GRAMÁTICA – VESTIBULAR –

Transcrição

GRAMÁTICA – VESTIBULAR –
José Pereira da Silva
MANUAL DE ORTOGRAFIA
DA LÍNGUA PORTUGUESA
MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
“In principio erat verbum
et verbum erat apud Deum,
et Deus erat verbum”
(João, 1:1)
“Verba volant, scripta manent”
(Provérbio medieval)
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Dedicatória
Dedico este livro a meus filhos e netos:
Beatriz, Rita, Marcílio, Ítalo, Yasmin e Ana Rita
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Agradecimentos
A minha esposa, Maria Rita Pereira, pelas numerosas noites que teve de dormir sem esperar por mim.
A meus alunos do Curso de Especialização em Língua Portuguesa
da UERJ, pela enorme colaboração em sua aplicação em sala de aula.
Aos Prezados Colegas do Departamento de Letras da Faculdade de
Formação de Professores, que me oportunizaram esta produção.
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Apresentação
Afrânio da Silva Garcia1
O livro do professor José Pereira prima tanto pela acuidade quanto
pela clareza na apresentação de informações concernentes a um assunto de
tamanha importância, a ortografia da língua portuguesa, mormente neste
momento, em que a aprovação de um novo Acordo Ortográfico provocará
sutis, mas profundas, mudanças na maneira de escrever as palavras no idioma português, razão do título de sua obra: A Nova Ortografia da Língua
Portuguesa.
O livro se divide em quatro partes. Na primeira, discute-se o impacto
do novo Acordo sobre a ortografia e a cultura dos países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), de um ponto de vista
positivo; na segunda, faz-se uma cronologia da história da ortografia do português; na terceira, apresenta-se a íntegra do Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa com anotações do Autor e comentários explicativos da Comissão elaboradora do documento; na quarta, temos a reunião de bom número
de exercícios, o que facilitará a aplicação das regras aos estudantes e a preparação de aulas aos professores.
A primeira parte, de autoria exclusiva do professor José Pereira, abre
com uma definição sucinta do conteúdo e do âmbito do Acordo. Segue-se
uma discussão bastante esclarecedora da necessidade do Acordo, na tentativa de acabar com as discrepâncias ortográficas entre as grafias brasileira e
1 Afrânio
da Silva Garcia é Professor Adjunto da UERJ e membro da Academia Brasileira de Filologia.
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lusitana do português, que, embora pequenas, são frequentes e problemáticas para a difusão internacional da língua.
Em seguida, o autor defende a reintrodução das letras k, w e y no alfabeto, com o argumento lógico de que não é mudança, mas aceitação da
realidade, visto que elas são imprescindíveis em um mundo no qual as relações internacionais são primordiais e desejáveis.
Na discussão das mudanças sofridas pela ortografia das palavras portuguesas propriamente ditas, o autor se volta inicialmente para a acentuação,
explicando a supressão do trema e a perda dos acentos gráficos dos ditongos abertos éi e ói nas paroxítonas; das letras i e u tônicas depois de ditongo, também nas paroxítonas; da primeira vogal tônica dos hiatos êem e
ôo(s); do acento agudo do u tônico precedido de g ou q e seguido de e ou i,
já de uso muito restrito; e dos acentos diferenciais. O autor, em sua busca
pela perfeição e eficácia, esgota todas as exceções possíveis, através de extensas e abundantes notas de pé de página.
Na última parte da discussão das mudanças provocadas pelo novo
Acordo Ortográfico, José Pereira discorre acerca do emprego do hífen e das
letras maiúsculas, com explicações detalhadas e farta exemplificação.
O professor acrescenta a essa discussão das mudanças decorrentes do
novo Acordo Ortográfico um estudo, Princípio básico da acentuação gráfica do português, com base na existência de um acento natural de intensidade, consoante a teoria que defende a acentuação gráfica em uma só regra, defendida por muitos estudiosos contemporâneos da língua portuguesa,
a qual postula terem todas as palavras do português um padrão natural de
acentuação tônica (fonética) e explica a acentuação gráfica como um meio
de identificar as palavras que não se enquadram na acentuação natural, uma
ideia bastante interessante e original, muito bem demonstrada no presente
trabalho.
Na seção seguinte, sobre a cronologia da história da ortografia, o autor apresenta todos os passos dados em Portugal e no Brasil para uma unificação e simplificação da ortografia a partir do início do século XX, com a
versão integral dos principais documentos relativos ao assunto, fornecendo
subsídios inestimáveis para os pesquisadores da área, seguindo-se a íntegra
do Acordo Ortográfico de 1990.
Finalizando, o professor José Pereira faz uma compilação de exercícios de ortografia apresentados por alguns dos maiores gramáticos da língua
portuguesa, provendo o professor com amplo material de apoio para suas
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aulas de ortografia, tão necessário em tempos de mudança, seguidas de referências bibliográficas bastante abrangentes sobre o assunto.
Após um exame aprofundado do livro do professor José Pereira, venho parabenizá-lo pela produção de uma obra muito útil e oportuna, que
tanto poderá ser usada pelo professor de português do ensino fundamental e
médio, quanto pelo pesquisador, dada a variedade e excelência dos conteúdos nela abordados.
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O Autor
José Pereira da Silva (Dom Cavate – MG, 23/09/1946) possui graduação em Curso da Cades pela Universidade Federal da Bahia (1970), graduação em Letras (Português/Literatura) pela Faculdade de Humanidades
Pedro II (1976), especialização em Língua e Literatura do Século XVI em
Portugal pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1982), especialização em Metodolodia do Ensino Superior pela Universidade Estácio de Sá
(1982), mestrado em Linguística e Filologia pela Universidade Federal do
Rio de Janeiro (1986) e doutorado em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1991). Atualmente é professor adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, diretor-presidente do Círculo Fluminense
de Estudos Filológicos e Linguísticos e segundo secretário da Academia
Brasileira de Filologia. Tem experiência na área de Letras, atuando como
docente em todos os níveis de ensino, desde o ensino fundamental ao de
pós-graduação, e, na pesquisa e produção de conhecimentos, relativamente
a filologia, linguística, letras, língua e textos. Na extensão universitária, atua
principalmente como organizador de eventos e editor de livros e periódicos.
Sua vasta produção acadêmica pode ser resumida em 104 artigos completos
publicados; 134 livros como autor ou organizador; 48 capítulos de livros; 34
trabalhos completos e 95 resumos em anais de congressos e centenas de outras produções acadêmicas.
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SUMÁRIO/CRONOGRAMA
LIÇÃO I (18/03/2011)
Apresentação da programação e cronograma, estabelecimento de metas
e métodos de trabalho e de avaliação, apresentação divulgação e distribuição do livro A Ortografia da Língua Portuguesa e estudo de uma
“Breve História da Ortografia da Língua Portuguesa”........................ 11
LIÇÃO II (25/03/2011)
A ortografia oficial da língua portuguesa na política linguística do século XX
.................................................................... 17
LIÇÃO III (01/04/2011)
O que mudou para os brasileiros com o novo acordo ortográfico da língua portuguesa
.................................................................... 40
LIÇÃO IV (08/04/2011)
Princípio básico da acentuação gráfica do português (p. 9-10) e sua
aplicação nos exercícios de ortografia ................................................... 53
LIÇÃO V (15/04/2011)
O alfabeto, o “h” inicial e final, as sequências consonânticas e as duplas
grafias
.................................................................... 63
LIÇÃO VI (22/04/2011)
A homofonia de certos grafemas consonânticos ................................... 75
LIÇÃO VII (29/04/2011)
Vogais átonas
.................................................................... 97
LIÇÃO VIII (06/05/2011)
Vogais nasais, ditongos, acento grave, trema, apóstrofo e supressão de
acento em palavras derivadas ............................................................ 105
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LIÇÃO IX (13/05/2011)
O acento gráfico nas palavras oxítonas e nas palavras paroxítonas ... 117
LIÇÃO X (20/05/2011)
O acento gráfico nas proparoxítonas e nas vogais tônicas “i” e “u” das
oxítonas e paroxítonas
.................................................................. 136
LIÇÃO XI (27/05/2011)
O uso do hífen
.................................................................. 142
LIÇÃO XII (03/06/2011)
Emprego do hífen
.................................................................. 154
LIÇÃO XIII (10/06/2011)
A oficialização das letras K, W e Y, uso de minúsculas e maiúsculas, divisão silábica, assinaturas e firmas ..................................................... 161
LIÇÃO XIV (17/06/2011)
Análise crítica do capítulo “Ortografia” da Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara (2009, p. 91-108, especialmente os tópicos
“Hífen” (p. 96-101), “Emprego de maiúsculas” (p. 103-105) e “Regras
de Acentuação” (p. 105-108)
BIBLIOGRAFIA
.......................................................................
LIÇÃO XV (24/06/2011)Análise crítica do livro Guia Ortográfico e Ortofônico Sacconi, de Luiz
Antônio Sacconi (2009).
LIÇÃO XVI (01/07/2011)
Apresentação oral dos trabalhos finais (sendo que os apresentadores
deverão chegar antes do horário para preparar o data show)
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18/03/2011– Apresentação da programação e cronograma, estabelecimento
de metas e métodos de trabalho e de avaliação, apresentação divulgação e
distribuição do livro A Ortografia da Língua Portuguesa e estudo de uma
―BREVE HISTÓRIA DA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA‖ (p. 115-118)
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1. MEMÓRIA BREVE DOS ACORDOS ORTOGRÁFICOS
(Confira SILVA, 2010, p. 115-116)
A existência de duas ortografias1 oficiais da língua portuguesa, a lusitana e a brasileira, tem sido considerada como largamente prejudicial para
a unidade intercontinental do português e para o seu prestígio no mundo.
Tal situação remonta, como é sabido, a 1911, ano em que foi adotada
em Portugal a primeira grande reforma ortográfica, mas que não foi extensiva ao Brasil. (Confira BASES, 1911)
Por iniciativa da Academia Brasileira de Letras, em consonância
com a Academia das Ciências de Lisboa, com o objetivo de se minimizarem
os inconvenientes desta situação, foi aprovado em 1931 o primeiro acordo
ortográfico entre Portugal e o Brasil. Todavia, por razões que não importa
mencionar, este acordo não produziu, afinal, a tão desejada unificação dos
dois sistemas ortográficos, fato que levou mais tarde à Convenção Ortográfica de 1943. Perante as divergências persistentes nos Vocabulários publicados pelas duas Academias, que punham em evidência os parcos resultados práticos do Acordo de 1943, realizou-se, em 1945, em Lisboa, um novo
encontro entre representantes daquelas duas agremiações, o qual conduziu à
chamada Convenção Ortográfica Luso-Brasileira de 1945. Mais uma vez,
porém, este Acordo não produziu os almejados efeitos, já que foi adotado
em Portugal, mas não no Brasil.
Em 1971, no Brasil, e em 1973, em Portugal, foram promulgadas leis
que reduziram substancialmente as divergências ortográficas entre os dois
países. Apesar destas louváveis iniciativas, continuavam a persistir, porém,
divergências sérias entre os dois sistemas ortográficos.
“O termo vem do grego orthographia, palavra formada de orthós, “correto”, “direito” e grafia, do verbo
graphein, “escrever”. (PROENÇA FILHO, 2009, p. 15) No percurso até o português, passou pelo termo
latimo também escrito orthographia. Na origem, portanto, o tempo correspondia à escrita correta das letras.
1
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No sentido de reduzi-las, a Academia das Ciências de Lisboa e a
Academia Brasileira de Letras elaboraram, em 1975, um novo projeto de
Acordo que não foi, no entanto, aprovado oficialmente, por razões de ordem
política, sobretudo vigentes em Portugal.
E é neste contexto que surge o encontro do Rio de Janeiro, em maio
de 1986, no qual se encontram, pela primeira vez na história da língua portuguesa, representantes não apenas de Portugal e do Brasil, mas também dos
cinco novos países africanos lusófonos emergidos da descolonização portuguesa.
O Acordo Ortográfico de 1986, conseguido na reunião do Rio de Janeiro, ficou, porém, inviabilizado pela reação polêmica contra ele movida
sobretudo em Portugal.
2.
RAZÕES
DO
FRACASSO
DOS
ORTOGRÁFICOS (Confira SILVA, 2010, p. 116-118)
ACORDOS
Perante o fracasso sucessivo dos acordos ortográficos entre Portugal
e Brasil, abrangendo o de 1986 também os países lusófonos de África, importa refletir seriamente sobre as razões de tal malogro.
Analisando sucintamente o conteúdo dos acordos de 1945 e de 1986,
a conclusão que se colhe é a de que eles visavam impor uma unificação ortográfica absoluta.
Em termos quantitativos e com base em estudos desenvolvidos pela
Academia das Ciências de Lisboa, com base num corpus de cerca de
110.000 palavras, conclui-se que o Acordo de 1986 conseguia a unificação
ortográfica em cerca de 99,5% do vocabulário geral da língua. Mas tal unificação era conseguida, sobretudo, à custa da simplificação drástica do sistema de acentuação gráfica, pela supressão dos acentos nas palavras proparoxítonas e paroxítonas, o que não foi bem aceito por uma parte substancial
da opinião pública portuguesa.
Também o Acordo de 1945 propunha uma unificação ortográfica absoluta que rondava os 100% do vocabulário geral da língua, mas tal unificação assentava em dois princípios que se revelaram inaceitáveis para os brasileiros:
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a) Conservação das chamadas consoantes1 mudas ou não articuladas,
o que correspondia a uma verdadeira restauração destas consoantes no
Brasil, uma vez que elas tinham há muito sido abolidas;
b) Resolução das divergências de acentuação das vogais tônicas e e
o, seguidas das consoantes nasais m e n, das palavras paroxítonas (ou
esdrúxulas) no sentido da prática portuguesa, que consistia em grafá-las
com acento agudo e não circunflexo, conforme a prática brasileira.
Assim se procurava, pois, resolver a divergência de acentuação gráfica de palavras como António e Antônio, cómodo e cômodo, género e gênero, oxigénio e oxigênio etc., em favor da generalização da acentuação com o
diacrítico agudo. Esta solução estipulava, contra toda a tradição ortográfica
portuguesa, que o acento agudo, nestes casos, apenas assinalava a tonicidade2 da vogal3 e não o seu timbre, visando assim a resolver as diferenças de
pronúncia daquelas mesmas vogais.
A inviabilização prática de tais soluções nos leva à conclusão de que
não é possível unificar por via administrativa divergências que assentam em
claras diferenças de pronúncia, um dos critérios, aliás, em que se baseia o
sistema ortográfico da língua portuguesa.
Nestas condições, há de procurar uma versão de unificação ortográfica que acautele mais o futuro do que o passado e que não receie sacrificar
a simplificação também pretendida em 1986, em favor da máxima unidade
possível. Com a emergência de cinco novos países lusófonos,4 os fatores de
desagregação da unidade essencial da língua portuguesa far-se-ão sentir
com mais acuidade e também no domínio ortográfico. Neste sentido importa, pois, consagrar uma versão de unificação ortográfica que fixe e delimite
“Consoante é o fonema constitutivo da sílaba que, na nossa língua, soa em companhia de uma vogal”.
(PROENÇA FILHO, 2009, p. 17)
1
O termo “tonicidade”, assim como “tônico”, “átono”, “subtônico”, “oxítono”, “paroxítono”, “proparoxítono”,
“pré-tônico”, “pós-tônico”, “rizotônico”, “arrizotônico” etc., é herança da gramaticologia grega, mais adequado para descrição de línguas tonais. Na realidade, esses termos já não se definem pela etimologia,
pois a nossa língua não é tonal, mas, intensiva; acentuando-se pela força expiratória e não pelo tom.
2
“A vogal é o fonema nuclear da sílaba, a sua base, sua parte mais soante; corresponde a sons musicais caracterizados, em termos de condições acústicas, por vobrações periódicas perfeitamente perceptíveis: rá-pi-do; fa-la; fe-li-ci-da-de. (PROENÇA FILHO, 2009, p. 17)
3
Hoje são seis as ex-colônias portuguesas que se tornaram independentes no século XX, integrando a
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), sendo que o Timor Leste pertenceu à Indonésia
até recentemente.
4
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as diferenças atualmente existentes e previna contra a desagregação ortográfica da língua portuguesa.
Foi, pois, tendo presentes estes objetivos que se fixou o novo texto
de unificação ortográfica, o qual representa uma versão menos forte do que
as que foram conseguidas em 1945 e 1986, mas ainda assim suficientemente
forte para unificar ortograficamente cerca de 98% do vocabulário geral da
língua.
3. FORMA E SUBSTÂNCIA DO NOVO TEXTO
(Cf SILVA, 2010, p. 118)
O novo texto de unificação ortográfica agora proposto contém alterações de forma (ou estrutura) e de conteúdo, relativamente aos anteriores.
Pode-se dizer, simplificando, que em termos de estrutura se aproxima mais
do Acordo de 1986, mas que em termos de conteúdo adota uma posição
mais de acordo com o projeto de 1975, já mencionado.
Em relação às alterações de conteúdo, elas afetam, sobretudo, o caso
das consoantes mudas ou não articuladas, o sistema de acentuação gráfica1,
especialmente das paroxítonas, e a hifenização.
Pode-se dizer ainda que, no que diz respeito às alterações de conteúdo, dentre os princípios em que assenta a ortografia portuguesa, o critério
fonético (ou da pronúncia) foi privilegiado com certo detrimento para o critério etimológico.
É o critério da pronúncia que determina, aliás, a supressão gráfica
das consoantes mudas ou não articuladas, que se têm conservado na ortografia lusitana essencialmente por razões de ordem etimológica.
É também o critério da pronúncia que nos leva a manter certo número de grafias duplas do tipo de carácter e caráter, facto e fato, sumptuoso e
suntuoso etc.
É ainda o critério da pronúncia que conduz à manutenção da dupla
acentuação gráfica do tipo de económico e econômico, efémero e efêmero,
É importante ressaltar, como lembra Celso Pedro Luft (2002, p. 107), que “Os substantivos próprios
obedecem às mesmas regras de acentuação dos substantivos comuns [...].
1
Infelizmente, pesa uma larga tradição de indisciplina e desinformação neste terreno, responsável por
formas sem o acento devido (*Antonio, *Carmen...) e outras de acento errado (Corrêa, *Léa, *Raúl...)”.
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género e gênero, génio e gênio, ou de bónus e bônus, sémen e sêmen, ténis e
tênis, ou ainda de bebé e bebê, ou metro e metrô etc.
Explicitam-se em seguida as principais alterações introduzidas no
novo texto de unificação ortográfica, assim como a respectiva justificação.
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EXERCÍCIOS1
1. Por que a reforma ortográfica de 1911 não foi extensiva ao Brasil? Teria
sido uma discriminação dos portugueses, como se tem comentado?
2. Situe histórico-politicamente o contexto em que se deu a reforma ortográfica de 1911.
3. O acordo ortográfico de 1931 chegou a ser implementado? Por quê? O
que aconteceu?
4. O que ocorreu em 1943, relativamente ao processo de unificação ortográfica da língua portuguesa?
5. Por que o acordo ortográfico de 1945 não foi implementado no Brasil?
Destaque dois pontos que foram taxativamente recusados pelos brasileiros.
6. O que diz a lei de 1971 sobre acentuação gráfica na língua portuguesa?
7. O que fizeram os portugueses, para facilitar essa aproximação, em lei de
1973?
8. Qual é o acordo ortográfico da língua portuguesa que foi efetivamente
implementado? Dê alguns detalhes a respeito disso.
9. Dê algumas informações sobre o Acordo Ortográfico de 1986 e sobre o
projeto de Acordo de 1975.
10. Quando ocorreu o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que estamos implementando, atualmente, em Portugal, no Brasil e em alguns outros
países da CPLP?
Os exercícios que apresentaremos, além de serem postos como exemplos para facilitar a preparação
de aulas práticas, deverão ser verificados e criticados pelos colegas, pois o objetivo principal é disponibilizar um material de qualidade para os docentes e demais profissionais da língua escrita.
1
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25/03/2011 – A ortografia oficial da língua portuguesa na política linguística do século XX (p. 11-34)
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CRONOLOGIA DA HISTÓRIA
DA ORTOGRAFIA DO PORTUGUÊS
Pretende-se, aqui, dar a conhecer uma breve cronologia das reformas
ortográficas efetuadas na língua portuguesa.
Antes do séxulo XVI, não havia qualquer normatização ortográfica
da língua portuguesa, nem mesmo para uso restrito, porque cada um escrevia conforme ouvia, aproximando a escrita da fala o máximo possível, de
acordo com a percepção e compreensão do escriba.
Séc XVI até séc. XX – em Portugal e no Brasil a escrita praticada
era fundamentada na etimologia (procurava-se a raiz1 latina ou grega para
escrever as palavras), não havendo uma ortografia oficial. O cidadão escolhia o ortógrafo de sua simpatia ou conveniência, sem qualquer obrigação
de seguir à risca as normas indicadas pelo escolhido.2
1907 – a Academia Brasileira de Letras começa a simplificar a escrita nas suas publicações. (Veja, a seguir, a ATA DA SESSÃO DA ABL, DE
11 DE JULHO DE 1907)
1910 – implantada a República em Portugal, foi nomeada uma Comissão para estabelecer uma ortografia simplificada e uniforme para ser
usada nas publicações oficiais e no ensino.
Raiz é o elemento que forma a base de uma palavra, obtido quando todos os afixos são retirados. Por
exemplo: feliz em in- + feliz + -mente.
1
Em gramática histórica, raiz é o segmento lexical mínimo de uma língua antiga, documentada ou reconstruída pelo método comparativo, que teria dado origem às formas posteriores de uma ou várias línguas
aparentadas. Por exemplo: a raiz hipotética *sed- do indo-europeu, que originou sedere em latim, sit
'sentar' em inglês, sedentário em português, sidet' 'estar sentado' em russo etc.
O professor Afrânio Garcia (1996, p. 69) lembra: “A ortografia portuguesa foi, até o século XX, uma
simples questão de prestígio deste ou daquele autor.”
2
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1911 – primeira Reforma Ortográfica – tentativa de uniformizar e
simplificar a escrita, mas não foi extensiva ao Brasil.
1915 – a Academia Brasileira de Letras resolve harmonizar a ortografia brasileira com a portuguesa, visto que só neste ano se concluiu a implementação da ortografia oficial portuguesa.
1919 – a Academia Brasileira de Letras revoga a sua resolução de
1915.
1924 – a Academia de Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira
de Letras começam a procurar uma grafia comum.
1929 – a Academia Brasileira de Letras lança um novo sistema gráfico.
1931 – aprovado o primeiro Acordo Ortográfico entre Brasil e Portugal, o qual visava suprimir as diferenças, unificar e simplificar a ortografia, mas não chegou a ser implementado.
1938 – foram sanadas as dúvidas quanto à acentuação de palavras e
foi criada a comissão para organizar o Vocabulário Ortográfico da Língua
Portuguesa.
1943 – redigida a primeira Convenção ortográfica entre Brasil e Portugal, que resultou no Formulário Ortográfico de 1943. Veja, mais adiante,
tópico específico sobre esse Formulário.
1945 – Acordo Ortográfico, que se tornou lei em Portugal, mas, no
Brasil, não foi ratificado pelo governo; os brasileiros continuaram a se regular pela ortografia anterior, do Vocabulário de 1943.
1971 – promulgadas alterações no Brasil, reduzindo as divergências
ortográficas com Portugal.
1973 – promulgadas alterações em Portugal, reduzindo ainda mais as
divergências ortográficas com o Brasil.
1975 – a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira
de Letras elaboram novo projeto de acordo, que não foi aprovado oficialmente.
1986 – o presidente brasileiro José Sarney promove um encontro dos
sete países de língua portuguesa – Angola, Brasil, Cabo Verde, GuinéBissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, no Rio de Janeiro,
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no qual apresenta o Memorando Sobre o Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa.
1990 – a Academia das Ciências de Lisboa convoca novo encontro
juntando uma Nota Explicativa do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa – as duas academias elaboram a base do Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa. O documento entraria em vigor (conforme o 3º artigo do mesmo) no dia ―1 de janeiro de 1994, após depositados todos os instrumentos
de ratificação de todos os Estados junto do Governo português‖.
1996 – o último acordo foi ratificado apenas por Portugal, Brasil e
Cabo Verde.
2004 – os ministros da Educação da CPLP se reúnem em Fortaleza
(Ceará), para propor a entrada em vigor do Acordo Ortográfico, mesmo sem
a ratificação de todos os membros.
2006 – São Tomé e Príncipe ratifica o Acordo, tornando legítima a
sua implantação, a partir de 1º de janeiro de 2007, nos países que o fizeram.
2008 – Portugal e Brasil estabelecem seus cronogramas de implementação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
2009 – entra em vigor no Brasil o novo Acordo Ortográfico, com
prazo final da sua implementação estabelecido para 31 de dezembro de
2012.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
ATA DA SESSÃO DA ABL
DE 11 DE JULHO DE 19071
Presidência do Sr. Machado de Assis
Às 4h30min da tarde, presentes os Senhores Machado de Assis,
Medeiros e Albuquerque, Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça,
Oliveira Lima, João Ribeiro, Heráclito Graça, Silva Ramos, Souza Bandeira, Graça Aranha, José Veríssimo, Araripe Júnior, Raimundo Correa,
Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Euclides da Cunha, Artur Azevedo, Guimarães Passos, Magalhães de Azeredo e Mário de Alencar, o Senhor Presidente abriu a sessão.
Lida e aprovada a ata2 da sessão anterior, o Senhor Presidente leu o
ofício em que o Senhor Heráclito Graça agradeceu a sua eleição de membro
da Academia e comunicou tomar posse da sua cadeira na conformidade do
artigo 22 do Regimento Interno; e uma carta do Senhor Afonso Celso declarando que o seu voto era favorável ao projeto do Senhor Medeiros e Albuquerque. Em seguida, o Senhor Presidente declarou que iam ser votados os
projetos da reforma ortográfica.
O Senhor Salvador de Mendonça propôs, e foi aceito, que se fizesse
votação nominal, e divididas algumas das proposições dos projetos, conforme indicações dos Senhores Olavo Bilac, Souza Bandeira, João Ribeiro e
Medeiros e Albuquerque, procedeu-se à votação, que deu o seguinte resultado:
Documento transcrito com atualização ortográfica e desenvolvimento das abreviaturas. Vide Livro das
Atas da Academia, primeiro volume, relativo ao período compreendido entre 1896 e 1909, fl. 53-57v. e
Henriques (2000, fl. 148-156 e 2001, p. 137-146).
1
Claudio Cezar Henriques (2000) observa que, apesar de registrada a palavra “Acta” no cabeçalho, foi
utilizada a grafia sem o c no corpo do documento.
2
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1ª proposição – Suprima-se em absoluto o h mediano, salvo nas palavras compostas de outras que tenham o h inicial (deshonra, inharmonico).1
Divida em duas partes:
1ª parte: Suprima-se em absoluto2 o h mediano, salvo nos grupos lh,
nh e ch palatino.
Responderam sim os senhores João Ribeiro, Heráclito Graça, Silva
Ramos, Souza Bandeira, Graça Aranha, José Veríssimo, Araripe Júnior, Raimundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Artur
Azevedo, Guimarães Passos, Magalhães de Azeredo, Medeiros e Albuquerque, Machado de Assis e Mário de Alencar, ao todo 17; responderam não os
Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça, Oliveira Lima e Euclides da Cunha.
2ª parte: Conserve-se o h nas palavras compostas de outras que tenham o h inicial (deshonra, inharmonico).
Responderam sim os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de
Mendonça, Oliveira Lima, Heráclito Graça, Silva Ramos, José Veríssimo,
Raimundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Euclides da Cunha, Artur Azevedo, Magalhães de Azeredo, Medeiros e Albuquerque, Machado de Assis e Mário de Alencar, ao todo 16; responderam
não os Senhores João Ribeiro, Souza Bandeira, Graça Aranha, Guimarães
Passos e Araripe Júnior.
Aditivo do Senhor João Ribeiro: Suprima-se também o h inicial,
salvo na 3ª pessoa do singular do verbo haver: ha.
Considerou-se prejudicado pela votação anterior.
2ª proposição – Suprima-se em absoluto o w.
Foi aprovado unanimemente.
3ª proposição – Suprima-se em absoluto o k, substituído por c antes
de a, o e u e por qu antes de e e i.
As palavras dadas como exemplos não serão atualizadas ortograficamente, pois isto descaracterizaria
o documento.
1
Na sessão retificadora de 18 de julho, o Senhor Olavo Bilac propôs que se excluísse a expressão “em
absoluto”.
2
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Responderam sim os Senhores João Ribeiro, Silva Ramos, Souza
Bandeira, Graça Aranha, Raimundo Correa, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Guimarães Passos, Magalhães de Azeredo, Medeiros e Albuquerque,
Machado de Assis e Mário de Alencar, ao todo 12; responderam não os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça, Oliveira Lima, Heráclito Graça, José Veríssimo, Araripe Júnior, Afonso Arinos, Euclides da Cunha e Artur Azevedo, ao todo 9.
4ª proposição – Suprima-se em absoluto o y.
Responderam sim os Senhores João Ribeiro, Heráclito Graça, Silva
Ramos, Souza Bandeira, Graça Aranha, José Veríssimo, Araripe Júnior, Raimundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Artur
Azevedo, Guimarães Passos, Magalhães de Azeredo, Medeiros e Albuquerque, Machado de Assis e Mário de Alencar, ao todo 17; responderam não os
Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça, Oliveira Lima e Euclides da Cunha.
Emenda do Senhor José Veríssimo: Conserve-se o y nos nomes
geográficos brasileiros.
Responderam sim os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de
Mendonça, Oliveira Lima, Souza Bandeira, Graça Aranha, José Veríssimo,
Afonso Arinos, Olavo Bilac, Euclides da Cunha, Artur Azevedo, Guimarães
Passos, Medeiros e Albuquerque, Machado de Assis e Mário de Alencar, ao
todo 14; responderam não os Senhores João Ribeiro, Heráclito Graça, Silva
Ramos, Araripe Júnior, Raimundo Correa, Alberto de Oliveira e Magalhães
de Azeredo, ao todo 7.
5ª proposição – Dividida em duas partes:
1ª parte: Substitua-se o ph por f, o ch com o som de k por qu antes
de e e i e por c antes de a, o e u.
Responderam sim os Senhores João Ribeiro, Heráclito Graça, Silva
Ramos, Souza Bandeira, Graça Aranha, José Veríssimo, Araripe Júnior, Raimundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Artur
Azevedo, Guimarães Passos, Magalhães de Azeredo, Medeiros e Albuquerque, Machado de Assis e Mário de Alencar, ao todo 17; responderam não os
Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça, Oliveira Lima e Euclides da Cunha.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
2ª parte: Substitua-se o x por cs, s, z ou ss, conforme o som que tiver, mantendo-se-lhe apenas o som de consoante palatina como em xadrez,
xairel etc.
Responderam não os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de
Mendonça, Oliveira Lima, João Ribeiro, Heráclito Graça, Souza Bandeira,
Graça Aranha, Raimundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de
Oliveira, Euclides da Cunha, Magalhães de Azeredo, Machado de Assis e
Mário de Alencar, ao todo 15; responderam sim os Senhores Silva Ramos,
José Veríssimo, Araripe Júnior, Artur Azevedo, Guimarães Passos e Medeiros e Albuquerque, ao todo 6.
6ª proposição – Suprimam-se todas as consoantes geminadas, salvo
quando ambas tiverem som, exemplo: escrever fala e não falla, mas escrever infecção, pois que os dois cc soam distintamente.
Responderam sim os Senhores João Ribeiro, Heráclito Graça, Silva
Ramos, Souza Bandeira, Graça Aranha, José Veríssimo, Araripe Júnior, Raimundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Euclides
da Cunha, Artur Azevedo, Guimarães Passos, Magalhães de Azeredo, Medeiros e Albuquerque, Machado de Assis e Mário de Alencar, ao todo 18;
responderam não os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça
e Oliveira Lima.
7ª proposição1 – Suprimam-se todas as consoantes nulas, desaparecendo, portanto, a 1ª letra dos grupos gm, gn, pt, mn, ct, sc e outros.
Responderam sim os Senhores João Ribeiro, Heráclito Graça, Silva
Ramos, Souza Bandeira, Graça Aranha, Araripe Júnior, Raimundo Correa,
Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Artur Azevedo, Guimarães Passos, Magalhães de Azevedo, Medeiros e Albuquerque, Machado de
Assis e Mário de Alencar, ao todo 17; responderam não os Senhores Lúcio
de Mendonça, Salvador de Mendonça, Oliveira Lima e Euclides da Cunha.
8ª proposição – Dividida em 2 partes:
1ª parte: Substitua-se por j o g medial, sempre que tiver o som daquela letra.
Responderam sim os Senhores João Ribeiro, Heráclito Graça, Silva
Ramos, Souza Bandeira, Graça Aranha, José Veríssimo, Araripe Júnior, Ra-
1 No
original manuscrito, a 8ª proposição foi transcrita antes da 7ª.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
imundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Euclides
da Cunha, Artur Azevedo, Guimarães Passos, Medeiros e Albuquerque,
Machado de Assis e Mário de Alencar, ao todo 17; responderam não os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça, Oliveira Lima e Magalhães de Azevedo.
2ª parte: Substitua-se por j o g inicial sempre que tiver o som daquela letra.
Responderam não os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de
Mendonça, Oliveira Lima, Heráclito Graça, Silva Ramos, Souza Bandeira,
Graça Aranha, José Veríssimo, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de
Oliveira, Euclides da Cunha, Artur Azevedo, Magalhães de Azeredo, Machado de Assis e Mário de Alencar, ao todo 16; responderam sim os Senhores João Ribeiro, Araripe Júnior, Raimundo Correa, Guimarães Passos e
Medeiros e Albuquerque.
9ª proposição – Dividida em duas partes:
1ª parte: Substitua-se sempre por s o ç inicial nas poucas palavras
que o conservam.
Responderam sim os Senhores João Ribeiro, Heráclito Graça, Silva
Ramos, Souza Bandeira, Graça Aranha, José Veríssimo, Araripe Júnior, Raimundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Euclides
da Cunha, Artur Azevedo, Guimarães Passos, Magalhães de Azevedo, Medeiros e Albuquerque, Machado de Assis e Mário de Alencar, ao todo 18;
responderam não os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça
e Oliveira Lima.
2ª parte: Sempre que se encontrarem formas de grafia com s ou ç,
prefira-se s: Exemplo: dansa preferível a dança.
Responderam sim os Senhores Souza Bandeira, Graça Aranha, José
Veríssimo, Araripe Júnior, Raimundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac,
Alberto de Oliveira, Euclides da Cunha, Artur Azevedo, Magalhães de
Azevedo, Guimarães Passos, Medeiros e Albuquerque, Machado de Assis,
Mário de Alencar e João Ribeiro1, ao todo 16; responderam não os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça, Oliveira Lima, Heráclito
Graça e Silva Ramos.
Na folha 56 do manuscrito das Atas, consta ...Machado de Assis e Mário de Alencar, João Ribeiro. Na
ata de 18 de julho de 1907, João Ribeiro solicita a ratificação de que seu voto fora afirmativo.
1
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
10ª proposição – Nos ditongos au, eu, iu, que também se escrevem
ao, eo, io, prefiram-se as formas em u.
Foi aprovada unanimemente.
11ª proposição – Substitua-se sempre por z a letra s quando o z tiver
o som, como acontece entre vogais.1
Responderam sim os Senhores Souza Bandeira, Graça Aranha, José
Veríssimo, Araripe Júnior, Raimundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac,
Alberto de Oliveira, Euclides da Cunha, Guimarães Passos, Magalhães de
Azevedo, Medeiros e Albuquerque e Machado de Assis, ao todo 13; responderam não os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça,
Oliveira Lima, João Ribeiro, Heráclito Graça, Silva Ramos, Artur Azevedo
e Mário de Alencar, ao todo 8.
12ª proposta – Exceção feita dos pronomes pessoais nós e vós e dos
tempos dos verbos (amarás, preferis etc.) marquem-se sempre os finais agudos em az, ez, iz, oz e uz com z, reservando o s unicamente para o plural das
palavras agudas terminadas em a, e, i, o e u.2
Responderam sim os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de
Mendonça, Oliveira Lima, João Ribeiro, Heráclito Graça, Souza Bandeira,
Graça Aranha, José Veríssimo, Raimundo Correa, Afonso Passos, Magalhães de Azevedo, Machado de Assis, Medeiros e Albuquerque e Mário de
Alencar, ao todo 18; responderam não os Senhores Silva Ramos, Araripe
Júnior e Euclides da Cunha.
Na reunião retificadora de 8 de julho, ponderou “o Senhor João Ribeiro que a substituição do s intervocal com o som de s por z não devia aplicar-se ao prefixo des, convindo que este prefixo tivesse uniforme
grafia, quer precedesse vogal quer consoante. O Senhor Medeiros e Albuquerque respondeu que a regra votada era absoluta e que entendia não ser possível adotar-se a exceção, nem havia fundamento
para ela. Se algum motivo podia haver para que se conservasse o s do prefixo des era o da etimologia;
mas não seria lógico atendê-lo em uma reforma que justamente desprezara as razões da etimologia pelas da fonética, segundo estava firmado na 17ª proposição e decorria das outras proposições anteriores,
entre outros a da supressão das letras mudas.
1
Na sessão de 1ª de agosto de 1907, votou-se pelas seguintes “Restrições – Adota-se o s dos prefixos
des, trans e bis: exemplos: desamor, desacompanhado, transeunte, bisavô, bisannual”.
Na sessão retificadora de 18 de julho, o Senhor Salvador de Mendonça propôs que esta 12a proposta
passasse a ter a seguinte redação: “Exceção feita dos pronomes pessoais nós e vós e dos tempos dos
verbos (amarás, preferis etc.) e do plural das palavras agudas em a, e, i, o e u, escrevam-se com z os finais agudos das palavras em az, ez, iz, oz e uz (exemplos: rapaz, pedrez, Luiz, noz, arcabuz).”
2
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
13ª proposta – Escrevam-se as sílabas breves em ão com am (orgam, orgams etc.).
Responderam sim os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de
Mendonça, Oliveira Lima, Heráclito Graça, Silva Ramos, José Veríssimo,
Raimundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Euclides da Cunha, Artur Azevedo, Guimarães Passos, Magalhães de Azevedo,
Medeiros e Albuquerque, Machado de Assis e Mário de Alencar, ao todo
17; responderam não os Senhores João Ribeiro, Souza Bandeira, Graça
Aranha e Araripe Júnior.
14ª proposta – Escrevam-se as sílabas longas em ã (manhã) com ã e
as breves com an (firman1, orphan etc.).
Foi aprovada unanimemente.
15ª proposta – Suprima-se o sinal de sinalefa nas contrações: deste,
desta, naquele, naquela etc.
Foi aprovada unanimemente.
16ª proposta – Escrevam-se os nomes próprios estrangeiros com a
grafia de suas línguas.2
Aditivo do Senhor João Ribeiro: Conserve-se a grafia de todos os
nomes próprios, quer de pessoa quer de nomenclatura geográfica, que já tenham sido adotadas na língua portuguesa.3
Foi aprovada unanimemente.
17ª proposta – Tomando-se por base a boa pronúncia e, para esse
efeito especial, considerando-se boa pronúncia a das classes cultas, como
for fixada pela Academia – sempre que nos dicionários da língua portugue-
A palavra firman, cuja terminação an é tônica (longa e não breve, nos termos do texto), contraria a regra proposta. A falha foi apontada por Claudio Cezar Henriques na tese citada. No livro de 2001, ele
substituiu a palavra firman por iman (Cf. Henriques, 2001, p. 145).
1
Na sessão de 1º de agosto, decidiu-se que “as palavras estrangeiras, inclusive gregas e latinas, não
aportuguesadas, conservam a ortografia de origem: jus (e não juz), kirie (e não quirie), water-proof, boré,
bis (e não biz)”.
2
3 João
Ribeiro retifica, na sessão retificadora de 18 e julho, seu próprio Aditivo para a seguinte redação:
“Os nomes próprios de pessoas e de lugares, desde que já tenham forma portuguesa, obedecem às regras adotadas de simplificação ortográfica.”
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
sa já se encontrarem diversos modos de escrever a mesma palavra, prefirase a que se aproximar mais da referida pronúncia.
Responderam sim os Senhores Souza Bandeira, Graça Aranha, José
Veríssimo, Araripe Júnior, Raimundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac,
Alberto de Oliveira, Euclides da Cunha, Artur Azevedo, Guimarães Passos,
Magalhães de Azevedo, Medeiros e Albuquerque e Machado de Assis, ao
todo 14; responderam não os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de
Mendonça, Oliveira Lima, João Ribeiro, Heráclito Graça, Silva Ramos e
Mário de Alencar.
Deixou-se de votar o artigo 1º do projeto do Senhor Salvador de
Mendonça porque seu autor o julgou prejudicado pela votação da proposição antecedente.
Terminada a ordem do dia, propôs o Senhor José Veríssimo e todos
concordaram que a Academia só autorizasse como definitiva a publicação
do resultado da votação, depois de ser esta ratificada na sessão seguinte.
O Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos e deu para ordem do dia da próxima sessão1 a leitura e discussão da presente ata.
1A
referida “próxima sessão” ocorreu no dia 18 de julho de 1907.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
FORMULÁRIO ORTOGRÁFICO DE 1943
O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa terá por base o
Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia das Ciências
de Lisboa, edição de 1940, consoante a sugestão do Sr. Ministro da Educação e Saúde, aprovada unanimemente pela Academia Brasileira de Letras
em 29 de janeiro de 1942. Para a sua organização serão obedecidos rigorosamente os itens seguintes:
1. Inclusão dos brasileirismos consagrados pelo uso.
2. Inclusão de estrangeirismos e neologismos de uso corrente no
Brasil e necessários à língua literária.
3. Substituição de certas formas usadas em Portugal pelas correspondentes formas usadas no Brasil, consoante a pronúncia e a morfologia consagradas.
4. Fixação da grafia de vocábulos cuja etimologia ainda não está perfeitamente demonstrada, consignando-se em primeiro lugar a de uso mais
generalizado.1
5. Fixação das grafias de vocábulos sincréticos e dos que têm uma ou
mais variantes, tendo-se em vista o étimo e a história da língua, e registro de
tais vocábulos um a par do outro, de maneira que figure em primeira plana,
como preferível, o de uso mais generalizado.
6. Evitar duplicidade gráfica ou prosódica de qualquer natureza,
dando-se a cada vocábulo uma única forma, salvo se nele há consoante que
facultativamente se profira,2 ou se há mais de uma pronúncia legitimada pelo uso ou pela etimologia, casos em que se registrarão as duas formas, uma
1O
Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa decidirá tais questões.
2A
variante portuguesa em oposição à variante brasileira, por exemplo.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
em seguida à outra, colocando-se em primeiro lugar a de uso mais generalizado.
7. Registro de um significado ou da definição de todos os vocábulos
homófonos não homógrafos, bem como dos homógrafos heterofônicos –
mas não dos homógrafos perfeitos -, fazendo-se remissão de um para outro.
8. Registro, entre parênteses, da vogal ou sílaba 1 tônica de todo e
qualquer vocábulo cuja pronúncia seja duvidosa,2 ou cuja grafia não mostre
claramente a sua ortoépia; não sendo, porém, indicada a sílaba tônica3 dos
infinitos dos verbos, salvo se forem homógrafos heterofônicos.
9. Registro, entre parênteses, do timbre da vogal tônica de palavras
sem acento diacrítico, bem como da vogal da sílaba pré-tônica ou póstônica, sempre que se faça mister, em especial quando há metafonia, tanto
no plural dos nomes e adjetivos quanto em formas verbais. Não será indicado, porém, o timbre aberto das vogais e e o nem o timbre fechado delas nos
vocábulos compostos ligados por hífen.
10. Fixação dos femininos e plurais irregulares, que serão inscritos
em seguida ao masculino singular.
11. Registro de formas irregulares dos verbos mais usados em ear e
iar, especialmente das do presente do indicativo, no todo ou em parte.
12. Todos os vocábulos devem ser escritos e acentuados graficamente de acordo com a ortoépia usual brasileira e sempre seguidos da indicação
da categoria gramatical a que pertencem.
Para acentuar graficamente as palavras de origem grega, ou indicar-lhes a prosódia entre parênteses, cumpre atender ao uso brasileiro:
registra-se a pronúncia consagrada, embora esteja em desacordo com a
“A emissão das palavras passa ao falante e ao ouvinte a impressão de que os fonemas ou grupos de
fonemas de que se constituem são pronunciados num só conjunto: bala, por exemplo, divide-se em dois
conjuntos de fonemas: ba- e -la; fonema, em três: fo-, ne- e -ma. [...]
1
“Sílaba é cada uma das partes dos vocábulos caracterizada por essa impressão auditiva de unidade de
som. Corresponde, portanto, ao fonema ou ao conjunto de fonemas proferidos numa só emissão de
voz.” (PROENÇA FILHO, 2009, p. 16)
2É
o caso, por exemplo, dos vocábulos com gue, gui, que e qui.
“É a sílaba sobre a qual incide a maior força da voa: só, fa-la, rá-pi-do, a-ma-re-mos.” (PROENÇA FILHO, 2009, p. 16)
3
página 31
MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
primordial;1 mas, se ela é de uso apenas em certa arte ou ciência, e ainda
esteja em tempo de se corrigir, convém que seja corrigida, inscrevendose a forma etimológica em seguida à usual.
O Vocabulário conterá:
a) o formulário ortográfico, que são estas instruções;
b) o vocabulário comum;
c) registro de abreviaturas.
Vocabulário Onomástico será publicado separadamente, depois de
aprovado por decreto especial.
1O
aspecto fonético se sobrepõe ao etimológico, considerando-se o uso mais generalizado.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
DECRETO Nº 6.583, DE 29 DE SETEMBRO DE 2008
Promulga o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em
Lisboa em 16 de dezembro de 1990.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe
confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e
Considerando que o Congresso Nacional aprovou, por meio do Decreto Legislativo nº 54, de 18 de abril de 1995, o Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa, assinado em Lisboa em 16 de dezembro de 1990;
Considerando que o Governo brasileiro depositou o instrumento de
ratificação do referido Acordo junto ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Portuguesa, na qualidade de depositário do ato, em 24 de
junho de 1996;
Considerando que o Acordo entrou em vigor internacional em 1º de
janeiro de 2007, inclusive para o Brasil, no plano jurídico externo;
DECRETA:
Art. 1º O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, entre os Governos da República de Angola, da República Federativa do Brasil, da República de Cabo Verde, da República de Guiné-Bissau, da República de Moçambique, da República Portuguesa e da República Democrática de São
Tomé e Príncipe, de 16 de dezembro de 1990, apenso por cópia ao presente
Decreto, será executado e cumprido tão inteiramente como nele se contém.
Art. 2º O referido Acordo produzirá efeitos somente a partir de 1º de
janeiro de 2009.
Parágrafo único. A implementação do Acordo obedecerá ao período
de transição de 1º de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2012, durante o
qual coexistirão a norma ortográfica atualmente em vigor e a nova norma
estabelecida.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Art. 3º São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quaisquer
atos que possam resultar em revisão do referido Acordo, assim como quaisquer ajustes complementares que, nos termos do art. 49, inciso I, da Constituição, acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional.
Art. 4º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 29 de setembro de 2008; 187º da Independência e 120º da
República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Celso Luiz Nunes Amorim
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
DECRETO LEGISLATIVO Nº 54, DE 1995
CONGRESSO NACIONAL
Faço saber que o Congresso Nacional aprovou, e eu, José Sarney,
Presidente do Senado Federal, nos termos do art. 48, item 28, do Regime Interno, promulgo o seguinte
DECRETO LEGISLATIVO Nº 54, DE 1995
Aprova o texto do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990.
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º É aprovado o texto do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990.
Parágrafo único. São sujeitos à apreciação do Congresso Nacional
quaisquer atos que impliquem revisão do referido Acordo, bem como
quaisquer atos que, nos termos do art. 49, I, da Constituição Federal, acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional.
Art. 2º Este Decreto Legislativo entra em vigor na data da sua publicação.
Senado Federal, 18 de abril de 1995.
– Senador José Sarney, Presidente.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
APROVAÇÃO DO ACORDO [DE 1990]
PELA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA
[DE PORTUGAL]
A Assembleia da República resolve, nos termos dos artigos 164º,
alínea j, e 169º, nº 5, da Constituição, aprovar, para ratificação, o Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa a 16 de dezembro de
1990, que segue em anexo.
Aprovada em 4 de junho de 1991.
O Presidente da Assembleia da República Vítor Pereira Crespo.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
ACORDO ORTOGRÁFICO
DA LÍNGUA PORTUGUESA (1990)
Considerando que o projeto de texto de ortografia unificada da língua portuguesa aprovado em Lisboa, em 12 de outubro de 1990, pela
Academia das Ciências de Lisboa, Academia Brasileira de Letras e delegações de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e
Príncipe, com a adesão da delegação de observadores da Galiza, constitui
um passo importante para a defesa da unidade essencial da língua portuguesa e para o seu prestígio internacional;
Considerando que o texto do Acordo que ora se aprova resulta de um
aprofundado debate nos países signatários;
A República Popular de Angola, a República Federativa do Brasil, a
República de Cabo Verde, a República da Guiné-Bissau, a República de
Moçambique, a República Portuguesa e a República Democrática de São
Tomé e Príncipe acordam no seguinte:
Artigo 1º
É aprovado o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que consta como anexo I ao presente instrumento de aprovação, sob a designação
de Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), e vai acompanhado
da respectiva nota explicativa, que consta como anexo II ao mesmo instrumento de aprovação, sob a designação de Nota Explicativa do Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa (1990).
Artigo 2º
Os Estados signatários tomarão, através das instituições e órgãos
competentes, as providências necessárias com vista à elaboração, até 1º de
janeiro de 1993, de um vocabulário ortográfico comum da língua portugue-
página 37
MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
1
sa , tão completo quanto desejável e tão normalizador quanto possível, no
que se refere às terminologias científicas e técnicas.
Artigo 3º
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa entrará em vigor em 1º
de janeiro de 1994, após depositados os instrumentos de ratificação de todos
os Estados junto do Governo de República Portuguesa.
Artigo 4º
Os Estados signatários adaptarão as medidas que entenderem adequadas ao efetivo respeito da data da entrada em vigor estabelecida no artigo 3º.
Em fé do que os abaixo-assinados, devidamente credenciados para o
efeito, aprovam o presente Acordo, redigido em língua portuguesa, em sete
exemplares, todos igualmente autênticos.
Assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990.
Pela República Popular de Angola: José Mateus de Adelino Peixoto, Secretário de Estado da Cultura.
Pela República Federativa do Brasil: Carlos Alberto Gomes Chiarelli, Ministro da Educação.
Pela República de Cabo Verde: David Hopffer Almada, Ministro
da Informação, Cultura e Desportos.
Pela República da Guiné-Bissau: Alexandre Brito Ribeiro Furtado,
Secretário de Estado da Cultura.
Pela República de Moçambique: Luís Bernardo Honwana, Ministro da Cultura.
Pela República Portuguesa: Pedro Miguel Santana Lopes, Secretário de Estado da Cultura.
Pela República Democrática de São Tomé e Príncipe: Lígia Silva
Graça do Espírito Santo Costa, Ministra da Educação e Cultura.
É evidente que este "vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa" não é o que foi publicado
pela Academia Brasileira de Letras neste ano de 2009 em sua 5ª edição, mas outro, que ainda será elaborado em conjunto com os demais países da CPLP, na fase conclusiva do processo de implementação
do Acordo.
1
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
EXERCÍCIOS
Não deixe de fixar as informações básicas desta lição, respondendo as questões abaixo:
1– Qual era a preocupação ortográfica anterior ao século XVI em Portugal?
2– No século XVI começam a aparecer gramáticas e tratados ortográficos
da língua portuguesa. Quais foram?
3– Que foram Fernão de Oliveira, João de Barros, Pero Magalhães de Gândavo e Duarte Nunes de Leão?
4– Destaque algumas normas ortográficas aprovadas pela Academia Brasileira de Letras em 1907 que ainda são atuais.
5– O que lhe lembram as datas: 17 de dezembro de 1910, 15 de fevereiro de
1911, 23 de agosto de 1911, 01 de setembro de 1911 e 12 de setembro de
1911?
6– Que fato importante une as seguintes personalidades do início do século
XX? – José Antônio Dias Coelho, Antônio José de Almeida, Carolina Michaëllis de Vasconcelos, Aniceto dos Reis Gonçalves Viana, Antônio Cândido de Figueiredo, Francisco Adolfo Coelho, José Leite de Vasconcelos,
Antônio José Gonçalves Guimarães, Antônio Ribeiro de Vasconcelos, Augusto Epifânio da Silva Dias, Júlio Moreira, José Joaquim Nunes e Manuel
Borges Grainha?
7– Que acordo ortográfico foi efetivamente implementado no Brasil?
8– Que documentos regulamentam a ortografia vigente no Brasil desde meados do século XX?
9– Qual é a importância de uma ortografia unificada na CPLP?
10– Você acha que o AOLP de 1990 será implementado? Por quê?
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
01/04/2011 – O que mudou para os brasileiros com o novo acordo ortográfico da língua portuguesa (p. 1-8 e 111-112)
página 40
MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
O QUE MUDOU PARA OS BRASILEIROS COM O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em 16 de dezembro de 1990 por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e, posteriormente, por Timor Leste, que
constituem a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), entrará
efetivamente em vigor, no Brasil, no dia 1º de janeiro de 2009, conforme o
Decreto assinado pelo Presidente Luís Inácio Lula da Silva na Academia
Brasileira de Letras (ABL) no dia 29 de setembro de 2008 (centenário de falecimento de Machado de Assis).
Aqui, esse Acordo foi aprovado em 18 de abril de 1995, pelo Decreto Legislativo nº 54, e poderia ter entrado em vigor a partir de 1º de janeiro
de 2007, depois que o terceiro país da CPLP o assinou e fez o depósito dos
instrumentos de ratificação em Portugal.
ACORDO ORTOGRÁFICO
Este é um Acordo meramente ortográfico e, portanto, restringe-se à
língua escrita, não afetando nenhum aspecto da língua falada, como tem sido indevidamente divulgado por alguns veículos de comunicação.
Não é um acordo radical, que elimine todas as diferenças ortográficas observadas nos países que têm a língua portuguesa como idioma oficial,
mas constitui um passo importante em direção a essa pretendida unificação.
O ACORDO SERIA NECESSÁRIO MESMO?
A língua portuguesa ainda tem um sistema ortográfico português e
um brasileiro, sendo que o português é adotado também pelos outros seis
países que integram a CPLP. Essa duplicidade é consequência do fracasso
do Acordo assinado em 1945 e adotado pelos portugueses, mas recusado pepágina 41
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los brasileiros, que preferiram manter as normas estabelecidas pelas Instruções para a Organização do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa aprovadas pela Academia Brasileira de Letras a 12/08/1943, adotadas
oficialmente através da Lei nº 2.623, de 21/10/1955, e simplificadas pela
Lei nº 5.671, de 18/12/1971.
As diferenças são pequenas, mas a dupla ortografia dificulta a difusão
internacional da língua (por exemplo, os testes de proficiência têm de ser duplicados), além de aumentar os custos editoriais, na medida em que um livro,
para circular em todos os territórios da lusofonia, precisa normalmente ter duas impressões diferentes.
No Acordo assinado em 1990, estipulou-se a data de 1º de janeiro de
1994 para a entrada em vigor da ortografia unificada, depois de ratificado
pelos parlamentos de todos os países da CPLP. Contudo, por várias razões,
o processo de ratificação não se deu conforme se esperava e o Acordo não
pôde entrar em vigor.
Diante dessa situação, em 2004, decidiram que bastaria a manifestação ratificadora de três dos oito países para que ele passasse a vigorar. Por
isto, como em novembro de 2006 São Tomé e Príncipe o ratificou, fazendo
o depósito do instrumento de ratificação em Portugal, em princípio, está vigorando e deveríamos implementá-lo desde 1º de janeiro de 2007. No entanto, embora o Brasil tenha sido sempre o maior defensor da unificação, só
agora determinou seu calendário oficial, que irá de 2009 a 2012, tendo
aguardado a decisão do governo português.
NO ALFABETO NÃO
ACEITAÇÃO DA REALIDADE
HOUVE
MUDANÇA,
MAS
O alfabeto volta, oficialmente, a ter 26 letras, porque foram reintroduzidos o
k, o w e o y 1, que nunca deixaram de ser utilizados, apesar de não incluídos
como letras do alfabeto: A (á), B (bê), C (cê), D (dê), E (é), F (efe), G (gê
ou guê), H (agá), I (i), J (jota), K (cá), L (ele), M (eme), N (ene), O (ó), P
(pê), Q (quê), R (erre), S (esse), T (tê), U (u), V (vê), W (dáblio), X (xis), Y
(ípsilon), Z (zê), reconhecendo-se a necessidade daquelas letras em algumas
situações especiais, como na escrita de símbolos de unidades de medida: km
A letra k é sempre consoante, a letra y é sempre vogal ou semivogal, mas a letra w pode ser consoante, vogal, semiconsoante ou semivogal, dependendo da origem e do contexto.
1
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(quilômetro), kg (quilograma), W (watt) e na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus derivados): show, playboy, playground, William, kaiser,
Kafka, kafkaniano. (Vide item DO ALFABETO E DOS NOMES PRÓPRIOS ESTRANGEIROS E SEUS DERIVADOS, p. 186 e seguintes).
AS MUDANÇAS
As poucas mudanças que ocorrem na ortografia brasileira correspondem a alguns casos da acentuação gráfica, a algumas simplificações no uso
do hífen e a outras no uso obrigatório de letras iniciais maiúsculas; simplificando o sistema anterior nos três casos e tornando-o mais racional.
Não chega a atingir uma em cada duzentas palavras.
TREMA
Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui, que, qui, de modo
que agüentar passa a ser escrito como aguentar, argüir passa a arguir, bilíngüe passa a bilíngue, cinqüenta passa a cinquenta, delinqüente passa a
delinquente, eloqüente passa a eloquente, ensangüentado passa a ensanguentado, eqüestre passa a equestre, freqüente passa a frequente, lingüeta
passa a lingueta, lingüiça passa a linguiça, qüinqüênio passa a quinquênio,
sagüi passa a sagui, seqüência passa a sequência, seqüestro passa a sequestro.1
MUDANÇAS NAS REGRAS DE ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Não se usa mais o acento nos ditongos2 abertos éi e ói das palavras
paroxítonas, de modo que alcatéia passa a alcateia, assembléia passa a as-
Permanece, entretanto, em palavras estrangeiras e em suas derivadas, como em Michaëllis, Müller,
mülleriano etc. e em textos nos quais o autor quer marcar estilisticamente a pronúncia da respectiva vogal, assim como se faz com o uso das letras maiúsculas, com a hifenização, com a apostrofação etc.
1
Ditongo é o encontro de vogal e semivogal na mesma sílaba: debaixo, mau, feito, ideia, escreveu, réu,
sorriu, apoio, herói, sou, gratuito, pão, pães, cãibra, irmão, leões, muito, água, equestre, ligueta, tranquilo, quórum, quanto, aguentar, quinquênio. (Cf. PROENÇA FILHO, 2009, p. 18). Em regra, é decres2
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sembleia, colméia passa a colmeia, Coréia passa a Coreia, epopéia passa a
epopeia, estréia passa a estreia, estréio (verbo estrear) passa a estreio, geléia passa a geleia, idéia passa a ideia, odisséia passa a odisseia, platéia
passa a plateia; alcalóide passa a alcaloide, andróide passa a androide,
apóia (verbo apoiar) passa a apoia, apóio (verbo apoiar) passa a apoio, bóia
passa a boia, celulóide passa a celuloide, clarabóia passa a claraboia, debilóide passa a debiloide, estóico passa a estoico, heróico passa a heroico, jibóia passa a jiboia, jóia passa a joia, paranóia passa a paranoia, tramóia
passa a tramoia etc.1
Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos
quando vierem depois de um ditongo, visto que, rigorosamente, não são as
segundas vogais de hiatos2, pois estes consistem no encontro de duas vogais
em sílabas vizinhas. Assim, acaiúra passa a acaiura, bacaiúba passa a bacaiuba, baiúca passa a baiuca, bocaiúva passa a bocaiuva, cauíla passa a
cauila, feiúla passa a feiula, feiúra passa a feiura, guaraiúba passa a guaraiuba, iaraiúba passa a iaraiuba, maiuíra passa a maiuira, peiúdo passa a peiudo, seiúda passa a seiuda, tarauíra passa a tarauira.3
Não se usa mais o acento circunflexo das palavras terminadas em
eem e oo(s). Por isto, abençôo passa a abençoo, crêem (verbo crer) passa a
creem, dêem (verbo dar) passa a deem, abalrôo (verbo abalroar) passa a
abalroo, abençôo (verbo abençoar) passa a abençoo, abordôo (verbo abordoar) passa a abordoo, acanôo (verbo acanoar) passa a acanoo, afeiçôo
(verbo afeiçoar) passa a afeiçoo, aferrôo (verbo aferroar) passa a aferroo
algodôo (verbo algodoar) passa a algodoo, apadrôo (verbo apadroar) passa
a apadroo, aperfeiçôo (verbo aperfeiçoar) passa a aperfeiçoo, apregôo
(verbo apregoar) passa a apregoo, dôo (verbo doar) passa a doo, enjôo passa
a enjoo, lêem (verbo ler) passa a leem, magôo (verbo magoar) passa a ma-
cente. Exceções ocorrem apenas quando precedidos das consoantes “q” e “g”: gua (guará), gue (aguentar), gui (sagui), guo (ambíguo), qua (quatro), que (frequentar), qui (tranquilo), quo (quociente).
Em palavras oxítonas, entretanto, continuam sendo acentuados os ditongos éi, éu e ói, como em papéis, céu, chapéus, corrói, anzóis etc, assim como em paroxítonas terminadas em r, como Méier e destróier.
1
Hiato é “o encontro de duas vogais, cada uma pertencente a uma sílaba do vocábulo: I-ta-ja-í, sa-í-da,
Gra-ja-ú, sa-ú-de.” (PROENÇA FILHO, 2009, p. 18)
2
Continuam sendo acentuados nas palavras oxítonas ou proparoxítonas e nas paroxítonas que não forem precedidas de ditongo, como em tuiuiú, tuiuiús, tatuí, Piauí, açaí, piíssimo, maiúsculo, cafeína, saída, saúde, viúvo, saístes, saúva.
3
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goo, perdôo (verbo perdoar) passa a perdoo, povôo (verbo povoar) passa a
povoo, vêem (verbo ver) passa a veem, vôos passa a voos, zôo passa a zoo
etc.1
Fica abolido, nas formas verbais rizotônicas (que têm o acento tônico2 na raiz), o acento agudo do u tônico precedido de g ou q e seguido de e
ou i. (gúe, gúes, gúem, gúi, gúis, qúe, qúes, qúem). Com isto, elimina-se
uma regra que não tem apoio fonético, em palavras como: averigúe, apazigúe e argúem, que passam a ser grafadas averigue, apazigue, arguem; enxague, enxagues, enxaguem, delinques, delinque, delinquem. Verbos como
esses passam a admitir dupla pronúncia, sendo legítimas também formas
como averígues, apazígue, apazíguem, apazígues, averígue, averíguem, enxágues, enxágue, enxáguem, delínques, delínque, delínquem.
Deixa de existir o acento diferencial de intensidade em palavras como para (á), flexão do verbo parar, e para, preposição; pela(s) (é), substantivo e flexão do verbo pelar, e pela(s), combinação da preposição per e o artigo a(s); polo(s) (ó), substantivo, e polo(s), combinação antiga e popular de
por e lo(s); pelo (é), flexão de pelar, pelo(s) (ê), substantivo, e pelo(s) combinação da preposição per e o artigo o(s); pera (ê), substantivo (fruta), pera
(é), substantivo arcaico (pedra) e pera preposição arcaica.3
Naturalmente, palavras como herôon se acentuam graficamente porque são paroxítonas terminadas
em on.
1
Na gramática de nossa língua, chama-se de acento tônico ao destaque feito em uma sílaba do vocábulo, pronunciando-a com maior força que as demais. A sílaba em que está o acento tônico é chamada de
sílaba tônica.
2
3A
palavra “forma” (fôrma) passa a ter grafia facultativa (com ou sem o acento diferencial de timbre).
Permanece o acento diferencial de timbre em pôde / pode: pôde (pretérito perfeito do indicativo) e pode
(presente do indicativo). Exemplo: Ontem ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.
Permanece o acento diferencial de intensidade em pôr / por. Pôr é verbo. Por é preposição. Exemplo:
Vou pôr o livro na estante feita por mim.
Permanece o acento diferencial morfológico nos verbos ter, vir e seus derivados. Exemplos: ele tem e
eles têm; ele vem e eles vêm; ele mantém e eles mantêm, ele convém e eles convêm, ele detém e eles
detêm, ele intervém e eles intervêm.
Em respeito à pronúncia culta de toda a lusofonia, palavras que têm pronúncia diferenciada, principalmente as vogais nasais ou nasalizadas, podem ser grafadas com acento circunflexo ou acento agudo,
como as proparoxítonas econômico/económico, acadêmico/académico, as paroxítonas fêmur/fémur, bônus/bónus e as oxítonas bebê/bebé, canapê/canapé, ou ainda metrô/metro etc.
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USO DO HÍFEN
O hífen é um sinal gráfico mal sistematizado na ortografia da língua
portuguesa, cujas regras o Acordo atual tentou organizar, de modo a tornar
seu uso mais racional e simples, alterando algumas das anteriores.
As observações a seguir se referem ao uso do hífen em palavras formadas por prefixos1 ou por elementos que podem funcionar como prefixos,
como: aero, agro, além, ante, anti, aquém, arqui, auto, circum, co, contra,
eletro, entre, ex, extra, geo, hidro, hiper, infra, inter, intra, macro, micro,
mini, multi, neo, pan, pluri, proto, pós, pré, pró, pseudo, retro, semi, sobre,
sub, super, supra, tele, ultra, vice etc.
1) Com os prefixos, em geral, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h2. Exemplos: anti-higiênico, anti-histórico, co-herdeiro, macrohistória, mini-hotel, proto-história, sobre-humano, super-homem, ultrahumano.
2) Usa-se o hífen quando o prefixo termina por uma letra (vogal ou
consoante) e o segundo elemento começa pela mesma letra.3 Exemplos: anti-ibérico, anti-imperialista, anti-inflacionário, anti-inflamatório, autoobservação, contra-almirante, contra-atacar, contra-ataque, infra-axilar;
micro-ondas, micro-ônibus, semi-internato, semi-interno, hiper-requintado,
inter-racial, inter-regional, inter-resistente, sub-base, sub-bibliotecário,
sub-bloco,4 super-racista, super-reacionário, super-resistente, superrevista, super-romântico, supra-auricular.5
Prefixo é o morfema ou elemento mórfico que altera o sentido do radical (elemento que encerra o núcleo do sentido), a que se agrega e antecede. Exemplos: refazer, inútil, desordem. Os termos que têm o
mesmo radical são chamados de cognatos. Exemplos: amar, amor, amigo etc.
1
Mantêm-se sem o hífen as palavras formadas com os prefixos des, in e re nas quais o segundo elemento perde o h inicial, como em desabilitar, desabituar, desarmonia, deserdar, desipnotizar, desipotecar, desonestar, desonrar, desumano, inábil, inabitual, inóspito, inumano, reaver, reabilitar, reidratar,
reumanizar, reomenagear, reumificar etc.
2
3 Quando
o primeiro elemento termina em vogal e o segundo elemento começa com s ou r, estas consoantes são duplicadas para manter o fonema representado pelas letras r e s iniciais. Exemplos: antirreligioso, antissemita, contrarregra, infrassom.
Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-raça, sub-região, subreitor, sub-repticio, sub-rogar etc., para evitar o abrandamento da pronúncia do r.
4
O prefixo co se aglutina em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar, coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante, coordenar etc.
5
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3) Com os prefixos além, aquém, ex, pós, pré, pró, recém, sem e
vice o hífen sempre é utilizado. Exemplos: além-mar, além-túmulo, aquémmar, ex-aluno, ex-diretor, ex-hospedeiro, ex-prefeito, ex-presidente, pósgraduação, pós-moderno, pré-história, pré-vestibular, pré-primário, préfabricado, pró-reitor; pró-europeu, recém-casado, recém-nascido, semterra, sem-teto, vice-rei, vice-almirante etc.
4) Deve-se usar o hífen com os sufixos1 [ou radicais pospositivos] de
origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim. Exemplos: acará-açu, tamanduáaçu, inambu-guaçu, sabiá-guaçu, anajá-mirim, Ceará-mirim etc.
5) Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos 2, mas encadeamentos vocabulares. Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo,
rodovia Rio-Bahia.3
6) Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção
de composição. Exemplos: girassol, madressilva, mandachuva, paraquedas, paraquedista, pontapé4.
7) Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra
ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na
Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h, m, n e vogal: circumadjacente, circum-mediterrâneo, circum-murar, circum-navegação, pan-americano, pan-helenismo, panmítico etc.
“Sufixo é o morfema ou elemento mórfico que altera o sentido do radical que o antecede e ao qual se
agrega” (PROENÇA FILHO, 2009, p. 22), como em agitação, beleza, festança.
1
Eis como Domício Proença Filho (2009, p. 19) define vocábulo e palavra: “Em termos elementares,
entende-se por vocábulo a palavra considerada em sua configuração fônica, ou seja, em função dos fonemas, das sílabas, da acentuação tônica que a caracterizam. Palavra é o vocábulo considerado em sua
significação, em função do sentido de que se reveste. Envolve, portanto, aspectos fônicos e aspectos
semânticos. No uso comum, os termos funcionam como sinônicos.”
2
Aqui houve uma sutil mudança, que reconhece a validade do uso em prejuízo da regra anteriormente
estabelecida e quase sempre desrespeitada. A norma ortográfica que seguimos desde 1943, que é o
“Formulário Ortográfico do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa” determina, em seu parágrafo
52: “Emprega-se o travessão, e não o hífen, para ligar palavras ou grupos de palavras que formam, pelo
assim dizer, uma cadeia na frase: O trajeto Mauá – Cascadura; a estrada de ferro Rio – Petrópolis; a linha aérea Brasil – Argentina; o percurso Barcas – Tijuca; etc.”
3
A quinta edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, publicado pela Academia Brasileira
de Letras recentemente (Academia, 2009), registrou os exemplos excepcionais elencados pelo Acordo,
como estes e muitos outros, mas não acrescentou outros, deixando isto para uma próxima etapa, quando for redigido o "vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa" referido no Artigo 2º do Acordo.
4
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linha seguinte. Exemplos: Em nossa cidade, conta-se que ele foi viajar. O
diretor do Código Brasileiro recebeu os ex-alunos.
7) Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra
ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na
linha seguinte. Exemplos: Em nossa cidade, conta-se (conta--se, se a divisão interlinear estiver aqui) que ele foi viajar. O diretor do Código Brasileiro recebeu os ex-alunos (ex--alunos, se a divisão interlinear estiver aqui).
O CASO DAS LETRAS MAIÚSCULAS
O uso obrigatório de letras iniciais maiúsculas fica restrito a nomes
próprios de pessoas (João, Maria, Dom Quixote), lugares (Curitiba, Rio de
Janeiro), instituições (Instituto Nacional da Seguridade Social, Ministério
da Educação) e seres mitológicos (Netuno, Zeus); a nomes de festas (Natal,
Páscoa, Ramadão); na designação dos pontos cardeais quando se referem a
grandes regiões (Nordeste, Oriente); nas siglas (FAO, ONU); nas iniciais de
abreviaturas1 (Sr., Gen, V. Exª); e nos títulos de periódicos (Folha de S.
Paulo, Gazeta do Povo).
Ficou facultativo usar a letra maiúscula nos nomes que designam os
domínios do saber (matemática ou Matemática), nos títulos (Cardeal/cardeal Seabra, Doutor/doutor Fernandes, Santa/santa Bárbara) e nas categorizações de logradouros públicos (Rua/rua da Liberdade), de templos
(Igreja/igreja do Bonfim) e edifícios (Edifício/edifício Cruzeiro).
CONCLUSÃO
O Acordo é, em geral, positivo porque aproxima da unificação a ortografia do português, mesmo mantendo algumas duplicidades, porque simplifica as regras de acentuação gráfica (como mostraremos a seguir), eliminando algumas delas, assim como as regras do hífen, tornando um pouco
mais racional o uso deste sinal gráfico, e unifica as regras para utilização
das letras iniciais maiúsculas.
Aproveitamos a oportunidade para lembrar que os acentos gráficos das vogais acentuadas figuram nas
abreviaturas. Exemplos: antôn. (antônimo), côv. (côvado), Escolást. (Escolástica), Fís. (Física), gên. (gênero), índ. (índice), lég. (légua), pág. (página) etc.
1
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SÍNTESE DAS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES
NA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
O alfabeto passa a ter 26 letras, acrescentando-se o k, o w e o y.
Deixaram de ser assinalados com acento gráfico:
a) os ditongos éi e ói de palavras paroxítonas, como estreia, panaceia, ideia, jiboia, apoio (verbo) e heroico.
b) as formas verbais creem, deem, leem, veem e seus derivados:
descreem, desdeem, releem, reveem etc., e o hiato oo(s) em palavras como
voo e enjoo.
c) palavras homógrafas como para (verbo/preposição), pela(s)
[substantivo/verbo/per+la(s)/per+lo(s)] etc., mantida a exceção para pôde
(pretérito, em oposição ao presente) e pôr (verbo, em oposição à preposição).
d) as palavras paroxítonas cujas vogais tônicas i e u são precedidas
de ditongo. Exemplos: baiuca, boiuna, feiura.
e) o u tônico de formas rizotônicas de arguir e redarguir. Exemplos: arguis, argui.
O trema é totalmente eliminado: delinquir, cinquenta, tranquilo, exceto em algumas palavras aportuguesadas1.
Passa a ter dupla grafia facultativa o substantivo fôrma (substantivo)
/forma (substantivo ou verbo).
Alguns verbos terminados em iar, como premiar e negociar, passam a admitir variantes (premio e premeio, negocio e negoceio).
Se a palavra estrangeira ainda não estiver aportuguesada, use-se na forma do idioma de origem entre
aspas ou em grifo e, se manuscrita, sublinhada.
1
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Substantivos como hástia e véstia, que são variantes de haste e de
veste, apresentam terminação uniformizada em ia e io.
Verbos como aguar, apaziguar, apropinquar, delinquir passam a
ter dois paradigmas, um com o u tônico em formas rizotônicas sem acento
gráfico (averiguo, ague) e outro com o a ou o i dos radicais acentuados graficamente (averíguo, águe).
Emprega-se o hífen quando o primeiro elemento da palavra é formado por prefixo (ou falso prefixo) e o segundo elemento é iniciado por h ou
por letra igual à do final do primeiro elemento. Exemplos: anti-higiênico,
neo-helênico, semi-interno, auto-observação, circum-hospitalar, circummediterrâneo, super-homem, super-real, inter-hemisférico, inter-racial.
Não se emprega o hífen se a palavra é formada por prefixo ou falso
prefixo terminado em vogal e o segundo elemento é iniciado por r ou s
(consoantes que serão duplicadas) ou por outra letra diferente daquela em
que termina o primeiro elemento. Exemplos: cosseno, contrarregra, antiaéreo.
São escritas aglutinadamente as palavras nas quais o falante contemporâneo perdeu a noção de composição: paraquedas, mandachuva.
Nos topônimos, emprega-se o hífen quando: a) iniciados por Grã e
Grão. Exemplo: Grão-Pará; b) iniciados por verbo. Exemplo: PassaQuatro; c) seus elementos forem ligados por artigo. Exemplo: Baía de Todos-os-Santos. Com exceção de Guiné-Bissau, os demais topônimos compostos são escritos separados e sem hífen. Exemplo: Rio de Janeiro.
Emprega-se o hífen em palavras compostas que designam espécies
botânicas e zoológicas: couve-flor, bem-ti-vi.
Emprega-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando encadeamentos vocabulares: ponte RioNiterói.
Emprega-se o hífen nas palavras formadas com os prefixos ex (=
condição anterior), sota, soto, vice e vizo. Exemplo: ex-presidente.
Emprega-se o hífen nas palavras cujo primeiro elemento é o prefixo
circum ou pan e o segundo elemento é iniciado por vogal, h, m ou n.
Exemplo: circum-navegação.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
SÍNTESE DO USO DO HÍFEN
EMPREGA-SE O HÍFEN QUANDO
O primeiro elemento é
O segundo
elemento é
Exemplos
Exceções
Prefixo (ou falso prefixo) como ab,
ad, aero, agro, alfa, ante, anti, arqui, auto, beta, bi, bio, contra, di,
eletro, entre, extra, foto, gama, geo,
giga, hetero, hidro, hiper, hipo, homo, infra, inter, intra, iso, lacto, lipo, macro, maxi, mega, meso, micro, mini, mono, morfo, multi, nefro, neo, neuro, ob, paleo, peri, pluri, poli, proto, pseudo, psico, retro,
semi, sob, sobre, sub, super, supra,
tele, tetra, tri, ultra etc.
iniciado por
h ou por letra
igual à do final do primeiro elemento.
anti-higiênico,
neo-helênico,
semi-interno,
auto-ônibus
Não ocorre hífen se o
primeiro elemento for
co, des ou in. Exemplo:
coabitar, coerdeiro, desumano, inábil.
Prefixos ab, ad, ob e sub
iniciado por
vogal, h ou r
ab-rupto, adrenal, obrepção, subhumano, subreptício
Pan diante de b e p
passa a pam.
Prefixos circum e pan
iniciado por
vogal, h, m
ou n.
circumnavegação, panamericano
Prefixos além, ântero, aquém, ex (=
condição anterior), pós, pré, pró, recém, sem, sota, soto, supero, vice- e
vizo-
qualquer
elemento
ex-professor,
vice-diretor,
pré-vestibular
Elemento terminado por vogal acentuada graficamente ou quando a pronúncia o exige
sufixos açu,
guaçu ou
mirim
teiú-açu, inajáguaçu, açaímirim
Verbo
pronome pessoal do caso
oblíquo átono
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amá-lo(s), pedir-lhe(s)
Circum aceita formas
aglutinadas como circu
e circun. Exemplos:
circumurar, circunavegar
As formas átonas pos,
pre e pro sempre se
aglutinam ao segundo
elemento. Exemplo:
predestinado.
Nos futuros do indicativo, admite-se a mesóclise, em que o pronome fica separado por
hifens. Exemplos: amálo-ei, amá-las-íeis.
MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
EXERCÍCIOS
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
08/04/2011 – Princípio básico da acentuação gráfica do português (p. 9-10)
e sua aplicação nos exercícios de ortografia de 14 a 26 (p. 148-152)
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
PRINCÍPIO BÁSICO DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA
DO PORTUGUÊS
A acentuação gráfica da língua portuguesa tem uma base fonética1.
Por isto, deve-se considerar que a acentuação natural de intensidade do idioma não precisa ser marcada graficamente.
O acento circunflexo é usado para marcar uma vogal de timbre fechado em destaque ou para indicar o plural em verbos.
Portanto, acentuam-se graficamente palavras em que o acento está
fora da posição natural. Por isto, é indispensável que se ensine qual o padrão natural de acentuação da língua portuguesa.
Acento natural de intensidade
As palavras da língua portuguesa que terminam em a, as, e, es, o, os,
am, em ou ens têm acento natural de intensidade na penúltima sílaba e as
demais, na última.
Seguindo esta regra, podemos eliminar quase todas as demais regras
de acentuação gráfica destinadas a marcar a chamada sílaba tônica.
Exemplos de acentuação natural: casa, mulas, trote, posses, enjoo,
maços, andam, veem, itens; papai, mais, cantai, estudais, Macau, berimbaus, comprei, dezesseis, vendeu, europeus, fugiu, tizius, boi, depois, dois,
trabalhou, loupacous, fui, mui, azuis, mamãe, alemães, mamão, irmãos,
compõe, mamões, Jacob, Isaac, David, semilog, reli, Natal, Nobel, sutil, farol, azul, assim, marrom, algum, sedan, jaen, Tocantins, megaton, mega-
Domício Proença Filho (2009, p. 15) ensina que “A fonética centraliza-se no estudo da língua em todas
as suas variantes de emissão, individuais, socioculturais ou regionais, vale dizer: da configuração acústica e fisiológica dos sons reais e concretos dos atos linguísticos.”
1
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tons, bebuns, bumbuns, Novacap, Quarup, amar, Internet, Bangu, relax, telefax, algoz.
ACENTUAM-SE GRAFICAMENTE, portanto, as palavras que não
se enquadram na acentuação natural.
Ou seja:
a) as que têm acento antes da penúltima sílaba: estudávamos, secretária, amáveis, apazíguem.
b) os que têm acento na penúltima sílaba e terminam diferentemente,
como em: consoante, i, is, us, om, on, ons, um, uns ou em ditongo Exemplos: amável, hífen, repórter, clímax, tórax, bíceps, fórceps, táxi, tênis, bônus, iândom, próton, íons, fórum, álbuns, água, águe, jóquei, vôlei, oblíquo.1
c) os que têm acento na última sílaba e terminam em a, as, e, es, o,
os, ditongos abertos,2 em e ens (nestes dois últimos casos, se tiverem mais
de uma sílaba). Exemplos: Pará, chá, aguarrás, más (plural de má), jacaré,
fé, vocês, três, cipó, pó, avós, cós, papéis, chapéu, céus, herói, espanhóis,
também e parabéns.
Podemos nos abonar com as palavras do Professor Claudio Cezar
Henriques, que simplifica as regras de acentuação gráfica do português com
as seguintes palavras:
As regras de acentuação se baseiam em critérios bastante objetivos, que partem da verificação do quantitativo de cada um dos grupos de tonicidade, com os
objetivos de: 1) acentuar o menor número possível de palavras; 2) empregar o
acento com a finalidade de garantir uma única pronúncia para a palavra.
Os prefixos anti, arqui, circum, hiper, inter, mini, multi, pluri, semi e super também dispensam o acento
gráfico, porque não constituem palavras do léxico.
1
O traço distintivo de timbre é privativo das vogais e e o, exceto em variantes regionais.
Observação: Normalmente, o i e o u são semivogais quando precedidos de vogais, com as quais formam sílabas. Por isto, em vocábulos paroxítonos, só recebem acento gráfico quando formam hiatos,
precedidos de vogais, naturalmente, e não de semivogais.
Os ditongos são normalmente decrescentes e, por influência da semivogal, sua vogal base tem o timbre fechado,. Por isto, os chamados ditongos crescentes (exceto quando precedidos das consoantes velares "g" e "q") são variantes de hiatos, e, quando forem oxítonos, os ditongos abertos são acentuados
graficamente.
2
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Assim, como o menor contingente de palavras portuguesas é de PROPAROXÍTINAS, a regra determina que todas sejam acentuadas. A seguir, opondo-se os
outros dois contigentes, a regra examina quais as terminações com menor incidência entre as OXÍTONAS e as PAROXÍTONAS e determina o emprego de
acento nos grupos minoritários. Por fim, como as questões envolvendo ditongos e
hiatos não ficam resolvidas pelas regras básicas, novamente se recorre às ocorrências desses encontros vocálicos para se determinar o emprego de acento nos grupos de menor frequência. Isto explica, por exemplo, por que nos ditongos abertos
a regra só menciona ÉI, ÉU e ÓI, que têm menor ocorrência do que seus correspondentes fechados: não há em português o ditongo ÓU (existe a pronúncia [regional] brasileira ów, mas a grafia é com L). (HENRIQUES, 2007, p. 53 e
2009, p. 84-85)
O professor Geraldo Mattos, no capítulo sobre a ―História da ortografia da língua portuguesa‖, além de nos informar que o Ministério da
Educação e Cultura fez uma consulta seletiva aos especialistas, lembrando
que ―para o estado do Paraná foram escolhidos os professores Rosário Mansur Guérios (1907-1987) e Geraldo Matos Gomes dos Santos (1931)‖
(MATTOS, 2009, p. 157), conseguiu
reduzir quase todos esses 33 casos de escrita a uma única regra com o respectivo
corolário, que serve também para outros sinais da escrita:
Regra:
Toda palavra escrita somente com letras tem uma única pronúncia, ressalvado
o caso das vogais médias, que podem ser abertas ou fechadas.
Corolário:
Querendo outra pronúncia, é preciso marcá-la com o sinal conveniente.
Os exemplos sempre esclarecem mais que as regras. Neste caso, bem mais
que a regra. Têm a penúltima sílaba mais forte e se escrevem sem acento as palavras que terminam na maneira seguinte: levava / levavas / levavam / parede / paredes / imagem / imagens / caderno / cadernos.
Têm a última sílaba mais forte e se escrevem sem acento gráfico as palavras
que não terminam como as citadas acima: caqui / urubu / canal / lugar / capaz.
Querendo outra pronúncia qualquer, é preciso indicá-la com uma das marcas
seguintes, porque a falta de acento gráfico vai dar ao conjunto de letras uma das
pronúncias acima, ainda que esse conjunto de sons não exista na língua: maça
[maca] / mão [Mao: nome próprio] / médico [eu medico] / revólver [revolver] /
caí [cai] / baú [bau: inexiste na língua] / contem [contém / contêm]1 cará [cara] /
bebê [bebe] / avôs [avos] / réis [reis] /a léu [ele leu] / bói [boi]. (MATTOS, 2009,
p. 158-159)
1
Foram excluídos, aqui, os exemplos de palavras em que havia o trema.
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EXERCÍCIOS DE ACENTUAÇÃO GRÁFICA1
Utilize a regra simplificada para justificar a acentuação gráfica nos
exercícios abaixo, que serão retomados nos capítulos específicos.
14) Assinale as alternativas em que está errada a acentuação gráfica:
1. a) item; b) itens; c) hífen; d) hífens; e) ritmo.
2. a) arguo; b) arguis; c) argui; d) arguimos; e) arguís; f) arguem.
3. a) ecoa; b) coa; c) perdoe; d) perdôo; e) magoa (Formas verbais).
4. a) moo; b) móis; c) mói; d) moemos; e) moeis; f) móem.
5. a) bilíngue; b) mínguem; c) delínquem; d) desagúem; e) delínque.
6. a) di-lo-ei; b) fá-lo-ia; c) pô-las-emos; d) retê-lo-ás; e) deduzí-la-íamos.
7. a) harém; b) refém; c) recem-findo; d) reveem; e) contêm (pl.)
8. a) caía; b) contribuía; c) atribuíu; d) saísse; e) raízes.
9. a) córtex; b) têxtil; c) âmbar; d) canon; e) fórceps.
10. a) cáqui; b) caqui (fruta); c) ônus; d) bênção; e) cuscús.
15) Em cada grupo há um vocábulo indevidamente acentuado. Assinale-o:
1. a) para; b) por (v.); c) sede; d) polo; e) pera.
2. a) magoo; b) coas (v.); c) ser (subst.); d) por (v.); e) pêlo (subst.).
Chamamos a atenção dos colegas professores, que o grande número de exercícios aqui apresentado
deve ser utilizado como material para preparação de suas aulas ou como fixação da matéria. Não é indispensável que todos eles sejam efetivamente resolvidos imediatamente, apesar de ser possível e benéfico.
1
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3. a) creem; b) leem; c) deem; d) veem; e) convêm (singular).
4. a) pôde; b) fôrma; c) apoio; d) voo; e) idéia.
5. a) arruíno; b) atraímos; c) atribuíste; d) destrúo; e) destrói.
6. a) reúne; b) reiuno; c) feiura; d) Meier; e) Inhaúma.
7. a) eu apoio; b) comboio; c) arcáico; d) nucleico; e) Nicolau.
8. a) onomatopáico; b) gratuito; c) fluido; d) abençoe; e) continue.
9. a) sobrepôr; b) o desfecho; c) acervo; d) sobre-humano; e) texto.
10. a) abençoo; b) enjoo; c) perdoo; d) coa; e) constróem (verbos).
16) Somente em um dos vocábulos de cada grupo falta o acento devido. Assinale-o:
1. a) mercancia; b) pegada; c) celtibero; d) algaravia; e) Carpatos.
2. a) algarvio; b) Salonica; c) Balcãs; d) Sisifo; e) Gilbraltar.
3. a) avaro; b) libido; c) Niagara; d) ciclope; e) decano.
4. a) barbarie; b) Madagascar; c) blasfemo; d) macabro; e) efebo.
5. a) transfuga; b) estalido; c) homizio; d) inaudito; e) perito.
6. a) pudico; b) rubrica; c) pletora; d) recorde; e) exodo.
7. a) geleia; b) assembleia; c) paranoia; d) estoico; e) papeis (subst.).
8. a) tabu; b) obus; c) tupi; d) onus; e) Dinis.
17) Assinale o vocábulo que se acentua em virtude do hiato:
a) cáustico; b) propedêutico; c) Níobe; d) diluísse; e) faríeis.
17a). Use o devido acento no i ou no u dos hiatos, conforme a regra vista
a) arruina
f) circuito
k) juiz
p) raiz
b) arruino
g) faisca
l) juizado
q) raizes
c) bau
h) fluido
m) juizes
r) saida
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d) cainho
i) gratuito
n) Luis
s) saiu
e) campainha
j) iate
o) Luisinho
t) sauda
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u) Suiça
z) uisque
v) suingue
w) ruina
x) traiu
y) tuiter
18) Assinale o único vocábulo de cada grupo cuja sílaba tônica é a penúltima e que, portanto, leva um acento indevido:
1. a) álacre; b) estratégia; c) Antióquia; d) crisântemo; e) azáfama.
2. a) azíago; b) barbárie; c) quadrúmano; d) trânsfuga; e) autódromo.
3. a) ádvena; b) cátodo; c) ínterim; d) prógnato; e) maquinária.
4. a) hieróglifo; b) protótipo; c) reóstato; d) quiromância; e) pólipo.
5. a) gárrulo; b) filântropo; c) lêvedo; d) ômega; e) zênite.
19) Acentue graficamente o que for necessário nas frases abaixo:
1. Não conheço ninguem como voce.
2. Cesar e Roberto vem sempre aqui.
3. Se fores a Niteroi, conquistaras, com paciencia, a Vanderleia.
4. Carmen possui varios albuns de figurinhas.
5. Saude e dinheiro fazem mal a alguem?
6. Trouxeste isso para que?
7. Para que trouxeste isso?
8. Por que?
9. Amanhã mudaras para o Andarai, Grajau, Nova Iguaçu ou Bangu?
10. ―Acento e o meio de que se vale uma lingua para por em relevo uma das
silabas de uma palavra‖.
20) Acentue graficamente as palavras abaixo, se for necessário. Se houver
dupla pronúncia, assinale-as:
1. avaro 2. recem 3. pegada 4. decano
5. gratuito 6. masseter 7. cotiledone 8. reptil
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9. refem 10. batavo 11. Dario 12. batega
13. crisantemo 14. cafila 15. interim 16. ibero
17. erudito 18. Niagara 19. levedo 20. rubrica
21) Acentue graficamente, se necessário, os seguintes vocábulos:
1. urubu 2. caju 3. vez 4. ves
5. armazem 6. vintens 7. hifen 8. hifens
9. juri 10. imã 11. album 12. perito
13. recem 14. bonus 15. torax 16. pegada
17. rubrica 18. rispido 19. orgãos 20. orgão
21. eter 22. carater 23. caracteres 24. textil
25. virus 26. joquei 27. magoa 28. filantropo
29. ama-lo-as 30. ve-lo-emos 31. pu-lo 32. fi-lo
33. fa-lo 34. vende-lo-ieis 35. po-lo-ia 36. eden
37. biceps 38. beriberi 39. lapis 40. Cristovão
22) Acentue graficamente, quando necessário:
1. la (adv.) 2. sabias (subst.) 3. sabias(v) 4. sabias (adj.)
5. elas vem 6. ela vem 7. filosofia 8. ele tem
9. sacis 10. America 11. mistério 12. agua (subst.)
13. saci 14. via 15. voces 16. ele ve
17. eles veem 18. ia 19. ruido 20. saia (v. pret.)
21. ideia 22. patroa 23. perseguem 24. quis
25. frequencia 26. virus 27. Xingu 28. Grajau
29. enjoo 30. heroi 31. apoio (v.) 32. apoio (subst.)
33. sauva 34. coroa 35. heroina 36. hifen
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37. hifens 38. raiz 39. raizes 40. moinho
22a) Acentue graficamente só os encontros vocálicos que exigem acento:
a) abençoo
f) constroi
k) coroo
p) dois
u) moes
z) zoológico
b) Andreia
g) coo
l) destroem
q) Eneias
v) moo
c) broa
h) cooperar
m) destroi
r) heroico
w) paranoia
d) chapeu
e) constroem
i) Coreia
j) coroneis
n) Destroier o) doi
s) jiboia
t) mausoleu
x) Vanderleia y) zoo
23) Acentue graficamente, quando necessário:
1. ve-lo-emos 2. fa-lo-ei 3. retribuiu 4. linguiça
5. enguiça 6. quinquenio 7. arguo 8. saiu
9. arguis (sing.) 10. arguis (pl.) 11. aquem 12. arguimos (pres.)
13. quociente 14. pauis 15. faixa 16. ruim
17. caiu 18. ruins 19. perdoo 20. ele contem
21. eles contem 22. abotoo 23. uai! 24. tainha
25. Raul 26. saiu 27. corroi (pres.) 28. vendeu
29. ideia 30. patroa 31. coroa 32. apropinque
33. ele detem 34. eles detem 35. eles reveem 36. po-lo-as
37. indica-lo-eis 38. indica-lo-ieis 39. tramoia 40. indica-lo-iamos
24) Acentue graficamente, quando necessário:
1. ibero 2. sanscrito 3. hangar 4. rubrica
5. impudico 6. maquinaria 7. senior 8. alguem
9. totem 10. totens 11. impar 12. ariete
13. avaro 14. aziago 15. tatu 16. novel
17. movel 18. tui 19. are 20. res (gado)
21. res (raso) 22. aurora 23. cruel 24. zenite
25. da-lo 26. sabe-lo 27. fariamos 28. cor
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29. mel 30. fe (crença) 31. va 32. vas
33. de (prep.) 34. de (v.) 35. bem 36. bens
37. outrem 38. tu 39. ti 40. me (pron.)
25) Acentue graficamente, quando necessário:
1. o (interj.) 2. so (somente) 3. jilo 4. e (v.)
5. jaca (fruta) 6. jaca (cesto) 7. liquen 8. liquens
9. revolver (subst.) 10. revolver (v.) 11. audaz 12. borax
13. borace 14. index 15. indice 16. canon
17. canones 18. germen 19. germens 20. germe
21. silex 22. leucocito 23. habitat 24. deficit
25. gracil 26. provem (sing.) 27. edens 28. imã (magneto)
29. provem (pl.) 30. provisorio 31. sutil 32. o suplicio
33. eu suplicio 34. jacare-açu 35. ele pos 36. compo-lo
37. orfão 38. provido (cheio) 39. provido (previdente)
26) Acentue graficamente, quando necessário:
1. perito 2. fuzil 3. edredom 4. efigie
5. alcool 6. alcoolico 7. quis 8. fiz
9. ha 10. eter 11. polen 12. nivel
13. itens 14. apoia 15. hidraulico 16. amendoa
17. coroo 18. europeia 19. fogareu 20. degrau
21. alibi 22. exercito (v.) 23. folego 24. ninguem
25. harens 26. juri 27. textil 28. projetil
29. anatema 30. estrategia 31. saida 32. fluido (subst.)
33. veiculo (v.) 34. ele argui 35. tu arguis 36. frequencia
37. tranquilo 38. serie 39. timido 40. tremulo (adj.)
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26-a) Assinale a opção que contém erro de acentuação na série de monossílabos tônicos:
a) crás, lá, vá, más;
b) fé, pés, és, Sé;
c) quê, vê-lo, mês, três;
d) pó, nós, só, cós;
e) pô-lo, pô-la, pôs, côr.
26-b) Assinale a opção que contém erro de acentuação na série de palavras
oxítonas:
a) sofá, atrás, maracujá, dirá, falarás, encaminhá-la, encontrá-lo-a;
b) banzé, pontapés, você, buquê, japonês, obtê-lo, recebê-la-emos;
c) jiló, avô, avós, gigolô, compôs, paletó, indispô-lo;
d) além, alguém, também, ele intervém;
e) armazéns, parabéns, vinténs, tu intervéns.
26-c) Assinale a opção que contém erro de acentuação na série de palavras
paroxítonas:
a) dândi, beribéri, íbis, Cáli;
b) ônus, cactus, lótus, retrovírus;
c) factótum, parabélum, álbuns, fóruns;
d) hífens, plânctron, eléctrons;
e) bíceps, tríceps, quadríceps.
26-d) Assinale a opção que contém erro de acentuação na série de palavras
paroxítonas:
a) âmbar, éter, fêmur, sênior;
b) cóccix, tórax, ônix, fênix;
c) dólmen, pólen, próton, nêutron;
d) incrível, imóvel, míssil, afável;
e) ímã, Cristovão, sótão, órfã.
26-e) Assinale a opção que contém erro de acentuação na série de palavras
paroxítonas terminadas nos chamados ditongos crescentes:
a) escritório, etérea, série;
b) suspensório, calendário, abstêmios;
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c) ingênuo, anágua, mágoa;
d) bilíngue, anáguas, contíguo;
e) distíngues, estínguem, conséguem.
26-f) Assinale a opção que contém erro na grafia de verbos paroxítonos
terminados nos chamados ditongos crescentes:
a) apropínquo, apropínquas, apropínque, apropínquem;
b) oblíquo, oblíquas, oblíque, oblíquem;
c) averíguo, averíguas, averígue, averíguem;
d) enxáguo, enxáguas, enxágue, enxáguem;
e) mínguo, mínguas, míngue, mínguem.
26-g) Assinale a opção que contém erro de acentuação na série de palavras
proparoxítonas:
a) insólito, tétrico, nostálgico;
b) rúbrica, cosmonáutico, letárgico;
c) antropofágico, hiperbólico, ótico;
d) dramático, econômico, hermenêutico;
e) fétido, hálito, metalúrgico.
26-h) Assinale a opção que contém erro de acentuação na série de palavras
com ditongo:
a) andróide, epopéia, tipóia;
b) pastéis, arranha-céus, corrói;
c) europeus, colmeia, centopeia;
d) boi, urubu-rei, apogeu;
e) Gláuber, Áurea, Cleide.
26-i) Assinale a opção que contém erro de acentuação na série de palavras
com hiato:
a) voo, enjoo;
b) magôa, corôa;
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c) creem, leem;
d) perdoa-o, abençoa-a;
e) deem-me, reveem-nos.
26-j) Assinale a opção que contém erro de acentuação no i da série de palavras com hiato:
a) Icaraí, Jacareí;
b) saídas, caístes;
c) atraindo, contribuiu;
d) ladainha, coroinha;
e) gratuíto, fluído (substantivo).
26-k) Assinale a opção que contém erro de acentuação no u da série de palavras com hiato:
a) Grajaú, tuiuiú;
b) reúnem, mundaú;
c) baiúca, feiúra;
d) conteúdo, transeunte;
e) Raul, extrauterino.
26-l) Assinale a opção que contém apenas acentos diferenciais de timbre ou
de tonicidade:
a) pôr (verbo), pôde (pretérito perfeito) e fôrma (= modelo oco);
b) dê (verbo), é (verbo), réis (moeda antiga);
c) fábrica (substantivo), sábia (adjetivo), sabiá (substantivo)
d) bobó (substantivo), lã (substantivo), camelô (comerciante de calçada);
e) convidássemos, envolvêssemmos, retornássemos.
26-m) Assinale a opção cuja série de palavras recebe acento gráfico em virtude da mesma regra ortográfica:
a) contratá-la, vendê-la, atraí-la, propô-lo;
b) táxi, pálido, maracujá, hábito;
c) escarcéu, carretéis, caracóis;
d) cânion, ômicron, sêmen;
e) atraísse, faraó, anhangabaú.
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26-n) Assinale a opção cuja série de palavras recebe acento gráfico em virtude da mesma regra ortográfica de freguês:
a) carijó, bisavô, Queirós, (ele) dispôs;
c) vatapá, ananás;
b) matinês, chaminé, invés, (ele) relê;
d) açaí, Itaú, Piauí;
e) ioiô, vovô, pivô.
26-o) Assinale a opção que não contém palavra acentuada em virtude da
mesma regra ortográfica de matemática:
a) anômalo, dígrafo, metáfora;
b) antítese, análise, gramático;
c) filósofo, filológico, belíssimo;
d) romântico, ridículo, nigérrimo;
e) clímax, ônix, índex.
26-p) Assinale a opção que contém palavra acentuada apenas no singular:
a) júnior; b) trenó; c) pôster; d) fôrma; e) sustém.
26-q) Acentue graficamente, quando necessário;
a) Andronico, b) avaro, c) batavo, d) ciclope, e) filantropo, f) ibero, g)
pudico, h) opimo, i) rubrica, j) barbaria, k) mercancia, l) Normandia, m)
fluido, n) fortuito, o) gratuito, p) arcaico, q) judaico, r) germens, s) hifens, t) item, u) caqui (fruta), v) Bangu, w) colibri, x) nu, y) taquaruçu,
z) himen.
26-r) Acentue graficamente, quando necessário;
a) constroem, b) destroem, c) doem, d) roem, e) grau, f) degrau, g) caos,
h) neoliberal, i) neomodernismo, j) Andrea, k) Leo, l) atue, m) habitue,
n) influi, o) argui, p) averiguem, q) cairdes, r) azuis, s) oriundo, t) faisca,
u) ruim, v) Raul, w) baiuca, x) peiudo, y) xiita, z) rainha.
GABARITO DOS EXERCÍCIOS 14 A 26
14) 1d, 2d, 3d, 4f, 5d, 6e, 7c, 8c, 9d, 10e.
15) 1b, 2e, 3e, 4e, 5d, 6d, 7c, 8a, 9a, 10e.
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16) 1e, 2d, 3c, 4a, 5a, 6e, 7e, 8d.
17) d.
17-a) a) arruína, b) arruíno, c) baú, g) faísca, m) juízes, n) Luís, q) raízes, r)
saída, t) saúda, u) Suíça, w) ruína, y) tuíter, z) uísque
18) 1d, 2a, 3e, 4d, 5b.
19) 1.ninguém você; 2.César vêm; 3.Niterói conquistarás paciência;
4.Cármen vários álbuns; 5.saúde alguém; 6.quê; 8.quê; 9.mudarás
Andaraí Grajaú; 10.é língua pôr sílabas.
20) 2.recém, 5.(gratuíto), 7.cotilédone, 8.(réptil), 9.refém, 12.bátega,
14.cáfila, 15.ínterim, 18.Niágara, 19.(lêvedo).
21) 4.vês, 5.armazém, 6.vinténs, 7.hífen, 9.júri, 10.ímã, 11.álbum, 13.recém,
14.bônus, 15.tórax, 18.ríspido, 19.órgãos, 20.órgão, 21.éter, 22.caráter,
24.têxtil, 25.vírus, 26.jóquei, 27.mágoa, 29.amá-lo-ás, 30.vê-lo-emos,
33.fá-lo,
34.vendê-lo-íeis,
35.pô-lo-ia, 36.éden, 37.bíceps, 38.beribéri, 39.lápis, 40.Cristóvão.
22) 1.lá, 2.sabiás (subst.), 3.sábias (adj.), 5.elas vêm, 10.América,
11.mistério, 12.água, 15.vocês, 16.ele vê, 19.ruído, 20.saía,
25.frequência, 26.vírus, 28.Grajaú, 30.herói, 33.saúva, 35.heroína,
36.hífen, 39.raízes.
22-a) d) chapéu, f) constrói, j) coronéis, m) destrói, n) Destróier
dói, t) mausoléu.
o)
23) 1.vê-lo-emos, 2.fá-lo-ei, 6.quinquênio, 10.arguís (pl.), 11.aquém,
12.arguímos (pres.), 20.ele contém, 21.eles contêm, 27.corrói (pres.),
33.ele detém, 34.eles detêm, 36.pô-lo-ás, 36.indicá-lo-eis, 37.indicá-loíeis, 40.indicá-lo-íamos.
24) 2.sânscrito, 7.sênior, 8.alguém, 11.ímpar, 12.aríete, 17.móvel, 18.tuí,
20.rês (gado), 21.rés (raso), 25.dá-lo, 27.faríamos, 30.fé (crença), 31.vá,
32.vás, 34.dê (v.).
25) 1.ó, 2.só, 3.jiló, 4.é, 6.jacá (cesto), 7.líquen, 9.revólver (subst.),
12.bórax, 14.índex, 15.índice, 16.cânon, 17.cânones, 18.gérmen,
21.sílex, 22.leucócito, 23.hábitat, 24.déficit, 25.grácil, 26.provém
(sing.), 28.ímã (magneto), 29.provêm (pl.), 30.provisório, 32.o suplício,
34.jacaré-açu, 35.ele pôs, 36.compô-lo, 37.órfão, 39.próvido
(previdente).
página 67
MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
26) 4.efígie, 5.álcool, 6.alcoólico, 9.há, 10.éter, 11.pólen, 12.nível,
15.hidráulico, 16.amêndoa, 19.fogaréu, 21.álibi, 23.fôlego, 24.ninguém,
25.haréns, 26.júri, 27.têxtil, 29.anátema, 31.saída, 36.frequência,
38.série, 39.tímido, 40.trêmulo.
26-a) – e) cor;
26-b) – a) encontrá-lo-á;
26-c) – d) hifens;
26-d) – e) Cristóvão;
26-e) – e) distingues, estinguem, conseguem;
26-f) – Nenhuma opção;
26-g) – b) rubrica;
26-h) – a) androide, epopeia, tipoia;
26-i) – b) magoa, coroa;
26-j) – e) gratuito, fluido (substantivo);
26-k) – c) baiuca, feiura;
26-l) – a) pôr (verbo), pôde (pretérito perfeito) e fôrma (= modelo oco);
26-m) – c) escarcéu, carretéis, caracóis;
26-n) – d) açaí, Itaú, Piauí;
26-o) – e) clímax, ônix, índex;
26-p) – a) júnior
26-q) – z) hímen
26-r) – t) faísca
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
15/04/2011 – O alfabeto, o ―h‖ inicial e final, as sequências consonânticas e
as duplas grafias (41-42, 51-52, 119-124, 137 e 139-142)
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
DO H INICIAL E FINAL
1º) Emprega-se o h inicial:
a) Por força da etimologia: hachura, hachurar, habere (latim) > haver, hagiografia, héliks (grego) > hélice, hedera (latim) > hera, hodie (latim) > hoje, hora (latim) > hora, homine (latim) > homem, humor (latim) >
humor, assim como há (tem, faz), Habacuque, hábil, habitar, hábito, Habsburgo, haicai, Haideia, Haiti, haitiano, hálito, hálito, halo, Hamílton, hangar, haplologia, haraquiri, haras, harém, harmonia, harmônio, Haroldo,
harpa, harpejar, harpia, haste, haurir, hausto, Havaí, Havana, haxixe, hebdomadário, Hebe, hebraico, hebreu, Hébridas, hectare, hectograma, hediondo, hedonismo, Hedviges, Hégira, heim!, Heitor, Hélder, Helena, Helênio, Helesponto, hélice, Hélio, Heliodoro, Heliogábalo, Heloísa, Helvécio,
Hélvia, hem!, hemeroteca, hemisfério, hemistíquio, hemorragia, hemorroidas, hendecampeão, hendecassílabo, Henrique, hepático, hepatite, heptacampeão, heptassílabo, hera (planta), Heráclito, herança, herbáceo, herbário, herbívoro, hervoso, Herculano, Hércules, herdar, herege, heresia,
Hermenengarda, Hermes, hermético, Hermeto, hérnia, Hesíodo, herói, heroico, heroína, hesitação, hesitar, heureca, heterogêneo, hexaedro, hexagonal, hexágono, hiato, hibernal, hibernar, híbrido, hidra, hidrato, hidráulica,
hidroavião, hidrogênio, hiena, hierarquia, hieróglifo, hífen, higiene, Higino, higrômetro, hilariante, hilaridade, Hilário, Hildebrando, Hileia, Hilma,
Himalaia, himeneu, hinário, hindu, Hindustão, hino, hinterlândia, hipérbole, hípica, hipismo, hipnotismo, hipnotizar, hipocondria, hipocrisia, hipódromo, hipófise, Hipólito, hipopótamo, hipoteca, hipotenusa, hipótese, hirsuto, hirto, hispânico, hispanismo, hispidez, hissope, hissopo, histeria, histérico, histologia, histrião, hitita, hodierno, hoje, Holanda, holandês, holocausto, holofote, hombridade, homenagear, homenagem, homeopatia, Homero, homicida, homicídio, homilia, homologar, homogeneidade, homogêneo, homologar, homônimo, homossexual, Honduras, honestidade, honesto,
honorários, Honório, honra, hóquei, hora, Horácio, horário, horda, horizonte, hormônio, horóscopo, horripilar, horrível, horror, horta, hortelã,
Hortênsia, horto, hosana, hóspede, hospício, hospital, hospitalizar, hóstia,
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
hostil, hostilizar, hotel, hoteleiro, hotentote, Hugo, hulha, hum!, humanidade, humano, Humberto, humilde, humilhar, humor, húmus, Hungria, huno,
hurra! etc.1
b) Em virtude da adoção convencional: hã?, bah!, eh!, he-eh!, hem?,
ih!, oh!, homessa!, hu!, hum!, hui, hurra!, puh!.
2º) Suprime-se o h inicial:
a) Quando, apesar da etimologia, a sua supressão estiver inteiramente consagrada pelo uso: erva, em vez de herva; e, portanto, ervaçal, ervanário, ervoso (em contraste com herbáceo, herbanário, herboso, formas de
origem erudita); andorinha em vez de handorinha, úmido em vez de húmido, felá em vez de felah, inverno em vez de hinverno etc.
b) Quando passar ao interior da palavra, no processo da composição,
de modo que o elemento em que figura se aglutina ao precedente: bi + hebdomadário > biebdomadário, des + harmonia > desarmonia, des + humano
> desumano, ex + haurir > exaurir, in + hábil > inábil, lobis + homem >
lobisomem, re + habilitar > reabilitar, re + haver > reaver.
3º) Mantém-se o h inicial nas palavras compostas (ou derivadas por
prefixação), quando pertencer a um elemento que está ligado ao anterior por
meio de hífen: anti-helmíntico, anti-hemorrágico, anti-herói, anti-higiênico,
anti-histamínico, anti-horário, anti-humanista, bicho-homem, co-herdeiro,
contra-haste, extra-hepático, extra-humano, micro-habitat, pré-habilitação,
pré-helênico, pré-história, sobre-humano, super-homem.2
4º) O h final é empregado em interjeições: ah! bah! eh! eh-eh! êh!
êh-eh! ih! oh! puh! uh! !3
O Dicionário Eletrônico Houaiss registra 2676 itens lexicais iniciados com a letra “h”, inviabilizando uma
listagem exaustiva. Esta obra foi consultada centenas de vezes, mas nem sempre referida, sendo a principal fonte lexicográfica na elaboração deste Manual.
1
Por estas razões, coexistirão duas grafias para algumas palavras, como bi-hebdomadário e biebdomadário, como se pode ver na Base XVI, 2º, b).
2
3 Não
se escreve com h final a interjeição de chamamento ou apelo ó: Ó Bechara, vem nos socorrer!... A
bem da verdade, é bom que se diga que os brasileiros, em geral, não usam o timbre aberto nessa interjeição, mas o timbre fechado. O timbre aberto é próprio dos portugueses, provavelmente.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
DAS SEQUÊNCIAS CONSONÂNTICAS
1º) O c com valor de oclusiva velar, das sequências interiores1 cc
(segundo c com valor de sibilante), cç2 e ct, e o p das sequências consonânticas interiores pc (c com valor de sibilante), pç e pt ora se conservam, ora
se eliminam.3
Assim:
Sequências consonânticas interiores são os conjuntos de duas ou mais consoantes juntas que não
se encontram nem no início nem no final da palavra. (Azeredo, 2008, p. 29)
1
A letra “x” também pode ser utilizada como dífono ou difone para representar o grupo fonético correspondente a “cc”, “cç” ou “cs”. Trata-se de um caso que foi lembrado em diversos documentos anteriores,
mas omitido no Acordo de 1990. No entanto, registre-se aqui a sua múltipla grafia, com alguns exemplos:
a) abstraccionismo, africcionar, cóccix, coccige, coccígeo, confeccionar, desinfecionar, faccionar, faccioso, ficcionista, friccionar, infeccionar, inspeccionar, interjeccionar, occipício, occipital, occipitauricular, occipitofrontal, occiput, occitânico, seccional, seccionar;
b) afecção, africção, bissecção, circunspecção, cocção, coccígeo, concocção, confecção, conspecção,
convicção, decocção, defecção, desinfecção, detecção, dicção, dissecção, evicção, facção, ficção, fricção, indefecção, infecção, inspecção, intelecção, interssecção, introspecção, lipossucção, micção, prospecção, rarefacção, einfecção, retrospecção, secção, subsecção, sucção, tumefacção, vivissecção;
2
c) ecsarcoma, fúcsia, fucsina, hicso, Jacson, Jackson, mocsa, tacsônia
d) alexia, amplexo, anexar, anexo, anorexia, apoplexia, asfixia, asfixiar, asfixiante, axila, axioma, circunflexo, complexidade, complexo, conexão, conexo, crucifixo, dislexia, filoxera, fixação, fixar, fixo, flexão,
flexibilidade, flexionar, flexível, fluxo, genuflexão, genuflexo, heterodoxia, heterodoxo, hexacampeão, hexaclorofeno, hexassílabo, intoxicar, lexia, léxico, maxila, máxime, nexo, obnóxio, ônix, ortodoxo, ortolexia, oxidar, óxido, oxigênio, oxítono, paradoxal, paradoxo, paroxítono, perplexidade, perplexo, profilaxia,
prolixidade, prolixo, proparoxítono, proxeneta, reflexão, reflexivo, reflexo, refluxo, retroflexo, saxão, saxífrago, saxofone, saxônio, sexagenário, sexagésimo, sexo, sexual, táxi, tóxico, toxicologia, toxina, uxoricida, uxoricídio.
Neste caso, somente o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa decidirá quais serão as palavras
que não manterão o grupo com a oclusiva, porque ninguém poderá, individualmente, comprovar se determinada pronúncia é uniforme ou não em todo o domínio da língua portuguesa.
3
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
a) Conservam-se nos casos em que são invariavelmente proferidos
nas pronúncias cultas da língua:1 abrupto, ab-rupto, acepção, adepto, apto,
aspecto, cacto, circunspecto, circumpecão, compacto, confecção, concepção, convicção, convicto, corrupção, corrupto, decepção, decepcionar, dicção, díptico, erupção, eucalipto, ficção, fricção, friccionar, icto, impacto,
inapto, inepto, infecção, infecto, ininterrupto, insurrecto, intelecto, intercepção, interrupção, invicto, irrupção, mentecapto, micção, núpcias, opção,
pacto, percepção, peremptório, pictural, prospecto, provecto, rapto, recepção, recepcionar, repto, ressurecto, retrospecto.
b) Eliminam-se nos casos em que são invariavelmente mudos nas
pronúncias cultas da língua: ação, acionar, afetivo, aflição, aflito, ato, coleção, coletivo, direção, diretor, exato, objeção; adoção, adotar, batizar, Egito, ótimo.
c) Conservam-se ou se eliminam, facultativamente, quando se proferem numa pronúncia culta2, quer geral, quer restritamente, ou então quando
oscilam entre a prolação e o emudecimento3: aspecto e aspeto, cacto e cato,
caracteres e carateres, dicção e dição; facto e fato, sector e setor, ceptro e
cetro, concepção e conceção, corrupto e corruto, recepção e receção.
d) Quando, nas sequências interiores mpc, mpç e mpt for eliminado
o p de acordo com o determinado nos parágrafos precedentes, o m passa a
n, escrevendo-se, respectivamente, nc, nç e nt: assumpcionista e assuncionista; assumpção e assunção; assumptível e assuntível; peremptório e perentório, sumptuoso e suntuoso, sumptuosidade e suntuosidade.
2º) Conservam-se ou se eliminam, facultativamente, quando se proferem numa pronúncia culta, quer geral, quer restritamente, ou então quando oscilam entre serem pronunciadas ou não (entre a prolação e o emudecimento): o b da sequência bd, em súbdito/súdito; o b da sequência bt, em
subtil/sutil e seus derivados; o g da sequência gd, em amígdala/amídala,
amigdalácea/amidalácea, amigdalar/amidalar, amigdalato/amidalato,
O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa decidiu, provisoriamente, quais são as pronúncias
consideradas cultas, visto que o Acordo só está em vigor no Brasil. Um vocabulário completo deverá ser
editado quando os outros países da CPLP o implementarem.
1
Pronúncia culta é “a pronúncia própria da variante sociocultural do idioma prestigiada como exemplar
pela comunicade. Integra o registro ou uso formal da língua.” (PROENÇA FILHO, 2009, p. 19)
2
Este é mais um dos casos que só serão resolvidos com o "vocabulário ortográfico comum da língua
portuguesa" referido no artigo 2º do Acordo.
3
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
amigdalite/amidalite,
amigdalóide/amidaloide,
amigdalopatia/amidalopatia, amigdalotomia/amidalotomia; o m da sequência mn, em
amnistia/anis-tia,
amnistiar/anistiar,
indemne/indene,
indemnidade/indenidade, indemnizar/indenizar, omnímodo/onímodo, omnipotente/onipotente, omnisciente/ onisciente etc.; o t da sequência tm, em aritmética/arimética e aritmético/arimético.1
4. CONSERVAÇÃO OU SUPRESSÃO DAS CONSOANTES C,
P, B, G, M E T EM CERTAS SEQUÊNCIAS CONSONÂNTICAS
(BASE IV)
4.1. Estado da questão
Como é sabido, uma das principais dificuldades na unificação da ortografia da língua portuguesa reside na solução que se deve adotar para a
grafia das consoantes c e p em certas sequências consonânticas interiores, já
que existem fortes divergências na sua articulação.
Assim, há casos em que estas consoantes são invariavelmente proferidas em todo o espaço geográfico da língua portuguesa, conforme sucede
em compacto, ficção, pacto; adepto, aptidão, núpcias etc.
Neste caso, não existe qualquer problema ortográfico, já que tais
consoantes não podem deixar de ser grafadas [ver Base IV, 1º, a)].
Noutros casos, porém, dá-se a situação inversa da anterior, ou seja,
tais consoantes não são proferidas em nenhuma pronúncia culta da língua,
como acontece em acção, afectivo, direcção, adopção, exacto, óptimo etc.
Neste caso existe um problema: na norma gráfica brasileira há muito estas
consoantes foram abolidas, ao contrário do que sucede na norma gráfica lusitana, em que tais consoantes se conservam. A solução que agora se adota
[ver Base IV, 1º, b)] é a de suprimi-las, por uma questão de coerência e de
uniformização de critérios (vejam-se as razões de tal supressão adiante, em
4.2).
As palavras afetadas por tal supressão representam 0,54% do vocabulário geral da língua, o que é pouco significativo em termos quantitativos
1 Neste
caso, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa decidiu quais palavras não mantêm esses
grupos consonantais. Somente o vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa decidirá para toda
a lusofonia, conforme referido anteriormente.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
(pouco mais de 600 palavras em cerca de 110.000). Este número é, no entanto, qualitativamente importante, já que compreende vocábulos de uso
muito frequente (como, por exemplo, acção, actor, actual, colecção, colectivo, correcção, direcção, director, electricidade, factor, factura, inspector,
lectivo, óptimo etc.).
O terceiro caso que se verifica relativamente às consoantes c e p diz
respeito à oscilação de pronúncia, a qual ocorre umas vezes no interior da
mesma norma culta (conferir, por exemplo, cacto e cato, dicção ou dição,
sector ou setor etc.), outras vezes entre normas cultas distintas (conferir, por
exemplo, facto, receção em Portugal, mas fato, recepção no Brasil).
A solução que se propõe para estes casos, no novo texto ortográfico,
consagra a dupla grafia [ver Base IV, 1º, c)].
A estes casos de grafia dupla devem ser acrescentadas as poucas variantes, como súbdito e súdito, subtil e sutil, amígdala e amídala, amnistia e
anistia, aritmética e arimética, nas quais a oscilação da pronúncia se verifica quanto às consoantes b (da sequência bd), g (da sequência gd), m (da sequência mn) e t (da sequência tm) (ver Base IV, 2º).
O número de palavras abrangidas pela dupla grafia é de cerca de
0,5% do vocabulário geral da língua, o que é pouco significativo (ou seja,
pouco mais de 575 palavras em cerca de 110.000), embora nele se incluam
também alguns vocábulos de uso muito frequente.
4.2. Justificativa da supressão de consoantes não articuladas
[Base IV, 1º, b)]
As razões que levaram à supressão das consoantes mudas ou não articuladas em palavras como ação (acção), ativo (activo), diretor (director),
ótimo (óptimo) foram essencialmente as seguintes:
a) O argumento de que a manutenção de tais consoantes se justifica por
motivos de ordem etimológica, permitindo assinalar melhor a similaridade com as palavras congêneres das outras línguas românicas, não
tem consistência. Por um lado, várias consoantes etimológicas foram
se perdendo na evolução das palavras ao longo da história da língua
portuguesa. Vários são, por outro lado, os exemplos de palavras deste tipo pertencentes a diferentes línguas românicas que, embora provenientes do mesmo étimo latino, revelam incongruências quanto à
conservação ou não das referidas consoantes.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
É o caso, por exemplo, da palavra objecto, proveniente do latim objectu-, que até agora conservava o c, ao contrário do que sucede em
francês (conferir objet) ou em espanhol (conferir objeto). Do mesmo
modo, projecto (de projectu-) mantinha até agora a grafia com c, tal
como acontece em espanhol (conferir proyecto), mas não em francês
(conferir projet). Nestes casos, o italiano dobra a consoante, por assimilação (conferir oggetto e progetto). A palavra vitória há muito se
grafa sem c, apesar do espanhol victoria, do francês victoire ou do
italiano vittoria. Muitos outros exemplos poderiam ser citados. Aliás,
não tem qualquer consistência a ideia de que a similaridade do português com as outras línguas românicas passa pela manutenção de
consoantes etimológicas do tipo mencionado. Confrontem-se, por
exemplo, formas como as seguintes:
português
acidente
dicionário
ditar
estrutura
latim
accidentedictionariudictare
structura-
espanhol
accidente
diccionario
dictar
estructura
francês
accident
dictionnaire
dicter
structure
italiano
accidente
dizionario
dettare
struttura etc.
Em conclusão, as divergências entre as línguas românicas, neste domínio, são evidentes, o que não impede, aliás, o imediato reconhecimento da similaridade entre estas formas. Tais divergências levantam dificuldades à memorização da norma gráfica, na aprendizagem
destas línguas, mas não é com certeza a manutenção de consoantes
não articuladas em português que irá facilitar aquela tarefa;
b) A justificativa de que as ditas consoantes mudas travam o fechamento
da vogal precedente também é de fraco valor, já que, por um lado, se
mantêm na língua palavras com vogal pré-tônica aberta, sem a presença de qualquer sinal diacrítico, como em corar, padeiro, oblação, pregar (= fazer uma prédica) etc., e, por outro, a conservação de tais consoantes não impede a tendência para o ensurdecimento da vogal anterior em casos como accionar, actual, actualidade, exactidão, tactear
etc.;
c) É indiscutível que a supressão deste tipo de consoantes vem facilitar a
aprendizagem da grafia das palavras em que elas ocorriam.
De fato, como é que uma criança de 6-7 anos pode compreender que
em palavras como concepção, excepção, recepção a consoante não
articulada é um p, ao passo que em vocábulos como correcção, direcção, objecção tal consoante é um c?
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Só à custa de um enorme esforço de memorização que poderá ser
vantajosamente canalizado para outras áreas da aprendizagem das
línguas;
d) A divergência de grafias existente neste domínio entre a norma lusitana (que teimosamente conserva consoantes que não se articulam
em todo o domínio geográfico da língua portuguesa) e a norma brasileira (que há muito suprimiu tais consoantes) é incompreensível para
os lusitanistas estrangeiros, nomeadamente para professores e estudantes de português, já que lhes cria dificuldades suplementares,
nomeadamente na consulta aos dicionários, uma vez que as palavras
em causa vêm em lugares diferentes da ordem alfabética, conforme
apresentem ou não a consoante muda;
e) Outra razão, esta de natureza psicológica, embora nem por isso menos
importante, consiste na convicção de que não haverá unificação ortográfica da língua portuguesa se tal disparidade não for resolvida;
f) Tal disparidade ortográfica só se pode resolver suprimindo da escrita
consoantes não articuladas, por uma questão de coerência, já que a
pronúncia as ignora, e não tentando impor a sua grafia àqueles que
há muito não as escrevem, justamente por elas não se pronunciarem.
4.3. Incongruências aparentes
A aplicação do princípio, baseado no critério da pronúncia, de que as
consoantes c e p em certas sequências consonânticas se suprimem, quando
não articuladas, conduz a algumas incongruências aparentes, conforme sucede em palavras como apocalítico ou Egito (sem p, já que este não se pronuncia), a par de apocalipse ou egípcio (visto que aqui o p se articula); noturno (sem c, por este ser mudo), ao lado de noctívago (com c, por este se
pronunciar) etc.
Tal incongruência é apenas aparente. De fato, baseando--se a conservação ou supressão daquelas consoantes no critério da pronúncia, o que
não faria sentido seria mantê-las, em certos casos, por razões de parentesco
lexical. Se se abrisse tal exceção, o usuário, ao ter de escrever determinada
palavra, teria de recordar previamente, para não cometer erros, se não haveria outros vocábulos da mesma família que se escrevessem com este tipo de
consoante.
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Aliás, divergências ortográficas do mesmo tipo das que agora se
propõem já foram aceitas nas bases de 1945 (ver Base VI, último parágrafo)1, que consagraram grafias como assunção ao lado de assumptivo; cativo
a par de captor e captura; dicionário, mas dicção etc. A razão então aduzida foi a de que tais palavras entraram e se fixaram na língua em condições
diferentes. A justificativa da grafia com base na pronúncia é tão nobre como
aquela razão.
4.4. Casos de dupla grafia [Base IV, 1º, alíneas c) e d), e 2º]
Sendo a pronúncia um dos critérios em que assenta a ortografia da
língua portuguesa, é inevitável que se aceitem grafias duplas naqueles casos
em que existem divergências de articulação quanto às referidas consoantes c
e p e ainda em outros casos de menor significação. Torna-se, porém, praticamente impossível enunciar uma regra clara e abrangente dos casos em
que há oscilação entre o emudecimento e a prolação daquelas consoantes, já
que todas as sequências consonânticas enunciadas, qualquer que seja a vogal precedente, admitem as duas alternativas: cacto e cato, caracteres e carateres, dicção e dição, facto e fato, sector e setor; ceptro e cetro; concepção e conceção, recepção e receção; assumpção e assunção, perremptório
e perentório, suptuoso e suntuoso etc.
De modo geral, pode-se dizer que, nestes casos, o emudecimento da
consoante (exceto em dicção, facto, sumptuoso e poucos mais) é verificado,
sobretudo, em Portugal e nos países africanos, enquanto no Brasil há oscilação entre prolação e o emudecimento da mesma consoante.
Também os outros casos de dupla grafia (já mencionados em 4.1), do
tipo de súbdito e súdito, subtil e sutil, amígdala e amídala, omnisciente e
onisciente, aritmética e arimética, muito menos relevantes em termos quantitativos do que os anteriores, se verificam sobretudo no Brasil.
Trata-se, afinal, de formas divergentes, isto é, do mesmo étimo. As palavras sem consoante, mais antigas e introduzidas na língua por via popular, já
O referido parágrafo é o seguinte: “Prescinde-se da congruência gráfica referida no último número,
quando determinadas palavras, embora afins, divergem nas condições em que entraram e se fixaram no
português. Não há, por isso, que harmonizar: assunção com assumptivo; assunto, substantivo, com assumpto, adjetivo; cativo com captor ou captura; dicionário com dicção; vitória com victrice etc. (Apud Bechara, 2008a, p. 129, nota).
1
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
foram usadas em Portugal e se encontram nomeadamente em escritores dos
séculos XVI e XVII.
Os dicionários da língua portuguesa, que passarão a registrar as duas
formas em todos os casos de dupla grafia, esclarecerão, tanto quanto possível, sobre o alcance geográfico e social desta oscilação de pronúncia1.
Neste caso, por exemplo, o Dicionário Aurélio está à frente em relação ao Dicionário Houaiss, apesar
de ainda não ter elementos suficientes para informar a abrangência de todas as variantes gráficas.
1
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
EXERCÍCIOS DE ORTOGRAFIA
4) Identifique a afirmação errônea: a) A letra h é a sexta consoante do alfabeto português; b) A letra h não corresponde a nenhuma consoante portuguesa; c) A letra h faz parte de alguns dígrafos; d) A letra h figura no
fim de certos vocábulos portugueses; e) A letra h, embora sem valor fonético, por motivos históricos, figura no início de numerosos vocábulos
portugueses.
7) Complete as lacunas, quando necessário, com o h:
1. __ontem começou a estudar __arpa.
2. Ó__ José, cuidado com o teu __ombro.
3. Sobrava-lhe __ombridade nas atitudes.
4. A noite estava muito __úmida.
5. O __espanhol estudava assuntos __ispânicos.
6. Nos dias de sol passeava no __iate.
7. Fazíamos uso de pedra __ume.
8. Não __esitou em defender a __umanidade.
9. Os egípcios utilizavam __ieróglifos na escrita.
10. Nos tempos __odiernos a __espanha progride a passos largos.
11. A toalha __umedeceu o móvel.
12. A __alucinação acabou em __ilaridade.
13. A bandeira fora __asteada.
14. Não __auriu tantos conhecimentos.
15. A __erva-mate é medicinal.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
16. Gostavam de __ombrear-se conosco.
17. O __ermitão entrou na __ermida.
18. Gritaram __urra! quando as equipes entraram em campo.
19. Não fizera operação de __érnia.
20. Os ditongos são mais comuns que os __iatos neste trecho.
21. Era um des__umano.
22. Diante do caso, encolhe os __ombros.
23. A __umidade era prejudicial à sua sinusite.
24. Por __ora, só restava esperar.
25. De __ora em __ora Deus melhora.
26. __ora bolas!
27. A casa estava des__abitada.
28. Aquele era um ato in__umano.
29. Gostava de ler as histórias de Super-__omem.
30. Palavra de __onra que a coisa é assim.
31. O bicho soltava grun__idos.
32. __em? Que dizes?
33. Recebeu de __erança uma grande __erdade.
34. Travou-se um ren__ido combate entre o homem e a fera.
35. O sítio estava __ermo e solitário.
36. Quem só come __ervas é __erbívoro.
37. Aquele comarada é um __erege, por isso não conhece a sublimidade
da __óstia.
38. O __indu é o natural da Índia.
39. Todos cantaram o __ino nacional.
40. A __igiene protege a saúde.
41. __á cinco anos que cheguei aqui.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
42. Daqui __a cinco anos será realizada a construção.
43. A cidade fica __a trezentos quilômetros daqui.
44. Ele ficou __esitante quanto ao __êxito da fábrica.
45. Via-se nele aquela __abitual __umildade.
46. As paredes da geladeira __umedeceram rápido.
47. Há que obedecer-se à __ierarquia.
48. __ui! gritou a moça.
49. Acenderam-se os __olofotes dos carros e ouviu-se uma gargalhada
__omérica.
GABARITO DO EXERCÍCIO DE ORTOGRAFIA
4) a.
7) 1-h, 3h, 5-h, 8h h, 9h, 10h-, 12-h, 13h, 14h, 18h, 19h, 20h, 25h h, 29h,
30h, 31h, 32h, 33h h, 34h, 36-h, 37h h, 38h, 39h, 40h, 41h, 44h-, 45h
h, 47h, 48h, 49h h.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
22/04/2011 – A homofonia de certos grafemas consonânticos (p. 43-50) e
Exercícios de ortografia 9-12 (p. 141-148)
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
DA HOMOFONIA1
DE CERTOS GRAFEMAS CONSONÂNTICOS2
Dada a homofonia existente entre certos grafemas3 consonânticos,
torna-se necessário diferenciar os seus empregos, que fundamentalmente se
regulam pela história das palavras. É certo que a variedade das condições
em que os grafemas consonânticos homófonos se fixam na escrita nem
sempre permite uma fácil diferenciação dos casos em que se deve empregar
uma determinada letra daqueles em que, diversamente, deve ser empregada
outra, ou outras, para representar o mesmo som.
Nesta conformidade, importa notar, principalmente, os seguintes casos:
1º) Distinção gráfica entre ch e x:
a) Escrevem-se com ch: achacar, achaque, achar, achincalhar, agachar, alcachofra, ancho, anchova, apache, apetrecho, archote, azeviche, babucha, bacharel, Bechara, Belchior, beliche, bochecha, bochicho, bolacha,
boliche, bolchevique, bombacha, bonachão, borracha, brecha, brocha (prego), brochar, broche, bucha, bucho (estômago), cachaça, cachaço, cachimbo,
cacho, cachoeira, cachola, cachopa, cachorro, cachucha, cambalacho, capacho, capricho, capuchinho, capucho, carochinha, carrapicho, cartucheira,
cartucho (de espingarda), caruncho, chá (planta), chácara (pequeno sítio),
chacina, chacoalhar, chacota, chafariz, chafurdar, chalaça, chalé, chaleira,
chamar, chamariz, chambre, chamego, chaminé, chanceler, chapinhar, charanga, charco, charlatão, charneca, charrua, charque, charquear, charrua,
É bom que se registre que as Bases III, IV, V, VI e VII não alteram em nada as normas ortográficas já
vigentes no Brasil. Homofonia é o som ou pronúncia semelhante. (Azeredo, 2008, p. 28)
1
Grafemas consonânticos são as letras ou sinais gráficos representativos dos sons que não têm autonomia, ou seja, que dependem de uma vogal para se concretizarem na fala. (Azeredo, 2008, p. 28)
2
3
Letra e grafema são sinônimos, como nos lembra Domício Proença Filho (2009, p. 20).
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charuto, chato, chave, chávena, chefe, cheque (ordem de pagamento), chiba,
chicana, Chico, chicória, chicote, chilique, chimarrão, chimpanzé, chique,
chiqueiro, chiripa, chiste, choça, chocalho, chocar, chocho, chofre, choldra,
chope, chorar, chorrilho, chorume, chouto, chuchar, chuchu, chuço, chucrute, chulé, chulear, chumaço, churrasco, chuchu, chusma, chutar, chute, chuteira, coche, cocheiro, cochichar, cochicho, cochilar, cochilo, Cochinchina,
cochonilha (piolho de vegetal), cocho (vasilha), colcha, colchão, colcheia,
colchete, comichão, comichar, concha, conchavo, coqueluche, cupincha, debochar, deboche, desabrochar, desfechar, despachar, despacho, ducha, encharcar, encher, enchumaçar, endecha, endiche, escarafunchar, escorchar,
esquichar, espichar, estrebuchar, facha (rosto), fachada, facho, fantoche, fecho, fetiche, ficha, fichário, flecha, frincha, gancho, garrancho, garrucha,
guache, guincho, hachurar, iídiche (também ídiche), inchar, machado, macho, machucar, malacacheta, mancha, mancheia, marchetar, mecha, Melchior, mochila, mocho (ave noturna), muchacho, murchar, nicho, pachorra,
patchuli, pecha, pechincha, pedinchão, pedinchar, penacho, Peniche, piche,
pichel, pinchar, ponche, quíchua, rachar, rechaçar, rancho, reprochar, rinchar, rocha, sachar, salsicha, sanduíche, tacha (prego, imperfeição), tachar
(pregar, criticar), tacho (recipiente de ferro, cobre etc.), tocha, trecho, trinchar, trocho, troncho, vulgacho;
Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 80-81, 2008,
p. 94-95):

