Como tentar lucrar com a ruína do euro

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Como tentar lucrar com a ruína do euro
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Câmbio 10/11/2011 15:32
Como tentar lucrar com a ruína do euro
Veja como turistas e investidores podem se proteger e até ganhar se a moeda europeia
continuar ladeira abaixo
Julia Wiltgen, de
São Paulo – Com perspectivas sombrias, a moeda única europeia tem mais fatores contra si do que a favor.
A tendência de desvalorização parece muito provável, principalmente quando se considera que nomes
como George Soros e, aqui no Brasil, Luis Stuhlberger apostam contra o euro. Um cenário desses pode
preocupar quem, por exemplo, planeja uma viagem à Europa, mas também abre possibilidades de ganhar
dinheiro com a queda do euro.
Não sem grande risco, porém. O momento econômico atual é de incerteza, e anda difícil vislumbrar o rumo
que moedas e outros ativos podem tomar. Mas há motivos de sobra para se acreditar que o euro está em
maus lençóis. Em relatório divulgado no fim de outubro, o estrategista da Empiricus Marcos Elias defende
que o destino da moeda única é chegar à paridade com o dólar – hoje, o euro vale 1,36 dólar. Elias ainda
menciona a apocalíptica citação de Soros sobre o colapso da moeda, ainda que muitos considerem
prematuro falar nisso.
Como planejar a compra de euros para viajar
Com essas perspectivas, o que fazer em relação ao planejamento das viagens para a Europa – ou com as
sobras de uma viagem anterior? Bem, quem tem viagem prevista, mesmo que para o ano que vem, deve
manter a calma. Com a perspectiva de queda do euro, provavelmente será mais vantajoso comprar a
moeda mais para frente. O ideal, porém, é não deixar para comprar em cima da hora, pois uma alta brusca
pode até inviabilizar a viagem. Comprar aos poucos também é uma alternativa, para garantir alguma coisa
já agora.
Quem tem sobras de viagem também não deve se desesperar. Segundo o especialista em finanças
pessoais André Massaro, se houver nova viagem prevista, é melhor guardar os erros do que tentar
especular. “Isso é complicado até para profissionais”, diz. Caso outra viagem à Europa não esteja nos
planos, o melhor é mesmo se desfazer dos euros, até porque, comprar moeda estrangeira diretamente não
é investimento.
“Não é recomendável ter moeda estrangeira em casa. Primeiro porque é dinheiro parado. Se a pessoa quer
investir em moeda estrangeira, melhor procurar um fundo cambial, ou abrir uma conta no exterior que renda
juros, sempre respeitando as regras para ficar fiscalmente regular, é claro. Segundo, pela questão de
segurança”, explica André Massaro.
Como lucrar com a queda do euro
Investidores mais sofisticados que realmente acreditem na desvalorização da moeda europeia podem
aproveitar para tentar ganhar dinheiro apostando contra o euro no mercado futuro. A recomendação do
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estrategista da Empiricus Marcos Elias continua sendo a de vender contratos futuros de euro a descoberto e
comprar contratos de dólar, para lucrar com a diferença entre as duas moedas.
O estrategista acredita que o destino do euro é a paridade com o dólar e chega a citar o trader probabilista
Nassim Taleb para mostrar que considera a desvalorização inevitável. “Taleb nos diz que não há como se
prever, a não ser que ‘se possa ver nuvens negras no céu, se possa sentir o vento no rosto, e o cheiro da
chuva, e então, vai chover’. Um white swan. Poucas vezes na vida, nós, traders, temos obviedades que
podemos operar. Quando as temos, é nossa obrigação darmos por elas e operá-las”, diz em relatório.
Para embasar seus argumentos, Elias lembra que o fundo de George Soros, o “homem que quebrou o
Banco da Inglaterra” ao apostar contra a libra esterlina em 1992, está alavancado vendendo euros a
descoberto, assim como o Goldman Sachs. No Brasil, Luis Stuhlberger, um dos gestores mais renomados
do país, adota a mesma estratégia. “Acreditem: nós não entendemos mais do que eles sobres moedas”, diz
Elias no relatório.
Fato é que a zona do euro, castigada pela crise de dívida, espera crescimento pífio pelo menos para os
próximos dois anos e desemprego sem perspectivas de queda. Uma redução ainda maior de juros, como
forma de estimular o crescimento, pesaria ainda mais sobre o euro.
Como consequência disso tudo, a crise política instaurada em diversos países já derrubou o primeiroministro grego e colocou Berlusconi na berlinda. Franceses e alemães já examinam a hipótese de criar uma
zona do euro mais integrada e reduzida, com a saída de alguns países. A favor de si, o euro tem apenas a
possibilidade de redução das importações pelos países da União Europeia, o que ajudaria a segurar um
pouco a desvalorização.
Como operar minicontratos futuros
Os minicontratos futuros são derivativos que permitem ao investidor estabelecer o preço de venda ou de
compra de um ativo – moeda, índice ou commodity – para entrega e pagamento futuro. São operados via
home broker, no segmento BM&F, e usados para fazer hedge ou para lucrar especulativamente com
tendências de mercado. Chamam-se minicontratos por serem frações de contratos futuros. "Os
minicontratos permitiram a entrada da pessoa física no mercado futuro", diz José Lázaro Ferreira,
superintendente de operações da Bradesco e Ágora corretoras.
Quando especulativa, esse tipo de aplicação é bastante arriscada, pois é sempre alavancada. Deposita-se
apenas uma margem, que é uma fração do valor do contrato, geralmente de 20% a 30% do seu valor. Ou
seja, é possível ganhar uma bolada a partir de uma quantia menor que o valor do contrato, mas também é
possível perder muito mais do que se tem.
No Brasil, existem minicontratos de Real por Dólar Comercial no valor de 10.000 dólares e minicontratos de
Real por Euro no valor de 10.000 euros. Para apostar contra a moeda europeia seria preciso uma operação
estruturada de venda de contratos de euro e compra de contratos de dólar, via tesouraria.
O problema é que os minicontratos de euro ainda não tiveram negociação, pois foram lançados
recentemente. Os contratos cheios são de 50.000 reais, com negociação mínima de cinco contratos, o que
eleva o valor da operação a 250.000 reais, cifra um tanto distante da realidade da pessoa física.
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É possível operar o minicontrato dólar X euro diretamente na Bolsa de Mercadorias de Chicago, abrindo
uma conta numa corretora americana, desde que observados todos os requisitos fiscais e de margens. No
caso, bastaria vender a descoberto esses contratos para lucrar com a queda do euro em relação ao dólar.
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