Biografia do Pastor Braff

Transcrição

Biografia do Pastor Braff
Biografia do Pastor Braff
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Biografia do Pastor Braff
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Biografia do Pastor Braff
Manoel João Braff
Biografia do Pastor Braff
Dourados, MS
Março/2013
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Copyright © 2013 by Manoel João Braff.
É proibida qualquer reprodução parcial ou integral desta obra,
sem prévia autorização.
Projeto gráfico, editoração e impressão:
Seriema Indústria Gráfica e Editora Ltda-EPP
e-mail: [email protected]
Digitação:
João Leozil Ribeiro de Almeida
Manoel João Braff
Capa:
Emerson Silva
Conselho Editorial:
Gicelma da Fonseca Chacarosqui Rochi
Paulo Sérgio Nolasco dos Santos
Renata Lourenço
Profª. Dra. Leoné Astride Barzotto
B732b
BRAFF, Manoel João.
Biografia do Pastor Braff; / Manoel João Braff; BRAFF
Merlinton João (Org.) – Dourados: Seriema Indústria
Gráfica e Editora Ltda-EPP, 2013.
xvi, 131f ; 14,5cm
1. Igreja. 2. Religião. 3. Geografia.
ISBN 978-85-61059-28-6
CDU 929.
Impressão e editoração: Gráfica e Editora Seriema - Fone (67) 2108-4600
Av. Presidente Vargas, 275, Centro, Dourados - Mato Grosso do Sul
[email protected]
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Biografia do Pastor Braff
INTRODUÇÃO
Participaram da elaboração desta biografia:
Principalmente o biografado, Manoel João Braff, com o seu diário,
com suas lembranças, com o seu empenho na guarda organizada de um
amontoado de folhas manuscritas, até que pudesse ser datilografado.
Em segundo lugar (cronologicamente), “no dia 13 de agosto de 1997,
o Braff e o irmão João Leozil Ribeiro de Almeida começaram a digitar esta
biografia.”
Em terceiro lugar, Merlinton João Braff, que mora em Dourados –
MS, na pequena rua denominada Rua Pastor Braff.
Os fatos que desencadearam motivos para editar esta biografia
foram os seguintes:
Uma biografia do pastor Braff, homenageado com o nome de uma rua
foi solicitada pela Prefeitura de Dourados, a solicitação foi por volta de 1996
ou 1997 e, por telefone eu pedi à minha irmã Maísa, que mora em Primavera
do Leste – MT conseguisse o que pudesse. Ela enviou via e-mail em julho de
2007 um resumo da biografia, com 43 páginas e esta foi revisada e adequada
conforme pode ser vista no site merlintonbraff.com.br.
Desde cedo Manoel Braff manteve o costume de relatar os fatos
importantes, principalmente os que se relacionavam com a sua vida
profissional.
No dia 12 de janeiro de 1957 foi realizada a cerimônia de Ordenação
do pastor Manoel João Braff.
Aos 23 de janeiro de 1959, Braff recebeu um chamado para Mato
Grosso, hoje Mato Grosso do Sul, e dia 1º de março seguiu para Campo
Grande e dali para Dourados onde ficou sediado. Ainda chegou a tempo de
matricular os filhos na escola. Dourados era um campo com muitos desafios,
com aproximadamente 40 igrejas e congregações, todas carentes de auxilio
espiritual.
Naquela época a região distrital adventista de Dourados ainda
abrangia, entre outros distritos, Itaporã, Vila Angélica, Ivinhema, Caarapó,
Santa Luzia (hoje Juti), Naviraí, Vila Brasil (hoje Fátima do Sul), Vila Jateí,
Vila Glória (que agora é Glória de Dourados, e incluía Deodápolis),
Douradina etc. Atualmente todas as citadas 'vilas' são municípios.
O Braff foi pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Dourados
durante os anos de 1959/60. Eu, Merlinton, seu filho acompanhei o pai na
mudança para o 'Mato Grosso', casei em 1959 e permaneci em Dourados
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enquanto meu pai com o resto da família seguiu para outras localidades como
Três Lagoas - MS, alguns municípios de Santa Catarina, alguns do Paraná e
por último, Primavera do Leste – MT. A organização adventista não deixava
um pastor permanecer por muito tempo no mesmo lugar, por questão de
política administrativa.
Muitas mudanças de Braff com a família seguiram pelos anos
posteriores: dia 17 de fevereiro de 1961 foram de mudança, transferidos para
Três Lagoas - MS; dia 16 de abril de 1962 mudaram-se para Joaçaba - SC,
atendendo um chamado para pastorear 3 grandes distritos.
Dia 21 de março de 1964 o pastor Manoel Braff foi a Concórdia
encaminhar um suposto penfigoso para levá-lo ao Hospital do Pênfigo em
Campo Grande – MT (hoje Campo grande - MS). Os médicos de Concórdia
atestaram tratar-se de pênfigo, mas se tratava de psoríase.
De Campo Grande o Pastor foi visitar seu filho Merlinton em
Dourados. Chegou com o doente ao Hospital do Pênfigo dia 4 de abril de
1964. Era tempo de silêncio; proibido discursar; tempo de 'caçar as bruxas
para inquisição' da Revolução de 31 de março.
O medo era a tônica, mas pastor Braff, não se continha em sofrer
calado. Enquanto explicava a um companheiro de viagem (de ônibus) o
motivo por que era anticomunista, estava sendo observado. Chegando a Vila
Brasil (hoje Fátima do Sul), recebeu ordem de prisão como se fosse
comunista. A cadeia era em Dourados, onde hoje funciona o Corpo de
Bombeiros.
Dia 7 de abril de 1964 o Pastor foi preso em Dourados por suspeita
de ser político partidário de João Goulart, presidente deposto a 1° de abril. O
professor Celso Müller do Amaral descobriu o equívoco, quando viu que
entre os 'hospedes' da cadeia de Dourados havia um que dava lições bíblicas
aos outros e tinha o sobrenome Braff.
Nesse tempo a minha esposa, Dona Nélsia, já era a escrivã eleitoral de
Dourados, enquanto eu lecionava à noite no Colégio Presidente Vargas (do
qual o prof. Celso era diretor) e durante o dia eu era topógrafo da Prefeitura
sendo nós, portanto conhecidos do prof. Celso. Dona Nélsia foi consultada
sobre a suposição de estar preso um parente. Foi quando descobrimos o
acontecido com meu próprio pai.
Provada a sua inocência dia 10, foi libertado e dia 12 deu uma bíblia
aos companheiros de prisão e dois dias depois seguiu de volta a Joaçaba.
Até hoje sinto repulsa pela injustiça. Manoel Braff era um fervoroso
nacionalista, defensor dos interesses brasileiros; meu pai criticava o
comunismo por considerá-lo uma ideologia materialista e intolerante quanto à
liberdade de consciência religiosa.
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Biografia do Pastor Braff
A lei que deu o nome de Rua Pastor Braff foi de autoria do então
vereador Celso Müller do Amaral, prestando homenagem e desagravo a quem
foi severamente injustiçado.
Tempos depois, em outra legislatura, o vereador Juarez Fiel Alves,
supondo que esta rua ainda mantivesse a denominação de 'Projetada 1', deulhe o nome de 'Tramandaí', uma praia do Rio Grande do Sul, aliás, como
denominou com nomes de praias diversas ruas do bairro Santa Ana ou
Santana (antigo “BNH 3º PLANO”). Ocorre que uma denominação que
homenageia paisagem ou acidente geográfico pode ser trocada por outra que
homenageie pessoa, mas não cabe a troca inversa.
Em 4 de outubro de 2012 a assistente do Centro de Pesquisas Ellen
G. White – Brasil, Janaina Xavier entrou em contato via e-mail com Merlinton
para saber quem era o autor da biografia do pastor Manoel João Braff, que ela
encontrou no Centro de Pesquisas. Era um maço de 149 páginas, sem ser
digitalizada, apenas um maço de papéis impressos. Janaína remeteu uma cópia
pelo Correio.
Imediatamente tratei de organizar os textos agrupando melhor as
frases por espécies de assunto, dentro da cronologia, separando por capítulos
e destaques.
Como se vê acima, a autoria ficou definida: O arrojado pastor Manoel
João Braff, o abnegado irmão João Leozil Ribeiro de Almeida e eu que paguei
a incumbência para apaziguar a saudade e conhecer melhor meu pai.
Terminei de aprontar a biografia nesta forma de livro em 20 de
dezembro de 2012, mas eu ainda demorei tentando encontrar fotografias, com
os parentes, que pudessem ilustrar melhor algumas passagens da existência do
biografado.
Dourados, 19 de março de 2013
Merlinton João Braff
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter-me concedido energia e saúde
para continuar ativo na idade de 77 anos, ao completar esta autobiografia de
Manoel João Braff na esperança de que o seu exemplo de vida contenha lições
e significados de grande proveito.
Agradeço ainda ao esplêndido cérebro do pastor Braff pela brilhante
memória e senso de organização, sem o quais seria impossível uma biografia
com tantos detalhes situados cronologicamente.
Merlinton João Braff
Colaborador
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Biografia do Pastor Braff
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO .................................................................................................10
1879 a 1910 ANCESTRAIS .................................................................................... 11
1910 a 1929 INFÂNCIA E JUVENTUDE ............................................................16
1929 a 1934 MANOEL EMANCIPADO.............................................................. 27
1934 a 1945 VIDA PROFISSIONAL .................................................................... 38
1945 a 1947 OUTRA PROFISSÃO ....................................................................... 45
1947 a 1951 DE VOLTA AO MAGISTÉRIO ....................................................... 48
1951 a 1954 PALMEIRA DAS MISSÕES - RS ..................................................... 52
1954 a 1956 CARAZINHO – RS ........................................................................... 59
1956 a 1959 PASTOR BRAFF .............................................................................. 63
1959 a 1962 SUL DE MATO GROSSO ................................................................ 67
1962 a 1965 JOAÇABA - SC .................................................................................. 77
1965 a 1969 CRICIÚMA – SC ............................................................................... 84
1969 a 1973 APOSENTADORIA ......................................................................... 92
1973 a 1976 NO PARANÁ ................................................................................... 102
1976 a 1981 VIDA INTENSA E SAÚDE ............................................................ 109
1979 a 1982 PARANÁ, A IGREJA E A ESCOLA ................................................ 116
1981 a 1983 OPÇÃO PELO NORTE .................................................................. 119
1983 a 1985 MUDANÇA PARA MATO GROSSO .............................................. 127
1985 a 1987 RELIGIÃO E POLÍTICA................................................................ 134
1985 a 1996 ATIVIDADES LITERÁRIAS .......................................................... 140
1987 a 1991 RESPONSABILIDADE ESTENDIDA .......................................... 144
1991 a 1993 NO PASSAR DOS DIAS .................................................................. 151
1981 a 1994 EMPREENDIMENTOS - MT ....................................................... 162
1995 ........................................................................................................................ 174
1996 ........................................................................................................................ 182
1997 FAMÍLIA E SAÚDE ................................................................................... 190
1997 VIAGEM AO RIO DOS SINOS ................................................................. 194
1997 e Janeiro de 1998............................................................................................ 197
A PROLE ............................................................................................................. 203
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APRESENTAÇÃO
Manoel João Braff nasceu no dia 09 de abril de 1910, no Município de
Santo Antônio da Patrulha - RS; filho de Paulo João Calbo, espanhol (Pablo
Juan Calvo, nome traduzido para a língua portuguesa) e Guilhermina Carlota
Braff, sueca. Faleceu em 26 de agosto de 1998 em Primavera do Leste - MT.
Progenitor de diversos filhos (como consta no capítulo “A Prole”) entre os
quais eu, Merlinton João Braff.
Confesso que ao dividir o grande texto em capítulos, rearranjar os
parágrafos e reagrupa-los por temas ou tópicos, eu não mantive acatamento
absoluto da forma literária e do modo de dizer do autor durante a minha
preparação para edição. Contudo posso afirmar: a autoria desta biografia, bem
como os méritos e a responsabilidade pelos conceitos nela expressados,
cabem inteiramente a Manoel João Braff. Em grande parte de sua vida ele teve
o cuidado de registrar no seu diário, os relatos e acontecimentos que julgou
mais importantes, como também as suas opiniões, que foram genuinamente
mantidas. Mas o pastor Braff produziu quase tudo em manuscritos. A
transcrição na forma digitalizada foi efetuada por um membro da Igreja
Adventista. No dia 13 de agosto de 1997, o pastor Braff e o irmão (na fé) João
Leozil Ribeiro de Almeida começaram a digitalizar esta biografia.
O pastor Braff sofreu durante muito tempo da doença de Parkinson,
o que prejudicava bastante a legibilidade dos seus manuscritos dos últimos
vinte anos ou mais. Contudo acredito que algumas irregularidades que
houvessem foram corrigidas.
Dourados, 28 de outubro de 2007.
Merlinton João Braff
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Biografia do Pastor Braff
1879 a 1910
ANCESTRAIS
ASCENDENTES JUAN
Há dois países na Europa que tem um sentido capital para a família
Braff. Um fica ao norte e o outro ao sul do berço da civilização ocidental:
Espanha ao Sul e Suécia ao norte. A Suécia, habitada por um povo pacato,
modesto, evangélico; e a Espanha, católica, povo quente, conquistador e
propagador de seus princípios culturais. Estas características vieram fundir-se
na família Braff no Rio Grande do Sul, católico e protestante num só corpo.
D. Pedro II abriu a imigração para o Brasil, visto se tratar dum vasto
território semi-habitado. País rico, sem pessoas, não vai para a frente, e o
Imperador foi buscar pessoas na Europa e na África. No fim da década de
1880, chegava ao Brasil, vindo da Espanha, de Saragoça, capital de Aragão,
província espanhola, Epifânio Juan Tomás com sua família como imigrantes.
Surgiu um problema na família e ele teve que deixar sua pátria. O reumatismo
articular invadiu seu lar atacando o primogênito de seus filhos, logo ficou
entrevado e desenganado pelos médicos europeus, sendo que estes
recomendaram mudarem-se para um país quente, de clima mais constante, e
diante da propaganda que se fazia pela colonização do Brasil, optaram pelo
nosso país, na região Sul; terras férteis e clima saudável; aproveitando a
abertura da imigração, na época, ao povo europeu.
Sua família era composta do casal: Epifânio, Maria Calvo Calvo e
filhos: Bráulio Juan Calvo e Juan Pablo Juan Calvo, Maria Augusta Juan Calvo
e Nicolás Juan Calvo. Epifânio ficou logo paralítico, juntamente com o seu
filho, Nicolau. Os outros filhos eram pequenos ainda. Juan Pablo era o mais
velho que estava em condições de trabalhar, tinha 18 anos. Foram localizados
em terras muito fracas, improdutivas. Os espanhóis, companheiros de
Epifânio aborreceram-se das terras e voltaram ou mudaram-se para outras
terras melhores. Epifânio ficou, e distante ficaram mais duas famílias. Ele
estava paralítico, sem recursos e sem meios de transporte, teve que ficar na
colônia (denominação regional para uma área agrícola familiar).
A família Juan Calvo fixou residência em Santo Antônio da Partulha –
RS. Quando a família chegou ao Brasil, Juan Pablo tinha 10 anos (ele nasceu
dia 12 de setembro de 1879). Era criança ainda quando teve que assumir os
encargos da casa, pela invalidez do pai e do irmão mais velho. Juan Pablo
trabalhava na agricultura e como jornaleiro para os brasileiros que viviam a
mais tempo na região, donos das terras limítrofes à colônia espanhola. Com o
correr do tempo, o caçula Nicolás foi metendo o ombro no fardo do sustento
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da família, e a situação foi melhorando. Pegaram as colônias e foram
adquirindo outras terras melhores para cultura. Descobriram a erva mate e
começaram com a indústria extrativa do mate e o transporte em lombo de
burro para vender no comércio mais perto, na conhecida vila de Santo
Antônio da Patrulha. Era distância de um dia de viagem na época e era lá que
ficavam as casas comerciais para compra e venda de mercadorias.
ASCENDENTES BRAFF
Por aqueles idos, partia da Suécia, Hans Braff, marujo veterano das
forças armadas da Suécia, para o Brasil. Hans, segundo ele afirmava, era filho
bastardo de Von Boísman, Almirante da marinha sueca. Quando ainda muito
criança, Von Boísman embarcou no navio Capitânia e navegou por todos os
mares do mundo. Hans era filho de uma empregada de Boísman, ele
continuou na casa de Boísman e se criou no mar, sem pai e sem mãe. Viajou
com o Príncipe herdeiro da coroa sueca por longo tempo, e se fizeram
amigos. Ele prestava todos os favores possíveis ao príncipe, era ele que
cuidava sua roupa e outros favores, em seu serviço de bordo. Boísman,
provavelmente de estirpe israelita, não o reconheceu como filho e fez sua mãe
se casar com um marido fictício com sobrenome Person, o que Hans, que já
tinha idade para entender a manobra, não o reconheceu como pai e na
marinha recebeu outro nome, de Hans Braff. O original era Brafv e ele trocou
o v por outro f, Braff com dois fs.
O provável meio israelita, tornou-se marujo experimentado no mar por
30 anos de combate aos piratas e corsários, tendo assistido ao ataque da
esquadra espanhola em Valparaiso, no Chile, por ocasião de sua
independência, seu navio entrou para retirar de lá as embaixadas estrangeiras:
Cônsules adidos comerciais, etc., e a esquadra que sitiava o porto, teve que se
afastar para dar entrada ao encouraçado sueco, que terminou pondo a pique o
navio espanhol.
O marujo magoado pela ingratidão do príncipe, depois de coroado rei,
abandonou a marinha e veio para o Brasil com a esposa e filhos, a saber:
Hilda, Verner, Guilhermina e Elvira Valéria. Localizou-se na colônia Guarani,
município de Santo Ângelo, Rio Grande do Sul. Lá perdeu a esposa e a caçula.
Seus documentos foram adulterados na agência de imigração sendo
denominado Brashínski e, por isso foi localizado na colônia polonesa e,
porque ele não era amigo dos poloneses, estes queimaram sua barraca com
tudo que possuía e roubaram o que não queimou. Conseguiu salvar um
pedaço da Bíblia com alguns hinos em sua língua, o que guardava como
relíquia.
Magoado pelos infortúnios, seu filho Verner voltou para Porto Alegre,
tomou um navio e viajou para o Rio de Janeiro e lá embarcou num
transatlântico e depois de 5 anos mandou uma carta ao pai. Estava na Bitínia e
depois de 5 anos voltaria ao Brasil, porém seu pai nunca mais teve notícias
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Biografia do Pastor Braff
dele. Talvez tenha se perdido em naufrágio. Sua filha Hilda, a mais velha, não
quis acompanhar o pai até Rio Grande do Sul, permanecendo na capital da
República, Rio de Janeiro. Já estava acostumada a viver longe da família. Fazia
muitos anos que ela vivia na Alemanha, antes de vir para o Brasil, e quando
Hans passou pela Alemanha ela o acompanhou, mas somente até Rio de
Janeiro. Não quis se meter nas matas do Rio Grande do Sul, vegetar,
trabalhando no desmatamento duma colônia.
O homem que perdeu tudo no Brasil, até a própria família, decidiu
abandonar a colônia e voltar para a cidade. Veio para Porto Alegre. Como não
podia levar consigo sua única filha que lhe restava, deixou-a com uma família
brasileira que residia naquelas paragens e foi embora. Ficou Guilhermina; sem
mãe, a irmã também falecera, sem pai, sem parente, vivendo numa casa de
pessoas estranhas, católica, de língua desconhecida, abandonada ao léu da
sorte. Foi obrigada a aprender a língua portuguesa.
Hans, chegando em Porto Alegre, empregou-se na cervejaria Bopp,
mais tarde Continental, hoje Brahma de Porto Alegre. Logo escreveu para a
filha Hilda que se achava no Rio de Janeiro, relatando os infortúnios porque
estava passando e pedindo que viesse para Porto Alegre, pois que se
encontrava só na capital do Rio Grande do Sul.
Num belo dia quando andava pelas ruas de Porto Alegre, encontrou-se
com o engenheiro que estava medindo as colônias e localizando os imigrantes
em núcleos que falassem a mesma língua. Soube que, por ter o sobrenome
adulterado, tornou-se um polonês, razão porque foi parar num núcleo
polonês. Hans pediu-lhe encarecidamente que quando fosse a Santo Ângelo,
trouxesse sua filha Guilhermina para Porto Alegre, mas o engenheiro
Túfenson levou a menina para a sua casa em São Leopoldo e lá as filhas do
Dr. Túfenson judiavam em muito de Guilhermina. Num venturoso dia, Hans
encontra-se novamente com o Dr. Túfenson numa rua e lhe pergunta por sua
filha Guilhermina. Informado que o engenheiro trouxera a tempos a menina
para sua casa, foi a São Leopoldo em busca da filha, e agora, Hilda e
Guilhermina se reuniram novamente.
Hilda e Guilhermina empregaram-se como domésticas em Porto
Alegre. Hilda tivera um noivo francês no Rio de Janeiro, tendo dele um filho
que recebeu o nome de Fernando e, em seguida o francês deixou-a com seu
bebê. Em Porto Alegre a vida se tornava pesada para ela. Tinha a
responsabilidade de cuidar de sua irmã, garota ainda, e sustentar seu filho
Fernando, era difícil. Nesse tempo conheceu um alemão por nome Augusto
Henning e decidiu-se casar com ele. Hans não podia cuidar da filha em Porto
Alegre porque ele não tinha onde morar, e desentendeu-se com a viúva
Caufman, dona da cervejaria, sua empregadora, e abandonou o emprego numa
época de desemprego na capital gaúcha. Hans não teve outra alternativa,
senão voltar para a colônia para viver da agricultura. Ao meio dos polacos não
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quis mais voltar. Em Santo Antônio da Patrulha abriu-se uma colonização
espanhola. Era perto da capital do Estado, e Hans tomando sua querida filha
Guilhermina seguiu para aquela colonização em meio aos espanhóis que
estavam abandonando as terras e ali se localizou com sua filha, num terreno
próximo a uma desditosa família espanhola, Epifânio Juan Tomás que não
pudera sair daquele sítio. Logo começou a fazer amizade com os vizinhos.
Porém antes de Guilhermina travar conhecimento com os espanhóis, seu pai
voltou a Porto Alegre a pé (porque nesta época não havia transporte coletivo)
e Guilhermina ficou sozinha na choupana.
JOÃO BRAFF
Hans, pai de Guilhermina havia feito um jirau, feito de forro de varas e
lá ela subia por uma escada improvisada e passava a noite para se defender das
onças que rondavam a cabana. Seu pai custou a voltar e ela quase morreu de
fome naquela mata estéril. Seu pai trouxe provisão e a crise passou. Ela
conheceu Juan Pablo Juan Calvo, agora conhecido por Paulo João Calvo, que
decidiu conhecer aquela família estranha: um viúvo idoso, tendo em sua
companhia uma filha moça, ruiva e formosa. Eram suecos, e Paulo começou a
visitar a moça, Guilhermina Carlota Braff, e casaram-se, pelo padre porque
seus documentos, os poloneses, em Santo Ângelo, queimaram.
Paulo e Guilhermina alteraram o sobrenome para aportuguesá-lo,
transliterando de Juan para João, o de Hans também para João, e segundo o
sistema espanhol o sobrenome da mãe ficou o nome da família, daí o nome
do quinto filho desta prole de duas nacionalidades se chamar Manoel João
Braff, o rebento dessa família aqui biografada, mencionando-se vários
aspectos de suas atividades, experiência profunda em que viveu desde sua
adolescência.
Deste matrimônio resultaram doze filhos: José, Luiz, Paulino, Engrácia,
Manoel, João Pedro, Afonso, Leocritz, Almerinda, Elvira, Julieta, Nadir. A
metade morreu ainda criança. Sobreviveram apenas estes: Luiz, Manoel, João
Pedro, Afonso, Almerinda e Elvira. Duas mulheres e quatro homens.
Atualmente (1998) vivem dois homens e duas mulheres somente. Todos exeto
Manoel moram no Rio Grande do Sul; Santo Antônio da Patrulha e Canudos,
perto de Novo Amburgo.
A mãe de Guilhermina, de confissão luterana de nascimento, recebeu
uma educação religiosa deficiente e aleijada. É que, além daquela igreja ser
pobre em Teologia e exercícios religiosos, a mãe dela faleceu quando
Guilhermina ainda era criança, aproximadamente 8 anos de idade. Apesar
disso, ela procurava educar sua família nos moldes, aproximando do
Luteranismo, todavia sem dar ênfase a denominação religiosa. Mas o que ela
havia aprendido no lar de sua meninice, procurava ensinar aos filhos, e se mais
não ensinou, foi porque mais não sabia. Logo que perdeu a sua mãe ficou
entregue a uma família católica, como já tivemos oportunidade de dizer. Junto
14
Biografia do Pastor Braff
com o seu pai ficou pouco tempo, mergulhados em profunda crise; sem
Bíblia, apenas fragmentos das Escrituras, e o conservado em tradições. De
sorte que ficou com uma formação religiosa mista católica-protestante.
Com exceção da última filha de Guilhermina, todos seus filhos foram
batizados na Igreja Católica. Apesar disso ela mantinha alguns costumes
protestantes, mas não descartava a possibilidade de um filho estudar pra
padre. Seu pai, católico não praticante, não freqüentava igreja, nem tomava
parte em rezas ou outras cerimônias devocionais. Era indiferente em tudo
desinteressado em religião, concentrando-se somente no trabalho; pelo que
em religião a família só recebia orientação da mãe. Ela falava de um livro
chamado História Sagrada ou Bíblia, que era a palavra de Deus, que seu pai
trouxera da Suécia e que os poloneses em Santo Ângelo queimaram.
Guilhermina ensinava que Deus é o Criador do Universo e que Jesus Cristo é
o nosso Salvador. Devemos adorar a Deus somente e ser batizados para não
sermos pagãos. Não se deviam fazer mal uns aos outros, orar o Pai Nosso ao
deitar.
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1910 a 1929
INFÂNCIA E JUVENTUDE
FOTO DA FAMÍLIA JOÃO BRAFF
Sentados, Paulo João Calbo, (traduzido do original 'Juan Pablo', filho de
Epifanio Juan e de Maria Calvo) e Guilhermina Carlota Braff; ele espanhol e
ela sueca. De pé os filhos: no alto, da mesma altura, da esquerda para a direita
os jovens irmãos: Luís João Braff, Manoel João Braff e João Pedro João Braff;
na sequência o guri Afonso João Braff; Ao lado do pai Almerinda João Braff e
do lado da mãe Elvira João Braff. em 1928 nasceu Nadir, a criancinha da foto,
a qual faleceu ainda na infância.
Manoel João Braff nasceu no dia 09 de abril de 1910, no Município de
Santo Antônio da Patrulha-RS; filho de Paulo João Calvo e Guilhermina
Carlota Braff.
Segundo o sistema espanhol em que o sobrenome da mãe fica como
último (segundo sobrenome), ao adaptar para o sistema brasileiro em que
permanece o último sobrenome, Braff ficou como nome da família. (O pai era
espanhol e a mãe sueca).
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Biografia do Pastor Braff
Manoel João Braff criou-se desde sua meninice com um senso
profundamente religioso até dez ou doze anos. Daí até os quinze anos perdeu
o interesse por religião. Queria seguir carreira militar. Seus heróis eram
generais, os militares que realizaram feitos heróicos como seu avô nos trinta
anos de marujo, donde, possivelmente, lhe valeu a alcunha de Brafv (herói),
que ele alterou para Braff. De 15 anos em diante voltou o senso religioso
novamente. Com cerca de 8 a 10 anos de idade surgiu uma escola no lugarejo
denominado Fundo Quente, mas, seus pais não tomaram nenhuma iniciativa
para matricular alguém da família naquela escola.
Num dia de chuvisqueiro que não dava para trabalhar na roça, Manoel
tomou um casaco do seu pai e saiu fugido de casa e foi pra escola, matriculouse por conta própria. Aquela escola não teve continuação, mas seu pai aí
tomou interesse na educação de seus filhos e arranjou um professor,
estabeleceu uma escola em sua propriedade. A escola agora estava mais perto
de casa. Ali estudaram também seus irmãos menores que estavam em idade
escolar. Mas esta escola também não teve muito tempo de duração. O
professor foi embora. E então a comunidade católica abriu uma escola na
igreja: Escola Paroquial, mantida pelos padres ou chefes da igreja; o professor
havia estudado no seminário para padre. Como decidiu casar antes de receber
a batina, seguiu a carreira do magistério.
As aulas eram dadas com bases religiosas. A História Sagrada era
Matéria saliente naquele educandário. Mesmo a aulas sendo administradas na
igreja, os Braff nunca se deram a idolatria, apesar de tomar parte ativa nas
rezas, mas eram como quem recita uma poesia. Um dia, estudando História
Sagrada, Manoel encontrou o quadro da comunhão. Na Santa Eucaristia, Jesus
estava lavando os pés dos discípulos. A gravura impressionou indelevelmente
o senso de sua alma e ele foi perguntar ao professor por que nós, quando
tomamos a comunhão não lavamos os pés uns dos outros como Jesus
mandou? Ele respondeu que o Bispo lava os pés do Arcebispo na quinta-feira
santa. O estudante Manoel, porém, não se dá por satisfeito e insiste “então
nós não somos discípulos de Jesus? Só os Bispos é que têm que seguir a
ordem de Jesus?” O professor, impaciente, responde, “se quiser saber melhor
pergunte ao padre”, mas o padre não era o seu professor.
Ao professor ele tinha confiança em fazer a pergunta, mas não ao
padre, o que deixou a alma inquiridora do curioso adolescente intrigada.
Manoel não perguntou mais sobre o assunto, nem ao professor, nem ao
padre, mas a dúvida não parou aí, “alguma coisa está errada aí”, murmurava
consigo mesmo. “Na primeira não quis dialogar? Desconhece sua própria
matéria de ensino? Não, ele está escondendo alguma coisa. Se no livro que
eles lecionam o assunto a seu favor, mostra erro na igreja, imagina o conteúdo
do que eles rejeitam e estão escondendo” e desejou ardentemente conhecer a
Bíblia completa, verdadeira. E ele que estava com vista ao Seminário, já era
sacristão; estava decorando a missa em latim para ajudar o padre a rezar a
17
missa naquela língua e com isso ficou na retranca. Desiludiu-se de suas
aspirações. Porém sem fonte de pesquisa continuou submisso aos seus
deveres escolares. Manoel, se antes era amigo do professor, mais amigo ainda
ficou e o professor correspondeu a essa amizade.
O estudante tinha muitos privilégios na igreja, seria futuro padre,
pensava ele. Porém, nada disso sufocava sua desconfiança. “Ter amizade é
muito bom, mas, se a igreja estiver errada?”. A amizade não salva, pensava o
jovem. “Não me adianta nada ganhar o mundo se perder minha alma”. Mat.
16:26. Seus pensamentos se aproximavam da proposição de Jesus nesta
passagem, esperava uma saída, e a saída veio. Deus não deixa o sedento de
verdade perecer de sede. Mandou um mensageiro Seu, para dessedentar a
alma inquietadora, sedenta da água da vida. Deus abre caminho para aquele
que O busca de todo o coração.
VOCAÇÃO RELIGIOSA
Certo dia chegou um viajante na casa de Paulo João Calvo, um viajante
que se conhecia por mascate. Era um velhinho, corcunda de cabelos e bigode
muito brancos, montado a cavalo, tendo um pessuelo (mala de couro muito
usada antigamente no Rio Grande do Sul) na garupa do cavalo, com a
mercadoria que trazia para vender. Toda a família o julgou turco, vendedor de
bugigangas. Ele não se identificou. Esse vendedor ambulante, que na sua
região era tido por turco, vendia uns livrinhos, porções das Escrituras
Sagradas: Atos dos Apóstolos, S. Mateus, S. Lucas e outros; e a obra
filantrópica Adventista na América do Sul, e tomava encomenda da Bíblia
Sagrada. O adolescente que o atendeu logo a examinar a mercadoria que
aquele homem tinha à venda. Comprou Atos dos Apóstolos, o quinto livro do
Novo Testamento e o folheto da Obra Filantrópica Adventista e, quanto à
Bíblia ponderou: “Desejo muito um exemplar dela, mas eu quero a Bíblia
completa e a verdadeira porque há muita bíblia falsa e histórias tiradas desse
livro que não interessa”. Porém o vendedor apresentou as provas da
autenticidade de Livro Sagrado.
Manoel conferiu as citações bíblicas que havia nos livros religiosos da
escola e estava tudo certo. Então encomendou a Bíblia. Além da literatura, o
vendedor não ofereceu mais nada e partiu na sua jornada, deixando atrás de si
um ponto de interrogação. Por que será que não ofereceu outras mercadorias?
No dia aprazado passou novamente, entregando a encomenda. Era o livro
mais precioso que o jovenzinho já vira em sua vida. Agora tiraria todas as
dúvidas que haviam surgido com a evasiva de professor, com o conflito que
tinha com os espíritas.
De vez em quando Manoel tinha discussões com seus vizinhos espíritas
que observavam o sábado. - Eles estavam errados quanto a guarda do sábado,
pensava ele, - o dia de guarda é o domingo, dia da ressurreição de Jesus,
monologava ele. A doutrina da reencarnação é uma doutrina diabólica, agora
18
Biografia do Pastor Braff
tudo isso será desvendado. O Braff estava seguro que a Bíblia era a verdadeira
e, portanto, ali estava o caminho da salvação e que, seguindo de acordo com o
que ali estava escrito, teria a vida eterna. “E a vida é esta que te conheçam a Ti
como único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a quem enviaste”. João 17: 3. “O
único Deus verdadeiro é o Pai, a quem Jesus se dirigia em oração, o
conhecimento destes dois, franqueia ou propicia a vida eterna e, se a vida
eterna depende deste conhecimento eu quero conhecê-lo através do estudo do
Livro de Deus, a carta dos Céus”.
Lendo Atos e o opúsculo da obra filantrópica Adventista admirou-se
da semelhança no trabalho pela salvação do povo selvagem do Altiplano
boliviano, do Lago Titicaca e no Peru; com os índios Aimarás e Quinchuas,
trabalho de um tal pastor Sthal. A palavra Adventista não o impressionou
porque não entendia de que se tratava, pensava ser uma sociedade qualquer.
Quando ficou sabendo que Adventista era o nome de religião, duma igreja,
ficou sabendo também que o suposto mascate que ele pensava tratar-se de um
turco, era membro daquela comunidade, chamado João Borba, avô de Darci
Borba, ex-presidente da União Central Brasileira da Igreja Adventista do
Sétimo Dia.
O estudante vivia na roça, sem livros, sem jornais. Revistas eram
desconhecidas naquela região florestal. Era considerada pessoa privilegiada
quem possuía um livro. Sua mãe tinha um livro de medicina homeopática e
era a médica daquela região agrícola. Manoel leu todo o livrinho de Atos dos
Apóstolos e o folheto da obra Filantrópica, diversas vezes antes de chegar a
Bíblia. Já tinha compreensão da Obra de Cristo e seus apóstolos. Ampliara-selhe a ideia sobre o cristianismo e a obra da salvação. Cristo mandou: Sede
minhas testemunhas. Ficou tão impressionado com aquela obra que o pastor
Sthal estava fazendo na cordilheira andina que lhe parecia ser exatamente a
continuação da obra dos apóstolos que Cristo mandou fazer: pregar o
evangelho a toda nação, Jerusalém, Samaria, e até os confins da Terra, em
testemunho a toda gente. Esta é a obra que Cristo comissionou aos apóstolos
e todos os seus discípulos, e eu, dizia ele, “devia filiar-me a esse trabalho”.
Seus heróis militares estavam sendo substituídos pelos verdadeiros valores do
gênero humano, os heróis da fé.
Quando Manoel recebeu sua preciosa encomenda, a Bíblia, a fonte da
verdade, procurou mitigar logo a sua sede da alma. Logo, logo foi
encontrando duas linhas divergentes: católica e bíblica. A linha bíblica em
oposição da sua amada igreja Católica Apostólica Romana. – E agora, que
fazer? Exclamava ele! Ou a Bíblia estava errada e o cristianismo não tem
fundamento histórico ou a Bíblia que comprei é falsa. E se não, a igreja
Católica é que está errada e nós estamos navegando num barco furado, e
vamos soçobrar no caminho do céu.
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Manoel decidiu mostrar a Bíblia para o professor. O mestre lhe disse
que a Bíblia é um livro que só o padre pode ler e que fosse apresentá-la ao
padre. O adolescente tomou-a e foi mostrar ao pároco. Este logo foi dizendo
que a Bíblia era falsa e que ele tinha a verdadeira, “porém a Bíblia verdadeira é
muito cara” disse o padre, mas o aluno da escola paroquial lhe respondeu: “O
senhor pode trazer-me uma, não importa o preço”. O padre então lhe
respondeu: “muito bem, então me entrega a falsa”, mas o adolescente lhe
replicou: “Quando o senhor me trouxer a verdadeira então lhe entregarei
esta”. E o padre então disse: “então não me apareça mais na igreja”. – O seu
guia religioso lhe cerrava as portas da igreja, - e agora! Que fazer? Sem igreja,
sem religião, sem Deus no mundo! Só com a Bíblia. Ou a igreja estava certa
ou a Bíblia, as duas não se harmonizavam. O fato de o padre negar-se a trazerlhe a Bíblia verdadeira pareceu-lhe ser prova suficiente para desconfiar da
sinceridade do padre. “É prova que ele tem algo a esconder. O fato de a igreja
Católica, bem como outras protestantes evangélicas terem a Bíblia como
sagrada como a Palavra de Deus, prova que ela está certa, então a igreja
Católica está errada, e - raciocinava ele – em barco furado não vou viajar! Em
caminho errado não irei para o destino que quero chegar. Tenho de mudar de
caminho. Tenho que dar meia volta e tomar a vereda que vai para o destino
desejado”.
A família Braff vivia no meio espírita que guardava o sábado. “Mas eles
têm comunhão com o demônio, temos que fugir do espiritismo”, raciocinava
o jovem. Porém o problema agora era: onde encontrar o caminho certo. Ir
para outra igreja errada então era melhor ficar na católica. Com tiro errado
não se acerta o alvo. Era preciso cavar fundo na pesquisa da Bíblia. Teria que
descobrir tudo que a Bíblia ensina no caminho do cristianismo.
E o jovem Braff decidiu fundar uma igreja. Seria a 'Igreja da Bíblia', e
lançou mãos a obra. Começou a pesquisar o Livro Sagrado diligentemente, de
corpo e alma, sem trégua. À medida que ia encontrando assuntos doutrinários
ia tomando nota num caderno, formando um catecismo, corpo doutrinário da
futura igreja.
Manoel aceitava tudo que estivesse na Bíblia, e rejeitava tudo o que
desalinhasse do Texto Sagrado como planta inútil. A 'Igreja da Bíblia'
estabelecia a observância do sábado, o sétimo dia da semana como dia de
repouso, abstendo-se de todo o trabalho servil que visasse lucros pessoais ou
diversões profanas, contrárias à santidade do dia. A família Braff estava
rodeada daquele espiritismo sabatista, mas os espíritas guardavam o Sábado a
moda deles, um dia de folga. A Igreja da Bíblia, porém devia observar
conforme o mandamento, pois que no mandamento diz: “Seis dias trabalharás
e farás toda a tua obra”. No domingo devia se fazer algum trabalho. Devia
abster-s de alimentos imundos, carne sacrificada aos ídolos, sangue;
comunhão com Lava-pés, condenava a diversão mundana, e Jesus Cristo
como Salvador era o centro de suas afeições, S. Mateus 24 o capítulo favorito
20
Biografia do Pastor Braff
da Bíblia. “O batismo devia ser administrado como Jesus o recebeu, por
imersão. Sustentar o zelo missionário dos apóstolos, preparar missionários
para pregar o evangelho, orar pelos doentes, guardar os dez mandamentos e
combater o espiritismo como doutrina de demônio”.
ORAÇÃO ATENDIDA
Seu irmão mais velho, o Luiz era carroceiro, transportava cereais da
roça para a cidade de Porto Alegre, Taquara, etc. Vendia tábuas, madeira
serrada para marcenaria e farinha de milho (fubá) nos armazéns de secos e
molhados, mas não queria saber nada de religião, e como pouco parasse em
casa, Manoel não conseguia levá-lo a considerar o assunto mais a sério.
Porém, em casa Manoel pregava as novidades encontradas na Bíblia a seus
pais, mais especialmente à sua mãe, por ela ter sido a educadora religiosa do
lar e ser ela quem tinha certa tradição religiosa de seu pai, avô do jovem
inquiridor da Bíblia.
Luiz, numa de suas viagens, adoeceu de caxumba e como não pudesse
se resguardar das intempéries da viagem, a caxumba invadiu os escrotos.
Ficou tão mal que não pode mais viajar a cavalo. Deixou a carroça por conta
dos animais e deitou-se dentro da mesma com uma lona por cima e assim
chegou em casa. Tiraram-no da viatura e o transportaram para casa. Na cama
piorava a cada instante. Sua mãe, sendo homeopata, o medicou
imediatamente, mas ele foi piorando cada vez mais.
Quando Manoel viu que o seu irmão ia morrer, deixou sua mãe ao lado
do moribundo e foi orar num pequeno bosque que tinha atrás da casa, onde
costumava fazer suas preces; pois ainda não orava em público, e lá clamou a
Deus pela cura do seu irmão. Esvaziou sua alma em clamor ao Deus do céu, e
quando teve convicção que sua oração fora atendida, correu para o quarto do
paciente e eis o quadro que encontrou: Luiz já estava falando, e contou o que
havia se passado com ele e disse: “com a saída do Manoel o que estava diante
de mim começou a se afastar, e com um pigarro na garganta o fôlego ia
sumindo e a mente apagou-se”. Sua mãe, acostumada a assistir a morte de
pacientes seus, o declarou morto. Mas o Manoel continuava orando no
bosque, e sua mãe contava que ela o julgou morto e não desmaiado. De
repente ele abriu os olhos e logo falou. Estava curado. Quando Manoel
chegou, sua mãe disse que havia se dado um milagre. Luiz havia ressuscitado.
Logo depois Luiz levantou-se, estava radicalmente curado. Sim, era um
milagre de ressurreição. A família foi reunida junto da cama imediatamente
para agradecer a Deus pela operação milagrosa, e Manoel, juntamente com sua
mãe, aproveitou o momento para fazer um apelo a toda a família ali reunida,
para que, como sinal de gratidão, se fizesse um voto solene para que dali em
diante passariam todos a guardar o sábado, o sétimo dia, conforme o
mandamento do Deus que operara tão grande milagre, respondendo tão
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prontamente a oração da fé. E toda a família fez o voto: Daquele dia em
diante todos passariam a guardar o sábado, o sétimo dia da semana.
UM COLPORTOR
Mais tarde, vinha passando por aquelas paragens o vendedor estranho,
que vendera na primeira visita a “perola de grande valor”, a Bíblia. Lá ia ele
passando pela frente da casa do industrialista espanhol, e o jovem de 17 anos,
aqui biografado, chamou-o e o convidou para pousar aquela noite em sua
casa. O velhinho prontamente aceitou o convite, prometendo voltar à tarde.
Chegada a hora, Manoel o estava aguardando.
À noitinha chegou o visitante e a família Braff logo desencilhou o
cavalo, dando-lhe pasto que já estava preparado e logo veio a janta. Entre
outros pratos, um era de farofa: farinha de mandioca com carne de porco. O
jovem ofereceu-lhe o prato de farofa, dizendo-lhe, isto é feito com carne de
porco e comer carne de porco é pecado, mas a minha gente ainda come isso.
Ao que ele retrucou: Quem lhe disse que a carne de porco é pecado comer? E
Manoel pegando a Bíblia lhe mostrou Lev. 11; depois de mostrar a passagem
disse: mas não é só, aqui temos outras coisas que a Bíblia proíbe e começou a
mostrar as passagens de sua doutrina e a discussão de ideias avançou noite
adentro. Do porco foram para o sábado. Manoel dizia: O domingo não é o dia
que Deus santificou, o mandamento de Deus manda guardar o sábado do
sétimo dia e leu para ele Êxodo cap. 20:8 e disse, ainda tem mais, o sábado é o
sinal de Deus. Em Ezequiel 20:12,20 reza: “Santificai os Meus Sábados, pois
servirão de sinal entre Mim e vós, para que saibais que Eu sou o Senhor o
vosso Deus”.
João Borba, o hóspede lhe disse: “Se vocês têm conhecimento disto
então devem santificar esse dia”; ao que Manoel respondeu: nós já estamos
guardando. Mas como o observam, quis saber o ancião. O Braff respondeu:
Sextas-feiras à noite, depois de vir da roça, tratam dos animais, porque no
sábado os animais presos não podem ficar sem água e comida, assim como
nós também e na roça nem vamos trabalhar na plantação. O sábado é um dia
sagrado, não é dia de divertimento, nem de se fazer negócios. E a indústria
funciona até sexta-feira a meia-noite, e então cessa todo o trabalho até
domingo de manhã, quando começa em nova semana. Porque o mandamento
que diz: Lembra-te do dia do sábado para o santificar, também diz: “seis dias
trabalharás”. A indústria entra em ação domingo de manhã.
Interrompe o velhinho João Borba, que até aquele tempo era
identificado pelos Braff como “o turco ou mascate”. Mas o sábado não
começa à meia-noite, e sim, sexta-feira ao por do Sol. O jovem discorda: “isso
o senhor não prova, a mudança do dia se faz à meia-noite”. Mas, o mascate
tomando a Bíblia lhe apresenta Gen. 1:5: “e foi a tarde e a manhã, o primeiro
dia”. Então o dia começa ao meio-dia? Intervém o jovem. A tarde se refere a
noite ele lhe explica. Mas vamos adiante. Lev. 23:32 “Duma tarde a outra
22
Biografia do Pastor Braff
tarde celebrareis os meus sábados”, “ali sacrificarás a páscoa à tarde, ao por do
sol”. Deut. 16:6; e Lucas 4:38-40” Ao por do Sol todos os que tinham
enfermos de diferentes moléstias lho traziam”. E o jovem ficou pasmado
diante do conhecimento do turco; turco é maometano, raciocinava: que pode
entender de Bíblia um mascate? Mas, este vendedor profano, esse turco infiel,
segundo o seu conceito apresentou o assunto com tanta lógica que o Braff
aceitou o horário para começar e terminar as horas sagradas do Sábado, e
Manoel não podendo contestar o argumento bíblico que o mensageiro
apresentou, dirigiu-se a seus familiares dizendo: De hoje em diante vamos
começar o Sábado ao por do Sol de Sexta-feira e encerrá-lo ao por do Sol de
Sábado, como ensina a Bíblia. Então ficaram sabendo que o visitante não era
um mascate, nem tão pouco era turco. Ele não vendia bugigangas como os
turcos e mascates; era um propagandista da Palavra de Deus, cuja profissão se
denominava Colportor. O Colportor era daquela igreja que tinha um
missionário no altiplano andino, trabalhando entre os índios da região,
próxima ao Lago Titicaca.
ADVENTISTA
Manoel desejou conhecer mais sobre a Doutrina Adventista e
convenceu-se: a doutrina que ele estava organizando, outros já haviam
descoberto e a verdade que ele estava descobrindo, já estava sendo praticada
por outros. Todavia ainda estava firme na 'Igreja da Bíblia', desejava conhecer
mais do que os outros já haviam descoberto para acrescentar à sua doutrina e
arranjar subsídios para a sua comunidade. João Borba voltou várias vezes,
visitando a família Braff e depois de muita pesquisa, Braff começou a se
interessar nessa igreja chamada Adventista do Sétimo Dia e aos pouco foi
aderindo a esse redil. Aquilo que ele com tanto sacrifício estava organizando já
existia. A pesquisa continuou, mas, não com a mesma intensidade, porque
agora examinava os ensinos da Igreja Adventista do Sétimo Dia, para ver se
estas coisas eram assim, Atos 17:11.
Dia a dia se convencia da verdade, aceitou logo o Espírito de Profecia,
e adquiriu em seguida o livro o Rei Vindouro e Nossa Época a Luz da
Profecia; logo depois, Conflito dos Séculos e Vereda de Cristo e outros. A
progenitora falava de um livro que fora publicado num jornal na Suécia com o
nome de Luz da Profecia que seu pai havia lido em sua terra natal, e o havia
de tal maneira impressionado que conservou na tradição da família. Hans
Braff, que até então se mostrara indiferente à religião, tornou-se crente
religioso, dando uma educação cristã à sua família.
O assunto do livro contribuiu para lançar a semente da verdade no
coração da família Braff, que por essa época dos acontecimentos, só restava
Guilhermina Carlota Braff. O pai, a mãe e a irmã já eram falecidos. O irmão
tinha ido embora, embarcou num navio no Rio de Janeiro como marujo.
Depois de 5 anos mandou uma carta ao pai e nunca mais voltou. A irmã mais
23
velha também tinha partido de Porto Alegre para a cidade de Rio Grande –
RS e nunca mais tinha dado notícias, ainda que por aqueles dias chegou o
marido dela procurando a família de Guilhermina e Paulo Pifanio como era
conhecido. A dona Guilhermina recordou-se da história do livro do jornal
sueco e isto ajudou grandemente a aceitar a mensagem de Nossa Época à Luz
da Profecia, revivendo o sentimento religioso de sua mocidade. Ela, como
protestante, luterana de nascimento, com o estudo da Bíblia no lar, queria
ordenar a vida da família segundo os moldes da Igreja Luterana. Porém depois
de muitos debates ela compreendeu que sua igreja de infância estava errada e
aderiu aos ensinamentos Adventistas, como a única Doutrina que segue a
verdade como foi revelada pela Palavra de Deus. Nossa Época à Luz da
Profecia, foi logo devorada por aqueles olhos sedentos da verdade.
Com a leitura do livro a questão da besta do Apoc. 13 ficou esclarecida.
Sobre o espiritismo, a convicção da família foi confirmada. O espiritismo é
uma doutrina de demônios que Satanás criou para enganar o povo, que não
acolheu o amor da verdade para ser salvo. II Tess. 2:10, foi a conclusão a que
chegaram. A questão das “2.300 tardes e manhãs e o Santuário será
purificado” Dan. 8:14, ficou claro que a verdade devia surgir em 1844.
Santuário a ser purificado só poderia ser o Celestial, porque Santuário aqui na
Terra a quase 1.800 anos já não existia, e a nenhuma igreja da Terra se poderia
atribuir o papel de Santuário a ser purificado ou se fazer expiação nele. O
cálculo também não lhe deixou dúvida. A doutrina Adventista
incontestavelmente era a verdadeira. A questão da imortalidade da alma foi em
tudo, cuidadosamente examinada. A alma é a vida e a “vida deixa de existir
quando a pessoa morre. Corpo + fôlego igual a alma”. Gen. 2:7. Fôlego sai e
corpo apodrece e alma cessa, porque vida não há mais no corpo que
apodreceu, os bichos o devoraram. Para voltar a vida novamente, só por
ressurreição. “O morto não sabe de coisa alguma... porque a sua memória
ficou entregue ao esquecimento, amor, ódio e inveja para eles pereceram”.
Ecles. 9:5,6 e outras passagens.
Sua mãe quando ouviu isto ficou indignada e quis até jogar a Bíblia
fora. Manoel gritou: “mamãe, não faça isso! Isso é um pecado muito grande; é
um sacrilégio contra coisa sagrada, é profanação da Palavra de Deus”. Sua
mãe acreditava que o homem tinha quatro seres independentes em sua
personalidade e só um era mortal, o corpo imortal era composto de alma,
espírito e sombra que saia do homem, e podia aparecer com fisionomia e voz
do defunto, comunicar-se com pessoas vivas. Porém sua mãe não resistiu aos
argumentos do Livro Sagrado. Rendeu-se à Verdade e terminou aceitando a
Bíblia e seu conteúdo. O jovem tomou posição irredutível ao lado destas
verdades que ensinava. E o sábado era o sinal de Deus. Ao convencer-se que
já era expositor da Palavra de Deus, começou a pregá-las aos vizinhos e a
quem a oportunidade se apresentasse. Dentro de pouco tempo tinha uma
24
Biografia do Pastor Braff
congregação que se reunia em casa de seu pai. Ainda, nesta altura, não estava
descartada a idéia da 'Igreja da Bíblia'.
CONGRESSO
Manoel continuava pesquisando a Bíblia e conferindo com os
ensinamentos de João Borba, mas a sua tendência já era mais para ser
adventista, do que para ter sua própria doutrina. Por esse tempo a associação
Sul Riograndense dos Adventistas do Sétimo Dia realizou um congresso na
Igreja de Rolante, hoje Fazenda Passos, e decidiu-se na família Braff assistir
aquele congresso. Mas alguém teria que ficar cuidando da casa e da indústria,
enquanto os outros poderiam ir de carroça assistir ao congresso, ver de perto
o povo adventista e seu sistema de ensino, ver se o povo praticava o que João
Borba dizia.
Manoel prontificou-se a ficar par cuidar da casa e do moinho e do
engenho de serra, enquanto a família, que ainda na maioria não era crente,
fosse assistir para se decidirem pela verdade. A questão era de vida ou morte.
Ou esta igreja é verdadeira ou é falsa. A família Braff tinha uma tremenda
responsabilidade, devia observar tudo e trazer um relatório de suas
observações. Dizia Manoel: “eu posso ficar, porque creio que esta é a
verdadeira igreja”. Esta igreja segue a Bíblia e a Bíblia é a verdade e vocês
devem ir todos para decidirem que caminho irão tomar. A Católica e a
protestante estão erradas. Nós precisamos do caminho certo para seguir com
Cristo, e recepcioná-lo na Sua Volta à Terra.
Em Rolante sua mãe foi batizada e voltou regozijando-se no Caminho
da Verdade. Com regime Adventista as carnes imundas foram eliminadas do
cardápio da família, bem como álcool, café, condimentos, e logo o chimarrão
e banha de porco. Em seu lugar usava-se gordura de gado vacum ou azeite de
amendoim que se conseguia através dos irmãos de Rolante, onde havia fábrica
de azeite. Sua mãe trouxe uma lição da Escola Sabatina, começando então um
regime Adventista no lar dos Braffs, culto de manhã, com estudo da lição e
sábado escola sabatina filial. Logo tomou corpo a escola sabatina e foi
organizada com a família Braff e vários vizinhos que já se haviam interessado
antes como resultado das atividades missionárias de Manoel.
Quando a mãe se batizou em Rolante e toda a família se interessou
pelas boas novas do rebanho de Deus e os vizinhos já interessados,
começaram a freqüência, deixando as trevas do pecado e se unindo às
reuniões todos os sábados. Foi motivo de grande alegria para o jovem, líder
do movimento em prol da verdade. A família Braff se unir em Cristo e ver
vizinhos tomando posição ao lado do evangelho, bandeando-se para o Reino
da Luz, foi uma dádiva do céu para Manoel. O gozo de salvar almas só pode
ser avaliado por aqueles que já o experimentaram na vida. Luiz seu irmão
dedicou-se aos princípios que orientam a conduta dos que seguem a Cristo,
apesar de nunca freqüentar a escola, começou a ler a Bíblia e no dia 02 de abril
25
de 1928 foi batizado junto com Manoel, na Igreja Adventista de Campestre,
hoje Campestre Velho, pelo Pastor Abraão Classem Harder.
Quando Luiz viajava, sexta-feira ao por do sol ele parava com a carroça
e só seguia a viagem depois do pôr do sol de sábado. Esta era a conduta que
se ensina em casa dos Braff.
Por esse tempo, foi confiado a Luiz Germano, ancião da Igreja de
Canta Galo, para dar assistência ao grupo Adventista de Rio dos Sinos, Santo
Antônio da Patrulha e logo foi nomeado Luiz o diretor do grupo e o Manoel
vice-diretor e presidente da Escola Sabatina. E assim a comunidade foi
crescendo e a fama da nova igreja foi se espalhando. Vizinhos que eram
amigos quando católicos agora se tornaram inimigos. Da indústria que até ali
atendia a freguesia da Região, estes se afastaram. Não se conseguia matéria
prima e a indústria ficou paralisada e custou a se normalizar. Pouco tempo
depois que Manoel foi batizado, visitou a igreja de Campestre e foi convidado
a fazer um sermão na igreja, de improviso, pois o pregador não tinha vindo.
Jamais, nem por sonho poderia imaginar que o convidariam a fazer um
sermão, sendo ele principiante, como membro daquela igreja que ele havia
dado a mensagem.
Ensinar os seus ensinadores, em tão curto período de tempo, era
totalmente fora de cogitação. Mas, o pregador não estava, e ele lhes dirigiu a
palavra. Quando terminou o sermão, os membros da igreja vieram dar-lhe os
parabéns e o chamaram de ministrinho, eles o aconselharam a fazer um curso
ministerial, como denominavam a Teologia naquele tempo. O Braff
impressionou-se com a ideia de ir para o colégio, a fim de se preparar para
trabalhar na obra para a qual Deus o chamasse, e à medida que o tempo ia
passando, mais forte se tornava aquela voz na consciência: ”Prepara-te para o
trabalho em Minha vinha”. Era preciso internar-se num colégio para atender o
chamado.
Havia só um colégio adventista no Brasil com o curso de Teologia: o
Colégio Adventista Brasileiro, em Santo Amaro, São Paulo. Por esse tempo o
pastor Gustavo Storck foi chamado pela Associação Sul Riograndense da
Igreja Adventista do Sétimo Dia e logo que chegou ao nosso estado, foi
designado para dirigir uma série de conferências em Rio dos Sinos, Santo
Antônio da Patrulha, no princípio de 1929 e Manoel foi um dos auxiliares.
Converteram-se bons elementos, entre os quais, um professor estadual, José
Carlos Ramos, a família de Pautil Ramos de Oliveira e outros mais. Estes se
converteram do espiritismo. José Carlos Ramos seria mais tarde o Ancião
daquela igreja e Manoel realizou uma série de conferências ali, e deixou mais
de 30 interessados em receber estudos bíblicos. Deus abençoou aquele
trabalho, tornando uma boa igreja da qual surgiram diversas congregações que
se tornaram igrejas organizadas.
26
Biografia do Pastor Braff
1929 a 1934
MANOEL EMANCIPADO
MERCÍDIA
Manoel conheceu Mercídia Ramos de Oliveira, filha de Pautil Ramos
de Oliveira e Maria Pereira dos Reis no início de 1929. Mercídia que se
bandeou para o rebanho de Deus, na série de conferências realizada pelo
intrépido conferencista Gustavo Storck, ficou de olho no seu instrutor,
Manoel Braff. Ela parecia muito interessada nos estudos e era boa aluna,
aprendia rapidamente a cantar os hinos que se ensinava, bem como os textos
sagrados que se administravam na classe bíblica. Ela com os outros três filhos
de Pautil foram batizados. Manoel começou a dar preferência àquela moça
nos estudos e aí iniciou o namoro, a princípio de brinquedo, mas o amor foi
uma plantinha que cresceu, virou árvore e não deu mais para arrancar. Nesse
ínterim, o Pastor Abraão Classem Harder adquiriu um sítio muito bem
localizado, há uns três quilômetros da cidade de Taquara - RS, e ali fundou
uma granja de gado leiteiro, uma fábrica de queijo e um educandário, o qual
denominou Colégio Cruzeiro do Sul. Desde o início foi uma escola com
internato para moças e rapazes.
Começou seu primeiro ano letivo em 1931, ainda que os trabalhos de
organizar a granja e o colégio tenham se dado antes de 1931. O primeiro
diretor da escola foi Godofredo Ludvig. Tinha uns 17 alunos no internato.
Estava criado o segundo educandário Adventista no Brasil. Manoel estava à
frente na direção do Rio dos Sinos desde o tempo que começou o trabalho de
evangelização naquele lugar. Ainda que tenha sido auxiliado por Luiz
Germano, este vinha de vez em quando, dava ceia e alimentava o rebanho, até
que adoeceu e não visitou mais aquela comunidade, porém o Braff estava
sempre com o rebanho. Agora com a notícia do Colégio que o pastor Harder
abrira no Porto da Paciência, à margem direita do Rio dos Sinos (o mesmo rio
que passava no local onde a família Braff morava).
ESTUDANTE EMANCIPADO
O Manoel decidiu estudar naquele colégio, para trabalhar na obra de
Deus. Para os seus pais não era fácil aceitar esta decisão, pois, além de ser uma
família isolada da parentela e além de ser uma família européia, dispersa e
quase extinta no Brasil; ainda era o Manoel o dirigente da igreja local. Quem o
substituiria? Ninguém é insubstituível. Mas, este foi o choque que seus pais
tiveram e não apoiaram os planos de Manoel. Ele era o único pregador.
27
“A igreja vai se dispersar” diziam eles. Porém o Braff se mantinha
confiante. “Deus proverá os meios e a igreja prosperará”. Visto seus pais não
apoiarem o plano dele seguir para o colégio, Manoel decidiu casar-se com a
jovem Mercídia e depois estudar por sua própria conta. Os dois enfrentariam
a vida de estudante. Ela trabalharia no internato do Colégio e ele estudaria e
trabalharia na fazenda, fora das horas de estudo. Casaram-se no dia 10 de
agosto de 1931. Porém, na altura destes acontecimentos já havia se passado o
primeiro semestre das aulas e o ano letivo estava perdido para ele. Mercídia
declarou-se contrária ao plano de seguir para o colégio. Ela não queria deixar a
roça e trabalhar em colégio e muito menos casar com pastor, queria ser
agricultora.
O industrialista espanhol deu a seu filho Manoel alguns hectares de
terra quase no alto duma montanha, terras muito férteis, mas terra muito
acidentada, de declive na maioria. Não era fácil cultivá-la. Ali, porém começou
a trabalhar, preparando as terras a mão. Não era arável a boi, muito menos a
máquina motorizada que naquela época não existia.
Aproximava-se a primavera e com ela a época da plantação do trigo,
milho, feijão, batatinha e outras culturas. Neste trabalho ficou 4 meses,
Parecia que seus planos de estudar haviam fracassado totalmente, e foi
possuído de melancolia. Acreditava que Deus o estava chamando para a sua
vinha; e com seu casamento era mais difícil ainda. Agora não podia resolver
sozinho. Estava preso pelas circunstâncias. A esposa lhe tolhia os passos.
Ficaria vegetando na roça contra seus ideais, negando-se a atender o chamado
de Deus. Sua grande preocupação era: “se Deus me chamou realmente, o fato
de não atender é desobediência e equivalente a transgressão de Sua Lei”, e
clamava a Deus para que se abrisse uma porta, mas sua voz ficava sem
resposta.
O SINAL
Um dia, colhendo batatas inglesas no sopé de uma elevação com
declive acentuado, seus pensamentos se voltaram para o colégio. Parecia que
Deus o estava chamando; “Prepara-te para trabalhar na Minha vinha”. Queria
ter certeza sobre esta vocação: Ela vinha de Deus ou era desejo da carne e ele
estava enganado. Se não fosse um chamado de Deus, não havia compromisso
e já que havia tanto obstáculo, tanta barreira quase intransponível, desistiria da
luta.
