Biografia do Pastor Braff
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Biografia do Pastor Braff
Biografia do Pastor Braff 1 Biografia do Pastor Braff 2 Biografia do Pastor Braff Manoel João Braff Biografia do Pastor Braff Dourados, MS Março/2013 3 Copyright © 2013 by Manoel João Braff. É proibida qualquer reprodução parcial ou integral desta obra, sem prévia autorização. Projeto gráfico, editoração e impressão: Seriema Indústria Gráfica e Editora Ltda-EPP e-mail: [email protected] Digitação: João Leozil Ribeiro de Almeida Manoel João Braff Capa: Emerson Silva Conselho Editorial: Gicelma da Fonseca Chacarosqui Rochi Paulo Sérgio Nolasco dos Santos Renata Lourenço Profª. Dra. Leoné Astride Barzotto B732b BRAFF, Manoel João. Biografia do Pastor Braff; / Manoel João Braff; BRAFF Merlinton João (Org.) – Dourados: Seriema Indústria Gráfica e Editora Ltda-EPP, 2013. xvi, 131f ; 14,5cm 1. Igreja. 2. Religião. 3. Geografia. ISBN 978-85-61059-28-6 CDU 929. Impressão e editoração: Gráfica e Editora Seriema - Fone (67) 2108-4600 Av. Presidente Vargas, 275, Centro, Dourados - Mato Grosso do Sul [email protected] 4 Biografia do Pastor Braff INTRODUÇÃO Participaram da elaboração desta biografia: Principalmente o biografado, Manoel João Braff, com o seu diário, com suas lembranças, com o seu empenho na guarda organizada de um amontoado de folhas manuscritas, até que pudesse ser datilografado. Em segundo lugar (cronologicamente), “no dia 13 de agosto de 1997, o Braff e o irmão João Leozil Ribeiro de Almeida começaram a digitar esta biografia.” Em terceiro lugar, Merlinton João Braff, que mora em Dourados – MS, na pequena rua denominada Rua Pastor Braff. Os fatos que desencadearam motivos para editar esta biografia foram os seguintes: Uma biografia do pastor Braff, homenageado com o nome de uma rua foi solicitada pela Prefeitura de Dourados, a solicitação foi por volta de 1996 ou 1997 e, por telefone eu pedi à minha irmã Maísa, que mora em Primavera do Leste – MT conseguisse o que pudesse. Ela enviou via e-mail em julho de 2007 um resumo da biografia, com 43 páginas e esta foi revisada e adequada conforme pode ser vista no site merlintonbraff.com.br. Desde cedo Manoel Braff manteve o costume de relatar os fatos importantes, principalmente os que se relacionavam com a sua vida profissional. No dia 12 de janeiro de 1957 foi realizada a cerimônia de Ordenação do pastor Manoel João Braff. Aos 23 de janeiro de 1959, Braff recebeu um chamado para Mato Grosso, hoje Mato Grosso do Sul, e dia 1º de março seguiu para Campo Grande e dali para Dourados onde ficou sediado. Ainda chegou a tempo de matricular os filhos na escola. Dourados era um campo com muitos desafios, com aproximadamente 40 igrejas e congregações, todas carentes de auxilio espiritual. Naquela época a região distrital adventista de Dourados ainda abrangia, entre outros distritos, Itaporã, Vila Angélica, Ivinhema, Caarapó, Santa Luzia (hoje Juti), Naviraí, Vila Brasil (hoje Fátima do Sul), Vila Jateí, Vila Glória (que agora é Glória de Dourados, e incluía Deodápolis), Douradina etc. Atualmente todas as citadas 'vilas' são municípios. O Braff foi pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Dourados durante os anos de 1959/60. Eu, Merlinton, seu filho acompanhei o pai na mudança para o 'Mato Grosso', casei em 1959 e permaneci em Dourados 5 enquanto meu pai com o resto da família seguiu para outras localidades como Três Lagoas - MS, alguns municípios de Santa Catarina, alguns do Paraná e por último, Primavera do Leste – MT. A organização adventista não deixava um pastor permanecer por muito tempo no mesmo lugar, por questão de política administrativa. Muitas mudanças de Braff com a família seguiram pelos anos posteriores: dia 17 de fevereiro de 1961 foram de mudança, transferidos para Três Lagoas - MS; dia 16 de abril de 1962 mudaram-se para Joaçaba - SC, atendendo um chamado para pastorear 3 grandes distritos. Dia 21 de março de 1964 o pastor Manoel Braff foi a Concórdia encaminhar um suposto penfigoso para levá-lo ao Hospital do Pênfigo em Campo Grande – MT (hoje Campo grande - MS). Os médicos de Concórdia atestaram tratar-se de pênfigo, mas se tratava de psoríase. De Campo Grande o Pastor foi visitar seu filho Merlinton em Dourados. Chegou com o doente ao Hospital do Pênfigo dia 4 de abril de 1964. Era tempo de silêncio; proibido discursar; tempo de 'caçar as bruxas para inquisição' da Revolução de 31 de março. O medo era a tônica, mas pastor Braff, não se continha em sofrer calado. Enquanto explicava a um companheiro de viagem (de ônibus) o motivo por que era anticomunista, estava sendo observado. Chegando a Vila Brasil (hoje Fátima do Sul), recebeu ordem de prisão como se fosse comunista. A cadeia era em Dourados, onde hoje funciona o Corpo de Bombeiros. Dia 7 de abril de 1964 o Pastor foi preso em Dourados por suspeita de ser político partidário de João Goulart, presidente deposto a 1° de abril. O professor Celso Müller do Amaral descobriu o equívoco, quando viu que entre os 'hospedes' da cadeia de Dourados havia um que dava lições bíblicas aos outros e tinha o sobrenome Braff. Nesse tempo a minha esposa, Dona Nélsia, já era a escrivã eleitoral de Dourados, enquanto eu lecionava à noite no Colégio Presidente Vargas (do qual o prof. Celso era diretor) e durante o dia eu era topógrafo da Prefeitura sendo nós, portanto conhecidos do prof. Celso. Dona Nélsia foi consultada sobre a suposição de estar preso um parente. Foi quando descobrimos o acontecido com meu próprio pai. Provada a sua inocência dia 10, foi libertado e dia 12 deu uma bíblia aos companheiros de prisão e dois dias depois seguiu de volta a Joaçaba. Até hoje sinto repulsa pela injustiça. Manoel Braff era um fervoroso nacionalista, defensor dos interesses brasileiros; meu pai criticava o comunismo por considerá-lo uma ideologia materialista e intolerante quanto à liberdade de consciência religiosa. 6 Biografia do Pastor Braff A lei que deu o nome de Rua Pastor Braff foi de autoria do então vereador Celso Müller do Amaral, prestando homenagem e desagravo a quem foi severamente injustiçado. Tempos depois, em outra legislatura, o vereador Juarez Fiel Alves, supondo que esta rua ainda mantivesse a denominação de 'Projetada 1', deulhe o nome de 'Tramandaí', uma praia do Rio Grande do Sul, aliás, como denominou com nomes de praias diversas ruas do bairro Santa Ana ou Santana (antigo “BNH 3º PLANO”). Ocorre que uma denominação que homenageia paisagem ou acidente geográfico pode ser trocada por outra que homenageie pessoa, mas não cabe a troca inversa. Em 4 de outubro de 2012 a assistente do Centro de Pesquisas Ellen G. White – Brasil, Janaina Xavier entrou em contato via e-mail com Merlinton para saber quem era o autor da biografia do pastor Manoel João Braff, que ela encontrou no Centro de Pesquisas. Era um maço de 149 páginas, sem ser digitalizada, apenas um maço de papéis impressos. Janaína remeteu uma cópia pelo Correio. Imediatamente tratei de organizar os textos agrupando melhor as frases por espécies de assunto, dentro da cronologia, separando por capítulos e destaques. Como se vê acima, a autoria ficou definida: O arrojado pastor Manoel João Braff, o abnegado irmão João Leozil Ribeiro de Almeida e eu que paguei a incumbência para apaziguar a saudade e conhecer melhor meu pai. Terminei de aprontar a biografia nesta forma de livro em 20 de dezembro de 2012, mas eu ainda demorei tentando encontrar fotografias, com os parentes, que pudessem ilustrar melhor algumas passagens da existência do biografado. Dourados, 19 de março de 2013 Merlinton João Braff 7 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por ter-me concedido energia e saúde para continuar ativo na idade de 77 anos, ao completar esta autobiografia de Manoel João Braff na esperança de que o seu exemplo de vida contenha lições e significados de grande proveito. Agradeço ainda ao esplêndido cérebro do pastor Braff pela brilhante memória e senso de organização, sem o quais seria impossível uma biografia com tantos detalhes situados cronologicamente. Merlinton João Braff Colaborador 8 Biografia do Pastor Braff SUMÁRIO APRESENTAÇÃO .................................................................................................10 1879 a 1910 ANCESTRAIS .................................................................................... 11 1910 a 1929 INFÂNCIA E JUVENTUDE ............................................................16 1929 a 1934 MANOEL EMANCIPADO.............................................................. 27 1934 a 1945 VIDA PROFISSIONAL .................................................................... 38 1945 a 1947 OUTRA PROFISSÃO ....................................................................... 45 1947 a 1951 DE VOLTA AO MAGISTÉRIO ....................................................... 48 1951 a 1954 PALMEIRA DAS MISSÕES - RS ..................................................... 52 1954 a 1956 CARAZINHO – RS ........................................................................... 59 1956 a 1959 PASTOR BRAFF .............................................................................. 63 1959 a 1962 SUL DE MATO GROSSO ................................................................ 67 1962 a 1965 JOAÇABA - SC .................................................................................. 77 1965 a 1969 CRICIÚMA – SC ............................................................................... 84 1969 a 1973 APOSENTADORIA ......................................................................... 92 1973 a 1976 NO PARANÁ ................................................................................... 102 1976 a 1981 VIDA INTENSA E SAÚDE ............................................................ 109 1979 a 1982 PARANÁ, A IGREJA E A ESCOLA ................................................ 116 1981 a 1983 OPÇÃO PELO NORTE .................................................................. 119 1983 a 1985 MUDANÇA PARA MATO GROSSO .............................................. 127 1985 a 1987 RELIGIÃO E POLÍTICA................................................................ 134 1985 a 1996 ATIVIDADES LITERÁRIAS .......................................................... 140 1987 a 1991 RESPONSABILIDADE ESTENDIDA .......................................... 144 1991 a 1993 NO PASSAR DOS DIAS .................................................................. 151 1981 a 1994 EMPREENDIMENTOS - MT ....................................................... 162 1995 ........................................................................................................................ 174 1996 ........................................................................................................................ 182 1997 FAMÍLIA E SAÚDE ................................................................................... 190 1997 VIAGEM AO RIO DOS SINOS ................................................................. 194 1997 e Janeiro de 1998............................................................................................ 197 A PROLE ............................................................................................................. 203 9 APRESENTAÇÃO Manoel João Braff nasceu no dia 09 de abril de 1910, no Município de Santo Antônio da Patrulha - RS; filho de Paulo João Calbo, espanhol (Pablo Juan Calvo, nome traduzido para a língua portuguesa) e Guilhermina Carlota Braff, sueca. Faleceu em 26 de agosto de 1998 em Primavera do Leste - MT. Progenitor de diversos filhos (como consta no capítulo “A Prole”) entre os quais eu, Merlinton João Braff. Confesso que ao dividir o grande texto em capítulos, rearranjar os parágrafos e reagrupa-los por temas ou tópicos, eu não mantive acatamento absoluto da forma literária e do modo de dizer do autor durante a minha preparação para edição. Contudo posso afirmar: a autoria desta biografia, bem como os méritos e a responsabilidade pelos conceitos nela expressados, cabem inteiramente a Manoel João Braff. Em grande parte de sua vida ele teve o cuidado de registrar no seu diário, os relatos e acontecimentos que julgou mais importantes, como também as suas opiniões, que foram genuinamente mantidas. Mas o pastor Braff produziu quase tudo em manuscritos. A transcrição na forma digitalizada foi efetuada por um membro da Igreja Adventista. No dia 13 de agosto de 1997, o pastor Braff e o irmão (na fé) João Leozil Ribeiro de Almeida começaram a digitalizar esta biografia. O pastor Braff sofreu durante muito tempo da doença de Parkinson, o que prejudicava bastante a legibilidade dos seus manuscritos dos últimos vinte anos ou mais. Contudo acredito que algumas irregularidades que houvessem foram corrigidas. Dourados, 28 de outubro de 2007. Merlinton João Braff 10 Biografia do Pastor Braff 1879 a 1910 ANCESTRAIS ASCENDENTES JUAN Há dois países na Europa que tem um sentido capital para a família Braff. Um fica ao norte e o outro ao sul do berço da civilização ocidental: Espanha ao Sul e Suécia ao norte. A Suécia, habitada por um povo pacato, modesto, evangélico; e a Espanha, católica, povo quente, conquistador e propagador de seus princípios culturais. Estas características vieram fundir-se na família Braff no Rio Grande do Sul, católico e protestante num só corpo. D. Pedro II abriu a imigração para o Brasil, visto se tratar dum vasto território semi-habitado. País rico, sem pessoas, não vai para a frente, e o Imperador foi buscar pessoas na Europa e na África. No fim da década de 1880, chegava ao Brasil, vindo da Espanha, de Saragoça, capital de Aragão, província espanhola, Epifânio Juan Tomás com sua família como imigrantes. Surgiu um problema na família e ele teve que deixar sua pátria. O reumatismo articular invadiu seu lar atacando o primogênito de seus filhos, logo ficou entrevado e desenganado pelos médicos europeus, sendo que estes recomendaram mudarem-se para um país quente, de clima mais constante, e diante da propaganda que se fazia pela colonização do Brasil, optaram pelo nosso país, na região Sul; terras férteis e clima saudável; aproveitando a abertura da imigração, na época, ao povo europeu. Sua família era composta do casal: Epifânio, Maria Calvo Calvo e filhos: Bráulio Juan Calvo e Juan Pablo Juan Calvo, Maria Augusta Juan Calvo e Nicolás Juan Calvo. Epifânio ficou logo paralítico, juntamente com o seu filho, Nicolau. Os outros filhos eram pequenos ainda. Juan Pablo era o mais velho que estava em condições de trabalhar, tinha 18 anos. Foram localizados em terras muito fracas, improdutivas. Os espanhóis, companheiros de Epifânio aborreceram-se das terras e voltaram ou mudaram-se para outras terras melhores. Epifânio ficou, e distante ficaram mais duas famílias. Ele estava paralítico, sem recursos e sem meios de transporte, teve que ficar na colônia (denominação regional para uma área agrícola familiar). A família Juan Calvo fixou residência em Santo Antônio da Partulha – RS. Quando a família chegou ao Brasil, Juan Pablo tinha 10 anos (ele nasceu dia 12 de setembro de 1879). Era criança ainda quando teve que assumir os encargos da casa, pela invalidez do pai e do irmão mais velho. Juan Pablo trabalhava na agricultura e como jornaleiro para os brasileiros que viviam a mais tempo na região, donos das terras limítrofes à colônia espanhola. Com o correr do tempo, o caçula Nicolás foi metendo o ombro no fardo do sustento 11 da família, e a situação foi melhorando. Pegaram as colônias e foram adquirindo outras terras melhores para cultura. Descobriram a erva mate e começaram com a indústria extrativa do mate e o transporte em lombo de burro para vender no comércio mais perto, na conhecida vila de Santo Antônio da Patrulha. Era distância de um dia de viagem na época e era lá que ficavam as casas comerciais para compra e venda de mercadorias. ASCENDENTES BRAFF Por aqueles idos, partia da Suécia, Hans Braff, marujo veterano das forças armadas da Suécia, para o Brasil. Hans, segundo ele afirmava, era filho bastardo de Von Boísman, Almirante da marinha sueca. Quando ainda muito criança, Von Boísman embarcou no navio Capitânia e navegou por todos os mares do mundo. Hans era filho de uma empregada de Boísman, ele continuou na casa de Boísman e se criou no mar, sem pai e sem mãe. Viajou com o Príncipe herdeiro da coroa sueca por longo tempo, e se fizeram amigos. Ele prestava todos os favores possíveis ao príncipe, era ele que cuidava sua roupa e outros favores, em seu serviço de bordo. Boísman, provavelmente de estirpe israelita, não o reconheceu como filho e fez sua mãe se casar com um marido fictício com sobrenome Person, o que Hans, que já tinha idade para entender a manobra, não o reconheceu como pai e na marinha recebeu outro nome, de Hans Braff. O original era Brafv e ele trocou o v por outro f, Braff com dois fs. O provável meio israelita, tornou-se marujo experimentado no mar por 30 anos de combate aos piratas e corsários, tendo assistido ao ataque da esquadra espanhola em Valparaiso, no Chile, por ocasião de sua independência, seu navio entrou para retirar de lá as embaixadas estrangeiras: Cônsules adidos comerciais, etc., e a esquadra que sitiava o porto, teve que se afastar para dar entrada ao encouraçado sueco, que terminou pondo a pique o navio espanhol. O marujo magoado pela ingratidão do príncipe, depois de coroado rei, abandonou a marinha e veio para o Brasil com a esposa e filhos, a saber: Hilda, Verner, Guilhermina e Elvira Valéria. Localizou-se na colônia Guarani, município de Santo Ângelo, Rio Grande do Sul. Lá perdeu a esposa e a caçula. Seus documentos foram adulterados na agência de imigração sendo denominado Brashínski e, por isso foi localizado na colônia polonesa e, porque ele não era amigo dos poloneses, estes queimaram sua barraca com tudo que possuía e roubaram o que não queimou. Conseguiu salvar um pedaço da Bíblia com alguns hinos em sua língua, o que guardava como relíquia. Magoado pelos infortúnios, seu filho Verner voltou para Porto Alegre, tomou um navio e viajou para o Rio de Janeiro e lá embarcou num transatlântico e depois de 5 anos mandou uma carta ao pai. Estava na Bitínia e depois de 5 anos voltaria ao Brasil, porém seu pai nunca mais teve notícias 12 Biografia do Pastor Braff dele. Talvez tenha se perdido em naufrágio. Sua filha Hilda, a mais velha, não quis acompanhar o pai até Rio Grande do Sul, permanecendo na capital da República, Rio de Janeiro. Já estava acostumada a viver longe da família. Fazia muitos anos que ela vivia na Alemanha, antes de vir para o Brasil, e quando Hans passou pela Alemanha ela o acompanhou, mas somente até Rio de Janeiro. Não quis se meter nas matas do Rio Grande do Sul, vegetar, trabalhando no desmatamento duma colônia. O homem que perdeu tudo no Brasil, até a própria família, decidiu abandonar a colônia e voltar para a cidade. Veio para Porto Alegre. Como não podia levar consigo sua única filha que lhe restava, deixou-a com uma família brasileira que residia naquelas paragens e foi embora. Ficou Guilhermina; sem mãe, a irmã também falecera, sem pai, sem parente, vivendo numa casa de pessoas estranhas, católica, de língua desconhecida, abandonada ao léu da sorte. Foi obrigada a aprender a língua portuguesa. Hans, chegando em Porto Alegre, empregou-se na cervejaria Bopp, mais tarde Continental, hoje Brahma de Porto Alegre. Logo escreveu para a filha Hilda que se achava no Rio de Janeiro, relatando os infortúnios porque estava passando e pedindo que viesse para Porto Alegre, pois que se encontrava só na capital do Rio Grande do Sul. Num belo dia quando andava pelas ruas de Porto Alegre, encontrou-se com o engenheiro que estava medindo as colônias e localizando os imigrantes em núcleos que falassem a mesma língua. Soube que, por ter o sobrenome adulterado, tornou-se um polonês, razão porque foi parar num núcleo polonês. Hans pediu-lhe encarecidamente que quando fosse a Santo Ângelo, trouxesse sua filha Guilhermina para Porto Alegre, mas o engenheiro Túfenson levou a menina para a sua casa em São Leopoldo e lá as filhas do Dr. Túfenson judiavam em muito de Guilhermina. Num venturoso dia, Hans encontra-se novamente com o Dr. Túfenson numa rua e lhe pergunta por sua filha Guilhermina. Informado que o engenheiro trouxera a tempos a menina para sua casa, foi a São Leopoldo em busca da filha, e agora, Hilda e Guilhermina se reuniram novamente. Hilda e Guilhermina empregaram-se como domésticas em Porto Alegre. Hilda tivera um noivo francês no Rio de Janeiro, tendo dele um filho que recebeu o nome de Fernando e, em seguida o francês deixou-a com seu bebê. Em Porto Alegre a vida se tornava pesada para ela. Tinha a responsabilidade de cuidar de sua irmã, garota ainda, e sustentar seu filho Fernando, era difícil. Nesse tempo conheceu um alemão por nome Augusto Henning e decidiu-se casar com ele. Hans não podia cuidar da filha em Porto Alegre porque ele não tinha onde morar, e desentendeu-se com a viúva Caufman, dona da cervejaria, sua empregadora, e abandonou o emprego numa época de desemprego na capital gaúcha. Hans não teve outra alternativa, senão voltar para a colônia para viver da agricultura. Ao meio dos polacos não 13 quis mais voltar. Em Santo Antônio da Patrulha abriu-se uma colonização espanhola. Era perto da capital do Estado, e Hans tomando sua querida filha Guilhermina seguiu para aquela colonização em meio aos espanhóis que estavam abandonando as terras e ali se localizou com sua filha, num terreno próximo a uma desditosa família espanhola, Epifânio Juan Tomás que não pudera sair daquele sítio. Logo começou a fazer amizade com os vizinhos. Porém antes de Guilhermina travar conhecimento com os espanhóis, seu pai voltou a Porto Alegre a pé (porque nesta época não havia transporte coletivo) e Guilhermina ficou sozinha na choupana. JOÃO BRAFF Hans, pai de Guilhermina havia feito um jirau, feito de forro de varas e lá ela subia por uma escada improvisada e passava a noite para se defender das onças que rondavam a cabana. Seu pai custou a voltar e ela quase morreu de fome naquela mata estéril. Seu pai trouxe provisão e a crise passou. Ela conheceu Juan Pablo Juan Calvo, agora conhecido por Paulo João Calvo, que decidiu conhecer aquela família estranha: um viúvo idoso, tendo em sua companhia uma filha moça, ruiva e formosa. Eram suecos, e Paulo começou a visitar a moça, Guilhermina Carlota Braff, e casaram-se, pelo padre porque seus documentos, os poloneses, em Santo Ângelo, queimaram. Paulo e Guilhermina alteraram o sobrenome para aportuguesá-lo, transliterando de Juan para João, o de Hans também para João, e segundo o sistema espanhol o sobrenome da mãe ficou o nome da família, daí o nome do quinto filho desta prole de duas nacionalidades se chamar Manoel João Braff, o rebento dessa família aqui biografada, mencionando-se vários aspectos de suas atividades, experiência profunda em que viveu desde sua adolescência. Deste matrimônio resultaram doze filhos: José, Luiz, Paulino, Engrácia, Manoel, João Pedro, Afonso, Leocritz, Almerinda, Elvira, Julieta, Nadir. A metade morreu ainda criança. Sobreviveram apenas estes: Luiz, Manoel, João Pedro, Afonso, Almerinda e Elvira. Duas mulheres e quatro homens. Atualmente (1998) vivem dois homens e duas mulheres somente. Todos exeto Manoel moram no Rio Grande do Sul; Santo Antônio da Patrulha e Canudos, perto de Novo Amburgo. A mãe de Guilhermina, de confissão luterana de nascimento, recebeu uma educação religiosa deficiente e aleijada. É que, além daquela igreja ser pobre em Teologia e exercícios religiosos, a mãe dela faleceu quando Guilhermina ainda era criança, aproximadamente 8 anos de idade. Apesar disso, ela procurava educar sua família nos moldes, aproximando do Luteranismo, todavia sem dar ênfase a denominação religiosa. Mas o que ela havia aprendido no lar de sua meninice, procurava ensinar aos filhos, e se mais não ensinou, foi porque mais não sabia. Logo que perdeu a sua mãe ficou entregue a uma família católica, como já tivemos oportunidade de dizer. Junto 14 Biografia do Pastor Braff com o seu pai ficou pouco tempo, mergulhados em profunda crise; sem Bíblia, apenas fragmentos das Escrituras, e o conservado em tradições. De sorte que ficou com uma formação religiosa mista católica-protestante. Com exceção da última filha de Guilhermina, todos seus filhos foram batizados na Igreja Católica. Apesar disso ela mantinha alguns costumes protestantes, mas não descartava a possibilidade de um filho estudar pra padre. Seu pai, católico não praticante, não freqüentava igreja, nem tomava parte em rezas ou outras cerimônias devocionais. Era indiferente em tudo desinteressado em religião, concentrando-se somente no trabalho; pelo que em religião a família só recebia orientação da mãe. Ela falava de um livro chamado História Sagrada ou Bíblia, que era a palavra de Deus, que seu pai trouxera da Suécia e que os poloneses em Santo Ângelo queimaram. Guilhermina ensinava que Deus é o Criador do Universo e que Jesus Cristo é o nosso Salvador. Devemos adorar a Deus somente e ser batizados para não sermos pagãos. Não se deviam fazer mal uns aos outros, orar o Pai Nosso ao deitar. 15 1910 a 1929 INFÂNCIA E JUVENTUDE FOTO DA FAMÍLIA JOÃO BRAFF Sentados, Paulo João Calbo, (traduzido do original 'Juan Pablo', filho de Epifanio Juan e de Maria Calvo) e Guilhermina Carlota Braff; ele espanhol e ela sueca. De pé os filhos: no alto, da mesma altura, da esquerda para a direita os jovens irmãos: Luís João Braff, Manoel João Braff e João Pedro João Braff; na sequência o guri Afonso João Braff; Ao lado do pai Almerinda João Braff e do lado da mãe Elvira João Braff. em 1928 nasceu Nadir, a criancinha da foto, a qual faleceu ainda na infância. Manoel João Braff nasceu no dia 09 de abril de 1910, no Município de Santo Antônio da Patrulha-RS; filho de Paulo João Calvo e Guilhermina Carlota Braff. Segundo o sistema espanhol em que o sobrenome da mãe fica como último (segundo sobrenome), ao adaptar para o sistema brasileiro em que permanece o último sobrenome, Braff ficou como nome da família. (O pai era espanhol e a mãe sueca). 16 Biografia do Pastor Braff Manoel João Braff criou-se desde sua meninice com um senso profundamente religioso até dez ou doze anos. Daí até os quinze anos perdeu o interesse por religião. Queria seguir carreira militar. Seus heróis eram generais, os militares que realizaram feitos heróicos como seu avô nos trinta anos de marujo, donde, possivelmente, lhe valeu a alcunha de Brafv (herói), que ele alterou para Braff. De 15 anos em diante voltou o senso religioso novamente. Com cerca de 8 a 10 anos de idade surgiu uma escola no lugarejo denominado Fundo Quente, mas, seus pais não tomaram nenhuma iniciativa para matricular alguém da família naquela escola. Num dia de chuvisqueiro que não dava para trabalhar na roça, Manoel tomou um casaco do seu pai e saiu fugido de casa e foi pra escola, matriculouse por conta própria. Aquela escola não teve continuação, mas seu pai aí tomou interesse na educação de seus filhos e arranjou um professor, estabeleceu uma escola em sua propriedade. A escola agora estava mais perto de casa. Ali estudaram também seus irmãos menores que estavam em idade escolar. Mas esta escola também não teve muito tempo de duração. O professor foi embora. E então a comunidade católica abriu uma escola na igreja: Escola Paroquial, mantida pelos padres ou chefes da igreja; o professor havia estudado no seminário para padre. Como decidiu casar antes de receber a batina, seguiu a carreira do magistério. As aulas eram dadas com bases religiosas. A História Sagrada era Matéria saliente naquele educandário. Mesmo a aulas sendo administradas na igreja, os Braff nunca se deram a idolatria, apesar de tomar parte ativa nas rezas, mas eram como quem recita uma poesia. Um dia, estudando História Sagrada, Manoel encontrou o quadro da comunhão. Na Santa Eucaristia, Jesus estava lavando os pés dos discípulos. A gravura impressionou indelevelmente o senso de sua alma e ele foi perguntar ao professor por que nós, quando tomamos a comunhão não lavamos os pés uns dos outros como Jesus mandou? Ele respondeu que o Bispo lava os pés do Arcebispo na quinta-feira santa. O estudante Manoel, porém, não se dá por satisfeito e insiste “então nós não somos discípulos de Jesus? Só os Bispos é que têm que seguir a ordem de Jesus?” O professor, impaciente, responde, “se quiser saber melhor pergunte ao padre”, mas o padre não era o seu professor. Ao professor ele tinha confiança em fazer a pergunta, mas não ao padre, o que deixou a alma inquiridora do curioso adolescente intrigada. Manoel não perguntou mais sobre o assunto, nem ao professor, nem ao padre, mas a dúvida não parou aí, “alguma coisa está errada aí”, murmurava consigo mesmo. “Na primeira não quis dialogar? Desconhece sua própria matéria de ensino? Não, ele está escondendo alguma coisa. Se no livro que eles lecionam o assunto a seu favor, mostra erro na igreja, imagina o conteúdo do que eles rejeitam e estão escondendo” e desejou ardentemente conhecer a Bíblia completa, verdadeira. E ele que estava com vista ao Seminário, já era sacristão; estava decorando a missa em latim para ajudar o padre a rezar a 17 missa naquela língua e com isso ficou na retranca. Desiludiu-se de suas aspirações. Porém sem fonte de pesquisa continuou submisso aos seus deveres escolares. Manoel, se antes era amigo do professor, mais amigo ainda ficou e o professor correspondeu a essa amizade. O estudante tinha muitos privilégios na igreja, seria futuro padre, pensava ele. Porém, nada disso sufocava sua desconfiança. “Ter amizade é muito bom, mas, se a igreja estiver errada?”. A amizade não salva, pensava o jovem. “Não me adianta nada ganhar o mundo se perder minha alma”. Mat. 16:26. Seus pensamentos se aproximavam da proposição de Jesus nesta passagem, esperava uma saída, e a saída veio. Deus não deixa o sedento de verdade perecer de sede. Mandou um mensageiro Seu, para dessedentar a alma inquietadora, sedenta da água da vida. Deus abre caminho para aquele que O busca de todo o coração. VOCAÇÃO RELIGIOSA Certo dia chegou um viajante na casa de Paulo João Calvo, um viajante que se conhecia por mascate. Era um velhinho, corcunda de cabelos e bigode muito brancos, montado a cavalo, tendo um pessuelo (mala de couro muito usada antigamente no Rio Grande do Sul) na garupa do cavalo, com a mercadoria que trazia para vender. Toda a família o julgou turco, vendedor de bugigangas. Ele não se identificou. Esse vendedor ambulante, que na sua região era tido por turco, vendia uns livrinhos, porções das Escrituras Sagradas: Atos dos Apóstolos, S. Mateus, S. Lucas e outros; e a obra filantrópica Adventista na América do Sul, e tomava encomenda da Bíblia Sagrada. O adolescente que o atendeu logo a examinar a mercadoria que aquele homem tinha à venda. Comprou Atos dos Apóstolos, o quinto livro do Novo Testamento e o folheto da Obra Filantrópica Adventista e, quanto à Bíblia ponderou: “Desejo muito um exemplar dela, mas eu quero a Bíblia completa e a verdadeira porque há muita bíblia falsa e histórias tiradas desse livro que não interessa”. Porém o vendedor apresentou as provas da autenticidade de Livro Sagrado. Manoel conferiu as citações bíblicas que havia nos livros religiosos da escola e estava tudo certo. Então encomendou a Bíblia. Além da literatura, o vendedor não ofereceu mais nada e partiu na sua jornada, deixando atrás de si um ponto de interrogação. Por que será que não ofereceu outras mercadorias? No dia aprazado passou novamente, entregando a encomenda. Era o livro mais precioso que o jovenzinho já vira em sua vida. Agora tiraria todas as dúvidas que haviam surgido com a evasiva de professor, com o conflito que tinha com os espíritas. De vez em quando Manoel tinha discussões com seus vizinhos espíritas que observavam o sábado. - Eles estavam errados quanto a guarda do sábado, pensava ele, - o dia de guarda é o domingo, dia da ressurreição de Jesus, monologava ele. A doutrina da reencarnação é uma doutrina diabólica, agora 18 Biografia do Pastor Braff tudo isso será desvendado. O Braff estava seguro que a Bíblia era a verdadeira e, portanto, ali estava o caminho da salvação e que, seguindo de acordo com o que ali estava escrito, teria a vida eterna. “E a vida é esta que te conheçam a Ti como único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a quem enviaste”. João 17: 3. “O único Deus verdadeiro é o Pai, a quem Jesus se dirigia em oração, o conhecimento destes dois, franqueia ou propicia a vida eterna e, se a vida eterna depende deste conhecimento eu quero conhecê-lo através do estudo do Livro de Deus, a carta dos Céus”. Lendo Atos e o opúsculo da obra filantrópica Adventista admirou-se da semelhança no trabalho pela salvação do povo selvagem do Altiplano boliviano, do Lago Titicaca e no Peru; com os índios Aimarás e Quinchuas, trabalho de um tal pastor Sthal. A palavra Adventista não o impressionou porque não entendia de que se tratava, pensava ser uma sociedade qualquer. Quando ficou sabendo que Adventista era o nome de religião, duma igreja, ficou sabendo também que o suposto mascate que ele pensava tratar-se de um turco, era membro daquela comunidade, chamado João Borba, avô de Darci Borba, ex-presidente da União Central Brasileira da Igreja Adventista do Sétimo Dia. O estudante vivia na roça, sem livros, sem jornais. Revistas eram desconhecidas naquela região florestal. Era considerada pessoa privilegiada quem possuía um livro. Sua mãe tinha um livro de medicina homeopática e era a médica daquela região agrícola. Manoel leu todo o livrinho de Atos dos Apóstolos e o folheto da obra Filantrópica, diversas vezes antes de chegar a Bíblia. Já tinha compreensão da Obra de Cristo e seus apóstolos. Ampliara-selhe a ideia sobre o cristianismo e a obra da salvação. Cristo mandou: Sede minhas testemunhas. Ficou tão impressionado com aquela obra que o pastor Sthal estava fazendo na cordilheira andina que lhe parecia ser exatamente a continuação da obra dos apóstolos que Cristo mandou fazer: pregar o evangelho a toda nação, Jerusalém, Samaria, e até os confins da Terra, em testemunho a toda gente. Esta é a obra que Cristo comissionou aos apóstolos e todos os seus discípulos, e eu, dizia ele, “devia filiar-me a esse trabalho”. Seus heróis militares estavam sendo substituídos pelos verdadeiros valores do gênero humano, os heróis da fé. Quando Manoel recebeu sua preciosa encomenda, a Bíblia, a fonte da verdade, procurou mitigar logo a sua sede da alma. Logo, logo foi encontrando duas linhas divergentes: católica e bíblica. A linha bíblica em oposição da sua amada igreja Católica Apostólica Romana. – E agora, que fazer? Exclamava ele! Ou a Bíblia estava errada e o cristianismo não tem fundamento histórico ou a Bíblia que comprei é falsa. E se não, a igreja Católica é que está errada e nós estamos navegando num barco furado, e vamos soçobrar no caminho do céu. 19 Manoel decidiu mostrar a Bíblia para o professor. O mestre lhe disse que a Bíblia é um livro que só o padre pode ler e que fosse apresentá-la ao padre. O adolescente tomou-a e foi mostrar ao pároco. Este logo foi dizendo que a Bíblia era falsa e que ele tinha a verdadeira, “porém a Bíblia verdadeira é muito cara” disse o padre, mas o aluno da escola paroquial lhe respondeu: “O senhor pode trazer-me uma, não importa o preço”. O padre então lhe respondeu: “muito bem, então me entrega a falsa”, mas o adolescente lhe replicou: “Quando o senhor me trouxer a verdadeira então lhe entregarei esta”. E o padre então disse: “então não me apareça mais na igreja”. – O seu guia religioso lhe cerrava as portas da igreja, - e agora! Que fazer? Sem igreja, sem religião, sem Deus no mundo! Só com a Bíblia. Ou a igreja estava certa ou a Bíblia, as duas não se harmonizavam. O fato de o padre negar-se a trazerlhe a Bíblia verdadeira pareceu-lhe ser prova suficiente para desconfiar da sinceridade do padre. “É prova que ele tem algo a esconder. O fato de a igreja Católica, bem como outras protestantes evangélicas terem a Bíblia como sagrada como a Palavra de Deus, prova que ela está certa, então a igreja Católica está errada, e - raciocinava ele – em barco furado não vou viajar! Em caminho errado não irei para o destino que quero chegar. Tenho de mudar de caminho. Tenho que dar meia volta e tomar a vereda que vai para o destino desejado”. A família Braff vivia no meio espírita que guardava o sábado. “Mas eles têm comunhão com o demônio, temos que fugir do espiritismo”, raciocinava o jovem. Porém o problema agora era: onde encontrar o caminho certo. Ir para outra igreja errada então era melhor ficar na católica. Com tiro errado não se acerta o alvo. Era preciso cavar fundo na pesquisa da Bíblia. Teria que descobrir tudo que a Bíblia ensina no caminho do cristianismo. E o jovem Braff decidiu fundar uma igreja. Seria a 'Igreja da Bíblia', e lançou mãos a obra. Começou a pesquisar o Livro Sagrado diligentemente, de corpo e alma, sem trégua. À medida que ia encontrando assuntos doutrinários ia tomando nota num caderno, formando um catecismo, corpo doutrinário da futura igreja. Manoel aceitava tudo que estivesse na Bíblia, e rejeitava tudo o que desalinhasse do Texto Sagrado como planta inútil. A 'Igreja da Bíblia' estabelecia a observância do sábado, o sétimo dia da semana como dia de repouso, abstendo-se de todo o trabalho servil que visasse lucros pessoais ou diversões profanas, contrárias à santidade do dia. A família Braff estava rodeada daquele espiritismo sabatista, mas os espíritas guardavam o Sábado a moda deles, um dia de folga. A Igreja da Bíblia, porém devia observar conforme o mandamento, pois que no mandamento diz: “Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra”. No domingo devia se fazer algum trabalho. Devia abster-s de alimentos imundos, carne sacrificada aos ídolos, sangue; comunhão com Lava-pés, condenava a diversão mundana, e Jesus Cristo como Salvador era o centro de suas afeições, S. Mateus 24 o capítulo favorito 20 Biografia do Pastor Braff da Bíblia. “O batismo devia ser administrado como Jesus o recebeu, por imersão. Sustentar o zelo missionário dos apóstolos, preparar missionários para pregar o evangelho, orar pelos doentes, guardar os dez mandamentos e combater o espiritismo como doutrina de demônio”. ORAÇÃO ATENDIDA Seu irmão mais velho, o Luiz era carroceiro, transportava cereais da roça para a cidade de Porto Alegre, Taquara, etc. Vendia tábuas, madeira serrada para marcenaria e farinha de milho (fubá) nos armazéns de secos e molhados, mas não queria saber nada de religião, e como pouco parasse em casa, Manoel não conseguia levá-lo a considerar o assunto mais a sério. Porém, em casa Manoel pregava as novidades encontradas na Bíblia a seus pais, mais especialmente à sua mãe, por ela ter sido a educadora religiosa do lar e ser ela quem tinha certa tradição religiosa de seu pai, avô do jovem inquiridor da Bíblia. Luiz, numa de suas viagens, adoeceu de caxumba e como não pudesse se resguardar das intempéries da viagem, a caxumba invadiu os escrotos. Ficou tão mal que não pode mais viajar a cavalo. Deixou a carroça por conta dos animais e deitou-se dentro da mesma com uma lona por cima e assim chegou em casa. Tiraram-no da viatura e o transportaram para casa. Na cama piorava a cada instante. Sua mãe, sendo homeopata, o medicou imediatamente, mas ele foi piorando cada vez mais. Quando Manoel viu que o seu irmão ia morrer, deixou sua mãe ao lado do moribundo e foi orar num pequeno bosque que tinha atrás da casa, onde costumava fazer suas preces; pois ainda não orava em público, e lá clamou a Deus pela cura do seu irmão. Esvaziou sua alma em clamor ao Deus do céu, e quando teve convicção que sua oração fora atendida, correu para o quarto do paciente e eis o quadro que encontrou: Luiz já estava falando, e contou o que havia se passado com ele e disse: “com a saída do Manoel o que estava diante de mim começou a se afastar, e com um pigarro na garganta o fôlego ia sumindo e a mente apagou-se”. Sua mãe, acostumada a assistir a morte de pacientes seus, o declarou morto. Mas o Manoel continuava orando no bosque, e sua mãe contava que ela o julgou morto e não desmaiado. De repente ele abriu os olhos e logo falou. Estava curado. Quando Manoel chegou, sua mãe disse que havia se dado um milagre. Luiz havia ressuscitado. Logo depois Luiz levantou-se, estava radicalmente curado. Sim, era um milagre de ressurreição. A família foi reunida junto da cama imediatamente para agradecer a Deus pela operação milagrosa, e Manoel, juntamente com sua mãe, aproveitou o momento para fazer um apelo a toda a família ali reunida, para que, como sinal de gratidão, se fizesse um voto solene para que dali em diante passariam todos a guardar o sábado, o sétimo dia, conforme o mandamento do Deus que operara tão grande milagre, respondendo tão 21 prontamente a oração da fé. E toda a família fez o voto: Daquele dia em diante todos passariam a guardar o sábado, o sétimo dia da semana. UM COLPORTOR Mais tarde, vinha passando por aquelas paragens o vendedor estranho, que vendera na primeira visita a “perola de grande valor”, a Bíblia. Lá ia ele passando pela frente da casa do industrialista espanhol, e o jovem de 17 anos, aqui biografado, chamou-o e o convidou para pousar aquela noite em sua casa. O velhinho prontamente aceitou o convite, prometendo voltar à tarde. Chegada a hora, Manoel o estava aguardando. À noitinha chegou o visitante e a família Braff logo desencilhou o cavalo, dando-lhe pasto que já estava preparado e logo veio a janta. Entre outros pratos, um era de farofa: farinha de mandioca com carne de porco. O jovem ofereceu-lhe o prato de farofa, dizendo-lhe, isto é feito com carne de porco e comer carne de porco é pecado, mas a minha gente ainda come isso. Ao que ele retrucou: Quem lhe disse que a carne de porco é pecado comer? E Manoel pegando a Bíblia lhe mostrou Lev. 11; depois de mostrar a passagem disse: mas não é só, aqui temos outras coisas que a Bíblia proíbe e começou a mostrar as passagens de sua doutrina e a discussão de ideias avançou noite adentro. Do porco foram para o sábado. Manoel dizia: O domingo não é o dia que Deus santificou, o mandamento de Deus manda guardar o sábado do sétimo dia e leu para ele Êxodo cap. 20:8 e disse, ainda tem mais, o sábado é o sinal de Deus. Em Ezequiel 20:12,20 reza: “Santificai os Meus Sábados, pois servirão de sinal entre Mim e vós, para que saibais que Eu sou o Senhor o vosso Deus”. João Borba, o hóspede lhe disse: “Se vocês têm conhecimento disto então devem santificar esse dia”; ao que Manoel respondeu: nós já estamos guardando. Mas como o observam, quis saber o ancião. O Braff respondeu: Sextas-feiras à noite, depois de vir da roça, tratam dos animais, porque no sábado os animais presos não podem ficar sem água e comida, assim como nós também e na roça nem vamos trabalhar na plantação. O sábado é um dia sagrado, não é dia de divertimento, nem de se fazer negócios. E a indústria funciona até sexta-feira a meia-noite, e então cessa todo o trabalho até domingo de manhã, quando começa em nova semana. Porque o mandamento que diz: Lembra-te do dia do sábado para o santificar, também diz: “seis dias trabalharás”. A indústria entra em ação domingo de manhã. Interrompe o velhinho João Borba, que até aquele tempo era identificado pelos Braff como “o turco ou mascate”. Mas o sábado não começa à meia-noite, e sim, sexta-feira ao por do Sol. O jovem discorda: “isso o senhor não prova, a mudança do dia se faz à meia-noite”. Mas, o mascate tomando a Bíblia lhe apresenta Gen. 1:5: “e foi a tarde e a manhã, o primeiro dia”. Então o dia começa ao meio-dia? Intervém o jovem. A tarde se refere a noite ele lhe explica. Mas vamos adiante. Lev. 23:32 “Duma tarde a outra 22 Biografia do Pastor Braff tarde celebrareis os meus sábados”, “ali sacrificarás a páscoa à tarde, ao por do sol”. Deut. 16:6; e Lucas 4:38-40” Ao por do Sol todos os que tinham enfermos de diferentes moléstias lho traziam”. E o jovem ficou pasmado diante do conhecimento do turco; turco é maometano, raciocinava: que pode entender de Bíblia um mascate? Mas, este vendedor profano, esse turco infiel, segundo o seu conceito apresentou o assunto com tanta lógica que o Braff aceitou o horário para começar e terminar as horas sagradas do Sábado, e Manoel não podendo contestar o argumento bíblico que o mensageiro apresentou, dirigiu-se a seus familiares dizendo: De hoje em diante vamos começar o Sábado ao por do Sol de Sexta-feira e encerrá-lo ao por do Sol de Sábado, como ensina a Bíblia. Então ficaram sabendo que o visitante não era um mascate, nem tão pouco era turco. Ele não vendia bugigangas como os turcos e mascates; era um propagandista da Palavra de Deus, cuja profissão se denominava Colportor. O Colportor era daquela igreja que tinha um missionário no altiplano andino, trabalhando entre os índios da região, próxima ao Lago Titicaca. ADVENTISTA Manoel desejou conhecer mais sobre a Doutrina Adventista e convenceu-se: a doutrina que ele estava organizando, outros já haviam descoberto e a verdade que ele estava descobrindo, já estava sendo praticada por outros. Todavia ainda estava firme na 'Igreja da Bíblia', desejava conhecer mais do que os outros já haviam descoberto para acrescentar à sua doutrina e arranjar subsídios para a sua comunidade. João Borba voltou várias vezes, visitando a família Braff e depois de muita pesquisa, Braff começou a se interessar nessa igreja chamada Adventista do Sétimo Dia e aos pouco foi aderindo a esse redil. Aquilo que ele com tanto sacrifício estava organizando já existia. A pesquisa continuou, mas, não com a mesma intensidade, porque agora examinava os ensinos da Igreja Adventista do Sétimo Dia, para ver se estas coisas eram assim, Atos 17:11. Dia a dia se convencia da verdade, aceitou logo o Espírito de Profecia, e adquiriu em seguida o livro o Rei Vindouro e Nossa Época a Luz da Profecia; logo depois, Conflito dos Séculos e Vereda de Cristo e outros. A progenitora falava de um livro que fora publicado num jornal na Suécia com o nome de Luz da Profecia que seu pai havia lido em sua terra natal, e o havia de tal maneira impressionado que conservou na tradição da família. Hans Braff, que até então se mostrara indiferente à religião, tornou-se crente religioso, dando uma educação cristã à sua família. O assunto do livro contribuiu para lançar a semente da verdade no coração da família Braff, que por essa época dos acontecimentos, só restava Guilhermina Carlota Braff. O pai, a mãe e a irmã já eram falecidos. O irmão tinha ido embora, embarcou num navio no Rio de Janeiro como marujo. Depois de 5 anos mandou uma carta ao pai e nunca mais voltou. A irmã mais 23 velha também tinha partido de Porto Alegre para a cidade de Rio Grande – RS e nunca mais tinha dado notícias, ainda que por aqueles dias chegou o marido dela procurando a família de Guilhermina e Paulo Pifanio como era conhecido. A dona Guilhermina recordou-se da história do livro do jornal sueco e isto ajudou grandemente a aceitar a mensagem de Nossa Época à Luz da Profecia, revivendo o sentimento religioso de sua mocidade. Ela, como protestante, luterana de nascimento, com o estudo da Bíblia no lar, queria ordenar a vida da família segundo os moldes da Igreja Luterana. Porém depois de muitos debates ela compreendeu que sua igreja de infância estava errada e aderiu aos ensinamentos Adventistas, como a única Doutrina que segue a verdade como foi revelada pela Palavra de Deus. Nossa Época à Luz da Profecia, foi logo devorada por aqueles olhos sedentos da verdade. Com a leitura do livro a questão da besta do Apoc. 13 ficou esclarecida. Sobre o espiritismo, a convicção da família foi confirmada. O espiritismo é uma doutrina de demônios que Satanás criou para enganar o povo, que não acolheu o amor da verdade para ser salvo. II Tess. 2:10, foi a conclusão a que chegaram. A questão das “2.300 tardes e manhãs e o Santuário será purificado” Dan. 8:14, ficou claro que a verdade devia surgir em 1844. Santuário a ser purificado só poderia ser o Celestial, porque Santuário aqui na Terra a quase 1.800 anos já não existia, e a nenhuma igreja da Terra se poderia atribuir o papel de Santuário a ser purificado ou se fazer expiação nele. O cálculo também não lhe deixou dúvida. A doutrina Adventista incontestavelmente era a verdadeira. A questão da imortalidade da alma foi em tudo, cuidadosamente examinada. A alma é a vida e a “vida deixa de existir quando a pessoa morre. Corpo + fôlego igual a alma”. Gen. 2:7. Fôlego sai e corpo apodrece e alma cessa, porque vida não há mais no corpo que apodreceu, os bichos o devoraram. Para voltar a vida novamente, só por ressurreição. “O morto não sabe de coisa alguma... porque a sua memória ficou entregue ao esquecimento, amor, ódio e inveja para eles pereceram”. Ecles. 9:5,6 e outras passagens. Sua mãe quando ouviu isto ficou indignada e quis até jogar a Bíblia fora. Manoel gritou: “mamãe, não faça isso! Isso é um pecado muito grande; é um sacrilégio contra coisa sagrada, é profanação da Palavra de Deus”. Sua mãe acreditava que o homem tinha quatro seres independentes em sua personalidade e só um era mortal, o corpo imortal era composto de alma, espírito e sombra que saia do homem, e podia aparecer com fisionomia e voz do defunto, comunicar-se com pessoas vivas. Porém sua mãe não resistiu aos argumentos do Livro Sagrado. Rendeu-se à Verdade e terminou aceitando a Bíblia e seu conteúdo. O jovem tomou posição irredutível ao lado destas verdades que ensinava. E o sábado era o sinal de Deus. Ao convencer-se que já era expositor da Palavra de Deus, começou a pregá-las aos vizinhos e a quem a oportunidade se apresentasse. Dentro de pouco tempo tinha uma 24 Biografia do Pastor Braff congregação que se reunia em casa de seu pai. Ainda, nesta altura, não estava descartada a idéia da 'Igreja da Bíblia'. CONGRESSO Manoel continuava pesquisando a Bíblia e conferindo com os ensinamentos de João Borba, mas a sua tendência já era mais para ser adventista, do que para ter sua própria doutrina. Por esse tempo a associação Sul Riograndense dos Adventistas do Sétimo Dia realizou um congresso na Igreja de Rolante, hoje Fazenda Passos, e decidiu-se na família Braff assistir aquele congresso. Mas alguém teria que ficar cuidando da casa e da indústria, enquanto os outros poderiam ir de carroça assistir ao congresso, ver de perto o povo adventista e seu sistema de ensino, ver se o povo praticava o que João Borba dizia. Manoel prontificou-se a ficar par cuidar da casa e do moinho e do engenho de serra, enquanto a família, que ainda na maioria não era crente, fosse assistir para se decidirem pela verdade. A questão era de vida ou morte. Ou esta igreja é verdadeira ou é falsa. A família Braff tinha uma tremenda responsabilidade, devia observar tudo e trazer um relatório de suas observações. Dizia Manoel: “eu posso ficar, porque creio que esta é a verdadeira igreja”. Esta igreja segue a Bíblia e a Bíblia é a verdade e vocês devem ir todos para decidirem que caminho irão tomar. A Católica e a protestante estão erradas. Nós precisamos do caminho certo para seguir com Cristo, e recepcioná-lo na Sua Volta à Terra. Em Rolante sua mãe foi batizada e voltou regozijando-se no Caminho da Verdade. Com regime Adventista as carnes imundas foram eliminadas do cardápio da família, bem como álcool, café, condimentos, e logo o chimarrão e banha de porco. Em seu lugar usava-se gordura de gado vacum ou azeite de amendoim que se conseguia através dos irmãos de Rolante, onde havia fábrica de azeite. Sua mãe trouxe uma lição da Escola Sabatina, começando então um regime Adventista no lar dos Braffs, culto de manhã, com estudo da lição e sábado escola sabatina filial. Logo tomou corpo a escola sabatina e foi organizada com a família Braff e vários vizinhos que já se haviam interessado antes como resultado das atividades missionárias de Manoel. Quando a mãe se batizou em Rolante e toda a família se interessou pelas boas novas do rebanho de Deus e os vizinhos já interessados, começaram a freqüência, deixando as trevas do pecado e se unindo às reuniões todos os sábados. Foi motivo de grande alegria para o jovem, líder do movimento em prol da verdade. A família Braff se unir em Cristo e ver vizinhos tomando posição ao lado do evangelho, bandeando-se para o Reino da Luz, foi uma dádiva do céu para Manoel. O gozo de salvar almas só pode ser avaliado por aqueles que já o experimentaram na vida. Luiz seu irmão dedicou-se aos princípios que orientam a conduta dos que seguem a Cristo, apesar de nunca freqüentar a escola, começou a ler a Bíblia e no dia 02 de abril 25 de 1928 foi batizado junto com Manoel, na Igreja Adventista de Campestre, hoje Campestre Velho, pelo Pastor Abraão Classem Harder. Quando Luiz viajava, sexta-feira ao por do sol ele parava com a carroça e só seguia a viagem depois do pôr do sol de sábado. Esta era a conduta que se ensina em casa dos Braff. Por esse tempo, foi confiado a Luiz Germano, ancião da Igreja de Canta Galo, para dar assistência ao grupo Adventista de Rio dos Sinos, Santo Antônio da Patrulha e logo foi nomeado Luiz o diretor do grupo e o Manoel vice-diretor e presidente da Escola Sabatina. E assim a comunidade foi crescendo e a fama da nova igreja foi se espalhando. Vizinhos que eram amigos quando católicos agora se tornaram inimigos. Da indústria que até ali atendia a freguesia da Região, estes se afastaram. Não se conseguia matéria prima e a indústria ficou paralisada e custou a se normalizar. Pouco tempo depois que Manoel foi batizado, visitou a igreja de Campestre e foi convidado a fazer um sermão na igreja, de improviso, pois o pregador não tinha vindo. Jamais, nem por sonho poderia imaginar que o convidariam a fazer um sermão, sendo ele principiante, como membro daquela igreja que ele havia dado a mensagem. Ensinar os seus ensinadores, em tão curto período de tempo, era totalmente fora de cogitação. Mas, o pregador não estava, e ele lhes dirigiu a palavra. Quando terminou o sermão, os membros da igreja vieram dar-lhe os parabéns e o chamaram de ministrinho, eles o aconselharam a fazer um curso ministerial, como denominavam a Teologia naquele tempo. O Braff impressionou-se com a ideia de ir para o colégio, a fim de se preparar para trabalhar na obra para a qual Deus o chamasse, e à medida que o tempo ia passando, mais forte se tornava aquela voz na consciência: ”Prepara-te para o trabalho em Minha vinha”. Era preciso internar-se num colégio para atender o chamado. Havia só um colégio adventista no Brasil com o curso de Teologia: o Colégio Adventista Brasileiro, em Santo Amaro, São Paulo. Por esse tempo o pastor Gustavo Storck foi chamado pela Associação Sul Riograndense da Igreja Adventista do Sétimo Dia e logo que chegou ao nosso estado, foi designado para dirigir uma série de conferências em Rio dos Sinos, Santo Antônio da Patrulha, no princípio de 1929 e Manoel foi um dos auxiliares. Converteram-se bons elementos, entre os quais, um professor estadual, José Carlos Ramos, a família de Pautil Ramos de Oliveira e outros mais. Estes se converteram do espiritismo. José Carlos Ramos seria mais tarde o Ancião daquela igreja e Manoel realizou uma série de conferências ali, e deixou mais de 30 interessados em receber estudos bíblicos. Deus abençoou aquele trabalho, tornando uma boa igreja da qual surgiram diversas congregações que se tornaram igrejas organizadas. 26 Biografia do Pastor Braff 1929 a 1934 MANOEL EMANCIPADO MERCÍDIA Manoel conheceu Mercídia Ramos de Oliveira, filha de Pautil Ramos de Oliveira e Maria Pereira dos Reis no início de 1929. Mercídia que se bandeou para o rebanho de Deus, na série de conferências realizada pelo intrépido conferencista Gustavo Storck, ficou de olho no seu instrutor, Manoel Braff. Ela parecia muito interessada nos estudos e era boa aluna, aprendia rapidamente a cantar os hinos que se ensinava, bem como os textos sagrados que se administravam na classe bíblica. Ela com os outros três filhos de Pautil foram batizados. Manoel começou a dar preferência àquela moça nos estudos e aí iniciou o namoro, a princípio de brinquedo, mas o amor foi uma plantinha que cresceu, virou árvore e não deu mais para arrancar. Nesse ínterim, o Pastor Abraão Classem Harder adquiriu um sítio muito bem localizado, há uns três quilômetros da cidade de Taquara - RS, e ali fundou uma granja de gado leiteiro, uma fábrica de queijo e um educandário, o qual denominou Colégio Cruzeiro do Sul. Desde o início foi uma escola com internato para moças e rapazes. Começou seu primeiro ano letivo em 1931, ainda que os trabalhos de organizar a granja e o colégio tenham se dado antes de 1931. O primeiro diretor da escola foi Godofredo Ludvig. Tinha uns 17 alunos no internato. Estava criado o segundo educandário Adventista no Brasil. Manoel estava à frente na direção do Rio dos Sinos desde o tempo que começou o trabalho de evangelização naquele lugar. Ainda que tenha sido auxiliado por Luiz Germano, este vinha de vez em quando, dava ceia e alimentava o rebanho, até que adoeceu e não visitou mais aquela comunidade, porém o Braff estava sempre com o rebanho. Agora com a notícia do Colégio que o pastor Harder abrira no Porto da Paciência, à margem direita do Rio dos Sinos (o mesmo rio que passava no local onde a família Braff morava). ESTUDANTE EMANCIPADO O Manoel decidiu estudar naquele colégio, para trabalhar na obra de Deus. Para os seus pais não era fácil aceitar esta decisão, pois, além de ser uma família isolada da parentela e além de ser uma família européia, dispersa e quase extinta no Brasil; ainda era o Manoel o dirigente da igreja local. Quem o substituiria? Ninguém é insubstituível. Mas, este foi o choque que seus pais tiveram e não apoiaram os planos de Manoel. Ele era o único pregador. 