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ARTIGO
O PERFIL IDEAL DE LIDERANÇA PARA TREINADORES DE
FUTEBOL PROFISSIONAL: UMA PERSPECTIVA SOB O PONTO
DE VISTA DOS TREINADORES DO CAMPEONATO MINEIRO
MÓDULO I DE 2005*
Israel Teoldo da Costa1
Dietmar Martin Samulski'
I
!
RESUMO
1
As investigações no âmbito da liderança no esporte têm se
desenvolvido a partir do pressuposto de que o comportamento do líder:
treinador tem impacto relevante, de natureza negativa ou positiva,
produqao do atleta elou no seu bem-estar psicológico. Assim, a j
possibilidade de o treinador intervir, pontualmente, durante o intervalo e11
ou na decorrência de uma partida demanda forte relação de confiança i
com o atleta, apresentando-se como um dos fatores determinantes para
o sucesso. Buscando compreender algumas especificidades d a s ;
manifestações de liderança do treinador de futebol, este estudo teve,I
como objetivos: identificar quais fatores são importantes para o perfil de
Iliderança de treinadores de futebol profissional; e verificar a existência i
/de uma possível preferência dos treinadores por um aeterminado estilo
1
'de liderança. Na coleta de dados utilizou-se um questionário d e i
I.lidentificaçao
da amostra e a Escala de Liderança Revisada para o Esporte I
i(ELRE), versão perfil ideal. Participaram deste estuao 13 treinadores do
~ a m ~ e o n a Mineiro
to
modulo 112005. os quais apresentaram idade média i
/de 46 anos (110,04) e um envolvimento direto na função de treinador!
desta modalidade de 13,69 anos (19,43). A consistência interna da ELRE i
l o i de a.0.86
para este estudo. Os resultados mostraram que o s i
/treinadores entrevistados consideram a autocracia e os aspectos d e i
(treino-instrução os principais componentes de um perfil de liderança ideal
ipara treinadores de equipes profissionais de futebol. Além disso, pode-l
,se observar que os entrevistados também consideram que os aspectosi
isituacionais. de r e f ~ r ç oe de suporte social são ir~poriantesdentro d o '
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Desde que o futebol chegou ao Brasil, muitas mudanças puderam
ser detectadas, principalmente na sua estrutura e organização. A
mudança de maior impacto foi decorrente da sua difusão por todas as
classes sociais, ocorrendo a entrada de jogadores das classes populares
no mais alto nível de excelência e, como conseqüência, a
profissionalização desse esporte, mesmo diante do amadorismo
praticado pela maior parte dos dirigentes dos grandes clubes (LOPES,
2004).
Nos últimos 15 anos os treinadores ganharam mais espaço e
respeito no futebol, passando a ser uma das figuras de destaque em
seus times e clubes. A modernização na administração dos clubes,
das federações e das confederações, principalmente após a
promulgação da Lei Pele, também contribuiu para que os dirigentes e
os funcionários dos clubes modificassem suas próprias concepções
de trabalho dentro dessas instituições, que passaram a ser tratadas
como verdadeiras empresas, exigindo mais profissionalismo de todos.
Diante desse fato, o s dirigentes p a s s a r a m a ser
responsabilizados pelos gastos de sua gestão e os treinadores
assumiram um papel importantíssimo dentro da estrutura dos clubes,
estando diretamente ligados a "linha de produção" destes.
Atualmente, a mídia, os pesquisadores e os torcedores
reconhecem que o treinador, se não for a maior, é uma das figuras que
exercem maior liderança no time e, em algumas ocasiões, no clube.
Para observar essa realidade no futebol, basta lembrar quem foi um
dos principais responsáveis pelas conquistas dos Campeonatos
Brasileiros de 2003 e 2004.
A importância do treinador nos jogos explica-se pelo fato da
sua exposição constante ao público e aos críticos, uma vez que ele
coordena as ações do seu time e analisa os pontos fortes e fracos das
outras equipes, na Sntativa de obter os melhores resultados e extrair o
máximo potencial dos seus atletas.
A cobrança dos resultados em cima do treinador faz com que
este profissional procure cada vez mais desenvolver diferentes
habilidades e prover conhecimentos que o auxilie a atuar de forma mais
competente e eficaz. Além do conhecimento técnico-tático, o
desempenho de alto nível exige o domínio de outras dimensões do
treinamento esportivo, como os aspectos psicológicos elou mentais
R. Min. Educ. Fis.. Viçosa. \ . 13. n. 1, p. 16-36.7006
17
(BESWICK, 2001; DURAND-BUSH, 2001; ORLICK, 2000; SALMELA,
1996), e, no caso do futebol, os aspectos de relacionamento social
(SIMÕES et al., 1998; LYLE, 2002), que influenciam diretamente os
resultados da equipe.
Além desses aspectos que compõem o treinamento, outros
fatores importantes, como a s recentes reformulações d o s
regulamentos, principalmente do Campeonato Brasileiro da série A, e
as evoluçoes dos métodos de treinamento, são, hoje em dia, fatores
que exigem forte e estruturada relação entre os atletas e o treinador,
em que este desempenha a função de lider, buscando auxiliar o seu
grupo a alcançar seus objetivos e suas metas.
No âmbito da liderança no esporte, as investigações têm se
desenvolvido, segundo Horn (1992) e Smith e Smoll (2005, p. 293), a
partir do pressuposto de que o comportamento do Iíderltrejnador tem
um impacto relevante, de natureza negativa ou positiva, na produção
do atleta elou no seu bem-estar psicológico. Dessa forma, a
possibilidade de o treinador intervir, pontualmente, durante o intervalo
elou na decorrência de uma partida demanda forte relação de confiança
com o atleta, o que pode se apresentar como um dos fatores
determinantes para o sucesso (SAMULSKI et al., 1998, p. 139).
Justificativa
De acordo com Vilani (2004), as formas de interações entre os
treinadores e os seus respectivos atletas vêm sendo tema de estudo
no campo da psicologia social, abordada, principalmente, no âmbito
da liderança, em que os objetivos principais, segundo Horn (1992), têm
sido identificar os comportamentos de liderança mais eficazes, em
situações nas quais os resultados foram bem sucedidos ou naquelas
em que houve respostas psicológicas positivas.
Samulski e Greco (2004, p. 275) ressaltam a importância de
analisar as formas de liderança do treinador de futeboi, visto que, quanto
mais efetiva for a liderança exercida pelo treinador sobre o seu grupo:
maior será a coesão, melhor será a distribuição e compreensao das
funções específicas, maior será a capacidade de superação de
obstáculos, e o estabelecimento de metas comuns ficará mais claro.
Nesse sentido, este estudo se torna relevante para aumentar a
compreensão das situações que podem influenciar positivamente a
relação entre o treinador e o atleta, além de auxiliar na formação de um
corpo de conhecimento que poderá ser utilizado tanto pelos profissionais
que atuam no futebol quanto para a formação de graduandos em
Educação Física que pretendem começar ou seguir a carreira de
treinador de futebol. As informações contidas nesta pesquisa tambem
podem fornecer subsídios para uma melhor e mais adequada
intervenção futura. que possa otimizar o rendimento e, principalmente,
o desenvolvimento da pessoa enquanto atleta.