Enquanto meditava nestas coisas, descia pela encosta abaixo uma
serpente, vinda do mato, logo acima de onde ele estava. A terra estava límpida
e a bicha deixava um risco na terra. Dirigia-se diretamente ao local em que se
encontrava o sonhador da bancada no colégio. Ele pedia que Deus desse um
sinal que não houvesse dúvida quanto ao chamado de Deus e ele se dispunha
a ir onde Deus o mandasse. Quando ele viu a cobra, como que uma voz lhe
disse, pede um sinal nesta cobra, e ficou extasiado diante do pensamento. O
28
Biografia do Pastor Braff
Sol declinava já à tardinha e sem se preocupar com o perigo da cobra, pôs-se
de joelhos e orou pedindo que Deus lhe mostrasse um sinal naquela cobra:
Caso fosse vontade de Deus que ele estudasse no colégio Cruzeiro do Sul,
então matasse a cobra de maneira tal que ao levantar-se da oração ela estivesse
morta. Se a cobra continuasse viva, então ele não iria estudar e deixaria de se
preocupar com tempo integral dedicado a obra de Deus, no trabalho a ele
designado. O sinal que ele pediu não poderia deixar dúvida nenhuma. Se a sua
convicção de trabalhar na vinha de Deus fosse de origem divina, Ele lhe
responderia. Caso Ele não respondesse, ou a resposta fosse: “Estás
desincumbido do trabalho na seara de Deus”, o resultado era o mesmo. Se a
cobra ficasse viva estaria resolvido o problema duma vez. Não iria para o
colégio, ficaria na roça cuidando de sua igreja.
Ele não sabe por quanto tempo esteve orando, parecia desligado do
mundo. Quando terminou a oração e abriu os olhos, a cobra estava a cerca de
três metros em sua frente, olhando para ele, toda enroscada. Manoel levantouse da oração, tomou uma varinha que se achava perto dele e chegou junto da
serpente, meteu a vara por baixo da bicha e a virou de barriga para cima; ela se
mexeu, mas não se desenrolou, nem desvirou e o Braff tornou a se ajoelhar
para agradecer a resposta. Agora inundado de alegria, mais uma vez ficou
bastante tempo para dar graças ao Deus vivo que atende ao fiel investigador
da verdade e que de coração quer fazer o que Deus lhe mandar e ir onde for
chamado. Não sabe calcular o tempo, porque estava como fora de si. Finda a
ação de graça levantou-se e tomou a varinha que havia deixado perto da cobra
e tratou de desvirá-la. Ela não se mexeu mais, então Manoel correu, foi
chamar a esposa que não estava distante, e foram juntos ao local do
fenômeno; quando chegaram ele pegou a vara novamente e meteu no meio da
rosca e a levantou, a serpente partiu-se em pedaços. Estava como que
queimada em fogo. E ali, a esposa decidiu-se acompanhá-lo ao colégio, por ter
assistido a um milagre em resposta a oração. Manoel mostrou à esposa o rasto
da cobra desde o mato até o local onde estava a cobra e onde ele orou. Ela
não teve mais dúvida, Deus os estava chamando a um preparo para o trabalho
na evangelização das almas que têm fome e sede da verdade.
No dia seguinte, pediu dois cavalos encilhados a seu pai e rumaram, os
dois a Taquara, uns 50 km, de lá para Porto Paciência onde temos o colégio.
Manoel foi falar com o pastor Harder para trabalhar na fazenda do colégio,
durante as férias, para crédito do ano letivo de 1932. Tinha apenas um saco de
trigo para dar como entrada para o estipêndio escolar. Fizeram um plano para
que Braff pudesse estudar o ano seguinte. Entregaria o trigo e seus serviços e
o da esposa para a entrada dos gastos escolares. Ele empregou-se nos
trabalhos da agricultura e ela na cozinha e, moravam num quarto do internato.
Tudo combinado o casal voltou para buscar a mudança, regozijandose ao ver a mão de Deus dirigindo em todos os detalhes, o caminho da
escalada do saber e preparação para a obra daquele que o chamou.
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Providenciou alguém que fizesse a colheita dos cereais que havia plantado.
Colheu o trigo no princípio de dezembro de 1931, e então partia de Rio dos
Sinos para o colégio Cruzeiro do Sul em Taquara. Luiz, o seu irmão o
transportou de carroça para lá, quando o educandário estava em férias, faltava
mão de obra para os trabalhos na granja.
Manoel dava assim uma resposta ao chamado de Deus. Ele empregouse nos trabalhos da agricultura e Mercídia, sua esposa empregou-se nos
trabalhos da cozinha. Moravam num quarto do internato.
COLÉGIO CRUZEIRO DO SUL
No final das férias, quando os alunos do internato voltaram ao
Colégio, o casal Braff foi morar numa casinha perto da Escola. O plano que
havia feito de ela trabalhar na cozinha do Colégio e ele na granja da Escola
não deu certo. O Diretor do Colégio e da granja só dava serviço para os
alunos internos. Tudo o que o casal Braff ganhou durante as férias ficou para
pagar as mensalidades da escola. A sorte foi que seus pais mandaram à irmã
chamada Almerinda, para estudar no Colégio e com isso os víveres vinham da
casa de seu pai, e assim seus pais o ajudaram naquele ano. Tudo correu
normalmente no ano letivo. O seu primeiro professor foi José Mendes
Rabelo, formado em Teologia pelo Colégio Adventista Brasileiro (CAB atual
UNASP). No segundo semestre fez um curso de colportagem (para ser
vendedor de livros religiosos) e se preparou para a colportagem nas férias de
fim de ano.
No ano seguinte, Manoel foi trabalhar de colportor durante as férias
para poder pagar os estudos e foi relativamente bem sucedido, além de
adquirir valiosa experiência. Foi-lhe designada sua terra natal como seu campo
de trabalho. Seu colega de trabalho era de moral duvidosa.
MILTON
Mais da metade dos sitiantes era de analfabetos, não queriam saber
nada de livro, apesar disso, o colportor 'de primeira viagem' foi bem sucedido
e ganhou valiosa experiência. Foi interrompido em seu trabalho em
conseqüência de sua esposa estar aguardando uma visita muito importante, a
chegada de seu primogênito. Dia 15 de dezembro seu lar amanheceu em festa.
Era o primeiro presente do céu, um menino robusto que recebeu o nome de
Milton, o nome do autor de “Paraíso Perdido”, agora o paraíso estava achado,
esta era a esperança de seu pai. Pouco depois do nascimento de seu
primogênito voltou à colportagem.
Arquimedes Piaggio, companheiro de colportagem de Manoel
abandonou seu companheiro e também o serviço, e mais tarde, soube-se que
abandonou a própria igreja e foi um naufrágio o resto da vida dele. O Braff
ficou trabalhando sozinho, inexperiente sem ter quem o auxiliasse. Teve que
se virar sem orientação de ninguém, a não ser do curso que fizera no colégio.
30
Biografia do Pastor Braff
A CASERNA
Para o inexperiente colportor o naufrágio do mestre na obra de Deus,
foi um rude golpe. Começando o trabalho com tempo integral, já no início
com uma amarga experiência. Para o Braff a apostasia era um fenômeno
estranho; e logo um estudante com vista para trabalhar na obra de Deus! Mas
uma surpresa maior o aguardava.
1933:
Serviço militar, tendo como colega o cunhado Otaviano
Ramos de Oliveira, fez curso de sinaleiro telefonista e trabalhou na
respectiva função.
Por ocasião de seu matrimônio, foram alistados para o serviço militar,
o Manoel e seu cunhado Otaviano. Agora, quando se aproximava o tempo de
voltar para o colégio já no início de 1933 veio o chamado para as fileiras do
Exercito Nacional.
Manoel requereu isenção do serviço militar, alegando ser estudante
para seguir carreira ministerial. Com esta justificação outros já haviam sido
isentos, perdendo os direitos de cidadão. Mas ele se submeteria a tudo isso
para poder continuar seus estudos. Entretanto o tempo passou e ele teve que
trocar o colégio pela caserna. Foi a primeira prova de fogo: Seguir o regime
militar ou permanecer leal a Deus no austero regime miliciano, seguindo a fé
Adventista. Decidiu permanecer leal a sua fé, custasse o que custasse. Com
essa resolução partiu de Rio dos Sinos a Santo Antônio da Patrulha, sede da
junta militar do município, recebendo a passagem até Santana do Livramento,
sede da unidade militar a qual se destinava. De Santo Antônio partiu para
Porto Alegre no dia 14 de abril de 1933. Na capital do Estado os recrutas
ficaram adidos no Sétimo Regimento de Infantaria alguns dias, quando então
partiu para o destino, juntamente com os demais companheiros que se
destinavam a mesma unidade do Exercito Nacional em Livramento, na
fronteira com o Uruguai.
Manoel Braff e seu cunhado Otaviano, os únicos adventistas,
chegaram no dia 28 de abril de 1933 na I CIA do 5º G. A. Cav., ficando
adidos até princípio de junho, quando foram incorporados ao Exército
Brasileiro na II Secção na 3ª peça de artilharia na função de condutor, mas
recebendo instrução de artilheiro, principalmente como apontador. Nas
primeiras semanas não houve problemas com o Sábado. Logo que Manoel
chegou a Livramento foi ao comandante e pediu dispensa aos sábados, porém
o comandante negou-lhe esta licença. No primeiro e segundo sábados não
houve problemas, porque o comandante não veio ao quartel, mas no terceiro
sábado a instrução havia recrudescido e o comandante chegou muito cedo à
caserna. O soldado 206, com seu cunhado, ao terminar o desjejum tomou a
Bíblia e meteu-se nas baias para estudar o Livro Sagrado sob a tênue luz de
31
uma lâmpada, enquanto isso um cabo os procurava. Ao encontrá-los ordena:
“vão já para a instrução, o comandante vos está chamando”.
Saíram acelerados, como manda a lei militar. Quando se aproximaram
do Chefe, este gritou: “vão já para a instrução”! O Braff respondeu: “Por
motivo de consciência, não posso assistir a instrução hoje”. Respondeu o
comandante: “então vão já para o xadrez. Cabo da guarda mete esses homens
no xadrez”. E os dois soldados já estavam à porta do cárcere esperando que
lhes abrissem para entrar ali, ao Braff parecia o lugar mais seguro do mundo
para obedecer a Deus. Quatro dias de prisão, com prejuízo de serviço, de
leitura e de fumar. A prisão mais repressiva e mais severa que a caserna tinha
para dar a um indefeso soldado foi uma prisão celular. Sábado seguinte o
comandante não apareceu no quartel e tudo correu bem, não foram
perturbados, mas no sábado seguinte o chefe militar tinha dado ordem para
que ninguém faltasse a educação física e a instrução, e novamente os soldados
adventistas tiveram que se esconder nas baias para fugir a pressão violenta, e
da transgressão às leis militares. Encontrados pelo tenente da cavalariça, ele
avisou: “o comandante está furioso com vocês! Entrem na física”. Novamente
o Braff respondeu: “hoje é sábado, não posso ir”, e novamente o responsável
pela disciplina os meteu na cela.
O dia amanheceu como um lençol branco de geada que cobria do
chão aos telhados, na cela estava derretendo, o gelo e o frio. Sem agasalho
próprio era desesperador, mas a canseira da semana de instrução intensiva
superou o frio, e os dois dormiram no piso molhado. Depois do meio-dia os
condenados por causa da fé, estavam dormindo naquele piso gelado e o
comandante entrou despercebido e parou de cabeça baixa pronunciando um
psiu, psiu, o Braff, com sono mais leve, levantou-se e tomou posição de
sentido, igualmente seu cunhado que se acordara com o movimento, então
falou o oficial: “resolvi o seguinte com vocês: sábado de manhã devem assistir
a instrução e a tarde podem ir à vossa igreja”. O Braff agradeceu muito a
generosidade do comandante e ele disse: “então podem sair”. É que os
soldados reclamavam o direito de ir à igreja aos sábados. A primeira vitória
estava alcançada. Seu comandante de secção deu-lhes licença para ir à igreja
sábado de manhã e os dois soldados adventistas regozijaram-se com a
liberação do sábado como dia de adoração.
Eles deviam assistir na primeira hora da manhã à aula de educação
física e depois podiam ir à igreja. Só que o Braff assistia a educação física
como quem assiste a um filme de cinema, sem tomar parte ativa. Ninguém se
importou com isso. E aquela tempestade que parecia assolar a vida dos
soldados adventistas passou. Só que nunca tiveram domingo de folga, como
os outros soldados tinham. Porém isso, para os adventistas era recreação.
Logo que passaram os dias de geada e gelo daquele inverno, num dia
ensolarado surgiu do lado do Uruguai, na cidade de Rivera, uma nuvem
32
Biografia do Pastor Braff
escura, já bem a tardinha e aquela nuvem foi crescendo até que tapou o céu e
desabou o temporal sobre a terra. Mas não era nem vento, nem água, eram
gafanhotos que cobriam a terra. Os verdureiros que forneciam verduras,
hortaliças e frutas à cidade começaram a bater latas para espantar os famintos
insetos, mas eles saltavam da frente e sentavam atrás. Eram extremamente
devoradores e, raparam tudo, até as cascas das árvores, os campos ficaram
devastados como se a terra tivesse sido lavrada. Foi uma assolação para toda a
região atingida. Como os gafanhotos chegaram sexta-feira, antes dos soldados
adventistas saírem do quartel, eles foram fazer o culto do pôr do sol em casa
do Irmão Estanislau Kis, agricultor que morava na periferia da cidade. Ali ele
arrendava alguns quarteirões para plantar hortaliças, verduras e um pequeno
pomar - é o que ali chamavam de quintal. Ao chegarem a sua casa os dois
militares para receber o sábado, o dono da casa os convidou para acompanhálo à quinta coberta de gafanhotos que estavam repousando para iniciar a
devastação, sábado de manhã.
O Braff foi convidado para fazer a entrega de toda a plantação a Deus,
implorando o cumprimento da promessa feita em Malaquias 3:10-12. Na
oração, o soldado pedia que Deus cumprisse a promessa feita ao fiel dizimista.
Alegava que, segundo a declaração do irmão Kis, de que havia sido fiel nos
dízimos e ofertas até ali, e que Deus o recompensasse de acordo com sua
fidelidade, e logo os militares voltaram para o quartel e o irmão Kis foi
dormir. Sábado de manhã o irmão Kis levantou-se com a esposa e partiram
para Rivera, antes que os gafanhotos se mexessem e só voltou à noite, para
não se envolver com gafanhotos no sábado e porque havia confiado a Deus o
cuidado de sua quinta. Domingo de manhã o milagre! Enquanto os vizinhos
passaram batendo lata durante o sábado, o dia inteiro e ficaram com a terra
rapada até o chão, na quinta do irmão Kis os devoradores chegavam na divisa
e voavam por cima, e desciam do outro lado do vizinho rapando tudo, mas a
plantação do homem fiel nem uma folha foi tocada. A crise de verduras,
frutas e hortaliças, foi tão grande que ele não vendia mais na cidade, as
famílias abastadas, para ter preferência deram tanto pela mercadoria que
terminada a safra, ele voltou para São Paulo, comprou uma chácara na
periferia da capital e construiu uma vila, casas de aluguel, e de aluguéis viveu
os seus dias.
Muitos anos depois, numa Assembléia da União Sul Brasileira (antes
de ser dividida), no CAB – Colégio Adventista Brasileiro (depois IAE atual
UNASP) o Braff encontrou-se com seu velho amigo que ainda o reconheceu.
Ele o levou à sua casa e lhe mostrou a vila de sua propriedade que comprara
com o dinheiro trazido pelos gafanhotos em Santana do Livramento. Os dois
recordaram a maneira como Deus recompensara a fidelidade daquele que
confia nas promessas de Deus. Aquilo que foi maldição para os ímpios,
incrédulos; rebanho oponente; foi bênção para o fiel servo de Deus.
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SERVIÇO MILITAR COM SÁBADO LIVRE
Veio um decreto do Ministério da Guerra isentando soldado
adventista do serviço militar, e o Braff foi chamado pelo subcomandante para
lhe dar a notícia. Como já havia conseguido o sábado livre e perdido o ano
letivo, pediu para continuar nas fileiras do Exército. E aí ficou vivendo
conforme os ditames de sua consciência. Em outubro de 1933 Manoel
ingressou no curso de Sinaleiro-Telefonista, e no dia 19 de fevereiro de 1934
trabalhou consertando os telefones do quartel. No dia 2 de março ele foi
designado à função de Sinaleiro-Telefonista. No dia 22 passou pela prova
final. Trabalhou tanto na linha telefônica que era entendido, tanto no centro
telefônico como na sinalização. Foi declarado especialista naquela função. No
dia 23 o Braff foi escalado definitivamente como telefonista das manobras.
Agora as manobras o assustaram. “Nas manobras terei o sábado
livre”? era a interrogação. E, dirigindo-se ao comandante pediu-lhe dispensa
no sábado nas manobras, porém o comandante disse ser impossível, porque
as manobras são como se estivesse numa revolução. Pediu então para ser
dispensado das manobras e o chefe da tropa lhe respondeu ser impossível por
se tratar de um especialista. Dia 24 de março de 1934 era sábado. Vamos
deixá-lo falar em seu diário. “No dia 24, sábado, não pude ir à pensão tomar
meu desjejum porque havia formatura cedo, isto é, 7 ou 8 horas da manhã, o
guarda do quartel impediu toda e qualquer saída”. As 10 horas da manhã
todos entraram em forma, formou-se a parada pronta para a marcha, e
somente sábado de manhã é que pegaram o arreamento para a viagem. “Tive
que equipar a minha cela, pegar o cavalo e encilhar, mas não montei a cavalo e
logo desencilhei e tornei a guardar a cela equipada e depois fui à pensão e lá
soube que o Pastor Brow tinha visitado a igreja. À tarde quis visitar a igreja de
Rivera, mas o quartel estava em prontidão. Tive de ficar no quartel, mas não
fiz mais nada. Perto da noite pedi ao tenente Siqueira para ir jantar e ele disse
que fosse, mas voltasse em seguida. No entanto esperavam-nos na pensão até
entrar o sol e então voltamos sem ter jantado porque tínhamos pouco tempo
para estar de volta ao quartel. Logo que aí chegamos, iniciou-se o
carregamento de toda a bagagem para a estação ferroviária, tudo o que se
precisava para as manobras. Trabalhamos até as 11 horas da noite, vimos mais
uma vez a mão de Deus operando em nosso favor. Nosso sábado foi
respeitado”.
“No dia 25 de fevereiro de 1934, domingo, levantamos às 3 horas e
meia da madrugada e começamos a pegar os cavalos para embarcá-los no trem
nos vagões de transporte de animais. Concluímos o embarque ao amanhecer o
dia, e mais ou menos às sete horas da manhã partimos de Livramento com
destino às manobras de São Simão. Almoçamos em Rosário e em seguida o
trem deu sinal de partida e às 4 horas da tarde chegamos em São Simão.
Encontramos a Estação superlotada das tropas do Exército Nacional que
34
Biografia do Pastor Braff
participavam da manobra de tal modo que não foi possível desembarcar ali.
Portanto tivemos que ficar longe do local de desembarque. Seguimos para o
local que nos foi designado, no acampamento de São Simão, à margem
esquerda do Rio Santa Maria e logo começamos a armar as barracas”.
“No dia 26 de fevereiro de 1934, segunda–feira, trabalhamos o dia
inteiro em melhoramentos no acampamento. Fui escalado para a cavalariça e
passei a cuidar dos cavalos da bateria. Passei o dia comendo araçá no campo,
longe da cozinha. Dias 27 e 28 estivemos trabalhando no acampamento e nos
dias 1 e 2 de março concluímos os arranjos no acampamento e ficamos
aguardando ordens do comandante geral”.
No dia 3 de março de 1934 era sábado e o sargento Delfino, que era
espírita, via com maus olhos o Braff ter recebido dispensa aos sábados no
quartel. Decidiu obrigá-lo a prestar serviço aos sábados nas manobras,
escalando-o para cuidar da cavalhada naquele dia. O Braff vai relatar sua
própria experiência em seu diário das manobras em Saicam, repletas de
episódios. “No dia 3, sábado, o sargento Delfino escalou-me para a cavalariça,
e eu disse que não me apresentaria na parada. Eu estava na barraca quando me
avisaram da cilada que o sargento me armara e ele era meu chefe de secção. A
secção dos especialistas nas manobras fora confiada a ele”.
“Quando eu comuniquei ao sargento que não iria comparecer à
parada, ele mandou apresentar-me ao comandante, porém eu não me
apresentei, e fiquei até a tarde. Então o tenente Evaristo que estava de oficial
de dia me chamou para saber o motivo porque não me havia apresentado ao
comandante. Eu lhe disse que achei desnecessário visto o comandante dizer
que eu teria o sábado livre nas manobras. Então me mandou novamente falar
com o comandante e mais uma vez desatendi a ordem. Então começou a
discussão entre os soldados: uns achavam injustiça o que me estavam fazendo,
mas outros escarneciam. Então o tenente Evaristo chamou-me e disse que eu
dobrasse o serviço depois, e trocasse com outro e depois o outro trocasse
comigo no sábado. Eu disse que isso me servia, e então falei ao tenente
Evaristo que eu também podia entrar no serviço depois do pôr do sol, porque
então não era mais sábado para mim”.
“O tenente concordou que eu entrasse no serviço depois do pôr do
sol e assim fiz. Depois da entrada do sol recebi o serviço e tive que cuidar da
cavalhada desde as 9 horas da noite até às 12, quando cada um devia cuidar da
cavalhada apenas uma hora durante a noite. À meia-noite entreguei para o
meu sucessor, sem novidade. Logo que me deitei o sargento Delfino me
chamou dizendo que não havia ninguém na hora e a cavalhada estava fora da
mangueira e que eu fosse botar a cavalhada para dentro da mangueira, e desse
modo me importunou até que me levantei e fui chamar o cavalariço da hora e
era mentira do sargento, tinha um só cavalo fora, e isto porque o cavalariço da
hora queria tê-lo à mão para alguma emergência possível. Voltei para a barraca
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e disse ao plantão da hora que isso era perseguição. No dia seguinte o mesmo
sargento escalou-me para estafeta, dobrando assim o serviço. Fui enviado ao
3º G.A.P. (3º grupo de artilharia pesada), e lá passei a noite. No dia seguinte
segui como telefonista. Parti de madrugada para São Simão e lá fiquei
andando à toa. O sol era abrasador, almocei à sombra de um eucalipto. À
tarde saí para o campo, tomando posição de combate. Estendi a linha
telefônica e fiquei na linha de frente da batalha, na linha de fogo”.
“Nossa bateria deu seis tiros de canhão para o campo e seguimos para
Saicam, pousando no passo da Guarda Velha. De manhã toda tropa seguiu
para o campo e ali fizemos um bivaque (acampamento ao ar livre) sobre uma
coxilha. Partimos dali à tarde, mas as forças de frente começaram o combate
com canhão e metralhadora e ali passamos a noite. No dia 7 de março de 1934
a batalha continuou, mas de repente veio ordem para recuar porque o inimigo
ia atacar pela retaguarda e a bateria entrou em ação, sem se estender a linha
telefônica. As ordens eram transmitidas pelos sinais telegráficos visuais que
funcionam pelos braços com bandeiras nas mãos e perto de meio-dia veio
ordem de cessar fogo. Voltamos ao acampamento. Havíamos cumprido a
missão, a vitória estava ganha e podíamos voltar ao nosso quartel em
Livramento”.
“No dia 8, fui escalado novamente estafeta para o IRA C. A.V. (I
Regimento de Artilharia a Cavalo), pois lá vinha a correspondência para a
nossa tropa. Esperei a correspondência até duas horas da tarde e vinha a nossa
mala de correio. Voltei ao acampamento, e não fui mais escalado estafeta. Dia
10 de março, passei o dia na barraca sem ser molestado. A bateria devia voltar
naquele sábado para Livramento, mas pela providência de Deus um oficial
atrasou-se e a partida ficou para domingo. Aí vi, novamente a mão de Deus
me guardando no caminho da justiça. Deus não desampara nenhum dos seus
filhos que confiam inteiramente no Senhor. Dia 11, domingo à noite, chegou
o oficial e partimos para a nossa caserna, para encontrar com nossos
companheiros que haviam ficado. Chegamos a alvorada, ao romper do dia.
Dia 12 fomos fazer o desembarque da cavalhada na estação ferroviária
juntamente com o nosso equipamento de campanha”.
“Dia 17 de março de 1934, sábado, fui á igreja; foi uma grande alegria
encontrar os dois colportores que haviam estado colportando tempos antes
em Livramento, Orlando Pinho e Arno Schwantes, na igreja. Suas
experiências fortaleceram a fé dos irmãos tanto em Santana do Livramento
como em Rivera”.
“Neste sábado fui escalado para a faxina. Simplesmente não
compareci nem reclamei ao saber que não haveria serviço de faxina naquele
dia. Eu estava apreensivo esperando por baixa do quartel”.
Dia 19 de março veio o aviso: as baixas estavam suspensas até
segunda ordem. No dia 21 iniciou o serviço no quartel novamente.
36
Biografia do Pastor Braff
Finalmente no dia 28 as baixas que ainda estavam sendo esperadas se
dissiparam, veio ordem de suspendê-las totalmente.
Logo que voltou das manobras o Braff foi nomeado professor da
Escola Sabatina como era antigamente, juntamente com os dois colportores.
Dia 19 de abril de 1934, aniversário de sua partida de casa, foi um dia
de triste cena da recordação de choro e lamentações da esposa e seus pais e
irmãos, uma triste partida. Mas a sua esperança era que breve aquelas lágrimas
de um ano antes se converteriam em cânticos de alegria com a sua volta ao lar,
achando-se novamente no aconchego da família. Dali para diante a vida se
tornou rotineira no quartel. Saía da guarda e entrava na faxina, saía da faxina e
entrava de plantão, saía do plantão e entrava na cavalariça. Aos sábados ia à
igreja, passava a lição, recapitulação, história dos campos missionários, tomava
parte ativa em todas as programações da escola sabatina, na sociedade de
jovens, fazia visitas missionárias e dava estudos bíblicos nas casas.
No dia 30 de maio de 1934 passou a dar serviço de cabo. Manoel foi
escalado cabo de dia, o que supervisionava toda a atividade nos alojamentos,
mantendo ordem interna entre os soldados e a ronda durante a noite. Aí teve
mais folga, pois havia mais gente para o serviço. Dali em diante o quartel
tornou-se uma delícia, não mais houve perseguições. Todos respeitavam os
adventistas como gente correta, mas irredutível de princípios sadios e
inalteráveis; marcou história na I Bateria do 5° G.A. CAV. Em Livramento.
A BAIXA
1934:
Princípio de agosto - baixou do quartel.
No princípio de agosto a dupla adventista dava baixa do quartel como
reservista de primeira categoria, ufa! Que alívio! Podiam agora voltar para
casa.
Foi uma agradável surpresa quando Manoel chegou a seu lar. Eram
lágrimas de alegria. Chegou à noite, Em casa de seu pai, toda a família estava
reunida, fazendo o serão costumeiro e, rompeu uma serenata: “A tua porta
está alguém, abre-lhe, o batido sempre tem, abre-te”, etc., e logo disseram do
lado de dentro: É o Manoel e correram para abrir a porta. Foi grande a alegria.
Sua esposa Mercídia foi logo chamar o filho que já estava dormindo, ele
gaguejou um pouco e depois falou claramente: é o papai, reconhecendo-o pela
fotografia, revelado um rasgo de inteligência. Foi tomado no colo e não queria
mais se desgarrar de seu paizinho.
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1934 a 1945
VIDA PROFISSIONAL
EDUCAÇÃO FÍSICA
Em 1934 o professor Braff foi fazer um curso intensivo no Colégio
Adventista em São Paulo. Ao voltar do Colégio o professor foi convidado
para fazer um curso numa faculdade que o governo do Estado do Rio Grande
do Sul estava fundando em Porto Alegre. Era a Escola Superior de Educação
Física. O Braff, depois de fazer todos os exames exigidos e, munido de todos
os documentos matriculou-se num curso unificado de educação física,
desporto e fisioterapia. Um curso intensivo de vinte e duas matérias
(disciplinas), entre matérias práticas e teóricas. Só não participou da ginástica
rítmica porque era prática, naquela época, exclusiva do sexo feminino.
Também havia matérias exclusivas do sexo masculino. Os professores eram
especialistas, cada um em sua matéria. O diretor de fisioterapia era um médico
especializado em fisioterapia em Paris e na França era um profundo
conhecedor da matéria. O diretor da faculdade era um capitão a serviço da
Brigada Militar do Rio Grande do Sul, homem muito culto; o subdiretor era
um tenente, professor de futebol de grande gabarito médico, todos a serviço
do Governo do Estado.
O curso foi intensíssimo, muitos alunos desistiram durante o curso, e
dos que resistiram até o fim, uma turma de homens e mulheres foram
reprovados, outros desmaiaram de tanto estudar. No boxe, enquanto outros
colegas viviam cheios de hematomas no rosto, olhos, nariz inchado e roxo; o
Braff passou relativamente bem, sem novidade, mas no ataque e defesa teve o
desgosto de mandar um colega e amigo seu, professor da matéria, para o
hospital, com cinco costelas fraturadas na luta livre. Depois não foi fácil
arranjar alguém para os treinos; todos os colegas pensavam que o Braff tinha
muita força. Teve várias lutas de treinamentos, onde os colegas tentavam
quebrar-lhe um braço. É que com o sábado livre não podia perder nenhuma
aula e qualquer acidente o eliminaria do curso. Nas provas teóricas passou
muito bem e em todas as provas que fez deu conta do recado. O Braff era
mau jogador de futebol, mas foi suficiente para ser aprovado naquela matéria
também. Em natação, especialmente no salto ornamental não foi muito bem,
mas foi aprovado. No mais, foi um excelente curso. Não ficou lecionando na
faculdade porque não foi para isso que o Braff cursou aquela escola. Ele
estava comprometido com o Ginásio Adventista de Taquara, mas Deus o
estava preparando para outro mister.
38
Biografia do Pastor Braff
O professor Braff lecionou Educação Física um ano, mas ele tinha um
rival, pretendente à cadeira de Educação Física no Ginásio e o Braff foi
ludibriado e outro ocupou o seu posto. Terminou voltando ao trabalho em
escola primária. O professor aparentemente humilhado, seguiu o caminho que
lhe foi indicado; o compromisso que havia assumido com Deus era ir onde
fosse mandado. O professor não sabia porque Deus o mandara de volta para a
escola primária, mas Deus sabia, e isto para o Braff era o suficiente.
Anos depois, o Braff foi chamado novamente ao Ginásio Adventista
de Taquara para no ano seguinte receber um chamado para o ministério
(serviço evangélico). Quando o professor deixou o magistério para ingressar
no Ministério Evangélico julgou ter perdido tempo, energia e dinheiro. “Que
me adianta ter colado grau em Educação Física, se não vou exercer essa
função? Que me adiantam os conhecimentos de desporto e fisioterapia, e
portador de um diploma de Licenciado em Educação Física, se não vou me
envolver mais nestes misteres? Um curso perdido” pensava ele. “Mas, saber
não ocupa lugar; seria mais um campo aberto, desprezado e sem utilidade
alguma”, sussurrava consigo mesmo. É claro que ele reconhecia ter seus
conhecimentos ampliados sobremaneira, mas sem aproveitamento na prática.
Porém, num belo dia...
NOTA; O curso superior de Educação Física teria aplicação prática,
na parte de fisioterapia no fim do ano de 1975.
PROFESSOR BRAFF
Já em casa, Manoel fez uma plantação de cereais naquele ano para
seguir com os estudos no ano seguinte, aproveitando as terras férteis da
propriedade se seu pai durante os fins de semana e férias. Plantou milho e
feijão naquela primavera e com alguma mercadoria que trouxera de
Livramento deu para estudar no ano seguinte, 1935.
MERLINTON
1935:
17 de abril - primeira experiência no magistério.
Em 1935 o Manoel conseguiu voltar a estudar. Pouco depois do início
das aulas foi convidado a lecionar o curso primário do Colégio Cruzeiro do
Sul. No dia 17 de abril de 1935 foi sua primeira experiência no Magistério.
Durante sua vida lecionou por muitos anos, sendo professor-pastor e viceversa. Deus lhe abria a porta da oportunidade. No dia 20 de junho, seu lar
explodia em festa, era o segundo brotinho do casal. Um deslumbrante
menino, que devia ser esperto e inteligente e recebeu o nome de Merlinton. Já
nasceu gordinho, risonho e muito alegre desde a sua tenra infância. Dizia suas
piadas, mas explodia de risos antes de contar. Artista, desde a infância, talento
especial para pintura e música. Mas a oportunidade não o favoreceu. Seu pai,
39
pobre, com recursos muito limitados, sustentando uma família numerosa,
internou-o no IAE (antigo CAB e atual UNASP), mas tendo ele de colportar,
não passou em latim e revoltado abandonou os estudos e também a igreja.
Naufragou na esperança da salvação em Cristo Jesus.
O ano de 1936 foi o primeiro da experiência de Manoel no magistério
sozinho, cuidando também dos interesses da igreja e da obra missionária no
Alto das Dores, município de Tapes. Nas férias visitou Passo da Maria
Gomes, onde havia uma família idosa, cujo chefe estudava a Bíblia, família
hospitaleira, e ali se hospedou. Realizou uma série de conferência onde falou,
entre sermões e estudos bíblicos, 6 num dia. Fundou uma congregação dumas
20 pessoas, só faltando o batismo.
MIRTIE MARIZA
Terminado o tempo de férias, matriculou-se novamente no colégio
Cruzeiro do Sul, lecionando o curso primário daquele educandário, que
passou a chamar-se Ginásio Adventista de Taquara, hoje Instituto Adventista
Cruzeiro do Sul, e foi ordenado diácono da igreja do colégio. A 23 de maio
daquele ano, 1937, novamente o lar de Manoel estava em festa, desta vez
chegou uma formosa menina que recebeu o nome de Mirtie Mariza Braff.
Esta devia dar prazer ao casal Braff por sua firmeza na fé, mas foi a única que
não foi além do curso primário. Muito nova ainda empenhou-se em
casamento. Passou por muitas provações, mas permaneceu fiel. Braff lecionou
até o meio do ano e teve um esgotamento nervoso, não podendo continuar
no magistério, e sendo aliviado da carga, prosseguiu nos estudos até o fim do
ano letivo.
MENALTON
Em 1938 o Braff continuou os estudos no Ginásio Adventista de
Taquara, nascendo ali, no dia 23 de julho, seu quarto herdeiro, um menino
brilhoso, robusto e forte, recebeu o nome de Menalton, com muito talento
para a música e canto. Inteligência não lhe faltava, era brilhante sua carreira
intelectual. Mostrava muito talento na oratória e nele se concentravam as
esperanças dum ministério profícuo, porém com a puberdade veio o
desinteresse em assuntos espirituais e naufragou na fé, e até o presente não
manifesta interesse no caminho da vida.
1939:
Assumiu a direção da escola de Rolante - RS, fez curso
intensivo no Colégio Adventista de São Paulo, depois foi fazer os cursos
de Educação Física e Fisioterapia em Porto Alegre – RS.
Em 1939, Manoel assumiu a direção da escola de Rolante–RS e foi
ordenado ancião daquela igreja, no dia 5 de agosto; levantou a situação da
escola, estabilizou-a financeiramente e fundou uma sociedade de jovens na
40
Biografia do Pastor Braff
escola, e na igreja conseguiu harmonizar os membros da igreja em dissensões
que a muito haviam se retirado da igreja, pedindo sua exclusão.
FOTO DA ESCOLA DE ROLANTE
Ao centro, sentados Manoel segurando a Mirtie no colo,
Mercídia segurando Menalton no colo, Milton encostado no pai e
Merlinton encostado na mãe. Alunos da escola de Rolante.
Manoel era professor na escola e diretor da igreja. Entre a igreja e
a escola havia grande pátio.
MALDA MARLI
Nas férias, provavelmente em fins de 1939 e início de 1940 o Prof.
Braff foi fazer um curso intensivo de verão no Colégio Adventista Brasileiro
(de São Paulo). Enquanto esquentava as pestanas no curso, no dia 21 de
janeiro de 1940 nascia em Rolante (hoje fazenda Passos) a quinta florzinha de
rosa, prematura, que recebia o nome de Malda Marli. Esta enfrentou
problemas desde o seu nascimento; inteligente, mas insegura. Escandalizada
com reveses encontrados no caminho vacilou, deixou a verdade e meteu-se
em política. É professora de História, aposentada, não quis casar-se, ou não
achou com quem casar. Vive solitária em Imbituba, Santa Catarina. Quando
seu pai chegou de São Paulo, em casa, ficou surpreendido com a estatura da
garota, era tão pequena que parecia não se criar só com os cuidados maternos.
41
1941:
Diplomado pelos cursos de Educação Física e Fisioterapia.
Em 1941 o Braff diplomou-se na categoria de Licenciado em
Educação Física e Fisioterapia. Nesse mesmo ano, Manoel lecionou Educação
Física no Ginásio Adventista de Taquara, como membro do corpo docente
daquele educandário.
No dia 31 de dezembro era desligado do Ginásio Adventista, voltando
ao serviço, no magistério da Associação dos Adventistas do Sétimo Dia no
Rio Grande do Sul.
FOTO DO CASAL MANOEL E MERCÍDIA, COM
SEUS FILHOS EM SANTIAGO – RS
O casal Manoel João Braff e Mercídia de Oliveira Braff, a pequena
Malda Marli ao colo da Mamãe, Papai apoiando a mão sobre o ombro de
Milton, Mamãe apoiando a mão sobre o ombro de Merlinton e no meio Mirtie
Marisa e Menalton. Data provável da foto, início de 1942. Manoel com 31
anos e numerosa prole.
42
Biografia do Pastor Braff
No princípio de 1942 seguia para São Paulo, para o Colégio
Adventista Brasileiro, onde assistiu ao Curso de Verão, muito proveitoso com
orientação educacional e pastoral.
PROFESSOR E DIRETOR DE IGREJA
1942:
Princípio do ano muda-se para Santiago do Boqueirão - RS,
lecionou as quatro séries primárias, o curso de admissão ao ginásio e
datilografia, terminando às 23 horas, além de tomar conta da igreja.
No princípio de 1942, de volta do colégio de São Paulo, o ProfessorPastor segue de mudança para Santiago do Boqueirão – RS. Havia ali
perspectiva para a fundação de um colégio em regime de internato. O Prefeito
de Santiago havia prometido doar um terreno para um colégio agrícola; iria
ajudar na construção dos prédios e doar à Igreja Adventista e o Prof. Braff
seria o diretor da escola. Assim ele seguiu para Santiago confiando nessa
promessa.
Quem estava com o plano na mão era um tenente adventista do
Batalhão Ferroviário, sediado naquela cidade. O Batalhão foi transferido e a
promessa da escola não se realizou. Por isso o Prof. Braff ficou sozinho
lecionando o curso primário na escola adventista da cidade. Nesta escola,
Braff lecionou as quatro séries primárias, curso de admissão e ginásio à noite e
datilografia nas horas da refeição; às 7 horas; as 11 e à meia noite.
MALTON
Ali o casal foi agraciado com o nascimento do sexto filho e este filho
iria ser “a herança do Senhor”. Recebeu o nome de Malton, nascido a 1° de
junho de 1942. Desde tenra idade manifestou vocação para o cântico. Nos
programas da escola sabatina e em reuniões evangélicas punha-se ele sobre
uma cadeira para cantar solo, e seu pai dizia que ele iria dar o melhor cantor
da família. Desde cedo se consagrou a Deus, liderando a juventude adventista
da igreja onde morava. Na escola era um estudante vitorioso e decidiu estudar
Teologia. Os dois primeiros anos fez no IAE (antigo CAB – Colégio
Adventista Brasileiro, hoje UNASP) São Paulo e foi concluir os estudos no
Colanges, na França. Chamado para o Brasil ao terminar o curso, foi
escolhido para compor o quarteto da Voz da Profecia e deixou gravado cerca
de 300 hinos com o quarteto.
Enquanto cantava na Voz da Profecia, Malton recebeu um chamado
da Suíça para fazer um estágio naquele país, e de lá partiu como missionário
para as ilhas de Cabo Verde na África. Nove anos trabalhou na África,
primeiro em Cabo Verde, depois a Missão foi ampliada com sede em Dacar
no Senegal. Com a criação da Divisão África Oceano Índico, Malton foi
presidente da União Sahel. De lá voltou para a Suíça e é presidente da
43
federação Suíça Romande. Está com grande sucesso em terras européias, (ele,
sua esposa e seus descendentes).
MALTIMARÍ – RIO GRANDE
No dia 30 de janeiro de 1944, mais uma vez o lar dos Braffs estava em
festa, era a sétima da prole que despontava na encruzilhada da vida e recebeu
o nome de Maltimarí. Foi uma vida alegórica, era a última da semana familiar.
Como o sábado, o último dia da semana é o sétimo dia, dia de descanso, ela
também devia descansar das fadigas desta vida. Faltando 3 dias para o 1º
aniversário ela dormiu no Senhor para cair nos braços de seus pais no dia da
ressurreição por ocasião da volta de Cristo. Esta será salva por amor a seus
pais.
1944:
Transferido para Rio Grande – RS. Proibido de lecionar
datilografia, passou apuros financeiros.
Em 1944 Manoel foi transferido para a cidade de Rio Grande - RS
para dirigir os trabalhos da igreja e da escola florescente que havia ali. Em fins
de fevereiro partiu para aquela cidade. Nas férias foi convidado a substituir
um conferencista na cidade de Pelotas. Em meio às conferências sua esposa
que fora visitar nas férias os seus pais, perdeu a sétima filha Maltimarí e o
professor era forçado a deixar as conferências e seguir para a casa de seus pais
para consolar a esposa e sofrer ao seu lado.
De volta a Rio Grande em 1944, Braff empenhou-se no evangelismo
da sede. Procurava atingir com a mensagem todo o território de sua jurisdição.
A escola funcionava com superávit. Ele organizou uma bem sucedida
sociedade beneficente, organizou estatutos para a sociedade em que homens
podiam ser membros, criando ciúmes da parte de irmãos que, possivelmente
desejavam ter esse encargo disponível, o de diretora de Dorcas. Em 13 de
outubro de 1945 dirigiu uma série de conferências no Pontal da Barra,
município de São José do Norte, em Cucuruto. Ali ele falava aos pescadores
do canal da barra do Rio Grande. Proferiu palestra num galpão que servia para
armazenar cebola no tempo da colheita deste produto característico do lugar,
base da economia da região.
O Professor foi proibido de lecionar datilografia em 1944 e teve que
vender as máquinas (que o ajudavam a sustentar a família com seis filhos
pequenos). Então a vida ficou mais apertada ainda, porém na vida espiritual
levou vantagem, porque pôde dedicar-se mais ao evangelismo. Mas teve que
se submeter à desnutrição, e no fim do ano estava esgotado dos nervos, não
tendo mais condições de continuar no magistério.
44
Biografia do Pastor Braff
1945 a 1947
OUTRA PROFISSÃO
Manoel João Braff completou o curso superior de Educação Física; foi
professor tomando conta de escola primária (dos quatro primeiros anos
escolares) como professor único para todas as disciplinas das quatro séries
simultaneamente; estudou teologia em curso de férias; foi relojoeiro; foi pastor
evangélico da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
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APERTOS FINANCEIROS
A experiência vivida pelo Braff na cidade de Rio Grande fora dura
demais para que pudesse suportar. É como o 'caso de Elias: fugiu duma
mulher que o caluniou', tendo adesão de pessoas influentes da igreja.
1946:
28 de fevereiro - saiu de licença do emprego da Associação
Adventista do Sétimo Dia, procurou emprego enquanto deixou a
família com os pais (Paulo e Guilhermina).
Decidiu pedir licença por um ano para estudar e tratar de atividades
particulares, sem ter nenhum plano em vista que pudesse sustentar a família.
Dia 28 de fevereiro de 1946 foi seu último dia de empregado da Associação
Sul Riograndense e da IASD (Igreja Adventista do Sétimo Dia). E agora, o
que fazer? Decidiu-se empregar no comércio como viajante. Trabalharia por
conta própria, ganharia porcentagem e não teria problemas com a observância
do sábado.
Deus, porém, não havia chamado o Braff para ganhar dinheiro como
viajante. De maneira nenhuma poderia prosperar como viajante e no fim
fracassou o seu emprego. Requereu ao governador do Rio Grande do Sul para
preencher uma vaga num colégio estadual em Santa Maria, cadeira de
professor de Educação Física. A Secretaria de Educação Física estava
precisando de professor licenciado em Educação Física e o secretário
mostrou-se muito entusiasmado com o candidato. Pediu que juntasse ao
requerimento toda a documentação necessária para a nomeação, foto e cópia
de todos os documentos. De posse da documentação encaminhou para o
protocolo da secretaria. Até chegar à mesa de despacho do secretário
demorou muitos dias. Quando o secretário ia assinar a nomeação surgiu um
problema com ele e foi substituído por outro que imediatamente suspendeu as
nomeações; baixou um decreto, alterando o quadro de professores efetivos,
alterou a idade para as nomeações de professores e o professor Braff foi
atingido, sendo cancelada a sua nomeação.
O Braff não foi estudar para trabalhar para o Estado e Deus não lhe
permitiu desviar-se da obra para a qual fora chamado. Ele havia sido
caluniado. A ex-diretora de Dorcas o acusou de desonestidade na direção das
dorcas. Ele havia sido eleito diretor da sociedade, quando realmente devia ter
deixado para o sexo feminino dirigir. O Braff tinha tomado as rédeas da
direção para formar uma sociedade modelo e depois entregar às irmãs com
orientação mais avançada, uma sociedade operante. Mas foi mal
compreendido, e com isso renunciou a direção da sociedade e sofreu o
esgotamento nervoso. O caso foi levado para a Associação (direção geral no
Estado) e veio uma comissão tratar do assunto, e nada foi provado, mas não
lhe pediram perdão, e ele assim, não se dispunha a perdoar. Decidiu deixar o
46
Biografia do Pastor Braff
magistério e trabalhar por conta própria, mas não foi para trabalhar
independente que o professor foi chamado.
1946:
Aprendeu o ofício de relojoeiro.
Uma vez que as duas tentativas falharam, Manoel arriscou uma
terceira experiência: aprender o ofício de relojoeiro. E foi empregar-se numa
relojoaria, secção de concerto, em Porto Alegre. Levou a família para a casa de
seu pai. O fracasso parecia total. Aprender uma nova profissão? Era
desalentado também, mas não lhe restava outra saída. Nestas circunstâncias a
roça já não era mais opção. Sem terra, seu pai tinha vendido a terra que lhe
dera; sem casa, sem ferramenta, sem dinheiro e a esposa e seis filhos para
sustentar. Tentar a roça seria fracasso completo. Mas o professor não estava
disposto a perdoar seus acusadores, condição que se aplicou a si mesmo para
voltar ao trabalho de Deus. Parecia que o tentador levaria a melhor. O
trabalho no conserto de relógio dava par viver sozinho, mal e parcamente. Sua
família, os seus pais socorreram; Manoel continuou esperando dias melhores.
MANOEL RELOJOEIRO
1947:
Comprou oficina de consertos em sociedade com um colega de
profissão, trouxe a família para Porto Alegre - Vila Floresta.
Em 1947 o Braff fez sociedade com um colega de serviço que já era
profissional e compraram a oficina de conserto do comerciante. A situação
financeira melhorou e o Braff pode respirar melhor. Pouco tempo depois o
proprietário da relojoaria decidiu acabar com a oficina de concerto e desalugar
a sala da oficina e empregar seu ofício na relojoaria. Sozinho na oficina com a
condição de desocupar a sala o Braff abriu uma relojoaria e secção de
concerto por conta própria, trazendo a família para Porto Alegre. Localizado
na Vila Floresta, alugou uma sala num ponto estratégico e começou o
comércio com relógios.
Manoel alugou uma casa relativamente boa e em sua sala abriu uma
escola sabatina filial. Esta cresceu rapidamente, transformou-se logo numa
congregação florescente. Logo que o Braff saiu de Porto Alegre, iniciou-se a
construção da igreja; a segunda igreja da capital do estado. Depois que o Braff
foi ordenado ao ministério, veio a ser o terceiro pastor daquela igreja, Deus o
recompensara.
Como íamos dizendo, o professor Braff estava prosperando na vida
material como na vida espiritual e com isso a derrocada no magistério da
cidade de Rio Grande foi esquecida, e ele pode perdoar os que, querendo-lhe
fazer mal, fizeram-lhe muito bem, porque aprendeu uma lição muito preciosa:
vencer o desânimo, quando tudo vai mal. Confiar em Deus quando as
evidências parecem provar seu abandono e perdoar os perseguidores, mesmo
que eles não se arrependam e mantenham sua atitude hostil até o fim.
47
1947 a 1951
DE VOLTA AO MAGISTÉRIO
O RETORNO
Deus não chamou o Manoel para estudar em colégios e faculdades
para depois trabalhar numa relojoaria, conquanto estivesse agora muito bem
financeiramente; embora seus negócios se multiplicassem rapidamente, mas se
aproximava o fim de sua licença e ele teria que decidir: voltar ao magistério ou
continuar a vida no comércio. Tornar ao magistério seria equivalente a se
manter com um salário insuficiente para sustentar a família num mínimo de
conforto de vida, mas no comércio seria com o futuro financeiro promissor;
teria possibilidade de encaminhar a família para uma boa situação na
sociedade. Mas, Deus não o chamou para uma vida confortável.
Moisés foi chamado para sofrer com o povo de Deus e não para ser
no Egito um filho da Rainha, e o Manoel devia corresponder ao chamado que
Deus lhe fizera na roça por intermédio da cobra que Deus fulminou no
período de uma ou duas horas.
1948:
Findo o prazo da licensa, reingressou a serviço da Associação
Sul-Riograndemse da Igreja Adventista.
Manoel assumiu o compromisso de ir onde Deus lhe mandasse e ele
devia sustentar sua promessa até o fim, por isso avisou o secretário do
Departamento de Educação da Associação Sul-Rio-Grandense da Igreja
Adventista do Sétimo Dia que se dispunha a voltar ao magistério. O chamado
chegou quase tarde. Havia uma escola fechada por falta de alunos com dívida
a pagar. O último professor dessa escola tinha fracassado no ensino e a Igreja
(Associação Sul-Rio-Grandense) decidiu fechar a escola, já há tempo, e foi-lhe
dito que se quisesse reabri-la a Associação o apoiaria.
CAMPOS QUEVEDOS
1948:
17 de fevereiro - mudou-se de Floresta para Campos Quevedos,
São Lourenço - RS.
Sem mais delongas, e sem, nem ao menos consultar a Igreja, se ainda
estava de acordo em abrir a escola, o Braff tomou a mudança e partiu de
Floresta - Porto Alegre - RS, para Campos Quevedos, São Lourenço–RS no
dia 17 de fevereiro de 1948. Chegando ao local, a morada destinada ao
professor estava ocupada e a mudança foi descarregada ao relento na frente da
48
Biografia do Pastor Braff
igreja sob protesto do 'irmão' (membro da denominação religiosa) que morava
nos fundos da igreja. O caseiro que habitava onde devia ser a residência de
professor avisou o Ancião da igreja a decisão de não entregar a casa. Portanto
o Ancião da igreja levou a família do Prof. Braff para a sua residência, mas a
mudança ficou empilhada numa sala da casa que devia ser a do Prof. Braff,
cujo morador (caseiro) dizia: “não precisamos da escola, aqui não temos
alunos”.
O Prof. Braff abriu a Escola com dois alunos apenas, no dia 7 de
março, e dentro de poucos dias, isto é dia 10, já havia matriculado 21
estudantes, e os alunos começaram a aparecer cada vez mais até encerrar o
ano com 80 matriculados. Crianças vinham de longe para a Escola Adventista.
Foi realmente um sucesso, abrir uma escola fechada por falta de alunos e
superlotá-la. A igreja que não conhecia trabalho missionário abriu vários
pontos de pregação e firmou-se no caminho da verdade. O professor-pastor,
como era chamado, venceu.
MILDA MAILAND
No dia 22 de agosto daquele ano, 1948, seu lar devia celebrar a última
festa familiar, pois foi acrescida por mais uma garotinha que recebeu o nome
de Milda Mailand Braff. Esta vinha substituir a sétima filha que descansou
antes de completar um ano de idade, em casa dos avós no Rio dos Sinos,
quando Manoel e família ainda moravam em Campos Quevedos Milda veio
completar o ciclo familiar: oito filhos legítimos.
Campos Quevedos trouxe ao professor a oportunidade de provar que
Deus estava com ele, tanto na obra ativa; empregado em tempo integral, como
na reserva, trabalhando por conta própria. Seu ideal era trabalhar por conta
própria, mas não foi esse o compromisso assumido com Deus. Trabalhar
independente já é um passo dado para a independência que causou a derrota
de Lúcifer. Deus criou o homem dependente. A serpente nasce e se vira
sozinha, mas o homem nasce dependente, vive dependente e morre
dependente, tem que viver em sociedade, com raríssimas exceções. Deus
fundou uma sociedade no céu, os anjos. “Bendizei ao Senhor, anjos Seus,
magníficos em poder, que cumprissem suas ordens, obedecendo a voz de Sua
Palavra”. Salmos 103:20. A família do céu é dependente e a da Terra pode ser
independente? A independência forma outra unidade. E no Reino Universal
só existem duas unidades, a de Deus e a de Satanás. Toda a família no Céu e
na Terra que não pertence a uma unidade pertence a outra. O reino de Deus
tem que ser unido na Terra como é único no Céu. Quem se desassume, passa
para o outro rebanho. O reino de Satanás, oposto ao Reino de Deus não tem
união, porque ele é contra a união. Ele prima pela desordem, confusão e é
anarquista.
A igreja de Campos Quevedos estava se afastando de princípios que
norteiam a unidade Adventista no mundo, necessitando de orientação
49
teológica, quase uma disciplina, e a igreja despertou. Em 1949 caiu um raio no
depósito de combustível da indústria dum membro da igreja, onde estava o
motor que alimentava todo complexo industrial e em meia hora foi casa de
moradia, indústria e tudo ao redor pelos ares. Isto aconteceu cerca de meianoite, quando todos estavam dormindo. Milton, filho do professor Braff,
estava dormindo num galpão defronte a indústria e acordou-se com o
estrondo e correu a chamar o dono do complexo industrial, porém para salvar
apenas vidas humanas com roupas de dormir.
Os donos, que não concordam em devolver os dízimos, tiveram que
pedir dinheiro emprestado para levantar novo complexo industrial e, daí por
diante, do dinheiro que recebiam separavam fielmente o dízimo, para não
construir com dinheiro santo. Nas férias de 1949/50, o Braff assistiu a um
congresso de professores no Ginásio Adventista de Taquara depois das
Conferências Bienais. Em seguida foi para Porto Alegre e de lá viajou a
Patomé, onde morava João Pedro, seu irmão. Lá passou sábado e domingo,
depois voltou a Porto Alegre para se preparar para o regresso ao campo de
trabalho: Campos Quevedos.
GINÁSIO ADVENTISTA DE TAQUARA
1950:
27 de fevereiro - foi convidado para ser preceptor do internato
masculino do Ginásio Adventista de Taquara.
Na noite do dia 27 de fevereiro de 1950, o Prof. Braff recebeu um
convite da mesa administrativa para trabalhar no Ginásio Adventista de
Taquara como preceptor e professor. No dia 28 seguiu para Campos
Quevedos para buscar a mudança. Sábado, 4 de março, despediu-se da igreja
de Campos Quevedos. Domingo reuniu a comissão da igreja, dissolveu a
sociedade de jovens por falta de liderança, e dia sete partia para Porto Alegre e
dali para o Ginásio Adventista de Taquara. Dia 10 de março ele assumiu suas
funções de preceptor. Foi recebido no quadro de professores do educandário
no dia 1 de março de 1950. Lecionou Português, Ciências e Geografia. Foi
muito proveitoso o estágio para as lidas e responsabilidades que o
aguardavam. Foi um intrépido defensor dos alunos.
Nas eleições de 3 de outubro de 1950 o professor Braff foi presidente
de mesa, solucionando cada caso que aparecia.
1951:
15 de fevereiro - desligado do corpo docente do Ginásio
Adventista de Taquara e readmitido na Associação Sul-Riograndense.
No dia 15 de fevereiro de 1951, foi desligado do corpo docente do
Ginásio e, no dia seguinte readmitido na Associação Sul Riograndense da
Igreja Adventista do Sétimo Dia. Desde o princípio de fevereiro fora
50
Biografia do Pastor Braff
convidado a trabalhar nas férias para a Associação. Devia preparar o terreno e
levantar um tabernáculo na Rua São Pedro em Porto Alegre. Dia 9 de
fevereiro entrou em ação; sábado 17 de fevereiro, convidou os membros da
igreja central para terminar os trabalhos do pavilhão e ficou auxiliando na
Série de Conferências até 14 de março. Nesse tempo já sabia que não voltaria
mais ao Ginásio Adventista. Só não sabia qual seria o seu destino.
Dia 14 de março ao chegar à Associação o pastor Renato o convidou
a ir a Palmeira das Missões buscar uns documentos e sábado às 11 horas da
noite chegou a Porto Alegre, assistiu às Conferências à noite e segunda-feira
foi entregar os documentos ao pastor Renato e ele lhe deu ordem de
imediatamente mudar-se para Palmeira das Missões, para pastorear o distrito
recém criado.
51
1951 a 1954
PALMEIRA DAS MISSÕES - RS
RESIDÊNDIA PRECÁRIA
1951:
Fim de março - ordem de mudar-se para Palmeira das Missões
- RS, para pastorear um distrito recém criado.
No fim de março de 1951 o Prof. Braff recebeu ordem de
imediatamente mudar-se para Palmeira das Missões - RS, para pastorear o
distrito recém criado.
O Braff comprou uma casa, mas em más condições, necessitando de
uma boa reforma para ficar habitável. Quem estava na transação do negócio
era um irmão (irmão de fé) por nome Odilon Melo, dono de uma serraria
distante uns 20 km da cidade, lugar denominado Esquina de Jaboticabal ou
Jaboticabal.
Dia 27 de março o Braff deixou Taquara, seguindo para o novo
campo de trabalho, deixando internados no Ginásio seus filhos Merlinton,
Mirtie Marisa e Menalton. Manoel viajou em cima do caminhão da mudança,
com a família a noite inteira e chegaram às 13h30min do dia seguinte e o
motorista desmaiou ao descer do caminhão da mudança.
No município de Palmeira das Missões havia muitas igrejas adventistas
e famílias isoladas, mas na cidade havia apenas uma família semi-apostatada,
Rodolfo Schhwantes de profissão carpinteiro que recebeu o novo pastor de
braços abertos, e que se dispunha a ajudar o Braff para levantar a igreja da
cidade. De quando em vez, Manoel visitava Potreiro Bonito a 5 km onde se
encontravam mais duas famílias adventistas, carentes de orientação religiosa.
Ali funcionava uma escola sabatina, era o ponto de reunião mais próximo da
cidade. Chegando à cidade de Palmeira, o obreiro Braff foi morar na casa que
havia comprado em sua viagem àquela comunidade, e mais de meio ano
freqüentou, com a família a pé, aquele ponto de pregação. Era urgente a
visitação ao distrito, mas antes de viajar para o interior do município e região
circunvizinha de Palmeira, ele fez um contrato com aquele meio adventista
para fazer uma reforma na casa. Era uma casa de madeira com frente de
alvenaria, mas a reforma da casa levou muito tempo. Comprou uma bancada
velha, reformou para o salão de culto na sua casa. Nos fundos da casa fez um
amento para moradia e a frente ficou para salão de culto.
No dia 24 de novembro de 1951, o novo 'ministro' mudou a Escola
Sabatina de Potreiro Bonito para a cidade de Palmeira, para a casa que ele
52
Biografia do Pastor Braff
havia comprado e preparado. A casa servia como moradia e casa pastoral. Era
a igreja sede do distrito.
De 28 de março até 24 de novembro a casa esteve em reforma, quase
oito meses. Enquanto isto, o obreiro pouco parava em casa. Teve que
primeiro conhecer o distrito e as necessidades de cada igreja e congregação
para depois organizá-las para o trabalho e dar assistência onde mais carência
havia. Por isso a sede, de imediato não foi atacada, e os que faziam a obra não
estavam sob controle. Logo que o chefe do distrito mudou a escola sabatina
para a cidade os adventistas de Potreiro Bonito, aos poucos, foram se
mudando para a sede e Potreiro Bonito deixou de ser núcleo adventista.
Dia 26 de novembro de 1951 o pastor João Passos chegou para visitar
as escolas do distrito. O distrital (Manoel) levou o primeiro (João Passos) às
escolas de mais fácil acesso. Mas havia uma escola que o distrital ainda não
havia visitado por causa da distância. Em seu distrito não havia meios de
comunicação (transporte coletivo), o meio de comunicação convergia para
Passo Fundo. Havia uma estrada vicinal em péssimas condições que
contornava uma área indígena, mas não havia condução para ali, tinha que
atravessar um rio numa barca que por falta de movimento, praticamente era
inoperante, e o barqueiro era ocasional e morava distante na outra margem do
rio. Então viajar a cavalo por ali era impraticável.
ACESSO DIFÍCIL
O Braff não conhecia tal estrada. E agora! Tinham que visitar a escola.
O Braff sabia que na igreja do Lajeado dos Bugres, onde havia uma escola
adventista queriam visitas. Tinha um irmão que conhecia o caminho para
aquela casa de ensino. A escola situava-se no cimo de uma montanha rochosa
com fina camada de terra, mas muito rica em humos, daí o nome do lugar:
Campinas de Pedra. Então os dois ministros tomaram um caminhão e
rumaram para Lajeado dos Bugres. Depois inspecionaram a escola e passaram
o sábado com os irmãos da igreja. Dia 2 de dezembro conseguiram um guia
prático do caminho, arranjaram 3 cavalos encilhados em Lajeado dos Bugres e
partiram de manhã cedo para Jaboticabal, passando por um trilho no meio da
serra. Em Jaboticabal saíram na estrada de ônibus e continuaram nela até
Rodeio Bonito, uma vila sem adventista na margem do rio da Várzea.
Atravessaram o rio na barca e de lá, por uma estrada em más condições
chegaram ao Matão, onde tinha uma boa igreja. Ali passaram a noite, onde o
pastor Passos pregou à noite.
Dia 3 de dezembro de 1951 interromperam a viagem, realizando 5
reuniões no dia. No dia seguinte levantaram-se bem cedo para continuar a
viagem. O guia dirigiu-se para o mato bem próximo da igreja, era nos limites
da reserva indígena, mata virgem, sem se notar vestígios de ser humano. De
quando em quando se notava um trilho meio devassado e sabiam que era por
ali que passavam os caçadores indígenas. Os insetos vinham aos enxames e
53
penetravam pelo nariz, ouvidos, olhos e boca, numa loucura infernal. Tiveram
que tomar uns ramos folhudos e se bater todo o trajeto.
Os três viajaram 5 horas sem ver praticamente o céu. De vez em
quando aparecia uma fresta entre as árvores, que servia de passagem para um
raio de sol, até que chegaram num rio e então brilhou o sol. O rio estava com
as águas baixas e deu para passar o vau, mas do outro lado escureceu
novamente. Mais adiante duma colina deu para uma devassada à distância e ai
os três encheram-se de esperança que não estavam perdidos na mata. Logo
adiante deram num carreirinho que seguia na direção daquele devassado;
pouco depois estavam fora da mata e já se podia avistar a montanha sobre a
qual funcionava a escola e a igreja.
