Base de Fé em lições

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Base de Fé em lições
IGREJA DE CRISTO NO BRASIL
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BASE DE FÉ
SUMÁRIO
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
Apresentação, 2
Expressão de fé da ICB, 5
Lição 1 – A Relevância do Estudo de Fé e Doutrina da Igreja de Cristo no Brasil, 7
Lição 2 – Cremos na suficiente inspiração divina, veracidade e integridade da Bíblia, tal como foi
revelada originalmente, e sua suprema autoridade em matéria de fé e conduta prática, 11
Lição 3 - Cremos na existência de um só Deus triúno, Pai, Filho e Espírito Santo; um em essência e
triúno em Pessoa, 17
Lição 4 - Cremos na pecaminosidade universal e a culpabilidade de todos os homens, desde a queda
de adão, início da ira de Deus, e a condenação de todos os homens, 23
Lição 5 - Cremos na Doutrina da justificação pela fé, salvação eterna do crente genuíno, sem o
concurso do mérito próprio. A justificação do pecador é somente pela graça de Deus, na suficiência
do sangue remidor de Jesus Cristo, com eterna segurança, 28
Lição 6 - Cremos na redenção da culpa, pena, domínio e presença do pecado, somente por meio da
morte expiatória do Senhor Jesus Cristo, no sangue do Unigênito Filho encarnado de Deus, nosso
representante e substituto, 33
Lição 7 - Cremos na ressurreição corporal do Senhor Jesus Cristo e a sua gloriosa ascensão à direita de
Deus Pai; e na intercessão de Jesus Cristo, como único Mediador e Salvador entre Deus e os homens,
39
Lição 8 - Cremos na missão soberana e pessoal do Espírito Santo, no arrependimento, na regeneração
e na santificação dos genuínos cristãos, 48
Lição 9 - Cremos em uma única Igreja de Cristo, invisível, santa e universal, que é o corpo de Cristo, à
qual pertencem todos os genuínos cristãos, que serão ressuscitados, transformados, transladados e
arrebatados, na vinda de Jesus, como Igreja triunfante e que, na terra, se manifesta nas igrejas locais,
como igrejas militantes, 53
Lição 10 - Cremos na vigência e exercício dos dons ministeriais de Cristo, do dom e dons do Espírito
Santo, tal qual se encontram na Palavra de Deus, 60
Lição 11 - Cremos no Governo teocrático-congregacional, o governo que emana de Deus, sendo Cristo
a cabeça soberana de sua Igreja que é o seu Corpo, e de todo principado e potestade, porque é tudo
em todos, para que em tudo tenha a preeminência, 69
Lição 12 - Cremos na soberania de Deus na criação, revelação, redenção, governos, e nos três grandes
julgamentos: 1) dos crentes no tribunal de Cristo, após o arrebatamento, para receberem os
galardões; 2) das nações vivas, na sua vinda (parousia); 3) dos incrédulos e condenados, no juízo
final, após o milênio, 76
Lição 13 - Cremos na “segunda vinda do Senhor Jesus Cristo, em corpo glorificado, juntamente com os
cristãos ressuscitados, após o arrebatamento de sua Igreja Triunfante, e a implantação do seu reino
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milenial naquela manifestação”; e na “ressurreição dos mortos, na vida eterna dos salvos e na
condenação eterna dos injustos que não aceitaram Cristo Jesus como Salvador, 81
APRESENTAÇÃO
A Igreja de Cristo no Brasil (ICB) aprovou quatorze itens que compõem as Bases de Fé e Doutrina
Bíblica no Concílio Nacional, até então, hoje Conselho Nacional, realizado em 1978 em Mossoró – RN;
tendo como presidente o pastor João Vicente de Queiroz e Secretário o pastor Gidel Dantas Queiroz.
O irmão Adalto Pinho Faria (SP) em 1997 elaborou toda a base de fé e doutrina bíblia da Igreja de
Cristo no Brasil em um compêndio. Todo este conteúdo foi revisado pelo pastor Djalma Pereira (um dos
grandes organizadores da Igreja de Cristo no Estado de São Paulo), também pelo presbítero Davis de
Queiroz Pereira (SP) que depois foi resumido em 13 lições direcionadas para Escola Bíblica Dominical aqui
são apresentadas.
HISTÓRIA DA ORGANIZAÇÃO DA IGREJA DE CRISTO NO BRASIL
A IGREJA DE CRISTO NO BRASIL teve início no Nordeste, na cidade de Mossoró - RN. Sua
organização ocorreu em 13 de dezembro 1932 por membros oriundos da Assembleia de Deus naquela
mesma localidade, os quais, voluntariamente, entregaram suas credenciais de Ministros àquela Igreja
irmã, motivados por divergências doutrinárias fundamentais.
Seus líderes, por ocasião da organização, foram os seguintes:



Pastores: Manoel Higino de Souza, João Vicente de Queiroz, Gumercindo Medeiros e Eustáquio
Lopes da Silva
Presbíteros: Cândido Barreto e Tomaz Benvindo
Evangelistas: João Morais, Domingos Barreto e Francisco Alves
DOUTRINAS QUE MOTIVARAM A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA DE CRISTO NO BRASIL
Salvação Eterna do Crente Genuíno:
Os pioneiros compreenderam, pela meditação, oração e estudo da Palavra de Deus, que a
salvação eterna do crente genuíno é concedida pela Graça de DEUS, sem levar em conta méritos
pessoais. Ef.2:8-10; Rm.5:1-2; 8:1-2, 31-39.
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Em entrevista do Pr João Vicente de Queiroz, concedida ao Pr David Marroque Teixeira, editada no
Boletim Informativo da Região Oeste - RN., nº 09 de fevereiro de 1985, ele afirmou que houve uma
divergência doutrinária entre dois Missionários da Assembleia de Deus no Nordeste: Samuel Nysrtron e
Gunnar Vingren, com respeito a salvação de graça por meio da fé, sem o concurso dos méritos próprios,
e a segurança eterna do crente genuíno; mencionando em seu testemunho: "...vindo, posteriormente, a
se separarem, indo Gunnar Vingren morar em Petrópolis - RJ., e lá fundou o jornal Som Alegre e um
hinário com o nome de Saltério. A partir daí, então, passou a existir dois jornais e dois hinários, sendo: no
Rio de Janeiro, o jornal Som Alegre e o hinário Saltério; no Nordeste, o jornal Boa Semente e o hinário a
Harpa Cristã.”
Dando continuidade a sua entrevista, o Pr.João Vicente de Queiroz afirmou: ..."Nós aqui no
Nordeste cantávamos no Saltério e na Harpa Cristã e líamos o jornal Boa Semente e Som Alegre, sem
nada percebermos, pois para nós não havia nenhuma divergência, devido o assunto ainda estar
encoberto".
Na convenção das Assembleia de Deus, realizada em Natal-RN no início da década de 30, foi
dado o primeiro passo histórico que evidenciou a divergência doutrinária já existente. Nas palavras do Pr
João Queiroz: "...tentando acabar essa questão...", até então não claramente percebida pelos demais
irmãos.
No entanto, após esta convenção desapareceram os jornais Boa Semente, Som Alegre e o
hinário Saltério, continuando a ser usado a Harpa Cristã e o jornal Mensageiro de Paz, que,
posteriormente, passou a ser chamado de Mensageiro da Paz, permanecendo com esta denominação
até hoje.
Aconteceu que, em certa ocasião, saíram no referido jornal (“Mensageiro de Paz” – 1ª Edição)
duas publicações absolutamente contraditórias: “A primeira (continua o Pr João Queiroz) bastante
inspirada do irmão JOSÉ BEZERRA DE MENEZES que defendia com base na Bíblia, a doutrina da
justificação pela fé e a salvação eterna do crente genuíno, citando Ef.2:8-9, que diz: "de graça sois
salvos mediante a fé, isto não vem de vós, é dom de Deus, não vem das obras para que ninguém se
glorie". A segunda, de autoria do missionário Nils Kastberg, que em contradição disse: "Que os irmãos
trouxessem os dízimos ao tesouro da Igreja, porque é um dever de cada crente, e tomassem cuidado,
porque muitos crentes já estavam no inferno, por não pagarem os dízimos do Senhor". Sendo assim,
segundo Nils Kastberg, a salvação estaria condicionada até mesmo ao dízimo !!
Este fato, conforme testifica o Pr.João Queiroz, ocasionou um grande impacto entre os irmãos
pioneiros que já possuíam a convicção na doutrina da salvação eterna do crente genuíno, pela graça,
mediante a fé justificadora, em Jesus Cristo (Rm. 3:21-28; 5:1-2; Gl.2:16).
Foi, então, que aquele grupo de irmãos passou a se reunir com frequência, para se dedicar à
oração e ao estudo da Palavra, buscando conhecer a Vontade de Deus sobre o ocorrido. Desta forma,
DEUS mostrou-lhes, através de sua Palavra, que uma vez salvo, salvo para sempre, e quem é filho de
Deus é para sempre filho e morre como filho de Deus. (Jo.1:11-13; 10:27-29; Rm.8:1-2; 31-39).
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Em outro episódio semelhante, ocorreu a mesma contradição doutrinária, evidenciada na
própria Harpa Cristã, em sua 4ª edição de janeiro de 1932, entre
os hinos 138 e 418, a saber:
Hino 138 - Autor: José Felinto - Neste hino está claro a salvação eterna do crente genuíno em
Jesus Cristo, vejamos:
1ª Estrofe
"Do céu à terra veio Jesus,
Em meu lugar morrer na cruz;
Tudo sofreu para me salvar;
Junto a Ele quero estar.
Coro
Não é condenado quem nele crer
A morte eterna não irá sofrer;
Já livre pode cantar o louvor;
A Jesus, seu Salvador;
Hino 418 - Autor: John Sorheim - Neste hino, na última estrofe, fica admitida a possibilidade de se
perder a salvação, contrariando a mensagem expressa no hino anterior, acerca da segurança eterna.
vejamos:
" Oh! Aleluia! Já está perto;
O dia da restauração.
Alerta, Alerta, irmãos queridos,
P'ra não perderdes a salvação
Jesus nas nuvens voltará
E para Si nos levará".
"Isto causou um grande choque entre os irmãos que pediram uma explicação..." (Pr.João Queiroz).
Por causa destes acontecimentos, um grupo de irmãos liderados pelos obreiros e membros
pioneiros da IGREJA DE CRISTO NO BRASIL decidiu encaminhar uma carta ao missionário Nils Kastberg,
pedindo-lhe para marcar uma convenção, em local de sua preferência, a fim de que, de acordo com as
palavras do saudoso Pr.João Queiroz, “estudassem esses pontos doutrinários, para que nenhum crente
nosso viesse a errar quanto a essa doutrina.”
Elegeram à frente do movimento o Pr.Manoel Higino de Souza. Ele era líder reconhecido pela
própria Assembléia de Deus, que em sua 1ª Convenção Nacional, realizada em Natal-RN, de 05 a 10 de
setembro de 1930, o elegera para o cargo de Secretário da Mesa Diretora — conforme publicação
recente no Órgão de divulgação da Assembléia de Deus “Bom Semeador”, Ano XIX - nº 01 Fev./Abril –
1997, Natal-RN).
Enviaram, então, a carta solicitando a realização da referida convenção, mas a resposta, que
demorou cerca de 6 meses a chegar, foi negativa. Todos os irmãos que aguardavam aquela resposta e
comungavam de uma mesma convicção doutrinária, permaneceram estudando o assunto nas Escrituras
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Sagradas, com jejuns e orações, desde o dia 20 de maio até 13 de dezembro de 1932, aguardando uma
resposta no Senhor.
Nesta última data, chegou a resposta da carta negando a realização da pleiteada convenção.
Contrariando a expectativa de todos, o missionário Nils Kastberg disse, conforme testemunho ocular do
Pr.João Queiroz: "...estar de acordo com os ensinos da salvação condicional, e quem estivesse aborrecido
que saíssem para onde quisesse..." .
Diante desse impasse e por não ter outra alternativa, todos os líderes acima mencionados,
devolveram voluntariamente suas credenciais de Obreiros — de Pastores, Presbíteros e Evangelistas,
respectivamente — à liderança da Assembléia de Deus.
Assim sendo, no dia 13 de dezembro de 1932, tomaram a decisão histórica de definitivamente
organizarem o trabalho da Igreja de Cristo, na cidade de Mossoró-RN. Conforme citação do Pr. João
Queiroz, "...um dos irmãos (pioneiros), mesmo na ausência de todos, para juntar e combinar, ele colocou
o nome na casa de oração de Assembleia de Cristo". Porém, com base mais precisa na doutrina pura do
Evangelho, orando e estudando os textos bíblicos de Mt.16:17,18; Mc 17:11; At.4:11; Sl 122:1; Rm.9:33;
16:16; 1Cor.3:11, compreenderam que o único nome a ser colocado nos templos era: “Casa de Oração”,
seguido, da expressão “Igreja de Cristo”, indicando assim, como fundador da igreja, nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo. Em seu testemunho, declarou o Pr João Queiroz: “...pois quando fizemos o
primeiro templo (cerca de 2 anos após — grifo nosso), que foi inaugurado no dia 24 de janeiro de 1934,
foi colocado na frente do prédio a inscrição de "Casa de Oração da Igreja de Cristo...”.
Deste modo, para não confundir a Igreja de Cristo, que é o Seu corpo e templo do Espírito Santo,
com o prédio e a organização institucional (conforme Mc.11:17a; Is.56:7; At.17:24b), por revelação da
Palavra de Deus, decidiram transcrever, à frente dos prédios nos locais onde se reúnem os irmãos de
cada Igreja local, a expressão: “CASA DE ORAÇÃO DA IGREJA DE CRISTO”, em obediência ao que está
expresso na Palavra de Deus, como ensinou Jesus: "E os ensinava dizendo: Não esta escrito? A minha
Casa será chamada por todas as nações CASA DE ORAÇÀO?".
Fica evidente que os irmãos pioneiros obtiveram de DEUS uma revelação, estudando a Palavra,
pois como disse Jesus: "Não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas MEU PAI que está no céu"
(Mt.16:16-18).
IGREJA DE CRISTO NO BRASIL
EXPRESSÃO DE FÉ
01-Doutrina da justificação pela fé, salvação eterna do crente, sem concurso do mérito próprio. A
justificação do pecador é somente pela graça de Deus, na suficiência do sangue remidor de Jesus
Cristo, com eterna segurança. Jo 10:27-29; Rm 8:1-2, v.31-39 e Ef 2:1-9.
02-Governo Congregacional-Teocrático, o governo que emana de Deus, sendo Cristo a cabeça soberana
da Sua Igreja que é o Seu Corpo, e de todo principado e potestade, porque é tudo em todos, para
que tudo tenha a preeminência. Cl 1:16-20; Ef 2:20-22; Ef 4:11-16, 5:23-24; I Co 3:11, 12:12-31 e I
Pe 2:6.
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03-A existência de um só Deus Trino, Pai, Filho e Espírito Santo, Um em essência e Triuno em Pessoa.
Mt 28:19; Jo 14:8-11, v.16-17, 16:13-15 e I Jo 5:5-8.
04-A suficiência inspiração divina, veracidade e integridade da Bíblia, tal como foi originalmente, com sua
suprema autoridade em matéria de fé e conduta prática. Mt 24:35 e Hb 4:12.
05-Pecaminosidade universal e a culpabilidade de todos homens, desde a queda de Adão, inicio da ira de
Deus e a condenação de todos os homens. Gn 2:16-17, 3:1-24; Rm 3:9-23, 5:12-21, 6:23 e Hb
9:27.
06-A redenção da culpa, pena, domínio e presença do pecado, somente por meio da morte expiatória do
Senhor Jesus Cristo, no sangue do Unigênito Filho encarnado de Deus, nosso representante e
substituto. Rm 3:24, 4:25, 5:6-10; I Co 1:30 e 15:50-57.
07-A ressurreição corporal do Senhor Jesus Cristo e Sua gloriosa ascensão à direita de Deus Pai. Jo
20:1-29; At 1:9-11 e Rm 4:25.
08-A missão soberana e pessoal do Espírito Santo, no arrependimento, na regeneração e na santificação
dos genuínos cristãos. Jo 3:3-7, 16:7-11; II Co 5:17; Ef 1:13-14 e Tt 3:5.
09-A intercessão de Jesus Cristo, como único mediador e Salvador entre Deus e os homens. Jo 14:6-13;
I Tm 2:5 e At 4:11-12.
10-Uma única Igreja de Cristo, invisível, santa e universal, que é o Corpo de Cristo, à qual pertencem
todos os cristãos, que serão ressuscitados, transformados, trasladados e arrebatados, na vinda de
Jesus, com IGREJA TRIUNFANTE, e que na terra se manifesta nas Igrejas locais, como IGREJAS
MILITANTES. Mt 16:18; I Co 12:12-13; Ef 4:1-16; Cl 4:15; Rm 16:4-5,16; Ap 2:1,8,12,18 e 3:1,7,14.
11-A soberania de Deus na criação, revelação, redenção, governos e nos grandes julgamentos:
a) Dos crentes no Tribunal de Cristo, para receber os galardões, após o arrebatamento. I Co 3:1115; II Co 5:10; Rm 14:10 e Ap 22:12.
b) Das nações vivas na Sua vinda gloriosa. Mt 25:31-46 e Ap 1:7.
c) Dos incrédulos e condenados no juízo final após o Milênio. Ap 20:11-15, 21:8; Mt 16:16b e Hb
9:27.
12-A certeza da segunda vinda do Senhor Jesus Cristo em corpo glorificado, juntamente com os cristãos
ressuscitados, após o arrebatamento de SUA IGREJA TRIUNFANTE, e a consumação do Seu reino
milenar após a grande tribulação. Ap 20:1-6; Mt 24,25; Mc 13; Lc 21:5-36; I Ts 4:13-18 e 5:1-11.
13-A ressurreição dos mortos, a vida eterna dos salvos e a condenação eterna dos injustos que não
aceitaram Cristo Jesus como Salvador. Dn 12:2; Jo 5:28-29; At 17:31, 24:15; Hb 9:27-28 e Ap
20:11-15.
14-Vigência no exercício dos Dons Ministeriais, do Dom e Dons do Espírito Santo, tal qual se encontram
na Palavra de Deus. Mc 16:17-20; At 2:1-13, v.38-39, 10:44-47; Rm 12:3-8; I Co 13, 14 e Ef 4:11.
Desde seu início a IGREJA DE CRISTO tem estado à disposição do SENHOR da Igreja, trabalhando
ininterruptamente na propagação do Evangelho de JESUS CRISTO, levando assim milhares de almas ao
arrependimento e a fé no FILHO DE DEUS.
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A IGREJA DE CRISTO NO BRASIL é uma obra genuinamente brasileira. Nossos vínculos eclesiásticos
fora e dentro do Brasil, são apenas de ordem espiritual com todas as demais Igrejas reconhecidamente
evangélicas.
Ministérios Reconhecidos e Adotados Pela Igreja de Cristo no Brasil:
PASTOR - Pastoreia uma ou mais Igrejas locais;
PRESBÍTERO - Administra os negócios da Igreja local e se dedica ao ensino da Palavra de Deus.
EVANGELISTA -Trabalha na evangelização local e extra local da Igreja.
DIÁCONO - Cuida, principalmente, da ação social da Igreja e participa da ministração da Ceia do
Senhor.
MISSIONÁRIO - No campo missionário trabalha na implantação de novas Igrejas.
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LIÇÃO 1
A Relevância do Estudo das Bases de Fé e Doutrina da Igreja de Cristo no Brasil
Texto Áureo: “Se alguém ensina outra doutrina, e não concorda com a sã doutrina de nosso Senhor
Jesus Cristo e com o ensino que é segundo a piedade, é orgulhoso e nada entende” (I Tm.6:3, 4a).
Meditando Diariamente na Palavra:
Segunda-feira - Dt.6:1-9; Mt.28:16-20
Terça-feira - Rm.16:17-20
Quarta-feira - Cl.2:4-8
Quinta-feira - I Tm.4:1-16
Sexta-feira - 2 Tm.4:1-5
Sábado - Tt.2:1,7,8
I – INTRODUÇÃO:
Iniciaremos, neste trimestre, o importante estudo das bases de fé e doutrina da Igreja de Cristo no Brasil.
Isso se torna especialmente relevante, quando se sabe que vivemos em uma época, na qual o mundo tem
rejeitado a noção de verdade absoluta, preferindo acreditar no “relativismo”, ou em diversas “verdades”
condicionadas à sua própria subjetividade, ao pragmatismo e à conveniência do homem moderno.
Assim sendo, têm surgido várias formulações doutrinárias equivocadas, contrárias às Sagradas Escrituras.
Cremos que se ficarmos alheios e indiferentes a estes conceitos anti-bíblicos, correremos o risco de
assistirmos o surgimento de uma nova geração, que estará completamente descompromissada com a
verdade e, por conseguinte, será facilmente conduzida ao engano.
Faz-se necessário, portanto, reafirmarmos, com toda a clareza possível, a sã doutrina que temos recebido,
crido, confessado e ensinado, conforme está baseada nas Sagradas Escrituras, para que a Igreja de Cristo,
na sua inteireza, não venha a ficar à mercê de todo o “vento de doutrina” que Surja (Ef.4:14,15).
II – ORIGEM NAS ESCRITURAS DAS BASES DE FÉ E DOUTRINA DA IGREJA:
A confissão é um elemento essencial da fé. Philip Melanchton, um dos mais destacados líderes da
“Reforma Protestante”, foi quem disse: “Nenhuma fé é firme se não é mostrada em confissão. Uma fé
sem dogma, sem confissão, está continuamente em perigo de não saber no que realmente crê e,
portanto, em perigo de se tornar uma mera religiosidade...”.
Nas páginas do Novo Testamento encontra-se o início das formulações escritas das confissões
doutrinárias, como expressão formal daquilo que já estava presente nos corações dos apóstolos e
discípulos do Senhor Jesus. Exemplos:
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1. O Senhor Jesus ensinou a necessidade da confissão de fé: Mt.10:32,33; 16:13-16. Todos nós somos
chamados a confessar quem Ele é, o que Ele representa para nós, à luz da Revelação de Deus.
2. Nos escritos dos apóstolos encontramos o mesmo princípio: Em Rm.10:9,10 o apóstolo Paulo enfatiza
a necessidade da confissão. Judas, nos versos 3 e 20, fala da fé que permanece inabalável diante das
ameaças heréticas dos falsos mestres, o que pressupõe a existência de um corpo de doutrinas cridas e
confessadas pelos cristãos naquela época. Vemos o mesmo princípio em ITm.1:3; 6:3. Paulo exorta a
Timóteo (e a Tito) para a guarda da “sã doutrina” (ITm.1:10; 4:6; 2Tm.4:3; Tt.2:1), que ele devia ensinar
(2Tm.4:2,3), e pela qual deveria zelar (ITm.4:16; 6:1). A pregação da “palavra fiel” deve ser “segundo a
doutrina” (Tt.1:9), e a doutrina deve ser “ornada” pela santa conduta cristã (Tt.2:10).
3. Formas sucintas de doutrinas funda-mentais no Novo Testamento: Textos como: Rm.1:3-5; 8:34;
ICo.8:6; ITm.3:16; 6:13,14; IPe.3:18-22, são alguns pontos essenciais da doutrina cristã expostos
suscintamente. Paulo afirma isso e utiliza outros sinônimos para “doutrina”, em passagens como: Gl.1:23;
Fp.1:27; Cl.2:7; 1Tm.1:19,20; Tt.1:13; usa a palavra “tradição”, significando a verdade que permanece
(ICo.11:2,23; 15:3; IITs.2:15); a expressão “padrão das sãs palavras” (2Tm.1:13); do “bom depósito”
(ITm.6:20; 2Tm.1:14). Escrevendo aos Hebreus, fala dos “princípios elementares da doutrina de Cristo”
(Hb.6:1-3), e expressa a sua preocupação com a entrada de “doutrinas várias e estranhas” nas igrejas
(Hb.13:9). O apóstolo João fala da importância de permanecerem na doutrina ensinada pelo Senhor Jesus
Cristo (2 Jo.8-11).
III – ORIGEM HISTÓRICA DAS BASES DE FÉ E DOUTRINA NA IGREJA:
1. Definição: Uma confissão ou regra de fé e doutrina é uma afirmação concisa daquilo em que se crê
como verdade absoluta, subordinada à Palavra de Deus. Uma confissão de fé procura apresentar seus
conceitos doutrinários de forma elaborada e sistematizada.
2. Importância e Origem Histórica: As confissões têm servido à Igreja de Cristo desde o seu início. Para a
Igreja dos primeiros séculos, os credos e confissões de fé foram absolutamente necessários para a defesa
da doutrina e da prática de uma vida cristã separada do mundo. Os credos e as confissões foram
resultado direto das controvérsias vigentes àquela época, possuindo, assim, raízes históricas. O primeiro
credo conhecido na história da Igreja foi o chamado “Credo dos Apóstolos” (séc.II d.C.) muito utilizado
pela Igreja antiga para o ensino aos novos convertidos e aspirantes ao batismo. Depois, no ano 325, cerca
de 300 bispos formularam o “Credo de Nicéia”, na Ásia Menor, que tratou das controvérsias cristológicas
relacionadas à doutrina da trindade, condenando as heresias de Ário. Um terceiro credo surgiu em 381
d.C., chamado de “Credo de Constantinopla”, elaborado por 150 bispos, reafirmando o que o concílio de
Nicéia havia dito, porém acentuando a plena divindade do Espírito Santo. O quarto credo foi o de
Calcedônia (451 d.C.), que tratou particularmente das duas naturezas existentes em Cristo Jesus: a divina
e a humana.
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A confissão de fé e doutrina deve ser a expressão exterior daquilo em que se crê interiormente, no
coração. Assim sendo, quanto mais rica for a expressão dessa fé e doutrina, sob a orientação do Espírito
Santo, tanto mais ficará demonstrada sua sólida posição no decorrer da história.
3. A Chamada Reforma Protestante e as Confissões de Fé: Somente bem mais tarde na história da Igreja,
a partir do séc.XVI, no período da reforma protestante  devido ao claro desvio da Igreja Católica
Romana dos fundamentos doutrinários da Palavra de Deus, enfatizando mais a tradição do que a bíblia 
é que surgiram, em meio às crises sociais e religiosas do final da Idade Média, as seguintes principais
confissões de fé e doutrina:

na Alemanha, Martinho Lutero afixou na porta da catedral da Igreja em Wittenberg, “As 95 Teses”,
de 1517, que foram mais uma denúncia contra a prática da venda de indulgências, como meio de
penitência e salvação dos mortos, do que propriamente uma confissão de fé. Mas, em 1529, publicou seu
“Catecismo Menor”, destacando os princípios fundamentais da chamada “Reforma Protestante”;

na Suíça, Ulrich Zuínglio, a partir de 1523, supervisionou a publicação de quatro documentos de
confissão doutrinária, dos quais o mais importante foi a “Confissão de Augsburgo”, de 1530, de tradição
da Igreja Luterana;

na Suíça, Heinrich Bullinger  com a posterior anuência de João Calvino  elaborou a “Confissão
Helvética”, de 1534 (oficialmente aceita em 1566), sendo considerada a primeira “de cunho calvinista”;