Objetivos
- Identificar quais fatores são importantes para o perfil de liderança de
treinadores de futebol profissional.
-Verificar a existência de uma possível preferência dos treinadores por
um determinado estilo de liderança (interação e decisão).
Hipóteses
- H, - Não existe uma preferência, por parte dos treinadores, por um
determinado estilo de liderança a ser exercido no futebol.
- H: Existe uma preferência, por parte dos treinadores, por um
--
determinado estilo de liderança a ser exercido no futeboi.
PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS
Amostra
Participaram deste estudo 1 3 treinadores d o s clubes
participantes do Campeonato Mineiro 2005, módulo li com média de
idade de 46 anos (+10,04 anos!. Estes treinadores possuíam tempo
medio de envolvimento com o futebol de 26,92 anos (I11,44 anos) e
tempo de experiência como treinador de 13.69 anos (+9,43 anos). Dos
treinadores entrevistados, 46.20% possuíam graduação em Educação
Física; 61,500/~já haviam trabalhado em campeonatos brasiieiros; e
76,90% já haviam conqiiistado pelo menos um titulo na categoria
profissional
Cuidados Éticos
O projeto desta pesquisa foi submetido a análise do Comitê de
Ética em Pesquisa (COEP) da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), tendo sido aprovado na íntegra por meio do parecer número
ETIC 396105, sendo reconhecido como um estudo dentro das normas
estabelecidas pelo Conselho Nacional de Saúde (1996) e pelo Tratado
Etico de Helsinki (1996), envolvendo pesquisas com seres humanos.
Este projeto também foi enviado a Escola Brasileira de Futebol
(EBF), órgão vinculado a Confederação Brasileira de Futebol (CBF),
responsável pelos assuntos científicos que são desenvolvidos no futebol
brasileiro. Após analise do projeto, a EBF, por meio do secretário-geral
da CBF - Marco Antônio Teixeira, emitiu uma carta de apoio institucional
a este trabalho.
Todos os voluntários foram informados sobre os objetivos, os
procedimentos metodológicos e a relevância do estudo. Um termo de
consentimento foi entregue e assinado por cada um dos participantes,
outorgando ao voluntário o direito de abandonar o projeto, a qualquer
momento, sem nenhum constrangimento.
Ainda, foram tomadas as devidas precauções no intuito de
preservar a privacidade dos voluntários, visto que a saúde e o bemestar destes estavam acima de qualquer outro interesse pessoal ou
científico.
Procedimentos de coleta de dados
Todos os clubes foram contactados pelo pesquisador
responsável, com o propósito de esclarecer os objetivos da pesquisa
,iefazer o convite de participação ao treinador da equipe profissional.
Após o contato e o consentimento dos treinadores quanto a participação
voluntária neste estudo, o pesquisador agendava uma reunião no clube
ou no hotel onde a equipe estava concentrada para o jogo do
Campeonato MineiroIMódulo I. Nesta reunião, o pesquisador reforçava
os objetivos da pesquisa, a relevância do estudo, solicitava a assinatura
do termo de consentimento livre e esclarecido e entregava os
questionários ao treinador. Os treinadores dispunham de tempo
saficiente para registrar as suas respostas com clareza e precisão. As
respostas foram recolhidas pessoalmente pelo pesquisador e, quando
7O
R. Min. Educ. Fís., Viçosa. v. 13. n 2, p. 16-46.2006
o treinador não dispunha de tempo suficiente para registrar suas
respostas no dia da reunião, elas eram enviadas posteriormente por
correspondência.
Instrumentos
Na área das ciências sociais, principalmente na Psicologia do
Esporte, muitas pesquisas, especificamente sobre liderança esportiva,
têm sido realizadas utilizando-se questionários como fonte de obtenção
de informações (SUMOSKI, 2002; BARIC; HORGA, 2003; JOWE'TT,
CAROLIS, 2003; COSTA, 2003; BEAM et al., 2004; VILANI, 2004;
PAPANIKOLAOU et al., 2005; MUNHOZ, 2005; FRANZEN, 2005;
LOPES, 2006).
Esta pesquisa, que objetivou estudar a liderança de treinadores
de futebol, também utilizou os questionários como instrumentos para
a coleta de dados. Assim, o documento preenchido pelos treinadores
foi composto de duas partes. A primeira continha um questionário de
identificação composto por nove questões com perguntas abertas e
fechadas, visando obter dados acerca da formação e experiência do
treinador no futebol. Na segunda parte, os treinadores responderam o
questionário contendo a Escala Revisada de Liderança para o Esporte
(ELRE), versão perfil ideal ou desejado. Esta versão objetiva identificar,
na visão do participante, alguns fatores de um perfil de liderança ideal
para treinadores de futebol.
A ELRE foi desenvolvida e validada por Zhang et al. (1997) após
um processo de revisão da Leadership Scale for Sports (LSS),
desenvolvida por Chelladurai e Saleh (1980). A ELRE é composta por
60 questões fechadas, divididas em dois estilos e seis dimensões. O
estilo de decisão é composto pelas dimensões de Comportamento
Autocrático (8 questões) e de Comportamento Democrático (12
questões). O estilo de interação é composto pelos Comportamentos
de Suporte Social (8 questões), Comportamentos de Reforço Positivo
(12 questões), 9mportamentos de Treino e Instrução (1O questões) e
Comportamento de Consideração Situacional (10 questões). Uma
escala tipo Likert de 5 pontos é utilizada, e as 5 alternativas de resposta
são acompanhadas das seguintes palavras: sempre (100%),
frequentemente (75'/0), ocasionalmente (50%), raramente (25%) e
nunca (0%).
R. Min. Educ. Fis., \'iqosa,
v.
14, n. 2. p. 16-46,2006
21
Na dimensão autocrática (AUT), o comportamento do treinador
se caracteriza pela independência e autonomia nas tomadas de decisão
de acordo com sua autoridade pessoal. Na dimensão democrática
(DEM) o comportamento do treinador favorece uma maior participação
dos atletas nas decisões relativas aos objetivos do grupo, aos métodos
de trabalho e as táticas e estratégias de jogo. Estas duas dimensões
compõem os estilos de decisão do treinador.
Na dimensão treino-instrução (TI), o comportamento do treinador
objetiva melhorar o rendimento dos atletas, com ênfase em um
treinamento duro e exigente. As principais responsabilidades do treinador
são: instruir os atletas na aquisição de habilidades técnicas e táticas
da modalidade; e explicar a relação entre os membros do grupo,
estruturando e coordenando as atividades. A dimensão suporte social
(SS) é caracterizada pela preocupação com o bem-estar individual dos
atletas, com o relacionamento pessoal com os atletas e com uma
atmosfera positiva dentro do grupo. O treinador auxilia os atletas com
problemas pessoais e tenta fazer com que o esporte também
represente uma parte da vida deles. Na dimensão de reforço positivo
o u reforço ( R E F ) , o comportamento do treinador cria u m
"fortalecimento" psicológico do atleta, encorajando-o quando ele comete
um erro, reconhecendo e recompensando os bons desempenhos. Na
dimensão situacional (SIT), o treinador leva em consideração situações
específicas e a forma de lidar com elas, considerando o tempo, o
indivíduo, o ambiente, o time e o jogo. Aborda também o estabelecimento
de metas individuais e de formas para alcançá-las, a diferenciaçao de
métodos de treinamento em diferentes estágios de maturação e níveis
de habilidade, assim como a determinação do posicionamento correto
do atleta durante o jogo.
