Revista nº 1
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Revista nº 1
R E V I S TA REDES DE COOPER AÇ ÃO Nº1 | TRIMEST R A L NOTA DE ABERTURA Este é o primeiro número de uma revista que surge integrada no projecto COOPETIR, de que adiante se fará referência detalhada e que tem por base a cooperação. Nos tempos que agora vivemos, em que a palavra crise assume um significado e reflexos que nos atingem de modo especial, importa repensar comportamentos e atitudes e tentar encontrar caminhos novos que possam significar uma saída e uma esperança por um futuro melhor. Nesta reflexão, que pensamos dever ser tanto no plano individual como no colectivo, estou certo que uma das conclusões será o reconhecimento da incapacidade de isoladamente encontramos as soluções e os meios para a necessária mudança. Tal obriga-nos a abdicar de um excessivo individualismo e procurar em conjunto com outros parceiros as estratégias e os meios necessários que viabilizem os nossos objectivos. Neste caso particular, pela primeira vez, quatro associações empresariais, envolvendo os distritos de Vila Real, Bragança, Guarda e Castelo Branco, respectivamente o NERVIR, NERBA, NERGA e NERCAB, entenderam que para a promoção dos respectivos tecidos empresariais, deveriam fazê-lo de forma conjunta, tendo concertado entre si a respectiva estratégia, objectivos e actividades, as quais vieram a merecer o apoio do QREN - Quadro de Refrência Estratégica Nacional, dando origem ao projecto COOPETIR. Este projecto integra diversas actividades, de entre as quais salientamos a promoção interna e externa dos produtos empresariais desta região e a criação de modelos de cooperação entre empresas. Esta última é para nós seguramente a mais ambiciosa, mas também a que poderá a prazo, gerar uma maior dinâmica no desenvolvimento deste território. Será pois tempo de provar que Júlio César, 1º Imperador de Roma, estava enganado quando referindo-se a nós dizia que: “há ali um povo que nem se governa nem se deixa governar”. Pedro Tavares Presidente da Direcção do NERGA COOP | 3 ÍNDICE Coopetir - Cooperação para a Competitividade Empresarial 8 Entrevista ao Presidente da CIP 19 O outro lado da A importância das redes de cooperação 16 Divulgação de boas práticas empresariais no âmbito dos sectores coopetir 26 Rota do Douro à Serra 30 Eventos FICHA TÉCNICA Edição e Coordenação: NERGA - Associação Empresarial da Região da Guarda Impressão: CIC Paginação e Maquetização: RM21 - Design e Multimédia, Lda Colaboração: NERGA - Associação Empresarial da Região da Guarda NERCAB - Associação Empresarial da Região de Castelo Branco NERVIR - Associação Empresarial da Região de Vila Real NERBA - Associação Empresarial de Bragança Escola Superior Agrária de Coimbra Hugo Jóia Patrícia Correia Produção: L.A. - Comunicação. Lda Contribuinte nº. 506 120 333 [email protected] COOP | 4 Floresta 10 Inovação nos sectores empresariais relevantes 14 5 Periodicidade: Trimestral Tiragem: 4 000 exemplares Distribuição: Gratuita COOPETIR O Projecto COOPETIR - Cooperação para a Competitividade Empresarial visa promover ao estatuto da centralidade económica e social um espaço geográfico do interior norte e centro de Portugal, identificado e coincidente com os distritos de Vila Real, Bragança, Guarda, Castelo Branco e, por proximidade com o distrito de Vila Real, alguns concelhos do Douro Sul. Estes espaços geográficos correspondem à área de influência das Associações Empresariais co-promotoras, NERVIR – Associação Empresarial, NERBA – Associação Empresarial, NERGA – Associação Empresarial e do NERCAB – Associação Empresarial. Esta intervenção resulta de uma candidatura apresentada ao Sistema de Incentivos às Acções Colectivas do COMPETE, sendo co-financiada pelo QREN e FEDER . Dos objectivos traçados pela parceria ressaltam a promoção da melhoria da competitividade deste espaço territorial e das empresas dos sectores da actividade económica mais relevantes nesse espaço geográfico, bem como a promoção da internacionalização e alargamento de mercados dessas empresas, contribuindo para o fortalecimento do desenvolvimento e da imagem da região. De entre os sectores chave identificados como os mais relevantes destacam-se a indústria agro-alimentar, a indústria extractiva e transformadora de rochas ornamentais, o Turismo e o termalismo, a Energia e os transportes e logística. COOP | 5 COOPETIR Para dar corpo a estes objectivos foram identificadas diversas actividades dirigidas ao apoio às empresas e ao reforço da estrutura produtiva da Região e que de seguida se descrevem: 1- OBSERVATÓRIO EMPRESARIAL O conhecimento, avaliação e acompanhamento da realidade do território de intervenção do COOPETIR será assegurado por este instrumento que se pretende tenha continuidade temporal. A partir da avaliação e tratamento da informação disponibilizada pelos diferentes organismos públicos complementada com a informação a recolher directamente junto das empresas, o Observatório COOPETIR será um instrumento fundamental para toda a intervenção. 2- DINAMIZAÇÃO DE REDES DE COOPERAÇÃO A cooperação empresarial é um dos principais vectores de intervenção do COOPETIR, enquanto meio de reforço e fortalecimento da competitividade das empresas. A intervenção assenta na avaliação das condições que permitirão às empresas assumir processos de cooperação e, por esta via, obterem ganhos de escala significativos. Feita a avaliação prévia, o projecto assumirá a formatação e a dinamização de um conjunto de Redes de Cooperação que se demonstrem relevantes para a Região, tendo presentes os seus principais sectores de actividade e as empresas que neles actuam. 3- PROMOÇÃO INTER – REGIONAL A projecção do espaço territorial de intervenção do projecto COOPETIR terá de assentar, no essencial, na promoção das suas especificidades, da qualidade das suas produções e dos seus factores de atractividade. Para tal, o projecto COOPETIR assegurará a produção dos meios de promoção necessários para que esse objectivo seja atingido. Para que essa promoção seja assegurada o projecto COOPETIR assegurará ainda a presença em duas Feiras internacionais de relevo e promoverá três acções de promoção de produtos junto de três mercados externos. Por outro lado permitirá convidar um conjunto significativo de importadores e de opinion-makers para visitarem este território e percepcionarem as suas potencialidades. COOP | 6 4- INFORMAÇÃO E APOIO ÀS EMPRESAS Sendo as empresas o destinatário último da intervenção do COOPETIR é evidente a preocupação em criar instrumentos facilitadores do acesso à informação e ao apoio técnico especializado. Assim, no âmbito do COOPETIR serão disponibilizadaos meios técnicos, nomeadamente na área das novas tecnologias, que assegurem a ligação directa às empresas. Produzir, tratar e difundir informação actualizada e sistematizada é um dos objectivos do COOPETIR. Em complemento serão realizados workshops e seminários técnicos especializados e criada uma bolsa de consultores para, de uma forma mais directa e pessoalizada, apoiar as empresas alvo de intervenção. 5- PARTICIPAÇÃO EM ACTIVIDADES DE ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS A aposta estratégica das Associações co-promotoras de intervirem em favor da internacionalização das empresas e da economia das respectivas regiões, que este projecto visa reforçar, leva a que estas considerem de particular importância o reforço dos contactos internacionais que vêm desenvolvendo com entidades parceiras em diversos mercados alvo. Para além deste reforço dos contactos com entidades congéneres, importa iniciar um processo de maior envolvimento em Organizações Internacionais, representativas dos interesses das PME e das regiões menos desenvolvidas, como forma de fazerem ouvir as suas preocupações, desenvolverem intervenções concertadas e dinamizarem iniciativas de interesse comum numa perspectiva mais alargada. O intercâmbio de experiências será também factor determinante e que muito poderá contribuir para o reforço das competências das Associações. com o Nerga no desenvolvimento da sua empresa Vantagens de ser Associado Acesso privilegiado a informação; Descontos na elaboração de candidaturas, nas acções de formação, aluguer de instalações e outras iniciativas; Assessoria jurídica; Benefícios e regalias empresas e instituições: Os Serviços que disponibilizamos para a sua Empresa Apoio Empresarial Formação Profissional Centro de Novas Oportunidades Eventos nas seguintes Clínica de São Miguel; Saniguarda, Medicina Ocupacional, Lda; Interprev-Segurança Higiene e Saúde no Trabalho Lda; Às de Aprender – Apoio Escolar e Formação Profissional; Colégio de Línguas – Egitaneo, Lda; Caixa Geral de Depósitos; MAPFRE Seguros; Egirecicla - Reciclagem de Consumíveis Informáticos, Lda; Hotel