose 2,5 % e tampão PHEM (Pipes, Hepes, EGTA e Magnésio) 0,1 M pH 7,2 por uma hora em temperatura ambiente e posteriormente colocadas em uma solução contendo glutaraldeído 2,5%, paraformaldeído 4%, cloreto de cálcio 2,5 mM e tampão cacodilato 0,1MpH 7,4 por uma hora em temperatura ambiente. Após essa etapa as lamínulas foram lavadas três vezes em tampão cacodilato 0,1M pH 7.2, pós-fixadas em solução contendo tetróxido de ósmio 1% e ferrocianeto de potássio1% por uma hora em temperatura ambiente protegidos da luz. As células aderidas às lamínulas foram lavadas novamente por três vezes no mesmo tampão e desidratadas em uma série gradual de etanol a 20, 30, 50, 70, 90% (15 minutos cada) com duas passagens em etanol 100% (20 minutos cada). As amostras foram submetidas ao ponto crítico de CO2, aderidas em suportes “stubs” com fita de carbono e metalizadas com ouro. As células foram analisadas em microscópio eletrônico de varredura LEO 1450 VP. 29 4.4.3. Microscopia Eletrônica Transmissão (MET) C. pallescens foram cultivadas em meio GPY e tratadas com 25, 50, 100, 200 μg/mL de HMP diluído em H2O destilada. O tratamento foi realizado com 200 μL dessas soluções de uso, as quais foram inoculadas na superfície do meio de cultura e espalhadas com alça de Drigalski. Após oito dias de cultivo a superfície das culturas, região intermediária entre o centro e a periferia, foi raspada com alça “L”, fixadas e pós-fixadas conforme descrito no item 4.4.2. A desidratação foi feita em série gradual de acetona 20, 30, 50, 70, 90% (15 minutos cada etapa) e duas passagens em acetona 100% (20 minutos cada). Foi feita infiltração em resina epon/acetona nas concentrações: 1:2, 1:1, 2:1 (12 horas cada). Após infiltração, o material foi colocado em epon puro com DMP-30 (substância polimerizadora), por 12 horas em geladeira, emblocados e incubados em estufa a 60 °C por 48 horas para polimerização. Os cortes ultrafinos foram feitos em ultramicrótomo (Leica EM UC6), posteriormente contrastados com acetato de uranila e citrato de chumbo e observados em microscópio eletrônico de transmissão LEO 906 E. 4.5. TESTE DE VIABILIDADE CELULAR EM HIFAS TRATADAS COM HMP USANDO O FUN®1. O FUN®1 (2-chloro-4-(2,3-dihydro-3-methyl-(benzo-1,3-thiazol-2-yl)-methylidene)-1phenylquinolinium iodide) é uma sonda fluorescente que em células mortas apresenta fluorescência difusa variando do verde ao amarelo. Em células metabolicamente ativas é convertida em estruturas cilíndricas intravacuolares entre o vermelho e o alaranjado, com diminuição da fluorescência verde citoplasmática. Esta conversão ocorre através do processamento dos compartimentos ácidos da via endocítica que está preservada em células metabolicamente ativas. 4.5.1. Análise por microscopia óptica de fluorescência Fragmentos fúngicos, obtidos a partir de cultura sólida foram inoculados em meio GPY líquido e cultivados por oito dias. Após esse período 100 µL da cultura líquida foram retirados e inoculados em placas de 24 poços contendo lamínulas e meio de cultura suplementado com HMP comercial e biotecnológico nas concentrações de 25, 50, 100, 200 µg/mL e incubados a temperatura ambiente por oito dias. Os controles negativos (células mortas) foram obtidos após fixação com metanol 100%. As lamínulas contendo hifas aderidas foram incubadas por 1h com FUN®1 na concentração de 6,25 µM à temperatura ambiente, 30 protegidas da luz e lavadas três vezes com PBS por 10 minutos cada, montadas com ProLong® Gold antifade e analisadas em microscópio óptico Axiophot Zeiss. 4.6. ANÁLISE CITOQUÍMICA PARA DETECÇÃO DE LIPÍDIOS 4.6.1. Marcação de corpúsculos lipídicos pela coloração sudan black B O Sudan Black B é um corante que se liga a lipídios e triglicerídeos neutros. As lamínulas provenientes do microcultivo foram fixadas em solução de etanol 70% por 20 minutos e lavadas em H2O destilada. As células aderidas nas lamínulas foram incubadas com solução filtrada de Sudan Black B em etanol 70% por 15 minutos. Após esse período, o excesso de corante foi retirado utilizando etanol a 70%. As lamínulas foram lavadas com água destilada, montadas com Entellan® e analisadas em microscópio óptico Axiophot Zeiss. 4.6.2. Detecção de corpúsculos lipídicos pelo marcador fluorescente BODIPY® O BODIPY® (4,4-difluoro-3a,4a-diasa-s-indacene) é um marcador fluorescente altamente lipofílico, que marca principalmente lipídios neutros presentes em corpúsculos lipídicos e membrana celular. O comprimento de onda para análise varia de 500 à 650 nm. As lamínulas provenientes do cultivo em meio líquido foram fixadas com paraformaldeído 4% por 20 minutos a temperatura ambiente e lavadas com PBS 3 vezes por 10 minutos cada. Em seguida as lamínulas foram incubadas com BODIPY ® , na concentração de 1 µg/mL em PBS por 30 minutos à temperatura ambiente protegido da luz, para detecção dos lipídios neutros presentes nos corpúsculos do microorganismo. Em seguida, as lamínulas foram lavadas 3 vezes, por dez minutos cada em PBS. Após a secagem das lamínulas, estas foram montadas em lâminas de vidro com ProLong® Gold antifade e analisadas em microscópio confocal a laser LSM 5 Pascal Zeiss. 31 4.6.3. Detecção de corpúsculos lipídicos pelo método ósmio-imidazol (Angermüller & Fahini, 1982) O complexo ósmio-imidazol penetra rapidamente nas células facilitando a interação da molécula de tetróxido de ósmio com os lipídios insaturados contrastando fortemente as inclusões lipídicas. A contrastação deve-se ao imidazol com forte capacidade de ligar-se a metais. As células provenientes do macrocultivo foram fixadas como descrito no item 4.4.2. Após a fixação, as células foram lavadas por 10 minutos em tampão cacodilato 0,1 M, pH 7,2 e em tampão imidazol 0,1 M, pH 7,5. Posteriormente foram pós-fixadas em uma solução de tetróxido de ósmio a 2% e tampão imidazol 0,1 M, pH 7,5 por 30 minutos à temperatura ambiente, protegido da luz. As células foram lavadas duas vezes em tampão imidazol 0,1M, desidratadas em acetona e incluídas em resina como descrito no item 4.4.3. Os cortes ultrafinos obtidos foram contrastados durante 20 minutos com acetato de uranila 5%, e durante 5 minutos com citrato de chumbo. Ao final o material foi observado em Microscópio Eletrônico de Transmissão, LEO 906 E. Tanto as células tratadas quanto o grupo controle, sem tratamento, foram submetidas ao mesmo processamento. 