O ch origina-se dos encontros latinos cl, fl, pl: chave < clave (latim), cheirar < flagrare (latim), chuva < pluvia (latim) etc.

Do ch francês: brocha, chalé, chapéu, chatô, chefe, chuchu, deboche, fetiche, flecha; do espanhol: apetrecho, cachucha, endecha, chorrilho, cincho,
mochila, trapiche...

Do ci ou do cci italiano: bocha, charlatão, chusma, espadachim, salsicha,
bambochata...

Do sch alemão e do ch inglês: chibo, chope, charuto, cheque, sanduíche...

Do árabe – ensurdecimento do j: azeviche, azeche, alperche...

Sufixos -acho, -achão, -icho, -ucho: bonachão, rabicho, papelucho...

Depois de -n-: ancho, concha, encher, gancho, guinchar, pechincha etc.
Mas, depois de en- inicial ocorre mais x do que ch: enxame, enxergar, enxugar etc.
b) Escrevem-se com x: abacaxi, abexi, afrouxar, Aleixo, almoxarife,
ameixa, anexim, atarraxar, axorca, baixel, baixela, baixeza, baixio, baixo,
bauxita, bexiga, broxa (pincel), broxar (pincelar), bruxa, bruxulear, buxo
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
(certo arbusto), caixa, caixão, caixeiro, caixilho, caixote, cambaxira, capixaba, Cartaxo, Cartuxo (religioso), cauixi, Caxambu, caxangá, caxemira,
caxinguelê, caxumba, coaxar, coxa, coxão, coxia, coxilha, coxilhão, coxim,
coxinilho, coxo (manco), coxonilho, debuxar, debuxo, deixar, ervixe, desenxabido, desleixo, eixo, elixir, embaixada, encaixe, encaixotar, enfaixar, engraxar, engraxate, enxada, enxadrista, enxaguar, enxame, enxaqueca, enxerga, enxergão, enxargar, enxertar, enxerto, enxó, enxofre, enxotar, enxoval, enxovalhar, enxovia, enxugar, enxúndia, enxurrada, enxuto, esdrúxulo,
faixa, faxina (limpeza), faxineiro, feixe, freixo, frouxo, graxa, graxuma,
guaxinim, guaxo, gueixa, haxixe, Hiroxima, lagartixa, laxante, lixa, lixeiro,
lixívia, lixo, luxação, luxar, luxento, luxo, luxuoso, luxúria, luxuriante, macaxeira, madeixa, malgaxe, maxixe (certa planta, tipo de dança), mexer, mexerica, mexerico, mexilhão (marisco), mixaria, mixórdia, mixuruca, morubixaba, moxinifada, mixórdia, muxiba, muxibento, muxoxo, orixá, oxalá,
paxá, pexotada, pexote, pixaim, pixé (mau cheiro), pixote, praxe, puxador,
puxão, puxa-puxa, puxar, Quixadá, Quixote, relaxar, relaxo, remexer, repuxar, repuxo, rixa, rixento, rouxinol, roxo, seixo, taxa (preço), taxar, taxativo, texugo, trouxa, trouxe (de trouxe-mouxe e do verbo trazer), tuxaua, vexado, vexame, vexar, xá (soberano), xácara (poesia), xadrez, xairel, xale,
xampu, Xangai, xangô, xantungue, Xapecó, xará, xarope, xavante, xaveco,
Xavier, xaxim, xelim, xenofobia, xepa, xeque (lance do jogo de xadrez), Xerazade, xereta, xerez, xerife, xibiu (diamante pequeno), xibolete, xícara, xifoide, xilogravura (gravura em madeira), xingar, Xingu, xipófago, xilindró,
xilofone, Ximenes, xingar, Xingu, xinxim, xiquexique (certo tipo de planta),
xique-xique (chocalho), xisto, xodó, xoxo, xucro.
Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 78; 2008, p.
92):

Provém do x [cs] grego ou latino: xanto, Xenofonte, Xerxes, luxar, rixa, taxar, vexar...