27 “A igreja vai se dispersar” diziam eles. Porém o Braff se mantinha confiante. “Deus proverá os meios e a igreja prosperará”. Visto seus pais não apoiarem o plano dele seguir para o colégio, Manoel decidiu casar-se com a jovem Mercídia e depois estudar por sua própria conta. Os dois enfrentariam a vida de estudante. Ela trabalharia no internato do Colégio e ele estudaria e trabalharia na fazenda, fora das horas de estudo. Casaram-se no dia 10 de agosto de 1931. Porém, na altura destes acontecimentos já havia se passado o primeiro semestre das aulas e o ano letivo estava perdido para ele. Mercídia declarou-se contrária ao plano de seguir para o colégio. Ela não queria deixar a roça e trabalhar em colégio e muito menos casar com pastor, queria ser agricultora. O industrialista espanhol deu a seu filho Manoel alguns hectares de terra quase no alto duma montanha, terras muito férteis, mas terra muito acidentada, de declive na maioria. Não era fácil cultivá-la. Ali, porém começou a trabalhar, preparando as terras a mão. Não era arável a boi, muito menos a máquina motorizada que naquela época não existia. Aproximava-se a primavera e com ela a época da plantação do trigo, milho, feijão, batatinha e outras culturas. Neste trabalho ficou 4 meses, Parecia que seus planos de estudar haviam fracassado totalmente, e foi possuído de melancolia. Acreditava que Deus o estava chamando para a sua vinha; e com seu casamento era mais difícil ainda. Agora não podia resolver sozinho. Estava preso pelas circunstâncias. A esposa lhe tolhia os passos. Ficaria vegetando na roça contra seus ideais, negando-se a atender o chamado de Deus. Sua grande preocupação era: “se Deus me chamou realmente, o fato de não atender é desobediência e equivalente a transgressão de Sua Lei”, e clamava a Deus para que se abrisse uma porta, mas sua voz ficava sem resposta. O SINAL Um dia, colhendo batatas inglesas no sopé de uma elevação com declive acentuado, seus pensamentos se voltaram para o colégio. Parecia que Deus o estava chamando; “Prepara-te para trabalhar na Minha vinha”. Queria ter certeza sobre esta vocação: Ela vinha de Deus ou era desejo da carne e ele estava enganado. Se não fosse um chamado de Deus, não havia compromisso e já que havia tanto obstáculo, tanta barreira quase intransponível, desistiria da luta. Enquanto meditava nestas coisas, descia pela encosta abaixo uma serpente, vinda do mato, logo acima de onde ele estava. A terra estava límpida e a bicha deixava um risco na terra. Dirigia-se diretamente ao local em que se encontrava o sonhador da bancada no colégio. Ele pedia que Deus desse um sinal que não houvesse dúvida quanto ao chamado de Deus e ele se dispunha a ir onde Deus o mandasse. Quando ele viu a cobra, como que uma voz lhe disse, pede um sinal nesta cobra, e ficou extasiado diante do pensamento. O 28 Biografia do Pastor Braff Sol declinava já à tardinha e sem se preocupar com o perigo da cobra, pôs-se de joelhos e orou pedindo que Deus lhe mostrasse um sinal naquela cobra: Caso fosse vontade de Deus que ele estudasse no colégio Cruzeiro do Sul, então matasse a cobra de maneira tal que ao levantar-se da oração ela estivesse morta. Se a cobra continuasse viva, então ele não iria estudar e deixaria de se preocupar com tempo integral dedicado a obra de Deus, no trabalho a ele designado. O sinal que ele pediu não poderia deixar dúvida nenhuma. Se a sua convicção de trabalhar na vinha de Deus fosse de origem divina, Ele lhe responderia. Caso Ele não respondesse, ou a resposta fosse: “Estás desincumbido do trabalho na seara de Deus”, o resultado era o mesmo. Se a cobra ficasse viva estaria resolvido o problema duma vez. Não iria para o colégio, ficaria na roça cuidando de sua igreja. Ele não sabe por quanto tempo esteve orando, parecia desligado do mundo. Quando terminou a oração e abriu os olhos, a cobra estava a cerca de três metros em sua frente, olhando para ele, toda enroscada. Manoel levantouse da oração, tomou uma varinha que se achava perto dele e chegou junto da serpente, meteu a vara por baixo da bicha e a virou de barriga para cima; ela se mexeu, mas não se desenrolou, nem desvirou e o Braff tornou a se ajoelhar para agradecer a resposta. Agora inundado de alegria, mais uma vez ficou bastante tempo para dar graças ao Deus vivo que atende ao fiel investigador da verdade e que de coração quer fazer o que Deus lhe mandar e ir onde for chamado. Não sabe calcular o tempo, porque estava como fora de si. Finda a ação de graça levantou-se e tomou a varinha que havia deixado perto da cobra e tratou de desvirá-la. Ela não se mexeu mais, então Manoel correu, foi chamar a esposa que não estava distante, e foram juntos ao local do fenômeno; quando chegaram ele pegou a vara novamente e meteu no meio da rosca e a levantou, a serpente partiu-se em pedaços. Estava como que queimada em fogo. E ali, a esposa decidiu-se acompanhá-lo ao colégio, por ter assistido a um milagre em resposta a oração. Manoel mostrou à esposa o rasto da cobra desde o mato até o local onde estava a cobra e onde ele orou. Ela não teve mais dúvida, Deus os estava chamando a um preparo para o trabalho na evangelização das almas que têm fome e sede da verdade. No dia seguinte, pediu dois cavalos encilhados a seu pai e rumaram, os dois a Taquara, uns 50 km, de lá para Porto Paciência onde temos o colégio. Manoel foi falar com o pastor Harder para trabalhar na fazenda do colégio, durante as férias, para crédito do ano letivo de 1932. Tinha apenas um saco de trigo para dar como entrada para o estipêndio escolar. Fizeram um plano para que Braff pudesse estudar o ano seguinte. Entregaria o trigo e seus serviços e o da esposa para a entrada dos gastos escolares. Ele empregou-se nos trabalhos da agricultura e ela na cozinha e, moravam num quarto do internato. Tudo combinado o casal voltou para buscar a mudança, regozijandose ao ver a mão de Deus dirigindo em todos os detalhes, o caminho da escalada do saber e preparação para a obra daquele que o chamou. 29 Providenciou alguém que fizesse a colheita dos cereais que havia plantado. Colheu o trigo no princípio de dezembro de 1931, e então partia de Rio dos Sinos para o colégio Cruzeiro do Sul em Taquara. Luiz, o seu irmão o transportou de carroça para lá, quando o educandário estava em férias, faltava mão de obra para os trabalhos na granja. Manoel dava assim uma resposta ao chamado de Deus. Ele empregouse nos trabalhos da agricultura e Mercídia, sua esposa empregou-se nos trabalhos da cozinha. Moravam num quarto do internato. COLÉGIO CRUZEIRO DO SUL No final das férias, quando os alunos do internato voltaram ao Colégio, o casal Braff foi morar numa casinha perto da Escola. O plano que havia feito de ela trabalhar na cozinha do Colégio e ele na granja da Escola não deu certo. O Diretor do Colégio e da granja só dava serviço para os alunos internos. Tudo o que o casal Braff ganhou durante as férias ficou para pagar as mensalidades da escola. A sorte foi que seus pais mandaram à irmã chamada Almerinda, para estudar no Colégio e com isso os víveres vinham da casa de seu pai, e assim seus pais o ajudaram naquele ano. Tudo correu normalmente no ano letivo. O seu primeiro professor foi José Mendes Rabelo, formado em Teologia pelo Colégio Adventista Brasileiro (CAB atual UNASP). No segundo semestre fez um curso de colportagem (para ser vendedor de livros religiosos) e se preparou para a colportagem nas férias de fim de ano. No ano seguinte, Manoel foi trabalhar de colportor durante as férias para poder pagar os estudos e foi relativamente bem sucedido, além de adquirir valiosa experiência. Foi-lhe designada sua terra natal como seu campo de trabalho. Seu colega de trabalho era de moral duvidosa. MILTON Mais da metade dos sitiantes era de analfabetos, não queriam saber nada de livro, apesar disso, o colportor 'de primeira viagem' foi bem sucedido e ganhou valiosa experiência. Foi interrompido em seu trabalho em conseqüência de sua esposa estar aguardando uma visita muito importante, a chegada de seu primogênito. Dia 15 de dezembro seu lar amanheceu em festa. Era o primeiro presente do céu, um menino robusto que recebeu o nome de Milton, o nome do autor de “Paraíso Perdido”, agora o paraíso estava achado, esta era a esperança de seu pai. Pouco depois do nascimento de seu primogênito voltou à colportagem. Arquimedes Piaggio, companheiro de colportagem de Manoel abandonou seu companheiro e também o serviço, e mais tarde, soube-se que abandonou a própria igreja e foi um naufrágio o resto da vida dele. O Braff ficou trabalhando sozinho, inexperiente sem ter quem o auxiliasse. Teve que se virar sem orientação de ninguém, a não ser do curso que fizera no colégio. 30 Biografia do Pastor Braff A CASERNA Para o inexperiente colportor o naufrágio do mestre na obra de Deus, foi um rude golpe. Começando o trabalho com tempo integral, já no início com uma amarga experiência. Para o Braff a apostasia era um fenômeno estranho; e logo um estudante com vista para trabalhar na obra de Deus! Mas uma surpresa maior o aguardava. 1933: Serviço militar, tendo como colega o cunhado Otaviano Ramos de Oliveira, fez curso de sinaleiro telefonista e trabalhou na respectiva função. Por ocasião de seu matrimônio, foram alistados para o serviço militar, o Manoel e seu cunhado Otaviano. Agora, quando se aproximava o tempo de voltar para o colégio já no início de 1933 veio o chamado para as fileiras do Exercito Nacional. Manoel requereu isenção do serviço militar, alegando ser estudante para seguir carreira ministerial. Com esta justificação outros já haviam sido isentos, perdendo os direitos de cidadão. Mas ele se submeteria a tudo isso para poder continuar seus estudos. Entretanto o tempo passou e ele teve que trocar o colégio pela caserna. Foi a primeira prova de fogo: Seguir o regime militar ou permanecer leal a Deus no austero regime miliciano, seguindo a fé Adventista. Decidiu permanecer leal a sua fé, custasse o que custasse. Com essa resolução partiu de Rio dos Sinos a Santo Antônio da Patrulha, sede da junta militar do município, recebendo a passagem até Santana do Livramento, sede da unidade militar a qual se destinava. De Santo Antônio partiu para Porto Alegre no dia 14 de abril de 1933. Na capital do Estado os recrutas ficaram adidos no Sétimo Regimento de Infantaria alguns dias, quando então partiu para o destino, juntamente com os demais companheiros que se destinavam a mesma unidade do Exercito Nacional em Livramento, na fronteira com o Uruguai. Manoel Braff e seu cunhado Otaviano, os únicos adventistas, chegaram no dia 28 de abril de 1933 na I CIA do 5º G. A. Cav., ficando adidos até princípio de junho, quando foram incorporados ao Exército Brasileiro na II Secção na 3ª peça de artilharia na função de condutor, mas recebendo instrução de artilheiro, principalmente como apontador. Nas primeiras semanas não houve problemas com o Sábado. Logo que Manoel chegou a Livramento foi ao comandante e pediu dispensa aos sábados, porém o comandante negou-lhe esta licença. No primeiro e segundo sábados não houve problemas, porque o comandante não veio ao quartel, mas no terceiro sábado a instrução havia recrudescido e o comandante chegou muito cedo à caserna. O soldado 206, com seu cunhado, ao terminar o desjejum tomou a Bíblia e meteu-se nas baias para estudar o Livro Sagrado sob a tênue luz de 31 uma lâmpada, enquanto isso um cabo os procurava. Ao encontrá-los ordena: “vão já para a instrução, o comandante vos está chamando”. Saíram acelerados, como manda a lei militar. Quando se aproximaram do Chefe, este gritou: “vão já para a instrução”! O Braff respondeu: “Por motivo de consciência, não posso assistir a instrução hoje”. Respondeu o comandante: “então vão já para o xadrez. Cabo da guarda mete esses homens no xadrez”. E os dois soldados já estavam à porta do cárcere esperando que lhes abrissem para entrar ali, ao Braff parecia o lugar mais seguro do mundo para obedecer a Deus. Quatro dias de prisão, com prejuízo de serviço, de leitura e de fumar. A prisão mais repressiva e mais severa que a caserna tinha para dar a um indefeso soldado foi uma prisão celular. Sábado seguinte o comandante não apareceu no quartel e tudo correu bem, não foram perturbados, mas no sábado seguinte o chefe militar tinha dado ordem para que ninguém faltasse a educação física e a instrução, e novamente os soldados adventistas tiveram que se esconder nas baias para fugir a pressão violenta, e da transgressão às leis militares. Encontrados pelo tenente da cavalariça, ele avisou: “o comandante está furioso com vocês! Entrem na física”. Novamente o Braff respondeu: “hoje é sábado, não posso ir”, e novamente o responsável pela disciplina os meteu na cela. O dia amanheceu como um lençol branco de geada que cobria do chão aos telhados, na cela estava derretendo, o gelo e o frio. Sem agasalho próprio era desesperador, mas a canseira da semana de instrução intensiva superou o frio, e os dois dormiram no piso molhado. Depois do meio-dia os condenados por causa da fé, estavam dormindo naquele piso gelado e o comandante entrou despercebido e parou de cabeça baixa pronunciando um psiu, psiu, o Braff, com sono mais leve, levantou-se e tomou posição de sentido, igualmente seu cunhado que se acordara com o movimento, então falou o oficial: “resolvi o seguinte com vocês: sábado de manhã devem assistir a instrução e a tarde podem ir à vossa igreja”. O Braff agradeceu muito a generosidade do comandante e ele disse: “então podem sair”. É que os soldados reclamavam o direito de ir à igreja aos sábados. A primeira vitória estava alcançada. Seu comandante de secção deu-lhes licença para ir à igreja sábado de manhã e os dois soldados adventistas regozijaram-se com a liberação do sábado como dia de adoração. Eles deviam assistir na primeira hora da manhã à aula de educação física e depois podiam ir à igreja. Só que o Braff assistia a educação física como quem assiste a um filme de cinema, sem tomar parte ativa. Ninguém se importou com isso. E aquela tempestade que parecia assolar a vida dos soldados adventistas passou. Só que nunca tiveram domingo de folga, como os outros soldados tinham. Porém isso, para os adventistas era recreação. Logo que passaram os dias de geada e gelo daquele inverno, num dia ensolarado surgiu do lado do Uruguai, na cidade de Rivera, uma nuvem 32 Biografia do Pastor Braff escura, já bem a tardinha e aquela nuvem foi crescendo até que tapou o céu e desabou o temporal sobre a terra. Mas não era nem vento, nem água, eram gafanhotos que cobriam a terra. Os verdureiros que forneciam verduras, hortaliças e frutas à cidade começaram a bater latas para espantar os famintos insetos, mas eles saltavam da frente e sentavam atrás. Eram extremamente devoradores e, raparam tudo, até as cascas das árvores, os campos ficaram devastados como se a terra tivesse sido lavrada. Foi uma assolação para toda a região atingida. Como os gafanhotos chegaram sexta-feira, antes dos soldados adventistas saírem do quartel, eles foram fazer o culto do pôr do sol em casa do Irmão Estanislau Kis, agricultor que morava na periferia da cidade. Ali ele arrendava alguns quarteirões para plantar hortaliças, verduras e um pequeno pomar - é o que ali chamavam de quintal. Ao chegarem a sua casa os dois militares para receber o sábado, o dono da casa os convidou para acompanhálo à quinta coberta de gafanhotos que estavam repousando para iniciar a devastação, sábado de manhã. O Braff foi convidado para fazer a entrega de toda a plantação a Deus, implorando o cumprimento da promessa feita em Malaquias 3:10-12. Na oração, o soldado pedia que Deus cumprisse a promessa feita ao fiel dizimista. Alegava que, segundo a declaração do irmão Kis, de que havia sido fiel nos dízimos e ofertas até ali, e que Deus o recompensasse de acordo com sua fidelidade, e logo os militares voltaram para o quartel e o irmão Kis foi dormir. Sábado de manhã o irmão Kis levantou-se com a esposa e partiram para Rivera, antes que os gafanhotos se mexessem e só voltou à noite, para não se envolver com gafanhotos no sábado e porque havia confiado a Deus o cuidado de sua quinta. Domingo de manhã o milagre! Enquanto os vizinhos passaram batendo lata durante o sábado, o dia inteiro e ficaram com a terra rapada até o chão, na quinta do irmão Kis os devoradores chegavam na divisa e voavam por cima, e desciam do outro lado do vizinho rapando tudo, mas a plantação do homem fiel nem uma folha foi tocada. A crise de verduras, frutas e hortaliças, foi tão grande que ele não vendia mais na cidade, as famílias abastadas, para ter preferência deram tanto pela mercadoria que terminada a safra, ele voltou para São Paulo, comprou uma chácara na periferia da capital e construiu uma vila, casas de aluguel, e de aluguéis viveu os seus dias. Muitos anos depois, numa Assembléia da União Sul Brasileira (antes de ser dividida), no CAB – Colégio Adventista Brasileiro (depois IAE atual UNASP) o Braff encontrou-se com seu velho amigo que ainda o reconheceu. Ele o levou à sua casa e lhe mostrou a vila de sua propriedade que comprara com o dinheiro trazido pelos gafanhotos em Santana do Livramento. Os dois recordaram a maneira como Deus recompensara a fidelidade daquele que confia nas promessas de Deus. Aquilo que foi maldição para os ímpios, incrédulos; rebanho oponente; foi bênção para o fiel servo de Deus. 33 SERVIÇO MILITAR COM SÁBADO LIVRE Veio um decreto do Ministério da Guerra isentando soldado adventista do serviço militar, e o Braff foi chamado pelo subcomandante para lhe dar a notícia. Como já havia conseguido o sábado livre e perdido o ano letivo, pediu para continuar nas fileiras do Exército. E aí ficou vivendo conforme os ditames de sua consciência. Em outubro de 1933 Manoel ingressou no curso de Sinaleiro-Telefonista, e no dia 19 de fevereiro de 1934 trabalhou consertando os telefones do quartel. No dia 2 de março ele foi designado à função de Sinaleiro-Telefonista. No dia 22 passou pela prova final. Trabalhou tanto na linha telefônica que era entendido, tanto no centro telefônico como na sinalização. Foi declarado especialista naquela função. No dia 23 o Braff foi escalado definitivamente como telefonista das manobras. Agora as manobras o assustaram. “Nas manobras terei o sábado livre”? era a interrogação. E, dirigindo-se ao comandante pediu-lhe dispensa no sábado nas manobras, porém o comandante disse ser impossível, porque as manobras são como se estivesse numa revolução. Pediu então para ser dispensado das manobras e o chefe da tropa lhe respondeu ser impossível por se tratar de um especialista. Dia 24 de março de 1934 era sábado. Vamos deixá-lo falar em seu diário. “No dia 24, sábado, não pude ir à pensão tomar meu desjejum porque havia formatura cedo, isto é, 7 ou 8 horas da manhã, o guarda do quartel impediu toda e qualquer saída”. As 10 horas da manhã todos entraram em forma, formou-se a parada pronta para a marcha, e somente sábado de manhã é que pegaram o arreamento para a viagem. “Tive que equipar a minha cela, pegar o cavalo e encilhar, mas não montei a cavalo e logo desencilhei e tornei a guardar a cela equipada e depois fui à pensão e lá soube que o Pastor Brow tinha visitado a igreja. À tarde quis visitar a igreja de Rivera, mas o quartel estava em prontidão. Tive de ficar no quartel, mas não fiz mais nada. Perto da noite pedi ao tenente Siqueira para ir jantar e ele disse que fosse, mas voltasse em seguida. No entanto esperavam-nos na pensão até entrar o sol e então voltamos sem ter jantado porque tínhamos pouco tempo para estar de volta ao quartel. Logo que aí chegamos, iniciou-se o carregamento de toda a bagagem para a estação ferroviária, tudo o que se precisava para as manobras. Trabalhamos até as 11 horas da noite, vimos mais uma vez a mão de Deus operando em nosso favor. Nosso sábado foi respeitado”. “No dia 25 de fevereiro de 1934, domingo, levantamos às 3 horas e meia da madrugada e começamos a pegar os cavalos para embarcá-los no trem nos vagões de transporte de animais. Concluímos o embarque ao amanhecer o dia, e mais ou menos às sete horas da manhã partimos de Livramento com destino às manobras de São Simão. Almoçamos em Rosário e em seguida o trem deu sinal de partida e às 4 horas da tarde chegamos em São Simão. Encontramos a Estação superlotada das tropas do Exército Nacional que 34 Biografia do Pastor Braff participavam da manobra de tal modo que não foi possível desembarcar ali. Portanto tivemos que ficar longe do local de desembarque. Seguimos para o local que nos foi designado, no acampamento de São Simão, à margem esquerda do Rio Santa Maria e logo começamos a armar as barracas”. “No dia 26 de fevereiro de 1934, segunda–feira, trabalhamos o dia inteiro em melhoramentos no acampamento. Fui escalado para a cavalariça e passei a cuidar dos cavalos da bateria. Passei o dia comendo araçá no campo, longe da cozinha. Dias 27 e 28 estivemos trabalhando no acampamento e nos dias 1 e 2 de março concluímos os arranjos no acampamento e ficamos aguardando ordens do comandante geral”. No dia 3 de março de 1934 era sábado e o sargento Delfino, que era espírita, via com maus olhos o Braff ter recebido dispensa aos sábados no quartel. Decidiu obrigá-lo a prestar serviço aos sábados nas manobras, escalando-o para cuidar da cavalhada naquele dia. O Braff vai relatar sua própria experiência em seu diário das manobras em Saicam, repletas de episódios. “No dia 3, sábado, o sargento Delfino escalou-me para a cavalariça, e eu disse que não me apresentaria na parada. Eu estava na barraca quando me avisaram da cilada que o sargento me armara e ele era meu chefe de secção. A secção dos especialistas nas manobras fora confiada a ele”. “Quando eu comuniquei ao sargento que não iria comparecer à parada, ele mandou apresentar-me ao comandante, porém eu não me apresentei, e fiquei até a tarde. Então o tenente Evaristo que estava de oficial de dia me chamou para saber o motivo porque não me havia apresentado ao comandante. Eu lhe disse que achei desnecessário visto o comandante dizer que eu teria o sábado livre nas manobras. Então me mandou novamente falar com o comandante e mais uma vez desatendi a ordem. Então começou a discussão entre os soldados: uns achavam injustiça o que me estavam fazendo, mas outros escarneciam. Então o tenente Evaristo chamou-me e disse que eu dobrasse o serviço depois, e trocasse com outro e depois o outro trocasse comigo no sábado. Eu disse que isso me servia, e então falei ao tenente Evaristo que eu também podia entrar no serviço depois do pôr do sol, porque então não era mais sábado para mim”. “O tenente concordou que eu entrasse no serviço depois do pôr do sol e assim fiz. Depois da entrada do sol recebi o serviço e tive que cuidar da cavalhada desde as 9 horas da noite até às 12, quando cada um devia cuidar da cavalhada apenas uma hora durante a noite. À meia-noite entreguei para o meu sucessor, sem novidade. Logo que me deitei o sargento Delfino me chamou dizendo que não havia ninguém na hora e a cavalhada estava fora da mangueira e que eu fosse botar a cavalhada para dentro da mangueira, e desse modo me importunou até que me levantei e fui chamar o cavalariço da hora e era mentira do sargento, tinha um só cavalo fora, e isto porque o cavalariço da hora queria tê-lo à mão para alguma emergência possível. Voltei para a barraca 35 e disse ao plantão da hora que isso era perseguição. No dia seguinte o mesmo sargento escalou-me para estafeta, dobrando assim o serviço. Fui enviado ao 3º G.A.P. (3º grupo de artilharia pesada), e lá passei a noite. No dia seguinte segui como telefonista. Parti de madrugada para São Simão e lá fiquei andando à toa. O sol era abrasador, almocei à sombra de um eucalipto. À tarde saí para o campo, tomando posição de combate. Estendi a linha telefônica e fiquei na linha de frente da batalha, na linha de fogo”. “Nossa bateria deu seis tiros de canhão para o campo e seguimos para Saicam, pousando no passo da Guarda Velha. De manhã toda tropa seguiu para o campo e ali fizemos um bivaque (acampamento ao ar livre) sobre uma coxilha. Partimos dali à tarde, mas as forças de frente começaram o combate com canhão e metralhadora e ali passamos a noite. No dia 7 de março de 1934 a batalha continuou, mas de repente veio ordem para recuar porque o inimigo ia atacar pela retaguarda e a bateria entrou em ação, sem se estender a linha telefônica. As ordens eram transmitidas pelos sinais telegráficos visuais que funcionam pelos braços com bandeiras nas mãos e perto de meio-dia veio ordem de cessar fogo. Voltamos ao acampamento. Havíamos cumprido a missão, a vitória estava ganha e podíamos voltar ao nosso quartel em Livramento”. “No dia 8, fui escalado novamente estafeta para o IRA C. A.V. (I Regimento de Artilharia a Cavalo), pois lá vinha a correspondência para a nossa tropa. Esperei a correspondência até duas horas da tarde e vinha a nossa mala de correio. Voltei ao acampamento, e não fui mais escalado estafeta. Dia 10 de março, passei o dia na barraca sem ser molestado. A bateria devia voltar naquele sábado para Livramento, mas pela providência de Deus um oficial atrasou-se e a partida ficou para domingo. Aí vi, novamente a mão de Deus me guardando no caminho da justiça. Deus não desampara nenhum dos seus filhos que confiam inteiramente no Senhor. Dia 11, domingo à noite, chegou o oficial e partimos para a nossa caserna, para encontrar com nossos companheiros que haviam ficado. Chegamos a alvorada, ao romper do dia. Dia 12 fomos fazer o desembarque da cavalhada na estação ferroviária juntamente com o nosso equipamento de campanha”. “Dia 17 de março de 1934, sábado, fui á igreja; foi uma grande alegria encontrar os dois colportores que haviam estado colportando tempos antes em Livramento, Orlando Pinho e Arno Schwantes, na igreja. Suas experiências fortaleceram a fé dos irmãos tanto em Santana do Livramento como em Rivera”. “Neste sábado fui escalado para a faxina. Simplesmente não compareci nem reclamei ao saber que não haveria serviço de faxina naquele dia. Eu estava apreensivo esperando por baixa do quartel”. Dia 19 de março veio o aviso: as baixas estavam suspensas até segunda ordem. No dia 21 iniciou o serviço no quartel novamente. 36 Biografia do Pastor Braff Finalmente no dia 28 as baixas que ainda estavam sendo esperadas se dissiparam, veio ordem de suspendê-las totalmente. Logo que voltou das manobras o Braff foi nomeado professor da Escola Sabatina como era antigamente, juntamente com os dois colportores. Dia 19 de abril de 1934, aniversário de sua partida de casa, foi um dia de triste cena da recordação de choro e lamentações da esposa e seus pais e irmãos, uma triste partida. Mas a sua esperança era que breve aquelas lágrimas de um ano antes se converteriam em cânticos de alegria com a sua volta ao lar, achando-se novamente no aconchego da família. Dali para diante a vida se tornou rotineira no quartel. Saía da guarda e entrava na faxina, saía da faxina e entrava de plantão, saía do plantão e entrava na cavalariça. Aos sábados ia à igreja, passava a lição, recapitulação, história dos campos missionários, tomava parte ativa em todas as programações da escola sabatina, na sociedade de jovens, fazia visitas missionárias e dava estudos bíblicos nas casas. No dia 30 de maio de 1934 passou a dar serviço de cabo. Manoel foi escalado cabo de dia, o que supervisionava toda a atividade nos alojamentos, mantendo ordem interna entre os soldados e a ronda durante a noite. Aí teve mais folga, pois havia mais gente para o serviço. Dali em diante o quartel tornou-se uma delícia, não mais houve perseguições. Todos respeitavam os adventistas como gente correta, mas irredutível de princípios sadios e inalteráveis; marcou história na I Bateria do 5° G.A. CAV. Em Livramento. A BAIXA 1934: Princípio de agosto - baixou do quartel. No princípio de agosto a dupla adventista dava baixa do quartel como reservista de primeira categoria, ufa! Que alívio! Podiam agora voltar para casa. Foi uma agradável surpresa quando Manoel chegou a seu lar. Eram lágrimas de alegria. Chegou à noite, Em casa de seu pai, toda a família estava reunida, fazendo o serão costumeiro e, rompeu uma serenata: “A tua porta está alguém, abre-lhe, o batido sempre tem, abre-te”, etc., e logo disseram do lado de dentro: É o Manoel e correram para abrir a porta. Foi grande a alegria. Sua esposa Mercídia foi logo chamar o filho que já estava dormindo, ele gaguejou um pouco e depois falou claramente: é o papai, reconhecendo-o pela fotografia, revelado um rasgo de inteligência. Foi tomado no colo e não queria mais se desgarrar de seu paizinho. 37 1934 a 1945 VIDA PROFISSIONAL EDUCAÇÃO FÍSICA Em 1934 o professor Braff foi fazer um curso intensivo no Colégio Adventista em São Paulo. Ao voltar do Colégio o professor foi convidado para fazer um curso numa faculdade que o governo do Estado do Rio Grande do Sul estava fundando em Porto Alegre. Era a Escola Superior de Educação Física. O Braff, depois de fazer todos os exames exigidos e, munido de todos os documentos matriculou-se num curso unificado de educação física, desporto e fisioterapia. Um curso intensivo de vinte e duas matérias (disciplinas), entre matérias práticas e teóricas. Só não participou da ginástica rítmica porque era prática, naquela época, exclusiva do sexo feminino. Também havia matérias exclusivas do sexo masculino. Os professores eram especialistas, cada um em sua matéria. O diretor de fisioterapia era um médico especializado em fisioterapia em Paris e na França era um profundo conhecedor da matéria. O diretor da faculdade era um capitão a serviço da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, homem muito culto; o subdiretor era um tenente, professor de futebol de grande gabarito médico, todos a serviço do Governo do Estado. O curso foi intensíssimo, muitos alunos desistiram durante o curso, e dos que resistiram até o fim, uma turma de homens e mulheres foram reprovados, outros desmaiaram de tanto estudar. No boxe, enquanto outros colegas viviam cheios de hematomas no rosto, olhos, nariz inchado e roxo; o Braff passou relativamente bem, sem novidade, mas no ataque e defesa teve o desgosto de mandar um colega e amigo seu, professor da matéria, para o hospital, com cinco costelas fraturadas na luta livre. Depois não foi fácil arranjar alguém para os treinos; todos os colegas pensavam que o Braff tinha muita força. Teve várias lutas de treinamentos, onde os colegas tentavam quebrar-lhe um braço. É que com o sábado livre não podia perder nenhuma aula e qualquer acidente o eliminaria do curso. Nas provas teóricas passou muito bem e em todas as provas que fez deu conta do recado. O Braff era mau jogador de futebol, mas foi suficiente para ser aprovado naquela matéria também. Em natação, especialmente no salto ornamental não foi muito bem, mas foi aprovado. No mais, foi um excelente curso. Não ficou lecionando na faculdade porque não foi para isso que o Braff cursou aquela escola. Ele estava comprometido com o Ginásio Adventista de Taquara, mas Deus o estava preparando para outro mister. 38 Biografia do Pastor Braff O professor Braff lecionou Educação Física um ano, mas ele tinha um rival, pretendente à cadeira de Educação Física no Ginásio e o Braff foi ludibriado e outro ocupou o seu posto. Terminou voltando ao trabalho em escola primária. O professor aparentemente humilhado, seguiu o caminho que lhe foi indicado; o compromisso que havia assumido com Deus era ir onde fosse mandado. O professor não sabia porque Deus o mandara de volta para a escola primária, mas Deus sabia, e isto para o Braff era o suficiente. Anos depois, o Braff foi chamado novamente ao Ginásio Adventista de Taquara para no ano seguinte receber um chamado para o ministério (serviço evangélico). Quando o professor deixou o magistério para ingressar no Ministério Evangélico julgou ter perdido tempo, energia e dinheiro. “Que me adianta ter colado grau em Educação Física, se não vou exercer essa função? Que me adiantam os conhecimentos de desporto e fisioterapia, e portador de um diploma de Licenciado em Educação Física, se não vou me envolver mais nestes misteres? Um curso perdido” pensava ele. “Mas, saber não ocupa lugar; seria mais um campo aberto, desprezado e sem utilidade alguma”, sussurrava consigo mesmo. É claro que ele reconhecia ter seus conhecimentos ampliados sobremaneira, mas sem aproveitamento na prática. Porém, num belo dia... NOTA; O curso superior de Educação Física teria aplicação prática, na parte de fisioterapia no fim do ano de 1975. PROFESSOR BRAFF Já em casa, Manoel fez uma plantação de cereais naquele ano para seguir com os estudos no ano seguinte, aproveitando as terras férteis da propriedade se seu pai durante os fins de semana e férias. Plantou milho e feijão naquela primavera e com alguma mercadoria que trouxera de Livramento deu para estudar no ano seguinte, 1935. MERLINTON 1935: 17 de abril - primeira experiência no magistério. Em 1935 o Manoel conseguiu voltar a estudar. Pouco depois do início das aulas foi convidado a lecionar o curso primário do Colégio Cruzeiro do Sul. No dia 17 de abril de 1935 foi sua primeira experiência no Magistério. Durante sua vida lecionou por muitos anos, sendo professor-pastor e viceversa. Deus lhe abria a porta da oportunidade. No dia 20 de junho, seu lar explodia em festa, era o segundo brotinho do casal. Um deslumbrante menino, que devia ser esperto e inteligente e recebeu o nome de Merlinton. Já nasceu gordinho, risonho e muito alegre desde a sua tenra infância. Dizia suas piadas, mas explodia de risos antes de contar. Artista, desde a infância, talento especial para pintura e música. Mas a oportunidade não o favoreceu. Seu pai, 39 pobre, com recursos muito limitados, sustentando uma família numerosa, internou-o no IAE (antigo CAB e atual UNASP), mas tendo ele de colportar, não passou em latim e revoltado abandonou os estudos e também a igreja. Naufragou na esperança da salvação em Cristo Jesus. O ano de 1936 foi o primeiro da experiência de Manoel no magistério sozinho, cuidando também dos interesses da igreja e da obra missionária no Alto das Dores, município de Tapes. Nas férias visitou Passo da Maria Gomes, onde havia uma família idosa, cujo chefe estudava a Bíblia, família hospitaleira, e ali se hospedou. Realizou uma série de conferência onde falou, entre sermões e estudos bíblicos, 6 num dia. Fundou uma congregação dumas 20 pessoas, só faltando o batismo. MIRTIE MARIZA Terminado o tempo de férias, matriculou-se novamente no colégio Cruzeiro do Sul, lecionando o curso primário daquele educandário, que passou a chamar-se Ginásio Adventista de Taquara, hoje Instituto Adventista Cruzeiro do Sul, e foi ordenado diácono da igreja do colégio. A 23 de maio daquele ano, 1937, novamente o lar de Manoel estava em festa, desta vez chegou uma formosa menina que recebeu o nome de Mirtie Mariza Braff. Esta devia dar prazer ao casal Braff por sua firmeza na fé, mas foi a única que não foi além do curso primário. Muito nova ainda empenhou-se em casamento. Passou por muitas provações, mas permaneceu fiel. Braff lecionou até o meio do ano e teve um esgotamento nervoso, não podendo continuar no magistério, e sendo aliviado da carga, prosseguiu nos estudos até o fim do ano letivo. MENALTON Em 1938 o Braff continuou os estudos no Ginásio Adventista de Taquara, nascendo ali, no dia 23 de julho, seu quarto herdeiro, um menino brilhoso, robusto e forte, recebeu o nome de Menalton, com muito talento para a música e canto. Inteligência não lhe faltava, era brilhante sua carreira intelectual. Mostrava muito talento na oratória e nele se concentravam as esperanças dum ministério profícuo, porém com a puberdade veio o desinteresse em assuntos espirituais e naufragou na fé, e até o presente não manifesta interesse no caminho da vida. 1939: Assumiu a direção da escola de Rolante - RS, fez curso intensivo no Colégio Adventista de São Paulo, depois foi fazer os cursos de Educação Física e Fisioterapia em Porto Alegre – RS. Em 1939, Manoel assumiu a direção da escola de Rolante–RS e foi ordenado ancião daquela igreja, no dia 5 de agosto; levantou a situação da escola, estabilizou-a financeiramente e fundou uma sociedade de jovens na 40 Biografia do Pastor Braff escola, e na igreja conseguiu harmonizar os membros da igreja em dissensões que a muito haviam se retirado da igreja, pedindo sua exclusão. FOTO DA ESCOLA DE ROLANTE Ao centro, sentados Manoel segurando a Mirtie no colo, Mercídia segurando Menalton no colo, Milton encostado no pai e Merlinton encostado na mãe. Alunos da escola de Rolante. Manoel era professor na escola e diretor da igreja. Entre a igreja e a escola havia grande pátio. MALDA MARLI Nas férias, provavelmente em fins de 1939 e início de 1940 o Prof. Braff foi fazer um curso intensivo de verão no Colégio Adventista Brasileiro (de São Paulo). Enquanto esquentava as pestanas no curso, no dia 21 de janeiro de 1940 nascia em Rolante (hoje fazenda Passos) a quinta florzinha de rosa, prematura, que recebia o nome de Malda Marli. Esta enfrentou problemas desde o seu nascimento; inteligente, mas insegura. Escandalizada com reveses encontrados no caminho vacilou, deixou a verdade e meteu-se em política. É professora de História, aposentada, não quis casar-se, ou não achou com quem casar. Vive solitária em Imbituba, Santa Catarina. Quando seu pai chegou de São Paulo, em casa, ficou surpreendido com a estatura da garota, era tão pequena que parecia não se criar só com os cuidados maternos. 41 1941: Diplomado pelos cursos de Educação Física e Fisioterapia. Em 1941 o Braff diplomou-se na categoria de Licenciado em Educação Física e Fisioterapia. Nesse mesmo ano, Manoel lecionou Educação Física no Ginásio Adventista de Taquara, como membro do corpo docente daquele educandário. No dia 31 de dezembro era desligado do Ginásio Adventista, voltando ao serviço, no magistério da Associação dos Adventistas do Sétimo Dia no Rio Grande do Sul. FOTO DO CASAL MANOEL E MERCÍDIA, COM SEUS FILHOS EM SANTIAGO – RS O casal Manoel João Braff e Mercídia de Oliveira Braff, a pequena Malda Marli ao colo da Mamãe, Papai apoiando a mão sobre o ombro de Milton, Mamãe apoiando a mão sobre o ombro de Merlinton e no meio Mirtie Marisa e Menalton. Data provável da foto, início de 1942. Manoel com 31 anos e numerosa prole. 42 Biografia do Pastor Braff No princípio de 1942 seguia para São Paulo, para o Colégio Adventista Brasileiro, onde assistiu ao Curso de Verão, muito proveitoso com orientação educacional e pastoral. PROFESSOR E DIRETOR DE IGREJA 1942: Princípio do ano muda-se para Santiago do Boqueirão - RS, lecionou as quatro séries primárias, o curso de admissão ao ginásio e datilografia, terminando às 23 horas, além de tomar conta da igreja. No princípio de 1942, de volta do colégio de São Paulo, o ProfessorPastor segue de mudança para Santiago do Boqueirão – RS. Havia ali perspectiva para a fundação de um colégio em regime de internato. O Prefeito de Santiago havia prometido doar um terreno para um colégio agrícola; iria ajudar na construção dos prédios e doar à Igreja Adventista e o Prof. Braff seria o diretor da escola. Assim ele seguiu para Santiago confiando nessa promessa. Quem estava com o plano na mão era um tenente adventista do Batalhão Ferroviário, sediado naquela cidade. O Batalhão foi transferido e a promessa da escola não se realizou. Por isso o Prof. Braff ficou sozinho lecionando o curso primário na escola adventista da cidade. Nesta escola, Braff lecionou as quatro séries primárias, curso de admissão e ginásio à noite e datilografia nas horas da refeição; às 7 horas; as 11 e à meia noite. MALTON Ali o casal foi agraciado com o nascimento do sexto filho e este filho iria ser “a herança do Senhor”. Recebeu o nome de Malton, nascido a 1° de junho de 1942. Desde tenra idade manifestou vocação para o cântico. Nos programas da escola sabatina e em reuniões evangélicas punha-se ele sobre uma cadeira para cantar solo, e seu pai dizia que ele iria dar o melhor cantor da família. Desde cedo se consagrou a Deus, liderando a juventude adventista da igreja onde morava. Na escola era um estudante vitorioso e decidiu estudar Teologia. Os dois primeiros anos fez no IAE (antigo CAB – Colégio Adventista Brasileiro, hoje UNASP) São Paulo e foi concluir os estudos no Colanges, na França. Chamado para o Brasil ao terminar o curso, foi escolhido para compor o quarteto da Voz da Profecia e deixou gravado cerca de 300 hinos com o quarteto. Enquanto cantava na Voz da Profecia, Malton recebeu um chamado da Suíça para fazer um estágio naquele país, e de lá partiu como missionário para as ilhas de Cabo Verde na África. Nove anos trabalhou na África, primeiro em Cabo Verde, depois a Missão foi ampliada com sede em Dacar no Senegal. Com a criação da Divisão África Oceano Índico, Malton foi presidente da União Sahel. De lá voltou para a Suíça e é presidente da 43 federação Suíça Romande. Está com grande sucesso em terras européias, (ele, sua esposa e seus descendentes). MALTIMARÍ – RIO GRANDE No dia 30 de janeiro de 1944, mais uma vez o lar dos Braffs estava em festa, era a sétima da prole que despontava na encruzilhada da vida e recebeu o nome de Maltimarí. Foi uma vida alegórica, era a última da semana familiar. Como o sábado, o último dia da semana é o sétimo dia, dia de descanso, ela também devia descansar das fadigas desta vida. Faltando 3 dias para o 1º aniversário ela dormiu no Senhor para cair nos braços de seus pais no dia da ressurreição por ocasião da volta de Cristo. Esta será salva por amor a seus pais. 1944: Transferido para Rio Grande – RS. Proibido de lecionar datilografia, passou apuros financeiros. Em 1944 Manoel foi transferido para a cidade de Rio Grande - RS para dirigir os trabalhos da igreja e da escola florescente que havia ali. Em fins de fevereiro partiu para aquela cidade. Nas férias foi convidado a substituir um conferencista na cidade de Pelotas. Em meio às conferências sua esposa que fora visitar nas férias os seus pais, perdeu a sétima filha Maltimarí e o professor era forçado a deixar as conferências e seguir para a casa de seus pais para consolar a esposa e sofrer ao seu lado. De volta a Rio Grande em 1944, Braff empenhou-se no evangelismo da sede. Procurava atingir com a mensagem todo o território de sua jurisdição. A escola funcionava com superávit. Ele organizou uma bem sucedida sociedade beneficente, organizou estatutos para a sociedade em que homens podiam ser membros, criando ciúmes da parte de irmãos que, possivelmente desejavam ter esse encargo disponível, o de diretora de Dorcas. Em 13 de outubro de 1945 dirigiu uma série de conferências no Pontal da Barra, município de São José do Norte, em Cucuruto. Ali ele falava aos pescadores do canal da barra do Rio Grande. Proferiu palestra num galpão que servia para armazenar cebola no tempo da colheita deste produto característico do lugar, base da economia da região. O Professor foi proibido de lecionar datilografia em 1944 e teve que vender as máquinas (que o ajudavam a sustentar a família com seis filhos pequenos). Então a vida ficou mais apertada ainda, porém na vida espiritual levou vantagem, porque pôde dedicar-se mais ao evangelismo. Mas teve que se submeter à desnutrição, e no fim do ano estava esgotado dos nervos, não tendo mais condições de continuar no magistério. 44 Biografia do Pastor Braff 1945 a 1947 OUTRA PROFISSÃO Manoel João Braff completou o curso superior de Educação Física; foi professor tomando conta de escola primária (dos quatro primeiros anos escolares) como professor único para todas as disciplinas das quatro séries simultaneamente; estudou teologia em curso de férias; foi relojoeiro; foi pastor evangélico da Igreja Adventista do Sétimo Dia. 45 APERTOS FINANCEIROS A experiência vivida pelo Braff na cidade de Rio Grande fora dura demais para que pudesse suportar. É como o 'caso de Elias: fugiu duma mulher que o caluniou', tendo adesão de pessoas influentes da igreja. 1946: 28 de fevereiro - saiu de licença do emprego da Associação Adventista do Sétimo Dia, procurou emprego enquanto deixou a família com os pais (Paulo e Guilhermina). Decidiu pedir licença por um ano para estudar e tratar de atividades particulares, sem ter nenhum plano em vista que pudesse sustentar a família. Dia 28 de fevereiro de 1946 foi seu último dia de empregado da Associação Sul Riograndense e da IASD (Igreja Adventista do Sétimo Dia). E agora, o que fazer? Decidiu-se empregar no comércio como viajante. Trabalharia por conta própria, ganharia porcentagem e não teria problemas com a observância do sábado. Deus, porém, não havia chamado o Braff para ganhar dinheiro como viajante. De maneira nenhuma poderia prosperar como viajante e no fim fracassou o seu emprego. Requereu ao governador do Rio Grande do Sul para preencher uma vaga num colégio estadual em Santa Maria, cadeira de professor de Educação Física. A Secretaria de Educação Física estava precisando de professor licenciado em Educação Física e o secretário mostrou-se muito entusiasmado com o candidato. Pediu que juntasse ao requerimento toda a documentação necessária para a nomeação, foto e cópia de todos os documentos. De posse da documentação encaminhou para o protocolo da secretaria. Até chegar à mesa de despacho do secretário demorou muitos dias. Quando o secretário ia assinar a nomeação surgiu um problema com ele e foi substituído por outro que imediatamente suspendeu as nomeações; baixou um decreto, alterando o quadro de professores efetivos, alterou a idade para as nomeações de professores e o professor Braff foi atingido, sendo cancelada a sua nomeação. O Braff não foi estudar para trabalhar para o Estado e Deus não lhe permitiu desviar-se da obra para a qual fora chamado. Ele havia sido caluniado. A ex-diretora de Dorcas o acusou de desonestidade na direção das dorcas. Ele havia sido eleito diretor da sociedade, quando realmente devia ter deixado para o sexo feminino dirigir. O Braff tinha tomado as rédeas da direção para formar uma sociedade modelo e depois entregar às irmãs com orientação mais avançada, uma sociedade operante. Mas foi mal compreendido, e com isso renunciou a direção da sociedade e sofreu o esgotamento nervoso. O caso foi levado para a Associação (direção geral no Estado) e veio uma comissão tratar do assunto, e nada foi provado, mas não lhe pediram perdão, e ele assim, não se dispunha a perdoar. Decidiu deixar o 46 Biografia do Pastor Braff magistério e trabalhar por conta própria, mas não foi para trabalhar independente que o professor foi chamado. 1946: Aprendeu o ofício de relojoeiro. Uma vez que as duas tentativas falharam, Manoel arriscou uma terceira experiência: aprender o ofício de relojoeiro. E foi empregar-se numa relojoaria, secção de concerto, em Porto Alegre. Levou a família para a casa de seu pai. O fracasso parecia total. Aprender uma nova profissão? Era desalentado também, mas não lhe restava outra saída. Nestas circunstâncias a roça já não era mais opção. Sem terra, seu pai tinha vendido a terra que lhe dera; sem casa, sem ferramenta, sem dinheiro e a esposa e seis filhos para sustentar. Tentar a roça seria fracasso completo. Mas o professor não estava disposto a perdoar seus acusadores, condição que se aplicou a si mesmo para voltar ao trabalho de Deus. Parecia que o tentador levaria a melhor. O trabalho no conserto de relógio dava par viver sozinho, mal e parcamente. Sua família, os seus pais socorreram; Manoel continuou esperando dias melhores. MANOEL RELOJOEIRO 1947: Comprou oficina de consertos em sociedade com um colega de profissão, trouxe a família para Porto Alegre - Vila Floresta. Em 1947 o Braff fez sociedade com um colega de serviço que já era profissional e compraram a oficina de conserto do comerciante. A situação financeira melhorou e o Braff pode respirar melhor. Pouco tempo depois o proprietário da relojoaria decidiu acabar com a oficina de concerto e desalugar a sala da oficina e empregar seu ofício na relojoaria. Sozinho na oficina com a condição de desocupar a sala o Braff abriu uma relojoaria e secção de concerto por conta própria, trazendo a família para Porto Alegre. Localizado na Vila Floresta, alugou uma sala num ponto estratégico e começou o comércio com relógios. Manoel alugou uma casa relativamente boa e em sua sala abriu uma escola sabatina filial. Esta cresceu rapidamente, transformou-se logo numa congregação florescente. Logo que o Braff saiu de Porto Alegre, iniciou-se a construção da igreja; a segunda igreja da capital do estado. Depois que o Braff foi ordenado ao ministério, veio a ser o terceiro pastor daquela igreja, Deus o recompensara. Como íamos dizendo, o professor Braff estava prosperando na vida material como na vida espiritual e com isso a derrocada no magistério da cidade de Rio Grande foi esquecida, e ele pode perdoar os que, querendo-lhe fazer mal, fizeram-lhe muito bem, porque aprendeu uma lição muito preciosa: vencer o desânimo, quando tudo vai mal. Confiar em Deus quando as evidências parecem provar seu abandono e perdoar os perseguidores, mesmo que eles não se arrependam e mantenham sua atitude hostil até o fim. 47 1947 a 1951 DE VOLTA AO MAGISTÉRIO O RETORNO Deus não chamou o Manoel para estudar em colégios e faculdades para depois trabalhar numa relojoaria, conquanto estivesse agora muito bem financeiramente; embora seus negócios se multiplicassem rapidamente, mas se aproximava o fim de sua licença e ele teria que decidir: voltar ao magistério ou continuar a vida no comércio. Tornar ao magistério seria equivalente a se manter com um salário insuficiente para sustentar a família num mínimo de conforto de vida, mas no comércio seria com o futuro financeiro promissor; teria possibilidade de encaminhar a família para uma boa situação na sociedade. Mas, Deus não o chamou para uma vida confortável. Moisés foi chamado para sofrer com o povo de Deus e não para ser no Egito um filho da Rainha, e o Manoel devia corresponder ao chamado que Deus lhe fizera na roça por intermédio da cobra que Deus fulminou no período de uma ou duas horas. 1948: Findo o prazo da licensa, reingressou a serviço da Associação Sul-Riograndemse da Igreja Adventista. Manoel assumiu o compromisso de ir onde Deus lhe mandasse e ele devia sustentar sua promessa até o fim, por isso avisou o secretário do Departamento de Educação da Associação Sul-Rio-Grandense da Igreja Adventista do Sétimo Dia que se dispunha a voltar ao magistério. O chamado chegou quase tarde. Havia uma escola fechada por falta de alunos com dívida a pagar. O último professor dessa escola tinha fracassado no ensino e a Igreja (Associação Sul-Rio-Grandense) decidiu fechar a escola, já há tempo, e foi-lhe dito que se quisesse reabri-la a Associação o apoiaria. CAMPOS QUEVEDOS 1948: 17 de fevereiro - mudou-se de Floresta para Campos Quevedos, São Lourenço - RS. Sem mais delongas, e sem, nem ao menos consultar a Igreja, se ainda estava de acordo em abrir a escola, o Braff tomou a mudança e partiu de Floresta - Porto Alegre - RS, para Campos Quevedos, São Lourenço–RS no dia 17 de fevereiro de 1948. Chegando ao local, a morada destinada ao professor estava ocupada e a mudança foi descarregada ao relento na frente da 48 Biografia do Pastor Braff igreja sob protesto do 'irmão' (membro da denominação religiosa) que morava nos fundos da igreja. O caseiro que habitava onde devia ser a residência de professor avisou o Ancião da igreja a decisão de não entregar a casa. Portanto o Ancião da igreja levou a família do Prof. Braff para a sua residência, mas a mudança ficou empilhada numa sala da casa que devia ser a do Prof. Braff, cujo morador (caseiro) dizia: “não precisamos da escola, aqui não temos alunos”. O Prof. Braff abriu a Escola com dois alunos apenas, no dia 7 de março, e dentro de poucos dias, isto é dia 10, já havia matriculado 21 estudantes, e os alunos começaram a aparecer cada vez mais até encerrar o ano com 80 matriculados. Crianças vinham de longe para a Escola Adventista. Foi realmente um sucesso, abrir uma escola fechada por falta de alunos e superlotá-la. A igreja que não conhecia trabalho missionário abriu vários pontos de pregação e firmou-se no caminho da verdade. O professor-pastor, como era chamado, venceu. MILDA MAILAND No dia 22 de agosto daquele ano, 1948, seu lar devia celebrar a última festa familiar, pois foi acrescida por mais uma garotinha que recebeu o nome de Milda Mailand Braff. Esta vinha substituir a sétima filha que descansou antes de completar um ano de idade, em casa dos avós no Rio dos Sinos, quando Manoel e família ainda moravam em Campos Quevedos Milda veio completar o ciclo familiar: oito filhos legítimos. Campos Quevedos trouxe ao professor a oportunidade de provar que Deus estava com ele, tanto na obra ativa; empregado em tempo integral, como na reserva, trabalhando por conta própria. Seu ideal era trabalhar por conta própria, mas não foi esse o compromisso assumido com Deus. Trabalhar independente já é um passo dado para a independência que causou a derrota de Lúcifer. Deus criou o homem dependente. A serpente nasce e se vira sozinha, mas o homem nasce dependente, vive dependente e morre dependente, tem que viver em sociedade, com raríssimas exceções. Deus fundou uma sociedade no céu, os anjos. “Bendizei ao Senhor, anjos Seus, magníficos em poder, que cumprissem suas ordens, obedecendo a voz de Sua Palavra”. Salmos 103:20. A família do céu é dependente e a da Terra pode ser independente? A independência forma outra unidade. E no Reino Universal só existem duas unidades, a de Deus e a de Satanás. Toda a família no Céu e na Terra que não pertence a uma unidade pertence a outra. O reino de Deus tem que ser unido na Terra como é único no Céu. Quem se desassume, passa para o outro rebanho. O reino de Satanás, oposto ao Reino de Deus não tem união, porque ele é contra a união. Ele prima pela desordem, confusão e é anarquista. A igreja de Campos Quevedos estava se afastando de princípios que norteiam a unidade Adventista no mundo, necessitando de orientação 49 teológica, quase uma disciplina, e a igreja despertou. Em 1949 caiu um raio no depósito de combustível da indústria dum membro da igreja, onde estava o motor que alimentava todo complexo industrial e em meia hora foi casa de moradia, indústria e tudo ao redor pelos ares. Isto aconteceu cerca de meianoite, quando todos estavam dormindo. Milton, filho do professor Braff, estava dormindo num galpão defronte a indústria e acordou-se com o estrondo e correu a chamar o dono do complexo industrial, porém para salvar apenas vidas humanas com roupas de dormir. Os donos, que não concordam em devolver os dízimos, tiveram que pedir dinheiro emprestado para levantar novo complexo industrial e, daí por diante, do dinheiro que recebiam separavam fielmente o dízimo, para não construir com dinheiro santo. Nas férias de 1949/50, o Braff assistiu a um congresso de professores no Ginásio Adventista de Taquara depois das Conferências Bienais. Em seguida foi para Porto Alegre e de lá viajou a Patomé, onde morava João Pedro, seu irmão. Lá passou sábado e domingo, depois voltou a Porto Alegre para se preparar para o regresso ao campo de trabalho: Campos Quevedos. GINÁSIO ADVENTISTA DE TAQUARA 1950: 27 de fevereiro - foi convidado para ser preceptor do internato masculino do Ginásio Adventista de Taquara. Na noite do dia 27 de fevereiro de 1950, o Prof. Braff recebeu um convite da mesa administrativa para trabalhar no Ginásio Adventista de Taquara como preceptor e professor. No dia 28 seguiu para Campos Quevedos para buscar a mudança. Sábado, 4 de março, despediu-se da igreja de Campos Quevedos. Domingo reuniu a comissão da igreja, dissolveu a sociedade de jovens por falta de liderança, e dia sete partia para Porto Alegre e dali para o Ginásio Adventista de Taquara. Dia 10 de março ele assumiu suas funções de preceptor. Foi recebido no quadro de professores do educandário no dia 1 de março de 1950. Lecionou Português, Ciências e Geografia. Foi muito proveitoso o estágio para as lidas e responsabilidades que o aguardavam. Foi um intrépido defensor dos alunos. Nas eleições de 3 de outubro de 1950 o professor Braff foi presidente de mesa, solucionando cada caso que aparecia. 1951: 15 de fevereiro - desligado do corpo docente do Ginásio Adventista de Taquara e readmitido na Associação Sul-Riograndense. No dia 15 de fevereiro de 1951, foi desligado do corpo docente do Ginásio e, no dia seguinte readmitido na Associação Sul Riograndense da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Desde o princípio de fevereiro fora 50 Biografia do Pastor Braff convidado a trabalhar nas férias para a Associação. Devia preparar o terreno e levantar um tabernáculo na Rua São Pedro em Porto Alegre. Dia 9 de fevereiro entrou em ação; sábado 17 de fevereiro, convidou os membros da igreja central para terminar os trabalhos do pavilhão e ficou auxiliando na Série de Conferências até 14 de março. Nesse tempo já sabia que não voltaria mais ao Ginásio Adventista. Só não sabia qual seria o seu destino. Dia 14 de março ao chegar à Associação o pastor Renato o convidou a ir a Palmeira das Missões buscar uns documentos e sábado às 11 horas da noite chegou a Porto Alegre, assistiu às Conferências à noite e segunda-feira foi entregar os documentos ao pastor Renato e ele lhe deu ordem de imediatamente mudar-se para Palmeira das Missões, para pastorear o distrito recém criado. 