32 5. RESULTADOS 5.1. ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS MACROSCÓPICAS A cultura em meio sólido do fungo C. pallescens tratado com HMP comercial e biotecnológico, em diferentes concentrações apresentou diferenças significativas durante o período de tratamento. Em relação à morfologia da colônia, houve aparente redução no tamanho, bem como diminuição na pigmentação do micélio vegetativo, observada principalmente nas culturas tratadas com HMP na concentração de 200 µg/mL (Figuras 8 E2 e 9 E2), quando comparadas ao grupo controle (Figuras 8 A2 e 9 A2). Figura 8: Características morfológicas da cultura de Curvularia pallescens, cultivadas com diversas concentrações de HMP comercial. (A1) controle sem tratamento; (B1-E1) tratadas com 25, 50, 100, 200 µg/mL de HMP comercial, respectivamente; (A1-E1) anverso da cultura; (A2-E2) verso da cultura. 33 Figura 9: Características morfológicas da cultura de Curvularia pallescens, cultivadas com diversas concentrações de HMP biotecnológico. (A1) controle sem tratamento; (B1-E1) tratadas com 25, 50, 100, 200 µg/mL de HMP biotecnológico, respectivamente; (A1-E1) anverso da cultura; (A2-E2) verso da cultura. 5.2. ANÁLISE MORFOLÓGICA POR MICROSCOPIA ÓPTICA DE CAMPO CLARO A análise por microscopia óptica de campo claro de C. pallescens, mostrou algumas alterações morfológicas, após tratamento com HMP comercial e biotecnológico. Hifas e conídios sem tratamento apresentaram morfologia característica, como parede íntegra da hifa e conídio alongado (Figura 10 A e 11 A). As células tratadas com diferentes concentrações de HMP comercial (Figura 10 B-E) e HMP biotecnológico (Figura 11 B-E) mostraram um aumento no número de vesículas intracitoplasmáticas nas hifas e conídios. Além disso, foi observada discreta diminuição na melanização da parede celular, principalmente nas concentrações de 100 e 200 µg/mL (Figuras 10 e 11 D e E). 34 Figura 10: Microscopia óptica de campo claro de Curvularia pallescens, cultivados com diferentes concentrações de HMP comercial e coradas com lactofenol azul algodão. (A) controle sem tratamento; (B-E) tratadas com 25, 50, 100, 200 µg/mL de HMP comercial, respectivamente. Observar que os cultivos tratados apresentam grande número de vesículas citoplasmáticas (setas) e redução na melanização da parede celular quando comparados ao controle. 35 Figura 11: Microscopia óptica de campo claro de Curvularia pallescens, cultivados com diferentes concentrações de HMP biotecnológico e coradas com lactofenol azul algodão. (A) controle sem tratamento; (B-E) tratadas com 25, 50, 100, 200 µg/mL de HMP biotecnológico, respectivamente. Observar que os cultivos tratados apresentam grande número de vesículas citoplasmáticas (setas) e redução na melanização da parede celular quando comparados ao controle. 36 5.3. ANÁLISE MORFOLÓGICA POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV) As culturas de C. pallescens foram analisadas por MEV, para observar mais detalhadamente as alterações morfológicas de hifas e conídios. Pode-se notar que as células não tratadas (Figuras 12 A e 13 A) apresentaram morfologia característica, sem alterações. Já as culturas tratadas com HMP comercial (Figuras 12 B-E) e HMP biotecnológico (Figuras 13 B-E), nas concentrações de 25, 50, 100 e 200 µg/mL apresentaram alterações morfológicas. Os conídios apresentaram superfície enrugada, característico de desestruturação da parede celular. Inúmeras vesículas sendo externalizadas foram observadas nas hifas tratadas. 37 Figura 12: Microscopia eletrônica de varredura de Curvularia pallescens, cultivados com diferentes concentrações de HMP comercial. (A) controle sem tratamento; (B-E) células tratadas com 25, 50, 100, 200 µg/mL de HMP comercial, respectivamente. Observar a presença de inúmeras vesículas sendo externalizadas (setas longas B, C e E) e conídios apresentando superfície enrugada (cabeça de setas B, C e D) quando comparados ao controle sem tratamento. Imagens coloridas no programa Adobe Photoshop®. 38 39 Figura 13: Microscopia eletrônica de varredura de Curvularia pallescens, cultivados com diferentes concentrações de HMP biotecnológico. (A) controle sem tratamento; (B-E) tratadas com 25, 50, 100, 200 µg/mL de HMP biotecnológico, respectivamente. Observar a presença de inúmeras vesículas sendo externalizadas (setas longas D) e conídios apresentando superfície enrugada (cabeça de setas B, C e E) quando comparados ao controle sem tratamento. Imagens coloridas no programa Adobe Photoshop®. 40 41 5.4. MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE TRANSMISSÃO (MET) Para detectar as mudanças ocorridas em células de C. pallescens tratados com HMP comercial (Figura 14) e HMP biotecnológico (Figura 15), nas concentrações de 25, 50, 100 e 200 µg/mL foi feita análise por MET de rotina. Foi observada a desestruturação da parte fibrilar da parede celular em células tratadas (Figuras 14 e 15 B-E), quando comparadas ao grupo controle, que não recebeu tratamento com a droga, sugerindo que o HMP está atuando nos componentes da parede celular fúngica. Além dessa desestruturação, observou-se também a presença de algumas vesículas no interior das células com aspecto irregular e de tamanhos variados. No entanto, não foi possível detectar a natureza destas estruturas. 