Anais 34 SNEF - XXXIV Simpósio Nacional de Educação Física

Transcrição

Anais 34 SNEF - XXXIV Simpósio Nacional de Educação Física
Promoção: Escola Superior de Educação Física –
Universidade Federal de Pelotas
Apoio: CAPES e FUNDERGS
Comissão Organizadora: Direção da ESEF/UFPel
Comissão Científica: Docentes da ESEF/UFPel e
Grupo PET ESEF/UFPel
2
Dados de catalogação Internacional na fonte:
(Bibliotecária Patrícia de Borba Pereira CRB10/1487)
S612
Simpósio Nacional de Educação Física, 34 : 2015 : Pelotas
Simpósio Nacional de Educação Física:esportes da escola ao
alto nível. (Anais... XXXIV). – Pelotas: ESEF : UFPEL, 2015.
Inclui trabalhos completos.
Versão online: http://simposioesefufpel.com.br/category/anais/
ISSN 2177-6741
1.Educação física 2. Escola 3. Esporte de alto nível I. Título
CDD 796
3
SOBRE O SIMPÓSIO
Escola Superior de Educação Física (ESEF-UFPEL)
Bem vindo ao XXXIV Simpósio Nacional de Educação Física, a
ser realizado na cidade de Pelotas entre os dias 28 e 30 de outubro
de 2015.
O Simpósio da ESEF/UFPel é um dos eventos científicos mais
antigos do país e representa um espaço tradicional de formação
continuada e atualização na área da Educação Física, especialmente
no estado do Rio Grande do Sul.
A edição deste ano abordará o tema “Esporte: da escola ao alto
nível”.
Será um prazer recebê-los mais uma vez!
4
TRABALHOS
ORAIS
1.
A INTERDISCIPLINARIDADE NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DOCENTE: UMA
EXPERIÊNCIA EM ESCOLA PÚBLICA. ................................................................................... 12
2. ALUNOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO E EDUCAÇÃO FÍSICA
ESCOLAR: REVISÃO SISTEMÁTICA ......................................................................................25
3. ANÁLISE DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA NO PRIMEIRO ANO DE GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO FÍSICA ................................................................................................................32
4. AUTONOMIA E DEMOCRACIA NA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO NA
ESCOLA PÚBLICA ................................................................................................................. 43
5. AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE REPOSITORES ENERGÉTICOS ................................... 50
6. DIFERENÇAS ENTRE O EXERCÍCIO ABDOMINAL TRADICIONAL E O EXERCÍCIO FLÁVIO
M. PEREIRA EM INDIVÍDUOS JOVENS: UM ESTUDO ELETROMIOGRÁFICO .................... 62
7. E AÍ TREINADOR, O QUE É O FUTEBOL? ............................................................................ 74
8. EFEITO DA ATIVIDADE FÍSICA E DIETA NO SISTEMA IMUNE DE INDIVÍDUOS OBESOS:
UMA REVISÃO SISTEMÁTICA E METANÁLISE.................................................................... 84
9. INTERDISCIPLINARIDADE NO PIBID: SUPERANDO A FRAGMENTAÇÃO DA FORMAÇÃO
DOCENTE.............................................................................................................................. 95
10. MUDANÇA DE COMPORTAMENTO E ACONSELHAMENTO PARA A PRÁTICA DE
ATIVIDADE FÍSICA EM USUÁRIOS DIABÉTICOS E HIPERTENSOS DE UNIDADE BÁSICA DE
SAÚDE DO SUL DO BRASIL ................................................................................................ 105
11. NÍVEL DE ESFORÇO PLANEJADO E PERCEBIDO DE USUÁRIOS DO SUS COM SOBREPESO
OU OBESIDADE SUBMETIDOS À EXERCÍCIO CONTÍNUO. ................................................ 116
12. NOVAS MODALIDADES ESPORTIVAS NA ESCOLA: BUSCANDO NOVOS OLHARES PARA
EDUCAÇÃO FÍSICA .............................................................................................................. 129
13. O CENÁRIO DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM EDUCAÇÃO FÍSICA A PARTIR DE
PERIÓDICOS NACIONAIS ................................................................................................... 145
14. PRÁTICA FORMATIVA EM DANÇA ESCOLAR: AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E A
FORMAÇÃO DOCENTE ....................................................................................................... 159
15. REDES DE COLABORAÇÃO CIENTÍFICA NO ESPAÇO DO PIBID: UM ESTUDO A PARTIR
DOS GRUPOS DE PESQUISA DA UFPEL ............................................................................. 175
16. TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS MENORES ENTRE COLETORES DE LIXO DE DUAS
CIDADES DE PORTE MÉDIO DO SUL DO BRASIL ..............................................................186
5
17. UMA ANÁLISE DO ESPORTE UNIVERSITÁRIO: A UFPEL ATRAVÉS DA PERCEPÇÃO DE
ALUNOS-ATLETAS, EDUCADORES-TÉCNICOS E GESTORES .............................................198
POSTERS
1.
A INFLUÊNCIA DO PROFESSOR NO NÍVEL MOTIVACIONAL DOS SEUS ALUNOS DE
GINÁSTICA COLETIVA ........................................................................................................ 208
2. A INSERÇÃO DA CULTURA LÚDICA NA PRÁTICA EDUCATIVA DA DOCÊNCIA ................ 210
3. A MÚSICA RELACIONADA NO EXERCÍCIO FÍSICO: ESTUDO DE REVISÃO ........................ 211
4. A TEMÁTICA ESCOLA NOS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO DE EDUCAÇÃO
FÍSICA DA ESEF-UFPEL ....................................................................................................... 212
5. ABDOMINAL FLÁVIO M. PEREIRA: EXERCÍCIO BÁSICO E VARIAÇÕES. ........................... 213
6. AGREGAÇÃO DOS FATORES DE RISCO À SAÚDE CARDIOMETABÓLICA E
MUSCULOESQUELÉTICA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES BRASILEIROS...................... 215
7. ANALISANDO O CONTEXTO ESCOLAR ATRAVÉS DO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE
BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA (PIBID) ...................................................................... 217
8. ANÁLISE DA FORÇA DE REAÇÃO DO SOLO VERTICAL DE MULHERES GESTANTES EM
EXERCÍCIOS DE HIDROGINÁSTICA..................................................................................... 218
9. ANÁLISE DA FORÇA DE REAÇÃO VERTICAL DO SOLO DE EXERCÍCIOS DE HIGINÁSTICA
REALIZADOS EM MEIOS AQUÁTICO E TERRESTRE POR MULHERES JOVENS .............. 220
10. ANÁLISE DE DESEMPENHO NO FUTEBOL: UM ESTUDO DE CASO DO FRAGATA FUTEBOL
CLUBE .................................................................................................................................. 222
11. ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA DO EXERCÍCIO CRUCIFIXO REALIZADO COM PESOS
LIVRES E CABOS..................................................................................................................224
12. ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA DOS MÚSCULOS PEITORAL MAIOR E DELTOIDE
ANTERIOR NOS EXERCÍCIOS SUPINO RETO E VOADOR ................................................. 226
13. ANÁLISE SITUACIONAL DE UMA ESCOLA PARTICIPANTE DO PIBID/ESEF/UFPEL ........ 228
14. APTIDÃO FÍSICA DE ATLETAS DE FUTSAL DE EQUIPE DA PRIMEIRA DIVISÃO DO
CAMPEONATO ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL EM 2015 ....................................... 230
15. AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA: A PERSPECTIVA DO BOLSISTA DE
INICIAÇÃO À DOCÊNCIA ..................................................................................................... 232
16. AS INTERVENÇÕES DO PIBID NA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO DR. ANTÔNIO
LEIVAS LEITE E O IMPACTO EM SEUS ALUNOS ................................................................ 233
17. ASSOCIAÇÃO ENTRE A PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS E O CONHECIMENTO DESTAS
NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS .......................................................................................... 234
6
18. ATUAÇÃO DO PIBID NA ESCOLA: CONDIÇÕES E PROBLEMÁTICAS DO ENSINO DA ÁREA
DE EDUCAÇÃO FÍSICA ....................................................................................................... 236
19. AUMENTO DA EXPECTATIVA NA APRENDIZAGEM MOTORA: UMA REVISÃO
SISTEMÁTICA ..................................................................................................................... 238
20. AVALIAÇÃO DA CONCEPÇÃO DOS TREINADORES DE CATEGORIAS DE BASE DE
PELOTAS/RS A RESPEITO DA PERIODIZAÇÃO TÁTICA NO FUTEBOL ............................. 240
21. BARREIRAS PARA A PRÁTICA DE MUSCULAÇÃO E TREINAMENTO DE FORÇA EM
ACADEMIAS ........................................................................................................................ 241
22. BRINCANDO COM A SUSTENTABILIDADE: BRINCADEIRAS TRADICIONAIS COM
MATERIAIS RECICLÁVEIS EM UMA ESCOLA DA REDE PÚBLICA DE PELOTAS............... 243
23. CONCEPÇÕES DE CAPACIDADE E APRENDIZAGEM MOTORA: UMA REVISÃO
SISTEMÁTICA ..................................................................................................................... 245
24. CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR DURANTE O ESTÁGIO DE 6º AO 9º ANO –
ESEF/UFPEL ........................................................................................................................ 246
25. CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NA ATIVIDADE FÍSICA DIÁRIA......... 248
26. CORRELAÇÃO ENTRE POTÊNCIA DE MEMBROS INFERIORES, VELOCIDADE DE
ACELERAÇÃO E AGILIDADE EM ESCOLARES DA CIDADE DE URUGUAIANA/RS ........... 250
27. CULTURA E LAZER NOS ASILOS DE PELOTAS .................................................................. 252
28. DANÇA E CRIAÇÃO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ...................................................253
29. DESAFIOS E DILEMAS DE TRABALHAR A INTERDISCIPLINARIDADE EM UMA ESCOLA DA
REDE PÚBLICA DE PELOTAS ..............................................................................................255
30. EDUCAÇÃO FÍSICA E A SUA INCLUSÃO NA INTERDISCIPLINARIDADE ATRAVÉS DO PIBID
............................................................................................................................................. 257
31. EDUCAÇÃO FÍSICA NO IF FARROUPILHA : PRATICANDO SAÚDE NO PROEJA .............. 258
32. EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: UM PARADOXO
EDUCACIONAL ................................................................................................................... 260
33. EFEITO DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO DE FORÇA NA QUALIDADE DE VIDA DE
MULHERES HIPERTENSAS NA PÓS-MENOPAUSA .......................................................... 262
34. EFEITOS AGUDOS DA ORDEM DO TREINAMENTO CONCORRENTE SOBRE A
HIPOTENSÃO PÓS-EXERCÍCIO EM HOMENS JOVENS ..................................................... 264
35. EFEITOS AGUDOS DE DIFERENTES PROTOCOLOS AERÓBIOS SOBRE VARIÁVEIS
NEUROMUSCULARES DE MULHERES JOVENS ............................................................... 266
36. EFEITOS DA EXPERIÊNCIA COM TAEKWONDO NA JOGABILIDADE DE EXERGAMES ... 268
7
37. EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO COM Β-HIDROXI Β-METILBUTIRATO SOBRE A MASSA
MUSCULAR E METABOLISMO DE CAMUNDONGOS C57BL/6, NO TREINO ................... 269
38. EFEITOS DO AUTOESTABELECIMENTO DE METAS NA APRENDIZAGEM MOTORA: UMA
REVISÃO SISTEMÁTICA ...................................................................................................... 271
39. EFEITOS DO ESTEREÓTIPO DE GÊNERO NA APRENDIZAGEM DE UMA HABILIDADE
MOTORA EM ADOLESCENTES ........................................................................................... 272
40. EFEITOS DO TREINAMENTO DE FORÇA SOBRE DIFERENTES PARÂMETROS
NEUROMUSCULARES EM VIOLINISTAS E VIOLISTAS ..................................................... 274
41. EFEITOS DO TREINAMENTO RESISTIDO COM OCLUSÃO VASCULAR PARCIAL EM
MEDIDAS ANTROPOMETRICAS NA REABILITAÇÃO DE INDIVÍDUO APÓS LESÃO NO
LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR: UM ESTUDO DE CASO ........................................... 276
42. ESPAÇOS PÚBLICOS URBANOS E ATIVIDADE FÍSICA EM ESCOLARES DE PASSO
FUNDO/RS .......................................................................................................................... 278
43. EXPOSIÇÃO AO SMOG E SUAS CONSEQUÊNCIAS SOBRE A SAÚDE E O DESEMPENHO
FÍSICO ................................................................................................................................. 280
44. FEEDBACK POSITIVO DE COMPARAÇÃO SOCIAL MELHORA A APRENDIZAGEM DO
LANCE LIVRE DO BASQUETE EM CRIANÇAS ..................................................................... 281
45. FOCO EXTERNO DE ATENÇÃO MELHORA A APRENDIZAGEM DA PIRUETA DO BALÉ
CLÁSSICO EM BAILARINAS INICIANTES ........................................................................... 283
46. FORÇA DE REAÇÃO DO SOLO DURANTE EXERCÍCIO DE HIDROGINÁSTICA REALIZADO
COM E SEM EQUIPAMENTOS FLUTUANTES E RESISTIDOS POR MULHERES IDOSAS.. 284
47. FORMAÇÃO INICIAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA E TREINADOR DE FUTEBOL PROFISSIONAL:
UMA ANÁLISE A PARTIR DO CURRÍCULO DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA-FURG .... 285
48. GÊNERO E SEXUALIDADE NA ESCOLA ............................................................................. 286
49. IMC DOS PAIS E TEMPO DE TELA COMO PRINCIPAIS FATORES ASSOCIADOS À
SÍNDROME METABÓLICA NÃO INVASIVA DE ADOLESCENTES DO SEXO FEMININO ... 288
50. IMPORTÂNCIA DO TRABALHO INTERDISCIPLINAR NA ESCOLA: A CONTRIBUIÇÃO DO
JOGO PARA A “NÃO VIOLENCIA” .................................................................................... 290
51. INDUZIR A CONCEPÇÃO DE CAPACIDADE MALEÁVEL MELHORA A APRENDIZAGEM
MOTORA DE CRIANÇAS INDEPENDENTE DO NÍVEL DE EXPERIÊNCIA NA DANÇA ....... 290
52. LESÕES EM CICLISTAS ....................................................................................................... 292
53. LUTAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: CONCEITOS E ATITUDES DOCENTES ............ 294
54. METODOLOGIAS PARA O ENSINO DOS ESPORTES COLETIVOS UTILIZADAS DURANTE
UMA EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO DE 6º AO 9º ANO - ESEF/ UFPEL .................................. 296
8
55. NÍVEIS DE ATIVIDADE FÍSICA NA AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR...................... 297
56. O CORPO E MOVIMENTO NA ESCOLA ............................................................................. 299
57. O IMPACTO DO PIBID NAS PRATICAS ACADEMICAS NA PERSPECTIVA DOS BOLSISTAS
DO SUBPROJETO EDUCAÇÃO FÍSICA SÉRIES INICIAIS..................................................... 301
58. O QUE E COMO APRENDEM OS ESTUDANTES DAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL DA REDE PARTICULAR DE PELOTAS..................................................... 302
59. O SLACKLINE NO CONTEXTO DAS OFICINAS DE ARÉA DO PIBID-ESEF/UFPEL EM UMA
ESCOLA ESTADUAL DA CIDADE DE PELOTAS/RS ............................................................ 303
60. OCORRÊNCIA DE SOBREPESO, OBESIDADE E ATIVIDADE FÍSICA EM ESCOLARES ....... 305
61. OFICINA MUSICAL: O PIBID E AS TRIBOS DA ESCOLA ESTADUAL DR. ANTÔNIO LEIVAS
LEITE ................................................................................................................................... 307
62. OLIMPETS: PROMOVENDO MOTIVAÇÃO E LAZER AO TRABALHO INTERDISCIPLINAR309
63. OS JOGOS COOPERATIVOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL ......................................................311
64. PAINTBALL NAS AULAS DO ENSINO MÉDIO .................................................................... 313
65. PATRULHA DA SAÚDE: UM DIAGNÓSTICO DA SAÚDE DOS POLICIAIS RODOVIÁRIOS
FEDERAIS NA 7ª DELEGACIA DA 9ª SUPERINTENDÊNCIA DE POLÍCIA RODOVIÁRIA
FEDERAL/RS ........................................................................................................................ 315
66. PERCEPÇÃO SOBRE A QUALIDADE DE VIDA ENTRE IDOSOS PRATICANTES E NÃO
PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA ................................................................................. 317
67. PRÁTICA DE LUTAS EM UMA ESCOLA DE PELOTAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA ..... 318
68. PRESENÇA DE RISCO CARDIOVASCULAR EM PRATICANTES DE CORRIDA DE RUA
PERTENCENTES A UMA ASSESSORIA TÉCNICA EM UMA CIDADE NO SUL DO BRASIL 320
69. PROCESSOS PEDAGÓGICOS NO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO: A PRÁTICA
DO BOLSISTA DE INCIAÇÃO À DOCÊNCIA ......................................................................... 321
70. PROFESSOR COACH: UMA EXPERIÊNCIA NA ESCOLA SESI ............................................. 322
71. PROJETO INTERDISCIPLINAR E.E.E.M. SANTA RITA - ACESSIBILIDADE NA ZONA
URBANA DE PELOTAS ........................................................................................................ 323
72. PROJETO UBS+ATIVA: QUEM SÃO OS PACIENTES ATENDIDOS PELO PROFISSIONAL DE
EDUCAÇÃO FÍSICA EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE? ............................................325
73. RELAÇÃO ENTRE TEMPO DE PRÁTICA E CONHECIMENTO EM TREINAMENTO RESISTIDO
EM ESTUDANTES DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO SUL DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
............................................................................................................................................. 327
74. RELATO DE INTERVENÇÃO NA ESCOLA FÉLIX DA CUNHA COM ALUNOS DO SEGUNDO
ANO DO ENSINO MÉDIO ................................................................................................... 329
9
75. SITUAÇÕES INTERNAS DE APRENDIZAGEM: A EXPERIÊNCIA ENQUANTO ATLETAS DE
TREINADORES DE FUTEBOL DA 2ª DIVISÃO DO CAMPEONATO GAÚCHO .................... 330
76. UMA EXPERIÊNCIA DE INICIAÇÃO A DOCÊNCIA ENVOLVENDO A PRÁTICA DE GOALBALL
COM ALUNOS DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE PELOTAS .................................................. 332
77. ANEXO................................................................................................................................334
78. ANEXO I: PROGRAMÇÃO FINAL........................................................................................335
10
TRABALHOS APRESENTADOS
DE FORMA ORAL
11
A INTERDISCIPLINARIDADE NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DOCENTE:
UMA EXPERIÊNCIA EM ESCOLA PÚBLICA.
YASMIN MEIRELES DUARTE1; CELEIDE HAUDT CASARIN2; LUÍZA
GASTAMANN DA SILVA3; PATRÍCIA QUINTANA DE MOURA4; ROBERTA
PINTO INSAURRIAGA5; LUIZ FERNANDO CAMARGO VERONEZ6
1
ESEF-UFPel [email protected];
ESEF-UFPel, [email protected];
3
ESEF-UFPel, [email protected];
4
ESEF-UFPel, [email protected];
5
EMEFMFO, [email protected];
6
ESEF-UFPel – [email protected]
2
RESUMO
Este artigo objetiva analisar atividades e ações interdisciplinares realizadas no
âmbito do PIBID-UFPel, em uma escola pública da rede municipal de Pelotas-RS, que
resultaram em processos formativos docentes. Quatro atividades interdisciplinares
realizadas pelas bolsistas dos cursos de Educação Física, Matemática, Pedagogia e Dança
foram objetos do estudo de caso (GIL, 1993). Para a interpretação dos dados utilizou-se
procedimentos da “análise de conteúdo” proposto por Bardin (2004) e discutido por
GOMES (2009). As quatro atividades foram organizadas seguindo orientações didáticas da
pedagogia Histórico-Crítica, elaborada por Saviani (1984), sistematizada por Gasperin
(2005) e avaliadas pelas bolsistas ao final de cada uma delas. Concluiu-se que o PIBID
contribui de forma significativa para a formação do futuro professor e que as experiências
até aqui desenvolvidas mostraram que para tanto é necessário disponibilidade para
aprender, estudo e coragem para arrojar-se com o novo.
PALAVRAS-CHAVE: Interdisciplinaridade; PIBID; formação docente
1. INTRODUÇÃO
Este estudo analisa os processos formativos decorrentes da implantação das ações
previstas no subprojeto do curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade
12
Federal de Pelotas (UFPel) no âmbito do Programa Institucional de Bolsa s de Iniciação à
Docência (PIBID). Assim, tem como foco principal o tema da formação inicial do
professor de educação física para o trabalho docente na escola de ensino fundamental, em
especial, nas séries iniciais.
O PIBID foi instituído pelo Governo Federal através da Coordenadoria de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), vinculada ao Ministério da
Educação (MEC), para valorizar o exercício do magistério e aperfeiçoar a formação dos
alunos dos cursos de graduação em licenciatura, tendo em vista a elevação da qualidade da
educação básica.
A UFPel aderiu ao PIBID já no primeiro edital lançado pela CAPES em 2007,
participando com os cursos de licenciatura das áreas das Ciências e Matemática. O Curso
de Licenciatura em Educação Física da UFPel ingressou no programa a partir de julho de
2012. Em 2014 um novo edital foi lançado pela CAPES e teve mais uma vez a participação
da UFPel, ampliando o numero de bolsas ofertadas para graduandos, supervisores e
coordenadores. O curso de Licenciatura em Educação Física elaborou seu projeto
institucional em conjunto com projetos de área de todos os cursos de licenciaturas dessa
universidade, para serem desenvolvidos nos próximos quatro anos (2014-2017).
O Projeto Institucional do PIBID/UFPEL (2014-2017) está organizado em
diferentes eixos de ações de modo a contemplar os distintos aspectos da ação docente.
Foram estipulados dois eixos transversais, pelos os quais todos bolsistas deverão perpassar:
a) Eixo transversal de formação didático-pedagógica geral; b) Eixo transversal de
formação didático-pedagógica integrada.
Ao eixo transversal de formação didático-pedagógica geral correspondem as
seguintes ações:
- Estudos teóricos e discussões sobre os textos legais: LDB, PCN, DCN, PNAIC, EF-nove
anos, Proposta Curricular para o Ensino Médio Politécnico do RS e, sobre diferentes temas
relacionados aos processos de ensino e de aprendizagem e formação de professores;
13
- Encontros semanais da área para organização, planejamento, estudos, registro e
sistematização das ações; Encontros semanais nas escolas para planejamento do projeto
interdisciplinar, implantação, avaliação, registro e sistematização das ações; Encontros
mensais ou bimestrais por níveis da educação básica com o coordenador de gestão
correspondente ao grupo e coordenador institucional, bem como reuniões ampliadas com
todos os coordenadores dos subprojetos, representantes dos supervisores e dos alunos;
O eixo transversal de formação didático-pedagógica integrada têm uma ou mais
ações de cada área para contribuir com todos os pibidianos, a partir de temas transversais,
que sirvam de formação interdisciplinar para todos (uso da língua portuguesa, ética,
diversidade, profissão docente, etc):
- Atividades de diferentes áreas, além da Pedagogia, a serem desenvolvidos diretamente
com as turmas de séries iniciais do ensino fundamental;
- Atividades de formação continuada de professores em serviço, em parceria com a 5ª CRE
da SEDUC/RS e com a SMEd-Pelotas.
Nas escolas, os alunos serão inseridos para atuação disciplinar e interdisciplinar nos
três grupos da educação básica: 1) Anos Iniciais; 2) Anos Finais; 3) Ensino Médio. Cada
nível será coordenado por um coordenador de Gestão, que atuará com foco em ações
específicas para a formação docente.
Obviamente, tendo em conta diversos estudos realizados sobre a formação docente,
nos últimos vinte anos, considera-se que processos formativos não ocorrem apenas no
âmbito escolar formal (TARDIF, 2002; PIMENTA, 199, entre outros). Afinal, como
salientou Enguita, citando Marx (in: FREITAS, 2012, p.83), “a educação ou formação se
apresenta (...) como um componente inseparável da vida inteira do homem (...)”.
Entretanto, este estudo limita-se aos processos formativos construídos e vivenciados na
educação formal, no âmbito das instituições de ensino superior (IES), e do projeto
pedagógico do curso de Licenciatura em Educação Física da UFPel. Nesse sentido,
parafraseando Freitas (2012), a universidade é o âmbito formal em que ocorre de forma
mais sistemática e intencional o ensino e, portanto, lócus privilegiado de formação do
professor.
14
Os processos formativos que nos propomos analisar aqui dizem respeito à
elaboração e execução do projeto disciplinar e interdisciplinar, ações previstas no
subprojeto do PIBID do curso de Licenciatura em Educação Física, em uma escola pública
da rede municipal de ensino, nos anos iniciais do ensino fundamental.
A análise das práticas pedagógicas elaboradas e realizadas no âmbito do PIBIDUFPel e dos saberes construídos pelos bolsistas de graduação contribui para o processo de
avaliação e de reestruturação das ações, tendo em vista o aprimoramento e melhor
qualificação da formação inicial do docente de educação física para a sua atuação na
educação básica.
2. METODOLOGIA
O material analisado neste estudo são os documentos elaborados pelos bolsistas de
graduação do PIBID que dão concretude ao projeto disciplinar e projeto interdisciplinar
desenvolvidos em uma escola de ensino fundamental da rede pública de ensino do
município de Pelotas-RS e as avaliações realizadas e documentadas logo após a execução
das atividades.
Com base na análise situacional realizada na escola, bem como o depoimento por
parte das supervisoras foi escolhido um tema gerador para as atividades a serem realizadas
- Tecnologias sociais e Inovações Pedagógicas: uma proposta metodológica para a
educação no ensino fundamental -, e, dentro deste tema, foram elencados quatro
complexos ou centros de interesses para serem desenvolvidos por meio de oficinas. São
eles: (a) Cultura Lúdica Infantil; (b) Saúde, uma questão de educação e prevenção; (c)
Diferenças, diversidades e cidadania e, (d) meio ambiente. Os “centros de interesses” ou
“complexos”, como denomina Pistrak (2011, p. 107), são “fenômenos de grande
importância e de alto valor, enquanto meio de desenvolvimento da compreensão sobre a
realidade atual” (IDEM, p. 110).
Até o presente momento foram realizadas quatro oficinas: (a) Complexo diferenças,
diversidades e cidadania – (1) Gênero, brincando de menino, brincando de menina; (2)
etnia indígena: suas culturas e seus sons; (b) Complexo cultura lúdica infantil – (3)
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Brincando com nossos pais e avós; e (c) Complexo meio ambiente – (4) Reciclar, reduzir e
reutilizar; respectivamente.
As oficinas foram elaboradas a partir dos cinco passos que formam a didática da
Pedagogia Histórico-Crítica, estruturada por Gasperin (2005). Essa didática objetiva um
equilíbrio entre teoria e prática, envolvendo os educandos em uma aprendizagem
significativa dos conhecimentos científicos e políticos, para que estes sejam agentes
participativos de uma sociedade democrática e de uma educação política.
A estruturação destes passos se apresenta como (GASPARIN, 2005):
1º passo – Prática Social Inicial – É o ponto de partida, o
conhecimento prévio do professor e do aluno. Divide-se em dois
momentos: a) o professor anuncia aos alunos os conteúdos que
serão trabalhados em seus respectivos objetivos; b) o professor
busca conhecer os educandos através do diálogo, percebendo qual a
vivência próxima e remota cotidiana desse conteúdo antes que lhe
seja ensinado em sala de aula, desafiando-os para que manifestem
suas curiosidades, dizendo o que gostariam de saber a mais sobre
esse conteúdo.
2º passo – Problematização – Explicação dos problemas impostos
pela prática social, relacionados como o conteúdo será tratado.
Desenvolve-se na realização de: a) Uma breve discussão sobre
esses problemas em sua relação com o conteúdo cientifico do
programa, buscando as razões pelas quais o conteúdo escolar deve
ou precisa ser aprendido; b) em seguida transforma-se esse
conhecimento em questões, em perguntas problematizadoras
levando em conta as dimensões cientifica, conceitual, cultural,
histórica, social, ética, econômica, religiosa, etc. conforme os
aspectos sobre os quais se deseja abordar o tema, considerando-o
sob múltiplos olhares.
3º passo – Instrumentalização - Essa se expressa no trabalho do
professor e dos educandos para a aprendizagem. Para isso, o
professor: a) apresenta aos alunos através de ações docentes
adequadas o conhecimento científico, formal e abstrato conforme
as dimensões escolhidas na fase anterior; Os educandos por sua
vez, por meio de ações estabelecerão uma comparação mental com
a vivência cotidiana que possuem desse mesmo conhecimento a
fim de se apropriar do novo conteúdo; b) neste processo usa-se
todos os recursos necessários e disponíveis para o exercício da
mediação pedagógica.
4º passo – Catarse – é a expressão elaborada para uma nova forma
para entender a teoria e a prática social. Ela se realiza: a) por meio
de uma síntese nova síntese a qual o educando chegou; Manifesta-
16
se através da nova postura mental, unindo o cotidiano ao cientifico
em uma nova totalidade concreta no pensamento. Neste momento o
educando faz um resumo de tudo o que aprendeu , segundo as
dimensões do conteúdo estudadas. É a elaboração mental do novo
conceito do conteúdo; b) esta síntese se expressa através de uma
avaliação oral ou escrita formal ou informal, na qual o educando
traduz tudo o que aprendeu até aquele momento levando em
consideração as dimensões sob as quais o conteúdo foi tratado.
5º passo – prática social final – novo nível de desenvolvimento
atual do educando, consiste em assumir uma nova proposta de ação
a partir do que foi aprendido. Esse passo se manifesta: a) pela nova
postura prática, pelas novas atitudes, novas disposições que se
expressam nas intenções de como o aluno levará à prática, fora da
sala de aula, os novos conhecimentos científicos; b) pelo
compromisso e pelas ações que o educando se dispõe a executar em
seu cotidiano pondo em efetivo exercício social o novo conteúdo
cientifico adquirido.
Assim, trata-se de um estudo que utiliza procedimentos da pesquisa qualitativa para
descrever e analisar os processos formativos decorrentes da implantação do PIBID na
escola pública. A pesquisa tem delineamento de um estudo de caso, que de acordo com Gil
(1993, p. 58) “é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos
objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa
praticamente impossível mediante os outros delineamentos considerados”. Foram
analisadas quatro atividades interdisciplinares envolvendo bolsistas das áreas de educação
física, pedagogia, dança e matemática.
Para a análise e interpretação dos dados utilizamos procedimentos da “análise de
conteúdo” propostos por Bardin (2004) e discutidos por Gomes (2009). Gomes (2009,
p.42) apresenta quatro procedimentos para a análise e interpretação dos dados em
pesquisas qualitativas: categorização, descrição, inferência e interpretação. Para tanto, o
autor propõe que, em primeiro lugar, seja decomposto o material a ser analisado em partes;
em seguida que seja distribuído estas partes em categorias; a seguir, que sejam realizadas
inferências dos resultados e, finalmente, seja realizado “a interpretação dos resultados
obtidos com o auxílio da fundamentação teórica adotada”.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
17
O projeto interdisciplinar foi constituído a partir da contribuição de quatro cursos
de licenciatura da UFPel sendo esses: Educação Física, Dança, Matemática e Pedagogia,
com o intuito de trabalhar interdisciplinarmente entre essas áreas. A “concepção” de
interdisciplinaridade adotada neste projeto tem como referência a perspectiva dialética, ou
seja, aquela que considera que os conhecimentos possuem relações internas e com o todo e
o “todo” constrói-se a partir das relações e interações das partes (KOSIK, 1978).
No referido projeto seguiu-se os procedimentos didáticos propostos pela
perspectiva histórico-cultural ou, como se divulgou no Brasil, histórico-crítica que tem
como fundadores, divulgadores e maiores representantes Saviani, Libâneo e Duarte. Os
fundamentos psicológicos e pedagógicos são buscados, entre outros, em autores como
Vigotsky, Lúria, Leontiev e Eukonin. Estudiosos como Piaget, Wallon e outros no âmbito
da psicologia e pedagogia infantil também são utilizados para sustentar o debate sobre
perspectivas teórico-metodológicas voltadas para o processo de ensino e aprendizagem da
criança da escola pública.
Serão apresentados a seguir detalhes das atividades realizadas com participação de
bolsistas do curso educação física, no que diz respeito à sua elaboração, execução e as
observações realizadas ao final de cada atividade.
1) Complexo Diversidade, Diferenças e Cidadania – Gênero – “Brincadeira de
menino, Brincadeira de menina: Brincando com a questão de gênero”: Esta oficina tinha
como objetivo abordar as concepções tradicionalmente associadas ao masculino e ao
feminino e verificar a curto e médio prazo, se os mesmos adotaram uma nova postura em
relação ao tema discutido, com a ajuda e observação da professora da classe.
1º Passo: Houve a apresentação das bolsistas, uma breve explanação sobre o que é o
PIBID, e os motivos pelo qual estavam ali. Nesse momento também foi feita uma
introdução sobre o tema a ser abordado, as bolsistas lançam interrogações aos alunos a fim
de identificar o conhecimento prévio que possuíam sobre o tema. Os alunos declararam
não possuir de modo geral pré conceitos sobre definições de gênero que caracterizassem
exclusivamente meninos ou meninas.
18
2º Passo: As bolsistas apresentaram um vídeo chamado “Meninos e meninas”
episódio de um desenho animado chamado “Padrinhos Mágicos”, ao final do desenho
foram feitas perguntas aos alunos que conduziram uma reflexão sobre o mesmo. Ao final
dessa atividade realizou-se um desenho coletivo em papel com tinta no pátio da escola
sobre o que os alunos tinham entendido sobre o desenho.
3º Passo: instrumentalização do tema por parte das bolsistas, nesse momento foi
apresentado um conteúdo mais elaborado sobre o assunto para os alunos.
4º Passo: no pátio da escola foram realizadas brincadeiras ditas como de meninas e
outras tidas como de meninos, as brincadeiras foram escolhidas pelas bolsistas. As
brincadeiras de meninos foram “Polícia e Ladrão” e “Cabo de Guerra”, e de meninas
“Pular Elástico” e “Amarelinha”.
O objetivo dessa atividade era refletir com os alunos que todos poderiam brincar
juntos (meninos e meninas) durante essas brincadeiras.
5º Passo: Resumo de tudo que foi realizado por parte das bolsistas, além do relato
dos alunos sobre o que entenderam e acharam sobre a oficina. Nesse momento os alunos
desabafaram relatando que muitas vezes encontram dificuldades na relação com o sexo
oposto porque quando não estão na companhia da professora, no recreio por exemplo, não
conseguem brincar todos juntos e acabam separando o grupo das meninas e o grupo dos
meninos.
Nesta primeira oficina, observou-se o fato de que os alunos (as) entendiam o tema
proposto, porém, não conseguiam aplicar o que aprenderam em sala de aula, nas suas
relações com os colegas no recreio. Isso nos fez refletir a respeito da interferência cultural
no comportamento dos alunos (as), uma vez que existe ainda uma visão machista, que
impede que meninos e meninas andem juntos. Assim, esse fenômeno exige muito mais que
uma aula para que aconteçam mudanças no comportamento dos mesmos. É necessário um
processo contínuo de transmissão de valores que deverá se dar no decorrer do
desenvolvimento da identidade pessoal dos alunos.
2) Complexo Diversidade, Diferenças e Cidadania – Etnias – “Etnias: Suas culturas
e seus sons”: Nesta, um dos principais objetivos era apontar as diferentes tradições
indígenas existentes em nosso país, identificando alguns dos seus costumes e culturas,
19
relacionando com as condições de vida de um índio atualmente, tornando os alunos
indivíduos que entendam e respeitem as diferentes culturas e a individualidade de cada
povo.
1° Passo: Foi realizada uma breve apresentação das bolsistas presentes e a proposta
da oficina. Verificou-se também o que as crianças entendiam sobre quem eram os índios e
quais seus costumes.
2º Passo: Neste momento, foi exposto um vídeo aos alunos, que mostravam índios
tradicionais emitindo sons de animais com instrumentos próprios de sua cultura e algumas
danças tradicionais.
3°Passo: Após o vídeo eles fizeram um desenho mostrando o que viram e o que
imaginam sobre os índios tradicionais.
4° Passo: Antes de apresentar o 4º passo, foi realizada uma encenação onde houve
diálogos mostrando a diferença do índio atual para o índio tradicional, a partir daí foi
mostrado aos alunos um vídeo onde se abordou a cultura dos índios atuais, mostrando eles
vivendo em casas, usando roupas e chinelos, frequentando escolas, universidades, com
acesso a tecnologias e trabalhando com artesanatos. Após mostrar o vídeo as crianças
fizeram outro desenho, da sua nova visão sobre os índios.
5º Passo: Para finalizar as bolsistas mostraram o mesmo material que os índios
produziram no vídeo anterior (o mesmo foi presente dos índios para a escola e estava
disponível para o uso das bolsistas) então foi pedido para que os alunos confeccionassem
seus próprios artesanatos com argila.
Com o material produzido pelos alunos, foi confeccionado um livro da turma
contendo todos os desenhos, e as obras em argila foram expostas em uma feira festiva da
escola.
Ao decorrer de tais atividades, observaram-se alguns estereótipos que estão
presentes em nossa sociedade em relação aos povos indígenas. Foi curioso ver que a partir
do conhecimento prévio deles, os índios eram povos tão antigos que “viviam com
dinossauros”. Mostraram surpresa ao decorrer da oficina, quando em um vídeo mostrava
que havia índios vivendo em regiões próximas a nossa e que usavam roupas, frequentavam
escolas e tinham acesso a tecnologias como eles. Nesta oficina, observou-se também a
20
atitude dos alunos em relação a uma criança com Síndrome de Down. Os colegas pareciam
estar acomodados com a situação de “auto exclusão” deste aluno, que se sentava sozinho,
no canto apenas com a sua cuidadora e saia de sala de aula a todo o momento. Como
professoras no momento da oficina o que pareceu correto na hora foi tentar incluí-lo nas
atividades e tal foi feito, sem sucesso, situação que parece ser de rotina na aula, tendo em
vista a normalidade da situação percebida diante a reação da professora titular da classe e
dos demais alunos.
3) Complexo Cultura Lúdica Infantil – Brincando como nossos pais/avós/resgate da
cultura infantil – “A cultura infantil e o lúdico na escola: resgatando brincadeiras
tradicionais.”: Esta oficina tinha como objetivos resgatar brinquedos e brincadeiras que
fizeram parte da infância de pais e avós dos alunos, também proporcionar aos alunos a
prática das brincadeiras indicadas previamente por seus pais e avós e refletir sobre o que
são e os valores a cerca das brincadeiras ditas como “antigas” e as novas tecnologias.
1° Passo: Apresentação das bolsistas, e esclarecimentos a respeito do tema e do que
será realizado ao decorrer da oficina.
2° Passo: Realizada a dinâmica do barbante, onde os alunos farão perguntas aos
colegas sobre o tema. As perguntas foram previamente elaboradas pelas bolsistas com o
objetivo de induzir um diálogo sobre o assunto.
3° Passo: As bolsistas expuseram o tema para os alunos e a montaram gráficos com
os alunos a partir dos dados retirados das brincadeiras mais citadas pelos pais que fizeram
parte de suas infâncias.
4° Passo: Os alunos forão divididos em duas equipes, que competiram em uma
gincana de brincadeiras tradicionais, são elas: corrida de saco, corrida do limão, roupa no
varal, cabo de guerra e pés amarrados.
5° Passo: Foi realizada uma premiação simbólica às equipes, e uma conversa com
os alunos sobre o que foi feito. Ao final da oficina será entregue aos alunos um
questionário para eles refletirem em casa um pouco mais sobre o tema.
Nesta terceira oficina, procurou-se resgatar brincadeiras “antigas”, presente na
memória dos pais, denominadas na academia por jogos tradicionais infantis
(KICHIMOTO, 1993). Praticamente desconhecidos para criança na atualidade, estiveram
21
presentes em diversas propostas pedagógicas a partir do Século XVIII, foi elemento central
nas propostas escolanovistas no início do Século XX no Brasil e é um “fato” que ainda
encontra “eco” em algumas abordagens atuais. A oficina demonstrou que este tipo de
brincadeira ou jogo ainda tem espaço na escola e atrai o interesse da criança,
oportunizando seu uso como elemento mediador de processos educativos que favoreçam o
desenvolvimento infantil. Para Vogotsky (1994), o brinquedo tem uma forte influência no
desenvolvimento do que denominou funções psicológicas superiores, mediadoras de seu
comportamento. O autor (1994, p.134) salienta que “o brinquedo cria uma zona de
desenvolvimento proximal da criança. No brinquedo a criança sempre se comporta além do
comportamento habitual de sua idade (...)”.
4) Complexo Meio Ambiente – reciclar/reduzir/reutilizar, sustentabilidade e
desenvolvimento sustentável – “Aprendendo e brincando com o lixo”:
A quarta e última oficina realizada reportou-se ao problema do lixo em uma
sociedade consumista, desenvolvendo conhecimentos sobre a importância da preservação
da vida e do meio-ambiente. Por meio de brincadeiras, trabalhou-se com as noções de
“reduzir, reciclar e reutilizar” – os 3 R’s -, marca dos movimentos sociais que defendem o
meio-ambiente E tinha como objetivos proporcionar atividades, onde os alunos consigam
reconhecer e entender como a reciclagem é importante adquirindo à percepção dos
cuidados necessários a preservação da vida e do meio ambiente.
1° Passo: Apresentou-se a proposta da oficina, após isso foi realizado um breve
diálogo onde se verificou o conhecimento prévio dos alunos;
2°Passo: As bolsistas distribuíram uma imagem com as latas coloridas de separação
do lixo. Após isso foi explicado em uma linguagem em que os alunos pudessem
compreender, o que era Reciclar, Reduzir e Reutilizar assim como foi explicado também
que tipo de lixo eram colocados em cada lixeira. Foi realizado também um diálogo com os
alunos sobre a importância de colocar o lixo no local certo
3°Passo: colocou-se um papel pardo no quadro com as seguintes palavras
“Reciclar” em uma metade e “Reutilizar” na outra. Então dividiu-se a turma em dois
grandes grupos e distribuiu-se revistas e jornais para recorte para a realização das seguintes
tarefas: O grupo 01 (Reciclar) vai pesquisar em materiais que possam mostrar como
22
reciclar o lixo, por exemplo, a latinha pode ser reciclada ela deve ser colocada na lixeira do
metal. Grupo 02 (Reutilizar) vai pesquisar sobre como podemos reutilizar alguns materiais
encontrados nas revistas.
4º Passo: este se deu pela colagem das figuras encontradas em seus respectivos
lugares. O grupo 01 colou as imagens nos lugares correspondentes a sua lata de lixo e o
grupo 02 colavam as imagens no lugar indicado e escreviam em baixo das imagens como
iriam reutilizá-lo.
5°Passo: Com materiais fornecidos pela escola (tintas guache, pinceis, cola quente,
rolos de papel higiênico e tampinhas de garrafa pet) foram confeccionados brinquedos com
estes materiais, o resultado foi uma locomotiva colorida.
Durante a oficina percebeu-se que os alunos possuíam um conhecimento prévio
sobre o assunto. Nas salas de aula da escola existem lixeiras de reciclagem e a professora
titular já abordava este assunto facilitando assim a prática da atividade.
4. CONCLUSÕES
As vivências oportunizadas pelo PIBID contribuem de forma significativa para a
formação do futuro professor consolidando conhecimentos que qualificam o trabalho
docente na escola de Educação Básica. A experiência de construir um projeto
interdisciplinar para ser aplicado em uma escola pública que se fundamenta na observação
e análise crítica da realidade observada, no estudo da legislação, na busca por referenciais
teóricos e na “testagem” destes referenciais na prática, exercitando uma práxis educativa
que tem na prática o critério de verdade da teoria, é pouco comum no âmbito dos processos
formativos, em especial, na formação inicial do professor de Educação Física. Este
processo permite conhecer a escola “por dentro”, seu cotidiano, a forma como organiza o
trabalho pedagógico na tarefa de ensinar e educar os alunos. A participação dos professores
da escola – supervisores e daqueles que se dispõe a contribuir com o processo de formação
dos alunos de graduação -, é fundamental para se romper as barreiras que ainda existem
entre a escola e a universidade.
23
Além disso, o trabalho desenvolvido no âmbito do PIBID permite o discernimento
sobre aspectos que “marcam” cada escola e conferem a ela características particulares no
tocante a cultura do local onde estão inseridas. O conhecimento, para ser significativo,
sempre deve partir da tomada de consciência sobre a realidade social e cultural do aluno.
Assim, é graças a esse contato com (e conhecimento da) a realidade escolar que surgiram
os eixos norteadores para nossas ações.
A construção coletiva do projeto e a produção de conhecimentos dele decorrente,
com a participação e interação de quatro diferentes áreas do conhecimento – Pedagogia,
Matemática, Dança e Educação Física -, e sua aplicação tornou-se um desafio enriquecedor
mostrando que é possível implantar propostas pedagógicas interdisciplinares na escola.
Sobretudo, as experiências até aqui desenvolvidas mostraram que para tanto é necessário
disponibilidade para aprender, estudo e coragem para arrojar-se com o novo.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREITAS, Luis C. de. Crítica da organização do trabalho pedagógico e da didática. 11
ed. São Paulo, Papirus, 2009.
GASPARIN, Uma Didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. 3. ed. Campinas:
Autores Associados, 2005.
KOSIK, K. Dialética do Concreto. São Paulo, Paz e Terra,1978.
MINAYO, M.C. de S. Pesquisa social. Petrópolis-RJ, Vozes.
PIMENTA, Selma Garrido. Formação de professores: identidade e saberes da
docência. In: _____ . (Org.). Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortez,
1999.
PISTRAK, M.M. Fundamentos da escola do trabalho. 3 ed., São Paulo, Expressão
Popular, 2011.
SAVIANI, Demerval. Os saberes implicados na formação do educador. In: BICUDO,
Maria Aparecida; SILVA JUNIOR, Celestino Alves (Orgs.). Formação do educador: dever
do Estado, tarefa da Universidade. São Paulo: Unesp, 1996.
_______________. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. SP, CortezAutores Associados, 1991.
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 2. ed. Petrópolis: Vozes,
2002.
VYGOTSKY, L.S. A Formação social da mente. São Paulo, Martins Fontes, 1994.
24
ALUNOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO E EDUCAÇÃO
FÍSICA ESCOLAR: REVISÃO SISTEMÁTICA
CALLEB RANGEL DE OLIVEIRA1; SIGLIA PIMENTEL HÖHER CAMARGO2;
1
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
Resumo:
Atualmente, cada vez mais alunos com autismo estão sendo incluídos na escola de ensino
regular comum. Diante desse processo, a Educação Física enquanto disciplina obrigatória
na escola possui extrema importância no ensino desses alunos. Sendo assim, este estudo
objetiva analisar o que tem-se produzido na literatura nacional e internacional sobre a
inclusão de alunos com autismo nas aulas de Educação Física. Na análise dos estudos
encontrados, observa-se a importância da disciplina de Educação Física para o
desenvolvimento dos alunos com autismo bem como estratégias que podem auxiliar os
professores e progresso desses alunos nas aulas de Educação Física. Conclui-se que a
literatura nacional discute amplamente a importância e necessidade dos alunos com
autismo estarem incluídos no ensino comum, porém observa-se a escassez de estudos
investigando intervenções e estratégias a serem utilizadas nas aulas de Educação Física,
que já são objetos de estudo na literatura internacional.
Palavras-chave: Inclusão escolar, autismo, Educação Física.
1. INTRODUÇÃO
25
Como disciplina obrigatória, a Educação Física proporciona um amplo espaço de
aprendizagem dos elementos da cultura corporal, além de promover o desenvolvimento e
aprimoramento de habilidades motoras, sociais, cognitivas e afetivas (ALMEIDA, et al.,
2011; RODRIGUES, 2013). Assim, salienta-se a sua importância para o desenvolvimento
integral do aluno, principalmente para crianças com Transtorno do Espectro Autista
(TEA).. Alunos com TEA são caracterizados pelo comprometimento no desenvolvimento
da interação social, comunicação e presença de comportamentos estereotipados e restritos
(DSM-V, 2014). Tendo em vista que alunos com TEA possuem características específicas
que causam desafios aos professores, a Educação Física deve ser explorada para promover
o progresso desses alunos, uma vez que possui objetivos que englobam o desenvolvimento
e aperfeiçoamento dessas características.
É importante ressaltar que no atual cenário da inclusão escolar, as principais
dificuldades encontradas pelos professores são atender as necessidades dos alunos e
promover uma inclusão satisfatória. Apesar de obrigatória é muito comum ter dispensas ou
a simples não participação de alunos nas aulas de Educação Física, seja pela sua
desvalorização frente à educação ou dificuldades de professores e alunos que impeçam sua
prática (GUIMARÃES, et al., 2001). Levando-se em conta que é imprescindível a inclusão
de alunos com TEA nas aulas de Educação Física, objetivou-se com este estudo realizar
uma revisão sistemática da literatura nacional e internacional sobre o que tem-se produzido
acerca da inclusão de alunos com autismo nas aulas de Educação Física.
2. METODOLOGIA
A partir de uma revisão bibliográfica, foram realizadas buscas nas seguintes bases de
dados: Periódicos CAPES, GOOGLE ACADÊMICO e SCIELO. Foram utilizadas as
seguintes combinações de palavras-chave: Educação Física e autismo, Transtorno do
Espectro do Autismo e Educação Física escolar, Síndrome de Asperger e Educação Física,
Autismo e Educação Física escolar, TEA e Educação Física, Autism and Physical
26
Education, ASD and Physical Education e Physical Education and Autism Spectrum
Disorder. O ano de publicação não foi limitado. Para ser incluído nesta revisão os estudos
deveriam abordar a inclusão de crianças com TEA nas aulas de Educação Física. As
pesquisas geraram um total de 20 estudos, publicados entre 1992 e 2014.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os estudos encontrados foram organizados na tabela abaixo de acordo com o foco,
autores, ano e tipo de estudo.
Estudos relacionados à inclusão de crianças com TEA na escola e nas aulas de Educação
Foco
Importância da
EF para
crianças com
TEA
Desafios no
processo de
inclusão de
crianças com
TEA
Estratégias para
os professores
EF na inclusão
de crianças com
TEA
Inclusão de
crianças com
TEA
Autor (es)
Clark, Lorenzi
Silva, Hollerbusch
Tomé
Strapasson, Carniel
Marquezi, Ravazzi
Bezerra
Vaz, Santos
Obrusnikova, Dillon
Copetti
Ano
2005
2001
2007
2007
2011
2012
2009
2011
2012
Tipo
Artigo internacional
Dissertação de Mestrado internacional
Artigo nacional
Artigo nacional
Trabalho completo nacional
Artigo nacional
Artigo nacional
Artigo internacional
Monografia nacional
Total
07
02
Menear, Smith
Green, Sandt
Healy, et al.
Thorpe, Weber
Groft-Jones, Block
Rutkowski, Brimer
Carmo
Menezes
Goldberg
Reis, Carvalho
Furtado, et al.
2008
2013
2013
1992
2006
2013
2013
2012
2002
2013
2014
27
Artigo internacional
Artigo internacional
Artigo internacional
Artigo internacional
Artigo internacional
Artigo internacional
Relatório de Estágio internacional
Dissertação de Mestrado nacional
Dissertação de Mestrado nacional
Artigo nacional
Artigo nacional
07
04
Física.
Observa-se que 07 (sete) estudos abordam a importância da disciplina de Educação
Física escolar para crianças com TEA. Estes estudos salientam os benefícios da prática nas
aulas de Educação Física para o desenvolvimento cognitivo, social e motor de crianças
com TEA (CLARK, LORENZI, 2005; TOMÉ, 2007; BEZERRA, 2012). Ressaltam ainda
o papel do professor de ensinar e procurar adequar o seu trabalho para o desenvolvimento
de habilidades e capacidades do seu aluno, utilizando atividades lúdicas, jogos adaptados e
movimentos que tenham utilidade no dia-a-dia dos alunos, para a obtenção de ganhos
sociais (MARQUEZI E RAVAZZI, 2011). Além disso, os estudos apontam que o
professor precisa conhecer o aluno e, através de estímulos e reforços, proporcionar maior
independência, controle e compreensão de formas e ações (TOMÉ, 2007).
Dois (02) dos estudos encontrados abordam desafios referentes ao processo
inclusivo destes alunos nas aulas de Educação Física. OBRUNISKOVA e DILLON (2011)
em seu estudo sobre as dificuldades encontradas pelos professores no processo de inclusão
com crianças com autismo, observam que as dificuldades dos professores são pedagógicas
e relacionadas com a interação social, desatenção, adesão inflexível a rotinas e dificuldades
de aprendizado. Além disso, COPETTI (2012) salienta uma grande dificuldade a nível
nacional dos professores é a sensação de despreparo e recursos insuficientes para auxiliar
no processo de inclusão destas crianças.
Dentre os 07 (sete) estudos que salientam estratégias e métodos que podem ser
desenvolvidos nas aulas de Educação Física com o propósito de auxiliar o processo de
inclusão dos alunos com TEA e promover seu desenvolvimento, GREEN e SANDT (2013)
salientam a importância do PECS (Picture Exchange Communication System) como um
recurso que pode ser utilizado pelos professores nas aulas de Educação Física. O PECS é
importante
para
auxiliar
o
aluno
a
comunicar-se
efetivamente
e
interagir
independentemente com os demais colegas e professores e estar ciente do ambiente em que
está inserido. Além da interação social, o PECS pode auxiliar o aluno com TEA nas aulas
28
de Educação Física quando ele precisar fazer alguma escolha, pegar um equipamento ou
material e realizar uma atividade.
Outras estratégias apontadas que podem ser bem sucedidas no trabalho com alunos
com TEA incluem começar cada aula com a mesma atividade, utilizar cores (permitir que
os alunos com TEA escolham sua cor), ser breve nas instruções, manter uma rotina,
realizar estações ou circuitos com uso de diversos equipamentos e eliminar o tempo de
espera, em virtude do grande ambiente da aula, mantendo os alunos sempre ativos
(MENEAR e SMITH, 2008). Além disso, é preciso que o professor tenha em mente
objetivos bem claros e definidos no seu trabalho para auxiliar o desenvolvimento de seus
alunos com TEA.
Quatro (4) estudos destacam a importância da inclusão de crianças com autismo na
escola regular de ensino comum e salientam a necessidade da escola e professores se
adequarem aos alunos promovendo um ensino de qualidade. Observa-se que é um trabalho
difícil, exige esforço e promove desafios constantes aos professores, mas que produz
resultados positivos como desenvolvimento e aprendizagem do aluno com autismo.
4. CONCLUSÕES
A importância da Educação Física para o desenvolvimento de crianças com TEA é
fortemente salientada na literatura nacional e internacional encontrada. Os autores
reconhecem que é necessário e benéfico para crianças com TEA o acesso e participação
nas aulas de Educação Física. Observa-se que a maioria dos estudos que abordam a
importância da Educação Física enquanto disciplina curricular para crianças com TEA, são
estudos nacionais. Diante disso, percebe-se que há uma escassez de estudos que
investiguem a Educação Física para crianças com TEA mais especificamente, analisando
se há realmente inclusão destes alunos nas aulas, como acontece este processo e os
desafios e estratégias adotadas pelos professores nas suas aulas. Em contrapartida, observa-
29
se que os estudos internacionais concentram-se nas abordagens e estratégias que podem
facilitar e auxiliar o trabalho pedagógico do professor, demonstrando maior preocupação
com aspectos práticos da inclusão de alunos com TEA nas aulas de Educação Física, foco
este que precisa ser melhor explorado pela literatura nacional.
Cabe ainda destacar que a maioria dos estudos foram publicados no decorrer da
última década, indicando que o interesse em investigar essas questões é recente e que ainda
há diversos caminhos a serem percorridos para auxiliar no processo de inclusão efetiva de
crianças com TEA nas aulas de Educação Física.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, A, B; TUCHER, G; ROCHA, C, A, Q. Percepção discente sobre a Educação
Física escolar e motivos que levam à sua prática. Revista Mackenzie de Educação Física
e Esporte, v.10, n.2, p.109-116, 2011.
Associação Psiquiátrica Americana. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos
mentais. 5ª ed: Artmed, 2014.
BEZERRA, T, L. Educação inclusiva e autismo: a Educação Física como possibilidade
educacional. Editora Realize, Conaef, 2012.
CLARK, G. E., LORENZI, D. G. "Students with autism in physical education."
VAHPERD Journal 27.2, 2005.
COPETTI, J. R. A Educação Física escolar e o autismo: um relato de experiência no
Instituto Municipal de Ensino Assis Brasil (IMEAB) no município de Ijuí (RS).
Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul, 2012.
GREEN, A. SANDT, D. Understanding the Picture Exchange Communication System and
Its application in Physical Education. Joperd, v. 84, n. 2, p. 33-39, 2013.
GUIMARÃES, A, A. PELLINI, F, C. ARAUJO, J, S, R. MAZZINI, J, M. Educação Física
escolar: atitudes e valores. Revista Motriz, vol. 7, n.1, p.17-22, 2001.
30
MARQUEZZE, L. RAVAZZI, L. Inclusão de autistas nas aulas de Educação Física. VII
ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM
EDUCAÇÃO ESPECIAL – Londrina, 2011.
MENEAR, K, S. SMITH, S. Physical Education for students with autism: Teaching tips
and strategies. Teaching Exceptional Children, v. 40, n. 5, p. 32-37, 2008.
OBRUSNIKOVA, I. DILLON, S, R. Challenging situations when teaching children with
Autism Spectrum Disorders in General Physical Education. Adapted Physical Activity
Quarterly, 28,113-131, 2011.
RODRIGUES, I; V. A importância da prática da Educação Física no Ensino
Fundamental
I.
2013.
Disponível
em:
http://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/47188/a-importancia-da-pratica-daeducacao-fisica-no-ensino-fundamental-i. Acesso em: 07 mai. 2015.
TOMÉ, M. C. Educação Física como auxiliar no desenvolvimento cognitivo e corporal de
autistas. Movimento & Percepção, Espirito Santo do Pinhal, SP, v.8, n.11, p. 231-248,
2007.
31
ANÁLISE DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA NO PRIMEIRO ANO DE
GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
JULIA CALDEIRA DE SOUZA1; TIAGO SILVA DOS SANTOS2; OTAVIO AMARAL
DE ANDRADE LEÃO2; JAYNE SANTOS LEITE;2; MARCELO COZZENSA DA
SILVA3
1
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
4
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
RESUMO: O objetivo do estudo é verificar o nível de atividade física (AF) no lazer dos
estudantes dos cursos diurnos e noturno da Escola Superior de Educação Física da UFPel
no ingresso à graduação. METODOLOGIA: Estudo transversal envolvendo alunos
ingressantes nos cursos de Educação Física da UFPel (n=115). O nível de AF foi
verificado através do IPAQ com diferença de proporções avaliada por meio do teste de
Qui-quadrado (p<0,05). RESULTADOS: Os homens dos cursos de bacharelado e
licenciatura noturno apresentaram maior prevalência de AF. O curso de licenciatura diurno
obteve diferença significativa entre AF e classes econômicas. No curso de bacharelado, a
classe mais ativa foi D/E. Já os estudantes do curso de licenciatura noturno apresentaram
predominância a classe C e B. CONCLUSÕES: Os estudantes ingressantes dos cursos de
EF apresentam comportamento ativo no lazer, condizendo com características do ambiente
que estão inseridos.
PALAVRAS-CHAVE: Atividade física; Lazer; Estudantes; Educação Física.
1. INTRODUÇÃO
Diversos estudos na área da Educação Física (EF) buscam avaliar o nível de
atividade física (AF) nas mais diversas populações, fato este importante para o
desenvolvimento de conhecimento acerca da promoção da saúde para diferentes públicos,
32
já que a inatividade física está aumentando entre todas as faixas etárias (HALLAL et al.,
2012).
Com o ingresso na universidade, mudanças comportamentais são quase inerentes,
fazendo com que o indivíduo tenha que se adaptar a um novo estilo de vida (BRANDÃO,
2011). O ingresso no ensino superior é, portanto, uma fase de mudança na vida dos jovens
o qual pode acarretar em experiências positivas e negativas no estilo de vida dos alunos
devido às novas demandas que surgem (SOUZA et al., 2012).
Sendo o curso de Educação Física pertencente a área de Ciências da Saúde, pelas
características e estudos desta área na promoção de saúde e qualidade de vida (CAPES,
2009), espera-se que seus profissionais apresentem comportamentos saudáveis. Na maioria
dos estudos relacionados a graduandos do curso de Educação Física, percebe-se uma maior
prevalência de indivíduos ativos, tendo a hipótese de que como o curso é relacionado a
conhecimentos sobre saúde seus estudantes seriam mais propensos à prática de atividade
física regular SOUZA et al. (2012) e SILVA et al. (2007).
A partir do exposto, o objetivo do presente estudo é verificar o nível de AF no lazer
dos estudantes dos cursos diurnos e noturno da Escola Superior de Educação Física da
UFPel (ESEF/UFPel) no ingresso a graduação.
2. METODOLOGIA
Foi realizado um estudo transversal envolvendo todos os alunos ingressantes nos
cursos de bacharelado diurno, licenciatura diurno e licenciatura noturno em EF da Escola
Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas a partir do período 2014/1
(N=115). Foram excluídos os alunos que não estavam matriculados ou frequentando
regularmente as aulas de seus respectivos cursos.
33
Quanto ao procedimento de coleta, primeiramente ocorreu a solicitação da lista de
estudantes matriculados nos cursos de licenciatura e bacharelado junto ao colegiado de
curso da ESEF/UFPel. Em seguida foi analisada a grade de horários das turmas com o
objetivo de definir data e hora ideal para a abordagem, a qual ocorreria na primeira semana
do semestre letivo. Com essa definição, foi solicitado ao professor responsável pela
disciplina na qual o instrumento seria aplicado a turma, a concessão de um tempo da aula
para tal finalidade.
Na data e horários definidos para a realização da coleta, pesquisadores
colaboradores se fizeram presentes em sala de aula, esclarecendo o objetivo da pesquisa,
distribuindo o termo de consentimento livre e esclarecido e, posteriormente,
disponibilizando os questionários auto preenchíveis. Foi solicitado consentimento por
escrito a todos os alunos para a participação na pesquisa, garantindo-se, desta forma, o
direito de recusa à participação no estudo, bem como, no caso de aceite, a
confidencialidade e sigilosidade das informações coletadas. Aos estudantes com idade
inferior a 18 anos, o documento foi assinado pelo responsável legal do mesmo.
