Vestígios de naufrágios da antiguidade e da época

Transcrição

Vestígios de naufrágios da antiguidade e da época
Francisco J. S. Alves, Maria Luísa P. Blot, Paulo J. Rodrigues, Rui Henriques, João G. Alves,
A. M. Dias Diogo e João P. Cardoso – Vestígios de naufrágios da antiguidade e da época
medieval em águas portuguesas. Comunicação ao Congresso do Mar (Nazaré, 1 e 2 de Abril de
2005).
Resumo
Apesar de nas três últimas décadas terem sido publicados diversos artigos sobre vestígios arqueológicos
provenientes de águas portuguesas, atribuídos a naufrágios ou configurando perdas ou abandonos de
navios ou embarcações datando da antiguidade e da época medieval, até recente data ainda não tinha
sido feito e divulgado o respectivo inventário, tanto a nível nacional como internacional.
Deste modo, na sequência da apresentação em 2004 em Pisa, no quadro do projecto europeu
ANSER, de uma panorâmica sobre as influências mediterrânicas expressas na área do património
cultural subaquático português e das estratégias adoptadas para a sua valorização, foi
circunstancialmente feito este balanço1, que constitui uma das primeiras aproximações de síntese
proporcionadas pelo Inventário Nacional do Património Subaquático - Carta Arqueológica,
programa desenvolvido desde a primeira metade dos anos oitenta no âmbito do Museu Nacional de
Arqueologia e que continuou a ser desenvolvido pelo Centro Nacional de Arqueologia Náutica e
Subaquática (CNANS) desde a sua criação.
O significado deste inventário de vestígios de naufrágios da antiguidade e da época medieval em
águas portuguesas desde logo extravasou este quadro de circunstancialidade, legitimando uma
apresentação autónoma como contributo para uma reflexão e uma discussão que doravante se
colocam no plano da crítica e no âmago da teoria das fontes arqueológicas.
Abstract
Even if in the last three decades have been published several archaeological remains from
Portuguese waters related with shipwrecks or characterizing a ship lost or abandon, dating from the
antiquity to the middle age, until recent times its inventory was not done and not disseminated,
neither at national nor international level.
In this sense, following the presentation in Pisa in 2004, in the frame of the EU project ANSER, of
a panorama of Mediterranean influences in the Portuguese UCH and the adopted dissemination
strategies, this inventory was finally elaborated1, which represents a first synthesis resulting from
the National Inventory of Underwater Heritage - Archaeological Chart, a program developed by the
Portuguese National Center for Nautical and Underwater Archaeology (CNANS) in continuity of a
global project in this field witch was born in the early eighties in the Portuguese National Museum
of Archaeology.
Meanwhile, the significance of this inventory of shipwreck remains in Portuguese waters, from
antiquity to middle age, overtook, since then, this circumstantial purpose, legitimating an
autonomous presentation as a contribution to a reflexion and a discussion, witch hang, for now on,
at a critical level and in the soul of the theory of archaeological sources.
1
http//:www.projet-anser.net . Alves et al. 2005, disponível do site do CNANS (http//:www.ipamin-cutura.pt/cnans).
2
Introdução
Enriquecido por navegações pluri-milenares, intensificadas a partir da época da expansão europeia pósmedieval, alimentado pelas catástrofes naturais e por tudo o que respeita a vida e a morte dos navios, o
potencial do património subaquático do território português e do que jaz sob as águas de todos os
continentes, associado às navegações portuguesas de outrora, só começou a ser sistematicamente registado,
avaliado, estudado e valorizado a partir dos passados anos oitenta, como programa de Inventário- Carta
Arqueológica (Blot & Blot, 1990-1992a e b) (Fig. 1), no quadro de um projecto global na área da
arqueologia náutica e subaquática desenvolvido no seio do Museu Nacional de Arqueologia (Fig. 2), que
continuou a ser desenvolvido pelo Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática (CNANS)
desde a sua criação (Alves, 20022).
Fig. 1 – A sala da Carta Arqueológica no MNA (1984). Fig. 2 – A primeira campanha de arqueologia subaquática em Portugal,
promovida pelo MNA nesse mesmo ano no sítio dos destroços do navio-almirante francês Ocean, perdido a 18 de Agosto de 1759,
durante um episódio da Guerra dos Sete Anos nas imediações da praia da Salema (Budens, Vila do Bispo).
Uma vez que “gerir é antes de tudo conhecer o que se tem”, um inventário deste tipo é um programa
estruturante central nesta área do património arqueológico (e dos patrimónios em geral). Com efeito, ao
mesmo tempo que constitui um instrumento insubstituível para a definição de estratégias, politicas e
prioridades, ele é uma ferramenta de gestão essencial não só para a prevenção e minimização de impactes
de obras no interface e no meio aquático e para a conservação e valorização de sítios, mas também para a
investigação pura, designadamente para a definição de problemáticas e itinerários de pesquisa.
Herdado do MNA com cerca de 4.500 entradas, este inventário foi retomado pelo CNANS desde a sua
criação em 1997 e, beneficiando do espaço profissional específico desde então criado e da prioridade
programática com que foi assumido, conta actualmente cerca de 8.000 entradas (Figs. 3 a 6).
No quadro deste Inventário, os naufrágios têm naturalmente uma expressão dominante relativamente às
outras categorias recenseadas (Fig. 7.1), entre as quais se contam quaisquer vestígios antrópicos, ecofactos,
lastro, cemitérios de navios, estruturas portuárias, estaleiros navais, habitats, fortalezas, pontes, cetariae,
fornos, moinhos de maré, salinas, armadilhas de pesca, viveiros, recifes artificiais, aviões, e mesmo balões
dirigíveis.