Palatalização de /s/ (sc, ps, ss, x) latinos: bexiga, enxertar, mexer, peixe,
caixa, paixão, relaxar...

Corresponde ao xine em palavras de origem árabe: abexim, almoxarife, enxaqueca, enxoval, enxovia, oxalá, xadrez...

Vocábulos indígenas e africanos, de línguas sem tradição escrita: abacaxi,
caxambu, Erexim, muxoxo, xavante, xingar...

De línguas modernas como do inglês (sh): xampu, xelim; castelhano (j):
Xavier, xerez; zerga, perrexil, lagartixa, Truxilho, Xangai.

Em formações modernas e em palavras de etimologia ignorada: xeta, xi,
xó, xô, ximango, xucro...
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA

Depois de ditongo: baixo, caixa, eixo, madeixa, touxa etc.; e depois de eninicial: enxada, enxerir, enxó, enxugar etc., mas, neste caso, há várias exceções, como encher, enchente, enchova ou anchova e quando o en- se
anexa como prefixo a uma base iniciada por ch-. Exemplos: enchafurdar,
enchapelar, encharcar, enchiqueirar, enchocalhar, enchouriçar, enchumaçar etc.

Nos derivados de vocábulos que já têm x: afrouxar < frouxo, atarraxar <
tarraxa, enfeixar < feixe, engraxar <graxa, mixaria, <mixar, relaxar < laxar, repuxar <puxar...
2º) Distinção gráfica entre g, com valor de fricativa palatal, e j:
a) Escrevem-se com g: abencerragem1, aborígene, adágio2, Ádige,
afugentar, agenda, Agenor, ágio, agiota, agitar, alfageme, álgebra, algemas, algeroz, Algés, algia, algibebe, algibeira, algidez, álgido, Almagesto,
almargem, Alvorge, amarugem, ambages, angelical, angélico3, angelim,
Angelina, angico, angina, apogeu, aragem, Argel, Argélia, argênteo, argila,
auge, babugem, Brígida, bugiganga, caligem, congestionar, digestão, doge,
drágea, efígie, égide, egrégio, engurgitar, esfinge, estrangeiro, evangelho,
exegese, falange, faringe, ferrugem, frege, frigideira, frigidez, frígido, frigir, fuligem, geada, geba, gebo, gêiser, geleia, gelo, gelosia, gema, gemer,
gêmeo, geminar, genciana, gene, genético, Genebra, general, generalizar,
genérico, gênese, genética, gengibre, gengiva, gênio, genital, genitivo, genitor, genoma, genro, gente, genuflexão, genuíno, geolinguística, geometria,
Geraldo, gerar, gerente, gergelim, geringonça, gesto, giárdia, giba, gibi,
Gibraltar, giesta, gigabaite, gigante, gigolô, gilete, ginásio, ginástica, ginecologia, ginete, ginja, girafa, girândola, girar, girassol, gíria, girino, giz,
Hégira, herege, hígido, impingem, ingurgitar, lambujem (ou lambujem)4,
lanugem, laringe, ligeiro, longe, longínquo, megera, meninge, meningite,
miragem, monge, mugir, mungir, nevralgia, Nigéria, ogiva, Orgetorige, paragoge, perigeu, rabugem, rabugento, rabugice, ranger, regurgitar, relógio, rigidez, rígido, rugido, salsugem, sege, selvagem, silogeu, Solange, su-
Há uns setecentos substantivos terminados em -agem, -igem ou -ugem, e apenas dois em -ajem (lajem, variante de laje, e pajem) e um em -ujem (lambujem, variante de lambugem e de lambuja)
1
Com os sufixos -ágio, -égio, -ígio, -ógio e -úgio, há umas oitenta palavras, sempre grafadas com a letra
“g”.
2
“O g de angélico, angelical deve-se à presença do radical em sua forma latina angelicum.” (PROENÇA
FILHO, 2009, p. 69)
3
Com exceção dos verbos entrujir, intrugir e os terminados em JAR, só há três palavras terminadas em
JEM (lajem, lambujem e pajem) e umas poucas em JE (alfanje, alforge, hoje, laje, traje, ultraje etc.).
4
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gerir, sugestão, Tânger, tangerina, tigela, tugir, turgido, urgir, vagem, vagido, vagina, vargem, vegetal, vertigem, viageiro, viagem (substantivo), vigência, vigenge, viger, vigilância, vilegiatura, virgem, zoofágico, zoógeno;
Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 85; 2008, p.
59-60):

De origem latina ou grega: agir, falanje, frigir, gesto, tigela ou árabe (z):
álgebra, algeroz, ginete, girafa, giz...

Em estrangeirismos que têm essa letra na língua originária: agiotagem, geleia, hereje, sargento, sege (rancês); ágio, doge, gelosia (italiano); gitano
(castelhano) gim (inglês)...

Nas terminações -agem, -igem, -ugem; -ege, -oge: manlandragem, vertigem, babugem ferrugem; frege, herege, sege, paragoge... Exceções: lajem
(variante de laje), pajem.

Nas terminações -ágio, égio, ígio, ógio, úgio: estágio, egrégio, remígio, relógio, refúgio...

Verbos em -ger e -gir: eleger, proteger, fingir, fugir, mugir, submergir...

Em geral, depois de r: aspergir, divergir, submergir, urgente etc. Exceções: alforje, caborje – e nos derivados com j no radical: gorjeta < gorja,
sarjeta < sarja.

Em palavras derivadas de outras que já têm g: afugentar < fugir, viageiro <
viagem, ferrugento < ferrugem, rabujento, rabugice < rabugem, rigidez <
rígido (mas rejeza < rijo).

Nos vocábulos gerir, gestão e derivados: digerir, digestivo, ingerir, ingestão, sugerir, sugestão, sugestivo.

Depois de a- inicial: agente, ágil, ágio, agir, agitar etc. Exceções: ajedra,
ajenil, ajimez (palavras raras, como se vê) e derivadas prefixais de outras,
cujo radical começa com j: ajeitamento, ajeitar, ajesuitar, ajirauzado.

Sempre que a palatal não for rigorosamente etimológica (isto é, ligada à
tradição scrita – vernácula ou estranjeira) usa-se j: jiboia, jiçara, jimbo,
jingo...
b) Escrevem-se com j: acarajé, adjetivo, ajeitar, ajeru (nome de
planta indiana e de uma espécie de papagaio), alfanje, alforje, anjinho, arranje, Bajé (ou Bagé), bajeense, berinjela (mas também beringela), caçanje,
cafajeste, canjerê, canjica, canjirão, cerejeira, cervejeiro, desajeitado, desajeitar, enjeitar, enrijecer, gajeiro, gorjear, gorjeio, gorjeta, granjear,
granjeiro, hoje, injeção, intrujice, jê (índio), jeca, jecoral, jegue, jeira, jeito,
jeitoso, jejuar, jejum, Jeni, jenipapo, Jeová, jequiri, Jequié, jequitibá, jereba, Jeremias, jeribita, Jericó, jerimum, Jerônimo, jérsei, Jessé, jesuíta, Jepágina 88
MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
sus, jetom, Jezabel, jia, jiboia, jiló, jinga, jipe, jipioca, jiquipanga, jiquiró,
jiquitaia, jirau, jiriti, jitirana, jiu-jítsu, laje, lajem, lajense, Lajes (ou Lages), lambujem (ou lambujem), laranjeira, lisonjear, lisonjeiro, lojeca, lojista, majestade, majestoso, manjedoura, manjericão, manjerona, micagem,
Moji, mojiana, mojica, mucujê, mujique, objeção, ojeriza, pajé, pajelança,
pajem, Pajeú, pegajento, projeção, projétil (ou projetil), projeto, rejeição,
rejeitar, rijeza, sabujice, sarjeta, sobejidão, sujeito, sujidade, traje, trejeito,
ultraje, varejeira, varejista, viajem (verbo). 1
Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 83; 2008, p.
61-62):

De origem latina (i ou j, bi, di, hi, si, vi): jeito, majestade, hoje, jeito, cerejeira...

De origem tupi-guarani, africana (línguas sem tradição gráfica) ou árabe:
jê, jerivá, jiboia, jirau, caçanje, alfanje, alforje, mujique.

Em formas derivadas de outras que já têm j: anjo, anjinho; gorja: gorjear,
gorjeio, gorjeta; intrujar: intrujice; laranja: laranjeira, laranjinha; lisonja: lisonjear, lisonjeiro; loja: lojeca, lojista; manjar: manjedoura; pegajoso: pegajento; rijo: rijeza, enrijecer; São Borja: são-borjense; sarja: sarjeta; viajar: viaje, viajes, viajei, viajemos, viajem (mas viagem [substantivo] > viageiro) etc.

Formas dos verbos em -jar: aleijei, alvejei, arejei, arranje, arranjei, beijei,
desejei, despeje, despejei, enojei, esbanje, forjei, manejei, pelejei, rastejei,
suje, tracejei, ultrajei, viaje, versejei, viajem...

Terminação -aje: gaje, laje, traje, ultraje... Há alguns galicismos correntes
em -age: abencerrage, assemblage, eubage, garage, sage etc.

Sempre que a etimologia não justificar um g (caso de vocábulos indíjenas,
africanos, exóticos, línguas sem tradição gráfica): caçanje, jia, jerico, jimbo, jiu-jitsu, manjericão, manjerona, pajé...
Há uns quatrocentos verbos da primeira conjugação terminados em JAR que têm o presente do subjuntivo em -je, -jes, -je, -jemos, -jeis, -jem, como adejar, aleijar, alijar, almejar, alvejar, amojar, arejar, arrojar, azulejar, beijar, bocejar, cotejar, cravejar etc.
1
Mas há também mais de cem verbos que terminam em GER ou GIR, como abranger, adstringir, afligir,
agir, aspergir, atingir, cingir, coagir, coligir, convergir, corrigir, dirigir, divergir, eleger, emergir, erigir, exigir, fingir, frigir, insurgir, interagir, proteger, ranger, reagir, reger, restringir, retroagir, ringir, rugir, submergir, surgir, tanger, tingir e transigir, que se escrevem com “j” quando seguido de “a” ou de “o”. Exemplos:
aflijo, aflija, aflijas, aflija, aflijamos, aflijais, aflijam; protejo, proteja, protejas, proteja, protejamos, protejais, protejam.
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3º) Distinção gráfica entre as letras s, ss, sc, c, ç e x, que representam
sibilantes surdas1:
a) Escrevem-se com s: adestrar, adversário, anseio, Anselmo, ânsia,
ansiedade, ansioso, apreensão, apreensivo, arsênico, Arsênio, ascensão
(subida), ascensional, ascensor, aspersão, aspersório, autópsia, aversão,
avulso, balsa, bálsamo, bolsa, bolso, busílis, Calisto, canhestro, cansaço,
cansado, cansar, cansativo, canseira, catarse, Celso, censo (dados estatísticos demográficos), comparsa, compreensão, compreensível, compulsão,
compulsório, condensar, consecução, consecutivo, conselho (aviso), consenso, consentâneo, consertar (endireitar), conserto (reparo), controvérsia,
conversão, conversível, convulsão, convulsionar, corsário, Córsega, corso
(da Córsega), defensivo, defensor, descansar, descanso, descenso, desconserto, despensa (armário), despenseiro, descanso, despretensão, despretensioso, destra, destreza, destro, detersão, dimensão, dispensa, dispensar,
dispersão, dispersivo, disperso, dissensão, distensão, diversão, diverso,
dorso, emersão, emulsão, ensebar, entorse, épsilon, escansão, esconso, escusa, escusar, espargir, espectador (assistente), esperto (astuto), espiar (espreitar), esplêndido, esplendor, espoliação, espoliar, espontaneidade, espontâneo, espremer, esquisito, estase (estagnação do sangue), estático
(imóvel), estender, esterçamento, esterçar, estercar, esterco, esterno (osso),
estrangeiro, estranhar, estranheza, estranho, estrato (camada), excursão,
excursionar, expansão, expansivo, expensas, expulsão, expulsar, extensão,
extorsão, extorsivo, extrínseco, falsário, falso, falsete, falsificar, farsa, farsante, ganso, hirsuto, hortênsia, Hortênsio, imenso, imersão, imerso, impulsionar, impulso, incenso, incursão, incursionar, inserção, inserto (inserido),
inseto, insinuar, insípido, insipiente (ignorante, insensato), insolação, insosso, insulso, intensão (tenso), intensivo, interseção, intrínseco, inversão, justapor, justaposição, malsinar, mansão, mansarda, manso, Mansur, marsupial, misto, mistura, obsessão, obsidiar, obsoleto, ostensório, pensão, pensionato, percurso, persa, Pérsia, persiana, Persival, perversão, perversidade, precursor, pretensão, pretensioso, propenso, propulsão, pulsar, pulseira, recensear, recurso, remanso, remansoso, remorso, repreensão, repreensivo, repulsa, repulsão, repulsivo, retroversão, reverso, revulsão, revulsivo,
salsa, salsicha, salso, salsugem, Sansão, seara, sebáceo, sebe, sebento, se-
Apesar de não estar referido no acordo, o dígrafo “xc” também é utilizado para representar esse fonema. Veja os exemplos seguintes: exceção, exceder, excedível, excelência, excelente, excelso, excentricidade, excêntrico, excepcional, excerto, excessivo, excesso, exceto, excetuar, excipiente, excisão, excisão, excisar, excitação, excitante, excitar.
1
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
bo, seboso, seção (divisão), seda, segadeira (foice), segar (ceifar), Seia, sela (assento para montaria), selagem (ato de selar), selo, semear, semente,
Semíramis, Sena, senado, senário (relativo a seis), senha, sênior, sensatez,
sensato, senso (entendimento, percepção), sensual, séptico, sereia, seriado,
série, seriedade, seringa, sério, serra, serração (ato de serrar), serralheria,
serralheiro, Sertã, servo (criado), sésamo, sesta (dormida), sestro, seta, sevandija, severo, sevícia, seviciar, sezão, siamês, sibila, sibilar, siciliano, Sicília, sicrano, sidra (vinho de maçã), sifão, sífilis, sigilo, sigla, silha, silhueta, sílica, silo, Sílvio, sinagoga, Sinai, sinédrio, sinfonia, Singapura (ou
Cingapura), singapurense, singelo, singrar, sintoma, Sintra, sinusite, sirene, siri, sirigaita, sírio, sisa, siso, Sistina, Sisto, sisudo, sito, situar, submersão, submerso, subsidiar, subsídio, subsistência, subsistir, suspensão, suspensório, tarso, tensão, tenso, tergiversar, terso (puro, limpo), utensílio,
valsa, versão, versátil, verso;
Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 45-46; 2008,
p. 68-69):

Correlação nd > ns: pretender > pretensão, (des)pretensioso; expandir >
expansão, expansivo; pender > pensão, pênsil; tender > tens;ao, tenso, ascender > ascensão, ascensional, ascensor; distender > distensão (diferente
de conter > contenção); estender > extensão; suspender > suspensão, suspensivo, suspensório...

Bendizer/bênção não é exceção – nd não finaliza radical, não precede vogal temática; a notar: bem + dizer.

Correlações rg/rt > rs: aspergir > aspersão; converter > conversão; divergir > diverso; imergir > imersão; espagir > esparso; submergir > submerso; inverter > inversão; divertir > diversão, reverter > reversão, verter
> versão.

Correlação pel > puls: compelir > cimpulsão, impelir > impulsivo, impulso; expelir > expulsão; repelir > repulsão.

Corrrelação corr > curs: correr > curso, cursivo; concorrer > concurso;
decorrer > decurso; discorrer > discurso; incorrer > incursão, percorrer >
percurso, transcorrer > transcurso.

Correlação sent > sens: sentir > sensível, consentir > consenso, dissentir >
dissenso;

As sequências ist, ust misto, mistura, Calisto, sistino, justafluvial, justapor, justalinear.

Sufixo -ense e -iense: alegrense, alfenense, atalaiense, brasiliense. carvalhense, rio-grandense, hortense, paraense, parisiense,
b) Escrevem-se com ss: abadessa, Abecassis, abscesso, acessivel,
acessório, acesso, acossar, admissão, admissível, agressão, alvíssaras, alpágina 91
MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
vissareiro, amassar, antisséptico (que desinfeta), apressar (tornar rápido),
argamassa, arremessar, arremesso, assacar, assanhar, assar, assampatar,
assassinar, assassinato, asse (moeda), asseado, assear, assecla, assediar,
assédio, Asseiceira, asseio, assentimento, assentar, assento (móvel no qual
se senta; registro), assersão, asserto (afirmação), assessor, assessoria, asseverar, assíduo, assimetria, assimétrico, assinar, assíndeto, Assíria, assobiar, assobio, assolar, assomo, assoprar, assuada, atassalhar, aterrissagem,
aterrissar, atravessar, avassalar, avessas, avesso, benesse, Bessa, bissetriz,
bossa (tendência), bússola, carrossel, cassa (tecido), cassar (anular, retirar),
cassetete, Cássia, Cassiano, Cassilda, cassino, Cássio, cessão (de ceder),
Clarissa, Clarrisse, classicismo, clássico, codesso (identicamente codessal
ou codassal, codesseda, codessoso etc.), comissão, compassivo, compasso,
compressa, compressão, compromisso, concessão, concessionário, concessiva, condessa, confessionário, confissão, cossaco, crasso, demissão, demissionário, depressa, depressão, desasseio, desassisado, dessecar (secar
bem), devassar, devassidão, devasso, dezesseis, dezessete, digressão, dissecar (examinar), dissenção, dissertação, dissertar, dissídio, dissílabo, dissimulação, dissimular, dissipação, dissipar, dissuadir, dissuasão, dossel, dossiê, egresso, eletrocução, emissão, empossar, endossar, entressachar, entressonhar, escassear, escassez, escasso, essa (estrado), excessivo, excesso,
expressão, expressivo, fossa, fóssil, fossilizar, fosso, fracasso, fricassê, gesso, girassol, grassar, hissope, idiossincrasia, imissão (de imitir), impressão,
impressionar, impresso, indefesso (incanssável), ingressar, ingresso, insosso, insubmissão, intercessão (de interceder), interessar, interesse, intromissão, isso, lassidão, lasso (cansado, gasto), Lessa, massa (pasta), massagem,
massagista, masseter, massudo, messe, missa, missal, missão, missionário,
molosso, monossílabo, mossa, musselina, Nassau, Nebrissa, necessário, necessidade, Nissan, obsessão, Odessa, odisseia, opressão, passar, pássaro,
passatempo, passear, passeio, passo (movimento do pé, ao andar), permissão, Pessanha, pêssego, pessimismo, pintassingo, polissílabo, polissíndeto,
possessão, possessivo, possesso, potássio, premissa, presságio, pressão,
pressentir, pressuroso, procissão, profissão, profissional, progressão, progressivo, progresso, promessa, promissor, promissória, recesso, regressar,
regresso, remessa, remissão, remissivo, remisso, repercussão, repressão,
repressivo, ressaca, ressalva, ressalvar, ressarcir, ressequir, ressumar, ressupino, ressurreição, ressuscitar, retrocesso, Rossio, russo (da Rússia),
sanguessuga, sanguissedento, sassafrás, secessão, sessão (reunião), sessenta, séssil, sobressalente, sossegar, sossego, submissão, sucessão, sucessivo,
Tessalonia, tessitura, tosse, tossir, travessa, travessa, travessão, trissílabo,
vassalo, vassoura, verossímil, verossimilhança, vicissitude, viscondessa;
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 45-46; 2008,
p. 72):

Correlação ced > cess: ceder > cessão; conceder > concessão; interceder >
intercessão; exceder > excessivo; aceder > acessível, acesso.

Correlação gred > gress: agredir > agressão, agressivo; progregir > progressão, progressivo, progresso.

Correlação prim > press: imprimir > impressão; oprimir > opressão; reprimir > repressão.

Correlação vogal + tir > vogal + ssão: admitir > admissão; discutir > discussão; eletrocutir (eletrocutar) > eletrocussão, permitir > permissão; pertutir > percussão; repercutir > repercutir.

Etimologia rs (latim) > ss: persona (latim) > pessoa, mas personalidade;
persicu (latim) > pêssego (mas persico); adversu > avesso (mas adversário); ersa (latim) > essa (cadafalco); morsa (latim) > mossa...

Etimologia x [cs] (latim) > ss: dixi (latim) > disse; sexaginta (latim) > sessenta; laxu (latim) > lasso, lassidão.

Etimologia ps (latim) > ss: gypsu (latim) > gesso; ipse (latim) > esse...

Prefixos terminados em vogal + elemento iniciado por s: a + silábico > assilábico; homo + sexual > homossexual; mini + saia > minissaia; re + surgir > ressurgir; ultra + som > ultrassom;
c) Escrevem-se com c: abacial, aborrecer, acácia, acelga, acém,
acender (iluminar), acenso, acento (sinal), acepção, acepipe, acerbo, acerto
(ajuste), acervo, acessório, acetinar, acinte, adocicado, agradecer, alcácer,
alface, alicerçar, alicerce, alopecia, alperce, alvorecer, amaciar, amadurecer, amanhecer, ancião, Aniceto, anoitecer, anticéptico (incrédulo), aparecer, aquecer, arrefecer, arvorecer, Bacelar, bacilo, Berenice, cacete, cacimba, cacique, carecer, carrancismo, carroceria, cear, cebola, Cecém,
Cecília, cediço, cedilha, cedro, cédula, cegonha, ceia, ceifar, Ceia, ceitil,
cela (pequeno quarto), celerado, célere, celeuma, celibato, celofane, celuloide, cem (cento), cemitério, cena, cenáculo, cenário, cendal, cenho, cenóbio, cenobita, cenoura, censar, censo (recenseamento), censual (relativo a
censo), censura, centauro, centavo, centeio, centelha, centopeia, centurião,
cepa, cepilho, cera, cerâmica, cérbero, cerca, cercado, cercania, cercar,
cercear, cerda, cereal, cerebelo, cérebro, cereja, cerimônia, cerne, ceroula,
Cernache, cerração (nevoeiro), cerrar (fechar), cerro, certame, certeiro,
certeza, certidão, certo, cerviz, cerzir, César, cessão (de ceder), cesta (utensílio), cetáceo, ceticismo, cético, cetim, cetineta, cetinoso, cetro, ceva, cevada, cevar (engordar), chacina, ciberespaço, cibório, cicatriz, cicatrizar,
cicerone, ciciar, cicio, ciclamato, ciclame, ciclo, ciclone, cicuta, cidra (frupágina 93
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to), cifra, cifrão, cigano, cigarra, cigarro, cilada, Cilene, cilício (instrumento), cílio, cima, cimento, cimitarra, cimo, cinamomo, cincerro, Cinfães,
Cingapura (ou Singapura), cínico, cinta (substantivo), cintilar, cinto (substantivo), cintura, cinturão, cinza, cinzel, cio, cioso, Cipião, cipó, cipoal, cipreste, Cicpiano, ciranda, circo, circuncisão, Cirene, cireneu, Ciríaco, Círio (vela), cirro, cirrose, cirurgia, cisalpino, cisão, cisco, cisma, cismar,
cisne, cissiparidade, cissura, cisterciense, cisterna, cisto, citação, citar, citara, citobiologia, ciúme, cizânia, cócegas, cociente, coercitivo, concertar
(harmonizar), concerto (certo tipo de obra musical), concílio, corcel, decepcionar, decerto, desfalecer, disfarce, docente (referente a ensino), Domício,
empobrecer, encanecer, encenação, encilhar, endoidecer, enrijecer, ensandecer, ensurdecer, envelhecer, envilecer, espairecer, Escócia, esquecer, facínora, falecer, focinho, fortalecer, Garcia, Guaraci, Gumercindo, incenso,
incerto (não certo), incipiente (em começo), incitar, intercessão (de interceder), Jaci, Juraci, licença, lince, linguiça, lucidez, lúcido, Macedo, macega,
macerar, maciço, macieira, macilento, macio, maciota, mencionar, morcego, necessário, obcecar, parecer, peceta, pecíolo, penicilina, percevejo, pocilga, preceito, preceptor, receoso, resplandecer, reticente, reverdecer, rinoceronte, rocinante, Sicília, sobrancelha, súcia, sucinto, superfície, tecelargem, tecelão, tecer, tecido, torcedura, umedecer, vacilar, vacina;
d) Escrevem-se com ç: à beça, ablução, absorção, abstenção, acaçapar, açafata, açafate, açafrão, açaí, açaimar, açambarcar, acepção, aço,
açodado, açodamento, açodar, açoite, açorda, acoroçoar, açúcar, açucena,
açude, açular, adereço, adoção, afiançar, alcaçuz, alçapão, alçaprema, alçar, alcobaça, alicerçar, aliança, almaço, alocução, ameaça, ameaçar,
apreçar (indagar o preço), apreço, arção, araçá, araçoara, arção, arregaçar, arruaça, asserção, assunção, atenção, avanço, babaçu, baço, bagaço,
balança, balça (matagal), beça (à), berço, boçal, Bragança, Buçaco, buço,
cabaça, cabaço, cabeça, caça, caçamba, caçanje, caçar (animais), caçarola, caçoada, caçoar, caçula, caiçara, calça, calção, caleça, caliça, calhamaço, camurça, canguçu, caniço, cansaço, cansanção, caraça, carapaça,
carapuça, caravançará, carcaça, carniça, carrança, carriço, castiço, caçoar, caçula, camurça, cansaço, caraça, carcaça, cavalariça, cediço, cerração, cessação, chalaça, choça, chuço, chumaço, citação, coação, cobiça,
cobiçar, coçar, coerção, colação, coleção, comborça, compunção, conciliação, conjunção, consecução, consumpção, consunção, contorção, corça,
Curaçau, dança, dançar, decepção, decepcionar, desacorçoar, desavença,
descalço, descoroçoar, descrição, deserção, desfaçatez, destrinçar, discrição, disfarçar, distinção, dobradiça, Eça, encenação, endereço, enguiço,
ereção, eriçar, erupção, escaramuça, espicaçar, espinhaço, estilhaço, espágina 94
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tremeção, exceção, exibição, extinção, feitiço, França, fuça, fuçar, Gonçalves, hortaliça, Iguaçu, inchaço, inserção, isenção, intenção, jaça, jaçanã,
Juçara, jararacuçu, laçar, laço (nó, vínculo), liça (luta), licença, linguiça,
linhaça, loução, maçã, maçada (aborrecimento), maçaneta, maçante (que
aborrece), maçar, maçaranduba, maçarico, maçaroca, maciço, maço, maçom, maçonaria, maçudo, magriço, Manhuaçu, maniçoba, manutenção,
Marçal, março, Melgaço, menção, miçanga, Moçambique, moçambicano,
moção, moçárabe, monção, mordaça, mormaço, movediço, muçambé, muçarela, muçulmano, muçum, muçurana, munição, murça, muriçoca, nabiça,
negaça, noviço, obcecação, oblação, obstrução, orçamento, orçar, ouriço,
paço (palácio), paçoca, painço, palhoça, paliçada, palonço, pança, pançudo, Paraguaçu, peça, peçonha, peliça, piaçaba, piaçava, piçarra, pinça,
pinçar, poça, poço, presunção, prevenção, Proença, projeção, quiçá, quiçaba, quiçaça, quiçama, quiçamba, ranço, reboliço (que rebola), rebuço,
rebuliço (confusão), recepção, rechaçar, rechaço, redenção, regação, regaço, remição (ato de remir-se), retenção (de reter), roça, roçagar, roçar,
roliço, ruçar, ruço (pardacento), saçaricar, sanção (de sancionar), sarça,
Seiça (grafia preferível às errôneas Ceiça e Ceissa), Seiçal, soçobrar, Suíça,
suíço, sumiço, taça, talagarça, tapeçaria, taquaruçu, tenção (intenção), terça-feira, terço, terçol, terraço, tição, torção, traça, traça, trançar, trapaça,
tremoçar, troça, troço, viço, vidraça, vizinhança;
Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 52-53; 2008,
p. 63):

De origem latina (c, ti): ação, celeste, fração, março, preço, vicio. Correlação t > c: ato > ação; infrator > infração; Marte > marcial.

De origem árabe (letras sade e sine): açafate, açafrão, açaimar, açúcar,
açucena, cetim, acetinado, moçárabe, muculmano...

Vocábulos de origem tupi, africana, línguas sem tradição gráfica: açaí,
araçoia, criciúma, Iguaçu, Juçara, moçoró, muçu, muçum, muçurana, paçoca, caçanje, caçula, cacimba, miçanga. Incluem-se os sufixos ou radicais pospositivos -açu, -guaçu, -uaçu, -uçu: capim-açu, Paragaçu, canguçu, embiruçu.

Sufiços -aça, -aço, -ação, -ecer, -iça, -iço, -nça, -uça, -uço: barcaça, ricaço, armação, entardecer, carniça, sumiço, fiança, convalscença, dentuça,
dentuço. Terminação -encer, de verbos: convencer, pertencer, vencer.

Correlação ter > tenção: abster > abstenção; ater > atenção; conter >
contenção; deter > detenção; reter > retenção.

Depois de ditongos: arcabouço, beiço, fauce, feição, foice, louça, traição...
página 95
MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA

Etimologia: sc inicial latino: scientia > ciência; scena > cena; scintillare >
cintilar
e) Escrevem-se com x: aproximar, auxiliar, auxílio, contexto, contextura, defluxo, excogitar, expectador, expectativa, expectorante, expectorar, expedir, expensas, experiência, experimentar, experimento, experto
(perito), expiação, expiar (remir), expirar (findar), explanar, expletivo, explicação, explicar, explícito, exploração, explorar, expoente, expor, exposição, êxtase, extasiado, extasiar, extático (pasmado), extensão, extensivo, extenso, extenuar, exterior, externo (exterior), extirpar, extra, extraordinário,
extrato, extravagante, extremado (exagerado), extremar, extremoso, inexplicável, inextricável, máxima, Maximiliano, Maximino, máximo, morfossintaxe, proximidade, próximo, sexta (numeral), sextanista, sextante, sexteto, sextilha, sexto (numeral), sintaxe, têxtil, texto, textual, textura, trouxe (de
trazer).
f) Escrevem-se com sc: abscesso, abscissa, acrescentar, acrescer,
acréscimo, adolescência, adolescente, alvescer, apascentar, aquiescência,
aquiescer, arborescer, ascendência, ascendente, ascender (subir), ascensão
(subida,), ascensional, ascensor, ascensorista, ascentar, ascese, asceta, ascético (místico), ascetismo, ascite, coalescer, cognoscível, concupiscência,
condescendência, condescender, condiscípulo, consciência, consciente,
cônscio, convalescença, convalescente, convalescer, crescente, crescer,
crescimento, descência, descendente, descender, descensão (descida), descensional, descentralizar, descer, descerrar, descida, discente (de aluno),
discernimento, discernir, disciplina, disciplinar, discípulo, efervescência,
efervescer, enrubescer, evanescer, fascículo, fascinar, fascínio, fascismo,
fascista, fescenino, florescência, florescente, florescer, fluorescência, frondescer, imarcescível, imisção (mistura), imprescindível, incansdescência,
incandescer, inflorescência, insciência, insciente, ínscio, intumescer, inturgescência, inturgescer, irascível, isóscele, lascívia, lascivo, liquescer, luminescência, miscelânea, miscigenação, miscível, nascença, nascer, nascituro, néscio, obsceno, onisciência, opalescente, oscilação, oscilar, oscitar,
piscicultura, piscina, plebiscito, presciência, presciente, prescindir, prescindível, proscênio, recrudescência, recrudescer, rejuvenescer, remanescente, remanescer, reminiscência, renascença, renascentismo, renascer, renascimento, rescindir, rescisão, rescisório, ressuscitar, revivescência, revivescer, rubescente, rubescer, seiscentésimo, seiscentismo, seiscentos, susceptibilidade, susceptível, suscitação, suscitar, tabescente, transcendência,
transcendental, transcendente, transcender, tumescência, tumescer, uscense
(de Uscana), víscera, visceral;
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Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 58; 2008, p.
75-76):
Escreve-se com sc em arborescer, crescer, imarcescível, maturescência,
presciência, (re)florescer, rescindir... Por outro lado, escreve-se com c em arvorecer, amanhecer, emurcecer, amadurecimento, anticientífico, reverdecer, umedecer...
Por que sc no primeiro grupo, e c no segundo?
Por uma razção de origem: sc em termos eruditos, latinos (emprestados), e c
nas formas populares (herdadas) e formações vernáculas, isto é, operadas dentro
da nossa língua. Arborescere, crescere, florecere, rescindere – são ferbos latinos.

Formas populares (herdadas, evoluídas): conhecer, falecer, parecer, perecer, umedecer etc.

Formas vernáculas: a + maduro + ecer > amadurecer; a + mahã + ecer > amanhecer; em + pobre + ecer > empobrecer; em + rico + ecer > enriquecer etc.

Diferenças entre formas eruditas e forma populares: nas eruditas, conservam-se as
consoantes surdas intervocálicas; as sonoras não caem; o prefixo in-, as vogais ĭ e o ŭ
breves dão, respectivamente, en (em), e, o. Exemplos: formas eruditas: intumescer, inturgescer, maturescência, proscênio; formas populares: encenar, umedecer, reverdecer... Há, contudo, exceções: enflorescer, enrubescer...
4º) Distinção gráfica entre s de fim de sílaba (inicial ou interior) e x e
z com idêntico valor fônico:
a) Escrevem-se com s: adestrar, aspersão, aspersório, astro, bisca,
Biscaia, Calisto, canhestro, descansar, descanso, descenso, desconserto,
despensa (armário), despenseiro, despretensão, despretensioso, destro, destreza, dispensa, dispensar, dispersão, dispersivo, disperso, distensão, escansão, estender, esterçamento, esterçar, egoísta, escavar, escusar, esdrúxulo, esgotar, espectador (observador ou que assiste a espetáculo), espetáculo, esplanada, esplêndido, esplendor, espontâneo, espremer, esquisito, estender, estirpe, Estremadura, Estremoz, faísca, gasto, haste, inesgotável,
justapor, justalinear, justo, lastro, misto, misturar, nesga, osco, Páscoa,
quaisquer, rosto, sesta (repouso), sestro, Sistina, sistino, Sisto, subsistência,
subsistir, suspensão, suspensório, susto, triste, xisto, Zoroastro, Vasco;
b) Escrevem-se com x: contexto, exclamação, exclamar, excludente,
excluir, excogitar, excomungar, excreção, excremento, excursão, expandir,
expansão, expatriar, expectador (aquele que está aguardando algo), expectativa, expectorar, expedição, expelir, experiência, expensas, experiência,
expiação (purificação de crimes), expiar, expiratório, explicar, explícito,
explodir, explorar, expoente, expor, expositor, exportar, expressão, exprimir, expropriar, expugnar, expulsar, expurgar, êxtase, extasiado (maravilhado), extenuado, extensão, exterminar, externo, extinção, extintor, extirpágina 97
MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
par, extorquir, extraordinário, extrato (resumo), inexperto, inextricável,
pretexto, sextante, sexto, sêxtuplo, têxtil, texto;
c) Escrevem-se com z: atrozmente, audazmente, capazmente, contumazmente, edazmente, eficazmente, falazmente, felizmente, ferozmente, fugazmente, incapazmente, ineficazmente, infelizmente, loquazmente, mordazmente, nutrizmente, pertinazmente, petizmente, sagazmente, tenazmente,
velozmente.
De acordo com esta distinção, convém notar dois casos:
a) Em final de sílaba que não seja final de palavra, o x = s muda para
s sempre que está precedido de i ou u: justapor, justalinear, misto, sistino
(conferir Capela Sistina), Sisto, em vez de juxtapor, juxtalinear, mixto, sixtina, Sixto.
b) Só nos advérbios em mente se admite z, com valor idêntico ao de
s, em final de sílaba seguida de outra consoante (conferir capazmente etc.);
do contrário, o s toma sempre o lugar do z: Biscaia, e não Bizcaia.
5º) Distinção gráfica entre s final de palavra e x e z com idêntico valor fônico:
a) Escrevem-se com s: adeus, adônis, aguarrás, albanês, aliás,
aloés, alvíssaras, ambos, amsterdamês, ananás, anis, ânus, após, aragonês,
asturo-leonês, atrás, através, avelós, Averróis, Avis, bearnês, bílis, biogás,
birmanês, bolonhês, bônus, bragancês, braguês, bruxelês, burguês, busílis,
Brás, bruços, Cádis, Caifás, calabrês, Calasãs, camaronês, Cambises,
camponês, campos, canarês, cantonês, caos, carcás, cartaginês, Cataguases, cataprus, chinês, cisalhas, clitóris, congolês, convés, cordovês, córpus,
cortês, corteses, corunhês, cós, cosmos, cuscus, cútis, depois, dês, descortês, detrás, dinamarquês, Dinis, dois, Dóris, duzentos, economês, enviês,
escocês, escombros, etiopês, filhós, finados, finlandês, francês, freguês, galês, Garcês, gás, gaulês, genebrês, genovês, Gerês, Goiás, Goitacás, grátis,
guianês, gurupés, hamburguês, holandês, húmus, íctus, ilhós, Inês, inglês,
invés, íris, irlandês, islandês, japonês, javanês, Jesus, jus, lápis, leonês, libanês, lionês, lis, logudorês, Luís, luxemburguês, macauês, mais, maltês,
malvinês, manganês, marruás, menos, Meneses, mês, milanês, mirandês,
Moisés, montanhês, montês, navarrês, nepalês, norueguês, nós, oásis, óculos, oitocentos, ônibus, ônus, Ortis, Oseias, Osíris, pélvis, país, pedrês, pênis, pequinês, Peres, piemontês, polonês, português, pós, práxis, púbis, pus,
Queirós, quis, réis, rés, retrós, revés, sassarês, satanás, seis, seiscentos, senegalês, setecentos, siamês, sudanês, Queirós, resvés, retrós, revés, sassapágina 98
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frás, Satanás, sífilis, somenos, tailandês, Taís, tênis, tirolês, Tomás, tônus,
torquês, trás, través, três, trezentos, turquês, Valdês, Vênus, veronês, viés,
vírus, vós, zás, zelandês;
b) Escrevem-se com x: cálix, Félix, fênix, flux1;
c) Escrevem-se com z: aboiz, acidez, Agassiz, agudez, albatroz, Albornoz, alcaçuz, alcatraz, alcatruz, algidez, almofariz, altivez, andaluz, antraz, aprendiz, arcabuz, aridez, arroz, assaz, audaz, avestruz, avidez, Badajoz, Beatriz, bissetriz, candidez, capataz, capaz, capuz, cariz, cartaz, cerviz,
chafariz, chamariz, cicatriz, codorniz, contumaz, cuscuz, dez, diz, doblez,
eficaz, embriaguez, endez, esbeltez, escassez, esquivez, estupidez, falaz, feroz, fez (substantivo e forma do verbo fazer), fiz, flacidez, fluidez, Forjaz,
frigidez, foz, fugaz, gaguez, Galaaz, giz, gravidez, incapaz, indez, ineficaz,
insipidez, intrepidez, invalidez, jaez, juiz, languidez, limpidez, liquidez, lividez, loquaz, lucidez, luz, maciez, mariz, matiz, matriz, meretriz, mesquinhez,
minaz, Moniz, morbidez, mordaz, mudez, Munhoz, nitidez, nudez, pacatez,
palidez, panariz, paz, pequenez, perdiz, perspicaz, pertinaz, petiz, placidez,
polidez, prenhez, primaz, Queluz, Ramiz, rapaz, rapidez, refez, rigidez, rispidez, roaz, robustez, Romariz, Roriz, sagaz, sensatez, sequaz, sisudez, soez,
solidez, sordidez, surdez, suspicaz, talvez, tenaz, tepidez, timidez, tez, triz,
turgidez, [Arcos de] Valdevez, vastez, Vaz, veloz, veraz, verniz, vez, viuvez,
voraz, xadrez;
A propósito, é preciso observar que é inadmissível z final equivalente a s em palavra não oxítona: Cádis, e não Cádiz.
6º) Distinção gráfica entre as letras interiores s, x e z, que representam sibilantes sonoras:
a) Escrevem-se com s: aburguesar, abusão, abusar, abusivo, abuso,
aceso, Adalgisa, acusação, acusativo, Adalgisa, adesão, adesivo, afrancesar, afreguesar, agasalhar, agasalho, alisar (verbo), alísios, Aluísio (ou
Na pronúncia brasileira, registrada no VOLP e em dicionários recomendáveis, essa identidade fônica é
meramente parcial, pois a mais comum corresponde à latina, igual a “cs”.
1
A lista seguinte inclui todas as demais palavras desse caso: apêndix, antiápex, anticlímax, ápex, arqueópterix, bômbix, bórax, bóstrix, Botox, cáudex, cérvix, clímax, cóccix, códex, cordax, córtex, duplex,
durex, eritrotórax, escólex, fax, flox, fórfex, fórnix, fox, hálux, hápax, hélix, hemotórax, hidrotórax, íbex,
ílex, índex, inox, lárix, lastex, látex, Lurex, lux, metatórax, multiplex, múrex, nártex, ônix, órix, pânax, petromax, piotórax, pirex, piroclímax, pneumotórax, pólex, prafrentex, proscólex, protórax, Pyrex, radiolux,
redox, reflex, relax, remix, sárdonix, sax, sílex, simplex, sioux, solovox, telefax, tamárix, tórax, unissex,
vértex, videofaí, vitex, vórtex, xerox, xérox.
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Aloísio), alusivo, amásia, amásio, ambrosia (manjar), Ambrósio, ambrósia
(planta), amnésia, analisar, analisável, análise, ananaseiro, Andresa, Anésia, anestesia, anestesiar, anisete, Anísio, Anquises, apesar, apófise, aposentar, aposento, apostasia, apoteose, apresar, aprisionar, ardósia, Aretusa, arquidiocese, arrasar, arrevesado, arrevesar, artesanato, artesão, artrose, asa, Ásia, asilo, Atanásio, atrasado, atrasar, atraso, avisar, aviso,
baboseira, Baltasar, baronesa, basalto, Basileia, basílica, Belisa, Belisário,
besouro, besugo, besuntar, bisão, bisar, bisavô, bisonho, blasonar, blusa,
blusinha, brasa, brasão, braseiro, Brasil, Brasileia, brasileiro, Brasília,
brisa, burguesa, burguesia, busílis, Calasãs, camisa, camiseta, camisola,
campesino, camponesa, camponeses, [Marco de] Canaveses, canonisa, casa, casal, casaco, casamento, casão, casarão, casar, casebre, caseína, caseiro, caserna, casimira, casinha, casulo, caso, casual, casuarina, casuísta,
casulo, Cataguases, cataguasense, catalisar, catálise, catequese (mas catequizar), centésimo, César, cesárea, cesariana, Cesarino, Cesário, chinesa,
chinesinho, cisalpino, cisandino, cisão, coesão, coeso, colisão, Coliseu,
comiserar, consisão, conciso, conclusão, concluso, consulesa, contusão,
corteses, cortesã, cortesania, coser (costurar), crase, crasear, creosoto, crisálida, crisântemo (ou crisantemo), crise, crisólita, cutisar, decisão, decisivo, defesa, demasia, desaire, descamisado, deserto, desídia, desígnio, desinência, desistir, despesa, deusa, diaconisa, diagnose, diálise, dinamarquesa, diocese, diserto, diurese, divisa, divisar, divisor, dogaresa, dogesa, doloso, dosar, dose, duquesa, Edésio, Éfeso, Elisa, Elisabete, Eliseu, Elísio,
empresa, empresar, empresário, ênclise, enfisema, entrosar, envasilhar, enviesar, erisipela, Ermesinde, Esaú, esbrasear, escocesa, escusa, escusar,
escusável, esposo, Esposende, esquisito, eufrásio, Eufrosina, Eusébio, eutanásia, evasão, evasiva, exclusive, êstase, extasiar, extravasar, extremoso,
fantasia, fantasiar, fantasioso, fase, finlandesa, finlandeses, formoso, formosura, franboesa, francesa, franceses, frase, fraseado, fraseologia, freguesa, freguesia, frenesi ou frenesim, frisa, frisar, friso, fusão, fuselagem,
fusível, fuso, garnisé, gasogênio, gasolina, gasômetro, gasosa, gaulesa,
gauleses, gêiser, gelosia, gênese, genovesa, Gervásio, Gisela, Giselda, glosa, glosar, gostoso, grasa, grisalho, grisão, grosa, groselha, guisa, guisado,
guloseima, guloso, gusa, gusano, Heloísa, hemodiálise, heresia, hesitar, hidrólise, holandesa, holandeses, ileso, ilusão, improvisar, improviso, incisão, incisivo, inclusão, indefeso, Inês, Inesita, indez, infusão, infuso, inglesa, ingleses, intrusão, intruso, invasão, invasor, irisar, irlandesa, irlandeses, irresoluto, irrisão, irrisório, Isabel, Isaías, Isar, Isaura, isenção, Isidora, Isidro, Isilda, isolar, Isolda, isóscele, japonesa, japoneses, javanesa, javaneses, Jesuíno, jesuíta, Josafá, José, Josefa, Josefina, Josias, Josino, Josué, jus, jusante, lapisão, lapiseira, lapisinho, lasanha, lesa, leso, lesão, lepágina 100
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sar, Lisandro, Lisânias, Lisete, Lísias, liso, lisonjear, lisonjeiro, lisura, losango, lousa, Lousã, Luís, Luísa, Luisinho, lusitano, Luso (nome de lugar,
homônimo de Luso, nome mitológico), maisena, malvasia, maresia, mariposa, marquesa, marqueses, masoquismo, Matosinhos, Matusalém, mausoléu, Melquisedeque, Meneses, mesa, mesada, mesário, mesentério, meseta,
mesinha (pequena mesa), mesóclise, mesura, metamorfose, metempsicose,
milanesa, milaneses, milésimo, mímese, Misael, misantropo, miséria, misericordioso, Moisés, montanhesa, montanheses, montesa, monteses, montesino, morfose, mosaico, musa, música, Narciso, narcisista, nasal, náusea,
neurose, Neusa, Nisa, norueguesa, noruegueses, obesidade, obeso, obséquio, obtuso, Oseias, Osíris, osmose, Osório, ousar, paisagem, paisano,
paisinho (pequeno país), papisa, paradisíaco, parafuso, paraíso, paralisar,
paralisia, parisiense, parmesão, parnasiano, perífrase, Pégaso, pesadelo,
pêsame, pesquisa, pesquisar, Pisa, pisar, pitonisa, poetisa, portuguesa, portugueses, precisão, preciso, presa, presente, presentear, presépio, presídio,
presidir, presilha, presunçoso, princesa, prioresa, profetisa, profusão, prosa, prosaico, prosápia, prosélito, puseste, puseram, Quasímodo, Queirós,
querosene, quesito, quiseste, quiseram, raposa, rasante, raso, rasura, reclusão, recluso, recusa, recusar, represa, represália, requisição, requisito, resedá, Resende, resenha, reserva, reservar, residência, residir, resíduo, resignação, resina, resistir, resolução, resolver, resultado, resultar, resumir,
retesar, retransido, retrasado, retrovisor, reveses, revisão, revisar, riso, risonho, risoto, rosa, Rosa, roseira, roseta, sacerdotisa, saudosismo, semifusa, sésamo, Sesimbra, setemesinho, simbiose, siamesa, siameses, Sinésio,
sinestesia, síntese, sinusite, Siracusa, Sísifo, siso, sisudo, sobremesa, sopesar, sósia, Sousa, subsistência, surpresa, Susana, suserano, Tâmisa, Tarcísio, Tarciso, teimosia, televisão, televisor, Teresa, Teresinha, Teresópolis,
tese, tesoura, tesouraria, tesouro, tirolesa, tisana, Tordesilhas, tosa, tosar,
Trancoso, transa, transação, transacionar, transatlântico, transe, trânsito,
traseira, tresandar, trigésimo, trisavô, turquesa, usado, usar, useiro, usina,
uso, usufruto, usura, usurpar, vaselina, vasilha, vaso, Veloso, veroneses,
vesano, vesícula, Vesúvio, vigésimo, visar, viseira, Viseu, visionário, visita,
visitar, visível, visor, Zósimo;
Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 69-70; 2008,
p. 77-78):

Sufixos -ês, -esa, -esia, -isa, quando a base é substantivo: burguês, burguesa, burguesia < burgo; cortês, cortesia < corte; camponês, camponesa <
campo; maresia < maré, poetisa < poeta; sacerdotisa < sacerdote etc.
Mas: clerezia, conezia (correlação c > > z: clerical > clérigo > clerezia;
cônego > conezia).
Nos títulos nobiliárquicos: baronesa, dogesa, duquesa, marquês, marque-
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sa, princesa...
Nos gentílicos e pátrios: francês, francesa; inglês, inglesa; japonês, japonesa; português, portuguesa...

Terminações e sufixos gregos -ase, -ese, -ise, -ose: amílase, catequese,
homoptise, próclise, osmose, metamorfose, simbiose...

Correlação d > s: aludir > alusão, alusivo; decidir > decisão, decisivo; defender > defesa; empreender > empresa; invadir > invasão ; tender > teso;
pender > pesar, pêsames, apesar de, em que pese a...

Correlação nd > ns > s: defender > defensor > defeso; depender > despensa > despesa; mensa (latim) > mesa, mesário; mense (latim) > mensal >
mês, meses; tender > tenso > teso; senso > siso > sisudo...

Correlação rs > ss, s: raiz vers- e derivados: através < atravessar; convés,
invés < inverso; revés < reverso...

Formas dos verbos pôr e querer (pretérito): pus, pôs, compôs, antepuseram; quis, quisera; outras formas verbais, na segunda pessoa: dás, dais,
dês, deis, lês, ledes, vês, vedes etc.

Depois de ditongo: causa, cousa, coisa, gêiser, lousa, Moisés, maisena,
náusea, Neusa, Sousa...

S com valor de z após consoante, só em obséquio e trans- antes de vogal:
transe, transação, transido... Mas há uma tendência a pronunciar -bs >
[bz] em subsídio e subsidiar.

S e não z, em diminutivos cujo radical termina em s: Luisinho < Luís, Rosinha < rosa, Teresinha < Teresa etc. Aliás, mantém-se, nos derivados, o s
da respectiva palavra-base: aburguesar < burguês, atrasado < atrás, cortesia < cortês, empresário < empresa, extravasar < vaso etc.

De acordo com o sistema da escrita portuguesa, escrevem-se com s final
alguns vocábulos paroxítonos e proparoxítonos que deviam terminar com z
em razão da origem (-c- > -z): ourives, simples, Álvares, Ramires, Rodrigues etc.

Também não usa z pré-consonântico, embora etimológico, substituindo-o
por s: asteca, Biscaia (espanhol Vizcaya), Cusco, guipúscoa, masdeísmo,
mesquita.

Terminação [-és] aberta, com exceção de dez: aloés, através, convés, grés,
invés...
 Nos derivados cujas bases já têm s: aburguesar, burguesia < burguês;
arrevesado < revés, gasolina, gasômetro, gasoso < gás; sisudo < siso (<
senso); analisar < análise etc.
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b) Escrevem-se com x:1 exabundância, exabundante, exação, exarcebação, exacerbado, exactor, exagerado, exagerar, exagero, exalação,
exalar, exaltação, exaltar, exame, examinação, examinar, exâmine, exangue, exarar, exarca, exarcado, exartrose, exasperar, exatamente, exatidão,
exato, exaurir, exaurível, exaustão, exausto, exautorar, execração, execrar,
executar, executivo, exegese, exegeta, exegética, exemplar, exemplificação,
exemplo, exéquias, exequível, exercer, exercício, exercitar, exército, exerdação, exerdar, exibição, exibicionismo, exibido, exibir, exigência, exigir,
exiguidade, exíguo, exilado, exilar, exílio, exímio, eximir, existência, existir,
êxito, exobiologia, exócrino, exoderme, êxodo, exogamia, exometria, exonerar, exonerável, exorar, xorbitância, exorbitante, exorbitar, exorcismo,
exorcizar, exóprdio, exornar, exortação, exortar, exotérico, exótico, exuberância, exuberante, êxul, exular, êxule, exultar, exumação, exumar, inexato,
inexaurível, inexausto, inexequível, inexigível, inexistente, inexorável;
c) Escrevem-se com z: abalizado, abalizar, aduzir, agonizar, agudeza, ajuizar, alazão, alcoolizar, alfazema, algazarra, alizar (guarnição de
portas e janelas), alteza, amazona, Amazonas, amenizar, amizade, amortizar, anarquizar, Andaluzia, animalizar, antegozar, antegozo, antipatizar,
apaziguar, aparzar, aprazer, aprazível, aprendizado, aprendizagem, Arcozelo, arborizar, arcaizar, ardileza, aromatizar, anatazar, atazanar, atenazar, aterrorizar, atualizar, autorizar, avareza, avizinhar, azado (oportuno),
azáfama, azagaia, azaleia, azar, azedar, azeite, azeitona, azedo, azêmola,
azenha, Azeredo, Azevedo, azeviche, azia, aziago, ázimo, azimute, azinhaga, azinhavre, azo, azorrague, azougue, azucrinar, azul, azulejo, Azurara,
baixeza, balázio, baliza, balizar, banalizar, barbarizar, batizar, bazar, bazófia, bazuca, beleza, Belzebu, bezerro, Bizâncio, bizantino, bizarria, bizar-
1O
x dos grupos “exa-, exe-, exi-, exo-, exu-” em início de palavra, é pronunciado como /z/.
Ainda se deve considerar que o x pode ser pronunciado como /ks/, que ocorre em muitos termos como:
afluxo, Ajax, amplexo, anaptixe, anexar, anexo, asfixia, asfixiar, asfixiante, auxese, axila, axilar, axiologia, axioma, axiômetro, axiônimo, bórax, boxe, boxeador, caquexia, clímax, complexidade, complexo,
conexão, conexo, convexidade, convexo, córtex, crucifixo, dexiocardia, dislexia, doxógrafo, doxologia,
duplex, dúplex, durex, Félix, filoxera, fixação, fixar, fixo, flexão, flexibilidade, flexionar, flexível, flexivo,
flexuosidade, flexuoso, flox, fluxo, genuflexão, genuflexo, gloxínia, heterodoxia, heterodoxo, hexacampeão, hexágono, hexassílabo, índex, inflexível, intoxicar, látex, léxico, lexicografia, lexicologia, lexiogênico,
lexiogênio, Marx, marxismo, marxista, maxila, maxilar, máxime, nexo, obnóxio, ônix, ortodoxia, ortodoxo,
oxidar, óxido, oxítono, paradoxal, paradoxo, parataxe, paroxítono, perplexidade, perplexo, pirex, píxide,
Pólux, profilaxia, prolixidade, prolixo, proparoxítono, protóxido, proxeneta, reflexão, reflexibilidade, reflexionar, reflexivo, reflexo, refluxo, saxão, saxífraga, saxofone, saxônio, sexagenário, sexagésimo, sexo,
sexual, sílex, telex, telexograma, tórax, tóxico, toxicologia, toxina, triplex, uxoricida, uxoricídio, vexilo, xerox etc.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
ro, boniteza, brabeza, braveza, brutalizar, buzina, buzinar, búzio, cafezal,
cafezinho, cafuzo, canalizar, canonizar, canzoada, capitalizar, caracterizar,
carbonizar, categorizar, catequizar (mas catequese), cauterizar, Cazuza,
celebrizar, centralizar, certeza, cerzir, cicatrizar, circunvizinho, civilização,
civilizar, cizânia, clareza, clerezia, climatizar, cloroformizar, coalizão, coalizar, colonizar, comezaina, comezinho, concretizar, conduzir, confraternizar, contemporizar, copázio, coriza, correnteza, cotizar, cozer (cozinhar),
cozido, cozimento, cozinha, cozinheira, cristalizar, crueza, cruzada, cruzado, cruzeiro, deduzir, delicadeza, democratizar, desautorizar, deslizar, deslize, desmazelo, desmoralizar, desprezar, desprezo, destreza, dezembro, dezena, dezenove, dezesseis, dezessete, dezoito, divinizar, dízimo, dogmatizar,
doze, dramatizar, dureza, duzentos, dúzia, economizar, eletrizar, embelezar,
encolerizar, encruzilhada, enfezar, engazopar, entronizar, envernizar, esbelteza, escandalizar, escravizar, esfuziar, especializar, esperteza, espezinhar, espiritualizar, esterilizar, estilizar, estranheza, esvaziar, eternizar,
evangelizar, evaporizar, exteriorizar, Ezequias, Ezequiel, familiarizar, fanatizar, fazenda, fazer, felizardo, fertilizar, fezes, finalizar, fineza, firmeza,
fiscalizar, fiúza, fizeste, formalizar, fortaleza, franqueza, fraternizar, Frazão, frieza, futilizar, fuzil, fuzilar, fuzileiro, fuzuê, Galiza, galvanizar, gaze,
gazear, gazela, gazeta, gazetear, gazeteiro, gazua, generalizar, gentileza,
gozar, gozo, grandeza, granizo, guizo, harmonizar, helenizar, higienizar,
hipnotizar, homiziar, horizonte, horrorizar, hospitalizar, humanizar, idealizar, imortalizar, impermeabilizar, impureza, indenizar, individualizar, induzir, inteireza, intelectualizar, internacionalizar, introzir, inutilizar, irmanizar, jazer, jazida, jazigo, Jezabel, juízo, justeza, laconizar, lambuzar, largueza, latinizar, lazarento, lazeira, lazer, legalizar, lezíria, lhaneza, ligeireza, lindeza, localizar, luzeiro, luzerna, Luzia, luzidio, luzir, macambúzio,
madureza, magazine, magnetizar, magreza, malvadeza, martirizar, materializar, matizar, mazela, mazomba, mazorca, mazorra, mazurca, menosprezar, menosprezo, mercantilizar, mezena, mezinha (remédio caseiro), militarizar, miudeza, mobilizar, modernizar, moleza, monazita, monazítico, monopolizar, Monteuma, moralizar, motorizar, Mouzinho, nacionalizar, naturalizar, natureza, Nazaré, nazareno, neutralizar, nobreza, notabilizar, ojeriza, oficializar, organizar, orizicultura, Orozimbo, otimizar, ozônio, paizinho (diminutivo de pai), palatalizar, particularizar, pasteurizar, penalizar,
permeabilizar, petizada, pluralizar, pobreza, poetizar, popularizar, pormenorizar, prazenteiro, prazer, prazerosamente, prazeroso, prazo, preconizar,
prejuízo, prelazia, presteza, prezado, prezar, primazia, priorizar, prodigalizar, produzir, proeza, profetizar, profundeza, pulverizar, pureza, quizila,
quizilento, racionalizar, rapaziada, rareza, ratazana, razão, razoável, realeza, realizar, redondeza, reduzir, regozijar, regozijo, regularizar, reluzir,
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
reorganizar, responsabilizar, revezar, reza, rezar, ridicularizar, rijeza, riqueza, rivalizar, rizófago, rizoma, rizotônico, rodízio, romantizar, ruborizar, rudeza, Salazar, satirizar, satisfazer, sazão, sazonado, sazonar, secularizar, seduzir, sensibilizar, sezão, simbolizar, simpatizar, sincronizar, singeleza, singularizar, sintetizar, sistematizar, socializar, solenizar, sozinho, suavizar, sutileza, sutilizar, temporizar, tibieza, tiranizar, topázio, tornozelo,
torpeza, totalizar, transvazar, trapézio, trazer, trezentos, tristeza, uniformizar, universalizar, urbanizar, urze, utilizar, vagareza, valorizar, vaporizar,
varizes, vazante, vazar, vazio, Veneza, verbalizar, vezes, vezo, vigorizar, vileza, viveza, Vizela, vizinho, vizir, volatilizar, volatizar, Vouzela, vozearia,
vozeirão, vulcanizar, vulgarizar, Zambeze, Zezé, Zezinho, Zezito.
Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 62-63; 2008,
p. 85):

Sufixos -ez, -eza em substantivos cuja base é adjetivo: altivo > altivez;
macio > maciez; pequeno > pequenez, pequeneza; singelo > singeleza;
surdo > surdez; viúvo > viuvez etc.

Sufixos -izar, -ização: batizar; civilizar, civilização; cononizar, colonização; divinizar; fanatizar; humanizar.

Consoante de ligação -z- em combinação com -ada, -al, -eiro, -inho, inha, -udo: pazada, cafezal, caquizeiro, pezinho, pezito, pezudo... Este -znão tem razão de ser quando a palavra-base termina em -s: lápis > lapisinho; chinês > chinesinho; siso > sisudo; mesa >mesinha; mês > mesada.

Terminações -az, -ez, -iz, -oz, -uz correspondentes às respectivas latinas acem, -ecem, -icem, -ocem, -ucem: capaz, dez, feliz, feroz, luz.

Correlação c > g > z: ácido > azedo; amigo > amical > amicíssimo > amizade; décimo > dezena, dizimar; preço > prezar; tração > trago > trazer;
vice (latim) > vez; vicinu (latim) > vizinho; vácuo > vago > vacivu (latim)
> vazio, vazar, esvaziar; canônico > cônego > conezia etc.

Correlação t > z: dito > dizer; fato > fazer etc.

Terminação -triz: atriz, bissetriz, diretriz, embaixatriz, imperatriz etc.

Vocáblos árabes e de línguas exóticas: azar, azenha, vizir, zadrez, ganzá,
grangazá.