Os pesquisadores mantiveram-se presente durante todo o período de preenchimento
do instrumento, esclarecendo quaisquer dúvidas que pudessem vir a ocorrer antes, durante
ou após a aplicação. Ao final do preenchimento individual, os questionários foram
recolhidos para posterior codificação, digitação e análise dos dados.
Todos os alunos responderam a um questionário padronizado e codificado, o qual
foi realizado na semana de ingresso à universidade. A coleta de dados foi realizada por
meio de um questionário contendo questões sociodemográficas – sexo (masculino,
feminino), idade (anos completos), cor da pele (observada pelo entrevistado), estado civil
(casado/vive com companheiro, solteiro) e renda (A, B, C, D/E); comportamental - nível
de atividade física (domínio lazer) e nutricional – índice de massa corporal (IMC)
calculado pelo peso (kg) referido, dividido pela altura (cm) referida elevada ao quadrado,
classificados em baixo peso/peso normal e sobrepeso/obesidade.
34
O nível de AF foi avaliado através da seção de lazer, com recordatório dos últimos
sete dias, do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), versão longa. Foram
considerados ativos os alunos que atingiram 150 minutos ou mais de atividades físicas na
última semana durante o tempo de lazer. Para efeito de cálculo do tempo da AF, as
atividades físicas vigorosas tiveram seu escore multiplicado por dois.
O banco de dados foi construído no programa Excel e a análise dos dados realizada
através do programa STATA 13.0. O plano de análise proposto definiu as seguintes etapas:
inicialmente foi realizada a análise descritiva de todas as variáveis coletadas, com cálculos
de medida de tendência central e dispersão para os dados numéricos e proporções para os
dados categóricos. A seguir foram realizadas as análises bivariadas, onde foi calculada a
prevalência de atividade física conforme grupos das variáveis independentes. A diferença
de proporções foi avaliada por meio do teste de Qui-quadrado. Para todos os testes, foi
adotado um nível de significância de 5%.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram analisados os dados dos alunos dos cursos de licenciatura diurno, bacharelado
diurno e do curso de licenciatura noturno. A amostra foi composta por 115 alunos, sendo
46 do curso diurno de licenciatura, 38 do bacharelado e 31 do curso de licenciatura
noturno. Em relação a idade 61,29% da amostra eram menores de 19 anos e 35,48%
tinham entre 20 e 29 anos.
Pode-se perceber ainda a diminuição do nível de atividade física com o avanço da
idade, fato corroborado pelos trabalhos de MARTINS et al. (2009), RODRIGUES et al.
(2008) e BIELEMANN et al. (2007), que descrevem gradativa diminuição de nível de
atividade física com o aumento da faixa etária.
35
Tabela 1. Perfil sociodemográfico, econômico, comportamental, nutricional e de saúde da
amostra em estudo no ingresso a graduação. (N=115)
Variáveis
Licenciatura
diurno
(N=46) (%)
Bacharelado
(N=38) (%)
Licenciatura
noturno
(N=31) (%)
Sexo
Masculino
35,48
68,42
60,00
Feminino
64,52
31,58
40,00
≤ 19 anos
61,29
52,63
33,33
20 a 29 anos
35,48
26,32
50,00
30 ou + anos
3,23
21,05
16,67
Branca
90,32
73,68
86,67
Não branco
9,68
26,32
13,33
Baixo Peso/Peso Normal (<18,5
a 24,9)
74,20
73,68
68,97
Sobrepeso/Obesidade (18,5 a
24,9)
25,80
26,32
31,03
Solteiro
87,10
94,74
80,00
Casado/Companheiro
12,90
5,26
20,00
Idade
Cor da Pele
IMC (kg/m²)
Estado Civil
36
Renda
A
20,00
7,69
6,06
B
20,00
23,08
19,70
C
40,00
61,54
74,24
D/E
20,00
7,69
30,30
Tabela 2. Prevalência de atividade física segundo variáveis independentes em estudo dos
acadêmicos do primeiro ano de graduação em Educação Física da ESEF UFPel. (N=115)
Variável
Licenciatura
diurno (N=46)
% Ativos
p*
Bacharelado
(N=38)
% Ativos
0,266
Sexo
p*
Licenciatura
noturno (N=31)
% Ativos
0,013
0,001
Masculino
66,67
68,97
74,42
Feminino
50,00
22,22
39,47
0,024
Idade
0,382
0,752
≤ 19 anos
60,87
45,45
46,81
20 a 29 anos
66,67
45,45
42,55
30 ou + anos
0,00
9,09
10,64
0,081
Cor da Pele
0,184
0,213
Branco
60,98
90,91
60,87
Não branco
20,00
9,09
41,67
IMC (kg/m²)
0,294
37
0,900
p*
0,291
Baixo Peso/Peso Normal
(<18,5 a 24,9)
50,00
71,43
55,17
Sobrepeso/Obesidade
(25 a > 30)
66,67
28,57
68,18
0,006
Estado Civil
0,773
0,117
Solteiro
96,15
57,58
61,43
Casado/Companheiro
3,85
50,00
36,36
0,004
Renda
0,688
0,038
A
40,91
0,00
7,69
B
18,18
62,50
30,77
C
0,00
58,82
35,90
D/E
40,91
80,00
25,64
*Teste Qui-Quadrado
Em relação à atividade física, os homens dos cursos de bacharelado e licenciatura
noturno apresentaram maior prevalência de atividade física quando comparado a seus pares
do sexo feminino, sendo respectivamente do curso de licenciatura noturno (74,42%),
bacharelado (68,97%).
Quanto ao sexo, os resultados do presente estudo são semelhantes aos descritos por
GUEDES et al. (2006) com acadêmicos de Educação Física da Universidade Estadual de
Londrina, no qual foram encontradas prevalências de atividade física suficiente de 80,0% e
76,3%, respectivamente, para homens e mulheres. Demais estudos da área apontam nesta
mesma direção, ou seja, o gênero masculino apresenta maior prevalência de ativos entre os
homens quando comparado às mulheres (MATSUDO, 2002, SILVA, 2007, MARTINS,
2009).
38
O estudo de SILVA et al. (2007), realizado com estudantes das áreas da saúde
apresentou resultados similares. Quando analisados os dados somente dos graduandos de
Educação Física percebe-se a prevalência de 90% ativos, sendo que em ambos os estudos
não houve incidência de casos de inatividade. Outro ponto a ser abordado é que nos
estudos de CIESLAK et al. (2007) e ZAMAI et al. (2007) não houve diferença no nível de
atividade entre os gêneros, o que vai de encontro ao presente estudo. Uma possível
explicação para a diferença quanto às prevalências de atividade física suficiente entre
acadêmicos de Educação Física e a população em geral passa pelo perfil dos acadêmicos.
A procura pelo curso de Educação Física muitas vezes vem incentivada por experiências
positivas no campo do esporte ou da atividade física em geral. Neste caso, há uma evidente
influencia na escolha dos acadêmicos, que em sua maioria fazem esta opção profissional
pela proximidade com o esporte e, desta forma, são muito mais prováveis de adotarem um
estilo de vida ativo do que a população em geral, mesmo se comparados a indivíduos da
mesma idade (BIELEMANN et al., 2012).
Em relação ao estado civil, a amostra foi prevalentemente classificada como solteira,
sendo que destes, 96,15% dos estudantes do curso de licenciatura diurno foram
categorizados como ativos, seguidos por 61,43% licenciatura noturno e 57,58% do curso
de bacharelado.
No curso diurno de licenciatura as classes A e D/E apresentaram resultados idênticos
(40,91%) para nível de atividade física, resultados estes, que apontaram diferença
estatisticamente significativa com o nível de atividade física entre seus estudantes. Na
análise do curso de bacharelado, a classe predominantemente mais ativa foi D/E (80%),
seguidos pela B (62,5%) e C (58,82%). Já os estudantes do curso de licenciatura noturno
apresentaram predominância a classe C (35,9%) e B (30,77%), apresentando diferença
significativa entre si. Resultados similares aos encontrados no estudo de DUMITH,
DOMINGUES, GIGANTE (2009), o qual observou que maiores níveis de AF estão
relacionados a classes econômicas mais elevadas assim como com o estado civil, onde
indivíduos solteiros apresentaram maior prevalência de atividade física.
39
4. CONCLUSÕES
Os resultados verificados sobre prevalência de AF evidenciaram similaridade a
diversos estudos da área, onde os acadêmicos do sexo masculino foram aqueles com maior
prevalência de AF em relação às mulheres em todos os cursos analisados.
Resultados estes que contribuem para o delineamento de um quadro a respeito dos
estudantes do curso de Educação Física em relação ao nível de atividade física, além de
que, quando discutidos com a literatura confirmam a expectativa de que acadêmicos de EF
mantenham comportamentos ativos em sua rotina. Partindo do princípio de que o
profissional de EF é responsável pela promoção de hábitos saudáveis e dos benefícios da
prática de atividade física, pode-se afirmar que os resultados obtidos, contribuem para as
expectativas que o curso de Educação Física sugere, visto que o primeiro passo para a
disseminação dos conceitos da profissão é praticá-los.
Portanto podemos concluir que os estudantes ingressantes dos cursos de Educação
Física apresentam comportamento ativo no lazer, condizendo com as características do
ambiente que estão inseridos.
40
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIELEMANN, R.; KARINI, G.; AZEVEDO, M. R.; REICHERT, F. F.; Prática de
Atividade Física no Lazer entre Acadêmicos de Educação Física e Fatores Associados.
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BRANDAO, M. P.; PIMENTEL, F. L.; CARDOSO, M. F.; Impact of academic exposure
on health status of university students. Rev. Saúde Pública. v. 45, n.1, p. 49-58, 2011.
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de
conhecimento.
Brasília,
2009.
Disponível
em:
http://www.capes.gov.br/images/stories/download/avaliacao/TabelaAreasConhecimento_0
42009.pdf>. Acesso em: 13 de setembro de 2015.
CIESLAK, F.; LEVANDOSKI, G.; GÓES, S. M.; SANTOS, T. K.; VILELA Jr, G. B. V.;
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41
MATSUDO, S.; ARAUJO, T.; MATSUDO, V.; ANDRADE, D.; OLIVEIRA, L.;
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ZAMAI, C.A.; RODRIGUES, A. A.; BANKOFF, A. D. P.; DELGADO, M. A.; BRAGA,
L.E.S.; FILOCOMO, M.; Análise do Nível de Atividade Física de Estudantes do Curso de
Educação Física da Universidade Paulista. Movimento & Percepção. Espírito Santo do
Pinhal, SP, v.8, n.11, jul/dez 2007.
42
AUTONOMIA E DEMOCRACIA NA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
PEDAGÓGICO NA ESCOLA PÚBLICA
ROBINSON BARROS MENDONÇA¹; GIOVANNI FELIPE ERNST FRIZZO²
¹
Universidade Federal de Pelotas – [email protected];
² Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
RESUMO
O presente texto trata de discutir a organização do trabalho pedagógico na escola pública.
Através de uma investigação elucidada por autores críticos ao modelo de educação
orientada pela esfera de mercado. O debate central permeia a contradição na proposta
difundida pelos documentos oficiais (PCN/PPP) e a materialização da organização do
trabalho pedagógico na escola pública, a qual deveria buscar efetivar uma formação
autônoma e a democrática. Concluiu-se que embora o capital ordene modificações no
sistema educativo para desenvolver o ensino racional e uma formação unilateral, existem
mecanismos possíveis e propostas superadoras para fomentar uma formação consciente e
emancipatória no rumo da educação contra hegemônica.
Palavras-chave: Educação Escolar; Autonomia; Democracia.
1. INTRODUÇÃO
A partir de pesquisas desenvolvidas sobre a organização do trabalho pedagógico
da educação física nas redes públicas municipais de ensino do município de Nova Santa
Rita e de Pelotas no Estado do Rio Grande do Sul, o presente ensaio pretende discutir a
autonomia e democracia na organização do trabalho pedagógico da escola pública a partir
da compreensão da função social da escola na atualidade e das formulações teóricas que
rompem com o modelo de educação voltada ao mercado. Nesse sentido, os processos de
auto-organização e de envolvimento direto dos trabalhadores da educação e dos
estudantes na construção de projetos alternativos de educação e escola se tornam
necessidades que, nos limites da escola capitalista, traz em si a perspectiva de ruptura
43
como o modo de produção do capital.
Contribui nesse caminho o relato de estudantes participantes de uma das pesquisas
que realizamos:
[...] respondi as perguntas que nunca me foram perguntadas. Eu sei que não vai
fazer diferença se eu responder”; “as perguntas foram muito criativas e agradeço
vocês se interessarem pelo que nós, alunos, pensamos”; “adorei responder isso,
poucos dão valor para a opinião dos alunos, isso é raro! Obrigada pela
oportunidade”. Esses fragmentos expressam a forma como o alunado fica alijado
de qualquer intervenção no seu próprio processo formativo, não estão
acostumados a serem perguntados sobre o que pensam e o que podem contribuir
para a organização do trabalho pedagógico, ou seja, de sujeitos passam a objetos
da escola capitalista (FRIZZO 2012, p.130).
É explicitado por autores; FRIZZO (2012), PISTRAK (2011), RODRIGUES
(1992), que a organização do trabalho pedagógico tem se materializado na escola pública
sem levar em consideração a participação dos estudantes, assim como suas manifestações
de insatisfação não recebem guarida no processo escolar ao qual estão submetidos. Nesse
entendimento, PISTRAK (2011, p. 146) aponta que “o ensino escolar, como se faz
normalmente, não é agradável às crianças, não as atrai, não cria nelas uma tendência
interior a se formar, sobretudo se não compreendem os objetivos desse ensino”.
Ainda hoje se pode perceber que a dita pedagogia tradicional prevalece como
proposta de ensino, colaborando nesse entendimento SAVIANI (1993, p.18) afirma que a
“escola se organiza, pois, como uma agência centrada no professor, o qual transmite,
segundo uma gradação lógica, o acervo cultural aos alunos. A estes cabe assimilar os
conhecimentos que lhes são transmitidos”. Contribui para essa discussão sobre o papel
docente, o apontamento de retirada do elemento trabalho na organização do trabalho
pedagógico, tal qual afirma FREITAS (1995, p.104).
O papel do professor na organização da escola atual serve para alienar os alunos
do trabalho material. Sua colocação, como mediador, está baseada na
possibilidade de separar os alunos e o saber do trabalho -–- trabalho que é o
verdadeiro e natural mediador das relações entre o homem e a natureza.
1. METODOLOGIA (MATERIAL E MÉTODOS)
44
O embasamento teórico fundante desta pesquisa será o Materialismo HistóricoDialético, compreendido como uma postura ou concepção de mundo, um método que
permite uma apreensão radical da realidade objetiva e enquanto práxis, unidade da teoria e
da prática para a transformação da realidade do proletariado (TRIVIÑOS, 1987). Em
outras palavras:
O materialismo dialético é a base filosófica do marxismo e como tal realiza a
tentativa de buscar explicações coerentes, lógicas e racionais para os fenômenos da
natureza, da sociedade e do pensamento. Por um lado, o materialismo dialético tem uma
longa tradição na filosofia materialista e, por outro, que é também antiga concepção na
evolução das idéias, baseia-se numa interpretação dialética do mundo (TRIVIÑOS, 1987
p.51).
2. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quando no inicio abordávamos a insatisfação dos educandos e ao longo dessa
revisão tangenciamos pontos como os momentos de ruptura ou mesmo movimentos de
resistência, faz-se alusão para o sentimento de falta de pertencimento ou apropriação da
escola por parte dos estudantes. Nesse sentido é necessário compreendermos a autoorganização escolar explicitado por FREITAS (1995, p.111)
Trata-se da participação crítica na formulação do projeto politico pedagógico da
escola e na sua gestão. Implica a valorização do coletivo de alunos e professores
como instância decisória que se apropria da escola de forma crítica. Mais ainda,
significa que tal apropriação se estenda ao interior da ação pedagógica,
rompendo as formas autoritárias de apropriação/objetivação do saber.
Um ambiente que predominantemente não gera autonomia, em que os estudantes
são intimidados a ceder e serem obedientes às regras e exigências da escola capitalista, não
contribui para uma formação emancipada. Colaborando nesse mesmo pensamento,
FREITAS (1995, p.112) a “auto-organização dos alunos visa permitir que participem da
condução da sala, da escola e da sociedade, vivenciando, desde o interior da escola, formas
democráticas de trabalho que marcarão profundamente sua formação”.
A autonomia é um elemento de suma importância para a formação humana e para
45
PISTRAK (2011 p. 145) “os objetivos da autonomia das crianças inserem-se no quadro dos
objetivos fundamentais de nossa educação”, entretanto, qual forma efetivamente assume na
organização do trabalho pedagógico nos mais diversos contextos escolares?
Segundo
PISTRAK
(2011,
p.
150)
“a
auto-organização,
baseada
no
desenvolvimento do coletivo infantil, ou seja, a que ajuda a inculcar nas crianças o hábito
de viver e de trabalhar em coletivo”, deverá desenvolver-se como base para a formação
humana orientada por meio de processos democráticos e amparada pela relação dialógica
entre alunado/professorado. Entendendo a autonomia dos indivíduos como base
fundamental para auto-organização, consequentemente para o avanço das possibilidades de
estruturação da democracia.
As contradições na organização do trabalho pedagógico da escola pública não se
restringem somente ao alunado, o próprio papel do professorado no sistema educacional
tem sido submetido a uma nova condição, a qual tem reduzido seu poder de decisão, por
conseguinte diminuído sua autonomia. Como destaca FRIZZO (2012), o Conselho de
Classe na escola está desempenhando a função de aprovar alunos que não tem condições
de aprendizagem satisfatória. Com intuito de atender normas impostas pela secretaria de
educação, a fim de assegurar um percentual mínimo de reprovações garantindo o
financiamento.
Evidencia-se com base nessa reflexão que o professorado exerce a docência
mediante a imposição de limitações, contudo estas avançam para outras instâncias como,
por exemplo, a Lei nº 11.738/2008, a qual regulamenta o piso salarial nacional para os
profissionais do magistério público da educação básica. Subentendida como uma conquista
da categoria dos trabalhadores da educação e a garantia de um valor mínimo padrão para
sua subsistência. No entanto, a realidade demonstra incoerência, devido ao fato desses
trabalhadores necessitarem lutar pelo cumprimento da lei. Embora esteja em vigor há sete
anos e o salário base atualmente avaliado em R$1.917,78 para uma jornada de 40 horas
semanal, permanece sendo descumprida pelo poder público em diversas regiões, inclusive
no estado do Rio Grande do Sul e na cidade de Pelotas (objeto de nossas investigações).
A luta do professorado brasileiro pelo pagamento do piso salarial é um exemplo
significativo da busca pelo exercício da emancipação, a reivindicação pelo cumprimento e
46
manutenção dos seus direitos adquiridos. Entretanto, essa virtude autônoma, autoorganizada por essa categoria, visando o processo democrático de externar sua opinião
sobre o descumprimento, alteração e retirada de direitos, tem sido transformada em
conflitos bélicos como recentemente esboçado no estado do Paraná. Resposta truculenta e
autoritária que por si só ironiza o próprio slogan brasileiro intitulado pelo governo federal
como “Brasil Pátria Educadora” no presente ano, situação que não se fixa exclusivamente a
esse estado da federação, tampouco aos últimos anos. Cabe destacar ainda que desde o
começo do ano letivo até agora a categoria dos trabalhadores da educação já deflagraram
greve em dez estados brasileiros.
Somente se experimenta de maneira restrita o dever de respeitar as leis vigentes,
participar obrigatoriamente dos processos eleitorais com intuito de repassar uma
“procuração” aos parlamentares eleitos, através dos quais o capital fará o proletariado
ingênuo e submisso a seus fetiches/interesses (FRIGOTTO, 2010).
As contradições da pedagogia capitalista na educação regulada pela esfera de
mercado, só podem ser superadas por meio da pedagogia socialista com base no
materialismo histórico dialético (MÉSZÁROS 2008), objetivando os interesses dos
trabalhadores e a participação das massas na organização do Estado.
No Brasil há mais de 30 anos RODRIGUES (1992) escrevia sobre três aspectos que
afloravam na discussão da democratização escolar, são eles democratizar os processos
administrativos (exemplo: eleição para escolha dos diretores), a universalização do acesso
à escola e democratizar os processos pedagógicos. Entretanto, exceto a conquista da
universalização do acesso à escola seguimos atualmente convivendo em contextos
escolares autoritários (FRIZZO, 2012).
A luta pela democratização escolar não é recente e mesmo assim requer a superação
dos antigos e remanescentes paradigmas da organização do trabalho pedagógico. Todo
professor ou trabalhador da educação deve se mobilizar pela abolição de tais processos
desiguais no contexto escolar, do contrário de qual modo se oferecerá a formação de um
cidadão crítico, participativo, emancipado para intervir na realidade se desde a mais tenra
idade não tem oportunizado o exercício de sua autonomia, tampouco a convivência em
espaços democráticos.
47
3. CONCLUSÃO
Analisando a área da educação percebe-se que o desencadear do autoritarismo e dos
processos antidemocráticos ocorrem tanto no microssistema quanto no macrossistema da
organização do trabalho pedagógico. Os processos de opressão permeiam as diversas
relações desde o poder exercido pelo Estado passando por secretarias de educação,
diretores, coordenadores, professores até sobrepor ao alunado um fardo diversificado em
exemplos da imposição de interesses.
A luta pela democratização escolar não é recente e mesmo assim requer a
superação dos antigos e remanescentes paradigmas da organização do trabalho pedagógico.
Todo professor ou trabalhador da educação deve se mobilizar pela abolição de tais
processos desiguais no contexto escolar, do contrário de qual modo se oferecerá a
formação de um cidadão crítico, participativo, emancipado para intervir na realidade se
desde a mais tenra idade não tem oportunizado o exercício de sua autonomia, tampouco a
convivência em espaços democráticos.
O estabelecimento dos objetivos educacionais na escola são concebidos por
mecanismos criados através das políticas educacionais de avaliação externa e do
financiamento do sistema escolar brasileiro. Os professores são colocados à margem das
definições a respeito do seu próprio trabalho na escola, o que se pode suscitar a respeito do
alunado arrolado no contexto escolar a reproduzir e obedecer, sob o discurso propagado de
que assim, se tornará mais crítico, autônomo e cidadão, no entanto, alienado do processo e
do produto do seu trabalho, pois os objetivos do trabalho pedagógico respondem a
interesses e demandas do capital e não dos sujeitos envolvidos.
A partir desses apontamentos e das construções teóricas que rompem com o modelo
de educação voltada ao mercado é que se afirma que para avançar na criação de uma
alternativa
educacional
significativamente
diferente
e
fomentar
uma
formação
emancipatória no rumo da educação contra hegemônica, será preciso romper com a lógica
do capital, bem como os demais processos constituintes da escola capitalista.
48
4. REFERÊNCIAS
FREITAS, L.C. de. Crítica da Organização do trabalho pedagógico e da Didática.
Campinas: Papirus, 1995.
FRIGOTTO, G. Educação e a crise do capitalismo real. São Paulo: Cortez, 2010.
FRIZZO, G.F.E. A Organização do Trabalho Pedagógico da Educação Física na
Escola Capitalista, 2012. 263f. Tese (Doutorado em Educação Física) - Programa de
Pós-graduação em Ciências do Movimento Humano. Escola de Educação Física,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
MEC/INEP. Piso Salarial de Professores. Brasília: 2015.
MÉSZÁROS, I . Educação Para Além do Capital. São Paulo: Boitempo, 2008.
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Ensino Fundamental II. Brasília: 1998. Acessado em 10 mar. 2015. Online. Disponível
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RODRIGUES, N. Da mistificação da escola à escola necessária. São Paulo: Cortez,
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TRIVIÑOS, A.N.S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa
em educação. São Paulo: Atlas, 1987.
49
AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE REPOSITORES ENERGÉTICOS
CÁTIA FERNANDES LEITE1; EDUARDO RIBES KOHN2; CLÁUDIO RAFAEL
KUHN3
1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense – Discente do Programa
de Pós-Graduação em Química Ambiental – [email protected]
2
Escola Superior de Educação Física – Universidade Federal de Pelotas –
[email protected]
3
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense – Professor Dr. Orientador
do Programa de Pós-Graduação em Química Ambiental – [email protected]
RESUMO: O consumo de isotônicos pode evitar a fadiga e aperfeiçoar o desempenho.
Cuidados na manipulação, preparo e estocagem devem ser destacados, pois as alterações
na qualidade do produto são decorrentes da contaminação microbiológica. O objetivo deste
estudo foi identificar os níveis de contaminação por microrganismos indicadores em
repositores energéticos utilizados por atletas. A contagem de mesófilos foi feita através de
semeadura em Ágar Padrão de Contagem e incubação em temperatura de 37°C. A
enumeração dos fungos foi realizada com inoculação em placas com Ágar Batata Dextrose
acidificado e incubado a 26°C. Ambos os resultados foram expressos em UFC/g. Os
resultados indicam que houve um alto índice de contaminação entre os produtos
consumidos pelos atletas, atingindo níveis na ordem de 104 e 105 UFC/g. Recomenda-se
atenção aos cuidados de higiene durante a manipulação, preparo e armazenamento para
que seja preservada a qualidade do produto e a saúde dos atletas.
Palavras-chave: Bebidas Energéticas; Atletas; Fungos; Bactérias.
50
1. INTRODUÇÃO
O treinamento extenuante pode provocar um desequilíbrio hídrico e eletrolítico, o
que pode acarretar num variável grau de desidratação (SIQUEIRA et al., 2012). O
consumo de soluções repositoras e hidratantes contendo variadas quantidades de eletrólitos
semelhantes ao sangue humano e outros nutrientes como carboidratos em diferentes formas
(glicose, sacarose, frutose e polímeros de glicose – maltodextrina), podem evitar ou
diminuir algumas das respostas que o exercício produz no organismo e que são, ou podem
ser, causa de fadiga (GUERRA, 2004; ROMBALDI; SAMPEDRO, 2001). Além disso,
contribuem para a estabilidade do balanço energético, fundamental para a manutenção da
massa magra, regulação das funções imune e reprodutiva, além de aperfeiçoar o
desempenho atlético (GUERRA, 2004; LEE et al., 2008).
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, na sua
Resolução RCD n°18, de 27 de abril de 2010, os repositores energéticos são classificados
em suplementos hidroeletrolíticos, ou seja, aqueles em que devem ser utilizados sais
inorgânicos como fonte de sódio associados a variadas concentrações de carboidratos,
podendo ainda ser, adicionadas vitaminas e minerais (BRASIL, 2010). Na segunda
categoria de repositores estão os suplementos energéticos, que devem conter no mínimo
75% de carboidratos e opcionalmente poderão ser adicionadas vitaminas e minerais, além
de lipídeos e proteínas. Esta última classificação de suplementos são os produtos que
apresentam as fórmulas compostas por nutrientes que garantem o alcance e/ou a
manutenção do nível apropriado de energia para os atletas (FERREIRA et al., 2009).
Produtos industrializados para dar sabor aos suplementos energéticos são incluídos
nas formulações destes compostos. Tradicionalmente, os isotônicos têm sido preparados
utilizando-se corantes e aromatizantes artificiais e também conservantes (MARCHI;
51
MONTEIRO; CARDELLO, 2003). Conforme Petrus & Faria (2005) a fabricação destes
repositores é uma mistura de ingredientes, na qual o sabor básico dos eletrólitos presentes
na bebida é pouco agradável e a adição de flavorizantes à base de frutas é uma prática
comum.
Cuidados especiais a estes suplementos devem ser destacados, pois segundo Marchi
et al. (2003), as alterações na qualidade das soluções à base de frutas envolvem mudanças
físico-químicas, microbiológicas e sensoriais que podem estar relacionadas ao tratamento
térmico, composição química e qualidade da solução, oxigênio dissolvido e presente no
espaço livre, temperatura de estocagem, embalagem e superfície de contato, entre outros
fatores. Além disso, a elevada acidez das soluções esportivas, com pH próximo a 3,5
favorece, principalmente, o desenvolvimento de bolores e leveduras, com o
comprometimento da sua qualidade higiênica durante os períodos de estocagem e
acelerando a sua deterioração (PETRUS; FARIA, 2005). As soluções com adição de frutas
processadas devem apresentar ausência de injúrias, condições de armazenamento
adequadas, cuidado no manuseio e baixas temperaturas do produto final (GARCIA et al.,
2012).
Outro aspecto importante sobre os repositores/isotônicos é a sua contaminação por
microrganismos patogênicos. A proliferação de microrganismos é diretamente dependente
da sua capacidade de hidrolisar os carboidratos que são fonte primária de energia para o
seu crescimento, sendo que o aumento na concentração de glicose pode ser um importante
e precoce indicador de contaminação (LOPES et al., 2012). O controle microbiológico das
soluções é muito importante, pois através de indicadores microbianos é possível avaliar as
condições higiênicas e sanitárias das várias etapas do processamento do produto, evitandose a presença de agentes de toxinfecção (QUARESMA et al., 2009).
Para que as soluções sejam produzidas sem risco de contaminação é preciso que
sejam preparadas sob condições rígidas de higiene. Estas práticas de preparo devem
atender aos padrões microbiológicos, microscópios e físico-químicos estabelecidos pela
legislação específica (BRASIL, 2002). O que nem sempre é observado no meio esportivo,
52
pois grande parte dos atletas preparam suas próprias soluções energéticas/repositoras, o
que aumenta as chances de contaminação microbiana destes isotônicos. Neste contexto, o
objetivo deste estudo foi identificar os níveis de contaminação das soluções esportivas e
repositores energéticos por microrganismos indicadores, oriundos de procedimentos de
manipulação, preparo e estocagem inadequados.
2. METODOLOGIA
As amostras foram selecionadas de forma aleatória e coletadas junto aos atletas da
modalidade de atletismo, nos seus locais de treinamento e em clubes de futebol
profissional. Foram avaliados os isotônicos/repositores de cinco atletas individuais e dois
clubes de futebol. As amostras fornecidas pelos atletas foram as vendidas no comercio e as
preparadas pelos próprios competidores. Os produtos variaram em suas formas líquidas e
sólidas (pó comercial).
A amostragem foi feita de maneira padronizada seguindo as normas da ANVISA
Resolução RCD n°12, de 02 de janeiro de 2001 (BRASIL, 2001). As amostras líquidas
foram coletadas utilizando-se recipientes estéreis e para as amostras sólidas foram usados
sacos plásticos esterilizados. Os recipientes e os sacos plásticos foram acondicionados em
caixa isotérmica e levados ao local ao local de coleta, sendo abertos somente na hora da
coleta a ser feita. Logo, após foram transportados imediatamente para o Laboratório de
Análises Microbiológicas (LAMI) do Curso Técnico em Química do IF Sul-rio-grandense,
Campus Pelotas, para a condução das análises microbiológicas de enumeração de bactérias
mesófilas e de fungos.
Sob condições de assepsia, a amostra foi pesada 25g (ou mL), diluída e
homogeneizada adequadamente em 225mL de solução salina 0,85%, para obtenção da
primeira diluição inicial (10-1); então, se retirou desta diluição uma alíquota de 1,0mL,
53
transferindo-a para tubo de ensaio contendo 9,0mL do mesmo diluente para obter-se a
diluição 10-2. Desta diluição, repetiu-se o procedimento para a obtenção da diluição 10-3
(DOWNES; ITO, 2001; SILVA et al., 2007).
A contagem de bactérias mesófilas foi feita através de semeadura tipo spread plate
em Ágar Padrão de Contagem (Plate Count Agar, PCA), seguida de incubação em
temperatura de 36±1°C por 48 horas, sendo os resultados expressos em Unidades
Formadoras de Colônias/grama (UFC/g) (DOWNES; ITO, 2001; SILVA et al., 2007).
Para enumeração dos fungos foi realizada a inoculação spread plate em placas com
Ágar Batata Dextrose (Potato Dextrose Agar, PDA) acidificado com ácido tartárico a 10%
e incubação a 25±1°C, por sete dias, sendo os resultados expressos em UFC/g (DOWNES;
ITO, 2001; SILVA et al., 2007). Ao total foram analisadas 20 amostras e em duplicatas.
Os resultados das contagens foram logaritmizados e analisados estatisticamente
através da análise de variância (ANOVA) seguida do teste de Tuckey para a comparação
entre as médias e correlações.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este estudo teve como objetivo identificar os níveis de contaminação das soluções
esportivas por microrganismos indicadores. Conforme o previsto houve um alto índice de
contaminação destas soluções entre os produtos consumidos pelos atletas (figura 1).
Conforme a figura 1, observa-se que os repositores/isotônicos avaliados neste estudo
apresentaram contaminações por indicadores higiênicos, atingindo níveis na ordem de 104
e 105 UFC/g. Este dado é importante, pois representa um comprometimento da qualidade
do produto utilizado e expõe os consumidores a uma situação de risco à saúde.
54
Figura 1. Níveis de contaminação microbiológica de repositores energéticos
utilizados por atletas e clubes de futebol (p<0,05).
No presente estudo também se identificou que não houve diferença significativa
(p>0,05), tanto entre o tipo de usuário (atletas e clubes) como entre o tipo de repositor
utilizado (líquido ou sólido), apresentando tendências semelhantes nas duas ocasiões
(figura 2).
55
Figura 2. Contaminação microbiana em função do tipo de repositor (L: líquido;
S:sólido) (p>0,05).
Este estudo identificou uma alta contagem de bactérias aeróbias mesófilas, bem
como elevada contagem de fungos em isotônicos/repositores energéticos. Resultados
semelhantes foram encontrados na literatura. Em um estudo que avaliou o teor
microbiológico de uma bebida energética consumida por populares da cidade do Belém do
Pará, evidenciou-se uma contagem de bactérias aeróbias mesófilas variando entre 25
UFC/mL e 1,9x105 UFC/mL sendo um indicativo de patógenos mesófilos de origem
humana ou animal. Neste mesmo estudo a contagem de bolores e leveduras apresentou
valores no intervalo de 3,2 x 102 UFC/mL a 2,2 x 105 UFC/mL, sendo que 43,3% das
amostras não se enquadraram nos padrões da Portaria n°451, indicando uma contaminação
potencialmente toxigênica conforme a Resolução n°12 da ANVISA (QUARESMA et al.,
2009).
56
Em outro estudo que avaliou a contaminação microbiológica de bebida isotônica
elaborada com suco concentrado, identificou-se que tanto a contagem de bactérias aeróbias
mesófilas quanto contagem de bolores e leveduras não estiveram dentro dos parâmetros
normais estabelecidos pela ANVISA (MARTINS et al., 2011). Na avaliação
microbiológica de um isotônico de maracujá observou-se que a contagem de bolores e
leveduras foi baixa e as contagens de microrganismos aeróbios mesófilos totais também
esteve baixa (MARCHI; MONTEIRO; CARDELLO, 2003) discordando dos resultados
apresentados no presente estudo. Em uma bebida eletrolítica estudada sobre os aspectos
microbiológicos, observou-se que houve uma contagem microbiológica de mesófilos
aeróbios, fungos e leveduras relativamente baixa (FONTES et al., 2015).
Outro dado importante ao se analisar os repositores energéticos/isotônicos é a ampla
variedade de produtos disponível no mercado e que através da sua formulação pode ter
uma maior ou menor exposição aos microrganismos. A maneira como estes produtos são
preparados e estocados também interferem na sua qualidade. Cuidados devem ser tomados
na manipulação de alimentos, pois os manipuladores podem ser portadores assintomáticos
de várias doenças, ao contaminarem estas substâncias podem desencadear surtos de
toxinfecções (KUHN et al., 2012).
Os repositores energéticos/isotônicos são produtos amplamente utilizados no meio
esportivo para aumentar o desempenho pela oferta de carboidratos. Soluções
carboidratadas podem ocasionar elevação no conteúdo de hemoglobina (LEITE et al, 2013)
e no estoque de glicogênio renal (LEITE; ROMBALDI, 2015), além de também ser efetiva
ao poupar o conteúdo de glicogênio hepático (LEITE; ROMBALDI, 2015).
No meio esportivo, na maioria dos casos, os atletas não dispõem de recursos para um
suporte técnico adequado ao exercício pleno de sua atividade física. Assim, preparam por
conta própria, seus repositores energéticos/isotônicos, sob condições inadequadas de
manipulação e estocagem, expondo os produtos à contaminação microbiológica, assim
como o evidenciado por este estudo.
57
4. CONCLUSÕES
O presente estudo demonstrou que existe uma alta contaminação microbiana em
repositores energéticos utilizados por atletas de competições individuais e de esportes
coletivos, provavelmente por condições inadequadas nos procedimentos de manipulação,
preparo ou armazenamento destes isotônicos.
Recomenda-se uma atenção maior aos cuidados de higiene e assepsia para a
manipulação, preparo e armazenamento desses produtos, para que seja preservada a sua
qualidade do produto e a saúde dos atletas.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Resolução n° 12, de 02 de janeiro de 2001. Diário Oficial da União, Brasília-DF.
BRASIL, Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.
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BRASIL, Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.
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60
solução isotônica sobre parâmetros hematológicos e bioquímicos de jogadores
profissionais de futebol em condições reais de treinamento. Revista Brasileira de
Ciências do Esporte, Florianópolis, v.34, n.4, p.999-1016, 2012.
61
DIFERENÇAS ENTRE O EXERCÍCIO ABDOMINAL TRADICIONAL E O
EXERCÍCIO FLÁVIO M. PEREIRA EM INDIVÍDUOS JOVENS: UM ESTUDO
ELETROMIOGRÁFICO
FLÁVIO M. PEREIRA 1
VALDECI C. DIONISIO 2,
YURI GARCIA 2
QUÉREM PRISCILA RIZZA 2,
VANESSA MARTINS 2,
1
Escola Superior de Educação Física, Universidade Federal de Pelotas. – [email protected]
2,
Curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Uberlândia - [email protected]
2,
Curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Uberlândia - [email protected]
2,
Curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Uberlândia - [email protected]
2,
Curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Uberlândia - [email protected]
INTRODUÇÃO. Este estudo objetivou identificar e comparar o padrão eletromiográfico
(EMG) dos principais músculos envolvidos no exercício abdominal tradicional e em um
exercício modificado (Abdominal Flavio M. Pereira). METODOLOGIA. Participaram do
estudo 40 indivíduos jovens, saudáveis e sedentários, com média de idade de 22,7 anos (+
2.82), 20 homens e 20 mulheres. Utilizou-se acelerômetro e os sinais EMG foram captados
pelo sistema de aquisição de dados EMG1230WF. A atividade EMG dos músculos grande
dorsal, deltoíde posterior, reto abdominal e oblíquo externo foi registrada durante os dois
exercícios. RESULTADOS. A atividade EMG dos músculos estudados foi maior nos
exercício modificado do que no exercício tradicional durante a fase concêntrica do
movimento, com a vantagem de produzir ativação do músculo grande dorsal.
CONCLUSÕES. Isto sugere que a região lombar tem maior estabilidade nesse exercício e
poderia ser utilizado nas situações em que há limitação, dor ou necessidade de maior
estabilização nessa região.
Palavras-chave: Exercício abdominal, eletromiografia, região lombossacral.
1. INTRODUÇÃO
Os músculos da parede antero-lateral do tronco são importantes componentes para
estabilização da coluna vertebral, especialmente no segmento lombar (NEUMANN, 2010;
62
HAMILL, KNUTZEN, 2012), bem como na estabilização do tronco para os movimentos
dos membros superiores e inferiores (RUTKOWSKA-KUCHARSKA, SZPALA, 2010;
SILFIES et al., 2015), desde que o tronco estável é fundamental para que os movimentos
dos membros sejam efetivos (BARR, GRIGGS, CADBY, 2005; HAMILL, KNUTZEN,
2012). Os músculos abdominais possuem funções fisiológicas como a proteção das
vísceras e o aumento de pressão intratorácica para expiração. No entanto, há também
possuem funções cinesiológicas como mover e estabilizar o tronco, estabilizar as inserções
proximais dos músculos do quadril e joelho, dar suporte ao segmento lombar e articulação
sacroilíaca, especialmente durante condições de grande esforço (NEUMANN, 2010).
Neumann (2010) também descreve que os abdominais são formados bilateralmente pelo
reto, oblíquos internos externo e transversos do abdômen. A ação bilateral dos abdominais
tem como conseqüência a flexão do tronco, inclinação posterior da pelve e aumento na
tensão da aponeurose toracolombar. O aumento de tensão na aponeurose toracolombar
produz maior estabilização da coluna lombar e funciona como um fator limitante para a
flexão do tronco, diminuindo a tensão nos músculos eretores da espinha posteriores
(HAMILL, KNUTZEN, 2012).
A redução da fraqueza dos músculos abdominais pode ser encontrada em diversas
situações, desde indivíduos atletas (MONFORT-PAÑEGO et al., 2009), sedentários
(AROKOSKI et al., 2001), e em diversas situações patológicas, sejam elas relacionadas a
disfunções musculoesqueléticas (MONFORT-PAÑEGO et al., 2009) ou em disfunções
neuromusculares (FUJITA et al., 2015). Os músculos abdominais reduzem o estresse da
coluna lombar, embora dependente da posição dos membros (RUTKOWSKAKUCHARSKA, SZPALA, 2010) e, portanto, durante o programa de treinamento ou de
reabilitação é fundamental a inclusão de exercícios abdominais (ESCAMILLA et al.,
2006).
Muitos estudos eletromiográficos tem procurado responder a questão de qual são as posições adequadas
para ativar os abdominais (LEHMAN, MCGILL, 2001; ESCAMILLA et al., 2010; RUTKOWSKA-KUCHARSKA, SZPALA, 2010),
desde movimentos mais estáveis usando o abdominal tradicional até aqueles que utilizam superfícies instáveis
como a bola suíça (ESCAMILLA et al., 2010) e obter melhores resultados, minimizando o potencial de lesão (MCGILL,
1995).
63
O exercício abdominal considerado tradicional é aquele realizado em decúbito dorsal, com os joelhos
flexionados a 90º, os braços ficam estendidos até tocar na parte lateral do joelho e os pés ficam apoiados no chão.
Dessa maneira, o indivíduo faz a flexão de tronco até no máximo 35º a 40º para não flexionar o quadril, elevando
até que ambas as escápulas não fiquem encostadas no solo e, em seguida, retorna à posição inicial (ESCAMILLA et
al., 2010). No entanto, muitos indivíduos que apresentam grande fraqueza muscular e/ou com fortes dores acabam
por limitar o uso de exercícios abdominais tradicionais, especialmente indivíduos idosos, obesos (LAKERVELD et al.,
2011), com dor (BARR, GRIGGS, CADBY, 2005) e ou quando há instabilidade lombar, a qual é um dos subgrupos do
sistema de classificação da dor lombar (FRITZ, CLELAND, CHILDS, 2007). Em todos os casos, a prática de atividade
física fica comprometida.
Aqui é proposto um exercício que modifica o abdominal tradicional, mantendo a posição de base, mas
associam-se os membros superiores a ação dos abdominais, de forma a produzir maior estabilidade lombar e
conforto para aqueles que têm grande fraqueza abdominal. Foi hipotetizado neste estudo que a modificação do
abdominal tradicional seria tão efetiva quanto o abdominal tradicional com a vantagem de maior ativação do
músculo grande dorsal, o qual ajudaria na estabilização da coluna lombar pelo aumento de tensão da fáscia
toracolombar. Isto seria altamente desejável, de forma a proteger a região de maior dano tecidual, minimizar a
ocorrência de dor e potencializar a capacidade de recueração da força dos músculos abdominais.
Assim, o objetivo do presente estudo foi identificar e comparar o padrão
eletromiográfico dos principais músculos envolvidos no exercício abdominal tradicional e
no modificado.
2. METODOLOGIA
Participaram deste estudo 40 indivíduos jovens, saudáveis e sedentários, com faixa
etária de 18 a 30 anos (22,7 + 2.82), sendo 20 homens e 20 mulheres (Tabela 1). Os
critérios de elegibilidade foram a faixa etária (18 a 30 anos), sedentários e que não
praticam atividades físicas no mínimo nos últimos 3 meses, com índice de percentual de
gordura considerado normal (18% a 25%). Foram excluídos do estudo indivíduos que
apresentaram acometimentos musculoesqueléticos e neuromusculares que pudessem
influenciar os resultados. Todos os participantes assinaram o termo de consentimento
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade.
64
Tabela 1: Caracterização da amostra.
SEXO
IDADE
PESO
ALTURA
% Gordura
MULHERES (n=20)
22,1+2,20
56,1+7,21
1,64+0,05
20.9+2,76
HOMENS (n=20)
22,6+3,64
71,6+11,0
1,75+0,05
22,6+2,06
Eletrodos de superfícies descartáveis Ag-AgC1 foram posicionados bilateralmente
nos músculos grande dorsal (GD), deltóide posterior (DP), reto abdominal (RA) e obliquo
externo (OE). Para o reto abdominal , os eletrodos foram colocados bilateralmente 3 cm na
lateral da cicatriz umbilical (AROKOSKI et al., 2001; BROWN, VERA-GARCIA,
MCGILL, 2006). Em relação ao obliquo externo, os eletrodos foram posicionados entre a
espinha ilíaca ântero-superior e a borda inferior da caixa torácica em um ângulo
ligeiramente obliquo, sendo paralelo com as fibras subjacentes (AROKOSKI et al., 2001).
Para captação dos sinais do grande dorsal os eletrodos foram colocados na lateral de T9
sobre o ventre muscular (BROWN, VERA-GARCIA, MCGILL, 2006). O deltóide
posterior, por suas vez, tive os sinais captados colocando os eletrodos centralizados 2,5
centímetros inferiormente a margem posterior do acrômio (REINOLD et al., 2007).
Para a captação do movimento foi utilizado um acelerômetro (o qual mede a
aceleração nos eixos x, y e z) colocado sobre o manúbrio do esterno. O sinais do
acelerômetro e os sinais EMG foram sincronizados pelo sistema de aquisição de dados
EMG1230WF (EMG System do Brasil) com 106 dB CMRR, filtro passa banda com
frequência de corte de 10ª 500 Hz, 2 kHz frequência de aquisição e um conversor A/D de
16 bits. O fio terra foi colocado no processo estilóide do braço direito. Os sinais do
acelerômetro na direção x refletiram o deslocamento médio-lateral, Y o deslocamento
vertical e Z o deslocamento ântero-posterior do indivíduo.
A pele do voluntário foi esterilizada e limpa com álcool, nos voluntários com pelos
no local de fixação do eletrodo. Objetos pertencentes ao sujeito foram retirados para que
não ocorresse interferência no momento da análise eletromiográfica. Os sujeitos
executaram cinco repetições em cada exercício, sendo permitido um intervalo de no
mínimo 3 minutos entre os exercícios. Utilizou-se uma moeda para determinar a ordem de
execução dos exercícios, tendo sido portanto, randomizada.
65
Exercício 1 – Abdominal Tradicional (ABDT), foi executado partindo do decúbito
dorsal, com os joelhos flexionados a 90°, os braços estendidos até tocar na lateral do
joelho, onde o tronco foi flexionado em torno dos 35° a 40°, e os pés fixos no chão. O
voluntário elevou o tronco até as escápulas deixarem de ficar em contato com o solo.
Exercício 2 – Abdominal Modificado (ABDM), foi realizado da mesma forma que
o exercício 1, mas o individuo apoiou o cotovelo no chão com uma abdução de ombro de
30°, realizando o exercício sem que o cotovelo perca o contato com o solo, até as
escápulas deixarem de ficar em contato com o solo. Este exercício foi proposto por um dos
autores deste estudo a partir de práticas, reflexões e observações de aulas e atividades de
ginástica escolar, com a finalidade de modificar a sequência natural de movimentos, na sua
gestualidade objetiva, incluindo outros grupamentos musculares e articulações, ampliando
a musculatura exigida (PEREIRA, 2005).
Foi estabelecido um ângulo de 30º de flexão do tronco para a realização dos
exercícios, sendo utilizado o goniômetro para definir a altura de 30° para cada voluntario,
utilizando uma faixa atravessada horizontalmente para auxiliar o voluntário até o momento
final do exercício.
Os sinais eletromiográficos e do acelerômetro foram tratados off line nos Software
Excel e por meio de uma rotina em MATLAB. Os sinais EMG foram retificados, filtrados
a 25 HZ,
e
calculada a integral em duas diferentes fases a partir dos sinais do
acelerômetro na direção Y (deslocamento vettical). A fase 1 foi definida o início e o pico
do movimento (contração concêntrica); e a fase 2 entre o pico e final do movimento
(contração excentrica). A média das 5 tentativas para cada sujeito foi calculada e
organizada em tabelas para a análise estatística.
O teste de KOLMOGOROV-SMIRNOV mostrou que os dados tiveram distribuição
normal. Assim, for realizado o test t para amostras dependentes. Todos os testes foram
utilizados por meio do pacote SPSS (versão 22).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
66
O comportamento da atividade muscular abdominal durante os exercícios
abdominal tradicional e abdominal modificado são apresentados na figura 1. Os resultados
revelam que o exercício de abdominal modificado produziu maior quantidade de atividade
EMG nos músculos GDE, GDD, RAE, RAD, OEE e OED durante a fase 1 (subida)
comparado ao exercício de abdominal tradicional (Figuras 1A, 1B, 1E, 1F, 1G E 1H
respectivamente). Na fase 2 (descida) o exercício de abdominal modificado produziu
menor atividade EMG dos músculos DPE e DPD comparado ao exercício de abdominal
tradicional (Figuras 1C E 1D).
O presente estudo teve por objetivo identificar e comparar o padrão
eletromiográfico dos principais músculos envolvidos no exercício abdominal tradicional e
no modificado (aqui denominado de Flávio M. Pereira). A mudança de posição dos
membros para a realização de abdominal já tem sido feita em muitos estudos (AXLER,
MCGILL, 1997; LEHMAN, MCGILL, 2001; ESCAMILLA et al., 2006; ESCAMILLA et
al., 2010; RUTKOWSKA-KUCHARSKA, SZPALA, 2010) no entanto, a modificação
classificada como “exercício misto” (PEREIRA, 2005) ainda não havia sido estudada.
67
A
FASE 1
B
FASE 2
FASE 1
GRANDE DORSAL ESQUERDO
1
1
0.8
0.8
0.6
*
IEMG
IEMG
0.6
FASE 2
GRANDE DORSAL DIREITO
0.4
0.4
0.2
0.2
0
0
*
D
C
DELTÓIDE POSTERIOR ESQUERDO
DELTÓIDE POSTERIOR DIREITO
1
1
0.8
0.8
*
*
0.6
IEMG
IEMG
0.6
0.4
0.4
0.2
0.2
0
0
E
F
RETO ANTERIOR ESQUERDO
RETO ANTERIOR DIREITO
1
1
0.8
0.8
*
*
IEMG
0.6
IEMG
0.6
0.4
0.4
0.2
0.2
0
0
G
H
OBLÍQUO EXTERNO ESQUERDO
OBLÍQUO EXTERNO DIREITO
1
1
0.8
*
IEMG
0.6
IEMG
0.6
0.8
*
0.4
0.4
0.2
0.2
0
TRADICIONAL
0
MODIFICADO
EXERCÍCIO
TRADICIONAL
MODIFICADO
EXERCÍCIO
68
Figura 1. Eletromiografia integrada dos músculos grande dorsal, deltóide posterior, reto
abdominal e oblíquo externo bilateralmente nas fases concentrica (fase 1) e excêntrica
(fase 2) nos exercícios abdominais tradicional e modificado.
Como consequência a comparação com outros estudos foi comprometida, uma vez
que vários estudos usaram de equipamentos, ou o auxilio de outra pessoa, para a realização
dos movimentos (AXLER, MCGILL, 1997; LEHMAN, MCGILL, 2001; ESCAMILLA et
al., 2006; ESCAMILLA et al., 2010), e ainda houve muitas diferenças na posição dos
membros (AXLER, MCGILL, 1997; LEHMAN, MCGILL, 2001; ESCAMILLA et al.,
2006; ESCAMILLA et al., 2010; RUTKOWSKA-KUCHARSKA, SZPALA, 2010). Além
disso, também houve diferenças metodológicas no tratamento do sinal EMG. Esses estudos
acima citados realizaram a normalização pela máxima contração voluntária máxima
enquanto que no presente estudo foi usada a normalização pelo pico de atividade de cada
músculo. A excursão de movimento, em geral, foi alta na maioria dos estudos. No entanto,
no presente estudo a elevação de 30 graus está de acordo com estudos prévios
(ANDERSSON et al., 1997; RUTKOWSKA-KUCHARSKA, SZPALA, 2010), os quais
revelaram que esta excursão de movimento gerou maior atividade dos abdominais.
A despeito das diferenças metodológicas, a quantificação da atividade EMG foi a
mesma para ambos exercícios tratados neste estudo, e portanto, os mesmos podem ser
comparados. A hipótese era que no exercício modificado a atividade EMG seria similar ao
abdominal tradicional com a vantagem de ativar simultaneamente o músculo grande dorsal.
Os resultados mostraram que a atividade EMG dos abdominais foi melhor do que o
abdominal tradicional além da importante ativação do grande dorsal. Essa melhor ativação
ocorreu na fase 1 (contração concêntrica), momento em que os músculos venceram a ação
gravitacional para elevar o tronco do solo.
A maior vantagem na execução do exercício usando membros superiores, encontrase na ação do músculo grande dorsal (Figuras 1A e 1B). A maior ativação deste músculo
aumenta a tensão da camada posterior da fáscia tóraco lombar (VLEEMING et al., 1995),
aumentando a possibilidade de maior estabilização da região lombar (NEUMANN, 2010).
69
Durante a fase 2, onde foi usada a contração excêmtrica, todos os músculos
reduziram sua atividade como esperado. No exercício tradicional, a aceleração da
gravidade é freada pelos abdominais, enquanto que no exercício modificado, essa
frenagem foi auxiliada pelos músculso grande dorsal. Embora a atividade do grande dorsal
tenha sido similar entre os exercícios, o fato de no exercício modificado haver o apoio no
solo pode ter sido suficiente para reduzir de forma mais intensa a atividade do músculo
deltoíde posterior.
Este estudo apresenta algumas limitações como o fato de não ter havido um
controle rígido da posição da cabeça, o que poderia influenciar os resultados, no entanto,
todos os participantes seguiram satisfatóriamente a orientação de manterem a cabeça
alinhada com o tronco. O uso do acelerômetro não permitiu o controle da velocidade e nem
é o parâmetro cinemático mais preciso, todavia o mesmo permitiu dividir o movimento em
fases e determinar com maior precisão a quantidade de atividade EMG. Dessa forma, os
dados do presente estudo podem ser considerados consistentes e servirem de apoio para
estudos futuros na utilização da modificação de exercícios abdominais em situações em
que há limitação, dor ou necessidade de maior estabilização da região lombar.
4. CONCLUSÕES
De acordo com a metodologia utilizada o padrão eletromiográfico dos principais
músculos envolvidos no exercício abdominal modificado foi superior ao exercício
tradicional, mesmo com o auxílio dos membros superiores durante a fase concêtrica do
movimento.
70
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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73
E AÍ TREINADOR, O QUE É O FUTEBOL?
Fábio Bitencourt Leivas1; Antonio Evanhoé Pereira de Souza Sobrinho2; Marcelo
Cozzensa da Silva3
1
2
Universidade da Região da Campanha – [email protected]
Universidade da Região da Campanha – [email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
Resumo
O futebol é o esporte mais praticado no mundo. O esporte é conceituado como uma
modalidade onde duas equipes de 11 jogadores jogam no mesmo espaço realizando ações
ofensivas, de transição e defensivas com o objetivo de marcar um gol. O presente tinha o
objetivo de investigar: Qual era o conceito de futebol para os treinadores que trabalhavam
nos clubes de futebol da 2ª divisão do futebol gaúcho em de 2013, a pesquisa possuía o
objetivo descritivo e com abordagem qualitativa. Para a coleta de dados foi utilizada uma
entrevista semiestruturada que continha um questionamento simples: O que para você é o
futebol? A análise do conteúdo identificou as seguintes categorias: negócio, paixão,
social/saúde e lazer, técnico/tática, sonho, minha vida e profissão. Conclui-se que a maioria
dos treinadores definiram o futebol com respostas ligadas ao afetivo, recreativo e pessoal,
levando pouco em consideração um aspecto muito importante, o técnico-tático.
Palavras chave: Futebol, esporte, exercício
1. Introdução
O futebol é o esporte mais praticado no mundo. Dados revelam que a pouco mais
de uma década existiam cerca de 1,2 bilhões de praticantes (LEÃES,2003), o que o torna
um esporte eclético e de massa, permitindo várias influências quanto a sua organização,
treinamento, prática e suas várias manifestações. A própria definição de futebol já é
diferente; segundo os dicionários mais usados na língua portuguesa, futebol é definido
como um jogo esportivo disputado por dois times de 11 jogadores cada um, com uma bola
74
de couro, ou de outro material, num campo com um gol em cada uma das extremidades, e
cujo objetivo é fazer entrar a bola no gol defendido pelo adversário (Aurélio, 2008). Já
Houaiss (2009), define o futebol como, um de jogo de bola com os pés (foot-ball) de
origem inglesa, disputada por duas equipes de 11 jogadores cada uma.
Segundo CARRAVETTA (2009;2012), o futebol é definido como uma
modalidade com características de cooperação e oposição, regulada por 17 regras e
disputada entre duas equipes, compostas por 11 jogadores cada. O mesmo autor também
define a modalidade como um sistema aberto com estruturas internas, o próprio jogo, e
externa, os clubes e as federações. Neste sistema, há uma interação dinâmica e
interdependente entre a FIFA (agente regulador máximo do desporto) e as confederações e
federações nacionais, regionais e clubes.
Esta definição, em nossa opinião, é aquela que se aproxima da realidade da
modalidade, mas é claro que existem muitas outras e a abordagem é feita de acordo com a
contextualização que é dada à modalidade. Alguns autores fazem uma abordagem mais
direcionada ao aspecto social, para outros, a abordagem é mais técnico-tática. Existem
ainda a abordagem científico-fisiológica e outros ainda fazem uma abordagem mais
sentimental. Todas estas abordagens geram muitas vezes discussões acerca da modalidade
que parecem não ter fim, porque cada qual faz a defesa de sua definição ou
contextualização de acordo com a sua visão a respeito da modalidade.
Em “O futebol explica o Brasil”, GUTERMAN (2009), contextualiza o futebol
como um esporte que aparece em primeiro lugar como uma atividade da elite da época,
quando foi inserido na cultura brasileira. A necessidade, porém, de melhores resultados das
equipes então da “elite”, proporcionou que negros e operários, passassem a ter vez nos
times dos brancos da elite, quando estes tornaram-se decisivos para as vitórias.
A profissionalização foi outro aspecto que não demorou a chegar ao esporte. A
massa dos trabalhadores encontrou nesse esporte, a essência democrática que lhes era
negada em outras áreas. A consequência dessa massificação foi a de atrair grande público
75
aos jogos e a profissionalização do esporte, com melhor remuneração aos jogadores e
disputa dos clubes pelos melhores jogadores.
MASCARENHAS (2005) define e contextualiza também na linha sociológica,
como um amplo sistema de práticas e representações sociais, uma complexa rede de
simbolismos e significados, que entendemos como passível de se analisar como uma
poderosa forma simbólica, com forte fixação na paisagem urbana. No caso, por exemplo,
do estado do Rio Grande do Sul, esta fixação acaba por separar o estado em vermelhos e
azuis, assim como ocorre com muitos outros locais do próprio país e em outros pontos do
planeta.
A abordagem técnico-tática define o futebol como uma luta, com ataques
constantes contra uma defesa. Defesa esta que procura a melhor forma de proteger o seu
gol, para apoderar-se da bola e realizar o seu contra-ataque, estas ações defensivas
alternam-se de maneira dinâmica e relacionadas (LEÃES, 2003).
Estas relações são abertas na medida em que acontecem num contexto de ações
dos jogadores envolvidos na partida. Estas ações são consequências da interação de
capacidades tática, técnicas, físicas e psicológicas que, coordenadas e contrapostas,
possibilitam recuperar, conservar e mover a bola para atingir ou defender a meta (COSTA
e CARDOSO, 2013).
Estas ações possuem características acíclicas não uniformes, com esforços
intermitentes de alta intensidade e curta duração (ARRUDA e Cols, 2013). O esforço pode
ser muito prolongado e extenuante e a distância percorrida na partida, pode ultrapassar os
10 km em 90 minutos de jogo. Durante este tempo os jogadores realizam trotes,
caminhadas, piques, deslocamentos para trás e corridas submáximas (GARRETT e
KIRKENDAL, 2003).
Segundo RIBEIRO (2012), o futebol também é uma paixão e para muitos outros
uma vida. Segundo o mesmo autor, uma paixão nos faz agir, esta paixão faz o homem
muitas vezes corajoso, revolucionário, arrebatador, capaz de fazer loucuras. Esta paixão
76
pode impulsionar a história e provocar uma guinada na vida de muitos, que levam ao limite
a obstinação de se tornar um profissional do futebol.
A problemática do estudo está centrada na definição do futebol para um grupo de
treinadores da 2ª divisão do futebol do Rio Grande do Sul, com um questionamento bem
simples: O que para você é o futebol? Norteado para esta problemática o objetivo geral
desta parte da pesquisa, foi de investigar qual era o conceito de futebol para os treinadores
que trabalhavam nos clubes de futebol da 2ª divisão do futebol gaúcho no ano de 2013.
2. Metodologia
A presente pesquisa é de natureza aplicada, com objetivo descritivo e com
abordagem qualitativa. Para a coleta de dados foi utilizada uma entrevista semiestruturada
que continha um questionamento simples contendo como principal pergunta: O que para
você é o futebol? Este questionamento foi feito para 13 treinadores de futebol de clubes
que participaram da 2ª Divisão do Campeonato Gaúcho de 2013. A análise do conteúdo
identificou as seguintes categorias: negócio, paixão, social/saúde e lazer, técnico/tática,
sonho, minha vida e profissão. Todos os participantes do estudo assinaram um termo de
consentimento livre e esclarecido informando os objetivos e o detalhamento da pesquisa.
3. Resultados e Discussão
A análise dos dados identificou sete categorias de respostas, onde alguns
profissionais utilizaram mais de uma destas para conceituar o futebol.
Uma das formas mais utilizadas para definir o futebol foi que este, hoje, é um
negócio. Seis dos 13 treinadores definiram assim o futebol, onde ganhar dinheiro
atualmente está acima do reconhecimento como um clube do coração ou a representação
77
de uma vida profissional toda prestando bons serviços a uma determinada entidade
futebolística. Segundo FERNANDES e JORGE FILHO (2011), os atletas agenciados por
um profissional conseguem tomar melhores decisões fora de campo, permitindo-lhes
proteger os seus direitos, promover a sua imagem e multiplicar os seus ganhos.
