Bem O que seria da música brasileira sem os tambores primitivos

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Bem O que seria da música brasileira sem os tambores primitivos
Bem
O que seria da música brasileira sem os tambores primitivos, sem os
batuques, a dança de umbigada, a roda de samba, de jongo e de
capoeira, sem os arrasta-pés alegrados pelo forró pé-de-serra ou pela
banda de pífano, sem as festas populares e sem a mistura rítmica e
cultural a que fomos agraciados? Objetivando contribuir com a
aprendizagem da percussão e o entendimento de alguns ritmos do
Brasil, destaco e apresento a grafia musical do:
BAIÃO
CABOCLINHO
CAPOEIRA
CIRANDA
FREVO/MARCHA DE CARNAVAL
IJEXÁ
JONGO
MARACATU CEARENSE
MARACATU PERNAMBUCANO
QUADRILHA JUNINA
SAMBA
XOTE
As batidas (patterns) apresentam variações e instrumentação básica que comumente
mudam de acordo com as regiões e grupos executantes. De cada ritmo trago breves
informações e comentários. Não abordo a técnica dos instrumentos, o que, minimamente,
deverá ser observado e buscado, pois é determinante para o entendimento e boa
execução dos ritmos trazidos.
Bom proveito e bom batuque!
Prof. Roberto Stepheson
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Ritmos Bem Brasileiros
Prof. Roberto Stepheson
Pág.
I. BAIÃO ......................................................... 03
II. CABOCLINHO ............................................ 05
III. CAPOEIRA .................................................
06
IV. CIRANDA ...................................................
07
V. FREVO/MARCHA DE CARNAVAL ............
08
VI. IJEXÁ .......................................................... 09
VII. JONGO ....................................................... 10
VIII. MARACATU CEARENSE ........................... 12
XIX. MARACATU PERNAMBUCANO ................ 13
X. QUADRILHA JUNINA ................................. 15
XI. SAMBA .......................................................
16
XII. XOTE .......................................................... 18
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I.
É oriundo do Nordeste brasileiro e o andamento varia do moderado ao rápido. “Asa
Branca” é um exemplo de baião (ritmo) e é um clássico da música popular brasileira. Luiz
Gonzaga, o nosso Rei do Baião, foi um expoente e grande divulgador do gênero.
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II.
O caboclinho (ou cabocolinho) é uma dança e ritmo pernambucano. É acelerado, alegre e
o instrumental básico é composto pelo tambor, chocalho (maracas) e preaca. Este último
se assemelha ao arco e flecha e acentua ora o 1º e o 3º tempos, ora todos os tempos do
compasso, impulsionando os brincantes.
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III.
A capoeira é um jogo, uma arte marcial, uma dança, “gingado” e um ritmo brasileiro. O
andamento é moderado, podendo ser acelerado, e sua instrumentação típica é o
berimbau, atabaque, pandeiro e agogô.
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IV.
Sendo uma variação da marcha-rancho e de andamento moderado, é um ritmo que vem
do litoral pernambucano. A ciranda é marcada pela dança em círculos, onde os
participantes dão as mãos, baixam-se e acentuam o pé no primeiro tempo do compasso
como se estivessem imitando as ondas do mar quebrando na beira do mar. Lia de
Itamaracá é um de seus grandes expoentes.
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V.
&
São gêneros similares, no que se refere à batida mater. A diferença fica por conta de
variações rítmicas de instrumentos – como a da caixa –, do andamento e da
instrumentação/interpretação: o frevo apresenta-se instrumental e costuma ser mais
rápido que a marcha de carnaval, que é cantada e o andamento é reduzido. Contudo,
tanto o andamento como a interpretação ao longo dos tempos se misturaram. Hoje,
existem frevos cantados, tocados mais lentos (frevo-canção), assim como marchas de
carnaval bem rápidas, com introduções e/ou partes instrumentais exuberantes, que
chegam a ser conhecidas do público tanto quanto as letras das músicas, a exemplo de
“Cidade Maravilhosa” e “Touradas em Madri”. Vertentes das marchas portuguesas e das
marchas militares das bandas de música, a marcha brasileira, ou marchinha de carnaval,
surgiu nos bailes carnavalescos do Sudeste brasileiro no final do século XIX, espalhandose rapidamente por todo o Brasil no início do séc. XX. O frevo nasceu e se desenvolveu
em Pernambuco e ganhou identidade própria: dança, indumentária, muitos instrumentos
de sopro, arranjos arrojados e complexos para orquestra típica, como a inesquecível
Duda Orquestra e, em continuidade, a Spok Frevo Orquestra. “Vassourinhas” é um
clássico do frevo.