51 1951 a 1954 PALMEIRA DAS MISSÕES - RS RESIDÊNDIA PRECÁRIA 1951: Fim de março - ordem de mudar-se para Palmeira das Missões - RS, para pastorear um distrito recém criado. No fim de março de 1951 o Prof. Braff recebeu ordem de imediatamente mudar-se para Palmeira das Missões - RS, para pastorear o distrito recém criado. O Braff comprou uma casa, mas em más condições, necessitando de uma boa reforma para ficar habitável. Quem estava na transação do negócio era um irmão (irmão de fé) por nome Odilon Melo, dono de uma serraria distante uns 20 km da cidade, lugar denominado Esquina de Jaboticabal ou Jaboticabal. Dia 27 de março o Braff deixou Taquara, seguindo para o novo campo de trabalho, deixando internados no Ginásio seus filhos Merlinton, Mirtie Marisa e Menalton. Manoel viajou em cima do caminhão da mudança, com a família a noite inteira e chegaram às 13h30min do dia seguinte e o motorista desmaiou ao descer do caminhão da mudança. No município de Palmeira das Missões havia muitas igrejas adventistas e famílias isoladas, mas na cidade havia apenas uma família semi-apostatada, Rodolfo Schhwantes de profissão carpinteiro que recebeu o novo pastor de braços abertos, e que se dispunha a ajudar o Braff para levantar a igreja da cidade. De quando em vez, Manoel visitava Potreiro Bonito a 5 km onde se encontravam mais duas famílias adventistas, carentes de orientação religiosa. Ali funcionava uma escola sabatina, era o ponto de reunião mais próximo da cidade. Chegando à cidade de Palmeira, o obreiro Braff foi morar na casa que havia comprado em sua viagem àquela comunidade, e mais de meio ano freqüentou, com a família a pé, aquele ponto de pregação. Era urgente a visitação ao distrito, mas antes de viajar para o interior do município e região circunvizinha de Palmeira, ele fez um contrato com aquele meio adventista para fazer uma reforma na casa. Era uma casa de madeira com frente de alvenaria, mas a reforma da casa levou muito tempo. Comprou uma bancada velha, reformou para o salão de culto na sua casa. Nos fundos da casa fez um amento para moradia e a frente ficou para salão de culto. No dia 24 de novembro de 1951, o novo 'ministro' mudou a Escola Sabatina de Potreiro Bonito para a cidade de Palmeira, para a casa que ele 52 Biografia do Pastor Braff havia comprado e preparado. A casa servia como moradia e casa pastoral. Era a igreja sede do distrito. De 28 de março até 24 de novembro a casa esteve em reforma, quase oito meses. Enquanto isto, o obreiro pouco parava em casa. Teve que primeiro conhecer o distrito e as necessidades de cada igreja e congregação para depois organizá-las para o trabalho e dar assistência onde mais carência havia. Por isso a sede, de imediato não foi atacada, e os que faziam a obra não estavam sob controle. Logo que o chefe do distrito mudou a escola sabatina para a cidade os adventistas de Potreiro Bonito, aos poucos, foram se mudando para a sede e Potreiro Bonito deixou de ser núcleo adventista. Dia 26 de novembro de 1951 o pastor João Passos chegou para visitar as escolas do distrito. O distrital (Manoel) levou o primeiro (João Passos) às escolas de mais fácil acesso. Mas havia uma escola que o distrital ainda não havia visitado por causa da distância. Em seu distrito não havia meios de comunicação (transporte coletivo), o meio de comunicação convergia para Passo Fundo. Havia uma estrada vicinal em péssimas condições que contornava uma área indígena, mas não havia condução para ali, tinha que atravessar um rio numa barca que por falta de movimento, praticamente era inoperante, e o barqueiro era ocasional e morava distante na outra margem do rio. Então viajar a cavalo por ali era impraticável. ACESSO DIFÍCIL O Braff não conhecia tal estrada. E agora! Tinham que visitar a escola. O Braff sabia que na igreja do Lajeado dos Bugres, onde havia uma escola adventista queriam visitas. Tinha um irmão que conhecia o caminho para aquela casa de ensino. A escola situava-se no cimo de uma montanha rochosa com fina camada de terra, mas muito rica em humos, daí o nome do lugar: Campinas de Pedra. Então os dois ministros tomaram um caminhão e rumaram para Lajeado dos Bugres. Depois inspecionaram a escola e passaram o sábado com os irmãos da igreja. Dia 2 de dezembro conseguiram um guia prático do caminho, arranjaram 3 cavalos encilhados em Lajeado dos Bugres e partiram de manhã cedo para Jaboticabal, passando por um trilho no meio da serra. Em Jaboticabal saíram na estrada de ônibus e continuaram nela até Rodeio Bonito, uma vila sem adventista na margem do rio da Várzea. Atravessaram o rio na barca e de lá, por uma estrada em más condições chegaram ao Matão, onde tinha uma boa igreja. Ali passaram a noite, onde o pastor Passos pregou à noite. Dia 3 de dezembro de 1951 interromperam a viagem, realizando 5 reuniões no dia. No dia seguinte levantaram-se bem cedo para continuar a viagem. O guia dirigiu-se para o mato bem próximo da igreja, era nos limites da reserva indígena, mata virgem, sem se notar vestígios de ser humano. De quando em quando se notava um trilho meio devassado e sabiam que era por ali que passavam os caçadores indígenas. Os insetos vinham aos enxames e 53 penetravam pelo nariz, ouvidos, olhos e boca, numa loucura infernal. Tiveram que tomar uns ramos folhudos e se bater todo o trajeto. Os três viajaram 5 horas sem ver praticamente o céu. De vez em quando aparecia uma fresta entre as árvores, que servia de passagem para um raio de sol, até que chegaram num rio e então brilhou o sol. O rio estava com as águas baixas e deu para passar o vau, mas do outro lado escureceu novamente. Mais adiante duma colina deu para uma devassada à distância e ai os três encheram-se de esperança que não estavam perdidos na mata. Logo adiante deram num carreirinho que seguia na direção daquele devassado; pouco depois estavam fora da mata e já se podia avistar a montanha sobre a qual funcionava a escola e a igreja. Ainda deu tempo de fazer uma reunião à tarde para tratar de negócios da escola e à noite sermão. Dia 5 tiveram 6 reuniões com a igreja e pais de alunos e dia 7 viajaram: pastor Passos para Porto Alegre e Braff para Palmeira, aonde chegou dia 8. O resto do mês de dezembro o Braff atendeu várias igrejas, mas especialmente a sede. ATIVIDADES DISTRITAIS Dia 17 de janeiro de 1952 o obreiro partia para um congresso para ministros (pastores). O congresso terminou dia 24, e em seguida foram as bienais, terminando dia 3 de fevereiro. Depois de desmontar e recolher os aparatos usados, dia 6 o Braff entrou de férias. Dia 5 de abril, Manoel foi ao Ginásio assistir a um congresso da Escola Sabatina; 2 de maio começou a campanha da recolta até 31 de julho. Durante esse tempo, pouco tempo foi dedicado ao evangelismo, a não ser visitando as igrejas para promover a campanha da recolta e ensinar aos irmãos a prática da recolta. Onde quer que o Braff recoltava, explodia os alvos dobrando e até triplicando. Milton, seu filho foi o primeiro professor da escola de Palmeira, e ele teve que buscar a esposa em Campos Quevedos, casou-se com Elza Felberg e logo vieram para Palmeira das Missões. Logo ele seguiria para o Exército e ela o substituiria na escola. Como Milton demorasse a chegar Manoel lecionou em 22 e 23 de julho de 1952 e a escola cumpriu com o seu programa. A prefeitura auxiliava a escola com uma pequena verba. O Braff manteve o programa escolar até a chegada dos professores que chegaram dia 23 de julho. Desde que ficou decidido criar o distrito de Palmeira das Missões já se planejava ali uma série de conferências, porque aquela cidade era ideal para sediar a Obra Adventista naquela região. Um dia o Braff, procurando um salão que oferecesse condições mínimas para realizar tal esforço evangelístico, chamou-lhe a atenção para um cinema velho, desativado, bem no centro da cidade. Ele examinou no dia 22 de junho de 1952 e pediu para Rodolfo Schwantes fazer um orçamento para se avaliar as possibilidades de alugá-lo e fazer os reparos no prédio para se poder aproveitá-lo como auditório de 54 Biografia do Pastor Braff conferências. Dia 1º de julho o orçamento foi aprovado, mas os trabalhos da recolta retardaram os planos de reforma no prédio. Depois de tudo acertado e encerrada a recolta, no dia 5 de agosto, tiveram início as obras de reforma. No dia 26 de agosto de 1952 chegou o conferencista, pastor Araceli Mello e orientou os últimos retoques e, no dia 31 do mês em curso iniciou as conferências. O obreiro distrital, Manoel João Braff foi seu auxiliar, mas o povo da cidade não correspondeu a expectativa e a frequência não foi satisfatória e no dia 22 de setembro ficava o Braff sozinho com as responsabilidades das conferências. Um mês e 3 dias o conferencista Braff transferiu a escola sabatina para o salão de conferências, em outubro; convidou os assistentes a observarem o sábado vindo a escola sabatina e foi uma decepção, poucos vieram. Dia 28 de outubro de 1952 o Braff viajou a Porto Alegre e dali ao Ginásio Adventista para assistir as reuniões especiais sobre o Espírito de Profecia, dirigidas pelo pastor Arthur White, com provas inconfundíveis sobre a vocação de Ellen G. White, sua avó, como mensageira de Deus no grande despertamento adventista de 1844. Foram reuniões super proveitosas para confirmar a fé neste movimento. Dia 3 de outubro, Manoel seguiu para o Rio dos Sinos para atender ao seu pai que estava passando mal. Levou-o a Porto Alegre e consultou um médico. Entregou seu pai aos cuidados do médico e viajou para atender o seu trabalho em Palmeira das Missões. Dia 7 o Braff convidou os palmeirenses por boletim de convite, mas não houve reação. Então ele encerrou o esforço público no dia 16 de novembro de 1952. As conferências não alcançaram, de imediato, grande resultado. Algumas decisões se fizeram, mas os candidatos mudaram-se antes do batismo e outros mais desistiram, quando a conduta adventista se lhes tornou clara. Querem a salvação, mas não o compromisso com Deus. Apesar disso, Manoel não se abateu, logo a obra de Deus projetou-se na cidade e a igreja cresceu. A escola contribuía grandemente para o progresso da igreja. O Braff fundou uma nova congregação em Esquina Progresso, outra em Maria Preta, na costa do Rio Uruguai, e outra em Volta Grande, perto de Alpestre. PÉ DE GUERRA Nestes últimos anos de seu ministério em Palmeira das Missões, no dia 3 de janeiro de 1953, sentiu a maior tragédia no seu trabalho pastoral numa igreja de seu distrito, Boa Esperança, no município de Vicente Dutra, na época Vila Águas do Prado. Era uma boa igreja com florescente escola primária, ativa no trabalho missionário. Muitos membros fiéis e bons dizimistas, porém, Satanás trouxe seus conversos para dentro da igreja e eles dividiram-se em dois grupos, com aproximadamente 20 pessoas para cada lado, ameaçando-se mutuamente, todos bem armados em pé de guerra. O plano deles era travar um combate na frente da Igreja Adventista. O pastor Braff, como era conhecido, fez as diligências para descobrir as causas 55 da inimizade, porém uns diziam uma coisa, outros outra, mas o motivo certo não conseguiu descobrir. O pastor Waldemar Ehlers e o pastor Braff fizeram tudo para dissuadi-los do plano macabro que se propuseram, e sendo baldados todos os esforços para estabelecer a paz entre as facções em luta, interditaram a igreja. Eram homens que não levavam desaforos para casa, demonstrando-se irredutíveis. Diante destes fatos, Ehlers e Braff seguiram para a igreja juntamente com os que não estavam envolvidos no escândalo e lacraram a porta da igreja, proibindo expressamente, por período de um ano reunir-se alguém ali. Os fiéis deviam realizar a escola sabatina e outras reuniões em casas particulares até que os sediciosos ou se convertessem ou deixassem os fiéis em paz. A escola ficou fechada e o distrito estava em luto. Uma florescente igreja da jurisdição do indomável vencedor em tantas batalhas estava derrotada pelas forças do mal. Ao Braff parecia que Satanás, dessa vez havia vencido. Almas por quem Cristo morreu, agora estavam desprotegidas dos ataques do leão que “anda ao derredor, bramando... buscando a quem possa tragar” I Pedro 5:8. A igreja, o refúgio dos crentes, estava fechada! Era um rebanho sem pastor; rude golpe para quem estava iniciando seu ministério, e muito maior para os membros fiéis que ficaram sem a sua igreja para se congregarem. Havia ali um ferreiro muito fervoroso com sua esposa e uma filha adotiva que não parecia muito crente e aquele casal se mostrava muito carrasco com a menina. As suas leviandades eram reprimidas com maus tratos corporais. A mulher, por sua vez, de vez em quando, vacilava na fé, e quando o Braff os visitava tinha que acertar a família, porque o lar estava ameaçado. ESCÂNDALO Esta esposa era professora da Escola Adventista. Com o fechamento da escola ela ficou desempregada e o pastor distrital (Braff) levou-a para a sede em Palmeira das Missões, para lecionar na escola que abrira no Salão em que funcionava a igreja local. O marido ficava em Boa Esperança e ela logo começou a mostrar o seu verdadeiro caráter, não era mulher fiel, procurou relacionamento íntimo com outros homens. Quando o escândalo já não dava mais para esconder, pressionada, pediu demissão da escola e voltou para o marido, e logo se mudaram de Boa Esperança. Quando iam saindo com a mudança, os vizinhos saíram atrás jogando foguetes. Pouco tempo depois o casal se separou e, segundo notícias que o Pastor teve, os três abandonaram a verdade. São conseqüências do fanatismo. Percebia-se que o fanatismo deles terminaria em naufrágio da fé. No fim do ano, aqueles totalmente rebeldes abandonaram a igreja, e outros se mudaram, e os verdadeiros adventistas aguardaram com ansiedade a reabertura da igreja. Dentre os que estavam em pé de guerra, uma parte humilhou-se e retornou como fiel membro da igreja dali em diante, e aqueles 56 Biografia do Pastor Braff que procuravam uma desculpa para o seu abandono à comunidade não voltaram mais. A crise provocara um peneiramento. No dia da abertura da porta da igreja, o Braff convidou os membros para a festa da reinauguração da igreja. Os fiéis que permaneceram, estavam todos reunidos na frente da casa de oração. Era para todos um dia muito feliz, dia de festa espiritual, e estavam todos reconciliados, unidos e reinava paz na comunidade. A disciplina coletiva tinha dado certo, surtira o efeito desejado, mas, confessa o pastor, “nunca me senti satisfeito com a medida tomada; pareceu-me uma violência neutralizando outra” e acrescenta “não desejo a mesma sorte para nenhum dos meus colegas”. Dali em diante, tratou de evitar toda violência. Palmeira das Missões foi a base de seu ministério, um povo grandemente necessitado de orientação espiritual. Eram praticamente ovelhas sem pastor, além disso, uma região carente de estradas e de conduções difíceis, lugares de difícil acesso e os adventistas muito espalhados. A preocupação do Pastor era evangelizar cada região onde morava um filho da Luz. Em 1953 o Braff lançou no ar 2 programas da Voz da Profecia, um em maio na cidade de Palmeira e outro em novembro na cidade de Três Passos, custeados com recursos locais. Sobre os batismos em sua jurisdição ele não relatou em seu diário, uma vez que nem ele mesmo era ordenado para ministrar este rito. Sempre que havia candidatos preparados o Braff solicitava a vinda de um pastor enviado pela Associação para efetuar a cerimônia. Só anotou batismos no fim do seu ministério em Palmeira, dezembro de 1953. Só de uma viagem com Waldemar Ehlers houve 51 batismos em Palmeiras. No seu último ano foram apenas 12. De sorte que seu ministério no primeiro campo de trabalho foi muito intenso. Poucos auxiliares, e tendo de revisar todo trabalho deles. Naquele distrito, antes da chegada do pastor Braff não havia classe batismal, era forçoso orientar instrutores bíblicos para prepararem seus próprios candidatos ao batismo, em conseqüência não tinha tempo para ficar com a família. O novo pastor viajava muito a pé (porque não existia condução e nem estradas), no fim da jornada a igreja faminta se reunia sem que o Pastor tivesse tempo, nem sequer para tomar banho ou alimentar-se. Dirigia um sermão, logo após comissão da igreja ou saia com alguém fazendo visitas. Uma vez, passou a noite até quase clarear o dia resolvendo problemas na igreja, e como não desse mais tempo para dormir, viajou até o ponto do ônibus, chegando pouco antes de sua partida.. Viajava a pé, a cavalo, de carroça, em cima de carga de caminhão, no meio do pó, de trem e de ônibus quando isso era possível. Dormia em galpões abertos quando a terra se cobria de um lençol branco no inverno, agasalhado nos pelegos e lombilho de cavalo, enrolado em capa molhada de chuva. Levava uma palavra de esperança e encorajamento aos irmãos distantes e às igrejas longínquas. Com vinte igrejas e congregações, além de membros isolados pesando sobre seu coração. De 1951 a 1954 Manoel João Braff percorreu de contínuo de sua jurisdição, solucionando 57 problemas, pregando, organizando grupos, igrejas e fundando novas congregações até janeiro de 1954. 58 Biografia do Pastor Braff 1954 a 1956 CARAZINHO – RS SÉRIE DE CONFERÊNCIAS 1954: 19 de fevereiro - indicado para abrir novo distrito (algo como paróquia) em Carazinho – RS. Dia 9 de janeiro de 1954 o Braff seguiu para Porto Alegre, depois de entregar as finanças com os respectivos relatos na associação, seguiu viagem para Rio dos Sinos, sua primeira igreja, para visitar seus pais, gozando de suas férias. Dia 3 de fevereiro Manoel seguiu para o Ginásio em Taquara para trabalhar na construção do pavilhão das conferências, dia 9 terminaram de cobrir a última ala do pavilhão e dia 10 de janeiro começaram as bienais. No fim, num encontro de obreiros, o pastor Braff foi cotado para abrir um novo distrito em Carazinho e o pastor João Katwink foi apontado para substituí-lo em Palmeira. Depois de desmontarem o pavilhão e dia 17 de fevereiro Manoel viajou com o pastor Katwink para Palmeira. Dia 18 o pastor Manoel entregou o distrito de Palmeira ao pastor Katwink. Dia 19 de fevereiro de 1954, o Braff foi indicado para abrir um novo distrito em Carazinho-RS. Imediatamente ele foi procurar uma casa para alugar naquela cidade. Dia 23 ele voltou a Palmeira e já no dia 25 seguiu com a mudança para Carazinho. Dia 28 de fevereiro ele procurou um salão para realizar uma série de conferências. Dia 10 de junho teve início a campanha da recolta. Foi feita a entrega do salão de conferências e a transferência de todos os interessados nas conferências para o salão da igreja. Dia 20 de julho foi escriturado o terreno da igreja e começa-se a campanha para constituir o fundo de construção. Dia 24 de agosto, o suposto suicídio do presidente Getúlio Dorneles Vargas veio trazer profunda consternação geral. Dia 14 de agosto Paulo João Calbo, pai de Manoel passou mal. O Braff foi a Rio dos Sinos visitar seu pai, e ele logo melhorou. No dia 31 de dezembro o Manoel fez um programa de despedida do ano na igreja. No princípio de 1955 o Braff chamou o pastor Antônio Nogueira para batizar os interessados da série de conferências, e nesse ano o pastor Braff começou a trabalhar em Santa Bárbara e preparou inúmeros candidatos ao batismo. Não muito distante de Santa Bárbara havia uma igreja meio adventista e meio metodista. É que os que ali se reuniam não eram nem adventistas e nem metodistas. Construíram a igreja em sociedade e ali se reuniam os sabatistas no sábado e os metodistas no domingo. Porém nem um grupo nem o outro seguia os princípios de sua igreja. Era um grupo misto 59 apostatado. Quando a luz se mistura com as trevas, a luz se apaga e nas trevas ninguém sabe para onde vai, cai no abismo sem notar o perigo, assim é todo aquele que se desvia do caminho reto. O pastor Braff iniciou uma escola sabatina entre eles, mas não pode dar assistência, logo entrou em férias e foi interrompido o trabalho. A formação do grupo de Santa Bárbara e o cuidado dos novos membros de Carazinho e um trabalho próximo a Rio da Várzea, absorveram-lhe o tempo até maio, neste mês começou a recolta no distrito e em cidades onde não havia pastor. REVESES NA RECOLTA O Braff trabalhou três meses recoltando (recolta é uma espécie de coleta de esmolas para que o povo geral contribua na manutenção de serviços assistenciais tocados pelos adventistas). e recoltou até a margem do rio Pelotas. Em Soledade foi preso pelo delegado de polícia, por haver uma rasura na credencial e foi proibido de recoltar na cidade, mas o pastor Braff, ainda assim arriscou, desobedecendo a ordem, e numa ação relâmpago concluiu o trabalho e viajou. Com toda a perseguição, Manoel conseguiu explodir o alvo daquela cidade; numa vila naquele município ele chegou a um comerciante forte da praça e começou a apresentar o informe da Obra Adventista e aquele homem o expulsou da casa comercial, porém o Braff não saiu e disse: “O senhor não sabe o que eu estou fazendo, não lhe ofendi, o senhor não me conhece. Qual é o problema? Vamos conversar!” e o homem pegou o revolver que tinha numa gaveta do balcão e disse: “retire-se”. Aí mesmo é que o Braff não saiu, ele guardou o revolver e pegou o metro de medir fazendas (tecidos) e o Braff se aproximou dele dizendo: “não vou me retirar, eu quero saber o motivo da sua ira. Que mal eu lhe fiz?” e então ele disse: “é que o senhor vem pregar uma nova religião para mim. Eu sou católico, a mais antiga religião do mundo”. - Respondeu-lhe o recoltista: “Quem lhe disse que a religião católica é a mais antiga do mundo? Isto não é verdade, a religião mais antiga é a adventista. O sétimo depois de dôo já pregava”, “Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus anjos”. “Milhares de anos antes de existirem católicos e guardavam o sábado”. O homem respondeu que foi o padre que disse ser a católica a religião mais antiga do mundo; disse o Braff, pois o padre se enganou. Disse o comerciante: “então vou consultar o Papa, escrever-lhe uma carta”. “Sim, é isso que o senhor deve fazer”. E deu-lhe o folheto da recolta e o homem perguntou quanto custava e o recoltista lhe respondeu; nada, e foi embora. O objetivo do Braff sempre foi granjear amigos e solver dúvidas, mas nunca mais voltou àquela casa, apesar de ter deixado um amigo ali. 60 Biografia do Pastor Braff AUXILIAR DO PASTOR ARACELI MELLO Princípios de novembro de 1955 o pastor Araceli Mello foi designado para realizar uma grande série de conferências em Uruguaiana, com cinco obreiros auxiliares e duas obreiras bíblicas, e o pastor Braff foi chamado para compor aquela equipe e partiu imediatamente para o novo campo de trabalho. O recém começado distrito de Carazinho ficou sem assistência pastoral e o trabalho começou e parou. Oh! Quanta carência de homens que respondam ao chamado de Deus! O pastor Braff se lançou de corpo e alma aos trabalhos das conferências, distribuiu convites na quarta parte da cidade, auxiliados por alguns meninos. Recebia a multidão que vinha assistir ao orador e visitava os endereços dos que iam solicitando visitas e dava estudos bíblicos para quem tinha interesse neles. O salão continuou lotado até o fim. No fim da primeira semana de janeiro de 1956 o pastor Mello convidou a assistência do salão para uma reunião da escola sabatina sábado de manhã, depois de ter apresentado o tema do sábado. Dia 7, sábado apesar da chuva, antes da reunião, estavam presentes quase 200 pessoas. A chuva não impediu que o povo viesse. No dia 3 de fevereiro o pastor Mello e Gimenes tiveram uma discussão com um pastor pentecostal e este, em nome do Espírito Santo mandou o pastor Mello calar-se e ao chegar em casa, o pastor protestante achou sua filha morta, e foi enterrada no sábado. Com o Espírito Santo o homem não pode abusar! Ele é Deus. Dia 6 de fevereiro de 1956 o pastor Braff viajou a Taquara e dia 8 auxiliou na limpeza do Ginásio para a bienal. Dia 9 atuou como secretário da comissão de nomeação e dia 13 votação final dos relatórios. Dia 14 de fevereiro ele foi transferido para Guaíba e dia 16 seguiu para Uruguaiana, recomeçando suas atividades. Dia 10 de março havia 150 adultos na escola sabatina. Dia 3 de abril Manoel foi a Porto Alegre visitar os seus familiares, e resolver os problemas em casa e então voltou a Uruguaiana para continuar trabalhando com seus candidatos ao batismo. Finalmente é marcado o dia 26 de maio para o primeiro batismo da série de conferências, e 69 pessoas selaram o concerto com Deus pelo batismo e ficou uma multidão para segunda oportunidade. Dia 29 o pastor Braff entregou seus interessados com os não batizados ao Pastor Mello e no final de maio viajou para Porto Alegre, para seu novo campo. Dia 1º de junho de 1956 começa a campanha da recolta até 23 de julho e a partir daí o Braff entrou em férias. Dia 31 visitou seus pais e dia 16 de agosto entrou em atividade em seu campo de trabalho e procurou um terreno bem situado para construir uma igreja. CASAMENTO DA MIRTIE No dia 21 de agosto de 1956 o pastor Manoel Braff retornou à recolta e continuou até 21 de setembro e daí em diante visitou o distrito. Dia 4 de dezembro encontramos o Pastor ultimando a construção duma igreja em 61 Butiá, Tapes, e dia 22 foi a inauguração da igreja com a presença do presidente da Associação, pastor José Rodrigues dos Passos. Dia 26 (de dezembro de 1956) foi o dia do casamento de sua filha Mirtie com Horaldo da Silva Boeira, o casamento foi oficializado pelo pastor Nogueira. 62 Biografia do Pastor Braff 1956 a 1959 PASTOR BRAFF ORDENAÇÃO No dia 30 de dezembro de 1956 Manoel viajou para São Paulo, para as quadrienais e congresso da União Sul Brasileira da I.A.S.D. Chegando a São Paulo, imediatamente a caravana dirigiu-se ao Colégio Adventista Brasileiro (C.A.B. atual UNASP.) E A 1º de janeiro de 1957 começou o congresso da União, com representantes de quase todo o Brasil. Fazia-se presente o presidente e o vice da Associação Geral (mundial). Foram reuniões muito inspiradoras, fortalecendo a confiança no Espírito de Profecia. Ao terminar o congresso, começaram as quadrienais num ambiente angelical, onde reinava o amor e a boa vontade de todos os representantes da União. Todos os delegados estavam unidos em apoio aos planos da Divisão para as eleições de seus oficiais no próximo quadriênio. O êxito foi marcante no quadriênio que estavam encerrando. Todas as instituições marcaram franco progresso. O povo do advento avança em todas as direções, em todo o mundo, e na Divisão Sul Brasileira, Deus esteve à frente de Sua obra evangelizadora. Sábado, 12 de janeiro, o dia amanheceu alvissareiro no Colégio Adventista, seria o dia mais feliz da vida de quem Deus provara e susteve em Suas mãos, por mais de um quarto de século. A escola sabatina foi um chamado à fidelidade ao Reino de Deus. O verso áureo era: “quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito, quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito”, Lucas 16:10. 1957: 12 de janeiro - Ordenação do Pastor Manoel João Braff. Desde a escola sabatina, tudo foi uma inspiração a aguçar a decisão de fidelidade aos princípios que norteiam o anjo da igreja de Laodicéia, neste fagueiro dia de ordenação ao ministério. No dia 12 de janeiro de 1957 foi realizada a cerimônia de Ordenação do Pastor Manoel João Braff. A virtude da fidelidade devia nortear sua conduta, apesar das falhas humanas que sempre o acompanharam. Satã foi sempre seu adversário implacável e na batalha constante teve muitas vitórias, como também inúmeras derrotas. Se não fosse a misericórdia de Deus e a graça de Jesus Cristo, teria sido engolido pelo dragão. Quando caia nas malhas do inimigo, clamava por misericórdia e perdão e avançava em seu propósito de fidelidade ao Deus que é fiel. 63 DISTRITO DE FLORESTA Sábado à tarde realizou-se a inspiradora festa de ordenação, de cujo ato o pastor Braff obteve forças para se livrar da tentação, mas lhe deu mais senso de responsabilidade. A unção ao ministério aumentou-lhe a decisão de maior fidelidade ao seu Criador, porém sua vida não se alterou substancialmente, porém seu trabalho ampliou-se. Após as quadrienais, começou o curso de verão no dia 13 de janeiro e no fim de fevereiro voltou para Porto Alegre, ao seu campo de trabalho. Em seguida foi transferido para o Distrito de Floresta. Seu primeiro batismo realizou na Igreja Central de Porto Alegre, e foi eleito membro da mesa administrativa da Associação. A igreja de Floresta nasceu duma filial que o pastor Braff, quando se recuperava de um esgotamento nervoso organizou em sua casa e agora era o 3° pastor da igreja. O pastor Manoel Braff acompanhou o programa da filial até se organizar em grupo, assistiu e tomou parte no lançamento da pedra fundamental da igreja, e agora era uma ativa igreja organizada. Antes porém, de pôr a casa em ordem, nova transferência. Não pôde concretizar nenhum trabalho neste campo. Em Sarandi iniciou-se uma filial da igreja de Floresta, pôs um barbeiro como diretor; também iniciou uma filial em Cachoeirinha e colocou Breno Lara, estivador de Porto Alegre como diretor. Em Sarandi promoveu uma campanha para angariar fundos para a construção duma igreja. Em Matias Velho, formou-se uma nova congregação. Com uma bem sucedida campanha de recolta em vários distritos, chegou ao fim do ano de 1957. Foi eleita uma boa representação da igreja de Floresta, com 22 delegados às bienais de 1958, que se realizaria no Ginásio Adventista de Taquara. O pastor Braff trabalhou na comissão e o pastor José Rodrigues dos Passos foi eleito Presidente. O pastor Braff deixou a mesa administrativa da Associação. CORREIÇÃO EM LIVRMENTO O pastor Araceli Mello havia realizado no fim de 1957 uma série de conferências em Livramento e deixou Plínio Rabello para continuar o trabalho, mas Plínio pediu licença para tratar de assuntos particulares, sem que houvesse decisões sólidas pela verdade (por parte do público assistente). Interessados (nos assuntos da série de conferências) mal assistidos, desorientados na doutrina, instruídos por quem não sabia instruir. Uma das obreiras comia lingüiça de porco e relatava trabalho fantasma e estudos só no papel. O pastor Braff foi mandado àquela cidade para substituir o pastor Plínio. Ao chegar neste novo campo encontrou um trabalho totalmente encruado e teve que reativar a série de conferências, sem auxiliar. Com a sua chegada, uma obreira foi embora. A que ficou, descobriu-se carne de porco no seu quarto e os relatórios fantásticos e quando lhe exigiam que mostrasse 64 Biografia do Pastor Braff onde estava sendo realizado aquele trabalho, e a lista dos interessados para o pastor visitá-los, confessou que não tinha vocação para trabalhar na Obra Adventista. Então pediu sua demissão. (A citada obreira) havia arranjado umas amigas mundanas e passava o tempo com essas amigas. O pastor Braff pediu ao escritório da Associação o desligamento da obreira do quadro de obreiros assalariados. Um obreiro que o pastor Mello havia deixado para continuar auxiliando no trabalho desistiu da obra poucos dias depois e o pastor Braff, com muita dificuldade conseguiu alguns endereços, praticamente frios, e trabalhou em cima do que conseguiu reaver, sem recursos para novos convites ao povo. Ainda conseguiu preparar 14 candidatos e antes de batizá-los, nova transferência. Enquanto (o pastor Manoel Braff) estava trabalhando em Livramento encontrou-se com o seu sargento do tempo que servira no Exército naquela cidade. O ex-sargento, agora aposentado, disse ao pastor Braff que seu testemunho, (atitude demonstrada) no tempo de soldado, foi o maior testemunho de vida que alguém dera na caserna, reconhecido por todos que dele tomaram conhecimento e (Manoel) foi o soldado mais exemplar do quartel. Deixou um exemplo de fidelidade à Pátria e a Deus. O pastor Braff reformou o salão de culto, construiu banheiros para os membros da igreja. Até 20 de junho (de 1958) trabalhou na reforma do salão, casa de moradia e banheiros, então foi recoltar. Depois se dedicou a preparar os candidatos ao batismo que conseguia conservar na igreja. Queria encerrar o ano com um bom batismo, e já cogitava dum terreno para construir uma igreja no centro. AUXILIANDO ARACELI MELLO Nesse ínterim o pastor Mello aluga um salão na vila Niterói, município de Canoas, na grande Porto Alegre, e chama o pastor Braff para seguir imediatamente para Canoas a fim de ajudá-lo desde a estréia. O testa de ferro tomou o trem e viajou a Canoas. Encontrou uma casinha ruim, mas dava para morar uns tempos, enquanto estivesse em andamento a 'série' e correu a buscar a mudança em seguida. Um pastor foi a Livramento e batizou 14 candidatos que estavam preparados; dos que ficaram para trás, não teve mais notícias. As conferências de Niterói começaram em novembro. Pouco depois o pastor Mello adoeceu e teve que abandonar o trabalho, ficando o pastor Braff responsável pelo trabalho, auxiliado por um obreiro aposentado por invalidez, e o Braff quase se arrebentou trabalhando em visitas, estudos e preparando conferências, publicando boletins e fazendo convites. Dia 1° de janeiro (de 1959) o pastor Braff estava encerrando a série de conferências em Niterói. 65 O desmaio que o pastor Mello teve no começo da série, atrapalhou todo o trabalho e o resultado imediato não foi animador. O primeiro batismo foi de apenas 6 candidatos, muitos candidatos ficaram para uma segunda oportunidade e o pastor Braff teve uma grande decepção com o resultado. Dia 2 de janeiro de 1959 o Braff entregou o salão e convidou a congregação das conferências para o Templo Adventista de Niterói. No dia 3, sábado a escola sabatina estava cheia de visitas, domingo teve um sermão evangelístico e ele continuou com as visitas e estudos nas casas. Dia 18 (o pastor) foi a Taquara e dali ao Ginásio assistir a um concílio dos obreiros da Associação. Dia 23 o Braff regressou às suas atividades. Dia 27 recolheu ao depósito as cadeiras e outros materiais da conferência. Dia 17 de fevereiro ele entrou em férias. 66 Biografia do Pastor Braff 1959 a 1962 SUL DE MATO GROSSO DOURADOS 1959: 23 de fevereiro - convocado para mudar-se para Dourados - MT (atual MS), onde foi supervisor de aproximadamente quarenta igrejas. Aos 23 defevereiro de 1959 o Pastor recebeu um chamado para um distrito (divisão territorial como paróquia) de Mato Grosso, hoje Mato Grosso do Sul, com sede em Dourados, e dia 1º de março segue para Campo Grande e dali para Dourados. Ainda chegou a tempo de matricular os filhos na escola. Um campo com muitos desafios, com aproximadamente 40 igrejas e congregações (apenas o Município de Dourados de então abrangia área que hoje – 2007 – corresponde a dez municípios), todas carentes de auxilio espiritual, atacados pelos reformistas que ameaçavam o rebanho de Deus. Dia 11 de março o pastor Braff começou a visitar o campo de sua alçada e dia 15 de março foi a Campo Grande, sede da Missão, para acertar planos de trabalho, voltando terça-feira. Dia 21 de maio começou a recolta em vila Brasil (atual Fátima do Sul) e 2 de junho foi a Campo Grande assistir a um congresso e batizou 7 novos membros. Dia 8 de julho de 1959 o casal Braff recebeu Maísa domo filha adotiva, doada por seu pai Antônio Macedo. Dia 13 o prefeito de Itaporã cedeu a escola para uma série de conferências; o Pastor conseguiu um gerador elétrico e dia 19 começaram as conferências de Itaporã, com muitos convites. O Pastor empregou duas obreiras para auxiliá-lo e um ex-reformista que o pastor Braff batizara em Campo Grande em princípio de junho, ainda com idéias farisaicas, precisava aprender muita coisa para ser um ganhador de almas. Dia 28 de agosto Alda, uma das obreiras é despedida a bem da disciplina. Os reformistas atacam os interessados pelo adventismo e dia 28 de setembro uma polêmica com João Tavares, obreiro dos reformistas, e este foi a São Paulo chamar o seu campeão. Dia 15 de setembro de 1959 Nélsia, a outra obreira particular do Braff foi excluída da igreja e não pode continuar a ser obreira, por exigência do presidente da Missão; seus auxiliares devem se converter primeiro pra depois trabalharem (na conversão) de outros. A Nélsia foi uma grande e imprudente perda que o Braff sofreu, mas continuou sozinho com as conferências. 67 Dia 24 de setembro chega a cúpula reformista de São Paulo, fogem de polêmicas e dirigem reuniões caluniosas na sua igreja contra a igreja Adventista do Sétimo Dia. Dia 5 de outubro saiu a polêmica entre Afonso e Giácomo Molina. Afonso derrotado em Vila Brasil propõe suspender o debate. Porém, em parte, o diabo alcançou seu objetivo: neutralizar o efeito da série de conferências. Dia 8 o pastor Nigri prega na conferência e dia 9 há mudança das reuniões da escola pública para o 'nosso' salão. Dia 1° de novembro o pastor Braff encerrou a série de conferências. CASAMENTO DE MERLINTON E NÉLSIA Dia 12 de novembro de 1959 o casamento de seu filho Merlinton com Nélsia, sua ex-obreira bíblica. 15 de novembro 1° batismo (resultado) das conferências com 9 pessoas. Dia 28 houve congresso de jovens em Dourados. Nos intervalos (o Pastor) deu estudos bíblicos, muitas visitas e viajou pelo distrito sem descanso, sete dias por semana. Não era trabalho servil, mas a obra do Senhor onde é solicitado fazer o bem no sábado. Preparou e batizou 55 almas, além das que não puderam ser batizadas por problemas familiares e por morosidade nas decisões. Em Itaporã converteram-se duas famílias que pertenciam a uma congregação espírita chamada Sã Doutrina, observadores do sábado, à moda deles, naturalmente. Eles pediram para que o Pastor Braff entrasse em contato com o apascentador, chefe daquela doutrina, equivalente a pastor nas igrejas evangélicas, e o pastor adventista esquivou-se de entrar em contato com a seita espírita, enquanto fazia planos para nova série de conferências. O SONHO O pastor Manoel João Braff pensava em começar uma série de conferências num sítio perto da igreja da seita Sã Doutrina, porém o caráter espírita daquela gente lhe causava temor; sabia que era mexer no ninho de Satanás. O Espírito de Profecia adverte: “Ao discutir com espíritas, porém, não se defrontam com homens, mas Satanás e seus anjos; põem-se em comunicação com os poderes das trevas e animam os anjos maus que os rodeiam” Test. Seletos Vol. 1, Pág. 413. Estando a ponderar sobre o assunto dormiu e sonhou e eis que estava em sua terra natal, em casa de seus pais, no meio de um espiritismo, também sabatista. No sonho seguia um caminho perto da casa de seu pai onde se criara, exatamente onde os vizinhos diziam ter visto muita assombração. O jovem Manoel ia tranqüilo seu caminho quando surgiu a assombração; era uma espécie de anãozinho de forma desconhecida e o jovem correu de medo, e quanto mais corria, mais corria a assombração. De repente parou e disse: “Nunca tive medo de assombração, porque estou correndo dela?” Parou e a assombração dissipou-se. Ao acordar estava gravado na mente: “isto é o espiritismo da Sã Doutrina que estou com 68 Biografia do Pastor Braff medo de enfrentar; pois agora é que vou dirigir a série de conferências, Deus está me dizendo que não devo correr desses espíritas”. E começou a fazer planos, arranjar salão, consertar o motor, convites, etc. O pastor Braff visitou o apascentador Yôyô e teve uma palestra amigável com ele. Teve que atender antes o distrito, dando ceia, batizando e solucionando problemas. Dia 20 de janeiro de 1960 foi assistir a um congresso em Campinas no Instituto Adventista Campineiro e dia 10 de fevereiro mandou concertar o gerador elétrico. Dia 12 de março de 1960 o Pastor inaugurou igreja em Liberal e continuou a construção da igreja de Itaporã. Dia 17 de março foi feito o piso igreja e logo começaram as reuniões na igreja. Dia 25 houve reunião da mesa (administrativa) em Campo Grande; conferência na aldeia dos índios. Malton, seu filho fica responsável pelas projeções e o Pastor tem que correr, os pedidos de visitas urgentes se sucedem. Ele ia para casa somente para trocar de roupa. O APASCENTADOR O Braff toca o trabalho evangelístico em todas as frentes. O presidente da Missão exige itinerários e o comprometimento dele pelo Pastor; porém ele não dá conta dos pedidos de auxílio. Como cumprir os itinerários? E não atende a exigência. Dia 15 de maio começou a passar um filme e encerrou em 30 de maio. Foi provocado por um pastor batista para uma polêmica que só foi possível atender no dia 14 de dezembro por Diomar. O pastor Braff assistiu. O Braff não tinha tempo, e nem gostava de fazer polêmica, mas encarregou seu auxiliar que ficara em Dourados a fazê-lo. No dia 23 de maio de 1960 foi o início das conferências em Panambi, ninho da Sã Doutrina. O pastor Braff e Diomar se hospedaram em casa de Francisco Guilhermino, um membro da Sã Doutrina. Dia 28 o Pastor fez o primeiro batismo e deu santa ceia à tardinha. Francisco Guilhermino pediu para participar da ceia e tomou parte com os membros batizados. A Sã Doutrina de Barreirão provoca para uma polêmica e Diomar topa. No dia 1° de julho segue para Barreirão e dia 2 o Pastor se dirige para lá, mas o chefe recuou e desistiu. Dia 7 o Braff entra em polêmica com o apascentador Yôyô. O Pastor, diante do ambiente hostil da Congregação deles, se dá por vencido para grande triunfo deles. Dia 9 Yôyô procurou o Braff em casa de Guilhermino e lá discutiram até depois da meia-noite. Então ele se deu por derrotado, e perguntou ao Pastor, porque não havia apresentado o assunto na polêmica lá em sua igreja? O Pastor explicou que o ambiente não era propício. Ele pediu outra polêmica, e no dia seguinte novamente Yôyô é derrotado. 69 Começa-se um trabalho intensivo de visitas e estudos com os membros daquela seita, muita gente se converteu. Dia 19 de agosto termina a recolta e o Pastor deu muitos estudos para firmar os novos crentes. A 2 de setembro toma o gerador elétrico e seu auxiliar Diomar e segue para Douradina, arranja um salão improvisado, instala o gerador e dirige sua primeira conferência. Dirige as reuniões até o dia 8, quando é chamado a Dourados para atender aos preparativos para uma grande série de conferências em Dourados pelo conferencista da União, pastor Geraldo de Oliveira. Dia 10 Geraldo realizou a primeira conferência. Dia 28 de setembro o Braff foi nomeado presidente de mesa para as eleições de 3 de outubro, onde reinou perfeita harmonia. O Braff organizou uma escola sabatina com 25 membros em Porto Vilma, onde poucos meses antes não havia nenhum adventista, no dia 29 de outubro foi organizada outra em Ponte Seca. Ele organizou uns 15 grupos de escola sabatina, todos com pessoas recém convertidas, necessitando de orientação total, o que forçava o Pastor a viajar continuamente, visitando, orientando, dando estudos bíblicos e fiscalizando o trabalho em cada grupo. EMPREGADO PATRÃO O pastor Braff batizou em 1960 150 almas e teve um auxiliar, Diomar P. dos Santos que ele pagava com os seus recursos, provindos de economias forçadas no lar, até 8 de setembro. Ajudou pouco tempo o pastor Geraldo e logo saiu, e se lançou no trabalho sem tréguas para não perder o que havia começado. O ninho de Satanás foi desmantelado. O diabo não pode persuadilos, mas pode perseguí-lo. Os filhos do Pastor começaram a dar problemas à igreja, e o Pastor começou a ser criticado porque seus filhos não davam bom exemplo. Membros da igreja começaram a reprová-lo em público. O conferencista influenciado pelos perseguidores uniu-se a eles. O pastor Braff, para não ampliar a desavença teve que justiçar a família, isto é, suspendendo da comunhão da igreja, provando-se mais tarde serem falsas as acusações; mas com isso a semente da incredulidade foi plantada, tornando-se inerradicável, e no ano seguinte as perseguições recrudesceram a ponto do Pastor se dispor a aceitar uma transferência. Tudo porque o Pastor mexeu no ninho de Satanás. Quando no sonho enfrentou a assombração, esta fugiu, mas foi atacar os seus filhos. A luta foi renhida contra satã, mas a vitória foi grande. GRANDE DEBATE Eis aqui a história do debate: Foi no dia 22 de maio de 1960 que Diomar e Braff tomaram um motor a gasolina com gerador elétrico e rumaram ao Panambi, vila Osvaldo Cruz, iniciando ali uma série de conferências com projeções luminosas. Teve uma excelente frequência todas as noites. Porém não se fez esperar a reação do apascentador da Sã Doutrina. 70 Biografia do Pastor Braff Logo desafiou para uma polêmica em sua igreja. Era a luta contra a assombração do sonho; o pastor Braff não era um visionário, intérprete de sonhos, porque isso ele considera superstição. Mas no próprio sonho lhe foi dada a interpretação e ele entendeu se tratar de uma ordem divina para não deixar aquela gente nas trevas. Teve a convicção e agiu de acordo com ela. Agora ia enfrentar o espiritismo no seu ninho, exatamente como foi no sonho. Sua igreja era um salão rusticamente preparado para as sessões solenes; todo o ambiente parecia dominado por Satanás. Yôyô mostrou-se gentil no trato, recebeu-o e apresentou a sua congregação que se mostrou satisfeita na esperança de ver um pastor adventista derrotado por seu campeão que dizia nunca ter quebrado sua “espada”. Terminadas as saudações, explica a razão do encontro, e dá a palavra ao visitante que fala sobre a volta de Jesus. Antes de terminar sua palestra Yôyô interrompe: “não é sobre isso que nós queremos ouvir! O nosso assunto é sobre o Espírito Santo”, e discorreu à moda dele sobre o assunto. Na réplica o pastor adventista esqueceu-se onde se encontrava um texto sobre o Espírito Santo; o apascentador vibrou, proclamando-se vitorioso e foi motivo de grande alegria para a congregação ali reunida. O apascentador chamou: “Mulher, trás um chazinho para nós” e logo o chazinho chegou interrompendo o estudo. O pastor adventista aceitou o chazinho com toda a cordialidade como se o fim da polêmica tivesse atingido todo recurso dos seus conhecimentos. Saiu como se despede de campo uma equipe de futebol goleada por 5 a 0. Porém, saiu com tanta naturalidade como se nada tivesse acontecido. A perda da batalha, sem nenhuma reação da parte do pastor adventista impressionou o apascentador e em seguida procurou o Braff para uma entrevista particular, à noite, onde o pastor se hospedava, na casa de um membro da Sã Doutrina, Francisco Guilhermino. Chegou à noitinha e logo entraram no assunto, num ambiente mais propício. Discutiram os parcos conhecimentos que a inspiração revela sobre a personalidade do Espírito Santo, ao menos revela quem Ele não é. A Sã Doutrina ensina que o Espírito Santo é o espírito do membro de sua igreja que morre; o espírito dele vai aos pés do Pai e volta ao mundo transformado em espírito santo. Ao provar para aquele homem a natureza mortal da criatura humana e só Deus possui a imortalidade e ainda que, Deus é o único possuidor da natureza imortal, que o Espírito Santo é a terceira pessoa da Divindade; já depois da meia-noite, Yôyô exclamou: “a minha espada quebrou”. Então perguntou ao pastor Braff: “Porque o senhor não apresentou isto no dia da polêmica?” O Braff respondeu: “Porque o ambiente não era propício, e o assunto não seria aceito”. O apascentador replicou: “não, o senhor precisa dizer isto à minha igreja. Precisamos ter nova polêmica. Agora! Se prepare porque eu irei apresentar o assunto com todos os argumentos que tenho. Vou atacá-lo com todos os recursos disponíveis na Sã Doutrina, e se eu for derrotado novamente, proclamarei: a minha espada 71 quebrou, e a seguir, proclamarei a Igreja Adventista como a religião verdadeira. Sei que meu pessoal se revoltará contra mim, mas irei enfrentá-los, direi: a Sã Doutrina está errada e de hoje em diante sou Adventista”. BATISMO DE 150 Dois dias depois, nova reunião convocada por Yôyô e o pastor adventista também. A discussão foi renhida, o homem parecia inspirado por Satanás, fez tudo para não se entregar, porém atacado por tosos os lados sobre a divindade e o Espírito Santo, e sobre o erro dum espírito defunto sobrevivente. O Braff provou a mortalidade de alma e, espírito fora do corpo ser apenas ar, o homem exclamou: “A minha espada quebrou”. “Eu vos ensinei o que havia aprendido, mas estava errado! A Igreja Adventista é a verdadeira igreja. De hoje em diante sou Adventista do Sétimo Dia”. Então parecia o demônio solto e o povo gritava: “puf, puf fogo, puf, puf fogo! Vá prus quintos do inferno”. Mas depois de muito choro e ameaças ao seu campeão , foram se rendendo aos poucos, até que depois de muitas visitas a seus lares, toda aquela congregação, com exceção de duas famílias, todas aceitaram a verdade, inclusive os dois apascentadores e foram batizados. O pastor Braff batizou naquele ano (1960) 150 almas. Naquele ano alcançou o clímax de seu ministério em batismo. Foi o recorde de toda a sua história em batismos como resultado direto de seu trabalho, e Satanás o perseguiu com calúnias até que o Braff foi removido de seu campo de trabalho, para um lugar onde outras feras humanas o aguardavam. Dia 25 de dezembro de 1960, o Braff partia para as quadrienais da União Sul Brasileira. Tomou parte na ordenação de 11 novos pastores e dia 1° de janeiro teve início o congresso, sendo encerrado dia 2 com a Santa Ceia para o corpo de obreiros presentes. Foi um congresso de reconciliação entre os pastores da ceia (sem que se soubesse de qualquer divergência entre eles, era uma confraternização). União no ministério, eis uma urgente necessidade para o progresso na evangelização local, nacional e aos confins da Terra; unidos em doutrina e em normas de vida. De volta a Dourados no dia 7 de janeiro de 1961, o Pastor reinicia suas atividades, confirmando os crentes neófitos (crentes que se batizaram recentemente ou estão se preparando para o batismo), vindos da Sã Doutrina. Dia 14 de janeiro o Braff organizou a escola sabatina de Ponte Seca, perto de Dourados, com 21 alunos matriculados. Em Carumbé, no dia 7 de fevereiro organizou mais uma escola sabatina com 13 membros. De volta a Dourados recebe a notícia de sua transferência para Três Lagoas - MT, às margens do Rio Paraná, limite com São Paulo. As novas congregações ainda não tinham liderança em condições de se dirigirem por si. O Pastor não podia ainda sair daquele distrito, mas o seu voto foi ir onde for chamado, e dia 11 de fevereiro despedia-se da igreja de Dourados. Dia 17 de fevereiro de 1961 parte totalmente contra gosto, triste por deixar seus queridos irmãos engatinhando 72 Biografia do Pastor Braff na fé, para enfrentar os impiedosos ataques de Satã, o inimigo implacável dos servos de Deus. TRÊS LAGOAS – MT 1961: 17 de fevereiro - segue de mudança para Três Lagoas - MT (atual MS). Dia 17 de fevereiro de 1961 o pastor Braff viajou para Campo Grande, e a 'mudança' seguiu pela viação férrea para Três Lagoas – MT. O pastor Artur L. White estava visitando a Missão Mato-Grossense. O pastor Braff assistiu duas reuniões com ele; visitou Paulo Rockel, um amigo do tempo de estudante no IACS em Taquara, sentiu-se reanimado com o companheirismo de seu velho colega e maior amigo do tempo das bases educacionais. Dia 20 o pastor Braff e sua família seguiram seu destino para o novo campo de trabalho: região de Três Lagoas, onde pessoas não convertidas o aguardavam. Dia 23 de fevereiro chega a mudança na estação ferroviária. No dia seguinte, sexta-feira, retirou a mudança e passou o sábado desacomodado (casa desarrumada). Domingo arranjou a bagagem, mas não pode pregar (falar ao público) à noite, e dia 28 de fevereiro iniciou suas atividades pastorais. Dia 11 de março o Pastor viajou a Campo Grande para assistir a reunião da Mesa Administrativa da Missão. O pastor Nigri estava dirigindo uma semana de oração. Dia 13 o Pastor visita o Hospital do Pênfigo e no dia seguinte viajou com o pastor Oscar Lindquist a Aquidauana, Guia Lopes, Jardim e Bela Vista, em recolta e visita pastoral até as nascentes do Rio Apa, divisa com o Paraguai, e de lá o pastor Braff voltou pelo 'distrito' de Dourados, passando por Ponta Porã, Dourados, Itaporã. Em Ponte Seca o Braff batizou 12 pessoas de seu trabalho ainda, e seguiu visitando Vila Brasil (hoje Fátima do Sul), Porto Vilma, Rio Brilhante, Campo Grande. A reunião da Mesa, aprovou suas férias e dia 27 vai a Três Lagoas. Sábado, 1º de abril à noite, dirigiu uma social (lazer de brincadeiras com civilidade) com a mocidade. Dia 10 de abril Braff entrou em férias e viajou para CAB (Colégio Adventista Brasileiro, hoje UNASP) em São Paulo, com Mercídia e Maísa, e dois dias depois ao Rio Grande do Sul; lá visitou seus filhos, irmãos e parentes em Porto Alegre. Dia 3 de maio chega em casa com Malton seu filho. Dia 6 de maio de 1961 o pastor Braff organiza a sociedade MV (Missionário voluntário) de Três Lagoas. Depois da recolta no distrito inicia uma série de conferências na Ilha Comprida. Dia 12 providencia a planta da escola. Dia 17 começa o gabarito da escola (marcação das fundações). Dia 19 começa o alicerce e continua com as conferências na Ilha Comprida. Trabalhou na construção da escola e dirigiu conferências até 24 de maio. Confiou as conferências ao irmão Antônio e partiu para Campo Grande, e de 73 lá para seu distrito de Dourados. Viajou pelo distrito, dando Santa Ceia, oficiando casamentos e batizando; nessa virada batizou 20 pessoas. Dia 16 de junho voltou a Três Lagoas e dia seguinte começa a semana de oração da juventude. UM SUSPEITO A construção da escola provocou ciúme no ex-diretor da Congregação que se tornara adversário do Braff. Ele imaginava que seria o empreiteiro e ganharia muito dinheiro na empreitada. Ele era encanador e viraria construtor; como a tarefa foi confiada ao Pastor, ele tratou de perseguí-lo. Dia 4 de junho de 1961 arrombou a casa do pastor e roubou o dinheiro da construção que o Braff havia tirado do banco para custear as despesas da construção até sua volta de Dourados, valor esse entregue a seu filho Malton que ficara cuidando da casa nas férias do CAB (atual UNASP). No dia 4 o invejoso roubou o dinheiro e culpou o Malton. Quando o Pastor chegou de viagem a situação era muito tensa, sentia-se que Satanás tinha invadido o lar do Pastor na sua ausência, e que na igreja havia gente traiçoeira. Apesar de ter encontrado uma situação tensa em sua igreja quando voltou de Dourados, o pastor Braff iniciou uma semana de oração, encerrou a semana dando a Santa Ceia e dia 25 de junho começou uma classe batismal. No dia 27 o Pastor seguiu para Campo Grande, para as Bienais da Missão. A 2 de julho voltou à sede e dia 6 comprou 2.500 tijolos, e tocou a construção. Em 24 de julho de 1961 começou a campanha da Recolta e encerrou dia 5 de novembro com muita interrupção. Em 16 de agosto recomeça a construção da escola e as paredes começam a subir. Dia 25 de agosto Jânio Quadros renuncia a Presidência da República e a família Corrêa da Costa revolta-se contra o Pastor. Este, no dia seguinte, procura saber o motivo. O problema está com a família, mas voltam ao culto domingo, porém com atitudes hostis. A política está tensa e a igreja também. O Rio Grande do Sul está em pé de guerra. O Pastor é desacatado por uma irmã do Antônio. Dia 2 de setembro Braff suspende suas filhas das reuniões e dia imediato Jango toma posse do governo do país e dia seguinte Antônio Corrêa da Costa pede demissão de seus cargos da igreja. Sábado o Pastor submete seu pedido à igreja e é votada a sua demissão, ficando suspenso de suas atividades. Os trabalhos da construção progridem. Dia 11 de setembro Antônio Júnior filho de Antônio é metido na prensa pelo Pastor, e assume a responsabilidade pelo roubo da escrivaninha do Pastor. Foi assim: No amanhecer do dia 11 o Pastor disse à esposa: “Já sei quem roubou o dinheiro da construção da escola, foi o Toninho e eu hoje vou ter a prova”. De manhã, escuro ainda, logo que o Braff terminou de falar à esposa, alguém bateu à porta; o Pastor levanta-se e vai atender o chamado; era o Toninho, vinha buscar um rolo de gravuras que seu pai havia deixado na 74 Biografia do Pastor Braff igreja; o Pastor o manda entrar e fecha a porta e põe o rapaz em confissão. Ele a princípio nega, mas diante da firmeza do Pastor, dizendo: “não abro a porta sem você confessar”, ele confessa assumindo a responsabilidade. O caso vai para a polícia e o Toninho é pressionado pelo delegado de polícia e confessa ter sido ele o autor do roubo. O pastor Braff vai em seguida a Campo Grande entregar o dinheiro ao tesoureiro da Missão que ordenou que entregasse ao Pastor em Três Lagoas. Dia 27 de setembro de 1961, diante de duas testemunhas devolveu o roubo. Dia 9 de outubro, o Pastor descobre que o construtor fugiu e vai à olaria e descobre que o construtor roubou 6.000 tijolos enquanto o Pastor estava viajando, vendeu o tijolo e deu no pé. Dia 10 leva o caso à polícia, mas não aparece nenhuma notícia, inclusive levou ainda sua bicicleta. No dia 21 batiza em Itajá, estado de Goiás, 3 candidatos seus ao batismo que haviam se mudado de Três Lagoas para Itajá, antes da data do batismo, enquanto o Pastor estava viajando. No dia 8 de novembro chega de Campo Grande uma comissão para atender as acusações contra a família Braff, e ele é intimado por ela a comparecer perante a União em São Paulo. Lá o Pastor faz sua defesa e prova a inverdade das acusações. O acusador termina reconhecendo sua falsidade e pede perdão; o Braff lhe promete perdão condicional, que não volte a caluniar, e ele não aceitou perdão com esta condição. O Braff recebeu carta branca da União para pacificar a igreja, e com isso em mente o Braff voltou a Três Lagoas. Procurou os revoltosos e propondo reconciliação, com exceção de uma velhinha, todos se regozijaram pela mensagem de paz. No dia seguinte começa a semana de oração dos adultos e encerra a semana com uma Santa Ceia; quase toda a igreja participou. O Braff, porém, pediu transferência de Mato Grosso à União. No dia 7 de dezembro de 1961 começou a instalação elétrica na escola. Dia 30 de dezembro o Pastor convocou uma comissão de nomeação. Sábado à noite a comissão elabora seu primeiro relatório que é impugnado pelo Antônio e domingo volta o relatório à Comissão de Nomeação, porém, como nenhum dos acusadores do Braff comparecesse à comissão, o relatório foi confirmado no dia 3 de janeiro de 1962. A família Corrêa da Costa ficou em silêncio, e dia 6 o pastor Braff deu posse à nova diretoria, sem participação da família Corrêa da Costa. Dia 16 de janeiro o Pastor viaja para Dourados para se certificar duma acusação, alegando estar a igreja de Dourados contra ele, e recebeu apoio integral daquela igreja. Fim de janeiro, as suas férias terminaram e volta a Três Lagoas; em fevereiro prepara material para uma campanha a fim de angariar fundos para terminar a escola, mas ninguém lhe dá apoio, e a 20 do corrente mês dirige à Missão um pedido de transferência de Três Lagoas; quer acabar com a desavença na igreja; a barra era pesada demais. O Braff venceu porque das acusações nada puderam provar. Não eram Adventistas que o perseguiam, mas os demônios que reinavam na Sã Doutrina. 75 Deus permitiu vir a prova (teste), mas não permitiu que o Pastor sucumbisse com ela. O pastor Braff tinha conhecimento que seu rival vivia em pecado, mas com as relações estremecidas não quis dialogar sobre o assunto para evitar maior choque. Quando uma ferida está muito irritada, não é friccionando-a que se cura e sim, aplicando um curativo, um penso na ferida. Porém, foi forçado a pedir uma sindicância por parte da União. O (furto) dinheiro que o adversário do Pastor tirou de sua casa 'devia' contribuir para a paralização da obra na escola; e aquele homem foi de queda em queda até a exclusão da igreja, o que o Pastor não queria, pois ele é uma alma por quem Cristo morreu; no fim foi um naufrágio moral e religioso, juntamente com seus comparsas iludidos. Em conseqüência o progresso da Igreja Adventista em Três Lagoas ficou empanado, e o trabalho do pastor Braff encerrado em Mato Grosso do Sul. No dia 1º de março de 1962 o Braff começou a escrever um livro sobre o amor. Trabalho que não concretizou, por estar aguardando uma oportunidade que não voltou mais. Dia 10 de março seu adversário procurou fazer amizade com o Braff. Foi bem recebido em sua casa e fez algumas visitas em companhia do Pastor, talvez com planos de fazer alguma cilada, mas Deus o protegeu. 76 Biografia do Pastor Braff 1962 a 1965 JOAÇABA - SC TRÊS GRANDES DISTRITOS 1962: 16 de abril - mudou-se para Joaçaba - SC, para pastorear três distritos. No dia 16 de abril de 1962 o Pastor foi de mudança para Joaçaba - SC, atendendo um chamado para pastorear 3 grandes distritos. Antes de o Pastor terminar a construção da escola adventista de Três Lagoas - MS; apesar de já estar em condições de transferir as reuniões do salão alugado para a sala de aula, e desalugar a casa de moradia, cujos donos não renovavam mais o contrato de aluguel, tanto da moradia como do salão de reuniões; veio um chamado de Santa Catarina para o Pastor, pastorear o Oeste do Estado. Eram 3 grandes 'distritos'. Dia 16 de abril de 1962, carregou a mudança para a estação da estrada de ferro e no dia seguinte viajou para São Paulo. Passa o sábado na sede da União Sul Brasileira e dia 22, domingo, segue para Joaçaba – SC. Os demônios da Sã Doutrina conseguiram afastar o servo de Deus de seu território. No dia seguinte, dia 23, o pastor Braff chegou à sede do novo campo. Joaçaba é uma próspera cidade do vale do Rio do Peixe em Santa Catarina. A família Braff hospeda-se em casa de Carlos Zukovski em Grafunda até chegar sua mudança de Mato Grosso do Sul, e de lá o Braff dirige as atividades pastorais na cidade, até dia 8 de maio. Então retira sua mudança da estação Herval Velho para a Rua Getúlio Vargas, 312 em Joaçaba, e dali, ele dirige suas atividades em 3 'distritos' com apoio amigo do Dr. Hoffman. Em Caçador fica o ministro licenciado Dorvalino Ribeiro e o 'distrito' de Chapecó com Herald Dicter Link e o distrito de Joaçaba com Manoel João Braff; (esses são) campos dos desafios gerais. Dia 25 de maio de 1962 tem congresso dos MV em Caçador. Com a parte ativa no programa No dia 28 voltou a Joaçaba e 29 seguiu para Lages, onde ficou recoltando e dirigindo um programa pastoral de 15 dias, em 19 de junho volta a Caçador. Os reformistas estão bombardeando Caçador e o Braff veio orientar a igreja contra a heresia da reforma, e no dia 29 confronta-se com os reformistas. No dia 10 de julho de 1962 começa a recolta até 1° de outubro, nos três distritos; recolta, Santa Ceia, batismos, e no dia 4 vai a Porto Alegre. 