Estes profissionais devem zelar pela carreira dos atletas e, quando estes em encontra-se em
situações de desemprego, por exemplo, deverão suprir com o mínimo necessário para a
subsistência dos jogadores.
Segundo SOARES e Cols (2011), os ganhos financeiros com o futebol atingem
todas as partes envolvidas: jogadores, empresários, dirigentes e clubes. Este ganho gera
muitas negociações e o argumento romântico que afirma que os jogadores, no passado,
tinham “amor à camisa”, devem ser analisados a partir de novas regras e demandas do
mercado.
Outra definição que foi feita pelos entrevistados foi a de que o futebol era uma
paixão. Um dos entrevistados simplesmente respondeu que a modalidade é uma paixão;
outro definiu como uma paixão dos brasileiros e do resto do mundo; outro dos
entrevistados, definiu como paixão e amor e destacou que estava completando 30 anos de
vida no futebol, reforçando que é importante, na sua visão, que temos que colocar amor no
que fazemos, seja no campo de atuação. Identificamos aqui uma forte tendência de
idolatria pelo futebol, uma paixão, daquelas que fazem com que o indivíduo abra mão
muitas vezes de outros aspectos da vida pelo esporte. BENITES e Cols (2007) destacam
que no Brasil o futebol além de uma modalidade, é uma “paixão”, um “estilo de vida”.
Ainda pode ser considerado uma instituição social que cultiva mitos e crenças.
Mais do que uma paixão, o futebol foi um elemento base na recente história do
Brasil. O futebol tem sido, após a transição do rural para o urbano, um mecanismo
poderoso de integração social, de solidificação da identidade nacional. Foi através do
futebol que o povo brasileiro sentiu que poderia vencer como um país moderno (HELAL e
GORDON, 2002). Apesar disso, apenas um dos entrevistados respondeu que mais do que
uma definição, o futebol é responsável também pela formação do cidadão além do atleta e
78
isso tem uma forte influência no crescimento do país e da autoestima do povo brasileiro.
Como cita RIBEIRO (2012), uma paixão pode fazer o homem corajoso e a paixão pode
impulsionar a história.
O social também é permeado pelo conceito de saúde e lazer destacado por um dos
treinadores. Além do futebol profissional (BUENO JUNIOR e CARVALHO, 2012)
destacam que atualmente muitas empresas tem incentivado os seus funcionários, a
participarem de programas de atividades físicas, incluindo, entre elas, o futebol, o que pode
refletir na produtividade do colaborador e na saúde dos praticantes. Entendemos que este é
um aspecto extremamente importante, porque além de proporcionar divertimento à
população quando esta assiste uma partida oficial, estes ainda usam a modalidade como um
meio de lazer e divertimento.
Acompanhando e próximo a definição que aproxima o futebol ao social, um
treinador definiu o futebol como um sonho, outros como uma profissão e outros dois como
minha vida. O sonho como o de muitos outros brasileiros, invariavelmente como destaca
TALAMONI e Cols (2013), durante uma análise da trajetória de vida de um treinador de
futebol, infere que: podemos perceber que as forças estão presentes desde a infância, isso
provoca um envolvimento sistemático com o esporte, embora, neste caso específico, o
resultado tenha sido um treinador de destaque e não um jogador de destaque. Ainda assim
podemos identificar o cunho de sonho e também de vida inserido nesta conceituação.
Mas além de sonho, paixão e outras formas de definir o futebol existe a
conceituação que trata o esporte mais formalmente. A definição mais lógica fora todas as
nuances que a modalidade pode ter é a conceituação técnico/tática. Para a surpresa de
todos apenas um dos entrevistados definiu o futebol o esporte como aquele “onde o
coletivo suplanta o talento”.
Embora tenha sido ensinado, treinado e investigado à luz de diferentes
perspectivas, para GARGANTA (1997), o futebol é uma modalidade inscrita no quadro
dos designados esportes coletivos. Para o autor as modalidades incluídas neste grupo
possuem uma lógica de funcionamento com vários componentes, portanto multifatorial.
79
Esta característica, similar em outras modalidades esportivas, provoca um contexto de
aciclicidade técnica (TEODORESCU, 1977), onde os jogadores devem realizar ações
coordenadas com a finalidade de recuperar, conservar e fazer progredir a bola, com o
objetivo de criar situações de finalizações para marcar o gol (GARGANTA, 1997).
Estes princípios ou ações orientam os comportamentos durante o desenvolvimento
das fases ofensiva e defensiva somadas às transições que ocorrem no jogo (COSTA e
CARDOSO, 2013). Por isso, causa estranheza que apenas um treinador conceitue o futebol
como um esporte técnico-tático, porque existe uma necessidade inerente à modalidade
deste processo, para o treinamento e a formação da estratégia e tática empregadas no jogo.
Para KAID e Cols (2010) quando investigada a escolha tática do treinador para
um jogo de futebol, o pesquisador encontrou que o fator determinante foi o resultado da
partida ou da competição, aspectos estes que reforçam a necessidade de o treinador ter o
conhecimento tático-técnico. DUTRA e Cols (2014) corroboram o descrito, quando
investigaram as metodologias de treinamento tático utilizadas no futebol e encontram
como uma das justificativas, para a escolha do sistema tático a posição da equipe no
campeonato, reforçando ainda mais a necessidade de o treinador conhecer os sistemas
táticos e sua aplicação.
Segundo BOTA (2001), os planos táticos de jogo são preparados e aplicados de
forma detalhada e analisados seriamente. O autor cita que alguns treinadores elaboram
fichas de observações para os adversários. Baseado nisso, acreditamos que seja
extremamente importante que o treinador tenha também esta definição do esporte, porque
vai conseguir, a partir deste conhecimento, selecionar e planificar as ações necessárias,
dependendo das necessidades que o futebol impor.
4. Conclusões
Conclui-se que o futebol como o esporte mais praticado no mundo, contando com
mais representantes que a própria ONU, infelizmente acaba caindo muitas vezes naquela
80
máxima de que se o indivíduo for nascido no meio do futebol e principalmente for
brasileiro, já sabe tudo sobre o esporte.
Este tipo de ideia não é suficiente para preparar ou formar uma equipe de futebol.
É lógico que se temos uma paixão por determinada área profissional de atuação é
importante, mas não se resumo exclusivamente a tal fato. O lado social citado pelos
treinadores é também um aspecto importante, pois o crescimento do indivíduo é necessário
para a boa aprendizagem e aperfeiçoamento na modalidade. O aspecto voltado ao negócio,
ao lado financeiro é também preponderante, mas não é o principal porque, por exemplo, se
uma equipe tem bons resultados, tem o reconhecimento dos torcedores e isso capta
dividendos para o clube. O sonho e saúde e lazer também são aspectos importantes, mas
não são os mais importantes.
O preparo tático e técnico deve ser considerado o mais importante das equipes,
porque não existe equipe de futebol que consiga realizar boas partidas e campanhas nas
competições se não existir um mínimo de preparo. Este preparo deve ser realizado com um
profissional que tenha o conhecimento tático e técnico apurado, porque senão a preparação
vai ser muito superficial. Imagina-se uma equipe sendo treinada com muita paixão, com
um aspecto social bem definido, mas sem o preparo técnico e tático, por mais brava e
aplicada que ela seja, se não existir uma montagem suficiente para combater o adversário,
vai ser somente uma equipe bem aplicada. O aspecto financeiro ligado ao negócio é
importante, mas vê-se equipes com grande investimento financeiro naufragarem, por que o
preparo para o campo ficou devendo.
O atleta precisa sim ser bem orientado, saber do seu papel nesta engrenagem que
o jogo de futebol. Saber que existe uma fase defensiva e que ele precisa manter
determinados comportamentos, estes são de sua responsabilidade, mas eles dependem de
uma boa experimentação e preparo. Existe ainda, uma fase de transição entre a defesa e o
ataque e também existe uma fase de ataque, e da mesma forma o atleta precisa estar
preparado para cumprir estas fases da melhor maneira possível, isso só ocorre se tiverem
consigo, um treinador que tenha este conhecimento processual bem desenvolvido e oriente
81
este atleta para um jogo, que é tático e depende deste aspecto para ser bem jogado.
Queremos com este estudo dar o pontapé inicial para a investigação dos treinadores de
futebol e suas práticas, sem nenhuma pretensão de esgotar o tema e sim fomentar esta
discussão que pode ser benéfica para a modalidade.
5. Referências bibliográficas
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82
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83
EFEITO DA ATIVIDADE FÍSICA E DIETA NO SISTEMA IMUNE DE INDIVÍDUOS
OBESOS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA E METANÁLISE
MARLUCI RAQUEL MACHADO SCHÄFER1; MATHEUS PINTANEL FREITAS2;
RODRIGO KOHN CARDOSO3; AIRTON JOSÉ ROMBALDI4
1
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
4
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
RESUMO: Dieta e a atividade física trazem benefícios para a redução dos níveis de
inflamação crônica presente em obesos. OBJETIVO: Analisar os efeitos da atividade
física e dieta na redução de citocinas inflamatórias. METODOLOGIA: A pesquisa foi
realizada em bases de dados eletrônicas. Foram encontrados 1760 artigos. Após a exclusão
por duplicidade, análise de título e resumo, quatorze artigos foram elegíveis para a leitura
do texto completo e destes, apenas três foram incluídos neste estudo. Mais três artigos
foram localizados e incluídos a partir da leitura das referências. RESULTADOS: A
combinação das exposições principais entre os estudos mostrou que em relação à
interleucina-6 e à PCR, o efeito combinado mostrou uma relação positiva, porém com
heterogeneidade alta e moderada. Na análise do FNT-α, o efeito combinado foi positivo,
não apresentando heterogeneidade elevada. CONCLUSÃO: A atividade física e dieta
impõem efeitos positivos sobre o sistema imune.
Palavras-chave: Imunidade; Inflamação; Exercício; Obesidade
1. INTRODUÇÃO
A inflamação é a resposta do organismo a invasores estranhos, como agentes
infecciosos e tecidos lesados. Ela atua como agente de proteção através da destruição ou
anulando a ação de invasores nocivos (KUMAR et al., 2013). Se o invasor não for
destruído de forma rápida e eficaz, essa inflamação poderá se tornar crônica e ocasionar a
formação de granulomas, bloquear a função dos leucócitos e causar danos aos tecidos
normais (KUMAR et al., 2013).
84
Os mecanismos da inflamação e da imunidade são mediados pelas citocinas, que
são proteínas solúveis produzidas por diferentes células e exercem diversas ações no
sistema imunológico (ABBAS et al., 2012). Um dos mediadores da resposta inflamatória
na fase aguda é o fator de necrose tumoral alpha (FNT-α), que é responsável pelos efeitos
sistêmicos da infecção, induzindo ao aumento da temperatura corporal, morte de algumas
células e outras alterações metabólicas (MURRAY et al., 2014).
A interleucina 6 (IL-6) atua auxiliando o FNT-α na resposta à infecção, induzindo a
produção de neutrófilos na medula óssea e de estímulos na ação das células T e B
(MURRAY et al., 2014). Além dessas, a proteína C-reativa (PCR) atua como um marcador
extremamente sensível da inflamação, da lesão tecidual e de algumas doenças,
contribuindo com avaliações clínicas (PEPYS, HIRSCHFIELD, 2003).
Os níveis de citocinas, tais como IL-6, FNT-α e PCR, são encontrados elevados no
plasma de indivíduos obesos (LIN et al., 2010). Estudos mostram que obesos que tem
redução de massa corporal através de dietas hipocalóricas têm suas concentrações de IL-6,
FNT-α e PCR diminuídas no plasma (BASTARD et al., 2000).
Além da dieta, a atividade física traz benefícios quando se trata da redução dos
níveis de inflamação crônica entre as pessoas com níveis relativamente elevados de
inflamação (CAMPBELL et al., 2009). A atividade física moderada tem sido eficiente para
diminuir a contagem de glóbulos brancos (MICHISHITA et al., 2010) e biomarcadores
inflamatórios (CALVO et al., 2012). Em decorrência da importância da diminuição desse
quadro inflamatório em obesos, destaca-se a inexistência de uma metanálise a fim de
quantificar esses efeitos decorrentes de intervenções não farmacológicas baseadas em
mudanças no estilo de vida.
Devido a isso, esta metanálise objetivou analisar os efeitos da atividade física
combinada com dieta na redução de citocinas inflamatórias.
2. METODOLOGIA
85
Trata-se de uma metanálise que teve como estratégia de busca, localizar artigos que
objetivaram analisar e quantificar os efeitos da atividade física combinada com dieta na
redução de citocinas inflamatórias. A pesquisa foi realizada nas seguintes bases de dados
eletrônicas: MedLine/PubMed, SciELO, Lilacs, Bireme e Scopus. As combinações de
palavras-chave utilizadas foram: 1) humans, immune system, physical activity, obesity; 2)
humans, immune system, exercise, obesity; 3) humans, immune system, physical fitness,
obesity; 4) humans, immune system, motor activity, obesity; 5) humans, immune system,
physical activity, overweight; 6) humans, immune system, exercise, overweight; 7)
humans, immune system, physical fitness, overweight; 8) humans, immune system, motor
activity, overweight.
A busca foi realizada em inglês para a pesquisa nas bases MedLine/PubMed e
Scopus, e em português e inglês nas bases SciELO, Lilacs e Bireme. Todos os artigos
foram exportados para o software gerenciador de referências EndNote, sendo excluídos os
duplicados. Em seguida, foram feitas as análises do título e, posteriormente, do resumo
para aplicação dos critérios de exclusão. A partir destas análises foram realizadas as
leituras dos textos completos. Por último, realizou-se leitura de todas as referências dos
artigos inclusos nesta revisão, na tentativa de encontrar novos estudos para compor a
amostra. As referências dos artigos encontrados também foram lidas na tentativa de
encontrar artigos sobre o tema. Todas as fases da busca na literatura até a leitura integral de
todos os manuscritos incluídos na presente revisão foram conduzidas de forma
independente por dois pesquisadores. Na eventualidade de discordância, um terceiro
pesquisador definiu a situação do artigo.
Foram definidos como critérios de exclusão por títulos, os artigos que não tivessem
relação com o tema, que especificaram utilizar animais como amostra ou tivessem doenças
associadas. No que se refere aos critérios de exclusão por resumo, todos que não
continham palavras que indicassem movimento, todos os artigos em que a amostra fosse
composta por animais, todos que tivessem doenças associadas, todos que fossem
transversais e todos que fossem revisões de literatura foram excluídos.
86
Análise estatística
Para a análise dos dados foi utilizado o programa Stata 12.1. A avaliação da
heterogeneidade foi realizada através do teste Q de Cochran. O grau de inconsistência entre
os estudos foi determinado pela estatística I2, onde um valor próximo a 75% indica alta
heterogeneidade (HIGGINS et al., 2003).
Um modelo de análise com efeito aleatório foi utilizado para combinar os desfechos
principais entre os estudos, conforme proposto por DerSimonian & Laird (1986).
87
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A busca nas bases de dados eletrônicas resultou em um total de 1760 artigos. Após
a exclusão por duplicidade restaram 336 artigos para análise dos títulos e resumos. Grande
parte das exclusões dos artigos foi por falta de relação com o tema (112), por terem
doenças relacionas (68) e por se tratarem de revisões de literatura (64). Dos 336 estudos
analisados, 14 foram elegíveis para avaliação do texto completo, sendo 11 excluídos nessa
etapa. As referências dos três artigos incluídos nesta metanálise, dos artigos excluídos na
leitura do texto completo e dos que interviram somente com atividade física, foram
analisadas. A análise das referências resultou na inclusão de três artigos neste estudo
(Figura 1).
88
1760 artigos identificados a partir
194 excluídos com base na revisão de
da pesquisa nos bancos de dados
títulos
- 112 não tinham relação com o tema
- 61 tinham doenças relacionadas
336 artigos depois da exclusão
dos duplicados
- 21 utilizaram animais como amostra
128 excluídos com base na revisão de
resumo
- 7 tinham doenças relacionadas
14 artigos completos para avaliação
- 13 utilizaram animais como amostra
- 6 não indicavam movimento
- 12 estudos transversais
11 artigos excluídos
3 artigos incluídos
- 64 eram revisões de literatura
- 7 por dados importantes
dieta + exercício
- 26 não mostraram dados relevantes
não fornecidos
- 3 só interviram com
Referências foram revisadas
exercício
- 3 artigos encontrados
- 1 sem resultados
relevantes
6 artigos foram incluídos na metanálise
89
Figura 1. Fluxograma das fases de seleção dos artigos incluídos no estudo.
Nos seis artigos incluídos neste estudo, não houve um controle e monitoramento da
intensidade, da frequência e do tipo de atividade física realizada (Tabela 1).
Houve uma grande variação entre as dietas propostas, sendo que dos seis artigos,
apenas três estipularam uma faixa de consumo energético. Contudo, as conclusões dos
estudos mostraram que a combinação de dieta e atividade física provocou uma redução
significativa na inflamação de indivíduos obesos (Tabela 1).
90
Tabela 1. Características dos estudos incluídos na revisão conforme nome do primeiro autor, número de participantes no estudo, tipo, volume e intensidade dos treinamentos
utilizados nas intervenções, protocolos de dieta utilizados, os parâmetros avaliados, os principais resultados relacionados à imunidade e as conclusões.
Estudo
N
Tipo de
Volume/
treinamento
Intensidade do
Dieta
Parâmetros
Resultados
avaliados
Conclusões
treinamento
Bruun et
23
al.
caminhada,
2-3 horas por
calculada
FNT-α, IL-
A intervenção reduziu a massa corporal, PCR e
A combinação da dieta hipocalórica e
natação e
dia/moderado-
de forma
6, PCR
IL-6. A inflamação no tecido adiposo foi
atividade física moderada resultou
atividades
intenso
individual
reduzida, determinada a partir de uma
numa diminuição significativa no
aeróbias em
para reduzir
diminuição de IL-6 e FNT-α.
nível de inflamação no plasma, tecido
geral
a massa
adiposo e nos parâmetros metabólicos
corporal em
em indivíduos com obesidade grave.
~1%/
semana
Wang et
al.
43
natação,
2 vezes por
1600-2000
FNT-α, IL-
A perda de peso causada pela intervenção foi
Este estudo fornece novos dados
exercício
dia com
kcal/dia
6, PCR
associada com uma diminuição significativa dos
sobre o efeito da dieta e atividade
aeróbio e
duração de 2
(50%
níveis de citocinas pró-inflamatórias.
física sobre a RNL e em marcadores
basquetebol
horas cada
carboidrato,
de inflamação associadas à
sessão - 6
30%
obesidade, incluindo FNT-α, IL-6,
vezes por
proteína,
PCR, resistina e adiponectina, em
semana/
20%
uma população com excesso de peso.
intenso
gordura)
83
You et al.
17
Caminhada
3 vezes por
redução de
FNT-α, IL-
Dieta e exercício provocaram diminuição dos
A combinação de dieta e atividade
semana/
~250-350
6, PCR
níveis de PCR e IL-6.
física é eficaz na redução da
moderada
kcal/dia
inflamação crônica em mulheres pósmenopausadas obesas. Além disso, a
modificação da inflamação crônica
está associada a mudanças no
metabolismo do tecido adiposo em
resposta à dieta e exercício.
Nicklas
53
et al.
exercício
3 vezes por
redução de
FNT-α, IL-
A perda de peso induzida pela dieta resultou em
Estes resultados fornecem evidências
aeróbio
semana/leve
500
6, PCR
maiores reduções nas concentrações de PCR, IL-
de que um estudo randomizado
6 em comparação ao grupo controle. O
controlado com intervenção dietética
treinamento físico não teve um efeito
para provocar perda de peso reduz a
significativo sobre estes biomarcadores
inflamação em idosos e obesos.
kcal/dia
inflamatórios, e não houve interação
significativa entre perda de peso e atividade
física.
Fjeldborg
et al.
58
não
3 vezes por
600-800
especificado
semana/
kcal/dia
IL-6, PCR
12 semanas de atividade física não tiveram
O marcador específicos de
efeitos sobre IL-6 e PCR.
macrófagos é aumentado na
moderada
obesidade e parcialmente
normalizado pela perda de peso
84
induzida pela dieta, mas não por
exercício moderado.
Gallistl el
al.
49
não
3 vezes por
835-1194
IL-6
A Interleucina 6 diminuiu durante o programa
A composição corporal teve uma
especificado
dia/não
kcal/dia
de treinamento (IL-6: 3.9±4.7 vs 2.0±2.2 pg/ml)
melhora significativa através da
informado
(50% de
restrição na ingestão de energia e do
carboidrato,
aumento da atividade física. Esses
20% de
benefícios estão associados a
proteína e
menores concentrações de IL-6 em
30% de
crianças e adolescentes obesos.
gordura)
IL-6: Interleucina-6; RNL: razão entre neutrófilos e linfócitos; PCR: Proteína C-reativa; FNT-α: fator de necrose tumoral alpha.
85
Com relação a IL-6, quatro dos seis resultados incluídos na metanálise apresentaram
diferença significativa em relação à linha zero, indicando efeito positivo da atividade física
associada à dieta sobre as concentrações dessa citocina (p=0,017; Figura 2). Contudo, os
resultados demonstraram heterogeneidade elevada (p<0,001; I2 = 88,1%).
Figura 2. Forest plot do efeito da atividade física associado à dieta sobre as concentrações de
IL-6.
A análise das concentrações do FNT-α apontou que dos quatro artigos relacionados na
Figura 3, apenas um apresentou diferença significativa em relação à linha zero (p=0,009). O
artigo de Bruun et al. (2006) não apresentou diferenças entre as medidas avaliadas pré e pósintervenção. Já o estudo de Wang et al. (2011), apontou diferenças, porém, não foram
significativas. Apesar da combinação da dieta e atividade física não indicar efeito sobre esta
citocina, os resultados não demonstram alta heterogeneidade (p<0,459; I2 = 0,0%).
86
Figura 3. Forest plot do efeito da atividade física associado à dieta sobre as concentrações de
FNT-α.
As concentrações de PCR foram mensuradas por quatro dos seis estudos incluídos
nesta metanálise e apenas o estudo de Nicklas et al. (2004) mostrou diferenças significativas
em resposta à intervenção de dieta combinada com atividade física (p=0,007). Os estudos de
Bruun et al.(2006) e You et al. (2004) apresentaram diferenças, porém, sem significância.
Entretanto, a heterogeneidade foi considerada moderada (p<0,023; I2 = 68,7%).
87
Figura 4. Forest plot do efeito da atividade física associado à dieta sobre as concentrações de
PCR.
Dos seis estudos incluídos nesta metanálise, cinco concluíram que houve efeito
positivo da combinação da atividade física e dieta na redução da inflamação em indivíduos
obesos (BRUUN et al., 2006; WANG et al., 2011; NICKLAS et al., 2004; YOU et al., 2004;
GALLISTL et al., 2001 ). No entanto, o número reduzido de estudos com este tipo de
intervenção e o elevado grau de heterogeneidade entre eles, representaram limitações
importantes. Além disto, as intervenções realizadas com atividade física foram precárias, pois
apenas um dos artigos controlou, acompanhou e monitorou o tipo, a frequência e a
intensidade dos treinos (WANG et al., 2011).
Essa é uma limitação importante desses estudos, pois dependendo do tipo de atividade,
tem-se respostas imunológica e inflamatórias diferentes. O exercício aeróbio de intensidade
moderada promove adaptações agudas, as quais reforçam as funções imunes naturais por
várias horas (GLEESON, 2007; NIEMAN, 2000) e crônicas atuando positivamente nas
funções imunes naturais (MAKRAS et al., 2005). Já o treinamento resistido parece
controverso, pois há estudo mostrando diminuição no quadro de inflamação sistêmica de
88
forma crônica (PRESTES et al., 2009), mas há outros não relatando nenhuma modificação na
função imune, tanto aguda quanto crônica (BRUNELLI et al., 2014; NIEMAN et al., 1994).
Por outro lado, exercícios vigorosos e exaustivos prolongados parecem danosos à imunidade
(PEDERSEN, HOFFMAN, 2000).
Além disso, diferentes intensidades de treino podem provocar diferentes reações no
sistema imune. Sessões de exercício agudo podem provocar um aumento do estado
inflamatório (KAKANIS et al., 2010) enquanto níveis elevados de atividade física têm sido
associados a uma diminuição na inflamação sistêmica e treinamentos aeróbios implicam na
diminuição de glóbulos brancos (MICHISHITA et al., 2010) e de marcadores de inflamatórios
(CALVO et al., 2012). Sendo assim, há uma clara necessidade de investigar os efeitos da
atividade física com controle adequado da prescrição desse tipo de intervençãodado sua
potencial influência nos desfechos imunes e inflamatórios.
Além da atividade física, a falta de controle da dieta também pode ter implicações nos
resultados dos estudos por não haver um controle dos alimentos consumidos, pois se sabe que
há uma variedade de alimentos que interferem nas funções imunes e inflamatórias,
principalmente em relação aos micronutrientes, sendo que a suplementação de vitaminas C e
E é responsável pela potencialização do sistema imune (JENG et al., 1996). Com isso, não
está claro se a melhora nos perfis inflamatórios encontrados nesta metanálise deve-se ao fato
de uma dieta hipocalórica ou do aumento do consumo desse tipo de micronutrientes.
A IL-6 foi avaliada nos seis artigos incluídos neste estudo, e destes, quatro
apresentaram diferenças significantes em relação à linha zero; no entanto, a heterogeneidade
encontrada na análise desta citocina foi alta (88,1%). Este achado pode estar relacionado com
a diferença no número de participantes dos estudos e ao fato do estudo de Wang et al. (2011)
apresentar um valor muito superior aos demais estudos.
Dos quatro artigos que analisaram as concentrações de FNT-α, apenas o estudo
Nicklas et al. (2004) resultou em diferenças significativas em resposta à intervenção da
atividade física combinada à dieta. Esta análise não apresentou heterogeneidade alta, dando
suporte aos dados encontrados neste estudo. De encontro aos três artigos que não
89
demonstraram diferenças, um achado de Tsukui et al. (2000) apresentou diferença
significativa após intervenção com atividade física em mulheres obesas.
Os resultados relacionados à PCR se assemelham aos encontrados para FNT-α. Dos
quatro artigos que avaliaram a citocina, apenas o estudo de Nicklas et al. (2004) apresentou
diferenças, no entanto, nestes resultados a heterogeneidade foi considerada moderada
(68,7%), podendo ser atribuída aos diferentes números de participantes dos estudos e aos
valores muito distintos da proteína. Um estudo com mulheres obesas avaliou a redução das
concentrações de PCR através da diminuição da massa corporal induzida por dieta em uma
intervenção de 12 semanas e conforme resultados deste artigo houve uma redução
significativa de PCR pós-intervenção (TCHERNOF et al., 2002).
Contudo, parece que a atividade física aliada à dieta atua de forma positiva nas
citocinas avaliadas através da diminuição da massa corporal. Em conformidade com este
estudo, outros achados que interviram utilizando atividade física e dieta de forma separada
também encontraram resultados positivos (BASTARD et al., 2000).
Portanto, mudanças no estilo de vida, como aumentar os níveis de atividade física, e
por consequência diminuição da massa corporal proporcionam benefícios para a saúde e
previnem doenças (CANNON; KUMAR, 2009), no entanto, não se sabe se os benefícios ao
sistema imune se dão pela atividade física em si ou por mudanças na composição corporal
(WARNBERG et al., 2010).
Dos seis estudos que compõem esta metanálise, cinco justificam a redução dos
marcadores inflamatórios pela diminuição na massa corporal (BRUUN et al., 2006; WANG et
al., 2011; NICKLAS et al., 2004; FJELDBORG et al., 2013) e apenas uma busca
compreender a influência da atividade física sobre os marcadores avaliados (YOU et al.,
2004) em conformidade com os cinco artigos citados, o estudo de Auerbach et al. (2013)
mostra que uma intervenção de 12 semanas de treinamento de resistência sem perda de peso
não apresentou diferença nas concentrações de IL-6, PCR e FNT-α.
4. CONCLUSÃO
90
Podemos concluir que a atividade física e dieta possuem efeitos positivos sobre o
sistema imune através da redução da massa corporal, no entanto é necessário um controle e
acompanhamento das intensidades e volumes dos treinos, bem como o que é consumido na
alimentação. Somente desta forma será possível quantificar com precisão os benefícios de
intervenções deste tipo para a saúde e verificar se as alterações são dadas através da redução
da massa corporal induzida pela dieta e atividade física, ou se isoladamente e sem redução da
massa é possível encontrar alterações na inflamação de indivíduos obesos.
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94
INTERDISCIPLINARIDADE NO PIBID: SUPERANDO A FRAGMENTAÇÃO DA
FORMAÇÃO DOCENTE
FELIPE FERNANDO GUIMARÃES DA SILVA¹; ARIANE DIAS PUCCINELLI2;
GIULIA SALABERRY LEITE3; GIULIA SPECHT BITENCOURT4;
PATRÍCIA RIBEIRO5; LUIZ FERNANDO CAMARGO VERONEZ6
1
ESEF-UFPEL ([email protected]);
ESEF-UFPEL ([email protected]);
3
ESEF–UFPEL ([email protected]);
4
ESEF-UFPel ([email protected]);
5
ESEF-UFPEL ([email protected]);
6
ESE-UFPEL([email protected])
2
RESUMO
Este estudo tem como foco a elaboração do projeto interdisciplinar em uma escola
pública da rede municipal de Pelotas/RS. Os objetivos são: Compreender o conceito e
verificar a concepção dos membros do PIBID sobre o que é interdisciplinaridade; investigar
se trabalham de forma interdisciplinar fora do programa e se a formação deu/dá suporte para o
trabalho interdisciplinar; analisar se a escola trabalha interdisciplinarmente; avaliar se o
programa está contribuindo para o trabalho interdisciplinar. O interesse em realizar este
trabalho deve-se às dificuldades encontradas na operacionalização de práticas pedagógicas
interdisciplinares. Trata-se, de um estudo de caso e descritivo. Notou-se que a noção sobre
interdisciplinaridade é divergente e superficial, e a formação acadêmica carece de preparo
para trabalho interdisciplinar. O trabalho interdisciplinar é um desafio, para avançar
satisfatoriamente, é preciso comprometimento. Para a quebra das barreiras é necessário mais
estudo para uma fundamentação teórica clara e consistente do saber interdisciplinar.
Palavras-chave: Interdisciplinaridade. PIBID. Escola. Desafio. Formação
1. INTRODUÇÃO
A interdisciplinaridade surge como uma reação à fragmentação do conhecimento
decorrente da hegemonia da visão de mundo positivista no âmbito da educação, da ciência e
95
da
pesquisa
(BRITO,
2004;
POMBO;
s.d.).
Para
FREITAS
(2009,
p.
21),
“interdisciplinaridade é entendida como interpenetração de método e conteúdo entre
disciplinas que se dispõem a trabalhar conjuntamente um determinado objeto de estudo”.
Mais adiante diz ainda: “na interdisciplinaridade (a) integração ocorre durante a construção do
conhecimento, de forma conjunta, desde o início da colocação do problema” (idem).
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), executado pelo
Ministério da Educação (MEC) por meio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES), tem como um dos seus objetivos inserir os bolsistas na escola de
educação básica de forma que possam vivenciar práticas docentes de caráter inovador e que
busquem a superação de problemas no processo ensino aprendizagem metodológica,
tecnológica e interdisciplinar (CAPES). Neste sentido, o projeto interdisciplinar da
Universidade Federal de Pelotas no seu eixo transversal de formação didático-pedagógicointegrada previu ações de formação interdisciplinar para todos. Nas ações previstas para o
ensino fundamental, no contexto da escola, explicita que as intervenções devem ter o caráter
interdisciplinar “para a promoção de práticas/culturais/criativas que envolvem a língua
escrita” (CAPES UFPEL 2013, p. 3). As atividades previstas para as intervenções
interdisciplinares devem conter brincadeiras, jogos, cultura lúdica, música, dança, educação
física, para promover a aprendizagem em diferentes espaços escolares (IDEM, IBIDEM).
O Curso de Licenciatura em Educação Física da Escola Superior de Educação Física
(ESEF) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) passou a integrar o PIBID a partir do mês
de Julho de 2012. Com 24 bolsistas e quatro voluntários, o PIBID-ESEF-UFPel iniciou
atuando em sete escolas públicas do município de Pelotas-RS, desenvolvendo atividades que
envolvem ensino e pesquisa. Atualmente, o programa conta com 68 bolsista e cerca de sete
voluntários que atuam em três níveis, sendo eles: séries iniciais (1º ao 5º ano), séries finais (6º
ao 9º ano) e no ensino médio e conta com 18 escolas selecionadas a partir do Índice de
Desenvolvimento Educação Básica (IDEB). O subprojeto da ESEF/UFPel propôs ações que
caracterizam atividades interdisciplinares, devendo os bolsistas da área da educação física
participarem de atividades planejadas e executadas com conjunto dos coordenadores de
subprojetos e supervisores de todas as áreas de licenciaturas contempladas pelo PIBID. Essas
atividades visam desenvolver e aprimorar a capacidade dos participantes de trabalhar
96
interdisciplinarmente, tendo como conteúdos prioritários os temas transversais sugeridos
pelos PCN’S da educação física e temas oriundos da própria implantação do projeto.
Como o trabalho pedagógico nas escolas é realizado através da divisão das disciplinas,
onde cada professor tem seus objetivos de acordo com as particularidades dos conteúdos. A
interdisciplinaridade vem de encontro a essa prática, pois traz uma proposta de construção de
conhecimento baseado na realidade do aluno, de modo a desfragmentar o currículo,
articulando as disciplinas e seus conteúdos, visando a melhoria do ensino. Para Augusto et. al.
(2004), é uma discussão emergente no meio educacional sendo uma forma de se pensar,
objetivando a superação da abordagem disciplinar tradicionalmente fragmentária na Educação
Básica.
A educação básica ainda não trabalha de forma interdisciplinar, afetando a realização
de atividades e pesquisa nesta área. Segundo Severino (1989, p.15), a interdisciplinaridade é
uma situação da qual não tivemos ainda uma experiência vivida e explicitada, sua prática
concreta sendo ainda processo tateante na elaboração do saber, na atividade de ensino,
pesquisa e na ação social. O PIBID oportuniza um conjunto de atividades que possibilita
entender o conhecimento de uma forma mais ampla, autônoma e crítica e, consequentemente,
entender melhor as complexidades do mundo onde os mesmos estão inseridos.
Nesse sentido, KLEIMAN e MORAES (1999, p. 24) afirmam que o professor se sente
inseguro de dar conta de trabalhar com a interdisciplinaridade. “Ele não consegue pensar
interdisciplinarmente porque toda a sua aprendizagem realizou-se dentro de um currículo
compartimentado”. O mesmo ocorre com aqueles que estão em processo de formação inicial e
vivem a experiência de currículos profundamente fragmentados, construídos a partir de uma
visão positivista de conhecimento. Contudo, vale a pergunta: o PIBID contribui para formar
um professor capaz de trabalhar em uma perspectiva interdisciplinar?
Este estudo tem como foco a elaboração e execução do projeto interdisciplinar em
uma escola pública da rede municipal de ensino de Pelotas/RS. O projeto interdisciplinar
desta escola tem como tema geral questões relativas a Pluralidade Cultural. Para tanto,
estabeleceu cinco diferentes subtemas: Racismo, Deficiência, Gênero e Sexualidade, Situação
Socioeconômica e Estereótipos.
97
Os objetivos do estudo são: (1) Compreender o conceito de interdisciplinaridade; (2)
Verificar a concepção dos pibidianos do que é interdisciplinaridade; (3) Investigar se
trabalham de forma interdisciplinar fora do programa e se a formação deu/dá suporte para o
trabalho interdisciplinar; (4) Analisar se a escola trabalha de forma interdisciplinar; (5)
Avaliar se o PIBID está contribuindo para o trabalho interdisciplinar; (6) Verificar se a escola
tem condições de desenvolver as atividade interdisciplinares sem a presença do programa; (7)
Avaliar qual o papel da comunidade escolar para o desenvolvimento de um processo/trabalho
interdisciplinar dentro da escola.
O interesse em realizar este trabalho deve-se às dificuldades encontradas na
operacionalização de práticas pedagógicas interdisciplinares. Assim, pretende-se aprofundar o
assunto e contribuir com o debate sobre as dificuldades e as possibilidades de desenvolver
processos pedagógicos interdisciplinares no âmbito escolar.
2. METODOLOGIA
Trata-se, do ponto de vista dos objetivos de um estudo descritivo. De acordo com GIL
(1993, p. 46), “as pesquisas descritivas têm como objetivos primordial a descrição das
características de determinada população ou fenômeno (...).” Quanto ao ambiente que foi
estudado trata-se de um estudo de caso. Para Gil (1993, pg.58): “O estudo de caso é
caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira que
permita o seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante os
outros delineamentos considerados”
A população foi constituída de indivíduos do sexo feminino dos cursos de pedagogia
e dança da Universidade Federal de Pelotas e pedagogas que atuam na escola. Todos os
voluntários responderam o Terno de Consentimento Livre e Esclarecido, após serem
informados sobre o objetivo da pesquisa. Para ser incluído na mostra, os estudantes e as
supervisoras deveriam estar vinculados ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência (PIBID). Neste estudo utilizou-se, como instrumento de pesquisa, um questionário o
qual foi aplicado uma única vez, na reunião interdisciplinar com os membros do PIBID que
98
atuam na escola Dr. Alcides de Mendonça Lima, sendo estes: alunos pibidianos e as
supervisoras.
O instrumento elaborado pelos pibidianos da Educação Física da Universidade Federal
de Pelotas que fazem parte do grupo do PIBID da escola, contém questões sobre o
conhecimento, falta de experiência, relato sobre o PIBID, dificuldades e impactos enfrentados
durante a elaboração do projeto interdisciplinar.
Para a análise e interpretação dos dados utilizamos procedimentos da “análise de
conteúdo” propostos por BARDIN (2004) e discutidos por GOMES (2009). GOMES (2009,
p.42) apresenta quatro procedimentos para a análise e interpretação dos dados em pesquisas
qualitativas: categorização, descrição, inferência e interpretação. Para tanto, o autor propõe
que, em primeiro lugar, seja decomposto o material a ser analisado em partes; em seguida que
seja distribuído estas partes em categorias; a seguir, que sejam realizadas inferências dos
resultados e, finalmente, seja realizado “a interpretação dos resultados obtidos com o auxílio
da fundamentação teórica adotada”.
De acordo com o autor (2009), na primeira faze organizamos o material a ser
analisado. De acordo com os objetivos, é definida a unidade de registro, unidade de contexto,
trechos significativos e categorias; a segunda fase é basicamente aplicar o que foi definido na
fase anterior e, por fim, na terceira fase desvendamos os conteúdos subjacentes ao que está
sendo manifesto.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observa-se que a noção de interdisciplinaridade manifestada pelos informantes é
distinta e contraditória. A maior parte das respostas demonstra um conhecimento superficial
sobre o assunto por parte dos informantes. Nessas respostas parecem ser mais uma
aproximação “pseudo-concreta” (KOSIK, 1963), formuladas mais a partir de representações
no cotidiano do que resultado de estudos e reflexões sobre o assunto. Assim, para alguns a
interdisciplinaridade é entendida como “integração de diferentes áreas dentro de uma
atividade” (informante 1). Para outros, a interdisciplinaridade ocorre “quando disciplinas de
diversas áreas são contempladas igualmente numa mesma atividade” (informante 2) ou
99
“conjunto de interações de diferentes áreas na busca de um mesmo objetivo” (informante 4).
As noções manifestadas pelos informantes 1 e 4 aproximam-se do conceito proposto por
FREITAS (2009). Ao analisar a questão, FORTES (2009) salienta que existem definições
distintas, que dependem do ponto de vista, da vivência de cada um e da experiência
educacional que é particular. Entretanto, como se pode perceber, a manifestação do segundo
informante aproxima-se mais com o que é aceito como multidisciplinaridade. Na
multidisciplinaridade, “os profissionais são justapostos, cada um fazendo o que sabe. Não há
interação em nível de método e nem de conteúdo” (FREITAS, 2009, p. 91). Outrossim, há
respostas que encontram pouco ou nenhuma referência na literatura sobre o assunto:
“trabalhar diversos eixos juntos no mesmo tema” (INFORMANTE 3).
Os informantes, embora tenham manifestado positivamente sobre a disposição para
trabalhar com a interdisciplinaridade, a maioria alega formação insuficiente no curso de
graduação: “pouco. Acho que é necessário que a interdisciplinaridade seja mais trabalhada,
pois são diferentes áreas buscando o mesmo objetivo. ” (INFORMANTE 4); “Não, pois
sempre foi trabalhado separado os conteúdos. ” (INFORMANTE 5). O artigo de KLEIMAN e
MORAES (1999) corrobora com esta perspectiva quando salienta a dificuldade dos
professores trabalharem com a interdisciplinaridade devido sua formação fragmentada.
Prezibélla (2008), também salienta que a aquisição de conhecimentos e habilidades isoladas e
descontextualizadas pouco contribui para a formação de cidadãos capazes de participar de
uma sociedade que se torna cada vez mais complexa e globalizada.
De
acordo
com
os
informantes,
a
oportunidade
de
trabalhar
com
a
interdisciplinaridade ocorre quase que unicamente no âmbito do PIBID. Embora os
professores da escola vinculados ao PIBID – supervisores -, aleguem que em alguns
momentos trabalham com a interdisciplinaridade, as respostas dadas, tendo em vista a
literatura sobre o assunto, permite que se questione sobre a efetividade disso. ” Sim, pois no
momento, trabalho com a informática educativa, que permite a interação dos conteúdos
curriculares nos seus jogos educacionais. ” (INFORMANTE 6); “Sim” (INFORMANTE 7).
Como já salientamos, o trabalho pedagógico interdisciplinar envolve trabalho em conjunto,
com métodos e objetivos comuns (FREITAS, 2009). Para JAPIASSU (apud FAZENDA,
p.35) “à interdisciplinaridade faz-se mister a intercomunicação entre as disciplinas, de modo
100
que resulte uma modificação entre elas, através do diálogo compreensível...”. Portanto, não é
projeto individual, mas sim coletivo. Este tipo de trabalho docente não foi relatado pelos
informantes.
No que se refere à questão sobre a contribuição do PIBID para o desenvolvimento das
atividades interdisciplinares dentro da escola, observou-se que a maior parte das respostas
foram positivas e que o PIBID traz grandes benefícios para a escola. Porém, as respostas
dadas apresentam contradições com a bibliografia consultada quanto ao conceito de
interdisciplinaridade. “Os ensinamentos conhecimentos e reflexões adquiridos no PIBID
contribuem
muito
para
o
aprimoramento
e
desenvolvimento
das
atividades.
”
(INFORMANTE 7); “Penso que o PIBID está trazendo para a escola uma possibilidade de
desenvolver um ensino diferente onde as disciplinas não trabalham separadas e sim
integradas. ” (INFORMANTE 1). Segundo SILVA (2007), realmente existem muitas
dificuldades para o desenvolvimento de projetos interdisciplinares, nas atuais condições em
que se encontra o ensino público. Talvez seja necessário repensar as estratégias para o trato do
assunto no âmbito do PIBID. No entanto, entende-se que essas não são barreiras
intransponíveis para realização de atividades, muitas dessas dificuldades podem ser
solucionadas pelos próprios docentes e pela escola.
Quando analisada a questão se a escola tem possibilidade de realizar um trabalho
interdisciplinar sem a presença do PIBID, notou se que, para que haja essas condições deve
haver um interesse e um comprometimento do corpo docente da escola, visto que é uma
proposta inovadora e desafiadora para a realidade escolar. Assim como o INFORMANTE 6:
"Sim, dependendo do interesse do professor, pois a proposta é nova e requer disponibilidade,
dedicação e iniciativa para mudar a realidade escolar". Pontuscha (1999, p.102) diz: “ há que
se pensar nos métodos de ensino a serem utilizados na escola para que se tenha como
expectativa a formação de um “ homem inteiro” e que por meio da prática aliada à reflexão,
construa-se o caminho para essa conquista”. Para que seja possível uma quebra de barreiras, é
necessário que as disciplinas tenham uma comunicação entre elas, não sendo está uma
simples tarefa.
Finalmente, ao analisarmos qual o papel do gestores e coordenadores, professores,
alunos e dos pais/familiares as respostas indicaram que todos os papeis são de extrema
101
importância para o desenvolvimento do processo interdisciplinar dentro da escola, onde cada
um exerce uma função indispensável. Segundo o INFORMANTE 2, as funções de cada
membro seriam "Gestores e coordenadores: possibilitar a execução dos projetos. Professores:
organizar os projetos. Alunos: estarem abertas as propostas. Pais: apoiarem a escola sobre os
projetos". Para Bonatto et. al. (2012), quando são captados, estudados, discutidos e avaliados,
tais conteúdos causam mudanças significativas no diálogo, tanto no cotidiano escolar como na
comunidade e na família, pois os alunos transmitem seus conhecimentos adquiridos na escola
de maneira prazerosa e positiva.
4. CONCLUSÕES
Conclui-se que a noção sobre interdisciplinaridade dos informantes é muito divergente
e superficial, tendo-se em conta a bibliografia consultada. Sem dúvida, as contradições
encontradas nos dados coletados condicionam as ações levadas a efeito, o que pode estar
refletindo nas dificuldades em realizar o projeto interdisciplinar. Notou-se que a maioria
apresenta grande disposição para o projeto, porém reconhecem ser uma atividade complexa e
que exige estudo aprofundado. Esta dificuldade precisa ser superada para que um trabalho
pedagógico efetivo, referenciado na interdisciplinaridade, dê certo.
Em relação a formação acadêmica, é possível concluir que ela carece de preparo para o
trabalho interdisciplinar. As análises mostraram que só no Programa os estudantes têm
oportunidade de trabalhar com colegas de outras áreas. O PIBID oportuniza esse trabalho de
grande valia nessa proposta inovadora da educação, possibilitando experiências nessa nova
perspectiva. Observa-se que a formação dentro da universidade é precária e que precisa ser
repensada e direcionada para o desenvolvimento de uma formação ampla tanto disciplinar
quanto interdisciplinarmente.
No processo de realização do projeto, as barreiras encontradas referem-se ao desafio
de o bolsista deixar de direcionar o olhar apenas para sua área. Acredita-se que essa
dificuldade se deve a fragmentação de ensino em toda experiência do sujeito enquanto aluno,
tornando-se esse o principal obstáculo. Enfim, podemos notar que o trabalho interdisciplinar é
um grande desafio e, para que possa avançar de forma satisfatória, é necessário um
102
comprometimento de todos, visto que é uma tarefa bastante complexa. Para a quebra das
barreiras encontrada é necessário mais estudo para uma fundamentação teórica clara e
consistente do saber interdisciplinar.
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104
MUDANÇA DE COMPORTAMENTO E ACONSELHAMENTO PARA A PRÁTICA
DE ATIVIDADE FÍSICA EM USUÁRIOS DIABÉTICOS E HIPERTENSOS DE
UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO SUL DO BRASIL
Otávio Amaral de Andrade Leão1; Fernando Vinholes Siqueira²
1
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
²Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
RESUMO: O presente estudo tem o objetivo de verificar a prevalência dos diferentes
estágios de mudança de comportamento e de recebimento ou não de aconselhamento para a
prática de AF. METODOLOGIA: Estudo transversal envolvendo usuários hipertensos e
diabéticos da sala de espera da unidade Areal Leste. Foi verificado o recebimento ou não de
aconselhamento e o estágio de mudança de comportamento (EMC) que o indivíduo se
encontra. Os dados foram analisados de maneiras descritivas pelo pacote STATA 13.0
RESULTADOS: Entre os EMC não ativos a maior prevalência foi de pré-contemplação, já
entre os ativos foi de manutenção. Na variável aconselhamento, cerca de 70% dos indivíduos
relatou já ter recebido. CONCLUSÕES: Apesar dos EMC não apresentarem predominância
positiva, o alto índice de aconselhamento indica que a atividade física está bem estabelecida
dentro da unidade.
PALAVRAS-CHAVE: Atividade física; mudança de comportamento; aconselhamento;
unidade básica de saúde.
1. INTRODUÇÃO
As doenças crônicas foram responsáveis por cerca de 70% das causas de óbitos no país
em 2007, tendo como um dos quatro principais fatores de risco a inatividade física
105
(SCHMIDT et al, 2011). Visto isso, a inatividade física é uma das maiores preocupações de
saúde no mundo (WHO, 2011), e está diretamente relacionada ao risco aumentado para
doenças crônicas, como hipertensão (HAS) e diabetes (DM), câncer (LEE et al, 2012) e
mortalidade prematura (WEN et al, 2011).
No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) é o responsável por dispor as condições
para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes (BRASIL, 1990). Um estudo de PAIM et al. (2011) sobre saúde no
Brasil, mostrou que o atendimento primário à saúde tem sido o mais reportado como principal
atendimento. Os autores ainda mostraram que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e os
centros de saúde são as estruturas mais procuradas no que tange ao serviço de saúde, em
concordância com MENDES (2012), mostrando que a atenção básica é a primeira responsável
pela prevenção e tratamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT).
Sendo assim, é necessário conhecer alguns fatores que influenciem os indivíduos
portadores de DCNT, como o aconselhamento para a prática de atividade física, conforme
abordado na revisão de ORROW et al. (2012). Sobre a prevalência de aconselhamento
recebido por moradores de áreas de abrangência de UBS, SIQUEIRA et al.(2009)
encontraram valores de 28,9% em adultos e 38,9% em idosos, sendo sempre maior na região
Nordeste e em idosos.
Portanto o presente estudo tem o objetivo de verificar a prevalência dos diferentes
estágios de mudança de comportamento e de recebimento ou não de aconselhamento para a
prática de AF entre os indivíduos hipertensos e diabéticos usuários de uma unidade básica de
saúde do sul do Brasil.
.
2. METODOLOGIA
106
Foi realizado um estudo com delineamento transversal, com uma população de
indivíduos diagnosticados com hipertensão e/ou diabetes, usuários da Unidade Básica de
Saúde Areal Leste, da cidade de Pelotas/RS.
Por duas semanas um entrevistador treinado esteve na UBS Areal Leste durante todo o
período de atendimento. Todos os indivíduos adultos, que procuraram a Unidade foram
abordados, e a eles perguntados se algum dia teve um diagnóstico médico de Hipertensão e/ou
Diabetes. No caso de resposta positiva foi convidado a participar do estudo com apresentação
do Termo de Consentimento e coleta de sua assinatura. Depois de concordado com a
participação o entrevistador aplicou o instrumento de pesquisa, estruturado padronizado e
previamente codificado, desenvolvido pelo pesquisador, composto por perguntas abertas e
fechadas. Para este estudo foi adaptado um questionário que captasse informações referentes
às variáveis independentes de estudo (socioeconômicas, demográficas, comportamentais e de
saúde).
O desfecho estágio de mudança de comportamento foi coletado através de um
questionário adaptado, que foi composto por questões objetivas com base em algoritmo
desenvolvido por DUMITH et al. (2008). A variável recebimento de aconselhamento foi
verificada através da pergunta “Alguma vez recebeu aconselhamento sobre Atividade Física
no posto de saúde?”, e as respostas foram categorizadas de acordo com o tempo que a pessoa
recebeu o aconselhamento, caso tenha recebido.
Também foi utilizado o Questionário Internacional de Atividade Física “International
Physical Activity Questionnaire – IPAQ”, que permite estimar o tempo semanal gasto em
atividades físicas de intensidade moderada e vigorosa, em diferentes contextos do cotidiano,
como: trabalho, transporte, tarefas domésticas e lazer, e ainda o tempo despendido em
atividades passivas, realizadas na posição sentada. Para este estudo foi utilizado o domínio da
atividade física no lazer, transporte e tempo sentado.
Os dados coletados foram posteriormente codificados e digitados em planilha Excel
2013, sendo as análises descritivas feitas pelo pacote estatístico STATA 13.0.
107
O Comitê de Ética da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas
aprovou o protocolo do estudo, conforme o parecer 1.209.624 de 01 de setembro de 2015, e
consentimento informado foram obtidos de todos os participantes. Os autores declararam não
haver conflito de interesse no presente estudo.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram entrevistados 53 indivíduos usuários da UBS Areal Leste da Universidade
Federal de Pelotas portadores de diagnóstico médico de HAS e/ou Diabetes. A média de idade
foi de 56,4 anos (DP=16,06) com valor mínimo de 21 e máximo de 93 anos.
A Tabela 1 descreve a amostra composta por 79,3% de mulheres, 73,6% de cor da pele
branca, com 51,9% com renda de até 1 salário mínimo. A escolaridade mostrou que a maioria
da população estudada apresentava até 8 anos ou menos de estudo, com 60,4% não fumante.
Entre os estudados 90,6% relataram diagnóstico de HAS e 45,3% de Diabetes.
Tabela 1. Perfil sociodemográfico, econômico, comportamental, de saúde da amostra em
estudo.
Variáveis independentes
N (%)
Sexo
Masculino
11 (20,75)
Feminino
42 (79,25)
Idade
<60
33 (62,26)
60 ou + anos
20 (37,74)
108
Cor da Pele
Branca
39 (73,58)
Não branco
14 (26,42)
Situação Conjugal
Sem Companheiro
19 (35,85)
Com Companheiro
34 (64,15)
Renda
Até 1 Salário Mínimo
27 (51,92)
De 1 a 2 SM
23 (44,23)
3 ou +
2 (3,85)
Fumo
Nunca
32 (60,38)
Fumou mas parou
16 (30,19)
Fuma
5 (9,43)
Escolaridade (Anos completos de estudo)
≤8 anos
42 (79,25)
9 a 11 anos
8 (15,09)
12 ou + anos
3 (5,66)
Diagnóstico de DM
Não
29 (54,72)
Sim
24 (45,28)
Uso de medicamento para DM
Não
3 (13,64)
Sim
19 (86,36)
Nº de medicamentos para DM
109
1
6 (31,58)
2
9 (47,37)
3 ou +
4 (21,06)
Diagnóstico de HAS
Não
5 (9,43)
Sim
48 (90,57)
Uso de medicamento para HAS
Não
2 (4,17)
Sim
46 (95,83)
Nº de medicamentos para HAS
1
21 (45,65)
2
22 (47,83)
3 ou +
3 (6,52)
A Tabela 2 apresenta os resultados do desfecho mudança de comportamento entre os
usuários HAS e DM da UBS. Entre os estágios que não caracterizam ter o comportamento de
praticar AF, 45,2% estão no estágio de pré-contemplação, enquanto entre os que apresentam o
comportamento, 63,6% no estágio de manutenção. Um estudo de base populacional de
DUMITH et al. (2007) na cidade de Pelotas verificou a prevalência dos EMC em uma
amostra de 3136 indivíduos, encontrando resultado de prevalência do estágio de précontemplação semelhante, sendo os mais velhos, casados, fumantes e com menor nível
socioeconômico com menor chance de adotar, iniciar e manter a prática de atividade física.
110
Tabela 2. Relação com o posto, recebimento de aconselhamento, percepção de saúde e
estágios de mudança de comportamento.
Variáveis
N (%)
Última consulta
A mais de um ano
7 (13,21)
De seis meses até um ano
6 (11,32)
De um mês até seis meses
20 (37,74)
A menos de um mês
20 (37,74)
Recebimento de aconselhamento sobre AF
Nunca
16 (30,19)
A mais de um ano
13 (24,53)
A mais de seis meses
8 (15,09)
A mais de um mês
10 (18,87)
A menos de um mês
6 (11,32)
Profissional que realizou o aconselhamento
Médico
20 (54,05)
Nutricionista
2 (5,41)
Profissional de Educação Física
14 (37,84)
Outro
1 (2,70)
Passou a praticar após aconselhamento
Não
18 (48,65)
111
Sim
19 (51,35)
Percepção de Saúde
Excelente
3 (5,66)
Boa
20 (37,74)
Regular
25 (47,17)
Ruim
5 (9,43)
EMC
Não ativo
31 (58,49)
Ativo
22 (41,51)
EMC Não Ativo
Pré-contemplação
14 (45,16)
Contemplação
8 (25,81)
Preparação
9 (29,03)
EMC ATIVO
Ação
8 (36,36)
Manutenção
14 (63,64)
O nível de AF no lazer teve prevalência encontrada de 66% de inativos, 17% de
insuficientemente ativos e de 17% de ativos. Em relação ao domínio do deslocamento, 22,6%
são inativos, 50,9% insuficientemente ativos e 26,5% são ativos. As altas prevalências de
inatividade física podem ser percebidas em outros estudos, como no de LEITÃO E
MARTINS (2012), realizado em duas UBS de São Paulo, que encontrou índices de 87% de
inatividade física na população estudada e associação direta e significativa entre síndrome
metabólica e nível de atividade física.
112
Em relação ao seu perfil socioeconômico e demográfico os resultados vão ao encontro
da literatura, que mostra a maioria dos estudos apontando maiores prevalências de
atendimento em mulheres, indivíduos acima de 40 anos, com ensino fundamental incompleto
e renda considerada baixa (TOMASI et al. 2011; SIQUEIRA et al. 2008; GOULART e
ALGAYER 2009).
Quanto à variável aconselhamento para a prática de AF, o estudo de FLORINDO et al.
(2013) mostrou que a maior prevalência regular do mesmo, praticado há pelo menos seis
meses, foi por médicos, resultado semelhante ao encontrado neste estudo. Já o recebimento de
aconselhamento encontrado no presente estudo foi maior do que o encontrado nos estudos de
SIQUEIRA et al. (2009) e BARNES et al. (2012), sugerindo que a Unidade de Saúde já tem
incorporada a atividade física na sua rotina.
4. CONCLUSÕES
Os resultados relacionados aos EMC mostram que a maioria não apresentou
comportamento ativo para AF, sendo que dos não ativos o estágio predominante foi o de précontemplação e entre os ativos o de manutenção. Isso mostra que a população estudada já
possui um comportamento em sua grande maioria e não pretende mudar, o que pode ser
justificado pelo fato de possuírem morbidades que possam influenciar em sua prática e na sua
mudança de hábitos.
Além disso, a variável recebimento de aconselhamento apresentou alta prevalência,
cerca de 70%, indicando que a importância de ser fisicamente ativo já está bem estabelecida
na UBS. Por fim podemos perceber que o profissional que mais realiza os aconselhamentos
são os médicos, o que justifica mais ações de cunho interdisciplinar, com o intuito ser capaz
de incorporar um novo hábito na rotina do paciente, sendo que esse hábito trará diversos
benefícios já bem estabelecidos na literatura.
113
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARNES P.M.; SCHOENBORN C.A. Trends in adults receiving a recommendation for
exercise or other physical activity from a physician or other health professional. NCHS data
brief, no 86. Hyattsville, MD: National Center for Health Statistics, 2012.
BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a
promoção, proteção e recuperação da saúde, da organização e funcionamento dos serviços
correspondentes e dá outras providências (Lei Orgânica da Saúde). Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 1990.
DUMITH S.C.; GIGANTE D. P.; DOMINGUES M. R. Stages of change for physical activity
in adults from Southern Brazil: a population-based survey. International Journal of
Behavioral Nutrition and Physical Activity, v. 4(1), p.25, 2007.
DUMITH, S.C.; DOMINGUES M. R.; GIGANTE D. P. Estágios de mudança de
comportamento para a prática de atividade física: uma revisão da literatura. Revista
Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, v. 10, n. 3, p. 301-307, 2008.
FLORINDO, A.A. et al. Physical activity counseling in primary health care in Brazil: a
national study on prevalence and associated factors. BMC Public Health, v. 13, p. 794, Aug.,
2013.
GOULART, B.N.G.; ALGAYER, A.R. Características de um grupo de usuários do Programa
Saúde da Família na cidade de Campo Bom (RS), Brasil em 2006. Ciência & Saúde
Coletiva, v. 14(1), p. 1379-1384, 2009.
LEE, I.M., et al. Effect of physical inactivity on major non-communicable diseases
worldwide: an analysis of burden of disease and life expectancy. The Lancet, v. 380, p. 219229, 2012.
114
LEITÃO, M.P.C.; MARTINS I. S. Prevalência e fatores associados à síndrome metabólica em
usuários de Unidades Básicas de Saúde em São Paulo – SP. Revista da Associação Médica
Brasileira, v. 58(1), p. 60-69, 2012.
MENDES, E. V. O cuidado das condições crônicas na atenção primária à saúde: o imperativo
da consolidação da Estratégia Saúde da Família. Brasília: OPAS, 2012.
ORROW G.; KINMONTH A.; SANDERSON S.; SUTTON S. Effectiveness of physical
activity promotion based in primary care: systematic review and meta-analysis of randomised
controlled trials. BMJ, v. 344, p. 1389, 2012.
PAIM, J. et al. The Brazilian health system: history, advances, and challenges. The Lancet,
n. 377(9779), p. 1778–1797, 2011.
SCHMIDT, M. I. et al. Health in Brazil: 4º chronic non-communicable diseases in Brazil:
burden and current challenges. The Lancet, [S.l.], n. 377, 2011.
SIQUEIRA F.V. et al. Aconselhamento para a prática de atividade física como estratégia de
educação à saúde. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25(1), p. 203-213, jan,
2009.
SIQUEIRA, F.V. et al. Atividade física em adultos e idosos residentes em áreas de
abrangência de unidades básicas de saúde de municípios das regiões Sul e Nordeste do Brasil.
Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 24(1), p. 39-54, jan, 2008.
TOMASI, E. et al. Características da utilização de serviços de Atenção Básica à Saúde nas
regiões Sul e Nordeste do Brasil: diferenças por modelo de atenção, Ciência & Saúde
Coletiva, v. 16, n 11,p. 4395-4404, 2011.
WEN, C.P., et al. Minimum amount of physical activity for reduced mortality and extended
life expectancy: a prospective cohort study. The Lancet, v. 378, p.1244-1253, 2011.
115
NÍVEL DE ESFORÇO PLANEJADO E PERCEBIDO DE USUÁRIOS DO SUS COM
SOBREPESO OU OBESIDADE SUBMETIDOS À EXERCÍCIO CONTÍNUO.
BRUNO EZEQUIEL BOTELHO XAVIER1; LEANDRO QUADRO CORREA 2
1
2
Universidade Federal de Pelotas - [email protected]
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
Resumo
Objetivo: Comparar por meio da percepção subjetiva de esforço (PSE), o nível de esforço
planejado por treinadores com o percebido por usuários do SUS. Adicionalmente, verificar se
existe diferença entre o momento de registro da PSE. Métodos: Sujeitos com idade superior a
45 anos (n=10), com obesidade ou sobrepeso e morbidades associadas, todos classificados
com alto risco cardiovascular. Os participantes foram submetidos a teste incremental e
executaram 9 sessões de exercício em três intensidades, 40%, 50% e 60% do VO2pico.