Ainda deu tempo de fazer uma reunião à tarde para tratar de negócios
da escola e à noite sermão. Dia 5 tiveram 6 reuniões com a igreja e pais de
alunos e dia 7 viajaram: pastor Passos para Porto Alegre e Braff para Palmeira,
aonde chegou dia 8. O resto do mês de dezembro o Braff atendeu várias
igrejas, mas especialmente a sede.
ATIVIDADES DISTRITAIS
Dia 17 de janeiro de 1952 o obreiro partia para um congresso para
ministros (pastores). O congresso terminou dia 24, e em seguida foram as
bienais, terminando dia 3 de fevereiro. Depois de desmontar e recolher os
aparatos usados, dia 6 o Braff entrou de férias. Dia 5 de abril, Manoel foi ao
Ginásio assistir a um congresso da Escola Sabatina; 2 de maio começou a
campanha da recolta até 31 de julho. Durante esse tempo, pouco tempo foi
dedicado ao evangelismo, a não ser visitando as igrejas para promover a
campanha da recolta e ensinar aos irmãos a prática da recolta. Onde quer que
o Braff recoltava, explodia os alvos dobrando e até triplicando.
Milton, seu filho foi o primeiro professor da escola de Palmeira, e ele
teve que buscar a esposa em Campos Quevedos, casou-se com Elza Felberg e
logo vieram para Palmeira das Missões. Logo ele seguiria para o Exército e ela
o substituiria na escola. Como Milton demorasse a chegar Manoel lecionou
em 22 e 23 de julho de 1952 e a escola cumpriu com o seu programa. A
prefeitura auxiliava a escola com uma pequena verba. O Braff manteve o
programa escolar até a chegada dos professores que chegaram dia 23 de julho.
Desde que ficou decidido criar o distrito de Palmeira das Missões já se
planejava ali uma série de conferências, porque aquela cidade era ideal para
sediar a Obra Adventista naquela região. Um dia o Braff, procurando um
salão que oferecesse condições mínimas para realizar tal esforço evangelístico,
chamou-lhe a atenção para um cinema velho, desativado, bem no centro da
cidade. Ele examinou no dia 22 de junho de 1952 e pediu para Rodolfo
Schwantes fazer um orçamento para se avaliar as possibilidades de alugá-lo e
fazer os reparos no prédio para se poder aproveitá-lo como auditório de
54
Biografia do Pastor Braff
conferências. Dia 1º de julho o orçamento foi aprovado, mas os trabalhos da
recolta retardaram os planos de reforma no prédio. Depois de tudo acertado e
encerrada a recolta, no dia 5 de agosto, tiveram início as obras de reforma.
No dia 26 de agosto de 1952 chegou o conferencista, pastor Araceli
Mello e orientou os últimos retoques e, no dia 31 do mês em curso iniciou as
conferências. O obreiro distrital, Manoel João Braff foi seu auxiliar, mas o
povo da cidade não correspondeu a expectativa e a frequência não foi
satisfatória e no dia 22 de setembro ficava o Braff sozinho com as
responsabilidades das conferências. Um mês e 3 dias o conferencista Braff
transferiu a escola sabatina para o salão de conferências, em outubro;
convidou os assistentes a observarem o sábado vindo a escola sabatina e foi
uma decepção, poucos vieram. Dia 28 de outubro de 1952 o Braff viajou a
Porto Alegre e dali ao Ginásio Adventista para assistir as reuniões especiais
sobre o Espírito de Profecia, dirigidas pelo pastor Arthur White, com provas
inconfundíveis sobre a vocação de Ellen G. White, sua avó, como mensageira
de Deus no grande despertamento adventista de 1844.
Foram reuniões super proveitosas para confirmar a fé neste
movimento. Dia 3 de outubro, Manoel seguiu para o Rio dos Sinos para
atender ao seu pai que estava passando mal. Levou-o a Porto Alegre e
consultou um médico. Entregou seu pai aos cuidados do médico e viajou para
atender o seu trabalho em Palmeira das Missões. Dia 7 o Braff convidou os
palmeirenses por boletim de convite, mas não houve reação. Então ele
encerrou o esforço público no dia 16 de novembro de 1952. As conferências
não alcançaram, de imediato, grande resultado. Algumas decisões se fizeram,
mas os candidatos mudaram-se antes do batismo e outros mais desistiram,
quando a conduta adventista se lhes tornou clara. Querem a salvação, mas não
o compromisso com Deus. Apesar disso, Manoel não se abateu, logo a obra
de Deus projetou-se na cidade e a igreja cresceu. A escola contribuía
grandemente para o progresso da igreja. O Braff fundou uma nova
congregação em Esquina Progresso, outra em Maria Preta, na costa do Rio
Uruguai, e outra em Volta Grande, perto de Alpestre.
PÉ DE GUERRA
Nestes últimos anos de seu ministério em Palmeira das Missões, no
dia 3 de janeiro de 1953, sentiu a maior tragédia no seu trabalho pastoral
numa igreja de seu distrito, Boa Esperança, no município de Vicente Dutra,
na época Vila Águas do Prado. Era uma boa igreja com florescente escola
primária, ativa no trabalho missionário. Muitos membros fiéis e bons
dizimistas, porém, Satanás trouxe seus conversos para dentro da igreja e eles
dividiram-se em dois grupos, com aproximadamente 20 pessoas para cada
lado, ameaçando-se mutuamente, todos bem armados em pé de guerra.
O plano deles era travar um combate na frente da Igreja Adventista. O
pastor Braff, como era conhecido, fez as diligências para descobrir as causas
55
da inimizade, porém uns diziam uma coisa, outros outra, mas o motivo certo
não conseguiu descobrir. O pastor Waldemar Ehlers e o pastor Braff fizeram
tudo para dissuadi-los do plano macabro que se propuseram, e sendo
baldados todos os esforços para estabelecer a paz entre as facções em luta,
interditaram a igreja. Eram homens que não levavam desaforos para casa,
demonstrando-se irredutíveis. Diante destes fatos, Ehlers e Braff seguiram
para a igreja juntamente com os que não estavam envolvidos no escândalo e
lacraram a porta da igreja, proibindo expressamente, por período de um ano
reunir-se alguém ali. Os fiéis deviam realizar a escola sabatina e outras
reuniões em casas particulares até que os sediciosos ou se convertessem ou
deixassem os fiéis em paz.
A escola ficou fechada e o distrito estava em luto. Uma florescente
igreja da jurisdição do indomável vencedor em tantas batalhas estava
derrotada pelas forças do mal. Ao Braff parecia que Satanás, dessa vez havia
vencido. Almas por quem Cristo morreu, agora estavam desprotegidas dos
ataques do leão que “anda ao derredor, bramando... buscando a quem possa
tragar” I Pedro 5:8.
A igreja, o refúgio dos crentes, estava fechada! Era um rebanho sem
pastor; rude golpe para quem estava iniciando seu ministério, e muito maior
para os membros fiéis que ficaram sem a sua igreja para se congregarem.
Havia ali um ferreiro muito fervoroso com sua esposa e uma filha adotiva que
não parecia muito crente e aquele casal se mostrava muito carrasco com a
menina. As suas leviandades eram reprimidas com maus tratos corporais. A
mulher, por sua vez, de vez em quando, vacilava na fé, e quando o Braff os
visitava tinha que acertar a família, porque o lar estava ameaçado.
ESCÂNDALO
Esta esposa era professora da Escola Adventista. Com o fechamento
da escola ela ficou desempregada e o pastor distrital (Braff) levou-a para a
sede em Palmeira das Missões, para lecionar na escola que abrira no Salão em
que funcionava a igreja local. O marido ficava em Boa Esperança e ela logo
começou a mostrar o seu verdadeiro caráter, não era mulher fiel, procurou
relacionamento íntimo com outros homens. Quando o escândalo já não dava
mais para esconder, pressionada, pediu demissão da escola e voltou para o
marido, e logo se mudaram de Boa Esperança. Quando iam saindo com a
mudança, os vizinhos saíram atrás jogando foguetes. Pouco tempo depois o
casal se separou e, segundo notícias que o Pastor teve, os três abandonaram a
verdade. São conseqüências do fanatismo. Percebia-se que o fanatismo deles
terminaria em naufrágio da fé.
No fim do ano, aqueles totalmente rebeldes abandonaram a igreja, e
outros se mudaram, e os verdadeiros adventistas aguardaram com ansiedade a
reabertura da igreja. Dentre os que estavam em pé de guerra, uma parte
humilhou-se e retornou como fiel membro da igreja dali em diante, e aqueles
56
Biografia do Pastor Braff
que procuravam uma desculpa para o seu abandono à comunidade não
voltaram mais. A crise provocara um peneiramento. No dia da abertura da
porta da igreja, o Braff convidou os membros para a festa da reinauguração da
igreja. Os fiéis que permaneceram, estavam todos reunidos na frente da casa
de oração. Era para todos um dia muito feliz, dia de festa espiritual, e estavam
todos reconciliados, unidos e reinava paz na comunidade. A disciplina coletiva
tinha dado certo, surtira o efeito desejado, mas, confessa o pastor, “nunca me
senti satisfeito com a medida tomada; pareceu-me uma violência neutralizando
outra” e acrescenta “não desejo a mesma sorte para nenhum dos meus
colegas”. Dali em diante, tratou de evitar toda violência. Palmeira das Missões
foi a base de seu ministério, um povo grandemente necessitado de orientação
espiritual. Eram praticamente ovelhas sem pastor, além disso, uma região
carente de estradas e de conduções difíceis, lugares de difícil acesso e os
adventistas muito espalhados. A preocupação do Pastor era evangelizar cada
região onde morava um filho da Luz.
Em 1953 o Braff lançou no ar 2 programas da Voz da Profecia, um
em maio na cidade de Palmeira e outro em novembro na cidade de Três
Passos, custeados com recursos locais. Sobre os batismos em sua jurisdição
ele não relatou em seu diário, uma vez que nem ele mesmo era ordenado para
ministrar este rito. Sempre que havia candidatos preparados o Braff solicitava
a vinda de um pastor enviado pela Associação para efetuar a cerimônia. Só
anotou batismos no fim do seu ministério em Palmeira, dezembro de 1953. Só
de uma viagem com Waldemar Ehlers houve 51 batismos em Palmeiras. No
seu último ano foram apenas 12. De sorte que seu ministério no primeiro
campo de trabalho foi muito intenso. Poucos auxiliares, e tendo de revisar
todo trabalho deles. Naquele distrito, antes da chegada do pastor Braff não
havia classe batismal, era forçoso orientar instrutores bíblicos para prepararem
seus próprios candidatos ao batismo, em conseqüência não tinha tempo para
ficar com a família.
O novo pastor viajava muito a pé (porque não existia condução e nem
estradas), no fim da jornada a igreja faminta se reunia sem que o Pastor tivesse
tempo, nem sequer para tomar banho ou alimentar-se. Dirigia um sermão,
logo após comissão da igreja ou saia com alguém fazendo visitas. Uma vez,
passou a noite até quase clarear o dia resolvendo problemas na igreja, e como
não desse mais tempo para dormir, viajou até o ponto do ônibus, chegando
pouco antes de sua partida.. Viajava a pé, a cavalo, de carroça, em cima de
carga de caminhão, no meio do pó, de trem e de ônibus quando isso era
possível. Dormia em galpões abertos quando a terra se cobria de um lençol
branco no inverno, agasalhado nos pelegos e lombilho de cavalo, enrolado em
capa molhada de chuva. Levava uma palavra de esperança e encorajamento
aos irmãos distantes e às igrejas longínquas. Com vinte igrejas e congregações,
além de membros isolados pesando sobre seu coração. De 1951 a 1954
Manoel João Braff percorreu de contínuo de sua jurisdição, solucionando
57
problemas, pregando, organizando grupos, igrejas e fundando novas
congregações até janeiro de 1954.
58
Biografia do Pastor Braff
1954 a 1956
CARAZINHO – RS
SÉRIE DE CONFERÊNCIAS
1954:
19 de fevereiro - indicado para abrir novo distrito (algo como
paróquia) em Carazinho – RS.
Dia 9 de janeiro de 1954 o Braff seguiu para Porto Alegre, depois de
entregar as finanças com os respectivos relatos na associação, seguiu viagem
para Rio dos Sinos, sua primeira igreja, para visitar seus pais, gozando de suas
férias. Dia 3 de fevereiro Manoel seguiu para o Ginásio em Taquara para
trabalhar na construção do pavilhão das conferências, dia 9 terminaram de
cobrir a última ala do pavilhão e dia 10 de janeiro começaram as bienais. No
fim, num encontro de obreiros, o pastor Braff foi cotado para abrir um novo
distrito em Carazinho e o pastor João Katwink foi apontado para substituí-lo
em Palmeira. Depois de desmontarem o pavilhão e dia 17 de fevereiro Manoel
viajou com o pastor Katwink para Palmeira. Dia 18 o pastor Manoel entregou
o distrito de Palmeira ao pastor Katwink.
Dia 19 de fevereiro de 1954, o Braff foi indicado para abrir um novo
distrito em Carazinho-RS. Imediatamente ele foi procurar uma casa para
alugar naquela cidade. Dia 23 ele voltou a Palmeira e já no dia 25 seguiu com a
mudança para Carazinho. Dia 28 de fevereiro ele procurou um salão para
realizar uma série de conferências. Dia 10 de junho teve início a campanha da
recolta. Foi feita a entrega do salão de conferências e a transferência de todos
os interessados nas conferências para o salão da igreja. Dia 20 de julho foi
escriturado o terreno da igreja e começa-se a campanha para constituir o
fundo de construção. Dia 24 de agosto, o suposto suicídio do presidente
Getúlio Dorneles Vargas veio trazer profunda consternação geral. Dia 14 de
agosto Paulo João Calbo, pai de Manoel passou mal. O Braff foi a Rio dos
Sinos visitar seu pai, e ele logo melhorou. No dia 31 de dezembro o Manoel
fez um programa de despedida do ano na igreja.
No princípio de 1955 o Braff chamou o pastor Antônio Nogueira
para batizar os interessados da série de conferências, e nesse ano o pastor
Braff começou a trabalhar em Santa Bárbara e preparou inúmeros candidatos
ao batismo. Não muito distante de Santa Bárbara havia uma igreja meio
adventista e meio metodista. É que os que ali se reuniam não eram nem
adventistas e nem metodistas. Construíram a igreja em sociedade e ali se
reuniam os sabatistas no sábado e os metodistas no domingo. Porém nem um
grupo nem o outro seguia os princípios de sua igreja. Era um grupo misto
59
apostatado. Quando a luz se mistura com as trevas, a luz se apaga e nas trevas
ninguém sabe para onde vai, cai no abismo sem notar o perigo, assim é todo
aquele que se desvia do caminho reto. O pastor Braff iniciou uma escola
sabatina entre eles, mas não pode dar assistência, logo entrou em férias e foi
interrompido o trabalho. A formação do grupo de Santa Bárbara e o cuidado
dos novos membros de Carazinho e um trabalho próximo a Rio da Várzea,
absorveram-lhe o tempo até maio, neste mês começou a recolta no distrito e
em cidades onde não havia pastor.
REVESES NA RECOLTA
O Braff trabalhou três meses recoltando (recolta é uma espécie de
coleta de esmolas para que o povo geral contribua na manutenção de serviços
assistenciais tocados pelos adventistas). e recoltou até a margem do rio
Pelotas. Em Soledade foi preso pelo delegado de polícia, por haver uma rasura
na credencial e foi proibido de recoltar na cidade, mas o pastor Braff, ainda
assim arriscou, desobedecendo a ordem, e numa ação relâmpago concluiu o
trabalho e viajou.
Com toda a perseguição, Manoel conseguiu explodir o alvo daquela
cidade; numa vila naquele município ele chegou a um comerciante forte da
praça e começou a apresentar o informe da Obra Adventista e aquele homem
o expulsou da casa comercial, porém o Braff não saiu e disse: “O senhor não
sabe o que eu estou fazendo, não lhe ofendi, o senhor não me conhece. Qual
é o problema? Vamos conversar!” e o homem pegou o revolver que tinha
numa gaveta do balcão e disse: “retire-se”. Aí mesmo é que o Braff não saiu,
ele guardou o revolver e pegou o metro de medir fazendas (tecidos) e o Braff
se aproximou dele dizendo: “não vou me retirar, eu quero saber o motivo da
sua ira. Que mal eu lhe fiz?” e então ele disse: “é que o senhor vem pregar
uma nova religião para mim. Eu sou católico, a mais antiga religião do
mundo”. - Respondeu-lhe o recoltista: “Quem lhe disse que a religião católica
é a mais antiga do mundo? Isto não é verdade, a religião mais antiga é a
adventista. O sétimo depois de dôo já pregava”, “Eis que é vindo o Senhor
com milhares de seus anjos”. “Milhares de anos antes de existirem católicos e
guardavam o sábado”. O homem respondeu que foi o padre que disse ser a
católica a religião mais antiga do mundo; disse o Braff, pois o padre se
enganou. Disse o comerciante: “então vou consultar o Papa, escrever-lhe uma
carta”. “Sim, é isso que o senhor deve fazer”. E deu-lhe o folheto da recolta e
o homem perguntou quanto custava e o recoltista lhe respondeu; nada, e foi
embora.
O objetivo do Braff sempre foi granjear amigos e solver dúvidas, mas
nunca mais voltou àquela casa, apesar de ter deixado um amigo ali.
60
Biografia do Pastor Braff
AUXILIAR DO PASTOR ARACELI MELLO
Princípios de novembro de 1955 o pastor Araceli Mello foi designado
para realizar uma grande série de conferências em Uruguaiana, com cinco
obreiros auxiliares e duas obreiras bíblicas, e o pastor Braff foi chamado para
compor aquela equipe e partiu imediatamente para o novo campo de trabalho.
O recém começado distrito de Carazinho ficou sem assistência pastoral e o
trabalho começou e parou. Oh! Quanta carência de homens que respondam
ao chamado de Deus! O pastor Braff se lançou de corpo e alma aos trabalhos
das conferências, distribuiu convites na quarta parte da cidade, auxiliados por
alguns meninos. Recebia a multidão que vinha assistir ao orador e visitava os
endereços dos que iam solicitando visitas e dava estudos bíblicos para quem
tinha interesse neles. O salão continuou lotado até o fim.
No fim da primeira semana de janeiro de 1956 o pastor Mello
convidou a assistência do salão para uma reunião da escola sabatina sábado de
manhã, depois de ter apresentado o tema do sábado. Dia 7, sábado apesar da
chuva, antes da reunião, estavam presentes quase 200 pessoas. A chuva não
impediu que o povo viesse. No dia 3 de fevereiro o pastor Mello e Gimenes
tiveram uma discussão com um pastor pentecostal e este, em nome do
Espírito Santo mandou o pastor Mello calar-se e ao chegar em casa, o pastor
protestante achou sua filha morta, e foi enterrada no sábado. Com o Espírito
Santo o homem não pode abusar! Ele é Deus.
Dia 6 de fevereiro de 1956 o pastor Braff viajou a Taquara e dia 8
auxiliou na limpeza do Ginásio para a bienal. Dia 9 atuou como secretário da
comissão de nomeação e dia 13 votação final dos relatórios. Dia 14 de
fevereiro ele foi transferido para Guaíba e dia 16 seguiu para Uruguaiana,
recomeçando suas atividades. Dia 10 de março havia 150 adultos na escola
sabatina. Dia 3 de abril Manoel foi a Porto Alegre visitar os seus familiares, e
resolver os problemas em casa e então voltou a Uruguaiana para continuar
trabalhando com seus candidatos ao batismo. Finalmente é marcado o dia 26
de maio para o primeiro batismo da série de conferências, e 69 pessoas
selaram o concerto com Deus pelo batismo e ficou uma multidão para
segunda oportunidade. Dia 29 o pastor Braff entregou seus interessados com
os não batizados ao Pastor Mello e no final de maio viajou para Porto Alegre,
para seu novo campo. Dia 1º de junho de 1956 começa a campanha da recolta
até 23 de julho e a partir daí o Braff entrou em férias. Dia 31 visitou seus pais
e dia 16 de agosto entrou em atividade em seu campo de trabalho e procurou
um terreno bem situado para construir uma igreja.
CASAMENTO DA MIRTIE
No dia 21 de agosto de 1956 o pastor Manoel Braff retornou à recolta
e continuou até 21 de setembro e daí em diante visitou o distrito. Dia 4 de
dezembro encontramos o Pastor ultimando a construção duma igreja em
61
Butiá, Tapes, e dia 22 foi a inauguração da igreja com a presença do presidente
da Associação, pastor José Rodrigues dos Passos. Dia 26 (de dezembro de
1956) foi o dia do casamento de sua filha Mirtie com Horaldo da Silva
Boeira, o casamento foi oficializado pelo pastor Nogueira.
62
Biografia do Pastor Braff
1956 a 1959
PASTOR BRAFF
ORDENAÇÃO
No dia 30 de dezembro de 1956 Manoel viajou para São Paulo, para as
quadrienais e congresso da União Sul Brasileira da I.A.S.D. Chegando a São
Paulo, imediatamente a caravana dirigiu-se ao Colégio Adventista Brasileiro
(C.A.B. atual UNASP.) E A 1º de janeiro de 1957 começou o congresso da
União, com representantes de quase todo o Brasil. Fazia-se presente o
presidente e o vice da Associação Geral (mundial). Foram reuniões muito
inspiradoras, fortalecendo a confiança no Espírito de Profecia. Ao terminar o
congresso, começaram as quadrienais num ambiente angelical, onde reinava o
amor e a boa vontade de todos os representantes da União. Todos os
delegados estavam unidos em apoio aos planos da Divisão para as eleições de
seus oficiais no próximo quadriênio. O êxito foi marcante no quadriênio que
estavam encerrando. Todas as instituições marcaram franco progresso. O
povo do advento avança em todas as direções, em todo o mundo, e na
Divisão Sul Brasileira, Deus esteve à frente de Sua obra evangelizadora.
Sábado, 12 de janeiro, o dia amanheceu alvissareiro no Colégio Adventista,
seria o dia mais feliz da vida de quem Deus provara e susteve em Suas mãos,
por mais de um quarto de século. A escola sabatina foi um chamado à
fidelidade ao Reino de Deus. O verso áureo era: “quem é fiel no mínimo,
também é fiel no muito, quem é injusto no mínimo, também é injusto no
muito”, Lucas 16:10.
1957:
12 de janeiro - Ordenação do Pastor Manoel João Braff.
Desde a escola sabatina, tudo foi uma inspiração a aguçar a decisão de
fidelidade aos princípios que norteiam o anjo da igreja de Laodicéia, neste
fagueiro dia de ordenação ao ministério. No dia 12 de janeiro de 1957 foi
realizada a cerimônia de Ordenação do Pastor Manoel João Braff. A virtude
da fidelidade devia nortear sua conduta, apesar das falhas humanas que
sempre o acompanharam. Satã foi sempre seu adversário implacável e na
batalha constante teve muitas vitórias, como também inúmeras derrotas. Se
não fosse a misericórdia de Deus e a graça de Jesus Cristo, teria sido engolido
pelo dragão. Quando caia nas malhas do inimigo, clamava por misericórdia e
perdão e avançava em seu propósito de fidelidade ao Deus que é fiel.
63
DISTRITO DE FLORESTA
Sábado à tarde realizou-se a inspiradora festa de ordenação, de cujo
ato o pastor Braff obteve forças para se livrar da tentação, mas lhe deu mais
senso de responsabilidade. A unção ao ministério aumentou-lhe a decisão de
maior fidelidade ao seu Criador, porém sua vida não se alterou
substancialmente, porém seu trabalho ampliou-se. Após as quadrienais,
começou o curso de verão no dia 13 de janeiro e no fim de fevereiro voltou
para Porto Alegre, ao seu campo de trabalho. Em seguida foi transferido para
o Distrito de Floresta. Seu primeiro batismo realizou na Igreja Central de
Porto Alegre, e foi eleito membro da mesa administrativa da Associação. A
igreja de Floresta nasceu duma filial que o pastor Braff, quando se recuperava
de um esgotamento nervoso organizou em sua casa e agora era o 3° pastor da
igreja.
O pastor Manoel Braff acompanhou o programa da filial até se
organizar em grupo, assistiu e tomou parte no lançamento da pedra
fundamental da igreja, e agora era uma ativa igreja organizada. Antes porém,
de pôr a casa em ordem, nova transferência. Não pôde concretizar nenhum
trabalho neste campo. Em Sarandi iniciou-se uma filial da igreja de Floresta,
pôs um barbeiro como diretor; também iniciou uma filial em Cachoeirinha e
colocou Breno Lara, estivador de Porto Alegre como diretor. Em Sarandi
promoveu uma campanha para angariar fundos para a construção duma igreja.
Em Matias Velho, formou-se uma nova congregação.
Com uma bem sucedida campanha de recolta em vários distritos,
chegou ao fim do ano de 1957. Foi eleita uma boa representação da igreja de
Floresta, com 22 delegados às bienais de 1958, que se realizaria no Ginásio
Adventista de Taquara. O pastor Braff trabalhou na comissão e o pastor José
Rodrigues dos Passos foi eleito Presidente. O pastor Braff deixou a mesa
administrativa da Associação.
CORREIÇÃO EM LIVRMENTO
O pastor Araceli Mello havia realizado no fim de 1957 uma série de
conferências em Livramento e deixou Plínio Rabello para continuar o
trabalho, mas Plínio pediu licença para tratar de assuntos particulares, sem que
houvesse decisões sólidas pela verdade (por parte do público assistente).
Interessados (nos assuntos da série de conferências) mal assistidos,
desorientados na doutrina, instruídos por quem não sabia instruir. Uma das
obreiras comia lingüiça de porco e relatava trabalho fantasma e estudos só no
papel. O pastor Braff foi mandado àquela cidade para substituir o pastor
Plínio. Ao chegar neste novo campo encontrou um trabalho totalmente
encruado e teve que reativar a série de conferências, sem auxiliar. Com a sua
chegada, uma obreira foi embora. A que ficou, descobriu-se carne de porco
no seu quarto e os relatórios fantásticos e quando lhe exigiam que mostrasse
64
Biografia do Pastor Braff
onde estava sendo realizado aquele trabalho, e a lista dos interessados para o
pastor visitá-los, confessou que não tinha vocação para trabalhar na Obra
Adventista. Então pediu sua demissão. (A citada obreira) havia arranjado
umas amigas mundanas e passava o tempo com essas amigas. O pastor Braff
pediu ao escritório da Associação o desligamento da obreira do quadro de
obreiros assalariados.
Um obreiro que o pastor Mello havia deixado para continuar
auxiliando no trabalho desistiu da obra poucos dias depois e o pastor Braff,
com muita dificuldade conseguiu alguns endereços, praticamente frios, e
trabalhou em cima do que conseguiu reaver, sem recursos para novos convites
ao povo. Ainda conseguiu preparar 14 candidatos e antes de batizá-los, nova
transferência.
Enquanto (o pastor Manoel Braff) estava trabalhando em Livramento
encontrou-se com o seu sargento do tempo que servira no Exército naquela
cidade. O ex-sargento, agora aposentado, disse ao pastor Braff que seu
testemunho, (atitude demonstrada) no tempo de soldado, foi o maior
testemunho de vida que alguém dera na caserna, reconhecido por todos que
dele tomaram conhecimento e (Manoel) foi o soldado mais exemplar do
quartel. Deixou um exemplo de fidelidade à Pátria e a Deus.
O pastor Braff reformou o salão de culto, construiu banheiros para os
membros da igreja. Até 20 de junho (de 1958) trabalhou na reforma do salão,
casa de moradia e banheiros, então foi recoltar. Depois se dedicou a preparar
os candidatos ao batismo que conseguia conservar na igreja. Queria encerrar o
ano com um bom batismo, e já cogitava dum terreno para construir uma
igreja no centro.
AUXILIANDO ARACELI MELLO
Nesse ínterim o pastor Mello aluga um salão na vila Niterói, município
de Canoas, na grande Porto Alegre, e chama o pastor Braff para seguir
imediatamente para Canoas a fim de ajudá-lo desde a estréia. O testa de ferro
tomou o trem e viajou a Canoas. Encontrou uma casinha ruim, mas dava para
morar uns tempos, enquanto estivesse em andamento a 'série' e correu a
buscar a mudança em seguida. Um pastor foi a Livramento e batizou 14
candidatos que estavam preparados; dos que ficaram para trás, não teve mais
notícias.
As conferências de Niterói começaram em novembro. Pouco
depois o pastor Mello adoeceu e teve que abandonar o trabalho, ficando o
pastor Braff responsável pelo trabalho, auxiliado por um obreiro aposentado
por invalidez, e o Braff quase se arrebentou trabalhando em visitas, estudos e
preparando conferências, publicando boletins e fazendo convites. Dia 1° de
janeiro (de 1959) o pastor Braff estava encerrando a série de conferências em
Niterói.
65
O desmaio que o pastor Mello teve no começo da série, atrapalhou
todo o trabalho e o resultado imediato não foi animador. O primeiro batismo
foi de apenas 6 candidatos, muitos candidatos ficaram para uma segunda
oportunidade e o pastor Braff teve uma grande decepção com o resultado.
Dia 2 de janeiro de 1959 o Braff entregou o salão e convidou a
congregação das conferências para o Templo Adventista de Niterói. No dia 3,
sábado a escola sabatina estava cheia de visitas, domingo teve um sermão
evangelístico e ele continuou com as visitas e estudos nas casas. Dia 18 (o
pastor) foi a Taquara e dali ao Ginásio assistir a um concílio dos obreiros da
Associação. Dia 23 o Braff regressou às suas atividades. Dia 27 recolheu ao
depósito as cadeiras e outros materiais da conferência. Dia 17 de fevereiro ele
entrou em férias.
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Biografia do Pastor Braff
1959 a 1962
SUL DE MATO GROSSO
DOURADOS
1959:
23 de fevereiro - convocado para mudar-se para Dourados - MT
(atual MS), onde foi supervisor de aproximadamente quarenta igrejas.
Aos 23 defevereiro de 1959 o Pastor recebeu um chamado para um
distrito (divisão territorial como paróquia) de Mato Grosso, hoje Mato Grosso
do Sul, com sede em Dourados, e dia 1º de março segue para Campo Grande
e dali para Dourados. Ainda chegou a tempo de matricular os filhos na escola.
Um campo com muitos desafios, com aproximadamente 40 igrejas e
congregações (apenas o Município de Dourados de então abrangia área que
hoje – 2007 – corresponde a dez municípios), todas carentes de auxilio
espiritual, atacados pelos reformistas que ameaçavam o rebanho de Deus.
Dia 11 de março o pastor Braff começou a visitar o campo de sua
alçada e dia 15 de março foi a Campo Grande, sede da Missão, para acertar
planos de trabalho, voltando terça-feira. Dia 21 de maio começou a recolta em
vila Brasil (atual Fátima do Sul) e 2 de junho foi a Campo Grande assistir a um
congresso e batizou 7 novos membros.
Dia 8 de julho de 1959 o casal Braff recebeu Maísa domo filha
adotiva, doada por seu pai Antônio Macedo.
Dia 13 o prefeito de Itaporã cedeu a escola para uma série de
conferências; o Pastor conseguiu um gerador elétrico e dia 19 começaram as
conferências de Itaporã, com muitos convites. O Pastor empregou duas
obreiras para auxiliá-lo e um ex-reformista que o pastor Braff batizara em
Campo Grande em princípio de junho, ainda com idéias farisaicas, precisava
aprender muita coisa para ser um ganhador de almas.
Dia 28 de agosto Alda, uma das obreiras é despedida a bem da
disciplina. Os reformistas atacam os interessados pelo adventismo e dia 28 de
setembro uma polêmica com João Tavares, obreiro dos reformistas, e este foi
a São Paulo chamar o seu campeão.
Dia 15 de setembro de 1959 Nélsia, a outra obreira particular do Braff
foi excluída da igreja e não pode continuar a ser obreira, por exigência do
presidente da Missão; seus auxiliares devem se converter primeiro pra depois
trabalharem (na conversão) de outros. A Nélsia foi uma grande e imprudente
perda que o Braff sofreu, mas continuou sozinho com as conferências.
67
Dia 24 de setembro chega a cúpula reformista de São Paulo, fogem de
polêmicas e dirigem reuniões caluniosas na sua igreja contra a igreja
Adventista do Sétimo Dia. Dia 5 de outubro saiu a polêmica entre Afonso e
Giácomo Molina. Afonso derrotado em Vila Brasil propõe suspender o
debate. Porém, em parte, o diabo alcançou seu objetivo: neutralizar o efeito da
série de conferências. Dia 8 o pastor Nigri prega na conferência e dia 9 há
mudança das reuniões da escola pública para o 'nosso' salão. Dia 1° de
novembro o pastor Braff encerrou a série de conferências.
CASAMENTO DE MERLINTON E NÉLSIA
Dia 12 de novembro de 1959 o casamento de seu filho Merlinton com
Nélsia, sua ex-obreira bíblica.
15 de novembro 1° batismo (resultado) das conferências com 9
pessoas. Dia 28 houve congresso de jovens em Dourados. Nos intervalos (o
Pastor) deu estudos bíblicos, muitas visitas e viajou pelo distrito sem
descanso, sete dias por semana. Não era trabalho servil, mas a obra do Senhor
onde é solicitado fazer o bem no sábado. Preparou e batizou 55 almas, além
das que não puderam ser batizadas por problemas familiares e por morosidade
nas decisões.
Em Itaporã converteram-se duas famílias que pertenciam a uma
congregação espírita chamada Sã Doutrina, observadores do sábado, à moda
deles, naturalmente. Eles pediram para que o Pastor Braff entrasse em contato
com o apascentador, chefe daquela doutrina, equivalente a pastor nas igrejas
evangélicas, e o pastor adventista esquivou-se de entrar em contato com a
seita espírita, enquanto fazia planos para nova série de conferências.
O SONHO
O pastor Manoel João Braff pensava em começar uma série de
conferências num sítio perto da igreja da seita Sã Doutrina, porém o caráter
espírita daquela gente lhe causava temor; sabia que era mexer no ninho de
Satanás. O Espírito de Profecia adverte: “Ao discutir com espíritas, porém,
não se defrontam com homens, mas Satanás e seus anjos; põem-se em
comunicação com os poderes das trevas e animam os anjos maus que os
rodeiam” Test. Seletos Vol. 1, Pág. 413. Estando a ponderar sobre o assunto
dormiu e sonhou e eis que estava em sua terra natal, em casa de seus pais, no
meio de um espiritismo, também sabatista. No sonho seguia um caminho
perto da casa de seu pai onde se criara, exatamente onde os vizinhos diziam
ter visto muita assombração. O jovem Manoel ia tranqüilo seu caminho
quando surgiu a assombração; era uma espécie de anãozinho de forma
desconhecida e o jovem correu de medo, e quanto mais corria, mais corria a
assombração. De repente parou e disse: “Nunca tive medo de assombração,
porque estou correndo dela?” Parou e a assombração dissipou-se. Ao acordar
estava gravado na mente: “isto é o espiritismo da Sã Doutrina que estou com
68
Biografia do Pastor Braff
medo de enfrentar; pois agora é que vou dirigir a série de conferências, Deus
está me dizendo que não devo correr desses espíritas”. E começou a fazer
planos, arranjar salão, consertar o motor, convites, etc.
O pastor Braff visitou o apascentador Yôyô e teve uma palestra
amigável com ele. Teve que atender antes o distrito, dando ceia, batizando e
solucionando problemas. Dia 20 de janeiro de 1960 foi assistir a um congresso
em Campinas no Instituto Adventista Campineiro e dia 10 de fevereiro
mandou concertar o gerador elétrico.
Dia 12 de março de 1960 o Pastor inaugurou igreja em Liberal e
continuou a construção da igreja de Itaporã. Dia 17 de março foi feito o piso
igreja e logo começaram as reuniões na igreja.
Dia 25 houve reunião da mesa (administrativa) em Campo Grande;
conferência na aldeia dos índios. Malton, seu filho fica responsável pelas
projeções e o Pastor tem que correr, os pedidos de visitas urgentes se
sucedem. Ele ia para casa somente para trocar de roupa.
O APASCENTADOR
O Braff toca o trabalho evangelístico em todas as frentes. O
presidente da Missão exige itinerários e o comprometimento dele pelo Pastor;
porém ele não dá conta dos pedidos de auxílio. Como cumprir os itinerários?
E não atende a exigência. Dia 15 de maio começou a passar um filme e
encerrou em 30 de maio. Foi provocado por um pastor batista para uma
polêmica que só foi possível atender no dia 14 de dezembro por Diomar. O
pastor Braff assistiu. O Braff não tinha tempo, e nem gostava de fazer
polêmica, mas encarregou seu auxiliar que ficara em Dourados a fazê-lo.
No dia 23 de maio de 1960 foi o início das conferências em Panambi,
ninho da Sã Doutrina. O pastor Braff e Diomar se hospedaram em casa de
Francisco Guilhermino, um membro da Sã Doutrina.
Dia 28 o Pastor fez o primeiro batismo e deu santa ceia à tardinha.
Francisco Guilhermino pediu para participar da ceia e tomou parte com os
membros batizados. A Sã Doutrina de Barreirão provoca para uma polêmica e
Diomar topa. No dia 1° de julho segue para Barreirão e dia 2 o Pastor se
dirige para lá, mas o chefe recuou e desistiu.
Dia 7 o Braff entra em polêmica com o apascentador Yôyô. O Pastor,
diante do ambiente hostil da Congregação deles, se dá por vencido para
grande triunfo deles. Dia 9 Yôyô procurou o Braff em casa de Guilhermino e
lá discutiram até depois da meia-noite. Então ele se deu por derrotado, e
perguntou ao Pastor, porque não havia apresentado o assunto na polêmica lá
em sua igreja? O Pastor explicou que o ambiente não era propício. Ele pediu
outra polêmica, e no dia seguinte novamente Yôyô é derrotado.
69
Começa-se um trabalho intensivo de visitas e estudos com os
membros daquela seita, muita gente se converteu. Dia 19 de agosto termina a
recolta e o Pastor deu muitos estudos para firmar os novos crentes. A 2 de
setembro toma o gerador elétrico e seu auxiliar Diomar e segue para
Douradina, arranja um salão improvisado, instala o gerador e dirige sua
primeira conferência. Dirige as reuniões até o dia 8, quando é chamado a
Dourados para atender aos preparativos para uma grande série de
conferências em Dourados pelo conferencista da União, pastor Geraldo de
Oliveira. Dia 10 Geraldo realizou a primeira conferência. Dia 28 de setembro
o Braff foi nomeado presidente de mesa para as eleições de 3 de outubro,
onde reinou perfeita harmonia.
O Braff organizou uma escola sabatina com 25 membros em Porto
Vilma, onde poucos meses antes não havia nenhum adventista, no dia 29 de
outubro foi organizada outra em Ponte Seca. Ele organizou uns 15 grupos de
escola sabatina, todos com pessoas recém convertidas, necessitando de
orientação total, o que forçava o Pastor a viajar continuamente, visitando,
orientando, dando estudos bíblicos e fiscalizando o trabalho em cada grupo.
EMPREGADO PATRÃO
O pastor Braff batizou em 1960 150 almas e teve um auxiliar, Diomar
P. dos Santos que ele pagava com os seus recursos, provindos de economias
forçadas no lar, até 8 de setembro. Ajudou pouco tempo o pastor Geraldo e
logo saiu, e se lançou no trabalho sem tréguas para não perder o que havia
começado. O ninho de Satanás foi desmantelado. O diabo não pode persuadilos, mas pode perseguí-lo.
Os filhos do Pastor começaram a dar problemas à igreja, e o Pastor
começou a ser criticado porque seus filhos não davam bom exemplo.
Membros da igreja começaram a reprová-lo em público. O conferencista
influenciado pelos perseguidores uniu-se a eles. O pastor Braff, para não
ampliar a desavença teve que justiçar a família, isto é, suspendendo da
comunhão da igreja, provando-se mais tarde serem falsas as acusações; mas
com isso a semente da incredulidade foi plantada, tornando-se inerradicável, e
no ano seguinte as perseguições recrudesceram a ponto do Pastor se dispor a
aceitar uma transferência. Tudo porque o Pastor mexeu no ninho de Satanás.
Quando no sonho enfrentou a assombração, esta fugiu, mas foi atacar os seus
filhos. A luta foi renhida contra satã, mas a vitória foi grande.
GRANDE DEBATE
Eis aqui a história do debate: Foi no dia 22 de maio de 1960 que
Diomar e Braff tomaram um motor a gasolina com gerador elétrico e
rumaram ao Panambi, vila Osvaldo Cruz, iniciando ali uma série de
conferências com projeções luminosas. Teve uma excelente frequência todas
as noites. Porém não se fez esperar a reação do apascentador da Sã Doutrina.
70
Biografia do Pastor Braff
Logo desafiou para uma polêmica em sua igreja. Era a luta contra a
assombração do sonho; o pastor Braff não era um visionário, intérprete de
sonhos, porque isso ele considera superstição. Mas no próprio sonho lhe foi
dada a interpretação e ele entendeu se tratar de uma ordem divina para não
deixar aquela gente nas trevas.
Teve a convicção e agiu de acordo com ela. Agora ia enfrentar o
espiritismo no seu ninho, exatamente como foi no sonho. Sua igreja era um
salão rusticamente preparado para as sessões solenes; todo o ambiente parecia
dominado por Satanás. Yôyô mostrou-se gentil no trato, recebeu-o e
apresentou a sua congregação que se mostrou satisfeita na esperança de ver
um pastor adventista derrotado por seu campeão que dizia nunca ter
quebrado sua “espada”. Terminadas as saudações, explica a razão do
encontro, e dá a palavra ao visitante que fala sobre a volta de Jesus. Antes de
terminar sua palestra Yôyô interrompe: “não é sobre isso que nós queremos
ouvir! O nosso assunto é sobre o Espírito Santo”, e discorreu à moda dele
sobre o assunto. Na réplica o pastor adventista esqueceu-se onde se
encontrava um texto sobre o Espírito Santo; o apascentador vibrou,
proclamando-se vitorioso e foi motivo de grande alegria para a congregação
ali reunida. O apascentador chamou: “Mulher, trás um chazinho para nós” e
logo o chazinho chegou interrompendo o estudo. O pastor adventista aceitou
o chazinho com toda a cordialidade como se o fim da polêmica tivesse
atingido todo recurso dos seus conhecimentos. Saiu como se despede de
campo uma equipe de futebol goleada por 5 a 0. Porém, saiu com tanta
naturalidade como se nada tivesse acontecido. A perda da batalha, sem
nenhuma reação da parte do pastor adventista impressionou o apascentador e
em seguida procurou o Braff para uma entrevista particular, à noite, onde o
pastor se hospedava, na casa de um membro da Sã Doutrina, Francisco
Guilhermino. Chegou à noitinha e logo entraram no assunto, num ambiente
mais propício. Discutiram os parcos conhecimentos que a inspiração revela
sobre a personalidade do Espírito Santo, ao menos revela quem Ele não é.
A Sã Doutrina ensina que o Espírito Santo é o espírito do membro de
sua igreja que morre; o espírito dele vai aos pés do Pai e volta ao mundo
transformado em espírito santo. Ao provar para aquele homem a natureza
mortal da criatura humana e só Deus possui a imortalidade e ainda que, Deus
é o único possuidor da natureza imortal, que o Espírito Santo é a terceira
pessoa da Divindade; já depois da meia-noite, Yôyô exclamou: “a minha
espada quebrou”. Então perguntou ao pastor Braff: “Porque o senhor não
apresentou isto no dia da polêmica?” O Braff respondeu: “Porque o ambiente
não era propício, e o assunto não seria aceito”. O apascentador replicou: “não,
o senhor precisa dizer isto à minha igreja. Precisamos ter nova polêmica.
Agora! Se prepare porque eu irei apresentar o assunto com todos os
argumentos que tenho. Vou atacá-lo com todos os recursos disponíveis na Sã
Doutrina, e se eu for derrotado novamente, proclamarei: a minha espada
71
quebrou, e a seguir, proclamarei a Igreja Adventista como a religião
verdadeira. Sei que meu pessoal se revoltará contra mim, mas irei enfrentá-los,
direi: a Sã Doutrina está errada e de hoje em diante sou Adventista”.
BATISMO DE 150
Dois dias depois, nova reunião convocada por Yôyô e o pastor
adventista também. A discussão foi renhida, o homem parecia inspirado por
Satanás, fez tudo para não se entregar, porém atacado por tosos os lados
sobre a divindade e o Espírito Santo, e sobre o erro dum espírito defunto
sobrevivente. O Braff provou a mortalidade de alma e, espírito fora do corpo
ser apenas ar, o homem exclamou: “A minha espada quebrou”. “Eu vos
ensinei o que havia aprendido, mas estava errado! A Igreja Adventista é a
verdadeira igreja. De hoje em diante sou Adventista do Sétimo Dia”. Então
parecia o demônio solto e o povo gritava: “puf, puf fogo, puf, puf fogo! Vá
prus quintos do inferno”. Mas depois de muito choro e ameaças ao seu
campeão , foram se rendendo aos poucos, até que depois de muitas visitas a
seus lares, toda aquela congregação, com exceção de duas famílias, todas
aceitaram a verdade, inclusive os dois apascentadores e foram batizados. O
pastor Braff batizou naquele ano (1960) 150 almas. Naquele ano alcançou o
clímax de seu ministério em batismo. Foi o recorde de toda a sua história em
batismos como resultado direto de seu trabalho, e Satanás o perseguiu com
calúnias até que o Braff foi removido de seu campo de trabalho, para um lugar
onde outras feras humanas o aguardavam.
Dia 25 de dezembro de 1960, o Braff partia para as quadrienais da
União Sul Brasileira. Tomou parte na ordenação de 11 novos pastores e dia 1°
de janeiro teve início o congresso, sendo encerrado dia 2 com a Santa Ceia
para o corpo de obreiros presentes. Foi um congresso de reconciliação entre
os pastores da ceia (sem que se soubesse de qualquer divergência entre eles,
era uma confraternização). União no ministério, eis uma urgente necessidade
para o progresso na evangelização local, nacional e aos confins da Terra;
unidos em doutrina e em normas de vida.
De volta a Dourados no dia 7 de janeiro de 1961, o Pastor reinicia
suas atividades, confirmando os crentes neófitos (crentes que se batizaram
recentemente ou estão se preparando para o batismo), vindos da Sã Doutrina.
Dia 14 de janeiro o Braff organizou a escola sabatina de Ponte Seca, perto de
Dourados, com 21 alunos matriculados. Em Carumbé, no dia 7 de fevereiro
organizou mais uma escola sabatina com 13 membros. De volta a Dourados
recebe a notícia de sua transferência para Três Lagoas - MT, às margens do
Rio Paraná, limite com São Paulo. As novas congregações ainda não tinham
liderança em condições de se dirigirem por si. O Pastor não podia ainda sair
daquele distrito, mas o seu voto foi ir onde for chamado, e dia 11 de fevereiro
despedia-se da igreja de Dourados. Dia 17 de fevereiro de 1961 parte
totalmente contra gosto, triste por deixar seus queridos irmãos engatinhando
72
Biografia do Pastor Braff
na fé, para enfrentar os impiedosos ataques de Satã, o inimigo implacável dos
servos de Deus.
TRÊS LAGOAS – MT
1961:
17 de fevereiro - segue de mudança para Três Lagoas - MT
(atual MS).
Dia 17 de fevereiro de 1961 o pastor Braff viajou para Campo
Grande, e a 'mudança' seguiu pela viação férrea para Três Lagoas – MT. O
pastor Artur L. White estava visitando a Missão Mato-Grossense. O pastor
Braff assistiu duas reuniões com ele; visitou Paulo Rockel, um amigo do
tempo de estudante no IACS em Taquara, sentiu-se reanimado com o
companheirismo de seu velho colega e maior amigo do tempo das bases
educacionais. Dia 20 o pastor Braff e sua família seguiram seu destino para o
novo campo de trabalho: região de Três Lagoas, onde pessoas não convertidas
o aguardavam. Dia 23 de fevereiro chega a mudança na estação ferroviária.
No dia seguinte, sexta-feira, retirou a mudança e passou o sábado
desacomodado (casa desarrumada). Domingo arranjou a bagagem, mas não
pode pregar (falar ao público) à noite, e dia 28 de fevereiro iniciou suas
atividades pastorais.
Dia 11 de março o Pastor viajou a Campo Grande para assistir a
reunião da Mesa Administrativa da Missão. O pastor Nigri estava dirigindo
uma semana de oração. Dia 13 o Pastor visita o Hospital do Pênfigo e no dia
seguinte viajou com o pastor Oscar Lindquist a Aquidauana, Guia Lopes,
Jardim e Bela Vista, em recolta e visita pastoral até as nascentes do Rio Apa,
divisa com o Paraguai, e de lá o pastor Braff voltou pelo 'distrito' de
Dourados, passando por Ponta Porã, Dourados, Itaporã. Em Ponte Seca o
Braff batizou 12 pessoas de seu trabalho ainda, e seguiu visitando Vila Brasil
(hoje Fátima do Sul), Porto Vilma, Rio Brilhante, Campo Grande. A reunião
da Mesa, aprovou suas férias e dia 27 vai a Três Lagoas. Sábado, 1º de abril à
noite, dirigiu uma social (lazer de brincadeiras com civilidade) com a
mocidade. Dia 10 de abril Braff entrou em férias e viajou para CAB (Colégio
Adventista Brasileiro, hoje UNASP) em São Paulo, com Mercídia e Maísa, e
dois dias depois ao Rio Grande do Sul; lá visitou seus filhos, irmãos e parentes
em Porto Alegre. Dia 3 de maio chega em casa com Malton seu filho.
Dia 6 de maio de 1961 o pastor Braff organiza a sociedade MV
(Missionário voluntário) de Três Lagoas. Depois da recolta no distrito inicia
uma série de conferências na Ilha Comprida. Dia 12 providencia a planta da
escola. Dia 17 começa o gabarito da escola (marcação das fundações). Dia 19
começa o alicerce e continua com as conferências na Ilha Comprida.
Trabalhou na construção da escola e dirigiu conferências até 24 de maio.
Confiou as conferências ao irmão Antônio e partiu para Campo Grande, e de
73
lá para seu distrito de Dourados. Viajou pelo distrito, dando Santa Ceia,
oficiando casamentos e batizando; nessa virada batizou 20 pessoas. Dia 16 de
junho voltou a Três Lagoas e dia seguinte começa a semana de oração da
juventude.
UM SUSPEITO
A construção da escola provocou ciúme no ex-diretor da Congregação
que se tornara adversário do Braff. Ele imaginava que seria o empreiteiro e
ganharia muito dinheiro na empreitada. Ele era encanador e viraria construtor;
como a tarefa foi confiada ao Pastor, ele tratou de perseguí-lo. Dia 4 de junho
de 1961 arrombou a casa do pastor e roubou o dinheiro da construção que o
Braff havia tirado do banco para custear as despesas da construção até sua
volta de Dourados, valor esse entregue a seu filho Malton que ficara cuidando
da casa nas férias do CAB (atual UNASP). No dia 4 o invejoso roubou o
dinheiro e culpou o Malton. Quando o Pastor chegou de viagem a situação era
muito tensa, sentia-se que Satanás tinha invadido o lar do Pastor na sua
ausência, e que na igreja havia gente traiçoeira. Apesar de ter encontrado uma
situação tensa em sua igreja quando voltou de Dourados, o pastor Braff
iniciou uma semana de oração, encerrou a semana dando a Santa Ceia e dia 25
de junho começou uma classe batismal. No dia 27 o Pastor seguiu para
Campo Grande, para as Bienais da Missão. A 2 de julho voltou à sede e dia 6
comprou 2.500 tijolos, e tocou a construção.
Em 24 de julho de 1961 começou a campanha da Recolta e encerrou
dia 5 de novembro com muita interrupção. Em 16 de agosto recomeça a
construção da escola e as paredes começam a subir. Dia 25 de agosto Jânio
Quadros renuncia a Presidência da República e a família Corrêa da Costa
revolta-se contra o Pastor. Este, no dia seguinte, procura saber o motivo. O
problema está com a família, mas voltam ao culto domingo, porém com
atitudes hostis.
A política está tensa e a igreja também. O Rio Grande do Sul está em
pé de guerra. O Pastor é desacatado por uma irmã do Antônio. Dia 2 de
setembro Braff suspende suas filhas das reuniões e dia imediato Jango toma
posse do governo do país e dia seguinte Antônio Corrêa da Costa pede
demissão de seus cargos da igreja. Sábado o Pastor submete seu pedido à
igreja e é votada a sua demissão, ficando suspenso de suas atividades. Os
trabalhos da construção progridem. Dia 11 de setembro Antônio Júnior filho
de Antônio é metido na prensa pelo Pastor, e assume a responsabilidade pelo
roubo da escrivaninha do Pastor. Foi assim: No amanhecer do dia 11 o Pastor
disse à esposa: “Já sei quem roubou o dinheiro da construção da escola, foi o
Toninho e eu hoje vou ter a prova”.
De manhã, escuro ainda, logo que o Braff terminou de falar à esposa,
alguém bateu à porta; o Pastor levanta-se e vai atender o chamado; era o
Toninho, vinha buscar um rolo de gravuras que seu pai havia deixado na
74
Biografia do Pastor Braff
igreja; o Pastor o manda entrar e fecha a porta e põe o rapaz em confissão.
Ele a princípio nega, mas diante da firmeza do Pastor, dizendo: “não abro a
porta sem você confessar”, ele confessa assumindo a responsabilidade. O caso
vai para a polícia e o Toninho é pressionado pelo delegado de polícia e
confessa ter sido ele o autor do roubo. O pastor Braff vai em seguida a
Campo Grande entregar o dinheiro ao tesoureiro da Missão que ordenou que
entregasse ao Pastor em Três Lagoas. Dia 27 de setembro de 1961, diante de
duas testemunhas devolveu o roubo. Dia 9 de outubro, o Pastor descobre que
o construtor fugiu e vai à olaria e descobre que o construtor roubou 6.000
tijolos enquanto o Pastor estava viajando, vendeu o tijolo e deu no pé. Dia 10
leva o caso à polícia, mas não aparece nenhuma notícia, inclusive levou ainda
sua bicicleta. No dia 21 batiza em Itajá, estado de Goiás, 3 candidatos seus ao
batismo que haviam se mudado de Três Lagoas para Itajá, antes da data do
batismo, enquanto o Pastor estava viajando.
No dia 8 de novembro chega de Campo Grande uma comissão para
atender as acusações contra a família Braff, e ele é intimado por ela a
comparecer perante a União em São Paulo. Lá o Pastor faz sua defesa e prova
a inverdade das acusações. O acusador termina reconhecendo sua falsidade e
pede perdão; o Braff lhe promete perdão condicional, que não volte a
caluniar, e ele não aceitou perdão com esta condição. O Braff recebeu carta
branca da União para pacificar a igreja, e com isso em mente o Braff voltou a
Três Lagoas. Procurou os revoltosos e propondo reconciliação, com exceção
de uma velhinha, todos se regozijaram pela mensagem de paz. No dia seguinte
começa a semana de oração dos adultos e encerra a semana com uma Santa
Ceia; quase toda a igreja participou. O Braff, porém, pediu transferência de
Mato Grosso à União.
No dia 7 de dezembro de 1961 começou a instalação elétrica na
escola. Dia 30 de dezembro o Pastor convocou uma comissão de nomeação.
Sábado à noite a comissão elabora seu primeiro relatório que é impugnado
pelo Antônio e domingo volta o relatório à Comissão de Nomeação, porém,
como nenhum dos acusadores do Braff comparecesse à comissão, o relatório
foi confirmado no dia 3 de janeiro de 1962. A família Corrêa da Costa ficou
em silêncio, e dia 6 o pastor Braff deu posse à nova diretoria, sem participação
da família Corrêa da Costa. Dia 16 de janeiro o Pastor viaja para Dourados
para se certificar duma acusação, alegando estar a igreja de Dourados contra
ele, e recebeu apoio integral daquela igreja. Fim de janeiro, as suas férias
terminaram e volta a Três Lagoas; em fevereiro prepara material para uma
campanha a fim de angariar fundos para terminar a escola, mas ninguém lhe
dá apoio, e a 20 do corrente mês dirige à Missão um pedido de transferência
de Três Lagoas; quer acabar com a desavença na igreja; a barra era pesada
demais. O Braff venceu porque das acusações nada puderam provar. Não
eram Adventistas que o perseguiam, mas os demônios que reinavam na Sã
Doutrina.
75
Deus permitiu vir a prova (teste), mas não permitiu que o Pastor
sucumbisse com ela. O pastor Braff tinha conhecimento que seu rival vivia em
pecado, mas com as relações estremecidas não quis dialogar sobre o assunto
para evitar maior choque. Quando uma ferida está muito irritada, não é
friccionando-a que se cura e sim, aplicando um curativo, um penso na ferida.
Porém, foi forçado a pedir uma sindicância por parte da União. O (furto)
dinheiro que o adversário do Pastor tirou de sua casa 'devia' contribuir para a
paralização da obra na escola; e aquele homem foi de queda em queda até a
exclusão da igreja, o que o Pastor não queria, pois ele é uma alma por quem
Cristo morreu; no fim foi um naufrágio moral e religioso, juntamente com
seus comparsas iludidos. Em conseqüência o progresso da Igreja Adventista
em Três Lagoas ficou empanado, e o trabalho do pastor Braff encerrado em
Mato Grosso do Sul.
No dia 1º de março de 1962 o Braff começou a escrever um livro
sobre o amor. Trabalho que não concretizou, por estar aguardando uma
oportunidade que não voltou mais. Dia 10 de março seu adversário procurou
fazer amizade com o Braff. Foi bem recebido em sua casa e fez algumas
visitas em companhia do Pastor, talvez com planos de fazer alguma cilada,
mas Deus o protegeu.
76
Biografia do Pastor Braff
1962 a 1965
JOAÇABA - SC
TRÊS GRANDES DISTRITOS
1962:
16 de abril - mudou-se para Joaçaba - SC, para pastorear três
distritos.
No dia 16 de abril de 1962 o Pastor foi de mudança para Joaçaba - SC,
atendendo um chamado para pastorear 3 grandes distritos.
Antes de o Pastor terminar a construção da escola adventista de Três
Lagoas - MS; apesar de já estar em condições de transferir as reuniões do salão
alugado para a sala de aula, e desalugar a casa de moradia, cujos donos não
renovavam mais o contrato de aluguel, tanto da moradia como do salão de
reuniões; veio um chamado de Santa Catarina para o Pastor, pastorear o Oeste
do Estado. Eram 3 grandes 'distritos'. Dia 16 de abril de 1962, carregou a
mudança para a estação da estrada de ferro e no dia seguinte viajou para São
Paulo. Passa o sábado na sede da União Sul Brasileira e dia 22, domingo,
segue para Joaçaba – SC.
Os demônios da Sã Doutrina conseguiram afastar o servo de Deus de
seu território. No dia seguinte, dia 23, o pastor Braff chegou à sede do novo
campo. Joaçaba é uma próspera cidade do vale do Rio do Peixe em Santa
Catarina. A família Braff hospeda-se em casa de Carlos Zukovski em
Grafunda até chegar sua mudança de Mato Grosso do Sul, e de lá o Braff
dirige as atividades pastorais na cidade, até dia 8 de maio. Então retira sua
mudança da estação Herval Velho para a Rua Getúlio Vargas, 312 em Joaçaba,
e dali, ele dirige suas atividades em 3 'distritos' com apoio amigo do Dr.
Hoffman.
Em Caçador fica o ministro licenciado Dorvalino Ribeiro e o 'distrito'
de Chapecó com Herald Dicter Link e o distrito de Joaçaba com Manoel João
Braff; (esses são) campos dos desafios gerais.
Dia 25 de maio de 1962 tem congresso dos MV em Caçador. Com a
parte ativa no programa No dia 28 voltou a Joaçaba e 29 seguiu para Lages,
onde ficou recoltando e dirigindo um programa pastoral de 15 dias, em 19 de
junho volta a Caçador. Os reformistas estão bombardeando Caçador e o Braff
veio orientar a igreja contra a heresia da reforma, e no dia 29 confronta-se
com os reformistas.
No dia 10 de julho de 1962 começa a recolta até 1° de outubro, nos
três distritos; recolta, Santa Ceia, batismos, e no dia 4 vai a Porto Alegre.
77
Batizou 12 pessoas na igreja central de Porto Alegre e no dia 6 tinha eleições:
federal, estaduais e municipais.
De volta ao seu campo de trabalho, o Pastor se prepara para uma série
de conferências em Luzerna; em 28 de outubro tem início das mesmas; no
meio da palestra em Luzerna o Braff recebeu ordem para procurar o salão
Tangará para outra série naquela cidade; confia o encerramento das
conferências e consolidação dos interessados a um pregador voluntário de
Joaçaba.
Após sua última conferência, dia 11 de novembro de 1962 o pregador
voluntário vai ao salão das conferências e anuncia o fim das conferências e
fecha o salão. O pastor, ao tomar conhecimento, segue para Luzerna, mas era
tarde demais, ele tinha desalugado o salão, e abandonou totalmente os
interessados. Foi um fracasso total.
O DESAFIO
Dia 20 de novembro de 1962 o pastor Braff encontrou um salão
dependendo de uma reforma. Tudo preparado para iniciar a série no dia 15 de
dezembro. Porém o inimigo é muito astuto: mandou um obreiro da reforma
para atacar a igreja de Caçador e provocar o Pastor para uma polêmica para
começar dia 9 de dezembro, durante uma semana. Os convites prontos e o
salão dependendo de muito serviço ainda; fizeram contrato escrito. Os
reformistas e os adventistas reunidos para assistir a pugna entre os dois
contendores. Só valeria como prova a Bíblia e testemunhos autênticos e o que
saísse fora desse trato o juiz mandaria parar e entregar a palavra ao outro, e
ambos assinaram o contrato em duas vias com testemunhas. O pastor
Dorvalino ficou alarmado. “E agora! As conferências?” O pastor Braff
acalmou, dizendo: “não se preocupe, a polêmica não sairá; de acordo com o
contrato ele já perdeu o confronto, ele foi desarmado antes da luta. Nestas
condições ele não pode discutir, já está derrotado”; e o Braff foi dormir
descansado na casa do distrital.
Domingo, antes do amanhecer, alguém bateu à porta, o pastor
Dorvalino levantou-se e abriu a porta, era Nelson do Prado, que vinha pedir
para suspender a polêmica, porque ele não estava preparado, queria chamar
um polemista de Curitiba ou São Paulo, mas veio especialmente anular o
contrato. Os adventistas não concordaram; a polêmica sai hoje de acordo com
o contrato, diziam eles. Nelson desesperou-se e pediu misericórdia e os
pastores exigiram com dureza o cumprimento do que ele havia assinado, e
fecharam a porta, no fim assinou sua incompetência para realizar a polêmica,
então os pastores o deixaram sair. Nelson sumiu da cidade e a congregação
reformista se esfacelou. No dia seguinte os pastores adventistas partiram para
Tangará a fim de concluir os preparativos para a série de conferências.
78
Biografia do Pastor Braff
Os reformistas não usaram testemunho autêntico para combater os
adventistas porque examinando o contexto se descobre a farsa de seus
argumentos e a tradução adulterada para acomodá-la ao sentido que eles
querem dar em seus ataques, e além dos testemunhos violentados, eles se
estribam em revistas, igualmente mal interpretadas, apresentam tudo torcido
para a acusação.