42 Figura 14: Microscopia eletrônica de transmissão de Curvularia pallescens, cultivados com diferentes concentrações de HMP comercial. (A) controle sem tratamento. (B-E) tratadas com 25, 50, 100 e 200 µg/mL de HMP comercial, respectivamente. Observar a desestruturação da parte fibrilar da parede celular (setas longas B-E), quando comparados ao controle. Escala da barra 2 µm. 43 44 Figura 15: Microscopia eletrônica de transmissão de Curvularia pallescens, cultivados com diferentes concentrações de HMP biotecnológico. (A) controle sem tratamento. (B-E) tratadas com 25, 50, 100 e 200 µg/mL de HMP biotecnológico, respectivamente. Observar a desestruturação da parte fibrilar da parede celular (setas longas B-E), quando comparados ao controle. Escala da barra 2 µm. 45 46 5.5. ANÁLISE CITOQUÍMICA DAS VESÍCULAS DE Curvularia pallescens. A análise citoquímica é uma técnica que permite definir especificamente estruturas celulares e sua composição bioquímica. Esta técnica é usada para a identificação de proteínas, carboidratos e lipídios, permitindo sua identificação e localização (Souza, 2007). Para detecção de lipídios nós utilizamos três técnicas específicas. 5.5.1. Sudan black B O sudan black B é um corante lipofílico que marca especificamente lipídios insaturados, éster colesterol, triglicerídeos e alguns fosfolipídios, através da dissolução do corantes nestes componentes. Dependendo do tipo de lipídio a ser marcado, a coloração pode variar do azul ao preto. A análise das hifas por microscopia óptica de campo claro de C. pallescens tratadas com HMP comercial e biotecnológico e marcadas com sudan black B, apresentou marcação específica para lipídios (Figura 16 e 17). As células tratadas com diferentes concentrações de HMP comercial (Figura 16 B-E) e HMP biotecnológico (Figura 17 B-E) mostraram um aumento na marcação em toda a extensão das hifas, quando comparadas ao controle sem tratamento (Figura 16 A e 17 A). 47 Figura 16: Microscopia óptica de campo claro de Curvularia pallescens, cultivados com diferentes concentrações de HMP comercial e marcado com sudan black B. (A) controle sem tratamento; (B-E) células tratadas com 25, 50, 100 e 200 µg/mL de HMP comercial, respectivamente. Observar marcação lipídica em azul em toda a extensão das hifas. 48 Figura 17: Microscopia óptica de campo claro de Curvularia pallescens, cultivados com diferentes concentrações de HMP biotecnológico e marcado com sudan black B. (A) controle sem tratamento; (B-E) Células tratadas com 25, 50, 100 e 200 µg/mL de HMP biotecnológico, respectivamente. Observar marcação lipídica em azul em toda a extensão das hifas. 49 5.5.2. Bodipy Para confirmar o acúmulo de lipídios, foi utilizado o marcador altamente lipofílico fluorescente bodipy. Foi possível observar uma intensa marcação dos corpúsculos lipídicos intracitoplasmáticos bem como externamente às hifas principalmente nas concentrações de 100 e 200 µg/mL de HMP comercial (Figura 18 D e E) e biotecnológico (Figura 19 D e E), quando comparada ao grupo controle (Figuras 18 e 19 A). Indicando que possivelmente o tratamento está promovendo uma maior produção desses corpúsculos. 50 Figura 18: Microscopia confocal de Curvularia pallescens, cultivados com diferentes concentrações de HMP comercial e incubados com BODIPY®. (A) controle sem tratamento; (B-E) tratadas com 25, 50, 100, 200 µg/mL de HMP comercial, respectivamente. Observar corpúsculos lipídicos extra e intracitoplasmáticos marcados em verde. Escala das barras 10 µm. 51 52 Figura 19: Microscopia confocal de Curvularia pallescens, cultivados com diferentes concentrações de HMP biotecnológico e incubadas com BODIPY®. (A) controle sem tratamento; (B-E) tratadas com 25, 50, 100, 200 µg/mL de HMP biotecnológico, respectivamente. Observar corpúsculos lipídicos extra e intracitoplasmáticos marcadas em verde. Escala das barras 10 µm. 53 54 5.5.3. Ósmio-imidazol Para confirmar os resultados as células foram marcadas pela técnica citoquímica ósmio-imidazol para detectar lipídios através de MET. Os resultados obtidos mostraram que as células tratadas como HMP comercial e biotecnológico (Figura 20 e 21) apresentaram hifas e conídios com acúmulo de corpúsculos lipídicos intracitoplasmáticos, evidenciados por forte marcação eletrodensa, assim como vesículas contendo lipídios sendo externalizadas (Figura 20 e 21 B-E). Essas estruturas encontravam-se retidas na porção fibrilar da parede celular das células controle (Figura 20 e 21 A) evidenciando que o tratamento com HMP está promovendo a desestruturação da parede com consequente liberação dessas vesículas. 55 Figura 20: Microscopia eletrônica de transmissão pelo método ósmio-imidazol de Curvularia pallescens, cultivado com diferentes concentrações de HMP comercial. (A) controle sem tratamento; (B-E) tratados com 25, 50, 100 e 200 µg/mL de HMP comercial, respectivamente. Observar presença dos corpúsculos lipídicos (*) e vesículas lipídicas com forte marcação eletrodensa (setas). Escala das barras 5µm. 56 57 Figura 21: Microscopia eletrônica de transmissão pelo método ósmio-imidazol de Curvularia pallescens, cultivado com diferentes concentrações de HMP biotecnológico. (A) controle sem tratamento; (B-E) tratados com 25, 50, 100 e 200 µg/mL de HMP biotecnológico, respectivamente. Observar presença dos corpúsculos lipídicos (*) e vesículas lipídicas com forte marcação eletrodensa (setas). Escala das barras 5µm. 58 59 6. VIABILIDADE DAS CÉLULAS FÚNGICAS Para verificar se o tratamento com HMP estava promovendo a morte das células fúngicas, foi realizado o ensaio fluorescente FUN®1. Este marcador é uma sonda fluorescente que avalia a capacidade de processamento endocítico dependente da integridade da membrana celular fúngica. No presente estudo as hifas apresentaram marcação característica de seu estado metabólico (Figuras 22 e 23) após tratamento com HMP comercial e biotecnológico. Para controle negativo as células foram mortas com metanol absoluto (Figuras 22A e 23A). As células viáveis apresentaram vesículas citoplasmáticas apresentando padrão de fluorescência vermelho-alaranjada semelhante ao controle positivo, células vivas (Figuras 22B e 23B). As culturas tratadas com 25 µg/mL de HMP comercial (Figuras 22C) e 25 e 50 µg/mL de HMP biotecnológico (Figuras 23 C e D), apresentaram fluorescência verdeamarelada característica de células mortas ou metabolicamente inativas. 