GRAMÁTICA – VESTIBULAR –
Transcrição
GRAMÁTICA – VESTIBULAR –
José Pereira da Silva MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA “In principio erat verbum et verbum erat apud Deum, et Deus erat verbum” (João, 1:1) “Verba volant, scripta manent” (Provérbio medieval) página 2 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Dedicatória Dedico este livro a meus filhos e netos: Beatriz, Rita, Marcílio, Ítalo, Yasmin e Ana Rita página 3 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Agradecimentos A minha esposa, Maria Rita Pereira, pelas numerosas noites que teve de dormir sem esperar por mim. A meus alunos do Curso de Especialização em Língua Portuguesa da UERJ, pela enorme colaboração em sua aplicação em sala de aula. Aos Prezados Colegas do Departamento de Letras da Faculdade de Formação de Professores, que me oportunizaram esta produção. página 4 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Apresentação Afrânio da Silva Garcia1 O livro do professor José Pereira prima tanto pela acuidade quanto pela clareza na apresentação de informações concernentes a um assunto de tamanha importância, a ortografia da língua portuguesa, mormente neste momento, em que a aprovação de um novo Acordo Ortográfico provocará sutis, mas profundas, mudanças na maneira de escrever as palavras no idioma português, razão do título de sua obra: A Nova Ortografia da Língua Portuguesa. O livro se divide em quatro partes. Na primeira, discute-se o impacto do novo Acordo sobre a ortografia e a cultura dos países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), de um ponto de vista positivo; na segunda, faz-se uma cronologia da história da ortografia do português; na terceira, apresenta-se a íntegra do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa com anotações do Autor e comentários explicativos da Comissão elaboradora do documento; na quarta, temos a reunião de bom número de exercícios, o que facilitará a aplicação das regras aos estudantes e a preparação de aulas aos professores. A primeira parte, de autoria exclusiva do professor José Pereira, abre com uma definição sucinta do conteúdo e do âmbito do Acordo. Segue-se uma discussão bastante esclarecedora da necessidade do Acordo, na tentativa de acabar com as discrepâncias ortográficas entre as grafias brasileira e 1 Afrânio da Silva Garcia é Professor Adjunto da UERJ e membro da Academia Brasileira de Filologia. página 5 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA lusitana do português, que, embora pequenas, são frequentes e problemáticas para a difusão internacional da língua. Em seguida, o autor defende a reintrodução das letras k, w e y no alfabeto, com o argumento lógico de que não é mudança, mas aceitação da realidade, visto que elas são imprescindíveis em um mundo no qual as relações internacionais são primordiais e desejáveis. Na discussão das mudanças sofridas pela ortografia das palavras portuguesas propriamente ditas, o autor se volta inicialmente para a acentuação, explicando a supressão do trema e a perda dos acentos gráficos dos ditongos abertos éi e ói nas paroxítonas; das letras i e u tônicas depois de ditongo, também nas paroxítonas; da primeira vogal tônica dos hiatos êem e ôo(s); do acento agudo do u tônico precedido de g ou q e seguido de e ou i, já de uso muito restrito; e dos acentos diferenciais. O autor, em sua busca pela perfeição e eficácia, esgota todas as exceções possíveis, através de extensas e abundantes notas de pé de página. Na última parte da discussão das mudanças provocadas pelo novo Acordo Ortográfico, José Pereira discorre acerca do emprego do hífen e das letras maiúsculas, com explicações detalhadas e farta exemplificação. O professor acrescenta a essa discussão das mudanças decorrentes do novo Acordo Ortográfico um estudo, Princípio básico da acentuação gráfica do português, com base na existência de um acento natural de intensidade, consoante a teoria que defende a acentuação gráfica em uma só regra, defendida por muitos estudiosos contemporâneos da língua portuguesa, a qual postula terem todas as palavras do português um padrão natural de acentuação tônica (fonética) e explica a acentuação gráfica como um meio de identificar as palavras que não se enquadram na acentuação natural, uma ideia bastante interessante e original, muito bem demonstrada no presente trabalho. Na seção seguinte, sobre a cronologia da história da ortografia, o autor apresenta todos os passos dados em Portugal e no Brasil para uma unificação e simplificação da ortografia a partir do início do século XX, com a versão integral dos principais documentos relativos ao assunto, fornecendo subsídios inestimáveis para os pesquisadores da área, seguindo-se a íntegra do Acordo Ortográfico de 1990. Finalizando, o professor José Pereira faz uma compilação de exercícios de ortografia apresentados por alguns dos maiores gramáticos da língua portuguesa, provendo o professor com amplo material de apoio para suas página 6 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA aulas de ortografia, tão necessário em tempos de mudança, seguidas de referências bibliográficas bastante abrangentes sobre o assunto. Após um exame aprofundado do livro do professor José Pereira, venho parabenizá-lo pela produção de uma obra muito útil e oportuna, que tanto poderá ser usada pelo professor de português do ensino fundamental e médio, quanto pelo pesquisador, dada a variedade e excelência dos conteúdos nela abordados. página 7 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA O Autor José Pereira da Silva (Dom Cavate – MG, 23/09/1946) possui graduação em Curso da Cades pela Universidade Federal da Bahia (1970), graduação em Letras (Português/Literatura) pela Faculdade de Humanidades Pedro II (1976), especialização em Língua e Literatura do Século XVI em Portugal pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1982), especialização em Metodolodia do Ensino Superior pela Universidade Estácio de Sá (1982), mestrado em Linguística e Filologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1986) e doutorado em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1991). Atualmente é professor adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, diretor-presidente do Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos e segundo secretário da Academia Brasileira de Filologia. Tem experiência na área de Letras, atuando como docente em todos os níveis de ensino, desde o ensino fundamental ao de pós-graduação, e, na pesquisa e produção de conhecimentos, relativamente a filologia, linguística, letras, língua e textos. Na extensão universitária, atua principalmente como organizador de eventos e editor de livros e periódicos. Sua vasta produção acadêmica pode ser resumida em 104 artigos completos publicados; 134 livros como autor ou organizador; 48 capítulos de livros; 34 trabalhos completos e 95 resumos em anais de congressos e centenas de outras produções acadêmicas. página 8 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA SUMÁRIO/CRONOGRAMA LIÇÃO I (18/03/2011) Apresentação da programação e cronograma, estabelecimento de metas e métodos de trabalho e de avaliação, apresentação divulgação e distribuição do livro A Ortografia da Língua Portuguesa e estudo de uma “Breve História da Ortografia da Língua Portuguesa”........................ 11 LIÇÃO II (25/03/2011) A ortografia oficial da língua portuguesa na política linguística do século XX .................................................................... 17 LIÇÃO III (01/04/2011) O que mudou para os brasileiros com o novo acordo ortográfico da língua portuguesa .................................................................... 40 LIÇÃO IV (08/04/2011) Princípio básico da acentuação gráfica do português (p. 9-10) e sua aplicação nos exercícios de ortografia ................................................... 53 LIÇÃO V (15/04/2011) O alfabeto, o “h” inicial e final, as sequências consonânticas e as duplas grafias .................................................................... 63 LIÇÃO VI (22/04/2011) A homofonia de certos grafemas consonânticos ................................... 75 LIÇÃO VII (29/04/2011) Vogais átonas .................................................................... 97 LIÇÃO VIII (06/05/2011) Vogais nasais, ditongos, acento grave, trema, apóstrofo e supressão de acento em palavras derivadas ............................................................ 105 página 9 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA LIÇÃO IX (13/05/2011) O acento gráfico nas palavras oxítonas e nas palavras paroxítonas ... 117 LIÇÃO X (20/05/2011) O acento gráfico nas proparoxítonas e nas vogais tônicas “i” e “u” das oxítonas e paroxítonas .................................................................. 136 LIÇÃO XI (27/05/2011) O uso do hífen .................................................................. 142 LIÇÃO XII (03/06/2011) Emprego do hífen .................................................................. 154 LIÇÃO XIII (10/06/2011) A oficialização das letras K, W e Y, uso de minúsculas e maiúsculas, divisão silábica, assinaturas e firmas ..................................................... 161 LIÇÃO XIV (17/06/2011) Análise crítica do capítulo “Ortografia” da Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara (2009, p. 91-108, especialmente os tópicos “Hífen” (p. 96-101), “Emprego de maiúsculas” (p. 103-105) e “Regras de Acentuação” (p. 105-108) BIBLIOGRAFIA ....................................................................... LIÇÃO XV (24/06/2011)Análise crítica do livro Guia Ortográfico e Ortofônico Sacconi, de Luiz Antônio Sacconi (2009). LIÇÃO XVI (01/07/2011) Apresentação oral dos trabalhos finais (sendo que os apresentadores deverão chegar antes do horário para preparar o data show) página 10 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 18/03/2011– Apresentação da programação e cronograma, estabelecimento de metas e métodos de trabalho e de avaliação, apresentação divulgação e distribuição do livro A Ortografia da Língua Portuguesa e estudo de uma ―BREVE HISTÓRIA DA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA‖ (p. 115-118) página 11 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 1. MEMÓRIA BREVE DOS ACORDOS ORTOGRÁFICOS (Confira SILVA, 2010, p. 115-116) A existência de duas ortografias1 oficiais da língua portuguesa, a lusitana e a brasileira, tem sido considerada como largamente prejudicial para a unidade intercontinental do português e para o seu prestígio no mundo. Tal situação remonta, como é sabido, a 1911, ano em que foi adotada em Portugal a primeira grande reforma ortográfica, mas que não foi extensiva ao Brasil. (Confira BASES, 1911) Por iniciativa da Academia Brasileira de Letras, em consonância com a Academia das Ciências de Lisboa, com o objetivo de se minimizarem os inconvenientes desta situação, foi aprovado em 1931 o primeiro acordo ortográfico entre Portugal e o Brasil. Todavia, por razões que não importa mencionar, este acordo não produziu, afinal, a tão desejada unificação dos dois sistemas ortográficos, fato que levou mais tarde à Convenção Ortográfica de 1943. Perante as divergências persistentes nos Vocabulários publicados pelas duas Academias, que punham em evidência os parcos resultados práticos do Acordo de 1943, realizou-se, em 1945, em Lisboa, um novo encontro entre representantes daquelas duas agremiações, o qual conduziu à chamada Convenção Ortográfica Luso-Brasileira de 1945. Mais uma vez, porém, este Acordo não produziu os almejados efeitos, já que foi adotado em Portugal, mas não no Brasil. Em 1971, no Brasil, e em 1973, em Portugal, foram promulgadas leis que reduziram substancialmente as divergências ortográficas entre os dois países. Apesar destas louváveis iniciativas, continuavam a persistir, porém, divergências sérias entre os dois sistemas ortográficos. “O termo vem do grego orthographia, palavra formada de orthós, “correto”, “direito” e grafia, do verbo graphein, “escrever”. (PROENÇA FILHO, 2009, p. 15) No percurso até o português, passou pelo termo latimo também escrito orthographia. Na origem, portanto, o tempo correspondia à escrita correta das letras. 1 página 12 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA No sentido de reduzi-las, a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras elaboraram, em 1975, um novo projeto de Acordo que não foi, no entanto, aprovado oficialmente, por razões de ordem política, sobretudo vigentes em Portugal. E é neste contexto que surge o encontro do Rio de Janeiro, em maio de 1986, no qual se encontram, pela primeira vez na história da língua portuguesa, representantes não apenas de Portugal e do Brasil, mas também dos cinco novos países africanos lusófonos emergidos da descolonização portuguesa. O Acordo Ortográfico de 1986, conseguido na reunião do Rio de Janeiro, ficou, porém, inviabilizado pela reação polêmica contra ele movida sobretudo em Portugal. 2. RAZÕES DO FRACASSO DOS ORTOGRÁFICOS (Confira SILVA, 2010, p. 116-118) ACORDOS Perante o fracasso sucessivo dos acordos ortográficos entre Portugal e Brasil, abrangendo o de 1986 também os países lusófonos de África, importa refletir seriamente sobre as razões de tal malogro. Analisando sucintamente o conteúdo dos acordos de 1945 e de 1986, a conclusão que se colhe é a de que eles visavam impor uma unificação ortográfica absoluta. Em termos quantitativos e com base em estudos desenvolvidos pela Academia das Ciências de Lisboa, com base num corpus de cerca de 110.000 palavras, conclui-se que o Acordo de 1986 conseguia a unificação ortográfica em cerca de 99,5% do vocabulário geral da língua. Mas tal unificação era conseguida, sobretudo, à custa da simplificação drástica do sistema de acentuação gráfica, pela supressão dos acentos nas palavras proparoxítonas e paroxítonas, o que não foi bem aceito por uma parte substancial da opinião pública portuguesa. Também o Acordo de 1945 propunha uma unificação ortográfica absoluta que rondava os 100% do vocabulário geral da língua, mas tal unificação assentava em dois princípios que se revelaram inaceitáveis para os brasileiros: página 13 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA a) Conservação das chamadas consoantes1 mudas ou não articuladas, o que correspondia a uma verdadeira restauração destas consoantes no Brasil, uma vez que elas tinham há muito sido abolidas; b) Resolução das divergências de acentuação das vogais tônicas e e o, seguidas das consoantes nasais m e n, das palavras paroxítonas (ou esdrúxulas) no sentido da prática portuguesa, que consistia em grafá-las com acento agudo e não circunflexo, conforme a prática brasileira. Assim se procurava, pois, resolver a divergência de acentuação gráfica de palavras como António e Antônio, cómodo e cômodo, género e gênero, oxigénio e oxigênio etc., em favor da generalização da acentuação com o diacrítico agudo. Esta solução estipulava, contra toda a tradição ortográfica portuguesa, que o acento agudo, nestes casos, apenas assinalava a tonicidade2 da vogal3 e não o seu timbre, visando assim a resolver as diferenças de pronúncia daquelas mesmas vogais. A inviabilização prática de tais soluções nos leva à conclusão de que não é possível unificar por via administrativa divergências que assentam em claras diferenças de pronúncia, um dos critérios, aliás, em que se baseia o sistema ortográfico da língua portuguesa. Nestas condições, há de procurar uma versão de unificação ortográfica que acautele mais o futuro do que o passado e que não receie sacrificar a simplificação também pretendida em 1986, em favor da máxima unidade possível. Com a emergência de cinco novos países lusófonos,4 os fatores de desagregação da unidade essencial da língua portuguesa far-se-ão sentir com mais acuidade e também no domínio ortográfico. Neste sentido importa, pois, consagrar uma versão de unificação ortográfica que fixe e delimite “Consoante é o fonema constitutivo da sílaba que, na nossa língua, soa em companhia de uma vogal”. (PROENÇA FILHO, 2009, p. 17) 1 O termo “tonicidade”, assim como “tônico”, “átono”, “subtônico”, “oxítono”, “paroxítono”, “proparoxítono”, “pré-tônico”, “pós-tônico”, “rizotônico”, “arrizotônico” etc., é herança da gramaticologia grega, mais adequado para descrição de línguas tonais. Na realidade, esses termos já não se definem pela etimologia, pois a nossa língua não é tonal, mas, intensiva; acentuando-se pela força expiratória e não pelo tom. 2 “A vogal é o fonema nuclear da sílaba, a sua base, sua parte mais soante; corresponde a sons musicais caracterizados, em termos de condições acústicas, por vobrações periódicas perfeitamente perceptíveis: rá-pi-do; fa-la; fe-li-ci-da-de. (PROENÇA FILHO, 2009, p. 17) 3 Hoje são seis as ex-colônias portuguesas que se tornaram independentes no século XX, integrando a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), sendo que o Timor Leste pertenceu à Indonésia até recentemente. 4 página 14 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA as diferenças atualmente existentes e previna contra a desagregação ortográfica da língua portuguesa. Foi, pois, tendo presentes estes objetivos que se fixou o novo texto de unificação ortográfica, o qual representa uma versão menos forte do que as que foram conseguidas em 1945 e 1986, mas ainda assim suficientemente forte para unificar ortograficamente cerca de 98% do vocabulário geral da língua. 3. FORMA E SUBSTÂNCIA DO NOVO TEXTO (Cf SILVA, 2010, p. 118) O novo texto de unificação ortográfica agora proposto contém alterações de forma (ou estrutura) e de conteúdo, relativamente aos anteriores. Pode-se dizer, simplificando, que em termos de estrutura se aproxima mais do Acordo de 1986, mas que em termos de conteúdo adota uma posição mais de acordo com o projeto de 1975, já mencionado. Em relação às alterações de conteúdo, elas afetam, sobretudo, o caso das consoantes mudas ou não articuladas, o sistema de acentuação gráfica1, especialmente das paroxítonas, e a hifenização. Pode-se dizer ainda que, no que diz respeito às alterações de conteúdo, dentre os princípios em que assenta a ortografia portuguesa, o critério fonético (ou da pronúncia) foi privilegiado com certo detrimento para o critério etimológico. É o critério da pronúncia que determina, aliás, a supressão gráfica das consoantes mudas ou não articuladas, que se têm conservado na ortografia lusitana essencialmente por razões de ordem etimológica. É também o critério da pronúncia que nos leva a manter certo número de grafias duplas do tipo de carácter e caráter, facto e fato, sumptuoso e suntuoso etc. É ainda o critério da pronúncia que conduz à manutenção da dupla acentuação gráfica do tipo de económico e econômico, efémero e efêmero, É importante ressaltar, como lembra Celso Pedro Luft (2002, p. 107), que “Os substantivos próprios obedecem às mesmas regras de acentuação dos substantivos comuns [...]. 1 Infelizmente, pesa uma larga tradição de indisciplina e desinformação neste terreno, responsável por formas sem o acento devido (*Antonio, *Carmen...) e outras de acento errado (Corrêa, *Léa, *Raúl...)”. página 15 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA género e gênero, génio e gênio, ou de bónus e bônus, sémen e sêmen, ténis e tênis, ou ainda de bebé e bebê, ou metro e metrô etc. Explicitam-se em seguida as principais alterações introduzidas no novo texto de unificação ortográfica, assim como a respectiva justificação. página 16 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA EXERCÍCIOS1 1. Por que a reforma ortográfica de 1911 não foi extensiva ao Brasil? Teria sido uma discriminação dos portugueses, como se tem comentado? 2. Situe histórico-politicamente o contexto em que se deu a reforma ortográfica de 1911. 3. O acordo ortográfico de 1931 chegou a ser implementado? Por quê? O que aconteceu? 4. O que ocorreu em 1943, relativamente ao processo de unificação ortográfica da língua portuguesa? 5. Por que o acordo ortográfico de 1945 não foi implementado no Brasil? Destaque dois pontos que foram taxativamente recusados pelos brasileiros. 6. O que diz a lei de 1971 sobre acentuação gráfica na língua portuguesa? 7. O que fizeram os portugueses, para facilitar essa aproximação, em lei de 1973? 8. Qual é o acordo ortográfico da língua portuguesa que foi efetivamente implementado? Dê alguns detalhes a respeito disso. 9. Dê algumas informações sobre o Acordo Ortográfico de 1986 e sobre o projeto de Acordo de 1975. 10. Quando ocorreu o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que estamos implementando, atualmente, em Portugal, no Brasil e em alguns outros países da CPLP? Os exercícios que apresentaremos, além de serem postos como exemplos para facilitar a preparação de aulas práticas, deverão ser verificados e criticados pelos colegas, pois o objetivo principal é disponibilizar um material de qualidade para os docentes e demais profissionais da língua escrita. 1 página 17 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 25/03/2011 – A ortografia oficial da língua portuguesa na política linguística do século XX (p. 11-34) página 18 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA CRONOLOGIA DA HISTÓRIA DA ORTOGRAFIA DO PORTUGUÊS Pretende-se, aqui, dar a conhecer uma breve cronologia das reformas ortográficas efetuadas na língua portuguesa. Antes do séxulo XVI, não havia qualquer normatização ortográfica da língua portuguesa, nem mesmo para uso restrito, porque cada um escrevia conforme ouvia, aproximando a escrita da fala o máximo possível, de acordo com a percepção e compreensão do escriba. Séc XVI até séc. XX – em Portugal e no Brasil a escrita praticada era fundamentada na etimologia (procurava-se a raiz1 latina ou grega para escrever as palavras), não havendo uma ortografia oficial. O cidadão escolhia o ortógrafo de sua simpatia ou conveniência, sem qualquer obrigação de seguir à risca as normas indicadas pelo escolhido.2 1907 – a Academia Brasileira de Letras começa a simplificar a escrita nas suas publicações. (Veja, a seguir, a ATA DA SESSÃO DA ABL, DE 11 DE JULHO DE 1907) 1910 – implantada a República em Portugal, foi nomeada uma Comissão para estabelecer uma ortografia simplificada e uniforme para ser usada nas publicações oficiais e no ensino. Raiz é o elemento que forma a base de uma palavra, obtido quando todos os afixos são retirados. Por exemplo: feliz em in- + feliz + -mente. 1 Em gramática histórica, raiz é o segmento lexical mínimo de uma língua antiga, documentada ou reconstruída pelo método comparativo, que teria dado origem às formas posteriores de uma ou várias línguas aparentadas. Por exemplo: a raiz hipotética *sed- do indo-europeu, que originou sedere em latim, sit 'sentar' em inglês, sedentário em português, sidet' 'estar sentado' em russo etc. O professor Afrânio Garcia (1996, p. 69) lembra: “A ortografia portuguesa foi, até o século XX, uma simples questão de prestígio deste ou daquele autor.” 2 página 19 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 1911 – primeira Reforma Ortográfica – tentativa de uniformizar e simplificar a escrita, mas não foi extensiva ao Brasil. 1915 – a Academia Brasileira de Letras resolve harmonizar a ortografia brasileira com a portuguesa, visto que só neste ano se concluiu a implementação da ortografia oficial portuguesa. 1919 – a Academia Brasileira de Letras revoga a sua resolução de 1915. 1924 – a Academia de Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras começam a procurar uma grafia comum. 1929 – a Academia Brasileira de Letras lança um novo sistema gráfico. 1931 – aprovado o primeiro Acordo Ortográfico entre Brasil e Portugal, o qual visava suprimir as diferenças, unificar e simplificar a ortografia, mas não chegou a ser implementado. 1938 – foram sanadas as dúvidas quanto à acentuação de palavras e foi criada a comissão para organizar o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 1943 – redigida a primeira Convenção ortográfica entre Brasil e Portugal, que resultou no Formulário Ortográfico de 1943. Veja, mais adiante, tópico específico sobre esse Formulário. 1945 – Acordo Ortográfico, que se tornou lei em Portugal, mas, no Brasil, não foi ratificado pelo governo; os brasileiros continuaram a se regular pela ortografia anterior, do Vocabulário de 1943. 1971 – promulgadas alterações no Brasil, reduzindo as divergências ortográficas com Portugal. 1973 – promulgadas alterações em Portugal, reduzindo ainda mais as divergências ortográficas com o Brasil. 1975 – a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras elaboram novo projeto de acordo, que não foi aprovado oficialmente. 1986 – o presidente brasileiro José Sarney promove um encontro dos sete países de língua portuguesa – Angola, Brasil, Cabo Verde, GuinéBissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, no Rio de Janeiro, página 20 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA no qual apresenta o Memorando Sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. 1990 – a Academia das Ciências de Lisboa convoca novo encontro juntando uma Nota Explicativa do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa – as duas academias elaboram a base do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. O documento entraria em vigor (conforme o 3º artigo do mesmo) no dia ―1 de janeiro de 1994, após depositados todos os instrumentos de ratificação de todos os Estados junto do Governo português‖. 1996 – o último acordo foi ratificado apenas por Portugal, Brasil e Cabo Verde. 2004 – os ministros da Educação da CPLP se reúnem em Fortaleza (Ceará), para propor a entrada em vigor do Acordo Ortográfico, mesmo sem a ratificação de todos os membros. 2006 – São Tomé e Príncipe ratifica o Acordo, tornando legítima a sua implantação, a partir de 1º de janeiro de 2007, nos países que o fizeram. 2008 – Portugal e Brasil estabelecem seus cronogramas de implementação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. 2009 – entra em vigor no Brasil o novo Acordo Ortográfico, com prazo final da sua implementação estabelecido para 31 de dezembro de 2012. página 21 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA ATA DA SESSÃO DA ABL DE 11 DE JULHO DE 19071 Presidência do Sr. Machado de Assis Às 4h30min da tarde, presentes os Senhores Machado de Assis, Medeiros e Albuquerque, Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça, Oliveira Lima, João Ribeiro, Heráclito Graça, Silva Ramos, Souza Bandeira, Graça Aranha, José Veríssimo, Araripe Júnior, Raimundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Euclides da Cunha, Artur Azevedo, Guimarães Passos, Magalhães de Azeredo e Mário de Alencar, o Senhor Presidente abriu a sessão. Lida e aprovada a ata2 da sessão anterior, o Senhor Presidente leu o ofício em que o Senhor Heráclito Graça agradeceu a sua eleição de membro da Academia e comunicou tomar posse da sua cadeira na conformidade do artigo 22 do Regimento Interno; e uma carta do Senhor Afonso Celso declarando que o seu voto era favorável ao projeto do Senhor Medeiros e Albuquerque. Em seguida, o Senhor Presidente declarou que iam ser votados os projetos da reforma ortográfica. O Senhor Salvador de Mendonça propôs, e foi aceito, que se fizesse votação nominal, e divididas algumas das proposições dos projetos, conforme indicações dos Senhores Olavo Bilac, Souza Bandeira, João Ribeiro e Medeiros e Albuquerque, procedeu-se à votação, que deu o seguinte resultado: Documento transcrito com atualização ortográfica e desenvolvimento das abreviaturas. Vide Livro das Atas da Academia, primeiro volume, relativo ao período compreendido entre 1896 e 1909, fl. 53-57v. e Henriques (2000, fl. 148-156 e 2001, p. 137-146). 1 Claudio Cezar Henriques (2000) observa que, apesar de registrada a palavra “Acta” no cabeçalho, foi utilizada a grafia sem o c no corpo do documento. 2 página 22 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 1ª proposição – Suprima-se em absoluto o h mediano, salvo nas palavras compostas de outras que tenham o h inicial (deshonra, inharmonico).1 Divida em duas partes: 1ª parte: Suprima-se em absoluto2 o h mediano, salvo nos grupos lh, nh e ch palatino. Responderam sim os senhores João Ribeiro, Heráclito Graça, Silva Ramos, Souza Bandeira, Graça Aranha, José Veríssimo, Araripe Júnior, Raimundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Artur Azevedo, Guimarães Passos, Magalhães de Azeredo, Medeiros e Albuquerque, Machado de Assis e Mário de Alencar, ao todo 17; responderam não os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça, Oliveira Lima e Euclides da Cunha. 2ª parte: Conserve-se o h nas palavras compostas de outras que tenham o h inicial (deshonra, inharmonico). Responderam sim os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça, Oliveira Lima, Heráclito Graça, Silva Ramos, José Veríssimo, Raimundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Euclides da Cunha, Artur Azevedo, Magalhães de Azeredo, Medeiros e Albuquerque, Machado de Assis e Mário de Alencar, ao todo 16; responderam não os Senhores João Ribeiro, Souza Bandeira, Graça Aranha, Guimarães Passos e Araripe Júnior. Aditivo do Senhor João Ribeiro: Suprima-se também o h inicial, salvo na 3ª pessoa do singular do verbo haver: ha. Considerou-se prejudicado pela votação anterior. 2ª proposição – Suprima-se em absoluto o w. Foi aprovado unanimemente. 3ª proposição – Suprima-se em absoluto o k, substituído por c antes de a, o e u e por qu antes de e e i. As palavras dadas como exemplos não serão atualizadas ortograficamente, pois isto descaracterizaria o documento. 1 Na sessão retificadora de 18 de julho, o Senhor Olavo Bilac propôs que se excluísse a expressão “em absoluto”. 2 página 23 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Responderam sim os Senhores João Ribeiro, Silva Ramos, Souza Bandeira, Graça Aranha, Raimundo Correa, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Guimarães Passos, Magalhães de Azeredo, Medeiros e Albuquerque, Machado de Assis e Mário de Alencar, ao todo 12; responderam não os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça, Oliveira Lima, Heráclito Graça, José Veríssimo, Araripe Júnior, Afonso Arinos, Euclides da Cunha e Artur Azevedo, ao todo 9. 4ª proposição – Suprima-se em absoluto o y. Responderam sim os Senhores João Ribeiro, Heráclito Graça, Silva Ramos, Souza Bandeira, Graça Aranha, José Veríssimo, Araripe Júnior, Raimundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Artur Azevedo, Guimarães Passos, Magalhães de Azeredo, Medeiros e Albuquerque, Machado de Assis e Mário de Alencar, ao todo 17; responderam não os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça, Oliveira Lima e Euclides da Cunha. Emenda do Senhor José Veríssimo: Conserve-se o y nos nomes geográficos brasileiros. Responderam sim os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça, Oliveira Lima, Souza Bandeira, Graça Aranha, José Veríssimo, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Euclides da Cunha, Artur Azevedo, Guimarães Passos, Medeiros e Albuquerque, Machado de Assis e Mário de Alencar, ao todo 14; responderam não os Senhores João Ribeiro, Heráclito Graça, Silva Ramos, Araripe Júnior, Raimundo Correa, Alberto de Oliveira e Magalhães de Azeredo, ao todo 7. 5ª proposição – Dividida em duas partes: 1ª parte: Substitua-se o ph por f, o ch com o som de k por qu antes de e e i e por c antes de a, o e u. Responderam sim os Senhores João Ribeiro, Heráclito Graça, Silva Ramos, Souza Bandeira, Graça Aranha, José Veríssimo, Araripe Júnior, Raimundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Artur Azevedo, Guimarães Passos, Magalhães de Azeredo, Medeiros e Albuquerque, Machado de Assis e Mário de Alencar, ao todo 17; responderam não os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça, Oliveira Lima e Euclides da Cunha. página 24 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 2ª parte: Substitua-se o x por cs, s, z ou ss, conforme o som que tiver, mantendo-se-lhe apenas o som de consoante palatina como em xadrez, xairel etc. Responderam não os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça, Oliveira Lima, João Ribeiro, Heráclito Graça, Souza Bandeira, Graça Aranha, Raimundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Euclides da Cunha, Magalhães de Azeredo, Machado de Assis e Mário de Alencar, ao todo 15; responderam sim os Senhores Silva Ramos, José Veríssimo, Araripe Júnior, Artur Azevedo, Guimarães Passos e Medeiros e Albuquerque, ao todo 6. 6ª proposição – Suprimam-se todas as consoantes geminadas, salvo quando ambas tiverem som, exemplo: escrever fala e não falla, mas escrever infecção, pois que os dois cc soam distintamente. Responderam sim os Senhores João Ribeiro, Heráclito Graça, Silva Ramos, Souza Bandeira, Graça Aranha, José Veríssimo, Araripe Júnior, Raimundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Euclides da Cunha, Artur Azevedo, Guimarães Passos, Magalhães de Azeredo, Medeiros e Albuquerque, Machado de Assis e Mário de Alencar, ao todo 18; responderam não os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça e Oliveira Lima. 7ª proposição1 – Suprimam-se todas as consoantes nulas, desaparecendo, portanto, a 1ª letra dos grupos gm, gn, pt, mn, ct, sc e outros. Responderam sim os Senhores João Ribeiro, Heráclito Graça, Silva Ramos, Souza Bandeira, Graça Aranha, Araripe Júnior, Raimundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Artur Azevedo, Guimarães Passos, Magalhães de Azevedo, Medeiros e Albuquerque, Machado de Assis e Mário de Alencar, ao todo 17; responderam não os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça, Oliveira Lima e Euclides da Cunha. 8ª proposição – Dividida em 2 partes: 1ª parte: Substitua-se por j o g medial, sempre que tiver o som daquela letra. Responderam sim os Senhores João Ribeiro, Heráclito Graça, Silva Ramos, Souza Bandeira, Graça Aranha, José Veríssimo, Araripe Júnior, Ra- 1 No original manuscrito, a 8ª proposição foi transcrita antes da 7ª. página 25 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA imundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Euclides da Cunha, Artur Azevedo, Guimarães Passos, Medeiros e Albuquerque, Machado de Assis e Mário de Alencar, ao todo 17; responderam não os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça, Oliveira Lima e Magalhães de Azevedo. 2ª parte: Substitua-se por j o g inicial sempre que tiver o som daquela letra. Responderam não os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça, Oliveira Lima, Heráclito Graça, Silva Ramos, Souza Bandeira, Graça Aranha, José Veríssimo, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Euclides da Cunha, Artur Azevedo, Magalhães de Azeredo, Machado de Assis e Mário de Alencar, ao todo 16; responderam sim os Senhores João Ribeiro, Araripe Júnior, Raimundo Correa, Guimarães Passos e Medeiros e Albuquerque. 9ª proposição – Dividida em duas partes: 1ª parte: Substitua-se sempre por s o ç inicial nas poucas palavras que o conservam. Responderam sim os Senhores João Ribeiro, Heráclito Graça, Silva Ramos, Souza Bandeira, Graça Aranha, José Veríssimo, Araripe Júnior, Raimundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Euclides da Cunha, Artur Azevedo, Guimarães Passos, Magalhães de Azevedo, Medeiros e Albuquerque, Machado de Assis e Mário de Alencar, ao todo 18; responderam não os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça e Oliveira Lima. 2ª parte: Sempre que se encontrarem formas de grafia com s ou ç, prefira-se s: Exemplo: dansa preferível a dança. Responderam sim os Senhores Souza Bandeira, Graça Aranha, José Veríssimo, Araripe Júnior, Raimundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Euclides da Cunha, Artur Azevedo, Magalhães de Azevedo, Guimarães Passos, Medeiros e Albuquerque, Machado de Assis, Mário de Alencar e João Ribeiro1, ao todo 16; responderam não os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça, Oliveira Lima, Heráclito Graça e Silva Ramos. Na folha 56 do manuscrito das Atas, consta ...Machado de Assis e Mário de Alencar, João Ribeiro. Na ata de 18 de julho de 1907, João Ribeiro solicita a ratificação de que seu voto fora afirmativo. 1 página 26 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 10ª proposição – Nos ditongos au, eu, iu, que também se escrevem ao, eo, io, prefiram-se as formas em u. Foi aprovada unanimemente. 11ª proposição – Substitua-se sempre por z a letra s quando o z tiver o som, como acontece entre vogais.1 Responderam sim os Senhores Souza Bandeira, Graça Aranha, José Veríssimo, Araripe Júnior, Raimundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Euclides da Cunha, Guimarães Passos, Magalhães de Azevedo, Medeiros e Albuquerque e Machado de Assis, ao todo 13; responderam não os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça, Oliveira Lima, João Ribeiro, Heráclito Graça, Silva Ramos, Artur Azevedo e Mário de Alencar, ao todo 8. 12ª proposta – Exceção feita dos pronomes pessoais nós e vós e dos tempos dos verbos (amarás, preferis etc.) marquem-se sempre os finais agudos em az, ez, iz, oz e uz com z, reservando o s unicamente para o plural das palavras agudas terminadas em a, e, i, o e u.2 Responderam sim os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça, Oliveira Lima, João Ribeiro, Heráclito Graça, Souza Bandeira, Graça Aranha, José Veríssimo, Raimundo Correa, Afonso Passos, Magalhães de Azevedo, Machado de Assis, Medeiros e Albuquerque e Mário de Alencar, ao todo 18; responderam não os Senhores Silva Ramos, Araripe Júnior e Euclides da Cunha. Na reunião retificadora de 8 de julho, ponderou “o Senhor João Ribeiro que a substituição do s intervocal com o som de s por z não devia aplicar-se ao prefixo des, convindo que este prefixo tivesse uniforme grafia, quer precedesse vogal quer consoante. O Senhor Medeiros e Albuquerque respondeu que a regra votada era absoluta e que entendia não ser possível adotar-se a exceção, nem havia fundamento para ela. Se algum motivo podia haver para que se conservasse o s do prefixo des era o da etimologia; mas não seria lógico atendê-lo em uma reforma que justamente desprezara as razões da etimologia pelas da fonética, segundo estava firmado na 17ª proposição e decorria das outras proposições anteriores, entre outros a da supressão das letras mudas. 1 Na sessão de 1ª de agosto de 1907, votou-se pelas seguintes “Restrições – Adota-se o s dos prefixos des, trans e bis: exemplos: desamor, desacompanhado, transeunte, bisavô, bisannual”. Na sessão retificadora de 18 de julho, o Senhor Salvador de Mendonça propôs que esta 12a proposta passasse a ter a seguinte redação: “Exceção feita dos pronomes pessoais nós e vós e dos tempos dos verbos (amarás, preferis etc.) e do plural das palavras agudas em a, e, i, o e u, escrevam-se com z os finais agudos das palavras em az, ez, iz, oz e uz (exemplos: rapaz, pedrez, Luiz, noz, arcabuz).” 2 página 27 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 13ª proposta – Escrevam-se as sílabas breves em ão com am (orgam, orgams etc.). Responderam sim os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça, Oliveira Lima, Heráclito Graça, Silva Ramos, José Veríssimo, Raimundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Euclides da Cunha, Artur Azevedo, Guimarães Passos, Magalhães de Azevedo, Medeiros e Albuquerque, Machado de Assis e Mário de Alencar, ao todo 17; responderam não os Senhores João Ribeiro, Souza Bandeira, Graça Aranha e Araripe Júnior. 14ª proposta – Escrevam-se as sílabas longas em ã (manhã) com ã e as breves com an (firman1, orphan etc.). Foi aprovada unanimemente. 15ª proposta – Suprima-se o sinal de sinalefa nas contrações: deste, desta, naquele, naquela etc. Foi aprovada unanimemente. 16ª proposta – Escrevam-se os nomes próprios estrangeiros com a grafia de suas línguas.2 Aditivo do Senhor João Ribeiro: Conserve-se a grafia de todos os nomes próprios, quer de pessoa quer de nomenclatura geográfica, que já tenham sido adotadas na língua portuguesa.3 Foi aprovada unanimemente. 17ª proposta – Tomando-se por base a boa pronúncia e, para esse efeito especial, considerando-se boa pronúncia a das classes cultas, como for fixada pela Academia – sempre que nos dicionários da língua portugue- A palavra firman, cuja terminação an é tônica (longa e não breve, nos termos do texto), contraria a regra proposta. A falha foi apontada por Claudio Cezar Henriques na tese citada. No livro de 2001, ele substituiu a palavra firman por iman (Cf. Henriques, 2001, p. 145). 1 Na sessão de 1º de agosto, decidiu-se que “as palavras estrangeiras, inclusive gregas e latinas, não aportuguesadas, conservam a ortografia de origem: jus (e não juz), kirie (e não quirie), water-proof, boré, bis (e não biz)”. 2 3 João Ribeiro retifica, na sessão retificadora de 18 e julho, seu próprio Aditivo para a seguinte redação: “Os nomes próprios de pessoas e de lugares, desde que já tenham forma portuguesa, obedecem às regras adotadas de simplificação ortográfica.” página 28 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA sa já se encontrarem diversos modos de escrever a mesma palavra, prefirase a que se aproximar mais da referida pronúncia. Responderam sim os Senhores Souza Bandeira, Graça Aranha, José Veríssimo, Araripe Júnior, Raimundo Correa, Afonso Arinos, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Euclides da Cunha, Artur Azevedo, Guimarães Passos, Magalhães de Azevedo, Medeiros e Albuquerque e Machado de Assis, ao todo 14; responderam não os Senhores Lúcio de Mendonça, Salvador de Mendonça, Oliveira Lima, João Ribeiro, Heráclito Graça, Silva Ramos e Mário de Alencar. Deixou-se de votar o artigo 1º do projeto do Senhor Salvador de Mendonça porque seu autor o julgou prejudicado pela votação da proposição antecedente. Terminada a ordem do dia, propôs o Senhor José Veríssimo e todos concordaram que a Academia só autorizasse como definitiva a publicação do resultado da votação, depois de ser esta ratificada na sessão seguinte. O Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos e deu para ordem do dia da próxima sessão1 a leitura e discussão da presente ata. 1A referida “próxima sessão” ocorreu no dia 18 de julho de 1907. página 29 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA FORMULÁRIO ORTOGRÁFICO DE 1943 O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa terá por base o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa, edição de 1940, consoante a sugestão do Sr. Ministro da Educação e Saúde, aprovada unanimemente pela Academia Brasileira de Letras em 29 de janeiro de 1942. Para a sua organização serão obedecidos rigorosamente os itens seguintes: 1. Inclusão dos brasileirismos consagrados pelo uso. 2. Inclusão de estrangeirismos e neologismos de uso corrente no Brasil e necessários à língua literária. 3. Substituição de certas formas usadas em Portugal pelas correspondentes formas usadas no Brasil, consoante a pronúncia e a morfologia consagradas. 4. Fixação da grafia de vocábulos cuja etimologia ainda não está perfeitamente demonstrada, consignando-se em primeiro lugar a de uso mais generalizado.1 5. Fixação das grafias de vocábulos sincréticos e dos que têm uma ou mais variantes, tendo-se em vista o étimo e a história da língua, e registro de tais vocábulos um a par do outro, de maneira que figure em primeira plana, como preferível, o de uso mais generalizado. 6. Evitar duplicidade gráfica ou prosódica de qualquer natureza, dando-se a cada vocábulo uma única forma, salvo se nele há consoante que facultativamente se profira,2 ou se há mais de uma pronúncia legitimada pelo uso ou pela etimologia, casos em que se registrarão as duas formas, uma 1O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa decidirá tais questões. 2A variante portuguesa em oposição à variante brasileira, por exemplo. página 30 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA em seguida à outra, colocando-se em primeiro lugar a de uso mais generalizado. 