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VI.
Conhecido também como afoxé, sendo este um instrumento de percussão (afuxé) e
designação de grupos como os Filhos de Gandhi, o ijexá é um ritmo dançante da cultura
afro-brasileira e característico da Bahia.
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VII.
É uma manifestação cultural afro-brasileira proveniente das danças de umbigada e dos
ritos afro-brasileiros. É praticado na Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo, principalmente.
De andamento moderado a rápido, tem como instrumentação os atabaques com
acréscimo de palmas. No Rio de Janeiro, mais especificamente no bairro da Serrinha,
destaca-se o Jongo da Serrinha, do Mestre Darcy e da Tia Maria.
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VIII.
Proveniente da cultura afro-brasileira e das congadas, o maracatu cearense é um cortejo
pomposo e elegante. Seu andamento é lento, marcado, e sua instrumentação é formada
por tambores graves, tambores agudos (tambores com esteiras ou caixas) e grandes
triângulos (de mola de caminhão). “Pavão Misterioso”, do compositor Ednardo, é um
maracatu cearense que foi trilha de novela e fez grande sucesso.
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XIX.
(maracatu de baque virado)
Também oriundo dos terreiros e dos ritos religiosos afro-brasileiros, o maracatu
pernambucano é alegre e polirrítmico, a exemplo da música africana – de Angola, Congo,
Guiné-Bissau, Moçambique etc. – trazida pelos escravizados e que muito influenciou a
música brasileira. É impulsionado por tambores (alfaias), chocalhos (xequerês) e
percussão de metal com campânula (gonguês ou agogôs).
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X.
Vem dos grupos regionais do Nordeste, dentre eles as bandas de pífanos (ou terno de
zabumba) e grupos de forró pé-de-serra. O ritmo, de andamento rápido, deriva da marcha
e embala as quadrilhas e festas juninas.
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XI.
Onde nasceu o samba? Esta é uma pergunta frequente, controversa e difícil de
responder. O samba, proveniente das danças de umbigada, dos batuques, dos ritos afrobrasileiros, do maxixe, dentre outros, está presente em todo o território nacional e se
mistura às culturas locais, renovando-se a cada dia. Se pudermos ser reconhecidos por
um gênero/ritmo, o samba se sobressai, pois se mistura à nossa identidade cultural e é
sinônimo de música brasileira, sendo reconhecido como tal no mundo todo. O andamento
vai desde o lento, como o samba-canção e a bossa nova, ao rápido, como sambão e o
samba das escolas de samba, que a cada período fica mais rápido, assemelhando-se à
marcha de carnaval e ao frevo, pois, devido à velocidade, acaba perdendo as síncopes e
o “gingado”.
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XII.
O xote é encontrado em diversas regiões do Brasil, de norte a sul, recebendo tratamento
diferenciado em cada uma delas. O que trago é o xote do Nordeste brasileiro. A batida
das três semínimas (vide zabumba abaixo), por exemplo, é comum tanto em músicas do
folclore europeu como da América Latina e até no rock. O xote pode ter vindo ainda da
desaceleração da marcha militar, do maxixe, da quadrilha e do xaxado, para adaptar-se à
dança, que inicialmente era mais lenta e cadenciada. No Nordeste, ganhou uma
instrumentação típica e se incorporou à cultura desse povo, tanto a dança como a música.
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Ritmos Bem Brasileiros
Rio de Janeiro, 2014
Prof. Roberto Stepheson
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