60 Figura 22: Microscopia de fluorescência de Curvularia pallescens, cultivados com diferentes concentrações de HMP comercial e incubados com FUN®1. (A) controle negativo, células mortas; (B) controle positivo, células vivas; (C-F) tratados com 25, 50, 100, 200 µg/mL de HMP comercial, respectivamente. Observar vesículas fluorescentes vermelho-alaranjadas no interior das hifas em (D, E e F). Escala das barras 20 µm. 61 Figura 23: Microscopia de fluorescência de Curvularia pallescens, cultivados com diferentes concentrações de HMP biotecnológico e incubados com FUN®1. (A) controle negativo, células mortas; (B) controle positivo, células vivas; (C-F) tratados com 25, 50, 100, 200 µg/mL de HMP biotecnológico, respectivamente. Observar vesículas fluorescentes vermelhoalaranjadas no interior das hifas em (E e F). Escala das barras 20 µm. 62 7. DISCUSSÃO A complexa relação entre fungos patogênicos e o hospedeiro envolve diversos mecanismos que tentam modular o sistema de defesa do hospedeiro. Esses patógenos utilizam algumas estratégias como produção de pigmentos, enzimas, glicoproteínas e polissacarídeos que podem estar envolvidos no processo de adaptação do fungo às condições adversas do hospedeiro, sendo considerados fatores de virulência (Casadevall et al., 2009). Dentre os pigmentos produzidos, destaca-se a melanina, um pigmento escuro que apresenta propriedades importantes, atuando como agente antioxidante, antitumoral e inibidor da mutagênese (Tamura et al., 2006; Chusiri et al., 2011). Apresenta também ação protetora contra radiações ionizantes, estresse oxidativo e fagocitose, constituindo um dos principais fatores de virulência envolvidos na interação do patógeno com a célula hospedeira (Schnitzler et al., 1999; Langfelder et al., 2003; Nosanchuk & Casadevall, 2006; Hayakawa et al., 2006). Existem substâncias naturais que são capazes de inibir a síntese de melanina, entre elas destaca-se o ácido kójico ou HMP produzido por fungos do gênero Aspergillus (Ferreira et al., 2010). O HMP apresenta ação inibidora da enzima tirosinase a qual está envolvida na síntese de melanina em células de mamíferos e fungos (Papagianni, 2004; Chang et al., 2009; Ferreira et al., 2010). Substâncias capazes de inibir a síntese de melanina podem promover importantes modificações na fisiologia e morfologia de fungos patogênicos. No presente trabalho foi observado, inicialmente, que o HMP comercial e o biotecnológico, promoveram a inibição da melanização do micélio de culturas do fungo C. pallescens na concentração de 200 µg/mL do bioproduto, com uma aparente diminuição do crescimento. Resultados semelhantes foram observados por Chee & Lee (2003) que ao analisarem a atividade do HMP sobre o fungo patogênico Cryptococcus neoformans, demonstraram a diminuição no crescimento e pigmentação dessa espécie, atribuindo tal fato à ação fungistática e despigmentadora da substância. Estudo utilizando o agrotóxico triciclazol, um inibidor específico da biossíntese de melanina, demonstrou diminuição na melanização e desestruturação da parede celular do fungo demáceo Fonsecaea pedrosoi (Franzen et al., 2006). Além disso, outros inibidores da biossíntese de melanina, como carpropamida e piroquilona, em estudo feito no fungo Diplocarpon rosae, apresentaram uma redução na melanização com conseqüente diminuição na germinação de conídios e formação de apressórios (Gachomo et al., 2010). 63 A maioria dos trabalhos descritos na literatura demonstra que a inibição da melanização causa diferentes alterações fisiológicas em fungos, entretanto poucos estudos demonstraram alterações morfológicas causadas por estas drogas. Desta forma, para verificar se o HMP promovia alterações na morfologia de Curvularia pallescens, primeiramente foram realizadas análises por microscopia óptica. Foi observado acúmulo de vesículas semelhantes a corpúsculos lipídicos, que posteriormente, foram confirmadas por técnicas de marcação específica para lipídios como sudan black B e bodipy. Nosso grupo de pesquisa demonstrou recentemente que o HMP foi capaz de promover o acúmulo de vacúolos semelhantes a corpúsculos lipídicos em Leishmania amazonensis (Rodrigues, 2013) e em monócitos humanos (Costa, 2012). Tendo em vista o acúmulo de vesículas lipídicas, foi realizada também a análise de C. pallescens por MEV e MET para demonstrar possíveis alterações ultraestruturais relacionadas ao tratamento com HMP. Foi observado o acúmulo de inúmeras vesículas intracitoplasmáticas e externalizadas bem como alterações na parede celular fúngica. Além disso, através da técnica do ósmio-imidazol para MET, foi possível confirmar a presença de corpúsculos lipídicos no citoplasma das células fúngicas tratadas com HMP. Os resultados encontrados no presente trabalho são semelhantes aos descritos por Souza (2008), que verificou aumento no número de corpos eletrodensos no interior das células do fungo Cunninghamella elegans, quando tratados com o hidrocarboneto aromático sulforado, dibenzotiofeno. Além disso, também foi observada a presença de um grande número de vesículas externalizadas em culturas tratadas com HMP enquanto que nas células sem tratamento essas vesículas estavam retidas na porção fibrilar da parede celular. A liberação para o meio extracelular de vesículas por microorganismos pode ocorrer naturalmente ou por ação de estímulos externos como drogas, temperatura e defensinas de plantas (Rodrigues et al, 2007). Em fungos, vesículas externalizadas, podem conter uma grande variedade de moléculas que podem estar associadas a fatores de virulência, entretanto, o processo de externalização ainda não é bem esclarecido, podendo ocorrer através de exocitose ou através de vias alternativas como os exosomos que ocorre em células de mamíferos (Rodrigues et al., 2008; Panepinto et al., 2009). 