7. Registro de um significado ou da definição de todos os vocábulos homófonos não homógrafos, bem como dos homógrafos heterofônicos – mas não dos homógrafos perfeitos -, fazendo-se remissão de um para outro. 8. Registro, entre parênteses, da vogal ou sílaba 1 tônica de todo e qualquer vocábulo cuja pronúncia seja duvidosa,2 ou cuja grafia não mostre claramente a sua ortoépia; não sendo, porém, indicada a sílaba tônica3 dos infinitos dos verbos, salvo se forem homógrafos heterofônicos. 9. Registro, entre parênteses, do timbre da vogal tônica de palavras sem acento diacrítico, bem como da vogal da sílaba pré-tônica ou póstônica, sempre que se faça mister, em especial quando há metafonia, tanto no plural dos nomes e adjetivos quanto em formas verbais. Não será indicado, porém, o timbre aberto das vogais e e o nem o timbre fechado delas nos vocábulos compostos ligados por hífen. 10. Fixação dos femininos e plurais irregulares, que serão inscritos em seguida ao masculino singular. 11. Registro de formas irregulares dos verbos mais usados em ear e iar, especialmente das do presente do indicativo, no todo ou em parte. 12. Todos os vocábulos devem ser escritos e acentuados graficamente de acordo com a ortoépia usual brasileira e sempre seguidos da indicação da categoria gramatical a que pertencem. Para acentuar graficamente as palavras de origem grega, ou indicar-lhes a prosódia entre parênteses, cumpre atender ao uso brasileiro: registra-se a pronúncia consagrada, embora esteja em desacordo com a “A emissão das palavras passa ao falante e ao ouvinte a impressão de que os fonemas ou grupos de fonemas de que se constituem são pronunciados num só conjunto: bala, por exemplo, divide-se em dois conjuntos de fonemas: ba- e -la; fonema, em três: fo-, ne- e -ma. [...] 1 “Sílaba é cada uma das partes dos vocábulos caracterizada por essa impressão auditiva de unidade de som. Corresponde, portanto, ao fonema ou ao conjunto de fonemas proferidos numa só emissão de voz.” (PROENÇA FILHO, 2009, p. 16) 2É o caso, por exemplo, dos vocábulos com gue, gui, que e qui. “É a sílaba sobre a qual incide a maior força da voa: só, fa-la, rá-pi-do, a-ma-re-mos.” (PROENÇA FILHO, 2009, p. 16) 3 página 31 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA primordial;1 mas, se ela é de uso apenas em certa arte ou ciência, e ainda esteja em tempo de se corrigir, convém que seja corrigida, inscrevendose a forma etimológica em seguida à usual. O Vocabulário conterá: a) o formulário ortográfico, que são estas instruções; b) o vocabulário comum; c) registro de abreviaturas. Vocabulário Onomástico será publicado separadamente, depois de aprovado por decreto especial. 1O aspecto fonético se sobrepõe ao etimológico, considerando-se o uso mais generalizado. página 32 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA DECRETO Nº 6.583, DE 29 DE SETEMBRO DE 2008 Promulga o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa em 16 de dezembro de 1990. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e Considerando que o Congresso Nacional aprovou, por meio do Decreto Legislativo nº 54, de 18 de abril de 1995, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa em 16 de dezembro de 1990; Considerando que o Governo brasileiro depositou o instrumento de ratificação do referido Acordo junto ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Portuguesa, na qualidade de depositário do ato, em 24 de junho de 1996; Considerando que o Acordo entrou em vigor internacional em 1º de janeiro de 2007, inclusive para o Brasil, no plano jurídico externo; DECRETA: Art. 1º O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, entre os Governos da República de Angola, da República Federativa do Brasil, da República de Cabo Verde, da República de Guiné-Bissau, da República de Moçambique, da República Portuguesa e da República Democrática de São Tomé e Príncipe, de 16 de dezembro de 1990, apenso por cópia ao presente Decreto, será executado e cumprido tão inteiramente como nele se contém. Art. 2º O referido Acordo produzirá efeitos somente a partir de 1º de janeiro de 2009. Parágrafo único. A implementação do Acordo obedecerá ao período de transição de 1º de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2012, durante o qual coexistirão a norma ortográfica atualmente em vigor e a nova norma estabelecida. página 33 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Art. 3º São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quaisquer atos que possam resultar em revisão do referido Acordo, assim como quaisquer ajustes complementares que, nos termos do art. 49, inciso I, da Constituição, acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional. Art. 4º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 29 de setembro de 2008; 187º da Independência e 120º da República. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Celso Luiz Nunes Amorim página 34 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA DECRETO LEGISLATIVO Nº 54, DE 1995 CONGRESSO NACIONAL Faço saber que o Congresso Nacional aprovou, e eu, José Sarney, Presidente do Senado Federal, nos termos do art. 48, item 28, do Regime Interno, promulgo o seguinte DECRETO LEGISLATIVO Nº 54, DE 1995 Aprova o texto do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990. O Congresso Nacional decreta: Art. 1º É aprovado o texto do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990. Parágrafo único. São sujeitos à apreciação do Congresso Nacional quaisquer atos que impliquem revisão do referido Acordo, bem como quaisquer atos que, nos termos do art. 49, I, da Constituição Federal, acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional. Art. 2º Este Decreto Legislativo entra em vigor na data da sua publicação. Senado Federal, 18 de abril de 1995. – Senador José Sarney, Presidente. página 35 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA APROVAÇÃO DO ACORDO [DE 1990] PELA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA [DE PORTUGAL] A Assembleia da República resolve, nos termos dos artigos 164º, alínea j, e 169º, nº 5, da Constituição, aprovar, para ratificação, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa a 16 de dezembro de 1990, que segue em anexo. Aprovada em 4 de junho de 1991. O Presidente da Assembleia da República Vítor Pereira Crespo. página 36 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA (1990) Considerando que o projeto de texto de ortografia unificada da língua portuguesa aprovado em Lisboa, em 12 de outubro de 1990, pela Academia das Ciências de Lisboa, Academia Brasileira de Letras e delegações de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, com a adesão da delegação de observadores da Galiza, constitui um passo importante para a defesa da unidade essencial da língua portuguesa e para o seu prestígio internacional; Considerando que o texto do Acordo que ora se aprova resulta de um aprofundado debate nos países signatários; A República Popular de Angola, a República Federativa do Brasil, a República de Cabo Verde, a República da Guiné-Bissau, a República de Moçambique, a República Portuguesa e a República Democrática de São Tomé e Príncipe acordam no seguinte: Artigo 1º É aprovado o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que consta como anexo I ao presente instrumento de aprovação, sob a designação de Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), e vai acompanhado da respectiva nota explicativa, que consta como anexo II ao mesmo instrumento de aprovação, sob a designação de Nota Explicativa do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990). Artigo 2º Os Estados signatários tomarão, através das instituições e órgãos competentes, as providências necessárias com vista à elaboração, até 1º de janeiro de 1993, de um vocabulário ortográfico comum da língua portugue- página 37 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 1 sa , tão completo quanto desejável e tão normalizador quanto possível, no que se refere às terminologias científicas e técnicas. Artigo 3º O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa entrará em vigor em 1º de janeiro de 1994, após depositados os instrumentos de ratificação de todos os Estados junto do Governo de República Portuguesa. Artigo 4º Os Estados signatários adaptarão as medidas que entenderem adequadas ao efetivo respeito da data da entrada em vigor estabelecida no artigo 3º. Em fé do que os abaixo-assinados, devidamente credenciados para o efeito, aprovam o presente Acordo, redigido em língua portuguesa, em sete exemplares, todos igualmente autênticos. Assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990. Pela República Popular de Angola: José Mateus de Adelino Peixoto, Secretário de Estado da Cultura. Pela República Federativa do Brasil: Carlos Alberto Gomes Chiarelli, Ministro da Educação. Pela República de Cabo Verde: David Hopffer Almada, Ministro da Informação, Cultura e Desportos. Pela República da Guiné-Bissau: Alexandre Brito Ribeiro Furtado, Secretário de Estado da Cultura. Pela República de Moçambique: Luís Bernardo Honwana, Ministro da Cultura. Pela República Portuguesa: Pedro Miguel Santana Lopes, Secretário de Estado da Cultura. Pela República Democrática de São Tomé e Príncipe: Lígia Silva Graça do Espírito Santo Costa, Ministra da Educação e Cultura. É evidente que este "vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa" não é o que foi publicado pela Academia Brasileira de Letras neste ano de 2009 em sua 5ª edição, mas outro, que ainda será elaborado em conjunto com os demais países da CPLP, na fase conclusiva do processo de implementação do Acordo. 1 página 38 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA EXERCÍCIOS Não deixe de fixar as informações básicas desta lição, respondendo as questões abaixo: 1– Qual era a preocupação ortográfica anterior ao século XVI em Portugal? 2– No século XVI começam a aparecer gramáticas e tratados ortográficos da língua portuguesa. Quais foram? 3– Que foram Fernão de Oliveira, João de Barros, Pero Magalhães de Gândavo e Duarte Nunes de Leão? 4– Destaque algumas normas ortográficas aprovadas pela Academia Brasileira de Letras em 1907 que ainda são atuais. 5– O que lhe lembram as datas: 17 de dezembro de 1910, 15 de fevereiro de 1911, 23 de agosto de 1911, 01 de setembro de 1911 e 12 de setembro de 1911? 6– Que fato importante une as seguintes personalidades do início do século XX? – José Antônio Dias Coelho, Antônio José de Almeida, Carolina Michaëllis de Vasconcelos, Aniceto dos Reis Gonçalves Viana, Antônio Cândido de Figueiredo, Francisco Adolfo Coelho, José Leite de Vasconcelos, Antônio José Gonçalves Guimarães, Antônio Ribeiro de Vasconcelos, Augusto Epifânio da Silva Dias, Júlio Moreira, José Joaquim Nunes e Manuel Borges Grainha? 7– Que acordo ortográfico foi efetivamente implementado no Brasil? 8– Que documentos regulamentam a ortografia vigente no Brasil desde meados do século XX? 9– Qual é a importância de uma ortografia unificada na CPLP? 10– Você acha que o AOLP de 1990 será implementado? Por quê? página 39 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 01/04/2011 – O que mudou para os brasileiros com o novo acordo ortográfico da língua portuguesa (p. 1-8 e 111-112) página 40 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA O QUE MUDOU PARA OS BRASILEIROS COM O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em 16 de dezembro de 1990 por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e, posteriormente, por Timor Leste, que constituem a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), entrará efetivamente em vigor, no Brasil, no dia 1º de janeiro de 2009, conforme o Decreto assinado pelo Presidente Luís Inácio Lula da Silva na Academia Brasileira de Letras (ABL) no dia 29 de setembro de 2008 (centenário de falecimento de Machado de Assis). Aqui, esse Acordo foi aprovado em 18 de abril de 1995, pelo Decreto Legislativo nº 54, e poderia ter entrado em vigor a partir de 1º de janeiro de 2007, depois que o terceiro país da CPLP o assinou e fez o depósito dos instrumentos de ratificação em Portugal. ACORDO ORTOGRÁFICO Este é um Acordo meramente ortográfico e, portanto, restringe-se à língua escrita, não afetando nenhum aspecto da língua falada, como tem sido indevidamente divulgado por alguns veículos de comunicação. Não é um acordo radical, que elimine todas as diferenças ortográficas observadas nos países que têm a língua portuguesa como idioma oficial, mas constitui um passo importante em direção a essa pretendida unificação. O ACORDO SERIA NECESSÁRIO MESMO? A língua portuguesa ainda tem um sistema ortográfico português e um brasileiro, sendo que o português é adotado também pelos outros seis países que integram a CPLP. Essa duplicidade é consequência do fracasso do Acordo assinado em 1945 e adotado pelos portugueses, mas recusado pepágina 41 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA los brasileiros, que preferiram manter as normas estabelecidas pelas Instruções para a Organização do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa aprovadas pela Academia Brasileira de Letras a 12/08/1943, adotadas oficialmente através da Lei nº 2.623, de 21/10/1955, e simplificadas pela Lei nº 5.671, de 18/12/1971. As diferenças são pequenas, mas a dupla ortografia dificulta a difusão internacional da língua (por exemplo, os testes de proficiência têm de ser duplicados), além de aumentar os custos editoriais, na medida em que um livro, para circular em todos os territórios da lusofonia, precisa normalmente ter duas impressões diferentes. No Acordo assinado em 1990, estipulou-se a data de 1º de janeiro de 1994 para a entrada em vigor da ortografia unificada, depois de ratificado pelos parlamentos de todos os países da CPLP. Contudo, por várias razões, o processo de ratificação não se deu conforme se esperava e o Acordo não pôde entrar em vigor. Diante dessa situação, em 2004, decidiram que bastaria a manifestação ratificadora de três dos oito países para que ele passasse a vigorar. Por isto, como em novembro de 2006 São Tomé e Príncipe o ratificou, fazendo o depósito do instrumento de ratificação em Portugal, em princípio, está vigorando e deveríamos implementá-lo desde 1º de janeiro de 2007. No entanto, embora o Brasil tenha sido sempre o maior defensor da unificação, só agora determinou seu calendário oficial, que irá de 2009 a 2012, tendo aguardado a decisão do governo português. NO ALFABETO NÃO ACEITAÇÃO DA REALIDADE HOUVE MUDANÇA, MAS O alfabeto volta, oficialmente, a ter 26 letras, porque foram reintroduzidos o k, o w e o y 1, que nunca deixaram de ser utilizados, apesar de não incluídos como letras do alfabeto: A (á), B (bê), C (cê), D (dê), E (é), F (efe), G (gê ou guê), H (agá), I (i), J (jota), K (cá), L (ele), M (eme), N (ene), O (ó), P (pê), Q (quê), R (erre), S (esse), T (tê), U (u), V (vê), W (dáblio), X (xis), Y (ípsilon), Z (zê), reconhecendo-se a necessidade daquelas letras em algumas situações especiais, como na escrita de símbolos de unidades de medida: km A letra k é sempre consoante, a letra y é sempre vogal ou semivogal, mas a letra w pode ser consoante, vogal, semiconsoante ou semivogal, dependendo da origem e do contexto. 1 página 42 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA (quilômetro), kg (quilograma), W (watt) e na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus derivados): show, playboy, playground, William, kaiser, Kafka, kafkaniano. (Vide item DO ALFABETO E DOS NOMES PRÓPRIOS ESTRANGEIROS E SEUS DERIVADOS, p. 186 e seguintes). AS MUDANÇAS As poucas mudanças que ocorrem na ortografia brasileira correspondem a alguns casos da acentuação gráfica, a algumas simplificações no uso do hífen e a outras no uso obrigatório de letras iniciais maiúsculas; simplificando o sistema anterior nos três casos e tornando-o mais racional. Não chega a atingir uma em cada duzentas palavras. TREMA Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui, que, qui, de modo que agüentar passa a ser escrito como aguentar, argüir passa a arguir, bilíngüe passa a bilíngue, cinqüenta passa a cinquenta, delinqüente passa a delinquente, eloqüente passa a eloquente, ensangüentado passa a ensanguentado, eqüestre passa a equestre, freqüente passa a frequente, lingüeta passa a lingueta, lingüiça passa a linguiça, qüinqüênio passa a quinquênio, sagüi passa a sagui, seqüência passa a sequência, seqüestro passa a sequestro.1 MUDANÇAS NAS REGRAS DE ACENTUAÇÃO GRÁFICA Não se usa mais o acento nos ditongos2 abertos éi e ói das palavras paroxítonas, de modo que alcatéia passa a alcateia, assembléia passa a as- Permanece, entretanto, em palavras estrangeiras e em suas derivadas, como em Michaëllis, Müller, mülleriano etc. e em textos nos quais o autor quer marcar estilisticamente a pronúncia da respectiva vogal, assim como se faz com o uso das letras maiúsculas, com a hifenização, com a apostrofação etc. 1 Ditongo é o encontro de vogal e semivogal na mesma sílaba: debaixo, mau, feito, ideia, escreveu, réu, sorriu, apoio, herói, sou, gratuito, pão, pães, cãibra, irmão, leões, muito, água, equestre, ligueta, tranquilo, quórum, quanto, aguentar, quinquênio. (Cf. PROENÇA FILHO, 2009, p. 18). Em regra, é decres2 página 43 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA sembleia, colméia passa a colmeia, Coréia passa a Coreia, epopéia passa a epopeia, estréia passa a estreia, estréio (verbo estrear) passa a estreio, geléia passa a geleia, idéia passa a ideia, odisséia passa a odisseia, platéia passa a plateia; alcalóide passa a alcaloide, andróide passa a androide, apóia (verbo apoiar) passa a apoia, apóio (verbo apoiar) passa a apoio, bóia passa a boia, celulóide passa a celuloide, clarabóia passa a claraboia, debilóide passa a debiloide, estóico passa a estoico, heróico passa a heroico, jibóia passa a jiboia, jóia passa a joia, paranóia passa a paranoia, tramóia passa a tramoia etc.1 Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem depois de um ditongo, visto que, rigorosamente, não são as segundas vogais de hiatos2, pois estes consistem no encontro de duas vogais em sílabas vizinhas. Assim, acaiúra passa a acaiura, bacaiúba passa a bacaiuba, baiúca passa a baiuca, bocaiúva passa a bocaiuva, cauíla passa a cauila, feiúla passa a feiula, feiúra passa a feiura, guaraiúba passa a guaraiuba, iaraiúba passa a iaraiuba, maiuíra passa a maiuira, peiúdo passa a peiudo, seiúda passa a seiuda, tarauíra passa a tarauira.3 Não se usa mais o acento circunflexo das palavras terminadas em eem e oo(s). Por isto, abençôo passa a abençoo, crêem (verbo crer) passa a creem, dêem (verbo dar) passa a deem, abalrôo (verbo abalroar) passa a abalroo, abençôo (verbo abençoar) passa a abençoo, abordôo (verbo abordoar) passa a abordoo, acanôo (verbo acanoar) passa a acanoo, afeiçôo (verbo afeiçoar) passa a afeiçoo, aferrôo (verbo aferroar) passa a aferroo algodôo (verbo algodoar) passa a algodoo, apadrôo (verbo apadroar) passa a apadroo, aperfeiçôo (verbo aperfeiçoar) passa a aperfeiçoo, apregôo (verbo apregoar) passa a apregoo, dôo (verbo doar) passa a doo, enjôo passa a enjoo, lêem (verbo ler) passa a leem, magôo (verbo magoar) passa a ma- cente. Exceções ocorrem apenas quando precedidos das consoantes “q” e “g”: gua (guará), gue (aguentar), gui (sagui), guo (ambíguo), qua (quatro), que (frequentar), qui (tranquilo), quo (quociente). Em palavras oxítonas, entretanto, continuam sendo acentuados os ditongos éi, éu e ói, como em papéis, céu, chapéus, corrói, anzóis etc, assim como em paroxítonas terminadas em r, como Méier e destróier. 1 Hiato é “o encontro de duas vogais, cada uma pertencente a uma sílaba do vocábulo: I-ta-ja-í, sa-í-da, Gra-ja-ú, sa-ú-de.” (PROENÇA FILHO, 2009, p. 18) 2 Continuam sendo acentuados nas palavras oxítonas ou proparoxítonas e nas paroxítonas que não forem precedidas de ditongo, como em tuiuiú, tuiuiús, tatuí, Piauí, açaí, piíssimo, maiúsculo, cafeína, saída, saúde, viúvo, saístes, saúva. 3 página 44 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA goo, perdôo (verbo perdoar) passa a perdoo, povôo (verbo povoar) passa a povoo, vêem (verbo ver) passa a veem, vôos passa a voos, zôo passa a zoo etc.1 Fica abolido, nas formas verbais rizotônicas (que têm o acento tônico2 na raiz), o acento agudo do u tônico precedido de g ou q e seguido de e ou i. (gúe, gúes, gúem, gúi, gúis, qúe, qúes, qúem). Com isto, elimina-se uma regra que não tem apoio fonético, em palavras como: averigúe, apazigúe e argúem, que passam a ser grafadas averigue, apazigue, arguem; enxague, enxagues, enxaguem, delinques, delinque, delinquem. Verbos como esses passam a admitir dupla pronúncia, sendo legítimas também formas como averígues, apazígue, apazíguem, apazígues, averígue, averíguem, enxágues, enxágue, enxáguem, delínques, delínque, delínquem. Deixa de existir o acento diferencial de intensidade em palavras como para (á), flexão do verbo parar, e para, preposição; pela(s) (é), substantivo e flexão do verbo pelar, e pela(s), combinação da preposição per e o artigo a(s); polo(s) (ó), substantivo, e polo(s), combinação antiga e popular de por e lo(s); pelo (é), flexão de pelar, pelo(s) (ê), substantivo, e pelo(s) combinação da preposição per e o artigo o(s); pera (ê), substantivo (fruta), pera (é), substantivo arcaico (pedra) e pera preposição arcaica.3 Naturalmente, palavras como herôon se acentuam graficamente porque são paroxítonas terminadas em on. 1 Na gramática de nossa língua, chama-se de acento tônico ao destaque feito em uma sílaba do vocábulo, pronunciando-a com maior força que as demais. A sílaba em que está o acento tônico é chamada de sílaba tônica. 2 3A palavra “forma” (fôrma) passa a ter grafia facultativa (com ou sem o acento diferencial de timbre). Permanece o acento diferencial de timbre em pôde / pode: pôde (pretérito perfeito do indicativo) e pode (presente do indicativo). Exemplo: Ontem ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode. Permanece o acento diferencial de intensidade em pôr / por. Pôr é verbo. Por é preposição. Exemplo: Vou pôr o livro na estante feita por mim. Permanece o acento diferencial morfológico nos verbos ter, vir e seus derivados. Exemplos: ele tem e eles têm; ele vem e eles vêm; ele mantém e eles mantêm, ele convém e eles convêm, ele detém e eles detêm, ele intervém e eles intervêm. Em respeito à pronúncia culta de toda a lusofonia, palavras que têm pronúncia diferenciada, principalmente as vogais nasais ou nasalizadas, podem ser grafadas com acento circunflexo ou acento agudo, como as proparoxítonas econômico/económico, acadêmico/académico, as paroxítonas fêmur/fémur, bônus/bónus e as oxítonas bebê/bebé, canapê/canapé, ou ainda metrô/metro etc. página 45 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA USO DO HÍFEN O hífen é um sinal gráfico mal sistematizado na ortografia da língua portuguesa, cujas regras o Acordo atual tentou organizar, de modo a tornar seu uso mais racional e simples, alterando algumas das anteriores. As observações a seguir se referem ao uso do hífen em palavras formadas por prefixos1 ou por elementos que podem funcionar como prefixos, como: aero, agro, além, ante, anti, aquém, arqui, auto, circum, co, contra, eletro, entre, ex, extra, geo, hidro, hiper, infra, inter, intra, macro, micro, mini, multi, neo, pan, pluri, proto, pós, pré, pró, pseudo, retro, semi, sobre, sub, super, supra, tele, ultra, vice etc. 1) Com os prefixos, em geral, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h2. Exemplos: anti-higiênico, anti-histórico, co-herdeiro, macrohistória, mini-hotel, proto-história, sobre-humano, super-homem, ultrahumano. 2) Usa-se o hífen quando o prefixo termina por uma letra (vogal ou consoante) e o segundo elemento começa pela mesma letra.3 Exemplos: anti-ibérico, anti-imperialista, anti-inflacionário, anti-inflamatório, autoobservação, contra-almirante, contra-atacar, contra-ataque, infra-axilar; micro-ondas, micro-ônibus, semi-internato, semi-interno, hiper-requintado, inter-racial, inter-regional, inter-resistente, sub-base, sub-bibliotecário, sub-bloco,4 super-racista, super-reacionário, super-resistente, superrevista, super-romântico, supra-auricular.5 Prefixo é o morfema ou elemento mórfico que altera o sentido do radical (elemento que encerra o núcleo do sentido), a que se agrega e antecede. Exemplos: refazer, inútil, desordem. Os termos que têm o mesmo radical são chamados de cognatos. Exemplos: amar, amor, amigo etc. 1 Mantêm-se sem o hífen as palavras formadas com os prefixos des, in e re nas quais o segundo elemento perde o h inicial, como em desabilitar, desabituar, desarmonia, deserdar, desipnotizar, desipotecar, desonestar, desonrar, desumano, inábil, inabitual, inóspito, inumano, reaver, reabilitar, reidratar, reumanizar, reomenagear, reumificar etc. 2 3 Quando o primeiro elemento termina em vogal e o segundo elemento começa com s ou r, estas consoantes são duplicadas para manter o fonema representado pelas letras r e s iniciais. Exemplos: antirreligioso, antissemita, contrarregra, infrassom. Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-raça, sub-região, subreitor, sub-repticio, sub-rogar etc., para evitar o abrandamento da pronúncia do r. 4 O prefixo co se aglutina em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar, coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante, coordenar etc. 5 página 46 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 3) Com os prefixos além, aquém, ex, pós, pré, pró, recém, sem e vice o hífen sempre é utilizado. Exemplos: além-mar, além-túmulo, aquémmar, ex-aluno, ex-diretor, ex-hospedeiro, ex-prefeito, ex-presidente, pósgraduação, pós-moderno, pré-história, pré-vestibular, pré-primário, préfabricado, pró-reitor; pró-europeu, recém-casado, recém-nascido, semterra, sem-teto, vice-rei, vice-almirante etc. 4) Deve-se usar o hífen com os sufixos1 [ou radicais pospositivos] de origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim. Exemplos: acará-açu, tamanduáaçu, inambu-guaçu, sabiá-guaçu, anajá-mirim, Ceará-mirim etc. 5) Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos 2, mas encadeamentos vocabulares. Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo, rodovia Rio-Bahia.3 6) Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição. Exemplos: girassol, madressilva, mandachuva, paraquedas, paraquedista, pontapé4. 7) Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h, m, n e vogal: circumadjacente, circum-mediterrâneo, circum-murar, circum-navegação, pan-americano, pan-helenismo, panmítico etc. “Sufixo é o morfema ou elemento mórfico que altera o sentido do radical que o antecede e ao qual se agrega” (PROENÇA FILHO, 2009, p. 22), como em agitação, beleza, festança. 1 Eis como Domício Proença Filho (2009, p. 19) define vocábulo e palavra: “Em termos elementares, entende-se por vocábulo a palavra considerada em sua configuração fônica, ou seja, em função dos fonemas, das sílabas, da acentuação tônica que a caracterizam. Palavra é o vocábulo considerado em sua significação, em função do sentido de que se reveste. Envolve, portanto, aspectos fônicos e aspectos semânticos. No uso comum, os termos funcionam como sinônicos.” 2 Aqui houve uma sutil mudança, que reconhece a validade do uso em prejuízo da regra anteriormente estabelecida e quase sempre desrespeitada. A norma ortográfica que seguimos desde 1943, que é o “Formulário Ortográfico do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa” determina, em seu parágrafo 52: “Emprega-se o travessão, e não o hífen, para ligar palavras ou grupos de palavras que formam, pelo assim dizer, uma cadeia na frase: O trajeto Mauá – Cascadura; a estrada de ferro Rio – Petrópolis; a linha aérea Brasil – Argentina; o percurso Barcas – Tijuca; etc.” 3 A quinta edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, publicado pela Academia Brasileira de Letras recentemente (Academia, 2009), registrou os exemplos excepcionais elencados pelo Acordo, como estes e muitos outros, mas não acrescentou outros, deixando isto para uma próxima etapa, quando for redigido o "vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa" referido no Artigo 2º do Acordo. 4 página 47 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA linha seguinte. Exemplos: Em nossa cidade, conta-se que ele foi viajar. O diretor do Código Brasileiro recebeu os ex-alunos. 7) Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte. Exemplos: Em nossa cidade, conta-se (conta--se, se a divisão interlinear estiver aqui) que ele foi viajar. O diretor do Código Brasileiro recebeu os ex-alunos (ex--alunos, se a divisão interlinear estiver aqui). O CASO DAS LETRAS MAIÚSCULAS O uso obrigatório de letras iniciais maiúsculas fica restrito a nomes próprios de pessoas (João, Maria, Dom Quixote), lugares (Curitiba, Rio de Janeiro), instituições (Instituto Nacional da Seguridade Social, Ministério da Educação) e seres mitológicos (Netuno, Zeus); a nomes de festas (Natal, Páscoa, Ramadão); na designação dos pontos cardeais quando se referem a grandes regiões (Nordeste, Oriente); nas siglas (FAO, ONU); nas iniciais de abreviaturas1 (Sr., Gen, V. Exª); e nos títulos de periódicos (Folha de S. Paulo, Gazeta do Povo). Ficou facultativo usar a letra maiúscula nos nomes que designam os domínios do saber (matemática ou Matemática), nos títulos (Cardeal/cardeal Seabra, Doutor/doutor Fernandes, Santa/santa Bárbara) e nas categorizações de logradouros públicos (Rua/rua da Liberdade), de templos (Igreja/igreja do Bonfim) e edifícios (Edifício/edifício Cruzeiro). CONCLUSÃO O Acordo é, em geral, positivo porque aproxima da unificação a ortografia do português, mesmo mantendo algumas duplicidades, porque simplifica as regras de acentuação gráfica (como mostraremos a seguir), eliminando algumas delas, assim como as regras do hífen, tornando um pouco mais racional o uso deste sinal gráfico, e unifica as regras para utilização das letras iniciais maiúsculas. Aproveitamos a oportunidade para lembrar que os acentos gráficos das vogais acentuadas figuram nas abreviaturas. Exemplos: antôn. (antônimo), côv. (côvado), Escolást. (Escolástica), Fís. (Física), gên. (gênero), índ. (índice), lég. (légua), pág. (página) etc. 1 página 48 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA SÍNTESE DAS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES NA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA O alfabeto passa a ter 26 letras, acrescentando-se o k, o w e o y. Deixaram de ser assinalados com acento gráfico: a) os ditongos éi e ói de palavras paroxítonas, como estreia, panaceia, ideia, jiboia, apoio (verbo) e heroico. b) as formas verbais creem, deem, leem, veem e seus derivados: descreem, desdeem, releem, reveem etc., e o hiato oo(s) em palavras como voo e enjoo. c) palavras homógrafas como para (verbo/preposição), pela(s) [substantivo/verbo/per+la(s)/per+lo(s)] etc., mantida a exceção para pôde (pretérito, em oposição ao presente) e pôr (verbo, em oposição à preposição). d) as palavras paroxítonas cujas vogais tônicas i e u são precedidas de ditongo. Exemplos: baiuca, boiuna, feiura. e) o u tônico de formas rizotônicas de arguir e redarguir. Exemplos: arguis, argui. O trema é totalmente eliminado: delinquir, cinquenta, tranquilo, exceto em algumas palavras aportuguesadas1. Passa a ter dupla grafia facultativa o substantivo fôrma (substantivo) /forma (substantivo ou verbo). Alguns verbos terminados em iar, como premiar e negociar, passam a admitir variantes (premio e premeio, negocio e negoceio). Se a palavra estrangeira ainda não estiver aportuguesada, use-se na forma do idioma de origem entre aspas ou em grifo e, se manuscrita, sublinhada. 1 página 49 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Substantivos como hástia e véstia, que são variantes de haste e de veste, apresentam terminação uniformizada em ia e io. Verbos como aguar, apaziguar, apropinquar, delinquir passam a ter dois paradigmas, um com o u tônico em formas rizotônicas sem acento gráfico (averiguo, ague) e outro com o a ou o i dos radicais acentuados graficamente (averíguo, águe). Emprega-se o hífen quando o primeiro elemento da palavra é formado por prefixo (ou falso prefixo) e o segundo elemento é iniciado por h ou por letra igual à do final do primeiro elemento. Exemplos: anti-higiênico, neo-helênico, semi-interno, auto-observação, circum-hospitalar, circummediterrâneo, super-homem, super-real, inter-hemisférico, inter-racial. Não se emprega o hífen se a palavra é formada por prefixo ou falso prefixo terminado em vogal e o segundo elemento é iniciado por r ou s (consoantes que serão duplicadas) ou por outra letra diferente daquela em que termina o primeiro elemento. Exemplos: cosseno, contrarregra, antiaéreo. São escritas aglutinadamente as palavras nas quais o falante contemporâneo perdeu a noção de composição: paraquedas, mandachuva. Nos topônimos, emprega-se o hífen quando: a) iniciados por Grã e Grão. Exemplo: Grão-Pará; b) iniciados por verbo. Exemplo: PassaQuatro; c) seus elementos forem ligados por artigo. Exemplo: Baía de Todos-os-Santos. Com exceção de Guiné-Bissau, os demais topônimos compostos são escritos separados e sem hífen. Exemplo: Rio de Janeiro. Emprega-se o hífen em palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas: couve-flor, bem-ti-vi. Emprega-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando encadeamentos vocabulares: ponte RioNiterói. Emprega-se o hífen nas palavras formadas com os prefixos ex (= condição anterior), sota, soto, vice e vizo. Exemplo: ex-presidente. Emprega-se o hífen nas palavras cujo primeiro elemento é o prefixo circum ou pan e o segundo elemento é iniciado por vogal, h, m ou n. Exemplo: circum-navegação. página 50 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA SÍNTESE DO USO DO HÍFEN EMPREGA-SE O HÍFEN QUANDO O primeiro elemento é O segundo elemento é Exemplos Exceções Prefixo (ou falso prefixo) como ab, ad, aero, agro, alfa, ante, anti, arqui, auto, beta, bi, bio, contra, di, eletro, entre, extra, foto, gama, geo, giga, hetero, hidro, hiper, hipo, homo, infra, inter, intra, iso, lacto, lipo, macro, maxi, mega, meso, micro, mini, mono, morfo, multi, nefro, neo, neuro, ob, paleo, peri, pluri, poli, proto, pseudo, psico, retro, semi, sob, sobre, sub, super, supra, tele, tetra, tri, ultra etc. iniciado por h ou por letra igual à do final do primeiro elemento. anti-higiênico, neo-helênico, semi-interno, auto-ônibus Não ocorre hífen se o primeiro elemento for co, des ou in. Exemplo: coabitar, coerdeiro, desumano, inábil. Prefixos ab, ad, ob e sub iniciado por vogal, h ou r ab-rupto, adrenal, obrepção, subhumano, subreptício Pan diante de b e p passa a pam. Prefixos circum e pan iniciado por vogal, h, m ou n. circumnavegação, panamericano Prefixos além, ântero, aquém, ex (= condição anterior), pós, pré, pró, recém, sem, sota, soto, supero, vice- e vizo- qualquer elemento ex-professor, vice-diretor, pré-vestibular Elemento terminado por vogal acentuada graficamente ou quando a pronúncia o exige sufixos açu, guaçu ou mirim teiú-açu, inajáguaçu, açaímirim Verbo pronome pessoal do caso oblíquo átono página 51 amá-lo(s), pedir-lhe(s) Circum aceita formas aglutinadas como circu e circun. Exemplos: circumurar, circunavegar As formas átonas pos, pre e pro sempre se aglutinam ao segundo elemento. Exemplo: predestinado. Nos futuros do indicativo, admite-se a mesóclise, em que o pronome fica separado por hifens. Exemplos: amálo-ei, amá-las-íeis. MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA EXERCÍCIOS página 52 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 08/04/2011 – Princípio básico da acentuação gráfica do português (p. 9-10) e sua aplicação nos exercícios de ortografia de 14 a 26 (p. 148-152) página 53 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA PRINCÍPIO BÁSICO DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA DO PORTUGUÊS A acentuação gráfica da língua portuguesa tem uma base fonética1. Por isto, deve-se considerar que a acentuação natural de intensidade do idioma não precisa ser marcada graficamente. O acento circunflexo é usado para marcar uma vogal de timbre fechado em destaque ou para indicar o plural em verbos. Portanto, acentuam-se graficamente palavras em que o acento está fora da posição natural. Por isto, é indispensável que se ensine qual o padrão natural de acentuação da língua portuguesa. Acento natural de intensidade As palavras da língua portuguesa que terminam em a, as, e, es, o, os, am, em ou ens têm acento natural de intensidade na penúltima sílaba e as demais, na última. Seguindo esta regra, podemos eliminar quase todas as demais regras de acentuação gráfica destinadas a marcar a chamada sílaba tônica. Exemplos de acentuação natural: casa, mulas, trote, posses, enjoo, maços, andam, veem, itens; papai, mais, cantai, estudais, Macau, berimbaus, comprei, dezesseis, vendeu, europeus, fugiu, tizius, boi, depois, dois, trabalhou, loupacous, fui, mui, azuis, mamãe, alemães, mamão, irmãos, compõe, mamões, Jacob, Isaac, David, semilog, reli, Natal, Nobel, sutil, farol, azul, assim, marrom, algum, sedan, jaen, Tocantins, megaton, mega- Domício Proença Filho (2009, p. 15) ensina que “A fonética centraliza-se no estudo da língua em todas as suas variantes de emissão, individuais, socioculturais ou regionais, vale dizer: da configuração acústica e fisiológica dos sons reais e concretos dos atos linguísticos.” 1 página 54 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA tons, bebuns, bumbuns, Novacap, Quarup, amar, Internet, Bangu, relax, telefax, algoz. ACENTUAM-SE GRAFICAMENTE, portanto, as palavras que não se enquadram na acentuação natural. Ou seja: a) as que têm acento antes da penúltima sílaba: estudávamos, secretária, amáveis, apazíguem. b) os que têm acento na penúltima sílaba e terminam diferentemente, como em: consoante, i, is, us, om, on, ons, um, uns ou em ditongo Exemplos: amável, hífen, repórter, clímax, tórax, bíceps, fórceps, táxi, tênis, bônus, iândom, próton, íons, fórum, álbuns, água, águe, jóquei, vôlei, oblíquo.1 c) os que têm acento na última sílaba e terminam em a, as, e, es, o, os, ditongos abertos,2 em e ens (nestes dois últimos casos, se tiverem mais de uma sílaba). Exemplos: Pará, chá, aguarrás, más (plural de má), jacaré, fé, vocês, três, cipó, pó, avós, cós, papéis, chapéu, céus, herói, espanhóis, também e parabéns. Podemos nos abonar com as palavras do Professor Claudio Cezar Henriques, que simplifica as regras de acentuação gráfica do português com as seguintes palavras: As regras de acentuação se baseiam em critérios bastante objetivos, que partem da verificação do quantitativo de cada um dos grupos de tonicidade, com os objetivos de: 1) acentuar o menor número possível de palavras; 2) empregar o acento com a finalidade de garantir uma única pronúncia para a palavra. Os prefixos anti, arqui, circum, hiper, inter, mini, multi, pluri, semi e super também dispensam o acento gráfico, porque não constituem palavras do léxico. 1 O traço distintivo de timbre é privativo das vogais e e o, exceto em variantes regionais. Observação: Normalmente, o i e o u são semivogais quando precedidos de vogais, com as quais formam sílabas. Por isto, em vocábulos paroxítonos, só recebem acento gráfico quando formam hiatos, precedidos de vogais, naturalmente, e não de semivogais. Os ditongos são normalmente decrescentes e, por influência da semivogal, sua vogal base tem o timbre fechado,. Por isto, os chamados ditongos crescentes (exceto quando precedidos das consoantes velares "g" e "q") são variantes de hiatos, e, quando forem oxítonos, os ditongos abertos são acentuados graficamente. 2 página 55 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Assim, como o menor contingente de palavras portuguesas é de PROPAROXÍTINAS, a regra determina que todas sejam acentuadas. A seguir, opondo-se os outros dois contigentes, a regra examina quais as terminações com menor incidência entre as OXÍTONAS e as PAROXÍTONAS e determina o emprego de acento nos grupos minoritários. Por fim, como as questões envolvendo ditongos e hiatos não ficam resolvidas pelas regras básicas, novamente se recorre às ocorrências desses encontros vocálicos para se determinar o emprego de acento nos grupos de menor frequência. Isto explica, por exemplo, por que nos ditongos abertos a regra só menciona ÉI, ÉU e ÓI, que têm menor ocorrência do que seus correspondentes fechados: não há em português o ditongo ÓU (existe a pronúncia [regional] brasileira ów, mas a grafia é com L). (HENRIQUES, 2007, p. 53 e 2009, p. 84-85) O professor Geraldo Mattos, no capítulo sobre a ―História da ortografia da língua portuguesa‖, além de nos informar que o Ministério da Educação e Cultura fez uma consulta seletiva aos especialistas, lembrando que ―para o estado do Paraná foram escolhidos os professores Rosário Mansur Guérios (1907-1987) e Geraldo Matos Gomes dos Santos (1931)‖ (MATTOS, 2009, p. 157), conseguiu reduzir quase todos esses 33 casos de escrita a uma única regra com o respectivo corolário, que serve também para outros sinais da escrita: Regra: Toda palavra escrita somente com letras tem uma única pronúncia, ressalvado o caso das vogais médias, que podem ser abertas ou fechadas. Corolário: Querendo outra pronúncia, é preciso marcá-la com o sinal conveniente. Os exemplos sempre esclarecem mais que as regras. Neste caso, bem mais que a regra. Têm a penúltima sílaba mais forte e se escrevem sem acento as palavras que terminam na maneira seguinte: levava / levavas / levavam / parede / paredes / imagem / imagens / caderno / cadernos. Têm a última sílaba mais forte e se escrevem sem acento gráfico as palavras que não terminam como as citadas acima: caqui / urubu / canal / lugar / capaz. Querendo outra pronúncia qualquer, é preciso indicá-la com uma das marcas seguintes, porque a falta de acento gráfico vai dar ao conjunto de letras uma das pronúncias acima, ainda que esse conjunto de sons não exista na língua: maça [maca] / mão [Mao: nome próprio] / médico [eu medico] / revólver [revolver] / caí [cai] / baú [bau: inexiste na língua] / contem [contém / contêm]1 cará [cara] / bebê [bebe] / avôs [avos] / réis [reis] /a léu [ele leu] / bói [boi]. (MATTOS, 2009, p. 158-159) 1 Foram excluídos, aqui, os exemplos de palavras em que havia o trema. página 56 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA EXERCÍCIOS DE ACENTUAÇÃO GRÁFICA1 Utilize a regra simplificada para justificar a acentuação gráfica nos exercícios abaixo, que serão retomados nos capítulos específicos. 14) Assinale as alternativas em que está errada a acentuação gráfica: 1. a) item; b) itens; c) hífen; d) hífens; e) ritmo. 2. a) arguo; b) arguis; c) argui; d) arguimos; e) arguís; f) arguem. 3. a) ecoa; b) coa; c) perdoe; d) perdôo; e) magoa (Formas verbais). 4. a) moo; b) móis; c) mói; d) moemos; e) moeis; f) móem. 5. a) bilíngue; b) mínguem; c) delínquem; d) desagúem; e) delínque. 6. a) di-lo-ei; b) fá-lo-ia; c) pô-las-emos; d) retê-lo-ás; e) deduzí-la-íamos. 7. a) harém; b) refém; c) recem-findo; d) reveem; e) contêm (pl.) 8. a) caía; b) contribuía; c) atribuíu; d) saísse; e) raízes. 9. a) córtex; b) têxtil; c) âmbar; d) canon; e) fórceps. 10. a) cáqui; b) caqui (fruta); c) ônus; d) bênção; e) cuscús. 15) Em cada grupo há um vocábulo indevidamente acentuado. Assinale-o: 1. a) para; b) por (v.); c) sede; d) polo; e) pera. 2. a) magoo; b) coas (v.); c) ser (subst.); d) por (v.); e) pêlo (subst.). Chamamos a atenção dos colegas professores, que o grande número de exercícios aqui apresentado deve ser utilizado como material para preparação de suas aulas ou como fixação da matéria. Não é indispensável que todos eles sejam efetivamente resolvidos imediatamente, apesar de ser possível e benéfico. 1 página 57 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 3. a) creem; b) leem; c) deem; d) veem; e) convêm (singular). 