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Marco Antônio Bicalho
ANÁLISE DA ATUAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS FRENTE AOS
ATOS DE VIOLÊNCIA PRATICADOS POR TORCIDAS ORGANIZADAS DE
FUTEBOL EM EVENTOS ESPORTIVOS EM BELO HORIZONTE
Belo Horizonte
2011
Marco Antônio Bicalho
ANÁLISE DA ATUAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS FRENTE AOS
ATOS DE VIOLÊNCIA PRATICADOS POR TORCIDAS ORGANIZADAS DE
FUTEBOL EM EVENTOS ESPORTIVOS EM BELO HORIZONTE
PATROCÍNIO: FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DE MINAS GERAIS
Monografia
apresentada
ao
Curso
de
Especialização em Gestão Estratégica de
Segurança Pública da Academia de Policia Militar
de Minas Gerais e Escola de Governo Professor
Paulo Neves de Carvalho, da Fundação João
Pinheiro, como requisito parcial para a obtenção do
título de Especialista em Segurança Pública.
Orientador: Marcus Vinícius Gonçalves da Cruz
Apoio: FAPEMIG
Belo Horizonte
2011
3
BICALHO, Marco Antônio.
B583a Análise da atuação da Polícia Militar de Minas Gerais frente aos atos
de violência praticados por torcidas organizadas em eventos esportivos
em Belo Horizonte/ Marco Antônio Bicalho. Belo Horizonte, 2011.
145f: il.
Monografia (Especialização em Gestão Estratégica de Segurança
Pública) – Academia de Polícia Militar de Minas Gerais, Escola de
Governo Paulo Neves de Carvalho da Fundação João Pinheiro.
Orientador: Marcus Vinicius Gonçalves da Cruz.
Ref.: f. 123-125.
1. Violência. 2. Futebol. 3. Torcidas organizadas. 4. Torcedores. 5.
Região Metropolitana de Belo Horizonte. I. Cruz, Marcus Vinícius
Gonçalves da. II. Academia de Polícia Militar. III. Fundação João Pinheiro.
IV. Título.
CDU: 351.754.1(815.1)
Marco Antônio Bicalho
Análise da atuação da Polícia Militar de Minas Gerais frente aos atos de violência praticados
por torcidas organizadas em eventos esportivos em Belo Horizonte.
Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Gestão Estratégica de Segurança
Pública da Academia de Polícia Militar e Escola de Governo Professor Paulo Neves de
Carvalho, da Fundação João Pinheiro, como requisito parcial para a obtenção do título de
Especialista em Gestão Estratégica de Segurança Pública (CEGESP).
Aprovada na banca examinadora
_____________________________________________________________
Professor Dr Marcus Vinicius Gonçalves da Cruz
_____________________________________________________________
Professor Dr Eduardo Cerqueira Batitucci
_____________________________________________________________
Coronel PM Antônio de Carvalho Pereira
Belo Horizonte, 17 de novembro de 2011
5
Dedico este trabalho à minha esposa Eliza e à
minha filha Izabella, que souberam compreender os
momentos de ausência durante a realização do
curso.
Agradeço, antes de tudo a Deus, nosso criador, pela saúde, pela família, pelo trabalho e por
tudo aquilo que tem me proporcionado;
a minha amada esposa Eliza e minha querida filha Izabella, tão importantes na minha vida,
pelo companheirismo e amor incondicional;
ao meu pai, Raimundo C. Bicalho, pelos exemplos de vida e correção de atitudes, que
sempre estiveram presentes na minha consciência e nos meus passos;
a minha querida mãezinha Marina, que já não se encontra mais entre nós, pela alegria, pelo
amor e pelas lições de humildade;
a meus sogros, Alvair e Marilda, e todos os meus familiares e amigos pelo apoio durante
este curso;
a meu orientador, Professor Marcus Vinicius, que, de forma tão prestativa, conduziu-me
neste trabalho;
a meu ex-comandante, Sr Cel. Azevedo, pelos ensinamentos tão pertinentes e orientações
oportunas acerca da pesquisa;
a meu atual chefe, Sr Cel. Hebert, pela oportunidade que me concede de trabalharmos
juntos mais uma vez;
a todos os integrantes do 34º Batalhão, em especial ao 1º Ten. Márcio e Sd Tiago Silva,
pelo apoio na coleta de materiais sobre o assunto pesquisado;
aos colegas de curso pelos bons momentos;
E, logicamente, a meu grupo de trabalho Ten.-Cel. PM Amilton, Ten.- Cel. César Ricardo,
Ten.- Cel. Mac Dowel, Ten.- Cel. Ronan, além do Ten.- Cel. Alex.
“O ritual da violência de massa começa horas antes de
se entrar no estádio de futebol. E pode terminar a
qualquer hora do dia ou da noite num hospital ou
mesmo num cemitério.”
Bill Buford . (Extraído do livro “Entre os
vândalos”)
“Eu Te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos
Te veem.”
(Jó 42:5)
RESUMO
A pesquisa constante deste trabalho monográfico teve por objetivo avaliar a atuação da
Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) frente aos atos de violência praticados por
torcedores e torcidas organizadas de clubes de futebol profissionais em eventos esportivos
de grande envergadura em Belo Horizonte. O presente estudo condensou as informações
relativas
à
evolução
histórica
desse
esporte que desperta paixões
e
provoca
comportamentos sociais tão adversos; tratou de levantar os fundamentos da violência no
futebol e seus determinantes teóricos, considerando tratar-se de pesquisa que envolve o
comportamento humano; também foram descritos os aspectos legais pertinentes aos atos
violência de praticados por torcidas organizadas e torcedores em dias de eventos esportivos
de grande envergadura, que podem gerar impacto direto na segurança pública, bem como
as consequências penais cabíveis; trouxe considerações sobre a forma com a qual a PMMG
orienta o planejamento e o emprego operacional de seus recursos, com vistas a estabelecer
controle sobre as torcidas organizadas e torcedores em praças desportivas e na cidade
como um todo; tratou de abordar a metodologia adotada para levar a efeito esta
investigação e atingir o objetivo pretendido; contextualizou o surgimento do fanatismo no
futebol brasileiro, além da trazer a trajetória histórica dos dois principais clubes mineiros da
atualidade e suas respectivas torcidas organizadas mais fanáticas; após a coleta da
documentação direta e indireta, os dados foram analisados, permitindo-se a obtenção das
conclusões finais. A pesquisa caracteriza-se como descritiva, de natureza qualitativa, por
adotar e explorar a análise de conteúdo das informações obtidas por meio de pesquisa de
campo, através da aplicação de entrevistas semi-estruturadas junto ao público alvo e
realização de estágio técnico científico internacional, além da análise de conteúdo de
documentos já existentes. O estudo indica a necessidade de adoção de medidas
inovadoras, que possam contribuir para a redução da violência entre torcedores e torcidas
organizadas dos clubes de futebol profissional e o aperfeiçoamento do sistema de defesa
social, no que concerne aos dias de eventos esportivos de grande envergadura.
Palavras-chave: Violência, Futebol, Torcidas organizadas, Torcedores, Região Metropolitana
de Belo Horizonte.
ABSTRACT
The research contained in this monograph was to evaluate the performance of the Military
Police of Minas Gerais in the face of acts of violence by fan clubs and fans of professional
football clubs in major sporting events in Belo Horizonte. The present study condensed
information regarding the historical evolution of the sport that arouses passions and causes
such adverse social behavior. It also tried to get the fundamentals of football violence and its
theoretical determinants, considering that this is a research that involves human behavior. It
also described the legal aspects pertaining to acts of violence committed by fan clubs and
fans in the days of major sporting events that can generate a direct impact on public safety,
as well as the consequences of criminal sanctions; considerations brought about the way in
which the PMMG guides the planning and operational use of its resources, in order to
establish control over the sports fans in town squares and the whole city. In addition, it tried
to address the methodology used to conduct this research and achieve the desired goal; to
contextualize the rise of fanaticism in Brazilian football, as well as to bring the historical
trajectory of today's two main clubs of Minas Gerais and their most fanatical followers. After
the collection of direct and indirect documentation, data were analyzed allowing us to obtain
final conclusions. The research is characterized as descriptive and quantitative for adopting
and exploring the content analysis of information obtained through field research, by applying
semi-structured interviews with the target audience, and content analysis of documents
existing ones. The study indicates the need for innovative measures, which may contribute
to the reduction of violence between fan clubs and fans of the professional football clubs and
improve the system of social defense, with regard to the days of major sporting events.
Keywords: Violence, Football, Cheerleaders, Fans, Metropolitan Region of Belo Horizonte.
LISTA DE SIGLA
1ª RPM
- Primeira Região da Polícia Militar
8ª RPM
- 8ª Região da Polícia Militar
BHTRANS
– Belo Horizonte Empresa de Transporte e Trânsito
BPChq
– Batalhão de Polícia de Choque
BPE
– Batalhão de Polícia de Eventos
CAM
- Clube Atlético Mineiro
CBMMG
– Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
CEC
- Cruzeiro Esporte Clube
CDC
– Controle de Distúrbio Civil
CFAP
– Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças
Cia. MEsp.
– Companhia de Missões Especiais
CICOP
– Centro Integrado de Comunicações Operacionais Association
Football
CINDS
- Centro Integrado de Informações de Defesa Social
COPOM
– Centro de Operações da Polícia Militar
CPE
– Comando de Policiamento Especializado
CRPM
– Comando Regional da Polícia Militar
Cmt. UEOp.
– Comandante de Unidade de Execução Operacional
EMPM
– Estado Maior da Polícia Militar
FIFA
– Fédération Internationale de Football Association
DEGEOp.
– Diretriz Geral para Emprego Operacional
PBH
– Prefeitura Municipal de Belo Horizonte
PC
– Polícia Civil
PF
– Polícia Federal
PPA
– Patrulha de Prevenção Ativa
PPC
– Posto de Policiamento Comunitário
PLEMOp.
– Plano de Emprego Operacional
PM
– Policial Militar
PMMG
– Polícia Militar de Minas Gerais
RMBH
– Região Metropolitana de Belo Horizonte
11
REDS
- Registro de Evento de Defesa Social
ROTAM
– Rondas Táticas Metropolitanas
RPM
– Região da Polícia Militar
SAMU
– Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
SEDS
– Secretaria de Estado de Defesa Social
SENASP
– Secretaria Nacional de Segurança Pública
SETRABH
- Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo de Belo Horizonte
SIDS
- Sistema Integrado de Defesa Social
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 12
2 FUTEBOL: A TRAJETÓRIA HISTÓRICA .......................................................... 16
3 A VIOLÊNCIA NO FUTEBOL: CONTEXTUALIZAÇÃO E FUNDAMENTOS..... 22
3.1
Considerações
acerca
das
origens
da
violência
entre
torcidas
organizadas................................................................................................ 23
3.2 Determinantes teóricos da violência no futebol .......................................... 26
4 ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO PENAL PERTINENTES ................................... 34
5 O PLANEJAMENTO OPERACIONAL DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS
GERAIS EM DIAS DE EVENTOS ESPORTIVOS ............................................ 41
6 METODOLOGIA ................................................................................................. 43
6.1 Delimitação do tema ...................................................................................... 43
6.2 Tipo de pesquisa ............................................................................................ 43
6.3 Objetivo da pesquisa ..................................................................................... 44
6.4 Problema ......................................................................................................... 44
6.5 Pressupostos de trabalho ............................................................................. 44
6.6 Natureza da pesquisa..................................................................................... 45
6.7 Método de abordagem ................................................................................... 45
6.8 Métodos de procedimento ............................................................................. 46
6.9 Técnicas .......................................................................................................... 46
6.10 Limitações..................................................................................................... 48
7 ANÁLISE DA VIOLÊNCIA PRATICADA POR TORCIDAS ORGANIZADAS DE
FUTEBOL EM EVENTOS ESPORTIVOS EM BELO HORIZONTE ................. 49
7.1 O fenômeno das torcidas organizadas dos clubes de futebol ................... 50
7.1.1 Trajetória histórica do Clube Atlético Mineiro ......................................... 53
7.1.2 A trajetória histórica do Cruzeiro Esporte Clube .................................... 55
7.1.3 O Grêmio Cultural e Recreativo Torcida Organizada Galoucura ........... 56
7.1.4 A Torcida Organizada “Máfia Azul Cru-Fiel Floresta” ............................. 57
11
7.2 Apresentação dos dados de ocorrências policiais em eventos esportivos
em Belo Horizonte ..................................................................................... 58
7.3 O emprego do Policiamento nos dias de eventos esportivos de grande
envergadura em Belo Horizonte, de 2006 a 2010 .................................... 90
7.4 A perspectiva dos atores relevantes ............................................................ 94
7.5 A percepção dos profissionais no exterior ................................................ 108
8 CONCLUSÃO ................................................................................................... 116
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 123
APÊNDICE: Roteiros de entrevista ...................................................................... 126
ANEXO A: Ocorrências registradas em dias eventos esportivos de grande
envergadura em Belo Horizonte ..................................................................... 128
ANEXO B: Resumo do total de veículos coletivos depredados em dias de eventos
esportivos de grande envergadura em Belo Horizonte por ano ...................... 133
12
1 INTRODUÇÃO
Constitui-se desta pesquisa uma análise sobre a violência entre as torcidas
organizadas dos clubes de futebol profissionais em Belo Horizonte, seu impacto na
criminalidade da capital mineira e avaliação da atuação da Polícia Militar diante desses
atos de vandalismo, geradores da sensação de insegurança no seio da sociedade
belorizontina, levando-se em conta a sua atribuição legal prevista nas constituições da
República Federativa do Brasil (1988) e do Estado de Minas Gerais (1989), competindo-lhe
manter e preservar a ordem pública.
Delimitou-se o tema da pesquisa em analisar os crimes praticados por
torcedores e torcidas organizadas de clubes de futebol profissional de Belo Horizonte, em
dias de eventos esportivos de grande envergadura no Estádio de Futebol Governador
Magalhães Pinto, considerando registrar-se o maior número de casos de violência nessas
datas.
O período adotado para análise partiu do mês de janeiro de 2006, em razão
da possibilidade de extração das ocorrências policiais que tinham como envolvidos
torcedores e integrantes de torcidas organizadas de clubes de futebol profissional de Belo
Horizonte, através do sistema informatizado de Registros de Eventos de Defesa Social
(REDS), implantado pelo Estado de Minas Gerais. A data final da pesquisa foi determinada
pelo fechamento do Estádio, em junho de 2010, para as reformas, considerando a
impossibilidade de serem realizados na cidade novos eventos esportivos de grande
envergadura a partir de então.
O objetivo geral deste estudo foi avaliar a adequabilidade do policiamento
ostensivo preventivo e da participação dos demais órgãos do sistema de defesa social, em
relação ao comportamento violento e desregrado por parte dos integrantes de grandes
torcidas organizadas dos clubes futebol profissional de Belo Horizonte, além de propor
sugestões de medidas que possam resultar na diminuição dos casos de violência em dias
de eventos esportivos de grande envergadura na capital mineira.
Justificou-se este estudo pela observância da sistemática ruptura da
tranquilidade pública em dias de eventos esportivos de grande envergadura em Belo
Horizonte, sobretudo, nos dias de jogos de futebol que envolvam um ou outro, ou os dois
13
grandes times de futebol da capital mineira, quais sejam: Clube Atlético Mineiro (CAM) e
Cruzeiro Esporte Clube (CEC).
O Plano Estratégico da PMMG (2009) define como um dos objetivos
estratégicos o atendimento ao cidadão e a sociedade com qualidade, procurando
desenvolver ações para atendê-los, em toda e qualquer circunstância de envolvimento,
seja como vítima, agente, testemunha e solicitante.
Nessas datas, nota-se uma grande preocupação por todos os órgãos
integrantes do Sistema de Defesa Social, exigindo, sobretudo das forças policiais, um
esforço diferenciado em seus respectivos planejamentos operacionais, para se estabelecer
o policiamento ostensivo preventivo, além de um esquema repressivo, contando com a
possibilidade de confrontos entre torcidas organizadas de futebol dos dois times.
Outra grande preocupação, diz respeito ao fato de Belo Horizonte ter sido
escolhida para sediar alguns dos jogos da Copa de Mundo de 2014, que a colocará em
evidência midiática mundial. Repercutir uma imagem de cidade segura e portadora de uma
polícia capaz de evitar atos de vandalismo entre torcedores possibilitará a atração de
maior número de turistas, alavancando, consequentemente, o terceiro setor no Estado de
Minas Gerais.
A pergunta norteadora deste estudo foi elaborada no sentido de investigar
como os atos de violência praticados por integrantes de torcidas organizadas de clubes de
futebol profissional em eventos esportivos de grande envergadura em Belo Horizonte
devem ser prevenidos pela PMMG.
Para responder ao problema de pesquisa, optou-se por orientar a
investigação através dos seguintes pressupostos de trabalho:
- a falta de comunicação entre as forças policiais e demais órgãos do
sistema de defesa social contribui para a impunidade dos agentes da violência entre
torcidas organizadas;
- a estrutura de inteligência de acompanhamento dessa modalidade
delituosa é deficitária, dificultando as ações preventivas;
14
- a legislação penal é suficiente para promover a repressão aos autores da
violência entre torcidas organizadas;
- a doutrina da PMMG, no que tange à prevenção aos atos de violência
entre torcidas organizadas de futebol em Belo Horizonte, é insuficiente para proporcionar
qualidade na atuação do policiamento ostensivo da 1ª RPM e CPE.
Quanto à metodologia, tratou-se de uma pesquisa caracterizada como
descritiva, de natureza qualitativa, por adotar e explorar a análise de conteúdo das
informações obtidas por meio de pesquisa de campo, através da aplicação de entrevistas
semi-estruturadas junto ao público alvo, estágio técnico científico internacional, além da
análise de conteúdo de documentos já existentes.
Para compreensão deste tema, a presente pesquisa foi dividida em 8
seções, sendo a primeira relativa a esta introdução, é indicativa do conteúdo do presente
estudo; a seção 2 trouxe as informações relativas à evolução histórica desse esporte que
desperta paixões e provoca comportamentos sociais tão adversos.
A seção 3 diz respeito aos fundamentos da violência no futebol e seus
determinantes teóricos, considerando tratar-se de pesquisa que envolve o comportamento
humano.
Na seção de número 4 são descritos os aspectos legais pertinentes aos
atos de violência praticados por torcidas organizadas e torcedores em dias de eventos
esportivos de grande envergadura, que geram impacto direto na segurança pública, bem
como as consequências penais cabíveis.
A seção 5 traz as considerações sobre a forma com a qual a PMMG orienta
o planejamento e o emprego operacional de seus recursos, com vistas a estabelecer
controle sobre as torcidas organizadas e torcedores em praças desportivas e na cidade
como um todo.
Na seção 6 é apresentada a abordagem metodológica geral sobre a ordem
imposta a este estudo para se atingir o objetivo pretendido.
15
A seção 7 apresenta os dados coletados e analisados durante a pesquisa,
além de contextualizar o fenômeno das torcidas organizadas dos clubes de futebol
brasileiro.
Por fim, a seção de número 8 tece as conclusões e sugestões obtidas
através do presente trabalho científico.
16
2 FUTEBOL: A TRAJETÓRIA HISTÓRICA
Para se compreender a evolução da violência entre torcidas organizadas e
seus determinantes teóricos, é fundamental conhecer a própria história desse esporte que
desperta paixões e provoca comportamentos sociais adversos, a ponto de tornar-se objeto
de estudos por sociólogos, historiadores, jornalistas além de outros profissionais.
Entre os historiadores, há certa divergência quanto ao período de
surgimento do futebol no mundo. Alguns reivindicam esse marco histórico aos chineses,
outros apontam para os povos que habitavam o continente americano, alguns milhares de
anos antes de Cristo.
A origem do futebol, segundo Franco Júnior (2007, p.15), remonta a 2000
anos antes de Cristo, quando os guerreiros chineses, ao final das batalhas, praticavam um
treinamento em que utilizavam as cabeças dos militares inimigos mortos como objeto de
disputa. Formavam-se duas equipes de oito guerreiros de cada lado, que passavam a
cabeça do inimigo de um para o outro através de chutes, sem que ela caísse ao solo. O
objetivo de cada equipe era passar com a cabeça entre duas estacas fixadas no campo,
interligadas por um fio de cera.
Já Amador (2006, p.29), menciona alguns historiadores sobre a prática de
um jogo semelhante, atribuído aos japoneses, denominado kemari (chutar a bola), em que
uma bola de fibra de bambu era utilizada como objeto de disputa entre duas equipes de
oito indivíduos, que deveriam trocar passes sem permitir que ela caísse ao chão e sem
que houvesse contato físico entre os jogadores.
Ao citar o historiador espanhol Herrera Tordesilhas, que relata a prática de
uma diversão entre povos indígenas que povoaram o continente americano, salienta
Fernandes (1996, p.9).
Em 1945 o historiador espanhol, Herrera Tordesilhas, quando descrevia
os índios do Haiti, relatou que a diversão que tinham, era brincar com
uma bola de borracha, feita de látex extraído das árvores nativas. Da
mesma forma alguns autores se referem sobre o povo asteca, que
habitava o México. Também os índios do Chile e habitantes primitivos da
Patagônia dizem que usavam bolas feitas de resina de certas árvores
locais, para uma diversão muito semelhante ao “baseboll”.
Consta também que, no século IV antes de Cristo, soldados gregos
disputavam um jogo que utilizava uma bola feita de bexiga de boi, preenchida com terra ou
17
areia, cujas equipes eram formadas por nove integrantes cada, denominado epyskiros,
segundo Franco Júnior (2007, p.16).
Um século mais tarde, os romanos passariam a utilizar essa disputa como
forma de treinamento físico e tático, através do jogo chamado harpastum. Essa prática era
utilizada como uma simulação de batalha, conforme Franco Júnior (2007, p.16), que
sugere a possibilidade de aí residir a origem do futebol na Inglaterra, fruto da disseminação
da disputa, após a invasão dos romanos pela Europa.
Com o passar dos séculos, o harpastum foi modificado até dar origem a
uma disputa denominada cálcio, praticada pelos italianos por volta do século XIV, entre
equipes compostas por 27 jogadores em praça pública. O cálcio, nome utilizado até os
dias atuais pelos italianos para se referirem ao futebol, passou a ser praticado pela
nobreza durante o século XVI, atraindo grande número de espectadores, segundo Franco
Júnior (2007, p.17). Consta que após o século XVIII o esporte desapareceu, voltando a ser
praticado na Itália como futebol no início do século XX.
Segundo Guimarães (1987, p.17), o futebol teve a sua origem oficial em
uma reunião realizada na Freemason Tavern em Creet Queen Street, Londres, em 22 de
novembro de 1863. Um ano mais tarde foi fundada a The Football Association, com o
objetivo de modernizar e unificar as regras do esporte, considerando que já era praticado
na Universidade de Cambridge, contudo, de forma anárquica.
Nos nove anos subsequentes àquela reunião, o futebol seria praticado em
escolas e clubes ingleses, até se internacionalizar (FERNANDES,1996, p.10).
Durante quase uma década, após aquela reunião, o futebol somente
seria jogado em colégios e clubes da Inglaterra. O primeiro jogo
internacional foi realizado em 30 de novembro de 1872, quando a
Inglaterra e Escócia empataram em zero a zero, em Glasgow, debaixo de
chuva.
Nota-se que esse esporte nasceu elitizado, posto que um dos principais
vetores de difusão para os demais países mundo eram as universidades inglesas.
Somente filhos de pais abastados financeiramente podiam enviar seus filhos para se
educarem na Europa e ali ter os primeiros contatos com o futebol, conforme se constata na
história de origem na América do Sul e do Brasil.
18
Na América do Sul, o futebol foi introduzido pelo Uruguai, no ano de 1882.
Dois anos mais tarde, deu-se sua origem na Argentina, com a fundação do Buenos Aires
Cricket Clube, conforme Fernandes (1996, p.10).
O futebol, esporte mais popular do Brasil, que atrai a atenção e a paixão de
milhões de brasileiros, teve o início de sua trajetória histórica no final do século XIX,
quando dois brasileiros, descendentes de ingleses, Henry Cox e o paulistano Charles
Miller, foram estudar na Inglaterra, onde o esporte era amplamente praticado, segundo
Monteiro (2003, p.45).
Ao retornarem para o Brasil, trouxeram consigo as regras do esporte
praticadas no Reino Unido e a primeira bola de futebol. No Rio de Janeiro, Henry Cox
fundou Fluminense Football Club. Já Charles Miller, por razões óbvias, escolheu a cidade
de São Paulo para implantar o futebol, fundando o Paulistano (FERNANDES,1996, p.10).
No Brasil, quando o paulista Charles Miller regressou da Inglaterra, após
estudar no “Barister Court Scool”, foi o seu introdutor. Isto aconteceu no
ano de 1894, quando ele aqui desembarcou trazendo consigo duas bolas
inglesas, camisas e dois pares de chuteiras, que iriam servir de modelos
para os nossos sapateiros. Ele estava disposto a organizar as primeiras
partidas de futebol nos moldes do que tinha aprendido com os ingleses.
Tal como ocorria na Inglaterra, o futebol no Rio de Janeiro e São Paulo era
um esporte elitizado, praticado por empresários, comerciantes ricos e pessoas das altas
classes sociais.
Destaca-se o momento histórico de um país colonizado pela monarquia
portuguesa, que explorou abundantemente a escravidão dos negros oriundos do
continente africano. Quando da fundação desse esporte tão popular nos dias atuais, havia
pouco da abolição da escravatura (13 de maio de 1888), cujos negros libertos passaram a
fazer parte de uma subclasse social discriminada e favelizada.
Portanto, trabalhadores, operários e principalmente os negros não tinham
acesso ao esporte, que no futuro teria como maior ídolo um negro, eleito como o maior
atleta do século XX, Edson Arantes do Nascimento (Pelé).
O esporte caiu no gosto da sociedade como um todo, sendo fundados
novos clubes associados a fábricas, e assim se popularizando aos poucos.
Com o surgimento de outros clubes na cidade do Rio de Janeiro,
começaram a formar-se ligas e campeonatos de que os mesmo
participavam com seus jogadores pertencentes às mencionadas elites.
19
Não muito mais tarde, com a popularização do esporte nos subúrbios e a
criação de clubes ligados a fábricas, tornou-se mais comum nos
gramados a presença de trabalhadores e negros. Em especial, cabe citar
The Bangu Athletic Club, ligado à fábrica de tecidos Bangu, cuja equipe
inicialmente era formada por jogadores ingleses, na verdade os dirigentes
daquela fábrica. Como esse subúrbio era muito distante de suas casas,
os ingleses deixaram de freqüentar o clube e o Bangu passou a ser um
time de operários que se dedicavam ao esporte em suas horas livres.
Para José Sérgio Leite Lopes (2000), a entrada das classes operárias
levou à profissionalização desse esporte, tirando-o do controle das elites
e permitindo que os jogadores garantissem sua vaga por seus próprios
méritos. (MONTEIRO, 2003, p.45).
Em que pese o futebol brasileiro ter sua origem reconhecida no ano de
1894, somente em 08 de junho de 1914 foi fundada a Federação Brasileira de Sports
(FBS), que durou pouco mais de dois anos. Em 05 de dezembro de 1916, a FBS deu lugar
à Confederação Brasileira de Desportos (CBD), segundo Guimarães (1987, p.24).
Posteriormente foi denominada Confederação Brasileira de Futebol (CBF), entidade que
dirige o futebol brasileiro até os dias atuais.
A profissionalização do futebol brasileiro só veio através da criação das
ligas, dos campeonatos e da participação nas disputas internacionais, a reboque do que já
ocorria em diversos países como Inglaterra, Argentina, Espanha, entre outros. A exposição
dos clubes e jogadores por sua arte, durante esses eventos desportivos, alavancou o
futebol como um esporte apreciado por grandes massas de torcedores (MONTEIRO, 2003,
p.46).
Foi a partir daí que o futebol se tornou o esporte das grandes massas
nacionais e sua maior paixão, contribuindo para criar uma identidade
nacional e moldando o que Norbert Elias denominou formação subjetiva,
ou seja, a transmissão de valores ligados ao esporte, onde a idéia de
rivalidade pode estar associada à disputa sem ferimentos e com índices
preestabelecidos de violência, formando um habitus de competições
esportivas.
Apesar de profissionalizado, o futebol no Brasil ainda era um esporte de
elites e cheio de contradições. Jogadores negros e operários não eram aceitos nas sedes
sociais dos clubes, criando uma separação entre esses e os campos de treinamento. Esse
comportamento levou alguns jogadores negros a cobrirem suas peles com pó-de-arroz, na
pretensão de serem acolhidos por dirigentes e torcedores, segundo Monteiro (2003, p.47).
Isso aconteceu, por exemplo, no Fluminense, originando aí as brincadeiras proferidas
pelas torcidas organizadas de clubes adversários que perduram até os dias atuais,
entretanto, em tom pejorativo.
20
A discriminação era tamanha, a ponto de ser fundada uma liga de futebol no
Rio de Janeiro, com a intenção de excluir o Clube de Regatas Vasco da Gama da
competição, por ser o pioneiro em aceitar negros em seu quadro de jogadores. Na
oportunidade, o Fluminense exigiu que o Vasco construísse um estádio próprio com
capacidade superior a 30.000 espectadores para aceitá-lo como integrante da liga. Essa
exigência deu origem à construção do Estádio de São Januário, sede do clube até os dias
atuais, assinalado por Monteiro (2003, p.47).
Consta que até a derrota do Brasil para a seleção do Uruguai na final da
Copa do Mundo de 1950 no Brasil, teria sido atribuída aos negros da seleção brasileira
(MONTEIRO, 2003, p.47).
A derrota para a seleção do Uruguai na final da Copa de 1950
restabeleceu ou deixou mais aparente a problemática do preconceito
racial. Autor de O negro no futebol brasileiro, o jornalista Mário Filho,
irmão de Nelson Rodrigues, afirma em seu livro que a acusação, então
veiculada na imprensa, de que os negros escalados para o selecionado
brasileiro teriam sido os responsáveis pela derrota para o Uruguai era
prova da frágil integração racial existente no Brasil e ainda expunha a
pseudotolerância racial na sociedade brasileira.