2
Este texto encontra-se igualmente disponível no site do CNANS.
3
Fig. 3 – O CNANS (2005). Figs. 4 a 6 – Os sistemas de registo da Carta Arqueológica –Inventário Nacional do Património
subaquático: O livro de cadastro de entradas; A ficha individual e os dossiers individuais; a base de dados.
O âmbito espacial do Inventário diz respeito não só ao território português propriamente dito – águas
interiores e mar territorial do continente e dos arquipélagos da Madeira e dos Açores (Fig. 7.2) –, o que
inclui o recenseamento dos navios portugueses e de qualquer outra nacionalidade naufragados em águas
portuguesas (Fig. 7.3), mas também, reciprocamente, o de todos os navios portugueses naufragados em
qualquer parte do mundo (Fig. 7.4).
Deste modo, pode observar-se que estão recenseados em águas portuguesas navios perdidos de 35 países
(ou bandeiras) diferentes, enquanto que se encontram navios portugueses naufragados nas águas de 52
países actuais. A estes números juntam-se os dos naufrágios em zonas geográficas desconhecidas e os dos
que ocorreram em alto mar, que em muitos casos são os mesmos.
A este propósito, assinale-se que a esmagadora maioria da informação relativa a naufrágios é proveniente
de fontes escritas e não de fontes arqueológicas (Fig. 7.5), o que é ilustrado pelo caso dos Açores, que
conta com um dos mais elaborados inventários de naufrágios, assente fundamentalmente nas investigações
de arquivo de um membro local do CNANS entre 1997 e 2000 (Monteiro, 2000).
Ainda a propósito das fontes, saliente-se que a referência escrita mais antiga relativa a um naufrágio
ou perda de navio em águas portuguesas é da autoria do cronista árabe Ibn Adati, relativamente à
região do Algarve (Coelho, 1989). O documento reporta-se ao dia 23 de Julho de 996 (« le 1er Rágebe
de l’année 355 »), quando uma frota viking que subiu o rio Arade, tentando tomar de assalto a cidade
de Šilb (Silves), foi parcialmente destruída. A segunda referência mais antiga diz respeito ao
naufrágio de diversos navios, em 1147, à sua chegada a Lisboa, dias antes do início cerco e da tomada
da cidade por D. Afonso Henriques, decisivamente ajudado por uma frota de cruzados que seguia para
a Terra Santa durante a segunda cruzada. Esta referência é feita numa carta escrita por R., dirigida a
Osbern de Bawdey, e constitui um dos mais completos relatos dos acontecimentos (De Expugnatione
Lyxbonensi, manuscrito da Biblioteca de Corpus Christi College da Universidade de Cambridge).
5
Ora, em Portugal, se este é um panorama que se pode traçar a partir de fontes escritas medievais, no que
respeita a fontes arqueológicas, tanto relativamente à Idade Média como à Antiguidade, tudo estava por
fazer a nível de um inventário de existências – embora isso estivesse “à mão de semear”. Apenas faltava,
com efeito, fazer a contabilidade das descobertas significativas, cujas características, próprias ou de
contexto, poderiam indicar a forma de modelos de perda ou de naufrágio que reconhecemos hoje como
típicas em arqueologia náutica – e cujos contextos de origem, mais ou menos coerentes, concentrados ou
dispersos, terão desaparecido ou ainda não foram descobertos. Enfim, levar o programa de Carta
Arqueológica de uma fase que podemos designar de
“quantitativa”, para uma que se pode considerar já de
“qualitativa”.
Este estudo centrou-se assim nas descobertas mais
significativas da antiguidade e da época medieval,
provenientes de meio marítimo e fluvial. E no primeiro caso,
obviamente, nas ânforas e nos cepos de chumbo achados em
águas portuguesas, cujos numerosos estudos parcelares, no
primeiro caso, e uma síntese, no segundo (Alves et al.
1988-1989), foram publicados nas últimas décadas.
Assim, uma vez feita a análise crítica e o balanço dos
naufrágios ou perdas de navios ou de pirogas, ou de vestígios
presumivelmente a eles associados, foi possível pela
primeira vez determinar que, até ao momento, são
conhecidos na totalidade 22 casos de vestígios arqueológicos
podendo indiciar naufrágios ou perdas de navios ou
embarcações, dos quais 14 correspondem à Antiguidade e 8
à Idade Média (Fig. 8).
Fig. 8 – Carta dos sítios de vestígios arqueonáuticos da Antiguidade e da
Idade Média em Portugal : 1 – Rio Lima : a – Mazarefe ; b – Lanheses.
2 – Ria de Aveiro. 3 – Alfeizerão. 4 – Ilhéus dos Farilhões. 5 – Îlha Berlenga.
6 – Cortiçais/Peniche Sul. 7 – Lisboa. 8 – Fundão dos Bacalhoeiros/Rio Tejo.
9 – Mouchão da Póvoa/Rio Tejo. 10 – Alcacer do Sal/Rio Sado.
11 – Praia de São Torpes. 12 – Cabo Sardão (ao largo). 13 – Rio Arade.
14 – Prainha/Praia dos Três Irmãos. 15 – Pedras Amarelas/Praia da Galé.
16 – Pedra do Zimbral. 17 – Tavira/Cacela (ao largo).