Vanguarda; Visabeira Turismo S.G.P.S; Restaurante Colmeia; Gefguarda, Lda; Mestreclique - Serviço de Informática, Lda; SAS - Soluções e Análise de Sistemas, Lda; Marques e Pereira, Lda; RM 21 Design e Multimédia, Lda; Mauricio Vieira, Lda; Via Rápida, Lda; Xoane - Cabeleireiros, Lda; MRSA Cabeleireiros, Lda; Óptica da Estação, Lda; Casimiro & Coelho, Lda; Egipneus, Lda; Clínica Medica Dentária Antunes Conde; Revestimentos Figueiredo - Pavimentos e Revestimentos, Lda; Guarda Digital; InLEAL Cabeleireiros. Comissão Florestal Consultor Jurídico Aluguer de instalações e equipamentos Outros Serviços de Apoio instalados nas nossas Instalações IAPMEI Loja da Exportação Cartório Notarial de Competência Especializada Caixa Geral de Depósitos NERGA - Associação Empresarial da Região da Guarda | Sede: Parque Industrial, Lote 37, 6300 - 625 Guarda; Tlf.: 271 205 420; Fax: 271 222 337; e-mail: [email protected] Delegação de Seia e Gouveia: Largo Marques da Silva 6270 Seia; Tlf.: 238 315 502; Fax: 238 317 520 SECTOR EM DESTAQUE O outro lado da Floresta Potencialidades e Novas Áreas de Negócio Hugo Jóia Director da Comissão Florestal do NERGA O sector florestal português é apontado como uma riqueza estratégica, cuja necessidade de preservação e de desenvolvimento acolhe unanimidade nacional, pois gera no seu conjunto, aproximadamente 3% do Valor Acrescentado Bruto da economia portuguesa, que se traduz em cerca de 10% das exportações nacionais. Ao longo da nossa história, diversos são os exemplos da importância da floresta nos destinos e economia do País, contudo este cenário tem-se vindo a alterar ao longo das últimas décadas, sobretudo devido à forte restrição provocada pelos apoios financeiros, os conhecidos subsídios. Ao longo dos quadros comunitários de apoio à floresta, esta deixou de ser um elemento natural da paisagem, fonte de vida e de sustentabilidade da actividade social, económica e cultural, para passar a ser um elemento artificial, estanque e distante das populações que garante rendimentos fáceis aos proprietários florestais. Assim a floresta que antigamente era vista pelos agricultores como um mealheiro com rendimentos a longo prazo, que servia muitas vezes para gerar algum dinheiro numa “hora de aflição” passou a ser chamado de povoamento de produção. As actividades rurais desenvolvidas de forma natural no espaço florestal, passaram a ser obrigações técnicas de gestão florestal, e o rendimento obtido, parco e desinteressante para os proprietários, onde os produtores florestais de outrora são proprietários ausentes nos dias de hoje. A dependência dos apoios monetários para instalar e manter ecossistemas artificiais estabelecidos segundo normas e regras impostas por uma tutela desligada da realidade e obtusa na avaliação dos resultados, colocou um espartilho ao espírito e capacidade de produzir, desenvolver e inovar no sector florestal. COOP | 8 SECTOR EM DESTAQUE Findos que estão os dourados anos dos subsídios, e perante a grave crise económica, o sector florestal está sem respostas, sem ideias nem modelos para se inspirar, pois viveu demasiado tempo dependente dos subsídios, sendo hoje amorfo, desconexo e sem capacidade de resposta a todos quantos não se resignam. Para os investidores internacionais a floresta é um dos investimentos mais interessantes e sólidos, em especial nesta época de volatilidade económica, para os portugueses é uma actividade desinteressante e sem qualquer interesse económico. Este é por ventura o grande paradigma da floresta portuguesa e de todos os agentes que dela vivem, pois se em vez de proprietários existirem produtores, se em vez de subsídios houver investimento e negócio, se em vez de plantações compassadas tivermos povoamentos então teremos floresta sustentável. Não sabemos se podemos alterar o rumo das coisas de forma imediata, contudo percebendo onde estamos a errar poderemos corrigir, melhorar e essencialmente agir. Quando falamos de floresta, a primeira ideia que surge está sempre associada à componente de produção lenhosa Madeira, e logo imerge no pensamento o extenso período de espera para cortar, sejam os doze anos do eucalipto, ou os 100 anos dos carvalhos, sem pensarmos naquelas zonas do País mais fracas, então a floresta deixa de ser opção. Porém floresta não se esgota no seu objectivo primordial da produção de madeira existe um sem número de outras actividade económicas que são possíveis de explorar neste contexto. Aliás é interessante verificar que Portugal extrai mais riqueza de um hectare de terra florestal do Continente Europeu do que qualquer outro País do Mediterrâneo (344 euros/ha/ano) O espaço florestal enquanto factor de produtividade é sem dúvida dos sistemas mais eficientes, pois num mesmo espaço é possível desenvolver em simultâneo diversas actividades, senão vejamos, enquanto esperamos que as árvores cresçam para poder aproveitar a madeira, ou extrair a cortiça podemos apanhar cogumelos silvestres, colher ervas aromática, medicinais e condimentares espontânea, dar abrigo e sustento à fauna cinegética, dar condições à flora para explorar os recursos apícolas, ou potenciar a silvopastoricia. Mas não se esgotam aqui os aproveitamentos da floresta, indirectamente esta, é um importante agente regulador dos ecossistemas hídricos, sendo essencial para garantir a qualidade das águas interiores de rios e lagoas, tão importante para o consumo humano mas também para a actividade da pesca. Para crescer as árvores consomem carbono, um dos gases que está na origem dos fenómenos do efeito de estufa e consequentes alterações climáticas, traduzindo plantar árvores e potenciar o crescimento dos espaços florestais é combater e mitigar os efeitos destrutivos da acção do Homem no ecossistema Terra. “ É interessante verificar que Portugal extrai mais riqueza de um hectare de terra florestal do Continente Europeu do que qualquer outro País do Mediterrâneo (344 euros/ha/ano) O espaço florestal enquanto factor de produtividade é sem dúvida dos sistemas mais eficientes, pois num mesmo espaço é possível desenvolver em simultâneo diversas actividades” “ Desenvolver modelos de produção florestal multifuncional capazes de gerar riqueza para os produtores florestais é o desafio que se impõe numa altura em que o país está a atravessar um complexo problema financeiro” A exploração económica das externalidades positivas da floresta, é hoje visto como uma das formas de sustentabilidade florestal, mas também como um desafio aos agentes do sector. Desenvolver modelos de produção florestal multifuncional capazes de gerar riqueza para os produtores florestais é o desafio que se impõe numa altura em que o país está a atravessar um complexo problema financeiro. Mas é também na adversidade que pode imergir a força e o potencial da floresta portuguesa como factor de desenvolvimento económico e social. Diz o povo ”A necessidade aguça o engenho”, e talvez a crise económica, a redução de subsídios, e necessidade de trabalho, aguce o carácter empreendedor e inovador tão importantes para abrir as portas a novas oportunidades de negócio na fileira florestal. COOP | 9 INOVAÇÃO Inovação nos sectores empresariais relevantes Utilização de concentrados líquidos de proteínas do soro (CLPS) em produtos lácteos Carlos Dias Pereira, Marta Henriques, David Gomes Escola Superior Agrária de Coimbra O soro de queijaria, enquanto considerado apenas como um resíduo, representa uma significativa fonte poluente resultante do sector de leite. O desenvolvimento e aplicação de processos de separação por membranas permitem obter a partir do soro, ingredientes alimentares com alto teor em proteínas de elevado potencial tecnológico, nutricional e funcional. No soro de vaca a percentagem de proteínas solúveis não atinge mais do que 1% (m/v) pelo que se torna fundamental a sua concentração. Reconhecidas as suas potencialidades, os concentrados (desidratados) de proteína do soro, são hoje largamente utilizados em vastas áreas e estão na origem de muitos novos produtos alimentares. O propósito deste projecto é o de recuperar proteínas do soro de leite de vaca com uma tecnologia mais simples e mais acessível, baseada na produção e utilização de concentrados líquidos de proteínas do soro (CLPS) pela própria indústria produtora de queijo. Estes CLPS podem ser directamente utilizados em produtos lácteos convencionais como o queijo fresco, iogurtes, ou bebidas lácteas fermentadas (Figura 1). Os resultados já alcançados permitem apontar para o interesse dessa incorporação, com a obtenção de novos produtos de maior valor nutricional a menores custos. Para além do acréscimo de rendimento resultante da reincorporação directa destes concentrados, esta tecnologia permite a redução de custos no tratamento final de