Análise Estatística dos dados
Foram adotados os seguintes critérios para inclusão dos
questionários e suas respostas na análise dos dados: (1) todas as
questões deveriam estar preenchidas adequadamente pelos
participantes e (2) os instrumentos par? verificação da liderança não
poderiam apresentar um índice superior a 10% de respostas em branco.
Dessa forma, todos os questionários que não satisfizeram esses
critérios foram descartados deste estudo.
?1
- L
R . Min. Educ. Fis.. V i ~ o s aL;.. 14. ri. 2. p. 16-46.7006
Os procedimentos de análise de dados foram realizados pelo
pacote estatístico SPSSB (Statiscal Package for Social Science) for
WindowsB, versão 11.O.
Os dados relativos a caracterização da amostra foram
analisados de forma descritiva (média e desvio-padrão) para dados
contínuos e por distribuição de freqüência (percentual) para dados
categóricos ou nominais.
Para verificação da validade da ELRE utilizou-se a consistência
interna (Reability Test). A consistência interna de um instrumento é,
fundamentalmente, uma questão empírica que emerge a sua
capacidade efetiva de medir as variáveis para as quais foi criado,
pressupondo as mesmas interpretações em várias experiéncias.
Segundo Pasquali (1999), as técnicas mais utilizadas para
avaliar a consistência interna são: duas metades, Kuder-Richardson e
alpha de Cronbach. Neste trabalho utilizou-se o coeficiente de alpha de
Cronbach para verificar a validade dos dados do questionário
supramencionado. A escolha deste teste foi devido aos trabalhos
anteriores de Zhang et al. (1997) e Lopes (2006), que utilizaram o mesmo
coeficiente para indicar a consistência interna dos dados.
O coeficiente alpha de Cronbach correlaciona os itens de cada
escala de um grupo de respostas e, a partir dessa correlação, chegase a um índice que varia entre O e 1. Pasquali (1999) e a literatura
internacional (MORGAN; GRIEGO, 1998; NUNNALLY; BERNSTEIN,
1994) sugerem um índice alpha de Cronbach acima de 0,70 como sendo
preciso e confiável quanto a variável em que se pretende mensurar.
Contudo, este estudo considerou os valores de 0,60 a 0,70 como limites
inferiores da aceitabilidade, conforme sugerido por Nunnaly (1978) e
Hair et al. (2005).
Foram realizadas análises d e variâncias (AIVOVA) para
comparar as médias entre as dimensões nos estilos de interação e
decisao que compõem o perfil d e liderança. O objetivo deste
procedimento era verificar se havia preferências por estilos de liderança
(interação e decisao) por parte dos treinadores em relação ao perfil
ideal ou desejado. Para localizar as possíveis diferenças entre as
dimensões, foi realizado o teste de comparações múltiplas de Duncan.
R. Min. tduc. F is., Viqi,s,i.
L.
14. n. 2. p. 16-46.2006
23
RESULTADOS
Consistência Interna do Instrumento
Com o objetivo de verificar a consistência interna da ELRE, foi
aplicado o indice alpha de Cronbach, buscando analisar a compreensão
geral dos entrevistados sobre o instrumento e as respectivas dimensões
que o compõem.
Em relação a confiabilidade geral da ELRE versão perfil ideal
ou desejado, os resultados apresentaram um indice alpha de Cronbach
de 0,86. Na Tabela 1, a seguir, podem ser verificados os resultados do
indice de alpha de Cronbach das dimensões que compõem este
instrumento.
-
Tabela 1 Resultados dos indices de alpha de Cronbach, por dimensão
Versão da ELRE
PERFIL IDEAL OU DESEJADO
(
Indice alpha de Cronbach por dimensões
TI
AUT
SS
SIT
REF
DEM
0.45
0.35 0.72
0.47
0.79
0.86
Com base na Tabela 1, observa-se que os resultados
encontrados nas dimensões treino-instrução (a = 0,45), autocrático (a
= 0,35) e situacional (a = 0,47) da versão perfil ideal ou desejado da
ELRE apresentaram baixos indices de confiabilidade, de acordo com
aqueles recomendados pela literatura (MORGAIV; GRIEGO, 1998;
NUbINALLY; BERNSTEIN, 1994; IVUIVIVALY, 1978; HAIR et al., 2005).
As limitações encontradas em algumas dimensões deste estudo
também foram detectadas em outras pesquisas nacionais e
internacionais que utilizaram a ELRE (ZHANG et al., 1997; ANDREW,
2004; LOPES, 2006; JANIBOR; ZHANG, 1997; COSIA, 2006).
De acordo com Chelladura~(1993), embora algumas dimensões
não apresentem alta confiabilidade, ou não alcancem a exigência de
serem maiores que = 0,70, isso não quer dizer que não se pode
desenvolver análises diante dos dados encontrados. Entretanto, o autor
chama a atenção para o fato de que, sempre que alguma dimensão
estiver abaixo desse nível de exigência, os pesquisadores e os leitores
devem tomar cuidado com a interpretação dos dados, para não
sustentarem categoricamente algumas conclusões que podem estar
inconsistentes diante dos prováveis equívocos da compreensão do
instrumento.
23
R.-Mjn.Ediic. Fis.. Viqosa. v. 13. n. 3. p. 16-16.3006
Perfil Ideal de Liderariça
O aspecto rnais interessante ao se analisar o perfil ideal LI
desejadi; de lideraiiça, nc; visão do treinador, é a capacidade que esta
análise fornece para averiguar alguns fatores que são essenciais na
funçio de treinador enquanto lider de um grupo. Dessa forma, o foco
principal desse q~iestionamentoé verificar se, na visão dos próprios
eritrevisiados, existe uma dimensão que se sobreponha as demais
dentro do perfil ideal ou desejado de treinador.
Para aicançar este objetivo, as 60 situações presentes na ELRE
forarn analisadas de forma agrupada dentro de suas respectivas
cfiinensões. Por meio da a n i l i s e descritiva dos dados, foram
encc;iitradas as ziédias das dimensões, as quais estão representadas
no Gráfico 1.
Autocratica
Treino- Demcratica Reforço Situac ional Suporte
Instruçáo
Social
Gráfico 1- Análise descritiva geral das dimensões da ELRE versão
perfil ideal ou desejado.
O Gráfico 1 mostra as médias das respostas dos treinadores
para cada uma das dimensões da ELRE versão perfil ideal ou desejado,
ou seja, como os entrevistados visualizam um modelo ideal de treinador.