Com o passar dos anos, a discriminação racial se arrefeceu e o esporte
tornou-se cada vez mais popular. Os elencos passaram a ser compostos pela habilidade
dos jogadores e não tão somente pelo nível social e econômico. Tornou-se uma verdadeira
arte, sobretudo no Brasil, celeiro de grandes craques do futebol mundial, até que as
transformações do esporte na Europa passaram a influir na gestão dos clubes brasileiros
(MONTEIRO, 2003, p.48).
A Inglaterra foi o primeiro país a tentar transformar seu futebol. Para
enfrentar as crises surgidas no final dos anos 1980, quando a violência
nos estádios levou ao afastamento do grande público e a severas
punições do futebol inglês pela FIFA, aquele país procurou tornar seu
futebol mais mercantil, semelhante ao modelo hoje adotado em quase
todo o mundo.
Em seguida, outros países também adotaram esse modelo, que no Brasil
convencionou-se chamar de clube-empresa, ou seja, a idéia de que os
clubes de futebol e as associações esportivas devem considerar-se
empresas e, portanto, ter como principal objetivo o lucro. Mas as
implicações do modelo do clube-empresa não param por aí, e o debate
ainda não está suficientemente claro para que se possa conhecê-las em
toda a sua extensão.
Esse nível de profissionalismo permitiu que os jogadores passassem a fazer
parte
de
um
mercado
mundial,
marcado por
economias
globalizadas
e
não
regulamentadas. Esse aspecto trouxe reflexos para a relação entre clubes, jogadores e
torcidas organizadas. Há jogadores que criam identidade com determinados clubes e
21
outros têm a simples preocupação em cumprir um contrato de trabalho. Da mesma forma,
há dirigentes que conduzem seus clubes como empresas e outros de maneira passional, a
ponto de integrarem os quadros de direção dos respectivos clubes com chefes de torcidas
organizadas. Esse tipo de comportamento deu vazão a conflitos entre jogadores e torcidas
organizadas, que comumente hostilizam certos profissionais do futebol por entenderem
que deixaram de compor seus clubes do coração por dinheiro, conforme destaca Monteiro
(2003, p.50).
Talvez esteja aí um dos possíveis fatores causadores da violência no
futebol, situação que se perdura até os dias atuais. Na seção seguinte são verificados os
fundamentos dessa violência.
22
3 A VIOLÊNCIA NO FUTEBOL: CONTEXTUALIZAÇÃO E FUNDAMENTOS
Nos últimos anos, tem-se observado no Brasil o crescente acirramento da
rivalidade entre torcidas de futebol. O recrudescimento dessa violência também foi
registrado algumas décadas atrás na Europa, mundialmente conhecido como os atritos
entre hooligans e claques ultras1, que levaram a estudos e provocaram sérias medidas
adotadas por parte dos governos de países como a Inglaterra, Alemanha, Itália, Bélgica,
França, Portugal, entre outros.
A título de exemplo, durante a Copa do Mundo de Futebol da Alemanha em
2006, torcedores ingleses monitorados pelas polícias dos países europeus foram
impedidos de ingressar no país sede dos jogos, a fim de se prevenir casos de violência no
evento esportivo, transmitido ao vivo pelas redes de televisão para todo o mundo, com
forte presença turística.
Na Inglaterra, o assunto já fora amplamente abordado por pesquisadores
como Buford (1990), Dunning (2002) e Elias (1994), entre outros, considerando o fato do
futebol ter se originado naquele país há quase 150 anos. Portanto, lá surgiram os primeiros
casos de vandalismo, desordem e comportamento desregrado associado aos fãs do
esporte.
Já no Brasil, há poucos estudos sobre o assunto, podendo-se citar Hollanda
(2008), que faz um tratado sobre o jornalismo esportivo e a formação das torcidas
organizadas no país. Outro autor pesquisador do assunto no Rio de Janeiro foi Monteiro
(2003).
Em São Paulo, Pimenta (1997), publicou seus estudos sobre as torcidas
organizadas naquele Estado, considerando a violência e auto-afirmação como aspectos da
construção das novas relações sociais.
Especificamente em Minas Gerais, há o trabalho acadêmico tendo por
objeto as torcidas organizadas de Belo Horizonte e suas manifestações, elaborado por
Praça (2009).
1
Torcidas organizadas de clubes de futebol europeus.
23
Na Polícia Militar de Minas Gerais, Lisboa Júnior (2010) pesquisou sobre o
emprego do Batalhão ROTAM nos eventos da Copa do Mundo de Futebol de 2014, em
que faz abordagem sobre torcedor, torcida, torcida organizada e hooliganismo, em um de
seus capítulos. Também Pereira (2009), em seu estudo, faz uma abordagem sobre grupos
de stakeholders, considerando a análise das estratégias de preparação para esse evento
esportivo.
A pesquisa de Lisboa Júnior (2010) teve como justificativa a relevância do
tema Copa do Mundo de 2014 em Belo Horizonte para o Estado de Minas Gerais, cujo
governo, preocupado com a organização do evento, apresentou seu planejamento
estratégico integrado para orientar o trabalho das equipes do governo de Minas Gerais e
da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), responsáveis pela implantação de 54 projetos nas
áreas de infraestrutura esportiva, mobilidade, turismo, comunicação e marketing,
segurança, entre outras, que irão preparar a capital mineira para a realização do mundial
de futebol.
Sob esse ponto de vista, há que se considerar igualmente a relevância do
tema violência entre torcidas organizadas dos clubes profissionais de futebol de Belo
Horizonte, posto que a segurança pública em eventos de repercussão mundial, como a
Copa do Mundo de Futebol Masculino de 2014, deve ser prioridade para a garantia de
investimentos estruturantes nacionais e internacionais, bem como para a sua realização de
forma pacífica, ordeira e exemplar.
3.1 Considerações acerca das origens da violência entre torcidas organizadas
Considerando tratar-se de pesquisa que envolve o comportamento humano,
grupos de torcedores organizados de times de futebol profissional, torna-se necessário
conhecer a origem e conceituação de alguns termos e palavras usualmente relacionados
aos atos de violência praticados por esses atores, tais como hooligan, hooliganismo,
vandalismo, entre outros, antes de introduzir-se os posicionamentos teóricos sobre o
presente objeto de pesquisa.
Não há consenso com relação à origem do termo hooligan, entretanto,
sabe-se que nasceu no Reino Unido, sendo utilizado pelo menos desde a década de 1890,
pela polícia londrina, segundo Buford (1990, p.20) para reportar-se ao comportamento
desordeiro e brutal, publicado no periódico inglês The Times do dia 30 de outubro de 1890.
24
Esse termo aparece impresso em relatórios da Polícia de Londres de 1894, ao se referir a
um grupo de jovens denominados The Hooligan Boys.
Existem várias teorias sobre a origem do termo "hooliganismo". O Oxford
English Dictionary afirma que a palavra pode ter nascido do sobrenome de uma suposta
família irlandesa da década de 1890.
Certo é que o hooliganismo refere-se a um comportamento destrutivo e
desregrado. O termo também pode aplicar ao comportamento violento, que causa
problemas através do combate, segundo o Summers (2003).
No que diz respeito à associação dessas terminologias à violência nos
esportes, ocorre principalmente a partir da década de 1960, no Reino Unido, com o
hooliganismo no futebol.
As firmas hooligans fazem parte de um ambiente associado à cultura
britânica e raramente são usadas para se referirem a grupos de torcedores fora da
Inglaterra. Podem-se citar alguns exemplos como as chamadas “claques ultras” na Europa,
as “barras bravas” na América Latina e as “torcidas organizadas” no Brasil.
Obviamente, não se pode fazer uma análise associativa tão simples entre a
violência das torcidas organizadas do Brasil as firmas hooligans inglesas ou claques ultras,
sem que se estabeleçam algumas distinções importantes entre essas duas realidades
distintas.
As firmas hooligans inglesas, além da paixão pelo clube, defendem
ideologias políticas, têm características típicas nacionalistas, xenófobas e por vezes são
ligadas a grupos neonazistas ou neofacistas (BUFORD, 1990, apud MONTEIRO, 2003, p.
62).
Nos tempos atuais, a maior demonstração de violência dos hooligans no
futebol foi a tragédia do Estádio do Heysel, na Bélgica, durante a final da Taça dos
Campeões Europeus de 1985, entre o Liverpool da Inglaterra e a Juventus da Itália. Esse
episódio resultou em 39 mortos e um número indeterminado de feridos. Os hooligans
25
ingleses foram responsabilizados pelo incidente, o que resultou na proibição das equipes
britânicas participarem em competições europeias por um período de cinco anos.
Apesar
da
forte
repressão
aos
grupos
hooligans,
tais
como
acompanhamento muito próximo por parte da polícia inglesa e até proibição da entrada de
integrantes desses grupos em países da Europa, alguns fatos ainda são registrados, como
na Copa do Mundo de 2006 na Alemanha, em que ingleses e alemães promoveram brigas
entre torcedores dessas nacionalidades.
Confusões
premeditadas,
brigas,
vandalismos,
depredações
e
até
homicídios entre integrantes de torcidas organizadas também são características do
futebol brasileiro.
Os principais alvos desses numerosos atos de violência são exatamente as
torcidas rivais, em que pese haver também a depredação contra o patrimônio público e
privado. Destaca-se o fato de que esses casos ocorrem com maior frequência quando os
jogos acontecem entre equipes da mesma cidade, principalmente em partidas de equipes
das capitais estaduais. Também são registrados casos de violência entre torcidas rivais,
mesmo em outros eventos esportivos distintos do futebol, em que integrantes dessas
torcidas organizadas se fazem presentes.
Um caso recente no Brasil que tomou destaque internacional foi o jogo entre
os times de futebol Coritiba X Fluminense, em partida válida pelo Campeonato Brasileiro
de Futebol de 2009, onde houve invasão de gramado, espancamentos, lesões entre
outros.
Outros exemplos de rivalidade entre torcidas podem ser citados, como a
torcida da Mancha Verde (do Palmeiras) e a Gaviões da Fiel (do Corinthians) em São
Paulo; a Raça Rubro Negra (do Flamengo) e a Força Jovem (do Vasco) no Rio de Janeiro;
ou a Galoucura (do Clube Atlético Mineiro) e a Máfia Azul (do Cruzeiro) em Belo Horizonte,
que ao se encontrarem pela cidade entram em confronto. O clássico entre esses times
rivais sempre remete a uma preocupação maior por parte da polícia, considerando os
vários casos de mortos em quase todas as regiões do país.
26
Diante da gravidade dos casos registrados, necessário se faz compreender
melhor o fenômeno e as causas que levam esses grupos a cometer tais delitos com
tamanha agressividade.
3.2 Determinantes teóricos da violência no futebol
Sociólogos, jornalistas, estudiosos e outros profissionais se debruçaram
sobre o tema com o objetivo de entender o fenômeno que há tantos anos aflige as
sociedades. Conhecer as razões que levam grupos de torcedores a tamanha
agressividade é essencial para aprender a lidar com ela e desenvolver formas de prevenila ou minimizá-la.
Para tanto, descrevem-se algumas teorias que envolvem a violência entre
torcidas organizadas, sem se perder de vista que cada sociedade possui cultura e
características próprias.
Para Buford (1990, p.98), jornalista americano que conviveu com os
hooligans ingleses por quatro anos, essa agressividade está relacionada ao nacionalismo.
Ao relatar uma de suas passagens com os grupos de torcedores, comenta sobre o ódio
cultuado pelos ingleses em relação ao qualquer estrangeiro:
O resto do mundo é um lugar vasto, e seu principal habitante é o
estranho. Os torcedores não gostavam do estranho. O estranho era
detestável. E não existia estranho mais estranho, e portanto mais
detestável, do que o estrangeiro. O estrangeiro era aquele a quem eles
verdadeiramente odiavam (era inconcebível que eles, sendo ingleses e
estando agora na Itália, pudessem ser estrangeiros). O problema com os
estrangeiros era o seguinte: eles eram incompletos. Por alguma razão, os
estrangeiros jamais haviam galgado a escala evolutiva até o fim; havia
um quê de inferioridade no estrangeiro – sobretudo os estrangeiros de
cor escura, isso para não falar dos estrangeiros de cor escura que ainda
por cima tentavam lhe vender alguma coisa. Esses eram os piores.
A violência dos hooligans, segundo Buford (1990), também está ligada ao
etos masculino. Eles se valem da presença constante do grupo que comunga das mesmas
opiniões, identidades e comportamentos como a agressividade e o menosprezo aos
grupos de torcedores rivais e estrangeiros, atribuindo-lhes adjetivos homossexuais e
femininos. Tal comportamento não é observado quando outros grupos se juntam por
razões distintas mundo a fora, sem promover distúrbios civis, brigas ou depredações.
27
No caso das torcidas organizadas de clubes de futebol brasileiros, a
rivalidade se dá entre torcidas organizadas de clubes rivais, em geral de grandes capitais.
Em alguns casos há também a rivalidade entre grandes torcidas das principais capitais do
país, como é o caso da rivalidade entre a Raça Rubro Negra (do Flamengo) e a Gaviões
da Fiel (do Corinthians), ou da Mancha Verde (do Palmeiras) e da Máfia Azul (do
Cruzeiro), ou da Galoucura (do Atlético Mineiro) e da Gaviões da Fiel.
Tal como os hooligans ingleses, as torcidas organizadas brasileiras também
atribuem às torcidas dos clubes adversários adjetivos femininos e homossexuais. Mas
nesse caso, os inimigos fazem parte da mesma nacionalidade, da mesma raça, moram na
mesma cidade e às vezes no mesmo bairro, conforme salienta Monteiro (2003, p 63),
quando relata estudo sociológico sobre o comportamento da torcida organizada Raça
Rubro Negra, “muito pelo contrário, no nosso caso, mais específicamente no Rio de
Janeiro e na torcida que estudei, o inimigo é alguém da mesma etnia ou ainda do mesmo
bairro e localidade.”
Para autores como Ian Taylor e John Clark citados por Monteiro (2003, p.
66, 67), o hooliganismo no futebol estaria relacionado a uma manifestação das classes
trabalhadoras em oposição à profissionalização do esporte e da adoção de um modelo de
gestão empresarial pelos clubes de futebol que os distancia dos torcedores, fenômeno
observado a partir da década de 1960.
Os jogadores, orientados por seus empresários, deixam de dedicar-se ao
clube que os lançou ou ter amor ao clube do coração para se tornarem mais profissionais e
trabalharem para as equipes que melhor pagam seus salários. Por sua vez, os clubes
passaram a ser geridos como empresas, capitalizando recursos no mercado, venda do
direito de imagem, dedicando-se à compra e venda de passes de seus jogadores,
promovendo um distanciamento entre as elites representadas na direção dos clubes e
suas respectivas torcidas organizadas, que seriam as classes menos favorecidas e mais
frequentes aos estádios.
Esse fenômeno foi observado no Brasil, notadamente a partir das décadas
de 1980 e 1990, principalmente após a aprovação da “Lei Pelé”, que dava passe livre aos
jogadores a partir de determinada idade, quando jogadores brasileiros passaram a ser
captaneados por clubes europeus que podiam pagar salários astronômicos aos nossos
melhores jogadores. A partir dessa época, a seleção brasileira de futebol, nas competições
28
internacionais, era quase que integralmente composta por jogadores que jogavam no
futebol europeu.
Os clubes profissionais brasileiros sofreram o declínio da qualidade do
futebol praticado, posto que basicamente trabalhavam com jogadores medianos e que não
tinham mercado no futebol estrangeiro, sobretudo em razão baixo índice de
desenvolvimento econômico brasileiro. A incapacidade financeira de manter seus melhores
jogadores em elenco, por não conseguirem cobrir os altos salários propostos pelos clubes
europeus, obrigaram os principais clubes de futebol brasileiros a se adequarem ao
mercado mundial, convertendo-se em clubes-empresa e submetendo-se aos interesses de
grandes grupos internacionais.
Já autores como Elias e Dunning (1994 apud MONTEIRO 2003, p.65),
entendem que o futebol serve como uma válvula de escape para as sociedades
industrializadas e urbanizadas. Nesse caso, as emoções contidas pela vida cotidiana
excessivamente controlada por regras de convivência, são liberadas nos momentos de
lazer. Assim, as sociedades usam da destruição do patrimônio e da violência contra seus
adversários para liberar tais emoções.
É claro que o futebol também possui regras de comportamento e controle
dentro e fora de campo, tanto para jogadores quanto para espectadores. Entretanto, nem
todos os grupos agem de maneira homogênea, sendo a violência uma manifestação do
descontrole de uma parcela desses grupos que, segundo Elias (1993), “constituiria assim
um retrocesso do processo civilizador, uma volta à disputa primal”.
Dunning (1997, apud MONTEIRO, 2003, p.67) confronta as teses de que a
violência dos hooligans estaria associada à desilusão das classes trabalhadoras no que diz
respeito ao gerenciamento empresarial e profissionalização de seus clubes e respectivo
distanciamento em relação aos torcedores. Para ele, o principal fator motivador do
fenômeno está na masculinidade exacerbada, sobretudo das classes trabalhadoras,
atribuindo a essas classes um menor nível de civilidade. Segundo o autor, tais classes
estão sujeitas a uma cultura mais patriarcal, onde a diferença entre gêneros é maior e o
nível de cidadania é menor.
Essa masculinidade agressiva típica do modelo dos hooligans ingleses é
extravasada em dias de jogos, dentro e fora dos estádios, em cantos de
auto-exaltação e depreciação contínua dos adversários, acusados de
homossexuais e efeminados. Os hinos de guerra próprios de cada grupo
29
dos hooligans são entoados no decorrer das partidas de futebol,
fenômeno comum também no Brasil entre as torcidas organizadas locais.
Os confrontos físicos prestam-se tambem à finalidade de buscar
identidade, significado e excitação agradável, tendo portanto uma origem
racional, visto que os membros do sexo masculino desses grupos,
pertencentes às camadas mais rudes do operariado, valorizam mais a
luta e a intimidação física, tolerando um nível mais elevado de
agressividade nas relações sociais. Isso significa que tais grupos não
aprenderam a exercitar o autocontrole exigido pelas normas da
sociedade urbana civilizada.
Tal como na Inglaterra, o futebol brasileiro não reserva grandes espaços à
ocupação feminina. Mesmo nos tempos atuais, observa-se dentre os grandes clubes
profissionais do Brasil apenas uma dirigente do sexo feminino. Há também algumas juízas
e auxiliares, entretanto, em termos proporcionais, o número é bem reduzido em relação à
população de juízes do sexo masculino. O futebol profissional feminino no Brasil é
praticamente inexistente, sendo que as principais jogadoras brasileiras só encontram
mercado no futebol estrangeiro. No que tange aos grupos de torcedores, já se nota a
presença feminina nas arquibancadas, contudo, não fazem parte das grandes torcidas
organizadas, caracterizadas em alguns casos por atos de violência e destruição.
Os cantos de exaltação, o emprego de adjetivos femininos, acusações
homofóbicas e promessas de destruição do “inimigo”, assim como na Europa, também
acontecem entre as torcidas organizadas brasileiras. Normalmente têm um comportamento
de grupo bastante agressivo, possuem compleição física avantajada e praticam artes
marciais dentro das sedes das torcidas organizadas. A diferença paira em torno da ligação
dos hooligans ingleses a grupos neofascistas e neonazistas, conforme enfatiza Buford
(1990).
Essa percepção de diferença é confirmada por Zaluar (1998), que enxerga
no futebol uma forma de pacificação e integração entre classes sociais e de grupos rivais
de bairros adjacentes:
No Brasil, além da inegável importância do esporte na pacificação dos
costumes [...], tivemos também outro processo que se espalhou pelo país
a partir do Rio de Janeiro: a instituição de torneios, concursos e desfiles
carnavalescos envolvendo bairros e segmentos populacionais rivais.
Assim, a cidade era representada como espetáculo ao mesmo tempo da
rivalidade e do encontro dos diferentes segmentos e partes em que a
cidade sempre esteve dividida.
Essa forma de integração não se registrou em terras inglesas, onde os
hooligans mostram-se contrários à aceitação de grupos de outras etnias ou mesmo de
30
classe social equivalente, mas torcedores de clubes de futebol rivais, em geral
pertencentes a cidades distintas. Já no Brasil, há sempre mais de um grande time nas
capitais estaduais, que se rivalizam, em que pese, em alguns casos, fazerem parte da
mesma comunidade.
Toledo (1996, apud MONTEIRO, 2003, p.70), ao fazer estudo sobre as
torcidas organizadas paulistas observa diferenças e semelhanças entre os primeiros e os
hooligans ingleses, no que se refere ao comportamento violento. Há grupos de torcedores
organizados paulistas que, tal como os hooligans, fomentam o ódio e a intolerância contra
os nordestinos e adotam a ideologia política antiliberal. Entretanto, ao nordestino não se
atribui um tipo social, pode ser qualquer pessoa, desde que torcedor de um time rival. A
diferença é percebida na ausência de associação a grupos nacionalistas e xenófobos.
Dos estudos feitos por Monteiro (2003, p. 71), não se chegou a uma tese
fundamental que explicasse conclusivamente as razões da violência levada a efeito por
torcedores organizados de futebol, seja de que nacionalidade for. Constata-se a
masculinidade como um dos principais fatores motivadores desse comportamento, como
se vê:
Seja como for, não se sugeriu uma tese fundamental, qual seja, a de que
a violência, ritual ou real, não ocorre sem que nas relações pessoais se
dê um incremento: a ascensão dos membros mais “viris” e machos das
torcidas organizadas em detrimento dos mais contidos e menos
agressivos. O que parece claro nesses grupos é uma diminuição do
autocontrole, necessário a uma convivência civilizada e com um mínimo
de harmonia, em favor da afirmação exaltada dos machos e poderosos
perante o inimigo vencido e humilhado.
Observa-se que as grandes massas de torcidas organizadas do Brasil são,
em geral, compostas por pessoas de camadas mais pobres da sociedade, trabalhadores
que dependem do transporte coletivo para deslocamento aos estádios de futebol, o que
não impede a participação de membros das classes média e alta da sociedade. O perfil é
de pessoas do sexo masculino em sua grande maioria, biotipo de lutadores e praticantes
de esportes, sempre liderados por pessoas de forte personalidade, disposto a enfrentar
situações difíceis antes, durante e após os jogos. Trata-se de um ambiente onde o sexo
feminino traria dificuldades para o grupo em caso de encontro com a torcida rival. Além
disso, a possibilidade do enfrentamento exige força física, capacidade de luta e coragem
para agredir e ser agredido, confirmando tese da violência associada à masculinidade no
futebol e ao “etos guerreiro”.
31
Há autores que reconhecem na violência praticada por grandes torcidas
organizadas o “comportamento de massa” que replica os bons e os maus exemplos.
Assim, o anonimato individual produzido pelo grupo multiplica qualquer comportamento,
conforme salienta Pereira (2009, p. 94) ao citar Freud: “nada há que pareça impossível ao
indivíduo, quando este está inserido na multidão. Quando uma pessoa está misturada à
multidão, o seu comportamento é, via de regra, irracional.”
Nessa mesma linha de pensamento, Linton (1986, apud PEREIRA 2009,
p.97), entende que os indivíduos, quando agindo em grupo, repetem o comportamento
aprendido por imitação. Assim, a violência, a depredação e o comportamento desregrado
de uma massa de torcedores seria iniciado pela ação de um dos indivíduos, como se vê:
O desenvolvimento de todo hábito inicia diante da busca pela adequação
a uma nova realidade, sendo que, em verdade, a reação inicial de
qualquer indivíduo depende mais da imitação do que de qualquer outro
processo. Verifica-se que imitação refere-se à cópia da conduta de outros
indivíduos, sem haver a consideração de que o imitador tenha chegado a
conhecer a conduta mediante a observação direta, por meio de referência
verbal ou conseguida por meio de leituras. Basicamente, somente em
duas condições não se aplica a forma imitativa: diante de uma situação
nova para a sociedade e para o indivíduo ou quando este indivíduo não
teve oportunidade de aprender. Portanto, no caso de condutas básicas,
como correria, arremesso de pedras e objetos, e confrontos físicos são
facilmente aprendidos pelas pessoas e provocam conotações ampliadas,
bastando iniciar o processo.
Outros autores estabelecem que a violência é algo pré-existente na
sociedade e no próprio ser humano. É algo intrínseco, natural, portanto, poder-se-ia
concluir que ela não tem origem especificamente no futebol ou mesmo em grupos de
torcedores organizados ingleses, ou seja de que nacionalidade for, conforme cita Boschilla,
(2008, p.178):
A violência, como vimos, está presente na origem das relações humanas
e nas configurações elaboradas a partir delas. Olhando para o passado, é
possível observar momentos de expressão elevada e momentos em que
essa violência demonstra-se mais oculta, envolvendo esfera social e a
esportiva.
Pensar nos desdobramentos da violência, exclusivamente a partir das
produções culturais da humanidade, como, por exemplo, os esportes e as
artes, é distanciar-se da realidade social, cultural e política brasileira, o
que acreditamos ser um equívoco.
A violência no futebol não está distante da violência presente em nossa
sociedade, assim, não está isenta dos desdobramentos de outras esferas
sociais. A redução dos índices de violência social, e também esportiva,
não deve ser pensada em curto prazo, muito menos pautada unicamente
em medidas punitivas ou coercitivas.
32
Já Franco Júnior (2007, p.326) considera que a violência entre torcidas
organizadas se dá em razão da intolerância a pequenas diferenças e até da inveja e não
em face das grandes diferenças, posição que, em tese, torna indistinta a violência
praticada por torcedores hooligans ingleses, brasileiros ou de qualquer ou nacionalidade,
conforme se verifica:
Curiosamente, a intolerância entre torcedores de futebol não se dá devido
a grandes diferenças entre eles, e sim àquilo que Freud chamou de
“narcisismo das pequenas diferenças”. Nesse fenômeno psíquico, a
aversão e a inveja são intensificadas e canalizadas contra membros de
outro grupo que no essencial se assemelha ao grupo ofensor ou
agressor. Devido à proximidade entre esses grupos, os que se sentem
atingidos recorrem ao mecanismo de defesa da projeção, ou seja,
atribuem a outras pessoas características que ignoram em si mesmos e
cuja conscientização seria fonte de angústia.
Ao realizar estudo sobre a violência entre torcidas organizadas de futebol no
Brasil, Pimenta (2000, p.126), conclui que ela é fruto da convergência de três aspectos
presentes no seio social brasileiro: a juventude cada vez mais esvaziada de consciência
social e coletiva; o estabelecimento de um modelo de sociedade de consumo, que leva as
pessoas a se julgarem pelo que têm, que valoriza a individualidade, o supérfluo, o banal e
o vazio; além do prazer e a excitação gerados pelos confrontos agressivos.
Por fim, Lemle (2008, apud PEREIRA, 2009, p.116), ao analisar o
antropólogo Roberto da Matta, destaca que a violência no futebol é simplesmente uma
repetição do que é a própria sociedade. Portanto, cada país tem torcidas organizadas mais
ou menos violentas, conforme ela própria espelha.
O futebol é uma leitura do que acontece no jogo da sociedade, já disse o
antropólogo Roberto da Matta. Ele foi inventado para sublimar guerras e
manter o conflito social em níveis toleráveis, variando de acordo com a
conjuntura. Na Inglaterra, a partir da Copa de 1966, torcedores
inflamados – jovens proletários em sua maioria subempregados –
ganham visibilidade. Passam a instalar-se atrás do gol, apresentam um
espírito combatente, almejam vencer o “inimigo”. A lógica da violência
grupal nos estádios a que começou nos anos 70, mas piorou em meados
de 80. A violência dos Hooligans ficou marcada no jogo Juventus X
Liverpool, na Bélgica, em 1985, que ficou no imaginário popular pelas
trágicas imagens registradas pela televisão. No Brasil, a primeira morte
intencional de um chefe de torcida, o Cléo, da Mancha Verde, do
Palmeiras, ocorreu em 1988. Hoje, há membros de torcidas organizadas
que têm relação com o crime organizado, são vinculados a facções.
Repito: o futebol faz uma leitura muito própria e sintomática do que está
acontecendo na sociedade.
Portanto, em que pese alguns autores distinguirem a violência praticada por
hooligans ingleses das demais torcidas organizadas de futebol mundo a fora, enfatiza-se
que o comportamento do torcedor ou o nível de violência relaciona-se com o cenário
33
cultural, social e econômico de cada país, tendo como pano de fundo o futebol. Assim, o
hooliganismo é uma das denominações atribuídas ao comportamento desregrado e
violento das grandes massas de torcedores de futebol.
A próxima seção trata dos aspectos legais relativos ao comportamento
violento, praticado por torcedores e torcidas organizadas em eventos esportivos no Brasil.
34
4 ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO PENAL PERTINENTES
Nesta seção, são descritos os aspectos legais pertinentes aos atos de
praticados por torcidas organizadas e torcedores que podem gerar impacto direto na
segurança pública, bem como as conseqüências penais cabíveis.
Os atos de violência praticados entre integrantes de torcidas organizadas e
torcedores em eventos esportivos de grande envergadura estão tipificados na legislação
penal brasileira e são mais freqüentes em cinco artigos, alicerçado nos registros de
boletins de ocorrências extraídos para a presente pesquisa, o dano, a rixa, a agressão, a
lesão corporal e o homicídio, além da previsão contida no Estatuto do Torcedor, os quais
são abordados a seguir.
Um dos tipos penais comumente registrados em dias de eventos esportivos
de grande envergadura em Belo Horizonte é o crime de dano, preconizado no artigo 163
do Código Penal Brasileiro (CPB), onde se encontra definido por Delmanto (2010, p.595).
Dano
Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa correspondente.
Dano qualificado
Parágrafo único. Se o crime é cometido:
I – com violência à pessoa ou grave ameaça;
II – com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não
constitui crime mais grave;
III – contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa
concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista;
(grifo nosso)
IV – por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa, além da
pena correspondente à violência.
Esse tipo penal é observado geralmente nas depredações contra os ônibus
de transporte coletivo que servem a cidade nos dias de eventos esportivos, abrigos dos
pontos de ônibus e telefones públicos, além dos veículos de torcedores do time adversário
e algum estabelecimento comercial.