resíduos. A produção de soro é sempre significativa quando comparada ao produto final obtido (o queijo). Embora considerado um subproduto da tecnologia de queijo é, em termos quantitativos, o seu principal procedente representando cerca de 90% ou mais no fabrico de queijo. Tendo em conta a produção de queijo, estima-se que a produção de soro em Portugal, seja superior a 550 mil toneladas por ano (> 1,5 M de litros por dia). COOP | 10 No passado o soro foi encarado como um efluente a rejeitar, mas à luz dos novos conhecimentos e com a sensibilização ambiental das últimas décadas, tornou-se num problema ambiental e legal. Admite-se que 100kg de soro têm um impacto poluente equivalente a 40-45 pessoas por dia (tendo em conta o Habitante Equivalente). Figura 1. Esquema do processo de reutilização do soro com produção de CLPS e posterior introdução nos processos de fabrico de iogurte e de queijo fresco. INOVAÇÃO Por este motivo a legislação nacional inviabiliza a sua descarga directa em solos, linhas de água ou em condutas municipais, mesmo que “diluído” com outras águas residuais de menor carga orgânica geradas na unidade. Os elevados teores de carga orgânica obrigam a tratamentos físico-químicos e biológicos com um elevado grau de complexidade, envolvendo geralmente elevados custos e, com exequibilidade duvidosa. Durante décadas o soro foi desperdiçado pela indústria e, só recentemente, os investigadores passaram a estudar as suas propriedades, concluindo que se trata de um alimento extremamente valioso devido à favorável composição de seus aminoácidos, ao alto teor de vitaminas do grupo B e à existência de diversos minerais, especialmente o cálcio. As proteínas do soro (β-Lactoglobulina, α-lactalbumina, BSA, IgG) são o seu componente mais valioso pois além da excelente digestibilidade, contêm todos os aminoácidos essenciais, justificando por si só a sua reutilização comercial. Além das propriedades nutricionais, estas proteínas são conhecidas pela versatilidade das suas propriedades funcionais e tecnológicas como ingredientes em produtos alimentares, principalmente pela sua elevada solubilidade, baixa viscosidade, boa capacidade de retenção de água e possibilidade de formação de géis. O potencial deste subproduto, saudável, natural e barato é pouco explorado na indústria de lacticínios sendo apenas raramente utilizado na produção de bebidas lácteas e em iogurtes líquidos. Parte significativa do soro produzido a nível mundial é desidratada com aplicação em diversos produtos na indústria alimentar (sopas instantâneas, produtos de pastelaria e padaria, entre outros). No entanto, esta é uma prática só justificável com factores de escala extremamente elevados. Ainda hoje, uma grande parte do soro, especialmente nas pequenas e médias empresas (onde os factores de escala não são aplicáveis) é usada como ração animal ou simplesmente rejeitada. A utilização do soro na produção de produtos lácteos inovadores e com maior valor acrescentado é ainda escassa. Na óptica do mercado, os temas centrais dos últimos lançamentos em produtos lácteos são a saúde e a diversificação da oferta. Podendo prever-se que estas tendências se devem manter, exige-se por isso ao sector dos produtos lácteos o desenvolvimento de produtos mais “criativos” e “interessantes” sob o ponto de vista nutricional e sensorial. Outro critério que tem cada vez mais peso é o consumo de alimentos “naturais” que se enquadra precisamente nas características acima referidas para o soro lácteo. O projecto visa recuperar o soro de queijaria nas próprias indústrias produtoras de queijo, submeter esse soro a um tratamento adequado (concentração, desnaturação e homogeneização) e reincorporá-lo ao leite de fabricações posteriores (quer de queijo quer de iogurtes ou bebidas lácteas). O processo permitirá acréscimos de rendimento pelo facto de se utilizarem menores quantidades de matérias-primas, ao mesmo tempo que resolve em parte o problema ambiental resultante da produção de soro. Diversos autores referiram já a possibilidade da utilização de CLPS em produtos lácteos (nomeadamente em queijo fresco e curado [1, 2, 3, 4, 5, 6] e em iogurtes [7, 8]). Os resultados, embora contraditórios em alguns casos, apontam para a potencial utilização da tecnologia [9]. Contudo, esta equipa desconhece que exista alguma aplicação industrial da metodologia ao mesmo tempo que parece não existir nenhum processo patenteado a nível internacional. A aparente baixa aplicabilidade industrial deverá resultar das dificuldades da sua aplicação a queijos curados. Por outro lado, são raros os trabalhos com enfoque sobre iogurtes e queijos frescos e, em nenhum caso, é referida a transferência da tecnologia para o sector da indústria. Os resultados já alcançados permitem prever, com uma probabilidade muito elevada, o sucesso da tecnologia ao nível destes dois produtos. Por outro lado, a equipa pretende continuar o trabalho de investigação, direccionando-o também para a utilização dos CPLS como matéria- prima principal para a produção de produtos lácteos inovadores e que possam conter alegações nutricionais. Figura 2. Pormenor da membrana e do módulo de ultrafiltração utilizados no processo. Convém assinalar que a aplicação da técnica de UF (Figura 2) tem, hoje em dia, custos de capital e de funcionamento bastante atractivos. De referir ainda que hoje existem já algumas unidades de produção de queijo que adquiriram sistemas de concentração por osmose inversa (OI) para concentrar o soro e vendê-lo concentrado. Nestes casos, o objectivo primário é reduzir o caudal de efluente a tratar, exportando o soro para unidades industriais especializadas na produção de concentrados de proteínas do soro desidratados. Contudo, os preços de mercado do soro concentrado por OI são reduzidos e, dificilmente as empresas obtêm retorno que compense os elevados consumos energéticos desta tecnologia. COOP | 11 INOVAÇÃO “ O projecto visa recuperar o soro de queijaria nas próprias indústrias produtoras de queijo, submeter esse soro a um tratamento adequado (concentração, desnaturação e homogeneização) e reincorporá-lo ao leite de fabricações posteriores (quer de queijo quer de iogurtes ou bebidas lácteas). O processo permitirá acréscimos de rendimento pelo facto de se utilizarem menores quantidades de matérias-primas, ao mesmo tempo que resolve em parte o problema ambiental resultante da produção de soro.” COOP | 12 30 10 20 dias Sinérese (%) 25 1.5%G-C 1.5%G-15%CLPS 1.5%G-30%CLPS 9%G-C 9%G-30%CLPS 20 15 10 5 0 60 80 100 120 140 160 180 200 Viscosidade (cP) Figura 3. Evolução do índice de sinérese e viscosidade aparente para iogurtes meio gordos e cremosos com e sem incorporação de CLPS, ao longo do tempo de armazenamento. 100 sinérese espontânea capacidade de retenção rendimento 1º dia rendimento 7º dia 80 60 (%) A utilização deste tipo de equipamentos, de custos elevados, apenas com utilização na concentração de soro para venda, sem uma valorização notável do produto final, perspectiva-se desaconselhável e de difícil viabilidade económica. Nestas unidades parece ser evidente que haverá interesse maior em reverter em proveito próprio a mais-valia que será gerada pelos CLPS. Os CLPS poderão ter o seu interesse prioritariamente nas unidades com produção de queijo que detenham o equipamento para a UF do soro gerado e os possam assim reintroduzir nos seus próprios processos. Caso o processamento não origine dispêndio excessivo teríamos uma situação cíclica de reintrodução e produção de soro, minimizando os caudais e a carga orgânica a sair do processo. A inclusão dos CLPS nos processos lácteos ensaiados promove algumas alterações, mais ou menos significativas, em função da percentagem da sua inclusão, dependendo do produto e do processamento empregue. Em algumas das determinações instrumentais de laboratório ou em painel de análise sensorial não foram evidentes nem detectáveis diferenças pela inclusão dos CLPS. Algumas das diferenças encontradas indiciam que essa adição pode ser interessante e vantajosa para o produto como por exemplo a diminuição de sinérese no iogurte e no queijo fresco (Figuras 3 e 4) e, a menor acidificação e amarelecimento neste último. Em termos muito concretos, os ensaios laboratoriais permitem admitir que a aplicabilidade da técnica possa ser feita sem grandes alterações dos processos produtivos tradicionais e a baixo custo. Por outro lado o acréscimo de rendimento do processo será um estímulo bastante forte para atrair o interesse da indústria. Como passo crítico para garantir o impacto comercial da inovação encara-se a parceria com privados para a realização de mais investigação e “scale up” do processo. O nível de informação já detido pela equipa permitirá, em parceria com privados, ajustar o processo a nível industrial e avaliar a aceitabilidade dos produtos num período muito curto. 