Nc geral, observa-se que o treinador ideal, na visão dos pr6pi-ios
profissionais é aquele com estilo de liderança autccráticc? e que está
voltadc para 2s qi~el-,tÕesde treino-instrução da sua equipe. E
irnportan;c- resc;ál~ai. q:... os outros estilos de interação tambér.:~
apresentarac-i(r&:?:?:a:tss, ri.i~strando
~ I J F ; .ÍIG perfil iciea: de fidíirança
g ç treil.ia$:,:-ç
tj..,;r;si~.. !iaver:? es!h- áte:-;t::i:i & s ques:oes sitiiócior;a!s.
i-íii(;iy; e ,:;esi.,p;,-'v
s;.i;:ai.
.A,
Procurando fazer urna analise mais detalhada dos res~~ltacios
apresentados no Gráfico 1, serao apresetitados a segui: os resultados
de cada dimerisáo, iniciando-se pelas dimensões qce compõem o estilo
de decisão do treinador.
Dimensão Autocrática
Antes de apresentar os resultados desta dimensão, é importante
ressaltar que, devido ao seu baixo índice de alpha de Cronbach, os
dados relativos a ela serão analisados cuidadosamente, conforme as
recomendações feitas na literatura por Chelladurai (1 993).
0 s resultados encontrados nesta dimensão mostram uma
tendência dos treinadores em perceber o tretnador ideal com sendo
mais autocrático, uma vez que a frequência de respostas dos
entrevistados foi maior nas categorias frequentemente e sempre (Tabela
2). Isso mostra que os participantes consideram este estilo de decisão
muito importante para se comandar eqiiipes de fctebol.
Tabela 2
-
Frequência de resposta dos treinadores ila d ~ m e ~ i s ã o
autocrática da ELRE versão perfil ideal ou desejado
Respostas
N
"10
Nunca
Raramente
Ocasionalmente
Frequentemente
Sempre
Total
O Gráfico 2, a seguir, mostra a freqüência das respostas dos
treinadores em cada uma das questões que compõem a dimensáo
autocrática. As situações avaliadas e m que o s treinadores
entrevistados mostraram que se deve exercer uiria liderança mais
autocrática são, por ordem de importância: "30-explica claramente as
suas atitudes", "28-faz o planejamento para o time, relativamente
independente dos atietas", "21-se recusa a abrir mão de algumas coisas
em determinado ponto","34-determina os procedimentos a serem
seguidos" e "46-impõe suas idéias".
26
R. h4in. Educ.. Fis.. Viqosa. \'. 14.11.2. p. 16-3h.2006
Gráfico 2 - Freqüência das respostas dos treinadores em cada situação
que compõe a dimensão autocrática da ELRE versão perfil
ideal ou desejado.
Dimensão Democrática
Como a dimensão democrática é antagônica a dimensão
autocrática, esperava-se, devido aos resultados encontrados na
dimensão autocrática, que os treinadores entrevistados considerassem
que o comportamento democrático deveria ser menos utilizado que o
autocrático. Essa conclusão pode ser extraída dos resultados
apresentados na Tabela 3, onde somente 8,33e 17,95% das respostas
emitidas pelos treinadores indicam, respectivamente, que o
comportamento democrático deve ser usado em 100% das vezes
(sernpre) ou enr 75% delas (frequentemente). Essa correlação entre a
frequência do comportamento do treinador (O a 10O0/0) e os dados
categóricos (nunca a sempre) foi mencionada no cabeçalho dos
instrumentos, para que o treinador se orientasse melhor durante a
emissão de suas respostas.
Tabela 3 - Freqüência de resposta dos treinadores na dimensão
democrática da ELRE versão perfil ideal ou desejado
--
Reposas
Nunca
Raramer~te
Oi,usio~almer;to
Freq~enten-iente
Sempre
Total
--
N
26,O
36,O
53,O
28,O
13,O
155.0
R. Miri Educ, Fís., Vi<;os,i,v. 14, n. 2 , p. 16-46,2006
16,67
23,OB
33,97
17.95
8,33
1i\O.OO
,,-,
L
Yo Gráfico 3,verifica-se as quatro sit~iac;5esnas aciaiç os
~ritrevistadosconsideram que os treinadores devern se ccrnportar de
forma mais democrática: "51-obtém informações dos atletas em
reuniões do time", "30-obtém a aprovação d ~ atletas
s
em assuntos
importantes antes de seguir em frente, "14-valoriza as idéias dos atletas
mesmo quando essas são diferentes das suas" e "09-estimula os atletas
a darem sugestões de formas de treinamento". A análise dessas
respostas pode mostrar a importância do tratamento de respeito que o
treinador deve ter com os seus atletas, de forma a contribuir
positivamente no exercício da liderança sobre o grupo.
,----
-..
~-
~
nunca E raianente O ocasionalmente
.
-
-
frequentemente H sempre
~
Gráfico 3 . Freqirencia das respostas cos tr21nadoresem cada s::r?aqão
que compõe a dimensão dt-:r?ocrStica cla ELRE versao perfil
ideal ou desejado.
Dimensão Treino-Instrução
Esta dimensão também será anaiisada cor71 cuidado, seguindo
as recomendações feitas por Chelladurai (199.3). 1 . j r r j 2 vez que riesta
versão do perfil ideal ou desejado, ela aprese!;to~ :ric]ic,e Ue slpha cle
Cronbach igual a 0,45.
De acordo com os dados aprssentac~o:~
na %bela "4;obserdase que parece haver uma tendência dos tre,!?aciores en.?dchat- ~ ; u eo
modelo ideal de profissional é aquele voltado para os aspectos de treinoinstrução durante as sessões de treinamento e durante as competições.
Infelizmente, como o índice de confiabilidade desta dirnensao foi abaixo
daqueles recomendados pela literatura, não se pode afirmar corn
absoluta certeza que os entrevistados ccnsideram que o treinador ideai
é aquele mais voltado para o estilo de interação treirio-instrução. mas
- r
L8
R . blin. Educ. F i k . L'iqosa. v 14. ri. 7. p . 16-46, L006
se pede observa: que há uma tenakricia papaTçse c a ~ i i n i 9PVT;
.
cS:er
r6çpvs;ds concl~sivassobre esta ciinecsao, seria n e c e s s i : : ~u n 9 d 1 r 3
estudo, se possívei com uma amostra maior, em que fosse possive,
reaplicar esse instrumento para confirmar ou não esses resultados.
-
Tabela 4 Freqúência de resposta dos treinadores na dimensão treinoinstrução da ELRE versão perfil ideal ou desejado
Respostas
N
YO
0,O
0,OO
Nunca
2,O
I,54
Raramente
Ocasionalmente
2,O
I,54
Frequentemente
46,O
35,38
80,O
61,54
Sempre
130,O
100,OO
Total
Por meio do Gráfico 3 , observa-se essa tendência da preferência
dos treinadores em considerar c: 5still:j :i-e!no-iristrução importante para
o t;.einador ideai. Nele (Gráficc -lj, i ; ~ t ~ - qi;e
s e as si!i_iaçÓes que
apresetitaram respostas na cátegocia ':ararr:e;?te" forsni: 'C.3-faz com
que :arefas mais complexas f~quem!-nais faceis ae entendeí e aprender"
e "23-aá ênfase ao aprimoramento das principais nabiiicsdes". Esses
resultados podem ser explicados juntamente com a preferência dos
treinadores pelo estilo de liderança autocrático, uma vez que, em
determinadas situações e m que o treinador se focaliza no cumprimento
da tarefa e opta por não explicar as técnicas e táticas aos atletas,
demonstra uma decisão unilateral característica deste estilo de
liderança.