77 Batizou 12 pessoas na igreja central de Porto Alegre e no dia 6 tinha eleições: federal, estaduais e municipais. De volta ao seu campo de trabalho, o Pastor se prepara para uma série de conferências em Luzerna; em 28 de outubro tem início das mesmas; no meio da palestra em Luzerna o Braff recebeu ordem para procurar o salão Tangará para outra série naquela cidade; confia o encerramento das conferências e consolidação dos interessados a um pregador voluntário de Joaçaba. Após sua última conferência, dia 11 de novembro de 1962 o pregador voluntário vai ao salão das conferências e anuncia o fim das conferências e fecha o salão. O pastor, ao tomar conhecimento, segue para Luzerna, mas era tarde demais, ele tinha desalugado o salão, e abandonou totalmente os interessados. Foi um fracasso total. O DESAFIO Dia 20 de novembro de 1962 o pastor Braff encontrou um salão dependendo de uma reforma. Tudo preparado para iniciar a série no dia 15 de dezembro. Porém o inimigo é muito astuto: mandou um obreiro da reforma para atacar a igreja de Caçador e provocar o Pastor para uma polêmica para começar dia 9 de dezembro, durante uma semana. Os convites prontos e o salão dependendo de muito serviço ainda; fizeram contrato escrito. Os reformistas e os adventistas reunidos para assistir a pugna entre os dois contendores. Só valeria como prova a Bíblia e testemunhos autênticos e o que saísse fora desse trato o juiz mandaria parar e entregar a palavra ao outro, e ambos assinaram o contrato em duas vias com testemunhas. O pastor Dorvalino ficou alarmado. “E agora! As conferências?” O pastor Braff acalmou, dizendo: “não se preocupe, a polêmica não sairá; de acordo com o contrato ele já perdeu o confronto, ele foi desarmado antes da luta. Nestas condições ele não pode discutir, já está derrotado”; e o Braff foi dormir descansado na casa do distrital. Domingo, antes do amanhecer, alguém bateu à porta, o pastor Dorvalino levantou-se e abriu a porta, era Nelson do Prado, que vinha pedir para suspender a polêmica, porque ele não estava preparado, queria chamar um polemista de Curitiba ou São Paulo, mas veio especialmente anular o contrato. Os adventistas não concordaram; a polêmica sai hoje de acordo com o contrato, diziam eles. Nelson desesperou-se e pediu misericórdia e os pastores exigiram com dureza o cumprimento do que ele havia assinado, e fecharam a porta, no fim assinou sua incompetência para realizar a polêmica, então os pastores o deixaram sair. Nelson sumiu da cidade e a congregação reformista se esfacelou. No dia seguinte os pastores adventistas partiram para Tangará a fim de concluir os preparativos para a série de conferências. 78 Biografia do Pastor Braff Os reformistas não usaram testemunho autêntico para combater os adventistas porque examinando o contexto se descobre a farsa de seus argumentos e a tradução adulterada para acomodá-la ao sentido que eles querem dar em seus ataques, e além dos testemunhos violentados, eles se estribam em revistas, igualmente mal interpretadas, apresentam tudo torcido para a acusação. No dia 6 de janeiro de 1963, o plebiscito do sim ou não. Parlamentarismo ou Presidencialismo. Vitória do não; e o Brasil ficou com João Goulart, sob regime Presidencialista. As conferências em Tangará seguiam todas as noites até dia 12 de janeiro, quando Braff convidou toda a assistência para o culto divino sábado de manhã e dia 16 foi a última conferência. A assistência foi entregue a um jovem recentemente formado em Teologia, que não conseguiu segurar a assistência. Em conseqüência não deu o resultado que se esperava. O pastor Braff adoeceu e só dia 26 voltou às atividades no distrito. As conferências de Tangará enfrentaram dura oposição. A cidade e região era uma verdadeira fortaleza do romanismo por ser formado na maioria esmagadora de elementos de origem italiana, muito carola. Dia 4 de janeiro o padre dormiu ao lado do quarto do pastor Braff, provavelmente com intenção de agredir, mas Deus velava por seu servo. A esposa do prefeito do município era adventista e ele deu certo apoio moral às conferências, mas o povo, incitado pelo padre queria expulsar o pregador. Até o juiz se meteu na briga; publicaram boletins chamando o conferencista de falso profeta, enganador, lobo devorador; apesar de tudo, levantou ali uma igreja. O Pastor conseguiu um terreno e iniciou a construção do templo. Dia 10 de fevereiro de 1963 o Braff seguiu para as Bienais em Curitiba, especialmente para o concílio regional de obreiros que para lá foi convocado. TRABALHO INCONCLUSO DESANDA Após as férias, o Pastor recoltou em quase metade do Estado de Santa Catarina; recebeu um prêmio de mais bem sucedido recoltista da Missão. Encerrada a recolta começa a dar estudos e duas congregações evangélicas que haviam perdido a liderança e se dispunham a passar para outra denominação religiosa que os atendesse, filiaram-se a outro rebanho. Quando o Braff estava com uma congregação já decidida, iam começar a guardar o sétimo dia, sábado, chega uma ordem da Missão para auxiliar Harald Dicter Link em Xanxerê numa série de conferências que praticamente não deu resultado positivo. A outra congregação que o Pastor tinha começado a dar estudos e havia prometido passar filmes, e ia procurar um salão apropriado, onde o mais indicado era a escola; ficou de voltar logo para falar com a diretoria num dia de semana, pois domingo era dia 79 impróprio. Os chefes ali ficaram muito interessados nos estudos, prometendo dar todo o apoio à iniciativa, mas quando o Pastor chegou em casa, veio a ordem para viajar ao 'distrito' de Chapecó par auxiliar o Dicter em Xanxerê com urgência e o Braff seguiu imediatamente sem visitar as congregações, aquela que tinha decidido guardar o sábado foi entregue a um pregador voluntário de Joaçaba que abandonou os interessados e eles passaram para a Assembleia. Dos outros não teve mais notícias. O Braff teve uma experiência amarga em Mato Grosso do Sul por não atender uma ordem vinda da Direção do Campo e agora não queria repeti-la. No Mato Grosso do Sul não abandonou seus interessados em troca de uma série que não teve êxito, apesar de ser excelente o conferencista de quem seria auxiliar na sede de seu distrito. O Braff continuou seu trabalho com as pessoas que haviam despertado e batizou naquele ano seu recorde anual, ficando muita gente para o ano seguinte, mas caiu da graça de seus amigos e foi transferido de campo, o que não devia ter acontecido. Agora em Joaçaba, não perdeu o prestígio, mas perdeu mais de 50 almas que a Igreja Adventista deixou de acolher. Quando um obreiro tem um trabalho em meio caminho, a administração não devia tirá-lo sob hipótese alguma, sem concluir o seu trabalho. Esta foi a experiência amarga do pastor Braff em todo o seu ministério. Deixar o trabalho inacabado é um desastre para as almas que estão sendo encaminhadas; porque se os adventistas não recolhem ao redil, vêm outras igrejas fazê-lo e se perdem na voragem do engano, nas heresias do dragão. Se não for para terminar o trabalho, é melhor não começar! No fim do ano voltou a Joaçaba, mas era tarde demais. Não houve mais oportunidade de reaver o perdido. Os três distritos estavam sem assistência pastoral. Era necessário viajar sem perda de tempo para atender quase um terço do Estado. O pastor Braff não está aqui recriminando ninguém. Ele se sente culpado por todos os infortúnios em que não germinou a obra começada. Ele concordava em relatar seu trabalho em números para fins estatísticos, porém não escrevia o que estava fazendo. Isto prejudicou todo seu ministério. A administração não sabia de nenhum de seus empreendimentos, a não ser em Dourados, onde seu trabalho era bem conhecido por informação verbal. Para fugir do perigo da exaltação como das folhas da figueira que ostentava folhas e não frutos. Lucas11:12-14 e outras passagens como Mateus 23:12. “Quem a si mesmo se exalta será humilhado”. Porém o pastor Braff foi para outro extremo, o extremo da humildade exagerada, negando-se a publicar o seu trabalho para orientar a administração, mas o fez inconscientemente. Dia 2 de Janeiro de 1964 o pastor Braff oficia o casamento de seu amigo de Joaçaba, Udo Zucowski e dia 12 tira férias, dia 18 pega licença par tratamento de saúde. Dia 28 seguia para Bom Retiro para as Bienais. Pastor 80 Biografia do Pastor Braff Stacey, missionário americano foi ordenado ao ministério. De Bom Retiro o pastor Braff segue para o Ginásio Adventista de Taquara e suas férias encerram-se no dia 8 de fevereiro. Voltando a Joaçaba reinicia suas atividades pastorais. Dia 21 segue para Itapema, para um curso de pregadores voluntários no qual tomou parte ativa até o fim do mês. Dia 21 de março o Braff foi a Concórdia encaminhar um suposto penfigoso para levá-lo ao Hospital do Pênfigo em Campo Grande. Os médicos de Concórdia atestaram tratar-se de pênfigo, mas se tratava de psoríase. De Campo Grande o Pastor foi visitar seu filho Merlinton em Dourados. Chegou no Hospital do Pênfigo dia 4 de abril de 1964 com o doente. Dia 7 de abril foi preso em Dourados por suspeita de ser político partidário de João Goulart, presidente deposto a 1° de abril. Provada a sua inocência dia 10 foi libertado e dia 12 dá uma bíblia aos companheiros de prisão e dois dias depois segue de volta a Joaçaba. CHAPECÓ - SC 1964: 21 de abril - mudou-se para Chapecó -SC "com muita chuva". No dia 21 de abril de 1964 o pastor Braff segue com a mudança para Chapecó - SC com muita chuva. A mudança (componentes da casa) ficou em Xanxerê. Dia 23 descarrega a mudança e dia seguinte vai a Tangará para inaugurar a igreja que começara logo após a série de conferências. Ao termino das conferências, foi arranjado o terreno, depois o dinheiro, material, as bases para a construção e mão de obra. Quando o Pastor saiu do distrito, a igreja estava pronta para ser inaugurada. Dia 4 de maio o Braff seguiu para Porto Alegre atendendo chamado de seus familiares. De volta dia 9, inicia uma semana de oração para a mocidade de Videira. Finda a semana de oração batiza em Xanxerê. Dia 20 de junho inaugura a igreja de Chapecó, ainda inacabada; termina a obra e em 11 de julho realiza uma semana de oração na igreja, já em condições de ser usada. Dia 26 de julho começa a pintura da igreja, e a sete de agosto começa o aplainamento do terreno da igreja e a pintura da igreja pelo lado de fora. Para terminar faltou verbas. Dia 3 de setembro de 1964 tem início em Videira um curso de obreiros voluntários, onde o Pastor lecionou doutrinas. Dia 7 finda o curso e inicia a recolta em Chapecó, e é suspendida em seguida por motivo de ser um tempo muito chuvoso. O pastor Stacey volta a Florianópolis e o pastor Braff só pode recomeçar a recolta dia 12 de outubro e suspende-a para viajar a Porto Alegre dia 22; dia 27 volta a Chapecó e trata de remover a terra dos fundos da igreja, e conclui a pintura do templo. Dia 9 de dezembro recomeça a recolta e encerra no dia 18. 81 Dia 22 de dezembro de 1964 o Pastor dá início à construção da escola nos fundos da igreja adventista de Chapecó, e dia 28 vai a São Paulo, ao IAE, para a assembleia da União. Dia 1° de janeiro de 1965 começa o concílio de obreiros e dia 7 volta a Chapecó, lançando-se na obra da construção da escola no fundo do terreno da igreja. Dias 28 e 29 de janeiro de 1965 foi realizado em Itapema um encontro de obreiros, onde o pastor Braff esteve presente. Dia 2 de fevereiro voltou a Chapecó e iniciou suas atividades; comprou o resto da madeira que faltava para a construção da escola, sem auxílio da Missão, mas do seu bolso e alguns donativos de fora. Construiu a escola, sala de assistência social e moradia do zelador. Houve distribuição de roupas aos pobres fichados na Sociedade de Dorcas. Além das visitas, continuou também a construção. Dia 16 de fevereiro o Pastor seguiu para Porto Alegre e dia 20 visitou o núcleo espírita de sua mocidade e encontrou na vila espírita uma escola sabatina. DESCONSTRUÇÃO DE MAL-CONSTRUÍDO A 6 de março de 1965 o técnico da construção abandonou o serviço, abandonando também a igreja e toda a construção da escola adventista de Chapecó, que era de madeira e estava ameaçada de cair. O Braff, quando chegou de viagem foi ver a construção e estava começando um vento meio forte e a casa ia caindo. Por sorte, passava no exato momento um carpinteiro que o ajudou a escorar a casa. E agora! Dinheiro não tinha mais, e mesmo com escora a construção ameaçava cair. Ficou sozinho para destelhar a casa e desmanchá-la até o alicerce. Estava tudo errado; o alicerce não tinha estrutura para suportar o peso da casa e, o “adventista” técnico em construção foi para o espiritismo. A RECONSTRUÇÃO Depois de demolir tudo, o Braff sozinho com sua esposa teve que reconstruir com base funcional sem auxilio de ninguém, além de sua esposa. Trabalhava do romper da aurora até noite. Com auxilio de luz elétrica ia até 10, 11, ou até meia-noite, sem descansar ao meio dia porque não podia deixar de atender os 3 distritos. Dia 24 de abril de 1965 começa uma semana de oração em Maravilha, e dia 8 de maio lança no ar a Voz da Profecia em Palmitos aos domingos das 12 às 12;30 horas. A 9 de junho começa a recolta e encerra dia 14 de outubro com intervalos para atender o trabalho pastoral nos 3 distritos. No dia 20 de agosto aconteceu uma forte nevada e a maior enchente que o Pastor viu. As águas levaram a vila de Porto Goioem, deixando a igreja católica e mais duas casas perto dela. Dia 25 de agosto de 1965 a casa do zelador da igreja e escola de Chapedó foi ocupada por um interessado “(no pão e no peixe)”; mais tarde 82 Biografia do Pastor Braff teve que ser despejado, mas as dependências da escola estavam concluídas. Em 16 de outubro o Pastor foi a Caçador para a inauguração e dedicação da igreja-monumento da Obra Adventista naquela cidade. Dia 20 de novembro de 1965, teve polêmica com um servo itinerante das Testemunhas de Jeová, depois derrotado, passou a pregar que Cristo e o Pai são o mesmo. O Pastor carrega a mudança (móveis e utensílios de casa) para Criciúma, litoral de Santa Catarina no dia 15 de dezembro e dois dias depois se despede da igreja de Chapecó, e dia seguinte despede-se da igreja de Xanxerê e a seguir parte para Porto Alegre e dali para Criciúma. Não encontrando casa para alugar, o Pastor leva a mudança para Tubarão e depois volta a Criciúma a procura de casa. 83 1965 a 1969 CRICIÚMA – SC ADOÇÃO DOS NETOS No dia 4 de janeiro de 1966 o pastor Manoel João Braff encontrou um apartamento num prédio no centro da cidade de Criciúma e no dia seguinte levou sua mudança para esta cidade do Sul de Santa Catarina. O pastor Braff entregou o distrito onde atuava, no Oeste do Estado, ao pastor Brisolar Jardim. Sua responsabilidade no novo campo de trabalho, passou a ser das proximidades da capital até a divisa com o Rio Grande do Sul, e do litoral ao alto da serra, região de São Joaquim e Lages. Com três climas diferentes; muito frio, muito quente e clima marítimo. Ao passar por Porto Alegre, vindo de Chapecó para Criciúma, o pastor Braff encontrou dois de seus netos abandonados pelo pai. Seu filho Menalton e sua nora tinham viajado a procura do sogro e Menalton tinha desaparecido perseguido pelas complicações políticas relacionadas com a tomada do poder pelo Exército em 1964. Os netos do pastor Braff estavam em casa do avô materno provisoriamente sem condições mínimas de ficarem ali e o pastor Braff os recolheu para a sua casa. Levou consigo Malton Heckler Braff e Mirna; Marisa, a sua mãe havia levado consigo. Depois de uma semana, chegou Lorena, a nora do Braff, trazendo a caçula Mariza, e o Pastor ficou com a nora e os netos desvalidos, tornando-se uma carga muito pesada para seus parcos recursos disponíveis. No dia 10 de janeiro de 1966 o Pastor seguiu para São Paulo para oficiar o casamento de seu filho Malton na igreja central paulistana; dia 11 realiza o casamento de Malton João Braff com Dirce Martins. De volta segue para Blumenau para as Bienais, fica com o sermão: “Justificação pela Fé e redenção” para o encerramento das Bienais e tomou parte na ordenação ao ministério do pastor Geraldo Dicter Links no dia 15 de janeiro. No dia 17 o Pastor foi a Itapema e dia 18 foi ao Concílio de Obreiros; dia 20 voltou a Criciúma. No dia 17 de fevereiro de 1966 o Braff entrou em férias, só no papel; apenas uns dois dias, foi à praia com a família, sem se afastar do serviço na igreja. Nas férias, as viagens ficam por sua conta, e só nos casos urgentes. Dia 1° de maio muda-se para uma casa velha, a muito abandonada. Com a reforma deu para morar uns tempos, até 12 de abril de 1967, quando a fossa estourou e o Pastor teve que mudar-se, porque não havia espaço para fazer outra fossa e os proprietários preferiram desativar a moradia e abandonar a casa. 84 Biografia do Pastor Braff Lorena, a nora do pastor Braff, em 29 de maio de 1967, quando o Pastor estava viajando, provavelmente ela estava embriagada e deu um escândalo na casa do Pastor; armou-se de revólver, prometendo matar os filhos, deu um tiro, mas não acertou ninguém e um vizinho a desarmou e levou o revólver. Quando o pastor Braff chegou em casa a tenção era grande. O Braff pediu que ela deixasse os filhos com ele e voltasse aos seus parentes em Porto Alegre, e fosse viver a vida dela naquela cidade; deu algum dinheiro para a viagem e a despediu. Logo soube que ela levava uma vida desregrada. Ela estava corrompendo a família do sogro que lhe estendeu a mão. Satanás ainda continuava perseguindo sua família. LAODICÉIA O pastor Braff dirigiu semana de oração em Tubarão, Criciúma, Imbituba e Florianópolis com ótima frequência e quando dirigia a semana de oração em Florianópolis foi desafiado para uma polêmica com um reformista da capital, sobre a guerra e outros temas. O Braff provou que o envolvimento da guerra da Alemanha, onde jovens adventistas engrossaram as fileiras combatentes alemãs, foi provocado pelos separatistas da época, provocando uma crise na igreja para justificar sua rebelião contra o Corpo organizado de Cristo. Eles fundaram um movimento separado, o Movimento da Reforma, e que até agora o mesmo espírito impera entre eles, é o espírito da guerra espiritual e como prova disto o Braff apresentou a guerra que eles estavam movendo contra a Igreja Adventista do Sétimo Dia. A verdade surgiu com Laodicéia em 1844 e esta igreja continuará com a verdade até a volta de Cristo. Laodicéia é a sétima igreja de Apocalipse e não haverá uma oitava. A sétima será transladada. Laodicéia é um rebanho misto, escrito por Cristo como sendo formado por trigo e joio que deverão crescer juntos até o final da colheita, por ocasião da volta de Cristo quando o joio será destinado ao fogo e o trigo recolhido no celeiro celestial. Esse é o motivo do julgamento, o rebanho misto. A igreja de Laodicéia está sendo julgada desde 1844. Desta igreja somente se salvarão os que aceitarem os conselhos da Testemunha Fiel que é transmitido por seu conselheiro, o anjo da igreja. Só a igreja verdadeira tem o anjo ordenado por Deus. Se o rebanho é opositor, o anjo também o é; não são mensageiros de Cristo. Defeituosa, necessitando ser admoestada e aconselhada, a igreja é, não obstante, o objeto do cuidado de Cristo. “Não podemos agora entrar para qualquer organização nova, pois isso significaria apostatar da verdade”. Test. Seletos págs. 362 e 263. Satanás é o acusador de nossos irmãos. Apoc. 12:10. Mensagem da irmã White; “Porque é que não apresentam aquilo que por anos tem sido a preocupação de minha mensagem – Unidos da Igreja? Porque não aceitaram as palavras do anjo: uni-vos, univos, uni-vos?” Test. Sel. Vol. 2 pag. 360. “Deus tem uma igreja, e ela tem um ministério designado por ele”. Idem pág. 357. A Reforma não tem um 85 ministério ordenado. Um leigo não pode ordenar ministro. E com muitas outras provas o Edson, reformista, retirou-se. No segundo dia veio um outro reformista discutir sobre a expiação, Saulo Carpes, afirmando que a Igreja Adventista mudou os marcos da fé, no tocante à expiação. Diz ele: “A Igreja Adventista afirma atualmente que a expiação foi feita por Cristo na Cruz. E O. L. Crosier, pioneiro da Igreja Adventista, (segundo os reformistas) afirma que, no calvário, não houve expiação, mas apenas o sacrifício do cordeiro de Deus”. Crosier apostou e não merece crédito e o Espírito de Profecia prova o contrário. “O sacrifício de Cristo em favor do homem foi amplo e completo, portanto pagou o preço”. Atos dos apóstolos pág. 29. “Cristo ofereceu-se em sacrifício, sendo Ele mesmo o cordeiro, Ele mesmo a vítima”. Idem pág. 33. Jesus havia entrado com o seu próprio sangue, a fim de derramar sobre os discípulos os benefícios de Sua expiação. Escritos pág. 260. “Em assumir os pecados do mundo inteiro demonstrou Cristo a sua infinita suficiência. Assumiu a dupla posição, de ofertante e de oferta, de sumo-sacerdote e vítima”. Méd. Matinal de 1959 pág. 105. E Saulo Carpes entregou-se também. O Braff explicou que expiação e purificação do Santuário é um fato com dois efeitos diferentes. Expiar é pagar a pena, o pecador ao oferecer a vítima estava transferindo o seu pecado para o Santuário e não pagando o preço. Para remover o pecado do Santuário é que se fazia a expiação que simbolizava o preço que seria pago no futuro e a remoção do pecado do Santuário Terrestre para o Santuário Celestial; isto era a purificação do Santuário Terrestre. O sacrifício de Cristo foi uma Expiação completa, mas não removeu o pecado registrado no Santuário Celestial. Se o registro do pecado no Santuário Celestial tivesse sido removido, não haveria base para o juízo e nem razão para o julgamento. O julgamento remove a culpa, absolvendo ou condenando o infrator; a expiação paga o preço para que este seja removido. Cristo pagou o preço completo na cruz para no futuro, por meio de julgamento remover a sujeira com que Satanás contaminou o Céu e a Terra. No julgamento o réu, ou é condenado ou é absolvido: se condenado vai expiar seu próprio crime. Se absolvido; ou não existiu crime e a culpa volta para o causador, ou o crime é justificado, passando a responsabilidade para quem o justifica. Cristo o homem, pagou a penalidade que pesava sobre Ele. Desta maneira Ele está derramando “sobre os discípulos os benefícios de Sua expiação”, ao purificar o Santuário Celestial. Braff aceitou o desafio para esclarecer nossos irmãos do perigo do espírito separatista que tem assolado várias igrejas em nosso país. Se alguém não estiver preparado para enfrentá-los, eles embrulham mesmo. Porém, com uma carrada de outras provas, o pastor Braff desbaratou os perturbadores dos irmãos assistentes. 86 Biografia do Pastor Braff Terminada a Semana de Oração de Florianópolis no dia 19 de julho de 1966, começa a campanha da recolta. Dia 19 de julho de 1966 Braff partiu para a recolta e recoltou até 27 de setembro com interrupções para atender os trabalhos pastorais. Dia 20 de agosto, sábado à noite, o Braff proferiu um sermão evangélico em Morro Grande, perto de Tubarão. Teve boa frequência, mas não pode continuar. O distrito dilatou-se até Lages e Bom Retiro, campo extenso demais para um pastor supervisionar classes batismais, santa ceia, e solucionar problemas das comunidades. Era um distrito muito grande, não sobrava tempo para um trabalho pessoal com os interessados, quanto mais com os de fora, alheios à nossa fé, onde se depende de tempo para convencer e converter. CRISE DE ESTÔMAGO 1966: 18 de outubro adoeceu do estômago. Desde o dia 18 de outubro de 1966, Braff adoeceu do estômago, doença que se prolongaria por muitos anos. Dia 11 de novembro, ele partiu para Porto Alegre - RS, aí fez todos os exames médicos, constatando-se problemas com vermes e nervos. 1966: 15 de dezembro - foi de mudança para Criciuma – SC. Depois de visitar os parentes, dia 25 de novembro voltou a Criciúma e continuou com as visitas pastorais na sede e no distrito (composto de diversos municípios), pregando, dando estudos, batizando, dando Santa Ceia e oficiando casamentos. Não tinha tempo para atender devidamente a família. Dava a Ceia em separado para as famílias isoladas, procurando levantar ali uma nova congregação. Entre famílias isoladas, grupos e igrejas, o pastor Braff atendia 40 núcleos adventistas. Isto além das cidades em que só recoltava. Sempre por meio da recolta procurava achar alguém que tivesse o interesse da Verdade para dar estudos bíblicos. A 12 de janeiro de 1967 o Braff foi assistir o congresso de obreiros para uma nova arrancada em 1967, e dia 22 de janeiro vai à Cangoerí para comprar um terreno na vila para construir uma igreja, fica encaminhado, mas não decidido. Em Imbituba o Pastor luta com o fanatismo, e em 9 de fevereiro entrou em férias, logo seguindo para o seu Estado natal. Visitou as filhas e dia 18 a crise de estômago o atingiu. Dia 4 de março findaram as férias e o Pastor entrou em ação. A 23 de março de 1967 seguiu para as bienais em Bom Retiro, praticou alpinismo escalando o monte Trombudo donde ficou 87 encantado com a visão que o cume daquele monte oferece. Apesar disso, dali a três dias a crise de estômago o atingiu. Quando ia aliviando a crise, partiu para a visitação com todas as atividades pastorais. TUBARÃO Nesta época de crise estomacal o Pastor mudou-se de Criciúma para Tubarão – SC. Dia 31 de março de 1967 O pastor Braff reiniciou suas atividades com tempo chuvoso, e a chuva engrossou de tal maneira a fossa no fundo da sua casa que irrompeu no pátio, muito fedida, não dando para canalizar a não ser para o vizinho do fundo, que não permitia a passagem do canal por sua propriedade e declarou que daria parte às autoridades sanitárias, e o proprietário da casa negou-se a resolver o problema: “ou canaliza o esgoto ou sai da casa”. Então o Pastor decidiu mudar-se de cidade, porque não havia casa de aluguel disponível em Criciúma. Havia um homem abastado em Tubarão, amigo dos adventistas, o qual havia oferecido uma de suas casas ao Braff se ele quisesse se mudar para Tubarão, mas o Pastor agradeceu gentilmente a oferta. Não dispensou, mas não prometeu nada. A sede do Distrito estabelecida pela Missão era Criciúma e nesta cidade o Pastor devia morar. Porém quando se viu na rua, sem casa para morar, lembrou-se da oferta em Tubarão, e imediatamente foi falar com Fernando Genovês, o capitalista de Tubarão, fechando o negócio. 1967: 12 de abril - mudou-se de Criciúma para Tubarão – SC. No dia 12 de abril de 1967 o Pastor mudou-se com a família de Criciúma – SC para a 'cidade azul'. Mudou a sede, mas não o distrito. Porém o trabalho com os alheios à igreja adventista ficou um tanto estagnado, mas em compensação a igreja de Tubarão se projetou, passando logo de congregação para igreja organizada. A 23 de abril Braff parte para a recolta no Oeste do Estado. Vai a Porto Alegre e dia seguinte segue para Chapecó e ali começa a recolta do ano em seu ex-distrito, com Brisola e Jardim. Em Caçador, enquanto recoltou na cidade, o Pastor fez trabalho pastoral e uma semana de oração, foi uma semana intensiva, encerrando-a com batismo e Santa Ceia em Videira. Depois Braff seguiu para Curitibanos, fez recolta e deu Ceia para uma pessoa apenas. No segundo dia seguiu para Lages. Em Lages recoltou e deu Santa Ceia, e assim era o seu trabalho. Nas cidades que não tinham pastor ordenado, o Braff aproveitava a visita para atender a todas as necessidades locais. Na Fazenda São Paulo começava uma congregação no dia 17 de junho de 1967 e o Pastor fez os planos da construção de uma capela de madeira para aqueles irmãos isolados. É que a sala que o Pastor conseguiu para uma mini-série de conferências não 88 Biografia do Pastor Braff servia de capela. A família da casa ficou interessada, mas a sala era pequena e não muito apropriada e daí a campanha pela construção. O pastor Braff fundou uma Escola Sabatina em São Joaquim com uma família adventista e alguns familiares de ex-adventistas. Porém sua saúde era precária. A 27 de outubro encerrou a campanha da recolta em São Joaquim. Por motivo ignorado deixou de relatar parte de setembro e todo o mês de outubro, possivelmente extraviou-se o histórico (manuscrito). ACIDENTE Em novembro e dezembro de 1967 o Pastor intensifica as atividades pastorais e dia 1° de janeiro se 1968 ele partia de férias para a sua terra, no Rio Grande do Sul. No princípio de fevereiro volta às suas atividades e logo segue para o concílio em Ipanema. De volta visitou o 'distrito' solucionando problemas, dando Ceia, preparando candidatos ao batismo e oficiando casamentos. Veio logo a época da recolta e seu campo de ação foi muito extenso. O pastor Braff recoltou até o dia 12 de agosto de 1968. Neste dia estava recoltando de bicicleta em Tubarão, saiu de manhã para o trabalho e ao atravessar uma rua movimentada da cidade, veio uma Kombi, contra a mão e em alta velocidade chocou-se contra a bicicleta, com quem vinha pedalando. Com a violência do choque o Pastor foi lançado a uns dez metros, sendo socorrido e transportado ao hospital, e foi constatado que estava com a clavícula partida, costelas fraturadas e escoriações diversas. Porém, o mais importante é que saiu com vida. O anjo assistente o socorreu a tempo, poupando-lhe a vida. Ficou hospitalizado vários dias e a bicicleta ficou destruída, sem conserto. O Braff ficou encostado no INPS (atual INSS) por um mês e depois repetiu o benefício por mais um mês. Enquanto estava se curando do choque, os lobos atacaram o rebanho a ponto de já estarem dispersando as ovelhas de Jesus, que com tanta luta o Pastor havia levado para o redil. Logo que melhorou reiniciou o trabalho pastoral. LÍNGUAS ESTRANHAS O pastor Manoel Braff encontrou a congregação de Araranguá invadida pelos tais lobos “chilreando e murmurando”, Isaias 8:19, um som sem sentido, tanto para quem emite o som, como para quem o ouve e, ao chilrear entre dentes chamam de língua dizendo ser um dom espiritual. Isaias diz claramente que se não trata dum dom de Deus. Se for um dom espiritual, o chilrear, som de significação totalmente desconhecida, o profeta adverte contra o seu surgimento. “Então quem lê atenda, porque é do opositor”, mas logo que o Pastor chegou, confirmou na fé adventista a quem estava dando crédito aos que tinham lábios doces, mas no coração era guerra constante contra o rebanho do Senhor, constatando-se que as ovelhas bem alimentadas não deixam o rebanho. 89 Há os que abandonam o rebanho por darem mais importância à carne do que a Deus ou por interesses particulares, além da incredulidade, mas a incredulidade é movida pela negligência na alimentação espiritual ou alimento indigesto fornecido pela dispensa da mentira, adquirida no mercado do engano. Os atacantes esquivavam-se de confronto com o Pastor e desapareceram. Os membros da igreja e os interessados que estavam estudando, voltaram ao estudo e se alinharam. Logo depois, estendeu a rede do evangelho ao Sombrio, município visinho, ao Sul, limitando-se com Torres, praia gaúcha. No Sombrio o Pastor fundou mais uma escola sabatina. Usou um membro, Sálvio, recém convertido para os primeiros contatos com amigos seus. Logo que se abriu o caminho, o Braff entrou com filmes e estudos das doutrinas da igreja organizando ali mais uma congregação dos servos de Deus, já no fim de 1969, pois não foi fácil o trabalho naquela cidade. Esta congregação surgiu uns dois ou três quilômetros da cidade, no sítio. Foi um trabalho demorado, mas valeu a pena, e o irmão Sálvio conservou o interesse dos novos conversos. No dia 12 de janeiro de 1969, o Pastor viajou para São Paulo e de lá para o IAE. Eram as Quadrienais da União Sul Brasileiro da IASD (Igreja Adventista do Sétimo Dia), Dia 14 foi votada a nova diretoria da Casa Publicadora Brasileira (adventista) e dia 16 os oficiais da União Sul Brasileira. No dia seguinte, 15 de janeiro de 1969 chega o pastor Cleeveland da Associação Geral. Ele dirigiu um Concílio de dois dias e após, o pastor Braff voltou a Tubarão. No dia 27 o Braff entrou de férias e foi assistir a campal no IACS em Taquara. No dia 14 de fevereiro terminaram as férias e o Pastor voltou a Tubarão, seu campo de trabalho. Dia 17 de fevereiro segue para o concílio de obreiros em Itapema. De volta, visita todo o distrito para ver como estavam os irmãos, dar Santa Ceia e resolver problemas para evitar a apostasia. Em 14 de abril de 1969, teve audiência de seu acidente em agosto do ano anterior e segunda audiência no dia 18 e as testemunhas condenaram o agressor e ele fugiu sem deixar endereço. Dia 3 de maio o Pastor foi a Araranguá e encontrou reformistas dirigindo a Escola Sabatina. Eles evitaram encontrar com o pastor Braff e fugiram. FAMÍLIA No dia 24 de maio de 1969, Milda e Marli deixaram Porto Alegre em direção a Santana do Livramento e dali para o Uruguai, Argentina e o mundo das ilusões. Seu pai não conseguiu mais encontrá-las; triste, desconsolado voltou para casa. No dia 9 de junho de 1969 o pastor Braff lançou no ar a Voz da Profecia em Criciúma. Em 7 de agosto teve congresso de jovens em Joinvile. Dia 10 de agosto o Pastor voltou a Tubarão para as suas atividades pastorais. Dia 27 de agosto o Braff tira uma semana de férias para atender problemas da 90 Biografia do Pastor Braff Marli, sua filha, que não suportando a viagem de hippies, voltou doente a Santa Maria, buscando o socorro de seu irmão médico Milton. Ela foi operada e ficou boa, mas não voltou mais à vida errante de hippies, então voltou à companhia de seus pais. Em princípio de junho de 1969 começou a campanha da recolta em Laguna e a 6 de novembro foi o encerramento. Uma Junta Militar assume o governo da República, com três ministros militares no dia 31 de agosto. E fica a pergunta: Costa e Silva está doente ou foi golpe? Poucos dias depois a notícia do falecimento de Costa e Silva. A esposa dele diz que o mataram. 91 1969 a 1973 APOSENTADORIA MANOEL BRAFF – 59-60 DE IDADE 1969: Setembro - o Pst. Ardoval Scevani qeria que o Pst. Braff pedisse aposentadoria, Pst. Braff ficou angustiado com a proposta e continuou trabalhando embora doente. Em setembro de 1969 o pastor Ardoval Schevani quer que o Braff peça a aposentadoria, mas ele se recusa e exige explicação. “Pastor Braff, o senhor está com o salário no teto” foi a explicação. O pastor Braff, a pesar das crises estomacais que tivera quando morava em Criciúma, agora se achava em plena forma para o trabalho. Ficou descontente com o presidente e continuou trabalhando. Logo comprou um jeep e dia 2 de outubro de 1969 começou a andar com ele. Começou o trabalho em Capivari, mas não deu resultado imediato. Dia 14 de novembro organiza o trabalho em Sombrio. Funda uma Escola Sabatina com os observadores do sábado que haviam decidido, após uma série de palestras que o Pastor dirigiu no sítio. Dia 19 de dezembro de 1969 ele viajou a Blumenau para batizar ali em Gaspar Alto – primeiro núcleo adventista no Brasil – e Lageado Baixo. Batizou 18 almas nos três lugares. Só em dezembro praticamente alcançou o alvo além do que batizara nos outros três meses. Teve três estações de rádio irradiando o programa A Voz da Profecia. Em 1970, 8 de janeiro, o pastor Braff foi para Bom Retiro para as bienais da Missão. O pastor Ardoval Schevani perdeu a linha quando o pastor Henrique Berg foi eleito presidente em seu lugar e saiu magoado com a assembléia. Mas não havia razão para isso. Ninguém é insubstituível. Por isso o homem deve fazer o melhor onde está trabalhando, porque na administração é necessária de vez em quando uma troca de chefe, especialmente quando surge alguma incompatibilidade com seus companheiros na seara para que os ceifeiros sintam-se livres para fazerem a colheita. Porém, no fim tudo deu certo. O pastor Ardoval foi trabalhar noutro setor mais favorável. Foram ordenados ao ministério três novos pastores. Um departamental, o tesoureiro e um distrital. Dia 29 de janeiro de 1970 o pastor Braff entra de férias de seis dias para atender a visita dos filhos, voltando ao trabalho após a partida deles, mas só até o dia 12 de fevereiro, quando entrou em férias novamente, terminando 92 Biografia do Pastor Braff dia 27. Neste curto período, fez uma visita relâmpago a todos os seus familiares no Rio Grande do Sul. Chegando de volta a Tubarão, entra em ação no último dia do mês, sábado, e continua sua programação de visitas ao distrito. Dia 5 de março de 1970 reúne-se com o presidente Henrique Berg para a reforma da igreja de Laguna que estava num feio aspecto. A igreja tinha poucos membros e todos muito pobres. Não dispunham de recursos para a reforma do prédio, e a Missão se prontificava a ajudá-los. Depois o presidente acompanhou o Braff em várias visitas às igrejas do distrito. Um irmão ficou doente e o pastor Braff teve que levá-lo ao Hospital São Pedro no dia 31 de março, internando-o no hospital dos débeis mentais. Dia 6 de abril o Pastor reúne material para a reforma da igreja de Laguna. Dia 17 de abril de 1970 ele começa a reforma da igreja de Laguna. Em 29 de abril Milton Kuntz muda-se para Tubarão, deixando o Ginásio Adventista de Taquara. O pastor Braff dirige uma semana de oração dos MV em Criciúma. Um pastor da Igreja Brasil Para Cristo interessou-se e no fim da semana pediu o batismo. A 18 de julho foi batizado. Dia 23 de maio Milton Kuntz foi rebatizado. A VOCAÇÃO DA PROFESSORA Dia 1° de agosto de 1970 o tesoureiro de Araranguá desaparece e o Pastor retira a tesouraria de sua casa. Dia 4 de agosto o pastor Braff parte com Zaft a Rio do Sul para solucionar problemas muito delicados: uma professora da Escola Adventista desentendeu-se com a diretora da escola e havia prometido abandonar a igreja. Outros pastores, inclusive o presidente procuraram falar com ela, mas a professora não atendia ninguém, só pedia a exclusão da igreja. O Braff acompanhou o Zaft para falar com a moça. No princípio ela mandou dizer que não queria conversar com o pastor adventista, mas o Braff disse que tinha vindo falar com a professora, e não sairia da casa sem falar com ela. Ela porém resistiu, mas o Braff insistiu até que a professora capitulasse. Então ela apareceu e depois de descarregar todas as suas queixas, o Braff convidou-a para sair daquela escola e entrar na obra bíblica como obreira para ajudar em séries de conferências e ela terminou acompanhando os pastores para Florianópolis e lá foi confirmada a mesma oferta. Ela amansou e sentiu o que é o amor ao próximo. Começou o período de recolta dia 7 de julho de 1970 e terminou 28 de outubro. No dia 23 de outubro teve congresso MV em Florianópolis. O Dr. Sigfrid Hoffmann desempenhou papel saliente na programação Maranata. No dia 31 de outubro foi organizada a igreja de Tubarão, o pastor Henrique Berg dirigiu o programa. Rudy Weidle foi o secretário e a tarde o pastor Braff batizou 6 pessoas para comemorar a data e dirigiu a comissão de nomeações. Foi ordenado o ancião Lavroyd e o diácono Sigfrid Rutz. A benção de Deus se fez presente no ato. 93 CARGA EXTRA O pastor Berg seguiu com o pastor Manoel para Araranguá para decidir a questão do velho e desativado hospital que se oferecia o material para quem o demolisse e limpasse o terreno. No dia 2 de novembro de 1970 os pastores assumiram o compromisso da demolição e aproveitamento do material; e dia 4 o Braff levou de tubarão um pedreiro para ajudá-lo a desmontar o prédio; dia 8 ele empregou mais 3 homens de Araranguá. Enquanto isso, o Braff atende a construção de Laguna também. Entre uma cidade e a outra há quatro municípios, portanto, longe uma cidade da outra e ambas as construções com tempo limitado para a sua execução. O pastor Manoel Braff levou um pedreiro para Laguna e determinoulhe a tarefa e correu para levar outro a Araranguá, e ficou com ele ali fazendo o trabalho; ali o trabalho era mais árduo e o tempo mais curto. A prefeitura limitou o tempo e o Braff tinha que se virar trabalhando de dia e às vezes até à noite para atender inclusive o trabalho pastoral, “sem deixar a peteca cair”. Porém, quando o trabalho é demais, nenhum trabalho sai bem feito, e o evangelismo foi prejudicado. No dia 24 de novembro de 1970 a esposa do Pastor recebeu a menina Claudete do Nascimento Bento com dois meses e seis dias de idade e abandonada pelos pais. Chegando em casa o pastor Braff levou-a ao cartório e fez a adoção. Dia 3 de dezembro o Braff seguiu para Santa Maria – RS, em companhia de sua esposa dona Mercídia, para assistir a colação de grau em medicina de seu filho Milton, passando o sábado em Santa Maria e no domingo viajou a Porto Alegre – RS. Já de volta a Araranguá, no dia 7 recomeça a demolição do hospital, enquanto dona Mercídia segue para Tubarão. APOSENTADORIA IMINENTE 1970: 31 de dezembro - último dia de trabalho antes da aposentadoria, mas queria completar o tempo para aposentadoria pelo INPS. Para Manoel João Braff, o dia 3l de dezembro de 1970, foi o último dia de seu ministério como pastor distrital, deixando em Araranguá uma nova congregação organizada e seu templo em vias de construção; uma nova congregação em Sombrio, Sul de Santa Catarina; uma igreja ampliada e reformada em Laguna, afora pequenos redutos como Capivari, São Defende, Cangueri, Fazenda São Paulo, que cresceram; Siderópolis e muitas outras menores que ninguém cuidou, e delas não teve mais notícias. 94 Biografia do Pastor Braff O Braff não queria se aposentar porque temia perder parte de seu trabalho que ainda não estava bem concretizado. Com o envolvimento nas construções, não pôde 'regar as plantinhas que morreram de desidratação'. O Braff deixou tanta coisa por fazer que se tornou inconsolável; em seu trabalho não sobrava tempo para atender a família; sua esposa o acusava de não ter tirado tempo para atender a família, e por isso, vários de seus filhos se desviaram da caminho da salvação. Mesmo trabalhando quase noite e dia, o pastor Manoel não pôde se sentir realizado no seu trabalho, porque procurou atender uma tarefa além de suas possibilidades, resultado: Não pôde atender todos os compromissos como cada caso exigia e por falta de assistência devida a cada novo endereço que recebia, as almas ficavam para trás; quando estava quase concluindo uma turma, nova tarefa, novo setor; era obrigado a deixar as almas em meio caminho, e caiam na voragem do engano. Estas recordações pesaram tão profundamente em sua consciência que o velho pastor não suportava a idéia de uma aposentadoria sem que ficasse garantida a sua substituição. O Pastor decide que mesmo estando aposentado continuará o trabalho por conta própria. Porém, é aconselhado a deixar suas atividades pastorais. O Ancião da igreja deveria ocupar o seu lugar e ele que fosse para as praias. Isto para o Pastor era um golpe insuportável. FÉRIAS PRÊMIO 1971: 01 de janeiro - aposentado, dia de chuva. 02 de janeiro - pregou na igreja e fez duas visitas de serviço, apesar da chuva, contou seis meses como tempo de férias prêmio. Dia primeiro de janeiro de 1971, foi seu primeiro dia de pastor aposentado, um dia de chuva que não deu para fazer nada. Dia 2, sábado ele pregou na igreja e fez duas visitas apesar da chuva. Sua aposentadoria foi precedida por seis meses de férias prêmio. Diminuiu suas atividades. 1971: 07 de janeiro - visitou os parentes do Rio Grande do Sul. No dia 7 de janeiro de 1971 o Braff foi visitar seus familiares no Rio Grande do Sul. 1971: 19 de janeiro - de volta ao Lar e ao serviço, recebeu ordem para mudar-se para Bom Retiro - SC, pois segundo o INPS ainda faltavam dois anos para aposentar. No dia 19 já estava de volta em casa e resolveu continuar trabalhando, mesmo estando de férias, ele retomou todas as suas atividades normais como 95 sermões, relatórios, congressos, usando o salário das férias. No fim de janeiro de 1971 foi ao Rio Grande do Sul para um congresso de dedicação da igreja, onde o pastor Vandir Tavares devia substituí-lo e foi ordenado ao ministério. Dia 7 de fevereiro de 1971 o pastor Braff seguiu para Araranguá – SC para continuar demolindo o velho hospital. Dia 14 começa a demolição da igreja de Tubarão para construir uma nova. No ano anterior lutou para conseguir um terreno mais bem localizado em Tubarão, mas não conseguiu, decidindo construir a nova igreja no terreno da velha e por isso teve que demolir a velha igreja até o alicerce. Dia 16, caiu uma tromba d'água em Lauro Muller, junto da Serra do Doze, no Costão da Serra, causando uma verdadeira desolação. Dia 21, quando as águas baixaram e deu para passar ônibus, o Braff foi ver como estavam os irmãos de lá. Os irmãos ali estavam bem. Deus os protegera, e o Braff pôde ver a calamidade em que se achava a região. No mês de fevereiro mandou para a Missão o seu relatório mensal. No dia 4 de março de 1971 o Braff continuou comandando a demolição do hospital. Entregou aos irmãos de Araranguá a responsabilidade da limpeza do terreno do hospital, transportando o resto do material para o terreno da igreja em Araranguá. A construção da igreja de Sombrio e de Araranguá, duas construções novas que necessitavam de cuidados especiais, o Pastor entregou à Missão. O Pastor decidiu visitar seus irmãos (de fé) em Dourados – MS, onde tivera o maior êxito de seu ministério. Dia 9 de março, pastor Manoel partiu para São Paulo e de lá para Dourados. Merlinton, seu filho estava num posto fiscal, longe de Dourados e dia seguinte o pastor foi se encontrar com seu filho. Quarta-feira foi a Panambi – igreja que ele fundara pelo poder do Espírito Santo – e pregou naquela igreja. Dia 24 de março de 1971 o Braff voltou para casa. Não relatou mais nada até 29 de abril. Neste dia o pastor Braff oficiou o casamento de Laodemir Teixeira, filho da família de seus primeiros frutos após sua conversão. Dia 1° de maio de 1971 pastor Manoel prestou auxílio ao pastor Alberto Ribeiro numa semana de oração em Tubarão. A 18 de maio foi a Porto Alegre e lá se encontra com sua filha caçula que veio da Argentina com seu marido. Dia 23 chegam a Tubarão. Os dois queriam se batizar, porém, sem mudança visível no aspecto, porque eles continuavam hippies. O pastor Braff formou uma classe batismal especial para eles. Dia 2 de junho o Pastor foi expor o caso à mesa administrativa da Missão, que sem dar solução, apelou para a União, e de lá veio a resposta: “Se ele não cortar o cabelo e não mudar os hábitos de hippies, não deve ser batizado”, e o casal partiu novamente para a Argentina sem se batizar. Eles ficaram muito revoltados. Dia 12 de junho o presidente da Missão enviou o pastor Braff para Bom Retiro, par realizar ali a semana de oração MV. O frio era tão intenso 96 Biografia do Pastor Braff que só realizou a reunião sábado e domingo. Então suspendeu a pedido do ancião, porque a igreja, com aquele frio não se reunia e o Pastor voltou a Tubarão. Em 22 de junho seguiu viagem para Dourados. foi legalizar uns lotes (terrenos) que havia comprado no tempo que lá morou e dia 30 do mês voltou a Tubarão. Fim das férias prêmio. Eram as últimas férias que o Pastor teria. Férias grandes de seis meses, tiradas em atividades pastorais por conta própria. Aquelas memoráveis férias foram como um golpe que desequilibrou o Pastor Braff, sensorialmente. Jamais pode se conformar com aquela interrupção brusca do trabalho que lhe foi ordenado. Parecia que eles estavam dizendo: “Você é um peso para a obra de Deus, você está sendo inútil como uma parasita. Você é nocivo nas fileiras do ministério”. “Aposentar-se para que?” Dizia ele, “não estou doente, não vejo em nada que tenha diminuído minha eficiência. Só pode haver motivo escuso que eu devia saber”. Todos esses pensamentos o perturbaram sobremaneira; e não houve ninguém que lhe desse razão aceitável para o ocorrido. O mercenário anseia pelas férias, o pastor Braff as usava para trabalhar fora do distrito. Esta prática ele seguia desde os tempos de professor; logo depois que começou a lecionar, chegou o tempo das férias escolares, e o professor foi visitar seus pais em sua terra natal. Então dirigiu 18 noites consecutivas numa série de conferências, deixando 30 endereços de pessoas bem interessadas e voltou para a escola pedindo à Associação Sul Riograndense que mandasse alguém atender aos interessados, porém, ninguém acreditou em seu trabalho. Por que devia parar agora, quando ainda estava com todo o vigor de suas energias? As conseqüências não se fizeram esperar muito. BOM RETIRO Enquanto Braff se manteve em atividade por sua conta tudo foi bem, manteve-se em boa forma, mas sofreu um baque financeiro (devido às viagens contínuas sem reembolso das despesas) e teve que diminuir a marcha e aí terminou seu tempo de férias grandes. Mas o Braff ainda não havia terminado o tempo para a aposentadoria pelo INPS (atual INSS) e recebeu ordem de mudar-se para Bom Retiro - SC. O pastor devia trabalhar mais 2 anos para completar os 35 anos de serviço com documentos comprobatórios, porque no Mato Grosso do Sul a Missão se negou admiti-lo fichado no INPS. Também não lhe abonou uma declaração de que trabalhou naquele Estado Por isso o Braff perdeu o crédito de trabalho ali, junto ao INPS. Portanto a Missão Catarinense teve que mantêlo como empregado para o fim de completar o tempo de serviço na Previdência Social. Mas o choque da aposentadoria já, impiedosamente, tinha produzido seu efeito. 97 1971: 20 de julho - foi de mudança para Bom Retiro - SC, muito frio. No dia 20 de julho de 1971 o 'velho pastor' partia com a mudança para Bom Retiro, no alto da Serra Tijucas. Lugar aprazível, mas muito frio, e seguir para lá em pleno inverno, foi uma imprudência insensata para quem tem problema com clima frio. Quando o pastor reclamou foi-lhe dito que nos dias frios ficasse na cama. Para outro teria dado certo, mas para o pastor Manoel João Braff não funcionou. Ele desafiou o frio, mas seu corpo, seus nervos não resistiram, estava abalado por uma pressão emocional, ignorada por ele, e que agia no subconsciente sorrateiramente, manifestando-se sete dias após sua chegada no setor de trabalho. Dia 24 teve início a semana de oração MV (missionário voluntário) na cidade. Três dias depois manifestou-se a crise estomacal. MAIS CRISES DE ESTÔMAGO Em Bom Retiro o frio era intenso e castigava o enfraquecido pastor. Sua psique entorpecida num espírito abalado renunciou ao controle sensorial, e o estômago foi a vítima. Milton, seu filho, que o visitava dirigiu um filme à noite, substituindo o seu pai na reunião de oração. A crise durou dois dias e em seguida concluiu a semana com reuniões na sexta-feira e no sábado, dirigida com teor evangelístico. 1971: 09 de agosto - baixou ao hospital. No dia 9 de agosto de 1971 o Braff baixou ao hospital. Sábado 21 pregou na igreja de Entrada, 28 e 29 de agosto também, e depois só voltou a relatar (no seu diário) dia 2 de outubro. Dia 9 de outubro Manoel Braff proferiu mais um sermão e no dia 24 realizou um batismo de 4 candidatos; a água estava muito fria e não lhe fez bem. Daí em diante foi uma tragédia: bom durante dois ou três dias e doente uma semana, raramente passava bom por uma semana. Uma crise após a outra estava lhe carcomendo a saúde e o vigor de suas energias. Era queimor no estômago, parecendo labaredas de fogo, câimbras no estômago, soluço mórbido que o assolava sobremaneira terrível, a seguir vômito bilioso. O Pastor Braff procurou recurso em Bom Retiro, Criciúma, Tubarão, Florianópolis e Rio de Janeiro, sem resultado. Dia 16 de novembro partiu para a ex-capital da República em busca de solução para a sua enfermidade. Ficou hospedado em casa de seu filho Malton que era cantor da Voz da Profecia. Esteve alguns dias aliviado e logo veio a crise. Sua nora o internou no Hospital Silvestre, foi diagnosticado, declarando-se sofrer de hérnia hiatal e acloridria (insuficiência de suco gástrico). O médico que atendeu receitou-lhe um medicamento que não encontrou em nenhuma farmácia. O produto tinha 98 Biografia do Pastor Braff sido retirado do mercado há muito pelo laboratório. Deu alta do hospital para depois do tratamento voltar para uma cirurgia. Em dezembro voltou a Bom Retiro praticamente sem resultado positivo. Seu filho Malton tinha recebido um chamado da Suíça para fazer um estágio na Europa para depois seguir como missionário à África; no fim do ano de 1971 Malton partia para a Europa. O velho Braff, a conselho de Milton seguiu para Porto Alegre para se operar ali, porém, em vez de melhorar com a cirurgia, piorou ainda mais, e o Braff convenceu-se de que se tratava de uma enfermidade fatal. Quando ficava muito mal, chamava o seu filho Milton que era médico, e ele sempre resolvia o problema da crise. Os vômitos eram acompanhados por uma salivação muito abundante. Seu filho cortava a salivação e o pai melhorava. De julho ao fim do ano, pouco trabalho na obra de Deus pôde fazer. Ficava bom um ou dois dias e logo adoecia novamente. Era a ausência de ácido clorídrico no estômago, que estava causando inúmeros distúrbios digestivos, e elevando o teor alcalino. Daí o queimor cáustico que tanto o martirizava nas crises, aliviando com os vômitos. Sentindo-se desmoralizado, o pregador da reforma pró-saúde, agora estava negando sua tese em seu próprio corpo. Tudo o que pregara sobre a reforma no regime alimentar, caia agora por terra! “Que estaria errado? A filosofia do regime? Pois, quem não seguia nenhum regime alimentar tinha estômago bom e eu tenho-o doente. Ou o meu regime está errado, ou a saúde não tem nada que ver com o regime? Se não é confirmada pela prática, essa teoria deve ser abandonada por ser inoperante”. Eram dúvidas perturbadoras para ele. “Consulta o espiritismo”, dizia a autoridade médica para perturbar ainda mais o Pastor. Era o flagelo da vida. No fim de dezembro, o Pastor, que ainda estava na atividade até então, foi desligado do serviço ativo. “Um farrapo humano não pode trabalhar mesmo”, pensava ele. No princípio de novembro Malton, filho do pastor Braff, chamado que fora para a Europa, viajou com a família para a Suíça. Ele foi fazer um estágio na Suíça para seguir como missionário para a África, aos africanos de fala portuguesa e francesa, deixando assim uma lacuna no coração do velho soldado de Cristo. O fato de seguir para os campos missionários foi do total consentimento do pai, que pensava: “Assim todos os meus filhos fossem missionários iguais a ele”. Mas para um velho doente foi um baque psicológico deprimente. A enfermidade de Manoel era mais psíquica do que somática. No fim do ano baixou ao Hospital Nossa Senhora da Conceição em Porto Alegre para ser operado do estômago. O cirurgião fez quatro cirurgias, e aí ficou muito pior do que antes, porque, além de não ter aliviado as crises, os pontos foram muito mal feitos. Em conseqüência, logo depois começou a abrir na altura do púbis, formando-se uma hérnia inguinal que o perturbou até 1989, quando 99 estrangulou e os médicos tiveram que operar a contra gosto, urgentemente. Então não deu para adiar mais. PASTOR-PROFESSOR O ano de 1972 entrava muito sombrio na vida do 'velho guerreiro'. Como se estivesse à mercê desatinada de Satanás, porém isto não lhe foi revelado, e ele continuava afligindo-se com o mal que o atormentava. Sua saúde já não alterava a marcha dos acontecimentos, porque já estava mais acostumado com a doença. Á medida que se avolumavam os problemas, aumentava também a vontade de vencer e aos poucos foi ganhando vitória. Em 1971 o professor da Escola Adventista de Bom Retiro havia fechado a escola com três ou quatro alunos, e o departamental de educação da Missão decidiu desativá-la. Comunicou a Secretária de Educação do Município e, esta cancelou o seu registro. Quando o Pastor soube do ocorrido disse: “O que? Fechar a escola nas minhas barbas? Logo com a minha vinda para cá? Não admito; vou abri-la por minha conta”. E o velho aposentado, em março, abriu a matrícula com os alunos da vizinhança, e logo vêm alunos de escolas públicas para pagar alguma coisa na Escola Adventista, unindo-se ao corpo discente da escola que foi falida pelo professor que não tinha o coração na obra de Deus. Foi um ano de grande sucesso para a Escola, o progresso dos alunos foi notável naquele ano, mas na Missão Catarinense ninguém podia se conformar com os fatos: um pastor aposentado e doente lecionar sozinho, quatro séries, em dois períodos. Isto era demais. Mas era verdade e a escola estava aberta. A Secretária de Educação da Prefeitura de Bom Retiro fez algumas visitas à escola com elogios ao trabalho ali realizado. Alguém perguntará: “e quando o Pastor-Professor estava de cama, como fazia com os alunos?”. O pastor aposentado contratou uma jovem adventista que tinha o Curso Ginasial, e que estudava Magistério à noite. Ela foi destacada para fazer estágio na Escola Adventista, era a professora auxiliar que socorria o Pastor-Professor nas horas difíceis em que não podia lecionar por causa da enfermidade que o prostrava no leito. O pastor Braff fez a recolta no território de sua jurisdição, preparou candidatos e os batizou no fim do ano. Preparou a igreja para recepcionar os delegados, outros membros e visitou as bienais da Missão Catarinense da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Reformou a igreja e a lançou no trabalho missionário. Contudo pessoas que viviam no pecado, o Pastor não corrigiu nem disciplinou, alegando seu estado de saúde que não lhe dava ânimo para trabalhar, e muito menos executar disciplina eclesiástica. 1973: 4 de abril - o Pastor lecionou até este dia para não deixar fechar a escola de Bom Retiro – SC. 100 Biografia do Pastor Braff No dia 26 de fevereiro de 1973 abria-se a matrícula para um novo ano letivo. O Pastor lecionou até o dia 04 de abril, quando chegou a Profª. Terezinha Fuckner, que foi enviada pela Missão para dirigir a escola naquele ano. Assim o Pastor deu continuação a uma escola que sua extinção havia sido oficialmente decretada pela Missão Adventista e pela Secretaria de Educação. Ele sempre primou pela educação de nossa mocidade, por onde quer que sua influência se fazia sentir. Com a chegada da professora, o velho desgastado entregou-lhe a chave da escola com todos os alunos matriculados e em pleno funcionamento perante as autoridades. Depois desses acontecimentos o pastor Braff tratou mais dos interesses da igreja nos intervalos das crises. O resto do ano transcorreu com tentativas de evangelismo e fracassos na execução por causa da sua enfermidade. Quando estava mal, porque a crise não passava, sua esposa chamava o filho que resolvia o problema e ficou bom até julho de 1973. Em junho, além da recolta no seu campo, recoltou também em Tubarão. 101 1973 a 1976 NO PARANÁ MENALTON Em julho de 1973, Menalton, filho do pastor Braff, desaparecido desde fim de 1965, chegou à casa de seu pai em Bom Retiro. O Pastor estava em Porto Alegre na casa de seu filho Milton, recuperando-se duma crise que quase o matou. VISITA DO Dr. MILTON 1973: Em agosto - o Dr. Milton mudou-se de Porto Alegre para Laranjeiras do Sul - PR e encontrou seu pai no dia 7 de setembro em Bom Retiro. Em agosto de 1973 o Dr. Milton mudou-se de Porto Alegre para Laranjeiras do Sul no Paraná, sem que seus pais soubessem, e no dia 7 de setembro, enquanto seu desolado pai Manoel assistia um desfile escolar no Dia da Pátria, o Dr. Milton o surpreendeu no desfile. Foi uma agradável surpresa; veio sem ser chamado. “Quais seriam as novas?”