40 20 0 Convencional 25CLPS 50CLPS Figura 4. Comparação da sinérese espontânea, capacidade de retenção e rendimento ao 1º e 7º dia de armazenamento entre queijos frescos convencionais e com incorporação de CLPS. [1] Abrahamsen, R.K. (1979). Cheese Making From Milk Fortified with Ultrafiltrated Whey Protein Concentrate. Milchwissenschaft, 34 (2): 1-4. [2] Banks, J. M. (1988). Elimination of the Development of Bitter Flavour in Cheddar Cheese Made From Milk Containing Heat-Denatured Whey Protein. J. Soc. Dairy Technol., 41: 37-41 [3] Banks, J. M.; Muir, D. D. (1985). Effect of Incorporation of Denatured Whey Protein on the Yield and Quality of Cheddar Cheese. J. Soc. Dairy Technol., 38: 27-32 [4] Gupta, V. K.; Reuter, H. (1992). Firmness and Melting Quality of Processed Cheese Foods with Added Whey Protein Concentrates. Lait, 73: 381-388 [5] Hinrichs, J. (2001). Incorporation of Whey Proteins in Cheese. Int. Dairy J., 11: 495-503 [6] Jameson, G. W.; Lelievre J. (1996). Effects of Whey Protein on Cheese Characteristics. Bulletin of the IDF, 313: 3-8 [7] Damin M.R. Alcântara M.R. Nunes A.P. & Oliveira M.N. 2009. Effects of milk supplementation with skim milk powder, whey protein concentrate and sodium caseinate on acidification kinetics, rheological properties and structure of nonfat stirred yogurt. LWT. Food Science and Technology, 42, 1744-1750. [8] Amatayakul T. Sherkat F. & Shan N.P. 2006. Syneresis in set yogurt as affected by EPS starter cultures and levels of solids. International Journal of Dairy Technology, 59, 216-221. [9] Smithers G. et al. (1996). New Opportunities from the Isolation and Utilization of Whey Proteins. Journal of Dairy Science, Vol. 79 No. 8. pag.1454-1459. Australia 1996. TEMA DE CAPA importância redes de A das cooperação A pressão de novos desafios como a globalização das economias, tecnologias e mercados e a necessidade de exploração do crescimento sustentado das empresas na óptica de qualidade total e de melhoria contínua têm surgido como factores determinantes para a cooperação e por conseguinte para o aumento da competitividade empresarial. Cada vez mais se reconhece, actualmente, que a competitividade não se baseia tanto no desempenho de sectores e empresas isoladas, mas sim no funcionamento eficiente de cadeias de valor onde interagem diferentes agentes, cujas actividades contribuem para o desenvolvimento da cadeia como um todo. Em geral, a interacção e complementaridade entre empresas pode gerar lucros que os actores não obteriam caso actuassem isoladamente no mercado. A actuação cooperativa entre empresas tornou-se cada vez mais necessária devido à limitação e incapacidade das empresas para conseguirem, de forma individual, responder a este ritmo do mercado global. Os potenciais lucros que podem ser obtidos por meio da cooperação são diversos. Por um lado, ela permite criar redes de transferência de conhecimento e aprendizagem, que se podem considerar fundamentais num contexto onde a concorrência no mercado está associada, cada vez mais, com a capacidade de inovar, diferenciar produtos e atender necessidades específicas dos clientes. Por outro, surgem possíveis benefícios da especialização produtiva que podem resultar em economias de escala para os produtores individuais, e de eficiência e alcance para a rede de cooperação como um todo. Em terceiro lugar, a cooperação pode permitir a realização de projectos ou iniciativas conjuntas em matéria de acesso a mercados de exportação, formação de recursos humanos, I&D, etc. Deste modo, a cooperação permite aos parceiros a criação de valor que não conseguiriam obter de forma autónoma assim como penetrar mais rapidamente nos mercados. Para além disso, nenhuma empresa apresenta no seu activo todo o conjunto de recursos e capacidades necessária para prosperar de forma isolada no mercado. COOP | 14 TEMA DE CAPA “ Em geral, a interacção e complementaridade entre empresas pode gerar lucros que os actores não obteriam caso actuassem isoladamente no mercado.” Esta situação é ainda mais importante no caso das empresas de menor dimensão, devido às restrições em termos de recursos e capacidades, próprias da dimensão, que limitam as opções estratégicas que podem seleccionar. Por esse motivo tem de promover laços com outras empresas de forma a superar as suas lacunas e poderem implementar e desenvolver estratégias com outros meios. As estratégias cooperativas definem-se, então, como estratégias em que duas ou mais empresas trabalham em conjunto de forma a atingir um objectivo comum. As formas de cooperar vão desde acordos informais de “aperto de mão” até acordos formais com contratos extensos, nos quais as partes podem trocar participações ou contribuir com capital para formar empreendimentos conjuntos. As formas de cooperação mais usuais são as alianças e as redes estratégicas. Fala-se em aliança estratégia quando duas ou mais organizações partilham recursos e capacidades de forma a obterem uma vantagem competitiva (Hitt et al, 2007). Redes de cooperação diferem de alianças por geralmente envolverem um menor nível de interdependência entre os parceiros (Faulkner em Faulkner e Campbell, 2003). Neste contexto iremos, tal como muitos autores, considerar alianças e redes estratégicas como uma única realidade empresarial. Gulati (1998) define alianças estratégicas como arranjos voluntários entre empresas envolvendo troca, partilha ou co-desenvolvimento de produtos, tecnologias e serviços. Cada vez mais estabelecidas como uma forma de organização viável em todos os sectores de actividade, é consensual na literatura que as alianças são um importante recurso para uma bem-sucedida implementação da estratégia. As estratégias de cooperação podem ocorrer como resultado de uma gama alargada de motivos e objectivos, tomar uma variedade de formas e ocorrer através de fronteiras verticais e horizontais. De uma forma geral, as empresas coordenam alianças estratégicas com objectivo de reduzir a competição, aumentar as suas capacidades competitivas, aceder a recursos, aproveitar oportunidades, ou obter flexibilidade estratégica (Inkpen em Hitt et al, 2007). Para que uma aliança estratégica seja bem sucedida é da máxima importância uma escolha cuidadosa dos parceiros e o desenvolvimento de um clima de confiança mútuo entre eles. Apesar da aposta generalizada ao longo dos últimos anos na dinamização da cooperação em rede, o contexto cultural e social do tecido empresarial nacional, os sistemas e mecanismos de incentivo associados a projectos desta natureza e a complexidade que envolve a dinamização de processos de cooperação têm dificultado a implementação desta estratégia. Efectivamente a cooperação apresenta vários benefícios estratégicos potenciais, mas também suscita potenciais problemas que necessitam de ser tidos em consideração durante todo o processo de implementação da estratégia. Como factores justificativos da falta de sucesso das redes de cooperação, a literatura assinala a inexperiência das empresas no emprego de alianças, pressões institucionais resultantes de ignorância governamental quanto ao uso desta opção estratégica e de políticas comerciais irrealistas e a incapacidade dos parceiros para gerir com eficácia as alianças em que participa a que se deve acrescentar, no caso português, a falta de tradições culturais na cooperação entre diferentes organizações. COOP | 15 ENTREVISTA No actual contexto de grandes dificuldades e de grandes incertezas quanto ao futuro, que recomendações faria a um empresário desta região? E como encara a cooperação empresarial como estratégia a implementar ? António Saraiva Presidente da Confederação da Indústria Portuguesa “ Cooperar para competir” é um lema a assumir por todos, não só no âmbito do desenvolvimento regional, mas em muitos outros domínios.” COOP | 16 A primeira recomendação que faria aos empresários é que não se desmotivem com as adversidades e não desistam. Não desistir, em épocas de crise como a que estamos a viver, significa repensar estratégias e modos de actuação, vencendo inércias há muito instaladas, eliminando ineficiências e, sobretudo, introduzindo soluções inovadoras, ao nível dos produtos, dos processos produtivos, da sua própria organização e dos mercados onde actuam. Uma das vias que recomendaria é precisamente a da diversificação dos mercados onde actuam. O mundo hoje é global, o mercado não é só Portugal, não são só os nossos mercados tradicionais, mas o mundo, onde as empresas devem ser capazes de competir. Um sinal evidente de que a crise traz consigo oportunidades de mudança está na alteração a que estamos a assistir na estrutura geográfica das nossas exportações: há uma deslocação