Os grandes alvos dessas ações são os ônibus de transporte coletivo,
incorporados ao inciso III do parágrafo único do artigo 163, por se tratar de um serviço
concedido pelo município às empresas, portanto, configurando-se em uma qualificadora do
crime estabelecido.
35
Outro evento penal registrado nos Boletins de Ocorrência da Polícia Militar
em dias de jogos de futebol é o conhecido por rixa, previsto no CPB pelo artigo 137,
definido da seguinte forma por Delmanto (2010, p.500):
Rixa
Art. 137. Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena – detenção de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa.
Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave,
aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de 6
(seis) meses a 2 (dois) anos.
Segundo Delmanto (2010, p.501), a rixa se configura pela luta entre três ou
mais pessoas, com violências físicas recíprocas. Portanto, as pessoas que se agridem
mutuamente são sujeitos ativos e passivos da ação ao mesmo tempo e o crime se
consuma assim que surge o perigo oriundo da violência, ainda que um dos agentes se
afaste durante a rixa.
Verifica-se nos históricos dessas ocorrências o envolvimento de grande
número de torcedores do Atlético e do Cruzeiro, que se confrontam com uso de pedras,
paus, barras de ferro, socos, chutes, entre outros. Em geral alguns saem lesionados,
inclusive policiais, veículos particulares e viaturas policiais são danificados, entretanto, não
se consegue apurar o autor da lesão ou dano. Em uma das ocorrências utilizadas no
presente estudo, foram qualificados noventa e sete envolvidos em uma rixa.
O terceiro tipo de delito registrado nos eventos esportivos de Belo Horizonte
é o conhecido por vias de fato/agressão, prescrito no Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outubro
de 1941, denominado Lei das Contravenções Penais (LCP), assim descrito por Nucci
(2007, p.155)
Vias de fato
Art. 21. Praticar vias de fato contra alguém:
Pena – prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa, se
o fato não constitui crime.
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a metade se a
vítima é maior de 60 (sessenta) anos.
Nucci (2007, p.155) afirma que constituem vias de fato todas as agressões
físicas contra a pessoa, desde que não provoque lesão corporal. “Conceituam-se vias de
fato como a briga ou a luta quando delas não resulta crime; como a violência empregada
contra a pessoa, de que não decorre ofensa à integridade física.”
36
Esse tipo de delito verificado dentre os boletins de ocorrência policiais
selecionados para a presente pesquisa, em geral é caracterizado pela abordagem por um
grupo de torcedores de determinado time contra um ou poucos torcedores do clube
adversário. Algumas vezes pelo simples fato de transitar pelas ruas da cidade utilizando
algum objeto que identifique a torcida adversária, é suficiente para se dar inicio à troca de
agressões.
Também se observa a prática de lesões corporais por parte de torcedores
organizados em dias de eventos esportivos de grande envergadura, em Belo Horizonte,
identificados nos boletins de ocorrências selecionados para esta pesquisa, assim definido
por Delmanto (2010, p.472), prescrito pelo artigo 129 do CPB.
Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I – incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta)
dias;
II – perigo de vida:
III – debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV – aceleração de parto:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos.
§ 2º Se resulta:
I – incapacidade permanente para o trabalho;
II – enfermidade incurável;
III – perda ou inutilização de membro, sentido ou função;
IV – deformidade permanente;
V – aborto:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
Lesão corporal seguida de morte
§ 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não
quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
[...].
Assim, em todos os crimes e contravenção anteriormente definidos, os
agentes integrantes das torcidas organizadas podem concorrer para sua prática, desde
que a lesão resulte em qualquer forma de ofensa à integridade corporal da vítima, ou
comprometimento físico ou mental, conforme destaca Delmanto (2010, p.475).
Por fim, o último dos delitos registrados em boletins de ocorrências policiais,
atribuídos a torcedores organizados em dias de eventos esportivos, em Belo Horizonte, é o
homicídio, descrito por Delmanto (2010, p.439), estabelecido pelo artigo 121 do CPB.
37
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena – reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos.
[...]
Homicídio qualificado
§ 2º Se o homicídio é cometido:
I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo
torpe;
II – por motivo fútil;
III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro
meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso
que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem
de outro crime:
Pena – reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
[...].
O homicídio é a eliminação da vida de uma pessoa praticada por outra ou
outras. Segundo Delmanto (2010, p.442), esse crime é admitido na forma tentada e
consumada. Nos boletins de ocorrência selecionados para esta pesquisa, constata-se a
utilização de armas de fogo, barras de ferro e explosivos para a prática da violência que
caracterizam o tipo penal acima descrito, inclusive com algumas qualificadoras como o
motivo fútil, o uso de emboscada, impossibilidade de defesa, além da crueldade.
A Lei Federal nº 10.671, de 15 de maio de 2003, foi promulgada com o
objetivo de estabelecer normas de proteção e defesa do torcedor, e em seu artigo 1º,
atribui a responsabilidade pela prevenção da violência nos esportes a vários atores, dentre
eles o poder público e às associações de torcedores, os quais fazem parte do objeto da
presente pesquisa.
O Estatuto do Torcedor foi alterado pela Lei Federal nº 12.299, de 27 de
julho de 2010, que dispõe sobre medidas de prevenção e repressão aos fenômenos da
violência por ocasião das competições esportivas, dando-lhe maior robustez.
Dessa forma, são concedidos pela Lei, às associações de torcedores ou
torcidas organizadas, direitos e deveres, que em sendo observados deveriam ser
suficientes para evitar os casos registrados nos boletins de ocorrências policiais
selecionados para este estudo.
O capítulo IV da Lei diz respeito à segurança do torcedor partícipe do
evento esportivo, onde é estabelecida a obrigatoriedade de haver segurança nos locais de
38
realização das partidas, antes durante e após o evento, competindo ao poder público o
provimento de agentes em número e quantidade necessárias à sua realização. Entretanto,
proíbe o porte de objetos, bebidas, fogos de artifício ou substâncias proibidas ou
suscetíveis a gerar a prática de atos de violência, além de não permitir o porte ou
ostentação de bandeiras, símbolos ou outros sinais cujas mensagens sejam ofensivas ou
de caráter racista ou xenófobo.
Como se constata nos documentos registrados pela Polícia Militar, a Lei é
respeitada em ambientes fechados onde o poder público exercita o dever de efetuar a
busca pessoal nos torcedores que adentram ao estádio e assim podem controlar as
massas e fazer cumprir a norma.
Outrossim, quando se trata do ambiente externo, nas adjacências do
estádio, nas vias de acesso e nos locais onde torcedores se concentram para
deslocamento ou para assistir aos jogos pela televisão, quando transmitidos em circuito
fechado, detecta-se o descumprimento da Lei, resultando na condução de pessoas presas,
além do socorro às vítimas dessa violência e da contabilidade de um saldo de prejuízos
materiais causados por essa prática.
O capítulo XI do Estatuto do Torcedor prevê penalidades à entidade de
prática desportiva, seus dirigentes e para as torcidas organizadas pelo descumprimento da
norma promulgada pelo Presidente da República no ano de 2003, conforme se vê nos
artigos:
Art. 39-A. A torcida organizada que, em evento esportivo, promover
tumulto; praticar ou incitar a violência; ou invadir local restrito aos
competidores, árbitros, fiscais, dirigentes, organizadores ou jornalistas
será impedida, assim como seus associados ou membros, de
comparecer a eventos esportivos pelo prazo de até 3 (três) anos.
(Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
Art. 39-B. A torcida organizada responde civilmente, de forma objetiva e
solidária, pelos danos causados por qualquer dos seus associados ou
membros no local do evento esportivo, em suas imediações ou no trajeto
de ida e volta para o evento. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
[...]
Art. 41-A. Os juizados do torcedor, órgãos da Justiça Ordinária com
competência cível e criminal, poderão ser criados pelos Estados e pelo
Distrito Federal para o processo, o julgamento e a execução das causas
decorrentes das atividades reguladas nesta Lei. (Incluído pela Lei nº
12.299, de 2010).
O capítulo XI-A (dos crimes, incluído pela Lei nº 12.299, de 2010) da mesma
Lei, tipifica alguns crimes que podem ser praticados por torcedores e torcidas organizadas,
cominando suas respectivas penas, sendo algumas dessas práticas identificadas nos
39
boletins de ocorrências registrados pela Polícia Militar em dias de eventos esportivos
utilizados na presente pesquisa como se vê a seguir:
Art. 41-B. Promover tumulto, praticar ou incitar a violência, ou invadir
local restrito aos competidores em eventos esportivos: (Incluído pela Lei
nº 12.299, de 2010).
Pena - reclusão de 1 (um) a 2 (dois) anos e multa. (Incluído pela Lei nº
12.299, de 2010).
o
§ 1 Incorrerá nas mesmas penas o torcedor que: (Incluído pela Lei nº
12.299, de 2010).
I - promover tumulto, praticar ou incitar a violência num raio de 5.000
(cinco mil) metros ao redor do local de realização do evento esportivo, ou
durante o trajeto de ida e volta do local da realização do evento; (Incluído
pela Lei nº 12.299, de 2010).
II - portar, deter ou transportar, no interior do estádio, em suas
imediações ou no seu trajeto, em dia de realização de evento esportivo,
quaisquer instrumentos que possam servir para a prática de
violência. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
o
§ 2 Na sentença penal condenatória, o juiz deverá converter a pena de
reclusão em pena impeditiva de comparecimento às proximidades do
estádio, bem como a qualquer local em que se realize evento esportivo,
pelo prazo de 3 (três) meses a 3 (três) anos, de acordo com a gravidade
da conduta, na hipótese de o agente ser primário, ter bons antecedentes
e não ter sido punido anteriormente pela prática de condutas previstas
neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
o
§ 3 A pena impeditiva de comparecimento às proximidades do estádio,
bem como a qualquer local em que se realize evento esportivo, converterse-á em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento
injustificado da restrição imposta. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
o
o
§ 4 Na conversão de pena prevista no § 2 , a sentença deverá
determinar, ainda, a obrigatoriedade suplementar de o agente
permanecer em estabelecimento indicado pelo juiz, no período
compreendido entre as 2 (duas) horas antecedentes e as 2 (duas) horas
posteriores à realização de partidas de entidade de prática desportiva ou
de competição determinada. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
o
§ 5 Na hipótese de o representante do Ministério Público propor
o
aplicação da pena restritiva de direito prevista no art. 76 da Lei n 9.099,
o
de 26 de setembro de 1995, o juiz aplicará a sanção prevista no § 2 .
(Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
Destaca-se que a previsão criminal do Estatuto do Torcedor abrange a um
raio de cinco mil metros em torno do estádio ou no itinerário de ida e volta ao local do
evento, conforme inciso I do §1º do artigo 41-B, não engloba todas as situações
identificadas como problemas enfrentados pelo poder público na prevenção aos atos de
violência praticados por alguns grupos de torcedores organizados, já que há casos de
registros em bares onde há transmissão dos jogos, outros em bairros residenciais
distantes do local da partida e até na região metropolitana, onde há a reunião de
torcedores que não vão ao estádio.
Diante desse contexto, cabe ao Estado, que detém o poder de polícia
ostensiva e de prevenção criminal, planejar suas ações e operações de maneira a
40
antecipar toda e qualquer possibilidade de prática dos atos de violência por torcidas
organizadas.
A PMMG, como primeiro órgão do Estado a prevenir e confrontar atos
dessa natureza, dispõe de diretrizes que orientam as Unidades de Execução Operacional
na consecução do planejamento conforme se vê na seção de número 5.
41
5 O PLANEJAMENTO OPERACIONAL DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS EM
DIAS DE EVENTOS ESPORTIVOS
O documento oficial da Polícia Militar de Minas Gerais elaborado para
estabelecer orientações do Comando-Geral para o planejamento, execução e controle das
operações de policia ostensiva em praças desportivas, qualquer que seja a modalidade de
esporte nelas praticado é a Instrução nº 04/97-CG, de 31 de março de 1997, Operações de
Polícia Ostensiva em Praças Desportivas (Minas Gerais, 1997).
A Instrução nº 04/97 (Minas Gerais, 1997, p.1) tem por principais objetivos
eliminar as improvisações quando da elaboração do planejamento do policiamento em
eventos esportivos, padronizar a conduta operacional, aumentar a efetividade da atuação
do policiamento, prevenir tumultos, definir modo de atuação no caso da sua eclosão, entre
outros.
Já nos idos do ano de 1997, previa-se no diagnóstico da situação constante
do item 4 da citada Instrução, a preocupação com as torcidas organizadas enquanto
principais protagonistas de atos de violência durante os eventos esportivos em Belo
Horizonte, reconhecendo-se como um dos fatores propiciadores de casos dessa natureza
a falta de antecipação do policiamento ostensivo, conforme a Instrução 04/97 (Minas
Gerais, 1997, p.3).
O item 6 da Instrução nº 04/97-CG (Minas Gerais, 1997, p.5) trata
especificamente das orientações para a conduta operacional, sendo a primeira parte
destinada às providências para aprovação e liberação das praças desportivas, hoje
realizadas pelo Corpo de Bombeiros Militar e pelo Batalhão de Polícia de Eventos.
O segundo item destina-se ao planejamento das operações, sendo
composto de um estudo de situação prévio, onde se reúnem as informações gerais sobre o
evento que vão balizar a atuação do policiamento, além do grau de animosidade entre
torcidas, possibilidade de conflitos, possibilidade de emprego de armas de fogo,
organizações interessadas nos tumultos, entre outros.
Todas essas informações devem alicerçar o planejamento para efeito do
cálculo de efetivo, classificação do jogo, hipóteses variáveis para estimativa de público,
entre outros fatores, conforme a Instrução nº04/97 (Minas Gerais, 1997, p.10).
42
A distribuição do estádio em setores, subsetores, postos de policiamento e
do efetivo é feito conforme a demanda apresentada pelo evento, além da instrução e
emprego do policiamento de acordo com cada serviço a ser executado.
Nota-se que o documento é bem circunstanciado no que diz respeito às
orientações para a conduta operacional durante o evento esportivo dentro do estádio e nas
suas adjacências. Assim, pode-se dizer que tem surtido o efeito desejado, considerandose que não são registrados grandes tumultos ou atos de violência entre torcidas
organizadas nesse ambiente confinado. Tanto que não se tem conhecimento de estudos
de situação que tenham como objeto atos de violência no interior dos estádios.
Por outro lado, a PMMG ainda não dispõe de um documento oficial que
oriente o planejamento, a conduta operacional das Unidades de Execução Operacional e o
controle das operações por toda a cidade de Belo Horizonte, com o objetivo de prevenir os
casos de violência praticados por torcidas organizadas em dias de eventos esportivos de
grande envergadura.
Com o passar dos anos e o recrudescimento da violência no futebol
profissional, essa demanda está sendo apresentada pela sociedade ao poder público, que
clama por melhores serviços de segurança pública e proteção social, devendo ser
apresentada uma solução exequivel e adequada, que poderá ser subsidiada pela presente
pesquisa.
43
6 METODOLOGIA
Nesta seção, apresenta-se uma abordagem geral sobre a ordem imposta a
este estudo para se atingir o objetivo pretendido, ou seja, descreve-se o conjunto de
processos empregados na investigação, conforme salienta Cervo, Bervian e Silva (2007, p.
27), buscando descrever os fenômenos sociais que envolvem o problema, para
posteriormente apresentar propostas no que tange a atuação da Policia Militar diante dos
atos de violência praticados por torcidas organizadas e torcedores, em dias de eventos
esportivos de grande envergadura em Belo Horizonte.
6.1 Delimitação do tema
Para Cervo, Bervian e Silva (2007, p.74), é uma tendência comum aos
pesquisadores a escolha de temas que por sua amplitude não permitem estudos em
profundidade. Assim, torna-se necessário decompor o tema de modo a dar um foco
específico a ser estudado.
Dessa forma, delimitou-se o foco deste estudo no emprego do policiamento
das Unidades de Execução Operacional da 1ª Região de Policia Militar (1ª RPM) e do
Comando de Policiamento Especializado (CPE), diante dos atos de violência praticados
entre torcidas organizadas, em dias de eventos esportivos em Belo Horizonte, no período
de janeiro 2006 a junho de 2010, considerando tratar-se da data inicial de implantação do
sistema de Registro de Eventos de Defesa Social (REDS) informatizado e integrado em
Belo Horizonte, até a data de fechamento do Estádio Governador Magalhães Pinto
(Mineirão) para as reformas necessárias à recepção dos jogos da Copa do Mundo de 2014
que serão realizados no Brasil.
6.2 Tipo de pesquisa
A presente pesquisa caracteriza-se como descritiva, levando-se em conta
que foram metodologicamente registrados os passos seguidos por este pesquisador,
através da observação sobre outros estudos existentes acerca do tema, além da análise
sobre documentos existentes coletados e da pesquisa de campo, que possibilitaram
descrever o objeto de estudo, conforme orienta Cervo, Bervian e Silva (2007, p.61).
44
6.3 Objetivo da pesquisa
Considerando-se ser o objetivo deste estudo avaliar a adequabilidade do
policiamento ostensivo preventivo em relação ao comportamento violento e desregrado
praticado por integrantes de grandes torcidas organizadas de times futebol profissional de
Belo Horizonte, esta pesquisa caracterizou-se como descritiva, pois buscou-se
compreender melhor o fenômeno e sobre ele obter maior percepção, alicerçado nas
poucas teorias existentes, levando-se em conta a indicação relativamente esclarecida e
sistematizada de bibliografia sobre o objeto de estudo, segundo Cervo, Bervian e Silva
(2007, p.75).
6.4 Problema
Os casos de violência no futebol profissional, protagonizados pelas torcidas
organizadas na cidade de Belo Horizonte, que têm causado sentimento de insegurança à
sociedade nos dias de eventos esportivos de grande envergadura, deram origem ao
seguinte problema:
Como os atos de violência praticados por integrantes de torcidas
organizadas de futebol em eventos esportivos em Belo Horizonte devem ser prevenidos
pela PMMG?
Para responder a esse problema de pesquisa buscou-se compreender
melhor o tema através de bibliografia produzida por teóricos do comportamento social,
além da análise de boletins de ocorrências policiais que registraram esses casos, dos
planos operacionais da PMMG do conhecimento de autoridades e atores envolvidos e da
realização do estágio técnico científico internacional.
6.5 Pressupostos de trabalho
Após reunir uma base conceitual e teórica para explicação do objeto de
estudo, considerando haver poucas teorias consolidadas sobre esse tema, optou-se por
nortear o trabalho, construindo-se os seguintes pressupostos de trabalho:
45
- a falta de comunicação entre as forças policiais e demais órgãos do
sistema de defesa social contribui para a impunidade dos agentes da violência entre
torcidas organizadas;
- a estrutura de inteligência de acompanhamento dessa modalidade
delituosa é deficitária, dificultando as ações preventivas;
- a legislação penal é suficiente para promover a repressão aos autores da
violência entre torcidas organizadas;
- a doutrina da PMMG, no que tange à prevenção aos atos de violência
entre torcidas organizadas de futebol em Belo Horizonte, é insuficiente para proporcionar
qualidade na atuação do policiamento ostensivo da 1ª RPM e CPE em toda a cidade.
6.6 Natureza da pesquisa
Segundo Lakatos e Marconi (2007, p.269), o método qualitativo “preocupase em analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do
comportamento humano. Fornece análise mais detalhada sobre as investigações, hábitos,
atitudes, tendências de comportamento, etc.”
Assim sendo, tratou-se de uma pesquisa qualitativa, por adotar e explorar a
análise de conteúdo das informações obtidas, por meio de pesquisa de campo, através da
aplicação de entrevistas junto ao público alvo, do estágio técnico científico internacional,
além da análise de conteúdo de documentos já existentes.
6.7 Método de abordagem
Segundo Cervo, Bervian e Silva (2007, p.29), toda investigação parte de um
problema observado, de modo a se fazer uma seleção da matéria a ser tratada. Tal
seleção requer hipóteses ou pressupostos que vão orientar e delimitar o foco do tema a
ser investigado.
Alicerçado neste ditame,
utilizaram-se,
para a presente pesquisa,
pressupostos de trabalho para posterior emprego das etapas que servem ao método
científico, tais como a observação, descrição e análise dos dados coletados.
46
6.8 Métodos de procedimento
Conforme assevera Cervo, Bervian e Silva (2007, p.30), “o método
concretiza-se como o conjunto das diversas etapas ou passos que devem ser seguidos
para a realização da pesquisa e que configuram as técnicas.” O autor considera que há
basicamente um método idêntico para todas as ciências, que compreende certo número de
procedimentos que podem ser levados a efeito em qualquer tipo de pesquisa, quais sejam:
a observação, a descrição, a comparação, a análise e a síntese.
Para explicar o objeto deste estudo, utilizou-se o método descritivo, à
medida que se procurou observar, registrar, analisar e correlacionar o fenômeno, para se
descobrir com que frequência, sua relação e conexão com outros fatos da mesma
natureza e suas características em dias de eventos esportivos de grande envergadura em
Belo Horizonte, alicerçado em Cervo, Bervian e Silva (2007, p.32).
6.9 Técnicas
a) Documentação indireta
A pesquisa foi delineada a partir de fontes bibliográficas e documentais:
– fontes bibliográficas contendo teorias específicas e afins ao objeto de
estudo;
– fontes documentais contendo planejamentos e ordens de serviços
destinados ao policiamento ostensivo da cidade de Belo Horizonte em dias de eventos
esportivos de grande envergadura;
_ fontes documentais contendo boletins de ocorrências policiais que
registraram os atos de vandalismo e violência entre torcidas organizadas em eventos
esportivos de grande envergadura em Belo Horizonte.
47
b) Documentação direta
- Observação direta intensiva por meio da visitação a autoridades policiais e
unidades de policiamento de futebol em cinco países da Europa, quais sejam: Inglaterra,
França, Alemanha, Itália e Portugal, para se verificar como esses países lidam com a
questão da violência entre torcedores e torcidas organizadas, no que diz respeito a
eventos esportivos de grande envergadura, considerando a similaridade de sentimento que
o futebol exerce nessas sociedades. Esses contatos foram gravados e posteriormente
degravados, sendo utilizados como parâmetro para a presente pesquisa, como meio de
agregar conhecimento sobre outras realidades, e, futura avaliação sobre a possibilidade de
se aproveitar boas práticas internacionais adaptáveis e aplicáveis ao sistema de segurança
pública brasileiro.
– Observação direta intensiva através da realização de entrevistas semiestruturadas, voltadas para as autoridades diretamente envolvidas no comando do
policiamento em eventos esportivos de grande envergadura em toda a Belo Horizonte,
bem como os próprios atores participantes desses eventos, como torcedores integrantes
de torcidas organizadas, além de representantes de órgãos integrantes do sistema de
defesa social, envolvidos diretamente nesses eventos, sendo:

Comandante do Policiamento Especializado da PMMG atual e o
anterior, considerando a experiência adquirida ao longo dos anos;

Comandante da Primeira Região da PMMG atual e o anterior,
considerando a experiência adquirida ao longo dos anos;

Vice-presidente da Torcida Organizada Galoucura;

Vice-presidente da Torcida Organizada Máfia Azul;

Representante do Poder Judiciário;

Representante do Ministério Público;

Representante da SETRA/BH;
48

Delegado da Del Especializada em Eventos da PCMG;

Representante da SEDS.
c) Como foram aplicadas
Segundo Lakatos e Marconi (2007, p.279), há diversos tipos de
entrevistas, que variam de acordo com o objetivo do investigador, dentre os quais a
entrevista padronizada ou estruturada e a despadronizada ou semi-estruturada. A
entrevista semi-estruturada também é conhecida como assistemática, antropológica e livre,
pois permite ao entrevistador desenvolver cada situação em qualquer direção que
considere apropriada à investigação em curso, razão pela qual escolheu-se esse tipo de
entrevista para efeito desta pesquisa.
As entrevistas foram aplicadas pessoalmente pelo pesquisador que
agendou e gravou com todos os atores envolvidos.
6.10 Limitações
A pesquisa apresentou algumas limitações quanto às dificuldades na
consulta a referencial teórico, com a especificidade da realidade brasileira sobre o assunto,
no campo da segurança pública; dados secundários com subregistro de ocorrências típicas
envolvendo torcedores e torcidas organizadas em eventos esportivos, impossibilitando o
conhecimento mais profundo sobre a realidade fática; alem, do pouco tempo disponível
para vivenciar as experiências de outros estados da federação.
49
7 ANÁLISE DA VIOLÊNCIA PRATICADA POR TORCIDAS ORGANIZADAS DE
FUTEBOL EM EVENTOS ESPORTIVOS EM BELO HORIZONTE
Nesta seção, são apresentados e analisados os dados coletados durante a
pesquisa, os quais se correlacionam com a trajetória histórica do futebol tratada na
segunda seção, com a contextualização e fundamentos da violência verificados na
terceira, com os aspectos legais pertinentes ao tema abordados na quarta seção, e, com
cabedal normativo observado na quinta seção, visando a elucidação do problema
apresentado.
Realizou-se breve descrição sobre o surgimento das torcidas organizadas,
da trajetória histórica dos principais clubes de futebol profissional de Belo Horizonte e de
suas respectivas organizadas mais evidentes nos registros de ocorrências policiais em
dias de eventos esportivos de grande envergadura na capital mineira.
Foram apresentadas questões aos entrevistados e as respostas dadas e
considerações pertinentes tiveram seus conteúdos analisados e foram transcritas por
blocos de assuntos correspondentes às perguntas elaboradas no roteiro de entrevistas,
específicos a cada grupo de entrevistados.
A proposta de se ter um roteiro diferente para cada grupo de entrevistados
justifica-se pelo que se pretendeu extrair de cada um deles. O primeiro grupo ou o de
Comandantes e ex-Comandantes da 1ª RPM e CPE, por sua experiência profissional no
tratamento com os casos de confrontos entre torcidas organizadas em Belo Horizonte,
além das demais autoridades integrantes do sistema de defesa social que também atuam
antes, durante e após esses eventos esportivos de grande envergadura em razão das
funções que exercem como representantes do Poder Judiciário, Ministério Público, Polícia
Civil, Secretaria de Estado de Defesa Social, e SETRA/BH, o completaram.
O segundo grupo é formado por integrantes de torcidas organizadas de
futebol em Belo Horizonte, por sua convivência dentro da Galoucura e Máfia Azul,
identificadas como protagonistas dessa violência registrada nos boletins de ocorrências
coletados para este estudo.
50
A proposta de atuação da Polícia Militar mais adequada em dias de eventos
esportivos de grande envergadura em Belo Horizonte guiou-se pelos critérios de análise
das respostas e da análise dos dados tabulados, cuidadosamente agrupados, à medida
que elas identificavam as especificidades da missão atribuídas aos Comandos da 1ª
Região da Polícia Militar e do Policiamento Especializado, sem privilegiar, dessa forma, os
procedimentos metodológicos da análise de conteúdo.
Por fim, como forma de agregar conhecimento sobre outras realidades, no
que diz respeito a atuação das forças de segurança diante dos atos de violência praticados
por torcedores de futebol em eventos esportivos, é apresentado um relato sobre o estágio
técnico científico internacional, realizado em cinco países da Europa, no período de 5 a 22
de setembro de 2011, oportunidade em que investigou-se como esses países lidam
atualmente com a problemática.
7.1 O fenômeno das torcidas organizadas dos clubes de futebol
Em se tratando de um esporte inovador e elitizado, no início do século XX,
os jogos oficiais de campeonatos também eram encarados como eventos sociais. Por essa
razão, os espectadores iam aos campos muito bem trajados, conforme assinala Fernandes
(1996, p.13).
Em fotografias tiradas no ano de 1919, verifica-se um bom número de
torcedores presentes ao campo, estando os homens vestidos de terno e
gravata, usando chapéus, bem como as mulheres, usando seus longos
vestidos, e também chapéus. A presença feminina no meio da torcida
dava um toque de elegância e de graça, àquele esporte, até então,
atrativo para os homens.
Além de se tornar um evento social, os jogos eram realizados aos domingos
e feriados, portanto, adotados também como uma forma de lazer, atraindo cada vez mais
público.
Paixões foram despertadas e com elas as primeiras manifestações de
agressividade, segundo Guimarães (1987, p.25).
Aconteceu, também no campo do Fluminense F. C., num Fla x Flu,
realizado em 22 de outubro de 1916, em jogo válido pelo campeonato
carioca de futebol. Com o placar de 3 x 2, para o Flamengo, o juiz marca
um pênalti contra o Fluminense, que não surtiu efeito porque foi cobrado
para fora. Em seguida, porém, o árbitro assinala outra penalidade
máxima contra o time de Álvaro Chaves. Na cobrança outro desperdício,
desta vez face à excelente defesa praticada por Marcos Mendonça,
grande ídolo tricolor. Todavia, alegando irregularidade no lance, o juiz
51
determinou uma nova cobrança. Foi o bastante para que Coelho Neto, o
grande escritor nacional, inconformado e empunhando a sua bengala,
saltasse o pequeno gradil e conclamasse outros torcedores para que
invadissem o gramado. E sob o sururu e bengaladas, a partida teve que
ser suspensa.
Mais tarde a Federação Carioca anulava o jogo e determinava um novo
encontro, do qual o Flu saiu vencedor, por 3 x 1.
Guimarães (1987, p.29), relata ainda uma briga generalizada entre as
torcidas do Rio Branco Futebol Clube e do Americano Futebol Clube, ocorrida durante um
jogo decisivo do campeonato de Campos em 1932. Segundo o autor, o Rio Branco vencia
o jogo por 2x1 quando dois jogadores adversários entraram em luta corporal dentro do
campo. Esse fato desencadeou a invasão do gramado por ambas as torcidas, que
passaram a se confrontar, contudo, sem o uso de qualquer arma que não fossem os
punhos e os pés.
Com o passar dos anos, os grupos de torcedores foram se aproximando,
reunindo-se até criarem uma identidade de grupo, manifestada pelo uso de uniformes e
desfraldar de bandeiras. Esse movimento ganha força e se espalha pelo país a fora. Cada
clube passa a ter suas respectivas torcidas organizadas, inclusive com divisão de tarefas,
dando uma ideia de fanatismo pelo clube do coração, como enfatiza Guimarães (1987,
p.26).