. Terminado o desfile foram para casa, e o Doutor vai falando, “nós viemos buscar-te para Laranjeiras do Sul, agora moramos lá e não posso mais te atender aqui”. E o velho enfermo começou a admitir a mudança para lá também. Por esse tempo já não havia mais esperanças nas mãos de outros médicos. Já estava provado que o problema era acloridria, e que precisava de ácido clorídrico para estabelecer o equilíbrio do PH para a função do aparelho digestivo. Porém, os médicos lhe aplicavam antiácido, o que ainda agravava mais a situação. Como sofria queimor no estômago, apesar de não ser ácido, mas causticante; eles lhe aplicavam antiácido. Os médicos, 'não se sabe por que cargas d'água', diziam desconhecer tal queimor. De sorte que não havia nenhuma segurança em ficar a mercê de tais clínicos, e o Pastor ainda tinha muito trabalho pela frente. LARANJEIRAS DO SUL 1973: 9 de setembro - foi com o Dr. Milton visitar Laranjeiras do Sul. Deus tinha um plano para Braff executar no futuro. Ainda não chegara o tempo de depor as armas, e voltar ao silêncio. No dia 8 de setembro de 1973 Manoel decidiu ir com o filho para Laranjeiras do Sul - PR e, no dia seguinte, seguiu com o Dr. Milton e sua esposa para o Paraná. Chegado à ex102 Biografia do Pastor Braff capital do Território de Iguaçu, visitou os diversos 'cabeças' da igreja e o hospital onde seu filho Dr. Milton trabalhava. No sábado, dia 15 de setembro, o pastor aposentado pregou na igreja de Laranjeiras do Sul e à noite a comissão da igreja dirigida pelo pastor distrital estendia-lhe o convite para trabalhar, com ajuda de custo mensal, custeando as suas despesas de mudança e arranjariam uma casa de moradia. O Braff devia cuidar do trabalho missionário da igreja, visitar os alunos da Voz da Profecia, e dirigir ou orientar os programas da igreja; sermões, classes batismais e estudos nos lares. Domingo, dia 16 de setembro de 1973 o Braff partiu de volta a Bom Retiro, tratou dos preparativos para deixar Santa Catarina, e experimentar as novas atividades no Paraná. Dia 24 batizou 4 jovens na cidade de Bom Retiro, e no dia seguinte partiu para o Rio Grande do Sul, e lá sofreu violenta crise em Porto Alegre. Depois de acertar todos os seus negócios, pagando 5 lotes com, uma casinha de madeira que havia comprado do seu sobrinho Werner, e entregou a casinha a um irmão da igreja de Monte Belo para morar. A casinha estava ocupada com um inquilino contumaz, emperrado, dizendo-se dono da propriedade alheia, e que ninguém o tiraria dali. Não pagava aluguel e nem saia da casa. O Braff conseguiu outro inquilino que o tirou de lá, mas também esse não pagava aluguel, porém, livrou a propriedade do 'amigo do alheio'. Dia 12 de outubro de 1973 o pastor Braff voltou a Bom Retiro. Dia 13, sábado ele convocou a comissão de nomeações para escolher uma nova diretoria da igreja, e dia 20 foi eleita a nova diretoria, tanto na cidade como na Entrada, as duas igrejas adventistas de Bom Retiro. O grupo de Pedra Branca nem deu para visitar. Dia 25 ele seguiu viagem para Laranjeiras do Sul, e quando melhorou de uma nova crise começou a visitar os alunos da Voz da Profecia e a dirigir os programas da igreja. Em 11 de novembro de 1973 o pastor Braff teve de viajar novamente a Porto Alegre. Sua casa que recebera de herança na Vila Rio Branco, subúrbio de Canoas, e que nunca recebeu aluguel, estava desocupada. O Braff pôs imediatamente à venda. Resolvido o problema, volta a Bom Retiro. A 7 de dezembro o pastor Braff recebeu notícias de Laranjeiras do Sul: “Para o Pastor ainda não há casa de moradia, não traga a mudança”. Então ele segue imediatamente para aquela cidade. Dia 16 de dezembro o Braff comprou uma casa de madeira, quase inabitável. No dia seguinte volta a Bom Retiro para buscar a mudança. No dia 5 de janeiro de 1974 celebrou a reunião de despedida na igreja de Bom Retiro e domingo começou a carregar o caminhão de mudança. 103 1974: 10 de janeiro - o pst. aposentado mudou-se para Laranjeiras do Sul e começou a trabalhar, ainda carregando problemas de saúde. Dia 10 ele descarregou a mudança e dia 12 descansou conforme o mandamento e no domingo começou a reforma da casa. Em fevereiro foi novamente a Porto Alegre escriturar a casa da Vila Rio Branco, e dia 14 recebia a escritura da casa de Laranjeiras do Sul. Oito dias depois seguia para o congresso em Cascavel – PR.. TEMPESTADE Dia 31 de janeiro o Braff seguiu urgente a Tubarão. Tinha caído uma tromba d'água na Serra do Doze, perto de Lauro Müller, causando uma enchente assoladora de proporções alarmantes, e o Pastor foi em busca da filha Marli que lecionava lá. Ela conseguiu safar-se da enchente com água quase pelo pescoço, mas a água a empurrou para um lugar mais alto, onde pôde tomar pé e dali escapuliu para um colégio, salvando a vida e de outras pessoas também. A parte baixa da cidade, à beira do rio, ficou totalmente assolada. Foram calculados pela imprensa em cinco mil pessoas entre mortos e desaparecidos. Marli, filha do pastor Braff perdeu tudo o que tinha. 1974: Neste ano começou a atender com o serviço de fisioterapia, por indicação do Dr. Milton. Sábado, dia 6 de abril de 1974, o Pastor foi eleito diretor da congregação de Laranjeiras do Sul. Dezoito dias depois de eleito diretor da igreja comprou um terreno sobre um barranco, isto é, sobre um elevado de uns dois metros acima da rua para construir ali a igreja ou a escola, porque o terreno da igreja era muito pequeno para as duas instituições. Dia 11 de julho de 1974 ao escrever uma carta ao seu filho Malton, missionário na África, queixou-se pela primeira vez de não poder escrever por tremer a mão e dedos, possivelmente Mal de Parkinson, mal que o iria atormentar dali em diante. Dia 24 de outubro de 1974, de madrugada, desabou uma tempestade derribando árvores e casa e fazendo grande estrago na cidade. A casa do Braff estava em reforma e reconstrução em casa mista, no momento que veio a tempestade estava sendo levantada e apoiada sobre calços, pontaletes e escoras para não cair. Havia sido destelhada para aliviar o peso e, foi coberta com uma lona. A lona em seguida foi lançada fora em pedaços. A casa parecia um barco agitado pelas ondas encapeladas do mar e o Braff com sua família dentro de casa estava debaixo de uma chuva torrencial, clamando a Deus por livramento. Se saísse de dentro de casa e não mais segurasse as escoras ela cairia sobre a casa do vizinho que ficava logo abaixo, com duas crianças dormindo e seus pais fora de casa. A casa cairia e mataria as crianças. Sua fé não vacilou, permaneceu dentro de casa pedindo socorro a Deus e Ele ouviu 104 Biografia do Pastor Braff suas orações e não deixou Satanás na tempestade abater sua casa, ele e a família. Bem junto à casa, no lote ao lado, uma árvore robusta havia se partido em dois pedaços. “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que O temem e o buscam e os livra”. Mais uma vez se cumpriu a promessa. SATANÁS Dia 30 de julho de 1975 o Braff viajou para Porto Alegre e sábado, 2 de agosto visitou a igreja de Monte Belo, bairro de Gravataí e lá dirigiu a lição da Escola Sabatina e fez o sermão. Na hora da escola chegou uma endemoninhada que tinha apostatado da Igreja Adventista, e se implicou com a direção da Escola Sabatina e obra Missionária. Essa apostatada tinha virado espírita. No sermão provocou o orador, um irmão que compunha a plataforma levantou-se propondo cantar um hino que, dizia ele, acalmava o demônio e o pastor Braff mandou aquele irmão sentar-se, dizendo: “Não tenho que dar satisfação ao demônio, ele que vá para o inferno, e deixe esta moça. Não tenho diálogo com Satanás”. Repreendeu o mau espírito e a moça deu um grito estridente, tão horrível que parecia voar o teto da igreja pelos ares, e ela caiu como uma morta, nos braços que a seguraram, mas logo voltou a si em perfeito estado. O demônio havia saído dela e o Pastor continuou seu sermão. Jesus, intervindo lhe deu a vitória sobre as hostes do mal. Segundo notícias o demônio fez mais uma tentativa, mas logo abandonou a moça. Ela havia deixado a igreja e freqüentava o espiritismo. Satanás ficou irado com o Pastor e atacou a sua saúde, como fizera com Jó, deu-lhe uma gripe muito forte junto com a crise de estômago, já na segundafeira. Então teve que colocar à venda um lote contra a sua vontade. Ficou mais de uma semana mal e decidiu aceitar o conselho de voltar a Laranjeiras do Sul de avião até Curitiba e o seu filho Dr. Milton veio buscá-lo no aeroporto. Foi julgado totalmente impossibilitado de viajar por terra. Esta foi resposta que o Diabo lhe deu por tê-lo expulsado da moça, mas o pastor Braff não se arrependeu de tê-lo feito. O Pastor temia a Deus pelo que não respeita Satanás. Chegando em casa o pastor Braff ficou bom, mas muito fraco. Ficou de quarta-feira até sexta repousando. Sábado foi à igreja, mas não teve parte ativa na escola nem no sermão, porém, segunda-feira já entrou em atividades até sexta-feira na construção da casa de moradia e no sábado e domingo já estava em plena atividade na igreja. Só descansava nas horas de crise ou quando a chuva não permitia trabalhar fora de casa. Nunca tinha tempo de vestir um pijama de dia. A isto, em grande parte atribui sua longa vida. As crises foram diminuindo; a plena atividade distrai a tensão mental. 105 DESESPERO DE UM PAI De 13 a 20 de setembro de 1975 o pastor Albino Marks dirigiu na igreja de Laranjeiras do Sul uma semana de mordomia. Quando abordou o assunto da temperança ele apresentou um regime alimentar, condenando a carne totalmente, recomendando uma só fonte de amido por refeição, e uma lista de produtos que não combinam na digestão, e a combinação ideal. Eliminando a mistura de frutas e verduras, separando as frutas ácidas das doces, enfim um regime semelhante ao regime macrobiótico, e disse que com esse regime o pastor Braff ficaria bom do estômago. Com isso o corpo se desintoxica, os nervos se desembaraçam e os órgãos funcionam normalmente. Só que o processo de desintoxicação é demorado. O Braff topou a parada e iniciou o regime. O pastor Albino avisou para ir se acostumando devagar, porque é um regime difícil. O velho doente, porém, começou imediatamente e logo as crises foram rareando cada vez mais. Sua disposição aumentou, suas energias duplicaram e sua resistência reviveu. No dia 10 de outubro de 1975 o pastor Braff foi chamado a Guarapuava pelo distrital (da jurisdição de Guarapuava). Seu filho (do distrital) estava passando muito mal. Já estava em estado de coma. Pedia que viesse urgente ungir o menino. O Braff seguiu imediatamente. Chegando junto ao menino, olhou e viu um panorama desalentador. O menino estava morto-vivo, só o coração pulsava com a respiração artificial. O cérebro estava morto, só ressurreição poderia trazê-lo à vida novamente. Neste estado ficou por muitos dias. O Pastor pedia oração de tantos quantos o visitassem para consolá-lo. Pedia que orassem para que o seu filho vivesse. O pastor Braff ungiu o menino com óleo em nome de Jesus, mas o Pastor, porque o filho não acordou, continuou pedindo oração de todos que ali chegavam. Dava a impressão de que ele acreditava que uma pessoa tinha mais poder que a outra e assim pediu oração a todos. È certo que devemos orar uns pelos outros, mas depois que entregamos o caso nas mãos de Deus, devemos confiar inteiramente no Senhor. Se Ele quiser que se cumpra o nosso desejo, devemos agradecer-lhe por Sua resposta. Se nosso desejo não for satisfeito, devemos agradecer-lhe por Ele, o Senhor, ter satisfeito Sua vontade, e sempre a vontade de Deus é o melhor caminho para nós. Mas o desespero do homem era cruel. O menino vivo-morto continuou por muitos dias sem alteração, mas por fim o coração parou, dando descanso aos seus afligidos progenitores. A segunda morte é incomparavelmente mais terrível e parece que poucos se dão conta disto, e o desespero por ela o pastor Braff não percebeu. Devemos seguir o exemplo do velho e saudoso pastor Streilhor (quando seu filho deu sinal de abandono da fé ele jejuou por muitos dias até que o seu filho voltou. A fé que ele estava abjurando o tornou um homem de Deus, após esta experiência). Aquele servo de Deus que descansou faz tantos anos, cria na segunda morte como eterna. 106 Biografia do Pastor Braff O FISIOTERAPEUTA Em 1934 o professor Braff foi fazer um curso intensivo no Colégio Adventista em São Paulo, e posteriormente, em Porto Alegre fez o curso Superior de Educação Física, um curso intensivo, pelo qual ficou habilitado também em fisioterapia. Num belo dia o Pastor Braff estava em casa de seu filho médico, quando alguém tocou a campainha e o médico foi atender o cliente; de repente ele chama: “Pai venha cá, aqui tem um caso para ti”. Era uma senhora adventista com um pé dobrado, fora da articulação; uma luxação autêntica. E o seu pai lhe respondeu “Tu és médico, te vira”. Não! disse o filho, isto é um caso de fisioterapia, e nós aqui não temos um fisioterapeuta. Vem nos ajudar com a fisioterapia, pediu ele. O velho pastor tomou o pé da mulher e o Dr. Milton o ajudou; articulou o artelho e flexionou o pé, com talco fez uma fricção e massageou o pé da paciente, no dia seguinte o Pastor-Fisioterapeuta comprou pomada e massageou mais três vezes e a mulher ficou andando normalmente. Logo a notícia se espalhou e, não mais o deixaram sossegado. O Pastor não parou mais com suas atividade de fisioterapeuta, ainda carente de profissionais especializados em Terapia Física. Por conseguinte montou uma clínica fisioterápica, aliviando as dores e restaurando a saúde a centenas de enfermos contundidos com problemas de coluna, artrite, reumatismo, etc. Neste aspecto sentiu-se útil para os sofredores, e auxilio para a Igreja. Associando dois ou três aparelhos fisioterápicos o Braff descobriu um método de tratamento para machucadura, coluna com tração e reumatismo ciático. Torcicolo geralmente fica bom com apenas uma aplicação. Luxação crônica tinha resultado pleno de quase 100%. Tratou de milhares de casos, e com raras exceções a cura era completa. Neste setor de atividade ele dedicou boa parte do seu tempo. Do problema de derrame cerebral, teve vitórias esplêndidas em vários casos. Aliviar o sofrimento do próximo: eis sua divisa. APOSENTADO E INDEPENDENTE No Paraná o pastor Braff realizou batismos e deu Santa Ceia a milhares de irmãos de Sul a Norte, por cerca de dois terços do Estado. Na região Centro-Oeste, também, de sul a norte da região brasileira. Ao todo, calcula ele, batizou mais de mil pessoas em seis estados do território nacional: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, e por fim Mato Grosso; e oficiou perto de uma centena de casamentos. Enquanto o pastor Braff esteve empregado na linha de frente, ou seja, no ministério assalariado, pouco tempo dispunha para o trabalho pessoal. Estava sempre envolvido com os problemas dos membros nas muitas igrejas e congregações, e fazer as promoções emanadas do centro empregador, o que certamente era muito natural. O ministro é empregado para ir onde for 107 mandado e fazer a obra que lhe for designada, correto. Mas, o trabalho pessoal, de sua iniciativa se atrofia, e suas obrigações familiares ficam deficientes. O Braff, depois de aposentado teve mais tempo. Construiu duas moradias: uma em Laranjeiras do Sul e outra em Mato Grosso, conforme veremos adiante. Batizou mais do que antes e deu Ceia muito mais; realizou casamentos, muitos sem depender financeiramente da obra organizada, fez por conta própria. Dia 22 de novembro de 1975 o pastor Braff organizou o grupo de Rio Bananas e o professor Osmindo, diretor da Escola Adventista da cidade o acompanhou. Aquela filial que o Braff tanto tinha trabalhado para que se fizesse igreja, já estava se emancipando. Dia 20 de dezembro de 1975 o pastor Braff foi a Porto Alegre assistir o casamento de sua neta Sônia, filha primogênita da Mirtie. No dia 31, último de 1975 chega Malton, o missionário de Cabo Verde na África e chegam também mais quatro filhos do Pastor com suas respectivas famílias, e aproveitando a oportunidade, Malton passa para os seus familiares um filme de Cabo Verde. No princípio de junho de 1976 o pastor Braff começa uma série de conferências em Canta Galo e dá início a uma escola sabatina, e depois entregou para a Igreja de Guarapuava continuar o trabalho ali. Dia 22 de julho o Pastor seguiu para Londrina como delegado especial da primeira Assembléia Trienal da Associação Paranaense da Igreja Adventista do Sétimo Dia. No dia 8 de agosto de 1976 o pastor Braff seguiu para Rio Bananas, foi comprar um terreno para edificar uma igreja para os irmãos pobres e sitiantes daquele local, e no dia 26 inaugurou uma capela na área dos índios guaranis no município de Laranjeiras do Sul. Havia ali uma família adventista, mas logo o cacique transformou a capela em salão de baile e o trabalho adventista teve de ser abandonado. No dia 20 de setembro de 1976 foi iniciada uma série de conferências em Quedas do Iguaçu: o pastor Edgar Bergold como conferencista e Paulo Geske e Manoel Braff como auxiliares; três pastores até 25 de outubro de 1976, quando se encerrou a série e o pastor Braff voltou para casa. Já no dia 27 o Braff viajou a Porto Alegre para receber a escritura dos cinco lotes da Vila São Jerônimo em Gravataí. De volta a Laranjeiras do Sul, dia 13 de novembro começou a semana de oração, e dia 15 foram realizadas eleições para vereadores e prefeito. O Braff foi escalado pelo juiz eleitoral para ser primeiro mesário. Para prefeito venceu o PMDB. 108 Biografia do Pastor Braff 1976 a 1981 VIDA INTENSA E SAÚDE A BOA ATIVIDADE FORTALECE 1976: Ano em que não registrou crise severa de saúde. Em 1976 o pastor Braff não registrou mais a crise de saúde. Se a teve, julgou tão pequena que não valia a pena registrar no seu diário. 1977: Ano em que registrou duas crises, uma em maio e outra em setembro. Em 1977 registrou duas crises, uma em maio e outra em setembro. Em 1978, uma em fevereiro e em 1979 não registrou nenhuma. E em 1980 sentiu-se livre daquela doença que antes quase o matou por cair em mãos de médicos estranhos. O regime alimentar foi o maior remédio para as crises estomacais do Pastor. Seu corpo foi desintoxicado e a enfermidade que o atormentava desaparecia à medida que o seu organismo ia se libertando das toxinas. De tempo em tempo, errava algo no regime, comendo alguma coisa que já não estava sadia, e logo se intoxicava, ou havia algum desvio no seu regime circulatório e a crise voltava impiedosa. Isto veio confirmar e fortalecer a sua fé no regime alimentar, como o melhor caminho para prolongar a vida. 1977: 22 de fev - os prof. Dirceu e Nanci iniciaram o ano letivo da Escola Adventista de Laranjeiras do Sul. No dia 22 de fevereiro de 1977 Dirceu e Nancí, professores da Escola Adventista de Laranjeiras do Sul - PR iniciaram o ano letivo, substituindo o Prof. Luiz Carlos que tinha sido transferido para uma escola maior em Assis Chateaubriant - PR. O Braff havia encaminhado o Prof. Luiz Carlos para a obra de Deus como professor em Laranjeiras e dali para uma escola de primeiro grau completo, como diretor. Fora disso, o pastor Braff passou viajando em dois terços do Paraná, batizando, dando Santa Ceia e fazendo casamentos. Só de setembro até o final do ano batizou 124 almas. Ainda encontrou tempo para tratar do acabamento de sua casa. 109 PASTOR VOLUNTÁRIO NA FUNÇÃO 1977: O Pastor Braff viajou muito pelo Paraná em serviços religiosos. No Paraná o Pastor Braff trabalhou sempre por conta própria, sem receber nada de auxílio da Associação Paranaense e depois do primeiro ano de sua residência em Laranjeiras não recebeu mais nada da igreja local também, mantinha-se com a aposentadoria e com suas massagens. 1978: 19 de janeiro - o Pastor foi com a família ao Instituto Adventista São Paulo - Campineiro - para um concílio e visitaram o Menalton; Dia 19 de janeiro de 1978, o Pastor Braff seguiu com a família para o Campineiro - Instituto Adventista São Paulo no Município de Campinas - SP, para o concílio das uniões brasileiras da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Sua esposa ficou em casa do filho Menalton e no sábado Menalton levou de carro até o Colégio a sua mãe e Mara, a filha mais nova do Pastor Manoel Braff. O Pastor foi professor de uma classe da Escola Sabatina e na Santa Ceia de pastores atuou também como diácono. Segundo ele, foi um dos melhores concílios que assistiu, estando presentes uns 350 pastores de todo o Brasil. Fevereiro - uma crise de estômago. Em 30 de janeiro de 1978 o Pastor ainda estava no concílio em Campinas e no dia seguinte já estava de volta a Laranjeiras, onde o pastor distrital Paulo Jeske o aguardava para com ele estudar uma estratégia de trabalho no Distrito (jurisdição). Em 17 de março de 1978 foi realizado em Curitiba no Paraná o Congresso de Obreiros, no qual o Braff tomou parte na ordenação de seis novos pastores. No dia 20 de abril o Pastor viajou para Joaçaba - SC, a fim de realizar a cerimônia do matrimônio de um jovem de Laranjeiras do Sul - PR que se casava com uma moça daquela cidade. De Joaçaba ele seguiu para Porto Alegre - RS, dirigindo-se até Rio dos Sinos, a sua terra natal para rever a igreja que ele fundara na sua conversão. Aproveitando a oportunidade visitou os parentes e no dia 30 de abril voltou para casa em Laranjeiras do Sul – PR. No dia 2 de agosto de 1978 o Pastor começou a trabalhar com massagem em casa. 17 de agosto - o Pst. Malton chegou da África com a família. 110 Biografia do Pastor Braff No dia 17 o seu filho, pastor Malton chegou da África com a família, e Manoel Braff e sua família ficaram muito felizes com a visita. Malton aproveitou para passar um filme de seu trabalho naquele campo missionário. No dia 25 de agosto de 1978 deu entrevista na Rádio Educadora de Laranjeiras sobre o seu trabalho na África. Em Laranjeiras do Sul o pastor Manoel tratou de organizar a igreja com a lista dos membros recomendáveis para formar o núcleo e a lista dos membros fundadores da agremiação organizada e dia 6 de setembro de 1978 os pastores Leonídio, Weber, Jeske e Braff deram, início ao programa de organização; logo a seguir convocaram uma comissão de nomeações e depois de votado o relatório da comissão os pastores ordenaram os irmãos Adolfo Henke e o Prof. Osmindo Zitkievítz como 'ansioso' e Ires Oliveira para o diaconato. VIDA FAMILIAR 1978: 22 de setembro - Nascimento da Denise. No dia 22 de setembro de 1978 nasce em Laranjeiras do Sul a netinha do pastor Braff, Denise, filha de Milton João Braff e Niura M. Galvan. 20 de outubro - Assembléia em Maringá - org. da recolta. No dia 20 de outubro de 1978 realizou-se uma assembléia dos adventistas em Maringá para organizarem a recolta (uma espécie de coleta de esmolas para que o povo geral contribua na manutenção de serviços assistenciais tocados pelos adventistas). 1979: 22 de fevereiro - casamento da Maísa. Em 22 de fevereiro de 1979 realizou-se o enlace matrimonial de Maísa Gomes Macedo com Ulisses Dysarsz; era sua primeira filha adotiva a casar. O rapaz não era adventista e isto trouxe desgosto para os Braff, seus pais. Casamento misto em geral dá problemas no que tange a vida espiritual. Precisa ser muito cristã a parte religiosa dos cônjuges para resistir à pressão ou a falta de apoio alheio à fé, porque o fascínio do mundo é tão forte que não é seguro andar nesta vida sem o auxílio social íntimo entre marido e mulher, quando casados. Os solteiros têm os pais ou outras associações que a pessoa escolhe de acordo com suas tendências, mas depois de casar está amarrada à outra parte, sem opção de outra escolha, a menos que queira precipitar uma catástrofe sobre seu lar, o que representa um desastre para a vida do cristão. 111 UM DIÁCONO ASSALTADO Em meados de julho de 1979 o pastor Braff viajou para o Rio Grande do Sul e litoral de Santa Catarina. Ao chegar de volta à casa no dia 29 de julho, recebeu a notícia que um grupo armado assaltou a casa do diácono da igreja, que morava no sítio de Ervino, pai do diretor da Escola Adventista de Laranjeiras. Houve tiroteio e atingiram o diácono na cabeça, tendo morte instantânea. A Igreja Adventista estava toda consternada com a violência que, além da cidade, atacava também os sítios. Não se sabe se foi para roubar ou assassinar; o fato é que nosso irmão morreu lutando contra os inimigos. CAPELA PARA OS IRMÃOS POBRES O Pastor comprou uma casa da Eletrosul, no Salto Santiago, no Paraná pagando somente a mão de obra para demolir e transportar até Rio Bananas, fazendo dela uma capela para aqueles irmãos pobres que nem casas tinham para morar, pois moravam em palhoças, viviam da agricultura e eram muito trabalhadores. A Igreja de Laranjeiras pagou para transportar e reconstruir a casa que se transformou em capela. FALECIMENTO DE JOÃO PEDRO BRAFF Chamado urgente à Taquara - RS, o Pastor chega a Porto Alegre dia 28 de setembro de 1979 à noite e sábado de manhã segue para a casa de seu irmão João Pedro em Padre Tomé, município de Taquara, mas ele estava na cidade, na UTI do hospital. Após a Escola Sabatina foi visitá-lo, encontrandoo bem melhor. O Pastor foi fazer outras visitas, mas quando voltou ao hospital para se despedir do irmão achou-o muito mal, tratou de levá-lo a Porto Alegre urgentemente para interná-lo no Hospital Nossa Senhora da Conceição, mas faleceu antes de ser atendido. No dia 5 de outubro foi ele sepultado no cemitério da Igreja Adventista de Rolante. A ATIVIDADE VENCENDO A ENFERMIDADE O pastor Braff foi escolhido, no dia 27 de dezembro de 1979, delegado para as bienais em Curitiba. Houve também concílio em Castro - PR, e no dia 3 de janeiro de 1980 ele voltou a Laranjeiras. De sorte que passou o ano de 1979 em grande atividade, viajando pela terça parte do Estado, pregando e ensinando, tratando o povo com fisioterapia, batizando, dando Santa Ceia e celebrando matrimônio, quando não estava em concílio, congresso ou bienais. Com isto derrotou Satanás e sua saúde foi voltando ao normal. 1980: 3 de janeiro - de volta a Laranjeiras. De janeiro a março esteve muito ocupado com fisioterapia. 112 Biografia do Pastor Braff Pastor Manoel começou a se sentir útil, seu estado psicológico melhorou e realizou uma obra gratuita para a Associação que o abrigou em suas fileiras como seu pastor jubilado. De janeiro a março de 1980 atendeu a sua clientela enferma sem folga em suas atividades. Não tinha tempo para se dar conta de que estava aposentado. Tinha muito movimento em sua clínica, e viajou muito com todas as atividades pastorais nos distritos onde os pastores eram obreiros principiantes; batizava, dava Santa Ceia, oficiava casamentos e orientava os colegas no trabalho. Quando o Braff chegava à sua casa encontrava doentes à sua espera, para receber auxílio de suas dores. Então ele curava as enfermidades tratáveis com seus aparelhos e massagens manuais. Procurava preparar a igreja para levar a mensagem do advento ao interior do Município e vizinhanças. Em 1978 a Igreja foi organizada. Antes era preparar a Igreja para a organização, agora era prepará-la para ser sede de distrito (jurisdição territorial de um ou mais municípios), formando uma igreja missionária. Essas suas atividades beneficiavam grandemente seu estado psicológico, dando-lhe certa sensação de realizado, todavia era uma obra gigantesca demais para um velho enfermo. O lema do Braff era não deixar cair a peteca enquanto ele pudesse conservá-la no ar. Diziam-lhe: “desacelera as atividades, o senhor não está empregado, ninguém lhe reclama este trabalho, quando vais descansar?”. AUDÁCIA E CONSEQÜÊNCIA O Braff não tirava tempo para descansar. Porém isto lhe debilitava as energias e facilitava a repetição das crises. Em consequência o velho não podia ficar distante de seu filho médico. Outros desconheciam suas peculiaridades. Porém, uma provação se avizinhava sorrateira, imperceptivelmente dele; o Pastor depositava sua total confiança no filho médico que conhecia a enfermidade de seu pai e quando este era atacado pela crise aplicava o remédio certo e logo melhorava. 1980: hospital. 25 de março - Dr. Milton foi à Santa Terezinha tentar erguer Dia 25 de março de 1980, o Dr. Milton seguiu para Santa Terezinha perto da Foz do Iguaçu para comprar uma casa da viúva de um médico que o construtor matara deixando o hospital pouco além do alicerce. Sobre aquele alicerce o Dr. Milton pretendia levantar um hospital, ou comprar um hospital desativado perto dali. Dia 6 de abril o Dr. Milton seguia com a mudança para Santa Terezinha. No dia 11 sua esposa e filha viajavam de visita ao Médico. No sábado o Pastor passou a lição da Escola Sabatina em Laranjeiras e seguiu para Pato 113 Branco - PR. Batizou um candidato e seguiu para Francisco Beltrão - PR num dia muito frio. Ficou resfriado em Pato Branco e domingo de manhã batizou 17 pessoas em Francisco Beltrão, entre os quais uma senhora que desmaiou dentro d'água, de frio. O Pastor ficou congelado naquela água fria amanhecida de uma noite de chuva quase gelada. Depois do batismo seguiu para casa e não conseguia se esquentar. Em seguida a crise se manifestou. 1980: 18 de abril - baixou ao hospital onde foi forçado a tomar antiácido. No dia 18 de abril de 1980 o Pastor baixou ao hospital. Lembra apenas até o momento em que o puseram na cama e entrou em estado inconsciente. O médico que tratou dele em casa mandou tomar antiácido, o enfermo disse-lhe que antiácido, para ele, era veneno. O médico respondeulhe – “tem de tomar por minha conta”, e fê-lo tomar à força. Imediatamente piorou e o médico o levou para o hospital, desacordado. O Braff teve um pouco de lucidez quando o puseram na cama do hospital. Sexta-feira, sábado e domingo, ele passou desacordado. 21 de abril - avisaram Dr. Milton. No dia 21 de abril de 1980 descobriram o telefone do filho do pastor enfermo, Dr. Milton, que estava em Santa Terezinha e por ordem do Dr. Milton levaram-no de carro, pois, não havia ambulância na cidade. Acordou quando o colocaram no carro e na viagem melhorou um pouco. Nos dias 26 e 27 ele pregou na igreja de Santa Terezinha; no dia 29 de abril voltou bom para casa. No dia 8 de maio de 1980 seu filho voltou à Laranjeiras com a mudança. A escritura da compra da casa e hospital em Santa Terezinha foi anulada e o Dr. Milton perdeu tudo que gastou na compra e mudança que fez, era um golpe de vigário de alguém que se dizia amigo de Milton. TRABALHANDO EM MATO GROSSO 1980: 23 de junho - Past. foi à Sinop - MT. Em 23 de junho de 1980 o pastor Braff partiu para Mato Grosso, à igreja de Sinop e dia 27 uma sexta-feira, à noite, começou uma semana de oração. Durante toda essa semana teve uma excelente freqüência. Sábado dia 5 de julho, ele encerrou com a Santa Ceia e à noite foi realizada a queima simbólica de todos os pecados confessados na caixa de segredo, com uma apoteótica consagração e renovação de votos de fidelidade aos princípios adventistas dos que se preparam para o glorioso encontro com Jesus. 114 Biografia do Pastor Braff 6 de julho - foi à Colider. Dia 6 de julho de 1980 o Pastor seguiu para Colíder - MT a 160 km mais ao norte, e lá teve uma semana de muitas vitórias, repetiram-se as cenas de Sinop. Ambas as cidades são formadas por imigrantes do Sul do Brasil, imprimindo grande progresso às florescentes cidades. Cidades que souberam mesclar os elementos do Sul e Norte do País, num povo progressista. No dia 13 de julho de 1980 o pastor Braff partia de volta para Laranjeiras do Sul-PR. Em Laranjeiras os adventistas estavam encerrando a semana de oração. FAMÍLIA, FISIOTERAPIA, CELEBRAÇÕES Os familiares de Manoel Braff chegavam de todos os quadrantes, inclusive seu filho missionário na África com a família. O pastor Malton ficou cerca de quinze dias de visita na casa de seu pai, voltando às atividades em seu campo missionário africano no princípio de agosto; então o pastor Manoel Braff também retomou a sua atividade, aliviando as dores dos pacientes tratáveis com terapia mecânica e trabalho pastoral. 1980: 19 de outubro - viajou a Porto Alegre, voltando a Laranjeiras no dia 5 de novembro. O Pastor sentiu-se livre das crises. Dia 19 de outubro de 1980 o Braff partiu para Porto Alegre para tratar de seus familiares: irmão, filha e sobrinha, todos com problema na coluna. No dia 5 de novembro voltou a Laranjeiras intensificando as atividades na fisioterapia até o fim do ano; tratou de doentes vindos de Porto Alegre, Mato Grosso, Curitiba, Londrina, Francisco Beltrão, etc. 1981: 9 de fevereiro - oficiou bodas de ouro em Francisco Beltrão. No dia 9 de fevereiro de 1981 o Pastor viajou para Francisco Beltrão a convite da família de Francelino Rodrigues e Conceição Rodrigues para oficiar as bodas de ouro do casal. Era a primeira vez que o pastor Manoel João Braff celebrava esta espécie de cerimônia. Não é muito comum um casal viver junto durante meio século sem que um se despeça do outro para a eternidade ou até a ressurreição dos salvos ou dos perdidos, quando poderão se encontrar novamente. Atualmente o comum na sociedade é que casais separam-se por qualquer incompatibilidade social. A vida é efêmera e o casamento excessivamente vulnerável. A festa dos Rodrigues reuniu praticamente a família toda. No sermão o Braff evocou as razões para um culto de ação de graças. Foi motivo de muita alegria ver um casal se multiplicando em tantas famílias. As iguarias agradaram a todos os presentes. 115 1979 a 1982 PARANÁ, A IGREJA E A ESCOLA MELHOR LOCALIZAÇÃO Há muito era aspiração dos adventistas de Laranjeiras do Sul - PR de separar a igreja da escola, por dois motivos: primeiro, porque o terreno de mil metros quadrados era muito pequeno para comportar as duas instituições, ou seja, a igreja e a escola, visto que não havia área disponível para a expansão da escola que se fazia necessário. A outra razão era quebrar o preconceito da parte dos pais dos alunos, avessos à Igreja Adventista, que deixariam de matricular seus filhos na escola por ser junto à igreja. A ampliação da escola era assunto inadiável. O Dr. Milton Braff, conhecedor das necessidades da escola informou a seu pai dum terreno de propriedade dum colega seu na Rua Manoel Ribas, sobre um barranco, acima do nível da rua uns dois metros e meio a três metros, que estava à venda. Era um terreno de construção cara e por isso havia certa dúvida sobre a conveniência de a igreja adquirir a propriedade. O Pastor convocou a comissão da igreja para decidir, apesar de haver muita reação contra. Depois de tudo esclarecido a comissão aprovou a idéia e o terreno foi adquirido. Neste terreno, tanto a escola como a igreja, qualquer das duas teria que ser construída com dois pisos, o térreo ficaria na rua e o primeiro andar ficaria sobre o barranco. Para a escola, no andar térreo ficaria a diretoria e demais dependências da administração e no primeiro andar as salas de aulas, instalações sanitárias, etc. Deveria ser feita uma boa escavação no barranco, mas eles confiavam que a Prefeitura faria esse trabalho, só que seria necessário esperar até que a oportunidade chegasse. Teria que ser feita uma laje cobrindo todo o andar térreo. PROPOSTA DE PERMUTA Quando as circunstâncias começaram a favorecer e o Pastor estava arranjando as máquinas com a Prefeitura Municipal para cavar o barranco, a fim de construir a escola; quando teria que fazer um corte grande na frente e outro nos fundos para aplainar o terreno, eis que um empresário comercial comprou um lote ao lado do terreno adventista e propôs a compra ou troca do lote. O Braff respondeu que só aceitaria a permuta por um terreno mais apropriado para a construção da escola. O comerciante encontrou vários terrenos, mas o Pastor rejeitou por serem impróprios para o colégio, não 116 Biografia do Pastor Braff oferecendo as melhores condições para a construção do que o terreno do barranco. MELHOR TERRENO O empresário não desanimou, manteve a intenção de anexar o terreno dos adventistas ao seu. De vez em quando trazia uma nova proposta, até descobrir que a Igreja Metodista tinha decidido vender um lote vago de sua propriedade ao lado de sua velha e já desativada capela. Era um lote com uma casa pastoral inabitável, há muitos anos abandonada. O comerciante trouxe a proposta; ele compraria o terreno e permutaria pelo lote do barranco, e o Braff respondeu prontamente que aquele lote lhe servia. Aquele terreno era próprio para a construção, pois tinha 20 metros de frente por 50 de fundos, l.000 m quadrados, dava bem para a instituição que o Pastor desejava levantar em Laranjeiras do Sul. O comerciante propôs comprar o terreno aos responsáveis da Igreja Metodista. Estes ficaram de consultar o bispo da Igreja para dar a resposta. A resposta demorou muito e finalmente o bispo respondeu que se demolissem a velha capela e construíssem uma igreja nova de alvenaria, poderiam fazer a transação comercial, vendendo o terreno vago. Enquanto era aguardada a resposta do bispo, o pastor Braff levou o caso à mesa administrativa da Associação Paranaense no dia 27 de maio de 1979 e o Presidente ficou de dar resposta. No dia 6 de abril o pastor Ataliba Huf havia visitado Laranjeiras do Sul, trazendo a resposta positiva, dando sinal verde para a permuta, todavia sem contar com o auxílio da Associação. Como silenciassem as negociações, no dia 24 de maio de 1979 o pastor Braff foi a Sertãozinho, lugarejo perto da cidade (Laranjeiras) para saber do andamento do negócio que eles tinham com o comerciante sobre o terreno de perto da igreja. O chefe informou que o lote estava vendido para o comerciante e que só estava esperando a resposta do bispo para tratar da escritura e, a seguir, iniciar a construção da igreja. Sua congregação queria vender o terreno. 1979: 2 de julho - foi feita a permuta e escriturado em nome da Associação; No dia 2 de julho de 1979 houve a resposta positiva do bispo. A Igreja Metodista devia escriturar o lote para a Associação Paranaense e esta passar o terreno do barranco para o empresário, e deste modo se fez a tão esperada permuta. Já com um bom terreno, abriam-se os horizontes do futuro da Escola Adventista de Laranjeiras do Sul. A vitória estava ganha. Após todo o 117 processo de permuta o Braff fez uma planta sugestiva da escola para remeter à mesa administrativa da Associação na expectativa de sua apreciação e algumas alterações técnicas que julgassem necessárias com cunho oficial para que se pudesse executar o projeto. Seriam 800 metros quadrados cobertos. O Pastor levou a planta e discutiu com o Secretário de Educação da Associação, depois deixou o anteprojeto para o estudo do engenheiro da Associação. De volta a Laranjeiras entrou em contato com o Prefeito Municipal para fazer uma terraplanagem no terreno. Conseguiu pedra britada para quase toda a construção com uma firma adventista que estava asfaltando uma estrada perto de Laranjeiras: A Menegusso. Com poucas alterações na planta sugestiva, o departamental de educação da Associação Paranaense dos Adventistas do Sétimo Dia mandou uma planta assinada pelo engenheiro. INÍCIO DA CONSTRUÇÃO De posse da planta aprovada pelo engenheiro, o Pastor convocou a comissão da igreja para eleger uma comissão de construção. O Prof. Osmindo foi eleito presidente, o pastor Braff vice-presidente. O tesoureiro da Igreja, Bertold se tornou tesoureiro da construção. O Presidente da comissão devia achar um pedreiro adventista para o trabalho, e o tempo escoou-se. A obra ficou parada até 8 de março de 1981. O ano de 1980 esvaiu-se na preparação do terreno, dissipou-se no que dependia da boa vontade dos políticos e de parte da verba que a Golden Cross prometera como auxílio. 1981: 8 de março - início da construção da escola. No dia 8 de maio de 1981 teve início a construção da escola. Logo o Professor, Diretor da escola, presidente da comissão vendo que não podia atender a escola e a construção ao mesmo tempo encarregou o pastor Braff para dar assistência à obra em construção. O Braff foi provedor de material, eletricista e responsável pelos trabalhos de toda a construção até que o peso das responsabilidades quase o esmagasse, mas sua saúde resistiu, mesmo porque seguia um regime alimentar saudável comprovadamente, como também por se sentir útil no trabalho que realizava. 1982: 2 de dezembro - terminou a instalação elétrica. No dia 2 de dezembro de 1982 terminou a instalação elétrica, dia 4 de março de 1982 o Braff concluiu a instalação da água nos banheiros da sala do pré, e a 11 de abril terminou a ligação da água em toda a escola. Terminaram aí os trabalhos da Escola Adventista de Laranjeiras do Sul. Logo depois o Pastor foi fazer uma instalação elétrica na casa do professor Osmindo, diretor da escola. 118 Biografia do Pastor Braff 1981 a 1983 OPÇÃO PELO NORTE UMA CERIMÔNIA DIFÍCIL No dia 15 de março de 1981 o Pastor viajou para Taquaral, uma vila no Município de Palmital, região central do Paraná, onde havia uma congregação adventista bastante isolada, lugar de precário acesso e escassos meios de comunicação naqueles idos. Naquela congregação havia um irmão idoso de nome Vidal Camilo da Silva; este faleceu num tempo de muita chuva. O pastor Braff foi chamado para enfrentar a emergência, realizando a cerimônia fúnebre daquele irmão que partira naquela data para se encontrar com Cristo na Sua vinda. Ele foi chamado a repousar enquanto o seu caráter permanece nos arquivos de Deus. O Braff alugou um carro dum irmão (membro da igreja) de Laranjeiras e partiu acompanhado de um prático que conhecia a estrada. A única condução para chegar lá seria um carro particular para viajar numa estrada sem movimento e sem moradores perto. Era uma região de fazendas. Ao atravessarem uma extensa mata durante a noite o carro atolou na lama até entrar água e lama dentro do carro. Era uma noite muito fria. Dormiram, isto é, passaram a noite, atolados no barro molhado, enlameados da cintura para baixo, tremendo de frio. Depois de esgotar todos os recursos, perto da meianoite, o conhecedor da região, saiu a pé para a sede da fazenda que havia naquelas paragens. Ele andou o resto da noite e no outro dia cerca das nove horas chegou com o socorro. O 'guincho' era um homem a cavalo numa mula. Ele passou uma corda na cincha e montou à cela da mula e a mula arrastou o carro. Depois se lavaram um pouco e ainda chegaram a tempo de realizar o sepultamento. CASAMENTO DO MALTINHO Dia 4 de abril de 1981, o Pastor partiu para São Paulo de carona com o Dr. Milton, a esposa Niura e seu filho Fernando. Foram assistir as núpcias do neto e filho de criação do pastor Braff, Malton Heckler Braff com Sandra. O pastor Rubens Lessa oficiou o casamento. De volta a Laranjeiras o Braff continuou com suas atividades. OPÇÃO PELO NORTE No dia 17 de abril de 1981 o Braff foi acometido pela crise. Vomitou à noite e no dia seguinte estava melhor. Tinha sido uma crise passageira. Nos 119 dias 5 e 8 de maio novamente a danada da crise atacou, acompanhada de gripe. No dia 20 de maio de 1981 Manoel seguiu de viagem a Porto Alegre em visita aos irmãos, filhos, netos, cunhados e irmãos na fé; voltando a Laranjeiras no dia 2 de junho. Suportou uma onda de frio quando esteve em casa da filha na Grande Porto Alegre desiludindo-se do Sul. Seu organismo não mais suportava o intenso frio do Sul. No dia 3 ele chegou à sua casa com a decisão de não voltar mais à sua terra nos dias frios do ano. No dia 7 de julho de 1981 o Pastor viajou com a esposa de carona com o Dr. Milton e esposa para Primavera um povoado do Mato Grosso na Br 070 no km 150, Município de Poxoréo. O Pastor gostou muito do lugar, assim como os outros três. Era um povoadinho em formação que prometia se tornar uma grande cidade. Seu filho estava interessado em adquirir um alicerce abandonado para construir ali um hospital. O Pastor disse ao seu filho: “aqui é um lugar de futuro. Fica com o alicerce, constrói um hospital e ele crescerá com a cidade e tu serás o primeiro médico daqui, contribuindo para o crescimento do lugar”, então pai e filho encaminharam a compra de lotes para futuramente construir casas naquele promissor povoado de clima gostoso, em um chapadão encantador. CASAMENTO DA NETA LÍCIA 1981: 10 de julho - Passaram em Dourados e presenciaram o casamento da sua neta Lícia, filha de Merlinton. Dia 9 de julho de 1981, o Dr. Milton e seu pai, pastor Braff, com as respectivas esposas passaram em Dourados - MS e no dia 10 houve o casamento de sua neta Lícia Cardoso Braff, filha de Merlinton João Braff. Ela casou com o gaúcho Alceu Mauro Denes. Foi uma solenidade pomposa. BODAS DE OURO 1981: 4 de agosto - visita do filho, Pst. Malton. No dia 4 de agosto de 1981 Malton, filho do pastor Manoel Braff, chegou a Laranjeiras, vindo do campo missionário africano. No dia 7 chegaram filhos, filhas, noras, genros e netos, uma grande quantidade de pessoas ligadas ao Casal Braff, quase toda a família foi reunida. O que estava acontecendo? O velho casal no dia 10 de agosto de 1981 completaria meio século de vida conjugal, e os familiares chegaram para comemorar a data festiva. 8 de agosto - celebração das bodas de ouro, pelo Pst. Malton, ação de graças pelo restabelecimento da saúde do Pastor. 120 Biografia do Pastor Braff Dia 8 de agosto, dois dias antes do aniversário de casamento, o pastor Malton Braff celebra as bodas de ouro dos seus pais, uma cerimônia tão significativa esse encontro familiar, agora que praticamente estava livre da crise estomacal que por mais de 5 anos o atormentara. Foi um dia de ação de graças pelos 50 anos de união conjugal, pela conservação da vida dos dois juntos, nesta época de separação de casais, da dissolução da família. Ação de graças também, pela restauração da saúde do 'Cabo de Guerra', veterano das batalhas sem tréguas do 'Príncipe Emanuel' e pelo filho que Deus lhe deu como missionário na África. Aquele memorável encontro deveria perdurar indelevelmente gravado na vida de todos os presentes, assim como do idoso casal. As iguarias agradaram a todos os presentes. O jantar aconteceu num excelente restaurante da cidade. O programa foi antecipado em dois dias para aproveitar as horas sagradas do sábado santo. Só mesmo nesse dia seria possível reunir toda a família com exceção do quarto filho, Menalton que, atendendo a outros compromissos não se fez presente, mas mandou seu filho Malton Heckler Braff para representá-lo naquele memorável encontro familiar, onde só dois moravam no mesmo Estado. ARCO-IRIS 1981; 17 de agosto - Malton retornou ao Senegal, África. Dia l7 de agosto de 1981, Malton, filho do Pastor, voltou ao seu campo missionário e ao seu lar, no coração do continente negro. 18 de agosto - Mara completou 11 anos. No dia 18 de setembro Mara, filha adotiva dos Braff completou 11 anos e no dia seguinte foi batizada fazendo um pacto com Deus. Em 20 de dezembro de 1981, o Braff partiu para Porto Alegre e no dia 25 seguiu para Evaristo. Dois dias depois o seu sobrinho Jairo se casou, o Braff sentiu-se feliz ao celebrar a cerimônia religiosa do sobrinho. No dia 28 voltou a Laranjeiras para fazer a despedida do ano. Um culto de ação de graças pelas vitórias do ano. Dia 1 de janeiro de 1982, sábado, o Pastor assumiu a direção da Igreja Adventista de Laranjeiras do Sul - PR, porque o ancião Osmindo estava de férias. O Pastor ficou com a responsabilidade da construção da escola, instalação elétrica, administração da igreja, direção dos cultos, fisioterapia e obra pastoral. A 19 de fevereiro de 1982 o Pastor seguiu para um congresso na Foz do Iguaçu. Foi uma recreação espiritual na sede do acampamento da 121 mocidade adventista paranaense. A sede fica perto dos três marcos: Brasil, Argentina e Paraguai e a reserva ecológica da Foz. Os programas eram muito instrutivos e recreativos. Depois os congressistas foram contemplar as maravilhas das cataratas do Iguaçu, elas oferecem um espetáculo encantador. As águas caem por um rochedo abaixo com um barulho ensurdecedor, a terra treme em face do poder estrondoso da água. O arco-íris é constante nos dias ensolarados, durante o ano inteiro. A força jovem é como uma tremenda catarata; a sua energia sendo sabiamente canalizada para a usina do evangelho de Cristo poderia iluminar o mundo. No dia 7 de março de 1982 o pastor Braff despediu-se de sua tarefa de batizar no Paraná, com um batismo de 11 candidatos em Prudentópolis. De volta ao lar, continuou a fisioterapia ajudando os doentes e trabalhando para a igreja em diversos setores. A 27 de abril de 1982 toda a responsabilidade da construção da escola adventista de Laranjeiras estava nos ombros do Braff, logo entrou na luta para concluir o mais breve possível. Porém, antes de assumir essa responsabilidade tinha que fazer uma viagem à Primavera, no Mato Grosso. PARANÁ E MATO GROSSO Dia 1° de maio de 1982, sábado e feriado, o Pastor realiza a primeira escola sabatina em Primavera do Leste - MT, ao lado da Br 070 que liga Cuiabá a Brasília na direção de Barra do Garças - MT, debaixo de umas árvores. Dia 2 o Pastor comprou 5 lotes na quadra 76 do loteamento “Cidade Primavera” e segunda-feira, 3 de maio de 1982, partiram para São Paulo, via Goiás e Triângulo Mineiro. No dia 6 de maio de 1982 Houve o segundo casamento do filho do pastor Braff, Menalton, com Roseli. Dia 8, sábado, o Pastor assistiu a escola sabatina com seu neto Malton Heckler Braff, filho de Menalton, neto este muito querido do Pastor, que ele criou e educou no caminho da verdade. Maltinho, como era chamado, levou-o à Vila Alpina, a uma igreja ainda inacabada em companhia do Dr. Milton e esposa e Mercídia, esposa do Pastor. LINDEIRO EMBARAÇADO EM LARANJEIRAS Dia 9 de maio de 1982, o pastor Braff chegou de volta a Laranjeiras do Sul - PR, pronto para assumir toda a responsabilidade no andamento e terminação de mais um educandário naquele estado sulino da Federação Brasileira. 122 Biografia do Pastor Braff Havia um terreno vago adjacente ao lote da escola, de propriedade de um conhecido, ex-vizinho do pastor Braff, onde queimou uma casa comercial de sua propriedade. Segundo as más línguas ele teria conivência com o crime, a fim de receber o seguro da apólice contra-incêndio, porém a companhia seguradora, alegando tratar-se de crime em conivência com o proprietário, teria se negado a indenizá-lo e ele teria ficado em maus lençóis. O tal proprietário pediu dinheiro aos particulares a juros e construiu uma casa meio improvisada, instalou uma loja bem sortida e pouco depois abriu falência e à noite fugiu sem deixar rastro. Maio de 1982. O terreno da escola de Laranjeiras do Sul - PR foi ocupado com a construção, não ficando lugar para o recreio dos alunos, senão na via pública ou num terreno ainda vago. O Braff considerou a possibilidade de adquirir aquela propriedade com mais de 1.000 metros quadrados. Teria espaço para a igreja e recreação dos alunos e mais salas de aula se o futuro exigisse ampliação. O pastor Braff conhecia um homem que era parente do proprietário daquele lote e propôs uma permuta: trocaria o terreno da igreja por aquele ao lado do colégio, e dando uma volta (pagando uma diferença). No acordo o parente compraria os lotes ao lado do colégio e trocaria pelos da igreja. Depois de marchas e contra marchas, soube que o proprietário do lote queria vender, mas estava tudo tão embrulhado que ele não podia vender; só quando deslindasse a situação da propriedade; o terreno estava em nome de um amigo seu mantido em sigilo para que se evitasse complicação, provavelmente com seus credores. Finalmente revelaram o endereço do ex-vizinho da escola, imediatamente o Braff entrou em contato com ele. O terreno estava em nome de uma firma fantasma, inexistente e ser registro há muito tinha caducado. Por um descuido deixara de ser propriedade municipal. O Pastor levou o caso ao juiz, e os juizes da primeira e segunda vara decidiram revalidar o documento do lote para que o homem pudesse fazer o negócio com a igreja Adventista. Terminadas todas as diligências, o Braff fechou o negócio com a aprovação do juiz. Deu uma boa volta em prestações mensais. O terreno era muito cobiçado por ser um excelente ponto comercial. Uma planura, a menos de 50 metros do maior supermercado da cidade. Ali saiu a escola e a igreja, as duas instituições num ponto estratégico da cidade. Em conseqüência a mesa administrativa da Associação decidiu criar em Laranjeiras do Sul uma sede distrital (jurisdição adventista que abrange diversos municípios), realizando uma série de conferências muito bem sucedida. O Soldado do exército de Cristo teve a sensação de ter sido útil, nas fileiras dos inativos, no rebanho do Senhor. 123 No dia 14 de maio de 1982 Braff seguiu para Curitiba para um congresso estadual, e no dia 15 tomou parte na ordenação de seu chefe de distrito Valdilho Quadrado, dia 16 voltou ao seu trabalho em Laranjeiras. Dr. MILTON EM PRIMAVERA Em agosto de 1982 o Pastor despediu-se do Dr. Milton que estava deixando Laranjeiras do Sul - PR com destino ao povoado de Primavera, Estado de Mato Grosso com a incumbência de cuidar da saúde do povo daquelas paragens. Aquela região ia se tornando habitável, em especial pelo afluxo do povo do Sul. Apesar de já estar atraindo pessoas de todo o território nacional. Dia 20 de setembro de 1982 o pastor Manoel João Braff viajou novamente para Primavera, para ajudar o seu filho a instalar um nosocômio, que foi denominado Hospital e Maternidade São Lucas, e no dia 24 o PastorFisioterapeuta já estava massageando pessoas que necessitavam. Nesse ínterim o Dr. Milton que tinha uma loja de eletrodomésticos em Laranjeiras do Sul – PR, transferiu a loja para Primavera do Leste em Mato Grosso. Depois de se instalar em Primavera, o Dr. Milton encontrou uma família de adventistas numa fazenda, não muito distante de Primavera e levou o Pastor para visitá-los. A ESCOLA DE LARANJEIRAS Terminadas as suas tarefas em Primavera no dia 8 de outubro, Braff voltou a Laranjeiras para o seu campo de ação, continuando suas atividades na construção da escola e no atendimento aos clientes de fisioterapia. Em Laranjeiras do Sul - PR, no dia 23 de outubro de 1982, os irmãos (membros da igreja) se despediram da velha igreja de madeira e, num cortejo solene, toda a congregação dirigiu-se ao salão de festas da escola, onde deveria permanecer como local das reuniões por um longo tempo. No dia 24 de outubro o Pastor faz o seu primeiro sermão evangelístico com eslaide e foi um sucesso; a instalação elétrica funcionou totalmente a contento e o Pastor sentiu-se realizado com o seu trabalho. Já no dia 4 de novembro de 1982 houve uma reunião com o juiz eleitoral para as eleições do dia 15. No dia 5, Dirce a nora do Braff chegou da Suíça para uma visita rápida, chegou com a sua irmã e voltou no dia seguinte. No dia 22 de dezembro de 1982 o Pastor foi a Curitiba assistir as trienais da Associação Paranaense, ocasião em que ele foi delegado da Grande Comissão, pela qual se elegeram as diversas comissões que iriam renovar as atividades do Campo Paranaense. Também foram indicados os administradores de todos os trabalhos que a Igreja Adventista iria executar no triênio 83-85. Foram reuniões encantadoras, Deus dirigiu os acontecimentos. Puderam verificar que a mão de Deus ainda está ao leme, e guiará o seu povo 124 Biografia do Pastor Braff até a volta do Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, O Rei da Glória, Jesus Cristo. CASAS PRÉ-FABRICADAS No princípio de 1983 o pastor Braff teve notícias de que a Eletrosul, construtora da usina Hidroelétrica de Salto Santiago, estava desativando as instalações da Vila Santiago, e mudando para a outra margem, levando as casas pré-fabricadas e algumas casas seriam doadas para instituições de caridade. Eram casas fáceis de desmontar e transportar para onde fosse necessário. O pastor Braff arranjou várias casas daquelas para a capela, assistência social e venda para saldar dívidas da escola. Doou uma casa para uma viúva pobre que não tinha onde morar, antes da liberação para demolir e retirá-las da vila. Demoliu, transportou e reconstruiu uma casa num sítio onde a igreja de Laranjeiras tinha uma filial que o Pastor organizou em congregação, depois de realizar ali vários batismos. O pastor Braff pôde suavizar os problemas aflitivos pelos quais a igreja de Laranjeiras do Sul estava passando com a construção da escola. O Braff conseguiu 8 casas ao todo, além de outros materiais restantes de construção, todos empregados na escola. Em 21 de fevereiro de 1983, Manoel, Mercídia e Mara viajaram a Porto Alegre e dali a Taquara a fim de internar a menina no IACS. Do Instituto Adventista Cruzeiro do Sul seguiu para Rolante, e dia 26 sábado, pregou na igreja de Rolante, no domingo deixou a Mara no IACS e voltou a Porto Alegre, e de lá, a 2 de março voltou a Laranjeiras, deixando Mara no internato juntamente com boas companheiras de quarto. Sua intenção era prepará-la para enfrentar a visa material e educar para a eternidade. Mas ela não quis usufruir os privilégios que lhe foram oferecidos. Ainda era muito criança para avaliar a vantagem de uma educação equilibrada que lhe abriria as portas para um futuro brilhante. No dia 15 do mês o Pastor teve que ir buscála. Rejeitou todas as propostas; num desespero inconsolável pedia para voltar para casa e seu pai a levou de volta para o lar. Em 29 de março ficou concretizada a rede pública de água sem interferência de terceiros. A crise da água fora superada na escola adventista de Laranjeiras do Sul. A 11 de abril a água jorrou na caixa d'água. Dia 2 de julho o Pastor assumiu a direção da igreja como primeiro ancião eleito em 21 de maio. Imediatamente após a posse convocou para a noite uma comissão da igreja para estabelecer as bases da nova administração, mas a chuva impediu a reunião. No dia 24 de julho de 1983 o Pastor atendeu ao irmão José Domingues, da congregação que o pastor Braff havia organizado em Rio Bananas. Um liquinho vazou e deu uma violenta explosão queimando ele, a 125 esposa, mãe e filha com graves queimaduras. A filhinha não resistiu as queimaduras falecendo, os demais recuperaram-se pela graça de Deus. Na noite do dia 27 o Braff viajou para Porto Alegre em visita ao seu irmão, cunhados, filha, genro e netos. Dia 6 de agosto o Pastor esteve presente ao aniversário de 15 anos de sua neta Cínara. Dois dias depois voltou a Laranjeiras do Sul - PR. Dia 11 de agosto de 1983, o Pastor acerta os trabalhos do resto da pintura da escola e questões dos professores para o segundo semestre, terminando ai seu último envolvimento com o estabelecimento daquele educandário. Era o fim da sua missão em Laranjeiras do Sul – PR. Em 22 de agosto de 1983 o Braff começou a reforma e pintura em sua casa de moradia em Laranjeiras do Sul. Já no dia 11 havia terminado seu último envolvimento com a Escola, no tocante a pintura e admissão de professores provisórios para preencher vagas temporárias até a efetivação dos professores titulares, formando o quadro de professores para o segundo semestre. Havia terminado assim a sua missão em Laranjeiras do Sul – PR. 126 Biografia do Pastor Braff 1983 a 1985 MUDANÇA PARA MATO GROSSO UM CONVITE DE FILHO PARA PAI Dia 7 de outubro de 1983 o Dr. Milton chegou a Laranjeiras vindo de Primavera para fazer uma proposta ao seu pai pessoalmente, sendo que havia telefonado várias vezes convidando-o a mudar-se para Primavera, onde ele estava precisando de ajuda na fisioterapia. O Braff se acostumara a ir onde era mandado, com este propósito ingressou na obra de Deus. Agora depois de aposentado ninguém mais o chamaria, não receberia mais ordem de mudança. Cria que sua obra em Laranjeiras estava terminada. Devia ir para onde Deus chamasse. Mas como saber qual é o plano de Deus? É bem verdade que o velho pastor, quando esteve a primeira vez em Primavera, aconselhou o Filho a comprar o hospital porque gostou do lugar e se disporia a acompanhar o filho para aquelas paragens. Quando o filho, Dr. Milton, partiu com a mudança de Laranjeiras do Sul para Primavera, o velho pai ficou apreensivo. Ainda que tivesse concordado plenamente com a construção do hospital, e logicamente com sua mudança para o divisor das águas da Bacia Amazônica com a Bacia do Rio da Prata, quando se viu só, ficou bastante preocupado. Aqui, a prática divorciouse da teoria. Era muito fácil concordar com a mudança de seu filho porque Primavera era um lugar promissor para o futuro daquele que ali se estabelecesse. E qual é o pai que não apóia um projeto que venha beneficiar sobremaneira grandiosa qualquer de seus filhos? Mas agora é a vez do Pastor decidir sobre o seu próprio futuro. O filho querer ir para o Norte para sua independência econômica podia-se entender. Mas o velho? Fazer o que? Financeiramente era desaconselhável. O pastor aposentado teria prejuízo socialmente, longe dos demais filhos, irmãos, parentes e amigos, distante de sua terra natal. O conforto de uma igreja organizada para frequentar ficaria descartado; teria que iniciar tudo de novo. Atividades missionárias, fundar congregação, ganhar almas para Cristo, iria lutar sozinho, era desalentador para o Velho Guerreiro. Abandonar o filho desgarrado do rebanho, depois de ter sugerido a sua mudança, era uma deslealdade a quem lhe havia socorrido nas horas mais penosas da vida. Estava num beco sem saída. Manoel Braff apelou para quem lhe podia orientar: Jesus. Então raciocinou “Se alguém me convidar, oferecendo um emprego e um salário, para lá irei. Esta será a resposta de Deus para onde devo me mudar. Humanamente falando, ninguém me oferecerá um emprego assalariado. 