nítida dos mercados tradicionais para novos mercados emergentes, onde muitas empresas começaram a explorar oportunidades de negócio até agora desperdiçadas. É certo que para inovar e diversificar mercados de forma competitiva é fundamental a aquisição, por parte das empresas mais pequenas, de dimensão crítica. Para isso, a cooperação empresarial, ao pôr em comum recursos e experiências, é uma estratégia que em muito contribuiria para vencer os desafios com que as empresas se confrontam. Há que ter lucidez para perceber que, se calhar, o meu concorrente pode ser meu parceiro e pode haver complementaridade na minha oferta. Se eu for ter com o meu concorrente e o tornar meu parceiro obtenho sinergias no mundo global onde hoje estou obrigado a comercializar - porque o mercado português é muito pequeno e as empresas têm necessariamente de se internacionalizar. Nesta linha de preocupações quais serão as principais recomendações que a CIP fará ao governo que vier a sair das próximas eleições ? O próximo Governo terá a grande missão de reconquistar credibilidade orçamental, mas terá também, sobretudo, de incutir confiança na economia. A principal recomendação que faria é, pois, a de compatibilizar a necessária consolidação orçamental com o estímulo, coerente e sustentado, à competitividade e ao investimento nos sectores abertos à concorrência internacional. ENTREVISTA Lembraria ainda que, para ter resultados sustentáveis, a consolidação orçamental deve passar fundamentalmente pela redefinição do papel do Estado na economia e, consequentemente, por uma reforma profunda de toda a Administração Pública e do Sector Empresarial do Estado, incluindo empresas públicas, regionais e municipais. A CIP irá divulgar, muito brevemente, um documento no qual apresentará as suas propostas ao próximo Governo. Sendo as associações empresariais estruturas de apoio às empresas nas respectivas regiões, em que medida e de que forma se propõe a CIP vir a apoiá-las para que elas possam ser mais eficazes junto das empresas ? As associações empresariais regionais desempenham um importante e significativo papel na defesa, promoção e desenvolvimento dos legítimos interesses do tecido empresarial das regiões onde exercem a sua influência, uma vez que se encontram em condições propícias para conhecerem os constrangimentos, as oportunidades e as particularidades intrínsecas, quer da comunidade empresarial quer da região onde tal comunidade desenvolve o cerne das suas actividades. A CIP, como organismo de cúpula, procurará consolidar e aprofundar a sua relação com a sua estrutura associada, onde se incluem, natural e legitimamente, as associações empresariais regionais. O referido desígnio consubstancia-se numa dupla vertente: por um lado, na melhoria dos serviços prestados; por outro lado, na procura, com as nossas associadas e com o movimento associativo em geral, de novas soluções para novos problemas, criando sinergias entre todos, reforçando e valorizando o papel da sociedade civil e fazendo chegar às mais altas instâncias nacionais, europeias e internacionais as necessidades, as expectativas e as propostas do tecido empresarial. O modelo empresarial que temos visto defender nos últimos tempos, é o das empresas que utilizam grandes tecnologias, aliadas à investigação e desenvolvimento, tanto de processos como de produtos. Neste contexto, que recomendações faria a uma pme que nesta região desenvolvesse uma actividade tradicional ? (como por exemplo uma serralharia, uma industria de enchidos ou de lacticínios) É preciso não confundir inovação com investigação e desenvolvimento. Inovação nem sempre requer grandes saltos ou o recurso às tecnologias mais sofisticadas. Sobretudo num país como o nosso, a inovação deve ser fundamentalmente incremental e, como tal, está ao alcance da generalidade das empresas, nas suas diversas vertentes: inovação ao nível dos produtos e dos processos; inovação tecnológica e organizacional, inovação também na vertente comercial e no serviço pós venda. É esta noção alargada de inovação empresarial que deve ser difundida ao nível das PME e devidamente apoiada. Porque só pela inovação conseguiremos valorizar aquilo que sabemos produzir. Portugal continua a ter grandes diferenças no PIB das suas regiões. A descriminação positiva do interior tem sido mais utilizada no discurso político do que em medidas efectivas que promovam o equilíbrio inter regional. Nesta prática de um país a duas velocidades, como encara a CIP esta questão, em especial na actual conjuntura ? No seu Plano de Actividade para o trénio 2011/2013, a CIP dedica um capítulo ao tema do desenvolvimento regional, chamando a atenção para o acentuado processo de desertificação dos territórios, para o envelhecimento da população e a diminuição da competitividade das empresas instaladas, para a necessidade de tomar medidas que potenciem o desenvolvimento regional, fixem o investimento e atraiam novos projectos criadores de riqueza e geradores de emprego. Em concreto, referimo-nos, por exemplo, à necessidade de estruturar uma estratégia de captação de investimento capaz de valorizar áreas de localização empresarial nas zonas mais desertificadas. Nesse mesmo documento se afirma que a CIP, em articulação com o tecido associativo empresarial de base regional e tendo presentes os interesses dos diversos sectores económicos, dará passos consistentes no sentido de definir novos modelos de desenvolvimento das regiões do País. O COOPETIR é um projecto que pela primeira vez envolve quatro associações empresariais distritais e como tal tem uma abrangência territorial significativa. Parece-lhe que este aumento de escala de intervenção, feito numa lógica de cooperação, pode ser aplicado a outros domínios do desenvolvimento regional ? Sem dúvida. Este projecto é um excelente exemplo, não só para o movimento associativo, mas para toda a sociedade portuguesa. “Cooperar para competir” é um lema a assumir por todos, não só no âmbito do desenvolvimento regional, mas em muitos outros domínios. COOP | 17 AO SERVIÇO DAS EMPRESAS E DA REGIÃO ÁREAS DE INTERVENÇÃO: - Apoio Empresarial - Consultoria empresarial, Apoio a candidaturas, EPAT - Entidade prestadora de apoio técnico no âmbito do Programa de Apoio ao Empreendedorismo e à Criação do Próprio Emprego (PAECPE), credenciado pelo IEFP. - Qualificação de Recursos Humanos – Formação Profissional – Diagnóstico de Necessidades Formativas, Formação à Medida, Formação Modular Certificada, Formação Acção / Consultoria, Formação para Desempregados, Formação homologada (Formação Pedagógica Inicial de Formadores), Estágios profissionais. - CNO – Centro Novas Oportunidades - Cooperação Empresarial e Internacionalização - Feiras e Exposições - Novas Tecnologias de Informação - Rede Associativa NERBA – Núcleo Empresarial da Região de Bragança | Alto das Cantarias – Saída Sul 5300-107 Bragança Telef. +351 273 304 630 | Fax +351 273 312 018 | E-mail: [email protected] COOP | 18 EMPRESA Divulgação de boas práticas empresariais no âmbito dos sectores coopetir Casa da Prisca Tradição e o saber fazer A tradição, o saber-fazer e a reputação dos produtos Casa da Prisca são o resultado de um amor à gastronomia e aos produtos da terra, enraizados na herança famíliar desde há várias décadas. Desde 1917 que a actividade está presente de forma ininterrupta, tendo os ensinamentos, a filosofia e o prazer de transformar as melhores carnes, frutas e vegetais passado de pais para filhos e de filhos para netos ao longo de quatro gerações. Começaram por ser os bisavôs dos actuais proprietários da empresa a elaborar e colocar os enchidos nas varas para serem secos e fumados, lentamente, numa divisão da casa onde o fogo e a lareira eram Reis e Senhores. Desde então para cá, as pessoas e a qualidade dos produtos Casa da Prisca continuam a ser as traves mestras da estratégia da empresa. O grande marco na tradição dos produtos Casa da Prisca aconteceu em 1995 quando Agostinho da Fonseca dos Santos e a sua esposa, Maria da Conceição Belo Plácido, decidiram iniciar a construção de novas instalações em Trancoso, onde colocaram o saber-fazer ancestral e a mais moderna tecnologia ao serviço da qualidade dos produtos e da segurança alimentar. As sinergias daqui resultantes potenciaram fortemente a Casa da Prisca no mercado, onde ocupa hoje uma posição de referência nos segmentos onde se insere. Com um conjunto de relíquias gastronómicas e paladares de excelência no seu portfólio, a empresa actua presentemente em três gamas de produtos distintos. O primeiro pilar fundamental da sedimentação da marca no mercado é a Charcutaria tradicional, onde a sua gama de Alheiras, a Chouriça tradicional, a Moira, o Salpicão e o Presunto ocupam posições de relevo na cesta dos consumidores