Bandeiras e torcidas organizadas tornam-se sinônimos. Foi ao final da
década de 60, lembra Luiz Carlos Galdarone, porta-voz corintiano da
Gaviões da Fiel (9251 sócios, uma das maiores do Brasil), que os
torcedores que levavam bandeiras mais valiosas aos estádios
começaram a se aproximar uns dos outros, dando origem aos grandes
grupos atuais. Hoje algumas têm até sofisticações como Comissão de
Visual, da Gaviões, encarregada de aprovar os lay-outs criados por seus
associados.
Além disso, antes de cada partida é feito um planejamento: quem irá
segurar as bandeiras, quais se usarão (há mais de 60 delas, a maior das
quais com 60 m²) e em que lugar do estádio serão desfraldadas.
Especificamente na capital do Estado de Minas Gerais, há três grandes
clubes de futebol: o América Futebol Clube (AFC), o Clube Atlético Mineiro (CAM) e o
Cruzeiro Esporte Clube (CEC), sendo que os dois primeiros já contam com pouco mais de
um século de existência e o terceiro com 90 anos. O primeiro estádio a ser inaugurado foi
o do Atlético em 1929, conhecido como o Estádio de Lourdes, onde eram disputadas as
principais partidas dos clubes mineiros. Em 1950, foi inaugurado o estádio conhecido como
Independência, onde foram disputadas algumas partidas da Copa do Mundo de 1950 no
Brasil, que passa a assumir esse papel por ser mais amplo e moderno. Em 1965 é
inaugurado o Estádio Magalhães Pinto, popularmente conhecido como Mineirão,
52
pertencente ao Estado de Minas Gerais, que passa a ser o principal palco para as partidas
dos três clubes de Belo Horizonte.
É na virada da década de 1960 para 1970, segundo Fernandes (1996, p.27
e 28), que as torcidas dos clubes mineiros passam a se uniformizar e se organizar,
promovendo verdadeiros espetáculos nas arquibancadas do Mineirão. Os três clubes da
capital mineira passam a contar com diversas representações de torcidas organizadas.
Com elas o acirramento dos casos de violência, a ponto de manchar a imagem das
torcidas organizadas, que se veem obrigadas a promover trabalhos sociais na tentativa de
reverter esse quadro.
Muito vem se falando de violência das torcidas organizadas no país e nas
capitais. Todavia, algumas delas chegam a realizar bons trabalhos,
dentro do setor social, como é o caso da Mancha Azul do Cruzeiro
Esporte Clube. Às segundas e quintas-feiras, à tarde, ela reúne sob a
coordenação de alguns de seus membros, alguns meninos de rua, na
Casa de Apoio ao Menor de Rua, a qual é apoiada pela Pastoral do
Menor da Arquidiocese de Belo Horizonte. A casa, que é a sede da
pelada de futebol de salão, como forma de preenchimento do tempo. A
Casa de Apoio funciona à Rua Adalberto Ferraz, número 31-A, bairro
Lagoinha, capital.
Também foi realizado em agosto de 1996 o 1º Encontro Nacional de
Torcidas Organizadas de Futebol Profissional Brasileiro, no ginásio do Mineirinho, em Belo
Horizonte, oportunidade em que se reuniram diversos representantes de torcidas
organizadas do país, além de autoridades das esferas de governo, dirigentes esportivos,
árbitros de futebol, dirigentes da Confederação Brasileira de Futebol, da Federação
Mineira de Futebol, cronistas esportivos, técnicos de futebol e jogadores consagrados
como Pelé, Zico, Piazza, entre outros, com o objetivo de discutir a violência nos estádios
de futebol, de acordo com Fernandes (1996, p.28).
Nota-se pelos relatos de agressividade entre torcidas, que não se trata de
algo novo. Entretanto, percebe-se um recrudescimento do grau de violência com a
evolução do tempo, portanto, as medidas adotadas até aqui com pretensões preventivas
não têm surtido o efeito desejado.
Para Mailhiot (1981, p.26), quando vários indivíduos experimentam as
mesmas emoções do grupo que integram, elas agem como catalisadoras, dando origem a
um comportamento grupal. Integrantes dessa alma coletiva, os indivíduos passam a
pensar e agir de maneira inteiramente diversa da forma com a qual faria isoladamente.
53
Esse comportamento de grupo pode ser conduzido em direções distintas.
Em se tratando especificamente de torcidas organizadas, as tensões, frustrações e perigos
coletivos podem desencadear comportamentos agressivos e punitivos contra minorias ou
grupos rivais, conforme salienta Mailhiot (1981, p.34).
Mas é sobretudo em período de tensão e de perigo coletivo que a maioria
tende a exercer represálias contra as minorias, cedendo à necessidade
de descarregar sobre o bode expiatório as ondas de agressividade,
desencadeadas pelas frustrações e privações que lhe são impostas
durante estes períodos críticos. Por mecanismo de deslocamento sua
agressividade torna-se extrapunitiva com relação às minorias sem
defesa.
Os três grandes clubes de futebol profissional de Belo Horizonte possuem
várias agremiações de torcidas organizadas, que se dedicam a atividades diversas, como
realização de festas arrecadadoras de recursos, estabelecimento de boutiques para
vendas de produtos com a marca das respectivas torcidas, realizam trabalhos sociais,
participam de torneios esportivos de lutas, campanhas arrecadadoras, além da atividade
principal, qual seja, o enaltecimento do clube, razão de sua existência.
As torcidas do Clube Atlético Mineiro e do Cruzeiro Esporte Clube, com
maior número de integrantes são o Grêmio Cultural e Recreativo Torcida Organizada
Galoucura e Torcida Organizada Máfia Azul Cru-Fiel. Por essa razão, este trabalho
dedicou-se a estudar especificamente essas duas torcidas organizadas.
7.1.1 Trajetória histórica do Clube Atlético Mineiro
Uma reunião de um grupo de estudantes no coreto do Parque Municipal da
capital mineira marcou a fundação do Clube Atlético Mineiro (CAM), em 25 de março de
1908, de acordo com Mattos (2009, p.9).
A agremiação desportiva que tem como mascote o “Galo” sempre foi
reconhecida como um time de massas populares, fato que proporcionou seu crescimento,
projetando o nome do Atlético no cenário esportivo nacional e mundial.
A primeira partida oficial do clube foi realizada no dia 21 de março de 1909
contra o Sport Club Futebol. O Atlético venceu a partida, que foi sucedida de outras duas,
como um pedido de revanche por parte do adversário. Ambas também foram vencidas
pelo Atlético, fato que selou a extinção do clube rival.
54
O Atlético foi o primeiro clube mineiro a utilizar bolas de couro no campo de
treinamento, no ano de sua fundação, segundo Mattos (2009, p.10). Também foi a primeira
agremiação a conquistar o primeiro campeonato de futebol oficial em Minas Gerais,
denominado Taça Bueno Brandão, em 1915. Essa competição foi organizada pela Liga
Mineira de Esportes Terrestres, que se converteria na atual Federação Mineira de Futebol.
Pioneiro por natureza, lançou-se como o primeiro clube mineiro a disputar
jogos internacionais em 1929, em jogo contra o Campeão de Portugal Victória de Setúbal,
vencido pelos brasileiros, conforme detalha Mattos (2009, p.11).
O primeiro estádio do clube, situado na Avenida Olegário Maciel, em Belo
Horizonte, foi inaugurado no dia 30 de maio de 1929, levava o nome de Antônio Carlos,
político mineiro de projeção nacional, também era conhecido com Estádio de Lourdes.
Foi o primeiro clube a conquistar uma competição interestadual de futebol
profissional realizada no país, sagrando-se Campeão dos Campeões do Brasil, em janeiro
de 1937. Esse torneio foi organizado pela Federação Brasileira de Futebol, agrupando as
equipes campeãs dos quatro Estados da região Sudeste do país.
Em 1950, o clube lançou-se em uma excursão à Europa, onde disputaria
dez partidas de futebol contra os principais clubes de futebol do Velho Continente. Venceu
seis partidas, empatou duas e perdeu apenas duas. A considerável performance em
campos de futebol com temperaturas abaixo de zero graus Celsius lhe renderam o título
simbólico de Campeão do Gelo, salienta Mattos (2009, p.15).
Outro fato que marcou a história do futebol brasileiro e que envolvia o
Atlético foi a realização de uma partida contra a seleção brasileira de futebol, que se
preparava para disputar a Copa do Mundo do México, em 1969. O clube mineiro venceu a
partida por 2 a 1, que contou com a presença de Pelé, que marcou o gol pelo selecionado
brasileiro, de acordo com Mattos (2009, p.12).
Também foi o primeiro clube a vencer o Campeonato Brasileiro de Futebol,
em 1971, nos moldes do que ocorre hoje, organizado pela Confederação Brasileira de
Futebol (CBF), ressalta Mattos (2009, p.17).
55
7.1.2 A trajetória histórica do Cruzeiro Esporte Clube
Conforme destaca Mattos (2008, p.9), o clube nasceu da vontade de
desportistas da colônia italiana em Belo Horizonte. Esses jovens aproveitaram a presença
do cônsul da Itália na capital mineira e levaram a ideia adiante, fundando a agremiação de
futebol em 2 de janeiro de 1921, oficialmente com o nome de Societá Sportiva Palestra
Itália.
Inicialmente o uniforme do time levava as cores da bandeira italiana. A
primeira partida disputada ocorreu no dia 3 de abril de 1921 no estádio do Prado Mineiro.
Modificações do estatuto do clube no ano de 1925 permitiram que atletas de
outras nacionalidades pudessem participar do elenco, alterando o nome original para
Sociedade Sportiva Palestra Itália.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Itália posicionou-se alinhado à
Alemanha, portanto, inimigo do Brasil, que compôs a aliança com países do ocidente,
inclusive enviando tropas da Força Expedicionária Brasileira (FEB) à Itália. Por decreto-lei,
o governo brasileiro proibiu o uso de termos e denominações que se referissem às nações
inimigas em 30 de janeiro de 1942. Nessa data, a agremiação passou a se denominar
Palestra Mineiro, de acordo com Mattos (2008, p.10).
Em 29 de setembro de 1942, com a pretensão de demonstrar que se tratava
de uma organização totalmente brasileira, a diretoria do clube alterou o nome para
Ypiranga, que durou não mais que alguns dias.
Mattos (2008, p.11), enfatiza que no dia 7 de outubro de 1942, em
homenagem ao maior símbolo do Brasil, a constelação do Cruzeiro do Sul, que centraliza
a bandeira nacional brasileira, dirigentes e sócios do clube aprovaram a alteração do nome
da agremiação para Cruzeiro Esporte Clube, que permanece até os dias atuais.
Foi o único clube de futebol brasileiro a conquistar as três competições das
quais participou no ano de 2003, quais sejam: Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e
Campeonato Brasileiro, sendo a ele atribuído o título de Tríplice Coroa, segundo Mattos
(2008, p.88).
56
7.1.3 O Grêmio Cultural e Recreativo Torcida Organizada Galoucura
Segundo o sítio2 postado na internet, o nome da agremiação foi inspirado no
sentimento de seus torcedores pelo clube: loucura pelo Galo, Galoucura. De uma reunião
do grupo de fundadores da torcida surgiu a ideia de formá-la. Como não dispunham de
recursos financeiros para aquisição de bandeiras, faixas e camisas, foi proposto que
promovessem uma festa para arrecadar os fundos necessários.
Posta a ideia em prática, a festa contou com mais de mil pagantes, que
coroou de êxito as pretensões do grupo. Assim, estava fundada a torcida organizada no
dia 11 de novembro de 1984.
A torcida estreou sua participação nos jogos do Atlético em um jogo contra
o seu maior rival, o Cruzeiro. Naquela data, demonstrou ter fôlego para se constituir em
uma agremiação com maior número de componentes e realizar mais eventos do que as
demais promoviam à época, em torno do clube.
Daí para frente, a torcida se tornou o carro chefe do clube nas
arquibancadas em termos de representação numérica do lado atleticano, mesmo quando
se tratava de acompanhar o clube em jogos pelo Brasil a fora.
Conforme se constata no sítio, a agremiação conta com uma sede social no
centro de Belo Horizonte e mais sete sub-sedes espalhadas pelas regiões do Barreiro,
Leste, Nordeste, Noroeste, Sul, Norte e Oeste da capital mineira, além de outras 23 subsedes em cidades do interior do Estado de Minas Gerais, uma no Rio de Janeiro e outra
nos Estados Unidos da América.
Em visita ao sítio, percebe-se que a agremiação desenvolve uma série de
atividades, entretanto, chama atenção os grafites do símbolo da torcida e do mascote do
clube apresentarem uma figura de musculatura bastante avantajada e definida. Além
disso, conta com uma equipe de Jiu-Jitsu que participa de competições, inclusive de luta
livre ou vale tudo, denominado MMA.
2
Grêmio Cultural e Recreativo Torcida Organizada Galoucura. História. Belo Horizonte, 2011.
Disponível em http://www.torcidagaloucura.com.br.
57
7.1.4 A Torcida Organizada “Máfia Azul Cru-Fiel Floresta”
Conta o sítio oficial da agremiação3 postado na internet que no ano de 1976
os irmãos Henri e Éder Toscanini, ainda adolescentes, inspirados nas Torcidas
Organizadas Cru-Choop e Raposões Independentes, pretenderam constituir uma torcida
que representasse o bairro Floresta nos jogos do clube no Mineirão.
Os dois jovens convidaram outros amigos do bairro onde moraram e
frequentavam as discotecas locais e teriam pintado a primeira bandeira usando um lençol
de cama com os seguintes dizeres: “MAFIA AZUL”. Outros jovens se associaram ao grupo
e fundaram a agremiação em 5 de junho de 1977.
Com o passar dos anos, a representação foi crescendo até a morte do
presidente da torcida em 1983, vulgarmente conhecido por “Torrão”, quando as atividades
foram paralisadas por alguns meses.
Novas lideranças surgiram no grupo que promoveram o seu crescimento em
número de torcedores associados, sobretudo nos anos 1990, após as conquistas de títulos
do Cruzeiro.
Segundo o sítio, é a sexta maior torcida do país e a maior fora do eixo RioSão Paulo, com cerca de 80000 associados em todo o Brasil. Possui, hoje, 128 filiais em
Minas Gerais, 12 filiais em outros estados e 8 filiais no exterior.
Em visitação à página da internet, tal como no caso da Galoucura, percebese a figura do mascote do Cruzeiro, a raposa, com corpo avantajado e com musculatura
excessivamente definida, contudo, não foi notada a presença de uma equipe de lutadores
de qualquer arte marcial, embora haja a prática de esportes de luta por integrantes da
torcida organizada.
3
Torcida Organizada Máfia Azul Cru-Fiel Floresta. História. Belo Horizonte, 2011. Disponível em:
<http://www.mafiaazul.com.br/> Acesso em 20jul2011.
58
7.2 Apresentação dos dados de ocorrências policiais em eventos esportivos em Belo
Horizonte
Para efeito desta pesquisa, delimitou-se período de janeiro de 2006 a junho
de 2010, para coleta dos boletins de ocorrências policiais registrados em Belo Horizonte,
por tratar-se da data de implantação do Registro de Eventos de Defesa Social (REDS) até
o fechamento do Estádio Governador Magalhães Pinto, popularmente conhecido por
Mineirão, quando se encerraram os jogos para as reformas e adequações exigidas pela
Fédération Internationale de Football Association (FIFA) para recepcionar jogos da Copa
do Mundo no Brasil, em 2014.
O sistema REDS é informatizado e integrado de registro de boletins de
ocorrências policiais tanto da Polícia Militar quanto da Polícia Civil, via internet, disponíveis
no Armazém de Dados, gerenciado pelo Centro Integrado de Informações de Defesa
Social (CINDS), órgão pertencente ao Sistema Integrado de Defesa Social (SIDS) e ligado
à Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais.
Foram considerados eventos esportivos de grande envergadura em Belo
Horizonte, para efeito desta pesquisa, os jogos entre os clubes de futebol profissional
Atlético e Cruzeiro, por atraírem maior quantidade de público e atenção dos torcedores
organizados na capital mineira, registrando maior número de casos de violência entre
torcidas organizadas.
Cabe destacar que os jogos entre Atlético e Cruzeiro não são os únicos
eventos esportivos de grande envergadura realizados no Mineirão. Há também os jogos
pelo Campeonato Brasileiro de Futebol, Copa Libertadores da América, Copa do Brasil e
Copa Sulamericana de Futebol, em que os principais times mineiros enfrentaram e
enfrentam grandes clubes brasileiros de outros Estados como Flamengo, Vasco da Gama,
Fluminense, Botafogo, Corinthians, Palmeiras, Santos, São Paulo, Internacional, Grêmio,
Clube Atlético Paranaense, Coritiba, além de outros grandes clubes da América do Sul,
como River Plate, Boca Juniors, Estudiantes, Colo Colo, Peñarol, em que torcidas rivais se
deslocam para Belo Horizonte para torcer por seus respectivos clubes, sendo necessário o
estabelecimento de esquema especial pelas forças de segurança para preservação da
ordem pública.
59
Além desses, há também jogos amistosos e válidos por eliminatórias de
Copa do Mundo e Copa América realizados pela Seleção Brasileira de Futebol no Mineirão
em algumas oportunidades. Exemplos mais recentes foram os jogos entre a Seleção
Brasileira e a Seleção da Argentina, em 2 de junho de 2004 e outro em 18 de junho de
2008, em que houve grande público presente, com pequena representação da torcida
argentina, não sendo registrados casos de violência dispersos pela cidade, relativos ao
comportamento de torcidas organizadas ou torcedores.
Assim, buscaram-se nos sítios oficiais da Confederação Brasileira de
Futebol (CBF) e da Federação Mineira de Futebol (FMF), órgãos gestores oficiais do
esporte no Brasil e em Minas Gerais, respectivamente, postados na internet, para se
identificar as datas e horários de todas as partidas realizadas entre esses dois clubes pelo
Campeonato Brasileiro de Futebol e Campeonato Mineiro de Futebol dos anos de 2006 a
2010, realizadas no Mineirão, conforme se vê nas tabelas abaixo.
Tabela 1: Jogos entre Atlético e Cruzeiro pelos Campeonatos Mineiro e
Brasileiro de Futebol no Mineirão – Belo Horizonte - 2006/2010.
Data
Hora
Mandante
05/02/2006
16:00
Atlético
19/03/2006
16:00
Atlético
26/03/2006
16:00
Cruzeiro
10/02/2007
16:00
Cruzeiro
29/04/2007
16:00
Atlético
06/05/2007
16:00
Cruzeiro
24/06/2007
16:00
Cruzeiro
16/09/2007
16:00
Atlético
09/03/2008
16:00
Atlético
27/04/2008
16:00
Atlético
04/05/2008
16:00
Cruzeiro
13/07/2008
16:00
Cruzeiro
19/10/2008
16:00
Atlético
15/02/2009
16:00
Cruzeiro
26/04/2009
16:00
Cruzeiro
03/05/2009
16:00
Atlético
12/07/2009
16:00
Cruzeiro
12/10/2009
16:00
Atlético
20/02/2010
17:00
Atlético
Fonte: FEDERAÇÃO MINEIRA DE FUTEBOL. Campeonatos. Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <http://www.fmfnet.com.br>. Acesso em 16 de Julho de 2011,
às 15 horas.
Nota: Não houve confrontos entre os dois clubes no ano de 2006 pelo Campeonato
Brasileiro, pelo fato de estarem em divisões diferentes. Em 2010 os clubes
não se enfrentaram no Estádio do Mineirão pelo fato de tal local estar em
reforma.
60
De posse dessas datas, foi possível extrair do sistema REDS todos os
boletins de ocorrências policiais registrados em Belo Horizonte, que se relacionavam com
a violência entre torcidas organizadas e torcedores dos dois clubes de futebol ao longo do
dia.
Foram identificados cinco tipos de delitos4 descritos como agressão/vias de
fato, dano, homicídio, lesão corporal e rixa, em que foram constatados por filtro nos
relatórios dos REDS o envolvimento de torcedores ou torcidas organizadas, como se vê na
tabela 2.
Tabela 2 : Ocorrências típicas de torcidas organizadas em jogos Atlético e
Cruzeiro – Belo Horizonte – 2006/2010
Natureza
Tent/cons
Abs
Percent %
Homicídio
Consumado
1
0,7
Homicídio
Tentado
4
2,8
Lesão corporal
Consumado
25
17,6
Rixa
Consumado
12
8,5
Vias de fato / agressão
Consumado
5
3,5
Dano
Consumado
95
66,9
Total
142
100,0
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Para formatação dos gráficos subseqüentes, extraiu-se do armazém de
dados do SIDS todas as ocorrências de homicídio, lesão corporal, rixa, vias de
fato/agressão e dano registradas em Belo Horizonte, entre janeiro de 2006 e junho 2010,
na semana dos jogos entre os clubes de futebol Atlético e Cruzeiro.
Dada a necessidade de comparação e comprovação de que o evento
esportivo de grande envergadura impacta ou não na criminalidade relativa a esses delitos
na cidade de Belo Horizonte, buscaram-se os mesmos dados na semana anterior e na
semana posterior ao clássico, sendo inseridos no mesmo gráfico. Assim a linha azul de
cada gráfico refere-se aos delitos na semana anterior, a linha vermelha corresponde à
semana do jogo e a linha verde diz respeito aos delitos na semana posterior ao jogo.
Esse procedimento também foi adotado para extração dos mesmos tipos
penais em período idêntico, verificados na tabela 2 desta seção, contudo, foi aplicado um
4
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, Código Penal Brasileiro e Decreto-Lei nº 3.688,
de 3 de outubro de 1941, Lei das Contravenções Penais.
61
filtro em que somente as ocorrências cujos relatórios constavam de fato o envolvimento de
torcidas organizadas e torcedores como autores dos respectivos delitos. A essas
ocorrências foi atribuída a denominação de ocorrências típicas de torcidas e/ou
torcedores.
Assim, conforme se verifica no gráfico 1 há uma tendência de elevação
desses delitos aos sábados e domingos nas três semanas consideradas. Apesar disso,
percebe-se que o maior número se dá no dia do evento esportivo, considerando todo o
período de três semanas. Verifica-se que as ocorrências típicas envolvendo torcidas
organizadas e/ torcedores só aparecem no dia do jogo, comprovando-se o impacto do
jogo na criminalidade específica dos delitos analisados, nesse período. Há também que se
ressaltar que no domingo anterior, dia 29 de janeiro de 2006, houve jogo no Mineirão entre
Cruzeiro e Ipatinga, cuja previsão de público foi de 30000 pessoas e no posterior, 12 de
março de2006, Cruzeiro e América. Portanto, os picos de registros desses delitos também
podem estar relacionados a esses eventos.
Gráfico 1 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro - Belo Horizonte 29 jan 2006 a 18 fev 2006.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 5 de fevereiro de 2006, domingo.
62
O gráfico 2 também apresenta o pico de delitos dessas naturezas no dia do
evento, quando se considera a semana do jogo, comprovando-se o impacto na
criminalidade da cidade. Quando tomadas as 3 semanas de análise, verifica-se a maior
incidência no domingo da semana posterior, entretanto, trata-se do dia 26 de março de
2006, data do segundo jogo da final do Campeonato Mineiro de 2006 entre Atlético e
Cruzeiro, relativo aos gráficos 4 e 5. Dessa forma, torna-se possível confirmar o impacto
do evento de grande envergadura na cidade de Belo Horizonte. Quando se busca a tabela
de veículos coletivos depredados, constante do Anexo B, fornecido pela SETRABH,
verifica-se que foi a data com o segundo maior número de veículos depredados em 2006,
perdendo apenas para o dia do jogo entre Atlético e América do Rio Grande do Norte, na
final do Campeonato Brasileiro 2006, série B.
Gráfico 2 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro - Belo Horizonte 12 mar 2006 a 1 abril 2006.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 19 de março de 2006, domingo.
O gráfico 3 ratifica as considerações feitas acima, confirmando que os
eventos esportivos dos dias 19 de março de 2006 e 26 de março de 2006, entre Atlético e
Cruzeiro, representam elevação da prática de delitos das naturezas especificadas, nesse
caso envolvendo torcidas organizadas e torcedores dos dois times de futebol profissional
em Belo Horizonte.
63
Gráfico 3 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro, envolvendo
torcidas organizadas - Belo Horizonte – 12 mar 2006 a 1 abr
2006.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 19 de março de 2006, domingo.
O gráfico 4 destaca o maior número de registros dos delitos das três
semanas exatamente no dia da Final do Campeonato Mineiro, apontando para a
constatação do impacto do evento na cidade. Percebe-se também o sábado anterior ao
jogo, 25 de março de 2006, também há um pico de delitos, podendo tratar-se de um
reflexo do evento, em que pese não se tratar do objeto dessa pesquisa.
Também o Gráfico 5 destaca as duas datas referentes às finais do
Campeonato Mineiro de 2006, entre Atlético e Cruzeiro, como sendo as de maior registro
de delitos, envolvendo torcidas organizadas e/ torcedores dos dois clubes profissionais de
Belo Horizonte.
64
Gráfico 4 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro - Belo Horizonte
– 19 mar 2006 a 08 abr 2006.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 26 de março de 2006, domingo.
Gráfico 5 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro, envolvendo
torcidas organizadas - Belo Horizonte – 19 mar 2006 a 8 abr
2006.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 26 de março de 2006, domingo.
65
O gráfico 6 apresenta um histórico de três semanas em que o sábado e
domingo destacam-se pelo número de registros de delitos das naturezas consideradas
para essa pesquisa, com destaque para os três domingos consecutivos. Os três sábados
também apresentam a mesma rotina, não se comprovando aqui o impacto do jogo do dia
10 de fevereiro de 2007 na criminalidade da cidade. Há que se considerar que tratou-se do
primeiro clássico do Campeonato Mineiro de 2007.
Ao se comparar com a tabela de veículos depredados produzida pela
SETRABH constante do Anexo B, verifica-se um reduzido número de danos causados por
torcedores ao veículos de transporte coletivo nessa data, podendo-se considerar um jogo
de pouco interesse do público alvo desta pesquisa.
Gráfico 6 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro - Belo Horizonte – 28
jan 2007 a 17 fev 2007.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 10 de fevereiro de 2007, sábado.
O gráfico 7 confirma a tendência de elevação dos delitos específicos
praticados por torcidas organizadas ou torcedores nos dias de jogos entre Atlético e
Cruzeiro, destacando-se a data do evento dentre as três semanas consideradas.
66
Gráfico 7 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro, envolvendo
torcidas organizadas - Belo Horizonte – 28 jan 2007 a 17 fev
2007.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 10 de fevereiro de 2007, sábado.
O gráfico 8 volta apresentar destaque para o maior número de registros de
delitos estabelecidos para esta pesquisa no dia do evento esportivo de grande
envergadura, 29 de abril de 2007, coincidindo com os registros do domingo subsequente.
Tal como foi verificado nos gráficos 2 e 4, trata-se das duas datas de jogos entre os dois
clubes relativas às finais do Campeonato Mineiro de 2007.
Confirma-se assim o impacto do evento esportivo de grande envergadura
na criminalidade da cidade de Belo Horizonte. Para confrontar a tendência, verifica-se que
há um crescimento do número de veiculos de transporte coletivo danificados nessas datas,
ao se observar a tabela de veículos depredados de 2007, constante do Anexo “B”.
O gráfico 9 também registra maior alta de delitos de naturezas específicas
em que há envolvimento de torcedores e/ou torcidas organizadas como agentes no dia do
evento esportivo, ratificando a tendência.
67
Gráfico 8 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro - Belo Horizonte –
22 abr 2007 a 06 mai 2007.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 29 de abril de 2007, domingo.
Gráfico 9 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro, envolvendo
torcidas organizadas - Belo Horizonte – 22 abr 2007 a 06 mai
2007.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 29 de abril de 2007, domingo.
68
O gráfico 10 é relativo ao 2º jogo das finais do Campeonato Mineiro de
2007, portanto, apresenta a data do evento como o dia de maior registro de delitos cujas
naturezas foram selecionadas para esta pesquisa. O domingo da semana anterior também
apresenta um dado semelhante e diz respeito à data do 1º jogo das finais, conforme
constatado no Gráfico 8, confirmando-se a tendência de impacto do evento na
criminalidade da cidade.
Gráfico 10 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro - Belo Horizonte –
29 abr 2007 a 19 mai 2007.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 6 de maio de 2007, domingo.
O gráfico 11 recebe as mesmas considerações do gráfico 10. Entretanto,
trata-se especificamente dos delitos cujos relatórios referem-se ao envolvimento de
torcedores e/ou torcidas organizadas de futebol como autores nessas ocorrências, fato que
ratifica a existência do impacto desse evento na criminalidade da cidade de Belo
Horizonte.
69
Gráfico 11 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro, envolvendo
torcidas organizadas - Belo Horizonte – 29 abr 2007 a 19 mai
2007.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 6 de maio de 2007, domingo.
O gráfico 12 também apresenta como pico do número de registros de
delitos das cinco naturezas selecionadas a data do evento esportivo. O domingo anterior
também registra dado semelhante, contudo, ao se verificar a tabela de jogos do
Campeonato Brasileiro, constata-se que o dia 17 de junho de 2007 realizou-se no Mineirão
o jogo entre Atlético e Figueirense. Quando se analisa o gráfico 13, confirma-se o maior
número de registros desses delitos envolvendo torcedores e torcidas organizadas nos dias
de jogos.
70
Gráfico 12 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro - Belo Horizonte –
17 jun 2007 a 7 jul 2007.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 24 de junho de 2007, domingo.
Gráfico 13 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro, envolvendo
torcidas organizadas - Belo Horizonte – 17 jun 2007 a 7 jul 2007.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 24 de junho de 2007, domingo.
Os gráficos 14 mais uma vez confirmam a tendência de impacto do evento
esportivo de grande envergadura na criminalidade da Capital Mineira. Tanto os registros
71
dos cinco delitos selecionados de maneira geral, quanto os específicos praticados por
torcedores organizados apresentam maior número no dia jogo.
Gráfico 14 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro - Belo Horizonte –
9 set 2007 a 29 set 2007.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 16 de setembro de 2007, domingo.