64 As células tratadas com HMP também apresentaram desestruturação da parede celular promovendo liberação das vesículas retidas em sua porção fibrilar. Estudos demonstraram que vesículas presentes na parede celular de C. neoformans podem conter lipídios e uma série de enzimas como lacase, urease, fosfatase e polissacarídeos como o glucuronoxilomanana (GSL), um dos maiores constituintes da parede celular do agente causador da criptococose (Rodrigues et al., 2007; Rodrigues et al., 2008; Casadevall et al., 2009). Walker et al., 2010 ao estudar cepas mutantes de Candida albicans para o gene que codifica quitina sintase, observou que a quitina presente na parede parece regular a externalização de melanossomos. Além de fungos, a liberação de vesículas também foi descrita para o protozoário Leishmania major e Leishmania donovani (Hosseini et al., 2013). Hassani et al., 2011 mostraram que Leishmania mexicana submetida à variação de temperatura apresentou aumento na síntese de proteínas e exovesículas aderidas a superfície do parasito. De acordo com Eisenman et al. (2009), vesículas lipídicas de C. neoformans apresentam melanina em sua composição. Desta forma, podemos inferir que, devido à presença de vesículas lipídicas observadas por MET (ósmio-imidazol) em culturas de Curvularia pallescens tratadas com HMP, este metabólito pode estar induzindo a liberação de vesículas contendo lipídios possivelmente associado à melanina. Além disso, o acúmulo e externalização destas vesículas podem estar relacionados com a tentativa do patógeno em se proteger da ação do HMP. Tendo em vista, as alterações morfológicas observadas no presente estudo, foi realizado o teste de viabilidade utilizando FUN®1 para determinar se o tratamento com HMP estava promovendo a morte celular. A viabilidade das hifas de C. pallescens foi alterada apenas nas culturas tratadas nas concentrações de 25 µg/mL de HMP comercial e de 25 e 50 µg/mL de HMP biotecnológico. Este resultado pode estar relacionado à ação fungistática da droga em menores concentrações. Nas concentrações de 100 e 200 µg/mL, o HMP parece não estar alterando a viabilidade das células, tal fato pode estar relacionado ao aumento do metabolismo celular do fungo na tentativa de se defender da ação do HMP. Resultados semelhantes foram encontrados por Frazen et al. (2006), que após tratamento do fungo Fonsecaea pedrosoi com Triciclazol, observaram que a viabilidade do fungo não foi alterada significativamente com o tratamento, porém foram detectadas várias alterações morfológicas. Estes autores sugerem que a desestruturação da parede fúngica pode potencializar o efeito do 65 tratamento com drogas antifúngicas como, por exemplo, a Anfotericina B. Recentemente, foi demonstrado que o HMP tem ação quimiosensibilizante agindo de forma sinérgica com drogas antifúngicas comerciais (Kim et al., 2012). O HMP parece estar atuando na desestruturação da melanina e podendo assim ser utilizado como droga antifúngica associada a potentes fungicidas. Desta forma, no presente trabalho, foi possível demonstrar que o HMP promoveu importantes alterações morfológicas na parede celular de C. pallescens, induzindo uma intensa liberação de vesículas lipídicas que podem estar associadas à melanina, demonstrando que o HMP pode ser um importante agente antifúngico em fungos produtores de melanina ou até mesmo atuar de forma sinérgica com drogas antifúngicas convencionais para o tratamento de doenças fúngicas de importância médica e drogas antifúngicas usadas na agroindústria. 66 8. CONCLUSÃO Nossos resultados permitem concluir que: 1. O HMP foi capaz de promover diminuição na melanização em C. pallescens, principalmente nas maiores concentrações. 2. O HMP promoveu alterações morfológicas, uma vez que se observou o acúmulo de vesículas citoplasmáticas, desestruturações na parede celular e externalização de vesículas. 3. O HMP comercial e biotecnológico promoveu importantes alterações morfológicas. 4. O HMP biotecnológico apresentou ação semelhante ao HMP comercial podendo ser utilizado como um possível agente fungistático já que sua obtenção possui menor custo. 67 9. REFERÊNCIAS ALLEN, U. D. Antifungal agents for the treatment of systemic fungal infections in children. Paediatric Child Health 15: 603-609, 2010. ANGERMÜLLER, S. & FAHIMI, H. D. Imidazole-buffered osmium tetroxide: an excellent stain for visualization of lipids in transmission electron microscopy. Histochemical Journal 14: 823-835, 1982. ASSUNÇÃO, I. P., LIMA, G. S. A., AMORIM, E. P. R., MUNIZ, M. F. S., ENDRES, L. Ocorrência de Curvularia lunata em Jurubeba no estado de Alagoas. Summa Phytopathologica 32: 386-387, 2006. BARTZ, R., LI, W. H., VENABLES, B., ZEHMER, J. K., ROTH, M. R. Lipidomics reveals that adiposomes store ether lipids and mediate phospholipid traffic. Journal Lipid Research 48: 837–47, 2007. BENTLEY, R. From miso, saké and shoyuto cosmetics: a century of science for kojic acid. Natural Product Reports 23: 1046–1062, 2006. BERBEL, R. F., CASELLA, A. M. B., Freitas, D., HÖFLING-LIMA, A. L. Curvularia lunata Endophthalmitis. Journal of Ocular Pharmacology and Therapeutics 27, 2011. BINNS, D., JANUSZEWSKI, T., CHEN, Y., HILL J., MARKIN, V. S. An intimate collaboration between peroxisomes and lipid bodies. Journal of Cell Biology 173: 719– 31, 2006. BRACKER, C. E., MORRE, D. J., GROVE, S. N. Structure, differentiation and multiplication of golgi apparatus in fungal hyphae. Protoplasma 194: 250 - 274, 1996. BRYAN, R., JIANG, Z., FRIEDMAN, M., DADACHOVA, E. The effects of gamma radiation, UV and visible light on ATP levels in yeast cells depend on cellular melanization. Fungal biology 115: 945-949, 2011. BURDOCK, G. A., SONI, M.G., CARABIN, I. G. Evaluation of Health Aspects of Kojic Acid in Food. Regulatory Toxicology and Pharmacology 33:80-101, 2001. CARTER, E., BOUDREAUX, C. Fatal Cerebral Phaeohyphomycosis Due to Curvularia lunata in an Immunocompetent Patient. Journal of Clinical Microbiology 42: 5419– 5423, 2004. CASADEVALL, A., NOSANCHUK, J. D., WILLIAMSON, P., RODRIGUES, M. L. Vesicular transport across the fungal cell wall. Trends in Microbiology 17: 158-162, 2009. 