de charcutaria tradicional portuguesa. Como uma marca em quem os consumidores confiam, a Casa da Prisca ocupa uma posição incontornável no segmento onde se insere e está à frente dos seus pares no esforço que aporta à inovação e ao lançamento de novos produtos e de novos conceitos no mercado. Pioneira na apresentação dos produtos de charcutaria tradicional fatiados foi, no entanto, a sua gama de Alheiras que a catapultou para as páginas das revistas da especialidade quando a Alheira de Peru da Casa da Prisca venceu a categoria charcutaria da 19ª edição do concurso "Masters da Distribuição 2010", promovido pela revista Distribuição Hoje e pelo grupo IFE (International Faculty for Executives). Este prémio, que tem como objectivo distinguir os melhores projectos e inovações dos produtores e dos distribuidores nacionais, sendo a escolha dos vencedores realizada pelos principais retalhistas e grossistas do mercado Português, veio solidificar a posição da marca nesta gama de produtos, onde apresenta hoje verdadeiros tesouros gastronómicos e tops nacionais de vendas como a Alheira de Caça, a Alheira tradicional, a Alheira de Frango com pão integral e a já mencionada Alheira de Peru. COOP | 19 EMPRESA Os restantes pilares da marca prendem-se com os produtos fortemente ligados às frutas e aos vegetais. Nestes podemos mencionar a sua linha de Compotas naturais, a marmelada, as geleias e as pastas de azeitona, tomate e pimentos, somente para mencionar algumas das suas variadas alquimia de sabores. Também com estes produtos a Casa da Prisca é reconhecida nacional e internacionalmente. O Doce de Abóbora, receita tradicional da Casa da Prisca, foi o primeiro produto português a ser distinguido com o galardão máximo no Superior Taste Award 2008 do Internacional Taste & Quality Institute (iTQi), entidade independente sedeada em Bruxelas que se dedica a premiar produtos alimentares e bebidas através de provas de sabor; Já durante este ano, o Doce de Morango Casa da Prisca foi eleito o melhor do teste realizado a nível nacional pela revista Proteste, consolidando mais uma vez a marca como sinónimo de qualidade e de sabores distintos. Com uma forte estratégia de exportação e internacionalização dos seus produtos, a Casa da Prisca apresenta os seus produtos em mercados tão diversos como a Alemanha, França, Luxemburgo, Espanha, Holanda, Inglaterra, Bélgica, Suécia, Polónia, Estados Unidos, Suíça e Angola, estando fortemente empenhada e com projectos sólidos no sentido de aumentar volumes nos mercados já existentes e a sua penetração em novos mercados da América do Sul e Ásia. COOP | 20 A curto prazo a Casa da Prisca irá apresentar no mercado os seus novos produtos das gamas PRISCA Gourmet e PRISCA Seduction. Fortemente vocacionados para a cozinha criativa, são diversos produtos originais, onde o prazer pela inovação de sabores se apresenta de modo inequívoco. Compotas com especiarias, reduções de vinagres de fruta, entre muitos outros, são somente algumas das alquimias criativas com as quais a Casa da Prisca irá surpreender os consumidores. No que respeita à gama da charcutaria irão também ser apresentadas novidades, com uma clara aposta em produtos de cura natural e com uma forte componente de hábitos de consumo mais saudáveis. A forte ligação à região onde se insere impele a Casa da Prisca a potenciar o desenvolvimento da mesma, das suas pessoas e dos seus recursos. Este propósito de um desenvolvimento sustentado abriu horizontes e, ao projecto de reavivar a doçaria regional com a elaboração e comercialização a nível nacional das deliciosas Sardinhas Doces de Trancoso juntam-se a reinserção da raça Bisara no concelho de Trancoso, bem como o alargar a actividade para a área do turismo e do lazer. No médio prazo, e como é já do domínio público, a Casa da Prisca irá iniciar a construção de uma Queijaria em Celorico da Beira, onde tem como objectivo principal potenciar e revitalizar de forma sustentada o fantástico património gastronómico desta região da Serra da Estrela, com enfoque especial na produção de Queijo Serra da Estrela DOP. O optimismo com que a Casa da Prisca encara o futuro e o esforço diário que coloca nos projectos que se propõe executar não se coaduna com uma visão desintegrada da região, nem tão pouco do país. Defensores da cooperação empresarial numa dimensão holística e integrada, estão conscientes de que estar fora dos grandes centros pode trazer alguns constrangimentos. Defendem, no entanto, que a sua cultura empresarial e os seus produtos são o resultado da envolvência, do património gastronómico e sócio-cultural da região onde se inserem e, fundamentalmente, das pessoas que diariamente dão o melhor de si para levar mais além o bom nome da Beira Transmontana e do Nordeste da Beira. Este património cultural é inigualável e, atendendo ao tipo de produtos que apresentam no mercado, a localização é para a Casa da Prisca um factor diferenciador positivo. EMPRESA A. A. Pires Lourenço & Filhos, S. A. Por outro lado, a empresa nunca possuiu uma carteira de clientes muito dinâmica, apostando antes em relações que duram há décadas e que estão assentes numa base de confiança e num nível de envolvimento profundo. Trabalhamos os projectos de negócio com os nossos parceiros (distribuidores ou agentes) e lutamos por objectivos comuns. No futuro, quais são (investimentos) da empresa? os próximos passos Nos últimos dois anos a empresa investiu fortemente no melhoramento e aumento da sua capacidade, pela construção da nova Unidade de Castelo Branco. Num futuro próximo pensamos em investir mais de forma incorpórea, já que de momento estamos capacitados para responder às necessidades dos actuais e potenciais clientes. Como surgiu a empresa? Principais serviços da empresa? Mercados? produtos/ A A. Pires Lourenço & Filhos, S.A. iniciou a sua actividade na produção de produtos de charcutaria em 1955. No ano de 1975, a empresa especializou-se na produção de presunto. Esta empresa é mesma a única empresa do país com este grau de especialização em presunto. A empresa fornece há mais de 25 anos algumas das principais cadeias de distribuição com as suas marcas, tendo também merecido a confiança de produção das suas marcas próprias de presunto. Noutros canais de distribuição, os produtos da empresa encontram-se no Norte, Nordeste, Douro, Beiras, Lisboa, Zona Oeste, e Algarve. Além-fronteiras é possível encontrar os produtos da empresa em três continentes, e países como: Macau, Moçambique, Angola, França, Suíça, Inglaterra, Alemanha e Roménia. A empresa ambiciona alargar o leque de destinos, levando os aromas do nosso presunto pelo mundo. No que respeita a marcas da empresa contamos com a recente Degusto, Presunto do Monte, LOURENÇO, LOURENÇO-Reserva do Lavrador e a LOURENÇO-Ibérico (a entrar no mercado em 2011). É difícil ser empresário no interior? Quais os maiores problemas que as empresas enfrentam na nossa Região? Neste momento as desvantagens são menores, pois as vias de comunicação melhoraram bastante e alguns municípios da região (Castelo Branco é um excelente exemplo disso) apoiam a instalação de novas empresas cedendo lotes por valores muito competitivos. Porém, a grande dificuldade continua a ser a distância dos nossos principais clientes, que se encontram nos eixos A1-A25-A24. Importância da Cooperação empresarial desenvolvimento competitivo da empresa? no Em Portugal as empresas cooperam pouco e estão sempre a pensar em colher frutos sozinhas. Muitas das vezes seria mais interessante o investimento conjunto pois reduziria o risco e aumentaria a capacidade de rentabilização dos activos. Na nossa actividade temos dado boas provas de cooperação, prestando serviços a empresas de menor dimensão que em alguns casos até são nossas concorrentes em nichos de mercado. Este artigo foi elaborado / respondido pela Administração da empresa Qual é o segredo do sucesso? Esta empresa definiu com focos da sua estratégia: a especialização neste produto e as relações duradouras com grande parte dos seus clientes. Muitas empresas em Portugal produzem presunto mas nenhuma se dedica a este produto a 100%, e isso reflecte-se na paixão com que o trabalhamos e no conhecimento que possuímos do mesmo. COOP | 21 EMPRESA Castas e Pratos Restaurante, Wine Bar, Lounge, Gourmet e Wine Shop: é pelo menos «um cinco em um» o serviço do Castas e Pratos. Muito mais que um restaurante, que um bar, que uma loja gourmet, que um espaço de encontro ou uma loja de vinhos. É preciso ir ao Peso da Régua. Ou é preciso marcar no GPS: Latitude 41º 9’ 28.39’’; Longitude 7º 47’ 0.64’’. No Peso da Régua, no Castas e Pratos, funcionarão certamente o paladar, o olfacto, a visão, o tacto e o ouvido. E um ou outro sentido mais. Ao colocar no GPS a latitude e a