127 Portanto, assim saberei que o convite veio de Deus, porque só uma ação diretamente extra-humana poderá usar esta expressão a me convidar”. E continuou atendendo os pacientes que o procuram e dirigindo os trabalhos da igreja. UMA IGREJA PARA PRIMAVERA Como foi dito acima, o Dr. Milton convidou o seu pai para trabalhar remunerado em Primavera, era a resposta de Deus: E ele disse para o Dr. Milton: “Irei”. Logo o velho pastor começou a fazer os planos para a mudança de Laranjeiras para Primavera. Já assentados todos os planos no dia 10 de outubro de 1983 segue com o seu novo empregador para o destino que lhe acenava: “passa... e ajuda-nos”. No dia 12 chegam a Primavera e logo na chegada o Pastor já encontrou a quem aplicar os seus conhecimentos de fisioterapia: um paciente com torcicolo atormentando-lhe a vida. O velho fisioterapeuta com uma aplicação restaurou-lhe a saúde. Depois continuou tratando de tantos quantos o procuraram. No dia 15 de outubro 1983 o Dr. Milton levou seu pai a uma fazenda onde morava uma família adventista da qual o patriarca era conhecido por Napoleão Borges. O 'Guerreiro' apresentou-lhe o plano de construir uma igreja para servir de apoio à evangelização destas paragens, e o cultivador de soja ofereceu como colaboração um lote bem situado na Avenida Porto Alegre para a construção da igreja. Milton e seu pai compraram outro lote, cada um pagando metade do terreno, ficando a igreja com a propriedade de dois lotes à espera de recursos para a construção do templo. No dia 24 o Braff compra 28 telhas de 6 mm e 100 sacos de cimento, e no dia seguinte colocou o padrão de luz, sem haver eletricidade no local. Manoel Braff voltou a Laranjeiras do Sul no dia 26 de outubro e no sábado, dia 29, participou da classe de professores, passou a lição e fez o sermão. A noite foi a Curitiba - PR e dali a São Francisco do Sul – SC, visitar o seu genro, a filha Milda e netos. Seu genro Jorge Roura, ex-hippie, agora formado em Teologia, como 'Ministro' licenciado de muito êxito naquele distrito. O pastor Braff se sentia muito feliz e até quase orgulhoso pela carreira brilhante de seu genro. Não sonhava que pudesse ter qualquer fracasso em seu 'ministério'. CIRURGIA E OUTROS IMPREVISTOS Em 6 de novembro de 1983 o Pastor voltou a Laranjeiras e dez dias depois era operado da hérnia, o Dr. Milton foi o anestesista e o Dr. Isaac o cirurgião. A operação foi realizada com êxito, mas continuou doendo. No dia 2 de dezembro Manoel vendeu a sua casa com grande prejuízo para atender a chamada urgente do seu filho. Dia 6 de dezembro o Dr. Isaac, ao fazer um exame de rotina, descobriu uma segunda hérnia e marcou nova 128 Biografia do Pastor Braff cirurgia para o dia seguinte, quando entrou na faca novamente, mas desta vez vomitou muito e não passou muito bem. No dia 15 de dezembro o comprador da casa dos Braff em Laranjeiras chegou com a mudança e alojou-se no porão da casa. A família Braff viajou para o Rio Grande do Sul, a fim de despedir-se de seus familiares, pois logo iria mudar-se para Primavera no Estado de Mato Grosso. Dia 7 de fevereiro de 1984 eles voltaram a Laranjeiras e encontraram a sua casa violada. O comprador da casa tinha se apropriado dela, destruindo parte dos pertences da família do Pastor. O Braff ficou muito decepcionado e desiludido; vários objetos seus desapareceram. No dia 11, sábado, o pastor Braff fez o último sermão em Laranjeiras. Com dor no coração carregou a mudança e no dia 14 de fevereiro de 1984 partia rumo ao divisor das águas Norte-Sul. Ele creu que Deus o estava chamando para o planalto mato-grossense. Sua mudança para Mato Grosso era uma resposta de Deus, segundo as suas convicções espirituais. Dia 16 de fevereiro de 1984 chegaram a Primavera e à tardinha chegou a mudança, a qual foi descarregada uma parte no Hospital São Lucas e outra na residência de dona Maria Galvan, sogra do Dr. Milton. O Pastor deixou os objetos que podiam ficar ao relento, no terreno que comprara e no qual iria logo construir. Os Braff ficaram morando com a Dona Maria até construir uma meia água no fundo do lote com três peças, para servirem de moradia até construir a residência definitiva na frente do lote. O PASTOR BRAFF EM PRIMAVERA A primeira Escola Sabatina que o Pastor dirigiu como morador de Primavera foi no dia 18 de fevereiro de 1984, a qual foi realizada na cozinha do Hospital São Lucas. No dia 21 inicia suas atividades no hospital como massagista. Primavera na época não era nem distrito, era um povoado pequeno, mas com um clima muito bom, só que em fevereiro e março chovia muito e não havia conservação das ruas. A chuva fazia atoleiros nos quais os carros muitas vezes atolavam e era necessário serem rebocados, mas esta situação embaraçosa do povoado não abatia o ânimo dos Braff e de outros pioneiros. Constantemente chegavam pessoas oriundas de todo o Brasil, mas especialmente da Região Sul, pelo fascínio das terras do chapadão de clima ameno. A descoberta da produtividade do serrado atraiu pessoas de todos os lados. Eram terras incultas que por falta de tecnologia estavam abandonadas. Um potencial agro-pastoril abandonado por séculos. Os sulinos descobriram a região praticamente inabitada, a não ser por algumas famílias divorciadas da civilização, que viviam embrenhadas na selva para assegurar a posse de imensidões de terra de ninguém, praticamente. 129 Primavera deve se tornar um centro evangelístico para toda a região, era a grande esperança que o Pastor alimentava em sua decisão ao escolher aquela localidade para fixar a sua residência. Assim ele imaginava: “uma localidade com futuro promissor fará crescer a cidade e a igreja juntas até iluminar toda a região com a palavra de Deus”. COMEÇO DE LAR EM PRIMAVERA O pastor aposentado, graduado nos cursos de Fisioterapia e Educação Física, passou a fazer massagens nos clientes ou pacientes do Hospital São Lucas. Tratou logo de ajeitar para construir uma meia água no fundo do seu terreno, com o plano de posteriormente edificar uma casa maior na frente. Assim decidido deu inicio ao galpão, como ele denominou. No dia 29 de fevereiro de 1984, a empreitada ficou por conta de dois jovens adventistas pedreiros, Silvio e Irineu. Fizeram as valas para o alicerce e o gabarito para alinhamento do barraco e no dia 6 de março os dois desistiram do trabalho. O Pastor teve que procurar outros pedreiros para continuarem a construção. No dia 10 de março de 1984 o pastor Braff fez o primeiro sermão com a sua família já em Primavera e à tarde dirigiu a liga de jovens. No sábado, 7 de abril, o pastor Braff organizou o grupo de Primavera e a eleição dos oficiais da nova congregação, que ficou assim composta: pastor Braff, diretor e tesoureiro; Silvio Ribeiro, diretor da Escola Sabatina; o professor foi o pastor Manoel Braff e também o comunicador do trabalho missionário. No dia 29 de maio o Pastor mudou-se para a sua casinha (meia água) sita a Rua São Bernardo do Campo, e no dia 30 do mês foi feita ligação do seu padrão (de energia elétrica). A ligação da luz entre o padrão e o barraco foi feita com uma extensão. No dia 5 de julho comprou um telefone à vista. No dia 11 de julho ele contratou verbalmente a construção da casa definitiva. A VISITA DO PASTOR MALTON No dia 13 de julho de 1984, às 11 horas da manhã Malton, filho de Manoel Braff chegou dos campos missionários, mais especificamente da África, trazendo muito conforto com as alegres novas do campo mundial, pernoitou no Hospital São Lucas, porque o pastor Manoel não tinha lugar para acomodar alguém. Seu filho vendo isso e com o convite de seu irmão, Dr. Milton, foi dormir no Hospital, mas vindo fazer as refeições com os seus pais. Em julho, com a mudança do diretor Silvio Ribeiro para o Paraná, o Pastor assumiu a direção da Escola Sabatina em Primavera. No dia 22 de julho de 1984 o Pastor acompanhou seu filho Malton a Cuiabá e ficou no concílio de Obreiros em Coxipó - MT; dirigiu o sermão devocional nos dias 24 e 25 com os títulos de: “Buscar a Deus e Adorar a 130 Biografia do Pastor Braff Deus”, que caíram agradavelmente nos ouvidos dos obreiros presentes, e o Braff sentiu-se recompensado pelo esforço. Pastor. No dia 31 de julho, teve início a construção da casa de moradia do A RESIDÊNCIA EM PRIMAVERA O ano de 1984 foi o marco histórico para a fisioterapia, para a construção da meia água e para a primeira moradia da família Braff em Primavera. O pastor Manoel deixou também este registro: “Agradeço a Dona Maria Galvan por haver suportado a nós que estivemos todos esses meses morando em sua casa, e ao Dr. Milton, meu filho, pela casinha que me abrigou”. No dia 6 de janeiro de 1985, o Pastor com sua família mudou-se para a casa maior, mesmo antes de a construção estar concluída. A 19 de janeiro os cultos foram transferidos para a garagem de sua casa, ficando ali até ser construída a igreja. Na garagem eram realizadas reuniões públicas, mas o lugar pouco atraente desestimulou a freqüência e cessaram as projeções luminosas. Terminaram as reuniões noturnas de domingos e quartas-feiras. A classe bíblica continuou sem alcançar o seu objetivo, já que os membros da classe resistiram aos ensinos quanto ao abandono de hábitos indignos e seus vícios condenáveis e por isso eles não foram batizados. O pastor Braff dirigiu uma filial em Poxoréo, cidade mãe de Primavera. Naquela cidade havia um garimpeiro, já batizado, vivendo solitário sem família e sem notícias de parentes, originário do Estado do Espírito Santo. Havia também uma família crente na guarda do sábado e a esposa de outra família desejando ser adventista. Havia esperança de logo organizar lá uma nova congregação. Poxoréo dista uns 40 quilômetros de Primavera. É um garimpo de diamantes que virou cidade, sendo que o maior poder econômico da cidade é oriundo do diamante. É pena que os garimpeiros não sabem aproveitar a fortuna do subsolo, apesar de trabalharem às vezes por meses e até anos em busca do que não perderam. Quando acham a fortuna perdem a cabeça, e na maioria dos casos se metem em orgias, e geralmente quem explora o meretrício é que fica com os valores da gema que a natureza deu ao homem. Poucos sabem aproveitar a generosidade das veias diamantíferas e ficam independentes financeiramente, e alguns se tornam empresários da exploração do próprio minério. VISITA DA FILHA MIRTIE No dia 25 de fevereiro de 1985 chegou Dr. Milton o filho do pastor Manoel, de regresso da viagem ao Rio Grande do Sul, trazendo Horaldo, genro do Pastor, e a filha, Mirtie, esposa de Horaldo. Esta foi a primeira visita 131 da filha que mora na grande Porto Alegre. Chegou à Primavera na estação chuvosa, num tempo em que quase não se podia sair de casa, mas a visita foi muito confortante aos seus velhos pais. Oito dias depois voltaram, deixando saudades em Primavera, pois não esquentaram o banco e nem deu para matar a saudade. Dia 22 de março de 1985 cessaram os trabalhos da construção da casa de moradia do Braff. O peso da construção da moradia havia passado, agora era partir para a construção da igreja, continuar apertando o cinto para prover fundos para a construção do templo. No dia 29 de março, Braff organizou a sala de tratamento de fisioterapia com os aparelhos e várias tomadas de luz. O Braff era o único fisioterapeuta em Primavera e trabalhava para o Hospital São Lucas, atendendo a clientela machucada, com problemas de coluna, enfim, os problemas tratáveis com fisioterapia. Dia 31 de março de 1985 o Pastor devia estrear a série de conferências em Poxoréo, mas a chuva atrapalhou, não sendo possível viajar para lá e nem daria para fazer convites e o pastor Braff não saiu de casa, Não se deve começar um trabalho prevendo fracasso. Dia 2 de abril o dia amanheceu esperançoso com o sol brilhante e o Braff seguiu para Poxoréo, acompanhado pelo filho Dr. Milton. Fizeram convites e o pequeno salão, uma garagem desativada lotou. Na segunda conferência, encheu de pessoas até a rua, multidão de pé assistia à palestra e o filme, mas o Pastor não podia ficar em Poxoréo. Os compromissos em casa não podiam ser abandonados; o Braff era o único fisioterapeuta em Primavera e trabalhava para o hospital, atendendo a clientela machucada, com problemas de coluna, enfim, os problemas tratáveis com fisioterapia. Só tinha a noite disponível, não sobrando tempo para visitas e estudos bíblicos nos lares, em conseqüência não teve melhor êxito no esforço público e foi atrapalhado pela chuva no princípio da série (de conferências); convidava-se a assistência para a noite, mas a chuva impedia sua realização e a frequência caiu. A 29 de maio de 1985 o Pastor fez a última conferência confiando a continuação dos trabalhos a um irmão pregador leigo que estava garimpando ali perto e se mantinha num barraco. Ele se prontificou a dar sequência ao programa evangelístico, porém encerrou logo depois sem alcançar o êxito esperado. Apesar dos contratempos, o pastor Braff organizou uma congregação, alugou um salão, usando as cadeiras compradas para a série (de conferências), doando-as logo a seguir para a nova congregação. O pastor Braff deixou em Poxoréo uma diretoria operante e partiu para outro trabalho no Alto Coité, novo ponto de pregação; deste trabalho, apenas uma família e meia permaneceu. Era uma família de um solteirão idoso, ébrio que se tornou sóbrio, deixou a bebida e tomou o caminho da 132 Biografia do Pastor Braff verdade, regozijando-se na esperança da salvação em Cristo Jesus. Aquela família trabalhava com duas dragas; era um garimpeiro empresário próspero, mas parece que os diamantes de sua gleba imigraram para outro setor, pois terminou desaparecendo de todo. Pôs um sócio, mas continuou o fracasso; vendeu a draga e pagou as dívidas e desativou a outra para ir à falência. Depois se mudou para o norte de Mato Grosso para poder sobreviver. Em 1º de junho de 1985 o Pastor organizou grupos em Poxoréo, com uma diretoria atuante e no dia 18 o presidente da Missão e o pastor Ênio assinou a escritura dos lotes da igreja de Primavera do Leste. Daí deu o sinal verde para a construção da igreja (o templo), mas falta o melhor, não há verba para dar início à obra. Com os fundos disponíveis não era aconselhável dar início aos trabalhos. As ofertas entravam mui lentamente; teria pela frente uma longa caminhada até alcançar uma base razoável para dar início à obra. 133 1985 a 1987 RELIGIÃO E POLÍTICA DISCUSSÃO COM ADVENTISTAS DISSIDENTES No dia 25 de agosto de 1985 aconteceu o primeiro batismo em Poxoréo, a igreja ali criara raízes, já não era só formada de forasteiros como antes. A verdade plantou a bandeira da esperança naquela cidade diamantífera de garimpos. Na Escola Sabatina do dia 13 de julho de 1985 o pastor Braff teve a visita de Dona Alaíde Andrade, membro da Igreja Adventista da Promessa. Logo iniciou o trabalho com aquela família até que num belo sábado o Braff falou no sermão sobre as duas mil e trezentas tardes e manhãs e o desapontamento de 1844. Eduardo Andrade, chefe da família, não gostou do comentário, e à tarde veio tirar desforra. Travou uma discussão com o Pastor; o pastor da Igreja Adventista da Promessa afirmava que no livro de Daniel 8: 14 se referia à profanação do templo de Jerusalém por Antíoco IV, Epífanes cerca do ano 166 a. C, conforme a interpretação teológica católica e que as “duas mil e trezentas tardes e manhãs” refere-se aos holocaustos da manhã e da tarde, três anos e 70 dias. Acontece que o suposto cumprimento da profecia de Daniel não cumpre a profecia que é específica em tempo exato. A conta é em dias literais. I Macabeus 1: 57 “No dia quinze do mês de Casleu, ano (145) cento e quarenta e cinco, pôs o Rei Antíoco o abominável ídolo da desolação em cima do altar de Deus e por toda parte edificaram altares em todas as cidades de Judá”. Note-se, dia 15! Cap. 4: 52 e 53: “E o dia vinte e cinco do nono mês (este é o mês de Cesleu) do ano cento e quarenta e oito eles se levantaram antes do amanhecer e ofereceram sacrifícios conforme a lei sobre o novo altar dos holocaustos, que tinha feito”. No verso seguinte, diz que foi no mesmo dia em que o santuário foi contaminado. Mas se foi contaminado no dia 15 e “nesse mesmo dia foi ele renovado”, há uma mentira nesse livro. - No II Macabeus, 10: 3 diz: “E depois de terem purificado o templo, erigiram nele outro altar; e tendo feito sair algumas faíscas de pedra de fogo, ofereceram sacrifícios, dois anos depois”. E no verso 4: “E aconteceu que naquele dia em que o templo tinha sido profanado pelos estrangeiros, nesse mesmo dia foi purificado, no dia vinte e cinco do mês de Casleu”. Os livros de Macabeus, além de serem apócrifos estão permeados de contradições e mentiras. No primeiro livro diz que a profanação do templo foi no dia 15 de Casleu, no capitulo 4, porém, diz que a profanação de Antíoco aconteceu no dia vinte e cinco: uma das duas passagens está errada. No 134 Biografia do Pastor Braff segundo livro capitulo l0: 4 a contradição se confirma. No verso 3 diz que o tempo de duração da profanação foi de dois anos. No livro I Macabeus 1: 57 diz que a profanação se deu no ano de 145 (do domínio grego) e no ano 148 no mesmo dia foi purificado. Tempo de duração em que o templo foi profanado: 3 anos, mais uma contradição. São dois anos, ou são três anos. Uma, ou as duas datas estão erradas, ou seja, um tempo histórico, ou os dois são mentirosos. Além disso, como dissemos acima, o tempo profético é exato, ainda que quiséssemos admitir a farsa dos dois holocaustos ainda assim não cumpre a profecia de Daniel 8: 14: três anos e 70 dias, faltam em Macabeus 70 dias. Afirmar isto é invalidar o texto sagrado e incorrer numa blasfêmia contra Deus. - Quem é o homem para dizer que Deus errou no cálculo matemático? “Seja Deus verdadeiro e mentiroso o homem” Rom. 3: 4. A profecia das duas mil e trezentas tardes e manhãs, ou como diz o Padre Matos Soares: Dias completos de tardes e manhãs é de tempo profético computado um dia por ano, a única interpretação que preenche as condições proféticas e que se cumpriu em 1844 no fim do ano, no Santuário Celestial. ENTROSAMENTO COM A MISSÃO No dia 24 de outubro de 1985 o Braff recebeu o convite para as trienais da Missão Mato-Grossense em Cuiabá e no sábado, dia 26, tomou parte ativa na programação do sábado nas trienais, inclusive na ordenação dos novos pastores. Como delegado especial atuou na eleição da nova diretoria para o triênio entrante e depois num miniconcílio de obreiros, voltando depois a Primavera do Leste no dia 29. MARISA, MARLI E MENALTON No dia 27 de dezembro de 1985 a filha de Menalton, neta do pastor Braff, Marisa que fora criada pela família Braff (Manoel e Mercídia) e que o avô considerou como filha, casou-se em Porto Alegre. O Pastor, seu pai por criação, que devia celebrar o casamento religioso, não pôde comparecer por não estar em condições de fazer longa viagem. Passou o fim de ano com seus dois filhos: Menalton e Marli, que vieram matar a saudade de ambos os lados: a deles e a de seus pais. E assim findava o segundo ano de atividades do Braff em Primavera do Leste – MT. Seus filhos viajaram para Santa Catarina dia 6 de janeiro de 1986, deixando muitas recordações. OS TERRENOS E A CONSTRUÇÃO No dia 15 de janeiro de 1986 o pastor Manoel providencia os dados para escriturar os terrenos da igreja. O Pastor receberia os terrenos da igreja com a procuração do presidente da missão por substabelecimento. No dia 24 de maio começa a formar os fundos da caixa de construção da igreja e a 14 de 135 junho segue para o Congresso de Tesoureiros em Rondonópolis, e em 18 de junho o presidente da missão, pastor Ênio assina a escritura dos terrenos da igreja; já se pode construir, mas a caixa de construção cresce muito devagar. No dia 2 de julho o pastor Braff terminou de escrever sobre as sete igrejas da Velha Dispensação e a seguir comprou um Corcel I e pôs o resto do dinheiro da venda do Corcel II na poupança, é preciso acelerar a caixa de construção. No dia 27 o Braff efetivou a primeira compra de material para a construção da igreja: pedra britada e cascalho. POLÍTICA A 20 de julho de 1986, o Braff foi eleito membro do diretório municipal do PMDB. No dia 28 de julho de 1986 foi lançada a sua candidatura a vereador da primeira Câmara de Vereadores de Primavera do Leste, tendo como candidato a prefeito Darnes Cerutti e vice seu filho Dr. Milton João Braff. Automaticamente teve que se lançar na campanha política para se eleger. Imaginou que se tornando bem conhecido como Adventista teria mais facilidade de evangelizar o município. A Igreja Adventista, pensava ele, não tem mais gente seguindo porque é pouco conhecida e a sua Doutrina ignorada. “Assim estaremos preparando o terreno para uma série de conferências”. Tratou logo de fazer amizade com o padre, pensando que o padre o apoiaria no esforço público. Os Braff se projetariam na sociedade primaverense e o evangelho pregado pela igreja - a verdade presente triunfaria no conceito do povo. Porém, que isso aumentaria o preconceito geral, os Braff desconheciam totalmente. O pastor Braff pensava que teria grande apoio para a Construção da Igreja, porém só ganhou a planta e assim mesmo um projeto inexecutável e necessitou ser alterado. Mas o Pastor queria aproveitar a sugestão que o engenheiro correligionário político lhe deu e assim o Braff se lançou na campanha, pensando estar correto o seu procedimento. Mais tarde, veio a descobrir que estava errado. Fez com toda a boa intenção, pensando estar fazendo uma obra para Deus, como fizeram os Judeus, especialmente Paulo ao perseguir os cristãos. As boas intenções só se provam corretas pelos seus frutos. “Pelos seus frutos, o conhecereis” Mateus 7:20. As boas intenções podem trair seu possuidor e cometer um grave erro que jamais se libertará dele. Pouco tempo depois teve consciência de que sua boa intenção estava errada. O dia da eleição seria no sábado dia 15 de novembro de 1986. Havia certa indecisão a princípio. Os Adventistas pediram a mudança da data, e esta lhes foi negada; pediram prorrogação do horário, que foi 136 Biografia do Pastor Braff também indeferido e o Pastor não votou nem em si mesmo e por conseguinte não foi eleito, concluindo que sua posição política estava errada. “O Meu reino não é deste mundo”. João 18:34, disse Jesus e, quem O segue deve andar como Ele andou. No dia 16 de novembro de 1986 houve as apurações das eleições onde seus candidatos foram eleitos, menos o pastor Manoel e com isso ficou livre do peso de consciência de ser um vereador eleito pela transgressão dos mandamentos de Deus. Os candidatos do partido oposto reagiram, queriam anular as eleições, levantaram calúnias e quiseram processar o partido vitorioso, porém nada puderam provar e por fim se aquietaram. Mas, não cessaram as difamações e as críticas, o que resultou em mais uma advertência para o Braff, cujo slogan era a União, Justiça e Trabalho e resultou em desunião e injustiça da partes dos adversários. O ideal do filho de Deus não se coaduna com a maneira de agir dos que exploram a política para o seu próprio benefício. No dia 13 de dezembro dois médicos do Hospital São Lucas abandonaram o Hospital por preconceito político. Um deles se transforma em médico espírita. Primeira conseqüência política. No dia 23 de dezembro o Pastor recebeu uma planta da igreja, por doação de um candidato a deputado federal. O Pastor faz uma experiência para sentir os efeitos da política sobre o progresso da igreja e sentiu que o auxílio que recebeu foi totalmente em vão; do que aproveitou teve muito mais despesas e complicações do que se tivesse jogado tudo às traças; sem o auxílio da política teria feito muita economia. Mas o Braff tinha outro alvo em vista: um terreno para uma escola adventista; se o seu partido ganhasse as eleições iria requerer da prefeitura um terreno amplo, no centro da cidade, para a construção de uma escola adventista para salvar os amantes da verdade. Porém não há fundos para se dar início a construção da igreja; a escola será um problema para o futuro, para a expansão do reino de Deus na região primaverense. ORIENTAÇÃO RELIGIOSA DAS ESCOLAS No dia 25 de maio de 1987 foi estabelecida uma comissão de pastores para orientar o programa do ensino religioso no Município de Primavera do Leste - MT. A comissão ecumênica tinha a incumbência de estudar o programa, adaptá-lo às realidades do Município, e administrar aulas de religião às professoras das quatro séries primárias. O pastor Braff foi convidado a dar sua parcela como orientador do professorado do Município no ensino religioso, juntamente com o padre local, uma freira e o pastor da Igreja Batista. Orientar no sentido que sejam aulas ecumênicas, isto é, que respeitem 137 todas as confissões religiosas, usando somente assuntos aceitos por qualquer denominação teísta. Com isso o Braff fez amizade com o padre, freiras e o povo mais chegado ao padre. E a catequese cada um faça na sua igreja para não confundir os adolescentes desorientados. HINO À PRIMAVERA DO LESTE No segundo semestre de 1986 nascia o plano de compor um hino à Primavera do Leste e o pastor Braff meditou por longo tempo sobre o assunto. O Braff esperava que se não fosse do plano de Deus a sua apresentação de semelhante obra, que se desvanecesse a idéia; mas em vez disso o pensamento sobre o plano recrudesceu cada vez mais, até que lançou mãos à obra; levou muito tempo fazendo projetos, destruindo e fazendo de novo. Durante a campanha política fez vários ensaios e a todos destruiu. Compôs a música com muitos ensaios até escrever a pauta. Depois procurou cantar o hino, mas teve insegurança, até que chegou seu filho Merlinton de Dourados e o ajudou Merlinton levou a pauta para Dourados com a letra a fim de testar a música por uma professora de piano (Simone Rasslan). Finalmente a música foi gravada em cassete pelo coral do Centro Cultural Guaraobi, ensaiado pelo Maestro Adilvo Mazzini. No dia 17 de julho de 1987 chegou de Dourados seu filho Merlinton trazendo a pauta da melodia com acompanhamento e a gravação em cassete. Tudo pronto para os ensaios no colégio. Porém para a sua decepção, as autoridades municipais não tiveram interesse. O Braff desconfiava que o preconceito religioso fosse o responsável pelo descaso a que foi relegada a Ode à Primavera, ou por incompreensão de seu teor. O mais provável é que foi por carência de patriotismo. O amor à Pátria aqui em Primavera do Leste é fogo no serrado, logo se apaga. Cantamos o hino na Semana da Pátria e depois nunca mais, apesar dos elogios dos participantes. 138 Biografia do Pastor Braff Hino de Primavera Primavera de clima inconteste Tua vida está cheia de esperança No progresso o teu povo sempre avança, Premiado pelos bens que tu nos destes. Estribilho: Salve, salve! Primavera do Leste. Deleitosa estação primaveril, Separando as águas do Brasil, Tu espraias o altiplano em campo agreste, Terra de luz, terra de amor De tudo produz, a linda flor, E a vida reluz, na linda flor. Primavera do Leste em ti me assento, Ó rainha de plagas virginais, Em teus campos vicejam cereais, Desta casa provedora de alimentos. Sobranceira do chão desta planura, Das vertentes dos rios, sul e norte Tuas terras tratadas desta sorte Recompensam quem explora a agricultura. Manoel João Braff 139 1985 a 1996 ATIVIDADES LITERÁRIAS DISCUSSÃO COM OS BATISTAS No dia 28 de agosto de 1985, o Pastor teve uma discussão com um pastor batista sobre a observância do sábado, ele (pastor batista) dizia que o calendário fora mudado. O pastor Braff quis saber quando foi mudado: da criação até Moisés? Em Êxodo 20: 8 a 11, disse Deus que não foi mudado, pois o motivo da santificação do sábado é que Deus em seis dias fez os Céus e a Terra e tudo o que neles há e ao sétimo dia descansou. De Moisés até Cristo? Os evangelhos que falam da crucificação de Jesus e sua ressurreição nos afirmam, todos os quatro que o sábado que Jesus passou na sepultura foi o dia anterior ao primeiro dia da semana. Católicos e protestantes dizem que guardam o domingo por que é o dia da ressurreição. Até Moisés, Deus diz que o sétimo dia da criação era o mesmo sábado. Os apóstolos afirmam que o sábado que Jesus passou na sepultura foi o mesmo do quarto mandamento e os batistas afirmam que o domingo atual é o mesmo primeiro dia da semana da ressurreição de Cristo. Aonde se fez mudança no calendário? O pastor Batista disse que o sábado é dos judeus. Moisés foi o fundador humano da religião dos judeus, portanto deve ser rejeitado; e ele fez um gesto de aprovação, o Braff perguntou-lhe: “Então por ser dos judeus deve ser rejeitado? Os cinco livros de Moisés são de judeus, então devem ser rejeitados?” Ele fez um gesto de aprovação. O Braff, no entanto mostrou que os demais autores da Bíblia eram judeus, portanto teríamos que jogar toda a Bíblia fora. E Jesus também era judeu, por isso teria também que ser rejeitado, então ele envaretou, levantou-se e fugiu apressadamente sem se despedir. No dia 20 de setembro de 1985, depois de várias trocas de idéias nos dias anteriores, o pastor batista trouxe um livro afirmando que ao morrerem as pessoas, as almas voam para o Hades ou ficam no seio de Abraão e que a parábola de Cristo sobre o rico e Lázaro é real. Diz ainda ele que as almas dos justos estão no seio de Abraão e as almas dos ímpios estão no Hades. O Braff resolveu escrever um comentário sobre as questões: - que é espírito? - que é alma? - que é Hades? Como ocorresse o assunto de o pastor batista pertencer a um rebanho que é intitulado Ciência Cristã, e estar a soldo da igreja Batista, surgiu o assunto de João 10: 16 - Jesus disse: “Haverá um rebanho e um Pastor” o Pastor é Ele e Seu rebanho é um só em todo o mundo. É formado por aqueles que cumprem Suas ordens. E o pastor Braff escreveu um artigo sobe 140 Biografia do Pastor Braff este tema e entregou para o pastor batista. Como o assunto é muito vasto, o Braff decidiu escrever um livro. Em fins de setembro de 1985 nascia a idéia de escrever um artigo sobre os “Dois Rebanhos”: Um rebanho único baseado em João 10: 16. “Ainda Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; a Mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a Minha voz então haverá um só rebanho e um só Pastor”. Um rebanho mundialmente unido, o povo de Deus em qualquer parte do mundo, o adventista do sétimo dia é irmão do mesmo rebanho. O rebanho opositor é um rebanho fragmentado em milhares de facções que quase se digladiam entre si. O rebanho dividido só tem uma função conjunta: atacar o “rebanho que guarda os mandamentos de Deus e que tem o testemunho de Jesus”. Ovelhas que não são deste aprisco, do aprisco do qual pertencia Jesus. “Ovelhas que não são Minhas”; com referência direta aos gentios que não pertenciam à comunidade de Israel. O rebanho dos gentios convertidos unir-se-ia com o rebanho israelita convertido e formariam um só rebanho e um só Pastor (Bíblia LH). Uma só comunidade universal. “Um só Pastor”. OS REBANHOS Há dois sentidos distintos e ambos podem ser verdadeiros. Primeiro: Jesus Cristo, o bom Pastor é o único Pastor do rebanho Judeu-Gentio convertido. E o segundo sentido é que a mesma Congregação deve incorporar tanto judeu como gentio, que morarem na localidade e que devem ter um só Pastor. As antigas e conflitantes comunidades devem se unir sob a orientação do mesmo Pastor. “Porque Ele (Cristo) é a nossa paz, o qual de ambos fez um e, tendo derrubado a parede de separação que estava no meio à inimizade... e reconcilia ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da Cruz, destruindo por ela a inimizade”. Efésios 14: 16. “Se, porém, alguns dos ramos (da boa oliveira israelita) foram quebrados, e tu, sendo oliveira brava, foste enxertado em meio deles e, te tornaste participante da raiz e da seiva, não te glories contra os ramos; porém se te gloriares sabe que não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti”. Rom. 11: 17 e 18. Os gentios têm uma dívida muito grande com os judeus: a herança da salvação. Todo o conhecimento de Deus, a redenção, a justificação, a ressurreição e a vida eterna. O rebanho dividido tem uma infinidade de segmentos, combatendo-se numa guerra informal. Desde a ascensão do potentado de Roma ao trono do Império Romano e acompanhado pelos seus descendentes, as filhas da “Grande Babilônia que a todos dá de beber do vinho da ira de sua prostituição”. Todas as que têm as características de seu soberano, o dragão. Das refregas que o Pastor Fisioterapeuta teve com o Batista, seu cliente, originou-se o plano de escrever o artigo sobre os dois rebanhos. O referido Pastor Batista que é de um outro rebanho chamado Ciência Cristã, rebanho em que os diversos redis combatem-se entre eles mesmos, mas um 141 pastor de um rebanho pode trabalhar a soldo de outro. São rebanhos separados, mas filhos da mesma mãe. Dizia ele: “o sábado é dos judeus e quem guarda o sábado crucificou Jesus e está perdido. O dia de guarda não tem nada a ver com o sábado semanal. Deve-se guardar o sétimo dia de trabalho. Trabalhar seis dias e descansar o sétimo dia, não importa o dia da semana”. A réplica a essa teoria deu origem a um manuscrito que o pastor Braff pretende publicar em forma de um livro, sobre os dois rebanhos acima mencionados. É um só simbolismo referente a rebanho que também é simbólico. O rebanho de Deus é um símbolo do povo de Deus que por sua vez também é simbolizado por ramos de oliveira, e o rebanho opositor: “filhos da desobediência”, pelo zambujeiro, ou oliveira brava. O gentio é simbolizado pelo zambujeiro. O cristão gentio, porém, é ramo quebrado do zambujeiro e enxertado na boa oliveira israelita. Jeremias 11: 16. Não podemos rejeitar a seiva do tronco da boa oliveira (Romanos 11: 18) sem que haja risco de sermos quebrados dos ramos da boa oliveira, ficando a secar no monturo, durante o milênio; no fim, engrossar as forças de Satanás e arder no fogo. Em 20 de outubro de 1985, entabula-se nova discussão entre Manoel Braff e o pastor batista sobre o sábado. O Braff refutou ponto por ponto o argumento que ele apresentou por escrito contra a observância do sábado, a ponto do Batista se dar por derrotado, mas preferiu ficar do lado da tradição e deixar a Bíblia em segundo plano. Rejeitou a verdade, conivente “para não dar o braço a torcer” e logo depois abandonou o ministério da Igreja Batista, dizendo que ia para o seminário continuar os estudos. Mudou-se sem deixar endereço. Mais uma prova para o conceito: 'derrotar o opositor não converte ninguém que não esteja procurando a verdade'. Só aceita a verdade quem rejeita a mentira e de todo o coração deseja a verdade para salvar-se deste mundo corrompido e mau. A 2 de julho de 1986 o pastor Braff termina de escrever sobre as sete igrejas da Velha Dispensação. TRÓIA Em 3 de dezembro de 1986 Manoel Braff terminou de escrever o “Castiçal de Ouro da Velha Dispensação” e começou a escrever sobre os apóstolos na Nova Dispensação e sua distribuição entre as doze tribos de Israel. No dia 2 de novembro de 1987 o Pastor estava escrevendo sobre o período da igreja de Pérgamo no livro das Sete Divisões das igrejas nas duas dispensações (regime teológico, antes e depois de Cristo), o Velho e o Novo Testamento. No dicionário Grego-Francês (Abrégé du DictionnairecFrançais) de M.A. Bailly aplica o nome de Pérgamo à cidade de Tróia ou 142 Biografia do Pastor Braff Trôade (Atos 16: 8) e a capital do reino de Pérgamo que em 133 a.C. passou para o domínio romano. Como no tempo do Apóstolo João estas duas cidades existiam com o mesmo nome em grego, por serem construídas sobre penedos semelhantes, o Braff achou por bem usar as duas como simbolismo profético da terceira igreja apocalíptica, isto é, Igreja de Pérgamo Romana e Igreja de Pérgamo Troiana. A Igreja de Pérgamo Romana, simbolicamente sustentando a doutrina de Balaão, como também dos Nicolaítas. Na época de Pérgamo, porém, encontramos a espada de dois gumes para desbastar as asperezas do paganismo em duas frentes: os que sustentam a doutrina de Balaão e da mesma forma a dos Nicolaítas, a Pérgamo capital da idolatria e mitraismo, romana; e (a frente) de Antípas, a fiel testemunha, os que conservaram o nome de Cristo e não negaram a fé, estes são simbolizados pela Pérgamo de Troas, de onde o Apóstolo Paulo e seus companheiros partiram para evangelizar a Europa. São os que sustentam o espírito missionário da visão de Paulo em Trôade ou Troas, a famosa Tróia grega - “Passa a Macedônia e ajuda-nos” Atos 16: 9. Troas nos dias do Apocalipse já estava em decadência e na época da Igreja de Pérgamo, 313 a 538 a.D., é a igreja que foi para o deserto. Nos seus dias os fiéis trabalhavam na clandestinidade. Com o fim de sua vigência a Igreja ficou no deserto 1260 anos, porque já o Império Romano havia colhido a sua liberdade, casando-a com o mundo romano, hostil aos legítimos cristãos. Na apostasia reinante, a idolatria triunfou. Os fiéis não estavam mais nela! Em junho de 1990 o Pastor começou a reunir recursos novamente de sua aposentadoria e enquanto isso ia escrevendo sua biografia. Dia 2 de julho de 1996, o Pastor escreveu uma réplica sobre a tese de um pastor, que desacreditava o Velho Testamento por ser dos judeus. Dia 3 de julho de 1996, o Braff continuou a escrever o seu livro que pretende publicar: “OS DOIS REBANHOS NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE”. Uma idéia que nasceu em fins de setembro de 1985. 143 1987 a 1991 RESPONSABILIDADE ESTENDIDA BATIZANDO AOS 77 Foi no dia 16 de maio de 1987 que o Braff realizou o seu primeiro batismo em Mato Grosso. Foi a sua recompensa pelo trabalho de dois anos de labuta numa Escola Sabatina filial em Alto Coité, Município de Poxoréo - MT. Dia 22 de junho de 1987, chega da Suíça seu filho caçula, Malton, onde exerce o pastorado Adventista; passou dois sábados com os seus pais e dia 3 de agosto partiu de volta para a Europa. A 30 de agosto de 1987 o Pastor realiza o seu segundo batismo em Mato Grosso na cidade de Jaciara, batizou três preciosas almas e ficou muito feliz por ainda poder batizar aos 77 anos de idade. Com o batismo de Jaciara e Alto Coité o pastor, em Mato Grosso, batizou oito pessoas. Completando o sexto estado em que o pastor Braff agregou o rebanho de Deus, as multidões dos filhos da esperança; oficiou a cerimônia batismal no Rio Grande do Sul, Santa Catarina. Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso, e ainda se sente com vigor para trabalhar noutras regiões se Deus quiser usá-lo. Em novembro de 1987 encerrou-se a Escola Sabatina de Alto Coité. Vicente Dias Sobrinho com a família e seu empregado Henrique mudaram-se para Juína ao norte do Estado e não ficou ninguém com interesse algum que pudesse continuar trabalhando ali. Por isso o Pastor encerrou suas atividades missionárias naquele lugar. VISITANDO A TERRA NATAL A 30 de novembro de 1987 partia o velho pastor com sua esposa Mercídia para Porto Alegre, em visita aos seus irmãos, filhas e demais parentes que se encontram naquelas paragens. Foram férias muito proveitosas, para quem por quase quatro anos viveu na tensão duma responsabilidade muito grande: construir a igreja para atingir as almas sinceras que ainda se encontram em Babilônia mística. Estranhos ao novo concerto da promessa - uns sabendo que estão perdidos, mas sem conhecer o caminho para a vida e tantos outros que estão iludidos, nem sabem que estão perdidos. E o Pastor meditava que precisava de uma série de conferências para alertar os enganos, mas enquanto não se realiza, o Pastor sente-se responsável pelas multidões que perecem sem ter o conhecimento da verdade, além dos 144 Biografia do Pastor Braff primaverenses, preocupava-se com os familiares que conhecem o caminho, mas acham estreito demais para andar por ele. Assim que nestas férias o Braff pôde descansar um pouco, rever velhos amigos, seus inesquecíveis familiares e irmãos na fé que há muito tempo ele não via. Em Taquara foi assistir ao programa do IACS, a formatura de 1987. Constatou que o Colégio que ele ajudou a fundar, estava muito diferente. Ele foi aluno do segundo ano de fundação, por isso considera-se como aluno fundador e agora constata que a diferença é além da expectativa, teve um grande desenvolvimento desde a última visita que lhe fizera. Dia 16 de dezembro de 1987 os Braff voltavam a Primavera. O Pastor sentia-se reforçado, reanimado, pronto para começar a escrever o livro do Castiçal de Ouro e incrementar a construção do templo adventista em Primavera. MERCÍDIA PASSA MAL Na madrugada de 28 de março de 1988 Mercídia de Oliveira Braff esposa do Pastor acordou enjoada do estômago e logo começou a obrar sangue com violenta hemorragia intestinal e foi piorando de momento a momento. Ao amanhecer, aos primeiros clarões do dia já havia perdido muito sangue. Dr. Irineu e Niura, esposa do Dr. Milton prestaram os primeiros socorros, levando-a ao hospital ao romper da aurora. Mercídia ao levantar-se para se preparar para seguir ao hospital, vomitou uns dois litros de sangue coalhado, ou mais. Era uma úlcera que sangrou no estômago ou duodeno e ela quase morreu. Quase se esvaiu em sangue. Já a levaram para o hospital meio desmaiada. A sorte é que o nosocômio era perto e o médico atendeu imediatamente. O socorro veio a tempo, o sangue foi estancado e Mercídia conseguiu safar-se ainda desta vez, mas ficou muito fraca. Mercídia foi reagindo muito bem. Quer alcançar os 80 anos dia 5 de junho. Ela perdeu uns dez quilos do peso normal e, com isso surgiu uma outra crise: encasquetou que a úlcera era cancerosa e que estavam escondendo dela; para remover esse entulho que inculcara na mente não foi fácil. Com o correr do tempo, porém, parece que foi esquecendo e se convencendo da realidade. Era um temor infundado que neutralizava o progresso de sua recuperação. No dia 5 de junho de 1988, houve festa na casa do pastor Braff; sua esposa alcançara os 80 anos. Para ela que esperava estar se aproximando da sepultura, realmente era uma grande vitória. Visto que ela estava se recuperando bem, seus familiares achavam por bem celebrar este acontecimento com uma festinha, com efeito psicológico para que sua psique pudesse atuar sobre a recuperação da saúde e prolongar a vida por mais outros longos anos. 145 E assim foi esquecendo de falar em morte próxima e sua saúde foi melhorando consideravelmente, até remoçou um pouco. Aquela impressão que a morte estava chegando, de fato estava aniquilando a velhinha; agora, com pouco auxílio toma conta das atividades domésticas. Foi um santo remédio livrá-la daquele torpor mental. EXPANSÃO DA IGREJA Para o Pastor o ideal seria realizar uma série de conferências em Primavera do Leste. Os membros ainda são poucos para justificar um grande empreendimento; o Pastor não tem base de apoio e o trabalho é muito difícil. A esperança está em construir a igreja para salvar o empenho do Pastor, que visa preparar o terreno para a tão sonhada série de conferências. O Pastor se esmerava para não provocar preconceitos com outras denominações religiosas: católicos e não católicos, por isso ele não desenvolveu um evangelismo mais alarmante e convincente. As igrejas pentecostais estão crescendo muito e as trevas cobrem a cidade com um manto de cilício. Urge, portanto, acender uma tocha (o templo ou as conferências) como o farol de Alexandria que iluminava entre 60 a 760 km de distância e o Braff esperava assim iluminar a região no caminho de Deus. No dia 31 de dezembro de 1988 o Pastor foi convidado para dirigir o culto de ação de graças a Deus pela posse do Prefeito eleito Érico Piana Pinto Pereira. Neste ato respeitoso, num programa ecumênico, o pastor Braff o empossaria, num compromisso solene com Deus, mas o Prefeito estava enfermo e não pode assumir, sendo que o vice assumiu em seu lugar. A VIDA EM GRANDE PERIGO Dia 29 de dezembro de 1989 a noite até as 11 horas o Pastor esteve estudando para o programa de sábado e deitou-se tratando de recolher a hérnia que nem sempre era fácil de recolher à noite ao deitar. Desta vez, porém, lutou horas sem conseguir com toda a sua técnica de massagista. À uma hora da madrugada ele chamou a sua esposa, advertindo que providenciasse um meio para levá-lo para o hospital porque já não agüentava mais de dor. Seu genro Horaldo estava de visita em sua casa, foi chamado imediatamente e o levou ao hospital. Chamaram o Dr. Milton, seu filho e mais dois médicos, sendo em seguida submetido a uma cirurgia urgente. Um metro de intestino estava herniado, já roxo denegrido, a um passo da necrose e da morte inevitável. O Pastor apesar de estar se aproximando dos 80 anos reagiu bem e se recuperou logo. Depois disso ele afirmou que se considerava como tendo nascido de novo. 146 Biografia do Pastor Braff O Braff ainda não havia terminado a sua tarefa: a de construir e terminar o acabamento da igreja e realizar a série de conferências que lhe fora prometido uns anos antes. Seu alvo era transformar Primavera numa sede de distrito (jurisdição pastoral) do povo da Terceira Mensagem Angélica. O Pastor estava exaurindo as suas forças e precisava urgentemente de auxílio na evangelização do povo primaverense. Sim, Deus é o seu ajudador, mas ele precisa de auxílio humano também. CONFERÊNCIAS Surge uma esperança! Vem uma promessa! 1990 teremos uma série de conferências! Esta alvissareira notícia reanimou o encanecido pastor. Agora teremos mão de obra espiritual, evangelistas para sacudir Primavera do Leste, pensava ele. Seus sonhos seriam realizados. Uma igreja cheia se preparando para a volta de Cristo em Primavera do Leste! Mas, a igreja, o templo ainda não está terminado. E o instrumento humano que se lançou de corpo e alma na construção, onde está? Ah, nos últimos anos, depois da cirurgia da hérnia, ficou hospitalizado até o dia 2 de janeiro de 1990 e ao chegarem em casa ficou de cama ainda vários dias. RESPONSABILIDADE DO CONVALESCENTE Dia 6 de janeiro de 1990, Milton dirigiu a Escola Sabatina e na outra semana já o Pastor dirigiu a Escola Sabatina e a lição, mas, em convalescença por todo o mês de janeiro. No dia 16 de janeiro já entra em ação, preparando o templo para a série de conferências. Viria qualquer dia alguém para inspecionar o local onde deveriam se realizar as reuniões e o único local disponível em Primavera era a igreja. E, aí, foram mãos a obra. Durante a segunda quinzena de fevereiro e o mês de março de 1990 os adventistas deixaram a futura igreja e ocuparam um salão de reuniões, em condições precárias de funcionamento, sem aparência de igreja, como lhe fora recomendado. Foi improvisada uma plataforma de madeira, tábuas rústicas sem qualquer preparo e uma bancada rústica, provisória. O pastor Pavel de Moura era o conferencista. Pavel de Moura era então secretário da União Sul Brasileira dos Adventistas do Sétimo Dia e conferencista a nível de União. O Braff, desde 31 de janeiro de 1990 estava em atividade no seu trabalho, mas foi na segunda quinzena de fevereiro que ele começou os trabalhos da igreja. Dia 31 de março foi dia da última escola sabatina na garagem. Dia 04 de abril, quarta-feira, pastor Eradí, Secretário da Missão Matogrossense dirigiu um culto de oração e de despedida da garagem. – “Sábado estaremos todos na igreja!” Vociferou o dirigente, num tom convincente, confiante no sucesso do conclave próximo. 147 Os cultos e escola sabatina realizavam-se no hospital São Lucas, do dia 18 de fevereiro de 1984 a 19 de janeiro de 1985 - onze meses e um dia no Hospital. Na garagem do pastor Braff, de 19 de janeiro de 1985 até 04 de janeiro de 1990. Cinco anos, dois meses e quinze dias. escola sabatina sem sede em Primavera do Leste 6 anos, 1 mês e 16 dias. Foi um tempo de muitas lutas e grandes vitórias. Era desanimadora a situação. E o Braff curtia seus sentimentos em silêncio. De quando em vez, um grito na alma: - que foi que vim fazer aqui? Todo esforço para salvar almas tem sido em vão. A resposta que pedia a Deus teria sido uma coincidência? Mas, “Deus que tem guiado meus passos até aqui não pode ter me abandonado” e recobrava ânimo novamente e as vitórias lhe davam novas esperanças. Finalmente chegou o dia tão esperado! Dia 07 de abril de 1990 chega a comitiva do pastor Pavel de Moura, o conferencista. Era um programa de semana santa. Um ótimo programa, mas uma época muito chuvosa. Primeira noite, igreja cheia, totalmente lotada. Segunda noite, pouca gente; na terceira: muita chuva e falta luz, acende-se liquinho, mas o povo não vem! Só os Adventistas. Na seguinte não havia luz até a hora de começar e poucos vieram Noites chuvosas e pouca freqüência. Sexta-feira o tempo melhorou e quase lotou o salão, novamente. Domingo, dia 15 de abril. Última conferência do pastor Pavel e chega Eradí. Sábado, surge o pastor Paulo, distrital. Dia 22 de abril de 1990, parou a chuva, mas o povo não veio, apenas uns poucos e logo recomeçou a chuva. Os pastores Eradí, Paulo e Braff se revezavam até concluir a série, sem resultado prático: duas pessoas que pouco depois se mudaram sem batismo; uma frustração total! E agora? Que fazer? A ESCOLA Dia 27 de maio de 1990 o Pastor fez a última conferência e no sábado seguinte pastor Paulo dirigiu lição e sermão. No dia 08 de junho o Braff voltase para a construção da Escola. Constroem um barraco no terreno que fora dado para a Escola Adventista para guardar o material de construção da Escola, mas, dinheiro que é bom, quê dê? dizia ele - sem dinheiro, e sem apoio de ninguém a obra não sai! Mas o compromisso de evangelizar Primavera aumenta cada vez mais. Começou a reunir recursos novamente de sua aposentadoria e enquanto isso ia escrevendo sua biografia. No dia 26 de junho de 1990, seu filho, Dr. Milton e família viajaram para Estados Unidos, a fim de assistirem as Qüinqüenais da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia. Dia 14 de julho de 1990 o Pastor lançou um concurso do livro Daniel para conservar os poucos interessados que restavam da série de conferências e continuou a escrever. Tempo muito frio, dia 7 de agosto chegam Milton e Malton com suas famílias e no dia 14 viajam à Chapada dos Guimarães e Pantanal. 148 Biografia do Pastor Braff VISITA AOS PARENTES No dia 6 de janeiro de 1991 o Dr. Milton viajou para o Rio Grande do Sul. Os seus genitores, o pastor Manoel Braff e esposa foram juntos e dois dias depois chegaram a Porto Alegre. No dia seguinte, foram a Rolante. No sábado estiveram em Monte Belo, onde o Pastor passou a lição da Escola Sabatina. No domingo Milton viajou para Santa Maria e de lá a Uruguaiana e só voltou no dia 23 de janeiro. Dia 19 de janeiro de 1991 depois do culto, o Pastor, em companhia de Horaldo, seu genro foram para a praia do Quintão, visitar Elvira, irmã do pastor Braff e Delmar, seu cunhado e também o irmão Afonso João Braff. Uma das raras visitas à praia, porém o Pastor não tomou banho de mar, visto a hérnia estar atrapalhando muito e não estar prevenido para tal evento. Chegando Milton dia 23 de janeiro no sábado seguinte seguem para Rolante e lá o Pastor dirige o sermão com a igreja cheia. Na praia do Quintão, Manoel encontra com os seus três irmãos ainda vivos: Afonso, Almerinda e Elvira. Foi um encontro emocionante, porque já fazia muitos anos que não se viam e praticamente sem relacionamento, porque a distancia os separava. RETORNO AO COTIDIANO EM PRIMAVERA Dia 27 de janeiro de 1991 o retorno para Primavera, foi uma excursão muito salutar. Refizeram as forças e o pastor Braff voltou animado a prosseguir na restauração da igreja, dando-lhe aspecto de igreja. Na noite do dia 29 de janeiro chegavam à residência, tudo estava em paz. As obras continuaram com muita lentidão, mas não pararam e o Braff assumiu novamente o controle; trocou os pedreiros e tudo se normalizou. No dia 2 de fevereiro de 1991 já foi possível levar de volta a Escola Sabatina para a igreja ainda em construção, mas já estava coberta e forrada, os quartinhos do pastor e diáconos e o tanque batismal estavam em andamento, quase prontos. Dia 13 de fevereiro de 1991, Mara, filha adotiva do pastor Braff, deu à luz uma filha que recebeu o nome de Aline. No dia 15 de fevereiro o príncipe D. Bertand de Orleans e Bragança, segundo na ordem da herança ao trono do Império Brasileiro, e o Braff foram convidados para uma sessão solene na Câmara dos Vereadores e para o jantar de cortesia ao nobre visitante, Braff e príncipe tornaram-se amigos. Dia 17 de fevereiro de 1991 o príncipe voltou a São Paulo. No dia lº de março de 1991 chega a mudança de um irmão de Santa Maria, RS. Espera-se que diversas famílias venham de lá dentro de pouco tempo. 149 No dia 23 de março de 1991 o pastor Braff reuniu-se à comissão de nomeações da diretoria da igreja. O pastor Manoel Braff completou 63 anos do seu batismo no dia 2 de abril de 1991. No dia 3 de abril nasceu Jéssica filha de sua filha Maísa, mais uma neta que chega. No dia 9 de abril de 1991 o Pastor completou 81 voltas com a terra ao redor do sol e ainda tem muito chão a percorrer até completar a tarefa que pesa sobre os seus ombros. No dia 2 de maio de 1991 mais uma bisneta do pastor Braff apontou na curva elíptica da trajetória sideral. A aposentadoria do pastor Braff não lhe foi dada por conclusão do trabalho e sim para transferência de empregador. Antes tinha um ou mais homens que lhe davam ordens e agora o Pastor só tem um que é o seu Patrão. Ele dá ordens e o Pastor tem prazer em acatá-las. O emprego é o mesmo, mas o Pastor tem mais prazer em servir Este porque Ele é o Dono da obra. O Braff trabalha tranqüilo, porque homem algum ambiciona o seu emprego. E se alguém quiser emprego semelhante ou igual, há inúmeras vagas, e em todo o tempo, com necessidades urgentíssimas. 150 Biografia do Pastor Braff 1991 a 1993 NO PASSAR DOS DIAS GUERRA NO GOLFO PÉRSICO No dia 16 de janeiro de 1991 começa a guerra no Golfo Pérsico. No ataque a Saddam Hussein, os Estados Unidos bombardeiam Bagdá implacavelmente; Saddam Hussein não quer deixar o Kuwait que invadira antes. A meia noite do dia 27 de fevereiro foi dada a ordem de cessar fogo no Golfo Pérsico. Ainda desta vez, a guerra que ameaçava alastrar-se pelo mundo muçulmano e cristão como muitos imaginavam, cessou. Porém, isto ainda não é o fim. Nem todas as profecias se cumpriram. Os iraquianos como os demais islâmicos devem ouvir o puro evangelho de Cristo para poder fazer sua decisão e os povos pagãos que nem agora ouviram falar de Cristo, quanto mais fazer decisões por Cristo. O tempo está se dilatando porque as circunstâncias se dilatam. E quando o evangelho tiver atingido todos os povos do mundo e tiverem feito sua decisão então virá o fim. OUTRO APRISCO No domingo, 19 de maio de 1991 o Pastor foi fazer uma visita a interessados, não encontrando ninguém em casa. Então dirige-se a casa de um amigo seu da Igreja Batista. Conversou pouco tempo, porque ele estava ocupado, mas a mensagem ficou com ele. No dia seguinte, 4 homens da Congregação Cristã entraram em sua casa para uma polêmica, só que o campeão deles tomou a palavra e não deu chance ao Pastor que não estava prevenido para tais ataques; então ficou procurando uma passagem em Ezequiel 13: 17, 18, 20, 21, e o homem foi possuído por Satanás. Começou a rogar pragas e a blasfemar por quase uma hora e o Braff chamava-o de Satanás. Com muito custo conseguiu que o homem terminasse com a loucura diabólica; tudo isso porque, no dia anterior o pastor Braff havia visitado membros de sua grei e Satanás mandou um de seus mensageiros atacarem o Pastor em seu domicilio. Para a despedida do ano de 1991 o Pastor Braff convocou a igreja para um culto durante o pôr do sol, na igreja com todos os adventistas de Primavera e ali o ano velho, mil novecentos e noventa e um, passou eternamente para a história. 151 BODAS DE DIAMANTE No dia 7 de junho de 1991 chegaram Mírtie, sua filha, e seu genro Horaldo, eles ficaram até as bodas de diamante. Dia 20 de julho de 1991 foi um dia festivo com as bodas de diamante. O casal Mercídia e Manoel Braff teve a festa comemorativa de seu casamento há 60 anos atrás, estiveram presentes do Rio Grande do Sul; Mirtie e Horaldo, filha e genro com suas filhas Sônia e Cinara; Marisa e Mirna, netas; e sobrinhos Zildomar, Lauro e esposa; de Mato Grosso do Sul, Merlinton, seu filho e esposa Nélsia. O pastor Xavier, presidente da Missão e pastor distrital, Jakson Xavier dirigiu a cerimônia. O casal Braff estava muito feliz, sua idade já avançada, idade de aposentadoria, como se os dois tivessem nascido gêmeos, vivendo juntos sempre, um suportando o outro a vida inteira. Os dois tendo vigor para continuar por longos anos ainda. Esta bênção veio de Deus. Por isso foi realizado o culto de ação de graça. Dizia o Pastor: “A gratidão que guardo no coração é maior que se possa expressar em palavras”. E, ainda mais: “toda a energia que temos, a própria vida e toda a vontade de trabalhar pela causa de Deus recebemos Dele e a Ele entregamos. Deus, a Santíssima Trindade seja, em nosso ser, bendito eternamente, amém”. Até o fim do mês todas as visitas regressaram a seus domicílios. Em 5 de agosto de 1991, chegou Dionísio do Rio Grande do Sul. Ele era pedreiro, para tocar as obras que o Braff estava comprometido a realizar, mas ele ficou trabalhando no hospital. Até o fim de agosto foi feito o requadramento das janelas, e a pintura. Dionísio trabalhou nesta reforma. No dia primeiro de setembro de 1991 foi realizada competição de auto cross em Primavera do Leste, Ulisses, genro do Pastor tomou parte. Dia 8 de setembro de 1991 - ano novo israelita 5.752. Dia 18 de dezembro, aniversário da filha adotiva Mara que fez 20 anos. Uma festa negativa, separada do marido há sessenta e nove dias com uma filha para criar, não havia motivo para alegria pelos seus 20 anos atribulados. Mesmo assim ela não se voltou para Deus, seu protetor, para darLhe glória. Dia 28 de setembro de 1991, Dr. Milton e Niura sua esposa se reconciliam com a igreja pelo batismo em Rondonópolis e no dia 4 de outubro foi seu filho Fernando no Instituto Adventista São Paulo. O GARIMPO Aurí, ajudante direto do pastor Braff viaja para Rondônia no dia 9 de março de 1991, deixando o Pastor na mão. 152 Biografia do Pastor Braff Dia 5 de junho de 1991, o Pastor comprou em sociedade com Aurí Martins Farias, o maquinário de garimpo 'chupadeira', com dois motores possantes e óleo diesel. A parte do Pastor custou 300.000,00 (trezentos mil cruzeiros), acompanharam todos acessórios, equipamento, para o bom funcionamento a que se destinava. Cinco dias depois da compra do maquinário de garimpo para extrair diamantes do solo, já foi preciso consertar a bomba que estava rachada. Foi constatado em 5 de setembro de 1991 que o garimpo não deu resultado positivo, só dava prejuízo. No dia 19 de setembro de 1991 o Pastor soube que começou a aparecer diamantes no garimpo, mas, seu sócio Aurí Farias vendeu secretamente, sem dar conhecimento ao sócio, pastor Manoel. Isto trouxe um impacto violento no Pastor que naquela altura dos acontecimentos já desconfiava de seu sócio e suas relações estremeceram e começaram a se desacertar. Dia 27 de setembro, Aurí traz ao Pastor 65.000 cruzeiros sendo que já anteriormente tinha se apropriado indevidamente de 150.000 cruzeiros de diamante que já era propriedade do pastor Braff. Porém o Pastor fez uma polpuda compra para o garimpo dois dias depois. Era a tentativa para amenizar as relações e dar oportunidade para o Aurí se corrigir, mas foi em vão. A 13 de outubro o homem se tornava cada vez pior e afundou-se na bebida. O Braff propôs rescisão de contrato da sociedade e deu-lhe 30 dias para lhe devolver o garimpo com dois dias de tolerância. O dia 15 de novembro de 1991 é chegado e o Aurí devolve o material do garimpo e continua vendendo diamantes sem dar a mínima satisfação ao sócio. Um mês mais tarde avisa que vai mudar o maquinário para onde ele quiser. Talvez para o Norte do Estado e que o proprietário de modo algum poderia impedi-lo e que procurasse os seus direitos e a notícia se espalha. Em 23 de dezembro o Braff constituiu advogado e no dia seguinte veio a ordem para o Braff recolher o material e esconder numa fazenda, terminando assim a tragédia da sociedade com o falso adventista. Que Deus permita que ele se converta e que abandone o vício e abandone também a desonestidade e avareza. Princípio de janeiro de 1992, Elga a esposa de Aurí quer tomar a força as promissórias que o Aurí não quis pagar, ela não lembra de 6 meses e 20 dias que se regalaram às custa do velho Braff que tinha acreditado na aparente mudança de vida do casal. O Pastor ofereceu uma declaração que não cobraria aquela dívida, mas ela queria era a promissória. Com este documento ela poderia provar em juízo que o maquinário do garimpo era dele. Este homem se dizia proprietário do garimpo para todos e o Pastor foi avisado de suas intenções. Por isso concordou em dar um xerox e eles tiveram que aceitar. 