Antiguidade
Importa referir antes de mais que em Portugal,, relativamente à Antiguidade, à excepção das duas pirogas
proto-romanas descobertas no rio Lima, nunca foram observadas estruturas de navios com coerência
morfológica ou em contexto arqueológico – embora a bibliografia arqueológica faça referência a uma
“trirreme fenícia”, sem dúvida lendária, cujo cavername foi visto enterrado na zona da antiga lagoa da
Pederneira (Garcia, 1968-1970). Foi assim que perante a ausência total de achados desta época
suficientemente notórios, em águas portugueses, a síntese de Parker sobre navios naufragados da
antiguidade mediterrânica apresenta, nomeadamente no plano cartográfico, um significativo hiato no
extremo sudoeste europeu, correspondente a esta costa3.
Em contrapartida, no que concerne a vestígios associáveis a estruturas de navios propriamente ditas, são
de referir:
3
Parker, 1992. Com efeito, nos seus mapas “2. Southern Spain and the Straits of Gibraltar” e “15. Roman boats and
shipwrecks in North west Europe” o litoral português encontra-se pura e simplesmente omitido.
6
x
o minúsculo fragmento de tabuado de casco com ensambladura por encaixe-mecha-respiga,
típica de um navio da antiguidade mediterrânica, encontrado em 2002 no estuário do rio Arade,
isolado e fora de contexto (Fig. 9.1) (Alves, 2005);
x
os restos de madeira foram avistados por ocasião da recuperação de ânforas em redes de pesca
nos Farilhões (Fig. 9.4) e no Mouchão da Póvoa (Fig. 9.7) (Diogo e Alves, 1988-1989);
x
e que na Praínha/Praia dos Três Irmãos foram recuperados pregos em cobre provavelmente
pertencentes à estrutura de um navio da época romana, do qual se sabe provirem diversas
presas de elefante e um cepo de âncora de chumbo (Fig. 9.11).
Quanto aos 14 casos pertencentes à Antiguidade, 12 reportam-se a vestígios, seguramente, ou com forte
probabilidade, de navios naufragados, e 2 a pirogas monóxilas. Eles são provenientes:
1 e 2. do rio Lima, próximo do local denominado Lugar da Passagem (Lanheses), onde as pirogas 4 e 5
foram recuperadas em 2003 (Figs. 9.2a e 3), perto da zona onde se encontraram as pirogas
medievais 14 e 2 . As pirogas jaziam lado a lado e foram datadas dos séculos III/II a.C. pelo
radiocarbono (com uma diferença de 20 anos entre si). A primeira apresenta uma tábua de
acrescento (Fig. 9.2b), a bombordo e à proa, fixa em três sítios pelo sistema encaixe-mecharespiga, típico da construção naval mediterrânica da Antiguidade (Fig. 9.2c) e idêntico ao do
pequeno fragmento de tábua do Arade (Fig. 9.1) (Alves e Alves, 2004);
3. de um ilhéu dos Farilhões, onde foram recuperados nas redes de pesca restos de madeira e de
vestígios de ânforas, das quais uma do tipo Dressel 9/Beltrán I, bética (Fig. 9.4), para
preparados de pescado, datando da segunda metade do século I a.C. à primeira metade do
século I d.C. (Diogo, 2001);
4. da ilha da Berlenga, onde foram recuperados dois cepos de âncora em chumbo do tipo de
“alma de madeira” (Fig. 9.5), de um dos quais foram retiradas duas amostras de madeira de
um deles, que foram datadas pelo radiocarbono do final do século V/início do século IV
a.C.. Os cepos encontravam-se próximos um do outro num fundo de cascalho. Nestas
circunstâncias, a sua perda, parece só pode ser explicada por um naufrágio, embora não possa ser
excluída a hipótese de terem servido de poitas de amarração (Alves et al. 1988-1989 ; Alves, et
al., 2001a);
5. de Cortiçais/Peniche-sul, onde vestígios de ânforas vinárias do tipo Haltern 70 (de produção
bética) (Fig. 9.6), de bordo cintado, datando de 50 a.C. até 75 d.C., testemunham um
presumível naufrágio contra a costa. Estes vestígios começaram recuperados e estudados
recentemente, no quadro de uma intervenção do CNANS, dirigida por Jean-Yves Blot e
assessorada por A.D. Diogo;
6. de Mouchão da Póvoa, próximo de Vila Franca de Xira, no rio Tejo, diversos vestígios de ânforas,
dos quais dois exemplares inteiros do tipo Dressel 14b/Beltrán IVb/”Lusitana 2”5, para
preparados de pescado, datando do século I/II d.C. e um outro, do tipo “Lusitana 3”, vinária,
correspondente à Dressel 30 ou à Gauloise 4, do século II d.C (Fig. 9.7), foram recuperados
nas redes de pesca, por vezes associados a restos de madeira (Diogo e Alves, 1988-1989);
7. do Sado, próximo de Alcácer do Sal onde, quatro exemplares inteiros de ânforas do tipo “Lusitana
1” (Fig. 9.8), provavelmente para preparados de pescado, tendo em conta a forma, claramente de
forma púnico-romana e augustina (do século I a.C.), foram recuperadas em diversas ocasiões
nas redes de pesca. Três desses exemplares são provenientes de um local próximo da ponte
de caminho-de-ferro (Diogo e Alves, 1988-1989);
4
5
Alves, 1986 e 1988.
Segundo a classificação de Diogo. Vide in Diogo 1995, que remete para a bibliografia essencial.