longitude é porque já sentiu o apelo: «ir é o melhor remédio». Castas e Pratos, abreviadamente CP (a condizer com o local onde se situa, na estação de comboios da Régua), foi constituído por vontade de dois empreendedores, ligados por laços familiares, e movidos pela ambição e a paixão pelo Douro. O gosto pela região duriense acabou por fortalecer a união, transformando-a num desafio. Edgar Gouveia e Manuel Osório, para além de primos eram também grandes amigos. COOP | 22 Numa das suas muitas conversas de final de tarde, à volta de um copo, decidem explorar melhor as carências turísticas da região, sobretudo em termos gastronómicos. Desde essa solarenga tarde de Outono, onde a conversa correu como cerejas, até à concretização efectiva do projecto, decorreram 12 meses. Muito estudo, muita pesquisa, muitas outras conversas de fim de tarde, sempre acompanhadas de um desejo crescente de passar ao terreno, foram lavrando o caminho do CP. Uma das ideias mais marcantes do projecto passava por dar a conhecer as terras durienses por meio de um espaço histórico. Era pois fundamental encontrar esse mesmo espaço. E, provavelmente, recuperá-lo. Foi assim que os olhos vieram a encontrar-se com os velhos armazéns da CP – Caminhos-de-Ferro Portugueses. Praticamente abandonados era necessário adaptá-los e reconstruí-los preservando as suas já históricas características, a que se veio juntar um local central onde era EMPRESA essencial fazer nascer o conforto e mesmo o luxo que o projecto merecia. Depois das negociações efectuadas com a CP/Refer e com o projecto e a empresa já com corpo o nome teria que vir a condizer: CP resguardava a beleza associada à ferrovia ao mesmo tempo que do C nasceriam as Castas (variedades de videiras) e do P nasceriam os Pratos (restauração). O projecto foi iniciado, de raiz, com toda a ponderação e com muito trabalho em termos de investimento e viabilidade. Abrir portas implicava não só a obra, o plano financeiro e o capital. Era necessário, por exemplo, formar colaboradores. Mais, Manuel e Edgar tinham muito a aprender e muito a estudar. Para além disto, escolher e alterar mentalidades de fornecedores (e com eles firmar parcerias), criar laços de colaboração com operadores turísticos, nomeadamente hotéis, turismos rurais e de habitação, estreitar ligações com produtores e enólogos da região, para além de superar as dificuldades criadas pelas entidades oficiais e tantos outros nadas que se vieram a avolumar pelo caminho foram contribuindo para criar a necessária resiliência e fortalecer a grande amizade entre os dois sócios, aspectos fundamentais para superar obstáculos e chegar aos dias de hoje. Trabalhar o upstream, i.e., o lado a montante na forma como se envolveram os fornecedores, enólogos e produtores de vinhos, e trabalhar o downstream, i.e., os mercados potenciais ou mercados partilhados, onde se encontram os hotéis, turismos de habitação e rurais, foram práticas que se revelaram profícuas e capazes de aportar resultados efectivos. Portas abertas, não havia nem há mãos a medir. Nunca esta equipa da Castas e Pratos deixou, por um só momento, de fixar novos patamares e criar novas etapas a vencer. Manuel Osório, com experiência adquirida na sua anterior fase da vida implementou de imediato ferramentas de controlo de gestão. Paralelamente, a área da comunicação veio a tornar-se essencial. Neste capítulo, a internet e as ferramentas Web abriram mundos. O convite aos profissionais da comunicação fizeram com que o Castas e Pratos se tornasse, rapidamente, numa referência no Douro e conhecido em todo o Pais e além fronteiras. Na imprensa a Castas e Pratos já mereceu presença em diversos órgãos da comunicação nacional e internacional, nomeadamente no The New York Times. Quanto a prémios foi ganhador do Best of Wine Tourism, do prémio máximo da Gastronomia com Vinho do Porto, do prémio a melhor carta de vinhos (Carta de Vinhos Regional), do prémio de presença entre os 100 melhores restaurantes nacionais da revista Sábado. Manuel e Edgar procuram viajar muito à procura das vertentes mais didácticas para o CP. Visitar espaços análogos, fazer benchmark, colher novas ideias, assimilar novos conceitos, debater muito e melhorar todos os dias. No final do dia, de cada dia de trabalho, tem que ficar um pouco da procura para atingir o patamar da excelência. O CP, e após tão curto período de existência, conseguiu criar raízes e desenvolver toda uma ramificação visível da árvore. Financeiramente é um projecto consolidado pelo que novas oportunidades estão sempre no horizonte destes dois empreendedores. Rumo à excelência. Os principais clientes da CP são os turistas que visitam o Douro sendo que cerca de 35ª 40% são estrangeiros. O segredo do sucesso divide-se entre a inovação (o espaço, o conceito, e a própria gastronomia), a qualidade dos produtos e da cozinha de autor mas com sabores muito típicos da região e o trabalho…, e o trabalho em rede que sempre desenvolvemos desde o primeiro momento, quer com o nossos parceiros (fornecedores de vinhos e produtores), quer com as unidades hoteleiras (hotéis e turismo de habitação turismo rural, etc…). http://www.castasepratos.com O segredo do sucesso divide-se entre a inovação (o espaço, o conceito, e a própria gastronomia), a qualidade dos produtos e da cozinha de autor mas com sabores muito típicos da região e o trabalho…, e o trabalho em rede que sempre desenvolvemos desde o primeiro momento,... COOP | 23 EMPRESA Tanoaria J. M. Gonçalves Família inovou arte tradicional A Tanoaria J.M.GONÇALVES é uma empresa pioneira no desenvolvimento da tanoaria em Portugal. Combinando tradição, tecnologia e inovação, conquistou o estatuto de líder nacional do sector. PME líder, com selo de certificação ISO 9001, emprega actualmente cerca de 40 colaboradores. A JMGonçalves está sediada em Palaçoulo (Concelho de Miranda do Douro, Distrito de Bragança), no Parque do Douro Internacional, com condições óptimas para a secagem da Madeira. COOP | 24 A Tanoaria J. M. Gonçalves é hoje uma empresa internacional, trabalhando para grandes nomes mundiais, dos quais se destacam, em Espanha, Vega Sicilia, Protos, Real Sítio ou Hacienda Monastério e, nos Estados Unidos da América, Chateâu de Gallo, Quintenssa ou Francis Ford Copola. A empresa participou na 1ª edição do Projecto MOVE PME, através do NERBA -Associação Empresarial, com o objectivo de certificar os seus sistemas integrados de ambiente e segurança. EMPRESA É difícil ser empresário no interior? Quais os maiores problemas que as empresas enfrentam na nossa Região? Ser empresário no Interior pode até ser vantajoso se o mercado for profissional e de exportação, como o nosso caso! Deveremos saber aproveitar o facto de estarmos perto de Espanha, como mercado de proximidade, com maior capacidade que o nosso. Acresce o facto de termos vantagens fiscais, quer em termos de impostos locais, quer em termos de IRC. A principal desvantagem é estarmos longe de portos de mar e aeroportos e não estarmos rodeados de boas vias de comunicação. Entrevista na primeira pessoa a Sérgio Gonçalves, Sócio-Gerente, 37 anos, licenciado em Gestão Como surgiu a empresa? Principais produtos/ serviços da empresa? Mercados? A empresa surge naturalmente da descendência de pais para filhos. Em 2001, os 6 sucessores de José Maria Afonso Gonçalves criam a J.M. Gonçalves Tanoaria, Lda. O Objecto da sociedade é fabricação e comercialização de barricas balseiros, toneis de carvalho e suas partes. Para além dos mercados europeus a empresa está presente em alguns países produtores vinho, como os Estados Unidos da América. A África do Sul, a Nova Zelândia, a Argentina e Austrália são já mercados que a empresa trabalha. Importância da Cooperação empresarial desenvolvimento competitivo da empresa? no Consideramos que o aproveitamento de sinergias de recursos tem sempre um efeito multiplicador, quando bem pensada e implementada. A conquista de novos mercados, no nosso caso, fica em muito a dever-se à cooperação estabelecida no contexto da área comercial e com Instituições de Ensino e Investigação. www.jmgoncalves.com Qual é o segredo do sucesso? O segredo reside na união e na capacidade de enfrentar os desafios com um planeamento estratégico a médio prazo, bem definido e com um seguimento dos indicadores de gestão por intermédio do empenhamento de toda a organização. No futuro, quais são (investimentos) da empresa? os próximos passos O Futuro passa sempre por uma boa gestão de recursos, e por parcerias com outras empresas ou pessoas para aumentar a competitividade. Está em curso um projecto no âmbito do QREN em internacionalização na ordem de 25000 euros para promoção internacional. Já exportamos cerca de 90% da nossa produção. Entre 2008 e 2010 foi investido cerca de 