na Escócia, a “Confissão Escocesa”, de 1560, também calvinista; e

na Inglaterra, a “Confissão de Fé de Westminster”, de 1646, considerada a última das grandes
confissões e, certamente, a que veio apresentar as definições mais precisas da doutrina reformada.
4. Breve Histórico das Bases de Fé da Igreja de Cristo no Brasil:
Evidentemente, a Igreja de Cristo no Brasil, como Igreja Militante, surgiu muito tempo depois desses
acontecimentos. Ela foi organizada e reconhecida estatutária e juridicamente, na forma da lei, em 13 de
dezembro de 1932, em Mossoró-RN. Historicamente, é uma Igreja de origem pentecostal, vinda da
Assembleia de Deus, tendo como princípios fundamentais doutrinários a “justificação pela fé, salvação
eterna do crente genuíno, sem o concurso do mérito próprio e do governo Teocrático Congregacional” 
conforme consta do registro oficial dos Estatutos da Igreja de Cristo no Brasil, no Capítulo I, Art. 1 º,
parágrafo primeiro  juntamente com a menção feita no Capítulo VII, Art. 35, dos mesmos Estatutos,
das “...normas básicas, as quais serão observadas como princípio de fé e doutrina em que se apóia a Igreja
de Cristo, no Brasil, como Igreja Militante...”, que serão objeto do nosso estudo na EBD, ao longo das
próximas lições.
É bom que se saiba que os Estatutos da Igreja de Cristo no Brasil, em sua forma original, foram registrados
em Órgão Oficial no Estado do Rio Grande do Norte, em 6 de fevereiro de 1937, na cidade de Natal (RN).
Entretanto, verificou-se, posteriormente, a necessidade de serem melhor esclarecidos alguns pontos
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doutrinários fundamentais da Igreja, bem como serem feitas melhorias técnicas na exposição do texto, os
quais levaram a Igreja a realizar, ainda, duas reformas em seus Estatutos:
1.
A primeira, aprovada em “Assembléia Geral das Igrejas de Cristo” realizada na cidade de Natal
(RN), tendo sido publicada no Diário Oficial do Estado, em 31 de outubro de 1951. O pastor Eustáquio
Lopes da Silva presidiu aquela assembléia, sendo o pastor João Vicente de Queiroz o vice-presidente 
ambos pioneiros da Obra e que já se encontram na glória com o Senhor Jesus; e
2.
A Segunda, aprovada pelo “Concílio das Igrejas de Cristo”, reunido em Mossoró (RN), de 6 a 8
de janeiro de 1978, presidido pelo pastor João Vicente de Queiroz, tendo como 1 º Secretário o pastor
Gidel Dantas Queiroz, foi publicada no Diário Oficial do Estado, datado de 24 de julho de 1978, em
Fortaleza (CE).
Essa última reforma (mais extensa) teve o seu início no Concílio realizado em Natal (RN), de 9 a 11 de
janeiro de 1976. Por proposta de iniciativa do presbítero Gidel Dantas Queiroz (hoje pastor), aceita pelo
plenário, foi eleita uma comissão para tratar do assunto, composta, na ocasião, pelos pastores: José
Dantas Filho, José Jerônimo e Antônio Andrade; pelos presbíteros: Gidel Dantas Queiroz e Walfredo
Ferreira de Medeiros; e pelos evangelistas Djalma Pereira e Gineton Dantas Queiroz. Após 2 anos de
trabalhos, a comissão concluiu sua tarefa e a reforma dos Estatutos da Igreja de Cristo no Brasil foi
aprovada. Conforme relatou um dos membros daquela comissão, o agora pastor Djalma Pereira, “...as
Bases de Fé e Doutrina da Igreja de Cristo têm conceitos doutrinários peculiares, mas seguem de perto os
princípios fundamentais da Confissão de Fé de Westminster”, fazendo referência à assembléia que reuniu
121 ministros da Igreja na Inglaterra, em 1646, para tratar das doutrinas e teologia reformadas.
IV – A IMPORTÂNCIA DAS BASES DE FÉ PARA A IGREJA DE CRISTO:
A história eclesiástica recente, depois da Reforma, mostrou que as igrejas têm buscado estabelecer uma
“identidade” doutrinária e teológica, por algumas razões, tais como:
1. Devido à própria natureza da Igreja, que deve ser caracterizada por sua UNIDADE constituída por
Deus, conforme Ef.4:1-16, e não parecer ser uma “colcha de retalhos”, sem um claro posicionamento
doutrinário comprometido com a Palavra de Deus.
2. Tendo em vista o ataque dos falsos ensinos e doutrinas. Onde quer que a Igreja do Senhor Jesus Cristo
tem professado a sã doutrina, ela tem encontrado oposição. Quanto mais definida em sua doutrina, mais
oposição ela sofre. A Igreja do Senhor tem que possuir firmeza na verdade, não podendo permanecer
neutra em questões doutrinárias, espirituais, éticas e morais, mas combatendo e condenando todo ensino
e doutrina falsos, “destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de
Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo...” (2 Co.10:5).
3. Por causa da apostasia e do espírito da nova era. Vivemos na época do ecumenismo e sincretismo
religioso, que tenta construir um “ambiente teológico” pluralista e tolerante, no qual as pessoas não
contestam, nem reivindicam suas posições doutrinárias, mas, pelo contrário, fogem da verdade absoluta
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afirmada objetivamente. As Escrituras são tratadas e interpretadas por óticas diferentes, sendo chamadas
de “cosmovisões” diversas da bíblia, que ocasionam entendimentos bastante diferentes entre si e, não
raro, em frontal desacordo com a totalidade das Escrituras Sagradas. Não há, portanto, paradigmas
confiáveis e absolutos. O resultado lastimável disso é que as igrejas evangélicas no mundo têm se tornado
uma “babel” de doutrinas divergentes, que confundem as pessoas, dificultando o conhecimento de Deus,
pela vivência da sã doutrina.
V – DUAS CONSIDERAÇÕES FINAIS IMPORTANTES:
1. A relação entre as Bases de Fé e Doutrina da Igreja e a própria Palavra de Deus. Há pelo menos dois
modos de relacionamento entre ambas:
(a) Considerar que a primeira é tão (ou mais) importante que a Segunda  como defende a Igreja
Católica Romana que reivindica “infabilidade” às suas decisões conciliares e pronunciamentos papais
(ditos “ex cátedra”), e coloca a tradição “dogmática” como revelação direta de Deus à Igreja, podendo ser
considerada igual (ou até acima) da própria Palavra de Deus. Este conceito errôneo tem conduzido a
Igreja de Roma (e não de Cristo) a toda espécie de erro doutrinário, heresias e, por que não dizer, de
blasfêmias contra Deus!
(b) Considerar que a primeira deve ser aceita e observada pela Igreja, na medida em que ela se conforma
com a Segunda  como fazem as Igrejas de Cristo (ditas protestantes) que, embora reconheçam o Credo
dos Apóstolos e decisões conciliares da Igreja Primitiva, submete a todos ao crivo da Palavra de Deus, que
sempre, em todo e qualquer caso, prevalecerá sobre os demais.
3.
As Bases de Fé podem sofrer alterações? Qual o critério a ser usado?
Sim, podem sofrer alterações, uma vez que os dogmas e as confissões de fé e doutrina sempre devem
permanecer sujeitos às Sagradas Escrituras, e quando isto não ocorrer, em um ou outro ponto, ou se sua
interpretação doutrinária não estiver em consonância com a totalidade das Escrituras, faz-se necessária a
sua correção quando o erro for doutrinário ou atualização  quando o erro for de deficiência e falta
de clareza na interpretação da doutrina.
V – CONCLUSÃO:
Atualmente, temos presenciado uma queda acentuada no nível de comprometimento com Deus e com
sua Palavra, por grande parte do cristianismo. Muitos “cristãos” e “ministros da Palavra” prometem,
verbalmente, fidelidade aos padrões doutrinários bíblicos, mas logo se afastam deles por razões
convenientes a eles mesmos ou ao grupo a que estão vinculados. Ao mesmo tempo, prolifera no mundo
um número cada vez maior de opções doutrinárias falsas, capaz de atender aos mais variados anseios, os
quais têm levado as pessoas que não estão firmadas na Palavra, a terem sérias dificuldades em
permanecerem fiéis à sã doutrina, sendo levadas, e deixando-se levar, por todo tipo de ensinamento.
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No entanto, o Espírito Santo tem cumprido a sua missão de guiar a Igreja de Cristo a toda verdade,
conforme se encontra na Palavra de Deus (Jo.14:16,17; 16:13). Devemos, portanto, ser fiéis à doutrina
santa do evangelho, tal qual se encontra exposta nas Sagradas Escrituras.
A partir da nossa próxima lição, estudaremos cada um dos pontos fundamentais das Bases de Fé e
Doutrina da Igreja de Cristo no Brasil. Rogamos ao Senhor nosso Deus que nos dirija nesta desafiante e
frutífera tarefa. A Ele toda glória! Amém.
LIÇÃO 2
Cremos na “suficiente inspiração divina, veracidade e integridade da Bíblia, tal como foi
revelada originalmente, e sua suprema autoridade em matéria de fé e conduta prática.”
Texto Áureo: “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção
e para a instrução na justiça” (2 Tm.3:16).
Meditando Diariamente na Palavra:
Segunda-feira - Sl.1:1-6; 19:7,8; 119:105;
Terça-feira - Is.8:20; Lc.16:19,31; 2Tm.3:15-17
Quarta-feira - Jo.16:13,14; 1 Co.2:10-12
Quinta-feira - 2Tm.3:16; 2 Pe.1:19-21; Hb.4:12
Sexta-feira - Jo.6:45; Gl.1:8,9; 1 Co.11:13,14; 14:26,40
Sábado - Sl.119:130; At.15:15,16; 2 Pe.3:16
I – INTRODUÇÃO:
Nessa lição estudaremos o item das bases de fé e doutrina da Igreja de Cristo que trata das Escrituras
Sagradas. Obviamente, não será abrangida toda a bibliologia (parte da teologia que estuda as Escrituras),
mas somente os aspectos explícitos naquele item. A palavra “bíblia” vem do grego “”, que quer
dizer “livros”. O mais antigo uso cristão dessa expressão na história da Igreja, se encontra em 2 Clemente
2:14: “os livros ( ) e os apóstolos declaram que a Igreja...” (150 d.C.). Mas, qual é a grande
importância da Bíblia? De fato é impossível descrever a sua importância de modo completo. No entanto,
sabemos que ela é a Palavra de Deus! Nela Deus se revela de um modo especial  sua natureza, seus
atributos, seu eterno propósito, seu relacionamento com a criação, com o mundo visível e invisível, etc.
Ela é sobrenaturalmente inspirada por Deus, e em todo o processo de sua formação histórica, até à
reunião de todos os seus 66 livros, Deus esteve presente garantindo a sua integridade e infabilidade
originais. Sem ela seria impossível ao homem saber do plano de salvação, em Cristo; do mundo vindouro;
da história da redenção; do fim de todas as coisas; enfim, sem ela o homem andaria “cego”, sem
conhecimento da verdade e sem esperança (Sl.119:105).
II - A INSPIRAÇÃO DIVINA DA BÍBLIA:
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Muitas pessoas pensam que a Bíblia é uma coletânea de livros concebidos pela inteligência de homens
especiais. Outros acreditam que ela foi ditada por Deus a alguns homens, os quais iam escrevendo
mecanicamente o que ouviam. Como, afinal, devemos definir adequadamente o conceito bíblico de
“Inspiração”, sem cair num daqueles extremos?
Resposta: “Foi o processo misterioso em que Deus manifestou-se a homens escolhidos e, como
resultado, eles escreveram, exatamente, o que Deus queria; nem mais, nem menos.” (Ted Limpic - “De
Onde Veio a Bíblia?”, p.9,10). Quase todos os cristãos concordam que a Bíblia é “inspirada” por Deus.
Eles concordam, em sua maioria, que a Bíblia é a Palavra de Deus. Porém, há diferentes opiniões quanto
a maneira em que ela foi inspirada. A questão é: O que foi inspirado? O coração? A mente? A memória?
O vocabulário usado? As traduções que temos hoje?
1. Conceitos Inadequados Sobre a Inspiração das Escrituras:
(a) Teoria Dinâmica  os escritores teriam recebido “as ideias” do Espírito Santo, mas seriam eles
mesmos os responsáveis pela produção do texto bíblico. Isto explicaria os diversos estilos diferenciados
entre os autores, as aparentes contradições, as citações imprecisas do Antigo Testamento, etc.
Entretanto, esta teoria se apresenta inadequada por duas razões principais: a linguística e a teológica.
Quanto à razão linguística, não pode haver transmissão de “ideias”, sem sua verbalização. O homem só
compreende e transmite um conceito, quando este é explicitado em palavras. Assim sendo, dizer-se que
o Espírito concedeu “as ideias” e que os escritores as vestiram com suas palavras é bastante
questionável. A segunda razão, a teológica, é que o conceito de que a contribuição do Espírito Santo,
tenha sido reduzida à ideias transmitidas a homens, torna as Escrituras um livro eminentemente
humano, sendo escondido o seu caráter divino, para não dizer que ele é, de fato, negado. Mas esse
conceito é rejeitado pela própria Palavra de Deus, em 2 Pe.1:20,21.
(b) Teoria da Testemunha - Deus teria agido, mas os homens é que fizeram suas reflexões sobre a ação
de Deus e as registraram nas Escrituras. Novamente, como na teoria dinâmica, esta teoria torna a Bíblia
um livro essencialmente humano. Nem as ideias, nem as palavras são dadas ao Espírito Santo. Deus age,
mas não fala. O homem é que interpreta as ações de Deus. Deste modo, estaríamos diante de um livro,
no qual não haveria garantias de que as interpretações humanas fossem infalíveis e, muito menos, que
elas corresponderiam ao verdadeiro intento de Deus.
(c) Teoria do Ditado - esta teoria afirma que os autores das Escrituras foram meros instrumentos
copistas, coagidos a servirem aos interesses de Deus. Sob este ponto de vista, o estilo literário é o do
próprio Espírito Santo, com afirmações de que até a gramática estaria livre de erros, por ser “a gramática
de Deus”. Entretanto, isso é atribuir a Deus a violação da personalidade de cada um daqueles servos de
Deus, como vemos acontecer, por exemplo, nos casos de “psicografia” no espiritismo, em que há a
influência e violação das personalidades é efetuada pela presença demoníaca.
3. A Inspiração das Escrituras é Plenário-Verbal - O versículo chave para a compreensão do conceito de
Inspiração da Bíblia, se encontra em 2 Tm.3:16, que nos apresenta três aspectos fundamentais: (1) ela é
definida pela palavra grega “theopneustos” (literalmente, “soprado para dentro por Deus”), cuja
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expressão indica que Deus agiu ativa, soberana e poderosamente na transmissão de Sua Palavra. Esta
expressão encontramos em Gn.2:7; (2) Ela é plenária, expressão que nasce da palavra grega “pleroma” que quer dizer: plenitude, encher, completo - ou seja, toda a Escritura é plenamente inspirada por Deus;
e (3) Ela é verbal - novamente do grego “logos”, que quer dizer: palavra dita ou escrita, mas traz consigo
o sentido metafísico (o Verbo) - Desta forma, todas as palavras e relacionamentos sintáticos utilizados
originalmente são inspirados por Deus. Nas palavras do teólogo Ian S. Rennie, a inspiração PlenárioVerbal é o “inexplicável poder - assim não pode ser totalmente compreendida  que o Espírito de Deus
estendeu antigamente aos autores das Sagradas Escrituras  sendo, portanto, limitada aos autores
dos livros da Bíblia; excluindo-se todos os demais livros (inclusive apócrifos); negando autoridade maior
às tradições, aos concílios da igreja, aos dogmas e credos; à liderança eclesiástica; etc  para que
fossem dirigidos mesmo no emprego das palavras que usaram, e para preservá-los de qualquer
engano ou omissão...” isto é, o Espírito Santo supervisionou a seleção dos materiais usados, as
palavras empregadas e escritas, preservando, ao mesmo tempo, os autores de todos os erros e
omissões. Quando afirmamos que a Bíblia é a Palavra de Deus, verbal e plenamente inspirada pelo
Espírito Santo, estamos afirmando que tal inspiração alcança todas as partes da Bíblia, conforme foram
escritas nos seus autógrafos originais. Isso que dizer que as ideias a serem escritas foram suscitadas pelo
Espírito de Deus, já verbalizadas no estilo e linguagem dos próprios escritores. Para se evitar a ideia de
“psicografia”, devemos reconhecer que quando o Espírito ajudou os autores a verbalizarem a Revelação
de Deus, Ele respeitou a realidade e a vida dos mesmos (cultura, vocabulário, estilo literário, etc). Mas,
concomitantemente, o Espírito Santo os guardou de todo e qualquer erro, ao mesmo tempo que lhes
permitia as expressões individuais de suas personalidades.
4. Provas da Inspiração das Escrituras - John Caldwell Thiessen, em seu livro Introductory Lectures in
Systematic Theology, aponta dois fundamentos sobre os quais podemos basear o conceito de Inspiração
Plenário-Verbal das Escrituras:
(a) A Natureza de Deus: Ele é um Deus pessoal, triúno, todo-poderoso, santo e amoroso. É de se esperar
que Ele venha em socorro de Suas criaturas, como fica evidenciado através de Sua provisão das
necessidades materiais e temporais de todo o ser vivo existente no mundo. Mas o homem tem, também,
necessidades espirituais e eternas. Ele tem o problema do pecado e se sente sob condenação. Nada
existe nele que o possa livrar de sua situação. Desta forma, entende-se que Deus se deu a conhecer ao
homem, revelando-lhe Seus padrões divinos e Seu plano de salvação. Thiessen argumenta: “...e se os
deu a conhecer (aos homens), será que Ele vai deixar tudo isso por conta do subjetivismo e de
expressões falhas e incertas deles?” E acrescenta: “Verdades tão profundas quanto a trindade, a
encarnação, expiação vicária, etc, requerem a supervisão e direção de um Espírito infalível para
conseguir um enunciado que não dê margem a mal-entendidos...”
(b) A Natureza e Afirmações da Própria Bíblia: O segundo argumento é que a Bíblia é superior a todos os
outros livros religiosos, quanto a tudo o que diz. Ela revela os mais altos conceitos éticos, exige a mais
absoluta obediência e fidelidade a Deus, da forma mais coerente e pura possíveis, ao mesmo tempo em
que denuncia todo o tipo de pecado, porém mostrando a todo o homem como poderá alcançar sua
reconciliação com Deus, por meio do Senhor e Salvador Jesus Cristo. Como seria possível que estes
escritores dos livros da Bíblia, em diferentes épocas e circunstâncias, e de modo tão coerente e perfeito,
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escreverem os seus 66 livros, sem incorrerem em qualquer tipo de engano, se não fosse a ação poderosa
e inspiradora do Espírito Santo de Deus sobre eles? A Bíblia demonstra UMA UNIDADE extraordinária
que, na verdade, nos leva à conclusão de que o seu Autor é único, e é Deus! Como Moisés poderia ter
escrito, por si mesmo, sobre todo o sistema sacrificial e cerimonial da Lei, tão esplendidamente
detalhado, sem conhecer todo o seu significado, ou a sua finalidade última, que foi revelada somente
cerca de 1450 anos depois, nas páginas do Novo Testamento? A Lei e Graça estão presentes nas páginas
das Escrituras (VT e NT), mas quem as compreendeu no seu tempo e em sua inteireza? Quanto à
doutrina da justificação pela fé, Abraão teria compreendido o Evangelho quando creu, tal qual o ensinou
Paulo aos gálatas (Gl.3:8), quando nem mesmo os próprios gálatas o compreendiam? A resposta é uma
só: uma só Mente está atuando em toda a Bíblia. Que Unidade! Quão sabiamente estão dispostas as
doutrinas nela contidas! Em tudo há um Plano e um Propósito eternos, que se complementam e nunca
se contradizem!
A Bíblia afirma ser a Palavra de Deus. Encontramos nela expressões, tais como: “Assim diz o Senhor”,
“disse o Senhor a...”, “veio a Palavra do Senhor a...”, etc. Vários escritos reivindicam perfeição e
autoridade absoluta da lei e do testemunho (Dt.27:26; 2 Re.17:13; Sl.19:7; 33:4; 119:89; Is.8:20; Gl.3:10;
1 Pe.2:23). Um livro reconhece que outro livro fala com absoluta verdade (Js.1:7,8; 8:31,32; Ed.3:2;
Ne.8:1; Dn.9:1,2,11,13; Zc.7:12; Ml.4:4;At.1:16; 28:25; 1 Pe.1:10,11). O apóstolo Pedro atribui às cartas
de Paulo a mesma autoridade das demais Escrituras (2 Pe.3:15,16  compare com 2 Tm.3:16 e 2
Pe.1:20,21). Além disso, o próprio Senhor Jesus afirmou que “a Escritura é infalível” (Jo.10:34,35); que as
Escrituras testificavam dEle (Lc.24:44); que Ele veio para cumpri-las (Mt.5:17); fazendo referência a todo
o Velho Testamento (Mt.7:12; 11:13; 22:40; Lc.16:16; Jo.1:45; At.13:15; Rm.3:21). O Senhor Jesus indica
o próprio conceito divino de inspiração das Escrituras, quando declarou: “Até que o céu e a terra
passem, nem um i ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra” (Mt.5:18). Assim, Ele
demonstra a inspiração verbal da “Lei”. Afirma que as Escrituras ainda não estavam concluídas, mas que
teriam continuidade com os apóstolos e discípulos (Lc.1:1-4; Jo.14:26; 16:12,13; 20:31,31; 21:24; At.1:1;
9:15-17; 1 Co.2:10-13; Ap.1:1-3,19) e, assim, falaram sob Sua influência e Autoridade (At.2:4; 4:8,31;
13:9; 1 Co.2:13; 14:37; Gl.1:1,12; 1 Ts.2:13; 4:2,8; 1 Pe.1:12; 1 Jo.5:10,11; Ap.21:5; 22:6,18,19).
V - DIVINA DAS ESCRITURAS: – IMPLICAÇÕES DA INSPIRAÇÃO
1. A Sua Veracidade  Em Dn.10:21, lemos: “Mas eu te declararei o que está escrito na Escritura da
verdade”. E, em Jo.17:17, o Senhor Jesus afirmou: “Santifica-os na verdade; a tua Palavra é a verdade.”
A Bíblia é inteiramente verdadeira em tudo quanto afirma. Quando aplicamos este substantivo
(veracidade) às Sagradas Escrituras estamos fazendo justiça ao que ela é de fato. A Palavra de DEUS deve
estar sempre acima de qualquer suspeita. Dizer que a Bíblia contém a Palavra de Deus não é a forma
mais correta de se expressar, devemos dizer que "A Bíblia é a Palavra de DEUS". Ela evidentemente não
é toda a Palavra de DEUS, mas toda ela é a Palavra de DEUS. Na Bíblia Deus revelou o essencial para o
homem (Dt.29:29; 1 Co.13:12). Paulo, escrevendo a Tito (Tt.1:2), disse que "Deus não pode mentir". Isto
é uma promessa firme, porquanto descansa sobre a fidelidade absoluta de Deus e, assim como ELE não
pode deixar de cumprir com suas promessas, também não pode faltar com sua Palavra (Mt.24:35)!
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A verdade bíblica existe independentemente da mente humana e é superior a ela. Quando muito, a
mente humana a descobre. Em Is.40:8, lemos: "Seca-se a erva e caem as flores, mas a Palavra de nosso
Deus subsiste eternamente". Isto revela a posição eterna, imutável e universal das verdades bíblicas,
pois são elas palavras do Deus eterno e imutável, "...em quem não há mudança, nem sobra de variação"
(Tg.1:17).
2. Sua Integridade: O que torna os escritos da Bíblia íntegros, imparciais e retos é o seu Autor. Homens
ímpios jamais iriam produzir um livro que sempre os está condenando. Por outro lado, homens
religiosos, como os judeus, guardiões da Bíblia, jamais poderiam ser os autores da mesma, pois ela
sempre condena suas transgressões, pondo tudo a descoberto. Sim, a Palavra de Deus é íntegra,
fornecendo-nos inúmeros ensinamentos: (1) ensina-nos a fidelidade e a santificação; (2) torna-nos
valorosos em defesa da justiça, e nos fortalece nas adversidades e aflições; (3) não há quem amplie mais
nossa visão, fortaleça nossa fé, eleve os nossos pensamentos, corrija-nos do erro, fortaleça-nos o
caráter, do que a santa Palavra de Deus; (4) de todos os livros, nenhum contém lições tão instrutivas,
preceitos tão puros, nem tão grandiosas promessas, quanto a Bíblia Sagrada (Êx.34:7; Sl.119:9; Pv.30:5;
Rm.2:11).
3. Sua Suprema Autoridade: a natureza da autoridade bíblica é verificada pela sua “inerrância” (sem
erro, verdadeira) e “infalibilidade” (jamais falha). A própria Bíblia afirma ser infalível e inerrante: (1) Deus
é o Seu Autor e, portanto, ela retrata o caráter infalível de Deus (Nm.23:19; 1 Sm.15:29; 2 Tm.3:16;
Tt.1:2; Hb.6:18); (2) uma qualidade da mensagem divina é a sua veracidade absoluta (Dt.13:1-5; 18:2022); (3) o Senhor Jesus deu testemunho da autoridade das Escrituras (Mt.5:17-20; Jo.10:34,35).
4. Sua Suprema Autoridade em Matéria de Fé e Conduta Prática: Embora esta afirmação, que está em
nossa Base de Fé, tenha sido chamada de “o princípio formal da Reforma Protestante do século XVI”, na
verdade já se encontrava presente desde o século II d.C. Em latim, a expressão “sola scriptura” (pelas
Escrituras somente) usada por Lutero, Zwínglio, João Calvino e outros reformadores, significava que a
Bíblia era a única autoridade, como Palavra infalível de Deus, à qual os cristãos deveriam recorrer, acima
de toda opinião humana e tradição eclesiástica  alusão à igreja católica romana, que ensinava que a
tradição tinha tanta (ou mais) autoridade do que a Bíblia. Eugene M. Osterhaven, professor de teologia
sistemática, em Michigan (USA), escreveu sobre o significado histórico da expressão “regra de fé e
conduta prática”, o seguinte: “Esta expressão já era usada na teologia da Igreja no último quarto do
século II, e significava a doutrina segura da fé cristã. Expressões sinônimas eram “cânon da verdade”,
“regra da verdade”, “o cânon da Igreja”, e o “o cânon eclesiástico”. O “cânon da verdade” significava o
ensino oficial da Igreja que está de acordo com as Escrituras. A Igreja, “coluna e baluarte da verdade” (1
Tm.3:15), ensinava uma doutrina viva, que era tanto o “cânon da verdade”, quanto doutrina que está em
total harmonia com as Escrituras, das quais foi tirada. Em Tertuliano (155-220 d.C.), a doutrina da Igreja
“é a regra de fé”, que estando em harmonia com as Escrituras, é um resumo claro daquilo que os cristãos
devem crer. Ela ajuda na exegese correta das Escrituras e no discernimento da sua unidade e
consistência.”
VI – CONCLUSÃO:
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A palavra conduta vem do latim "com ducere", que significa “maneira de agir”, “de conduzir-se”. A
conduta da vida cristã deve ser dirigida à obediência da Palavra de Deus. E assim, em sendo a Bíblia o
nosso “manual de conduta prática”, torna-se fundamental o seu conhe-cimento. Como posso embasar a
minha vida sobre princípios que eu desconheço? Nossa atitude para com ela, mostra a nossa atitude
para com Deus. Certo autor, declarou: “A Bíblia é Deus falando ao homem; é Deus falando, através do
homem; é Deus falando com o homem; é Deus falando a favor dos homens; mas é sempre DEUS
falando!”.
O Senhor Jesus proferiu uma bem-aventurança sobre os que ouvem e guardam a Palavra de Deus
(Lc.11:28; Ap.1:3). Os bereanos foram louvados neste particular (At.17:11), e Paulo recomendou a
Timóteo que era necessário manejar bem a Palavra da verdade (2 Tm.2:15). Devemos ser praticantes da
Palavra de Deus, e não somente ouvintes dela (Tg.1:22-25). (1) Conheça o seu Autor. Ninguém pode
explicar melhor um livro do que o seu próprio autor (I Co.2:10-13); (2) Leia a Bíblia diariamente
(Dt.17:19). É dever dos pais, praticarem o “culto doméstico”, como sacerdotes do lar e chefes de suas
famílias (Dt.6:4-8); (3) leia a Bíblia em oração (Sl.119:18; Ef.1:16,17). Devemos orar pedindo
esclarecimento espiritual para entendermos a Bíblia (Sl.119:18). Na presença do Senhor, em oração,
muitos servos de Deus no passado encontraram respostas às suas mais profundas indagações da
verdade; (4) leia a Bíblia, aplicando-a a si mesmo (Js.5:14ss); (5) leia a Bíblia toda (Dt.29:29). O estudo
das Sagradas Escrituras deve ser de uma forma sistemática e gradativa. Consagre ao Senhor um horário
para a leitura da Palavra e oração. Pouco adiantará uma leitura apressada ou preguiçosa; (5) Se as
Escrituras são usadas de todas estas maneiras, então se tornam “úteis para o ensino”  como fortaleza
da sã doutrina  “para a repreensão”  isto é, para refutar o erro, o engano e o pecado  “para a
correção”  isto é, para desviar os homens do seus maus caminhos, reconduzindo-os para o caminho da
verdade  “para a educação na justiça”  que significa o crescimento integral do crente no
conhecimento e prática de uma vida cristã autêntica  com o objetivo final de que “o homem de Deus
seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda a boa obra”. Este exercício espiritual na prática
constante da Palavra de Deus, tornará cada cristão perfeitamente adaptado ao cumprimento de suas
responsabilidades na Igreja de Cristo e no mundo.
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LIÇÃO 3
Cremos na “existência de um só Deus triúno, Pai, Filho e Espírito Santo; um em essência e
triúno em Pessoa.”
Texto Áureo: “Há um só Espírito...um só Senhor...um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio
de todos e em todos” (Ef.4:4-6).
Meditando Diariamente na Palavra:
Segunda-feira - Gn.1:1,26; 11:7; Gl.3:20
Terça-feira - Jo.1:1-3,14,18; 14:8-17
Quarta-feira - Mt.3:16,17; 28:19; Rm.15:30
Quinta-feira - Dt.6:4; 1Co.8:6; Cl.2:9
Sexta-feira - Jo.16:13-15; 15:26; 17:1,5
Sábado - Hb.11:6; Tg.2:19; 1Jo.5:5-8
I – INTRODUÇÃO:
Nessa lição estudaremos a Doutrina de Deus, em relação a Sua Existência e a Sua Natureza (Essência e
“Triunidade”). Deus existe e se Auto-revela em sua criação, em Sua Palavra, mas, principalmente, por
meio de Seu Filho encarnado: Jesus Cristo.
Deus se dá a conhecer na criação, mas o homem não conseguiu se relacionar com Ele por essa via
(Rm.1:18-20). Deus, então, enviou seu Filho Unigênito, o qual se fez homem e O revelou aos que crêem
nEle. Jesus Cristo é verdadeiro Deus, verdadeiro homem; o Verbo eterno, a Palavra viva, conforme dão
testemunho as Santas Escrituras (2Co.4:4-6; Cl.2:2,3,9).
Ninguém conhece a Deus, a não o Seu Filho e aquele a quem Ele O quiser revelar (Mt.11:27; Jo.1:18;
5:37-39; 6:46; 7:28,29; 8:19; 10:15). Assim sendo, embora Deus tenha Se dado a conhecer ao homem,
em tudo o que fez e faz por meio do Seu Filho, o homem, por sua vez, é incapaz de conhecer a Deus, por
si mesmo.
I – A EXISTÊNCIA DE DEUS:
Não haverá sentido em tudo o que existe (visível ou invisível), nem muito menos em se falar do
“conhecimento de Deus”, se não admitirmos que Deus existe.
De fato, há um Deus pessoal, auto-consciente, auto-existente, que é a origem de todas as coisas e que
transcende toda a criação, mas, ao mesmo tempo, é imanente em toda ela. Vejamos alguns dos
argumentos de Sua existência:
(a)
Ela é Universal e Necessária: Tanto as Escrituras quanto a própria história afirmam que é universal
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a convicção de que Deus existe (Rm.1:19-21). A história do homem prova que ele tem buscado a Deus,
em todas as eras e culturas, seja através da religião, seja por sua filosofia e razão.
A convicção da existência de Deus é, igualmente, necessária, pois não se pode negá-la sem que se prive a
própria natureza do homem de sua intuição. Intuitivamente, qualquer homem “sabe” que Deus existe.
(b) Ela é Confirmada nas Escrituras: É interessante observar que a Bíblia  que é a Palavra de Deus
inspirada  não “tenta provar” a existência de Deus, pelo simples fato de que o próprio Deus não
necessita provar Sua existência. Ele é o “Eu Sou” (Êx.3:14), eterno e imutável.
A Bíblia, já em seu primeiro livro (Gênesis), começa com a afirmação de que: “No princípio criou Deus...”
e, até o fim, afirma a Sua existência (Ap.22:16-21). Entretanto, apesar disso, a verdade da existência de
Deus só pode ser confirmada, plenamente, pela fé (Hb.11:6), e não pela razão humana (1Co.1:20,21).
II - A DOUTRINA DA TRINDADE:
1.Origem Histórica: Quase tão antiga quanto o estabelecimento do cânon do Novo Testamento, esta
doutrina só ficou conhecida formalmente pela Igreja, no Concílio realizado em Constantinopla, em 382
d.C. Até aquela data, surgiram muitos erros de interpretação a respeito do que as Escrituras ensinam
sobre a Trindade Santa. Não havia uma doutrina sistematizada sobre a Trindade, e quando alguns
tentavam explicá-la racionalmente, incorriam em deficiências e imperfeições. A dificuldade de
compreensão desta doutrina decorre da limitação humana em compreender a Natureza divina.
A palavra “Trindade” nem sequer aparece nas Escrituras, embora estivesse implícita em várias
passagens, não só no Velho Testamento, mas, também, no Novo. Não se encontra nos escritos dos
primeiros discípulos e cristãos do Século I e início do Século II d.C. nenhuma menção à doutrina da
Trindade. Somente na última década do segundo século, é que Tertuliano faz referência a ela e, ao
mesmo tempo, busca formular uma doutrina. Porém, é somente no Século IV d.C. que a igreja chega a
uma formulação doutrinária mais completa. Tal tempo de reflexão, entretanto, foi frutífero e
necessário, uma vez que se trata de uma revelação de Deus em Sua Palavra, fundamental para uma
melhor compreensão da natureza de Deus, de seu Ser em sua Essência e de suas formas de relacionar-se
com toda a criação.
2.O Ponto de Vista Judaico: Os judeus no Antigo Testamento, e mesmo na era cristã, davam muita
ênfase à unidade de Deus, isto é, eles viam apenas UMA PESSOA em Deus. O resultado foi que alguns
eliminaram completamente as distinções pessoais da Divindade, dando pouca importância à Segunda e
Terceira Pessoas da Trindade Santa.
3. O Desenvolvimento Histórico da Doutrina: Tertuliano (155-220 d.C.), como mencionado a pouco, foi o
primeiro a empregar a palavra "Trindade" e a formular a doutrina, mas a sua formulação foi deficiente,
pois ele indicou haver uma certa subordinação hierárquica implícita na própria Essência Divina e entre as
Pessoas da Trindade. Orígenes (185-254 d.C.) foi mais longe e explícito ainda, quando afirmou que "o
Filho é subordinado ao Pai quanto à essência, e que o Espírito Santo é subordinado até mesmo ao Filho."
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No decorrer dos anos, muitos buscaram compreender, através das Escrituras, a interpretação doutrinária
correta da revelação de Deus de Si mesmo.
Surgiram, no entanto, os “arianos”  devido ao nome de Ário, que foi um notável defensor de uma
heresia, no final do séc.III d.C. os quais negavam a divindade do Filho e do Espírito Santo,
apresentando o Filho como primeiro ser criado pelo Pai, e o Espírito Santo como o primeiro a ser criado
pelo Filho. Desta maneira, a consubstancialidade  ter uma só substância em comum  do Filho e do
Espírito Santo com o Pai, ficou sacrificada, preservando-se, apenas, sua unidade. O equívoco de
interpretação agravou-se ainda mais, quando se afirmou que havia diferentes graus de dignidade entre
as três Pessoas da Divindade. Por outro lado, também houve alguns que a tal ponto perderam de vista a
unidade em Deus, que acabaram pregando o “triteísmo”, afirmando que havia em Deus, não somente
três Pessoas, mas, também, três essências distintas entre si, três substâncias distintas, ou seja, três
Deuses; o que, obviamente, era (e é) uma heresia!
Além do arianismo, ainda surgiu uma outra corrente doutrinária denominada monarquianismo (ou
sabelianismo), que de um lado (o chamado monarquismo dinâmico), via Jesus apenas como homem e ao
Espírito Santo como somente uma “influência divina” presente na criação, enquanto que, por outro lado
(o chamado monarquismo modalista), considerava o Pai, o Filho e o Espírito Santo meramente como três
modos sucessivos e distintos de manifestação do mesmo Deus.
A Igreja enfrentou essas e outras dificuldades semelhantes, até encontrar uma doutrina baseada
unicamente na revelação concedida por Deus, em sua Palavra. O Concílio de Nicéia (325 d.C.) declarou
que o Filho possui uma mesma essência com o Pai (co-essencial ao Pai), enquanto que o Concílio de
Constantinopla (381 d.C.) afirmou a divindade do Espírito, no entanto sem a mesma precisão com que
afirmara a do Filho.
Finalmente, chegamos ao “Credo de Atanásio” (296-373 d.C.) notável bispo da igreja em Alexandria, que
combateu com rigor o arianismo, tendo sido a sua intervenção na história considerada como um marco
fundamental para o aprimora-mento da doutrina da trindade, sem o qual "a Igreja provavelmente teria
caído nas mãos dos arianos" (Harnack, em seu livro "History of Dogma"). Devido a sua importância,
transcrevê-lo-emos, a seguir:
"A fé universal é esta: Adoramos um Deus em trindade, e a trindade em unidade. Não confundimos as
Pessoas, nem separamos a substância. Pois a pessoa do Pai é uma, a do Filho outra, e a do Espírito Santo,
outra. Mas, no Pai, no Filho e no Espírito Santo há uma divindade, glória igual e majestade coeterna. Tal
qual é o Pai, o mesmo são o Filho e o Espírito Santo. O Pai é incriado, o Filho incriado, o Espírito Santo
incriado. O Pai é imensurável, o Filho imensurável, o Espírito Santo é imensurável. O Pai é eterno, o Filho
é eterno, o Espírito Santo é eterno. E, não obstante, não há três eternos, mas sim um eterno. Da mesma
forma não há três incriados, nem três imensuráveis, mas um incriado e um imensurável. Da mesma
maneira o Pai é onipotente. No entanto, não há três seres onipotentes, mas sim um Onipotente. Assim, o
Pai é Deus, o Filho é Deus, e o Espírito Santo é Deus. No entanto, não há três Deuses, mas um Deus.
Assim, o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, e o Espírito Santo é Senhor. Todavia, não há três Senhores, mas
um Senhor. Assim como a veracidade cristã nos obriga a confessar cada Pessoa individualmente como
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sendo Deus e Senhor, assim também ficamos privados de dizer que haja três Deuses ou Senhores. O Pai
não foi feito de coisa alguma, nem criado, nem gerado. O Filho procede do Pai somente, não foi feito,
nem criado, mas gerado. O Espírito Santo procede do Pai e do Filho, não foi feito, nem criado, nem
gerado, mas procedente. Há, portanto, um Pai, não três Pais; um Filho, não três Filhos; um Espírito Santo,
não três Espíritos Santos. E nesta trindade não existe primeiro nem último; maior nem menor. Mas as três
Pessoas coeternas são iguais entre si mesmas; de sorte que por meio de todas, como acima foi dito, tanto
a unidade na trindade como a trindade na unidade devem ser adoradas."
4. A Natureza de Deus: Sua Essência
A expressão “essência” indica o aspecto básico da natureza de Deus, ou seja, se não houvesse essência,
não poderia haver atributos em Deus (Ele é Santo, Justo, Eterno, etc), mas Ele seria apenas “uma ideia”
ou “pensamento” humano. Como, então, nos é revelada a essência de Deus? O teólogo escocês James
Orr disse o seguinte, quanto a isso: “Não podemos conhecer a Deus nas profundezas do Seu Ser
absoluto. Mas podemos, ao menos, conhecê-lo até onde Ele se revela em Sua relação conosco. A
questão, portanto, não é quanto à possibilidade de um conhecimento de Deus na impenetrabilidade do
Seu Ser, mas é esta: Podemos conhecer a Deus procurando saber como Ele revelou a Si próprio,
supremamente, em Jesus Cristo...” (“O Conceito Cristão de Deus e do Mundo”, p.11. 1893). O que
encontramos, então, revelado nas Escrituras quanto a Essência de Deus?
(a) Deus é Espírito: Deus não é, em “essência”, qualquer substância material, mas sim espiritual
(Jo.4:24). Ele é Imaterial e Incorpóreo (Lc.24:39).
(b) Deus é Invisível: As Escrituras afirmam isso, quando os israelitas não viram “aparência nenhuma” do
Senhor no monte Horebe (Dt.4:15-19). O próprio Deus o disse a Moisés (Êx.33:20); e os apóstolos João e
Paulo o reafirmaram (Jo.1:18; Rm.1:20; Cl.1:15; 1Tm.1:17; 6:16).
(c) Ele é Vivo: Deus age, sente, trabalha, exerce Seu poder, ou seja, Ele não é algo “inanimado”, mas é
vivo (Js.3:10; Sl.84:2), bem como é a fonte eterna de toda a vida (Jo.5:26; Sl.36:9).
(d) Possui Personalidade: As Escrituras revelam que Ele tem Autoconsci-ência e Autodeterminação