8
8. da praia de São Torpes, a sul de Sines, onde foram recuperados dois cepos de âncora em chumbo
(Fig. 9.9). Tendo em conta que os cepos foram descobertos próximos um do outro e em
contexto arenoso concluiu-se que são provenientes de um naufrágio, de cronologia a
determinar;
9 a 11. de uma zona ao largo do cabo Sardão onde, por diversas vezes, durante a pesca ao arrasto, foram
recuperados sem qualquer coerência espacial numerosos vestígios de ânfora de tipo púnico, iberopúnico, itálico republicano, do alto e do baixo império (Fig. 9.10), que devem corresponder pelo
menos a três naufrágios de épocas diferentes6. Com efeito, teoricamente não se pode afastar
a hipótese de uma proveniência única para os exemplares datados de a.C., porque os tipos
que apresentam cronologia mais recuada são aqueles que mais perduram (como a Mañá A4).
Já os tipos datados de d.C., ao invés, não oferecem dúvidas, uma vez que são claramente de
épocas diferentes, do Alto e do Baixo-império. Os 14 exemplares já publicados (Cardoso
1978 et Diogo 1999), ordenados segundo a cronologia mais antiga, correspondem
tipologicamente a:
x
1 Mañá A4, púnica, para preparados de pescado, datando do século V a.C. ao século I
a.C. (Fig. 9.10.a);
x
1 Dressel 18/Mañá C2, ibero-púnica, para preparados de pescado, datando entre os
anos 125 e 30 a.C. (Fig. 9.10.b, segundo Cardoso);
x
1 Dressel 1b, itálica, vinária, datando dos três primeiros quartéis do século I a.C. (Fig.
9.10.c);
x
1 Lamboglia 2, itálica, vinária, datando do final do século II a meados do século I a.C.
(Fig. 9.10.d) ;
x
2 Dressel 9/Beltrán I, béticas, para preparados de pescado, datando de meados do
século I a.C. a meados do século I d.C. (Fig. 9.10.e e f, esta última segundo Cardoso);
x
2 Haltern 70, béticas, vinárias, datando entre os anos 50 a.C. e 75 d.C. (Fig. 9.10.g e h);
x
2 Dressel 14b/Beltrán IVb/”Lusitana 2”, para preparados de pescado, datando do
primeiro quartel do século I a.C. ao final do século II (Fig. 9.10.i e j, segundo
Cardoso);
x
3 Almagro 51c/”Lusitana 4”, para preparados de pescado (muitas vezes sardinhas),
datando do início do século III a.C. a meados do século V d.C. (Fig. 9.10.l e m, a
primeira segundo Cardoso7);
x
1 “Lusitana 6b” (variante do tipo Almagro 50), para preparados de pescado, datando do
início do século III a meados do século V (Fig. 9.10.n);
12. da praia Praínha/Três Irmãos, Algarve, onde, em diferentes momentos, foram recuperados, um
cepo de âncora em chumbo, diversos pregos de cobre e bronze, e várias defesas de elefante
(Fig. 9.11), caracterizando um naufrágio de cronologia indeterminada;
13. de Pedras Amarelas/Praia da Galé, Algarve, onde foram descobertos, próximos um do outro, dois
grandes cepos de âncora em chumbo (Fig. 9.12), numa zona de rochas costeiras, o que permite
concluir que provêem de um naufrágio que ocorreu contra a costa, de cronologia
indeterminada;
6
Com efeito, no plano teórico não podemos afastar a hipótese de uma proveniência única para os exemplares datados
de a. C. porque os tipos de cronologia mais recuada são também os que têm uma maior perduração (como a Mañá A4).
O caso dos que datam de depois de J.C. é diferente porque eles datam claramente de duas épocas distintas, do alto e do
baixo-império.
7
Todos os outros exemplares foram ublicados por Diogo (ver bibliografia).
9
14. de uma zona ao largo de Tavira/Cacela, Algarve, onde foram recuperados vários vestígios de
ânforas, por diversas vezes, durante a pesca ao arrasto a grande profundidade, entre os quais
numerosos exemplares quase inteiros de diversos tipos de fabrico bético (Fig. 9.13), podendo
atestar um ou mais navios naufragados. A hipótese de um único navio é plausível, uma vez
que as diversas cronologias anfóricas representadas se sobrepõem parcialmente (entre a
segunda metade do século I a.C. e a primeira metade do século I d.C.) e que as diferenças
entre as posições náuticas assinaladas para cada recuperação devem ser ponderadas pela
imprecisão inerente ao tipo de pesca praticada. Os 16 exemplares já publicados (Cardoso
1978; Arruda, Frade e Travassos 1987; Diogo 1999; Diogo e Martins 2001; Diogo e
Trindade, 2003), recuperados em quatro ocasiões, ordenados segundo a cronologia mais
antiga, correspondem tipologicamente a:
x
4 Haltern 70, béticas, vinárias, datando entre o ano 50 a.C. e o ano 75 d.C. (Figs. 9.13.a a
d, a segundo Arruda et al.8) ;
x
7 Dressel 7/11, béticas, para preparados de pescado, datando do final do século I ao final
do século I d.C. (Fig. 9.13.e a l);
x
4 Pompeia VII/Dressel 7/11, bética, para preparados de pescado, datando do final do
século I a.C. ao final do século I d.C. (Fig. 9.10.m a p, esta última segundo Arruda et
al.);
x
1 Beltrán IIB, bética, para preparados de pescado, datando dos séculos I e II d.C. (Fig.
9.10.q).