Resultados: Não houve diferença entre os valores de PSE previstos que se referiam
respectivamente a 2, 3 e 4, com os valores relatados pelos participantes 2,43±0,8, 3,27±0,9, e
3,98±1,3 (p=0,123; 0,391 e 0,969 respectivamente). Ademais, foi encontrado alto grau de
correlação e sem diferença estatística entre PSE registrada ao final do exercício e depois de 30
minutos de recuperação. Conclusão: Não houve diferença entre PSE percebida e a planejada,
por fim, percebeu-se que a coleta da informação da classificação do esforço logo ao final da
sessão ou 30 minutos após, não influenciou nos resultados.
Palavras-chave
Exercício aeróbico; Esforço Físico; Obesidade.
116
1. INTRODUÇÃO
No que diz respeito à Percepção Subjetiva de Esforço (PSE), NAKAMURA et al.
(2010), relataram o método como confiável e de fácil uso, indicador de intensidade útil
principalmente para controle das cargas de exercícios físicos em diferentes populações e por
sua relação direta com indicadores fisiológicos utilizados na prescrição e monitoração do
treinamento (MATTOS & FARINATTI, 2007; PARFITT et al., 2012).
O método da PSE foi inicialmente descrito por BORG (1962; 1970), posteriormente
modificado, e validado para escala de 0 a 10 (NOBLE, 1982), passou a ser utilizado na
tentativa de quantificar o esforço empregado na sessão inteira com a escala Category Ratio-10
(CR-10), e não apenas em tarefas específicas, como até então era utilizado. Para isto, o nível
de esforço gerado pela sessão deve ser referido pelo participante depois de 30 minutos de
encerrada à sessão e multiplicado pelo tempo de duração da mesma (FOSTER et al. 2001). A
escala CR-10, é comumente reportada na literatura como método válido para quantificação da
carga de treino, em distintas populações, e tipos de exercícios, se apresenta também como
uma ferramenta para comparação entre carga percebida pelos participantes, e a carga
planejada pelos treinadores.
CORTES-BERGODERI et al. (2013), verificaram que o método da PSE é o mais
utilizado para controle de intensidades de exercício físico em centros de reabilitação física da
América do Sul, em todas as fases de recuperação dos pacientes atendidos. No entanto,
especificamente em populações com idosos e com condições especiais, não são muitos os
estudos que verificaram a relação entre o nível de esforço percebido com a intenção de
esforço planejado (GRANT, 2002; KILPATRICK, 2009). Em recente estudo desenvolvido
com idosos com insuficiência cardíaca congestiva, este se apresentou como o primeiro a
correlacionar a quantificação da carga com o método de PSE da sessão com medida direta de
quantificação de intensidade (IELLAMO et al. 2014).
Indiscutivelmente algumas afecções interferem nos limiares de dor, fadiga, e exaustão, o
que implica na necessidade de compreender como indivíduos com múltiplas morbidades em
117
estágios avançados, assimilam a carga de esforço físico planejado. Deste modo, este estudo
objetivou registrar a percepção de esforço dos participantes e contrastar este esforço
percebido com a intenção de esforço planejado por profissionais de educação física,
adicionalmente, identificar se para exercícios com carga constante há diferença entre a PSE
relatada ao final da sessão com a referida após 30 minutos.
2. METODOLOGIA
Participantes
A população alvo desta pesquisa foi composta por todos os pacientes que estavam em
acompanhamento presencial de programa de reabilitação física, executado no Hospital
Universitário da Universidade Federal do Rio Grande - FURG/RS o qual tem como
característica prestar atendimento a pessoas que estão classificadas como alto risco para o
exercício físico, portanto, os sujeitos envolvidos nesta pesquisa possuem elevada
complexidade do quadro clínico ou exagerado descontrole de sua condição patológica.
Foi considerado critério para inclusão, idade superior a 45 anos, e participação à no
mínimo 4 semanas no programa de reabilitação física, período considerado por nós como
necessário para aprendizagem e bom entendimento das ferramentas utilizadas. Foram
considerados como critérios para exclusões, os indivíduos com incapacidade física limitante à
locomoção, participantes que acumulassem uma falta subsequente à outra, ou três faltas
alternadas durante o estudo, e pessoas com doenças que não estavam com tratamento
medicamentoso otimizado.
No período de execução do projeto que se deu ao longo de todo o segundo semestre de
2014, foram acompanhados pelo centro de reabilitação física 23 pacientes, ao serem
considerados os critérios de participação e interesse dos pacientes, este estudo incluiu 15
pacientes do programa de reabilitação física, e devido às perdas ao longo do desenvolvimento
118
finalizaram a pesquisa 10 selecionados (6 homens e 4 mulheres). Destaca-se o fato de que
todos os sujeitos eleitos para este estudo estavam diagnosticados com obesidade ou
sobrepeso, associado à no mínimo outra morbidade.
Delineamento experimental do estudo
Todos os participantes completaram 10 ensaios, especificamente um teste ergométrico
para determinação do VO2pico e 9 sessões de treinamento aeróbico. O Teste ergométrico que
definiu o consumo de oxigênio ocorreu com a aplicação dos protocolos de Bruce ou
Naughton. Ao passo que, finalizada a etapa de avaliações com o teste ergométrico, foi
realizado em ordem aleatória 9 sessões de exercício físico aeróbio em dias não consecutivos,
com duração de 30 minutos em velocidades constantes calculadas para 40%, 50% e 60% do
VO2pico, sequência esta, que foi previamente definida para cada participante por meio da
utilização do programa random.org (http://www.random.org). Ao final do estudo, cada um
dos dez participantes executou 9 sessões de exercício físico, o que totalizou 90 sessões
observadas. Todos os procedimentos e técnicas utilizados são rotineiramente reproduzidos, no
ambiente o qual se desenvolveu a pesquisa.
Anteriormente a cada sessão de exercício físico, os participantes efetuaram
aquecimento com duração de 5 minutos de caminhada a 30% do VO2pico. Cabe ressaltar, que
os participantes não visualizavam a velocidade em que estavam caminhando, bem como
também, não possuíam conhecimento sobre qual a ordem de realização das intensidades do
treinamento, as quais eram feitas em ambiente com temperatura e número de pessoas
controladas, de modo que apenas um participante por vez ocupou o laboratório de
treinamento, acompanhado de um professor de educação física, sendo este, o responsável pela
prescrição de exercício, ministrar todas as sessões de treinamento, registro das coletas, e
acompanhar as avaliações físicas.
Para determinação dos valores de PSE planejada para cada intensidade de exercício
executado em velocidade constante por 30 minutos, foi estipulado que a intensidade de 40%
do VO2pico compreendida como baixa por NEMOTO et al. (2007), deveria receber atribuição
de valor 2 na escala CR-10, para a intensidade de 50% do VO2pico considerada moderada
119
(PESCATELLO et al. 2014), conforme sugerido por MATTOS & FARINATTI, 2007,
definiu-se o valor 3 da mesma escala, e por fim, que o valor 4 seria o esperado como nível de
esforço empregado para exercício realizado em intensidade de 60% do VO2pico, também
considerada moderada (PESCATELLO et al. 2014). As intensidades e a expectativa de
percepção de esforço foram atribuídas após consideração do estado de saúde dos
participantes.
Análise estatística
Quanto ao tratamento estatístico, os dados foram analisados e apresentados de modo
descritivo em média e desvio padrão, depois de confirmada sua normalidade por meio do teste
de Shapiro-Wilk. Para comparação entre os valores relatados de PSE, do momento ao final do
exercício físico para o valor relatado depois de decorridos 30 minutos do término da sessão,
utilizou-se Correlação de Pearson em todas as intensidades. Para verificação de diferença
entre PSE planejada para cada intensidade e o valor médio das 3 sessões em cada intensidade
de PSE percebida, utilizou-se o teste T de Student para amostras pareadas. O nível de
significância adotado foi de p<0,05.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao final, 10 participantes completaram este estudo e suas características estão a seguir
expostas na Tabela 1. Durante o desenvolvimento do estudo, frequentaram o programa de
reabilitação física 23 pacientes, sendo esta nossa população alvo, 19 aceitaram ser inclusos na
pesquisa, respeitando os critérios de inclusão e exclusão 3 não foram envolvidos, pois
apresentavam idade inferior a 45 anos e 1 apresentava incapacidade física que limitava sua
locomoção. Portanto, foram selecionados 15 indivíduos, mas 5 deixaram de participar ao
longo do desenvolvimento da pesquisa por complicações de suas morbidades, sendo 1 infarto
agudo do miocárdio, 1 por rebaixamento do sensório ocasionando eventos de queda, ainda, 2
por retinopatia proliferativa e 1 por ausências durante o período de intervenção física.
Tabela 1. Características dos participantes do estudo
120
Característica
n = 10
Idade (anos)
60,6 ± 7,7
Massa Corporal (Kg)
87,4 ± 24,1
Estatura (cm)
159,7 ± 9,4
Índice de Massa Corporal (Kg/m²)
34,6 ± 11
VO2pico (ml.kg.min)
23,9 ± 9,2
Valores apresentados em média ± desvio padrão.
Os resultados dos 10 indivíduos selecionados foram considerados válidos para análise,
pois estes completaram as nove sessões de treinamento físico e participaram das avaliações
físicas, no momento inicial e final da pesquisa. De modo detalhado, as patologias dos 10
sujeitos envolvidos na pesquisa aparecem expostas na Tabela 2. Os participantes executaram
as sessões de exercício físico na intensidade de 40% a uma velocidade média de 3,3Km/h,
enquanto que as sessões em intensidade de 50% foram executadas na esteira com velocidade
de 3,9Km/h, e 4,6Km/h, foi a velocidade média de execução dos exercícios realizados na
intensidade de 60% do VO2pico. Verificamos que não houve diferença entre os valores de
média da PSE da sessão relatada pelos participantes, em comparação com os valores de PSE
da sessão previamente estipulados como meta de intensidade (Tabela 3). A Tabela 3, ainda
apresenta média de PSE da sessão relatada no primeiro, segundo e terceiro dia de cada
intensidade.
Tabela 2. Doenças diagnosticadas previamente ao início do estudo, n=10
Quantidade de
Participantes
Patologia
Acima do Peso (Obesidade / Sobrepeso)
10 (5 / 5)
Hipertensão Arterial Sistêmica
8
Dislipidemia
6
Diabetes Mellitus tipo II
5
121
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
4
Infarto Agudo do Miocárdio
3
Cirurgia de Revascularização do Miocárdio
3
Quantidade de patologias diagnosticadas previamente ao inicio da pesquisa.
Tabela 3. Diferença entre Percepção Subjetiva de Esforço (PSE) Média Percebida e PSE
Planejada, n = 10
Intensidade da
sessão
PSE no PSE no PSE no
1º dia
2º dia
3º dia
PSE
Percebida
PSE
Planejada
P
40% do VO2
2,4
2,4
2,6
2,43 ± 0,8
2
0,123
50% do VO2
3,55
3,15
3,10
3,27 ± 0,9
3
0,391
60% do VO2
3,95
3,85
4,15
3,98 ± 1,3
4
0,969
Valores apresentados em média ± desvio padrão.
Observou-se que não houve diferença entre os valores reportados de PSE nos momentos
imediatos ao término do exercício físico para aquele mencionado depois de 30 minutos de
recuperação (Gráfico 1). Para esta mesma comparação, entre as medidas de PSE realizadas
exatamente ao final do exercício, com as percepções relatadas depois de transcorridos 30
minutos do final da sessão, foi encontrada correlação positiva e forte. De modo que, ao final
do exercício físico nas 3 intensidades 40%, 50% e 60%, a comparação entre o momento final
do exercício e depois de 30 minutos, não apresentou correlação menor do que 0,9, indicando
correlação muito forte entre os valores mencionados pelos pacientes no momento de final do
exercício e depois de 30 minutos de recuperação, na Tabela 4 estão expostos os valores
individuais de cada participante do estudo quanto à PSE relata no término do exercício e a
velocidade na qual era realizado o exercício.
122
Cabe ressaltar, que a população estudada foi constituída de pacientes com condição
inicial muito fragilizada, com problemas graves de saúde, o que implicou em perda de um
terço da amostra ao longo do estudo, por complicações de suas afecções. Reconhecemos
como limitação, o fato de que a avaliação utilizada para mensuração da aptidão física dos
participantes ser método indireto, e que a partir desta estimativa foi calculado o percentual de
intensidade do exercício. Ainda, nossa amostra pequena, mas justificado pelo fato da
população alvo ser pequena, porém, extremamente específica de sujeitos considerados de alto
risco para execução de exercício físico. Por fim, vale lembrar que foram inclusos pacientes
frequentadores à no mínimo 4 semanas do programa de reabilitação física, fato que promove
adaptação aos procedimentos e minimiza a confusão sobre o entendimento da escala de
percepção de esforço.
Tabela 4. Registros de Percepção Subjetiva de Esforço por participante, relatados nos três
dias de treino em cada intensidade, bem como, respectiva velocidade de execução na esteira.
Participante
INTENSIDADE DE 40%
INTENSIDADE DE 50%
INTENSIDADE DE 60%
PSE PSE PSE
Velocidade
1º 2º 3º
(Km/h)
dia dia dia
PSE PSE PSE
Velocidade
1º 2º 3º
(Km/h)
dia dia dia
PSE PSE PSE
Velocidade
1º 2º 3º
(Km/h)
dia dia dia
A
3
3
4,5
4,7
5
3
3
5,7
5,5
5,5
6
6,6
B
3
3
3
2,9
3
3,5
3
3,5
5
4
5
4,2
C
3
4,5
4
4,8
6
6
3
5,8
5
6
6
6,7
D
2
2
2
1,3
3
2
2
1,6
2
2
2
1,9
E
2,5
2
2
1,9
3
3
5
2,3
4
3
3
2,8
123
F
3
2
3,5
5
4
4
4
6
5
4,5
5
7
G
1
2
1
3,9
3
2,5
2
4,7
3
3,5
3,5
5,6
H
1
1,5
2
2,9
2
3
2
3,5
2
3
2
4,2
I
2
2
2
1,7
2
2
3
2,1
4
4
4
2,5
J
4
2
2
2,4
3
2
4
3
4
3
4
3,5
PSE em escala entre 0 e 10
P = 0,96
4,5
4,0
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
P = 0,39
P = 0,12
3,00
4,00 3,98
3,27
2,43
PSE Planejada
PSE Média…
2,00
40% do VO2
50% do VO2
60% do VO2
Gráfico 1. Percepção Subjetiva de Esforço Planejada e Percepção Subjetiva de Esforço
Percebida médias registradas em cada intensidade do exercício
Este estudo contrastou em diferentes intensidades de exercício aeróbico contínuo, o
nível de esforço provocado pela intenção dos treinadores, com o esforço percebido pelos
envolvidos na pesquisa, e como demonstrado nos resultados, o nível de esforço relatado pelos
participantes não foi diferente do que os treinadores planejaram. Para o nosso conhecimento,
este foi o primeiro estudo brasileiro a envolver esta população de doentes crônicos
classificados como alto risco e submetê-los a intervenção física, registrando a percepção sobre
o esforço físico efetuado de acordo com intensidades estipuladas por percentual do VO2.
Pesquisadores tem validado a escala PSE como método de prescrição e monitoramento
de intensidade de exercício (HERMAN et al. 2006), e analisar se o nível de estresse gerado é
124
semelhante ao planejado (SCHERR et al. 2013; MILANEZ & PEDRO, 2012), nossa pesquisa
estende estas investigações, de modo a indicar que houve alta correlação entre os valores de
PSE relatados ao final da sessão, com os referidos pelos pacientes depois de 30 minutos na
fase de recuperação da sessão. De igual maneira, ALVES et al. 2013, em recente trabalho com
idosos, identificaram que depois de realizadas sessões com treinamento com pesos, também
encontraram que os valores coletados ao final da tarefa ou depois de 30 minutos do término
dela não foram diferentes.
Ainda sobre a percepção de esforço mensurada ao final do exercício para à coletada
depois de 30 minutos, nossos achados se assemelham com os resultados de KILPATRICK et
al. (2014), os autores encontraram que a PSE da sessão esteve intimamente ligada à
intensidade executada ao final do exercício, quando os participantes executaram sessões de
exercício aeróbico por 30 minutos com relatos de PSE e ajuste de carga pelo participante a
cada 5 minutos, de modo que a execução do exercício fosse referente à intensidade leve,
moderada ou forte.
Enquanto que HORNSBY et al. (2013), não verificaram essa mesma associação entre,
a percepção de esforço do exercício executado ao final da sessão, com o esforço global da
mesma. Em nossa pesquisa não foi encontrado diferença entre à PSE relatada ao final do
exercício com a depois de 30 minutos de recuperação, levantam-se alguns fatores que podem
auxiliar na compreensão destes achados, sendo um dos motivos, a interferência gerada pela
memória dos participantes, que relatam a sessão como um todo a partir de sua impressão
final, bem como verificado em outros estudos (KILPATRICK & GREELEY, 2014), ou que,
para exercícios com carga constante, assim como o desempenhado nesta pesquisa, 30 minutos
do mesmo exercício com intensidade constante, o nível de esforço global pode ser
quantificado no momento exatamente ao final da sessão ou depois de 30 minutos de seu
término, pois há provavelmente uma chance menor de confusão entre o esforço momentâneo
e o registrado depois de 30 minutos de recuperação.
Compreender como o esforço é assimilado por quem o realiza, pode contribuir para que
o treinamento ocorra em níveis de intensidade satisfatórios para gerar benefícios à saúde e
minimizar o desconforto causado pelo esforço, sabidamente outros fatores influenciam e
125
interferem para a aderência a prática de exercícios físicos, mas realizar exercício que não seja
em intensidade agradável e ainda assim eficiente pode possibilitar maior permanência em
programa de exercícios (COX et al. 2003; PESCATELLO et al. 2014).
4. CONCLUSÕES
Nossos achados demonstraram que nesta amostra de sujeitos acima do peso e com
morbidades associadas, os valores encontrados de percepção subjetiva de esforço para um
exercício contínuo na esteira por 30 minutos foram semelhantes ao nível de esforço esperado
pelos treinadores. Bem como, que a quantificação do esforço percebido desta sessão de
exercício aeróbio contínuo, pode ser mensurada exatamente ao final do exercício ou depois de
30 minutos, sem interferência no resultado.
126
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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128
NOVAS MODALIDADES ESPORTIVAS NA ESCOLA: BUSCANDO NOVOS
OLHARES PARA EDUCAÇÃO FÍSICA
Francisco de Assis Furtado de Oliveira¹, César Augusto Otero Vaghetti²
1- Mestrando em Educação Física ESEF/UFPel
2- Professor Dr. ESEF/UFPel
RESUMO
A Educação Física (EF) é um componente curricular importante no desenvolvimento
dos jovens e crianças, mas junto com a escola passa por um processo de alienação e
desatualização, acarretando no desinteresse dos alunos na prática de atividades e desprezo
pela disciplina. Dessa forma, novas modalidades esportivas podem ser um aliado dos
professores para motivar alunos na prática e na importância da EF. O objetivo desse estudo
foi verificar e comparar os valores de fluxo (motivação intrínseca) entre as novas modalidades
esportivas (Rugby, Punhobol, Slackline e Futebol Americano) e práticas tradicionais (Vôlei,
Basquete e Handebol) nas aulas de Educação Física. Os resultados apresentam que as novas
modalidades, foram mais estimulantes, motivantes e geraram maior adesão a prática. Os
valores de fluxo encontrados nesta pesquisa confirmaram a hipótese de que novas
modalidades esportivas teriam resultados melhores. Ou seja, podem ser um meio de
motivação para os alunos participarem ativamente das aulas.
Palavras-chave: Novas modalidades esportivas, Fluxo, Motivação, Educação Física
129
1. INTRODUÇÃO
Existem diversas abordagens pedagógicas na Educação Física (EF) segundo Azevedo
e Shigunov (2001), aulas abertas, crítico superadora, aptidão física, desenvolvimentista e
Educação Física plural, sendo essas preditivas da EF, e as abordagens Crítico Emancipatória,
Psicomotrista e Tecnicista, não preditivas da EF. Mesmo assim, ainda é possível observar em
escolas aulas ministradas sem nenhum tipo de planejamento e muito menos metodologia de
trabalho, e tendo, por vezes, apenas uma única modalidade esportiva como prática
hegemônica.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNS (1997) delimitam os conteúdos que
podem ser trabalhados nas escolas, citando entre eles os esportes, as danças, lutas e a
capoeira, porém o que se percebe é a predominância dos esportes, em especial quatro deles:
futsal, basquete, vôlei e handebol, e também certa incoerência quando se fala nas lutas, uma
vez que a Capoeira também pode ser considerada como luta.
Inúmeras vezes os alunos procuram se ausentar das aulas ou encontrar maneiras de
não participar das mesmas, por razões como indisposição, trabalho, infrequência e falta de
vontade, o que prejudica o desenvolvimento de conteúdos e priva o aluno da oportunidade de
um novo conhecimento. Como apresenta Darido (2004) fatos como esses são recorrentes do
modo inapropriado que esse componente curricular é interpretado e organizado, passando
para a comunidade escolar, a ideia de que Educação Física serve como atividade de fruição
corporal, para que os alunos se movimentem e pratiquem alguma atividade, como uma
disciplina exclusivamente prática e voltada para os interesses imediatos dos alunos (fazer o
que quiser). Aliado a isso, muitas vezes as aulas são descontextualizadas, priorizando quase
que exclusivamente a prática como fim em si mesmo, sem que haja uma contextualização e
objetivo das ações desenvolvidas. Dessa forma, a EF acaba sendo vista pela comunidade
escolar como uma atividade complementar da escola, com objetivos utilitários, tais como
extravasar a energia dos alunos ou discipliná-los (GOODSON, 2008).
Muitas vezes os professores possuem uma carga de trabalho elevada ou outros motivos
que dificultam a organização e sistematização de conteúdos. A escassez de materiais e
contratempos que acontecem nas escolas (pouco espaço físico, dia de chuva sem espaço
coberto, divisão de espaço entre professores, número elevado de alunos nas turmas, etc),
130
especialmente na esfera pública, também corrobora para que o professor nem sempre consiga
atender as necessidades de seus alunos.
Entretanto, são necessários estudos que apontem possibilidades para contornar essas
dificuldades e que estimulem o corpo docente a planejar e implementar tanto os conteúdos
que estão dispostos nos PCN’s, como outros conteúdos que possibilitem um aumento da
motivação e participação dos alunos nas aulas, mostrando ainda à comunidade escolar que a
EF pode ser uma disciplina com conteúdos importantes e necessários ao desenvolvimento do
educando, e não somente um momento para o aluno relaxar ou gastar energia. Para tanto, um
dos objetivos desse trabalho foi identificar se o desenvolvimento de conteúdos diferenciados
pode tornar mais atrativa a EF na escola.
A motivação dos alunos nas aulas é um fator importante para o professor trabalhar os
conteúdos. Neste sentido uma teoria que aborda a motivação dos indivíduos em relação as
atividades físicas realizadas é a teoria do fluxo, ou Flow Theory, também conhecida como
teoria da ótima experiência. Dessa forma, utilizamos a Teoria do Flow proposta por Jackson
et al. (2010), a qual defende que através da interação com a atividade praticada entramos em
um estágio onde a motivação estimula o aluno a ter vontade de aprender.
Como explica Vaghetti (2011, p 74):
Desde as primeiras investigações, o termo “Flow” foi escolhido para denotar essas
experiências especialmente absorventes. O uso metafórico deve-se ao fato de que a palavra
fluxo foi relatada por muitas pessoas ao descrever o sentimento de ação sem esforço que
sentiam nos melhores momentos de suas vidas.
Assim como encontrado nos estudos de Csikszentmihalyi (1990), o conceito foi
desenvolvido após conseguir encontrar a experiência mencionada por diversos grupos, os
quais realizaram diferentes tarefas, como cirurgia, alpinismo, dança e xadrez. Mesmo com
tanta diversidade encontrou-se correlação considerável, no que se referia ao que era sentido
nos experimentos, sendo especial para os participantes.
Sendo assim, o fluxo ocorre quando há um completo envolvimento com a tarefa a ser
realizada, onde a pessoa se sente forte, não se preocupa com si ou com o fracasso
131
(VAGHETTI, 2011). O fluxo é reconhecido através de nove dimensões, as quais descrevem a
experiência subjetiva da tarefa, sendo elas:
1) A experiência usualmente ocorre quando a pessoa se confronta com tarefas que têm a
chance de completar; 2) A pessoa deve ser capaz de se concentrar no que está fazendo; 3) A
concentração geralmente é possível porque a tarefa em questão possui metas claras; 4) O
feedback é claro, imediato e sem ambiguidades durante a realização da tarefa; 5) A pessoa
age com profundo envolvimento, mas com a aparente sensação de ausência de esforço, o que
remove da consciência preocupações e frustrações da vida cotidiana; 6)
Experiências
envolventes permitem que as pessoas exercitem o senso de controle sobre suas ações; 7) A
preocupação com o self desaparece, paradoxalmente; porém, o sentido do self emerge mais
forte depois da finalização da experiência de fluxo; 8) O sentido de duração do tempo é
alterado: as horas passam como se fossem minutos e os minutos podem se ampliar e
parecerem horas; 9) A experiência se torna autotélica (CSIKSZENTMIHALYI, 1990, p 7).
Neste sentido esta pesquisa teve como objetivo verificar e comparar os valores de
fluxo (motivação intrínseca) entre quatro novas modalidades esportivas (Slackline, Punhobol,
Rugby e Futebol Americano) e as modalidades esportivas tradicionais na escola (Basquete,
Voleibol e Handebol) em alunos com diferentes idades.
2. MÉTODO
O estudo foi realizado com 180 alunos com idades entre 11 e 17 anos de ambos os
sexos, do Ensino Fundamental (5° ao 9° ano), divididos em duas turmas de sexto ano, uma de
sétimo, uma do oitavo ano e uma de oitava série1 de uma escola da rede estadual de Pelotas,
Rio Grande do Sul. Essas turmas foram escolhidas de forma intencional, por tratar da
realidade de trabalho do pesquisador. A escola foi informada sobre pesquisa e alterações de
currículo, de maneira que tivemos autorização e autonomia total para reorganizar o
planejamento anual inserindo em algumas turmas as notas temáticas. As turmas possuem em
1
Após a alteração no modelo escolar pela Lei Federal n.º 11.274/06, a escola ganhou um ano a mais sendo o
nono que se equivale à oitava série. As turmas que eram séries se mantiveram até chegarem ao final do
Ensino Fundamental.
132
torno de 30 a 35 alunos. Sendo que nem todos participam das aulas, havendo dispensas por
atestados e elevado índice de infrequência.
TABELA 1 – Turmas que participaram do estudo
Turma
Meninos
Meninas
A (6° ano)
10
24
B (6° ano)
16
15
C (7° ano)
14
23
D (8° ano)
15
23
E (8° série)
15
22
Os conteúdos novos foram desenvolvidos em duas turmas e nas outras três, optamos
por continuar com os esportes tradicionais. Essa divisão foi feita visando comparar se há
diferença nas variáveis de interesse entre os novos esportes e os ditos tradicionais. Assim, a
turma E e A, tiveram aulas de Rugby, Punhobol, Slackline e Futebol Americano e as demais
turmas C, B e D tiveram aulas de Basquete, Voleibol e Handebol.
Essas modalidades foram divididas por trimestre, as turmas dos esportes novos
tiveram aulas de Rugby e Punhobol no 1° trimestre e de Futebol Americano e Slackline no 2°
trimestre, enquanto que as outras turmas tiveram no 1° trimestre Basquetebol e Voleibol e no
2° trimestre Handebol. Todas as práticas foram comparadas entre si e com os grupos opostos,
por exemplo, o Handebol foi comparado com os esportes de seu grupo (Basquetebol e
Voleibol) e com os novos esportes (Rugby, Futebol Americano, Punhobol e Slackline),
Foram utilizados para a realização das práticas os seguintes equipamentos esportivos:
Para as modalidades com bola (Punhobol, Rugby e Futebol americano), uma bola de cada
esporte, quatro bolas de borracha e dez cones para auxiliar em algumas atividades; Para a
modalidade de Slackline, foi utilizada uma corda de Slackline proveniente da escola e outra
emprestada por um aluno praticante da atividade. As aulas foram realizadas nas quadras
133
poliesportivas da escola, no campo de areia e para o Slackline foi utilizado de um espaço com
árvores ao lado das quadras.
As atividades foram realizadas por meio de brincadeiras, jogos adaptados e
habilidades técnicas (formas corretas de locomoção, passe, recepção, empunhadura da bola,
entre outros).
3. COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS
Foi utilizado o Flow State Scale (JACKSON et al. 2010), na versão curta, o qual foi
traduzido e realizado o back translation (traduzido e retraduzido para o português) para poder
ser utilizado nesse estudo. O questionário mensura as nove dimensões citadas anteriormente,
através de perguntas respondidas em escala do tipo likert (de 1 a 5), sendo que quanto maior o
valor, maior a motivação intrínseca (ANEXO 1). Para um estado de fluxo considerável, o
valor apontado no questionário deve ser igual ou superior a quatro, sendo assim detectado o
estado de fluxo, acarretando em uma boa aprendizagem e uma experiência gratificante.
Foi utilizada uma análise estatística descritiva com média, desvio padrão para as
características da amostra, entre os esportes tradicionais e as novas modalidades esportivas, e
qual delas foi mais atrativa para os alunos. O teste “t student” foi utilizado para verificar as
diferenças significativas entre a média dos valores de fluxo e entre os esportes investigados.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 2 podem ser vistos os valores das dimensões do fluxo para as modalidades
esportivas investigadas e a média final do valor do fluxo para cada atividade e para as novas
modalidades e para as atividades tradicionais.
Tabela 2: Valores individuais e média final do fluxo nos esportes investigados
Han
Esportes
Punho
d.
Vol. Basq.
3,5
3,7
3,3
3,3
Fut.
.
Rugby
Amer.
Slack.
3,8
3,9
3,9
3,8
3,9
3,4
3,5
3,6
3,4
3,4
Equilíbrio habilidade –
desafio
Fusão ação e
consciência
134
Metas claras
3,7
4,0
3,9
4,4
4,3
4,1
4,1
Feedback inequívoco
3,4
3,6
3,6
4,2
4,0
3,7
4,1
tarefa
3,7
3,5
3,8
3,9
3,7
3,7
4,0
Senso de controle
3,5
3,8
3,7
4,2
3,9
4,1
4,0
4,0
3,6
3,9
3,8
3,7
3,8
3,5
tempo
3,1
3,3
3,2
3,4
3,4
3,2
3,6
Experiência autotélica
3,6
3,6
3,5
4,1
4,2
3,9
4,0
Média por esporte
3,6
3,6
3,6
3,9
3,9
3,7
3,9
Concentração na
Ausência de
preocupação com self
Transformação do
Média por grupo
3,6
3,9
A Tabela 2 representa todas às nove dimensões do fluxo estudadas pelo questionário
aplicado, os valores foram obtidos por uma média de todos os questionários em cada
modalidade. Assim como apresentam Jackson et al. (2010) na dimensão referente a “Metas
claras”, apenas o voleibol foi o esporte tradicional que atingiu esse objetivo, enquanto que
todas as novas modalidades esportivas alcançaram esse nível. Sabendo que todos os esportes
foram trabalhados por meio de jogos e brincadeiras, podemos justificar que as novas
modalidades mostraram ser mais atrativas e os alunos entenderam os objetivos das atividades,
culminando assim nesse resultado.
Esses resultados corroboram com os achados de Torres (2006), mostrando que o
estabelecimento de metas claras permite ao praticante saber exatamente o que tem de executar
e diz que essa característica é um pilar na construção da motivação. Csikszentmihalyi (1999)
complementa afirmando que as metas devem ser as mais claras possíveis, gerando assim um
foco de atenção mais intenso, acarretando no fim das distrações. Isso é facilmente explicado,
quando realizamos uma tarefa, por mais simples que seja, mas sendo algo diferente e que não
temos domínio, nossa atenção para as metas e como devemos executar uma ação é alta, o que
diminui as distrações e facilita o entendimento. No estudo, com as novas modalidades
135
esportivas, isso ficou evidenciado, pois os alunos realmente prestavam atenção nas aulas de
uma maneira diferenciada, estando muito mais atentos e focados.
Outro dado que devemos salientar é com relação ao “Feedback inequívoco”, o qual se
refere a ação do aluno na tarefa, tendo relação direta com as metas claras, o objetivo não é o
feedback e sim a mensagem simbólica que ele carrega. No caso, conseguir atingir o objetivo
pelas metas recebidas, como por exemplo, conseguir arremessar a bola de handebol e derrubar
um cone que era alvo. Assim como apontam Jackson e Eklund (2002), o manejo adequado do
feedback facilita a experiência de Flow, além de trazer uma sensação de certeza. Nessa
dimensão apenas as novas modalidades esportivas obtiveram êxito, isso se deve,
possivelmente às metas claras e a interação dos alunos com ações diferentes do seu contexto.
Na Tabela 2 na dimensão de “Concentração na tarefa”, o único esporte que se
destacou foi o Slackline, acreditamos que seja referente ao fato de que o mesmo trabalha
constantemente com o equilíbrio, o qual requer concentração e empenho do praticante para se
manter de forma adequada na prática. Jackson e Eklund (2002) mencionam que, em atletas
essa é a característica que mais se evidencia no Flow, mesmo assim, não é fácil se manter
focado na tarefa todo o tempo. Os dados apresentados anteriormente concordam com os
achados de Torres (2006), que, em seu estudo, retrata essa dimensão como uma das mais
treináveis, e que deve ser bem trabalhada em relação a cada prática executada. Quanto mais
trabalhada for, pode haver uma fusão com a dimensão “Ação e consciência”, pois quanto
maior o nível de concentração empregada a uma atividade, consequentemente melhor será a
execução da tarefa. Nas aulas ministradas, a modalidade Slackline foi a que exigiu mais
concentração dos alunos, sendo perceptível pelo simples fato de que, os alunos que estavam
sobre a corda em execução, ficavam calados, e focados ao extremo e esse mesmo indivíduo
após a tarefa conversava e realizava outras atividades diversas, o que concorda com os dados
achados.
Na dimensão “Senso de controle”, apenas os esportes alternativos obtiveram valores
altos, o que indica um estado de Flow. Dessa forma, pode-se perceber que a sensação de
controle é normalmente encontrada em praticantes experientes de esportes, corroborando com
o estudo de Torres (2006), de maneira que depende de uma boa preparação e treinamento para
se atingir tais resultados. Como apresentam Jackson e Eklund (2002), a sensação de controle
136
elimina a possibilidade de erro, diminui o medo e consequentemente o fracasso, acarretando
em uma prática com qualidade, sendo assim ajudando o praticante a se manter no estado de
Flow. Pode ser dito, que essa dimensão tem forte relação com as demais, principalmente com
as metas claras, que facilitam o entendimento da ação e culminou em uma experiência
autotélica significativa, fator motivante e que explica o porquê das novas modalidades
esportivas obterem melhores resultados.
O dado mais relevante para o estudo foi o da última dimensão, “Experiência
autotélica”, a qual se refere à compreensão e interiorização da tarefa após a execução de
determinada ação. Nesse campo apenas os esportes novos obtiveram resultados relevantes, o
que vai ao encontro de nossa hipótese, em que novas modalidades esportivas aumentam o
interesse, a participação e o conhecimento dos alunos. Assim como encontrado em alguns
estudos (Jackson, 1996; Ravizza, 1984; Torres, 2006), o Flow é um estado da mente que é
atingido quando um indivíduo se sente completamente envolvido em uma atividade diante de
alguns fatores estressantes. Csikszentmihalyi e Csikszentmihalyi (1988) ressaltam que a
experiência autotélica remete à uma sensação de satisfação, envolvimento intenso, produtos
esses da realização da atividade, sendo recompensadora em si, gerando forte motivação
intrínseca, deixando assim, em segundo plano, demais sensações.
Csikszentmihalyi (1992), em seu estudo, menciona que se a experiência é
intrinsicamente gratificante, o presente se justifica, o curso da vida é elevado a outro nível,
ocorre um envolvimento, há satisfação e senso de controle. Com tudo que foi apresentado,
pode dizer que as novas modalidades esportivas possuem todos esses atrativos para os alunos,
de maneira que os mesmos conseguiram atingir um estado de Flow e agregar novas
habilidades ao seu repertório motor. Dessa forma podemos dizer que os participantes desse
estudo, em distintas tarefas, atingiram esse estado da mente e obtiveram uma aprendizagem
significativa.
Tabela 3: Valores de p para o teste “t student” para a comparação entre as novas
modalidades esportivas e as tradicionais em alunos com idades entre 11 e 13.
Idade entre 11 e 13
TESTE T
Novas Modalidades
Práticas Convencionais
137
Vôlei
Basquete
Handebol
Futebol Americano
0,051
0,829
0,176
Rugby
0,027*
0,714
0,114
Slackline
0,167
0,705
0,469
Punhobol
0,084
0,983
0,27
*Valores de p estatisticamente diferentes.
Na Tabela 3 foi observado que apenas no comparativo do Rugby com o Voleibol,
houve uma diferença estatisticamente significativa (<0,05). Acreditamos que isso possa ter
relação com a faixa etária, uma vez que somente no sexto ano os alunos começam a ter aulas
de EF com o professor especialista, até o quinto ano as aulas são ministradas pelo professor
unidocente, o qual, normalmente, trabalha apenas com a recreação. Partindo desse
pressuposto, qualquer prática para esses indivíduos será nova, o que interfere diretamente nas
variáveis de Flow. Mesmo sem apresentar diferença estatística significativa, pelos valores de
fluxo, todos os esportes alternativos obtiveram média quatro (valor utilizado que demonstra
significância), ressaltando um maior interesse, motivação e aderência à prática. Dos esportes
alternativos, o que mais se destacou foi o Futebol Americano, o qual só não obteve média
quatro nas variáveis: fusão-ação e consciência e transformação do tempo, mas as mesmas não
foram significativas em nenhum esporte. Destacamos assim, que o Futebol Americano foi o
esporte mais atrativo, que obteve maior aderência e mais bem praticado pelos indivíduos.
Tabela 4: Valores de p para o teste t student para a comparação entre as novas
modalidades esportivas e as tradicionais em alunos com idades entre 13 e 16.
Idade entre 13 e 16
TESTE T
Práticas
Práticas Convencionais
Alternativas
Vôlei
Basquete
Handebol
Futebol Americano
0,835
0,842
0,092
138
Rugby
0,2
0,126
0,004*
Slackline
0,047*
0,031*
0,0005*
Punhobol
0,041*
0,026*
0,001*
*Valor estatisticamente significativo
Na Tabela 4 foi encontrado como resultado da comparação entre Rugby e Handebol,
diferença significativa estatisticamente, obtendo um valor de fluxo mais acentuado. Bem
como, para todos os comparativos dos esportes tradicionais (Basquete, Vôlei e Handebol)
com as novas modalidades esportivas Slackline e Punhobol, os últimos obtiveram valores
maiores e com diferença estatística significativa. Concluímos que isso aconteça pelo fato de
serem práticas menos difundidas entre os jovens (mesmo com o crescente número de
praticantes de Slackline fora da escola), indicando que as novas modalidades esportivas são
mais interessantes para os alunos. Devemos ressaltar que, provavelmente, essas práticas foram
bem aceitas e tiveram tais resultados, pois os alunos das séries finais do ensino fundamental já
estão saturados das mesmas práticas desde o começo de sua vida letiva.
O estudo de Franchin e Barreto (2006) trazem dados que reforçam as afirmações
anteriores, em sua pesquisa com alunos do ensino médio de São Paulo, foi constatado que o
desinteresse dos mesmos ocorre por uma alta esportivização da EF e pela repetição dos
conteúdos e descaso dos professores, uma vez que, os conteúdos são os mesmos de séries
anteriores. No mesmo sentido, Gruppi (1998) relata a perda do significado da EF no ensino
médio, quando a disciplina fica percebida como lazer, recreação ou apenas uma prática
específica de determinada modalidade esportiva. Mesmo que nesse trabalho o foco principal
tenha sido os alunos do ensino fundamental, a esportivização precoce já é precedente,
aproximando a realidade desse grupo de alunos aos estudos de Franchin e Barreto (2006) e de
Gruppi (1998). Na tentativa de mudança desse quadro, Franchin e Barreto (2006) ressaltam
que um bom domínio dos conteúdos por parte do professor faz com que o desenvolvimento de
seus alunos seja melhor, possibilitando novas práticas e motivando os seus alunos.
Dessa forma, percebemos que os esportes alternativos trabalhados apresentaram, em
pelo menos uma dimensão, valor de Flow significativo, enquanto que nenhum esporte
tradicional atingiu esses resultados, esses dados fortalecem ainda mais a necessidade de
inserção de práticas como essas no âmbito escolar.
139
5. CONCLUSÃO
Os resultados indicam que as novas práticas, Punhobol, Slackline, Rugby e Futebol
Americano foram mais atrativas e obtiveram um melhor resultado no que diz respeito à
participação, e um perceptível aumento na motivação dos alunos.
Observamos também, que há uma saturação por parte dos alunos em relação aos
conteúdos desenvolvidos nas aulas, que muitas vezes se repetem ao longo dos anos no ensino
fundamental e médio.
Percebemos ainda que as novas modalidades esportivas são possibilidades de
estimular os alunos a participarem aulas de EF e podem ser inseridos na escola de modo a
ampliar a vivência corporal e cultural no aluno através da EF Escolar.
Acreditamos que é papel do professor manter-se atualizado em um mundo que está
sempre em mudança, cabendo aos mesmos uma constante pesquisa e atenção às novas
necessidades e curiosidades dos alunos. Sendo assim, as novas modalidades esportivas
aparecem como uma alternativa atrativa e interessante de ensino, onde os alunos aprendem
conteúdos diferenciados, desenvolvem conhecimentos distintos e apreciam outros esportes
não difundidos no âmbito escolar.
A EF necessita se reinventar e achar formas atrativas de ensino, com novas
metodologias, novas práticas corporais e maior interação com os interesses dos alunos,
qualificando e tornando prazeroso o processo de ensino-aprendizagem. Se bem trabalhadas e
esquematizadas, funcionam muito bem para as aulas, podendo servir para a EF reassumir o
seu valor como conteúdo de ensino.
Esse estudo teve como intuito tentar apresentar uma ação que possa ser diferenciada e
interessante para a EF Escolar, buscando um meio de atrair os alunos para a participação nas
aulas, ampliando assim o conhecimento corporal e cultural dos indivíduos. Observamos que
essas novas modalidades esportivas trabalhadas atendem às necessidades de mudança na EF
Escolar, podendo ser um caminho que trará à EF uma nova percepção e valor para o aluno.
6. REFERÊNCIAS
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Educação Física. Kinein, Florianópolis, v. 1, n. 1, set./dez. 2000.
140
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congresso Latino Americano de Educação física motora. Foz do Iguaçu. 1998.
141
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Psicologia e aprendizagem humana) – Universitat Autònoma de Barcelona, 2006.
VAGHETTI, C. A. O. Exergames em rede: a Educação Física no Cyberspace. Tese
Doutorado – Universidade Federal do Rio Grande, 2011.
142
7. ANEXO 1
Questionário sobre Escala de Comportamento do Movimento
Por favor, responda às questões abaixo de acordo com sua experiência em sua atividade escolhida. Estas
questões relacionam-se aos pensamentos e sentimentos que você experimenta durante a participação em sua
atividade. Você talvez os sente em algum momento, a todo o momento ou em nenhum momento. Não há
respostas certas ou erradas. Pense quantas vezes você experimenta cada uma das características, e então circule o
número que melhor corresponde a sua experiência.
Em geral quando eu participo de (diga sua atividade principal): _________________________
Sinto ser competente o suficiente para
atender às exigências da situação
com
nunca
raramente
às vezes
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
1
2
3
4
5
frequência
sempre
Faço as coisas espontaneamente e
automaticamente sem precisar parar para
pensar a respeito
Tenho firme percepção daquilo que quero
fazer
Tenho uma boa ideia sobre o quão bem
faço uma atividade/tarefa enquanto estou
envolvido nela
Fico completamente focado na tarefa que
tenho em mãos/pela frente
Tenho a sensação de controle total sobre
o que estou fazendo
Não me preocupo com o que os outros
podem pensar sobre mim
A maneira como o tempo passa parece ser
diferente do normal
A experiência é extremamente
143
gratificante
Idade:____________________
TURMA: ____________________
144
O CENÁRIO DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM EDUCAÇÃO FÍSICA A
PARTIR DE PERIÓDICOS NACIONAIS
MARLUCE RAQUEL DECIAN1; EDUARDO LUCIA CAPUTO2; FERNANDA STEIN2;
PRISCILA LOPES CARDOZO2; HELENA THOFEHRN LESSA2; RODRIGO KOHN
CARDOSO2
1
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Resumo: Esse artigo descreve a produção do conhecimento em periódicos brasileiros da
Educação Física, classificando esses produtos em subáreas, verificando sua relação com a
pós-graduação e distribuição geográfica dos autores. Trata-se de análise documental, com
dados extraídos do último número disponível dos 12 periódicos científicos da Educação Física
classificados nos estratos B2 ou superior. Encontrou-se um total de 163 artigos relacionados à
Educação Física, sendo 42,9% na subárea Pedagógica e Sociocultural, 26,5% na subárea de
Treinamento Físico e Fisiologia, 20,4% na subárea de Atividade Física e Saúde e 10,2% na
subárea de Comportamento Motor. Pelo menos um autor dos artigos estava vinculado a
programa de pós-graduação em Educação Física em 60,7% dessas publicações. Observou-se
concentração de autores das regiões Sudeste 42,7% e Sul 34,6%. A região Norte representou
apenas 0,8% das publicações. Políticas de incentivo à produção de conhecimento nas regiões
Centro-Oeste, Nordeste e Norte do Brasil são urgentes.
Palavras-chave: Áreas de Conhecimento; Produção Científica; Pesquisa Documental;
Revistas Brasileiras.
1. INTRODUÇÃO
145
Recentemente tem sido observado um fenômeno de expansão no número de cursos de
graduação em Educação Física no Brasil, indicando existência de aproximadamente mil
cursos na referida área no país (SANTOS; SIMÕES, 2008 e SILVA et al., 2009). Os
Programas de Pós-Graduação em Educação Física têm acompanhado este crescimento. Em
1980, a área contava com dois cursos de mestrado e nenhum de doutorado. Uma década
depois, estes números mudaram para sete e um; em 2000 eram doze e sete; e em 2010,
existiam 21 cursos de mestrado e nove de doutorado no país, respectivamente (RIGO;
RIBEIRO; HALLAL, 2011). De acordo com dados disponibilizados pela Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, atualmente existem 32 cursos de mestrado e
19 cursos de doutorado. Associado a este crescimento, a produção científica na área passou a
apresentar números também mais elevados (COUTINHO et al., 2012).
Os Programas de Pós-Graduação da área da Educação Física, de forma geral, estão
configurados através de duas principais áreas de concentração, as Ciências Sociais e Humanas
e as Ciências Biológicas e da Saúde e, a partir delas, estruturam-se linhas de pesquisas. De
acordo com o modelo proposto por TANI (2011) a Cinesiologia (Educação Física) segue uma
organização transdisciplinar, a qual é composta por três principais subáreas de investigação:
Biodinâmica do Movimento Humano, Comportamento Motor e Humano e Estudos
Socioculturais do Movimento Humano. A primeira é constituída pela Bioquímica do
Exercício, Fisiologia do Exercício, Biomecânica e Cineantropometria. Já a segunda engloba o
Controle Motor, Aprendizagem Motora, Desenvolvimento Motor e Psicologia do Esporte e a
terceira é composta pela Sociologia, História, Antropologia, Filosofia, Ética e Estética do
Movimento Humano/Esporte.
Partindo dessa estruturação e das atuais linhas de pesquisa dos Programas de PósGraduação em Educação Física no Brasil, procurou-se adaptar o modelo sugerido por TANI
(2011), uma vez que a Atividade Física e Saúde parece não se adequar nas respectivas
subáreas, sendo esta uma linha de investigação que está em evidência e é contemplada na
maioria dos Programas de Pós-Graduação. A fim de compor todas as subáreas mencionadas
anteriormente, as mesmas foram assim classificadas: (1) Pedagógica e Sociocultural; (2)
Treinamento Físico e Fisiologia; (3) Comportamento Motor; (4) Atividade Física e Saúde.
146
Considerando o fenômeno de expansão da Educação Física e a evidente organização
da sua área de conhecimento em subáreas de pesquisa, torna-se importante conhecer o rumo
das publicações realizadas no país e refletir sobre as práticas desta área específica, buscando
apontar possíveis lacunas e direções nas investigações. Nesse sentido, o presente artigo se
propõe a descrever a produção do conhecimento na Educação Física em periódicos brasileiros
da área e relacionar com suas subáreas, vínculo com a pós-graduação e distribuição
geográfica dos autores.
2. METODOLOGIA
Esse estudo é caracterizado como descritivo/exploratório, recorrendo à técnica de
análise documental, que se utiliza de materiais que ainda não receberam tratamento analítico
(GIL, 2010). Para esclarecer como a produção de conhecimento ocorre na Educação Física em
periódicos brasileiros, os dados foram extraídos através de busca no sistema de periódicos
WebQualis da CAPES na área de avaliação em Educação Física, a partir dos estratos B2 ou
superior. A coleta e a extração dos dados foram realizadas de forma aleatória por dois
pesquisadores. A seleção dos periódicos foi realizada inicialmente pela leitura dos seus
títulos, onde foram incluídos aqueles cujos títulos se encontravam na língua portuguesa, ou
continham o termo em inglês “Brazilian”.
Após essa fase, a delimitação foi realizada de acordo com a presença das seguintes
palavras-chave em seus títulos: saúde, esporte, movimento e educação física. Ainda, a partir
das revistas selecionadas, os escopos foram verificados para identificar se os periódicos
enfatizavam, especificamente, publicações da área da Educação Física. Doze revistas foram
incluídas para análise: Motriz: Revista de Educação Física, Revista Brasileira de Medicina do
Esporte, Revista Movimento, Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho
Humano, Revista da Educação Física/UEM, Revista Brasileira de Educação Física e Esporte,
Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Licere, Pensar a Prática Revista Brasileira de
Biomecânica, Revista Brasileira de Ciência e Movimento e Revista Brasileira de Atividade
Física e Saúde.
147
Os sítios dos periódicos foram visitados pelos pesquisadores no dia 24/03/2015, a fim
de verificar o conteúdo do último número publicado, com exceção de números relacionados a
edições especiais. Neste caso, o número imediatamente anterior era selecionado. Foram
desconsiderados para análise cartas aos editores e resenhas de livro. Os artigos publicados
foram divididos em quatro subáreas: Pedagogia e Sociocultural, Treinamento Físico e
Fisiologia, Comportamento Motor e Atividade Física e Saúde. Para classificar os artigos nas
respectivas subáreas, as publicações foram analisadas de forma aleatória por dois
pesquisadores. Caso houvesse divergências, eles procuravam estabelecer um consenso.
Quando as discordâncias permaneciam, um terceiro pesquisador foi consultado. A
identificação dos manuscritos nas subáreas se deu através da análise dos títulos, palavraschaves e resumo. Se as informações ainda não fossem suficientes para classificação, os
artigos eram lidos na íntegra.
Para estabelecer relações com os autores das publicações, procurou-se identificar em
quais Universidades eles eram pertencentes e se, pelo menos, um autor de cada artigo possuía
vínculo com algum Programa de Pós-Graduação em Educação Física. Foi utilizado como
critério verificar se o primeiro autor possuía vínculo com algum programa; caso o mesmo não
148
pertencesse a nenhum programa, passava-se para o segundo autor e assim sucessivamente. A
partir dessa seleção, também foi verificada a relação entre os autores incluídos e os conceitos
dos programas estabelecidos pela CAPES. Ainda foram feitas visitas aos sítios dos Programas
de Pós-Graduação de Educação Física a fim de identificar suas linhas de pesquisa.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da análise por estrato na área de Educação Física do sistema WebQualis do
portal da CAPES, um total de 1072 periódicos foram encontrados. Após a aplicação dos
critérios de exclusão, 12 periódicos foram incluídos no estudo. Destes, três eram classificados
como A2 (Motriz, Movimento, Revista Brasileira de Medicina do Esporte), quatro como B1
(Revista Brasileira de Ciência do Esporte, Revista Brasileira de Cineantropometria e
Desempenho Humano, Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, Revista da UEM) e
cinco como B2 (Licere, Pensar a Prática, Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde,
Revista Brasileira de Biomecânica, Revista Brasileira de Ciência e Movimento).
Nesses periódicos, foi publicado um total de 163 artigos relacionados à Educação
Física, sendo 42,9% na subárea Pedagógica e Sociocultural, 26,5% na subárea de
Treinamento Físico e Fisiologia, 20,4% na subárea de Atividade Física e Saúde e 10,2% na
subárea de Comportamento Motor. A Tabela 1 descreve as subáreas dos artigos de acordo
com sua classificação no WebQualis. As subáreas Pedagógica e Sociocultural (46,9%) e
Atividade Física e Saúde (42,3%) concentram suas publicações nos periódicos do estrato B2,
enquanto as subáreas de Treinamento Físico/Fisiologia (39,6%) e Comportamento Motor
(57,2%) concentram suas produções nos periódicos do estrato B1.
Tabela 1 – Número e percentuais de artigos publicados pelas diferentes áreas de
conhecimento da educação física em cada estrato.
149
Foi encontrado pelo menos um autor vinculado a programa de pós-graduação em
Educação Física em 99 (60,7%) publicações. Com relação à distribuição geográfica, a maioria
dos autores está concentrada nas regiões Sudeste (42,7%) e Sul (34,6%), seguido das regiões
Pedagogia
Treinamento
Comportamento
Atividade
Socioculturais
Fisiologia
Motor
Física e Saúde
N (%)
N (%)
N (%)
A1
-
-
A2
18 (28,1)
B1
Estrato
Outras áreas
Total
N (%)
N (%)
N (%)
-
-
-
-
14 (29,1)
1 (7,1)
9 (24,3)
3 (23,1)
45 (25,6)
16 (25,0)
19 (39,6)
8 (57,2)
12 (32,4)
1 (7,7)
56 (31,8)
B2
30 (46,9)
15 (31,3)
5 (35,7)
16 (43,3)
9 (69,2)
75 (42,6)
Total
64 (100,0)
48 (100,0)
14 (100,0)
37 (100,0)
13 (100,0)
176 (100,0)
Centro-Oeste (9,5%), Nordeste (12,4%) e Norte (0,8%). Na Figura 2 são apresentadas as
universidades as quais estão vinculados os autores dos artigos avaliados. Nota-se
predominância de autores da Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade de São
Paulo e Universidade do Estado de São Paulo (Rio Claro). De um total de 481 autores, 64
(13,3%) eram estrangeiros.
Com relação à quantidade de autores por publicação, cada artigo contou, em média,
com 4,1 autores. A média dos autores por artigo na subárea Pedagógica e Sociocultural foi de
2,9. Nas subáreas de Treinamento Físico e Fisiologia e Comportamento Motor foi de 4,9 e na
subárea de Atividade Física e Saúde 5,0 autores por artigo.
A Tabela 2 apresenta a relação entre o estrato dos periódicos em que os artigos foram
publicados e o conceito do programa de pós-graduação no qual o primeiro autor está
vinculado. Dos programas de conceito 3 ou 5, a maior parte dos produtos foi publicado no
estrato B2. Nos programas de conceito 4 ou 7, a maior parte dos produtos foi publicadas em
150
periódicos de conceito B1. Apenas no conceito 6, a maior parte das produções se deu no
estrato A2.
Tabela 2 – Estratificação dos manuscritos vinculados aos programas de Pós-Graduação na
área de Educação Física.
Conceitos dos Programas de Pós-Graduação
Estrato
3
4
5
6
7
A1
-
-
-
-
-
A2
5
7
6
4
2
B1
3
19
11
1
4
B2
6
17
13
1
-
Total
14
43
30
6
6
A tabela 3 traça uma relação entre a quantidade de linhas de pesquisa nos programas
de pós-graduação da área e os produtos publicados nos periódicos avaliados. Foram
identificadas 48 linhas de pesquisa da subárea Pedagógica e Sociocultural, 47 da subárea
Treinamento Físico e Fisiologia, 38 da subárea de Atividade Física e Saúde e 17 da subárea
de Comportamento Motor. As subáreas com maior número de linhas de pesquisa foram
exatamente aquelas com maior volume de publicações nos periódicos aqui analisados.
151
Tabela 3 – Subáreas dos manuscritos e linhas dos Programas de Pós-Graduação na Educação
Física.
A produção do conhecimento na Educação Física brasileira tem aumentado
simultaneamente ao processo histórico de consolidação da área. Percebe-se que sua
intensificação se deu a partir da inserção e expansão dos cursos de pós-graduação stricto
sensu no país. Diante disso, esse estudo teve a proposição de descrever a produção do
conhecimento na Educação Física em periódicos brasileiros da área e relacionar com suas
subáreas.
Com base nos percentuais dos artigos publicados pelas diferentes subáreas do
conhecimento da Educação Física, foi possível verificar que a subárea Pedagógica e
Sociocultural apresenta superioridade numérica em relação às demais, podendo-se inferir que
esta subárea concentra suas publicações em periódicos nacionais da área de Educação Física.
Ainda, os dados mostram que no estrato A2, a mesma subárea é a que mais produz. Sugere-se
que isso ocorre em virtude de um periódico específico (Movimento) ter em seu escopo o
objetivo de divulgar a produção científica de temas relacionados à Educação Física em
interface com as Ciências Humanas e Sociais, no que tange aos seus aspectos pedagógicos,
históricos, políticos e culturais. Outra característica peculiar é o hábito desta subárea eleger
periódicos nacionais e não internacionais para divulgação de seus produtos. Este aspecto
também pode estar atribuído ao número restrito de periódicos qualificados indexados no
WebQualis CAPES com escopo direcionado para esta subárea (JOB; FRAGA; NETO, 2008).
De acordo com OLIVEIRA (1994), é a partir da reforma curricular de 1987 que os
Subárea
Publicações
PPG’s
Pedagogia e socioculturais
64
48
Fisiologia e Treinamento
48
47
Comportamento Motor
14
17
Atividade Física e Saúde
37
38
Total
163
150
152
aspectos sócio-filosóficos da formação geral passam a ser consubstanciados em três áreas do
conhecimento: conhecimentos filosóficos, conhecimentos do ser humano e conhecimentos da
sociedade. Por conseguinte, mudanças parecem estar refletindo na pesquisa brasileira em
Educação Física, através dos periódicos analisados. Diferentemente, o estudo realizado por
ROSA; LETA (2010) aponta que publicações com enfoque em áreas mais humanísticas e/ou
sociais, como a Filosofia, a História, a Sociologia do Esporte, a Psicologia aplicada à
Educação Física e ao esporte, a Didática, são encontradas em minoria nos periódicos
nacionais. No entanto, tal achado pode estar relacionado ao presente estudo ter se limitado
apenas ao último número dos periódicos nacionais da Educação Física, restringindo o
delineamento preciso do perfil da publicação na área. Outro aspecto que pode explicar
fortemente essa discordância é o de que o estudo de ROSA; LETA (2010) não incluiu a
Revista Movimento na análise da produção científica. Ainda, tal realidade apontada pelos
autores pode ter sido alterada nos últimos anos, visto que a pesquisa citada foi realizada no
ano de 2007.
No que tange as publicações nos estratos B1, a subárea que apresenta maior
produtividade é a de Treinamento Físico e Fisiologia, o que pode ser explicado pela grande
quantidade de linhas de pesquisa nos programas de pós-graduação em Educação Física no
Brasil que estudam essa temática específica. Há uma relação direta entre linhas de pesquisa e
número de publicações. Esse dado vai ao encontro dos resultados demonstrados por ROSA;
LETA (2010), que encontraram maior publicação também na subárea da Fisiologia.
A subárea de Comportamento Motor é a que menos publica em todos os estratos,
apresentando índice maior no estrato B2. Deduz-se que isso ocorra pelo fato dessa subárea
apresentar inferioridade numérica nas linhas de pesquisa dos programas de pós-graduação em
Educação Física no país e, ainda, por possuir a tradição de publicação em periódicos
internacionais.
No que tange ao percentual de número de autores por região, identificou-se que as
regiões brasileiras com maior número de autores são, respectivamente, região Sudeste
(42,7%), região Sul (34,6%), região Nordeste (12,4 %), região Centro-Oeste (9,5%) e região
Norte (0,8%). Tal distribuição, com ênfase na região Sudeste e Sul, pode ser entendia devido
153
à concentração de maior número de universidades e programas de pós-graduação na área de
Educação Física nessas regiões, bem como pelos maiores investimentos, tanto de
infraestrutura quanto de recursos humanos nas regiões Sul e Sudeste.
No que se refere à relação dos autores por universidade, foi encontrado que a maior
parte das publicações estava atrelada a autores vinculados à Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), seguida por autores vinculados à Universidade de São Paulo (USP) e à
Universidade do Estado de São Paulo (UNESP). Este dado difere dos resultados encontrados
por ROSA; LETA (2010), os quais demonstraram que a UFSC ocupava posição desfavorável
no número de publicações. Nota-se, portanto, que tal realidade modificou desde 2007.
Quanto ao número de autores por artigos, a média geral foi de 4,1. No entanto, se
isolarmos a subárea Pedagógica e Sociocultural essa média cai para 2,9, constituindo a
subárea que apresenta em média a menor quantidade de autores por artigo. Isso representa
uma peculiaridade da área por se tratar, na maioria das vezes, de estudos densos, com grande
aprofundamento teórico, além de seus instrumentos para a coleta e interpretação dos dados
serem, principalmente, de cunho qualitativo. Nas outras subáreas, a média foi próxima de
cinco autores por artigo.
Os programas de pós-graduação com conceitos 6 e 7 apresentam menos publicações
em revistas nacionais quando comparadas aos periódicos internacionais. Enquanto isso, os
programas com conceito 4 e 5 encontram-se entre os que mais publicam nos periódicos
nacionais e, principalmente, nos estratos B1 e B2. Esses dados podem estar relacionados com
a intenção desses programas de se manterem ou aumentarem seu conceito a partir do número
de publicações. Já os programas com conceito 3 apresentam número menor de publicações,
visto que configuram-se como programas recentemente credenciados com produções em fase
de crescimento, ou ainda programas com indícios de descredenciamento.