O gráfico 15 apresenta uma tendência de pico dos cinco delitos
selecionados para esta pesquisa aos domingos das três semanas, com destaque maior
para o dia do jogo entre Atlético e Cruzeiro. Cabe destacar que também houve um jogo
entre Atlético e Ituiutaba, no dia 2 de março de 2008, ou seja, o domingo anterior ao
evento esportivo de grande envergadura, data que apresenta o segundo maior número de
registros desses delitos, dado verificado na tabela de jogos do Campeonato Mineiro 2008.
Ao se buscar registros de veículos coletivos danificados (Anexo B), constata-se que a data
do jogo registrou o maior número de depredações do ano de 2008, totalizando 71 veículos.
O gráfico 16 confirma o padrão e apresenta o maior número de delitos
registrados, praticados por torcedores e/ou integrantes de torcidas organizadas no dia do
evento esportivo de grande envergadura. Há também que se considerar que o número de
veículos depredados no dia do jogo é incoerente com o número de registros de
ocorrências específicas envolvendo integrantes de torcidas e/ou torcedores, o que aponta
para um considerável número de subregistros desses fatos, impedindoe que as forças
policiais conheçam o problema em toda a sua plenitude.
72
Gráfico 15 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro - Belo Horizonte –
2 mar 2008 a 22 mar 2008.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 9 de março de 2008, domingo.
Gráfico 16 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro, envolvendo
torcidas organizadas - Belo Horizonte – 2 mar 2008 a 22 mar
2008.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 9 de março de 2008, domingo.
O gráfico 17 corresponde ao primeiro jogo da final do Campeonato Mineiro
de 2008. Mais uma vez apresenta o dia do evento esportivo como o de maior registro de
delitos selecionados para esta pesquisa, seguido pelo domingo anterior. Após verificar a
73
tabela de jogos do torneio, constata-se a realização de um jogo entre Cruzeiro e Ituiutaba
pelas semi-finais da mesma competição.
Em que pese haver a tendência de recrudescimento desses delitos aos
sábados e domingos, conforme se vê no histórico dos gráficos anteriores, em regra, nos
dias dos eventos entre Atlético e Cruzeiro observa-se o pico desses, demonstrando o
impacto do jogo na criminalidade local, ou mesmo quando há outro evento esportivo no
Mineirão entre um dos dois grandes clubes e outras equipes, em jogos de maior interesse
para tais clubes, como é o caso de uma semi-final do campeonato.
Na data desse jogo, registrou-se o terceiro maior número de veículos
depredados no ano de 2008 em Belo Horizonte, segundo tabela da SETRABH constante
do Anexo B.
O gráfico 18 confirma o pico de ocorrências registradas envolvendo
torcedores e/ou torcidas organizadas nas ocorrências típicas no dia do evento.
Gráfico 17 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro - Belo Horizonte –
20 abr 2008 a 10 mai 2008.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 27 de abril de 2008, domingo.
74
Gráfico 18 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro, envolvendo
torcidas organizadas - Belo Horizonte – 20 abr 2008 a 10 mai
2008.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 27 de abril de 2008, domingo.
O gráfico 19 representa os delitos registrados no segundo jogo da final do
Campeonato Mineiro de 2008 entre os clubes de futebol objeto desta pesquisa. Na
semana do evento, o dia do jogo representou o maior número de registros. Perde em
número de registros para o domingo anterior, cujo dia realizou-se o primeiro jogo entre
esses mesmos clubes. Perde também para os delitos registrados no domingo posterior,
data em que realizou-se a partida entre Atlético e Fluminense/RJ pelo Campeonato
Brasileiro, conforme tabela de jogos desse torneiro.
O gráfico 20 confirma o impacto dos eventos esportivos de grande
envergadura na criminalidade do município de Belo Horizonte. Entretanto, o jogo entre
Atlético e Fluminense, realizado no domingo posterior, não registrou ocorrências típicas de
torcidas ou torcedores, apesar dos registros de ocorrências não típicas verificadas no
gráfico 19 terem sido superiores ao dia do segundo jogo da final do campeonato entre
Atlético e Cruzeiro.
75
Gráfico 19 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro - Belo Horizonte –
27 abr 2008 a 17 mai 2008.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 4 de maio de 2008, domingo.
Gráfico 20 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro, envolvendo
torcidas organizadas - Belo Horizonte – de 27 abr 2008 a 17 mai
2008.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 4 de maio de 2008, domingo.
76
O gráfico 21 apresenta o dia do evento esportivo como o de maior registro
de delitos selecionados para esta pesquisa, tanto na semana do jogo quanto na semana
anterior. Já o sábado e domingo da semana posterior ultrapassam o dia da partida em
número de registros selecionados. Embora tenham sido realizadas partidas de futebol no
Mineirão em todas essas datas, não se confirmou o impacto do jogo específico na
criminalidade da cidade, no período considerado.
Gráfico 21 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro - Belo Horizonte –
6 jul 2008 a 26 jul 2008.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 13 de julho de 2008, domingo.
Já o gráfico 22 apresenta o pico de registros de eventos típicos envolvendo
torcidas organizadas e/ou torcedores no dia da partida confirmando-se o crescimento de
ocorrências dessa natureza nas três semanas em questão.
Há que se destacar que pela tabela do Campeonato Brasileiro de 2008,
realizou-se a partida entre Atlético e Palmeiras no domingo anterior, 6 de julho de 2008 e
outra entre Atlético e Flamengo na quarta feira anterior, 9 de julho de 2008, podendo ser
observados o registro de delitos típicos nessas datas, porém, em menor número.
Outrossim, nota-se que os registros dessas ocorrências cujos jogos são realizados às
quartas-feiras à noite, refletem nas quintas-feiras.
77
Gráfico 22 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro, envolvendo
torcidas organizadas - Belo Horizonte – 6 jul 2008 a 26 jul 2008.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 13 de julho de 2008, domingo.
O gráfico 23 apresenta o dia do evento esportivo como o de maior registro
de delitos selecionados para esta pesquisa na semana da partida. Entretanto, os finais das
semanas anterior e posterior ultrapassam esses registros, não se confirmando o impacto
do jogo na criminalidade da Capital Mineira. Entretanto, ao se verificar o Anexo B a este
trabalho, constata-se que a data representou o segundo maior número de veículos
depredados no ano de 2008, totalizando 68 coletivos danificados, segundo tabela
fornecida pela SETRABH, perdendo apenas para o jogo entre Atlético e Cruzeiro do dia 9
de março de 2008, conforme gráficos 15 e 16. Dessa forma, há que se levar em conta o
grande número de sub-registros desses delitos, já que o Gráfico 24 apresenta um total de
13 delitos típicos de torcidas e/ou torcedores na data do evento.
O gráfico 24 confirma o dia do evento como o de maior registro de delitos
envolvendo torcidas ou torcedores de clubes de futebol nas três semanas consideradas
para esta pesquisa.
78
Gráfico 23 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro - Belo Horizonte –
12 out 2008 a 01 nov 2008.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 19 de outubro de 2008, domingo.
Gráfico 24 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro, envolvendo
torcidas organizadas - Belo Horizonte – 12 out 2008 a 1 nov
2008.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 19 de outubro de 2008, domingo.
O gráfico 25 apresenta em destaque a data do primeiro jogo entre Atlético e
Cruzeiro pelo Campeonato Mineiro de 2009, registrando-se o maior número de delitos
selecionados para esta pesquisa nas três semanas consideradas. Confirma-se assim o
79
impacto do evento na criminalidade da cidade. Foi também a data em que se registrou o
segundo maior número de coletivos depredados em 2009, segundo dados fornecidos pela
SETRABH, constante do Anexo B.
Gráfico 25 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro - Belo Horizonte –
8 fev 2009 a 28 fev 2009.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 15 de fevereiro de 2009, domingo.
O gráfico 26 apresenta em destaque a data do primeiro jogo entre Atlético e
Cruzeiro pelas finais do Campeonato Mineiro de 2009, registrando-se o maior número de
delitos selecionados para esta pesquisa nas três semanas consideradas. Confirma-se
assim o impacto do evento na criminalidade da cidade. Foi também a data em que se
registrou o terceiro maior número de coletivos depredados em 2009, segundo dados
fornecidos pela SETRABH, constante do Anexo B.
O gráfico 27 confirma a análise do gráfico anterior, observando-se o pico de
delitos registrados envolvendo torcidas e/ou torcedores dos clubes de futebol na data do
evento esportivo de grande envergadura. Nota-se que o domingo posterior também
registra elevado número de delitos, referente ao segundo jogo das finais do Campeonato
Mineiro de 2009.
80
Gráfico 26 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro - Belo Horizonte – 19 abr 2009
a 9 mai 2009.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 26 de abril de 2009, domingo.
Gráfico 27 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro, envolvendo
torcidas organizadas - Belo Horizonte – 19 abr 2009 a 09 mai
2009.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 26 de abril de 2009, domingo.
81
O gráfico 28 apresenta em destaque a data do segundo jogo entre Atlético e
Cruzeiro pelas finais do Campeonato Mineiro de 2009, registrando-se número inferior de
delitos selecionados para esta pesquisa na semana do evento, não se confirmando o
impacto do jogo na criminalidade da Capital Mineira para este período especifico. O pico
de registros ocorreu no domingo anterior, data do primeiro jogo das finais, conforme se vê
no gráfico 26. No domingo posterior realizou-se o jogo entre Atlético e Internacional pelo
Campeonato Brasileiro de Futebol 2009, que pode justificar o segundo maior número de
registros de ocorrências dessa natureza nas três semanas consideradas.
O gráfico 29 confirma a análise do gráfico anterior, apontando as datas dos
dois jogos pelas finais do Campeonato Mineiro 2009 como as de maior registro de
ocorrências envolvendo torcidas e/ou torcedores dos clubes de futebol em eventos
esportivos de grande envergadura em Belo Horizonte, nas três semanas consideradas.
Gráfico 28 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro - Belo Horizonte –
26 abr 2009 a 16 mai 2009.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 3 de maio de 2009, domingo.
82
Gráfico 29 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro, envolvendo
torcidas organizadas - Belo Horizonte – 26 abr 2009 a 16 mai
2009.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 3 de maio de 2009, domingo.
O gráfico 30 apresenta três linhas semelhantes à semana em que ocorreu o
jogo entre Atlético e Cruzeiro. O dia do jogo apresentou a maior quantidade de registro de
delitos, selecionados para esta pesquisa, na semana do evento. Nota-se que há uma
elevação dessas ocorrências na quinta-feira, 16 de julho de 2009. No dia anterior, realizouse o jogo entre Cruzeiro e Estudiantes/Ar, pela Copa Libertadores da América, em que
houve grande público presente. Também no domingo anterior realizou-se a partida entre
Atlético e Botafogo/RJ pelo Campeonato Brasileiro e, no domingo posterior, a partida entre
Cruzeiro e Corinthians/SP. Todos esses eventos estão previstos na tabela de jogos do
Campeonato Brasileiro 2009.
Quando se confrontam esses dados com a tabela de veículos depredados
constante do Anexo B, verifica-se que os quatro eventos esportivos mencionados
apresentaram elevado público presente e número de coletivos danificados. Dessa forma é
possível inferir que os picos de ocorrências previstas no gráfico relacionam-se com os
eventos esportivos e por conseqüência, impactaram na criminalidade da cidade, no que diz
respeito aos delitos selecionados.
Já o gráfico 31 aponta o dia do jogo entre Atlético e Cruzeiro como o de
maior registro de ocorrências típicas envolvendo torcidas e/ou torcedores em eventos
83
esportivos de grande envergadura. Note-se que os jogos mencionados no parágrafo
anterior também são perceptíveis nesse gráfico, embora em menor número.
Gráfico 30 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro - Belo Horizonte –
5 jul 2009 a 25 jul 2009.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 12 de julho de 2009, domingo.
Gráfico 31 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro, envolvendo
torcidas organizadas - Belo Horizonte – 5 jul 2009 a 25 jul 2009.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 12 de julho de 2009, domingo.
84
O gráfico 32 apresenta a linha da semana anterior ao clássico entre Atlético
e Cruzeiro diferente do padrão dos gráficos anteriores, que normalmente indicam a
elevação desses delitos aos sábados e domingos. Verificando a tabela de jogos do
Campeonato Brasileiro 2009, observa-se a realização de jogos no Mineirão no dia 3 de
outubro de 2009 entre Atlético e Barueri, no dia 18 de outubro de 2009 entre Cruzeiro e
Botafogo e, no dia 24 de outubro de 2009 entre Atlético e Vitória, coincidindo com os picos
de registros de delitos selecionados para a presente pesquisa. Entretanto, o ápice dos
registros de delitos verificado no dia 12 de outubro de 2009, segunda feira, permite inferir
que o evento esportivo de grande envergadura impacta na criminalidade do município,
considerando que em nenhum dos gráficos anteriores o evento se deu em uma segunda
feira, conforme ocorreu na data considerada. Ao consultar o Anexo B, fornecido pela
SETRABH, constata-se a elevação de coletivos danificados nas datas dos jogos
mencionados, quando comparados com os demais dias em Belo Horizonte.
Já o gráfico 33 confirma o gráfico anterior, destacando o dia 12 de outubro
de 2009, segunda feira, como a data com maior número de registros de ocorrências típicas
envolvendo torcidas organizadas e/ou torcedores em dias de eventos esportivos de grande
envergadura.
Gráfico 32 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro - Belo Horizonte –
4 out 2009 a 24 out 2009.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 12 de outubro de 2009, segunda feira.
85
Gráfico 33 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro, envolvendo
torcidas organizadas - Belo Horizonte – 4 out 2009 a 24 out 2009.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 12 de outubro de 2009, segunda feira.
O gráfico 34 apresenta os registros dos cinco delitos selecionados para esta
pesquisa de forma padronizada, com picos aos sábados e domingos no período
considerado.
Note-se que na semana do clássico entre Atlético e Cruzeiro pelo
Campeonato Mineiro de 2010, registrou-se o maior número de delitos no dia do jogo,
inclusive fugindo ao padrão de jogos aos domingos, conforme se vê na maioria dos
gráficos anteriores. Tal fato permite inferir que o evento esportivo de grande envergadura
impacta na criminalidade da cidade de Belo Horizonte, levando-se em conta que se tratava
apenas do primeiro jogo entre os dois clubes no campeonato, portanto, os ânimos entre
torcidas ainda não estavam acirrados.
O gráfico 35 mais uma vez registra o maior número de registros de
ocorrências típicas envolvendo torcidas organizadas e/ou torcedores no dia do evento
esportivo de grande envergadura, confirmando o impacto do clássico na criminalidade da
Capital Mineira.
86
Gráfico 34 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro - Belo Horizonte –
7 fev 2010 a 27 fev 2010.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 20 de fevereiro de 2010, sábado.
Gráfico 35 – Ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e agressão,
quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro, envolvendo
torcidas organizadas - Belo Horizonte – 7 fev 2010 a 27 fev 2010.
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de
2011.
Nota: Dia do jogo, 20 de fevereiro de 2010, sábado.
87
O mapa 1 apresenta todas as ocorrências típicas envolvendo torcidas e/ou
torcedores de 2006 a 2010 previstas na tabela 2, plotadas em forma de ponto no mapa
Belo Horizonte.
Nota-se, através da legenda do mapa, que as ocorrências são registradas
por toda a cidade e não concentradas apenas nas proximidades do Estádio de Futebol
Magalhães Pinto. Percebe-se, principalmente nas depredações de coletivos, que os delitos
são espalhados, com alguma concentração no hipercentro da Belo Horizonte.
Já os delitos de lesão corporal, apresentam concentração nas regiões
Central, Noroeste, Venda Nova e Barreiro.
Os crimes de homicídios não apresentam qualquer padrão espacial para
sua ocorrência, embora o número de casos seja pouco significativo, levando-se em conta o
tamanho da cidade, tal como acontece com os casos de rixa e vias de fato.
O mapa 2 apresenta a pontuação das mesmas ocorrências típicas previstas
na tabela 2, sem discriminar os tipos de delitos, em forma de incidência alta, média e
baixa, objetivando indicar com maior clareza os locais da cidade onde se concentram.
Nota-se que os principais pontos de ocorrências são a região do Estádio Magalhães Pinto,
a região central, as proximidades do Minas Shopping na Av. Cristiano Machado, onde há
uma estação de metrô e Estação Venda Nova, na Av. Vilarinho com Av. Dom Pedro I.
88
Mapa 1 – Mapa de pontos de ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e
agressão, quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro, envolvendo torcidas
organizadas - Belo Horizonte – 2006/2010.
89
Mapa 2 – Mapa de Kernel de ocorrências de dano, rixa, lesão corporal, homicídio e
agressão, quando ocorreram jogos de Atlético e Cruzeiro, envolvendo torcidas
organizadas - Belo Horizonte – 2006/2010.
90
7.3 O emprego do Policiamento nos dias de eventos esportivos de grande
envergadura em Belo Horizonte, de 2006 a 2010
Com objetivo de compreender melhor a forma como é planejado o
policiamento ostensivo destinado a prevenir os atos de violência entre torcidas
organizadas em dias de eventos esportivos entre o Clube Atlético Mineiro e Cruzeiro
Esporte Clube, em Belo Horizonte, foram coletadas todas as ordens de serviços e
planejamentos operacionais expedidos pela 1ª Região da Polícia Militar (1ª RPM) e
Comando de Policiamento de Eventos (CPE), comandos intermediários da Polícia Militar
de Minas Gerais responsáveis pela segurança pública na Capital Mineira, no período
considerado para esta pesquisa, ou seja, em todos os jogos realizados entre os dois
clubes de futebol profissional no Mineirão de janeiro de 2006 a junho de 2010.
Em se tratando de 19 jogos entre os dois clubes no período, os documentos
fornecidos pela seção de planejamento operacional de cada comando totalizaram 38
planos, que foram condensados nas tabelas 3 e 4, considerando o grande número de
informações existente em cada documento.
As principais informações extraídas foram a competição que envolvia jogo,
dada a distinta importância a ser considerada em cada partida, o número de referência do
planejamento, a data do evento, a previsão de público que permite inferir o interesse pelas
torcidas e/ou torcedores no evento e o número de policiais empregado pelos distintos
comandos no policiamento preventivo.
O planejamento da 1ª RPM para cada jogo é padronizado e traz
inicialmente as informações gerais sobre o evento como o tipo de torneio, data, hora, local,
previsão de público, pontos críticos, além de outras informações de interesse do
policiamento como previsão de confronto entre torcidas, etc.
Na sequência, são passadas as atribuições de cada Unidade integrante do
Comando Regional, de forma a estender o policiamento ostensivo por toda a cidade com
vistas ao deslocamento dos torcedores, considerando a área de responsabilidade territorial
dessas. Posteriormente, são apresentados os recursos humanos e logísticos utilizados
para emprego no policiamento, extraídos de todas as Unidades, da administração e da
Academia de Polícia Militar.
91
Logo após é apresentado o esquema de emprego dos recursos e seus
respectivos comandantes. Anexo ao planejamento é apresentada a síntese da ata de
reunião na Federação Mineira de Futebol, onde são acordados com todos os órgãos
envolvidos no evento como locais e horários de vendas de ingressos, locais e horários
para transportes para torcidas organizadas, número de coletivos disponibilizados,
bilheterias a serem abertas, entre outras informações.
A tabela 3 apresenta todos os planos relativos aos jogos entre Atlético e
Cruzeiro no Mineirão, desde 2006, exceção feita à partida do dia 18 de março 2006, que
não foi localizada pela seção de planejamento operacional da 1ª RPM.
Tabela 3: Planejamento da 1ª Região da Polícia Militar para jogos entre Atlético e Cruzeiro
- Belo Horizonte – 2006/2010.
Campeonato/Ano
Planejamento 1ª RPM
Data
Previsão
Efetivo PM
Público
empregado
Mineiro/2006
30.060.3/06
05/02/2006
40000
365
5
Mineiro/2006
...
18/03/2006
50000
...
Mineiro/2006
30.146.3/06
26/03/2006
50000
423
Mineiro 2007
30.048.3/07
10/02/2007
62000
348
Mineiro/2007
30.192. 3/07
29/04/2007
40000
406
Mineiro/2007
30.209. 3/07
06/05/2007
42000
637
Brasileiro/2007
30.309. 3/07
24/06/2007
50000
653
Brasileiro/2007
30.515.3/07
16/09/2007
40000
502
Mineiro 2008
30.080.3/08
09/03/2008
62000
588
Mineiro /2008
30.191.3/08
27/04/2008
62000
643
Mineiro /2008
30.203.3/08
04/05/2008
62000
505
Brasileiro/2008
30.416.3/08
13/07/2008
62800
549
Brasileiro/2008
30.673.3/08
19/10/2008
62800
640
Mineiro 2009
30.081.3/09
15/02/2009
62800
660
Mineiro/2009
30.374.3/09
26/04/2009
62800
609
Mineiro/2009
30.404.3/09
03/05/2009
62800
529
Brasileiro/2009
30.661.3/09
12/07/2009
64800
718
Brasileiro/2009
30.984.3/09
12/10/2009
62734
686
Mineiro/2010
30.099.5/10
20/02/2010
62300
745
Fonte: Polícia Militar de Minas Gerais. 1ª Região da Polícia Militar. Seção de Planejamento
Operacional (P/3).
No caso do CPE, a dinâmica do planejamento segue parâmetros
semelhantes ao da 1ª RPM e trazem inicialmente as informações gerais sobre o evento
como o tipo de torneio disputado, clubes envolvidos na partida, data, hora, local, previsão
de público, pontos críticos, além de outras informações de interesse do policiamento como
previsão de confronto entre torcidas, entre outros.
5
Sinal convencional utilizado: ... dado numérico não disponível.
92
Na sequencia, descreve-se a missão geral, as particulares e eventuais do
policiamento, seguido do conceito de operações, onde são passadas as atribuições de
cada Unidade integrante do comando especializado, considerando a especificidade das
suas missões, quais sejam, Batalhão de Policiamento de Eventos (BPE), Batalhão de
Rondas Táticas Metropolitanas (ROTAM), Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo (Btl Rp
Aer), Batalhão de Polícia Militar Rodoviária (BPM Rv), Batalhão de Policiamento de
Trânsito (BPTran) e Grupamento de Ações Táticas Especiais (GATE).
Dentre essas missões estão a realização do policiamento interno do
Mineirão, vistoria técnica do Estádio, escolta das torcidas organizadas, escolta dos clubes,
policiamento montado em alguns pontos críticos da cidade além do entorno do Mineirão,
prevenção ao confronto entre torcidas organizadas no Centro de Belo Horizonte,
policiamento de trânsito, radiopatrulhamento aéreo no entorno do Mineirão e em toda a
cidade, quando demandado, entre outras.
Em seguida é apresentado o esquema de emprego dos recursos e seus
respectivos comandantes para cada Unidade. Anexo ao memorando é apresentada a
síntese da ata de reunião na Federação Mineira de Futebol, onde são acordados com
todos os órgãos envolvidos no evento informações sobre locais e horários de vendas de
ingressos, locais e horários para transportes para torcidas organizadas, número de
coletivos disponibilizados, bilheterias a serem abertas, entre outras.
A partir daí cada Unidade desdobra a ordem de serviço do comando
intermediário dentro de suas atribuições específicas e busca novas informações que lhes
sejam necessárias ao desempenho da missão.
A Tabela 4 apresenta todas as ordens de serviço expedidas pelo CPE
relativas aos jogos entre Atlético e Cruzeiro no Mineirão, de 2006 a 2010.
Note-se que todos os jogos tiveram previsão de público mínima de 40.000
espectadores e máxima de 64.800 pessoas. Dos 19 jogos, 12 tiveram previsão de público
superior a 60.000 torcedores. Três jogos tiveram previsão de 50.000 pagantes e 4 com
previsão de 40.000 pessoas.
93
Tabela 4: Planejamento do Comando de Policiamento Especializado para jogos entre
Atlético e Cruzeiro - Belo Horizonte – 2006/2010.
Campeonato/Ano Planejamento CPE
Data
Previsão Público
Efetivo PM
empregado
Mineiro/2006
30.009/06
05/02/2006
40000
299
Mineiro/2006
30.027/06
18/03/2006
50000
511
Mineiro/2006
30.030/06
26/03/2006
50000
456
Mineiro 2007
30.006/07
10/02/2007
62000
537
Mineiro/2007
30.039/07
29/04/2007
40000
509
Mineiro/2007
30.041/07
06/05/2007
42000
507
Brasileiro/2007
30.051/07
24/06/2007
50000
429
Brasileiro/2007
30.082/07
16/09/2007
40000
439
Mineiro 2008
30.019/08
09/03/2008
62000
525
Mineiro /2008
30.040/08
27/04/2008
62000
504
Mineiro /2008
089.3/08
04/05/2008
62000
506
Brasileiro/2008
30.065/08
13/07/2008
62800
464
Brasileiro/2008
30.103/08
19/10/2008
62800
469
Mineiro 2009
30.011/09
15/02/2009
62800
406
Mineiro/2009
30.042/09
26/04/2009
62800
539
Mineiro/2009
078.3/09
03/05/2009
62800
427
Brasileiro/2009
30.071/09
12/07/2009
64800
541
Brasileiro/2009
30.105/09
12/10/2009
62734
659
Mineiro/2010
30.016/10
20/02/2010
62300
628
Fonte: Polícia Militar de Minas Gerais. 1ª Região da Polícia Militar. Seção de Planejamento
Operacional (P/3).
A previsão de público elevada indica grande apelo das torcidas organizadas
e torcedores para esse clássico e consequentemente a preocupação das forças policiais
em promover a segurança das pessoas que se deslocam para assisti-lo, bem como
daquelas que transitam pela cidade.
Quando se cruza essa informação extraída das tabelas 3 e 4 com os dados
das ocorrências policiais em eventos esportivos previstos no item 7.2, conclui-se que o
evento impacta na criminalidade da cidade, independente do dia da semana em que ele
ocorre, seja no sábado, no domingo ou em uma segunda feira de feriado, como se verifica
nos gráficos 32 e 33. Portanto, o emprego do efetivo é demandado de acordo com a
previsão de público e o interesse da partida no contexto do campeonato.
Observe-se que os menores efetivos empregados pela 1ª RPM no
policiamento externo se deram nos primeiros jogos pelo Campeonato Mineiro de 2006 e
2007, variando entre 334 e 423 policiais. A partir do segundo jogo da final do Campeonato
Mineiro de 2007 até o ano de 2010, o efetivo específico empregado no policiamento
externo, nas vias de acesso e nos locais críticos é aumentado ano a ano, chegando ao
emprego máximo de 745 policiais no jogo pelo Campeonato Mineiro de 2010.
94
Da mesma forma o CPE intensifica o emprego de seus recursos a partir do
segundo jogo do Campeonato Mineiro de 2006 até o ano de 2010, o efetivo empregado no
policiamento interno, além das missões específicas do CPE externas ao Mineirão, tais
como escoltas diversas, acompanhamento de torcidas organizadas, policiamento montado
em alguns pontos de ônibus, policiamento de trânsito, radiopatrulhamento aéreo, entre
outras, variou entre 429 e 659 policiais.
Essa mudança de comportamento por parte da Polícia Militar indica o
acirramento dos ânimos entre torcidas organizadas e torcedores, aumentando a demanda
por policiamento para contenção dos atos de violência nos dias de eventos esportivos de
grande envergadura, de acordo com as tabelas 3 e 4. Ela se justifica pelo número de
veículos danificados, conforme tabelas indicativas do Anexo B, que aumentam nas datas
em que a previsão de público é maior.
Note-se que os últimos jogos de 2009 e o último de 2010 demandaram
emprego de efetivo entre 1269 e 1373 policiais por parte dos dois comandos, o que indica
o acirramento dos ânimos entre torcidas organizadas e torcedores, aumentando a
demanda por resposta das forças policiais na contenção dos atos de violência em dias de
eventos esportivos de grande envergadura.
7.4 A perspectiva dos atores relevantes
Apresenta-se extrato das entrevistas semi-estruturadas com as pessoas
selecionadas para esta pesquisa as informações mais relevantes e pertinentes ao tema,
sendo feita uma breve análise sobre cada bloco de assunto.
Alguns questionamentos não foram respondidos pelo entrevistado por não
deter a informação necessária naquele momento ou em razão de preferir não se posicionar
a respeito, dada a sua condição.
Inicialmente, percebe-se que de acordo com os entrevistados, a violência
entre torcidas organizadas de futebol em eventos de grande envergadura em Belo
Horizonte é um problema considerado grave e que merece toda a atenção do Estado.
Cada entrevistado tem uma percepção diferenciada sobre as origens dessa violência, de
acordo com a sua experiência de vida no meio, entretanto, é factível essa preocupação.
95
Destaca-se a posição do ex-Comandante da 1ª RPM, que relata “[...] num
evento entre Cruzeiro e Atlético, que é o evento mais complexo que há na cidade, o nível
de desordem e violência é muito elevado e muitas ocorrências são solucionadas sem o
registro formal. Grau de demanda é tão alto que muitas vezes os policiais fazem a opção
por só impedir a violência, fator que esconde o problema e contribui para a manutenção do
ciclo de violência.”
Ou seja, o dia de evento esportivo entre os dois clubes promove grande
impacto na criminalidade da cidade. As ocorrências policiais começam a ser registradas no
final da manhã, quando as torcidas se reúnem para deslocamento em direção ao Estádio.
O número de casos é tão elevado que as guarnições policiais fazem a opção por dissuadir
os conflitos e não efetuar a condução dos envolvidos para a delegacia, posto que logo em
seguida são acionados para um novo conflito. Esse processo se dá até momentos antes
do jogo, quando não há mais torcedores transitando pela cidade.
Até mesmo o representante da Torcida Organizada Galoucura reconhece a
existência desses fatos, afirmando que “[...] se eu vier aqui e falar com o senhor que
torcida organizada é um culto ecumênico eu vô tá mentindo.”
A única exceção nesse quesito é o representante da Máfia Azul que
considera esses fatos normais e que não envolvem as torcidas organizadas. No
entendimento dele, são fatos criados pela mídia para vender.