4. a) pôde; b) fôrma; c) apoio; d) voo; e) idéia. 5. a) arruíno; b) atraímos; c) atribuíste; d) destrúo; e) destrói. 6. a) reúne; b) reiuno; c) feiura; d) Meier; e) Inhaúma. 7. a) eu apoio; b) comboio; c) arcáico; d) nucleico; e) Nicolau. 8. a) onomatopáico; b) gratuito; c) fluido; d) abençoe; e) continue. 9. a) sobrepôr; b) o desfecho; c) acervo; d) sobre-humano; e) texto. 10. a) abençoo; b) enjoo; c) perdoo; d) coa; e) constróem (verbos). 16) Somente em um dos vocábulos de cada grupo falta o acento devido. Assinale-o: 1. a) mercancia; b) pegada; c) celtibero; d) algaravia; e) Carpatos. 2. a) algarvio; b) Salonica; c) Balcãs; d) Sisifo; e) Gilbraltar. 3. a) avaro; b) libido; c) Niagara; d) ciclope; e) decano. 4. a) barbarie; b) Madagascar; c) blasfemo; d) macabro; e) efebo. 5. a) transfuga; b) estalido; c) homizio; d) inaudito; e) perito. 6. a) pudico; b) rubrica; c) pletora; d) recorde; e) exodo. 7. a) geleia; b) assembleia; c) paranoia; d) estoico; e) papeis (subst.). 8. a) tabu; b) obus; c) tupi; d) onus; e) Dinis. 17) Assinale o vocábulo que se acentua em virtude do hiato: a) cáustico; b) propedêutico; c) Níobe; d) diluísse; e) faríeis. 17a). Use o devido acento no i ou no u dos hiatos, conforme a regra vista a) arruina f) circuito k) juiz p) raiz b) arruino g) faisca l) juizado q) raizes c) bau h) fluido m) juizes r) saida página 58 d) cainho i) gratuito n) Luis s) saiu e) campainha j) iate o) Luisinho t) sauda MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA u) Suiça z) uisque v) suingue w) ruina x) traiu y) tuiter 18) Assinale o único vocábulo de cada grupo cuja sílaba tônica é a penúltima e que, portanto, leva um acento indevido: 1. a) álacre; b) estratégia; c) Antióquia; d) crisântemo; e) azáfama. 2. a) azíago; b) barbárie; c) quadrúmano; d) trânsfuga; e) autódromo. 3. a) ádvena; b) cátodo; c) ínterim; d) prógnato; e) maquinária. 4. a) hieróglifo; b) protótipo; c) reóstato; d) quiromância; e) pólipo. 5. a) gárrulo; b) filântropo; c) lêvedo; d) ômega; e) zênite. 19) Acentue graficamente o que for necessário nas frases abaixo: 1. Não conheço ninguem como voce. 2. Cesar e Roberto vem sempre aqui. 3. Se fores a Niteroi, conquistaras, com paciencia, a Vanderleia. 4. Carmen possui varios albuns de figurinhas. 5. Saude e dinheiro fazem mal a alguem? 6. Trouxeste isso para que? 7. Para que trouxeste isso? 8. Por que? 9. Amanhã mudaras para o Andarai, Grajau, Nova Iguaçu ou Bangu? 10. ―Acento e o meio de que se vale uma lingua para por em relevo uma das silabas de uma palavra‖. 20) Acentue graficamente as palavras abaixo, se for necessário. Se houver dupla pronúncia, assinale-as: 1. avaro 2. recem 3. pegada 4. decano 5. gratuito 6. masseter 7. cotiledone 8. reptil página 59 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 9. refem 10. batavo 11. Dario 12. batega 13. crisantemo 14. cafila 15. interim 16. ibero 17. erudito 18. Niagara 19. levedo 20. rubrica 21) Acentue graficamente, se necessário, os seguintes vocábulos: 1. urubu 2. caju 3. vez 4. ves 5. armazem 6. vintens 7. hifen 8. hifens 9. juri 10. imã 11. album 12. perito 13. recem 14. bonus 15. torax 16. pegada 17. rubrica 18. rispido 19. orgãos 20. orgão 21. eter 22. carater 23. caracteres 24. textil 25. virus 26. joquei 27. magoa 28. filantropo 29. ama-lo-as 30. ve-lo-emos 31. pu-lo 32. fi-lo 33. fa-lo 34. vende-lo-ieis 35. po-lo-ia 36. eden 37. biceps 38. beriberi 39. lapis 40. Cristovão 22) Acentue graficamente, quando necessário: 1. la (adv.) 2. sabias (subst.) 3. sabias(v) 4. sabias (adj.) 5. elas vem 6. ela vem 7. filosofia 8. ele tem 9. sacis 10. America 11. mistério 12. agua (subst.) 13. saci 14. via 15. voces 16. ele ve 17. eles veem 18. ia 19. ruido 20. saia (v. pret.) 21. ideia 22. patroa 23. perseguem 24. quis 25. frequencia 26. virus 27. Xingu 28. Grajau 29. enjoo 30. heroi 31. apoio (v.) 32. apoio (subst.) 33. sauva 34. coroa 35. heroina 36. hifen página 60 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 37. hifens 38. raiz 39. raizes 40. moinho 22a) Acentue graficamente só os encontros vocálicos que exigem acento: a) abençoo f) constroi k) coroo p) dois u) moes z) zoológico b) Andreia g) coo l) destroem q) Eneias v) moo c) broa h) cooperar m) destroi r) heroico w) paranoia d) chapeu e) constroem i) Coreia j) coroneis n) Destroier o) doi s) jiboia t) mausoleu x) Vanderleia y) zoo 23) Acentue graficamente, quando necessário: 1. ve-lo-emos 2. fa-lo-ei 3. retribuiu 4. linguiça 5. enguiça 6. quinquenio 7. arguo 8. saiu 9. arguis (sing.) 10. arguis (pl.) 11. aquem 12. arguimos (pres.) 13. quociente 14. pauis 15. faixa 16. ruim 17. caiu 18. ruins 19. perdoo 20. ele contem 21. eles contem 22. abotoo 23. uai! 24. tainha 25. Raul 26. saiu 27. corroi (pres.) 28. vendeu 29. ideia 30. patroa 31. coroa 32. apropinque 33. ele detem 34. eles detem 35. eles reveem 36. po-lo-as 37. indica-lo-eis 38. indica-lo-ieis 39. tramoia 40. indica-lo-iamos 24) Acentue graficamente, quando necessário: 1. ibero 2. sanscrito 3. hangar 4. rubrica 5. impudico 6. maquinaria 7. senior 8. alguem 9. totem 10. totens 11. impar 12. ariete 13. avaro 14. aziago 15. tatu 16. novel 17. movel 18. tui 19. are 20. res (gado) 21. res (raso) 22. aurora 23. cruel 24. zenite 25. da-lo 26. sabe-lo 27. fariamos 28. cor página 61 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 29. mel 30. fe (crença) 31. va 32. vas 33. de (prep.) 34. de (v.) 35. bem 36. bens 37. outrem 38. tu 39. ti 40. me (pron.) 25) Acentue graficamente, quando necessário: 1. o (interj.) 2. so (somente) 3. jilo 4. e (v.) 5. jaca (fruta) 6. jaca (cesto) 7. liquen 8. liquens 9. revolver (subst.) 10. revolver (v.) 11. audaz 12. borax 13. borace 14. index 15. indice 16. canon 17. canones 18. germen 19. germens 20. germe 21. silex 22. leucocito 23. habitat 24. deficit 25. gracil 26. provem (sing.) 27. edens 28. imã (magneto) 29. provem (pl.) 30. provisorio 31. sutil 32. o suplicio 33. eu suplicio 34. jacare-açu 35. ele pos 36. compo-lo 37. orfão 38. provido (cheio) 39. provido (previdente) 26) Acentue graficamente, quando necessário: 1. perito 2. fuzil 3. edredom 4. efigie 5. alcool 6. alcoolico 7. quis 8. fiz 9. ha 10. eter 11. polen 12. nivel 13. itens 14. apoia 15. hidraulico 16. amendoa 17. coroo 18. europeia 19. fogareu 20. degrau 21. alibi 22. exercito (v.) 23. folego 24. ninguem 25. harens 26. juri 27. textil 28. projetil 29. anatema 30. estrategia 31. saida 32. fluido (subst.) 33. veiculo (v.) 34. ele argui 35. tu arguis 36. frequencia 37. tranquilo 38. serie 39. timido 40. tremulo (adj.) página 62 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 26-a) Assinale a opção que contém erro de acentuação na série de monossílabos tônicos: a) crás, lá, vá, más; b) fé, pés, és, Sé; c) quê, vê-lo, mês, três; d) pó, nós, só, cós; e) pô-lo, pô-la, pôs, côr. 26-b) Assinale a opção que contém erro de acentuação na série de palavras oxítonas: a) sofá, atrás, maracujá, dirá, falarás, encaminhá-la, encontrá-lo-a; b) banzé, pontapés, você, buquê, japonês, obtê-lo, recebê-la-emos; c) jiló, avô, avós, gigolô, compôs, paletó, indispô-lo; d) além, alguém, também, ele intervém; e) armazéns, parabéns, vinténs, tu intervéns. 26-c) Assinale a opção que contém erro de acentuação na série de palavras paroxítonas: a) dândi, beribéri, íbis, Cáli; b) ônus, cactus, lótus, retrovírus; c) factótum, parabélum, álbuns, fóruns; d) hífens, plânctron, eléctrons; e) bíceps, tríceps, quadríceps. 26-d) Assinale a opção que contém erro de acentuação na série de palavras paroxítonas: a) âmbar, éter, fêmur, sênior; b) cóccix, tórax, ônix, fênix; c) dólmen, pólen, próton, nêutron; d) incrível, imóvel, míssil, afável; e) ímã, Cristovão, sótão, órfã. 26-e) Assinale a opção que contém erro de acentuação na série de palavras paroxítonas terminadas nos chamados ditongos crescentes: a) escritório, etérea, série; b) suspensório, calendário, abstêmios; página 63 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA c) ingênuo, anágua, mágoa; d) bilíngue, anáguas, contíguo; e) distíngues, estínguem, conséguem. 26-f) Assinale a opção que contém erro na grafia de verbos paroxítonos terminados nos chamados ditongos crescentes: a) apropínquo, apropínquas, apropínque, apropínquem; b) oblíquo, oblíquas, oblíque, oblíquem; c) averíguo, averíguas, averígue, averíguem; d) enxáguo, enxáguas, enxágue, enxáguem; e) mínguo, mínguas, míngue, mínguem. 26-g) Assinale a opção que contém erro de acentuação na série de palavras proparoxítonas: a) insólito, tétrico, nostálgico; b) rúbrica, cosmonáutico, letárgico; c) antropofágico, hiperbólico, ótico; d) dramático, econômico, hermenêutico; e) fétido, hálito, metalúrgico. 26-h) Assinale a opção que contém erro de acentuação na série de palavras com ditongo: a) andróide, epopéia, tipóia; b) pastéis, arranha-céus, corrói; c) europeus, colmeia, centopeia; d) boi, urubu-rei, apogeu; e) Gláuber, Áurea, Cleide. 26-i) Assinale a opção que contém erro de acentuação na série de palavras com hiato: a) voo, enjoo; b) magôa, corôa; página 64 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA c) creem, leem; d) perdoa-o, abençoa-a; e) deem-me, reveem-nos. 26-j) Assinale a opção que contém erro de acentuação no i da série de palavras com hiato: a) Icaraí, Jacareí; b) saídas, caístes; c) atraindo, contribuiu; d) ladainha, coroinha; e) gratuíto, fluído (substantivo). 26-k) Assinale a opção que contém erro de acentuação no u da série de palavras com hiato: a) Grajaú, tuiuiú; b) reúnem, mundaú; c) baiúca, feiúra; d) conteúdo, transeunte; e) Raul, extrauterino. 26-l) Assinale a opção que contém apenas acentos diferenciais de timbre ou de tonicidade: a) pôr (verbo), pôde (pretérito perfeito) e fôrma (= modelo oco); b) dê (verbo), é (verbo), réis (moeda antiga); c) fábrica (substantivo), sábia (adjetivo), sabiá (substantivo) d) bobó (substantivo), lã (substantivo), camelô (comerciante de calçada); e) convidássemos, envolvêssemmos, retornássemos. 26-m) Assinale a opção cuja série de palavras recebe acento gráfico em virtude da mesma regra ortográfica: a) contratá-la, vendê-la, atraí-la, propô-lo; b) táxi, pálido, maracujá, hábito; c) escarcéu, carretéis, caracóis; d) cânion, ômicron, sêmen; e) atraísse, faraó, anhangabaú. página 65 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 26-n) Assinale a opção cuja série de palavras recebe acento gráfico em virtude da mesma regra ortográfica de freguês: a) carijó, bisavô, Queirós, (ele) dispôs; c) vatapá, ananás; b) matinês, chaminé, invés, (ele) relê; d) açaí, Itaú, Piauí; e) ioiô, vovô, pivô. 26-o) Assinale a opção que não contém palavra acentuada em virtude da mesma regra ortográfica de matemática: a) anômalo, dígrafo, metáfora; b) antítese, análise, gramático; c) filósofo, filológico, belíssimo; d) romântico, ridículo, nigérrimo; e) clímax, ônix, índex. 26-p) Assinale a opção que contém palavra acentuada apenas no singular: a) júnior; b) trenó; c) pôster; d) fôrma; e) sustém. 26-q) Acentue graficamente, quando necessário; a) Andronico, b) avaro, c) batavo, d) ciclope, e) filantropo, f) ibero, g) pudico, h) opimo, i) rubrica, j) barbaria, k) mercancia, l) Normandia, m) fluido, n) fortuito, o) gratuito, p) arcaico, q) judaico, r) germens, s) hifens, t) item, u) caqui (fruta), v) Bangu, w) colibri, x) nu, y) taquaruçu, z) himen. 26-r) Acentue graficamente, quando necessário; a) constroem, b) destroem, c) doem, d) roem, e) grau, f) degrau, g) caos, h) neoliberal, i) neomodernismo, j) Andrea, k) Leo, l) atue, m) habitue, n) influi, o) argui, p) averiguem, q) cairdes, r) azuis, s) oriundo, t) faisca, u) ruim, v) Raul, w) baiuca, x) peiudo, y) xiita, z) rainha. GABARITO DOS EXERCÍCIOS 14 A 26 14) 1d, 2d, 3d, 4f, 5d, 6e, 7c, 8c, 9d, 10e. 15) 1b, 2e, 3e, 4e, 5d, 6d, 7c, 8a, 9a, 10e. página 66 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 16) 1e, 2d, 3c, 4a, 5a, 6e, 7e, 8d. 17) d. 17-a) a) arruína, b) arruíno, c) baú, g) faísca, m) juízes, n) Luís, q) raízes, r) saída, t) saúda, u) Suíça, w) ruína, y) tuíter, z) uísque 18) 1d, 2a, 3e, 4d, 5b. 19) 1.ninguém você; 2.César vêm; 3.Niterói conquistarás paciência; 4.Cármen vários álbuns; 5.saúde alguém; 6.quê; 8.quê; 9.mudarás Andaraí Grajaú; 10.é língua pôr sílabas. 20) 2.recém, 5.(gratuíto), 7.cotilédone, 8.(réptil), 9.refém, 12.bátega, 14.cáfila, 15.ínterim, 18.Niágara, 19.(lêvedo). 21) 4.vês, 5.armazém, 6.vinténs, 7.hífen, 9.júri, 10.ímã, 11.álbum, 13.recém, 14.bônus, 15.tórax, 18.ríspido, 19.órgãos, 20.órgão, 21.éter, 22.caráter, 24.têxtil, 25.vírus, 26.jóquei, 27.mágoa, 29.amá-lo-ás, 30.vê-lo-emos, 33.fá-lo, 34.vendê-lo-íeis, 35.pô-lo-ia, 36.éden, 37.bíceps, 38.beribéri, 39.lápis, 40.Cristóvão. 22) 1.lá, 2.sabiás (subst.), 3.sábias (adj.), 5.elas vêm, 10.América, 11.mistério, 12.água, 15.vocês, 16.ele vê, 19.ruído, 20.saía, 25.frequência, 26.vírus, 28.Grajaú, 30.herói, 33.saúva, 35.heroína, 36.hífen, 39.raízes. 22-a) d) chapéu, f) constrói, j) coronéis, m) destrói, n) Destróier dói, t) mausoléu. o) 23) 1.vê-lo-emos, 2.fá-lo-ei, 6.quinquênio, 10.arguís (pl.), 11.aquém, 12.arguímos (pres.), 20.ele contém, 21.eles contêm, 27.corrói (pres.), 33.ele detém, 34.eles detêm, 36.pô-lo-ás, 36.indicá-lo-eis, 37.indicá-loíeis, 40.indicá-lo-íamos. 24) 2.sânscrito, 7.sênior, 8.alguém, 11.ímpar, 12.aríete, 17.móvel, 18.tuí, 20.rês (gado), 21.rés (raso), 25.dá-lo, 27.faríamos, 30.fé (crença), 31.vá, 32.vás, 34.dê (v.). 25) 1.ó, 2.só, 3.jiló, 4.é, 6.jacá (cesto), 7.líquen, 9.revólver (subst.), 12.bórax, 14.índex, 15.índice, 16.cânon, 17.cânones, 18.gérmen, 21.sílex, 22.leucócito, 23.hábitat, 24.déficit, 25.grácil, 26.provém (sing.), 28.ímã (magneto), 29.provêm (pl.), 30.provisório, 32.o suplício, 34.jacaré-açu, 35.ele pôs, 36.compô-lo, 37.órfão, 39.próvido (previdente). página 67 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 26) 4.efígie, 5.álcool, 6.alcoólico, 9.há, 10.éter, 11.pólen, 12.nível, 15.hidráulico, 16.amêndoa, 19.fogaréu, 21.álibi, 23.fôlego, 24.ninguém, 25.haréns, 26.júri, 27.têxtil, 29.anátema, 31.saída, 36.frequência, 38.série, 39.tímido, 40.trêmulo. 26-a) – e) cor; 26-b) – a) encontrá-lo-á; 26-c) – d) hifens; 26-d) – e) Cristóvão; 26-e) – e) distingues, estinguem, conseguem; 26-f) – Nenhuma opção; 26-g) – b) rubrica; 26-h) – a) androide, epopeia, tipoia; 26-i) – b) magoa, coroa; 26-j) – e) gratuito, fluido (substantivo); 26-k) – c) baiuca, feiura; 26-l) – a) pôr (verbo), pôde (pretérito perfeito) e fôrma (= modelo oco); 26-m) – c) escarcéu, carretéis, caracóis; 26-n) – d) açaí, Itaú, Piauí; 26-o) – e) clímax, ônix, índex; 26-p) – a) júnior 26-q) – z) hímen 26-r) – t) faísca página 68 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 15/04/2011 – O alfabeto, o ―h‖ inicial e final, as sequências consonânticas e as duplas grafias (41-42, 51-52, 119-124, 137 e 139-142) página 69 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA DO H INICIAL E FINAL 1º) Emprega-se o h inicial: a) Por força da etimologia: hachura, hachurar, habere (latim) > haver, hagiografia, héliks (grego) > hélice, hedera (latim) > hera, hodie (latim) > hoje, hora (latim) > hora, homine (latim) > homem, humor (latim) > humor, assim como há (tem, faz), Habacuque, hábil, habitar, hábito, Habsburgo, haicai, Haideia, Haiti, haitiano, hálito, hálito, halo, Hamílton, hangar, haplologia, haraquiri, haras, harém, harmonia, harmônio, Haroldo, harpa, harpejar, harpia, haste, haurir, hausto, Havaí, Havana, haxixe, hebdomadário, Hebe, hebraico, hebreu, Hébridas, hectare, hectograma, hediondo, hedonismo, Hedviges, Hégira, heim!, Heitor, Hélder, Helena, Helênio, Helesponto, hélice, Hélio, Heliodoro, Heliogábalo, Heloísa, Helvécio, Hélvia, hem!, hemeroteca, hemisfério, hemistíquio, hemorragia, hemorroidas, hendecampeão, hendecassílabo, Henrique, hepático, hepatite, heptacampeão, heptassílabo, hera (planta), Heráclito, herança, herbáceo, herbário, herbívoro, hervoso, Herculano, Hércules, herdar, herege, heresia, Hermenengarda, Hermes, hermético, Hermeto, hérnia, Hesíodo, herói, heroico, heroína, hesitação, hesitar, heureca, heterogêneo, hexaedro, hexagonal, hexágono, hiato, hibernal, hibernar, híbrido, hidra, hidrato, hidráulica, hidroavião, hidrogênio, hiena, hierarquia, hieróglifo, hífen, higiene, Higino, higrômetro, hilariante, hilaridade, Hilário, Hildebrando, Hileia, Hilma, Himalaia, himeneu, hinário, hindu, Hindustão, hino, hinterlândia, hipérbole, hípica, hipismo, hipnotismo, hipnotizar, hipocondria, hipocrisia, hipódromo, hipófise, Hipólito, hipopótamo, hipoteca, hipotenusa, hipótese, hirsuto, hirto, hispânico, hispanismo, hispidez, hissope, hissopo, histeria, histérico, histologia, histrião, hitita, hodierno, hoje, Holanda, holandês, holocausto, holofote, hombridade, homenagear, homenagem, homeopatia, Homero, homicida, homicídio, homilia, homologar, homogeneidade, homogêneo, homologar, homônimo, homossexual, Honduras, honestidade, honesto, honorários, Honório, honra, hóquei, hora, Horácio, horário, horda, horizonte, hormônio, horóscopo, horripilar, horrível, horror, horta, hortelã, Hortênsia, horto, hosana, hóspede, hospício, hospital, hospitalizar, hóstia, página 70 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA hostil, hostilizar, hotel, hoteleiro, hotentote, Hugo, hulha, hum!, humanidade, humano, Humberto, humilde, humilhar, humor, húmus, Hungria, huno, hurra! etc.1 b) Em virtude da adoção convencional: hã?, bah!, eh!, he-eh!, hem?, ih!, oh!, homessa!, hu!, hum!, hui, hurra!, puh!. 2º) Suprime-se o h inicial: a) Quando, apesar da etimologia, a sua supressão estiver inteiramente consagrada pelo uso: erva, em vez de herva; e, portanto, ervaçal, ervanário, ervoso (em contraste com herbáceo, herbanário, herboso, formas de origem erudita); andorinha em vez de handorinha, úmido em vez de húmido, felá em vez de felah, inverno em vez de hinverno etc. b) Quando passar ao interior da palavra, no processo da composição, de modo que o elemento em que figura se aglutina ao precedente: bi + hebdomadário > biebdomadário, des + harmonia > desarmonia, des + humano > desumano, ex + haurir > exaurir, in + hábil > inábil, lobis + homem > lobisomem, re + habilitar > reabilitar, re + haver > reaver. 3º) Mantém-se o h inicial nas palavras compostas (ou derivadas por prefixação), quando pertencer a um elemento que está ligado ao anterior por meio de hífen: anti-helmíntico, anti-hemorrágico, anti-herói, anti-higiênico, anti-histamínico, anti-horário, anti-humanista, bicho-homem, co-herdeiro, contra-haste, extra-hepático, extra-humano, micro-habitat, pré-habilitação, pré-helênico, pré-história, sobre-humano, super-homem.2 4º) O h final é empregado em interjeições: ah! bah! eh! eh-eh! êh! êh-eh! ih! oh! puh! uh! !3 O Dicionário Eletrônico Houaiss registra 2676 itens lexicais iniciados com a letra “h”, inviabilizando uma listagem exaustiva. Esta obra foi consultada centenas de vezes, mas nem sempre referida, sendo a principal fonte lexicográfica na elaboração deste Manual. 1 Por estas razões, coexistirão duas grafias para algumas palavras, como bi-hebdomadário e biebdomadário, como se pode ver na Base XVI, 2º, b). 2 3 Não se escreve com h final a interjeição de chamamento ou apelo ó: Ó Bechara, vem nos socorrer!... A bem da verdade, é bom que se diga que os brasileiros, em geral, não usam o timbre aberto nessa interjeição, mas o timbre fechado. O timbre aberto é próprio dos portugueses, provavelmente. página 71 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA DAS SEQUÊNCIAS CONSONÂNTICAS 1º) O c com valor de oclusiva velar, das sequências interiores1 cc (segundo c com valor de sibilante), cç2 e ct, e o p das sequências consonânticas interiores pc (c com valor de sibilante), pç e pt ora se conservam, ora se eliminam.3 Assim: Sequências consonânticas interiores são os conjuntos de duas ou mais consoantes juntas que não se encontram nem no início nem no final da palavra. (Azeredo, 2008, p. 29) 1 A letra “x” também pode ser utilizada como dífono ou difone para representar o grupo fonético correspondente a “cc”, “cç” ou “cs”. Trata-se de um caso que foi lembrado em diversos documentos anteriores, mas omitido no Acordo de 1990. No entanto, registre-se aqui a sua múltipla grafia, com alguns exemplos: a) abstraccionismo, africcionar, cóccix, coccige, coccígeo, confeccionar, desinfecionar, faccionar, faccioso, ficcionista, friccionar, infeccionar, inspeccionar, interjeccionar, occipício, occipital, occipitauricular, occipitofrontal, occiput, occitânico, seccional, seccionar; b) afecção, africção, bissecção, circunspecção, cocção, coccígeo, concocção, confecção, conspecção, convicção, decocção, defecção, desinfecção, detecção, dicção, dissecção, evicção, facção, ficção, fricção, indefecção, infecção, inspecção, intelecção, interssecção, introspecção, lipossucção, micção, prospecção, rarefacção, einfecção, retrospecção, secção, subsecção, sucção, tumefacção, vivissecção; 2 c) ecsarcoma, fúcsia, fucsina, hicso, Jacson, Jackson, mocsa, tacsônia d) alexia, amplexo, anexar, anexo, anorexia, apoplexia, asfixia, asfixiar, asfixiante, axila, axioma, circunflexo, complexidade, complexo, conexão, conexo, crucifixo, dislexia, filoxera, fixação, fixar, fixo, flexão, flexibilidade, flexionar, flexível, fluxo, genuflexão, genuflexo, heterodoxia, heterodoxo, hexacampeão, hexaclorofeno, hexassílabo, intoxicar, lexia, léxico, maxila, máxime, nexo, obnóxio, ônix, ortodoxo, ortolexia, oxidar, óxido, oxigênio, oxítono, paradoxal, paradoxo, paroxítono, perplexidade, perplexo, profilaxia, prolixidade, prolixo, proparoxítono, proxeneta, reflexão, reflexivo, reflexo, refluxo, retroflexo, saxão, saxífrago, saxofone, saxônio, sexagenário, sexagésimo, sexo, sexual, táxi, tóxico, toxicologia, toxina, uxoricida, uxoricídio. Neste caso, somente o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa decidirá quais serão as palavras que não manterão o grupo com a oclusiva, porque ninguém poderá, individualmente, comprovar se determinada pronúncia é uniforme ou não em todo o domínio da língua portuguesa. 3 página 72 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA a) Conservam-se nos casos em que são invariavelmente proferidos nas pronúncias cultas da língua:1 abrupto, ab-rupto, acepção, adepto, apto, aspecto, cacto, circunspecto, circumpecão, compacto, confecção, concepção, convicção, convicto, corrupção, corrupto, decepção, decepcionar, dicção, díptico, erupção, eucalipto, ficção, fricção, friccionar, icto, impacto, inapto, inepto, infecção, infecto, ininterrupto, insurrecto, intelecto, intercepção, interrupção, invicto, irrupção, mentecapto, micção, núpcias, opção, pacto, percepção, peremptório, pictural, prospecto, provecto, rapto, recepção, recepcionar, repto, ressurecto, retrospecto. b) Eliminam-se nos casos em que são invariavelmente mudos nas pronúncias cultas da língua: ação, acionar, afetivo, aflição, aflito, ato, coleção, coletivo, direção, diretor, exato, objeção; adoção, adotar, batizar, Egito, ótimo. c) Conservam-se ou se eliminam, facultativamente, quando se proferem numa pronúncia culta2, quer geral, quer restritamente, ou então quando oscilam entre a prolação e o emudecimento3: aspecto e aspeto, cacto e cato, caracteres e carateres, dicção e dição; facto e fato, sector e setor, ceptro e cetro, concepção e conceção, corrupto e corruto, recepção e receção. d) Quando, nas sequências interiores mpc, mpç e mpt for eliminado o p de acordo com o determinado nos parágrafos precedentes, o m passa a n, escrevendo-se, respectivamente, nc, nç e nt: assumpcionista e assuncionista; assumpção e assunção; assumptível e assuntível; peremptório e perentório, sumptuoso e suntuoso, sumptuosidade e suntuosidade. 2º) Conservam-se ou se eliminam, facultativamente, quando se proferem numa pronúncia culta, quer geral, quer restritamente, ou então quando oscilam entre serem pronunciadas ou não (entre a prolação e o emudecimento): o b da sequência bd, em súbdito/súdito; o b da sequência bt, em subtil/sutil e seus derivados; o g da sequência gd, em amígdala/amídala, amigdalácea/amidalácea, amigdalar/amidalar, amigdalato/amidalato, O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa decidiu, provisoriamente, quais são as pronúncias consideradas cultas, visto que o Acordo só está em vigor no Brasil. Um vocabulário completo deverá ser editado quando os outros países da CPLP o implementarem. 1 Pronúncia culta é “a pronúncia própria da variante sociocultural do idioma prestigiada como exemplar pela comunicade. Integra o registro ou uso formal da língua.” (PROENÇA FILHO, 2009, p. 19) 2 Este é mais um dos casos que só serão resolvidos com o "vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa" referido no artigo 2º do Acordo. 3 página 73 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA amigdalite/amidalite, amigdalóide/amidaloide, amigdalopatia/amidalopatia, amigdalotomia/amidalotomia; o m da sequência mn, em amnistia/anis-tia, amnistiar/anistiar, indemne/indene, indemnidade/indenidade, indemnizar/indenizar, omnímodo/onímodo, omnipotente/onipotente, omnisciente/ onisciente etc.; o t da sequência tm, em aritmética/arimética e aritmético/arimético.1 4. CONSERVAÇÃO OU SUPRESSÃO DAS CONSOANTES C, P, B, G, M E T EM CERTAS SEQUÊNCIAS CONSONÂNTICAS (BASE IV) 4.1. Estado da questão Como é sabido, uma das principais dificuldades na unificação da ortografia da língua portuguesa reside na solução que se deve adotar para a grafia das consoantes c e p em certas sequências consonânticas interiores, já que existem fortes divergências na sua articulação. Assim, há casos em que estas consoantes são invariavelmente proferidas em todo o espaço geográfico da língua portuguesa, conforme sucede em compacto, ficção, pacto; adepto, aptidão, núpcias etc. Neste caso, não existe qualquer problema ortográfico, já que tais consoantes não podem deixar de ser grafadas [ver Base IV, 1º, a)]. Noutros casos, porém, dá-se a situação inversa da anterior, ou seja, tais consoantes não são proferidas em nenhuma pronúncia culta da língua, como acontece em acção, afectivo, direcção, adopção, exacto, óptimo etc. Neste caso existe um problema: na norma gráfica brasileira há muito estas consoantes foram abolidas, ao contrário do que sucede na norma gráfica lusitana, em que tais consoantes se conservam. A solução que agora se adota [ver Base IV, 1º, b)] é a de suprimi-las, por uma questão de coerência e de uniformização de critérios (vejam-se as razões de tal supressão adiante, em 4.2). As palavras afetadas por tal supressão representam 0,54% do vocabulário geral da língua, o que é pouco significativo em termos quantitativos 1 Neste caso, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa decidiu quais palavras não mantêm esses grupos consonantais. Somente o vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa decidirá para toda a lusofonia, conforme referido anteriormente. página 74 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA (pouco mais de 600 palavras em cerca de 110.000). Este número é, no entanto, qualitativamente importante, já que compreende vocábulos de uso muito frequente (como, por exemplo, acção, actor, actual, colecção, colectivo, correcção, direcção, director, electricidade, factor, factura, inspector, lectivo, óptimo etc.). O terceiro caso que se verifica relativamente às consoantes c e p diz respeito à oscilação de pronúncia, a qual ocorre umas vezes no interior da mesma norma culta (conferir, por exemplo, cacto e cato, dicção ou dição, sector ou setor etc.), outras vezes entre normas cultas distintas (conferir, por exemplo, facto, receção em Portugal, mas fato, recepção no Brasil). A solução que se propõe para estes casos, no novo texto ortográfico, consagra a dupla grafia [ver Base IV, 1º, c)]. A estes casos de grafia dupla devem ser acrescentadas as poucas variantes, como súbdito e súdito, subtil e sutil, amígdala e amídala, amnistia e anistia, aritmética e arimética, nas quais a oscilação da pronúncia se verifica quanto às consoantes b (da sequência bd), g (da sequência gd), m (da sequência mn) e t (da sequência tm) (ver Base IV, 2º). O número de palavras abrangidas pela dupla grafia é de cerca de 0,5% do vocabulário geral da língua, o que é pouco significativo (ou seja, pouco mais de 575 palavras em cerca de 110.000), embora nele se incluam também alguns vocábulos de uso muito frequente. 4.2. Justificativa da supressão de consoantes não articuladas [Base IV, 1º, b)] As razões que levaram à supressão das consoantes mudas ou não articuladas em palavras como ação (acção), ativo (activo), diretor (director), ótimo (óptimo) foram essencialmente as seguintes: a) O argumento de que a manutenção de tais consoantes se justifica por motivos de ordem etimológica, permitindo assinalar melhor a similaridade com as palavras congêneres das outras línguas românicas, não tem consistência. Por um lado, várias consoantes etimológicas foram se perdendo na evolução das palavras ao longo da história da língua portuguesa. Vários são, por outro lado, os exemplos de palavras deste tipo pertencentes a diferentes línguas românicas que, embora provenientes do mesmo étimo latino, revelam incongruências quanto à conservação ou não das referidas consoantes. página 75 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA É o caso, por exemplo, da palavra objecto, proveniente do latim objectu-, que até agora conservava o c, ao contrário do que sucede em francês (conferir objet) ou em espanhol (conferir objeto). Do mesmo modo, projecto (de projectu-) mantinha até agora a grafia com c, tal como acontece em espanhol (conferir proyecto), mas não em francês (conferir projet). Nestes casos, o italiano dobra a consoante, por assimilação (conferir oggetto e progetto). A palavra vitória há muito se grafa sem c, apesar do espanhol victoria, do francês victoire ou do italiano vittoria. Muitos outros exemplos poderiam ser citados. Aliás, não tem qualquer consistência a ideia de que a similaridade do português com as outras línguas românicas passa pela manutenção de consoantes etimológicas do tipo mencionado. Confrontem-se, por exemplo, formas como as seguintes: português acidente dicionário ditar estrutura latim accidentedictionariudictare structura- espanhol accidente diccionario dictar estructura francês accident dictionnaire dicter structure italiano accidente dizionario dettare struttura etc. Em conclusão, as divergências entre as línguas românicas, neste domínio, são evidentes, o que não impede, aliás, o imediato reconhecimento da similaridade entre estas formas. Tais divergências levantam dificuldades à memorização da norma gráfica, na aprendizagem destas línguas, mas não é com certeza a manutenção de consoantes não articuladas em português que irá facilitar aquela tarefa; b) A justificativa de que as ditas consoantes mudas travam o fechamento da vogal precedente também é de fraco valor, já que, por um lado, se mantêm na língua palavras com vogal pré-tônica aberta, sem a presença de qualquer sinal diacrítico, como em corar, padeiro, oblação, pregar (= fazer uma prédica) etc., e, por outro, a conservação de tais consoantes não impede a tendência para o ensurdecimento da vogal anterior em casos como accionar, actual, actualidade, exactidão, tactear etc.; c) É indiscutível que a supressão deste tipo de consoantes vem facilitar a aprendizagem da grafia das palavras em que elas ocorriam. De fato, como é que uma criança de 6-7 anos pode compreender que em palavras como concepção, excepção, recepção a consoante não articulada é um p, ao passo que em vocábulos como correcção, direcção, objecção tal consoante é um c? página 76 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Só à custa de um enorme esforço de memorização que poderá ser vantajosamente canalizado para outras áreas da aprendizagem das línguas; d) A divergência de grafias existente neste domínio entre a norma lusitana (que teimosamente conserva consoantes que não se articulam em todo o domínio geográfico da língua portuguesa) e a norma brasileira (que há muito suprimiu tais consoantes) é incompreensível para os lusitanistas estrangeiros, nomeadamente para professores e estudantes de português, já que lhes cria dificuldades suplementares, nomeadamente na consulta aos dicionários, uma vez que as palavras em causa vêm em lugares diferentes da ordem alfabética, conforme apresentem ou não a consoante muda; e) Outra razão, esta de natureza psicológica, embora nem por isso menos importante, consiste na convicção de que não haverá unificação ortográfica da língua portuguesa se tal disparidade não for resolvida; f) Tal disparidade ortográfica só se pode resolver suprimindo da escrita consoantes não articuladas, por uma questão de coerência, já que a pronúncia as ignora, e não tentando impor a sua grafia àqueles que há muito não as escrevem, justamente por elas não se pronunciarem. 4.3. Incongruências aparentes A aplicação do princípio, baseado no critério da pronúncia, de que as consoantes c e p em certas sequências consonânticas se suprimem, quando não articuladas, conduz a algumas incongruências aparentes, conforme sucede em palavras como apocalítico ou Egito (sem p, já que este não se pronuncia), a par de apocalipse ou egípcio (visto que aqui o p se articula); noturno (sem c, por este ser mudo), ao lado de noctívago (com c, por este se pronunciar) etc. Tal incongruência é apenas aparente. De fato, baseando--se a conservação ou supressão daquelas consoantes no critério da pronúncia, o que não faria sentido seria mantê-las, em certos casos, por razões de parentesco lexical. Se se abrisse tal exceção, o usuário, ao ter de escrever determinada palavra, teria de recordar previamente, para não cometer erros, se não haveria outros vocábulos da mesma família que se escrevessem com este tipo de consoante. página 77 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Aliás, divergências ortográficas do mesmo tipo das que agora se propõem já foram aceitas nas bases de 1945 (ver Base VI, último parágrafo)1, que consagraram grafias como assunção ao lado de assumptivo; cativo a par de captor e captura; dicionário, mas dicção etc. A razão então aduzida foi a de que tais palavras entraram e se fixaram na língua em condições diferentes. A justificativa da grafia com base na pronúncia é tão nobre como aquela razão. 4.4. Casos de dupla grafia [Base IV, 1º, alíneas c) e d), e 2º] Sendo a pronúncia um dos critérios em que assenta a ortografia da língua portuguesa, é inevitável que se aceitem grafias duplas naqueles casos em que existem divergências de articulação quanto às referidas consoantes c e p e ainda em outros casos de menor significação. Torna-se, porém, praticamente impossível enunciar uma regra clara e abrangente dos casos em que há oscilação entre o emudecimento e a prolação daquelas consoantes, já que todas as sequências consonânticas enunciadas, qualquer que seja a vogal precedente, admitem as duas alternativas: cacto e cato, caracteres e carateres, dicção e dição, facto e fato, sector e setor; ceptro e cetro; concepção e conceção, recepção e receção; assumpção e assunção, perremptório e perentório, suptuoso e suntuoso etc. De modo geral, pode-se dizer que, nestes casos, o emudecimento da consoante (exceto em dicção, facto, sumptuoso e poucos mais) é verificado, sobretudo, em Portugal e nos países africanos, enquanto no Brasil há oscilação entre prolação e o emudecimento da mesma consoante. Também os outros casos de dupla grafia (já mencionados em 4.1), do tipo de súbdito e súdito, subtil e sutil, amígdala e amídala, omnisciente e onisciente, aritmética e arimética, muito menos relevantes em termos quantitativos do que os anteriores, se verificam sobretudo no Brasil. Trata-se, afinal, de formas divergentes, isto é, do mesmo étimo. As palavras sem consoante, mais antigas e introduzidas na língua por via popular, já O referido parágrafo é o seguinte: “Prescinde-se da congruência gráfica referida no último número, quando determinadas palavras, embora afins, divergem nas condições em que entraram e se fixaram no português. Não há, por isso, que harmonizar: assunção com assumptivo; assunto, substantivo, com assumpto, adjetivo; cativo com captor ou captura; dicionário com dicção; vitória com victrice etc. (Apud Bechara, 2008a, p. 129, nota). 1 página 78 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA foram usadas em Portugal e se encontram nomeadamente em escritores dos séculos XVI e XVII. Os dicionários da língua portuguesa, que passarão a registrar as duas formas em todos os casos de dupla grafia, esclarecerão, tanto quanto possível, sobre o alcance geográfico e social desta oscilação de pronúncia1. Neste caso, por exemplo, o Dicionário Aurélio está à frente em relação ao Dicionário Houaiss, apesar de ainda não ter elementos suficientes para informar a abrangência de todas as variantes gráficas. 1 página 79 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA EXERCÍCIOS DE ORTOGRAFIA 4) Identifique a afirmação errônea: a) A letra h é a sexta consoante do alfabeto português; b) A letra h não corresponde a nenhuma consoante portuguesa; c) A letra h faz parte de alguns dígrafos; d) A letra h figura no fim de certos vocábulos portugueses; e) A letra h, embora sem valor fonético, por motivos históricos, figura no início de numerosos vocábulos portugueses. 7) Complete as lacunas, quando necessário, com o h: 1. __ontem começou a estudar __arpa. 2. Ó__ José, cuidado com o teu __ombro. 3. Sobrava-lhe __ombridade nas atitudes. 4. A noite estava muito __úmida. 5. O __espanhol estudava assuntos __ispânicos. 6. Nos dias de sol passeava no __iate. 7. Fazíamos uso de pedra __ume. 8. Não __esitou em defender a __umanidade. 9. Os egípcios utilizavam __ieróglifos na escrita. 10. Nos tempos __odiernos a __espanha progride a passos largos. 11. A toalha __umedeceu o móvel. 12. A __alucinação acabou em __ilaridade. 13. A bandeira fora __asteada. 14. Não __auriu tantos conhecimentos. 15. A __erva-mate é medicinal. página 80 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 16. Gostavam de __ombrear-se conosco. 17. O __ermitão entrou na __ermida. 18. Gritaram __urra! quando as equipes entraram em campo. 19. Não fizera operação de __érnia. 20. Os ditongos são mais comuns que os __iatos neste trecho. 21. Era um des__umano. 22. Diante do caso, encolhe os __ombros. 23. A __umidade era prejudicial à sua sinusite. 24. Por __ora, só restava esperar. 25. De __ora em __ora Deus melhora. 26. __ora bolas! 27. A casa estava des__abitada. 28. Aquele era um ato in__umano. 29. Gostava de ler as histórias de Super-__omem. 30. Palavra de __onra que a coisa é assim. 31. O bicho soltava grun__idos. 32. __em? Que dizes? 33. Recebeu de __erança uma grande __erdade. 34. Travou-se um ren__ido combate entre o homem e a fera. 35. O sítio estava __ermo e solitário. 36. Quem só come __ervas é __erbívoro. 37. Aquele comarada é um __erege, por isso não conhece a sublimidade da __óstia. 38. O __indu é o natural da Índia. 39. Todos cantaram o __ino nacional. 40. A __igiene protege a saúde. 41. __á cinco anos que cheguei aqui. página 81 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 42. Daqui __a cinco anos será realizada a construção. 43. A cidade fica __a trezentos quilômetros daqui. 44. Ele ficou __esitante quanto ao __êxito da fábrica. 45. Via-se nele aquela __abitual __umildade. 46. As paredes da geladeira __umedeceram rápido. 47. Há que obedecer-se à __ierarquia. 48. __ui! gritou a moça. 49. Acenderam-se os __olofotes dos carros e ouviu-se uma gargalhada __omérica. GABARITO DO EXERCÍCIO DE ORTOGRAFIA 4) a. 7) 1-h, 3h, 5-h, 8h h, 9h, 10h-, 12-h, 13h, 14h, 18h, 19h, 20h, 25h h, 29h, 30h, 31h, 32h, 33h h, 34h, 36-h, 37h h, 38h, 39h, 40h, 41h, 44h-, 45h h, 47h, 48h, 49h h. página 82 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 22/04/2011 – A homofonia de certos grafemas consonânticos (p. 43-50) e Exercícios de ortografia 9-12 (p. 141-148) página 83 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA DA HOMOFONIA1 DE CERTOS GRAFEMAS CONSONÂNTICOS2 Dada a homofonia existente entre certos grafemas3 consonânticos, torna-se necessário diferenciar os seus empregos, que fundamentalmente se regulam pela história das palavras. É certo que a variedade das condições em que os grafemas consonânticos homófonos se fixam na escrita nem sempre permite uma fácil diferenciação dos casos em que se deve empregar uma determinada letra daqueles em que, diversamente, deve ser empregada outra, ou outras, para representar o mesmo som. Nesta conformidade, importa notar, principalmente, os seguintes casos: 1º) Distinção gráfica entre ch e x: a) Escrevem-se com ch: achacar, achaque, achar, achincalhar, agachar, alcachofra, ancho, anchova, apache, apetrecho, archote, azeviche, babucha, bacharel, Bechara, Belchior, beliche, bochecha, bochicho, bolacha, boliche, bolchevique, bombacha, bonachão, borracha, brecha, brocha (prego), brochar, broche, bucha, bucho (estômago), cachaça, cachaço, cachimbo, cacho, cachoeira, cachola, cachopa, cachorro, cachucha, cambalacho, capacho, capricho, capuchinho, capucho, carochinha, carrapicho, cartucheira, cartucho (de espingarda), caruncho, chá (planta), chácara (pequeno sítio), chacina, chacoalhar, chacota, chafariz, chafurdar, chalaça, chalé, chaleira, chamar, chamariz, chambre, chamego, chaminé, chanceler, chapinhar, charanga, charco, charlatão, charneca, charrua, charque, charquear, charrua, É bom que se registre que as Bases III, IV, V, VI e VII não alteram em nada as normas ortográficas já vigentes no Brasil. Homofonia é o som ou pronúncia semelhante. (Azeredo, 2008, p. 28) 1 Grafemas consonânticos são as letras ou sinais gráficos representativos dos sons que não têm autonomia, ou seja, que dependem de uma vogal para se concretizarem na fala. (Azeredo, 2008, p. 28) 2 3 Letra e grafema são sinônimos, como nos lembra Domício Proença Filho (2009, p. 20). página 84 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA charuto, chato, chave, chávena, chefe, cheque (ordem de pagamento), chiba, chicana, Chico, chicória, chicote, chilique, chimarrão, chimpanzé, chique, chiqueiro, chiripa, chiste, choça, chocalho, chocar, chocho, chofre, choldra, chope, chorar, chorrilho, chorume, chouto, chuchar, chuchu, chuço, chucrute, chulé, chulear, chumaço, churrasco, chuchu, chusma, chutar, chute, chuteira, coche, cocheiro, cochichar, cochicho, cochilar, cochilo, Cochinchina, cochonilha (piolho de vegetal), cocho (vasilha), colcha, colchão, colcheia, colchete, comichão, comichar, concha, conchavo, coqueluche, cupincha, debochar, deboche, desabrochar, desfechar, despachar, despacho, ducha, encharcar, encher, enchumaçar, endecha, endiche, escarafunchar, escorchar, esquichar, espichar, estrebuchar, facha (rosto), fachada, facho, fantoche, fecho, fetiche, ficha, fichário, flecha, frincha, gancho, garrancho, garrucha, guache, guincho, hachurar, iídiche (também ídiche), inchar, machado, macho, machucar, malacacheta, mancha, mancheia, marchetar, mecha, Melchior, mochila, mocho (ave noturna), muchacho, murchar, nicho, pachorra, patchuli, pecha, pechincha, pedinchão, pedinchar, penacho, Peniche, piche, pichel, pinchar, ponche, quíchua, rachar, rechaçar, rancho, reprochar, rinchar, rocha, sachar, salsicha, sanduíche, tacha (prego, imperfeição), tachar (pregar, criticar), tacho (recipiente de ferro, cobre etc.), tocha, trecho, trinchar, trocho, troncho, vulgacho; Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 80-81, 2008, p. 94-95): O ch origina-se dos encontros latinos cl, fl, pl: chave < clave (latim), cheirar < flagrare (latim), chuva < pluvia (latim) etc. Do ch francês: brocha, chalé, chapéu, chatô, chefe, chuchu, deboche, fetiche, flecha; do espanhol: apetrecho, cachucha, endecha, chorrilho, cincho, mochila, trapiche... Do ci ou do cci italiano: bocha, charlatão, chusma, espadachim, salsicha, bambochata... Do sch alemão e do ch inglês: chibo, chope, charuto, cheque, sanduíche... Do árabe – ensurdecimento do j: azeviche, azeche, alperche... Sufixos -acho, -achão, -icho, -ucho: bonachão, rabicho, papelucho... Depois de -n-: ancho, concha, encher, gancho, guinchar, pechincha etc. Mas, depois de en- inicial ocorre mais x do que ch: enxame, enxergar, enxugar etc. b) Escrevem-se com x: abacaxi, abexi, afrouxar, Aleixo, almoxarife, ameixa, anexim, atarraxar, axorca, baixel, baixela, baixeza, baixio, baixo, bauxita, bexiga, broxa (pincel), broxar (pincelar), bruxa, bruxulear, buxo página 85 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA (certo arbusto), caixa, caixão, caixeiro, caixilho, caixote, cambaxira, capixaba, Cartaxo, Cartuxo (religioso), cauixi, Caxambu, caxangá, caxemira, caxinguelê, caxumba, coaxar, coxa, coxão, coxia, coxilha, coxilhão, coxim, coxinilho, coxo (manco), coxonilho, debuxar, debuxo, deixar, ervixe, desenxabido, desleixo, eixo, elixir, embaixada, encaixe, encaixotar, enfaixar, engraxar, engraxate, enxada, enxadrista, enxaguar, enxame, enxaqueca, enxerga, enxergão, enxargar, enxertar, enxerto, enxó, enxofre, enxotar, enxoval, enxovalhar, enxovia, enxugar, enxúndia, enxurrada, enxuto, esdrúxulo, faixa, faxina (limpeza), faxineiro, feixe, freixo, frouxo, graxa, graxuma, guaxinim, guaxo, gueixa, haxixe, Hiroxima, lagartixa, laxante, lixa, lixeiro, lixívia, lixo, luxação, luxar, luxento, luxo, luxuoso, luxúria, luxuriante, macaxeira, madeixa, malgaxe, maxixe (certa planta, tipo de dança), mexer, mexerica, mexerico, mexilhão (marisco), mixaria, mixórdia, mixuruca, morubixaba, moxinifada, mixórdia, muxiba, muxibento, muxoxo, orixá, oxalá, paxá, pexotada, pexote, pixaim, pixé (mau cheiro), pixote, praxe, puxador, puxão, puxa-puxa, puxar, Quixadá, Quixote, relaxar, relaxo, remexer, repuxar, repuxo, rixa, rixento, rouxinol, roxo, seixo, taxa (preço), taxar, taxativo, texugo, trouxa, trouxe (de trouxe-mouxe e do verbo trazer), tuxaua, vexado, vexame, vexar, xá (soberano), xácara (poesia), xadrez, xairel, xale, xampu, Xangai, xangô, xantungue, Xapecó, xará, xarope, xavante, xaveco, Xavier, xaxim, xelim, xenofobia, xepa, xeque (lance do jogo de xadrez), Xerazade, xereta, xerez, xerife, xibiu (diamante pequeno), xibolete, xícara, xifoide, xilogravura (gravura em madeira), xingar, Xingu, xipófago, xilindró, xilofone, Ximenes, xingar, Xingu, xinxim, xiquexique (certo tipo de planta), xique-xique (chocalho), xisto, xodó, xoxo, xucro. Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 78; 2008, p. 92): Provém do x [cs] grego ou latino: xanto, Xenofonte, Xerxes, luxar, rixa, taxar, vexar... Palatalização de /s/ (sc, ps, ss, x) latinos: bexiga, enxertar, mexer, peixe, caixa, paixão, relaxar... Corresponde ao xine em palavras de origem árabe: abexim, almoxarife, enxaqueca, enxoval, enxovia, oxalá, xadrez... Vocábulos indígenas e africanos, de línguas sem tradição escrita: abacaxi, caxambu, Erexim, muxoxo, xavante, xingar... De línguas modernas como do inglês (sh): xampu, xelim; castelhano (j): Xavier, xerez; zerga, perrexil, lagartixa, Truxilho, Xangai. Em formações modernas e em palavras de etimologia ignorada: xeta, xi, xó, xô, ximango, xucro... página 86 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Depois de ditongo: baixo, caixa, eixo, madeixa, touxa etc.; e depois de eninicial: enxada, enxerir, enxó, enxugar etc., mas, neste caso, há várias exceções, como encher, enchente, enchova ou anchova e quando o en- se anexa como prefixo a uma base iniciada por ch-. Exemplos: enchafurdar, enchapelar, encharcar, enchiqueirar, enchocalhar, enchouriçar, enchumaçar etc. Nos derivados de vocábulos que já têm x: afrouxar < frouxo, atarraxar < tarraxa, enfeixar < feixe, engraxar <graxa, mixaria, <mixar, relaxar < laxar, repuxar <puxar... 2º) Distinção gráfica entre g, com valor de fricativa palatal, e j: a) Escrevem-se com g: abencerragem1, aborígene, adágio2, Ádige, afugentar, agenda, Agenor, ágio, agiota, agitar, alfageme, álgebra, algemas, algeroz, Algés, algia, algibebe, algibeira, algidez, álgido, Almagesto, almargem, Alvorge, amarugem, ambages, angelical, angélico3, angelim, Angelina, angico, angina, apogeu, aragem, Argel, Argélia, argênteo, argila, auge, babugem, Brígida, bugiganga, caligem, congestionar, digestão, doge, drágea, efígie, égide, egrégio, engurgitar, esfinge, estrangeiro, evangelho, exegese, falange, faringe, ferrugem, frege, frigideira, frigidez, frígido, frigir, fuligem, geada, geba, gebo, gêiser, geleia, gelo, gelosia, gema, gemer, gêmeo, geminar, genciana, gene, genético, Genebra, general, generalizar, genérico, gênese, genética, gengibre, gengiva, gênio, genital, genitivo, genitor, genoma, genro, gente, genuflexão, genuíno, geolinguística, geometria, Geraldo, gerar, gerente, gergelim, geringonça, gesto, giárdia, giba, gibi, Gibraltar, giesta, gigabaite, gigante, gigolô, gilete, ginásio, ginástica, ginecologia, ginete, ginja, girafa, girândola, girar, girassol, gíria, girino, giz, Hégira, herege, hígido, impingem, ingurgitar, lambujem (ou lambujem)4, lanugem, laringe, ligeiro, longe, longínquo, megera, meninge, meningite, miragem, monge, mugir, mungir, nevralgia, Nigéria, ogiva, Orgetorige, paragoge, perigeu, rabugem, rabugento, rabugice, ranger, regurgitar, relógio, rigidez, rígido, rugido, salsugem, sege, selvagem, silogeu, Solange, su- Há uns setecentos substantivos terminados em -agem, -igem ou -ugem, e apenas dois em -ajem (lajem, variante de laje, e pajem) e um em -ujem (lambujem, variante de lambugem e de lambuja) 1 Com os sufixos -ágio, -égio, -ígio, -ógio e -úgio, há umas oitenta palavras, sempre grafadas com a letra “g”. 2 “O g de angélico, angelical deve-se à presença do radical em sua forma latina angelicum.” (PROENÇA FILHO, 2009, p. 69) 3 Com exceção dos verbos entrujir, intrugir e os terminados em JAR, só há três palavras terminadas em JEM (lajem, lambujem e pajem) e umas poucas em JE (alfanje, alforge, hoje, laje, traje, ultraje etc.). 4 página 87 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA gerir, sugestão, Tânger, tangerina, tigela, tugir, turgido, urgir, vagem, vagido, vagina, vargem, vegetal, vertigem, viageiro, viagem (substantivo), vigência, vigenge, viger, vigilância, vilegiatura, virgem, zoofágico, zoógeno; Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 85; 2008, p. 59-60): De origem latina ou grega: agir, falanje, frigir, gesto, tigela ou árabe (z): álgebra, algeroz, ginete, girafa, giz... Em estrangeirismos que têm essa letra na língua originária: agiotagem, geleia, hereje, sargento, sege (rancês); ágio, doge, gelosia (italiano); gitano (castelhano) gim (inglês)... Nas terminações -agem, -igem, -ugem; -ege, -oge: manlandragem, vertigem, babugem ferrugem; frege, herege, sege, paragoge... Exceções: lajem (variante de laje), pajem. Nas terminações -ágio, égio, ígio, ógio, úgio: estágio, egrégio, remígio, relógio, refúgio... Verbos em -ger e -gir: eleger, proteger, fingir, fugir, mugir, submergir... Em geral, depois de r: aspergir, divergir, submergir, urgente etc. Exceções: alforje, caborje – e nos derivados com j no radical: gorjeta < gorja, sarjeta < sarja. Em palavras derivadas de outras que já têm g: afugentar < fugir, viageiro < viagem, ferrugento < ferrugem, rabujento, rabugice < rabugem, rigidez < rígido (mas rejeza < rijo). Nos vocábulos gerir, gestão e derivados: digerir, digestivo, ingerir, ingestão, sugerir, sugestão, sugestivo. Depois de a- inicial: agente, ágil, ágio, agir, agitar etc. Exceções: ajedra, ajenil, ajimez (palavras raras, como se vê) e derivadas prefixais de outras, cujo radical começa com j: ajeitamento, ajeitar, ajesuitar, ajirauzado. Sempre que a palatal não for rigorosamente etimológica (isto é, ligada à tradição scrita – vernácula ou estranjeira) usa-se j: jiboia, jiçara, jimbo, jingo... b) Escrevem-se com j: acarajé, adjetivo, ajeitar, ajeru (nome de planta indiana e de uma espécie de papagaio), alfanje, alforje, anjinho, arranje, Bajé (ou Bagé), bajeense, berinjela (mas também beringela), caçanje, cafajeste, canjerê, canjica, canjirão, cerejeira, cervejeiro, desajeitado, desajeitar, enjeitar, enrijecer, gajeiro, gorjear, gorjeio, gorjeta, granjear, granjeiro, hoje, injeção, intrujice, jê (índio), jeca, jecoral, jegue, jeira, jeito, jeitoso, jejuar, jejum, Jeni, jenipapo, Jeová, jequiri, Jequié, jequitibá, jereba, Jeremias, jeribita, Jericó, jerimum, Jerônimo, jérsei, Jessé, jesuíta, Jepágina 88 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA sus, jetom, Jezabel, jia, jiboia, jiló, jinga, jipe, jipioca, jiquipanga, jiquiró, jiquitaia, jirau, jiriti, jitirana, jiu-jítsu, laje, lajem, lajense, Lajes (ou Lages), lambujem (ou lambujem), laranjeira, lisonjear, lisonjeiro, lojeca, lojista, majestade, majestoso, manjedoura, manjericão, manjerona, micagem, Moji, mojiana, mojica, mucujê, mujique, objeção, ojeriza, pajé, pajelança, pajem, Pajeú, pegajento, projeção, projétil (ou projetil), projeto, rejeição, rejeitar, rijeza, sabujice, sarjeta, sobejidão, sujeito, sujidade, traje, trejeito, ultraje, varejeira, varejista, viajem (verbo). 1 Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 83; 2008, p. 61-62): De origem latina (i ou j, bi, di, hi, si, vi): jeito, majestade, hoje, jeito, cerejeira... De origem tupi-guarani, africana (línguas sem tradição gráfica) ou árabe: jê, jerivá, jiboia, jirau, caçanje, alfanje, alforje, mujique. Em formas derivadas de outras que já têm j: anjo, anjinho; gorja: gorjear, gorjeio, gorjeta; intrujar: intrujice; laranja: laranjeira, laranjinha; lisonja: lisonjear, lisonjeiro; loja: lojeca, lojista; manjar: manjedoura; pegajoso: pegajento; rijo: rijeza, enrijecer; São Borja: são-borjense; sarja: sarjeta; viajar: viaje, viajes, viajei, viajemos, viajem (mas viagem [substantivo] > viageiro) etc. Formas dos verbos em -jar: aleijei, alvejei, arejei, arranje, arranjei, beijei, desejei, despeje, despejei, enojei, esbanje, forjei, manejei, pelejei, rastejei, suje, tracejei, ultrajei, viaje, versejei, viajem... Terminação -aje: gaje, laje, traje, ultraje... Há alguns galicismos correntes em -age: abencerrage, assemblage, eubage, garage, sage etc. Sempre que a etimologia não justificar um g (caso de vocábulos indíjenas, africanos, exóticos, línguas sem tradição gráfica): caçanje, jia, jerico, jimbo, jiu-jitsu, manjericão, manjerona, pajé... Há uns quatrocentos verbos da primeira conjugação terminados em JAR que têm o presente do subjuntivo em -je, -jes, -je, -jemos, -jeis, -jem, como adejar, aleijar, alijar, almejar, alvejar, amojar, arejar, arrojar, azulejar, beijar, bocejar, cotejar, cravejar etc. 1 Mas há também mais de cem verbos que terminam em GER ou GIR, como abranger, adstringir, afligir, agir, aspergir, atingir, cingir, coagir, coligir, convergir, corrigir, dirigir, divergir, eleger, emergir, erigir, exigir, fingir, frigir, insurgir, interagir, proteger, ranger, reagir, reger, restringir, retroagir, ringir, rugir, submergir, surgir, tanger, tingir e transigir, que se escrevem com “j” quando seguido de “a” ou de “o”. Exemplos: aflijo, aflija, aflijas, aflija, aflijamos, aflijais, aflijam; protejo, proteja, protejas, proteja, protejamos, protejais, protejam. página 89 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 3º) Distinção gráfica entre as letras s, ss, sc, c, ç e x, que representam sibilantes surdas1: a) Escrevem-se com s: adestrar, adversário, anseio, Anselmo, ânsia, ansiedade, ansioso, apreensão, apreensivo, arsênico, Arsênio, ascensão (subida), ascensional, ascensor, aspersão, aspersório, autópsia, aversão, avulso, balsa, bálsamo, bolsa, bolso, busílis, Calisto, canhestro, cansaço, cansado, cansar, cansativo, canseira, catarse, Celso, censo (dados estatísticos demográficos), comparsa, compreensão, compreensível, compulsão, compulsório, condensar, consecução, consecutivo, conselho (aviso), consenso, consentâneo, consertar (endireitar), conserto (reparo), controvérsia, conversão, conversível, convulsão, convulsionar, corsário, Córsega, corso (da Córsega), defensivo, defensor, descansar, descanso, descenso, desconserto, despensa (armário), despenseiro, descanso, despretensão, despretensioso, destra, destreza, destro, detersão, dimensão, dispensa, dispensar, dispersão, dispersivo, disperso, dissensão, distensão, diversão, diverso, dorso, emersão, emulsão, ensebar, entorse, épsilon, escansão, esconso, escusa, escusar, espargir, espectador (assistente), esperto (astuto), espiar (espreitar), esplêndido, esplendor, espoliação, espoliar, espontaneidade, espontâneo, espremer, esquisito, estase (estagnação do sangue), estático (imóvel), estender, esterçamento, esterçar, estercar, esterco, esterno (osso), estrangeiro, estranhar, estranheza, estranho, estrato (camada), excursão, excursionar, expansão, expansivo, expensas, expulsão, expulsar, extensão, extorsão, extorsivo, extrínseco, falsário, falso, falsete, falsificar, farsa, farsante, ganso, hirsuto, hortênsia, Hortênsio, imenso, imersão, imerso, impulsionar, impulso, incenso, incursão, incursionar, inserção, inserto (inserido), inseto, insinuar, insípido, insipiente (ignorante, insensato), insolação, insosso, insulso, intensão (tenso), intensivo, interseção, intrínseco, inversão, justapor, justaposição, malsinar, mansão, mansarda, manso, Mansur, marsupial, misto, mistura, obsessão, obsidiar, obsoleto, ostensório, pensão, pensionato, percurso, persa, Pérsia, persiana, Persival, perversão, perversidade, precursor, pretensão, pretensioso, propenso, propulsão, pulsar, pulseira, recensear, recurso, remanso, remansoso, remorso, repreensão, repreensivo, repulsa, repulsão, repulsivo, retroversão, reverso, revulsão, revulsivo, salsa, salsicha, salso, salsugem, Sansão, seara, sebáceo, sebe, sebento, se- Apesar de não estar referido no acordo, o dígrafo “xc” também é utilizado para representar esse fonema. Veja os exemplos seguintes: exceção, exceder, excedível, excelência, excelente, excelso, excentricidade, excêntrico, excepcional, excerto, excessivo, excesso, exceto, excetuar, excipiente, excisão, excisão, excisar, excitação, excitante, excitar. 1 página 90 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA bo, seboso, seção (divisão), seda, segadeira (foice), segar (ceifar), Seia, sela (assento para montaria), selagem (ato de selar), selo, semear, semente, Semíramis, Sena, senado, senário (relativo a seis), senha, sênior, sensatez, sensato, senso (entendimento, percepção), sensual, séptico, sereia, seriado, série, seriedade, seringa, sério, serra, serração (ato de serrar), serralheria, serralheiro, Sertã, servo (criado), sésamo, sesta (dormida), sestro, seta, sevandija, severo, sevícia, seviciar, sezão, siamês, sibila, sibilar, siciliano, Sicília, sicrano, sidra (vinho de maçã), sifão, sífilis, sigilo, sigla, silha, silhueta, sílica, silo, Sílvio, sinagoga, Sinai, sinédrio, sinfonia, Singapura (ou Cingapura), singapurense, singelo, singrar, sintoma, Sintra, sinusite, sirene, siri, sirigaita, sírio, sisa, siso, Sistina, Sisto, sisudo, sito, situar, submersão, submerso, subsidiar, subsídio, subsistência, subsistir, suspensão, suspensório, tarso, tensão, tenso, tergiversar, terso (puro, limpo), utensílio, valsa, versão, versátil, verso; Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 45-46; 2008, p. 68-69): Correlação nd > ns: pretender > pretensão, (des)pretensioso; expandir > expansão, expansivo; pender > pensão, pênsil; tender > tens;ao, tenso, ascender > ascensão, ascensional, ascensor; distender > distensão (diferente de conter > contenção); estender > extensão; suspender > suspensão, suspensivo, suspensório... Bendizer/bênção não é exceção – nd não finaliza radical, não precede vogal temática; a notar: bem + dizer. Correlações rg/rt > rs: aspergir > aspersão; converter > conversão; divergir > diverso; imergir > imersão; espagir > esparso; submergir > submerso; inverter > inversão; divertir > diversão, reverter > reversão, verter > versão. Correlação pel > puls: compelir > cimpulsão, impelir > impulsivo, impulso; expelir > expulsão; repelir > repulsão. Corrrelação corr > curs: correr > curso, cursivo; concorrer > concurso; decorrer > decurso; discorrer > discurso; incorrer > incursão, percorrer > percurso, transcorrer > transcurso. Correlação sent > sens: sentir > sensível, consentir > consenso, dissentir > dissenso; As sequências ist, ust misto, mistura, Calisto, sistino, justafluvial, justapor, justalinear. Sufixo -ense e -iense: alegrense, alfenense, atalaiense, brasiliense. carvalhense, rio-grandense, hortense, paraense, parisiense, b) Escrevem-se com ss: abadessa, Abecassis, abscesso, acessivel, acessório, acesso, acossar, admissão, admissível, agressão, alvíssaras, alpágina 91 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA vissareiro, amassar, antisséptico (que desinfeta), apressar (tornar rápido), argamassa, arremessar, arremesso, assacar, assanhar, assar, assampatar, assassinar, assassinato, asse (moeda), asseado, assear, assecla, assediar, assédio, Asseiceira, asseio, assentimento, assentar, assento (móvel no qual se senta; registro), assersão, asserto (afirmação), assessor, assessoria, asseverar, assíduo, assimetria, assimétrico, assinar, assíndeto, Assíria, assobiar, assobio, assolar, assomo, assoprar, assuada, atassalhar, aterrissagem, aterrissar, atravessar, avassalar, avessas, avesso, benesse, Bessa, bissetriz, bossa (tendência), bússola, carrossel, cassa (tecido), cassar (anular, retirar), cassetete, Cássia, Cassiano, Cassilda, cassino, Cássio, cessão (de ceder), Clarissa, Clarrisse, classicismo, clássico, codesso (identicamente codessal ou codassal, codesseda, codessoso etc.), comissão, compassivo, compasso, compressa, compressão, compromisso, concessão, concessionário, concessiva, condessa, confessionário, confissão, cossaco, crasso, demissão, demissionário, depressa, depressão, desasseio, desassisado, dessecar (secar bem), devassar, devassidão, devasso, dezesseis, dezessete, digressão, dissecar (examinar), dissenção, dissertação, dissertar, dissídio, dissílabo, dissimulação, dissimular, dissipação, dissipar, dissuadir, dissuasão, dossel, dossiê, egresso, eletrocução, emissão, empossar, endossar, entressachar, entressonhar, escassear, escassez, escasso, essa (estrado), excessivo, excesso, expressão, expressivo, fossa, fóssil, fossilizar, fosso, fracasso, fricassê, gesso, girassol, grassar, hissope, idiossincrasia, imissão (de imitir), impressão, impressionar, impresso, indefesso (incanssável), ingressar, ingresso, insosso, insubmissão, intercessão (de interceder), interessar, interesse, intromissão, isso, lassidão, lasso (cansado, gasto), Lessa, massa (pasta), massagem, massagista, masseter, massudo, messe, missa, missal, missão, missionário, molosso, monossílabo, mossa, musselina, Nassau, Nebrissa, necessário, necessidade, Nissan, obsessão, Odessa, odisseia, opressão, passar, pássaro, passatempo, passear, passeio, passo (movimento do pé, ao andar), permissão, Pessanha, pêssego, pessimismo, pintassingo, polissílabo, polissíndeto, possessão, possessivo, possesso, potássio, premissa, presságio, pressão, pressentir, pressuroso, procissão, profissão, profissional, progressão, progressivo, progresso, promessa, promissor, promissória, recesso, regressar, regresso, remessa, remissão, remissivo, remisso, repercussão, repressão, repressivo, ressaca, ressalva, ressalvar, ressarcir, ressequir, ressumar, ressupino, ressurreição, ressuscitar, retrocesso, Rossio, russo (da Rússia), sanguessuga, sanguissedento, sassafrás, secessão, sessão (reunião), sessenta, séssil, sobressalente, sossegar, sossego, submissão, sucessão, sucessivo, Tessalonia, tessitura, tosse, tossir, travessa, travessa, travessão, trissílabo, vassalo, vassoura, verossímil, verossimilhança, vicissitude, viscondessa; página 92 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 45-46; 2008, p. 72): Correlação ced > cess: ceder > cessão; conceder > concessão; interceder > intercessão; exceder > excessivo; aceder > acessível, acesso. Correlação gred > gress: agredir > agressão, agressivo; progregir > progressão, progressivo, progresso. Correlação prim > press: imprimir > impressão; oprimir > opressão; reprimir > repressão. Correlação vogal + tir > vogal + ssão: admitir > admissão; discutir > discussão; eletrocutir (eletrocutar) > eletrocussão, permitir > permissão; pertutir > percussão; repercutir > repercutir. Etimologia rs (latim) > ss: persona (latim) > pessoa, mas personalidade; persicu (latim) > pêssego (mas persico); adversu > avesso (mas adversário); ersa (latim) > essa (cadafalco); morsa (latim) > mossa... Etimologia x [cs] (latim) > ss: dixi (latim) > disse; sexaginta (latim) > sessenta; laxu (latim) > lasso, lassidão. Etimologia ps (latim) > ss: gypsu (latim) > gesso; ipse (latim) > esse... Prefixos terminados em vogal + elemento iniciado por s: a + silábico > assilábico; homo + sexual > homossexual; mini + saia > minissaia; re + surgir > ressurgir; ultra + som > ultrassom; c) Escrevem-se com c: abacial, aborrecer, acácia, acelga, acém, acender (iluminar), acenso, acento (sinal), acepção, acepipe, acerbo, acerto (ajuste), acervo, acessório, acetinar, acinte, adocicado, agradecer, alcácer, alface, alicerçar, alicerce, alopecia, alperce, alvorecer, amaciar, amadurecer, amanhecer, ancião, Aniceto, anoitecer, anticéptico (incrédulo), aparecer, aquecer, arrefecer, arvorecer, Bacelar, bacilo, Berenice, cacete, cacimba, cacique, carecer, carrancismo, carroceria, cear, cebola, Cecém, Cecília, cediço, cedilha, cedro, cédula, cegonha, ceia, ceifar, Ceia, ceitil, cela (pequeno quarto), celerado, célere, celeuma, celibato, celofane, celuloide, cem (cento), cemitério, cena, cenáculo, cenário, cendal, cenho, cenóbio, cenobita, cenoura, censar, censo (recenseamento), censual (relativo a censo), censura, centauro, centavo, centeio, centelha, centopeia, centurião, cepa, cepilho, cera, cerâmica, cérbero, cerca, cercado, cercania, cercar, cercear, cerda, cereal, cerebelo, cérebro, cereja, cerimônia, cerne, ceroula, Cernache, cerração (nevoeiro), cerrar (fechar), cerro, certame, certeiro, certeza, certidão, certo, cerviz, cerzir, César, cessão (de ceder), cesta (utensílio), cetáceo, ceticismo, cético, cetim, cetineta, cetinoso, cetro, ceva, cevada, cevar (engordar), chacina, ciberespaço, cibório, cicatriz, cicatrizar, cicerone, ciciar, cicio, ciclamato, ciclame, ciclo, ciclone, cicuta, cidra (frupágina 93 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA to), cifra, cifrão, cigano, cigarra, cigarro, cilada, Cilene, cilício (instrumento), cílio, cima, cimento, cimitarra, cimo, cinamomo, cincerro, Cinfães, Cingapura (ou Singapura), cínico, cinta (substantivo), cintilar, cinto (substantivo), cintura, cinturão, cinza, cinzel, cio, cioso, Cipião, cipó, cipoal, cipreste, Cicpiano, ciranda, circo, circuncisão, Cirene, cireneu, Ciríaco, Círio (vela), cirro, cirrose, cirurgia, cisalpino, cisão, cisco, cisma, cismar, cisne, cissiparidade, cissura, cisterciense, cisterna, cisto, citação, citar, citara, citobiologia, ciúme, cizânia, cócegas, cociente, coercitivo, concertar (harmonizar), concerto (certo tipo de obra musical), concílio, corcel, decepcionar, decerto, desfalecer, disfarce, docente (referente a ensino), Domício, empobrecer, encanecer, encenação, encilhar, endoidecer, enrijecer, ensandecer, ensurdecer, envelhecer, envilecer, espairecer, Escócia, esquecer, facínora, falecer, focinho, fortalecer, Garcia, Guaraci, Gumercindo, incenso, incerto (não certo), incipiente (em começo), incitar, intercessão (de interceder), Jaci, Juraci, licença, lince, linguiça, lucidez, lúcido, Macedo, macega, macerar, maciço, macieira, macilento, macio, maciota, mencionar, morcego, necessário, obcecar, parecer, peceta, pecíolo, penicilina, percevejo, pocilga, preceito, preceptor, receoso, resplandecer, reticente, reverdecer, rinoceronte, rocinante, Sicília, sobrancelha, súcia, sucinto, superfície, tecelargem, tecelão, tecer, tecido, torcedura, umedecer, vacilar, vacina; d) Escrevem-se com ç: à beça, ablução, absorção, abstenção, acaçapar, açafata, açafate, açafrão, açaí, açaimar, açambarcar, acepção, aço, açodado, açodamento, açodar, açoite, açorda, acoroçoar, açúcar, açucena, açude, açular, adereço, adoção, afiançar, alcaçuz, alçapão, alçaprema, alçar, alcobaça, alicerçar, aliança, almaço, alocução, ameaça, ameaçar, apreçar (indagar o preço), apreço, arção, araçá, araçoara, arção, arregaçar, arruaça, asserção, assunção, atenção, avanço, babaçu, baço, bagaço, balança, balça (matagal), beça (à), berço, boçal, Bragança, Buçaco, buço, cabaça, cabaço, cabeça, caça, caçamba, caçanje, caçar (animais), caçarola, caçoada, caçoar, caçula, caiçara, calça, calção, caleça, caliça, calhamaço, camurça, canguçu, caniço, cansaço, cansanção, caraça, carapaça, carapuça, caravançará, carcaça, carniça, carrança, carriço, castiço, caçoar, caçula, camurça, cansaço, caraça, carcaça, cavalariça, cediço, cerração, cessação, chalaça, choça, chuço, chumaço, citação, coação, cobiça, cobiçar, coçar, coerção, colação, coleção, comborça, compunção, conciliação, conjunção, consecução, consumpção, consunção, contorção, corça, Curaçau, dança, dançar, decepção, decepcionar, desacorçoar, desavença, descalço, descoroçoar, descrição, deserção, desfaçatez, destrinçar, discrição, disfarçar, distinção, dobradiça, Eça, encenação, endereço, enguiço, ereção, eriçar, erupção, escaramuça, espicaçar, espinhaço, estilhaço, espágina 94 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA tremeção, exceção, exibição, extinção, feitiço, França, fuça, fuçar, Gonçalves, hortaliça, Iguaçu, inchaço, inserção, isenção, intenção, jaça, jaçanã, Juçara, jararacuçu, laçar, laço (nó, vínculo), liça (luta), licença, linguiça, linhaça, loução, maçã, maçada (aborrecimento), maçaneta, maçante (que aborrece), maçar, maçaranduba, maçarico, maçaroca, maciço, maço, maçom, maçonaria, maçudo, magriço, Manhuaçu, maniçoba, manutenção, Marçal, março, Melgaço, menção, miçanga, Moçambique, moçambicano, moção, moçárabe, monção, mordaça, mormaço, movediço, muçambé, muçarela, muçulmano, muçum, muçurana, munição, murça, muriçoca, nabiça, negaça, noviço, obcecação, oblação, obstrução, orçamento, orçar, ouriço, paço (palácio), paçoca, painço, palhoça, paliçada, palonço, pança, pançudo, Paraguaçu, peça, peçonha, peliça, piaçaba, piaçava, piçarra, pinça, pinçar, poça, poço, presunção, prevenção, Proença, projeção, quiçá, quiçaba, quiçaça, quiçama, quiçamba, ranço, reboliço (que rebola), rebuço, rebuliço (confusão), recepção, rechaçar, rechaço, redenção, regação, regaço, remição (ato de remir-se), retenção (de reter), roça, roçagar, roçar, roliço, ruçar, ruço (pardacento), saçaricar, sanção (de sancionar), sarça, Seiça (grafia preferível às errôneas Ceiça e Ceissa), Seiçal, soçobrar, Suíça, suíço, sumiço, taça, talagarça, tapeçaria, taquaruçu, tenção (intenção), terça-feira, terço, terçol, terraço, tição, torção, traça, traça, trançar, trapaça, tremoçar, troça, troço, viço, vidraça, vizinhança; Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 52-53; 2008, p. 63): De origem latina (c, ti): ação, celeste, fração, março, preço, vicio. Correlação t > c: ato > ação; infrator > infração; Marte > marcial. De origem árabe (letras sade e sine): açafate, açafrão, açaimar, açúcar, açucena, cetim, acetinado, moçárabe, muculmano... Vocábulos de origem tupi, africana, línguas sem tradição gráfica: açaí, araçoia, criciúma, Iguaçu, Juçara, moçoró, muçu, muçum, muçurana, paçoca, caçanje, caçula, cacimba, miçanga. Incluem-se os sufixos ou radicais pospositivos -açu, -guaçu, -uaçu, -uçu: capim-açu, Paragaçu, canguçu, embiruçu. Sufiços -aça, -aço, -ação, -ecer, -iça, -iço, -nça, -uça, -uço: barcaça, ricaço, armação, entardecer, carniça, sumiço, fiança, convalscença, dentuça, dentuço. Terminação -encer, de verbos: convencer, pertencer, vencer. Correlação ter > tenção: abster > abstenção; ater > atenção; conter > contenção; deter > detenção; reter > retenção. Depois de ditongos: arcabouço, beiço, fauce, feição, foice, louça, traição... página 95 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Etimologia: sc inicial latino: scientia > ciência; scena > cena; scintillare > cintilar e) Escrevem-se com x: aproximar, auxiliar, auxílio, contexto, contextura, defluxo, excogitar, expectador, expectativa, expectorante, expectorar, expedir, expensas, experiência, experimentar, experimento, experto (perito), expiação, expiar (remir), expirar (findar), explanar, expletivo, explicação, explicar, explícito, exploração, explorar, expoente, expor, exposição, êxtase, extasiado, extasiar, extático (pasmado), extensão, extensivo, extenso, extenuar, exterior, externo (exterior), extirpar, extra, extraordinário, extrato, extravagante, extremado (exagerado), extremar, extremoso, inexplicável, inextricável, máxima, Maximiliano, Maximino, máximo, morfossintaxe, proximidade, próximo, sexta (numeral), sextanista, sextante, sexteto, sextilha, sexto (numeral), sintaxe, têxtil, texto, textual, textura, trouxe (de trazer). f) Escrevem-se com sc: abscesso, abscissa, acrescentar, acrescer, acréscimo, adolescência, adolescente, alvescer, apascentar, aquiescência, aquiescer, arborescer, ascendência, ascendente, ascender (subir), ascensão (subida,), ascensional, ascensor, ascensorista, ascentar, ascese, asceta, ascético (místico), ascetismo, ascite, coalescer, cognoscível, concupiscência, condescendência, condescender, condiscípulo, consciência, consciente, cônscio, convalescença, convalescente, convalescer, crescente, crescer, crescimento, descência, descendente, descender, descensão (descida), descensional, descentralizar, descer, descerrar, descida, discente (de aluno), discernimento, discernir, disciplina, disciplinar, discípulo, efervescência, efervescer, enrubescer, evanescer, fascículo, fascinar, fascínio, fascismo, fascista, fescenino, florescência, florescente, florescer, fluorescência, frondescer, imarcescível, imisção (mistura), imprescindível, incansdescência, incandescer, inflorescência, insciência, insciente, ínscio, intumescer, inturgescência, inturgescer, irascível, isóscele, lascívia, lascivo, liquescer, luminescência, miscelânea, miscigenação, miscível, nascença, nascer, nascituro, néscio, obsceno, onisciência, opalescente, oscilação, oscilar, oscitar, piscicultura, piscina, plebiscito, presciência, presciente, prescindir, prescindível, proscênio, recrudescência, recrudescer, rejuvenescer, remanescente, remanescer, reminiscência, renascença, renascentismo, renascer, renascimento, rescindir, rescisão, rescisório, ressuscitar, revivescência, revivescer, rubescente, rubescer, seiscentésimo, seiscentismo, seiscentos, susceptibilidade, susceptível, suscitação, suscitar, tabescente, transcendência, transcendental, transcendente, transcender, tumescência, tumescer, uscense (de Uscana), víscera, visceral; página 96 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 58; 2008, p. 75-76): Escreve-se com sc em arborescer, crescer, imarcescível, maturescência, presciência, (re)florescer, rescindir... Por outro lado, escreve-se com c em arvorecer, amanhecer, emurcecer, amadurecimento, anticientífico, reverdecer, umedecer... Por que sc no primeiro grupo, e c no segundo? Por uma razção de origem: sc em termos eruditos, latinos (emprestados), e c nas formas populares (herdadas) e formações vernáculas, isto é, operadas dentro da nossa língua. Arborescere, crescere, florecere, rescindere – são ferbos latinos. Formas populares (herdadas, evoluídas): conhecer, falecer, parecer, perecer, umedecer etc. Formas vernáculas: a + maduro + ecer > amadurecer; a + mahã + ecer > amanhecer; em + pobre + ecer > empobrecer; em + rico + ecer > enriquecer etc. Diferenças entre formas eruditas e forma populares: nas eruditas, conservam-se as consoantes surdas intervocálicas; as sonoras não caem; o prefixo in-, as vogais ĭ e o ŭ breves dão, respectivamente, en (em), e, o. Exemplos: formas eruditas: intumescer, inturgescer, maturescência, proscênio; formas populares: encenar, umedecer, reverdecer... Há, contudo, exceções: enflorescer, enrubescer... 4º) Distinção gráfica entre s de fim de sílaba (inicial ou interior) e x e z com idêntico valor fônico: a) Escrevem-se com s: adestrar, aspersão, aspersório, astro, bisca, Biscaia, Calisto, canhestro, descansar, descanso, descenso, desconserto, despensa (armário), despenseiro, despretensão, despretensioso, destro, destreza, dispensa, dispensar, dispersão, dispersivo, disperso, distensão, escansão, estender, esterçamento, esterçar, egoísta, escavar, escusar, esdrúxulo, esgotar, espectador (observador ou que assiste a espetáculo), espetáculo, esplanada, esplêndido, esplendor, espontâneo, espremer, esquisito, estender, estirpe, Estremadura, Estremoz, faísca, gasto, haste, inesgotável, justapor, justalinear, justo, lastro, misto, misturar, nesga, osco, Páscoa, quaisquer, rosto, sesta (repouso), sestro, Sistina, sistino, Sisto, subsistência, subsistir, suspensão, suspensório, susto, triste, xisto, Zoroastro, Vasco; b) Escrevem-se com x: contexto, exclamação, exclamar, excludente, excluir, excogitar, excomungar, excreção, excremento, excursão, expandir, expansão, expatriar, expectador (aquele que está aguardando algo), expectativa, expectorar, expedição, expelir, experiência, expensas, experiência, expiação (purificação de crimes), expiar, expiratório, explicar, explícito, explodir, explorar, expoente, expor, expositor, exportar, expressão, exprimir, expropriar, expugnar, expulsar, expurgar, êxtase, extasiado (maravilhado), extenuado, extensão, exterminar, externo, extinção, extintor, extirpágina 97 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA par, extorquir, extraordinário, extrato (resumo), inexperto, inextricável, pretexto, sextante, sexto, sêxtuplo, têxtil, texto; c) Escrevem-se com z: atrozmente, audazmente, capazmente, contumazmente, edazmente, eficazmente, falazmente, felizmente, ferozmente, fugazmente, incapazmente, ineficazmente, infelizmente, loquazmente, mordazmente, nutrizmente, pertinazmente, petizmente, sagazmente, tenazmente, velozmente. De acordo com esta distinção, convém notar dois casos: a) Em final de sílaba que não seja final de palavra, o x = s muda para s sempre que está precedido de i ou u: justapor, justalinear, misto, sistino (conferir Capela Sistina), Sisto, em vez de juxtapor, juxtalinear, mixto, sixtina, Sixto. b) Só nos advérbios em mente se admite z, com valor idêntico ao de s, em final de sílaba seguida de outra consoante (conferir capazmente etc.); do contrário, o s toma sempre o lugar do z: Biscaia, e não Bizcaia. 5º) Distinção gráfica entre s final de palavra e x e z com idêntico valor fônico: a) Escrevem-se com s: adeus, adônis, aguarrás, albanês, aliás, aloés, alvíssaras, ambos, amsterdamês, ananás, anis, ânus, após, aragonês, asturo-leonês, atrás, através, avelós, Averróis, Avis, bearnês, bílis, biogás, birmanês, bolonhês, bônus, bragancês, braguês, bruxelês, burguês, busílis, Brás, bruços, Cádis, Caifás, calabrês, Calasãs, camaronês, Cambises, camponês, campos, canarês, cantonês, caos, carcás, cartaginês, Cataguases, cataprus, chinês, cisalhas, clitóris, congolês, convés, cordovês, córpus, cortês, corteses, corunhês, cós, cosmos, cuscus, cútis, depois, dês, descortês, detrás, dinamarquês, Dinis, dois, Dóris, duzentos, economês, enviês, escocês, escombros, etiopês, filhós, finados, finlandês, francês, freguês, galês, Garcês, gás, gaulês, genebrês, genovês, Gerês, Goiás, Goitacás, grátis, guianês, gurupés, hamburguês, holandês, húmus, íctus, ilhós, Inês, inglês, invés, íris, irlandês, islandês, japonês, javanês, Jesus, jus, lápis, leonês, libanês, lionês, lis, logudorês, Luís, luxemburguês, macauês, mais, maltês, malvinês, manganês, marruás, menos, Meneses, mês, milanês, mirandês, Moisés, montanhês, montês, navarrês, nepalês, norueguês, nós, oásis, óculos, oitocentos, ônibus, ônus, Ortis, Oseias, Osíris, pélvis, país, pedrês, pênis, pequinês, Peres, piemontês, polonês, português, pós, práxis, púbis, pus, Queirós, quis, réis, rés, retrós, revés, sassarês, satanás, seis, seiscentos, senegalês, setecentos, siamês, sudanês, Queirós, resvés, retrós, revés, sassapágina 98 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA frás, Satanás, sífilis, somenos, tailandês, Taís, tênis, tirolês, Tomás, tônus, torquês, trás, través, três, trezentos, turquês, Valdês, Vênus, veronês, viés, vírus, vós, zás, zelandês; b) Escrevem-se com x: cálix, Félix, fênix, flux1; c) Escrevem-se com z: aboiz, acidez, Agassiz, agudez, albatroz, Albornoz, alcaçuz, alcatraz, alcatruz, algidez, almofariz, altivez, andaluz, antraz, aprendiz, arcabuz, aridez, arroz, assaz, audaz, avestruz, avidez, Badajoz, Beatriz, bissetriz, candidez, capataz, capaz, capuz, cariz, cartaz, cerviz, chafariz, chamariz, cicatriz, codorniz, contumaz, cuscuz, dez, diz, doblez, eficaz, embriaguez, endez, esbeltez, escassez, esquivez, estupidez, falaz, feroz, fez (substantivo e forma do verbo fazer), fiz, flacidez, fluidez, Forjaz, frigidez, foz, fugaz, gaguez, Galaaz, giz, gravidez, incapaz, indez, ineficaz, insipidez, intrepidez, invalidez, jaez, juiz, languidez, limpidez, liquidez, lividez, loquaz, lucidez, luz, maciez, mariz, matiz, matriz, meretriz, mesquinhez, minaz, Moniz, morbidez, mordaz, mudez, Munhoz, nitidez, nudez, pacatez, palidez, panariz, paz, pequenez, perdiz, perspicaz, pertinaz, petiz, placidez, polidez, prenhez, primaz, Queluz, Ramiz, rapaz, rapidez, refez, rigidez, rispidez, roaz, robustez, Romariz, Roriz, sagaz, sensatez, sequaz, sisudez, soez, solidez, sordidez, surdez, suspicaz, talvez, tenaz, tepidez, timidez, tez, triz, turgidez, [Arcos de] Valdevez, vastez, Vaz, veloz, veraz, verniz, vez, viuvez, voraz, xadrez; A propósito, é preciso observar que é inadmissível z final equivalente a s em palavra não oxítona: Cádis, e não Cádiz. 6º) Distinção gráfica entre as letras interiores s, x e z, que representam sibilantes sonoras: a) Escrevem-se com s: aburguesar, abusão, abusar, abusivo, abuso, aceso, Adalgisa, acusação, acusativo, Adalgisa, adesão, adesivo, afrancesar, afreguesar, agasalhar, agasalho, alisar (verbo), alísios, Aluísio (ou Na pronúncia brasileira, registrada no VOLP e em dicionários recomendáveis, essa identidade fônica é meramente parcial, pois a mais comum corresponde à latina, igual a “cs”. 