(Êx.3:14; Is.45:5; Jo.23:13; Rm.9:11); Inteligência (Gn.18:19; Êx.3:7; At.15:18); sensibilidade (Gn.6:6;
Sl.103:8-13); vontade (Gn.3:15; Sl.115:3; Jo.6:38); Ele fala (Gn.1:3); vê (Sl.94:9); tem zelo (Êx.20:5); é
compassivo (Sl.111:4); etc.
(e) É Auto-existente: Isto é Ele, em Sua própria natureza, existe em Si mesmo, pois não depende de coisa
alguma fora de Si para existir (Êx.3:14). Assim sendo, Ele não tem origem em nada, e nunca deixará de
Ser, isto é, nunca terá fim.
(f) É Infinito: Deus não está limitado por nada: nem pelo espaço, nem pelo tempo (1Re.8:27; 2Cr.2:6;
Sl.139:7ss). Deus é imanente, ou seja, nada que existe está separado de Sua presença. Por outro lado, Ele
é transcendente, isto é, não se confunde com universo criado (visível e invisível), mas está além dele, e
sobre todas as coisas exerce Seu domínio.
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(g) É Eterno: Isto é, nunca teve início e jamais deixará de existir (Gn.21:33; Sl.90:2; 102:27; 1Tm.1:17).
Nesse sentido, entendemos que Deus, diferentemente de nós, não está sujeito ao espaço-tempo (para
Ele tudo é um eterno agora), embora, ao mesmo tempo, Ele se relacione com toda a criação no espaço e
no tempo (passado, presente e futuro).
(h) É Onipresente: Se Deus é infinito, também está presente em toda parte (Sl.139:7-12; At.17:27,28).
(i) É Onisciente: Ele conhece a Si próprio, e apenas Ele conhece a Si mesmo (1Co.2:11), mas também
conhece a todas as coisas, quer sejam reais ou apenas “possíveis”, quer sejam passadas, presentes ou
futuras, e as conhece perfeitamente e por toda a eternidade, de maneira imediata, simultânea, completa
e verdadeira (Sl.19:1-6; 33:13-15; 139:1-10; 147:5; Pv.15:3,11; Is.46:9,10; Jr.23:23-25; Hb.4:13).
(j) É Onipotente: Ele pode fazer o que desejar, mas como Sua vontade é limitada por Sua natureza, isto
significa que Ele não pode fazer algumas coisas: (1) as que são contrárias à Sua natureza, como “ver o
mal” (Hab.1:13; Tg.1:13); (2) negar-se a Si mesmo (2 Tm.2:13); (3) mentir (Hb.6:18). As Escrituras
afirmam a Sua onipotência (Gn.17:1; Jó 42:2; Jr.32:17,27; Mt.19:26; Lc.1:37).
(k) É Imutável: Tudo o que muda, muda para melhor, ou para pior. Mas Deus, não pode mudar para
melhor, porque é absolutamente perfeito; nem para pior, pelo mesmo motivo. A Palavra de Deus revela
a Sua imutabilidade (Sl.102:26,27; Is.46:10; Ml.3:6; Rm.4:20,21; 2Co.1:20; Tg.1:17).
(l) É Santo: Denota a perfeição de Deus em tudo o que Ele é, e em tudo o que Ele faz. É maravilhoso
pensarmos que a própria vontade de Deus é a expressão de Sua natureza, que é Santa! Deste modo, “o
bem” não existe porque Deus anteriormente desejou que ele existisse, mas porque é um atributo
necessário pertencente à Sua própria essência e natureza: Deus é Santo! Por isso deseja que sejamos
santos, como Ele o é. A santidade de Deus é a base sobre a qual está estabelecido o Seu trono de glória
(Sl.47:8; 89:14; 97:2). As Escrituras exaltam este atributo de Deus (Lv.11:44,45; Js.2:19; 1Sm.6:20; Sl.22:3;
Is.40:23; Jo.17:11; Hb.12:10; 1Pe.1:15,16; Ap.4:8).
(m) É Justo: É a retidão revelada em Deus no Seu relacionamento com toda a criação. Ele age com
justiça, atribuindo responsabilidades, castigando toda a desobediência e ação contrária à Sua santidade
e natureza, estabelecendo Sua Lei para ser cumprida, requerendo o castigo para a sua transgressão, ou
aceitando o sacrifício vicário de Cristo, como cumprimento de Sua justiça sobre o pecado (Sl.9:16; 11:7;
33:5; 119:75; Is.42:1; Jr.33:16; Rm.1:16,17; 3:22; 5:16-18; 8:4; 2Co.5:21; 1Jo.2:29; 3:7,10; Ap.19:8).
(n) É Bom: Nada há em Deus que não expresse Sua bondade. Ela está presente em todos os Seus
atributos (Sua santidade, amor, verdade, misericórdia, graça, etc), pelos quais Se relaciona com toda a
criação. Nesse sentido, não há ninguém bom, senão Ele mesmo (Mc.10:18). O Senhor Jesus enfatizou
este atributo de Deus, em Mt.5:45-48). As demais Escrituras também o afirmam (Sl.25:8; 100:5;
145:9,15,16; Jo.3:16; At.14:17; Ef.2:4; Tg.1:17; 1Pe.2:3).
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5. A Natureza de Deus: Ele é Triúno: Pai, Filho e Espírito Santo.
A forma original da personalidade não está no homem, mas em Deus. Aquilo que aparece imperfeito no
homem, existe com infinita perfeição em Deus. A grande diferença entre ambos é que o homem é um
ser unipessoal, enquanto Deus é tripessoal. Quando meditamos na relação existente entre as três
Pessoas da Trindade, quanto à Essência de Deus, concluímos que todo o esforço de compreensão
humana falha, e ficamos profundamente conscientes de que a Trindade é um mistério que ultrapassa a
nossa possibilidade de compreensão.
Cada uma das pessoas da trindade divina, por serem uma só Essência, têm os mesmos atributos e
características. Todas as Pessoas da Trindade são co-eternas, oniscientes, onipotentes, onipresentes, etc.
Assim sendo, Eles trabalham em comum acordo, como UM SÓ, em tudo o que realizam (Lc.3:21,22;
Jo.14:8-11). Não existe nenhuma possibilidade de uma ação isolada (separada) de qualquer uma dessas
Pessoas da Trindade. Resumidamente, com base nas Escrituras, pode-se concluir da doutrina da
Trindade, os seguintes pontos-chave:
(a) Há, em Deus, apenas uma Essência Indivisível. Deus é um em Seu ser essencial, ou seja, em Sua
natureza constitucional. Essa proposição doutrinária concernente à unidade de Deus baseia-se em
passagens como: (Dt.6:4; Jo.10:30; 14:8-10; 17:21-23; Ef.4:6; 1Tm.2:5; Tg.2:19). Toda a indivisível
essência de Deus pertence igualmente a cada uma das três Pessoas. Quer dizer que a essência não está
dividida entre as três Pessoas. Ela (a essência Divina) não tem existência à parte e fora das três Pessoas.
(b) Neste único Ser Divino há três Pessoas individuais, o Pai e o Filho e o Espírito Santo. Isto é
ressaltado pelo fato de que as auto-distinções do Ser Divino implicam em distinções de Pessoas ("Eu",
"Ele", "Tu" - Jo.17), que assumem relações pessoais uns para com os outros (Mt.3:16; 4:1; Jo.1:18; 3:16;
5:20-22; Jo.14:26; 15:26; 16:13-15).
(c) Não há subordinação de uma Pessoa da Trindade a Outra, no que diz respeito ao Ser Divino, e,
portanto nenhuma distinção de dignidade ou grau na divindade. “A única subordinação de que
podemos falar é uma subordinação quanto à ordem e ao relacionamento. Quanto à subsistência pessoal
o Pai é a primeira pessoa, o Filho é a segunda, e o Espírito Santo é a terceira (Mt.28:19). O Pai não é
gerado por nenhuma das outras duas pessoas, nem delas procede; o Filho é eternamente gerado pelo
Pai (Sl.2:7; Hb.1:5; 5:5), e o Espírito Santo procede do Pai e do Filho desde toda a eternidade
(Jo.14:16,17)”.
A Escritura indica claramente uma ordem existente na Trindade essencial, relativa às obras externas ao
Ser Essencial, que se atribuem mais particularmente a cada uma das pessoas. Ela (a ordem) é
mencionada para expressar a ideia de que todas as coisas provém do Pai, mediante o Filho, e no Espírito
Santo..." (compare com: 1Co.8:6; Cl.1:15-17; Hb.13:20,21; Mc.13:11; Lc.4:14, 18; 1Co.2:9-13; Fp.2:13). Há
certos atributos pessoais pelos quais se distinguem as três pessoas: são operações pessoais, não
realizadas pelas três pessoas juntas, e são incomunicáveis. A geração é um ato do Pai; a filiação pertence
exclusivamente ao Filho; e a processão (procedência) só pode ser atribuída ao Espírito Santo...O ato da
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justificação é primariamente do Pai; o da redenção do Filho; e o da santificação do Espírito Santo..."
(Louis Berkhof).
III - CONCLUSÃO:
A doutrina da Trindade é essencialmente uma revelação de Deus em Sua Palavra, e não pode ser
compreendida inteiramente pela lógica racional humana.
Sabemos, porém, que as Escrituras ressaltam em Deus a Unidade da Essência e Trindade das Pessoas;
que cada uma dessas três Pessoas possui a Essência toda e, nessa proporção, é idêntica a cada uma das
outras duas Pessoas; que uma Pessoa nunca está, e nunca pode estar, sem as Outras duas; que a
Essência divina pertence a cada uma das Pessoas, em conformidade com o seguinte: o Pai é o “gerador”,
o Filho é “gerado”, e o Espírito Santo é “procedente” do Pai e do Filho. Por fim, cabe ressaltar; que as
três Pessoas são iguais e co-eternas; que não há três Deuses, mas um só e único Deus Santo, Vivo,
Eterno, Imutável, Onipotente, Onipresente, Onisciente, Justo, Verda-deiro, Criador e Sustentador de
todas as coisas, visíveis e invisíveis, que é imanente e transcendente; que em Si mesmo tem a vida, é
auto-existente e auto-suficiente, sendo a fonte de toda a existência: de quem, através de quem e para
quem são todas as coisas. “A Ele, pois, a glória eternamente. Amém.” (Rm.11:36).
LIÇÃO 4
Cremos na “pecaminosidade universal e a culpabilidade de todos os homens, desde a queda de
adão, início da ira de Deus, e a condenação de todos os homens.”
Texto Áureo: “Como está escrito: Não há nenhum justo, nem um sequer; pois todos pecaram e estão
destituídos da glória de Deus.” (Rm.3:10,23).
Meditando Diariamente na Palavra:
Segunda-feira - Gn.3:1,26-27
Terça-feira - Rm 3.9-23; 5.12-21; 6.23.
Quarta-feira - Mt.3:16,17; 28:19; Rm.15:30
Quinta-feira - Cl.2:9 ; Tg 1.12-16; 3.11-12.
Sexta-feira - Jo.15:26; 17:1,5; 1ª 1.5-9; 2.1-2.
Sábado - Pv 28.13; I Cor 5; 6.12-20; 7.1.
I – Introdução:
O homem ocupa um lugar importante nas Escrituras, pois não é somente a “coroa da criação”, mas
também é objeto do eterno amor de Deus. O estudo da doutrina do homem é geralmente colocado
posteriormente ao estudo de Deus, dado que o conhecimento da Natureza divina é pressuposto
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fundamental para a compreensão das demais doutrinas bíblicas. Em nossa revista do estudo das Bases
de Fé e Doutrina da Igreja de Cristo, adotamos o mesmo entendimento.
Assim sendo, nesta lição, que trata especialmente da culpabilidade do homem e de seu estado
pecaminoso, veremos como isso ocorreu e quais as suas consequências, em relação a Deus e ao próprio
homem.
II – A Origem do Homem:
Reconhecemos a veracidade e autoridade das Escrituras como fonte singular da verdade revelada por
Deus, e não reconhecemos outra proposta, dita “científica”, que tenta explicar a origem e a natureza do
homem, sem a intervenção direta de Deus, mas como obra do acaso, tal como a “teoria da evolução” o
faz.
1. O Relato Bíblico da Origem do Homem (Gn.1:26,27; 2:7,21-23): A Palavra de Deus afirma que foi Ele
mesmo quem “criou” o homem (Gn.1:27;5:1,2;6:7; Dt.4:32; Sl.104:30; Is.45:12; 1Co.11:9); que, quanto à
constituição corporal do homem, Ele o “formou do pó da terra” (Gn.1:26; Sl.100:3; 103:14; 1Tm.2:13) e,
quanto a sua natureza imaterial (espiritual), o homem foi feito pelo “sopro de Deus” (Gn.2:7; Jó 33:4,5;
Ec.12:7). Este verdadeiro ensino da Palavra de Deus confere ao homem uma dignidade em sua
constituição e natureza espiritual, que nenhum outro ensino ou teoria lhe fornece.
2. A Natureza do Homem:
Com as palavras ditas por Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”, a
bíblia demonstra a condição original do homem, isto é, ele foi criado por um Ato direto de Deus, e de
maneira distinta dos outros seres vivos, os quais foram criados “cada um, segundo a sua espécie”
(Gn.1:12,21,25).
Em Gn.2:7, distinguem-se, claramente, os dois diferentes elementos da natureza humana: material e
espiritual, ou seja, corpo, alma e espírito. O corpo foi formado “do pó da terra”, mas a alma pelo “sopro
de Deus”. Compreendemos, deste modo, que Deus utilizou material preexistente na formação do corpo
(o pó da terra), mas na criação da alma e do espírito, o Senhor Deus “lhe soprou nas narinas o fólego de
vida, e o homem passou a ser alma vivente”. Outras passagens das Escrituras testificam desta dupla
natureza do homem (Ec.12:7; Mt.10:28; Lc.8:55; 2Co.5:1-8; 1 Ts.5:23; Hb.4:12).
A importância desta dupla natureza no homem reside no fato de que ele, assim como Deus é espírito, o
homem é um ser espiritual, “alma vivente”. Os atributos essenciais da alma são: capacidade de raciocínio
(inteligência), consciência e vontade. O homem, assim, difere de todos os outros seres vivos, possuindo a
capacidade de governar (Gn.1:28), liberdade de escolha consciente (Gn.2:15-17) e possibilidade de se
relacionar com Deus (Gn.3:8-11).
III – A Doutrina do Pecado nas Escrituras:
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Pecar significa, literalmente, "errar o alvo"; "fracassar" (do grego “hamarthia”). Pecar é afastar-se
daquilo que Deus planejou para o homem, por meio da prática de ações contrárias à Sua natureza divina.
O Novo Testamento descreve o pecado sob boa variedade de expressões, cada uma delas com
significado peculiar: (a)“anomia” (I Jo.3:4) – desregramento, desvio da verdade conhecida, da retidão
moral; (b)”asebeia” (II Pe.2:6) – oposição a Deus, em autêntica rebelião da alma; (c) “parabates”
(Mt.6:14; Tg.2:11) – transgressão contra princípios piedosos reconhecidos; (d) “paranomia” (At.23:3; II
Pe.2:16) – a quebra da lei, o afastamento da lei moral; “paraptoma” (Ef.2:1) – passos em falso; desvio
proposital pela tangente; etc. Seja como for, seja qual for o termo usado, uma coisa é certa: "o pecado
tem sempre relação com Deus". A expressão que melhor define o pecado é: “desobediência ou rebelião
contra Deus”.
1.
Pecaminosidade Universal
Ainda que muitos tenham opiniões diferentes quanto ao caráter do pecado e o modo como o mesmo se
originou, bem poucos se inclinam a negar o fato de que o pecado é um tormento no coração do homem,
em todos os quadrantes da terra. A própria história das religiões pagãs testifica a universalidade do
pecado. A pergunta de Jó, escrita em Jó.25:4  "Como seria justo o homem perante Deus, e como seria
puro aquele que nasce de mulher?"  é feita tanto por aqueles que conhecem a revelação de Deus,
quanto por aqueles que a ignoram.
A voz da consciência acusa o homem diante do seu fracasso em alcançar o ideal da vida perfeita, dizendo
que ele está condenado aos olhos de alguém que possui um poder superior. O apóstolo Paulo fala disto,
em Rm.2:12-16.
Os altares banhados de sangue e as frequentes confissões de agravo, feitas por pessoas que buscam se
livrar do mal, apontam em conjunto para o conhecimento do pecado e da gravidade do mesmo.
A universalidade do pecado está registrada, entre muitas outras, nas seguintes passagens da Bíblia:
Gn.6:5; I Re.8:46; Sl.51:5; 53:3; 143:2; Pv.20:9; Ec.7:20; Is.53:6; 64:6; Rm.3:9-12,19,20,23; 5:12-21.
2.
Culpabilidade de Todos os Homens (Rm 3:9,23; 5:12):
Algumas pessoas acreditam que o conceito de pecado é inerente a cada ser humano, ou seja, é relativo a
cada indivíduo. Cada um terá o seu próprio código de conduta, uma espécie de “lista particular” do que
considera certo ou errado. Mas o que a Palavra de Deus ensina a respeito do pecado? Vejamos:
a) A Origem do Pecado
No ambiente do Jardim do Éden encontramos a figura da serpente, que é Satanás, a qual enganou Eva
com a sua astúcia e a fez transgredir o mandamento de Deus. De onde se originou tanta malignidade?
Tanta mentira? Tamanha arrogância contra Deus? Encontramos as respostas a essas questões na Palavra
de Deus. O pecado originou-se no mundo angelical, nas hostes celestiais. Em Gn.1:1-31, lemos que Deus
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criou os céus e a terra e tudo o que neles há, e viu que tudo o que fizera era bom, mas quando lemos
Is.14:12-20 e Ez.28:11-19 compreendemos que o mal se originou em Lúcifer, o querubim protetor, que é
também a antiga serpente, o diabo e Satanás. A terça parte dos anjos que o segui foi expulsa do “Monte
Santo de Deus”, e habitaram as regiões celestiais. Isso será assim, até aquele dia da grande batalha que
será travada nos céus, conforme Ap.12:3-9. Mas, em que momento ocorreu a rebelião de Satanás? O
momento exato não está revelado nas Escrituras, mas o Senhor Jesus nos diz, em Jo.8:44, que ele peca
desde o princípio.
b) A Origem do Pecado para o Homem:
A narrativa de Gn.3 nos ensina que o pecado surgiu para a humanidade pela transgressão de Adão e Eva.
Com seu ato de desobediência a Deus, o homem passou a ser escravo do pecado e da morte, e “a morte
passou a todos os homens, por que todos pecaram” (Rm.5:12). Adão pecou e como pai da raça humana
tornou-se seu representante, transmitindo a todos os seus descendentes a sua “natureza pecaminosa” e,
portanto, a culpa do pecado é contabilizada para todos os que descendem dele, estando todos sujeitos à
morte e escravizados pelo pecado (Jo.8:32-36). Deus considera todos os homens pecadores à
semelhança de Adão e providenciou a salvação unicamente por meio do Senhor Jesus Cristo (Rm.3:1018,23; 5:14-21).
c) O Caráter Essencial do Pecado:
A essência do pecado do homem está no fato de que ele se colocou em oposição a Deus e O
desobedeceu. Recusou-se a se sujeitar à vontade de Deus de modo que Deus determinasse o curso da sua
vida, vivesse em inteira dependência de Deus e nEle confiasse. No entanto, o homem creu na mentira de
Satanás, desobedeceu a Deus e ensoberbeceu-se.
d) O Pecado Tem Caráter Absoluto:
Não há condição neutra entre o bem e o mal. As Escrituras não ensinam nenhuma posição de que o
pecado pode conviver com a Santidade de Deus. Ou o homem será “árvore boa”, ou será “árvore má”;
ou será “filho de Deus”, ou “filho do diabo”. Não há um estado intermediário, um meio termo. Nesse
aspecto, não se pode dar “um jeitinho”. (Mt.3:10; 7:17; 12:33; Lc.6:43; 11:23; 13:23-30; Tg.3:11,12).
d) O Pecado Tem Caráter Absoluto:
Não há condição neutra entre o bem e o mal. As Escrituras não ensinam nenhuma posição de que o
pecado pode conviver com a Santidade de Deus. Ou o homem será “árvore boa”, ou será “árvore má”;
ou será “filho de Deus”, ou “filho do diabo”. Não há um estado intermediário, um meio termo. Nesse
aspecto, não se pode dar “um jeitinho”. (Mt.3:10; 7:17; 12:33; Lc.6:43; 11:23; 13:23-30; Tg.3:11,12
3. Deus sabia que o homem haveria de pecar?
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Evidentemente, Deus sabia que o homem haveria de pecar, pois Ele é onisciente. Porém, isto não é a
mesma coisa que dizer que o homem foi abandonado ao pecado por Deus. O pecado já existia antes
mesmo da queda, e quando o homem o abraçou não o fez como se essa fosse a única opção que tinha.
Pecar, ou não pecar, era uma escolha do homem. Toda a situação era favorável a Adão, mas, assim
mesmo, ele desobedeceu ao Senhor.
Deus não fez o homem para pecar. Porém, diferentemente dos animais, que seguem apenas seus
instintos, Deus concedeu ao homem a dádiva do livre arbítrio, isto é, deu-lhe a capacidade de escolher
entre o certo e o errado (Gn.1:26-30; 2:16,17), porque não pode existir criatura moral, sem capacidade
de escolha. Entretanto, de modo algum Deus desejou que o homem pecasse, visto que “Deus não pode
ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta” (Tg.1:13-15).
4. Consequências do pecado:
O homem tornou-se escravo do pecado. Ele não pode, pela sua própria vontade, e contra o impulso
firme de sua natureza pecaminosa, obedecer a Deus em tudo, por que ele se tornou escravo do pecado
(Jo.8:34,44; Rm.3:23).
Na verdade, o pecado está no homem, independentemente de sua vontade própria. Ele já nasce
pecador, antes mesmo de praticar qualquer ação (Sl.51:5). Por causa do ato de desobediência de Adão, é
que todos os que nasceram dele pecaram. É uma questão de natureza, e não de livre escolha.
Assim sendo, o caráter pecaminoso no homem determina o seu destino: “a lei do pecado e da morte”
(Rm.7:15-21; 8:2).
5. Haverá perdão após a morte?
Não haverá perdão após a morte, para o pecador que não creu em Jesus, como seu suficiente salvador. A
Palavra de Deus afirma, em Jo.3:18: "...mas quem não crer já está condenado; porquanto não creu no
nome do Unigênito Filho de Deus". E, também, em Jo.3:36b:"... mas quem não crer no Filho... a ira de
Deus sobre ele permanece". Em Hb. 9:27, diz-se que: "...depois da morte, segue-se o juízo". E ainda, em
Mc. 16:l6: "...quem não crer será condenado". Assim, o pecador já está “morto em ofensas e pecados” e
no momento da morte física ele entra no mundo invisível na mesma condição, conforme se pode
perceber claramente na parábola do rico e Lázaro (Lc.16:19-31).
6. A morte nas Escrituras:
Como vimos, a morte é a setença de Deus contra o pecado. As Escrituras destacam três aspectos para a
morte:
a) a morte espiritual, na qual o homem ainda vive fisicamente, mas está separado (morto) de Deus
(Rm.3:23; Ef.2:1; 1Tm.5:6);
b) a morte física, na qual há a separação da alma e espírito, do corpo (Lc.16:22,23; 23:42-46; Hb.9:27);
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c) a morte eterna ou a segunda morte, na qual ocorre a separação eterna e definitiva de Deus. Então, no
dia do juízo final, diante do trono branco e do Juiz de toda a terra, aquele, cujo nome que não for achado
escrito no Livro da Vida, receberá a sentença da segunda morte, que é a separação eterna de Deus.
(Mt.25:41,46; Jo.5:28,29; 2 Ts.1:8,9; Ap.21:8).
IV – O cristão e o pecado:
1. É possível o crente pecar? Mt.6:12; 14-15; 18:21-35; I Jo.1:8-2:2.
Para muitos crentes, a descoberta de que, após terem aceitado a Jesus como Salvador, ainda estavam
sujeitos ao pecado, foi tão extraordinária quanto o próprio fato de agora saberem que eram novas
criaturas.
Que é possível o crente pecar é assunto que se salienta em toda a Escritura. Só no Novo Testamento, há
capítulos inteiros, como por exemplo Romanos 7 e 8, que mostram o conflito interior do crente entre a
natureza divina que nele habita, e a natureza humana, mostrando a possibilidade do crente vir a pecar. A
diferença está em que o crente recebe a remissão dos pecados, no Sangue de Jesus, o qual é a
“propiciação pelos nossos pecados”, diferentemente do descrente.
2. Qual a causa do pecado do crente?
A Palavra de Deus aponta algumas causas para que isso ocorra:
a) A presença do pecado em nosso corpo mortal (Rm.7:14-25; Tg.1:12-16);
b) amar o sistema mundano, que está sob o domínio de Satanás (I Jo 2:15-17);
c) não andar segundo a Vontade de Deus e direção do Espírito Santo (Gl.5:16-25);
d) falta de oração, vigilância e obediência à Palavra de Deus (Mt.26:41; Jo.17:14-17);
e) falta da armadura de Deus (Ef.6:10-15).
O crente que relaxa o hábito da oração e da leitura e estudo da Bíblia, está incorrendo em sérios riscos
espirituais, podendo se tornar presa fácil do adversário. Entretanto, não podemos nos esquecer de que,
ninguém que afirme ser cristão, vive na prática do pecado (IJo.3:4-6).
3. Quais as consequências do pecado na vida do crente?
Dentre as muitas consequências do pecado na vida do crente, temos:
a)
Perda da comunhão com Deus (I Jo 1:5-7);
b) os inimigos encontram oportunidade de blasfemar contra Deus (2 Sm.12:14);
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c) morte prematura (At.5:1-11; I Co.11:30; IJo.5:16);
d) causar escândalo e tropeço (Rm.14:13-21; ICo.8:9-13).
4. Como o crente deve tratar o pecado?
A bíblia recomenda que o crente deve reconhecer o seu erro (Sl 51:3); evitá-lo (ITm.5:22; II Co.6:14-18;
7:1); detestá-lo (Jd23); resisti-lo (Tg.4:4-8); confessá-lo (IJo.1:9; Tg. 5:16); abandoná-lo (Pv.28:13).
V – Conclusão:
Em Gn.2:16,17 encontramos a ordenança de Deus ao homem, cuja transgressão trouxe a entrada do
pecado e da morte ao mundo. As Escrituras nos afirmam que Deus não pratica o erro (Jó.34:10); que
Deus é Santo (Is.6:3); que não há nEle injustiça (Dt.32:4; Sl.89:14); que Ele não pode ser tentado pelo
mal, e a ninguém tenta (Tg.1:13); que Ele aborrece o pecado (Dt.25:16; Sl.5:4; 11:5; Zc.8:17); e que o
pecado é de inteira responsabilidade de quem o pratica (Ez.18:20; Tg.1:14,15).
Quando Deus criou o homem, criou-o conforme a Sua imagem e semelhança, sem pecado, para que ele
vivesse para a glória de Deus. Em Cristo Jesus, Deus providenciou a restauração deste Seu plano original
para os que crêem nEle, como o seu único e suficiente Senhor e Salvador.
Você já foi libertado de uma vida escravizada pelo pecado? Sua vida agora é dedicada à glória de Deus?
LIÇÃO 5
Cremos na “Doutrina da justificação pela fé, salvação eterna do crente genuíno, sem o
concurso do mérito próprio. A justificação do pecador é somente pela graça de Deus, na
suficiência do sangue remidor de Jesus Cristo, com eterna segurança.”
Texto Áureo: “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo”
(Rm.5:1).
Meditando Diariamente na Palavra:
Segunda-feira -Is.53; 1 Pe.2:24
Terça-feira - Jó 25:4; Rm.3:24; 5:1,2,9,18-21
Quarta-feira - Sl.143:2; Rm.8:1,2,31-39
Quinta-feira - Sl.32:2; At.13:38,39
Sexta-feira - Jo.10:27-29; Ef.2:8,9,14-17
Sábado - Rm.4:6; 2 Co.5:19-21
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I – Introdução:
Estudaremos, a partir desta lição, uma das mais importantes doutrinas da Igreja: a doutrina da salvação.
Os teólogos a chamam de “soteriologia”, que é a parte da teologia que estuda a doutrina da salvação. A
expressão soteriologia vem do grego sõteria, que significa “salvar”; “salvador” ou “libertador”
encontrada em textos como: Lc.2:11; Ef.1:13; Hb.7:25).
Quase a totalidade dos grupos religiosos atuais, não pregam a certeza de salvação. Alguns sequer
cogitam disso, nem crêem na possibilidade da salvação, como os espíritas, por exemplo. Já os católicos
romanos pensam que a salvação só é possível com o concurso das obras, e ninguém (senão Deus) pode
saber quem é salvo, ou não. Por isso, praticam missas em sufrágio das almas, acrescidas das
indulgências, votos e penitências aos santos, na tentativa de “colaborar com Deus” para a salvação de
seus entes queridos falecidos.
Entre os evangélicos, há os que defendem a predestinação determinista, isto é, Deus já teria
determinado os que serão salvos e perdidos, independetemente de qualquer atitude ou manifestação da
vontade deles. Por outro lado, há quem ensine a perda da salvação, ou seja, a salvação estaria
condicionada a certos pré-requisitos que, se não cumpridos, sujeitaria ao transgressor à perda da
salvação. Há, ainda, os que anunciam o evangelho da prosperidade, do “aqui e agora” e, nem ao menos
falam em salvação, estando mais interessados em lucros, domínio, posição eclesiástica e outros
assuntos.
A Igreja de Cristo no Brasil crê, à semelhança de grande parte das igrejas evangélicas tradicionais, no que
a Palavra de Deus ensina, a qual nos mostra, com absoluta clareza, que se alguém é salvo, está salvo para
sempre, conforme Jo.10:27-30; Rm.5:1-2; 8:1-2, 31-39; 1Jo.5:1-13.
Não há como aceitar a perda da salvação, à luz das Escrituras. As decisões e propósitos divinos são
imutáveis (Rm.11:29). Deus não está sujeito às incertezas do proceder humano, e tão pouco age diante
de méritos humanos.
II – A Doutrina da Salvação:
Adotaremos aqui a mesma divisão utilizada por Myer Pearlman, em seu livro “Conhecendo as Doutrinas
da Bíblia”, para o estudo da doutrina da salvação. Ela a subdividiu em três aspectos: justificação,
regeneração e santificação, como partes integrantes e inseparáveis de uma mesma verdade.
1. Justificação - é o ato de Deus pelo qual Ele declara justo aquele que crê em Jesus Cristo. O homem,
que era culpado e condenado perante Deus, agora é absolvido e declarado justo pelo próprio Deus
(justificado), por meio de Jesus Cristo (Rm.5:1). Nos que estão em Cristo, a justiça de Deus é manifestada
(2Co.5:21) e por Ele obtemos o perdão dos pecados (Ef.1:7).
2. Regeneração e Adoção – regenerar significa gerar de novo. O homem, morto em transgressões e
ofensas, precisa de uma nova vida em Cristo, sendo esta concedida pelo ato divino do novo nascimento
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(Jo.1:12,13; 3:3-5). Sugere uma cena familiar. O crente é um com Cristo, em virtude de sua morte
expiatória e do Seu Espírito vivificante. Nele somos feitos novas criaturas, com uma nova vida (2Co.5:17).
O novo homem, em Cristo, torna-se herdeiro de Deus e membro de Sua família (Rm.8:14-17).
3. Santificação – a salvação é um processo que se inicia na conversão e termina na ressurreição de
nossos corpos, no dia da vinda do Senhor Jesus Cristo. Assim, a “santificação”, como parte da salvação,
está relacionada à separação da propriedade exclusiva de Deus (que somos nós) para uma vida que O
glorifique (Rm.12:1-2). Tendo paz com Deus, e tendo recebido uma nova vida, o novo homem, dessa
hora em diante, dedica-se ao serviço de Deus. Comprado por elevado preço (1Pe.1:14-19), já não é dono
de si mesmo; não mais vive na prática do pecado, mas serve a Deus de dia e de noite (Lc.2:37). Tal
pessoa é santificada por Deus e, por sua própria vontade, entrega-se a Ele para viver em santificação e
em novidade de vida. Somos santificados (1Co.1:2), e Ele é feito para nós santificação (1Co.1:30). Ele é o
autor da salvação eterna (Hb.12:2).
O homem salvo, portanto, é aquele cuja vida foi harmonizada com Deus, foi adotada na família divina, e
agora dedica-se a servi-Lo. Em outras palavras, sua experiência da salvação, ou seu estado de graça,
consiste em “justificação, regeneração, adoção e santificação. Sendo justificado, ele pertence aos justos;
sendo regenerado, ele é filho de Deus; sendo santificado, ele é santo, literalmente uma pessoa santa”
Hb. 12:14.
III – Salvação Necessitada:
Por que falamos de salvação? Será que todo homem necessita de salvação? A necessidade da salvação
do homem vinda da parte de Deus se deve a dois fatos que cada pessoa tem que enfrentar:
a) O fato da pecaminosidade do homem (Rm.3:23) - todo homem é pecador (Sl.51:5; 1Jo.1:8-10);
b) Deus é justo e santo (Sl.89:14; 36:6) - Deus condena o pecado, sendo Ele mesmo Juiz contra todos
aqueles que morrem em seus pecados (Jo.3:36); a sentença é o afastamento eterno da sua presença
(Jo.8:21-24; Ap.20:11-15).
A Bíblia é muito clara sobre este fato: O homem está perdido e precisa ser achado (Lc.19:10); está
condenado e precisa de absolvição (Is.53:6); está espiritualmente morto e precisa de vida (Ef.2:1); está em
trevas e necessita de luz (Jo.1:4,5,9); está doente e necessita de médico (Mt.9:12); é culpado e necessita
de justificação (Rm.3:21-23); é pecador e necessita de perdão (Rm.5:12-19); é um escravo e precisa de
libertação (Jo.8:32); é absolutamente incapaz de salvar a si mesmo (Is.64:6).
IV – Salvação Providenciada:
Deus tomou a iniciativa na salvação do pecador. Foi Ele quem providenciou o meio para que o pecador
se aproximasse dele (Jo.3:16; 16:8; Rm.10:8-17; Ef.2:8,9); a Graça nos foi concedida pelo Senhor e até a
fé salvadora, vem pelo ouvir, o ouvir a Palavra de Deus (Jo.1:16-17; Ef. 4:7; Rm.10:17).
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1. Cristo veio para ser o salvador (Mt.1:21):
O Unigênito do Pai se fez carne a fim de providenciar a salvação da humanidade (Jo.1:1,14; 3:16,17).
2. A vida, morte e ressurreição de Cristo, satisfizeram plenamente todas as exigências de Deus Pai
(ICo.15:14; Rm.4:25).
Deus demonstrou sua plena aceitação do sacrifício de Cristo, pelo fato de ressuscitá-lo dentre os mortos
e assentá-lo à sua destra, acima de todo o poder e autoridade (At.5:31,32; Fp.2:8-11; Hb.1:3, 13; 8:1;
10:12; 12:12).
Quando Cristo, voluntariamente, foi a cruz, morreu como sacrifício (oferta) de substituição em favor dos
pecadores. O castigo de Deus contra o pecado caiu sobre Ele (Is.53; Rm.5:6-11; 1Pe.2:24), satisfazendo
toda a justiça divina. Agora, Deus Pai não aceita outro mediador, entre Ele e os homens (At.4:12;
ITm.2:5).
O que deve fazer então o homem agora? A resposta se encontra em At.16:30,31, onde se pergunta: "o
que devo fazer para ser salvo"? Cuja resposta foi: "Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo..."!
V – Salvação Aceita:
Aceitar a salvação gratuita de Deus, o favor imerecido, é preciso:
1. Arrepender-se de seus pecados (Mc.1:15; Lc.13:3; At.2:37,38).
O arrependimento consiste em uma mudança de direção, uma mudança de atitude com relação ao
pecado, mudança de comportamento, mudança de coração e mente (2 Co.7:10). A indiferença do
pecador é substituída por um desejo sincero de salvação; a sua auto-suficiência, por uma franca
confissão de incapacidade espiritual; o seu orgulho, por humildade.
2. Crer em Jesus Cristo, como seu único e suficiente Salvador (Ef.1:13;2:8-9; 1Jo.5:9-12; Mc.1:15;
16:15,16).
Crer no testemunho de Deus com respeito à pessoa e obra de seu Filho (1Jo.5:9-13). Sendo um pecador,
culpado e perdido, ele deve crer no fato de que Cristo morreu por ele, levou os seus pecados, tomou o
seu lugar na cruz, realizou uma obra perfeita, fazendo tudo o que era necessário para a sua salvação.
(Hb.10:10,14-20; 1Jo. 5:13).
3. Confessar a Jesus Cristo como Senhor e Salvador de sua vida (Rm.10:9,10).
Este é um passo importante e decisivo, por que é um ato definido de vontade. Como saber se alguém
creu, ou não, em Jesus? Se alguém não crer nele, como irá confessá-lo? Confessá-lo como único e
suficiente Salvador e Senhor de sua vida, significa entregar-se totalmente a Ele. Crer, neste caso,
também é obedecer (Mt.7:21-29; Lc.6:46; 1Jo.2:4; At.16:30,31).
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VI – A Certeza de Salvação:
Como posso ter certeza de salvação? Resposta: Deus o declarou expressamente pela Sua Palavra! Ele
afirma clara e categoricamente que toda pessoa que confia sua vida a Cristo, é perdoada e salva, recebe
a vida eterna e está segura para sempre (Jo.3:16; 5:24; 10:27-30; Rm.8:1-2, 31-39; 10:9,10).
VII - Salvação Eterna:
A salvação do crente genuíno é um ato irrevogável! uma vez salvo, salvo para sempre! uma vez filho de
Deus, é filho para sempre, e não bastardo (Jo.1:11-13; Rm.11:29; Hb.12:6-8; 1Jo.3:1,2).
A doutrina da salvação eterna do crente genuíno tira o medo e a dúvida do coração do homem,
infundindo nele a confiança e a esperança; elimina os nocivos “ventos de doutrina”, fornecendo-lhe a
segurança e fortaleza no conhecimento da verdade.
Leiamos alguns textos bíblicos que nos ensinam a segurança eterna do cristão:
1. "O qual também nos selou e nos deu como penhor o Espírito em nossos corações" (2Co.1:22). Deus, em
Jesus Cristo, nos deu do seu Espírito (v.21). O ato de selar é uma forma de segurança contra a abertura de
documentos. Assim, os que estão em Cristo, têm este selo do Espírito Santo que garante a sua
propriedade divina. Seu destino final é a nossa morada nos céus (Dn.6:17; Ef.1:13-14). A palavra “penhor”
significa “garantia; segurança” (2 Co.5:5; Ef 1:14), isto é, garantia de tudo quanto está envolvido na
salvação. Pelo selo do Espírito Santo, no espírito e alma do homem regenerado, há uma transformação
interior, mudando-o "de um ímpio pecador, em um santo adorador". Ele garantiu possessão final e
completa de tudo o que a vida eterna significa.
2. "Porque eu sei em quem tenho crido e estou bem certo de que é poderoso para guardar o meu
depósito até aquele dia". 2 Tm. 1:12. O apóstolo está convicto, não tem dúvidas, não tem receio, tem fé!
Sabe que Ele é poderoso e tem toda autoridade nos céus e na terra (Mt.28:18). A vida que é entregue a
Deus está segura em suas mãos. Deus é quem a está guardando e este depósito, ninguém o pode
confiscar. A expressão “até aquele dia” é muito séria, e nos faz lembrar das palavras de Jesus aos seus
discípulos: "Mas não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os
vossos nomes escritos nos céus" (Lc. 10:20). Alegrai-vos! é a ordem do Senhor! O que nos resta fazer?
Exultar! Portanto, exultem cidadãos do céu! No céu não tem borracha, nem apagadores, nem revisores
de texto. Se o seu nome foi escrito no céu, no livro da vida do cordeiro (Ap. 21:27), você já está
relacionado como um morador da Nova Jerusalém, e ninguém pode mudar este fato!
VIII - Conclusão:
A salvação é um Dom de Deus (Ef.2:8) e nos vem pela graça divina. Em relação à justificação, Deus é o
Juiz e Cristo é o nosso advogado de defesa; o pecado do homem é sua frontal desobediência e agravo
contra Deus, cuja penalidade é a morte; a expiação no sangue de Jesus é o cumprimento da exigência
divina expressada em sua Lei, reveladora de Sua justiça e santidade; o arrependimento e a fé
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representam a convicção e aceitação da Obra expiatória de Cristo na cruz, trazendo a remissão dos
pecados; o Espírito Santo testifica do perdão concedido, em Cristo, e realiza o novo nascimento; a vida
cristã é obediência; e sua perfeição é o cumprimento da lei da justiça, no homem nascido de Deus
(Rm.5:1,2).
Deus, através do Espírito Santo, forma em nós a imagem de seu Filho (Rm.8:29). Toda essa realização
está muito acima das possibilidades humanas. Tudo nos vem pela graça e méritos de Jesus Cristo
(Rm.3:23-28; 6:23; Ef.2:8-10). A Deus demos glória! Amém!
LIÇÃO 6
Cremos na “redenção da culpa, pena, domínio e presença do pecado, somente por meio da
morte expiatória do Senhor Jesus Cristo, no sangue do Unigênito Filho encarnado de Deus,
nosso representante e substituto”
Texto Áureo: “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte de Deus sabedoria, e
justiça, e santificação, e redenção” (1 Co.1:30).
Meditando Diariamente na Palavra:
Segunda-feira - Êx.13:2,11-16; Rm.3:24,25;
Terça-feira - 1Co.6:20; 15:56,57
Quarta-feira - Lc.1:68; 2:38; 1Pe.1:18,19
Quinta-feira - Jo.3:14-16; 8:32-36
Sexta-feira - 1Tm.2:5,6; Hb.9:22-28
Sábado - At.2:24; Ap.1:5;5:2,9
I – Introdução:
Na lição anterior, iniciamos o estudo da doutrina da salvação. Agora, iremos considerar, mais
detidamente, os aspectos da doutrina relacionados ao significado e à importância da redenção em Cristo
Jesus, segundo a revelação de Deus em sua Palavra.
II – A Doutrina da Redenção em Cristo:
Definida pelo dicionário Aurélio, a palavra resgate é “o ato de livrar do cativeiro, ou de dívida, por meio
de pagamento em dinheiro ou outro valor; remir; libertar”. Já a palavra redenção, é definida como sendo
“o ato capaz de livrar ou salvar alguém de situação aflitiva ou perigosa; e, em sentido religioso, é a
salvação oferecida por Jesus Cristo na cruz, com ênfase no aspecto da libertação da escravidão do
pecado.”
De modo semelhante, a Palavra de Deus nos revela o significado dessas palavras, relacionando-as ao
projeto eterno de Deus, em Cristo Jesus. No Antigo Testamento a palavra redimir é tradução de duas
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palavras hebraicas. A primeira era usada para indicar o pagamento em dinheiro, exigido por lei, para a
redenção dos primogênitos (Êx.13:2,11-16), ou seja, o resgate que isentava aos israelitas da obrigação de
que cada primogênito, homem ou animal, fosse separado para Deus (Nm.3:46-49; 18:15ss). A segunda
era usada para indicar o livramento de pessoas da servidão (Êx.21:8; Lv.25:47-49). Indicava, ainda, a
recuperação de propriedades que houvessem passado para outras mãos (Lv.26:26; Rt.4:4ss), bem como
a comutação de um voto (Lv.27:13,15,19,20), ou de um dízimo (Lv.27:31). Em um caso de homicídio, um