68 CHANG T. An updated review of tyrosinase inhibitors. International Journal of Molecular Sciences 10: 2440-2475, 2009. CHEE, H. Y., LEE, E. H. Fungistatic Activity of Kojic Acid Against Human Pathogenic Fungi and Inhibition of Melanin-production in Cryptococcus neoformans. Mycobiology 31: 248-250, 2003. CHUSIRI, Y., WONGPOOMCHAI, R., KAKEHASHI, A., WEI, M., WANIBUCHI, H., VINITKETKUMNUAN, U., FUKUSHIMA, S. Non-genotoxic mode of action and possible threshold for hepatocarcinogenicity of Kojic acid in F344 rats. Food and Chemical Toxicology 49:471-476, 2011. COSTA, J. P. Ação do metabólito secundário 5-hidroxi-2-hidrometil gama-pirona isolado de fungos do gênero Aspergillus sobre monócitos humanos in vitro. Dissertação (Mestrado em Neurociências e Biologia Celular) – Belém, Universidade Federal do Pará, 2012. DANIEL, J., MAAMAR, H., DEB, C., SIRAKOVA, T. D., KOLATTUKUDY, P. E. Mycobacterium tuberculosis uses host triacylglycerol to accumulate lipid droplets and acquires a dormancy-like phenotype in lipid-loaded macrophages. PLOS Pathogens 7, 2011. DI SANTO, R. Natural products as antifungal agents against clinically relevant pathogens. Natural Product Reports 27: 1084–1098, 2010. EISENMAN, H. C., FRASES, S., NICOLA, A. M., RODRIGUES, M. L., CASADEVALL, A. Vesicle-associated melanization in Cryptococcus neoformans. Microbiology 155: 3860–3867, 2009. EISENMAN, H.C. & CASADEVALL, A. Synthesis and assembly of fungal melanin. Applied Microbiology and Biotechnology, 2012. ELLIS, D., DAVIS, S., ALEXIOU, H., HANDKE, R., BARTLEY, R. Descriptions of Medical Fungi, 2007. EMAMI, S., HOSSEINIMEHR, S. J., TAGHDISI, S. M., AKHLAGHPOOR, S. Kojic acid and its manganese and zinc complexes as potential radioprotective agents. Bioorganic & Medicinal Chemistry Letters 17:45-48, 2007. ESPOSITO, E., AZEVEDO, J. L. Fungos: uma introdução à biologia, bioquímica e biotecnologia. EDUCS, 2010. 638p. FERREIRA, N. R., SARQUIS, M. I. M., ALVES, C. N., SANTOS, A. S. Biotransformation of sucrose into 5-hydroxy-2-hydroxymethyl-γ-pirone by Aspergillus flavus. Anais da Academia Brasileira de Ciências 82(3): 569 -576, 2010. 69 FITZPATRICK, J.M., HIRAI, Y., HIRAI, H, HOFFMANN, K.F. Schistosome eggproductionis dependent upon the activities of two developmentally regulated tyrosinases. FASEB Journal 21(3):823-35, 2007. FRANZEN, A. J., CUNHA, M. M. L., BATISTA, E. J. O., SEABRA, S. H., SOUZA, W., ROZENTAL, S. Effects of Tricyclazole (5-methyl-1,2,4-triazol[3,4] benzothiazole), a Specific DHN–Melanin Inhibitor, on the Morphology of Fonsecaea pedrosoi Conidia and Sclerotic Cells. Microscopy Research and Technique 69:729–737, 2006. FREIRE, S. V. P., PAIVA, L. M., LIMA, E. A. L. A., MAIA, L. C. Morphological, cytological, and cultural aspects of curvularia pallescens. Revista de Microbiologia, 1998. GACHOMO, E. W., SEUFFERHELD, M. J., KOTCHONI. S. O. Melanization of appressoria is critical for the pathogenicity of Diplocarpon rosae. Molecular Biology Reports 37:3583–3591, 2010. GOMES, A. J., LUNARDI, C. N., GONZALEZ, S., TEDESCO, A. C. The antioxidant actionof Polypodium leucotomos extract and kojic acid: reactions with reactive oxygen species. Brazilian Journal Of Medical and Biological Research 34: 1487-94, 2001. GONCALVES, R. C. R., SPONCHIADO, S. R. P. Antioxidant Activity of the Melanin Pigment Extracted from Aspergillus Nidulans. Biological & Pharmaceutical Bulletin 28 (6): 1129-1131, 2005. GRIFFIN, D. H. Fungal physiology. New york 2ª ed., 1994. 458p. HASSANI, K., ANTONIAK, E., JARDIM, A., OLIVIER, M. Temperature-induced protein secretion by Leishmania mexicana modulates macrophage signalling and function. Plos One 6, 2011. HAYAKAWA, M., GHOSN, E. E. B., SOUSA, M. G. T., FERREIRA, K. S., ALMEIDA, S. R. Phagocytosis, Production of Nitric Oxide and Pro-inflammatory Cytokines by Macrophages in the Presence of Dematiaceus Fungi that Causes Chromoblastomycosis. Scandinavian Journal of Immunology 64: 382–387, 2006. HOSSEINIMEHR, S.J., EMAMI, S., ZAKARYAEE, V., AHMADI, A., MOSLEMI, D. Radioprotective effects of kojic acid against mortality induced by gamma irradiation in mice. Saudi Medical Journal 30 (4): 490-3, 2009. HOSSEINI, H. M., FOOLADI, A. A. I., NOURANI, M.R., GHANEZADEH, F. The role of exosomes in infectious diseases. Inflammation & Allergy-Drug Targets 12: 29-37, 2013. 70 IKEDA, R., SUGITA, T., JACOBSON, E. S., SHINODA, T. Effects of melanin upon Susceptibility of Cryptococcus to Antifungals. Microbiology and Immunology 47: 271277, 2003. JACOBSON, E. S., HOVE, E., EMERY, H. S. Antioxidant Function of Melanin in Black Fungi. Infection and Immunity 63: 4944–4945, 1995. KARTSONIS, N. A., NIELSEN, J., DOUGLAS, C. M. Caspofungin: the first in a new class of antifungal agents. Drug Resistance Updates 6: 197–218, 2003. KHAJO, A., BRYAN,R. A., FRIEDMAN, M., BURGER,R. M., LEVITSKY,Y., CASADEVALL, A., MAGLIOZZO, R. S., DADACHOVA, E. Protection of Melanized Cryptococcus neoformans from Lethal Dose Gamma Irradiation Involves Changes in Melanin’s Chemical Structure and Paramagnetism. PLOS ONE 06, 2011. KIM, J. H., CHAN, P. K., CHAN, K. L., FARIA, N. C. G., MAHONEY, N., KIM, Y. K., MARTINS, M. L., CAMPBELL, B. C. Enhancement of commercial antifungal agents by kojic acid. International Journal of Molecular Sciences 13: 13867-13880, 2012. KIM, J. H., CAMPBELL, B. C., CHAN, K. L., MAHONEY, N., HAFF, R. P. Synergism of antifungal activity between mitochondrial respiration inhibitors and kojic acid. Molecules 18: 1564-1581, 2013. KONO, T., MOTO, M., MUGURUMA, M., TAKAHASHI, M., JIN, M., KENMOCHI, Y., YOKOUCHI, Y., MITSUMORI, K. Enhancement of hepatocellular proliferative activiy of kojic acid in mice by a simutaneous administrations of ascorbic acid. Journal of Veterinary Medical Science 69 (9):899-908, 2007. LACAZ, C. S., PORTO, E., MARTINS, J. E. C., HEINS-VACCARI, E. M., MELO, N. T. Tratado de micologia médica. Sarvier, 2002. 