~
p
. ~riurica
- ~ ~raramente
~ ..---
-
p
~
. ..---.
~
O ocas*oiia!merile O frequentemente Ei sempre
--
--
--
-
-
-~
~
-
-
Gráfico 4 Frequência das respostas dos treinadores em cada situação
que compõe a dimensão treino-instrução da ELRE versão perfil ideal
ou desejado
R. Min. Educ. Fis.. Vicosa. v. 14,n.2. p. 16-36.2006
29
Dimensão Reforço
Es:a di:nensao foi tan.ibéin considerada pcios entrevistados
como importante para um perfil ae liderança ideal do treinador de futebol
na categoria profissional. Por meio dos dados mostrados na Tabela 5,
observa--se que os treinadores entrevistados consideram que a
dirrlensão reforço é muito importante dentro do perfil ideal de liderança.
Os entrevistados consideram que em 46,79% das situações os
treinadores devem reforçar os membros da sua equipe. Esse número,
quando somado ao da categoria frequentemente, corresponde a 83,97OlO
das respostas, mostrando que realmente este é um fator de destaque
na concepção dos participantes.
Tabela 5 - Freqüência de resposta dos treinadores na dimensão reforço
da ELRE versão perfil ideal ou desejado
Respostas
Nunca
Raramente
Ocasionalmente
Frequentemente
Sempre
Total
N
2,o
5,o
18,O
58 ,O
73 ,O
156,O
O/O
1,28
3,2 1
11,54
37,18
46,79
100,OO
No Gráfico 5, observa-se que as situações nas quais os
entrevistados julgam mais importante exercer a liderança de reforço
são: "45-reconhece as contribuiqões individuais para o sucesso em
cada competição", "20-parabeniza um atleta após uma boa jogada",
"52-aplaude quando um atleta tem um bom desempenho, "41 -incentiva
o atleta mesmo quando este comete erros em seu desempenho, "29comunica o atleta quando ele obteve um bom desempenho" e "31expressa satisfação quando um atleta obtém um bom desempenho".
Ainda. neste gráfico constata-se que as situações que tiveram menor
associação dos treinadores em relação ao reforço estão ligadas&
situações que envolvem o poder de recompensa, como: "56recompensa o atleta quando ele se esforça", "42-parabeniza o bom
desempenho dos atletas mesm:, após perder unia competição", "49cumprirr~entaum atleta pelo seu bom desempenho na frente de outros
companheiros de time" e "18-cumprimenta o atleta pelo seu bom
desempenho".
30
R . Min. Educ. Fís., Vic;osa, v. 14. n. 2, p. 16-46,2006
-
Gráfico 5 Freqüência das respostas dos treinadores em cada sitbaçao
que compõe a dimensão reforço da ELRE versão perfil ideal
ou desejado.
Dimensáo Situacional
Como o indice de alpha de Cronbacn desta dimensão foi de á =
0,47 (Tabela I ) , os resultados relativos a esta serao analisados com
cuidado, conforme as recomendaçoes feitas na Iiterat~rapor Chellaaurai
(1 993)
A dimensão situacional foi a segunda, dentro do estilo de
interação que apresentou maior preferência dos treinadores, o que
mostra que esta é uma dimensão muito importante para se liderar um
grupo. Verifica-se, por meio dos dados apresentados na Tabela 6, que
esta aimensão apresentou altos índices de respostas nas categorias
"sempre" e "frequentemente". Outros dados que mostram a importância
da dimensso situacional no perfil de liderança dos treinadores são os
valores de 0,77% de respostas, apreseritado na opção "nunca", e
1,54%,apresentado na opção "raramente". Isso é mais um itidicio de
observada e controlada
que esta dimensao deve ser c~~idadosamente
peios treinadores.
Tabela 6
-
F?equência de resposta dos treinadores na dimensao
sit~aciona!da ELRE versão perfil iaeai ot, desejado
Respostas
Nunca
Raramente
Ocasionalmente
Frec;uentemenle
Sempre
Total
N
1 .O
2.0
20.0
41.0
66.0
---
-_
0,77
1,54
15.38
31 -54
50,77
o'O
-
--.L?!u--AB2!_
Por meio do Gráfico 6 . observa-se que as situações "32-escala
os atietas ae forma correta" e "08-explica para os atletas quais sào as
nietaç da equipe e como fazer para alcançá-las" foram consideradas
peios entrevistados as mais importantes dentro da dimertsão situacional
de liderança do treinador ideal. No entanto, uma análise mais criteriosa
destas situaçoes pode induzir indícios da liderança autoritária. uma
vez que o estilo autocrático possui características que suportam esse
tipo de conclusao. Esses resultados também ressaltam a necessidade
de o treinador dominar e controlar o seu comportamento, tendo sempre
presente quais os objetivos da sua intervenção junto aos atletas,
tentando, em qualquer situação, adaptar da melhor forma possível o
seu comportamento (JORGE, 1998, p 26).
Ir
iirira
i,irarrie,itr
-
-
- -
CJ ~ ~ a s i o n a l r rni cw U frrqurnternente
a sernprp
-
Gráfico 6 Freqüência das respostas dos treinadores em cada situação
que compõe a dimensão situacional da ELRE versão perfil
ideal ou desejado
Dimensão Suporte Social
Das dimensões que avaliam o comportamento de interação do
treinador, a de suporte social foi aquela qc;e apresentou a menor média
(Gráfico 1). Apesar de ter sido eleita a de menor importância pelos
entrevistados, esta dimensão apresentou uma média relativamente alta
(3,75), o que mostra a sua importância dentro do perfil de liderança do
treinador. De acordo com os eritGvistados, em 43,27% das situações
o treinador deve liderar a sua equipe, atribuindo valores relacionados
ao campo social (Tabela 7 ; . Este resultado mostra que, apesar de
esc;oIhid;i a liderai~çaauloritária para agir com o g r ~ i p cde atletas, o
treinacor lari;Derr-~deve =ibst?rvaraspectos reiaciuflados à parte social
destes i s s ~é coínpreensivel. visto que cada vez mais niuitos
treinadores terri se preccu?ado com vida do ailera "fora das quarro
linhas".
-
Tabela 7 Freqtiericia cle resposta aos ti-einadores ria ciiriensao su;;on;.
social dc. ELRE versao gerfil ideai ou desej2i;c;
N
5.0
17,O
22,O
15,O
45,O
104.3
Respostas
Nunca
Raramente
Ocasionalmente
Frequentemente
Sempre
Tota!