parente tinha o direito de redimir (vingar) o sangue da vítima (Nm.5:8; 1Re.16:11).
Um aspecto interessante do significado destas palavras, está relacionado com o ano do jubileu. Quando
alguma família perdesse o direito de usufruir de um terreno, por causa de dívida, por exemplo, este lhe
deveria ser devolvido no ano do jubileu, a cada cinquenta anos (Lv.25:8-17). Para isso, antes desse ano,
um parente mais próximo tinha o direito e a responsabilidade de remir a propriedade, liquidando a
dívida e restaurando-a a seus donos originais (25:23ss). Noemi chamou o filho nascido a Boaz e Rute de
Obede (redentor), porque a livrara do opróbrio de não ter herdeiro masculino sobrevivente (Rt.4:14).
Todos esses fatos têm relação direta com o Senhor Jesus Cristo. Vejamos, agora, em que, estas verdades
da Palavra de Deus, se aplicam aos que estão em Cristo:
1. Redenção da Culpa pelo Pecado:
Todo pecado envolve culpa, porque, em alguma medida, uma lei ou norma de conduta foi violada
(Rm.2:11-15). Ser culpado equivale a merecer a justa punição pelos pecados cometidos (Rm.3:23). Em
Lv.4:13; 5:2, lemos que a quebra de qualquer dos mandamentos de Deus, incorria em culpa. A passagem
de Tg.2:10, afirma que quebrar um só mandamento da lei, apesar dos demais estarem sendo
obedecidos, resulta em culpa. Assim sendo, o homem pecador necessita de redenção e resgate, pois se
encontra, por sua própria culpa e pecado, submetido ao poder do pecado e da morte.
Os homens, de fato, são escravos do pecado, e não podem ser livres, se não houver a interferência de
alguém a seu favor, que pague o preço de sua dívida pelo pecado, bem como lhe restitua aquilo que ele
havia perdido. A Palavra de Deus nos afirma que, somente Jesus tem esse poder (Jo.8:32-36).
Aspecto da salvação da culpa do pecado: Deus interveio a favor dos homens para a salvação, por meio
de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (Jo.4:42; At.5:31; Rm.1:16; Ef.1:13; 1Co.1:21; Fp.3:20; 1Tm.1:15;
Hb.2:10; 5:9; 7:25; 1Pe.1:15). A obra redentora de Cristo Jesus, na cruz do Calvário, é perfeita e eficaz,
feita uma só vez, para a purificação de nossos pecados no seu sangue (1Co.6:20; 1Pe.1:18; 1Jo.1:7;
Ap.1:5; 5:9). Desta forma, somos libertos de uma consciência culpada diante de Deus, tendo livre acesso
a sua presença (Hb.10:10,14,18-23).
2. Redenção da Pena do Pecado:
A morte expiatória de Cristo Jesus na cruz foi o preço pago pelos nossos pecados. Ele assumiu o castigo
que deveria cair sobre nós e nos reconciliou com Deus (Is,53:4-10; Rm.3:24-26; 4:25; 5:6-10; 8:1-4;
1Co.6:20; Ef.1:7; Cl.1:14). Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, pagou um alto preço para a nossa
redenção, quitando nossa dívida, diante de Deus (Hb.9:27,28).
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O Deus Unigênito se fez carne, morreu e ressuscitou, vencendo a morte e ao império das trevas e a
Satanás. Cristo venceu o pecado e a morte, sendo glorificado à direta de Deus Pai (Rm.8:1-4; Ap.1:17,18).
E o que é a morte agora para o crente? A própria morte é nossa, diz o apóstolo Paulo, como também
nossa são todas as coisas, em Cristo (1Co.3:21-23). Devido ao Bendito Salvador, ter entrado por mim na
morte, e também no julgamento, ele se tornou para mim a redenção da morte (pena), tornando-se
assim a minha salvação. O pecado que tem por salário a morte, foi eliminado pela sua própria morte. O
julgamento foi sofrido por mim ali na cruz do calvário, quando eu fui “mergulhado” nele (Rm.6:3-6). A
vida eterna, não pode ser adquirida pelo esforço do homem, mas precisa ser recebida pela fé no doador
da vida, isto é, Jesus Cristo (Ef.2:8,9).
3. Redenção do Domínio do Pecado:
Após a experiência do novo nascimento, tendo sido “mergulhado” (batizado) em Cristo, em sua morte e
ressurreição, tendo sido selado com o Espírito Santo, o novo homem em Cristo passa a ser livre do
domínio do pecado em sua vida (Rm.6:12-18).
É na prática o domínio do novo homem em Cristo sobre o velho homem adâmico. É a vivência prática,
autêntica e verdadeira de um testemunho vivo do novo nascimento, que se processou interiormente, e
que se reflete na maneira comportamental de ser, da nova criatura em Cristo, pelo poder do Espírito
Santo e da Palavra de Deus, do interior para o exterior do cristão genuíno (Rm.6:1,2,17,18; Gl.2:20;
5:16,24).
A maneira de ser do novo homem em Cristo, revela quem o domina: se a carne ou o Espírito Santo; se o
“eu” carnal, ou Cristo. Certamente distingue o verdadeiro crente, do falso; o “nominal-teórico”, do
“genuíno-prático”. Isto só pode ser conhecido pelas nossas ações diárias. Se somos luz e sal da terra,
então, os homens “verão” as nossas boas obras e glorificarão a Deus (Mt.5:13-16). Sua vida reflete essa
verdade bíblica, diante dos homens?
O apóstolo Paulo definiu o verdadeiro testemunho cristão, em Ef.4:24 e Rm.12:1-2. O crente fiel, que
apresenta o seu corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, separando-se do mundo ímpio e
corrompido pelo pecado, ele, por inteiro, oferece-se em consagração ao serviço do seu Senhor, como
ressurreto dentre os mortos, no altar da graça (Cl.3:1-17). A vontade de Deus é que a imagem santa de
seu Filho seja refletida em nossas vidas (2 Co.3:18).
4. Redenção da Presença do Pecado:
É chamada, também, de “redenção final”, pois ocorrerá quando formos libertado da presença do pecado
e da morte física no nosso corpo, o qual será transformado, glorificado e imortalizado, à semelhança do
corpo glorioso de nosso Senhor Jesus Cristo, quando de sua vinda para arrebatar a sua Igreja Triunfante
(Rm.8:19-25; 1Co.15:35-58; 1Ts.4:13-18; Fp.3:20,21; 1Jo.3:1-3). Isso é realmente maravilhoso, por que
seremos semelhantes ao Senhor Jesus, pois não teremos mais a presença do pecado em nossos corpos,
não mais morreremos e seremos glorificados! Será assim mesmo, quando Deus transformará nossos
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corpos completamente, para nós nos apresentaremos diante dele, com nossos corpos transformados
"santos e irrepreensíveis diante dele...", e não nos envergonharmos dele na sua vinda. Leia 1Ts.5:23 e
1Jo.2:28.
5. Redenção da Maldição da Lei:
Visto que a redenção livra da servidão ao pecado, seu alcance é tão amplo como o escopo do pecado e
do mal a ele inerente. Este livramento envolve, também, a redenção da maldição da lei (Gl.3:10-14), e da
exigência da obediência à lei, como um meio de alcançar a salvação (Gl.2:16-19; Fl.3:9).
Observe atentamente o que isso significa, pois não está dito que “o crente não deve guardar a lei” 
como muitos acreditam e ensinam  mas que “ele não deve obediência à lei, como meio de salvação”.
Por acreditarem naquele ensino, muitos têm desprezado a Palavra de Deus, especialmente o Antigo
Testamento, por acreditarem que aqueles mandamentos não se aplicam a eles, mas somente aos
israelitas. Eis um grande equívoco, que necessita ser esclarecido. Que o Senhor nos ajude a amar a sua
Palavra toda  medite em todo o Sl.119; mas, agora, leia apenas os versículos 11, 97, 105 e 160 
nunca desprezando qualquer parte dela. Em relação a esta compreensão, muito nos auxiliará o estudo
profundo das epístolas aos Gálatas, Romanos, Colossenses e Hebreus.
Jesus e a Lei (Mt.5:17-20) - De fato, as declarações de Jesus acerca da lei ultrapassam em muito a
teologia judaica comum. Por exemplo: Jesus reconheceu a autoridade vigente da lei de Moisés (Mt.5:17);
mas, rejeitou a hipocrisia dos fariseus na observância da mesma lei (Mt.23;23,25,26); recomendou às
multidões que fizessem aquilo que era ensinado pelos escribas e fariseus, embora não devessem praticar
as suas obras (Mt.23:1-3); Ele deu o sentido verdadeiro de interpretação da lei (Mt.5:21ss). A lei do
sábado, para exemplificar, ilustra esse ponto: Jesus fazia coisas, nesse dia, que os fariseus condenavam
(Mc.2:23,24), pois sua visão era legalista e orgulhosa, mas Jesus lhes trouxe o verdadeiro sentido do
mandamento (2:25-28). Não havia nada de errado com o mandamento (como muitos pensam), mas a
interpretação era carnal e pecaminosa. Quanto um certo indivíduo indagou o que teria de fazer, a fim de
herdar a vida eterna, Jesus lhe disse: "...guarde os mandamentos"! Essa é a verdade! Não há aqui
nenhuma “segunda intenção” de Jesus. Ele está sendo absolutamente sincero, e fala exatamente do que
sabe ser correto! O interessante no texto, é que o homem acredita que já pratica essa verdade! Porém,
quando Jesus lhe mostra o verdadeiro sentido da Lei, mandando-lhe vender tudo o que tivesse, para dálo aos pobres, e depois vir a Jesus e segui-Lo, o que aconteceu? Ele ficou extremamente decepcionado
consigo mesmo! Onde estava o problema: na Lei, ou no homem que quer agradar a Deus pela Lei?
Paulo e a Lei - Paulo ensina que a lei é o “aio” (guia) que nos conduz a Cristo. A lei demonstra a justiça de
Deus, sendo, portanto, santa, pura e perfeita. Mas, ao mesmo tempo, revela ao homem sua completa
impossibilidade de alcançar aquele padrão divino de justiça, através de seus méritos ou esforços
pessoais.
A lei mostra ao homem a sua verdadeira natureza pecaminosa, levando-o a buscar em Cristo, escape do
juízo de Deus, porque somente Jesus cumpriu toda a justiça da Lei, concedendo-a, gratuitamente,
àqueles que nEle crêem. Ora, sermos livres do juízo de Deus por que haviamos transgredido a sua lei e
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a sua justiça  o qual foi derramado sobre o justo Senhor e Salvador Jesus Cristo, não nos dá o direito
de abusarmos da graça de Deus, ou de desprezarmos a sua Palavra, sob pretexto de sermos “livres da
lei”.
O que a Palavra de Deus ensina é que, quem está na carne, não pode, jamais, cumprir a Lei, por causa do
pecado; pois a lei é santa, espiritual, justa e boa (Rm.6:14,15), mas o homem sem Cristo é escravo do
pecado. Porém, aquele que está em Cristo, já não está mais na carne, mas no Espírito (Rm.8:5-14) e
alcançou maior justiça (que é a de Cristo), do que a dos escribas e fariseus.
Agora, o novo homem em Cristo deve andar no Espírito (Gl.5:16), cumprindo a Lei de Cristo (Gl.6:2),
através do amor, que é, no final das contas, o próprio cumprimento da Lei de Moisés e de toda a
Escritura!!! (Rm.13:8-10; Gl.5:13-15). Vemos, assim, que a lei se cumpre em nós, não para a salvação,
mas porque somos salvos e amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos, por meio daquele que
nos amou, o Senhor e Salvador Jesus Cristo e da atuação poderosa de seu Espírito Santo, no homem
interior!
O homem não deve, e não pode, buscar estabelecer a sua justiça pelo cumprimento da lei, pois ele,
fatalmente, se colocará debaixo da maldição da lei (Gl.3:10-12). Então, o que era impossível a nós, Cristo
fez nos libertando dessa maldição (Gl.3:13,14). Então, o objetivo da lei, que era o de servir de “mestreguia” ou “aio”, até que Cristo viesse, foi cumprido (Gl.3:21-24). Uma vez unidos a Cristo, pelo novo
nascimento, e sendo participantes da justiça de Cristo, o objetivo da lei é cumprido (Gl.3:26,27), e o
homem é declarado justo, pela fé em Jesus Cristo (Rm.10:1-11).
Reafirmando o ensino:
1 - Paulo rejeitava qualquer possibilidade de que a salvação pudesse ser obtida mediante a guarda da lei,
mas somente pela justificação pela fé, em Cristo Jesus (Rm.3:20-28; 4:13; Gl.3:11).
2 - Não é por causa da lei que o homem não é salvo (Lv.18:5; Gl.3:12), mas porque o homem natural
jamais poderá cumpri-La, por causa de sua natureza pecaminosa (Rm.3:20; 7:7,8).
3 - Isso conduz o homem a procurar outra solução, que se encontra na graça divina, em Jesus Cristo
(Gl.3:12; Rm.7:11).
4 - A própria lei é boa. Nada há de errado com a qualidade moral da lei (Rm.7:12,14). Mas, apesar da lei
mostrar o que é bom, e condenar o que é mau, ela não tem qualquer poder para ajudar o homem a
seguir a bondade e evitar a maldade. O sétimo capítulo de Romanos demonstra isso claramente. O
principio do pecado inerente ao homem, é forte demais para ele. Se quiser ser salvo, terá de socorrer-se
em Cristo e no poder do Espírito Santo (Rm.7:24,25; 8:1ss).
5 – Entretanto, o plano de Deus é que a sua lei se cumpra em nós, que temos sido alcançados pela sua
graça e misericórdia (Rm.8:3-17), enaltecendo o papel singular operado pelo Espírito Santo.
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6 - deste modo, o Espírito Santo nos guia à vida de santificação e à prática da Lei de Cristo: que é o amor!
Todas as obrigações morais da lei cumprem-se no amor ao próximo (Rm.13:8ss).
7 - Paulo nunca ensinou que a lei deixou de existir, ou perdeu qualquer significado para nós (Rm.3:31).
Mas, pelo contrário, vemos que o apóstolo ensina que ela tem seu cumprimento em nós, no amor de
Cristo (Rm.13:8-10), seguindo o exemplo do próprio Senhor Jesus Cristo (Mt.5:17-20). Esse é o propósito
de Deus (Jr.31:31-34).
III – A Expiação no Sangue de Jesus Cristo:
Expiação significa, segundo o dicionário Aurélio: “remir (a culpa), cumprindo uma pena; purificar através
de sacrifício; tornar puro, sofrendo as consequências disto.” De fato, a obra redentora de Cristo está
estreitamente ligada à expiação 1Jo.1:7. Sem ela, não haveria salvação! Ela é o único modo pelo qual
Deus poderia perdoar o pecador e, ao mesmo tempo, satisfazer a sua justiça. No latim, “expiação” é
composta de duas palavras: “ex” (completamente) e “piare” (aplacar; purificar). Segundo Cl.1:20, a
expiação produz paz com Deus e reconciliação.
Referências bíblicas da expiação: A expiação é aplicada (Rm.5:8-11; 2 Co.5:18,19; Gl.1:4; 1Jo.2:2; 4:10);
foi preordenada por Deus (Gn.3:15; Rm 3:25; I Pe.1:11,20; Ap.13:8); ela é universal  veja o parágrafo
seguinte porém, Deus exige que seja concedida somente a todo aquele que crê e for batizado em
Jesus (Mt.7:13,14; Mc.16:16; Lc.13:23,24; Jo.3:16-19;5:24-29; At.16:30,31; 1Tm.2:4-6); foi predita (Sl.22;
69:20,21; Is.7:14; 53:4-12; Zc.13:1,7); foi efetuada por CRISTO (Jo.1:29,36; At.4:10,12; 1Ts.1:10;
1Tm.2:5,6; Hb.2:9; 1Pe.2:24); voluntariamente (Sl.40:6-8; Hb.10:5-9; Jo.10:11-18); a Expiação exibe a
graça e a misericórdia de Deus (Rm.8:32; Ef.2:4-7; 1Tm.2:4; Hb.2:9); o amor de Deus Pai (Rm.5:8;
1Jo.4:9,10); o amor de Jesus (Jo.15:13; Gl.2:20; Ef 5:2,25).
Em 1Jo.2:2 lemos: "Ele (Jesus) é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas
também pelos pecados de todo o mundo". Isto significa que o sacrifício de Jesus Cristo foi feito por todos,
não, porém, que todos tenham sido salvos por ele (o sacrifício). Tanto é verdade, que o próprio Senhor
Jesus previu a morte e condenação para muitos. A extensão da expiação, da salvação, das bênçãos
espirituais, não é universal, mas alcança somente aos que nascerem de novo, tendo sido feitos filhos de
Deus (Jo.1:12-14; 3:16-19; 5:24-29; 1Tm.2:4-6). O apóstolo Paulo confirma isto, em 2 Ts.3:2b, dizendo:
“...pois a fé não é de todos”. E, Jo.3:36b, diz: “...mas todo aquele que rejeita o Filho não verá a vida, pois
sobre ele permanece a ira de Deus”.
A expiação é um ato de Deus, pois Ele apresentou a Jesus para propiciação, pela fé, no seu sangue
(Rm.3:25). E, mais adiante, afirma: "porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo
pelos ímpios" (Rm.5:6). Lemos em Ef.1:7: "no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos
pecados"; e, em Ef.5:2: "Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós como oferta e sacrifício a
Deus em aroma suave". Citamos, ainda: Ef.2:13,16; Cl.1:14,20,22; 1Tm.2:6; Tt.2:14; Hb.9:27; 10:10;
1Pe.1:18,19; Ap.5:9).
IV–Jesus Nosso Representante e Substituto:
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Jesus é o nosso substituto porque tomou o nosso lugar, enquanto que, como representante, Ele agiu (e
age) em nosso favor, fazendo-se presente em nosso lugar diante de Deus, visto que não poderíamos
comparecer perante Ele, em defesa própria.
Cristo é o nosso representante diante de Deus. Ele é o cabeça da geração eleita, a geração dos remidos
(Rm.5:12ss). É o nosso irmão mais velho, em cuja imagem moral e metafísica estamos sendo
transformados (Rm.8:29 2Co.3:18). E isso significa, finalmente, que participaremos plenamente da
natureza divina, da mesma maneira que Ele veio participar de nossa natureza humana (2 Pe.1:4). Ele
tornou-se o representante daquilo que os remidos haverão de ser, mediante a redenção e a
transformação à sua imagem.
Por outro lado, Cristo é o representante de Deus Pai, entre os homens (Jo.1:16-18; 8:28,29; 14:9).
Jesus é o nosso substituto. Nele foram satisfeitas as justas exigências de Deus contra o pecado e, por
conseguinte, em seu valor supremo, o Senhor Jesus cumpriu toda a justiça de Deus. A "satisfação" dada a
Deus pelo sangue de Jesus, se reveste de valor infinito e imutável. Jesus nos substituiu na cruz do calvário,
portanto, sejamos gratos a Ele e aceitemos todos, sem demora, esta maravilhosa manifestação do amor
de Deus!
V. Conclusão:
Na redenção, Deus demonstra a sua graça e o seu amor para conosco, tendo dado o seu próprio Filho
como preço do resgate de nossas vidas. Esse Plano de Deus é eterno e tem Cristo como centro (Ef.1:4,5;
1Tm.2:5). Ele é a Palavra Eterna, a revelação de Deus para toda criação. Esta revelação inclui a nossa
redenção (Jo.1:1-14; Ef.1:3-14); Ele como o único mediador entre Deus e os homens (1Tm.2:5); único
Salvador (Jo.3:16; At.4:12); o caminho, a verdade e a vida (João 14:6).
Liberdade! Esse é um dos resultados da redenção, em Cristo (Gl.5:1). Essa liberdade da escravidão do
pecado (Rm.6), no entanto, não nos deve conduzir ao pecado (Gl.5:13), mas à prática da lei de Cristo,
que é o amor (Rm.13:8-14; 1Co.9:19-22; Gl.5:14-6:2).
LIÇÃO 7
Cremos na “ressurreição corporal do Senhor Jesus Cristo e a sua gloriosa ascensão à direita de
Deus Pai”; e na “intercessão de Jesus Cristo, como único Mediador e Salvador entre Deus e os
homens”
Texto Áureo: “Porque, se com a tua boca confessares Jesus como Senhor, e em teu coração creres que
Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo” (Rm.10.9)
Meditando Diariamente na Palavra:
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Segunda-feira - Jo.14:6-13; 20:1-29
Terça-feira - At.1:9-11; 2:22-36
Quarta-feira - Rm.4:22-25; 10:9
Quinta-feira - 1Co.15
Sexta-feira - 2 Co.4:14; Ef.2:6; Hb.10:12
Sábado - I Tm 2:5; Ap.1:7,17,18
I – Introdução:
A ressurreição de Jesus Cristo e a sua glorificação à direita de Deus Pai é o ponto central da doutrina do
evangelho. Ela tem implicações eternas para a vida de milhões de pessoas que depositaram a sua fé no
Filho de Deus, e que aguardam nEle a sua salvação eterna, pela transformação de seus corpos mortais à
semelhança do corpo imaculado do Senhor Jesus Cristo. Sem a ressurreição de Cristo, não haveria
nenhuma esperança para o homem.
II – A importância da ressurreição de Cristo:
De acordo com as Escrituras, a fé na ressurreição de Cristo é essencial para a salvação (Rm.10:9,10). a) É
a doutrina fundamental do cristianismo (1 Co.15). O apóstolo Paulo nos mostra que a pregação do
evangelho depende da certeza desta doutrina (v.14); sem ela a fé é vã (v.14); os apóstolos seriam falsas
testemunhas (v.15); os cristãos permaneceriam em seus pecados (v.17); os que dormiram em Cristo
pereceriam (v.18); os cristãos seriam os mais infelizes de todos os homens (v.19). No livro de Atos dos
Apóstolos encontramos relatos de pregações dos apóstolos e discípulos do Senhor, os quais enfatizavam
a importância da ressurreição (At.2:24,32; 3:15,26; 4:10; 10:40; 13:30-37; 17:31). Nas epístolas também
encontraremos a mesma ênfase (Rm.4:24,25; 6:4-7; 7:4; 8:11; 10:9; I Co.6:14; II Co.4:14; Gl.1:1; Ef.1:20;
Cl.2:12; I Ts.1:10; II Tm.2:8; I Pe.1:21). b) É fundamental para a salvação. Por causa do perdão dos
pecados (1Co.15:17); da justificação (Rm.4:25; 8:32-34); da nossa esperança (ICo.15:19); da eficácia da
pregação (1Co.15:14); da eficácia da fé (1Co.15:14,17); da nossa ressurreição em corpos gloriosos, tendo
sido feitos participantes da natureza divina (1Co.15:49-57; 1Jo.3:2); para provar que Ele é o Filho de Deus
(Sl.2:7; At 13:33; Rm.1:4). Deus ressuscitou ao Senhor Jesus Cristo dentre os mortos e O exaltou à Sua
direita nos céus, para que Ele fosse o cabeça da Igreja (Ef.1:19-23); o Senhor de todas as coisas, nos céus,
na terra e debaixo da terra (Fp.2:9-11); para conceder o Espírito Santo aos que nEle cressem (Jo.1:33;
15:26; 16:7; At.2:32,33); a remissão dos pecados (At.5:31); os dons ministeriais à Igreja (Ef.4:8-13); Ele
ressurgiu para que fôssemos aperfeiçoados nEle para a salvação (Rm.5:8-10). Essa confissão não consiste
de mera aceitação do fato histórico da ressurreição. Os soldados que estavam guardando o túmulo de
Jesus creram nessa realidade  ainda que, mentindo, a negassem posteriormente  mas nem por isso
se converteram. É evidente, pois, que a salvação nada tem a ver com formulas verbais e doutrinárias. Ela
vem da expressa confissão verbal de um coração sincero que creu na mensagem do evangelho; c) para
os santos ela significa que eles são gerados para uma viva esperança (1Pe.3:21); que desejam conhecer o
seu poder (Fp.3:10); que ressuscitarão à semelhança de Cristo (Rm.6:5; 1Co.15:49; Fp.3:21); e que é o
emblema do novo nascimento (Rm.6:4; Cl.2:12).
III – A ressurreição foi prevista nas Escrituras e comprovada pela história:
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A ressurreição de Jesus Cristo é o grande alicerce histórico da Igreja Cristã, sendo o elemento do qual se
origina uma das principais diferenças da doutrina cristã, quando contrastada com outras religiões, cujos
fundadores jamais puderam prever quando morreriam e que ao terceiro dia ressuscitariam, nem
puderam se apresentar aos seus discípulos, como ressurretos dentre os mortos e, após inúmeras provas
de suas ressurreições, serem glorificados à direita de Deus, o qual testificasse desse fato! O único foi o
Senhor Jesus!
Os quatro evangelhos testificam desse fato (Mt.28; Mc.16; Lc.24; Jo.20). Paulo afirma que mais de
quinhentos irmãos tinham visto Jesus, após a sua ressurreição (I Co.15:6). Teria sido fácil verificar o
testemunho dessa gente, quando Paulo fez tal declaração.
As Escrituras, também, previram esse notável acontecimento: a) foi predito pelos profetas (Sl.16:10;
At.2:22-36;13:34,35). Foi tipificada no sacrifício de Isaque (Gn.22:13; Hb.11:19); em Jonas (Jn.2:10;
Mt.12:40); b) prevista pelo próprio Senhor Jesus (Mt.20:17-19; Mc.9:9,10; 14:28; Jo.2:19-22); c) O Senhor
Jesus deu muitas provas infalíveis de sua ressurreição (Mt.28:110; Lc.24:35-43; Jo.20:20,27; 21:4-25;
At.1:3,6-11); d) A ressurreição foi confirmada pelos anjos (Mt.28:5-7; Lc.24:4-7, 23); pelos apóstolos
(At.1:22; 2:32; 3:15; 4:33); pelos seus inimigos (Mt.28:11-15); pelos apóstolos (At.25:19; 26:23); e) ela
foi efetuada pelo poder de Deus (At.2:24; 3:15; Rm.8:11; Ef.1:20); pelo Seu próprio poder (Jo.2:19-21;
10:17,18; 11:25-26); pelo poder do Espírito Santo (I Pe.3:18); no primeiro dia da semana (Mc.16:9); no
terceiro dia após a sua morte (Lc.24:46; At.10:40-41; I Co 15:4).
IV - A ressurreição na pregação da igreja:
Em At.2:24, o apóstolo Pedro testifica, dizendo: “ao qual (Jesus) Deus ressuscitou, rompendo os grilhões
da morte, pois não era possível que fosse retido por ela”. Era impossível pelo fato de ser Ele o Filho de
Deus e, na qualidade de Filho do homem, foi-lhe outorgada a verdadeira imortalidade por parte de Deus
Pai (Jo.5:25-27; 6:57; 11:25,26). Eis a nossa esperança! O mesmo tipo de vida é prometido a todos os que
estão nEle. Por conseguinte, também é impossível que a morte possa reter qualquer remido pelo sangue
do Senhor Jesus, porquanto todos eles são verdadeiramente filhos de Deus.
Também, era impossível essa retenção de Cristo pela morte, pois Ele era o Verbo de Deus encarnado, Ele
é o Príncipe da Vida, o Pai da Eternidade, razão pela qual a morte não poderia jamais caracterizá-lo
(Is.9:6; Jo.1:1-5). Porquanto era da vontade do Pai que Ele ressurgisse dentre os mortos, como prova
completa da autenticação de Sua Pessoa e de Sua missão divina, salientando o fato de ser Ele as
primícias dos que dormem, mas que, finalmente, haverão de ressuscitar triunfalmente (1Co.15:19-21).
Jesus Cristo nunca pecou e, portanto, não podia ser retido pela morte, mas, pelo sacrifício de Si mesmo
aniquilou o que tinha o império da morte, isto é, o Diabo (Hb.2:9-15; 4:14,15).
V – Consequências teológicas da doutrina da ressurreição:
1) A ressurreição de Cristo o confirmou como o Senhor da vida. Ele é Aquele que tem a vida em Si
mesmo, e pode concedê-la a quem quer;
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2) A ressurreição de Cristo declarou a sua divindade, conforme Rm.1:4;
3) A salvação em sua inteireza, do princípio ao fim, depende da ressurreição de Cristo. A justificação é
garantida nela (Rm.4:25). Mas, agora, a vida depende da "vida que nos foi dada, através da ressurreição
de Cristo". Podem os remidos, compartilhar de sua vida eterna (Rm.5:10; 1Co.15:12,17,20).
4) Fomos regenerados para uma viva esperança: a conversão original, a regeneração, a transformação
progressiva segundo a imagem de Cristo, haverão de ser compartilhadas por nós, mediante a graça de
Deus em Cristo (Jo.5:25,26; 6:57; 2Co.4:14; 1Pe.1:3,4).
5) Devido a ressurreição de Cristo, O corpo dos remidos ressurrectos não serão compostos dessa carne e
sangue, visto que “a carne e sangue não podem herdar o reino de Deus” (ICo.15:50). Antes, será
semelhante ao corpo de Cristo (Fp.3:21; 1Jo.3:2).
VI – A ressurreição do Senhor Jesus Cristo:
Ladd, em Teologia do Novo Testamento, sugere a seguinte ordem dos acontecimentos, baseando-se em
Mt.28.1-20; Mc.16.1-8; Lc.24.1-53; Jo.20.1-21.25:
1) As mulheres: Maria Madalena, Maria mãe de Salomé, Maria mãe de Tiago, Joana e “outra Maria”
dirigiram-se ao sepulcro, no domingo de madrugada, levando especiarias para ungir o corpo de Jesus;
2) pouco antes, descera um anjo de Deus (ou anjos) e removera a pedra do sepulcro, causando grande
temor entre os guardas, que caem como mortos. Houve um terremoto e eles fugiram;
3) pouco depois disso, chegaram as mulheres. Elas encontram a pedra revolvida. Dois anjos falaram com
elas a respeito da ressurreição de Jesus, e mandam-lhes compartilhá-la com os apóstolos e discípulos, e
dizer-lhes que Ele iria adiante deles para a Galiléia;
4) Pedro e João, ao receberem a notícia, vão ao túmulo e nada encontram, a não ser os lençóis
enrolados;
5) Pedro e João examinam o túmulo e vão embora (Jo.20:11-18);
6) Maria Madalena volta à cena da ressurreição, chorando, ainda duvidosa; então vê os dois anjos e o
próprio Senhor Jesus (Jo.20:11-18). Em seguida, Maria Madalena vai contar tudo aos outros discípulos;
7) Maria, mãe de Tiago, retornou com as outras mulheres ao sepulcro; as mulheres vêem os dois anjos
(Lc.24:4,5; Mc.16:5), e ao receberem a mensagem angelical saem à procura dos discípulos, mas ao
encontro delas sai o próprio Senhor Jesus (Mt.28:8-10);
8) Jesus aparece aos dez apóstolos (Tomé não estava) e aos discípulos, dentro da casa onde eles
estavam;
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9) Jesus aparece aos dois discípulos no caminho de Emaús e entra em sua casa. Após dar graças pelo
alimento, desaparece. Eles, deixando tudo, correm à Jerusalém para avisá-los aos apóstolos
10) Oito dias depois, Jesus reaparece aos discípulos, estando Tomé entre eles, que o adora como Deus e
Senhor;
11) Jesus aparece aos apóstolos, junto ao mar da Galiléia, em Tiberíades;
12) A grande comissão;
13) a ascensão, próximo à Betânia.
As tradições que envolvem a ressurreição, até mesmo aquelas preservadas nos evangelhos sinópticos,
diferem muito quanto à ordem das manifestações e ao seu número. Mas, são unânimes na narrativa do
grande fato da ressurreição.
VII – A ascensão de Cristo (At.1:6-11):
Esta breve seção é a principal fonte informativa sobre esse acontecimento fundamental da fé cristã. O
evangelho de Lucas encerra essa mesma narrativa, em forma abreviada (Lc.24:49-51). Mas, o que ela
representa?
Como Filho do Homem, o Senhor Jesus Cristo venceu todas as coisas e assentou-se à direita do Pai.
Ninguém, senão Ele só, tem esse direito. A maravilha está em que Ele deseja compartilhar isto com seus
irmãos!. Somos feitos filhos de Deus, por adoção, para que tenhamos acesso a esta graça. Brevemente,
Ele virá nos arrebatar para Si mesmo, a fim de que onde Ele esteja, estejamos nós também (Jo.14:1-4).
A ascensão significou para Cristo, como Filho do homem, ser glorificado à direita do Pai (Jo.17:1-5), não
somente no que diz respeito à sua posição, acima de todo principado e potestade (Ef.1:20-23), mas
também no tocante à real transformação de seu próprio ser, que nunca mais experimentará a morte
(Rm.6:9,10; Ap.1:17,18).
A ascensão foi uma prova mais de suas reivindicações messiânicas, porquanto somente o grande SumoSacerdote, que era o Logos eterno, poderia ter entrado assim até à própria presença de Deus Pai, tendo
ele recebido esta exaltação (Hb.7:21-8:2; 9:11-28).
A ascensão assinalou a inauguração do ofício de Cristo, como o único mediador, entre Deus e os homens
(Rm.8; 1Tm.2:5,6).
A ascensão era necessária como condição da descida do Espírito Santo para estar na Igreja (Jo.16:7;
At.1:4,8,9; 2:1-4).
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A ascensão é a garantia de nossa participação na glória do Pai, tal como a Sua ressurreição é garantia de
nossa participação em sua vida ressurrecta. Nele, fomos feitos participantes de todas essas coisas e,
finalmente, iremos para onde ELE entrou como nosso precursor. Participaremos da mesma
transformação e da mesma vida que Ele desfruta atualmente. (Ef.1:19-23; 2Co.3:18; Cl.2:8,9).
Agora, Cristo está assentado à mão direita de Deus, até que todos os seus inimigos lhe fiquem sujeitos
(Sl.110:1; 1Co.15:27,28; Fp.2:9-11). Ele está à direita do Pai para, finalmente, dar entrada aos remidos,
por igual modo. Hb.2:12-13; 6:16-20; 7:1-28.
VIII – Jesus Cristo: o único mediador entre Deus e os homens:
Jesus é o Sumo-Sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque (Hb.6:19,20), que intercede pelos
pecadores (Is.53:12); pela Igreja (Jo.7:9; Rm.8:34; Hb.7:25).
Nas passagens de Lv.9; Hb.5:1-4; 7:25 encontramos as principais características do ofício sacerdotal, as
quais destacamos a seguir:
a) sacerdote é tomado dentre os homens para ser o seu representante;
b) Ele é constituído por Deus, conforme o versículo Hb.5:4;
c) Ele age como mediador entre Deus e os homens, buscando os interesses dos homens nas
coisas pertencentes a Deus;
d) Sua tarefa especial consiste em oferecer a Deus sacrifícios pelos pecados;
e) Ele fazia intercessão pelo povo e os abençoava, conforme Lv.9:22.
A Palavra de Deus, ainda no Velho Testamento, prediz e apresenta o Sacerdote Eterno e o Sacerdócio do
Redentor que haveria de vir. Há claras referências a isto em Gn.14:18-20; Sl.110; Zc.6:13. Cristo Jesus é o
Sacerdote Eterno, segundo a ordem de Melquisedeque.
No Novo Testamento, há várias passagens que se referem à Obra sacerdotal de Cristo Jesus, mas
somente na epístola aos Hebreus é que encontramos uma exposição mais clara e completa sobre este
importantíssimo tema. Ele o nosso único, verdadeiro, eterno e perfeito Sumo-Sacerdote, constituído por
Deus, que assumiu, substitutivamente, o nosso lugar e, pelo sacrifício de Si mesmo, obteve uma perfeita
redenção (Rm.3:24,25; 5:6-8; 1Co.5:7; 15:3; Ef.5:2; Hb.3:1; 4:14; 5:1-10; 6:19,20; 7:1-28; 8:1-13; 9:11-15,
24-28; 10:11-14; I Jo.2:2; 4:10).
A Obra sacrificial de Cristo Jesus tem os seguintes aspectos principais:
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1) Possui natureza expiatória e substitutiva
As Sagradas Escrituras testificam o fato de que os sacrifícios de animais, instituídos na Lei dada a Moisés,
como nas ofertas pelo pecado e pelas transgressões, tinham o caráter expiatório (Lv.1:4; 4:29-35; 5:10):
no ato da imposição de mãos que simbolizava a transferência do pecado e da culpa, para a vítima, como
em Lv.16:21,22; no derramamento e aspersão do sangue sobre o Altar de Bronze (pelos sacerdotes
levitas) e sobre o Propiciatório (pelo Sumo-Sacerdote uma vez ao ano, no Dia da Expiação), como em
Lv.16 e 17; no perdão das ofensas cometidas daquele que trazia sua oferta pelos pecados: Lv.4:26-31.
2) Possui Natureza Profética
Os sacrifícios ordenados por Deus tinham um caráter profético, e se destinavam a prefigurar os
sofrimentos vicários do Senhor Jesus Cristo e a Sua morte expiatória na cruz. No Salmo 40:6-8, o Messias
é apresentado como aquele que substitui os sacrifícios previstos na Lei, pelo Seu próprio Sacrifício,
conforme constatamos ao lermos Hb.10:5-10.
Há claras indicações no Novo Testamento de que os sacrifícios previstos na Lei prefiguravam Cristo e Seu
sacrifício vicário, como em Hb.9:19-24; 10:1; 13:10-13. Ele é o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo” (Jo.1:29), em cumprimento a Êx.12 e Is.53; Ele é o “Cordeiro sem defeito e sem mácula”
(IPe.1:19); e “nosso Cordeiro Pascal”, que foi imolado por nós (I Co.5:7).
2) Seu Propósito
Os sacrifícios previstos na Lei não podiam expiar os pecados, mas eram figuras do verdadeiro sacrifício
vicário de Cristo, ainda por vir (Hb.9:1-14). Em Hb.10, lemos que aqueles sacrifícios não podiam
aperfeiçoar o ofertante (v.1); não podiam remover pecados (v.4). Na verdade, eles somente tinham
significação real de salvação para Deus, quando realizados com verdadeira fé e arrependimento, na
medida em que levavam a atenção do ofertante a fixar-se no Redentor vindouro e na Redenção
prometida.
Importante é compreender que Cristo é o Sumo Sacerdote, não somente terreno, mas também, e
especialmente, celestial. Ele é, mesmo quando assentado à destra de Deus, com majestade celeste,
"ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem" (Hb.8:2).
Em Hb.8:5, lemos: "...como Moisés foi divinamente avisado, estando já para acabar o tabernáculo;
porque foi dito: Olha, faze tudo conforme o modelo que no monte se mostrou". Ele é o Sacerdote
verdadeiro (o Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque - Hb.5:1-11); o Sumo-Sacerdote de fato e
de direito, conforme o Decreto irrevogável de Deus Pai (Sl.110:4); a servir no verdadeiro santuário, do
qual o tabernáculo de Israel era apenas uma sombra imperfeita (e transitória). Ele exerce o SumoSacerdócio diante do Trono de Deus, no Tabernáculo não feito por mãos humanas, apresentando-se a Si
Mesmo, pelos que nEle crêem, como Sacrifício Vivo e Eterno, ao PAI. Assim sendo, Ele é nosso
intercessor junto ao Pai (Sl.110:5).
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Cristo, como o nosso Advogado, intercede por nós junto ao Pai e contra Satanás, o nosso acusador Hb.7:25; 1Jo.2:1; Ap.12:10. Outros textos neotestamentários que falam da obra intercessória do Senhor
Jesus Cristo acham-se em Rm.8:24; Hb.7:25; 9:24.
3) A natureza da Obra intercessória de Cristo
É impossível dissociar a obra intercessória de Cristo de Seu sacrifício expiatório na cruz. Este é apenas um
aspecto da obra sacerdotal de Cristo. No entanto, como afirma L.Berkhof:
"A essência da Intercessão é a Expiação de Cristo. A Expiação é real - um sacrifício e uma oferta reais,
e não um mero sofrimento passivo - porque, em sua própria natureza, é uma intercessão ativa e
infalível; ao passo que, por outro lado, a Intercessão é uma Intercessão judicial, representativa e
sacerdotal, e não uma mera influência a favor de alguém - porque é essencial que haja Expiação, ou
seja, uma oblação substitutiva, feita uma vez por todas no Calvário, agora apresentada perpetuamente
e usufruindo perpétua aceitação no céu." Hb.10:9-14.
Exatamente como o sumo sacerdote, no grande dia da Expiação, entrava no lugar santíssimo, isto é, no
Santo dos Santos, com o sacrifício consumado, para apresentá-lo a Deus, assim Jesus Cristo, nosso
Senhor e Salvador, entrou no Lugar Santíssimo, isto é, no Tabernáculo Celestial, pelo sacrifício de Si
mesmo, santo, perfeito, imaculado, insubstituível, único e imutável. Hb.9:24.
Há também um elemento judicial na intercessão, precisamente como na expiação. Mediante a expiação,
Cristo Jesus satisfez as justas exigências da lei, de modo que nenhuma acusação legal pode, com justiça,
ser feita contra aqueles pelos quais Ele pagou o preço. Contudo, Satanás, o acusador, sempre está a
lançar acusações contra os eleitos e remidos; mas o Senhor e Salvador Jesus Cristo nos justifica pela
apresentação de Seu próprio Sangue e Obra Expiatórios, diante de Deus.
O apóstolo Paulo, em Rm.8:33,34, afirma: "Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus
quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu, ou antes, quem ressuscitou, o qual
está à direita de Deus, e também intercede por nós". Aí está o elemento judicial presente claramente.
Um outro ponto relativo à Obra intercessória de Cristo, é que ela está relacionada com a nossa
santificação completa, integral (posicional, vivencial ou prática-progressiva e final). Quando nos
dirigimos ao Pai, em nome de Cristo (Mt.18:18-20; Jo.14:13), as nossas orações imperfeitas são
aperfeiçoadas nEle; os nossos pecados são perdoados por Ele; as nossas limitações humanas e materiais
são plenamente suplantadas e superadas pela Sua divindade eterna. Aleluia! Leia-se: Hb.2:17,18; 3:1-6;
4:15;1Pe.2:4,5.
4) Por quem ele intercede?
O Senhor Jesus Cristo intercede por todos aqueles por quem Ele fez expiação, e somente por estes.
Pode-se inferir disto do caráter limitado da expiação - somente os que creem, os que são nascidos de
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novo, é que são beneficiados por ela, embora o Sacrifício de Cristo tenha sido feito por todos
(Mt.10:32,33; Mc.16:16; 1Jo.2:1,2).
Em passagens como Rm.8:1,2,34; Hb.7:25,26 e 9:24, a palavra "nós" se refere somente aos salvos. Além
disso, na oração sacerdotal registrada em Jo.17, o Senhor Jesus Cristo diz ao Pai que ora por Seus
discípulos que ali estão e "por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra"
(v.9,20).
No versículo 9, do mesmo capítulo, Ele faz uma declaração sumária a respeito do caráter restritivo de
Sua intercessão, quando diz: "É por eles que Eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me
deste". E o versículo 20, nos ensina que Ele não intercede somente pelos discípulos presentes, mas por
todos os que ainda haveriam de ser salvos.
Neste sentido, o Senhor Jesus Cristo está posto como Sumo Sacerdote dos que são declarados filhos de
Deus, por meio dELE. Não significa, no entanto, que Ele nunca interceda pelos que não são salvos, como
lemos em Lc.23:33, pois aqui o vemos como Filho do Homem, em seu estado de humilhação. Agora,
porém, não O vemos desta forma, mas como Aquele que está à direita de Deus Pai, glorificado e que
intercede por nós: "o Sumo Sacerdote dos bens futuros". Leia-se, ainda, Jo.17:17,24; Hb.4:14-16;
10:21,22; 1Pe.2:5.