1 A lista seguinte inclui todas as demais palavras desse caso: apêndix, antiápex, anticlímax, ápex, arqueópterix, bômbix, bórax, bóstrix, Botox, cáudex, cérvix, clímax, cóccix, códex, cordax, córtex, duplex, durex, eritrotórax, escólex, fax, flox, fórfex, fórnix, fox, hálux, hápax, hélix, hemotórax, hidrotórax, íbex, ílex, índex, inox, lárix, lastex, látex, Lurex, lux, metatórax, multiplex, múrex, nártex, ônix, órix, pânax, petromax, piotórax, pirex, piroclímax, pneumotórax, pólex, prafrentex, proscólex, protórax, Pyrex, radiolux, redox, reflex, relax, remix, sárdonix, sax, sílex, simplex, sioux, solovox, telefax, tamárix, tórax, unissex, vértex, videofaí, vitex, vórtex, xerox, xérox. página 99 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Aloísio), alusivo, amásia, amásio, ambrosia (manjar), Ambrósio, ambrósia (planta), amnésia, analisar, analisável, análise, ananaseiro, Andresa, Anésia, anestesia, anestesiar, anisete, Anísio, Anquises, apesar, apófise, aposentar, aposento, apostasia, apoteose, apresar, aprisionar, ardósia, Aretusa, arquidiocese, arrasar, arrevesado, arrevesar, artesanato, artesão, artrose, asa, Ásia, asilo, Atanásio, atrasado, atrasar, atraso, avisar, aviso, baboseira, Baltasar, baronesa, basalto, Basileia, basílica, Belisa, Belisário, besouro, besugo, besuntar, bisão, bisar, bisavô, bisonho, blasonar, blusa, blusinha, brasa, brasão, braseiro, Brasil, Brasileia, brasileiro, Brasília, brisa, burguesa, burguesia, busílis, Calasãs, camisa, camiseta, camisola, campesino, camponesa, camponeses, [Marco de] Canaveses, canonisa, casa, casal, casaco, casamento, casão, casarão, casar, casebre, caseína, caseiro, caserna, casimira, casinha, casulo, caso, casual, casuarina, casuísta, casulo, Cataguases, cataguasense, catalisar, catálise, catequese (mas catequizar), centésimo, César, cesárea, cesariana, Cesarino, Cesário, chinesa, chinesinho, cisalpino, cisandino, cisão, coesão, coeso, colisão, Coliseu, comiserar, consisão, conciso, conclusão, concluso, consulesa, contusão, corteses, cortesã, cortesania, coser (costurar), crase, crasear, creosoto, crisálida, crisântemo (ou crisantemo), crise, crisólita, cutisar, decisão, decisivo, defesa, demasia, desaire, descamisado, deserto, desídia, desígnio, desinência, desistir, despesa, deusa, diaconisa, diagnose, diálise, dinamarquesa, diocese, diserto, diurese, divisa, divisar, divisor, dogaresa, dogesa, doloso, dosar, dose, duquesa, Edésio, Éfeso, Elisa, Elisabete, Eliseu, Elísio, empresa, empresar, empresário, ênclise, enfisema, entrosar, envasilhar, enviesar, erisipela, Ermesinde, Esaú, esbrasear, escocesa, escusa, escusar, escusável, esposo, Esposende, esquisito, eufrásio, Eufrosina, Eusébio, eutanásia, evasão, evasiva, exclusive, êstase, extasiar, extravasar, extremoso, fantasia, fantasiar, fantasioso, fase, finlandesa, finlandeses, formoso, formosura, franboesa, francesa, franceses, frase, fraseado, fraseologia, freguesa, freguesia, frenesi ou frenesim, frisa, frisar, friso, fusão, fuselagem, fusível, fuso, garnisé, gasogênio, gasolina, gasômetro, gasosa, gaulesa, gauleses, gêiser, gelosia, gênese, genovesa, Gervásio, Gisela, Giselda, glosa, glosar, gostoso, grasa, grisalho, grisão, grosa, groselha, guisa, guisado, guloseima, guloso, gusa, gusano, Heloísa, hemodiálise, heresia, hesitar, hidrólise, holandesa, holandeses, ileso, ilusão, improvisar, improviso, incisão, incisivo, inclusão, indefeso, Inês, Inesita, indez, infusão, infuso, inglesa, ingleses, intrusão, intruso, invasão, invasor, irisar, irlandesa, irlandeses, irresoluto, irrisão, irrisório, Isabel, Isaías, Isar, Isaura, isenção, Isidora, Isidro, Isilda, isolar, Isolda, isóscele, japonesa, japoneses, javanesa, javaneses, Jesuíno, jesuíta, Josafá, José, Josefa, Josefina, Josias, Josino, Josué, jus, jusante, lapisão, lapiseira, lapisinho, lasanha, lesa, leso, lesão, lepágina 100 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA sar, Lisandro, Lisânias, Lisete, Lísias, liso, lisonjear, lisonjeiro, lisura, losango, lousa, Lousã, Luís, Luísa, Luisinho, lusitano, Luso (nome de lugar, homônimo de Luso, nome mitológico), maisena, malvasia, maresia, mariposa, marquesa, marqueses, masoquismo, Matosinhos, Matusalém, mausoléu, Melquisedeque, Meneses, mesa, mesada, mesário, mesentério, meseta, mesinha (pequena mesa), mesóclise, mesura, metamorfose, metempsicose, milanesa, milaneses, milésimo, mímese, Misael, misantropo, miséria, misericordioso, Moisés, montanhesa, montanheses, montesa, monteses, montesino, morfose, mosaico, musa, música, Narciso, narcisista, nasal, náusea, neurose, Neusa, Nisa, norueguesa, noruegueses, obesidade, obeso, obséquio, obtuso, Oseias, Osíris, osmose, Osório, ousar, paisagem, paisano, paisinho (pequeno país), papisa, paradisíaco, parafuso, paraíso, paralisar, paralisia, parisiense, parmesão, parnasiano, perífrase, Pégaso, pesadelo, pêsame, pesquisa, pesquisar, Pisa, pisar, pitonisa, poetisa, portuguesa, portugueses, precisão, preciso, presa, presente, presentear, presépio, presídio, presidir, presilha, presunçoso, princesa, prioresa, profetisa, profusão, prosa, prosaico, prosápia, prosélito, puseste, puseram, Quasímodo, Queirós, querosene, quesito, quiseste, quiseram, raposa, rasante, raso, rasura, reclusão, recluso, recusa, recusar, represa, represália, requisição, requisito, resedá, Resende, resenha, reserva, reservar, residência, residir, resíduo, resignação, resina, resistir, resolução, resolver, resultado, resultar, resumir, retesar, retransido, retrasado, retrovisor, reveses, revisão, revisar, riso, risonho, risoto, rosa, Rosa, roseira, roseta, sacerdotisa, saudosismo, semifusa, sésamo, Sesimbra, setemesinho, simbiose, siamesa, siameses, Sinésio, sinestesia, síntese, sinusite, Siracusa, Sísifo, siso, sisudo, sobremesa, sopesar, sósia, Sousa, subsistência, surpresa, Susana, suserano, Tâmisa, Tarcísio, Tarciso, teimosia, televisão, televisor, Teresa, Teresinha, Teresópolis, tese, tesoura, tesouraria, tesouro, tirolesa, tisana, Tordesilhas, tosa, tosar, Trancoso, transa, transação, transacionar, transatlântico, transe, trânsito, traseira, tresandar, trigésimo, trisavô, turquesa, usado, usar, useiro, usina, uso, usufruto, usura, usurpar, vaselina, vasilha, vaso, Veloso, veroneses, vesano, vesícula, Vesúvio, vigésimo, visar, viseira, Viseu, visionário, visita, visitar, visível, visor, Zósimo; Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 69-70; 2008, p. 77-78): Sufixos -ês, -esa, -esia, -isa, quando a base é substantivo: burguês, burguesa, burguesia < burgo; cortês, cortesia < corte; camponês, camponesa < campo; maresia < maré, poetisa < poeta; sacerdotisa < sacerdote etc. Mas: clerezia, conezia (correlação c > > z: clerical > clérigo > clerezia; cônego > conezia). Nos títulos nobiliárquicos: baronesa, dogesa, duquesa, marquês, marque- página 101 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA sa, princesa... Nos gentílicos e pátrios: francês, francesa; inglês, inglesa; japonês, japonesa; português, portuguesa... Terminações e sufixos gregos -ase, -ese, -ise, -ose: amílase, catequese, homoptise, próclise, osmose, metamorfose, simbiose... Correlação d > s: aludir > alusão, alusivo; decidir > decisão, decisivo; defender > defesa; empreender > empresa; invadir > invasão ; tender > teso; pender > pesar, pêsames, apesar de, em que pese a... Correlação nd > ns > s: defender > defensor > defeso; depender > despensa > despesa; mensa (latim) > mesa, mesário; mense (latim) > mensal > mês, meses; tender > tenso > teso; senso > siso > sisudo... Correlação rs > ss, s: raiz vers- e derivados: através < atravessar; convés, invés < inverso; revés < reverso... Formas dos verbos pôr e querer (pretérito): pus, pôs, compôs, antepuseram; quis, quisera; outras formas verbais, na segunda pessoa: dás, dais, dês, deis, lês, ledes, vês, vedes etc. Depois de ditongo: causa, cousa, coisa, gêiser, lousa, Moisés, maisena, náusea, Neusa, Sousa... S com valor de z após consoante, só em obséquio e trans- antes de vogal: transe, transação, transido... Mas há uma tendência a pronunciar -bs > [bz] em subsídio e subsidiar. S e não z, em diminutivos cujo radical termina em s: Luisinho < Luís, Rosinha < rosa, Teresinha < Teresa etc. Aliás, mantém-se, nos derivados, o s da respectiva palavra-base: aburguesar < burguês, atrasado < atrás, cortesia < cortês, empresário < empresa, extravasar < vaso etc. De acordo com o sistema da escrita portuguesa, escrevem-se com s final alguns vocábulos paroxítonos e proparoxítonos que deviam terminar com z em razão da origem (-c- > -z): ourives, simples, Álvares, Ramires, Rodrigues etc. Também não usa z pré-consonântico, embora etimológico, substituindo-o por s: asteca, Biscaia (espanhol Vizcaya), Cusco, guipúscoa, masdeísmo, mesquita. Terminação [-és] aberta, com exceção de dez: aloés, através, convés, grés, invés... Nos derivados cujas bases já têm s: aburguesar, burguesia < burguês; arrevesado < revés, gasolina, gasômetro, gasoso < gás; sisudo < siso (< senso); analisar < análise etc. página 102 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA b) Escrevem-se com x:1 exabundância, exabundante, exação, exarcebação, exacerbado, exactor, exagerado, exagerar, exagero, exalação, exalar, exaltação, exaltar, exame, examinação, examinar, exâmine, exangue, exarar, exarca, exarcado, exartrose, exasperar, exatamente, exatidão, exato, exaurir, exaurível, exaustão, exausto, exautorar, execração, execrar, executar, executivo, exegese, exegeta, exegética, exemplar, exemplificação, exemplo, exéquias, exequível, exercer, exercício, exercitar, exército, exerdação, exerdar, exibição, exibicionismo, exibido, exibir, exigência, exigir, exiguidade, exíguo, exilado, exilar, exílio, exímio, eximir, existência, existir, êxito, exobiologia, exócrino, exoderme, êxodo, exogamia, exometria, exonerar, exonerável, exorar, xorbitância, exorbitante, exorbitar, exorcismo, exorcizar, exóprdio, exornar, exortação, exortar, exotérico, exótico, exuberância, exuberante, êxul, exular, êxule, exultar, exumação, exumar, inexato, inexaurível, inexausto, inexequível, inexigível, inexistente, inexorável; c) Escrevem-se com z: abalizado, abalizar, aduzir, agonizar, agudeza, ajuizar, alazão, alcoolizar, alfazema, algazarra, alizar (guarnição de portas e janelas), alteza, amazona, Amazonas, amenizar, amizade, amortizar, anarquizar, Andaluzia, animalizar, antegozar, antegozo, antipatizar, apaziguar, aparzar, aprazer, aprazível, aprendizado, aprendizagem, Arcozelo, arborizar, arcaizar, ardileza, aromatizar, anatazar, atazanar, atenazar, aterrorizar, atualizar, autorizar, avareza, avizinhar, azado (oportuno), azáfama, azagaia, azaleia, azar, azedar, azeite, azeitona, azedo, azêmola, azenha, Azeredo, Azevedo, azeviche, azia, aziago, ázimo, azimute, azinhaga, azinhavre, azo, azorrague, azougue, azucrinar, azul, azulejo, Azurara, baixeza, balázio, baliza, balizar, banalizar, barbarizar, batizar, bazar, bazófia, bazuca, beleza, Belzebu, bezerro, Bizâncio, bizantino, bizarria, bizar- 1O x dos grupos “exa-, exe-, exi-, exo-, exu-” em início de palavra, é pronunciado como /z/. Ainda se deve considerar que o x pode ser pronunciado como /ks/, que ocorre em muitos termos como: afluxo, Ajax, amplexo, anaptixe, anexar, anexo, asfixia, asfixiar, asfixiante, auxese, axila, axilar, axiologia, axioma, axiômetro, axiônimo, bórax, boxe, boxeador, caquexia, clímax, complexidade, complexo, conexão, conexo, convexidade, convexo, córtex, crucifixo, dexiocardia, dislexia, doxógrafo, doxologia, duplex, dúplex, durex, Félix, filoxera, fixação, fixar, fixo, flexão, flexibilidade, flexionar, flexível, flexivo, flexuosidade, flexuoso, flox, fluxo, genuflexão, genuflexo, gloxínia, heterodoxia, heterodoxo, hexacampeão, hexágono, hexassílabo, índex, inflexível, intoxicar, látex, léxico, lexicografia, lexicologia, lexiogênico, lexiogênio, Marx, marxismo, marxista, maxila, maxilar, máxime, nexo, obnóxio, ônix, ortodoxia, ortodoxo, oxidar, óxido, oxítono, paradoxal, paradoxo, parataxe, paroxítono, perplexidade, perplexo, pirex, píxide, Pólux, profilaxia, prolixidade, prolixo, proparoxítono, protóxido, proxeneta, reflexão, reflexibilidade, reflexionar, reflexivo, reflexo, refluxo, saxão, saxífraga, saxofone, saxônio, sexagenário, sexagésimo, sexo, sexual, sílex, telex, telexograma, tórax, tóxico, toxicologia, toxina, triplex, uxoricida, uxoricídio, vexilo, xerox etc. página 103 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA ro, boniteza, brabeza, braveza, brutalizar, buzina, buzinar, búzio, cafezal, cafezinho, cafuzo, canalizar, canonizar, canzoada, capitalizar, caracterizar, carbonizar, categorizar, catequizar (mas catequese), cauterizar, Cazuza, celebrizar, centralizar, certeza, cerzir, cicatrizar, circunvizinho, civilização, civilizar, cizânia, clareza, clerezia, climatizar, cloroformizar, coalizão, coalizar, colonizar, comezaina, comezinho, concretizar, conduzir, confraternizar, contemporizar, copázio, coriza, correnteza, cotizar, cozer (cozinhar), cozido, cozimento, cozinha, cozinheira, cristalizar, crueza, cruzada, cruzado, cruzeiro, deduzir, delicadeza, democratizar, desautorizar, deslizar, deslize, desmazelo, desmoralizar, desprezar, desprezo, destreza, dezembro, dezena, dezenove, dezesseis, dezessete, dezoito, divinizar, dízimo, dogmatizar, doze, dramatizar, dureza, duzentos, dúzia, economizar, eletrizar, embelezar, encolerizar, encruzilhada, enfezar, engazopar, entronizar, envernizar, esbelteza, escandalizar, escravizar, esfuziar, especializar, esperteza, espezinhar, espiritualizar, esterilizar, estilizar, estranheza, esvaziar, eternizar, evangelizar, evaporizar, exteriorizar, Ezequias, Ezequiel, familiarizar, fanatizar, fazenda, fazer, felizardo, fertilizar, fezes, finalizar, fineza, firmeza, fiscalizar, fiúza, fizeste, formalizar, fortaleza, franqueza, fraternizar, Frazão, frieza, futilizar, fuzil, fuzilar, fuzileiro, fuzuê, Galiza, galvanizar, gaze, gazear, gazela, gazeta, gazetear, gazeteiro, gazua, generalizar, gentileza, gozar, gozo, grandeza, granizo, guizo, harmonizar, helenizar, higienizar, hipnotizar, homiziar, horizonte, horrorizar, hospitalizar, humanizar, idealizar, imortalizar, impermeabilizar, impureza, indenizar, individualizar, induzir, inteireza, intelectualizar, internacionalizar, introzir, inutilizar, irmanizar, jazer, jazida, jazigo, Jezabel, juízo, justeza, laconizar, lambuzar, largueza, latinizar, lazarento, lazeira, lazer, legalizar, lezíria, lhaneza, ligeireza, lindeza, localizar, luzeiro, luzerna, Luzia, luzidio, luzir, macambúzio, madureza, magazine, magnetizar, magreza, malvadeza, martirizar, materializar, matizar, mazela, mazomba, mazorca, mazorra, mazurca, menosprezar, menosprezo, mercantilizar, mezena, mezinha (remédio caseiro), militarizar, miudeza, mobilizar, modernizar, moleza, monazita, monazítico, monopolizar, Monteuma, moralizar, motorizar, Mouzinho, nacionalizar, naturalizar, natureza, Nazaré, nazareno, neutralizar, nobreza, notabilizar, ojeriza, oficializar, organizar, orizicultura, Orozimbo, otimizar, ozônio, paizinho (diminutivo de pai), palatalizar, particularizar, pasteurizar, penalizar, permeabilizar, petizada, pluralizar, pobreza, poetizar, popularizar, pormenorizar, prazenteiro, prazer, prazerosamente, prazeroso, prazo, preconizar, prejuízo, prelazia, presteza, prezado, prezar, primazia, priorizar, prodigalizar, produzir, proeza, profetizar, profundeza, pulverizar, pureza, quizila, quizilento, racionalizar, rapaziada, rareza, ratazana, razão, razoável, realeza, realizar, redondeza, reduzir, regozijar, regozijo, regularizar, reluzir, página 104 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA reorganizar, responsabilizar, revezar, reza, rezar, ridicularizar, rijeza, riqueza, rivalizar, rizófago, rizoma, rizotônico, rodízio, romantizar, ruborizar, rudeza, Salazar, satirizar, satisfazer, sazão, sazonado, sazonar, secularizar, seduzir, sensibilizar, sezão, simbolizar, simpatizar, sincronizar, singeleza, singularizar, sintetizar, sistematizar, socializar, solenizar, sozinho, suavizar, sutileza, sutilizar, temporizar, tibieza, tiranizar, topázio, tornozelo, torpeza, totalizar, transvazar, trapézio, trazer, trezentos, tristeza, uniformizar, universalizar, urbanizar, urze, utilizar, vagareza, valorizar, vaporizar, varizes, vazante, vazar, vazio, Veneza, verbalizar, vezes, vezo, vigorizar, vileza, viveza, Vizela, vizinho, vizir, volatilizar, volatizar, Vouzela, vozearia, vozeirão, vulcanizar, vulgarizar, Zambeze, Zezé, Zezinho, Zezito. Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 62-63; 2008, p. 85): Sufixos -ez, -eza em substantivos cuja base é adjetivo: altivo > altivez; macio > maciez; pequeno > pequenez, pequeneza; singelo > singeleza; surdo > surdez; viúvo > viuvez etc. Sufixos -izar, -ização: batizar; civilizar, civilização; cononizar, colonização; divinizar; fanatizar; humanizar. Consoante de ligação -z- em combinação com -ada, -al, -eiro, -inho, inha, -udo: pazada, cafezal, caquizeiro, pezinho, pezito, pezudo... Este -znão tem razão de ser quando a palavra-base termina em -s: lápis > lapisinho; chinês > chinesinho; siso > sisudo; mesa >mesinha; mês > mesada. Terminações -az, -ez, -iz, -oz, -uz correspondentes às respectivas latinas acem, -ecem, -icem, -ocem, -ucem: capaz, dez, feliz, feroz, luz. Correlação c > g > z: ácido > azedo; amigo > amical > amicíssimo > amizade; décimo > dezena, dizimar; preço > prezar; tração > trago > trazer; vice (latim) > vez; vicinu (latim) > vizinho; vácuo > vago > vacivu (latim) > vazio, vazar, esvaziar; canônico > cônego > conezia etc. Correlação t > z: dito > dizer; fato > fazer etc. Terminação -triz: atriz, bissetriz, diretriz, embaixatriz, imperatriz etc. Vocáblos árabes e de línguas exóticas: azar, azenha, vizir, zadrez, ganzá, grangazá. Nos derivados, o z da respectiva palavra-base: abalizada (baliza), arrazoar (razão), enraizar (raiz), jazigo (jazer), revezar (vez) etc. página 105 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA EXERCÍCIOS DE ORTOGRAFIA 8) Complete os espaços em branco com s, ss, c, ç ou x conforme a conveniência: 1. Os pa__arinhos cantavam in__e__antemente. 2. Quase abusava da autoridade, ca__ando-lhe a palavra. 3. A prome__a tinha de ser cumprida. 4. A ginástica sem métodos provocava a contor__ão dos músculos. 5. Parecia que havia uma intromi__ão de sua parte. 6. A desaven__a ficou logo desfeita. 7. O can__a__o provoca uma irrita__ão natural. 8. O a__anhamento demonstrava a inten__ão. 9. Os navios so__obraram por lhes faltar o au__ílio ne__e__ário. 10. O an__ião descan__ava com o a__entimento do profi__ional. 11. Depois ado__ou a expre__ão de severidade do seu rosto. 12. Entrou dan__ando, piruetou na sala com uma gra__a inimitável. 13. O espetáculo grandioso impre___ionou aquela imaginação vivaz. 14. Ela ficou absorta no meio da harmonia grave do órgão con__ertando divinas composições. 15. A fronte calva do pregador a__omou no púlpito; a voz po__ante encheu o vasto âmbito do templo. 16. A palavra inspirada do apóstolo de Cristo caiu como a chuva de fogo no monte __inai. 17. Minguaram as po__es; foi-se a abastân__ia. página 106 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 18. Santo fervor brotava-lhe do coração opre__o. 19. Prouve__e a Deus! 20. À tarde ela sentou-se no terra__o, descan__ando, refazendo-se do can__a__o. 21. A última badalada do sino re__oava ainda pelo espa__o. 22. Havia nele a obstina__ão heróica das grandes paixões. 23. Sentia minguar-lhe a vida à propor__ão que essa voz desfalecia. 24. A memina trave__a era agora uma dama séria e prudente. 25. O rapaz pensava nos embara__os que daí podiam surgir. 26. Que via ele nesse pre__entimento? 27. A sua ambi__ão iria deva__ar mundos ignotos. 28. Havia nos seus lábios um esca__o sorriso de ternura. 29. Para que, do__ura minha, trou__este o presente? 30. __ingiu com o bra__o a __intura da donzela. 31. Para que este disfar__e, se não estou disfar__ando? 32. Um vulto embu__ado apare__eu no terreiro e avan__ou a pa__o e pa__o. 33. O resultado lhe trou__e alegria. 34. Quando a comida está sem sal, diz-se in__o__a. 35. Ele ficava __ismado com tudo o que eu dizia. 36. Só precisava de muita compreen__ão. 37. Era grande a isen__ão de seu erro. 38. Tal con__e__ão foi-nos de grande valia. 39. Na se__ão de segunda-feira da Câmara, votou-se uma ce__ão de empréstimo. 40. A a__istência social deve expandir-se. 41. Apre__aram-se em conhecer as inten__ões dele. 42. Era perito na arte de __imula__ão. página 107 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 43. Era de ver-se como o an__ião estava an__ioso. 44. O rapaz seguia um tanto re__abiado do que ouvira. 45. A tia Eufrásia o escutava com aten__ão religiosa, descrevendo uma elip__e. 9) Empregue c ou sc no espaço em branco, conforme o caso: 1. Pulava o galho o la__ivo passarinho. 2. Ainda não amanhe__eu. 3. Com a chegada da primavera flore__em os campos. 4. Restam remini__ências desse fato. 5. Sua resposta foi muito su__inta. 6. O fato su__itou muitos comentários. 7. O su__edido a todos entriste__eu. 8. Seus olhos eram um fa__ínio. 9. Ele é um homem de muita con__iência. 10. Este romance foi inicialmente publicado em fa__ículos. 11. O alferes fez um sinal de aquie__ência para a pergunta su__itada. 12. Com a queda, ficou uns segundos incon__iente. 13. A sala deitava para o na__ente. 14. As estatísticas provam o cre__imento e a__endência do Brasil. 15. Houve coin__idência na flore__ência naqueles sentimentos. 16. Estava presente o corpo do__ente e o di__ente. 17. Ainda não na__eu quem fosse displi__ente. 18. O fa__ínora foi preso ontem, quando de__ia a ladeira. 19. O quo__iente é oito. página 108 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 10) Empregue s, z ou x no espaço em branço, conforme o caso, na representação do fonema1 /z/: 1. Conhecia todas as sutile__as e disfarces. 2. Espero que me ajudeis com o vosso avi__ado parecer. 3. O jui__ lia e e__aminava todos os documentos. 4. Os seis je__uítas inclinaram-se em sinal de assentimento. 5. Era natural que todos ficassem surpre__os. 6. Tudo era de ouro e prata e de proporções desme__uradas. 7. Os vastos salões ficaram completamente de__ertos. 8. Havia seis anos que redu__ira os fero__es aimorés da capitania. 9. Qui__estes guardar segredo. 10. Elvira fe__ Cristóvão sentar-se. 11. Uma lu__ interior bruxuleou, aparecendo e de__aparecendo, percorreu qua__e toda a ca__a até parar em uma sala. 12. Nunca tinha re__ado re__as tão comoventes. 13. Acudiu a tia Eufrá__ia arrastando uma saia de fa__enda desbotada, fa__endo uma me__ura ao te__oureiro da fa__enda pública. 14. O acidente de__agradável era produ__ido, naquela oca__ião, por vo__es furio__as e volumo__as. 15. A gente ameaçava esmagar o e__íguo talhe do jurista. 16. Tinha as faces crestadas de nódoas e co__idas de cicatri__es; o nariz vermelho disforme revelava o longo u__o da embriague__. 17. Os juí__es interpu__eram sua autoridade e finali__aram o de__afio. 18. Tudo está apra__ado para reali__ar-se antes de terminar sua curta e__istência. “Por fonemas entendem-se os sons elementares, de caráter regular e fixo, que possibilitam a distinção entre as palavras, decorrente do valor opositivo que os caracteriza no sistema fônico da língua. A comparação de vocábulos como cala, fala, gala, mala, ou bala, bela, bola, bula deixa perceber essas características configuradoras.” (PROENÇA FILHO, 2009, p. 15) 1 página 109 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 19. Não seja descortês; a descorte__ia provoca um e__ército de queixas. 20. Uma sombra desli__ava pela fronte dando-lhe um cunho misterio__o. 21. A espora ligeira que mordia o salto do bor__equim e a cruz da espada eram de aço. 22. E__aminou minucio__amente a letra e o selo. 23. Foi com alga__arra que receberam o chefe do ba__ar. 24. A ami__ade deve ser cultivada como as flores. 25. O arro__al foi destruído com a chuva de grani__o. 26. A proe__a dos nossos jogadores assombrou os paí__es vi__inhos. 27. Chegara o pra__o de destruir a bali__a. 28. Não dão cami__a a ninguém os jogos de a__ar. 29. Depois do e__ame, passou a e__ercer melhores funções. 30. Queria vencer so__inho o e__ército inimigo. 31. E__ibiu com ê__ito a ra__ão da defe__a lu__itana. 11 Empregue x, ch ou s no espaço em branco, conforme o caso, na representação do fonema /x/: 1. A pergunta não era de pra__e. 2. Ouviu-se na multidão um mu__o__o indelicado. 3. Bru__uleavam as luzes do pátio. 4. Fora tida na conta de bru__a. 5. As pai__ões incontidas en__em a pessoa de ve__ames. 6. Nunca dei__ou de pu__ar a brasa para sua sardinha. 7. O e__plendor daquele rosto iluminava-se e__pontaneamente. 8. Todos estavam na e__pectativa do começo do e__petáculo. 9. E__piou no jejum e penitência os erros da mocidade desregrada. página 110 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 10. A natureza, por uma misteriosa coincidência, capri__ara em reproduzir a grande e__tensão de seu talhe. 11. Aproveito para enviar-lhe meu abraço saudoso, e__tensivo a toda a família. 12. A comi__ão da noite fê-lo acordar e__tremunhado. 13. Suas opiniões e__tremadas e__pontavam a todo instante. 14. E__primia-se com certo lu__o de linguagem. 15. Na hora e__trema dava-se a e__trema-unção. 16. A carta e__traviou-se. 17. Nóbrega e An__ieta plantaram a cruz nos desertos brasileiros. 18. No outro dia, havia um buraco na mo__ila. 19. Apenas me era possível en__ergar o a__teca. 20. Os músculos frou__os me pu__avam. 21. Nas en__ergas, não havia col__ões. 22. O __erife quis fi__ar os presos. 23. Os co__i__os __iavam pelo corredor. 24. Estava de cabeça bai__a, segurando o ar__ote. 25. Sem lu__o, o __á visitou o __adrez. 26. O __eque foi depositado no banco, na agência de Ca__ambi. 27. Não dei__e me__er na __ícara! 28. __ingava de trou__a a todos que condenavam seu deslei__o. 29. Com a en__ada, traga o li__o para essa fai__a. 30. Pu__ava a ta__a que há pouco segurava o quadro. 31. Meu __ará en__otou os animais e foi falar com o dono da __ácara imensa. 32. Gostava de ta__ar os outros de incompetentes. 33. O capu__inho tomou o ar__ote e foi prendê-lo numa bre__a da parede. página 111 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 34. Assinou o talão de __eques, comprou fi__as e foi adquirir pe__in__as. 35. Co__i__ou ao ouvido do pa__orrento almo__arife, evitando uma ri__a provocada por me__ericos e __istes de engraçadinhos. 36. As frou__as e desen__abidas respostas fizeram-no passar por um grande ve__ame. 37. Quando rela__ava a limpeza, o escritório ficava uma mi__órdia. 38. O__alá as pró__imas en__urradas não en__am a cidade. 39. O rou__inol trou__e alegria àquele frou__o pôr do sol. 40. A pra__e era tomar o eli__ir ou o __arope para não mur__ar a esperança de uma saúde de ferro. 41. Foi com __iste que respondeu à pe__a de pa__orrento. 42. A ta__a do telegrama foi tão alta que teve de preen__er um __eque. 43. O__alá leia o Dom Qui__ote. 44. Aga__ou-se para apanhar a fi__a que lhe caíra das mãos quando tentava abrir uma bre__a para saltar do ônibus. 45. O li__eiro, depois da fa__ina, levou os fei__es de capim para o estábulo. 46. Chegando ao __adrez, o policial rela__ou a prisão do jovem. 47. A fazenda se e__tendia por grande e__tensão do Estado. 48. O e__tranho caso impressionou deveras o e__trangeiro. 49. Achavam-se e__gotadas as edições do e__plêndido livro. 50. As empresas tê__teis e__pontaneamente deram o aumento a seus empregados. 51. A sal__icha estava com um gosto e__quisito. 52. Havia em tudo um mi__to de alegria e tristeza. 53. Com de__treza, o aluno terminou a tradução ju__talinear. 54. Aquela era a se__ta vez que o homem se e__cusava. 55. A prete__to de colaboração, propôs uma ju__ta medida para e__tinção dos aborrecimentos. página 112 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 56. Essas foram as suas palavras te__tuais. 57. A educação proporciona às pessoas que se integrem no conte__to social a que aspiram. 58. A e__pectativa aumentava à medida que se aproximava o início do e__petáculo. 12) Empregue j ou g no espaço em branco, conforme o caso, na representação do fonema /j/: 1. Havia uma laran__eira no quintal. 2. É monumental a construção de Ribeirão das La__es. 3. Dava de presente umas bu__igangas. 4. As gor__etas estão tabeladas em 10%. 5. É importante o conhecimento da __íria. 6. O pa__é não estava presente à cerimônia. 7. As aves que aqui gor__eiam não gor__eiam como lá. 8. A ma__estade do rei resplandecia. 9. A praça regur__itava de espectadores. 10. O hábito não faz o mon__e. 11. Ainda que via__em bem, sempre a via__em é cansativa. 12. Suas respostas gran__earam várias amizades. 13. A sin__eleza de seus atos encantava todos. 14. O banheiro é todo la__eado. 15. A __iboia alcança tamanhos colossais. 16. Com o suco do __enipapo, muitos índios enegreciam o rosto e o corpo. 17. Comprou uma blusa de __érsei. 18. Não há __eito de fazer isso? 19. Pegue o __iz e escreva. página 113 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 20. O pa__em havia fu__ido. 21. Tinha um __esto gracioso. 22. Deixe de fazer tre__eitos. 23. A construção obedecia a rigoroso pro__eto. 24. A in__eção doía pouco, quando in__etada lentamente. 25. Com um ramo molhado asper__ia os crentes. 26. Mantinham-na em constante vi__ilância. 27. O reló__io do estran__eiro era valioso. 28. Ninguém tolerava mais suas rabu__ices. 29. Não tu__iu nem mu__iu. 30. O adá__io dizia que o a__iota não metia mão na al__ibeira. 31. Os reló__ios de al__ibeira foram substituídos com vanta__em pelos de pulso. 32. O mon__e rea__iu às críticas do here__e. 33. A in__eção foi aplicada com pouco __eito no lo__ista. 34. O pro__eto de __eremias era reforçar a la__e. 35. Na feira, as bu__igangas e as ti__elas estavam su__as. 36. O si__ilo e a discrição de __estos são lison__eados pelos filósofos. 37. Na ma__estosa passa__em do castelo, via-se uma dama de an__elical fisionomia. 38. O estran__eiro usava um tra__e que denunciava sua ori__em antes mesmo de falar. 39. A criança re__eitava qualquer noção de hi__giene. 40. O __iló, a berin__ela e a va__em não agradam a todos os paladares. 41. O a__iota dera uma risada frenética. 42. O adá__io ensinava a evitar o contá__io com pessoas de educação hetero__ênea. 43. A população re__eitou o ultra__e. página 114 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 44. O __e__um não gran__eia adeptos entre os doentes. 45. O __inete se chamava Pa__é. 13) Assinale a única forma incorreta de cada grupo: 1. a) Inês; b) Teresa; c) Munis; d) Dinis; e) Resende. 2. a) Aluísio; b) Brás; c) Queirós; d) Luísa; e) Izabel. 3. a) deslizar; b) frizar; c) catequizar; d) preconizar; e) cristalizar. 4. a) rezar; b) narureza; c) proeza; d) repreza; e) fineza. 5. a) burguês; b) cortês; c) freguês; d) pedrês; e) embriaguês. 6. a) cortesia; b) felismente; c) brasão; d) besouro; e) artesão. 7. a) freguesia; b) analisar; c) cosinhar; d) extravasar; e) usina. 8. a) altesa; b) baronesa; c) marquesa; d) consulesa; e) duquesa. 9. a) gasolina; b) querosene; c) esvasiar; d) pesquisar; e) paralisar. 10. a) Satanás; b) aguarrás; c) ananás; d) camponês; e) xadrês. 11. a) estranjeiro; b) jirau; c) trejeito; d) pajem; e) sarjeta. 12. a) gorjeta; b) jeringonça; c) alforge; d) brejeiro; e) granjear. 13. a) desinteria; b) esquisito; c) meritíssimo; d) inigualável; e) umedecer. 14. a) machadiano; b) camoniano; c) euclidiano; d) açoriano; e) antidiluviano. 15. a) baleeira; b) cumieira; c) lumeeiro; d) femeeiro; e) catraieiro. 16. a) dilapidar; b) casimira; c) cumeada; d) digladiar; e) escárneo. 17. a) dissemelhante; b) frontispício; c) incorporar; d) intumescer; e) terebentina. 18. a) destilar; b) empecilho; c) confessionário; d) envólucro; e) despautério. 19. a) sequer; b) quépi; c) parêntese; d) irrequieto; e) encarnação. 20. a) burburinho; b) entabular; c) mágua; d) elucubração; e) bruxuleante. página 115 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 21. a) concurrência; b) rebuliço; c) juá; d) curtume; e) chuviscar. 22. a) molambo; b) goela; c) mocambo; d) óbolo; e) jaboti. 23. a) engolir; b) cotia; c) moleque; d) rebotalho; e) estripolia. 24. a) abscesso; b) rescender; c) intumescido; d) enrubescer; e) cônscio. 25. a) consciente; b) prescindir; c) resplandescer; d) obsceno; e) ressuscitar. 26. a) esdrúxulo; b) destra; c) esplêndido; d) espontâneo; e) pretesto. 27. a) asteca; b) escusar; c) escavação; d) estensão; e) expectativa. 28. a) justapor; b) misto; c) escursão; d) estender; e) Sistina (Capela). 29. a) exceção; b) excitar; c) excerto; d) néscio; e) exudar. 30. a) capichaba; b) chuchu; c) chimarrão; d) flecha; e) pixe. 31. a) fuxicar; b) muxoxo; c) carrapixo; d) paxá; e) atarraxar. 13-a) Identifique incorretas: e) asseado j) azáfama o) asa t) batavo y) Bexiga as palavras que estão prosódica ou graficamente a)ardósia b) arrabalde c) arcediago d) aeroplano f) asterisco g) aterrisar h) auscultar i) barbeiragem k) assaz l) austero m) bilboquê n) basculante p) asaleia q) aziago r) bagagem s) beneficente u) bege v) bátega w) azia x) bicarbonato z) beneficiência 13-b) Identifique incorretas: e) afear j) ágape o) aliás t) alimária x) alísios as palavras que estão prosódica a) à beça b) avestruz c) obturar f) alíquota g) análise h) Antártica k) alopecia l) ananás m) apostila p) amásia q) anátema r) apostilha u) amizade v) ância w) postilha y) analisar z) ancioso 13-c) Identifique incorretas: e) boicotar j) buate o) bordel as palavras que estão prosódica ou graficamente a) blusa b) bobagem c) barganhar d) burburinho f)burocrata g) casimira h) berganhar i) burocracia k) Butantã l) Cassilda m)caderneta n) cabeleireiro p) codorna q) cabeçalho r) carrossel s) caranguejo página 116 ou graficamente d) açúcar i) algaravia n) anteontem s) apropriar MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA t) brâmane y) carqueja u) cânones v) candeeiro w) brasão z) carangueijada x) cataclismo 13-d) Identifique incorretas: e) chávena j) cateteres o) Correia t) criação y) chope as palavras que estão prosódica ou graficamente a) catarse b) sicrano c) ciclope d) cinquenta f) cateter g) circuito h) cizânia i) catequizar k) clister l) cavoucar m) cômputo n) confragrar p) criolo q) celuloide r) corolário s) cartomancia u) dança v) coragem w) difamar x) consciente z) caramanchão 13-e) Identifique incorretas: e) defesa j) decote o) destro t) driblar y) dossel as palavras que estão prosódica ou graficamente a) decotar b) descanso c) digladiar d) deflagração f) dilapidar g) descascar h) decotado i) digladiador k) despesa l) disenteria m) discrição n) dentifrício p) diálogo q) disciplina r) dispepsia s) depredação u) discente v) docel w) empresa x) dible z) de repente 13-f) Identifique incorretas: e) enxó j) Eneias o) enfear t) engajar y) êxito as palavras que estão a) erudito b) estreiar f) esguelha g) estuprar k) êxtase l) estrupício p) esteja q) etíope u) exceção v) exacerbar z) astigmatismo 13-g) Identifique incorretas: e) flagrante j) frear o) frustrar t) geminado y) flébil as palavras que estão prosódica ou graficamente a) fedor b) franzino c) fluido d) folhagem f) facho g) fratricídio h) freada i) fortuito k) figadal l) freguês m) friorento n) frustração p) fiúza q) fusil r) fuzível s) garagem u) flagrar v) gás w) gasolina x) jeito z) genealogia 13-h) Identifique incorretas: e) Gouveia j) grafiteiro o) gratuito t) grunhir y) gorjeta as palavras que estão prosódica ou graficamente a) jia b) guspir c) úmido d) goianiense f) jiboia g) hemácia h) ibero i) empecilho k) giz l) hilaridade m) incenso n) ímprobo p) glosa q) Hortênsia r) íman s) impróprio u) Góis v) hosana w) impudico x) cusparada z) úmero página 117 prosódica ou graficamente c) excursão d) empecilho h) exprobrar i) eletricista m) estranho n) empecilho r) êxodo s) estratégia w) farsa x) enjeitar MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 13-i) Identifique as palavras que estão prosódica ou graficamente incorretas: a) inaudito b) incrustar c) ignorante d) inigualável e) identidade f) índigo g) inidônio h) ingresia i) inextricável j) indiscrição k) intenção l) ignorância m) nhoque n) intencional o) iogurte p) ínterim q) intertela r) interstício s) inverossímil t) isósceles u) inteiro v) intuito w) Juçara x) inzoneiro y) irascível z) jabuticaba 13-j) Identifique as palavras que estão prosódica ou graficamente incorretas: a) lagarta b) lagartixa c) Lurdes d) losângulo e) madeireira f) Luiz g) maisena h) majestade i) manjedoura j) maquinário k) Manuel l) mendigo m) mesmo n) maquinaria o) marceneiro p) maciço q) mexerica r) misse s) meritíssimo t) misto u) menos v) míope w) Moji x) Morais y) mistura z) mimeógrafo 13-k) Identifique incorretas: e) muçulmano j) octogésimo o) outorgar t) pagem y) urtiga as palavras que estão prosódica ou graficamente a) murchar b) mourisco c) paralizar d) mortadela f) mudez g) nascença h) nenúfar i) muçarela k) néon l) óbolo m) ômega n) octogenário p) ogiva q) ontem r) opróbrio s) paralização u) ordem v) urticária w) Pais x) pêssego z) ortodontista 13-l) Identifique as palavras que estão prosódica ou graficamente incorretas: a) pesar b) perpetrar c) perspicaz d) perturbação e) perspicácia f) pílula g) perturbar h) pêsames i) plebiscito j) problema k) pocã l) programa m) postigo n) pontiagudo o) perscrutar p) prezado q) prazo r) prazeroso s) percalços t) pretenção u) próprio v) privilégio w) progredir x) pretensioso y) prevenido z) privilegiar 13-m) Identifique as palavras que estão prosódica ou graficamente incorretas: a) prostrar b) pusesse c) puser d) psicultura e) prostração f) pudico g) ramagem h) receado i) quadrúmano j) quartanista k) pus l) raspagem m) recear n) regresso o) ridículo p) quis q) recém r) recheado s) rehidratar t) refém u) quiser v) rechear w) represa x) reivindicar y) requeijão z) réquiem página 118 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 13-n) Identifique incorretas: e) safári j) sobrancelha o) soçobrar t) tauba y) toalete as palavras que estão prosódica ou graficamente a) rixa b) rítimo c) rolimã d) roxinol f) rúbrica g) salsicha h) sinusite i) simultâneo k) cetim l) sextanista m) sicrano n) sossegar p) Sousa q) subsídio r) supurado s) superstição u) têxteis v) têxtil w) touceira x) terebintina z) supersticioso GABARITO DOS EXERCÍCIOS DE ORTOGRAFIA 8) 1ss c ss, 2ss, 3ss, 4s, 5ss, 6ç, 7s ç ç, 8ss ç, 9ç x c ss, 10c s ss ss, 11ç ss, 12ç ç, 13ss, 14c, 15ss ss, 16s, 17ss c, 18ss, 19ss, 20ç s s ç, 21ss ç, 22ç, 23ç, 24ss, 25ç, 26ss, 27ç ss, 28ss, 29ç x, 30c ç c, 31c ç, 32ç c ç ss ss, 33x, 34s ss, 35c, 36s, 37ç, 38c ss, 39ss ss, 40ss, 41ss ç, 42s ç, 43c s, 44ss, 45ç s. 9) 1sc, 2c, 3sc, 4sc, 5c, 6sc, 7c c, 8sc, 9sc, 10sc, 11sc sc, 12sc, 13sc, 14sc sc, 15c sc, 16c, sc, 17sc c, 18sc sc, 19c. 10) 1z, 2s, 3z x, 4s, 5s, 6s, 7s, 8z z, 9s, 10z, 11z s s s, 12z z, 13s z z s s z, 14s z s z s s, 15x, 16s z s z, 17z s z s, 18z z x, 19s x, 20z s, 21z, 22x s, 23z z, 24z, 25z z, 26z s z, 27z z, 28s z, 29x x, 30z x, 31x x z s s. 11) 1x, 2x x, 3x, 4x, 5x ch x, 6x x, 7s s, 8x s, 9x, 10ch x, 11x, 12ch s, 13x s, 14x x, 15x x, 16x, 17ch, 18ch, 19x s, 20x x, 21x ch, 22x ch, 23ch ch ch, 24x ch, 25x x x, 26ch, x, 27x x x, 28x x x, 29x x x, 30x ch, 31x x ch, 32x, 33ch ch ch, 34ch ch ch ch, 35ch ch ch x x x ch, 36x x x, 37x x, 38x x x ch, 39x x, 40x x x ch, 41ch ch ch, 42x ch ch, 43x x, 44ch ch ch, 45x x x, 46x x, 47s x, 48s s, 49s s, 50x s, 51s s, 52s, 53s s, 54x s, 55x s x, 56x, 57x, 58x s. 12) 1j, 2j, 3g, 4j, 5g, 6j, 7j j, 8j, 9g, 10g, 11jg, 12j, 13g, 14j, 15j, 16j, 17j, 18j, 19g, 20j g, 21g, 22j, 23j, 24j j, 25g, 26g, 27g g, 28g, 29g g, 30g g g, 31g g g, 32g g g, 33j j j, 34j j j, 35g g j, 36g g j, 37j g g, 38g j g, 39j g, 40j g g, 41g, 42g g g, 43j j, 44j j j, 45g j. 13) 1c, 2a, 3b, 4d, 5e, 6b, 7c, 8a, 9c, 10e, 11a, 12b, 13a, 14e, 15b, 16e, 17e, 18d, 19b, 20c, 21a, 22a, 23e, 24b, 25c, 26e, 27d, 28c, 29e, 30e, 31c. 13-a) g) aterrissar z) beneficência; 13-b) v) ânsia z) ansioso; 13-c) j) boate z) carangejada; página 119 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 13-d) p) crioulo; 13-e) v) dossel; 13-f) b) estrear; 13-g) q) fuzil r) fusível; 13-h) b) cuspir r) ímã; 13-i) g) inidôneo q) entretela 13-j) d) losango f) Luís 13-k) c) paralisar s) paralisação 13-l) t) pretensão; 13-m) d) piscicultura s) reidratar 13-n) b) ritmo d) rouxinol f) rubrica t) tábua página 120 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 29/04/2011 – Vogais átonas (p. 53-56) exercícios 5, 6 e13 (p. 137-139 e 147-148) página 121 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA DAS VOGAIS ÁTONAS 1º) O emprego do e e do i, assim como do o e do u em sílaba átona1, regula-se fundamentalmente pela etimologia2 e por particularidades da história das palavras. Assim se estabelecem variadíssimas grafias: a) Escrevem-se com e: abençoe, aborígene (também aborígine), abotoe, acordeão, acordeom, acordeonista, aéreo, afear (tornar feio), alardear, aldeão, aldeola, aldeota, aldear, alhear, alínea, ameaça, amealhar, antecipar, antediluviano, anteontem, apazigue, apazígue, apear, aperitivo, área (superfície), areal, areeiro, areento, arrear (pôr arreios), arrepiar, arrepio, aveal, averigue, averígue, baleal, baleeiro, balnear, balneário, bandear, boreal, cadeado, cafeeiro, campeão, campear, campeonato, candeeiro, cardeal (prelado, ave, planta; diferente de cardial = ―relativo à cárdia‖), cardeais (plural de cardeal), carestia, cárie, caxemira, cear, Ceará, Cecília, cedilha, centeeira, centeeiro, cetáceo, cesárea, chulear, côdea, coletânea, colmeal, colmeeiro, confete, continue, conveniente, corpóreo, correada, correame, creolina, creosotado, cumeada, cumeeira, daomeano, deferir (conceder), delação (denúncia), delinear, demitir, denegrir, descompostura, descortinar, descortino, desequilíbrio, desfrutar, desfrute, despautério, despencar, despender, despensa (depósito, copa), despesa, desprendimento, desprevenido, desprevenir, dessemelhante, dessemelhar, destilação, destilar, destilaria, desvencilhar, disenteria, elucidar, embutir, emergir (para fora), emigração (saída do país), emigar (sair do país), eminência, eminente “Átona é a sílaba em que não incide a maior força da voz: ba-la, sín-te-se, ó-ti-mo, A-mé-ri-ca”. (PROENÇA FILHO, 2009, p. 16) 1 2 Etimologia é o estudo da origem e da evolução das palavras. (Confira AZEREDO, 2008, p. 30) Celso Pedro Luft (2002, p. 25) lembra que “Por causa da neutralização da oposição e/i, com a realização [i] do /e/ átono e da realização [e] do /i/ átono, em virtude de fenômenos fonéticos de harmonização vocálica, assimilação e dissimilação, nem sempre é fácil saber se em determinada palavra se deve escrever e ou i. O simples ouvido podendo atraiçoar, precisa entrar em ação a inteligência, a reflexão: verificar a origem, comparar formas cognatas, derivações, transformações históricas etc.”. página 122 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA (elevado, excelente), empecilho, empertigar, encabular, encadear, encarnação, encarnado, encarnar, encômio, encorpar, encrenca, endireitar, enfezar, engelhar, engolir, enseada, enteado, enticar, entorpecente, entronizar, entupir, enxerir, estripolia (variante de estripulia), errôneo, escrevinhar, estrear, fêmea, floreal, galeão, galeota, galeote, gêmeo, granjear, guineense, hastear, herbáceo, heterogêneo, idear, ideologia, idôneo, indeferir (negar), irrequieto, janeanes, lacrimogêneo, leal, leão, legítimo, lêndea, lenimento (que suaviza), lenitivo, Leodegário, Leonardo, Leonel, Leonor, Leopoldo, Leote, linear, longilíneo, lumeeiro (de lume), magoe, malefício, marmóreo, meada (de fios), meão, melhor, melindrar, melindroso, menino, menoridade, mentira, mercearia, merceeiro, mexerica, mexerico, mestiço, metileno, mexerico, mexilhão, mimeografar, mimeógrafo, miscelânea, náusea, nomear, óleo, ombrear, orfeão, Orígenes, orquídea, ósseo, paletó, pâncreas, panteão, paralelepípedo, páreo, passear, peanha, peão (que anda a pé), pechinchar, penico (urinol), penteado, periquito, pexote, Pireneus, plúmbeo, poleame, poleeiro, preferir, prevenido, prevenir, quase (em vez de quási), quepe, quesito, rabequear, real, recear, recrear (divertir), rédea, reencarnação, reencarnar, reentrância, regatear, repelir, repenicar, repetir, róseo, sanear, se (conjunção e pronome), semear, semelhante, senão (―sinão‖ é aumentativo de sino), sequer, seriema, seringa, seringueiro, Simeão, sortear, sucedâneo, taubateano, teatino, Teodoro, térreo, tieteano, tontear, traqueano,umedecer, vadear (passar a vau), vaguear, várzea, veado (―viado‖ é uma espécie de tecido), vítreo, volemia, voltear, Zeferino. Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 25-26 e 2008, p. 42-43): é > e: café > cafeeiro; Daomé > daomeano; pé > apear. ei > e: aldeia > aldeão, aldeola; colmeia > colmeal; estreia > estrear; passeio > passear, passeata; receio > receoso, recear; etc. ante-, prefixo, significa ―antes‖; anti- significa ―contra‖. ear: terminação de numerosos verbos; iar tem a correspondência -ia e -io (tônicos ou átonos), ou é de origem latina. Conjugue o verbo no indicativo: se faz -eio, -eias..., é verbo em -ear, com estas cinco exceções: mediar, ansiar, incendiar e odiar (mediar inclui o derivado remediar). Alumiar, negociar, presenciar, financiar, distanciar e alguns outros, admitem também a forma -eio, -eia(s). –eano: terminação excepcional (umas dez palavras) – quando o radical termina em e tônico (-e do radical + -ano sufico): Daomé + ano > daomeano; Taubaté + ano > taubateano; Tietê + ano > tieteano; Coreia + ano >coreano; Pompeia + ano > pompeano; Crimeia + ano > crimeano; traqueia + ano > traqueano; Lineu (Linné) + ano > lineano; Montevidéu + ano > montevideano; várzea (varze-) + ano > varzeano; etc. O comum é página 123 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA iano (-i do radical, ou -i- vogal de ligação + -ano sufixo): italiano (itali-), virgiliano (virgili-), camoniano, caboverdiano, machadiano etc. –eeira, -eeiro: candeeiro, comeeira, lumeeiro...; -ieiro (com i) quando vem de palavra em -ia, -ie, -io: estância > estancieiro; espécie > especieiro; frio > frieira... Os ditongos nasais /ãy/, /õy/ escrevem-se ãe, õe: cães, mãe; põe, põem... Com i, só o /ãy/ interno em raríssimas palavras: ãatá, cãibas, cãibeiro, cãibo, cãibra (ou câimbra), cãibro, tucumãí, zãibo. Nas terceiras pessoas do plural: caem, saem, creem, destroem, arguem... Formas do subjuntivo dos verbos em -oar e -uar: abençoe, perdoe(m), ressoe(m), continue(s), atue(m) etc. (-ui só nos verbos em -uir, indicativo presente: argui, influi, possui. b) Escrevem-se com i: açoriano, acriano, adiantar, adiante, adivinhar, adquirir, afiar (amolar), Afrânio, aluvião, ameixial, Ameixieira, amial, amieiro, anti- (contra), argui, arguis, anária (certo tipo de canção musical), ária (melodia), arriar (abaixar), arrieiro, artifício, artilharia, artimanha, atribui, atribuis, bastião, Bibiano, bílis, bocagiano, cabriúva, cai, cais, calcário, calidoscópio (variante de caleidoscópio), camoniano, capitânia, casimira, ciceroniano, cimento (argila + cal), civismo, comtiano, cordial (adjetivo e substantivo), corrimão, corriola, crânio, criado, criação, criar, criatura, crioulo, Curdistão, dentrifício, diante, dianteira, difamação, diferir (diferenciar), digladiar, digladiar, dilação (adiamento), dilapidar, dilatar (alargar), diminuir, Dinis, discorrer, discrição (reserva), discriminar (distinguir), dispêndio, dispensa (desobrigação), dispepsia, distinguir, eletricista, erisipela, escárnio, esquisito, estiar (parar de chover), estripulia, estropiar, fatiota, feminino, ferregial, fiambre, Filinto, Filipe (e identicamente Filipa, Filipinas etc.), franquiar, freixial, frontispício, Fróis, gavião, geminado, gerânio, giesta, goethiano, Góis, goisiano, Horácio, horaciano, idade, Idanha, idiossincrasia, Ifigênia, igreja, igual, Ilídio, imbuia, imbuir, imergir (mergulhar), imigrar (entrar em um país estranho), iminência (instante, proximidade), iminente (próximo), imiscuir-se, incinerar, incorporar, incrustar, incumbência, infestar, influi, influis, ingurgitar, inidôneo, inigualável, iniludível, inquirir, intitular, intumescer, invés, italiano, itinerário, lampião, lenitivo, limiar, linimento (medicamento de fricção), Lumiar, lumieiro, machadiano, Mário, meritíssimo, mói, móis, Morais, Pais, pardieiro, pátio, peritônio, perônio, pião (certo brinquedo), pilão, pinicar, piolho, pior, piora, piorar, possui, possuis, pontiagudo, privilegiar, privilégio, quizilento, requisito, réstia, ridículo, serôdio, silvícola, Simeão, siniense, sofocliano, substitui, substituis, terebintina, tiara, tigela, tijolo, torriano, torriense, Tucídides, tunisino (da Tunísia), umbilical, vadiar (vagabundear), vepágina 124 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA rídico, verossimilhança, Vimieiro, Vimioso, Virgílio, vizinho, volibol (variante de voleibol); Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 29 e 2008, p. 45-45): Ver se há correspondência com -ia, -ie, -io: chevia > chefiar; ânsia > ansiar; cria > criar, recriar, criatura, criança; cárie > cariar; etc. Vogal de ligação palatal é -i-: agridoce, alvinegro, artimanha, boquiaberto, corrimão, dentrifício, frontispício, hortifrutigranjeiro, pontiagudo, senguissedento. Esta vogal pode ligar o radical a um sufixo – açoriano, cordial, rapaziada, terriola -, dando variante do sufixo: -ada > -iada; -al > -ial; -ano > -iano; -ense > -iense; -ola > -iola. –iano, com i, vogal de ligação, que toma o lugar da vogal átona (inclusive -y) da palavra base: camoniano, chomskiano, machadiano, goethiano, saussuriano; -eano (com o -e final, tônico, de radical) é terminação rara. (Cf. a lista de observações importantes anteriores.) Para os verbos em -iar, conjugar o indicativo: devem fazer -io, -ias, -ia. Exceções: os verbos ansiar, incendiar, (re)mediar e odiar fazem -eio, eias, eia. Essas palavras provêm de substantivos e adjetivos em -ia, -ie, -io. vário > variar; dia > adiar; conferência > conferenciar; cárie > cariar; série > seriar; rodopio > rodopiar; vadio > vadiar etc. Também -ença > enciar: diferença > diferenciar; licença > licenciar; presença > presenciar. Alumiar, apreciar, distanciar, financiar, negociar, premiar, presenciar, sentenciar, variar admitem também as terminações -eio, -eias, -eia, apesar de serem desprestigiadas no Brasil. O i átono final não é da tradição escrita da língua; só se encontra em formas de empréstimo: júri e dândi (inglês), ravióli (italiano) etc. Com final aportuguesado: confete, espaguete, quepe, soçaite, uísque etc. O prefixo anti- significa ―contra‖: anticristão; significando ―antes, anterior‖, será o prefixo ante-: antediluviano. O prefixo in- (variante im-) é de vocábulos eruditos: intitular, intumescer, incrustar, incorporar, imberbe, importar etc. (Cf. as observações importantes anteriores sobre o prefixo ante-). Mais comum é a forma aportuguesada en- (variante em-): entender, encestar, enfestar, emparedar, empobrecer etc. Ditongos ai, oi, ói, ui todos sempre com i: cai, sais, foi, herói, influi; verbos em -air, -oer, -uir: cai, sai, dói, rói, influi, possui etc. página 125 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA c) Escrevem-se com o1: Aboim, abolição, abolir, acostumar, Aloísio, alpendorada, amontoar, Arcozelo, aroeira, assoar, assolar, atordoar, azêmola, banto, boate, boato, bobina, bochicho, bodega, bolacha, boletim, borboleta, borbulhar, boteco, botequim, botijão, botinada, brochura, bússola, caçoada, caçoar, caos, carvoeiro, chacoalhar, cincoenta, coalhar, coaxar, cobiça, cobiçar, cobrir, cochicho, coentro, cogitar, colarinho, comprimento (extensão), consoada (refeição à noite), consoar, corrupio, cortiça, coruja, corvina, costume, demolir, discóbolo, díscolo, doesto, embolar, embolia, êmbolo, encobrir, encomprindar, engolir, epístola, esbaforido, esbaforir-se, esboroar, esgoelar, esmolambado, estofar (acolchoar), explodir, farândola, femoral, focinho, girândola, goela, gorgolejar, gorgomilos, íncola, Indostão (ou Hindustão), jocoso, joeira, lobisomem, lombriga, mágoa, magoar, medíocre, mocambo, mochila, moeda, moela, molambo, moleque, montoeira, moqueca, moringa, morrinha, morubixaba, mosquito, moto (usada na expressão moto próprio), névoa, nevoeiro, nódoa, Noêmia, óbolo, ocorrência, orangotango, Páscoa, Pascoal, Pascoela, patacoada, patoá (dialeto), polegar, poleiro, polenta, polir, ratear, reboliço (de rebolo ou que rebola), rebotalho, refocilar, Rodolfo, romeno, roído (do verbo roer), romeno, silvícola, soalho, sopitar, soporífero, sorrateiro, sorriso, sortido (abastecido), sortir (prover), sorumbático, sotaque, sovaco, távoa, tavoada, távola, toada, toalete, toalha, tocaia, tômbola, torquês, torvelinho, tossir, tostão, trampolim, tribo, trovão, trovejar, veio (substantivo e forma do verbo vir), vinícola, volabilidade, zoada, zoar zoeira; Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 32-33 e 2008, p. 49): Nossa letra o corresponde a ō (longo) e ŭ (breve) do latim: romeno, cobrir, cobiça, mágoa, tribo, veio etc. ão, om > o: feijão > feijoada, feijoal; mamão > mamoeiro; montão > montoeira; tom > toada, destoar; som > soar, ressoar etc. Só por exceção, palavras portuguesas terminam em u(s) átono; o normal é o(s): banto, Dio, tribo, veio... Se grafássemos com u essas formas, deveríamos fazer o mesmo com proíbo, feio, tanto, tio... Segundo Luft (2002, p. 32), “A mesma vacilação que se nota no emprego de e e i átonos ocorre no de o e u átonos. A causa é semelhante: o reduzido aproxima-se de u, no seu timbre fechado. Para dissipar dúvidas, usem-se os mesmos processod de comparação, origem, parentesco etc.”