Por falta de evidências arqueológicas e contextuais concludentes excluíram-se provisoriamente os
seguintes casos, que remetem para a questão teórico-epistemológica dos critérios interpretativos em
arqueologia (de “certeza” ou de “probabilidade”):
8
x
o da Papoa/Peniche norte, onde um mergulhador declarou ter visto um cepo de âncora
em chumbo na base da falésia, que as investigações subsequentes não permitiram
relocalizar. Neste caso, embora não haja razões para colocar em dúvida a fonte
informativa (iniciativa subjectiva, mas admissível deontologicamente), somos obrigados
a admitir que não se tendo confirmado existir um contexto arqueológico, esta descoberta
pode afinal corresponder a qualquer um dos modelos típicos de perda de âncoras: por
naufrágio contra a costa, ou por simples perda por impossibilidade de recuperação, o que
é comum a todas as épocas. Assim, por exigência de rigor não se incluiu este caso na
lista de naufrágios “seguros” ou “altamente prováveis”, mesmo na segunda hipótese
(perda simples de uma âncora na vertical de uma falésia numa zona perigosa para a
navegação), o que implicaria um mar sem ondulação e um tempo particularmente calmo,
circunstância muito rara neste local (pelo menos com o clima actual);
x
o do Fundão dos Bacalhoeiros (Alhandra), no estuário do Tejo, onde parece existir um
peguilho junto ao qual por diversas vezes foram recuperadas ânforas nas redes de pesca,
das quais apenas uma foi identificada como sendo do tipo Dressel 9/Beltrán I (Fig. 9.14),
para preparados de pescado, datando do final do século I a.C. ao final do século I d.C.;
x
o da Pedra do Zimbral/cabo de Santa Maria, no Algarve, onde foram recuperados,
próximo de um ponto de prisão rochoso a 12/15m de profundidade, um cepo de âncora
em chumbo, uma ânfora ainda inédita e uma âncora em ferro antiga (Fig. 9.15), mas que
no estado actual, com os dados disponíveis, não podem ser considerados com suficiente
segurança como tendo estado associados.
x
Merecem no entanto referência outros artefactos particularmente significativos, como é
o caso das etiquetas de ânforas em chumbo, com numerosos exemplares recuperados nas
Todos os outros exemplares foram publicados por Diogo ou por Diogo et al. (ver bibliografia).
10
praias à volta de Portimão (Sousa e Viegas, 2004), que, por seu turno, foram alimentadas
pelos sedimentos das dragagens do estuário do Arade. Segundo A. Diogo, a percentagem
anormalmente elevada de ânforas africanas do baixo-império, todas provenientes do leito
do rio Arade, suscita a hipótese de uma origem comum: um navio desmantelado pelas
dragagens. É no entanto impossível provar uma associação entre estes diversos artefactos,
sendo conhecida a diversidade da origem sedimentar da zona e o seu modelo de dispersão.
x
Do mesmo modo merece referência o registo efectuado nos anos oitenta pelo Prof. Alberto
Machado, do Grupo de Estudos Oceânicos (GEO), de Portimão, de duas ânforas (Dressel
1, pela descrição) observadas em casa de um casal inglês já de meia-idade, no Carvoeiro
(Lagoa), subsequentemente falecidos, e que sendo mergulhadores há longa data indicaram
provirem de um sítio que descobriram muitos anos antes, bastante ao largo daquela vila, e
que descreveram como um amontoado de ânforas sobrepostas na horizontal – o que, a
corresponder à realidade constituiria um indício óbvio de um navio naufragado.
Este inventário, respeitante aos vestígios provenientes de naufrágios da Antiguidade em águas portuguesas
– aqui pela primeira vez listado – ilustra antes de mais a continuidade do papel de charneira do sul e do
sudoeste ibérico nas relações atlântico-mediterrânicas por via marítima pelo menos desde essa época, o
que atesta, por si só9, uma rotina que não excluía os navios de grande porte, e de que são exemplos
eloquentes os dois enormes cepos de âncora em chumbo da Berlenga e de Pedras Amarelas/Praia da
Galé (Figs. 9.5 e 9.12), que só poderiam ter pertencido a navios de grande tonelagem.
Época Medieval
Relativamente à época medieval, refira-se primeiramente o caso da caverna trincada datada pelo
radiocarbono como sendo do século X/XI, recuperada por uma retro-escavadora na planície inundada
(várzea) de Alfeizerão, durante a abertura de um canal (Fig. 10.1) (Alves 1992 ; Alves, Soares et
Cabral 1993). Contudo, esta peça não se pode associar a um navio por falta de fundamento
arqueológico – tal como a pequena tábua da época romana do rio Arade com o sistema de
ensambladura por encaixe-mecha-respiga (Fig. 9.1). Com efeito, apesar do grande interesse da
descoberta, as missões arqueológicas realizadas subsequentemente não permitiram determinar se se
tratava de uma peça isolada ou de uma peça solta de um navio. Saliente-se que esta zona,
correspondente à área da antiga lagoa da Pederneira, servia de ligação aos diversos portos dos
coutos cistercenses de Alcobaça, que comerciavam regularmente com o norte da Europa durante a
Idade Média e que entraram em decadência a partir do século XVI/XVII por causa do assoreamento
da lagoa. A caverna de Alfeizerão mereceria, aliás, ser relacionada com o achado lendário de a
“trirreme fenícia” acima referida, não fosse o caso de ser necessário substituir “fenício” por
“viking”. Mas o que significaria o mesmo no imaginário popular e dos medias, como aconteceu a
propósito dos navios descobertos durante as dragagens do rio Arade em 1970, considerados
simultaneamente “fenícios”, “romanos” e “vikings”, embora recentes datações pelo radiocarbono
tenham provado que pelo menos dois deles datam entre a Renascença e a Época Moderna, sem que
o mito original tenha sido beliscado (Alves, 1999).