A oração intercessória de Cristo é uma oração que nunca falha. Junto ao túmulo de Lázaro o Senhor
Jesus expressou a certeza de que o Pai sempre O ouve, Jo.11:42. Suas orações intercessórias em favor do
Seu povo estão baseadas em Sua obra expiatória. Os remidos de Deus podem auferir consolo e fortaleza
do fato de contar com um intercessor tão eficaz junto ao Pai!
IX – Jesus Cristo, homem
A Encarnação do Filho de Deus já estava prevista nas Escrituras (Gn.3:15; Is.7:14; 9:6,7; 11:1-5). Sob esse
tema, vários pontos merecem nossa atenção:
1) Deus Filho se fez carne
Não foi o Deus Triúno, mas a segunda Pessoa da Trindade que assumiu a natureza humana. Desta forma,
é melhor dizer que “o Verbo se fez carne” (Jo.1:1-14; 6:38). Ao mesmo tempo, vemos que a Trindade
agiu na encarnação (Mt.1:20; Lc.1:35; Jo.1:14; At.2:30; Rm.8:3; Gl.4:4); que Cristo Jesus é verdadeiro
Deus e verdadeiro Homem (Fp.2:5-11; Cl.1:13-22; 2:9; Tt.2:13,14; IJo.4:1-3).
Para ser Mediador entre Deus e os homens era absolutamente necessário que Jesus Cristo fosse feito
homem, sem participar da natureza pecaminosa (Rm.8:3). Destacamos, a seguir, os aspectos humanos
encontrados nEle, necessários para a nossa redenção:
a) nasceu de uma virgem e viveu sob o jugo da Lei (Gl.4:4,5);
b) cumpriu toda a Justiça, sendo obediente (Mt.3:13-15; Rm.5:18);
c) morreu por nossas transgressões para nos reconciliar com Deus (Rm.4:25; 5:10);
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d) ressurgiu para ser garantia da nossa ressurreição e redenção (I Co.15:17).
2) Jesus Cristo: “o último adão”
Esta expressão encontramos somente nas epístolas de Paulo. Em Rm.5:11-21, encontramos a origem do
conceito bíblico:
a) Em Adão, o pecado gerou a morte e a justificação não se alcançou pelas obras da Lei;
b) esus Cristo, “o último adão”, pelo Seu Ato de Justiça venceu o pecado e a morte; a justificação
veio pela fé; e a vida eterna por meio dEle.
Comparação quanto à origem (I Co.15:45-49):
Adão é:
ser vivente
homem terreno
feito do pó da terra
Cristo é:
homem celestial
veio do céu
Trouxemos a imagem do primeiro, traremos a imagem do último (v.49). Somos participantes das
primícias (Ef.2:6).
Quanto às consequências de seus Atos (Rm.5:11-21):
Em Adão
o pecado trouxe
a morte
a morte reinou
Em Cristo
o Ato Justo trouxe
justiça e vida
quem O recebe reinará em
vida
sua desobediência gerou
pecadores
Sua obediência gerou justos
Ambos são representantes e, portanto, carregam em si e em seus atos todos os que são nascidos deles.
A missão do último Adão foi a de vencer a morte, trazendo a vida; condenar o pecado na carne (Rm.8:3);
salvar os pecadores (2Tm.1:9; Gl.4:4,5). Como vencer o pecado pela humanidade se Ele mesmo não o
vencesse em Sua vida? Somente vencendo o pecado pôde Ele comunicar aos que crêem nEle a Sua
própria Justiça! Jesus cumpriu toda a lei (Gl.4:4,5. Mt.5:17,18), a si mesmo se entregou (Hb.7:26,27),
sacrificou-se por todos nós (1Co.15:3).
X – CONCLUSÃO:
Em Jesus Cristo, vemos revelados os propósitos de Deus para os santos. Ele tomou sobre si mesmo a
natureza humana, a fim de elevar-nos de nossa triste condição humana à condição de Filhos de Deus.
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Sua vida tornou-se padrão da nossa, não só moralmente, mas, também, no aspecto metafísico,
porquanto não só procuramos imitar sua vida, mas, também, seremos um dia transformados segundo a
Sua própria imagem, assumindo a sua essência. Essa é a mais alta promessa do Evangelho (Ef.1:23; I Co
15:49; I Jo 3:3).
Cabe-nos, então, buscar, incessantemente, crescermos na graça e no conhecimento do Senhor Jesus
Cristo (2Pe.3:18). Consideremos as palavras do apóstolo Pedro: "Antes santificai a CRISTO em vossos
corações, e estai sempre preparados, para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a
razão da esperança que há em vós" (1Pe.3:15).
LIÇÃO 8
Cremos na “missão soberana e pessoal do Espírito Santo, no arrependimento, na regeneração e na
santificação dos genuínos cristãos”
Texto Áureo: “Os que obedecem à sua natureza pecaminosa não podem agradar a Deus. Porém, vós não
viveis como manda a carne, mas como o Espírito de Deus quer, se é que de fato o Espírito de Deus vive em
vós. Quem não tem o Espírito de Cristo não pertence a Ele” (Rm.8.8,9).
Meditando Diariamente na Palavra:
Segunda-feira - Jo.3:3-7; 14:16,26; 16:5-11
Terça-feira - Jl.2:28-32; At.2:39; 4:31; 9:31
Quarta-feira - Rm.5:5; 8:9,14; 1Co.6:19
Quinta-feira - 2 Co.5:17 Ef.1:13,14; 2:18-22
Sexta-feira - Gl.5:22-25; 1Ts.4:7,8; Tt.3:5
Sábado - Hb.12:14; 1 Pe.1:14-17
I – Introdução:
O Deus Espírito Santo, a terceira Pessoa da Trindade, tem importância central na salvação do homem.
Ele é quem realiza em nós essa salvação e, sem Ele, nenhuma das Promessas de Deus poderia ser
realizada em nós. As Escrituras o apresentam através de símbolos, que nos ajudam na compreensão de
suas realizações, ainda que a compreendamos limitadamente. Ele é apresentado como:
a) AZEITE (Êx.30:22-33): Sua composição: “pura mirra”  uma espécie de resina aromática originária da
haste e dos ramos de uma árvore baixa dos desertos da Arábia e norte da África – fala do caráter
permanente do Espírito naquele sobre quem Ele é derramado – A resina se assemelha à cera pegajosa;
“canela aromática”  fala do doce aroma produzido, que é um tipo de Cristo e da nova natureza
santificada para Deus. Segundo Êx.40:9-15, era imprescindível para o exercício de todo o ofício
sacerdotal na tenda da congregação, isto implica que, sem a santa Unção do Espírito de Deus é
impossível servi-Lo na Sua Obra. Em Sl.45:6-8, lemos que, por meio dEle, partilhamos do gozo do
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Espírito. Em Zc.4:2-6, Ele fala da autoridade concedida pelo Espírito de Deus. Já em Jo.3:34, o Ungido de
Deus, Cristo Jesus, recebeu o Espírito sem medida. E, em Hb.1:8,9, o vemos como o óleo da alegria.
b) ÁGUA (Sl.46:4): O Espírito é tipificado como as correntezas de um rio que está na Cidade de Deus. Em
Jo.7:37-39, Ele aparece como um rio de águas vivas dentro do ser; em Jo.6:63; 13:10 e 15:3, é tipificado
como a Palavra de Deus que nos purifica; em Tt.3:5,6, Ele está presente no batismo da regeneração e no
novo nascimento; em Ap.22:1, como o rio puro da água da vida.
C) VENTO
(Jo.3:8): Sua operação é inacessível à lógica e padrões humanos. Aquele que é guiado por Ele
não sabe, por si mesmo, o que lhe espera, e caminha pela fé nEle; em Atos, vemos que a Igreja primitiva
aprendeu cedo a depender da direção e do poder do Espírito Santo para fazer a Vontade de Deus.
d) FOGO (Êx.25:31-40; Is.6:5-7; At 2:3; Ap.3:1): Tipifica a presença maravilhosa da Glória de Deus, que
consome toda impureza e santifica àqueles que são tocados por ele. Estava presente na Tenda da
Congregação, está na Igreja de Cristo e está na Glória dos Céus, na presença de Deus.
e) POMBA (Mt.3:16): O Espírito age com simplicidade como as pombas são simples - Mt.10:16; bem como
é muito sensível como fica expressamente demonstrado no gemido delas. Compare com Rm.8:26,27.
f) SELO (Ef.1:13): É o carimbo da propriedade e possessão de Deus. Ninguém poderá tocar nela sem a Sua
permissão. Deus é o seu remetente e o seu destino também é seguro e certo: as moradas celestiais.
g) GARANTIA (Ef.1:14): O Espírito Santo é Deus e Ele é quem garante a nossa redenção e nos assegura uma
eterna vida em Cristo Jesus.
II – Missão soberana do Espírito Santo
O Espírito Santo é aquele que convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo de Deus sobre todos.
Ele controla o mal que há no mundo e convence aos homens do pecado, atuando sobre todos os
homens, através de sua influência, personalidade e presença (Jo.16:7-11). Podemos supor que o mundo
seria intoleravelmente mau, não fora a influência do Espírito Santo, que constrange a iniquidade
inerente nos homens.
Por ser criador (Gn.1:1,2,26,27), o Espírito Santo também é capaz de realizar criações espirituais (2
Co.5:17) e, assim sendo, Ele produz transformação de vida (Gl.5:22;23), a começar pela conversão
(Jo.3:3). Ele dirige ativamente os ministros do evangelho e santifica àqueles que se convertem (At.13:14,16:6,7,10; Rm.15:16). Ele é o mestre supremo (Jo.14:26), glorifica ao SENHOR JESUS CRITO e promove a
sua causa, (Jo.15:16). Ele habita nos santos (Ef.2:20), que são propriedades de Deus (1Co.6:19,20). Ele
nos ajuda em nossas fraquezas (Rm.8:26).
III – O Espírito Santo e o arrependimento:
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O verdadeiro arrependimento do pecador precede a sua conversão. É um ato ocorrido, inicialmente, em
sua consciência, pela presença do Espírito Santo, que o convence do erro, condenando as ações erradas e
pecaminosas (Jo.8:7-9). Faz parte das atuações do Espírito Santo convencer os homens acerca do mal
moral e dos requisitos espirituais (Jo.16:8).
A verdadeira conversão envolve a fé e o arrependimento (At.3:19; 26:18). Um exemplo radical de
conversão é o caso de Paulo (At 9:1-18). A conversão pode vir de súbito, mas, normalmente, tem um
longo tempo de preparação. A conversão consiste no exercício do arrependimento e da fé. O
arrependimento é uma mudança de mente, de coração e comportamento para com Deus (Mt.5:13-16,
7:15-29; Tg.2:14-26).
a) O arrependimento nasce da pregação do Evangelho e da Palavra de Deus (Mc.1:15); b) por causa da
paciência e longanimidade de Deus (2 Pe.3:9); c) pela manifestação da Glória de Deus (Jo.11:39-45; 12:911); d) através da manifestação do juízo divino (Zc.12:10); e) a tristeza segundo Deus conduz ao
arrependimento (2 Co 7:9,10), bem como a Sua bondade (Rm.2:4-8); f) é ensinado por Deus
(At.17:30,31; 2Tm.2:25); g) foi ensinado por Cristo (Ap.2:5,16; 3:3); h) é uma operação do Espírito Santo
(Zc.12:10-13:2); i) é o começo do processo da santificação (At.2:37-39).
IV – O Espírito Santo e a regeneração:
Segundo J.I.Packer, “a regeneração, ou o novo nascimento, é uma nova criação interior, em lugar da
natureza humana caída, mediante a ação soberana graciosa do Espírito Santo” (Jo.3.5-8).
A natureza da regeneração, especificamente, é a seguinte: a) Ela começa na conversão (arrependimento
e fé); b) encontra fruição na santificação; c) e visto que a glorificação é um processo eterno, que vai
aumentando sempre em poder e glória, os regenerados passarão de um estágio a outro de glória, até a
estatura completa de Cristo, a varão Perfeito (2 Co 3:18).
O termo “regeneração” aparece apenas duas vezes no Novo Testamento (Mt.19:28; Tt.3:5). No
evangelho de Mateus, tem um sentido escatológico, referindo-se à restauração de todas as coisas.
Certamente a renovação do indivíduo faz parte da restauração universal. Na epístola de Tito, tem um
sentido individual e fala da renovação de cada pessoa, bem como da transformação da personalidade
humana. Porém, em ambos os casos o agente dessa transformação, é o Espírito Santo.
Noutros trechos bíblicos, a ideia de regeneração é expressa por palavras que significam "gerar" ou “dar
nascimento a”, como lemos em: Jo.1:12-13; 3:3-8; 1Jo.2:29; 3:9-10; 4:7; 5:1,4,18 e 1Pe.1:23. A nova
criação, que novamente expressa a ideia de regeneração, pode ser vista nas passagens de 2Co.5:17 e
Gl.6:15. A expressão “novo homem, em Cristo”, que tem o mesmo sentido, pode ser vista em passagens
como: Ef.2:15; 4:24.
O encontro de nosso Senhor Jesus Cristo com Nicodemos (Jo.3:1ss) proporciona um excelente fundo
histórico para o estudo deste tópico. A declaração de Jesus (v.3), apontou a necessidade mais profunda e
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universal de todos os homens: a mudança radical e completa da natureza e caráter do homem, em sua
totalidade.
Toda natureza do homem ficou deformada pelo pecado, a herança da queda. Essa deformação moral se
reflete em sua conduta e em todas as suas relações. Antes que o homem possa ter uma vida que agrade
a Deus, sua natureza precisa ser mudada (1Co.15:42-49; Cl.3:1-4).
Os meios por Deus empregados para efetivar o novo nascimento são: o Espírito Santo (Jo.3:3-8) e a
Palavra de Deus (Ef.1:12-14; 1 Pe.1:23; Tg.1:18). Na regeneração, a iniciativa é atribuída a Deus (Jo.1:13),
sendo proveniente do alto (Jo.3:3,7), e efetuada pelo Espírito Santo (Jo.3:5,8).
Adam Clarke, igualmente, acrescenta que o novo nascimento “compreende não somente aquilo que se
chama de justificação ou perdão, mas também aquilo que se chama de santificação e consagração.
Portanto, o pecado deve ter sido perdoado, e a impureza desse coração deve ter sido lavada, antes que
a alma possa entrar no reino de Deus. Posto que o novo nascimento subtende a renovação da alma
inteira, em retidão e santidade autêntica, não se trata de uma questão que possamos desprezar
facilmente: o céu é um lugar de santidade, e nada que lhe seja diferente jamais poderá entrar ali” (grifo
nosso).
A presença habitadora do Espírito Santo, nos genuínos crentes, é sempre contínua e perpétua (Jo.14:16).
Essa presença habitadora produz frutos no crente, semelhantes à natureza moral positiva de Deus
(Gl.5:22,23). O alvo da implantação do fruto do Espírito, nos seus vários aspectos, bem como de todas as
suas operações na alma, é o de transformar os crentes segundo a imagem de Cristo, nos termos mais
literais possíveis, de tal modo que estes venham a compartilhar da natureza moral e metafísica essencial
de Cristo, conforme Rm.8:29; Ef.1:23; 2Co 3:18.
V – O Espírito Santo e a santificação:
A santificação é identificada com o processo que leva o cristão a ser transformado numa pessoa
identificada com a natureza santa de Deus. Esse processo de santificação se inicia no novo nascimento e
prossegue durante toda a vida do cristão, até quando ele receber um corpo glorificado à semelhante ao
de Cristo.
Para uma melhor compreensão de cada aspecto desse processo, dividiremos este tema em três aspectos:
santificação posicional, vivencial ou Prática e Final.
1)
A santificação posicional:
É aquela que alcançamos diante de Deus, mediante o valor eterno e imutável da obra redentora de
Cristo Jesus na Cruz do Calvário, isto é, a purificação dos nossos pecados no sangue de Jesus
(Hb.10:14,18; 1Jo.l:7; Ap.1:5; 5:9)  este é o aspecto da salvação da culpa do pecado  siginifica a
posição da santificação absoluta e eterna do crente genuíno diante de Deus, através da redenção em
Cristo Jesus, feita de uma só vez por todas (1Co.1:2; 6:11; Hb.10:10,14).
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Ao chamar os crentes em Corinto de santificados, apesar de haverem contendas e pecados entre eles, o
apóstolo Paulo estava dando ênfase à posição em Cristo, em face da remissão dos pecados deles,
mediante o valor do sangue de Jesus. Foram justificados em Cristo Jesus. Por conseguinte, foram
comprados e separados (santificados) para servirem a Deus.
Esta santificação, diante de Deus, é o resultado da Obra salvadora de Cristo, que nos comprou e nos
separou para si mesmo como sua propriedade exclusiva e povo santo, tirando-nos (airó) para fora do
sistema mundano de Satanás (kosmos), e nos transportando para o "reino do Filho do seu amor"
(Cl.1:13). Este é exatamente o significado da palavra Igreja (ek+klesia – Igreja – literalmente: “a
assembléia dos tirados para fora de”).
Aos olhos de Deus, já fomos separados (santificados) eternamente, e somos dEle por direito de compra,
cujo preço foi o sangue se Jesus Cristo (Ef.5:25,26; 1Pe.1:18,19).
2) Santificação vivencial ou prática:
É a vivência prática, autêntica e verdadeira de um genuíno cristão, que possui uma nova natureza em
Cristo. É o testemunho vivo do novo nascimento que se processou interiormente no cristão, e que se
reflete exteriormente, em seu comportamento e maneira de viver, como nova criatura, pelo poder do
Espírito Santo e da Palavra de Deus.
Esta transformação visível surge exteriormente, a partir da transformação interior (Mt.5:3-16; Jo.3:1-21;
1Jo.1:5-2:17). Este é o aspecto da salvação do domínio do pecado. Através dela, é manifestada a
diferença entre o verdadeiro e o falso cristão; entre o “nominal-teórico” e o “verdadeiro-prático”; pois,
como disse Jesus, em Mt.7:15-27: “por seus frutos os conhecereis”. Isto fica evidenciado nos atos
praticado diariamente, se somos (ou não) luz e sal da terra, diante do mundo, através do nosso
testemunho, o que já somos, de fato e em verdade, em Cristo (2Co.3:18; 5:14,15).
O novo homem interior é refletido na imagem exterior, em virtude de que uma coisa está, necessária e
intimamente, vinculada a outra, isto é, a causa da nossa santificação exterior  "em toda nossa maneira
de viver"  é a nossa santificação integral: espírito, alma e corpo (1Ts.5:23). A sua maneira de ser
atesta, dá prova cabal, de sua fé, através de seu testemunho (Ez.23:25-30; At.1:8; Ap.19:8).
O apóstolo Paulo definiu o verdadeiro testemunho, em Ef.4:24. Também lemos, na carta de Paulo aos
Romanos, a exortação do apóstolo a que apresentemos os nossos corpos em sacrifício vivo e santo, que
é o nosso culto racional, e que não nos conformemos  tomar a mesma forma de; imitar; modelar-se a;
identificar-se  com este mundo, mas transformemo-nos (dar nova forma), pela renovação do nosso
entendimento (a mente de Cristo), para que experimenteis (vivenciar na prática), qual seja a boa,
agradável, e perfeita vontade Deus (Rm.12:1-2).
A consequência natural dessa entrega total ao poder do Espírito Santo, é a libertação do domínio do
pecado na vida diária (Rm.6:14-18, 22). A vontade de Deus é que se produza em nós, através da
santificação diária, a imagem santa de seu Filho, como embaixadores do seu reino santo. O Espírito
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Santo de Deus é quem opera em nós, progressivamente, aquela transformação à semelhança de Jesus
Cristo, refletindo como luz num espelho, a imagem do seu caráter santo, em nossas vidas.
Por isso mesmo, está escrito em Fp.2:12-15: "...assim também efetuais a vossa salvação com temor e
tremor... para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração
corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo".
.
3) A santificação final:
A santificação final se dará somente no dia da nossa redenção (na primeira ressurreição) quando formos
libertados, definitivamente, da presença do pecado e da morte física do nosso corpo, o qual será
transformado, glorificado e imortalizado, à semelhança do corpo glorioso de nosso Senhor Jesus Cristo,
na Sua vinda para arrebatar a Sua Igreja Triunfante (1Co.15:35-58; 1Ts.4:13-18; Fp.3:20-21). Este é o
aspecto da salvação da presença do pecado.
Trata-se da libertação total da presença do pecado, quando, através da ressurreição, o nosso corpo será
transformado, glorificado e imortalizado à semelhança do de Cristo Jesus. ICo.15:51-54. É a remoção
total da presença do pecado do corpo do crente genuíno. Isto significa que fomos salvos da culpa e do
domínio do pecado, na esperança de sermos salvos da presença do pecado, no dia da "manifestação da
glória dos Filhos de Deus", na ressurreição dos nossos corpos. (Rm 8:18-24).
O apóstolo João afirma esta mesma verdade, em 1Jo.3:2-3. Em outras palavras, significa que seremos
semelhantes a Ele, pois não estaremos mais na presença do pecado, não mais morreremos e os nossos
corpos serão imortalizados e glorificados.
VI – Conclusão:
A santificação completa é operada pelo Espírito Santo no crente, em três aspectos, abrangendo todo o
seu ser: espírito, alma e corpo; de dentro para fora, diante de Deus e dos homens, como luz e sal da
terra, interagindo, no ser como um todo, de maneira tal que possamos, como embaixadores do Rei e
nosso Senhor Jesus Cristo, refletirmos a Sua mesma imagem, pura e santa, verdadeiramente, em toda a
nossa maneira de viver; quer na Igreja, quer perante o mundo.
Os meios e provisões para isto, já foram providenciados por Deus, que são aqueles três: o sangue de
Jesus, que nos purifica de todo pecado; o Espírito Santo, que nos regenerou e nos guia, e a Palavra de
Deus, que nos santifica e purifica, lavando por dentro e por fora, operando até a divisão da alma e do
espirito.
Assim o cristão deve, naturalmente, ser e viver como santo de acordo com a Palavra de Deus, como disse
o apóstolo Pedro: "como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências, que antes
havia em vossa ignorância; mas, como é santo aquele que vos chamou, sede santos em toda vossa
maneira de viver; porquanto, escrito está: sede santos, porque eu sou santo" (1Pe.1.14-16).
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LIÇÃO 9
Cremos em “uma única Igreja de Cristo, invisível, santa e universal, que é o corpo de Cristo, à qual
pertencem todos os genuínos cristãos, que serão ressuscitados, transformados, transladados e
arrebatados, na vinda de Jesus, como Igreja triunfante e que, na terra, se manifesta nas igrejas
locais, como igrejas militantes.”
Texto Áureo: “Cristo amou a Igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a
purificado por meio da lavagem de água pela Palavra, para apresentar a si mesmo Igreja gloriosa, sem
mácula, sem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Ef.5:25b-27).
Meditando Diariamente na Palavra:
Segunda-feira - Mt.16:18; 18:20
Terça-feira - Rm.16:4,5,16
Quarta-feira - 1Co.12:12,13; 15:20,51,52
Quinta-feira - Ef.4:1-16; 5:25-32
Sexta-feira - Cl.4:15; 1Ts.4:15-17
Sábado - Ap.2:1,8,12,18; 3:1,7,14.9
I – INTRODUÇÃO:
A palavra Igreja apareceu pela primeira vez no Novo Testamento, em Mt 16:18, e é tradução do termo
grego ekklesia, que significa, literalmente: "assembléia dos que são chamados para fora". No contexto do
Novo Testamento, significa os que foram chamados para deixarem o mundo e a pertencerem a Deus, em
Cristo Jesus (Mt.16:16-18; Jo.15:19; 17:14-16; At 15:14; 20:28; Gl.6:14). Indica, também, a união no
Corpo de Cristo de todos os cristãos, em todas as épocas e lugares, que aceitaram a Cristo como seu
Salvador e Senhor de suas vidas. Esta igreja é considerada como o organismo vivo e santo, que tem
Cristo por cabeça e todos os filhos de Deus, como seus membros (Rm.12:5; 1Co.12:27).
A Igreja nunca deve servir como indicação de templo ou edificação, onde acontecem as reuniões dos
cristãos (“vamos para a igreja”), nem tão pouco como propriedade particular (“qual é a sua igreja?”, ou
“a igreja de fulano é...”), como indica a Palavra de Deus (Mt.16:18; Rm 16:16; 1Co.14:4,28,35). Nestes
textos, quando se faz referência à Igreja, não se está reportando ao prédio, mas sim, às pessoas que
oravam, ouviam as profecias, que, pelo Espírito Santo, interpretavam as línguas e ensinavam a Palavra.
Da mesma forma, em Mt.18:17-20, Jesus está se referindo aos seus discípulos na Igreja local, e não ao
prédio. E, para fazer essa distinção, é que Ele ensinou: "Não está escrito: “a minha casa será chamada,
por todas as nações, casa de oração?" (Mc.11.17 – citação a Is.56:7).
II – A Igreja universal:
A Igreja só pôde ser revelada quando o Verbo de Deus (Logos) se fez carne e habitou entre nós, para
poder morrer, derramar seu sangue expiatório, redimindo-nos de nossos pecados, ressuscitar
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gloriosamente e assentar-se à direita de Deus Pai para nossa justificação (Jo.1:1,14; Hb.7:22-25; 9:22-28;
10:10,14; 1Pe.1:18,19; Ap.1:5; 5:6-9).
Quando o próprio Senhor Jesus disse (Mt.16.18) que iria edificar Sua Igreja sobre a (petra) “Rocha”
principal de esquina, foi revelado, pela primeira vez na Bíblia, de quem era a Igreja, quem a edificaria,
qual seria o nome da Igreja e qual o seu único fundamento. Esta revelação, dada por Deus Pai a Simão
Pedro, com relação ao Seu Filho, é inédita, imutável, insubstituível, irrevogável e eterna, porque, sem
Cristo, não poderia existir a Sua Igreja (At 4:11; 20:28; Rm.16:16; 1Co.3:11).
Portanto, esta única Igreja universal, não tem limite de tempo e espaço, e só tem um único dono e
Senhor, um único Esposo e nome, dado graciosamente, que é o de Cristo. O apóstolo Paulo exortava aos
bispos da igreja em Eféso (At.20:17), para pastorearem a Igreja que Cristo Jesus tinha resgatado com seu
próprio sangue. Fica claro quem é o dono e Senhor da igreja, quando nos ordena a zelar e pastorear a
propriedade (Igreja) do Senhor, e manter o nome de Cristo, como uma expressão visível da nossa
aceitação. Isto se verifica, também, em Rm.16:16. Nosso dever é manter sempre o nome do legítimo
dono e Senhor da Igreja: Cristo.
À esta única Igreja pertencem todos os genuínos cristãos, salvos, sem limitação de tempo ou espaço,
todos quantos são redimidos pelo sangue derramado na cruz do calvário por Jesus Cristo, e nasceram de
novo (regeneração) pela operação do Espírito Santo. Sem dúvida alguma, esta é a Igreja Universal,
invisível, que estava oculta no coração de Deus e que foi revelada aos homens: o corpo de Cristo
(Jo.1:11-13; 3:1-7; Rm.5:1-2; Ef.1:12-14; Tt.3:4,5; 1Co.12:12,13; 1Pe.1:18,19, 23).
III – As igrejas militantes:
Como essa Igreja única, indivisível passou a ser chamada de "Igrejas de Cristo" no plural (Rm.16.16)? A
resposta simples é: porque aquela Igreja única, invisível, agora se manifesta visivelmente em cada
localidade, mesmo sendo com dois ou três, reunidos no nome de Jesus (Mt.18:20).
Estas Igrejas tem a marca histórica do toque da mão humana, com todas as suas virtudes e seus defeitos.
É como Jesus explicou na parábola do "joio e do trigo". Ele é quem vai fazer a limpeza e a separação final
naquele grande dia (Mt.13:40-43)
Convém observar que em Mt.16:18, a Igreja é espiritual, invisível e única, porém, em Mt.18:17, esta
Igreja local trata de problemas, pode ser ouvida, tocada, exortada e disciplinada e, até mesmo,
diferenciada de acordo com as suas peculiaridades e necessidades.
Em Apocalipse 2 e 3, o Senhor Jesus se dirige a cada Igreja, através do anjo de cada Igreja, sempre
considerando a necessidade de cada localidade, e termina advertindo-as que ouçam o que o Espírito diz
as igrejas (no plural) – Ap.2:7, 11, 17, 29; 3:6, 13 e 22. Note-se que essa é a mesma expressão que Jesus
usou na parábola do joio e do trigo, em Mt.13:43b. Então, a exortação é feita às Igrejas no plural, e não
à Igreja no singular. Resta-nos ouvir o Espírito Santo, a Palavra de Deus, e por em prática.
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Watchman Nee, em seu livro “A vida normal da igreja”, escreveu: "Temos entre nós, dois aspectos da
Igreja claramente diferentes: a Igreja e as Igrejas, a Igreja Universal e as Igrejas locais. A Igreja é invisível;
as Igrejas (locais) são visíveis. A Igreja não tem organização; as Igrejas são organizadas. A Igreja é
espiritual; as Igrejas são espirituais e, também, físicas. A Igreja é puramente um organismo (o corpo
místico de Cristo); as Igrejas são um organismo, mas, ao mesmo tempo, são organizadas, o que se vê
pelo fato de que os presbíteros e os diáconos desempenham ofícios ali...todas as dificuldades da Igreja
surgem em conexão com as Igrejas locais, não com a Igreja universal. Esta é invisível e espiritual,
portanto, além do alcance humano, enquanto aquelas (locais) são visíveis e organizadas, portanto, ainda
sujeitas ao toque da mão humana... estando tão próximas de nós que, se surgirem problemas, nós os
sentimos agudamente" .
O Senhor Jesus ensinou que os membros visíveis de Seu Corpo, a Igreja, quando congregados em
qualquer lugar, até mesmo numa casa familiar, seria a expressão da vida, da glória e da santidade de Seu
Corpo místico, em qualquer espaço físico (At.12:5,12; Rm.16:5; Cl.4:15; Fm.1:2).
Portanto, a Igreja universal é a esposa do Cordeiro de Deus: Cristo (Ap.19:7-9; 21:9-27), e será revelada
somente após a primeira ressurreição, quando todos os que fazem parte dela serão, ressuscitados,
transformados, e arrebatados na Segunda vinda de Jesus Cristo, como Igreja Triunfante (1Ts.4:13-18), e
que na terra se manifesta visivelmente, como igrejas de Cristo militantes, no processo de sua
peregrinação e história, expressando a imagem, a glória e a vida do Filho de Deus, assim como Jesus
expressou a imagem exata do Pai celestial aqui na terra, como Filho do Homem (Jo.14:8-9; Mt.5:13-16,
7:15-23; 2Co.3:18; Cl.1:15; Hb.1:3; Ap.22:17).
IV – O arrebatamento da Igreja de Cristo:
1) Seu significado para a Igreja:
De acordo com 1Co.15:51,52, os que forem encontrados vivos receberão um corpo incorruptível de
glória, e não experimentarão a morte física (1Co.15:20,35,40), enquanto, os que morreram em Cristo
serão transformados primeiro, participando da mesma dádiva divina dos demais (1Ts.4.13-18).
Para todo cristão genuíno, isso significará o recebimento da natureza de Cristo, de maneira real e vital,
pois receberemos um corpo ressurreto, à semelhança do Senhor Jesus Cristo; e, então, se cumprirá a
Palavra de Deus, prevista em 1Jo.3:1,2.
O projeto de Deus em Cristo é ainda mais extraordinário, quando imaginamos que a nenhum dos anjos
Ele chamou de “filho”, nem ao mais glorioso entre eles. Mas a nós, menores do que eles em dignidade e
poder, anteriormente escravizados pelo pecado e destinados à morte, sim, a nós miseráveis homens,
pelo glorioso sacrifício de Cristo, nos tem prometido essas coisas.
Que gloriosa promessa! Os filhos de Deus, transformados, na imagem de Cristo, serão elevados muito
acima de todos os outros seres angelicais, pela imensa graça de Deus e seu poder (Fp.3:20-21; 2
Pe.1.3,4).
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Essa é uma das mais profundas revelações do evangelho, mas que tem sido objeto de descaso ou
ignorância por parte da igreja. A salvação tem sido reduzida ao mero perdão dos pecados e a uma futura
“mudança de endereço para os céus”, e não tem causado qualquer impacto de mudança de conduta e
postura de vida cristã autêntica, para a obediência e entrega total ao senhorio de Cristo.
2) Quando ele ocorrerá?
O Senhor Jesus nos ensinou o princípio que rege todo estudo da escatologia: “não vos compete saber a
ocasião ou o dia que o Pai marcou pela sua própria autoridade” (At.1:7). Então, permaneçamos somente
naquilo que o próprio Senhor Deus nos revela em Sua Palavra. Por exemplo: a passagem de 1Ts.4:15-17,
nos indica que Paulo esperava estar vivo para a vinda de Cristo, ressaltando, assim, a sua iminência.
A palavra utilizada no texto, traduzida do grego, pode significar “arrebatar, furtar, levar”. Deriva-se de
"arparks", isto é, “ladrão”, e descreve quão repentinamente se dará o arrebatamento da Igreja, o qual
virá como um laço sobre os moradores da terra (1Ts.5:1-3).
A bem aventurança futura implica tanto a nossa reunião com Cristo, quanto, também, uns com os
outros. Indica a conexão íntima entre a transformação dos crentes vivos e a ressurreição dos crentes
falecidos, com bem pouco tempo intermediário, de tal modo que ambos os acontecimentos são
reputados como virtualmente simultâneos. Assim, se cumprirá a promessa feita pelo próprio Senhor
Jesus, em Jo.14:3 e 17:24. Sim, ficaremos para sempre em companhia do Senhor, como indicação de que
essa comunhão caracterizará o estado eterno da Igreja.
Após o julgamento no Tribunal de Cristo (Rm.14:10; 1Co.3:11-15; 2Co.5:8-10), os remidos entrarão na
sua glória, sendo co-herdeiros com Cristo (Rm.8:17,30). Não haverá mais despedidas, não haverá mais
partidas (Ap.3:21).
3) Antes, ou depois, da tribulação?
Esse é um ponto de difícil interpretação, merecendo um estudo profundo, em várias partes das
Escrituras, impossível de ser contemplado aqui. Entretanto, nos restringiremos a apresentar a posição
doutrinária da Igreja de Cristo, que crê no arrebatamento antes da tribulação (posição “prétribulacionista”). Existem, ainda, o “midi-tribulacionismo” (no meio da tribulação) e o “póstribulacionismo” (após a tribulação).
Utiliza-se a expressão “a vinda de Cristo” para designar o arrebatamento da Igreja, como um rapto,
invisível para o mundo, ao passo que a expressão "a volta de Cristo" é uniformemente usada em alusão
ao retorno visível de Cristo à terra, a fim de estabelecer o seu reino milenar.
John F. Walvoord, presidente do Dallas Theological Seminary, no Texas (USA), defende o arrebatamento
antes da tribulação, apontando os seguintes argumentos:
a) Natureza da grande tribulação
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A grande tribulação é o tempo de preparo para a restauração da nação de Israel (Dt.4:29,30; Jr.30:4-11).
O propósito da tribulação não é preparar a Igreja para a glória. Nenhuma das passagens do AT sobre a
tribulação menciona a Igreja (Dn.9:24-27; 12:1,2)  observe-se, porém, que a Igreja, como vimos, era
um mistério que somente foi revelado por Cristo, e não podia existir sem Cristo ter morrido, derramado
seu sangue para expiação do pecado, ressuscitado, subido à direita de Deus Pai, para interceder e nos
justificar perante Ele (Rm.4:25; Ef.1.9-11; Cl.1:26,27; 2:2,3; 1Tm.2:5)  Igualmente, nenhuma das
passagens do NT sobre a tribulação menciona a Igreja (MT.24:15-31; 2Ts.1:9,10; 5:4-9).
b) Natureza da Igreja
A Igreja não está destinada à ira (Rm.5:9; 1Ts.1:9,10). Portanto, a Igreja não poderá entrar no grande
dia da ira de Deus (Ap.6:17). A Igreja não será surpreendida pelo dia do Senhor, conforme 1Ts.5:1-9, o
que inclui a tribulação.
A possibilidade do crente escapar da tribulação é mencionada em Lc.21:36. À Igreja em Filadélfia foi
prometido livramento da "hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os
que habitam sobre a terra" (Ap.3:10).
É uma das características da maneira divina de agir: livrar aos crentes antes de qualquer juízo divino ser
infligido contra o mundo, conforme é ilustrado nos livramentos de Noé, Ló, Raabe, do povo de Israel no
Egito, etc (2 Pe.2:6-9).
Ao tempo do arrebatamento da Igreja, todos os crentes irão para a casa de Deus Pai (Jo.14:3), e não
retornarão imediatamente à terra, após o encontro com Cristo nos ares, conforme ensinam os póstribulacionistas.
As Escrituras ensinam claramente que a Igreja inteira, e não apenas uma parte dela, será arrebatada
quando da vinda de Cristo para a sua Igreja (1Co.15:51,52). Isto é para a Igreja Triunfante, composta de
todos os genuínos filhos de Deus, em todo tempo e lugar, que será tirada, como o trigo do meio do joio,
de todas as Igrejas Militante locais, na vinda de Jesus para os seus santos (Lc.22:24-37; 1Ts.4:13-18; 5:111).
c) Doutrina da iminência
A posição pré-tribulacional é o único ponto de vista que ensina que o retorno de Cristo é realmente
iminente. A exortação para nos consolarmos ante a vinda do Senhor (1Ts.4:18), só é significativa para o
ponto de vista pré-tribulacional, sendo contradita especialmente pelo pós-tribulacionismo.
A exortação para esperarmos pela gloriosa manifestação de Cristo, em favor dos que lhe pertencem
(Tt.2:13), perde sua significação se a tribulação deve ocorrer antes disso. A exortação para nos
purificarmos, em face do retorno do Senhor, se reveste de maior significação se a vinda de Cristo for
iminente (1Jo.3:2,3).
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A Igreja é uniformemente exortada a esperar a vinda do Senhor, ao passo que os crentes que estiverem
vivos durante o período da tribulação se recomenda que aguardem sinais da volta de Cristo (Ap. 7:9-17;
14:1-5; 20:-4-6).
d) A obra do Espírito Santo
Espírito Santo, na qualidade de "restringidor do mal", não poderá ser retirado do mundo a menos que a
Igreja, na qual habita o Espírito, for retirado ao mesmo tempo. A tribulação não poderá começar
enquanto essa restrição não for suspensa. O Espírito Santo, na qualidade de "restringidor", será retirado
do mundo antes de revelar-se o iníquo, que dominará o mundo durante o período da tribulação (2
Ts.2:1-8).
4) A necessidade de um intervalo entre o arrebatamento e a segunda vinda de Cristo:
De acordo com 2 Co.5:10, todos os crentes da deverão comparecer perante o tribunal de Cristo. Este
evento, jamais é mencionado nas narrativas detalhadas concernentes à segunda vida de Cristo à terra.
A presença dos 24 anciãos glorificados e coroados nos céus (Ap.4:1; 5:14), representando os patriarcas
de Israel e os doze apóstolos de Cristo, indica que o arrebatamento da Igreja ocorrerá antes do início da
tribulação.
A vinda de Cristo para buscar sua noiva deverá ter lugar antes da segunda vinda de Cristo à terra, para a
festa nupcial (Ap.19:7-10).
Se o arrebatamento tivesse lugar ao mesmo tempo que a segunda vinda de Cristo à terra, não haveria
nenhuma necessidade de separar as ovelhas dos bodes, como algo ocorrido em um julgamento
subsequente, mas a separação teria lugar no próprio ato do arrebatamento dos crentes, antes de Cristo
realmente estabelecer o seu trono à face da terra (Mt.25:31-46). Além disso, não haveria tempo para o
Tribunal de Cristo, julgamento dos santos, distribuição dos galardões, a fim de que fossem distribuídas
responsabilidades no Reino milenial de Cristo.
5) Contrastes entre o arrebatamento e a segunda vinda de Cristo
Ao tempo do arrebatamento, os santos se encontrarão com Cristo nos ares, ao passo que, na segunda
vinda, Cristo retornará ao monte das Oliveiras, vindo assim ao encontro dos santos na terra.
Ao tempo do arrebatamento, o monte das Oliveiras ficará intocado, ao passo que o tempo da segunda
vinda será formado um grande vale a leste de Jerusalém (Zc.14:4,5).
Quando do arrebatamento, os santos vivos serão arrebatados, ao passo que nenhum crente será
arrebatado em conexão com a segunda vinda de Cristo à terra.
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Ao tempo do arrebatamento, o mundo continuará sem julgamento e prosseguirá em seus caminhos
pecaminosos, ao passo que na segunda vinda de Cristo o mundo será julgado e a justiça será
estabelecida neste mundo.
O arrebatamento diz respeito exclusivamente aos salvos, ao passo que a segunda vinda de Cristo envolve
tanto os salvos como os perdidos.
Quando do arrebatamento, Satanás não será amarrado, ao passo que por ocasião da segunda vinda de
Cristo, Satanás será amarrado e lançado no abismo.
6) A Parousia (1Ts.4:13-15)
A “parousia” ou segunda vida de Cristo, será:
a) Uma série de acontecimentos, começando com o Armagedon (Ap.16:15,16), estendendo-se até à
destruição final da velha terra (2Pe.3:4-12). O tempo do aspecto da parousia que acontecerá antes do
milênio é desconhecido (Mt.24:6);
b) Um período de refrigério ou descanso, vindo da parte do Senhor (At.3:19);
c) significará a restauração de todas as coisas (Ef 1:10). O "mistério da vontade de Des" será cumprido.
O apóstolo Pedro (2 Pe.3:4-13) nos mostra que até o julgamento final e a destruição do velho sistema
cósmico fazem parte da parousia, no seu sentido mais amplo;
d) consistirá da manifestação, aparecimento e revelação de Jesus Cristo (1Pe.1:7,13). Será o dia de
nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo (1Co.1:8; Tt.2:13; 2 Pe.3:12).
e) é um acontecimento predito nas páginas do AT (Dn.7;13), e é muito frequentemente no NT (Jd.14;
Mt.25:31; Jo.14:3; At 3:20; 1Tm 6:14).
f) esse acontecimento será precedido por certos sinais