153 No dia 9 de janeiro de 1992, Aurí mudou-se para Rondonópolis e o Pastor sentiu-se aliviado do pesadelo em que tinha mergulhado. As ameaças cessaram. Derrotado no seu intento Aurí afastou-se. No dia 12 o Braff recolheu o material do garimpo e arrendou a 10% sobre a produção e melhorou um pouco, recuperando alguma coisa do prejuízo que tivera com o Aurí. MARA E EDINO A 9 de julho de 1991, Mara, uma filha do Pastor, e Edino separam-se. Mara fica na casa do Pastor e Edino vai para a casa do pai dele. Não houve conselho que resolvesse a reconciliação. As brigas já haviam passado além das raias da convivência conjugal. Ele preferia a embriaguez a assumir a paternidade da filha num lar sóbrio e feliz. Bêbado é assim mesmo, troca tudo por bebida. No dia 11 de novembro de 1991, Mara, sua filha, fugindo do seu marido perseguidor, volta para casa de seus pais, até 21 de fevereiro quando alugou uma casinha perto da casa de seus pais, Aline já tem mais de 1 ano, ainda usa o andador, logo estará ajudando a mãe. Mara e sua filha voltam à companhia dos pais (Manoel e Mercídia) no dia 13 de maio de 1992. Não tem condição para viver independente, sem ter quem cuide de sua filha. Como pode trabalhar? E sem trabalhar, como poderia sobreviver? Ela não larga da filha e nem a filha se separa da mãe. Ambas se encontram em situação difícil. Quem tem que socorrer, senão o velho pai, que a socorreu, quando bebê, abandonada por seus pais? ADVENTISTAS EM PRIMAVERA Chegou à noitinha do dia 3 de janeiro de 1992 uma caravana de Santa Maria - RS com o pastor Henrique Marquart. No sábado o Braff fez o sermão, mas no sábado seguinte as visitas dirigiram o sermão e o pastor Braff teve folga nesse sábado. No domingo já estavam viajando de volta. Com a entrada do mês de fevereiro de 1992 surgiu outra pregadora a irmã Teresa, professora, esposa do pedreiro irmão Dionízio Fernandes de Souza, vindo do Rio Grande do Sul. Dionízio trabalhou na Escola, nos dias 5 e 6 e no o dia 7 o Dr. Milton pagou o seu salário. No dia 13 de maio de 1992 realizou-se a grande festa da cidade e o Braff representou as igrejas evangélicas da cidade no palanque oficial. Em 23 de junho de 1992 chega o auditor de contabilidade da Missão e pregou na quarta feira. No dia 24 de outubro foi feito o primeiro batismo em Primavera do Leste, onde se batizaram Cleonice e Zélia pelo pastor Manoel Xavier de Lima. 154 Biografia do Pastor Braff MERCÍDIA E MANOEL Mercídia, esposa do Pastor foi atacada de bronquite, asma, chiadeira alérgica. No dia 30 de abril de 1992 ela teve que baixar ao hospital. Em 3 de maio ela recebeu alta, mas continuou indo ao hospital de manhã e a tarde para tomar inalação. O Braff tinha que atender a casa, cuidar de Aline, sua neta, cuidar da esposa doente, administrar a construção da escola, pregar 3 vezes por semana, responsabilizar-se pela tesouraria da igreja e fazer massagens quando solicitado. Sim, a carga era de gemer! Mas o Pastor fazia tudo satisfeito por estar servindo a seu amigo e salvador Jesus. Maio entrou com o mesmo ritmo. Dia 5 os Braff conseguiram uma empregada doméstica e sua carga foi aliviada um pouco. Dia 5 de junho de 1992, é dia de aniversário da esposa Mercídia, uma festinha com um pequeno bolo e algumas visitas para não passar em brancas nuvens. Completou seus 84 anos e ainda está se virando com a graça de Deus. E a 14 de junho o Pastor foi operado de 2 cânceres de pele, um na orelha e o outro na região da omoplata. No dia 18 de setembro de 1992 o Pastor amanheceu doente. Dois dias depois baixou ao hospital com pneumonia. Teve alta no dia 27, mas a pontada não o tinha deixado ainda e a tosse persistente continuou até 20 de outubro. No dia 26 de outubro de 1992, alguém que podia ajudar, mostrou-se irredutível contra qualquer auxílio que o marido prestasse a construção da escola ameaçando a união conjugal e o velho experiente em inúmeras batalhas impiedosas, ficou muito abalado. Não por lhe ser negado auxílio ou apoio, porque já não esperava apoio mesmo, mas especialmente por não lhe estar pedindo nada. Esta ameaça o feriu profundamente. Ela em parte alcançou seu objetivo, mas não totalmente, pois a obra continuou e continuaram amigos. O Braff conseguiu superar a mágoa escondida no seu coração sem deixar aflorar, a não ser no seu arquivo secreto, juntamente com outros tantos desagravos que não podem mais voltar. E o Braff acrescenta: “Esquecendo-me das coisas que atrás ficam, prossigo para o alvo da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. Fil. 3: 14. O empréstimo de um colchão para uma visita à igreja que o Pastor teve que abrigar, sem ter colchão para hospedá-la foi a causa daquela querela. É certo que não se deve emprestar o que não se tem, mas ser o intermediário entre a pessoa que tem e o forasteiro que não tem onde se abrigar; não parece ser motivo de ofensa para socorrer. Do dia 17 de outubro de 1992 em diante, o Braff se dispôs a assumir novamente suas atividades pastorais: pregar sábados, domingos e quartasfeiras, visitar pessoas alheias à fé e atender responsabilidades domésticas também. 155 ALARME FALSO No dia 9 de julho de 1992 começa uma série de conferências da Igreja Batista e o pastor Braff foi assistir. Ele foi convidado várias vezes e os convites despertaram a curiosidade do Pastor. Era um médico cardiologista e teólogo com mensagens alarmantes que o Braff precisava tomar conhecimento. O Braff logo constatou se tratar de um movimento prépentecostalista, pregando de um falso profeta coreano de nome Bang-Ik Há, que pregava o arrebatamento secreto, dia 31 de outubro de 1992, e no dia 31 de dezembro a grande perseguição movida pelo anticristo. 'O líder do M.C.E. ou Europa Unida vai implantar uma marca da besta e destruirá os cristãos e israelitas. Só os que morarem na palestina escaparão seguros do massacre'. O conferencista dizia que o arrebatamento podia se manifestar a partir do dia 15 de julho de 1992. O tempo passou. Quando foram redigidas estas linhas já haviam passado dois anos que isto se realizou e aquela igreja batista virou pentecostal. Confusão nos cultos, nos gestos, no barulho e na doutrina. Bandearam-se para o espiritismo, cumprindo desse modo uma profecia de Testemunhos Seletos página 150, 151. “Quando o protestantismo estender os braços através do abismo, a fim de dar uma mão ao poder romano e outra ao espiritismo; quando por influência desta tríplice aliança a América do Norte for induzida a repudiar todos os princípios de sua constituição que fizeram dela um governo protestante e republicano, e adotar medidas para a propagação dos erros e falsidade do papado; podemos saber que é chegado o tempo das operações maravilhosas de Satanás e que o fim está próximo”. Assim o Braff viu as conferências dum falso profeta transmitindo a sua mensagem a uma igreja protestante, tida como das mais avançadas no conhecimento da Bíblia, ponderada, grave e tradicionalmente conservadora. Os religiosos pensantes que não têm a verdade são presas (vítimas) fáceis de Satanás. Dia 12 de novembro de 1992, o Pastor Braff teve um encontro com o batista fanático ortodoxo em suas idéias que reprovava as tendências modernistas de sua igreja, mas colocava suas opiniões acima das Escrituras. Porém o Braff fez amizade com ele e continuou visitando até 21 de novembro quando o fanático começou a atacar a Igreja Adventista. De repente abriu sua Bíblia em II João 10 e mandou o Pastor para fora de sua casa, e depois de meses o visitou, mas sem a Bíblia e pouco morreu do seu fanatismo cego. Esse é o fim das pessoas que põe seus próprios conceitos acima do que Está Escrito. 156 Biografia do Pastor Braff PANORAMA POLÍTICO A política se tornou tensa e dia 30 de setembro de 1992 o presidente Fernando Collor foi afastado da suprema magistratura nacional e o vice Itamar Franco assumiu a presidência da República. Dia 3 de outubro de 1992, realizaram-se eleições municipais, o Braff não votou porque era sábado - “Nenhuma obra servil fareis”. Levíticos 23: 7. No dia 11 Ulisses Guimarães estava em um helicóptero de regresso de São Paulo com mais um político de renome nacional - Severo Gomes levantaram vôo no litoral paulista e adentraram no mar e somente foram achados alguns destroços e cadáveres flutuando nas águas, mas não acharam Ulisses. Todas as famílias brasileiras ficaram consternadas, porque Ulisses era um grande líder nacional. Em agosto de 1993 falou-se em candidatar o Dr. Milton a prefeito em 1996. Sim, são cogitações apenas. A repressão à corrupção nos escalões mais altos do povo brasileiro continua; o incessante P.C. Farias foi preso dia 3 de dezembro. Parece que podemos confiar mais no refinamento da justiça. REUNIÃO FAMILIAR No dia 19 de dezembro de 1992 chegaram Mirtie e Horaldo, filha e genro do Pastor. Dia seguinte: seu filho Malton chegou da Suíça, e dia 22 chega de Dourados - MS, seu filho Merlinton e esposa Nélsia. Até o fim do ano foi muita animação: igreja sendo pintada; Malton pregando; cânticos dum quarteto Braff - irmãos Braff - Milton, Merlinton, Malton e Mirtie; trios, duetos, solos. A festa durou até 13 de janeiro de 1993 quando Malton partiu para São Paulo e de lá para seu trabalho à frente da Associação das Igrejas Adventistas do 7º Dia da Suíça Romande e de Tessim. Merlinton já havia se despedido e Horaldo viajou mais tarde. Dia 2 de janeiro de 1993, sábado, o velho Braff passa a lição da Escola Sabatina e Malton prega. O trio dos irmãos Braff composto por Milton, Malton e Mirtie estava lindo. Domingo, Milton, Malton e Horaldo foram passear de barco no Rio das Mortes e num lago lá perto. Dia 13 de janeiro, Malton viajou para São Paulo e até dia 15 deve ter chegado à Suíça. Sua visita a Primavera foi muito proveitosa. Confortou-nos numa hora de muita apreensão. No mês de novembro de 1993 o Pastor recebeu novamente a visita de sua filha Mirtie e Horaldo, seu genro. 157 DESALENTO NÃO COMBINA COM SAÚDE Encontramos no dia 25 de março de 1993, do seu diário: “Estou desorientado! Todo o meu trabalho aqui fracassou!”. Dizia, desolado. “As obras que mando fazer, fazem erradas. Pago pra fazer, tenho que demolir e fazer de novo quando possível. Trabalho com os de fora - rejeitam a mensagem e os da igreja não reagem! O que estou fazendo aqui?” E o velho sozinho curtia suas mágoas. E dizia mais: “devo continuar a obra se ela for errada? E então vem uma consolação! O tempo revelará!” Recobrava o ânimo e tocava o trabalho pra frente. Só via adversários da obra que estava fazendo 9 anos sem apoio humano, isto é, sem estímulo, sem aprovação verbal, sem um conselho, mas muita censura. “Mas Deus está comigo? Então nada temerei. Deus dirigiu e proveu os meios até aqui para a construção e não será agora que me deixará”, dizia para si. E venceu o assalto satânico. No dia 3 de maio a esposa do pastor Braff amanheceu com muita febre, mas no decorrer do dia melhorou. Dia 13 de maio de 1993, aniversário da cidade, foi um pouco diferente da inauguração da cidade, a população se retraiu e houve um total silêncio naquele dia. No sábado, dia 22 de maio foi realizada a organização dos desbravadores com 20 desbravadores. No dia 23 de maio o Braff começa a catalogar as notas de despesas com a construção da igreja e da escola. Nesse dia o Pastor compra 2 Bíblias para o trabalho missionário. Em 24 de maio de 1993 o pastor Braff segue para a sala de cirurgia, onde foi operado da hérnia, passou o resto do dia meio grogue e a noite também. Dia 26 foi a vez de sua esposa D. Mercídia, com tosse e rouquidão. No dia 10 de junho de 1993 levantam-se calúnias pesadíssimas contra Jonas, o auxiliar nos cultos da igreja, e no dia 13 foi despedido sem direito a defesa, pois quando ele pôs a queixa na justiça, os acusadores negaram tudo, mas mantiveram a demissão do emprego de administrador do hospital. Ele retirou a queixa e ficou por isso mesmo. Uma alma profundamente ferida, sem defesa. Jonas, amigo e auxiliar do pastor Braff nos cultos e trabalhos de evangelismo ficou depois de despedido do hospital, tentando arranjar outro meio de subsistência para não sair de Primavera, mas foi tudo debalde, as portas se fecharam para ele e ficou quase um mês desempregado. A 11 de julho de 1993 deixou Primavera. 158 Biografia do Pastor Braff ESTUDOS No dia 13 de março de 1993, começou um seminário do Apocalipse em casa da irmã Cleonice com diversas alunas e continuou até 5 de novembro, deixando pessoas decididas pela verdade e outras confirmaram a verdade. Foi um sucesso, mas o aguerrido soldado veterano de tantas batalhas, de vez em quando tinha momentos de desalento. Dia 3 de dezembro de 1993, fim do seminário do Apocalipse na casa da irmã Cleonice. Estão bem doutrinadas no caminho da verdade e a noite o Braff foi à igreja Batista da Vitória, liderada pelo Dr. Pedro Alves da Costa, em programa de inauguração dirigido por um pastor do Acre e domingo de manhã também. Imortalidade da alma baseado no rico e Lázaro no seio de Abraão. Nos dias 10 e 11 o Pastor hospedou o Conjunto Vocal (gospel), que veio de Várzea Grande e Campo Grande. Umas 50 pessoas. O pastor Braff comentou que foi tudo bem, não passou vergonha no atendimento e batismo à noite. Foi uma festa muito edificante que deixou saudades. Dia 15 de dezembro de 1993, aniversário do filho Milton. Ele estava viajando e o Pastor esteve atrapalhado em sua carga de atividades, nem pode ir à igreja. CONSIDERAÇÕES SOBRE O BATISMO Domingo, 23 de maio de 1993 respondendo a pergunta de Jonas (funcionário do Hospital São Lucas) sobre o batismo coletivo de uma nação. Israel (povo) foi batizado coletivamente em Moisés, no mar vermelho. Também 8 pessoas foram batizadas em Noé, nas águas do dilúvio. No batismo como o de Moisés, ninguém se molhou. Era o símbolo do batismo da Nova Aliança. Mas a pergunta que permanece é: que é batismo? Batismo representa a chance da aliança do ser humano com Deus. É a selagem do contrato entre Deus e o homem, onde Deus se compromete a salvar o pecador arrependido e este, se compromete a obedecer às cláusulas do solene contrato com seu Deus. A pessoa passa a fazer parte do rebanho da Trindade Divina, integrante da família de Deus, enquanto o contrato for respeitado integralmente. As cláusulas determinam a validade do contrato. Portanto o batismo em Moisés: representa a morte para a vida pecaminosa que levava aquele povo no Egito. Sepultamento dos velhos costumes no mar Vermelho e a vida nova que deviam levar na terra de Canaã. Aquela nação nasceu de novo no mar. Até Salomão aquele povo se manteve com altos e baixos fiel à aliança. Depois de Salomão, 10 tribos romperam com a aliança e desapareceram na voragem do tempo. Judá permaneceu com altos e baixos até rejeitarem o Príncipe da Aliança, e agora só fazendo nova aliança, ou seja, o batismo individual. Lei no coração, 159 Jeremias 31: 31 a 39. Esta nação não tem coração. Portanto a nova aliança é individual. O batismo no dilúvio com Noé, também representou uma nova aliança. Deus fizera a primeira aliança com a família de Adão e foi baseada em uma promessa. Gênesis 3: 15. Antes da entrada do pecado não havia compromisso de Deus para salvar, porque não havia perdição. Quando restou apenas a família de Noé, Deus fez nova aliança com ele e aí fez com um batismo coletivo. Gênesis 6: 18. Eram Noé e seus descendentes os remanescentes. A arca ficou no meio da água; água jorrando por cima e dos lados e sustentando-a por baixo. Foi um batismo para as gerações de Noé. A aliança com Abraão não dependia do batismo porque ele se mantivera dentro dos princípios da aliança de Deus com Noé. OUTRAS OBRAS Dia 25 de maio de 1993, o Pastor foi à Prefeitura tratar sobre o asfaltamento em sua rua (Rua São Bernardo do Campo – Primavera do Leste – MT). A 8 de junho o Braff mandou fazer uma reforma na casa da zeladora. O pastor Braff pediu a Ulisses, terra da rua para aterrar o terreno da igreja e da escola, sendo que dia 22 e 25 de junho já começaram as caçambas a despejar terra em ambos os terrenos. No dia 23 de junho de 1993 teve início o movimento para o asfaltamento na frente da casa do pastor Braff e a 16 de julho foi liberado o trânsito público na Rua São Bernardo do Campo, sendo que a frente da moradia foi biografada. Dia 21 de julho, foi o dia da festa dos 15 anos (aniversário da Denise?), um culto de ação de graças (antecipado porque na data, 22 de setembro o Pastor encontrou-se no IASP, S. Paulo). Estiveram presentes pessoas de Hortolândia, Porto Alegre, Cuiabá e outros. O pastor oficiante foi o pastor Stanlei Arco. Foi um programa muito animado, a igreja estava cheia. Foi uma boa promoção pública para a Igreja Adventista de Primavera. A ESCOLA ABRIRÁ EM 1994 Dia 6 de novembro de 1993, o Pastor recebeu a visita da profª. Marisa e seu marido. Ela está interessada em dirigir a Escola no ano de 1994. No dia 10 de novembro de 1993 começaram as matriculas na Escola. No sábado o prof. Leão estará em Primavera para lançar a propaganda da Escola e os pais começam a tomar interesse pelo educandário adventista, mas somente dia 16 de novembro chegam pais com seus filhos para a matrícula definitiva. A Escola passa a ser uma instituição viva, movimentada. O número de matrículas crescia cada vez mais. 160 Biografia do Pastor Braff COTIDIANO No princípio de agosto o Pastor foi avisado do mau comportamento da zeladora que devia cuidar do prédio escolar, deixando o fundador da escola grandemente decepcionado. Fez de tudo para socorrer. Dia 10 de agosto de 1993, aniversário de casamento do pastor Braff, quase passou despercebido. Seu filho Milton, o visitou trazendo parabéns pela data festiva sem festa. O Braff está empenhado numa grande obra, não tem tempo para festas, divertimentos ou praias. Dias 11 e 12 de setembro, sábado e domingo o Pastor dedicou-se a trabalhos espirituais: Escola Sabatina, Seminário do Apocalipse, sermão, etc. e segunda feira, dia 13, tratou logo dos planos da construção. No dia 6 de outubro de 1993 aconteceu o desmoronamento do Comunismo Russo. O parlamento comunista não resistiu as tropas militares que os cercaram e capturaram, e o regime comunista foi pras traças. Dia 15 o Pastor recebeu cópia da lei de doação por parte de Prefeitura, para a quadra de esportes. Dia 23 chegou uma excursão de Campo Verde e Poxoréu, batizando-se 3 pessoas. A igreja está crescendo, ainda que muito lentamente. 161 1981 a 1994 EMPREENDIMENTOS - MT A IGREJA E A ESCOLA DE PRIMAVERA A primeira visita do pastor Manoel João Braff onde se levantava o povoado de Primavera em Mato Grosso foi em julho de 1981. A primeira Escola Sabatina realizada pelo pastor Braff no lugar onde surgiria a cidade de Primavera do Leste – MT aconteceu no dia primeiro de maio de 1982, à sombra de árvores. Um lote de terreno que seria a metade da área reservada para construção da primeira igreja adventista de Primavera, na Avenida Porto Alegre, foi doada pelo fazendeiro Sr. Napoleão Borges. A outra metade foi uma doação dividida entre o pastor Manoel Braff e o Dr. Milton Braff. Assim ficaram destinados dois lotes urbanos para a referida igreja. Isso ficou resolvido em 15 de outubro de 1983. Depois que o pastor Braff passou a residir em Primavera, a primeira Escola Sabatina que ele dirigiu foi no dia 18 de fevereiro de 1984. O local foi a cozinha do Hospital São Lucas. Naquele tempo, Primavera ainda nem era distrito, mas o pastor Braff já acreditava que seria uma cidade de futuro próspero. No dia 23 de dezembro de 1986 o Pastor recebeu a planta para construção da igreja adventista de Primavera; recebeu-a por doação dum candidato a deputado federal. Sem fundos parece loucura começar uma construção. A fé vacilou e o velho pastor, 'com os cós a estorvar-lhe os passos', teve que adiar para o ano seguinte. A fé devia ser acompanhada com algum recurso financeiro e o velho começou a apertar na campanha para arranjar um lastro base para o inicio da obra pretendida. Assim findou-se o ano de 1986, sem vermos a igreja adventista em Primavera do Leste. As igrejas que não se preparam para a volta de Cristo estão prosperando, porém, a que tem a verdade presente não vai para frente. O Pastor estava apreensivo, esperava que alguém viesse ajudá-lo, mas, nada... Dia 5 de abril de 1987 começam os trabalhos da construção da igreja, foram arranjados os postes para começar o trabalho e logo a seguir o Pastor dá início à construção dum galpão nos fundos do terreno para guardar o material e dar abrigo aos operários e futuramente a escola sabatina das crianças. No dia 14 de abril foi feita a ligação do padrão de luz e a cobertura do galpão no dia 24. No dia 29 inicia-se a escavação dos valos e gabaritos do 162 Biografia do Pastor Braff alicerce da igreja e o piso do galpão. Na primeira semana de maio o pastor Braff se desdobrou para conseguir o material para o alicerce da igreja. Em 13 de maio de 1987 foi o dia de festa do primeiro aniversário da emancipação do Município de Primavera do Leste. Primeira exibição da magnificência, operosidade e poderio do povo primaverense dum município em formação, dando seus primeiros passos na comunidade municipal de Mato Grosso. INÍCIO DA CONSTRUÇÃO DA IGREJA Dia 18 de maio de 1987, teve início a construção do alicerce da igreja de Primavera. As esperanças começam a se concretizarem, a tão esperada igreja, agora vai sair. Mas o pedreiro que se dizia adventista era um bêbado inveterado, não fazia o serviço a contento e teve que ser despedido do serviço. Não era competente. OBSTINAÇÃO DA CONSTRUÇÃO Em junho de 1988, o Pastor procurava um pedreiro, Adventista, e não achava. A igreja Adventista não deve ser construída por pessoas que neguem os princípios advogados pela igreja: viciados, bêbados, fumantes ou imorais não servem. Mas onde encontrar pessoas qualificadas para fazer a obra? Os convidados rejeitaram o convite e a obra ficou parada. Até que chegou um irmão, velho pedreiro do Paraná, irmão Horácio Fonseca que se prontificou a dar início à obra trazendo consigo um jovem pedreiro que se dizia interessado na igreja. Porém, o interesse dele era no emprego. O pastor foi enganado. Dia 8 de agosto de 1988, Horácio Fonseca e seu companheiro começaram o trabalho. Horácio foi contratado por dia e seu companheiro por mês, dando casa, cama, cozinha, menos comida. Quando iniciou a construção da igreja, o trabalho foi muito lento, porque faltava mão de obra, não se achava servente e a construção não progrediu satisfatoriamente. Quando encontrava um servente, não ficava na obra, outras construções ofereciam mais e eles iam embora em busca de melhores ganhos. Dia 7 de setembro de 1988 o Pastor foi a Sinop em busca de madeira para a construção. Tratou a compra da madeira e recebeu uma doação muito boa de Adelar dos Santos e no dia 13 de setembro de 1988 seguia de caminhão com o Dr. Milton, seu filho, para buscar a madeira; tábuas, madeira quadrada, vigas, caibros, uma carga em parte doada e outra comprada. Dia 20 de outubro de 1988, o Pastor consegue a placa e a vistoria da obra gratuitamente pelo Dr. Sérgio. No dia 16 de dezembro a obra parou, o pedreiro entrou em férias e não foi substituído. Faltava verba. 163 ...MAS FICAM OS DEDOS Dia 5 de janeiro de 1989 o Pastor vende o telefone para custear as despesas da construção. A construção da igreja não pode parar. O pastor Braff não se entrega. A verba há de vir ainda que lhe custe sacrifícios sem medida, nem que seja necessário se desfazer de objetos de sua estimação e que depois lhe faça muita falta. Nesse propósito, vendeu o carro, o telefone e três lotes na grande Porto Alegre no Rio Grande do Sul e do seu salário tudo o que sobrou das despesas de Alimentação ele aplicava na construção da igreja. A obra era grande demais para ser executada por dois abnegados e audaciosos expositores do Evangelho do Senhor Jesus. Dia 15 de fevereiro de 1989 o companheiro de Horácio Fonseca, Sidnei Veloso abandonou a obra deixando o Pastor em apuros, com muita dificuldade para arranjar outro construtor. A primeiro de março de 1989, José Matos começa a trabalhar como pedreiro, ele era da categoria de servente ou meia colher, mas dá continuidade às obras do Santuário. Após certo tempo viola as condições que o Pastor havia estabelecido. Não é ébrio, nem fumante e se diz crente, futuramente seguidor da igreja adventista, enganando o Pastor. Propõe terminar a obra da construção da igreja em troca do carro do Pastor e depois de muitos encontros e desencontros terminou fechando o negócio para entregar o carro no fim da obra. SERVIÇO COMO PRETEXTO Poucos dias depois o 'pedreiro' pediu o carro para ir a Cuiabá, capital do Estado, visitar alguém de sua família, e o (in)crédulo pastor entregou o documento do carro. O malandro vendeu o veículo, ficando com uma moto. O vigarista transferiu ao Pastor, a propriedade da moto em troca de sua assinatura. Só que o documento dele era falso e em seguida fugiu deixando a obra por fazer; ainda roubou a roupa de cama e outros objetos que estavam aos seus cuidados. Evadiu-se no dia 7 de junho de 1989 e o Pastor ficou em maus lençóis com a construção. Mas Deus proveu os meios e o Pastor achou outro pedreiro e continuou o trabalho. TRABALHO MAL FEITO No dia primeiro de agosto de 1989, Selvino o pedreiro que continuou o serviço, começou a cobertura da igreja. Vários carpinteiros trabalharam sem que fizessem um trabalho aceitável, ao levantarem as tesouras constatou-se que elas não estavam suficientemente reforçadas. O Pastor mandou colocar reforço de ferro e vigotas adicionais que estivessem em condições de serem 164 Biografia do Pastor Braff cobertas. As tesouras baixaram mais de dez centímetros e o Pastor mandou reforçá-las com braçadeiras de ferro e mais vigas. Quem tinha fama de ser o melhor carpinteiro da praça garantiu que agora não haveria mais perigo de desabar. O pastor Braff mandou forrar e pouco depois baixou ainda mais. Chamou uns carpinteiros entendidos e eles o tranqüilizaram, dizendo que não havia perigo nenhum, o que tinha de baixar, já havia baixado. Fim de agosto, o forro estava pronto, também foram forrados os beirais e tudo foi envernizado, dando uma boa aparência. No dia 26 de dezembro de 1989 foram terminadas as escadas e toda a cerâmica do piso da igreja e da escadaria. Dia 28 de dezembro foi o encerramento dos trabalhos do ano; o velho pastor pensou que iria descansar enquanto aguardasse a série de conferências. REFUGO DA SOCIEDADE Durante o trabalho da construção da igreja o pastor Braff teve muitas decepções: o primeiro pedreiro deixou o serviço quando mais falta fazia. O Braff conseguiu outros que se diziam pedreiros, mas teve que despachá-los. Então contratou um malandro (com disfarce de pedreiro) que lhe roubou o carro, deixando como garantia apenas os documentos de uma moto. Experimentou vários outros 'profissionais' que também foram desonestos ou eram maus trabalhadores, ou bêbados que o Pastor ia despachando. Ao que ficou mais tempo, o Pastor adiantou dinheiro para o tratamento da filha num hospital fora de Primavera. Levou dinheiro muito além da empreitada, alegando sempre que a filha estava passando mal e que ia perder a filha. Finalmente o Pastor o advertiu que já tinha levado adiantado além do serviço que ainda faltava, então ele fugiu roubando toda a ferramenta sem fazer o serviço da empreitada. O Braff comprou outras ferramentas, pôs outros pedreiros que também o roubaram. O Pastor lidou com uma classe de gente podre, o refugo da sociedade, vigaristas e desumanos. INÍCIO DA CONSTRUÇÃO DA ESCOLA A edificação da escola de Primavera teve início pela construção de um barraco no terreno que fora dado para a Escola Adventista, para guardar o material de construção. No dia 1º de outubro de 1990 foi encaminhada a planta da escola. No dia 10 de outubro de 1990 a construção começou com as valas para gabarito e dia 12 já era feita a ferragem de estribos e vigamento para o alicerce da escola. 165 O Pastor começou a reunir recursos novamente de sua aposentadoria (fazendo fundo para a construção da escola) e enquanto isso ia escrevendo sua biografia. PROBLEMA NA ESTRUTURA DA IGREJA Dia 14 de outubro de 1990, as tesouras da igreja curvam-se ameaçando desabar tudo. No dia 19 de outubro foi feita a primeira compra para a reforma da igreja. Examinando as tesouras de madeira ficou constado que quase todas elas estavam caindo, portanto era necessária uma reforma geral e a oportunidade de transformar o salão que era tido na conta de igreja, em um templo definitivo. No sábado foi realizada a Santa Ceia e no domingo, mãos a obra, foram ao mato buscar madeiras para os andaimes. No salão da igreja foi realizada a última Escola Sabatina no sábado, 27 de outubro. Começou a demolição do salão arruinado. O Braff abandonou a construção da Escola e se lançou na reforma da igreja. No mês de novembro, lá estão outra vez os irmãos reunindo-se na garagem da casa do pastor Braff; enquanto isso o Pastor mandou fazer tesouras metálicas para a igreja. Enquanto desciam as tesouras de madeira, soldava-se ferro nas vigas para nelas soldar as tesouras metálicas. Quando estavam para descer a penúltima tesoura ela de repente partiu-se e caiu. O soldador que estava junto a ela caiu de uma altura de 5,5 metros, pisando-se muito: partiu a língua ao meio e a cabeça do fêmur deslocou-se na bacia e ficou andando de muleta. Outros terminaram o trabalho dele. Até o fim do ano foi um trabalho árduo, exaurindo todos os recursos disponíveis que eram destinados à construção da escola, sendo assim a retomada da obra de construção da escola ficou suspensa por tempo indeterminado; agora a meta prioritária era concluir as obras da casa de culto. TRABALHANDO COM MAIS DE 80 ANOS No dia 18 de fevereiro de 1991 foi demolido o oitão da frente da igreja para poder fazer a fachada permanente do templo. Aproveitando a oportunidade o Pastor ministrou ao pedreiro e servente o curso “A Bíblia Ensina”. Os trabalhos na restauração da igreja continuaram em março. Até o dia 15 de março trabalhou-se no forro da igreja e daí em diante na fachada da igreja. Até o fim de abril o serviço de construção da igreja continuou rebocando colunas e dando um toque a mais na fachada. Os trabalhos da reforma da igreja prosseguiram durante todo o mês de maio. 166 Biografia do Pastor Braff O pedreiro Orleci trabalhou até o dia 21 de maio de 1991, rebocando e calfinando. Ele trouxe um substituto que não era tão eficiente, mas passou massa fina no tanque batismal e na entrada da igreja. No fim do ano de 1991 a construção da igreja estava suspensa em estágio aceitável e já estava tudo preparado para iniciar a construção da escola. REENCETANDO A CONSTRUÇÃO DA ESCOLA No dia 11 de outubro de 1991 foi feito o pedido de prorrogação de prazo para a construção da escola adventista; o Dr. Milton e o Pastor Braff comprometeram-se a construir a escola dentro do último prazo, 1992. Manoel Braff e o Dr. Sérgio fizeram um projeto de planta, porém a 15 de novembro de 1991 veio a ordem de suspender a construção da escola adventista. No dia 28 os pastores Robenildo e Xavier chegaram para examinar o projeto de planta planejada para definir a construção da escola e eles a aprovaram na íntegra, dando ordem para fazer a planta definitiva e pôr mãos à obra. A 3 de dezembro o projetista entregou a planta. Estava encaminhada a primeira fase da execução da obra do educandário adventista de Primavera do Leste. No dia 19 de dezembro começaram a levar para o colégio as sobras de materiais que restou da construção da igreja, para o terreno da escola. Dia 18 de dezembro de 1991, o Pastor empregou o primeiro pedreiro na construção da Escola Adventista de Primavera do Leste. Esse pedreiro trabalhou inicialmente removendo as sobras de materiais usados na restauração da igreja. Careca como era conhecido o pedreiro começou a preparar o terreno para as valetas do gabarito e os ferros para concretar os vigamentos do alicerce. No dia 3 de janeiro de 1992 o engenheiro Dr. Sérgio foi esquadrejar o gabarito e nivelar o terreno para abrir as valetas para concretar as vigas do alicerce da escola. No dia 10 de janeiro o Braff encaminhou o registro da planta da escola à Prefeitura e comprou material para a execução da obra. Em 24 de janeiro de 1992 foi feita a ligação da luz na igreja e na escola. O Pastor esteve correndo o tempo todo para encerrar o primeiro mês de construção do primeiro bloco da escola. Até o dia 13 de fevereiro foi feito o aterramento e compactação das salas de aulas para fazer o contra piso e nas horas vagas, quando o tempo permitia o Pastor visitava os interessados que não se decidiram pela verdade. Outros pedreiros queriam trabalhar, mas, o pastor Braff não podia pagar o preço que eles pediram. O Braff não podia esticar a perna aonde não pudesse alcançar. A fé lhe vai orientando o que é possível pagar. Deus o orientou todo o tempo, tanto que “o azeite da viúva” nunca faltou na botija da construção da escola. 167 Deus dava os recursos e controlava os gastos. Poucas vezes e pouco tempo, o Pastor teve que pagar juros bancários, logo Deus provia os meios e o Braff liquidava as contas. O Braff nunca deixou de pagar os seus operários. Mas também cada cruzeiro era sagrado. O dinheiro não era seu, Deus lhe dera para administrá-lo criteriosamente e foi assim que o Pastor se posicionou segundo Deus lhe concedia agir. “Não sabeis, que os que administram as coisas sagradas, do sagrado comem?” I Cor. 9: 13, versão Trinitariana de 1883. O Braff seguiu esse conselho, consagrou o seu salário, (melhor, aposentadoria) e pôs todo na conta sagrada e dali se sustentou e Deus fez o que o homem sem recurso financeiro não pode fazer e isso foi provado no decurso da obra construída. Dia 13 de fevereiro de 1992, começaram a levantar as paredes das salas de aulas e o Pastor comprou 5.000 tijolos para o levantamento das paredes do primeiro bloco retangular da escola. É o primeiro dos quatro blocos projetados que completam o quadro com o pátio de lazer no centro. Dia 24 de fevereiro, o engenheiro Dr. Sérgio, entregou o orçamento da madeira para a construção da escola e no dia seguinte o Pastor viajou para Sinop - MT para efetuar a compra. Lá a madeira é mais barata; comprou em Santa Carmem e no dia 6 de março o Dr. Milton, a esposa dele e o Pastor foram buscar. Compraram mais, para completar uma carga de caminhão furgão. No dia 9 de março chegaram com o furgão abarrotado de madeira. O Pastor chegou mal da hérnia e teve a sorte de estarem na cidade os colportores (vendedores ambulantes de livros religiosos). Eles o ajudaram a pregar no sábado e domingo. Até o fim de abril de 1992 as paredes da escola foram levantadas e as colunas e as vigas concretadas. Dia 4 de maio de 1992, começam os trabalhos para concretar a laje dos banheiros com a cacharia, colocando os trilhos as lajotas e os ferros. Ficou pronto no dia 12, com seis homens trabalhando ininterruptamente até o fim do serviço. OUTRA VÊZ NA CONSTRUÇÃO DA IGREJA A 18 de maio de 1992, o Pastor voltou-se para a construção da igreja. Não era possível concluir o trabalho de acabamento da igreja sem deixar a escola respaldada e as vigas superiores e as lages concretadas prontas para o período de cura do concreto. Tudo estava pronto para cobrir. Agora era a igreja que tinha a prioridade. Havia muita coisa fora de linha e se fazia urgência reparar a brecha, o desalinho das paredes e das colunas. Foi no dia 19 de maio que a aparência substituiu a razão. Nas instituições de Deus o relaxamento depõe contra a profissão de fé de seus adoradores, provendo descrédito, à mensagem que pregam “Maldito aquele que fizer a obra do Senhor relaxadamente” Jeremias 48: 10. 168 Biografia do Pastor Braff A escola podia esperar, mas a igreja não. Era urgente corrigir o relaxamento dos pedreiros inimigos da fé dos adoradores naquela casa de Deus. Satanás inspirou aqueles homens para fazerem o mal. Lançaram descrédito à causa de Deus. O Braff fez o que pode para desfechar um contra golpe nas astutas ciladas do inimigo corruptor da humanidade e assolador dos irmãos. Do dia 19 de maio a 10 de junho de 1992 o pastor trabalhou com uma equipe corrigindo os defeitos das colunas. Em junho, depois de 'requadrar' as janelas e corrigir os defeitos das colunas, foi feita a floreira dos dois lados da nave da igreja e logo depois foram feitos os banheiros no fundo da igreja. No dia 13 de julho de 1992 foi interrompida a restauração da igreja e a construção da escola por 10 dias. Em 5 de agosto Milton Braff e seu pai foram buscar em Cuiabá as mil telhas que a Cerâmica Dom Bosco doou e as quatro mil que a Missão devia à escola. Do dia 10 de agosto até dia 25, só um pedreiro trabalhou. AINDA A CONSTRUÇÃO DA ESCOLA Dia 8 de setembro de 1992, recomeçam os trabalhos da escola. O Braff contrata um pedreiro e paga adiantado e ele 'deu no pé', após fazer pouco serviço e errado que foi preciso desmanchar e fazer de novo. Dia 15 de outubro de 1992, o pastor Braff foi à construção da escola e seus operários já estavam aplicando a massa fina nas paredes das salas de aula. O trabalho não ficou de todo parado com a ausência do Pastor, doente desde 18 de setembro. Em novembro começam as telhas a subir para o teto das salas de aula, mas as telhas disponíveis não eram suficientes, não cobriam a metade de um bloco da escola. E agora, o que fazer? O Braff estava num dilema difícil. Situação imprevista. Não estava no orçamento. A telha Duplan, que tinha e que já estava cobrindo as salas de aula, tinha vindo de Cuiabá e somente lá poderia ser adquirida, porque outra bitola não encaixava. Em 09 de novembro veio a solução. Seu filho Milton irá buscar 7.000 telhas. No dia seguinte partiram para Cuiabá. No caminho um avião agrícola numa reta da rodovia se dispôs a aterrissar na via pública na frente do furgão, e quando ia tocar no asfalto levantou vôo e quase tocou na carroceria do furgão. “Vimos a morte diante de nossos olhos. Um x% de segundo ou uma fração mínima do avião ou do furgão que tivesse mais veloz e o desastre estaria feito. Se o aviador fez esta façanha de brincadeira, foi brincadeira de mau gosto”, dizia o velho educador. Em 19 de novembro de 1992 começa a campanha para abrirem-se as matrículas para 1993. 169 No dia 24 de novembro de 1992 os pedreiros trabalharam no banheiro e na sala da diretoria. Futuramente a sala da diretoria passará a ser banheiro “B” e a diretoria será instalada no bloco “B” com frente para Rua Manaus, entrada oficial da escola; atualmente o serviço segue com o reboco revestindo as paredes dos banheiros por dentro. Do dia 25 de novembro até o fim do mês está programada a preparação da madeira para varanda. Então os postes da varanda deverão estar cravados e alinhados. A fossa sumidouro do banheiro deverá estar pronta. Até dia 15 de dezembro a varanda ficou coberta, os postes lixados, o terreno aparelhado, contra piso e pintura prontos. Dia 15 de dezembro de 1992, a família do pedreiro Dionísio voltou ao Rio Grande do Sul. No dia 16 de dezembro a metalúrgica entregou as últimas janelas para a escola. Dia 13 de setembro o pastor Braff procurou o Dr. Sérgio para calcular o perfil e o material da muralha que deveria cercar o terreno da escola. Dia 15 já comprou o material da construção, e dia 21 de setembro começou a construção do muro do lado dos vizinhos. Até 5 de outubro o muro do lado dos vizinhos ficou pronto. Agora começaram os planos para o muro do lado da Rua Manaus e Av. S. João. PREOCUPAÇÕES NA CONCLUSÃO DAS OBRAS Propaganda e matrícula estão emperradas. Não há coordenação. Parece que não há confiança em que a obra da escola esteja terminada a tempo. O problema é que com dúvida não se constrói nada. Sem estímulo as mãos se afrouxam. Os acontecimentos apontam para o fracasso. No dia 22 de dezembro de 1992 começou a matrícula de alunos na escola. Só que um trabalho mal feito não dá bom resultado. Não apareceu ninguém e poucos dias depois a secretária abandonou o trabalho viajando para São Paulo. No dia 24 começou a pintura da igreja. Já se divisava o fracasso total das aulas para o ano de 1993. A pintura da igreja continuou em 1993. O ano de 1992 foi despedido ao pôr-do-sol com um culto de Ação de Graças dirigido por Malton mui comovente, diz o Pastor encanecido. Dia 1º de janeiro de 1993, apesar de ser feriado a pintura da igreja continua. Dia 26 de julho de 1993 começaram a catalogar as despesas da igreja e da escola, organizando os canhotos dos talões de cheque. 170 Biografia do Pastor Braff Dia 20 de agosto foi concluída a classificação das despesas de construção da igreja e da escola, aproximadamente. Muitas notas e recibos perderam-se e não foi possível encontrar, e nem talão de cheques. Até dia 9 de setembro foi a luta com a concatenação das notas das despesas da escola e da igreja. Dia 10 de setembro, brilha um raio de esperança para a construção do muro da escola. Malton telefona da Suíça. Conseguiu 4.000 dólares dum amigo e irmão na fé como doação para a construção do muro. MÃO DE APOIO O velho teimoso já estava esgotado, e a obra estava longe de sua conclusão. Malton deu uma mãozinha que muito ajudou na hora da necessidade. O pouco se tornou muito. O filho caçula do Pastor tem uma notória visão da mais abrangente declaração de Jesus: “O Campus è o Mundo”. No dia 15 de janeiro de 1993 terminou a pintura da igreja. O pintor usou de má fé no serviço, e a pintura ficou intolerável no arco da fachada do templo. Nesse dia mesmo começou a pintura da escola. Quadro-negro ficou pronto no dia 22. O beiral da escola terminou no dia 21 e no dia seguinte começaram o piso de granilite nas salas de aula. Colocaram ardósia na varanda e pintaram a escola por fora. Dia 29, aprontaram o piso da varanda. A instalação elétrica começou a ser realizada no dia 1º de fevereiro. Era corrigindo erros na instalação anterior, agora com padrão trifásico. Em 31 de janeiro de 1993 o velho educador falou com seu filho na Suíça pelo telefone e ele prometeu mandar dinheiro para concluir a obra em seu acabamento e dia 9 de fevereiro o Pastor conseguiu localizar o dinheiro em Salvador da Bahia. No dia 8 de fevereiro de 1993 o Dr. Milton emprestou dinheiro ao velho pai que estava afogado em dívida bancária e assim o velho pôde saldar seus compromissos pendentes. Quatro dias mais tarde o mesmo filho emprestou ao seu pai, dinheiro suficiente para saldar seu débito bancário. Poucos dias depois, o Pastor recebeu os dólares da Suíça e pôde continuar a construção. Deus novamente “derramou azeite” na botija vazia. Toda vez que o Braff estava em apuros, o socorro estava bem próximo. O pastor Braff decidiu desde o princípio construir pela fé e se saísse a pedir, a construção já não seria pela fé, “pois a minha fé não pode se basear nas possibilidades que tenho, mas sim no que Deus vai me dar”. Era seu conceito de fé. Por isso nada pedia a não ser favores: nas compras; mão-deobra mais barata. Do INSS, da Prefeitura, do INCRA e da engenharia o Pastor buscava direitos que a obra tinha por ser de utilidade pública. E assim que ele pedia a Deus e Ele em momento algum o desamparou. 171 NA LUTA COM MAIS DE 80 ANOS Dia 8 de fevereiro de 1993, Elemir, formado em teologia, veio para ajudar os adventistas de Primavera como obreiro bíblico, assalariado pela Igreja, mas no dia 11 de março afastou-se deste serviço sem alcançar resultado prático. No dia 1º de março de 1993 as divisórias do banheiro ainda não estavam prontas. O graniteiro agiu mal. Ele é o maior tratante que o Pastor encontrou até agora, “exímio trapaceiro” diz o Braff, “mas o venci no cansaço”. No dia 28 de março, enfim, o Pastor venceu o homem 'tramposo'. Três meses na luta constante porque tudo conspirou contra a abertura da escola em 1993. O Pastor foi obrigado a construir barracos para alguém cuidar da escola abandonada. Era perigoso para a zeladora sozinha. Ele pôs mais duas famílias para manterem o respeito no local da propriedade de Deus. Dia 4 de março uma comissão de vereadores visitou o terreno da escola e constataram a necessidade de dois lotes para a construção da quadra de esportes. Em 10 de março de 1993 chega uma comissão para fazer a auditoria no caixa da igreja e da escola. O Pastor foi intimado a devolver uma doação que a administração anterior tinha feito, mas isso não passou de um mal entendido. Depois que tudo se esclareceu o trabalho do tesoureiro foi aceito integralmente. A auditoria foi correta na sua missão, ou seja, eliminar qualquer dúvida existente. QUASE PRONTO PARA A INAUGURAÇÃO Dia 31 de julho de 1993, Malton, o filho do encanecido pastor promete enviar dólares para ajudar o seu pai a concluir as obras da escola e os últimos retoques na igreja. Outros melhoramentos, só mais tarde. No momento não dá para se viabilizar toda obra. Começou a pintura da frente da igreja no dia 19 de julho. - Dia 21 as letras da frente do templo ficaram prontas. Ficou muito bonito conforme testemunho dos visitantes. O Pastor transportou no seu carro 3 sacos de cimento até a Escola e não tendo ninguém para descarregá-los, teve que descarregar o carro e recolher o cimento na secretaria da Escola. 50 Kg cada saco; o Braff com 83 anos ainda tinha força. Jesus lhe deu a força! O pastor Braff finalizou o mês de outubro pregando; a tempo e fora do tempo, por onde a oportunidade se mostrava favorável com os de fora. No dia 6 de novembro de 1993 o construtor esteve colocando portas nas salas de aula e no dia anterior terminava o muro na Rua Manaus. Tudo com reboco de revestimento, faltando só o portão. As floreiras e a entrada 172 Biografia do Pastor Braff oficial ficaram boas. Dia 8 de novembro, o construtor continuou na construção do muro do lado da Avenida São João. Prossegue o apronto do muro com floreira, imponente! A 25 de novembro de 1993 foram encomendados os portões na metalúrgica Goiânia o trabalho do muro continuou; já estavam na última parte. A MISSÃO MATO-GROSSENSE E A SUA ESCOLA Dia 30 de março de 1993, o pastor Braff recebeu ordens da missão para cercar o terreno da escola com arame. Dia 1º de abril, a igreja de Primavera foi censurada novamente porque na Missão não tinham conhecimento da obra que o Pastor estava concluindo com pouca força humana, mas vitorioso. Dia 13 de abril, chegam o professor Leão e o pastor Paulo Azevedo, sendo que este gostou muito da escola. Assim sendo, deram ordens ao pastor Braff que iniciasse as aulas com qualquer número de alunos e no dia 15 chegou a professora designada para ser a diretora da escola. No dia 16 de abril veio a ordem de suspender as aulas sem previsão de tempo para o início, mas no dia 22 veio uma professora orientar a secretária como fazer as matrículas do pré. Domingo dia 25 de abril, chegaram o professor Leão e o pastor Geovani e batizam a irmã Margarida. Deram ordens de suspender as aulas até 1994. 173 1995 IGREJA, RELIGIÃO E ESCOLA Numa conferência o pastor Batista assegurou que a pessoa ao morrer crente vai para o seio de Abraão e os ímpios ao Hades, desencarnados, é claro. Prova que eles não crêem na ressurreição. Paulo diz que os que não crerem ainda permanecem nos seus pecados. I Cor. 15: 17. Se o espírito buscar corpo que reencarnou, se viver em espírito não ressuscitou, se é espírito-vida pode desencarnar não terá ressuscitado. Portanto, o sacrifício não os poderá salvar. Em palestra com Adventistas da Promessa sobre a morte e ressurreição de Cristo, que dizem ter sido crucificado na quarta-feira e ressuscitado no sábado, com pretensões de provar pela Bíblia e o Pastor lançou-se a pesquisar. Primeiro num cálculo matemático retroativo a data da páscoa do ano 31 da nossa era, 25 de março. Depois, em que dia da semana caiu o 25 de março? No cálculo que o Pastor fez de Cristo, deve ter ficado na cruz das 9 às 3 da tarde de sexta-feira do dia 25 de março do ano 31 a.D. E traduzindo o Grego na linguagem deles: Nos 4 evangelhos a linguagem é a mesma. S. Marcos 16:2 – “Xai lian prwi tê miâ twn sabbatwan.” Traduzindo as palavras: “E completando o amanhecer para o primeiro dos sábados.” Sábado no plural significa semana, o tempo entre dois sábados. S. Mateus declara que no momento em que os primeiros raios da aurora começaram a brilhar, as mulheres partiram para o sepulcro e então houve grande terremoto quando os anjos tiraram a pedra do túmulo: momento em que Jesus ressuscitou. Portanto, ao romper da aurora do primeiro dia da semana Cristo ressuscitou. Qualquer outra doutrina está fora da Bíblia e a história confirma a Bíblia. Dia 20 de fevereiro de 1995 o Pastor lança-se a pesquisar o Novo Testamento Grego. Dia 24 termina a tradução de São Mateus 24:1, palavra por palavra, constatando a mesma tese. Dia 4 de março de 1995, o Pastor reuniu a comissão de nomeações para eleger a nova diretoria da Igreja Adventista de Primavera do Leste. Dia 30 de abril, um pregador leigo, nosso irmão, fez o sermão evangelístico afirmando que todos ali presentes estavam salvos, batizados e não batizados. Tese oposta à declaração de Jesus: “Quem crer e for batizado será salvo.” É a condição para ser salvo. E o Espírito de profecia adverte: “A mensagem à Igreja de Laodicéia aplica-se a todos que tiveram grande luz e muitas oportunidades e, contudo não as prezaram”. A uma classe numerosa de cristãos que não seguem a Jesus... Embora façam uma grande profissão de serem cristãos fervorosos. Apocalipse 3:16. Na Laodicéia há gente morna e estes estão dentro da igreja! Nem para a irmã White (grande escritora 174 Biografia do Pastor Braff adventista de dogmas e profecias) foi incondicionalmente garantida a salvação. “Se fores fiel”: foi a promessa. Vida e Ensinos pág. 78. “Se fores fiel até o fim, comerás da árvore da vida, e beberás a água da vida”. Dia 10 de junho de 1995 o Pastor dirige a lição da Escola Sabatina e faz o sermão. À tarde ministra o seminário do Apocalipse e após houve uma reunião JA (juventude adventista). Dia 17 de junho o Pastor continuou com o trabalho na igreja e o seminário do Apocalipse. Dia 20 de junho seu filho, Milton, viajou para a Europa para assistir as sessões da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia, que foi realizada na Holanda. Em fins de junho, tendo chegado a verba da Suíça para a continuidade do II Bloco da escola, já o Pastor despreocupado continua as atividades da igreja, passa a lição, faz sermão, ministra o Seminário do Apocalipse. Alguns pastores visitaram Primavera e trouxeram a notícia que a Associação Geral elegeu o pastor Artur Nagel como o novo presidente da Divisão Sul Americana. Dia 8 de julho várias mudanças foram feitas naquele conclave, até no Manual da Igreja. Por todo o mês de julho o Pastor andou com uma carga além das suas forças, de sua capacidade psicológica: durante todo o mês pregou sobre obediência, tema muito necessário na igreja e não pôde atender direito a construção porque a sua esposa necessitava de muita atenção. No princípio do mês de agosto vieram 10 pastores colportores para Primavera e conseguiram muitos endereços para cursos bíblicos, que foram distribuídos aos membros e um punhado para o pastor Braff. Os membros nada fizeram e o Pastor impossibilitado de atender. Foi um trabalho infrutífero e entrou agosto sem perspectiva alentadora; só a construção prosseguia. Um dia em fins de agosto o pastor Braff fez uma pregação sobre a ressurreição ou reencarnação, dois pólos opostos. No dia 24 de outubro de 1995 o pastor Paulo Cezar de Azevedo do departamento de educação da União Central Brasileira fez avaliação da escola, onde foi alcançado grau regular. Sábado foi um dia cheio para o pastor Braff, não teve tempo de fazer o desjejum, dando os últimos retoques nos estudos para passar a lição na classe dos professores. Após voltou à sua casa para buscar a esposa; dirigiu a lição em geral, fez o sermão e às 14 horas, com chuva, foi à Primavera II passar a lição do Seminário do Apocalipse. Terminada a lição correu para chegar a tempo para a classe batismal, e a seguir reunião J.A., onde lhe fizeram uma homenagem do dia do pastor. Isto dá uma idéia das atividades, de quando em vez do velho pastor octogenário, e ainda resiste a carga quando faltam os ajudantes. Moisés, com 175 menos idade que o Braff, distribuiu as responsabilidades com os que eram capazes para assumir a responsabilidade que lhe era designada. Dia 3 de novembro o Pastor foi com seu filho Dr. Milton a Campo Verde assistir o lançamento da pedra fundamental do IAMAT, o Internato Adventista Mato-Grossense. Até o presidente da União, pastor Tércio Sarles estava presente. Almoçaram lá e logo seguiram para Cuiabá. Dia 4 assistiram a um inspirado programa e o pastor Braff foi apresentado como obreiro, na primeira hora. No dia 16 de dezembro de 1995 chegou à Primavera do Leste o distrital (pastor encarregado de dirigir os interesses da Igreja Adventista em circunscrição de um ou mais municípios), Weberti. Então ele e o Braff dividiram as atividades da igreja. O pastor Braff sentiu-se aliviado; convocaram a comissão da igreja e preencheram várias vagas na diretoria. No sábado, dia 23 o pastor Braff foi a Poxoréo visitar a igrejinha daquela localidade; passou a lição e pregou sobre: Onde estarás amanhã? No dia 24 à noite, teve programa de entrada do natal na igreja de Primavera e depois, festa do amigo secreto na casa de seu filho Dr. Milton. Dia 26 de dezembro o Braff começou a estudar sobre ordenação de mulheres ao Ministério Adventista (sacerdócio). O pastor Braff, depois de muito estudo, discorda de tal orientação. No dia 30, quando o Pastor estava pregando, entrou um casal estranho, depois que começou a reunião. Na despedida ele se apresentou como sendo o departamental de educação, pastor Eliezer. O Pastor havia convocado a igreja para receber o 96 ao pôr do sol, no templo, com testemunhos, orações e votos de fidelidade a Deus no ano entrante; sendo que o pastor Braff falou sobre: O ano velho está morrendo! Nunca mais voltará. E encerrou com a seguinte frase: “Cada dia que passa nunca mais voltará – aproveitemos cada dia deste novo ano que Deus está nos dando na preparação para o céu”. FAMÍLIA E OUTROS ASSUNTOS O pastor Manoel João Braff atendeu as visitas e ainda preparou o sermão para a noite de domingo, 1° de janeiro de 1985. Dia 3 de janeiro os filhos estavam encerrando a visita e o Pastor ficou filosofando com Menalton e Marli. Dia seguinte Menalton, Rose e Marli regressaram, passando por Dourados. Mercídia doente. Bronquite alérgica e não passa bem. Já é sexta-feira e amanhã o pastor Braff vai ter que dirigir a Escola Sabatina, passar a lição e fazer o sermão. Seus auxiliares estão gozando férias. Teve que estudar até quase meia-noite. Dia seguinte levou a esposa ao hospital, fazer tratamento. À noite o Dr. Natanael pregou. 176 Biografia do Pastor Braff Sábado, dia 14 de janeiro de 1995, Mercídia ainda se encontra doente. O Pastor passou a lição e falou sobre os soldados da cruz que desertam receberão justa recompensa ao se unirem com os adversários. Muitos que de lá ouvirem a voz: “sai dela povo Meu” ocuparão os seus lugares. Dia 21 de janeiro, aniversário da Marli. O Braff deu-lhe os parabéns por telefone. Dias 30 e 31 ele ficou no hospital. Extraiu o artelho mínimo, porque ele tinha dobrado por baixo dos outros. Dias 4 e 5 de fevereiro de 1995 o Pastor não foi à igreja, por causa da cirurgia nos artelhos não pôde caminhar. Até dia 10 de fevereiro ele esteve envolvido com hospital para fazer curativos nos quatro artelhos que sofreram cirurgia. Durante esse tempo, esteve dirigindo a construção na casa da professora até o dia 10. Dia 7 de março de 1995 o Pastor tirou férias, por conta, para viajar para o Sul com a esposa, de carona com o filho Dr. Milton e à noite chega ao destino, Gravataí, na casa de sua filha Mirtie. Sábado fez um sermão na igreja de Rolante, Fazenda Passos. Visitou a irmã Elvira e o cunhado Delmar e os demais parentes na sua terra natal e no dia 15 volta à casa da filha, a partir de onde visitou toda a parentela em Porto Alegre e região. No dia 21 volta a Primavera do Leste. Ao chegar preparou a igreja para o batismo que iria acontecer no dia 25, portanto, sem descansar reiniciou suas atividades para reorganizar o que falhou com a sua ausência. No dia 2 de abril o distrital (Pastor) fez novo batismo, quando se completava 67 anos que o biografado fora batizado pelo pastor Abraão Classem Harder, então presidente da A.S.R. na igreja de Campestre, hoje Campestre Velho, Santo Antônio da Patrulha – RS. Dia 9 de abril de 1995 o pastor Manoel João Braff ultrapassou os seus 85 anos de idade. O Pastor estava escrevendo um artigo sobre a Páscoa esquecida, deixou a escrita e correu para a igreja para o culto evangelístico. Falou sobre o Espírito Santo, Deus conosco, Ele é a Divindade com o homem. Depois do culto voltou para a sua casa. – Surpresa total! Agradável surpresa. Toda a igreja reunida na sua casa para lhe felicitar. Dia 10 ele concluiu o artigo que estava escrevendo e mandou para o jornal e provocou uma agradável reação na cidade. Dia 12 ensaiaram o hino de sua autoria: O labor que salva a igreja. Certa ocasião, o pastor Braff estava fechando a porta do seu carro para ir à igreja dirigir o culto, quando um salteador segurou a porta de seu carro e disse baixinho: “assalto, e não alarme” queremos dinheiro, não queremos fazer mal a ninguém; e mais dois se aproximaram, dizendo, “se não der dinheiro eu mato”, prenderam a família e lhe arrastaram para dentro da casa. “Dinheiro ou cheque”, Enquanto revistavam a casa o Pastor falava com o que o segurava sobre o amor de Jesus e que Jesus queria salvar a eles, falou que se eles continuassem vivendo assim não havia esperança de salvação. 