Por seu turno, quanto aos 8 casos acima referidos, arqueologicamente atestados da época medieval, 5
correspondem a navios e 3 a pirogas monóxilas. Eles são provenientes:
1 a 3. do rio Lima, consistindo em três pirogas monóxilas descobertas fortuitamente, as primeiras a
serem recuperadas em Portugal. A primeira delas data do século X/XI (Alves 1986 e 1988), a
segunda do século VIII, e ambas foram recuperadas próximo do Lugar da Passagem/Lanheses,
perto do local onde, mais tarde, foram descobertas lado a lado as duas pirogas proto-romanas
9
Por si só, porque vestígios dispesos deste mesmo tipo (cepos e ânforas) estendem-se de norte ao sul, ao longo de toda
a costa portuguesa.
12
acima referidas; a terceira, que data do século IX, é proveniente de Mazarefe, a jusante do rio,
próximo do seu estuário (Figs. 10.2, 10.3 e 10.4)10 ;
4. da Ria de Aveiro, na foz do canal de Mira, consistindo num navio de meados do século XV,
designado como Ria de Aveiro A (Fig. 10.5). Foi descoberto fortuitamente em 1992 na maré
baixa, quase em exposição sub-aérea, com os vestígios aflorando do sedimento 30cm
relativamente ao Zero Hidrográfico. O CNANS escavou o fundo da carena do navio entre
1996 e 1999 e, neste último ano, efectuou a sua recuperação. A escavação da zona de
dispersão da carga, quase exclusivamente composta por recipientes cerâmicos, prosseguiu
entre 2000 e 2004. Ria de Aveiro A é o vestígio náutico de tradição construtiva ibero-atlântica
mais antigo e melhor conservado conhecido no mundo, tendo fornecido a mais vasta,
completa e íntegra, colecção de cerâmica comum do final da Idade Média, datando
precisamente da época em que se realizaram as viagens de exploração da costa ocidental de
África, com navios seguramente construídos segundo princípios e procedimentos similares
(Alves et al. 1998; Alves e Rieth 2000; Alves et al. 2001b e d);
5. da ria de Aveiro, do canal de Mira, de um local situado três quilómetros a jusante do sítio do
achado precedente, consistindo em vestígios de um navio datando da primeira metade do
século XV, designado como Ria de Aveiro E (Figs. 10.6). O navio foi provavelmente
destruído durante as dragagens do canal e os vestígios reduzem-se, a um fragmento de caverna
de secção correspondente a um navio de tonelagem superior ao Ria de Aveiro A, a dois cacos
de uma mesma malga, com uma forma típica da época, e a um monte de pedras de lastro. O
conjunto do sítio foi identificado na sequência de uma prospecção do CNANS, realizada antes
da instalação da tubagem dos esgotos da Ria e representa certamente um depósito secundário
de refugo de dragagens (Alves 2004);
6. da zona do terminal Roll on-Roll of do porto de Aveiro, em construção em 2002, situado na
ria, e objecto de um intervenção de salvamento realizada pelo CNANS, onde apareceram os
restos de um navio designado por Ria de Aveiro F que datam do século XIV (Figs. 10.7). O
navio foi quase todo destruído durante os trabalhos de construção do porto e apenas a sua
extremidade de popa (couce) foi parcialmente preservada. A popa corresponde a um navio
de tabuado liso, mas com superstruturas em trincado (Rodrigo, 2002);
7. da zona do terminal de materiais avulsos do porto de Aveiro, em construção em 2003-2004, onde
também apareceram os restos de um navio que foi designado por Ria de Aveiro G, e que datam do
século XV (Figs. 10.8). O navio, que apresentava um casco construído em tabuado trincado, foi
substancialmente destruído durante os trabalhos de construção do porto11;
8. do navio do Corpo Santo, que data do século XIV e cujo casco foi construído em tabuado liso. A
estrutura jazia na praia fluvial do Tejo, mesmo no centro de Lisboa, e foi seccionada pela parede
de betão de um largo poço de ventilação de uma nova extensão da rede do metropolitano (Fig.
10.9). O vestígio resume-se a um fragmento da popa do navio, de onde provem um couce que
apresenta uma notória semelhança com a do navio Ria de Aveiro A – o que, nos dois casos,
corresponde, rigorosamente aos dados da iconografia portuguesa da arquitectura naval do primeiro
quartel do século XVII (Lavanhae Fernandez12) (Alves et al, 2001c).
Sublinhemos finalmente que, apesar do significativo aumento de registos de naufrágios a partir do século
XVI, proporcional à abundância das fontes escritas, é só a partir do século XIX, com a expansão da
imprensa escrita e a industrialização da navegação, que esse índice aumenta de forma exponencial, como
se pode verificar pelo gráfico de naufrágios por épocas em águas portuguesas (Fig. 7.6).
10
As duas últimas estão ainda inéditas.
Pedro Ventura, que a convite do CNANS foi o arqueólogo responsável pela intervenção conclui actualmente o
relatório final da intervenção.