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
Será nas nuvens (Mt.24:30).
Na glória de Deus Pai (Mt.16:27).
Na glória de CRISTO (Mt.25:31).
Uma verdade literal (At.1:9-11).
Acompanhando pelos anjos (Mt.16:27).
Em companhia dos crentes (I Ts.4:14)
Repentino (Mc.13:36).
Como se fora um ladrão que assalta à noite (I Ts.5:2).
Será como um relâmpago (Mt.24:27).
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g) Seu propósito:




A glorificação dos santos (2Ts.1:10).
Não será para efeito de expiação (Hb.9:28; Rm.6:9,10).
Visará a própria glória de Cristo (2Ts.1:10).
Visará o julgamento das nações vivas e as 12 tribos de Israel, tanto aos salvos quanto aos perdidos
(Mt.19:27-28; 25:31-46).
h) Em relação aos crentes







Os crentes devem amar a vinda do Senhor (2 Tm.4:8).
Devem esperar por Ele (Fp.3:20; Tt.2:13).
Devem aguardar a Cristo (1Co.1:7; 1Ts.1:10).
Devem apressar a vinda de Cristo (2Pe.3:12).
Devem orar para o seu desenlace (Ap.22:20).
Devem estar preparados para esse dia (Mt.24:44; Lc.12:40).
Devem vigiar a respeito (Mt.24:42; 25:1-13; Lc.12:36-48).
i) Em relação aos incrédulos




A segunda vinda de Cristo é motivo de zombaria (1Pe.3:3,4).
Presumem de sua ocorrência tardia (Mt.24:48).
Serão surpreendidos por seu súbito desenlace (Mt.24:37-51).
Serão castigados quando houver tal ocorrência (2Ts.1:8,9).
V – Conclusão
Reconhecemos que esse tema é de difícil interpretação, e foi nosso objetivo aqui apenas ressaltar alguns
aspectos dele e despertar a todos para uma reflexão mais profunda sobre o tema.
O Senhor Jesus, entretanto, exortou a Igreja, por diversas vezes e ocasiões, à vigilância constante em
relação à sua vinda (Mt.24.32,33). Devemos, portanto, aceitar a exortação do Senhor e estarmos
despertados, alertas, preparados, ativos na Obra do Senhor, para não sermos surpreendidos por Sua
vinda (1Jo.2:28).
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LIÇÃO 10
Cremos na “vigência e exercício dos dons ministeriais de Cristo, do dom e dons do Espírito Santo,
tal qual se encontram na Palavra de Deus”
Texto Áureo: “Há diferentes tipos de dons espirituais, mas um mesmo Espírito; e há diferentes tipos de
ministérios, mas um mesmo Senhor; e há diferentes tipos de operações, mas um mesmo Deus opera
todas elas em todos” (1Co.12:4-6).
Meditando Diariamente na Palavra:
Segunda-feira - Mc.16.17,18; At 2:1-13
Terça-feira - At.5.12-16; 10:44-47
Quarta-feira - Rm.12:3-8
Quinta-feira - 1Co.12 e 13
Sexta-feira - 1Co.14
Sábado - Ef 4:11-16
I – Introdução:
Frequentemente, o assunto dos dons espirituais quase nunca é abordado nos trabalhos de teologia
sistemática, nem no capítulo que trata da Pneumatologia (estudo da doutrina do Espírito Santo), nem
em Eclesiologia (estudo da doutrina da Igreja). Entretanto, quando ele é abordado, o é de um modo
“rápido” - dando a impressão de superficialidade - ou de forma “homogênea” - como se a diversidade
dos dons fosse uma expressão múltipla de sinônimos, com pouco esclarecimento de suas peculiaridades
- e “não prático” - como se, de fato, não houvesse qualquer vínculo com a vida da Igreja, ou, afinal, como
se os dons não fossem vigentes ou essenciais para a Ela.
O ponto fundamental, quando se procura a orientação da Palavra de Deus, é que não se pode, nem se
deve, negar a vigência dos dons espirituais na Igreja. Precisamos, por um lado, renunciar todo
preconceito contra as legítimas manifestações do Espírito Santo, especialmente relacionadas com os
dons dados por Deus à Igreja, e, por outro lado, buscar o discernimento, fundamentado nas Escrituras, a
fim de compreendermos melhor as diversas funções e propósitos dos dons e ministérios, para o
crescimento harmonioso e equilibrado da Igreja do Senhor Jesus Cristo.
Lembramo-nos, aqui, da exortação do próprio Senhor, em Mt.22:29, e da orientação do apóstolo Paulo,
em 1Ts.5.19-21, para reiterarmos o fato de que a Igreja não deve negar ou resistir às manifestações do
poder de Deus, mas, pelo contrário, deve buscar exercê-los, segundo o soberano propósito de Deus para
a Igreja.
II – A natureza dos dons espirituais:
1)
Quanto à sua origem:
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Em 1 Co.12.4-6, o apóstolo Paulo ensina que os dons e ministérios têm sua origem em Deus: Pai, Filho e
Espírito Santo. À cada Pessoa da Trindade é atribuída a concessão de dons específicos. Veremos, adiante,
a classificação desses dons.
Devemos tomar o cuidado em reconhecer o princípio da Unidade na Trindade (Lição 3), isto é, apesar de
haver dons específicos concedidos por cada Pessoa da Trindade, há uma única atividade de Deus nesse
processo. Assim é que, por exemplo, sem a participação do Deus Filho, não haveria a concessão do “Dom
do Pai”: o Espírito Santo; ou, sem a participação de Deus Pai, não haveria o Dom da vida eterna, em
Cristo Jesus, etc.
2)
Quanto à sua durabilidade:
O apóstolo Paulo nos ensina, em sua carta aos Romanos, que "os dons e a vocação de Deus são
irrevogáveis" (Rm.11:29). Isso indica que ninguém recebe um dom de Deus e, depois, o perde. O
princípio que norteia essa concessão divina é aquele que se encontra em Ec.3:14, bem como na parábola
dos talentos, em Mt.25; ou seja, os dons são de Deus, concedidos gratuitamente para o uso em favor dos
interesses de Deus (e não particulares), porém, permanecem com aqueles a quem Deus os concedeu, até
ao dia da prestação de contas.
Ora, se admitíssemos a possibilidade da perda dos dons, ou, como mais modernamente pensam alguns,
na possibilidade de exercermos um dom num momento e, posteriormente, deixarmos de exercê-lo, para
nos dedicarmos a outro dom, como se o dom fosse nosso, então, porque Deus pediria contas deles?
Afinal, Deus concede um dom aleatoriamente, ou Ele tem um propósito eterno com isso? Em outras
palavras, Deus sabe o que faz, ou Ele não tem um objetivo claro definido, e vai seguindo para onde as
circunstâncias indicarem? (Rm 11:29)
3) Quanto ao exercício dos dons:
Encontramos em 1Co.12:1-14 e 14:40 o problema da natureza e da origem dos dons e manifestações
espirituais. Era estranho o paradoxo que aquilo que os crentes em Corinto imaginavam que os
distinguia, acima de tudo, como uma comunidade espiritual de elevada qualidade, era a sua abundante
possessão e uso dos dons espirituais. No entanto, é valendo-se justamente disso que Paulo mostra a
carnalidade deles, visto que abusavam dos seus poderes.
Myer Pearlman, em “Conhecendo as doutrinas da Bíblia”, escreveu a esse respeito: “Em 1Co.12, Paulo
revelou os grandiosos recursos espirituais de poder disponível para a Igreja. No capítulo 14, porém, ele
mostra como este poder deve ser regulado para a edificação da Igreja, em lugar de destruir a Igreja  e,
entre os dois capítulos (cap.13), ele mostra o modo como isso deve ser praticado pela Igreja: pelo amor!
 A instrução era necessária, pois uma leitura cuidadosa do contexto demonstrará que a desordem
havia reinado em algumas reuniões, devido à falta de conhecimento das manifestações espirituais”.
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Essas palavras, ditas pelo servo de Deus, nos parecem sábias. Acreditamos que muitos das atuações
genuínas de Deus na Igreja, através das manifestações espirituais dos dons, têm sido mal compreendidas
e mal administradas. Muitos têm errado por falta de sabedoria; outros, por falta de humildade; outros,
pela falta de disciplina; outros, por causa da incredulidade; mas, quase, senão todos, pela falta de amor!
É importante ressaltarmos o propósito de Deus, que, acima de qualquer interesse particular, pode ser
traduzido nas palavras do apóstolo Paulo: “visando a um fim proveitoso” (v.7b); ou, “com vistas ao
aperfeiçoamento dos santos... para a edificação do Corpo de Cristo” (Ef.4.12).
III – Classificação geral dos dons:
Na Palavra de Deus encontramos os seguintes dons específicos:
1) O Dom de Deus: – que é a vida eterna em, e através do, Filho de Deus encarnado: Jesus Cristo,
conforme: Jo.3:16; 4:10; 5:21, 26, 27; Rm.6:23. É o próprio Filho de Deus, e aos que estão nEle, a vida
eterna.
2) Os Dons de Deus: São variados e incontáveis e concedidos, indistintamente, a todo homem. Assim,
temos: “Toda a criação”; “A terra, e tudo o que nela há”; “A vida a todos os animais e plantas”; “O
espírito e alma do homem”; etc (Gn.1:1-2-25; Sl.148:5; Is.40:26; Hb.11:3; Ap.4:11). Lemos, ainda: “A
inteligência, sabedoria, riquezas e honra” (2Cr.1:7-12; Jó 1:3, 9, 10; Sl.94:10; Tg.1:5); “o alimento, o
trabalho e os benefícios provenientes dele” (Ec.3:13; Mt.6:24-34); “diversos dons e operações especiais
(Êx.35:30-36:1; 2Re.4:1-7; 6:1-7; Dn.1:17; At.8:39,40; 17:24-29a; 1Co.12:6).
3) O Dom do Pai – é o Espírito Santo concedido, a pedido do Filho, para habitação eterna no crente
nascido de novo (Lc.24:49; Jo.14:16-18; Rm.5:5; 8:9,14-16; 1Co.6:19-20; Ef 1:13,14). Este fato, já se
cumpriu no dia de pentecostes.
4) O Dom de Cristo – é o dom da justiça e a graça salvadora, concedidas aos que crêem nEle  são
declarados justificados diante de Deus, por meio da fé no sacrifício perfeito de Jesus Cristo na Cruz
(Rm.5:15-17; 3:26; 5:1,2,2 2Co.5:21; Ef.2:8,9; Fp.3:9).
5) Os Dons de Cristo – são os Dons Ministeriais: Apóstolos (missionários), profetas, evangelistas, pastores
e mestres (Ef 4:11; I Co.12:28). Em Ef.4:11 é dito que o Senhor Jesus, depois de sua ascensão aos céus,
deu dons aos homens, concedendo-lhes ministérios específicos: apóstolos, profetas, evangelistas,
pastores e mestres. É interessante observar que todos esses ministérios foram atribuídos ao próprio
Senhor Jesus (Apóstolo: Jo.20:21; Hb.3:1; Profeta: Dt.18:15,18; Lc.1:76; 7:16; Evangelista: Mt.4:23;
Mc.1:15; Lc.4:17,18; Pastor: Jo.10.11, 14; Hb.13:20; e Mestre: Mt.23:8,10; Jo.13:13. Esses dons estavam
presentes na Igreja primitiva (At.11:22-28; 13:1,2; 16:6,7; Gl.1:1; entre outros).
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a) Apóstolos:
O termo apóstolo vem do grego “apóstolos”, cujo significado mais comum é simplesmente delegado,
enviado, mensageiro. “O verdadeiro apóstolo é sempre aquele que recebe uma comissão, não
meramente o que vai, e, sim, o que é enviado” (Donald Gee, “Os dons do ministério de Cristo).
No Novo Testamento, primeiramente se refere à designação dos doze apóstolos de Cristo (Lc.6:12-16;
Jo.20:21). Eles foram constituídos pelo Senhor, como base de sustentação da Igreja (Ef.2:20). Os
apóstolos andavam em obediência à orientação divina (ver At.16:7,8). Seu objetivo principal era o de
pregar o Evangelho e estabelecer novas Igrejas locais.
Além dos apóstolos de Cristo, outros missionários cristãos que levaram a mensagem para lugares que
nunca a tinham recebido, também foram reconhecidos como apóstolos (Rm.16:7; I Co.15:5-7; I Ts.2:6-7).
Barnabé (At.14:14); Matias, escolhido para ocupar o lugar de Judas, o traidor (At.1:26), etc.
Paulo dá a entender que aos vários apóstolos foram determinadas áreas específicas de atuação. Tiago,
Pedro e João tinham um ministério entre os judeus, e Paulo entre os gentios (2Tm.1:11). Os doze foram
removidos de Jerusalém devido às perseguições e o alcance do ministério deles expandiu-se, por causa
disso (Gl.2:7-10; At.8:1;10:9-48;14:4,14).
b) Profetas: Jr.6:17; Ez.3:17; At.21:8-11; Ef.4:11.
No Antigo Testamento, os profetas eram os anunciadores das mensagens de Deus, por meio do Espírito
Santo. No Novo Testamento, a palavra “profeta” aparece em cento e quarenta e nove vezes, com o
mesmo significado. Devido a sua importância para a Igreja, o apóstolo Paulo, em 1Co.14:1-3,24,25,29-32,
faz recomendações solenes. Considere, ainda: At.11:27-28;15:31-32; 21:10-11; 2Pe.1:20,21.
Porque razão seria esse dom considerado o mais importante, depois dos apóstolos (1Co.12:28)? Porque
tem sido tão perseguido e rejeitado? Por causa das falsas profecias e dos falsos profetas? Em parte,
talvez, mas não se deve rejeitar um benefício, ordenado por Deus, por causa de um malefício, induzido
por Satanás. De qualquer modo, devemos submeter os nossos posicionamentos pessoais, à luz da
soberana vontade de Deus, revelada em Sua Palavra.
Algumas vezes, a profecia cumpre a importante função de predizer o futuro, como uma “visão
estratégica” da Obra, dada por Deus aos seus servos, às vezes até contrária à lógica humana, como em
At.16:6,7. Veja, também At.11:27,28; 13:1-3; 20:22,23).
A profecia visa a edificação, a exortação e a consolação da Igreja (1Co.14:3). Ela não suplanta ou supre a
pregação ou o ensino das Escrituras, mas, pelo contrário, deve estar de acordo com elas. Entretanto,
deve-se reconhecer que ela tem um aspecto sobrenatural diferenciado de outros ministérios, inclusive
com a surpreendente manifestação “das intenções dos corações”, para um fim proveitoso
(1Co.14:24,25,31-33).
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O Senhor Deus é o mesmo e continua agindo da mesma maneira hoje. Sempre que se fizer necessário,
Ele se manifestará, através de seus servos, os profetas. Isto é fato, e fato inquestionável nas Escrituras
(Pv.29:18; Am.3:7,8; 1Co.14:6,39,40).
c) Evangelistas
Os evangelistas também têm uma visão extra-local, e efetuam a missão evangelizadora da Igreja, de
lugar em lugar, estabelecendo novas congregações locais, em cooperação com os apóstolos
(missionários), conduzindo os homens à fé em Cristo (At.8:1-14,26-40).
Alguém já afirmou que “os evangelistas lançam uma trilha que, em seguida, transforma-se em autoestrada, mediante o trabalho dos pastores e dos mestres”. Eles são ministros especiais do evangelho, aos
quais Deus tem dotado com poder do Espírito e manifestações de milagres e maravilhas. Como exemplos
bíblicos, citamos Filipe e Timóteo (At.21:8; 1Tm.4:14; 2Tm.1:6; 4:5).
É responsabilidade de todo cristão evangelizar, mas o Senhor Jesus designou “uns para evangelistas”, o
que significa haver uma clara distinção desse ministério, com o da “grande comissão”, em Mc.16:15.
.
d) Pastores
No seu sentido literal, um pastor é alguém que cuida do rebanho de ovelhas. Os pastores alimentavam e
protegiam os rebanhos (Jr.31:10; Ez.34:2); procuravam as ovelhas perdidas (Ez.34:12); livravam as
ovelhas dos animais ferozes (Am.3:12). Jacó assim se dirigiu a Deus (Gn.49:24b), bem como Davi (Sl.23:1)
e Asafe Sl.80:1). Deus foi descrito como “o Pastor que alimenta o povo de Israel” (Is.40:11); como “o
Pastor que protege ao seu rebanho” (Jr.31:10); e como “o Pastor que busca as ovelhas de seu rebanho”
(Ez.34:12).
Por outro lado, a Palavra de Deus faz sérias advertências aos pastores que haviam desencaminhado o
rebanho de Deus, ou que haviam enganado as ovelhas (Jr.2:8; 10:21; 23:1ss.; Ez.34:2ss).
As qualificações necessárias para o desempenho desse importantíssimo ministério, estão relacionadas
em textos como: 1Tm.3:1-7; Tt.2:1,6,7-10; 1 Pe.5:1-4. O pastor recebeu do Senhor autoridade espiritual
para apascentar o Seu rebanho, com todas as implicações desse termo. Ele deve ter, como um de seus
principais alvos, o aperfeiçoamento dos santos (Ef.4:12), mostrando-se espiritualmente alerta (Hb.13:17;
2Tm.4:5), sendo capaz de exortar, advertir, consolar e orientar com amor e autoridade (Jo.13:15;
1Co.4:14,15; 2Tm.2:23-26).
Nenhuma ambição pessoal pode tomar o coração do pastor. É o Espírito Santo que o torna “supervisor”
(bispos) do rebanho de Deus (At.20:28), e é Deus quem estabelece o governo na Igreja (1Co.12:28). Por
outro lado, Deus não chama um homem a realizar uma tarefa, para a qual não o tenha dotado de dons
adequados, ou das necessárias qualificações (Mt.25:15; 1Tm.3:1-7; Tt.1:5-9).
e) Mestre (doutor)
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Comparando-se At.13:1 com Rm.12:7; 2Tm.1:11 e Tg.3:1, percebemos que esse não costuma ser um
dom isolado. Havia na Igreja mestres que exerciam seu dom, juntamente com os apóstolos, profetas,
evangelistas e pastores. Em especial, o pastor deve possuir o dom de mestre. Daí a expressão de Paulo
“pastores e mestres” (Ef.4:11), correlacionando estes dois ministérios.
Na maioria das vezes, ensinavam em congregações locais já estabelecidas. Dentro do círculo apostólico,
o grande mestre dos gentios foi o apóstolo Paulo (1Tm.2:7). A tarefa dos mestres é a de transmitir o
conhecimento espiritual, inspirar aos crentes com a verdade revelada nas Escrituras, e, através da
instrução geral conferida à igreja, contribuir para levar aos crentes à varonilidade de Cristo (1Co.1:25-29;
2:1-8; Ef.4:13,14). Ele deve se dedicar ao estudo e ao ensino (At.17:11; Rm.12:7; 2Tm.2:15 – note que
Timóteo era, ao mesmo tempo, evangelista e mestre).
e.1 – Algumas considerações importantes:
Não devemos confundir os dons ministeriais de Cristo, com as funções ministeriais de Presbítero e
de Diácono, nas igrejas locais. Aqueles primeiros são dons concedidos para o crescimento da Igreja e,
portanto, que possui uma ênfase e visão extra local. É óbvio que eles só podem ser exercidos numa
determinada localidade, mas o que aqui se enfatiza é que os dons ministeriais não estão restritos à
localidade. Já as funções ministeriais de presbítero e diácono são de caráter local, a serviço das igrejas
locais, no cuidado do governo, da administração e do serviço.
Na verdade, a palavra “presbítero” é uma transliteração da palavra grega “presbyteros”, que
significa “aquele que preside, governa”, ou “ancião”. Por outro lado, não existe, no texto bíblico original,
a expressão “bispo”, que é uma tradução posterior da palavra “epískopos”, que significa: “guardião”;
“vigia”; “supervisor”; “superintendente”; denotando mais uma função ministerial, do que propriamente
um título.
Por exemplo: Quando o apóstolo Paulo mandou chamar os “presbyteros” da Igreja em Éfeso
(At.20:17), dirigiu-se a eles como sobre quem o Espírito Santo os havia constituído “episkopoi” (20:28),
enfatizando a função pastoral. Em outras palavras, quando Paulo os chamou, o fez referindo-se ao título
ministerial, pelo qual eram reconhecidos no governo das igrejas locais, isto é, “presbyteros”, mas,
quando lhes falou pessoalmente, enfantizou-lhes o ministério pastoral, como “guardiães” responsáveis
pelo cuidado do rebanho de Deus.
Precisamos reconhecer, entretanto, que, embora aqui os termos sejam intercambiáveis, a história
da Igreja deixou evidências de que, já por volta do ano 100 d.C., começou-se associar o dom ministerial
com o título, surgindo uma distinção entre o ofício ministerial de presbítero e o de bispo (o “pastor” dos
tempos modernos). Assim sendo, a Igreja primitiva reconhecia três ofícios ministeriais, em seu governo
nas igrejas locais: os “bispos” (pastores), “presbíteros” e “diáconos”.
O apóstolo Pedro, quando falou a respeito do Senhor Jesus Cristo, associa, claramente, a expressão
“epíscopos” com a função pastoral, quando afirma que Jesus é o “poiména” (“pastor”) e “epíscopos”
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(“guardião” – a melhor tradução – melhor do que “bispo”, no sentido atual) “das vossas almas”
(1Pe.2.25), o que reforça, ainda mais, o que foi dito anteriormente.
Nessa perspectiva bíblica, um presbítero ou um diácono pode ser, ao mesmo tempo, um apóstolo,
ou um evangelista, ou um profeta, ou um pastor e mestre, ou possuir todos os dons ministeriais. Pedro,
quando escreve às diversas igrejas na Ásia Menor, se dirige a elas na qualidade de “apóstolo de Jesus
Cristo” (1Pe.1:1), mas quando fala, especificamente, às lideranças locais, não se sente “constrangido” em
dirigir-se a elas como um “presbítero” (1Pe.5:1), simplesmente, porque apóstolo não era um título ou
cargo nas igrejas, mas uma função (dom) ministerial, ligada à Obra extra local, porém, “presbítero” era,
de fato, um título ministerial, ligado às igrejas locais.
Paulo nunca foi conhecido como um presbítero, ou “bispo”, ou diácono, porque dedicou toda a sua
vida ao exercício de seus dons ministeriais de apóstolo, profeta e mestre na Obra extra local (At.13.1;
2Tm.1:11). Porém, ele sabia da importância daqueles ministérios nas igrejas locais (At.14:23; 1Tm.3:1;
5:17; Tt.1:5,7).
Portanto, um presbítero pode receber (ou não) do Senhor Jesus dons ministeriais de apóstolo
(missionário), profeta, evangelista, pastor e mestre. De igual modo, um diácono, tal como Filipe (At.6:5;
8:26-40; 21:8), por exemplo, pode receber o dom ministerial de evangelista, sem deixar de ser diácono.
Uma coisa não deve ser confundida com a outra, mas, na prática, isso frequentemente ocorre.
No decorrer da história da Igreja, porém, começou-se a dar ênfase à hierarquia clerical, o que
ocasionou uma crescente adoção de títulos e cargos eclesiásticos, atribuindo-se a eles a nomenclatura
bíblica dos dons ministeriais, gerando uma grande confusão.
6) O Dom do Espírito Santo – é o "revestimento de poder", ou "batismo com o dom de línguas", que só o
crente genuíno recebe, após a plenitude do Espírito Santo (Mt.3:11; Lc.24:49; At.1:4-8; 2:1-4, 38,39;
10:44-46; 19:5-7). Não deve ser confundido com a salvação, ou batismo no Espírito Santo, no momento
em que cremos (1Co.12:13; Tt.3:5), do qual todo cristão genuíno participa, pois "se alguém não tem o
Espírito de Cristo, este tal não é dele” (Rm 8:9).
Citando o pastor Djalma Pereira: “Não se deve confundir o Deus Espírito Santo, que é uma Pessoa, com o
dom do Espírito Santo, ou o dom de línguas, que é uma dádiva do mesmo. Pois o que é "do", é de
alguém, e o que é "O", é a própria pessoa – o Espírito Santo – e que concede o dom. E só é concedido,
após o crente passar pela "plenitude” ou “enchimento" do Espírito Santo”. É o derramar do Espírito, cujo
sinal é dom de línguas, assim como, o copo (vaso) já cheio d’água, se continuar recebendo água,
transborda ou derrama. Assim afirma a Palavra de Deus, em At.2:4;10:44-45. Observe que todos já
tinham o Espírito Santo, já eram selados com o mesmo, inclusive os apóstolos, pois, todos já tinham
crido em Jesus, mas só agora é que receberam o dom de línguas, que é o "dom do Espírito Santo".
No evangelho de Marcos (16:17), o Senhor Jesus afirmou, profeticamente: "Em meu nome expulsarão os
demônios; falarão novas linguas" (glossolalia). A primeira e a mais clara manifestação desse dom, está
em At.2:1-11, entre os acontecimentos que assinalaram o dia de pentecostes e a fundação virtual da
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igreja. É evidente que o dom de línguas, nessa oportunidade, manifestou-se de maneira diferente
daquilo que vemos em todas as outras ocasiões em que ele é descrito ou explicado. Paulo diz que aquele
que fala em línguas "ninguém o entende, e em espírito fala mistérios", assim, não edifica a Igreja
(1Co.14:2). Por isso é que afirma: "...porque o que profetiza é maior do que o que fala línguas estranhas
(glossolalia), a não ser que também interprete para que a Igreja receba edificação" (vv.5,13). Como se
trata de um dom do Espírito Santo, o mesmo contexto (v.13), ensina-nos, dizendo: "...O que fala língua
estranha, ore para a que a possa interpretar".
7) Os Dons do Espírito Santo: São para o aperfeiçoamento dos membros do Corpo de Cristo, que é a
Igreja (I Co 12:1-11). Podem ser classificados em:
a)
Dons de "Inspiração" ou "saber sobrenaturalmente" (vv.7,8):