No dia 6 de janeiro de 1963, o plebiscito do sim ou não.
Parlamentarismo ou Presidencialismo. Vitória do não; e o Brasil ficou com
João Goulart, sob regime Presidencialista.
As conferências em Tangará seguiam todas as noites até dia 12 de
janeiro, quando Braff convidou toda a assistência para o culto divino sábado
de manhã e dia 16 foi a última conferência. A assistência foi entregue a um
jovem recentemente formado em Teologia, que não conseguiu segurar a
assistência. Em conseqüência não deu o resultado que se esperava. O pastor
Braff adoeceu e só dia 26 voltou às atividades no distrito. As conferências de
Tangará enfrentaram dura oposição. A cidade e região era uma verdadeira
fortaleza do romanismo por ser formado na maioria esmagadora de elementos
de origem italiana, muito carola. Dia 4 de janeiro o padre dormiu ao lado do
quarto do pastor Braff, provavelmente com intenção de agredir, mas Deus
velava por seu servo.
A esposa do prefeito do município era adventista e ele deu certo apoio
moral às conferências, mas o povo, incitado pelo padre queria expulsar o
pregador. Até o juiz se meteu na briga; publicaram boletins chamando o
conferencista de falso profeta, enganador, lobo devorador; apesar de tudo,
levantou ali uma igreja. O Pastor conseguiu um terreno e iniciou a construção
do templo. Dia 10 de fevereiro de 1963 o Braff seguiu para as Bienais em
Curitiba, especialmente para o concílio regional de obreiros que para lá foi
convocado.
TRABALHO INCONCLUSO DESANDA
Após as férias, o Pastor recoltou em quase metade do Estado de Santa
Catarina; recebeu um prêmio de mais bem sucedido recoltista da Missão.
Encerrada a recolta começa a dar estudos e duas congregações evangélicas que
haviam perdido a liderança e se dispunham a passar para outra denominação
religiosa que os atendesse, filiaram-se a outro rebanho.
Quando o Braff estava com uma congregação já decidida, iam
começar a guardar o sétimo dia, sábado, chega uma ordem da Missão para
auxiliar Harald Dicter Link em Xanxerê numa série de conferências que
praticamente não deu resultado positivo. A outra congregação que o Pastor
tinha começado a dar estudos e havia prometido passar filmes, e ia procurar
um salão apropriado, onde o mais indicado era a escola; ficou de voltar logo
para falar com a diretoria num dia de semana, pois domingo era dia
79
impróprio. Os chefes ali ficaram muito interessados nos estudos, prometendo
dar todo o apoio à iniciativa, mas quando o Pastor chegou em casa, veio a
ordem para viajar ao 'distrito' de Chapecó par auxiliar o Dicter em Xanxerê
com urgência e o Braff seguiu imediatamente sem visitar as congregações,
aquela que tinha decidido guardar o sábado foi entregue a um pregador
voluntário de Joaçaba que abandonou os interessados e eles passaram para a
Assembleia. Dos outros não teve mais notícias.
O Braff teve uma experiência amarga em Mato Grosso do Sul por não
atender uma ordem vinda da Direção do Campo e agora não queria repeti-la.
No Mato Grosso do Sul não abandonou seus interessados em troca de uma
série que não teve êxito, apesar de ser excelente o conferencista de quem seria
auxiliar na sede de seu distrito. O Braff continuou seu trabalho com as
pessoas que haviam despertado e batizou naquele ano seu recorde anual,
ficando muita gente para o ano seguinte, mas caiu da graça de seus amigos e
foi transferido de campo, o que não devia ter acontecido. Agora em Joaçaba,
não perdeu o prestígio, mas perdeu mais de 50 almas que a Igreja Adventista
deixou de acolher.
Quando um obreiro tem um trabalho em meio caminho, a
administração não devia tirá-lo sob hipótese alguma, sem concluir o seu
trabalho. Esta foi a experiência amarga do pastor Braff em todo o seu
ministério. Deixar o trabalho inacabado é um desastre para as almas que estão
sendo encaminhadas; porque se os adventistas não recolhem ao redil, vêm
outras igrejas fazê-lo e se perdem na voragem do engano, nas heresias do
dragão. Se não for para terminar o trabalho, é melhor não começar! No fim
do ano voltou a Joaçaba, mas era tarde demais. Não houve mais oportunidade
de reaver o perdido.
Os três distritos estavam sem assistência pastoral. Era necessário viajar
sem perda de tempo para atender quase um terço do Estado. O pastor Braff
não está aqui recriminando ninguém. Ele se sente culpado por todos os
infortúnios em que não germinou a obra começada. Ele concordava em
relatar seu trabalho em números para fins estatísticos, porém não escrevia o
que estava fazendo. Isto prejudicou todo seu ministério.
A administração não sabia de nenhum de seus empreendimentos, a
não ser em Dourados, onde seu trabalho era bem conhecido por informação
verbal. Para fugir do perigo da exaltação como das folhas da figueira que
ostentava folhas e não frutos. Lucas11:12-14 e outras passagens como Mateus
23:12. “Quem a si mesmo se exalta será humilhado”. Porém o pastor Braff foi
para outro extremo, o extremo da humildade exagerada, negando-se a publicar
o seu trabalho para orientar a administração, mas o fez inconscientemente.
Dia 2 de Janeiro de 1964 o pastor Braff oficia o casamento de seu
amigo de Joaçaba, Udo Zucowski e dia 12 tira férias, dia 18 pega licença par
tratamento de saúde. Dia 28 seguia para Bom Retiro para as Bienais. Pastor
80
Biografia do Pastor Braff
Stacey, missionário americano foi ordenado ao ministério. De Bom Retiro o
pastor Braff segue para o Ginásio Adventista de Taquara e suas férias
encerram-se no dia 8 de fevereiro. Voltando a Joaçaba reinicia suas atividades
pastorais. Dia 21 segue para Itapema, para um curso de pregadores
voluntários no qual tomou parte ativa até o fim do mês.
Dia 21 de março o Braff foi a Concórdia encaminhar um suposto
penfigoso para levá-lo ao Hospital do Pênfigo em Campo Grande. Os
médicos de Concórdia atestaram tratar-se de pênfigo, mas se tratava de
psoríase.
De Campo Grande o Pastor foi visitar seu filho Merlinton em
Dourados. Chegou no Hospital do Pênfigo dia 4 de abril de 1964 com o
doente. Dia 7 de abril foi preso em Dourados por suspeita de ser político
partidário de João Goulart, presidente deposto a 1° de abril. Provada a sua
inocência dia 10 foi libertado e dia 12 dá uma bíblia aos companheiros de
prisão e dois dias depois segue de volta a Joaçaba.
CHAPECÓ - SC
1964:
21 de abril - mudou-se para Chapecó -SC "com muita chuva".
No dia 21 de abril de 1964 o pastor Braff segue com a mudança para
Chapecó - SC com muita chuva. A mudança (componentes da casa) ficou em
Xanxerê. Dia 23 descarrega a mudança e dia seguinte vai a Tangará para
inaugurar a igreja que começara logo após a série de conferências. Ao termino
das conferências, foi arranjado o terreno, depois o dinheiro, material, as bases
para a construção e mão de obra. Quando o Pastor saiu do distrito, a igreja
estava pronta para ser inaugurada.
Dia 4 de maio o Braff seguiu para Porto Alegre atendendo chamado
de seus familiares. De volta dia 9, inicia uma semana de oração para a
mocidade de Videira. Finda a semana de oração batiza em Xanxerê. Dia 20 de
junho inaugura a igreja de Chapecó, ainda inacabada; termina a obra e em 11
de julho realiza uma semana de oração na igreja, já em condições de ser usada.
Dia 26 de julho começa a pintura da igreja, e a sete de agosto começa o
aplainamento do terreno da igreja e a pintura da igreja pelo lado de fora. Para
terminar faltou verbas.
Dia 3 de setembro de 1964 tem início em Videira um curso de
obreiros voluntários, onde o Pastor lecionou doutrinas. Dia 7 finda o curso e
inicia a recolta em Chapecó, e é suspendida em seguida por motivo de ser um
tempo muito chuvoso. O pastor Stacey volta a Florianópolis e o pastor Braff
só pode recomeçar a recolta dia 12 de outubro e suspende-a para viajar a
Porto Alegre dia 22; dia 27 volta a Chapecó e trata de remover a terra dos
fundos da igreja, e conclui a pintura do templo. Dia 9 de dezembro recomeça
a recolta e encerra no dia 18.
81
Dia 22 de dezembro de 1964 o Pastor dá início à construção da escola
nos fundos da igreja adventista de Chapecó, e dia 28 vai a São Paulo, ao IAE,
para a assembleia da União. Dia 1° de janeiro de 1965 começa o concílio de
obreiros e dia 7 volta a Chapecó, lançando-se na obra da construção da escola
no fundo do terreno da igreja.
Dias 28 e 29 de janeiro de 1965 foi realizado em Itapema um encontro
de obreiros, onde o pastor Braff esteve presente. Dia 2 de fevereiro voltou a
Chapecó e iniciou suas atividades; comprou o resto da madeira que faltava
para a construção da escola, sem auxílio da Missão, mas do seu bolso e alguns
donativos de fora. Construiu a escola, sala de assistência social e moradia do
zelador. Houve distribuição de roupas aos pobres fichados na Sociedade de
Dorcas. Além das visitas, continuou também a construção. Dia 16 de
fevereiro o Pastor seguiu para Porto Alegre e dia 20 visitou o núcleo espírita
de sua mocidade e encontrou na vila espírita uma escola sabatina.
DESCONSTRUÇÃO DE MAL-CONSTRUÍDO
A 6 de março de 1965 o técnico da construção abandonou o serviço,
abandonando também a igreja e toda a construção da escola adventista de
Chapecó, que era de madeira e estava ameaçada de cair. O Braff, quando
chegou de viagem foi ver a construção e estava começando um vento meio
forte e a casa ia caindo. Por sorte, passava no exato momento um carpinteiro
que o ajudou a escorar a casa.
E agora! Dinheiro não tinha mais, e mesmo com escora a construção
ameaçava cair. Ficou sozinho para destelhar a casa e desmanchá-la até o
alicerce. Estava tudo errado; o alicerce não tinha estrutura para suportar o
peso da casa e, o “adventista” técnico em construção foi para o espiritismo.
A RECONSTRUÇÃO
Depois de demolir tudo, o Braff sozinho com sua esposa teve que
reconstruir com base funcional sem auxilio de ninguém, além de sua esposa.
Trabalhava do romper da aurora até noite. Com auxilio de luz elétrica ia até
10, 11, ou até meia-noite, sem descansar ao meio dia porque não podia deixar
de atender os 3 distritos.
Dia 24 de abril de 1965 começa uma semana de oração em Maravilha,
e dia 8 de maio lança no ar a Voz da Profecia em Palmitos aos domingos das
12 às 12;30 horas. A 9 de junho começa a recolta e encerra dia 14 de outubro
com intervalos para atender o trabalho pastoral nos 3 distritos. No dia 20 de
agosto aconteceu uma forte nevada e a maior enchente que o Pastor viu. As
águas levaram a vila de Porto Goioem, deixando a igreja católica e mais duas
casas perto dela.
Dia 25 de agosto de 1965 a casa do zelador da igreja e escola de
Chapedó foi ocupada por um interessado “(no pão e no peixe)”; mais tarde
82
Biografia do Pastor Braff
teve que ser despejado, mas as dependências da escola estavam concluídas.
Em 16 de outubro o Pastor foi a Caçador para a inauguração e dedicação da
igreja-monumento da Obra Adventista naquela cidade.
Dia 20 de novembro de 1965, teve polêmica com um servo itinerante
das Testemunhas de Jeová, depois derrotado, passou a pregar que Cristo e o
Pai são o mesmo.
O Pastor carrega a mudança (móveis e utensílios de casa) para
Criciúma, litoral de Santa Catarina no dia 15 de dezembro e dois dias depois
se despede da igreja de Chapecó, e dia seguinte despede-se da igreja de
Xanxerê e a seguir parte para Porto Alegre e dali para Criciúma. Não
encontrando casa para alugar, o Pastor leva a mudança para Tubarão e depois
volta a Criciúma a procura de casa.
83
1965 a 1969
CRICIÚMA – SC
ADOÇÃO DOS NETOS
No dia 4 de janeiro de 1966 o pastor Manoel João Braff encontrou um
apartamento num prédio no centro da cidade de Criciúma e no dia seguinte
levou sua mudança para esta cidade do Sul de Santa Catarina. O pastor Braff
entregou o distrito onde atuava, no Oeste do Estado, ao pastor Brisolar
Jardim. Sua responsabilidade no novo campo de trabalho, passou a ser das
proximidades da capital até a divisa com o Rio Grande do Sul, e do litoral ao
alto da serra, região de São Joaquim e Lages. Com três climas diferentes;
muito frio, muito quente e clima marítimo.
Ao passar por Porto Alegre, vindo de Chapecó para Criciúma, o
pastor Braff encontrou dois de seus netos abandonados pelo pai. Seu filho
Menalton e sua nora tinham viajado a procura do sogro e Menalton tinha
desaparecido perseguido pelas complicações políticas relacionadas com a
tomada do poder pelo Exército em 1964. Os netos do pastor Braff estavam
em casa do avô materno provisoriamente sem condições mínimas de ficarem
ali e o pastor Braff os recolheu para a sua casa. Levou consigo Malton Heckler
Braff e Mirna; Marisa, a sua mãe havia levado consigo. Depois de uma
semana, chegou Lorena, a nora do Braff, trazendo a caçula Mariza, e o Pastor
ficou com a nora e os netos desvalidos, tornando-se uma carga muito pesada
para seus parcos recursos disponíveis.
No dia 10 de janeiro de 1966 o Pastor seguiu para São Paulo para
oficiar o casamento de seu filho Malton na igreja central paulistana; dia 11
realiza o casamento de Malton João Braff com Dirce Martins. De volta segue
para Blumenau para as Bienais, fica com o sermão: “Justificação pela Fé e
redenção” para o encerramento das Bienais e tomou parte na ordenação ao
ministério do pastor Geraldo Dicter Links no dia 15 de janeiro. No dia 17 o
Pastor foi a Itapema e dia 18 foi ao Concílio de Obreiros; dia 20 voltou a
Criciúma.
No dia 17 de fevereiro de 1966 o Braff entrou em férias, só no papel;
apenas uns dois dias, foi à praia com a família, sem se afastar do serviço na
igreja. Nas férias, as viagens ficam por sua conta, e só nos casos urgentes.
Dia 1° de maio muda-se para uma casa velha, a muito abandonada.
Com a reforma deu para morar uns tempos, até 12 de abril de 1967, quando a
fossa estourou e o Pastor teve que mudar-se, porque não havia espaço para
fazer outra fossa e os proprietários preferiram desativar a moradia e
abandonar a casa.
84
Biografia do Pastor Braff
Lorena, a nora do pastor Braff, em 29 de maio de 1967, quando o
Pastor estava viajando, provavelmente ela estava embriagada e deu um
escândalo na casa do Pastor; armou-se de revólver, prometendo matar os
filhos, deu um tiro, mas não acertou ninguém e um vizinho a desarmou e
levou o revólver. Quando o pastor Braff chegou em casa a tenção era grande.
O Braff pediu que ela deixasse os filhos com ele e voltasse aos seus parentes
em Porto Alegre, e fosse viver a vida dela naquela cidade; deu algum dinheiro
para a viagem e a despediu. Logo soube que ela levava uma vida desregrada.
Ela estava corrompendo a família do sogro que lhe estendeu a mão. Satanás
ainda continuava perseguindo sua família.
LAODICÉIA
O pastor Braff dirigiu semana de oração em Tubarão, Criciúma,
Imbituba e Florianópolis com ótima frequência e quando dirigia a semana de
oração em Florianópolis foi desafiado para uma polêmica com um reformista
da capital, sobre a guerra e outros temas. O Braff provou que o envolvimento
da guerra da Alemanha, onde jovens adventistas engrossaram as fileiras
combatentes alemãs, foi provocado pelos separatistas da época, provocando
uma crise na igreja para justificar sua rebelião contra o Corpo organizado de
Cristo. Eles fundaram um movimento separado, o Movimento da Reforma, e
que até agora o mesmo espírito impera entre eles, é o espírito da guerra
espiritual e como prova disto o Braff apresentou a guerra que eles estavam
movendo contra a Igreja Adventista do Sétimo Dia. A verdade surgiu com
Laodicéia em 1844 e esta igreja continuará com a verdade até a volta de
Cristo. Laodicéia é a sétima igreja de Apocalipse e não haverá uma oitava. A
sétima será transladada. Laodicéia é um rebanho misto, escrito por Cristo
como sendo formado por trigo e joio que deverão crescer juntos até o final da
colheita, por ocasião da volta de Cristo quando o joio será destinado ao fogo e
o trigo recolhido no celeiro celestial. Esse é o motivo do julgamento, o
rebanho misto.
A igreja de Laodicéia está sendo julgada desde 1844. Desta igreja
somente se salvarão os que aceitarem os conselhos da Testemunha Fiel que é
transmitido por seu conselheiro, o anjo da igreja. Só a igreja verdadeira tem o
anjo ordenado por Deus. Se o rebanho é opositor, o anjo também o é; não
são mensageiros de Cristo. Defeituosa, necessitando ser admoestada e
aconselhada, a igreja é, não obstante, o objeto do cuidado de Cristo. “Não
podemos agora entrar para qualquer organização nova, pois isso significaria
apostatar da verdade”. Test. Seletos págs. 362 e 263. Satanás é o acusador de
nossos irmãos. Apoc. 12:10. Mensagem da irmã White; “Porque é que não
apresentam aquilo que por anos tem sido a preocupação de minha mensagem
– Unidos da Igreja? Porque não aceitaram as palavras do anjo: uni-vos, univos, uni-vos?” Test. Sel. Vol. 2 pag. 360. “Deus tem uma igreja, e ela tem um
ministério designado por ele”. Idem pág. 357. A Reforma não tem um
85
ministério ordenado. Um leigo não pode ordenar ministro. E com muitas
outras provas o Edson, reformista, retirou-se.
No segundo dia veio um outro reformista discutir sobre a expiação,
Saulo Carpes, afirmando que a Igreja Adventista mudou os marcos da fé, no
tocante à expiação. Diz ele: “A Igreja Adventista afirma atualmente que a
expiação foi feita por Cristo na Cruz. E O. L. Crosier, pioneiro da Igreja
Adventista, (segundo os reformistas) afirma que, no calvário, não houve
expiação, mas apenas o sacrifício do cordeiro de Deus”. Crosier apostou e não
merece crédito e o Espírito de Profecia prova o contrário. “O sacrifício de
Cristo em favor do homem foi amplo e completo, portanto pagou o preço”.
Atos dos apóstolos pág. 29. “Cristo ofereceu-se em sacrifício, sendo Ele
mesmo o cordeiro, Ele mesmo a vítima”. Idem pág. 33. Jesus havia entrado
com o seu próprio sangue, a fim de derramar sobre os discípulos os benefícios
de Sua expiação. Escritos pág. 260. “Em assumir os pecados do mundo
inteiro demonstrou Cristo a sua infinita suficiência. Assumiu a dupla posição,
de ofertante e de oferta, de sumo-sacerdote e vítima”. Méd. Matinal de 1959
pág. 105. E Saulo Carpes entregou-se também. O Braff explicou que expiação
e purificação do Santuário é um fato com dois efeitos diferentes. Expiar é
pagar a pena, o pecador ao oferecer a vítima estava transferindo o seu pecado
para o Santuário e não pagando o preço. Para remover o pecado do Santuário
é que se fazia a expiação que simbolizava o preço que seria pago no futuro e a
remoção do pecado do Santuário Terrestre para o Santuário Celestial; isto era
a purificação do Santuário Terrestre. O sacrifício de Cristo foi uma Expiação
completa, mas não removeu o pecado registrado no Santuário Celestial. Se o
registro do pecado no Santuário Celestial tivesse sido removido, não haveria
base para o juízo e nem razão para o julgamento.
O julgamento remove a culpa, absolvendo ou condenando o infrator;
a expiação paga o preço para que este seja removido. Cristo pagou o preço
completo na cruz para no futuro, por meio de julgamento remover a sujeira
com que Satanás contaminou o Céu e a Terra. No julgamento o réu, ou é
condenado ou é absolvido: se condenado vai expiar seu próprio crime. Se
absolvido; ou não existiu crime e a culpa volta para o causador, ou o crime é
justificado, passando a responsabilidade para quem o justifica. Cristo o
homem, pagou a penalidade que pesava sobre Ele. Desta maneira Ele está
derramando “sobre os discípulos os benefícios de Sua expiação”, ao purificar
o Santuário Celestial.
Braff aceitou o desafio para esclarecer nossos irmãos do perigo do
espírito separatista que tem assolado várias igrejas em nosso país. Se alguém
não estiver preparado para enfrentá-los, eles embrulham mesmo. Porém, com
uma carrada de outras provas, o pastor Braff desbaratou os perturbadores dos
irmãos assistentes.
86
Biografia do Pastor Braff
Terminada a Semana de Oração de Florianópolis no dia 19 de julho de
1966, começa a campanha da recolta. Dia 19 de julho de 1966 Braff partiu
para a recolta e recoltou até 27 de setembro com interrupções para atender os
trabalhos pastorais.
Dia 20 de agosto, sábado à noite, o Braff proferiu um sermão
evangélico em Morro Grande, perto de Tubarão. Teve boa frequência, mas
não pode continuar. O distrito dilatou-se até Lages e Bom Retiro, campo
extenso demais para um pastor supervisionar classes batismais, santa ceia, e
solucionar problemas das comunidades. Era um distrito muito grande, não
sobrava tempo para um trabalho pessoal com os interessados, quanto mais
com os de fora, alheios à nossa fé, onde se depende de tempo para convencer
e converter.
CRISE DE ESTÔMAGO
1966:
18 de outubro adoeceu do estômago.
Desde o dia 18 de outubro de 1966, Braff adoeceu do estômago,
doença que se prolongaria por muitos anos.
Dia 11 de novembro, ele partiu para Porto Alegre - RS, aí fez todos os
exames médicos, constatando-se problemas com vermes e nervos.
1966:
15 de dezembro - foi de mudança para Criciuma – SC.
Depois de visitar os parentes, dia 25 de novembro voltou a Criciúma e
continuou com as visitas pastorais na sede e no distrito (composto de diversos
municípios), pregando, dando estudos, batizando, dando Santa Ceia e
oficiando casamentos. Não tinha tempo para atender devidamente a família.
Dava a Ceia em separado para as famílias isoladas, procurando levantar ali
uma nova congregação.
Entre famílias isoladas, grupos e igrejas, o pastor Braff atendia 40
núcleos adventistas. Isto além das cidades em que só recoltava. Sempre por
meio da recolta procurava achar alguém que tivesse o interesse da Verdade
para dar estudos bíblicos. A 12 de janeiro de 1967 o Braff foi assistir o
congresso de obreiros para uma nova arrancada em 1967, e dia 22 de janeiro
vai à Cangoerí para comprar um terreno na vila para construir uma igreja, fica
encaminhado, mas não decidido.
Em Imbituba o Pastor luta com o fanatismo, e em 9 de fevereiro
entrou em férias, logo seguindo para o seu Estado natal. Visitou as filhas e dia
18 a crise de estômago o atingiu. Dia 4 de março findaram as férias e o Pastor
entrou em ação. A 23 de março de 1967 seguiu para as bienais em Bom
Retiro, praticou alpinismo escalando o monte Trombudo donde ficou
87
encantado com a visão que o cume daquele monte oferece. Apesar disso, dali
a três dias a crise de estômago o atingiu. Quando ia aliviando a crise, partiu
para a visitação com todas as atividades pastorais.
TUBARÃO
Nesta época de crise estomacal o Pastor mudou-se de Criciúma para
Tubarão – SC.
Dia 31 de março de 1967 O pastor Braff reiniciou suas atividades com
tempo chuvoso, e a chuva engrossou de tal maneira a fossa no fundo da sua
casa que irrompeu no pátio, muito fedida, não dando para canalizar a não ser
para o vizinho do fundo, que não permitia a passagem do canal por sua
propriedade e declarou que daria parte às autoridades sanitárias, e o
proprietário da casa negou-se a resolver o problema: “ou canaliza o esgoto ou
sai da casa”. Então o Pastor decidiu mudar-se de cidade, porque não havia
casa de aluguel disponível em Criciúma.
Havia um homem abastado em Tubarão, amigo dos adventistas, o
qual havia oferecido uma de suas casas ao Braff se ele quisesse se mudar para
Tubarão, mas o Pastor agradeceu gentilmente a oferta. Não dispensou, mas
não prometeu nada. A sede do Distrito estabelecida pela Missão era Criciúma
e nesta cidade o Pastor devia morar. Porém quando se viu na rua, sem casa
para morar, lembrou-se da oferta em Tubarão, e imediatamente foi falar com
Fernando Genovês, o capitalista de Tubarão, fechando o negócio.
1967:
12 de abril - mudou-se de Criciúma para Tubarão – SC.
No dia 12 de abril de 1967 o Pastor mudou-se com a família de
Criciúma – SC para a 'cidade azul'. Mudou a sede, mas não o distrito. Porém
o trabalho com os alheios à igreja adventista ficou um tanto estagnado, mas
em compensação a igreja de Tubarão se projetou, passando logo de
congregação para igreja organizada. A 23 de abril Braff parte para a recolta no
Oeste do Estado. Vai a Porto Alegre e dia seguinte segue para Chapecó e ali
começa a recolta do ano em seu ex-distrito, com Brisola e Jardim.
Em Caçador, enquanto recoltou na cidade, o Pastor fez trabalho
pastoral e uma semana de oração, foi uma semana intensiva, encerrando-a
com batismo e Santa Ceia em Videira. Depois Braff seguiu para Curitibanos,
fez recolta e deu Ceia para uma pessoa apenas. No segundo dia seguiu para
Lages. Em Lages recoltou e deu Santa Ceia, e assim era o seu trabalho.
Nas cidades que não tinham pastor ordenado, o Braff aproveitava a
visita para atender a todas as necessidades locais. Na Fazenda São Paulo
começava uma congregação no dia 17 de junho de 1967 e o Pastor fez os
planos da construção de uma capela de madeira para aqueles irmãos isolados.
É que a sala que o Pastor conseguiu para uma mini-série de conferências não
88
Biografia do Pastor Braff
servia de capela. A família da casa ficou interessada, mas a sala era pequena e
não muito apropriada e daí a campanha pela construção.
O pastor Braff fundou uma Escola Sabatina em São Joaquim com
uma família adventista e alguns familiares de ex-adventistas. Porém sua saúde
era precária. A 27 de outubro encerrou a campanha da recolta em São
Joaquim. Por motivo ignorado deixou de relatar parte de setembro e todo o
mês de outubro, possivelmente extraviou-se o histórico (manuscrito).
ACIDENTE
Em novembro e dezembro de 1967 o Pastor intensifica as atividades
pastorais e dia 1° de janeiro se 1968 ele partia de férias para a sua terra, no Rio
Grande do Sul. No princípio de fevereiro volta às suas atividades e logo segue
para o concílio em Ipanema. De volta visitou o 'distrito' solucionando
problemas, dando Ceia, preparando candidatos ao batismo e oficiando
casamentos. Veio logo a época da recolta e seu campo de ação foi muito
extenso.
O pastor Braff recoltou até o dia 12 de agosto de 1968. Neste dia
estava recoltando de bicicleta em Tubarão, saiu de manhã para o trabalho e ao
atravessar uma rua movimentada da cidade, veio uma Kombi, contra a mão e
em alta velocidade chocou-se contra a bicicleta, com quem vinha pedalando.
Com a violência do choque o Pastor foi lançado a uns dez metros, sendo
socorrido e transportado ao hospital, e foi constatado que estava com a
clavícula partida, costelas fraturadas e escoriações diversas. Porém, o mais
importante é que saiu com vida. O anjo assistente o socorreu a tempo,
poupando-lhe a vida. Ficou hospitalizado vários dias e a bicicleta ficou
destruída, sem conserto. O Braff ficou encostado no INPS (atual INSS) por
um mês e depois repetiu o benefício por mais um mês. Enquanto estava se
curando do choque, os lobos atacaram o rebanho a ponto de já estarem
dispersando as ovelhas de Jesus, que com tanta luta o Pastor havia levado para
o redil. Logo que melhorou reiniciou o trabalho pastoral.
LÍNGUAS ESTRANHAS
O pastor Manoel Braff encontrou a congregação de Araranguá
invadida pelos tais lobos “chilreando e murmurando”, Isaias 8:19, um som
sem sentido, tanto para quem emite o som, como para quem o ouve e, ao
chilrear entre dentes chamam de língua dizendo ser um dom espiritual. Isaias
diz claramente que se não trata dum dom de Deus. Se for um dom espiritual,
o chilrear, som de significação totalmente desconhecida, o profeta adverte
contra o seu surgimento. “Então quem lê atenda, porque é do opositor”, mas
logo que o Pastor chegou, confirmou na fé adventista a quem estava dando
crédito aos que tinham lábios doces, mas no coração era guerra constante
contra o rebanho do Senhor, constatando-se que as ovelhas bem alimentadas
não deixam o rebanho.
89
Há os que abandonam o rebanho por darem mais importância à carne
do que a Deus ou por interesses particulares, além da incredulidade, mas a
incredulidade é movida pela negligência na alimentação espiritual ou alimento
indigesto fornecido pela dispensa da mentira, adquirida no mercado do
engano. Os atacantes esquivavam-se de confronto com o Pastor e
desapareceram. Os membros da igreja e os interessados que estavam
estudando, voltaram ao estudo e se alinharam. Logo depois, estendeu a rede
do evangelho ao Sombrio, município visinho, ao Sul, limitando-se com
Torres, praia gaúcha. No Sombrio o Pastor fundou mais uma escola sabatina.
Usou um membro, Sálvio, recém convertido para os primeiros contatos com
amigos seus. Logo que se abriu o caminho, o Braff entrou com filmes e
estudos das doutrinas da igreja organizando ali mais uma congregação dos
servos de Deus, já no fim de 1969, pois não foi fácil o trabalho naquela
cidade. Esta congregação surgiu uns dois ou três quilômetros da cidade, no
sítio. Foi um trabalho demorado, mas valeu a pena, e o irmão Sálvio
conservou o interesse dos novos conversos.
No dia 12 de janeiro de 1969, o Pastor viajou para São Paulo e de lá
para o IAE. Eram as Quadrienais da União Sul Brasileiro da IASD (Igreja
Adventista do Sétimo Dia), Dia 14 foi votada a nova diretoria da Casa
Publicadora Brasileira (adventista) e dia 16 os oficiais da União Sul Brasileira.
No dia seguinte, 15 de janeiro de 1969 chega o pastor Cleeveland da
Associação Geral. Ele dirigiu um Concílio de dois dias e após, o pastor Braff
voltou a Tubarão. No dia 27 o Braff entrou de férias e foi assistir a campal no
IACS em Taquara. No dia 14 de fevereiro terminaram as férias e o Pastor
voltou a Tubarão, seu campo de trabalho. Dia 17 de fevereiro segue para o
concílio de obreiros em Itapema. De volta, visita todo o distrito para ver
como estavam os irmãos, dar Santa Ceia e resolver problemas para evitar a
apostasia.
Em 14 de abril de 1969, teve audiência de seu acidente em agosto do
ano anterior e segunda audiência no dia 18 e as testemunhas condenaram o
agressor e ele fugiu sem deixar endereço. Dia 3 de maio o Pastor foi a
Araranguá e encontrou reformistas dirigindo a Escola Sabatina. Eles evitaram
encontrar com o pastor Braff e fugiram.
FAMÍLIA
No dia 24 de maio de 1969, Milda e Marli deixaram Porto Alegre em
direção a Santana do Livramento e dali para o Uruguai, Argentina e o mundo
das ilusões. Seu pai não conseguiu mais encontrá-las; triste, desconsolado
voltou para casa.
No dia 9 de junho de 1969 o pastor Braff lançou no ar a Voz da
Profecia em Criciúma. Em 7 de agosto teve congresso de jovens em Joinvile.
Dia 10 de agosto o Pastor voltou a Tubarão para as suas atividades pastorais.
Dia 27 de agosto o Braff tira uma semana de férias para atender problemas da
90
Biografia do Pastor Braff
Marli, sua filha, que não suportando a viagem de hippies, voltou doente a
Santa Maria, buscando o socorro de seu irmão médico Milton. Ela foi operada
e ficou boa, mas não voltou mais à vida errante de hippies, então voltou à
companhia de seus pais.
Em princípio de junho de 1969 começou a campanha da recolta em
Laguna e a 6 de novembro foi o encerramento.
Uma Junta Militar assume o governo da República, com três ministros
militares no dia 31 de agosto. E fica a pergunta: Costa e Silva está doente ou
foi golpe? Poucos dias depois a notícia do falecimento de Costa e Silva. A
esposa dele diz que o mataram.
91
1969 a 1973
APOSENTADORIA
MANOEL BRAFF – 59-60 DE IDADE
1969:
Setembro - o Pst. Ardoval Scevani qeria que o Pst. Braff
pedisse aposentadoria, Pst. Braff ficou angustiado com a proposta e
continuou trabalhando embora doente.
Em setembro de 1969 o pastor Ardoval Schevani quer que o Braff
peça a aposentadoria, mas ele se recusa e exige explicação. “Pastor Braff, o
senhor está com o salário no teto” foi a explicação. O pastor Braff, a pesar das
crises estomacais que tivera quando morava em Criciúma, agora se achava em
plena forma para o trabalho. Ficou descontente com o presidente e continuou
trabalhando. Logo comprou um jeep e dia 2 de outubro de 1969 começou a
andar com ele.
Começou o trabalho em Capivari, mas não deu resultado imediato.
Dia 14 de novembro organiza o trabalho em Sombrio. Funda uma Escola
Sabatina com os observadores do sábado que haviam decidido, após uma série
de palestras que o Pastor dirigiu no sítio. Dia 19 de dezembro de 1969 ele
viajou a Blumenau para batizar ali em Gaspar Alto – primeiro núcleo
adventista no Brasil – e Lageado Baixo. Batizou 18 almas nos três lugares. Só
em dezembro praticamente alcançou o alvo além do que batizara nos outros
três meses. Teve três estações de rádio irradiando o programa A Voz da
Profecia.
Em 1970, 8 de janeiro, o pastor Braff foi para Bom Retiro para as
bienais da Missão. O pastor Ardoval Schevani perdeu a linha quando o pastor
Henrique Berg foi eleito presidente em seu lugar e saiu magoado com a
assembléia. Mas não havia razão para isso. Ninguém é insubstituível. Por isso
o homem deve fazer o melhor onde está trabalhando, porque na
administração é necessária de vez em quando uma troca de chefe,
especialmente quando surge alguma incompatibilidade com seus
companheiros na seara para que os ceifeiros sintam-se livres para fazerem a
colheita. Porém, no fim tudo deu certo. O pastor Ardoval foi trabalhar noutro
setor mais favorável. Foram ordenados ao ministério três novos pastores. Um
departamental, o tesoureiro e um distrital.
Dia 29 de janeiro de 1970 o pastor Braff entra de férias de seis dias
para atender a visita dos filhos, voltando ao trabalho após a partida deles, mas
só até o dia 12 de fevereiro, quando entrou em férias novamente, terminando
92
Biografia do Pastor Braff
dia 27. Neste curto período, fez uma visita relâmpago a todos os seus
familiares no Rio Grande do Sul. Chegando de volta a Tubarão, entra em ação
no último dia do mês, sábado, e continua sua programação de visitas ao
distrito.
Dia 5 de março de 1970 reúne-se com o presidente Henrique Berg
para a reforma da igreja de Laguna que estava num feio aspecto. A igreja tinha
poucos membros e todos muito pobres. Não dispunham de recursos para a
reforma do prédio, e a Missão se prontificava a ajudá-los. Depois o presidente
acompanhou o Braff em várias visitas às igrejas do distrito.
Um irmão ficou doente e o pastor Braff teve que levá-lo ao Hospital
São Pedro no dia 31 de março, internando-o no hospital dos débeis mentais.
Dia 6 de abril o Pastor reúne material para a reforma da igreja de Laguna. Dia
17 de abril de 1970 ele começa a reforma da igreja de Laguna. Em 29 de abril
Milton Kuntz muda-se para Tubarão, deixando o Ginásio Adventista de
Taquara. O pastor Braff dirige uma semana de oração dos MV em Criciúma.
Um pastor da Igreja Brasil Para Cristo interessou-se e no fim da semana pediu
o batismo. A 18 de julho foi batizado. Dia 23 de maio Milton Kuntz foi
rebatizado.
A VOCAÇÃO DA PROFESSORA
Dia 1° de agosto de 1970 o tesoureiro de Araranguá desaparece e o
Pastor retira a tesouraria de sua casa. Dia 4 de agosto o pastor Braff parte com
Zaft a Rio do Sul para solucionar problemas muito delicados: uma professora
da Escola Adventista desentendeu-se com a diretora da escola e havia
prometido abandonar a igreja. Outros pastores, inclusive o presidente
procuraram falar com ela, mas a professora não atendia ninguém, só pedia a
exclusão da igreja. O Braff acompanhou o Zaft para falar com a moça. No
princípio ela mandou dizer que não queria conversar com o pastor adventista,
mas o Braff disse que tinha vindo falar com a professora, e não sairia da casa
sem falar com ela. Ela porém resistiu, mas o Braff insistiu até que a professora
capitulasse. Então ela apareceu e depois de descarregar todas as suas queixas,
o Braff convidou-a para sair daquela escola e entrar na obra bíblica como
obreira para ajudar em séries de conferências e ela terminou acompanhando
os pastores para Florianópolis e lá foi confirmada a mesma oferta. Ela
amansou e sentiu o que é o amor ao próximo.
Começou o período de recolta dia 7 de julho de 1970 e terminou 28
de outubro. No dia 23 de outubro teve congresso MV em Florianópolis. O
Dr. Sigfrid Hoffmann desempenhou papel saliente na programação Maranata.
No dia 31 de outubro foi organizada a igreja de Tubarão, o pastor Henrique
Berg dirigiu o programa. Rudy Weidle foi o secretário e a tarde o pastor Braff
batizou 6 pessoas para comemorar a data e dirigiu a comissão de nomeações.
Foi ordenado o ancião Lavroyd e o diácono Sigfrid Rutz. A benção de Deus
se fez presente no ato.
93
CARGA EXTRA
O pastor Berg seguiu com o pastor Manoel para Araranguá para
decidir a questão do velho e desativado hospital que se oferecia o material
para quem o demolisse e limpasse o terreno. No dia 2 de novembro de 1970
os pastores assumiram o compromisso da demolição e aproveitamento do
material; e dia 4 o Braff levou de tubarão um pedreiro para ajudá-lo a
desmontar o prédio; dia 8 ele empregou mais 3 homens de Araranguá.
Enquanto isso, o Braff atende a construção de Laguna também. Entre uma
cidade e a outra há quatro municípios, portanto, longe uma cidade da outra e
ambas as construções com tempo limitado para a sua execução.
O pastor Manoel Braff levou um pedreiro para Laguna e determinoulhe a tarefa e correu para levar outro a Araranguá, e ficou com ele ali fazendo
o trabalho; ali o trabalho era mais árduo e o tempo mais curto. A prefeitura
limitou o tempo e o Braff tinha que se virar trabalhando de dia e às vezes até à
noite para atender inclusive o trabalho pastoral, “sem deixar a peteca cair”.
Porém, quando o trabalho é demais, nenhum trabalho sai bem feito, e o
evangelismo foi prejudicado.
No dia 24 de novembro de 1970 a esposa do Pastor recebeu a menina
Claudete do Nascimento Bento com dois meses e seis dias de idade e
abandonada pelos pais. Chegando em casa o pastor Braff levou-a ao cartório e
fez a adoção.
Dia 3 de dezembro o Braff seguiu para Santa Maria – RS, em
companhia de sua esposa dona Mercídia, para assistir a colação de grau em
medicina de seu filho Milton, passando o sábado em Santa Maria e no
domingo viajou a Porto Alegre – RS. Já de volta a Araranguá, no dia 7
recomeça a demolição do hospital, enquanto dona Mercídia segue para
Tubarão.
APOSENTADORIA IMINENTE
1970:
31 de dezembro - último dia de trabalho antes da
aposentadoria, mas queria completar o tempo para aposentadoria pelo
INPS.
Para Manoel João Braff, o dia 3l de dezembro de 1970, foi o último
dia de seu ministério como pastor distrital, deixando em Araranguá uma nova
congregação organizada e seu templo em vias de construção; uma nova
congregação em Sombrio, Sul de Santa Catarina; uma igreja ampliada e
reformada em Laguna, afora pequenos redutos como Capivari, São Defende,
Cangueri, Fazenda São Paulo, que cresceram; Siderópolis e muitas outras
menores que ninguém cuidou, e delas não teve mais notícias.
94
Biografia do Pastor Braff
O Braff não queria se aposentar porque temia perder parte de seu
trabalho que ainda não estava bem concretizado. Com o envolvimento nas
construções, não pôde 'regar as plantinhas que morreram de desidratação'. O
Braff deixou tanta coisa por fazer que se tornou inconsolável; em seu trabalho
não sobrava tempo para atender a família; sua esposa o acusava de não ter
tirado tempo para atender a família, e por isso, vários de seus filhos se
desviaram da caminho da salvação.
Mesmo trabalhando quase noite e dia, o pastor Manoel não pôde se
sentir realizado no seu trabalho, porque procurou atender uma tarefa além de
suas possibilidades, resultado: Não pôde atender todos os compromissos
como cada caso exigia e por falta de assistência devida a cada novo endereço
que recebia, as almas ficavam para trás; quando estava quase concluindo uma
turma, nova tarefa, novo setor; era obrigado a deixar as almas em meio
caminho, e caiam na voragem do engano. Estas recordações pesaram tão
profundamente em sua consciência que o velho pastor não suportava a idéia
de uma aposentadoria sem que ficasse garantida a sua substituição.
O Pastor decide que mesmo estando aposentado continuará o
trabalho por conta própria. Porém, é aconselhado a deixar suas atividades
pastorais. O Ancião da igreja deveria ocupar o seu lugar e ele que fosse para as
praias. Isto para o Pastor era um golpe insuportável.
FÉRIAS PRÊMIO
1971:
01 de janeiro - aposentado, dia de chuva.
02 de janeiro - pregou na igreja e fez duas visitas de serviço,
apesar da chuva, contou seis meses como tempo de férias prêmio.
Dia primeiro de janeiro de 1971, foi seu primeiro dia de pastor
aposentado, um dia de chuva que não deu para fazer nada. Dia 2, sábado ele
pregou na igreja e fez duas visitas apesar da chuva. Sua aposentadoria foi
precedida por seis meses de férias prêmio. Diminuiu suas atividades.
1971:
07 de janeiro - visitou os parentes do Rio Grande do Sul.
No dia 7 de janeiro de 1971 o Braff foi visitar seus familiares no Rio
Grande do Sul.
1971:
19 de janeiro - de volta ao Lar e ao serviço, recebeu ordem para
mudar-se para Bom Retiro - SC, pois segundo o INPS ainda faltavam
dois anos para aposentar.
No dia 19 já estava de volta em casa e resolveu continuar trabalhando,
mesmo estando de férias, ele retomou todas as suas atividades normais como
95
sermões, relatórios, congressos, usando o salário das férias. No fim de janeiro
de 1971 foi ao Rio Grande do Sul para um congresso de dedicação da igreja,
onde o pastor Vandir Tavares devia substituí-lo e foi ordenado ao ministério.
Dia 7 de fevereiro de 1971 o pastor Braff seguiu para Araranguá – SC
para continuar demolindo o velho hospital. Dia 14 começa a demolição da
igreja de Tubarão para construir uma nova. No ano anterior lutou para
conseguir um terreno mais bem localizado em Tubarão, mas não conseguiu,
decidindo construir a nova igreja no terreno da velha e por isso teve que
demolir a velha igreja até o alicerce. Dia 16, caiu uma tromba d'água em Lauro
Muller, junto da Serra do Doze, no Costão da Serra, causando uma verdadeira
desolação. Dia 21, quando as águas baixaram e deu para passar ônibus, o Braff
foi ver como estavam os irmãos de lá. Os irmãos ali estavam bem. Deus os
protegera, e o Braff pôde ver a calamidade em que se achava a região. No mês
de fevereiro mandou para a Missão o seu relatório mensal.
No dia 4 de março de 1971 o Braff continuou comandando a
demolição do hospital. Entregou aos irmãos de Araranguá a responsabilidade
da limpeza do terreno do hospital, transportando o resto do material para o
terreno da igreja em Araranguá. A construção da igreja de Sombrio e de
Araranguá, duas construções novas que necessitavam de cuidados especiais, o
Pastor entregou à Missão.
O Pastor decidiu visitar seus irmãos (de fé) em Dourados – MS, onde
tivera o maior êxito de seu ministério. Dia 9 de março, pastor Manoel partiu
para São Paulo e de lá para Dourados. Merlinton, seu filho estava num posto
fiscal, longe de Dourados e dia seguinte o pastor foi se encontrar com seu
filho. Quarta-feira foi a Panambi – igreja que ele fundara pelo poder do
Espírito Santo – e pregou naquela igreja.
Dia 24 de março de 1971 o Braff voltou para casa. Não relatou mais
nada até 29 de abril. Neste dia o pastor Braff oficiou o casamento de
Laodemir Teixeira, filho da família de seus primeiros frutos após sua
conversão.
Dia 1° de maio de 1971 pastor Manoel prestou auxílio ao pastor
Alberto Ribeiro numa semana de oração em Tubarão. A 18 de maio foi a
Porto Alegre e lá se encontra com sua filha caçula que veio da Argentina com
seu marido. Dia 23 chegam a Tubarão. Os dois queriam se batizar, porém,
sem mudança visível no aspecto, porque eles continuavam hippies. O pastor
Braff formou uma classe batismal especial para eles. Dia 2 de junho o Pastor
foi expor o caso à mesa administrativa da Missão, que sem dar solução, apelou
para a União, e de lá veio a resposta: “Se ele não cortar o cabelo e não mudar
os hábitos de hippies, não deve ser batizado”, e o casal partiu novamente para
a Argentina sem se batizar. Eles ficaram muito revoltados.
Dia 12 de junho o presidente da Missão enviou o pastor Braff para
Bom Retiro, par realizar ali a semana de oração MV. O frio era tão intenso
96
Biografia do Pastor Braff
que só realizou a reunião sábado e domingo. Então suspendeu a pedido do
ancião, porque a igreja, com aquele frio não se reunia e o Pastor voltou a
Tubarão. Em 22 de junho seguiu viagem para Dourados. foi legalizar uns lotes
(terrenos) que havia comprado no tempo que lá morou e dia 30 do mês voltou
a Tubarão.
Fim das férias prêmio. Eram as últimas férias que o Pastor teria. Férias
grandes de seis meses, tiradas em atividades pastorais por conta própria.
Aquelas memoráveis férias foram como um golpe que desequilibrou o
Pastor Braff, sensorialmente. Jamais pode se conformar com aquela
interrupção brusca do trabalho que lhe foi ordenado. Parecia que eles estavam
dizendo: “Você é um peso para a obra de Deus, você está sendo inútil como
uma parasita. Você é nocivo nas fileiras do ministério”. “Aposentar-se para
que?” Dizia ele, “não estou doente, não vejo em nada que tenha diminuído
minha eficiência. Só pode haver motivo escuso que eu devia saber”. Todos
esses pensamentos o perturbaram sobremaneira; e não houve ninguém que
lhe desse razão aceitável para o ocorrido.
O mercenário anseia pelas férias, o pastor Braff as usava para
trabalhar fora do distrito. Esta prática ele seguia desde os tempos de
professor; logo depois que começou a lecionar, chegou o tempo das férias
escolares, e o professor foi visitar seus pais em sua terra natal. Então dirigiu 18
noites consecutivas numa série de conferências, deixando 30 endereços de
pessoas bem interessadas e voltou para a escola pedindo à Associação Sul
Riograndense que mandasse alguém atender aos interessados, porém,
ninguém acreditou em seu trabalho. Por que devia parar agora, quando ainda
estava com todo o vigor de suas energias? As conseqüências não se fizeram
esperar muito.
BOM RETIRO
Enquanto Braff se manteve em atividade por sua conta tudo foi bem,
manteve-se em boa forma, mas sofreu um baque financeiro (devido às viagens
contínuas sem reembolso das despesas) e teve que diminuir a marcha e aí
terminou seu tempo de férias grandes. Mas o Braff ainda não havia terminado
o tempo para a aposentadoria pelo INPS (atual INSS) e recebeu ordem de
mudar-se para Bom Retiro - SC.
O pastor devia trabalhar mais 2 anos para completar os 35 anos de
serviço com documentos comprobatórios, porque no Mato Grosso do Sul a
Missão se negou admiti-lo fichado no INPS. Também não lhe abonou uma
declaração de que trabalhou naquele Estado Por isso o Braff perdeu o crédito
de trabalho ali, junto ao INPS. Portanto a Missão Catarinense teve que mantêlo como empregado para o fim de completar o tempo de serviço na
Previdência Social. Mas o choque da aposentadoria já, impiedosamente, tinha
produzido seu efeito.
97
1971:
20 de julho - foi de mudança para Bom Retiro - SC, muito frio.
No dia 20 de julho de 1971 o 'velho pastor' partia com a mudança
para Bom Retiro, no alto da Serra Tijucas. Lugar aprazível, mas muito frio, e
seguir para lá em pleno inverno, foi uma imprudência insensata para quem
tem problema com clima frio. Quando o pastor reclamou foi-lhe dito que nos
dias frios ficasse na cama. Para outro teria dado certo, mas para o pastor
Manoel João Braff não funcionou. Ele desafiou o frio, mas seu corpo, seus
nervos não resistiram, estava abalado por uma pressão emocional, ignorada
por ele, e que agia no subconsciente sorrateiramente, manifestando-se sete
dias após sua chegada no setor de trabalho. Dia 24 teve início a semana de
oração MV (missionário voluntário) na cidade. Três dias depois manifestou-se
a crise estomacal.
MAIS CRISES DE ESTÔMAGO
Em Bom Retiro o frio era intenso e castigava o enfraquecido pastor.
Sua psique entorpecida num espírito abalado renunciou ao controle sensorial,
e o estômago foi a vítima. Milton, seu filho, que o visitava dirigiu um filme à
noite, substituindo o seu pai na reunião de oração. A crise durou dois dias e
em seguida concluiu a semana com reuniões na sexta-feira e no sábado,
dirigida com teor evangelístico.
1971:
09 de agosto - baixou ao hospital.
No dia 9 de agosto de 1971 o Braff baixou ao hospital. Sábado 21
pregou na igreja de Entrada, 28 e 29 de agosto também, e depois só voltou a
relatar (no seu diário) dia 2 de outubro.
Dia 9 de outubro Manoel Braff proferiu mais um sermão e no dia 24
realizou um batismo de 4 candidatos; a água estava muito fria e não lhe fez
bem. Daí em diante foi uma tragédia: bom durante dois ou três dias e doente
uma semana, raramente passava bom por uma semana. Uma crise após a outra
estava lhe carcomendo a saúde e o vigor de suas energias. Era queimor no
estômago, parecendo labaredas de fogo, câimbras no estômago, soluço
mórbido que o assolava sobremaneira terrível, a seguir vômito bilioso.
O Pastor Braff procurou recurso em Bom Retiro, Criciúma, Tubarão,
Florianópolis e Rio de Janeiro, sem resultado. Dia 16 de novembro partiu para
a ex-capital da República em busca de solução para a sua enfermidade. Ficou
hospedado em casa de seu filho Malton que era cantor da Voz da Profecia.
Esteve alguns dias aliviado e logo veio a crise. Sua nora o internou no
Hospital Silvestre, foi diagnosticado, declarando-se sofrer de hérnia hiatal e
acloridria (insuficiência de suco gástrico). O médico que atendeu receitou-lhe
um medicamento que não encontrou em nenhuma farmácia. O produto tinha
98
Biografia do Pastor Braff
sido retirado do mercado há muito pelo laboratório. Deu alta do hospital para
depois do tratamento voltar para uma cirurgia. Em dezembro voltou a Bom
Retiro praticamente sem resultado positivo.
Seu filho Malton tinha recebido um chamado da Suíça para fazer um
estágio na Europa para depois seguir como missionário à África; no fim do
ano de 1971 Malton partia para a Europa.
O velho Braff, a conselho de Milton seguiu para Porto Alegre para se
operar ali, porém, em vez de melhorar com a cirurgia, piorou ainda mais, e o
Braff convenceu-se de que se tratava de uma enfermidade fatal. Quando
ficava muito mal, chamava o seu filho Milton que era médico, e ele sempre
resolvia o problema da crise. Os vômitos eram acompanhados por uma
salivação muito abundante. Seu filho cortava a salivação e o pai melhorava.
De julho ao fim do ano, pouco trabalho na obra de Deus pôde fazer. Ficava
bom um ou dois dias e logo adoecia novamente. Era a ausência de ácido
clorídrico no estômago, que estava causando inúmeros distúrbios digestivos, e
elevando o teor alcalino. Daí o queimor cáustico que tanto o martirizava nas
crises, aliviando com os vômitos.
Sentindo-se desmoralizado, o pregador da reforma pró-saúde, agora
estava negando sua tese em seu próprio corpo. Tudo o que pregara sobre a
reforma no regime alimentar, caia agora por terra! “Que estaria errado? A
filosofia do regime? Pois, quem não seguia nenhum regime alimentar tinha
estômago bom e eu tenho-o doente. Ou o meu regime está errado, ou a saúde
não tem nada que ver com o regime? Se não é confirmada pela prática, essa
teoria deve ser abandonada por ser inoperante”. Eram dúvidas perturbadoras
para ele. “Consulta o espiritismo”, dizia a autoridade médica para perturbar
ainda mais o Pastor. Era o flagelo da vida. No fim de dezembro, o Pastor, que
ainda estava na atividade até então, foi desligado do serviço ativo. “Um
farrapo humano não pode trabalhar mesmo”, pensava ele.
No princípio de novembro Malton, filho do pastor Braff, chamado
que fora para a Europa, viajou com a família para a Suíça. Ele foi fazer um
estágio na Suíça para seguir como missionário para a África, aos africanos de
fala portuguesa e francesa, deixando assim uma lacuna no coração do velho
soldado de Cristo. O fato de seguir para os campos missionários foi do total
consentimento do pai, que pensava: “Assim todos os meus filhos fossem
missionários iguais a ele”. Mas para um velho doente foi um baque
psicológico deprimente.
A enfermidade de Manoel era mais psíquica do que somática. No fim
do ano baixou ao Hospital Nossa Senhora da Conceição em Porto Alegre para
ser operado do estômago. O cirurgião fez quatro cirurgias, e aí ficou muito
pior do que antes, porque, além de não ter aliviado as crises, os pontos foram
muito mal feitos. Em conseqüência, logo depois começou a abrir na altura do
púbis, formando-se uma hérnia inguinal que o perturbou até 1989, quando
99
estrangulou e os médicos tiveram que operar a contra gosto, urgentemente.
Então não deu para adiar mais.
PASTOR-PROFESSOR
O ano de 1972 entrava muito sombrio na vida do 'velho guerreiro'.
Como se estivesse à mercê desatinada de Satanás, porém isto não lhe foi
revelado, e ele continuava afligindo-se com o mal que o atormentava. Sua
saúde já não alterava a marcha dos acontecimentos, porque já estava mais
acostumado com a doença. Á medida que se avolumavam os problemas,
aumentava também a vontade de vencer e aos poucos foi ganhando vitória.
Em 1971 o professor da Escola Adventista de Bom Retiro havia
fechado a escola com três ou quatro alunos, e o departamental de educação da
Missão decidiu desativá-la. Comunicou a Secretária de Educação do
Município e, esta cancelou o seu registro. Quando o Pastor soube do ocorrido
disse: “O que? Fechar a escola nas minhas barbas? Logo com a minha vinda
para cá? Não admito; vou abri-la por minha conta”. E o velho aposentado, em
março, abriu a matrícula com os alunos da vizinhança, e logo vêm alunos de
escolas públicas para pagar alguma coisa na Escola Adventista, unindo-se ao
corpo discente da escola que foi falida pelo professor que não tinha o coração
na obra de Deus. Foi um ano de grande sucesso para a Escola, o progresso
dos alunos foi notável naquele ano, mas na Missão Catarinense ninguém podia
se conformar com os fatos: um pastor aposentado e doente lecionar sozinho,
quatro séries, em dois períodos. Isto era demais. Mas era verdade e a escola
estava aberta.
A Secretária de Educação da Prefeitura de Bom Retiro fez algumas
visitas à escola com elogios ao trabalho ali realizado.
Alguém perguntará: “e quando o Pastor-Professor estava de cama,
como fazia com os alunos?”. O pastor aposentado contratou uma jovem
adventista que tinha o Curso Ginasial, e que estudava Magistério à noite. Ela
foi destacada para fazer estágio na Escola Adventista, era a professora auxiliar
que socorria o Pastor-Professor nas horas difíceis em que não podia lecionar
por causa da enfermidade que o prostrava no leito.
O pastor Braff fez a recolta no território de sua jurisdição, preparou
candidatos e os batizou no fim do ano. Preparou a igreja para recepcionar os
delegados, outros membros e visitou as bienais da Missão Catarinense da
Igreja Adventista do Sétimo Dia. Reformou a igreja e a lançou no trabalho
missionário. Contudo pessoas que viviam no pecado, o Pastor não corrigiu
nem disciplinou, alegando seu estado de saúde que não lhe dava ânimo para
trabalhar, e muito menos executar disciplina eclesiástica.
1973:
4 de abril - o Pastor lecionou até este dia para não deixar
fechar a escola de Bom Retiro – SC.
100
Biografia do Pastor Braff
No dia 26 de fevereiro de 1973 abria-se a matrícula para um novo ano
letivo. O Pastor lecionou até o dia 04 de abril, quando chegou a Profª.
Terezinha Fuckner, que foi enviada pela Missão para dirigir a escola naquele
ano. Assim o Pastor deu continuação a uma escola que sua extinção havia sido
oficialmente decretada pela Missão Adventista e pela Secretaria de Educação.
Ele sempre primou pela educação de nossa mocidade, por onde quer que sua
influência se fazia sentir. Com a chegada da professora, o velho desgastado
entregou-lhe a chave da escola com todos os alunos matriculados e em pleno
funcionamento perante as autoridades. Depois desses acontecimentos o
pastor Braff tratou mais dos interesses da igreja nos intervalos das crises. O
resto do ano transcorreu com tentativas de evangelismo e fracassos na
execução por causa da sua enfermidade. Quando estava mal, porque a crise
não passava, sua esposa chamava o filho que resolvia o problema e ficou bom
até julho de 1973. Em junho, além da recolta no seu campo, recoltou também
em Tubarão.
101
1973 a 1976
NO PARANÁ
MENALTON
Em julho de 1973, Menalton, filho do pastor Braff, desaparecido
desde fim de 1965, chegou à casa de seu pai em Bom Retiro. O Pastor estava
em Porto Alegre na casa de seu filho Milton, recuperando-se duma crise que
quase o matou.
VISITA DO Dr. MILTON
1973:
Em agosto - o Dr. Milton mudou-se de Porto Alegre para
Laranjeiras do Sul - PR e encontrou seu pai no dia 7 de setembro em
Bom Retiro.
Em agosto de 1973 o Dr. Milton mudou-se de Porto Alegre para
Laranjeiras do Sul no Paraná, sem que seus pais soubessem, e no dia 7 de
setembro, enquanto seu desolado pai Manoel assistia um desfile escolar no
Dia da Pátria, o Dr. Milton o surpreendeu no desfile. Foi uma agradável
surpresa; veio sem ser chamado. “Quais seriam as novas?”. Terminado o
desfile foram para casa, e o Doutor vai falando, “nós viemos buscar-te para
Laranjeiras do Sul, agora moramos lá e não posso mais te atender aqui”. E o
velho enfermo começou a admitir a mudança para lá também. Por esse tempo
já não havia mais esperanças nas mãos de outros médicos. Já estava provado
que o problema era acloridria, e que precisava de ácido clorídrico para
estabelecer o equilíbrio do PH para a função do aparelho digestivo. Porém, os
médicos lhe aplicavam antiácido, o que ainda agravava mais a situação. Como
sofria queimor no estômago, apesar de não ser ácido, mas causticante; eles lhe
aplicavam antiácido. Os médicos, 'não se sabe por que cargas d'água', diziam
desconhecer tal queimor. De sorte que não havia nenhuma segurança em ficar
a mercê de tais clínicos, e o Pastor ainda tinha muito trabalho pela frente.
LARANJEIRAS DO SUL
1973:
9 de setembro - foi com o Dr. Milton visitar Laranjeiras do Sul.
Deus tinha um plano para Braff executar no futuro. Ainda não
chegara o tempo de depor as armas, e voltar ao silêncio. No dia 8 de setembro
de 1973 Manoel decidiu ir com o filho para Laranjeiras do Sul - PR e, no dia
seguinte, seguiu com o Dr. Milton e sua esposa para o Paraná. Chegado à ex102
Biografia do Pastor Braff
capital do Território de Iguaçu, visitou os diversos 'cabeças' da igreja e o
hospital onde seu filho Dr. Milton trabalhava.
No sábado, dia 15 de setembro, o pastor aposentado pregou na igreja
de Laranjeiras do Sul e à noite a comissão da igreja dirigida pelo pastor
distrital estendia-lhe o convite para trabalhar, com ajuda de custo mensal,
custeando as suas despesas de mudança e arranjariam uma casa de moradia. O
Braff devia cuidar do trabalho missionário da igreja, visitar os alunos da Voz
da Profecia, e dirigir ou orientar os programas da igreja; sermões, classes
batismais e estudos nos lares.
Domingo, dia 16 de setembro de 1973 o Braff partiu de volta a Bom
Retiro, tratou dos preparativos para deixar Santa Catarina, e experimentar as
novas atividades no Paraná. Dia 24 batizou 4 jovens na cidade de Bom Retiro,
e no dia seguinte partiu para o Rio Grande do Sul, e lá sofreu violenta crise
em Porto Alegre.
Depois de acertar todos os seus negócios, pagando 5 lotes com, uma
casinha de madeira que havia comprado do seu sobrinho Werner, e entregou a
casinha a um irmão da igreja de Monte Belo para morar. A casinha estava
ocupada com um inquilino contumaz, emperrado, dizendo-se dono da
propriedade alheia, e que ninguém o tiraria dali. Não pagava aluguel e nem
saia da casa. O Braff conseguiu outro inquilino que o tirou de lá, mas também
esse não pagava aluguel, porém, livrou a propriedade do 'amigo do alheio'.
Dia 12 de outubro de 1973 o pastor Braff voltou a Bom Retiro. Dia
13, sábado ele convocou a comissão de nomeações para escolher uma nova
diretoria da igreja, e dia 20 foi eleita a nova diretoria, tanto na cidade como na
Entrada, as duas igrejas adventistas de Bom Retiro. O grupo de Pedra Branca
nem deu para visitar. Dia 25 ele seguiu viagem para Laranjeiras do Sul, e
quando melhorou de uma nova crise começou a visitar os alunos da Voz da
Profecia e a dirigir os programas da igreja.