. 1 A letra o corresponde a ō (longo) e a ŭ (breve) do latim: romeno, cobrir, cobiça, mágoa, tribo, veio etc. página 126 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA As terminações -oa, -ola, -olo – em vocábulos proparoxítonos – são raras. O comum é -ua, -ula, -ulo: água, íngoa, tábua, espátula, fábula, rábula, coágulo, estímulo, vínculo... Com o: mágoa, névoa, agrícola, vinícola, êmbolo, óbolo... Para verbos em -oar, verificar a primeira pessoa do presente do indicativo: deve terminar em -oo, -oas, -oa: abençoo, abençoas, abençoa, destoo, destoas, destoa, perdoo, perdoas, perdoa... Mágoa, s.f. – compare com as formas verbais: magoo, magoas, magoa, magoamos, magoais, magoam; magoava; magoei; etc. – tudo com -o-. Mantém-se o o da palavra-base nos derivados: boteco > botequim; lagoa > lagoão; mosca > mosquito; correr > ocorrência, concorrência, recorrência; sortir > sortimento, sortido; etc. d) Escrevem-se com u: aburguesar, acentuar, acudir, acudir, açular, água, alucinação, aluvião, anágua, anuviar, arcuense, assuada, assumir, automóvel, bruxulear, bueiro, bugalho, bugiganga, bujão, bulício, buliçoso, bulir, bumerangue, burburinho, buzina, camândulas, camundongo, chupim, chuviscar, chuvisco, cinquenta, corrupio, coscuvilhar, crápula, xumbuca, cumbuco, cúpula, cumprimentar, cumprimento (saudação), Curaçau, Curdistão, curinga (carta de baralho), Curitiba, curtir, curtume, cutia (animal), cutucar, elucubração, Emanuel, embutir, entabular, entupir, escapulir, esculachar, espórtula, estábulo, estripulia, fêmur, fístula, frágua, furúnculo, glândula, grugulejar, grugulhar, guapo, guloseima, Hindustão (ou Indostão), íngua, ingurgitar, ínsua, insular (referente a ilha), itapuã, jabuti, jabuticaba, Jabuticabal, jabuticabalense, juá, Juaçaba, jucundo, légua, léu, lóbulo, locupletar, Luanda, lucubração, lumbago, lugar, lúpulo, mandíbula, mangual, Manuel, manuelino, míngua, mortuário, muamba, mucama, muçulmano, muleta, murmurinho, mutuca, Nicarágua, panturrilha, patuá (balaio), peculato, pirueta, pirulito, pontual, pudor, puir, rebuliço (confusão), régua, regurgitar, ritual, Romualdo, Rômulo, rótulo, Rufino, Samuel, samurai, sinusite, sorumbático, supetão, surrupiar (ou surripiar), surtir (produzir, resultar), sutura, tábua, tabuada, tabuleiro, tabuleta, tintureiro, titubear, tiziu, tonitruante, trégua, tremular, turbilhão, turbulento, turíbulo, urdir, urticária, urtiga, usufruir, usufruto, úvula, uvulite, vesícula, vestíbulo, vírgula, Virgulino, virulento, vitualha, vocábulo, vulcão. Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 34-35 e 2008, p. 51): Nossa letra u corresponde ao u longo latino: lua, luar, nulo, usar, uva, suar, mudar, mudez etc. Não é da tradição escrita da língua o u átono final. Daí por que se deve grafar banto, tribo, moto (de moto próprio). Palavras como ângelus, animus, antivírus, ânus, bônus, campus, citrus, clônus, corpus, fálus, fícus, página 127 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA habitus, húmus, ictus, lócus, lótus, lúpus, modus, múnus, ônibus, ônus, pínus, rébus, ríctus, sínus, status, tônus, vênus, vírus e outras poucas são latinismos. As terminações -ua, -ula, -ulo são mais frequentes que -oa, -ola, -olo: água, íngua, tábua, âmbula, cábula, fábula, mandíbula, cálculo, glóbulo etc. Usa-se u nos ditongos: au (grau, mau), éu (céu), eu (deu), iu (nos verbos: partiu, saiu, viu etc.; excepcional em nomes: abiu, tiziu), ou (dou, vou). Como vogal de ligação (-u-): estado + al > estadual; manual etc. Substitui o w do inglês: sanduíche, suéter, suingue, uísque... Curtume se liga a curtir, e não a cortar. Mantém-se o u da palavra-base nos derivados: cartunista (cartum < ―cartoon‖), chuviscar < chuva, lugarejo < lugar etc. 2º) Sendo muito variadas as condições etimológicas e históricofonéticas em que se fixam graficamente e e i ou o e u em sílaba átona, é evidente que só a consulta aos vocabulários ou dicionários pode indicar, muitas vezes, se se deve empregar e ou i, se o ou u. Há, todavia, alguns casos em que o uso dessas vogais pode ser facilmente sistematizado1. Convém fixar os seguintes: a) Escrevem-se com e, e não com i, antes da sílaba tônica, os substantivos e adjetivos que procedem de substantivos terminados em eio e eia, ou com eles estão em relação direta. Assim se regulam: aldeão, aldeola, aldeota, por aldeia; areal, areeiro, areento, Areosa, por areia; arrear, arreamento, por arreio; aveal, por aveia; baleal, por baleia; bolear, por boleia; cadeado, por cadeia; candeeiro, por candeia; cear, por ceia; centeeira e centeeiro, por centeio; colmeal e colmeeiro, por colmeia; correada e correame, por correia; estrear, por estreia, ideal, por ideia; meada, por meia, pear, por peia, sortear, por sorteio, traqueal, por traqueia, . b) Escrevem-se igualmente com e, antes de vogal ou ditongo da sílaba tônica, os derivados de palavras que terminam em e acentuado (o qual pode representar um antigo hiato: ea, ee): bajeano, de Bajé (por Bagé), bruneano, de Brune(i) (Bornéu), galeão, galeota, galeote, de galé; guaxupea- Essa dificuldade resulta, em geral, do desconhecimento da origem de certas palavras. Algumas vezes, uma grafia se fixou com base em uma pseudoetimologia, sendo substituída mais tarde, mas permanecendo como segunda e até como terceira variante gráfica. Outra causa pode ser o fato de ter entrado no idioma em períodos diferentes ou através de outras línguas. Muitas palavras de origem latina entraram para o português, por exemplo, através do francês, do italiano, do espanhol ou do inglês. 1 página 128 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA no, de Guaxupé, daomeano, de Daomé; guineense, de Guiné; mallarmeano, de Mallarmé, poleame e poleeiro, de polé, tieteano, de Tietê, traqueano, de traqueia. c) Escrevem-se com i, e não com e, antes da sílaba tônica, os adjetivos e substantivos derivados em que entram os sufixos mistos1 de formação vernácula2 iano e iense, os quais são o resultado da combinação dos sufixos ano e ense com um i de origem analógica (baseado em palavras nas quais ano e ense estão precedidos de i pertencente ao tema3: abeliano (de Abel), horaciano (de Horácio), italiano (de Itália), duriense (de Douro), flaviense (de Aquis Flaviis, atual cidade de Chaves etc.: açoriano (de Açores), acriano (de Acre), alencariano (de Alencar), anatoliano (de Anatole France), arturiano (de Artur), baudelairiano (de Baudelaire), cabo-verdiano (de Cabo Verde), camoniamo (de Camões), comtiano (de Auguste Comte), domcavatiense (de Dom Cavate), eucridiano (de Euclides da Cunha), falangiano (de falange), faringiano (de faringe), fauniano (de fauna), faustiano (de Fausto), freudiano (de Freud), georgiano (de George), goethiano (de Goethe), goisiano (relativo a Damião de Góis), iraniano (de Irã), iraquiano (de Iraque), kafkiano (de Kafka), kantiano (de Kant), lajiano (de Lajes), laringiano (de laringe), lobatiano (de Monteiro Lobato), marciano (de Marte), parisiano, parisiense (de Paris), pascaliano (de Pascal), quebequiense (de Quebeque), saariano (de Saara), saussuriano (de Saussure), siniense (de Sines), sofocliano (de Sófocles), torriano, torriense [de Torre(s)], wagneriano (de Wagner), zairiense (de Zaire)4. “Misto é o sufixo que, na sua formação, associa elementos etimológicos de origem com elementos vernáculos outros. No caso, -iano e -iense resultam da combinação dos sufixos -ano e énse com i, cuja origem é a analogia com palavras em que esses sufixos figuram precididos de um i que faz parte do tema da palavra, como horaciano (cf. Horácio); italiano (cf. Itália).” (PROENÇA FILHO, 2009, p. 43-44) 1 “Sufixo de formação vernácula”, conforme ensina o professor Domício (PROENÇA FILHO, 2009, p. 43), “é, no caso, o que se formou em português: a língua vernácula é a que se aprende em casa desde que se nasce.” 2 “Tema é o resultado da junção de uma vogal dita temática com o radical, isto é, com o núcleo de significação da palavra. Um exemplo: em italiano, ital- é o radical; -i-, a vogal temática; itali-, o tema; -ano, o sufixo.” (PROENÇA FILHO, 2009, p. 44) 3 Aqui está uma alteração no sistema ortográfico anterior, em que o uso se impôs à norma, pois estas palavras eram (ou deveriam ser) escritas com e: açoreano, acreano, amoneano, saussureano, sineense, sofocleano, torreano, torreense. 4 página 129 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA d) Uniformizam-se com as terminações io e ia (átonas), em vez de eo e ea, os substantivos que constituem variações, obtidas por ampliação, de outros substantivos terminados em vogal: cúmio (popular), de cume; hástia, de haste; réstia, do antigo reste; véstia, de veste. e) Os verbos em ear podem se distinguir praticamente, em grande número de vezes, dos verbos em iar, quer pela formação, quer pela conjugação e formação ao mesmo tempo. Estão no primeiro caso todos os verbos que se prendem a substantivos em eio ou eia (sejam formados em português ou venham já do latim). Assim se regulam: aldear, por aldeia; alhear, por alheio; cear por ceia; encadear por cadeia; pear, por peia etc. Estão no segundo caso todos os verbos que têm normalmente flexões rizotônicas1 em eio, eias, eia etc.: apear (apeio, apeias, apeia, apeiam, apeies, apeiem), campear (campeio, campeias, cameia, campiam, campeie, campeies, campeie, campeiem), cerceara, chulear, clarear (clareio, clareias, clareia), debrear, delinear (delineio, delineias, delineia), devanear (devaneio, devaneias, devaneia), encadear, entremear, estrear, falsear (falseio, falseias, falseia), frear, granjear (granjeio, granjeias, granjeia), guerrear (guerreio, guerreias, guerreia), hastear (hasteio, hasteias, hasteia), idear, manusear, nomear (nomeio, nomeias, nomeia), ombrear, passear, recrear, regatear, relancear, romancear, sanear, sapatear, semear (semeio, semeias, semeia) sestear, sortear, tontear, vaguear etc. Existem, no entanto, verbos em iar2, ligados a substantivos com as terminações átonas ia ou io, que admitem variantes na conjugação: negoceio ou negocio (conferir negócio); premeio ou premio (conferir prêmio) etc.3 Lembre-se de que a vogal de ligação palatal é -i-, que dá a variante de sufixo: -ada > -iada, -al > -ial, ano > -iano, -ense > -iense, -ola > -iola etc. Escreva-se, portanto, -iano, com i, vogal de ligação, que toma o lugar da vogal átona da palavra base ou primitiva. (Cf. LUFT, 2002, p. 29) Há umas dez palavras que fazem exceção, quando o radical termina em e tônico (-e do radical + -ano sufixo): Daomé + ano > daomeano; Taubaté + ano > taubateano; Tietê + ano > tieteano; Coreia + ano > coreano, Pompeia + ano > pompeano; Crimeia + ano > crimeano; traqueia + ano > traqueano; Lineu (Linné) > Lineano; Montevidéu > montevideano; várzea (varze-) > varzeano etc. (Cf. LUFT, 2002, p. 25) Flexão rizotônica é a forma verbal em que a sílaba tônica está no radical. (Confira AZEREDO, 2008, p. 30) 1 Bechara (2008a, p. 80) ensina que, embora alguns verbos como licenciar, negociar, premiar e sentenciar sejam abundantes em algumas formas dialetais nas formas rizotônicas, para a norma culta brasileira deverão seguir o padrão de adiar. 2 3 No Brasil, é prestigiada a grafia com i, enquanto, em Portugal, há oscilação entre as duas. página 130 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA f) Não é lícito o emprego do u final átono em palavras de origem latina1. Escrevem-se, por isso: moto, em vez de mótu (por exemplo, na expressão de moto próprio); tribo, em vez de tribu. g) Os verbos em oar se distinguem praticamente dos verbos em uar pela sua conjugação nas formas rizotônicas, que têm sempre o na sílaba acentuada: abençoar com o, como abençoo, abençoas etc.; destoar, com o, como destoo, destoas etc.; mas acentuar, com u, como acentuo, acentuas etc. Como nos lembra Domício, “Os verbos mediar, ansiar, remediar, incendiar, odiar escrevem-se com e quando o acento tônico recai no radical (formas rizotônicas). Quando cai fora do radical (formas arrizotônicas), mantém-se o i: Incendeio de expectativa. Odeio-me por tanto amor. Não odeie: ame. Ansiamos por sua vinda.” (PROENÇA FILHO, 2009, p. 46) Também não se justifica ortografia diferente para a palavra “banto”, que alguns teimam em escrever “bântu” ou “bantu”, por uma deficiente interpretação etimológica. 1 página 131 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA EXERCÍCIOS DE ORTOGRAFIA 5) Empregue, no espaço em branco, e ou i, conforme convier: 1. Trajava um terno de cas__mira. 2. Os amigos alarde__aram a vitória antes do tempo. 3. As respostas não foram __gua__s. 4. Os qu__sitos foram quas__ todos resolvidos. 5. Tiradentes foi vítima de d__lação. 6. Gostei da blusa __ncarnada. 7. O professor comparava o crân__o humano com o dos outros animais. 8. O carro queimava bastante ól__o. 9. O criado pediu d__spensa do serviço. 10. Sentia arr__pios de frio. 11. Sábado haverá festa de cum__eira. 12. Tinham arr__ado a bandeira às seis horas. 13. Admirava a primeira ár__a da ópera. 14. O secretário d__f__riu o abaixo-assinado. 15. As opiniões pouco d__feriam do que eu havia prenunciado. 16. O elogio foi um escárn__o à opinião pública. 17. O Correio Aér__o muito tem trabalhado para a Pátria. 18. Os garotos brincavam no corr__mão da escada enquanto eu os esperava no pát__o. página 132 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 19. Inaugurou-se outro baln__ár__o. 20. Tais ideias ainda estavam __ncubadas. 21. O caso foi de arr__piar os cabelos. 22. Onde está a chave da d__spensa? 23. A c__r__mônia foi belíssima. 24. A um__dade fez um__decer a parede. 25. Os exercícios estão quas__ prontos, mas não a d__scrição. 26. Bem podia d__scorrer sobre outros assuntos. 27. Os comentários não passaram de uma d__famação criminosa. 28. Desempenhou-se bem da __ncumbência. 29. O professor mandou calcular a ár__a do quadrado. 30. As roupas estavam secando na ár__a. 31. O candidato vai d__sfrutar de excelente bolsa de estudos. 32. Nem todos os qu__sitos da prova foram fáceis. 33. Morava no andar térr__o. 34. O resfriado estava __ncubado. 35. A missa foi celebrada pelo card__al. 6) Empregue, no espaço em branco, o ou u, de acordo com o caso: 1. A notícia ainda não vei__. 2. Dizem que o garoto eng__li__ o botão. 3. Nas feiras há muita b__giganga. 4. O inseto pir__etou e foi cair adiante. 5. O inverno atacava-lhe a sin__site. 6. A praça reg__rgitava de gente. 7. A búss__la foi uma notável invenção. 8. A igreja pedia ób__l__ para terminar sua construção. página 133 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 9. A criada começou a t__ssir. 10. O guerreiro voltou à trib__. 11. Por morar na ilha, tinha o apelido de ins__lano. 12. Ainda não ficara bom da __rticária. 13. Man__el feriu-se com a táb__a. 14. Ficou doente à míng__a de recursos. 15. Não pôde eng__lir a píl__la. 16. Quando bebia água, ouvia-se um r__ído na g__ela. 17. O carv__eiro andara meia lég__a. 18. Não tit__beou na resposta. 19. Vendiam-se t__m__los nas esquinas. 6-a) Qual a alternativa em que uma das palavras destoa das demais quanto ao uso de ―e‖ ou ―i‖ átono? a) aqueduto, desfrutar, campeão, descortinar, intrínseco; b) afoguear, bruxulear, cardeais (pontos), conveniente, entonação; c) linear, acarear, bandear, areento, viado (homossexual); d) cumeeira, emergir (para fora), genealogia, magoe; e) delação (denúncia), encabular, hastear, mexerico, manusear. 6-b) Qual a alternativa em que uma das palavras destoa das demais quanto ao uso de ―e‖ ou ―i‖ átono? a) açoriano, bocagiano, criação, alumiar, dentrifício; b) alvinegro, camionete, diante, antipatia, Casimiro; c) cordial, corrimão, duriense, imbuir, labirinto; d) esquisito, extasiar, inculcar, influir, míssil; e) inteligível, murmúrio, pátio, penicilina, verossímel. 6-c) Qual a alternativa em que uma das palavras destoa das demais quanto ao uso de ―o‖ ou ―u‖ átono? a) trampolim, óbolo, rubéola, bantu, comprimento (extensão); b) botijão, bússola, atordoar, botequim, coruja; c) embolia, êmbolo, molambo, costume, nódoa; d) sotaque, goela, páscoa, patacoada, tribo; e) cochicho, colhão, marajoara, poleiro, zoar. página 134 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 6-d) Qual a alternativa em que uma das palavras destoa das demais quanto ao uso de ―o‖ ou ―u‖ átono? a) abiu, acudir, cumbuca, cutia (animal) camundongo; b) curinga (carta de baralho), chupim, cinquenta, bujão, bulir; c) elucubração, entupir, frágua, tábua, mutuca; d) trégua, panturilha, patuá (balaio), pirulito, roído (barulho); e) légua, vírus, suar (transpirar), surrupiar, úvula. 6-e) Acesse o Ambiente Virtual de Aprendizagem ―Pereira‖, em <www.ava-pereira.com.br/ava/mod/resource/view.php?id=35>, e aprenda ortografia, divertindo-se. GABARITO DOS EXERCÍCIOS 5) 1i, 2e, 3i i, 4e e, 5e, 6e, 7i, 8e, 9i, 10e, 11e, 12i, 13i, 14e e, 15i, 16i, 17e, 18i i, 19e i, 20i, 21e, 22e, 23e i, 24i e, 25e e, 26i, 27i, 28i, 29e, 30e, 31e, 32e, 33e, 34i, 35e. 6) 1o, 2o u, 3u, 4u, 5u, 6u, 7o, 8o o, 9o, 10o, 11u, 12u, 13u u, 14u, 15o u, 16u o, 17o u, 18u, 19ú u. 6-a) c) veado (homossexual) 6-b) e) verossímil 6-c) a) banto 6-d) d) ruído (barulho) 6-e) O gabarito desta questão se encontra na mesma página virtual. página 135 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 06/05/2011 – Vogais nasais, ditongos, acento grave, trema, apóstrofo e supressão de acento em palavras derivadas e (p. 57-62, 79-83, 99-102, 130, 131 e 134) página 136 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA DAS VOGAIS NASAIS Na representação das vogais nasais devem ser observados os seguintes preceitos: 1º) Quando uma vogal nasal ocorre em fim de palavra, ou em fim de elemento seguido de hífen, representa-se a nasalidade pelo til, se essa vogal é de timbre a. Exemplos: acauã, afã, afegã, albarrã, alemã, alvarrã, amã, anã, arapuã, arimã, assuã, avelã, azã, balangandã, bambambã, barregã, bataclã, cã, cafetã, cancã, carapanã, castelã, catamarã, cauã, clã, cordobã, cortesã, curimã, curimatã, divã, dólmã, elã, eletroímã, fã, galã, grã, GrãBretanha, hortelã, ímã, iansã, irã, irapuã, irmã, islã, itã, itapuã, jaçanã, lã, leviatã, maçã, maracanã, marrã, nambuxintã, nhambuxintã, ogã, órfã, orleã, pã, panapanã, peã, pecã, picumã, pocã, quartã, quintã, rã, rataplã, rolimã, romã, quartã, ramadã, sã, sã-braseiro (forma dialetal; o mesmo que sã-brasense – de S. Brás de Alportel, ou feminino de são-brasense), sacristã, satã, sivã, suã, talibã, talismã, tantã, tecelã, terçã, titã, tobogã, tupã, vã, xabã. A representação pelo m ocorre quando a nasalidade possui qualquer outro timbre e termina a palavra. Exemplos: abordagem1, aceragem2, acordeom, aipim, álbum, alecrim, alevim, algum, amarugem, amendoim, amorim, amperagem, ancoragem, anexim, angelim, anteontem, anum, aparelhagem, assim, babugem, bandolim, benjamim, barragem, bebum, bem, boletim, bom, cabotagem, Caim, camorim, capim, cauim, cem, clarim, com, confim, contagem, coragem, cupim, cupom, curumim, desordem, diazepam, O sufixo –agem, proveniente do do francês -age ou do provençal -aitge, e ocorre em empréstimos desses idiomas (bagagem, paisagem) e em substantivos que denotam “ação ou resultado de ação” (estiagem, estocagem) ou “coleção” (folhagem, ramagem), e é muito produtivo (Cf. HOUAISS, s.v.). 1 Em final de palavras, os dígrafos “em”, “ém” e “êm” representam graficamente o ditongo nasal /ey/: bem, alguém, mantém, mantêm, assim como o dígrafo “am” representa o ditongo /ãw/. Na fala paulistana, as vogais nasais tônicas são quase sempre enunciadas como ditongos nasais. Exemplos: [kriãysa] u yti] = doente, [põytu] = ponto. 2 página 137 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA dissulfiram, em, espedachim, fim, fuligem, gerzelim, hem, homem, idem, item, jardim, jovem, latim, lobisomem, mandarim, manequim, marfim, morim, modem, nem, nuvem, ontem, ordem, outrem, pajem, pentem, pinguim, pudim, polem, quem, réquiem, rim, ruim, sem, serafim, sim, também, tom, totem, trem, tuim, vacum, vem, xaxim, zepelim. Já a representação por n se dá quando a nasalidade é de timbre diverso de a e está seguida de s. Exemplos: flautins, homens, jardins, ordens, parabéns, semitons, vinténs, zunzuns.1 2º) Os vocábulos terminados em ã transmitem esta representação do a nasal aos advérbios em mente que deles se formem, assim como a derivados em que entrem sufixos iniciados por z: alemãzinha, avelãzita, cafetãmente, castelãmente, catamarãzinha, chãmente, cortesãmente, cristãmente, irmãmente, sãmente; lãzudo, maçãzita, manhãzinha, maracanãzinho, marrãzinha, picumãzeira, quartãmente, romãzal, romãzeira, sãmente, suãzinha, talismãzinho, tantãmente, vãmente, vilãmente. Observações importantes, adaptadas de Luft (2002, p. 38 e 2008, p. 53): Os dígrafos em, ém, êm, no final dos vocábulos são três formas diferentes que representam o mesmo ditongo nasal /: bem, alguém, mantêm etc. No início e no meio dos vocábulos, a nasalidade se representa por m antes de b e de p, e por n nos demais casos mb – ambos, combate, relembro, cacimba, vislumbrar; nc, nch, nd, nf, ng, nj, nl, nqu, nr, ns, nt, nv, nx, nz: banco, lancha, bendizer, benfeitor, sangue, injeção, conluio, benquisto, honra, mansidão, cantar, convite, enxofre, benzer. No português do Brasil, ocorre também a nasalização da vogal tônica, pela consoante nasal que inicia a sílaba seguinte. Exemplos: amamos, banana, manha, vemos, veneno, venho, mimo, menino, tinha, cômodo, Antônio, sonho, ciúme, oportuno, punho. Alguns termos técnicos e eruditos, assim como alguns estrangeirismos comuns são escritos com a nasalidade marcada com n em final de palavra. Exemplos: abdômen, alúmen, bacon, brâman, cânion, cânon, chazan, clean, cólon, dólman, dólmen, éden, elétron, espécimen, gérmen, herôon, hífen, hímen, ílion, ípsilon, jeton, lêucon, líquen, mácron, megaton, mícon, mórmon, náilon, nêutron, ómicron, píton, próton, regímen, sêmen, slogan, xênon etc. 1 página 138 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA DOS DITONGOS 1º) Os ditongos orais, que tanto podem ser tônicos como átonos, distribuem-se por dois grupos gráficos principais, conforme o segundo elemento do ditongo é representado por i ou u: ai, ei, éi, ói, oi, ui; au, eu, éu, iu, ou: a) Ditongos representados com a semivogal 1 i: (ai, ei, éi, oi, ói, ui): adonai, baixo, braçais, caixote, gaita, haicai, pai, papai, samurai, uai, uaiuai, confrei, deveis, eirado, frei, grei, jóquei, lei, leito, meirinho, nissei, pônei, sarnei, rei, sei, vôlei, farnéis (mas farneizinhos), alambéis, alvanéis, alugéis, anadeis, anéis, aranzéis, baixéis, batéis, bedéis, bordéis, broquéis, buréis, donzéis, fiéis, granéis, lauréis, motéis, novéis, painéis, papéis, quartéis, rapéis, réis, rondéis, sarapatéis, tonéis, vergéis, xairéis, boi, foi, goivar, goivo, dodói, góis, herói, anzóis, lençóis (mas lençoizinhos), acuicui, hui!, míxui, Rui, tafuis, ui!, uivar; b) Ditongos representados com a semivogal u: (au, eu, éu, iu, ou): alacrau, ararau, babau, bacalhau, bacurau, berimbau, cacau, cacaueiro, cambau, capiau, catatau, curaçau, curau, jirau, lacrau, lalau, luau, Macau, manau, marau, mau, miau, mingau, nau, pau, pica-pau, uau!, tchau!, urutau, abreu, amorreu, apogeu, ateu, breu, caldeu, deu, endeusar, eu, europeu, galileu, hebreu, jubileu, judeu, liceu, meu, museu, plebeu, pneu, sandeu, seu, Tadeu, teu, alvanéu (variante de alvanel), céu, déu, escarcéu, ilhéu (mas ilheuzito), labéu, léu, mastaréu, mundéu, pinéu, pitéu, pixéu, povaréu, poviléu, réu, solidéu,tabaréu, troféu, véu, xaréu, xeréu, abiu, dábliu, floriu, mediu, pipiu, psiu, tiziu (variante de tizio), xibiu (variante de xibio), xiu!, chou, grou, lupacou, ou, passou, regougar. “O termo nomeia os fonemas /w/ e /y/, orais ou nas ou nasais, quando soam, numa mesma sílaba, apoiados numa vogal: áurea, auto, véu, viu, sou, vai, meia, oito, fui, quase, equestre, tranquilo, vão, vítreo, rói, pão, mãe, cãibra, leões, muito, enquanto, quinquênio. Observe-se que a semivogal pode ser representada pelas letras e, i, o, u, w, y.” (Cf. PROENÇA FILHO, 2009, p. 17) 1 página 139 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Obs.: Admitem-se, todavia, excepcionalmente, à parte destes dois grupos, os ditongos grafados ae (= âi ou ai) e ao (âu ou au): o primeiro, representado nos antropônimos Caetano e Caetana, assim como nos respectivos derivados e compostos (caetaninha, são-caetano etc.); o segundo, representado nas combinações da preposição a com as formas masculinas do artigo ou pronome demonstrativo o, ou seja, ao e aos. 2º) Cumpre fixar, a propósito dos ditongos orais, os seguintes preceitos particulares: a) É o ditongo grafado ui, e não a sequência vocálica grafada ue, que se emprega nas formas de 2ª e 3ª pessoas do singular do presente do indicativo e igualmente na 2ª pessoa do singular do imperativo dos verbos em uir: constituis, influi, retribui. Harmonizam-se, portanto, essas formas com todos os casos de ditongo grafado ui de sílaba final ou fim de palavra (azuis, fui, Guardafui, Rui etc.); e ficam assim em paralelo gráfico-fonético com as formas de 2ª e 3ª pessoas do singular do presente do indicativo e de 2ª pessoa do singular do imperativo dos verbos em air e em oer: atrais (de atrair), cai (de cair), sai (de sair), móis (de moer), remói (de remoer), sói (de soer); b) É o ditongo grafado ui que representa sempre, em palavras de origem latina, a união de um u a um i átono seguinte. Não divergem, portanto, formas como fluido de formas como gratuito. Isso não impede que nos derivados de formas daquele tipo as vogais grafadas u e i se separem: fluídico, fluidez (u-i). c) Além dos ditongos orais propriamente ditos, os quais são todos decrescentes, admite-se, como é sabido, a existência de ditongos crescentes.1 Podem considerar-se no número deles as sequências vocálicas póstônicas2, como as representadas graficamente por ea, eo, ia, ie, io, oa, ua, ue, uo: acácia, Adélia, acédio, áurea, aéreo, alféloa, alvéloa, amêndoa, Na verdade, o chamado ditongo crescente é uma variante fonética (ou alofone) do hiato em encontros vocálicos instáveis. Tanto que, quando isto ocorre no final de palavra, cria-se o chamado proparoxítono aparente ou eventual. Só se encontram ditongos crescentes, regularmente, quando a semivogal é representada pela letra “u” depois de “q” ou “g” (velares), caso em que não formam dígrafos. Exemplos: água, aquário, lingueta, sequela, linguiça, tranquilo, ambíguo, quociente. 1 Observe-se que as palavras pré-tônico, pós-tônico e suas flexões ainda podem ser escritas também sem a hifenização (pretônico, postônico etc.), visto que não se distinguem foneticamente em algumas regiões, inclusive no Brasil, sendo assegurada a dupla grafia pela 5ª edição do VOLP (Cf. Academia, 2009, s.v.). 2 página 140 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA abútua, água, ambígua, ânuo, árduo, balbúrdia, barbárie, biênio, begoniácea, balneáreo, bilíngue, Califórnia, calúnia, calvície, cárie, cálcio, côdea, calcáreo, córnea, côngrua, côngruo, contíguo, contínua, contínuo, Dácia, desmaio, desperdício, drágea, Emília, efígie, éreo, égua, espádua, espécie, esteio, estátua, enxágue, exíguo, fátuo, Felícia, feio, férrea, frágua, gávea, gênio, glúteo, hemácia, hélio, herbóreo, ígnea, imbuia, insígnia, imundície, íngua, indivíduo, iníquo, ingênuo, jíbóia, kírie, lábio, língua, maio, láctea, longínquo, máfia, mágoa, mélroa, mênstruo, míngua, mútuo, náusea, notícia, núncio, ócio, óleo, orquídea, oblíquo, paródia, paróquia, páscoa, póvoa, perpétuo, planície, progênie, precário, profícuo, promíscuo, querência, quéchua, régia, régio, rósea, régua, saia, sósia, série, sério, superfície, tábua, tramoia, tempérie, tênue, trapézio, trégua, tríduo, trilíngue, úmbria, universitário, vaia, voluntário, várzea, zagaia, zircônio. 3º) Os ditongos nasais, que na sua maioria tanto podem ser tônicos como átonos, pertencem graficamente a dois tipos fundamentais: ditongos representados por vogal com til e semivogal1; ditongos representados por uma vogal seguida de m2. Eis a indicação de uns e outros: a) Os ditongos representados por vogal com til e semivogal são quatro, considerando-se apenas a língua padrão contemporânea: i) ãe (usado em vocábulos oxítonos e derivados): alemães, bastiães, cães, Guimarães, mãe, Magalhães, mãezinha, pães; ii) ãi (usado em vocábulos anoxítonos e derivados): ãatá, cãibas, cãibeiro, cãibo, cãibra (ou câimbra), cãibro, tucumãí, zãibo; Semivogal é o i ou o u que vem depois de uma vogal na mesma sílaba, formando o ditongo. Quando ocorre o chamado “ditongo crescente”, esse elemento vocálico que antecede a vogal base da sílaba nesse encontro vocálico instável costuma ser denominado semiconsoante, visto que a semivogal nunca pode ser a base da sílaba. 1 Com exceção dos ditongos crescentes em sílabas iniciadas pelas letras “q” ou “g”, em “gua”, “gue”, “gui”, “guo”, “qua”, “que”, “qui”, “quo”, todos os demais são encontros vocálicos instáveis (ora ditongos, ora hiatos). Por isto, podemos afirmar que esses elementos são semiconsoantes e não semivogais. A semiconsoante está sempre à esquerda da vogal base e pode formar os chamados ditongos crescentes. A semivogal, rigorosamente, está à direita da vogal base e não se separa dela para formar outra sílaba. As letras m e n que seguem as vogais, na mesma sílaba, (andam, bambu, em, jovens, parabéns, vendem) não são consoantes, mas meras marcas de nasalidade. São consoantes apenas quando iniciam as sílabas (bacana, Ibama, seremos, sereno, rama, rema, rima, Roma, ruma, sana, sena, sina, sono, suna), e, nestes casos, ocorre regularmente a nasalização nas vogais tônicas, no português do Brasil. Vogais átonas seguidas de sílabas iniciadas com as consoantes m ou n se nasalizam em algumas pronúncias regionais do Brasil. 2 página 141 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA iii) ão: abdicação, ablução, bênçãos, brão, canção, mão, demolição, então, fanfarrão, garanhão, homenzarrãos, ignição, junção, ladrão, mãozinha, não, opção, padrão, refrão, quão, redenção, sótão, sotãozinho, tão, união, vão, xingação, zângão, zarcão; iv) õe: abdicações, abluções, bobões, Camões, fogões, gabões, gibões, guarnições, indicações, junções, locuções, mutirões, noções, orações, oraçõezinhas, põe, repões, rincões, sabões, trovões, vulcões. Ao lado de tais ditongos pode, por exemplo, ser colocado o ditongo /ũy/; mas este, embora se exemplifique numa forma popular como /rũy/ = ruim, é representado sem o til nas formas muito e mui, por obediência à tradição. b) Os ditongos representados por uma vogal seguida de m são dois: am e em. Divergem, porém, nos seus empregos: i) am (sempre átono) só é empregado em flexões verbais:1 amam, amavam, amaram, amariam, deviam, deveram, deveriam, devam, escreviam, escreveram, escreveriam, escrevam, punham, puseram, poriam, ponham; ii) em (tônico ou átono) é empregado em palavras de categorias morfológicas diversas, incluindo flexões verbais, e pode apresentar variantes gráficas determinadas pela posição, pela acentuação ou, simultaneamente, pela posição e pela acentuação:2 bem, Bembom, Bemposta, cem, devem, fazem, nem, quem, sem, tem, virgem, Bencanta, Benfeito, Benfica, benquisto, bens, enfim, enquanto, homenzarrão, homenzinho, nuvenzinha, tens, virgens, amém (variação de ámen), armazém, convém, mantém, ninguém, porém, Santarém, também, convêm, mantêm, têm (plural), armazéns, desdéns, convéns, reténs, belenzada (tentativa de golpe de Estado em Portugal), vintenzinho. 1 Com isto, desaprova-se a variante Estevam do antropônimo Estêvão. didongo /~ey/ pode ser escrito com en, quando seguido de consoante não bilabial (encarco, endireitar, enfado, engolir, enjoar, enlatar, enquadrar, enroscar, ensino, entulho, enviuvar, enxaguar, enzinabrado, bens), com én ou ên, quando tônico em última ou antepenúltima sílaba de palavras não monossilábicas, cuja acentuação gráfica se justificar por qualquer uma das regras específicas, quando seguidas das referidas consoantes não bilabiais (parabéns, sequência, pênsil etc.), ou ainda com ém ou êm, nas situações em que a acentuação gráfica for recomendada (além, convém, vêm, convêm). 2O página 142 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA DO EMPREGO DO ACENTO GRAVE 1º) Emprega-se o acento grave1: a) Na contração da preposição a com as formas femininas do artigo ou pronome demonstrativo a: à (de a+a), às (de a+as) (Exemplos: Vou à cidade. Irei às lojas de utilidades. Buscava o retorno à antiga infância e juventude. Não, não se referia a esta senhora, mas à que foi sua vizinha. Não estou aludindo a esta cidade, mas à que guardo na minha lembrança de menino.); b) Na contração da preposição a com os demonstrativos aquele, aquela, aqueles, aquelas e aquilo, ou ainda da mesma preposição com os compostos aqueloutro e suas flexões: àquele(s), àquela(s), àquilo; àqueloutro(s), àqueloutra(s).2 (Exemplos: No encontro com velhos conhecidos, referiu-se àquela jovem que havia conhecido menino. Dirigiu-se, então, àquele senhor que sabia velho dono da farmácia. Referiu-se a isto e àquilo, sem deixar claro o seu pensamento.) 1 O fato de ser utilizado o acento grave principalmente para O professor Evanildo Bechara recomenda que também se use o acento grave nas locuções constituídas da preposição a seguida de substantivo feminino, em casos como barco à vela, desenhar à mão, ensino à distância, escrever à máquina, venda à vista etc., principalmente nas situações em que a frase se tornar ambígua. (Confira BECHARA, 2008, p. 85). Confira também o capítulo sobre a CRASE, do livro do professor Adriano da Gama Kury, disponível em http://www.filologia.org.br/textos/crase.pdf. 2 página 143 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA EXERCÍCIOS SOBRE O USO DO ACENTO GRAVE1 1) ―... no tocante à correção gramatical...‖ O uso do acento indicativo de crase se justifica, nesse caso, por: a) ser correção uma palavra feminina; b) marcar a junção de preposição e artigo; c) estar numa locução adverbial; d) indicar a contração de preposição e demonstrativo; e) fazer parte de uma locução prepositiva. 2) ―...cidadelas à margem do tecido urbano...‖ Que regra a seguir justifica o emprego do acento grave indicativo da crase na fras destacada? a) o termo antecedente exige, por sua regência, a preposição e o termo consequente admite o artigo a; b) nas locuções adverbiais formadas com palavras femininas; c) nas locuções prepositivas formadas com palavras femininas; d) nas locuções conjuntivas formadas com palavras femininas; e) nas combinações da preposição com o pronome demonstrativo. 3) ―__ beira do leito, assistiu __ amiga, hora __ hora, minuto __ minuto, sempre __ espera de um milagre.‖ a) À, à, à, a, à b) A, a, a, a, à c) À, a, a, a, à d) À, a, à, à, à e) À, à, a, a, à 4) ―A matéria __ que me refiro não é aquela __ que Vossa Excelência se referiu concernente __ diretrizes )) critério das esperas superiores.‖ a) à, à, a, à c) a, a, a, a b) a, à, a, à c) à, a, a, a e) à, à, à, a 1 As questões deste exercício foram extraídas ou adaptadas dos livros de Renato Aquino (2010, p. 130-134 e 2010-b, p. 121-123). Para maior aprofundamento sobre a questão da crase e do uso do acento grave, consulte o capítulo sobre CRASE, de autoria do professor Adriano da Gama Kury, disponível na página http://www.filologia.org.br/textos/crase.pdf página 144 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 5) Aponte a frase em que não se admite o acento grave. a) Solicitei ajuda à base. d) O criminoso resistiu à prisão b) Alberto viajará à Turquia. e) Fui à feira. c) O barco nos levará à alguma ilha. 6) Assinale a alternativa abaixo que, em sequência, preenche corretamente as lacunas das seguintes frases: Devo obediência ______ professor. Não fiz referência _______. Os alunos estavam presentes _______ acontecimentos. Continuaremos fiéis _______ que são os nossos amigos. a) àquele, àquilo, àqueles, àqueles b) àquele, aquilo, aqueles, àqueles c) aquele, aquilo, aqueles, aqueles d) àquele, aquilo, aqueles, aqueles e) aquele, aquilo, àqueles, aqueles 7) Assinale a frase com erro no uso do acento grave. a) Quando fores à Suíça, procura-me. b) Ele vivia à custa do tio. c) Darei o recado à essa vizinha. d) Eis a menina a quem me referi. e) Os marinheiros já foram todos a terra. 8) Assinale a frase correta quanto ao uso do acento grave. a) Fui à casa e voltei logo. b) Quero tudo as claras. d) Não fiz alusão à V. Sa. c) O carro entro à esquerda. e) Íamos lá as vezes. 9) Assinale a opção que preenche corretamente o texto a seguir, quanto ao emprego do acento grave. ―Em virtude de investigações psicológicas __ que me referi, nota-se crescente aceitação de que é prciso pôr termo __ indulgência e __ inação com que temos assistido __ escalada da pornoviolência.‖ (S. Pfromm) a) à, a, à, a b) a, à, à, à c) a, a, a, a d) à, à, a, a e) a, à, a, a 10) Assinale a opção que preenche corretamente, quanto ao emprego do sinal indicativo de crase, o texto a seguir ―__ dimensão da aventura acrescentamos __ tecnologia do nosso século, mas falta __ muitos de nós o gosto por inventar; falta _______ que inventa __ ideologia do futuro.‖ a) À, a, a, àquele, a b) A, à, a, àquele, à c) À, a, à, àquele, a d) A, a, à, àquele, a e) À, a, à, aquele, à página 145 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 11) Assinale o emprego facultativo do acento grave. a) Antônio declarou-se à Catolina. b) Estiveste à espera do mensageiro? c) Serás digno, à medida que pacificares a ti mesmo. d) Ninguém irá à Penha. e) Sejamos úteis à sociedade. 12) Assinale o erro no emprego do acento grave. a) O funcionário se dirigiu à tesouraria. b) Fizemos referência à época em que ele vivia d) Fui à cidade ontem. c) Iremos todos à pé. 13) Assinale o erro no emprego ou não do acento grave. a) Fui à Copacabana. d) Passearemos a cavalo. e) Iria a Portugal. c) Estava à beira de um colapso. e) Todos se dirigiam à tesouraria. 14) Assinale o erro no uso do acento grave. a) Chegarei logo à cidade. b) Tânia, à qual deram o prêmio, é muito esforçada. c) Esta camisa é inferior à que você comprou. d) Eu não disso isso a Juliana. e) Isto me cheira à ironia. 15) Assinale o exemplo em que o acento grave indicador de crase é facultativo. a) Encaminhou-se à secretaria. b) Estão indo até à porta. c) Alfredo perdoou à irmã. d) Foram levados à força. e) Ficamos à frente de todos. 16) Complete a frase e marque a alternativa correspondente. ―Chegou __ quatro horas e não sabia __ quem recorrer.‖ a) às, à b) as, a d) as, à c) às, a 17) Complete as lacunas: Dei um livro __ ela. Chegaremos logo __ Brasília. Não vá __ cozinha. a) a, a, à b) a, à, a c) à, a, à d) a, a, a e) à, à, à 18) Complete e anote a opção correspondente. ―Diga ______ pessoa que, __ essa hora, estávamos indo __ farmácia.‖ a) àquela, à, à b) aquela, a, a c) aquela, à, a d) àquela, a, à 19) Está errado o uso do acento grave em: a) Ele já se acostumou à doença. Só falava à pessoas sensatas. c) Àquela hora, todos tinham saído. página 146 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA d) Fiz menção à que ficou na prateleira. e) Aspiremos à paz interior, para que o mundo melhore. 20) Há erro de acentuação gráfica na frase seguinte: a) Viajaremos à Bahia ainda neste mês. b) Fui enviado à Itália para resolver a questão. c) Indo à Paraíba, visite meus avós. d) Ninguém foi à Cuiabá. 21) Há erro de uso do acento grave. a) Chegou à noite. c) A garota disse a verdade à prima. b) Chegou a noite. d) A garota disse a verdade à uma tia que viu. 22) Há erro de uso do acento grave. c) Sou avesso a bobagens. a) Isto me cheira à trapaça. b) Estávamos a conversar. d) Fiquei à distância de dez metros. 23) Há erro de uso do acento grave. a) Os marinheiros não mais irão à terra. c) Só falava à pessoas de bom senso. d) Usava um chapéu a Lampião. b) Ele iria a casa depois. 24) Indique a letra em que os termos preenchem corretamente, pela ordem, as lacunas do trecho dado. ―Assustada __ família com os versos em que o via sempre ocupado, foi reclamar ao grande mestre que não o via estudar em casa, ao que lhe foi respondido que __ sua assiduidade e aplicação __ aulas nada deixavam __ desejar. Era o que bastava e daí por diante continuou tranquilo a ler e fazer versos...