"a palavra a sabedoria": Aqui é focalizada a habilidade de compreender e de transmitir o sentido
mais profundo de algo que o Espírito de Deus quer dar a conhecer (Rm.11:33). É provável que também
esteja em foco a aplicação da sabedoria a circunstancias particulares, em que são resolvidos problemas
difíceis, mediante a aplicação de sabedoria espiritual. Nesse sentido, Salomão era supremamente
possuidor desse dom. Não há razão para pensarmos que o discernimento intuitivo, nos problemas da
igreja e dos crentes individuais, não esteja incluso nesse dom da sabedoria. "A palavra da sabedoria
qualifica o pregador, a palavra da ciência, o mestre. É o poder que torna o sermão em pregação
inspirada, revestindo as palavras de irresistível poder, capaz de quebrar as barreiras de incredulidade no
coração do pecador e levá-lo à regeneração." (José Rego do Nascimento – Livro: Calvário de
Pentecostes). É muito útil na evangelização e no ministério da Palavra, e nos relacionamentos
interpessoais, na Obra de Deus (Gn.41:38-39; 1Re.3:16-28; Mt.21:25; Lc.20:1-8,19-26; 21:15; At.6:8-10;
1Co.2:1-10; Ef 1:17-18).

"A palavra da ciência" (v.8b): O conhecimento deve aplicar-se tanto ao "acolhimento" como à
"compreensão" do que é dito e ensinado na igreja, e, sobrenaturalmente, através do Espírito Santo.
Mas, igualmente, inclui a transmissão desse conhecimento. O mestre se mostra supremamente dotado
em ambas essas categorias (aprender e ensinar). A palavra da ciência qualifica o mestre, para o
conhecimento das verdades reveladas por Deus na Sua Palavra. (Lc.2:46, 47; At.13:1; Ef.3:1-8; 4:11;
1Tm.4:13-16; Tt.1:9; 2:1,7,8; 2 Pe.3:15,16).

"Discernimento de espíritos" (v.10): é o poder de distinguir entre as operações do Espírito Santo e
as operações de espíritos malignos e enganadores (1Tm.4:1; 1Jo.4:1).Muito útil para o alerta contra a
investida do inimigo  na maioria das vezes "sorrateira" (Mt.16:21-23; Lc.6:6-11; At.5:1-11; 8:17-23;
16:16-18).
b)
Dons de "Agir Sobrenaturalmente" (v.9,10):
 "A fé": Muito útil na ocorrência de provações, curas, milagres e dificuldades. Esta é a chamada “fé
de milagres”, para diferenciar da "fé salvadora” (Mt.17:14-20; At.3:4-7; 27:20-25; Tg.5:15-18).
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 "os Dons de curar": Note-se a forma no plural denotadora da multiplicidade das manifestações
deste dom. Deve ser executado em nome do Senhor Jesus (Mc.16:15-18; Lc.4:18,19; At.3:6-9; 8:5-8,
9:32-35; Tg.5:13-16).
 "Operação de Maravilhas”: é um acontecimento extraordinário realizado por Deus, geralmente
associado à suplantação de toda expectativa e lógica humanas (Mt.9:18-26; 14:13-36; Lc.7:11-17;
Jo.11:43, 44; At.5:12-16).
c)
Dons de "Falar sobrenaturalmente":

"A profecia: Este é considerado pelo Apóstolo Paulo, como o principal dos dons do Espírito Santo
(1Co.14:1). Devida a sua importância, é o único sobre o qual se recomenda, explicitamente, que deva ser
imediatamente julgado pela Igreja presente (a profecia, não o profeta – 14:29; compare com
Nm.23:19,20 e Dt.18:20-22). Deve-se considerar, ainda, que nenhuma profecia deverá exceder aos
limites da verdade revelada na Palavra de Deus, principalmente contrariando a doutrina do Evangelho
(1Jo.2:26,27; 2Jo.9,10). A profecia é uma evidência da presença de Deus no meio do seu povo (14:24,25),
além de abordar necessidades específicas na Obra de Deus (At.13:1,2), ou que envolvam questões de
“pecado oculto”, que pessoas, mesmo preparadas, não saberiam resolver com sucesso, mas que o
Espírito revela para não ser prejudicada a Obra de Deus (Pv.29:18; At.5:1-11). Considerando-se o dom de
profecia sob esse prisma, esse é um dom altamente desejável na igreja cristã moderna, ainda mais
quando atentamos para o testemunho que Deus dá dele (Am.3:7,8).

a variedade de linguas: o apóstolo Paulo possuia esse Dom (1Co.14:18), o qual está intimamente
ligado ao Dom do Espírito Santo, mas, diferentemente deste, ele se caracteriza pela “variedade de
línguas”, indicando uma concessão especial do Espírito Santo no falar diretamente com Deus, em
mistérios. Por isso Paulo agradece a Deus. Porém, reconhece que, na Igreja, ele deve ser acompanhado
do Dom de interpretação de línguas (vv.12-19).

e a interpretação de linguas": À primeira vista, a descrição do segundo capítulo de Atos parece não
deixar margem a qualquer mal entendido. Todos os crentes reunidos foram cheios do Espírito Santo e
começaram a falar, sobrenaturalmente, em outras línguas (glossolalia) que os discípulos nunca haviam
estudado, embora compreensíveis para os peregrinos judeus, reunidos em multidão, que tinham vindo
de vários países, visitar Jerusalém. Lemos no sexto versículo daquele capítulo: "...cada um os ouvia falar
na sua própria língua". Isto aconteceu porque foi concedido, também, pela primeira vez, o "Dom de
interpretação de línguas” (1Co.14:5b,13, 26b).
d)
Outros Dons Complementares ao Ministério: (Rm.12:7,8; 1Co.12:28).
IV – Conclusão
Vimos como Deus supriu à Igreja de Cristo de todos os dons, cada qual em atendendo à necessidades
específicas para o crescimento harmonioso e equilibrado do Corpo de Cristo.
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Cabe-nos, zelosamente, buscarmos os melhores dons para o serviço mútuo, sob a poderosa soberania e
presença de Deus.
A Igreja é o “Corpo de Cristo” e a “Casa espiritual, onde Deus habita”, sendo natural que haja nela as
manifestações sobrenaturais do poder de Deus.
O caminho para o amadurecimento cristão, nessa área, não passa pelo combate às manifestações desses
dons na Igreja hoje, mas pelo seu exercício, de forma equilibrada (sem priorizarmos uns, em detrimento
de outros), no poder do Espírito Santo e no amor, que é o vínculo da perfeição. Amém.
LIÇÃO 11
Cremos no “Governo teocrático-congregacional, o governo que emana de Deus, sendo Cristo a
cabeça soberana de sua Igreja que é o seu Corpo, e de todo principado e potestade, porque é tudo
em todos, para que em tudo tenha a preeminência.”
Texto Áureo: “Deus sujeitou a Cristo todas as coisas, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da
Igreja. Pois a Igreja é o corpo de Cristo; a plenitude daquele que cumpre tudo em todos” (Ef.1:22,23).
Meditando Diariamente na Palavra:
Segunda-feira - Mt.9:37,38;16:15-18; At.1:15-26
Terça-feira - At.13:1-4;14:23; Cl.1:16-20
Quarta-feira - Rm.12:4-8; Ef.4:11-16; 5:23,24
Quinta-feira - I Co.12:12-31; I Pe.2:6-9
Sexta-feira - I Tm 3:1-13, 5:17-18
Sábado - Tt.1:5-9; Ap.1:8,16-20.
I – Introdução:
A forma bíblica de governo na Igreja é a do governo “teocrático-congregacional”, tendo a Cristo como o
único Senhor e Cabeça de Seu Corpo, que é a Igreja. Toda atividade realizada nela deve ser exercida no
nome de Jesus, pelos membros do Corpo que têm o Espírito Santo, aos quais Ele dotou de dons e
ministérios, tanto nas Igrejas militantes locais, quanto na Obra Missionária, extra local.
II – Formas de governo eclesiástico
Há, pelo menos, três formas de governo eclesiástico, fruto de tradições, concepções e interpretações, ao
longo da história da Igreja: o monárquico, o oligárquico e o democrático. Porém, entendemos haver uma
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quarta forma possível de governo, fundamentada na Palavra de Deus, denominado “teocráticocongregacional”.
Por razões de ética cristã, não mencionaremos, a título de exemplificação, o nome de instituições
ecleciásticas, nas quais essas formas de governo podem ser encontradas. Não tencionamos julgar se “a”
ou “b” está certo, ou errado, mas, tentar descobrir, à luz da Palavra de Deus, o que ela nos ensina a
respeito.
a)
Monárquico: é o governo de uma só pessoa, que centraliza toda a autoridade sobre uma igreja,
quer numa localidade, quer numa região, país ou mesmo no plano internacional.
O grau de autoridade da liderança na Igreja é confundido com o título do ofício ministerial recebido,
ocorrendo uma forte hierarquia clerical centralizada.
De uma forma geral, quando se pensa nessa Igreja, a primeira imagem que se tem é a de uma pessoa, ou
do nome de seu líder maior. Os membros da igreja não exercem, livremente, dons e ministérios dados por
Deus, mas suas participações são “monitoradas”, e se tornam, muitas vezes, apenas espectadores ou
ouvintes, ao invés de instrumentos nas mãos de Deus, pelos quais Deus abençoaria toda a Igreja.
a)
Oligárquico: é o governo de uma minoria, por meio da qual alguns oficiais da igreja gerem tudo
(ou quase tudo) nela. À semelhança do sistema monárquico, o grau de autoridade da liderança é
confundido com o título do ofício ministerial recebido, ocorrendo, também, uma hierarquia clerical
centralizada.
De uma forma geral, quando se pensa nessa igreja, a primeira imagem que vem à nossa mente, é a de um
grupo ministerial atuante, com o qual a igreja é confundida e se identifica. Entretanto, aos membros da
igreja é permitido o exercício de “alguns” dons e ministérios, de acordo com critérios e conveniência da
própria liderança. A liderança não permitirá ser questionada, ou perder o seu poder de controle sobre a
Igreja.
b)
Democrático: por definição, este é “o governo que emana do povo, e em seu nome deve ser
exercido”. Decide-se qualquer assunto em assembléia, pela maioria dos votos. Há uma tendência à
descentralização, e a autoridade da liderança não está, unicamente, vinculada ao título ministerial, mas
provém de sua legitimidade e conduta à frente do rebanho, de acordo com os modelos que a própria
igreja estabelece, formal ou informalmente.
Os membros da Igreja, reunidos em assembléia, detêm a autoridade para nomear ou remover, por
vontade da maioria, toda a liderança.
De uma forma geral, quando se pensa nessa Igreja, a primeira imagem que se tem é a da diversidade, às
vezes contraditória em si mesma. O critério de decisão pelo voto, reflete o perfil da comunidade
participante, entretanto, é preciso que se reconheça, que “a voz do povo” não é “a voz de Deus”.
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Há, ainda, uma tendência à relativização dos valores, à mutabilidade e multiplicidade das formas e
relações, e à autonomia eclesiástica.
Antes de olharmos para o quarto modelo de governo eclesiástico, isto é, o governo “teocráticocongregacional”, precisamos enfatizar alguns conceitos importantes da Palavra de Deus:
1º)
O princípio da autoridade espiritual na Igreja
(a) Cristo é a Cabeça do Corpo (a Igreja), acima de todo Principado e Potestade:
Em Cl.1:16-20, aprendemos que tudo foi feito por meio de Cristo, para Ele, depende Dele, e por Ele
subsiste. Tudo, indica: todos os seres criados e o universo. Isto é: Não há nada que esteja fora do Seu
poder e autoridade. Qualquer espécie de reino, governo e potestade, nos céus e na terra, está sujeito à
autoridade do Senhor Jesus Cristo, porque Deus quis que assim fosse (Mt.16:16-18; Mc.16:15,16;
Ef.1:22;4:15; 5:23; Cl.1:15-18; 2:10).
Em relação à Igreja, não é diferente. Cristo é a Cabeça soberana da Igreja, que é o Seu corpo (Ef.1:22,23).
A Igreja Lhe está sujeita e Lhe deve obediência e submissão irrestritas. Ele tem a primazia em tudo, sendo
o Senhor absoluto da Igreja (1Co.12:12-31; Ef.4:15,16). Portanto, nenhuma atividade no corpo de Cristo
poderá ser exercida sem o Seu consentimento e aprovação, sob pena de ilegitimidade, nulidade e
usurpação!
O propósito eterno de Deus é o de fazer convergir em Cristo Jesus, todas as coisas. Por meio do Senhor
Jesus, Deus “reconciliou consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus”, indicando que
não há qualquer poder capaz de impedi-Lo em Seu propósito. Jesus Cristo venceu, eficazmente, todos os
principados e potestades espirituais do mal, tornando-os sujeitos a Si mesmo, debaixo do Seu poder
(Cl.2:15). Todas as hostes espirituais da maldade, chefiadas por Satanás, foram derrotadas por Cristo,
através de Sua obra redentora na cruz, por meio da qual desmascarou-as publicamente, e triunfou sobre
elas em Si mesmo, revelando a todos o caráter reprovável deles, por terem sido, anteriormente,
usurpadores e rebeldes contra a Autoridade de Deus nos céus.
De que modo o Senhor Jesus agiu, a fim de estabelecer a Sua vitória sobre Satanás e suas hostes do mal?
Nos parece importante destacarmos dois aspectos importantes ligados a Sua Obra redentora na cruz, que
estão diretamente ligados ao governo de Deus na Igreja:
a) Jesus venceu o Diabo, os seus anjos e o sistema mundano, pela obediência e submissão incondicional
ao Pai, em contraposição à desobediência e rebeldia de Adão, incitada por Satanás (Rm.5:19; Fp.2:5-11;
Hb.5:8). Isto nos conduz a uma reflexão séria se estamos, ou não, de fato, seguindo esse mesmo exemplo
de Cristo, em relação às nossas atividades no Reino de Deus; e,
b) O Senhor Jesus nunca dependeu de Si mesmo, ou se apoiou em sua própria natureza Divina, no
cumprimento de sua missão. Pelo contrário, sua inteira dependência do Pai foi a marca do seu ministério
(Jo.4:34; 5:19,30; 6:38; 7:16; 8:28,29). Isto nos leva à seguinte reflexão: A nossa conduta, motivação e
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propósitos, no exercício das funções eclesiásticas, têm sido marcadas por esse mesmo paradigma de
Cristo? Temos buscado agirmos fundamentados em nós mesmos, ou no poder de Deus em nós, através
da atuação do Espírito Santo? Medite em Fp.2:12,13 (à luz do contexto), e em: Rm.15:17-19; 2Co.1:9-12;
3:4,5; 10:4,5.
Na Igreja, é Deus: Pai, Filho e Espírito Santo quem realiza, por meio dos dons espirituais e ministeriais dos
membros do Corpo de Cristo, Sua Obra e Vontade (Rm.12:6-8). Lendo-se outros textos, como: Mt.9:37,38;
Lc.10:1,2; At.6:2-6; 13:1-4; 14:23; 20:28; Ef.4:11; 1Tm.4:14; 2Tm.1:6; Tt.1:5, percebe-se o mesmo
princípio: o governo é de Deus; o poder é de Deus; as normas e leis emanam de Deus; o ensino é de Deus;
a doutrina é de Deus e permanece para sempre. Quem se atreveria a mudá-lo ou ignorá-lo?
2º)
O princípio da unidade pela obediência e submissão:
Watchman Nee, em seu livro “Autoridade Espiritual”, considera que não haverá unidade no corpo (de
Cristo), sem a obediência ao princípio da autoridade da Cabeça. Disse ele: “Para que a unidade se realize,
é preciso que seja exercida a autoridade da Cabeça no governo do corpo. Todos os membros do corpo
deveriam se sujeitar uns aos outros. Quando isto acontece, o corpo é unido em si mesmo e com a
Cabeça. Quando a autoridade da Cabeça prevalece, a vontade de Deus se realiza. Assim, a igreja se torna
o reino de Deus”.
O Senhor Jesus ensinou aos seus discípulos, em Mt.20:20-28, que o governo em Sua Igreja não deve ser
caracterizado pela dominação ou posição hierárquica, mas pelo serviço e pela submissão. O maior é o
menor de todos, e quem governa o servo de todos! O Senhor chamou-lhes a atenção para o Seu próprio
exemplo e testemunho. Nesse mesmo sentido, o apóstolo Pedro fala aos presbíteros das igrejas na Ásia
(1Pe.5:1-4).
Deus, sendo Ele mesmo Auto-suficiente e Todo-poderoso, poderia governar sozinho, mas não o faz! Nos
céus e na terra Ele estabeleceu tronos, dominações, principados e potestades, e as hostes celestiais
participam do Seu governo (Gn.28:10-13; Mt.1:20-24; 4:11; Jo.1:51; At.10:1-7; 12:6-12; Cl.1:16-20;
Hb.1:6,7; Ap.2:1,8,12).
Por outro lado, Deus rejeitou àqueles que foram insubordinados e rebeldes, ou tentaram exercer
autoridade, sem serem obedientes, submissos e tementes à Sua Palavra e vontade (1Sm.13:13,14;
Rm.16:17,18; 2Pe.2:4,10,11; 3Jo.9,10; Jd.8,9).
IV– O governo teocrático-congregacional (TC):
O governo eclesiástico, segundo os princípios que vimos na Palavra de Deus, está sujeito e ligado à
Cabeça (Cristo), pela atuação de Deus: Pai, Filho e Espírito Santo na distribuição de dons e ministérios
aos membros do Corpo de Cristo. Nesse sentido, ele é um governo “teocrático”, pois é Deus quem
governa e age soberanamente.
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Entretanto, esse mesmo governo tem a participação ativa dos membros do Corpo, no exercício dos
mesmos dons e ministérios concedidos por Deus e, nesse sentido, ele é um governo “congregacional” (e
não “democrático”), pois a atuação é originária em Deus (e não no povo), embora seja realizada por
meio de cada membro do Corpo (1Co.10:31; Fp.2:13; Cl.3:17).
Assim, na Igreja do Senhor Jesus Cristo ninguém deve trabalhar para si mesmo, ou buscar os seus
próprios interesses. Qualquer ato realizado nela que foge aos princípios vistos anteriormente, não tem
valor eterno. Será considerado como “palha, feno ou madeira”, no Tribunal de Cristo (1Co.3:12-15;
2Co.5:10; Hb.13:8; Ap.2:1-3:22; 19:7,8).
Como, então, o governo TC é exercido na Igreja, segundo as Escrituras? Há duas linhas de atuação: uma
local, ligada às igrejas locais e a outra extra-local, ligada à “Obra” de edificação, crescimento e expansão
do Corpo de Cristo.
1º)
Conceituando as duas linhas de atuação do governo TC:
Ressaltaremos, nesse ponto, as distinções peculiares a cada uma das linhas.
a)
A linha “extra local” que é composta pelos vocacionados e comissionados para a “Obra”: São os
que receberam os dons ministeriais de Cristo, isto é: os apóstolos (missionários), profetas, evangelistas,
pastores e mestres (Ef.4:11).
Esta primeira linha do governo TC da Igreja é a que o Espírito Santo chamou de “Obra” (At.13:2). Ela atua
na expansão e crescimento do Corpo, visando a implantação e edificação de novas igrejas (cap.13 e 14).
Nela, a Obra missionária tem um caráter primordial, mas também estão presentes e atuantes os
ministérios profético, evangelístico, pastoral e do ensino.
b)
A linha “das igrejas militantes locais” que é composta pelos vocacionados e comissionados para
o governo das igrejas: São eles: Os pastores - recorde as “considerações importantes” da lição anterior,
item III, alínea “e.1”  presbíteros e diáconos (At.14:23; 20:17,28; Fp.1:1; 1Tm.3:1,2; 5:17-20).
Nesta linha segunda de ação do governo TC, o Ministério está voltado especialmente para o governo das
igrejas locais, que já mencionamos acima (Fp.1:1; At.6:3-6; 14:23; 1Tm.3:1-13; 5:17-20; Tt.1:5-10).
2º)
O paralelismo existente entre as duas linhas e o crescimento do Corpo:
Pela Palavra de Deus, compreendemos que as duas linhas não são convergentes, nem se confundem,
mas são paralelas e unidas numa mesma direção.
Para uma melhor compreensão desse aspecto, precisamos recorrer a duas “revelações” feitas por Deus:
uma no Antigo Testamento (dada a Jacó) e a outra no Novo Testamento (dada por Jesus). Trata-se da
visão de uma “escada” ascendente até os céus, apoiada sobre o “Filho do homem”, conforme a
revelação de Jesus dada a Natanael (Jo.1:49-51) e a visão dada a Jacó (Gn.28:10-22) - note-se que Jacó
apoiou a sua cabeça (antítipo de Cristo) sobre a Rocha (antítipo de Cristo).
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O apóstolo Paulo reafirma o mesmo princípio, quando nos ensina, em Ef.2:20-22, que a Igreja está sendo
edificada sobre “o fundamento dos apóstolos e profetas, do qual Cristo é a Rocha principal de esquina”.
Observando-se pelas Escrituras a atuação de Deus na Igreja  de acordo com Atos capítulos: 8, 10, 11,
12, 13 e 14; Ef.4:1-16; 1Co.3:4-16; 12:1-31, entre outros  percebe-se que o seu crescimento e
expansão se dão nessas duas linhas paralelas bem definidas, ajustadas e ligadas ao comando da Cabeça,
que é Cristo, por meio do Espírito Santo. A seguir, um breve esboço desse desenvolvimento paralelo:
(a) O Espírito Santo chama, dentre as igrejas locais, os que têm ministérios de apóstolos
(missionários), profetas, evangelistas, pastores e mestres, e os envia, a partir das próprias igrejas, para a
“Obra” de implantação e edificação de novas igrejas (At.13:1-4);
(b) Durante essa fase de implantação, há uma perfeita cooperação, coexistência e unidade entre a
“Obra” e as “igrejas locais”. Este é o ponto em que a linha da “Obra” tangencia a linha das “igrejas
militantes”, mas, na verdade, está agindo, paralelamente, na edificação e crescimento dessas novas
igrejas (At.8:5,14,25; 11:1-4,12-14,19-30; 12:24,25; 13:4,5,13,14,44,50,52; 14:1,6, 7,19-28);
(c)
Terminada a fase de implantação, as igrejas locais tornam-se “autônomas”, buscando o seu
próprio desenvolvimento e crescimento, em direção à varonilidade de Cristo. Nelas são eleitos
“presbíteros”, que cuidarão do rebanho de Deus e da administração eclesiástica local, seguida pelos
“diáconos”, como aconteceu na igreja em Jerusalém (At.6:1-6), e com as demais igrejas no NT
(At.16:11,12; compare com Fp.1:1; e At.20:1-5,16 com At 14:23; 1Tm.1:1-3; 3:1,8; Tt.1:5);
(d) Devemos nos lembrar de que a Igreja é o Corpo de Cristo, vivo e santo. Portanto, Deus continua
agindo nas novas igrejas, através de dons e ministérios concedidos a qualquer membro do Corpo,
segundo a Sua soberana vontade. Essa fase de desenvolvimento e crescimento da igreja local prossegue
até ao ponto em que ela está preparada para enviar outros para a “Obra”.
(e) Quando a igreja se desenvolve espiritualmente, inicia-se a fase madura, e está pronta para que
Deus chame e envie outros, a partir dela mesma, para serem integrantes da “Obra”, reiniciando o ciclo
de crescimento do Corpo. Está última, é a fase do chamado e envio para a “Obra”. Foi o que ocorreu com
a Igreja de Cristo em Jerusalém, da qual muitos (inclusive os próprios 12 apóstolos) foram enviados para
a “Obra”; e, posteriormente, com a Igreja em Antioquia.

Em resumo: Imaginando-se o perfil de uma figura da escada que se eleva até os céus (descrita
anteriormente), apoiada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, do qual Cristo é a Rocha principal
de esquina, temos:
1.
Fase de implantação – é representada pelo vértice superior de cada degrau da escada, os quais
representam as novas “igrejas locais”, implantadas pelos que estão na “Obra” (Ef.4:11,12);
2.
Fase de desenvolvimento e crescimento – é representada pelo degrau da escada, sobre o qual se
apoiam os pés. Nessa fase a linha percorre o sentido horizontal, a partir do vértice superior. É a igreja em
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pleno crescimento, tanto quantitativo quanto qualitativo, em direção à varonilidade de Cristo. Deve
haver pleno uso de dons e ministérios, os quais Deus distribui a cada membro do Corpo como Ele quer, e
para o que for útil (Ef.4:14-16).
3.
Fase madura – é representada pelo vértice inferior de cada degrau da escada. A igreja está
pronta para apoiar o surgimento e crescimento de novas igrejas (Ef.4:13);
4.
Fase do chamado de Deus e o envio para a “Obra” – é representada pela linha vertical, que
sobe a partir do vértice inferior da escada, ligando-se ao vértice superior do próximo degrau da escada.
Representa o momento em que Deus envia alguns para a “Obra”, a partir da igreja local, para a
implantação de novas igrejas, reiniciando-se o ciclo de crescimento do Corpo (At.13:1-4); Aleluia!
5.
A linha da “Obra” tangencia todos os vértices superiores da escada, que representam as
igrejas em fase de implantação. A linha das “igrejas locais” é a união de todos os vértices inferiores da
escada, que representam as igrejas em fase madura. Ambas as linhas andam paralelamente entre si,
estando unidas numa mesma direção e, mutuamente, se complementam e interagem para o
crescimento da Igreja.
V – Considerações finais
O crescimento e a expansão da Igreja depende, primordialmente, do comando a partir da Cabeça, que é
Cristo, e da obediente cooperação conjunta de seus ministros, ordenados e vocacionados pelo Espírito
Santo, tanto para a Obra quanto para o serviço das igrejas locais.
A “Obra” edifica as igrejas, mas por elas é sustentada, assim como, na escada, cada degrau se apoia no
anterior. As “igrejas maduras” devem estar comprometidas em custear, apoiar e suportar todo o peso
das novas igrejas irmãs, em fase de implantação, sempre dependendo e confiando no Senhor da Obra,
que supre todas as nossas necessidades (Fl.4:19). Caso contrário, a “Obra” se tornará grandemente
prejudicada, e as igrejas não crescerão, ficando fadadas à estagnação, a uma religiosidade formal,
voltadas para dentro de si mesmas.
Nada está limitado para Deus. Ele pode todas as coisas. Por isso, tanto os dons ministeriais, quanto os
dons espirituais têm suas funções no âmbito da Igreja como um todo, pela atuação do Espírito Santo,
tanto na “Obra” quanto nas “igrejas locais”. No entanto, devemos compreender, pela graça de Deus, as
funções e aplicações dos diversos dons e ministérios, para evitarmos distorções que ocorrem pela
interferência humana na resistência ao governo TC, que prejudica o desenvolvimento do Corpo, segundo
os parâmetros da Palavra de Deus.
O perfeito entrosamento entre essas duas linhas Ministeriais, com entendimento, cooperação e
submissão ao Senhor, em amor, é que impulsiona e sustenta o crescimento da Igreja como Corpo de
Cristo, e promove a edificação das Igrejas locais Militantes, como expressão visível desse mesmo Corpo
invisível (At.9:31; 15:41). Veja o exemplo dos apóstolos, Paulo e Barnabé, que quando terminaram a sua
missão na Obra, retornaram à igreja em Antioquia, a qual os havia enviado, conforme ordenança do
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Espírito Santo, prestando relatório de sua missão à igreja, e todos se alegraram vendo o que o Senhor
havia feito (At.14:26-28; 15:35).
VI – Conclusão
O governo da Igreja, por princípio e revelação da Palavra de Deus, não pode ser norteado por modelos
humanos, nem em princípios que governam este mundo (kosmos), cujo príncipe e usurpador é Satanás,
inimigo de Deus. São modelos inspirados em valores humanos seculares, materiais, egoístas, injustos,
soberbos, corruptos, imorais e idólatras. É imprescindível, portanto, que a Igreja reconheça, de forma
pragmática, que o único que tem a legitimidade dessa autoridade e governo é o Senhor Jesus Cristo
(Jo.12:31; Ef.2:1-3; 1Jo.5:19; Ap.11:15-17), que o realiza por meio do Espírito Santo na Igreja.
As decisões na Igreja, efetuadas por meio de eleição e votação, são legítimas, desde que estejam de
acordo com o que ensinam as Sagradas Escrituras, e baseadas nos princípios da Palavra de Deus e Sua
vontade (At.1:20-26; 6:1-6; 14:23; Tt.1:5-9). Isso não tem nada haver com “democracia”, como alguns
ensinam. Observe que nestes textos, houve a concordância do Espírito Santo e a consulta das Escrituras
e, portanto, não ferindo o princípio do governo TC, que emana de Deus.
As igrejas locais são autônomas, sem a interferência de um governo clerical centralizado e hierarquizado.
Cada congregação toma as suas decisões, traça seus planos, buscando, entretanto, deve buscar, em
tudo, preservar a unidade do Corpo de Cristo, na obediência ao princípio do governo teocráticocongregacional.
LIÇÃO 12
Cremos na “soberania de Deus na criação, revelação, redenção, governos, e nos três grandes
julgamentos: 1) dos crentes no tribunal de Cristo, após o arrebatamento, para receberem os
galardões; 2) das nações vivas, na sua vinda (parousia); 3) dos incrédulos e condenados, no juízo
final, após o milênio.”
Texto Áureo: “Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu; para ser Senhor, tanto de
mortos como de vivos” (Rm.14:9).
Meditando diariamente na Palavra
Segunda-feira - Sl.104
Terça-feira - Ne.9:6; Dn.4
Quarta-feira - Mt.25
Quinta-feira - Rm.9:14-24; 11:36; 14:9,10
Sexta-feira- 1Co.3:11-15; 2Co.5:10; 2Tm.4:1
Sábado - Ap.1:7; 20:11-15; 21:8; 22:12
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I – Introdução
Nas últimas duas lições, trataremos do estudo da “escatologia”, ou “doutrina das últimas coisas”. Nesta
lição, veremos a doutrina da soberania de Deus sobre todas as coisas, bem como, o arrebatamento da
Igreja e os três grandes julgamentos de Deus: (1) da Igreja, no tribunal de Cristo; (2) das nações, durante
o milênio; e (3) dos mortos, diante daquele que se assenta no “grande trono branco”.
II – A Soberania de Deus na criação, revelação, redenção e governos
A Palavra de Deus ensina que Ele é o Senhor Soberano sobre todas as coisas, tanto nos céus (Sl.103:19),
quanto na terra (1Cr.29:11; Dn.4:17,25,34,35; 5:21; 7:14).
Sua Soberania abrange tudo: a história, pois ele tem poder para intervir sobre as nações (At.14:1517; 17:24-28); abrange toda a criação, pois Ele fez os céus e a terra (Gn.1:1); tudo subsiste pelo Seu
poder (Cl.1:16,17), e nada é considerado difícil para Ele (Jr.32:17-23); abrange a Obra da redenção
(Ef.1:3-11). A própria crucificação de Cristo se encontrava debaixo da Soberania de Deus (Jo.2:19-22;
10:17,18; 19:10,11; At.2:22-24; 4:27,28; Ef.3:9-11). Para Deus, “tudo é possível” (Mc.10:27; 14:23;
Lc.1:37).
Deus é dono absoluto de tudo! (1Cr.29:11). Engana-se aquele que pensa que Ele é dono somente dos
eleitos e escolhidos, e que as demais pessoas não são dele (Sl.24:1; Is.45:9; Ez.18:4). Entretanto, é
justamente pelo fato de que todos pertencem a Ele, que terão de prestar contas a Deus de tudo o que
fizeram.
Por outro lado, a soberania de Deus não é arbitrária ou determinista. Pelo contrário, ela é caracterizada
pelos demais atributos de Deus, em Sua natureza divina, isto é, com a Sua justiça, santidade, amor,
misericórdia, etc. Desta maneira, Deus é absolutamente capaz para usar os meios humanos na história, a
fim de realizar a Sua soberana vontade e propósito, sem coagir ou forçar o homem a fazer o que Ele
quer. Como Deus faz isso, está além da nossa capacidade de compreensão (Gn.45:4-8; 50:19,20). O
homem atua como um ser livre, mas sempre dentro dos limites estabelecidos pela soberania divina.
A soberania de Deus na Criação, enfatiza a Sua magnificência e o poder infinitos (Sl.19:1-4;
Rm.1:19,20). A Sua bondade e fidelidade ficam demonstradas em todas os seres criados, e o mais
elevado Poder do universo é, também, o mais misericordioso e altruísta, pois o mesmo que criou todas
as coisas, é, também, Aquele que “amou o mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho unigênito, para
que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo.3:16).
A história, também, manifesta a Soberania de Deus. Não haveria fé salvadora em Cristo, por
exemplo, sem a existência histórica de Jesus. “O Verbo se fez carne”, significou o supremo ato revelador
de Deus na história da humanidade (Gn.3:15; Rm.1:3,16; 1Co.15:1-4; Gl.4:4; Hb.1:1,2; Ap.1:17,18a). A
revelação de Deus na história culmina em Jesus Cristo, mas prossegue até o tempo do fim (Ap.21:1-8).
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Finalmente, Deus é Soberano sobre os que exercem autoridade e governam (Rm.13:1). Em
Mt.28:18, lemos que todo o poder foi dado ao Senhor Jesus, não somente na terra, mas também nos
céus. Os poderes temporais derivam sua autoridade de Deus, e estão sujeitos ao governo divino
(Jo.19:11). Precisam ser reconhecidos, mas quando saem da submissão a Deus, são rejeitados
(At.5:28,29).
O texto de 1Tm.2:1-4 recomenda que oremos por todos os homens, especialmente pelos
governantes. Eles são “ministros enviados por Deus para castigo dos malfeitores, e para louvor dos que
fazem o bem” (1Pe.2:13,14). Sujeitos ao poder Soberano de Deus, eles precisam de orientação da parte
de Deus, a fim de que o evangelho seja anunciado por todo o mundo, visto que Deus deseja que todos os
homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.
Por outro lado, as próprias autoridades civis devem reconhecer a origem de sua autoridade, em
Deus, governando em conformidade com a justiça, no temor do Senhor. Sabendo que, se assim não
agirem, sofrerão severo julgamento.
III – A Soberania de Deus nos três grandes julgamentos
1º)
Dos crentes, no Tribunal de Cristo
O julgamento dos crentes no Tribunal de Cristo se dará logo após o arrebatamento da Igreja. A
Igreja arrebatada estará nos céus com Cristo, enquanto na terra haverá a Grande Tribulação e
manifestação da ira de Deus. Importa que o julgamento comece pela Casa de Deus (1Pe.4:17), e é, em
cumprimento dessa Palavra de Deus, que ele se dará antes de todos os outros julgamentos.
Quando lemos o relato bíblico, em textos como: Rm.14:9,10; 1 Co.3:10-15; 2 Co.5:10; 2Jo.8, e outros que
estudaremos mais adiante, devemos considerar que:
a)
“Todos nós compareceremos perante o tribunal de Cristo para que cada um receba, segundo o
bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” . Isto significa que o Senhor Jesus fará uma justa
avaliação de toda a nossa vida e ações. Ele recompensará aos que Lhe foram fiéis com galardões,
enquanto aos infiéis restará a perda de parte, ou totalidade dos galardões. Isto significa que o que
fazemos nesta vida tem implicações eternas muito sérias. Prestaremos contas de todas as nossas ações,
o que nos conduz a um sentimento de “temor do Senhor”.
b)
Todos os que estão diante do tribunal de Cristo são salvos, cuja salvação não é proveniente das
obras, mas da fé em Jesus (Rm.8:1; Ef.2:8). Não há, no texto, distinção entre salvos e perdidos, mas entre
os que têm edificado bem e os que têm edificado mal sobre o único fundamento, que é Cristo. (I Co
5:10).
c)
Há uma variedade de tipos de materiais sendo utilizados na construção do edifício. Qualquer
construção que fosse levantada com materiais, como: “feno, palha ou madeira”, seria extremamente
frágil, pobre e tenderia ao desmoronamento. Por isso, diante do tribunal de Cristo, serão obras
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“queimadas” pelo rigor do fogo do julgamento do Senhor Jesus. O objetivo é o da purificação, a fim de
que seja apresentado a Ele um perfeito edifício, que O dignifique e O glorifique. Em contraste, materiais
como o “ouro, prata e pedras preciosas”, formariam um edifício belo e mais parecido com o seu
“fundamento”, e, por esta razão, resistirão à prova do fogo, recebendo os seus galardões.
d)
O próprio Senhor Jesus estabeleceu o exemplo inigualável de vida santa e produtiva, como modelo
a ser seguido, embora, devamos reconhecer, que nunca poderá ser igualado, mas, somente, “imitado”
(1Co.11:1; Ef.5:1). Seu exemplo foi perfeito (Hb.7:26), e Ele nos convida a segui-Lo (Mt.10:37-42;
11:29,30; 16:24-27; Lc.14:25-35; Jo.12:23-26). A esse respeito, o apóstolo Paulo nos dá excelentes
orientações (Fp.3:7-21). Se seguirmos estes exemplos, seremos considerados fiéis naquele grande dia, e
não sofreremos uma grande (senão a maior) vergonha de nossas vidas, diante do nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo, diante de toda a Igreja, diante dos anjos fiéis e perante o próprio Pai (1Jo.2:28).
e)
Os galardões têm repercussões no Reino de Deus e do Senhor Jesus Cristo, quanto ao recebimento
de autoridade e de glória (Mt.25:14-30; 1Co.15:35,40,41,42; Ap.2:26-29; 22:10-17).
f)
A Palavra de Deus menciona alguns tipos de coroas e galardões. Não podemos restringi-los a
apenas estes, que mencionaremos a seguir, pois o próprio Senhor Jesus ensinou, em Mt.10:41,42, que
um simples copo com água, dado a um profeta, na qualidade de profeta, gera “galardão de profeta”. Da
mesma forma, ocorre com o justo, gerando “galardão de justo”, e assim sucessivamente. Portanto, a
pequena lista abaixo é, somente, exemplificadora e restrita aos tipos de coroas mencionadas na Palavra
de Deus.