Nos derivados, o z da respectiva palavra-base: abalizada (baliza), arrazoar
(razão), enraizar (raiz), jazigo (jazer), revezar (vez) etc.
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EXERCÍCIOS DE ORTOGRAFIA
8) Complete os espaços em branco com s, ss, c, ç ou x conforme a conveniência:
1. Os pa__arinhos cantavam in__e__antemente.
2. Quase abusava da autoridade, ca__ando-lhe a palavra.
3. A prome__a tinha de ser cumprida.
4. A ginástica sem métodos provocava a contor__ão dos músculos.
5. Parecia que havia uma intromi__ão de sua parte.
6. A desaven__a ficou logo desfeita.
7. O can__a__o provoca uma irrita__ão natural.
8. O a__anhamento demonstrava a inten__ão.
9. Os navios so__obraram por lhes faltar o au__ílio ne__e__ário.
10. O an__ião descan__ava com o a__entimento do profi__ional.
11. Depois ado__ou a expre__ão de severidade do seu rosto.
12. Entrou dan__ando, piruetou na sala com uma gra__a inimitável.
13. O espetáculo grandioso impre___ionou aquela imaginação vivaz.
14. Ela ficou absorta no meio da harmonia grave do órgão con__ertando
divinas composições.
15. A fronte calva do pregador a__omou no púlpito; a voz po__ante encheu o vasto âmbito do templo.
16. A palavra inspirada do apóstolo de Cristo caiu como a chuva de fogo
no monte __inai.
17. Minguaram as po__es; foi-se a abastân__ia.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
18. Santo fervor brotava-lhe do coração opre__o.
19. Prouve__e a Deus!
20. À tarde ela sentou-se no terra__o, descan__ando, refazendo-se do
can__a__o.
21. A última badalada do sino re__oava ainda pelo espa__o.
22. Havia nele a obstina__ão heróica das grandes paixões.
23. Sentia minguar-lhe a vida à propor__ão que essa voz desfalecia.
24. A memina trave__a era agora uma dama séria e prudente.
25. O rapaz pensava nos embara__os que daí podiam surgir.
26. Que via ele nesse pre__entimento?
27. A sua ambi__ão iria deva__ar mundos ignotos.
28. Havia nos seus lábios um esca__o sorriso de ternura.
29. Para que, do__ura minha, trou__este o presente?
30. __ingiu com o bra__o a __intura da donzela.
31. Para que este disfar__e, se não estou disfar__ando?
32. Um vulto embu__ado apare__eu no terreiro e avan__ou a pa__o e
pa__o.
33. O resultado lhe trou__e alegria.
34. Quando a comida está sem sal, diz-se in__o__a.
35. Ele ficava __ismado com tudo o que eu dizia.
36. Só precisava de muita compreen__ão.
37. Era grande a isen__ão de seu erro.
38. Tal con__e__ão foi-nos de grande valia.
39. Na se__ão de segunda-feira da Câmara, votou-se uma ce__ão de
empréstimo.
40. A a__istência social deve expandir-se.
41. Apre__aram-se em conhecer as inten__ões dele.
42. Era perito na arte de __imula__ão.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
43. Era de ver-se como o an__ião estava an__ioso.
44. O rapaz seguia um tanto re__abiado do que ouvira.
45. A tia Eufrásia o escutava com aten__ão religiosa, descrevendo uma
elip__e.
9) Empregue c ou sc no espaço em branco, conforme o caso:
1. Pulava o galho o la__ivo passarinho.
2. Ainda não amanhe__eu.
3. Com a chegada da primavera flore__em os campos.
4. Restam remini__ências desse fato.
5. Sua resposta foi muito su__inta.
6. O fato su__itou muitos comentários.
7. O su__edido a todos entriste__eu.
8. Seus olhos eram um fa__ínio.
9. Ele é um homem de muita con__iência.
10. Este romance foi inicialmente publicado em fa__ículos.
11. O alferes fez um sinal de aquie__ência para a pergunta su__itada.
12. Com a queda, ficou uns segundos incon__iente.
13. A sala deitava para o na__ente.
14. As estatísticas provam o cre__imento e a__endência do Brasil.
15. Houve coin__idência na flore__ência naqueles sentimentos.
16. Estava presente o corpo do__ente e o di__ente.
17. Ainda não na__eu quem fosse displi__ente.
18. O fa__ínora foi preso ontem, quando de__ia a ladeira.
19. O quo__iente é oito.
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10) Empregue s, z ou x no espaço em branço, conforme o caso, na representação do fonema1 /z/:
1. Conhecia todas as sutile__as e disfarces.
2. Espero que me ajudeis com o vosso avi__ado parecer.
3. O jui__ lia e e__aminava todos os documentos.
4. Os seis je__uítas inclinaram-se em sinal de assentimento.
5. Era natural que todos ficassem surpre__os.
6. Tudo era de ouro e prata e de proporções desme__uradas.
7. Os vastos salões ficaram completamente de__ertos.
8. Havia seis anos que redu__ira os fero__es aimorés da capitania.
9. Qui__estes guardar segredo.
10. Elvira fe__ Cristóvão sentar-se.
11. Uma lu__ interior bruxuleou, aparecendo e de__aparecendo, percorreu qua__e toda a ca__a até parar em uma sala.
12. Nunca tinha re__ado re__as tão comoventes.
13. Acudiu a tia Eufrá__ia arrastando uma saia de fa__enda desbotada,
fa__endo uma me__ura ao te__oureiro da fa__enda pública.
14. O acidente de__agradável era produ__ido, naquela oca__ião, por
vo__es furio__as e volumo__as.
15. A gente ameaçava esmagar o e__íguo talhe do jurista.
16. Tinha as faces crestadas de nódoas e co__idas de cicatri__es; o nariz
vermelho disforme revelava o longo u__o da embriague__.
17. Os juí__es interpu__eram sua autoridade e finali__aram o de__afio.
18. Tudo está apra__ado para reali__ar-se antes de terminar sua curta
e__istência.
“Por fonemas entendem-se os sons elementares, de caráter regular e fixo, que possibilitam a distinção
entre as palavras, decorrente do valor opositivo que os caracteriza no sistema fônico da língua. A comparação de vocábulos como cala, fala, gala, mala, ou bala, bela, bola, bula deixa perceber essas características configuradoras.” (PROENÇA FILHO, 2009, p. 15)
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19. Não seja descortês; a descorte__ia provoca um e__ército de queixas.
20. Uma sombra desli__ava pela fronte dando-lhe um cunho misterio__o.
21. A espora ligeira que mordia o salto do bor__equim e a cruz da espada eram de aço.
22. E__aminou minucio__amente a letra e o selo.
23. Foi com alga__arra que receberam o chefe do ba__ar.
24. A ami__ade deve ser cultivada como as flores.
25. O arro__al foi destruído com a chuva de grani__o.
26. A proe__a dos nossos jogadores assombrou os paí__es vi__inhos.
27. Chegara o pra__o de destruir a bali__a.
28. Não dão cami__a a ninguém os jogos de a__ar.
29. Depois do e__ame, passou a e__ercer melhores funções.
30. Queria vencer so__inho o e__ército inimigo.
31. E__ibiu com ê__ito a ra__ão da defe__a lu__itana.
11 Empregue x, ch ou s no espaço em branco, conforme o caso, na representação do fonema /x/:
1. A pergunta não era de pra__e.
2. Ouviu-se na multidão um mu__o__o indelicado.
3. Bru__uleavam as luzes do pátio.
4. Fora tida na conta de bru__a.
5. As pai__ões incontidas en__em a pessoa de ve__ames.
6. Nunca dei__ou de pu__ar a brasa para sua sardinha.
7. O e__plendor daquele rosto iluminava-se e__pontaneamente.
8. Todos estavam na e__pectativa do começo do e__petáculo.
9. E__piou no jejum e penitência os erros da mocidade desregrada.
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10. A natureza, por uma misteriosa coincidência, capri__ara em reproduzir a grande e__tensão de seu talhe.
11. Aproveito para enviar-lhe meu abraço saudoso, e__tensivo a toda a
família.
12. A comi__ão da noite fê-lo acordar e__tremunhado.
13. Suas opiniões e__tremadas e__pontavam a todo instante.
14. E__primia-se com certo lu__o de linguagem.
15. Na hora e__trema dava-se a e__trema-unção.
16. A carta e__traviou-se.
17. Nóbrega e An__ieta plantaram a cruz nos desertos brasileiros.
18. No outro dia, havia um buraco na mo__ila.
19. Apenas me era possível en__ergar o a__teca.
20. Os músculos frou__os me pu__avam.
21. Nas en__ergas, não havia col__ões.
22. O __erife quis fi__ar os presos.
23. Os co__i__os __iavam pelo corredor.
24. Estava de cabeça bai__a, segurando o ar__ote.
25. Sem lu__o, o __á visitou o __adrez.
26. O __eque foi depositado no banco, na agência de Ca__ambi.
27. Não dei__e me__er na __ícara!
28. __ingava de trou__a a todos que condenavam seu deslei__o.
29. Com a en__ada, traga o li__o para essa fai__a.
30. Pu__ava a ta__a que há pouco segurava o quadro.
31. Meu __ará en__otou os animais e foi falar com o dono da __ácara
imensa.
32. Gostava de ta__ar os outros de incompetentes.
33. O capu__inho tomou o ar__ote e foi prendê-lo numa bre__a da parede.
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34. Assinou o talão de __eques, comprou fi__as e foi adquirir
pe__in__as.
35. Co__i__ou ao ouvido do pa__orrento almo__arife, evitando uma
ri__a provocada por me__ericos e __istes de engraçadinhos.
36. As frou__as e desen__abidas respostas fizeram-no passar por um
grande ve__ame.
37. Quando rela__ava a limpeza, o escritório ficava uma mi__órdia.
38. O__alá as pró__imas en__urradas não en__am a cidade.
39. O rou__inol trou__e alegria àquele frou__o pôr do sol.
40. A pra__e era tomar o eli__ir ou o __arope para não mur__ar a esperança de uma saúde de ferro.
41. Foi com __iste que respondeu à pe__a de pa__orrento.
42. A ta__a do telegrama foi tão alta que teve de preen__er um __eque.
43. O__alá leia o Dom Qui__ote.
44. Aga__ou-se para apanhar a fi__a que lhe caíra das mãos quando tentava abrir uma bre__a para saltar do ônibus.
45. O li__eiro, depois da fa__ina, levou os fei__es de capim para o estábulo.
46. Chegando ao __adrez, o policial rela__ou a prisão do jovem.
47. A fazenda se e__tendia por grande e__tensão do Estado.
48. O e__tranho caso impressionou deveras o e__trangeiro.
49. Achavam-se e__gotadas as edições do e__plêndido livro.
50. As empresas tê__teis e__pontaneamente deram o aumento a seus
empregados.
51. A sal__icha estava com um gosto e__quisito.
52. Havia em tudo um mi__to de alegria e tristeza.
53. Com de__treza, o aluno terminou a tradução ju__talinear.
54. Aquela era a se__ta vez que o homem se e__cusava.
55. A prete__to de colaboração, propôs uma ju__ta medida para
e__tinção dos aborrecimentos.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
56. Essas foram as suas palavras te__tuais.
57. A educação proporciona às pessoas que se integrem no conte__to
social a que aspiram.
58. A e__pectativa aumentava à medida que se aproximava o início do
e__petáculo.
12) Empregue j ou g no espaço em branco, conforme o caso, na representação do fonema /j/:
1. Havia uma laran__eira no quintal.
2. É monumental a construção de Ribeirão das La__es.
3. Dava de presente umas bu__igangas.
4. As gor__etas estão tabeladas em 10%.
5. É importante o conhecimento da __íria.
6. O pa__é não estava presente à cerimônia.
7. As aves que aqui gor__eiam não gor__eiam como lá.
8. A ma__estade do rei resplandecia.
9. A praça regur__itava de espectadores.
10. O hábito não faz o mon__e.
11. Ainda que via__em bem, sempre a via__em é cansativa.
12. Suas respostas gran__earam várias amizades.
13. A sin__eleza de seus atos encantava todos.
14. O banheiro é todo la__eado.
15. A __iboia alcança tamanhos colossais.
16. Com o suco do __enipapo, muitos índios enegreciam o rosto e o corpo.
17. Comprou uma blusa de __érsei.
18. Não há __eito de fazer isso?
19. Pegue o __iz e escreva.
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20. O pa__em havia fu__ido.
21. Tinha um __esto gracioso.
22. Deixe de fazer tre__eitos.
23. A construção obedecia a rigoroso pro__eto.
24. A in__eção doía pouco, quando in__etada lentamente.
25. Com um ramo molhado asper__ia os crentes.
26. Mantinham-na em constante vi__ilância.
27. O reló__io do estran__eiro era valioso.
28. Ninguém tolerava mais suas rabu__ices.
29. Não tu__iu nem mu__iu.
30. O adá__io dizia que o a__iota não metia mão na al__ibeira.
31. Os reló__ios de al__ibeira foram substituídos com vanta__em pelos
de pulso.
32. O mon__e rea__iu às críticas do here__e.
33. A in__eção foi aplicada com pouco __eito no lo__ista.
34. O pro__eto de __eremias era reforçar a la__e.
35. Na feira, as bu__igangas e as ti__elas estavam su__as.
36. O si__ilo e a discrição de __estos são lison__eados pelos filósofos.
37. Na ma__estosa passa__em do castelo, via-se uma dama de
an__elical fisionomia.
38. O estran__eiro usava um tra__e que denunciava sua ori__em antes
mesmo de falar.
39. A criança re__eitava qualquer noção de hi__giene.
40. O __iló, a berin__ela e a va__em não agradam a todos os paladares.
41. O a__iota dera uma risada frenética.
42. O adá__io ensinava a evitar o contá__io com pessoas de educação
hetero__ênea.
43. A população re__eitou o ultra__e.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
44. O __e__um não gran__eia adeptos entre os doentes.
45. O __inete se chamava Pa__é.
13) Assinale a única forma incorreta de cada grupo:
1. a) Inês; b) Teresa; c) Munis; d) Dinis; e) Resende.
2. a) Aluísio; b) Brás; c) Queirós; d) Luísa; e) Izabel.
3. a) deslizar; b) frizar; c) catequizar; d) preconizar; e) cristalizar.
4. a) rezar; b) narureza; c) proeza; d) repreza; e) fineza.
5. a) burguês; b) cortês; c) freguês; d) pedrês; e) embriaguês.
6. a) cortesia; b) felismente; c) brasão; d) besouro; e) artesão.
7. a) freguesia; b) analisar; c) cosinhar; d) extravasar; e) usina.
8. a) altesa; b) baronesa; c) marquesa; d) consulesa; e) duquesa.
9. a) gasolina; b) querosene; c) esvasiar; d) pesquisar; e) paralisar.
10. a) Satanás; b) aguarrás; c) ananás; d) camponês; e) xadrês.
11. a) estranjeiro; b) jirau; c) trejeito; d) pajem; e) sarjeta.
12. a) gorjeta; b) jeringonça; c) alforge; d) brejeiro; e) granjear.
13. a) desinteria; b) esquisito; c) meritíssimo; d) inigualável; e) umedecer.
14. a) machadiano; b) camoniano; c) euclidiano; d) açoriano; e) antidiluviano.
15. a) baleeira; b) cumieira; c) lumeeiro; d) femeeiro; e) catraieiro.
16. a) dilapidar; b) casimira; c) cumeada; d) digladiar; e) escárneo.
17. a) dissemelhante; b) frontispício; c) incorporar; d) intumescer; e) terebentina.
18. a) destilar; b) empecilho; c) confessionário; d) envólucro; e) despautério.
19. a) sequer; b) quépi; c) parêntese; d) irrequieto; e) encarnação.
20. a) burburinho; b) entabular; c) mágua; d) elucubração; e) bruxuleante.
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21. a) concurrência; b) rebuliço; c) juá; d) curtume; e) chuviscar.
22. a) molambo; b) goela; c) mocambo; d) óbolo; e) jaboti.
23. a) engolir; b) cotia; c) moleque; d) rebotalho; e) estripolia.
24. a) abscesso; b) rescender; c) intumescido; d) enrubescer; e) cônscio.
25. a) consciente; b) prescindir; c) resplandescer; d) obsceno; e) ressuscitar.
26. a) esdrúxulo; b) destra; c) esplêndido; d) espontâneo; e) pretesto.
27. a) asteca; b) escusar; c) escavação; d) estensão; e) expectativa.
28. a) justapor; b) misto; c) escursão; d) estender; e) Sistina (Capela).
29. a) exceção; b) excitar; c) excerto; d) néscio; e) exudar.
30. a) capichaba; b) chuchu; c) chimarrão; d) flecha; e) pixe.
31. a) fuxicar; b) muxoxo; c) carrapixo; d) paxá; e) atarraxar.
13-a) Identifique
incorretas:
e) asseado
j) azáfama
o) asa
t) batavo
y) Bexiga
as palavras que estão prosódica ou graficamente
a)ardósia b) arrabalde c) arcediago d)
aeroplano
f) asterisco g) aterrisar h) auscultar i) barbeiragem
k) assaz
l) austero
m) bilboquê n) basculante
p) asaleia q) aziago
r) bagagem s) beneficente
u) bege
v) bátega
w) azia
x) bicarbonato
z) beneficiência
13-b) Identifique
incorretas:
e) afear
j) ágape
o) aliás
t) alimária
x) alísios
as palavras que estão prosódica
a) à beça b) avestruz c) obturar
f) alíquota g) análise
h) Antártica
k) alopecia l) ananás
m) apostila
p) amásia q) anátema r) apostilha
u) amizade v) ância
w) postilha
y) analisar z) ancioso
13-c) Identifique
incorretas:
e) boicotar
j) buate
o) bordel
as palavras que estão prosódica ou graficamente
a) blusa
b) bobagem c) barganhar d) burburinho
f)burocrata g) casimira h) berganhar i)
burocracia
k) Butantã l) Cassilda m)caderneta n) cabeleireiro
p) codorna q) cabeçalho r) carrossel s) caranguejo
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ou graficamente
d)
açúcar
i)
algaravia
n)
anteontem
s)
apropriar
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t) brâmane
y) carqueja
u) cânones v) candeeiro w) brasão
z) carangueijada
x)
cataclismo
13-d) Identifique
incorretas:
e) chávena
j) cateteres
o) Correia
t) criação
y) chope
as palavras que estão prosódica ou graficamente
a) catarse b) sicrano
c) ciclope
d)
cinquenta
f) cateter g) circuito h) cizânia
i)
catequizar
k) clister l) cavoucar m) cômputo n)
confragrar
p) criolo
q) celuloide r) corolário s) cartomancia
u) dança
v) coragem w) difamar x) consciente
z) caramanchão
13-e) Identifique
incorretas:
e) defesa
j) decote
o) destro
t) driblar
y) dossel
as palavras que estão prosódica ou graficamente
a) decotar b) descanso c) digladiar d) deflagração
f) dilapidar g) descascar h) decotado i) digladiador
k) despesa l) disenteria m) discrição n)
dentifrício
p) diálogo q) disciplina r) dispepsia s) depredação
u) discente v) docel
w) empresa x)
dible
z) de repente
13-f) Identifique
incorretas:
e) enxó
j) Eneias
o) enfear
t) engajar
y) êxito
as palavras que estão
a) erudito b) estreiar
f) esguelha g) estuprar
k) êxtase l) estrupício
p) esteja
q) etíope
u) exceção v) exacerbar
z) astigmatismo
13-g) Identifique
incorretas:
e) flagrante
j) frear
o) frustrar
t) geminado
y) flébil
as palavras que estão prosódica ou graficamente
a) fedor
b) franzino c) fluido
d)
folhagem
f) facho
g) fratricídio h) freada
i)
fortuito
k) figadal l) freguês
m) friorento n)
frustração
p) fiúza
q) fusil
r) fuzível
s)
garagem
u) flagrar v) gás
w) gasolina x)
jeito
z) genealogia
13-h) Identifique
incorretas:
e) Gouveia
j) grafiteiro
o) gratuito
t) grunhir
y) gorjeta
as palavras que estão prosódica ou graficamente
a) jia
b) guspir
c) úmido
d) goianiense
f) jiboia
g) hemácia h) ibero
i)
empecilho
k) giz
l) hilaridade m) incenso n)
ímprobo
p) glosa
q) Hortênsia r) íman
s)
impróprio
u) Góis
v) hosana
w) impudico x)
cusparada
z) úmero
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prosódica ou graficamente
c) excursão d)
empecilho
h) exprobrar i)
eletricista
m) estranho n)
empecilho
r) êxodo
s)
estratégia
w) farsa
x)
enjeitar
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13-i) Identifique as palavras que estão prosódica ou graficamente incorretas:
a) inaudito
b) incrustar c) ignorante d) inigualável e)
identidade
f) índigo
g) inidônio h) ingresia i) inextricável j)
indiscrição
k) intenção
l) ignorância
m) nhoque n) intencional
o) iogurte
p) ínterim q) intertela r) interstício s) inverossímil
t) isósceles
u) inteiro v) intuito
w) Juçara
x)
inzoneiro
y) irascível
z) jabuticaba
13-j) Identifique as palavras que estão prosódica ou graficamente incorretas:
a) lagarta
b) lagartixa c) Lurdes
d) losângulo e) madeireira
f) Luiz
g) maisena h) majestade i) manjedoura j) maquinário
k) Manuel
l) mendigo m) mesmo n) maquinaria o) marceneiro
p) maciço
q) mexerica r) misse
s)
meritíssimo
t) misto
u) menos v) míope
w) Moji
x)
Morais
y) mistura
z) mimeógrafo
13-k) Identifique
incorretas:
e) muçulmano
j) octogésimo
o) outorgar
t) pagem
y) urtiga
as palavras que estão prosódica ou graficamente
a) murchar b) mourisco c) paralizar d)
mortadela
f) mudez g) nascença h) nenúfar
i)
muçarela
k) néon
l) óbolo
m) ômega
n) octogenário
p) ogiva
q) ontem
r) opróbrio s) paralização
u) ordem v) urticária w) Pais
x)
pêssego
z) ortodontista
13-l) Identifique as palavras que estão prosódica ou graficamente incorretas:
a) pesar
b) perpetrar c) perspicaz d)
perturbação
e) perspicácia f) pílula
g) perturbar h) pêsames i)
plebiscito
j) problema
k) pocã
l) programa m) postigo n) pontiagudo
o) perscrutar p) prezado q) prazo
r) prazeroso s)
percalços
t) pretenção
u) próprio v) privilégio w) progredir x) pretensioso
y) prevenido z) privilegiar
13-m) Identifique as palavras que estão prosódica ou graficamente
incorretas:
a) prostrar b) pusesse
c) puser
d)
psicultura
e) prostração f) pudico g) ramagem h) receado i) quadrúmano
j) quartanista k) pus
l) raspagem m) recear
n)
regresso
o) ridículo
p) quis
q) recém
r) recheado s)
rehidratar
t) refém
u) quiser v) rechear
w) represa x) reivindicar
y) requeijão
z) réquiem
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13-n) Identifique
incorretas:
e) safári
j) sobrancelha
o) soçobrar
t) tauba
y) toalete
as palavras que estão prosódica ou graficamente
a) rixa
b) rítimo
c) rolimã
d)
roxinol
f) rúbrica g) salsicha h) sinusite i)
simultâneo
k) cetim
l) sextanista m) sicrano n)
sossegar
p) Sousa q) subsídio r) supurado s) superstição
u) têxteis v) têxtil
w) touceira x) terebintina
z) supersticioso
GABARITO DOS EXERCÍCIOS DE ORTOGRAFIA
8) 1ss c ss, 2ss, 3ss, 4s, 5ss, 6ç, 7s ç ç, 8ss ç, 9ç x c ss, 10c s ss ss, 11ç ss,
12ç ç, 13ss, 14c, 15ss ss, 16s, 17ss c, 18ss, 19ss, 20ç s s ç, 21ss ç, 22ç,
23ç, 24ss, 25ç, 26ss, 27ç ss, 28ss, 29ç x, 30c ç c, 31c ç, 32ç c ç ss ss,
33x, 34s ss, 35c, 36s, 37ç, 38c ss, 39ss ss, 40ss, 41ss ç, 42s ç, 43c s,
44ss, 45ç s.
9) 1sc, 2c, 3sc, 4sc, 5c, 6sc, 7c c, 8sc, 9sc, 10sc, 11sc sc, 12sc, 13sc, 14sc
sc, 15c sc, 16c, sc, 17sc c, 18sc sc, 19c.
10) 1z, 2s, 3z x, 4s, 5s, 6s, 7s, 8z z, 9s, 10z, 11z s s s, 12z z, 13s z z s s z,
14s z s z s s, 15x, 16s z s z, 17z s z s, 18z z x, 19s x, 20z s, 21z, 22x s,
23z z, 24z, 25z z, 26z s z, 27z z, 28s z, 29x x, 30z x, 31x x z s s.
11) 1x, 2x x, 3x, 4x, 5x ch x, 6x x, 7s s, 8x s, 9x, 10ch x, 11x, 12ch s, 13x s,
14x x, 15x x, 16x, 17ch, 18ch, 19x s, 20x x, 21x ch, 22x ch, 23ch ch
ch, 24x ch, 25x x x, 26ch, x, 27x x x, 28x x x, 29x x x, 30x ch, 31x x
ch, 32x, 33ch ch ch, 34ch ch ch ch, 35ch ch ch x x x ch, 36x x x, 37x
x, 38x x x ch, 39x x, 40x x x ch, 41ch ch ch, 42x ch ch, 43x x, 44ch ch
ch, 45x x x, 46x x, 47s x, 48s s, 49s s, 50x s, 51s s, 52s, 53s s, 54x s,
55x s x, 56x, 57x, 58x s.
12) 1j, 2j, 3g, 4j, 5g, 6j, 7j j, 8j, 9g, 10g, 11jg, 12j, 13g, 14j, 15j, 16j, 17j,
18j, 19g, 20j g, 21g, 22j, 23j, 24j j, 25g, 26g, 27g g, 28g, 29g g, 30g g
g, 31g g g, 32g g g, 33j j j, 34j j j, 35g g j, 36g g j, 37j g g, 38g j g, 39j
g, 40j g g, 41g, 42g g g, 43j j, 44j j j, 45g j.
13) 1c, 2a, 3b, 4d, 5e, 6b, 7c, 8a, 9c, 10e, 11a, 12b, 13a, 14e, 15b, 16e, 17e,
18d, 19b, 20c, 21a, 22a, 23e, 24b, 25c, 26e, 27d, 28c, 29e, 30e, 31c.
13-a) g) aterrissar z) beneficência;
13-b) v) ânsia z) ansioso;
13-c) j) boate z) carangejada;
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13-d) p) crioulo;
13-e) v) dossel;
13-f) b) estrear;
13-g) q) fuzil r) fusível;
13-h) b) cuspir r) ímã;
13-i) g) inidôneo q) entretela
13-j) d) losango f) Luís
13-k) c) paralisar s) paralisação
13-l) t) pretensão;
13-m) d) piscicultura s) reidratar
13-n) b) ritmo d) rouxinol f) rubrica t) tábua
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
29/04/2011 – Vogais átonas (p. 53-56) exercícios 5, 6 e13 (p. 137-139 e
147-148)
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DAS VOGAIS ÁTONAS
1º) O emprego do e e do i, assim como do o e do u em sílaba átona1,
regula-se fundamentalmente pela etimologia2 e por particularidades da história das palavras. Assim se estabelecem variadíssimas grafias:
a) Escrevem-se com e: abençoe, aborígene (também aborígine),
abotoe, acordeão, acordeom, acordeonista, aéreo, afear (tornar feio), alardear, aldeão, aldeola, aldeota, aldear, alhear, alínea, ameaça, amealhar,
antecipar, antediluviano, anteontem, apazigue, apazígue, apear, aperitivo,
área (superfície), areal, areeiro, areento, arrear (pôr arreios), arrepiar, arrepio, aveal, averigue, averígue, baleal, baleeiro, balnear, balneário, bandear, boreal, cadeado, cafeeiro, campeão, campear, campeonato, candeeiro, cardeal (prelado, ave, planta; diferente de cardial = ―relativo à cárdia‖),
cardeais (plural de cardeal), carestia, cárie, caxemira, cear, Ceará, Cecília,
cedilha, centeeira, centeeiro, cetáceo, cesárea, chulear, côdea, coletânea,
colmeal, colmeeiro, confete, continue, conveniente, corpóreo, correada,
correame, creolina, creosotado, cumeada, cumeeira, daomeano, deferir
(conceder), delação (denúncia), delinear, demitir, denegrir, descompostura,
descortinar, descortino, desequilíbrio, desfrutar, desfrute, despautério, despencar, despender, despensa (depósito, copa), despesa, desprendimento,
desprevenido, desprevenir, dessemelhante, dessemelhar, destilação, destilar, destilaria, desvencilhar, disenteria, elucidar, embutir, emergir (para fora), emigração (saída do país), emigar (sair do país), eminência, eminente
“Átona é a sílaba em que não incide a maior força da voz: ba-la, sín-te-se, ó-ti-mo, A-mé-ri-ca”.
(PROENÇA FILHO, 2009, p. 16)
1
2 Etimologia
é o estudo da origem e da evolução das palavras. (Confira AZEREDO, 2008, p. 30)
Celso Pedro Luft (2002, p. 25) lembra que “Por causa da neutralização da oposição e/i, com a realização
[i] do /e/ átono e da realização [e] do /i/ átono, em virtude de fenômenos fonéticos de harmonização vocálica, assimilação e dissimilação, nem sempre é fácil saber se em determinada palavra se deve escrever e ou i. O simples ouvido podendo atraiçoar, precisa entrar em ação a inteligência, a reflexão: verificar
a origem, comparar formas cognatas, derivações, transformações históricas etc.”.
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(elevado, excelente), empecilho, empertigar, encabular, encadear, encarnação, encarnado, encarnar, encômio, encorpar, encrenca, endireitar, enfezar, engelhar, engolir, enseada, enteado, enticar, entorpecente, entronizar,
entupir, enxerir, estripolia (variante de estripulia), errôneo, escrevinhar, estrear, fêmea, floreal, galeão, galeota, galeote, gêmeo, granjear, guineense,
hastear, herbáceo, heterogêneo, idear, ideologia, idôneo, indeferir (negar),
irrequieto, janeanes, lacrimogêneo, leal, leão, legítimo, lêndea, lenimento
(que suaviza), lenitivo, Leodegário, Leonardo, Leonel, Leonor, Leopoldo,
Leote, linear, longilíneo, lumeeiro (de lume), magoe, malefício, marmóreo,
meada (de fios), meão, melhor, melindrar, melindroso, menino, menoridade, mentira, mercearia, merceeiro, mexerica, mexerico, mestiço, metileno,
mexerico, mexilhão, mimeografar, mimeógrafo, miscelânea, náusea, nomear, óleo, ombrear, orfeão, Orígenes, orquídea, ósseo, paletó, pâncreas,
panteão, paralelepípedo, páreo, passear, peanha, peão (que anda a pé), pechinchar, penico (urinol), penteado, periquito, pexote, Pireneus, plúmbeo,
poleame, poleeiro, preferir, prevenido, prevenir, quase (em vez de quási),
quepe, quesito, rabequear, real, recear, recrear (divertir), rédea, reencarnação, reencarnar, reentrância, regatear, repelir, repenicar, repetir, róseo,
sanear, se (conjunção e pronome), semear, semelhante, senão (―sinão‖ é
aumentativo de sino), sequer, seriema, seringa, seringueiro, Simeão, sortear, sucedâneo, taubateano, teatino, Teodoro, térreo, tieteano, tontear, traqueano,umedecer, vadear (passar a vau), vaguear, várzea, veado (―viado‖ é
uma espécie de tecido), vítreo, volemia, voltear, Zeferino.
Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 25-26 e
2008, p. 42-43):

é > e: café > cafeeiro; Daomé > daomeano; pé > apear.

ei > e: aldeia > aldeão, aldeola; colmeia > colmeal; estreia > estrear; passeio > passear, passeata; receio > receoso, recear; etc.

ante-, prefixo, significa ―antes‖; anti- significa ―contra‖.

ear: terminação de numerosos verbos; iar tem a correspondência -ia e -io
(tônicos ou átonos), ou é de origem latina. Conjugue o verbo no indicativo:
se faz -eio, -eias..., é verbo em -ear, com estas cinco exceções: mediar, ansiar, incendiar e odiar (mediar inclui o derivado remediar).
Alumiar, negociar, presenciar, financiar, distanciar e alguns outros, admitem também a forma -eio, -eia(s).

–eano: terminação excepcional (umas dez palavras) – quando o radical
termina em e tônico (-e do radical + -ano sufico): Daomé + ano > daomeano; Taubaté + ano > taubateano; Tietê + ano > tieteano; Coreia +
ano >coreano; Pompeia + ano > pompeano; Crimeia + ano > crimeano;
traqueia + ano > traqueano; Lineu (Linné) + ano > lineano; Montevidéu +
ano > montevideano; várzea (varze-) + ano > varzeano; etc. O comum é
página 123
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iano (-i do radical, ou -i- vogal de ligação + -ano sufixo): italiano (itali-),
virgiliano (virgili-), camoniano, caboverdiano, machadiano etc.

–eeira, -eeiro: candeeiro, comeeira, lumeeiro...; -ieiro (com i) quando vem
de palavra em -ia, -ie, -io: estância > estancieiro; espécie > especieiro; frio
> frieira...

Os ditongos nasais /ãy/, /õy/ escrevem-se ãe, õe: cães, mãe; põe, põem...
Com i, só o /ãy/ interno em raríssimas palavras: ãatá, cãibas, cãibeiro,
cãibo, cãibra (ou câimbra), cãibro, tucumãí, zãibo.

Nas terceiras pessoas do plural: caem, saem, creem, destroem, arguem...

Formas do subjuntivo dos verbos em -oar e -uar: abençoe, perdoe(m),
ressoe(m), continue(s), atue(m) etc. (-ui só nos verbos em -uir, indicativo
presente: argui, influi, possui.
b) Escrevem-se com i: açoriano, acriano, adiantar, adiante, adivinhar, adquirir, afiar (amolar), Afrânio, aluvião, ameixial, Ameixieira, amial, amieiro, anti- (contra), argui, arguis, anária (certo tipo de canção musical), ária (melodia), arriar (abaixar), arrieiro, artifício, artilharia, artimanha, atribui, atribuis, bastião, Bibiano, bílis, bocagiano, cabriúva, cai, cais,
calcário, calidoscópio (variante de caleidoscópio), camoniano, capitânia,
casimira, ciceroniano, cimento (argila + cal), civismo, comtiano, cordial
(adjetivo e substantivo), corrimão, corriola, crânio, criado, criação, criar,
criatura, crioulo, Curdistão, dentrifício, diante, dianteira, difamação, diferir (diferenciar), digladiar, digladiar, dilação (adiamento), dilapidar, dilatar (alargar), diminuir, Dinis, discorrer, discrição (reserva), discriminar
(distinguir), dispêndio, dispensa (desobrigação), dispepsia, distinguir, eletricista, erisipela, escárnio, esquisito, estiar (parar de chover), estripulia,
estropiar, fatiota, feminino, ferregial, fiambre, Filinto, Filipe (e identicamente Filipa, Filipinas etc.), franquiar, freixial, frontispício, Fróis, gavião,
geminado, gerânio, giesta, goethiano, Góis, goisiano, Horácio, horaciano,
idade, Idanha, idiossincrasia, Ifigênia, igreja, igual, Ilídio, imbuia, imbuir,
imergir (mergulhar), imigrar (entrar em um país estranho), iminência (instante, proximidade), iminente (próximo), imiscuir-se, incinerar, incorporar,
incrustar, incumbência, infestar, influi, influis, ingurgitar, inidôneo, inigualável, iniludível, inquirir, intitular, intumescer, invés, italiano, itinerário,
lampião, lenitivo, limiar, linimento (medicamento de fricção), Lumiar, lumieiro, machadiano, Mário, meritíssimo, mói, móis, Morais, Pais, pardieiro, pátio, peritônio, perônio, pião (certo brinquedo), pilão, pinicar, piolho,
pior, piora, piorar, possui, possuis, pontiagudo, privilegiar, privilégio, quizilento, requisito, réstia, ridículo, serôdio, silvícola, Simeão, siniense, sofocliano, substitui, substituis, terebintina, tiara, tigela, tijolo, torriano, torriense, Tucídides, tunisino (da Tunísia), umbilical, vadiar (vagabundear), vepágina 124
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rídico, verossimilhança, Vimieiro, Vimioso, Virgílio, vizinho, volibol (variante de voleibol);
Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 29 e 2008, p.
45-45):

Ver se há correspondência com -ia, -ie, -io: chevia > chefiar; ânsia > ansiar; cria > criar, recriar, criatura, criança; cárie > cariar; etc.

Vogal de ligação palatal é -i-: agridoce, alvinegro, artimanha, boquiaberto, corrimão, dentrifício, frontispício, hortifrutigranjeiro, pontiagudo, senguissedento. Esta vogal pode ligar o radical a um sufixo – açoriano, cordial, rapaziada, terriola -, dando variante do sufixo: -ada > -iada; -al > -ial;
-ano > -iano; -ense > -iense; -ola > -iola.

–iano, com i, vogal de ligação, que toma o lugar da vogal átona (inclusive
-y) da palavra base: camoniano, chomskiano, machadiano, goethiano, saussuriano; -eano (com o -e final, tônico, de radical) é terminação rara. (Cf. a
lista de observações importantes anteriores.)

Para os verbos em -iar, conjugar o indicativo: devem fazer -io, -ias, -ia.
Exceções: os verbos ansiar, incendiar, (re)mediar e odiar fazem -eio, eias, eia. Essas palavras provêm de substantivos e adjetivos em -ia, -ie, -io.
vário > variar; dia > adiar; conferência > conferenciar; cárie > cariar;
série > seriar; rodopio > rodopiar; vadio > vadiar etc. Também -ença > enciar: diferença > diferenciar; licença > licenciar; presença > presenciar.
Alumiar, apreciar, distanciar, financiar, negociar, premiar, presenciar,
sentenciar, variar admitem também as terminações -eio, -eias, -eia, apesar
de serem desprestigiadas no Brasil.

O i átono final não é da tradição escrita da língua; só se encontra em formas de empréstimo: júri e dândi (inglês), ravióli (italiano) etc. Com final
aportuguesado: confete, espaguete, quepe, soçaite, uísque etc.

O prefixo anti- significa ―contra‖: anticristão; significando ―antes, anterior‖, será o prefixo ante-: antediluviano.

O prefixo in- (variante im-) é de vocábulos eruditos: intitular, intumescer,
incrustar, incorporar, imberbe, importar etc. (Cf. as observações importantes anteriores sobre o prefixo ante-). Mais comum é a forma aportuguesada en- (variante em-): entender, encestar, enfestar, emparedar, empobrecer etc.

Ditongos ai, oi, ói, ui todos sempre com i: cai, sais, foi, herói, influi; verbos em -air, -oer, -uir: cai, sai, dói, rói, influi, possui etc.
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c) Escrevem-se com o1: Aboim, abolição, abolir, acostumar, Aloísio,
alpendorada, amontoar, Arcozelo, aroeira, assoar, assolar, atordoar, azêmola, banto, boate, boato, bobina, bochicho, bodega, bolacha, boletim,
borboleta, borbulhar, boteco, botequim, botijão, botinada, brochura, bússola, caçoada, caçoar, caos, carvoeiro, chacoalhar, cincoenta, coalhar, coaxar, cobiça, cobiçar, cobrir, cochicho, coentro, cogitar, colarinho, comprimento (extensão), consoada (refeição à noite), consoar, corrupio, cortiça,
coruja, corvina, costume, demolir, discóbolo, díscolo, doesto, embolar, embolia, êmbolo, encobrir, encomprindar, engolir, epístola, esbaforido, esbaforir-se, esboroar, esgoelar, esmolambado, estofar (acolchoar), explodir,
farândola, femoral, focinho, girândola, goela, gorgolejar, gorgomilos, íncola, Indostão (ou Hindustão), jocoso, joeira, lobisomem, lombriga, mágoa,
magoar, medíocre, mocambo, mochila, moeda, moela, molambo, moleque,
montoeira, moqueca, moringa, morrinha, morubixaba, mosquito, moto
(usada na expressão moto próprio), névoa, nevoeiro, nódoa, Noêmia, óbolo,
ocorrência, orangotango, Páscoa, Pascoal, Pascoela, patacoada, patoá
(dialeto), polegar, poleiro, polenta, polir, ratear, reboliço (de rebolo ou que
rebola), rebotalho, refocilar, Rodolfo, romeno, roído (do verbo roer), romeno, silvícola, soalho, sopitar, soporífero, sorrateiro, sorriso, sortido (abastecido), sortir (prover), sorumbático, sotaque, sovaco, távoa, tavoada, távola, toada, toalete, toalha, tocaia, tômbola, torquês, torvelinho, tossir, tostão, trampolim, tribo, trovão, trovejar, veio (substantivo e forma do verbo
vir), vinícola, volabilidade, zoada, zoar zoeira;
Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 32-33 e
2008, p. 49):

Nossa letra o corresponde a ō (longo) e ŭ (breve) do latim: romeno, cobrir,
cobiça, mágoa, tribo, veio etc.

ão, om > o: feijão > feijoada, feijoal; mamão > mamoeiro; montão > montoeira; tom > toada, destoar; som > soar, ressoar etc.

Só por exceção, palavras portuguesas terminam em u(s) átono; o normal é
o(s): banto, Dio, tribo, veio... Se grafássemos com u essas formas, deveríamos fazer o mesmo com proíbo, feio, tanto, tio...
Segundo Luft (2002, p. 32), “A mesma vacilação que se nota no emprego de e e i átonos ocorre no de
o e u átonos. A causa é semelhante: o reduzido aproxima-se de u, no seu timbre fechado. Para dissipar
dúvidas, usem-se os mesmos processod de comparação, origem, parentesco etc.”.
1
A letra o corresponde a ō (longo) e a ŭ (breve) do latim: romeno, cobrir, cobiça, mágoa, tribo, veio etc.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA

As terminações -oa, -ola, -olo – em vocábulos proparoxítonos – são raras.
O comum é -ua, -ula, -ulo: água, íngoa, tábua, espátula, fábula, rábula,
coágulo, estímulo, vínculo... Com o: mágoa, névoa, agrícola, vinícola, êmbolo, óbolo...

Para verbos em -oar, verificar a primeira pessoa do presente do indicativo:
deve terminar em -oo, -oas, -oa: abençoo, abençoas, abençoa, destoo, destoas, destoa, perdoo, perdoas, perdoa...
Mágoa, s.f. – compare com as formas verbais: magoo, magoas, magoa,
magoamos, magoais, magoam; magoava; magoei; etc. – tudo com -o-.

Mantém-se o o da palavra-base nos derivados: boteco > botequim; lagoa >
lagoão; mosca > mosquito; correr > ocorrência, concorrência, recorrência; sortir > sortimento, sortido; etc.
d) Escrevem-se com u: aburguesar, acentuar, acudir, acudir, açular,
água, alucinação, aluvião, anágua, anuviar, arcuense, assuada, assumir,
automóvel, bruxulear, bueiro, bugalho, bugiganga, bujão, bulício, buliçoso,
bulir, bumerangue, burburinho, buzina, camândulas, camundongo, chupim,
chuviscar, chuvisco, cinquenta, corrupio, coscuvilhar, crápula, xumbuca,
cumbuco, cúpula, cumprimentar, cumprimento (saudação), Curaçau, Curdistão, curinga (carta de baralho), Curitiba, curtir, curtume, cutia (animal),
cutucar, elucubração, Emanuel, embutir, entabular, entupir, escapulir, esculachar, espórtula, estábulo, estripulia, fêmur, fístula, frágua, furúnculo,
glândula, grugulejar, grugulhar, guapo, guloseima, Hindustão (ou Indostão), íngua, ingurgitar, ínsua, insular (referente a ilha), itapuã, jabuti, jabuticaba, Jabuticabal, jabuticabalense, juá, Juaçaba, jucundo, légua, léu, lóbulo, locupletar, Luanda, lucubração, lumbago, lugar, lúpulo, mandíbula,
mangual, Manuel, manuelino, míngua, mortuário, muamba, mucama, muçulmano, muleta, murmurinho, mutuca, Nicarágua, panturrilha, patuá (balaio), peculato, pirueta, pirulito, pontual, pudor, puir, rebuliço (confusão),
régua, regurgitar, ritual, Romualdo, Rômulo, rótulo, Rufino, Samuel, samurai, sinusite, sorumbático, supetão, surrupiar (ou surripiar), surtir (produzir, resultar), sutura, tábua, tabuada, tabuleiro, tabuleta, tintureiro, titubear, tiziu, tonitruante, trégua, tremular, turbilhão, turbulento, turíbulo, urdir,
urticária, urtiga, usufruir, usufruto, úvula, uvulite, vesícula, vestíbulo, vírgula, Virgulino, virulento, vitualha, vocábulo, vulcão.
Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 34-35 e
2008, p. 51):

Nossa letra u corresponde ao u longo latino: lua, luar, nulo, usar, uva, suar, mudar, mudez etc.

Não é da tradição escrita da língua o u átono final. Daí por que se deve
grafar banto, tribo, moto (de moto próprio). Palavras como ângelus, animus, antivírus, ânus, bônus, campus, citrus, clônus, corpus, fálus, fícus,
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
habitus, húmus, ictus, lócus, lótus, lúpus, modus, múnus, ônibus, ônus,
pínus, rébus, ríctus, sínus, status, tônus, vênus, vírus e outras poucas são
latinismos.

As terminações -ua, -ula, -ulo são mais frequentes que -oa, -ola, -olo:
água, íngua, tábua, âmbula, cábula, fábula, mandíbula, cálculo, glóbulo
etc.

Usa-se u nos ditongos: au (grau, mau), éu (céu), eu (deu), iu (nos verbos:
partiu, saiu, viu etc.; excepcional em nomes: abiu, tiziu), ou (dou, vou).

Como vogal de ligação (-u-): estado + al > estadual; manual etc.

Substitui o w do inglês: sanduíche, suéter, suingue, uísque...

Curtume se liga a curtir, e não a cortar.

Mantém-se o u da palavra-base nos derivados: cartunista (cartum < ―cartoon‖), chuviscar < chuva, lugarejo < lugar etc.
2º) Sendo muito variadas as condições etimológicas e históricofonéticas em que se fixam graficamente e e i ou o e u em sílaba átona, é
evidente que só a consulta aos vocabulários ou dicionários pode indicar,
muitas vezes, se se deve empregar e ou i, se o ou u. Há, todavia, alguns casos em que o uso dessas vogais pode ser facilmente sistematizado1. Convém
fixar os seguintes:
a) Escrevem-se com e, e não com i, antes da sílaba tônica, os substantivos e adjetivos que procedem de substantivos terminados em eio e eia,
ou com eles estão em relação direta. Assim se regulam: aldeão, aldeola, aldeota, por aldeia; areal, areeiro, areento, Areosa, por areia; arrear, arreamento, por arreio; aveal, por aveia; baleal, por baleia; bolear, por boleia;
cadeado, por cadeia; candeeiro, por candeia; cear, por ceia; centeeira e
centeeiro, por centeio; colmeal e colmeeiro, por colmeia; correada e correame, por correia; estrear, por estreia, ideal, por ideia; meada, por meia,
pear, por peia, sortear, por sorteio, traqueal, por traqueia, .
b) Escrevem-se igualmente com e, antes de vogal ou ditongo da sílaba tônica, os derivados de palavras que terminam em e acentuado (o qual
pode representar um antigo hiato: ea, ee): bajeano, de Bajé (por Bagé), bruneano, de Brune(i) (Bornéu), galeão, galeota, galeote, de galé; guaxupea-
Essa dificuldade resulta, em geral, do desconhecimento da origem de certas palavras. Algumas vezes,
uma grafia se fixou com base em uma pseudoetimologia, sendo substituída mais tarde, mas permanecendo como segunda e até como terceira variante gráfica. Outra causa pode ser o fato de ter entrado no
idioma em períodos diferentes ou através de outras línguas. Muitas palavras de origem latina entraram
para o português, por exemplo, através do francês, do italiano, do espanhol ou do inglês.
1
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
no, de Guaxupé, daomeano, de Daomé; guineense, de Guiné; mallarmeano,
de Mallarmé, poleame e poleeiro, de polé, tieteano, de Tietê, traqueano, de
traqueia.
c) Escrevem-se com i, e não com e, antes da sílaba tônica, os adjetivos e substantivos derivados em que entram os sufixos mistos1 de formação
vernácula2 iano e iense, os quais são o resultado da combinação dos sufixos
ano e ense com um i de origem analógica (baseado em palavras nas quais
ano e ense estão precedidos de i pertencente ao tema3: abeliano (de Abel),
horaciano (de Horácio), italiano (de Itália), duriense (de Douro), flaviense
(de Aquis Flaviis, atual cidade de Chaves etc.: açoriano (de Açores), acriano (de Acre), alencariano (de Alencar), anatoliano (de Anatole France), arturiano (de Artur), baudelairiano (de Baudelaire), cabo-verdiano (de Cabo
Verde), camoniamo (de Camões), comtiano (de Auguste Comte), domcavatiense (de Dom Cavate), eucridiano (de Euclides da Cunha), falangiano (de falange), faringiano (de faringe), fauniano (de fauna), faustiano (de
Fausto), freudiano (de Freud), georgiano (de George), goethiano (de Goethe), goisiano (relativo a Damião de Góis), iraniano (de Irã), iraquiano (de
Iraque), kafkiano (de Kafka), kantiano (de Kant), lajiano (de Lajes), laringiano (de laringe), lobatiano (de Monteiro Lobato), marciano (de Marte),
parisiano, parisiense (de Paris), pascaliano (de Pascal), quebequiense (de
Quebeque), saariano (de Saara), saussuriano (de Saussure), siniense (de
Sines), sofocliano (de Sófocles), torriano, torriense [de Torre(s)], wagneriano (de Wagner), zairiense (de Zaire)4.
“Misto é o sufixo que, na sua formação, associa elementos etimológicos de origem com elementos vernáculos outros. No caso, -iano e -iense resultam da combinação dos sufixos -ano e énse com i, cuja origem é a analogia com palavras em que esses sufixos figuram precididos de um i que faz parte do tema
da palavra, como horaciano (cf. Horácio); italiano (cf. Itália).” (PROENÇA FILHO, 2009, p. 43-44)
1
“Sufixo de formação vernácula”, conforme ensina o professor Domício (PROENÇA FILHO, 2009, p. 43),
“é, no caso, o que se formou em português: a língua vernácula é a que se aprende em casa desde que
se nasce.”
2
“Tema é o resultado da junção de uma vogal dita temática com o radical, isto é, com o núcleo de significação da palavra. Um exemplo: em italiano, ital- é o radical; -i-, a vogal temática; itali-, o tema; -ano, o
sufixo.” (PROENÇA FILHO, 2009, p. 44)
3
Aqui está uma alteração no sistema ortográfico anterior, em que o uso se impôs à norma, pois estas
palavras eram (ou deveriam ser) escritas com e: açoreano, acreano, amoneano, saussureano, sineense,
sofocleano, torreano, torreense.
4
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
d) Uniformizam-se com as terminações io e ia (átonas), em vez de eo
e ea, os substantivos que constituem variações, obtidas por ampliação, de
outros substantivos terminados em vogal: cúmio (popular), de cume; hástia,
de haste; réstia, do antigo reste; véstia, de veste.
e) Os verbos em ear podem se distinguir praticamente, em grande
número de vezes, dos verbos em iar, quer pela formação, quer pela conjugação e formação ao mesmo tempo. Estão no primeiro caso todos os verbos
que se prendem a substantivos em eio ou eia (sejam formados em português
ou venham já do latim). Assim se regulam: aldear, por aldeia; alhear, por
alheio; cear por ceia; encadear por cadeia; pear, por peia etc. Estão no segundo caso todos os verbos que têm normalmente flexões rizotônicas1 em
eio, eias, eia etc.: apear (apeio, apeias, apeia, apeiam, apeies, apeiem),
campear (campeio, campeias, cameia, campiam, campeie, campeies, campeie, campeiem), cerceara, chulear, clarear (clareio, clareias, clareia), debrear, delinear (delineio, delineias, delineia), devanear (devaneio, devaneias, devaneia), encadear, entremear, estrear, falsear (falseio, falseias, falseia), frear, granjear (granjeio, granjeias, granjeia), guerrear (guerreio,
guerreias, guerreia), hastear (hasteio, hasteias, hasteia), idear, manusear,
nomear (nomeio, nomeias, nomeia), ombrear, passear, recrear, regatear,
relancear, romancear, sanear, sapatear, semear (semeio, semeias, semeia)
sestear, sortear, tontear, vaguear etc. Existem, no entanto, verbos em iar2,
ligados a substantivos com as terminações átonas ia ou io, que admitem variantes na conjugação: negoceio ou negocio (conferir negócio); premeio ou
premio (conferir prêmio) etc.3
Lembre-se de que a vogal de ligação palatal é -i-, que dá a variante de sufixo: -ada > -iada, -al > -ial, ano > -iano, -ense > -iense, -ola > -iola etc. Escreva-se, portanto, -iano, com i, vogal de ligação, que toma o lugar da vogal átona da palavra base ou primitiva. (Cf. LUFT, 2002, p. 29)
Há umas dez palavras que fazem exceção, quando o radical termina em e tônico (-e do radical + -ano
sufixo): Daomé + ano > daomeano; Taubaté + ano > taubateano; Tietê + ano > tieteano; Coreia + ano >
coreano, Pompeia + ano > pompeano; Crimeia + ano > crimeano; traqueia + ano > traqueano; Lineu
(Linné) > Lineano; Montevidéu > montevideano; várzea (varze-) > varzeano etc. (Cf. LUFT, 2002, p. 25)
Flexão rizotônica é a forma verbal em que a sílaba tônica está no radical. (Confira AZEREDO, 2008,
p. 30)
1
Bechara (2008a, p. 80) ensina que, embora alguns verbos como licenciar, negociar, premiar e sentenciar sejam abundantes em algumas formas dialetais nas formas rizotônicas, para a norma culta brasileira
deverão seguir o padrão de adiar.
2
3 No
Brasil, é prestigiada a grafia com i, enquanto, em Portugal, há oscilação entre as duas.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
f) Não é lícito o emprego do u final átono em palavras de origem latina1. Escrevem-se, por isso: moto, em vez de mótu (por exemplo, na expressão de moto próprio); tribo, em vez de tribu.
g) Os verbos em oar se distinguem praticamente dos verbos em uar
pela sua conjugação nas formas rizotônicas, que têm sempre o na sílaba
acentuada: abençoar com o, como abençoo, abençoas etc.; destoar, com o,
como destoo, destoas etc.; mas acentuar, com u, como acentuo, acentuas
etc.
Como nos lembra Domício, “Os verbos mediar, ansiar, remediar, incendiar, odiar escrevem-se com e
quando o acento tônico recai no radical (formas rizotônicas). Quando cai fora do radical (formas arrizotônicas), mantém-se o i: Incendeio de expectativa. Odeio-me por tanto amor. Não odeie: ame. Ansiamos
por sua vinda.” (PROENÇA FILHO, 2009, p. 46)
Também não se justifica ortografia diferente para a palavra “banto”, que alguns teimam em escrever
“bântu” ou “bantu”, por uma deficiente interpretação etimológica.
1
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
EXERCÍCIOS DE ORTOGRAFIA
5) Empregue, no espaço em branco, e ou i, conforme convier:
1. Trajava um terno de cas__mira.
2. Os amigos alarde__aram a vitória antes do tempo.
3. As respostas não foram __gua__s.
4. Os qu__sitos foram quas__ todos resolvidos.
5. Tiradentes foi vítima de d__lação.
6. Gostei da blusa __ncarnada.
7. O professor comparava o crân__o humano com o dos outros animais.
8. O carro queimava bastante ól__o.
9. O criado pediu d__spensa do serviço.
10. Sentia arr__pios de frio.
11. Sábado haverá festa de cum__eira.
12. Tinham arr__ado a bandeira às seis horas.
13. Admirava a primeira ár__a da ópera.
14. O secretário d__f__riu o abaixo-assinado.
15. As opiniões pouco d__feriam do que eu havia prenunciado.
16. O elogio foi um escárn__o à opinião pública.
17. O Correio Aér__o muito tem trabalhado para a Pátria.
18. Os garotos brincavam no corr__mão da escada enquanto eu os esperava no pát__o.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
19. Inaugurou-se outro baln__ár__o.
20. Tais ideias ainda estavam __ncubadas.
21. O caso foi de arr__piar os cabelos.
22. Onde está a chave da d__spensa?
23. A c__r__mônia foi belíssima.
24. A um__dade fez um__decer a parede.
25. Os exercícios estão quas__ prontos, mas não a d__scrição.
26. Bem podia d__scorrer sobre outros assuntos.
27. Os comentários não passaram de uma d__famação criminosa.
28. Desempenhou-se bem da __ncumbência.
29. O professor mandou calcular a ár__a do quadrado.
30. As roupas estavam secando na ár__a.
31. O candidato vai d__sfrutar de excelente bolsa de estudos.
32. Nem todos os qu__sitos da prova foram fáceis.
33. Morava no andar térr__o.
34. O resfriado estava __ncubado.
35. A missa foi celebrada pelo card__al.
6) Empregue, no espaço em branco, o ou u, de acordo com o caso:
1. A notícia ainda não vei__.
2. Dizem que o garoto eng__li__ o botão.
3. Nas feiras há muita b__giganga.
4. O inseto pir__etou e foi cair adiante.
5. O inverno atacava-lhe a sin__site.
6. A praça reg__rgitava de gente.
7. A búss__la foi uma notável invenção.
8. A igreja pedia ób__l__ para terminar sua construção.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
9. A criada começou a t__ssir.
10. O guerreiro voltou à trib__.
11. Por morar na ilha, tinha o apelido de ins__lano.
12. Ainda não ficara bom da __rticária.
13. Man__el feriu-se com a táb__a.
14. Ficou doente à míng__a de recursos.
15. Não pôde eng__lir a píl__la.
16. Quando bebia água, ouvia-se um r__ído na g__ela.
17. O carv__eiro andara meia lég__a.
18. Não tit__beou na resposta.
19. Vendiam-se t__m__los nas esquinas.
6-a) Qual a alternativa em que uma das palavras destoa das demais quanto
ao uso de ―e‖ ou ―i‖ átono?
a) aqueduto, desfrutar, campeão, descortinar, intrínseco;
b) afoguear, bruxulear, cardeais (pontos), conveniente, entonação;
c) linear, acarear, bandear, areento, viado (homossexual);
d) cumeeira, emergir (para fora), genealogia, magoe;
e) delação (denúncia), encabular, hastear, mexerico, manusear.
6-b) Qual a alternativa em que uma das palavras destoa das demais quanto
ao uso de ―e‖ ou ―i‖ átono?
a) açoriano, bocagiano, criação, alumiar, dentrifício;
b) alvinegro, camionete, diante, antipatia, Casimiro;
c) cordial, corrimão, duriense, imbuir, labirinto;
d) esquisito, extasiar, inculcar, influir, míssil;
e) inteligível, murmúrio, pátio, penicilina, verossímel.
6-c) Qual a alternativa em que uma das palavras destoa das demais quanto
ao uso de ―o‖ ou ―u‖ átono?
a) trampolim, óbolo, rubéola, bantu, comprimento (extensão);
b) botijão, bússola, atordoar, botequim, coruja;
c) embolia, êmbolo, molambo, costume, nódoa;
d) sotaque, goela, páscoa, patacoada, tribo;
e) cochicho, colhão, marajoara, poleiro, zoar.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
6-d) Qual a alternativa em que uma das palavras destoa das demais quanto
ao uso de ―o‖ ou ―u‖ átono?
a) abiu, acudir, cumbuca, cutia (animal) camundongo;
b) curinga (carta de baralho), chupim, cinquenta, bujão, bulir;
c) elucubração, entupir, frágua, tábua, mutuca;
d) trégua, panturilha, patuá (balaio), pirulito, roído (barulho);
e) légua, vírus, suar (transpirar), surrupiar, úvula.
6-e) Acesse o Ambiente Virtual de Aprendizagem ―Pereira‖, em
<www.ava-pereira.com.br/ava/mod/resource/view.php?id=35>, e aprenda ortografia, divertindo-se.
GABARITO DOS EXERCÍCIOS
5) 1i, 2e, 3i i, 4e e, 5e, 6e, 7i, 8e, 9i, 10e, 11e, 12i, 13i, 14e e, 15i, 16i, 17e,
18i i, 19e i, 20i, 21e, 22e, 23e i, 24i e, 25e e, 26i, 27i, 28i, 29e, 30e,
31e, 32e, 33e, 34i, 35e.
6) 1o, 2o u, 3u, 4u, 5u, 6u, 7o, 8o o, 9o, 10o, 11u, 12u, 13u u, 14u, 15o u,
16u o, 17o u, 18u, 19ú u.
6-a) c) veado (homossexual)
6-b) e) verossímil
6-c) a) banto
6-d) d) ruído (barulho)
6-e) O gabarito desta questão se encontra na mesma página virtual.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
06/05/2011 – Vogais nasais, ditongos, acento grave, trema, apóstrofo e supressão de acento em palavras derivadas e (p. 57-62, 79-83, 99-102, 130,
131 e 134)
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
DAS VOGAIS NASAIS
Na representação das vogais nasais devem ser observados os seguintes preceitos:
1º) Quando uma vogal nasal ocorre em fim de palavra, ou em fim de
elemento seguido de hífen, representa-se a nasalidade pelo til, se essa vogal
é de timbre a. Exemplos: acauã, afã, afegã, albarrã, alemã, alvarrã, amã,
anã, arapuã, arimã, assuã, avelã, azã, balangandã, bambambã, barregã,
bataclã, cã, cafetã, cancã, carapanã, castelã, catamarã, cauã, clã, cordobã,
cortesã, curimã, curimatã, divã, dólmã, elã, eletroímã, fã, galã, grã, GrãBretanha, hortelã, ímã, iansã, irã, irapuã, irmã, islã, itã, itapuã, jaçanã, lã,
leviatã, maçã, maracanã, marrã, nambuxintã, nhambuxintã, ogã, órfã, orleã, pã, panapanã, peã, pecã, picumã, pocã, quartã, quintã, rã, rataplã, rolimã, romã, quartã, ramadã, sã, sã-braseiro (forma dialetal; o mesmo que
sã-brasense – de S. Brás de Alportel, ou feminino de são-brasense), sacristã, satã, sivã, suã, talibã, talismã, tantã, tecelã, terçã, titã, tobogã, tupã, vã,
xabã.
A representação pelo m ocorre quando a nasalidade possui qualquer
outro timbre e termina a palavra. Exemplos: abordagem1, aceragem2, acordeom, aipim, álbum, alecrim, alevim, algum, amarugem, amendoim, amorim, amperagem, ancoragem, anexim, angelim, anteontem, anum, aparelhagem, assim, babugem, bandolim, benjamim, barragem, bebum, bem, boletim, bom, cabotagem, Caim, camorim, capim, cauim, cem, clarim, com,
confim, contagem, coragem, cupim, cupom, curumim, desordem, diazepam,
O sufixo –agem, proveniente do do francês -age ou do provençal -aitge, e ocorre em empréstimos desses idiomas (bagagem, paisagem) e em substantivos que denotam “ação ou resultado de ação” (estiagem, estocagem) ou “coleção” (folhagem, ramagem), e é muito produtivo (Cf. HOUAISS, s.v.).
1
Em final de palavras, os dígrafos “em”, “ém” e “êm” representam graficamente o ditongo nasal /ey/:
bem, alguém, mantém, mantêm, assim como o dígrafo “am” representa o ditongo /ãw/. Na fala paulistana, as vogais nasais tônicas são quase sempre enunciadas como ditongos nasais. Exemplos: [kriãysa]
u yti] = doente, [põytu] = ponto.
2
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
dissulfiram, em, espedachim, fim, fuligem, gerzelim, hem, homem, idem,
item, jardim, jovem, latim, lobisomem, mandarim, manequim, marfim, morim, modem, nem, nuvem, ontem, ordem, outrem, pajem, pentem, pinguim,
pudim, polem, quem, réquiem, rim, ruim, sem, serafim, sim, também, tom,
totem, trem, tuim, vacum, vem, xaxim, zepelim.
Já a representação por n se dá quando a nasalidade é de timbre diverso de a e está seguida de s. Exemplos: flautins, homens, jardins, ordens, parabéns, semitons, vinténs, zunzuns.1
2º) Os vocábulos terminados em ã transmitem esta representação do
a nasal aos advérbios em mente que deles se formem, assim como a derivados em que entrem sufixos iniciados por z: alemãzinha, avelãzita, cafetãmente, castelãmente, catamarãzinha, chãmente, cortesãmente, cristãmente, irmãmente, sãmente; lãzudo, maçãzita, manhãzinha, maracanãzinho,
marrãzinha, picumãzeira, quartãmente, romãzal, romãzeira, sãmente, suãzinha, talismãzinho, tantãmente, vãmente, vilãmente.
Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 38 e 2008, p.
53):

Os dígrafos em, ém, êm, no final dos vocábulos são três formas diferentes
que representam o mesmo ditongo nasal
/: bem, alguém, mantêm etc.

No início e no meio dos vocábulos, a nasalidade se representa por m antes
de b e de p, e por n nos demais casos
mb – ambos, combate, relembro, cacimba, vislumbrar;
nc, nch, nd, nf, ng, nj, nl, nqu, nr, ns, nt, nv, nx, nz: banco, lancha, bendizer, benfeitor, sangue, injeção, conluio, benquisto, honra, mansidão,
cantar, convite, enxofre, benzer.