Na relação entre a estratificação dos periódicos e os programas de pós-graduação da
área da Educação Física, esperava-se que os programas com conceito 7 teriam número
elevado de publicações em revistas de estrato A2 em comparação aos demais programas com
conceitos mais baixos. No entanto, apenas dois artigos, de um total de seis, foram publicados
por autores vinculados a programas com conceito 7. Sabe-se que os autores vinculados a tais
154
programas publicam com maior frequência em periódicos internacionais, já que o formato de
avaliação dos PPGs exige a necessidade de internacionalização das publicações,
principalmente em periódicos com alto Fator de Impacto. Esse fato também foi identificado
por JOB; FRAGA; NETO (2008), como consequência da forma de análise de medidas
bibliométricas pelas quais as revistas científicas passam: padrões internacionais para
mensuração de produção nacional; estabelecer comparações de áreas diferentes; comparação
entre países com características socioeconômicas diferentes. Em consequência disso, os
pesquisadores, principalmente, da subárea biomédica enviam, preferencialmente, seus
manuscritos a periódicos indexados nas bases de dados de maior notoriedade em detrimento
dos periódicos nacionais (JOB; FRAGA; NETO, 2008).
4. CONCLUSÕES
De forma geral, percebe-se um movimento nacional de valorização da subárea
Pedagógica e Sociocultural, esse fato permite repensar a questão dessa subárea publicar em
periódicos nacionais na área de Educação Física. Faz-se necessário para a Educação Física
brasileira que tais publicações aconteçam tanto em nível nacional quanto internacional,
visando difusão em maior escala do conhecimento produzido nesta subárea, assim como sua
maior valorização e visualização dos percursos científicos como um todo. Existem algumas
possibilidades de periódicos internacionais e com estratificação elevada que contemplam a
subárea Sociocultural e Pedagógica, quais sejam: Sport Education and Society; Journal of
Teaching in Physical Education; European Journal of Sport Science; Journal of the
Philosophy of Sport; Cultura, Ciencia y Deporte; Leisure Studies; Loisir et Société/Society &
Leisure; Physical eEucation and Sport Pedagogy, dentre outros.
Da mesma forma, destaca-se a importância de os programas de pós-graduação com
conceitos superiores a 4 publicarem com maior frequência em revistas brasileiras, a fim de
fortalecer os periódicos nacionais e auxiliar na consolidação da área da Educação Física no
país. Entende-se que justamente devido à publicação no exterior em revistas de maior
visibilidade é que alguns programas de pós-graduação apresentam conceitos elevados. Uma
155
vez atingido tal objetivo através da publicação em periódicos internacionais, estes cursos
assumem maior responsabilidade e capacidade de fortalecimento da pesquisa nacional, sendo
um dos caminhos o aumento da publicação em periódicos brasileiros.
156
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SANTOS, A. L. P; SIMÕES, A. C. Desafios do ensino superior em educação física:
considerações sobre a política de avaliação de cursos. Ensaio: avaliação e políticas públicas
em educação. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v. 16, n. 59, p. 259-274,
abr./jun. 2008.
SILVA, A. M. et al. A formação profissional em educação física e o processo político social.
PENSAR A PRÁTICA, v. 12, n. 2, p. 1-16, maio/ago. 2009.
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sobre o cotidiano escolar. Revista Brasileira de Pós-Graduação, Brasília, v. 9, n. 17, p. 491516, 2012.
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Educação Física no século XXI. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, v.16 n.4, p.
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Acesso em: 26 mar. 2015.
TANI, G. Leituras em Educação Física: retratos de uma jornada. São Paulo: Phorte,
2011.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6ed. São Paulo: Atlas, 2010.
157
JOB, I; FRAGA, A. B; NETO, V. M. Invisibilidade das revistas científicas brasileiras de
educação física nas bases de dados. Cadernos BAD 1, v.1, p. 15-26, 2008.
OLIVEIRA, V. M. Consenso e conflito da educação física brasileira. São Paulo: Papirus;
1994.
ROSA, S; LETA, J. Tendências atuais da pesquisa brasileira em Educação Física Parte 1: uma
análise a partir de periódicos nacionais. Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.24, n.1,
p.121-134, 2010.
158
PRÁTICA FORMATIVA EM DANÇA ESCOLAR: AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
E A FORMAÇÃO DOCENTE
ROBERTA SANTOS AZAMBUJA DOS SANTOS; Prof.ª Dr.ª MARIÂNGELA DA ROSA
AFONSO.
UFPEL – [email protected]
UFPEL - [email protected]
RESUMO
Este estudo busca compreender os saberes na formação docente através da realização de uma
intervenção com professores de Educação Física. O objetivo foi avaliar e verificar possíveis
mudanças em suas práticas formativas. Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo
priorizando a metodologia da Pesquisa-Ação, onde foram respeitadas distintas fases
metodológicas, observando-se o planejamento, a implementação, a descrição e avaliação. Os
sujeitos investigados foram os professores de Educação Física da rede municipal da cidade de
Bagé/RS que atendem aos níveis de Educação Infantil e Ensino Fundamental. A intervenção
foi realizada durante um período de três meses no ano de 2013. O estudo revelou a
importância da formação continuada para os professores, que evidenciaram melhoria na
capacitação para trabalhar com o conteúdo nas suas práticas pedagógicas, permitindo aos
mesmos refletir os antigos saberes em prol da construção de novos.
Palavras-chave: Formação Profissional; Pesquisa Qualitativa; Educação Física.
1. INTRODUÇÃO
Ao pensar na profissão docente, associa-se a qualidade do ensino à figura central do
professor que apresenta suas vivências, sua formação, sua qualificação e seu desenvolvimento
profissional. Atualmente, vários estudos evidenciam a relevância da formação profissional e
ressaltam que é um processo contínuo, que se inicia por meio da formação inicial e se estende
através da formação continuada. Ressaltam pesquisadores, (TARDIF, 2012; ISAÍA;
BOLZAN 2010; CUNHA, 2004) que o desenvolvimento profissional dos docentes advém de
sua própria história de vida, onde a formação de formadores tem suas especificidades.
Antes mesmo do ingresso do professor na formação inicial e no mercado de trabalho,
pode ter início o seu desenvolvimento profissional, pois as experiências anteriores, como por
exemplo, as influências familiares e dos demais profissionais da área configuram-se como
socialização primária ou antecipatória, desenvolvendo no docente a perspectiva de atuação
159
profissional, consolidando as crenças inerentes ao desempenho de sua prática pedagógica
(NASCIMENTO, 2002; VALLE, 2003).
Para JANUÁRIO (2012) “a formação inicial constitui uma experiência de vida que vai
além das competências próprias a qualquer profissão” (JANUÁRIO, 2012, p.23). Representa
uma oportunidade de crescimento pessoal, de treino, de exercitação e de tempo na tarefa.
Durante a formação inicial, os saberes e as competências deveriam ser absorvidos, como
forma do docente estabelecer uma relação harmoniosa com sua profissão (FARIAS;
NASCIMENTO, 2012).
Enfocando o processo de formação docente IMBÉRNON (2011) afirma que para a
formação ser útil e significativa precisa ser adaptável à realidade do professor. E quanto maior
a sua capacidade de adaptação, com mais facilidade ela será incorporada às práticas
profissionais habituais. Um dos objetivos de toda formação é proporcionar a oportunidade de
desenvolver uma prática reflexiva competente. A formação se transforma na possibilidade de
criar espaços para que as pessoas aprendam e se adaptem para conviver com a incerteza e
mudanças.
A formação continuada de professores é uma questão que vem sendo enfatizada, como
forma de manter esse processo contínuo de formação profissional. A busca por práticas
formativas se torna essencial, visando mudanças e a atualização dos estudos para o
enfrentamento dos problemas do contexto escolar. Para IMBERNÓN (2011) a formação
pretende obter um profissional que além de saber o que deve fazer e como, é importante saber
por que deve fazer.
A formação continuada representa para o professor a manutenção da prática reflexiva,
a troca estabelecida com os pares e a capacidade de um novo olhar para prática pedagógica,
incentivando o professor a buscar estratégias diferenciadas para o trabalho docente.
A formação continuada é justificada por uma razão muito mais profunda que se
relaciona com a “própria natureza da prática docente que, enquanto um fazer
histórico, não se mostra pronto e acabado, pois se encontra sempre vinculado a um
saber”. A formação continuada contribui para a modificação da profissionalização
do professor e desenvolve domínios necessários à sua qualificação, como também
atua no exame de possíveis soluções para os problemas reais do ensino (ROSSI;
HUNGER, 2012, p.324).
160
A ideia de educação, segundo ROSSI E HUNGER (2012), deve partir da concepção de
um processo prolongado pela vida toda e com significado de atividade direcionado para
mudança. Os autores ainda defendem que, “formar-se implica ao professor um investimento
pessoal, o desenvolvimento de um trabalho livre e criativo sobre trajetórias e projetos, em
busca da construção de uma identidade tanto pessoal como profissional” (ROSSI; HUNGER,
2012, p. 325).
A expansão do processo de formação continuada se reflete na necessidade urgente de
uma formação mais adequada aos alunos e, como uma nova forma de entendimento de leitura
do mundo, exigindo uma articulação entre teoria e prática (SILVA; NASCIMENTO, 2012).
NÓVOA (1992) constata que para a formação adquirir como eixo de referência o
desenvolvimento profissional implica em considerar três dimensões estratégicas para a
formação: produzir a vida do professor (desenvolvimento pessoal), produzir a profissão
docente (desenvolvimento profissional) e produzir a escola (desenvolvimento organizacional).
Essas estratégias podem apresentar-se eficazes para mobilizar tanto o desenvolvimento dos
professores na perspectiva do professor individual, como na perspectiva do coletivo docente.
O presente estudo objetivou avaliar o resultado de uma intervenção no processo de
formação continuada sobre dança escolar com professores de Educação Física e verificar
possíveis mudanças em suas práticas e saberes.
Seguindo a ideia de TARDIF (2012) que os saberes de um professor são uma realidade
social materializada através de programas, de uma formação, de práticas coletivas, pretendeuse averiguar a relação da inclusão da dança escolar em suas práticas, com suas vivências, a
partir das perspectivas dos professores de Educação Física do município de Bagé/RS.
2. METODOLOGIA
O estudo caracterizou-se por um processo de intervenção sobre dança escolar com os
professores municipais de Educação Física de Bagé/RS. Toda a pesquisa foi orientada e
conduzida seguindo os ciclos da pesquisa-ação defendidos por TRIPP (2005), que afirma que
é importante reconhecer a pesquisa-ação como um dos inúmeros tipos de investigação-ação,
sendo um termo para qualquer processo que siga um ciclo objetivando-se aprimorar a prática
através da oscilação sistemática entre o agir no campo da prática e investigar a respeito dela,
161
portanto, planeja-se, implementa-se, descreve-se e avalia-se uma mudança para melhora de
sua prática.
Foi obtido o consentimento livre e esclarecido dos participantes, assim como a
aprovação no Comitê de Ética e Pesquisa da Escola Superior de Educação Física da
Universidade Federal de Pelotas (UFPel), através da Plataforma Brasil, protocolado sob o
número 11593912.9.0000.5313, aprovado pelo parecer 186.142.
O emprego do método da Pesquisa-ação surgiu pelo interesse em investigar o processo
de mudança ocorrida para área de Educação Física no segundo semestre do ano de 2011 na
rede municipal de ensino do município de Bagé/RS. O contexto de mudança referido acima
foi à adoção pela prefeitura municipal de Bagé em inserir na rede de ensino, professores
especialistas para a disciplina de Educação Física nos níveis de Educação Infantil e Ensino
Fundamental, que até então eram atendidos por somente um professor contemplando a Lei Nº
8.747/1998, que estabelece a Unidocência, dispondo sobre o quadro de carreira, o quadro em
extinção e as gratificações do magistério estadual, dando outras providências.
O primeiro procedimento foi à realização de um levantamento, em agosto/2012, junto
a Secretaria Municipal de Educação (SMED) dos professores de Educação Física que
atendem as escolas municipais de Bagé/RS.
Definida a população e posteriormente a amostragem do estudo passou-se para etapa
seguinte que foi a orientação e organização da pesquisa mediada pelas quatro fases do ciclo
básico da investigação-ação indicados por TRIPP (2005), conforme a figura 1.
Figura 1 – Ciclo Básico da Investigação-ação.
162
Fonte: TRIPP, 2005, p.246.
Partindo da proposta defendida por TRIPP (2005), a pesquisa-ação que foi realizada
com os professores de Educação Física durante o período de três meses (Março-AbrilMaio/2013) no município de Bagé apresentou as seguintes fases:
•
Primeiramente foi realizado um diagnóstico através de um questionário que foi
respondido no primeiro encontro com os mesmos. O referido questionário incluiu perguntas
fechadas e abertas permitindo aos professores especificar e contextualizar a situação da dança
escolar como conteúdo da Educação Física e suas dificuldades.
•
Definido o problema, passou-se para as fases do ciclo que correspondem ao planejar
uma proposta de prática e sua implementação. Os professores foram submetidos a
intervenções práticas sobre dança escolar, durante as quais foi fornecido aos mesmos um
caderno de intervenção sobre dança escolar, contendo classificação, sugestões de atividades e
texto de apoio aos professores. Todas as atividades realizadas foram disponibilizadas no
Caderno de Intervenção. Este caderno foi entregue aos professores no último dia das
intervenções.
•
Continuando no ciclo sugerido por TRIPP (2005) a próxima fase foi à descrição e o
monitoramento dos efeitos da intervenção. Como instrumentos para contemplar esta etapa
foram utilizados os seguintes recursos: memoriais reflexivos que eram preenchidos ao final de
cada aula. Os mesmos tinham pontos específicos para serem respondidos, facilitando a análise
163
dos dados; filmagem das intervenções, fotos e o registro das anotações do trabalho de campo
pelo pesquisador.
•
Finalizando o ciclo, a próxima fase foi a avaliação dos resultados da intervenção. Os
professores responderam novamente a um questionário de avaliação, com perguntas abertas
referentes ao aprendizado, facilidades e dificuldades encontradas e questões relativas à dança
escolar. Como todo processo de intervenção transcorreu dentro do cronograma e do
planejamento, foi utilizado também como instrumento de avaliação a técnica do Grupo Focal.
A população do estudo foi composta pelos professores de Educação Física, vinculados
à rede municipal de ensino de Bagé/RS. Atualmente a prefeitura conta com 51 professores de
Educação Física que atendem aos alunos desde a Educação Infantil até o Ensino Fundamental.
Os participantes foram convidados a participar voluntariamente do estudo, sendo que a
amostra do estudo contou com 26 professores de Educação Física que participaram do
processo de intervenção.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em diferentes momentos do processo de intervenção os professores revelaram suas
necessidades, expectativas, anseios e seu grau de satisfação ou insatisfação com a prática
formativa. Diante desses relatos, construíram-se os quadros referentes a cada uma das fases da
pesquisa, obedecendo ao ciclo de fases preconizadas na Pesquisa-ação por TRIPP (2005).
164
Quadro 1 - Resultados da Primeira Fase
Fase 1
Instrumento
Síntese dos Resultados Encontrados
Desafios para o
trabalho com a dança
escolar
Identificação
do problema
Questionário
Diagnóstico –
Vivências
Anteriores
Enfrentamento dos
desafios com relação
ao tema dança escolar.
O contato com a
dança de forma
restrita na formação
inicial.
Afirmações positivas
com relação à
possibilidade de
trabalhar com a dança.
Disponibilidade em
reafirmar os
saberes sobre dança
escolar.
Necessidade de
práticas formativas
com relação ao tema
dança escolar.
Inserção da dança
escolar como parte
integrante dos
conteúdos das aulas de
Educação Física.
Analisando o quadro 1 com os resultados da primeira fase, percebeu-se que os
professores participantes da pesquisa tinham interesse em trabalhar com dança escolar, mas
apresentavam certo receio em utilizá-la. Alegavam que as dificuldades encontradas recaíam
no fato de não terem apropriação deste conteúdo e vivências no decorrer de sua trajetória
pessoal e profissional as atividades relacionadas à dança.
FARIAS; NASCIMENTO (2012) evidenciam que um dos fatores que caracterizam a
identidade do professor, está associado às relações que os professores estabelecem com a
profissão tanto nos períodos de formação inicial ou experiências profissionais anteriores à
formação. Logo, muito possivelmente os professores que estabeleceram um contato restrito
com a dança em sua formação, terão dificuldade de utilizá-la em sua prática docente. Foi
explicitado pelos entrevistados que o contato com dança aconteceu de forma isolada na
graduação ou em algum período de formação inicial.
165
NASCIMENTO (2011) salienta que um dos fatores que dificulta o desenvolvimento
das aulas de Dança nos cursos de Licenciatura em Educação Física, seja além da pouca carga
horária destinada a essas disciplinas, a falta de experiência prévia com a prática desta
modalidade por parte dos discentes. Para a autora “a falta de um denominador comum para a
organização curricular pode significar o espaço ainda não definido para a importância da
Dança e sua proposta de formação na Educação Física durante a formação inicial
(NASCIMENTO, 2011, p. 65)”.
Por outro lado, as afirmações positivas dos professores em relação à possibilidade de
vir a trabalhar com a dança escolar advêm da sua trajetória pessoal vinculada a práticas de
formação técnica em escolas especializadas em dança, nas modalidades de ballet clássico,
jazz, durante a infância e adolescência, com investimentos familiares. E no decorrer de sua
formação inicial participando de atividades vinculadas à extensão universitária, que tinham
como foco as atividades rítmicas e expressivas.
JANUÁRIO (2012) afirma que os recursos para o desenvolvimento das competências
pessoais, são enriquecidos através das experiências de vida e de formação, tanto ao nível de
desenvolvimento do currículo formal como do informal. Também salienta que o professor
adquire uma bagagem de legitimação de suas decisões fundamentada no seu repertório teórico
e nas suas experiências, que depois passam a ser automatizadas e utilizadas em seus
planejamentos.
Focando ainda a primeira fase, os professores evidenciaram a necessidade de práticas
formativas com relação ao tema dança escolar, ressaltando a importância de investimentos em
cursos de formação para professores, a fim de sentirem-se confiantes em desenvolver seu
trabalho, possibilitando a mobilização de saberes teórico-práticos para o enfrentamento das
dificuldades do contexto escolar. É ressaltado por ROSSI (2013) que a formação continuada
representa uma necessidade na área educacional, compondo um processo de desenvolvimento
profissional a todos profissionais da educação.
A ideia de formação continuada deve evoluir para uma concepção mais abrangente de
formação do ser humano e não se deter somente em ações formativas na concepção de
certificação, atualização, conformação. As formações devem conduzir a novas aprendizagens,
166
conduzindo a novos caminhos e a novos conhecimentos, constituindo um círculo vicioso
(ROSSI, 2013).
Partindo para análise das respostas obtidas durante a segunda fase, que estão
sintetizadas no quadro 2, verificou-se que os professores participantes ressaltavam o quanto as
vivências das atividades propostas nesta fase da pesquisa-ação estavam contribuindo para
mudanças significativas na prática docente na escola. O fato dos professores investigados
estarem atuando diretamente na escola durante a intervenção favoreceu o significado atribuído
à utilização das atividades vivenciadas.
Quadro 2 - Resultados da Segunda Fase
Fase 2
Descrição e
Monitoramento
da Intervenção
Instrumento
Memoriais
Reflexivos;
Filmagens;
Fotos;
Registro das
anotações do
trabalho de
campo.
Síntese dos Resultados Encontrados
Possibilidades de
mudança a partir da
intervenção
Dificuldades
Encontradas
Contribuição para
mudanças na prática
docente.
Quebra de
paradigmas com
relação a dança
escolar.
Apropriação do
conhecimento em
dança escolar.
Maior motivação e
segurança.
Troca efetiva entre os
pares.
Comprometimento e
disponibilidade em
adquirir novos
conhecimentos.
No que tange às opiniões dos professores sobre a intervenção, a proposta vinha ao
encontro da necessidade de atualização dentro da área de dança escolar, como contribuição ao
desenvolvimento no contexto profissional. Durante as intervenções os docentes foram
apropriando-se do conhecimento nesta área e percebendo que existem diversas possibilidades
de aplicação da mesma dentro de seus contextos escolares.
167
ROSSI (2013) enfatiza que um programa de formação deve proporcionar meios ao
professor para empreender as mudanças que desejar, atendendo suas expectativas iniciais ou a
outros aspectos relevantes para a ação docente no transcorrer do processo formativo. As
implicações consideradas favoráveis, sob o ponto de vista da autora, são aquelas que
consideram os contextos escolares e a própria prática dos professores na sua realidade, no seu
cotidiano.
A qualidade do ensino é permeada por diversos fatores que repercutem no processo de
formação inicial e continuada dos professores, como estes atuam e se desenvolvem no campo
profissional. Segundo LANEUVILLE-TEIXEIRA (2007), a educação brasileira tem apontado
que a formação continuada dos profissionais é um dos aspectos mais relevantes no campo
educacional. Representa a viabilização de melhorias no trabalho do professor, que tanto busca
encontrar soluções para os desafios do cotidiano escolar. Assim, destaca-se a necessidade de
interação entre as dimensões pessoal e profissional, nas formações vivenciadas pelos
docentes, como forma de envolvê-los nos processos formativos, representando algo
significativo para suas vidas.
Um dos aspectos relevantes na fase de intervenção foi o comprometimento do grupo
dos professores e sua disponibilidade em aprender, gerando uma apropriação do
conhecimento em dança escolar, superando suas frustações, seus paradigmas e suas
expectativas em relação a este conhecimento. A pesquisa-ação enquanto método de pesquisa
possibilitou um acompanhamento de todas as atividades durante o processo, facilitando a
apropriação da subjetividade e interação entre os participantes da pesquisa.
CHARLOT (2000) enfatiza que a relação com o saber acontece com o próprio sujeito
na medida em que este deve apropriar-se do mundo, aprendendo a construir-se, transformarse, evoluir-se com o decorrer do tempo. Essa afirmativa evidencia-se na fala a seguir:
Por que é muito comum, a gente sabe disso, quando tem um curso, que tem a parte
prática, mesmo entre nós professores de Educação Física, alguns ficam sentados.
Não, não vou fazer, só vou anotar e todos os que eu conseguir ir, pelo menos, eu vi a
participação prática de todos que estavam lá. (PROFESSOR 1).
Para que aconteça uma apropriação do conhecimento pelo docente, fazendo com que
este promova mudanças em seu exercício profissional, as práticas formativas devem suprir
168
suas necessidades e ao mesmo tempo motivá-los a apreender esse conhecimento. ROSSI
(2013) afirma que a educação deve acontecer na característica do ser humano de sempre
continuar aprendendo, colocando em jogo situações que proporcione ao professor empreender
as mudanças que desejar.
Na terceira fase de análise, referente ao processo de avaliação, os professores,
levantaram questões de grande relevância quanto ao processo de intervenção sobre dança
escolar.
Quadro 3 - Resultados da Terceira Fase
Fase 3
Avaliação dos
resultados da
intervenção.
Instrumentos
Questionário
de Avaliação.
Grupo Focal.
Síntese dos Resultados Encontrados
Potencialidades
Gestão
Superação pessoal
com relação à
prática.
Demanda de maior
investimento por
parte da gestão
municipal com
relação a este tema.
Apropriação de
novos
conhecimentos e
técnicas de dança
na Educação Física.
Possibilidade de
trabalhar com a
dança na escola.
Apontaram a questão da superação pessoal com relação ao tema e expuseram que se
sentem mais confiantes e seguros para colocá-lo em prática. Essa questão do processo de
aprendizagem pelos professores, dessa apropriação do conhecimento, motivando-os a superar
suas barreiras nos remete a socialização antecipatória defendida por DUBAR (2005) que
afirma que um indivíduo aprende e interioriza os valores de um grupo (de referência) ao qual
deseja pertencer.
A intervenção constituiu para os docentes uma apropriação de novos conhecimentos
de dança na Educação Física, explorando as possibilidades de abordagens desse conteúdo de
forma simples e efetiva, levando os professores a refletir que é possível trabalhar com dança
escolar.
169
As técnicas ensinadas e abordadas na intervenção, também foi um aspecto evidenciado
pelos docentes, enquanto facilitadoras do processo de aprendizagem dos mesmos. Afirmaram
que, a partir dessa prática formativa, já possuem uma base para começar, e enfatizaram que a
dança escolar deve estar presente nas aulas de Educação Física.
Para IMBERNÓN (2011) a formação será legítima quando contribuir para o
desenvolvimento profissional do professor tanto na melhoria das aprendizagens profissionais
quanto no ambiente de trabalho. Segundo ele, “uma formação deve propor um processo que
dote o professor de conhecimento, habilidades e atitudes para criar profissionais reflexivos ou
investigadores (IMBERNÓN, 2011, p.55)”.
Um processo de prática formativa além de desencadear um processo de apreensão de
conhecimentos, de reflexão do exercício profissional, também envolve a questão da
socialização profissional. DUBAR (2005) enfatiza que “no processo de socialização intervém
uma série de escolhas de papéis, ou seja, de interações com os outros significativos”
(DUBAR, 2005, p. 183).
É muito bom encontrar gente da área da gente para conversar, nem só para
intervenção em si, mas o encontro é muito bom. Eu me divertia muito, eu saía de lá
rindo, para mim era a academia do dia porque eu dançava, brincava. (PROFESSOR
2).
Para IMBÉRNON (2011, p. 36) “a competência profissional, necessária em todo
processo educativo, será formada em última instância na interação que se estabelece entre os
próprios professores, interagindo na prática de sua profissão”. Torna-se necessário aos
docentes desenvolver capacidades de aprendizagem da relação, da convivência, da cultura do
contexto e de interação de cada pessoa com o resto do grupo. A formação vai além do ensino
e se transforma na possibilidade de criar espaços de participação, reflexão e formação onde as
pessoas aprendam a conviver com a mudança e incerteza (IMBERNÓN, 2011).
Dando continuidade ao processo de análise, verificou-se a insatisfação dos
professores, quanto ao oferecimento de cursos, oficinas por parte do município, da Secretaria
de Educação, ressaltando que em anos anteriores as formações já foram mais efetivas, e que
para eles é essencial participar de constante atualização. Todos foram unânimes em dizer que
170
a secretaria deveria ofertar mais oficinas de ritmo, dando mais suporte e com isso,
estimulando e motivando os professores. Na fala a seguir evidencia-se essa realidade:
[…] a outra coisa, também foi dentro do que a gente já comentou, a falta de
formação oferecida, até mesmo pela SMED, porque eu tô desde o ano passado e só
teve uma. […] Eu mesmo, no meu caso, necessito de formação porque trabalho com
anos iniciais, sempre trabalhei com anos finais e ensino superior, bem ao contrário.
E essa parte de dança escolar, para mim é essencial, para trabalhar o ritmo, então
faltava. Mas eu acho que, além disso, chamou à atenção a formação continuada.
(PROFESSOR 3).
DALBEN (2010) afirma que o investimento em formação continuada é uma questão
de exigência para o exercício da cidadania. Promover articulações entre políticas nacionais,
articulações entre as redes de ensino, públicas e privadas, federal, estadual e municipal são
maneiras de proporcionar processos de formação e condições de trabalho para que aconteça a
possibilidade de um exercício qualificado da ação docente.
Os participantes da pesquisa manifestaram-se críticos quanto a estratégias utilizadas
pelos órgãos gestores responsáveis pela qualificação docente no cenário investigado.
Argumentavam que o maior fomento em ações formativas possibilitaria a capacitação dos
mesmos em trabalhar com diferentes conteúdos nas aulas de Educação Física.
Na seguinte afirmativa percebemos de forma clara as questões levantadas pelos
professores na fase diagnóstica:
Momentos como esse. Imagina, precisou uma dissertação de mestrado para motivar
a SMED a oferecer uma oficina sobre práticas em dança. Não que não tenhamos
condições de trabalhar a dança, mas a exigência geralmente é: trabalhar para
JERGS, treinar para torneio escolar, etc. Acaba que o tempo que temos com os
alunos é para organizar o trabalho e treino dos esportes. (PROFESSOR 4).
O professor precisa estar ciente de sua forma de atuação, saber o porquê de suas
atitudes. Portanto, precisa saber reivindicar o conhecimento que não detém para usufruir dos
processos de construção dos novos saberes da prática que poderá adquirir com os novos
processos de formação (DALBEN, 2010).
171
No momento que as práticas formativas atendem diretamente as expectativas e
necessidades dos professores, o processo de apropriação do conhecimento pelo docente tornase válido, refletindo a construção de novos conhecimentos no seu exercício profissional.
4. CONCLUSÃO
Acredita-se que os resultados encontrados, a partir da análise das distintas fases do
processo de intervenção, reforçam a importância de práticas formativas para o
desenvolvimento profissional docente. As ações formativas representam uma possibilidade de
reflexão ao professor acerca de suas práticas, além da discussão dos problemas, da realidade e
das necessidades vivenciadas por eles em seu exercício profissional. Evidencia-se também
que as ações formativas devem ir ao encontro dos interesses dos professores, ocasionando
com isso mudanças em suas atitudes, saberes e prática pedagógica, contribuindo para a
melhoria do ensino.
A intervenção promoveu uma aproximação dos docentes acerca do conteúdo “dança
escolar”, e sobre as suas possibilidades de desenvolvimento nas aulas de Educação Física. Tal
conhecimento surge como um agente modificador dos conteúdos e práticas desenvolvidas na
escola, que na maioria das vezes se rende aos conteúdos esportivos.
Não se pretendeu nesse estudo generalizar as considerações apresentadas, mas sim,
delinear um espaço que possa contribuir para possíveis associações dos leitores com sua
realidade, de acordo com os contextos em que estão inseridos. O que se pode concluir, é que a
prática formativa docente é um processo ininterrupto e que se desenvolve no decorrer da
trajetória pessoal e profissional do professor, sendo essencial para este refletir acerca de sua
prática, manter e/ou adquirir novos saberes e conhecimentos.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHARLOT, B. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artes
Médicas Sul, 2000.
172
CUNHA, I.C. Inovações pedagógicas e a reconfigurações dos saberes no ensinar e aprender
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DALBEN, A.; DINIZ, J.; LEAL, L.; SANTOS, L. Convergências e tensões no campo da
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VALLE, I.R. A Era da Profissionalização: Formação e Socialização Profissional do
Corpo Docente de 1ª a 4ª Série. Florianópolis: Cidade Futura, 2003.
174
REDES DE COLABORAÇÃO CIENTÍFICA NO ESPAÇO DO PIBID: UM ESTUDO
A PARTIR DOS GRUPOS DE PESQUISA DA UFPEL
OTÁVIO ÁVILA PEREIRA¹; MARIANA TEIXEIRA DA SILVA²; LEON FLORES
CIBEIRA²; VINICIUS DE MORAES CALDERIPE²; PATRICIA MACHADO DA SILVA²;
MYRIANE ROSA DA ROSA²; MARIANGELA DA ROSA AFONSO3
1
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
RESUMO
Nas redes de colaboração científica há perspectiva interdisciplinar com diálogos de
conhecimentos compartilhados, há também metas comuns, esforços coordenados, resultados e
méritos compartilhados. Neste sentido, o objetivo geral do estudo é mapear as redes de
colaboração científica no espaço do PIBID a partir dos Grupos de Pesquisa da UFPel. Assim
este estudo se propõe a analisar os Grupos certificados na plataforma LATTES/CNPQ, da
qual tem como lideres os professores coordenadores do PIBID/UFPel. Foram mapeados, os
Grupos, número de publicações; a presença de estudantes de graduação, mestrado e
doutorado. Buscando compreender as interfaces entre a pesquisa e a formação inicial dos
alunos de graduação das licenciaturas. O estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva,
qualitativa que busca as relações estabelecidas em uma comunidade de pesquisa, além de
sinalizar projeções futuras. Constatou-se que os Grupos de Pesquisa (GP), podem fazer
avançar as frentes de pesquisa dentro do PIBID na UFPel.
Palavras chaves: Pesquisa, Professores, Redes de colaboração
1. INTRODUÇÃO
Atualmente a imagem do pesquisador isolado faz parte do passado, pois as
associações e parcerias integram as estratégias de produção científica. Nas redes de colaboração
científica há perspectiva interdisciplinar com diálogos de conhecimentos compartilhados, há
também metas comuns, esforços coordenados, resultados e méritos compartilhados.
175
Baseado em Vanz e Stump (2010) o conceito de colaboração científica é amplo e
não existe um consenso entre a comunidade sobre como considerar o auxílio prestado por outra
pessoa. Os autores citados afirmam que esse conceito pode variar muito de acordo com a área do
conhecimento e, até mesmo, conforme a percepção pessoal do cientista. Na concepção clássica,
dois cientistas colaboram quando compartilham dados, equipamentos e/ou ideias em um projeto,
que resulta, geralmente, em experimentos e análises de pesquisas publicadas em um artigo de
Katz; Martin, 1997, citado por BALANCIERE(2010).
A colaboração científica tem sido definida como uma estratégia de trabalho
quando dois ou mais cientistas trabalham num mesmo projeto de pesquisa, compartilhando
recursos intelectuais, econômicos e/ou físicos. Entretanto, conforme ressaltam Bordons e Gómez
(2000), citado por Vanz e Stump (2010), a contribuição de cada um dos colaboradores pode se
dar em âmbitos diferentes, desde a simples expressão de uma opinião sobre a pesquisa até o
trabalho conjunto durante todo o decurso de um projeto.
Assim, a colaboração frequentemente acontece entre professores e alunos, mesmo
que esta não seja considerada por muitos autores como colaboração científica, dada a diferença
de funções existente entre esses indivíduos. Segundo Katz; Martin, 1997, citado por
BALANCIERE(2010) em equipe, o background individual de cada pesquisador é socializado
entre o grupo, facilitando a transferência de conhecimentos e habilidades, além de possibilitar o
aprendizado de todos os participantes e estimular a criatividade e as ideias. Discutir diferentes
pontos de vista pode gerar novas perspectivas, característica que se amplia quando os
colaboradores são oriundos de diferentes áreas.
Maia e Caregnato (2008) afirmam que agências financiadoras de pesquisa estimulam a
co-autoria, entre outros motivos, pela economia de tempo e recursos (financeiros e materiais).
Em algumas áreas são organizados projetos de cooperação formais para colaboração, mas sabese que a colaboração entre duas pessoas é um processo social e de interação humana que pode
acontecer de diversas formas e por diferentes motivos, entre eles, os afetivos e também aqueles
que dizem respeito a proximidade geográfica e relação de orientador-aluno (VANZ; STUMPF,
2010). Em algumas áreas os colégios invisíveis estabelecem redes de relações informais que
bastam para fomentar a colaboração entre os pesquisadores (CRANE, 1972).
176
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) é um Programa do
Ministério da Educação, gerenciado pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior), cujo objetivo maior é o incentivo à formação de professores para atuarem na
educação básica e a elevação da qualidade das escolas públicas. Entre as propostas do PIBID
estão colocados as demandas de formação também em pesquisa.
Segundo o Relatório de Gestão da Diretoria de Educação Básica (DEB) 2009-2013
(CAPES, 2013), o PIBID é um programa de incentivo e valorização do magistério e de
aprimoramento do processo de formação de docentes para a educação básica. Este Programa
oferece bolsas para que alunos de licenciatura exerçam atividades pedagógicas em escolas
públicas de educação básica, contribuindo para a integração entre teoria e prática, para a
aproximação entre universidades e escolas e para a melhoria de qualidade da educação brasileira.
Para assegurar os resultados educacionais, os bolsistas são orientados por coordenadores
de área (docentes das licenciaturas) e por supervisores (docentes das escolas públicas onde
exercem suas atividades). O diálogo e a interação entre graduandos, coordenadores e
supervisores geram um movimento dinâmico e virtuoso de formação recíproca e crescimento
contínuo. O diálogo entre professores é fundamental para consolidar saberes emergentes da
prática profissional (NÓVOA, 1997).
O PIBID tem como foco ainda, a formação didático-pedagógica geral que corresponde à
estudos teóricos e discussões sobre os textos legais: Lei de Diretrizes e Bases (LDB), Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN), Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), Pacto Nacional pela
Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), Ensino Fundamental-nove anos, Proposta Curricular
para o Ensino Médio Politécnico do RS.
Neste eixo estão contemplados os diferentes temas relacionados aos processos de ensino
e de aprendizagem e formação de professores; com encontros semanais da área para organização,
planejamento, estudos, registro e sistematização das ações;
com planejamento do projeto
interdisciplinar, implantação, avaliação, registro e sistematização das ações; a ainda o aspecto da
interdisciplinaridade que
pressupõe
a interação entre pesquisadores oriundos de diversos
campos do saber, é sem dúvida um dos motivos principais que levam à colaboração científica.
Neste sentido, o objetivo geral do estudo é mapear as redes de colaboração científica no
espaço do PIBID a partir dos Grupos de Pesquisa da UFPel. Assim este estudo se propõe a
177
analisar os Grupos certificados na plataforma LATTES/CNPQ, número de publicações; a
presença de estudantes de graduação, mestrado e doutorado, buscando compreender as interfaces
entre a pesquisa e a formação inicial dos alunos de graduação das licenciaturas.
Figura 1 – Configuração do PIBID
Fonte: Relatório de gestão - CAPES / DEB (2009-2013)
A fim de elucidar a configuração do PIBID na UFPel, apresentamos a figura a seguir
onde estão disponibilizados a organização do Programa na UFPel. As licenciaturas estão
todas contempladas e os números refletem o quando a UFPel aderiu ao Programa.
Fonte: ASSIS, C.R. (2014)
178
2. METODOLOGIA
O estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, qualitativa que busca as
relações estabelecidas em uma comunidade de pesquisa, além de sinalizar projeções futuras.
Como critérios de inclusão foram escolhidos professores os 16 (todos) coordenadores dos
sub-projetos, que possuem grupo de pesquisa. Foi utilizado o procedimento/delineamento do
estudo de caso.
Segundo Gil (2010) o estudo de caso caracteriza-se pelo estudo profundo de um ou de
poucos objetos, que permite o seu conhecimento amplo e detalhado. Como estratégia
metodológica partimos para a análise documental, na medida em que esta, se constitui como
uma técnica importante na pesquisa qualitativa, quando nos propomos ao desvelamento de
aspectos novos de um tema ou problema (LUDKE; ANDRÉ, 1986).
O período demarcado para exploração dos dados foi o segundo semestre de 2015,
tendo como recurso metodológico o conjunto de sistemas de conhecimento da Plataforma
Lattes. Os dados foram coletados a partir de dados disponíveis nesta Plataforma tomando as
informações sobre grupos de pesquisa. No Diretório e Grupos de Pesquisa estão
disponibilizados dados sobre a colaboração e participação de pesquisadores/estudantes em
redes colaborativas estabelecendo interfaces entre diferentes instituições. Nesta base de dados
é possível também visualizar indicadores de produção, interlocuções entre pesquisadores e
professores tanto nos níveis de graduação quanto do pós-graduação.
Hoje a Plataforma Lattes, está configurada como um conjunto de sistema de
informação, capaz de gerir as atividades de fomento de diferentes atores ligados ao sistema
nacional de inovação do país. (Balancieri, 2010).
Este autor afirma que hoje são buscados, nas bases Lattes, subsídios à aplicação de
instrumentos de análise de redes de colaboração técnico-científicas. Conforme Balanciere
(2010), entre os sistemas de conhecimento da Plataforma Lattes estão aqueles que têm como
objetivo aprofundar a análise sobre as formas de colaboração científica em um sistema
nacional de inovação. Um dos projetos que se relacionam com essa questão denomina-se
Lattes Redes- Grupos de Pesquisa (GP).
Assim este estudo tomou como foco a análise dos Grupos de Pesquisa em distintas
áreas de conhecimento.
179
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A primeira área estudada foi a área de conhecimento das licenciaturas ligadas às
Ciências Biológicas, conforme segue o quadro abaixo.
Destacamos neste quadro, a presença do Curso de Licenciatura em Educação Física,
pois este é composto de quatro coordenadores, e com o maior numero de bolsistas de toda a
UFPel. Todos os professores deste curso, aqui analisados eram até bem pouco tempo
inseridos nos Programas de Pós-Graduação e isto pode estar diretamente ligado ao processo
de constituição de Grupos de Pesquisa e certa preocupação com as questões de pesquisa. O
número de produções também merece destaque. É possível inferir que estes docentes mantém
ainda vínculos e parcerias de pesquisa.
No quadro abaixo, estão evidenciados os dados referentes aos Cursos de Licenciatura
ligados às Ciências Exatas. Destacamos o Curso de Química. Os dados sinalizam para uma
potencialidade de diferentes frentes de pesquisa e grande número de pesquisadores. Já os
Grupos e pesquisadores ligados à Física e Matemática revelam uma produção de árticos e
produção científica. De certa forma estes dados podem sinalizar para uma cultura científica
que deve beneficiar os alunos Bolsistas com perspectivas de formação em pesquisa.
180
Os dados referentes a área das licenciaturas das áreas de Letras e Artes. Conforme é
possível observar que esta área concentra um grande número de cursos. Há uma distribuição
homogênea entre os Grupos de Pesquisa, com numero expressivo de recursos humanos
(alunos). Na grande parte dos Grupos estudados, são os coordenadores que tem fomentado a
inserção de alunos de graduação e pós-graduação à esta participação.
181
Mesmo as áreas e licenciaturas mais recentes na UFPEL, já tem se destacado na
questão de fomentar a pesquisa. Esta cultura se deve em grande parte pela decisão
institucional de contratar para o quadro de professores, apenas professores que já tenham
cursado doutorado.
Assim embora o foco principal do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e
Expansão das Universidades Federais (REUNI), fosse a implementação de um conjunto de
políticas públicas de formação de professores, e expansão do Ensino Superior , com aumento
de vagas de graduação, toda esta expansão potencializou as mudanças que ocorreram em
todas as instâncias universitárias. Houve por conta disto significativo aumento de
pesquisadores na UFPel tornando possíveis a abertura de cursos de pós-Graduação, bem como
novos Grupos de Pesquisa na UFPel. (UFPel,2010)
Outro quadro de expressão dentro do Programa PIBID, é o relativo a área de
conhecimento das Ciências Humanas. Os Grupos de Pesquisa ligados ao Curso de História se
182
destaca pelo número de publicações. Cada área procura atender as demandas e os Grupos
estão vinculados aos lideres que podem ter maior expressão e inserção em diferentes frentes e
pesquisa.
183
4. CONCLUSÃO
A boa comunicação entre os pesquisadores, a habilidade social e de como conduzir o
trabalho em equipe são características fundamentais da colaboração científica. Neste sentido,
avançar nos estudos e no entendimento da colaboração científica no Brasil é fundamental para
que tenhamos uma ideia mais clara de como este fenômeno vem acontecendo na comunidade
científica brasileira, possibilitando a definição e o direcionamento de políticas científicas mais
adequadas. Segundo Assis (2015) O que podemos perceber é que a proposta institucional do
PIBID tem fortalecido as estratégias de formação inicial e continuada. Neste sentido trazemos
para discussão as ideias de Nóvoa (1995), quando enfatiza que a formação passa pela
experimentação, pela inovação, pelo ensaio de novos modos de trabalho pedagógico e pela
reflexão crítica sobre a utilização de processos de investigação, diretamente articulados com
as práticas educativas.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSIS, C. R. Projeto de Qualificação de Mestrado. 2015
BALANCIERI, Renato et al. A análise de redes de colaboração científica sob as novas
tecnologias de informação e comunicação: um estudo na Plataforma Lattes . Ci.
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CRANE, D. Invisible colleges: diffusion of knowledge in scientific communities. Chicago:
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LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São
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MAIA, M. F. S.; CAREGNATO, S. E. Co-autoria como indicador de redes de colaboração
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NÓVOA, A. Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1997. UFPEL.
184
UFPEL – Universidade Federal de Pelotas. Pró-Reitoria de Graduação - Proposta
Institucional
PIBID
Edital
nº
61/2013.
Disponível
em:
<http://wp.ufpel.edu.br/prg/files/2012/04/PROJETO-INSTITUCIONAL-PIBID-UFPEL.pdf>.
Acesso em: mai. 2014.
UFPEL – Universidade Federal de Pelotas. Pró-Reitoria de Graduação. Disponível em:
<http://wp.ufpel.edu.br/prg/files/2012/04/PROJETO-INSTITUCIONAL-PIBID-UFPEL.pdf>.
Acesso em: mai. 2010.
VANZ, S. A. S; STUMP, I. R. C; Colaboração científica: revisão teórico-conceitual.
Perspectivas em Ciência da Informação, v.15, n.2, p.42-55, maio./ago. 2010 42.
185
TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS MENORES ENTRE COLETORES DE LIXO DE
DUAS CIDADES DE PORTE MÉDIO DO SUL DO BRASIL
RODRIGO KOHN CARDOSO1; AIRTON JOSÉ ROMBALDI2; ALINE MACHADO
ARAUJO3; NATAN FETER4; MATHEUS PINTANEL FREITAS 5; NICOLE GOMES
GONZALES6; MARCELO COZZENSA DA SILVA7
1
Escola Superior de Educação Física – Universidade Federal de Pelotas –
[email protected]
2
Escola Superior de Educação Física – Universidade Federal de Pelotas –
[email protected]
3
Escola Superior de Educação Física – Universidade Federal de Pelotas –
[email protected]
4
Escola Superior de Educação Física – Universidade Federal de Pelotas –
[email protected]
5
Escola Superior de Educação Física – Universidade Federal de Pelotas –
[email protected]
6
Escola Superior de Educação Física – Universidade Federal de Pelotas –
[email protected]
7
Escola Superior de Educação Física – Universidade Federal de Pelotas –
[email protected]
RESUMO: O presente estudo objetivou identificar a prevalência de transtornos psiquiátricos
menores (TPM) e seus fatores associados entre coletores de lixo. Caracterizado como
observacional e do tipo censo, o estudo teve como amostra 127 coletores de lixo das cidades
de Pelotas e Rio Grande, Rio Grande do Sul. Foram coletadas informações relacionadas a
características sociodemográficas, nutricionais e comportamentais, e os TPM foram
identificados através do Self Reporting Questionnaire (SRQ 20). Ainda, utilizou-se análise
univariada e de associação entre o desfecho e preditores. Foi identificado que a prevalência de
TPM era de 22,1% entre dos entrevistados, e de 25,5% e 19,7% entre os trabalhadores de Rio
Grande e Pelotas, respectivamente. Não foi encontrada associação entre TPM e características
sociodemográficas, comportamentais e nutricionais. Logo, concluiu-se que os coletores de
lixo apresentaram alta prevalência de TPM, sugerindo assim a implantação de estratégias de
prevenção de novos casos e de auxilio no tratamento dos existentes.
Palavras-chave: Saúde mental, epidemiologia, trabalhadores, saúde do trabalhador, lixo.
1. INTRODUÇÃO
186
Os transtornos mentais representam algo em torno de 13% da sobrecarga de doenças
no mundo (GONÇALVES et al., 2008). Um estudo coordenado pela OMS para analisar os
distúrbios mentais durante a vida, determinou que a frequência varia de 12,2% na Turquia a
48,6% nos Estados Unidos. No Brasil, o estudo foi realizado em São Paulo, onde 17,4% dos
indivíduos apresentavam ansiedade, 15,5% distúrbios do humor e 16,1% usavam alguma
substância antidepressiva (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2001). Em Pelotas/RS, foi
encontrada uma prevalência de distúrbios psiquiátricos menores de 28,5% em adultos, sendo
maior nas pessoas inseridas nas classes sociais mais baixas, de menor renda, acima de 40 anos
e do sexo feminino (COSTA et al., 2002).
A ocupação profissional também está intimamente associada com esse tipo de
morbidade. As chamadas intoxicações profissionais podem trazer sérios problemas ao sistema
nervoso central, particularmente sobre as funções psíquicas (MENDES, 1988).
Os coletores de lixo, genericamente chamados de lixeiros ou garis, realizam atividades
socialmente desprivilegiadas. A visão social desse grupo de trabalhadores e sua própria
autoimagem são problemáticas do ponto de vista de nossa sociedade. Há um tipo de
menosprezo pela referida ocupação, de suas condições econômicas e de trabalho adversas.
Eles vêem-se obrigados a ter que lidar com uma realidade tão universalmente abjeta, sem
receberem salários condignos, socialmente equitativos, até mesmo quando comparados
àqueles de outras categorias pertencentes ao setor terciário, no qual se inserem (VELLOSO et
al., 1997).
André (1994) estudou fatores de risco na saúde mental dos trabalhadores de limpeza
pública de uma região do município de São Paulo e encontrou, a partir das falas individuais, a
configuração de experiência coletiva de desgaste mental. Os resultados obtidos demonstraram
que os trabalhadores estão sujeitos a situações que podem provocar sofrimento mental e
sobrecarga emocional, dadas algumas características ligadas ao seu trabalho, decorrentes
diretamente das condições do trabalho: ambiente insalubre, poucos equipamentos de proteção
e tecnologia rudimentar. Além disso, destacaram-se os aspectos ligados a percepção do
desgaste físico, provocando medo da incapacidade para o trabalho.
187
Diante do quadro exposto, o objetivo do presente estudo é apresentar a prevalência de
transtornos psiquiátricos menores (TPM) em coletores de lixo, bem como seus fatores
associados.
2. METODOLOGIA
Este estudo, caracterizado como observacional, de caráter transversal e do tipo censo,
foi realizada nas cidades de Pelotas e Rio Grande, ambas localizadas na região sul do estado
do Rio Grande do Sul, extremo sul do Brasil. A coleta de lixo é realizada por uma empresa
privada nas cidades estudadas, e um total de 127 indivíduos trabalhavam como coletores de
lixo durante o mês de novembro de 2011, época em que foi realizada a coleta de dados.
Os questionários foram aplicados por entrevistadores previamente treinados e a
entrevista teve duração média de aproximadamente 30 minutos. O controle de qualidade foi
realizado pelo pesquisador principal através da reaplicação de questões-chaves a cinco por
cento dos trabalhadores de cada cidade. Os resultados demonstraram que não houve
discrepância de informações.
O questionário, contendo 150 perguntas, foi elaborado para avaliar as características
sociais – escolaridade em anos de estudo e estado civil; econômicas - nível socioeconômico,
através do instrumento da ABEP (ABEP, 2013) e renda familiar em reais; comportamentais tabagismo e ingestão de bebidas alcoólicas com a utilização do CAGE (ROUNSAVILLE et
al., 2000); e antropométricas - peso e altura auto relatadas; características do trabalho – tempo
de trabalho em meses.
A prevalência de TPM foi avaliada através do Self Reporting Questionnaire (SRQ 20),
instrumento de rastreamento para transtornos mentais, como depressão e ansiedade,
desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde para estudar transtornos psiquiátricos em
países em desenvolvimento. Consiste de 20 perguntas com respostas "sim" e "não". Cada
resposta afirmativa pontua com o valor um para compor o escore final por meio do somatório
188
destes valores. Os escores obtidos estão relacionados com a probabilidade de presença de
transtorno não psicótico, variando de 0 (nenhuma probabilidade) a 20 (extrema
probabilidade). Um escore a partir de seis pontos indica a presença de TPM (MARI et al.,
1986).
Os questionários foram duplamente digitados no programa EPIDATA 3.1. Para a
análise estatística utilizou-se o programa STATA 10.0. Foram realizadas análises univariadas
de todas as informações coletadas, com cálculo das medidas de tendência central e dispersão
para as variáveis contínuas e de proporções para as variáveis categóricas. Utilizou-se ainda o
teste Qui-quadrado, teste exato de Fisher`s, teste de tendência linear e Qui-quadrado de
Pearson para analisar associação entre o desfecho e alguns preditores.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram entrevistados todos os 127 coletores de lixo, todos do sexo masculino, vinculados
à empresa responsável pela coleta de lixo durante o mês de dezembro de 2011, estando na
ativa ou não (férias e/ou licença médica). Não houve perdas e recusas. A média de idade
encontrada foi de 26,21 ± 5,41 anos, com idades variando de 18 a 45 anos. A escolaridade
média foi de 6,24 ± 2,33 anos de estudo e a renda familiar média foi de 1181,35 ± 571,14
reais. com a maioria dos participantes do estudo pertencentes ao nível socioeconômico C
(70,08 %), de acordo com a classificação da ABEP. Ainda, eles apresentaram cor de pele não
branca (57,48 %) e eram casados ou viviam com uma companheira (70,08 %)
Dentre os trabalhadores, a maioria nunca fumou (51,97 %), ingere bebidas alcoólicas
(57,94 %) e apresenta peso normal de acordo com a classificação de IMC (81,75 %). O tempo
de trabalho médio como coletor de lixo foi de 30 meses, ± 49,5.
A tabela 1 apresenta as características do trabalho e a descrição sociodemográfica,
econômica, comportamental e nutricional dos trabalhadores.
189
Tabela 1 – Características demográficas dos coletores de lixo de Pelotas e Rio
Grande/RS (n=127).
VARIÁVEIS
Nível socioeconômico (ABEP)
B
C
D
PREVALÊNCIA
Nº (%)
8 (6,3)
89 (70,1)
30 (23,62)
Renda familiar (salários)
Até 1
1–2
2–3
3 ou mais
14 (11,0)
82 (64,6)
18 (14,2)
13 (10,2)
Pelotas
Rio Grande
76 (59,84)
51 (40,16)
Branca
Não branca
54 (42,52)
73 (57,48)
0–4
5–7
8 – 11
12 ou mais
31 (24,41)
56 (44,09)
38 (29,92)
2 (1,57)
Situação conjugal
Casado ou com companheira
Solteiro ou sem companheira
Separado
89 (70,08)
33 (25,98)
5 (3,94)
Cidade
Cor da pele
Escolaridade (anos)
Tabagismo
190
Nunca fumou
Ex fumante
Fumante
Ingestão de álcool
66 (51,97)
18 (14,17)
43 (33,86)
73 (57,94)
IMC (kg/m²)
Peso normal
Sobrepeso
Obesidade
103 (81,75)
21 (16,67)
2 (1,59)
Tempo de trabalho
Menos de 1 mês
Entre 1 mês e 1 ano
Entre 1 e 5 anos
Entre 5 e 10 anos
Mais de 10 anos
33 (17,32)
49 (38,58)
38 (29,92)
9 (7,09)
9 (7,09)
A prevalência de TPM foi de 22,1% (28 trabalhadores), com maior frequência em
trabalhadores com mais escolaridade, maior IMC, separados, e entre indivíduos da cidade de
Rio Grande (18,6 %) quando comparados a cidade de Pelotas (15,8%). No entanto, a análise
univariada não apresentou significância estatística entre estas variáveis. Além destas, outras
variáveis foram testadas quanto a possível associação com TPM, dentre elas idade, cor da
pele, classe econômica, tabagismo, ingestão de álcool, e turno e tempo de trabalho. Nenhuma
destas apresentaram associação estatisticamente significativa com o desfecho. A tabela 2
apresenta os dados detalhadamente.
Tabela 2 – Análise univariada de transtornos psiquiátricos menores e fatores
associados em coletores de lixo de Pelotas e Rio Grande/RS, 2012 (n=127).
ANÁLISE BRUTA
VARIÁVEIS
TPM (%)
P
0,97*
Cor da pele
191
Branca
22,2
Não branca
21,9
0,97**
Idade (anos)
18 - 21
19,2
22 – 25
20,5
26 – 29
34,5
30 ou mais
15,3
0,70*
Escolaridade (anos)
Até 4
22,6
5–8
20,3
9 ou mais
29,4
0,14***
Classe econômica
B
0,0
C
22,9
D
30,0
0,35***
Fumo
Nunca fumou
18,2
Ex-fumante
0,0
Fuma até 19
cigarros/dia
31,0
25,9
Fuma 20 ou mais
192
cigarros/dia
0,39***
Ingestão de álcool
Não bebe
25,8
Bebe de 1-3
doses/dia
14,3
15,4
Bebe de 4-6 doses/dia
0,0
Bebe 7 ou mais
doses/dia
IMC (kg/m2)
0,78***
Até 24,9
23,3
25,0 ou mais
17,4
0,77**
Situação conjugal
Casado ou com
companheira
21,4
23,7
Solteiro ou sem
companheira
0,44**
Cidade
Pelotas
19,7
Rio Grande
25,5
0,64**
Turno de trabalho
193
Diurno
20,6
Noturno
25,0
Tempo de trabalho
(meses)
0,83***
Menos de 1
27,3
1 – 12
18,4
31 – 24
21,1
25 – 48
30,8
49 ou mais
20,8
TPM: Transtornos psiquiátricos menores.
*Teste de tendência linear
**Teste qui quadrado
***Teste exato de Fisher
A prevalência de TPM apresentada pelos coletores de lixo (22,1%) é menor do que a
relatada em outros grupos de trabalhadores em estudos prévios que utilizaram o mesmo
instrumento (SRQ 20), como catadores de lixo (44,7%) (SILVA et al., 2006), professores
(55,9%) (REIS et al., 2005), fisioterapeutas (24%) (ASSUNÇÃO et al., 2013). Não foram
encontrados estudos avaliando a prevalência de TPM em grupo de coletores de lixo estimados
com o SRQ 20.
Usando outros instrumentos para avaliar perfil psicológico de 170 profissionais de
limpeza urbana, sendo 47 coletores de lixo, Barbosa et al. (2010) encontraram que 31% dos
trabalhadores apresenta princípio de um processo de desgaste mental; e Elpes et al. (2006)
encontraram um alto índice de stress entre coletores de lixo de Juíz de Fora/MG, prevalência
de 28%.
194
A menor prevalência encontrada pode ser resultado do viés do trabalhador sadio,
mesmo que todos os trabalhadores tenham sido entrevistados, inclusive aqueles que se
encontravam de licença médica, principalmente devido ao padrão contratual adotado pela
empresa – contratos de três meses renováveis conforme interesse de empresa e trabalhador.
Além disso, é possível que a prevalência de TPM seja menor devido a coleta de lixo ser
executada apenas por homens, já que estudos prévios demonstram que mulheres apresentam
prevalência de ansiedade e depressão duas a três vezes maiores que homens (LUDERMIR et
al., 2008).
Apesar de apresentarem prevalências de TPM inferiores quando comparados a outras
profissões, os coletores de lixo realizam uma atividade profissional com características
associadas ao surgimento de TPM. Um destes fatores é a carga horária de trabalho elevada
(CODARIN et al., 2010), que chegava a 14 horas em alguns dias, de acordo com relatos dos
próprios trabalhadores. Além disso, eles estão constantemente expostos á situações de stress,
como barulho, tráfego, entre outros fatores, que aumentam os níveis do hormônio cortisol, o
que também é observado em indivíduos com depressão (SLUITER, 1998).
Diferentemente de achados de estudos prévios, os quais relatam associação entre TPM
e algumas variáveis como nível socioeconômico, tabagismo, ingestão de álcool e obesidade
(SILVA et al., 2006; COSTA et al., 2002; KAC et al., 2006), o presente estudo não encontrou
associação entre TPM e características sociodemográficas, comportamentais, nutricionais e
relacionadas ao trabalho.
Alguns aspectos metodológicos envolvidos no estudo devem ser ressaltados, como a
utilização de um instrumento padronizado e validado para coleta de dados, a qual, por sua
vez, foi realizada por uma equipe de entrevistadores treinados, assim como o ineditismo do
estudo e a inexistência de perdas e recusas.
4. CONCLUSÕES
Diante dos resultados encontrados, é possível concluir que os coletores de lixo
apresentam uma alta prevalência de TPM, mesmo sendo inferiores às prevalências de outros
195
grupos de trabalhadores. Sendo assim, sugere-se a implantação de estratégias que podem
servir como prevenção de novos casos e até mesmo como auxilio no tratamento dos casos
existentes. Dentre estas estratégias destaca-se a atenção para a carga horária de trabalho,
evitando períodos superiores há oito horas por dia, bem como a implantação de pausas
adequadas durante a jornada, permitindo, assim, uma redução no nível de estresse desses
trabalhadores.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Classificação Econômica Brasil. Disponível em: http://www.abep.org/codigosguias/ABEP_CCEB.pdf [Acesso em 26 jul 2011]
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health new understanding, new hope. Geneva: World Health Organization; 2001. UMA ANÁLISE DO ESPORTE UNIVERSITÁRIO: A UFPEL ATRAVÉS DA
PERCEPÇÃO DE ALUNOS-ATLETAS, EDUCADORES-TÉCNICOS E GESTORES
THAIS FARIAS PEREIRA1
ROSE MERI SANTOS DA SILVA2
1
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
RESUMO
Esta pesquisa, de caráter qualitativo, objetivou analisar a organização do esporte na
Universidade Federal de Pelotas (UFPel) a partir do olhar de alunos-atletas, professorestécnicos e gestores, bem como suas possibilidades e barreiras. Foram realizadas vinte e três
(23) entrevistas semiestruturadas com alunos-atletas, com dois (2) docentes da universidade,
que também exercem a função de técnicos das equipes esportivas, assim como um (1) gestor,
responsável pelo esporte na UFPel. Segundo o gestor entrevistado, um projeto esportivo foi
apresentado à reitoria e, que provavelmente seja colocado em prática no próximo ano (2016).
Em relação aos professores-técnicos percebeu-se que não recebem nenhum tipo de
bonificação, apoio ou incentivo para assumirem as equipes, sendo que tais ações partem da
sua própria vontade e paixão pelo esporte. Já os alunos-atletas entrevistados, apontaram
muitas dificuldades, como, por exemplo, pouca manutenção nas quadras, assim como a
disponibilidade de poucos horários para treinamento.
PALAVRAS-CHAVE: esporte; universidade; esporte universitário.
1. INTRODUÇÃO
198
A construção do tema aqui abordado, o esporte universitário, não se efetivou de uma
maneira aleatória, mas, isso sim, a temática aqui trabalhada é fruto de um vínculo com o
esporte, que me acompanha ao longo de toda minha história.
Percebe-se que atualmente, o esporte, nas suas diferentes manifestações, tornou-se
algo sempre presente na vida das pessoas
O contato de qualquer pessoa com o mundo do esporte acontece desde muito
cedo, ainda criança. Pode-se afirmar isso, sem medo de errar, embora se
reconheça que, por diferentes motivos, esse contato não é igual para todos.
Porém, no mínimo, todos têm um contato na condição de espectadores, nem
que seja diante de TV. (OLIVEIRA, 2001, p.05)
No ano de 2011, ingressei na Universidade Federal de Pelotas, no curso de Educação
Física Bacharelado, logo procurei um local para prática esportiva e fui surpreendida pela falta
de espaço. Percebi que o esporte universitário não era uma realidade na Universidade Federal
de Pelotas (UFPel) e na Escola Superior de Educação Física (Esef) não tínhamos um
professor que demonstrasse algum tipo de desconforto em relação a inexistência de qualquer
manifestação de práticas esportivas, em especial do handebol, que é o esporte que tanto gosto.
Na época estabeleci contato com pessoas de outros cursos e percebi que essa prática
do esporte universitário de fato não existia na UFPel. Frente a essa situação, uma série de
dúvidas e questionamentos passaram a me inquietar. Dentre elas saliento a questão de como é
possível uma universidade que oferece tantos cursos, que anualmente movimenta a cidade de
Pelotas com a chegada de alunos de vários lugares do país, não possuir sequer uma equipe
competitiva que represente a instituição, ou mesmo não ofertar um horário para qualquer tipo
de prática de esportes? Será que os alunos não sentem falta desse espaço? Quais são as
barreiras que impossibilitam a existência desse espaço?