A coroa incorruptível (I Co.9:25). Essa coroa é dada em recompensa aos servos fieis que
renunciaram tudo na vida presente, santificando-se e consagrando-se, negando-se a si mesmo, tomando
a cruz de Cristo cada dia (1Co.9:27), a fim de cumprirem as suas missões, dons e vocações no Reino de
Deus. Aquele que não tiver uma vida santa, consagrada e exemplar no evangelho, está reprovado para
receber esta coroa.

A coroa da justiça (2Tm.4:8). É a recompensa para o servo que recebeu talentos, dons e
vocações ministeriais e foi fiel (2Tm.4:7). Quem puser a mão no arado e olhar para trás, não é apto para
o reino de Deus, isto é, não será coroado no reino de Cristo (Lc.9:62).

A coroa da vida (Mt.5:10-12; Tg.1:12; Ap.2:10). Esta coroa é para os mártires fieis, que
sacrificaram suas vidas, não negaram o nome de Jesus, foram fiéis, apesar de todas as ameaças e
provações, tendo sido, por isso mesmo, mortos por amor ao Senhor Jesus.

A coroa incorruptível de glória (I Pe.5:1-4) Esta coroa é para os ministros fieis que apascentam
o rebanho de Deus, conforme o padrão ensinado nas Escrituras. Os Pastores que só trabalham se houver
bom salário, boa casa, bom carro, boa posição eclesiástica; ou for em uma boa cidade, que tenha boas
escolas para seus filhos, etc, não receberão esta coroa. Mas, aqueles que deixaram tudo por amor ao
Senhor e ao rebanho, pregando o verdadeiro evangelho, estes receberão o seu galardão (Mt.25:21-29).
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Em Ap.3:11, o Senhor Jesus chama a atenção para a possibilidade de perda do galardão. Em seu livro “O
Novo Testamento interpretado versículo por versículo”, Russel Norman Champlin chega a afirmar o
seguinte, a respeito daquele, diante do Tribunal de Cristo: “Compreenderei, então, quão justo será o
meu julgamento, e não poderei proferir uma única sílaba, em defesa própria. Talvez, então, eu pense:
"Oxalá pudesse eu recuperar os anos desperdiçados!". Que Deus nos conceda a graça de cumprirmos,
com amor e fidelidade, a Sua soberana vontade para as nossas vidas. Amém.
2º)
Das Nações Vivas (Mt.25:31-46)
Cristo situou esse julgamento no tempo de sua segunda vinda, isto é, no início de Seu Reino milenial,
após o período da Grande Tribulação. Estudaremos, na próxima lição, os aspectos referentes ao Reino
milenial de Cristo, na qual falaremos sobre a presença dessas “nações vivas”, durante o milênio. Por
enquanto, focalizaremos o episódio do julgamento em si. Qual a razão desse grande julgamento?
O próprio texto indica que haverá uma separação das “ovelhas” (os justos) dos “cabritos” (os injustos).
Não é a melhor interpretação, aquela que atribui aos que são chamados de “meus irmãos” (25:40), aos
da própria nação de Israel. E interpretam, erroneamente, o texto, como se o julgamento fosse tratar do
quão justo, ou injusto, foi o modo como as nações trataram a nação de Israel. Isso tem o seu “espaço” no
justo julgamento divino, mas não é o que o texto ensina. Juntamente com esse erro de interpretação,
está o que ensina que a salvação aqui, vem pelas obras de justiça que eles praticaram. Ora, isso seria
negar a própria redenção pelo sacrifício de Cristo na cruz. Mas, então, como devemos interpretar o
texto?
Quanto a expressão “meus irmãos”, o próprio Senhor Jesus afirmou que “eles” eram os que faziam a
vontade do Pai (Mt.12:46-50); os que ouviam a Palavra de Deus e a praticavam (Lc.8:19-21); os seus
discípulos (Mt.28:10; Jo.20:17; Rm.8:29). Além disso, “as ovelhas” não são salvas porque trataram com
compaixão e amor aos “irmãos do Senhor”, mas porque a sua fé é viva, e praticante de boas obras e do
amor sacrificial. A base da salvação é a mesma (somente pela fé), mas, a fé que não é fé viva, mas morta,
é inútil.
O texto não trata de salvação, pois inclusive a própria fé já deixou de ter a sua eficácia, uma vez que o
Senhor está presente, e aquele que vê não necessita de fé. O que o texto enfatiza é que a volta de Cristo
para o Reino milenial e o Seu julgamento das nações vivas marcará a justa retribuição dos que, dizendo
ser uma coisa, na verdade são outra. Daí, a ênfase nas obras. Tais “falsos cristãos”, “lobos disfarçados de
ovelhas”, serão desmascarados diante do Senhor de toda glória.
3º)
Dos incrédulos, diante do Grande Trono Branco (Ap.20:11-15):
Após o milênio, haverá a ressurreição dos mortos para o julgamento final, diante do Grande Trono
Branco. Este julgamento é absolutamente necessário e imprescindível.
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Deus fará prevalecer a Sua justiça! Todos serão julgados, individualmente, segundo as coisas que
estiverem escritas “nos livros” (em memória), segundo as suas obras. Isto é, cada um receberá a
graduação da pena eterna segundo às suas obras pecaminosas (vv.12,13).
Todo homem irá colher o que semeou (Gl.6:7,8). Entretanto, como ele escapará das
consequências dos seus pecados, sem Cristo? É por essa razão que haverá um último (e
desesperadamente terrível) apelo, para que seja aberto “o Livro da vida” para que seja manifesto se o
seu nome está ali, ou não! Quão angustiante, diante de Deus, não será esse momento!
Deus ressuscita os mortos, que não foram incluídos na primeira ressurreição, com seus corpos
naturais (não transformados), a fim de que sejam selados os seus destinos, apresentando-se diante do
Senhor dos céus e da terra. Muitos o negaram em vida. Agora, ele os negará pela morte! Muitos amaram
as suas próprias vidas, desprezando o evangelho santo e a cruz de Cristo. Agora perderão tudo! Nada
lhes restará, senão a agonia do “lago de fogo e enxofre, que é a segunda morte”.
Quão terrível é este lugar, “preparado para o Diabo e os seus anjos”. Lá já foram lançados o
anticristo e o falso profeta (Ap.19:20);
Satanás, o príncipe das trevas e o enganador de todo o mundo (Ap.20:10); a morte e o Hades serão
lançados no lago de fogo (Ap.20:14); e os homens ímpios, que se recusarem ouvir a Palavra de Deus e o
Seu testemunho, e não se arrependeram das suas obras (Ap.20:15).
Na expressão do apóstolo João, o Trono é Grande, significando a grandeza da glória de Deus e do
Seu grande poder em submeter a Si mesmo todas as coisas. É, também, “branco”, indicando que Aquele
que nele se assenta é absolutamente puro e santo, que realiza a justiça, exerce o juízo, retribuindo a
cada um o que fez, tanto aos homens, quanto aos anjos que hão de ser julgados, igualmente. Diante do
Senhor, os céus e a terra fugirão da Sua presença! Aleluia! (2Pe.3:13 e Ap.21:1).
IV – Conclusão
Estamos todos descobertos diante do Senhor dos céus e da terra. Nosso sentimento é, ao mesmo
tempo, de temor e de confiança. De “temor”, porque Ele é maravilhosamente Santo e nada pode
permanecer diante de Sua presença de forma imperfeita, ou incompleta, ou indigna do Seu nome. Mas,
também, de “confiança” em Seu sublime eterno Amor, pelo qual Ele nos chamou e vocacionou para
sermos participantes do Corpo de Cristo, a Igreja, a esposa do Cordeiro.
Que as nossas vidas e toda o nosso ser, alma e espírito, glorifiquem a Deus, por ações, intenções e
pensamentos, do modo mais puro e mais próximo possível, daquilo o próprio Senhor Jesus praticou e
ensinou. A Ele toda glória! Amém!
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LIÇÃO 13
Cremos na “segunda vinda do Senhor Jesus Cristo, em corpo glorificado, juntamente com os
cristãos ressuscitados, após o arrebatamento de sua Igreja Triunfante, e a implantação do seu reino
milenial naquela manifestação”; e na “ressurreição dos mortos, na vida eterna dos salvos e na
condenação eterna dos injustos que não aceitaram Cristo Jesus como Salvador.
Texto Áureo: “Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a
segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com
ele os mil anos” (Ap.20:6).
Meditando Diariamente na Palavra:
Segunda-feira - Mt.19:27-30; 24:29-44
Terça-feira - Mt.25:21,23; Jo.14:1-3; At.1:9-11
Quarta-feira - 1Co.15:23-28; 1Ts.3:13
Quinta-feira - 1Ts.4:13-5:11
Sexta-feira - 2Ts.2:1-12; Hb.9:28
Sábado - Ap.1:5-7; 20:1-15
I – Introdução:
Já iniciamos, na lição anterior, o estudo da escatologia, nos concentrando mais nos três grandes
julgamentos. Agora, iremos estudar, embora não de uma forma aprofundada, outros eventos
importantes, como o arrebatamento da Igreja, o milênio e o estado eterno dos que são salvos em Cristo,
e dos que não creram nem receberam a verdade, que está em Jesus.
II – A certeza da “parousia”:
Um dos termos mais frequentes no NT, usados para indicar a vinda de Cristo, é a palavra grega
”parousia”, que possui dois significados: “presença” (1Co.16:17; 2Co.10:10; Fp.2:12) e “vinda” (a mais
comum no NT).
A primeira vinda de Cristo à terra visou a redenção dos homens (Mc.10:45; Rm.8:3). Sua segunda vinda,
porém, objetiva a implantação do Seu reino milenial, em glória, com os seus escolhidos (Ap.20:6). Será a
continuação da redenção de toda a criação, iniciada pela Igreja, e depois continuada pela restauração da
nação de Israel, bem como o reinado de Cristo sobre todas as demais nações (durante o milênio), tudo
isso, em direção à restauração de todas as coisas, inclusive da própria criação, ao “Projeto, Plano e
Vontade” de Deus no princípio (Ef.1:9,10; Cl.1:16-19).
a)
A visão da Igreja, no século I d.C.:
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O conhecido documento da Igreja ("Didaquê"), escrito no final do século I d.C., traz, de forma resumida,
as principais doutrinas dos apóstolos, traduzidas em 16 temas de instrução. Destacamos, a seguir, o item
XVI do documento, que traz a visão que aqueles primeiros cristãos tinham sobre a ordem escatológica
dos acontecimentos ligados à “parousia”:
“Vigiem sobre a vida de vocês. Não deixem que suas lâmpadas se apaguem, nem soltem o cinto dos rins.
Fiquem preparados, porque vocês não sabem a que hora o Senhor nosso vai chegar. Reunam-se com
frequência para procurarem o que convém a vocês. Porque de nada lhes servirá todo o tempo que vocês
viverem a fé, se no último momento vocês não estiverem perfeitos. De fato, nos últimos dias, os falsos
profetas e os corruptores se multiplicarão, as ovelhas se transformarão em lobos e o amor se
transformará em ódio. Crescendo a injustiça, os homens se odiarão, se perseguirão e se trairão
mutuamente. Então, aparecerá o sedutor do mundo, como se fosse o Filho de Deus, e fará sinais e
prodígios. A terra será entregue em suas mãos e cometerá crimes como jamais foram cometidos desde o
começo do mundo. Então, aparecerão os sinais da verdade. Primeiro, o sinal da abertura no céu; depois,
o sinal do toque da trombeta e, em terceiro lugar, a ressurreição dos mortos.·Ressurreição sim, mas não
de todos”, conforme foi dito: "O Senhor virá, e todos os santos estarão com ele" (Jd.14). Então, o mundo
verá o Senhor vindo sobre as nuvens do céu."
Como vemos, a Igreja possuía uma firme doutrina sobre as últimas coisas e, em linhas gerais,
conhecia a ordem escatológica dos acontecimentos. Porém, Deus concedeu à Igreja uma revelação
adicional, através do último dos apóstolos vivos: João. Vejamos:
b)
A visão escatológica, em Apocalipse:
Devemos nos lembrar que o apóstolo João recebeu a revelação dada por Deus, e escrita no livro do
Apocalipse, enquanto estava exilado na ilha de Patmos, ao final do século I d.C. Portanto, era necessário
que houvesse essa revelação, senão, Deus não a teria dado aos seus servos.
Para entendermos melhor a ordem escatológica do livro de Apocalipse, é preciso considerar a divisão
que se encontra, em Ap.1:19.
1º) “As coisas que tens visto”: Alguns comentaristas acreditam que isso faz referência direta ao
evangelho de João, no qual ele deixou registrado o seu testemunho do que “viu”, em sua convivência
com Jesus. Portanto, trataria do tempo que vai desde o batismo de Jesus no rio Jordão, até a Sua
ascensão aos céus (Jo.1:6,15ss; Jo.21:24,25; At 1:10). Entretanto, há duas considerações importantes: (a)
quanto a finalidade para a qual o livro foi escrito; e (b) a data em que foi escrito é anterior ao livro do
Apocalipse (escrito durante a perseguição do imperador Domiciano, cerca do ano 96 d.C.). Quanto a sua
finalidade, sabemos que o evangelho de João foi escrito para demonstrar aos seus leitores que Jesus era
o Cristo, “o Filho de Deus” (Jo.20:30,31), especialmente devido à influência que o movimento gnóstico já
apresentava naquela ocasião, tentando negar a divindade de Jesus e a encarnação do Logos eterno
(Jo.1:1,14; 1Jo.4:1-3). Assim sendo, devemos encontrar no próprio texto de Apocalipse, a resposta à
nossa indagação: o que são “as coisas que tens visto”? Cremos que se refira ao próprio capítulo primeiro,
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no qual João vê ao Senhor Jesus no meio dos sete candeeiros de ouro e recebe a ordem para escrever a
visão, bem como a sua interpretação (v.19,20).
2º) “As que são”: Compreende aquela revelação que, a partir desse momento, o Senhor passaria a lhe
mostrar, isto é, capítulos 2 e 3, no qual fala às sete igrejas, que estavam na Ásia. Evidentemente, não
cremos que a mensagem tenha se restringido ao ambiente vigente à época do apóstolo, tendo em vista
o próprio propósito escatológico de toda a Revelação. Portanto, cremos que a visão das sete igrejas
corresponda a todo o período histórico da Igreja militante ou à dispensação da graça de Deus, a qual se
iniciou no dia de Pentecostes, e vai até ao arrebatamento da Igreja Triunfante (At.2:1-4; 1Ts.4:13-18).
3º) “As coisas que depois destas hão de acontecer”: Refere-se às revelações contidas a partir do
capítulo quatro (4:1ss), nos quais encontraremos a visão dos céus e, posteriormente, a visão do que
estará ocorrendo na terra. Certamente que o arrebatamento da Igreja, as bordas do Cordeiro, a grande
tribulação, o julgamento das nações, o milênio, o juízo do trono Branco, a recriação de todas coisas, a
nova Jerusalém, e o dia da eternidade, são eventos relevantes dessa revelação.
Na visão dada a João às sete igrejas, foi prometido aos vencedores que eles reinariam com Cristo
(Ap.1:6; 2:7,11,17,26-28; 3:5,12,21; 20:6). Quando isso se dará? Durante o milênio, os vencedores e fiéis
receberão autoridade dada pelo Senhor dos senhores e Rei dos reis, Jesus Cristo. (1º.) Autoridade para
julgar (Ap.20:4); (2º.) autoridade para reinar (Ap.2:26,27). Os trechos de Mt.20:22,23 e Lc.22:28-30,
também mostram que poderes mais elevados serão conferidos àqueles que tiverem sofrido por amor a
Cristo.
III–A ordem dos acontecimentos escatológicos:
Para termos uma visão geral dos acontecimentos escatológicos, transcrevemos, a seguir, um quadroresumo concedido pela ETADE aos seus alunos de teologia, encontrada na Bíblia (versão pentecostal),
que estão de acordo com a doutrina ensinada pela Igreja de Cristo, no Brasil.
I – Sinais proféticos dos últimos dias – “o princípio de dores”
1. Aumento dos falsos profetas e da transigência religiosa dentro das Igrejas (Mt.24.4,5,10,11,24;
Lc.18.8; 2 Ts.2.3;1Tm.4.1; 2Tm 3.1-7; 13; 4:3,4; 2Pe.2.1-3; 3:3,4);
2. Aumento do crime e desrespeito à Lei de Deus (Mt.24.12,37-39; Lc.17.26-30; 18.8; 1Tm.4:1; 2
Tm.3:1-8);
3. Aumento de guerras, fomes e terremotos (Mt.24.6-8; Mc.13.7,8; Lc.21.9);
4. Diminuição do amor e da afeição no lar (Mt.10.21; 24.12;Mc.13.12; 2Tm.3.1-3);
5. Perseguição mais severa ao povo de Deus (Mt.10.22,23; 24.9,10; Mc.13.13; Jo.15:19, 20;
16.33; At.14.22; Rm.5:3);
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6. Os salvos permanecerão firmes (Mt.24.13; Mc.13.13);
7. O evangelho será pregado a toda nação (Mt.24:14; Mc.13:10);
8. O Espírito será derramado sobre o povo de Deus (Jl.2.28-29; At 2.15-21,38,39);
II – O arrebatamento
1. Os crentes devem estar prontos e esperar constantemente por esse evento iminente (Mt
24.36-51; 25.1-13; Mc.13.33-37; Lc.12:35-48; 21.19,34-36; Rm.13.11-14; Fp.4.5; 1Ts.1.10; 4.1618; 5.6-11; 2Tm 4.8; Tt.2.13);
2. Jesus Cristo virá de modo inesperado, posto que o momento exato não poderá ser calculado
(Mt 24.36,42,44; 25.5-7,13; Mc.13.22-37; Lc.12.35-46);
3. Cristo virá arrebatar os crentes genuínos que viverem na terra nessa ocasião (Is.26.19;
Lc.21,36; Jo 14.3; 1Ts.1:10; 4.14-17; 2Ts.2.1; 1Co.15.51-57; Ap.3.10,11);
4. Os crentes genuínos serão livrados da ira vindoura (Lc.21.36; 1Ts.1.10; 5.2-9; Ap.3.10);
5. Os crentes que morreram antes desse evento ressuscitarão e serão arrebatados com Cristo
nas nuvens dos céus (1Co.15.50-55; 1Ts.4.16.17);
6. Todos os crentes genuínos arrebatados serão julgados no tribunal de Cristo segundo as suas
obras (Jo 5.22; Rm.14.10,12; 1Co 3.12-15; 4.5; 2Co.5.10; Ef 6:8; Cl.3.23-25; 2Tm.4.8);
7. Os crentes arrebatados após serem julgados receberão seus galardões segundo as suas obras
(Ec.12.14; Mt 5.11-12; 25.14-30; Lc.19.12-27; 1Co.3.10-15; 9.25-27; 2Co.5.10; 2Tm.4.7-8; I
Pe.5.1-4; Ap.2.10; 14.13; 22.12);
8. Os crentes não fieis não serão condenados, porém não receberão galardões (1Co.3:15;
2Co.5:10; 1Jo.2:28; 2Jo.8).
III – A tribulação
1. Os crentes fieis nas igrejas de Cristo serão preservados do tempo da ira vindoura ou da
tribulação (Lc.21:36; Jo.5:24; 14.1-4; 2.Co.5:2,4; 1Ts.1:10; 4.16-18; 5.8-10; Ap.3:10);
2. Começará depois que O que o detém for removido do caminho (2Ts.2:6-8);
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3. Começará depois de intensificar-se o poder secreto da iniquidade (2Ts.2:7,8);
4. Começará depois de ocorrer uma grande rebelião contra a fé (2Ts.2:3)
5. Anticristo (o homem da iniquidade) aparecerá (Dn.7:24-26; 9.26b,27; 12.11; Mt.24:15; 2Ts.2.310; Ap.11:7; 12:3,13-17; 13:1-18; 16.2; 17.7-18; 19.19,20);
6. Começará com a abertura dos 7 selos (Ap.6:1);
7. Um tempo de aflição em escala mundial (Mt.24:21,22; Ap.6-19);
8. Durará sete anos (Dn.9.27; Ap.11.3; 12:6,14);
9. Falsos profetas realizarão grandes sinais e maravilhas (Mt.24:24; 2Ts 2:8-10; Ap.13:13; 16:14;
19:20);
10. Evangelho será pregado por anjos e judeus convertidos (Mt.24:14; Ap.7:1-14; 11:3-13; 14:6,7);
11. Pessoas serão salvas durante esses dias (Dt.4.29-31; Ap.7:9-17; 14:6,7; 11:3,13);
12. Muitos judeus se converterão a Cristo (Rm.11:25,26; Ap.7:1-8);
13. Aqueles que tiveram oportunidade de crer em Jesus e não creram, antes creram na “operação
do erro e na mentira e eficácia de Satanás”, não terão mais nenhuma oportunidade de
salvação (Mt.25.1-12; Lc.12:45,46; 2Ts.2:9-12);
14. Será um tempo de perseguição para todos os fieis que creram em Jesus (Dn.12:10; Mt.24:1522; Ap 6.9-11; 7.7-17; 12.12,17; 13.7,15-17; 14.6.13; 17.6; 18.24; 20.4);
IV – A Grande Tribulação
1. Últimos três anos e meio de “A Tribulação” (Dn.9.27; Ap 11,2; 12.6; 13.5-7);
2. Começará com abominação desoladora no lugar santo (templo em Jerusalém) - Dn.9.27;
12.11; Mt.24.15; Mc.13:14; 2Ts.2.4; Ap 13,14,15;
3. A atividade demoníaca aumentará grandemente (2Ts.2.9-12; Ap 9.3-11; 14-21; 13.5-8; 11-18;
16.12-14);
4. A feitiçaria e a bruxaria aumentarão grandemente (1Tm.4.1; Ap.9:21; 18.23; 22.15);
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5. Ocorrerão eventos cósmicos relacionados com o sol, a lua e as estrelas (Is.13.9-11; 24.20,23;
Mt.24.29; Mc.13.24,25; Lc.21.25; Ap.6.12-14; 8.10,12; 9.2);
6. Engano religioso será generalizado (Mt.24.24; Mc.13.6,21,22; 2 Ts.2.9-11);
7. Tempo de sofrimento terrível para os judeus (Jr.30.5-7; Dn.12:1, 7; Ap.11.2; 12.12-17);
8. Período de aflição mundial mais terrível e mais intenso de toda a história universal (Dn.12.1;
Mt 24.21; Mc13.15-19; 2 Pe 3.7-12; Ap 6.9-17; 9.1-21; 16.1-21);
9. Deus derramará a sua ira sobre os ímpios (Is.26.20,21; 13.6-13; Jr.30.4-11; Dn.12.1; Zc.14.1-4;
Ap.3.10; 6.17; 9.1-6,18-21; 14.9-11; 19-15);
10. A igreja apóstata será destruída (Mt 24.9-13; 2Ts.2.3; I Tm 4.1; Ap 17.16-17);
11. Duas testemunhas que pregavam o evangelho que foram mortas, ressuscitaram (Ap.11:11,12);
12. Fim da grande tribulação poderá ser conhecido por sinais específicos (Mt.24:15-29,32,33;
Mc.13:38,39; Lc.22:28);
13. Terminará na ocasião da batalha de Armagedom e da plena ira de Deus contra os ímpios
(Jr.25:29-38; Ez.29:17-20; Jl.3.2,9-17; Sf.3.8; Zc.14.2-5; Ap.14.9-11,14-20; 16.12-21; 19.17,18);
14. Cristo triunfará sobre o Anticristo e os seus exércitos (Mt.24.30,31; 1Ts.1.7-10; 2.Ts.2.8;
2Pe.3.10-13; Ap.19:11-21).
V – O Anticristo
1. Governa durante a tribulação, o qual controlará o mundo inteiro (Dn.7.2-7,24-27; 8.4; 11.36;
Mt.24.15-22; Ap.13.1-18; 17.11-17);
2. Uma pessoa incrivelmente maligna, um “homem do pecado” e da iniquidade (Dn.9.27; 2Ts.2.3;
Ap.13.12);
3. Descrito como uma besta (Ap.13.1-18; 17.3,8,16; 19.19,20; 20.10);
4. Fará uma imagem no templo e exigirá adoração (Dn.7.8,25; 11.31,36; 12.11; Mt.24.15;
Mc.13.14; 2Ts.2,3,4; Ap.13.4,8,12,14, 15; 14.9; 16.2);
5. Operará milagres mediante o poder de Satanás (Mt.24:24; 2Ts.2.9,10; Ap.13.3,12-14; 16.14;
16.14; 17.8);
6. Terá a capacidade de enganar as nações (2Ts.2.9,10; 1 Jo 2.18,19; Ap 20.3);
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7. Será ajudado pelo falso profeta (a besta que emergiu da terra) – Ap.13.11-18; 16.13; 19.20;
20.10;
8. Matará as duas testemunhas que profetizarão por 1.260 dias (Ap.11.3-10);
9. Procurará matar todos aqueles que não possuírem a marca da besta (666) – Ap.6.9; 13.15-18;
14.12,13;
10. Acabará destruindo o sistema religioso com o qual se aliará (Ap.17.16.17);
11. Será derrotado por Cristo quando Ele voltar à terra para estabelecer seu reino (Dn.2.44,45;
7.26,27; 2Ts.2.8; Ap.16.16; 19.15-21);
VI – O Glorioso Aparecimento de Cristo no Céu para implantação do Seu reino
1. Cristo Jesus voltará com os crentes glorificados e com os seus anjos (Zc.14.5b; 2Ts.1.7-10;
Jd.14,15; Ap 19.14);
2. Cristo Jesus reunirá os santos da tribulação (Mt.24.31; 25.31-40,46; Mc 13.27; Ap 20.4);
3. Os incrédulos serão excluídos na vinda de Jesus (Mt 24.38,39,43; Ap 20.5)
4. Cristo julgará e separará as nações vivas na terra (Mt.13.40,41,47-50; 25.31-46);
5. As nações ficarão enfurecidas diante desse evento (Ap.11.17,18, 16.21);
6. Os santos vitoriosos se regozijarão diante desse evento (Ap 19.1-9);
7. Cristo julgará e condenará os ímpios, inclusive o Anticristo, o falso profeta e Satanás (Is.13.612; Ez 20.34-38;Mt 13.41-50; 24.30; 25.41-46; Lc.19.11-17; 1Ts.5.1-11; 2Ts.2.7-10,12;
Ap.6.16,17; 11.18; 17.14; 18.1-24; 19.11-20.3);
8. Os mártires da tribulação receberão galardões (Ap 20.4);
9. Os santos da tribulação compartilharão da glória de Cristo e de Seu reino (Mt 25.31-40; Ap
20.4).
VII – O Milênio
1. Satanás será marrado por mil anos (Ap 20.2,3);
2. Os santos da tribulação ressuscitarão dentre os mortos (Ap 20.4,5);
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3. A igreja e todos os santos martirizados na tribulação reinarão com Cristo (Ap.1.6; 2.26,27;
3.21; 5.9,10;11.15-18; 20.4-6);
4. Cristo reinará na terra sobre os santos da tribulação que estiverem vivos na Sua vinda (Is.9.6.7;
Mq.4.1-8; Dn.2.44,45; Zc.14.6-9; Ap.5.10; 11.15-18; 20.4-6);
5. A duração o do reino será de mil anos (Ap.20.4-7);
6. Os filhos de Deus terão descanso (2Ts.1.7; Ap.14.13);
7. A criação será restaurada à sua ordem e perfeição original (Sl.96.10-13; 98.7-9; Is.14.7,8;
35.1,2,6,7, 10; 51.3; 55.12,13; Ez 34,25-27; Rm 8.18-23);
8. Satanás será solto por um breve tempo no fim do milênio e sairá a seduzir as nações (Ap 20.79);
9. Desceu fogo do céu e os consumiu (Ap.20.9);
10. Diabo, o sedutor deles, foi lançado dentro do lago de fogo e enxofre, para ser atormentado
pelos séculos dos séculos (Ap 20.10);
11. Terminará quando Cristo, o Filho de Deus entregar o reino ao Pai (1Co.15.24-26).
VIII – O Juízo Final
1. Batalha final de Gogue e Magogue (Ap 20.7-9);
2. Todos os ímpios serão ressuscitados dentre os mortos para enfrentar o juízo final (Is.26.19-21;
Dn 12.2; Jo 5.28,29; Ap 20.11-15);
3. Julgamento do grande trono branco (Ap.20.11-15);
4. Todos os inimigos de Deus serão condenados e lançados no lago de fogo e enxofre, que é a
segunda morte (2Ts.2.9; Ap 20.10,12-15; 21.8).
IX – Os Novos céus e a Nova Terra
1. Deus purificará a terra com fogo e toda obra que o homem fez sob o pecado (Sl.102.25,26; Is
34.4; 51.6; Ag 2.6; Hb 12.26-28; 2 Pe.3.7-12);
2. Deus criará novos céus e nova terra (Is.51,6; 65.17; 66.22; Rm.8.19-21; 2 Pe.3.10-13; Ap.21.122.6);
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3. Deus removerá todos os efeitos do pecado (2Pe.3.13; Ap 21.1-4; 22.3,15);
4. A nova terra será o quartel-general de Deus (Ap.21.1-13).
IV – Conclusão
O estudo comparativo dos livros de Daniel, Apocalipse, Zacarias, Joel, ou de textos como: 1Ts.4:1-18; 5:110; 2Ts.2:1-1; 2Pe.3:1-15, e capítulos 24 e 25 de Mateus, Ezequiel 38 e 39, nos dão uma visão
panorâmica dos eventos que estão para acontecer, a partir do arrebatamento (“rapto”) da Igreja para o
céu.
Não se pode ser dogmático nesse assunto, como donos exclusivos da verdade. Muitas passagens
escatológicas são de difícil harmonia e interpretação, mesmo para os mais abalizados no assunto.
O estudo aqui apresentado não é final, nem completo no campo escatológico, pelas razões acima
expostas. Maiores estudos e maior iluminação do Espírito Santo, através da palavra profética,
adicionarão novos detalhes que enriquecerão tal conhecimento.
Nossa intenção foi a de lançar o fundamento, com base na Palavra de Deus, e orar a Ele para que
desperte em todos nós, não somente o desejo de compreendermos a Sua Doutrina santa, mas também
para que a proclamemos aos que precisam conhecer ao Autor e Consumador da nossa fé: Jesus. A Deus
toda glória! Amém!
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