--
$o'
4,81
16,35
21,15
14,42
43,27
100 .O0
No Gráfico 7, observa-se qLie as situações "33-estimula os atletas
a confiarem nele", "1 7-se interessa pelo bem-estar pessoal dos atletzs"
e "26-supervisiona o bem-estar pessoal aos atletas" confirmam esse
interesse do treinador pelo lado social do jogador. Entretanto, tambkn
se observa que essa preocupaçao possui alguns limites quanio &o
envolvimento do treinador na vida social dos atletas. Essa limitação pode
ser vista no gráfico através das situações "58-visita os paisíresponsáveis
pelos atletas" e "48-faz favores pessoais para os atletas", que obtiveram
as menores frequências de comportamento do treinador, mostrando que
esta relação treinador-atleta está mais presente no campo profissional,
não se estendendo aos aspectos familiares do jogador.
r -.
-
-- - -
-
-
-- - -.
--
nuncd O raramente O ocasiorianientc O frequentemente
- -7
a sempre
-
Gráfico 7 Freq~iênc~a
das resposras dos rreinadcres em caca situaçdíl
que cornpõe 2 a~mensãcsupor?e social da ELRE versàv
perfil ideal ou desejado
PREFERÊNCIA POR UM ESTILO DE LilDERANÇA
O segundo cbjetivo deste estudo é verificar se existe um í~s!iir;
de liderança preíerencial por parte dos treinadores. Para averiyiiar essa
possivel prefe:&risia, os ciaaos foram analisados separadamente cerrtro
dos estilos de dec~sãoe interação; assim, serão apresentados n 2
seqüência.
R . klin. tduc. Fis.. L'i~osa,v. 14. ii. 2, p. 16-46, 2006
33
Perfil Ideal de Liderança
Ao analisar o perfil ideal ou desejado de liderança, observa-se
que os treinadores são mais voltados para os aspectos da autocracia
e de treino-instrução. A partir dos itens subseqüentes, serão observadas
quais dimensões são realmente diferentes. Para facilitar a
compreensão, serão apresentados os resultados das dimensões, de
acordo com o estilo ao qual elas pertencem.
Estilo de Decisão
Ao analisar o estilo de decisão no periil ideal ou desejado de
liderança, observa-se que os entrevistados consideram ideal aquele que
treinador apresenta um estilo de liderança mais voltado para a autocracia.
Assim, buscou-se verificar se os estilos autoritário e
democrático eram de fato diferentes estatisticamente. Por meio dos
resultados extraídos da análise de variância e mostrados na Tabela 8,
conclui-se que realmente o autocrático é diferente do estilo democrático
(p = 0,033). Isso quer dizer qae os treinadores, corisideram que o
treinador autocrático é mais eficiente do que o democrático na condução
de urna equipe de futebol profissional.
Tabela 8 - Resultados da análise de variância entre os estilos de decisão
da ELRE versão perfil ideal oli desejado
-
Entregrupos
Dentro dos
!Jrupos
Soma dos Graus de Média do Estatística
quadrados Liberdade quadrado do teste F
1,263
1
1,263
5,914
24
0,246
5,125
Sig.
0,033
Estilo de Interação
Dentro do perfil ideal ou desejado de liderança para o treinador
indicado pelos participantes, a dimensão treino-instrução foi a que
obteve a maior média. Contudo, para saber se esta media 6 rea!menl.e
prioritária em relação as demais, foi realizada a análise de variância
entre as dimensões que compõem os estilos de interação de liderança
do treinador. Por meio desta análise, identificou-se que as médias
obtidas nas dimensões do estilo de interaçao são realmente diferentes,
conforme valores apresentados na Tabela 9.
R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 14,n. 3, p. 16-46,2006
Tabela 9
- Resdi:ados
da analise de variáncia entre os estilos de
iriteraçao da ELRE versão perfil ideal ou desejado
Soma dos
quadrados
---Entre grupo5
4.505
Dentro dos grupos
7,654
Total
12,159
Graus de
Liberdade
3
48
51
Media do
quadrado
1,502
0,159
Estatística
do teste F
9,416
Sig.
-.
0,000
Além de saber se existia a real diferença eritre as médias
aprese~tadasem cada dimensão, havia a necessidade de saber onde
essas diferenças se encontravam. Para isso, foi realizado o teste de
comparações múltiplas de Duncan, o qual teste mostrou que a média
obtida na dimensão suporte social é diferente estatisticamente das
médias apresentadas nas demais dimensões. Observou-se também
que as médias das dimensões situacional. reforço e treino-instrução
nao apresentaram diferenças estatisticas entre elas (Tabela 10).
-
Tabela 10 Resultados dc teste de comparações múltiplas dos estilos
de interação da ELRE versão perfil ideal ou desejado
POST HOC
SUBSISTEMA para a=0,05
1
2
3,75
DIMENSÕES
SUPORTE SOCIAL-TI
DUNCAN
REFORÇO-TI
SITUACIONAL-TI
Perfil Ideal de Liderança
De acordo com Beam et al. (2004), a utilização da ELRE em
pesquisas é muito recente; por esse motivo, torna-se difícil a
cornparação dos resultados do presente estudo com os de outras
investigações que utilizaram a ELRE. Outro fator que também dificulta
a discussão dos dados do perfil ideal ou desejado de liderança é a
existê~ciade poucas pesquisas que investigaram essa versão sob o
po~to
de vista dos treiradores.
No entanto, com o intuito de enriquecer a discussão dos
resultados eBcon:rados nesta pesquisa, serao apresentados resultados
de outras p e ç q ~ i s ~que
i s estcidaraín a iiderznqa no esporte ~~!;lirando
outros ir2.jt!'i~!n:~nr:-iç
CC!!-~~C;z L.S.5. L';'OIJ 3 ~ i eiivei'zrii a u;?io>;tra
(;orn;jos[a por c;i;irc;.j profi~s;o;la~:;
d(. sçpofle,
7
46 a.;,?iiir o es!i!n ideal d e decisãc? c i ~ st ! - e ! n 3 d o r e ~os
,
jc?í].;
: - ~ ? ~ : ; t r ~!.ir?r ~
ia, tenr-eicia
r
en; feri; i j c;:jtllc! autoc"átic,(:
do ciemocratico 9 s reçiii:ados er=,o~;frõ(i~r,s
r ~ r > ç (~~ LaI ~~U
:;!i~:epç~es
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7; sartc dai, *3srudos $6: (3~,~,':j:j:j;~,
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w:,:Mi=q. T-:)c>x .'::^ip
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Z ~ I C ,\l\/gRE!fi/,
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v - ,
,L-.
,
L.,
J
e [ai,, 2003; BEAi1/?e;
2fi-4: 'C)L!V-E~R,~
rt ai,, ii3(!4;
':,G.?jFQALC;4EhI 2905. LQPEs, 2Gofji Do; e s : a d ~ r;;t'3ijos, sz:gente
de C::sta :29C;Sj foi r e a l i z a d ~r o n i treir?sdorei; verificaqdo a
+rr.cjrtancia do ? ~ t i ! ode decis3o no perfil ideal d e iideíanca Os otitras
t.::ii.dos forcirn realizados ievanúo-se eu; consiaera~ãca visão dos
at+tas schre u!: perfii de lideranqa :de& ?ara !reinadores. Em reiaqâo
!liverc;ênc~ados resultados de pesqcrisas sob 3 ótica de átieta e do
"zi~,~,iddor.