1120p. LANGFELDER, K., STREIBEL, M., JAHN, B., HAASE, G., BRAKHAGE, A. A. Biosynthesis of fungal melanins and their importance for human pathogenic fungi. Fungal Genetics and Biology 38: 143–158, 2003. LEBER, R., ZINSER, E., ZELLNIG, G., PALTAUF, F., DAUM, G. Characterization of lipid particles of the yeast, Saccharomyces cerevisiae.Yeast 10: 1421–28, 1994. LEWIS, R. E. Current Concepts in Antifungal Pharmacology. Mayo Clinic Proceedings 86: 805-817, 2011. LIM, J.T. E. Treatment of melasma using kojic acid in a gel containing hydroquinone and glycolic acid. Dermatologic Surgery 25: 282-84, 1999. 71 LIN, C., WU, H., HUANG, Y. Combining high-performance liquid chromatography with online microdialysis sampling for the simultaneous determination of ascorbylglucoside, kojic acid, and niacinamide in bleaching cosmetics. Analytica Chimica Acta 581:10207, 2007. LOSEL, D. M., SANCHOLLE, M. In: PRASAD, R., GHANNOUM, M.A., editors. Lipids of pathogenic fungi. Boca Ranton (USA): CRC Press, 1996. P. 27-62. MARGULIS, L., SCHWARTZ, K.V. Cinco reinos: um guia ilustrado dos filos da vida na terra. Guanabara koogan, 2001. 497p. MARTIN, S., PARTON, R. G. Lipid droplets: a unified view of a dynamic organelle. Molecular Cell Biology 7, 2006. MATTOS, K. A., D’AVILA, H., RODRIGUES, L. S., OLIVEIRA, V. G. C., SARNO, E. N. Lipid droplet formation in leprosy: Toll-like receptor-regulated organelles involved in eicosanoid formation and Mycobacterium leprae pathogenesis. Journal of Leukocyte Biology 87: 371–84, 2010. MATTOS, K. A., LARA, F. A., OLIVEIRA, V. G. C., RODRIGUES, L. S., D’AVILA, H. Modulation of lipid droplets by Mycobacterium leprae in Schwann cells: a putative mechanism for host lipid acquisition and bacterial survival in phagosomes. Cellular Microbiology 13: 259–73, 2011. MAYER, A. M. S., RODRÍGUEZ, A. D., BERLINCK, R. G. S., FUSETANI, N. Marine pharmacology in 2007–8: Marine compounds with antibacterial, anticoagulant, antifungal, anti-inflammatory, antimalarial, antiprotozoal, antituberculosis, and antiviral activities; affecting the immune and nervous system, and other miscellaneous mechanisms of action. Comparative Biochemistry and Physiology 153: 191–222, 2011. MELO, R. C. N., FABRINO, D. L., DIAS, F. F., PARREIRA, G. G. Lipid bodies: structural markers of inflammatory macrophages in innate immunity. Inflammation Research 55: 342–48, 2006. MELO, R. C. N., D’AVILA, H., WAN, H. C., BOZZA, P. T., DVORAK, A. M., WELLER, P. F. Lipid bodies in inflammatory cells: structure, function, and current imaging techniques. Journal of Histochemistry & Cytochemistry 59: 540–56, 2011. MI HA, Y., CHUNG, S. W., SONG, S., LEE, H., SUH, H., CHUNG, H. Y. 4-(6-Hydroxy-2naphthyl)-1,3-bezendiol: A Potent, New Tyrosinase Inhibitor. Biological & Pharmaceutical Bulletin 30 (9):1711-15, 2007. MOHAMAD, R., MOHAMED, M. S., SUHAILI, N., SALLEH, M. M., ARIFF, A. B. Kojic acid: Applications and development of fermentation process for production. Biotechnology and Molecular Biology 5: 24-37, 2010. 72 MORADPOUR, D., ENGLERT, C., WAKITA, T., WANDS, J. R. Characterization of cell lines allowing tightly regulated expression of hepatitis C virus core protein.Virology 222: 51–63, 1996. MOTO, M., MORI, T., OKAMURA, M., KASHIDA, Y., MITSUMORI, K. Absence of liver tumor-initiating activity of kojic acid in mice. Archives of Toxicology 80: 299-304, 2006. MURPHY, D. J.; VANCE, J. Mechanisms of lipid-body formation. Trends in Biochemical Sciences 24: 109–115, 1999. MURPHY, D. J. The biogenesis and functions of lipid bodies in animals, plants and microorganisms. Progress in Lipid Research 40: 325–438, 2001. MURPHY, S., MARTIN, S. PARTON, R. G. Lipid droplet-organelle interactions; sharing the fats. Biochimica et Biophysica Acta 1791: 441–47, 2009. NIWA, Y. & AKAMATSU, H. Kojic acid scavenges free radicals while potentiating leukocyte functions including free radical generation. Inflammation 15 (4):4, 1991. NOSANCHUK, J. D., CASADEVALL, A. Impact of melanin on microbial virulence and clinical resistance to antimicrobial compounds. Antimicrobial Agents Chemotherapy 50: 3519–3528, 2006. OHSAKI, Y., CHENG, J., SUZUKI, M., SHINOHARA, Y., FUJITA, A., FUJIMOTO, T. Biogenesis of cytoplasmic lipid droplets: From the lipid ester globule in the membrane to the visible structure. Biochimica et Biophysica Acta 1791: 399-407, 2009. PANEPINTO, J., KOMPERDA, K., FRASES, S., PARK, Y. D., DJORDJEVIC, J. T., CASADEVALL, A., WILLIAMSON, P. R. Sec6-dependent sorting of fungal extracellular exosomes and laccase of Cryptococcus neoformans. Molecular Microbiology 71: 1165-1176, 2009. PAOLO Jr, W. F., DADACHOVA, E., MANDAL, P., CASADEVALL, A., SZANISZLO, P. J., NOSANCHUK, J. D. Effects of disrupting the polyketide synthase gene WdPKS1 in Wangiella [Exophiala] dermatitidis on melanin production and resistance to killing by antifungal compounds, enzymatic degradation, and extremes in temperature. BMC Microbiology 6, 2006. PAPAGIANNI, M. Fungal morphology and metabolite production in submerged mycelial processes. Biotechnology Advances 22: 189–259, 2004. 73 PFALLER, M. A., MOET, G. J., MESSER, S. A., JONES, R. N., CASTANHEIRA, M. Geographic Variations in Species Distribution and Echinocandin and Azole Antifungal Resistance Rates among Candida Blood stream Infection Isolates: Report from the SENTRY Antimicrobial Surveillance Program (2008 to 2009). Journal of Clinical Microbiology 49: 396-399, 2011. PLONKA, P. M., GRABACKA, M. Melanin synthesis in microorganisms: biotechnological and medical aspects. Acta Biochimica Polonica 53: 429–443, 2006. PUTZKE, J., PUTZKE, M.T.L. Os reinos dos Fungos. EDUNISC, 2004. 