No português do Brasil, ocorre também a nasalização da vogal tônica, pela
consoante nasal que inicia a sílaba seguinte. Exemplos: amamos, banana,
manha, vemos, veneno, venho, mimo, menino, tinha, cômodo, Antônio, sonho, ciúme, oportuno, punho.
Alguns termos técnicos e eruditos, assim como alguns estrangeirismos comuns são escritos com a nasalidade marcada com n em final de palavra. Exemplos: abdômen, alúmen, bacon, brâman, cânion, cânon, chazan, clean, cólon, dólman, dólmen, éden, elétron, espécimen, gérmen, herôon, hífen, hímen,
ílion, ípsilon, jeton, lêucon, líquen, mácron, megaton, mícon, mórmon, náilon, nêutron, ómicron, píton,
próton, regímen, sêmen, slogan, xênon etc.
1
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
DOS DITONGOS
1º) Os ditongos orais, que tanto podem ser tônicos como átonos, distribuem-se por dois grupos gráficos principais, conforme o segundo elemento do ditongo é representado por i ou u: ai, ei, éi, ói, oi, ui; au, eu, éu, iu,
ou:
a) Ditongos representados com a semivogal 1 i: (ai, ei, éi, oi, ói, ui):
adonai, baixo, braçais, caixote, gaita, haicai, pai, papai, samurai, uai, uaiuai, confrei, deveis, eirado, frei, grei, jóquei, lei, leito, meirinho, nissei, pônei, sarnei, rei, sei, vôlei, farnéis (mas farneizinhos), alambéis, alvanéis,
alugéis, anadeis, anéis, aranzéis, baixéis, batéis, bedéis, bordéis, broquéis,
buréis, donzéis, fiéis, granéis, lauréis, motéis, novéis, painéis, papéis, quartéis, rapéis, réis, rondéis, sarapatéis, tonéis, vergéis, xairéis, boi, foi, goivar, goivo, dodói, góis, herói, anzóis, lençóis (mas lençoizinhos), acuicui,
hui!, míxui, Rui, tafuis, ui!, uivar;
b) Ditongos representados com a semivogal u: (au, eu, éu, iu, ou):
alacrau, ararau, babau, bacalhau, bacurau, berimbau, cacau, cacaueiro,
cambau, capiau, catatau, curaçau, curau, jirau, lacrau, lalau, luau, Macau,
manau, marau, mau, miau, mingau, nau, pau, pica-pau, uau!, tchau!, urutau, abreu, amorreu, apogeu, ateu, breu, caldeu, deu, endeusar, eu, europeu, galileu, hebreu, jubileu, judeu, liceu, meu, museu, plebeu, pneu, sandeu, seu, Tadeu, teu, alvanéu (variante de alvanel), céu, déu, escarcéu, ilhéu
(mas ilheuzito), labéu, léu, mastaréu, mundéu, pinéu, pitéu, pixéu, povaréu,
poviléu, réu, solidéu,tabaréu, troféu, véu, xaréu, xeréu, abiu, dábliu, floriu,
mediu, pipiu, psiu, tiziu (variante de tizio), xibiu (variante de xibio), xiu!,
chou, grou, lupacou, ou, passou, regougar.
“O termo nomeia os fonemas /w/ e /y/, orais ou nas ou nasais, quando soam, numa mesma sílaba,
apoiados numa vogal: áurea, auto, véu, viu, sou, vai, meia, oito, fui, quase, equestre, tranquilo, vão, vítreo, rói, pão, mãe, cãibra, leões, muito, enquanto, quinquênio. Observe-se que a semivogal pode ser
representada pelas letras e, i, o, u, w, y.” (Cf. PROENÇA FILHO, 2009, p. 17)
1
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Obs.: Admitem-se, todavia, excepcionalmente, à parte destes dois grupos,
os ditongos grafados ae (= âi ou ai) e ao (âu ou au): o primeiro, representado nos antropônimos Caetano e Caetana, assim como nos respectivos derivados e compostos (caetaninha, são-caetano etc.); o segundo, representado
nas combinações da preposição a com as formas masculinas do artigo ou
pronome demonstrativo o, ou seja, ao e aos.
2º) Cumpre fixar, a propósito dos ditongos orais, os seguintes preceitos particulares:
a) É o ditongo grafado ui, e não a sequência vocálica grafada ue, que
se emprega nas formas de 2ª e 3ª pessoas do singular do presente do indicativo e igualmente na 2ª pessoa do singular do imperativo dos verbos em uir:
constituis, influi, retribui. Harmonizam-se, portanto, essas formas com todos os casos de ditongo grafado ui de sílaba final ou fim de palavra (azuis,
fui, Guardafui, Rui etc.); e ficam assim em paralelo gráfico-fonético com as
formas de 2ª e 3ª pessoas do singular do presente do indicativo e de 2ª pessoa do singular do imperativo dos verbos em air e em oer: atrais (de atrair), cai (de cair), sai (de sair), móis (de moer), remói (de remoer), sói (de
soer);
b) É o ditongo grafado ui que representa sempre, em palavras de origem latina, a união de um u a um i átono seguinte. Não divergem, portanto,
formas como fluido de formas como gratuito. Isso não impede que nos derivados de formas daquele tipo as vogais grafadas u e i se separem: fluídico,
fluidez (u-i).
c) Além dos ditongos orais propriamente ditos, os quais são todos
decrescentes, admite-se, como é sabido, a existência de ditongos crescentes.1 Podem considerar-se no número deles as sequências vocálicas póstônicas2, como as representadas graficamente por ea, eo, ia, ie, io, oa, ua,
ue, uo: acácia, Adélia, acédio, áurea, aéreo, alféloa, alvéloa, amêndoa,
Na verdade, o chamado ditongo crescente é uma variante fonética (ou alofone) do hiato em encontros
vocálicos instáveis. Tanto que, quando isto ocorre no final de palavra, cria-se o chamado proparoxítono
aparente ou eventual. Só se encontram ditongos crescentes, regularmente, quando a semivogal é representada pela letra “u” depois de “q” ou “g” (velares), caso em que não formam dígrafos. Exemplos: água,
aquário, lingueta, sequela, linguiça, tranquilo, ambíguo, quociente.
1
Observe-se que as palavras pré-tônico, pós-tônico e suas flexões ainda podem ser escritas também
sem a hifenização (pretônico, postônico etc.), visto que não se distinguem foneticamente em algumas
regiões, inclusive no Brasil, sendo assegurada a dupla grafia pela 5ª edição do VOLP (Cf. Academia,
2009, s.v.).
2
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
abútua, água, ambígua, ânuo, árduo, balbúrdia, barbárie, biênio, begoniácea, balneáreo, bilíngue, Califórnia, calúnia, calvície, cárie, cálcio, côdea,
calcáreo, córnea, côngrua, côngruo, contíguo, contínua, contínuo, Dácia,
desmaio, desperdício, drágea, Emília, efígie, éreo, égua, espádua, espécie,
esteio, estátua, enxágue, exíguo, fátuo, Felícia, feio, férrea, frágua, gávea,
gênio, glúteo, hemácia, hélio, herbóreo, ígnea, imbuia, insígnia, imundície,
íngua, indivíduo, iníquo, ingênuo, jíbóia, kírie, lábio, língua, maio, láctea,
longínquo, máfia, mágoa, mélroa, mênstruo, míngua, mútuo, náusea, notícia, núncio, ócio, óleo, orquídea, oblíquo, paródia, paróquia, páscoa, póvoa, perpétuo, planície, progênie, precário, profícuo, promíscuo, querência,
quéchua, régia, régio, rósea, régua, saia, sósia, série, sério, superfície, tábua, tramoia, tempérie, tênue, trapézio, trégua, tríduo, trilíngue, úmbria,
universitário, vaia, voluntário, várzea, zagaia, zircônio.
3º) Os ditongos nasais, que na sua maioria tanto podem ser tônicos
como átonos, pertencem graficamente a dois tipos fundamentais: ditongos
representados por vogal com til e semivogal1; ditongos representados por
uma vogal seguida de m2. Eis a indicação de uns e outros:
a) Os ditongos representados por vogal com til e semivogal são quatro, considerando-se apenas a língua padrão contemporânea:
i) ãe (usado em vocábulos oxítonos e derivados): alemães, bastiães,
cães, Guimarães, mãe, Magalhães, mãezinha, pães;
ii) ãi (usado em vocábulos anoxítonos e derivados): ãatá, cãibas,
cãibeiro, cãibo, cãibra (ou câimbra), cãibro, tucumãí, zãibo;
Semivogal é o i ou o u que vem depois de uma vogal na mesma sílaba, formando o ditongo. Quando
ocorre o chamado “ditongo crescente”, esse elemento vocálico que antecede a vogal base da sílaba
nesse encontro vocálico instável costuma ser denominado semiconsoante, visto que a semivogal nunca
pode ser a base da sílaba.
1
Com exceção dos ditongos crescentes em sílabas iniciadas pelas letras “q” ou “g”, em “gua”, “gue”, “gui”,
“guo”, “qua”, “que”, “qui”, “quo”, todos os demais são encontros vocálicos instáveis (ora ditongos, ora hiatos). Por isto, podemos afirmar que esses elementos são semiconsoantes e não semivogais. A semiconsoante está sempre à esquerda da vogal base e pode formar os chamados ditongos crescentes. A semivogal, rigorosamente, está à direita da vogal base e não se separa dela para formar outra sílaba.
As letras m e n que seguem as vogais, na mesma sílaba, (andam, bambu, em, jovens, parabéns, vendem) não são consoantes, mas meras marcas de nasalidade. São consoantes apenas quando iniciam
as sílabas (bacana, Ibama, seremos, sereno, rama, rema, rima, Roma, ruma, sana, sena, sina, sono,
suna), e, nestes casos, ocorre regularmente a nasalização nas vogais tônicas, no português do Brasil.
Vogais átonas seguidas de sílabas iniciadas com as consoantes m ou n se nasalizam em algumas pronúncias regionais do Brasil.
2
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
iii) ão: abdicação, ablução, bênçãos, brão, canção, mão, demolição,
então, fanfarrão, garanhão, homenzarrãos, ignição, junção, ladrão, mãozinha, não, opção, padrão, refrão, quão, redenção, sótão, sotãozinho, tão,
união, vão, xingação, zângão, zarcão;
iv) õe: abdicações, abluções, bobões, Camões, fogões, gabões, gibões, guarnições, indicações, junções, locuções, mutirões, noções, orações,
oraçõezinhas, põe, repões, rincões, sabões, trovões, vulcões.
Ao lado de tais ditongos pode, por exemplo, ser colocado o ditongo
/ũy/; mas este, embora se exemplifique numa forma popular como /rũy/ =
ruim, é representado sem o til nas formas muito e mui, por obediência à tradição.
b) Os ditongos representados por uma vogal seguida de m são dois:
am e em. Divergem, porém, nos seus empregos:
i) am (sempre átono) só é empregado em flexões verbais:1 amam,
amavam, amaram, amariam, deviam, deveram, deveriam, devam, escreviam, escreveram, escreveriam, escrevam, punham, puseram, poriam, ponham;
ii) em (tônico ou átono) é empregado em palavras de categorias morfológicas diversas, incluindo flexões verbais, e pode apresentar variantes
gráficas determinadas pela posição, pela acentuação ou, simultaneamente,
pela posição e pela acentuação:2 bem, Bembom, Bemposta, cem, devem, fazem, nem, quem, sem, tem, virgem, Bencanta, Benfeito, Benfica, benquisto,
bens, enfim, enquanto, homenzarrão, homenzinho, nuvenzinha, tens, virgens, amém (variação de ámen), armazém, convém, mantém, ninguém, porém, Santarém, também, convêm, mantêm, têm (plural), armazéns, desdéns,
convéns, reténs, belenzada (tentativa de golpe de Estado em Portugal), vintenzinho.
1 Com
isto, desaprova-se a variante Estevam do antropônimo Estêvão.
didongo /~ey/ pode ser escrito com en, quando seguido de consoante não bilabial (encarco, endireitar,
enfado, engolir, enjoar, enlatar, enquadrar, enroscar, ensino, entulho, enviuvar, enxaguar, enzinabrado,
bens), com én ou ên, quando tônico em última ou antepenúltima sílaba de palavras não monossilábicas,
cuja acentuação gráfica se justificar por qualquer uma das regras específicas, quando seguidas das referidas consoantes não bilabiais (parabéns, sequência, pênsil etc.), ou ainda com ém ou êm, nas situações em que a acentuação gráfica for recomendada (além, convém, vêm, convêm).
2O
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
DO EMPREGO DO ACENTO GRAVE
1º) Emprega-se o acento grave1:
a) Na contração da preposição a com as formas femininas do artigo
ou pronome demonstrativo a: à (de a+a), às (de a+as) (Exemplos: Vou à cidade. Irei às lojas de utilidades. Buscava o retorno à antiga infância e juventude. Não, não se referia a esta senhora, mas à que foi sua vizinha. Não estou aludindo a esta cidade, mas à que guardo na minha lembrança de menino.);
b) Na contração da preposição a com os demonstrativos aquele,
aquela, aqueles, aquelas e aquilo, ou ainda da mesma preposição com os
compostos aqueloutro e suas flexões: àquele(s), àquela(s), àquilo; àqueloutro(s), àqueloutra(s).2 (Exemplos: No encontro com velhos conhecidos, referiu-se àquela jovem que havia conhecido menino. Dirigiu-se, então, àquele senhor que sabia velho dono da farmácia. Referiu-se a isto e àquilo, sem
deixar claro o seu pensamento.)
1
O fato de ser utilizado o acento grave principalmente para
O professor Evanildo Bechara recomenda que também se use o acento grave nas locuções constituídas da preposição a seguida de substantivo feminino, em casos como barco à vela, desenhar à mão,
ensino à distância, escrever à máquina, venda à vista etc., principalmente nas situações em que a frase
se tornar ambígua. (Confira BECHARA, 2008, p. 85). Confira também o capítulo sobre a CRASE, do livro
do professor Adriano da Gama Kury, disponível em http://www.filologia.org.br/textos/crase.pdf.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
EXERCÍCIOS SOBRE O USO DO ACENTO GRAVE1
1) ―... no tocante à correção gramatical...‖
O uso do acento indicativo de crase se justifica, nesse caso, por:
a) ser correção uma palavra feminina;
b) marcar a junção de preposição e artigo;
c) estar numa locução adverbial;
d) indicar a contração de preposição e demonstrativo;
e) fazer parte de uma locução prepositiva.
2) ―...cidadelas à margem do tecido urbano...‖
Que regra a seguir justifica o emprego do acento grave indicativo da crase
na fras destacada?
a) o termo antecedente exige, por sua regência, a preposição e o termo consequente admite o artigo a;
b) nas locuções adverbiais formadas com palavras femininas;
c) nas locuções prepositivas formadas com palavras femininas;
d) nas locuções conjuntivas formadas com palavras femininas;
e) nas combinações da preposição com o pronome demonstrativo.
3) ―__ beira do leito, assistiu __ amiga, hora __ hora, minuto __ minuto,
sempre __ espera de um milagre.‖
a) À, à, à, a, à
b) A, a, a, a, à
c) À, a, a, a, à
d) À, a, à, à, à
e) À, à, a, a, à
4) ―A matéria __ que me refiro não é aquela __ que Vossa Excelência se
referiu concernente __ diretrizes )) critério das esperas superiores.‖
a) à, à, a, à
c) a, a, a, a
b) a, à, a, à
c) à, a, a, a
e) à, à, à, a
1
As questões deste exercício foram extraídas ou adaptadas dos livros de Renato Aquino (2010,
p. 130-134 e 2010-b, p. 121-123). Para maior aprofundamento sobre a questão da crase e do
uso do acento grave, consulte o capítulo sobre CRASE, de autoria do professor Adriano da
Gama Kury, disponível na página http://www.filologia.org.br/textos/crase.pdf
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
5) Aponte a frase em que não se admite o acento grave.
a) Solicitei ajuda à base.
d) O criminoso resistiu à prisão
b) Alberto viajará à Turquia.
e) Fui à feira.
c) O barco nos levará à alguma ilha.
6) Assinale a alternativa abaixo que, em sequência, preenche corretamente as lacunas das seguintes frases:
Devo obediência ______ professor.
Não fiz referência _______.
Os alunos estavam presentes _______ acontecimentos.
Continuaremos fiéis _______ que são os nossos amigos.
a) àquele, àquilo, àqueles, àqueles
b) àquele, aquilo, aqueles, àqueles
c) aquele, aquilo, aqueles, aqueles
d) àquele, aquilo, aqueles, aqueles
e) aquele, aquilo, àqueles, aqueles
7) Assinale a frase com erro no uso do acento grave.
a) Quando fores à Suíça, procura-me.
b) Ele vivia à custa do tio.
c) Darei o recado à essa vizinha.
d) Eis a menina a quem me referi.
e) Os marinheiros já foram todos a terra.
8) Assinale a frase correta quanto ao uso do acento grave.
a) Fui à casa e voltei logo.
b) Quero tudo as claras.
d) Não fiz alusão à V. Sa.
c) O carro entro à esquerda.
e) Íamos lá as vezes.
9) Assinale a opção que preenche corretamente o texto a seguir, quanto ao
emprego do acento grave.
―Em virtude de investigações psicológicas __ que me referi, nota-se crescente aceitação de que é prciso pôr termo __ indulgência e __ inação com
que temos assistido __ escalada da pornoviolência.‖ (S. Pfromm)
a) à, a, à, a
b) a, à, à, à
c) a, a, a, a
d) à, à, a, a
e) a, à, a, a
10) Assinale a opção que preenche corretamente, quanto ao emprego do sinal indicativo de crase, o texto a seguir
―__ dimensão da aventura acrescentamos __ tecnologia do nosso século,
mas falta __ muitos de nós o gosto por inventar; falta _______ que inventa
__ ideologia do futuro.‖
a) À, a, a, àquele, a
b) A, à, a, àquele, à
c) À, a, à, àquele, a
d) A, a, à, àquele, a e) À, a, à, aquele, à
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11) Assinale o emprego facultativo do acento grave.
a) Antônio declarou-se à Catolina.
b) Estiveste à espera do mensageiro?
c) Serás digno, à medida que pacificares a ti mesmo.
d) Ninguém irá à Penha.
e) Sejamos úteis à sociedade.
12) Assinale o erro no emprego do acento grave.
a) O funcionário se dirigiu à tesouraria.
b) Fizemos referência à época em que ele vivia
d) Fui à cidade ontem.
c) Iremos todos à pé.
13) Assinale o erro no emprego ou não do acento grave.
a) Fui à Copacabana.
d) Passearemos a cavalo.
e) Iria a Portugal.
c) Estava à beira de um colapso.
e) Todos se dirigiam à tesouraria.
14) Assinale o erro no uso do acento grave.
a) Chegarei logo à cidade.
b) Tânia, à qual deram o prêmio, é muito esforçada.
c) Esta camisa é inferior à que você comprou.
d) Eu não disso isso a Juliana.
e) Isto me cheira à ironia.
15) Assinale o exemplo em que o acento grave indicador de crase é facultativo.
a) Encaminhou-se à secretaria.
b) Estão indo até à porta.
c) Alfredo perdoou à irmã.
d) Foram levados à força.
e) Ficamos à frente de todos.
16) Complete a frase e marque a alternativa correspondente.
―Chegou __ quatro horas e não sabia __ quem recorrer.‖
a) às, à
b) as, a
d) as, à
c) às, a
17) Complete as lacunas:
Dei um livro __ ela. Chegaremos logo __ Brasília. Não vá __ cozinha.
a) a, a, à
b) a, à, a
c) à, a, à
d) a, a, a
e) à, à, à
18) Complete e anote a opção correspondente.
―Diga ______ pessoa que, __ essa hora, estávamos indo __ farmácia.‖
a) àquela, à, à
b) aquela, a, a
c) aquela, à, a
d) àquela, a, à
19) Está errado o uso do acento grave em:
a) Ele já se acostumou à doença.
Só falava à pessoas sensatas.
c) Àquela hora, todos tinham saído.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
d) Fiz menção à que ficou na prateleira.
e) Aspiremos à paz interior, para que o mundo melhore.
20) Há erro de acentuação gráfica na frase seguinte:
a) Viajaremos à Bahia ainda neste mês.
b) Fui enviado à Itália para resolver a questão.
c) Indo à Paraíba, visite meus avós.
d) Ninguém foi à Cuiabá.
21) Há erro de uso do acento grave.
a) Chegou à noite.
c) A garota disse a verdade à prima.
b) Chegou a noite. d) A garota disse a verdade à uma tia que viu.
22) Há erro de uso do acento grave.
c) Sou avesso a bobagens.
a) Isto me cheira à trapaça.
b) Estávamos a conversar.
d) Fiquei à distância de dez metros.
23) Há erro de uso do acento grave.
a) Os marinheiros não mais irão à terra.
c) Só falava à pessoas de bom senso.
d) Usava um chapéu a Lampião.
b) Ele iria a casa depois.
24) Indique a letra em que os termos preenchem corretamente, pela ordem,
as lacunas do trecho dado.
―Assustada __ família com os versos em que o via sempre ocupado, foi reclamar ao grande mestre que não o via estudar em casa, ao que lhe foi respondido que __ sua assiduidade e aplicação __ aulas nada deixavam __ desejar. Era o que bastava e daí por diante continuou tranquilo a ler e fazer
versos...‖ (Francisco Venâncio Filho)
b) a, à, às, a
c) a, a, às, a
a) à, a, as, à
d) à, a, as, à
e) à, à, às, a
25) Indique a sequência que preenche corretamente as lacunas.
―Desde a Declaração dos Direitos da ONU, em 1948, __ expressão ―direitos humanos‖ compreende pelo menos três tipos de direitos: a) os direitos e
liberdades civis; b) direito de participação política por meio da escolha de
representantes; e c) direitos econômicos e sociais. Essa última categoria de
direitos humanos é __ mais recente das três citadas e tem como exemplos o
direito ao trabalho, o direito __ previdência social, o direito __ uma renda
mínima e o direito __ educação entre outros.‖
a) à, à, a, a, à
c) a, a, à, à, a
b) a, à, a, à, à
d) a, a, à, à, à
e) a, a, à, a, à
26) Marque a opção em que o acento grave não é facultativo, para indicação de crase. Ou seja, quando ele é obrigatório.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
a) Meu amigo se declarou à Joana.
b) Alguém irá até à praça.
c) Pedi ajuda à mulher.
d) Pedi ajuda à sua colega.
27) Marque a opção que apresenta o emprego incorreto do acento grave.
a) O recurso falhou quanto à instruções contidas no RIISTJ.
b) Não procedeu à demonstração analítica das circunstâncias.
c) Isto é imprescindível à caracterização do dissídio jurisprudencial.
d) Não conheço do recurso pela pretendida violação à alínea c.
e) Nego provimento à apelação.
28) Marque o erro no emprego do acento grave.
a) Chegamos à ilha ao anoitecer.
b) Entreguei à médica o resultado dos exames.
c) Ele foi levado à alguma livraria.
d) Graças a você não fui atropelado
29) Não há erro de uso do acento grave em:
a) Ela quer ir à Volta Redonda.
b) Estava lá desde às sete da noite
c) A sala à que me dirigi era espaçosa.
d) Encontrei lá um garoto à ler uma revista.
e) Usava cabelos à principe Danilo.
30) Observe as frases:
I – Não se referiram a qualquer reforma mas à de 1971.
II – À língua deve-se querer como à pátria.
III – Azálea está passando à azaleia.
IV – A discussão era à propósito de reformas ortográficas.
A ocorrência de crase está corretamente indicada:
b) somente na I e na IV
a) somente na I e na II
c) somente na II e na III
d) somente na II e na IV
e) somente na III e na IV
31) Preencha as lacunas da frase abaixo e assinale a alternativa correta.
―Comunicamos __ V. Sa. que encaminhamos __ petição anexa __ Divisão
de Fiscalização que está apta __ prestar __ informações solicitadas.‖
a) à, a, à, a, às
b) a, a, à, a, as
c) a, à, a, à, as
d) à, à, a, à, às
e) à, a, à, à, as
32) Preencha as lacunas e marque a opção adequada.
―Fizemos tudo __ claras e, __ noite, estávamos __ frente da casa.‖
b) às, a, a
c) as, à, à
d) às, à, a
a) às, à, à
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33) Quantos acentos graves devem ser usados na frase: ―A tarde, fui a pensão e pedi a cozinheira um cozido a brasileira‖?
a) dois
b) um c) quatro
d) três e) nenhum
34) Quantos acentos graves há na frase: ―A noite, indo a casa do diretor,
consegui as informações a que te referiste‖?
a) três
b) dois
c) quatro
d) um
e) nenhum
35) Só está correta quanto ao uso do acento grve a seguinte frase:
a) Ele se dirigiu a que estava no balcão.
b) A sala a que ele se dirigiu é bem iluminada.
c) Falava à respeito de futebol.
d) As vezes ficávamos sozinhos.
36) Só não há erro de acentuação em:
a) Minha filha, vamos àquela praça. b) Eles ficaram cara à cara.
c) Já estava à par de tudo.
d) Fiz compras à granel.
e) Marcos estudou a beça.
37) Só não há erro de acentuação em:
b) Não fales assim aquela senhora
a) Obedeçam as leis.
c) Fiquei a chorar.
d) O homem caminhava as cegas.
e) Eles voltaria à uma.
38) Só não ha erro de uso do acento grave em:
a) Expliquei à você o ocorrido.
d) Irei à Paris.
b) O aborrecimento é prejudicial à todos.
e) Estimo a colega.
c) Candidatou-se à vereadora.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
DA SUPRESSÃO DOS ACENTOS
EM PALAVRAS DERIVADAS1
1º) Nos advérbios em mente, derivados de adjetivos com acento
agudo ou circunflexo, estes são suprimidos: avidamente (de ávida), debilmente (de débil), facilmente (de fácil), habilmente (de hábil), ingenuamente
(de ingênua), lucidamente (de lúcida), mamente (de má), somente (de só),
unicamente (de única) etc.; candidamente (de cândida), cortesmente (de
cortês), dinamicamente (de dinâmica), espontaneamente (de espontânea),
portuguesmente (de português), romanticamente (de romântica).
2º) Nas palavras derivadas que contêm sufixos iniciados por z e cujas
formas de base apresentam vogal tônica com acento agudo ou circunflexo,
estes são suprimidos: aneizinhos (de anéis), avozinha (de avó), bebezito (de
bebé), cafezada (de café), chapeuzinho (de chapéu), chazeiro (de chá), heroizito (de herói), ilheuzito (de ilhéu), mazinha (de má), orfãozinho (de órfão), vintenzito (de vintém) etc.; avozinho (de avô), bençãozinha (de bênção), lampadazita (de lâmpada), pessegozito (de pêssego).
1 Esta
regra ortográfica já vigora no Brasil desde 1971, quando a Lei nº 5.765 determina que "fica abolido
o trema nos hiatos átonos; o acento circunflexo diferencial na letra e e na letra o da sílaba tônica das palavras homógrafas de outras em que são abertas a letra e e a letra o, exceção feita da forma pôde, que
se acentuará em oposição a pode; o acento circunflexo e o grave com que se assinala a sílaba subtônica dos vocábulos derivados em que figura o sufixo mente ou sufixos iniciados por z"; e em Portugal desde 1973. Todas essas palavras derivadas com os sufixos –mente, zinho, zito, zal etc. estão entre as que
dispensam acentuação gráfica, de acordo com as regras gerais das paroxítonas e das oxítonas.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
DO TREMA
O trema, sinal de diérese, é inteiramente suprimido em palavras portuguesas ou aportuguesadas. Nem sequer se emprega na poesia, mesmo que
haja separação de duas vogais que normalmente formam ditongo: saudade,
e não saüdade, ainda que tetrassílabo; saudar, e não saüdar, ainda que trissílabo etc.
Em virtude desta supressão, abstrai-se de sinal especial, quer para
distinguir, em sílaba átona, um i ou um u de uma vogal da sílaba anterior,
quer para distinguir, também em sílaba átona1, um i ou um u de um ditongo
precedente, quer para distinguir, em sílaba tônica ou átona, o u de gu ou de
qu de um e ou i seguintes: arruinar, constituiria, depoimento, esmiuçar,
faiscar, faulhar, oleicultura, paraibano, reunião; abaiucado, auiqui, caiuá,
cauixi, piauiense; adeque, ambiguidade, apazígue, aguentar, anguiforme,
arguir, bilíngue, cinquenta, consequente, delinquente, delinquir, deságue,
eloquente, enxágue, equestre, equidade, frequentar, frequente, iniquidade,
lingueta, linguista, linguístico; marigui, oblíque, sagui, retorquir, sanguíneo, tranquilo, ubiquidade, unguento.
Obs.: Conserva-se, no entanto, o trema, de acordo com a Base I, 3º, em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros: hübneriano, de Hübner,
mülleriano, de Müller etc.
1 Veja-se
a referência ao trema na nota anterior: "fica abolido o trema nos hiatos átonos".
Este registro abolia o trema permitido na observação 2ª, alínea 12ª, tópico "Acentuação Gráfica" das
"Instruções para a Organização do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa", ónde se lê: "É lícito o
emprego do trema quando se quer indicar que um encontro de vogais não forma ditongo, mas hiato:
saüdade, vaïdade (com quatro sílabas) etc."
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
EXPLICAÇÃO
7.2. Abolição do trema (Base XIV)
No Brasil, só com a Lei nº 5.765, de 18 de dezembro de 1971, o emprego de trema foi largamente restringido, ficando apenas reservado às sequências gu e qu prepostas a e ou i, nas quais o u se pronuncia (conferir
aguentar, aguente, eloquente, equestre etc.).
O novo texto ortográfico propõe a supressão completa do trema, já
acolhida, aliás, no Acordo de 1986, embora não figurasse explicitamente
nas respectivas bases. A única ressalva, neste aspecto, diz respeito a palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros com trema (conferir mülleriano, de Müller etc.).
Generalizar a supressão do trema é eliminar mais um fator que perturba a unificação da ortografia portuguesa, visto que, fora do Brasil, ela já
ocorre desde 1945, em todo o domínio da língua portuguesa.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
DO APÓSTROFO
1º) São os seguintes os casos de emprego do apóstrofo:
a) Faz-se uso do apóstrofo para separar graficamente uma contração
ou aglutinação1 vocabular, quando um elemento ou fração respectiva pertence propriamente a um conjunto vocabular distinto: d‘Os Lusíadas, d‘Os
Sertões; n‘Os Lusíadas, n‘Os Sertões; pel‘Os Lusíadas, pel‘Os Sertões. Nada obsta, contudo, a que estas escritas sejam substituídas por empregos de
preposições íntegras, se o exigir razão especial de clareza, expressividade
ou ênfase: de Os Lusíadas, em Os Lusíadas, por Os Lusíadas etc.
As divisões indicadas são análogas às dissoluções gráficas que se fazem, embora sem emprego do apóstrofo, em combinações da preposição a
com palavras pertencentes a conjuntos vocabulares imediatos: a A Relíquia,
a Os Lusíadas (exemplos: importância atribuída a A Relíquia; recorro a Os
Lusíadas). Em tais casos, como é óbvio, entende-se que a dissolução gráfica
nunca impede na leitura a combinação fonética: a A = à, a Os = aos etc.
b) Pode ser dividida por meio do apóstrofo uma contração ou aglutinação vocabular, quando um elemento ou fração respectiva é forma pronominal e se lhe quer dar realce com o uso de maiúscula: d’Ele, n’Ele,
d’Aquele, n’Aquele, d’O, n’O, pel’O, m’O, t’O, lh’O, casos em que a segunda parte, forma masculina, é aplicável a Deus, a Jesus etc.; d’Ela, n’Ela,
d’Aquela, n’Aquela, d’A, n’A, pel’A, tu’A, t’A, lh’A, casos em que a segunda
parte, forma feminina, é aplicável à mãe de Jesus, à Providência etc. Exemplos frásicos: confiamos n’O que nos salvou; esse milagre revelou-m’O; está n’Ela a nossa esperança; pugnemos pel’A que é nossa padroeira.
Aglutinação é a perda de delimitação vocabular entre duas formas que se reúnem por composição ou
derivação e passam a constituir um único vocábulo fonético. Exemplo: aguardente (água + ardente).
(Confira AZEREDO, 2008, p. 47)
1
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
À semelhança das divisões indicadas, uma combinação da preposição a com uma forma pronominal realçada pela maiúscula pode ser dissolvida graficamente, sem o apóstrofo: a O, a Aquele, a Aquela (entendendo-se
que a dissolução gráfica nunca impede na leitura a combinação fonética: a
O = ao, a Aquela = àquela etc.). Exemplos frásicos: a O que tudo pode, a
Aquela que nos protege.
c) Emprega-se o apóstrofo nas ligações das formas santo e santa a
nomes do hagiológio1, quando importa representar a elisão2 das vogais finais o e a: Sant’Ana, Sant’Iago etc. É, pois, correto escrever: Calçada de
Sant’Ana. Rua de Sant’Ana; culto de Sant’Iago, Ordem de Sant’Iago. Mas,
se as ligações deste gênero, como é o caso destas mesmas Sant’Ana e
Sant’Iago, se tornam perfeitas unidades mórficas, os dois elementos se aglutinam: Fulano de Santana, ilhéu de Santana, Santana de Parnaíba; Fulano
de Santiago, ilha de Santiago, Santiago do Cacém.
Em paralelo com a grafia Sant’Ana e congêneres, emprega-se também o apóstrofo nas ligações de duas formas antroponímicas, quando é necessário indicar que na primeira se elide um o final: Nun’Álvares,
Pedr’Eanes.
Note-se que nos casos referidos, as escritas com apóstrofo, indicativas de elisão, não impedem, de modo algum, as escritas sem apóstrofo: Santa Ana, Nuno Álvares, Pedro Álvares etc.
d) Emprega-se o apóstrofo para assinalar, no interior de certos compostos, a elisão do e da preposição de, em combinação com substantivos:
barriga-d’água, borda-d’água, caixa-d’água, cobra-d’água, copo-d’água,
estrela-d’alva, galinha-d’água, mãe-d’água, mestre-d’armas, pau-d’água,
pau-d’alho, pau-d’arco, pau-d’óleo.3
2º) São os seguintes os casos em que não se usa o apóstrofo:
Não é admissível o uso do apóstrofo nas combinações das preposições de e em com as formas do artigo definido, com formas pronominais
1 Hagiológio
é o livro ou tratado sobre santos, ou a lista de nomes de santos. (Confira HOUAISS, 2001)
Elisão é a modificação fonética decorrente do desaparecimento da vogal final átona diante da inicial
vocálica da palavra seguinte. (Confira AZEREDO, 2008, p. 48)
2
Vale destacar que se trata de um caso em que o hífen é utilizado para ligar o primeiro elemento da
composição ao segundo, quando intermediados por conectivo. Em regra, havendo preposição entre dois
termos, a hifenização é descartada.
3
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diversas e com formas adverbiais (excetuado o que se estabelece nas alíneas
1º) a) e 1º) b)). Tais combinações são representadas:
a) Por uma só forma vocabular, se constituem, de modo fixo, uniões
perfeitas:
i) do, da, dos, das; dele, dela, deles, delas; deste, desta, destes, destas, disto; desse, dessa, desses, dessas, disso; daquele, daquela, daqueles,
daquelas, daquilo; destoutro, destoutra, destoutros, destoutras; dessoutro,
dessoutra, dessoutros, dessoutras; daqueloutro, daqueloutra, daqueloutros,
daqueloutras; daqui; daí; dali; dacolá; donde; dantes (= antigamente);
ii) no, na, nos, nas; nele, nela, neles, nelas; neste, nesta, nestes, nestas, nisto; nesse, nessa, nesses, nessas, nisso; naquele, naquela, naqueles,
naquelas, naquilo; nestoutro, nestoutra, nestoutros, nestoutras; nessoutro,
nessoutra, nessoutros, nessoutras; naqueloutro, naqueloutra, naqueloutros,
naqueloutras; num, numa, nuns, numas; noutro, noutra, noutros, noutras,
noutrem; nalgum, nalguma, nalguns, nalgumas, nalguém.
b) Por uma ou duas formas vocabulares, se não constituem, de modo
fixo, uniões perfeitas (apesar de serem correntes com esta feição em algumas pronúncias): de um, de uma, de uns, de umas, ou dum, duma, duns,
dumas; de algum, de alguma, de alguns, de algumas, de alguém, de algo, de
algures, de alhures, ou dalgum, dalguma, dalguns, dalgumas, dalguém,
dalgo, dalgures, dalhures; de outro, de outra, de outros, de outras, de outrem, de outrora, ou doutro, doutra, doutros, doutras, doutrem, doutrora;
de aquém ou daquém; de além ou dalém; de entre ou dentre.
De acordo com os exemplos deste último tipo, tanto se admite o uso
da locução adverbial de ora avante como do advérbio que representa a contração dos seus três elementos: doravante.
Obs.: Quando a preposição de se combina com as formas articulares ou
pronominais o, a, os, as, ou com quaisquer pronomes ou advérbios começados por vogal, mas acontece de essas palavras integradas estarem em construções de infinitivo, não se emprega o apóstrofo, nem se funde a preposição com a forma imediata, escrevendo-se estas duas separadamente: a fim
de ele compreender; apesar de o não ter visto; em virtude de os nossos pais
serem bondosos; o fato de o conhecer; por causa de aqui estares.1
Segundo Bechara (2008a, p. 111), “quando se trata de forma pronominal que funciona como objeto direto, a tradição da língua escrita, quer em Portugal quer no Brasil, é não se juntar a preposição ao pro1
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EXERCÍCIOS
1) Acesse o Ambiente Virtual de Aprendizagem ―Pereira‖, em <www.avapereira.com.br/ava/mod/resource/view.php?id=35>, e aprenda ortografia, divertindo-se. O gabarito desta questão se encontra na mesma página
virtual.
nome átono o, a, os, as nas circunstâncias anteriormente indicadas: apesar de o não ter visto; o fato de
o o h
”.
Há protestos de linguistas e gramáticos em relação a esta regra ortográfica, não só por normatizar em
questão de sintaxe, mas por se opor à tradição em algumas frases populares como "Chegou a hora da
onça beber água".
Tais protestos, entretanto, são inadequados, visto que as frases feitas são formas fixas da língua que
preservam hábitos linguísticos do passado ou da região em que a expressão se originou.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
13/05/2011 – O acento gráfico nas palavras oxítonas e nas palavras paroxítonas (p. 63-72, 124-131)
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA
DAS PALAVRAS OXÍTONAS
1º) Acentuam-se com acento agudo:
a) As palavras oxítonas1 terminadas nas vogais abertas grafadas a, e
ou o, seguidas ou não de s:
á(s): abadá, acolá, agá, aiatolá, Alá, amará, amarás, babá, bafafá, cá, cajá, Canadá, Corumbá, está, estás, felá, fubá, gambá, ganzá, guaraná, indaiá, já, jabá, jacá, Jacundá, jatubá, Jeová, jequitibá, jiquitibá, Jucá, manacá, madarová, mangangá, Marabá, maracujá, marajá, marandová, maricá, Maringá, olá, Pirajá, sabiá, saravá, sofá, ubá;
é(s): abaeté, abaré, acarajé, aguapé, aimoré, André, apinajé, até, Barnabé,
bidé, bofé, boné, boré, caburé, café, cafuné, canapé, caribé, chalé, chaminé,
chulé, coiné, coité, é, és, fé, filé, galé, Guiné, imbé, Itambé, Itararé, jacaré,
José, lelé, mané, maré, olé, pé, picolé, pajé, pangaré, pontapé(s), ralé, rapé,
ré, rodapé, rolé, sacolé, sé, sopé, Sumé, Tomé, tripé;
ó(s): abricó, após, avó, bisavó, bocó, caiapó, carijó, carimbó, caritó, catimbó, chororó, cipó, cotó, curió, dó, dominós, enxó, esquimó, Feijó, filó,
fiofó, forró, gogó, goró, igapó, Itororó, Jericó, jiló, Marajó, mó, mocotó,
nó, nós, paletó, pataxó, pó, pró, rococó, rondó, Seridó, só, socó, Tapajós,
timbó, toró, totó, trenó, tripó, trololó, vós, xodó.
Obs.: Em algumas palavras oxítonas terminadas em e tônico, geralmente
provenientes do francês, esta vogal, por ser articulada nas pronúncias cultas
ora como aberta ora como fechada, admite tanto o acento agudo como o circunflexo: bebé ou bebê, bidé ou bidê, canapé ou canapê, caraté ou caratê,
1 Observe
que o termo oxítonas se refere a palavras com a última sílaba mais forte, independentemente
do número de sílabas.
Na língua portuguesa, o acento gráfico marca a vogal que recebe destaque fora da posição foneticamente natural ou indica outro fato gramatical.
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croché ou crochê, guiché ou guichê, matiné ou matinê, nené ou nenê, ponjé
ou ponjê, puré ou purê, rapé ou rapê, cocó ou cocô, ró ou rô (nome da letra
grega).
São igualmente admitidas formas como judô, a par de judo, e metrô,
a par de metro.
b) As formas verbais oxítonas, quando conjugadas com os pronomes
clíticos lo(s) ou la(s), passam a terminar na vogal aberta grafada a, após a
assimilação e perda das consoantes finais grafadas r, s ou z: adorá-lo(s) [de
adorar-lo(s)], dá-la(s) [de dar-la(s) ou dá(s)-la(s) ou dá(s)-la(s)], fá-lo(s)
[de faz-lo(s)], fá-lo(s)-às [de far-lo(s)-ás], habitá-la(s)-iam [de habitarla(s)-iam], trá-la(s)-á [de trar-la(s)-á].
c) As palavras oxítonas com mais de uma sílaba terminadas no ditongo nasal grafado em (exceto as formas da 3ª pessoa do plural do presente
do indicativo dos compostos de ter e vir: advêm, provêm, retêm, sutêm etc.)
ou ens:
em: acém, advém, além, algorrém, alguém, almazém, almocadém, amém,
aquém, armazém, Belém, dalém, daquém, desdém, detém, entretém, harém,
Jerusalém, mantém, Matusalém, moquém, neném, ninguém, porém, provém,
recém, refém, retém, Santarém, santiamém, sustém, também, vaivém, vintém, Xerém.
ens: advéns, armazéns, convéns, desdéns, deténs, entreténs, haréns, intervéns, manténs, moquéns, nenéns, provéns, parabéns, reféns, reténs, sobrevéns, susténs, vinténs.
d) As palavras oxítonas com os ditongos abertos grafados éi, éu ou
ói, podendo estes dois últimos ser seguidos ou não de s:
éis: alambéis, alvanéis, alugéis, anadéis, anéis, aranzéis, baixéis, batéis,
bedéis, bordéis, broquéis, buréis, donzéis, farnéis (mas farneizinhos), fiéis,
granéis, lauréis, motéis, novéis, painéis, papéis, quartéis, rapéis, réis, rondéis, sarapatéis, tonéis, vergéis, xairéis.
éu(s): cacaréu(s), casaréu(s), céu(s), chapéu(s), déu (de déu em déu), escarcéu(s), fogaréu(s), guinéu(s), ilhéu(s), (mas ilheuzito), incréu(s), labéu(s), léu(s), mastaréu(s), mausoléu(s), mondéu(s), Montevidéu, mundéu(s), pinéu(s), pitéu(s), pixéu(s), povaréu(s), poviléu(s), réu(s), solidéu,
tabaréu(s), troféu(s), véu(s), xaréu(s), xeréu(s).
ói(s): aerosóis, anzóis, arrebóis, atóis, bemóis, bói(is), cachecóis, caracóis,
caubói(s), ceróis, condói(s), corrói(s), crisóis, dói(s), dodói(s), espanhóis,
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faróis, girassóis, Góis, herói(s), lencóis, mói(s), mongóis, motobói(s),
paióis, paróis, reinóis, remói(s), resmói(s), rói(s), rouxinóis, sói(s), taróis,
tersóis, urinóis.
2º) Acentuam-se com acento circunflexo:
a) As palavras oxítonas terminadas nas vogais fechadas que se grafam e ou o, seguidas ou não de s:
ê(s): albanês, aragonês, bambolê, bebê, bengalês, berlinês, bufê, cadê,
camponês, chinês, cortês, dê, dendê, dês (de dar), dublê, escocês, etiopês,
francês, fumê, gaulês, genovês, glacê, glicê, godê, Henê, holandês, inglês,
irlandês, Japonês, lê, lês (de ler), libanês, matinê, mercê, mês, mirandês,
montês, nenê, norueguês, pincinê, polonês, português, quedê, rês, sapê, siamês, três, vergê, você(s).
ô(s): agogô(s), avô(s), bandô(s), bisavô(s), bololô(s), camelô(s), cocô(s),
compôs, epô(s), flozô(s), gigolô(s), judô, metrô(s), nagô(s), pierrô(s), pivô(s), platô(s), popô(s), pornô(s), pôs, robô(s), sô, sumô, tarô, tataravô(s),
tetravô(s), tricô(s), trisavô(s), vô, Xangô, xô!
b) As formas verbais oxítonas, quando conjugadas com os pronomes
clíticos lo(s) ou la(s), passam a terminar nas vogais tônicas fechadas que se
grafam e ou o, após a assimilação e perda das consoantes finais grafadas r, s
ou z: adorá-lo(s) [de adorar-lo(s)], compô-la(s) [de compor-la(s)], dá-la(s)
[de dar-la(s) ou dás-la(s)], detê-lo(s) [de deter-lo-(s)], fá-lo(s)-ás [de farlo(s)-ás], fazê-la(s) [de fazer-la(s)], fê-lo(s) [de fez-lo(s)], habitá-la(s)-iam
[de habitar-la(s)-iam], pô-la(s) [de por-la(s) ou pôs-la(s)], qué-lo(s) [de
quer-lo(s)], repô-la(s) [de repor-la(s)], requé-lo(s) [de requer-lo(s)], trála(s)-á [de trar-la(s)-á], vê-la(s) [de ver-la(s)].
3º) É desnecessário acento gráfico para distinguir palavras oxítonas
homógrafas1, mas heterofônicas, do tipo de cor (ô), substantivo, e cor (ó),
elemento da locução de cor; colher (ê), verbo, e colher (é), substantivo. Excetua-se a forma verbal pôr, para distingui-la da preposição por.
1 Palavras
homógrafas são aquelas que têm a mesma grafia, mas com significados distintos. Exemplos:
cedo (advérbio) e cedo (verbo), selo (substantivo) e selo (verbo). (Confira AZEREDO, 2008, p. 38)
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DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA
DAS PALAVRAS PAROXÍTONAS
1º) As palavras paroxítonas em geral não são acentuadas graficamente:1 abençoo, angolano, avanço, brasileiro, descobrimento, enjoo, floresta,
graficamente, grave, homem, mesa, moçambicano, Tejo, vejo, velho, voo.
2º) Recebem, no entanto, acento agudo:
a) As palavras paroxítonas que apresentam, na sílaba tônica, as vogais abertas grafadas a, e, o e ainda i ou u e que terminam em l, n, r, x e ps,
assim como, salvo raras exceções, as respectivas formas do plural, algumas
das quais passam a proparoxítonas:
em l: amável (plural amáveis e mais de duas mil palavras terminadas com o
sufixo vel), Aníbal, arátel, cúmel, dócil (plural dóceis), dúctil (plural dúcteis), fóssil (plural fósseis), fúsel, guímel, níquel, réptil (plural répteis; variante reptil, plural reptis), rímel, túnel;
em n:2 acúmen, ágmen, albúmen, alúmen, antífen, áscon, bárion, bóton, cânon, Clínton, cáften, cármen (plural cármenes ou carmens; variante carme,
plural carmes), códon, cólon, crúmen, cerúmen, clicâmen, cúlmen, dólman,
dólmen (plural dólmenes ou dolmens), écran, éden (plural édenes ou edens),
élan, elétron, éon, fóton, fúlmen, gérmen, glúten, háden, hélicon, hífen, hímen, ílion, íon, lépton, léxicon, líquen (plural líquenes), lúmen (plural lúmenes ou lúmens), mácron, nécton, néon, nêutron, pécten, plúton, próton, quíton, rádon (variante rádom), sícon, tégmen, trípton, xénon;
1A
sílaba em destaque de uma palavra não monossilábica é, naturalmente, a penúltima, por isto dispensa a acentuação gráfica quando termina em a, as, e, es, o, os, em ou ens. Se a palavra terminar diferentemente, o acento natural vai para a última sílaba. Exemplos: PAROXÍTONAS: rosa, claras, dente, potes, ovo, novos, jovem, hifens; OXÍTONAS: papel, amar, telefax, telex, xerox, rapaz, manhã, alemãs,
mamão, cristãos, dispõe, limões, mamães, caqui, guaranis, nambu, obus, papai, sinais, mingau, calhaus,
troquei, dezesseis, europeu, fariseus, fugiu, pipius, depois, conclui, contribuis.
2 As
paroxítonas terminadas em ens também dispensam a acentuação gráfica.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
em r: abástor, açúcar (plural açúcares), aligátor, almíscar (plural almíscares), cadáver (plural cadáveres), caráter ou carácter (mas plural carateres
ou caracteres), ímpar (plural ímpares);
em x: ábax, ádax, Ájax, alvitórax, anticlímax, ápex, bólax, bórax, cálix,
cérvix, clímax, cóccix, códex, córdax, córtex (plural córtex; variante córtice,
plural córtices), dúplex, fênix, fórnix, hápax, hálux, hélix, hírax, índex (plural índex; variante índice, plural índices), látex, pírex, pólex, sílex, tórax
(plural tórax ou tóraxes; variante torace, plural toraces), xérox (variante de
xerox);
em ps: bíceps (plural bíceps; variante bicípite, plural bicípites), brótops,
demonórops, fórceps (plural fórceps; variante fórcipe, plural fórcipes), girínops, multíceps, tríceps.
Obs.: Muito poucas palavras deste tipo, com a vogais tônicas grafadas e e
o em fim de sílaba, seguidas das consoantes nasais grafadas m e n, apresentam oscilação de timbre nas pronúncias cultas da língua e, por conseguinte, também de acento gráfico (agudo ou circunflexo): sémen (Portugal) e sêmen (Brasil); xénon (Portugal) e xênon (Brasil); fêmur (Brasil) e
fémur (Portugal); vómer (Portugal) e vômer (Brasil); Fénix (Portugal) e
Fênix (Brasil); ónix (Portugal) e ônix (Brasil). 1
b) As palavras paroxítonas que apresentam, na sílaba tônica, as vogais abertas grafadas a, e, o e ainda i ou u e que terminam em ã(s), ão(s),
ei(s), i(s), um, uns ou us:
em ã(s): ímã(s), órfã (órfãs);
em ão(s): acórdão (acórdãos), Cristóvão, órgão (órgãos), sótão (sótãos),
órfão(s).
em ei(s): amáreis (de amar), amáveis (idem), amáveis (plural de amável),
cantaríeis (de cantar), fáceis (plural de fácil), fizéreis (de fazer), fizésseis
(idem), fósseis (plural de fóssil), hóquei, Jérsei, jóquei (jóqueis), terríveis
(plural de terrível), video;
1 Veja
outras palavras que, no português do Brasil, têm acento circunflexo nas vogais a, e e o, embora a
maioria tenha acento agudo em Protugal: abdômen, âmen, ânion, cânon, brâman, certâmen, durâmen,
forâmen, iâdon (variante de iândom), ligâmen, santiâmen, tentâmen, velâmen, alcândor, apêndix, bômbix, ônix, salônis, talâmi, tênis, ubândgis, muômium, ânus, bônus, clônus, ônus, tônus, Vênus, bênção,
Estêvão.
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em i(s): báli, beribéri, bílis (singular e plural), biquíni, cádi, áli, católi, cóli,
corônis, cúli, cúmbi, dovórni, fúndji, háji, híndi, índi, infúngi, jinvúngi, íris
(singular e plural), júri, lápis, mádi, mídi, oásis (singular e plural), óvni, páli, sífilis, tambafóli, táxi, taxifáli, uádi, uáli, uédi, vádi, váli;
em um(uns): álbum (álbuns), árum, cádmium, cécum, factótum, fórum (fóruns), lábrum, médium (médiuns), nátrium, óstium, parabélum, télum, vélum, xógum;
em us: abápus, ábus, ábsus, aeróbus, bárbus, cáctus, cárus, cítrus, crócus,
fálus, fícus, húmus (singular e plural), ítus, lócus, lótus, lúpus, málus, múnus, pínus, rébus, ríctus, sínus, tálus, trágus, úncus, vírus (singular e plural).
Obs. 1: Muito poucas paroxítonas deste tipo, com as vogais tônicas grafadas
e e o em fim de sílaba, seguidas das consoantes nasais grafadas m e n, apresentam oscilação de timbre nas pronúncias cultas da língua, o que é assinalado com acento agudo, se aberto, ou circunflexo, se fechado: bónus (Portugal)
ou bônus (Brasil), fémur (Portugal) ou fêmur (Brasil), Fénix (Portugal) ou
Fênix (Brasil), pónei (Portugal) ou pônei (Brasil), gónis (Portugal) ou gônis
(Brasil), ónix (Portugal) ou ônix (Brasil), pénis (Portugal) ou pênis (Brasil),
ténis (Portugal) ou tênis (Brasil), ónus (Portugal) ou ônus (Brasil), sémen
(Portugal) ou sêmen (Brasil), xénon (Portugal) ou xênon (Brasil), tónus (Portugal) ou tônus (Brasil), Vénus (Portugal) ou Vênus (Brasil) etc.
Obs. 2: Não levam acento agudo os prefixos paroxítonos terminados em -r:
inter-helênico, super-homem etc.
3º) Não se acentuam graficamente os ditongos representados por
ei e oi da sílaba tônica das palavras paroxítonas, 1 dado que existe oscilação em muitos casos entre o fechamento e a abertura na sua articulação2:
aboio, acaroide, adenoide, albuminoide, alcaloide, androide, algoide,
anciloide, antropoide, apoio (do verbo apoiar), assembleia, Azoia, azuloia, azuloio, benzoica, boia, boina, boleia, cancroide, celuloide, claraboia, clinoide, comboio (subst.), tal como comboio, comboias etc. (do
Naturalmente não se dispensará o acento gráfico nesses ditongos quando se enquadrarem em outras
regras de acentuação gráfica, como ocorre nos ditongos terminados na consoante r: blêizer, contêiner,
destróier, gêiser, Méier etc. (Confira BECHARA, 2008, p. 72). Semelhantemente, também se escreve
com acento a variante gráfica éo, em palavras como alvéola, aréola, auréola, rubéola, urcéola etc.
1
Assim como em outros casos, a omissão deste acento gráfico resultou do acordo para se conseguir
maior aproximação da grafia da língua portuguesa nos oito países da CPLP, optando-se pela forma portuguesa.
2
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
verbo comboiar), coio, coreico, coronoide, dentroide, dermatoide, discoide, elipsoide, elitroide, epopeico, eritroide, estoico, estroina, filoide
dipnoica, fitoide, Frois, glenoide, glossoide, Gois, helicoide, hematoide,
heroica, heroico, ideia, introito, jiboia, joia, lipoide, litoide, lambisgoia,
langoia, loia, loio, mastoide, metaloide, moina, negroide, nematoide,
omoide, onomatopeico, paranoia, paranoico, petaloide, pinacoide, pinoia, pitecoide, prismatoide, prismoide, proteico, romboide, Saboia, tipoia, tramoia, trocoide, Troia, xiloide, xooide, tal como já se escreve
aldeia, apoio (subst.), baleia, cadeia, cheia, meia etc.
4º) É facultativo assinalar com acento agudo as formas verbais de
pretérito perfeito do indicativo, do tipo amámos, louvámos, para distinguilas das correspondentes formas do presente do indicativo (amamos, louvamos), já que o timbre da vogal tônica é aberto naquele caso em certas variantes do português.1
5º) Recebem acento circunflexo:
a) As palavras paroxítonas que contêm, na sílaba tônica, as vogais fechadas com a grafia a, e, o e que terminam em l, n, r, ou x, assim como as respectivas formas do plural, algumas das quais se tornam
proparoxítonas: cônsul (plural cônsules), pênsil (plural pênseis), têxtil
(plural têxteis), cânon, variante cânone (plural cânones), plâncton
(plural plânctons), Almodôvar, aljôfar (plural aljôfares), âmbar (plural
âmbares), Câncer, Tânger, bômbax (singular e plural), bômbix, variante bômbice (plural bômbices).
b) As palavras paroxítonas que contêm, na sílaba tônica, as vogais fechadas com a grafia a, e, o e que terminam em ão(s), eis, i(s) ou us: bênção(s), côvão(s), Estêvão, zângão(s), devêreis (de dever), escrevêsseis (de escrever), fôreis (de ser e ir), fôsseis (idem), pênseis (plural de pênsil), têxteis
(plural de têxtil), dândi(s), Mênfis, ânus.
c) As formas verbais têm e vêm, 3ªs pessoas do plural do presente do
indicativo de ter e vir, que são [na pronúncia de Portugal] foneticamente
paroxítonas (respectivamente /te~e~j/, /ve~e~j/ ou ainda /te~je~j/, /ve~je~j/. Confira
as antigas grafias substituídas, têem, vêem, a fim de se distinguirem de tem e
Como no português falado no Brasil o timbre da vogal tônica das formas verbais referidas são sempre
fechadas, não se usará nunca este acento diferencial. Isto se explica pelo fato de que, em nosso País, a
consoante nasal nasaliza a vogal tônica que a antecede, provocando o seu fechamento, diferentemente
do que ocorre em Portugal, em que não há esta nasalização.
1
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
vem, 3ªs pessoas do singular do presente do indicativo ou 2ªs pessoas do singular do imperativo; e também as correspondentes formas compostas, tais
como: abstêm (conferir abstém), advêm (conferir advém), contêm (conferir
contém), convêm (conferir convém), desconvêm (conferir desconvém), detêm
(conferir detém), entretêm (conferir entretém), intervêm (conferir intervém),
mantêm (conferir mantém), obtêm (conferir obtém), provêm (conferir provém), sobrevêm (conferir sobrevém).
Obs.: Também neste caso são superadas as antigas grafias detêem, intervêem, mantêem, provêem etc., que passam a deteem, interveem, manteem,
proveem etc.
6º) Assinalam-se com acento circunflexo:
a) Obrigatoriamente, pôde (3ª pessoa do singular do pretérito perfeito
do indicativo), que se distingue da correspondente forma do presente do indicativo (pode).
b) Facultativamente, dêmos (1ª pessoa do plural do presente do subjuntivo), para se distinguir da correspondente forma do pretérito perfeito do
indicativo (demos); fôrma (substantivo), distinta de forma (substantivo; 3ª
pessoa do singular do presente do indicativo ou 2ª pessoa do singular do
imperativo do verbo formar).1
7º) Não é necessário acento circunflexo nas formas verbais paroxítonas que contêm um e tônico oral fechado em hiato com a terminação em da
3ª pessoa do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo, conforme os
casos: creem, deem (subjuntivo), descreem, desdeem (subjuntivo), leem,
preveem, redeem (subjuntivo), releem, reveem, tresleem, veem.2
8º) É igualmente dispensado o acento circunflexo para assinalar a
vogal tônica fechada com a grafia o em palavras paroxítonas como enjoo,
“A grafia fôrma (com acento gráfico) deve ser usada apenas nos casos em que houver ambiguidade,
como nos verbos do poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira: “Reduzi sem danos/ A fôrmas a forma.” Diferentemente, no Cancioneiro, de Fernando Pessoa: “São as formas sem forma/ Que passam sem que a
dor/ As possa conhecer/ Ou as sonhar o amor” (não há acento gráfico porque não cabe a ambiguidade).
(Bechara, 2008a, p. 71)
1
A inutilidade deste acento, como a das palavras terminadas em oo(s) já era evidente, visto que palavras terminadas em o(s) e em têm acento natural na penúltima vogal. Não é didaticamente produtiva a
referência a um acento gráfico que não é mais usado, exceto se se tratar de uma irregularidade ou de
um caso especial em que ele seria previsível.
2
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substantivo e flexão de enjoar; povoo, flexão de povoar; voo, substantivo e
flexão de voar etc.
9º) Dispensa-se o uso de acento gráfico (agudo e circunflexo) para
distinguir palavras paroxítonas que, tendo respectivamente vogal tônica
aberta ou fechada, são homógrafas de palavras proclíticas.1 Assim, deixam
de se distinguir pelo acento gráfico: para (á), flexão de parar,2 e para, preposição; pela(s) (é), substantivo e flexão de pelar, e pela(s), combinação de
per e la(s); pelo (é), flexão de pelar, pelo(s) (é), substantivo ou combinação
de per e lo(s); pera (substantivo) e pera (preposição arcaica); polo(s) (ó),
substantivo, e polo(s), combinação antiga e popular de por e lo(s) etc.
10º) Prescinde-se igualmente de acento gráfico para distinguir paroxítonas homógrafas heterofônicas do tipo de acerto (ê), substantivo, e acerto (é), flexão de acertar; acordo (ô), substantivo, e acordo (ó), flexão de
acordar; cerca (ê), substantivo, advérbio e elemento da locução prepositiva
cerca de, e cerca (é), flexão de cercar; coro (ô), substantivo, e coro (ó), flexão de corar; deste (ê), contração3 da preposição de com o demonstrativo
este, e deste (é), flexão de dar; fora (ô), flexão de ser e ir, e fora (ó), advérbio, interjeição e substantivo; piloto (ô), substantivo, e piloto (ó), flexão de
pilotar etc. 4
EXPLICAÇÃO
Palavras proclíticas são as que se incorporam foneticamente a outras que as seguem, formando um
vocábulo fonético, como os artigos e as preposições, por exemplo.
1
Inclui-se nesta regra a forma para (do verbo parar), quando entra num composto separado por hífen,
como para-água, para-balas, para-brisa, para-chispas, para-choque, para-chuva, para-costas, paraestilhaços, para-lama, para-luz, para-mentes, para-minas, paraqueda(s), paraquedismo, para-sol, parasol-da-china, para-tropa, para-vento.
2
A forma reduzida da preposição para deve ser escrita pra, sem acento e sem apóstrofo.
Contração é a aglutinação de dois vocábulos gramaticais para formar um terceiro. Em português, há
dois tipos de contração: de algumas preposições com artigos [a + o(s) = ao(s); a + a(s) = à(s), de + a(s)
= da(s), de + o(s) = do(s) etc.] e dos pronomes o, os, a, as com outros pronomes oblíquos [me + o(s) =
mo(s), lhe(s) + o(s) = lho(s) etc.]. (Confira AZEREDO, 2008, p. 47)
3
Estas quatro últimas regras são absolutamente inúteis, pois já estão incluídas na regra geral: “As palavras paroxítonas em geral não são acentuadas graficamente”. No ensino de ortografia da língua portuguesa não se tratará disso, a menos que seja uma aula sobre as alterações do acordo ortográfico.
4
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5. SISTEMA DE ACENTUAÇÃO GRÁFICA (BASES VIII A
XIII)
5.1. Análise geral da questão
O sistema de acentuação gráfica do português atualmente em vigor
[até 2012], extremamente complexo e minucioso, remonta essencialmente à
Reforma Ortográfica de 1911.
Tal sistema não se limita, em geral, a assinalar apenas a tonicidade
das vogais sobre as quais recaem os acentos gráficos, mas distingue também
o timbre destas.
Tendo em conta as diferenças de pronúncia entre o português europeu e o do Brasil, era natural que surgissem divergências de acentuação gráfica entre as duas realizações da língua.
Tais divergências têm sido um obstáculo à unificação ortográfica do
português.
É certo que em 1971, no Brasil, e em 1973, em Portugal, foram dados alguns passos significativos no sentido da unificação da acentuação gráfica, como se disse atrás. Mas mesmo assim, subsistem divergências importantes neste domínio, sobretudo no que respeita à acentuação das paroxítonas.
Visto que a solução fixada na Convenção Ortográfica de 1945 não
obteve viabilidade prática, conforme já foi referido, duas soluções foram
apresentadas para se procurar resolver esta questão.
Uma era conservar a dupla acentuação gráfica, o que constituía sempre um espinho contra a unificação da ortografia.
Outra era abolir os acentos gráficos, solução adotada em 1986, no
Encontro do Rio de Janeiro.
Esta solução, já preconizada no I Simpósio Luso-Brasileiro sobre a
Língua Portuguesa Contemporânea (conferir Simpósio, 1968), realizado em
1967 em Coimbra, tinha sobretudo a justificá-la o fato de a língua oral preceder a língua escrita, o que leva muitos usuários a não empregarem na prática os acentos gráficos, visto que não os consideram indispensáveis à leitura e compreensão dos textos escritos.
A abolição dos acentos gráficos nas palavras proparoxítonas e paroxítonas, preconizada no Acordo de 1986, foi, porém, contestada por uma
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larga parte da opinião pública portuguesa, sobretudo por tal medida ir contra
a tradição ortográfica, e não tanto por estar contra a prática ortográfica.
A questão da acentuação gráfica tinha, pois, de ser repensada.
Neste sentido, desenvolveram-se alguns estudos e foram feitos vários
levantamentos estatísticos com o objetivo de se delimitarem melhor e quantificarem com precisão as divergências existentes nesta matéria.
5.2. Casos de dupla acentuação
5.2.1. Nas proparoxítonas (Base XI)
Verificou-se assim que as divergências, no que respeita às proparoxítonas, circunscrevem-se praticamente, como já foi destacado, ao caso das
vogais tônicas e e o, seguidas das consoantes nasais m e n1, com as quais
aquelas não formam sílaba (ver Base XI, 3º).
Estas vogais soam abertas em Portugal e nos países africanos, recebendo, por isso, acento agudo, mas são do timbre fechado em grande parte do
Brasil, grafando-se por conseguinte com acento circunflexo: académico/acadêmico, cómodo/cômodo, efémero/efêmero, fenómeno/fenômeno, génio/gênio, tónico/tônico etc.
Existe uma ou outra exceção a esta regra, como, por exemplo, cômoro e sêmola, mas estes casos não são significativos.
Costuma-se, por vezes, referir que o a tônico das proparoxítonas,
quando seguido de m ou n com que não forma sílaba, também está sujeito à
referida divergência de acentuação gráfica. Mas tal não acontece, porém, já
que o seu timbre soa praticamente sempre fechado nas pronúncias cultas da
As vogais tônicas seguidas de consoantes nasais foram nasalizadas, na evolução do latim para o português, como se pode ver em palavras como limão < limõe < lemone, cão < cãe < cane ou irmão < irmano < germanu etc., sofrendo desnasalização em alguns casos. A nasalização permaneceu, quando não
houve o desaparecimento dessas consoantes, exceto em Portugal, onde a deriva não encontrou o ambiente propício que as línguas indígenas e africanas ofereceram ao português do Brasil, que preservou
essa nasalização. E, preservando a nasalização, essas vogais tônicas mantiveram também o timbre fechado.
1
O acento circunflexo, no português do Brasil, não é para indicar timbre, nas vogais nasais ou nasalizadas, mas, para indicar a tonicidade nelas. Como em Portugal não se preservou a nasalidade, há vogais
abertas acentuadas com acento agudo (génio, tónico) e vogais fechadas acentuadas com acento circunflexo (cômodo, sêmola, âmago).
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língua, recebendo, por isso, acento circunflexo: âmago, ânimo, botânico,
câmara, dinâmico, gerânio, pânico, pirâmide.
As poucas exceções a este princípio são os nomes próprios de origem grega Dánae/Dânae e Dánao/Dânao.
Note-se que se as vogais e e o, assim como a, formam sílaba com as
consoantes m ou n, o seu timbre é sempre fechado em qualquer pronúncia
culta da língua, recebendo, por isso, acento circunflexo: êmbolo, amêndoa,
argênteo, excêntrico, têmpera, anacreôntico, cômputo, recôndito, cânfora,
girândola, Islândia, Lâmpada, sonâmbulo etc.
5.2.2. Nas paroxítonas (Base IX)
Também nos casos especiais de acentuação das paroxítonas ou
graves (ver Base IX, 2º) algumas palavras que contêm as vogais tônicas
e e o em final de sílaba, seguidas das consoantes nasais m e n, apresentam oscilação de timbre nas pronúncias cultas da língua.
Tais palavras são assinaladas com acento agudo, se o timbre da vogal
tônica é aberto, ou com acento circunflexo, se o timbre é fechado: fémur
(Portugal) ou fêmur (Brasil), Fénix (Portugal) ou Fênix (Brasil), ónix (Portugal) ou ônix (Brasil), sémen (Portugal) ou sêmen (Brasil), xénon (Portugal) ou xênon (Brasil), bónus (Portugal) ou bônus (Brasil), ónus (Portugal)
ou ônus (Brasil), pónei (Portugal) ou pônei (Brasil), ténis (Portugal) ou tênis
(Brasil), Vénus (Portugal) ou Vênus (Brasil) etc. No total, estes são pouco
mais de uma dúzia de casos.
5.2.3. Nas oxítonas (Base VIII)
Encontramos igualmente nas oxítonas [ver Base VIII, 1º, a) Obs.] algumas divergências de timbre em palavras terminadas em e tônico, sobretudo provenientes do francês. Se esta vogal tônica soa aberta, recebe o acento
agudo; se soa fechada, grafa-se com acento circunflexo. Também aqui os
exemplos pouco ultrapassam as duas dezenas: bebé ou bebê, caraté ou caratê, croché ou crochê, guiché ou guichê, matiné ou matinê, puré ou purê
etc. Existe também um caso ou outro de oxítonas terminadas em o ora aberto ora fechado, como sucede em cocó ou cocô, ró ou rô.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
A par de casos como este, há formas oxítonas terminadas em o fechado, às quais se opõem variantes paroxítonas, como acontece em judô e
judo, metrô e metro, mas tais casos são muito raros.
5.2.4. Avaliação estatística dos casos de dupla acentuação gráfica
Tendo em conta o levantamento estatístico que se fez na Academia das Ciências de Lisboa com base no já referido corpus de cerca de
110.000 palavras do vocabulário geral da língua, verificou-se que os casos citados de dupla acentuação gráfica abrangiam aproximadamente
1,27% (cerca de 1.400 palavras). Considerando que tais casos se encontram perfeitamente delimitados, como se referiu atrás, sendo assim possível enunciar a regra de aplicação, optou-se por fixar a dupla acentuação gráfica como a solução menos onerosa para a unificação ortográfica
da língua portuguesa.
5.3. Razões de manutenção
proparoxítonas e paroxítonas
dos
acentos
gráficos
nas
Resolvida a questão dos casos de dupla acentuação gráfica, como se
disse atrás, já não tinha relevância o principal motivo que levou em 1986 a
abolir os acentos nas palavras proparoxítonas e paroxítonas. Em favor da
manutenção dos acentos gráficos nestes casos, ponderaram-se, pois, essencialmente as seguintes razões:
a) Pouca representatividade (cerca de 1,27%) dos casos de dupla acentuação;
b) Eventual influência da língua escrita sobre a língua oral, com a possibilidade de, sem acentos gráficos, se intensificar a tendência para a
paroxitonia, ou seja, deslocamento do acento tônico da antepenúltima para a penúltima sílaba, lugar mais frequente de colocação do
acento tônico em português;
c) Dificuldade em apreender corretamente a pronúncia de termos de âmbito técnico e científico, muitas vezes adquiridos através da língua
escrita (leitura);
d) Dificuldades causadas, com a abolição dos acentos, à aprendizagem
da língua, sobretudo quando esta se faz em condições precárias, co-
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mo no caso dos países africanos, ou em situação de autoaprendizagem;
e) Alargamento, com a abolição dos acentos gráficos, dos casos de homografia, do tipo de análise (substantivo)/ analise (verbo), fábrica
(substantivo)/ fabrica (verbo), secretária (substantivo)/ secretaria
(substantivo e verbo), vária (subs-tantivo, adjetivo e pronome)/ varia
(verbo) etc., casos que, apesar de dirimíveis pelo contexto sintático,
levantariam por vezes algumas dúvidas e constituiriam sempre problema para o tratamento informatizado do léxico;
f) Dificuldade em determinar as regras de colocação do acento tônico
em função da estrutura mórfica da palavra. Assim, as proparoxítonas,
segundo os resultados estatísticos obtidos da análise de um corpus de
25.000 palavras, constituem 12%, cerca de 30% são falsas proparoxítonas (conferir gênio, água etc.). Dos 70% restantes, que são verdadeiras proparoxítonas (conferir cômodo, gênero etc.), aproximadamente 29% são palavras que terminam em -ico/-ica (conferir ártico,
econômico, módico, prático etc.). Os 41% restantes de verdadeiras
proparoxítonas se distribuem por cerca de 200 terminações diferentes, em geral de caráter erudito (conferir espírito; ínclito; púlpito; filólogo; esôfago; epíteto; pássaro; pêsames; facílimo; lindíssimo;
parênteses etc.).
5.4. Supressão de acentos gráficos em certas palavras oxítonas1 e
paroxítonas (Bases VIII, IX e X)
5.4.1. Em caso de homografia (Bases VIII, 3º, e IX, 9º e 10º)
O novo texto ortográfico estabelece que deixem de se acentuar graficamente palavras do tipo de para (á) (flexão de parar), pelo (ê) (substantivo), pelo (é) (flexão de pelar) etc., as quais são homógrafas, respectivamente, das proclíticas para (preposição), pelo (contração de per e lo) etc.
As razões pelas quais se suprime, nestes casos, o acento gráfico são
as seguintes:
a) Em primeiro lugar, por coerência com a abolição do acento gráfico já
consagrado pelo Acordo de 1945, em Portugal, e pela Lei nº 5.765,
1
Observe que também os monossílabos tônicos estão incluídos no termo "oxítonas".
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
de 18 de dezembro de 1971, no Brasil, em casos semelhantes, como,
por exemplo: acerto (ê) (substantivo) e acerto (é) (flexão de acertar); acordo (ô) (substantivo) e acordo (ó) (flexão de acordar); cor
(ô) (substantivo) e cor (ó) (elemento da locução de cor); sede (ê) e
sede (é) (ambos substantivos) etc.
b) Em segundo lugar, porque, tratando-se de pares cujos elementos pertencem a classes gramaticais diferentes, o contexto sintático permite
distinguir claramente tais homógrafas.
5.4.2. Em paroxítonas com os ditongos ei e oi na sílaba tônica
[Base IX, 4º, a)]
O novo texto ortográfico propõe que não se acentuem graficamente
os ditongos ei e oi tônicos das palavras paroxítonas. Assim, palavras como
assembleia, boleia, ideia, que na norma gráfica brasileira se escrevem com
acento agudo, já que o ditongo soa aberto, passarão a ser escritas sem acento, tal como aldeia, baleia, cheia etc.
Do mesmo modo, palavras como comboio, dezoito, estroina etc., em
que o timbre do ditongo oscila entre a abertura e o fechamento, passarão a
ser grafadas sem acento.