1.000.000 euros em inovação tecnológica. Palavras-chave Parcerias, Investigação & Desenvolvimento, Recursos Humanos e Certificação. COOP | 25 ROTEIRO Rota do Douro à Serra Patricia Correia Para além dos socalcos naturais das serras da Estrela, Gardunha, Malcata ou Marofa perdidas na paisagem e dos vales cavados e estreitos mergulhados pelos rios Douro, Côa ou Zêzere, que adornam o cenário e proporcionam experiências sensoriais ímpares a quem as visita. Viajar por esta região é uma surpresa a cada instante. As distintas paisagens naturais e as várias tonalidades, mutáveis em cada estação do ano, são mais-valias de uma experiência única, irrepetível e extraordinária. A Norte, o sol a doirar as uvas que crescem nas encostas verdes e agrestes banhadas pelo Douro. COOP | 26 As cores, que pintam o cenário e o horizonte, são elementos irresistíveis a qualquer objectiva. A Sudoeste, a grandiosa Estrela recortada por penhascos e fragas que compõem a maior das serras portuguesas. De permeio, as gentes, a cultura e os produtos tradicionais destas terras altas. Permita-se um descanso que o levará desde terras de tradição vitivinícola de excelência, no Douro, até à Serra da Estrela, por percursos onde poderá deleitar os sentidos com paisagens deslumbrantes. ROTEIRO A nossa rota começa em Marialva, onde há motivos de sobra para se deixar seduzir pelos vários locais históricos que por ali existem. Um castelo que serviu de defesa na luta contra castelhanos, uma degustação ímpar de vinhos e o maior núcleo de figuras rupestres ao ar livre, são algumas das sugestões. Se vier do Porto, deverá optar pela Auto-estrada A1 até Albergaria e sair em direcção Viseu/Vilar Formoso A25, depois na saída em direcção Trancoso/ Bragança IP2. Quando termina o IP2 seguir direcção Foz Côa/ Mêda pela estrada nacional até Marialva. Vindo de Lisboa, a escolha recai também na A1, mas até Torres Novas, onde deve sair em direcção a Abrantes/Castelo Branco pela A23, que deverá percorrer até à Guarda, seguindo pela A25 direcção Aveiro/Viseu. Depois sair em direcção a Trancoso/ Bragança pelo IP2. Se vier de Espanha, entrando por Salamanca apanha a A25 e seguir pelo IP2 direcção Trancoso/ Bragança. Chegando a Marialva sugerimos que fique hospedado nas Casas do Côro, localizado no coração daquela localidade e referência a nível nacional. Esta confortável unidade de turismo de aldeia oferece um retiro sadio, além de ser um excelente ponto de partida para um roteiro por algumas das “aldeias históricas”: Castelo Rodrigo, Castelo Mendo, Almendra, Linhares da Beira, nomeadamente. Ficam algumas sugestões, mas se tiver tempo e vontade o melhor é visitá-las a todas, não se vai arrepender. Seguramente. Em Marialva aproveite para fazer uma visita acompanhada por um técnico ou colaborador do posto de turismo local às ruínas da cidadela, muralhada, agreste, espiritual e que durante o século XIII se afirmou como um dos baluartes de defesa da fronteira lusa. Visite depois Longroiva, terra de termas e vila com um imponente castelo. Siga para a cidade da Mêda. O património construído ocupa o olhar e a visita, e aproveite para degustar os melhores néctares da região e os sabores tradicionais na Loja Vinhos & Eventos, um caso singular de oferta gourmet na região. Após o requinte de sabores de excepção, não deixe de dar um salto à Coriscada e calcorrear o centro arqueológico do Vale do Mouro, onde um tesouro monetário romano do século IV d. C., com 4.526 moedas, cerâmicas e mosaicos milenares são testemunha de uma relevante cidade romana, de características similares a Conímbriga. Depois, terá que visitar o Parque Arqueológico do Vale do Côa, Património da Humanidade, e conjunto obrigatório para qualquer visitante. Sugerimos que opte por um dos pacotes que inclui visita às gravuras de jipe, um passeio de barco até à Quinta da Ervamoira (onde poderá visitar o Museu) e regresso a Foz Côa de jipe. Para os que preferirem uma visita mais pormenorizada sugerimos que seleccione um passeio nocturno, já que, com a ausência de luz natural, as figuras se tornam mais perceptíveis. Imperdível é, também, uma visita ao Museu do Côa. E se tiver fome, mas o apetite for exigente, o Bruíço poderá proporcionar-lhe excelentes opções gastronómicas. COOP | 27 ROTEIRO Não esquecer que a partir da segunda quinzena de Fevereiro até Março poderá desfrutar do grandioso espectáculo visual que as amendoeiras em flor proporcionam aos visitantes. Por perto fica também Trancoso. “Aldeia Histórica”, medieval, a cidade de Trancoso outorga um património ímpar e de diversa índole, muito para além do castelo e das muralhas. O sapateiro místico Bandarra, a recordação do casamento real de Dona Isabel e Dom Dinis ou a doçaria conventual asseguram um dia inesquecível, sem esquecer a antiga Judiaria, a Igreja de S. Pedro, os balcões da Rua da Corredoura, a Porta D’El Rei e as ruas e ruelas cheias de história, de memórias e lendas. Não deixe de provar as tradicionais Sardinhas Doces. Se gosta de pratos regionais, com um toque de requinte, a escolha poderá recair sobre o Restaurante Área Benta. Saindo de Trancoso dirija-se para Celorico da Beira. Misturadas no canto dos ventos que sopram de Linhares chegam-nos lembranças da coragem do alcaide de Celorico e dos feitos dos seus homens eternizados na lenda. Visite a Casa Museu do Agricultor e do Queijo, onde, através dos objectos domésticos e das alfaias agrícolas expostos, somos convidados a descobrir como era o dia-a-dia das gentes destas terras. Se é apreciador de queijo não deixe de visitar o Solar do Queijo, dedicado a esta iguaria excepcional. Para comer poderá deliciar-se na Carrapichana, no restaurante típico “Escorropicha ó Ana”, com uns petiscos deliciosos, ou opte pelo moderno e requintado “Cova da Loba”. Mais à frente, em Linhares da Beira visite o castelo e o sinuoso centro histórico, onde o bom estado de conservação dos velhos edifícios permite-nos perceber um pouco da história desta vila. Aproveite a visita a esta vila ventosa para se iniciar nessa modalidade apaixonante que é o parapente. Nos meses de Verão este local é palco do Festival Nacional de Parapente, que enche os céus de cor e animação. Continuando pela estrada nacional 17 chegamos a Gouveia. O “Júlio” é a referência gastronómica, mas também pode ir um pouco atrás, a Folgosinho, onde o famoso, pela excentricidade e “fartura”, o restaurante O Albertino lhe garante um manjar de excepção. Em Gouveia, poderá visitar o Parque Zoológico, o Museu Abel Manta e seguir para a Serra. Ou optar por “subir”por Seia. A paisagem que se vislumbra das alturas percorridas é soberba. E sublime. Pelo meio, é obrigatória uma paragem, para visita pedagógica ou para degustar uma refeição única, no Museu do Pão. Outra opção a considerar na sua visita é o Museu do Brinquedo, especialmente se vier acompanhado com crianças ou se quiser rememorar objectos da sua infância. Para descobrir mais acerca da zoologia e geologia da montanha mais alta do país é imperdível uma visita ao Centro de Interpretação da Serra da Estrela. COOP | 28 E chegamos à Serra da Estrela. O pretexto é sempre o mesmo: a neve, mas a Serra tem muito mais para oferecer: ecoturismo, desportos ao ar livre, sabores e sensações inesquecíveis. Se visitar a Serra no Inverno, quando apresenta um manto branco, não deixe de experimentar os desportos de Inverno, como o ski e o snowboard, o Mushing ou o Snowshoeing. Pode ainda optar por um passeio de Hummer ou de mota de neve. Se pelo contrário é um amante dos desportos de natureza ouse descobrir a Serra em passeios pedestres, de bicicleta ou a cavalo. O que não deve perder? Se visitar a região em meados do Setembro não deve perder a procissão dos rebanhos ao redor da Igreja da Nossa Senhora de Assedace, para pedir protecção divina para os animais e os seus donos. (Para mais sugestões onde comer ou onde dormir na região consultar www.turismo.guarda.pt) EVENTOS JUNHO/JULHO Jantar de Entrega de Prémios 4º. Concurso de Vinhos da Beira Interior 18 de Junho 2011 - Castelo Branco FIA - Feira Internacional de Artesanato 25 de Junho a 3 de Julho FIL – Feira Internacional de Lisboa XI Congresso SPCE – Sociedade Portuguesa de Ciência da Educação 30 de Junho a 2 de Julho 2011 Campus Instituto Politécnico da Guarda SETEMBRO CERANOR - Casa, Hotelaria, Decoração e Brinde 7 a 11 de Setembro de 2011 EXPONOR – Feira Internacional do Porto PORTOJÓIA - Feira Internacional de Joalharia, Ourivesaria e Relojoaria 21 a 25 de Setembro de 2011 EXPONOR – Feira Internacional do Porto AcqualiveExpo - Água, Energia, Ambiente e Resíduos 25 de Setembro de 2011 CCL - Centro de Congresso de Lisboa OUTUBRO CONCRETA - Feira Internacional de Construção e Obras Públicas 18 a 22 de Outubro de 2011 EXPONOR – Feira Internacional do Porto COOP | 30