Movida por tais curiosidades e depois de muito conversar com vários discentes,
vinculados à UFPel, passei a me envolver cada vez mais com a temática do esporte
universitário na UFPel, pois conheci então um colega, que também era apaixonado por
handebol e tinha como objetivo montar um grupo para jogar, ainda que sem objetivar
competições. Junto a isso, no ano de 2011 uma docente da Esef, também ligada ao handebol,
aceitou montar um projeto de extensão que oferecesse um espaço para praticar essa
modalidade.
199
Á medida que nossa iniciativa foi sendo divulgada começaram a surgir outros
praticantes, oriundos de regiões bastante diversificadas, alguns eram do próprio município,
outros de cidades vizinhas, assim como de diferentes estados e que aqui chegando não
encontraram locais para a continuidade de sua prática. Foi assim que de um primeiro
encontro, em 2011, contando com apenas seis participantes, depois de alguns meses, vimos se
consolidar um trabalho que tomou enorme proporção em termos de divulgação e de
participantes. Alunos de vários cursos da UFPel procuraram o grupo, alguns demonstrando
experiência no desporto e outros com muito interesse em aprender.
Retornamos as atividades em março de 2012, já com um grupo de aproximadamente
cinqüenta participantes. Nele alguns alunos da Esef, que já possuíam experiência prévia com
o desporto, eram responsáveis por ministrar as aulas, ficando sob supervisão da professora
responsável.
A partir da consolidação do referido projeto tornei mais próxima minha relação com
discentes de outros cursos da UFPel, comecei então a perceber que era sim de interesse dos
alunos que tivessem um espaço para a prática desportiva dentro da instituição universitária.
Ideia essa que se fortaleceu no ano de 2013, a Esef deu início aos Jogos da UFPel,
uma competição interna entre os diversos cursos da Universidade.
Em 2014 a mobilização acadêmica foi maior, mais cursos envolvidos e maior público
para assistir os jogos.
Outro acontecimento relevante para o esporte universitário na UFPel, neste ano, foi a
participação da Universidade Federal de Pelotas nos Jogos Universitários Gaúchos (JUGs).
Fator esse que serviu de estímulo para a formação de equipes representativas da UFPel, assim
como evidenciando que a universidade possui um grande número de alunos com interesse e
nível alto de especialização em vários desportos.
Todo esse envolvimento com o esporte universitário na UFPel, que me acompanhou
ao longo da graduação e que aqui procurei descrever, tornou-se uma experiência bastante
significativa, mas que somente fortaleceu minhas curiosidades iniciais, proporcionando que
estabelecesse como questões norteadoras pesquisar a organização do esporte universitário na
UFPel, a visão dos alunos-atletas, as possibilidades e perspectivas de crescimento.
200
Em um trabalho que se propõem a pensar sobre o esporte universitário, faz-se
necessário, inicialmente, apontar algumas considerações sobre a noção de esporte.
Para isso, destacam-se as palavras de TUBINO (1999, p.07) ao afirmar que “o esporte
é considerado um dos fenômenos sócio-culturais mais importantes neste final do século XX”.
Dentro dessa mesma perspectiva BRACHT (2005, p. 09) afirma que “o esporte é um dos
fenômenos mais expressivos da atualidade”.
2. METODOLOGIA
O estudo foi desenvolvido a partir de uma abordagem qualitativa de investigação. Tal
perspectiva foi assumida em virtude de que ao longo de seu desenvolvimento, as pesquisas
qualitativas, têm um foco de abrangência bastante amplo, não buscando comprovar verdades,
ou mesmo medir eventos, mas, isto sim, elas atuam no sentido de possibilitar ao investigador
“entender os fenômenos, segundo a perspectiva dos participantes da situação estudada e, a
partir daí, situe sua interpretação dos fenômenos estudados” (NEVES, 1996).
O trabalho envolveu uma população composta de vinte e três alunos (23) de graduação
e mestrado de diferentes cursos da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), além de dois
professores e um gestor esportivo, todos ligados a UFPel e diretamente relacionados com o
esporte universitário da mesma.
Passaram a compor a amostra deste estudo os alunos-atletas e os professores-técnicos
das equipes que mantiveram um projeto contínuo de treinamento, ou seja, os projetos que
aconteceram de forma ininterrupta desde os Jogos Universitários Gaúchos (JUGs) do ano de
2014, até o presente ano. Sendo assim, foram considerados os grupos de Basquetebol
(feminino e masculino), Handebol (feminino e masculino) e Voleibol (feminino). Para além
desses, considerou-se como parte da amostragem de investigação um gestor, por ser ele o
responsável pelos assuntos relacionados a esportes, dentro da Pró-reitoria de Assuntos
Estudantis (PRAE) da UFPel.
Para obter as informações, necessárias à efetivação desta investigação, foram
coletados dados a partir da realização de entrevistas orais semiestruturadas, pois segundo
TRIVIÑOS (1987, p. 145) “a entrevista semiestruturada é um dos principais meios que tem o
201
investigador para realizar a Coleta de Dados”. Tais entrevistas foram gravadas, com o intuito
de não perder nenhuma informação que pudesse contribuir para o desenvolvimento deste
trabalho, e, posteriormente, transcritas para facilitar a análise de dados.
Neste estudo, as entrevistas foram realizadas em três segmentos, sendo o primeiro
composto pelos alunos-atletas, o segundo pelos professores-técnicos e por último, o gestor.
Saliento ainda, que todos os participantes foram convidados a participar, voluntariamente,
tendo confirmado suas participações através do preenchimento do termo de consentimento
livre e esclarecido para a coleta de dados, sendo que suas identidades foram mantidas em
sigilo.
A partir da identificação desses alunos-atletas realizei contato com aqueles que
compunham a listagem e que permaneceram treinando no ano de 2015, marcando horários
individuais para aplicação do questionário. A amostra inicialmente era composta por trinta e
dois (32) alunos-atletas, destes apenas vinte e três (23) foram entrevistados, pois cinco (5)
permaneceram no mínimo três (3) semanas sem comparecer aos treinamentos e os outros (4)
alunos-atletas, não foram entrevistados por não comparecerem na data e horário previamente
estabelecido, por isso o questionário não foi aplicado.
Na etapa inicial do estudo elaborei um roteiro de perguntas piloto, onde realizei seis
(6) entrevistas-teste com alunos-atletas que participavam da equipe de Handebol. A aplicação
do questionário piloto foi necessária no sentido de observar se as perguntas seriam ou não
bem compreendidas pelos alunos-atletas e se com estas conseguiria sanar minhas dúvidas,
servindo, assim, de base para nortear a construção e a estruturação do questionário final.
A partir desse momento, remodelei as questões produzindo, então, um roteiro final que
passou a conter nove (9) perguntas relacionadas à estrutura da equipe, qualidade de materiais,
relação do aluno com o esporte, inclusão do mesmo ma equipe e percepção sobre a
organização da universidade com o esporte universitário.
Já a entrevista com os professores-técnicos foi realizada através da aplicação de um
questionário que contou com (5) perguntas relacionadas à ideia-criação inicial do projeto,
dificuldade de manutenção do mesmo, incentivo da universidade e motivação para seguir o
projeto.
202
Saliento que, conforme indicado anteriormente, deveriam ser entrevistados os
professores-técnicos das equipes de Basquetebol, Handebol e Voleibol. Entretanto, realizei a
entrevista com apenas dois deles, visto que, um dos professores-técnicos, que deveriam ser
entrevistados, estava diretamente envolvido com a construção propriamente dita deste estudo,
exercendo o papel de orientação do referido trabalho. Frente a essa situação, a referida
professora-técnica e orientadora, manifestou-se contrária ao fato de ser entrevistada.
Em relação a entrevista com o gestor, o questionário foi elaborado totalmente voltado a
questão organizacional da universidade, contendo perguntas em relação a política de
incentivo, planejamento, distribuição de verbas, facilidades e barreiras para criação e
manutenção de um projeto esportivo na UFPel.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Entre as perguntas direcionadas aos alunos-atletas questiono: Qual a tua relação com o
esporte? Dentre os entrevistados 61% relataram que iniciaram sua a vida esportiva ainda na
escola e 35% em escolinhas esportivas e 4% dos entrevistados não souberam responder
precisamente, mas todos demonstraram ter algum envolvimento com esportes, independente
da modalidade, mesmo antes de ingressar na Universidade.
As respostas aqui obtidas tornaram evidente o envolvimento dos entrevistados com a
prática de esportes, relatando, ainda, que atualmente esses projetos esportivos, que vêm sendo
desenvolvidos na UFPel, são vistos como uma oportunidade de continuar no meio esportivo.
Tais enfoques reforçam que
O desporto emerge de um campo absolutamente constitutivo da essência
humana: a necessidade fundamental de estar ativo, de agir e de se
movimentar livre de exigências e prescrições, implicando a totalidade do
homem (intelecto, emoções, sensações e motricidade) de um modo único e
insubstituível. Isto é, o domínio cultural desporto é um correlato objetivo
para aquela categoria constitutiva da essência humana: a do homem ativo e
atuante. (BENTO, 1998, p.27)
Uma das perguntas do questionário, indaga os entrevistados sobre o que atualmente
significa para sua vida a participação nesses projetos de esportivos da UFPel. Obtive muitas
respostas interessantes, dentre elas destaquei as mais freqüentes. A importância de manter o
hábito da prática de atividade física regularmente foi a que mais se evidenciou, totalizando
203
32% dos entrevistados. O bem-estar e a busca por um momento de lazer também foram dois
fatores que apareceram com muita frequência nas entrevistas, com 23% e 18%
respectivamente. Outro fator, destacado de uma forma bastante significativa, refere-se às
relações interpessoais, com 27%.
As respostas aqui obtidas, ressaltando as relações interpessoais, levam-nos a refletir
sobre a realidade da UFPel e pelo próprio contexto vivenciado pelos discentes a ela
vinculados, ou seja, sabe-se que a comunidade acadêmica da UFPel é composta por pessoas
de diversos lugares do Brasil e até do mundo, então parece bem importante para esses
alunos/atletas entrevistados, esse grupo que foi formado/unido através do esporte. Muitos
deles não têm família nem amigos na cidade e conviviam somente com seus colegas de curso.
A partir do projeto esportivo, essa interação aumentou, ampliando suas possibilidades de
convívio social e estabelecendo uma relação de pertencimento a um grupo, conforme nos
aponta Castro (2011, p. 27) ao indicar que “é através do pertencimento que os alunos podem
legitimar suas identidades em seus diferentes contextos de convivência”. Ainda segundo a
referida autora “pertencer significa partilhar características, vivências e experiências com
outros membros das comunidades de pertencimento, desenvolvendo sentimento de pertença”,
sendo assim, percebe-se um papel relevante exercido pelos projetos esportivos, desenvolvidos
pela UFPel, no que se refere a contribuir com a interação dos alunos, principalmente àqueles
oriundos de outras cidades.
Já no questionário ligado aos professores-técnicos, pergunto qual a principal
dificuldade em manter uma equipe competitiva na UFPel? Várias dificuldades foram
apontadas, como a disponibilidade de tempo para treinar, assim como a questão do professor
conciliar a atividade de técnico com as demais obrigações docentes. A falta de infraestrutura e
os recursos financeiros também foram apontados como barreiras.
Em relação à entrevista com o gestor faço a seguinte pergunta: A Universidade possui
alguma política de incentivo ao esporte? Se sim, quais? Se não, quais seriam os passos
necessários para que a mesma apoiasse uma equipe da Instituição? Segundo o gestor até o ano
de 2014 a UFPel não possuía uma política de incentivo aos esporte. A partir desse ano, sua
função tornou-se justamente essa, ou seja, criar uma política de incentivo ao esporte na
204
UFPel. Assim sendo, após conversar com vários professores, o gestor criou uma proposta de
política de incentivo ao esporte que ainda não foi implementada.
A idéia é criar de outras modalidades e custear todas as representantes da UFPel.
O projeto foi levado à reitoria em dezembro de 2014, mas devido a problemas
financeiros, esse projeto está em processo de aprovação.
O que me causa desconforto em relação a destinação de verbas é que sabemos da
existência de uma Lei que incentiva o esporte universitário. Essa lei inclusive foi citada na
fala de um técnico entrevistado.
O incentivo ao esporte universitário foi regulamentado através da Lei nº 10.624 de
julho de 2001. Conhecida como Lei Agnelo/Piva determina que 2% da arrecadação bruta das
loterias federais em funcionamento no país, sejam destinadas 85% para o Comitê Olímpico
Brasileiro (COB) e 15% para o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). A lei estabelece que do
total arrecadado por essas instituições 10% devem ser investidos no desporto escolar e 5% no
desporto universitário.
4. CONCLUSÕES
Pode-se perceber que, na visão dos alunos-atletas, o interesse pela prática de esportes
na universidade, iniciada já desde suas vivências escolares, faz-se muito presente.
Manifestando, ainda, que atualmente esses projetos esportivos, desenvolvidos na UFPel, são
vistos como uma oportunidade de manterem-se envolvidos com o meio esportivo. Para além
desses resultados, os alunos-atletas destacaram que a prática do esporte universitário é muito
importante no que se refere ás relações interpessoais, propiciando e potencializando as
questões de pertencimento a um grupo, principalmente àqueles alunos oriundos de outras
cidades, realidade essa muito presente na UFPel.
Em relação aos professores-técnicos percebeu-se que os mesmos não recebem nenhum
tipo de bonificação, apoio ou incentivo para assumirem as equipes, sendo que tais ações
partem da sua vontade e paixão pelo esporte.
205
A concretização da presente pesquisa evidenciou que a realização, a partir de 2013 dos
Jogos da UFPel deram início na direção da organização do espore dentro da Universidade. A
partir desse momento conquistou-se mais visibilidade para o esporte.
Esse período de investigação reforçou a justificativa da importância do esporte dentro
da Universidade, sendo que a partir daí observou-se a união/confraternização de várias
Atléticas de cursos que até então eram desconhecidas, até mesmo pelo fato de que os centros
acadêmicos da universidade isolam muitos cursos, pela distância/localização.
No desenvolvimento deste trabalho, foi possível perceber a potência e relevância da
temática abordada, pois observou-se que não há nenhum registro da participação da
Universidade Federal de Pelotas em eventos esportivos, algumas histórias foram contadas
através de professores que informalmente falaram sobre o que vivenciaram enquanto
acadêmicos no esporte universitário, indicando também outras pessoas que poderiam ser
contatadas no sentido de investigar e registrar essa história, que até o momento, ainda não foi
escrita.
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qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.
206
TRABALHOS APRESENTADOS
EM POSTER
207
A INFLUÊNCIA DO PROFESSOR NO NÍVEL MOTIVACIONAL DOS SEUS
ALUNOS DE GINÁSTICA COLETIVA
ARIANE GOULARTE LUÇARDO1; ALEXANDRE MOURA GRECO²; RICARDO
PAVANI3
1
2
Universidade Federal de Pelotas– [email protected]
IPA - Centro Universitário Metodista – [email protected]
3
IPA – Centro Universitário Metodista – [email protected]
INTRODUÇÃO: Apesar de antigos, espaços como as academias são recentes, pois
popularizaram-se apenas ao final da década de 80. A Atividade Física promove diversos
benefícios e possui baixo custo.
Estudos que investigam a adesão dos praticantes ao
exercício servem de suporte para que os profissionais da área repensem sua prática. Assim, a
adesão está relacionada às atitudes adequadas do professor. A relação professor-aluno é um
dos principais motivos de permanência dos praticantes na atividade.
OBJETIVOS: Identificar fatores influentes na audiência das aulas de ginástica; Investigar
variáveis influentes na motivação, presença e permanência dos alunos nas aulas; Avaliar
fatores determinantes ao retorno dos praticantes.
METODOLOGIA: Pesquisa exploratória e transversal, de cunho quali-quantitativa,
objetivando familiarizar o leitor com o problema. A pesquisa contou com amostra por
conveniência, composta por alunos de academias de Pelotas frequentadores regulares de aulas
coletivas. Dezoito responderam ao questionário, essencial à determinação do nível
motivacional e à influência do professor na permanência dos alunos. Dados mensurados pelo
cálculo médio amostral.
RESULTADOS: Frequência majoritária: de 3 a 5 vezes por semana. Numa das academias
100% afirmou ter um professor preferido, contra 55,56% em outra. Em ambas as academias, a
maioria dos alunos indica que o professor exerce elevada influência em seu motivacional.
Todos os participantes disseram-se inspirados por seus professores. Alegria, motivação,
208
atenção, simpatia e dedicação foram os principais aspectos apontados como diferenciais do
profissional.
CONCLUSÃO: O professor exerce um papel fundamental na motivação dos alunos,
facilitando que os mesmos atinjam seus objetivos. Os alunos são fortemente inspirados pelos
professores e atitudes de interesse e incentivo influenciam positivamente na adesão e no
retorno dos participantes às aulas.
PALAVRAS-CHAVE: Ginástica; Academia; Motivação; Professor.
209
A INSERÇÃO DA CULTURA LÚDICA NA PRÁTICA EDUCATIVA DA
DOCÊNCIA
TAMIRES MOTTA1; BRENDA BASTOS2; DEMIAN GOTTINARI3;HELENA MIRITZ4;
JULIANA DE ARRUDA5; RUBIANE CASTELI6; LUIZ VERONEZ7.
1UFPel
- ESEF- [email protected];
- ESEF- [email protected];
3UFPel - ESEF - [email protected]
4UFPel - ESEF- [email protected];
5UFPel - ESEF - [email protected];
6UFPel - ESEF - [email protected];
7UFPel - ESEF - [email protected]
2UFPel
RESUMO:
Este trabalho verificou a cultura lúdica e de lazer em um bairro da periferia da cidade de
Pelotas. O objetivo foi o de realizar o resgate histórico, por meio de metodologia proposta
pela História Oral, de brincadeiras praticadas na localidade pesquisada. O trabalho foi
realizado para subsidiar a elaboração de atividades no âmbito do PIBID. Os relatos
apresentam um panorama do uso dos espaços públicos e delimita as realidades do passado e
do presente. Além de clubes náuticos, como parte das opções de lazer da elite da época,
muitas brincadeiras realizadas na calçada das casas foram relatadas. Pode-se inferir que o
conhecimento da cultura lúdica e a bem recebida inserção de brincadeiras antigas nas práticas
pedagógicas contribuem tanto para os alunos conhecerem quanto para se identificarem com a
cultura do seu local.
PALAVRAS-CHAVE: Cultura lúdica; jogos tradicionais; práticas pedagógicas.
210
A MÚSICA RELACIONADA NO EXERCÍCIO FÍSICO: ESTUDO DE
REVISÃO
DARLAN FOSTER; MARLOS DOMINGUES.
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
INTRODUÇÃO: A música pode influenciar de maneira positiva as atividades propostas nas
sessões de exercícios, mostrando um aumento na motivação e prazer para a realização da
atividade. Objetivo do estudo foi revisar a literatura em relação ao efeito da música sobre o
exercício físico.
METODOLOGIA: Foi feita uma busca no Pubmed com os descritores “Effect”, “Music” e
“Exercise”. A busca resultou em 148 títulos, destes 17 foram incluídos na revisão. Dos artigos
incluídos na análise, 10 mostraram resultados favoráveis ao uso ergogênico da música,
enquanto 7 mostraram não haver diferença significativa. O número de pessoas estudadas
variou de 10 a 146.
RESULTADOS: Os resultados positivos geralmente foram no sentido de reduzir a sensação
de cansaço, retardar a fadiga, aumento da sensação de prazer no exercício, melhora na pósrecuperação e redução da percepção subjetiva de esforço.
CONCLUSÕES: Com isso conclui-se que existem dados na literatura indicando que a
música pode gerar um efeito positivo no envolvimento com o exercício físico, promovendo
um resultado potencialmente ergogênico durante o exercício físico.
PALAVRAS-CHAVE: Efeito; Música; Exercício Físico.
211
A TEMÁTICA ESCOLA NOS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO
DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA ESEF-UFPEL
CÁRIN GOMES TEIXEIRA1; FRANCISCO JOSÉ PEREIRA TAVARES2; MAURÍCIO
BERNDT RAZEIRA3, MARIÂNGELA DA ROSA AFONSO4
1
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
Universidade Federal de Pelotas–[email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas–[email protected]
4
Universidade Federal de Pelotas – cafonso @gmail.com
2
INTRODUÇÃO: A produção do conhecimento na Educação Física (EF) constitui uma realidade
que evoluiu substancialmente, entretanto diversos elementos passaram durante este processo e
influenciaram o seu delineamento, como a criação e ampliação dos programas de pós-graduação em
diversas instituições. O objetivo do presente estudo foi investigar as temáticas nos TCC na área
temática escola produzidos pelos acadêmicos de Licenciatura em EF da UFPel desde a sua
implementação.
METODOLOGIA: Este trabalho pretendeu apresentar um balanço histórico da produção
acumulada de conhecimento no curso de Licenciatura em EF da UFPel descrevendo e analisando os
TCC, disponibilizando um inventário significativo de investigações denominadas de ‘estado da arte’
ou ‘estado do conhecimento, em especial a produção efetivada na temática escolar. O estudo foi
composto pela totalidade dos TCC de Licenciatura da UFPel no período de 2009 a 2012, ou seja,
desde que foi instituído sua exigência na instituição pesquisada. Como fonte de dados, a busca pelos
arquivos dos TCC no formato digital disponível na biblioteca da instituição. Os dados obtidos foram
discutidos com base nos Grupos Temáticos de Trabalhos (GTTs) do CBCE.
RESULTADOS: Dos 118 trabalhos que compuseram a amostra relativa ao período em questão o
GTT5, que indica a Escola, apresenta uma frequência igual a 27 e 22,88% da produção efetivada no
período em questão e que pode estar associada à origem histórica da EF, com forte ligação às ciências
biológicas, em detrimento de questões ligadas à esfera escolar.
CONCLUSÕES: Concluimos que a produção dos TCC na instituição é deficitária em relação
ao curso pretendido, visto que representa pouco mais da quinta parte do total da produção efetivada
nos TCC estudados, o que consideramos estar em desacordo, em especial, com as proposições do PPC
do curso em questão.
.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Física; Formação de Professores; Escola.
212
ABDOMINAL FLÁVIO M. PEREIRA: EXERCÍCIO BÁSICO E VARIAÇÕES.
FLÁVIO M. PEREIRA 1
VALDECI C. DIONISIO 2,
1
Escola Superior de Educação Física, Universidade Federal de Pelotas. – [email protected]
2,
Curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Uberlândia - [email protected]
INTRODUÇÃO: Na Educação Física, dentre os conteúdos de ensino da Ginástica Escolar
tem-se os exercício abdominais (ABD). Pereira (2005) classifica como “exercícios mistos”,
aqueles exercícios ginásticos localizados que na sua realização objetivam-se a mobilização,
fortalecimento de mais de uma região corporal. O ABD Flávio M. Pereira é uma modificação
do ABD tradicional, no qual inexiste o uso ativo dos braços. Já no ABD Flávio M. Pereira
além da estimulação abdominal também se usa a musculatura dos ombros e dorsal. Nele o
praticante em decúbito dorsal, com os pés fixos no solo, joelhos flexionados, braços afastados
do tronco em cerca de 45º, cotovelos fletidos, antebraços em 90º, na vertical em relação ao
solo, com ajuda dos cotovelos que são forçados para baixo, flete-se o tronco em até as
escápulas afastarem-se do solo. Retornando o tronco até o solo, os cotovelos também
auxiliam na frenagem. Como variações no ABD modificado durante as fases de elevação e
descida do tronco, se fortalecem, principalmente: a) Músculos das mãos e do antebraço
apertando uma bola de borracha. b) Bíceps braquial com flexão-extensão dos cotovelos
usando halteres manuais. c) Quadríceps crural e psoasilíacos, elevando-baixando um membro
inferior com joelho ereto e caneleira.
METODOLOGIA: A atividade EMG dos músculos Reto Abdominal, Oblíquo Externo,
Deltóides Posteriores e Grandes Dorsais foi registrada em estudo de DIONSIO et al (2015)
comparando o ABD Flavio M. Pereira com o exercício tradicional.
RESULTADOS: Dentre outros resultados, comprovou-se a atividade EMG dos músculos
Reto Abdominal, Oblíquos e Grandes Dorsais no ABD modificado e, ativando os Grandes
Dorsais aumentou-se a possibilidade de maior estabilização da região lombar.
213
CONCLUSÕES. O ABD Flávio M. Pereira pode ser usado escolarmente, exercitando
músculos do abdome, tronco e ombros, otimizando o tempo nas aulas, variando os exercícios
e enriquecendo culturalmente os alunos com aumento do repertorio de Ginástica Escolar.
PALAVRAS-CHAVE: exercícios abdominais –- ginástica escolar – abdominal Flavio M.
Pereira.
214
AGREGAÇÃO DOS FATORES DE RISCO À SAÚDE
CARDIOMETABÓLICA E MUSCULOESQUELÉTICA DE CRIANÇAS E
ADOLESCENTES BRASILEIROS
PRISCILA ANTUNES MARQUES1, VANILSON BATISTA LEMES2, BÁRBARA
SCHOENARDIE DE SOUZA3, JULIANA CORREIA GONÇALVES4, GABRIELA DE
QUADROS DE PAULA GUEDES5, ADROALDO GAYA6, ANELISE REIS GAYA7
1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
E-mail:[email protected]
2,3,4,5,6
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
7
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
E-mail: [email protected]
INTRODUÇÃO: Estudos recentes têm demonstrado associação entre a agregação dos fatores
de risco (FR) à saúde tais como sobrepeso/obesidade, baixos níveis de aptidão
cardiorrespiratória e aptidão musculoesquelético com o risco precoce do desenvolvimento de
doenças cardiometabólicas e musculoesqueléticas em jovens.
OBJETIVO: Verificar a ocorrência de agregação dos FR à saúde cardiometabólica e à saúde
musculoesquelética em escolares brasileiros.
METODOLOGIA: Estudo transversal realizado com 10.333 crianças (10-17 anos)
Brasileiras. Os dados foram obtidos pelos professores de educação física. A aptidão física foi
avaliada de acordo com a bateria de teste do PROESP-Br (2015): força/resistência abdominal
(máximo 1 minuto), flexibilidade (sentar/alcançar), aptidão cardiorrespiratória (6 minutos) e
IMC (peso/estatura2) e categorizadas em zona de risco e saudável. A agregação dos FR foi
calculada através
da
soma dos
riscos
cardiometabólicos (IMC+6MIN = saúde
cardiometabólica) e musculoesqueléticos (ABD+FLEX=saúde musculoesquelética) e descrito
em 3 categorias: risco à saúde cardiometabólica (risco IMC, risco aptidão cardiorrespiratória e
agregação dos riscos), e risco à saúde musculoesquelética (risco flexibilidade, risco força
abdominal e agregação dos riscos).
RESULTADOS: Aproximadamente 30% dos escolares apresentaram risco à saúde
cardiometabólica
avaliados
com
o
IMC
e
40%
avaliados
através
da
aptidão
cardiorrespiratória. Dessa elevada ocorrência de risco 15% apresentaram agregação de dois
fatores de riscos à saúde cardiometabólica. Em relação ao risco à saúde musculoesquelética a
215
ocorrência de risco avaliada através da flexibilidade e da força/resistência abdominal foi de
aproximadamente 30%. Desses 30%, 10% apresentaram agregação de dois fatores de risco à
saúde musculoesquelética.
CONCLUSÃO: Dentre a elevada ocorrência de baixos níveis de aptidão física à saúde dos
escolares brasileiros nossos resultados evidenciam a ocorrência de 15% de escolares que
apresentam mais do que um risco à saúde. Dados que apontam um risco elevado ao
desenvolvimento precoce de doenças musculoesquelética e cardiometabólicas nos escolares
brasileiros.
PALAVRAS-CHAVE: Exercício, Saúde, Juventude.
216
ANALISANDO O CONTEXTO ESCOLAR ATRAVÉS DO PROGRAMA
INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA (PIBID)
Leonardo Lemos Silveira1; Patrícia Corrêa da Silva ²; Luiz Fernando Camargo
Veronez(Orientador)³
1
ESEF-FPEL – [email protected]
2
ESEF-UFPEL– [email protected]
3
ESEF-UFPEL – [email protected]
Resumo: Esse artigo apresenta uma pesquisa realizada com nove ex-bolsistas do Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID-UFPel), tendo como objetivo conhecer
os fatos que contribuíram para o abandono do programa pelos alunos do curso de Licenciatura
em Educação Física. Constatamos que os ex-pibidianos reconhecem a importância do PIBID
para aprimorar e melhor qualificar sua formação para sua atuação, justificam sua entrada no
programa devido à possibilidade de integrar-se ao cotidiano escolar desde o início do curso,
bem como a participação nos estudos realizados por este programa. Constatamos os diversos
motivos que levam os ex-pibidianos á evadirem-se do programa, sendo que a justificativa
mais citada foi a maneira com que o programa era conduzido por seus coordenadores. Além
disso fatores como, carga horária extensa e reuniões mal conduzidas, também a escolha pela
área da "saúde" e a não identificação com a atuação docente.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Física; Formação docente; PIBID, Contexto escolar.
217
ANÁLISE DA FORÇA DE REAÇÃO DO SOLO VERTICAL DE MULHERES
GESTANTES EM EXERCÍCIOS DE HIDROGINÁSTICA
DAVI DOLINSKI1; BRUNO BRASIL2; GABRIELA NEVES NUNES3; STEPHANIE
SANTANA PINTO4; MARLOS RODRIGUES DOMINGUES5; PEDRO RODRIGUES
CURI HALLAL6; CRISTINE LIMA ALBERTON7
1
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
4
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
5
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
6
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
7
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
INTRODUÇÃO: A redução da força de reação vertical do solo (Fz) em exercícios de
hidroginástica é bem descrita na literatura, todavia tal comportamento em gestantes ainda não
foi investigado. Desse modo, o estudo objetivou avaliar a Fz de mulheres gestantes durante a
execução de três exercícios de hidroginástica.
METODOLOGIA: Dez mulheres gestantes com idade gestacional entre 30-34 semanas
participaram do estudo. Inicialmente foi realizada a mensuração do peso hidrostático em
imersão na profundidade de processo xifoide. A seguir, os exercícios de hidroginástica corrida
estacionária, chute frontal e corrida posterior foram realizados na cadência de 100 bpm
(ordem aleatória), com mensuração contínua da Fz. Quinze repetições de cada exercício
foram realizadas, com intervalo de 10 minutos. Utilizou-se plataforma de força vertical
subaquática para posterior determinação do pico da Fz, impulso, tempo de contato e tempo de
voo. Para análise dos dados, foi utilizada ANOVA para medidas repetidas com post hoc de
Bonferroni (α=0,05).
RESULTADOS: O percentual de redução do peso hidrostático encontrado para as gestantes
foi de 82,85±6,51%. Ao comparar as situações, não houve diferenças significativas nos
valores de pico da Fz, impulso, tempo de contato e tempo de voo entre os exercícios (Tabela
1).
218
Tabela 1. Pico da força de reação do solo vertical (Fzpico), impulso, tempo de contato (TC) e
tempo de voo (TV) durante os exercícios de hidroginástica.
Corrida
Chute
Corrida
estacionária
frontal
posterior
Média±DP
Média±DP
Média±DP
Fzpico (PC)
0,67±0,11
0,72±0,12
0,7±0,12
0,143
Impulso (kg.s)
10,2±2,74
10,52±2,81
10,94±2,69
0,091
TC (s)
0,43±0,04
0,4±0,05
0,42±0,05
0,149
TV (s)
0,78±0,06
0,82±0,03
0,81±0,04
0,118
Variável
P
CONCLUSÕES: Os exercícios de hidroginástica avaliados podem ser utilizados com
segurança para gestantes, visto que os valores observados (0,7 PC) indicam baixo risco para
desenvolvimento de lesões musculoesqueléticas. Dessa forma, a hidroginástica pode ser
recomendada como alternativa para gestantes que precisam minimizar o impacto articular.
PALAVRAS-CHAVE: Impacto; Impulso; Gravidez; Exercícios.
219
ANÁLISE DA FORÇA DE REAÇÃO VERTICAL DO SOLO DE EXERCÍCIOS
DE HIGINÁSTICA REALIZADOS EM MEIOS AQUÁTICO E TERRESTRE POR
MULHERES JOVENS
GABRIELA NUNES1; BRUNO BRASIL2; STEPHANIE PINTO2; CRISTINE
ALBERTON3
1
Escola Superior de Educação Física/ Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
Escola Superior de Educação Física/ Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Escola Superior de Educação Física/ Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
3
Escola Superior de Educação Física/ Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
INTRODUÇÃO: Atualmente poucos estudos vêm sendo realizados com foco em observar o
comportamento da força de reação do solo vertical (Fz) durante diferentes exercícios de
hidroginástica. Diante dessa lacuna, o objetivo do presente estudo foi comparar o pico da Fz
de mulheres jovens durante a execução de quatro exercícios de hidroginástica em diferentes
intensidades nos meios aquático e terrestre.
METODOLOGIA: Onze mulheres jovens (23,55±3,98 anos) participaram de duas sessões,
uma em cada meio realizando os exercícios corrida estacionária (CE), chute frontal (CF),
corrida posterior (CP) e elevação posterior (EP) nas cadências de 80bpm ,100bpm e máximo
esforço. Quinze repetições foram realizadas para cada situação, respeitado um intervalo de 5
minutos entre cadências e exercícios. A ordem dos meios foi contrabalanceada e os exercícios
e intensidades foram realizados em ordem aleatória. Os dados foram adquiridos através de
uma plataforma de força subaquática. ANOVA tree-way para medidas repetidas (cadência,
exercício e meio) foi utilizada para a análise dos dados (α=0,05).
RESULTADOS: Foram observados valores mais baixos para o pico da Fz no meio aquático
(p<0,05). Diferenças significativas (p<0,05) foram observadas entre todas as cadências no
meio aquático, exceto entre 100bpm e máximo esforço nos exercícios CF e EP (Tabela 1). Na
comparação entre exercícios, a CE resultou em valores menores quando comparado com a EP
no meio aquático (Tabela 1).
220
Tabela 1: Resultados da Fz durante os quatros exercícios realizados nas três intensidades no
meio aquático.
Meio Aquático
80bpm
100bpm
Máximo Esforço
CE
0,61±0,18
0,69±0,19
0,93±0,24
CF
0,69±0,23
0,84±0,29
0,95±0,32
CP
0,74±0,16
0,87±1,54
1,06±0,28
EP
0,81±0,17
1,05±0,19
1,15±0,25
CONCLUSÕES: Exercícios de hidroginástica apresentam valores de Fz que indicam baixo
risco para desenvolvimento de lesões musculoesqueléticas em comparação ao mesmo
realizado no meio terrestre. Além disso, diferentes intensidades de execução e diferentes
exercícios também alteram as respostas de Fz no meio aquático.
PALAVRAS-CHAVE: impacto; mulheres; treinamento.
221
ANÁLISE DE DESEMPENHO NO FUTEBOL: UM ESTUDO DE CASO DO
FRAGATA FUTEBOL CLUBE
YURI SALENAVE RIBEIRO1
1
Escola Superior de Educação Física - Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
INTRODUÇÃO: A análise de jogo é ferramenta indispensável no atual cenário do futebol,
sendo que há diferentes possibilidades de utilização como a análise de desempenho. Dessa
forma, o objetivo é apresentar um tipo de análise realizado para o Campeonato Gaúcho 2014
da categoria Sub-15 no Fragata Futebol Clube.
METODOLOGIA: A coleta das informações ocorreu a parir de vídeos dos jogos, com total
dezessete, sendo que um jogo completo e um segundo tempo foram retirados da análise em
virtude das péssimas condições do campo. Dividiu-se em dois grandes grupos: frequência de
cada momento do jogo e o total de finalizações por momentos de jogo. Os dados estão
apresentados em valores absolutos e relativos, e a análise de dados foi a partir do teste de Quiquadrado.
RESULTADOS: A equipe fez 29 e sofreu 18 gols no total de jogos. A tabela abaixo
apresenta os resultados do presente estudo.
Tabela 1. Frequência absoluta e relativa (%) da ocorrência de momentos do jogo e de
finalizações registrados nos jogos (n=17).
FINALIZAÇÕES
%
%
@
526
14
51
34
Organização Ofensiva
1
663
18
30
20
Transição Ofensiva
715
19
69
46
Bola Parada Ofensiva
Organização Defensiva *
405
11
19
21
699
19
19
21
Transição Defensiva
2
696
19
51
58
Bola Parada Defensiva
@
* Menor frequência de ocorrência entre todos (p<0,05); Maior frequência de ocorrência que
Organização Defensiva e menor que os demais (p<0,05); 1 Momento com menor produção de
finalizações (p<0,05); 2 Momento com maior sofrimento de finalizações (p<0,05).
MOMENTOS DO JOGO
FREQUÊNCIA
222
CONCLUSÕES: O método utilizado neste relatório é uma maneira de facilitar o
entendimento do jogo realizado pela equipe. Esta proposta pode ser ferramenta de auxílio para
entendimento do jogo como um todo e do jogo realizado pela equipe.
PALAVRAS-CHAVE: Futebol; Treinamento Esportivo; Desempenho.
223
ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA DO EXERCÍCIO CRUCIFIXO REALIZADO
COM PESOS LIVRES E CABOS
NATANAEL MUANA CARDOSO NORONHA1; JÚLIO CARDOSO PINHEIRO2;
GABRIELA NEVES NUNES3; STEPHANIE SANTANA PINTO4; CRISTINE LIMA
ALBERTON5
1
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
4
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
5
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
INTRODUÇÃO: Em um programa de treinamento de força, quantificar a atividade
neuromuscular de diferentes exercícios é importante, a fim de prescrever aquele que é mais
adequado aos objetivos previamente definidos. O objetivo do presente estudo foi analisar e
comparar a atividade eletromiográfica (EMG) dos músculos peitoral maior, deltoide anterior e
bíceps braquial ao longo da amplitude de movimento do exercício crucifixo realizado com
uso de pesos livres e cabos.
METODOLOGIA: Dez indivíduos com 22,4 ± 3,5 anos de idade, aptos e experientes no
treinamento de força participaram do estudo. O protocolo correspondeu a execução do
exercício crucifixo com pesos livres e cabos, em ordem aleatória. A atividade EMG dos
músculos alvo foi avaliada durante a execução de quatro repetições submáximas, com carga
correspondente a 6 repetições máximas pré-determinada em sessão anterior. Os valores de
EMG foram expressos em percentual da contração voluntária máxima (%CVM). Teste T
pareado foi utilizado para análise estatística (=0,05).
RESULTADOS: Valores semelhantes do sinal EMG foram observados para os músculos
peitoral maior, deltoide anterior e bíceps braquial (p>0,05) entre o exercício de crucifixo
realizado com uso de pesos livres e cabos, em uma mesma carga relativa. Todavia, ao
analisarmos diferentes ângulos ao longo da amplitude de movimento, o comportamento do
sinal EMG mostrou-se diferente entre as duas formas de execução. Pode-se também destacar
um maior pico de ativação no peitoral maior e no bíceps braquial no movimento com cabos
224
em relação aos pesos, e um pico de ativação semelhante no deltoide anterior nos dois
exercícios.
CONCLUSÕES: Sugere-se a prescrição do exercício crucifixo baseada na utilização
complementar das duas formas analisadas – com pesos e cabos – com intuito de obter um
recrutamento muscular por completo dos flexores horizontais de ombro ao longo da amplitude
de movimento.
PALAVRAS-CHAVE: exercício físico, desenvolvimento muscular, aptidão física, contração
muscular, força muscular
225
ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA DOS MÚSCULOS PEITORAL MAIOR E
DELTOIDE ANTERIOR NOS EXERCÍCIOS SUPINO RETO E VOADOR
MAURICIO AUGUSTO ZAGULA1; PYÉRRE DA SILVA ARAÚJO2; DOUGLAS
GUERREIRO DOS SANTOS RAU3; STEPHANIE SANTANA PINTO4; CRISTINE
LIMA ALBERTON5
1
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
4
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
5
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
INTRODUÇÃO: O treinamento de força pode ser utilizado para a promoção e manutenção
da saúde, desempenho e reabilitação. Avaliar e quantificar a atividade neuromuscular de
diferentes exercícios e angulações para determinadas musculaturas é importante a fim de
qualificar a prescrição dos exercícios. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi analisar
e comparar a atividade eletromiográfica (EMG) dos músculos peitoral maior e deltoide
anterior entre os exercícios supino reto e voador.
METODOLOGIA: A amostra desse estudo foi composta por 13 indivíduos jovens
(23,851,95 anos) voluntários e experientes em treinamento de força. O protocolo
correspondeu a execução dos exercícios supino reto (multiarticular) e
voador
(monoarticular), com intervalos de 10 minutos em ordem aleatória. Foram realizadas 4
repetições para cada exercício, levando em consideração a carga correspondente a 6, com 2
segundos para a fase excêntrica e 2 para a concêntrica (controle por metrônomo). A atividade
EMG dos músculos peitoral maior e deltoide anterior foi avaliada e o sinal EMG foi expresso
em percentual da contração voluntária máxima (%CVM). Teste T pareado foi utilizado para
análise estatística (=0,05).
RESULTADOS: A atividade EMG dos músculos peitoral maior e deltoide anterior foi
semelhante entre os exercícios supino reto e voador (p > 0,05). Os dados são apresentados na
Tabela 1.
226
Tabela 1 – Sinal EMG dos músculos peitoral maior e deltoide anterior nos exercícios supino
reto e voador.
Exercícios
Supino Reto
Voador
Média
±DP
Média
±DP
Peitoral maior (%CVM)
104,38
±27,52
102,64
±39,25
Voador (%CVM)
95,20
±28,65
84,09
±22,24
CONCLUSÕES: Pode-se concluir que os músculos peitoral maior e deltoide anterior são
igualmente recrutados nos exercícios supino reto e voador realizados em uma mesma carga
relativa. Dessa forma, ambos podem ser empregados no treinamento de força, devendo a
escolha do exercício ser baseada nos objetivos e características dos praticantes.
PALAVRAS-CHAVE:treinamento, musculação, eletromiografia.
227
ANÁLISE SITUACIONAL DE UMA ESCOLA PARTICIPANTE DO
PIBID/ESEF/UFPEL
PATRICIA MACHADO DA SILVA1; IVAN BREMM DE OLIVEIRA2; MARIANGELA DA
ROSA AFONSO3
1
Universidade Federal de Pelotas 1 – [email protected]
2
Universidade Federal de Pelotas – [email protected] 2
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
INTRODUÇÃO: O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) tem
como foco introduzir os alunos de licenciaturas em projetos desenvolvidos nas escolas
públicas. Os graduandos são levados a conhecer a realidade escolar e assim, elevar a
qualidade da sua formação inicial. Dentre as atividades que devem ser realizadas está o
diagnóstico da realidade escolar. O objetivo deste trabalho é fazer uma análise situacional da
EEEF Dom Joaquim Ferreira de Mello, participante do PIBID – UFPel.
METODOLOGIA: O diagnóstico foi realizado no ano de 2014 na escola Dom Joaquim. O
estudo é descritivo e como instrumento foi utilizado um questionário com perguntas abertas e
fechadas onde buscava-se realizar um diagnóstico da situação da escola. Ele foi respondido
pela diretora e pela professora de Educação Física da escola.
RESULTADOS: A escola atende alunos advindos de vários bairros de Pelotas que possuem
nível econômico e cultural de regular a baixo. Possui 210 alunos e 13 professores (2 de EF).
A escola dispunha de sala de professores, secretaria, biblioteca, laboratório de informática,
sala de vídeo e refeitório. Já o espaço para a EF era um pequeno pátio com uma goleira e uma
rede de voleibol. O IDEB para a 8ª série/9º ano de 2011 foi de 2,6, inferior ao valor da cidade
de 3,3. Entretanto, no início deste ano, a escola recebeu um comunicado da 5ª CRE
solicitando que deixassem o atual prédio, pois se encontra em péssimo estado. Dessa forma, a
escola mudou-se para uma residência. Perdendo o espaço para as aulas de EF, recreio,
refeitório e de convivência entre alunos.
CONCLUSÕES: Os dados obtidos com esse diagnóstico permitem perceber alguns
problemas escolares, como o resultado da escola no IDEB. Através desta atividade foi
228
possível elaborar um projeto interdisciplinar e de área com o objetivo de contribuir para a
superação dos problemas.
PALAVRAS-CHAVE: Diagnóstico; Educação; Educação Física.
229
APTIDÃO FÍSICA DE ATLETAS DE FUTSAL DE EQUIPE DA PRIMEIRA
DIVISÃO DO CAMPEONATO ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL EM 2015
GABRIELA BARRETO DAVID1; MARCELL PEREIRA SAES2; EDUARDO FRIO
MARINS2; FELIPE FOSSATI REICHERT3
1
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
INTRODUÇÃO: O futsal tem característica intermitente e é praticado com corridas em
velocidade máxima, mudanças de direção, saltos e habilidades motoras específicas da
modalidade. Portanto, o atleta precisa ser bem treinado em diferentes aptidões. Assim, o
objetivo deste estudo foi comparar a aptidão física de atletas de futsal no início e no final da
primeira fase do estadual Série Ouro do RS, 2015.
METODOLOGIA: A amostra foi composta por 12 atletas (24,93 ± 4,45 anos, 76,08 ± 11,25
kg, 177,59 ± 6,78 cm) de uma equipe selecionada de forma intencional. Os testes foram
realizados no primeiro (abril) e no último mês (setembro) da primeira fase do campeonato
estadual série Ouro de 2015. Os atletas foram avaliados em relação à potência muscular de
membros inferiores (PMMI), agilidade, potência anaeróbia e potência aeróbia nos seguintes
testes: salto vertical (três tentativas, utilizando-se a melhor delas), teste do quadrado (duas
tentativas, considerando-se a melhor), Repeated Shuttle Sprint Ability – RSSA (seis sprints,
sendo considerado o melhor e a média dos seis) e Yo-yo intermittent recovery test level I (para
análise foi considerada a distância final atingida). Para análise dos dados foi utilizado teste T
pareado.
RESULTADOS: Somente a PMMI não mostrou alteração nos valores iniciais (39,54cm) e
finais (39,24cm). O tempo médio da agilidade teve aumento de 4,84seg para 5,27seg
(p<0,001). Quanto à potência anaeróbia, o valor médio do melhor sprint passou de 6,91seg
para 7,14seg (p<0,001). Quando analisada a média dos seis sprints, a média passou de
7,27seg para 7,46seg (p<0,001). A média da distância atingida ao final do teste de potência
aeróbia teve queda de 170m, passando de 1153,33m para 983,33m (p=0,01).
230
CONCLUSÕES: Em geral, a aptidão física dos atletas piorou do início para o final da
primeira fase do campeonato, tendo apenas a PMMI se mantido estável neste período.
PALAVRAS-CHAVE: aptidão física; desempenho; educação física e treinamento.
231
AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA: A PERSPECTIVA DO
BOLSISTA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA
DIULIA HELENA VIEIRA FANKA1; CAROLINE PASSOS DA CONCEIÇÃO²; LISIANE
EBELING DA SILVA²; PROFª. MS. EDILENE CUNHA SINOTT²; PROF. DR. LUIZ
FERNANDO CAMARGO VERONEZ3
1
2
ESEF-UFPel – diuliafanka@gmail
ESEF-UFPel – [email protected]; [email protected];
EMEF Dom Francisco de Campos Barreto – [email protected])
3
ESEF-UFPEL – [email protected]
RESUMO
O objetivo deste estudo é realizar observações acerca do ambiente escolar nas aulas de
Educação Física do segundo ano, turma A2A, da EMEF D. Francisco de Campos Barreto. Do
ponto de vista de seus objetivos, trata-se de um estudo descritivo. Assim neste estudo por
meio de análises e relatórios descrever-se-á a realidade cotidiana das aulas de Educação Física
do segundo ano, turma A2A, constituída por doze alunos com faixa etária entre 07 e 08 anos
da EMEF Dom Francisco de Campos Barreto.A partir das observações realizadas nas
monitorias, identificou-se a função social da Educação Física na escola, uma vez que a
metodologia utilizada pela professora em suas aulas vincula-se principalmente à reflexão
sobre a cultura corporal de desenvolvimento.As análises realizadas contribuíram para a
construção do perfil profissional como futuras docentes de Educação Física, compreendendo a
importância disso para uma melhor qualidade no âmbito educacional.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Física; Monitorias; Observações.
232
AS INTERVENÇÕES DO PIBID NA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO
MÉDIO DR. ANTÔNIO LEIVAS LEITE E O IMPACTO EM SEUS ALUNOS
ALUIZIO MACHADO CARDOSO1; LUCAS DE FREITAS DA SILVA2; LUCIANE
GOULART DA SILVA2; LUIZ FERNANDO CAMARGO VERONEZ 3; FLAVIO
MEDEIROS PEREIRA3
1
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Escola Estadual de Ensino Médio Dr. Antônio Leivas Leite – [email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
RESUMO
No PIBID, a CAPES prevê objetivos ao professor e para o graduando, deixando de lado o
aluno da escola, objeto direto das intervenções realizadas pelos bolsistas. Após breve pesquisa
notou-se lacunas nos trabalhos escritos por bolsistas do PIBID, onde frequentemente voltam
ás pesquisas em si próprios ao invés de focarem no aluno da escola. Deixando de lado esta
fórmula repetitiva e observando a necessidade de contribuir com estes estudos, a pesquisa foi
realizada com esta população. Desempenhada por meio de questionário aplicado para 40
alunos do Ensino Médio da Escola Dr. Antônio Leivas Leite, visando verificar a qualidade de
cada atividade, bem como a participação dos alunos nelas. Também foi questionada a
influência do aprendizado de cada atividade nos campos de sua formação e na vida
profissional futura. Nos resultados, as atividades tiveram boa aceitação pelos alunos,
despertando o interesse pelo programa e influenciando de maneira positiva em sua escolha
profissional futura.
Palavras-chave: PIBID, alunos, escola.
233
ASSOCIAÇÃO ENTRE A PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS E O
CONHECIMENTO DESTAS NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS
GICELE DE OLIVEIRA KARINI DA CUNHA¹; MARCELI TESSMER BLANK²;
JOSEANE ANGELA PASQUALLI DO AMARAL³; GABRIEL BARROS DA CUNHA 4
¹Escola de Ensino Médio SESI Eraldo Giacobbe – [email protected]
²Doutoranda do Programa de pós-graduação em Educação PPGE UFPel –
[email protected]
³Mestranda no Curso de Mestrado em Ciências e Tecnologias na Educação –
[email protected]
4
Instituto Federal Sul-rio-grandense – [email protected]
INTRODUÇÃO: Os benefícios da atividade física na prevenção e tratamento de
determinadas doenças já estão evidenciados. Em contrapartida, os altos índices de
sedentarismo da população brasileira vêm atingindo proporções preocupantes. Com base
neste cenário, a presente pesquisa visa investigar a prática de atividade física dos funcionários
do SESI-Pelotas, bem como o nível de conhecimento dos benefícios dessa prática na
prevenção e no tratamento de diferentes tipos de doenças.
METODOLOGIA:Foi proposta aos alunos da Escola uma pesquisa sobre a relação das
práticas de atividade físicas na prevenção das seguintes doenças: diabetes, hipertensão,
doença cardíaca, asma, osteopenia, depressão e câncer de cólon. O trabalho abrangeu as
disciplinas de educação física, língua portuguesa e matemática. A tarefa inicial consistia na
investigaçãode uma enfermidade. Os achados foram socializados em um seminário.
Posteriormente, os alunos aplicaram um questionário aos funcionários da escola com o
objetivo de verificar a relação entre a prática de atividadefísica e o conhecimento sobre os
benefícios trazidos pela mesma.
RESULTADOS: Os resultados da pesquisa com os funcionários apontaram para os seguintes
dados: dos 23 sujeitos entrevistados, 56,5% atingiram as recomendações mínimas para a
prática de atividades físicas. Dentre os sujeitos ativos, 70% demonstraram conhecer os
benefícios desta prática. Em contrapartida, dentre os sujeitos sedentários, apenas 40%
demonstraram conhecimento acerca desses benefícios.
CONCLUSÕES:Assim como constatado nesta pesquisa, o conhecimento prévio dos
benefícios da atividade física parece influenciar positivamente no estilo de vida. Para tanto, a
investigação culminou na confecção de flyers informativos, durante as aulas de Língua
Portuguesa e Matemática, sobre o papel da atividade física na prevenção de diferentes
234
doenças. Os flyers foram distribuídos a toda comunidade escolar, instigando as pessoas a
buscarem um estilo de vida mais ativo, e assim contribuindo para a melhoria da qualidade de
vida desta população.
PALAVRAS-CHAVE:
PRÁTICAS
DE
ATIVIDADES
INTERDISCIPLINARIDADE, QUALIDADE DE VIDA.
235
FÍSICAS,
BENEFÍCIOS,
ATUAÇÃO DO PIBID NA ESCOLA: CONDIÇÕES E PROBLEMÁTICAS DO
ENSINO DA ÁREA DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Wagner Sias Ratunde; Vinicius de Moraes Calderipe; Leon Flores Cibeira;
Profª. Drª. Mariangela da Rosa Afonso
Universidade Federal de Pelotas - [email protected]
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
INTRODUÇÃO: O estudo tem como base abordar de forma sintetizada as condições e
problemáticas do ensino da área de Educação Física, reflexionando a respeito da melhor
correspondência referente ao plano de ação que será feito pelo grupo do Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) do curso de Licenciatura em Educação
Física.
METODOLOGIA: Entrevistas utilizando como ferramenta questionários, com perguntas
estruturadas, tendo como amostra 5 professores da escola. Por conseguinte, utilizando o
questionário foram conduzidas perguntas referentes à experiência e a formação dos
professores, as relações dos professores com os alunos, escola e, por fim, as condições de
trabalho na visão destes na escola.
RESULTADOS: Identificou-se uma pré-disposição e uma visão positiva por parte dos
professores em relação ao seu trabalho, visto que relatam a satisfação e realização profissional
dentro das atividades na escola. Por outro lado, evidenciaram nos relatos questões a respeito
dos obstáculos vivenciados no trabalho, em razão de considerarem principalmente a
infraestrutura o fator que impossibilita o desenvolvimento mais aprofundado de algumas
atividades. No quesito das relações - professores, alunos e escola - foi relatado não haver
problemas e que estas relações se estabelecem harmoniosamente.
CONCLUSÕES: Verificou-se que a despeito das deficiências estruturais da escola tem se
estabelecido a existência de relações construtivas na ligação entre professores e alunos, isso se
deve ao comprometimento dos professores com o ensino e de sua satisfação profissional.
Sendo assim, infere-se que o PIBID atua de forma pró-ativa conscientizando e orientando
professores para o desenvolvimento de seu trabalho com as ferramentas disponíveis, por isso
este estudo vem ao encontro dos objetivos do programa na medida em que especifica as
236
necessidades da escola para futuras avaliações, possibilitando assim o melhor atendimento do
projeto e a canalização de recursos para soluções efetivas no ensino.
PALAVRAS-CHAVE: Educação, Ensino; Escola; Educação Física;
237
AUMENTO DA EXPECTATIVA NA APRENDIZAGEM MOTORA: UMA
REVISÃO SISTEMÁTICA
LEON FLORES CIBEIRA1; PRISCILA CARDOZO2; HELENA THOFEHRN LESSA3,
SUZETE CHIVIACOWSKY4
1
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
4
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
INTRODUÇÃO: Diferentes formas de elevar a expectativa dos indivíduos, como por
exemplo o fornecimento de feedback positivo de comparação social ou as concepções de
capacidade, têm demonstrado aumentar a autoeficácia, a competência percebida e a
persistência durante o desempenho de habilidades motoras. Considerando que o aumento da
expectativa afeta o desempenho, o objetivo do presente estudo foi realizar uma revisão
sistemática sobre os efeitos do aumento da expectativa na aprendizagem motora.
METODOLOGIA: A busca dos manuscritos ocorreu através das bases de dados eletrônicas
Science Direct, Lilacs, Capes Periódicos e PubMed, utilizando as seguintes palavras-chaves:
“enhanced expectancies” AND “motor learning”. As restrições estabelecidas para inclusão
foram estudos com delineamentos experimentais e artigos originais. Além disso, manuscritos
que não contemplavam a temática referida foram excluídos.
RESULTADOS: Dentre os quarenta e quatro manuscritos encontrados, apenas sete
abrangiam o conteúdo da pesquisa, sendo um deles excluído por não apresentar delineamento
experimental, totalizando seis artigos na revisão, utilizando adultos jovens e idosos como
participantes. Constatou-se que aumentar a expectativa através do fornecimento de feedback
de comparação social, do estabelecimento de critérios de desempenho, da utilização da ilusão
de ótica, do incentivo à autonomia associado ao foco externo, tem demonstrado beneficiar a
aprendizagem motora de adultos. Os achados sugerem que a utilização da prática com
expectativa aumentada pode tornar a tarefa menos intimidante e conferir maior confiança ao
aprendiz, refletindo em performance e aprendizagem mais efetivas.
238
CONCLUSÕES: Sugere-se a realização de estudos que investiguem diferentes estratégias
que aumentem a expectativa durante a aprendizagem motora, assim como os efeitos desta
variável em diferentes populações como, por exemplo, crianças. Visto que não foram
encontrados estudos nesta população e que o contato inicial com diversas habilidades motoras
ocorre nesta fase de desenvolvimento, motivar os aprendizes poderá potencializar a
persistência e o aprendizado.
PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem, motivação, autoeficácia.
239
AVALIAÇÃO DA CONCEPÇÃO DOS TREINADORES DE CATEGORIAS
DE BASE DE PELOTAS/RS A RESPEITO DA PERIODIZAÇÃO TÁTICA NO
FUTEBOL
AUGUSTO GUASTUCCI WEEGE1; DOUGLAS DORO DIAS 2; MICHAEL DE FREITAS
CORRALES3; YOUSSEF COUTO KANAAN4; FERNANDO CARLOS VINHOLES
SIQUEIRA5
Federal de Pelotas – [email protected]
Federal de Pelotas – [email protected]
3Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
4Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
5Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
1Universidade
2Universidade
RESUMO
Atualmente vem sendo difundido no futebol mundial a Periodização Tática, onde a equipe de
futebol é considerada como um sistema, não existindo divisão entre físico, técnico, tático e
psicológico. Tendo em vista que a literatura brasileira é bastante escassa em relação a
Periodização Tática, objetivou-se avaliar a concepção de treinadores de categorias de base na
cidade de Pelotas/RS, à respeito da Periodização Tática. A amostra foi constituída por 10
treinadores com média de 9 anos (DP ± 5,9) de atuação. Para atingir os objetivos propostos
foi aplicado um questionário de características quantitativas descritivas, de autoria do próprio
autor. Todos treinadores relataram conhecer a Periodização Tática, sendo que 80% utilizam
ou já a utilizaram a metodologia e 20% deles utilizam outros métodos, mas nenhum
especificado. Estes resultados são considerados inovadores e demonstram que os treinadores
da base na cidade de Pelotas/RS estão atualizados em relação ao futebol moderno.
PALAVRAS-CHAVE: futebol moderno; periodização tática; categorias de base;
240
BARREIRAS PARA A PRÁTICA DE MUSCULAÇÃO E TREINAMENTO DE
FORÇA EM ACADEMIAS
GUILHERME DA FONSECA VILELA1; PATRÍCIA BECKER ENGERS2; MARCELO
COZZENSA DA SILVA3
1
2
Universidade Federal de Pelotas– [email protected]
Universidade Federal de Pelotas– [email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas– [email protected]
INTRODUÇÃO: No Brasil, as academias de ginástica vem crescendo e ganhando mais
espaço desde a década de 80. Entre as atividades oferecidas, a musculação ganha destaque.
Tendo em vista o potencial que as academias apresentam de modificar o estilo de vida das
pessoas e diminuir os níveis de inatividade e sedentarismo, é necessário que os fatores que
dificultam a prática sejam identificados. Neste sentido, o objetivo desta revisão sistemática da
literatura foi verificar as barreiras para a prática de musculação e treinamento de força.
METODOLOGIA: A busca foi realizada nas bases de dados eletrônicas Pubmed, Lilacs e
Scielo, utilizando os descritores: Barriers, Resistance training, Strength Training, Fitness
Center e Health Clubs, no idioma inglês e seus correspondentes em português. Foram
incluídos somente artigos originais, nos idiomas português e inglês e não foi limitado o
período de publicação. Além disso, foram incluídos dois artigos nacionais, que atendiam aos
critérios de inclusão e foram encontrados nas referências de artigos.
RESULTADOS: Após as buscas nas diferentes bases de dados, foram identificados 499
artigos. Ao final do processo de seleção, oito artigos preencheram os critérios de inclusão,
além dos dois artigos nacionais adicionados manualmente, sendo assim, 10 artigos
compuseram a revisão sistemática. As barreiras mais frequentes relatadas para prática de
musculação e treinamento de força foram: jornada de trabalho excessiva, alto custo, falta de
tempo, problemas de saúde, falta de apoio, instalações inadequadas e constrangimento em
relação aos colegas.
241
CONCLUSÕES: Conclui-se que as principais barreiras encontradas estão relacionadas
principalmente a vida laboral, decisões individuais e fatores financeiros, reforçando a
importância de que cenários mais atrativos para prática sejam criados a fim de aumentar os
níveis de atividade física da população.
PALAVRAS-CHAVE: Barreiras; Musculação; Treinamento de força; Academias de
Ginástica.
242
BRINCANDO COM A SUSTENTABILIDADE: BRINCADEIRAS
TRADICIONAIS COM MATERIAIS RECICLÁVEIS EM UMA ESCOLA DA REDE
PÚBLICA DE PELOTAS
LOVANE MARIA LEMOS1; SANDRA MARIA OLIVEIRA MARTINS2; LENIZA AVILA
DOS SANTOS 3; LUIZ FERNANDO CAMARGO VERONEZ4
1
2
EEEM EDMAR FETTER – [email protected]
EMEF DR. JOAQUIM ASSUMPÇÃO – [email protected]
3
EMEF DONA MARIA ANTÔNIA – [email protected]
4
ESEF-UFPEL – [email protected]
INTRODUÇÃO: Este trabalho é um relato de experiência sobre a prática pedagógica do
professor de Educação Física na escola de educação básica. Tratou-se de utilizar materiais
recicláveis para a construção artesanal de brinquedos com o objetivo de realizar atividades
lúdicas nas aulas dos anos finais do Ensino Fundamental em uma escola da rede pública de
Pelotas-RS e de demonstrar a importância da reciclagem para a preservação do meio
ambiente. A disciplina de Educação Física (EF), nos PCNs, é entendida como uma área de
ensino importante nas reflexões sobre as questões ambientais:“[...] As áreas de Língua
Portuguesa, Matemática, EF e Arte ganham importância fundamental por constituírem
instrumentos básicos para que o aluno possa conduzir o seu processo de construção do
conhecimento sobre meio ambiente (BRASIL, 1997, p. 49,)”.