A generalização da supressão do acento nestes casos se justifica não
apenas por permitir eliminar uma diferença entre a prática ortográfica brasileira e a lusitana, mas ainda pelas seguintes razões:
a) Tal supressão é coerente com a já consagrada eliminação do acento
em casos de homografia heterofônica (ver Base IX, 10º, e, neste texto, em 5.4.1), como sucede, por exemplo, em acerto (substantivo) e
acerto (flexão de acertar); acordo (substantivo) e acordo (flexão de
acordar); fora (flexão de ser e ir) e fora (advérbio) etc.;
b) No sistema ortográfico português não se assinala, em geral, o timbre
das vogais a, e e o das palavras paroxítonas, já que a língua portuguesa se caracteriza pela sua tendência para a paroxitonia. O sistema
ortográfico não admite, pois, a distinção entre, por exemplo: cada (â)
e fada (á); para (â) e tara (á); espelho (ê) e velho (é); janela (é) e janelo (ê); escrevera (ê) (flexão de escrever) e primavera (é); moda (ó)
e toda (ô); virtuosa (ó) e virtuoso (ô) etc.
Então, se não se torna necessário, nestes casos, distinguir pelo acento
gráfico o timbre da vogal tônica, por que se há de usar o diacrítico para aspágina 172
MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
sinalar a abertura dos ditongos ei e oi nas paroxítonas, tendo em conta que o
seu timbre nem sempre é uniforme e a presença do acento constituiria um
elemento perturbador da unificação ortográfica?
5.4.3. Em paroxítonas do tipo de abençoo, enjoo, voo etc. (Base
IX, 8º)
Por razões semelhantes às anteriores, o novo texto ortográfico consagra também a abolição do acento circunflexo, vigente no Brasil, em palavras paroxítonas como abençoo (flexão de abençoar), enjoo (substantivo e
flexão de enjoar), moo (flexão de moer), povoo (flexão de povoar), voo
(substantivo e flexão de voar) etc.
O uso do acento circunflexo não tem aqui qualquer razão de ser, já
que ele ocorre em palavras paroxítonas cuja vogal tônica apresenta a mesma
pronúncia em todo o domínio da língua portuguesa. Além de não ter qualquer vantagem nem justificativa, constitui um fator que perturba a unificação do sistema ortográfico.
5.4.4. Em formas verbais com u e ui tônicos, precedidos de g e q
(Base X, 7º).
Não há justificativa para se acentuarem graficamente palavras como
apazigue, arguem etc., já que estas formas verbais são paroxítonas e a vogal
u é sempre articulada, qualquer que seja a flexão do verbo respectivo.
No caso de formas verbais como argui, delinquis etc., também não
há justificativa para o acento, pois se trata de oxítonas terminadas no ditongo tônico ui, que como tal nunca é acentuado graficamente.
Tais formas só serão acentuadas se a sequência ui não formar ditongo e a vogal tônica for i, como, por exemplo, arguí (1ª pessoa do singular
do pretérito perfeito do indicativo).
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
EXERCÍCIOS
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
20/05/2011 – O acento gráfico nas proparoxítonas e nas vogais tônicas ―i‖ e
―u‖ das oxítonas e paroxítonas (p. 73-78) e os exercícios 13 a 26 (p. 147152)
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
DA ACENTUAÇÃO DAS VOGAIS
TÔNICAS GRAFADAS I E U
DAS PALAVRAS OXÍTONAS E PAROXÍTONAS
1º) As vogais tônicas grafadas i e u das palavras oxítonas e paroxítonas levam acento agudo quando antecedidas de uma vogal com que não
formam ditongo e desde que não constituam sílaba com a consoante seguinte, exceto o s: açaí, adaís (plural de adail), aí, Alaíde, alaúde, altruísmo, altruísta, amiúde, Araújo, arcaísmo, Ataíde, ataúde, atraí (de atrair), atraíam
(imperfeito de atrair), atraísse (idem), atraíste, atribuído, baía, balaústre,
baú, beduíno, cafeína, caíque, caíste (de cair), carnaúba, caseína, ciúme,
cocaína, concluído, conteúdo, corroído, cuíca, daí, egoísmo, egoísta, eletroímã, ensaísta, Esaú, espadaúdo, faísca, farisaísmo, faúlha, fluíram, gaúcho,
genuíno, Grajaú, graúdo, gravataí, heroína, heroísmo, incluído, influíste
(de influir), Inhaúma, jataí, Jacareí, jacuí, jaú, jesuíta, judaísmo, juízes,
Jundiaí, Luís, Luísa, miúdo, oboísta, país, panteísmo, Paraíba, paraíso, Piraí, pitiú, plebeísmo, prejuízo, proteína, raízes, recaída, reúne, roído, ruído,
ruína, saída, saúva, sanduíche, traíra, truísmo, vascaíno, viúva etc.
2º) As vogais tônicas grafadas i e u das palavras oxítonas e paroxítonas não levam acento agudo quando, antecedidas de vogal com que não
formam ditongo, constituem sílaba com a consoante seguinte, como é o caso de nh1, l, m, n, r e z: bainha, moinho, rainha, adail, Caim, paul, Raul,
Aboim, Coimbra, pixaim, ruim, ainda, constituinte, oriundo, ruins, triunfo,
atrair, demiurgo, afluir, aluir, arguir, atrair, atribuir, concluir, confluir,
construir, contribuir, destruir, diminuir, distrair, excluir, esvair, evoluir,
fluir, incluir, influir, instruir, obstruir, poluir, prostituir, puir, reconstruir,
restituir, retrair, retribuir, ruir, sair, trair, influir, influirmos; juiz, raiz etc.
Observamos que o dígrafo nh não forma sílaba com a vogal que o precede, mas com a seguinte. Portanto, as vogais tônicas i e u são acentuadas graficamente quando, precedidas de vogais, formarem sílabas sozinhas (ou seguidas de s), exceto se a sílaba seguinte começar com o dígrafo nh.
1
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
3º) Em conformidade com as regras anteriores, leva acento agudo a
vogal tônica grafada i das formas oxítonas terminadas em r dos verbos em
air e uir, quando estas se combinam com as formas pronominais clíticas
lo(s), la(s), que levam à assimilação e perda daquele r: atraí-lo(s) [de atrair-lo(s)]; atraí-lo(s)-ia [de atrair-lo(s)-[-ia]; contraí-lo(s) [de contrairlo(s)]; distraí-lo(s) [de distrair-lo(s)]; extraí-lo(s) [de extrair-lo(s)]; traílo(s) [de trair-lo(s)], atribuí-lo(s) [de atribuir-lo(s)]; concluí-lo(s) [de concluir-lo(s)]; construí-lo(s) [de construir-lo(s)]; despoluí-lo(s) [de despoluirlo(s)]; diminuí-lo(s) [de diminuir-lo(s)]; distribuí-lo(s) [de distribuir-lo(s)];
excluí-lo(s) [de excluir-lo(s)]; incluí-lo(s) [de incluí-lo(s)]; possuí-la(s) [de
possuir-la(s)]; possuí-la(s)-ia [de possuir-la(s)-ia], restituí-lo(s) [de restituir-lo(s)]; substituí-lo(s) [de substituir-lo(s)]; usufruí-lo(s) de usufruir-lo(s)].
4º) Não é necessário o acento agudo nas vogais tônicas grafadas i e u
das palavras paroxítonas, quando precedidas de ditongo: baiuca (taverna),
Bocaiuva, boiuno, cauila (variante cauira), cheiinho (de cheio), feiura (de
feio), reiuno, saiinha (de saia), Sauipe, tauismo1, teiideo (de teiú) etc.2
5º) Levam, porém, acento agudo as vogais tônicas grafadas i e u
quando, precedidas de ditongo, estão em posição final seguidas ou não de s:
cacauí, peiú, Piauí, teiú, teiús, tuiuiú, tuiuiús, urutauí.
Obs.: Se, neste caso, a consoante final for diferente de s, tais vogais dispensam o acento agudo: cauim, cauins.
6º) Não é necessário o acento agudo nos ditongos tônicos grafados iu
e ui, quando precedidos de vogal: distraiu, instruiu, pauis (plural de paul:
pântano).
7º) Os verbos arguir e redarguir prescindem do acento agudo na vogal tônica grafada u nas formas rizotônicas: arguo, arguis, argui (mas arguímos, arguís), arguem; argua, arguas, argua, arguam. O verbos do tipo de
aguar, apaniguar, apaziguar, apropinquar, averiguar, desaguar, enxaguar,
A variante taoísmo, assim como a palavra eoípo, em que o i forma hiato com a vogal anterior, na pronúncia mais corrente, o acento deverá ser marcado. Trata-se de uma situação natural, visto que o hiato
é o encontro de duas vogais em sílabas vizinhas. Como o elemento vocálico do ditongo precedente é
uma semivogal, rigorosamente, não ocorre o hiato.
1
2 Naturalmente
a acentuação se mantém nas palavras proparoxítonas, mesmo que as vogais i e u sejam
precedidas das semivogais, como em maiúsculo, feiíssimo, cheiíssimo, nisseiísimo, sanseiíssimo, capiauíssimo, curauíssimo, manauíssimo, ateuíssimo, europeuíssimo etc.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
obliquar,1 delinquir e afins, por oferecerem dois paradigmas, ou têm as
formas rizotônicas igualmente acentuadas no u, mas sem marca gráfica (a
exemplo de averiguo, averiguas, averigua, averiguam; averigue, averigues,
averigue, averiguem; enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague,
enxagues, enxague, enxaguem; delinquo, delinquis, delinqui, delinquem;
mas delinquimos, delinquis), ou têm as formas rizotônicas acentuadas fônica e graficamente nas vogais a ou i radicais (a exemplo de averíguo, averíguas, averígua, averíguam; averígue, averígues, averígue, averíguem; enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxágue, enxáguem; delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínqua, delínquam)2.
Obs.: Em conexão com os casos acima referidos, registre-se que os verbos
em ingir (atingir, cingir, constringir, infringir, tingir etc.) e em inguir sem
prolação do u (distinguir, extinguir etc.) têm grafias absolutamente regulares (atinjo, atinja, atinge, atingimos etc.; distingo, distinga, distingue, distinguimos etc.).
Segundo Bechara (2008a, p. 78-79), “os verbos que compõem esse grupo, como se pode observar,
rompem um princípio bastante regular da morfologia verbal do português: suas formas rizotônicas são,
do ponto de vista do posicionamento da tonicidade, proparoxítonas aparentes, fato que leva os falantes
a pronunciá-las intuitivamente como paroxítonas, avançando a tonicidade para o [u] de [gu]: aguo /ú/,
aguas /ú/ etc.
1
Nas formas arrizotônicas dos verbos desse grupo, o [u] do [gu] é pronunciado como semivogal sempre
que vier seguido de [e]. Assim, tem-se enxaguei /güei/, enxaguemos /güe/, enxagueis /güeis/.”
2 Ainda
segundo Bechara (2008a, p. 78), “o verbo delinquir, tradicionalmente dado como defectivo, é tratado como verbo que tem todas as suas formas. O Acordo também aceita duas possibilidades de pronúncia, quando a tradição padrão brasileira na gramática para este verbo só aceitava sua flexão nas
formas rizotônicas.
No paradigma em que a conjugação do verbo delinquir tem as formas rizotônicas acentuadas no u, este
grafema figura como vogal tônica, como em delínquo. Usualmente, na língua portuguesa, não se vê o
digrama qu antecedendo vogal de outra sílaba, formando, assim, hiato. Mas nesse caso o q difere de
seus dois usos mais consagrados: introduzindo dígrafo ou precedendo a semivogal /w/.”
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA
DAS PALAVRAS PROPAROXÍTONAS
1º) Levam acento agudo:
a) As palavras proparoxítonas que apresentam na sílaba tônica as vogais abertas grafadas a, e, o e ainda i, u ou ditongo oral começado por vogal
aberta: abóbada, aeródromo, ágape, álcali, álibi, amálgama, América, andrógino, anódino, antídoto, antífrase, antípoda, árabe, areópago, aríete,
arquétipo, autóctone, autódromo, autógena, ávido, azáfama, bávaro, bússola, cáfila, cáustico, cédula, centrífugo, chávena, Cleópatra, cotilédone, cúpula, dálmata, déspota, égide, epístola, epíteto, epítome, equívoco, esquálido, estereótipo, etíope, exército, fac-símile, gárrulo, grandíloquo, hégira,
hidráulico, hipódromo, idólatra, ídolo, iídiche, ínclito, íncubo, índigo, ingreme, ínterim, invólucro, janízaro, leucócito, líquido, máxime, máximo,
metástese, míope, munícipe, músico, númida, óbolo, oxídase, paráfrase,
partícipe, périplo, plástico, polígamo, prístino, prófugo, prosélito, protótipo, público, quadrúmano, récita, réprobo, retífica, retrógrado, revérbero,
rubéola, rústico, sátrapa, sésamo, sílfide, sínodo, térmita, tétrico, tílbure, títere, úlcera, último, uníssono, úvula, velódromo, vermífugo, vérmina, vórtice, zéfiro, zíngara, zíngaro;
b) As chamadas proparoxítonas aparentes, isto é, que apresentam na
sílaba tônica as vogais abertas grafadas a, e, o e ainda i, u ou ditongo oral
começado por vogal aberta, e que terminam por sequências vocálicas póstônicas praticamente consideradas como ditongos crescentes (ea, eo, ia, ie,
io, oa, ua, uo etc.): Acácia, Adélia, aéreo, álea, alimária, alínea, ambíguo,
Amélia, árduo, área, ária, assíduo, áurea, autópsia, barbárie, bilíngue, cactácea, calcário, calvície, cárie, cetáceo, cetíneo, dáblio, delínquis, delínquo,
dignitário, drágea, efígie, enciclopédia, equinócio, escárnio, escória, espécie, estratégia, etéreo, exígua, exíguo, exímio, férreo, gíria, glória, grevília,
hérnia, homonímia, imobiliária, Inácio, iníquo, interstício, júnior, láctea,
língua, lírio, macambúzio, magnésia, mágoa, magnólia, mídia, míngua, minúcia, mobília, mútuo, náusea, névoa níveo, nódoa, núcleo, óleo, opróbrio,
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
orquídea, páscoa, pátio, pecúlio, petróleo, petúnia, planície, plúmbeo, pólio, prélio, profícuo, quíchua, récua, réstia, rubiácea, sandália, saponáceo,
secretário, série, símio, sinonímia, sósia, superfície, supérfluo, tirocínio, topázio, trapézio, tríduo, ubíquo, vácuo, vário, várzea, vídeo, vítreo etc.
2º) Levam acento circunflexo:
a) As palavras proparoxítonas que apresentam na sílaba tônica vogal
fechada ou ditongo com a vogal básica fechada: âmago, anacreôntico, anêmona, ânfora, ângelus, beneficência, bibliômano, binômio, brâmane,
brêtema, cânfora, cânhamo, cândido, cômputo, condômino, cônjuge, debênture, desânimo, devêramos (de dever), dinâmico, efêmero, êmbolo, excêntrico, êxodo, êxtase, farândola, fenômeno, fôlego, fôssemos (de ser e ir),
gôndola, Grândola, hermenêutica, lâmpada, lânguido, lôbrego, nêspera,
ômega, pântano, plêiade, sêxtuplo, sôfrego, sonâmbulo, tômbola, trânsfuga,
trôpego, vândalo, zênite;
b) As chamadas proparoxítonas aparentes, isto é, que apresentam
vogais fechadas na sílaba tônica1 e terminam por sequências vocálicas póstônicas praticamente consideradas como ditongos crescentes: amêndoa, ânsia, abstinência, argênteo, ausência, brônzeo, côdea, displicência, essência,
Islândia, lêndea, Mântua, mênstruo, serôdio.
3º) Levam acento circunflexo as palavras proparoxítonas, reais ou
aparentes, cujas vogais tônicas grafadas e ou o estão em final de sílaba e são
seguidas das consoantes nasais grafadas m ou n: acadêmico, afônico, agrônomo, anatômico, canônico, cênico, cômoda, cômodo, cômoro, congênere,
congênito, cônico, cronômetro, desarmônico, diacrônico, dicotômico, econômico, ecumêmico, edênico, efêmero, eletrônica, endêmico, epistêmico,
fenômeno, fonêmico, fotogênico, gasômetro, gênero, genômico, glicêmico,
harmônico, hedônico, hegemônico, helênico, heterofônico, hidrômetro, higiênico, jônico, maçônico, mitômano, ninfômano, nipônico, platônico, plutônico, pluviômetro, polêmica, polifônico, primogênito, quilômetro, sardônico, sistêmico, tectônico, telefônico, teutônico, topônimo, toxicômano,
transgênico, trêmulo; Amazônia, Antônio, Babilônia, begônia, biênio, bigâmea, blasfêmia, castânea, cizânia, coletânea, consentâneo, convênio,
crânio, dicoledôneo, encômio, errônea, espontâneo, fêmea, gêmeo, gênio,
Aigumas dessas palavras têm timbre aberto em Portugal e em outros países, onde, naturalmente, será
admitido o acento agudo. Veja, a seguir, item 3º). A nasalidade da vogal tônica que antecede a uma
consoante nasal, no português do Brasil, não ocorre em Portugal e, por isto, tem sempre timbre fechado
aqui, enquanto lá, pode ter timbre aberto ou fechado.
1
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
grêmio, homogêneo, hormônio, idôneo, ingênuo, insônia, lacrimogêneo, litorâneo, Macedônia, miscelânea, momentâneo, oxigênio, patrimônio, polinômio, quadriênio, quadrigêmeo, quinquênio, sucedâneo, tênue, urânio.1
Nestas situações, estas vogais tônicas nasais são sempre fechadas na pronúncia brasileira, mas em
outros países da lusofonia, ora são abertas, ora são fechadas. Por isto, mantêm-se as duas grafias para
eles, dependendo do timbre da vogal.
1
Todas as proparoxítonas, portanto, são acentuadas graficamente, sendo que as vogais a, e e o podem
ser escritas com acento agudo (quando tiverem timbre aberto) ou com acento circunflexo (quando tiverem timbre fechado), inclusive nas proparoxítonas aparentes e quando seguidas de m ou n.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
EXERCÍCIOS
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
27/05/2011 – O uso do hífen (p. 85 a 98)
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DO HÍFEN EM COMPOSTOS,
LOCUÇÕES E ENCADEAMENTOS VOCABULARES1
1º) Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição
sem termos de ligação, cujos elementos sejam de natureza substantiva, adjetiva, numeral ou verbal, constituam uma unidade sintagmática e semântica e mantenham acento próprio, podendo dar-se o caso de o primeiro
elemento estar reduzido: 2 afro-americano, 3 afro-ameríndio, afro-asiático,
afro-baiano, afro-luso-brasileiro, água-forte, água-furtada, águamarinha, alcaide-mor, alta-costura, alta-fidelidade, altar-mor, alta-roda,
amor-perfeito, amor-próprio, anglo-canadense, anglo-germânico, anglosaxão, ano-luz, arce-bispo, arco-íris, ave-maria, azul-escuro, baixoastral, baixo-latim, baixo-relevo, banho-maria, barriga-verde, bate-boca,
bate-bola, bate-chapa, bate-enxuga, bate-estaca, bate-papo, bate-papo,
bate-pe, bate-sola, beija-mão, beira-mar, boa-fé, cabeça-chata, cabeça-
As oscilações relativas ao uso do hífen foram simplificadas e reduzidas a partir das propostas do acordo ortográfico de 1986, levando-se em conta as críticas que a ele foram feitas. Por isto, não fora completamente simplificada sua utilização, pois resultou, sobretudo, do estudo de seu uso nos dicionários brasileiros e portugueses, assim como em jornais e revistas. (Confira ESTRELA, 1993, p. 198-199). Ou seja:
não resultou de uma tendência lusitada nem de uma tendência brasileira, mas de uma solução técnica
moderada.
1
Como o Acordo não trata especificamente dos compostos formados com elementos repetidos, deverão
ser incluídos nesta regra de composição com hifenização: agora-agora, assim-assim, bangue-bangue,
bate-bate, blá-blá-blá, corre-corre, lenga-lenga, logo-logo, mexe-mexe, pinga-pinga, pingue-pongue, pisca-pisca, pula-pula, puxa-puxa, quebra-quebra, reco-reco, tico-tico, tique-taque, treme-treme, trocatroca, trouxe-mouxe, vai-vai, xique-xique (chocalho; confira xiquexique, planta), zás-trás, zigue-zague,
zum-zum e seus derivados.
2
Adjetivos formados com os elementos reduzidos afro, anglo, ásio, euro, franco, indo, luso, sino etc. deverão continuar escritos aglutinadamente, como em afrodescendente, anglofalante, anglomania, anglomaníaco, eurocêntrico, eurocentrismo, eurocomunista, eurodeputado, francofalante, francófone, francólatra, lusocultura, lusófono, lusoparlante, lusotropicalismo, sinofílico, sinologia etc.; mas quando se trata
da soma de duas ou mais identidades, o hífen tem de ser empregado. Exemplos: anglo-americano, ásioeuropeu, euro-africano, euro-afro-americano, franco-suíço, sino-japonês, indo-português etc.
3
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
dura, caixa-alta, caixa-forte, caixa-preta, capitão-tenente, cata-vento, cifro-luso-brasileiro, conta-gotas, decreto-lei, dólico-louro, estrato-cirro,
estrato-cúmulo, estrato-nimbo, euro-africano, euro-árabe, euro-asiático,
és-sueste, faz-tudo, finca-pé, forma-piloto, grão-ducado, grão-mestre,
guarda-chuva, guarda-noturno, guarda-sol, joão-ninguém, lança-chamas,
louva-deus, luso-brasileiro, luso-britânico, luso-hispânico, luso-japonês,
má-fe, manda-chuva, manda-lua (chora-lua, mãe-da-lua, ave de hábitos
noturnos), mato-grossense, médico-cirurgião, meia-calça, meia-estação,
meia-idade, meia-luz, meia-noite, meia-sola, meio-dia, meio-fio, meioirmão, mesa-redonda, navio-escola, navio-tanque, norte-americano, papel-carbono, papel-moeda, para-raios, pedra-pomes, pedra-ume, perdeganha, ponta-cabeça, porta-aviões, porta-retrato, porto-alegrense, primeiro-ministro, primeiro-sargento, primo-infecção, puxa-encolhe, quadro-negro, quarta-feira, quebra-galho, quebra-gelo, quebra-luz, quebramar, quebra-molas, quebra-nozes, quinta-feira, rainha-cláudia, salvoconduto, segunda-feira, seu-vizinho, sexta-feira, sócio-democracia, sócioeconômico, sul-africano, surdo-mudo, tenente-coronel, terça-feira, tio-avô,
turma-piloto, vaga-lume, vagão-dormitório, vagão-leito, vai-volta, valerefeição, vale-transporte, verbo-nominal, zé-povinho.
Obs.: Certos compostos, em relação aos quais se perdeu, em certa medida, a
noção de composição, grafam-se aglutinadamente: girassol, madressilva,
mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, paraquedismo, paraquedístico etc.1
2º) Emprega-se o hífen nos topônimos compostos iniciados pelos adjetivos grã, grão, por forma verbal, ou cujos elementos estejam ligados por
artigo:2 Grã-Bretanha, Grão-Pará, Abre-Campo, Passa-Quatro, Quebra-
1O
Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa arbitrou sobre todas as palavras que se incluirão neste caso. O professor Evanildo Bechara lembra que a tradição lexicográfica levará à manutenção do hífen
em palavras como para-brisa(s), para-choque(s), para-lama(s) etc. e que, nesta 5ª edição manterá as
formas tradicionais, exceptuadas as palavras relacionadas como exemplos no texto do Acordo.
Os adjetivos gentílicos derivados de topônimos compostos, com os elementos separados ou ligados
por hífen, também se escrevem com hífen, mas, sem hífen, no entanto, se os topônimos são escritos
aglutinadamente. Por exemplo: alto-rio-docense, aurorense-do-tocantins, belo-horizontino, cruzeirensedo-sul, dom-expedito-lopense, florentino-do-piauí, mato-grossense, mato-grossense-do-sul, juiz-forano e
juiz-forense, mas Guapimirim > guapimiriense, Abaetetuba > abaetetubense, Petrópoles > petropolitano,
Teresópoles > teresopolitano.
2
O professor Bechara chama a atenção para dois casos particulares: “Escreve-se com hífen indo-chinês,
quando se referir à Índia e à China, ou aos indianos e chineses, diferentemente de indochinês (sem hífen), que se refere à Indochina. Da mesma forma, centro-africano, com hífen, refere-se à região central
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Costas, Quebra-Dentes, Traga-Mouros, Trinca-Fortes, Albergaria-a-Velha,
Baía de Todos-os-Santos, Entre-os-Rios, Montemor-o-Novo, Trás-osMontes.
Obs.: Os outros topônimos compostos se escrevem com os elementos separados, sem hífen: América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde, Castelo
Branco, Freixo de Espada à Cinta etc. O topônimo Guiné-Bissau é, contudo, uma exceção consagrada pelo uso.
3º) Emprega-se o hífen nas palavras compostas que designam espécies
botânicas e zoológicas, estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento: abóbora-menina, amor-perfeito, andorinha-grande, andorinhado-mar, ave-do-paraíso, bacaba-de-azeite, bálsamo-do-canadá, bem-me-quer
(nome de planta que também se dá à margarida e ao malmequer), bem-te-vi
(nome de um pássaro), bênção-de-deus, bico-de-lacre, cobra-capelo, cobrad’água, coco-da-baía, copo-de-leite, couve-flor, dente-de-leão, erva-cidreira,
erva-de-santa-maria, erva-doce, erva-do-chá, ervilha-de-cheiro, espora-degalo, fava-de-santo-inácio, feijão-verde, formiga-branca, lesma-deconchinha, lobo-marinho, mimo-de-vênus, papa-terra, peixe-boi, quina-daserra, rábano-rústico, raiz-de-chá, sabiá-coleira, sabiá-laaranjeira, sempreviva, surubim-pintado, tatu-bola, tatu-canastra, três-irmãos, unha-de-gato,
vassoura-de-bruxa, vespa-caçadora, xué-açu, zabumba-branca.
4º) Emprega-se o hífen nos compostos com os advérbios bem e mal1,
quando estes formam com o elemento que se lhes segue uma unidade sintagmática e semântica e tal elemento começa por vogal ou h. No entanto, o advérbio bem, ao contrário de mal, pode não se aglutinar com palavras começadas por consoante. Eis alguns exemplos das várias situações: bem-acabado,
mal-acabado, bem-aceito, bem-acondicionado, mal-acondicionado, bemacostumado, mal-acostumado, bem-afamado, mal-afamado, bem-afortunado,
mal-afortunado, bem-agradecido, mal-agradecido, bem-ajambrado, malajambrado, bem-amado, mal-amado, bem-andança, mal-andança, bem-
da África, e centroafricano, sem hífen, refere-se à República Centroafricana. (Confira BECHARA, 2008a,
p. 94)
Observe-se que o substantivo mal com o significado de “doença” forma compostos sem hífen. Assim,
teremos mal das ancas, mal da terra, mal de amores, mal de ano, mal de bicho, mal de cadeiras, mal de
chupança, mal de coito, mal de cuia, mal de engasgo, mal de escancha, mal de ciúme, mal de franga,
mal de grarapa, mal de gota, mal de lázaro, mal de luanda, mal de monte, mal de nápoles, mal de santa
eufêmia, mal de são jó, mal de são lázaro, mal de são névio, mal de são semento, mal de secar, mal de
sete dias, mal de terra, mal de vaso, mal do pinto, mal do sangue, mal dos chifres, mal dos peitos, mal
dos quartos.
1
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
apanhado, mal-apanhado, bem-apessoado, mal-apessoado, bem-apresentado,
mal-apresentado, bem-arranjado, mal-arranjado, bem-assado, mal-assado,
bem-aventurado, mal-aventurado, bem-avisado, mal-avisado, bem-casado
(mas malcasado), bem-comportado (mas malcomportado), bem-conceituado
(mas malconceituado), bem-criado (mas malcriado), bem-ditoso (mas malditoso), bem-dizer (mas maldizer), bem-dormido (mas maldormido), bemdotado (mas maldotado), bem-educado, mal-educado, bem-encarado, malencarado, bem-ensinado, mal-ensinado, bem-estar, mal-estar, bem-fadado
(mas malfadado), bem-falante (mas malfalante), bem-humorado, malhumorado, bem-intencionado, mal-intencionado, bem-mandado (mas malmandado), bem-nascido (mas malnascido), bem-ordenado, mal-ordenado,
bem-posto (mas malposto), benquerer (mas malquerer), bem-soante (mas
malsoante), bem-sucedido (mas malsucedido), bem-visto (mas malvisto), malempregar, mal-entendido, mal-informado, mal-olhado, mal-ordenado, malusar;
Obs.: Em muitos compostos, o advérbio bem aparece aglutinado com o segundo elemento, quer este tenha ou não vida à parte: Bembom, Bemposta,
Bemposto, bempostano, bendito, bendizer, benfazejo, benfazer, benfeito,
benfeitor, benfeitoria, benfeitorização, benfeitorizar, Benfica, benfiquense,
benquerença, benquerer, benquistar, benquisto etc.
5º) Emprega-se o hífen nos compostos com os elementos além,
aquém, recém e sem: além-Atlântico, além-fronteira, além-mar, alémmundo, além-país, Além-Paraíba, além-paraibano, além-túmulo; aquémfiar, aquém-fronteiras, aquém-mar, aquém-oceano, aquém-Pireneus; recém-aberto, recém-achado, recém-admitido, recém-adquirido, recémcasado, recém-chegado, recém-colhido, recém-concluído, recémconquistado, recém-convertido, recém-criado, recém-depositado, recémdescoberto, recém-desvendado, recém-emancipado, recém-fabricado, recém-falecido, recém-feito, recém-finado, recém-formado, recém-morto, recém-nado, recém-nascido, recém-nomeado, recém-plantado, recémpublicado, sem-amor, sem-cerimônia, sem-cerimonioso, sem-dinheiro, semfamília, sem-fim, sem-gracice, sem-justiça, sem-lar, sem-luz, sem-nome,
sem-número, sem-pão, sem-par, sem-razão, sem-sal, sem-segundo, semserifa, sem-termo, sem-terra, sem-teto, sem-trabalho, sem-ventura, semvergonha, sem-vergonhez(a), sem-vergonhice, sem-vergonhismo.
6º) Nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas,
pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais, em geral não se
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
emprega o hífen,1 salvo algumas exceções já consagradas pelo uso (como é
o caso de água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito,
pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa). Sirvam, pois, de exemplo de
emprego sem hífen as seguintes locuções:
a) Substantivas: cão de guarda, fim de semana, sala de jantar;2
b) Adjetivas: cor de açafrão, cor de café com leite, cor de vinho;
c) Pronominais: cada um, ele próprio, nós mesmos, quem quer que
seja;
d) Adverbiais: à parte (note-se o substantivo aparte), à vontade, de
mais (locução que se contrapõe a de menos; note-se demais, advérbio, conjunção etc.), depois de amanhã, em cima, por isso;
e) Prepositivas: abaixo de, acerca de, acima de, a fim de, a par de, à
parte de, apesar de, debaixo de, enquanto a, por baixo de, por cima de,
quanto a;
f) Conjuncionais: afim de que, ao passo que, contanto que, logo que,
por conseguinte, visto que.
7º) Emprega-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares (tipo: a divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade, a
ponte Rio-Niterói, o percurso Lisboa-Coimbra-Porto, a ligação AngolaMoçambique, e bem assim nas combinações históricas ou ocasionais de topônimos (tipo: Áustria-Hungria, Alsácia-Lorena, Angola-Brasil, TóquioRio de Janeiro etc.).
Deste modo, não se usará mais o hífen que era utilizado para distinguir o adjetivo à-toa do advérbio à
toa e o substantivo dia-a-dia do advérbio dia a dia, assim como nas locuções: arco e flecha, calcanhar
de aquiles, comum de dois, general de divisão, tão somente, ponto e vírgula etc.
1
Também devemos deixar de utilizar o hífen em unidades fraseológicas como deus nos acuda, salve-se
quem puder, faz de conta, disse me disse, maria vai com as outras, bumba meu boi, tomara que caia
etc. (Confira BECHARA, 2008a, p. 96)
Somente quando substantivadas, as expressões latinas do tipo ab initio, ab ovo, ad immortalitatem, ad
hoc, data venia, de cujus, carpe diem, causa mortis, habeas corpus, pari passu, ex libris etc. devem ter
seus elementos separados por hífen, mas não deverão ter hifens quando forem utilizadas como tais.
2
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DO HÍFEN NAS FORMAÇÕES
POR PREFIXAÇÃO,
RECOMPOSIÇÃO1 E SUFIXAÇÃO
1º) Nas formações com prefixos (como ante, anti, circum, co, contra,
entre, extra, hiper, infra, intra, pós, pré, pró, sobre, sub2, super, supra, ultra3
etc.) e em formações por recomposição, isto é, com elementos não autônomos
ou falsos prefixos4, de origem grega e latina (tais como aero, agro, arqui, auto, bio, eletro, geo, hidro, inter, macro, maxi, micro, mini, multi, neo, pan,
1 Recomposição é o processo de formação de palavras que envolve um elemento que, embora na origem seja um radical, mudou seu significado na língua moderna e passou a funcionar como um falso prefixo. Exemplo: aero em aeromoça. (Confira AZEREDO, 2008, p. 44).
Apesar de não estar explícito no Acordo, na página 102 de A Nova Ortografia, o professor Bechara
lembra que é necessário o uso do hífen “quando o 1o elemento termina por b (ab, ob, sob, sub) ou d
(ad) e o 2o elemento começa por r”. Vejam-se os exemplos seguintes: ab-reação, ab-reagir, ab-reptício,
ab-repto, ab-rogar, ab-rupção (mas também abrupto), ab-ruptela, ab-rupto, ad-renal, ad-retal, adrogação, ad-rogar, ad-rostral, ob-repção, ob-reptício, ob-rogar, sob-roda, sob-rojar, sub-raça, sub-ramo,
sub-região, sub-regional, sub-reino, sub-reitor, sub-reitoria, sub-remunerado, sub-repassar, sub-repção,
sub-reptício, sub-rogação, sub-rogado, sub-rostrado, sub-rotina, sub-rotundo. Apenas nesses casos o r
dos grupos br ou dr não representa uma vibrante velar, como em abrasileirado e desidratar.
2
É interessante a observação de que somente os prefixos pre e re podem se justapor a in, na língua portuguesa, formando palavras como impremeditado, impressentido, imprevidência, imprevisão; irrebatível,
irreclamável, irreconhecível, irrecorrível, irredutível, irreelegível, irreformável, irremunerável, irrenunciável, irreparável, irrequieto etc. Por isto, estamos de acordo que também o prefixo re admita a omissão do
hífen, apesar de não previsto no Acordo (conferir Azeredo, 2008, p. 131).
Além dos prefixos relacionados no Acordo, é bom atentar-se para os seguintes, que também são bastante produtivos na formação de palavras no idioma: a, ab, abs, ad, ambi, an, aná, anfi, apó, arce, arci,
arque, arqui, ben, bene, bi, bis, catá, cis, com, con, de, des, di, diá, dis, e, ecto, endo, entre, epi, es, eu,
ex, hemi, hipó, i, im, in, inter, intro, justa, metá, o, ob, pará, pene, per, peri, pos, post, pre, preter, pro, re,
retro, semi, sin, trans, tras, tres, vice, vis, vizo e muitos outros.
3
Falso prefixo, pseudoprefixo ou prefixóide são termos controvertidos que os linguistas ainda não definiram com segurança, apesar de serem referidos em diversos contextos e por numerosos autores e utilizados como sinônimos.
4
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
pluri, proto, pseudo, retro, semi, tele etc.), só se emprega o hífen nos seguintes casos:
a) Nas formações em que o segundo elemento começa por h: abdômino-histerotomia, adeno-hipófise, alfa-hélice, ante-hipófise, ante-histórico, anti-herói, anti-helmíntico, anti-hemofílico, anti-hemorrágico, anti-herói, antiherpético, anti-hidrofóbico, anti-hidrópico, anti-higiênico, arqui-hipérbole,
anti-hipertensivo, anti-hipnótico, anti-hipocondríaco, anti-histamínico, antihorário, arqui-hipérbole, auto-hemoterapia, auto-hipnose, beta-hemolítico,
bio-histórico, circum-hospitalar, co-hipônimo, contra-harmônico, contrahaste, deca-hidratado, eletro-higrômetro (variante eletroigrômetro), entrehostil, extra-hepático, extra-humano, foto-heliografia, geo-história, gigahertz, hétero-hemorragia, hidro-haloisita, hidro-homopericárdio, infrahepático, infra-hioide, infra-homem, inter-hemisférico, micro-habitat, neohebraico, neo-hegeliano, neo-helênico, neuro-hipófise (variante neuroipófise), pan-helenismo, poli-hidite, pré-história, proto-história, proto-historiador,
proto-hitita, pseudo-hemoptise, pseudo-história, psico-história, psicohistoriador, semi-heresia, semi-histórico, semi-hospitalar, sub-hepático, subhumano, supra-hepático, super-homem, tri-hídrico, ultra-hiperbólico.
Obs.: Não se usa, no entanto, o hífen em formações que contêm em geral os
prefixos [an, des, in [e re] e nas quais o segundo elemento perdeu o h inicial: anemoterapia, anepágico, anídrico, anepático, anistórico1, desabilitar,
desabitar, desachurar, desabituar, desalogenar, desarmonia, desarmonizar,
desastear, desaurir, desegemonizar, deselenizar, desematizar, desemodialisar, deserdar, deserborizar, deseroificar, deseterogeneizar, desiatizar, desibernar, desidratação, desidratado, desidratante, desidratar, desidrogenar, desidronizar, desierarquizar, desifenizar, desilarizar, desipnotizar, desipostenizar, desispanizar, desispidar-se, desolandizar, desomiziar, desomogeneizar, desonestar, desonorar, desonrar, desorripilar, desorrorizar,
desumanidade, desumanizador, desumanizar, desumano, desumidificar,
inábil, inabilidade, inabilidoso, inabilitação, inabilitar, inabitado, inabitável, inabitual, inabitualidade, inerbívoro, inerdável, inesitante, inumano,
reabilitar, reabitar, reabituar, reachurar, rearmonizar, rearpejar, reaurir,
reastear, reaver, reebraizar, reelenizar, reematizar, reemodialisar, reemolisar, reerborizar, reeroificar, reesitar, reibernar, reidratar, reifenizar, reiperbolizar, reipnotizar, reipotecar, reispanizar, reomologar, reonestar, re-
1
Se a forma do prefixo é a-, mantémpse o hífen e o h do segundo elemento: a-histórico.
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onorificar, reospedar, reostilizar, reumanizar, reumificar, reumilhar, reumorizar etc.;
b) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na
mesma vogal com que se inicia o segundo elemento:1 anti-ibérico, antiictérico, anti-infeccioso, anti-inflacionário, anti-inflamatório, anti-intelectual,
arqui-inimigo, arqui-inteligente, arqui-irmandade, auto-observação, autooscilação,contra-almirante, contra-acusação, contra-acusar, contraalmirante, contra-apelo, contra-argumento, contra-arrazoado, contraassinatura, contra-atacante, contra-atacar, contra-ataque, contra-aviso, eletro-ótica, eletro-óptica (variante eletróptica), extra-abdominal, extra-alcance,
extra-amazônico, extra-atmosférico, extra-axilar, infra-assinado, infra-axilar,
micro-onda, micro-ondas, micro-ônibus, micro-organismo, neo-orleandês,
neo-ortodoxo, pseudo-ortorrômbico, semi-infantil, semi-integral, semiinternato, semi-interno, sobre-edificar, sobre-elevar, sobre-erguer, sobreestadia, sobre-estimar, sobre-exaltação, sobre-excedente, sobre-exceder, supra-auricular.
Obs.: Nas formações com o prefixo co, este se aglutina em geral com o segundo elemento, mesmo quando iniciado por o: coabilidade, coabitabilidade, coabitação, coabitante, coabitar, coabitável, coautor, coedição, coemitente, coenzima, coerdade, coerdar, coerdeiro (variante co-herdeiro), coobrigação, coocupação, coocupante, coocupar, cooficiante, cooficiar, coomologia, coomólogo, cooperabilidade, cooperação, cooperar, cooptação,
cooptado, cooptador, cooptante, cooptar, coordenar, corréu, coossificação,
cossegurado etc.;
c) Nas formações com os prefixos circum e pan, quando o segundo
elemento começa por vogal, m ou n (além de h, caso já considerado atrás na
alínea a): circum-adjacência, circum-adjacente, circum-ambiência, circumambiente, circum-anal, circum-articular, circum-axial, circum-escolar, circum-hospitalar, circum-mediterrâneo, circum-meridiano, circum-murado,
circum-navegação, circum-navegar, circum-navegante, circum-navegável,
1 Incluem-se
neste princípio geral os prefixos e pseudoprefixos terminados por vogal: agro, albi, ante, ântero, anti, arqui, auto, beta, bi, bio, contra, eletro, euro, ínfero, infra, íntero, iso, macro, mega, multi, poli,
póstero, pseudo, súpero, neuro, orto, neo, semi, sobre, supra etc.
Bechara lembra que o encontro de vogais iguais tem facilitado o aparecimento de formas reais ou possíveis com crase, possibilitando o surgimento de duplas grafias do tipo alfaglutinação e alfa-aglutinação;
ovadoblongo e ovado-oblongo. Atendendo-se, porém, à regra geral de hifenizar o encontro de vogais
iguais, é preferível evitar a crase, exceto nos casos já consagrados pelo uso, como telespectador e radiouvinte, por exemplo.
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circum-oral, circum-orbital, circum-uretral; pan-africanismo, panafricanista, pan-africano, pan-aglutinação, pan-americanismo, panamericanista, pan-americanização, pan-americano, pan-arabismo, panarterite, pan-astenia, pan-eslavismo, pan-harmônico, pan-helênico, panhelenismo, pan-hispânico, pan-iconografia, pan-iconográfico, panislâmico, pan-islamismo, pan-islamita, pan-mágico, pan-mítico, pan-mixia,
pan-negritude, pan-oftalmite, pan-oftalmítico;
d) Nas formações com os prefixos hiper1, inter e super, quando
combinados com elementos iniciados por r: hiper-rancoroso, hiperrealismo, hiper-reativo, hiper-reflexividade, hiper-requintado, hiperrítmico, hiper-racial, hiper-rugoso, inter-racial, inter-regional, interrelação, inter-relacionamento, inter-renal, inter-resistente, super-reação,
super-real, super-realidade, super-realismo, super-reatividade, superrepresentação, super-requintado, super-resfriado, super-revista.
e) Nas formações com os prefixos ex (com o sentido de estado anterior ou cessamento), sota, soto, vice e vizo: ex-almirante, ex-aluno, examigo, ex-artista, ex-deputado, ex-diretor, ex-hospedeira, ex-imperador, exmarido, ex-noiva, ex-marido, ex-presidente, ex-primeiro-ministro, exrainha, ex-rei, ex-reitor; sota-almirante, sota-capitânia, sota-capitão, sotaembaixador, sota-general, sota-mestre, sota-ministro, sota-piloto-mor, sotaproa, sota-soberania, sota-ventar, sota-vento, sota-voga; soto-almirante,
soto-capitães, soto-mestre, soto-soberania, soto-piloto-mor, soto-pôr (mas
sobrepor), soto-posto, soto-soberania, soto-voga; vice-almirante, vicecampeão, vice-comandante, vice-diretor, vice-líder, vice-prefeito, vicepresidente, vice-rainha, vice-rei, vice-reinado, vice-reitor, vice-reitorado,
vice-reitoria, vice-tutela, vizo-rei.
f) Nas formações com os prefixos tônicos acentuados graficamente
pós, pré e pró, quando o segundo elemento tem vida à parte (ao contrário
do que acontece com as correspondentes formas átonas que se aglutinam
com o elemento seguinte)2: pós-adolescência, pós-alveolar, pós-articulado,
Com o prefixo hiper-, admitem-se formas com hífen e a presença do h, e formas aglutinadas, sem o h.
Exemplos: hiper-hedônico / hiperedônico, hiper-hedonista / hiperedonista, hiper-hedonístico / hiperedonistico, hiper-hidratação / hiperidratação, hiper-hidrose / hiperidrose, hiper-hidortrofia / hiperidrotrofia, hiper-hepático / hiperepático.
1
2 Assim
como o prefixo co, os prefixos átonos pos, pre, pro e re se aglutinam com o segundo elemento,
mesmo quando iniciado por o ou e: pospasto, pospor, postônico, posfácio, preanunciação, preaquecer,
preaquecimento, preconcebido, preconceito, precondição, predefinição, predeterminação, predeterminante, preeleito, preembrião, preeminência, preeminente, preenchido, preesclerose, preestabelecer,
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pós-barroco, pós-clássico, pós-coloniar, pós-comunhão, pós-conciliar, pósdatado, pós-datar, pós-diluviano, pós-dorsal, pós-doutorado, pósdoutorando, pós-eleitoral, pós-escolar, pós-escrito, pós-estruturalismo,
pós-floração,
pós-graduação,
pós-graduado,
pós-guerra,
pósimpressionismo, pós-modernismo, pós-moderno, pós-nacionalismo, pósnupcial, pós-operatório, pós-parto, pós-romântico, pós-tônicos (mas pospor), pós-venda; pré-ariano, pré-atômico, pré-aviso, pré-burguês, précabralino, pré-capitalismo, pré-carnavalesco, pré-contrato, pré-eleitoral,
pré-escolar, pré-escolaridade, pré-escolhido, pré-estreia, pré-exercício,
pré-experiência, pré-fabricação, pré-fabricado, pré-gravação, pré-história,
pré-histórico, pré-habilitação, pré-ignição, pré-inaugural, pré-industrial,
pré-logico, pré-medicação, pré-modernismo, pré-molar, pré-moldado, prénatal (mas prever), pré-operatório, pré-primário, pré-profissional, prépuberdade, pré-qualificação, pré-reflexivo, pré-republicano, pré-requisito,
pré-senil, pré-simbolista, pré-sistólico, pré-sumarização, pré-universitário,
pré-vestibular; pró-africano, pró-análise, pro-ativo, pró-europeu (mas
promover).
2º) Não se emprega, pois, o hífen:1
a) Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo1 termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s, devendo estas consoantes du-
preestabelecido, preexistência, preexistir, prefiguração, prejulgado, premortalizar, prenotar, preordenar,
procônsul, proembrião, proeminente, prolepse, promover, propor, proposição, reabastecer, reabertura,
reabilitação, reabitar, reabjurar, reabrir, reabrir, reação, reacender, reacusar, readaptar, readequer, readmitir, readmissão, readoção, readquirir, reafirmar, reagir, reagravar, reajuste, realegrar, reamanhecer,
reanimar, reaparecer, reaplicar, reapresentar, reaproximar, rearborizar, reatar, reaver, reavivar, rebaixar,
rebater, rebatizar, rebobinar, rebrotar, recadastrar, recair, recapacitar, recapitalizar, recapturar, recasar,
recauchutar, recivilizar, recolonizar, recombinar, recompor, recondução reconhecer, reconstrução, redeclarar, redesenhar, reedição, reedificar, reeducar, reencapar, reencarnar, reelaborar, reeleição, reeducação, reelaborar, reencontro, reenvio, reequipar, reenovelar, reentrar, reescrita, reexaminar, reexibir, reexposição, refazer, reflorir, refluir, reforçar, reformular, regravar, reimportar, reinscrever, reinvestir, relançar, relotear, remanejar, remobilizar, remodelar, renegar, renovar, reocupar, replantio, reposição, reprodução, reprovação, republicar, ressecar, ressocializar, retelhar, retraduzir, retravar, returno, reusar, revacinar, revalidar, revalorizar, reverdejar, revitalizar,
1 Também
não se emprega o hífen com a palavra não e com a palavra quase – com função prefixal: não
agressão, não beligerante, não cooperação, não fumante, não participação, não periódico, não violência,
quase crime, quase estrela, quase nada, quase posse, quase renda etc.
"Está claro que, para atender as especiais situações de expressividade estilística com a utilização de recursos ortográficos, se pode recorrer ao emprego do hífen nestes e em todos os outros casos que o uso
permitir". (Academia, 2009, p. II).
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plicar-se, prática aliás já generalizada em palavras deste tipo pertencentes
aos domínios científico e técnico. Assim: antessala, antirreligioso, antissemita, antissocial, autorregulamentação, biorritmo, biossatélite, contrarregra, contrassenha, cosseno, eletrossiderurgia, extrarregular, infrarrenal,
infrassom, microrradiografia, microssistema, minissaia, neorrinoplastina,
neorromano, protossatélite, pseudossigla, semirrígido, sobressaia, suprarrenal, ultrassonografia.
b) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina em
vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente, prática esta em geral já adotada também para os termos técnicos e científicos. Assim: aeroespacial, agroindustrial, anteaurora, antiaéreo, autoajuda, autoaprendizagem, autoestrada, coadministrar, coautor, coeducação, contraescritura,
contraespionar, contraindicação, contraofensiva, extraescolar, extraoficial,
extrauterino, hidroelétrico, infraestrutura, infraordem, infrauterino, neoafricano, neoimperialismo, plurianual, protoariano, pseudoalucinação,
pseudoepígrafe, retroalimentação, retroiluminar, semiárido, sobreaquecer,
supraesofágico, supraocular, ultraelevado.
3º) Nas formações por sufixação, o hífen só é empregado nos vocábulos terminados por sufixos [ou radicais pospositivos]de origem tupiguarani que representam formas adjetivas, como açu, guaçu e mirim,
quando o primeiro elemento acaba em vogal acentuada graficamente ou
quando a pronúncia exige a distinção gráfica dos dois elementos: abaréguaçu, açaí-mirim, acará-açu, acará-guaçu, acaraibá-guaçu, aguaraquiáaçu, aí-mirim, amoré-guaçu, anajá-mirim, anambé-açu, andá-açu, andiráaçu, andirá-guaçu, arumã-açu, auaí-guaçu, butiá-açu, caá-açu, caapiáaçu, caapiá-mirim, caeté-açu, caeté-mirim, cajá-açu, cajá-mirim, cambaráguaçu, camurim-açu, candiru-açu, capim-açu2, candiru-açu (ou candiruaçu)3, cará-açu, caraguatá-açu, caranaí-mirim, carandaí-guaçu, cuité-açu,
Falso prefixo é o radical de origem grega ou latina que assume o sentido global de um vocábulo do
qual antes era elemento componente. Exemplo: auto é radical grego que significa “por si mesmo, próprio”. Com esse sentido, entra na formação de palavras como automóvel: “veículo movido por si mesmo”. Com esse novo sentido, funcionando como primeiro elemento ou falso prefixo, entra na formação
de outras palavras: autoestrada, autoescola. (Confira AZEREDO, 2008, p. 44)
1
A pronúncia de palavras como capim-açu, curumim-açu, mutum-açu e tucum-açu deixaria de ser com
vogal nasal no final do primeiro elemento, se fossem escritas sem o hífen, pois a letra “m” passaria para
a sílaba seguinte: “ca-pi-ma-çu”, “mu-tu-ma-çu” etc. É interessante lembrar também que o til sobre a letra “a”, ou as letras “m” e “n” pós-vocálicas são marcas gráficas do acento de nasalidade.
2
3
Apesar de não constar no VOLP, a grafia “candiru-açu” se justifica foneticamente.
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caruatá-açu, Ceará-Mirim, curumim-açu, gravatá-açu, ibijaú-guaçu, inajáguaçu, indaiá-mirim, ingá-açu, ingá-mirim, ituá-açu, jabuticaba-açu1, jacaré-açu, jacundá-açu, jataí-guaçu, jatobá-mirim, juá-mirim, jararaca-mirim,
manacá-açu, mangará-mirim, maracanã-açu, maracanã-guaçu, maracujáaçu, maracujá-mirim, mirim-guaçu, mutum-açu, paraíba-mirim (também
paraibamirim)2, paraná-mirim, peroba-açu, pitanguá-açu, sabiá-guaçu,
saí-açu, saíra-açu (ou sairaçu), saíra-guaçu, socó-mirim, tamanduá-açu,
tamanduá-mirim, tamanduá-açu, tangará-açu, tangará-guaçu, tangaracáaçu, taperebá-açu, tapiá-guaçu, tapiá-mirim, tarumã-mirim, teiú-açu, timbó-açu, timbó-mirim, tucum-açu, turumã-açu, uaçaí-mirim, xuê-açu, xuêguaçu.
O VOLP não registra essa palavra, mas o HOUAISS a registra como “jabuticabaaçu”, apesar de informar que o plural é “jabuticabas-açus”.
1
2 Apesar
de aceita pelo VOLP, a grafia “paraibamirim” leva a mudar a posição do acento na sílaba subtônica, pois a pronúncia normal do grupo vocálico “ai” é como ditongo e não como hiato, assim como na
palavra “saíra-açu” / “sairaçu”.
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DO HÍFEN NA ÊNCLISE, NA TMESE
E COM O VERBO HAVER
1º) Emprega-se o hífen na ênclise1 e na mesóclise (tmese):2 amá-lo,
dá-se, deixa-o, partir-lhe; amá-lo-ei, enviar-lhe-emos.
2º) Não se emprega o hífen nas ligações da preposição de às formas
monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver: hei de, hás de,
hão de etc.3
Obs.: 1. Embora estejam consagradas pelo uso (em Portugal) as formas
verbais quer e requer, dos verbos querer e requerer, em vez de quere e
requere, estas últimas formas se conservam, no entanto, nos casos de ênclise: quere-o(s), requere-o(s). Nestes contextos, as formas (legítimas, aliás)
qué-lo e requé-lo são pouco usadas.
2. Usa-se também o hífen nas ligações de formas pronominais enclíticas à palavra eis (eis-me, ei-lo) e ainda nas combinações de formas pronominais do tipo no-lo, vo-las, quando em próclise (por exemplo: esperamos que no-lo comprem).
Ênclise é a incorporação, na pronúncia, de um vocábulo átono ao que o antecede, subordinando-se o
átono ao acento tônico do outro. Exemplo: pequei-o. (Confira AZEREDO, 2008, p. 46)
1
2 Tmese
ou mesóclise é a colocação do pronome oblíquo átono entre o tema e a desinência das formas
verbais do futuro do presente e do futuro do pretérito. Exemplo: amá-la-ia. (Confira AZEREDO, 2008, p.
46).
3
Isto não é novidade para nós, brasileiros, mas apenas para os usuários da grafia lusitana.
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EXERCÍCIOS
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03/06/2011 – Emprego do hífen (p. 5-7, 131-134) e exercícios de ortografia
27 a 31 (p. 152-154)
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6. EMPREGO DO HÍFEN
6.1. Estado da questão
No que respeita ao emprego do hífen, não há propriamente divergências assumidas entre a norma ortográfica lusitana e a brasileira. Ao consultarmos, porém, os dicionários portugueses e brasileiros e ao lermos, por
exemplo, jornais e revistas, deparam-se-nos muitas oscilações e um largo
número de formações vocabulares com grafia dupla, ou seja, com hífen e
sem hífen, o que aumenta desmesurada e desnecessariamente as entradas
lexicais dos dicionários. Estas oscilações se verificam sobretudo nas formações por prefixação e na chamada recomposição, ou seja, em formações
com pseudoprefixos de origem grega ou latina.
Eis alguns exemplos de tais oscilações: ante-rosto e anterrosto, coeducação e coeducação, pré-frontal e prefrontal, sobre-saia e sobressaia,
sobre-saltar e sobressaltar, aero-espacial e aeroespacial, autoapendizagem e autoaprendizagem, agro-industrial e agroindustrial, agropecuária e agropecuária, alvéolo-dental e alveolodental, bolbo-raquidiano
e bolborraquidiano, geo-história e geoistória, micro-ondas e microondas
etc.
Estas oscilações são, sem dúvida, devidas a certa ambiguidade e
falta de sistematização das regras que foram consagradas no texto de
1945 sobre esta matéria. Tornava-se, pois, necessário reformulá-las de
modo mais claro, sistemático e simples. Foi o que se tentou fazer em
1986.
A simplificação e redução operadas nessa altura, nem sempre bem
compreendidas, provocaram igualmente polêmica na opinião pública portuguesa, não tanto por uma ou outra incongruência resultante da aplicação das
novas regras, mas sobretudo por alterarem bastante a prática ortográfica
neste domínio.
A posição que agora se adota, muito embora tenha tido em conta as
críticas fundamentadas ao texto de 1986, resulta, sobretudo, do estudo do
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uso do hífen nos dicionários portugueses e brasileiros, assim como em jornais e revistas.
6.2. O hífen nos compostos (Base XV)
Sintetizando, pode-se dizer que, quanto ao emprego do hífen nos
compostos, locuções e encadeamentos vocabulares, se mantém o que foi estatuído em 1945, apenas se reformulando as regras de modo mais claro, sucinto e simples.
De fato, neste domínio não se verificam praticamente divergências
nem nos dicionários nem na imprensa escrita.
6.3. O hífen nas formas derivadas (Base XVI)
Quanto ao emprego do hífen nas formações por prefixação e também
por recomposição, isto é, nas formações com pseudoprefixos de origem
grega e latina, apresenta-se alguma inovação. Assim, algumas regras são
formuladas em termos contextuais, como sucede nos seguintes casos:
a) Emprega-se o hífen quando o segundo elemento da formação começa
por h ou pela mesma vogal ou consoante com que termina o prefixo
ou pseudoprefixo (por exemplo: anti-higiênico, contra-almirante,
hiper-resistente);
b) Emprega-se o hífen quando o prefixo ou falso prefixo termina em m e
o segundo elemento começa por vogal, h, m ou n (por exemplo: panhelênico, circum-navegação, circum-murado, pan-africano).
As regras restantes são formuladas em termos de unidades lexicais,
como acontece com oito delas (ex, sota e soto, vice e vizo, pós, pré e pró).
Noutros casos, porém, uniformiza-se o não emprego do hífen, do seguinte modo:
a) Nos casos em que o prefixo ou o pseudoprefixo termina em vogal e o
segundo elemento começa por r ou s, estas consoantes se duplicam,
como já acontece com os termos técnicos e científicos (por exemplo:
antirreligioso, microssistema);
b) Nos casos em que o prefixo ou o pseudoprefixo termina em vogal e o
segundo elemento começa por consoante ou por vogal diferente daquela, as duas formas se aglutinam, sem hífen, como já sucede
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igualmente no vocabulário científico e técnico (por exemplo: antiaéreo, aeroespacial, antipirético).
6.4. O hífen na ênclise e tmese [mesóclise] (Base XVII)
Quanto ao emprego do hífen na ênclise e na mesóclise (tmese), mantêm-se as regras de 1945, exceto no caso das formas hei de, hás de, há de
etc., em que o hífen passa a ser suprimido. Nestas formas verbais o uso do
hífen não tem justificativa, já que a preposição de funciona ali como mero
elemento de ligação ao infinitivo com que se forma a perífrase verbal (conferir hei de ler etc.), na qual de é mais proclítica do que enclítica (apoclítica)1.
Apoclítico é o vocábulo que, não tendo acento próprio, se subordina ao acento da palavra anterior.
Portanto, é sinônimo de enclítico. (Cf. Aulete, 1970)
1
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EXERCÍCIOS DE ORTOGRAFIA
27) Assinale os vocábulos em que o uso do hífen não está de acordo com as
normas ortográficas vigentes:
1. a) anterrosto; b) anteontem; c) antissemita; d) auto-didata.
2. a) contraindicação; b) infras-som; c) extranumerário; d) semiárido.
3. a) extrafino; b) neo-latino; c) supracitado; d) pseudocientífico.
4. a) antiaéreo; b) sobreaviso; c) arqui-irmandade; d) malagradecido.
5. a) pan-germânico; b) bem-soante; c) subchefe; d) subperíodo.
6. a) pré-figurar; b) pressentir; c) coirmão; d) co-herdeiro.
7. a) bissemanal; b) audiovisual; c) hidro-solúvel; d) termoelétrico.
28) Empregue o hífen, quando necessário. Quando os elementos forem escritos juntos, faça a junção:
1. couve flor 2. pé de moleque 3. guarda roupa 4. galinha d‘angola
5. pé de meia 6. bel prazer 7. el rei 8. a desoras
9. a fim de 10. luso brasileiro 11. fio dental 12. greco romano
13. anajá mirim 14. fim de semana 15. extra oficial 16. auto educação
17. ante histórico 18. vice diretor 19. pré escolar 20. contra almirante
29) Empregue o hífen, quando necessário. Quando os elementos forem escritos juntos, faça a junção:
1. ex diretor 2. ab rogar 3. sub rogar 4. super humano
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5. pan brasileiro 6. pan americano 7. pre anunciar 8. sem vergonha
9. sem cerimônia 10. pré escolar 11. supra renal 12. bem humorado
13. mal humorado 14. pro helênico 15. pro consul 16. arqui milionário
17. além túmulo 18. co irmão 19. co proprietário 20. néo republicano
30) Empregue o hífen, quando necessário, ou junte os elementos, se for o
caso:
1. contra ordem 2. anti nacional 3. contra aviso 4. contra producente
5. auto suficiente 6. pan hispânico 7. proto mártir 8. pseudo revelação
9. ex prefeito 10. ante sala 11. super herói 12. anti escravagista
13. re inaugurar 14. anti eufônico 15. super lotar 16. extra terrestre
17. super sônico 18. anti histórico 19. sub raça 20. ultra marino
21. anti revolução 22. anti aéreo 23. anti rábico 24. extra curricular
25. re criar 26. anti tóxico 27. co réu 28. infra vermelho
29. ante braço 30. recém vindo 31. bem vindo 32. arqui milionário
33. super sensível 34. semi árido 35. semi culto 36. supra hepático
37. dá lhe 38. retro agir 39. semi sábio 40. pseudo machão
31) Empregue o hífen, quando necessário, ou junte os elementos, se for o
caso:
1. bem ditoso 2. inter europeu 3. terça feira 4. extra hospitalar
5. super bacana 6. hidro avião 7. ab rogar 8. afro brasileira
9. auto sugestão 10. supra sumo 11. bem fazejo 12. pan cromático
13. intra ocular 14. pos tônico 15. pre tônico 16. extra legal
17. pre dizer 18. amarelo ouro 19. pan asiático 20. água de colônia
21. pós graduação 22. pré nupcial 23. semi aberto 24. pré operatório
25. luso brasileiro 26. bel prazer 27. gira sol 28. mal educado
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
29. semi círculo 30. treme treme 31. grão duque 32. infra assinado
33. ultra uterino 34. multi colorido 35. inter pôr 36. auto admiração
37. co autoria 38. pré vestibular 39. super feliz 40. pro pugnar
31-a) Assinale a opção que contém erro na grafia de palavras compostas:
a) recém-inaugurada, granfino;
b) grão-rabino, tambor-mor;
c) és-nordeste, acácia-negra;
d) bico-de-lacre, girassol;
e) quarta-feira, rio-grandense-do-sul
31-b) Assinale a opção que contém erro na grafia de palavras compostas:
a) são-paulino, santo-amarense;
b) santa-cruzense, dom-quixotismo;
c) pica-pau, vaivém;
d) ato-show, novo-horizontino;
e) queda-de-braço, pé-de-moleque.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
GABARITO DOS EXERCÍCIOS DE ORTOGRAFIA
27) 1e, 2b, 3b, 4d, 5d, 6a, 7c.
28)
1.couve-flor,
3.guarda-roupa,
4.galinha-d‘angola,
6.bel-prazer,
10.luso-brasileiro,
12.greco-romano,
13.anajá-mirim,
15.extraoficial,
16.autoeducação,
17.ante-histórico,
18.vice-diretor, 19.pré-escolar, 20.contra-almirante.
29) 1.ex-diretor, 2.ab-rogar, 3.sub-rogar, 4.super-humano, 5.pambrasileiro,
6.pan-americano,
7.preanunciar,
8.sem-vergonha, 9.sem-cerimônia, 10.pré-escolar, 11.suprarrenal, 12.bemhumorado,
13.mal-humorado,
14.pró-helênico,
15.procônsul,
16.arquimilionário, 17.além-túmulo, 18.coirmão, 19.coproprietário,
20.neorrepublicano.
30) 1.contraordem, 2.antinacional, 3.contra-aviso, 4.contraproducente,
5.autossuficiente, 6.pan-hispânico, 7.protomártir, 8.pseudorrevelação,
9.ex-prefeito,
10.antessala,
11.super-herói,
12.antiescrevagista,
13.reinaugurar, 14.antieufônico, 15.superlotar, 16.extraterrestre,
17.supersônico,
18.anti-histórico,
19.sub-raça,
20.ultramarino,
21.antirrevolução, 22.antiaéreo, 23.antirrábico, 24.extracurricular,
25.recriar, 26.antitóxico, 27.corréu, 28.infravermelho, 29.antebraço,
30.recém-vindo, 31.benvindo, 32.arquimilionário, 33.supersensível, 34.semiárido,
35.semiculto, 36.supra-hepático, 37.dá-lhe, 38.retroagir, 39.semissábio,
40.pseudomachão.
31)
1.bem-ditoso, 2.intereuropeu, 3.terça-feira, 4.extra-hospitalar,
5.superbacana,
6.hidroavião,
7.ab-rogar,
8.afro-brasileira,
9.autossugestão, 10.suprassumo, 11.bem-fazejo, 12.pancromático,
13.intraocular, 14.postônico, 15.pretônico, 16.extralegal, 17.predizer,
18.amarelo-ouro,
19.pan-asiático,
20.água-de-colônia,
21.pósgraduação, 22.pré-nupcial, 23.semiaberto, 24.pré-operatório, 25.lusobrasileiro,
26.bel-prazer, 27.girassol, 28.mal-educado, 29.semicírculo, 30.treme-treme,
31.grão-duque,
32.infra-assinado,
33.ultrauterino,
34.multicolorido, 35.interpor, 36.autoadmiração, 37.coautoria, 38.prévestibular, 39.superfeliz, 40.propugnar.
31-a) a) grã-fino;
31-b) e) e) queda de braço, pé de moleque.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
10/06/2011 – A oficialização das letras K, W e Y, o uso de minúsculas e
maiúsculas, divisão silábica, assinaturas e firmas (p. 103-109 e ARAÚJO,
2008, p. 78-82)
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
DO ALFABETO E DOS NOMES PRÓPRIOS
ESTRANGEIROS E SEUS DERIVADOS
1º) O alfabeto da língua portuguesa é formado por vinte e seis letras,
cada uma delas com uma forma minúscula e outra maiúscula: a A (á), b B
(bê), c C (cê), d D (dê), e E (é), f F (efe), g G (gê ou guê), h H (agá), i I (i), j
J (jota), k K (capa ou cá)1, l L (ele), m M (eme), n N (ene), o O (ó), p P
(pê), q Q (quê), r R (erre), s S (esse), t T (tê), u U (u), v V (vê), w W (dáblio)2, x X (xis), y Y (ípsilon)3, z Z (zê).4
Obs.: 1. Além destas letras, usam-se o ç (cê cedilhado) e os seguintes dígrafos5: rr (erre duplo), ss (esse duplo), ch (cê-agá), lh (ele-agá), nh (ene-agá),
gu (guê-u) e qu (quê-u)1.
O k representa uma consoante oclusiva velar surda, tal como o c (antes de a, o e u), o q ou o qu (em
quatro e quero).
1
2O
w representa o som de /u/ (vogal ou semivogal) em palavras de origem inglesa e o som consonantal
/v/ em palavras de origem alemã, havendo situações em que pode ter ambas as realizações, como na
palavra Darwin, que pode ser pronunciada como Dáruim ou como Dárvim.
3O
y representa sempre o som de /i/, ora como vogal, ora como semivogal.
Passam a integrar o alfabeto da língua portuguesa as letras k K (capa ou cá), w W (dáblio) e y Y (ípsilon), apesar de já serem usadas anteriormente sem fazerem parte do alfabeto. O “acordo” de 1943 não
se referia ao fato de que há letras maiúsculas ou minúsculas, apesar de haver regras específicas para o
uso de umas e de outras. Com isto, a partir de agora, os nossos dicionários incluirão tais letras, necessariamente nos seus respectivos lugares, assim como a numeração alfabética passará a contar com
mais estas três letras. Como se vê, corrige-se uma incoerência da legislação anterior, apesar de ter sido
de grande valor na simplificação ortográfica daquela época.
4
Naturalmente, tais letras continuarão a ser usadas nos mesmos casos especiais em que já eram usadas,
como se verá adiante.
Outra novidade é o fato de se sugerir nome para as letras, lembrando que se trata de meras sugestões,
admitindo-se outros nomes locais e regionais, assim como a informação de que, além destas letras,
usam-se outras letras e dígrafos.
5
Dígrafo ou digrama é a representação de um fonema pela combinação de duas letras
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
2. Os nomes das letras acima sugeridos não excluem outras formas
de as designar.2
2º) As letras k, w e y são usadas nos seguintes casos especiais:
a) Em nomes próprios de pessoas (antropônimos) originários de outras línguas e seus derivados: Becker, Byron, byroniano; Chediak, Franklin,
frankliniano; Kafka, kafkiano; Kant, kantismo, kantista; Kardec, kardecista,
kardecismo; Kury, Darwin, darwinismo; Taylor, taylorista; Wagner, wagneriano; Walmirio; Zyngier.
b) Em nomes próprios de lugares (topônimos) originários de outras
línguas e seus derivados: Kwanza; Kuwait, kuwaitiano; Malawi, malawiano; Washington.
c) Em siglas, símbolos e mesmo em palavras adotadas como unidades de medida de curso internacional: K-potássio (de kalium), KLM; TWA,
W- oeste (West); kg- quilograma, km- quilômetro, kW- kilowatt, yd- jarda
(yard); Watt.
3º) Em conformidade com o número anterior, mantêm-se nos vocábulos
derivados eruditamente de nomes próprios estrangeiros quaisquer combinações
gráficas ou sinais diacríticos3 não peculiares à nossa escrita que figurem nesses
nomes: (mt) comtista, de Comte; (tt) garrettiano, de Garrett; (ff) jeffersônia, de
Jefferson; (ü e ll) mülleriano, de Müller; (sh) shakespeariano, de Shakespeare.
Os vocabulários autorizados registrarão grafias alternativas admissíveis em casos de divulgação de certas palavras de tal tipo de origem (a
Além desses dígrafos, ainda existem os seguintes, que não foram relacionados no Acordo, provavelmente por causa de variações de pronúncia ou pela controvérsia teórica em relação a alguns deles: sc
(esse-cê – nascer), sç (esse-cê cedilha – nasça), xc (xis-cê – exceto), xs (xis-esse – exsudar), am (áeme – campo), an (á-ene – canto), em (é-eme – tempo), en (é-ene – entre), im (i-eme – impor), in (i-ene
– pinto), om (ó-eme – compra), on (ó-ene – ontem), um (u-eme – álbum), un (u-ene – junto).
1
Domício Proença Filho (2009, p. 40) nos lembra de que deixa também de ser citada no Acordo “a representação de dois fonemas por uma letra, caso do x, em vocábulos como fixar, reflexo, refluxo, e do y em
estrangeirismos como byroniano (pronúncia: baironiano).”
Na Bahia, por exemplo, as letras admitem outras designações, como, fê (f), guê (g), lê (l), mê (m), nê
(n) e rê (r). Tanto ali, quanto em Sergipe e em Alagoas, o j é também conhecido como ji. (Confira PROENÇA FILHO, 2009, p. 39)
2
Sinais diacríticos são os que conferem às letras ou grupos de letras um valor fonológico especial. Os
sinais diacríticos usados em português são: acento agudo (´), acento circunflexo (^), acento grave (`),
cedilha (ç), til (~) e trema (¨). (Confira AZEREDO, 2008, p. 27)
3
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
exemplo de fúcsia/fúchsia e derivados, bungavília/buganvílea/bougainvíllea).1
4º) Os dígrafos finais de origem hebraica ch, ph e th podem ser conservados em formas onomásticas da tradição bíblica, como Baruch, Loth,
Moloch, Ziph, ou então simplificados: Baruc, Lot, Moloc, Zif. Se qualquer
um destes dígrafos, em formas do mesmo tipo, é invariavelmente mudo, é
eliminado: José, Nazaré, em vez de Joseph, Nazareth; e se algum deles, por
força do uso, permite adaptação, é substituído, recebendo uma adição vocálica: Judite, em vez de Judith.2
5º) As consoantes finais grafadas b, c, d, g e t se mantêm (ou não),
quer sejam mudas, quer proferidas, nas formas onomásticas em que o uso as
consagrou, nomeadamente antropônimos e topônimos da tradição bíblica:
Bensabat/Bensabá, David/Davi, Gad, Gog, Isaac, Jacob/Jacó, Job/Jó, Josafat/Josafá, Magog, Moab.
Integram-se também nesta forma: Cid, em que o d é sempre pronunciado; Madrid e Valladolid, em que o d ora é pronunciado, ora não; e Calecut, Calecute ou Calicut, em que o t se encontra nas mesmas condições.
Nada impede, portanto, que os antropônimos em apreço sejam usados sem a consoante final Jó, Davi e Jacó.
6º) Recomenda-se que os topônimos de línguas estrangeiras sejam
substituídos, tanto quanto possível, por formas da língua portuguesa (formas
vernáculas), quando estas forem antigas (e mesmo vivas) em português ou
quando entrarem (ou puderem entrar) no uso corrente. Exemplo: Anvers,
substituído por Antuérpia; Cherbourg por Cherburgo; Garonne por Garona; Genève por Genebra; Jutland por Jutlândia; Milano por Milão; Mün-
Em tais casos, é indispensável consultar o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, porque é o
único documento que oficialmente autoriza as grafias alternativas admissíveis.
1
Fica explícito, portanto, que tais formas só permanecem quando os dígrafos ch, ph e th são pronunciados, podendo-se ainda ser substituídos por c, f e t. Caso não sejam pronunciados, devem ser eliminados, nos casos de palavras como Davi, José e Nazaré, por exemplo.
2
Como lembra Maurício Silva (2008, p. 30), “a intenção dessa regra é apenas consagrar um uso já comum na ortografia portuguesa, embora ainda não tivesse sido definida antes do acordo”, talvez porque,
como lembra informalmente Afrânio Garcia, isto possa ser interpretado como discriminação religiosa.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
chen por Munique; Torino por Turim; Venezia por Veneza, Zürich por Zurique etc.1
EXPLICAÇÃO
7.1. Inserção do alfabeto (Base I)
Uma inovação que o novo texto de unificação ortográfica apresenta,
logo na Base I, é a inclusão do alfabeto, acompanhado das designações que
usualmente são dadas às diferentes letras. No alfabeto português passam a
incluir-se também as letras k, w e y, pelas seguintes razões:
a) Os dicionários da língua já registram estas letras, pois existe um razoável número de palavras do léxico português iniciado por elas;
b) Na aprendizagem do alfabeto é necessário fixar qual a ordem que elas
ocupam;