12
Lavanha, 1608-1616/1996; Fernandez 1616/1995.
11
13
Bibliografia
Alves, F. (1986) : A piroga monóxila de Geraz do Lima. O Arqueólogo Português, IV-4 :209-234.
Lisboa.
Alves, F. (1988) : The dugout of Geraz do Lima. Local Boats (Proceedings of the 4th International
Symposium on Boat and Ship Archaeology, Oporto, 1985): 287-292. BAR International Series 438.
Oxford.
Alves, F., Reiner, F., Almeida, M., Veríssimo, L. (1988-1989) : Os cepos de âncora em chumbo
descobertos em águas portuguesas - contribuição para uma reflexão sobre a navegação ao longo da
costa atlântica da Península Ibérica na Antiguidade. O Arqueólogo Português, IV-6/7, Lisbonne,
109-185.
Alves, F. 1992 : Arqueologia subaquática em Portugal (Alfeizerão, 5). Correio de Arqueonáutica,
1: 3-10 Lisboa.
Alves, F., Soares, A. e Cabral, J. (1993) : As primeiras datações de radiocarbono em Portugal,
directamente relacionadas com o património arqueológico naval e subaquático. Homenagem a J. R.
Santos Júnior, II:151-163. IICT, Lisboa.
Alves, F., Rodrigues, P., Garcia, C. e Aleluia, M. (1998) : A cerâmica dos destroços do navio dos
meados do século XV Ria de Aveiro A e da zona Ria de Aveiro B. Aproximação tipológica
preliminar. Actas das 2as Jornadas de Cerâmica Medieval e Pós-Medieval (Tondela, 1995): 185210. Tondela.
Alves, F. (1999): Acerca dos destroços de dois navios descobertos durante as dragagens de 1970 na
foz do rio Arade (Ferragudo, Lagoa). In Ventura, M., (Coord.): As Rotas Oceânicas – Sécs. XVXVII (4as Jornadas de História Ibero-Americana, Portimão, 7 a 9 de Maio de 1998): 29-92. Edições
Colibri. Lisboa.
Alves, F. e Rieth, E. (2000): Ria de Aveiro A’99 - balanço da fase final de um projecto de
arqueologia náutica e subaquática. Terrenos da Arqueologia da Península Ibérica (Actas do 3º
Congresso de Arqueologia Peninsular, Vila Real, Setembro de 1999), 8: 623-628. Porto.
Alves, F. [2001] : Para uma Carta Arqueológica do património náutico e subaquático em qualquer
parte do mundo. Arqueología Subacuática - Inventarios y Cartas Arqueológicas aplicados al
Patrimonio Sumergido (II Jornadas Latinoamericanas, Santiago do Chile, 22-24 de Outubro 2001).
No prelo.
Alves, F., Diogo, A. e Cardoso, J. (2001a) : Considerações sobre os dois grandes cepos de âncora
em chumbo com alma de madeira, do séc. V-IV a. C., provenientes do ancoradouro natural da ilha
Berlenga (Peniche, Portugal) e sobre os achados de ânforas de tipo púnico em águas portuguesas.
Os Púnicos no Extremo Ocidente Peninsular (Actas do Colóquio Internacional, Universidade
Aberta, Lisboa, 27-28 de Outubro de 2000):239-260. Lisboa.
Alves, F., Rieth, E., Rodrigues, P., Riccardi, E., Garcia, C., Aleluia, M. e Rodrigo, R. (2001b) : The
hull remains of Ria de Aveiro A, a mid-15th century shipwreck from Portugal: a preliminary
analysis. Proceedings of the International Symposium on Archaeology of Medieval and Modern
Ships of Iberian-Atlantic Tradition – Hull remains, manuscripts and ethnographic sources : a
comparative approach (Academia de Marinha, Lisbonne, 7-9 septembre 1998), In : Francisco Alves
(Ed.) Trabalhos de Arqueologia 18:317-345, Lisboa.
Alves, F., Rieth, E. e Rodrigues, P. (2001c) : The remains of a 14th-century shipwreck at Corpo
Santo, and of a shipyard at Praça do Município, Lisbon, Portugal. Proceedings of the International
Symposium on Archaeology of Medieval and Modern Ships of Iberian-Atlantic Tradition – Hull
remains, manuscripts and ethnographic sources : a comparative approach (Academia de Marinha,
14
Lisbonne, 7-9 septembre 1998), In : Francisco Alves (Ed.), Trabalhos de Arqueologia 18:405-426.
Lisboa.
Alves, F., Rieth, E., Rodrigues, P., Riccardi, E., Garcia, C., Aleluia, M. e Rodrigo, R. (2001d) : Ria
de Aveiro A : a shipwreck from Portugal dating to the mid-15th century; a preliminary report. The
International Journal of Nautical Archaeology 30.1:12-36. Londres.
Alves F. (2002) : O desenvolvimento da arqueologia subaquática em Portugal. Uma leitura.
Arqueologia 2000. Balanço de um Século de Investigação Arqueológica (Actas das VI Jornadas
Arqueológicas: Lisboa, 25 a 27 de Maio de 2000). Arqueologia e História, 54: 255-260. Associação
dos Arqueólogos Portugueses. Lisboa.
Alves F. (2004) : Guião da exposição “Um Mergulho na História - o Navio do Século XV Ria de
Aveiro A”. Trabalhos do CNANS, 20. Lisboa.
Alves, F. e Alves, J. G. 2004: As pirogas 4 e 5 do rio Lima (lugar da Passagem, Lanheses).