METODOLOGIA: Nas aulas da disciplina de Ciências e Educação Física foi proposta a
atividade com caráter interdisciplinar articulando os seus conteúdos. Foi solicitado aos alunos
que trouxessem de casa materiais que poderiam ser utilizados como brinquedos em aulas de
educação física. Fez-se uma breve exposição sobre questões ambientais, problematizando a
preservação do meio ambiente e soluções apresentadas para se resolver os problemas. Logo
após, realizou-se atividades lúdicas com os materiais construídos pelos alunos e, por fim,
realizada uma avaliação sobre todo o trabalho desenvolvido com apresentação de propostas
para a realização de outras atividades.
RESULTADOS: Os alunos manifestaram interesse em participar das atividades, preocupação
com a preservação ambiental e aprenderam conceitos de reduzir, reciclar, reutilizar, além de
confeccionarem brinquedos tendo como referência estes conceitos. Observou-se que algumas
brincadeiras realizadas nas aulas de educação física foram espontaneamente realizadas no
recreio.
CONCLUSAO: A confecção dos brinquedos com materiais recicláveis permitiu o resgate de
brincadeiras tradicionais, e a conscientização dos alunos da importância da reutilização dos
materiais recicláveis, desenvolvendo sua criatividade e estimulando a responsabilidade
socioambiental.
243
PALAVRAS-CHAVE: Educação Física; Materiais Recicláveis; Brincadeiras Tradicionais.
244
CONCEPÇÕES DE CAPACIDADE E APRENDIZAGEM MOTORA: UMA
REVISÃO SISTEMÁTICA
ALESSANDRA REIS DA SILVA1; PRISCILA CARDOZO2; HELENA THOFEHRN
LESSA3; SUZETE CHIVIACOWSKY4
Federal de Pelotas – [email protected]
Federal de Pelotas – [email protected]
3Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
4Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
1Universidade
2Universidade
INTRODUÇÃO: As concepções de capacidade tem, recentemente, sido alvo de investigação dos
estudiosos da área da Aprendizagem Motora. Referem-se à crença das pessoas em relação à
natureza de seus atributos para executar determinadas habilidades motoras. Elas podem refletir
um caráter imutável, em que as capacidades são fixas, ou um caráter passível de mudanças, em
que as capacidades são maleáveis e podem ser melhoradas através do esforço e da prática. O
objetivo deste estudo foi realizar uma revisão sistemática sobre os efeitos de diferentes
concepções de capacidade na aprendizagem de habilidades motoras.
METODOLOGIA: As bases de dados eletrônicas Capes Periódicos, Lilacs, PubMed e Science
Direct foram utilizadas como estratégia de busca na literatura, sendo utilizadas as seguintes
palavras-chaves: “conceptions of ability” AND “motor learning”. Foi adotado como critério de
inclusão estudos com delineamento experimental e artigos originais. Além disso, a avaliação dos
títulos, resumos e palavras-chave, foram realizadas de forma independente por três pesquisadores.
RESULTADOS: Dos 66 estudos encontrados, constatou-se apenas três relacionados a esse fator
na aprendizagem motora, dois utilizando crianças e um adultos. Os resultados indicam que
induções de capacidades maleáveis beneficiam a aprendizagem motora quando comparadas a
capacidades fixas na população estudada. Os resultados também demonstram que a prática com
indução a concepções maleáveis aumenta a percepção de competência dos aprendizes.
CONCLUSÕES: Sugere-se a realização de estudos que verifiquem os efeitos dessa variável em
outras populações, como por exemplo idosos e portadores de deficiências motoras e/ou
intelectuais.
PALAVRAS-CHAVE: concepções de capacidade, aprendizagem motora, comportamento motor.
245
CONTEÚDOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR DURANTE O ESTÁGIO
DE 6º AO 9º ANO – ESEF/UFPEL
JÉSSICA GOUVEIA DE LIMA1; PATRICIA MACHADO DA SILVA2; MARIO RENATO
DE AZEVEDO JÚNIOR3
1
ESEF-UFPel 1 – [email protected]
ESEF-UFPEL – [email protected]
3
ESEF-UFPel – [email protected]
2
INTRODUÇÃO: O esporte é uma manifestação da cultura corporal pertencente aos
conteúdos da Educação Física, devendo ser ensinado durante o ensino fundamental. É um
fenômeno sociocultural e, na maioria das vezes, o conteúdo mais trabalhado nas aulas de EF
nas séries finais, principalmente os coletivos, como o basquete, handebol, futsal e voleibol, os
quais são os mais praticados no Brasil. O objetivo deste estudo foi identificar os conteúdos
desenvolvidos no estágio de 6º ao 9º ano pelos graduandos.
METODOLOGIA: Este trabalho é de caráter descritivo, com análise documental por meio
dos planos de aula. A presente investigação envolveu a análise do trabalho pedagógico de
estudantes do 7º semestre do curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade
Federal de Pelotas – UFPel durante a realização do estágio supervisionado de 6º ao 9º ano no
ano de 2014.
RESULTADOS: Foram analisados 399 planos de aulas de 24 estagiários em que 17
aplicaram mais de um conteúdo. O basquete (n=10), o futsal (n=9), o handebol (n=9) e o
voleibol (n=6) foram os mais frequentes. Dentre os que menos foram utilizados estão futebol
americano (n=1), ginástica (n=1), rugby (n=1), slackline (n=1) e peteca (n=1). Dentro dos
esportes coletivos foram utilizados não só os tradicionais, como também o rugby, o futebol
americano e o punhobol.
CONCLUSÕES: A predominância do futsal, voleibol, basquete e handebol nos estágios,
mostra como ainda é muito forte a cultura dos esportes coletivos tradicionais, possivelmente
por terem maior contado, vivência com essas modalidades. No entanto, a presença de outros
conteúdos, como a capoeira, a atividade física e saúde, o tênis, o taekwondo e a ginástica
mostra que os estagiários estão buscando fugir dos esportes tradicionais, proporcionando
246
outras vivências aos alunos e colaborando para uma maior adesão destes, além de contribuir
para a diversificação dos conteúdos na EF atual nas escolas.
PALAVRAS-CHAVE: conteúdos; estágio; Educação Física escolar .
247
CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NA ATIVIDADE
FÍSICA DIÁRIA
GABRIEL ALBERTO KUNST NAGORNY 1; PRISCILLA SPINDOLA DE AGUIAR2;
JÚLIO BRUGNARA MELLO³; ARIELI DIAS4; ANELISE REIS GAYA5; ADROALDO
CEZAR ARAUJO GAYA6
1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – [email protected]
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – [email protected]
3
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – [email protected]
4
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – [email protected]
5
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – [email protected]
6
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – [email protected]
2
INTRODUÇÃO: Nos últimos anos vivenciamos que grande parte dos jovens não praticam
atividade física necessária para atender as demandas à saúde. Indivíduos considerados ativos
apresentam menor chance de desenvolver doenças cardiovasculares e metabólicas, obesidade,
alguns tipos de câncer, osteoporose e problemas psicológicos. O objetivo deste estudo é
descrever a ocorrência de escolares na zona de risco à saúde para o excesso de peso (IMC)
através do número de passos/dia e verificar a contribuição da educação física escolar nos
padrões saudáveis de atividade física habitual.
METODOLOGIA: Para verificar número de passos/dia foram utilizados pedômetros
(YamaxDigi-Walker CW 700) em 24 meninos e 25 meninas com idade de 10-13 anos durante
três dias consecutivos e considerada a média de passos deste período e das aulas de educação
física. O ponto de corte para identificar a ocorrência de excesso de peso (IMC) foi 15.000 e
12.000 passos/dias para meninos e meninas. Para contribuição da educação física utilizamos a
média de passos diários dos dias com educação física e diminuímos com a média de passos
dos dias sem educação física. Este resultado foi comparado com a média de passos nas aulas
de educação física.
RESULTADOS: Média de passos/dia dos meninos e meninas foi 12.457 (±4.454; IC95%
10.576-14.338) e 9.810 (±2.604; IC95% 8.735-10.884), respectivamente. 70% dos meninos e
84% das meninas não atingem número de passos/dia como fator de proteção ao excesso de
peso. Educação física contribui com 20,5% e 15,7% na média de passos/dia para meninos e
248
meninas; dias com educação física os escolares atingem em média maior número de passos
diários.
CONCLUSÕES: Os resultados evidenciam que os hábitos de vida dos escolares estão aquém
das mínimas exigências sugeridas para a proteção à saúde. A educação física é uma
ferramenta importante para o aumento na prática de atividade física diária.
PALAVRAS-CHAVE: Atividade Motora, Saúde, Escola.
249
CORRELAÇÃO ENTRE POTÊNCIA DE MEMBROS INFERIORES,
VELOCIDADE DE ACELERAÇÃO E AGILIDADE EM ESCOLARES DA CIDADE
DE URUGUAIANA/RS
JULIANA ALVES DOS SANTOS¹; GABRIEL GUSTAVO BERGMANN²; ERALDO
DOS SANTOS PINHEIRO³
1 Universidade Federal do Pampa – [email protected]
2 Universidade Federal do Pampa – [email protected]
3 Universidade Federal do Pampa – [email protected]
INTRODUÇÃO: No campo da prática se tem a ideia de que quanto mais potência mais veloz
e mais ágil um sujeito pode ser. Essa afirmação encontra respaldo no conhecimento empírico
de inúmeros treinadores.
METODOLOGIA: Os dados foram retirados do levantamento realizado pelo GPAFSIA da
Unipampa. A amostra foi de 1089 escolares de 7 a 17 anos, sendo 557 meninos e 532
meninas. As variáveis analisadas foram potência de membros inferiores (salto horizontal),
velocidade de aceleração (corrida de 20m) e agilidade (teste do quadrado), todos coletados
conforme o protocolo do PROESP. Para correlacionar os índices médios obtidos nos testes de
salto, corrida de aceleração e agilidade, recorremos à estatística inferencial adotando a
correlação produto momento de Pearson. Ademais, com a finalidade de inibir a ação de uma
possível influência da massa corporal nos resultados, ajustamos a variável massa corporal.
RESULTADOS: Os resultados para a correlação entre potência e velocidade foram: R=0,414 para meninos e R=-0,416 para meninas e os coeficientes de correlação para meninos e
meninas foram: R=0,171 e R=0,173, respectivamente. Para os dois sexos a influência de uma
variável na outra é em torno de 17%. A correlação de potência e agilidade foram R=-0,378 e
R=-0,444 para meninos e meninas respectivamente. A influência na variabilidade entre as
variáveis para meninos foi de R=0,142 (14,2%) e R=0,197 (19,7%). Para correlação entre
agilidade e velocidade os resultados foram: R=0,488 para meninos e R=0,474 para meninas. E
os coeficientes de determinação foram: R=0,238 (23,8%) para meninos e R=0,224(22,4%)
para meninas.
250
CONCLUSÕES: Portanto, há uma pequena parcela de contribuição das variáveis entre si.
Evidenciando a necessidade das três variáveis serem contempladas nos planos de aula.
PALAVRAS-CHAVE: Esporte; Crianças e adolescentes; Desempenho motor.
251
CULTURA E LAZER NOS ASILOS DE PELOTAS
GABRIEL BARROS DA CUNHA1; GICELE KARINI DA CUHA2; LARISSA THEIL3
GILNEI OLEIRO CORRÊA4
1
Instituto Federal Sul-rio-grandense – [email protected]
2
Escola de Ensino Médio Eraldo Giacobbe
3
Instituto Federal Farroupilha
4
Instituto Federal Sul-rio-grandense
RESUMO
O projeto tem como objetivo melhorar a qualidade de vida, resgatar a autoestima e levar mais
alegria e interação aos idosos residentes em lares. Ele é realizado em dois encontros semanais,
tendo como público aproximadamente 40 idosos, com média de idade de 83 anos, residentes
no Lar Reviver. A equipe executora é formada por alunos e professores das seguintes áreas:
Dança, Música, Literatura e Recreação. Para organização das atividades, são realizadas
reuniões semanais tanto com os professores quanto com o coordenador. As áreas de literatura
e recreação são trabalhadas individualmente. A dança é executada através de estímulos para
que os idosos movam o tronco e braços no ritmo da música. Já a música utiliza violão e
instrumentos de percussão como principais ferramentas. O projeto apresenta resultados
preliminares, sendo a receptividade dos idosos e a alegria com que os mesmos recebem a
equipe do projeto os maiores indicadores de resultado positivo.
PALAVRAS-CHAVE: IDOSO; CULTURA; LAZER; QUALIDADE DE VIDA.
252
DANÇA E CRIAÇÃO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PATRÍCIA DA ROSA LOUZADA DA SILVA1; TALES EMILIO COSTA AMORIM2
1
Instituto Federal Sul-rio-grandense, Câmpus Camaquã – patrí[email protected]
Instituto Federal Sul-rio-grandense, Câmpus Camaquã – [email protected]
2
INTRODUÇÃO: Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, a dança é tratada como importante
conteúdo a ser desenvolvido nas aulas de educação física, sendo classificada como atividade
rítmica e expressiva. No entanto, pouco se observa da sua aplicação nas aulas curriculares
desta disciplina. O objetivo deste trabalho é descrever como a dança apresentou-se nas aulas
do primeiro ano do ensino médio do IFSul-Câmpus Camaquã, tendo como base para o
planejamento, os pilares da educação definidos pela UNESCO: aprender a conhecer, a fazer, a
ser e a conviver.
METODOLOGIA: No decorrer de um semestre, os alunos foram convidados a explorar
movimentos ritmados de diferentes formas, seguindo as expectativas de aprendizagens
conceituais (conhecer tempo rítmico, espaço e planos), atitudinais (trabalhar coletivamente,
respeitar o outro e superar desafios) e procedimentais (aperfeiçoar habilidades motoras e criar
coreografias). Como estratégias de ensino, foram utilizadas as rodas de conversa, cartazes,
estímulo à criação de pequenas sequencias coreográficas, vídeos, coreografias já conhecidas e
aulas expositivas.
RESULTADOS: O processo de ensino e aprendizagem utilizando estratégias claras
alicerçadas nos pilares da educação propiciou que os alunos fossem atores no processo de
ensino, construindo todas as etapas do processo criativo e executor. O resultado superou as
expectativas dos professores, o produto do trabalho foi à criação de doze coreografias de
excelente qualidade, ricas em detalhes nos figurinos, cenários e nos aspectos técnicos das
próprias coreografias. Um evento aberto para a comunidade foi o palco para as demonstrações
das coreografias onde o medo e as vergonhas cederam espaço à garra e coragem para mostrar
superação.
253
CONCLUSÕES: Como afirma VERDERÍ (2009) à dança na escola não prioriza a técnica,
exploram-se os movimentos, o resgate dos gestos e o estímulo cognitivo. Conclui-se que a
dança pode ser um meio para que os alunos aprendam a aprender, a conhecer, a fazer, a ser e a
conviver.
PALAVRAS-CHAVE: Dança; Escola; Criatividade
254
DESAFIOS E DILEMAS DE TRABALHAR A INTERDISCIPLINARIDADE EM
UMA ESCOLA DA REDE PÚBLICA DE PELOTAS
LETICIA RODRIGUES1; ALISANE KARINE MACHADO2; CATIUCIA SOUZA²;
WILLIAM COUTO²; MARIÂNGELA AFONSO³
1
2
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
²Universidade Federal de Pelotas– [email protected]
²Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
³Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
INTRODUÇÃO: O presente estudo tem por finalidade analisar, de acordo com os objetivos
do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) os desafios e os dilemas
de trabalhar interdisciplinarmente, encontrados pelos bolsistas dos Anos Finais do Ensino
Fundamental (6º ao 9º ano) no Instituto Educacional Assis Brasil.
METODOLOGIA: A pesquisa se deu por meio de entrevista com grande grupo de bolsistas
das diversas áreas da graduação da licenciatura, assim como as supervisoras e a coordenadora
do grupo interdisciplinar dos Anos Finais do Instituto Educacional Assis Brasil atuantes no
programa. A entrevista foi realizada por intermédio de Grupo Focal dentro do parâmetro
qualitativo, procurando objetivar situações problemáticas da interdisciplinaridade, levantar
soluções apontadas pelos pelos pibidianos e consequentemente às linhas de percussões destas
na formação acadêmica.
RESULTADOS: A partir das entrevistas do grupo focal, ficou subentendido que,
interdisciplinaridade é o processo de ligação entre as disciplinas, bem como o programa tem
proporcionado em suas reuniões integrando as áreas. Evidenciou-se que, os acadêmicos se
sentem participantes de uma grande experiência em relação ao trabalho interdisciplinar
realizado no PIBID, pois possibilita o contato com as outras áreas podendo compartilhar e
agregar conhecimentos científicos das mesmas, articulando-as em um sentido grupal. Ao
decorrer da entrevista, ficou claro que, de forma geral, a grande maioria dos graduandos que
tiveram contato com escolas fora do programa relataram dificuldades ao trabalhar
interdisciplinarmente.
255
CONCLUSÕES: O atual estudo está na primeira fase do seu andamento, sendo que o mesmo
será realizado em três fases, ou seja, três níveis de pesquisa. Toda via, ficou explícito que no
ponto de vista da educação básica, o papel do PIBID é diminuir as fronteiras de conteúdos
distintos, trazendo para dentro da escola uma nova metodologia de ensino, mas que
atualmente dentro da realidade escolar, o mesmo não ocorre.
PALAVRAS-CHAVE: Interdisciplinaridade, aluno, escola.
256
EDUCAÇÃO FÍSICA E A SUA INCLUSÃO NA INTERDISCIPLINARIDADE
ATRAVÉS DO PIBID
ELAINE TONINI FERREIRA1; JOSÉ FRANCISCO SCHILD2; FLAVIO MEDEIROS
PEREIRA3
1
UFPEL – [email protected]
2
UFPEL – [email protected]
3
UFPEL – [email protected]
Resumo: O presente artigo tem como finalidade mostrar a interligação da Educação Física
com as demais disciplinas através do trabalho interdisciplinar, mostrando que os conteúdos
interagem como forma de complementação. Esse estudo foi realizado por meio de um diário
de
campo,
sendo
registradas
todas
as
ações
realizadas
enquanto
bolsista
do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). A obtenção de resultados
foi por intermédio de aplicação de oficinas para auxiliar os alunos do Ensino Médio da Escola
do Areal, na elaboração dos trabalhos do Seminário Integrado. Analisando assim o ensino da
Educação Física e a sua referida prática utilizada por meio da interdisciplinaridade.
Palavras Chaves: PIBID. Interdisciplinaridade. Educação Física.
257
EDUCAÇÃO FÍSICA NO IF FARROUPILHA : PRATICANDO SAÚDE NO
PROEJA
Larissa Theil1; Hed Vilson Pires2
1
2
Universidade Federal de Pelotas - UFPel – [email protected]
Universidade do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - Unijuí – [email protected]
INTRODUÇÃO: Cuidar da saúde é sempre muito importante para se viver bem e melhor.
Inúmeras são as ações e discussões sobre a promoção de atividade física e saúde para a
população em geral. O ambiente escolar, especialmente a aula de educação física, é local
oportuno para a difusão desse conhecimento e discussão. Tomando como referencia esse
cenário, nossa pesquisa, tem como objetivo investigar de que maneira os conteúdos
relacionados à promoção da saúde, desenvolvido nas aulas de educação física, do PROEJA –
Educação Profissional de Jovens e Adultos – Campus Santo Ângelo, contribui na formação
integral e melhoria da qualidade de vida dos estudantes.
METODOLOGIA: Está sendo utilizada como metodologia, fontes escritas e orais. Destacase o depoimento oral de alguns alunos que, encontraram nas aulas de educação física, não
apenas um local de pratica de atividade física, mas também o acesso a um mundo de
informações e experiências que venham a permitir o gosto, a independência e o
empoderamento quanto à prática da atividade física ao longo de suas vidas.
RESULTADOS: Como resultado foi possível perceber o aumento do interesse dos alunos
nas aulas de Educação Física, a participação e o envolvimento no processo de ensino
aprendizagem, além da melhoria dos seus hábitos do dia a dia.
CONCLUSÕES: Por meio deste estudo, concluímos que ensinar e trabalhar conteúdos
relacionados à atividade física e saúde na escola para turmas de PROEJA, é um processo de
ensino-aprendizagem prazeroso, e significativo e perfeitamente possível. Porém ousadia é
fundamental para apresentar e vivenciar essa possibilidade. Por fim, é preciso superar a visão
esportivizada que cerca a educação física escolar, e fazer dela um veículo de promoção da
258
saúde, mediada por uma visão contemporânea de saúde e de sua relação com a atividade física
possibilitando uma atuação mais significativa do professor de educação física enquanto
educador.
PALAVRAS-CHAVE: Educação, saúde e Educação Física.
259
EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL:
UM PARADOXO EDUCACIONAL
PRISCILLA AGUIAR1; GABRIEL NAGORNY2; ADROALDO GAYA³; ANELISE
GAYA4
1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – [email protected]
2
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – [email protected]
3
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – [email protected]
4
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – [email protected]
INTRODUÇÃO: A Educação Física escolar brasileira desde 1996 é considerada componente
curricular da educação básica. Dentre os descritos na lei há a ausência da indicação do
profissional para atuar nos anos iniciais, deixando a cargo das escolas decidir qual
profissional irá ministrar as aulas de Educação Física. A partir de uma análise de campo
objetivou-se caracterizar a aula de Educação Física nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
METODOLOGIA: Este estudo adota um método descritivo-exploratório com uma
abordagem qualitativa. A amostra é constituída por nove professoras que atuam nos iniciais.
Foram utilizados dois instrumentos, uma entrevista e uma ficha de acompanhamento. As
informações geradas por este trabalho foram categorizadas através da análise de conteúdo.
RESULTADOS: Como resultado às análises observamos, que a aula de Educação Física, tem
como característica principal atividades recreativas. Nesse sentido há coerência com o
discurso e a prática das professoras unidocentes, que alegam não terem formação para
licenciar as aulas de Educação Física, destacando a formação de Magistério que aborda os
jogos e brincadeiras para a preparação da unidocência. As aulas observadas mostraram uma
estrutura de aula inadequada, com tempo médio de 27 minutos, contudo é relevante destacar a
participação, considerada alta dos alunos. Estes aspectos são relacionados com o ensino
aprendizagem da Educação Física, considerada restrito. A relação entre a saúde e a Educação
Física não foi relevante neste estudo.
CONCLUSÕES: Este trabalho gerou um olhar crítico de como o componente curricular,
Educação Física, vem se apresentando para os alunos dos primeiros anos da Educação Básica
260
e sua realidade no âmbito escolar. Portanto a Educação Física nos anos iniciais tem como
característica a Recreação. Identidade esta, gerada pela unidocência, sendo reflexo de sua
formação, contribuindo para a dificuldade de visualizar a Educação Física como componente
curricular e consolidar-se como disciplina nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Física. Planejamento. Anos Iniciais. Unidocência.
261
EFEITO DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO DE FORÇA NA
QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES HIPERTENSAS NA PÓS-MENOPAUSA
Caroline Brand1; Temístocles Vicente Pereira Barros2; Maria Amélia Roth2; Anelise Reis
Gaya3
1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - [email protected]
2
Universidade Federal de Santa Maria - [email protected]
2
Universidade Federal de Santa Maria – [email protected]
3
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – [email protected]
RESUMO
Introdução: A hipertensão arterial sistêmica é uma doença crônica, considerada um
dos principais fatores de risco para doença cardiovascular. Nesse contexto, o treinamento de
força (TF) é uma prática efetiva para a melhora da saúde e qualidade de vida (QV) de
indivíduos hipertensos. Objetivo: Verificar o efeito de um programa de treinamento de força
nos indicadores de qualidade de vida de mulheres hipertensas na pós-menopausa.
Metodologia: trata-se de um estudo quase-experimental, no qual 22 mulheres hipertensas na
pós-menopausa foram selecionadas e estratificadas por conveniência em grupo experimental
(GE, n=11) praticantes de TF e grupo controle (GC, n=11) mulheres sedentárias. O programa
de TF foi realizado durante doze semanas, com frequência semanal de três vezes em dias
alternados. Foram avaliados os parâmetros antropométricos (estatura, massa corporal, IMC e
circunferência da cintura) hemodinâmicos (pressão arterial sistólica e diastólica e frequência
cardíaca) e a qualidade de vida (questionário SF-36). Para análise estatística foram aplicados
os seguintes testes: Teste T Independente, Anova Mista, Q de Cochran e Qui-quadrado.
Resultados: Ambos os grupos apresentaram características semelhantes no que se refere as
variáveis antropométricas e hemodinâmicas. Os resultados indicaram que não houve interação
entre o grupo vs. tempo em nenhum dos domínios da QV. A análise efeito da intervenção
sobre os domínios da QV se mostrou baixo. Quanto as categorias, os resultados apontam um
aumento no percentual de sujeitos na categoria 3 (excelente) em todos os domínios no GE,
ainda que esse aumento não tenha sido significativo (CF. p <0,82; LAF. p<1,92; DOR.
p<0,34; EGS. p<0,93; VIT. p<0,65). Conclusões: O efeito do TF sobre a QV de mulheres
hipertensas parece ser reduzido. Entretanto, considerando a análise por categorias foi possível
262
perceber que o GE demonstrou melhora em praticamente todos os domínios do SF-36 após o
programa de TF, indicando uma possiblidade de efeito clínico.
Palavras-chave: exercício físico, qualidade de vida, hipertensão, pós-menopausa.
263
EFEITOS AGUDOS DA ORDEM DO TREINAMENTO CONCORRENTE
SOBRE A HIPOTENSÃO PÓS-EXERCÍCIO EM HOMENS JOVENS
PAULA CAMPELO¹; MARINA SASSI2; GABRIELA BARRETO DAVID3; CRISTINE
LIMA ALBERTON4; STEPHANIE SANTANA PINTO5
1
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
4
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
5
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
INTRODUÇÃO: Estudos prévios têm demonstrado que tanto o treinamento aeróbio como o
de força resultam em hipotensão pós-exercício, sendo indicados para prevenção e tratamento
da hipertensão. Todavia, a magnitude e duração de tais respostas decorrentes do treinamento
concorrente são pouco estudadas na literatura. Portanto, o objetivo do estudo foi analisar o
efeito agudo de uma sessão de treinamento concorrente realizada nas ordens aeróbio-força e
força-aeróbio sobre a pressão arterial (PA) pós-exercício.
METODOLOGIA: A amostra foi composta por seis homens fisicamente ativos, com idade
entre 18 e 30 anos, que realizaram duas sessões de treinamento concorrente, nas ordens forçaaeróbio e aeróbio-força. A parte aeróbia consistiu em oito tiros de 1 min de corrida em esteira
a 100% da velocidade de consumo máximo de oxigênio, com 30 s de recuperação passiva. A
parte de força foi composta por três séries de 10 repetições dos exercícios de supino, legpress,
remada alta e extensão de joelhos em ritmo controlado (2 s por fase). Independente da ordem
de treinamento, a PA sistólica e diastólica foi monitorada durante 30 min de repouso pré e pós
sessão a cada 5 min. ANOVA de dois fatores para medidas repetidas foi utilizada para a
análise estatística (=0,05).
RESULTADOS: O presente estudo demonstrou redução significativa da PA diastólica
(p<0,001) até 25 minutos pós-exercício, independente da ordem do treinamento concorrente.
Todavia, a PA sistólica não apresentou diferença significativa entre o repouso pré-exercício e
as medidas 5, 10, 15, 20, 25 e 30 min pós-exercício para ambas as ordens do treinamento
concorrente.
264
CONCLUSÕES: Ambos os protocolos tem efeito hipotensivo relacionado a PA diastólica,
com manutenção da mesma abaixo dos níveis de repouso após os primeiros 25 minutos
subsequentes à sessão de treino concorrente.
PALAVRAS-CHAVE: Pressão arterial, exercício físico, exercício aeróbico.
265
EFEITOS AGUDOS DE DIFERENTES PROTOCOLOS AERÓBIOS SOBRE
VARIÁVEIS NEUROMUSCULARES DE MULHERES JOVENS
LUANA SIQUEIRA ANDRADE1; CAUÊ GARCIA GAUTÉRIO²; GABRIELA
BARRETO DAVID3; STEPHANIE SANTANA PINTO4; CRISTINE LIMA ALBERTON5
1
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
4
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
5
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
INTRODUÇÃO: A combinação do treinamento de força e aeróbio na mesma sessão é
chamada de treinamento concorrente e como a compatibilidade desses diferentes tipos de
treino tem sido bastante investigada o objetivo deste estudo foi analisar os efeitos agudos de
diferentes protocolos aeróbios sobre o número de repetições máximas do exercício de
agachamento.
METODOLOGIA: Nove mulheres jovens experientes em treinamento de força participaram do
estudo. O protocolo foi composto por três sessões de treino realizadas aleatoriamente: controle,
treinamentos intervalado e contínuo. Na sessão controle, três séries de repetições máximas foram
realizadas no agachamento com carga equivalente a 80% de uma repetição máxima (determinada em
sessão prévia). Na sessão de treinamento intervalado, o mesmo protocolo foi realizado após oito tiros
de 40s de corrida em esteira a 100% da velocidade do VO2máx, com 20s de intervalo passivo. Na sessão
de treinamento contínuo, o protocolo foi realizado após 20 minutos de corrida em esteira na frequência
cardíaca do limiar anaeróbio (determinada em sessão prévia). O número máximo de repetições do
agachamento até a falha concêntrica foi registrado, sendo controlados o ritmo de execução e a
amplitude de movimento. Utilizou-se ANOVA para medidas repetidas, com post-hoc de LSD para
análise estatística (α=0,05).
RESULTADOS: Os resultados demonstraram que o protocolo intervalado resultou em menor
número de repetições no agachamento ao longo de todas as séries realizadas em comparação
ao protocolo controle, enquanto o protocolo contínuo produziu interferência significativa
apenas na primeira e segunda séries. Todavia os protocolos intervalado e contínuo não
apresentaram diferença entre eles em todas as séries.
266
CONCLUSÕES: Desta forma, os resultados indicam que, independente do treinamento
aeróbio realizado, há queda no número de repetições ao longo de três séries de agachamento
e, portanto, esse treino realizado no início da sessão pode causar prejuízo no treino de força
realizado subsequentemente.
PALAVRAS-CHAVE: força muscular, exercício, educação física e treinamento.
267
EFEITOS DA EXPERIÊNCIA COM TAEKWONDO NA JOGABILIDADE DE
EXERGAMES
1
DANIEL LEITE MEIATO ; ANDRESSA FORMALIONI; CÉSAR AUGUSTO
2
OTERO VAGHETTI; LUCAS JESKE LILGE ; FABRÍCIO BOSCOLO DEL
3
VECCHIO
1
Universidade Federal de Pelotas - ESEF – [email protected]
Universidade Federal de Pelotas - ESEF – [email protected];
[email protected];[email protected]
2
3
Universidade Federal de Pelotas - ESEF – [email protected]
RESUMO
O objetivo deste estudo foi avaliar a viabilidade técnica de dados psicofisiológicos com
praticantes e não praticantes de taekwondo enquanto participavam de atividades que
envolviam simulação de luta com exergames. Os resultados deste estudo piloto indicam que
alguns ajustes devem ser feitos para a viabilidade da coleta psicofisiológica e
os dados podem ser analizados com maior fiabilidade.
268
EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO COM Β-HIDROXI Β-METILBUTIRATO
SOBRE A MASSA MUSCULAR E METABOLISMO DE CAMUNDONGOS
C57BL/6, NO TREINO
BÁRBARA FREITAS1; IRAÊ MOREIRA2; DOUGLAS FIGUEIREDO2; MARCIA
BUCHWEITZ2; ELIZABETH HELBIG2; AUGUSTO SCHNEIDER2; CARLOS
BARROS3
1
Departamento Nutrição, Universidade Federal de Pelotas, RS – BRASIL- [email protected]
2
Departamento Nutrição, Universidade Federal de Pelotas, RS – BRASIL
3
Departamento Nutrição, Universidade Federal de Pelotas, RS – BRASIL- [email protected]
INTRODUÇÃO: O B-hidroxi-B-metilbutirato (HMB) é um metabólito bioativo derivado do
aminoácido Leucina (5%), tendo sido recomendado para aumentar o ganho de massa
muscular durante o treinamento físico, assim como na manutenção da massa muscular em
doenças crônicas debilitantes. O presente estudo objetivou investigar modificações na
composição corpórea e na massa muscular de camundongos, durante o treino resistido
(musculação) e também verificar as possíveis alterações metabólicas relativas à homeostase
glicêmica.
METODOLOGIA: Camundongos machos da linhagem C57BL/6, com 8 semanas de idade,
foram alocados em 2 grupos de 12 animais, sendo um controle e outro treinado. Metade dos
animais de cada grupo foi suplementada com HMB (190 mg/KgPeso/dia) por gavagem, e a
outra metade recebeu apenas solução salina a (0,9%). Os animais foram submetidos a
treinamento de alta intensidade, com subida de escada com cargas de 50% até 200% de suas
massas corpóreas cinco vezes por semana.
RESULTADOS: Os animais suplementados tiveram menor ganho de massa corpórea e
aumento na massa do fígado, sem comprometer suas funções. Também houve aumento
relativo de tecido adiposo sugerindo redução da massa magra total. Não foi possível mensurar
diferenças na massa relativa do músculo tríceps sural entre os grupos. Foi observada perda da
hipertrofia cardíaca adaptativa nos grupos treinados e suplementados, os quais apresentaram
efeitos deletérios na homeostase glicêmica.
269
CONCLUSÃO: Os resultados obtidos neste estudo mostram que a suplementação com HMB
em camundongos submetidos a treinamento intenso causa mais efeitos deletérios que
benéficos, apontando necessidade de revisão e/ou supervisão de seu uso deliberado.
PALAVRAS-CHAVE: HMB, Massa Muscular, Exercício Resistido, Sensibilidade a
Insulina.
270
EFEITOS DO AUTOESTABELECIMENTO DE METAS NA APRENDIZAGEM
MOTORA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
RICARDO CAMARGO1; HELENA THOFEHRN LESSA2; PRISCILA CARDOZO3;
SUZETE CHIVIACOWSKY4
1
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
4
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
INTRODUÇÃO: Dentre os fatores que afetam a aprendizagem motora, o estabelecimento de
metas consiste em uma estratégia motivacional que pode dirigir a atenção e aumentar o
esforço do indivíduo em direção a um objetivo. As metas podem ser autoestabelecidas pelos
indivíduos que praticam determinadas habilidades motoras ou podem ser impostas pelo
professor/treinador/experimentador. Com foco nas metas autoetabelecidas, o presente estudo
teve como objetivo realizar uma revisão sistemática acerca dos efeitos desse tipo de metas
sobre a aprendizagem motora.
METODOLOGIA: Foi realizada busca nas bases de dados eletrônicas CAPES Periódicos,
SciELO e PubMed através das palavras chaves “goal setting” AND “self-controlled
learning”. Foram incluídos artigos com delineamento experimental nos idiomas português e
inglês publicados na última década e excluídos artigos sem relação com a temática. Os títulos
e resumos dos artigos foram analisados de forma independente por dois pesquisadores.
RESULTADOS: Nenhum artigo foi encontrado nas bases de dados SciELO e PubMed. Na
CAPES Periódicos foram encontrados 144 artigos, sendo que apenas um deles foi selecionado
para a revisão. A partir da análise das referências deste artigo (MARQUES et al., 2014),
foram incluídos mais dois estudos (MARINHO et al., 2009; SOUZA et al., 2009) na
revisão.Verificou-se que quando os indivíduos autoestabelecem suas metas, a aprendizagem
motora torna-se mais efetiva. Cabe ressaltar que independente dos modos pelos quais as metas
foram autoestabelecidas, estas implicaram sempre em maior benefício em comparação aos
efeitos das metas estabelecidas externamente.
CONCLUSÕES: Visto que o autoestabelecimento de metas beneficia o processo de
aprendizagem motora, pesquisas são necessárias para aperfeiçoar as metodologias acerca
dessa variável, utilizando medidas como nível de esforço, complexidade da tarefa e perfil dos
aprendizes, as quais podem influenciar o comprometimento em relação às metas.
PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem; metas; motivação.
271
EFEITOS DO ESTEREÓTIPO DE GÊNERO NA APRENDIZAGEM DE UMA
HABILIDADE MOTORA EM ADOLESCENTES
PRISCILA LOPES CARDOZO¹; ALESSANDRA REIS DA SILVA²; SUZETE
CHIVIACOWSKY³
1Priscila Lopes Cardozo – [email protected]
2Alessandra Reis da Silva – [email protected]
3Suzete Chiviacowsky – [email protected]
INTRODUÇÃO: Circunstâncias em que os indivíduos temem confirmar estereótipos
negativos como verdadeiros para si, têm demonstrado prejudicar o desempenho e a
aprendizagem motora. Tal fenômeno, denominado de ameaça do estereótipo, tem afetado
populações que são normalmente alvos de estereótipos negativos como mulheres e idosos,
entre outros. Entretanto, estudos no domínio cognitivo têm sugerido que a ameaça ocorre
apenas quando a tarefa é relevante para o estereótipo. O objetivo do presente estudo foi
verificar os efeitos do estereótipo de gênero em uma tarefa neutra em homens adolescentes.
METODOLOGIA: Vinte adolescentes foram distribuídos de forma aleatória para duas
condições experimentais: estereótipo negativo e estereótipo positivo. Cada grupo recebeu
instruções diferenciadas, anteriormente a fase de prática, de acordo com os respectivos
grupos. A tarefa consistiu em andar por um percurso de 5 metros sobre uma trave de
equilíbrio o mais rápido possível, com os olhos vendados. Quatro fases compuseram o estudo:
pré-teste (1 tentativa) e prática (10 tentativas com fornecimento de feedback) no Dia 1,
retenção (5 tentativas) e transferência (5 tentativas) no Dia 2.
RESULTADOS: Não foram encontradas diferenças significativas de desempenho e
aprendizagem entre os grupos. Tais achados vão ao encontro das evidências apontadas na
literatura, sugerindo que a tarefa necessita estar vinculada ao estereótipo para que ele seja
relevante. As diferentes instruções podem não ter influenciado a aprendizagem devido à
neutralidade da tarefa. Outra possível explanação pode estar atribuída à forte função
motivacional do feedback que, possivelmente, preveniu o direcionamento do foco de atenção
para os processos internos que geralmente ocorrem por instruções relacionadas ao estereótipo
negativo, desta forma não diferenciando a aprendizagem dos grupos.
272
CONCLUSÕES: Pesquisas são necessárias para verificar os efeitos de possíveis interações
do fator ameaça do estereótipo e diferentes frequências de fornecimento de feedback na
aprendizagem de habilidades motoras.
PALAVRAS-CHAVE: motivação; feedback; psicologia social.
273
EFEITOS DO TREINAMENTO DE FORÇA SOBRE DIFERENTES
PARÂMETROS NEUROMUSCULARES EM VIOLINISTAS E VIOLISTAS
MELISSA MACHADO ALVES1; BRUNO BRASIL2; CRISTINE ALBERTON3;
STEPHANIE SANTANA PINTO4
1
Escola Superior de Educação Física / UFPel – [email protected]
2
Escola Superior de Educação Física / UFPel – [email protected]
3
Escola Superior de Educação Física / UFPel – [email protected]
4
Escola Superior de Educação Física / UFPel – [email protected]
INTRODUÇÃO: Na execução de instrumentos musicais, além de fatores emocionais e
cognitivos, estão também envolvidos fatores motores. Dessa forma, o estudo teve como
objetivo verificar os efeitos de 8 semanas de treinamento de força sobre a força e resistência
muscular de violinistas e violistas.
METODOLOGIA: A amostra foi composta por sete músicos (violinistas e violistas) que
participaram de um treinamento de força específico por 8 semanas. O treino foi dividido em
quatro mesociclos de duas semanas, correspondendo a 1 série de 18-20 repetições máximas
(RM) por exercício (membros superiores e inferiores), 2 séries de 15-17 RM, 2 séries de 1214 RM e 3 séries de 8-10 RM, respectivamente. Os participantes foram avaliados antes e após
o término da intervenção. A força muscular dinâmica máxima foi avaliada através do teste de
uma repetição máxima (1RM) e a resistência muscular localizada (RML) através do número
máximo de repetições alcançados com 60% da carga de 1 RM. Ambos os testes foram
realizados na flexão e extensão de cotovelos bilateral (rosca bíceps e rosca tríceps) e abdução
de ombros (elevação lateral).
RESULTADOS: Os resultados demonstram melhoria significativa após 8 semanas de
treinamento de força para todas as variáveis analisadas (p<0,05), de acordo com a Tabela 1.
274
Tabela 1 – Resultados dos testes de 1RM e RML pré e pós treinamento de força.
Teste de
1RM (kg)
Teste de
RMs
(repetições)
MédiaDP
MédiaDP
Sig.
Elevação lateral
8,51,60
11,831,77
<0,001
Flexão cotovelos
20,577,02
25,295,68
0,001
Extensão cotovelos
34,4311,60
49,5714,20
0,002
Elevação lateral
11,142,61
22,432,99
<0,001
Flexão cotovelos
12,712,14
33,2921,59
0,036
Extensão cotovelos
19,436,58
36,0014,89
0,038
CONCLUSÕES: Baseado nos resultados obtidos, pode-se afirmar a grande importância do
treinamento de força específico para esse tipo de população, visto que a força e resistência
muscular de musculaturas bastante utilizadas por esses músicos nas suas práticas tiveram
melhorias satisfatórias em 8 semanas.
PALAVRAS-CHAVE: Treinamento físico; música; musculação.
275
EFEITOS DO TREINAMENTO RESISTIDO COM OCLUSÃO VASCULAR
PARCIAL EM MEDIDAS ANTROPOMETRICAS NA REABILITAÇÃO DE
INDIVÍDUO APÓS LESÃO NO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR: UM ESTUDO
DE CASO
MARLON RIBEIRO SEBAGE1; NATAN FETER2; MATHEUS PINTANEL FREITAS3;
RODRIGO KUHN CARDOSO4; ALINE MACHADO ARAUJO5; NICOLE GOMES
GONZALES6; AIRTON JOSÉ ROMBALDI7
1
Escola Superior de Educação Física/UFPEL - [email protected]
2
Escola Superior de Educação Física/UFPEL - [email protected]
3
Escola Superior de Educação Física/UFPEL - [email protected]
4
Escola Superior de Educação Física/UFPEL - [email protected]
5
Escola Superior de Educação Física/UFPEL- [email protected]
6
Escola Superior de Educação Física/UFPEL - [email protected]
7
Escola Superior de Educação Física/UFPEL - [email protected]
INTRODUÇÃO: O treinamento resistido com oclusão parcial ou total do fluxo sanguíneo
faz com que os músculos sob oclusão trabalhem de forma anaeróbia, acelerando seu
metabolismo. Logo, o estudo objetivou avaliar o efeito de 16 semanas de treinamento
resistido com oclusão vascular parcial na circunferência e gordura subcutânea da coxa e
panturrilha em um indivíduo que havia realizado cirurgia de reconstrução de ligamento
cruzado anterior (LCA) e 40 sessões de fisioterapia.
METODOLOGIA: O presente estudo de caso foi realizado com um paciente em
reabilitação. O protocolo proposto era composto por três sessões semanais de treinamento
resistido com 30 minutos de duração cada, durante 16 semanas. A restrição vascular foi
realizada utilizando cinta elástica próxima a região inguinal, com preensão elástica
determinada quando a percepção subjetiva de esforço do paciente, mensurada pela escala de
Borg, atingia escore igual a 16. Imediatamente, executou-se os exercícios de extensão de
joelhos e agachamento livre, com a primeira série composta por 30 repetições a 30% de 1RM,
seguido por três séries de 15 repetições a 15% de 1RM. Na linha base, após 8 semanas e ao
final da 16º semana do treinamento foi coletada as circunferências (cm) e dobras cutâneas
(mm) da coxa e panturrilha.
RESULTADOS: O paciente apresentou redução expressiva na gordura subcutânea da coxa e
panturrilha direita, com reduções menores para os mesmo membros do lado esquerdo. Em
276
relação à circunferência, coxa e panturrilha de ambos os lados apresentaram aumentos
significativos e similares.
CONCLUSÕES: O treinamento resistido com oclusão vascular parcial pode ser benéfico
para redução de gordura subcutânea e aumento de massa magra em pacientes pós-cirúrgicos
de reconstrução de LCA.
PALAVRAS-CHAVE: Estudos de casos, antropometria, educação física e treinamento.
277
ESPAÇOS PÚBLICOS URBANOS E ATIVIDADE FÍSICA EM ESCOLARES
DE PASSO FUNDO/RS
ARIELI FERNANDES DIAS1; JÚLIO BRUGNARA MELLO2; ANELISE REIS GAYA2;
ADROALDO CEZAR ARAUJO GAYA3
1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – [email protected]
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – [email protected]; [email protected]
3
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – [email protected]
2
INTRODUÇÃO: O objetivo é identificar associações entre as características dos espaços
públicos (EP) e atividade física diária de meninos e meninas.
METODOLOGIA: Este estudo de associação com abordagem quantitativa tem amostra
aleatória com 176 estudantes (71 meninos e 105 meninas) de 10 escolas estaduais de ensino
médio na cidade de Passo Fundo-RS. A atividade física diária foi avaliada através de
pedômetros, verificando a média do número de passos no período total do dia. O EP foi
avaliado por observação direta, com o instrumento Physical Activity Resource Assessmet. Os
escolares foram geocodificados e as características do ambiente foram avaliadas em um raio
de 500 metros (buffer) circundantes às suas residências e através da distância da residência até
o EP mais próximo pelas conexões das ruas. Para análise de dados utilizou-se regressão linear
generalizada.
RESULTADOS: Os meninos são mais ativos fisicamente em relação as meninas (t=2,765;
p=0,007; d cohen=0,45). Metade dos adolescentes (52,5%) não possuem EP no buffer. Os
meninos
que
tem
um
EP
no
buffer
aumentaram
em
média
3.239,90
(IC95%=1.133,86/5.345,93) passos diários em relação aos seus pares que não tem espaços ou
que tem dois ou mais EP no buffer. A proximidade de até 250 metros da sua residência até um
EP está associada com um aumento em média de 2.855,61 (IC95%=785,25/4.925,97) passos
diários
para
os
meninos,
já
nas
meninas,
houve
um
aumento
de
1.908,88
(IC95%=98,51/3.719,26) passos diários em relação aos seus pares que não tem EP no buffer e
aos que possui esses espaços acima de 250 metros.
278
CONCLUSÕES: Os adolescentes que possuem um EP próximo à sua residência tendem a
praticar mais atividade física, em especial os meninos.
PALAVRAS-CHAVE: ambiente construído; áreas verdes; adolescente.
279
EXPOSIÇÃO AO SMOG E SUAS CONSEQUÊNCIAS SOBRE A SAÚDE E O
DESEMPENHO FÍSICO
EDUARDO RIBES KOHN1; CÁTIA FERNANDES LEITE2; CLÁUDIO RAFAEL
KUHN3
1
Escola Superior de Educação Física – Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense – Discente do Programa de
Pós-Graduação em Química Ambiental – [email protected]
3
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense – Professor Dr. Orientador do
Programa de Pós-Graduação em Química Ambiental – [email protected]
RESUMO
O ambiente está relacionado ao índice de qualidade do ar e características dos
poluentes. O smog está associado com a queda de desempenho e problemas de saúde. O
objetivo deste estudo foi revisar a literatura em relação a exposição ao smog e prática de
exercícios. Para tanto foi feita uma busca nas bases de dados PubMed e Scielo e no Portal de
Periódicos Capes. Os estudos foram selecionados pela análise de títulos, resumos e artigos
completos. No total foram encontrados 40 estudos relacionados ao tema. Após adoção dos
critérios de exclusão, quatro estudos fizeram parte da análise crítica do conteúdo. Conclui-se
que a prática de exercícios em vias de tráfego intenso ou em ambientes poluídos pode
acarretar alterações imunológicas e modificações na função pulmonar. Apesar das tentativas
em se reduzir os níveis dos contaminantes ambientais, estes estão ocorrendo em larga escala e
proporcionando prejuízos em vários aspectos da saúde humana.
Palavras-chave: Smog; Exercício; Doenças Respiratórias; Neutrófilos.
280
FEEDBACK POSITIVO DE COMPARAÇÃO SOCIAL MELHORA A
APRENDIZAGEM DO LANCE LIVRE DO BASQUETE EM CRIANÇAS
GISELE SEVERO GONÇALVES1; PRISCILA CARDOZO2; SUZETE
CHIVIACOWSKY³
1
Nome da Instituição do Autor 1 – e-mail do autor 1
Nome da Instituição do(s) Co-Autor(es) – e-mail do autor 2 (se houver)
3
Nome da Instituição do Orientador – e-mail do orientador
2
INTRODUÇÃO: O feedback como função motivacional tem recebido considerável atenção
na última década, com uma série de estudos sugerindo que o fornecimento de informações
positivas influencia não somente a motivação dos indivíduos, mas também a aprendizagem
motora. O presente estudo investigou os efeitos do feedback positivo de comparação social na
aprendizagem de uma tarefa de arremesso de lance livre do basquetebol em crianças.
METODOLOGIA: A tarefa envolveu realizar arremessos de lance livre do basquetebol a
uma distância de 3 metros da tabela. Vinte e seis participantes foram aleatoriamente
designados para dois grupos experimentais: feedback positivo de comparação social e
controle. Ao final de cada bloco de 10 tentativas de prática ambos os grupos receberam
feedback verídico referente à pontuação alcançada no referido bloco. Em adição, os
participantes do grupo feedback positivo de comparação social foram informados que seus
escores foram superiores à média dos escores (falsos) de outros participantes com a mesma
idade e sexo. Vinte e quatro horas após, foi realizado teste de retenção e transferência
(distância de 4 metros da tabela) com 10 tentativas cada, sem fornecimento de feedback. O
Questionário de Motivação Intrínseca (IMI) foi aplicado após a prática e anteriormente a
retenção.
RESULTADOS: O grupo feedback positivo de comparação social apresentou melhores
escores de arremesso na transferência comparado ao grupo controle, além de reportar maior
competência percebida, esforço/importância e persistência na tarefa. Outras diferenças não
foram encontradas. Tais resultados evidenciam que o feedback positivo de comparação social
beneficia a aprendizagem motora em crianças.
281
CONCLUSÕES: Sugere-se a realização de estudos que investiguem a interação do feedback
de comparação social com outros fatores, em grupos com e sem experiência na tarefa utilizada
no presente estudo, como também em outros tipos de tarefas e contextos.
PALAVRAS-CHAVE: motivação; basquetebol; crianças.
282
FOCO EXTERNO DE ATENÇÃO MELHORA A APRENDIZAGEM DA
PIRUETA DO BALÉ CLÁSSICO EM BAILARINAS INICIANTES
MARIANA TEIXEIRA DA SILVA1; HELENA THOFEHRN LESSA2; SUZETE
CHIVIACOWSKY3
1
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
INTRODUÇÃO: Estudos na área da aprendizagem motora mostram que o foco de atenção
externo (direcionamento da atenção para os efeitos do movimento no ambiente) é mais
benéfico para aprendizagem de habilidades motoras quando comparado ao foco de atenção
interno (direcionamento da atenção para movimentos corporais). Os benefícios decorrentes da
utilização do foco externo são mais consistentes na população adulta, enquanto na população
infantil percebe-se a existência de poucos estudos analisando os efeitos dessa variável. O
objetivo do presente estudo foi verificar o efeito da indução de diferentes tipos de foco de
atenção na aprendizagem da pirueta en dehors em retiré passé de quarta posição do balé
clássico em bailarinas iniciantes.
METODOLOGIA: As participantes, com média de idade de 9,47±0,77 anos, foram
divididas em dois grupos – foco externo e foco interno – e praticaram 15 tentativas da pirueta.
Após 48h realizaram testes de retenção e transferência. As subescalas de competência
percebida e esforço/importância do questionário Intrinsic Motivation Inventory (IMI) foram
aplicadas, além de perguntas de caráter aberto buscando identificar os pensamentos das
crianças enquanto praticavam a tarefa.
RESULTADOS: O grupo foco externo apresentou desempenho superior ao grupo foco
interno na fase de prática, assim como melhor aprendizagem nas fases de retenção e
transferência. Os resultados dos questionários indicam a influência de fatores motivacionais
relacionados às instruções fornecidas.
CONCLUSÕES: Instruções induzindo um foco externo de atenção podem impactar o
processo de ensino-aprendizagem das crianças, fazendo com que se sintam mais motivadas a
persistirem na prática da tarefa, principalmente tratando-se da aprendizagem de tarefas
complexas, como a pirueta do balé. Ressalta-se a importância do presente estudo para os
professores de balé clássico, para que estes possam intervir de maneira mais específica e
eficiente em suas aulas.
PALAVRAS-CHAVE: Criança; atenção; motivação.
283
FORÇA DE REAÇÃO DO SOLO DURANTE EXERCÍCIO DE
HIDROGINÁSTICA REALIZADO COM E SEM EQUIPAMENTOS FLUTUANTES E
RESISTIDOS POR MULHERES IDOSAS
ROCHELE B. PINHEIRO1; GABRIELA N. NUNES2; DOUGLAS G. S. RAU3;
STEPHANIE S. PINTO4; ADRIANA S. CAVALLI5; CRISTINE L. ALBERTON6
1
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
4
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
5
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
6
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
INTRODUÇÃO: A hidroginástica é uma modalidade de exercício benéfica aos idosos
devido a combinação das propriedades físicas da água flutuabilidade e força de arrasto, que
permitem a realização de exercícios que não poderiam ser executados em ambiente terrestre.
Dessa forma, o objetivo do estudo é analisar a força de reação do solo vertical (Fz) durante a
corrida estacionária com e sem equipamentos flutuantes e resistidos em diferentes cadências
por mulheres idosas.
METODOLOGIA: O estudo foi composto por dezenove mulheres idosas com idade entre 65
e 75 anos. O protocolo consistiu na execução da corrida estacionária no meio aquático com
flexão e extensão de cotovelos nas situações sem equipamentos, com equipamentos flutuantes
e com equipamentos resistidos, nas cadências de 80bpm, 100bpm e máxima. Para cada
situação, foram realizadas 15 repetições, com intervalos de 5min, em ordem aleatória. A Fz
do membro inferior direito foi avaliada através de plataforma de força subaquática.
RESULTADOS: O uso de equipamentos flutuantes apresentou menores respostas do pico da
Fz que o uso de equipamentos resistidos ou sem uso de equipamentos (p<0,05). A cadência de
80bpm resultou em menores valores de Fz (P<0,05) comparada com as maiores intensidades
(Tabela 1).
284
FORMAÇÃO INICIAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA E TREINADOR DE
FUTEBOL PROFISSIONAL: UMA ANÁLISE A PARTIR DO CURRÍCULO DO
CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA-FURG
LUCAS COSTA LINCK1; PROF. DR. LUIZ FELIPE ALCANTARA HECKTHEUR2
1
Universidade Federal do Rio Grande – [email protected]
2
Universidade Federal do Rio Grande – [email protected]
RESUMO:
O presente trabalho tem como objetivo identificar de que maneira a formação inicial em
Educação Física pode contribuir para o desempenho da profissão de treinador de futebol
profissional, buscando evidenciar também, aspectos que cercam esta profissão. Para isso, foi
analisado o Projeto Pedagógico de Curso (PPC) do curso de Educação Física – Licenciatura
da Universidade Federal do Rio Grande – FURG, buscando explanar as interlocuções
existentes entre o PPC analisado e as aptidões entendidas como necessárias para o exercício
da profissão de treinador. Foi visto que o currículo analisado pretende formar um professor
que pratique a docência de uma maneira indissociável podendo exercê-la nas diversas áreas
em que a Educação Física se faz presente.
PALAVRAS-CHAVE: treinador de futebol; currículo; educação física, formação inicial
285
GÊNERO E SEXUALIDADE NA ESCOLA
RAUL VICTORIA¹; JOSÉ ALBERTO COUTINHO DA SILVA²; JOSE FRANCISCO
GOMES SCHILD³;
1ESEF-UFPel - [email protected]
2ESEF-UFPel – [email protected]
3ESEF-UFPel - [email protected]
INTRODUÇÃO: Este trabalho apresenta a proposta de realização de oficinas
interdisciplinares envolvendo o tema gênero e sexualidade na escola. Estas oficinas foram
planejadas e estão sendo executadas no âmbito do Programa Institucional de Iniciação à
Docência (PIBID) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) que se desenvolve em uma
escola pública da rede estadual de ensino.
Muitas escolas públicas enfrentam problemas relacionados à iniciação sexual precoce e, como
consequência, à gravidez precoce.
METODOLOGIA: Trata-se de um relato de experiência, uma descrição e uma análise das
atividades propostas e da sua metodologia, desenvolvidas a partir de anotações realizadas em
“diário de campo” e do documento elaborado para orientar o projeto interdisciplinar em uma
escola de ensino médio da rede pública estadual do RS.
Na elaboração do plano de execução das oficinas propôs-se utilizar os cinco passos que
formam a didática da Pedagogia Histórico- Crítica estruturados por GASPERIM ( 2005).
RESULTADOS: As oficinas têm o objetivo de produzir e sistematizar conhecimentos e
orientar os alunos do Ensino Médio para evitar a gravidez precoce, conscientizar sobre
possíveis dificuldades enfrentadas pelo pai e pela mãe nesta situação, procurando orienta-los
dos riscos.
CONCLUSÕES: O tema gênero sexualidade é um desses assuntos escondidos, pouco falado
nas escolas e, por ser pouco debatido, torna-se importante disseminar-se e orientar os alunos
286
sobre os fatores de riscos associados à falta de cuidados, especialmente, quando o jovem
começa a sua vida sexual.
Sobretudo, através de um trabalho de desconstrução de estereótipos, por meio das oficinas
propostas, busca-se levar informação às crianças e adolescentes sobre gênero e sexualidade,
para uma melhor prevenção, uma vida sexual saudável e um convívio em sociedade
respeitando as diferenças de cada um
PALAVRAS-CHAVE: Gênero, Sexualidade, Escola.
287
IMC DOS PAIS E TEMPO DE TELA COMO PRINCIPAIS FATORES
ASSOCIADOS À SÍNDROME METABÓLICA NÃO INVASIVA DE
ADOLESCENTES DO SEXO FEMININO
ANELISE GAYA1, SUSANA VALE2, LUISA AIRES2, LARISSA FLORES2, JÚLIO MELLO2,
ADROALDO GAYA2 E JORGE MOTA3
1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – [email protected]
2
Universidade do Porto, Portugal; Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Instituto Universitário
da Maia/CIAFEL – [email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]
3
Universidade do Porto, Portugal - [email protected]
INTRODUÇÃO: considerando a importância dos níveis de aptidão aeróbica e perímetro da cintura
como um dos principais fatores de risco ao desenvolvimento das doenças cardiometabólicas e ainda a
recente proposta realizada por um grupo de pesquisadores de que estes fatores devem ser considerados
como risco devido a sua elevada ocorrência nesta faixa etária; nosso estudo dispõe-se a estudar os
principais preditores associados a recente proposta de síndrome metabólica não-invasiva.
METODOLOGIA: estudo transversal constituído por 226 adolescentes do sexo feminino
selecionadas por conveniência na área do grande Porto. As variáveis aptidão cardiorrespiratória
(APCR), força de membros superiores (extensão de braço) e perímetro da cintura (PC) foram
avaliadas na escola por um grupo de pesquisadores treinados e o estilo de vida por meio de um
questionário adaptado a população em estudo. A síndrome metabólica (SM) não invasiva é constituída
pelas variáveis APCR, altura e PC de acordo com o proposto recentemente em literatura internacional.
RESULTADOS: Identificamos que os principais fatores associados com a variância da síndrome
metabólica não invasiva das jovens foi: tempo de tela (B=0,35; IC: 0,12;0,58) e IMC dos pais
(B=0,04; IC:0,01;0,08) explicando aproximadamente 22% da alteração da síndrome metabólica. As
variáveis relacionadas com a atividade física não apresentaram associação, assim como o peso do
nascimento e o transporte ativo quando ajustados ao tempo de tela e IMC dos pais.
288
CONCLUSÕES: Percebe-se a importância de se considerar aqueles fatores de risco para as doenças
cardiometabólicas que prevalecem na infância e adolescência. A partir dai verifica-se que os
indicadores das atividades sedentárias e o estilo de vida dos pais devem ser considerados como
preditores às doenças cardiometabólicas quando avaliados na infância e adolescência.
PALAVRAS CHAVE: Sedentarismo, composição corporal, Índice de Massa Corporal, jovens
289
IMPORTÂNCIA DO TRABALHO INTERDISCIPLINAR NA ESCOLA: A
CONTRIBUIÇÃO DO JOGO PARA A “NÃO VIOLENCIA”
CAMILA NORMEY DE MELLO1; MAXIMIANO MONTEIRO LEMOS2; LEON FLORES
CIBEIRA NOME3; WAGNER SIAS RATUNDE4; VINICIUS DE MORAES
CALDERIPE5; GISELE SEVERO GONÇALVES6; MARIANA TEIXEIRA DA SILVA6;
ARIANE DIAS PUCCINELLI7; MARIANGELA DA ROSA AFONSO8
1
Universidade Federal de Pelotas/UFPEL – [email protected]
2
Universidade Federal de Pelotas/UFPEL
3
Universidade Federal de Pelotas/UFPEL
4
Universidade Federal de Pelotas/UFPEL
5
Universidade Federal de Pelotas/UFPEL
6
Universidade Federal de Pelotas/UFPEL
7
Universidade Federal de Pelotas/UFPEL
8
Universidade Federal de Pelotas/UFPEL – [email protected]
O objetivo deste trabalho é apresentar a oficina interdisciplinar realizada em escola
estadual em 2014. Esta oficina foi denominada, “Eu Curto Jogar sem Violência”, cujo foco
era resgatar e enfatizar, através da prática do esporte a importância da Não Violência. Todos
os bolsistas compartilharam suas experiências, bem como os supervisores da Escola. O
primeiro grupo trouxe um filme para a discussão do aspecto violência; o segundo grupo foi
responsável pela criação do logotipo “Eu Curto Jogar sem Violência”, o qual deu o nome a
esta oficina; e o terceiro grupo organizou toda a divulgação e estratégias que envolvem toda a
realização do evento. A oficina teve duração de três dias, com grande participação e adesão de
aproximadamente duzentos alunos, e estes foram divididos nas equipes de futebol feminino, e
masculino. Houve ainda a participação da equipe gestora, e sem dúvida foram despertados os
valores como solidariedade, lealdade, justiça e responsabilidade.