c) Nos países africanos de língua oficial portuguesa existem muitas palavras que se escrevem com elas.
Apesar da inclusão no alfabeto das letras k, w e y, mantiveram-se, no
entanto, as regras já fixadas anteriormente quanto ao seu uso restritivo, pois
existem outros grafemas com o mesmo valor fônico daquelas. Se, de fato,
fosse abolido o uso restritivo daquelas letras, introduzir-se-ia no sistema ortográfico do português mais um fator de perturbação, ou seja, a possibilidade de representar, indiscriminadamente, por aquelas letras fonemas que são
transcritos por outras.
1O
aportuguesamento dos topônimos estrangeiros é aconselhado, admitindo-se as situações em que isto não for possível, ao contrário do que se determinou em 1943, sem grande sucesso. Portanto, apesar
de ser uma concessão que não existia antes, trata-se da adequação à realidade, pois a língua pertence
ao povo e não apenas aos linguistas e filólogos.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
DAS MINÚSCULAS E MAIÚSCULAS
1º) A letra minúscula inicial é usada:
a) Ordinariamente, em todos os vocábulos da língua nos usos correntes.
b) Nos nomes dos dias, meses, estações do ano: segunda-feira; outubro; primavera.
c) Nos bibliônimos1 (após o primeiro elemento, que é com maiúscula, os demais vocábulos podem (grifo nosso) ser escritos com minúscula,
salvo nos nomes próprios nele contidos, tudo em grifo)2: O Senhor do Paço
de Ninães ou O Senhor do paço de Ninães, Menino de Engenho ou Menino
de engenho, Árvore e Tambor ou Árvore e tambor.
d) Nos usos de fulano, sicrano, beltrano.
e) Nos pontos cardeais (mas não nas suas abreviaturas): norte, sul
(mas SW sudoeste).
f) Nos axiônimos3 e hagiônimos4 (opcionalmente, neste1 caso, também com maiúscula), exceto nas abreviaturas, conforme o item h, no item
Bibliônimo é o nome, título designativo ou intitulativo de livro impresso ou obra que lhe seja equiparada. (Confira HOUAISS, 2001)
1
Considerando-se a prática moderna de uso mais generalizado, é preferível que se escreva com inicial
maiúscula apenas o primeiro elemento e os nomes próprios contidos no título, mas o uso das iniciais
maiúsculas nos biblônimos pode ser importante destaque, no corpo do texto. Observe-se, no entanto,
que há normatização específica para referência bibliográfica em trabalhos acadêmicos. (Cf. ABNT, NBR
6023 de 2002).
2
Axiônimo é a forma cortês de tratamento ou expressão de reverência. Exemplos: Sr., Dr., Vossa Santidade etc. (Confira AZEREDO, 2008, p. 30)
3
4 Hagiônimo
é a designação comum aos nomes sagrados e aos nomes próprios referentes a crenças religiosas. Exemplos: Alá, Deus, Jeová, Ressurreição etc. (Confira AZEREDO, 2008, p. 50)
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
2º, a seguir: senhor doutor Joaquim da Silva, bacharel Mário Abrantes, o
cardeal Bembo, santa Filomena (ou Santa Filomena).
g) Nos nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas
(opcionalmente, também com maiúscula): português (ou Português), matemática (ou Matemática); línguas e literaturas modernas (ou Línguas e Literaturas Modernas).
2º) A letra maiúscula inicial é usada:
a) Nos antropônimos, reais ou fictícios: 2 Pedro Marques, Branca de
Neve, D. Quixote.
b) Nos topônimos, reais ou fictícios: Lisboa, Luanda, Maputo, Rio de
Janeiro; Atlântida, Hespéria.
c) Nos nomes de seres antropomorfizados ou mitológicos: Adamastor; Netuno.
d) Nos nomes que designam instituições: Instituto de Pensões e Aposentadorias da Previdência Social.
e) Nos nomes de festas e festividades: Natal, Páscoa, Ramadão, Todos os Santos.
f) Nos títulos de periódicos, que conservam o itálico: O Primeiro de
Janeiro, O Estado de São Paulo (ou S. Paulo).
g) Nos pontos cardeais ou equivalentes, quando empregados absolutamente: Nordeste, por nordeste do Brasil, Norte, por norte de Portugal,
Meio-Dia, pelo sul da França ou de outros países, Ocidente, por ocidente
europeu, Oriente, por oriente asiático.3
O uso do demonstrativo “este” trouxe ambiguidade para esta norma, pois há quem interprete o pronome como referindo-se ao “caso” dos “axiônimos e hagiônimos” e os que entendem que só se trata do último item (hagiônimos). (Conferir Azeredo, 2008, p. 100; Bechara, 2008a, p. 113; Estrela, 1993, p. 179 e
Silva, 2008, p. 33)
1
Os nomes próprios de qualquer natureza (antropônimos, topônimos etc.) que entram na formação de
palavras só devem ser escritos com letra inicial maiúscula quando mantiverem o seu significado primitivo, como em além-Brasil, aquém-Atlântico, doença de Chagas, mal de Alzheimer, sistema Didot, Anel de
Saturno. Mas deverão ser escritas com minúsculas quando a nova palavra se afasta do sentido primitivo,
como em água-de-colônia, joão-de-barro, erva-de-santa-maria, folha-de-flandres, negócio-da-china, melão-de-são-caetano, pão-do-chile, pão-de-são-joão.
2
Não se usa inicial maiúscula, portanto, nos nomes de idiomas (tupi, português, latim, inglês etc.) e nos
adjetivos pátrios (latino, brasileiro, tupi, xavante etc.), exceto nas situações técnicas exigidas em traba3
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
h) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais ou nacionalmente reguladas com maiúsculas, iniciais ou mediais ou finais ou o todo em
maiúsculas: FAO, NATO, ONU; H2O, Sr., V. Exª.
i) Opcionalmente, em palavras usadas reverencialmente, aulicamente
ou hierarquicamente1, em início de versos, em categorizações de logradouros públicos: (rua ou Rua da Liberdade, largo ou Largo dos Leões), de
templos (igreja ou Igreja do Bonfim, templo ou Templo do Apostolado Positivista), de edifícios (palácio ou Palácio da Cultura, edifício ou Edifício
Azevedo Cunha).
Obs.: As disposições sobre os usos das minúsculas e maiúsculas não obstam a que obras especializadas observem regras próprias, provindas de códigos ou normalizações específicas (terminologias antropológica, geológica,
bibliológica, botânica, zoológica etc.), procedentes de entidades científicas
ou normalizadoras, reconhecidas internacionalmente.
lhos de Etnografia, Antropologia etc. O uso indiscriminado de iniciais maiúsculas, nestes casos, é estrangeirismo gráfico intolerável.
É isto que justifica a utilização de inicial maiúscula em palavras como "Acadêmico", presentes em documentos das academias, e "Professor", nos documentos dos sindicatos desta categoria profissional,
por exemplo.
1
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EXPLICAÇÃO
DA DIVISÃO SILÁBICA
A divisão silábica, que em regra se faz pela soletração (a-ba-de, bruma, ca-cho, lha-no, ma-lha, ma-nha, má-xi-mo, ó-xi-do, ro-xo, tme-se) e na
qual, por isso, não tem de atender aos elementos constitutivos dos vocábulos segundo a etimologia (a-ba-li-e-nar, bi-sa-vó, de-sa-pa-re-cer, di-sú-rico, e-xâ-ni-me, hi-pe-ra-cús-ti-co, i-ná-bil, o-bo-val, o-bo-voi-de, o-bumbrar, su-bo-cu-lar, su-pe-rá-ci-do), obedece a vários preceitos particulares,
que rigorosamente cumpre seguir, quando se tem de fazer em fim de linha,
mediante o emprego do hífen, a partição de uma palavra:
1º) São indivisíveis no interior de palavra, tal como inicialmente, e
formam, portanto, sílaba para a frente as sucessões de duas consoantes que
constituem perfeitos grupos,1 ou (com exceção dos compostos cujos prefixos terminam em b ou d2: ab-legação, ad-ligar, ob-cecar, ob-ducente, objurgação,
ob-nubilar,
ob-rogar,
ob-sidiar, ob-star, ob-stringir, ob-struir, ob-temperar, ob-turar, ob-viar, sobroda, sub-lunar etc., em vez de a-blegação, a-dligar, o-brogar, so-broda,
su-blunar etc.) aquelas sucessões em que a primeira consoante é uma labial,
uma velar, uma dental ou uma labiodental e a segunda um l ou um r: ablução, cele-brar, du-plicação, re-primir, a-clamar, de-creto, de-glutição,
re-grado, a-tlético, cáte-dra, períme-tro, a-fluir, a-fricano, ne-vrose.
2º) São divisíveis no interior da palavra as sucessões de duas consoantes que não constituem propriamente grupos e igualmente as sucessões de
m ou n, com valor de nasalidade, e uma consoante: ab-dicar, Ed-gar-do,
op-tar, ab-soluto, ad-jetivo, af-ta, bet-samita, íp-silon, ob-viar, des-cer, disci-plina, flores-cer, nas-cer, res-cisão, ac-ne, ad-mirável, Daf-ne, dia-fragma, drac-ma, ét-nico, rit-mo, sub-meter, am-nésico, interam-nen-se, birreme, cor-roer, pror-rogar, as-segurar, bis-secular, sos-segar, bis-sex-to,
con-tex-to, ex-citar, atroz-men-te, capaz-men-te, in-feliz-men-te, am-bição,
desen-ganar, en-xame, man-chu, Mân-lio etc.
3º) As sucessões de mais de duas consoantes ou de m ou n, com o
valor de nasalidade, e duas ou mais consoantes são divisíveis por um de
1 Os
referidos encontros ou grupos consonantais perfeitos (bl, br, cl, cr, dr, fl, fr, gl, gr, pl, pr, tl, tr e vr)
são indivisíveis.
Os referidos prefixos terminados em b e d, que não admitem formar grupos com a consoantes seguintes, são: ab, ad, ob, sob e sub.
2
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
dois meios: se nelas entra um dos grupos que são indivisíveis (de acordo
com o preceito 1º), esse grupo forma sílaba para diante, ficando a consoante
ou consoantes que o precedem ligadas à sílaba anterior; se nelas não entra
nenhum desses grupos, a divisão se dá sempre antes da última consoante.
Exemplos dos dois casos: cam-braia, ec-tlip-se, em-blema, ex-plicar, incluir, ins-crição, subs-crever, trans-gredir; abs-ten-ção, disp-neia, in-terstelar, lamb-dacis-mo, sols-ticial, Terp-sícore, tungs-tênio.
4º) As vogais consecutivas que não pertencem a ditongos decrescentes (as que pertencem a ditongos deste tipo nunca se separam: ai-roso, cadei-ra, insti-tui, ora-ção, sacris-tães, traves-sões) podem, se a primeira delas não é u precedido de g ou q, e mesmo que sejam iguais, separar-se na
escrita: ala-úde, áre-as, arei-a, cinco-enta, co-apeba, co-ordenar, correi-o,
do-er, flu-idez, perdo-as, vo-os. O mesmo se aplica aos casos de contiguidade de ditongos, iguais ou diferentes, ou de ditongos e vogais: cai-ais, caíeis, ensai-os, flu-iu.
5º) Os dígrafos gu e qu nos quais o u não se pronuncia nunca se separam da vogal ou ditongo imediato (ne-gue, ne-guei; pe-que, pe-quei, do
mesmo modo que as combinações gu e qu nas quais o u é pronunciado: água, ambí-guo, averi-gueis; longín-quos, lo-quaz, quais-quer. [Não se tratando do dígrafo nem de ditongos, o u dos grupos gu e qu pode ser separado da vogal seguinte. Exemplos: a-gu-e, a-gu-es, a-gu-em, ar-gu-em, a-veri-gu-e etc.].
6º) Na translineação1 de uma palavra composta ou de uma combinação de palavras em que há um ou mais de um hífen, se a partição coincide
com o final de um dos elementos ou membros, deve, por clareza gráfica, repetir-se o hífen no início da linha imediata: serená-los-emos ou serená-losemos, ex-alferes, vice-almirante, ex-vice-rei ou ex-vice-rei etc.
Translineação é o ato de passar de uma linha para a outra, na escrita ou na impressão, ficando parte
da palavra na linha superior e o resto na de baixo. (Confira AZEREDO, 2008, p. 52)
1
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
DAS ASSINATURAS E FIRMAS
Para ressalva de direitos, cada qual pode manter a escrita que, por
costume ou registro legal, adote na assinatura do seu nome.
Com o mesmo fim, a grafia original de quaisquer firmas comerciais,
nomes de sociedades, marcas e títulos que estejam inscritos em registro público pode ser mantida.1
Mesmo sendo o próprio que assine o nome, não está obrigado a fazê-lo conforme consta no registro,
caso não esteja conforme as normas ortográficas, apesar de ser preferível para evitar transtornos burocráticos ou explicações desnecessárias. O professor Bechara é registrado como Evanildo Cavalcante
Bechara, mas assina como Evanildo Bechara; o professor Leodegário, registrado como Leodegário
Amarante de Azevedo Filho, assinava como Leodegário A. de Azevedo Filho. Ninguém está obrigado a
escrever Amós Coêlho da Silva, com acento em Coelho, nem Carlos Eduardo Falcão Uchôa, com acento em Uchoa, mas pode.
1
Naturalmente, ninguém deve reclamar de outra pessoa que tenha usado a grafia correta para escrever o
seu nome ou o nome de sua empresa, caso este esteja incorreto no registro.
Não se trata de alteração de norma anterior, pois assim consta no texto das “Instruções para a organização do vocabulário ortográfico da língua portuguesa” que foram adotadas como normas ortográficas no
Brasil em 1955: “40. Para salvaguardar direitos individuais, quem o quiser manterá em sua assinatura a
forma consuetudinária. Poderá também ser mantida a grafia original de quaisquer firmas, sociedades, títulos e marcas que se achem inscritas em registro público”.(Apud LUFT, 2002, p. 276)
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
EXERCÍCIOS DE ORTOGRAFIA
1) As palavras abaixo estão divididas em suas sílabas, mas um deles se separaria diferentemente na translineação. Identifique-a: a) abs-tra-ção; b)
fic-ção; c) re-ssu-sci-tar; d) aus-cul-tar; e) con-sig-na-ção.
32) Em algumas palavras dos períodos seguintes, aparecem minúsculas em
lugar de maiúsculas ou vice-versa. Emende, quando for preciso:
1. Na idade média, os povos da América do Sul não tinham laços de
amizade com a Europa.
2. Diz o provérbio Árabe: ―a agulha veste os outros e vive nua‖.
3. A Avenida Afonso pena, em Belo Horizonte, foi ornamentada na época de Natal.
4. As abelhas se alvoroçaram e foi um Deus-nos-acuda!
5. Já estamos em pleno mês de Dezembro.
6. Os Americanos também cultuam a memória de seus vultos históricos.
7. Percorremos o país de Norte a Sul.
8. Toda a história do homem sobre a Terra constitui permanente esforço
de comunicação.
9. A Primavera, o Verão, o Outono e o Inverno têm durações diferentes.
10. No hemisfério Sul, as estações são opostas às do hemisfério Norte.
11. A primeira ferrovia Brasileira foi inaugurada em 1854, pelo Visconde de Mauá.
12. Quem nasce em D. Pedro (Maranhão) é dom-Pedrense.
13. Existe uma planta com o nome de espinho-de-São-João.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
14. O espinafre-da-Guiana pode ser cultivado em jardineiras.
15. Olímpio e Mauricélia são Nordestinos.
16. Aproveitamos o feriado da sexta-feira santa para uma excursão ao
nordeste.
17. Hoje não mais se justifica o seu exagerado romantismo.
18. O renascimento foi buscar seus modelos na antiguidade clássica.
19. A nave espacial voyager, dos estados unidos da América, revelounos aspectos insuspeitados de saturno, o planeta dos anéis.
20. O renascimento da democracia trouxe júbilo geral.
21. Cansado da terra, procura o homem conquistar outros planetas.
22. A rua do ouvidor, no rio de janeiro, conserva seu nome tradicional.
23. Um pensador já disse: ―o romantismo, mais do que uma escola, é um
estado de espírito da época‖.
24. Dentre as obras de Machado de Assis, tenho especial estima pelos
livros de contos chamados histórias sem data e várias histórias.
25. O jornal do Brasil é editado no rio de janeiro.
26. A união brasileira de escritores, sob a presidência de Edir Meireles, é
uma instituição que defende os direitos do escritor nacional.
27. A igreja, a partir do pontificado do papa João XXIII, vem se modernizando.
28. A lei do ventre livre contribuiu para a extinção da escravatura.
29. A lei nº 5.765, de 18 de dezembro de 1971, simplificou a acentuação
gráfica no Brasil.
30. Efetivamente, o acordo ortográfico da língua portuguesa de 1990 entra em vigor no Brasil no dia 1º de janeiro de 2009.
31. O presidente da república visitará vários países da África.
32. Todos aplaudiram o chefe da nação.
33. O chanceler Osvaldo Aranha teve papel saliente na criação do estado
de Israel.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
34. Num regime parlamentarista há um primeiro-ministro como chefe do
governo.
35. Aguardavam ansiosos os feriados da páscoa.
36. Embora formado em direito, trabalha como vendedor.
37. Os diplomatas precisam conhecer bem o direito internacional.
38. Aos europeus, agrada muito o clima dos trópicos.
39. O trópico de Câncer, que passa ao norte da ilha de Cuba, corta o
México e uma ponta da península da Califórnia.
40. O latim era uma das numerosas línguas da península itálica.
41. A reforma do ensino praticamente extinguiu, entre outras disciplinas,
o latim e a filosofia.
42. A idade moderna se inicia com a revolução francesa e com as grandes navegações.
43. O rei Ricardo I da Inglaterra era cognominado ―coração de leão‖.
44. O presidente Roosevelt, mesmo numa cadeira de rodas, consagrouse como grande estadista.
45. O duque de Caxias é o patrono do exército brasileiro.
GABARITO DOS EXERCÍCIOS
1) c.
32) 1.Idade Média, 2.árabe, 3.Pena, 4.deus-nos-acuda, 5.dezembro,
6.americanos, 7.norte sul, 9.primavera verão outono inverno, 10.sul
norte, 11.brasileira, 12.dom-pedrense, 13.são-joão, 14.guiana,
15.nordestinos, 16.Sexta-Feira Santa Nordeste, 18.Renascimento
Antiguidade Clássica, 19.Voyager Estados Unidos Saturno, 21.Terra,
22.Ouvidor Rio de Janeiro, 23.Romantismo, 24.Histórias Várias,
25.Jornal Rio de Janeiro, 26.União Brasileira de Escritores, 27.Igreja,
28.Lei do Ventre Livre, 29.Lei, 30.Acordo, 35.Páscoa, 40.Península
Itálica, 42.Idade Moderna Revolução Francesa, 43.Coração de Leão
45. Exército Brasileiro.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
LIÇÃO XIV (17/06/2011)
Análise crítica do capítulo “Ortografia” da Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara (2009, p. 91-108, especialmente os tópicos
“Hífen” (p. 96-101), “Emprego de maiúsculas” (p. 103-105) e “Regras
de Acentuação” (p. 105-108)
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
LIÇÃO XV (24/06/2011)Análise crítica do livro Guia Ortográfico e Ortofônico Sacconi, de Luiz
Antônio Sacconi (2009).
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ALGUNS CASOS DE HOMONÍMIA
A ≠ À ≠ Á ≠ Há
A – Usa-se quando sua substituição por faz não é possível. Exemplos: Daqui a Niterói são poucos quilômetros. Chegaremos aí daqui a pouco. Nossas aulas terão início, realmente, a 14 de março. Voltei a São Gonçalo somente em março.
À – contração da preposição ―a‖ com outro ―a‖, que pode ser artigo,
pronome pessoal ou pronome demonstrativo. Vou à festa com você, mas
não à que irá meu adversário.
Á – O á é a primeira letra do alfabeto.
Há – Usa-se quando sua substituição por faz é possível. Exemplos:
Começou há pouco tempo nossa maratona. Voltamos das féais há três dias.
Há quanto tempo!...
Acender ≠ Ascender
Acender é pôr fogo, incendiar. Ana Rita já sabe acender o forno do
micro-ondas.
Ascender é o mesmo que subir e elevar-se. O número de alunos da
faculdade ascendeu ao dobro nos últimos anos.
Acento ≠ Assento
Acento é o destaque de pronúncia ou o sinal gráfico que se utiliza
marcar a sílaba mais forte, na escrita. Toda palavra proparoxítona tem acento tônico na antepenúltima sílaba, que é sempre marcado com acento gráfico.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Assento é o lugar em que se senta. Esqueci meu celular no assento
do carona.
Acerca de ≠ Cerca de ≠ Há cerca de
Acerca de equivale a sobre, a respeito de. Falaremos, hoje, acerca
do acento de quantidade. Pesquise, por favor, acerca do acento tonal no grego antigo.
Há cerca de equivale a faz aproximadamente. Há cerca de vinte dias
que não vejo Ana Lúcia. A FFP tem cerca de três décadas.
Acerto (correção) ≠ Asserto (afirmação, assertiva)
Acessório (o que não é fundamental) ≠ Assessório (referente a assessor)
Afiar (amolar) ≠ afear (tornar feio, tornar-se feio)
Afim ≠ A fim de
Afim equivale a igual, semelhante. Normalmente se usa no plural ou
regido pela preposição com. Os docentes desempenham funções afins. Tenho atividade profissional afim com a de minha filha.
A fim de equivale à preposição para, com intenção de ou com vontade de. Estou a fim de trabalhar. Viajou a fim de consolá-la.
Alisar (tornar liso) ≠ Alizar (ombreira de portas e janelas)
Apreçar (dar preço) ≠ Apressar (dar pressa)
Ar-condicionado ≠ Ar condicionado
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Ar-condicionado é o aparelho ou sistema que controla a umidade e
a temperatura do ambiente. O ar-condicionado já foi consertado?
Ar condicionado é o ar que sai do ar-condicionado.
Arrear ≠ Arriar
Arrear é por arreios ou arreamento em cavalgadura. Dom Quixote
arreou e montou no magro Rocinante.
Arriar é baixar, descer. Os melhores alunos são escolhedos para arriar a bandeira, ao final do dia.
Assoar (tirar mudo do nariz, expirar com força) ≠ Assuar (vaiar)
Bem-vindo ≠ Benvindo
Bem-vindo é o mesmo que bem recebido. Bem-vindos ao nosso curso, Prezados Alunos!... Seja bem-vinda, Professora!...
Benvindo é um antropônimo. Benvindo Floriano de Lima, escrivão
de Dom Cavate, foi o seu primeiro vice-prefeito.
Brisa (vento leve) ≠ Briza (gênero de planta leguminosa)
Brocha (pincel) ≠ Broxa (prego)
Bucho (barriga) ≠ Buxo (arbusto)
Caçar ≠ Cassar
Caçar é apanhar animais para aprisionar ou matar: caçar gambá; caçar onça; caçar jacaré. Caçar é também, procurar: João caçou o livro esgotado em todos os sebos.
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Cassar é tornar sem efeito; anular. O congresso cassou o mandato do
Presidente Collor. Cassar pode ser também restringir, recolher: O presidente
da mesa cassou a palavra ao orador.
Calção ≠ Caução
Calção é calça de pernas curtas e entufadas da cintura até às virilhas,
que se estende até o meio das coxa. É muito utilizado em diversos esportes.
Caução é a coisa ou o meio com que se assegura o cumprimento de
uma obrigação contraída. Depositei uma caução em dinheiro para garantir o
negócio.
Cardeal ≠ Cardial
Cardeal (principal, fundamental; dignidade eclesiástica, ave) ≠
Cardial (relativo a cárdia, parte do estômago que recebe a porção abdominal do esôfago)
Cartucho (carga de arma de fogo) ≠ Cartuxo (frade da confraria da Cartuxa))
Cavaleiro ≠ Cavalheiro
Cavaleiro é aquele que sabe andar a cavalo.
Cavalheiro é o homem educado, de ações nobres. Meu colega tem
sido sempre um gentil cavalheiro.
Cegar (ficar ou tornar cego) ≠ Segar (cortar cereais etc.)
Cela (aposento) ≠ Sela (arreio)
Censo ≠ Senso
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Censo ou recenseamento é o alistamento geral da população. No
censo de 2010, soubemos que éramos 190.732.694 habitantes no Brasil.
Senso é faculdade de julgar, de sentir, de apreciar; juízo, entendimento, percepção, sentido (Senso de humor, senso prático, senso crítico).
Censor (que exerce censura) ≠ Sensor (instrumento de medida)
Cerrado (fechado, espesso, tipo de mata) ≠ Serrado (cortado com serra ou
serrote)
Cerrar ≠ Serrar
Cerrar é fechar ou apertar.
Serrar é cortar com serra ou serrote.
Cessação (ação ou efeito de cessar) ≠ Sessação (ato de peneirar)
Cessão ≠ Seção ≠ Sessão
Cessão é o ato ou efeito de ceder; cedência, cedimento.
Seção é o ato ou efeito de secionar(-se); porção retirada de um todo;
segmento; ponto ou local onde algo foi cortado ou dividido; divisão de uma
obra escrita ou cada uma das divisões correspondentes a determinado serviço público ou privado.
Sessão é o tempo ou período em que uma assembleia, um congresso,
um corpo deliberativo ou consultivo se mantém em reunião, estudando, discutindo, resolvendo ou deliberando acerca de fatos ou questões; essa própria
reunião ou assembleia; ou o espaço de tempo em que se realiza determinada
atividade ou parte dela.
Cesta ≠ Sesta ≠ Sexta
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Cesta é o utensílio próprio para a guarda de objetos diversos, feito
de fibras entrançadas, provido ou não de alças e/ou tampa, conforme o uso;
cesto.
Sesta é o repouso após o almoço.
Sexta é o numeral ordinal feminino entre a quinta e a sétima ou a
abreviação de sexta-feira.
Cevar (engordar) ≠ Sevar (ralar)
Cervo (veado) ≠ Servo (serviçal)
Chácara (quinta, sítio) ≠ Xácara (narrativa em verso)
Cheque ≠ Xeque
Cheque é o documento (normalmente fórmula impressa) por meio
do qual o titular de uma conta-corrente emite ordem para o banco ou entidade congênere pagar ou creditar certa quantia a seu favor ou a favor de outra pessoa (o beneficiário).
Xeque é o chefe muçulmano em território de extensão variada (país,
cidade, bairro ou tribo); xeique; situação perigosa.
Cidra (fruto da cidreira; laranja-toranja) ≠ Sidra (bebida preparada com suco fermentado de maçã; vinho de maçã)
Círio (vela grande, de cera) ≠ Sírio (nascido na Síria)
Comprimento ≠ Cumprimento
Comprimento é a maior dimensão horizontal (de um objeto, de uma
superfície) ou a dimensão que se encontra no eixo de sua orientação; ou a
extensão de algo considerado de uma extremidade à outra.
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Cumprimento é o ato ou efeito de cumprir; a execução de algogesto
ou palavra (oral ou escrita) que denota delicadeza, cortesia, atenção para
com outrem ou ainda agradecimento; ou gesto ou palavra de saudação.
Concerto ≠ Conserto
Concerto é o acordo entre pessoas ou entidades em vista de um objetivo; ou é uma peça musical extensa, que consiste na oposição de um ou
mais instrumentos solistas a uma orquestra ou a um grupo instrumental.
Conserto é a restauração ou recomposição de coisa rasgada, descolada, partida, deteriorada etc.
Cocheira (abrigo de animais) ≠ Coxeira (marcha irregular de animal coxo)
Cocho ≠ Coxo
Cocho é um tabuleiro para transportar a cal amassada; bebedouro ou
comedouro para o gado, de material vário e formato semelhante ao tronco
escavado.
Coxo pessoa ou objeto que apresenta uma extremidade mais curta
que a outra ou a que falta uma perna ou um pé.
Comprido (longo, extenso) ≠ Cumprido (executado, feito)
Concelho (circunscrição administrativa) ≠ Conselho (recomendação)
Concílio (reunião de deuses ou de prelados) ≠ Consílio (assembleia)
Coser ≠ Cozer
Coser é juntar com pontos feitos com agulha e qualquer tipo de linha, fio etc.; costurar.
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Cozer preparar (alimentos) através da ação do fogo ou de qualquer
outro processo; dar estado de cozido a; ter conhecimento culinário; exercer
profissão de cozinheiro.
Cosido (costurado) ≠ Cozido (cozinhado)
Cotia (embarcação) ≠ Cutia (animal)
Deferir (despachar favoravelmente) ≠ Diferir (adiar, retardar, procrastinar)
Delatar (denunciar, acusar) ≠ Dilatar (alargar, ampliar, amplificar)
Descrição ≠ Discrição
Descrição é o ato ou efeito de descrever; reprodução, traçado, delimitação; a representação oral ou escrita de; exposição.
Discrição é a qualidade de discreto; a qualidade do que não chama a
atenção.
Descriminar ≠ Discriminar
Descriminar é isentar de culpa; tornar evidente a ausência de crime
ou contravenção; absolver.
Discriminar é perceber diferenças; distinguir, discernir (Discriminar
bem as cores; Discriminar o certo do errado. Discriminar entre uma cópia e
o original).
Despensa (local da casa destinado à guarda de alimentos) ≠ Dispensa (ato
de dispensar)
Destinto (sem cor) ≠ Distinto (diferente)
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Destorção (ato de destorcer) ≠ Distorção (deformação)
Destratar (insultar) ≠ Distratar (desfazer contrato)
Elidir (eliminar, neutralizar) ≠ Ilidir (refutar)
Emerso (que emergiu, que veio à tona) ≠ Imerso (mergulhado, afundado)
Eminente ≠ Iminente
Eminente é o que está muito acima do que o que está em volta; proeminente, alto, elevado; é o que se destaca por sua qualidade ou importância; excelente, superior.
Iminente é o que ameaça se concretizar, que está a ponto de acontecer; próximo, imediato.
Emitir (pôr em circulação) ≠ Imitir (investir em)
Empoçar (pôr num poço ou numa poça) ≠ Empossar (dar posse)
Espectador ≠ Expectador
Espectador é aquele que assiste a um espetáculo; aquele que presencia um fato; testemunha, presente; aquele que observa ou examina (algo);
observador.
Expectador é aquele que permanece na expectativa; esperando que
algo aconteça.
Esperto ≠ Experto
Esperto é aquele que percebe tudo; atento, vigilante.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Experto é quem conta com experiência própria; que é especialista
em determinado(s) assunto(s).
Espiar ≠ Expiar
Espiar é observar secretamente, com o intuito de obter informações;
espionar; olhar às escondidas.
Expiar é pagar (crimes ou faltas); remir(-se); sofrer as consequências de algo.
Estático ≠ Extático
Estático é o mesmo que sem movimento; parado, imóvel.
Extático é caído em êxtase; causado por êxtase ou que envolve êxtase; encantado, enlevado, maravilhado.
Estear (sustentar com esteios, escorar) ≠ Estiar (parar de chover)
Esterno ≠ Externo
Esterno é o osso geralmente longo e achatado, situado na parte vertebral do tórax dos vertebrados (com exceção dos peixes), e que no homem
se articula com as primeiras sete costelas e a clavícula, composto de três
partes: corpo, manúbrio e apêndice xifoide.
Externo é o que está ou vem do lado de fora; em direção a ou no exterior de um órgão ou cavidade.
Estrato ≠ Extrato
Estrato é a unidade individual de rocha estratificada, diferenciada litologicamente dos estratos imediatamente superior e inferior; camada, leito;
qualquer tipo de camada.
Extrato é a passagem, trecho tirado de um texto; em um processo
químico de extração com solventes, a fase que contém a(s) substância(s) ex-
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
traída(s); qualquer produto aromático, medicamentoso etc. obtido por tal
processo.
Estropear (fazer tropel) ≠ Estropiar (desfigurar, adulterar)
Flagrante ≠ Fragrante
Flagrante é o que é visto ou registrado no próprio momento da realização;
Fragrante é o que exala bom odor; aromático, cheiroso, perfumado.
Fluir ≠ Fruir
Fluir é correr com certa abundância ou em fio (a propósito de líquido); manar.
Fruir é desfrutar, gozar, utilizar (vantagens, benefícios etc.).
Fuzil ≠ Fusível
Fuzil é a peça de metal com que se atritava uma pederneira para
produzir centelhas; arma portátil de cano comprido; espécie de carabina; espingarda.
Fusível é o fio de chumbo ou de alguma liga fundível que, colocado
num circuito elétrico, se funde, cortando a corrente quando a intensidade
desta atinge certo limite.
Glosa ≠ Grosa
Glosa é a anotação em um texto para explicar o sentido de uma palavra ou esclarecer uma passagem; tipo de composição poética que desenvolve um mote, em geral em tantas estrofes quantos são os versos deste e
acabando cada estrofe com um deles.
Grosa é o conjunto de doze dúzias; ou a lima grossa de ferro ou aço,
us. para desbastar madeira, ferro, ou casco de cavalgaduras;
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Houve ≠ Ouve
Houve é forma do verbo haver, no passado.
Ouve é forma do verbo ouvir, no presente.
Incerto (duvidoso) ≠ Inserto (inserido)
Incipiente ≠ Insipiente
Incipiente é o iniciante, que está no começo; inicial, iniciante, principiante.
Insipiente é o não sapiente; o ignorante, tolo, néscio; sem juízo; insensato, imprudente.
Inflação ≠ Infração
Inflação é o aumento de volume; inchação, intumescimento.
Infração é o ato ou efeito de infringir; a transgressão das regras de
um jogo; falta; a violação de norma de direito penal; ato de praticar qualquer ilícito penal.
Infligir ≠ Infringir
Infligir é impor, aplicar (pena, castigo, repreensão etc.); cominar.
Infringir é desobedecer a; violar, transgredir, desrespeitar.
Laço ≠ Lasso
Laço é um nó corredio facilmente desatável, com uma, duas ou mais
alças.
Lasso é fatigado, esgotado (por trabalho excessivo do corpo ou da
mente); cansado.
Maça (porrete) ≠ Massa (pasta)
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Mal ≠ Mau
Mal é o modo irregular, ruim; diversamente do que convém ou do
que se desejaria; o que é prejudicial ou fere; o que concorre para o dano ou
a ruína de alguém ou de algo; o que é nocivo para a felicidade ou o bemestar físico ou moral; doença, enfermidade.
Mau é o que se distingue pelo caráter ruim, moralmente condenável.
Malgrado ≠ Mau grado
Malgrado é falta de agrado; desagrado, desprazer. Exemplo: O livro,
a malgrado do autor, saiu com muitos erros tipográficos. Significa também
apesar de, não obstante.
Mau grado, na expressão ―de mau grado‖, significa ―contra a vontade, com aborrecimento, com objeções‖. Exemplo: Aceita viajar de mau grado.
Mas ≠ Más ≠ Mais
Mas é conjunção que liga orações ou períodos com as mesmas propriedades sintáticas, introduzindo frase que denota basicamente oposição ou
restrição ao que foi dito; porém, contudo, entretanto, todavia.
Más é o adjetivo feminino plural de ―mau‖ ou o que atrapalha ou
impede a progressão de alguém ou de algo; dificuldade, obstáculo, senão.
Como substantivo, é utilizado nas locuções ―deixar de más‖ = pôr um termo
às hesitações; ―haver sempre um más‖ = surgir em tudo um fator que dificulta, que contraria; ―nem más nem meio más‖ = fórmula com que se repelem peremptoriamente escusas ou controvérsias.
Mais é o advérbio que significa em maior quantidade ou com maior
intensidade.
Mesinha (mesa pequena) ≠ Mezinha (remédio caseiro)
Mocambo (habitação precária) ≠ Mucambo (ave)
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Paço ≠ Passo
Paço é habitação suntuosa para a realeza ou o episcopado; palácio.
Passo é o ato de deslocar o apoio do corpo de um pé a outro enquanto se anda; ou o espaço compreendido em cada um desses deslocamentos.
Patoá (falar de determinada região) ≠ Patuá (cesto de palha; bentinho)
Pequenez ≠ Pequinez
Pequenez é a qualidade de pequeno; o período da infância; meninice; a pequena altura, estatura reduzida.
Pequinês significa relativo a Pequim ou que é seu natural ou habitante; diz-se de uma raça de cães de pequeno porte, nariz achatado, olhos
saltados e pelo longo de cor variável, oriundos da China.
Por hora ≠ Por ora
Por hora é o mesmo que por tempo [empregada para medir a velocidade, a expressão é precedida de uma indicação da distância percorrida,
geralmente por veículo (terrestre ou aéreo), no espaço de uma hora]. Exemplo: ―O automóvel estava a 130 km por hora‖.
Por ora é o mesmo que por enquanto, por agora. Exemplo: ―Por ora,
está liberado‖.
Por que ≠ Por quê ≠ Porque ≠ Porquê
Por que – o por e o que se escrevem separados quando este tem função de pronome relativo. Exemplo: ―Percebi logo a razão por que rias‖. Ou
de pronome interrogativo. Exemplo: ―Por que você não voltou logo?‖.
Por quê, vindo no final da frase ou antes de uma pausa forte, receberá acento gráfico. Exemplo: ―Você fez isto por quê?‖
Porque liga duas orações coordenadas, numa das quais se explica ou
se justifica a asserção contida na outra; pois, porquanto, que. Exemplo: ―Enpágina 236
MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
tre, porque já é tarde‖. Indica causa, motivo ou razão da ação contida na
oração principal; que, como, visto que, já que. Exemplo: A juventude às vezes erra porque é muito ansiosa‖.
Porquê significa explicação de um fato; razão, motivo. Exemplo:
―Não vai dizer-nos o p. de seu estranho procedimento?‖
Reboliço (que rebola) ≠ Rebuliço (agitação, confusão, desordem)
Salário-mínimo ≠ Salário mínimo
Salário-mínimo é um brasileirismo que significa ―trabalhador cuja
remuneração é o salário mínimo‖; trabalhador mal remunerado.
Salário mínimo é o salário abaixo do qual a lei proíbe remunerar um
trabalhador, seja em geral, seja em relação a determinada categoria profissional.
Se ≠ Si
Se é pronome da terceira pessoa do singular, caso oblíquo, átono, para os dois gêneros, usado como complemento de verbo transitivo direto, podendo expressar reflexividade ou reciprocidade (Exemplos: Feriu-se. Agrediram-se.); como complemento de verbo pronominal transitivo indireto ou
bitransitivo (Exemplo: Deu-se ao trabalho de ler o artigo.); em verbos pronominais que exprimem esp. sentimento ou mudança de estado (arrependerse, atrever-se, indignar-se, queixar-se, derreter-se etc.); como partícula
apassivadora (Exemplo: Alugam-se quartos.); como índice de indeterminação do sujeito (Exemplo: Vive-se bem.) ou como palavra expletiva (para realçar nos verbos intransitivos movimento ou atitude do sujeito). Exemplo:
Foi-se embora, chorando.
Si é forma oblíqua tônica do pronome pessoal reto das terceiras pessoas do singular e do plural, sempre regido de preposição (exceto com).
Exemplos: Andava cheio de si. Combinaram entre si o que deveriam fazer.
Cair em si.).
Se não ≠ Senão
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Se não é a conjunção se seguida do advérbio não, equivalendo a ou,
em oração em que há alternativa, incerteza (Fala três línguas, se não quatro)
caso em que a repetição do verbo fica subentendida (Fala três línguas, se
não [falar] quatro). Outros exemplos: ―Se não vierem todos, como será?‖
―Heleninha é linda, se não lindíssima, não acha?‖.
Senão é conjunção que significa ―de outro modo; do contrário‖.
(Exemplo: Coma, senão ficará de castigo.); mas, mas sim, porém (Exemplo:
Não obteve aplausos, senão escárnio.) ou preposição com o significado de
―com exceção de, salvo, exceto‖ (Exemplo: Todos, senão você, riram-se do
tombo) ou, ainda, substantivo masculino, significando ―pequena imperfeição; falha, defeito, mácula‖.
Soar (emitir ou produzir som, ecoar) ≠ Suar (transpirar)
Sortir ≠ Surtir
Sortir é prover (ou prover-se), abastecer (ou abastecer-se) de produtos, mercadorias, provisões etc. Exemplo: ―Sortiu a loja com mercadorias
novas.‖); colocar junto (coisas diversas); misturar, combinar, mesclar.
(Exemplo: ―Sortir as cores de um quadro.‖).
Surtir é dar como resultado; dar origem a; provocar. Exemplo: ―Seu
esforço não surtirá efeito‖.
Tacha ≠ Taxa
Tacha é pequeno prego de cabeça redonda, larga e chata, ger. us. por
estofadores, sapateiros, tapeceiros etc. para fixar peças de tecido, couro, sola; tachinha.
Taxa é o preço fixo regulamentado por convenção ou pelo uso; a
quantia cobrada pela venda de alguns produtos e ger. embutida no preço; o
preço cobrado ao usuário pela prestação de algum serviço; proporção de
(algo) num conjunto, geralmente expresso em percentagem; a percentagem
do capital investido que gera juros na unidade de tempo determinada (geralmente um ano); ou razão entre as variações de duas grandezas, das quais
a primeira é dependente da segunda.
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Taxar (acusar) ≠ Taxar (tributar)
Tampouco ≠ Tão pouco
Tampouco é usado para reforçar uma negação; também não, muito
menos. Exemplo: Não gosto de jabá, tampouco de jerimum.
Tão pouco estabelece alguma forma de relação com a ideia de ―pouco‖. Exemplos: ―Dormi tão pouco hoje, que nem tive tempo de sonhar.‖
―Ganho tão pouco, que mal consigo sobreviver.‖
Tenção ≠ Tensão
Tenção é o que se pretende fazer; propósito, desígnio, intenção
(Exemplo: ―Sua tenção era enfrentar o adversário.‖); objeto de especial adoração; devoção (Exemplo: ―Era aquele o santo de sua t. particular.‖); conteúdo, assunto, tema, matéria (Exemplo: ―A tenção de um romance.‖).
Tensão é a qualidade, condição ou estado do que é ou está tenso
(Exemplo: ―A tensão de um cabo de aço.‖); estado do que ameaça romperse (Exemplo: ―Tensão nas relações entre palestinos e israelenses.‖).
Trás ≠ Traz
Trás é advérbio que significa ―depois de, após, na parte posterior,
atrás, detrás‖ ou preposição que relaciona por subordinação e expressa anterioridade e/ou o que está sob falsa aparência (Exemplo: ―Trás aquela fala
macia, existe uma grande raiva contida‖). No português atual aparece também como elemento de composição, por exemplo, em trás-os-montes.
Traz é forma do presente do verbo trazer, que significa ―transportar,
levar (alguém ou algo) em direção ao lugar onde está quem fala ou de quem
se fala‖.
Vadear ≠ Vadiar
Vadear é atravessar (rio, brejo etc.) a vau, pelos lugares menos profundos. Exemplo: ―Vadeou o pantanal até a ilha mais próxima‖.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Vadiar é andar à toa, passear de um lado para outro; vaguear; viver
na ociosidade; não trabalhar.
Viagem ≠ Viajem
Viagem é o ato de partir de um lugar para outro, relativamente distante, e o resultado desse ato (Exemplo: ―Chegou o dia da viagem.‖); o deslocamento que se faz para se chegar de um local a outro relativamente distante; percurso (Exemplo: ―Dormi durante a viagem.‖);espaço percorrido ou
a percorrer; percurso (Exemplo: ―Tenho uma longa v. pela frente.‖).
Viajem é terceira pessoa do plural do presente do subjuntivo do verbo viajar. Exemplo: ―Desejo-lhes que viajem tranquilos.‖
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
ANEXOS
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ANEXO 1:
A ORTOGRAFIA ANTES DO SÉCULO XVI
DO LATIM AO ROMANCE1
Durante o período de efetiva dominação romana na Península Ibérica, estendendo-se até a Idade Média, não havia praticamente problemas ortográficos dignos de nota. A língua de prestígio, a língua escrita, a língua
que era ensinada nas escolas e estudada pelos gramáticos era o latim2, o
qual mantinha uma relação quase que absolutamente unívoca entre grafema
e fonema, ou seja, cada fonema era representado por uma única letra e cada
letra representava um único fonema. As exceções a essa regra restringiamse ao seguinte:
A) As letras i e u tanto podiam ter valor de vogal, como em dicere e
malum, como podiam ter valor de semivogal, como em iustum e uolo. No
fim da Idade Média, introduziram-se as letras j (um i alongado) e v (uma variante gráfica do u) para indicar, respectivamente, o i e u consonânticos,
mas seu uso só estará consolidado definitivamente no século XVI. É bom
lembrar que as semivoais /y/ e /w/ do latim, por essa época, já haviam evoluído para /d/ (atual //) e /v/3.
B) A letra k, de origem grega, tinha o mesmo valor, no latim, que a
Capítulo 2 da tese de doutorado do professor Afrânio da Silva Garcia, defendida na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1996, folhas 5 a 20.
1
Cf. BUESCU, M. L. C., na Introdução à Gramática da Linguagem Portuguesa, de Fernão de Oliveira, p.
10, onde ela diz: “Gramática se tornou, por antonomásia, sinônimo da gramática lati ”.
2
Essa alteração ocorreu regularmente, quando essas letras antecediam as vogais, como semiconsoantes. Na posição posterior à base silábica, em regra, mantiveram-se o valor semivocálico: “v” = /w/ e “j” =
/y/.
3
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
letra c, representando o fonema /k/. Era pouquíssimo usada, ficando seu uso
restrito praticamente a duas palavras: kalendas e kyrie (da expressão ―kyrie
eleison‖).
C) A letra h, que não correspondia a som algum, embora tivesse sido
marca de aspiração no latim clássico (originalmente o símbolo H indicava
a letra eta, “e longo‖ do grego, o qual era normalmente aspirado, daí vir a
ser símbolo de aspiração), continuava a ser escrito no latim vulgar e no romance, como em harmonia, homem, humilde.
D) Da mesma forma, o latim mantinha os grupos th, ph, ch e rh, que
indicavam certas consoantes aspiradas do grego, embora eles há muito tempo tivessem perdido sua aspiração (o grupo ph se confundia com a letra f e
os demais grupos eram lidos como se o h (aspiração) não existisse, como é
o caso de philosophia, theologia, rhetorica e sepulchrum.
E) As letras gregas y e z (este lido como uma fricativa dental sonora)
eram usadas apenas na transcrição de palavras gregas, tais como lynx, syllaba, zeugma, zoologia. No caso da letra z, havia ainda a possibilidade de ser
lida como um som duplo, assim como dz ou sd; a letra y possivelmente representava em grego um i arredondado, haja vista a variação na sua transcrição: mys/mus, mylos/mulus etc. LEÃO, D. N. Ortografia e Origem da
Língua Portuguesa, p. 78).
F) O fonema /n/ possuía uma variante velar ou gutural, cuja ortografia indicava pela letra n antes de oclusiva velar, como em angulus, anceps,
ou pela letra g antes de nasal, como em dignus, signum. Por ocorrer apenas
em um ambiente sonoro muito específico, torna-se difícil dizer se este n velar constituía um fonema à parte ou simples variante do fonema n.
G) A letra x representava o som duplo /ks/, como em rex e buxum.
H) A letra l representava o fonema /l/, o qual já possuía uma variante
velarizada em final de sílaba, mas que de forma alguma pode ser visto como um outro fonema, como em celsa e alter.
Além disso, o latim possuía inúmeras palavras com consoantes dobradas ou geminadas, que soavam bem distintamente das consoantes simples, talvez como duas consoantes seguidas, com ligeira diferença de pronúncia ou entoação entre elas (a exemplo de certos grupos ingleses, como
―mad dog‖, que soa /mæd‘dg/, ou ―stop playing‖, que soa /stp‘pleyi/),
talvez como uma consoante pronunciada com prolação alongada. Que havia uma distinção clara na pronunciação, no entanto, não há dúvidas, visto
haver pares mínimos no latim baseados exclusivamente na oposição consopágina 257
MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
ante simples X consoante geminada, como é o caso de agger (monte) X
ager (campo), annus (ano) X anus (anel) etc. Some-se a isso o fato de tais
palavras terem evoluído diferentemente do latim para o português: as consoantes geminadas simplesmente simplificam-se, em posição intervocálica,
enquanto as simples desaparecem, se são sonoras, ou sonorizam-se, se são
surdas, como podemos ver em: stuppa (estopa) X lupu (lobo); gutta (gota)
X vita (vida), vacca (vaca) X lacu (lago) etc. (confira SILVEIRA, Sousa da.
Lições de Português, p. 57 e 72).
Como vimos, a ortografia do latim era, por definição, regular e, com
exceção de uma ou outra palavra de origem grega ou estrangeira, não apresentava problemas. Mesmo com as mudanças do latim vulgar, a ortografia
latina manteve sua relação quase unívoca entre letra e fonema, apenas readaptando-a para um novo contexto. Pode-se dizer, sem medo de errar, que
enquanto o latim se manteve o idioma dominante da Hispânia, os problemas
ortográficos foram mínimos.
A partir do século XV, no entanto, as línguas românicas vão progressivamente se impondo como línguas oficiais, donde surge e necessidade de
explicar sua gramática, bem como de estabelecer uma norma para sua ortografia. Essa necessidade se torna mais premente, em decorrência de uma série de acontecimentos de grande importância para a história europeia, quiçá
para a história mundial, quais sejam (confira SILVEIRA, Sousa da. Lições
de Português, p. 87-9):
A) A invenção da imprensa (1436), que facilitou a divulgação do
pensamento e ampliou consideravelmente o público leitor, à época praticamente circunscrito aos mosteiros e às universidades.
B) A queda de Constantinopla (1453), com a consequente emigração
dos sábios gregos lá residentes para a Europa.
C) A vulgarização dos escritores gregos e latinos, em decorrência
dessa emigração dos sábios que viviam em Constantinopla, os quais passam
a ser traduzidos nas línguas românicas, facilitando a sua disseminação.
D) O humanismo, resultante dos estudos das civilizações clássicas
(grega e romana), levando a uma florescência inusitada das letras e das artes, caracterizando o que se convencionou chamar de Renascença ou Renascimento.
E) A consequente valorização do passado latino das línguas românicas, como um resquício verificável dessa Antiguidade gloriosa, levando a
um interesse acentuado pelos estudos etimológicos.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Tudo isso leva a uma florescência paralela dos estudos linguísticos,
principalmente os de caráter ortográfico, visto haverem os fonemas latinos
se modificado muito em sua evolução do latim para o romanço, surgindo
novos fonemas, inexistentes na língua latina, o que tornava extremamente
importante a questão da correta representação gráfica dos sons, uma vez
que os escribas e gramáticos da época não podiam mais, como haviam feito
até então, valer-se da gramática latina. Essa florescência dos estudos linguísticos nos países de língua românica levara a um intercâmbio entre eles
na busca de soluções (como constataremos adiante) e, mais tarde, ao aparecimento de inúmeras gramáticas ortográficas, não só em Portugal (Fernão
de Oliveira, João de Barros, Pero Magalhães de Gândavo e Duarte Nunes de
Leão, entre outros), como na Itália (Lorenzo de Médici, 1466; Francesco
Fortunio, 1516; Trissino, 1524; Pietro Bembo, 1525; Tolomei, 1550 etc.),
na França (Robert Estienne, 1557; John Palsgrave, 1530; Loys Meigret,
1542 e 1550; Jacques Peletier, 1550; Pierre de la Raméé, 1562 etc.) e na
Espanha (Nebrija, 1492 e 1517; Francisco de Robles, 1533; Juan de Valdés,
1535; Madariaga, 1565 etc.), conforme podemos conferir na magnífica obra
de L. Kukenheim, Contributions à l’Époque de la Renaissance, p. 1-85 e
218-229.
As primeiras soluções encontradas pelos gramáticos portugueses para o problema ortográfico têm um caráter marcadamente fonético, ou seja,
procura-se escrever, na medida do possível, da maneira que se pronuncia. A
seguir, daremos [a relação d]os problemas com que se defrontaram os primeiros gramáticos e estudiosos do português e as soluções encontradas:
A) O problema das vogais abertas e fechadas – com a perda da noção de quantidade, as vogais breves e longas do latim evoluirão para o português da seguinte forma: i longo passa a /i/; i breve e e longo passam a /e/;
e breve passa a //; a breve e a longo passam a /a/; u longo passa a /u/; u
breve e o longo passam a /o/; e o breve passa a //. Acrescente-se a isso uma
distinção entre um a mais aberto, tônico, e um a mais fechado, átono ou antes de consoante nasal ou ainda com til (compare-se, por exemplo, o a aberto de caso com o a mais fechado de cera, ou mano, ou irmã) e teremos no
português um sistema fonético de oito vogais: a aberto, a fechado, e aberto,
e fechado, i, o aberto, o fechado, u. Os gramáticos e estudiosos da época
propõem várias soluções para resolver esse problema: adoção das letras
gregas alfa (), épsilon () e ômega () para simbolizar as vogais a, e, e o
abertas; uso de letras maiúsculas para as vogais abertas; duplicação da vogal para indicar que ela é aberta; acentuar com acento agudo ou grave as
vogais abertas ou, vice-versa, acentuar com acento circunflexo (ou grave)
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
as vogais fechadas etc. Nenhuma das soluções consegue êxito, sendo que a
única que chega a ser adotada ocasionalmente é a duplicação da vogal (mas
esta também era usada para indicar sílaba tônica, mesmo fechada).
B) O problema da representação da nasalização de uma vogal em
decorrência da queda de um n intervocálico – a tendência geral da evolução
do latim ao português, de supressão da consoante sonora entre vogais, levara, no caso das consoantes nasais, a uma nasalização da vogal anterior. A
manutenção da consoante nasal na representação gráfica da palavra torna-se
impossível, visto levar a erros de pronúncia inevitáveis. A solução que os
gramáticos e impressores da época acharam foi utilizar um velho sinal de
abreviação, o til, corruptela de título (através do catalão ou provençal tilde),
visto ser muito comum entre os escribas da época abreviar os títulos honoríficos ou nobiliárquicos. Mais tarde, o til passa a indicar não apenas a nasalidade de uma vogal por efeito da queda de um n intervocálico, como também
a nasalidade de uma vogal final em decorrência da apócope de uma consoante nasal (como em bõ, atual bom, e sõ, atual são).
C) O problema do i e do u consoantes – as semivogais i e u prévocálicas, ou seja, em ditongo crescente, do latim evoluíram, em que o i
passou a soar /d/ e o u passou a soar /v/. A solução adotada para representar estes novos fonemas, a qual remonta à Idade Média, consiste no uso de
um i alongado para baixo, ou seja, a letra j, para representar o i consoante, e
a introdução da letra v, inicialmente uma simples variante da letra u em sua
forma gráfica, para representar o u consoante.
D) O problema da africada /ts/ – a som da letra c dos grupos latinos
ce e ci, originalmente equivalente a /k/, assim como o som das letras c e t
nos grupos compostos por ce/ci e te/ti + vogal, originalmente equivalente a
/k/ e /t/, evoluíram, graças ao processo de palatalização, que deu origem a
tantos novos fonemas da língua portuguesa, para a africada /ts/. A representação gráfica deste novo fonema não ofereceu problemas no primeiro caso,
em que simplesmente se manteve a grafia latina ce e ci; no segundo caso,
porem, a manutenção da grafia latina revelou-se problemática, visto a semivogal /y/, representada pela letra e ou i, já não mais soar, e a sua eliminação
pura e simples levar aos grupos ca, co, cu, ta, to, tu, já existentes na língua
com pronúncia bem diversa da de /tsa/, /tso/ e /tsu/. A solução encontrada
pelos gramáticos e escribas da época foi valer-se de um sinal específico, à
maneira dos ápices e pontos (sinais sobrepostos e sotopostos, auxiliares de
leitura nos escritos hebraicos) da língua hebraica (confira BUESCU, M. L.
C. Babel ou a Ruptura do Signo, p. 59-60), para indicar que, em determinadas palavras, a letra c tem o valor do fonema /ts/. Kukenheim insiste nessa
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
hipótese, abrindo seu estudo da cedilha com o seguinte período: ―L’idée de
mettre des signes auxiliares au-dessous des lettres peut avoir été inspirée
aux grammairiens par l’hébreu‖ (A ideia de pôr sinais auxiliares debaixo
das letras pode ter sido inspirado pelo hebreu. Confira Contributions à
l’Histoire de la Grammaire Italienne, Espagnole et Française à l’Époque
de la Renaissance, p. 48), além de citar vários autores (p. 48-49) que corroboram sua ideia. Apesar dessa inspiração oriunda do hebreu, acredita-se que
o uso da cedilha tenha chegado a Portugal por influência espanhola (confira
BUESCU, M. L. C. op. cit., p. 110-115), o que é confirmado pela etimologia da palavra cedilha (do espanhol cedilla); outra hipótese seria a de ser ela
oriunda do provençal, visto ser seu uso muito antigo em França, remontando à Idade Média (confira KUKENHEIM, op. cit. p. 49), sendo igualmente
atestado em manuscritos franceses do século XIII (confira BUESCU, op.
cit. p. 115).
E) O problema do n e do l palatalizados – durante o período de evolução do latim para o português, os grupos compostos pelas consoantes n ou
l acompanhadas da semivogal /y/ (escrita i ou e), seguidos de vogal, palatalizaram-se, dando origem, respectivamente, às consoantes // e /λ/. Várias
soluções foram propostas no intuito de representar graficamente esses novos
fonemas: duplicação da consoante (como ocorreu no castelhano, em que se
passou a usar ll), aposição de um til à letra n (também triunfante no castelhano), uso dos grupos gn ou ng (o primeiro dos quais tornou-se a norma ortográfica do francês), uso dos dígrafos nh e lh. Após uma certa oscilação entre o uso da consoante dobrada ou dos dígrafos nh e lh, foi adotada a última
solução, originada do provençal (confira TEYSSIER, P. História da Língua
Portuguesa, p. 24).
F) O problema da africada /t/ – a evolução dos grupos cl, pl, fl do
latim em posição inicial e, em certos casos, em posição medial levou ao
surgimento da africada /t/. Os gramáticos e impressores de português, em
face da necessidade de representação gráfica desse novo fonema, adotaram
o dígrafo ch, de origem francesa, de longa tradição, também adotada pelo
castelhano.
G) O problema da africada /dz/ – como dissemos acima, a tendência
da evolução do latim para o português foi transformar a consoante inicial
dos grupos ce e ci e dos grupos formados por ce/ci ou te/ti seguidos de vogal na africada /ts/; houvesse certos casos, porém, em que a evolução continuou, com a sonorização da africada /ts/, convertida na africada /dz/. A solução para a representação desse novo fonema recorrer-se-á à letra grega zepágina 261
MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
ta (z). Muito embora a africada /dz/ logo tenha perdido sua porção inicial,
tal fato não acarretou um novo problema ortográfico, uma vez que o fonema
representado pela letra z se manteve bastante distinto do fonema resultante
da sonorização do s intervocálico até cerca de 1550, sendo o primeiro uma
fricativa pré-dorsodental, pronunciada com a ponta da língua virada para
baixo, e o segundo uma fricativa ápico-alveolar (confira TEYSSIER, op.
cit., p. 50).
H) O problema da fricativa // – com a evolução do latim para o português, três grupos fônicos evoluíram para a fricativa //: /ks/, representado
no latim pela letra x; /sk/ antes das vogais e ou i, representado por sc (e, i);
e o grupo formado pela consoante geminada ss seguida da semivogal /y/,
grafada e ou i, formando ditongo crescente com a vogal seguinte, como podemos notar nos seguintes exemplos: saxu /‘saksu/, seixo /´seio/, /´buxu/ buxo arbusto) /‘buo/; pisce – peixe, miscere- mexer; passione – paixão,
russeum – roxo. Com o grupo fônico /ks/ tinha praticamente desaparecido
do português arcaico (as palavras portuguesas atuais em que a letra x soa
/ks/ são, em sua quase totalidade, latinismos ou helenismos). Optou-se por
representar a fricativa // pela letra x, a qual serviria também para a transcrição da letra xin das palavras tomadas de empréstimos ao árabe (confira
LEÃO, D. N. de. Ortografia e Origem da Língua Portuguesa, p. 77).
I) Outros problemas e soluções – os gramáticos e estudiosos da língua portuguesa de então tiveram de lidar ainda com os seguintes acontecimentos:
a) a palatalização do g latino antes de e e i, resultando na africada
/d/, fez com que esta tivesse duas grafias distintas: j, decorrente da evolução do i consonântico, e g, decorrendo da palatalização do /g/ latino, situação que será agravada ainda mais pela falta de critério ortográfico na representação da letra jin das palavras tomadas de empréstimos ao árabe, ora grafada g, como em
gergelim, ora grafada j, como em alfanje, alforje;
b) a letra y passa a ser usada frequentemente para indicar a semivogal /y/ dos ditongos decrescentes;
c) as sílabas tônicas passam a ser marcadas de várias formas: com
acento, com letra maiúscula, com duplicação da vogal, com a
letra h em alguns monossílabos), sendo a duplicação da vogal o
processo mais produtivo até o século XVI;
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
d) os hiatos, principalmente aqueles cujo segundo elemento é i ou
u, passam a ser assinalados com a letra h entre seus elementos.
Esses foram os problemas e soluções encontrados pelos gramáticos,
impressores e escribas do português durante a fase que atendeu às primeiras
tentativas de fixação da ortografia portuguesa através das gramáticas de
Fernão de Oliveira, João de Barros, Pero Magalhães de Gândavo e Duarte
Nunes de Leão. Vale a pena notar, no entanto, que a ortografia portuguesa
do século XV já apresenta bastante regularidade, principalmente se considerarmos não haver nenhum documento para norteá-la, talvez devido à preocupação dos impressores de então em imprimir seus textos numa escrita que
fosse o mais possível fonética, ou seja, que reproduzisse da maneira mais fiel os sons da fala, talvez por ser já a ortografia alvo de preocupação das instituições educacionais.
O texto abaixo, escrito em 1495, serve para demonstrar o que foi dito, visto que se parece bastante com o português atual, excetuando-se pequenas diferenças, localizadas na representação deste ou daquele fonema:
E porque Estevam Cavaleiro he homem mui soficiente pêra teer hũu estudo
em esta villa e fazer muito proveito em ella e he omeziado de vossos reinos, pedimos a vossa alteza que lhe queira dar esta villa e termo por Couto em ella teer as
ditas scolas; no que Senhor esta villa receberá grande mercee e será serviço de
Deus e vosso. (Capítulos do Conselho d Elvas, apud SILVA NETO, S. da. Historia da língua portuguesa. p. 411)
Como podemos ver, as diferenças (considerando-se exclusivamente
as diferenças ortográficas) se resumem ao acréscimo da letra h nas palavras
é e ũu (ainda hiato, naquela época); à consoante dobrada ll das palavras villa
e ella (provavelmente por influência do espanhol, em que soam distintamente); à oscilação entre en e em, uma característica ortográfica geral da
época (presente ainda hoje nas camadas menos cultas); à letra o da palavra
soficiente; à ausência do h inicial e ao uso da letra e na palavra omeziado; e
à palavra scolas escrita sem a letra e inicial (provavelmente um latinismo).
Também com respeito à ―Carta de Pero Vaz Caminha‖, de 1500, podemos dizer que não difere muito, no tocante à ortografia, da forma como
escrevemos hoje, bastando-nos, para entendê-la, um pouquinho de conhecimento da evolução da língua portuguesa, como podemos ver abaixo:
...levava Njcolaao Coelho Cascavees e manjlhas e huũs dava huũ cascavel e a outros huũa manjlha de maneira que com aquela encarna casy nos queriam dar a
maão. Dávamos daqueles arcos e seetas por sonbreiros e carapuças de ljnho e por
qualqr coussa que lhes home queriã dar. daly se partirã os outros dous mancebos
que nom os vimos mais. Amdavam aly mujtos deles ou casy a maior parte. Que
todos traziam aqueles bicos de oso nos beiços e alguũs que amdavam sem eles
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
traziam os beiços furados e nos buracos traziam huũs espelhos de paao que pareciam espelhos de boracha e alguũs deles traziam tres daqueles bicos. s. huũ na
metade e os dous nos cabos. E amdavam hy outrros quartejados de cores. S. deles
a meetade da sua propria cor e a meetade de timtura negra maneira de azulada e
outros quartejados de escaques. aly amdavam antre eles tres ou quatro moças bem
moças e bem jentijs com cabelos mujto pretos conprjdos pelas espadoas e sua
vergonhas tam altas e tã çaradinhas e tam limpas das cabeleiras que de as nos mujto bem olharmos nõ tijnhamos nhuũa vergonha. aly por emtam nom ouve mais fala nẽ emtendimento cõ eles por a berberja deles seer tamanha que se nom emtendia nem ouvja njngẽ. acenamoslhe que se fossem e asy o fezeram e pasaranse do
rrio e sairã tres ou quatro homeẽs nosos dos batees e emcherã nõ sey quantos
barrijs d’agoa que nos levavamos e tornamonos aas naaos. e em nos asy vijndo
acenarãnos que tornasemos. tornamos e eles mandarom o degredado e nom quiseram que ficasse la cõ eles. o qual levava huũa bacia pequena e duas ou tres carapuças vermelhas para darla ao Sor se o hy ouvese. Nõ curarã de lhes tomar nada e asy o mandaram com tudo e entam Bertolomeu Dijz o fez outra vez tornar
que lhes dese aquilo. E ele tornou e deu aquilo ẽvista de nos aaquele que o da
primª agasalhou e enteam veosse e trouvemolo. este que o agasalhou era ja de dias
e amdava todo por louçaynha cheo de penas pegadas pelo corpo que parecia asseetado coma Sam Sabastiam. outros traziã carapouças de penas amarelas e outros
de vermelhas e outros de verdes. e hua daquelas moças era toda timta de fumdo
acjma daquela timtura a qual certo era tã bem feita e tam rredomda e sua vergonha que ela no tijinha tam graciossa que a mujtas molheres de nossa terra vendolhe taaes feições fezera vergonha por nom teerem a sua come ela. nhuũ deles nõ
era fanado mas todos asy coma nos e com jsto nos tornamos e eles foramsse.aa
tarde sayo o capitã moor ẽ seu batel cõ todos nos outros e com os outros capitaães das naaos em seus batees a folgar pela baya a caram da praya mas njnguem
sayo em terra polo capitã nom querer sem embargo de njnguem neela estar. (...)
ao domjngo de pascoela pola manhaã detremjnou o capitam de hir ouvir misa e
preegaçam naquela jlheeo. e mandou a todolos capitães que se corejesem nos batees e fosem cõ ele asy foi feito. mandou naquele jlheeo armar huũ esperavel e
dentro neele alevantar alta muy bem coregido e aly com todos nos outros fez dizer
misa a qual dise o padre... (CASTRO, Sílvio. A carta de Pero Vaz Caminha (edição critica). 2. ed. Porto Alegre, L&PM, 1987. p. 44-5)
Podemos notar como traços característicos da ortografia de Pero Vaz
Caminha:
a) A justaposição ou aglutinação dos pronomes oblíquos aos verbos
que os precedem, como em açenamoslhe, pasaranse e tornamonos;
b) A oscilação entre s e ss para representar os fonemas /s/ e /z/ intervocálicos, como em oso (osso), nosos (nossos), nossa, asy (assim), casy
(quase) e graciossa (graciosa);
c) A oscilação entre s e ss para representar o fonema /s/ após consoante nasal (ou vogal nasalizada), como em pasaranse (passaram-se) e foramsse (foram-se);
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
d) A oscilação entre r e rr para representar o fonema /R/ à época,
provavelmente uma vibrante alveolar múltipla), com nítida preferência pela
grafia rr em início de palavra, como em rrio (rio), rredomda (redonda), terra e boracha (borracha);
e) A oscilação entre r e rr para representar o fonema /r/ (vibrante
alveolar simples) nos grupos consonantais, como podemos notar em traziam, outros e outrros;
f) O uso de vogais dobradas para indicar vogal aberta ou tônica (a
par do seu uso para representar a profusão de hiatos ainda existentes à época), como em paao (pau), naaos (naus), aalem (além) e barrijs (barris);
g) Um esboço de sistematização do uso das letras i, j e y, em que a
letra j é usada como consoante ou semivogal ou ainda como segundo elemento quando o i é dobrado, a letra y indica vogal final tônica e a letra i se
aplica aos demais casos (embora haja algumas exceções, como sey, casy,
praya, sayo e jsto), como podemos constatar em quartejados, jentijs mujtos,
hy (aí), aly, asy, timtura, rrio e própria;
h) As vogais nasalizadas podiam vir seguidas de m ou n antes de
qualquer consoante (embora haja uma preferência pela letra m), além de poderem vir com til em final de palavra (o qual também aparece como sinal de
abreviatura em qualqr), como podemos notar em andavam, timtura, emcherã, sonbreiros, domjngo, vendolhes, tam, ta, som, e sõ;
i) A africada /d/ é normalmente representada pela letra j, quer
provenha de um i ou de um g latino, como podemos contatar em jentijs e
corejesem (mas nem sempre, como é comprovado pela palavra coregido);
j) A consoante velar /g/ tanto pode ser representada pela letra g sozinha quanto pelo dígrafo gu antes de vogal anterior alta, como podemos
ver em njngẽ e njnguem (ninguém);
k) A letra h em início de palavra não segue um princípio etimológico, servindo somente para enfatizar alguns monossílabos e dissílabos, como
podemos notar em ouve (houve), hir (ir), huũa (uma);
l) O sinal gráfico til costumava vir na segunda vogal das vogais dobradas, como em homeẽ, huũ e manhaã;
m) A letra ç podia ocorrer em início de palavra, ao contrário do que
sucede hoje em dia, como podemos notar em çerto e çaradinhas;
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
n) Não se usavam acentos, com exceção do til, como podemos verificar em tres, tornasemos e tijnhamos;
o) A semivogal /w/ podia ser representada pela letra o, como em
paao, naaos e d’agoa (como ocorre até hoje nos ditongos nasais e em certas
palavras: mão, ao, caos, nódoa etc.).
Como pudemos observar acima, a ortografia portuguesa do século
XV chegou, antes mesmo de sua codificação nas primeiras gramáticas, a um
nível de regularidade tal que podemos, ainda hoje, compreendê-la, se considerarmos como normais certas oscilações gráficas, muitas das quais ainda
presentes no português atual, embora de uma forma bem mais atenuada.
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ANEXO 2:
A ORTOGRAFIA PORTUGUESA NO SÉCULO XX
GONÇALVES VIANA E OS ACORDOS ORTOGRÁFICOS1
A ortografia portuguesa foi, até o século XX, uma simples questão
de prestígio deste ou daquele autor. Assim sendo, durante vários séculos o
prestígio de Duarte Nunes Leão norteou o trabalho dos ortógrafos subsequentes, os quais muito pouco acrescentavam ou discordavam desse modelo
e, por consequência, da ortografia etimológica por ele pregada. Mesmo
aqueles que dele discordavam, valiam-se, nas suas críticas, de outro modelo
do século XVI; João de Barros, como suporte abalizado para suas afirmações, com sua defesa da ortografia fonética. Nos séculos XVIII e XIX, os
modelos passam a ser, respectivamente, Madureira Feijó e Jeronymo Soares Barbosa, sendo que, no Brasil, grande influência terá, também, Ernesto
Carneiro Ribeiro (mas este segue fielmente os passos de Jeronymo Soares
Barbosa). Somente na virada do século XX é que se cogitará, seriamente (e
João Feliciano de Castilho vai ser um dos primeiros a insistir nesse tópico,
já em 1860), numa regularização e fixação da ortografia que parta não mais