829p. REUE, K. A thematic review series: lipid droplet storage and metabolism: from yeast to man. Journal of Lipid Research 52: 1865–68, 2011. REVANKAR, S. G., SUTTON, D. A. Melanized Fungi in Human Disease. Clinical microbiology 23: 884–928, 2010. ROBENEK, H., ROBENEK, M. J., TROYER, D. PAT family proteins pervade lipid droplet cores. Journal of Lipid Research 46: 1331–38, 2005. ROBENEK, H., BUERS, I., HOFNAGEL, O. ROBENEK, M. J., TROYER, D.; SEVERS, N. J. Compartmentalization of proteins in lipid droplet biogenesis. Biochimica et Biophysica Acta 1791: 408–18, 2009. RODRIGUES, M. L., NIMRICHTER, L., OLIVEIRA, D. L., FRASES, S., MIRANDA, K., ZARAGOZA, O., ALVAREZ, M., NAKOUZI, A., FELDMESSER, M., CASADEVALL, A. Vesicular polysaccharide export in Cryptococcus neoformans is a eukaryotic solution to the problem of fungal trans-cell wall transport. Eukaryotic Cell 6: 48-59, 2007. RODRIGUES, M. L., NIMRICHTER, L., OLIVEIRA, D. L., NOSANCHUK, J. D., CASADEVALL, A. Vesicular trans-cell wall transport in fungi: A mechanism for the delivery of virulence-associated macromolecules?. Lipid Insights 2: 27-40, 2008. RODRIGUES, A. P., CARVALHO, A. S., SANTOS, A. S., ALVES, C. N., DO NASCIMENTO S. N. R. J. L., SILVA, E. O. Kojic acid, a secondary metabolite from Aspergillus sp., acts as an inducer of macrophage activation. Cell Biology International 35: 335–343, 2011. RIDDELL, R.W. Permanent stained mycologicalpreparation obtained by slide culture. Mycologia 42: 265-270, 1950. RINIA, H. A., BURGER, K. N. J., BONN, M., MULLER, M. Quantitative label-free imaging of lipid composition and packing of individual cellular lipid droplets using multiplex CARS microscopy. Biophysical Journal 95: 4908–14, 2008. 74 RUKACHAISIRIKUL, V., KAEOBAMRUNG, J., PANWIRIYARAT, W., SAITAI, P., SUKPONDMA, Y., PHONGPAICHIT, S., SAKAYAROJ, J. A. New Pyrone Derivative from the Endophytic Fungus Penicillium paxilli PSU-A71. Chemical and Pharmaceutical Bulletin 55 (9):1383-1384, 2007. SAMSA, M. M., MONDOTTE, J. A., IGLESIAS, N. G., ASSUNCAO-MIRANDA, I., BARBOSA-LIMA, G. Dengue virus capsid Protein usurps lipid droplets for viral particle formation. PLOS Pathogens 5, 2009. SAKA, H. A., VALDIVIA, R. Emerging Roles for Lipid Droplets in Immunity and Host Pathogen Interactions. Annual Review of Cell and Developmental Biology, 2012. SCHNITZLER, N., PELTROCHE-LLACSAHUANGA, H., BESTIER, N., ZÜNDORF, J., LÜTTICKEN, R., HAASE, G. Effect of Melanin and Carotenoids of Exophiala (Wangiella) dermatitidison Phagocytosis, Oxidative Burst, andKilling by Human Neutrophils. Infection and Immunity 67: 94–101, 1999. SHIBATA, M., YOSHIMURA, K., FURUYA, N., KOIKE, M., UENO, T. The MAP1-LC3 conjugation system is involved in lipid droplet formation. Biochemical and Biophysical Research Communications 382: 419–23, 2009. SOUZA, W. Técnicas de microscopia eletrônica aplicadas às ciências biológicas. Sociedade Brasileira de Microscopia, 2007. 356p. SOUZA, P. M. Metabolismo do dibenzotiofeno por Cunninghamella elegans associados aos estudos morfológicos e ultraestruturais. Dissertação (Mestrado em Biologia de Fungos) – Recife, Universidade Federal de Pernambuco, 2008. 134p. TAMURA, T., MITSUMORI, K., TOTSUKA, Y., WAKABAYASHI, K., KIDO, R., KASAI, H., NASU, M., HIROSE, M. Absence of in vivo genotoxic potential and tumor initiation activity of kojic acid in the rat thyroid. Toxicology 222: 213-224, 2006. TAUCHI-SATO, K., OZEKI, S., HOUJOU, T., TAGUCHI, R., FUJIMOTO, T. The surface of lipid droplets is a phos-pholipid monolayer with a unique fatty acid composition. J. Biological Chemistry 277:, 2002. THIELE, C., SPANDL, J. Cell biology of lipid droplets. Current Opinion in Cell Biology 20: 378–85, 2008. TORTORA, G. J., FUNKE, B.R., CASE, C.L. Microbiologia. Artmed, 2005. 894p. VACHHARAJANI, T. J., ZAMAN, F., LATIF, S., PENN, R., ABREO.K.D. Curvularia geniculata fungal peritonitis: A case report with review of literature. International Urology and Nephrology 37: 781–784, 2005. 75 VANDEPUTTE, P., FERRARI, S., COSTE, A. T. Antifungal Resistance and New Strategies to Control Fungal Infections. International Journal of Microbiology, 2012. VAN DUIN, D., CASADEVALL, A., NOSANCHUK, J.D. Melanization of Cryptococcus neoformans and Histoplasma capsulatum Reduces Their Susceptibilities to Amphotericin B and Caspofungin. Antimicrobial Agents and Chemotherapy 46 (11): 3394–3400, 2002. VAN MEER, G., VOELKER, D. R., FEIGENSON, G. W. Membrane lipids: where they are and how they behave. Nature Reviews Molecular Cell Biology 9: 112–24, 2008. WALTERMANN, M., HINZ, A., ROBENEK, H., TROYER, D., REICHELT, R., MALKUS, U., GALLA, H. J., KALSCHEUER, R., STOVEKEN, T., VON LANDENBERG, P., STEINBUCHEL, A. Mechanism of lipid-body formation in prokaryotes: how bacteria fatten up, Molecular Microbiology 55: 750–763, 2005. WALKER, C. A., GÓMEZ, B. L., MORA-MONTES, H. M., MACKENZIE, H. M., MUNRO, C. A., BROWN, A. J. P. GOW, N. A. R., KIBBLER, C. C., ODDS, F. C. Melanin Externalization in Candida albicans Depends on Cell Wall Chitin Structures. EUKARYOTIC CELL 9: 1329–1342, 2010. WANG, Y., CASADEVALL, I. A. Decreased Susceptibility of Melanized Cryptococcus neoformans to UV Light. Applied and Environmental Microbiology 60: 3864-3866, 1994. WANG, L., RIDGWAY, D., GU, T., YOUNG, M. M. Bioprocessing strategies to improve heterologous protein production in filamentous fungal fermentations.Biotechnology Advances 23: 115–129, 2005. WINN JR, W., ALLEN, S., JANDA, W., KONEMAN, E., PROCOP, G., SCHRECKENBERGER, P., WOODS, G. Koneman: Diagnóstico microbiológico. Guanabara koogan, 2008. 1529p. ZHANG, S. O., BOX, A. C., XU, N., LE MEN, J., YU, J. Genetic and dietary regulation of lipid droplet expansion in Caenorhabditis elegans. Proceedings of the National Academy of Sciences 107: 4640–45, 2010.