Costa <261)2p 1 3 l ) afirma qiie "pesquisas des:a natcrreza
'z,.ie envoivem ;i percepçàc dos atleta5 sobra r esliio Ce 'ideranqa ~ceccit
,. ,,.;,.treiriatlor. !:;-:::~jzem a r e s ~ l f a < i l c
d e i)es~::jsaç ::~:r;ciço~, F ~ ~ , - I T :
>',,:(j~l :.aPEs
-.
bf~:rr~erites
q-!ar:c!o c c r n ~ a r a d ~ac :z.:it?-;~erwe?;So
,
a:, t;ei::ador3
Eni rel:;);a~ ac: estilo c!c. i::teração. ~ b s e r v o k - . s e
que esta
r.:?rjoi~:ça
rnl,stro~,, I,ir.:ici ter~dênciacaf-a 1-3 ~reCer~;ir,ia
3 %ezLji::
~ d e treinr,,~:,,r!.ir,ãci
,. .+
se.~!iic!~?
%=l9
si!uacio?ai r?iircc :c $ u p ~ f l e.;~ci%! A~revi!e
c ?I ; ! p r e ~ i ? ~ i i ~( i- !j ~
~C , C I J Ç ~ 40.;
~ : > y-~-.;!ljados
?iie ~.~jn~j,:<r:
c c : ~este
e;.,!ii;>.
F: jrnper.lante iembrar qLie a i!n~er'çcic,31[1,:2~i(;i?3! C ~ ? C ; O ~ ( T % - - Ç ~
::;;r::en:F: i-1'3 .gi..gE T ; ~ v f inesi:n " I C ; ~ ; ~ S ~ ~ r~8~~, t;; - ; : ! . ~ q ~2;jt:c~
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:';6:-aní;z 2.5 ire!r?ador que iarnt>ei;i ;,ii,.riza a dirnt-rlsaí: 7 5 i e f ~ r ~ o
, ; c s < i ~i(v3ELLADURAI;
\~o
SACEH, ': 372. L3PES e i a , . ,2003,RlEMER.
-,-.- 7 ,
v C h . 2i35"; SEFil,4, 1990. SHERhlAIU +t a! , 2000;TLRRY; HOWE.
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i 9 t 4 ; OL13iE!RAe! ai.. 2Q04;LOPES. L)J(!ti. CCSTA,
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~'3í!6i %?r,fes
eçr::c!os os indices cv r e s p ~ s l a ç;ia dimefisào ae reforr,c
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~ C O ~ xTs :~eL t3s:::dcl.
~
3 evh:do de tzat-s !2OL12) t a i v ~ e r rcor?si;i:oi:
i
a
..-~T~~T;I~Ic;;:;jf:c.izç duas i j l r y ) e ; l ~ c e . < ;~ci.&::)
~ j r ? ;a s der.^^ . i . , t ~ r [ ~ ~ j ã . ~
:;rir:;eirc! r e t c r ~ oc uepois treine-:ris~!'~i:Ac;
.4 ,jirnens2o sii:,iacicnai. .;on:cc:-r:?; ~~ic:ncir,nc!cir>ántcriorri-\ente,
prdse::te ço:nenie-ha E i R E ~-~-:ev~cc.i
,,a t+c;szfatc: e a t?sc.assezrje
c.,sti.iaos que utiiizuram a E . i R E , e;;cvr;trar3irr!--.;i? apenas quatro
~ e s q ~ ~ scom
a s as quais se poae r*.er-reiacioriai. cis resuitados
enccntrados. No que se refere a esta u'irnensjo, afirma-se que, embora
este estudo a t e ~ r i aapresentado conio a çeg~indadin-iensão de maior
i ~ p o A á f i c i aa. tese de doutcradç «e Andrew (20C4i, que avaiiou esta
ci.xensAo er?tre tenistas, m o s t r c ~que ela foi a mais iniportante para o
:;ri
cle iiderança do treinacor. O trabalho ae Beam et a!. (2004) tambein
constatoc; que as atletas demonstraram aranae prefergricia por essa
i:i.rriTa 3e :;=mpcrtamento bo treinador : ' estudo «e i o p e s (20061,
.- ,.,i-<:a ,- ... . ~ . ."C: ler sidc realizado com atletas. apresentou resiiitados
?srecic!us --:orr ,.c, desta pesqi~isa.zn? que se ver:ficoci cue esta
.
-,ei.,... . r.;!
,
;:vr!s;derada a 3eGl;rii;a ,Ti,zis ,rrir';ort;-nle ;:a ::IÇ&O
~.,;;
! "5
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iTlOslrOU p*'éfiaii??efJ,*
,
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, \ , i , : , r c ,,-jce
, ~ ie513
,
~ j ~ : ' ; e ?t:i a
~a~
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(z;rT-(c; .,- v < i.,,,enc;(;es - : i : , ?si!io <;e ,,~::es,-~@c. ...?F:T~~:;J i:(:s
I, r
..,.-;, ,-.,.<C; ;r:. . . c .'-. c. C
rOT;BS131:;3!
f i , . .--e8ac'3io
~
& rjime;lsao ije :i,L;C,i:r;C S O ( ' ; , ~ />çGe.-se
.
.jC~e,-~\ld;
-.:;ec::S -(><-.
-,.>:;;:adcrue o~lir;.ç SS:UC~C)S!IV?FS et i l i LIJCI.,.
" w - 2 . R!EMEp,:
:?';ii!:;3dos
"
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3
.i
*
-
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-.'-:~i
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-C-.
'7(\'-; ?
. .
SEWPA.; ANTUNEC " 389.COSTA, 9 6 3 : SERPA zr ai.
.,2: sb-!Efi;IMAs \j[ a\., 290c- v:;?E:s., L(S0fj: C[')STA, iOCG) lan;beg
(i?\
. .. ,
...
,
apresentdrarn esta d i r ~ e n s a occrno sendo a ae n;rrrior preferencia
aentro do comportaniento de inieraçao do treir:ador..
Preferência por um Estilo de Liderança
Observou-se que, em relação ao perfil ideal ou desejado de
Iiderançâ para o treinador, os entrevistados considerarn que o melhor
perfil de liderança para o profissional é aquele que concilia um estilo de
decisão autocrático e um estilo de interaçao mais voltado, em ordem de
iniportância, para treino-instrução, situacional, reforço e suporte social.
Os dados encontrados em relação ao estilo de decisao do perfii
de treir~ado: ideal se ssssmelham aos observados em outras
pesquisas (CHELLADURAI; CArtRGN, 1983; BEAM et ai., 2004; COSTA
2036) porém são diferentes se con?pnrados aos resultados de outras
pesçuiras (CHELLADLJRAI, 3984; TERRY, 1984; CHELLADURAIARbiOTT, ? 985; SCHLIESMAN, 1987i SERPA, 1990; RIEMER; TOON,
2001; SUMOSKI, 2002; COSTA, 2003; ANDREW, 2004; LOPES et a!.,
2003, OLIVEIRAet al., 2004; VAIVFRAECHEM, 2005; LOPES, 2006).