Quanto a percepção do entrevistado sobre os casos de violência entre
torcedores e torcidas organizadas em dias de eventos esportivos de grande envergadura,
para o Comandante da 1ª RPM destaca-se que “[...]anteriormente em BH os locais de
conflitos eram espalhados pela cidade, de acordo com os deslocamentos dos torcedores
para o estádio, quando eles se encontravam ou em locais combinados por eles para os
enfrentamentos. A partir do momento em que a PM passou a acompanhar mais de perto
essas torcidas, principalmente definindo locais de embarque escoltando as torcidas, elas
mudaram a forma de agir e passaram a marcar, através de ferramentas da internet, locais
de enfrentamento, tentando ludibriar a ação da PM.”
Para o atual comandante do CPE as torcidas organizadas fazem parte das
estruturas sociais necessárias, “[...] não adianta você tentar exterminar uma torcida
organizada porque isso não vai resolver o problema, eles vão acabar mudando a forma,
isso faz parte da sociedade humana, a criação de grupos, você fazer parte de grupos tá
96
incutido na sociedade, na comunidade e o que tem que ser feito é a coordenação e
controle [...]”.
Essa também é a visão do ex-comandante do CPE, que afirma: “[...] a
violência aplicada às torcidas segue a teoria sociológica de massas. A impessoalidade,
sentimento de força, que dão origem a esses casos.”
Segundo o representante do Ministério Público, a violência entre torcidas
organizadas está relacionada ao ingresso de pessoas muito jovens nessas associações
que “[...] através daquele anonimato, mas, querendo se destacar de um anonimato …
futebol, partem aí pra uma violência e aí infelizmente a gente vê o quadro triste que nós
assistimos aqui em Minas Gerais, que resultaram em diversas mortes, inclusive
inexplicável como aquela que nós assistimos no final do ano passado
A representante do Poder Judiciário constata que essa violência tem origem
na ação do estado. O contato desse poder com o problema se limita às audiências na sala
do próprio estádio ou no Juizado Especial Criminal, “[...] lá mesmo no Mineirão quando a
gente ia fazer as audiências não tinha problema com torcida, era o A contra B, ou... dois de
cada lado, alguma coisa assim mas... não tinha como.... não tinha problema em fazer
essa... essa... esse acordo que fosse feito lá né?
Já a percepção do delegado titular da delegacia especializada em eventos
compreende que trata-se de uma
violência relacionada à mudança de objetivos das
torcidas organizadas, quando cita: “[...]as torcidas organizadas, elas já já, elas passaram
dum, dum patamar normal de torcedores que se juntam num estádio em dia de um grande
evento pra enaltecer a atuação de seus times e cobrar e et'cétera, pruma situação
extremamente delicada que a gente tá vendo aí, percebendo aí no dia a dia , tá havendo
uma infiltração muito grande das torcidas organizadas em esportes de contato tipo MMA,
eles estão infiltrando e, e estão também buscando uma auto-afirmação neste esportes,
atuação em escolas de samba e outras coisas mais. [...] eles estão sempre numa
crescente de violência de crimes assim, que barbarizam e trazem um grande temor ao
cidadão mineiro belo-horizontino, principalmente nos dias de jogos de ATLÉTICO e do
CRUZEIRO [...]”
O Delegado vai além, e afirma: “[...] é uma violência gratuita, que ela advém
no meu entendimento de uma auto-afirmação pra que quando se fale no nome de torcida
organizada são a que, igual aquelas gangues americanas que chegavam né, antigamente,
97
chegavam nos lugares batiam, faziam e aconteciam só pra que quando fosse falar do
nome dessas, desses, dessas gangues, destas torcidas, as pessoas temessem só de
ouvir o nome deles [...]”
O representante do SETRABH tem entendimento semelhante ao Delegado
da Polícia Civil, enxergando nas torcidas organizadas forças que se contrapõem ao
sistema. Procuram obter poderio ofensivo nas artes marciais para que possam se impor
pela força, independente da cor do time ao qual eles se filiem.
Os representantes das torcidas organizadas Galoucura e Máfia Azul têm a
percepção de que a violência é generalizada e não promovida pelas torcidas organizadas.
Ela está presente em todos os seguimentos da sociedade, entretanto, a mídia cria a
imagem negativa das torcidas, conforme se destaca: “[...] na minha opinião, acho que a... a
mídia, a mídia gosta de vendê.”
Já no quesito presença de um padrão de comportamento dos torcedores
organizados, quando da prática dos atos de violência, dez dos onze entrevistados
reconhecem a existência de um padrão de comportamento para a ocorrência desses atos,
inclusive citando alguns pontos da cidade em que são propícios a ocorrer, sobretudo antes
e após os jogos de futebol entre os dois clubes objetos deste estudo.
A exceção da opinião é verificada pelo representante da Máfia Azul, que se
coloca em posição de dizer que se trata de fato aleatório. Segundo ele, os gestores das
torcidas organizadas desenvolvem um trabalho de conscientização que antecede a cada
jogo, portanto, os atos não estão relacionados com as torcidas organizadas, mencionando
inclusive que esse trabalho é feito em parceria com o Batalhão de Policiamento de Eventos
da Polícia Militar e acompanhado pelo Ministério Público.
O representante da Galoucura destaca que esses casos são mais comuns
antes e depois dos jogos, mais próximos às periferias, sobretudo nas vias de acesso a
esses bairros periféricos da cidade.
Destaca o Comandante da 1ª RPM: “[...] hoje os locais de maior potencial
de confrontos tem sido nos locais marcados para reunião antes do deslocamento das
torcidas. Nos locais marcados para concentração da torcida antes dos jogos, durante os
jogos, nas proximidades do estádio e após os jogos em locais de comemoração.”
98
Outra percepção destacada pelo ex-comandante da 1ª RPM em respeito ao
padrão de comportamento das torcidas organizadas diz que: “[...] existe um padrão de
local de atuação. Como todo fenômeno social, o hooliganismo também possui um padrão
de comportamento. Eles repetem as ações pela repetição do tipo de violência, dos
envolvidos, dos locais. Por exemplo, os locais de confronto no estádio e nos arredores,
também nos bairros. Uma vez que existe um padrão, um bom plano de policiamento é
capaz de prevenir o risco de violência.”
No que diz respeito ao padrão de comportamento também relata o excomandante do CPE: “[...] Geralmente nos locais onde há a reunião das torcidas
organizadas para deslocamento. Também as torcidas dos bairros têm as suas vias de
deslocamento, não sendo difícil a identificação desses padrões de comportamento.”
Segundo o representante do Ministério Público, “[...] há o ajuste de
enfrentamento mesmo, corporal, entre algumas facções... porque essas torcidas
organizadas elas também constituíram entre si, dentro, no corpo interno do seu organismo,
facções.”
Já o representante do SETRABH destaca os padrões são tão perceptíveis
que associa a violência entre as torcidas aos jogos entre Atlético e Cruzeiro no Mineirão.
Segundo o entrevistado, “[...] a SETRA BH identificou que o fechamento do Mineirão esses
casos não voltaram a acontecer. [...] onde tem o horario de maior incidência, as linhas de
maior incidencia, os locais de maior incidencia, tudo isso esta tudo catalogado, esta tudo
seriado.”
O representante da Galoucura constata que os problemas ocorrem
geralmente na periferia, desassociando os casos de violência das torcidas organizadas:
“[...] geralmente essas violências concentram no trajeto vindo da periferia das grandes
cidades inclusive... incluindo aqui Belo Horizonte [...]”
Da mesma forma percebe o representante da Torcida Organizada Máfia
Azul: “[...] é uma questão aleatória, sabe por quê? A gente, nós da diretoria da MÁFIA
AZUL, a gente tem um trabalho muito... muito bom com o… o… o Comandante do... do
policiamento do BPE aí, que é o Batalhão de Eventos.”
No que diz respeito à existência de um perfil de torcedor que se envolve em
atos de violência em dias de jogos, dentre os comandantes e ex-comandantes de
99
comandantes de comandos intermediários da PMMG há certa divergência sobre o tema.
Dois entendem haver um perfil, citando algumas características como: líderes radicais
fanáticos com o clube, jovens adolescentes induzidos por eles, e pessoas envolvidas com
artes marciais. Os outros dois não reconhecem tal existência, interpretando que quando
envolvidos com esse tipo de violência, também se envolvem com outros tipos de crime,
portanto, não será identificado um perfil específico. Já o outro entende que os agentes são
levados praticar esses crimes quando incorporados a um grupo são levados a extravasar a
agressividade, portanto, qualquer pessoa pode se envolver.
Já os entrevistados do Ministério Público, Judiciário, Polícia Civil e
SETRABH não reconhecem a existência de perfil entre os agentes de atos de violência,
podendo fazer parte de qualquer classe social, desde que influenciado pela ação do grupo.
A entrevistada da SEDS e o da Galoucura mencionam tratar-se de pessoas
de baixa renda e pertencentes a famílias desestruturadas. O integrante da Máfia Azul,
curiosamente relata a possibilidade de tratar-se de pessoas recém-ingressas nas torcidas
organizadas que agem dessa maneira para tentar demonstrar coragem aos líderes, por
pretenderem conquistar o respeito do grupo.
Destaca o atual comandante da 1ª RPM: “Temos uma liderança nessas
torcidas. Pessoas que se destacam, adultas, radicais e que têm um fanatismo muito
grande em relação ao clube. Há também um grupo de seguidores, principalmente
adolescentes, que são induzidos por esses lideres a segui-los.”
Na percepção do ex-comandante do CPE: “[...] dentro da teoria de massa,
qualquer um pode se envolver em ocorrências com violência entre torcidas organizadas.
Não há classe social para se envolver, basta ele estar incorporado àquele grupo e resolver
extravasar a agressividade.”
Já para o representante do Ministério Público não perfil para o torcedor
violento: “[...] qualquer pessoa que se você isolá-la é uma pessoa extremamente gentil
educada, agora quando está em grupo é o fenômeno que se chama né da ... que é
exatamente a pessoa passa a agir como uma massa e aí ela faz o que realmente algum
líder algum ídolo tá determinando e se for pra violência, infelizmente nessa área da da
torcida organizada existem … nessa briga deles.”
100
O Delegado Titular da Delegacia Especializada em Eventos constata que
“[...] os perfis são os mais variados possíveis, porém o que a gente tenta vislumbrar é que
são geralmente pessoas de classe um pouco mais, mais pobre né, de classe social um
pouco menos privilegiada, que a gente entende que parece que aquilo ali é uma afirmação
até social pra eles.”
Para a representante da SEDS o perfil do torcedor violento diz respeito “[...]
aquelas pessoas que não tem família, entre aspas, né? São aquelas pessoas que estão
jogadas, que nasceram, que estão ao léu [...]”
O representante da torcida organizada Galoucura destaca que os maiores
problemas identificados por ele em dias de jogos estão relacionados ao “[...] tipo de
torcedor que agente tem problema dentro da nossa agremiação é o torcedor de classe “B”
[...] o tipo de torcedor da periferia, um jovem que tem, que tem pouca estrutura familiar,
que tem uma educação precária, que tem uma saúde no bairro dele precária também,
então pela nossa pesquisa aqui é mais esse torcedor, agente tem um, tem, tem problema
também com o, com o jovem é morador da zona sul...”
Nesse quesito, alega o representante da Máfia Azul que está mais
relacionado ao torcedor que deseja projeção dentro da torcida: “[...] geralmente é as
pessoa que são [...], quer fazer nome, quer mostrar que... que é o cara, não vou dizer outra
palavra. É o cara que quer aparecer. É... o cara tá entrando na torcida hoje e amanhã ele
quer ser alguma coisa na torcida. Ela acha as vezes, a pessoa acha que ela, por exemplo,
cometendo um ato de violência, ela cresce na torcida.”
No que diz respeito ao questionamento sobre o tratamento dado pela mídia,
aqueles que responderam foram unânimes em dizer que ela enfatiza a violência. Ou seja,
um ato de violência praticado por torcidas organizadas ganha mais espaço que aquele
praticado em outra situação.
Destaca-se destacar a posição do representante da Polícia Civil que
constata que a divulgação excessiva desses casos gera popularidade para os grupos que
o praticam, portanto, não contribuem para a sua redução.
Já os representantes das torcidas organizadas entendem que a divulgação
feita pela mídia que antecede o clássico entre Atlético e Cruzeiro acirra os ânimos entre as
101
torcidas. Além disso têm por hábito destacar a violência e não divulgar as ações sociais
desenvolvidas por elas.
Destaca-se a opinião do representante do Ministério Público: “[...] mas é a
fática realidade, um homicídio qualquer que ocorre no morro muitas vezes é notícia de
rodapé de jornal, agora, quando envolve torcida organizada ganham as principais páginas
dos jornais, de todos os jornais do mundo.”
Já o Delegado Titular da Delegacia Especializada em Eventos diz que: “[...]
eu entendo que a mídia no momento que ela tá divulgando esses problemas, ela num tá
trabalhando só pra conhecimento da população, eu acho que ela também tá fomentando
pra que aquele sentimento que eles tem seja cada vez mais ,é,aumentado. [...] justamente,
ela dá uma conotação que eles tão querendo.”
Completa a representante da SEDS: “[...] a mídia não mostra as coisas
boas, então ela mostra a violência, então ela jamais, eu nunca vi a mídia fala, nossa …
evento, a Polícia Militar não teve nenhuma... um problema, cê não vê ela fazendo um
elogio que fosse, uma uma torcida organizada [...].”
Segundo o representante da Galoucura, a mídia acirra os ânimos entre as
torcidas ao dar notoriedade para um jogo que vai acontecer no final de semana seguinte,
bem como “[...] mostra muito mais o lado ruim, não que eles não tenham o que mostrar,
mais mostra o lado bom também e, e desfocando do lado ruim, porque aí o torcedor já
vem, principalmente, o jovem hoje, ele já vem com essa cabeça...”
Com relação à participação ou experiência vivida pelo entrevistado em
algum caso de confronto entre torcidas organizadas, óbvio que os policiais teriam inúmeros
casos a relatar, razão pela qual optaram por não mencionar.
O ex-comandante da 1ª RPM, por sua experiência também como excomandante do 34º BPM, Unidade responsável territorialmente pelo Mineirão, relatou de
maneira genérica que esse problema era mais presente no entorno do Mineirão nos idos
de 2007 e 2008, oportunidade em que conseguiu minimizá-lo a partir da organização do
espaço, atribuição de responsabilidades e envolvimento com outros atores participantes do
evento, como ADEMG, dirigentes esportivos, entre outros.
102
O entrevistado do MP relata que assistiu a várias dissoluções de confrontos
entre torcidas simplesmente através da dispersão das pessoas, sem, contudo, adotar
contra elas as medidas legais cabíveis, fato que contribuiria com a impunidade desses
agentes.
A representante do Poder Judiciário alega ter quase havido um confronto
entre as torcidas organizadas Galoucura e Máfia Azul no estacionamento do Juizado
Especial Criminal, por terem sido agendadas audições de seus integrantes no mesmo dia
e horário, sendo necessária a requisição de reforço policial para evitá-lo.
O integrante da Galoucura alega ter participado de alguns confrontos
quando era jovem e não tinha o amadurecimento atual, mas reconhece a existência
desses confrontos. Da mesma forma relata o representante da Máfia Azul que alega não
estar disposto a ser agredido sem revidar, em todos os jogos em que participa como
torcedor do Cruzeiro, em Belo Horizonte ou em qualquer outra cidade do país. Segundo
ele, esses confrontos sempre existiram e sempre vão existir.
Sob esse aspecto destacou o ex-comandante da 1ª RPM: [...] a organização
do território é muito importante. Grande parte dos casos de violência ocorridos no hall do
Mineirão em 2007 e parte de 2008 têm relação direta com a desorganização do território. É
um problema que a solução não está só nas mãos da policia.”
Já a representante do Poder Judiciário lembra que quase presenciou um
confronto entre a Galoucura e a Máfia Azul, no pátio do Juizado Especial Criminal, quando
inadvertidamente, foram marcadas para o mesmo dia e horário, audiências para
integrantes das duas torcidas organizadas, envolvidos que foram em determinada
ocorrência policial em dia de jogo entre os dois clubes de futebol. “[...] nós tivemos que
chamar reforço policial mandar sair uma torcida pra depois sair outra pra não dar outro
problema aqui na frente.”
Segundo o representante da torcida organizada Máfia Azul, “[...] confronto
é... é... sempre existiu e infelizmente ainda vai... sempre vai existir. [...] eu não vou viajar
daqui pra... pro RIO DE JANEIRO pro... pro... jogo lá e vô... vô... tô indo pra torcer pro meu
time, tô ino pra acompanhá meu time, colocá a... faixa e a bandeira da minha torcia, pra
ser agredido.”
103
No que tange às razões que levam o torcedor a praticar atos de violência
em dias de jogos com torcidas rivais, observa-se que há algumas divergências de
opiniões, entretanto, elas giram em torno de poucas razões, conduzindo-se ao
agrupamento de opiniões em três grupos de entrevistados.
Uma delas diz respeito à excessiva rivalidade e ao fanatismo desses
torcedores por seus clubes, levados que são a cometer atos impensados quando não
integram a torcida organizada.
Outra razão observada e que está relacionada com a primeira, é a
existência da subcultura da violência quando se faz parte de uma massa de pessoas, cada
um influenciando na vontade do outro, algumas vezes liderados por pessoas que têm
interesses outros que não o de simplesmente motivar o clube do coração.
O terceiro é a demonstração de força por parte de cada torcida, muitas
vezes motivada por eventos que ocorrem nos dias que antecedem aos jogos entre os
clubes rivais.
Quanto a motivação do torcedor em promover a violência em dias de jogos
entre Atlético e Cruzeiro, destaca o atual comandante da 1ª RPM: “[...] a excessiva
rivalidade entre as torcidas organizadas, e principalmente entre as facções das torcidas
organizadas.”
Na concepção do ex-comandante da 1ª RPM, “[...] são uma organização
desenvolvida com fins lucrativos, venda de objetos, treinamentos. Embora o pano de fundo
seja o futebol, a vida da torcida ganhou um protagonismo. Essa atividade já não é mais de
torcida, ela se caracteriza como o fenômeno conhecido da Europa por hooliganismo.”
O atual comandante e o ex-comandante do CPE, além do representante do
Ministério Público acreditam que “[...] a principal razão que leva os grupos a se
degladiarem em dias de eventos esportivos seria a teoria de massas, alinhado pelos
cânticos das torcidas que exaltam a violência de seus integrantes.”
Já o delegado titular da Delegacia Especializada em Eventos e a
representante da SEDS interpretam que a violência por parte dos torcedores de futebol
está relacionada a auto-afirmação e demonstração de força. Segundo o entrevistado: “[...]
se a gente for pegar todos os casos de violência, eles são inexplicáveis e são taxados não
104
só pela polícia como uma, como pela mídia, como uma chamada violência gratuita. Nada
mais é pra mim que uma demonstração de força.”
Já o representante da torcida organizadas Galoucura atesta que a violência
está relacionada aos antecedentes que tomam notoriedade nos dias que antecedem o
jogo. Outro fator julgado relevante pelo entrevistado é a influência que a massa de
torcedores exerce sobre o indivíduo, conforme se vê: “[...] o cidadão sozinho é um cidadão
de bem trabalha a semana inteira, é um bom pai, é um bom filho, é um bom marido, é uma
boa esposa, mas quando chega e junta com mais pessoas, essa pessoa muda o jeito dela
pensar, isso é meu ponto de vista...”
O representante da torcida organizada Máfia Azul confirma a opinião de que
o fanatismo é o fator motivador dessa violência. “[...] é... a paixão, acima de tudo, cê sabe
quando o … o …. a pessoa, ela tá cega de paixão, ele...não vê mais nada na frente, vê
só...”
No que concerne à visão do entrevistado sobre a forma atual de intervenção
das forças de segurança nos dias de jogos esportivos de grande envergadura, pelos
comandantes e ex-comandantes do CPE e 1ª RPM foi relatada a grande preocupação com
o planejamento da segurança do evento, onde são adotadas medidas para
acompanhamento das torcidas antes, durante e após o jogo, sustentado por informações
coletadas nos dias que antecedem o evento. Além disso, destacam a importância do
modelo atual de envolvimento dos vários atores que integram o sistema de defesa social,
como dirigentes esportivos, Federação Mineira de Futebol, ADEMG, dirigentes de torcidas,
BHTRANS, Ministério Público e Poder Judiciário, Polícia Civil, SEDS, Prefeitura de Belo
Horizonte, SETRABH, entre outros.
Destaca-se a posição do atual comandante da 1ª RPM que reconhece:
“Como os enfrentamentos continuam a existir apesar dos esforços feitos, significa que
precisamos aprimorar o modelo.”
O seu antecessor menciona algumas medidas que ainda podem ser
adotadas, objetivando potencializar a segurança do cidadão belorizontino, as quais
contribuem para a impunidade, que serão abordadas nesse item.
Já o investigado do Ministério Público entende que falta vontade política por
parte dos órgãos de segurança pública em aplicar as medidas previstas nas Leis penais,
105
contribuem para a impunidade dos agentes desses atos de violência e vandalismo. Cita
como exemplo o fato da maioria dos conflitos entre torcidas organizadas e torcedores
serem solucionados com a simples dispersão dos agentes, sem a devida condução desses
para a Delegacia de Policia na condição de presos.
Os entrevistados do Poder Judiciário, Polícia Civil e SEDS reconhecem o
modelo atual como uma boa forma de combater os atos de violência entre as torcidas
organizadas em dias de jogos entre Atlético e Cruzeiro, mencionando a melhora da
performance das forças policiais em relação ao que ocorria no passado.
O representante da SETRABH desacredita totalmente na ação do poder
público, objetivando a prevenção aos atos de vandalismo em dias de eventos esportivos
de grande envergadura.
Ressalta-se que os representantes da Galoucura e Máfia Azul tecem
elogios às forças de segurança e reconhecem o modelo atual como uma boa forma de
prevenção aos casos de violências registrados na cidade em dias de clássicos esportivos.
Segundo o comandante da 1ª RPM, “[...] uma grande dificuldade que a PM
tem enfrentado é que a sensação de impunidade que está ocorrendo estimula a
continuidade dos enfrentamentos. A própria dificuldade de individualizar as condutas para
fins de responsabilidade criminal favorecem a impunidade e conseqüentemente a
continuidade. Inclusive, no dia a dia, percebe-se a reincidência das mesmas pessoas na
prática dessa violência.”
O ex-comandante da 1ª RPM, no que diz respeito a atual forma de
intervenção das forças policiais destaca: “[...] importante falar não só da forma de
intervenção da PM, mas é preciso fazer uma revisão séria na legislação. A Legislação
Européia prevê banimento perpétuo para o caso de repeticação de violência.
Responsabilização de dirigentes e punições seríssimas de suspensão para o clube além
de sansão financeira (multa).”
O atual comandante do CPE relata que o modelo atual adotado para a
segurança no interior do estádio está bem delineado. Para o entrevistado, a maior
dificuldade encontrada é a atuação na parte externa do Mineirão.
106
Já o entrevistado do Ministério Público interpreta que a impunidade dos
agentes de violência entre torcidas organizadas está relacionada à atuação pouco
repressiva por parte da Polícia Militar, quando afirma. “[...] aí falta vontade política...
primeiro é o seguinte: que a grande preocupação, no caso, de quem que é? a organização
de segurança pública principal. E a responsável primeira para a prevenção dessa
violência: a Polícia Militar, isso não tem dúvida.” “[...] se você chega num distúrbio e
simplesmente dissolve aquele distúrbio e não se prende ninguém o trabalho se encerra ali.
Não há maiores questões burocráticas, a não ser uma elaboração por parte do oficial de
um relatório, sobre aquelas ocorrências. Agora, se há se… se se... por causa da solução
daquela situação de conflito, houve alguma vítima, vai dar um pouquinho mais de
trabalho.”
A investigada do Poder Judiciário reconhece no atual modelo uma forma
eficaz de prevenir e combater os atos de violência entre torcidas organizadas em dias de
eventos esportivos, quando relata: “[...] eu acho que a intervenção era bem, bem, bem
colocada. Planejamento e... tipo de emprego... e eu eu eu acompanhei ba... bastante
assessorias da Comoveec a gente ia nas reuniões sempre que possível e percebia a
preocupação de todo mundo num é? [...] eu tenho certeza que evitou inúmeros problemas
isso.”
Alinhado a esse pensamento estão a representante da SEDS e o delegado
titular da Delegacia Especializada em Eventos, que relata: “[...] eu tenho que fazer aqui um
elogio as forças policiais né, pode,pode parecer até bairrismo, auto promoção, mas eu num
tô falando só da minha instituição, tô falando da Polícia Militar também, hoje a atuação ela
é muito mais qualificada no que tange a a a ao dia a dia destes eventos esportivos e
culturais [...].”
Já o representante do SETRABH não acredita na capacidade do estado em
fazer frente aos problemas protagonizados pelos torcedores em dias de eventos esportivos
de grande envergadura. “[...] é, existe um descrédito já na ação do poder público [...] que
num vê nada acontecer, todo mundo em todos os niveis tem desculpa pra dar porque quê
num faz, porquê quê faz e porquê dexô de fazê.”
No que tange ao modelo de intervenção das forças públicas, tanto o
representante da torcida organizadas Galoucura quanto da Máfia Azul tecem elogios e o
veem como eficaz. “[...] hoje tem um diálogo, tem o, o, o, os comandantes do, da, do
policiamentos hoje que agente tem reunião de, quase que mensais. [...] hoje agente
107
economiza bala de borracha pra caramba, nos jogos [...] hoje tem uma parceria, tem uma,
tem uma, tem uma troca de, de, de diálogo entre polícia militar e torcedor organizado,
então isso ajudou muito em Belo Horizonte a diminuir a violência nos estádios [...]”
Quanto às sugestões de novas formas de intervenção e aperfeiçoamento do
modelo atual de controle e prevenção a esses atos de violência, foi mencionado pelos
comandantes e ex-comandantes de comandos intermediários da PMMG que foi sugerida
uma série de medidas aplicáveis e cabíveis, as quais passam a ser listadas:
- otimizar as ações de inteligência, melhorar a integração entre os órgãos do
sistema de defesa social;
- aplicação severa das leis penais existentes;
- criar normatização interna na PMMG que defina com mais clareza as
funções de cada comando intermediário;
- prover a Unidade de eventos de efetivo suficiente para assumir as funções
na íntegra;
- readequação da legislação penal ao tipo de evento criminal mais recente
no Brasil, permitindo maior controle sobre as torcidas organizadas;
- facilitar a utilização das ferramentas tecnológicas por parte das forças
policiais;
- individualizar as ações dos seus integrantes para que eles não
permaneçam impunes, evitando-se o anonimato;
- integração do sistema de justiça, estabelecendo-se policiais promotores e
juízes específicos para torcidas organizadas, pois os casos são tratados no juizado
especial criminal, permitindo que eles se percam na desorganização;
- integração do serviço de inteligência entre as forças policiais de todos os
Estados brasileiros;
108
- maior presença real e potencial da policia ostensiva no acompanhamento
das torcidas organizadas em dias de eventos esportivos.
Já os representantes do Ministério Público e Poder Judiciário entendem que
o modelo atual está adequado, considerando que é baseado no diálogo entre todos os
atores envolvidos, entretanto, destaca a necessidade de aplicação da legislação penal
existente em toda a sua amplitude, por considerá-la suficiente para preservação da ordem
pública em dias de eventos esportivos de grande envergadura.
Os representantes da SEDS e da Polícia Civil reconhecem o atual como um
bom modelo, sugerindo-se a melhoria do serviço de inteligência e do controle sobre as
torcidas organizadas, além da potencialização da integração entre os órgãos de
segurança, incluindo-se dos demais Estados da Federação.
O representante do SETRABH entende como necessário a mudança da
legislação atual como forma de punir com maior severidade os agentes desses tipos
criminais.
Os integrantes das torcidas organizadas reconhecem o atual como um bom
modelo, sugerindo apenas a melhor preparação dos policiais que atuam em grandes
eventos esportivos, evitando-se o empenho de policias que trabalham no combate à
criminalidade violenta e comum, em razão do risco do policial descarregar sua
agressividade oriunda de ocorrências pesadas em simples torcedores.
7.5 A percepção dos profissionais no exterior
Durante a elaboração do presente trabalho monográfico, realizou-se um
estágio técnico científico internacional através da visitação a cinco capitais de países
integrantes da União Européia (UE), quais sejam: Londres, Paris, Berlim, Roma e Lisboa,
oportunidade em que foi possível contatar autoridades das forças de segurança dessas
localidades, afim de verificar-se como esses países lidam atualmente com a problemática
da violência entre torcedores e torcidas organizadas em dias de eventos esportivos de
grande envergadura.
Não se tratou de utilizar esse método de observação direta intensiva como
forma de avaliação e comparação com o sistema de segurança pública brasileiro, dadas as
diferenças culturais, sociais e econômicas existentes entre os dois continentes, mas de
109
agregar conhecimento sobre outras realidades, e, futura avaliação sobre a possibilidade de
se aproveitar boas práticas internacionais adaptáveis e aplicáveis ao Brasil.
A visitação foi feita no período compreendido entre os dias 05 e 22 de
setembro de 2011. Todos os contatos foram gravados e posteriormente degravados para
futuras consultas.
O primeiro contato feito em Londres foi com os Senhores Bryan Drew e
Tony Conniford, e Diretor e Diretor Assistente da Unidade de Policiamento de Futebol do
Reino Unido (UPFRU), respectivamente. Ambos disseram que essa Unidade foi criada
como estratégia de resposta às tragédias ocorridas em campos de futebol da Inglaterra
entre os anos de 1985 e 1989.
A primeira ocorreu em Bradford City, em maio de 1985, quando as
arquibancadas de madeira do estádio foram incendiadas, contabilizando 56 mortes. Ainda
em maio de 1985, no Helsey Stadium, em Bruxelas, uma briga entre torcedores belgas e
ingleses causaram a morte de 39 pessoas. Posteriormente, no Estádio de Hillsborough,
em abril de 1989, um novo desastre entre torcidas levaram a morte de 96 pessoas,
conforme destacado anteriormente no item 3.1.
A partir de então, estabeleceram-se no Reino Unido novas regras de
controle dos torcedores potencialmente violentos e de tudo o que ocorre nos eventos
esportivos que envolvem grandes clubes de futebol e da própria seleção inglesa de futebol,
que vigoram até os dias atuais.