Trabalhos do CNANS, 21, Lisboa.
Alves, F. [2005] : Apontamento sobre um fragmento de tábua de casco de navio dotado do sistema
de fixação por encaixe-mecha-respiga, típico da antiguidade mediterrânica, descoberto em 2002 no
estuário do rio Arade. Revista Portuguesa de Arqueologia, 8.2. IPA. Lisboa, 2º semestre de 2005.
No prelo.
Alves, F., Blot, M., Rodrigues, P., Henriques, R., Alves, J., Diogo, A. e Cardoso, P. [2005] : La
valorisation du patrimoine culturel subaquatique au Portugal. Aspects et options stratégiques. Quinto
Seminário Internazionale ANSER “Comunicare la Memoria del Mediterraneo. Strumenti, Esperienze e
Progetti di Valorizzazione del Património Culturale Marittimo” (Pisa, 29-30 ottobre 2004). No prelo.
Arruda, A., Frade, I e Travassos, J. (1987) : Duas ânforas romanas de Cacela Velha (Vila Real de
Santo António), Conimbriga, 26: 125-131.Coimbra.
Blot, J.-Y. e Blot, M. (1990-1992a) : De la glaciation de Würm aux derniers temps de la marine à
voile: Éléments pour une carte archéologique du patrimoine immergé au Portugal. O Arqueólogo
Português, IV-8/10: 425-454. Lisboa.
Blot, J.-Y. – Blot, M. (1990-1992b) : Problématique d’une recherche entreprise pour le compte du
Museu Nacional de Arqueologia (M.N.A.) de Lisbonne dans le cadre du programme de
recensement du patrimoine culturel immergé. O Arqueólogo Português, IV-8/10: 469-485. Lisboa.
Cardoso, G. 1978 : Ânforas romanas no Museu do Mar (Cascais). Conimbriga,17: 63-78. Coimbra.
Coelho, A. (1989) : Portugal na Espanha Árabe (2 vols). Editorial Caminho. Lisboa.
Diogo, A. (1995): Elementos sobre ânforas de fabricos lusitanos, Estudos de Arte e História,
Homenagem a Artur Nobre de Gusmão: 283-294. Ed. Veja. Lisboa.
Diogo, A. e Alves, F. (1988-1989) : Ânforas provenientes de achados fluviais nas imediações de
Vila Franca de Xira e de Alcácer do Sal. O Arqueólogo Português, IV-6/7: 227-240, Lisboa.
Diogo, A. (1999) : Ânforas provenientes de achados marítimos na costa portuguesa. Revista
Portuguesa de Arqueologia 2.1: 235-248. Lisboa.
Diogo, A. [2001] : Vestígios de um possível naufrágio perto de um ilhéu dos Farilhões. Actas do
Congresso A presença Romana na Região Oeste. Câmara Municipal do Bombarral, Bombarral. No
prelo.
Diogo, A. E Cardoso, J. (2000) : Ânforas béticas provenientes de um achado marítimo ao largo de
Tavira. Revista Portuguesa de Arqueologia, 3.2: 67-79. Lisboa.
Diogo, A. e Martins, A. (2001) : Ânfora proveniente de um achado marítimo na costa algarvia ao
largo de Tavira. O Arquéologo Português, IV-19: 57-64, Lisboa.
15
Diogo, A. e Trindade, L. (2003) : Ânforas romanas de achados subaquáticos no Museu
arqueológico do Carmo, estuário do Sado e costa algarvia. Almadan, II-12: 191-192. Almada.
Garcia, E. (1968-1970) : As torres e os fachos na lagoa da Pederneira – 3. Vestígios de navegações
antigas na lagoa da Pederneira (Nazaré). Arquivo de Beja, 25-27 : 65-76. Beja.
Fernandez, M. (1616/1995) : Livro de Traças de Carpintaria, Transcrição e tradução em inglês do
manuscrito da Biblioteca do Palácio Nacional da Ajuda, MS nº 52-XVI-21, Academia de Marinha.
Lisboa.
Gianfrotta, P. e Pomey, P. (1981) : l’Archeologia Subacquea – storia, technique, scoperte e relitti.
Arnoldo Mondadori Editore, Milano.
Lavanha, J. B. (1608-1616/1996) : Livro Primeiro de Architectura Naval, Fac-simile, transcrição e
tradução em inglês do manuscrito da Real Academia de la Historia de Madrid, Colecção Salazar,
Códice 63, Academia de Marinha. Lisbonne.
Monteiro, P. (2000) : A Carta Arqueológica Subaquática dos Açores : metodologia, resultados e sua
aplicação na gestão do património subaquático da Região Autónoma dos Açores. Terrenos da
Arqueologia da Península Ibérica (Actas do 3º Congresso de Arqueologia Peninsular, Vila Real,
Septembro de 1999) 8: 497-524. Porto.
Parker, A (1992) : Ancient Shipwrecks of the Mediterranean Provinces, BAR International Series
580, Oxford.
Rodrigo, R.(2002) : Relatório preliminar da escavação arqueológica de emergência dos destroços do
navio Ria de Aveiro F. Trabalhos do CNANS, 6. Novembro de 2002. Lisboa.
Sousa, J. e Viegas, P. (2004) : Projecto IPSIS - fragmentos de História nas praias do Arade. Actas
do Seminário Os Museus e o Património Náutico e Subaquático: 27-30. Câmara Municipal de
Portimão. Portimão.

Documentos relacionados