Eni relação ao estilo de interação, verifica-se que a ordem de
prioridades encontradas neste estudo também foi observada no de
Lopes (2006); contudo, em outros estudos com a ELRE não foi
verificada essa mesma ordem de importância em relaçao as dimensões
que compõem o estilo de iriteração do treinador (ANDREW, 2004.;
COSTA. 2006; BEAM et al., 2004).
Esses resultados, se comparados aos de outros em que se
utilizou a LSS para analisar o perfil de liderança ideal do treinador,
mostran que a seqüência de prioridades encontradas neste estudo,
com exceçao da dimensão situacional, foi semelhante a de alguns
estudos (CHELLADURAI; SALEH, 1978; 'TERRY; HOWE, 1983; TERRY,
'984; RIEMER; TOON, 2001; SHERMAN et al., 2000; LOPES et al..
2003; COSTA, 2003; OLIVEIRA et al., 2004) e divergente de outros
(SERPA, 1990. SERPA et ai., 1989).
Ao longo da apresentação e da discussão dos resultados,
ríiyiirnas c ~ r i c i ~ s õ ejás forarri apr5::;entcidâs a respeito 30 perfil ideal
de liderança dos treiriadores de iu!eboi profissionaÍ Entretanto, nestc
item as C O ~ C I U S O ~mais
S
in~portantesdeste estudo esta9 eçtrutciiadas
em tópicos. conforme os objetivos propostos. para facilitar 2
compreensão do assunto pesquisado. Dessa forma, cor17 base nos
resultados apresentados e discutidos, conclui-se que:
1- Em relação ao perfil ideal do treinador de futebol profissional
Os resultados mostraram que, na percepção dos entrevistados,
o perfil ideal de /!derança para um treinador comandar uma equioe de
futebol profissional é o de liderança com estilo de decisão autocrático
e que seja voltado para os aspectos de treino-instrução da equipe Além
disso, percebe-se que os aspectos situacionais, de reforço e de suporte
social também sao citados como importantes dentro do processo de
comando de uma equipe profissional de futebol.
2- Quanto a preferência dos treinadores por Lim estilo de
liderança
Por meio dos resultados ericontrados no perfil ideal de iiderariça
do treinador para o estiio de deciçâo ip=0:033) e para o estilo de
interaçao ip=0,000), conclui-se c ~ i eexiste preferência. por parte dos
treinadores entrevistados, por Lini est;io ae decisãi~e pur iim estiio de
.!rlterayão Essas preferên'tias es;c;P reiacionabaç c c r ! a autocracia e
com os aspecros de treino-instruçao. Assirn, o:; trei8?adores
eritrevistados acreditam que o pertii de iider-ariça !deal dos treiriadores
que atuam em equipes profissionsis de futebol no Brasil deve ser, na
maioria das vezes, mais autocrático e rriais preocupado com os
aspectos insti-utivos das técnicas e taticas do esporte.
Em relação as hipóteses apresentadas para este tópico,
observou-se que os valores de probabilidade encontrados na análise
de variância do perfil ideal de lideranca fizeram que H, fosse rejeitado e
H, fosse aceito. Dessa forma, constatou-se a existência de preferências
dos treinadores por um determinado estilo de liderança.
- Realizar mais estudos que objetivem analisar. na visão do treinador,
os perfis de liderança mais adequados para os treinadores de futebol,
como forma de produzir mais conhecimentos para averiguar se o perfil
de liderança dos treinadores se :riodifica com o passar dos anos ou se
estes profissionais sentem alguma necessidade de mudança.
R. hlin. tcliic Fis.. \'ir;o~a. \ . 14.11.7 . p 16-46. l i ) i ) h
iO
q u u objetivem analisar; na visão do treinaaor
o perfil real e o perfil ideal de liderança de treinadores que frabalnarr;
nas categorias de base. nos campeonatos regionais e rios
Campeonatos Brasileiros das séries B e C, com o objetivo de connecer
estes estilos de liderança e averiguar quais deles são diferentes do
estilo de liderança exercido pelos treinadores que trabalham na principal
competição de futebol do país.
- Realizar pesquisas interculturais que envolvem a participaçao dos
treinadores que atuam no Campeonato Brasileiro série A e treinadores
que atuam nos principais campeonatos ae seus países. com o intuito
de conhecer as principais diferenças entre os perfis de comando
desses profissionais.
- Por últimoj realizar estudos que também objetivem analisar a liderança
do treinador de futebol, na visao dos atletas, tanto para o perfii reai
quanto par2 o ideal, com o objetivo de averiguar a satisfação dos atletas
quanto ao estilo de comando dos treinadores e a congruência das
percepções desses profissionais.
- Deseiivolver mais estudos
ABSTRACT
THE IDEAL LEADERSHIP PROFILE FOR PROFESSIONAL
SOCCER TRAINERS: A PERSPECTIVE THROUGH THE VIEW OF
MODULE I MINER CHAMPIONSHIP 2005 TRAINERS
Inveçtigations of the leadership scope on sport has beeii
developed starting on the pretext that the behavior of the ieadedlrcii:ier
has relevant impact, on a positive or negative way, in the productivity
andior psychological well-being of the athlete. So, the p o s s i t i t i i ~cí the
coach to interfere during the half time andior duririg ti-ie garrie iieri~and
strong reiation of trust with the athiete, appearirig as oiie oT the
determinant factors for success. Searchinç to cnderstand s o v e çpecific
manifestatroris 3; ieadeísh;p of t i e soccer coacri, tkiç sfudy fiad the
objective to: rdentify which faciors are imporiant to the leadersriip píafile
of pr=ifessior!al soccer trair:erv; verify the existente o i ci pc;ssiSle
preferecce of tne coaches for one uetermined type of leadersi-iip ~ i y l e .
On the gathering of data was used a questiorinaire of sample
identification and the Reviewed ieadership Scale for Sport (ELRE), ideal
40
K.Min Educ
F i 3 . Viyoza.
14.11 I . p 16-46.2í10h
profile version. Farticipated on this stady 13 coaches of the PbJineí
Championship 2C95 moauie I. with ages around 46 years old arirl a
direct erivolve~ieritir, the coach function in the modality for arouna 13.69
years. The internai consistente of the ELRE was a=0,86 for tiiis s t ~ u ) .
The resuits showed that the interviewed trainers consider autocracy
and the training-instruction aspects the main components of ari ideal
leadership profile for professional soccer coaches. Beyond that, it js
poss~bleto observe that the coacl7es interviewed alço consider that the
situational açpects of reinforcement and social support are important
for the leadership profile of soccer trainers.
Keywords: leadership, soccer, coach.
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Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupazionai da
Universidade Federai de Minas Gerais
Centro de Excelência Esportiva - CENESP
Laboratório de Psicologia do Esporte - LAPES
Av. Presidente Antonio Carlos. 6627- Pampulha
Belo Horizonte - MG
Cep: 31.310-253
Fo~IF:IFc(
Y : íjX>': (31) 34.39-5325

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