Segundo o Sr Bryan Drew, ainda hoje enfrentam problemas com hooligans
e ultras (torcidas organizadas), porém, em muito menor escala, portanto, as medidas
adotadas pelo Reino Unido surtiram o efeito desejado, as quais passam a ser
mencionadas.
A medida inicial foi a criação da UPFRU, unidade de inteligência policial
com foco nas torcidas organizadas de futebol e nos torcedores potencialmente violentos.
Parte de sua atribuição é a formação de um banco de dados cadastrais, contendo
informações pessoais sobre o público alvo, cruzando-as com dados criminais e formação
das redes de contatos. Essa Unidade é subordinada ao Ministério do Interior e serve de
apoio às Unidades operacionais da Polícia Inglesa em eventos esportivos de grande
envergadura no que diz respeito ao fornecimento de informações importantes sobre riscos
110
que devem ser levadas em conta quando do planejamento do policiamento a ser
executado.
Os policiais integrantes dessa Unidade tornam-se especialistas nas torcidas
dos grandes clubes do futebol inglês, razão pela qual acompanham essas torcidas durante
os jogos dessas equipes em qualquer cidade do Reino Unido, nos torneios nacionais, bem
como nas demais cidades dos países integrantes da União Européia, nas competições
internacionais.
Tais policiais conhecem e são conhecidos desses torcedores alvos,
portanto, têm a capacidade de monitorá-los e identificá-los quando comentem qualquer ato
de violência relacionado ao futebol, nas localidades onde não são conhecidos pelos
policiais locais, portanto, em tese, poderiam agir e permanecer no anonimato.
É chefiada por policiais aposentados com vasto conhecimento na área de
inteligência criminal. Além disso, o Ministério do Interior disponibiliza uma funcionária civil
para trocar informações com os Diretores da Unidade e se responsabilizar por propor
legislações específicas que previnam ocorrências de novas tragédias, dando maior
efetividade a atuação policial.
Outrossim, o Reino Unido possui legislação em âmbito federal, específica
para lidar com casos de violência entre hooligans e torcidas organizadas, que prevê
aplicação de medidas restritivas de liberdade e até recolhimento de passaporte de
torcedores violentos quando o caso exige.
Proibi-se de venda e consumo de bebida alcoólica em um raio de 200
metros dos estádios de futebol com possibilidade de retirada do individuo embriagado do
interior do estádio.
Foi estabelecido um sistema de bilhetagem eletrônica nos estádios de
futebol que identifica o comprador do ingresso, cruzando-o com o banco de dados
cadastrais da UPFRU. Essa medida garante a identificação do torcedor violento e reduz a
possibilidade de venda de ingressos por cambistas ou mesmo a falsificação destes.
Uma das possíveis penalidades aplicadas é a proibição do torcedor violento
em comparecer ao estádio para assistir a partidas do clube de futebol da sua preferência.
111
Nesse caso, é determinado o seu comparecimento em uma unidade policial para que lá
permaneça do início até o final do jogo.
Para aplicação de medidas restritivas ao torcedor violento não é necessário
que a polícia prenda-o em flagrante. Basta que ela comprove o seu envolvimento através
de filmagens ou do reconhecimento de testemunhas e vítimas, devidamente registrado. A
aplicação da pena é judicial.
Em Paris foi feita uma apresentação pelo Comissário Divisionário
REYNAUD Jean Cyrille da Policia Nacional Francesa e pelo Coronel Luc PHELEBON,
Comandante do Centro de Planificação e de Gestão de Crise da Gendarmerie, sobre o
tema: uso de dispositivo de segurança pública no âmbito da gestão de grandes eventos.
Posteriormente, foi feita uma visita ao Estádio da França, oportunidade em
que apresentou-se um diagrama francês sobre o dispositivo de segurança colocado em
prática aos arredores e dentro do Estádio de France durante grandes eventos.
Constatou-se que as mesmas medidas verificadas no Reino Unido se
aplicam aos eventos esportivos de grande envergadura na França, com algumas
pequenas adaptações, considerando tratar-se de um acordo de cooperação internacional
efetivado pelos países integrantes da União Européia.
A França também possui um órgão de inteligência com foco nos torcedores
e torcidas organizadas de futebol, só que pertencente aos quadros da Polícia Nacional
Francesa. Esse órgão se comunica com seus assemelhados em toda a União Européia, tal
como faz a UPFRU, trocando informações constantes de seus bancos de dados
cadastrais.
Também permitem que policiais dos demais países signatários do acordo
acompanhem os clubes de futebol de suas respectivas nações, na qualidade de policiais,
atuando como parceiros da polícia local, para identificação dos torcedores potencialmente
violentos, e assim sejam monitorados com maior atenção.
De igual sorte, a Polícia Nacional Francesa envia policiais para acompanhar
os torcedores dos clubes de futebol franceses quando vão jogar em outros países da
União Européia.
112
A segurança interna dos estádios em eventos esportivos é feita por
Stewards. São seguranças privadas, pagos pelos clubes envolvidos na partida de futebol.
São os responsáveis pela primeira intervenção juntos aos torcedores, desde que não haja
necessidade de emprego de força. Nesse caso a polícia é acionada.
Em Berlin, foi feito contato com a policial Margarete Koppers, Presidente da
Unidade de Policiamento em Eventos Esportivos do Estado de Berlin, que fez a exposição
sobre as praticas de realização de grandes eventos no Estádio Olímpico Jesse Owens
Allee.
O policiamento dos eventos esportivos de grande envergadura em Berlin,
como de resto em todo o país, é feito pela Polícia Federal, que é a única força de
segurança existente no país. Segundo a policial Margarete Koppers, a Alemanha, como
signatária do acordo de cooperação internacional da União Européia, segue as orientações
no que tange ao controle e acompanhamento dos torcedores e torcidas organizadas de
clubes de futebol potencialmente violentos.
Igualmente enfrentam problemas de segurança pública envolvendo esses
torcedores alvos em dias de jogos de futebol, portanto, possuem também um órgão de
inteligência com foco em torcidas de clubes de futebol que se comunica com seus pares
da União Européia.
As medidas de segurança são muito similares aos dois países
anteriormente visitados, com pequenas diferenças.
A Alemanha também possui a figura dos Stewards como seguranças
privados na parte interna dos estádios, sem a possibilidade de qualquer intervenção
quando há necessidade de uso da força.
O comandante do policiamento interno e externo é a mesma pessoa, que
ocupa uma sala de comando dentro do estádio, em local estratégico, onde tem acesso a
todas as câmeras de vídeo monitoramento distribuídas dentro e fora dele.
A Polícia Federal alemã também recepciona policiais de outros países da
UE quando há jogos de clubes futebol de desses respectivos países na Alemanha, bem
como envia os seus policiais especializados em torcidas organizadas, quando os clubes de
futebol alemães vão jogar partidas em outros países.
113
Destaca-se na legislação alemã a proibição ao torcedor de entrar
alcoolizado no estádio de futebol, sendo inclusive permitido à polícia extrair o teor alcoólico
através do teste sanguineo, mediante emprego de força, caso o torcedor conduzido não
aceite fazê-lo voluntariamente.
Em Roma, a apresentação sobre o sistema italiano de gerenciamento de
grandes eventos de futebol foi feita pelo Sr Roberto Massucci, Dirigente da Polícia de
Estado da Itália.
Verificou-se que a Itália também é integrante do acordo de cooperação
internacional da União Européia, portanto, segue as orientações no que tange ao controle
e acompanhamento dos torcedores e torcidas organizadas de clubes de futebol
potencialmente violentos.
As medidas de segurança que envolvem um evento esportivo de grande
envergadura são similares às já mencionadas nesta seção, sendo observadas algumas
particularidades que merecem ser destacadas.
A primeira delas diz respeito a criação do Comitê Nacional de
Monitoramento em Eventos Esportivos (CNMEE), ligado ao Ministério do Interior,
composto por autoridades integrantes de todas as forças de segurança italianas e órgãos
que de alguma forma têm atuação sobre um evento esportivo de grande envergadura.
Esse centro tem sob sua responsabilidade monitorar o fenômeno da
violência e da intolerância em eventos esportivos de grande envergadura; avaliar os
problemas relativos a esses eventos e definir os níveis de risco; aprovar diretrizes para a
regulamentação em vigor quanto à segurança de instalações desportivas; promover a
coordenação das iniciativas de prevenção à violência e intolerância em eventos esportivos,
colaborando de alguma forma com as associações locais, governamentais e não
governamentais; entre outras.
Um dos projetos citados como criação do CNMEE foi a implantação do
cartão eletrônico com micro chip para ingresso no estádio de futebol, que contem todos os
seus dados pessoais do torcedor proprietário. Esse cartão recebe cargas de ingressos
para que ele possa freqüentar o estádio nos dias de jogos. Essas informações são
114
disponibilizadas para a polícia, podendo ser utilizadas em caso de necessidade de
identificação de algum torcedor que tenha praticado algum ato de violência ou vandalismo.
Também utilizam a bilhetagem eletrônica que é nominal, pessoal e
intransferível. O espectador que adquiriu o bilhete tem como obrigação apresentar sua
identidade ao adentrar o estádio, para comprovar a propriedade. Essa conferência é feita
pelos Stewards. Caso haja algum problema, a polícia será chamada a intervir.
Segundo o Sr Roberto Massucci, o CNMEE atua principalmente em ROMA.
Nas demais cidades do país foram criadas equipes similares denominadas Grupo
Operativo de Segurança (GOS), que replica o modelo desenvolvido em Roma.
Os grandes eventos esportivos da Itália também contam com a presença
dos Stewards, que têm por competência as atividades de recepção de espectadores,
canalização, observação e comunicação. A única atividade prevista dentro do campo é a
de prevenção à invasão. A proporção de emprego dos Stewards é de 1 para cada 250
espectadores.
Portugal possui duas polícias nacionais, quais sejam: a Guarda Nacional
Republicana (GNR) e a outra a Polícia de Segurança Pública (PSP). Ambas fazem o ciclo
completo de polícia. A essas polícias são atribuídos territórios de responsabilidade
baseado no número de habitantes por município. A Guarda Nacional é responsável pela
segurança pública em municípios menores e a Polícia de Segurança Pública em grandes
cidades do país.
Dessa forma, a responsabilidade sobre a segurança pública em eventos
esportivos de grande envergadura em Lisboa está sob competência da PSP.
Portugal, como país integrante da União Européia e signatário do acordo de
cooperação internacional no que diz respeito à segurança em eventos esportivos de
grande envergadura, emprega as mesmas medidas acima mencionadas como forma de
prevenção aos atos de violência e vandalismo por parte de torcedores e torcidas
organizadas de clubes de futebol, guardadas algumas singularidades culturais de cada
país.
No caso específico de eventos esportivos com duração de algumas
semanas, como é o caso da Euro Copa, são estabelecidas Leis temporárias, de caráter
115
transitório, que dão maior celeridade no julgamento dos processos criminais envolvendo
torcidas e torcedores violentos, além de potencializar as ações de polícia. Os torcedores
violentos podem ser julgados e expulsos do país rapidamente ou são aplicadas medidas
restritivas de liberdade, quando se trata de nativo, com o evento em andamento.
Os principais itens da Lei temporária definem os termos de funcionamento
do Poder Judiciário e Ministério Público; Previsão e uso de recursos e meios de vigilância
eletrônica; Definição de condições de acesso aos recintos esportivos; e, possibilidade de
afastamento de torcedores estrangeiros, entre outros.
Nesse caso, o poder judiciário e o ministério público atuam em regime de
plantão para que não se perca tempo na tramitação dos processos.
Os portugueses consideram importante a avaliação dos serviços de
segurança prestados durante o evento esportivo, portanto, na última Euro Copa realizada
em Portugal, contrataram uma universidade para avaliá-los de forma independente e
isenta de paixões sobre o seu desempenho.
Findas as observações feitas durante o estágio técnico científico
internacional, guardadas as diferenças entre as distintas realidades, foi possível propor
algumas sugestões de medidas consideradas pertinentes e aplicáveis ao sistema
brasileiro, postadas nas conclusões do presente trabalho monográfico.
116
8 CONCLUSÃO
O Futebol é um desporto de equipe jogado entre dois times integrados por
11 jogadores cada. Segundo dados da FIFA, é o desporto mais popular do mundo, sendo
praticado por mais de 270 milhões de competidores, o que explica, em certa medida, o
despertar de tamanha paixão e o registro de tantos casos de violência por todo o mundo,
que serviram de motivação para elaboração da presente pesquisa.
Após a coleta, apresentação e análise dos dados, objetivando a elucidação
do problema apresentado, esta seção dedicou-se a concluir a presente pesquisa, os quais
se correlacionam com a trajetória histórica do futebol tratada na segunda seção, com a
contextualização e fundamentos da violência verificados na terceira, com os aspectos
legais pertinentes ao tema abordados na quarta seção, com cabedal normativo observado
na quinta seção, bem como com o fenômeno das torcidas organizadas dos clubes de
futebol constante da sétima seção.
A segunda seção trouxe as informações relativas à evolução histórica desse
esporte que desperta paixões e provocou comportamentos sociais adversos, a ponto de
tornar-se objeto de estudos por sociólogos, historiadores, jornalistas, além de outros
profissionais. O conhecimento da história do desporto permite compreender melhor os
determinantes teóricos dessa violência.
Na terceira seção é possível observar os fundamentos da violência no
futebol e seus determinantes teóricos, considerando tratar-se de pesquisa que envolve o
comportamento humano diante de um esporte que atinge número tão expressivo da
população mundial entre praticantes e expectadores e que causa temores à sociedade.
Na sequencia, a quarta seção tem descritos os aspectos legais pertinentes
aos atos de violência praticados por torcidas organizadas e torcedores em dias de eventos
esportivos de grande envergadura, que podem gerar impacto direto na segurança pública,
bem como as consequencias penais cabiveis, especificamente no caso brasileiro, visto que
cada país trata do problema segundo a sua própria cultura.
A quinta seção traz as considerações acerca da forma com a qual a PMMG
orienta o planejamento e o emprego operacional de seus recursos, com vistas a
estabelecer controle sobre as torcidas organizadas e torcedores em praças desportivas e
na cidade como um todo, levando-se em conta que um evento esportivo de grande
117
envergadura tem reflexos em toda a cidade, já que envolve considerável fatia da
população belorizontina, além da proteção aos demais cidadãos que circulam pela cidade.
Na sexta seção, é apresentada a abordagem metodológica geral sobre a
ordem imposta a este estudo para se atingir o objetivo pretendido, ou seja, descreveu-se o
conjunto de processos empregados na investigação, que buscou melhor compreensão dos
fenômenos sociais que envolvem a problemática da violência praticada por torcidas
organizadas e torcedores em dias de eventos esportivos de grande envergadura em Belo
Horizonte.
Na sétima seção são apresentados e analisados os dados coletados
durante a pesquisa, oportunidade em que se apresenta o fenômeno das torcidas
organizadas dos clubes de futebol brasileiro e mineiro; os dados de ocorrências policiais
em eventos esportivos; os planejamentos de emprego do policiamento nas datas de
interesse da presente pesquisa; a perspectiva dos atores relevantes sobre o tema; além,
da percepção dos profissionais da área de segurança pública no exterior.
Levando-se em conta o objetivo geral deste estudo em avaliar a
adequabilidade do policiamento ostensivo preventivo em relação ao comportamento
violento e desregrado praticado por integrantes de grandes torcidas organizadas de times
futebol profissional em Belo Horizonte, foram traçados alguns pressupostos de trabalho,
visando nortear este estudo.
Aliando as poucas teorias consolidadas sobre esse tema à caracterização
do objeto da pesquisa, bem como à coleta e análise dos dados de pesquisa direta e
indireta, foi possível testar os pressupostos de trabalho e também atingir o objetivo geral
da pesquisa, chegando-se às seguintes conclusões sobre os pressupostos:
O primeiro pressuposto diz respeito à atribuição da falta de comunicação
entre as forças policiais e demais órgãos do sistema de defesa social como fator
contributivo para a impunidade dos agentes da violência praticada entre torcidas
organizadas. Tal afirmativa verificou-se verdadeira.
A existência da violência entre torcidas organizadas foi caracterizada pela
comprovação de que o evento esportivo de grande envergadura impacta na criminalidade
da cidade de Belo Horizonte. Das dezenove datas avaliadas de jogos realizados entre
Atlético e Cruzeiro no Mineirão, de 2006 a 2010, constatou-se que em apenas cinco não se
118
confirmou o crescimento dos delitos típicos que se relacionam com aqueles praticados por
torcidas organizadas e/ou torcedores de futebol.
Quando se busca o documento normativo que estabelece orientações do
Comando Geral para o planejamento, execução e controle das operações de polícia
ostensiva em praças desportivas, previsto na quinta seção deste estudo, constata-se que
data do ano de 1997. Além disso, verifica-se que ele é bem específico para as ações e
operações dentro e nas imediações estádio, portanto, não trata da comunicação entre as
forças policiais e demais órgãos do sistema de defesa social por toda a cidade, sendo
necessária a sua atualização.
Há que se considerar também que, com o passar dos anos, esse evento
ganhou protagonismo e proporções elevadas, impactando em toda a cidade, merecendo,
portanto, atenção das forças policiais em toda a cidade e não tão somente pelos policiais
destacados para o evento especificamente.
Ao se avaliar o primeiro pressuposto com base nas entrevistas qualitativas
aplicadas, verifica-se que os entrevistados destacam a existência do diálogo antes,
durante e após os jogos de grande envergadura por diversos atores envolvidos no
esquema de segurança, entretanto, os comandantes e ex-comandantes de comandos
intermediários, além do representante da Polícia Civil destacam a necessidade de
melhorar integração entre as forças policiais, visando potencializar a prevenção a esses
casos de vandalismo e violência.
Em que pese os dados coletados no item 7.5 não fazerem parte do objeto
da pesquisa, mas uma forma de enriquecer o conhecimento sobre o tema, levando-se em
conta ótica do mesmo problema diante realidades sociais distintas, verifica-se que a
comunicação entre as forças policiais e outros órgãos que integram o sistema de defesa
social, foi essencial para a obtenção de resultados mais satisfatórios nos países europeus
visitados.
No que diz respeito à estrutura de inteligência de acompanhamento do
vandalismo entre torcidas organizadas ser deficitária e dificultadora das ações preventivas
e repressivas das forças policiais, também conclui-se pela sua comprovação,
119
Em que pese todo o esforço dos órgãos em colocar em prática o modelo
atual de planejamento do evento e envolvimento de diversos órgãos estaduais, municipais,
poder judiciário, ministério público, entre outros, foi mencionado pelos entrevistados,
sobretudo os policiais, que prescindem de uma estrutura de inteligência mais adequada ao
combate a esse tipo de comportamento delituoso, que vem se modificando com a evolução
dos tempos.
Mencionou-se nas entrevistas a necessidade de criação de uma estrutura
que permita maior controle sobre os integrantes das torcidas organizadas, bem como a
individualização das ações desses agentes, inclusive envolvendo os demais Estados da
Federação, para que se evite a perda de informações relevantes no processo de
responsabilização dos autores desses delitos.
Ressalta-se que durante a visita deste pesquisador ao representante da
Delegacia Polícia Civil Especializadas em Grandes Eventos para a entrevista, presenciouse o contato e a troca de informações entre o Subcomandante do Batalhão de Policia de
Eventos e o Delegado de Polícia que presidia um Inquérito Policial a respeito de um caso
de violência envolvendo integrantes das torcidas organizadas Galoucura e Máfia Azul.
No que diz respeito ao segundo pressuposto de trabalho, a percepção dos
profissionais de segurança pública no exterior, também indicou que a formação de um
órgão de inteligência tornou-se uma das medidas estratégicas adotadas pelos países
integrantes da União Européia para o combate aos casos de violência entre torcedores e
torcidas organizadas de futebol.
Com relação à suficiência da legislação penal vigente para promover a
repressão aos autores da violência entre as torcidas organizadas, verificou-se que a
maioria dos entrevistados reconheceu a necessidade de aprimoramento e readequação da
legislação penal vigente, que não recepciona delitos específicos praticados por integrantes
de torcidas organizadas como ocorre em alguns países da Europa.
Dos onze entrevistados, somente os representantes do Ministério Público e
do Poder Judiciário disseram ser a legislação atual suficiente para combater o vandalismo
praticado por torcedores e/ou torcidas organizadas. Dos nove entrevistados restantes,
excluiram-se desse questionamento os dois representantes das torcidas organizadas, por
razões óbvias.
120
Os cinco entrevistados policiais, além dos representantes da SEDS e do
SETRABH alegaram que a legislação atual propicia a impunidade, permitindo que vários
dos agentes de vandalismo permaneçam no anonimato. A alegação é de que ela não
permite um controle mais efetivo por parte das forças policiais. Dessa maneira que se
concluiu pela não confirmação desse pressuposto de trabalho.
No que diz respeito a esse pressuposto de trabalho, a experiência dos
países europeus visitados durante o estágio técnico científico internacional, observado no
item 7.5, mostrou que o estabelecimento de legislação específica representou parte das
medidas de contenção da violência entre torcedores, que marcou os anos 1980 e 1990.
Por fim, no que se refere à insuficiência da doutrina atual da PMMG, para
proporcionar qualidade na atuação do policiamento ostensivo da 1ª RPM e CPE,
objetivando a prevenção aos atos de violência entre torcidas organizadas de futebol em
Belo Horizonte, em dias de eventos esportivos de grande envergadura, constatou-se que o
documento atual, a Instrução nº 04/97-CG, data do dia 31 de março de 1997, portanto,
possui mais de 14 anos de existência.
Os tempos evoluíram e com eles a violência praticada por integrantes de
torcidas organizadas. Trata-se de uma resposta ao questionamento feito especificamente
aos comandantes e ex-comandantes de comandos intermediários da PMMG, por razões
óbvias. Os quatro foram unânimes em reconhecer a necessidade de readequação e
atualização desse documento doutrinário, assim, concluiu-se pela pertinência também
desse pressuposto de trabalho.
Diante das conclusões colocadas, apresentam-se algumas sugestões que
podem contribuir para a redução da violência no futebol e o aperfeiçoamento do sistema
de defesa social, no que concerne aos dias de eventos esportivos de grande envergadura:
- criação de uma unidade de inteligência policial voltada para as torcidas
organizadas de futebol em Belo Horizonte, objetivando melhorar a integração entre os
órgãos do sistema de defesa social;
121
- proposição de legislação em âmbito federal, determinando a criação dessa
Unidade de inteligência em todos os Estados da federação, integrando-as a esses bancos
de dados cadastrais e criminais;
- proposição de integração desses órgãos de inteligência através da
Secretaria Nacional de Segurança Pública, com possibilidade de apresentação de
proposta de Lei que garanta a efetividade da ação policial nos casos de violência praticada
por torcedores;
- possibilidade de acompanhamento das torcidas organizadas que viajam
para assistir a jogos de seus respectivos clubes em outras cidades ou Estados, realizado
por policiais dessa Unidade;
- implantação do sistema de bilhetagem eletrônica nos estádios de futebol
que identifica o comprador do ingresso, cruzando-o com o banco de dados cadastrais;
- aplicação efetiva da pena restritiva ao torcedor violento, já existente no
atual Estatuto do Torcedor, que o impeça de comparecer ao estádio de futebol,
determinando o seu comparecimento em unidade policial para que lá permaneça durante
os eventos esportivos do seu clube;
- aplicação severa das leis penais existentes;
- criar normatização interna na PMMG que defina com mais clareza as
funções de cada comando intermediário;
- prover a Unidade de eventos de efetivo suficiente para assumir as funções
na íntegra;
- readequação da legislação penal ao tipo de evento criminal mais recente
no Brasil, permitindo maior controle sobre as torcidas organizadas;
- facilitar a utilização das ferramentas tecnológicas por parte das forças
policiais;
- individualizar as ações dos seus integrantes para que eles não
permaneçam impunes, evitando-se o anonimato;
122
- integração do sistema de justiça, estabelecendo-se policiais, promotores e
juízes específicos para torcidas organizadas, pois os casos são tratados no juizado
especial criminal, permitindo que eles se percam na desorganização;
- maior presença real e potencial da policia ostensiva no acompanhamento
das torcidas organizadas em dias de eventos esportivos.
Por fim, espera-se que este estudo tenha contribuído para a redução
violência e do vandalismo na cidade de Belo Horizonte em dias de eventos esportivos de
grande envergadura, sobretudo com vistas à proximidade com a Copa do Mundo de
Futebol de 2014, cuja competição terá parte de seus jogos realizados na Capital Mineira,
sem a pretensão de esgotar o tema.
123
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126
APÊNDICE: Roteiros de entrevista
a) Autoridades envolvidas em eventos esportivos de grande envergadura em Belo
Horizonte
Nome:___________________________________________________
Função:__________________________________________________
1)
Considerando a sua experiência no comando de policiamento em grandes eventos,
qual a sua percepção sobre os casos de violência entre torcidas organizadas em Belo
Horizonte, em dias de eventos esportivos de grande envergadura? Por exemplo, esses
eventos se concentram em determinados pontos da cidade, ou se distribuem de forma
aleatória na cidade? São concentrados em alguns locais? Como descreveria um local
favorável para essas brigas entre torcidas?
1a) Como o senhor descreveria as pessoas que são envolvidas nas brigas entre torcidas
organizadas?
1b) Na sua opinião, poderíamos dizer que existe um padrão dessas ocorrências violentas
entres torcidas de futebol?
1c) Que tipo de instrumentos são usados pelos envolvidos nas brigas entre torcidas?
2) Que razões levam esses grupos a se degladiarem em dias de eventos esportivos em
Belo Horizonte?
3) Na sua opinião, a forma de intervenção adotada pela PMMG previne os casos de
violência entre torcidas organizadas?
4) Os planos de operações da PMMG para combate à violência entre torcidas organizadas
em dias de eventos esportivos em Belo Horizonte são adequados?
5) Que outra forma de intervenção seria possível com o objetivo de potencializar a ação
da PMMG nesses casos?
127
b) Representantes das torcidas organizadas Galoucura e Máfia Azul
Nome:___________________________________________________
Função:__________________________________________________
1)
Casos de violência entre torcidas organizadas estão sempre presentes no cotidiano
da mídia. Como você analisa esses casos? Qual a sua percepção sobre os casos de
violência entre torcidas organizadas em Belo Horizonte, em dias de eventos esportivos de
grande envergadura?
2)
Na sua opinião, onde ocorrem os casos de violência entre torcidas. São mais
comuns de ocorrerem em pontos específicos da cidade ou de forma aleatória? Eles
ocorrem em horários específicos ou de forma aleatória?
3)
Que tipo de torcedores se envolvem com violência? Como você descreveria as
pessoas que frequentemente se envolvem com violência durante eventos esportivos.
4)
Na sua opinião, como a mídia trata desses fatos?
5) Você já participou ou esteve presente em algum confronto entre torcidas organizadas?
Você poderia me falar um pouco sobre esse fato – quando aconteceu, onde e a que horas,
e como o caso foi solucionado?
6) Na sua opinião, o que leva integrantes de torcidas organizadas a se degladiarem nesses
eventos?
7) Qual a sua opinião sobre a intervenção das forças de segurança pública nesses
eventos?
8) De que forma a PMMG deveria intervir nesses casos, objetivando o controle e
prevenção aos confrontos entre torcidas organizadas?
Marco Antônio Bicalho, Tenente Coronel PM
Aluno CEGESP/2011
128
ANEXO A: Ocorrências registradas em dias eventos esportivos de grande envergadura em
Belo Horizonte
129
a) Tabelas contendo o número de REDS, data e logradouro das ocorrências envolvendo
torcidas organizadas e torcedores em jogos entre Atlético e Cruzeiro no Mineirão, de 2006 a
2010.
Tabela 5: Ocorrências de dano envolvendo torcidas organizadas em jogos
Atlético e Cruzeiro – Belo Horizonte – 2006/2010.
(continua)
Número REDS
Data
Logradouro
2006-000020852-001
05/02/2006
Amazonas
2006-000021021-001
05/02/2006
Silviano Brandão
2006-000021038-001
05/02/2006
Amazonas
2006-000021092-001
05/02/2006
Antônio Francisco Lisboa
2006-000021751-001
05/02/2006
Rio Grande Do Sul
2006-000049900-001
19/03/2006
Amazonas
2006-000049907-001
19/03/2006
Olinto Meireles
2006-000050175-001
19/03/2006
Tres Pontas
2006-000055338-001
26/03/2006
Paraná
2006-000055410-001
26/03/2006
Cel Oscar Paschoal
2006-000055480-001
26/03/2006
Visconde De Ibituruna
2006-000055534-001
26/03/2006
Joaquim Gouveia
2006-000055542-001
26/03/2006
Doutor Álvaro Camargos
2006-000055549-001
26/03/2006
Muquissaba
2006-000055571-001
26/03/2006
Senador Levindo Coelho
2006-000055603-001
26/03/2006
Pedro I
2006-000055615-001
26/03/2006
Dos Insdustriarios
2007-000039620-001
10/02/2007
Padre Pedro Pinto
2007-000039845-001
10/02/2007
Paraná
2007-000039901-001
10/02/2007
Afonso Vaz De Melo
2007-000128787-001
29/04/2007
Quintino Bocaiúva
2007-000128936-001
29/04/2007
Guarani
2007-000128939-001
29/04/2007
Perimetral
2007-000128955-001
29/04/2007
Presidente Antônio Carlos
2007-000128973-001
29/04/2007
Santa Terezinha
2007-000129034-001
29/04/2007
Professora Gabriela Varela
2007-000129054-001
29/04/2007
Coracao Eucaristico Jesus
2007-000160724-001
06/05/2007
Antonio Abrahao Caran
2008-000178159-001
27/04/2008
Santos Dumont
2008-000178479-001
27/04/2008
Antonio Abrahao Caran
2008-000178627-001
27/04/2008
General Aranha
2008-000178649-001
27/04/2008
Tereza Cristina
2008-000178675-001
27/04/2008
Afonso Vaz De Melo
2008-000178772-001
27/04/2008
Afonso Vaz De Melo
2008-000178806-001
27/04/2008
Afonso Vaz De Melo
2008-000178823-001
27/04/2008
Campo Formoso
2008-000178888-001
27/04/2008
Canoas
2008-000188822-001
04/05/2008
Coronel Oscar Paschoal
2008-000189360-001
04/05/2008
Padre Eustaquio
2008-000305666-001
13/07/2008
Antonio Abrahao Caran
130
Tabela 5: Ocorrências de dano envolvendo torcidas organizadas em jogos
Atlético e Cruzeiro – Belo Horizonte – 2006/2010.
