A mucormicose é uma infecção fúngica invasiva, frequentemente

Transcrição

A mucormicose é uma infecção fúngica invasiva, frequentemente
MUCORMICOSE ORBITÁRIA NUM DOENTE JOVEM
COM DIABETES E PORFIRIA CUTÂNEA 1
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João Beato , Cris/na Sousa , Petra Gouveia , Bruna Cardoso-­‐Vieira , Sara Ribeiro , Vitor Leal , F. Falcão-­‐Reis 1. Departamento de Oftalmologia, H ospital São João; 2. Departamento de Oftalmologia, Hospital Pedro Hispano!
Introdução: A mucormicose é uma infecção fúngica invasiva, frequentemente observada em doentes
imunocomprometidos (doenças malignas hematológicas, transplante de orgãos sólidos, diabetes mellitus).
A forma mais comum e grave é a mucormicose rino-orbito-cerebral.!
Caso clínico: Uma doente caucasiana de 39 anos de idade
recorreu ao serviço de urgência de um hospital de cuidados
secundários por um quadro clínico com 3 dias de evolução de
cefaleia hemicraniana direita intensa envolvendo a região maxilar
e retro-bulbar, acompanhada por fotofobia, rinorreia aquosa,
náuseas e vómitos. !
Antecedentes Pessoais: !
-  Corticoterapia oral (0,5 mg/Kg/dia), 3 semanas antes, por
suspeita de porfiria cutânea; !
-  Diabetes melitus tipo 1 com lesão de orgâo-alvo; Hipertensão
arterial; Dislipidémia; Vitiligo; Cefaleia. !
Tratamento Cirúrgico: A doente foi submetida a
esfeno-etmoidectomia e sinusotomia maxilar,
bem como, exenteração orbitária direita no dia
seguinte. !
Evolução Clínica:!
Admissão:!
- A tomografia computorizada (TC) cerebral não apresentava
alterações, tendo sido feito o diagnóstico provável de cefaleia
secundária a inflamação/infecção, e iniciado de forma empírica
um antibiótico de largo espectro (vancomicina endovenosa). !
2º dia:!
- Deterioração clínica com edema palpebral e quemose,
proptose, exotropia e pupila fixa em midríase média do olho
direito (OD)!
- Diminuição rapidamente progressiva da acuidade visual do
OD para ausência de percepção luminosa. !
!
Fig. 3 - Edema palpebral OD e lesões
cutâneas de vitiligo (vista frontal).
Fig. 4 - Proptose axial OD associada a
quemose, exotropia e pupila em
midriase media (vista frontal).
Exame Anatomo-patológico: !
- Positivo para Zigomicetes.!
Seguimento: !
- 6 meses após a cirurgia não ocorreu
recidiva. !
Antibioterapia empírica (ceftriaxone, ampicilina) e antivirais (aciclovir)!
!
- A angio-ressonância magnética (RM) cerebral demonstrou
uma lesão ocupando espaço e hipossinal dos músculos extra! oculares!
Suspeita de tumor pseudo-inflamatório da órbita à é corticoterapia!
3º dia:!
- Apesar das medidas terapêuticas instituídas ocorreu um
agravamento rapidamente progressivo do quadro clínico !
Diagnóstico presuntivo de infecção fúngica e iniciada
anfotericina B intravenosa (transferência para CHSJ)!
Fig. 5 e 6 - Pós-operatório de exenteração orbitária direita(vista frontal).
Conclusão: Mucormicose é uma condição
potencialmente fatal que exige um diagnóstico
precoce e tratamento agressivo. A terapêutica
antifúngica em alta dose e o desbridamento
cirúrgico alargado dos tecidos necróticos permite
o controlo local da doença com aumento da
sobrevida dos doentes.!
Mallis A, Mastronikolis SN, Naxakis SS, Papadas AT. Rhinocerebral mucormycosis: an update.
European Review for Medical and Pharmacological Sciences. 2010; 14: 987-92.
Fig. 1 – Espessamento dos tecidos moles
da região peri-orbitária direita (TC órbitas)
Fig. 2 - Acentuado espessamento dos músculos
extrínsecos extra-oculares e proptose (TC órbitas)
RavindRa v. Shinde, Geeta S.KaRande, S.t. Mohite, S.R. Patil Rhino-Orbital Mucormycosis in
Diabetes Mellitus. Journal of Clinical and Diagnostic Research. 2013 June, Vol-7(6): 1145-1147