Em 11 de novembro de 1973 o pastor Braff teve de viajar novamente
a Porto Alegre. Sua casa que recebera de herança na Vila Rio Branco,
subúrbio de Canoas, e que nunca recebeu aluguel, estava desocupada. O Braff
pôs imediatamente à venda. Resolvido o problema, volta a Bom Retiro.
A 7 de dezembro o pastor Braff recebeu notícias de Laranjeiras do
Sul: “Para o Pastor ainda não há casa de moradia, não traga a mudança”.
Então ele segue imediatamente para aquela cidade. Dia 16 de dezembro o
Braff comprou uma casa de madeira, quase inabitável. No dia seguinte volta a
Bom Retiro para buscar a mudança. No dia 5 de janeiro de 1974 celebrou a
reunião de despedida na igreja de Bom Retiro e domingo começou a carregar
o caminhão de mudança.
103
1974:
10 de janeiro - o pst. aposentado mudou-se para Laranjeiras do
Sul e começou a trabalhar, ainda carregando problemas de saúde.
Dia 10 ele descarregou a mudança e dia 12 descansou conforme o
mandamento e no domingo começou a reforma da casa. Em fevereiro foi
novamente a Porto Alegre escriturar a casa da Vila Rio Branco, e dia 14
recebia a escritura da casa de Laranjeiras do Sul. Oito dias depois seguia para o
congresso em Cascavel – PR..
TEMPESTADE
Dia 31 de janeiro o Braff seguiu urgente a Tubarão. Tinha caído uma
tromba d'água na Serra do Doze, perto de Lauro Müller, causando uma
enchente assoladora de proporções alarmantes, e o Pastor foi em busca da
filha Marli que lecionava lá. Ela conseguiu safar-se da enchente com água
quase pelo pescoço, mas a água a empurrou para um lugar mais alto, onde
pôde tomar pé e dali escapuliu para um colégio, salvando a vida e de outras
pessoas também. A parte baixa da cidade, à beira do rio, ficou totalmente
assolada. Foram calculados pela imprensa em cinco mil pessoas entre mortos
e desaparecidos. Marli, filha do pastor Braff perdeu tudo o que tinha.
1974:
Neste ano começou a atender com o serviço de fisioterapia, por
indicação do Dr. Milton.
Sábado, dia 6 de abril de 1974, o Pastor foi eleito diretor da
congregação de Laranjeiras do Sul. Dezoito dias depois de eleito diretor da
igreja comprou um terreno sobre um barranco, isto é, sobre um elevado de
uns dois metros acima da rua para construir ali a igreja ou a escola, porque o
terreno da igreja era muito pequeno para as duas instituições. Dia 11 de julho
de 1974 ao escrever uma carta ao seu filho Malton, missionário na África,
queixou-se pela primeira vez de não poder escrever por tremer a mão e dedos,
possivelmente Mal de Parkinson, mal que o iria atormentar dali em diante.
Dia 24 de outubro de 1974, de madrugada, desabou uma tempestade
derribando árvores e casa e fazendo grande estrago na cidade. A casa do Braff
estava em reforma e reconstrução em casa mista, no momento que veio a
tempestade estava sendo levantada e apoiada sobre calços, pontaletes e
escoras para não cair. Havia sido destelhada para aliviar o peso e, foi coberta
com uma lona. A lona em seguida foi lançada fora em pedaços. A casa parecia
um barco agitado pelas ondas encapeladas do mar e o Braff com sua família
dentro de casa estava debaixo de uma chuva torrencial, clamando a Deus por
livramento. Se saísse de dentro de casa e não mais segurasse as escoras ela
cairia sobre a casa do vizinho que ficava logo abaixo, com duas crianças
dormindo e seus pais fora de casa. A casa cairia e mataria as crianças. Sua fé
não vacilou, permaneceu dentro de casa pedindo socorro a Deus e Ele ouviu
104
Biografia do Pastor Braff
suas orações e não deixou Satanás na tempestade abater sua casa, ele e a
família. Bem junto à casa, no lote ao lado, uma árvore robusta havia se partido
em dois pedaços. “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que O temem e
o buscam e os livra”. Mais uma vez se cumpriu a promessa.
SATANÁS
Dia 30 de julho de 1975 o Braff viajou para Porto Alegre e sábado, 2
de agosto visitou a igreja de Monte Belo, bairro de Gravataí e lá dirigiu a lição
da Escola Sabatina e fez o sermão. Na hora da escola chegou uma
endemoninhada que tinha apostatado da Igreja Adventista, e se implicou com
a direção da Escola Sabatina e obra Missionária. Essa apostatada tinha virado
espírita. No sermão provocou o orador, um irmão que compunha a
plataforma levantou-se propondo cantar um hino que, dizia ele, acalmava o
demônio e o pastor Braff mandou aquele irmão sentar-se, dizendo: “Não
tenho que dar satisfação ao demônio, ele que vá para o inferno, e deixe esta
moça. Não tenho diálogo com Satanás”. Repreendeu o mau espírito e a moça
deu um grito estridente, tão horrível que parecia voar o teto da igreja pelos
ares, e ela caiu como uma morta, nos braços que a seguraram, mas logo voltou
a si em perfeito estado. O demônio havia saído dela e o Pastor continuou seu
sermão. Jesus, intervindo lhe deu a vitória sobre as hostes do mal.
Segundo notícias o demônio fez mais uma tentativa, mas logo
abandonou a moça. Ela havia deixado a igreja e freqüentava o espiritismo.
Satanás ficou irado com o Pastor e atacou a sua saúde, como fizera com Jó,
deu-lhe uma gripe muito forte junto com a crise de estômago, já na segundafeira. Então teve que colocar à venda um lote contra a sua vontade. Ficou
mais de uma semana mal e decidiu aceitar o conselho de voltar a Laranjeiras
do Sul de avião até Curitiba e o seu filho Dr. Milton veio buscá-lo no
aeroporto. Foi julgado totalmente impossibilitado de viajar por terra. Esta foi
resposta que o Diabo lhe deu por tê-lo expulsado da moça, mas o pastor Braff
não se arrependeu de tê-lo feito. O Pastor temia a Deus pelo que não respeita
Satanás.
Chegando em casa o pastor Braff ficou bom, mas muito fraco. Ficou
de quarta-feira até sexta repousando. Sábado foi à igreja, mas não teve parte
ativa na escola nem no sermão, porém, segunda-feira já entrou em atividades
até sexta-feira na construção da casa de moradia e no sábado e domingo já
estava em plena atividade na igreja. Só descansava nas horas de crise ou
quando a chuva não permitia trabalhar fora de casa. Nunca tinha tempo de
vestir um pijama de dia. A isto, em grande parte atribui sua longa vida. As
crises foram diminuindo; a plena atividade distrai a tensão mental.
105
DESESPERO DE UM PAI
De 13 a 20 de setembro de 1975 o pastor Albino Marks dirigiu na
igreja de Laranjeiras do Sul uma semana de mordomia. Quando abordou o
assunto da temperança ele apresentou um regime alimentar, condenando a
carne totalmente, recomendando uma só fonte de amido por refeição, e uma
lista de produtos que não combinam na digestão, e a combinação ideal.
Eliminando a mistura de frutas e verduras, separando as frutas ácidas das
doces, enfim um regime semelhante ao regime macrobiótico, e disse que com
esse regime o pastor Braff ficaria bom do estômago. Com isso o corpo se
desintoxica, os nervos se desembaraçam e os órgãos funcionam normalmente.
Só que o processo de desintoxicação é demorado. O Braff topou a parada e
iniciou o regime. O pastor Albino avisou para ir se acostumando devagar,
porque é um regime difícil. O velho doente, porém, começou imediatamente e
logo as crises foram rareando cada vez mais. Sua disposição aumentou, suas
energias duplicaram e sua resistência reviveu.
No dia 10 de outubro de 1975 o pastor Braff foi chamado a
Guarapuava pelo distrital (da jurisdição de Guarapuava). Seu filho (do
distrital) estava passando muito mal. Já estava em estado de coma. Pedia que
viesse urgente ungir o menino. O Braff seguiu imediatamente. Chegando
junto ao menino, olhou e viu um panorama desalentador. O menino estava
morto-vivo, só o coração pulsava com a respiração artificial. O cérebro estava
morto, só ressurreição poderia trazê-lo à vida novamente. Neste estado ficou
por muitos dias. O Pastor pedia oração de tantos quantos o visitassem para
consolá-lo. Pedia que orassem para que o seu filho vivesse. O pastor Braff
ungiu o menino com óleo em nome de Jesus, mas o Pastor, porque o filho
não acordou, continuou pedindo oração de todos que ali chegavam. Dava a
impressão de que ele acreditava que uma pessoa tinha mais poder que a outra
e assim pediu oração a todos.
È certo que devemos orar uns pelos outros, mas depois que
entregamos o caso nas mãos de Deus, devemos confiar inteiramente no
Senhor. Se Ele quiser que se cumpra o nosso desejo, devemos agradecer-lhe
por Sua resposta. Se nosso desejo não for satisfeito, devemos agradecer-lhe
por Ele, o Senhor, ter satisfeito Sua vontade, e sempre a vontade de Deus é o
melhor caminho para nós. Mas o desespero do homem era cruel. O menino
vivo-morto continuou por muitos dias sem alteração, mas por fim o coração
parou, dando descanso aos seus afligidos progenitores. A segunda morte é
incomparavelmente mais terrível e parece que poucos se dão conta disto, e o
desespero por ela o pastor Braff não percebeu. Devemos seguir o exemplo do
velho e saudoso pastor Streilhor (quando seu filho deu sinal de abandono da
fé ele jejuou por muitos dias até que o seu filho voltou. A fé que ele estava
abjurando o tornou um homem de Deus, após esta experiência). Aquele servo
de Deus que descansou faz tantos anos, cria na segunda morte como eterna.
106
Biografia do Pastor Braff
O FISIOTERAPEUTA
Em 1934 o professor Braff foi fazer um curso intensivo no Colégio
Adventista em São Paulo, e posteriormente, em Porto Alegre fez o curso
Superior de Educação Física, um curso intensivo, pelo qual ficou habilitado
também em fisioterapia.
Num belo dia o Pastor Braff estava em casa de seu filho médico,
quando alguém tocou a campainha e o médico foi atender o cliente; de
repente ele chama: “Pai venha cá, aqui tem um caso para ti”. Era uma senhora
adventista com um pé dobrado, fora da articulação; uma luxação autêntica. E
o seu pai lhe respondeu “Tu és médico, te vira”. Não! disse o filho, isto é um
caso de fisioterapia, e nós aqui não temos um fisioterapeuta. Vem nos ajudar
com a fisioterapia, pediu ele. O velho pastor tomou o pé da mulher e o Dr.
Milton o ajudou; articulou o artelho e flexionou o pé, com talco fez uma
fricção e massageou o pé da paciente, no dia seguinte o Pastor-Fisioterapeuta
comprou pomada e massageou mais três vezes e a mulher ficou andando
normalmente. Logo a notícia se espalhou e, não mais o deixaram sossegado.
O Pastor não parou mais com suas atividade de fisioterapeuta, ainda
carente de profissionais especializados em Terapia Física. Por conseguinte
montou uma clínica fisioterápica, aliviando as dores e restaurando a saúde a
centenas de enfermos contundidos com problemas de coluna, artrite,
reumatismo, etc. Neste aspecto sentiu-se útil para os sofredores, e auxilio para
a Igreja.
Associando dois ou três aparelhos fisioterápicos o Braff descobriu um
método de tratamento para machucadura, coluna com tração e reumatismo
ciático. Torcicolo geralmente fica bom com apenas uma aplicação. Luxação
crônica tinha resultado pleno de quase 100%. Tratou de milhares de casos, e
com raras exceções a cura era completa. Neste setor de atividade ele dedicou
boa parte do seu tempo. Do problema de derrame cerebral, teve vitórias
esplêndidas em vários casos. Aliviar o sofrimento do próximo: eis sua divisa.
APOSENTADO E INDEPENDENTE
No Paraná o pastor Braff realizou batismos e deu Santa Ceia a
milhares de irmãos de Sul a Norte, por cerca de dois terços do Estado. Na
região Centro-Oeste, também, de sul a norte da região brasileira. Ao todo,
calcula ele, batizou mais de mil pessoas em seis estados do território nacional:
Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, e por
fim Mato Grosso; e oficiou perto de uma centena de casamentos.
Enquanto o pastor Braff esteve empregado na linha de frente, ou seja,
no ministério assalariado, pouco tempo dispunha para o trabalho pessoal.
Estava sempre envolvido com os problemas dos membros nas muitas igrejas e
congregações, e fazer as promoções emanadas do centro empregador, o que
certamente era muito natural. O ministro é empregado para ir onde for
107
mandado e fazer a obra que lhe for designada, correto. Mas, o trabalho
pessoal, de sua iniciativa se atrofia, e suas obrigações familiares ficam
deficientes. O Braff, depois de aposentado teve mais tempo. Construiu duas
moradias: uma em Laranjeiras do Sul e outra em Mato Grosso, conforme
veremos adiante. Batizou mais do que antes e deu Ceia muito mais; realizou
casamentos, muitos sem depender financeiramente da obra organizada, fez
por conta própria.
Dia 22 de novembro de 1975 o pastor Braff organizou o grupo de Rio
Bananas e o professor Osmindo, diretor da Escola Adventista da cidade o
acompanhou. Aquela filial que o Braff tanto tinha trabalhado para que se
fizesse igreja, já estava se emancipando.
Dia 20 de dezembro de 1975 o pastor Braff foi a Porto Alegre assistir
o casamento de sua neta Sônia, filha primogênita da Mirtie. No dia 31, último
de 1975 chega Malton, o missionário de Cabo Verde na África e chegam
também mais quatro filhos do Pastor com suas respectivas famílias, e
aproveitando a oportunidade, Malton passa para os seus familiares um filme
de Cabo Verde.
No princípio de junho de 1976 o pastor Braff começa uma série de
conferências em Canta Galo e dá início a uma escola sabatina, e depois
entregou para a Igreja de Guarapuava continuar o trabalho ali. Dia 22 de julho
o Pastor seguiu para Londrina como delegado especial da primeira Assembléia
Trienal da Associação Paranaense da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
No dia 8 de agosto de 1976 o pastor Braff seguiu para Rio Bananas,
foi comprar um terreno para edificar uma igreja para os irmãos pobres e
sitiantes daquele local, e no dia 26 inaugurou uma capela na área dos índios
guaranis no município de Laranjeiras do Sul. Havia ali uma família adventista,
mas logo o cacique transformou a capela em salão de baile e o trabalho
adventista teve de ser abandonado.
No dia 20 de setembro de 1976 foi iniciada uma série de conferências
em Quedas do Iguaçu: o pastor Edgar Bergold como conferencista e Paulo
Geske e Manoel Braff como auxiliares; três pastores até 25 de outubro de
1976, quando se encerrou a série e o pastor Braff voltou para casa. Já no dia
27 o Braff viajou a Porto Alegre para receber a escritura dos cinco lotes da
Vila São Jerônimo em Gravataí. De volta a Laranjeiras do Sul, dia 13 de
novembro começou a semana de oração, e dia 15 foram realizadas eleições
para vereadores e prefeito. O Braff foi escalado pelo juiz eleitoral para ser
primeiro mesário. Para prefeito venceu o PMDB.
108
Biografia do Pastor Braff
1976 a 1981
VIDA INTENSA E SAÚDE
A BOA ATIVIDADE FORTALECE
1976:
Ano em que não registrou crise severa de saúde.
Em 1976 o pastor Braff não registrou mais a crise de saúde. Se a teve,
julgou tão pequena que não valia a pena registrar no seu diário.
1977:
Ano em que registrou duas crises, uma em maio e outra em
setembro.
Em 1977 registrou duas crises, uma em maio e outra em setembro.
Em 1978, uma em fevereiro e em 1979 não registrou nenhuma. E em 1980
sentiu-se livre daquela doença que antes quase o matou por cair em mãos de
médicos estranhos.
O regime alimentar foi o maior remédio para as crises estomacais do
Pastor. Seu corpo foi desintoxicado e a enfermidade que o atormentava
desaparecia à medida que o seu organismo ia se libertando das toxinas. De
tempo em tempo, errava algo no regime, comendo alguma coisa que já não
estava sadia, e logo se intoxicava, ou havia algum desvio no seu regime
circulatório e a crise voltava impiedosa. Isto veio confirmar e fortalecer a sua
fé no regime alimentar, como o melhor caminho para prolongar a vida.
1977:
22 de fev - os prof. Dirceu e Nanci iniciaram o ano letivo da
Escola Adventista de Laranjeiras do Sul.
No dia 22 de fevereiro de 1977 Dirceu e Nancí, professores da Escola
Adventista de Laranjeiras do Sul - PR iniciaram o ano letivo, substituindo o
Prof. Luiz Carlos que tinha sido transferido para uma escola maior em Assis
Chateaubriant - PR. O Braff havia encaminhado o Prof. Luiz Carlos para a
obra de Deus como professor em Laranjeiras e dali para uma escola de
primeiro grau completo, como diretor. Fora disso, o pastor Braff passou
viajando em dois terços do Paraná, batizando, dando Santa Ceia e fazendo
casamentos. Só de setembro até o final do ano batizou 124 almas. Ainda
encontrou tempo para tratar do acabamento de sua casa.
109
PASTOR VOLUNTÁRIO NA FUNÇÃO
1977:
O Pastor Braff viajou muito pelo Paraná em serviços
religiosos.
No Paraná o Pastor Braff trabalhou sempre por conta própria, sem
receber nada de auxílio da Associação Paranaense e depois do primeiro ano de
sua residência em Laranjeiras não recebeu mais nada da igreja local também,
mantinha-se com a aposentadoria e com suas massagens.
1978:
19 de janeiro - o Pastor foi com a família ao Instituto
Adventista São Paulo - Campineiro - para um concílio e visitaram o
Menalton;
Dia 19 de janeiro de 1978, o Pastor Braff seguiu com a família para o
Campineiro - Instituto Adventista São Paulo no Município de Campinas - SP,
para o concílio das uniões brasileiras da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Sua
esposa ficou em casa do filho Menalton e no sábado Menalton levou de carro
até o Colégio a sua mãe e Mara, a filha mais nova do Pastor Manoel Braff. O
Pastor foi professor de uma classe da Escola Sabatina e na Santa Ceia de
pastores atuou também como diácono. Segundo ele, foi um dos melhores
concílios que assistiu, estando presentes uns 350 pastores de todo o Brasil.
Fevereiro - uma crise de estômago.
Em 30 de janeiro de 1978 o Pastor ainda estava no concílio em
Campinas e no dia seguinte já estava de volta a Laranjeiras, onde o pastor
distrital Paulo Jeske o aguardava para com ele estudar uma estratégia de
trabalho no Distrito (jurisdição).
Em 17 de março de 1978 foi realizado em Curitiba no Paraná o
Congresso de Obreiros, no qual o Braff tomou parte na ordenação de seis
novos pastores.
No dia 20 de abril o Pastor viajou para Joaçaba - SC, a fim de realizar
a cerimônia do matrimônio de um jovem de Laranjeiras do Sul - PR que se
casava com uma moça daquela cidade. De Joaçaba ele seguiu para Porto
Alegre - RS, dirigindo-se até Rio dos Sinos, a sua terra natal para rever a igreja
que ele fundara na sua conversão. Aproveitando a oportunidade visitou os
parentes e no dia 30 de abril voltou para casa em Laranjeiras do Sul – PR.
No dia 2 de agosto de 1978 o Pastor começou a trabalhar com
massagem em casa.
17 de agosto - o Pst. Malton chegou da África com a família.
110
Biografia do Pastor Braff
No dia 17 o seu filho, pastor Malton chegou da África com a família, e
Manoel Braff e sua família ficaram muito felizes com a visita. Malton
aproveitou para passar um filme de seu trabalho naquele campo missionário.
No dia 25 de agosto de 1978 deu entrevista na Rádio Educadora de
Laranjeiras sobre o seu trabalho na África.
Em Laranjeiras do Sul o pastor Manoel tratou de organizar a igreja
com a lista dos membros recomendáveis para formar o núcleo e a lista dos
membros fundadores da agremiação organizada e dia 6 de setembro de 1978
os pastores Leonídio, Weber, Jeske e Braff deram, início ao programa de
organização; logo a seguir convocaram uma comissão de nomeações e depois
de votado o relatório da comissão os pastores ordenaram os irmãos Adolfo
Henke e o Prof. Osmindo Zitkievítz como 'ansioso' e Ires Oliveira para o
diaconato.
VIDA FAMILIAR
1978:
22 de setembro - Nascimento da Denise.
No dia 22 de setembro de 1978 nasce em Laranjeiras do Sul a netinha
do pastor Braff, Denise, filha de Milton João Braff e Niura M. Galvan.
20 de outubro - Assembléia em Maringá - org. da recolta.
No dia 20 de outubro de 1978 realizou-se uma assembléia dos
adventistas em Maringá para organizarem a recolta (uma espécie de coleta de
esmolas para que o povo geral contribua na manutenção de serviços
assistenciais tocados pelos adventistas).
1979:
22 de fevereiro - casamento da Maísa.
Em 22 de fevereiro de 1979 realizou-se o enlace matrimonial de Maísa
Gomes Macedo com Ulisses Dysarsz; era sua primeira filha adotiva a casar. O
rapaz não era adventista e isto trouxe desgosto para os Braff, seus pais.
Casamento misto em geral dá problemas no que tange a vida espiritual.
Precisa ser muito cristã a parte religiosa dos cônjuges para resistir à pressão ou
a falta de apoio alheio à fé, porque o fascínio do mundo é tão forte que não é
seguro andar nesta vida sem o auxílio social íntimo entre marido e mulher,
quando casados. Os solteiros têm os pais ou outras associações que a pessoa
escolhe de acordo com suas tendências, mas depois de casar está amarrada à
outra parte, sem opção de outra escolha, a menos que queira precipitar uma
catástrofe sobre seu lar, o que representa um desastre para a vida do cristão.
111
UM DIÁCONO ASSALTADO
Em meados de julho de 1979 o pastor Braff viajou para o Rio Grande
do Sul e litoral de Santa Catarina. Ao chegar de volta à casa no dia 29 de julho,
recebeu a notícia que um grupo armado assaltou a casa do diácono da igreja,
que morava no sítio de Ervino, pai do diretor da Escola Adventista de
Laranjeiras. Houve tiroteio e atingiram o diácono na cabeça, tendo morte
instantânea. A Igreja Adventista estava toda consternada com a violência que,
além da cidade, atacava também os sítios. Não se sabe se foi para roubar ou
assassinar; o fato é que nosso irmão morreu lutando contra os inimigos.
CAPELA PARA OS IRMÃOS POBRES
O Pastor comprou uma casa da Eletrosul, no Salto Santiago, no
Paraná pagando somente a mão de obra para demolir e transportar até Rio
Bananas, fazendo dela uma capela para aqueles irmãos pobres que nem casas
tinham para morar, pois moravam em palhoças, viviam da agricultura e eram
muito trabalhadores. A Igreja de Laranjeiras pagou para transportar e
reconstruir a casa que se transformou em capela.
FALECIMENTO DE JOÃO PEDRO BRAFF
Chamado urgente à Taquara - RS, o Pastor chega a Porto Alegre dia
28 de setembro de 1979 à noite e sábado de manhã segue para a casa de seu
irmão João Pedro em Padre Tomé, município de Taquara, mas ele estava na
cidade, na UTI do hospital. Após a Escola Sabatina foi visitá-lo, encontrandoo bem melhor. O Pastor foi fazer outras visitas, mas quando voltou ao
hospital para se despedir do irmão achou-o muito mal, tratou de levá-lo a
Porto Alegre urgentemente para interná-lo no Hospital Nossa Senhora da
Conceição, mas faleceu antes de ser atendido. No dia 5 de outubro foi ele
sepultado no cemitério da Igreja Adventista de Rolante.
A ATIVIDADE VENCENDO A ENFERMIDADE
O pastor Braff foi escolhido, no dia 27 de dezembro de 1979,
delegado para as bienais em Curitiba. Houve também concílio em Castro - PR,
e no dia 3 de janeiro de 1980 ele voltou a Laranjeiras. De sorte que passou o
ano de 1979 em grande atividade, viajando pela terça parte do Estado,
pregando e ensinando, tratando o povo com fisioterapia, batizando, dando
Santa Ceia e celebrando matrimônio, quando não estava em concílio,
congresso ou bienais. Com isto derrotou Satanás e sua saúde foi voltando ao
normal.
1980:
3 de janeiro - de volta a Laranjeiras. De janeiro a março esteve
muito ocupado com fisioterapia.
112
Biografia do Pastor Braff
Pastor Manoel começou a se sentir útil, seu estado psicológico
melhorou e realizou uma obra gratuita para a Associação que o abrigou em
suas fileiras como seu pastor jubilado. De janeiro a março de 1980 atendeu a
sua clientela enferma sem folga em suas atividades. Não tinha tempo para se
dar conta de que estava aposentado. Tinha muito movimento em sua clínica, e
viajou muito com todas as atividades pastorais nos distritos onde os pastores
eram obreiros principiantes; batizava, dava Santa Ceia, oficiava casamentos e
orientava os colegas no trabalho.
Quando o Braff chegava à sua casa encontrava doentes à sua espera,
para receber auxílio de suas dores. Então ele curava as enfermidades tratáveis
com seus aparelhos e massagens manuais. Procurava preparar a igreja para
levar a mensagem do advento ao interior do Município e vizinhanças.
Em 1978 a Igreja foi organizada. Antes era preparar a Igreja para a
organização, agora era prepará-la para ser sede de distrito (jurisdição territorial
de um ou mais municípios), formando uma igreja missionária. Essas suas
atividades beneficiavam grandemente seu estado psicológico, dando-lhe certa
sensação de realizado, todavia era uma obra gigantesca demais para um velho
enfermo. O lema do Braff era não deixar cair a peteca enquanto ele pudesse
conservá-la no ar. Diziam-lhe: “desacelera as atividades, o senhor não está
empregado, ninguém lhe reclama este trabalho, quando vais descansar?”.
AUDÁCIA E CONSEQÜÊNCIA
O Braff não tirava tempo para descansar. Porém isto lhe debilitava as
energias e facilitava a repetição das crises. Em consequência o velho não podia
ficar distante de seu filho médico. Outros desconheciam suas peculiaridades.
Porém, uma provação se avizinhava sorrateira, imperceptivelmente dele; o
Pastor depositava sua total confiança no filho médico que conhecia a
enfermidade de seu pai e quando este era atacado pela crise aplicava o
remédio certo e logo melhorava.
1980:
hospital.
25 de março - Dr. Milton foi à Santa Terezinha tentar erguer
Dia 25 de março de 1980, o Dr. Milton seguiu para Santa Terezinha
perto da Foz do Iguaçu para comprar uma casa da viúva de um médico que o
construtor matara deixando o hospital pouco além do alicerce. Sobre aquele
alicerce o Dr. Milton pretendia levantar um hospital, ou comprar um hospital
desativado perto dali.
Dia 6 de abril o Dr. Milton seguia com a mudança para Santa
Terezinha.
No dia 11 sua esposa e filha viajavam de visita ao Médico. No sábado
o Pastor passou a lição da Escola Sabatina em Laranjeiras e seguiu para Pato
113
Branco - PR. Batizou um candidato e seguiu para Francisco Beltrão - PR num
dia muito frio. Ficou resfriado em Pato Branco e domingo de manhã batizou
17 pessoas em Francisco Beltrão, entre os quais uma senhora que desmaiou
dentro d'água, de frio. O Pastor ficou congelado naquela água fria amanhecida
de uma noite de chuva quase gelada. Depois do batismo seguiu para casa e
não conseguia se esquentar. Em seguida a crise se manifestou.
1980:
18 de abril - baixou ao hospital onde foi forçado a tomar
antiácido.
No dia 18 de abril de 1980 o Pastor baixou ao hospital. Lembra
apenas até o momento em que o puseram na cama e entrou em estado
inconsciente. O médico que tratou dele em casa mandou tomar antiácido, o
enfermo disse-lhe que antiácido, para ele, era veneno. O médico respondeulhe – “tem de tomar por minha conta”, e fê-lo tomar à força. Imediatamente
piorou e o médico o levou para o hospital, desacordado. O Braff teve um
pouco de lucidez quando o puseram na cama do hospital. Sexta-feira, sábado
e domingo, ele passou desacordado.
21 de abril - avisaram Dr. Milton.
No dia 21 de abril de 1980 descobriram o telefone do filho do pastor
enfermo, Dr. Milton, que estava em Santa Terezinha e por ordem do Dr.
Milton levaram-no de carro, pois, não havia ambulância na cidade. Acordou
quando o colocaram no carro e na viagem melhorou um pouco.
Nos dias 26 e 27 ele pregou na igreja de Santa Terezinha; no dia 29 de
abril voltou bom para casa.
No dia 8 de maio de 1980 seu filho voltou à Laranjeiras com a
mudança. A escritura da compra da casa e hospital em Santa Terezinha foi
anulada e o Dr. Milton perdeu tudo que gastou na compra e mudança que fez,
era um golpe de vigário de alguém que se dizia amigo de Milton.
TRABALHANDO EM MATO GROSSO
1980:
23 de junho - Past. foi à Sinop - MT.
Em 23 de junho de 1980 o pastor Braff partiu para Mato Grosso, à
igreja de Sinop e dia 27 uma sexta-feira, à noite, começou uma semana de
oração. Durante toda essa semana teve uma excelente freqüência. Sábado dia
5 de julho, ele encerrou com a Santa Ceia e à noite foi realizada a queima
simbólica de todos os pecados confessados na caixa de segredo, com uma
apoteótica consagração e renovação de votos de fidelidade aos princípios
adventistas dos que se preparam para o glorioso encontro com Jesus.
114
Biografia do Pastor Braff
6 de julho - foi à Colider.
Dia 6 de julho de 1980 o Pastor seguiu para Colíder - MT a 160 km
mais ao norte, e lá teve uma semana de muitas vitórias, repetiram-se as cenas
de Sinop. Ambas as cidades são formadas por imigrantes do Sul do Brasil,
imprimindo grande progresso às florescentes cidades. Cidades que souberam
mesclar os elementos do Sul e Norte do País, num povo progressista.
No dia 13 de julho de 1980 o pastor Braff partia de volta para
Laranjeiras do Sul-PR. Em Laranjeiras os adventistas estavam encerrando a
semana de oração.
FAMÍLIA, FISIOTERAPIA, CELEBRAÇÕES
Os familiares de Manoel Braff chegavam de todos os quadrantes,
inclusive seu filho missionário na África com a família. O pastor Malton ficou
cerca de quinze dias de visita na casa de seu pai, voltando às atividades em seu
campo missionário africano no princípio de agosto; então o pastor Manoel
Braff também retomou a sua atividade, aliviando as dores dos pacientes
tratáveis com terapia mecânica e trabalho pastoral.
1980:
19 de outubro - viajou a Porto Alegre, voltando a Laranjeiras
no dia 5 de novembro. O Pastor sentiu-se livre das crises.
Dia 19 de outubro de 1980 o Braff partiu para Porto Alegre para tratar
de seus familiares: irmão, filha e sobrinha, todos com problema na coluna. No
dia 5 de novembro voltou a Laranjeiras intensificando as atividades na
fisioterapia até o fim do ano; tratou de doentes vindos de Porto Alegre, Mato
Grosso, Curitiba, Londrina, Francisco Beltrão, etc.
1981:
9 de fevereiro - oficiou bodas de ouro em Francisco Beltrão.
No dia 9 de fevereiro de 1981 o Pastor viajou para Francisco Beltrão a
convite da família de Francelino Rodrigues e Conceição Rodrigues para oficiar
as bodas de ouro do casal. Era a primeira vez que o pastor Manoel João Braff
celebrava esta espécie de cerimônia. Não é muito comum um casal viver junto
durante meio século sem que um se despeça do outro para a eternidade ou até
a ressurreição dos salvos ou dos perdidos, quando poderão se encontrar
novamente. Atualmente o comum na sociedade é que casais separam-se por
qualquer incompatibilidade social. A vida é efêmera e o casamento
excessivamente vulnerável.
A festa dos Rodrigues reuniu praticamente a família toda. No sermão
o Braff evocou as razões para um culto de ação de graças. Foi motivo de
muita alegria ver um casal se multiplicando em tantas famílias. As iguarias
agradaram a todos os presentes.
115
1979 a 1982
PARANÁ, A IGREJA E A ESCOLA
MELHOR LOCALIZAÇÃO
Há muito era aspiração dos adventistas de Laranjeiras do Sul - PR de
separar a igreja da escola, por dois motivos: primeiro, porque o terreno de mil
metros quadrados era muito pequeno para comportar as duas instituições, ou
seja, a igreja e a escola, visto que não havia área disponível para a expansão da
escola que se fazia necessário. A outra razão era quebrar o preconceito da
parte dos pais dos alunos, avessos à Igreja Adventista, que deixariam de
matricular seus filhos na escola por ser junto à igreja. A ampliação da escola
era assunto inadiável.
O Dr. Milton Braff, conhecedor das necessidades da escola informou
a seu pai dum terreno de propriedade dum colega seu na Rua Manoel Ribas,
sobre um barranco, acima do nível da rua uns dois metros e meio a três
metros, que estava à venda. Era um terreno de construção cara e por isso
havia certa dúvida sobre a conveniência de a igreja adquirir a propriedade. O
Pastor convocou a comissão da igreja para decidir, apesar de haver muita
reação contra. Depois de tudo esclarecido a comissão aprovou a idéia e o
terreno foi adquirido.
Neste terreno, tanto a escola como a igreja, qualquer das duas teria
que ser construída com dois pisos, o térreo ficaria na rua e o primeiro andar
ficaria sobre o barranco. Para a escola, no andar térreo ficaria a diretoria e
demais dependências da administração e no primeiro andar as salas de aulas,
instalações sanitárias, etc. Deveria ser feita uma boa escavação no barranco,
mas eles confiavam que a Prefeitura faria esse trabalho, só que seria necessário
esperar até que a oportunidade chegasse. Teria que ser feita uma laje cobrindo
todo o andar térreo.
PROPOSTA DE PERMUTA
Quando as circunstâncias começaram a favorecer e o Pastor estava
arranjando as máquinas com a Prefeitura Municipal para cavar o barranco, a
fim de construir a escola; quando teria que fazer um corte grande na frente e
outro nos fundos para aplainar o terreno, eis que um empresário comercial
comprou um lote ao lado do terreno adventista e propôs a compra ou troca
do lote. O Braff respondeu que só aceitaria a permuta por um terreno mais
apropriado para a construção da escola. O comerciante encontrou vários
terrenos, mas o Pastor rejeitou por serem impróprios para o colégio, não
116
Biografia do Pastor Braff
oferecendo as melhores condições para a construção do que o terreno do
barranco.
MELHOR TERRENO
O empresário não desanimou, manteve a intenção de anexar o terreno
dos adventistas ao seu. De vez em quando trazia uma nova proposta, até
descobrir que a Igreja Metodista tinha decidido vender um lote vago de sua
propriedade ao lado de sua velha e já desativada capela. Era um lote com uma
casa pastoral inabitável, há muitos anos abandonada. O comerciante trouxe a
proposta; ele compraria o terreno e permutaria pelo lote do barranco, e o
Braff respondeu prontamente que aquele lote lhe servia. Aquele terreno era
próprio para a construção, pois tinha 20 metros de frente por 50 de fundos,
l.000 m quadrados, dava bem para a instituição que o Pastor desejava levantar
em Laranjeiras do Sul.
O comerciante propôs comprar o terreno aos responsáveis da Igreja
Metodista. Estes ficaram de consultar o bispo da Igreja para dar a resposta. A
resposta demorou muito e finalmente o bispo respondeu que se demolissem a
velha capela e construíssem uma igreja nova de alvenaria, poderiam fazer a
transação comercial, vendendo o terreno vago. Enquanto era aguardada a
resposta do bispo, o pastor Braff levou o caso à mesa administrativa da
Associação Paranaense no dia 27 de maio de 1979 e o Presidente ficou de dar
resposta.
No dia 6 de abril o pastor Ataliba Huf havia visitado Laranjeiras do
Sul, trazendo a resposta positiva, dando sinal verde para a permuta, todavia
sem contar com o auxílio da Associação.
Como silenciassem as negociações, no dia 24 de maio de 1979 o
pastor Braff foi a Sertãozinho, lugarejo perto da cidade (Laranjeiras) para
saber do andamento do negócio que eles tinham com o comerciante sobre o
terreno de perto da igreja. O chefe informou que o lote estava vendido para o
comerciante e que só estava esperando a resposta do bispo para tratar da
escritura e, a seguir, iniciar a construção da igreja. Sua congregação queria
vender o terreno.
1979:
2 de julho - foi feita a permuta e escriturado em nome da
Associação;
No dia 2 de julho de 1979 houve a resposta positiva do bispo. A Igreja
Metodista devia escriturar o lote para a Associação Paranaense e esta passar o
terreno do barranco para o empresário, e deste modo se fez a tão esperada
permuta.
Já com um bom terreno, abriam-se os horizontes do futuro da Escola
Adventista de Laranjeiras do Sul. A vitória estava ganha. Após todo o
117
processo de permuta o Braff fez uma planta sugestiva da escola para remeter à
mesa administrativa da Associação na expectativa de sua apreciação e algumas
alterações técnicas que julgassem necessárias com cunho oficial para que se
pudesse executar o projeto.
Seriam 800 metros quadrados cobertos. O Pastor levou a planta e
discutiu com o Secretário de Educação da Associação, depois deixou o
anteprojeto para o estudo do engenheiro da Associação. De volta a Laranjeiras
entrou em contato com o Prefeito Municipal para fazer uma terraplanagem no
terreno. Conseguiu pedra britada para quase toda a construção com uma firma
adventista que estava asfaltando uma estrada perto de Laranjeiras: A
Menegusso. Com poucas alterações na planta sugestiva, o departamental de
educação da Associação Paranaense dos Adventistas do Sétimo Dia mandou
uma planta assinada pelo engenheiro.
INÍCIO DA CONSTRUÇÃO
De posse da planta aprovada pelo engenheiro, o Pastor convocou a
comissão da igreja para eleger uma comissão de construção. O Prof. Osmindo
foi eleito presidente, o pastor Braff vice-presidente. O tesoureiro da Igreja,
Bertold se tornou tesoureiro da construção. O Presidente da comissão devia
achar um pedreiro adventista para o trabalho, e o tempo escoou-se. A obra
ficou parada até 8 de março de 1981. O ano de 1980 esvaiu-se na preparação
do terreno, dissipou-se no que dependia da boa vontade dos políticos e de
parte da verba que a Golden Cross prometera como auxílio.
1981:
8 de março - início da construção da escola.
No dia 8 de maio de 1981 teve início a construção da escola. Logo o
Professor, Diretor da escola, presidente da comissão vendo que não podia
atender a escola e a construção ao mesmo tempo encarregou o pastor Braff
para dar assistência à obra em construção. O Braff foi provedor de material,
eletricista e responsável pelos trabalhos de toda a construção até que o peso
das responsabilidades quase o esmagasse, mas sua saúde resistiu, mesmo
porque seguia um regime alimentar saudável comprovadamente, como
também por se sentir útil no trabalho que realizava.
1982:
2 de dezembro - terminou a instalação elétrica.
No dia 2 de dezembro de 1982 terminou a instalação elétrica, dia 4 de
março de 1982 o Braff concluiu a instalação da água nos banheiros da sala do
pré, e a 11 de abril terminou a ligação da água em toda a escola. Terminaram
aí os trabalhos da Escola Adventista de Laranjeiras do Sul. Logo depois o
Pastor foi fazer uma instalação elétrica na casa do professor Osmindo, diretor
da escola.
118
Biografia do Pastor Braff
1981 a 1983
OPÇÃO PELO NORTE
UMA CERIMÔNIA DIFÍCIL
No dia 15 de março de 1981 o Pastor viajou para Taquaral, uma vila
no Município de Palmital, região central do Paraná, onde havia uma
congregação adventista bastante isolada, lugar de precário acesso e escassos
meios de comunicação naqueles idos. Naquela congregação havia um irmão
idoso de nome Vidal Camilo da Silva; este faleceu num tempo de muita chuva.
O pastor Braff foi chamado para enfrentar a emergência, realizando a
cerimônia fúnebre daquele irmão que partira naquela data para se encontrar
com Cristo na Sua vinda. Ele foi chamado a repousar enquanto o seu caráter
permanece nos arquivos de Deus.
O Braff alugou um carro dum irmão (membro da igreja) de
Laranjeiras e partiu acompanhado de um prático que conhecia a estrada. A
única condução para chegar lá seria um carro particular para viajar numa
estrada sem movimento e sem moradores perto. Era uma região de fazendas.
Ao atravessarem uma extensa mata durante a noite o carro atolou na lama até
entrar água e lama dentro do carro. Era uma noite muito fria. Dormiram, isto
é, passaram a noite, atolados no barro molhado, enlameados da cintura para
baixo, tremendo de frio. Depois de esgotar todos os recursos, perto da meianoite, o conhecedor da região, saiu a pé para a sede da fazenda que havia
naquelas paragens. Ele andou o resto da noite e no outro dia cerca das nove
horas chegou com o socorro. O 'guincho' era um homem a cavalo numa mula.
Ele passou uma corda na cincha e montou à cela da mula e a mula arrastou o
carro. Depois se lavaram um pouco e ainda chegaram a tempo de realizar o
sepultamento.
CASAMENTO DO MALTINHO
Dia 4 de abril de 1981, o Pastor partiu para São Paulo de carona com
o Dr. Milton, a esposa Niura e seu filho Fernando. Foram assistir as núpcias
do neto e filho de criação do pastor Braff, Malton Heckler Braff com Sandra.
O pastor Rubens Lessa oficiou o casamento.
De volta a Laranjeiras o Braff continuou com suas atividades.
OPÇÃO PELO NORTE
No dia 17 de abril de 1981 o Braff foi acometido pela crise. Vomitou à
noite e no dia seguinte estava melhor. Tinha sido uma crise passageira. Nos
119
dias 5 e 8 de maio novamente a danada da crise atacou, acompanhada de
gripe.
No dia 20 de maio de 1981 Manoel seguiu de viagem a Porto Alegre
em visita aos irmãos, filhos, netos, cunhados e irmãos na fé; voltando a
Laranjeiras no dia 2 de junho. Suportou uma onda de frio quando esteve em
casa da filha na Grande Porto Alegre desiludindo-se do Sul. Seu organismo
não mais suportava o intenso frio do Sul. No dia 3 ele chegou à sua casa com
a decisão de não voltar mais à sua terra nos dias frios do ano.
No dia 7 de julho de 1981 o Pastor viajou com a esposa de carona
com o Dr. Milton e esposa para Primavera um povoado do Mato Grosso na
Br 070 no km 150, Município de Poxoréo. O Pastor gostou muito do lugar,
assim como os outros três. Era um povoadinho em formação que prometia se
tornar uma grande cidade. Seu filho estava interessado em adquirir um alicerce
abandonado para construir ali um hospital. O Pastor disse ao seu filho: “aqui é
um lugar de futuro. Fica com o alicerce, constrói um hospital e ele crescerá
com a cidade e tu serás o primeiro médico daqui, contribuindo para o
crescimento do lugar”, então pai e filho encaminharam a compra de lotes para
futuramente construir casas naquele promissor povoado de clima gostoso, em
um chapadão encantador.
CASAMENTO DA NETA LÍCIA
1981:
10 de julho - Passaram em Dourados e presenciaram o
casamento da sua neta Lícia, filha de Merlinton.
Dia 9 de julho de 1981, o Dr. Milton e seu pai, pastor Braff, com as
respectivas esposas passaram em Dourados - MS e no dia 10 houve o
casamento de sua neta Lícia Cardoso Braff, filha de Merlinton João Braff. Ela
casou com o gaúcho Alceu Mauro Denes. Foi uma solenidade pomposa.
BODAS DE OURO
1981:
4 de agosto - visita do filho, Pst. Malton.
No dia 4 de agosto de 1981 Malton, filho do pastor Manoel Braff,
chegou a Laranjeiras, vindo do campo missionário africano. No dia 7
chegaram filhos, filhas, noras, genros e netos, uma grande quantidade de
pessoas ligadas ao Casal Braff, quase toda a família foi reunida. O que estava
acontecendo? O velho casal no dia 10 de agosto de 1981 completaria meio
século de vida conjugal, e os familiares chegaram para comemorar a data
festiva.
8 de agosto - celebração das bodas de ouro, pelo Pst. Malton, ação
de graças pelo restabelecimento da saúde do Pastor.
120
Biografia do Pastor Braff
Dia 8 de agosto, dois dias antes do aniversário de casamento, o pastor
Malton Braff celebra as bodas de ouro dos seus pais, uma cerimônia tão
significativa esse encontro familiar, agora que praticamente estava livre da
crise estomacal que por mais de 5 anos o atormentara. Foi um dia de ação de
graças pelos 50 anos de união conjugal, pela conservação da vida dos dois
juntos, nesta época de separação de casais, da dissolução da família. Ação de
graças também, pela restauração da saúde do 'Cabo de Guerra', veterano das
batalhas sem tréguas do 'Príncipe Emanuel' e pelo filho que Deus lhe deu
como missionário na África.
Aquele memorável encontro deveria perdurar indelevelmente gravado
na vida de todos os presentes, assim como do idoso casal.
As iguarias agradaram a todos os presentes. O jantar aconteceu num
excelente restaurante da cidade.
O programa foi antecipado em dois dias para aproveitar as horas
sagradas do sábado santo. Só mesmo nesse dia seria possível reunir toda a
família com exceção do quarto filho, Menalton que, atendendo a outros
compromissos não se fez presente, mas mandou seu filho Malton Heckler
Braff para representá-lo naquele memorável encontro familiar, onde só dois
moravam no mesmo Estado.
ARCO-IRIS
1981;
17 de agosto - Malton retornou ao Senegal, África.
Dia l7 de agosto de 1981, Malton, filho do Pastor, voltou ao seu
campo missionário e ao seu lar, no coração do continente negro.
18 de agosto - Mara completou 11 anos.
No dia 18 de setembro Mara, filha adotiva dos Braff completou 11
anos e no dia seguinte foi batizada fazendo um pacto com Deus.
Em 20 de dezembro de 1981, o Braff partiu para Porto Alegre e no
dia 25 seguiu para Evaristo. Dois dias depois o seu sobrinho Jairo se casou, o
Braff sentiu-se feliz ao celebrar a cerimônia religiosa do sobrinho. No dia 28
voltou a Laranjeiras para fazer a despedida do ano. Um culto de ação de
graças pelas vitórias do ano.
Dia 1 de janeiro de 1982, sábado, o Pastor assumiu a direção da Igreja
Adventista de Laranjeiras do Sul - PR, porque o ancião Osmindo estava de
férias. O Pastor ficou com a responsabilidade da construção da escola,
instalação elétrica, administração da igreja, direção dos cultos, fisioterapia e
obra pastoral.
A 19 de fevereiro de 1982 o Pastor seguiu para um congresso na Foz
do Iguaçu. Foi uma recreação espiritual na sede do acampamento da
121
mocidade adventista paranaense. A sede fica perto dos três marcos: Brasil,
Argentina e Paraguai e a reserva ecológica da Foz. Os programas eram muito
instrutivos e recreativos. Depois os congressistas foram contemplar as
maravilhas das cataratas do Iguaçu, elas oferecem um espetáculo encantador.
As águas caem por um rochedo abaixo com um barulho ensurdecedor, a terra
treme em face do poder estrondoso da água. O arco-íris é constante nos dias
ensolarados, durante o ano inteiro.
A força jovem é como uma tremenda catarata; a sua energia sendo
sabiamente canalizada para a usina do evangelho de Cristo poderia iluminar o
mundo.
No dia 7 de março de 1982 o pastor Braff despediu-se de sua tarefa de
batizar no Paraná, com um batismo de 11 candidatos em Prudentópolis. De
volta ao lar, continuou a fisioterapia ajudando os doentes e trabalhando para a
igreja em diversos setores.
A 27 de abril de 1982 toda a responsabilidade da construção da escola
adventista de Laranjeiras estava nos ombros do Braff, logo entrou na luta para
concluir o mais breve possível. Porém, antes de assumir essa responsabilidade
tinha que fazer uma viagem à Primavera, no Mato Grosso.
PARANÁ E MATO GROSSO
Dia 1° de maio de 1982, sábado e feriado, o Pastor realiza a primeira
escola sabatina em Primavera do Leste - MT, ao lado da Br 070 que liga
Cuiabá a Brasília na direção de Barra do Garças - MT, debaixo de umas
árvores.
Dia 2 o Pastor comprou 5 lotes na quadra 76 do loteamento “Cidade
Primavera” e segunda-feira, 3 de maio de 1982, partiram para São Paulo, via
Goiás e Triângulo Mineiro.
No dia 6 de maio de 1982 Houve o segundo casamento do filho do
pastor Braff, Menalton, com Roseli. Dia 8, sábado, o Pastor assistiu a escola
sabatina com seu neto Malton Heckler Braff, filho de Menalton, neto este
muito querido do Pastor, que ele criou e educou no caminho da verdade.
Maltinho, como era chamado, levou-o à Vila Alpina, a uma igreja ainda
inacabada em companhia do Dr. Milton e esposa e Mercídia, esposa do
Pastor.
LINDEIRO EMBARAÇADO EM LARANJEIRAS
Dia 9 de maio de 1982, o pastor Braff chegou de volta a Laranjeiras
do Sul - PR, pronto para assumir toda a responsabilidade no andamento e
terminação de mais um educandário naquele estado sulino da Federação
Brasileira.
122
Biografia do Pastor Braff
Havia um terreno vago adjacente ao lote da escola, de propriedade de
um conhecido, ex-vizinho do pastor Braff, onde queimou uma casa comercial
de sua propriedade. Segundo as más línguas ele teria conivência com o crime,
a fim de receber o seguro da apólice contra-incêndio, porém a companhia
seguradora, alegando tratar-se de crime em conivência com o proprietário,
teria se negado a indenizá-lo e ele teria ficado em maus lençóis. O tal
proprietário pediu dinheiro aos particulares a juros e construiu uma casa meio
improvisada, instalou uma loja bem sortida e pouco depois abriu falência e à
noite fugiu sem deixar rastro.
Maio de 1982. O terreno da escola de Laranjeiras do Sul - PR foi
ocupado com a construção, não ficando lugar para o recreio dos alunos, senão
na via pública ou num terreno ainda vago. O Braff considerou a possibilidade
de adquirir aquela propriedade com mais de 1.000 metros quadrados. Teria
espaço para a igreja e recreação dos alunos e mais salas de aula se o futuro
exigisse ampliação.
O pastor Braff conhecia um homem que era parente do proprietário
daquele lote e propôs uma permuta: trocaria o terreno da igreja por aquele ao
lado do colégio, e dando uma volta (pagando uma diferença). No acordo o
parente compraria os lotes ao lado do colégio e trocaria pelos da igreja.
Depois de marchas e contra marchas, soube que o proprietário do lote queria
vender, mas estava tudo tão embrulhado que ele não podia vender; só quando
deslindasse a situação da propriedade; o terreno estava em nome de um amigo
seu mantido em sigilo para que se evitasse complicação, provavelmente com
seus credores.
Finalmente revelaram o endereço do ex-vizinho da escola,
imediatamente o Braff entrou em contato com ele. O terreno estava em nome
de uma firma fantasma, inexistente e ser registro há muito tinha caducado. Por
um descuido deixara de ser propriedade municipal. O Pastor levou o caso ao
juiz, e os juizes da primeira e segunda vara decidiram revalidar o documento
do lote para que o homem pudesse fazer o negócio com a igreja Adventista.
Terminadas todas as diligências, o Braff fechou o negócio com a aprovação
do juiz. Deu uma boa volta em prestações mensais.
O terreno era muito cobiçado por ser um excelente ponto comercial.
Uma planura, a menos de 50 metros do maior supermercado da cidade. Ali
saiu a escola e a igreja, as duas instituições num ponto estratégico da cidade.
Em conseqüência a mesa administrativa da Associação decidiu criar em
Laranjeiras do Sul uma sede distrital (jurisdição adventista que abrange
diversos municípios), realizando uma série de conferências muito bem
sucedida. O Soldado do exército de Cristo teve a sensação de ter sido útil, nas
fileiras dos inativos, no rebanho do Senhor.
123
No dia 14 de maio de 1982 Braff seguiu para Curitiba para um
congresso estadual, e no dia 15 tomou parte na ordenação de seu chefe de
distrito Valdilho Quadrado, dia 16 voltou ao seu trabalho em Laranjeiras.
Dr. MILTON EM PRIMAVERA
Em agosto de 1982 o Pastor despediu-se do Dr. Milton que estava
deixando Laranjeiras do Sul - PR com destino ao povoado de Primavera,
Estado de Mato Grosso com a incumbência de cuidar da saúde do povo
daquelas paragens. Aquela região ia se tornando habitável, em especial pelo
afluxo do povo do Sul. Apesar de já estar atraindo pessoas de todo o território
nacional.
Dia 20 de setembro de 1982 o pastor Manoel João Braff viajou
novamente para Primavera, para ajudar o seu filho a instalar um nosocômio,
que foi denominado Hospital e Maternidade São Lucas, e no dia 24 o PastorFisioterapeuta já estava massageando pessoas que necessitavam. Nesse ínterim
o Dr. Milton que tinha uma loja de eletrodomésticos em Laranjeiras do Sul –
PR, transferiu a loja para Primavera do Leste em Mato Grosso.
Depois de se instalar em Primavera, o Dr. Milton encontrou uma
família de adventistas numa fazenda, não muito distante de Primavera e levou
o Pastor para visitá-los.
A ESCOLA DE LARANJEIRAS
Terminadas as suas tarefas em Primavera no dia 8 de outubro, Braff
voltou a Laranjeiras para o seu campo de ação, continuando suas atividades na
construção da escola e no atendimento aos clientes de fisioterapia.
Em Laranjeiras do Sul - PR, no dia 23 de outubro de 1982, os irmãos
(membros da igreja) se despediram da velha igreja de madeira e, num cortejo
solene, toda a congregação dirigiu-se ao salão de festas da escola, onde deveria
permanecer como local das reuniões por um longo tempo. No dia 24 de
outubro o Pastor faz o seu primeiro sermão evangelístico com eslaide e foi
um sucesso; a instalação elétrica funcionou totalmente a contento e o Pastor
sentiu-se realizado com o seu trabalho.
Já no dia 4 de novembro de 1982 houve uma reunião com o juiz
eleitoral para as eleições do dia 15. No dia 5, Dirce a nora do Braff chegou da
Suíça para uma visita rápida, chegou com a sua irmã e voltou no dia seguinte.
No dia 22 de dezembro de 1982 o Pastor foi a Curitiba assistir as
trienais da Associação Paranaense, ocasião em que ele foi delegado da Grande
Comissão, pela qual se elegeram as diversas comissões que iriam renovar as
atividades do Campo Paranaense. Também foram indicados os
administradores de todos os trabalhos que a Igreja Adventista iria executar no
triênio 83-85. Foram reuniões encantadoras, Deus dirigiu os acontecimentos.
Puderam verificar que a mão de Deus ainda está ao leme, e guiará o seu povo
124
Biografia do Pastor Braff
até a volta do Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, O Rei da Glória, Jesus
Cristo.
CASAS PRÉ-FABRICADAS
No princípio de 1983 o pastor Braff teve notícias de que a Eletrosul,
construtora da usina Hidroelétrica de Salto Santiago, estava desativando as
instalações da Vila Santiago, e mudando para a outra margem, levando as
casas pré-fabricadas e algumas casas seriam doadas para instituições de
caridade. Eram casas fáceis de desmontar e transportar para onde fosse
necessário. O pastor Braff arranjou várias casas daquelas para a capela,
assistência social e venda para saldar dívidas da escola. Doou uma casa para
uma viúva pobre que não tinha onde morar, antes da liberação para demolir e
retirá-las da vila. Demoliu, transportou e reconstruiu uma casa num sítio onde
a igreja de Laranjeiras tinha uma filial que o Pastor organizou em congregação,
depois de realizar ali vários batismos.
O pastor Braff pôde suavizar os problemas aflitivos pelos quais a
igreja de Laranjeiras do Sul estava passando com a construção da escola. O
Braff conseguiu 8 casas ao todo, além de outros materiais restantes de
construção, todos empregados na escola.
Em 21 de fevereiro de 1983, Manoel, Mercídia e Mara viajaram a
Porto Alegre e dali a Taquara a fim de internar a menina no IACS. Do
Instituto Adventista Cruzeiro do Sul seguiu para Rolante, e dia 26 sábado,
pregou na igreja de Rolante, no domingo deixou a Mara no IACS e voltou a
Porto Alegre, e de lá, a 2 de março voltou a Laranjeiras, deixando Mara no
internato juntamente com boas companheiras de quarto. Sua intenção era
prepará-la para enfrentar a visa material e educar para a eternidade. Mas ela
não quis usufruir os privilégios que lhe foram oferecidos. Ainda era muito
criança para avaliar a vantagem de uma educação equilibrada que lhe abriria as
portas para um futuro brilhante. No dia 15 do mês o Pastor teve que ir buscála. Rejeitou todas as propostas; num desespero inconsolável pedia para voltar
para casa e seu pai a levou de volta para o lar.
Em 29 de março ficou concretizada a rede pública de água sem
interferência de terceiros. A crise da água fora superada na escola adventista
de Laranjeiras do Sul. A 11 de abril a água jorrou na caixa d'água. Dia 2 de
julho o Pastor assumiu a direção da igreja como primeiro ancião eleito em 21
de maio. Imediatamente após a posse convocou para a noite uma comissão da
igreja para estabelecer as bases da nova administração, mas a chuva impediu a
reunião.
No dia 24 de julho de 1983 o Pastor atendeu ao irmão José
Domingues, da congregação que o pastor Braff havia organizado em Rio
Bananas. Um liquinho vazou e deu uma violenta explosão queimando ele, a
125
esposa, mãe e filha com graves queimaduras. A filhinha não resistiu as
queimaduras falecendo, os demais recuperaram-se pela graça de Deus.
Na noite do dia 27 o Braff viajou para Porto Alegre em visita ao seu
irmão, cunhados, filha, genro e netos. Dia 6 de agosto o Pastor esteve
presente ao aniversário de 15 anos de sua neta Cínara. Dois dias depois voltou
a Laranjeiras do Sul - PR.
Dia 11 de agosto de 1983, o Pastor acerta os trabalhos do resto da
pintura da escola e questões dos professores para o segundo semestre,
terminando ai seu último envolvimento com o estabelecimento daquele
educandário. Era o fim da sua missão em Laranjeiras do Sul – PR.
Em 22 de agosto de 1983 o Braff começou a reforma e pintura em sua
casa de moradia em Laranjeiras do Sul. Já no dia 11 havia terminado seu
último envolvimento com a Escola, no tocante a pintura e admissão de
professores provisórios para preencher vagas temporárias até a efetivação dos
professores titulares, formando o quadro de professores para o segundo
semestre. Havia terminado assim a sua missão em Laranjeiras do Sul – PR.
126
Biografia do Pastor Braff
1983 a 1985
MUDANÇA PARA MATO GROSSO
UM CONVITE DE FILHO PARA PAI
Dia 7 de outubro de 1983 o Dr. Milton chegou a Laranjeiras vindo de
Primavera para fazer uma proposta ao seu pai pessoalmente, sendo que havia
telefonado várias vezes convidando-o a mudar-se para Primavera, onde ele
estava precisando de ajuda na fisioterapia. O Braff se acostumara a ir onde era
mandado, com este propósito ingressou na obra de Deus. Agora depois de
aposentado ninguém mais o chamaria, não receberia mais ordem de mudança.
Cria que sua obra em Laranjeiras estava terminada. Devia ir para onde Deus
chamasse. Mas como saber qual é o plano de Deus? É bem verdade que o
velho pastor, quando esteve a primeira vez em Primavera, aconselhou o Filho
a comprar o hospital porque gostou do lugar e se disporia a acompanhar o
filho para aquelas paragens.
Quando o filho, Dr. Milton, partiu com a mudança de Laranjeiras do
Sul para Primavera, o velho pai ficou apreensivo. Ainda que tivesse
concordado plenamente com a construção do hospital, e logicamente com sua
mudança para o divisor das águas da Bacia Amazônica com a Bacia do Rio da
Prata, quando se viu só, ficou bastante preocupado. Aqui, a prática divorciouse da teoria. Era muito fácil concordar com a mudança de seu filho porque
Primavera era um lugar promissor para o futuro daquele que ali se
estabelecesse. E qual é o pai que não apóia um projeto que venha beneficiar
sobremaneira grandiosa qualquer de seus filhos? Mas agora é a vez do Pastor
decidir sobre o seu próprio futuro.
O filho querer ir para o Norte para sua independência econômica
podia-se entender. Mas o velho? Fazer o que? Financeiramente era
desaconselhável. O pastor aposentado teria prejuízo socialmente, longe dos
demais filhos, irmãos, parentes e amigos, distante de sua terra natal. O
conforto de uma igreja organizada para frequentar ficaria descartado; teria que
iniciar tudo de novo. Atividades missionárias, fundar congregação, ganhar
almas para Cristo, iria lutar sozinho, era desalentador para o Velho Guerreiro.
Abandonar o filho desgarrado do rebanho, depois de ter sugerido a sua
mudança, era uma deslealdade a quem lhe havia socorrido nas horas mais
penosas da vida. Estava num beco sem saída.
Manoel Braff apelou para quem lhe podia orientar: Jesus. Então
raciocinou “Se alguém me convidar, oferecendo um emprego e um salário,
para lá irei. Esta será a resposta de Deus para onde devo me mudar.
Humanamente falando, ninguém me oferecerá um emprego assalariado.
127
Portanto, assim saberei que o convite veio de Deus, porque só uma ação
diretamente extra-humana poderá usar esta expressão a me convidar”. E
continuou atendendo os pacientes que o procuram e dirigindo os trabalhos da
igreja.
UMA IGREJA PARA PRIMAVERA
Como foi dito acima, o Dr. Milton convidou o seu pai para trabalhar
remunerado em Primavera, era a resposta de Deus: E ele disse para o Dr.
Milton: “Irei”. Logo o velho pastor começou a fazer os planos para a
mudança de Laranjeiras para Primavera. Já assentados todos os planos no dia
10 de outubro de 1983 segue com o seu novo empregador para o destino que
lhe acenava: “passa... e ajuda-nos”. No dia 12 chegam a Primavera e logo na
chegada o Pastor já encontrou a quem aplicar os seus conhecimentos de
fisioterapia: um paciente com torcicolo atormentando-lhe a vida. O velho
fisioterapeuta com uma aplicação restaurou-lhe a saúde. Depois continuou
tratando de tantos quantos o procuraram.
No dia 15 de outubro 1983 o Dr. Milton levou seu pai a uma fazenda
onde morava uma família adventista da qual o patriarca era conhecido por
Napoleão Borges. O 'Guerreiro' apresentou-lhe o plano de construir uma
igreja para servir de apoio à evangelização destas paragens, e o cultivador de
soja ofereceu como colaboração um lote bem situado na Avenida Porto
Alegre para a construção da igreja. Milton e seu pai compraram outro lote,
cada um pagando metade do terreno, ficando a igreja com a propriedade de
dois lotes à espera de recursos para a construção do templo. No dia 24 o Braff
compra 28 telhas de 6 mm e 100 sacos de cimento, e no dia seguinte colocou
o padrão de luz, sem haver eletricidade no local.