de um simples indivíduo, mas de uma instituição, seja ela cultural ou governamental.
A partir de 1885, com Bases para a Ortografia Portuguesa, de 1885,
de Gonçalves Viana e Vasconcellos Abreu (confira A Demanda da Ortografia, de Ivo Castro, p. 141-151), começa a avultar o nome de Gonçalves Viana como aquele que conseguirá tornar numa realidade de direito aquilo que
sempre fora simples realidade de fato, variável e instável: a ortografia portuguesa. Alguns anos mais tarde, Gonçalves Viana lança a público aquela
Capítulo 6 da tese de doutorado do professor Afrânio da Silva Garcia, defendida em 1996, na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, folhas 69 a 90.
1
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que será a maior obra sobre ortografia da língua portuguesa jamais escrita, a
Ortografia Nacional, de 1904, em que ele investiga minuciosamente a fonética e fonologia da língua portuguesa para, a partir daí, elaborar um sistema
ortográfico baseado em três princípios essenciais: simplificação, regularidade e continuidade, alem da abrangência, ou seja, procurar elaborar regras
que sejam válidas para todas as variantes da língua portuguesa. Um exemplo do princípio de simplificação seria a eliminação de consoantes dobradas; de regularidade, o uso das letras i e u para todos os ditongos decrescentes orais; de continuidade, a manutenção da variação entre as letras s e z
para representar /z/ entre vogais.
Os principais pontos abordados por Gonçalves Viana em sua Ortografia Nacional são:
A) Uma descrição das tendências da pronúncia do português, no que
tange à sílaba tônica, tais como:
a)
Vocábulo terminado em a, e, o, seguidos ou não de s, têm em
geral a penúltima sílaba tônica, como casa(s), açougue(s), divino(s) etc. (confira VIANA, 1904, p. 158);
b) Vocábulo terminado em i, u ou vogal nasal, seguidos ou não de
s, ou em qualquer outra consoante, têm em geral a última sílaba tônica, como javali(s), peru(s), atum, atuns, barbacã(s),
marfim, marfins, casal, altar, rapaz etc. (confira VIANA, 1904,
p. 158);
c)
Vocábulo que termine em duas vogais, seguidas ou não de s,
tem em geral o acento tônico na primeira dessas vogais, quer
formem ditongo, quer não, como em louvai(s), louvareis, heróis, azuis, calhau(s), judeu(s), chapéu(s), uniu, louvou, cristão(s), escrivães, compõe(s), idea, Maria, gamboa, falua, assobio, amuo etc. (confira VIANA, 1904, p. 159);
d) Vocábulo que contenha duas vogais na penúltima ou na antepenúltima sílaba (ou seja, que contenha um ditongo nessas sílabas)
tem como predominante dessas vogais a primeira, sendo a segunda escrita i ou u, como causa, Cáucaso, raiva, louça, feito,
fluido, feudo, cáustico etc. (confira VIANA, 1904, p.. 159);
e)
Vocábulo que contenha duas vogais na penúltima ou antepenúltima sílaba seguidas de consoante pertencente à mesma sílaba
tem como tônica a segunda dessas vogais, como em faísca,
maiúsculo, balaústre, ainda, painço (confira VIANA, 1904, p.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
159);
f)
Vocábulo terminado em duas ou três vogais seguidas de qualquer consoante, exceto s, tem como tônica a última vogal, como
em sair, raiz, paul, ruim, arraial, paiol, maior (confira VIANA,
1904, p. 159);
g) Vocábulo terminado em três vogais, seguidas ou não de s, tem
como predominante a primeira vogal, como em passeio, ensaios, tapuio, joio, joias, comboio, comboios (confira VIANA,
1904, p. 159-160);
h) Quando três vogais se unem no interior da sílaba tônica, a segunda é a predominante: fieira, poeira (confira VIANA, 1904,
p. 160);
i)
Quando a última de três vogais não forma sílaba com as anteriores, ela é em geral a tônica, como em ensaiado, comboiar, alfaiate, saiote (confira VIANA, 1904, p. 160);
j)
Quando duas ou três vogais são seguidas por consoante na
mesma sílaba, a última vogal é tônica, como em piorno, quiosque (confira VIANA, 1904, p. 160);
k) Os monossílabos que não são átonos obedecem às regras dos
vocábulos agudos, ou oxítonos (confira op. cit., p. 160).
B) Um sistema de acentuação extremamente lúcido e fácil, em que
seriam acentuados única e exclusivamente aqueles vocábulos que contrariassem as tendências acima expostas, além de fixar os valores dos acentos
agudo, circunflexo e grave, como podemos ver abaixo:
a)
Todos os vocábulos exdrúxulos (proparoxítonos) serão marcados graficamente na vogal da sílaba predominante (tônica),
quer sua última sílaba comece por consoante, quer por vogal,
como em ápice, fécula, apóstolo, átrio, mágoa, côdea, fúria etc.
(confira VIANA, 1904, p. 167-172 e 290);
b) Acentuação gráfica em todos os vocábulos agudos (oxítonos)
terminados em a(s), e(s), o(s), em e ens, como alvará, farás,
maré(s), mercê, avô(s), avó(s), vintém, vinténs (confira VIANA,
1904, p. 172-173 e 290);
c)
Acentuação gráfica de todos os paroxítonos que não terminem
em a(s), e(s), o(s), am, em, ens, como açúcar, amável, carácter,
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
fértil, cônsul, quási, tríbu, alférez, órfão, Félix, abdômen etc.
(confira op. cit., p. 173-174 e 291);
d) Acentuação gráfica dos monossílabos tônicos terminados em
a(s), e(s), o(s), como pá(s), pé(s), rês, pó(s), pôs (confira VIANA, 1904, p. 173 e 291);
e)
Acentuação gráfica das vogais i e u quando, sendo tônicas, vierem depois de outra vogal sem com ela formar ditongo nem ser
seguida de consoante (exceto s) em final de sílaba ou dígrafo
nh, como em saí, baú, viúvo, faísca, deísca, deísta (confira VIANA, 1904, p. p. 130-131, 189-192 e 197).
f)
Fixação do uso dos acentos agudo, circunflexo e grave, ficando
o primeiro como marca de tonicidade em geral, o segundo como marca de tonicidade específica para as vogais â, ê e ô fechadas e o acento grave como indicativo de que a vogal permanece
com timbre aberto mesmo não sendo tônica, como podemos notar em dá, sé, avó, saía, ataúde, louvâmos, (presente), avô, sê,
mòlhinho (de molho, com ó aberto), dóninha, prègar, àquele,
àparte (= à parte) etc. (confira VIANA, 1904, p. 165-166, 175178, 194-197 e 291-291).
Além dessas regras de acentuação, Gonçalves Viana apresenta as seguintes, de aplicação mais restrita:
a)
Diferenciação por meio do acento circunflexo, visto serem
menos comuns, duas vogais ê e ô fechadas de todos os parônimos paroxítonos, como sêde e sede, côrte e corte, sôbre
e sobre (verbo), mêdos e medos (confira VIANA, 1904, p.
176-177 e 291);
b) Acentuação marcada com acento agudo no á tônico aberto
da primeira pessoa do plural do perfeito do indicativo dos
verbos da 1ª conjugação, ficando o presente do indicativo
sem acento, como em louvámos, do perfeito, e louvamos, do
presente (confira VIANA, 1904, p. 175 e 291);
c)
Acentuação com acento agudo dos seguintes parônimos, em
oposição a uma outra forma sem acento, ou a uma forma
sem acento e a outra com acento circunflexo: pélo, péla(s),
póla(s), pólo(s), pára, do verbo parar (confira VIANA,
1904, p. 181-183 e 291).
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
d) Diferenciação por meio do acento grave dos parônimos em
que vogais a, e, o, são abertas em sílabas não-tônicas, como
em Sàbor (rio) e sabor, prègar, pregar (cravar), mòlhinho e
molhinho (confira VIANA, 1904, p. 194-291);
e)
Emprego facultativo do acento grave sobre as vogais i e u,
átonas, nos hiatos ou, ainda, na letra u dos grupos gu e qu,
sempre que o u soar, como em deìcida ou deicida, reùnir ou
reunir, argùir, eloqùente (confira VIANA, 1904, p. 200-201
e 291);
f)
Emprego exclusivo do acento agudo antes de consoante nasal, como em ánsia, génio, cómodo, brónzeo etc. (confira
VIANA, 1904, p. 179-181 e 291).
C) Proscrição absoluta das letras w e y em todos os vocábulos aportuguesados e aportuguesáveis, como Venceslau, vagom, iate, asilo etc. (confira VIANA, 1904, p. 42-51, 83-87 e 288).
D) Eliminação do h medial, salvo nos dígrafos ch, lh e nh, como em
sair, empreender, arcanjo, teatro, rodes, aderir, em lugar de sahir, emprehender, archanjo, theatro, Rhodes e adherir; o h inicial, no entanto, se
mantém, mas só quando a etimologia da palavra o justificar, como em harmonia, mas nunca em palavras como hombro e húmido (confira VIANA,
1904, p. 56-61 e 288).
E) Substituição de ph, por f e de ch (= k) por c ou qu, como em física,
zoófito, côro, querubim e química por physica, zoophyto, choro, cherubim e
chimica (confira VIANA, 1904, p. 44-45, 54-56 e 288).
F) A letra x representando unicamente o valor que tem quando inicial, e ainda provisoriamente o de (e)is no prefixo ex, como em xadrez, peixe,
luxo, exangue, expor, excepto; os valores de cs e de s, no entanto, passam a
ser representados, respectivamente, por cs e s/ss, como em ficso, misto e
próssimo no lugar de fixo, mixto e próximo (confira VIANA, 1904, p. 68-71
e 288).
G) Redução de todas as consoantes geminadas a simples, com exceção de mn, nn, rr, ss, quando tenham valores diferentes de m, n, r, s, como
em abade, afecto, aludir, flama, inocente, em vez de abbade, affecto, alludir, flamma, innocente, mas prorrogar, emmalar, annastrar (confira VIANA, 1904, p. 75-77 e 288-289).
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
H) Supressão de todas as consoantes nulas, exceto quando sejam facultativamente proferidas, ou quando sirvam para marcar o valor aberto das
vogais que as precedem, ou ainda quando hajam de ter valor em vocábulo
de afinidade evidente como em escrito, dito, dano, salmo, em vez de escripto, dicto, damno, psalmo, mas acção, predilecção, exceptuar, pois mantêm
as vogais abertas; e gimnásio, acto, excepto, Ejipto, devido a gimnástica,
acção, excepção, ejípcio (confira VIANA, 1904, p. 72-75 e 289).
I) Substituição de ge e gi mediais por je e ji, conservando-se provisoriamente ge e gi iniciais, como em elejer, reajir, rejeitar, rejeito, gesto, gigante (confira VIANA, 1904, p. 108-110 e 289).
J) As subjuntivas (segundo termo) dos ditongos orais decrescentes
serão sempre representadas por i e u, como em pai, pau, céu, judeu, viu,
amais, faróis (confira VIANA, 1904, p. 289).
L) As vogais i, u, tônicas que não formem ditongo com a vogal precedente, serão acentuadas, como em saída, ataúde (confira VIANA, 1904,
p. 189-192 e 289).
M) Conservação das letras e e o átonos antes de vogal, quer analógicas, quer etimológicas, como em cear, voar, leão; conservação do e e do o,
igualmente, em início de palavra, como elogio, porteiro (confira VIANA,
1904, p. 92-99 e 289-290).
N) Diferenciação rigorosa entre ô e ou, como em outro, ouço, touro,
em lugar de ôtro, ôço, tôro; pôde, em lugar de poude (confira VIANA,
1904, p. 32 e 290).
O) Distinção rigorosa entre c/ç e s/ss, entre s e z, e entre x e ch, como
em paço e passo, Eça e essa, sossêgo, çarça; defesa, siso, avareza, juízo,
portuguesa; português, simplez, três, Rodriguez, arroz, feliz, xá e chá, seixo
e fecho, buxo e bucho (confira VIANA, 1904, p. 111-121 e 290).
A excelência do trabalho de Gonçalves Viana provocou grande repercussão, fazendo com que o governo português nomeasse, em 1911, uma
comissão, integrada por alguns dos maiores filólogos portugueses de então,
como Leite de Vasconcelos, Carolina Michaëlis de Vasconcelos, Adolfo
Coelho, Epifânio Dias, José Joaquim Nunes e Júlio Moreira, entre outros,
para elaborar a Reforma da Ortografia. Nessa Reforma Ortográfica, oficializada ainda no ano de 1911, adotou o sistema de Gonçalves Viana, com
pequenas modificações.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Podemos resumir o conteúdo da Reforma Ortográfica de 1911 nos
seguintes pontos:
A) Substituição dos símbolos ph, th, rh, y, ch (= k) e w, respectivamente, por f, t, r, i, c ou qu, e v ou u (confira VIANA, [s/d.], p. 10-11, 24,
26, 29, 31 e 33).
B) Abolição das consoantes dobradas, exceto rr, ss, mm e nn, como
em carro, cassa, emmalar, ennegrecer, em que acusam diferenças de pronunciação (confira VIANA, [s/d.], p. 11. 28 e 30).
C) Supressão das consoantes mudas, exceto quando soarem facultativamente, soarem em vocábulos aparentados ou influenciarem a pronúncia
das vogais precedentes mantendo-as abertas mesmo sendo átonos, como em
caráter, excepção, adoptar, direção, acto, secção, espectador (confira VIANA, [s/d.], p. 11-12, 25 e 29).
D) A acentuação das palavras seguirá em sua maior parte as regras
de Gonçalves Viana. Assim sendo, temos:
a)
Os oxítonos terminados em a(s), e(s), o(s), em e ens serão acentuados, como em alvará(s), maré(s), mercê(s), portaló(s),
vintêm, vintêns, armazêns; os monossílabos tônicos só serão
acentuados se terminarem em a(s), e(s), e o(s), como em pá(s),
sé(s), vê(s), pôs (confira VIANA, [s/d.], p. 17-18 e 36);
b) Os paroxítonos terminados em i ou u, vogal nasal, ditongo, seguidos ou não de s ou em outras consoantes, excetuando-se as
terminações am, em e ens, serão acentuados, como em quási,
vênus, órfã(s), álbum, órfão(s), louváveis, fáceis, fácil, têxtil,
cônsul, caráter, mártir, sóror, açúcar, córtex, sílex, gérmen, líquen (confira VIANA, [s/d.], p. 17-18 e 36-37);
c)
Todos os proparoxítonos serão acentuados, como em prática,
sábado, câmara, gémeo, antimónio, brônzeo, concêntrico, lúgubre, lôbrego (confira VIANA, [s/d.], p. 18 e 37);
d) O acento agudo serve marcar a sílaba tônica dos vocábulos,
salvo quando ela contiver â, ê e ô fechados, que serão marcados
com acento circunflexo. O acento grave tem as seguintes funções: marcar as vogais abertas átonos (à, è, ò), marcar os hiatos
(―dissolver os ditongos‖) cujo segundo termo seja i ou u, e marcar a pronúncia do u átono dos grupos gu e qu antes de e e i.
Veja-se, por exemplo, mágoa, cédula, pródigo, título, único,
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
ânsia, mês, avô, àquele, prègar, mòlhada; saìmento, faìsca,
saùdar, conseqùéncia, agùentar, argùir (confira VIANA, [s/d.],
p. 18-19 e 37-38);
Além dessas regras básicas, a reforma ortográfica de 1911 apresentou
as seguintes regras, mais específicas:
a) Marcar com acento circunflexo as formas verbais dêem, lêem,
vêem e crêem (confira VIANA, [s/d.], p. 19);
b) Marcar com acento circunflexo os homógrafos que contenham
vogal tônica fechada, como em almôço, entêrro, sôbre, sêde,
dêmos, pêlo (confira VIANA, [s/d.], p. 18 e 37);
c) Marcar com acento agudo a primeira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo dos verbos da primeira conjugação,
em oposição à mesma pessoa no presente do indicativo, como
em louvámos, perfeito, e louvamos, presente (confira VIANA,
[s/d.], p. 19 e 37);
d) Marcar com acento agudo a pronúncia do u tônico dos grupos
gu e qu antes de e e i, como em argúi (confira op. cit., p. 38);
e) Marcar com acento agudo as vogais i e u tônicas que não formam ditongo com a vogal precedente, como em país, saída,
baú, saúde (confira VIANA, [s/d.], p. 19 e 37);
f) Marcar com acento agudo os homógrafos pélo, pólo e pára
(confira VIANA, [s/d.], p. 19 e 37);
g) Marcar com acento agudo os ditongos que contenham vogal
aberta tônica, como réis, chapéu(s), herói(s), jóia, véu(s) etc.
(confira VIANA, [s/d.], p. 19 e 37).
E) Recomendação para a distinção rigorosa entre c/ç e s/ss, s e z, x e
ch, j e g (antes de e e i), como em passo e paço, anarquizar e analisar, buxo
e bucho, gente e Jesus (confira VIANA, [s/d.], p.. 26-32).
F) Fixação da grafia dos ditongos orais decrescentes, sempre terminados em i ou u, e dos ditongos nasais, que serão escritos ãe, em (ou en), õe
e ão, além de am usado exclusivamente no final átono dos verbos. Vejam-se
os seguintes exemplos: mãe, bem, bens, põe, mão, órfão, louvarão (futuro),
louvam, louvaram (pretérito) etc. (confira VIANA, [s/d.], p. 12-13).
É interessante notar que justamente as regras propostas por Gonçalves Viana que não representavam a tendência majoritária da língua, como a
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
substituição da letra g pela letra j, do dígrafo ch pela letra x e da letra x pelo
grupo cs, é que foram deixados de lado ao elaborar-se a reforma ortográfica
de 1911. Talvez se Gonçalves Viana tivesse proposto a substituição da letra
j pela letra g antes de e e i, visto a letra g ser muito mais comum, ou a substituição da letra x pelo dígrafo ch, também mais comum, principalmente em
posição inicial, com a manutenção da letra x apenas para o som duplo /ks/,
em que ela é praticamente absoluta em meio de palavra, suas sugestões tivessem sido acatadas. Da maneira como foram propostas, porém, sacrificando o corriqueiro ao excepcional, dificilmente poderiam ser aceitas.
O fato de a reforma ortográfica ser, em sua quase totalidade, sensata,
bem elaborada e extremamente útil, não impediu que muitos gramáticos a
ela se opusessem ou simplesmente a ignorassem. Um exemplo disso é a
obra de Antenor Nascentes, O Idioma Nacional, de 1928, que adota certos
postulados da reforma ortográfica, rejeita outros e acrescenta alguns, como
podemos ver pelos seguintes tópicos por ele abordados:
A) Manutenção das consoantes mudas, que haviam sido proscritas
pela reforma ortográfica, como em indemne, desinfectar, dactilógrafo,
psalmo etc. (confira NASCENTES, 1928, p. 44-45).
B) A recomendação do uso do trema, atribuindo-lhe uma origem
portuguesa, ao contrário do que preconiza a reforma ortográfica, como em
eqüestre, qüinqüênio, freqüente etc. (confira NASCENTES, 1928, p. 2022).
C) Ênfase na diferença de pronúncia entre Brasil e Portugal, no que
tange a primeira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo, em
contraste com a mesma pessoa do presente do indicativo, dos verbos da
primeira conjugação, em que Portugal pronuncia a aberto no perfeito e a fechado no presente, enquanto o Brasil pronuncia o a fechado em ambos os
casos, como em amámos, pretérito, e amamos, presente, em Portugal, mas
amamos, pretérito e presente, no Brasil (confira NASCENTES, 1928, p.
28).
Os demais pontos de O Idioma Nacional seguem as disposições contidas na reforma ortográfica de 1911.
Essas divergências na aplicação da reforma ortográfica de 1911, aliadas ao entusiasmo com que ela foi acolhida no Brasil por muitos ilustres filólogos brasileiros, com Silva Ramos, Mário Barreto, Sousa da Silveira, Antenor Nascentes e Jacques Raimundo, levaram a que ela fosse reformulada,
confirmada e estendida ao Brasil, através do Acordo Ortográfico firmado
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
entre a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras, de 30 de abril de 1931, mais tarde tornado oficial pelo governo brasileiro, através do Decreto nº 20.108, de 15 de junho de 1931. Esse Acordo
Ortográfico constituiu-se mais numa ratificação da Reforma Ortográfica de
1911 do que propriamente uma nova proposta. Os poucos pontos inovadores do Acordo Ortográfico de 1931 são os seguintes:
A) Manutenção do h mudo nos vocábulos compostos com prefixo,
quando existir na língua como palavra autônoma o último elemento, como
em inhumano, deshabitar, deshonra, rehaver, o qual já havia sido proscrito
pela Reforma Ortográfica de 1911 (confira ACADEMIA Brasileira de Letras & ACADEMIA das Ciências de Lisboa. Vocabulário Ortográfico e Ortoépico da Língua Portuguesa, 1932, p. XXII).
B) Supressão da letra s do grupo inicial sc, como em ciência e ciática, a qual não fora suprimida na Reforma Ortográfica de 1911, num aparente contra-senso, visto haverem sido suprimidas as consoantes mudas, o que
é o caso da letra s nessas palavras (confira ACADEMIA, 1932, p. XXII).
C) Reintrodução do ditongo ue, de palavras como azues, que havia
sido substituído por ui na Reforma Ortográfica de 1911, desfazendo, desse
modo, a uniformidade dos ditongos orais recém-conquistada (confira
ACADEMIA, 1932, p. XXIV).
D) Recomendação do uso do trema para marcar o i e u átonos que
não formam ditongo com a vogal precedente e o u átono dos grupos gu e qu
quando é pronunciado, como em saïmento e saüdar, por um lado, e freqüência, agüentar, argüir, por outro, sendo a primeira vez em que se recomenda seu uso na língua portuguesa (confira ACADEMIA, 1932, p.
XXXVI).
E) Acentuação dos oxítonos terminados em i(s) e u(s), como em colibrí(s), anís, funís, perú(s), urubú(s), os quais não levariam acento, conforme
a Reforma Ortográfica de 1911 (confira ACADEMIA, 1932, p. XXXVIII).
F) Recomendações quanto ao uso da letra s, o qual seria empregado
nos seguintes casos: (confira ACADEMIA, 1932, p. XXVIII-XXX):
a)
Nos pronomes nós e vós;
b) Nas formas de 2ª pessoa do singular dos verbos cuja última vogal for tônica, como em amarás, irás, porás e sorrís, dás, descrês;
c)
Nos plurais terminados em vogal tônica, como em pás, cafés,
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
perús;
d) Nos adjetivos gentílicos e nas palavras formadas com o sufixo
ês (latim ense), como em francês, burguês, camponês;
e)
Nos latinismos de uso comum, com bis, jus, plus, vírus, pus
(subst.);
f)
Em vários monossílabos e oxítonos, tais como aliás, após,
atrás, convés, mês, obús, tris etc.
g) Nos substantivos terminados na desinência esa ou isa, como baronesa, prioresa, sacerdotisa, poetisa;
h) Nos adjetivos formados com o sufixo abundancial oso, como
em doloroso, populoso, teimoso;
i)
Formas do verbo querer e pôr, como quis, quiseram, pus, pusemos;
j)
Palavras terminadas em eso ou esa consoante sua origem, como
defesa, surpresa, represa, aceso, ileso, obeso;
k) Nos verbos oriundos do latim, terminados em sar, como acusar,
recusar;
l)
Substantivos, adjetivos e particípios terminados em aso, asa,
iso, isa, oso, osa, uso, usa, como vaso, casa, siso, divisa, grosa,
abuso, musa;
m) O prefixo trans e suas variantes tras e tres, como em transição,
tresandar, traseiro;
n) Nomes terminados em ase, ese, ise e ose, como frase, tese, síntese, apófise, diagnose;
o) Vocábulos compostos, derivados do grego, com isos, khrysos,
lysis, mesos, nesos, physis, ptosis, stasis, thesis, como em isódico, crisóptero, análise, mesarterite, quersoneo, fisiologia, ptoseonomia, êxtase, síntese;
p) Verbos terminados em isar por causa da derivação, como avisar
(de aviso), analisar (de análise) e irisar (de íris).
G) Recomendações quanto ao uso da letra z, a qual seria empregada
nos seguintes casos (confira ACADEMIA, 1932, p. XX-XXXI):
a)
Nas palavras oxítonas terminadas em az, ez, iz, oz, uz, como em
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
assaz, xadrez, perdiz, veloz, arcabuz;
b) Nas palavras que no latim continham c, ci, ti, como azêdo (acetu), juízo (judicium), vizinho (vicinus), prazo (placitum), prezar
(pretiare);
c)
Nos verbos terminados em zer ou zir, como dizer, jazer, conduzir, luzir (exceção: coser=costurar);
d) Nas palavras flexionadas no diminutivo, com zinho ou zito, como em florzinha, paizinho, avezita, pobrezito;
e)
Nas palavras de origem arábica, oriental ou italiana, como azul,
azeite, bazar, ojeriza, gazua, gazeta;
f)
Nos verbos terminados em izar (latim izare), como em autorizar, civilizar, colonizar;
g) Nos substantivos formados dos adjetivos com o sufixo eza (latim itia), como em beleza, firmeza, pobreza;
h) Nas palavras derivadas de outras que terminam em z, como
apaziguar, cruzado, dezena.
i)
Proscrição das letras dobradas mn e nn, que ainda subsistiam na
Reforma Ortográfica de 1911 (cp. op. cit., p. XXII).
Após um curto período de vigência, o Acordo Ortográfico seria revogado pela Constituição Brasileira de 1934. Fizeram necessários, então,
novos entendimentos entre a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras, dos quais resultou a Convenção Luso-Brasileira de
1943, que revigorou o Acordo Ortográfico de 1931, aumentando sua clareza, apesar de mantê-lo praticamente inalterado. As poucas inovações da
Convenção Luso-Brasileira de 1943, também chamada de Acordo Ortográfico de 1943 pelos estudiosos, foram as seguintes:
A) Recomendações quanto ao grupo sc, o qual continua proscrito em
início de palavra, mas deve ser usado quando em vocábulos compostos formados no latim, como consciência, imprescindível, proscênio, rescisão.(§
19 e 20).
B) Recomendações quanto ao uso de ã, que pode figurar nas sílabas
tônica, pré-tônica ou átona, como em ãatá, maçã, órfão, cristãmente, romãzeira. (§ 24).
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C) Descrição dos encontros vocálicos que podem soar como ditongos crescentes, quais sejam: ea, eo, ia, ie, io, oa, ua, ue, uo, como em áurea, cetáceo, colônia, espécie, exímio, nódoa, contínua, tênue, tríduo etc. (§
29).
D) Proscrição do uso da letra z em final de sílaba átona ou em final
de sílaba tônica no interior do vocábulo, como em asteca, mesquita, gusla,
Guipúscoa (§ 36, observação 2ª).
E) Acentuação com circunflexo da terceira pessoa do plural das formas verbais terminadas em em, como (eles) contêm, (elas) convêm, (eles)
têm, (elas) vêm (§ 43, regra 7ª, observação 2ª).
F) Acentuação do penúltimo o fechado dos hiatos ôo nos paroxítonos, como em perdôo, abençôo, vôos (§ 43, regra 10ª).
G) Proscrição das consoantes mudas, com uma única exceção: os
vocábulos em que essas consoantes facultativamente se pronunciam, como
contacto, secção, corruptela; essa determinação constitui uma mudança
profunda em relação ao Acordo Ortográfico de 1931, que permitia o uso de
consoantes mudas para marcar o valor aberto da vogal precedente ou quando havia uma palavra aparentada em que a consoante era proferida e, consequentemente, escrita (§ 16, § 17 e §18).
A aceitação do Acordo Ortográfico de 1943 entre os filólogos brasileiros foi extremamente favorável; prova disso é o fato de Said Ali, na segunda edição de sua Gramática Secundária da Língua Portuguesa, limitarse, na seção dedicada à ortografia, a apresentar o texto integral do Acordo
Ortográfico de 1943. Divergências surgidas na interpretação de algumas regras, no entanto, levaram a novo entendimento entre as academias, do qual
resultou o Acordo Ortográfico Luso-Brasileiro, promulgado em 10 de agosto de 1945.
As modificações introduzidas pelo novo acordo, porém, foram de tal
monta que provocaram intensos protestos por parte dos mais prestigiosos
professores brasileiros, principalmente Júlio Nogueira e Clóvis Monteiro.
São eles:
A) Aceitação das consoantes mudas, dos grupos ch (= k), ph e th, das
letras k, w, y e de combinações gráficas não peculiares à escrita portuguesa
em nomes próprios e seus derivados, como darwinismo, byroniano, comtista, jeffersónia, kantismo, Loth, Moloch, Ziph, Job, Isaac, Gog (bases I-IV e
VIII).
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
B) Reintrodução das consoantes mudas em situações em que elas já
tinham sido proscritas pelo Acordo Ortográfico de 1943, quais sejam: após
as vogais a, e, o, quando exercem influência no timbre da vogal precedente,
como em director, baptismo, exceptuar; e para harmonizar-se graficamente
com formas afins em que um c ou um p se mantêm, como em acto, árctico,
colecta, dialecto, Egipto (baseVI).
C) Supressão do acento agudo das vogais tônicas i e u das palavras
paroxítonas, quando elas são precedidas de ditongos, como em baiuca, bocaiuva, cauila, tauismo; nos ditongos tônicos iu e ui, quando precedidos de
vogal, como em atraiu, influi, pauis; e na vogal tônica u, quando numa palavra paroxítona, está precedida de i, e seguida de s ou outra consoante como em semiusto (base XV).
D) Supressão do acento agudo dos ditongos éi e ói abertos das palavras paroxítonas, como em assembleia, ideia, plateia, epopeico, onomatopeico, comboi (mas combóio, do verbo comboiar), dezoito (base XVI).
E) Acentuação da terminação ámos do pretérito perfeito do indicativo, para distingui-lo do presente do indicativo, como em louvámos, amámos; esta regra tinha sido suprimida do Acordo Ortográfico de 1943 (base
XVII).
F) Alternância entre o uso do acento agudo e o uso do acento circunflexo nas vogais tônicas a, e, o, antes de consoante nasal, como em câmara,
fêmea, cômora, ânus, Dánae, género, fenómeno, bónus, Vénus; o Acordo
Ortográfico de 1943 recomendava claramente que se usasse apenas o acento circunflexo antes de consoante nasal (base XIX).
G) Supressão do uso do trema em todas as palavras portuguesas ou
aportuguesadas, como em aguentar, linguístico, frequentar, tranquilo; o
Acordo Ortográfico de 1943 recomendava seu uso no u átono proferido nos
grupos gu e qu antes de e ou i e, facultativamente, para marcar os hiatos
(base XXVII).
H) Supressão do acento circunflexo dos homógrafos quando uma vogal tônica fechada se opuser a uma vogal tônica aberta, como em cerca
(com o fechado) e cerca (com e aberto ) ou força (com o fechado) e força
(com o aberto), embora o acento circunflexo diferencial se mantenha nos
homógrafos que representam flexões da mesma palavra, como pôde e pode,
dêmos e demos, ou nos homógrafos em que a uma vogal tônica fechada se
opõe uma vogal átona, como em pêlo e pelo, pôr e por; o Acordo Ortográ-
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
fico de 1943 recomendava o uso do acento circunflexo em todos os casos
(base XXII).
Além dessas modificações, o Acordo Ortográfico Luso-Brasileiro de
1945 apresenta as seguintes inovações:
I) Listagem das palavras em que podem ocorrer os grupos consonânticos bd, bt, gd, gm, mn, ps, ft, tm, além de recomendar a supressão da letra s
da sequência xs antes de p e de t (base VII).
J) Discriminação bastante pormenorizada das situações em que se
emprega a letra i ou a letra e, com farta exemplificação (base IX).
A reação dos filólogos brasileiros contra o Acordo Ortográfico LusoBrasileiro de 1945, fazendo com que fosse promulgada a Lei nº 2.623, de
21 de outubro de 1955, a qual revogava o Decreto-Lei nº 8.286, de 5 de dezembro de 1945, no qual fora aprovado o Acordo Luso-Brasileiro de 1945,
e restabelecia o sistema ortográfico do Pequeno Vocabulário Ortográfico
da Língua Portuguesa de 1943.
Como consequência desse estado de coisas, passaram a existir duas
normas ortográficas distintas, uma para o Brasil, baseada no Acordo Ortográfico de 1943, e outra para Portugal, baseada no Acordo Ortográfico Luso-Brasileiro de 1945. Visto essa situação não ser vantajosa para nenhum
dos dois países, esforços começaram a ser feitos para resolvê-la. O primeiro
resultado de tais esforços foi a Proposta para a Unificação da Língua Portuguesa, de 1967, que pregava o seguinte:
A) Supressão das consoantes mudas ainda existentes na ortografia
lusitana, a exemplo do que já se fazia no Brasil.
B) Supressão do acento circunflexo na distinção dos homógrafos,
ainda usado no Brasil, já abandonado, embora seja permitida sua manutenção para evitar ambiguidade, como em fôrma e forma.
C) Supressão do uso do trema, ainda vigente no Brasil, não mais empregados em Portugal, mantendo-se, no entanto, a possibilidade de seu emprego em casos especiais.
D) Supressão total da acentuação dos proparoxítonos, de modo a evitar a dupla grafia da vogal tônica seguida de consoante nasal, como em Antônio, fenômeno e gênero (Brasil) e António, fenómeno, género.
Essa proposta não entrou em vigor, principalmente pela sua quarta
cláusula, da supressão da acentuação dos proparoxítonas, por representar
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
uma transformação muito radical na ortografia portuguesa. Outras modificações menos radicais, no entanto, foram pouco a pouco sendo adotadas. A
primeira tentativa de se uniformizar oficialmente a ortografia portuguesa será a Lei 5.765, de 18 de dezembro de 1971, na qual fica estabelecido o seguinte:
a) Abolição do trema nos hiatos átonos;
b) Abolição do acento circunflexo diferencial das palavras homógrafas de outras com vogal aberta, com exceção das formas verbais pôde e pode;
c) Abolição dos acentos circunflexo e grave da sílaba subtônica1 dos
vocábulos derivados em que figura sufixo mente ou sufixos iniciados por z.
Como a ortografia portuguesa ainda mantinha os acentos circunflexo
e grave nas subtônicas, a Lei 5.765 de 1971, ao mesmo tempo que uniformizava a escrita dos homógrafos e dos hiatos átonos, criavam um novo
ponto de diferenciação entre as duas ortografias. Para sanar isso, foi promulgado, pelo governo português, o Decreto-Lei nº 32/73 em 6 de fevereiro
de 1973, por meio da qual eram eliminados da ortografia oficial portuguesa
os acentos circunflexo e grave que assinalam as sílabas subtônicas dos vocábulos derivados com o sufixo mente e com os sufixos iniciados por z.
Em 1975, surge o primeiro projeto para um novo Acordo Ortográfico, o qual procura conciliar os aspectos das duas normas ortográficas, tornando facultativas as grafias de todos os pontos que provocam discórdia,
como a grafia das consoantes mudas, o acento agudo das formas de primeira pessoa do plural dos verbos da primeira conjugação: amámos, louvámos,
o acento agudo do ditongo éi aberto nas terminações eia/éia e eico/éico e do
ditongo ói de algumas palavras paroxítonas, o uso de acento agudo ou circunflexo antes de consoante nasal, além do uso do hífen em vários casos. Os
únicos pontos em que o projeto para um novo acordo é assertivo são a supressão do trema e a supressão do acento circunflexo dos homógrafos (confira CASTRO et alii, 1987, p. 186-197).
Outros projetos foram apresentados e, numa certa medida, aprovados
nos anos de 1986 e 1991, mas eles serão discutidos na seção seguinte do
“As subtônicas caracterizam-se pela incidência da força da voz mais forte em relação às átonas e mais
fraca em relação às tônicas: fe-li-ci-da-de, in-cons-ti-tu-ci-o-nal, di-fi-cil-men-t .” (PROENÇA FILHO,
2009, p. 16)
1
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nosso trabalho. Quanto à abordagem da ortografia pelos nossos gramáticos
a partir de 1950, trataremos na seção do nosso trabalho destinada à ortografia brasileira atual.
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ANEXO 3:
A ORTOGRAFIA
NA NORMALIZAÇÃO GERAL DO TEXTO1
Emanuel Araújo
O domínio da ortografia (palavra grega composta de orthos, 'direito,
justo', e de gráphō, 'gravar, escrever, desenhar') é o próprio domínio da escrita, representação da realidade linguística por meio de sinais grafados: hieroglíficos, lineares, cuneiformes, alfabéticos etc. A combinação desses sinais – letras, pontuação, acentos ou sinais diacríticos -, produzindo, por
convenção, determinados sons, traduz a vivência da língua do sujeito falante, o que já observara Aristóteles no início de sua Lógica, ao afirmar que "as
palavras faladas são os símbolos da experiência mental e as palavras escritas são os símbolos das palavras faladas" (16ª, cap. 1 de 'Da expressão').
O estádio ortográfico das línguas, naturalmente, varia no tempo, de
modo que um mesmo sistema de notação apresenta sempre 'resíduos' de
formas antigas de sua evolução.2 Assim, por exemplo, segundo a classificação estabelecida por Marcel Cohen,3 qualquer ortografia pode mostrar traços fonoligizantes e fonetizantes a um só tempo. Diz-se que há fonolização
quando um fonema equivale a dois sons, embora se ache escrito pela mesma
letra ou grupo de letras, como em português o s, que pode soar como uma
alveolar sonora (casa, rosa) ou surda (consoante, estudo); e a fonetização
Capítulo transcrito do livro A Construção do Livro, de Emanuel Araújo, 2ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon;
São Paulo: UNESP, 2008, p.76-89.
1
2
Ver I. J. Gelh, A study of writing (2ª ed. rev., Chicago. The University of Chicago Press, 1965), p. 11 ss.
3
La grande invention de l'écriture et son évolution (3 vols., Paris, Klincksieck, 1958), vol. 1, p. 226.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
ocorre quando há mudança de letras que levam à variação da pronúncia,
como em português a troca da terminação arcaica -am por -ão, por exemplo
em capelam, transformado em capelão.
A ortografia portuguesa, como é sabido, passou por três estádios bem
delimitados: 1) o fonético, em que o sistema ortográfico era jovem, correspondendo à fase arcaica do idioma, quando havia a preocupação de escrever
as palavras em harmonia com a pronúncia; 2) o etimológico ou 'pseudoetimológico', que se estende do Renascimento até o século XX, em que se pretendeu restaurar o modelo greco-latino clássico, inserindo-se nos hábitos
gráficos inúmeros anacronismos, como letras dobradas (delle, communicar)
e os dígrafos helenizantes rh, th, ph e ch; 3) o simplificado, quando, a partir
do trabalho fundamental de Aniceto dos Reis Gonçalves Viana, Ortografia
nacional (1904), se estabeleceram os princípios que nortearam os atuais padrões ortográficos.
Desde a aceitação do sistema proposto por Viana, entretanto, o que
se deu em 1911, a ortografia da língua portuguesa passou a ser pontificada
por comissões de gramáticos e filólogos cujos estudos, por sua vez, também
passaram a ser promulgados por decretos. E mais não bastou para que se estabelecesse, justamente a partir da interferência dos 'donos da língua', uma
penosa confusão que persiste teimosamente em Portugal e no Brasil.
A tendência universal, contudo, é para uma uniformização ortográfica que de tato corresponda à realidade fonológica. Este, aliás, foi o ponto de
partida de Gonçalves Viana, que chegou a radicalizar suas propostas: além
de recomendar a proscrição dos símbolos de etimologia grega (th, ph, rh, y e
ch, este com valor de k), a redução das consoantes dobradas (com exceção
de rr e ss mediais) e a eliminação de consoantes nulas, por certo exorbitou
ao mandar substituir o x por cs (como em fixo = ficso), g por j (como em
homenagem = homenajem) e restabelecer o z etimológico nos patronímicos
(como em Rodrigues = Rodríguez).
A normalização básica da ortografia da língua portuguesa encontrase solidamente legislada, embora persistam algumas diferenças entre as práticas brasileira e portuguesa; o I Simpósio Luso-Brasileiro sobre a Língua
Portuguesa Contemporânea (Coimbra, 1967) recomendou essa unificação
ortográfica, mas desde então pouco ou nada se fez de realmente importante
para tanto, excetuando-se o parecer conjunto da Academia Brasileira de Letras e da Academia de Ciências de Lisboa que levou à supressão dos acentos
diferenciais (em que pesem certas imperfeições de sua prática). Mas ainda
resta muito por aperfeiçoar, principalmente no sentido de fixar-se um sistepágina 285
MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
ma exaustivo que leve em conta as oscilações de pronúncia no tempo e no
espaço, que atenue a força da tradição e que diminua a desproporção entre o
número de fonemas e o das letras. Além do mais, há verdadeiros abismos
entre certos usos recomendados oficialmente e os da prática editorial e bibliotecnímica, por exemplo, no emprego de maiúsculas e minúsculas; tais
descompassos deviam ser urgentemente revistos pelos padronizadores da
língua. Com isso, talvez se chegasse muito próximo do ideal simplificador
da ortografia.
Em 1990, representantes oficiais dos países lusófonos firmaram o
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, cujo objetivo era alcançar uma
ortografia unificada que envolvia algumas mudanças simplificadoras, pondo
um ponto final na existência de duas normas divergentes e ambas oficiais:
uma no Brasil e outra nos restantes países de língua portuguesa. Mesmo
tendo sido relativamente tímido nas simplificações propostas (a unificação
ortográfica acarretará alterações na forma de escrita de 1,6% do vocabulário
usado em Portugal e de 0,5% no Brasil), o acordo somente entrou em vigor
em 2008. O texto completo do acordo pode ser consultado no sítio da Internet http://www.necco.ca/faq_acordo_ortografico.htm.
A falta de normalização sólida e coerente nessa área pode levar, com
efeito, autores e editores ao desespero, como se depreende, por exemplo, da
seguinte 'nota ortográfica' inserida no décimo volume da História da Companhia de Jesus no Brasil, de Serafim Leite:1
Em 1938, ao publicarem-se os dois primeiros tomos desta história, a lei era
que se escrevesse Luís (com s). Pouco depois veio lei que fosse Luiz (com z).
O livro do autor, publicado em 1940, com o título de Luiz Figueira – A sua
vida heroica e a sua obra literária, obedece à lei (Luiz com z). Quando saíram os tomos III e IV (1943), a lei já era outra vez Luís (com s). Ora, citando
estes tomos com frequência a Luiz Figueira, o autor não viu modo de escrever no texto Luís (com s) e citar o seu próprio livro Luiz Figueira (com z),
sem estranheza do leitor. E deixou ficar Luiz (com z) até ver. Esta explicação
vale para uma ou outra flutuação ortográfica do período em que se imprimiu
esta obra (1938-1950).
Na medida em que persistem dúvidas, muitos autores, quiçá a maioria, preferem deixar a cargo do preparador de originais decidir sobre as
chamadas formas optativas de grafar certas palavras; o 'certo', por exemplo,
seria Paissandu ou Paiçandu? A grafia preferencial seria hidrelétrica? Es-
Lisboa/Rio de Janeiro, Portugália-Civilização Brasileira (vols.1-6) – Instituto Nacional do Livro (vols.710), 1938-1950, vol 10, p. xxi.
1
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
creveríamos Dom Pedro ou dom Pedro? As indagações poderiam continuar
ao infinito, mas vale ressaltar de imediato que as respostas realmente conclusivas são poucas. Vejamos a seguir os principais critérios.
(i)
Maiúsculas
A questão do emprego das maiúsculas jamais deixou da atormentar
os preparadores de originais de língua portuguesa. E o problema não é novo.
Ele aparece, a bem dizer, com o próprio desenvolvimento da escrita e seus
desdobramentos (e dificuldades). Vale a pena assinalar que pelo menos há
mais de quatro mil anos os egípcios sentiram a necessidade de utilizar o que
hoje chamamos de destaque ou efeito de realce. Tal se dava, então, de três
modos diferentes:
1. Grande número de sinais (cerca de duzentos, correntemente
em torno de oitenta) não era lido, mas servia para distinguir
palavras homófonas e nomes próprios, chamando a atenção
para um vocábulo importante na frase. Os egiptólogos denominaram esses sinais de 'determinativos'.
2. Os nomes reais eram envolvidos em um círculo oval – os cartuchos -, o que indicava, além da reverência ao faraódivindade, uma distinção, ainda que restrita, entre nomes próprios e comuns.
3. Finalmente, estabeleceram um princípio de normalização que
durou até os primeiros tempos da imprensa, no período dos
incunábulos: o uso de rubricas, isto é, empregava-se tinta
vermelha para obter o efeito de realce, por exemplo, em datas,
medidas de peso e, sobretudo, em textos literários, nas aberturas de seções e em determinadas palavras iniciais.
O princípio do destaque incorporou-se à norma alexandrina e daí,
por caminhos diversos, foi seguida nos desenhos de letras capitulares e subcapitulares medievais até chegar à feição dada no Renascimento, que, com
certas modificações, alcançou os nossos dias. O realce gráfico da maiúscula,
destarte, passou a combinar-se, por convenção (como, aliás, nos velhos hieróglifos), com a própria sequência visual do escrito, ganhando sentido específico em certos casos, como em início de frase ou depois de alguns sinais
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
de pontuação (interrogação, ponto, ponto de exclamação)1, nas classificações científicas (sobretudo de zoologia e botânica), em muitas abreviaturas
e em normas bibliográficas e afins. Porém, as maiores dificuldades ocorrem
nos casos abaixo:
1.
Antropônimos
a.
Nomes e sobrenomes: Capistrano de Abreu, José de Alencar.
b.
Cognomes: Henrique, o Navegador; Ricardo Coração de Leão, João
sem Terra.
c.
Alcunhas e hipocorísticos: Trinca-Fortes, Sete-Dedos, Chico, Zezé.
d.
Antonomásticos: Marechal de Ferro, Patriarca da Independência, Água
de Haia.
e.
Pseudônimos: João do Rio, Lênin, Tristão de Ataíde.
f.
Nomes dinásticos: os Braganças, os Médicis, os Bourbons.
2.
Topônimos e locativos
a.
Topônimos: Rio de Janeiro, Berlim, Zona da Mata etc. Note-se, porém, que se escreve com inicial minúscula o substantivo que designa a
espécie: mar Morto, serra do Mar, trópico de Câncer, península Ibérica, oceano Atlântico, vale do Paraíba, alto Amazonas, avenida Getúlio
Vargas, baía de Guanabara, praça da República, rua Direita etc. Mesmo nesses casos, porém, é imperativo grafar-se em maiúscula quando
se tratar de designativo oficial:
– monte Belo e a cidade de Monte Belo;
– cabo Frio (acidente) e Cabo Frio (cidade);
– cabo Verde e ilha do Cabo Verde.
b.
Regiões: Norte, Nordeste, Sudeste, Sul, Centro-Oeste, Oeste, Ásia
Menor, Oriente Médio, Magna Grécia, Extremo Oriente etc.
Observe-se que adjuntos que delimitam a extensão ou a localização
No Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que estamos implantando, não há referência à pontuação, apesar de não ser possível escrever com correção sem o conhecimento básico das normas de pontuação. Por isto, indicamos o capítulo PONTUAÇÃO, do livro do professor Adriano da Gama Kury, que
disponibilizamos na página http://www.filologia.org.br/textos/pontuacao.pdf
1
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dos topônimos permanecem em minúsculas: Brasil meridional, Rússia
europeia etc. Todavia, quando tais elementos se incorporam no topônimo, fazendo parte de seu nome oficial ou do nome consagrado pelo
uso, entram em maiúsculas: África Equatorial Francesa, Coreia do Sul,
Alemanha Ocidental, Berlim Oriental, Baixada Fluminense, Planalto
Central etc.
3.
Intitulativos
a.
Instituições culturais, instituições profissionais e empresas: Faculdade
de Direito do Recife, Associação Brasileira de Imprensa, Lojas Americanas.
b.
Entidades e instituições ligadas ao Estado: Ministério da Educação,
Partido Republicano, Senado Federal, Câmara dos Deputados, Assembleia Nacional Constituinte, Poder Legislativo, Gabinete Civil da Presidência da República, Supremo Tribunal Federal, Fundação Nacional
do Índio, Banco Central etc.
Mesmo no caso das denominações de emprego costumeiro, empregase a maiúscula inicial, como Senado por Senado Federal, Câmara por
Câmara dos Deputados, Constituinte por Assembleia (Nacional ou Estadual) Constituinte, Supremo por Supremo Tribunal Federal, Legislativo por Poder Legislativo etc.
Contudo, quando a palavra toma o valor de substantivo comum que
designa sua espécie, não se usa a inicial maiúscula, como em:
– Assumiu o Ministério da Educação. No ministério...,
– Ingressou no Partido Republicano. Pretendia que o partido...
– Formou-se pela Faculdade de Direito do Recife. Na faculdade...
– Nos países europeus, o papel do senado é...
c.
Forças armadas: Marinha, Exército, Aeronáutica, bem como suas divisões e corpos paralelos que constituem entidades. Comando Militar do
Nordeste, 1º Distrito Naval, 1º Comando Aéreo Regional, 3º Regimento de Cavalaria, Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, EstadoMaior
das
Forças
Armadas
etc.
Escrevem-se, porém, com inicial minúscula as armas (infantaria, cavalaria, artilharia etc.), assim como as entidades que assumem o valor de
substantivo comum, a exemplo de:
– A polícia reprimiu...; chefe de polícia; a polícia de São Paulo; delegacia de polícia.
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– Comandou a divisão que...; fazia parte daquele regimento.
– O estado-maior do general...
d.
Períodos e episódios históricos: Antiguidade, Idade Média, Renascimento, Quinhentismo, Revolução Industrial, República Velha, Revolução de 1930, Estado Novo etc.
Utiliza-se, no entanto, a inicial minúscula quando se emprega o termo
em linguagem figurada ou de forma não usual:
– Era a verdadeira renascença da xilogravura.
– Durante o movimento de 1930...
e.
Coisas singulares e objetos de culto ou valia: a Caaba, o diamente
Cruzeiro do Sul etc.
f.
Festividades ou comemorações cívicas, religiosas e tradicionais: Sete
de Setembro, Quinze de Novembro, Natal, Quaresma, Sexta-Feira da
Paixão, Hégira, Saturnais, Carnaval, Dia do Trabalho.
Algumas outras palavras se prestam a certa confusão, ora usando-se
com maiúscula, ora com minúscula, ou ainda exclusivamente sob uma dessas formas. Entre esses vocábulos, comparecem com inicial maiúscula:
– Estado, quando tem o sentido de nação politicamente organizada
ou de um conjunto de poderes políticos de uma nação: um Estado forte, os
poderes do Estado, golpe de Estado etc.
– República, quando substitui a palavra Brasil (os poderes da República, o presidente da República) ou quando designa o período histórico
(com o advento da República...). O mesmo se dá, neste caso, com as palavras Colônia, Reinado e Império.
– União, no sentido de associação dos estados federativos, poder
central: os estados da União, as contas da União.
– Igreja, como instituição ou no sentido de conjunto de fiéis ligados
pelo mesmo credo religioso: a atuação da Igreja no Brasil, a Igreja adventista etc.
(ii)
Minúsculas
É evidente que a história dos procedimentos ortográficos constitui
um mesmo caso o emprego de maiúsculas e minúsculas. O fato de em determinada época ou em determinado círculo social grafarem-se certos vocábulos com maiúscula ou minúscula não é, de modo algum, casual. No sécupágina 290
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lo XVIII, por exemplo, arriscar-se-ia à fogueira do Santo Ofício quem ousasse escrever o nome de Tomás de Aquino antepondo-lhe um santo com
inicial minúscula; sobrepunha-se, aqui, não o qualificativo, mas a reverência
ideológica, que de resto sobrevive nos meios religiosos.
Esse tipo de advertência, aliás, manifesta-se contemporaneamente
nos círculos profissionais em que se deve reconhecer a autoridade constituída; se um advogado, por exemplo, redigisse uma petição a qualquer juiz,
grafando esta palavra – que indica apenas um exercício profissional – com
inicial minúscula, teria seu pedido inapelavelmente indeferido por quebrar
uma regra costumeira (deferência ao poder) e, assim, por deferir a vaidade
do ―doutor‖ Juiz. O mesmo se pode dizer sobre o sentido palaciano, cortesão, submisso, do uso do realce da maiúscula nas designações de atos oficiais sem o valor de unicidade. Um decreto-lei, por exemplo, não passa de um
instrumento administrativo articulado a regulamentos, portarias etc., cuja
singularidade efetiva residiria, de fato, em seu número de registro.
Sob essas considerações, a inicial minúscula deve comparecer nos
casos relacionados a seguir.
1.
Cargos e títulos
a.
nobiliárquicos: rei, duque, barão, lorde, dom etc.
b.
dignitários: cavaleiro, comendador, mestre etc.
c.
Axiônimos correntes: você, senhor, seu, dona, sinhá etc. Em caso de
demonstração de eminência, usa-se maiúscula: Vossa Alteza, Sua Santidade, Vossa Senhoria, Sua Majestade etc.
d.
Culturais: reitor, deão, bacharel etc.
e.
Profissionais: desembargador, ministro, cônsul, deputado, embaixador,
presidente, economista, médico, chefe, general, almirante, brigadeiro
etc.
f.
Eclesiásticos: padre, frei, irmão, cardeal, papa etc.
g.
Hagionímicos: são, santo, beato etc.
2.
Intitulativos gerais:
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a.
Nomes de artes, ciências ou disciplinas: música, pintura, física, história, direito, sociologia etc.
b.
Doutrinas, correntes e escolas de pensamento, religiões: positivismo,
romantismo, barroco, marxismo, catolicismo etc.
c.
Nomes gentílicos, de povos e de grupos étnicos: paulistas, iorubas, xavantes, franceses etc. Embora se faça, às vezes, uma distinção completamente arbitrária, entre grandes e pequenas extensões territoriais ou
políticas ligadas a etnônimos, devem todos, sem exceção, grafar-se em
minúsculas, não havendo razão plausível de, por exemplo, registrar
com realces diferenciados ―os índios Canelas‖ e ―o povo judeu‖.
d.
Grupos ou movimentos políticos: jacobinos, tenentes, oligarcas, sovietes, udenistas etc.
e.
Grupos ou movimentos religiosos: pentecostalistas, umbandistas, protestantes, espíritas etc.
f.
Pontos cardeais quando designam direção, limites ou situação geográfica: o Brasil limita-se ao norte...; dirigindo-se para o oeste...; ao sul do
estado... etc. Recorde-se que as regiões brasileiras se escrevem, ao
contrário, com inicial maiúsculas (ver acima).
g.
Documentos públicos: alvará, carta-régia, foral, regimento, portaria,
instrução, lei, ato, emenda etc. e suas subdivisões, como artigo, parágrafo, alínea, inciso. À designação sucede um número (lei nº..., instrução nº..., ato institucional nº...), mas quando o documento leva um nome, e não apenas um simples número de ordem, adquire o valor de
unidade, caso em que se justifica o destaque das maiúsculas para caracterizar o intitulativo: Lei Áurea, Lei Afonso Arinos, Lei do Inquilinato etc.
h.
Nomes de prédios: palácio do Catete, catedral Metropolitana, igreja da
Candelária, castelo de Versalhes etc. Quando não se indica somente o
edifício, mas a instituição nele abrigada, emprega-se inicial maiúscula:
Museu do Louvre, Arquivo Nacional, Biblioteca Pública do Estado de
Minas Gerais etc.
i.
Unidades político-administrativas: capitania, província, estado, município, distrito, termo, cantão etc.
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A questão da onomástica (topônimos, antropônimos) seria, em princípio, bastante simples se não entrassem em consideração elementos como
tradição familiar, apego bairrista e outros. O problema da toponímia já foi
há muito resolvido, apesar dos hábitos arraigados, e seu resultado está exposto no Índice dos topônimos da carta do Brasil ao milionésimo publicado
em 1971 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), onde
Antenor Nascentes estabeleceu o critério normalizador pelo qual, sobretudo
os nomes de origem indígena e africana, passam a ter as seguintes disposições:
1) o som chiante nos nomes de origem indígena e africana grafa-se x:
assim, Xique-Xique e não Chique-Chique, Xuí e não Chuí;
2) a letra k é substituída pelo grupo qu antes de e, i e por c antes de
qualquer outra letra: assim, Guaraqueçaba e não Guarakeçaba;
3) o grupo ss é substituído por ç: assim, Moçoró e não Mossoró, Açu
e não Assu;
4) os grupos ge, gi são grafados com j e não com g: assim, Bajé e
não Bagé, Cotejipe e não Cotegipe.
Nos últimos anos surgiram (ou ressurgiram) formas que contrariam
esses critérios. A cidade de Campos, no Estado do Rio de Janeiro, passou a
denominar-se Campos dos Goytacazes; Lages, em Santa Catarina, grafa seu
nome com g desde 1960; Bagé também prefere o g, assim como Cotegipe,
na Bahia. E Mossoró não troca os dois s por cê-cedilha. Deve haver outros
casos. O IBGE divulga em seu sítio na Internet (<www.ibge.gov.br>) a Tabela de Códigos de Municípios, que adota a ortografia reconhecida pelas
leis municipais.
As mesmas observações, aliás, são em princípio válidas para os nomes – topônimos ou antropônimos – traduzidos (ver, neste capítulo G (i)1.
Se, entretanto, a forma onomástica estiver contida em padrões ortográficos
desatualizados, numa designação oficial, num dístico e semelhantes (Estrada de Ferro Mogiana, Editora José Olympio por exemplo), a tendência é para o uso facultativo, ainda que o desejável fosse a atualização ortográfica,
mesmo contrariando o registro com que se tornaram públicos.
1
Esse tópico trata das traduções na onomástica (cf. ARAÚJO, 2008, p. 118-119)
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
O caso dos antropônimos, em tese, é o mais fácil. Seus usuários têm
o direito de grafar Cavalcanti (e não Valter), Nelson (e não Nélson) etc.;
visto que são nomes evidentemente de origem estrangeira. Mas nada obriga
a grafarem-se nomes da língua portuguesa sob um sistema ortográfico ultrapassado, mesmo que seu usuário assim o faça, como em Ruy (por Rui), Mathias (por Matias), Freyre (por Freire), Cardozo (por Cardoso), Mattos (por
Matos) etc. Observe-se, destarte, que:
– as letras consonânticas dobradas sofrem simplificação, exceto rr e ss: Melo e não Mello, Ivone e não Ivonne;
– o grupo vocálico ae é substituído por ai: Novais e não Novaes, Pais e não
Paes;
– as letras c, g e p antes de consoante são eliminadas: Vítor e não Victor,
Inácio e não Ignácio, Batista e não Baptista;
– o dígrafo helenizante ch com o som de k é substituído por c ou qu: Crisóstomo e não Chrisóstomo, Raquel e não Rachel;
– o grupo vocálico ea é substituído por eia; Correia e não Corrêa, Oseias e
não Oseas;
– a letra h depois de consoante é eliminada, exceto nos dígrafos ch, lh e nh:
Ataíde e não Athaíde; também se elimina o h intervocálico: Abraão e não
Abrahão;
– a letra o pré-tônica é substituída por u em certas grafias: Muniz e não Moniz, Aluísio e não Aloísio, Manuel e não Manoel;
– a letra s inicial (dita ‗impura‘) seguida de consoante é substituída pelo
grupo es: Espinosa e não Spinosa, Estênio e não Stênio;
– dígrafo helenizante th é substituído por t: Temístocles e não Themístocles,
Mateus e não Matheus;
– a letra w é substituída por v: Vander e não Wander, Valfredo e ao Waldredo;
– a letra y é substituída por i: Maia e não Maya, Cibele e não Cybele;
– a letra z é substituída por s em certas grafias: Sousa e não Souza, Brás e
não Braz.
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Há situações, contudo, em que a conotação arcaizante ou a distorção
ortográfica, sendo propositais, podem e devem figurar como tais: assim, por
exemplo, no caso de Afonso Guimarães1, que adotou o nome autoral de Alphosus de Guimaraens, ou no de José Joaquim de Campos Leão, que assinava Qorpo Santo; restaurar a grafia, nessas circunstâncias, significaria, no
mínimo, desvirtuar por inteiro a intenção do escritor. Exemplo de conotação
arcaizante encontra-se também em Theatro Municipal, tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo.
(iv) Substantivos comuns: formas optativas
Ao lado do uso das maiúsculas, outro problema ortográfico que suscita muitas dúvidas está na aplicação das formas optativas de substantivos
comuns. Observa-se, com efeito, que, em certas ocorrências, formas populares ou tradicionais vão de encontro à norma culta ou a regras estabelecidas
oficialmente, não raro indicando ‗arcaísmos‘ de uso normal em determinada
realidade linguística; nessa medida, o que, nas áreas ditas cultas seria, de fato, um arcaísmo, não o seria em outra, onde a vivência e a função do vocábulo se traduzem fonologicamente e, em consequência, na sua ortografia.
Não resta ao preparador de originais, em problemas semelhantes, outra alternativa senão acatar a dualidade de formas como acessório e accessório, fleuma e fleugma, sapê e sapé, varrer e barrer etc. O mesmo se dá no
concernente aos sincretismos vocabulares introduzidos na língua por via
erudita, em que é permissível a aceitação de uma ou mais formas optativas,
como em hidroelétrica e hidrelétrica, tireoide e tiroide, radioativo e radiativo, e assim por diante.
Muitas vezes, porém, o autor deixa ao editor de texto a tarefa de eleger a forma ‗canônica‘ da grafia desse ou daquele vocábulo. E o preparador
de originais deve, com efeito, ter o máximo cuidado para uniformizar as
grafias optativas, pois é inconcebível, em circunstâncias normais, que na
mesma obra se encontre a mesma palavra sob registros díspares, por exemplo o emprego simultâneo de afegão e afegane. Alguém – o autor, de preferência, ou o editor – deve optar por uma das formas. Claro está que a presença de um dado vocábulo, por mais estranho que este pareça, numa obra
Ver, a propósito, Serafim da Silva Neto, Introdução ao estudo da língua portuguesa no Brasil (2. ed.
ver. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1963), e Sílvio Elia, Ensaios de filologia e linguística (3.
ed. ver. Rio de Janeiro: Grifo, 1976), em especial p. 109-116, 177-232 e 293-311.
1
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
de ficção, tem de ser respeitada, pois corresponde certamente a um determinado universo fonológico; o termo multirão, por exemplo, transmuda-se em
ajuri, putirum, ajutório, ademão, riosca, puxirão, ganhadia, ajuntamento etc.
de acordo com o local. Também no caso de autor morto convém respeitar
certas escolhas ou maneiras de grafar vocábulos, desde que não constituam
arcaísmos evidentes, e. g., louro ou loiro, jaboti ou jabuti, mas não assúcar,
por açúcar ou frexa por flexa.
(v) Divisão silábica
Um dos problemas ortográficos mais complicados, em qualquer língua, é o da divisão silábica, em especial quando se trata da separação de palavras no final das linhas (ver capítulo 3, C). No caso da língua portuguesa
não deveria haver, teoricamente, qualquer dúvida, visto que a divisão silábica mereceu tratamento particular na seção XV do acordo ortográfico de
1943. Entretanto, esse problema não foi tratado sob o ângulo das necessidades editoriais, vale dizer, do peso que têm as palavras, as sílabas, as letras
quando impressas, do ponto de vista puramente gráfico, em seus desdobramentos semânticos ou apenas visuais.
O acordo ortográfico de 1943 parece esgotar formalmente o assunto
‗divisão‘ silábica‘, mas ao editor de texto legou-se o fardo dessa divisão ao
final das linhas, em que se tem de levar em conta, além do aspecto da correção ortográfica, o aspecto visual, com o objetivo de facilitar a leitura. Assim, idealmente, o editor deveria, quando possível, mesmo à custa de maior
ou menor espacejamento interliteral na página impressa, levar em consideração os seguintes princípios:
– É inconveniente separar a primeira sílaba da palavra no caso de vogal ou
de ditongo:
o-ráculo, eu-calipto.
– Da mesma forma, deve-se evitar a separação de grupo vocálico no meio
da palavra:
Apre-ender, especi-almente.
– Quando da divisão de palavra composta (já unida por hífen), o ideal está
na quebra do primeiro elemento completo, e nunca antes ou depois:
Livre-/pensador (não livre-pen-/sador ou li-/vre-pensador).
– Também dificulta a leitura a separação de palavras dissílabas:
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Ca-sa, va-le.
– Como já se viu, ao preparador de originais cabe evitar aliterações, e o
problema ressalta ainda mais quando ocorre em momento de separação de
palavras:
Cai-xa chata, ba-gre grande.
– Finalmente, é inadmissível a divisão de quaisquer tipos de siglas:
Unes-co, IN-OS
Ressalta-se, de qualquer modo, que, se esses princípios normalizadores não se encontram previstos no acordo ortográfico de 1943, tal não ocorre devido a possíveis incoerências ou omissões, porquanto a finalidade a
que se propôs foi a correção canônica, formal, segundo critérios linguísticos
inatacáveis do ponto de vista científico. O editor, porém, afora todos os
princípios levantados pelos linguistas, visa tanto à correção do escrito quanto à comodidade do leitor (com esta finalidade, aliás, se conceberam os
acentos e as separações silábicas), mesmo à custa de elementos normalizadores à margem – mas não excludentes – do cânone oficial.
Atualmente, programas de processamento de texto e de editoração
eletrônica contam com o recurso de hifenização, com o qual a divisão silábica é aplicada automaticamente. Convém que o editor de texto ou o revisor
observe se as divisões silábicas assim feitas estão corretas e se, mesmo corretas, não apresentam algum inconveniente. Quando o hífen é colocado manualmente e ocorre uma reformatação do texto, ele pode aparecer fora de
lugar.
(vi) Numerais
1.
Números em geral
Os números se escrevem, de regra, com algarismos arábicos, mas por
extenso nos seguintes casos:
a)
de zero a nove: oito livros, cinco mil, três milhões etc.
b) as dezenas ‗redondas‘: quatrocentos, setecentos, trezentos mil,
oitocentos milhões etc.
Em todos os casos só se usam palavras quando não houver nada nas
ordens ou classes inferiores: 13 mil, mas 13.700 e não 13 mil e setecentos;
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MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
247 mil, mas 247.320 e não 247 mil e trezentos e vinte. Acima do milhar,
todavia, é possível recorrer a dois procedimentos:
– aproximação do número fracionário, como em 23,6 milhões;
– desdobramento dos dois termos numéricos, como em 23 milhões e 635
mil.
As classes separam-se por pontos, exceto no caso de anos: 1.750,
mas ‗no ano de 1750‘.1
Um parágrafo não deve ser iniciado com um algarismo, seja arábico
ou romano. Dependendo da situação, escreve-se o valor por extenso ou se
altera a construção da frase, de modo a deslocar o algarismo: ‗Seiscentas
pessoas assistiram ao filme‘, mas não ‗600 pessoas...‘; ‗O filme 300 é uma
adaptação de uma história de Frank Miller‘, mas não ‗300 é um filme adaptado...‘
2.
Frações
São sempre indicadas por algarismos, exceto quando ambos os elementos se situam de um a dez: dois terços, um quarto, mas 2/12, 4/12 etc.
As frações decimais, em qualquer caso, não escritas com algarismos:
0,3; 12,75. A separação entre a parte inteira e a decimal é feita com vírgula.
O emprego de ‗ponto decimal‘ é prática anglo-saxônica.
Não se deve deixar uma parte dos algarismos de um número no final
da linha e sua continuação na linha seguinte, ou seja, o número não pode ser
partido.
3.
Percentagens
São sempre indicadas por algarismos, sucedidos do símbolo próprio:
5%, 70%, 128% etc.
O símbolo % deve figurar junto ao algarismo.
O Sitema Internacional de Unidades (SI) recomenda que as classes de números sejam separadas por
um espaço. Assim, teríamos 13 700 e 247 320. (N.E.)
1
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4.
Ordinais
São escritos por extenso de primeiro a décimo, porém, os demais se
representam de forma numérica: terceiro, oitavo, 11º, 53° etc.
5.
Datas
Quando completas, são escritas das formas seguintes: o dia em algarismos, o mês por extenso e o ano em algarismos, ou indicando-se numericamente o mês com todos os elementos separados por barras ou pontos:
13/2/1941, 13.2.1941. Note-se, porém:
– Indicados apenas o mês e o ano, o primeiro se escreve por extenso
e o segundo em algarismos: maior de 1937, agosto de 1969 etc.
– Os anos devem ser indicados por todos os números, e não apenas
pela dezena final: 1980 e não 80, 1942 e não 42 etc.
– A referência a décadas deve explicitar-se com as palavras décadas
ou decênio (década de 1950 ou decênio de 1950), evitando-se expressões
como ‗anos 30‘, ‗década de 60‘ etc.1
6. Horários
São indicados em algarismos com a identificação das frações de
tempo sendo feita com os símbolos h, min e s, como 9h; 10h15min;
13h30min57s etc. Note-se, porém, que quando a indicação for aproximativa, escrevem-se os números e a palavra horas por extenso: pouco depois
das cinco horas; às nove e meia da manhã etc.
7.
Quantias
As quantias se escrevem por extenso de um a dez (quatro reais, sete
mil dólares nove milhões de euros) e com algarismos daí em diante: 11 reais, 235 mil dólares, 48 milhões de euros.
A norma para datar, da ABNT (NBR 5892:1989), recomenda que os dias e meses sejam indicados por
dois algarismos e os anos por quatro, separados por ponto, assim 01.05.1937, 15.12.2007. (N.E.)
1
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Entretanto, quando ocorrem frações (centravos, cents etc.) registra-se
a quantia exclusivamente de forma numérica, acompanhada do símbolo respectivo: por exemplo: R$ 1.737,45, US$ 326,40. Em alguns países, como
nos EUA, a separação da fração é feita com um ponto. No caso de textos em
português, o apropriado é seguir a prática adotada no Brasil, isto é, vírgula
no lugar de ponto.
8.
Algarismos romanos
Devem ser usados parcimoniosamente. Muitas vezes, podem ser de
leitura menos fácil, além de ocupar desnecessariamente espaço no texto (por
exemplo, XXXVIII, MCMXXXVIII).
São usados normalmente nos casos seguintes:
a) Séculos: século XIX, século IV a.C. etc. Mas existe uma tendência moderna de registrar séculos em arábicos: século 20.
b) Reis, imperadores, papas etc. do mesmo nome: Filipe IV, Napoleão II,
João XXIII etc.
c) Denominações oficiais de instituições, empresas, conclaves etc.
d) Dinastias reais, convencionalmente seguidas em seqüências: II dinastia,
VII disnastia etc.
e) Paginação de prefácio, contada a partir do reto da falsa folha de rosto.
Ao contrário de todos os casos acima, a numeração pode comparecer em
minúsculas: i, ii, iii, iv etc. Procede-se desta mesma forma para indicar
subseções no corpo do livro.
Os algarismos romanos não devem ser adotados nos nomes de acontecimentos históricos: Segunda Guerra Mundial, Terceira República, Segundo Reinado etc.
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