‖ (Francisco Venâncio Filho) b) a, à, às, a c) a, a, às, a a) à, a, as, à d) à, a, as, à e) à, à, às, a 25) Indique a sequência que preenche corretamente as lacunas. ―Desde a Declaração dos Direitos da ONU, em 1948, __ expressão ―direitos humanos‖ compreende pelo menos três tipos de direitos: a) os direitos e liberdades civis; b) direito de participação política por meio da escolha de representantes; e c) direitos econômicos e sociais. Essa última categoria de direitos humanos é __ mais recente das três citadas e tem como exemplos o direito ao trabalho, o direito __ previdência social, o direito __ uma renda mínima e o direito __ educação entre outros.‖ a) à, à, a, a, à c) a, a, à, à, a b) a, à, a, à, à d) a, a, à, à, à e) a, a, à, a, à 26) Marque a opção em que o acento grave não é facultativo, para indicação de crase. Ou seja, quando ele é obrigatório. página 147 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA a) Meu amigo se declarou à Joana. b) Alguém irá até à praça. c) Pedi ajuda à mulher. d) Pedi ajuda à sua colega. 27) Marque a opção que apresenta o emprego incorreto do acento grave. a) O recurso falhou quanto à instruções contidas no RIISTJ. b) Não procedeu à demonstração analítica das circunstâncias. c) Isto é imprescindível à caracterização do dissídio jurisprudencial. d) Não conheço do recurso pela pretendida violação à alínea c. e) Nego provimento à apelação. 28) Marque o erro no emprego do acento grave. a) Chegamos à ilha ao anoitecer. b) Entreguei à médica o resultado dos exames. c) Ele foi levado à alguma livraria. d) Graças a você não fui atropelado 29) Não há erro de uso do acento grave em: a) Ela quer ir à Volta Redonda. b) Estava lá desde às sete da noite c) A sala à que me dirigi era espaçosa. d) Encontrei lá um garoto à ler uma revista. e) Usava cabelos à principe Danilo. 30) Observe as frases: I – Não se referiram a qualquer reforma mas à de 1971. II – À língua deve-se querer como à pátria. III – Azálea está passando à azaleia. IV – A discussão era à propósito de reformas ortográficas. A ocorrência de crase está corretamente indicada: b) somente na I e na IV a) somente na I e na II c) somente na II e na III d) somente na II e na IV e) somente na III e na IV 31) Preencha as lacunas da frase abaixo e assinale a alternativa correta. ―Comunicamos __ V. Sa. que encaminhamos __ petição anexa __ Divisão de Fiscalização que está apta __ prestar __ informações solicitadas.‖ a) à, a, à, a, às b) a, a, à, a, as c) a, à, a, à, as d) à, à, a, à, às e) à, a, à, à, as 32) Preencha as lacunas e marque a opção adequada. ―Fizemos tudo __ claras e, __ noite, estávamos __ frente da casa.‖ b) às, a, a c) as, à, à d) às, à, a a) às, à, à página 148 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 33) Quantos acentos graves devem ser usados na frase: ―A tarde, fui a pensão e pedi a cozinheira um cozido a brasileira‖? a) dois b) um c) quatro d) três e) nenhum 34) Quantos acentos graves há na frase: ―A noite, indo a casa do diretor, consegui as informações a que te referiste‖? a) três b) dois c) quatro d) um e) nenhum 35) Só está correta quanto ao uso do acento grve a seguinte frase: a) Ele se dirigiu a que estava no balcão. b) A sala a que ele se dirigiu é bem iluminada. c) Falava à respeito de futebol. d) As vezes ficávamos sozinhos. 36) Só não há erro de acentuação em: a) Minha filha, vamos àquela praça. b) Eles ficaram cara à cara. c) Já estava à par de tudo. d) Fiz compras à granel. e) Marcos estudou a beça. 37) Só não há erro de acentuação em: b) Não fales assim aquela senhora a) Obedeçam as leis. c) Fiquei a chorar. d) O homem caminhava as cegas. e) Eles voltaria à uma. 38) Só não ha erro de uso do acento grave em: a) Expliquei à você o ocorrido. d) Irei à Paris. b) O aborrecimento é prejudicial à todos. e) Estimo a colega. c) Candidatou-se à vereadora. página 149 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA DA SUPRESSÃO DOS ACENTOS EM PALAVRAS DERIVADAS1 1º) Nos advérbios em mente, derivados de adjetivos com acento agudo ou circunflexo, estes são suprimidos: avidamente (de ávida), debilmente (de débil), facilmente (de fácil), habilmente (de hábil), ingenuamente (de ingênua), lucidamente (de lúcida), mamente (de má), somente (de só), unicamente (de única) etc.; candidamente (de cândida), cortesmente (de cortês), dinamicamente (de dinâmica), espontaneamente (de espontânea), portuguesmente (de português), romanticamente (de romântica). 2º) Nas palavras derivadas que contêm sufixos iniciados por z e cujas formas de base apresentam vogal tônica com acento agudo ou circunflexo, estes são suprimidos: aneizinhos (de anéis), avozinha (de avó), bebezito (de bebé), cafezada (de café), chapeuzinho (de chapéu), chazeiro (de chá), heroizito (de herói), ilheuzito (de ilhéu), mazinha (de má), orfãozinho (de órfão), vintenzito (de vintém) etc.; avozinho (de avô), bençãozinha (de bênção), lampadazita (de lâmpada), pessegozito (de pêssego). 1 Esta regra ortográfica já vigora no Brasil desde 1971, quando a Lei nº 5.765 determina que "fica abolido o trema nos hiatos átonos; o acento circunflexo diferencial na letra e e na letra o da sílaba tônica das palavras homógrafas de outras em que são abertas a letra e e a letra o, exceção feita da forma pôde, que se acentuará em oposição a pode; o acento circunflexo e o grave com que se assinala a sílaba subtônica dos vocábulos derivados em que figura o sufixo mente ou sufixos iniciados por z"; e em Portugal desde 1973. Todas essas palavras derivadas com os sufixos –mente, zinho, zito, zal etc. estão entre as que dispensam acentuação gráfica, de acordo com as regras gerais das paroxítonas e das oxítonas. página 150 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA DO TREMA O trema, sinal de diérese, é inteiramente suprimido em palavras portuguesas ou aportuguesadas. Nem sequer se emprega na poesia, mesmo que haja separação de duas vogais que normalmente formam ditongo: saudade, e não saüdade, ainda que tetrassílabo; saudar, e não saüdar, ainda que trissílabo etc. Em virtude desta supressão, abstrai-se de sinal especial, quer para distinguir, em sílaba átona, um i ou um u de uma vogal da sílaba anterior, quer para distinguir, também em sílaba átona1, um i ou um u de um ditongo precedente, quer para distinguir, em sílaba tônica ou átona, o u de gu ou de qu de um e ou i seguintes: arruinar, constituiria, depoimento, esmiuçar, faiscar, faulhar, oleicultura, paraibano, reunião; abaiucado, auiqui, caiuá, cauixi, piauiense; adeque, ambiguidade, apazígue, aguentar, anguiforme, arguir, bilíngue, cinquenta, consequente, delinquente, delinquir, deságue, eloquente, enxágue, equestre, equidade, frequentar, frequente, iniquidade, lingueta, linguista, linguístico; marigui, oblíque, sagui, retorquir, sanguíneo, tranquilo, ubiquidade, unguento. Obs.: Conserva-se, no entanto, o trema, de acordo com a Base I, 3º, em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros: hübneriano, de Hübner, mülleriano, de Müller etc. 1 Veja-se a referência ao trema na nota anterior: "fica abolido o trema nos hiatos átonos". Este registro abolia o trema permitido na observação 2ª, alínea 12ª, tópico "Acentuação Gráfica" das "Instruções para a Organização do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa", ónde se lê: "É lícito o emprego do trema quando se quer indicar que um encontro de vogais não forma ditongo, mas hiato: saüdade, vaïdade (com quatro sílabas) etc." página 151 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA EXPLICAÇÃO 7.2. Abolição do trema (Base XIV) No Brasil, só com a Lei nº 5.765, de 18 de dezembro de 1971, o emprego de trema foi largamente restringido, ficando apenas reservado às sequências gu e qu prepostas a e ou i, nas quais o u se pronuncia (conferir aguentar, aguente, eloquente, equestre etc.). O novo texto ortográfico propõe a supressão completa do trema, já acolhida, aliás, no Acordo de 1986, embora não figurasse explicitamente nas respectivas bases. A única ressalva, neste aspecto, diz respeito a palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros com trema (conferir mülleriano, de Müller etc.). Generalizar a supressão do trema é eliminar mais um fator que perturba a unificação da ortografia portuguesa, visto que, fora do Brasil, ela já ocorre desde 1945, em todo o domínio da língua portuguesa. página 152 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA DO APÓSTROFO 1º) São os seguintes os casos de emprego do apóstrofo: a) Faz-se uso do apóstrofo para separar graficamente uma contração ou aglutinação1 vocabular, quando um elemento ou fração respectiva pertence propriamente a um conjunto vocabular distinto: d‘Os Lusíadas, d‘Os Sertões; n‘Os Lusíadas, n‘Os Sertões; pel‘Os Lusíadas, pel‘Os Sertões. Nada obsta, contudo, a que estas escritas sejam substituídas por empregos de preposições íntegras, se o exigir razão especial de clareza, expressividade ou ênfase: de Os Lusíadas, em Os Lusíadas, por Os Lusíadas etc. As divisões indicadas são análogas às dissoluções gráficas que se fazem, embora sem emprego do apóstrofo, em combinações da preposição a com palavras pertencentes a conjuntos vocabulares imediatos: a A Relíquia, a Os Lusíadas (exemplos: importância atribuída a A Relíquia; recorro a Os Lusíadas). Em tais casos, como é óbvio, entende-se que a dissolução gráfica nunca impede na leitura a combinação fonética: a A = à, a Os = aos etc. b) Pode ser dividida por meio do apóstrofo uma contração ou aglutinação vocabular, quando um elemento ou fração respectiva é forma pronominal e se lhe quer dar realce com o uso de maiúscula: d’Ele, n’Ele, d’Aquele, n’Aquele, d’O, n’O, pel’O, m’O, t’O, lh’O, casos em que a segunda parte, forma masculina, é aplicável a Deus, a Jesus etc.; d’Ela, n’Ela, d’Aquela, n’Aquela, d’A, n’A, pel’A, tu’A, t’A, lh’A, casos em que a segunda parte, forma feminina, é aplicável à mãe de Jesus, à Providência etc. Exemplos frásicos: confiamos n’O que nos salvou; esse milagre revelou-m’O; está n’Ela a nossa esperança; pugnemos pel’A que é nossa padroeira. Aglutinação é a perda de delimitação vocabular entre duas formas que se reúnem por composição ou derivação e passam a constituir um único vocábulo fonético. Exemplo: aguardente (água + ardente). (Confira AZEREDO, 2008, p. 47) 1 página 153 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA À semelhança das divisões indicadas, uma combinação da preposição a com uma forma pronominal realçada pela maiúscula pode ser dissolvida graficamente, sem o apóstrofo: a O, a Aquele, a Aquela (entendendo-se que a dissolução gráfica nunca impede na leitura a combinação fonética: a O = ao, a Aquela = àquela etc.). Exemplos frásicos: a O que tudo pode, a Aquela que nos protege. c) Emprega-se o apóstrofo nas ligações das formas santo e santa a nomes do hagiológio1, quando importa representar a elisão2 das vogais finais o e a: Sant’Ana, Sant’Iago etc. É, pois, correto escrever: Calçada de Sant’Ana. Rua de Sant’Ana; culto de Sant’Iago, Ordem de Sant’Iago. Mas, se as ligações deste gênero, como é o caso destas mesmas Sant’Ana e Sant’Iago, se tornam perfeitas unidades mórficas, os dois elementos se aglutinam: Fulano de Santana, ilhéu de Santana, Santana de Parnaíba; Fulano de Santiago, ilha de Santiago, Santiago do Cacém. Em paralelo com a grafia Sant’Ana e congêneres, emprega-se também o apóstrofo nas ligações de duas formas antroponímicas, quando é necessário indicar que na primeira se elide um o final: Nun’Álvares, Pedr’Eanes. Note-se que nos casos referidos, as escritas com apóstrofo, indicativas de elisão, não impedem, de modo algum, as escritas sem apóstrofo: Santa Ana, Nuno Álvares, Pedro Álvares etc. d) Emprega-se o apóstrofo para assinalar, no interior de certos compostos, a elisão do e da preposição de, em combinação com substantivos: barriga-d’água, borda-d’água, caixa-d’água, cobra-d’água, copo-d’água, estrela-d’alva, galinha-d’água, mãe-d’água, mestre-d’armas, pau-d’água, pau-d’alho, pau-d’arco, pau-d’óleo.3 2º) São os seguintes os casos em que não se usa o apóstrofo: Não é admissível o uso do apóstrofo nas combinações das preposições de e em com as formas do artigo definido, com formas pronominais 1 Hagiológio é o livro ou tratado sobre santos, ou a lista de nomes de santos. (Confira HOUAISS, 2001) Elisão é a modificação fonética decorrente do desaparecimento da vogal final átona diante da inicial vocálica da palavra seguinte. (Confira AZEREDO, 2008, p. 48) 2 Vale destacar que se trata de um caso em que o hífen é utilizado para ligar o primeiro elemento da composição ao segundo, quando intermediados por conectivo. Em regra, havendo preposição entre dois termos, a hifenização é descartada. 3 página 154 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA diversas e com formas adverbiais (excetuado o que se estabelece nas alíneas 1º) a) e 1º) b)). Tais combinações são representadas: a) Por uma só forma vocabular, se constituem, de modo fixo, uniões perfeitas: i) do, da, dos, das; dele, dela, deles, delas; deste, desta, destes, destas, disto; desse, dessa, desses, dessas, disso; daquele, daquela, daqueles, daquelas, daquilo; destoutro, destoutra, destoutros, destoutras; dessoutro, dessoutra, dessoutros, dessoutras; daqueloutro, daqueloutra, daqueloutros, daqueloutras; daqui; daí; dali; dacolá; donde; dantes (= antigamente); ii) no, na, nos, nas; nele, nela, neles, nelas; neste, nesta, nestes, nestas, nisto; nesse, nessa, nesses, nessas, nisso; naquele, naquela, naqueles, naquelas, naquilo; nestoutro, nestoutra, nestoutros, nestoutras; nessoutro, nessoutra, nessoutros, nessoutras; naqueloutro, naqueloutra, naqueloutros, naqueloutras; num, numa, nuns, numas; noutro, noutra, noutros, noutras, noutrem; nalgum, nalguma, nalguns, nalgumas, nalguém. b) Por uma ou duas formas vocabulares, se não constituem, de modo fixo, uniões perfeitas (apesar de serem correntes com esta feição em algumas pronúncias): de um, de uma, de uns, de umas, ou dum, duma, duns, dumas; de algum, de alguma, de alguns, de algumas, de alguém, de algo, de algures, de alhures, ou dalgum, dalguma, dalguns, dalgumas, dalguém, dalgo, dalgures, dalhures; de outro, de outra, de outros, de outras, de outrem, de outrora, ou doutro, doutra, doutros, doutras, doutrem, doutrora; de aquém ou daquém; de além ou dalém; de entre ou dentre. De acordo com os exemplos deste último tipo, tanto se admite o uso da locução adverbial de ora avante como do advérbio que representa a contração dos seus três elementos: doravante. Obs.: Quando a preposição de se combina com as formas articulares ou pronominais o, a, os, as, ou com quaisquer pronomes ou advérbios começados por vogal, mas acontece de essas palavras integradas estarem em construções de infinitivo, não se emprega o apóstrofo, nem se funde a preposição com a forma imediata, escrevendo-se estas duas separadamente: a fim de ele compreender; apesar de o não ter visto; em virtude de os nossos pais serem bondosos; o fato de o conhecer; por causa de aqui estares.1 Segundo Bechara (2008a, p. 111), “quando se trata de forma pronominal que funciona como objeto direto, a tradição da língua escrita, quer em Portugal quer no Brasil, é não se juntar a preposição ao pro1 página 155 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA EXERCÍCIOS 1) Acesse o Ambiente Virtual de Aprendizagem ―Pereira‖, em <www.avapereira.com.br/ava/mod/resource/view.php?id=35>, e aprenda ortografia, divertindo-se. O gabarito desta questão se encontra na mesma página virtual. nome átono o, a, os, as nas circunstâncias anteriormente indicadas: apesar de o não ter visto; o fato de o o h ”. Há protestos de linguistas e gramáticos em relação a esta regra ortográfica, não só por normatizar em questão de sintaxe, mas por se opor à tradição em algumas frases populares como "Chegou a hora da onça beber água". Tais protestos, entretanto, são inadequados, visto que as frases feitas são formas fixas da língua que preservam hábitos linguísticos do passado ou da região em que a expressão se originou. página 156 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 13/05/2011 – O acento gráfico nas palavras oxítonas e nas palavras paroxítonas (p. 63-72, 124-131) página 157 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA DAS PALAVRAS OXÍTONAS 1º) Acentuam-se com acento agudo: a) As palavras oxítonas1 terminadas nas vogais abertas grafadas a, e ou o, seguidas ou não de s: á(s): abadá, acolá, agá, aiatolá, Alá, amará, amarás, babá, bafafá, cá, cajá, Canadá, Corumbá, está, estás, felá, fubá, gambá, ganzá, guaraná, indaiá, já, jabá, jacá, Jacundá, jatubá, Jeová, jequitibá, jiquitibá, Jucá, manacá, madarová, mangangá, Marabá, maracujá, marajá, marandová, maricá, Maringá, olá, Pirajá, sabiá, saravá, sofá, ubá; é(s): abaeté, abaré, acarajé, aguapé, aimoré, André, apinajé, até, Barnabé, bidé, bofé, boné, boré, caburé, café, cafuné, canapé, caribé, chalé, chaminé, chulé, coiné, coité, é, és, fé, filé, galé, Guiné, imbé, Itambé, Itararé, jacaré, José, lelé, mané, maré, olé, pé, picolé, pajé, pangaré, pontapé(s), ralé, rapé, ré, rodapé, rolé, sacolé, sé, sopé, Sumé, Tomé, tripé; ó(s): abricó, após, avó, bisavó, bocó, caiapó, carijó, carimbó, caritó, catimbó, chororó, cipó, cotó, curió, dó, dominós, enxó, esquimó, Feijó, filó, fiofó, forró, gogó, goró, igapó, Itororó, Jericó, jiló, Marajó, mó, mocotó, nó, nós, paletó, pataxó, pó, pró, rococó, rondó, Seridó, só, socó, Tapajós, timbó, toró, totó, trenó, tripó, trololó, vós, xodó. Obs.: Em algumas palavras oxítonas terminadas em e tônico, geralmente provenientes do francês, esta vogal, por ser articulada nas pronúncias cultas ora como aberta ora como fechada, admite tanto o acento agudo como o circunflexo: bebé ou bebê, bidé ou bidê, canapé ou canapê, caraté ou caratê, 1 Observe que o termo oxítonas se refere a palavras com a última sílaba mais forte, independentemente do número de sílabas. Na língua portuguesa, o acento gráfico marca a vogal que recebe destaque fora da posição foneticamente natural ou indica outro fato gramatical. página 158 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA croché ou crochê, guiché ou guichê, matiné ou matinê, nené ou nenê, ponjé ou ponjê, puré ou purê, rapé ou rapê, cocó ou cocô, ró ou rô (nome da letra grega). São igualmente admitidas formas como judô, a par de judo, e metrô, a par de metro. b) As formas verbais oxítonas, quando conjugadas com os pronomes clíticos lo(s) ou la(s), passam a terminar na vogal aberta grafada a, após a assimilação e perda das consoantes finais grafadas r, s ou z: adorá-lo(s) [de adorar-lo(s)], dá-la(s) [de dar-la(s) ou dá(s)-la(s) ou dá(s)-la(s)], fá-lo(s) [de faz-lo(s)], fá-lo(s)-às [de far-lo(s)-ás], habitá-la(s)-iam [de habitarla(s)-iam], trá-la(s)-á [de trar-la(s)-á]. c) As palavras oxítonas com mais de uma sílaba terminadas no ditongo nasal grafado em (exceto as formas da 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos compostos de ter e vir: advêm, provêm, retêm, sutêm etc.) ou ens: em: acém, advém, além, algorrém, alguém, almazém, almocadém, amém, aquém, armazém, Belém, dalém, daquém, desdém, detém, entretém, harém, Jerusalém, mantém, Matusalém, moquém, neném, ninguém, porém, provém, recém, refém, retém, Santarém, santiamém, sustém, também, vaivém, vintém, Xerém. ens: advéns, armazéns, convéns, desdéns, deténs, entreténs, haréns, intervéns, manténs, moquéns, nenéns, provéns, parabéns, reféns, reténs, sobrevéns, susténs, vinténs. d) As palavras oxítonas com os ditongos abertos grafados éi, éu ou ói, podendo estes dois últimos ser seguidos ou não de s: éis: alambéis, alvanéis, alugéis, anadéis, anéis, aranzéis, baixéis, batéis, bedéis, bordéis, broquéis, buréis, donzéis, farnéis (mas farneizinhos), fiéis, granéis, lauréis, motéis, novéis, painéis, papéis, quartéis, rapéis, réis, rondéis, sarapatéis, tonéis, vergéis, xairéis. éu(s): cacaréu(s), casaréu(s), céu(s), chapéu(s), déu (de déu em déu), escarcéu(s), fogaréu(s), guinéu(s), ilhéu(s), (mas ilheuzito), incréu(s), labéu(s), léu(s), mastaréu(s), mausoléu(s), mondéu(s), Montevidéu, mundéu(s), pinéu(s), pitéu(s), pixéu(s), povaréu(s), poviléu(s), réu(s), solidéu, tabaréu(s), troféu(s), véu(s), xaréu(s), xeréu(s). ói(s): aerosóis, anzóis, arrebóis, atóis, bemóis, bói(is), cachecóis, caracóis, caubói(s), ceróis, condói(s), corrói(s), crisóis, dói(s), dodói(s), espanhóis, página 159 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA faróis, girassóis, Góis, herói(s), lencóis, mói(s), mongóis, motobói(s), paióis, paróis, reinóis, remói(s), resmói(s), rói(s), rouxinóis, sói(s), taróis, tersóis, urinóis. 2º) Acentuam-se com acento circunflexo: a) As palavras oxítonas terminadas nas vogais fechadas que se grafam e ou o, seguidas ou não de s: ê(s): albanês, aragonês, bambolê, bebê, bengalês, berlinês, bufê, cadê, camponês, chinês, cortês, dê, dendê, dês (de dar), dublê, escocês, etiopês, francês, fumê, gaulês, genovês, glacê, glicê, godê, Henê, holandês, inglês, irlandês, Japonês, lê, lês (de ler), libanês, matinê, mercê, mês, mirandês, montês, nenê, norueguês, pincinê, polonês, português, quedê, rês, sapê, siamês, três, vergê, você(s). ô(s): agogô(s), avô(s), bandô(s), bisavô(s), bololô(s), camelô(s), cocô(s), compôs, epô(s), flozô(s), gigolô(s), judô, metrô(s), nagô(s), pierrô(s), pivô(s), platô(s), popô(s), pornô(s), pôs, robô(s), sô, sumô, tarô, tataravô(s), tetravô(s), tricô(s), trisavô(s), vô, Xangô, xô! b) As formas verbais oxítonas, quando conjugadas com os pronomes clíticos lo(s) ou la(s), passam a terminar nas vogais tônicas fechadas que se grafam e ou o, após a assimilação e perda das consoantes finais grafadas r, s ou z: adorá-lo(s) [de adorar-lo(s)], compô-la(s) [de compor-la(s)], dá-la(s) [de dar-la(s) ou dás-la(s)], detê-lo(s) [de deter-lo-(s)], fá-lo(s)-ás [de farlo(s)-ás], fazê-la(s) [de fazer-la(s)], fê-lo(s) [de fez-lo(s)], habitá-la(s)-iam [de habitar-la(s)-iam], pô-la(s) [de por-la(s) ou pôs-la(s)], qué-lo(s) [de quer-lo(s)], repô-la(s) [de repor-la(s)], requé-lo(s) [de requer-lo(s)], trála(s)-á [de trar-la(s)-á], vê-la(s) [de ver-la(s)]. 3º) É desnecessário acento gráfico para distinguir palavras oxítonas homógrafas1, mas heterofônicas, do tipo de cor (ô), substantivo, e cor (ó), elemento da locução de cor; colher (ê), verbo, e colher (é), substantivo. Excetua-se a forma verbal pôr, para distingui-la da preposição por. 1 Palavras homógrafas são aquelas que têm a mesma grafia, mas com significados distintos. Exemplos: cedo (advérbio) e cedo (verbo), selo (substantivo) e selo (verbo). (Confira AZEREDO, 2008, p. 38) página 160 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA DAS PALAVRAS PAROXÍTONAS 1º) As palavras paroxítonas em geral não são acentuadas graficamente:1 abençoo, angolano, avanço, brasileiro, descobrimento, enjoo, floresta, graficamente, grave, homem, mesa, moçambicano, Tejo, vejo, velho, voo. 2º) Recebem, no entanto, acento agudo: a) As palavras paroxítonas que apresentam, na sílaba tônica, as vogais abertas grafadas a, e, o e ainda i ou u e que terminam em l, n, r, x e ps, assim como, salvo raras exceções, as respectivas formas do plural, algumas das quais passam a proparoxítonas: em l: amável (plural amáveis e mais de duas mil palavras terminadas com o sufixo vel), Aníbal, arátel, cúmel, dócil (plural dóceis), dúctil (plural dúcteis), fóssil (plural fósseis), fúsel, guímel, níquel, réptil (plural répteis; variante reptil, plural reptis), rímel, túnel; em n:2 acúmen, ágmen, albúmen, alúmen, antífen, áscon, bárion, bóton, cânon, Clínton, cáften, cármen (plural cármenes ou carmens; variante carme, plural carmes), códon, cólon, crúmen, cerúmen, clicâmen, cúlmen, dólman, dólmen (plural dólmenes ou dolmens), écran, éden (plural édenes ou edens), élan, elétron, éon, fóton, fúlmen, gérmen, glúten, háden, hélicon, hífen, hímen, ílion, íon, lépton, léxicon, líquen (plural líquenes), lúmen (plural lúmenes ou lúmens), mácron, nécton, néon, nêutron, pécten, plúton, próton, quíton, rádon (variante rádom), sícon, tégmen, trípton, xénon; 1A sílaba em destaque de uma palavra não monossilábica é, naturalmente, a penúltima, por isto dispensa a acentuação gráfica quando termina em a, as, e, es, o, os, em ou ens. Se a palavra terminar diferentemente, o acento natural vai para a última sílaba. Exemplos: PAROXÍTONAS: rosa, claras, dente, potes, ovo, novos, jovem, hifens; OXÍTONAS: papel, amar, telefax, telex, xerox, rapaz, manhã, alemãs, mamão, cristãos, dispõe, limões, mamães, caqui, guaranis, nambu, obus, papai, sinais, mingau, calhaus, troquei, dezesseis, europeu, fariseus, fugiu, pipius, depois, conclui, contribuis. 2 As paroxítonas terminadas em ens também dispensam a acentuação gráfica. página 161 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA em r: abástor, açúcar (plural açúcares), aligátor, almíscar (plural almíscares), cadáver (plural cadáveres), caráter ou carácter (mas plural carateres ou caracteres), ímpar (plural ímpares); em x: ábax, ádax, Ájax, alvitórax, anticlímax, ápex, bólax, bórax, cálix, cérvix, clímax, cóccix, códex, córdax, córtex (plural córtex; variante córtice, plural córtices), dúplex, fênix, fórnix, hápax, hálux, hélix, hírax, índex (plural índex; variante índice, plural índices), látex, pírex, pólex, sílex, tórax (plural tórax ou tóraxes; variante torace, plural toraces), xérox (variante de xerox); em ps: bíceps (plural bíceps; variante bicípite, plural bicípites), brótops, demonórops, fórceps (plural fórceps; variante fórcipe, plural fórcipes), girínops, multíceps, tríceps. Obs.: Muito poucas palavras deste tipo, com a vogais tônicas grafadas e e o em fim de sílaba, seguidas das consoantes nasais grafadas m e n, apresentam oscilação de timbre nas pronúncias cultas da língua e, por conseguinte, também de acento gráfico (agudo ou circunflexo): sémen (Portugal) e sêmen (Brasil); xénon (Portugal) e xênon (Brasil); fêmur (Brasil) e fémur (Portugal); vómer (Portugal) e vômer (Brasil); Fénix (Portugal) e Fênix (Brasil); ónix (Portugal) e ônix (Brasil). 1 b) As palavras paroxítonas que apresentam, na sílaba tônica, as vogais abertas grafadas a, e, o e ainda i ou u e que terminam em ã(s), ão(s), ei(s), i(s), um, uns ou us: em ã(s): ímã(s), órfã (órfãs); em ão(s): acórdão (acórdãos), Cristóvão, órgão (órgãos), sótão (sótãos), órfão(s). em ei(s): amáreis (de amar), amáveis (idem), amáveis (plural de amável), cantaríeis (de cantar), fáceis (plural de fácil), fizéreis (de fazer), fizésseis (idem), fósseis (plural de fóssil), hóquei, Jérsei, jóquei (jóqueis), terríveis (plural de terrível), video; 1 Veja outras palavras que, no português do Brasil, têm acento circunflexo nas vogais a, e e o, embora a maioria tenha acento agudo em Protugal: abdômen, âmen, ânion, cânon, brâman, certâmen, durâmen, forâmen, iâdon (variante de iândom), ligâmen, santiâmen, tentâmen, velâmen, alcândor, apêndix, bômbix, ônix, salônis, talâmi, tênis, ubândgis, muômium, ânus, bônus, clônus, ônus, tônus, Vênus, bênção, Estêvão. página 162 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA em i(s): báli, beribéri, bílis (singular e plural), biquíni, cádi, áli, católi, cóli, corônis, cúli, cúmbi, dovórni, fúndji, háji, híndi, índi, infúngi, jinvúngi, íris (singular e plural), júri, lápis, mádi, mídi, oásis (singular e plural), óvni, páli, sífilis, tambafóli, táxi, taxifáli, uádi, uáli, uédi, vádi, váli; em um(uns): álbum (álbuns), árum, cádmium, cécum, factótum, fórum (fóruns), lábrum, médium (médiuns), nátrium, óstium, parabélum, télum, vélum, xógum; em us: abápus, ábus, ábsus, aeróbus, bárbus, cáctus, cárus, cítrus, crócus, fálus, fícus, húmus (singular e plural), ítus, lócus, lótus, lúpus, málus, múnus, pínus, rébus, ríctus, sínus, tálus, trágus, úncus, vírus (singular e plural). Obs. 1: Muito poucas paroxítonas deste tipo, com as vogais tônicas grafadas e e o em fim de sílaba, seguidas das consoantes nasais grafadas m e n, apresentam oscilação de timbre nas pronúncias cultas da língua, o que é assinalado com acento agudo, se aberto, ou circunflexo, se fechado: bónus (Portugal) ou bônus (Brasil), fémur (Portugal) ou fêmur (Brasil), Fénix (Portugal) ou Fênix (Brasil), pónei (Portugal) ou pônei (Brasil), gónis (Portugal) ou gônis (Brasil), ónix (Portugal) ou ônix (Brasil), pénis (Portugal) ou pênis (Brasil), ténis (Portugal) ou tênis (Brasil), ónus (Portugal) ou ônus (Brasil), sémen (Portugal) ou sêmen (Brasil), xénon (Portugal) ou xênon (Brasil), tónus (Portugal) ou tônus (Brasil), Vénus (Portugal) ou Vênus (Brasil) etc. Obs. 2: Não levam acento agudo os prefixos paroxítonos terminados em -r: inter-helênico, super-homem etc. 3º) Não se acentuam graficamente os ditongos representados por ei e oi da sílaba tônica das palavras paroxítonas, 1 dado que existe oscilação em muitos casos entre o fechamento e a abertura na sua articulação2: aboio, acaroide, adenoide, albuminoide, alcaloide, androide, algoide, anciloide, antropoide, apoio (do verbo apoiar), assembleia, Azoia, azuloia, azuloio, benzoica, boia, boina, boleia, cancroide, celuloide, claraboia, clinoide, comboio (subst.), tal como comboio, comboias etc. (do Naturalmente não se dispensará o acento gráfico nesses ditongos quando se enquadrarem em outras regras de acentuação gráfica, como ocorre nos ditongos terminados na consoante r: blêizer, contêiner, destróier, gêiser, Méier etc. (Confira BECHARA, 2008, p. 72). Semelhantemente, também se escreve com acento a variante gráfica éo, em palavras como alvéola, aréola, auréola, rubéola, urcéola etc. 1 Assim como em outros casos, a omissão deste acento gráfico resultou do acordo para se conseguir maior aproximação da grafia da língua portuguesa nos oito países da CPLP, optando-se pela forma portuguesa. 2 página 163 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA verbo comboiar), coio, coreico, coronoide, dentroide, dermatoide, discoide, elipsoide, elitroide, epopeico, eritroide, estoico, estroina, filoide dipnoica, fitoide, Frois, glenoide, glossoide, Gois, helicoide, hematoide, heroica, heroico, ideia, introito, jiboia, joia, lipoide, litoide, lambisgoia, langoia, loia, loio, mastoide, metaloide, moina, negroide, nematoide, omoide, onomatopeico, paranoia, paranoico, petaloide, pinacoide, pinoia, pitecoide, prismatoide, prismoide, proteico, romboide, Saboia, tipoia, tramoia, trocoide, Troia, xiloide, xooide, tal como já se escreve aldeia, apoio (subst.), baleia, cadeia, cheia, meia etc. 4º) É facultativo assinalar com acento agudo as formas verbais de pretérito perfeito do indicativo, do tipo amámos, louvámos, para distinguilas das correspondentes formas do presente do indicativo (amamos, louvamos), já que o timbre da vogal tônica é aberto naquele caso em certas variantes do português.1 5º) Recebem acento circunflexo: a) As palavras paroxítonas que contêm, na sílaba tônica, as vogais fechadas com a grafia a, e, o e que terminam em l, n, r, ou x, assim como as respectivas formas do plural, algumas das quais se tornam proparoxítonas: cônsul (plural cônsules), pênsil (plural pênseis), têxtil (plural têxteis), cânon, variante cânone (plural cânones), plâncton (plural plânctons), Almodôvar, aljôfar (plural aljôfares), âmbar (plural âmbares), Câncer, Tânger, bômbax (singular e plural), bômbix, variante bômbice (plural bômbices). b) As palavras paroxítonas que contêm, na sílaba tônica, as vogais fechadas com a grafia a, e, o e que terminam em ão(s), eis, i(s) ou us: bênção(s), côvão(s), Estêvão, zângão(s), devêreis (de dever), escrevêsseis (de escrever), fôreis (de ser e ir), fôsseis (idem), pênseis (plural de pênsil), têxteis (plural de têxtil), dândi(s), Mênfis, ânus. c) As formas verbais têm e vêm, 3ªs pessoas do plural do presente do indicativo de ter e vir, que são [na pronúncia de Portugal] foneticamente paroxítonas (respectivamente /te~e~j/, /ve~e~j/ ou ainda /te~je~j/, /ve~je~j/. Confira as antigas grafias substituídas, têem, vêem, a fim de se distinguirem de tem e Como no português falado no Brasil o timbre da vogal tônica das formas verbais referidas são sempre fechadas, não se usará nunca este acento diferencial. Isto se explica pelo fato de que, em nosso País, a consoante nasal nasaliza a vogal tônica que a antecede, provocando o seu fechamento, diferentemente do que ocorre em Portugal, em que não há esta nasalização. 1 página 164 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA vem, 3ªs pessoas do singular do presente do indicativo ou 2ªs pessoas do singular do imperativo; e também as correspondentes formas compostas, tais como: abstêm (conferir abstém), advêm (conferir advém), contêm (conferir contém), convêm (conferir convém), desconvêm (conferir desconvém), detêm (conferir detém), entretêm (conferir entretém), intervêm (conferir intervém), mantêm (conferir mantém), obtêm (conferir obtém), provêm (conferir provém), sobrevêm (conferir sobrevém). Obs.: Também neste caso são superadas as antigas grafias detêem, intervêem, mantêem, provêem etc., que passam a deteem, interveem, manteem, proveem etc. 6º) Assinalam-se com acento circunflexo: a) Obrigatoriamente, pôde (3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo), que se distingue da correspondente forma do presente do indicativo (pode). b) Facultativamente, dêmos (1ª pessoa do plural do presente do subjuntivo), para se distinguir da correspondente forma do pretérito perfeito do indicativo (demos); fôrma (substantivo), distinta de forma (substantivo; 3ª pessoa do singular do presente do indicativo ou 2ª pessoa do singular do imperativo do verbo formar).1 7º) Não é necessário acento circunflexo nas formas verbais paroxítonas que contêm um e tônico oral fechado em hiato com a terminação em da 3ª pessoa do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo, conforme os casos: creem, deem (subjuntivo), descreem, desdeem (subjuntivo), leem, preveem, redeem (subjuntivo), releem, reveem, tresleem, veem.2 8º) É igualmente dispensado o acento circunflexo para assinalar a vogal tônica fechada com a grafia o em palavras paroxítonas como enjoo, “A grafia fôrma (com acento gráfico) deve ser usada apenas nos casos em que houver ambiguidade, como nos verbos do poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira: “Reduzi sem danos/ A fôrmas a forma.” Diferentemente, no Cancioneiro, de Fernando Pessoa: “São as formas sem forma/ Que passam sem que a dor/ As possa conhecer/ Ou as sonhar o amor” (não há acento gráfico porque não cabe a ambiguidade). (Bechara, 2008a, p. 71) 1 A inutilidade deste acento, como a das palavras terminadas em oo(s) já era evidente, visto que palavras terminadas em o(s) e em têm acento natural na penúltima vogal. Não é didaticamente produtiva a referência a um acento gráfico que não é mais usado, exceto se se tratar de uma irregularidade ou de um caso especial em que ele seria previsível. 2 página 165 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA substantivo e flexão de enjoar; povoo, flexão de povoar; voo, substantivo e flexão de voar etc. 9º) Dispensa-se o uso de acento gráfico (agudo e circunflexo) para distinguir palavras paroxítonas que, tendo respectivamente vogal tônica aberta ou fechada, são homógrafas de palavras proclíticas.1 Assim, deixam de se distinguir pelo acento gráfico: para (á), flexão de parar,2 e para, preposição; pela(s) (é), substantivo e flexão de pelar, e pela(s), combinação de per e la(s); pelo (é), flexão de pelar, pelo(s) (é), substantivo ou combinação de per e lo(s); pera (substantivo) e pera (preposição arcaica); polo(s) (ó), substantivo, e polo(s), combinação antiga e popular de por e lo(s) etc. 10º) Prescinde-se igualmente de acento gráfico para distinguir paroxítonas homógrafas heterofônicas do tipo de acerto (ê), substantivo, e acerto (é), flexão de acertar; acordo (ô), substantivo, e acordo (ó), flexão de acordar; cerca (ê), substantivo, advérbio e elemento da locução prepositiva cerca de, e cerca (é), flexão de cercar; coro (ô), substantivo, e coro (ó), flexão de corar; deste (ê), contração3 da preposição de com o demonstrativo este, e deste (é), flexão de dar; fora (ô), flexão de ser e ir, e fora (ó), advérbio, interjeição e substantivo; piloto (ô), substantivo, e piloto (ó), flexão de pilotar etc. 4 EXPLICAÇÃO Palavras proclíticas são as que se incorporam foneticamente a outras que as seguem, formando um vocábulo fonético, como os artigos e as preposições, por exemplo. 1 Inclui-se nesta regra a forma para (do verbo parar), quando entra num composto separado por hífen, como para-água, para-balas, para-brisa, para-chispas, para-choque, para-chuva, para-costas, paraestilhaços, para-lama, para-luz, para-mentes, para-minas, paraqueda(s), paraquedismo, para-sol, parasol-da-china, para-tropa, para-vento. 2 A forma reduzida da preposição para deve ser escrita pra, sem acento e sem apóstrofo. Contração é a aglutinação de dois vocábulos gramaticais para formar um terceiro. Em português, há dois tipos de contração: de algumas preposições com artigos [a + o(s) = ao(s); a + a(s) = à(s), de + a(s) = da(s), de + o(s) = do(s) etc.] e dos pronomes o, os, a, as com outros pronomes oblíquos [me + o(s) = mo(s), lhe(s) + o(s) = lho(s) etc.]. (Confira AZEREDO, 2008, p. 47) 3 Estas quatro últimas regras são absolutamente inúteis, pois já estão incluídas na regra geral: “As palavras paroxítonas em geral não são acentuadas graficamente”. No ensino de ortografia da língua portuguesa não se tratará disso, a menos que seja uma aula sobre as alterações do acordo ortográfico. 4 página 166 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 5. SISTEMA DE ACENTUAÇÃO GRÁFICA (BASES VIII A XIII) 5.1. Análise geral da questão O sistema de acentuação gráfica do português atualmente em vigor [até 2012], extremamente complexo e minucioso, remonta essencialmente à Reforma Ortográfica de 1911. Tal sistema não se limita, em geral, a assinalar apenas a tonicidade das vogais sobre as quais recaem os acentos gráficos, mas distingue também o timbre destas. Tendo em conta as diferenças de pronúncia entre o português europeu e o do Brasil, era natural que surgissem divergências de acentuação gráfica entre as duas realizações da língua. Tais divergências têm sido um obstáculo à unificação ortográfica do português. É certo que em 1971, no Brasil, e em 1973, em Portugal, foram dados alguns passos significativos no sentido da unificação da acentuação gráfica, como se disse atrás. Mas mesmo assim, subsistem divergências importantes neste domínio, sobretudo no que respeita à acentuação das paroxítonas. Visto que a solução fixada na Convenção Ortográfica de 1945 não obteve viabilidade prática, conforme já foi referido, duas soluções foram apresentadas para se procurar resolver esta questão. Uma era conservar a dupla acentuação gráfica, o que constituía sempre um espinho contra a unificação da ortografia. Outra era abolir os acentos gráficos, solução adotada em 1986, no Encontro do Rio de Janeiro. Esta solução, já preconizada no I Simpósio Luso-Brasileiro sobre a Língua Portuguesa Contemporânea (conferir Simpósio, 1968), realizado em 1967 em Coimbra, tinha sobretudo a justificá-la o fato de a língua oral preceder a língua escrita, o que leva muitos usuários a não empregarem na prática os acentos gráficos, visto que não os consideram indispensáveis à leitura e compreensão dos textos escritos. A abolição dos acentos gráficos nas palavras proparoxítonas e paroxítonas, preconizada no Acordo de 1986, foi, porém, contestada por uma página 167 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA larga parte da opinião pública portuguesa, sobretudo por tal medida ir contra a tradição ortográfica, e não tanto por estar contra a prática ortográfica. A questão da acentuação gráfica tinha, pois, de ser repensada. Neste sentido, desenvolveram-se alguns estudos e foram feitos vários levantamentos estatísticos com o objetivo de se delimitarem melhor e quantificarem com precisão as divergências existentes nesta matéria. 5.2. Casos de dupla acentuação 5.2.1. Nas proparoxítonas (Base XI) Verificou-se assim que as divergências, no que respeita às proparoxítonas, circunscrevem-se praticamente, como já foi destacado, ao caso das vogais tônicas e e o, seguidas das consoantes nasais m e n1, com as quais aquelas não formam sílaba (ver Base XI, 3º). Estas vogais soam abertas em Portugal e nos países africanos, recebendo, por isso, acento agudo, mas são do timbre fechado em grande parte do Brasil, grafando-se por conseguinte com acento circunflexo: académico/acadêmico, cómodo/cômodo, efémero/efêmero, fenómeno/fenômeno, génio/gênio, tónico/tônico etc. Existe uma ou outra exceção a esta regra, como, por exemplo, cômoro e sêmola, mas estes casos não são significativos. Costuma-se, por vezes, referir que o a tônico das proparoxítonas, quando seguido de m ou n com que não forma sílaba, também está sujeito à referida divergência de acentuação gráfica. Mas tal não acontece, porém, já que o seu timbre soa praticamente sempre fechado nas pronúncias cultas da As vogais tônicas seguidas de consoantes nasais foram nasalizadas, na evolução do latim para o português, como se pode ver em palavras como limão < limõe < lemone, cão < cãe < cane ou irmão < irmano < germanu etc., sofrendo desnasalização em alguns casos. A nasalização permaneceu, quando não houve o desaparecimento dessas consoantes, exceto em Portugal, onde a deriva não encontrou o ambiente propício que as línguas indígenas e africanas ofereceram ao português do Brasil, que preservou essa nasalização. E, preservando a nasalização, essas vogais tônicas mantiveram também o timbre fechado. 1 O acento circunflexo, no português do Brasil, não é para indicar timbre, nas vogais nasais ou nasalizadas, mas, para indicar a tonicidade nelas. Como em Portugal não se preservou a nasalidade, há vogais abertas acentuadas com acento agudo (génio, tónico) e vogais fechadas acentuadas com acento circunflexo (cômodo, sêmola, âmago). página 168 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA língua, recebendo, por isso, acento circunflexo: âmago, ânimo, botânico, câmara, dinâmico, gerânio, pânico, pirâmide. As poucas exceções a este princípio são os nomes próprios de origem grega Dánae/Dânae e Dánao/Dânao. Note-se que se as vogais e e o, assim como a, formam sílaba com as consoantes m ou n, o seu timbre é sempre fechado em qualquer pronúncia culta da língua, recebendo, por isso, acento circunflexo: êmbolo, amêndoa, argênteo, excêntrico, têmpera, anacreôntico, cômputo, recôndito, cânfora, girândola, Islândia, Lâmpada, sonâmbulo etc. 5.2.2. Nas paroxítonas (Base IX) Também nos casos especiais de acentuação das paroxítonas ou graves (ver Base IX, 2º) algumas palavras que contêm as vogais tônicas e e o em final de sílaba, seguidas das consoantes nasais m e n, apresentam oscilação de timbre nas pronúncias cultas da língua. Tais palavras são assinaladas com acento agudo, se o timbre da vogal tônica é aberto, ou com acento circunflexo, se o timbre é fechado: fémur (Portugal) ou fêmur (Brasil), Fénix (Portugal) ou Fênix (Brasil), ónix (Portugal) ou ônix (Brasil), sémen (Portugal) ou sêmen (Brasil), xénon (Portugal) ou xênon (Brasil), bónus (Portugal) ou bônus (Brasil), ónus (Portugal) ou ônus (Brasil), pónei (Portugal) ou pônei (Brasil), ténis (Portugal) ou tênis (Brasil), Vénus (Portugal) ou Vênus (Brasil) etc. No total, estes são pouco mais de uma dúzia de casos. 5.2.3. Nas oxítonas (Base VIII) Encontramos igualmente nas oxítonas [ver Base VIII, 1º, a) Obs.] algumas divergências de timbre em palavras terminadas em e tônico, sobretudo provenientes do francês. Se esta vogal tônica soa aberta, recebe o acento agudo; se soa fechada, grafa-se com acento circunflexo. Também aqui os exemplos pouco ultrapassam as duas dezenas: bebé ou bebê, caraté ou caratê, croché ou crochê, guiché ou guichê, matiné ou matinê, puré ou purê etc. Existe também um caso ou outro de oxítonas terminadas em o ora aberto ora fechado, como sucede em cocó ou cocô, ró ou rô. página 169 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA A par de casos como este, há formas oxítonas terminadas em o fechado, às quais se opõem variantes paroxítonas, como acontece em judô e judo, metrô e metro, mas tais casos são muito raros. 