177 Logo pegaram o talão de cheque e foram-se, e o Pastor foi para o culto de oração. No dia seguinte o Pastor foi ao banco sustar o talão de cheque. Um cheque a quadrilha tentou passar e a polícia prendeu o cheque; e do resto, nem notícia. O Pastor acreditou que suas palavras tocaram o coração deles. No mesmo dia em que foi constatado que o fundo construção ficou incólume o Braff entrou em contato com o engenheiro, Dr. Sérgio para legalizar a construção do II Bloco da Escola Adventista. Houve também reunião na prefeitura com todos os representantes: pastores ou diretores das igrejas de Primavera. Assuntos: Rogar a Deus, à moda católica, pela união das igrejas e pastores e representantes, todos aplaudiram o plano, menos o pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Como nunca mais chamaram o pastor Braff para tais reuniões, não soube mais o que aconteceu com a tal união das igrejas. Dia 5 de junho de 1995 a esposa do Pastor completou 87 anos de idade, fez uma pequena festinha com bolos e salgadinhos. Em fins de junho esposa do pastor Braff está enferma e em tratamento no hospital, só melhorando no dia 3 de julho, no dia em que os auxiliares do Pastor, Armando, Dalva e Jorge foram para Ribeirão Preto – SP. Novamente o Braff ficou só! Na direção dos cultos, é claro. Sua filha adotiva Mara, separa do seu marido Sérgio. Um dia em fins de agosto, Mercídia, esposa do Pastor amanheceu defecando sangue, o Pastor a medicou e foi atender seus deveres na igreja. Setembro entrou com trabalhos intensos: fisioterapia de manhã cedo e pregando para os clientes; demarcou a instalação elétrica e encanamento de água e à noite fez o Seminário do Apocalipse. Ao voltar não conseguiu fazer o seu diário, porque o sono o prostrou. Até o dia 6 de setembro O Pastor teve muitas lutas para apaziguar os problemas da igreja e as dissensões na escola. Ao voltar para casa, quando levou a orientadora de ensino à rodoviária, o seu carro caiu numa valeta recém aberta na rua e vazou óleo do carter. Dia 11 o carro que tinha vazado o óleo estava com o carter perfeito e cheio de óleo. Foi um milagre? Ele declara não saber como isto aconteceu, mas diz que é uma dádiva de Deus. No dia 25 de dezembro, natal, a esposa do pastor Braff amanheceu bem atacada da respiração; o Braff se comunicou com seus filhos por telefone, com exceção de Milda na Suíça, porque ela não tinha telefone. CONSTRUÇÕES Dia 18 de janeiro de 1995 comemoraram a cobertura da cozinha e da área (varanda) da casa da professora. Tudo planejado, no dia 19 iniciaram a construção, tão sofrida nas demarcações até iniciar. “Acertamos tudo, até o reboco”. 178 Biografia do Pastor Braff Foi instalado o parquinho infantil na Escola Adventista de Primavera. A escola nos está prometendo um ano de muito sucesso. Já está com quase 80 alunos matriculados. Está avançando e vai vencer. No dia 26 de fevereiro de 1995 o pastor Braff falou com o filho na Suíça sobre perspectiva de arranjar dinheiro para o II Bloco da Escola Adventista, e Malton lhe respondeu que ainda não tinha conseguido nada. No dia 4 de abril de 1995 o pastor Braff sacou toda a sua poupança que por longos anos adquirira, e estava reservada para alguma emergência pessoal, transferindo para formar o fundo de construção do II Bloco da Escola, porém teve que ceder uma parte para o seu filho, Milton, que estava em aperto. Assim deu início ao fundo construção. O dia 12 de maio de 1996 já inicia com o pastor Braff ultimando os preparativos para começar o gabarito do II Bloco da escola. Ele combinou com um pedreiro e um servente para trabalharem por mês e no dia seguinte informou ao engenheiro que iria começar a obra, mas faltou material e assim foi adiado o início da construção. Dia 18 o pedreiro já estava esperando, logo depois o Dr. Sérgio chegou, esquadrejou e marcou as valetas e liberou a obra e o pedreiro deu início à construção. Logo depois o pastor Braff começou a se envolver com o Concílio Regional. No dia 19 de maio deu 'zebra' e pararam a obra, e no dia 22 continuaram os trabalhos. Até o fim de maio o pedreiro trabalhou no alicerce. “A obra está indo muito devagar”, pensa o Pastor. Meados de junho, as paredes da escola começam a ser levantadas. Um pedreiro de apelido Careca queria empreitar para erguer as paredes, mas foi negada a sua pretensão. O Braff encontrou um erro na planta e foi ter com o projetista e ele corrigiu. Dia 23 de junho de 1996 o Pastor começa a catalogar as despesas da construção do II Bloco da escola e ele viu que as verbas ainda não chegaram, e esta situação começou a preocupar o Pastor. Seu filho Malton tinha garantido a verba, mas ela não tinha chegado ao Banco; logo chegou o dinheiro e tudo foi resolvido. Com a graça de Deus tudo deu certo. Em agosto a verba da Escola estava se esgotando e o futuro ameaçadoramente se apresentava sombrio e o Braff com fé vacilante enfrentava a situação sem queixumes e sem alarme. Dia 7 já se notava o cansaço psicológico do Pastor. Seis dias depois chega uma notícia cheia de esperança! Seu filho Malton está partindo da Suíça para o Brasil e dia 10 chegou a Primavera do Leste. Veio visitar a família e ver como ia a obra de construção da escola. Dia 25 partiu de volta ao seu trabalho na Suíça prometendo mandar recursos de lá. Deus o enviou à casa de seu pai para resolver o problema. São os milagres de Deus. 179 Dia 20 de setembro de 1995 a empreitada do reboco que o Pastor fez com os pedreiros já estava quase terminada, e no dia 2 de outubro foi feito o requadramento (acabamento de reboco em portas e janelas, na linguagem dos pedreiros) das aberturas e a colocação das janelas. No dia seguinte o pastor Braff foi tratar de escriturar o terreno da quadra de esportes para solicitar verbas ao Ministério dos Desportes para a construção da quadra, e dia 9 a Missão se movimenta para escriturar o lote. Neste mesmo dia o Pastor trata da compra de telhas em Minas Gerais, telha de primeira, para substituir o telhado do I Bloco e cobrir o segundo. As telhas em Minas Gerais custam 1200,00 (hum mil e duzentos reais), além do frete. No dia 17 de outubro de 1995 os pedreiros colocaram as tesouras nos seus lugares e dia 20 vem a notícia, as telhas estão chegando. Os pedreiros, em tom de zombaria disseram: “nós só descarregamos se nos pagar o preço que os saqueiros cobram” e ficaram irredutíveis. Dia 22 o Pastor convocou um mutirão dos membros da igreja, e mais os desbravadores, para descarregar as telhas e até as 11 horas da manhã a jamanta estava descarregada. Os pedreiros provaram com isso que não estavam trabalhando por mês – as telhas eram pro seu trabalho. No dia 8 de novembro de 1995 o Pastor constata que a verba para a construção só tinha para mais uma semana de trabalho. Ao anunciar aos pedreiros, esta constatação, eles revoltaram-se, exigindo a continuação da construção. O Braff respondeu: “Dinheiro não temos mais, a não ser que vocês queiram trabalhar sem salário”. Replicaram: “nós queremos é dinheiro”. Responde o Braff: “deixei de pagar algum serviço que vocês fizeram até agora?”. “Não, mas nós queremos os nossos direitos de empregados, direitos trabalhistas”. Responde o Braff: “Desde o princípio do trabalho vos disse que sou empregado tanto quanto vocês, com a diferença que eu não ganho nada com o meu trabalho. O vosso patrão mora na França e é humanitário, dando esse ganha-pão para vocês”. Passados uns dias, vieram os pedreiros novamente: “Quando o senhor vai pagar os nossos direitos trabalhistas?” E a resposta: “Não tenho previsão”. Então constituíram advogado e levaram para o Fórum. Porém o engenheiro da obra pôs um advogado seu e defendeu o pastor Braff, No dia 10 de novembro de 1995 a obra parou. Dia 26 de novembro o Pastor convocou na igreja os membros para cobrir o bloco da escola; foram todos os que podiam tomar parte; mas a obra estava longe de ser acabada. O pastor Braff fez um plano com os representantes da Golden Cross para fazer uma agência da Seguradora para uma equipe, de preferência da igreja, vender planos de saúde. Parte da primeira parcela ficaria para a agência e o agente era o pastor Braff, e com estes haveres continuaria a construção, mas a equipe se dissolveu e ninguém fez nada. O Pastor soube então que outro agente tinha se instalado na cidade e ele deu por encerrado esse assunto. Não era esse o caminho de Deus. 180 Biografia do Pastor Braff É duro trabalhar sem dinheiro, mas o teimoso, como foi chamado o pastor Braff enfrentou às suas próprias custas e dia 8 de dezembro terminou de retelhar a cumeeira do I Bloco da Escola. Dia 14 o Pastor foi à metalúrgica buscar as portas da escola e tratou com o pintor para pintá-las. Dia 18 de dezembro foram colocadas as janelas do Bloco II (Bloco Maranata). MARANATA = vem, Senhor nosso. 181 1996 IGREJA, RELIGIÃO E ESCOLA Houve um almoço na casa de seu filho com os médicos do Hospital São Lucas e outros. Na conversa surge uma pergunta: “Porque a mulher não foi criada primeira?” A pessoa pedia uma resposta teológica. O pastor Braff respondeu: “Se a mulher tivesse sido criada primeiro, teria que a ordem biológica da natureza ser invertida. A fêmea teria que dispor de um reservatório de vida transmissível e o macho (seria com) ovário para fornecer o corpo para ser fertilizado. Seria uma versão que não interessava a Deus. Como a vida não tem vivência sem corpo. Isto sob o ponto de vista teológico seria impossível, porque mudaria toda a ordem do universo. A vida tem existir antes do corpo, mas só pode se desprender da fonte diante de um corpo a ser fertilizado. Dia 9 de janeiro de 1996 a diretora da escola Ana Maria foi substituída pela professora Ézia, orientadora de ensino da Missão. Dia 12 de janeiro de 1996 a ex diretora da Escola, Ana Maria despedese dos cargos da igreja. Dia 13 a igreja teve a visita do conferencista da União Central Brasileira, pastor Arlindo Guedes, o qual ajudou o pastor Braff na igreja. Dias 14 e 15 de janeiro houve um sério problema de disciplina, mas o Pastor conseguiu contornar a situação. Dia 20 de janeiro o pastor Braff dirigiu a lição da Escola Sabatina na igreja e em seguida correu para o bairro Primavera II, para passar a lição do Apocalipse e a tarde reuniu a comissão da igreja, após, classe batismal e o J.A. terminando com o pôr do sol. Logo depois seguiu para a sua casa e ainda foi fazer massagens nos clientes. Este é um diário sabático típico das atividades do veterano aposentado há 26 anos. No dia 28 de janeiro o pastor Braff viajou a Rondonópolis para oficiar um batismo no segundo distrito de Rondonópolis, voltando no dia seguinte a Primavera. Dia 8 de junho de 1996, sábado, Weberti, pastor distrital, fez a pregação no púlpito de manhã e a tarde reuniu-se com a comissão da igreja, a qual votou pela compra de novos bancos para a igreja. O Dr. Milton lançou o projeto da formação de um conjunto vocal, origem do futuro coral. Dia 10 de junho de 1996 o primeiro ensaio do conjunto, dirigido pelo Irmão Milton. 182 Biografia do Pastor Braff Dia 1º julho de 1996, o Pastor completou o artigo: ORDENAÇÃO DO GÊNERO FEMININO AO MINISTÉRIO, CERTO OU ERRADO. No dia 2 de julho o Pastor escreveu uma réplica sobre a tese de um pastor, que desfazia o Velho Testamento por ser dos judeus. Dia 3 continuou a escrever o seu livro que pretende publicar: OS DOIS REBANHOS NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE No dia 12 de agosto de 1996 chegam os tão esperados bancos para a igreja. No dia seguinte a firma que vendeu os bancos fez a montagem dos mesmos na nave da igreja, com a instrução do pastor Braff. No dia 17 procedeu-se a inauguração dos novos bancos, para a qual o pastor Malton Braff fez a pregação: Bartimeu o cego “que eu veja”. No dia 7 de setembro de 1996 o Pastor falou na igreja de uma contrafação da Trindade: “Três espíritos imundos semelhantes a rãs” e seus instrumentos materiais ou humanos: dragão, falso profeta e espiritismo são os espíritos de demônios com seus instrumentos que falsificam a Trindade Divina. Satanás falsifica tudo, imita para confundir, dissimula para enganar e tenta para arrebatar. Dia 4 de outubro o Braff foi chamado à Escola para a classificação, e a escola saiu-se bem na sua posição institucional. Dia 26 de outubro, quatro pessoas foram batizadas. Último dia de novembro de 1996, programa normal: classe de professores, Escola Sabatina com a professora Roseli Almeida e o sermão com o pastor Braff, o qual convocou a comissão de nomeações para a tarde. Depois do almoço o Pastor dirigiu a classe batismal e em seguida reuniu-se com a comissão de nomeações, que foi um tanto tumultuada, parecia que os membros desconheciam as suas funções, querendo assumir funções da comissão da igreja, exigindo que o Braff levasse para o púlpito: mulheres, jovens e crianças, numa linguagem que ele julgou inoportuna e decidiu afastarse de certas responsabilidades. E como a comissão insistisse para que entregassem funções aos jovens para treinarem, o Pastor esquivou-se também de pregar, tirando férias voluntárias. Dia 1º de dezembro de 1996 o pastor Braff fez a escala de sermões esquivando-se de participar da mesma, deixando a seguinte declaração no seu diário: “Fiquei profundamente desalentado com o que ouvi, e abalado decidi afastar-me do púlpito com a intenção de não me envolver com pregações este mês e só voltar a pregar quando Deus me convencer a reassumir minhas funções normais. Estou de férias! Suspirou triste”. Dia 8 de dezembro de 1996, o Pastor começou o ano bíblico (leitura da Bíblia) com leitura rápida para ler em dois meses. No dia 10 ele terminou de ler o livro de Gênesis e prosseguia em ritmo acelerado, aproveitando o 183 tempo vago. No dia 12 ele terminou o livro de Êxodo e no dia 13 administrou 3 lições da classe batismal. No dia 16 de dezembro o pastor Geovani, presidente da Federação Missão Mato-Grossense veio a Primavera para comprar a casa para o pastor que viria, logo após aqui ser sede do novo distrito. No dia 23 houve a inauguração do Campus da Faculdade, projeto de grande envergadura para Primavera do Leste. Amanhece o dia 30 e o velho exclama: “Novo ano à vista! 96 está agonizando! sem nenhuma esperança de ressurreição. Dia 31 o 96 vai se despedindo sem recuperação, com todas as coisas, vitórias e fracassos, com todas as esperanças e desilusões. Vai para nunca mais voltar! Ao esgotar-se o ano de 1996 o Braff conjeturava: “Tudo passa neste mundo. Só quem faz a vontade de Deus dura eternamente. Só Jesus, o Filho do homem nasceu eterno e os que a Ele seguirem enquadrados nas verdades de Sua palavra de Gênesis ao Apocalipse serão eternos também”. O pastor Braff convocou a igreja para receber o ano de 1997 ao pôr do sol numa confraternização adventista. NUMA CONFERÊNCIA BATISTA Uma noite o pastor Braff foi assistir a uma conferência batista, onde o conferencista afirmou que Adão teve morte espiritual, e depois da explicação deu direito a perguntas, e o Braff perguntou: “Morto gera filhos?” O conferencista não entendeu a pergunta e o interlocutor explica que então os filhos de Adão estão perdidos; nascem carnalmente, mas não espiritualmente. “Só um segundo Adão que não pecasse poderia gerar filhos espirituais”. E o conferencista se perdeu na jogada! É que os que morreram antes de Cristo, segundo ele, estariam perdidos porque ninguém pode gerar filhos retroativamente, e o homem embaralhou-se todo, e disse: “Quem não tem o espírito de Cristo, não é Dele”. Dia 17 de agosto, à tarde o pastor Manoel contou a seu filho pastor Malton sobre o conferencista batista, onde ele dizia que Adão morreu espiritualmente. Morrer significa deixar de viver, ou deixar de existir. Se espiritualmente deixou de existir, logo não pode gerar filhos. Portanto sua descendência só pode ser carnal e “quem não tem o Espírito de Cristo esse tal não é Dele”. Rom. 8:9. Então Abel morreu perdido e toda a descendência de Adão; como assim não é; Adão e Eva não morreram naquele dia, e sim, “O Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo”. Apoc. 13: 8. O símbolo ou substituto de Cristo. 184 Biografia do Pastor Braff FAMÍLIA No dia 11 de janeiro de 1996 chega à casa do pastor Braff seu filho Menalton e sua esposa Rose (Roseli), que moram em São Paulo. Dia 3 de maio, o pastor Braff amanheceu com Dengue e no mesmo dia, aproveitando o seu estado doentio, dois homens o empurraram para dentro de uma Kombi e fizeram o Pastor comprar 5 carnês do Baú. Dia 10 de maio houve uma grande festa, a festa das mães. Mercídia, esposa do pastor Braff estava sempre em tratamento contínuo e no dia 6 de junho apresentou melhora. Dia 5 de junho completou 88 anos e dia 7 o Pastor escreveu: “Aguardo na obra de Deus aqui em Primavera do Leste uma virada! Deus proverá”. Dia 8 de julho de 1996, Edson, neto dos Braff, veio de Porto Alegre para visitá-los com sua família, e o Pastor aproveitou a oportunidade e pregou para ele se converter, mas parece ter sido infrutífero o esforço. No dia 17 de julho de 1996 uma pessoa que devia uma soma considerável ao Braff, pôs à venda um computador e o Braff conseguiu tirá-lo em conta. Por esses dias o pastor Braff descobriu que um casal tomava banho, no mesmo banheiro, junto com os filhos, todos nus; e isto é imoral e estimula a sexualidade das crianças e adolescentes. – Para onde vai o nosso mundo? O homem se animalizando e o pudor jogado às traças. Dia 29 de julho o pastor Braff, juntamente com o seu filho Merlinton e esposa, que vieram de Dourados – MS aguardam a vinda do seu filho Malton, que chegou da Suíça no dia 2 de agosto. Ele é o sucessor do pai em assuntos religiosos. E já no dia seguinte pregou na igreja. Dia 10 de agosto, dia festivo, além de ser sábado o casal Braff comemorava suas bodas de diamantes, 65 anos de casados. Malton, seu filho, pregou na igreja; e depois de alguns dias veio o dia dos pais e a festa continuou; houve uma verdadeira confraternização familiar. No dia 19 de agosto o pastor Malton, o apóstolo das terras africanas voltou à Suíça para o seu campo de trabalho. – Que o Senhor o acompanhe. Dia 29 de agosto o pastor Manoel instala uma rede de energia elétrica para o seu computador e sua máquina de escrever, para começar a digitar o seu diário nos pontos mais salientes. Dia 16 de setembro Horaldo e Mirtie viajaram para o Rio Grande do Sul. De manhã antes de viajar quase provocaram um escândalo com o carro do Pastor, ferindo o coração do velhinho. (Na verdade o carro do Pastor é um carro muito velho, porque foi trocado por um melhor, destinando a diferença ao custeio das construções da igreja e da escola). 185 Dia 10 de outubro a esposa do pastor Braff apresentou fortes indícios de velhice cerebral. Dia 15 de dezembro o Dr. Milton completou 64 anos de idade. No dia 18 o pastor Braff começou a pintura de sua casa, pelo muro da frente, com o lixamento do mesmo e das grades. Dia 23 foi o dia do início da pintura do seu domicílio. Na véspera do natal chega a Marli de Imbituba - SC. No natal o dia todo foi chuvoso, inativo. No dia 28 de dezembro de 1996 chegam Menalton e Rose sua esposa. - Sejam bem vindos! Menalton e Rose chegaram de São Paulo e o pastor Braff teve um feliz primeiro de ano na companhia de seus filhos Menalton e Marli. Amanhece o dia 30 e o velho exclama: “Novo ano à vista! O ano de 96 está agonizando, sem nenhuma esperança de ressurreição. Dia 31, o 96 vai se despedindo sem recuperação, com todas as coisas, vitórias e fracassos, com todas as esperanças e desilusões. Vai para nunca mais voltar”! 1997, Novo Ano, nova esperança, novos planos e nova trajetória na vida humana. Um ano mais próximo da vinda de nosso almejado SALVADOR. Cada dia que passa é um dia a menos para o encontro com o Remidor. POLÍTICA E OUTROS ASSUNTOS No começo de janeiro de 1996 o pastor Braff começou a treinar na sua máquina de escrever, atividade que a muitas décadas havia abandonado. Entre os dias 16 e 19 de janeiro a máquina de escrever estragou e o pastor Braff não conseguiu arrumar. Dia 10 de maio o Dr. Milton foi indicado por Carlos Bezerra, presidente do PMDB Mato-grossense. Dia 13 de maio aconteceu um grande desfile de aniversário da cidade e a Escola Adventista saiu-se muito bem no desfile, sendo que o pastor Braff fez parte no palanque oficial. Começa a ferver a política em Primavera, envolvendo o Dr. Milton e consequentemente seu pai também. Dia 15 de junho Érico Piana pediu para fazer propaganda política na Igreja Adventista, e o Pastor respondeu que a Igreja Adventista não admite campanha política nem dentro, nem no pátio. Dia 23 de junho de 1996, houve a convenção do PMDB, e foi votada a coligação com os demais partidos que apóiam Érico Piana e aconteceu o racha no partido envolvendo o Dr. Milton e seu pai. No dia 30 o Governador Dante de Oliveira, veio dirigir a convenção do PDT para lançar a candidatura 186 Biografia do Pastor Braff de Sérgio Machnic a Prefeito pela oposição, diante de grande multidão. No dia seguinte os políticos do lado do Sérgio procuraram o Braff. Dia 4 de agosto, Antero, chefe da Casa Civil do governador e Chico Daltro, deputado federal chegam a Primavera para fazerem propaganda do PDT, dando apoio a Sérgio Machnic para prefeito. O partido da situação, PMDB, impôs, ameaçadoramente aos Braff, e eles tomaram posição contrária e se meteram na política, apoiando o candidato da oposição. No fim de agosto e 1° de setembro ferve a política e o irmão Milton (Dr. Milton J. Braff) foi de novo ameaçado e seu pai também. Dia 24 de setembro, a política está fervendo em Primavera e os Braff não podem ficar neutros. Há acusações de uns aos outros; como diz o adágio popular: “quem está entre os lobos acoe como eles”. Política, a não ser para os que se beneficiam dela é ingrata. Os políticos fervilham pela cidade o dia todo com carreatas e pessoalmente até a meia-noite do dia 30 de setembro. Os três primeiros dias de outubro houve aparente calma, mas por trás dos bastidores, segundo testemunhos de terceiros, seguiu a campanha secretamente e compra de votos e dia 3 de outubro é da eleição para Prefeito e Vereadores. O eleito para o cargo de Prefeito Municipal de Primavera do Leste foi Érico Piana. CONSTRUÇÕES Dia 12 de janeiro de 1996 completam o acabamento da casa da professora. Nos dias 16 a 19 continua o serviço do Bloco Maranata. No dia 22 de janeiro o pastor Braff foi à escola e mandou os pedreiros fazerem o piso da varanda da frente da sala de pedagogia, com os letreiros: ESCOLA ADVENTISTA BLOCO MARANATA. Dia 24 de janeiro os banheiros estavam quase prontos. O projeto da quadra de esportes, o Dr. Sérgio terminou e o velho educador levou-o à prefeitura para a aprovação e solicitação de verbas ao Ministério dos Esportes para darem início à construção da mesma. Depois de oficiar um batismo em Rondonópolis no dia 28 de janeiro, já de volta no dia 29 em Primavera, foi diretamente à escola ver como estava o trabalho, encontrando tudo bem, segue para a sua casa onde encontrou uma torneira estourada. Depois de consertar, foi dormir, porque estava cansado da viagem. O irmão Afonso, que muito ajudou o Pastor no acabamento da escola, partiu para outras terras. 187 No dia 5 de junho os pedreiros terminaram de passar a massa fina na Escola. A empreitada foi por metro e quando mediram o pastor Braff quase caiu de costa! Devia aos pedreiros R$ 780,00 e ele exclamou: “Só Deus pode me estender a mão”. Dia 15 de julho o pastor Braff começou a pintar a sua casa, que fazia uns dez anos que não era pintada. Dia 1° de setembro reiniciaram-se os trabalhos de acabamento do Bloco Maranata e o Pastor fez planos para a construção duma marquise na entrada da frente da escola pela rua Manaus. Nesse ínterim o pastor Braff continua procurando recursos para a conclusão da obra. Um Colportor ofereceu-se para forrar uma sala de aula; no fim cobrou o mesmo preço dos outros; ele é que foi ajudado. No dia 24 de setembro foi autorizada a compra da madeira para a varanda do Bloco II da escola. Dia 18 de outubro o Pastor comprou a madeira para a varanda e tratou com o carpinteiro a mão-de-obra. Dia 22 começam a descer as telhas velhas da escola e dia 25 começa a cobrir as salas destelhadas. A 30 de outubro de 1996 o pastor Braff entregou R$ 1.200,00 para a compra de tintas para a pintura geral da escola. Quando ele trouxe a tinta e a diretora não gostou da cor e para evitar aborrecimentos futuros o pastor trocou a tinta. No dia 5 do mês de novembro toda a escola está com telhado novo. Então o Pastor passou a planejar, juntamente com o engenheiro Dr. Sérgio o abrigo da entrada. No dia 11 comprou o material para a instalação elétrica no Bloco II, e no dia 15 houve a preparação dos canteiros da escola para plantar flores e folhagens. O ambiente na Escola está ficando atrativo, com segurança e em paz. Dia 19 de novembro de 1996, o forro do bloco foi terminado. No dia seguinte o responsável pela obra não compareceu ao serviço e os carpinteiros cometeram um erro irreparável! O Braff não pode arredar o pé da obra. Quando Cleber, o empreiteiro faltoso voltou, ele simplificou a obra por conta própria e foi despedido, mas foi contratado pela Diretora da Escola para a pintura de toda a escola, pegando todo o dinheiro adiantado e não fez o combinado, dando um prejuízo de R$ 450,00 e com isso atingindo também o pastor Braff com R$ l00,00, mas o forro do II Bloco da “Escola Adventista Pastor Manoel João Braff” ficou concluído. Dia 29 de novembro a diretora da Escola e o Educador Adventista seguiram para Campo Verde para assistir a comemoração do 1° aniversário do IAMAT (Instituto Adventista Mato-Grossense), onde tinha várias casas para os trabalhadores, roda d'água fornecendo energia e uma bomba hidráulica com capacidade para aguar a fazenda do colégio e todo o educandário. Foram 188 Biografia do Pastor Braff dados os parabéns ao professor Leão, fundador do educandário e anfitrião do encontro comemorativo. Voltaram depois do meio-dia com os dois departamentais de Educação da União e campo local, pastores Paulo Azevedo e Elieser para inaugurar o Bloco Maranata da Escola Adventista de Primavera. O pastor Braff sentiu-se realizado. Deus seja louvado por esse empreendimento, pois foi Ele, e não o homem que realizou tal Instituição. 189 1997 – FAMÍLIA E SAÚDE No dia 1° de janeiro de 1997 chegaram de São Paulo, Menalton, filho do Pastor, e Rose sua esposa. Foi um feliz primeiro de ano na companhia de seus filhos Menalton e Marli. Dia 4 de janeiro, os 2 filhos do Casal Braff regressam a São Paulo, Menalton e Marli. No sábado seguinte foi muito triste para o Pastor porque já estava se acostumando com visitas. No dia 13 Mercídia, esposa do Pastor piorou e teve que ser hospitalizada muito mal da respiração, com bronquite alérgica. No dia 17 ela ficou no balão de oxigênio e dia 23 deu alta do hospital. Sua filha Marli que mora em Santa Catarina, ligou para o Pastor e disse que estava querendo vir para Primavera do Leste. Dia 27 de janeiro deu um toró de água que inundou a meia-água onde a Mara reside. Até dia 29 Dona Mercídia passou bem atrapalhada, foi chamado o Dr. Milton, seu filho, o qual aplicou uma injeção e ela melhorou. Dia 30 de janeiro o pastor Braff já havia terminado de ler o Velho Testamento, em 22 dias, apesar da esposa doente. No dia 7 de fevereiro o Pastor terminou a leitura da Bíblia em 59 dias. Dia 14 de março, Marli filha do Pastor chega de Imbituba – SC,. Veio para morar em Primavera do Leste e quer lecionar ou conseguir um emprego par se manter independente com possibilidade de alugar uma casa e viver com o seu próprio orçamento, perto dos pais. No dia 21 de março o pastor Braff foi com a filha à Escola Estadual de 1° e 2° grau Prof. Alda G. Scopel para viabilizar um trabalho nas aulas de história e conseguiu 14 aulas semanais, com a promessa de futuramente aumentar as aulas. Dia 24 de maio Dona Mercídia ainda continuava sofrendo de asma, e nesse dia o pastor Braff a levou ao hospital São Lucas para tomar uma injeção contra a alergia, de nome Diprospan. No Dia 30 Mercídia começou a obrar sangue e a fazer xixi na cama, e o Pastor não pôde dormir mais nessa noite. No dia 5 de junho a Dona Mercídia estava de aniversário e por causa da doença, não fizeram comemoração da data natalícia. No dia 29 de junho de 1997, às 3 horas da manhã, o Pastor fez nebulização em Dona Mercídia, após, às 6,30 horas da manhã, novamente a nebulização, após, injeção. O Pastor almoçou às 3 horas da tarde, esperando uma melhora da sua esposa. 190 Biografia do Pastor Braff O Pastor estava aplainando a aresta de uma tábua para fazer uma prateleira, com o formão, e a tábua caiu em cima do dedo artelho médio, o qual quase atorou. Então sua filha Mara o levou para o hospital São Lucas, onde seu filho, Dr. Milton, o tratou extraindo-lhe a unha, logo após voltou para casa. No dia 10 de julho, sua filha Marli viajou, as 3:20 horas da madrugada com sua mudança, de volta a Imbituba – SC, no furgão de seu irmão Dr. Milton Braff. Nesse mesmo dia o pedreiro de nome Paulo Parreira, o qual o Pastor tinha contratado para fazer uma reforma na casa que ele tinha nos fundos do seu lote. Fujiu sem terminar o serviço, serviço esse que o Pastor já tinha pago. No dia 13 de julho, às duas horas da madrugada, o pastor Braff fez uma nebulização na sua esposa a qual dormiu o resto da noite. Durante o dia, sentindo-se melhor, levantou-se e quando foi atender ao telefone, caiu devido a estar muito fraca, e o pastor Braff custou a levantá-la. O pastor Malton, vindo da Suíça, chegou a Cuiabá no dia 21 de julho; seu irmão Dr. Milton o trouxe à Primavera do Leste, chegando às 7:30 horas. O pastor Malton trouxe muitos presentes da Suíça para quase todos. Para o pastor seu pai deu de presente um rádio gravador e duas camisas e para a sua mãe trouxe um andador, composto de 3 pés com rodas, o qual tinha travas para controlar o caminhar. Dia 28 de julho o Pastor levou a Dona Mercídia ao hospital São Lucas para fazer um exame pelo cardiologista Luiz Carlos, o qual constatou que ela estava bem melhor. No dia 29 o pastor Braff leva a sua esposa a fazer um exame de sangue no laboratório e à tardinha ele levou o resultado ao médico cardiologista Luiz Carlos. Ele constatou que o pulmão dela não estava bom, a pressão estava alta e o coração estava crescendo, e o médico não deu esperanças para o pastor Braff. Nesse mesmo dia chegam Merlinton e Nélsia depois das três horas da tarde. Levaram 30 horas viajando até chegar a Primavera do Leste. Nesse ínterim Dona Mercídia teve uma crise respiratória, e o Pastor rapidamente, fez nebulização. Na mesma noite Merlinton e Malton foram jantar na casa do Dr. Milton. Durante o dia 30 de julho agrava-se a doença de Dona Mercídia. Ela não passou bem a noite, estando meio fora de si, perdendo a fala com a crise respiratória. De manhã o Pastor a levou de maca para o Hospital São Lucas, aonde chegou com 39 graus e 6 décimos; à noite já estava bem melhor, sendo assistida pelos seus filhos: Milton, Merlinton, Malton e o pastor Manoel Braff, seu esposo. O dia 31, Dona Mercídia permaneceu no hospital, e sua filha Mara ficou com ela. Pela manhã teve febre e escarrando sangue. No dia 2 de agosto 191 sua nora Nélsia cuidou dela no hospital. No dia 3 de agosto, às 7,30 horas, o pastor Braff foi ao hospital, substituir ao seu filho Merlinton que passou a noite toda com a sua mãe; quando o Pastor chegou o cardiologista Dr. Luiz Carlos anunciou que tão logo ela não poderia dar alta do hospital, estava, ainda, muito encatarrada e estava se mantendo com tratamento intensivo. O Pastor passou o dia 4 de agosto de 1997 entre a sua casa e o hospital e a noite às 9 horas o seu filho Malton ficou cuidando de sua mãe até a meia-noite, quando chegou o seu irmão Merlinton para passar a noite. Nestes pequenos gestos, o pastor Braff notou o amor de seus filhos para com a mãe, e isso a ajudou bastante na sua melhora. No dia 5 de agosto, Mercídia amanheceu melhor de saúde, com promessa do médico que, no outro dia, daria alta para ela; sendo que nesta noite passaram cuidando dela, Merlinton e Nélsia. No dia 6 de agosto o pastor Malton volta para a Suíça, deixando a sua mãe em convalescença. À tarde do dia 6 de agosto o Dr. Luiz Carlos deu alta para Dona Mercídia e ela voltou para o aconchego do lar. No dia 7 de agosto, após a melhora da sua mãe, Merlinton e sua esposa voltam a Dourados - MS. Dona Mercídia sentindo-se mais forte levantou-se várias vezes sem o acompanhamento do Pastor, e isso não foi muito bom para a sua saúde, sendo que, ainda continua com tosse e muito sono. À uma hora da madrugada, para amanhecer domingo, 10 de agosto de 1997, enquanto o Pastor e Dona Mercídia dormiam, ele ouviu um ronco diferente, fora do natural vindo de Dona Mercídia. Ela teve também algumas inspirações profundas e aquietou. Logo após o pastor foi ao banheiro e em seguida voltou, mas não viu movimento de respiração de sua esposa, colocando a sua mão no coração não sentiu o coração batendo, pegou no pulso não achou pulsação, levantou o braço e viu que estava sem vida. Imediatamente o Pastor chamou seu filho Dr. Milton, que ao chegar, constatou que realmente sua mãe estava morta. O velório foi na Igreja Adventista de Primavera. Três pastores estiveram presentes e todos os amigos de longa data. Nesta mesma noite o pastor Braff rememorava que Dona Mercídia morreu no dia em que eles se casaram, no dia dos pais. No segundo dia de viuvez, cansado e com sono, meio aéreo, sentindo que Satanás o queria dominar, o Braff orou e Deus lhe deu forças para enfrentar esta situação, neste dia não saiu de casa e dormiu no quarto de visitas. No outro dia ele começou a fazer planos para o futuro. - Ficaria o Pastor em sua casa? Ou na casa de um filho? Colocando este assunto na mão de Deus, aguardou. Continua triste, mas conformado, espera encontrar Mercídia na manhã da ressurreição quando Cristo voltar com poder e grande glória. 192 Biografia do Pastor Braff No dia 31 de agosto de 1997, Marli, filha do pastor Braff, que mora em Imbituba - SC, telefonou comunicando ao seu pai que tinha conseguido uma casa para alugar com 4 quartos e demais dependências por R$ 220,00, fazendo com que o velho pastor viúvo meditasse sobre a viabilidade de mudar-se para lá. 193 1997 VIAGEM AO RIO DOS SINOS No dia 10 de setembro de 1997 o pastor Manoel foi convidado pela igreja de Rio dos Sinos - RS, para o aniversário de 60 anos de fundação da 1º igreja que o pastor Manoel Braff fundou. No dia 11 de setembro de 1997 o Pastor comprou passagem até Dourados - MS, onde mora o seu filho Merlinton. No dia 12, às 7 horas da manhã, horário de Mato Grosso, com o ônibus da Viação Ouro e Prata, o Pastor embarcava para Dourados - MS, chegando lá às 11 horas da noite. O seu filho o estava esperando. O destino final era Rio dos Sinos – RS. No dia 13 de setembro de 1997, sábado, Merlinton, filho do Pastor, levou-o à Igreja Adventista de Dourados. Na oportunidade o pastor Braff 'formou a plataforma' (acompanhante no púlpito) e fez a invocação; no domingo o pastor Braff fez um sermão sobre a Chuva Serôdia, por que pedila? No dia 15 de setembro o Pastor comprou passagem para Florianópolis, saindo no dia seguinte à uma hora da tarde. Chegou à Florianópolis ao meio dia e quinze minutos do dia 17 e a tarde chegou à Imbituba – SC (onde mora Marli, sua filha). À noite, depois de descansar, visitou a igreja adventista local. O dia 18 de setembro de 1997 amanheceu frio e o Pastor não teve coragem de sair de dentro de casa, a não ser para almoçar em um restaurante vegetariano. No sábado, dia 20 de setembro de 1997, de manhã o Pastor foi à igreja e procurou evitar a sua identificação, mas logo foi identificado e convidado a passar a lição da Escola Sabatina e ainda fez o sermão “A chuva serôdia e os perigos do fim”. No domingo, dia 21 o Braff foi à igreja e o II ancião pregou sobre a conversão de Paulo, Atos 9. No dia 24 de setembro o Pastor prosseguiu na sua viagem a Rio dos Sinos pegando o ônibus da Viação Santo Anjo à 1,40 hora da manhã, com destino a Porto Alegre – RS, chegando lá às 7,20 horas da manhã, sendo que já o seu filho (Milton) o estava esperando. O dia 25 de setembro de 1997, o Pastor passou o dia inteiro junto com os seus familiares, e ouvindo a Rádio Novo Tempo. No dia 27 o Pastor, seu filho e família seguiram para Cachoeirinha - RS para um congresso. À tarde 85 pessoas foram batizadas por 3 pastores ao mesmo tempo. Depois o 194 Biografia do Pastor Braff pastor Braff, com Elvira e Delmar, irmã e cunhado, foram a um lugarejo chamado Evaristo, onde mora o seu irmão Afonso, o qual estava querendo casar com uma católica e o pastor Braff aconselhou a ter cautela, porque é muito perigoso; uma pessoa idosa após casar, dificilmente irá mudar de religião. O pastor Braff ainda falou para Afonso: “Dormir com pijama emprestado, o frio continua”. No dia 3 de outubro de 1997 o Papa chega ao Brasil em visita oficial. Dia 4 de outubro, a festa dos Pioneiros foi realizada em Rolante - RS, onde foi realizada a Escola Sabatina a moda antiga com relatório e muita musica, a lição foi passada em geral, no Culto Divino. Foram ordenados 3 anciões e o pastor Wolf fez o sermão. A obra está avançando a passos gigantes em todo o mundo. À tarde teve a programação J.A. musical, com os jovens e a noite jantar no salão da Escola Adventista. No dia 6 de outubro de 1997 o Pastor Braff teve a notícia de que uma multidão de pastores pentecostais e não pentecostais uniram-se ao Papa, que vem pregando em todo o mundo a união das igrejas. Diz o pastor Braff: “Irmãos, eis ai a Profecia se cumprindo”. Logo após o encontro com os pastores o Papa viajou para Roma. No dia 10 de outubro o Pastor almoçou com sua irmã Almerinda e à tarde seguiu para a casa de Zildo (Zildomar), filho da sua irmão Elvira, para se preparar para o sábado, e ir ao Revive em São Leopoldo, onde muitas pessoas estão se decidindo a favor de Cristo. Dia 11 o pastor Braff e a família do Zildo foram ao Ginásio Municipal de São Leopoldo assistir a uma programação deferente com o pastor Alexandro Bullon, sobre a Ação Global, a necessidade de que cada membro seja um missionário onde esteja. Depois o Culto Divino, sendo que Bullon falou sobre S. João 14: 1 a 6 – Volta de Cristo. Dia 12 de outubro, dia da criança e dia do aniversário do Paulo Delfim, irmão do Zildo, genro da Almira (Miroca), a qual a família do pastor Braff estava fazendo arranjos para o casamento dele com ela Miroca. No dia 15 de outubro o pastor Braff começou a preparar a história do início da igreja de Rio dos Sinos, e às 8: 30 horas do dia seguinte, partiu com destino a Gravataí, Santo Antônio da Partulha e finalmente Rio dos Sinos. Ao chegar passou a ponte de arame e se hospedou na casa do irmão Batista, após visitou a igreja que iniciou-se há 70 anos atrás (portanto, em 1920?). Depois, ainda visitou a irmã Gessi, Marcelino e a Oscalina. Dali foi à sua velha morada e à antiga morada do tio Rosa, visitou o túmulo de seu irmão Luiz e da esposa Rosa, e ao voltar à casa do irmão Batista, recebeu a visita do Nilson e sua esposa Mariquita. No dia 18, sábado de manhã, seguiram à igreja e foram os primeiros a chegar. A Escola Sabatina foi passada por Milton e o sermão por Jorge Anacleto com muita música e se estendeu até depois do meio-dia. Almoçaram 195 na casa de uma neta da Oscalina. À tarde mais músicas e 4 pessoas foram batizadas. Após descerraram a placa comemorativa dos 70 anos do início do adventismo no Rio dos Sinos. Na oportunidade, como convidado de honra (pois foi o pastor Braff quem começou a evangelizar aquele lugar), o pastor Braff apresentou o histórico do evento. Na tocha simbólica ele não tomou parte, porque o seu genro Horaldo resolveu voltar para Gravataí. Viajaram com destino a Rolante, o Pastor, seu filho Dr. Milton e família, para almoçar com Paulo Delfim com o objetivo de aproximar o pastor Braff da Miroca para que eles se conhecessem mais, e aproveitando a oportunidade lhe propôs casamento. No começo ela ficou reservada, mas após conversar, mostrou interesse pelo assunto e tratou o Pastor gentilmente, e à noite voltaram para Gravataí - RS. No dia 20 de outubro de 1997, depois de uma grande visita aos parentes o pastor Manoel Braff partia de Porto Alegre com destino ao seu lar, Primavera do Leste - MT, chegando lá após dois dias e uma noite de viagem. 196 Biografia do Pastor Braff 1997 e Janeiro de 1998 IGREJA E ESCOLA A data exata da fundação da Escola Adventista de Primavera do Leste, à qual foi lançada a pedra fundamental, foi o dia 28 de novembro de 1991, com a presença do pastor Manoel João Braff, pastor Manoel Xavier de Lima, pastor Rubenildo e o engenheiro civil Dr. Sérgio Denardi. (O primeiro ano letivo da escola foi 1994). Uma noite o Pastor foi sozinho ao culto na igreja. Neste mesmo dia primeiro de janeiro de 1997 foi empossado o prefeito eleito de Primavera do Leste, Érico Piana Pinto Pereira e seu vice, Dr. Irineu Veit e vereadores. No dia 6 de janeiro de 1997, a diretora da Escola foi atrás do pedreiro Cleber para terminar a pintura da Escola, o qual disse que não iria terminar a pintura. Dia 1° de fevereiro Primavera do Leste já é sede de Distrito (circunscrição da Igreja Adventista, compreendendo um ou mais municípios) e o pastor Rodrigo é o primeiro distrital. Dia 3 de fevereiro começaram as aulas na Escola Adventista com 57 alunos. Dia 11 de fevereiro o pastor Braff, pela primeira vez entra em contato com um grupo de pessoas da Igreja Só o Senhor é Deus. Dia 15 de fevereiro o pastor Braff reúne a comissão e solicita a sua demissão da presidência da comissão da igreja e de diretor da mesma; propôs o pastor Rodrigo para a direção da agremiação e presidente da Comissão da Igreja, o que foi aceito. Deste modo, pela primeira vez o pastor Braff foi aliviado da administração. Dia 1° de março de 1997 o pastor Braff organizou a igreja no trabalho missionário, formando uma lista de 9 grupos de atividades diferentes. Porém os grupos não funcionaram, porque o distrital apresentou outro programa. Dia 3 de março a professora Néia, da igreja Batista, começa a lecionar na Escola Adventista, abrindo nova oportunidade para estudar a verdade. Dia 9 o distrital, pastor Rodrigo, começa o programa de trabalho evangelístico, preparando a igreja para o programa de pequenos grupos para a evangelização de Primavera do Leste. Dia 23 de março começam os calvários em diversos pontos da cidade e dia 29 encerrou-se a semana do calvário com Santa Ceia dirigida pelos dois pastores e organizou-se os pequenos grupos com 6 membros cada um. 197 Dia 2 de abril, aniversário de batismo do pastor Braff, 69 anos militando como membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Foi batizado pelo pastor Abraão Classen Harder em 1928 em Campestre Velho. Dia 9 o Pastor escrevia: “Há oitenta e sete anos eu vi a luz pela primeira vez. Meus olhos se fechavam e abriam-se sem que eu tivesse conhecimento, era o reflexo da luz, ativando a região cerebral, onde se fixa a imagem das coisas. Esta região foi a receptora que serviu de base para tudo que aprendi até hoje. Dia 19 de abril, o pastor Braff começou a dar estudos bíblicos na Primavera III com o curso A Bíblia Ensina, para uma interessada no conhecimento da verdade, que estava rodeada de elementos assembleianos. Domingo veio um casal da Congregação Cristã para atacar a Doutrina Adventista, querendo lhe arrastar para a igreja deles, impondo distorções grosseiras da Bíblia: A lei do Pai é a do Velho Testamento que mandava matar nações inteiras para lhes tomar suas terras e Davi que era um homem de sangue; e eles diziam que só Jesus é Amor, procurando desunir a própria Divindade, sem todavia aceitar o que Jesus instituiu: a obra deles puramente diabólica. Porém o Braff fechou a porta e eles foram embora. Dia 23 de abril de 1997 o pastor Rodrigo Becker de Andrade chega de mudança de Poxoréo para assumir as suas funções de pastor Distrital em Primavera do Leste. No dia 6 de maio o pastor Braff empregou 2 funcionários para cobrir a sua lavanderia e aproveitando a oportunidade orientou os dois serviçais sobre os mandamentos de Deus, a única parte da Bíblia que Deus não confiou ao homem. Ele próprio falou e escreveu com seu Próprio dedo em tábuas de pedra. “Deus não altera o que sai dos seus lábios”. Salmos 89:34. No dia 19 de junho de 1997 o Pastor Braff iniciou o Seminário do Apocalipse na Primavera II na casa da irmã Néia e suas convidadas. Dia 28 o Braff foi à casa da irmã Mari, na Primavera II e de lá, seguiram juntos, para a Primavera III, na casa de uma parenta da Mari, à qual o Pastor estava dando cursos bíblicos, mas depois de muito estudo ela rejeitou a verdade e decidiu passar para Assembléia de Deus. A maioria dos membros da igreja viajou para Campo Verde no dia 5 de julho, para fazer uma visita para os irmãos daquela localidade. Não houve classe dos professores (preparação dos professores da Escola Sabatina), e o pastor Braff, que não foi a Campo Verde devido ao problema do pé, dirigiu a Escola Sabatina, passando a lição geral, onde falava das 3 parábolas irmãs: Ovelha perdida, Dracma perdida e filho pródigo. Quando encerrou a lição, deixou como síntese: “Quem busca é Deus”. Também o pastor Braff fez o sermão deste sábado com o título de “O caminho da vida”. Toda a planta que Meu Pai não plantou será arrancada”. 198 Biografia do Pastor Braff No dia 6 de julho de 1997 o Braff ainda continuava caminhando com muita dificuldade. Nesse dia sua filha Mara não veio para levá-lo à igreja e ele foi a pé, bem devagar. A mensagem (o discurso na igreja) veio através de um teologando (estudante de último ano de teologia) que estava visitando a nossa cidade, o qual pregou sobre Sonhos. Dia 28 de julho o pastor Malton Braff deu uma entrevista no programa de Igreja Adventista, “Entre Amigos”, que era levado ao ar pelo canal 5 do Sistema Brsileiro de Televisão (SBT). Dia 17 de agosto, com a participação de toda a igreja, foi realizada a Santa Ceia pelo pastor Rodrigo. No dia 25 de outubro de 1997 realizou-se na Igreja Adventista de Primavera o culto de organização da igreja; o pastor Braff apresentou o histórico e houve a chamada dos membros presentes. Antes se deu a dedicação do templo com uma oração do pastor Manoel Braff. Após o sermão do pastor Ferraz, às 14 horas, foi celebrado o culto de ordenação, onde foram ordenados 2 anciões: João Leozil Ribeiro de Almeida e Paulo da Silva, sendo ordenado também o diácono Joaquim. O pastor Manoel Braff fez a consagração dos três. No dia 31 de outubro de 1997, iniciou-se em Primavera do Leste - MT o Congresso da Igreja Adventista denominado ENCONTRO DE PRIMAVERA, com lindos cânticos e a pregação foi apresentada pelo pai do pastor Rodrigo, João Franco de Andrade, de São Paulo, com a apresentação do Grupo Reluz Jr. de Rondonópolis - MT. No domingo, continuando a programação do Congresso, o pastor João Franco ilustrou a Escola Sabatina, com fatos de sua experiência; logo após efetuou-se o sermão proferido pelo Presidente da Missão Mato-Grossense, pastor Marsola. À tarde, deu-se uma carreata convidando o povo para assistir o grupo Prisma Brasil, o qual fez muito sucesso, o sermão ficou a cargo do pastor João. Ele, ao concluir convidou aqueles que queriam aceitar Jesus, fossem à frente. Muitas pessoas aceitaram o convite. No dia 22 de novembro, realizou-se o batismo de 3 meninas, quando o pastor Braff fez o voto batismal; à tarde reuniu-se a comissão da igreja para preencher os cargos ainda vagos. No dia 30 de novembro de 1997 teve inicio a Semana de Oração com fitas de vídeos do pastor Alexandro Bullon. ROTINEIROS E TRANSITÓRIOS Dia 21 de fevereiro, mudanças na política de Primavera do Leste: Esvazia-se o PDT para acompanhar o governador do Estado; surge a oportunidade para o Braff abandonar a política, e assim o fez, neutralizandose. 199 No dia 13 de agosto de 1997, o Braff e o irmão João Leozil Ribeiro de Almeida começaram a digitar esta biografia. Dia 29 de agosto, o pastor Manoel instala uma rede de energia elétrica para o seu computador e sua máquina de escrever, para começar a digitar o seu diário nos pontos mais salientes. No dia 1º de setembro de 1997 aconteceu algo inusitado com o pastor Manoel: leu a Bíblia sem óculos, mas por pouco tempo. No dia 5 de setembro de 1997 o pastor Braff fez a entrega para a Escola Adventista de sua coleção de Revista Adventista e alguns livros e aproveitou a oportunidade para ver a exposição cultural dos alunos da Escola, a qual foi muito bem organizada. Ao voltar para casa selecionou as fotos que poderão ser usadas em sua biografia. No dia 12 de novembro de 1997 o pastor Braff empreitou ao irmão Crislei a conclusão de uma meia água e um quarto independente. No dia 13 fez as compras do material para o trabalho do pedreiro. alugar. No dia 26 de novembro ainda continuava a reforma da meia água para No dia 9 de dezembro de 1997, a filha de Mara, Aline, neta do Pastor formou-se no Pré. SEGUNDO CASAMENTO Às 5 horas da manhã do dia 10 de dezembro de 1997 o telefone chamou o pastor Braff, era Rute filha de Almira, insistindo para que o Pastor fosse a Porto Alegre para acertar os preparativos de seu casamento. No dia 13, o Pastor falou com a Almira por telefone, e esta prometeu que só viria no início de janeiro de 1998. Dia 16 de dezembro, o pastor Braff resolveu ir a Porto Alegre a fim de ver in loco porque Almira não cumpriu a promessa, ou seja, vir a Primavera do Leste. No dia 17 o Pastor comprou passagem para Porto Alegre, e partiu no dia 24 às 4:45 horas da tarde. Na sexta feira, dia 26 de dezembro, ao chegar a Porto Alegre a 1 hora da madrugada, Mirtie, Almira e Lucas o estavam aguardando, conversaram até findar a noite. No sábado o Braff, levantou cedo preparou a lição e o sermão, mas foram tarde para a igreja. Lá chegando perceberam que a Escola Sabatina já tinha terminado e seu genro Horaldo fez o sermão na igreja de Monte Belo. Dia 29 de dezembro, almoçaram na casa de João, filho da Almira. Logo após o filho de João conduziu o Pastor a encaminhar os papeis para o casamento, para se realizar o mais breve possível. No dia 1º janeiro de 1998, à tarde o Pastor foi à casa da Mirtie para encaminhar os papéis do casamento e no dia 2 levou os documentos ao 200 Biografia do Pastor Braff cartório e pagou R$ 40,00. Foram testemunhas do encaminhamento dos papéis, Horaldo e Mirtie. No sábado, dia 3 de janeiro de 1998 os noivos viajaram para Tapes para assistir o culto e almoçaram com Joaninha, irmã da Almira e Almerinda, mãe da Almira. Ao voltar, o Pastor foi à casa de Mirtie. À tarde deu-se a comemoração do aniversário de Fabiano, casado com a bisneta do pastor Braff, sendo que o casal já tem duas crianças que são os tataranetos do pastor Manoel. No dia 10 de janeiro o Pastor foi com Horaldo e a Mirtie à igreja da vila São Jerônimo, na cidade de Gravataí, onde o Pastor doou o terreno para a construção da igreja. No dia 15 de janeiro o pastor Manoel Braff foi comprar um terno, uma gravata e uma cinta para o seu casamento. No dia 17 de janeiro de 1998, sábado o Pastor foi à igreja da Vila Elisa, onde um ex-padre, de nome Manoel Machado, relatou as suas peripécias, de quando foi maltratado em diversos países: Portugal, Espanha, Argentina, Brasil, Itália, Moçambique e até no Japão e muitos outros lugares. No dia 20 de janeiro de 1998 o pastor Braff leu os livros, da Bíblia: Esdras, Neemias e Ester, onde os prodígios de Deus são infinitos para a raça humana, quando tudo parece perdido o dedo de Deus entra em ação. O Braff confirma o seu casamento civil para o dia 23 e religioso para o dia 25. Seus parentes prometeram publicar o evento em jornais, rádio e TV de Porto Alegre. No dia 21 de janeiro o Pastor foi buscar o seu terno para o casamento e trouxe para a casa de sua noiva, a qual o estava esperando, Ficaram até tarde namorando e assistindo televisão. Dia 22, começam a chegar para o casamento os seus parentes: Maísa com seus filhos, Denise, Marisa e a noite Dr. Milton e sua esposa Niura e mais o namorado de sua filha Denise que o estava aguardando. No dia do casamento no civil, às 4:40 da manhã, chegaram Marlí, Merlinton e Nélsia. Às 10 horas foi realizado o casamento civil no cartório de Gravataí – RS. Foram testemunhas: os casais Milton, Merlinton, Horaldo e suas esposas, Niura, Nélsia e Mirtie; e os não casais, Marli, Marisa e Maísa. Após ouve um almoço de comemoração a este evento inusitado, na casa de Horaldo e à tarde o mesmo Horaldo levou o casal a Rolante, onde o Braff ficou hospedado com o cunhado Delmar e irmã Elvira na casa de sua filha Rute. No domingo, dia 24 foram à igreja e o Pastor passou a lição da Escola Sabatina e fez o sermão. Almoçaram na casa da Rute. Amanheceu o dia D, 25 de janeiro de 1998, dia do casamento do Pastor Manoel e Almira, os quais foram bem cedo para Rolante a se ornamentarem para o casamento. Às 10 horas realizou-se o casamento de 201 Manoel João Braff e Almira Aguiar de Souza; o casamento foi oficializado pelos pastores Valter Aniceto e Milton Souza, diretor do IACS, Instituto Adventista Cruzeiro do Sul. Foram testemunhas da parte da noiva: Ruth de S. Mendes e seu esposo Paulo Mendes Delfin, João F. de Souza e esposa, Paulo Cezar A. de Souza e esposa, Jairo Elias A. de Souza e esposa, Noé D. Martins e esposa, Marlene A. de Souza e Maria A. de Souza Proiss. Pela parte do pastor Braff as testemunhas foram: Milton Braff; Merlinton Braff; Mirtie Braff; Marli Braff; Maísa Braff; Mariza, sua neta; Zildomar, seu neto e esposa; Cínara, sua neta; Afonso seu irmão; Elvira sua irmã e Delmar seu cunhado e Almerinda sua irmã. A igreja estava repleta de convidados. Após os cumprimentos de praxe seguiram de carro para o hotel do Vale Verde em Taquara, onde foi realizado o almoço, no qual compareceram mais de 250 pessoas. Dormiram no hotel, venturosos por se encontrarem, no final de suas vidas. Ao amanhecer do dia 26, os recém casados, felizes, depois do desjejum tomaram um táxi e foram a Rolante para lá almoçar. À tarde eles seguiram para Gravataí à casa de Horaldo, onde ficaram aguardando o ônibus que os levaria a Primavera do Leste - MT. No dia seguinte às 8 horas o Pastor e sua esposa pegaram o ônibus para o Mato Grosso, sendo que o seu filho Dr. Milton levou a bagagem em condução própria. Viajaram dois dias e chegaram à Primavera do Leste - MT. Dia 31 de janeiro de 1998, sábado, às 9 horas o 'novo casal' foi à igreja, onde o irmão Severino passou a lição da Escola Sabatina e o sermão foi apresentado por um professor da Escola Adventista, sobre Conduta Adventista. Após almoçarem com o Dr. Milton, retornaram ao seu lar para descansarem da longa viagem que tinham feito. 202 Biografia do Pastor Braff A PROLE Do consórcio matrimonial: Mercídia de Oliveira Braff e Manoel João Braff nasceu uma prole distinta e equilibrada – quatro homens e quatro mulheres. Os dois primeiros foram homens, a terceira foi uma mulher, o quarto do sexo masculino, a quinta de sexo feminino, o sexto foi um varão e as duas últimas foram mulheres. Além dos oito filhos legítimos que o casal teve, a família Braff criou mais cinco filhos alheios: um homem seu neto e quatro mulheres, sendo duas filhas adotivas e duas netas. Da criação dos filhos alheios o mais velho: Malton Heckler Braff é filho de Menalton João Braff e Maria Lorena Heckler, quase se separaram por perseguições políticas movidas contra ele em 1965, ele fugiu e deixou a família abandonada, sem recursos. Menalton ficou 7 anos desaparecido, quando os familiares ficaram sem saber se era vivo ou morto. O casal Manoel e Mercídia criou mais duas filhas de Menalton: Mirna e Marisa Heckler Braff. O avô Braff tomou os três netos e a nora e os recolheu em sua casa em Criciúma, Santa Catarina, porém Lorena, a mãe das crianças não quis se manter na linha, sem escândalos. O sogro teve que mandá-la de volta a Porto Alegre, de onde tinha vindo e ficou com os três netos. O mais velho tinha cinco anos e as duas irmãs menores do que ele. Malton casado com Sandra, atualmente trabalha na Casa Publicadora Brasileira em Tatuí, S. Paulo. A Mirna é solteira e trabalha como secretária na prefeitura de Primavera do Leste-MT, e a Marisa é casada com um advogado em Porto Alegre-RS. As duas filhas adotivas foram Maísa Macedo e Mara Claudete. Maísa casou-se com Ulisses Dysarzs e atualmente estão empregdos na Prefeitura de Primavera do Leste-MT. Mara Claudete de Oliveira Braff é solteira ainda, e mora com os seus pais (Manoel e Mercídia). Onde estão e que fazem os seus filhos legítimos no momento em que estas linhas foram redigidas: Milton é médico, fazendeiro e comerciante, trabalha em Primavera do Leste-MT, Casado com Niura Maria Galvan Braff, gerente da loja Denise. Merlinton casado com Nélsia Cardoso Braff, ele funcionário público da Receita Estadual e ela escrivã do Cartório Eleitoral de Dourados-MS, Mirtie, casada com Horaldo da Silva Boeira, marceneiro e chaveiro em Porto Alegre-RS, ela doméstica. Menalton casou-se pela segunda vez com Roseli Braff, ambos professores em Serrana-SP. Malda Marli, solteira, professora de história aposentada e mora em Imbituba-SC. 203 Malton João Braff, casado com Dirce Martins Braff, ele ex-cantor da Voz da Profecia e ex-missionário da África, ex-presidente da federação Suíça Romande, Suíça, atualmente ele é pastor da Igreja Central de Genebra, Suíça. Maltimarí, sepultada em Rio dos Sinos-RS. Milda Mailand casada com Jorge Roura, abandonada pelo marido, tem uma academia de ginástica e mora em Florianópolis-SC. Milda foi internada no colégio Cruzeiro do Sul de Taquara-RS, mas não quis ficar no internato. Voltou para casa e hoje dirige uma academia própria de ginástica. Esta é a relação da família Braff, com todos os prazeres e dissabores que atravessaram seus pais no decorrer de toda sua história até o momento da redação desta biografia. Milton João Braff Merlinton João Braff Mirtie Marisa Braff Menalton João Braff Malda Marli Braff Malton João Braff Malti Mary Braff Milda Mailand Braff Maísa Gomes Macedo Mara Claudete de Oliveira Braff Além dos relacionados acima, o casal criou os netos Malton Heckler Braff, Mirna Heckler Braff e Marisa Heckler Braff, filhos de Menalton João Braff No Paraná o pastor Braff realizou batismos, e deu Santa Ceia a milhares de irmãos de sul a norte, por cerca de 2 terços do estado, na região Centro-Oeste, também de sul a norte da Unidade da federação Brasileira. Batizou ao todo, calcula ele, mais de mil pessoas em seis estados do território Nacional: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e por fim Mato Grosso; e fez perto de uma centena de casamentos. Enquanto o Pastor esteve empregado na linha de frente, ou seja, no ministério assalariado, pouco tempo dispunha para o trabalho pessoal. Estava sempre envolvido com os problemas dos membros nas muitas igrejas e congregações, e fazer as promoções emanadas do centro empregador, o que certamente era muito natural. O ministro é empregado para ir onde for 204 Biografia do Pastor Braff mandado, e fazer a obra que lhe for designada, correto. Mas, o trabalho pessoal, de sua iniciativa se atrofia, e suas obrigações familiares ficam deficientes. O Braff depois de aposentado teve mais tempo. Esta é a Biografia do pastor Manoel João Braff, que nasceu no dia 09 de abril de 1910, no Município de Santo Antônio da Patrulha - RS; filho de Paulo João Calvo e Guilhermina Carlota Braff. Manoel João Braff faleceu em 26 de agosto de 1998. 205 206