Palavras-chave: Interdisciplinaridade; Violência; Jogo
INDUZIR A CONCEPÇÃO DE CAPACIDADE MALEÁVEL MELHORA A
APRENDIZAGEM MOTORA DE CRIANÇAS INDEPENDENTE DO NÍVEL DE
EXPERIÊNCIA NA DANÇA
290
NATÁLIA MAASS HARTER1, PRISCILA CARDOZO2, SUZETE CHIVIACOWSKY3
1
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
Universidade Federal de Pelotas - [email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
INTRODUÇÃO: Fatores motivacionais, como as concepções de capacidade, têm recebido
recentemente considerável atenção em pesquisas na área da aprendizagem motora.
Concepções de capacidade são utilizadas para descrever os sistemas de crenças dos indivíduos
quanto a sua capacidade para realizar determinada tarefa, podendo ser divididas em
concepção de capacidade fixa e concepção de capacidade maleável. Estudos têm demonstrado
que estas diferentes concepções influenciam o desempenho e a aprendizagem motora,
principalmente em adultos. O objetivo do presente estudo foi investigar os efeitos de
diferentes induções de concepções de capacidade na aprendizagem da pirueta do ballet
clássico em crianças com e sem experiência em dança.
METODOLOGIA: Anteriormente a prática, os participantes, com e sem experiência em
dança, foram induzidos a diferentes concepções através das instruções fornecidas e
distribuídos em quatro grupos: concepção de capacidade maleável com e sem experiência
(CME; CMS) e concepção de capacidade fixa com e sem experiência (CFE; CFS). Todos
realizaram 15 tentativas na fase prática e, 48 horas após, realizaram o teste de retenção e
transferência (pirueta para o lado esquerdo), ambos envolvendo cinco tentativas para cada
fase, sem indução sobre as concepções e sem feedback.
RESULTADOS: Os grupos CME e CMS foram significativamente melhores na transferência
comparados aos grupos CFE e CFS, independente do nível de experiência.
CONCLUSÕES: Tais resultados demonstram os benefícios da concepção de capacidade
maleável e adicionam à literatura científica maior esclarecimento dessa variável sóciocognitiva-afetivo e motora que influencia o desempenho e a aprendizagem motora.
PALAVRAS-CHAVE: Dança; Habilidade Motora; Transferência.
291
LESÕES EM CICLISTAS
Elaine Tonini Ferreira1 e Volmar Geraldo da Silva Nunes2
1
LEPEMA/ESEF/UFPel - [email protected]
2
LEPEMA/ESEF/UFPel - [email protected]
INTRODUÇÃO: Ciclismo é um dos exercícios físicos mais tradicionais, tanto no caráter
competitivo com na forma de lazer. Por caracterizar-se pela repetição contínua e prolongada
de revoluções ao pedal; um ajuste inadequado dos componentes da bicicleta, ou desequilíbrio
muscular ou erro no treinamento, tem-se a possibilidade de desencadear dor ou desconforto
ou até mesmo lesão. Qualquer que seja a lesão, ela vem acompanhada por custos físicos,
emocionais e econômicos, que são inevitáveis, bem como a perda de tempo e da função
normal. O objetivo do estudo foi analisar as lesões em ciclistas.
METODOLOGIA: Amostra constituiu-se de 25 pilotos que disputam o Campeonato Zona
Sul de Ciclismo e de Mountain Bike. O instrumento que caracterizou as lesões utilizou
técnica de inquirição, adaptado para a modalidade do ciclismo. Os dados foram analisados
pela estatística descritiva.
RESULTADOS: Obtiveram-se os seguintes resultados: 66,7% dos atletas possuem mais de 6
anos de prática do ciclismo e em competições oficiais, 50% pedalam três vezes por semana,
33,3% treinam em média 3 horas/dia e têm 1 dias de folga/semana, 100% praticam as
modalidades de Speed e Mountain Bike, 33,3% dos atletas sofreram lesões, 75% durante o
treinamento, 33,3% tiveram fratura e lesão na panturrilha, utilizaram cuidados médicos e
medicamentosos por 4 semanas, ficando afastados do treinamento/competição por 1 mês,
33,3% mencionaram após o retorno sentem desconforto no local da lesão, estavam inseguros
para retornar aos treinamentos, 33,3% disseram que não sofreram nova lesão no mesmo local
após tratamento, 66,7% localizaram dor/desconforto nas regiões lombar e 16,7% sentem
dor/desconforto durante o treino/competição.
CONCLUSÕES: A maior incidência de lesões em ciclistas foi observada na panturrilha.
Relação ao segmento corporal lesionado obteve-se maior número fratura nas pernas e ao tipo
292
de atividade executada no momento da lesão foi observada com maior frequência a prática de
treino.
PALAVRAS-CHAVE: Lesões, Ciclistas, Fraturas.
293
LUTAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: CONCEITOS E ATITUDES
DOCENTES
CATIÚCIA A S DA ROCHA1; CHARLES B FARIAS2; FABRÍCIO B DEL VECCHIO3
1
Escola Superior de Educação Física-UFPel – [email protected]
Escola Superior de Educação Física-UFPel – [email protected]
31
Escola Superior de Educação Física-UFPel – [email protected]
2
INTRODUÇÃO: Lutas, Artes Marciais e Modalidades Esportivas de Combate (LAMEC)
estão inseridas como conteúdos da Educação Física Escolar (EFE). O objetivo do presente
estudo foi verificar conhecimento e aplicabilidade do conteúdo de LAMEC dos professores da
rede de ensino da cidade de Pelotas-RS.
METODOLOGIA: O estudo é caracterizado como observacional transversal. Participaram
do estudo 132 professores de EFE da cidade de Pelotas-RS. Os docentes foram convidados a
preencher questionário previamente validado, que aborda questões sobre conhecimento e
utilização das LAMEC em suas aulas. Os dados são apresentados na forma tabular e gráfica.
Empregou-se média±desvio padrão (dp) e frequência relativa na apresentação dos dados.
RESULTADOS: Dentre os entrevistados, 53% eram do sexo feminino e 47% do sexo
masculino, a faixa etária foi de 35,5±9,6 anos, e o tempo de experiência foi de 10,2±8,2 anos.
A carga horária semanal foi de 30,3±11 horas, sendo que 15,2% eram docentes
exclusivamente da rede privada de ensino. Do total, 38,3% indicaram que não há diferenças
entre os termos Lutas, Artes Marciais e Esportes de Combate e, apesar de apenas 15,2%
indicar que LAMEC não serão adequadas para a EFE, 67,4% apontaram não desenvolver este
conteúdo em suas aulas. Quanto aos conhecimentos específicos, apenas 12,8% soube indicar
o percentual aproximado de medalhas distribuídas para LAMEC nos Jogos Olímpicos, e o
mesmo percentual soube indicar quais modalidades são presentes nos Jogos Olímpicos.
CONCLUSÕES: Percentual reduzido de docentes de Pelotas/RS: (i) sabe a diferença entre
Lutas, Artes Marciais e Modalidades Esportivas de Combate, (ii) desenvolve este conteúdo
294
em suas aulas e (iii) tem conhecimentos específicos da temática. No entanto, percentual
elevado indica que é possível o desenvolvimento deste conteúdo na EFE.
PALAVRAS-CHAVE: Artes Marciais, Educação Física e Treinamento, Docentes.
295
METODOLOGIAS PARA O ENSINO DOS ESPORTES COLETIVOS
UTILIZADAS DURANTE UMA EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO DE 6º AO 9º ANO ESEF/ UFPEL
PATRICIA MACHADO DA SILVA1; MÁRIO RENATO DE AZEVEDO JÚNIOR3
1
ESEF-UFPel 1 – [email protected] 1
3
ESEF-UFPel – [email protected]
RESUMO
O objetivo deste estudo foi identificar as metodologias de ensino utilizadas na iniciação aos
esportes coletivos, por estudantes de licenciatura em Educação Física durante o estágio
supervisionado. A presente investigação envolveu a análise do trabalho pedagógico de 24
estudantes do 7º semestre do curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade
Federal de Pelotas – UFPel. Os resultados mostraram que as principais metodologias
utilizadas foram a analítica e a pré-desportiva. Das 533 atividades, em 233 (42,1%) delas os
alunos optaram pela utilização de jogos. Um número levemente superior, comparado as
metodologias tradicionais, que compreenderam 185 (33,3%) das atividades. O estudo aponta
para uma mudança na prática pedagógica dos futuros professores de Educação Física.
Entretanto, outras iniciativas devem ser tomadas, com o propósito de garantir a formação
didático-metodológica dos discentes.
Palavras-chave: metodologia. formação inicial. educação física.
296
NÍVEIS DE ATIVIDADE FÍSICA NA AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA
ESCOLAR
VANILSON BATISTA LEMES1; ADROALDO GAYA2; RODRIGO MOREIRA3;
ANELISE REIS GAYA4
1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - PROESP–Br - E-mail:[email protected]
2
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – PROESP-Br.
3
Universidade Luterana do Brasil – ULBRA-SJ – Curso de educação física.
4
Universidade Federal do Rio Grande do Sul -PROESP-Br - E-mail: [email protected]
INTRODUÇÃO: Estudos com a proposta de analisar diferentes modelos de aula de educação
física escolar (EFI) tem se tornado relevantes na perspectiva de propormos estratégias para
aulas mais ativas.
Objetivo: Descrever e comparar os níveis de atividade física (AF) de dois modelos de aulas
de EFI escolar.
METODOLOGIA: Pesquisa avaliativa somativa com 19 escolares (10♂; 9♀) de uma escola
do RS. Avaliou-se dois modelos diferenciados de aula de EFI com os mesmos escolares. As
duas aulas tinham como objetivo o ensino dos fundamentos gerais dos esportes coletivos. A
aula um foi realizada com uma formação de filas e estafetas e na aula dois os fundamentos
foram trabalhados em forma de circuito e jogo. Os níveis de AF (número de passos por
minuto = NP/min) foram avaliados com a utilização de pedômetros. Descreveu-se a média do
NP/min de cada aula e a ocorrência de escolares que cumpriram com o NP/min (>60 =
suficiente, <60 = insuficiente). A comparação dos valores médios entre as aulas foi realizada
através do Teste T de Medidas Repetidas e a análise da ocorrência de níveis de AF adequados
através de estatística descritiva.
RESULTADOS: Os valores médios dos níveis de AF da aula dois foram superiores àqueles
observados na aula um (aula 2: 58,05±13,34 vs. aula 1: 32,72±7,84; t=-6,87; p<0,001). Na
aula dois, 60% dos estudantes cumpriram com os padrões mínimos de NP/min, enquanto na
aula um a ocorrência de escolares no padrão considerável saudável foi nula.
CONCLUSÕES: Aula realizada com formação em circuito e jogos foi mais efetiva
cumprindo com os padrões mínimos recomendados de atividade física relacionados à saúde.
297
PALAVRAS-CHAVE: Atividade física. Habilidades motoras. Jogo. Saúde
298
O CORPO E MOVIMENTO NA ESCOLA
SAMANTHA DE SOUZA GUTERRES1; AGNÊS PEREIRA MENDES2; VERIDIANA DE
FREITAS MATTOSO3; LUIZ FERNANDO CAMARGO VERONEZ4
Federal de Pelotas – [email protected]
Federal de Pelotas – [email protected]
3Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
4Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
1Universidade
2Universidade
INTRODUÇÃO: O presente trabalho foi realizado com o intuito de relatar uma experiência
dos bolsistas do curso de licenciatura em Educação Física da Escola Superior de Educação
Física da Universidade Federal de Pelotas (ESEF-UFPEL), do PIBID- Programa Institucional
de bolsa de Iniciação a Docência, em uma oficina que compõe o projeto interdisciplinar
realizado na Escola Municipal Núcleo Habitacional Dunas, situada no bairro Dunas da cidade
de Pelotas, RS. A oficina foi realizada com duas turmas de 4º anos no turno da manhã, e teve
como objetivo estimular diferentes aprendizagens de forma lúdica, desenvolvendo assim a
consciência corporal nas crianças, promovendo momentos de entrosamento entre as turmas na
escola e valorizando as diferentes formas de expressões e manifestações culturais.
METODOLOGIA: O processo de construção das oficinas foi realizado a partir da divisão de
grupos entre os bolsistas interdisciplinarmente. As atividades continham ações de expressão
corporal (brincadeiras, atividades de equilíbrio; noções de espaço; lateralidade;).
Primeiramente houve uma apresentação dos bolsistas e dos alunos, após foram desenvolvidas
oito atividades no decorrer da oficina que incluíam espontaneidade, confiança, inclusão,
cooperação e competitividade.
RESULTADOS: Inicialmente os alunos mostraram-se pouco participativos e encabulados,
mas posteriormente passaram a interagir entre si e com os bolsistas demonstrando maior
interesse. Em decorrência da grande agitação e dispersão dos alunos, algumas atividades
tiveram que ser aceleradas com a intenção de melhorar o andamento da oficina. Todas as
atividades foram compreendidas pelos alunos que realizaram tudo o que foi proposto até o
término de cada atividade.
CONCLUSÕES: Pode se concluir que os resultados de modo geral foram satisfatórios para
os bolsistas que conseguiram atingir os objetivos do que foi proposto e para os alunos que
299
demonstraram suas opiniões sobre a oficina através de uma avaliação escrita proposta pela
professora em sala de aula.
PALAVRAS-CHAVE: Escola; Corpo; Movimento; Prática Pedagógica.
300
O IMPACTO DO PIBID NAS PRATICAS ACADEMICAS NA PERSPECTIVA
DOS BOLSISTAS DO SUBPROJETO EDUCAÇÃO FÍSICA SÉRIES INICIAIS
Maiara Scheila Freitas Santos1; Lucélia Regina Barbosa Da Silva2; Vanessa De Lima Nunes3;
Pedro De Carvalho Santos4; Luiz Fernando Camargo Veronez5
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
4
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
5
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
1
2
.
RESUMO
Trata-se de um estudo realizado no âmbito do subprojeto do Curso de Licenciatura em
Educação Física da ESEF-UFPEL séries iniciais. O objetivo é o de verificar se o PIBID
contribui efetivamente para a formação acadêmica dos bolsistas participantes do programa.
Caracteriza-se por ser descritivo, em que a coleta de dados ocorreu por meio de entrevista.
Destacaram-se 3 principais contribuições do PIBID para a formação: aproximação com a
realidade escolar; prática pedagógica e iniciação científica. Concluiu-se que o PIBID pode
contribuir no avanço das dificuldades encontradas ao longo do curso de graduação e já
apontam contribuições no desenvolvimento individual e acadêmico durante a participação no
projeto.
Palavras-chaves: Educação, Formação, PIBID
301
O QUE E COMO APRENDEM OS ESTUDANTES DAS SÉRIES FINAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE PARTICULAR DE PELOTAS
MYRIANE ROSA DA ROSA1; MARIÂNGELA DA ROSA AFONSO2; RENATO
SIQUEIRA ROCHEFORT3
1
Mestranda da ESEF/UFPel – [email protected]
2
ESEF/UFPel – [email protected]
3
ESEF/UFPel – [email protected]
RESUMO: Esta pesquisa objetivou identificar e analisar as aprendizagens obtidas nas aulas
de Educação Física (EF) pelos estudantes das séries finais do ensino fundamental destas
escolas. Para o estudo foram sorteadas 5 escolas e 5 estudantes em cada uma, totalizando 25.
Realizaram-se observações das aulas nas turmas participantes, após uma entrevista com cada
aluno sorteado perguntando-lhes o que e como aprendiam e as dificuldades e facilidades
encontradas nas aulas de EF. Os resultados mostraram que o conteúdo mais ensinado são os
esportes, a explicação e demonstração foram as formas utilizadas pelos professores para
ensinar estes conteúdos. As maiores dificuldades foram não conseguir realizar as tarefas e o
fator que facilitou a aprendizagem foi a boa explicação dos professores. Portanto, percebeu-se
a hegemonia esportiva nas escolas particulares e consideramos ser importante realizar mais
estudos sobre aprendizagem nas aulas de EF, já que poucos envolvem esta temática.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Física, escola, aprendizagem.
302
O SLACKLINE NO CONTEXTO DAS OFICINAS DE ARÉA DO PIBIDESEF/UFPEL EM UMA ESCOLA ESTADUAL DA CIDADE DE PELOTAS/RS
ARIANE DIAS PUCCINELLI1; MARIANA TEIXEIRA DA SILVA2; GISELE SEVERO
GONÇALVES3; SINVAL MARTINS FARINA4; VINICIUS GUADALUPE BARCELOS
OLIVEIRA5; CAMILA NORMEY DE MELLO6; MARIÂNGELA DA ROSA AFONSO7.
1
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
4
Universidade Federal de pelotas – [email protected]
5
Universidade Federal de Pelotas- [email protected]
6
Universidade Federal de Pelotas- [email protected]
7
Universidade Federal de Pelotas- [email protected]
2
INTRODUÇÃO: Entre as diversas funções de um aluno do Programa Institucional de Bolsas
de Iniciação a Docência (PIBID), concentram-se atividades específicas disciplinares
fundamentais ao processo de ensino e aprendizagem, além que estão previstas no projeto
institucional do PIBID a elaboração de oficinas de área. Dentro deste cenário a proposta dos
bolsistas do Curso de Educação Física foi à realização de uma oficina a fim de proporcionar
práticas diferenciadas aos alunos. O objetivo deste trabalho é apresentar uma ação realizada
dentro do semestre 2015- 1 na escola Ginásio do Areal pelos bolsistas da Educação Física.
METODOLOGIA: O presente trabalho apresenta-se como um relato de experiência de uma
ação realizada dentro do programa PIBID no contexto de uma escola estadual da cidade de
Pelotas / RS. As estratégias envolveram o planejamento de atividades que foi realizado pelos
bolsistas com o supervisor da escola, e a ação propriamente dita que envolveu uma prática de
slackline com 70 alunos do turno da tarde em um espaço alternativo da escola.
RESULTADOS: Evidenciou-se que o trabalho desta atividade teve ótima aceitação por parte
dos alunos e isto pode estar relacionado ao fato de a prática ser completamente inovadora para
eles. O slackline é uma prática que pode auxiliar na motivação de alunos para participarem de
aulas de Educação Física na escola, tendo em vista as características desafiadora e inovadora
dessa atividade.
CONCLUSÕES: Concluímos que o presente trabalho proporcionou uma prática diferenciada
das demais vivenciadas pelos alunos no contexto das aulas de Educação física, além de
proporcionar aos bolsistas um maior contato com a pluralidade cultural, física, social que
303
estão presentes dentro da escola. A realização de oficinas surge como um espaço de formação
para os futuros professores, e vem de encontro, aos grandes eixos formativos do PIBID.
PALAVRAS-CHAVE: Pibid; escola; oficinas; slackline; formação.
304
OCORRÊNCIA DE SOBREPESO, OBESIDADE E ATIVIDADE FÍSICA EM
ESCOLARES
BRUNA GÓIS SOARES DE ALMEIDA1; ANELISE R GAYA, ARIELI DIAS, PRISCILLA SPINDOLA
DE AGUIAR2; ADROALDO CEZAR ARAÚJO GAYA3
1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – [email protected]
2
Universidade Federal do Rio Grande do Sul- [email protected]; [email protected];
[email protected];
3
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – [email protected]
INTRODUÇÃO: A prevalência de excesso de peso na população de crianças e jovens
atinge níveis elevados e segue crescendo, principalmente, nos últimos anos. Durante
muito tempo acreditou-se que o excesso de peso estava diretamente associado ao
sedentarismo e que uma das formas de minimizar este problema seria aumentando os
níveis de atividade física. Hoje, no entanto, há evidencias em publicações recentes que
sugerem o contrário. Neste sentido o presente trabalho tem como principais objetivos:
(1) descrever a ocorrência sobrepeso e obesidade em adolescentes de 14 a 18 anos de
idade e; (2) verificar se há associação entre excesso de peso e níveis de atividade física
(AF).
METODOLOGIA: Este estudo de associação com abordagem quantitativa tem amostra
aleatória com 176 estudantes (71 meninos e 105 meninas) de 10 escolas estaduais de
ensino médio da cidade de Passo Fundo-RS. Os níveis de AF foram avaliados através de
pedômetros e categorizados em zona de risco á saúde e zona saudável. Para descrever a
ocorrência de sobrepeso e obesidade utilizou-se valores em percentuais e para avaliar o
grau de associação das variáveis foi utilizado o teste Qui-quadrado. Todas as análises
foram realizadas no software SPSS 20 considerando α = 0.05.
305
RESULTADOS: Os resultados obtidos foram: (1) 23,5% dos meninos e 24% das meninas
apresentaram sobrepeso e 8,8% dos meninos e 6,9% das meninas apresentaram
obesidade; (2) 65,2% dos meninos e 63,8% das meninas não atingiram o numero de passos
diários recomendados (zona de risco); (3) não houve associação estatisticamente
significativa entre número de passos e a ocorrência de sobrepeso e obesidade.
CONCLUSÕES: Conclui-se que os escolares do ensino médio apresentam elevada
ocorrência de sobrepeso e obesidade, e que esta não está associada ao sexo e a prática
de atividade física.
Palavras-chave: Escolares, sobrepeso e obesidade, atividade física.
306
OFICINA MUSICAL: O PIBID E AS TRIBOS DA ESCOLA ESTADUAL DR.
ANTÔNIO LEIVAS LEITE
Agnês Pereira Mendes1, Aluizio Machado Cardoso2, Gabriel Soares Vieira3, Marília
Dias Treicha4, Prof. Dr. Flávio Medeiros Pereira5
11Universidade Federal de Pelotas – Acadêmica; [email protected]
2Universidade Federal de Pelotas – Acadêmico; [email protected]
3Universidade Federal de Pelotas – Acadêmico; [email protected]
4Escola Estadual de Ensino Médio Dr. Antônio Leivas Leite, Professora –
[email protected]
5Universidade Federal de Pelotas, Prof. Titular Departamento de Ginástica e Saúde;
[email protected]
.
INTRODUÇÃO: O grupo do projeto interdisciplinar do programa PIBID utilizou como tema
para o desenvolvimento da oficina “Tribos Musicais” acessibilidade à informação,
conhecimento científico, cultura e lazer através do uso da música como ferramenta
pedagógica para o desenvolvimento da leitura, escrita e oralidade, diagnosticadas a partir das
observações de alguns professores quanto à dificuldade dos alunos de Ensino Médio e no
seminário integrado da escola Doutor Antônio Leivas Leite. A primeira oficina foi realizada
na sala de vídeo da escola e os procedimentos didáticos adotados dividiram-se em cinco
etapas. Objetivou-se romper com a visão etnocêntrica, valorizar e respeitar as diferenças e
alimentar o espírito de coletividade, além de ampliar os horizontes culturais e musicais dos
alunos.
METODOLOGIA: Apresentou-se a proposta da oficina “Tribos Musicais” para os alunos
onde se gruparam de acordo com o estilo musical a que pertenciam. Identificaram e criaram
elementos que representasse seu estilo utilizando giz de cera e transpassaram para a lixa, com
o auxilio do ferro elétrico e um tecido de algodão onde criaram a marca da sua tribo e
organizaram um espaço que caracterizasse a “tribo” escolhida. Foi feita uma roda de conversa
onde cada aluno pode expressar suas opiniões no intuito de identificar pontos positivos e
negativos da oficina.
307
RESULTADOS: O resultado foi positivo, houve a identificação dos estilos por parte dos
alunos, algumas barreiras foram rompidas de forma a promover interação entre eles, troca de
conhecimento e uma forma alternativa de trabalhar com as diferentes tribos musicais que
convivem nesse espaço escolar.
CONCLUSÕES: A oficina apresentou grande aceitação por parte dos alunos, que
demonstraram animação e envolvimento durante a prática. Sugere-se que com a mesma
metodologia estudos similares sejam realizados em outras instituições, com outros níveis de
ensino, outros estilos e outras tribos.
PALAVRAS-CHAVE: Música, Tribos, Acessibilidade, Ensino Médio.
308
OLIMPETS: PROMOVENDO MOTIVAÇÃO E LAZER AO TRABALHO
INTERDISCIPLINAR
Amanda Ricardo Mendes1; Luiever Pedroso Domingues 2; Tiago Silva dos Santos²;
Marcelo Cozzensa da Silva³
1
Universidade Federal de Pelortas – [email protected]
2
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
² Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
INTRODUÇÃO: Atividades recreativas podem contribuir na interdisciplinaridade e
integração em grupos agindo como mediadoras de avanços para um ambiente prazeroso,
capaz de desenvolver a criatividade e dinâmica para um melhor funcionamento em sociedade.
Nessa perspectiva, o Programa de Educação Tutorial da Escola Superior de Educação Física
(PET-ESEF) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) percebeu a necessidade de estimular
a relação interpessoal entre os integrantes dos grupos PET das demais unidades, criando o I
OLIMPETS. O objetivo deste trabalho foi verificar a influência desse evento na socialização
entre os grupos.
METODOLOGIA: Trata-se de um estudo do tipo transversal de caráter quali-quanti, com
alunos e tutores dos grupos PET-UFPel participantes da primeira edição do OLIMPETS. Os
dados foram obtidos via questionário disponibilizado em plataforma digital. Para mensuração
dos resultados foi utilizada a escala de Likert, além de opções de múltipla escolha e perguntas
abertas.
RESULTADOS: Entre os participantes, 82,7% relataram que buscar melhor integração entre
os grupos PET foi o principal fator que os motivou a estarem presentes. Quanto ao interesse
em participação pré-evento, 43,5% dos indivíduos classificaram-se como muito motivados,
sendo que durante o evento observou-se um acréscimo na motivação para 65,2%. Quando
309
questionados sobre o nível de integração com os demais grupos PET’s anteriormente ao
evento, 34,8% dos participantes classificaram como péssima, sendo que apenas 17,4%
apontaram possuir uma ótima relação entre os grupos. Posteriormente ao evento, nenhum
participante declarou péssima relação, sendo que o índice de relação ótima passou de 17,4%
iniciais para 69,5% finais. Ainda, 91,3% dos participantes classificaram o evento como
excelente.
CONCLUSÔES: O OLIMPETS cumpriu o objetivo de estreitamento das relações
interpessoais entre os integrantes dos diferentes grupos PET contribuindo para a melhoria dos
trabalhos realizados conjuntamente entre os grupos, o que ajuda na consolidação e difusão da
educação tutorial como prática de formação acadêmica.
310
OS JOGOS COOPERATIVOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
AMANDA BASÍLIO BARBOSA1; LILIANE LOCATELLI 2
1
Anhanguera de Pelotas – [email protected]
2
Anhanguera de Pelotas – [email protected]
INTRODUÇÃO: Os Jogos Cooperativos surgiram da preocupação com a extrema valorização do individualismo e da
competição e foram criados com o propósito de promover a autoestima e desenvolver o relacionamento interpessoal
positivo. O estudo buscou verificar se os Jogos Cooperativos podem influenciar nas atitudes e no relacionamento de
crianças de pré-escola e se os educadores desta escola infantil têm conhecimentos nessa área.
METODOLOGIA: Para o estudo foi adotada a abordagem qualitativa. Os dados foram
coletados em oito aulas, sendo quatro aulas de jogos cooperativos e quatro aulas de jogos
competitivos, em uma escola municipal de educação infantil da cidade de Canguçu/RS.
Participaram da investigação dezessete crianças, entre cinco a seis anos de idade e quatro
educadores da referida escola. Para a coleta de dados foram utilizados os seguintes
instrumentos: aplicação de oito aulas, sendo quatro de jogos competitivos e quatro de jogos
cooperativos; registros em diário de campo; aplicação de questionário para os professores e
avaliação das atividades através das opiniões das crianças, com o apontamento de duas
“carinhas”, uma com face alegre e outra triste.
RESULTADOS: A análise do diário de campo apontou que as crianças tiveram uma maior
aceitação diante dos jogos cooperativos quando comparados com os jogos competitivos.
Demonstraram melhorias nas atitudes e no relacionamento, como menor agressividade, menor
agitação e maior participação e união. Os professores entrevistados relataram que não
conheciam os jogos cooperativos. Na avaliação das crianças, fazendo o apontamento com as
“carinhas”, a maioria mostrou a face feliz durante os jogos cooperativos e a face triste durante
os jogos competitivos.
CONCLUSÕES: O estudo forneceu indícios do valor educativo dos jogos cooperativos na formação da cidadania e da
convivência social construtiva.
311
PALAVRAS-CHAVE: Jogos Cooperativos, Educação Física Escolar, Educação Infantil
312
PAINTBALL NAS AULAS DO ENSINO MÉDIO
LAURA GARCIA JUNG1; PATRÍCIA DA ROSA LOUZADA DA SILVA2; FABIANA
CELENTE MONTIEL3
1
EEEM Dr. Augusto Simões Lopes / ESEF - UFPel – [email protected]
Instituto Federal Sul-rio-grandense, Câmpus Camaquã – patrí[email protected]
3
Instituto Federal Sul-rio-grandense, Câmpus Pelotas – [email protected]
2
INTRODUÇÃO: A Educação Física (EF) no ensino médio pode ser um campo delicado de
atuar, não raro os jovens tendem a desvalorizar a disciplina. No entanto, explorar o plano de
ensino propondo práticas diversificadas pode ser um meio de atrair e motivar os alunos a
novas experiências. O Paintball é um esporte de combate, individual ou em equipe e é
categorizado como esporte de aventura. Seu nome vem do inglês: paint= tinta ball= bola. O
objetivo deste trabalho é descrever a prática docente que utilizou o paintball como forma de
despertar o gosto pela prática da EF IFSul-Câmpus Camaquã.
METODOLOGIA: O planejamento das atividades seguiu as seguintes expectativas de
aprendizagem: Conceitual - discutir o esporte e apontar meios viáveis à prática;
Procedimental - praticar a modalidade no espaço escolar, e Atitudinal - envolver-se e auxiliar
na aquisição dos materiais. O planejamento da aula foi longo, bexigas e tintas substituíram as
armas e materiais como madeiras, lonas e cordas montaram as zonas de esconderijo,
denominadas trincheiras. O recurso para compra das bexigas e tintas foi arrecadado entre os
alunos, os demais materiais foram emprestados do almoxarifado da escola.
RESULTADOS: Os jovens mostraram interesse, mas duvidavam que com bexigas e
materiais reutilizados a modalidade propiciasse algum tipo de emoção. Após a realização, a
avaliação foi positiva, os alunos relataram a surpresa já que ficaram impressionados com a
“estética” do espaço organizado para realização. Alguns dos relatos: “Professora, havia
topado a proposta, mas capaz que pensei que iria ser assim, maravilhoso” aluno, 18 anos;
“Nossa suei um monte, coração acelerado me escondendo nas trincheiras” aluna, 17 anos”.
313
CONCLUSÕES: Diariamente enquanto educadores somos desafiados e inovar pode ser um
meio de qualificar a prática docente. O Paintball pode ser reaplicado em diversos contextos e
utilizando inúmeros recursos adaptados.
PALAVRAS-CHAVE: Educação física; Ensino médio; Paintball.
314
PATRULHA DA SAÚDE: UM DIAGNÓSTICO DA SAÚDE DOS POLICIAIS
RODOVIÁRIOS FEDERAIS NA 7ª DELEGACIA DA 9ª SUPERINTENDÊNCIA DE
POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL/RS
EDUARDO FRIO MARINS1; ARIANE GOULARTE LUÇARDO2; CHARLES BARTEL
FARIAS2; MARCELO DOS SANTOS VAZ2; VICTOR SILVEIRA COSWIG2; GABRIELA
BARRETO DAVID2; FABRÍCIO BOSCOLO DEL VECCHIO3
1
Universidade Federal de Pelotas– [email protected]
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
INTRODUÇÃO: O trabalho policial requer cuidados especiais à saúde. A 9ª
Superintendência da Polícia Rodoviária Federal (9ª SRPRF/RS) observou significativo
aumento dos afastamentos funcionais por causas psiquiátricas, lesões osteomusculares e
doenças respiratórias. Assim, o objetivo foi descrever o projeto Patrulha da Saúde da Polícia
Rodoviária Federal (PRF).
METODOLOGIA: Realizou-se estudo transversal descritivo na 7ª Delegacia da PRF da
9ªSRPRF/RS. A coleta de dados foi dividida em sete estações: 1ª – dados demográficos,
socioeconômicos, de saúde e questionários específicos (IPAC-versão curta, Oswertry de dor
lombar e nórdico de sintomas osteomusculares); 2ª – massa corporal, estatura, IMC,
circunferência abdominal e cervical; 3ª – pressão arterial, percentual de gordura, frequência
cardíaca, variabilidade da frequência cardíaca e saturação de oxigênio; 4ª – medicina do
tráfego; 5ª – flexibilidade, força de preensão manual e de membros inferiores; 6ª – Functional
Movement Screen (FMS); 7ª – perfil do estilo de vida individual.
RESULTADOS: Participaram do estudo 44 policiais da ativa (78,6% do total, 56 indivíduos)
em Pelotas. Os dados apontam média etária de 40,8±7,2 anos, 3 indivíduos informaram fazer
uso de tabaco e 26 de ingerir bebidas alcoólicas, sendo que a maioria o faz 1 vez na semana.
Foram encontrados 2 casos de hipertensão, 1 de doença cardíaca e 1 de doença renal e 3
indivíduos indicaram não realizar atividades físicas. O IMC médio de 28,4±3,4 kg/m²,
circunferência abdominal de 99,2±8,6 cm e 25,4±4,9% de gordura corporal. A flexibilidade
foi de 21,4±9,6 cm, a força de preensão manual de 46,6±6,7 kgf no lado direito e 43,8±6,8 kgf
315
no lado esquerdo e a força de membros inferiores foi de 125,7±22,8 kgf. A média no FMS foi
de 13,8±2,5 pontos.
CONCLUSÕES: Em geral, os policiais estão engajados na participação do Patrulha da
Saúde, bem como interessados na situação de sua saúde. Segundo os dados apresentados, os
valores estão diferentes da normalidade populacional, e devem merecer atenção.
PALAVRAS-CHAVE: Polícia; saúde; atividade física.
316
PERCEPÇÃO SOBRE A QUALIDADE DE VIDA ENTRE IDOSOS
PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA
JOSÉ ANTONIO BICCA RIBEIRO1; ADRIANA SCHÜLER CAVALLI2; MARIÂNGELA
DA ROSA AFONSO3
1
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
RESUMO
O estudo descritivo do tipo transversal objetivou identificar a percepção da qualidade de vida
(QV) de idosas praticantes de atividade física (AF) e de participantes em grupos de
convivência. A amostra foi composta por 60 idosas (30 praticantes de AF), com média de
idade geral de 68,13 ± 7,12 anos. Como instrumentos foram utilizados: ficha de anamnese
para a caracterização sociodemográfica da amostra; WHOQOL-Bref para mensurar a QV. Na
análise dos dados, optou-se pela estatística paramétrica utilizando o “t” de Student nas
comparações adotando o nível de significância de 5%. Os resultados indicaram que entre os
domínios do WHOQOL-Bref, as Relações Sociais foi o que apresentou maior média e o
Meio-Ambiente a menor média para ambos os grupos. Pode-se concluir que mesmo havendo
diferenças entre os escores dos quatro domínios da QV entre os grupos, não é possível afirmar
que um grupo apresenta melhor QV do que outro.
PALAVRAS-CHAVE: Qualidade de vida; idoso; atividade motora; Centros de Convivência
e Lazer.
317
PRÁTICA DE LUTAS EM UMA ESCOLA DE PELOTAS: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA
RAFAEL TURCHI¹; OTÁVIO ÁVILA PEREIRA2; GABRIELA DIEL ARRUDA²;
RAFAELA CESTITO PEREIRA DA SILVA²; RAFAEL DE PAIVA DE ARMAS²;
DENER BUDZIAREK DE OLIVEIRA²; MARIANGELA DA ROSA AFONSO³
1
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
INTRODUÇÃO: Este trabalho teve como motivação e justificativa o diagnóstico realizado
em uma escola pública de Pelotas através do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a
Docência – PIBID, cujo contexto violento, no qual a escola está inserida evidenciava a
iniciativa de práticas educativas dessa temática. Sendo assim, a oficina de lutas desenvolveuse no ginásio utilizado pela escola para realização das aulas de Educação Física.
METODOLOGIA: A oficina foi realizada pelos bolsistas do PIBID com 22 alunos do 6º
ano. Através de uma contextualização e explicação sobre as lutas, modalidades de combate,
briga e artes marciais os alunos ficaram mais entrosados com o tema, permitindo a melhor
participação dos mesmos nas atividades que foram desenvolvidas tendo como característica
principal a oposição, princípio básico das lutas. RESULTADOS: Na roda de conversa
realizada após as atividades principais, os alunos afirmaram ter gostado da experiência e
quando questionados sobre o interesse em trabalhar este conteúdo nas aulas de Educação
Física, 21 dos 22 escolares declararam que gostariam de ter esta vivência além de mostrar
insatisfação somente com a prática do futebol, conteúdo comum nas aulas de Educação
Física.
CONCLUSÃO: Apesar de viverem em um contexto violento os alunos conseguiram
identificar a diferença entre luta e briga, ficando claro que intervenções abordando esta
temática na escola têm sua importância, pois sua prática agrega princípios de respeito durante
o desenvolvimento das atividades, contribuindo para que os alunos possam discriminar as
318
práticas indevidas envolvendo principalmente a violência corporal no seu dia-a-dia. Além de
mostrar a necessidade de trabalhar outros conteúdos além do futebol.
PALAVRAS-CHAVE: Lutas, Educação Física, Escola.
319
PRESENÇA DE RISCO CARDIOVASCULAR EM PRATICANTES DE
CORRIDA DE RUA PERTENCENTES A UMA ASSESSORIA TÉCNICA EM UMA
CIDADE NO SUL DO BRASIL
ANTÔNIO EVANHOÉ PEREIRA DE SOUZA SOBRINHO1; LEANDRO QUADROS
CORRÊA2; VICTOR COSWIG3; FÁBIO BITENCOURT LEIVAS1; BIBIANA
FERNANDES DE FREITAS1; ALINE SOARES EISENHARDT1; SAMORA LOHAN V.
BARBOSA1; ADÍLSON GARCIA ROSA1
1
Universidade da Região da Campanha – [email protected]
2
Universidade Federal do Rio Grande
3
Faculdade Anhanguera de Pelotas
RESUMO
O objetivo do estudo foi analisar o perfil antropométrico de corredores de um grupo de
corrida, além de verificar indicadores de risco cardiovascular e de saúde. Trata-se de estudo
transversal descritivo, com amostra intencional onde foram avaliados 37 sujeitos de ambos os
sexos. Avaliou-se altura, peso, percentual de gordura, circunferência da cintura e
circunferência do quadril. A análise dos dados foi realizada no pacote estatístico Stata 12.0.
As mulheres apresentaram risco nos três indicadores, 77,8% destas apresentaram risco
moderado a alto verificado através da circunferência da cintura, 66,7% apresentaram risco
alto pelo percentual de gordura e 44,4% apresentaram risco moderado pelo índice cintura
quadril. Entre os homens 75% apresentaram risco moderado a alto pela circunferência da
cintura e encontravam-se na categoria alto risco pelo percentual de gordura. Assim, verificouse que metade da amostra estudada apresentou risco cardiovascular, especialmente quando
verificado pela circunferência da cintura e percentual de gordura.
Palavras-chave: corrida, avaliação, doenças cardiovasculares.
320
PROCESSOS PEDAGÓGICOS NO ESTÁGIO CURRICULAR
SUPERVISIONADO: A PRÁTICA DO BOLSISTA DE INCIAÇÃO À DOCÊNCIA
VERIDIANA MATOSO1; SAMANTHA GUTERRES2; LUIZ FERNANDO CAMARGO
VERONEZ3
ESEF-UFPel – [email protected];;
ESEF-UFPel – [email protected];
ESEF-UFPel –[email protected]
RESUMO
O presente trabalho foi realizado com o intuito de discutir os processos pedagógicos
na prática dos bolsistas do PIBID - Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência -,
no Estágio Curricular Supervisionado, especialmente na disciplina de Prática de Estágio até o
5º ano, do curso de graduação em Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal
de Pelotas (UFPel). Este estudo mostrou-se importante através das possibilidades de
aprofundamento que é oportunizado aos envolvidos sobre os processos pedagógicos
desenvolvidos nas séries inicias da escola pública e também na discussão sobre esses
processos, com o intuito de melhor qualificar tarefas docentes de futuros professores de
Educação Física. O programa articula a teoria e a prática oportunizando aos bolsistas
experiências de processos pedagógicos que só seriam possíveis no exercício formal do
trabalho docente.
321
PROFESSOR COACH: UMA EXPERIÊNCIA NA ESCOLA SESI
GICELE KARINI DA CUNHA¹; LUIZA ZORZO²; JOICE WELTER RAMOS²
¹Escola de Ensino Médio SESI Eraldo Giacobbe – [email protected]
²Escola de Ensino Médio SESI Eraldo Giacobbe
RESUMO
A Escola de Ensino Médio SESI Eraldo Giacobbe, em Pelotas/RS, trabalha com o
desenvolvimento de habilidades e competências voltadas para a formação integral dos alunos.
Desta forma, surgiu a Proposta do Professor Coach, que contempla o currículo diversificado e
que possui como objetivo o acompanhamento do aluno considerando os desafios escolares,
tendo em vista o mundo do trabalho e os projetos pessoais. Além do acompanhamento já
realizado pela escola, emergiu a necessidade de um acompanhamento mais próximo, que
auxiliasse o aluno em sua trajetória escolar e na busca pela excelência acadêmica. Melhorias
significativas foram evidenciadas tanto em aspectos relacionados ao desempenho escolar
quanto no que tange à vida pessoal e às perspectivas profissionais de cada aluno. A proposta,
apesar de estar em seu início, apresenta inequívoco potencial para auxiliar na formação
integral dos estudantes e já revela alguns resultados.
PALAVRAS-CHAVE: PROFESSOR COACH; ENSINO MÉDIO; CURRÍCULO.
322
PROJETO INTERDISCIPLINAR E.E.E.M. SANTA RITA - ACESSIBILIDADE
NA ZONA URBANA DE PELOTAS
HUGO GALVÃO MATHIAS1; FERNANDA FERNANDES BASTOS2; DÉBORA
DUARTE MARTINS2; ALISSON MEDEIROS GOSMES PRESTES2; FLÁVIO
MEDEIROS PEREIRA3
1
Discente da Escola Superior de Educação Física – ESEF/UFPel – [email protected]
Discente da Escola Superior de Educação Física – ESEF/UFPel – [email protected]
2
Discente da Escola Superior de Educação Física – ESEF/UFPel – [email protected]
2
Discente da Escola Superior de Educação Física – ESEF/UFPel – [email protected]
3
Dr. Professor Titular da Escola Superior de Educação Física – ESEF/UFPel – [email protected]
2
INTRODUÇÃO: O projeto objetiva conhecer as condições de acessibilidade para pessoas
com deficiência e idosos na cidade de Pelotas, visando contribuir para a compreensão da
problemática sobre acessibilidade na esfera da vida cotidiana da população, em específico a
Escola Estadual de Ensino Médio Santa Rita (EEEMSR), criando situações para a ação
consciente e crítica dos participantes. Esse projeto teve como propostas analisar o contraste
que existe entre as Leis e a realidade da cidade e da população, visitar espaços públicos para
observação das condições de acessibilidade, vivenciar as condições de pessoas com
deficiência e/ou mobilidade reduzida diante de algumas situações cotidianas, experimentar
práticas esportivas adaptadas, propiciar atividades que estimulem a utilização de sentidos
como o olfato, o paladar e o tato, discutir o impacto que a mídia provoca no debate sobre
acessibilidade e produzir materiais visuais sobre a temática no ambiente escolar.
METODOLOGIA: Os acadêmicos das Ciências Sociais junto aos da História e Educação
Física colocaram em pratica neste dia 7 uma oficina de diário de campo, onde foi falado sobre
as leis e conceitos de acessibilidade e mobilidade com suas principais diferenças, e foi feita
uma visitação nas dependências do campus da Escola Superior de Educação Física (ESEF),
onde os alunos colocaram em pratica o que haviam aprendido ate o momento, tomando nota
das observações feitas pelo espaço visitado.
323
RESULTADOS: Após este pequeno passeio, foi feita uma discussão em sala de aula
novamente, onde foi colocado as o opiniões dos alunos do seminário integrado, um relato do
que se havia percebido e possíveis ideias de melhoria.
CONCLUSÕES: O objetivo era obter participação por parte dos alunos do SI, este foi
alcançado. Até a apresentação no evento haverão outros resultados.
PALAVRAS-CHAVE: PIBID – interdisciplinar – acessibilidade.
324
PROJETO UBS+ATIVA: QUEM SÃO OS PACIENTES ATENDIDOS PELO
PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA EM UMA UNIDADE BÁSICA DE
SAÚDE?
VITOR HÄFELE1; LEONY MORGANA GALLIANO2; BRUNO IORIO KÖNSGEN3;
FERNANDO VINHOLES SIQUEIRA4
1
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
2
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
4
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
INTRODUÇÃO: A prática de atividade física está fortemente associada com melhor perfil
relacionado à saúde e, portanto, é uma temática com largo interesse em termos de saúde
pública. No Brasil, algumas ações vem sendo realizadas neste sentido, aproximando o
profissional de educação física (PEF) ao Sistema Único de Saúde, como promotor de estilos
de vida mais saudáveis. Este estudo tem o objetivo de descrever o perfil de saúde dos
pacientes atendidos pelo PEF na Unidade Básica de Saúde (UBS) Areal Leste - Pelotas/RS
durante o período de agosto/2013 a julho/2015.
METODOLOGIA: Trata-se de estudo transversal descritivo com dados de 167 pacientes do
PEF atendidos no ambulatório do Projeto UBS+Ativa. Este atendimento consiste em
anamnese, avaliações físicas e prescrição de exercício físico em usuários encaminhados pelos
profissionais da UBS. Durante a anamnese são verificadas questões de saúde que auxiliam o
PEF a conhecer o perfil do paciente, tais como: índice de massa corporal, nível de atividade
física (IPAQ), tabagismo (não fuma ou nunca fumou; fumou e parou; fumante), autorrelato de
diagnóstico médico de doenças, presença de dor e qual região afetada e autopercepção de
saúde.
RESULTADOS: As mulheres foram maioria nos atendimentos (82%). A média de idade foi
de 52,5±16,3 anos. 85,5% dos pacientes apresentaram excesso de peso (24,2% com sobrepeso
e 61,3% obesos), 76% foram considerados insuficientemente ativos no lazer e 10,6%
declararam-se fumantes. Em relação às doenças, 32,1% possuíam diabetes, 59,9% hipertensão
325
e 58,6% alguma outra doença. Quanto à dor, 85,2% referiram sentir em no mínimo um local
do corpo. A maioria dos pacientes considerou sua saúde como sendo regular (52,5%).
CONCLUSÕES: Através dos resultados verifica-se um perfil de risco em relação a
composição corporal, nível de atividade física, autorrelato de diagnóstico médico doenças,
além de alta prevalência de dor.
PALAVRAS-CHAVE: Atividade Motora, Saúde Pública, Qualidade de Vida, Centros de
Saúde, Promoção da Saúde.
326
RELAÇÃO ENTRE TEMPO DE PRÁTICA E CONHECIMENTO EM
TREINAMENTO RESISTIDO EM ESTUDANTES DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO SUL
DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
NATAN FETER1,2; MATHEUS PINTANEL FREITAS1,3; RODRIGO KUHN
CARDOSO1,4; CÉSAR AUGUSTO HÄFELE1,5; JOUBERT CALDEIRA PENNY 1,6;
AIRTON JOSÉ ROMBALDI1,7
1
Escola Superior de Educação Física – Universidade Federal de Pelotas –
2
[email protected]
3
[email protected]
4
[email protected]
5
[email protected]
6
[email protected]
7
[email protected]
INTRODUÇÃO: A recomendação semanal de atividade física inclui a prática de exercícios
resistidos, devido aos reconhecidos benefícios deste tipo de prática. Assim, este estudo
objetivou verificar a influência do tempo de prática de musculação sobre o conhecimento
deste tipo de exercício em alunos de um curso de Educação Física.
METODOLOGIA: Utilizou-se um questionário composto por 30 questões de múltipla
escolha, divididos em dois domínios (15 questões cada): anatomia/cinesiologia e
princípios/métodos da prática de exercícios resistidos, sendo atribuído o valor de um ponto
para cada questão. A amostra foi composta por 26 estudantes de ambos os sexos, ingressantes
no curso de Educação Física do sul dos Estados Unidos da América, que não haviam cursado
todas as disciplinas específicas deste conhecimento. Os alunos foram divididos em dois
grupos: praticavam exercício resistido por até 6 meses (6M; n=12) ou a mais de seis meses
(6M+; n=14). Os escores aparecem como média e desvio padrão e as diferenças entre os
escores foram determinadas através da análise de variância, sendo aceito valor de p<0,05.
RESULTADOS: Os resultados não mostraram diferença estatisticamente significativa no
escore geral entre os grupos 6M e 6M+ (15,2 ±2,5 pontos, 16,8 ±3,9 pontos, respectivamente;
p=0,23). Além disto, não verificou-se diferenças no conhecimento em ambos domínios:
327
anatomia/cinesiologia (6M: 8,2 ±2 pontos; 6M+: 9 ±2,5, p=0,11) e princípios/métodos (6M:
7,2 ±2,5 pontos; 6M+: 7,3 ±2,9 pontos, p=0,91).
CONCLUSÕES: Concluiu-se que a prática prévia de musculação por mais de seis meses não
influenciou significativamente o conhecimento neste tipo de atividade física.
PALAVRAS-CHAVE: Conhecimento, treinamento de resistência, estudantes.
328
RELATO DE INTERVENÇÃO NA ESCOLA FÉLIX DA CUNHA COM
ALUNOS DO SEGUNDO ANO DO ENSINO MÉDIO
FREDERICO DOS SANTOS LEITE1, BRUNO SILVEIRA MARTINS2, PROF. DR. FLÁVIO
MEDEIROS PEREIRA3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
RESUMO Este trabalho é um relato de uma “intervenção” (entendida como uma atividade prática
ou teórica realizada em um ambiente escolar), através de uma oficina interdisciplinar, realizada
com a turma 2A do segundo ano do Ensino Médio na Escola Félix da Cunha em Pelotas – RS.
Tomando como ponto inicial o tema Musicalizando o Meio, o objetivo da atividade foi realizar
uma reflexão que conduziu para uma discussão acerca da desconstrução de preconceitos sobre
estilos musicais. A intervenção foi feita em dois períodos de aula com a participação dos
estudantes, dos pibidianos e de uma supervisora. Inicialmente a atividade consistiu na exibição de
um vídeo; após foi desenvolvido um debate envolvendo o tema proposto. Depois de realizada a
intervenção, os pibidianos fizeram uma avaliação do trabalho e concluíram que a oficina teve
êxito, pois conseguiu realizar o objetivo proposto, oportunizando aos estudantes da escola uma
reflexão e um espaço de debate sobre os preconceitos quanto aos diversos estilos musicais.
Palavras chave: PIBID, intervenção, oficina, escola.
329
SITUAÇÕES INTERNAS DE APRENDIZAGEM: A EXPERIÊNCIA
ENQUANTO ATLETAS DE TREINADORES DE FUTEBOL DA 2ª DIVISÃO DO
CAMPEONATO GAÚCHO
ANTÔNIO EVANHOÉ PEREIRA DE SOUZA SOBRINHO1; FÁBIO BITENCOURT
LEIVAS2; MARCELO COZZENSA3
1
Universidade da Região da Campanha – [email protected]
2
Universidade da Região da Campanha
3
Universidade Federal de Pelotas – [email protected]
INTRODUÇÃO: Atualmente reconhecem-se as situações mediadas, não mediadas e internas
de aprendizagem como vias de aprendizagem dos treinadores (MILISTETD, 2014). Neste
sentido, enquanto situações internas de aprendizagem aparecem as experiências enquanto
atleta como contribuidoras da construção do conhecimento dos treinadores ao longo da vida
(BRASIL et al., 2015). Sendo assim, buscou-se investigar a presença da experiência enquanto
atleta em treinadores profissionais e a sua percepção desta experiência na condução dos
treinos com relação aos treinadores que não foram atletas.
METODOLOGIA: Estudo descritivo exploratório. Para a coleta de dados utilizou-se uma
entrevista semi-estruturada. A amostra foi comporta por 13 treinadores atuantes na 2ª Divisão
do futebol profissional gaúcho no ano de 2013. A análise dos dados foi realizada por análise
de conteúdo (BARDIN, 1977). O estudo respeitou os princípios éticos de pesquisa (parecer
número 475.742).
RESULTADOS: Dos 13 treinadores analisados, 10 possuíam experiência enquanto atleta.
Destes, 9 treinadores perceberam que essa experiência auxiliava na condução do treino e 1
relatou que a formação universitária aliada a experiência enquanto atleta era fundamental.
Neste sentido, MILISTETD et al. (no prelo) informam que além da vivência prática, a
interação com outros treinadores e a observação de colegas têm sido consideradas como as
principais fontes do conhecimento destes profissionais no ambiente de elite
CONCLUSÕES: A maioria dos treinadores possuía experiência enquanto atleta e
perceberam que esta experiência os auxiliava na condução do treino. No entanto, é importante
que as situações internas de aprendizagem sejam complementadas também com situações
mediadas, não-mediadas e internas de aprendizagens para a formação do treinador eficaz.
330
PALAVRAS-CHAVE: Futebol; Aprendizagem; Transferência de Experiência.
331
UMA EXPERIÊNCIA DE INICIAÇÃO A DOCÊNCIA ENVOLVENDO A
PRÁTICA DE GOALBALL COM ALUNOS DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE
PELOTAS
FERNANDA FERNANDES BASTOS1; DÉBORA DUARTE MARTINS2; HUGO
GALVÃO MATHIAS2; FLÁVIO MEDEIROS PEREIRA3
1
Discente da Escola Superior de Educação Física – ESEF/UFPel – [email protected]
Discente da Escola Superior de Educação Física – ESEF/UFPel – [email protected]
2
Discente da Escola Superior de Educação Física – ESEF/UFPel – [email protected]
3
Dr. Professor Titular da Escola Superior de Educação Física – ESEF/UFPel – [email protected]
2
INTRODUÇÃO: Este trabalho relata a experiência em uma oficina de Goalboll ministrada
pelos bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) da
ESEF/UFPel, com alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Santa Rita (EEEMSR). Esta
atividade faz parte do projeto interdisciplinar do PIBID na escola, cujo tema é:
“Acessibilidade na Zona Urbana de Pelotas – RS”. Neste ano a EEEMSR recebeu, pela
primeira vez, um aluno cego e isso causou impacto no cotidiano escolar. O objetivo da oficina
foi oportunizar aos alunos do Ensino Médio a prática de um esporte adaptado, com atividades
preparatórias e jogo propriamente dito, fazendo com que os mesmos reflitam criticamente
acerca da acessibilidade, visando a compreensão sobre os limites e dificuldade impostos ao
dia-a-dia das pessoas com deficiência visual severa. O Goalball é um dos poucos esportes
concebidos especificamente para as pessoas com deficiência visual, que propicia o
desenvolvimento de diversas habilidades motoras, percepção auditiva, noção de tempo e
espaço, espírito de equipe e cooperação.
METODOLOGIA: A oficina desenvolveu-se em três momentos, foi feita uma conversa
informal relatando sobre história e regras gerais, após foram realizadas atividades de
reconhecimento com a bola de guizo e vendas e por fim realizado o jogo. Os critérios
avaliativos foram: objetivo atingido, demonstração de aprendizagem e participação coletiva.
RESULTADOS: Ao fim das atividades os alunos puderam refletir acerca das limitações
causadas pela deficiência visual e tiveram a possibilidade de vivenciar o esporte adaptado. Os
alunos demonstraram-se participativos e interessados nas atividades.
332
CONCLUSÕES: Neste processo de aprendizagem como futuros docentes percebemos a
importância do PIBID na nossa formação possibilitando pôr em prática o que está sendo
planejado no projeto interdisciplinar na escola e também a troca ensino-aprendizagem entre os
bolsistas e os alunos da escola atuante.
PALAVRAS-CHAVE: PIBID – goalball – prática esportiva.
333
ANEXO
334
ANEXO I – PROGRAMAÇÃO FINAL
34º Simpósio Nacional de Educação Física
28 a 30 de outubro de 2015
PROGRAMAÇÃO FINAL
Quarta-feira - 28/10/15
08:30 – 12:00h - Mini-cursos 1 a 6 DIURNOS
01 -
Iniciação ao atletismo
Profa. Dra. Sara Quenzer Matthiesen – UNESP/Rio Claro
ESEF - Sala 08
02 -
Hidroginástica
Profa. Dra. Ana Carolina Kanitz
Academia Spieker – Rua Senador Carlos Barbosa, 71
03 -
Práticas inovadoras em Educação Física escolar
Prof. Ms. Carlos Eduardo Berwanger – Prefeitura de Porto Alegre e PUC
Escola Cassiano do Nascimento – Av. Dom Joaquim, 671
04 -
Treinamento de futsal: da iniciação ao rendimento
Prof. Dr. Michél Angillo Saad - UFSC
Ginásio da Escola Mário Quintana – (entrada pela Rua Luiz Braille, atrás da Anhanguera)
05 -
Atividades circenses
Profa. Ms. Camila da Silva Ribeiro – SESI/Pelotas
ESEF - Sala 10
06 -
Treinamento Intervalado de Alta Intensidade
Prof. Dr. Fabrício Boscolo Del Vecchio – UFPel
ESEF - Auditório
14:00 – 17:30h - Mini-cursos 1 a 6 DIURNOS
19:00 – 22:30h - Mini-cursos 7 a 12 NOTURNOS
07 -
Natação: da iniciação ao rendimento
Prof. Dr. Flávio Antonio de Souza Castro – UFRGS
Academia Spieker – Rua Senador Carlos Barbosa, 71
08-
Treinamento em handebol: da formação ao rendimento
Prof. Ms. Jorge Brandli Fernandes – ULBRA/Santa Maria
ESEF - Sala 08
09-
Treinamento de força na 3ª idade
Prof. Dr. Eduardo Lusa Cadore - UFRGS
ESEF - Auditório
10-
Iniciação ao basquetebol
Profa. Dra. Larissa Rafaela Galatti – UNICAMP
Prof. Dr. Mario Renato de Azevedo Júnior – UFPel
335
ESEF - Sala 06
11-
Grupos de Corrida
Prof. Ms. Fábio Rosa dos Santos – Life Team Runners
Prof. Ms. Adriana Torres de Lemos – Life Team Runners
ESEF - Sala 10
12-
Dança
Profa. Maiara Cristina Moraes Gonçalves - UFPel
ESEF - Sala 09
Quinta-feira - 29/10/15
08:30 – 09:45h
Palestra 01 –
Aspectos determinantes no treinamento de força de atletas
Prof. Dr. Eduardo Lusa Cadore – UFRGS
ESEF - Sala 01
Palestra 02 –
A importância da demonstração no esporte
Prof. Dr. João Manuel Patrício Duarte Petrica
Universidade Castelo Branco – Portugal
ESEF - Auditório
Palestra 03 –
A formação de atletas nos esportes de combate
Prof. Dr. Fabrício Boscolo Del Vecchio - UFPel
ESEF - Sala 08
10:00 – 10:45h - Cerimônia de Abertura
Políticas públicas e as novas perspectivas do Sistema Nacional do Esporte
Profa. Cássia Damiani – Ministério do Esporte
ESEF - Auditório
11:00 – 12:15h
Palestra 04 –
Palestra 05 –
Palestra 06 –
Categorias de base no Futebol
Prof. Ms. Osvaldo Donizete Siqueira - Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e ULBRA
ESEF - Sala 01
Aspectos biomecânicos nos esportes aquáticos
Prof. Dr. Flávio Antonio de Souza Castro – UFRGS
ESEF - Sala 08
A gestão do esporte no Brasil
Jornalista José Cruz – UOL
ESEF - Auditório
13:30 – 15:45h - Apresentação de trabalhos orais
16:00 – 17:30h
Mesa-Redonda 01 - Mídia e Esporte
Jornalista Caco Motta – Grupo RBS
Jornalista José Cruz - UOL
ESEF - Sala 08
336
Mesa-Redonda 02 - Medicina Esportiva
Dr. Luis Antonio Barcellos Crescente - ULBRA
Dr. André Guerreiro – Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte
ESEF - Auditório
Mesa-Redonda 03- Projetos Esportivos no Brasil
Prof. Dr. Ricardo Demetrio de Souza Petersen - UFRGS
Prof. Dr. Antônio Carlos Dourado – UEL
Prof. Dr. Luís Eduardo Cunha Thomassim - UFPR
ESEF - Sala 01
19:00 – 22:30h - Mini-cursos 7 a 12 NOTURNOS
Sexta-feira - 30/10/15
09:00 – 10:15h
Palestra 07 – Esportes de Aventura
Prof. Ms. Ênio Araújo Pereira - UFPel
ESEF - Sala 08
Palestra 08 – Monitoramento e acompanhamento de carga no treino esportivo
Prof. Dr. Antônio Carlos Dourado - UEL
ESEF - Sala 01
Palestra 09 – O ensino dos esportes coletivos
Profa. Dra. Larissa Rafaela Galatti – UNICAMP
ESEF - Auditório
10:30 – 12:00h
Mesa-Redonda 04 – O esporte e suas manifestações
Prof. Dr. Adroaldo Cezar Araújo Gaya – UFRGS
Prof. Dr. Antônio Jorge Soares – UFRJ
ESEF – Sala 01
Mesa-Redonda 05 – Estado da arte no esporte brasileiro
Prof. Dr. Alberto Reinaldo Reppold Filho - UFRGS
Prof. Esp. Walter Russo de Souza Júnior - CPB
Profa. Ms. Cássia Damiani – Ministério do Esporte
ESEF - Auditório
13:30 – 14:45h - Apresentação de posters
15:00 – 16:15h
Palestras 10 –
Temas Atuais em Ética do Esporte
Prof. Dr. Alberto Reinaldo Reppold Filho – UFRGS
ESEF – Sala 08
Palestras 11 –
Talento Esportivo: Conceitos e Definições
Prof. Dr. Adroaldo Cezar Araújo Gaya – UFRGS
ESEF - Auditório
337
Palestras 12 –
O Comitê Paralímpico Brasileiro e o esporte escolar para crianças e jovens com deficiência
Prof. Esp. Walter Russo de Souza Júnior – CPB
ESEF - Sala 09
16:30 – 17:30h - Palestra de encerramento – “A formação de profissionais do esporte”
Prof. Dr. João Manuel Patrício Duarte Petrica
Universidade Castelo Branco - Portugal
ESEF - Auditório
338