Manoel Braff voltou a Laranjeiras do Sul no dia 26 de outubro e no
sábado, dia 29, participou da classe de professores, passou a lição e fez o
sermão. A noite foi a Curitiba - PR e dali a São Francisco do Sul – SC, visitar
o seu genro, a filha Milda e netos. Seu genro Jorge Roura, ex-hippie, agora
formado em Teologia, como 'Ministro' licenciado de muito êxito naquele
distrito. O pastor Braff se sentia muito feliz e até quase orgulhoso pela
carreira brilhante de seu genro. Não sonhava que pudesse ter qualquer
fracasso em seu 'ministério'.
CIRURGIA E OUTROS IMPREVISTOS
Em 6 de novembro de 1983 o Pastor voltou a Laranjeiras e dez dias
depois era operado da hérnia, o Dr. Milton foi o anestesista e o Dr. Isaac o
cirurgião. A operação foi realizada com êxito, mas continuou doendo.
No dia 2 de dezembro Manoel vendeu a sua casa com grande prejuízo
para atender a chamada urgente do seu filho. Dia 6 de dezembro o Dr. Isaac,
ao fazer um exame de rotina, descobriu uma segunda hérnia e marcou nova
128
Biografia do Pastor Braff
cirurgia para o dia seguinte, quando entrou na faca novamente, mas desta vez
vomitou muito e não passou muito bem.
No dia 15 de dezembro o comprador da casa dos Braff em Laranjeiras
chegou com a mudança e alojou-se no porão da casa. A família Braff viajou
para o Rio Grande do Sul, a fim de despedir-se de seus familiares, pois logo
iria mudar-se para Primavera no Estado de Mato Grosso. Dia 7 de fevereiro
de 1984 eles voltaram a Laranjeiras e encontraram a sua casa violada. O
comprador da casa tinha se apropriado dela, destruindo parte dos pertences da
família do Pastor. O Braff ficou muito decepcionado e desiludido; vários
objetos seus desapareceram.
No dia 11, sábado, o pastor Braff fez o último sermão em Laranjeiras.
Com dor no coração carregou a mudança e no dia 14 de fevereiro de 1984
partia rumo ao divisor das águas Norte-Sul. Ele creu que Deus o estava
chamando para o planalto mato-grossense. Sua mudança para Mato Grosso
era uma resposta de Deus, segundo as suas convicções espirituais.
Dia 16 de fevereiro de 1984 chegaram a Primavera e à tardinha
chegou a mudança, a qual foi descarregada uma parte no Hospital São Lucas e
outra na residência de dona Maria Galvan, sogra do Dr. Milton. O Pastor
deixou os objetos que podiam ficar ao relento, no terreno que comprara e no
qual iria logo construir. Os Braff ficaram morando com a Dona Maria até
construir uma meia água no fundo do lote com três peças, para servirem de
moradia até construir a residência definitiva na frente do lote.
O PASTOR BRAFF EM PRIMAVERA
A primeira Escola Sabatina que o Pastor dirigiu como morador de
Primavera foi no dia 18 de fevereiro de 1984, a qual foi realizada na cozinha
do Hospital São Lucas. No dia 21 inicia suas atividades no hospital como
massagista.
Primavera na época não era nem distrito, era um povoado pequeno,
mas com um clima muito bom, só que em fevereiro e março chovia muito e
não havia conservação das ruas. A chuva fazia atoleiros nos quais os carros
muitas vezes atolavam e era necessário serem rebocados, mas esta situação
embaraçosa do povoado não abatia o ânimo dos Braff e de outros pioneiros.
Constantemente chegavam pessoas oriundas de todo o Brasil, mas
especialmente da Região Sul, pelo fascínio das terras do chapadão de clima
ameno. A descoberta da produtividade do serrado atraiu pessoas de todos os
lados. Eram terras incultas que por falta de tecnologia estavam abandonadas.
Um potencial agro-pastoril abandonado por séculos. Os sulinos descobriram a
região praticamente inabitada, a não ser por algumas famílias divorciadas da
civilização, que viviam embrenhadas na selva para assegurar a posse de
imensidões de terra de ninguém, praticamente.
129
Primavera deve se tornar um centro evangelístico para toda a região,
era a grande esperança que o Pastor alimentava em sua decisão ao escolher
aquela localidade para fixar a sua residência. Assim ele imaginava: “uma
localidade com futuro promissor fará crescer a cidade e a igreja juntas até
iluminar toda a região com a palavra de Deus”.
COMEÇO DE LAR EM PRIMAVERA
O pastor aposentado, graduado nos cursos de Fisioterapia e Educação
Física, passou a fazer massagens nos clientes ou pacientes do Hospital São
Lucas. Tratou logo de ajeitar para construir uma meia água no fundo do seu
terreno, com o plano de posteriormente edificar uma casa maior na frente.
Assim decidido deu inicio ao galpão, como ele denominou. No dia 29 de
fevereiro de 1984, a empreitada ficou por conta de dois jovens adventistas
pedreiros, Silvio e Irineu. Fizeram as valas para o alicerce e o gabarito para
alinhamento do barraco e no dia 6 de março os dois desistiram do trabalho. O
Pastor teve que procurar outros pedreiros para continuarem a construção.
No dia 10 de março de 1984 o pastor Braff fez o primeiro sermão
com a sua família já em Primavera e à tarde dirigiu a liga de jovens. No
sábado, 7 de abril, o pastor Braff organizou o grupo de Primavera e a eleição
dos oficiais da nova congregação, que ficou assim composta: pastor Braff,
diretor e tesoureiro; Silvio Ribeiro, diretor da Escola Sabatina; o professor foi
o pastor Manoel Braff e também o comunicador do trabalho missionário.
No dia 29 de maio o Pastor mudou-se para a sua casinha (meia água)
sita a Rua São Bernardo do Campo, e no dia 30 do mês foi feita ligação do seu
padrão (de energia elétrica). A ligação da luz entre o padrão e o barraco foi
feita com uma extensão. No dia 5 de julho comprou um telefone à vista. No
dia 11 de julho ele contratou verbalmente a construção da casa definitiva.
A VISITA DO PASTOR MALTON
No dia 13 de julho de 1984, às 11 horas da manhã Malton, filho de
Manoel Braff chegou dos campos missionários, mais especificamente da
África, trazendo muito conforto com as alegres novas do campo mundial,
pernoitou no Hospital São Lucas, porque o pastor Manoel não tinha lugar
para acomodar alguém. Seu filho vendo isso e com o convite de seu irmão,
Dr. Milton, foi dormir no Hospital, mas vindo fazer as refeições com os seus
pais.
Em julho, com a mudança do diretor Silvio Ribeiro para o Paraná, o
Pastor assumiu a direção da Escola Sabatina em Primavera.
No dia 22 de julho de 1984 o Pastor acompanhou seu filho Malton a
Cuiabá e ficou no concílio de Obreiros em Coxipó - MT; dirigiu o sermão
devocional nos dias 24 e 25 com os títulos de: “Buscar a Deus e Adorar a
130
Biografia do Pastor Braff
Deus”, que caíram agradavelmente nos ouvidos dos obreiros presentes, e o
Braff sentiu-se recompensado pelo esforço.
Pastor.
No dia 31 de julho, teve início a construção da casa de moradia do
A RESIDÊNCIA EM PRIMAVERA
O ano de 1984 foi o marco histórico para a fisioterapia, para a
construção da meia água e para a primeira moradia da família Braff em
Primavera. O pastor Manoel deixou também este registro: “Agradeço a Dona
Maria Galvan por haver suportado a nós que estivemos todos esses meses
morando em sua casa, e ao Dr. Milton, meu filho, pela casinha que me
abrigou”.
No dia 6 de janeiro de 1985, o Pastor com sua família mudou-se para
a casa maior, mesmo antes de a construção estar concluída. A 19 de janeiro os
cultos foram transferidos para a garagem de sua casa, ficando ali até ser
construída a igreja. Na garagem eram realizadas reuniões públicas, mas o lugar
pouco atraente desestimulou a freqüência e cessaram as projeções luminosas.
Terminaram as reuniões noturnas de domingos e quartas-feiras. A classe
bíblica continuou sem alcançar o seu objetivo, já que os membros da classe
resistiram aos ensinos quanto ao abandono de hábitos indignos e seus vícios
condenáveis e por isso eles não foram batizados.
O pastor Braff dirigiu uma filial em Poxoréo, cidade mãe de
Primavera. Naquela cidade havia um garimpeiro, já batizado, vivendo solitário
sem família e sem notícias de parentes, originário do Estado do Espírito
Santo. Havia também uma família crente na guarda do sábado e a esposa de
outra família desejando ser adventista. Havia esperança de logo organizar lá
uma nova congregação.
Poxoréo dista uns 40 quilômetros de Primavera. É um garimpo de
diamantes que virou cidade, sendo que o maior poder econômico da cidade é
oriundo do diamante. É pena que os garimpeiros não sabem aproveitar a
fortuna do subsolo, apesar de trabalharem às vezes por meses e até anos em
busca do que não perderam. Quando acham a fortuna perdem a cabeça, e na
maioria dos casos se metem em orgias, e geralmente quem explora o
meretrício é que fica com os valores da gema que a natureza deu ao homem.
Poucos sabem aproveitar a generosidade das veias diamantíferas e ficam
independentes financeiramente, e alguns se tornam empresários da exploração
do próprio minério.
VISITA DA FILHA MIRTIE
No dia 25 de fevereiro de 1985 chegou Dr. Milton o filho do pastor
Manoel, de regresso da viagem ao Rio Grande do Sul, trazendo Horaldo,
genro do Pastor, e a filha, Mirtie, esposa de Horaldo. Esta foi a primeira visita
131
da filha que mora na grande Porto Alegre. Chegou à Primavera na estação
chuvosa, num tempo em que quase não se podia sair de casa, mas a visita foi
muito confortante aos seus velhos pais. Oito dias depois voltaram, deixando
saudades em Primavera, pois não esquentaram o banco e nem deu para matar
a saudade.
Dia 22 de março de 1985 cessaram os trabalhos da construção da casa
de moradia do Braff. O peso da construção da moradia havia passado, agora
era partir para a construção da igreja, continuar apertando o cinto para prover
fundos para a construção do templo.
No dia 29 de março, Braff organizou a sala de tratamento de
fisioterapia com os aparelhos e várias tomadas de luz. O Braff era o único
fisioterapeuta em Primavera e trabalhava para o Hospital São Lucas,
atendendo a clientela machucada, com problemas de coluna, enfim, os
problemas tratáveis com fisioterapia.
Dia 31 de março de 1985 o Pastor devia estrear a série de conferências
em Poxoréo, mas a chuva atrapalhou, não sendo possível viajar para lá e nem
daria para fazer convites e o pastor Braff não saiu de casa, Não se deve
começar um trabalho prevendo fracasso. Dia 2 de abril o dia amanheceu
esperançoso com o sol brilhante e o Braff seguiu para Poxoréo, acompanhado
pelo filho Dr. Milton. Fizeram convites e o pequeno salão, uma garagem
desativada lotou. Na segunda conferência, encheu de pessoas até a rua,
multidão de pé assistia à palestra e o filme, mas o Pastor não podia ficar em
Poxoréo.
Os compromissos em casa não podiam ser abandonados; o Braff era o
único fisioterapeuta em Primavera e trabalhava para o hospital, atendendo a
clientela machucada, com problemas de coluna, enfim, os problemas tratáveis
com fisioterapia. Só tinha a noite disponível, não sobrando tempo para visitas
e estudos bíblicos nos lares, em conseqüência não teve melhor êxito no
esforço público e foi atrapalhado pela chuva no princípio da série (de
conferências); convidava-se a assistência para a noite, mas a chuva impedia sua
realização e a frequência caiu.
A 29 de maio de 1985 o Pastor fez a última conferência confiando a
continuação dos trabalhos a um irmão pregador leigo que estava garimpando
ali perto e se mantinha num barraco. Ele se prontificou a dar sequência ao
programa evangelístico, porém encerrou logo depois sem alcançar o êxito
esperado. Apesar dos contratempos, o pastor Braff organizou uma
congregação, alugou um salão, usando as cadeiras compradas para a série (de
conferências), doando-as logo a seguir para a nova congregação.
O pastor Braff deixou em Poxoréo uma diretoria operante e partiu
para outro trabalho no Alto Coité, novo ponto de pregação; deste trabalho,
apenas uma família e meia permaneceu. Era uma família de um solteirão
idoso, ébrio que se tornou sóbrio, deixou a bebida e tomou o caminho da
132
Biografia do Pastor Braff
verdade, regozijando-se na esperança da salvação em Cristo Jesus. Aquela
família trabalhava com duas dragas; era um garimpeiro empresário próspero,
mas parece que os diamantes de sua gleba imigraram para outro setor, pois
terminou desaparecendo de todo. Pôs um sócio, mas continuou o fracasso;
vendeu a draga e pagou as dívidas e desativou a outra para ir à falência.
Depois se mudou para o norte de Mato Grosso para poder sobreviver.
Em 1º de junho de 1985 o Pastor organizou grupos em Poxoréo, com
uma diretoria atuante e no dia 18 o presidente da Missão e o pastor Ênio
assinou a escritura dos lotes da igreja de Primavera do Leste. Daí deu o sinal
verde para a construção da igreja (o templo), mas falta o melhor, não há verba
para dar início à obra. Com os fundos disponíveis não era aconselhável dar
início aos trabalhos. As ofertas entravam mui lentamente; teria pela frente
uma longa caminhada até alcançar uma base razoável para dar início à obra.
133
1985 a 1987
RELIGIÃO E POLÍTICA
DISCUSSÃO COM ADVENTISTAS DISSIDENTES
No dia 25 de agosto de 1985 aconteceu o primeiro batismo em
Poxoréo, a igreja ali criara raízes, já não era só formada de forasteiros como
antes. A verdade plantou a bandeira da esperança naquela cidade diamantífera
de garimpos.
Na Escola Sabatina do dia 13 de julho de 1985 o pastor Braff teve a
visita de Dona Alaíde Andrade, membro da Igreja Adventista da Promessa.
Logo iniciou o trabalho com aquela família até que num belo sábado o Braff
falou no sermão sobre as duas mil e trezentas tardes e manhãs e o
desapontamento de 1844. Eduardo Andrade, chefe da família, não gostou do
comentário, e à tarde veio tirar desforra. Travou uma discussão com o Pastor;
o pastor da Igreja Adventista da Promessa afirmava que no livro de Daniel 8:
14 se referia à profanação do templo de Jerusalém por Antíoco IV, Epífanes
cerca do ano 166 a. C, conforme a interpretação teológica católica e que as
“duas mil e trezentas tardes e manhãs” refere-se aos holocaustos da manhã e
da tarde, três anos e 70 dias. Acontece que o suposto cumprimento da
profecia de Daniel não cumpre a profecia que é específica em tempo exato. A
conta é em dias literais. I Macabeus 1: 57 “No dia quinze do mês de Casleu,
ano (145) cento e quarenta e cinco, pôs o Rei Antíoco o abominável ídolo da
desolação em cima do altar de Deus e por toda parte edificaram altares em
todas as cidades de Judá”.
Note-se, dia 15! Cap. 4: 52 e 53: “E o dia vinte e cinco do nono mês
(este é o mês de Cesleu) do ano cento e quarenta e oito eles se levantaram
antes do amanhecer e ofereceram sacrifícios conforme a lei sobre o novo altar
dos holocaustos, que tinha feito”. No verso seguinte, diz que foi no mesmo
dia em que o santuário foi contaminado. Mas se foi contaminado no dia 15 e
“nesse mesmo dia foi ele renovado”, há uma mentira nesse livro. - No II
Macabeus, 10: 3 diz: “E depois de terem purificado o templo, erigiram nele
outro altar; e tendo feito sair algumas faíscas de pedra de fogo, ofereceram
sacrifícios, dois anos depois”. E no verso 4: “E aconteceu que naquele dia em
que o templo tinha sido profanado pelos estrangeiros, nesse mesmo dia foi
purificado, no dia vinte e cinco do mês de Casleu”.
Os livros de Macabeus, além de serem apócrifos estão permeados de
contradições e mentiras. No primeiro livro diz que a profanação do templo foi
no dia 15 de Casleu, no capitulo 4, porém, diz que a profanação de Antíoco
aconteceu no dia vinte e cinco: uma das duas passagens está errada. No
134
Biografia do Pastor Braff
segundo livro capitulo l0: 4 a contradição se confirma. No verso 3 diz que o
tempo de duração da profanação foi de dois anos. No livro I Macabeus 1: 57
diz que a profanação se deu no ano de 145 (do domínio grego) e no ano 148
no mesmo dia foi purificado. Tempo de duração em que o templo foi
profanado: 3 anos, mais uma contradição. São dois anos, ou são três anos.
Uma, ou as duas datas estão erradas, ou seja, um tempo histórico, ou os dois
são mentirosos.
Além disso, como dissemos acima, o tempo profético é exato, ainda
que quiséssemos admitir a farsa dos dois holocaustos ainda assim não cumpre
a profecia de Daniel 8: 14: três anos e 70 dias, faltam em Macabeus 70 dias.
Afirmar isto é invalidar o texto sagrado e incorrer numa blasfêmia contra
Deus. - Quem é o homem para dizer que Deus errou no cálculo matemático?
“Seja Deus verdadeiro e mentiroso o homem” Rom. 3: 4. A profecia das duas
mil e trezentas tardes e manhãs, ou como diz o Padre Matos Soares: Dias
completos de tardes e manhãs é de tempo profético computado um dia por
ano, a única interpretação que preenche as condições proféticas e que se
cumpriu em 1844 no fim do ano, no Santuário Celestial.
ENTROSAMENTO COM A MISSÃO
No dia 24 de outubro de 1985 o Braff recebeu o convite para as
trienais da Missão Mato-Grossense em Cuiabá e no sábado, dia 26, tomou
parte ativa na programação do sábado nas trienais, inclusive na ordenação dos
novos pastores. Como delegado especial atuou na eleição da nova diretoria
para o triênio entrante e depois num miniconcílio de obreiros, voltando
depois a Primavera do Leste no dia 29.
MARISA, MARLI E MENALTON
No dia 27 de dezembro de 1985 a filha de Menalton, neta do pastor
Braff, Marisa que fora criada pela família Braff (Manoel e Mercídia) e que o
avô considerou como filha, casou-se em Porto Alegre. O Pastor, seu pai por
criação, que devia celebrar o casamento religioso, não pôde comparecer por
não estar em condições de fazer longa viagem. Passou o fim de ano com seus
dois filhos: Menalton e Marli, que vieram matar a saudade de ambos os lados:
a deles e a de seus pais. E assim findava o segundo ano de atividades do Braff
em Primavera do Leste – MT.
Seus filhos viajaram para Santa Catarina dia 6 de janeiro de 1986,
deixando muitas recordações.
OS TERRENOS E A CONSTRUÇÃO
No dia 15 de janeiro de 1986 o pastor Manoel providencia os dados
para escriturar os terrenos da igreja. O Pastor receberia os terrenos da igreja
com a procuração do presidente da missão por substabelecimento. No dia 24
de maio começa a formar os fundos da caixa de construção da igreja e a 14 de
135
junho segue para o Congresso de Tesoureiros em Rondonópolis, e em 18 de
junho o presidente da missão, pastor Ênio assina a escritura dos terrenos da
igreja; já se pode construir, mas a caixa de construção cresce muito devagar.
No dia 2 de julho o pastor Braff terminou de escrever sobre as sete
igrejas da Velha Dispensação e a seguir comprou um Corcel I e pôs o resto do
dinheiro da venda do Corcel II na poupança, é preciso acelerar a caixa de
construção.
No dia 27 o Braff efetivou a primeira compra de material para a
construção da igreja: pedra britada e cascalho.
POLÍTICA
A 20 de julho de 1986, o Braff foi eleito membro do diretório
municipal do PMDB. No dia 28 de julho de 1986 foi lançada a sua
candidatura a vereador da primeira Câmara de Vereadores de Primavera do
Leste, tendo como candidato a prefeito Darnes Cerutti e vice seu filho Dr.
Milton João Braff. Automaticamente teve que se lançar na campanha
política para se eleger. Imaginou que se tornando bem conhecido como
Adventista teria mais facilidade de evangelizar o município.
A Igreja Adventista, pensava ele, não tem mais gente seguindo porque
é pouco conhecida e a sua Doutrina ignorada. “Assim estaremos preparando
o terreno para uma série de conferências”. Tratou logo de fazer amizade com
o padre, pensando que o padre o apoiaria no esforço público. Os Braff se
projetariam na sociedade primaverense e o evangelho pregado pela igreja - a
verdade presente triunfaria no conceito do povo. Porém, que isso aumentaria
o preconceito geral, os Braff desconheciam totalmente.
O pastor Braff pensava que teria grande apoio para a Construção da
Igreja, porém só ganhou a planta e assim mesmo um projeto inexecutável e
necessitou ser alterado. Mas o Pastor queria aproveitar a sugestão que o
engenheiro correligionário político lhe deu e assim o Braff se lançou na
campanha, pensando estar correto o seu procedimento.
Mais tarde, veio a descobrir que estava errado. Fez com toda a boa
intenção, pensando estar fazendo uma obra para Deus, como fizeram os
Judeus, especialmente Paulo ao perseguir os cristãos. As boas intenções só se
provam corretas pelos seus frutos. “Pelos seus frutos, o conhecereis” Mateus
7:20.
As boas intenções podem trair seu possuidor e cometer um grave erro
que jamais se libertará dele. Pouco tempo depois teve consciência de que sua
boa intenção estava errada. O dia da eleição seria no sábado dia 15 de
novembro de 1986.
Havia certa indecisão a princípio. Os Adventistas pediram a mudança
da data, e esta lhes foi negada; pediram prorrogação do horário, que foi
136
Biografia do Pastor Braff
também indeferido e o Pastor não votou nem em si mesmo e por conseguinte
não foi eleito, concluindo que sua posição política estava errada. “O Meu
reino não é deste mundo”. João 18:34, disse Jesus e, quem O segue deve
andar como Ele andou.
No dia 16 de novembro de 1986 houve as apurações das eleições onde
seus candidatos foram eleitos, menos o pastor Manoel e com isso ficou livre
do peso de consciência de ser um vereador eleito pela transgressão dos
mandamentos de Deus.
Os candidatos do partido oposto reagiram, queriam anular as eleições,
levantaram calúnias e quiseram processar o partido vitorioso, porém nada
puderam provar e por fim se aquietaram.
Mas, não cessaram as difamações e as críticas, o que resultou em mais
uma advertência para o Braff, cujo slogan era a União, Justiça e Trabalho e
resultou em desunião e injustiça da partes dos adversários. O ideal do filho de
Deus não se coaduna com a maneira de agir dos que exploram a política para
o seu próprio benefício.
No dia 13 de dezembro dois médicos do Hospital São Lucas
abandonaram o Hospital por preconceito político. Um deles se transforma em
médico espírita. Primeira conseqüência política.
No dia 23 de dezembro o Pastor recebeu uma planta da igreja, por
doação de um candidato a deputado federal.
O Pastor faz uma experiência para sentir os efeitos da política sobre o
progresso da igreja e sentiu que o auxílio que recebeu foi totalmente em vão;
do que aproveitou teve muito mais despesas e complicações do que se tivesse
jogado tudo às traças; sem o auxílio da política teria feito muita economia.
Mas o Braff tinha outro alvo em vista: um terreno para uma escola
adventista; se o seu partido ganhasse as eleições iria requerer da prefeitura um
terreno amplo, no centro da cidade, para a construção de uma escola
adventista para salvar os amantes da verdade. Porém não há fundos para se
dar início a construção da igreja; a escola será um problema para o futuro,
para a expansão do reino de Deus na região primaverense.
ORIENTAÇÃO RELIGIOSA DAS ESCOLAS
No dia 25 de maio de 1987 foi estabelecida uma comissão de pastores
para orientar o programa do ensino religioso no Município de Primavera do
Leste - MT. A comissão ecumênica tinha a incumbência de estudar o
programa, adaptá-lo às realidades do Município, e administrar aulas de religião
às professoras das quatro séries primárias. O pastor Braff foi convidado a dar
sua parcela como orientador do professorado do Município no ensino
religioso, juntamente com o padre local, uma freira e o pastor da Igreja
Batista. Orientar no sentido que sejam aulas ecumênicas, isto é, que respeitem
137
todas as confissões religiosas, usando somente assuntos aceitos por qualquer
denominação teísta. Com isso o Braff fez amizade com o padre, freiras e o
povo mais chegado ao padre. E a catequese cada um faça na sua igreja para
não confundir os adolescentes desorientados.
HINO À PRIMAVERA DO LESTE
No segundo semestre de 1986 nascia o plano de compor um hino à
Primavera do Leste e o pastor Braff meditou por longo tempo sobre o
assunto. O Braff esperava que se não fosse do plano de Deus a sua
apresentação de semelhante obra, que se desvanecesse a idéia; mas em vez
disso o pensamento sobre o plano recrudesceu cada vez mais, até que lançou
mãos à obra; levou muito tempo fazendo projetos, destruindo e fazendo de
novo. Durante a campanha política fez vários ensaios e a todos destruiu.
Compôs a música com muitos ensaios até escrever a pauta. Depois
procurou cantar o hino, mas teve insegurança, até que chegou seu filho
Merlinton de Dourados e o ajudou Merlinton levou a pauta para Dourados
com a letra a fim de testar a música por uma professora de piano (Simone
Rasslan). Finalmente a música foi gravada em cassete pelo coral do Centro
Cultural Guaraobi, ensaiado pelo Maestro Adilvo Mazzini.
No dia 17 de julho de 1987 chegou de Dourados seu filho Merlinton
trazendo a pauta da melodia com acompanhamento e a gravação em cassete.
Tudo pronto para os ensaios no colégio. Porém para a sua decepção, as
autoridades municipais não tiveram interesse. O Braff desconfiava que o
preconceito religioso fosse o responsável pelo descaso a que foi relegada a
Ode à Primavera, ou por incompreensão de seu teor. O mais provável é que
foi por carência de patriotismo. O amor à Pátria aqui em Primavera do Leste é
fogo no serrado, logo se apaga. Cantamos o hino na Semana da Pátria e
depois nunca mais, apesar dos elogios dos participantes.
138
Biografia do Pastor Braff
Hino de Primavera
Primavera de clima inconteste
Tua vida está cheia de esperança
No progresso o teu povo sempre avança,
Premiado pelos bens que tu nos destes.
Estribilho:
Salve, salve! Primavera do Leste.
Deleitosa estação primaveril,
Separando as águas do Brasil,
Tu espraias o altiplano em campo agreste,
Terra de luz, terra de amor
De tudo produz, a linda flor,
E a vida reluz, na linda flor.
Primavera do Leste em ti me assento,
Ó rainha de plagas virginais,
Em teus campos vicejam cereais,
Desta casa provedora de alimentos.
Sobranceira do chão desta planura,
Das vertentes dos rios, sul e norte
Tuas terras tratadas desta sorte
Recompensam quem explora a agricultura.
Manoel João Braff
139
1985 a 1996
ATIVIDADES LITERÁRIAS
DISCUSSÃO COM OS BATISTAS
No dia 28 de agosto de 1985, o Pastor teve uma discussão com um
pastor batista sobre a observância do sábado, ele (pastor batista) dizia que o
calendário fora mudado. O pastor Braff quis saber quando foi mudado: da
criação até Moisés? Em Êxodo 20: 8 a 11, disse Deus que não foi mudado,
pois o motivo da santificação do sábado é que Deus em seis dias fez os Céus e
a Terra e tudo o que neles há e ao sétimo dia descansou. De Moisés até
Cristo? Os evangelhos que falam da crucificação de Jesus e sua ressurreição
nos afirmam, todos os quatro que o sábado que Jesus passou na sepultura foi
o dia anterior ao primeiro dia da semana. Católicos e protestantes dizem que
guardam o domingo por que é o dia da ressurreição. Até Moisés, Deus diz que
o sétimo dia da criação era o mesmo sábado. Os apóstolos afirmam que o
sábado que Jesus passou na sepultura foi o mesmo do quarto mandamento e
os batistas afirmam que o domingo atual é o mesmo primeiro dia da semana
da ressurreição de Cristo. Aonde se fez mudança no calendário?
O pastor Batista disse que o sábado é dos judeus. Moisés foi o
fundador humano da religião dos judeus, portanto deve ser rejeitado; e ele fez
um gesto de aprovação, o Braff perguntou-lhe: “Então por ser dos judeus
deve ser rejeitado? Os cinco livros de Moisés são de judeus, então devem ser
rejeitados?” Ele fez um gesto de aprovação. O Braff, no entanto mostrou que
os demais autores da Bíblia eram judeus, portanto teríamos que jogar toda a
Bíblia fora. E Jesus também era judeu, por isso teria também que ser rejeitado,
então ele envaretou, levantou-se e fugiu apressadamente sem se despedir.
No dia 20 de setembro de 1985, depois de várias trocas de idéias nos
dias anteriores, o pastor batista trouxe um livro afirmando que ao morrerem
as pessoas, as almas voam para o Hades ou ficam no seio de Abraão e que a
parábola de Cristo sobre o rico e Lázaro é real. Diz ainda ele que as almas dos
justos estão no seio de Abraão e as almas dos ímpios estão no Hades. O Braff
resolveu escrever um comentário sobre as questões: - que é espírito? - que é
alma? - que é Hades?
Como ocorresse o assunto de o pastor batista pertencer a um rebanho
que é intitulado Ciência Cristã, e estar a soldo da igreja Batista, surgiu o
assunto de João 10: 16 - Jesus disse: “Haverá um rebanho e um Pastor” o
Pastor é Ele e Seu rebanho é um só em todo o mundo. É formado por
aqueles que cumprem Suas ordens. E o pastor Braff escreveu um artigo sobe
140
Biografia do Pastor Braff
este tema e entregou para o pastor batista. Como o assunto é muito vasto, o
Braff decidiu escrever um livro.
Em fins de setembro de 1985 nascia a idéia de escrever um artigo
sobre os “Dois Rebanhos”: Um rebanho único baseado em João 10: 16.
“Ainda Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; a Mim me convém
conduzi-las; elas ouvirão a Minha voz então haverá um só rebanho e um só
Pastor”. Um rebanho mundialmente unido, o povo de Deus em qualquer
parte do mundo, o adventista do sétimo dia é irmão do mesmo rebanho. O
rebanho opositor é um rebanho fragmentado em milhares de facções que
quase se digladiam entre si. O rebanho dividido só tem uma função conjunta:
atacar o “rebanho que guarda os mandamentos de Deus e que tem o
testemunho de Jesus”. Ovelhas que não são deste aprisco, do aprisco do qual
pertencia Jesus. “Ovelhas que não são Minhas”; com referência direta aos
gentios que não pertenciam à comunidade de Israel. O rebanho dos gentios
convertidos unir-se-ia com o rebanho israelita convertido e formariam um só
rebanho e um só Pastor (Bíblia LH). Uma só comunidade universal. “Um só
Pastor”.
OS REBANHOS
Há dois sentidos distintos e ambos podem ser verdadeiros. Primeiro:
Jesus Cristo, o bom Pastor é o único Pastor do rebanho Judeu-Gentio
convertido. E o segundo sentido é que a mesma Congregação deve incorporar
tanto judeu como gentio, que morarem na localidade e que devem ter um só
Pastor. As antigas e conflitantes comunidades devem se unir sob a orientação
do mesmo Pastor. “Porque Ele (Cristo) é a nossa paz, o qual de ambos fez um
e, tendo derrubado a parede de separação que estava no meio à inimizade... e
reconcilia ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da Cruz,
destruindo por ela a inimizade”. Efésios 14: 16. “Se, porém, alguns dos ramos
(da boa oliveira israelita) foram quebrados, e tu, sendo oliveira brava, foste
enxertado em meio deles e, te tornaste participante da raiz e da seiva, não te
glories contra os ramos; porém se te gloriares sabe que não és tu que sustentas
a raiz, mas a raiz a ti”. Rom. 11: 17 e 18. Os gentios têm uma dívida muito
grande com os judeus: a herança da salvação. Todo o conhecimento de Deus,
a redenção, a justificação, a ressurreição e a vida eterna. O rebanho dividido
tem uma infinidade de segmentos, combatendo-se numa guerra informal.
Desde a ascensão do potentado de Roma ao trono do Império
Romano e acompanhado pelos seus descendentes, as filhas da “Grande
Babilônia que a todos dá de beber do vinho da ira de sua prostituição”. Todas
as que têm as características de seu soberano, o dragão.
Das refregas que o Pastor Fisioterapeuta teve com o Batista, seu
cliente, originou-se o plano de escrever o artigo sobre os dois rebanhos. O
referido Pastor Batista que é de um outro rebanho chamado Ciência Cristã,
rebanho em que os diversos redis combatem-se entre eles mesmos, mas um
141
pastor de um rebanho pode trabalhar a soldo de outro. São rebanhos
separados, mas filhos da mesma mãe. Dizia ele: “o sábado é dos judeus e
quem guarda o sábado crucificou Jesus e está perdido. O dia de guarda não
tem nada a ver com o sábado semanal. Deve-se guardar o sétimo dia de
trabalho. Trabalhar seis dias e descansar o sétimo dia, não importa o dia da
semana”.
A réplica a essa teoria deu origem a um manuscrito que o pastor Braff
pretende publicar em forma de um livro, sobre os dois rebanhos acima
mencionados. É um só simbolismo referente a rebanho que também é
simbólico. O rebanho de Deus é um símbolo do povo de Deus que por sua
vez também é simbolizado por ramos de oliveira, e o rebanho opositor:
“filhos da desobediência”, pelo zambujeiro, ou oliveira brava. O gentio é
simbolizado pelo zambujeiro. O cristão gentio, porém, é ramo quebrado do
zambujeiro e enxertado na boa oliveira israelita. Jeremias 11: 16. Não
podemos rejeitar a seiva do tronco da boa oliveira (Romanos 11: 18) sem que
haja risco de sermos quebrados dos ramos da boa oliveira, ficando a secar no
monturo, durante o milênio; no fim, engrossar as forças de Satanás e arder no
fogo.
Em 20 de outubro de 1985, entabula-se nova discussão entre Manoel
Braff e o pastor batista sobre o sábado. O Braff refutou ponto por ponto o
argumento que ele apresentou por escrito contra a observância do sábado, a
ponto do Batista se dar por derrotado, mas preferiu ficar do lado da tradição e
deixar a Bíblia em segundo plano. Rejeitou a verdade, conivente “para não dar
o braço a torcer” e logo depois abandonou o ministério da Igreja Batista,
dizendo que ia para o seminário continuar os estudos. Mudou-se sem deixar
endereço. Mais uma prova para o conceito: 'derrotar o opositor não converte
ninguém que não esteja procurando a verdade'. Só aceita a verdade quem
rejeita a mentira e de todo o coração deseja a verdade para salvar-se deste
mundo corrompido e mau.
A 2 de julho de 1986 o pastor Braff termina de escrever sobre as sete
igrejas da Velha Dispensação.
TRÓIA
Em 3 de dezembro de 1986 Manoel Braff terminou de escrever o
“Castiçal de Ouro da Velha Dispensação” e começou a escrever sobre os
apóstolos na Nova Dispensação e sua distribuição entre as doze tribos de
Israel.
No dia 2 de novembro de 1987 o Pastor estava escrevendo sobre o
período da igreja de Pérgamo no livro das Sete Divisões das igrejas nas duas
dispensações (regime teológico, antes e depois de Cristo), o Velho e o Novo
Testamento. No dicionário Grego-Francês (Abrégé du DictionnairecFrançais) de M.A. Bailly aplica o nome de Pérgamo à cidade de Tróia ou
142
Biografia do Pastor Braff
Trôade (Atos 16: 8) e a capital do reino de Pérgamo que em 133 a.C. passou
para o domínio romano.
Como no tempo do Apóstolo João estas duas cidades existiam com o
mesmo nome em grego, por serem construídas sobre penedos semelhantes, o
Braff achou por bem usar as duas como simbolismo profético da terceira
igreja apocalíptica, isto é, Igreja de Pérgamo Romana e Igreja de Pérgamo
Troiana. A Igreja de Pérgamo Romana, simbolicamente sustentando a
doutrina de Balaão, como também dos Nicolaítas. Na época de Pérgamo,
porém, encontramos a espada de dois gumes para desbastar as asperezas do
paganismo em duas frentes: os que sustentam a doutrina de Balaão e da
mesma forma a dos Nicolaítas, a Pérgamo capital da idolatria e mitraismo,
romana; e (a frente) de Antípas, a fiel testemunha, os que conservaram o
nome de Cristo e não negaram a fé, estes são simbolizados pela Pérgamo de
Troas, de onde o Apóstolo Paulo e seus companheiros partiram para
evangelizar a Europa. São os que sustentam o espírito missionário da visão de
Paulo em Trôade ou Troas, a famosa Tróia grega - “Passa a Macedônia e
ajuda-nos” Atos 16: 9.
Troas nos dias do Apocalipse já estava em decadência e na época da
Igreja de Pérgamo, 313 a 538 a.D., é a igreja que foi para o deserto. Nos seus
dias os fiéis trabalhavam na clandestinidade. Com o fim de sua vigência a
Igreja ficou no deserto 1260 anos, porque já o Império Romano havia colhido
a sua liberdade, casando-a com o mundo romano, hostil aos legítimos cristãos.
Na apostasia reinante, a idolatria triunfou. Os fiéis não estavam mais nela!
Em junho de 1990 o Pastor começou a reunir recursos novamente de
sua aposentadoria e enquanto isso ia escrevendo sua biografia.
Dia 2 de julho de 1996, o Pastor escreveu uma réplica sobre a tese de
um pastor, que desacreditava o Velho Testamento por ser dos judeus. Dia 3
de julho de 1996, o Braff continuou a escrever o seu livro que pretende
publicar: “OS DOIS REBANHOS NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE”.
Uma idéia que nasceu em fins de setembro de 1985.
143
1987 a 1991
RESPONSABILIDADE ESTENDIDA
BATIZANDO AOS 77
Foi no dia 16 de maio de 1987 que o Braff realizou o seu primeiro
batismo em Mato Grosso. Foi a sua recompensa pelo trabalho de dois anos de
labuta numa Escola Sabatina filial em Alto Coité, Município de Poxoréo - MT.
Dia 22 de junho de 1987, chega da Suíça seu filho caçula, Malton,
onde exerce o pastorado Adventista; passou dois sábados com os seus pais e
dia 3 de agosto partiu de volta para a Europa.
A 30 de agosto de 1987 o Pastor realiza o seu segundo batismo em
Mato Grosso na cidade de Jaciara, batizou três preciosas almas e ficou muito
feliz por ainda poder batizar aos 77 anos de idade. Com o batismo de Jaciara e
Alto Coité o pastor, em Mato Grosso, batizou oito pessoas. Completando o
sexto estado em que o pastor Braff agregou o rebanho de Deus, as multidões
dos filhos da esperança; oficiou a cerimônia batismal no Rio Grande do Sul,
Santa Catarina. Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso, e ainda se
sente com vigor para trabalhar noutras regiões se Deus quiser usá-lo.
Em novembro de 1987 encerrou-se a Escola Sabatina de Alto Coité.
Vicente Dias Sobrinho com a família e seu empregado Henrique mudaram-se
para Juína ao norte do Estado e não ficou ninguém com interesse algum que
pudesse continuar trabalhando ali. Por isso o Pastor encerrou suas atividades
missionárias naquele lugar.
VISITANDO A TERRA NATAL
A 30 de novembro de 1987 partia o velho pastor com sua esposa
Mercídia para Porto Alegre, em visita aos seus irmãos, filhas e demais parentes
que se encontram naquelas paragens. Foram férias muito proveitosas, para
quem por quase quatro anos viveu na tensão duma responsabilidade muito
grande: construir a igreja para atingir as almas sinceras que ainda se encontram
em Babilônia mística.
Estranhos ao novo concerto da promessa - uns sabendo que estão
perdidos, mas sem conhecer o caminho para a vida e tantos outros que estão
iludidos, nem sabem que estão perdidos.
E o Pastor meditava que precisava de uma série de conferências para
alertar os enganos, mas enquanto não se realiza, o Pastor sente-se responsável
pelas multidões que perecem sem ter o conhecimento da verdade, além dos
144
Biografia do Pastor Braff
primaverenses, preocupava-se com os familiares que conhecem o caminho,
mas acham estreito demais para andar por ele.
Assim que nestas férias o Braff pôde descansar um pouco, rever
velhos amigos, seus inesquecíveis familiares e irmãos na fé que há muito
tempo ele não via. Em Taquara foi assistir ao programa do IACS, a formatura
de 1987. Constatou que o Colégio que ele ajudou a fundar, estava muito
diferente. Ele foi aluno do segundo ano de fundação, por isso considera-se
como aluno fundador e agora constata que a diferença é além da expectativa,
teve um grande desenvolvimento desde a última visita que lhe fizera.
Dia 16 de dezembro de 1987 os Braff voltavam a Primavera. O Pastor
sentia-se reforçado, reanimado, pronto para começar a escrever o livro do
Castiçal de Ouro e incrementar a construção do templo adventista em
Primavera.
MERCÍDIA PASSA MAL
Na madrugada de 28 de março de 1988 Mercídia de Oliveira Braff
esposa do Pastor acordou enjoada do estômago e logo começou a obrar
sangue com violenta hemorragia intestinal e foi piorando de momento a
momento.
Ao amanhecer, aos primeiros clarões do dia já havia perdido muito
sangue. Dr. Irineu e Niura, esposa do Dr. Milton prestaram os primeiros
socorros, levando-a ao hospital ao romper da aurora.
Mercídia ao levantar-se para se preparar para seguir ao hospital,
vomitou uns dois litros de sangue coalhado, ou mais. Era uma úlcera que
sangrou no estômago ou duodeno e ela quase morreu. Quase se esvaiu em
sangue. Já a levaram para o hospital meio desmaiada. A sorte é que o
nosocômio era perto e o médico atendeu imediatamente.
O socorro veio a tempo, o sangue foi estancado e Mercídia conseguiu
safar-se ainda desta vez, mas ficou muito fraca. Mercídia foi reagindo muito
bem. Quer alcançar os 80 anos dia 5 de junho. Ela perdeu uns dez quilos do
peso normal e, com isso surgiu uma outra crise: encasquetou que a úlcera era
cancerosa e que estavam escondendo dela; para remover esse entulho que
inculcara na mente não foi fácil. Com o correr do tempo, porém, parece que
foi esquecendo e se convencendo da realidade. Era um temor infundado que
neutralizava o progresso de sua recuperação.
No dia 5 de junho de 1988, houve festa na casa do pastor Braff; sua
esposa alcançara os 80 anos. Para ela que esperava estar se aproximando da
sepultura, realmente era uma grande vitória. Visto que ela estava se
recuperando bem, seus familiares achavam por bem celebrar este
acontecimento com uma festinha, com efeito psicológico para que sua psique
pudesse atuar sobre a recuperação da saúde e prolongar a vida por mais outros
longos anos.
145
E assim foi esquecendo de falar em morte próxima e sua saúde foi
melhorando consideravelmente, até remoçou um pouco. Aquela impressão
que a morte estava chegando, de fato estava aniquilando a velhinha; agora,
com pouco auxílio toma conta das atividades domésticas. Foi um santo
remédio livrá-la daquele torpor mental.
EXPANSÃO DA IGREJA
Para o Pastor o ideal seria realizar uma série de conferências em
Primavera do Leste. Os membros ainda são poucos para justificar um grande
empreendimento; o Pastor não tem base de apoio e o trabalho é muito difícil.
A esperança está em construir a igreja para salvar o empenho do Pastor, que
visa preparar o terreno para a tão sonhada série de conferências.
O Pastor se esmerava para não provocar preconceitos com outras
denominações religiosas: católicos e não católicos, por isso ele não
desenvolveu um evangelismo mais alarmante e convincente.
As igrejas pentecostais estão crescendo muito e as trevas cobrem a
cidade com um manto de cilício. Urge, portanto, acender uma tocha (o templo
ou as conferências) como o farol de Alexandria que iluminava entre 60 a 760
km de distância e o Braff esperava assim iluminar a região no caminho de
Deus.
No dia 31 de dezembro de 1988 o Pastor foi convidado para dirigir o
culto de ação de graças a Deus pela posse do Prefeito eleito Érico Piana Pinto
Pereira. Neste ato respeitoso, num programa ecumênico, o pastor Braff o
empossaria, num compromisso solene com Deus, mas o Prefeito estava
enfermo e não pode assumir, sendo que o vice assumiu em seu lugar.
A VIDA EM GRANDE PERIGO
Dia 29 de dezembro de 1989 a noite até as 11 horas o Pastor esteve
estudando para o programa de sábado e deitou-se tratando de recolher a
hérnia que nem sempre era fácil de recolher à noite ao deitar. Desta vez,
porém, lutou horas sem conseguir com toda a sua técnica de massagista. À
uma hora da madrugada ele chamou a sua esposa, advertindo que
providenciasse um meio para levá-lo para o hospital porque já não agüentava
mais de dor.
Seu genro Horaldo estava de visita em sua casa, foi chamado
imediatamente e o levou ao hospital. Chamaram o Dr. Milton, seu filho e mais
dois médicos, sendo em seguida submetido a uma cirurgia urgente.
Um metro de intestino estava herniado, já roxo denegrido, a um passo
da necrose e da morte inevitável. O Pastor apesar de estar se aproximando
dos 80 anos reagiu bem e se recuperou logo. Depois disso ele afirmou que se
considerava como tendo nascido de novo.
146
Biografia do Pastor Braff
O Braff ainda não havia terminado a sua tarefa: a de construir e
terminar o acabamento da igreja e realizar a série de conferências que lhe fora
prometido uns anos antes. Seu alvo era transformar Primavera numa sede de
distrito (jurisdição pastoral) do povo da Terceira Mensagem Angélica. O
Pastor estava exaurindo as suas forças e precisava urgentemente de auxílio na
evangelização do povo primaverense. Sim, Deus é o seu ajudador, mas ele
precisa de auxílio humano também.
CONFERÊNCIAS
Surge uma esperança! Vem uma promessa! 1990 teremos uma série de
conferências! Esta alvissareira notícia reanimou o encanecido pastor. Agora
teremos mão de obra espiritual, evangelistas para sacudir Primavera do Leste,
pensava ele. Seus sonhos seriam realizados.
Uma igreja cheia se preparando para a volta de Cristo em Primavera
do Leste! Mas, a igreja, o templo ainda não está terminado. E o instrumento
humano que se lançou de corpo e alma na construção, onde está? Ah, nos
últimos anos, depois da cirurgia da hérnia, ficou hospitalizado até o dia 2 de
janeiro de 1990 e ao chegarem em casa ficou de cama ainda vários dias.
RESPONSABILIDADE DO CONVALESCENTE
Dia 6 de janeiro de 1990, Milton dirigiu a Escola Sabatina e na outra
semana já o Pastor dirigiu a Escola Sabatina e a lição, mas, em convalescença
por todo o mês de janeiro.
No dia 16 de janeiro já entra em ação, preparando o templo para a
série de conferências. Viria qualquer dia alguém para inspecionar o local onde
deveriam se realizar as reuniões e o único local disponível em Primavera era a
igreja. E, aí, foram mãos a obra.
Durante a segunda quinzena de fevereiro e o mês de março de 1990
os adventistas deixaram a futura igreja e ocuparam um salão de reuniões, em
condições precárias de funcionamento, sem aparência de igreja, como lhe fora
recomendado. Foi improvisada uma plataforma de madeira, tábuas rústicas
sem qualquer preparo e uma bancada rústica, provisória.
O pastor Pavel de Moura era o conferencista. Pavel de Moura era
então secretário da União Sul Brasileira dos Adventistas do Sétimo Dia e
conferencista a nível de União. O Braff, desde 31 de janeiro de 1990 estava
em atividade no seu trabalho, mas foi na segunda quinzena de fevereiro que
ele começou os trabalhos da igreja.
Dia 31 de março foi dia da última escola sabatina na garagem. Dia 04
de abril, quarta-feira, pastor Eradí, Secretário da Missão Matogrossense dirigiu
um culto de oração e de despedida da garagem. – “Sábado estaremos todos na
igreja!” Vociferou o dirigente, num tom convincente, confiante no sucesso do
conclave próximo.
147
Os cultos e escola sabatina realizavam-se no hospital São Lucas, do
dia 18 de fevereiro de 1984 a 19 de janeiro de 1985 - onze meses e um dia no
Hospital. Na garagem do pastor Braff, de 19 de janeiro de 1985 até 04 de
janeiro de 1990. Cinco anos, dois meses e quinze dias. escola sabatina sem
sede em Primavera do Leste 6 anos, 1 mês e 16 dias. Foi um tempo de muitas
lutas e grandes vitórias. Era desanimadora a situação. E o Braff curtia seus
sentimentos em silêncio. De quando em vez, um grito na alma: - que foi que
vim fazer aqui? Todo esforço para salvar almas tem sido em vão. A resposta
que pedia a Deus teria sido uma coincidência? Mas, “Deus que tem guiado
meus passos até aqui não pode ter me abandonado” e recobrava ânimo
novamente e as vitórias lhe davam novas esperanças.
Finalmente chegou o dia tão esperado! Dia 07 de abril de 1990 chega a
comitiva do pastor Pavel de Moura, o conferencista. Era um programa de
semana santa. Um ótimo programa, mas uma época muito chuvosa. Primeira
noite, igreja cheia, totalmente lotada. Segunda noite, pouca gente; na terceira:
muita chuva e falta luz, acende-se liquinho, mas o povo não vem! Só os
Adventistas. Na seguinte não havia luz até a hora de começar e poucos vieram
Noites chuvosas e pouca freqüência. Sexta-feira o tempo melhorou e
quase lotou o salão, novamente. Domingo, dia 15 de abril. Última conferência
do pastor Pavel e chega Eradí. Sábado, surge o pastor Paulo, distrital.
Dia 22 de abril de 1990, parou a chuva, mas o povo não veio, apenas
uns poucos e logo recomeçou a chuva. Os pastores Eradí, Paulo e Braff se
revezavam até concluir a série, sem resultado prático: duas pessoas que pouco
depois se mudaram sem batismo; uma frustração total! E agora? Que fazer?
A ESCOLA
Dia 27 de maio de 1990 o Pastor fez a última conferência e no sábado
seguinte pastor Paulo dirigiu lição e sermão. No dia 08 de junho o Braff voltase para a construção da Escola. Constroem um barraco no terreno que fora
dado para a Escola Adventista para guardar o material de construção da
Escola, mas, dinheiro que é bom, quê dê? dizia ele - sem dinheiro, e sem apoio
de ninguém a obra não sai! Mas o compromisso de evangelizar Primavera
aumenta cada vez mais.
Começou a reunir recursos novamente de sua aposentadoria e
enquanto isso ia escrevendo sua biografia. No dia 26 de junho de 1990, seu
filho, Dr. Milton e família viajaram para Estados Unidos, a fim de assistirem
as Qüinqüenais da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia.
Dia 14 de julho de 1990 o Pastor lançou um concurso do livro Daniel
para conservar os poucos interessados que restavam da série de conferências e
continuou a escrever. Tempo muito frio, dia 7 de agosto chegam Milton e
Malton com suas famílias e no dia 14 viajam à Chapada dos Guimarães e
Pantanal.
148
Biografia do Pastor Braff
VISITA AOS PARENTES
No dia 6 de janeiro de 1991 o Dr. Milton viajou para o Rio Grande do
Sul. Os seus genitores, o pastor Manoel Braff e esposa foram juntos e dois
dias depois chegaram a Porto Alegre. No dia seguinte, foram a Rolante. No
sábado estiveram em Monte Belo, onde o Pastor passou a lição da Escola
Sabatina. No domingo Milton viajou para Santa Maria e de lá a Uruguaiana e
só voltou no dia 23 de janeiro.
Dia 19 de janeiro de 1991 depois do culto, o Pastor, em companhia de
Horaldo, seu genro foram para a praia do Quintão, visitar Elvira, irmã do
pastor Braff e Delmar, seu cunhado e também o irmão Afonso João Braff.
Uma das raras visitas à praia, porém o Pastor não tomou banho de mar, visto
a hérnia estar atrapalhando muito e não estar prevenido para tal evento.
Chegando Milton dia 23 de janeiro no sábado seguinte seguem para Rolante e
lá o Pastor dirige o sermão com a igreja cheia.
Na praia do Quintão, Manoel encontra com os seus três irmãos ainda
vivos: Afonso, Almerinda e Elvira. Foi um encontro emocionante, porque já
fazia muitos anos que não se viam e praticamente sem relacionamento, porque
a distancia os separava.
RETORNO AO COTIDIANO EM PRIMAVERA
Dia 27 de janeiro de 1991 o retorno para Primavera, foi uma excursão
muito salutar. Refizeram as forças e o pastor Braff voltou animado a
prosseguir na restauração da igreja, dando-lhe aspecto de igreja.
Na noite do dia 29 de janeiro chegavam à residência, tudo estava em
paz. As obras continuaram com muita lentidão, mas não pararam e o Braff
assumiu novamente o controle; trocou os pedreiros e tudo se normalizou.
No dia 2 de fevereiro de 1991 já foi possível levar de volta a Escola
Sabatina para a igreja ainda em construção, mas já estava coberta e forrada, os
quartinhos do pastor e diáconos e o tanque batismal estavam em andamento,
quase prontos.
Dia 13 de fevereiro de 1991, Mara, filha adotiva do pastor Braff, deu à
luz uma filha que recebeu o nome de Aline.
No dia 15 de fevereiro o príncipe D. Bertand de Orleans e Bragança,
segundo na ordem da herança ao trono do Império Brasileiro, e o Braff foram
convidados para uma sessão solene na Câmara dos Vereadores e para o jantar
de cortesia ao nobre visitante, Braff e príncipe tornaram-se amigos. Dia 17 de
fevereiro de 1991 o príncipe voltou a São Paulo.
No dia lº de março de 1991 chega a mudança de um irmão de Santa
Maria, RS. Espera-se que diversas famílias venham de lá dentro de pouco
tempo.
149
No dia 23 de março de 1991 o pastor Braff reuniu-se à comissão de
nomeações da diretoria da igreja.
O pastor Manoel Braff completou 63 anos do seu batismo no dia 2 de
abril de 1991. No dia 3 de abril nasceu Jéssica filha de sua filha Maísa, mais
uma neta que chega.
No dia 9 de abril de 1991 o Pastor completou 81 voltas com a terra ao
redor do sol e ainda tem muito chão a percorrer até completar a tarefa que
pesa sobre os seus ombros.
No dia 2 de maio de 1991 mais uma bisneta do pastor Braff apontou
na curva elíptica da trajetória sideral.
A aposentadoria do pastor Braff não lhe foi dada por conclusão do
trabalho e sim para transferência de empregador. Antes tinha um ou mais
homens que lhe davam ordens e agora o Pastor só tem um que é o seu Patrão.
Ele dá ordens e o Pastor tem prazer em acatá-las. O emprego é o mesmo, mas
o Pastor tem mais prazer em servir Este porque Ele é o Dono da obra. O
Braff trabalha tranqüilo, porque homem algum ambiciona o seu emprego. E
se alguém quiser emprego semelhante ou igual, há inúmeras vagas, e em todo
o tempo, com necessidades urgentíssimas.
150
Biografia do Pastor Braff
1991 a 1993
NO PASSAR DOS DIAS
GUERRA NO GOLFO PÉRSICO
No dia 16 de janeiro de 1991 começa a guerra no Golfo Pérsico. No
ataque a Saddam Hussein, os Estados Unidos bombardeiam Bagdá
implacavelmente; Saddam Hussein não quer deixar o Kuwait que invadira
antes.
A meia noite do dia 27 de fevereiro foi dada a ordem de cessar fogo
no Golfo Pérsico. Ainda desta vez, a guerra que ameaçava alastrar-se pelo
mundo muçulmano e cristão como muitos imaginavam, cessou. Porém, isto
ainda não é o fim. Nem todas as profecias se cumpriram.
Os iraquianos como os demais islâmicos devem ouvir o puro
evangelho de Cristo para poder fazer sua decisão e os povos pagãos que nem
agora ouviram falar de Cristo, quanto mais fazer decisões por Cristo. O tempo
está se dilatando porque as circunstâncias se dilatam. E quando o evangelho
tiver atingido todos os povos do mundo e tiverem feito sua decisão então virá
o fim.
OUTRO APRISCO
No domingo, 19 de maio de 1991 o Pastor foi fazer uma visita a
interessados, não encontrando ninguém em casa. Então dirige-se a casa de um
amigo seu da Igreja Batista. Conversou pouco tempo, porque ele estava
ocupado, mas a mensagem ficou com ele. No dia seguinte, 4 homens da
Congregação Cristã entraram em sua casa para uma polêmica, só que o
campeão deles tomou a palavra e não deu chance ao Pastor que não estava
prevenido para tais ataques; então ficou procurando uma passagem em
Ezequiel 13: 17, 18, 20, 21, e o homem foi possuído por Satanás. Começou a
rogar pragas e a blasfemar por quase uma hora e o Braff chamava-o de
Satanás. Com muito custo conseguiu que o homem terminasse com a loucura
diabólica; tudo isso porque, no dia anterior o pastor Braff havia visitado
membros de sua grei e Satanás mandou um de seus mensageiros atacarem o
Pastor em seu domicilio.
Para a despedida do ano de 1991 o Pastor Braff convocou a igreja
para um culto durante o pôr do sol, na igreja com todos os adventistas de
Primavera e ali o ano velho, mil novecentos e noventa e um, passou
eternamente para a história.
151
BODAS DE DIAMANTE
No dia 7 de junho de 1991 chegaram Mírtie, sua filha, e seu genro
Horaldo, eles ficaram até as bodas de diamante.
Dia 20 de julho de 1991 foi um dia festivo com as bodas de diamante.
O casal Mercídia e Manoel Braff teve a festa comemorativa de seu casamento
há 60 anos atrás, estiveram presentes do Rio Grande do Sul; Mirtie e Horaldo,
filha e genro com suas filhas Sônia e Cinara; Marisa e Mirna, netas; e
sobrinhos Zildomar, Lauro e esposa; de Mato Grosso do Sul, Merlinton, seu
filho e esposa Nélsia. O pastor Xavier, presidente da Missão e pastor distrital,
Jakson Xavier dirigiu a cerimônia.
O casal Braff estava muito feliz, sua idade já avançada, idade de
aposentadoria, como se os dois tivessem nascido gêmeos, vivendo juntos
sempre, um suportando o outro a vida inteira. Os dois tendo vigor para
continuar por longos anos ainda. Esta bênção veio de Deus. Por isso foi
realizado o culto de ação de graça. Dizia o Pastor: “A gratidão que guardo no
coração é maior que se possa expressar em palavras”. E, ainda mais: “toda a
energia que temos, a própria vida e toda a vontade de trabalhar pela causa de
Deus recebemos Dele e a Ele entregamos. Deus, a Santíssima Trindade seja,
em nosso ser, bendito eternamente, amém”.
Até o fim do mês todas as visitas regressaram a seus domicílios.
Em 5 de agosto de 1991, chegou Dionísio do Rio Grande do Sul. Ele
era pedreiro, para tocar as obras que o Braff estava comprometido a realizar,
mas ele ficou trabalhando no hospital. Até o fim de agosto foi feito o
requadramento das janelas, e a pintura. Dionísio trabalhou nesta reforma.
No dia primeiro de setembro de 1991 foi realizada competição de auto
cross em Primavera do Leste, Ulisses, genro do Pastor tomou parte.
Dia 8 de setembro de 1991 - ano novo israelita 5.752.
Dia 18 de dezembro, aniversário da filha adotiva Mara que fez 20
anos. Uma festa negativa, separada do marido há sessenta e nove dias com
uma filha para criar, não havia motivo para alegria pelos seus 20 anos
atribulados. Mesmo assim ela não se voltou para Deus, seu protetor, para darLhe glória.
Dia 28 de setembro de 1991, Dr. Milton e Niura sua esposa se
reconciliam com a igreja pelo batismo em Rondonópolis e no dia 4 de
outubro foi seu filho Fernando no Instituto Adventista São Paulo.
O GARIMPO
Aurí, ajudante direto do pastor Braff viaja para Rondônia no dia 9 de
março de 1991, deixando o Pastor na mão.
152
Biografia do Pastor Braff
Dia 5 de junho de 1991, o Pastor comprou em sociedade com Aurí
Martins Farias, o maquinário de garimpo 'chupadeira', com dois motores
possantes e óleo diesel. A parte do Pastor custou 300.000,00 (trezentos mil
cruzeiros), acompanharam todos acessórios, equipamento, para o bom
funcionamento a que se destinava.
Cinco dias depois da compra do maquinário de garimpo para extrair
diamantes do solo, já foi preciso consertar a bomba que estava rachada.
Foi constatado em 5 de setembro de 1991 que o garimpo não deu
resultado positivo, só dava prejuízo.
No dia 19 de setembro de 1991 o Pastor soube que começou a
aparecer diamantes no garimpo, mas, seu sócio Aurí Farias vendeu
secretamente, sem dar conhecimento ao sócio, pastor Manoel. Isto trouxe um
impacto violento no Pastor que naquela altura dos acontecimentos já
desconfiava de seu sócio e suas relações estremeceram e começaram a se
desacertar.
Dia 27 de setembro, Aurí traz ao Pastor 65.000 cruzeiros sendo que já
anteriormente tinha se apropriado indevidamente de 150.000 cruzeiros de
diamante que já era propriedade do pastor Braff. Porém o Pastor fez uma
polpuda compra para o garimpo dois dias depois. Era a tentativa para
amenizar as relações e dar oportunidade para o Aurí se corrigir, mas foi em
vão. A 13 de outubro o homem se tornava cada vez pior e afundou-se na
bebida. O Braff propôs rescisão de contrato da sociedade e deu-lhe 30 dias
para lhe devolver o garimpo com dois dias de tolerância.
O dia 15 de novembro de 1991 é chegado e o Aurí devolve o material
do garimpo e continua vendendo diamantes sem dar a mínima satisfação ao
sócio. Um mês mais tarde avisa que vai mudar o maquinário para onde ele
quiser. Talvez para o Norte do Estado e que o proprietário de modo algum
poderia impedi-lo e que procurasse os seus direitos e a notícia se espalha.
Em 23 de dezembro o Braff constituiu advogado e no dia seguinte
veio a ordem para o Braff recolher o material e esconder numa fazenda,
terminando assim a tragédia da sociedade com o falso adventista. Que Deus
permita que ele se converta e que abandone o vício e abandone também a
desonestidade e avareza.
Princípio de janeiro de 1992, Elga a esposa de Aurí quer tomar a força
as promissórias que o Aurí não quis pagar, ela não lembra de 6 meses e 20
dias que se regalaram às custa do velho Braff que tinha acreditado na aparente
mudança de vida do casal. O Pastor ofereceu uma declaração que não cobraria
aquela dívida, mas ela queria era a promissória. Com este documento ela
poderia provar em juízo que o maquinário do garimpo era dele. Este homem
se dizia proprietário do garimpo para todos e o Pastor foi avisado de suas
intenções. Por isso concordou em dar um xerox e eles tiveram que aceitar.
153
No dia 9 de janeiro de 1992, Aurí mudou-se para Rondonópolis e o
Pastor sentiu-se aliviado do pesadelo em que tinha mergulhado. As ameaças
cessaram. Derrotado no seu intento Aurí afastou-se.