(continuação)
Número REDS
Data
Logradouro
2008-000305692-001
13/07/2008
Amazonas
2008-000305738-001
13/07/2008
Amazonas
2008-000306391-001
13/07/2008
Antonio Abrahao Caran
2008-000306515-001
13/07/2008
Vinte e Oito de Setembro
2008-000307059-001
13/07/2008
Serrana
2008-000477466-001
19/10/2008
Nossa Senhora Do Carmo
2008-000477573-001
19/10/2008
Padre Pedro Pinto
2008-000477637-001
19/10/2008
Br 262
2008-000477867-001
19/10/2008
D
2008-000477919-001
19/10/2008
Doutor Cristiano Guimarães
2008-000477922-001
19/10/2008
Silviano Brandão
2008-000477933-001
19/10/2008
Paraná
2008-000478042-001
19/10/2008
Cristiano Machado
2008-000478104-001
19/10/2008
Boaventura Costa
2009-000071364-001
15/02/2009
Tupis
2009-000071401-001
15/02/2009
Julita Nogueira Soares
2009-000071529-001
15/02/2009
Amazonas
2009-000071904-001
15/02/2009
Begonia
2009-000072763-001
15/02/2009
Nossa Senhora Do Carmo
2009-000073574-001
15/02/2009
Andradas
2009-000210076-001
26/04/2009
Raja Gabaglia
2009-000210379-001
26/04/2009
Augusto Dos Anjos
2009-000210445-001
26/04/2009
Braulio Gomes Nogueira
2009-000210490-001
26/04/2009
Contagem
2009-000210817-001
26/04/2009
General Olimpio Mourao Filho
2009-000225503-001
03/05/2009
Antonio Abrahao Caran
2009-000225655-001
03/05/2009
Dom Pedro Ii
2009-000419627-001
12/07/2009
Perimetral
2009-000420317-001
12/07/2009
Ameixeiras
2009-000420368-001
12/07/2009
Br 262
2009-000420420-001
12/07/2009
Br 262
2009-000420546-001
12/07/2009
Sinfronio Brochado
2009-000420823-001
12/07/2009
Serrana
2009-000420865-001
12/07/2009
Dom Pedro I
2009-000698477-001
12/10/2009
Amazonas
2009-000698861-001
12/10/2009
Padre Pedro Pinto
2009-000698984-001
12/10/2009
Araguari
2009-000699225-001
12/10/2009
Presidente Antonio Carlos
2009-000699228-001
12/10/2009
Dom Pedro I
2009-000699235-001
12/10/2009
Presidente Antonio Carlos
2009-000699353-001
12/10/2009
Br 262
2009-000699363-001
12/10/2009
Maria Regina De Jesus
2009-000699375-001
12/10/2009
Presidente Antonio Carlos
2009-000699465-001
12/10/2009
Olinto Meireles
2009-000699471-001
12/10/2009
Amazonas
2009-000699784-001
12/10/2009
Carlos Eduardo Lotti
2009-000700159-001
12/10/2009
Br 262
2009-000700881-001
12/10/2009
Gabirobas
131
Tabela 5: Ocorrências de dano envolvendo torcidas organizadas em jogos
Atlético e Cruzeiro – Belo Horizonte – 2006/2010.
(conclusão)
Número REDS
Data
Logradouro
2009-000707933-001
12/10/2009
Antonio Abrahao Caran
2010-000180220-001
20/02/2010
Itanhaem
2010-000180338-001
20/02/2010
Waldir Soeiro Emrich
2010-000180377-001
20/02/2010
Caetes
2010-000181134-001
20/02/2010
Padre Pedro Pinto
2010-000181283-001
20/02/2010
Doutor Cristiano Guimaraes
2010-000182406-001
20/02/2010
Coronel Durval De Barros
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro Integrado
de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011. Disponível em
<www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de 2011.
Tabela 6: Ocorrências de homicídio envolvendo torcidas organizadas em jogos
Atlético e Cruzeiro – Belo Horizonte – 2006/2010.
Número reds
Data
Logradouro
2006-000055505-001
26/03/2006
Antonio Abrahao Caran
2008-000178630-001
27/04/2008
Amazonas
2009-000071345-001
15/02/2009
Silviano Brandão
2009-000225810-001
03/05/2009
Consul Antonio Cadar
2010-000180345-001
20/02/2010
Guaratinguetá
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro Integrado
de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011. Disponível em
<www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de 2011.
Tabela 7: Ocorrências de lesão corporal envolvendo torcidas organizadas em
jogos Atlético e Cruzeiro – Belo Horizonte – 2006/2010.
(continua)
Número REDS
Data
Logradouro
2006-000020877-001
05/02/2006
Amazonas
2006-000021032-001
05/02/2006
Ezequiel Dias
2006-000049914-001
19/03/2006
Dom Pedro II
2006-000050096-001
19/03/2006
Afonso Pena
2006-000056808-001
26/03/2006
Olinto Meireles
2007-000039555-001
10/02/2007
Santos Dumont
2007-000089148-001
10/02/2007
Dom Pedro I
2007-000128999-001
29/04/2007
Presidente Antonio Carlos
2007-000129113-001
29/04/2007
Sete De Setembro
2007-000156625-001
06/05/2007
Antonio Abrahao Caran
2008-000178545-001
27/04/2008
Padre Pedro Pinto
2008-000178585-001
27/04/2008
Conceicao do Mato Dentro
2008-000178899-001
27/04/2008
Consul Antonio Cadar
2008-000305933-001
13/07/2008
Walter Ianini
2008-000477874-001
19/10/2008
Antonio Abrahao Caran
2008-000478116-001
19/10/2008
Barao de Coromandel
2008-000478146-001
19/10/2008
Alcindo Goncalves Cotta
2008-000478214-001
19/10/2008
Barao de Coromandel
2009-000210144-001
26/04/2009
Presidente Carlos Luz
2009-000225883-001
03/05/2009
BR 262
2009-000698514-001
12/10/2009
MG 10
2010-000179626-001
20/02/2010
Monte Líbano
132
Tabela 7: Ocorrências de lesão corporal envolvendo torcidas organizadas em
jogos Atlético e Cruzeiro – Belo Horizonte – 2006/2010. (conclusão)
Número REDS
Data
Logradouro
2010-000179764-001
20/02/2010
Doutor Alvaro Camargos
2010-000179825-001
20/02/2010
Antonio Abrahao Caran
2010-000180028-001
20/02/2010
Presidente Carlos Luz
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro Integrado
de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011. Disponível em
<www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de 2011.
Tabela 8: Ocorrências de rixa envolvendo torcidas organizadas em jogos
Atlético e Cruzeiro – Belo Horizonte – 2006/2010.
Número REDS
Data
Logradouro
2007-000128684-001
29/04/2007
Dom Pedro II
2008-000305883-001
13/07/2008
Amazonas
2009-000071803-001
15/02/2009
Santa Rosa
2009-000071848-001
15/02/2009
Antonio Abrahao Caran
2009-000419433-001
12/07/2009
Úrsula Paulino
2009-000419559-001
12/07/2009
Cristiano Machado
2010-000179425-001
20/02/2010
Para de Minas
2010-000179598-001
20/02/2010
Úrsula Paulino
2010-000179817-001
20/02/2010
Perimetral
2010-000179946-001
20/02/2010
Coronel Oscar Paschoal
2010-000180428-001
20/02/2010
Coronel Oscar Paschoal
2010-000180694-001
20/02/2010
Cristiano Machado
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro
Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011.
Disponível em <www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de 2011.
Tabela 9: Ocorrências de vias de fato / agressão envolvendo torcidas
organizadas em jogos Atlético e Cruzeiro – Belo Horizonte –
2006/2010
Número REDS
Data
Logradouro
2007-000039783-001
10/02/2007
Diogo de Vasconcelos
2008-000266370-001
04/05/2008
Antonio Abrahao Caran
2009-000071811-001
15/02/2009
Romero Gomes Vieira
2009-000698921-001
12/10/2009
Nelson Jose De Almeida
2009-000699519-001
12/10/2009
Castilho
Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (SEDS). Centro Integrado
de Informações de Defesa Social (CINDS). Belo Horizonte, 2011. Disponível em
<www.armazemsids.mg.gov.br>. Acesso em 21 de julho de 2011.
133
ANEXO B: Resumo do total de veículos coletivos depredados em dias de eventos
esportivos de grande envergadura em Belo Horizonte por ano – 2006/2010.
134
b) Tabelas contendo total de veículos coletivos depredados em dias de jogos de futebol no
Mineirão, em Belo Horizonte, de 2006 a 2010.
Tabela 10: Total de veículos depredados por jogo em dias de eventos esportivos no Mineirão
– Belo Horizonte – 2006.
Jogo
Data
Público
Veículos
solicitados
Veículos depredados
Linhas
Especial
Total
Atlético 1 x 1 Cruzeiro
5 fev 2006
49.300
40
40
4
44
Atlético 2 x 2 Cruzeiro
18 mar 2006
42.171
50
46
1
47
Atlético 0 x 2 Cruzeiro
26 mar 2006
49.617
50
73
3
76
Atlético x Flamengo
3 mai 2006
... 6
20
30
1
31
Cruzeiro x Flamengo
21 mai 2006
...
30
14
0
14
Cruzeiro x Fluminense
13 ago 2006
...
20
13
2
15
Atlético x Sport
23 set 2006
52.030
40
8
4
12
Atlético x Paysandu
4 nov 2006
45.973
50
25
12
37
Cruzeiro x Vasco
5 nov 2006
21.685
15
28
3
31
Atlético x São
Raimundo
7 nov 2006
44.243
40
31
7
38
Atlético x América RN
25 nov 2006
74.694
60
78
30
108
379.713
415
386
67
453
Total
Fonte: Sindicado das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SETRABH).
Nota: O público foi retirado de publicações na imprensa e arredondado. Os outros jogos realizados em
2006 tiveram público reduzido em não se registrou depredações.
6
Sinal convencional utilizado: ... dado numérico não disponível.
135
Tabela 11: Total de veículos depredados por jogo em dias de eventos esportivos no Mineirão
– Belo Horizonte – 2007.
(continua)
Jogo
7
Data
Público
pagante
Veículos
solicitados
Veículos depredados
Linhas
Especial
Total
Cruzeiro x Guarani
27 jan 2007
... 7
20
6
1
7
Cruzeiro x Atlético
10 fev 2007
42.272
50
28
2
30
Cruzeiro x Atlético
29 abr 2007
...
50
31
6
37
Cruzeiro x Atlético
6 mai 2007
42.475
50
45
3
48
Cruzeiro x Atlético
24 jun 2007
36.746
50
35
5
40
Cruzeiro x Vasco
30 jun 2007
37.667
20
29
14
43
Atlético x Flamengo
4 jul 2007
21.370
20
6
0
6
Atlético x Gremio
7 jul 2007
13.458
25
8
1
9
Cruzeiro x Goias
14 jul 2007
26.857
20
31
3
34
Atlético x América
18 jul 2007
7.434
10
3
0
3
Cruzeiro x São Paulo
22 jul 2007
32.999
25
27
1
28
Atlético x Santos
1 ago 2007
24.950
20
7
1
8
Cruzeiro x
Internacional
5 ago 2007
20.373
20
22
4
26
Cruzeiro x Fluminense
19 ago 2007
17.049
...
13
0
13
Cruzeiro x Goias
22 ago 2007
11.403
10
2
1
3
Atlético x Botafogo
26 ago 2007
19.828
25
6
4
10
Atlético x Corinthians
30 ago 2007
7.703
15
2
0
2
Cruzeiro x Palmeiras
2 set 2007
31.064
25
7
0
7
Atlético x São Paulo
5 set 2007
16.118
15
19
2
21
Cruzeiro x Grêmio
8 set 2007
35.645
35
38
5
43
Atlético x Cruzeiro
16 set 2007
40.697
50
55
14
69
Sinal convencional utilizado: ... dado numérico não disponível.
136
Tabela 11: Total de veículos depredados por jogo em dias de eventos esportivos no Mineirão
– Belo Horizonte – 2007.
(conclusão)
Jogo
Data
Público
pagante
Veículos
solicitados
Veículos depredados
Linhas
Especial
Total
Atlético x Inter
23 set 2007
31.518
25
17
6
23
Cruzeiro x Figueirense
30 set 2007
36.052
35
32
9
41
Cruzeiro x Santos
3 out 2007
8.110
15
6
1
7
Atlético x Sport
7 out 2007
35.038
...
37
6
43
Cruzeiro x Náutico
12 out 2007
26.727
20
24
5
29
Atlético x Vasco
21 out 2007
48.704
45
34
15
49
Cruzeiro x Atlético-PR
27 out 2007
24.636
40
33
10
43
Atlético x Paraná
31 out 2007
34.879
30
23
3
26
Cruzeiro x Flamengo
4 nov 2007
26.244
30
27
3
30
Atlético x Juventude
11 nov 2007
39.393
35
32
12
44
Atlético x Goiás
28 nov 2007
40.793
35
32
14
46
Cruzeiro x América RN
2 dez 2007
29.611
35
44
5
49
867.813
900
761
156
917
Total
Fonte: Sindicado das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SETRABH).
Nota: O público foi retirado de publicações na imprensa e arredondado.
Os outros jogos realizados em 2007 tiveram público reduzido em não se registrou depredações.
137
Tabela 12: Total de veículos depredados por jogo em dias de eventos esportivos no Mineirão –
Belo Horizonte – 2008.
(continua)
Jogo
Data
Público
pagante
Veículos
solicitados
Veículos depredados
Linhas
Especial
Total
Cruzeiro x Uberaba
27 jan 2008
11.968
25
6
4
10
Cruzeiro x Cerro Porteño
30 jan 2008
38.564
35
26
10
36
Atlético x Democrata-GV
2 fev 2008
16.987
20
2
7
9
Cruzeiro x Democrata-SL
10 fev 2008
11.886
25
4
2
6
Cruzeiro x Real Potosí
13 fev 2008
33.874
35
22
12
34
Atlético x Social
17 fev 2008
23.190
20
18
7
25
Cruzeiro x Vila Nova
24 fev 2008
9.947
25
1
1
2
Atlético x Ituiutaba
2 mar 2008
11.994
20
3
3
6
Cruzeiro x Caracas
5 mar 2008
38.548
30
11
6
17
Atlético x Cruzeiro
9 mar 2008
54.875
50
64
7
71
Cruzeiro x Rio Branco
13 mar 2008
4.834
30
4
1
5
Atlético x Tupi
23 mar 2008
9.951
15
3
1
4
Atlético x Peñarol
26 mar 2008
44.734
40
17
7
24
Cruzeiro x Ipatinga
30 mar 2008
9.727
20
4
1
5
Atlético x Nacional
9 abr 2008
15.932
20
3
0
3
Cruzeiro x Ituiutaba
12 abr 2008
17.546
20
5
1
6
Atlético x Tupi
13 abr 2008
28.976
30
27
7
34
Cruzeiro x Ituiutaba
20 abr 2008
20.651
25
11
2
13
Atlético x Cruzeiro *
27 abr 2008
48.903
70
49
5
54
Atlético x Náutico
30 abr 2008
25.347
20
6
0
6
Cruzeiro x Atlético
4 mai 2008
39.197
60
29
2
31
Cruzeiro x Boca Juniors
7 mai 2008
61.471
45
35
5
40
Atlético x Botafogo
8 mai 2008
43.086
35
21
5
26
138
Tabela 12: Total de veículos depredados por jogo em dias de eventos esportivos no Mineirão – Belo
Horizonte – 2008.
(continuação)
Jogo
Data
Público
pagante
Veículos
solicitados
Veículos depredados
Linhas
Especial
Total
Atlético x Fluminense
11 mai 2008
10.619
30
8
1
9
Cruzeiro x Botafogo
17 mai 2008
14.296
25
6
0
6
Cruzeiro x Santos
25 mai 2008
19.291
25
11
2
13
Atlético x Portuguesa
1 jun 2008
9.522
20
2
3
5
Cruzeiro x Vasco
8 jun 2008
20.278
25
13
1
14
Atlético x Ipatinga
11 jun 2008
5.357
15
0
0
0
Brasil x Argentina
18 jun 2008
52.527
20
4
0
4
Cruzeiro x Figueirense
21 jun 2008
8.988
20
1
0
1
Cruzeiro x São Paulo
30 jun 2008
37.115
25
16
2
18
Atlético x Palmeiras
6 jul 2008
31.570
30
13
5
18
Atlético x Flamengo
9 jul 2008
33.359
30
6
0
6
Atlético x Cruzeiro
13 jul 2008
37.644
60
22
2
24
Cruzeiro x Atlético-PR
16 jul 2008
15.247
25
0
0
0
Atlético x Coritiba
20 jul 2008
6.569
30
6
0
6
Cruzeiro x Goiás
23 jul 2008
18.048
25
5
1
6
Atlético x Vitória
27 jul 2008
7.099
12
2
0
2
Cruzeiro x Náutico
30 jul 2008
19.209
12
1
1
2
Atlético x Sport
3 ago 2008
6.039
20
2
0
2
Atlético x Internacional
7 ago 2008
30.861
30
11
2
13
Cruzeiro x Vitória
16 ago 2008
16.678
20
10
1
11
Atlético x Goiás
21 ago 2008
3.697
10
0
0
0
Atlético x Atlético PR
24 ago 2008
4.274
15
5
0
5
Atlético x Botafogo
27 ago 2008
5.081
20
0
0
0
139
Tabela 12: Total de veículos depredados por jogo em dias de eventos esportivos no Mineirão – Belo
Horizonte – 2008.
(conclusão)
Jogo
Data
Público
pagante
Veículos
solicitados
Veículos depredados
Linhas
Especial
Total
Cruzeiro x Coritiba
31 ago 2008
12.975
20
16
2
18
Atlético x São Paulo
3 set 2008
6.393
10
1
0
1
Cruzeiro x Palmeiras
14 set 2008
46.081
40
44
10
54
Atlético x Figueirense
27 set 2008
19.239
25
6
1
7
Cruzeiro x Sport
2 out 2008
8.931
20
7
1
8
Cruzeiro x Ipatinga
9 out 2008
12.915
17
1
0
1
Atlético x Cruzeiro
19 out 2008
52.884
60
57
11
68
Atlético x Internacional
25 out 2008
8.865
10
1
0
1
Cruzeiro x Grêmio
29 out 2008
35.560
25
22
0
22
Atlético x Botafogo
2 nov 2008
8.952
15
0
0
0
Cruzeiro x Fluminense
9 nov 2008
16.345
25
15
2
17
Atlético x Vasco
12 nov 2008
42.182
25
16
2
18
Cruzeiro x Flamengo
23 nov 2008
50.789
32
22
3
25
Atlético x Santos
30 nov 2008
54.231
40
36
2
38
Cruzeiro x Portuguesa
7 dez 2008
39.369
48
26
2
28
Média por partida
23.791
27
13
3
15
Total
1.451.267
1.671
785
153
938
Fonte: Sindicado das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SETRABH).
Nota: O público foi retirado de publicações na imprensa e arredondado.
Os outros jogos realizados em 2008 tiveram público reduzido em não se registrou depredações.
140
Tabela 13: Total de veículos depredados por jogo em dias de eventos esportivos no Mineirão – Belo
Horizonte – 2009.
(continua)
Jogo
Data
Público
pagante
Veículos
solicitados
Veículos depredados
Linhas
Especial
Total
Atlético x América
26 jan 2009
35.342
24
8
1
9
Cruzeiro x Social
1 fev 2009
15.804
28
12
3
15
Atlético x Uberaba
11 fev 2009
5.334
28
2
1
3
Cruzeiro x Guarani
12 fev 2009
6.703
20
3
0
3
Cruzeiro x Atlético
15 fev 2009
47.803
74
38
18
56
Cruzeiro x EstudiantesAR
19 fev 2009
33.969
38
15
1
16
Atlético x Rio Branco
21 fev 2009
9.516
20
0
0
0
Atlético x Uberlândia
28 fev 2009
24.198
20
6
0
6
Cruzeiro x Ituiutaba
1 mar 2009
11.674
20
12
0
12
Cruzeiro x Tupi
8 mar 2009
9.535
16
14
0
14
América x Cruzeiro
15 mar 2009
13.591
30
9
3
12
Cruzeiro x Univ. de
Sucre
18 mar 2009
14.439
40
5
1
6
Atlético x Vila Nova
22 mar 2009
38.108
25
16
3
19
Cruzeiro x Democrata
GV
25 mar 2009
2.425
25
3
0
3
Cruzeiro x Tupi
28 mar 2009
9.882
25
8
2
10
América x Rio Branco
29 mar 2009
1.733
10
0
0
0
Atlético x Uberaba
8 abr 2009
40.452
35
8
4
12
Democrata GV x
Ituiutaba
9 abr 2009
318
5
0
0
0
Rio Branco x Atlético
12 abr 2009
27.702
30
20
1
21
Ituiutaba x Cruzeiro
15 abr 2009
12.390
26
10
1
11
Atlético x Rio Branco
18 abr 2009
30.027
36
8
3
11
Cruzeiro x Ituiutaba
19 abr 2009
13.878
26
7
1
8
Cruzeiro x Deportivo
Quito
22 abr 2009
34.175
22
18
4
22
141
Tabela 13: Total de veículos depredados por jogo em dias de eventos esportivos no Mineirão – Belo
Horizonte – 2009.
(continuação)
Jogo
Data
Público
pagante
Veículos
solicitados
Veículos depredados
Linhas
Especial
Total
Atlético x Guaratinguetá
23 abr 2009
2.799
26
8
1
9
Cruzeiro x Atlético
26 abr 2009
47.489
70
33
18
51
Atlético x Cruzeiro
3 mai 2009
38.186
70
25
14
39
Atlético x Vitória
6 mai 2009
9.094
25
0
1
1
Cruzeiro x Flamengo
10 mai 2009
24.564
25
13
0
13
Cruzeiro x Univ. de Chile
14 mai 2009
36.898
25
13
4
17
Atlético x Grêmio
16 mai 2009
17.263
25
5
3
8
Cruzeiro x Vitória
23 mai 2009
7.344
20
3
0
3
Cruzeiro x São Paulo
27 mai 2009
52.906
35
17
8
25
Atlético x Santo André
30 mai 2009
23.673
21
3
4
7
Cruzeiro x Internacional
7 jun 2009
16.687
20
12
1
13
Atlético x Náutico
14 jun 2009
40.820
35
11
11
22
Cruzeiro x Baruerí
21 jun 2009
6.117
25
6
0
6
Cruzeiro x Grêmio
24 jun 2009
51.296
35
22
3
25
Cruzeiro x Avaí
27 jun 2009
3.435
18
3
0
3
Atlético x Botafogo
5 jul 2009
48.651
30
25
8
33
Atlético x Cruzeiro
12 jul 2009
22.583
68
31
0
31
Cruzeiro x EstudiantesAR
15 jul 2009
64.800
35
47
5
52
Atlético x São Paulo
16 jul 2009
54.214
38
30
5
35
Cruzeiro x Corinthians
19 jul 2009
32.595
38
13
1
14
Atlético x Fluminense
23 jul 2009
55.769
33
28
7
35
Atlético x Goiás
26 jul 2009
50.991
37
27
10
37
Cruzeiro x Sport Recife
29 jul 2009
17.954
22
7
1
8
142
Tabela 13: Total de veículos depredados por jogo em dias de eventos esportivos no Mineirão – Belo
Horizonte – 2009.
(continuação)
Jogo
Data
Público
pagante
Veículos
solicitados
Veículos depredados
Linhas
Especial
Total
Atlético x Coritiba
2 ago 2009
26.179
37
20
7
27
Cruzeiro x Atlético PR
5 ago 2009
15.485
15
3
2
5
Atlético x Palmeiras
12 ago 2009
51.532
42
20
10
30
Cruzeiro x Santos
16 ago 2009
16.939
21
13
1
14
Atlético x Avaí
21 ago 2009
18.566
41
16
8
24
Cruzeiro x Nautico
23 ago 2009
14.709
21
10
2
12
Atlético x Goiás
26 ago 2009
2.197
29
5
0
5
Atlético x Sport
30 ago 2009
19.783
24
13
5
18
Cruzeiro x São Paulo
6 set 2009
27.953
24
10
3
13
Atlético x Atlético
Paranaense
13 set 2009
33.597
28
20
11
31
Cruzeiro x Palmeiras
23 set 2009
26.282
28
23
7
30
Atlético x Santos
27 set 2009
36.294
28
19
8
27
Atlético x Baruerí
3 out 2009
44.707
30
22
12
34
Cruzeiro x Goiás
9 out 2009
7.693
25
5
1
6
Atlético x Cruzeiro
12 out 2009
45.959
63
28
12
40
Cruzeiro x Botafogo
18 out 2009
28.504
26
21
5
26
Atlético x Vitória
24 out 2009
57.970
30
24
12
36
Cruzeiro x Santo André
28 out 2009
19.567
26
14
3
17
Cruzeiro x Fluminense
1 nov 2009
49.140
30
32
11
43
Cruzeiro x Argentino
Júniors
4 nov 2009
48.216
32
30
4
34
Atlético x Flamengo
8 nov 2009
63.285
36
45
13
58
Cruzeiro x Grêmio
14 nov 2009
51.534
36
43
8
51
143
Tabela 13: Total de veículos depredados por jogo em dias de eventos esportivos no Mineirão – Belo
Horizonte – 2009.
(conclusão)
Jogo
Data
Público
pagante
Veículos
solicitados
Veículos depredados
Linhas
Especial
Total
Atlético x Internacional
22 nov 2009
41.842
36
27
11
38
Cruzeiro x Coritiba
29 nov 2009
27.291
36
28
11
39
Atlético x Corinthians
5 dez 2009
5.769
26
1
0
1
Média por jogo
27.776
31
15
4
20
Total
1.972.119
2.169
1.096
319
1.415
Fonte: Sindicado das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SETRABH).
Notas: O público foi retirado de publicações na imprensa e arredondado.
Os outros jogos realizados em 2008 tiveram público reduzido em não se registrou depredações.
144
Tabela 14: Total de veículos depredados por jogo em dias de eventos esportivos no Mineirão – Belo
Horizonte – 2010.
(continua)
Jogo
Data
Público
pagante
Veículos
solicitados
Veículos depredados
Linhas
Especial
Total
Araribá x Frigoarnaldo
17 jan 2010
15.209
20
1
0
1
Cruzeiro x Uberlândia
20 jan 2010
13.267
22
12
0
12
América x Atlético
24 jan 2010
39.123
36
18
2
20
Ipatinga x Cruzeiro
30 jan 2010
6.990
24
5
1
6
Atlético x Tupi
31 jan 2010
18.968
24
9
1
10
Cruzeiro x Real Potosí
3 fev 2010
39.574
36
19
6
25
Cruzeiro x Vila Nova
6 fev 2010
8.960
24
10
3
13
Atlético x Ipatinga
7 fev 2010
28.749
24
20
2
22
*Atlético x Cruzeiro
20 fev 2010
41.591
68
22
0
22
Cruzeiro x Colo Colo
24 fev 2010
32.927
33
24
3
27
Cruzeiro x Uberaba
3 mar 2010
2.415
24
1
0
1
Atlético x Democrata/GV
6 mar 2010
11.548
29
8
2
10
Atlético x Caldense
13 mar 2010
11.544
26
16
2
18
Cruzeiro x América
14 mar 2010
12.111
30
15
3
18
Cruzeiro x Africa do Sul
16 mar 2010
13.496
10
4
4
8
Cruzeiro x América/TO
19 mar 2010
7.671
21
7
0
7
América x Democrata/GV
20 mar 2010
570
2
0
0
0
Cruzeiro x Deportivo Itália
24 mar 2010
17.237
32
8
2
10
Atlético x Ituiutaba
28 mar 2010
12.012
26
14
5
19
Cruzeiro x Velez Sarsfield
31 mar 2010
43.374
25
14
3
17
Atlético x Chapecoense
1 abr 2010
35.396
26
6
2
8
Cruzeiro x Uberaba
3 abr 2010
11.618
25
1
2
3
América x Atlético
4 abr 2010
15.423
35
7
1
8
145
Tabela 14: Total de veículos depredados por jogo em dias de eventos esportivos no Mineirão – Belo
Horizonte – 2010.
(conclusão)
Jogo
Data
Público
pagante
Veículos
solicitados
Veículos depredados
Linhas
Especial
Total
Atlético x Sport
14 abr 2010
17.253
28
9
1
10
Atlético x Democrata/GV
17 abr 2010
15.114
34
11
6
17
Cruzeiro x Ipatinga
18 abr 2010
17.386
24
19
4
23
Atlético x Santos
28 abr 2010
46.239
35
9
5
14
Cruzeiro x Nacional/URU
29 abr 2010
32.254
25
29
9
38
Atlético x Ipatinga
2 mai 2010
60.704
50
47
5
52
Atlético x Vasco
9 mai 2010
12.790
28
10
0
10
Cruzeiro x São Paulo
12 mai 2010
48.602
28
27
7
34
Cruzeiro x Avaí
16 mai 2010
8.115
23
5
0
5
Atlético x Atlético PR
23 mai 2010
13.464
26
4
0
4
Cruzeiro x Botafogo
26 mai 2010
8.501
18
6
1
7
América x Ipatinga
29 mai 2010
1.257
3
1
0
1
Atlético x Fluminense
30 mai 2010
15.613
27
5
0
5
Cruzeiro x Santos
2 jun 2010
15.708
12
6
2
8
Atlético x Ceara
6 jun 2010
26.659
27
12
3
15
Média por jogo
20.511
27
12
2
14
Total
779.432
1.010
441
87
528
Fonte: Sindicado das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SETRABH).
Notas: O público foi retirado de publicações na imprensa e arredondado.
Os outros jogos realizados em 2008 tiveram público reduzido em não se registrou depredações.
O levantamento da partida entre Atlético x Cruzeiro, realizada em 20/02/10, foi prejudicado em
razão da greve dos rodoviários.
Após o jogo do dia 06 de junho de 2010, o mineirão foi interditado para as obras para a Copa de
2014.

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