No dia 12 o Braff recolheu o material do garimpo e arrendou a 10%
sobre a produção e melhorou um pouco, recuperando alguma coisa do
prejuízo que tivera com o Aurí.
MARA E EDINO
A 9 de julho de 1991, Mara, uma filha do Pastor, e Edino separam-se.
Mara fica na casa do Pastor e Edino vai para a casa do pai dele. Não houve
conselho que resolvesse a reconciliação. As brigas já haviam passado além das
raias da convivência conjugal. Ele preferia a embriaguez a assumir a
paternidade da filha num lar sóbrio e feliz. Bêbado é assim mesmo, troca tudo
por bebida.
No dia 11 de novembro de 1991, Mara, sua filha, fugindo do seu
marido perseguidor, volta para casa de seus pais, até 21 de fevereiro quando
alugou uma casinha perto da casa de seus pais, Aline já tem mais de 1 ano,
ainda usa o andador, logo estará ajudando a mãe.
Mara e sua filha voltam à companhia dos pais (Manoel e Mercídia) no
dia 13 de maio de 1992. Não tem condição para viver independente, sem ter
quem cuide de sua filha. Como pode trabalhar? E sem trabalhar, como
poderia sobreviver? Ela não larga da filha e nem a filha se separa da mãe.
Ambas se encontram em situação difícil. Quem tem que socorrer, senão o
velho pai, que a socorreu, quando bebê, abandonada por seus pais?
ADVENTISTAS EM PRIMAVERA
Chegou à noitinha do dia 3 de janeiro de 1992 uma caravana de Santa
Maria - RS com o pastor Henrique Marquart. No sábado o Braff fez o
sermão, mas no sábado seguinte as visitas dirigiram o sermão e o pastor Braff
teve folga nesse sábado. No domingo já estavam viajando de volta.
Com a entrada do mês de fevereiro de 1992 surgiu outra pregadora a
irmã Teresa, professora, esposa do pedreiro irmão Dionízio Fernandes de
Souza, vindo do Rio Grande do Sul. Dionízio trabalhou na Escola, nos dias 5
e 6 e no o dia 7 o Dr. Milton pagou o seu salário.
No dia 13 de maio de 1992 realizou-se a grande festa da cidade e o
Braff representou as igrejas evangélicas da cidade no palanque oficial.
Em 23 de junho de 1992 chega o auditor de contabilidade da Missão e
pregou na quarta feira.
No dia 24 de outubro foi feito o primeiro batismo em Primavera do
Leste, onde se batizaram Cleonice e Zélia pelo pastor Manoel Xavier de Lima.
154
Biografia do Pastor Braff
MERCÍDIA E MANOEL
Mercídia, esposa do Pastor foi atacada de bronquite, asma, chiadeira
alérgica. No dia 30 de abril de 1992 ela teve que baixar ao hospital. Em 3 de
maio ela recebeu alta, mas continuou indo ao hospital de manhã e a tarde para
tomar inalação. O Braff tinha que atender a casa, cuidar de Aline, sua neta,
cuidar da esposa doente, administrar a construção da escola, pregar 3 vezes
por semana, responsabilizar-se pela tesouraria da igreja e fazer massagens
quando solicitado. Sim, a carga era de gemer! Mas o Pastor fazia tudo
satisfeito por estar servindo a seu amigo e salvador Jesus. Maio entrou com o
mesmo ritmo. Dia 5 os Braff conseguiram uma empregada doméstica e sua
carga foi aliviada um pouco.
Dia 5 de junho de 1992, é dia de aniversário da esposa Mercídia, uma
festinha com um pequeno bolo e algumas visitas para não passar em brancas
nuvens. Completou seus 84 anos e ainda está se virando com a graça de Deus.
E a 14 de junho o Pastor foi operado de 2 cânceres de pele, um na
orelha e o outro na região da omoplata.
No dia 18 de setembro de 1992 o Pastor amanheceu doente. Dois dias
depois baixou ao hospital com pneumonia. Teve alta no dia 27, mas a pontada
não o tinha deixado ainda e a tosse persistente continuou até 20 de outubro.
No dia 26 de outubro de 1992, alguém que podia ajudar, mostrou-se
irredutível contra qualquer auxílio que o marido prestasse a construção da
escola ameaçando a união conjugal e o velho experiente em inúmeras batalhas
impiedosas, ficou muito abalado. Não por lhe ser negado auxílio ou apoio,
porque já não esperava apoio mesmo, mas especialmente por não lhe estar
pedindo nada. Esta ameaça o feriu profundamente. Ela em parte alcançou seu
objetivo, mas não totalmente, pois a obra continuou e continuaram amigos. O
Braff conseguiu superar a mágoa escondida no seu coração sem deixar aflorar,
a não ser no seu arquivo secreto, juntamente com outros tantos desagravos
que não podem mais voltar. E o Braff acrescenta: “Esquecendo-me das coisas
que atrás ficam, prossigo para o alvo da soberana vocação de Deus em Cristo
Jesus”. Fil. 3: 14.
O empréstimo de um colchão para uma visita à igreja que o Pastor
teve que abrigar, sem ter colchão para hospedá-la foi a causa daquela querela.
É certo que não se deve emprestar o que não se tem, mas ser o intermediário
entre a pessoa que tem e o forasteiro que não tem onde se abrigar; não parece
ser motivo de ofensa para socorrer.
Do dia 17 de outubro de 1992 em diante, o Braff se dispôs a assumir
novamente suas atividades pastorais: pregar sábados, domingos e quartasfeiras, visitar pessoas alheias à fé e atender responsabilidades domésticas
também.
155
ALARME FALSO
No dia 9 de julho de 1992 começa uma série de conferências da Igreja
Batista e o pastor Braff foi assistir. Ele foi convidado várias vezes e os
convites despertaram a curiosidade do Pastor. Era um médico cardiologista e
teólogo com mensagens alarmantes que o Braff precisava tomar
conhecimento. O Braff logo constatou se tratar de um movimento prépentecostalista, pregando de um falso profeta coreano de nome Bang-Ik Há,
que pregava o arrebatamento secreto, dia 31 de outubro de 1992, e no dia 31
de dezembro a grande perseguição movida pelo anticristo. 'O líder do M.C.E.
ou Europa Unida vai implantar uma marca da besta e destruirá os cristãos e
israelitas. Só os que morarem na palestina escaparão seguros do massacre'. O
conferencista dizia que o arrebatamento podia se manifestar a partir do dia 15
de julho de 1992.
O tempo passou. Quando foram redigidas estas linhas já haviam
passado dois anos que isto se realizou e aquela igreja batista virou pentecostal.
Confusão nos cultos, nos gestos, no barulho e na doutrina. Bandearam-se para
o espiritismo, cumprindo desse modo uma profecia de Testemunhos Seletos
página 150, 151. “Quando o protestantismo estender os braços através do
abismo, a fim de dar uma mão ao poder romano e outra ao espiritismo;
quando por influência desta tríplice aliança a América do Norte for induzida a
repudiar todos os princípios de sua constituição que fizeram dela um governo
protestante e republicano, e adotar medidas para a propagação dos erros e
falsidade do papado; podemos saber que é chegado o tempo das operações
maravilhosas de Satanás e que o fim está próximo”.
Assim o Braff viu as conferências dum falso profeta transmitindo a
sua mensagem a uma igreja protestante, tida como das mais avançadas no
conhecimento da Bíblia, ponderada, grave e tradicionalmente conservadora.
Os religiosos pensantes que não têm a verdade são presas (vítimas) fáceis de
Satanás.
Dia 12 de novembro de 1992, o Pastor Braff teve um encontro com o
batista fanático ortodoxo em suas idéias que reprovava as tendências
modernistas de sua igreja, mas colocava suas opiniões acima das Escrituras.
Porém o Braff fez amizade com ele e continuou visitando até 21 de novembro
quando o fanático começou a atacar a Igreja Adventista. De repente abriu sua
Bíblia em II João 10 e mandou o Pastor para fora de sua casa, e depois de
meses o visitou, mas sem a Bíblia e pouco morreu do seu fanatismo cego.
Esse é o fim das pessoas que põe seus próprios conceitos acima do que Está
Escrito.
156
Biografia do Pastor Braff
PANORAMA POLÍTICO
A política se tornou tensa e dia 30 de setembro de 1992 o presidente
Fernando Collor foi afastado da suprema magistratura nacional e o vice
Itamar Franco assumiu a presidência da República.
Dia 3 de outubro de 1992, realizaram-se eleições municipais, o Braff
não votou porque era sábado - “Nenhuma obra servil fareis”. Levíticos 23: 7.
No dia 11 Ulisses Guimarães estava em um helicóptero de regresso de
São Paulo com mais um político de renome nacional - Severo Gomes levantaram vôo no litoral paulista e adentraram no mar e somente foram
achados alguns destroços e cadáveres flutuando nas águas, mas não acharam
Ulisses. Todas as famílias brasileiras ficaram consternadas, porque Ulisses era
um grande líder nacional.
Em agosto de 1993 falou-se em candidatar o Dr. Milton a prefeito em
1996. Sim, são cogitações apenas.
A repressão à corrupção nos escalões mais altos do povo brasileiro
continua; o incessante P.C. Farias foi preso dia 3 de dezembro. Parece que
podemos confiar mais no refinamento da justiça.
REUNIÃO FAMILIAR
No dia 19 de dezembro de 1992 chegaram Mirtie e Horaldo, filha e
genro do Pastor. Dia seguinte: seu filho Malton chegou da Suíça, e dia 22
chega de Dourados - MS, seu filho Merlinton e esposa Nélsia.
Até o fim do ano foi muita animação: igreja sendo pintada; Malton
pregando; cânticos dum quarteto Braff - irmãos Braff - Milton, Merlinton,
Malton e Mirtie; trios, duetos, solos.
A festa durou até 13 de janeiro de 1993 quando Malton partiu para
São Paulo e de lá para seu trabalho à frente da Associação das Igrejas
Adventistas do 7º Dia da Suíça Romande e de Tessim. Merlinton já havia se
despedido e Horaldo viajou mais tarde.
Dia 2 de janeiro de 1993, sábado, o velho Braff passa a lição da Escola
Sabatina e Malton prega.
O trio dos irmãos Braff composto por Milton, Malton e Mirtie estava
lindo. Domingo, Milton, Malton e Horaldo foram passear de barco no Rio das
Mortes e num lago lá perto.
Dia 13 de janeiro, Malton viajou para São Paulo e até dia 15 deve ter
chegado à Suíça. Sua visita a Primavera foi muito proveitosa. Confortou-nos
numa hora de muita apreensão.
No mês de novembro de 1993 o Pastor recebeu novamente a visita de
sua filha Mirtie e Horaldo, seu genro.
157
DESALENTO NÃO COMBINA COM SAÚDE
Encontramos no dia 25 de março de 1993, do seu diário: “Estou
desorientado! Todo o meu trabalho aqui fracassou!”. Dizia, desolado. “As
obras que mando fazer, fazem erradas. Pago pra fazer, tenho que demolir e
fazer de novo quando possível. Trabalho com os de fora - rejeitam a
mensagem e os da igreja não reagem! O que estou fazendo aqui?” E o velho
sozinho curtia suas mágoas. E dizia mais: “devo continuar a obra se ela for
errada? E então vem uma consolação! O tempo revelará!” Recobrava o ânimo
e tocava o trabalho pra frente. Só via adversários da obra que estava fazendo 9
anos sem apoio humano, isto é, sem estímulo, sem aprovação verbal, sem um
conselho, mas muita censura. “Mas Deus está comigo? Então nada temerei.
Deus dirigiu e proveu os meios até aqui para a construção e não será agora
que me deixará”, dizia para si. E venceu o assalto satânico.
No dia 3 de maio a esposa do pastor Braff amanheceu com muita
febre, mas no decorrer do dia melhorou.
Dia 13 de maio de 1993, aniversário da cidade, foi um pouco diferente
da inauguração da cidade, a população se retraiu e houve um total silêncio
naquele dia.
No sábado, dia 22 de maio foi realizada a organização dos
desbravadores com 20 desbravadores.
No dia 23 de maio o Braff começa a catalogar as notas de despesas
com a construção da igreja e da escola. Nesse dia o Pastor compra 2 Bíblias
para o trabalho missionário.
Em 24 de maio de 1993 o pastor Braff segue para a sala de cirurgia,
onde foi operado da hérnia, passou o resto do dia meio grogue e a noite
também. Dia 26 foi a vez de sua esposa D. Mercídia, com tosse e rouquidão.
No dia 10 de junho de 1993 levantam-se calúnias pesadíssimas contra
Jonas, o auxiliar nos cultos da igreja, e no dia 13 foi despedido sem direito a
defesa, pois quando ele pôs a queixa na justiça, os acusadores negaram tudo,
mas mantiveram a demissão do emprego de administrador do hospital. Ele
retirou a queixa e ficou por isso mesmo. Uma alma profundamente ferida,
sem defesa.
Jonas, amigo e auxiliar do pastor Braff nos cultos e trabalhos de
evangelismo ficou depois de despedido do hospital, tentando arranjar outro
meio de subsistência para não sair de Primavera, mas foi tudo debalde, as
portas se fecharam para ele e ficou quase um mês desempregado. A 11 de
julho de 1993 deixou Primavera.
158
Biografia do Pastor Braff
ESTUDOS
No dia 13 de março de 1993, começou um seminário do Apocalipse
em casa da irmã Cleonice com diversas alunas e continuou até 5 de novembro,
deixando pessoas decididas pela verdade e outras confirmaram a verdade. Foi
um sucesso, mas o aguerrido soldado veterano de tantas batalhas, de vez em
quando tinha momentos de desalento.
Dia 3 de dezembro de 1993, fim do seminário do Apocalipse na
casa da irmã Cleonice. Estão bem doutrinadas no caminho da verdade e a
noite o Braff foi à igreja Batista da Vitória, liderada pelo Dr. Pedro Alves da
Costa, em programa de inauguração dirigido por um pastor do Acre e
domingo de manhã também. Imortalidade da alma baseado no rico e Lázaro
no seio de Abraão.
Nos dias 10 e 11 o Pastor hospedou o Conjunto Vocal (gospel), que
veio de Várzea Grande e Campo Grande. Umas 50 pessoas. O pastor Braff
comentou que foi tudo bem, não passou vergonha no atendimento e batismo
à noite. Foi uma festa muito edificante que deixou saudades.
Dia 15 de dezembro de 1993, aniversário do filho Milton. Ele estava
viajando e o Pastor esteve atrapalhado em sua carga de atividades, nem pode
ir à igreja.
CONSIDERAÇÕES SOBRE O BATISMO
Domingo, 23 de maio de 1993 respondendo a pergunta de Jonas
(funcionário do Hospital São Lucas) sobre o batismo coletivo de uma nação.
Israel (povo) foi batizado coletivamente em Moisés, no mar vermelho.
Também 8 pessoas foram batizadas em Noé, nas águas do dilúvio. No
batismo como o de Moisés, ninguém se molhou. Era o símbolo do batismo da
Nova Aliança. Mas a pergunta que permanece é: que é batismo? Batismo
representa a chance da aliança do ser humano com Deus. É a selagem do
contrato entre Deus e o homem, onde Deus se compromete a salvar o
pecador arrependido e este, se compromete a obedecer às cláusulas do solene
contrato com seu Deus. A pessoa passa a fazer parte do rebanho da Trindade
Divina, integrante da família de Deus, enquanto o contrato for respeitado
integralmente. As cláusulas determinam a validade do contrato.
Portanto o batismo em Moisés: representa a morte para a vida
pecaminosa que levava aquele povo no Egito. Sepultamento dos velhos
costumes no mar Vermelho e a vida nova que deviam levar na terra de Canaã.
Aquela nação nasceu de novo no mar. Até Salomão aquele povo se
manteve com altos e baixos fiel à aliança. Depois de Salomão, 10 tribos
romperam com a aliança e desapareceram na voragem do tempo. Judá
permaneceu com altos e baixos até rejeitarem o Príncipe da Aliança, e agora
só fazendo nova aliança, ou seja, o batismo individual. Lei no coração,
159
Jeremias 31: 31 a 39. Esta nação não tem coração. Portanto a nova aliança é
individual.
O batismo no dilúvio com Noé, também representou uma nova
aliança. Deus fizera a primeira aliança com a família de Adão e foi baseada em
uma promessa. Gênesis 3: 15. Antes da entrada do pecado não havia
compromisso de Deus para salvar, porque não havia perdição. Quando restou
apenas a família de Noé, Deus fez nova aliança com ele e aí fez com um
batismo coletivo. Gênesis 6: 18. Eram Noé e seus descendentes os
remanescentes. A arca ficou no meio da água; água jorrando por cima e dos
lados e sustentando-a por baixo. Foi um batismo para as gerações de Noé. A
aliança com Abraão não dependia do batismo porque ele se mantivera dentro
dos princípios da aliança de Deus com Noé.
OUTRAS OBRAS
Dia 25 de maio de 1993, o Pastor foi à Prefeitura tratar sobre o
asfaltamento em sua rua (Rua São Bernardo do Campo – Primavera do Leste
– MT).
A 8 de junho o Braff mandou fazer uma reforma na casa da zeladora.
O pastor Braff pediu a Ulisses, terra da rua para aterrar o terreno da
igreja e da escola, sendo que dia 22 e 25 de junho já começaram as caçambas a
despejar terra em ambos os terrenos.
No dia 23 de junho de 1993 teve início o movimento para o
asfaltamento na frente da casa do pastor Braff e a 16 de julho foi liberado o
trânsito público na Rua São Bernardo do Campo, sendo que a frente da
moradia foi biografada.
Dia 21 de julho, foi o dia da festa dos 15 anos (aniversário da
Denise?), um culto de ação de graças (antecipado porque na data, 22 de
setembro o Pastor encontrou-se no IASP, S. Paulo). Estiveram presentes
pessoas de Hortolândia, Porto Alegre, Cuiabá e outros. O pastor oficiante foi
o pastor Stanlei Arco. Foi um programa muito animado, a igreja estava cheia.
Foi uma boa promoção pública para a Igreja Adventista de Primavera.
A ESCOLA ABRIRÁ EM 1994
Dia 6 de novembro de 1993, o Pastor recebeu a visita da profª. Marisa
e seu marido. Ela está interessada em dirigir a Escola no ano de 1994.
No dia 10 de novembro de 1993 começaram as matriculas na Escola.
No sábado o prof. Leão estará em Primavera para lançar a propaganda da
Escola e os pais começam a tomar interesse pelo educandário adventista, mas
somente dia 16 de novembro chegam pais com seus filhos para a matrícula
definitiva. A Escola passa a ser uma instituição viva, movimentada.
O número de matrículas crescia cada vez mais.
160
Biografia do Pastor Braff
COTIDIANO
No princípio de agosto o Pastor foi avisado do mau comportamento
da zeladora que devia cuidar do prédio escolar, deixando o fundador da escola
grandemente decepcionado. Fez de tudo para socorrer.
Dia 10 de agosto de 1993, aniversário de casamento do pastor Braff,
quase passou despercebido. Seu filho Milton, o visitou trazendo parabéns pela
data festiva sem festa. O Braff está empenhado numa grande obra, não tem
tempo para festas, divertimentos ou praias.
Dias 11 e 12 de setembro, sábado e domingo o Pastor dedicou-se a
trabalhos espirituais: Escola Sabatina, Seminário do Apocalipse, sermão, etc. e
segunda feira, dia 13, tratou logo dos planos da construção.
No dia 6 de outubro de 1993 aconteceu o desmoronamento do
Comunismo Russo. O parlamento comunista não resistiu as tropas militares
que os cercaram e capturaram, e o regime comunista foi pras traças. Dia 15 o
Pastor recebeu cópia da lei de doação por parte de Prefeitura, para a quadra de
esportes. Dia 23 chegou uma excursão de Campo Verde e Poxoréu,
batizando-se 3 pessoas. A igreja está crescendo, ainda que muito lentamente.
161
1981 a 1994
EMPREENDIMENTOS - MT
A IGREJA E A ESCOLA DE PRIMAVERA
A primeira visita do pastor Manoel João Braff onde se levantava o
povoado de Primavera em Mato Grosso foi em julho de 1981.
A primeira Escola Sabatina realizada pelo pastor Braff no lugar onde
surgiria a cidade de Primavera do Leste – MT aconteceu no dia primeiro de
maio de 1982, à sombra de árvores.
Um lote de terreno que seria a metade da área reservada para
construção da primeira igreja adventista de Primavera, na Avenida Porto
Alegre, foi doada pelo fazendeiro Sr. Napoleão Borges. A outra metade foi
uma doação dividida entre o pastor Manoel Braff e o Dr. Milton Braff. Assim
ficaram destinados dois lotes urbanos para a referida igreja. Isso ficou
resolvido em 15 de outubro de 1983.
Depois que o pastor Braff passou a residir em Primavera, a primeira
Escola Sabatina que ele dirigiu foi no dia 18 de fevereiro de 1984. O local foi a
cozinha do Hospital São Lucas. Naquele tempo, Primavera ainda nem era
distrito, mas o pastor Braff já acreditava que seria uma cidade de futuro
próspero.
No dia 23 de dezembro de 1986 o Pastor recebeu a planta para
construção da igreja adventista de Primavera; recebeu-a por doação dum
candidato a deputado federal.
Sem fundos parece loucura começar uma construção. A fé vacilou e o
velho pastor, 'com os cós a estorvar-lhe os passos', teve que adiar para o ano
seguinte. A fé devia ser acompanhada com algum recurso financeiro e o velho
começou a apertar na campanha para arranjar um lastro base para o inicio da
obra pretendida. Assim findou-se o ano de 1986, sem vermos a igreja
adventista em Primavera do Leste.
As igrejas que não se preparam para a volta de Cristo estão
prosperando, porém, a que tem a verdade presente não vai para frente. O
Pastor estava apreensivo, esperava que alguém viesse ajudá-lo, mas, nada...
Dia 5 de abril de 1987 começam os trabalhos da construção da igreja,
foram arranjados os postes para começar o trabalho e logo a seguir o Pastor
dá início à construção dum galpão nos fundos do terreno para guardar o
material e dar abrigo aos operários e futuramente a escola sabatina das
crianças. No dia 14 de abril foi feita a ligação do padrão de luz e a cobertura
do galpão no dia 24. No dia 29 inicia-se a escavação dos valos e gabaritos do
162
Biografia do Pastor Braff
alicerce da igreja e o piso do galpão. Na primeira semana de maio o pastor
Braff se desdobrou para conseguir o material para o alicerce da igreja.
Em 13 de maio de 1987 foi o dia de festa do primeiro aniversário da
emancipação do Município de Primavera do Leste. Primeira exibição da
magnificência, operosidade e poderio do povo primaverense dum município
em formação, dando seus primeiros passos na comunidade municipal de Mato
Grosso.
INÍCIO DA CONSTRUÇÃO DA IGREJA
Dia 18 de maio de 1987, teve início a construção do alicerce da igreja
de Primavera. As esperanças começam a se concretizarem, a tão esperada
igreja, agora vai sair. Mas o pedreiro que se dizia adventista era um bêbado
inveterado, não fazia o serviço a contento e teve que ser despedido do serviço.
Não era competente.
OBSTINAÇÃO DA CONSTRUÇÃO
Em junho de 1988, o Pastor procurava um pedreiro, Adventista, e não
achava. A igreja Adventista não deve ser construída por pessoas que neguem
os princípios advogados pela igreja: viciados, bêbados, fumantes ou imorais
não servem.
Mas onde encontrar pessoas qualificadas para fazer a obra? Os
convidados rejeitaram o convite e a obra ficou parada. Até que chegou um
irmão, velho pedreiro do Paraná, irmão Horácio Fonseca que se prontificou a
dar início à obra trazendo consigo um jovem pedreiro que se dizia interessado
na igreja. Porém, o interesse dele era no emprego. O pastor foi enganado.
Dia 8 de agosto de 1988, Horácio Fonseca e seu companheiro
começaram o trabalho. Horácio foi contratado por dia e seu companheiro por
mês, dando casa, cama, cozinha, menos comida.
Quando iniciou a construção da igreja, o trabalho foi muito lento,
porque faltava mão de obra, não se achava servente e a construção não
progrediu satisfatoriamente. Quando encontrava um servente, não ficava na
obra, outras construções ofereciam mais e eles iam embora em busca de
melhores ganhos.
Dia 7 de setembro de 1988 o Pastor foi a Sinop em busca de madeira
para a construção. Tratou a compra da madeira e recebeu uma doação muito
boa de Adelar dos Santos e no dia 13 de setembro de 1988 seguia de
caminhão com o Dr. Milton, seu filho, para buscar a madeira; tábuas, madeira
quadrada, vigas, caibros, uma carga em parte doada e outra comprada.
Dia 20 de outubro de 1988, o Pastor consegue a placa e a vistoria da
obra gratuitamente pelo Dr. Sérgio. No dia 16 de dezembro a obra parou, o
pedreiro entrou em férias e não foi substituído. Faltava verba.
163
...MAS FICAM OS DEDOS
Dia 5 de janeiro de 1989 o Pastor vende o telefone para custear as
despesas da construção. A construção da igreja não pode parar. O pastor
Braff não se entrega. A verba há de vir ainda que lhe custe sacrifícios sem
medida, nem que seja necessário se desfazer de objetos de sua estimação e que
depois lhe faça muita falta.
Nesse propósito, vendeu o carro, o telefone e três lotes na grande
Porto Alegre no Rio Grande do Sul e do seu salário tudo o que sobrou das
despesas de Alimentação ele aplicava na construção da igreja. A obra era
grande demais para ser executada por dois abnegados e audaciosos
expositores do Evangelho do Senhor Jesus.
Dia 15 de fevereiro de 1989 o companheiro de Horácio Fonseca,
Sidnei Veloso abandonou a obra deixando o Pastor em apuros, com muita
dificuldade para arranjar outro construtor.
A primeiro de março de 1989, José Matos começa a trabalhar como
pedreiro, ele era da categoria de servente ou meia colher, mas dá continuidade
às obras do Santuário. Após certo tempo viola as condições que o Pastor
havia estabelecido. Não é ébrio, nem fumante e se diz crente, futuramente
seguidor da igreja adventista, enganando o Pastor. Propõe terminar a obra da
construção da igreja em troca do carro do Pastor e depois de muitos
encontros e desencontros terminou fechando o negócio para entregar o carro
no fim da obra.
SERVIÇO COMO PRETEXTO
Poucos dias depois o 'pedreiro' pediu o carro para ir a Cuiabá, capital
do Estado, visitar alguém de sua família, e o (in)crédulo pastor entregou o
documento do carro. O malandro vendeu o veículo, ficando com uma moto.
O vigarista transferiu ao Pastor, a propriedade da moto em troca de sua
assinatura. Só que o documento dele era falso e em seguida fugiu deixando a
obra por fazer; ainda roubou a roupa de cama e outros objetos que estavam
aos seus cuidados. Evadiu-se no dia 7 de junho de 1989 e o Pastor ficou em
maus lençóis com a construção.
Mas Deus proveu os meios e o Pastor achou outro pedreiro e
continuou o trabalho.
TRABALHO MAL FEITO
No dia primeiro de agosto de 1989, Selvino o pedreiro que continuou
o serviço, começou a cobertura da igreja. Vários carpinteiros trabalharam sem
que fizessem um trabalho aceitável, ao levantarem as tesouras constatou-se
que elas não estavam suficientemente reforçadas. O Pastor mandou colocar
reforço de ferro e vigotas adicionais que estivessem em condições de serem
164
Biografia do Pastor Braff
cobertas. As tesouras baixaram mais de dez centímetros e o Pastor mandou
reforçá-las com braçadeiras de ferro e mais vigas. Quem tinha fama de ser o
melhor carpinteiro da praça garantiu que agora não haveria mais perigo de
desabar.
O pastor Braff mandou forrar e pouco depois baixou ainda mais.
Chamou uns carpinteiros entendidos e eles o tranqüilizaram, dizendo que não
havia perigo nenhum, o que tinha de baixar, já havia baixado.
Fim de agosto, o forro estava pronto, também foram forrados os
beirais e tudo foi envernizado, dando uma boa aparência.
No dia 26 de dezembro de 1989 foram terminadas as escadas e toda a
cerâmica do piso da igreja e da escadaria.
Dia 28 de dezembro foi o encerramento dos trabalhos do ano; o velho
pastor pensou que iria descansar enquanto aguardasse a série de conferências.
REFUGO DA SOCIEDADE
Durante o trabalho da construção da igreja o pastor Braff teve muitas
decepções: o primeiro pedreiro deixou o serviço quando mais falta fazia. O
Braff conseguiu outros que se diziam pedreiros, mas teve que despachá-los.
Então contratou um malandro (com disfarce de pedreiro) que lhe roubou o
carro, deixando como garantia apenas os documentos de uma moto.
Experimentou vários outros 'profissionais' que também foram
desonestos ou eram maus trabalhadores, ou bêbados que o Pastor ia
despachando. Ao que ficou mais tempo, o Pastor adiantou dinheiro para o
tratamento da filha num hospital fora de Primavera. Levou dinheiro muito
além da empreitada, alegando sempre que a filha estava passando mal e que ia
perder a filha. Finalmente o Pastor o advertiu que já tinha levado adiantado
além do serviço que ainda faltava, então ele fugiu roubando toda a ferramenta
sem fazer o serviço da empreitada. O Braff comprou outras ferramentas, pôs
outros pedreiros que também o roubaram.
O Pastor lidou com uma classe de gente podre, o refugo da sociedade,
vigaristas e desumanos.
INÍCIO DA CONSTRUÇÃO DA ESCOLA
A edificação da escola de Primavera teve início pela construção de um
barraco no terreno que fora dado para a Escola Adventista, para guardar o
material de construção.
No dia 1º de outubro de 1990 foi encaminhada a planta da escola.
No dia 10 de outubro de 1990 a construção começou com as valas
para gabarito e dia 12 já era feita a ferragem de estribos e vigamento para o
alicerce da escola.
165
O Pastor começou a reunir recursos novamente de sua aposentadoria
(fazendo fundo para a construção da escola) e enquanto isso ia escrevendo sua
biografia.
PROBLEMA NA ESTRUTURA DA IGREJA
Dia 14 de outubro de 1990, as tesouras da igreja curvam-se
ameaçando desabar tudo.
No dia 19 de outubro foi feita a primeira compra para a reforma da
igreja. Examinando as tesouras de madeira ficou constado que quase todas
elas estavam caindo, portanto era necessária uma reforma geral e a
oportunidade de transformar o salão que era tido na conta de igreja, em um
templo definitivo. No sábado foi realizada a Santa Ceia e no domingo, mãos a
obra, foram ao mato buscar madeiras para os andaimes. No salão da igreja foi
realizada a última Escola Sabatina no sábado, 27 de outubro.
Começou a demolição do salão arruinado. O Braff abandonou a
construção da Escola e se lançou na reforma da igreja. No mês de novembro,
lá estão outra vez os irmãos reunindo-se na garagem da casa do pastor Braff;
enquanto isso o Pastor mandou fazer tesouras metálicas para a igreja.
Enquanto desciam as tesouras de madeira, soldava-se ferro nas vigas para
nelas soldar as tesouras metálicas.
Quando estavam para descer a penúltima tesoura ela de repente
partiu-se e caiu. O soldador que estava junto a ela caiu de uma altura de 5,5
metros, pisando-se muito: partiu a língua ao meio e a cabeça do fêmur
deslocou-se na bacia e ficou andando de muleta. Outros terminaram o
trabalho dele.
Até o fim do ano foi um trabalho árduo, exaurindo todos os recursos
disponíveis que eram destinados à construção da escola, sendo assim a
retomada da obra de construção da escola ficou suspensa por tempo
indeterminado; agora a meta prioritária era concluir as obras da casa de culto.
TRABALHANDO COM MAIS DE 80 ANOS
No dia 18 de fevereiro de 1991 foi demolido o oitão da frente da
igreja para poder fazer a fachada permanente do templo. Aproveitando a
oportunidade o Pastor ministrou ao pedreiro e servente o curso “A Bíblia
Ensina”.
Os trabalhos na restauração da igreja continuaram em março.
Até o dia 15 de março trabalhou-se no forro da igreja e daí em diante
na fachada da igreja.
Até o fim de abril o serviço de construção da igreja continuou
rebocando colunas e dando um toque a mais na fachada. Os trabalhos da
reforma da igreja prosseguiram durante todo o mês de maio.
166
Biografia do Pastor Braff
O pedreiro Orleci trabalhou até o dia 21 de maio de 1991, rebocando
e calfinando. Ele trouxe um substituto que não era tão eficiente, mas passou
massa fina no tanque batismal e na entrada da igreja.
No fim do ano de 1991 a construção da igreja estava suspensa em
estágio aceitável e já estava tudo preparado para iniciar a construção da escola.
REENCETANDO A CONSTRUÇÃO DA ESCOLA
No dia 11 de outubro de 1991 foi feito o pedido de prorrogação de
prazo para a construção da escola adventista; o Dr. Milton e o Pastor Braff
comprometeram-se a construir a escola dentro do último prazo, 1992.
Manoel Braff e o Dr. Sérgio fizeram um projeto de planta, porém a 15
de novembro de 1991 veio a ordem de suspender a construção da escola
adventista. No dia 28 os pastores Robenildo e Xavier chegaram para examinar
o projeto de planta planejada para definir a construção da escola e eles a
aprovaram na íntegra, dando ordem para fazer a planta definitiva e pôr mãos à
obra. A 3 de dezembro o projetista entregou a planta. Estava encaminhada a
primeira fase da execução da obra do educandário adventista de Primavera do
Leste. No dia 19 de dezembro começaram a levar para o colégio as sobras de
materiais que restou da construção da igreja, para o terreno da escola.
Dia 18 de dezembro de 1991, o Pastor empregou o primeiro pedreiro
na construção da Escola Adventista de Primavera do Leste. Esse pedreiro
trabalhou inicialmente removendo as sobras de materiais usados na
restauração da igreja. Careca como era conhecido o pedreiro começou a
preparar o terreno para as valetas do gabarito e os ferros para concretar os
vigamentos do alicerce.
No dia 3 de janeiro de 1992 o engenheiro Dr. Sérgio foi esquadrejar o
gabarito e nivelar o terreno para abrir as valetas para concretar as vigas do
alicerce da escola.
No dia 10 de janeiro o Braff encaminhou o registro da planta da
escola à Prefeitura e comprou material para a execução da obra.
Em 24 de janeiro de 1992 foi feita a ligação da luz na igreja e na
escola. O Pastor esteve correndo o tempo todo para encerrar o primeiro mês
de construção do primeiro bloco da escola.
Até o dia 13 de fevereiro foi feito o aterramento e compactação das
salas de aulas para fazer o contra piso e nas horas vagas, quando o tempo
permitia o Pastor visitava os interessados que não se decidiram pela verdade.
Outros pedreiros queriam trabalhar, mas, o pastor Braff não podia pagar o
preço que eles pediram.
O Braff não podia esticar a perna aonde não pudesse alcançar. A fé
lhe vai orientando o que é possível pagar. Deus o orientou todo o tempo,
tanto que “o azeite da viúva” nunca faltou na botija da construção da escola.
167
Deus dava os recursos e controlava os gastos. Poucas vezes e pouco tempo, o
Pastor teve que pagar juros bancários, logo Deus provia os meios e o Braff
liquidava as contas. O Braff nunca deixou de pagar os seus operários. Mas
também cada cruzeiro era sagrado. O dinheiro não era seu, Deus lhe dera para
administrá-lo criteriosamente e foi assim que o Pastor se posicionou segundo
Deus lhe concedia agir. “Não sabeis, que os que administram as coisas
sagradas, do sagrado comem?” I Cor. 9: 13, versão Trinitariana de 1883. O
Braff seguiu esse conselho, consagrou o seu salário, (melhor, aposentadoria) e
pôs todo na conta sagrada e dali se sustentou e Deus fez o que o homem sem
recurso financeiro não pode fazer e isso foi provado no decurso da obra
construída.
Dia 13 de fevereiro de 1992, começaram a levantar as paredes das
salas de aulas e o Pastor comprou 5.000 tijolos para o levantamento das
paredes do primeiro bloco retangular da escola. É o primeiro dos quatro
blocos projetados que completam o quadro com o pátio de lazer no centro.
Dia 24 de fevereiro, o engenheiro Dr. Sérgio, entregou o orçamento
da madeira para a construção da escola e no dia seguinte o Pastor viajou para
Sinop - MT para efetuar a compra. Lá a madeira é mais barata; comprou em
Santa Carmem e no dia 6 de março o Dr. Milton, a esposa dele e o Pastor
foram buscar. Compraram mais, para completar uma carga de caminhão
furgão. No dia 9 de março chegaram com o furgão abarrotado de madeira. O
Pastor chegou mal da hérnia e teve a sorte de estarem na cidade os
colportores (vendedores ambulantes de livros religiosos). Eles o ajudaram a
pregar no sábado e domingo.
Até o fim de abril de 1992 as paredes da escola foram levantadas e as
colunas e as vigas concretadas.
Dia 4 de maio de 1992, começam os trabalhos para concretar a laje
dos banheiros com a cacharia, colocando os trilhos as lajotas e os ferros.
Ficou pronto no dia 12, com seis homens trabalhando ininterruptamente até o
fim do serviço.
OUTRA VÊZ NA CONSTRUÇÃO DA IGREJA
A 18 de maio de 1992, o Pastor voltou-se para a construção da igreja.
Não era possível concluir o trabalho de acabamento da igreja sem deixar a
escola respaldada e as vigas superiores e as lages concretadas prontas para o
período de cura do concreto. Tudo estava pronto para cobrir. Agora era a
igreja que tinha a prioridade. Havia muita coisa fora de linha e se fazia
urgência reparar a brecha, o desalinho das paredes e das colunas. Foi no dia 19
de maio que a aparência substituiu a razão. Nas instituições de Deus o
relaxamento depõe contra a profissão de fé de seus adoradores, provendo
descrédito, à mensagem que pregam “Maldito aquele que fizer a obra do
Senhor relaxadamente” Jeremias 48: 10.
168
Biografia do Pastor Braff
A escola podia esperar, mas a igreja não. Era urgente corrigir o
relaxamento dos pedreiros inimigos da fé dos adoradores naquela casa de
Deus. Satanás inspirou aqueles homens para fazerem o mal. Lançaram
descrédito à causa de Deus. O Braff fez o que pode para desfechar um contra
golpe nas astutas ciladas do inimigo corruptor da humanidade e assolador dos
irmãos.
Do dia 19 de maio a 10 de junho de 1992 o pastor trabalhou com uma
equipe corrigindo os defeitos das colunas.
Em junho, depois de 'requadrar' as janelas e corrigir os defeitos das
colunas, foi feita a floreira dos dois lados da nave da igreja e logo depois
foram feitos os banheiros no fundo da igreja.
No dia 13 de julho de 1992 foi interrompida a restauração da igreja e a
construção da escola por 10 dias. Em 5 de agosto Milton Braff e seu pai
foram buscar em Cuiabá as mil telhas que a Cerâmica Dom Bosco doou e as
quatro mil que a Missão devia à escola. Do dia 10 de agosto até dia 25, só um
pedreiro trabalhou.
AINDA A CONSTRUÇÃO DA ESCOLA
Dia 8 de setembro de 1992, recomeçam os trabalhos da escola. O
Braff contrata um pedreiro e paga adiantado e ele 'deu no pé', após fazer
pouco serviço e errado que foi preciso desmanchar e fazer de novo.
Dia 15 de outubro de 1992, o pastor Braff foi à construção da escola e
seus operários já estavam aplicando a massa fina nas paredes das salas de aula.
O trabalho não ficou de todo parado com a ausência do Pastor, doente desde
18 de setembro.
Em novembro começam as telhas a subir para o teto das salas de aula,
mas as telhas disponíveis não eram suficientes, não cobriam a metade de um
bloco da escola. E agora, o que fazer? O Braff estava num dilema difícil.
Situação imprevista. Não estava no orçamento. A telha Duplan, que tinha e
que já estava cobrindo as salas de aula, tinha vindo de Cuiabá e somente lá
poderia ser adquirida, porque outra bitola não encaixava. Em 09 de novembro
veio a solução. Seu filho Milton irá buscar 7.000 telhas. No dia seguinte
partiram para Cuiabá.
No caminho um avião agrícola numa reta da rodovia se dispôs a
aterrissar na via pública na frente do furgão, e quando ia tocar no asfalto
levantou vôo e quase tocou na carroceria do furgão. “Vimos a morte diante de
nossos olhos. Um x% de segundo ou uma fração mínima do avião ou do
furgão que tivesse mais veloz e o desastre estaria feito. Se o aviador fez esta
façanha de brincadeira, foi brincadeira de mau gosto”, dizia o velho educador.
Em 19 de novembro de 1992 começa a campanha para abrirem-se as
matrículas para 1993.
169
No dia 24 de novembro de 1992 os pedreiros trabalharam no
banheiro e na sala da diretoria. Futuramente a sala da diretoria passará a ser
banheiro “B” e a diretoria será instalada no bloco “B” com frente para Rua
Manaus, entrada oficial da escola; atualmente o serviço segue com o reboco
revestindo as paredes dos banheiros por dentro.
Do dia 25 de novembro até o fim do mês está programada a
preparação da madeira para varanda. Então os postes da varanda deverão
estar cravados e alinhados. A fossa sumidouro do banheiro deverá estar
pronta.
Até dia 15 de dezembro a varanda ficou coberta, os postes lixados, o
terreno aparelhado, contra piso e pintura prontos.
Dia 15 de dezembro de 1992, a família do pedreiro Dionísio voltou ao
Rio Grande do Sul.
No dia 16 de dezembro a metalúrgica entregou as últimas janelas para
a escola.
Dia 13 de setembro o pastor Braff procurou o Dr. Sérgio para calcular
o perfil e o material da muralha que deveria cercar o terreno da escola. Dia 15
já comprou o material da construção, e dia 21 de setembro começou a
construção do muro do lado dos vizinhos. Até 5 de outubro o muro do lado
dos vizinhos ficou pronto. Agora começaram os planos para o muro do lado
da Rua Manaus e Av. S. João.
PREOCUPAÇÕES NA CONCLUSÃO DAS OBRAS
Propaganda e matrícula estão emperradas. Não há coordenação.
Parece que não há confiança em que a obra da escola esteja terminada a
tempo. O problema é que com dúvida não se constrói nada. Sem estímulo as
mãos se afrouxam. Os acontecimentos apontam para o fracasso.
No dia 22 de dezembro de 1992 começou a matrícula de alunos na
escola. Só que um trabalho mal feito não dá bom resultado. Não apareceu
ninguém e poucos dias depois a secretária abandonou o trabalho viajando para
São Paulo.
No dia 24 começou a pintura da igreja. Já se divisava o fracasso total
das aulas para o ano de 1993.
A pintura da igreja continuou em 1993.
O ano de 1992 foi despedido ao pôr-do-sol com um culto de Ação de
Graças dirigido por Malton mui comovente, diz o Pastor encanecido.
Dia 1º de janeiro de 1993, apesar de ser feriado a pintura da igreja
continua.
Dia 26 de julho de 1993 começaram a catalogar as despesas da igreja e
da escola, organizando os canhotos dos talões de cheque.
170
Biografia do Pastor Braff
Dia 20 de agosto foi concluída a classificação das despesas de
construção da igreja e da escola, aproximadamente. Muitas notas e recibos
perderam-se e não foi possível encontrar, e nem talão de cheques. Até dia 9 de
setembro foi a luta com a concatenação das notas das despesas da escola e da
igreja.
Dia 10 de setembro, brilha um raio de esperança para a construção do
muro da escola. Malton telefona da Suíça. Conseguiu 4.000 dólares dum
amigo e irmão na fé como doação para a construção do muro.
MÃO DE APOIO
O velho teimoso já estava esgotado, e a obra estava longe de sua
conclusão. Malton deu uma mãozinha que muito ajudou na hora da
necessidade. O pouco se tornou muito. O filho caçula do Pastor tem uma
notória visão da mais abrangente declaração de Jesus: “O Campus è o
Mundo”.
No dia 15 de janeiro de 1993 terminou a pintura da igreja. O pintor
usou de má fé no serviço, e a pintura ficou intolerável no arco da fachada do
templo. Nesse dia mesmo começou a pintura da escola. Quadro-negro ficou
pronto no dia 22. O beiral da escola terminou no dia 21 e no dia seguinte
começaram o piso de granilite nas salas de aula. Colocaram ardósia na varanda
e pintaram a escola por fora. Dia 29, aprontaram o piso da varanda. A
instalação elétrica começou a ser realizada no dia 1º de fevereiro. Era
corrigindo erros na instalação anterior, agora com padrão trifásico.
Em 31 de janeiro de 1993 o velho educador falou com seu filho na
Suíça pelo telefone e ele prometeu mandar dinheiro para concluir a obra em
seu acabamento e dia 9 de fevereiro o Pastor conseguiu localizar o dinheiro
em Salvador da Bahia.
No dia 8 de fevereiro de 1993 o Dr. Milton emprestou dinheiro ao
velho pai que estava afogado em dívida bancária e assim o velho pôde saldar
seus compromissos pendentes. Quatro dias mais tarde o mesmo filho
emprestou ao seu pai, dinheiro suficiente para saldar seu débito bancário.
Poucos dias depois, o Pastor recebeu os dólares da Suíça e pôde continuar a
construção. Deus novamente “derramou azeite” na botija vazia.
Toda vez que o Braff estava em apuros, o socorro estava bem
próximo. O pastor Braff decidiu desde o princípio construir pela fé e se saísse
a pedir, a construção já não seria pela fé, “pois a minha fé não pode se basear
nas possibilidades que tenho, mas sim no que Deus vai me dar”. Era seu
conceito de fé. Por isso nada pedia a não ser favores: nas compras; mão-deobra mais barata. Do INSS, da Prefeitura, do INCRA e da engenharia o
Pastor buscava direitos que a obra tinha por ser de utilidade pública. E assim
que ele pedia a Deus e Ele em momento algum o desamparou.
171
NA LUTA COM MAIS DE 80 ANOS
Dia 8 de fevereiro de 1993, Elemir, formado em teologia, veio para
ajudar os adventistas de Primavera como obreiro bíblico, assalariado pela
Igreja, mas no dia 11 de março afastou-se deste serviço sem alcançar resultado
prático.
No dia 1º de março de 1993 as divisórias do banheiro ainda não
estavam prontas. O graniteiro agiu mal. Ele é o maior tratante que o Pastor
encontrou até agora, “exímio trapaceiro” diz o Braff, “mas o venci no
cansaço”. No dia 28 de março, enfim, o Pastor venceu o homem 'tramposo'.
Três meses na luta constante porque tudo conspirou contra a abertura
da escola em 1993. O Pastor foi obrigado a construir barracos para alguém
cuidar da escola abandonada. Era perigoso para a zeladora sozinha. Ele pôs
mais duas famílias para manterem o respeito no local da propriedade de Deus.
Dia 4 de março uma comissão de vereadores visitou o terreno da
escola e constataram a necessidade de dois lotes para a construção da quadra
de esportes.
Em 10 de março de 1993 chega uma comissão para fazer a auditoria
no caixa da igreja e da escola. O Pastor foi intimado a devolver uma doação
que a administração anterior tinha feito, mas isso não passou de um mal
entendido. Depois que tudo se esclareceu o trabalho do tesoureiro foi aceito
integralmente. A auditoria foi correta na sua missão, ou seja, eliminar qualquer
dúvida existente.
QUASE PRONTO PARA A INAUGURAÇÃO
Dia 31 de julho de 1993, Malton, o filho do encanecido pastor
promete enviar dólares para ajudar o seu pai a concluir as obras da escola e os
últimos retoques na igreja. Outros melhoramentos, só mais tarde. No
momento não dá para se viabilizar toda obra.
Começou a pintura da frente da igreja no dia 19 de julho. - Dia 21 as
letras da frente do templo ficaram prontas. Ficou muito bonito conforme
testemunho dos visitantes.
O Pastor transportou no seu carro 3 sacos de cimento até a Escola e
não tendo ninguém para descarregá-los, teve que descarregar o carro e
recolher o cimento na secretaria da Escola. 50 Kg cada saco; o Braff com 83
anos ainda tinha força. Jesus lhe deu a força!
O pastor Braff finalizou o mês de outubro pregando; a tempo e fora
do tempo, por onde a oportunidade se mostrava favorável com os de fora.
No dia 6 de novembro de 1993 o construtor esteve colocando portas
nas salas de aula e no dia anterior terminava o muro na Rua Manaus. Tudo
com reboco de revestimento, faltando só o portão. As floreiras e a entrada
172
Biografia do Pastor Braff
oficial ficaram boas. Dia 8 de novembro, o construtor continuou na
construção do muro do lado da Avenida São João. Prossegue o apronto do
muro com floreira, imponente!
A 25 de novembro de 1993 foram encomendados os portões na
metalúrgica Goiânia o trabalho do muro continuou; já estavam na última
parte.
A MISSÃO MATO-GROSSENSE E A SUA ESCOLA
Dia 30 de março de 1993, o pastor Braff recebeu ordens da missão
para cercar o terreno da escola com arame.
Dia 1º de abril, a igreja de Primavera foi censurada novamente porque
na Missão não tinham conhecimento da obra que o Pastor estava concluindo
com pouca força humana, mas vitorioso.
Dia 13 de abril, chegam o professor Leão e o pastor Paulo Azevedo,
sendo que este gostou muito da escola. Assim sendo, deram ordens ao pastor
Braff que iniciasse as aulas com qualquer número de alunos e no dia 15
chegou a professora designada para ser a diretora da escola.
No dia 16 de abril veio a ordem de suspender as aulas sem previsão de
tempo para o início, mas no dia 22 veio uma professora orientar a secretária
como fazer as matrículas do pré.
Domingo dia 25 de abril, chegaram o professor Leão e o pastor
Geovani e batizam a irmã Margarida. Deram ordens de suspender as aulas até
1994.
173
1995
IGREJA, RELIGIÃO E ESCOLA
Numa conferência o pastor Batista assegurou que a pessoa ao morrer
crente vai para o seio de Abraão e os ímpios ao Hades, desencarnados, é claro.
Prova que eles não crêem na ressurreição. Paulo diz que os que não crerem
ainda permanecem nos seus pecados. I Cor. 15: 17. Se o espírito buscar corpo
que reencarnou, se viver em espírito não ressuscitou, se é espírito-vida pode
desencarnar não terá ressuscitado. Portanto, o sacrifício não os poderá salvar.
Em palestra com Adventistas da Promessa sobre a morte e
ressurreição de Cristo, que dizem ter sido crucificado na quarta-feira e
ressuscitado no sábado, com pretensões de provar pela Bíblia e o Pastor
lançou-se a pesquisar. Primeiro num cálculo matemático retroativo a data da
páscoa do ano 31 da nossa era, 25 de março. Depois, em que dia da semana
caiu o 25 de março? No cálculo que o Pastor fez de Cristo, deve ter ficado na
cruz das 9 às 3 da tarde de sexta-feira do dia 25 de março do ano 31 a.D. E
traduzindo o Grego na linguagem deles: Nos 4 evangelhos a linguagem é a
mesma. S. Marcos 16:2 – “Xai lian prwi tê miâ twn sabbatwan.” Traduzindo
as palavras: “E completando o amanhecer para o primeiro dos sábados.”
Sábado no plural significa semana, o tempo entre dois sábados. S. Mateus
declara que no momento em que os primeiros raios da aurora começaram a
brilhar, as mulheres partiram para o sepulcro e então houve grande terremoto
quando os anjos tiraram a pedra do túmulo: momento em que Jesus
ressuscitou. Portanto, ao romper da aurora do primeiro dia da semana Cristo
ressuscitou. Qualquer outra doutrina está fora da Bíblia e a história confirma a
Bíblia.
Dia 20 de fevereiro de 1995 o Pastor lança-se a pesquisar o Novo
Testamento Grego. Dia 24 termina a tradução de São Mateus 24:1, palavra
por palavra, constatando a mesma tese.
Dia 4 de março de 1995, o Pastor reuniu a comissão de nomeações
para eleger a nova diretoria da Igreja Adventista de Primavera do Leste.
Dia 30 de abril, um pregador leigo, nosso irmão, fez o sermão
evangelístico afirmando que todos ali presentes estavam salvos, batizados e
não batizados. Tese oposta à declaração de Jesus: “Quem crer e for batizado
será salvo.” É a condição para ser salvo. E o Espírito de profecia adverte: “A
mensagem à Igreja de Laodicéia aplica-se a todos que tiveram grande luz e
muitas oportunidades e, contudo não as prezaram”. A uma classe numerosa
de cristãos que não seguem a Jesus... Embora façam uma grande profissão de
serem cristãos fervorosos. Apocalipse 3:16. Na Laodicéia há gente morna e
estes estão dentro da igreja! Nem para a irmã White (grande escritora
174
Biografia do Pastor Braff
adventista de dogmas e profecias) foi incondicionalmente garantida a salvação.
“Se fores fiel”: foi a promessa. Vida e Ensinos pág. 78. “Se fores fiel até o fim,
comerás da árvore da vida, e beberás a água da vida”.
Dia 10 de junho de 1995 o Pastor dirige a lição da Escola Sabatina e
faz o sermão. À tarde ministra o seminário do Apocalipse e após houve uma
reunião JA (juventude adventista).
Dia 17 de junho o Pastor continuou com o trabalho na igreja e o
seminário do Apocalipse.
Dia 20 de junho seu filho, Milton, viajou para a Europa para assistir as
sessões da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia, que foi
realizada na Holanda.
Em fins de junho, tendo chegado a verba da Suíça para a continuidade
do II Bloco da escola, já o Pastor despreocupado continua as atividades da
igreja, passa a lição, faz sermão, ministra o Seminário do Apocalipse.
Alguns pastores visitaram Primavera e trouxeram a notícia que a
Associação Geral elegeu o pastor Artur Nagel como o novo presidente da
Divisão Sul Americana. Dia 8 de julho várias mudanças foram feitas naquele
conclave, até no Manual da Igreja. Por todo o mês de julho o Pastor andou
com uma carga além das suas forças, de sua capacidade psicológica: durante
todo o mês pregou sobre obediência, tema muito necessário na igreja e não
pôde atender direito a construção porque a sua esposa necessitava de muita
atenção.
No princípio do mês de agosto vieram 10 pastores colportores para
Primavera e conseguiram muitos endereços para cursos bíblicos, que foram
distribuídos aos membros e um punhado para o pastor Braff. Os membros
nada fizeram e o Pastor impossibilitado de atender. Foi um trabalho
infrutífero e entrou agosto sem perspectiva alentadora; só a construção
prosseguia.
Um dia em fins de agosto o pastor Braff fez uma pregação sobre a
ressurreição ou reencarnação, dois pólos opostos.
No dia 24 de outubro de 1995 o pastor Paulo Cezar de Azevedo do
departamento de educação da União Central Brasileira fez avaliação da escola,
onde foi alcançado grau regular. Sábado foi um dia cheio para o pastor Braff,
não teve tempo de fazer o desjejum, dando os últimos retoques nos estudos
para passar a lição na classe dos professores. Após voltou à sua casa para
buscar a esposa; dirigiu a lição em geral, fez o sermão e às 14 horas, com
chuva, foi à Primavera II passar a lição do Seminário do Apocalipse.
Terminada a lição correu para chegar a tempo para a classe batismal, e a seguir
reunião J.A., onde lhe fizeram uma homenagem do dia do pastor.
Isto dá uma idéia das atividades, de quando em vez do velho pastor
octogenário, e ainda resiste a carga quando faltam os ajudantes. Moisés, com
175
menos idade que o Braff, distribuiu as responsabilidades com os que eram
capazes para assumir a responsabilidade que lhe era designada.
Dia 3 de novembro o Pastor foi com seu filho Dr. Milton a Campo
Verde assistir o lançamento da pedra fundamental do IAMAT, o Internato
Adventista Mato-Grossense. Até o presidente da União, pastor Tércio Sarles
estava presente. Almoçaram lá e logo seguiram para Cuiabá. Dia 4 assistiram a
um inspirado programa e o pastor Braff foi apresentado como obreiro, na
primeira hora.
No dia 16 de dezembro de 1995 chegou à Primavera do Leste o
distrital (pastor encarregado de dirigir os interesses da Igreja Adventista em
circunscrição de um ou mais municípios), Weberti. Então ele e o Braff
dividiram as atividades da igreja. O pastor Braff sentiu-se aliviado;
convocaram a comissão da igreja e preencheram várias vagas na diretoria.
No sábado, dia 23 o pastor Braff foi a Poxoréo visitar a igrejinha
daquela localidade; passou a lição e pregou sobre: Onde estarás amanhã? No
dia 24 à noite, teve programa de entrada do natal na igreja de Primavera e
depois, festa do amigo secreto na casa de seu filho Dr. Milton.
Dia 26 de dezembro o Braff começou a estudar sobre ordenação de
mulheres ao Ministério Adventista (sacerdócio). O pastor Braff, depois de
muito estudo, discorda de tal orientação.
No dia 30, quando o Pastor estava pregando, entrou um casal
estranho, depois que começou a reunião. Na despedida ele se apresentou
como sendo o departamental de educação, pastor Eliezer.
O Pastor havia convocado a igreja para receber o 96 ao pôr do sol, no
templo, com testemunhos, orações e votos de fidelidade a Deus no ano
entrante; sendo que o pastor Braff falou sobre: O ano velho está morrendo!
Nunca mais voltará. E encerrou com a seguinte frase: “Cada dia que passa
nunca mais voltará – aproveitemos cada dia deste novo ano que Deus está nos
dando na preparação para o céu”.
FAMÍLIA E OUTROS ASSUNTOS
O pastor Manoel João Braff atendeu as visitas e ainda preparou o
sermão para a noite de domingo, 1° de janeiro de 1985.
Dia 3 de janeiro os filhos estavam encerrando a visita e o Pastor ficou
filosofando com Menalton e Marli. Dia seguinte Menalton, Rose e Marli
regressaram, passando por Dourados.
Mercídia doente. Bronquite alérgica e não passa bem. Já é sexta-feira e
amanhã o pastor Braff vai ter que dirigir a Escola Sabatina, passar a lição e
fazer o sermão. Seus auxiliares estão gozando férias. Teve que estudar até
quase meia-noite. Dia seguinte levou a esposa ao hospital, fazer tratamento. À
noite o Dr. Natanael pregou.
176
Biografia do Pastor Braff
Sábado, dia 14 de janeiro de 1995, Mercídia ainda se encontra doente.
O Pastor passou a lição e falou sobre os soldados da cruz que desertam
receberão justa recompensa ao se unirem com os adversários. Muitos que de
lá ouvirem a voz: “sai dela povo Meu” ocuparão os seus lugares.
Dia 21 de janeiro, aniversário da Marli. O Braff deu-lhe os parabéns
por telefone. Dias 30 e 31 ele ficou no hospital. Extraiu o artelho mínimo,
porque ele tinha dobrado por baixo dos outros.
Dias 4 e 5 de fevereiro de 1995 o Pastor não foi à igreja, por causa da
cirurgia nos artelhos não pôde caminhar. Até dia 10 de fevereiro ele esteve
envolvido com hospital para fazer curativos nos quatro artelhos que sofreram
cirurgia. Durante esse tempo, esteve dirigindo a construção na casa da
professora até o dia 10.
Dia 7 de março de 1995 o Pastor tirou férias, por conta, para viajar
para o Sul com a esposa, de carona com o filho Dr. Milton e à noite chega ao
destino, Gravataí, na casa de sua filha Mirtie. Sábado fez um sermão na igreja
de Rolante, Fazenda Passos. Visitou a irmã Elvira e o cunhado Delmar e os
demais parentes na sua terra natal e no dia 15 volta à casa da filha, a partir de
onde visitou toda a parentela em Porto Alegre e região. No dia 21 volta a
Primavera do Leste. Ao chegar preparou a igreja para o batismo que iria
acontecer no dia 25, portanto, sem descansar reiniciou suas atividades para
reorganizar o que falhou com a sua ausência. No dia 2 de abril o distrital
(Pastor) fez novo batismo, quando se completava 67 anos que o biografado
fora batizado pelo pastor Abraão Classem Harder, então presidente da A.S.R.
na igreja de Campestre, hoje Campestre Velho, Santo Antônio da Patrulha –
RS.
Dia 9 de abril de 1995 o pastor Manoel João Braff ultrapassou os seus
85 anos de idade. O Pastor estava escrevendo um artigo sobre a Páscoa
esquecida, deixou a escrita e correu para a igreja para o culto evangelístico.
Falou sobre o Espírito Santo, Deus conosco, Ele é a Divindade com o
homem. Depois do culto voltou para a sua casa. – Surpresa total! Agradável
surpresa. Toda a igreja reunida na sua casa para lhe felicitar. Dia 10 ele
concluiu o artigo que estava escrevendo e mandou para o jornal e provocou
uma agradável reação na cidade. Dia 12 ensaiaram o hino de sua autoria: O
labor que salva a igreja.
Certa ocasião, o pastor Braff estava fechando a porta do seu carro
para ir à igreja dirigir o culto, quando um salteador segurou a porta de seu
carro e disse baixinho: “assalto, e não alarme” queremos dinheiro, não
queremos fazer mal a ninguém; e mais dois se aproximaram, dizendo, “se não
der dinheiro eu mato”, prenderam a família e lhe arrastaram para dentro da
casa. “Dinheiro ou cheque”, Enquanto revistavam a casa o Pastor falava com
o que o segurava sobre o amor de Jesus e que Jesus queria salvar a eles, falou
que se eles continuassem vivendo assim não havia esperança de salvação.
177
Logo pegaram o talão de cheque e foram-se, e o Pastor foi para o culto de
oração. No dia seguinte o Pastor foi ao banco sustar o talão de cheque. Um
cheque a quadrilha tentou passar e a polícia prendeu o cheque; e do resto,
nem notícia. O Pastor acreditou que suas palavras tocaram o coração deles.
No mesmo dia em que foi constatado que o fundo construção ficou
incólume o Braff entrou em contato com o engenheiro, Dr. Sérgio para
legalizar a construção do II Bloco da Escola Adventista. Houve também
reunião na prefeitura com todos os representantes: pastores ou diretores das
igrejas de Primavera. Assuntos: Rogar a Deus, à moda católica, pela união das
igrejas e pastores e representantes, todos aplaudiram o plano, menos o pastor
da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Como nunca mais chamaram o pastor
Braff para tais reuniões, não soube mais o que aconteceu com a tal união das
igrejas.
Dia 5 de junho de 1995 a esposa do Pastor completou 87 anos de
idade, fez uma pequena festinha com bolos e salgadinhos.
Em fins de junho esposa do pastor Braff está enferma e em
tratamento no hospital, só melhorando no dia 3 de julho, no dia em que os
auxiliares do Pastor, Armando, Dalva e Jorge foram para Ribeirão Preto – SP.
Novamente o Braff ficou só! Na direção dos cultos, é claro. Sua filha adotiva
Mara, separa do seu marido Sérgio.
Um dia em fins de agosto, Mercídia, esposa do Pastor amanheceu
defecando sangue, o Pastor a medicou e foi atender seus deveres na igreja.
Setembro entrou com trabalhos intensos: fisioterapia de manhã cedo e
pregando para os clientes; demarcou a instalação elétrica e encanamento de
água e à noite fez o Seminário do Apocalipse. Ao voltar não conseguiu fazer o
seu diário, porque o sono o prostrou.
Até o dia 6 de setembro O Pastor teve muitas lutas para apaziguar os
problemas da igreja e as dissensões na escola. Ao voltar para casa, quando
levou a orientadora de ensino à rodoviária, o seu carro caiu numa valeta recém
aberta na rua e vazou óleo do carter. Dia 11 o carro que tinha vazado o óleo
estava com o carter perfeito e cheio de óleo. Foi um milagre? Ele declara não
saber como isto aconteceu, mas diz que é uma dádiva de Deus.
No dia 25 de dezembro, natal, a esposa do pastor Braff amanheceu
bem atacada da respiração; o Braff se comunicou com seus filhos por
telefone, com exceção de Milda na Suíça, porque ela não tinha telefone.
CONSTRUÇÕES
Dia 18 de janeiro de 1995 comemoraram a cobertura da cozinha e da
área (varanda) da casa da professora. Tudo planejado, no dia 19 iniciaram a
construção, tão sofrida nas demarcações até iniciar. “Acertamos tudo, até o
reboco”.
178
Biografia do Pastor Braff
Foi instalado o parquinho infantil na Escola Adventista de Primavera.
A escola nos está prometendo um ano de muito sucesso. Já está com quase 80
alunos matriculados. Está avançando e vai vencer.
No dia 26 de fevereiro de 1995 o pastor Braff falou com o filho na
Suíça sobre perspectiva de arranjar dinheiro para o II Bloco da Escola
Adventista, e Malton lhe respondeu que ainda não tinha conseguido nada.
No dia 4 de abril de 1995 o pastor Braff sacou toda a sua poupança
que por longos anos adquirira, e estava reservada para alguma emergência
pessoal, transferindo para formar o fundo de construção do II Bloco da
Escola, porém teve que ceder uma parte para o seu filho, Milton, que estava
em aperto. Assim deu início ao fundo construção.
O dia 12 de maio de 1996 já inicia com o pastor Braff ultimando os
preparativos para começar o gabarito do II Bloco da escola. Ele combinou
com um pedreiro e um servente para trabalharem por mês e no dia seguinte
informou ao engenheiro que iria começar a obra, mas faltou material e assim
foi adiado o início da construção. Dia 18 o pedreiro já estava esperando, logo
depois o Dr. Sérgio chegou, esquadrejou e marcou as valetas e liberou a obra e
o pedreiro deu início à construção. Logo depois o pastor Braff começou a se
envolver com o Concílio Regional.
No dia 19 de maio deu 'zebra' e pararam a obra, e no dia 22
continuaram os trabalhos. Até o fim de maio o pedreiro trabalhou no alicerce.
“A obra está indo muito devagar”, pensa o Pastor.
Meados de junho, as paredes da escola começam a ser levantadas. Um
pedreiro de apelido Careca queria empreitar para erguer as paredes, mas foi
negada a sua pretensão. O Braff encontrou um erro na planta e foi ter com o
projetista e ele corrigiu.
Dia 23 de junho de 1996 o Pastor começa a catalogar as despesas da
construção do II Bloco da escola e ele viu que as verbas ainda não chegaram,
e esta situação começou a preocupar o Pastor. Seu filho Malton tinha
garantido a verba, mas ela não tinha chegado ao Banco; logo chegou o
dinheiro e tudo foi resolvido. Com a graça de Deus tudo deu certo.
Em agosto a verba da Escola estava se esgotando e o futuro
ameaçadoramente se apresentava sombrio e o Braff com fé vacilante
enfrentava a situação sem queixumes e sem alarme. Dia 7 já se notava o
cansaço psicológico do Pastor. Seis dias depois chega uma notícia cheia de
esperança! Seu filho Malton está partindo da Suíça para o Brasil e dia 10
chegou a Primavera do Leste. Veio visitar a família e ver como ia a obra de
construção da escola. Dia 25 partiu de volta ao seu trabalho na Suíça
prometendo mandar recursos de lá. Deus o enviou à casa de seu pai para
resolver o problema. São os milagres de Deus.
179
Dia 20 de setembro de 1995 a empreitada do reboco que o Pastor fez
com os pedreiros já estava quase terminada, e no dia 2 de outubro foi feito o
requadramento (acabamento de reboco em portas e janelas, na linguagem dos
pedreiros) das aberturas e a colocação das janelas. No dia seguinte o pastor
Braff foi tratar de escriturar o terreno da quadra de esportes para solicitar
verbas ao Ministério dos Desportes para a construção da quadra, e dia 9 a
Missão se movimenta para escriturar o lote. Neste mesmo dia o Pastor trata
da compra de telhas em Minas Gerais, telha de primeira, para substituir o
telhado do I Bloco e cobrir o segundo. As telhas em Minas Gerais custam
1200,00 (hum mil e duzentos reais), além do frete.
No dia 17 de outubro de 1995 os pedreiros colocaram as tesouras nos
seus lugares e dia 20 vem a notícia, as telhas estão chegando. Os pedreiros, em
tom de zombaria disseram: “nós só descarregamos se nos pagar o preço que
os saqueiros cobram” e ficaram irredutíveis. Dia 22 o Pastor convocou um
mutirão dos membros da igreja, e mais os desbravadores, para descarregar as
telhas e até as 11 horas da manhã a jamanta estava descarregada. Os pedreiros
provaram com isso que não estavam trabalhando por mês – as telhas eram
pro seu trabalho.
No dia 8 de novembro de 1995 o Pastor constata que a verba
para a construção só tinha para mais uma semana de trabalho. Ao anunciar
aos pedreiros, esta constatação, eles revoltaram-se, exigindo a continuação da
construção. O Braff respondeu: “Dinheiro não temos mais, a não ser que
vocês queiram trabalhar sem salário”. Replicaram: “nós queremos é dinheiro”.
Responde o Braff: “deixei de pagar algum serviço que vocês fizeram até
agora?”. “Não, mas nós queremos os nossos direitos de empregados, direitos
trabalhistas”. Responde o Braff: “Desde o princípio do trabalho vos disse que
sou empregado tanto quanto vocês, com a diferença que eu não ganho nada
com o meu trabalho. O vosso patrão mora na França e é humanitário, dando
esse ganha-pão para vocês”. Passados uns dias, vieram os pedreiros
novamente: “Quando o senhor vai pagar os nossos direitos trabalhistas?” E a
resposta: “Não tenho previsão”. Então constituíram advogado e levaram para
o Fórum. Porém o engenheiro da obra pôs um advogado seu e defendeu o
pastor Braff, No dia 10 de novembro de 1995 a obra parou.
Dia 26 de novembro o Pastor convocou na igreja os membros
para cobrir o bloco da escola; foram todos os que podiam tomar parte; mas a
obra estava longe de ser acabada. O pastor Braff fez um plano com os
representantes da Golden Cross para fazer uma agência da Seguradora para
uma equipe, de preferência da igreja, vender planos de saúde. Parte da
primeira parcela ficaria para a agência e o agente era o pastor Braff, e com
estes haveres continuaria a construção, mas a equipe se dissolveu e ninguém
fez nada. O Pastor soube então que outro agente tinha se instalado na cidade
e ele deu por encerrado esse assunto. Não era esse o caminho de Deus.
180
Biografia do Pastor Braff
É duro trabalhar sem dinheiro, mas o teimoso, como foi
chamado o pastor Braff enfrentou às suas próprias custas e dia 8 de dezembro
terminou de retelhar a cumeeira do I Bloco da Escola. Dia 14 o Pastor foi à
metalúrgica buscar as portas da escola e tratou com o pintor para pintá-las.
Dia 18 de dezembro foram colocadas as janelas do Bloco II
(Bloco Maranata). MARANATA = vem, Senhor nosso.
181
1996
IGREJA, RELIGIÃO E ESCOLA
Houve um almoço na casa de seu filho com os médicos do Hospital
São Lucas e outros. Na conversa surge uma pergunta: “Porque a mulher não
foi criada primeira?” A pessoa pedia uma resposta teológica. O pastor Braff
respondeu: “Se a mulher tivesse sido criada primeiro, teria que a ordem
biológica da natureza ser invertida. A fêmea teria que dispor de um
reservatório de vida transmissível e o macho (seria com) ovário para fornecer
o corpo para ser fertilizado. Seria uma versão que não interessava a Deus.
Como a vida não tem vivência sem corpo. Isto sob o ponto de vista teológico
seria impossível, porque mudaria toda a ordem do universo. A vida tem existir
antes do corpo, mas só pode se desprender da fonte diante de um corpo a ser
fertilizado.
Dia 9 de janeiro de 1996 a diretora da escola Ana Maria foi substituída
pela professora Ézia, orientadora de ensino da Missão.
Dia 12 de janeiro de 1996 a ex diretora da Escola, Ana Maria despedese dos cargos da igreja.
Dia 13 a igreja teve a visita do conferencista da União Central
Brasileira, pastor Arlindo Guedes, o qual ajudou o pastor Braff na igreja. Dias
14 e 15 de janeiro houve um sério problema de disciplina, mas o Pastor
conseguiu contornar a situação.
Dia 20 de janeiro o pastor Braff dirigiu a lição da Escola Sabatina na
igreja e em seguida correu para o bairro Primavera II, para passar a lição do
Apocalipse e a tarde reuniu a comissão da igreja, após, classe batismal e o J.A.
terminando com o pôr do sol. Logo depois seguiu para a sua casa e ainda foi
fazer massagens nos clientes. Este é um diário sabático típico das atividades
do veterano aposentado há 26 anos.
No dia 28 de janeiro o pastor Braff viajou a Rondonópolis para oficiar
um batismo no segundo distrito de Rondonópolis, voltando no dia seguinte a
Primavera.
Dia 8 de junho de 1996, sábado, Weberti, pastor distrital, fez a
pregação no púlpito de manhã e a tarde reuniu-se com a comissão da igreja, a
qual votou pela compra de novos bancos para a igreja.
O Dr. Milton lançou o projeto da formação de um conjunto vocal,
origem do futuro coral. Dia 10 de junho de 1996 o primeiro ensaio do
conjunto, dirigido pelo Irmão Milton.
182
Biografia do Pastor Braff
Dia 1º julho de 1996, o Pastor completou o artigo: ORDENAÇÃO
DO GÊNERO FEMININO AO MINISTÉRIO, CERTO OU ERRADO.
No dia 2 de julho o Pastor escreveu uma réplica sobre a tese de um
pastor, que desfazia o Velho Testamento por ser dos judeus. Dia 3 continuou
a escrever o seu livro que pretende publicar: OS DOIS REBANHOS NA
HISTÓRIA DA HUMANIDADE
No dia 12 de agosto de 1996 chegam os tão esperados bancos para a
igreja. No dia seguinte a firma que vendeu os bancos fez a montagem dos
mesmos na nave da igreja, com a instrução do pastor Braff. No dia 17
procedeu-se a inauguração dos novos bancos, para a qual o pastor Malton
Braff fez a pregação: Bartimeu o cego “que eu veja”.
No dia 7 de setembro de 1996 o Pastor falou na igreja de uma
contrafação da Trindade: “Três espíritos imundos semelhantes a rãs” e seus
instrumentos materiais ou humanos: dragão, falso profeta e espiritismo são os
espíritos de demônios com seus instrumentos que falsificam a Trindade
Divina. Satanás falsifica tudo, imita para confundir, dissimula para enganar e
tenta para arrebatar.
Dia 4 de outubro o Braff foi chamado à Escola para a classificação, e a
escola saiu-se bem na sua posição institucional.
Dia 26 de outubro, quatro pessoas foram batizadas.
Último dia de novembro de 1996, programa normal: classe de
professores, Escola Sabatina com a professora Roseli Almeida e o sermão
com o pastor Braff, o qual convocou a comissão de nomeações para a tarde.
Depois do almoço o Pastor dirigiu a classe batismal e em seguida reuniu-se
com a comissão de nomeações, que foi um tanto tumultuada, parecia que os
membros desconheciam as suas funções, querendo assumir funções da
comissão da igreja, exigindo que o Braff levasse para o púlpito: mulheres,
jovens e crianças, numa linguagem que ele julgou inoportuna e decidiu afastarse de certas responsabilidades. E como a comissão insistisse para que
entregassem funções aos jovens para treinarem, o Pastor esquivou-se também
de pregar, tirando férias voluntárias.
Dia 1º de dezembro de 1996 o pastor Braff fez a escala de sermões
esquivando-se de participar da mesma, deixando a seguinte declaração no seu
diário: “Fiquei profundamente desalentado com o que ouvi, e abalado decidi
afastar-me do púlpito com a intenção de não me envolver com pregações este
mês e só voltar a pregar quando Deus me convencer a reassumir minhas
funções normais. Estou de férias! Suspirou triste”.
Dia 8 de dezembro de 1996, o Pastor começou o ano bíblico (leitura
da Bíblia) com leitura rápida para ler em dois meses. No dia 10 ele terminou
de ler o livro de Gênesis e prosseguia em ritmo acelerado, aproveitando o
183
tempo vago. No dia 12 ele terminou o livro de Êxodo e no dia 13 administrou
3 lições da classe batismal.
No dia 16 de dezembro o pastor Geovani, presidente da Federação
Missão Mato-Grossense veio a Primavera para comprar a casa para o pastor
que viria, logo após aqui ser sede do novo distrito.
No dia 23 houve a inauguração do Campus da Faculdade, projeto de
grande envergadura para Primavera do Leste.
Amanhece o dia 30 e o velho exclama: “Novo ano à vista! 96 está
agonizando! sem nenhuma esperança de ressurreição. Dia 31 o 96 vai se
despedindo sem recuperação, com todas as coisas, vitórias e fracassos, com
todas as esperanças e desilusões. Vai para nunca mais voltar!
Ao esgotar-se o ano de 1996 o Braff conjeturava: “Tudo passa neste
mundo. Só quem faz a vontade de Deus dura eternamente. Só Jesus, o Filho
do homem nasceu eterno e os que a Ele seguirem enquadrados nas verdades
de Sua palavra de Gênesis ao Apocalipse serão eternos também”.
O pastor Braff convocou a igreja para receber o ano de 1997 ao pôr
do sol numa confraternização adventista.
NUMA CONFERÊNCIA BATISTA
Uma noite o pastor Braff foi assistir a uma conferência batista, onde o
conferencista afirmou que Adão teve morte espiritual, e depois da explicação
deu direito a perguntas, e o Braff perguntou: “Morto gera filhos?” O
conferencista não entendeu a pergunta e o interlocutor explica que então os
filhos de Adão estão perdidos; nascem carnalmente, mas não espiritualmente.
“Só um segundo Adão que não pecasse poderia gerar filhos espirituais”. E o
conferencista se perdeu na jogada! É que os que morreram antes de Cristo,
segundo ele, estariam perdidos porque ninguém pode gerar filhos
retroativamente, e o homem embaralhou-se todo, e disse: “Quem não tem o
espírito de Cristo, não é Dele”.
Dia 17 de agosto, à tarde o pastor Manoel contou a seu filho pastor
Malton sobre o conferencista batista, onde ele dizia que Adão morreu
espiritualmente. Morrer significa deixar de viver, ou deixar de existir. Se
espiritualmente deixou de existir, logo não pode gerar filhos. Portanto sua
descendência só pode ser carnal e “quem não tem o Espírito de Cristo esse tal
não é Dele”. Rom. 8:9. Então Abel morreu perdido e toda a descendência de
Adão; como assim não é; Adão e Eva não morreram naquele dia, e sim, “O
Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo”. Apoc. 13: 8. O símbolo
ou substituto de Cristo.
184
Biografia do Pastor Braff
FAMÍLIA
No dia 11 de janeiro de 1996 chega à casa do pastor Braff seu filho
Menalton e sua esposa Rose (Roseli), que moram em São Paulo.
Dia 3 de maio, o pastor Braff amanheceu com Dengue e no mesmo
dia, aproveitando o seu estado doentio, dois homens o empurraram para
dentro de uma Kombi e fizeram o Pastor comprar 5 carnês do Baú.
Dia 10 de maio houve uma grande festa, a festa das mães.
Mercídia, esposa do pastor Braff estava sempre em tratamento
contínuo e no dia 6 de junho apresentou melhora. Dia 5 de junho completou
88 anos e dia 7 o Pastor escreveu: “Aguardo na obra de Deus aqui em
Primavera do Leste uma virada! Deus proverá”.
Dia 8 de julho de 1996, Edson, neto dos Braff, veio de Porto Alegre
para visitá-los com sua família, e o Pastor aproveitou a oportunidade e pregou
para ele se converter, mas parece ter sido infrutífero o esforço.
No dia 17 de julho de 1996 uma pessoa que devia uma soma
considerável ao Braff, pôs à venda um computador e o Braff conseguiu tirá-lo
em conta.
Por esses dias o pastor Braff descobriu que um casal tomava banho,
no mesmo banheiro, junto com os filhos, todos nus; e isto é imoral e estimula
a sexualidade das crianças e adolescentes. – Para onde vai o nosso mundo? O
homem se animalizando e o pudor jogado às traças.
Dia 29 de julho o pastor Braff, juntamente com o seu filho Merlinton
e esposa, que vieram de Dourados – MS aguardam a vinda do seu filho
Malton, que chegou da Suíça no dia 2 de agosto. Ele é o sucessor do pai em
assuntos religiosos. E já no dia seguinte pregou na igreja.
Dia 10 de agosto, dia festivo, além de ser sábado o casal Braff
comemorava suas bodas de diamantes, 65 anos de casados. Malton, seu filho,
pregou na igreja; e depois de alguns dias veio o dia dos pais e a festa
continuou; houve uma verdadeira confraternização familiar.
No dia 19 de agosto o pastor Malton, o apóstolo das terras africanas
voltou à Suíça para o seu campo de trabalho. – Que o Senhor o acompanhe.
Dia 29 de agosto o pastor Manoel instala uma rede de energia elétrica
para o seu computador e sua máquina de escrever, para começar a digitar o
seu diário nos pontos mais salientes.
Dia 16 de setembro Horaldo e Mirtie viajaram para o Rio Grande do
Sul. De manhã antes de viajar quase provocaram um escândalo com o carro
do Pastor, ferindo o coração do velhinho. (Na verdade o carro do Pastor é um
carro muito velho, porque foi trocado por um melhor, destinando a diferença
ao custeio das construções da igreja e da escola).
185
Dia 10 de outubro a esposa do pastor Braff apresentou fortes indícios
de velhice cerebral.
Dia 15 de dezembro o Dr. Milton completou 64 anos de idade.
No dia 18 o pastor Braff começou a pintura de sua casa, pelo muro da
frente, com o lixamento do mesmo e das grades. Dia 23 foi o dia do início da
pintura do seu domicílio.
Na véspera do natal chega a Marli de Imbituba - SC. No natal o dia
todo foi chuvoso, inativo. No dia 28 de dezembro de 1996 chegam Menalton
e Rose sua esposa. - Sejam bem vindos! Menalton e Rose chegaram de São
Paulo e o pastor Braff teve um feliz primeiro de ano na companhia de seus
filhos Menalton e Marli.
Amanhece o dia 30 e o velho exclama: “Novo ano à vista! O ano de
96 está agonizando, sem nenhuma esperança de ressurreição. Dia 31, o 96 vai
se despedindo sem recuperação, com todas as coisas, vitórias e fracassos, com
todas as esperanças e desilusões. Vai para nunca mais voltar”!
1997, Novo Ano, nova esperança, novos planos e nova trajetória na
vida humana. Um ano mais próximo da vinda de nosso almejado
SALVADOR. Cada dia que passa é um dia a menos para o encontro com o
Remidor.
POLÍTICA E OUTROS ASSUNTOS
No começo de janeiro de 1996 o pastor Braff começou a treinar na
sua máquina de escrever, atividade que a muitas décadas havia abandonado.
Entre os dias 16 e 19 de janeiro a máquina de escrever estragou e o
pastor Braff não conseguiu arrumar.
Dia 10 de maio o Dr. Milton foi indicado por Carlos Bezerra,
presidente do PMDB Mato-grossense.
Dia 13 de maio aconteceu um grande desfile de aniversário da cidade e
a Escola Adventista saiu-se muito bem no desfile, sendo que o pastor Braff
fez parte no palanque oficial.
Começa a ferver a política em Primavera, envolvendo o Dr. Milton e
consequentemente seu pai também.
Dia 15 de junho Érico Piana pediu para fazer propaganda política na
Igreja Adventista, e o Pastor respondeu que a Igreja Adventista não admite
campanha política nem dentro, nem no pátio.
Dia 23 de junho de 1996, houve a convenção do PMDB, e foi votada
a coligação com os demais partidos que apóiam Érico Piana e aconteceu o
racha no partido envolvendo o Dr. Milton e seu pai. No dia 30 o Governador
Dante de Oliveira, veio dirigir a convenção do PDT para lançar a candidatura
186
Biografia do Pastor Braff
de Sérgio Machnic a Prefeito pela oposição, diante de grande multidão. No dia
seguinte os políticos do lado do Sérgio procuraram o Braff.
Dia 4 de agosto, Antero, chefe da Casa Civil do governador e Chico
Daltro, deputado federal chegam a Primavera para fazerem propaganda do
PDT, dando apoio a Sérgio Machnic para prefeito. O partido da situação,
PMDB, impôs, ameaçadoramente aos Braff, e eles tomaram posição contrária
e se meteram na política, apoiando o candidato da oposição.
No fim de agosto e 1° de setembro ferve a política e o irmão Milton
(Dr. Milton J. Braff) foi de novo ameaçado e seu pai também.
Dia 24 de setembro, a política está fervendo em Primavera e os Braff
não podem ficar neutros. Há acusações de uns aos outros; como diz o adágio
popular: “quem está entre os lobos acoe como eles”. Política, a não ser para
os que se beneficiam dela é ingrata. Os políticos fervilham pela cidade o dia
todo com carreatas e pessoalmente até a meia-noite do dia 30 de setembro. Os
três primeiros dias de outubro houve aparente calma, mas por trás dos
bastidores, segundo testemunhos de terceiros, seguiu a campanha
secretamente e compra de votos e dia 3 de outubro é da eleição para Prefeito
e Vereadores.
O eleito para o cargo de Prefeito Municipal de Primavera do Leste foi
Érico Piana.
CONSTRUÇÕES
Dia 12 de janeiro de 1996 completam o acabamento da casa da
professora.
Nos dias 16 a 19 continua o serviço do Bloco Maranata.
No dia 22 de janeiro o pastor Braff foi à escola e mandou os pedreiros
fazerem o piso da varanda da frente da sala de pedagogia, com os letreiros:
ESCOLA ADVENTISTA BLOCO MARANATA.
Dia 24 de janeiro os banheiros estavam quase prontos. O projeto da
quadra de esportes, o Dr. Sérgio terminou e o velho educador levou-o à
prefeitura para a aprovação e solicitação de verbas ao Ministério dos Esportes
para darem início à construção da mesma.
Depois de oficiar um batismo em Rondonópolis no dia 28 de janeiro,
já de volta no dia 29 em Primavera, foi diretamente à escola ver como estava o
trabalho, encontrando tudo bem, segue para a sua casa onde encontrou uma
torneira estourada. Depois de consertar, foi dormir, porque estava cansado da
viagem.
O irmão Afonso, que muito ajudou o Pastor no acabamento da escola,
partiu para outras terras.
187
No dia 5 de junho os pedreiros terminaram de passar a massa fina na
Escola. A empreitada foi por metro e quando mediram o pastor Braff quase
caiu de costa! Devia aos pedreiros R$ 780,00 e ele exclamou: “Só Deus pode
me estender a mão”.
Dia 15 de julho o pastor Braff começou a pintar a sua casa, que fazia
uns dez anos que não era pintada.
Dia 1° de setembro reiniciaram-se os trabalhos de acabamento do
Bloco Maranata e o Pastor fez planos para a construção duma marquise na
entrada da frente da escola pela rua Manaus. Nesse ínterim o pastor Braff
continua procurando recursos para a conclusão da obra. Um Colportor
ofereceu-se para forrar uma sala de aula; no fim cobrou o mesmo preço dos
outros; ele é que foi ajudado.
No dia 24 de setembro foi autorizada a compra da madeira para a
varanda do Bloco II da escola.
Dia 18 de outubro o Pastor comprou a madeira para a varanda e
tratou com o carpinteiro a mão-de-obra. Dia 22 começam a descer as telhas
velhas da escola e dia 25 começa a cobrir as salas destelhadas.
A 30 de outubro de 1996 o pastor Braff entregou R$ 1.200,00 para a
compra de tintas para a pintura geral da escola. Quando ele trouxe a tinta e a
diretora não gostou da cor e para evitar aborrecimentos futuros o pastor
trocou a tinta.
No dia 5 do mês de novembro toda a escola está com telhado novo.
Então o Pastor passou a planejar, juntamente com o engenheiro Dr. Sérgio o
abrigo da entrada. No dia 11 comprou o material para a instalação elétrica no
Bloco II, e no dia 15 houve a preparação dos canteiros da escola para plantar
flores e folhagens. O ambiente na Escola está ficando atrativo, com segurança
e em paz.
Dia 19 de novembro de 1996, o forro do bloco foi terminado. No dia
seguinte o responsável pela obra não compareceu ao serviço e os carpinteiros
cometeram um erro irreparável! O Braff não pode arredar o pé da obra.
Quando Cleber, o empreiteiro faltoso voltou, ele simplificou a obra por conta
própria e foi despedido, mas foi contratado pela Diretora da Escola para a
pintura de toda a escola, pegando todo o dinheiro adiantado e não fez o
combinado, dando um prejuízo de R$ 450,00 e com isso atingindo também o
pastor Braff com R$ l00,00, mas o forro do II Bloco da “Escola Adventista
Pastor Manoel João Braff” ficou concluído.
Dia 29 de novembro a diretora da Escola e o Educador Adventista
seguiram para Campo Verde para assistir a comemoração do 1° aniversário do
IAMAT (Instituto Adventista Mato-Grossense), onde tinha várias casas para
os trabalhadores, roda d'água fornecendo energia e uma bomba hidráulica
com capacidade para aguar a fazenda do colégio e todo o educandário. Foram
188
Biografia do Pastor Braff
dados os parabéns ao professor Leão, fundador do educandário e anfitrião do
encontro comemorativo. Voltaram depois do meio-dia com os dois
departamentais de Educação da União e campo local, pastores Paulo Azevedo
e Elieser para inaugurar o Bloco Maranata da Escola Adventista de Primavera.
O pastor Braff sentiu-se realizado. Deus seja louvado por esse
empreendimento, pois foi Ele, e não o homem que realizou tal Instituição.
189
1997 – FAMÍLIA E SAÚDE
No dia 1° de janeiro de 1997 chegaram de São Paulo, Menalton, filho
do Pastor, e Rose sua esposa. Foi um feliz primeiro de ano na companhia de
seus filhos Menalton e Marli.
Dia 4 de janeiro, os 2 filhos do Casal Braff regressam a São Paulo,
Menalton e Marli. No sábado seguinte foi muito triste para o Pastor porque já
estava se acostumando com visitas.
No dia 13 Mercídia, esposa do Pastor piorou e teve que ser
hospitalizada muito mal da respiração, com bronquite alérgica. No dia 17 ela
ficou no balão de oxigênio e dia 23 deu alta do hospital. Sua filha Marli que
mora em Santa Catarina, ligou para o Pastor e disse que estava querendo vir
para Primavera do Leste.
Dia 27 de janeiro deu um toró de água que inundou a meia-água onde
a Mara reside.
Até dia 29 Dona Mercídia passou bem atrapalhada, foi chamado o Dr.
Milton, seu filho, o qual aplicou uma injeção e ela melhorou.
Dia 30 de janeiro o pastor Braff já havia terminado de ler o Velho
Testamento, em 22 dias, apesar da esposa doente. No dia 7 de fevereiro o
Pastor terminou a leitura da Bíblia em 59 dias.
Dia 14 de março, Marli filha do Pastor chega de Imbituba – SC,. Veio
para morar em Primavera do Leste e quer lecionar ou conseguir um emprego
par se manter independente com possibilidade de alugar uma casa e viver com
o seu próprio orçamento, perto dos pais.
No dia 21 de março o pastor Braff foi com a filha à Escola Estadual
de 1° e 2° grau Prof. Alda G. Scopel para viabilizar um trabalho nas aulas de
história e conseguiu 14 aulas semanais, com a promessa de futuramente
aumentar as aulas.
Dia 24 de maio Dona Mercídia ainda continuava sofrendo de asma, e
nesse dia o pastor Braff a levou ao hospital São Lucas para tomar uma injeção
contra a alergia, de nome Diprospan. No Dia 30 Mercídia começou a obrar
sangue e a fazer xixi na cama, e o Pastor não pôde dormir mais nessa noite.
No dia 5 de junho a Dona Mercídia estava de aniversário e por causa
da doença, não fizeram comemoração da data natalícia.
No dia 29 de junho de 1997, às 3 horas da manhã, o Pastor fez
nebulização em Dona Mercídia, após, às 6,30 horas da manhã, novamente a
nebulização, após, injeção. O Pastor almoçou às 3 horas da tarde, esperando
uma melhora da sua esposa.
190
Biografia do Pastor Braff
O Pastor estava aplainando a aresta de uma tábua para fazer uma
prateleira, com o formão, e a tábua caiu em cima do dedo artelho médio, o
qual quase atorou. Então sua filha Mara o levou para o hospital São Lucas,
onde seu filho, Dr. Milton, o tratou extraindo-lhe a unha, logo após voltou
para casa.
No dia 10 de julho, sua filha Marli viajou, as 3:20 horas da madrugada
com sua mudança, de volta a Imbituba – SC, no furgão de seu irmão Dr.
Milton Braff. Nesse mesmo dia o pedreiro de nome Paulo Parreira, o qual o
Pastor tinha contratado para fazer uma reforma na casa que ele tinha nos
fundos do seu lote. Fujiu sem terminar o serviço, serviço esse que o Pastor já
tinha pago.
No dia 13 de julho, às duas horas da madrugada, o pastor Braff fez
uma nebulização na sua esposa a qual dormiu o resto da noite. Durante o dia,
sentindo-se melhor, levantou-se e quando foi atender ao telefone, caiu devido
a estar muito fraca, e o pastor Braff custou a levantá-la.
O pastor Malton, vindo da Suíça, chegou a Cuiabá no dia 21 de julho;
seu irmão Dr. Milton o trouxe à Primavera do Leste, chegando às 7:30 horas.
O pastor Malton trouxe muitos presentes da Suíça para quase todos. Para o
pastor seu pai deu de presente um rádio gravador e duas camisas e para a sua
mãe trouxe um andador, composto de 3 pés com rodas, o qual tinha travas
para controlar o caminhar.
Dia 28 de julho o Pastor levou a Dona Mercídia ao hospital São Lucas
para fazer um exame pelo cardiologista Luiz Carlos, o qual constatou que ela
estava bem melhor.
No dia 29 o pastor Braff leva a sua esposa a fazer um exame de
sangue no laboratório e à tardinha ele levou o resultado ao médico
cardiologista Luiz Carlos. Ele constatou que o pulmão dela não estava bom, a
pressão estava alta e o coração estava crescendo, e o médico não deu
esperanças para o pastor Braff. Nesse mesmo dia chegam Merlinton e Nélsia
depois das três horas da tarde. Levaram 30 horas viajando até chegar a
Primavera do Leste. Nesse ínterim Dona Mercídia teve uma crise respiratória,
e o Pastor rapidamente, fez nebulização. Na mesma noite Merlinton e Malton
foram jantar na casa do Dr. Milton.
Durante o dia 30 de julho agrava-se a doença de Dona Mercídia. Ela
não passou bem a noite, estando meio fora de si, perdendo a fala com a crise
respiratória. De manhã o Pastor a levou de maca para o Hospital São Lucas,
aonde chegou com 39 graus e 6 décimos; à noite já estava bem melhor, sendo
assistida pelos seus filhos: Milton, Merlinton, Malton e o pastor Manoel Braff,
seu esposo.
O dia 31, Dona Mercídia permaneceu no hospital, e sua filha Mara
ficou com ela. Pela manhã teve febre e escarrando sangue. No dia 2 de agosto
191
sua nora Nélsia cuidou dela no hospital. No dia 3 de agosto, às 7,30 horas, o
pastor Braff foi ao hospital, substituir ao seu filho Merlinton que passou a
noite toda com a sua mãe; quando o Pastor chegou o cardiologista Dr. Luiz
Carlos anunciou que tão logo ela não poderia dar alta do hospital, estava,
ainda, muito encatarrada e estava se mantendo com tratamento intensivo.
O Pastor passou o dia 4 de agosto de 1997 entre a sua casa e o
hospital e a noite às 9 horas o seu filho Malton ficou cuidando de sua mãe até
a meia-noite, quando chegou o seu irmão Merlinton para passar a noite.
Nestes pequenos gestos, o pastor Braff notou o amor de seus filhos para com
a mãe, e isso a ajudou bastante na sua melhora. No dia 5 de agosto, Mercídia
amanheceu melhor de saúde, com promessa do médico que, no outro dia,
daria alta para ela; sendo que nesta noite passaram cuidando dela, Merlinton e
Nélsia.
No dia 6 de agosto o pastor Malton volta para a Suíça, deixando a sua
mãe em convalescença. À tarde do dia 6 de agosto o Dr. Luiz Carlos deu alta
para Dona Mercídia e ela voltou para o aconchego do lar.
No dia 7 de agosto, após a melhora da sua mãe, Merlinton e sua
esposa voltam a Dourados - MS. Dona Mercídia sentindo-se mais forte
levantou-se várias vezes sem o acompanhamento do Pastor, e isso não foi
muito bom para a sua saúde, sendo que, ainda continua com tosse e muito
sono.
À uma hora da madrugada, para amanhecer domingo, 10 de agosto de
1997, enquanto o Pastor e Dona Mercídia dormiam, ele ouviu um ronco
diferente, fora do natural vindo de Dona Mercídia. Ela teve também algumas
inspirações profundas e aquietou. Logo após o pastor foi ao banheiro e em
seguida voltou, mas não viu movimento de respiração de sua esposa,
colocando a sua mão no coração não sentiu o coração batendo, pegou no
pulso não achou pulsação, levantou o braço e viu que estava sem vida.
Imediatamente o Pastor chamou seu filho Dr. Milton, que ao chegar,
constatou que realmente sua mãe estava morta.
O velório foi na Igreja Adventista de Primavera. Três pastores
estiveram presentes e todos os amigos de longa data. Nesta mesma noite o
pastor Braff rememorava que Dona Mercídia morreu no dia em que eles se
casaram, no dia dos pais.
No segundo dia de viuvez, cansado e com sono, meio aéreo, sentindo
que Satanás o queria dominar, o Braff orou e Deus lhe deu forças para
enfrentar esta situação, neste dia não saiu de casa e dormiu no quarto de
visitas. No outro dia ele começou a fazer planos para o futuro. - Ficaria o
Pastor em sua casa? Ou na casa de um filho? Colocando este assunto na mão
de Deus, aguardou. Continua triste, mas conformado, espera encontrar
Mercídia na manhã da ressurreição quando Cristo voltar com poder e grande
glória.
192
Biografia do Pastor Braff
No dia 31 de agosto de 1997, Marli, filha do pastor Braff, que mora
em Imbituba - SC, telefonou comunicando ao seu pai que tinha conseguido
uma casa para alugar com 4 quartos e demais dependências por R$ 220,00,
fazendo com que o velho pastor viúvo meditasse sobre a viabilidade de
mudar-se para lá.
193
1997
VIAGEM AO RIO DOS SINOS
No dia 10 de setembro de 1997 o pastor Manoel foi convidado pela
igreja de Rio dos Sinos - RS, para o aniversário de 60 anos de fundação da 1º
igreja que o pastor Manoel Braff fundou.
No dia 11 de setembro de 1997 o Pastor comprou passagem até
Dourados - MS, onde mora o seu filho Merlinton. No dia 12, às 7 horas da
manhã, horário de Mato Grosso, com o ônibus da Viação Ouro e Prata, o
Pastor embarcava para Dourados - MS, chegando lá às 11 horas da noite. O
seu filho o estava esperando. O destino final era Rio dos Sinos – RS.
No dia 13 de setembro de 1997, sábado, Merlinton, filho do Pastor,
levou-o à Igreja Adventista de Dourados. Na oportunidade o pastor Braff
'formou a plataforma' (acompanhante no púlpito) e fez a invocação; no
domingo o pastor Braff fez um sermão sobre a Chuva Serôdia, por que pedila?
No dia 15 de setembro o Pastor comprou passagem para
Florianópolis, saindo no dia seguinte à uma hora da tarde. Chegou à
Florianópolis ao meio dia e quinze minutos do dia 17 e a tarde chegou à
Imbituba – SC (onde mora Marli, sua filha). À noite, depois de descansar,
visitou a igreja adventista local.
O dia 18 de setembro de 1997 amanheceu frio e o Pastor não teve
coragem de sair de dentro de casa, a não ser para almoçar em um restaurante
vegetariano.
No sábado, dia 20 de setembro de 1997, de manhã o Pastor foi à
igreja e procurou evitar a sua identificação, mas logo foi identificado e
convidado a passar a lição da Escola Sabatina e ainda fez o sermão “A chuva
serôdia e os perigos do fim”. No domingo, dia 21 o Braff foi à igreja e o II
ancião pregou sobre a conversão de Paulo, Atos 9.
No dia 24 de setembro o Pastor prosseguiu na sua viagem a Rio dos
Sinos pegando o ônibus da Viação Santo Anjo à 1,40 hora da manhã, com
destino a Porto Alegre – RS, chegando lá às 7,20 horas da manhã, sendo que
já o seu filho (Milton) o estava esperando.
O dia 25 de setembro de 1997, o Pastor passou o dia inteiro junto
com os seus familiares, e ouvindo a Rádio Novo Tempo. No dia 27 o Pastor,
seu filho e família seguiram para Cachoeirinha - RS para um congresso. À
tarde 85 pessoas foram batizadas por 3 pastores ao mesmo tempo. Depois o
194
Biografia do Pastor Braff
pastor Braff, com Elvira e Delmar, irmã e cunhado, foram a um lugarejo
chamado Evaristo, onde mora o seu irmão Afonso, o qual estava querendo
casar com uma católica e o pastor Braff aconselhou a ter cautela, porque é
muito perigoso; uma pessoa idosa após casar, dificilmente irá mudar de
religião. O pastor Braff ainda falou para Afonso: “Dormir com pijama
emprestado, o frio continua”.
No dia 3 de outubro de 1997 o Papa chega ao Brasil em visita oficial.
Dia 4 de outubro, a festa dos Pioneiros foi realizada em Rolante - RS,
onde foi realizada a Escola Sabatina a moda antiga com relatório e muita
musica, a lição foi passada em geral, no Culto Divino. Foram ordenados 3
anciões e o pastor Wolf fez o sermão. A obra está avançando a passos
gigantes em todo o mundo. À tarde teve a programação J.A. musical, com os
jovens e a noite jantar no salão da Escola Adventista.
No dia 6 de outubro de 1997 o Pastor Braff teve a notícia de que uma
multidão de pastores pentecostais e não pentecostais uniram-se ao Papa, que
vem pregando em todo o mundo a união das igrejas. Diz o pastor Braff:
“Irmãos, eis ai a Profecia se cumprindo”. Logo após o encontro com os
pastores o Papa viajou para Roma.
No dia 10 de outubro o Pastor almoçou com sua irmã Almerinda e à
tarde seguiu para a casa de Zildo (Zildomar), filho da sua irmão Elvira, para se
preparar para o sábado, e ir ao Revive em São Leopoldo, onde muitas pessoas
estão se decidindo a favor de Cristo. Dia 11 o pastor Braff e a família do Zildo
foram ao Ginásio Municipal de São Leopoldo assistir a uma programação
deferente com o pastor Alexandro Bullon, sobre a Ação Global, a necessidade
de que cada membro seja um missionário onde esteja. Depois o Culto Divino,
sendo que Bullon falou sobre S. João 14: 1 a 6 – Volta de Cristo.
Dia 12 de outubro, dia da criança e dia do aniversário do Paulo
Delfim, irmão do Zildo, genro da Almira (Miroca), a qual a família do pastor
Braff estava fazendo arranjos para o casamento dele com ela Miroca.
No dia 15 de outubro o pastor Braff começou a preparar a história do
início da igreja de Rio dos Sinos, e às 8: 30 horas do dia seguinte, partiu com
destino a Gravataí, Santo Antônio da Partulha e finalmente Rio dos Sinos. Ao
chegar passou a ponte de arame e se hospedou na casa do irmão Batista, após
visitou a igreja que iniciou-se há 70 anos atrás (portanto, em 1920?). Depois,
ainda visitou a irmã Gessi, Marcelino e a Oscalina. Dali foi à sua velha morada
e à antiga morada do tio Rosa, visitou o túmulo de seu irmão Luiz e da esposa
Rosa, e ao voltar à casa do irmão Batista, recebeu a visita do Nilson e sua
esposa Mariquita.
No dia 18, sábado de manhã, seguiram à igreja e foram os primeiros a
chegar. A Escola Sabatina foi passada por Milton e o sermão por Jorge
Anacleto com muita música e se estendeu até depois do meio-dia. Almoçaram
195
na casa de uma neta da Oscalina. À tarde mais músicas e 4 pessoas foram
batizadas. Após descerraram a placa comemorativa dos 70 anos do início do
adventismo no Rio dos Sinos. Na oportunidade, como convidado de honra
(pois foi o pastor Braff quem começou a evangelizar aquele lugar), o pastor
Braff apresentou o histórico do evento. Na tocha simbólica ele não tomou
parte, porque o seu genro Horaldo resolveu voltar para Gravataí.
Viajaram com destino a Rolante, o Pastor, seu filho Dr. Milton e
família, para almoçar com Paulo Delfim com o objetivo de aproximar o pastor
Braff da Miroca para que eles se conhecessem mais, e aproveitando a
oportunidade lhe propôs casamento. No começo ela ficou reservada, mas
após conversar, mostrou interesse pelo assunto e tratou o Pastor gentilmente,
e à noite voltaram para Gravataí - RS.
No dia 20 de outubro de 1997, depois de uma grande visita aos
parentes o pastor Manoel Braff partia de Porto Alegre com destino ao seu lar,
Primavera do Leste - MT, chegando lá após dois dias e uma noite de viagem.
196
Biografia do Pastor Braff
1997 e Janeiro de 1998
IGREJA E ESCOLA
A data exata da fundação da Escola Adventista de Primavera do Leste,
à qual foi lançada a pedra fundamental, foi o dia 28 de novembro de 1991,
com a presença do pastor Manoel João Braff, pastor Manoel Xavier de Lima,
pastor Rubenildo e o engenheiro civil Dr. Sérgio Denardi. (O primeiro ano
letivo da escola foi 1994).
Uma noite o Pastor foi sozinho ao culto na igreja. Neste mesmo dia
primeiro de janeiro de 1997 foi empossado o prefeito eleito de Primavera do
Leste, Érico Piana Pinto Pereira e seu vice, Dr. Irineu Veit e vereadores.
No dia 6 de janeiro de 1997, a diretora da Escola foi atrás do pedreiro
Cleber para terminar a pintura da Escola, o qual disse que não iria terminar a
pintura.
Dia 1° de fevereiro Primavera do Leste já é sede de Distrito
(circunscrição da Igreja Adventista, compreendendo um ou mais municípios)
e o pastor Rodrigo é o primeiro distrital.
Dia 3 de fevereiro começaram as aulas na Escola Adventista com 57
alunos.
Dia 11 de fevereiro o pastor Braff, pela primeira vez entra em contato
com um grupo de pessoas da Igreja Só o Senhor é Deus.
Dia 15 de fevereiro o pastor Braff reúne a comissão e solicita a sua
demissão da presidência da comissão da igreja e de diretor da mesma; propôs
o pastor Rodrigo para a direção da agremiação e presidente da Comissão da
Igreja, o que foi aceito. Deste modo, pela primeira vez o pastor Braff foi
aliviado da administração.
Dia 1° de março de 1997 o pastor Braff organizou a igreja no trabalho
missionário, formando uma lista de 9 grupos de atividades diferentes. Porém
os grupos não funcionaram, porque o distrital apresentou outro programa.
Dia 3 de março a professora Néia, da igreja Batista, começa a lecionar
na Escola Adventista, abrindo nova oportunidade para estudar a verdade. Dia
9 o distrital, pastor Rodrigo, começa o programa de trabalho evangelístico,
preparando a igreja para o programa de pequenos grupos para a evangelização
de Primavera do Leste.
Dia 23 de março começam os calvários em diversos pontos da cidade
e dia 29 encerrou-se a semana do calvário com Santa Ceia dirigida pelos dois
pastores e organizou-se os pequenos grupos com 6 membros cada um.
197
Dia 2 de abril, aniversário de batismo do pastor Braff, 69 anos
militando como membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Foi batizado
pelo pastor Abraão Classen Harder em 1928 em Campestre Velho. Dia 9 o
Pastor escrevia: “Há oitenta e sete anos eu vi a luz pela primeira vez. Meus
olhos se fechavam e abriam-se sem que eu tivesse conhecimento, era o reflexo
da luz, ativando a região cerebral, onde se fixa a imagem das coisas. Esta
região foi a receptora que serviu de base para tudo que aprendi até hoje.
Dia 19 de abril, o pastor Braff começou a dar estudos bíblicos na
Primavera III com o curso A Bíblia Ensina, para uma interessada no
conhecimento da verdade, que estava rodeada de elementos assembleianos.
Domingo veio um casal da Congregação Cristã para atacar a Doutrina
Adventista, querendo lhe arrastar para a igreja deles, impondo distorções
grosseiras da Bíblia: A lei do Pai é a do Velho Testamento que mandava matar
nações inteiras para lhes tomar suas terras e Davi que era um homem de
sangue; e eles diziam que só Jesus é Amor, procurando desunir a própria
Divindade, sem todavia aceitar o que Jesus instituiu: a obra deles puramente
diabólica. Porém o Braff fechou a porta e eles foram embora.
Dia 23 de abril de 1997 o pastor Rodrigo Becker de Andrade chega de
mudança de Poxoréo para assumir as suas funções de pastor Distrital em
Primavera do Leste.
No dia 6 de maio o pastor Braff empregou 2 funcionários para cobrir
a sua lavanderia e aproveitando a oportunidade orientou os dois serviçais
sobre os mandamentos de Deus, a única parte da Bíblia que Deus não confiou
ao homem. Ele próprio falou e escreveu com seu Próprio dedo em tábuas de
pedra. “Deus não altera o que sai dos seus lábios”. Salmos 89:34.
No dia 19 de junho de 1997 o Pastor Braff iniciou o Seminário do
Apocalipse na Primavera II na casa da irmã Néia e suas convidadas. Dia 28 o
Braff foi à casa da irmã Mari, na Primavera II e de lá, seguiram juntos, para a
Primavera III, na casa de uma parenta da Mari, à qual o Pastor estava dando
cursos bíblicos, mas depois de muito estudo ela rejeitou a verdade e decidiu
passar para Assembléia de Deus.
A maioria dos membros da igreja viajou para Campo Verde no dia 5
de julho, para fazer uma visita para os irmãos daquela localidade.
Não houve classe dos professores (preparação dos professores da
Escola Sabatina), e o pastor Braff, que não foi a Campo Verde devido ao
problema do pé, dirigiu a Escola Sabatina, passando a lição geral, onde falava
das 3 parábolas irmãs: Ovelha perdida, Dracma perdida e filho pródigo.
Quando encerrou a lição, deixou como síntese: “Quem busca é Deus”.
Também o pastor Braff fez o sermão deste sábado com o título de “O
caminho da vida”. Toda a planta que Meu Pai não plantou será arrancada”.
198
Biografia do Pastor Braff
No dia 6 de julho de 1997 o Braff ainda continuava caminhando com
muita dificuldade. Nesse dia sua filha Mara não veio para levá-lo à igreja e ele
foi a pé, bem devagar. A mensagem (o discurso na igreja) veio através de um
teologando (estudante de último ano de teologia) que estava visitando a nossa
cidade, o qual pregou sobre Sonhos.
Dia 28 de julho o pastor Malton Braff deu uma entrevista no
programa de Igreja Adventista, “Entre Amigos”, que era levado ao ar pelo
canal 5 do Sistema Brsileiro de Televisão (SBT).
Dia 17 de agosto, com a participação de toda a igreja, foi realizada a
Santa Ceia pelo pastor Rodrigo.
No dia 25 de outubro de 1997 realizou-se na Igreja Adventista de
Primavera o culto de organização da igreja; o pastor Braff apresentou o
histórico e houve a chamada dos membros presentes. Antes se deu a
dedicação do templo com uma oração do pastor Manoel Braff. Após o
sermão do pastor Ferraz, às 14 horas, foi celebrado o culto de ordenação,
onde foram ordenados 2 anciões: João Leozil Ribeiro de Almeida e Paulo da
Silva, sendo ordenado também o diácono Joaquim. O pastor Manoel Braff fez
a consagração dos três.
No dia 31 de outubro de 1997, iniciou-se em Primavera do Leste - MT
o Congresso da Igreja Adventista denominado ENCONTRO DE
PRIMAVERA, com lindos cânticos e a pregação foi apresentada pelo pai do
pastor Rodrigo, João Franco de Andrade, de São Paulo, com a apresentação
do Grupo Reluz Jr. de Rondonópolis - MT. No domingo, continuando a
programação do Congresso, o pastor João Franco ilustrou a Escola Sabatina,
com fatos de sua experiência; logo após efetuou-se o sermão proferido pelo
Presidente da Missão Mato-Grossense, pastor Marsola. À tarde, deu-se uma
carreata convidando o povo para assistir o grupo Prisma Brasil, o qual fez
muito sucesso, o sermão ficou a cargo do pastor João. Ele, ao concluir
convidou aqueles que queriam aceitar Jesus, fossem à frente. Muitas pessoas
aceitaram o convite.
No dia 22 de novembro, realizou-se o batismo de 3 meninas, quando
o pastor Braff fez o voto batismal; à tarde reuniu-se a comissão da igreja para
preencher os cargos ainda vagos.
No dia 30 de novembro de 1997 teve inicio a Semana de Oração com
fitas de vídeos do pastor Alexandro Bullon.
ROTINEIROS E TRANSITÓRIOS
Dia 21 de fevereiro, mudanças na política de Primavera do Leste:
Esvazia-se o PDT para acompanhar o governador do Estado; surge a
oportunidade para o Braff abandonar a política, e assim o fez, neutralizandose.
199
No dia 13 de agosto de 1997, o Braff e o irmão João Leozil Ribeiro de
Almeida começaram a digitar esta biografia.
Dia 29 de agosto, o pastor Manoel instala uma rede de energia elétrica
para o seu computador e sua máquina de escrever, para começar a digitar o
seu diário nos pontos mais salientes.
No dia 1º de setembro de 1997 aconteceu algo inusitado com o pastor
Manoel: leu a Bíblia sem óculos, mas por pouco tempo.
No dia 5 de setembro de 1997 o pastor Braff fez a entrega para a
Escola Adventista de sua coleção de Revista Adventista e alguns livros e
aproveitou a oportunidade para ver a exposição cultural dos alunos da Escola,
a qual foi muito bem organizada. Ao voltar para casa selecionou as fotos que
poderão ser usadas em sua biografia.
No dia 12 de novembro de 1997 o pastor Braff empreitou ao irmão
Crislei a conclusão de uma meia água e um quarto independente. No dia 13
fez as compras do material para o trabalho do pedreiro.
alugar.
No dia 26 de novembro ainda continuava a reforma da meia água para
No dia 9 de dezembro de 1997, a filha de Mara, Aline, neta do Pastor
formou-se no Pré.
SEGUNDO CASAMENTO
Às 5 horas da manhã do dia 10 de dezembro de 1997 o telefone
chamou o pastor Braff, era Rute filha de Almira, insistindo para que o Pastor
fosse a Porto Alegre para acertar os preparativos de seu casamento. No dia 13,
o Pastor falou com a Almira por telefone, e esta prometeu que só viria no
início de janeiro de 1998.
Dia 16 de dezembro, o pastor Braff resolveu ir a Porto Alegre a fim
de ver in loco porque Almira não cumpriu a promessa, ou seja, vir a
Primavera do Leste. No dia 17 o Pastor comprou passagem para Porto
Alegre, e partiu no dia 24 às 4:45 horas da tarde. Na sexta feira, dia 26 de
dezembro, ao chegar a Porto Alegre a 1 hora da madrugada, Mirtie, Almira e
Lucas o estavam aguardando, conversaram até findar a noite.
No sábado o Braff, levantou cedo preparou a lição e o sermão, mas
foram tarde para a igreja. Lá chegando perceberam que a Escola Sabatina já
tinha terminado e seu genro Horaldo fez o sermão na igreja de Monte Belo.
Dia 29 de dezembro, almoçaram na casa de João, filho da Almira.
Logo após o filho de João conduziu o Pastor a encaminhar os papeis para o
casamento, para se realizar o mais breve possível.
No dia 1º janeiro de 1998, à tarde o Pastor foi à casa da Mirtie para
encaminhar os papéis do casamento e no dia 2 levou os documentos ao
200
Biografia do Pastor Braff
cartório e pagou R$ 40,00. Foram testemunhas do encaminhamento dos
papéis, Horaldo e Mirtie.
No sábado, dia 3 de janeiro de 1998 os noivos viajaram para Tapes
para assistir o culto e almoçaram com Joaninha, irmã da Almira e Almerinda,
mãe da Almira. Ao voltar, o Pastor foi à casa de Mirtie. À tarde deu-se a
comemoração do aniversário de Fabiano, casado com a bisneta do pastor
Braff, sendo que o casal já tem duas crianças que são os tataranetos do pastor
Manoel.
No dia 10 de janeiro o Pastor foi com Horaldo e a Mirtie à igreja da
vila São Jerônimo, na cidade de Gravataí, onde o Pastor doou o terreno para a
construção da igreja.
No dia 15 de janeiro o pastor Manoel Braff foi comprar um terno,
uma gravata e uma cinta para o seu casamento.
No dia 17 de janeiro de 1998, sábado o Pastor foi à igreja da Vila
Elisa, onde um ex-padre, de nome Manoel Machado, relatou as suas
peripécias, de quando foi maltratado em diversos países: Portugal, Espanha,
Argentina, Brasil, Itália, Moçambique e até no Japão e muitos outros lugares.
No dia 20 de janeiro de 1998 o pastor Braff leu os livros, da Bíblia:
Esdras, Neemias e Ester, onde os prodígios de Deus são infinitos para a raça
humana, quando tudo parece perdido o dedo de Deus entra em ação.
O Braff confirma o seu casamento civil para o dia 23 e religioso para o
dia 25. Seus parentes prometeram publicar o evento em jornais, rádio e TV de
Porto Alegre. No dia 21 de janeiro o Pastor foi buscar o seu terno para o
casamento e trouxe para a casa de sua noiva, a qual o estava esperando,
Ficaram até tarde namorando e assistindo televisão. Dia 22, começam a chegar
para o casamento os seus parentes: Maísa com seus filhos, Denise, Marisa e a
noite Dr. Milton e sua esposa Niura e mais o namorado de sua filha Denise
que o estava aguardando.
No dia do casamento no civil, às 4:40 da manhã, chegaram Marlí,
Merlinton e Nélsia. Às 10 horas foi realizado o casamento civil no cartório de
Gravataí – RS. Foram testemunhas: os casais Milton, Merlinton, Horaldo e
suas esposas, Niura, Nélsia e Mirtie; e os não casais, Marli, Marisa e Maísa.
Após ouve um almoço de comemoração a este evento inusitado, na casa de
Horaldo e à tarde o mesmo Horaldo levou o casal a Rolante, onde o Braff
ficou hospedado com o cunhado Delmar e irmã Elvira na casa de sua filha
Rute.
No domingo, dia 24 foram à igreja e o Pastor passou a lição da Escola
Sabatina e fez o sermão. Almoçaram na casa da Rute.
Amanheceu o dia D, 25 de janeiro de 1998, dia do casamento do
Pastor Manoel e Almira, os quais foram bem cedo para Rolante a se
ornamentarem para o casamento. Às 10 horas realizou-se o casamento de
201
Manoel João Braff e Almira Aguiar de Souza; o casamento foi oficializado
pelos pastores Valter Aniceto e Milton Souza, diretor do IACS, Instituto
Adventista Cruzeiro do Sul.
Foram testemunhas da parte da noiva: Ruth de S. Mendes e seu
esposo Paulo Mendes Delfin, João F. de Souza e esposa, Paulo Cezar A. de
Souza e esposa, Jairo Elias A. de Souza e esposa, Noé D. Martins e esposa,
Marlene A. de Souza e Maria A. de Souza Proiss.
Pela parte do pastor Braff as testemunhas foram: Milton Braff;
Merlinton Braff; Mirtie Braff; Marli Braff; Maísa Braff; Mariza, sua neta;
Zildomar, seu neto e esposa; Cínara, sua neta; Afonso seu irmão; Elvira sua
irmã e Delmar seu cunhado e Almerinda sua irmã. A igreja estava repleta de
convidados. Após os cumprimentos de praxe seguiram de carro para o hotel
do Vale Verde em Taquara, onde foi realizado o almoço, no qual
compareceram mais de 250 pessoas. Dormiram no hotel, venturosos por se
encontrarem, no final de suas vidas.
Ao amanhecer do dia 26, os recém casados, felizes, depois do
desjejum tomaram um táxi e foram a Rolante para lá almoçar. À tarde eles
seguiram para Gravataí à casa de Horaldo, onde ficaram aguardando o ônibus
que os levaria a Primavera do Leste - MT. No dia seguinte às 8 horas o Pastor
e sua esposa pegaram o ônibus para o Mato Grosso, sendo que o seu filho Dr.
Milton levou a bagagem em condução própria. Viajaram dois dias e chegaram
à Primavera do Leste - MT.
Dia 31 de janeiro de 1998, sábado, às 9 horas o 'novo casal' foi à
igreja, onde o irmão Severino passou a lição da Escola Sabatina e o sermão foi
apresentado por um professor da Escola Adventista, sobre Conduta
Adventista. Após almoçarem com o Dr. Milton, retornaram ao seu lar para
descansarem da longa viagem que tinham feito.
202
Biografia do Pastor Braff
A PROLE
Do consórcio matrimonial: Mercídia de Oliveira Braff e Manoel João
Braff nasceu uma prole distinta e equilibrada – quatro homens e quatro
mulheres. Os dois primeiros foram homens, a terceira foi uma mulher, o
quarto do sexo masculino, a quinta de sexo feminino, o sexto foi um varão e
as duas últimas foram mulheres.
Além dos oito filhos legítimos que o casal teve, a família Braff criou
mais cinco filhos alheios: um homem seu neto e quatro mulheres, sendo duas
filhas adotivas e duas netas. Da criação dos filhos alheios o mais velho:
Malton Heckler Braff é filho de Menalton João Braff e Maria Lorena Heckler,
quase se separaram por perseguições políticas movidas contra ele em 1965, ele
fugiu e deixou a família abandonada, sem recursos. Menalton ficou 7 anos
desaparecido, quando os familiares ficaram sem saber se era vivo ou morto.
O casal Manoel e Mercídia criou mais duas filhas de Menalton: Mirna
e Marisa Heckler Braff. O avô Braff tomou os três netos e a nora e os
recolheu em sua casa em Criciúma, Santa Catarina, porém Lorena, a mãe das
crianças não quis se manter na linha, sem escândalos. O sogro teve que
mandá-la de volta a Porto Alegre, de onde tinha vindo e ficou com os três
netos. O mais velho tinha cinco anos e as duas irmãs menores do que ele.
Malton casado com Sandra, atualmente trabalha na Casa Publicadora
Brasileira em Tatuí, S. Paulo. A Mirna é solteira e trabalha como secretária na
prefeitura de Primavera do Leste-MT, e a Marisa é casada com um advogado
em Porto Alegre-RS. As duas filhas adotivas foram Maísa Macedo e Mara
Claudete. Maísa casou-se com Ulisses Dysarzs e atualmente estão empregdos
na Prefeitura de Primavera do Leste-MT. Mara Claudete de Oliveira Braff é
solteira ainda, e mora com os seus pais (Manoel e Mercídia).
Onde estão e que fazem os seus filhos legítimos no momento em que
estas linhas foram redigidas:
Milton é médico, fazendeiro e comerciante, trabalha em Primavera do
Leste-MT, Casado com Niura Maria Galvan Braff, gerente da loja Denise.
Merlinton casado com Nélsia Cardoso Braff, ele funcionário público
da Receita Estadual e ela escrivã do Cartório Eleitoral de Dourados-MS,
Mirtie, casada com Horaldo da Silva Boeira, marceneiro e chaveiro em
Porto Alegre-RS, ela doméstica.
Menalton casou-se pela segunda vez com Roseli Braff, ambos
professores em Serrana-SP.
Malda Marli, solteira, professora de história aposentada e mora em
Imbituba-SC.
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Malton João Braff, casado com Dirce Martins Braff, ele ex-cantor da
Voz da Profecia e ex-missionário da África, ex-presidente da federação Suíça
Romande, Suíça, atualmente ele é pastor da Igreja Central de Genebra, Suíça.
Maltimarí, sepultada em Rio dos Sinos-RS.
Milda Mailand casada com Jorge Roura, abandonada pelo marido, tem
uma academia de ginástica e mora em Florianópolis-SC. Milda foi internada
no colégio Cruzeiro do Sul de Taquara-RS, mas não quis ficar no internato.
Voltou para casa e hoje dirige uma academia própria de ginástica.
Esta é a relação da família Braff, com todos os prazeres e dissabores
que atravessaram seus pais no decorrer de toda sua história até o momento da
redação desta biografia.
Milton João Braff
Merlinton João Braff
Mirtie Marisa Braff
Menalton João Braff
Malda Marli Braff
Malton João Braff
Malti Mary Braff
Milda Mailand Braff
Maísa Gomes Macedo
Mara Claudete de Oliveira Braff
Além dos relacionados acima, o casal criou os netos Malton Heckler
Braff, Mirna Heckler Braff e Marisa Heckler Braff, filhos de Menalton João
Braff
No Paraná o pastor Braff realizou batismos, e deu Santa Ceia a
milhares de irmãos de sul a norte, por cerca de 2 terços do estado, na região
Centro-Oeste, também de sul a norte da Unidade da federação Brasileira.
Batizou ao todo, calcula ele, mais de mil pessoas em seis estados do território
Nacional: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul,
Goiás e por fim Mato Grosso; e fez perto de uma centena de casamentos.
Enquanto o Pastor esteve empregado na linha de frente, ou seja, no
ministério assalariado, pouco tempo dispunha para o trabalho pessoal. Estava
sempre envolvido com os problemas dos membros nas muitas igrejas e
congregações, e fazer as promoções emanadas do centro empregador, o que
certamente era muito natural. O ministro é empregado para ir onde for
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Biografia do Pastor Braff
mandado, e fazer a obra que lhe for designada, correto. Mas, o trabalho
pessoal, de sua iniciativa se atrofia, e suas obrigações familiares ficam
deficientes. O Braff depois de aposentado teve mais tempo.
Esta é a Biografia do pastor Manoel João Braff, que nasceu no dia 09
de abril de 1910, no Município de Santo Antônio da Patrulha - RS; filho de
Paulo João Calvo e Guilhermina Carlota Braff.
Manoel João Braff faleceu em 26 de agosto de 1998.
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