5.2.4. Avaliação estatística dos casos de dupla acentuação gráfica Tendo em conta o levantamento estatístico que se fez na Academia das Ciências de Lisboa com base no já referido corpus de cerca de 110.000 palavras do vocabulário geral da língua, verificou-se que os casos citados de dupla acentuação gráfica abrangiam aproximadamente 1,27% (cerca de 1.400 palavras). Considerando que tais casos se encontram perfeitamente delimitados, como se referiu atrás, sendo assim possível enunciar a regra de aplicação, optou-se por fixar a dupla acentuação gráfica como a solução menos onerosa para a unificação ortográfica da língua portuguesa. 5.3. Razões de manutenção proparoxítonas e paroxítonas dos acentos gráficos nas Resolvida a questão dos casos de dupla acentuação gráfica, como se disse atrás, já não tinha relevância o principal motivo que levou em 1986 a abolir os acentos nas palavras proparoxítonas e paroxítonas. Em favor da manutenção dos acentos gráficos nestes casos, ponderaram-se, pois, essencialmente as seguintes razões: a) Pouca representatividade (cerca de 1,27%) dos casos de dupla acentuação; b) Eventual influência da língua escrita sobre a língua oral, com a possibilidade de, sem acentos gráficos, se intensificar a tendência para a paroxitonia, ou seja, deslocamento do acento tônico da antepenúltima para a penúltima sílaba, lugar mais frequente de colocação do acento tônico em português; c) Dificuldade em apreender corretamente a pronúncia de termos de âmbito técnico e científico, muitas vezes adquiridos através da língua escrita (leitura); d) Dificuldades causadas, com a abolição dos acentos, à aprendizagem da língua, sobretudo quando esta se faz em condições precárias, co- página 170 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA mo no caso dos países africanos, ou em situação de autoaprendizagem; e) Alargamento, com a abolição dos acentos gráficos, dos casos de homografia, do tipo de análise (substantivo)/ analise (verbo), fábrica (substantivo)/ fabrica (verbo), secretária (substantivo)/ secretaria (substantivo e verbo), vária (subs-tantivo, adjetivo e pronome)/ varia (verbo) etc., casos que, apesar de dirimíveis pelo contexto sintático, levantariam por vezes algumas dúvidas e constituiriam sempre problema para o tratamento informatizado do léxico; f) Dificuldade em determinar as regras de colocação do acento tônico em função da estrutura mórfica da palavra. Assim, as proparoxítonas, segundo os resultados estatísticos obtidos da análise de um corpus de 25.000 palavras, constituem 12%, cerca de 30% são falsas proparoxítonas (conferir gênio, água etc.). Dos 70% restantes, que são verdadeiras proparoxítonas (conferir cômodo, gênero etc.), aproximadamente 29% são palavras que terminam em -ico/-ica (conferir ártico, econômico, módico, prático etc.). Os 41% restantes de verdadeiras proparoxítonas se distribuem por cerca de 200 terminações diferentes, em geral de caráter erudito (conferir espírito; ínclito; púlpito; filólogo; esôfago; epíteto; pássaro; pêsames; facílimo; lindíssimo; parênteses etc.). 5.4. Supressão de acentos gráficos em certas palavras oxítonas1 e paroxítonas (Bases VIII, IX e X) 5.4.1. Em caso de homografia (Bases VIII, 3º, e IX, 9º e 10º) O novo texto ortográfico estabelece que deixem de se acentuar graficamente palavras do tipo de para (á) (flexão de parar), pelo (ê) (substantivo), pelo (é) (flexão de pelar) etc., as quais são homógrafas, respectivamente, das proclíticas para (preposição), pelo (contração de per e lo) etc. As razões pelas quais se suprime, nestes casos, o acento gráfico são as seguintes: a) Em primeiro lugar, por coerência com a abolição do acento gráfico já consagrado pelo Acordo de 1945, em Portugal, e pela Lei nº 5.765, 1 Observe que também os monossílabos tônicos estão incluídos no termo "oxítonas". página 171 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA de 18 de dezembro de 1971, no Brasil, em casos semelhantes, como, por exemplo: acerto (ê) (substantivo) e acerto (é) (flexão de acertar); acordo (ô) (substantivo) e acordo (ó) (flexão de acordar); cor (ô) (substantivo) e cor (ó) (elemento da locução de cor); sede (ê) e sede (é) (ambos substantivos) etc. b) Em segundo lugar, porque, tratando-se de pares cujos elementos pertencem a classes gramaticais diferentes, o contexto sintático permite distinguir claramente tais homógrafas. 5.4.2. Em paroxítonas com os ditongos ei e oi na sílaba tônica [Base IX, 4º, a)] O novo texto ortográfico propõe que não se acentuem graficamente os ditongos ei e oi tônicos das palavras paroxítonas. Assim, palavras como assembleia, boleia, ideia, que na norma gráfica brasileira se escrevem com acento agudo, já que o ditongo soa aberto, passarão a ser escritas sem acento, tal como aldeia, baleia, cheia etc. Do mesmo modo, palavras como comboio, dezoito, estroina etc., em que o timbre do ditongo oscila entre a abertura e o fechamento, passarão a ser grafadas sem acento. A generalização da supressão do acento nestes casos se justifica não apenas por permitir eliminar uma diferença entre a prática ortográfica brasileira e a lusitana, mas ainda pelas seguintes razões: a) Tal supressão é coerente com a já consagrada eliminação do acento em casos de homografia heterofônica (ver Base IX, 10º, e, neste texto, em 5.4.1), como sucede, por exemplo, em acerto (substantivo) e acerto (flexão de acertar); acordo (substantivo) e acordo (flexão de acordar); fora (flexão de ser e ir) e fora (advérbio) etc.; b) No sistema ortográfico português não se assinala, em geral, o timbre das vogais a, e e o das palavras paroxítonas, já que a língua portuguesa se caracteriza pela sua tendência para a paroxitonia. O sistema ortográfico não admite, pois, a distinção entre, por exemplo: cada (â) e fada (á); para (â) e tara (á); espelho (ê) e velho (é); janela (é) e janelo (ê); escrevera (ê) (flexão de escrever) e primavera (é); moda (ó) e toda (ô); virtuosa (ó) e virtuoso (ô) etc. Então, se não se torna necessário, nestes casos, distinguir pelo acento gráfico o timbre da vogal tônica, por que se há de usar o diacrítico para aspágina 172 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA sinalar a abertura dos ditongos ei e oi nas paroxítonas, tendo em conta que o seu timbre nem sempre é uniforme e a presença do acento constituiria um elemento perturbador da unificação ortográfica? 5.4.3. Em paroxítonas do tipo de abençoo, enjoo, voo etc. (Base IX, 8º) Por razões semelhantes às anteriores, o novo texto ortográfico consagra também a abolição do acento circunflexo, vigente no Brasil, em palavras paroxítonas como abençoo (flexão de abençoar), enjoo (substantivo e flexão de enjoar), moo (flexão de moer), povoo (flexão de povoar), voo (substantivo e flexão de voar) etc. O uso do acento circunflexo não tem aqui qualquer razão de ser, já que ele ocorre em palavras paroxítonas cuja vogal tônica apresenta a mesma pronúncia em todo o domínio da língua portuguesa. Além de não ter qualquer vantagem nem justificativa, constitui um fator que perturba a unificação do sistema ortográfico. 5.4.4. Em formas verbais com u e ui tônicos, precedidos de g e q (Base X, 7º). Não há justificativa para se acentuarem graficamente palavras como apazigue, arguem etc., já que estas formas verbais são paroxítonas e a vogal u é sempre articulada, qualquer que seja a flexão do verbo respectivo. No caso de formas verbais como argui, delinquis etc., também não há justificativa para o acento, pois se trata de oxítonas terminadas no ditongo tônico ui, que como tal nunca é acentuado graficamente. Tais formas só serão acentuadas se a sequência ui não formar ditongo e a vogal tônica for i, como, por exemplo, arguí (1ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo). página 173 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA EXERCÍCIOS página 174 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 20/05/2011 – O acento gráfico nas proparoxítonas e nas vogais tônicas ―i‖ e ―u‖ das oxítonas e paroxítonas (p. 73-78) e os exercícios 13 a 26 (p. 147152) página 175 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA DA ACENTUAÇÃO DAS VOGAIS TÔNICAS GRAFADAS I E U DAS PALAVRAS OXÍTONAS E PAROXÍTONAS 1º) As vogais tônicas grafadas i e u das palavras oxítonas e paroxítonas levam acento agudo quando antecedidas de uma vogal com que não formam ditongo e desde que não constituam sílaba com a consoante seguinte, exceto o s: açaí, adaís (plural de adail), aí, Alaíde, alaúde, altruísmo, altruísta, amiúde, Araújo, arcaísmo, Ataíde, ataúde, atraí (de atrair), atraíam (imperfeito de atrair), atraísse (idem), atraíste, atribuído, baía, balaústre, baú, beduíno, cafeína, caíque, caíste (de cair), carnaúba, caseína, ciúme, cocaína, concluído, conteúdo, corroído, cuíca, daí, egoísmo, egoísta, eletroímã, ensaísta, Esaú, espadaúdo, faísca, farisaísmo, faúlha, fluíram, gaúcho, genuíno, Grajaú, graúdo, gravataí, heroína, heroísmo, incluído, influíste (de influir), Inhaúma, jataí, Jacareí, jacuí, jaú, jesuíta, judaísmo, juízes, Jundiaí, Luís, Luísa, miúdo, oboísta, país, panteísmo, Paraíba, paraíso, Piraí, pitiú, plebeísmo, prejuízo, proteína, raízes, recaída, reúne, roído, ruído, ruína, saída, saúva, sanduíche, traíra, truísmo, vascaíno, viúva etc. 2º) As vogais tônicas grafadas i e u das palavras oxítonas e paroxítonas não levam acento agudo quando, antecedidas de vogal com que não formam ditongo, constituem sílaba com a consoante seguinte, como é o caso de nh1, l, m, n, r e z: bainha, moinho, rainha, adail, Caim, paul, Raul, Aboim, Coimbra, pixaim, ruim, ainda, constituinte, oriundo, ruins, triunfo, atrair, demiurgo, afluir, aluir, arguir, atrair, atribuir, concluir, confluir, construir, contribuir, destruir, diminuir, distrair, excluir, esvair, evoluir, fluir, incluir, influir, instruir, obstruir, poluir, prostituir, puir, reconstruir, restituir, retrair, retribuir, ruir, sair, trair, influir, influirmos; juiz, raiz etc. Observamos que o dígrafo nh não forma sílaba com a vogal que o precede, mas com a seguinte. Portanto, as vogais tônicas i e u são acentuadas graficamente quando, precedidas de vogais, formarem sílabas sozinhas (ou seguidas de s), exceto se a sílaba seguinte começar com o dígrafo nh. 1 página 176 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 3º) Em conformidade com as regras anteriores, leva acento agudo a vogal tônica grafada i das formas oxítonas terminadas em r dos verbos em air e uir, quando estas se combinam com as formas pronominais clíticas lo(s), la(s), que levam à assimilação e perda daquele r: atraí-lo(s) [de atrair-lo(s)]; atraí-lo(s)-ia [de atrair-lo(s)-[-ia]; contraí-lo(s) [de contrairlo(s)]; distraí-lo(s) [de distrair-lo(s)]; extraí-lo(s) [de extrair-lo(s)]; traílo(s) [de trair-lo(s)], atribuí-lo(s) [de atribuir-lo(s)]; concluí-lo(s) [de concluir-lo(s)]; construí-lo(s) [de construir-lo(s)]; despoluí-lo(s) [de despoluirlo(s)]; diminuí-lo(s) [de diminuir-lo(s)]; distribuí-lo(s) [de distribuir-lo(s)]; excluí-lo(s) [de excluir-lo(s)]; incluí-lo(s) [de incluí-lo(s)]; possuí-la(s) [de possuir-la(s)]; possuí-la(s)-ia [de possuir-la(s)-ia], restituí-lo(s) [de restituir-lo(s)]; substituí-lo(s) [de substituir-lo(s)]; usufruí-lo(s) de usufruir-lo(s)]. 4º) Não é necessário o acento agudo nas vogais tônicas grafadas i e u das palavras paroxítonas, quando precedidas de ditongo: baiuca (taverna), Bocaiuva, boiuno, cauila (variante cauira), cheiinho (de cheio), feiura (de feio), reiuno, saiinha (de saia), Sauipe, tauismo1, teiideo (de teiú) etc.2 5º) Levam, porém, acento agudo as vogais tônicas grafadas i e u quando, precedidas de ditongo, estão em posição final seguidas ou não de s: cacauí, peiú, Piauí, teiú, teiús, tuiuiú, tuiuiús, urutauí. Obs.: Se, neste caso, a consoante final for diferente de s, tais vogais dispensam o acento agudo: cauim, cauins. 6º) Não é necessário o acento agudo nos ditongos tônicos grafados iu e ui, quando precedidos de vogal: distraiu, instruiu, pauis (plural de paul: pântano). 7º) Os verbos arguir e redarguir prescindem do acento agudo na vogal tônica grafada u nas formas rizotônicas: arguo, arguis, argui (mas arguímos, arguís), arguem; argua, arguas, argua, arguam. O verbos do tipo de aguar, apaniguar, apaziguar, apropinquar, averiguar, desaguar, enxaguar, A variante taoísmo, assim como a palavra eoípo, em que o i forma hiato com a vogal anterior, na pronúncia mais corrente, o acento deverá ser marcado. Trata-se de uma situação natural, visto que o hiato é o encontro de duas vogais em sílabas vizinhas. Como o elemento vocálico do ditongo precedente é uma semivogal, rigorosamente, não ocorre o hiato. 1 2 Naturalmente a acentuação se mantém nas palavras proparoxítonas, mesmo que as vogais i e u sejam precedidas das semivogais, como em maiúsculo, feiíssimo, cheiíssimo, nisseiísimo, sanseiíssimo, capiauíssimo, curauíssimo, manauíssimo, ateuíssimo, europeuíssimo etc. página 177 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA obliquar,1 delinquir e afins, por oferecerem dois paradigmas, ou têm as formas rizotônicas igualmente acentuadas no u, mas sem marca gráfica (a exemplo de averiguo, averiguas, averigua, averiguam; averigue, averigues, averigue, averiguem; enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxague, enxaguem; delinquo, delinquis, delinqui, delinquem; mas delinquimos, delinquis), ou têm as formas rizotônicas acentuadas fônica e graficamente nas vogais a ou i radicais (a exemplo de averíguo, averíguas, averígua, averíguam; averígue, averígues, averígue, averíguem; enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxágue, enxáguem; delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínqua, delínquam)2. Obs.: Em conexão com os casos acima referidos, registre-se que os verbos em ingir (atingir, cingir, constringir, infringir, tingir etc.) e em inguir sem prolação do u (distinguir, extinguir etc.) têm grafias absolutamente regulares (atinjo, atinja, atinge, atingimos etc.; distingo, distinga, distingue, distinguimos etc.). Segundo Bechara (2008a, p. 78-79), “os verbos que compõem esse grupo, como se pode observar, rompem um princípio bastante regular da morfologia verbal do português: suas formas rizotônicas são, do ponto de vista do posicionamento da tonicidade, proparoxítonas aparentes, fato que leva os falantes a pronunciá-las intuitivamente como paroxítonas, avançando a tonicidade para o [u] de [gu]: aguo /ú/, aguas /ú/ etc. 1 Nas formas arrizotônicas dos verbos desse grupo, o [u] do [gu] é pronunciado como semivogal sempre que vier seguido de [e]. Assim, tem-se enxaguei /güei/, enxaguemos /güe/, enxagueis /güeis/.” 2 Ainda segundo Bechara (2008a, p. 78), “o verbo delinquir, tradicionalmente dado como defectivo, é tratado como verbo que tem todas as suas formas. O Acordo também aceita duas possibilidades de pronúncia, quando a tradição padrão brasileira na gramática para este verbo só aceitava sua flexão nas formas rizotônicas. No paradigma em que a conjugação do verbo delinquir tem as formas rizotônicas acentuadas no u, este grafema figura como vogal tônica, como em delínquo. Usualmente, na língua portuguesa, não se vê o digrama qu antecedendo vogal de outra sílaba, formando, assim, hiato. Mas nesse caso o q difere de seus dois usos mais consagrados: introduzindo dígrafo ou precedendo a semivogal /w/.” página 178 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA DAS PALAVRAS PROPAROXÍTONAS 1º) Levam acento agudo: a) As palavras proparoxítonas que apresentam na sílaba tônica as vogais abertas grafadas a, e, o e ainda i, u ou ditongo oral começado por vogal aberta: abóbada, aeródromo, ágape, álcali, álibi, amálgama, América, andrógino, anódino, antídoto, antífrase, antípoda, árabe, areópago, aríete, arquétipo, autóctone, autódromo, autógena, ávido, azáfama, bávaro, bússola, cáfila, cáustico, cédula, centrífugo, chávena, Cleópatra, cotilédone, cúpula, dálmata, déspota, égide, epístola, epíteto, epítome, equívoco, esquálido, estereótipo, etíope, exército, fac-símile, gárrulo, grandíloquo, hégira, hidráulico, hipódromo, idólatra, ídolo, iídiche, ínclito, íncubo, índigo, ingreme, ínterim, invólucro, janízaro, leucócito, líquido, máxime, máximo, metástese, míope, munícipe, músico, númida, óbolo, oxídase, paráfrase, partícipe, périplo, plástico, polígamo, prístino, prófugo, prosélito, protótipo, público, quadrúmano, récita, réprobo, retífica, retrógrado, revérbero, rubéola, rústico, sátrapa, sésamo, sílfide, sínodo, térmita, tétrico, tílbure, títere, úlcera, último, uníssono, úvula, velódromo, vermífugo, vérmina, vórtice, zéfiro, zíngara, zíngaro; b) As chamadas proparoxítonas aparentes, isto é, que apresentam na sílaba tônica as vogais abertas grafadas a, e, o e ainda i, u ou ditongo oral começado por vogal aberta, e que terminam por sequências vocálicas póstônicas praticamente consideradas como ditongos crescentes (ea, eo, ia, ie, io, oa, ua, uo etc.): Acácia, Adélia, aéreo, álea, alimária, alínea, ambíguo, Amélia, árduo, área, ária, assíduo, áurea, autópsia, barbárie, bilíngue, cactácea, calcário, calvície, cárie, cetáceo, cetíneo, dáblio, delínquis, delínquo, dignitário, drágea, efígie, enciclopédia, equinócio, escárnio, escória, espécie, estratégia, etéreo, exígua, exíguo, exímio, férreo, gíria, glória, grevília, hérnia, homonímia, imobiliária, Inácio, iníquo, interstício, júnior, láctea, língua, lírio, macambúzio, magnésia, mágoa, magnólia, mídia, míngua, minúcia, mobília, mútuo, náusea, névoa níveo, nódoa, núcleo, óleo, opróbrio, página 179 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA orquídea, páscoa, pátio, pecúlio, petróleo, petúnia, planície, plúmbeo, pólio, prélio, profícuo, quíchua, récua, réstia, rubiácea, sandália, saponáceo, secretário, série, símio, sinonímia, sósia, superfície, supérfluo, tirocínio, topázio, trapézio, tríduo, ubíquo, vácuo, vário, várzea, vídeo, vítreo etc. 2º) Levam acento circunflexo: a) As palavras proparoxítonas que apresentam na sílaba tônica vogal fechada ou ditongo com a vogal básica fechada: âmago, anacreôntico, anêmona, ânfora, ângelus, beneficência, bibliômano, binômio, brâmane, brêtema, cânfora, cânhamo, cândido, cômputo, condômino, cônjuge, debênture, desânimo, devêramos (de dever), dinâmico, efêmero, êmbolo, excêntrico, êxodo, êxtase, farândola, fenômeno, fôlego, fôssemos (de ser e ir), gôndola, Grândola, hermenêutica, lâmpada, lânguido, lôbrego, nêspera, ômega, pântano, plêiade, sêxtuplo, sôfrego, sonâmbulo, tômbola, trânsfuga, trôpego, vândalo, zênite; b) As chamadas proparoxítonas aparentes, isto é, que apresentam vogais fechadas na sílaba tônica1 e terminam por sequências vocálicas póstônicas praticamente consideradas como ditongos crescentes: amêndoa, ânsia, abstinência, argênteo, ausência, brônzeo, côdea, displicência, essência, Islândia, lêndea, Mântua, mênstruo, serôdio. 3º) Levam acento circunflexo as palavras proparoxítonas, reais ou aparentes, cujas vogais tônicas grafadas e ou o estão em final de sílaba e são seguidas das consoantes nasais grafadas m ou n: acadêmico, afônico, agrônomo, anatômico, canônico, cênico, cômoda, cômodo, cômoro, congênere, congênito, cônico, cronômetro, desarmônico, diacrônico, dicotômico, econômico, ecumêmico, edênico, efêmero, eletrônica, endêmico, epistêmico, fenômeno, fonêmico, fotogênico, gasômetro, gênero, genômico, glicêmico, harmônico, hedônico, hegemônico, helênico, heterofônico, hidrômetro, higiênico, jônico, maçônico, mitômano, ninfômano, nipônico, platônico, plutônico, pluviômetro, polêmica, polifônico, primogênito, quilômetro, sardônico, sistêmico, tectônico, telefônico, teutônico, topônimo, toxicômano, transgênico, trêmulo; Amazônia, Antônio, Babilônia, begônia, biênio, bigâmea, blasfêmia, castânea, cizânia, coletânea, consentâneo, convênio, crânio, dicoledôneo, encômio, errônea, espontâneo, fêmea, gêmeo, gênio, Aigumas dessas palavras têm timbre aberto em Portugal e em outros países, onde, naturalmente, será admitido o acento agudo. Veja, a seguir, item 3º). A nasalidade da vogal tônica que antecede a uma consoante nasal, no português do Brasil, não ocorre em Portugal e, por isto, tem sempre timbre fechado aqui, enquanto lá, pode ter timbre aberto ou fechado. 1 página 180 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA grêmio, homogêneo, hormônio, idôneo, ingênuo, insônia, lacrimogêneo, litorâneo, Macedônia, miscelânea, momentâneo, oxigênio, patrimônio, polinômio, quadriênio, quadrigêmeo, quinquênio, sucedâneo, tênue, urânio.1 Nestas situações, estas vogais tônicas nasais são sempre fechadas na pronúncia brasileira, mas em outros países da lusofonia, ora são abertas, ora são fechadas. Por isto, mantêm-se as duas grafias para eles, dependendo do timbre da vogal. 1 Todas as proparoxítonas, portanto, são acentuadas graficamente, sendo que as vogais a, e e o podem ser escritas com acento agudo (quando tiverem timbre aberto) ou com acento circunflexo (quando tiverem timbre fechado), inclusive nas proparoxítonas aparentes e quando seguidas de m ou n. página 181 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA EXERCÍCIOS página 182 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 27/05/2011 – O uso do hífen (p. 85 a 98) página 183 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA DO HÍFEN EM COMPOSTOS, LOCUÇÕES E ENCADEAMENTOS VOCABULARES1 1º) Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição sem termos de ligação, cujos elementos sejam de natureza substantiva, adjetiva, numeral ou verbal, constituam uma unidade sintagmática e semântica e mantenham acento próprio, podendo dar-se o caso de o primeiro elemento estar reduzido: 2 afro-americano, 3 afro-ameríndio, afro-asiático, afro-baiano, afro-luso-brasileiro, água-forte, água-furtada, águamarinha, alcaide-mor, alta-costura, alta-fidelidade, altar-mor, alta-roda, amor-perfeito, amor-próprio, anglo-canadense, anglo-germânico, anglosaxão, ano-luz, arce-bispo, arco-íris, ave-maria, azul-escuro, baixoastral, baixo-latim, baixo-relevo, banho-maria, barriga-verde, bate-boca, bate-bola, bate-chapa, bate-enxuga, bate-estaca, bate-papo, bate-papo, bate-pe, bate-sola, beija-mão, beira-mar, boa-fé, cabeça-chata, cabeça- As oscilações relativas ao uso do hífen foram simplificadas e reduzidas a partir das propostas do acordo ortográfico de 1986, levando-se em conta as críticas que a ele foram feitas. Por isto, não fora completamente simplificada sua utilização, pois resultou, sobretudo, do estudo de seu uso nos dicionários brasileiros e portugueses, assim como em jornais e revistas. (Confira ESTRELA, 1993, p. 198-199). Ou seja: não resultou de uma tendência lusitada nem de uma tendência brasileira, mas de uma solução técnica moderada. 1 Como o Acordo não trata especificamente dos compostos formados com elementos repetidos, deverão ser incluídos nesta regra de composição com hifenização: agora-agora, assim-assim, bangue-bangue, bate-bate, blá-blá-blá, corre-corre, lenga-lenga, logo-logo, mexe-mexe, pinga-pinga, pingue-pongue, pisca-pisca, pula-pula, puxa-puxa, quebra-quebra, reco-reco, tico-tico, tique-taque, treme-treme, trocatroca, trouxe-mouxe, vai-vai, xique-xique (chocalho; confira xiquexique, planta), zás-trás, zigue-zague, zum-zum e seus derivados. 2 Adjetivos formados com os elementos reduzidos afro, anglo, ásio, euro, franco, indo, luso, sino etc. deverão continuar escritos aglutinadamente, como em afrodescendente, anglofalante, anglomania, anglomaníaco, eurocêntrico, eurocentrismo, eurocomunista, eurodeputado, francofalante, francófone, francólatra, lusocultura, lusófono, lusoparlante, lusotropicalismo, sinofílico, sinologia etc.; mas quando se trata da soma de duas ou mais identidades, o hífen tem de ser empregado. Exemplos: anglo-americano, ásioeuropeu, euro-africano, euro-afro-americano, franco-suíço, sino-japonês, indo-português etc. 3 página 184 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA dura, caixa-alta, caixa-forte, caixa-preta, capitão-tenente, cata-vento, cifro-luso-brasileiro, conta-gotas, decreto-lei, dólico-louro, estrato-cirro, estrato-cúmulo, estrato-nimbo, euro-africano, euro-árabe, euro-asiático, és-sueste, faz-tudo, finca-pé, forma-piloto, grão-ducado, grão-mestre, guarda-chuva, guarda-noturno, guarda-sol, joão-ninguém, lança-chamas, louva-deus, luso-brasileiro, luso-britânico, luso-hispânico, luso-japonês, má-fe, manda-chuva, manda-lua (chora-lua, mãe-da-lua, ave de hábitos noturnos), mato-grossense, médico-cirurgião, meia-calça, meia-estação, meia-idade, meia-luz, meia-noite, meia-sola, meio-dia, meio-fio, meioirmão, mesa-redonda, navio-escola, navio-tanque, norte-americano, papel-carbono, papel-moeda, para-raios, pedra-pomes, pedra-ume, perdeganha, ponta-cabeça, porta-aviões, porta-retrato, porto-alegrense, primeiro-ministro, primeiro-sargento, primo-infecção, puxa-encolhe, quadro-negro, quarta-feira, quebra-galho, quebra-gelo, quebra-luz, quebramar, quebra-molas, quebra-nozes, quinta-feira, rainha-cláudia, salvoconduto, segunda-feira, seu-vizinho, sexta-feira, sócio-democracia, sócioeconômico, sul-africano, surdo-mudo, tenente-coronel, terça-feira, tio-avô, turma-piloto, vaga-lume, vagão-dormitório, vagão-leito, vai-volta, valerefeição, vale-transporte, verbo-nominal, zé-povinho. Obs.: Certos compostos, em relação aos quais se perdeu, em certa medida, a noção de composição, grafam-se aglutinadamente: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, paraquedismo, paraquedístico etc.1 2º) Emprega-se o hífen nos topônimos compostos iniciados pelos adjetivos grã, grão, por forma verbal, ou cujos elementos estejam ligados por artigo:2 Grã-Bretanha, Grão-Pará, Abre-Campo, Passa-Quatro, Quebra- 1O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa arbitrou sobre todas as palavras que se incluirão neste caso. O professor Evanildo Bechara lembra que a tradição lexicográfica levará à manutenção do hífen em palavras como para-brisa(s), para-choque(s), para-lama(s) etc. e que, nesta 5ª edição manterá as formas tradicionais, exceptuadas as palavras relacionadas como exemplos no texto do Acordo. Os adjetivos gentílicos derivados de topônimos compostos, com os elementos separados ou ligados por hífen, também se escrevem com hífen, mas, sem hífen, no entanto, se os topônimos são escritos aglutinadamente. Por exemplo: alto-rio-docense, aurorense-do-tocantins, belo-horizontino, cruzeirensedo-sul, dom-expedito-lopense, florentino-do-piauí, mato-grossense, mato-grossense-do-sul, juiz-forano e juiz-forense, mas Guapimirim > guapimiriense, Abaetetuba > abaetetubense, Petrópoles > petropolitano, Teresópoles > teresopolitano. 2 O professor Bechara chama a atenção para dois casos particulares: “Escreve-se com hífen indo-chinês, quando se referir à Índia e à China, ou aos indianos e chineses, diferentemente de indochinês (sem hífen), que se refere à Indochina. Da mesma forma, centro-africano, com hífen, refere-se à região central página 185 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Costas, Quebra-Dentes, Traga-Mouros, Trinca-Fortes, Albergaria-a-Velha, Baía de Todos-os-Santos, Entre-os-Rios, Montemor-o-Novo, Trás-osMontes. Obs.: Os outros topônimos compostos se escrevem com os elementos separados, sem hífen: América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde, Castelo Branco, Freixo de Espada à Cinta etc. O topônimo Guiné-Bissau é, contudo, uma exceção consagrada pelo uso. 3º) Emprega-se o hífen nas palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas, estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento: abóbora-menina, amor-perfeito, andorinha-grande, andorinhado-mar, ave-do-paraíso, bacaba-de-azeite, bálsamo-do-canadá, bem-me-quer (nome de planta que também se dá à margarida e ao malmequer), bem-te-vi (nome de um pássaro), bênção-de-deus, bico-de-lacre, cobra-capelo, cobrad’água, coco-da-baía, copo-de-leite, couve-flor, dente-de-leão, erva-cidreira, erva-de-santa-maria, erva-doce, erva-do-chá, ervilha-de-cheiro, espora-degalo, fava-de-santo-inácio, feijão-verde, formiga-branca, lesma-deconchinha, lobo-marinho, mimo-de-vênus, papa-terra, peixe-boi, quina-daserra, rábano-rústico, raiz-de-chá, sabiá-coleira, sabiá-laaranjeira, sempreviva, surubim-pintado, tatu-bola, tatu-canastra, três-irmãos, unha-de-gato, vassoura-de-bruxa, vespa-caçadora, xué-açu, zabumba-branca. 4º) Emprega-se o hífen nos compostos com os advérbios bem e mal1, quando estes formam com o elemento que se lhes segue uma unidade sintagmática e semântica e tal elemento começa por vogal ou h. No entanto, o advérbio bem, ao contrário de mal, pode não se aglutinar com palavras começadas por consoante. Eis alguns exemplos das várias situações: bem-acabado, mal-acabado, bem-aceito, bem-acondicionado, mal-acondicionado, bemacostumado, mal-acostumado, bem-afamado, mal-afamado, bem-afortunado, mal-afortunado, bem-agradecido, mal-agradecido, bem-ajambrado, malajambrado, bem-amado, mal-amado, bem-andança, mal-andança, bem- da África, e centroafricano, sem hífen, refere-se à República Centroafricana. (Confira BECHARA, 2008a, p. 94) Observe-se que o substantivo mal com o significado de “doença” forma compostos sem hífen. Assim, teremos mal das ancas, mal da terra, mal de amores, mal de ano, mal de bicho, mal de cadeiras, mal de chupança, mal de coito, mal de cuia, mal de engasgo, mal de escancha, mal de ciúme, mal de franga, mal de grarapa, mal de gota, mal de lázaro, mal de luanda, mal de monte, mal de nápoles, mal de santa eufêmia, mal de são jó, mal de são lázaro, mal de são névio, mal de são semento, mal de secar, mal de sete dias, mal de terra, mal de vaso, mal do pinto, mal do sangue, mal dos chifres, mal dos peitos, mal dos quartos. 1 página 186 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA apanhado, mal-apanhado, bem-apessoado, mal-apessoado, bem-apresentado, mal-apresentado, bem-arranjado, mal-arranjado, bem-assado, mal-assado, bem-aventurado, mal-aventurado, bem-avisado, mal-avisado, bem-casado (mas malcasado), bem-comportado (mas malcomportado), bem-conceituado (mas malconceituado), bem-criado (mas malcriado), bem-ditoso (mas malditoso), bem-dizer (mas maldizer), bem-dormido (mas maldormido), bemdotado (mas maldotado), bem-educado, mal-educado, bem-encarado, malencarado, bem-ensinado, mal-ensinado, bem-estar, mal-estar, bem-fadado (mas malfadado), bem-falante (mas malfalante), bem-humorado, malhumorado, bem-intencionado, mal-intencionado, bem-mandado (mas malmandado), bem-nascido (mas malnascido), bem-ordenado, mal-ordenado, bem-posto (mas malposto), benquerer (mas malquerer), bem-soante (mas malsoante), bem-sucedido (mas malsucedido), bem-visto (mas malvisto), malempregar, mal-entendido, mal-informado, mal-olhado, mal-ordenado, malusar; Obs.: Em muitos compostos, o advérbio bem aparece aglutinado com o segundo elemento, quer este tenha ou não vida à parte: Bembom, Bemposta, Bemposto, bempostano, bendito, bendizer, benfazejo, benfazer, benfeito, benfeitor, benfeitoria, benfeitorização, benfeitorizar, Benfica, benfiquense, benquerença, benquerer, benquistar, benquisto etc. 5º) Emprega-se o hífen nos compostos com os elementos além, aquém, recém e sem: além-Atlântico, além-fronteira, além-mar, alémmundo, além-país, Além-Paraíba, além-paraibano, além-túmulo; aquémfiar, aquém-fronteiras, aquém-mar, aquém-oceano, aquém-Pireneus; recém-aberto, recém-achado, recém-admitido, recém-adquirido, recémcasado, recém-chegado, recém-colhido, recém-concluído, recémconquistado, recém-convertido, recém-criado, recém-depositado, recémdescoberto, recém-desvendado, recém-emancipado, recém-fabricado, recém-falecido, recém-feito, recém-finado, recém-formado, recém-morto, recém-nado, recém-nascido, recém-nomeado, recém-plantado, recémpublicado, sem-amor, sem-cerimônia, sem-cerimonioso, sem-dinheiro, semfamília, sem-fim, sem-gracice, sem-justiça, sem-lar, sem-luz, sem-nome, sem-número, sem-pão, sem-par, sem-razão, sem-sal, sem-segundo, semserifa, sem-termo, sem-terra, sem-teto, sem-trabalho, sem-ventura, semvergonha, sem-vergonhez(a), sem-vergonhice, sem-vergonhismo. 6º) Nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais, em geral não se página 187 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA emprega o hífen,1 salvo algumas exceções já consagradas pelo uso (como é o caso de água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa). Sirvam, pois, de exemplo de emprego sem hífen as seguintes locuções: a) Substantivas: cão de guarda, fim de semana, sala de jantar;2 b) Adjetivas: cor de açafrão, cor de café com leite, cor de vinho; c) Pronominais: cada um, ele próprio, nós mesmos, quem quer que seja; d) Adverbiais: à parte (note-se o substantivo aparte), à vontade, de mais (locução que se contrapõe a de menos; note-se demais, advérbio, conjunção etc.), depois de amanhã, em cima, por isso; e) Prepositivas: abaixo de, acerca de, acima de, a fim de, a par de, à parte de, apesar de, debaixo de, enquanto a, por baixo de, por cima de, quanto a; f) Conjuncionais: afim de que, ao passo que, contanto que, logo que, por conseguinte, visto que. 7º) Emprega-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares (tipo: a divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade, a ponte Rio-Niterói, o percurso Lisboa-Coimbra-Porto, a ligação AngolaMoçambique, e bem assim nas combinações históricas ou ocasionais de topônimos (tipo: Áustria-Hungria, Alsácia-Lorena, Angola-Brasil, TóquioRio de Janeiro etc.). Deste modo, não se usará mais o hífen que era utilizado para distinguir o adjetivo à-toa do advérbio à toa e o substantivo dia-a-dia do advérbio dia a dia, assim como nas locuções: arco e flecha, calcanhar de aquiles, comum de dois, general de divisão, tão somente, ponto e vírgula etc. 1 Também devemos deixar de utilizar o hífen em unidades fraseológicas como deus nos acuda, salve-se quem puder, faz de conta, disse me disse, maria vai com as outras, bumba meu boi, tomara que caia etc. (Confira BECHARA, 2008a, p. 96) Somente quando substantivadas, as expressões latinas do tipo ab initio, ab ovo, ad immortalitatem, ad hoc, data venia, de cujus, carpe diem, causa mortis, habeas corpus, pari passu, ex libris etc. devem ter seus elementos separados por hífen, mas não deverão ter hifens quando forem utilizadas como tais. 2 página 188 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA DO HÍFEN NAS FORMAÇÕES POR PREFIXAÇÃO, RECOMPOSIÇÃO1 E SUFIXAÇÃO 1º) Nas formações com prefixos (como ante, anti, circum, co, contra, entre, extra, hiper, infra, intra, pós, pré, pró, sobre, sub2, super, supra, ultra3 etc.) e em formações por recomposição, isto é, com elementos não autônomos ou falsos prefixos4, de origem grega e latina (tais como aero, agro, arqui, auto, bio, eletro, geo, hidro, inter, macro, maxi, micro, mini, multi, neo, pan, 1 Recomposição é o processo de formação de palavras que envolve um elemento que, embora na origem seja um radical, mudou seu significado na língua moderna e passou a funcionar como um falso prefixo. Exemplo: aero em aeromoça. (Confira AZEREDO, 2008, p. 44). Apesar de não estar explícito no Acordo, na página 102 de A Nova Ortografia, o professor Bechara lembra que é necessário o uso do hífen “quando o 1o elemento termina por b (ab, ob, sob, sub) ou d (ad) e o 2o elemento começa por r”. Vejam-se os exemplos seguintes: ab-reação, ab-reagir, ab-reptício, ab-repto, ab-rogar, ab-rupção (mas também abrupto), ab-ruptela, ab-rupto, ad-renal, ad-retal, adrogação, ad-rogar, ad-rostral, ob-repção, ob-reptício, ob-rogar, sob-roda, sob-rojar, sub-raça, sub-ramo, sub-região, sub-regional, sub-reino, sub-reitor, sub-reitoria, sub-remunerado, sub-repassar, sub-repção, sub-reptício, sub-rogação, sub-rogado, sub-rostrado, sub-rotina, sub-rotundo. Apenas nesses casos o r dos grupos br ou dr não representa uma vibrante velar, como em abrasileirado e desidratar. 2 É interessante a observação de que somente os prefixos pre e re podem se justapor a in, na língua portuguesa, formando palavras como impremeditado, impressentido, imprevidência, imprevisão; irrebatível, irreclamável, irreconhecível, irrecorrível, irredutível, irreelegível, irreformável, irremunerável, irrenunciável, irreparável, irrequieto etc. Por isto, estamos de acordo que também o prefixo re admita a omissão do hífen, apesar de não previsto no Acordo (conferir Azeredo, 2008, p. 131). Além dos prefixos relacionados no Acordo, é bom atentar-se para os seguintes, que também são bastante produtivos na formação de palavras no idioma: a, ab, abs, ad, ambi, an, aná, anfi, apó, arce, arci, arque, arqui, ben, bene, bi, bis, catá, cis, com, con, de, des, di, diá, dis, e, ecto, endo, entre, epi, es, eu, ex, hemi, hipó, i, im, in, inter, intro, justa, metá, o, ob, pará, pene, per, peri, pos, post, pre, preter, pro, re, retro, semi, sin, trans, tras, tres, vice, vis, vizo e muitos outros. 3 Falso prefixo, pseudoprefixo ou prefixóide são termos controvertidos que os linguistas ainda não definiram com segurança, apesar de serem referidos em diversos contextos e por numerosos autores e utilizados como sinônimos. 4 página 189 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA pluri, proto, pseudo, retro, semi, tele etc.), só se emprega o hífen nos seguintes casos: a) Nas formações em que o segundo elemento começa por h: abdômino-histerotomia, adeno-hipófise, alfa-hélice, ante-hipófise, ante-histórico, anti-herói, anti-helmíntico, anti-hemofílico, anti-hemorrágico, anti-herói, antiherpético, anti-hidrofóbico, anti-hidrópico, anti-higiênico, arqui-hipérbole, anti-hipertensivo, anti-hipnótico, anti-hipocondríaco, anti-histamínico, antihorário, arqui-hipérbole, auto-hemoterapia, auto-hipnose, beta-hemolítico, bio-histórico, circum-hospitalar, co-hipônimo, contra-harmônico, contrahaste, deca-hidratado, eletro-higrômetro (variante eletroigrômetro), entrehostil, extra-hepático, extra-humano, foto-heliografia, geo-história, gigahertz, hétero-hemorragia, hidro-haloisita, hidro-homopericárdio, infrahepático, infra-hioide, infra-homem, inter-hemisférico, micro-habitat, neohebraico, neo-hegeliano, neo-helênico, neuro-hipófise (variante neuroipófise), pan-helenismo, poli-hidite, pré-história, proto-história, proto-historiador, proto-hitita, pseudo-hemoptise, pseudo-história, psico-história, psicohistoriador, semi-heresia, semi-histórico, semi-hospitalar, sub-hepático, subhumano, supra-hepático, super-homem, tri-hídrico, ultra-hiperbólico. Obs.: Não se usa, no entanto, o hífen em formações que contêm em geral os prefixos [an, des, in [e re] e nas quais o segundo elemento perdeu o h inicial: anemoterapia, anepágico, anídrico, anepático, anistórico1, desabilitar, desabitar, desachurar, desabituar, desalogenar, desarmonia, desarmonizar, desastear, desaurir, desegemonizar, deselenizar, desematizar, desemodialisar, deserdar, deserborizar, deseroificar, deseterogeneizar, desiatizar, desibernar, desidratação, desidratado, desidratante, desidratar, desidrogenar, desidronizar, desierarquizar, desifenizar, desilarizar, desipnotizar, desipostenizar, desispanizar, desispidar-se, desolandizar, desomiziar, desomogeneizar, desonestar, desonorar, desonrar, desorripilar, desorrorizar, desumanidade, desumanizador, desumanizar, desumano, desumidificar, inábil, inabilidade, inabilidoso, inabilitação, inabilitar, inabitado, inabitável, inabitual, inabitualidade, inerbívoro, inerdável, inesitante, inumano, reabilitar, reabitar, reabituar, reachurar, rearmonizar, rearpejar, reaurir, reastear, reaver, reebraizar, reelenizar, reematizar, reemodialisar, reemolisar, reerborizar, reeroificar, reesitar, reibernar, reidratar, reifenizar, reiperbolizar, reipnotizar, reipotecar, reispanizar, reomologar, reonestar, re- 1 Se a forma do prefixo é a-, mantémpse o hífen e o h do segundo elemento: a-histórico. página 190 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA onorificar, reospedar, reostilizar, reumanizar, reumificar, reumilhar, reumorizar etc.; b) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma vogal com que se inicia o segundo elemento:1 anti-ibérico, antiictérico, anti-infeccioso, anti-inflacionário, anti-inflamatório, anti-intelectual, arqui-inimigo, arqui-inteligente, arqui-irmandade, auto-observação, autooscilação,contra-almirante, contra-acusação, contra-acusar, contraalmirante, contra-apelo, contra-argumento, contra-arrazoado, contraassinatura, contra-atacante, contra-atacar, contra-ataque, contra-aviso, eletro-ótica, eletro-óptica (variante eletróptica), extra-abdominal, extra-alcance, extra-amazônico, extra-atmosférico, extra-axilar, infra-assinado, infra-axilar, micro-onda, micro-ondas, micro-ônibus, micro-organismo, neo-orleandês, neo-ortodoxo, pseudo-ortorrômbico, semi-infantil, semi-integral, semiinternato, semi-interno, sobre-edificar, sobre-elevar, sobre-erguer, sobreestadia, sobre-estimar, sobre-exaltação, sobre-excedente, sobre-exceder, supra-auricular. Obs.: Nas formações com o prefixo co, este se aglutina em geral com o segundo elemento, mesmo quando iniciado por o: coabilidade, coabitabilidade, coabitação, coabitante, coabitar, coabitável, coautor, coedição, coemitente, coenzima, coerdade, coerdar, coerdeiro (variante co-herdeiro), coobrigação, coocupação, coocupante, coocupar, cooficiante, cooficiar, coomologia, coomólogo, cooperabilidade, cooperação, cooperar, cooptação, cooptado, cooptador, cooptante, cooptar, coordenar, corréu, coossificação, cossegurado etc.; c) Nas formações com os prefixos circum e pan, quando o segundo elemento começa por vogal, m ou n (além de h, caso já considerado atrás na alínea a): circum-adjacência, circum-adjacente, circum-ambiência, circumambiente, circum-anal, circum-articular, circum-axial, circum-escolar, circum-hospitalar, circum-mediterrâneo, circum-meridiano, circum-murado, circum-navegação, circum-navegar, circum-navegante, circum-navegável, 1 Incluem-se neste princípio geral os prefixos e pseudoprefixos terminados por vogal: agro, albi, ante, ântero, anti, arqui, auto, beta, bi, bio, contra, eletro, euro, ínfero, infra, íntero, iso, macro, mega, multi, poli, póstero, pseudo, súpero, neuro, orto, neo, semi, sobre, supra etc. Bechara lembra que o encontro de vogais iguais tem facilitado o aparecimento de formas reais ou possíveis com crase, possibilitando o surgimento de duplas grafias do tipo alfaglutinação e alfa-aglutinação; ovadoblongo e ovado-oblongo. Atendendo-se, porém, à regra geral de hifenizar o encontro de vogais iguais, é preferível evitar a crase, exceto nos casos já consagrados pelo uso, como telespectador e radiouvinte, por exemplo. página 191 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA circum-oral, circum-orbital, circum-uretral; pan-africanismo, panafricanista, pan-africano, pan-aglutinação, pan-americanismo, panamericanista, pan-americanização, pan-americano, pan-arabismo, panarterite, pan-astenia, pan-eslavismo, pan-harmônico, pan-helênico, panhelenismo, pan-hispânico, pan-iconografia, pan-iconográfico, panislâmico, pan-islamismo, pan-islamita, pan-mágico, pan-mítico, pan-mixia, pan-negritude, pan-oftalmite, pan-oftalmítico; d) Nas formações com os prefixos hiper1, inter e super, quando combinados com elementos iniciados por r: hiper-rancoroso, hiperrealismo, hiper-reativo, hiper-reflexividade, hiper-requintado, hiperrítmico, hiper-racial, hiper-rugoso, inter-racial, inter-regional, interrelação, inter-relacionamento, inter-renal, inter-resistente, super-reação, super-real, super-realidade, super-realismo, super-reatividade, superrepresentação, super-requintado, super-resfriado, super-revista. e) Nas formações com os prefixos ex (com o sentido de estado anterior ou cessamento), sota, soto, vice e vizo: ex-almirante, ex-aluno, examigo, ex-artista, ex-deputado, ex-diretor, ex-hospedeira, ex-imperador, exmarido, ex-noiva, ex-marido, ex-presidente, ex-primeiro-ministro, exrainha, ex-rei, ex-reitor; sota-almirante, sota-capitânia, sota-capitão, sotaembaixador, sota-general, sota-mestre, sota-ministro, sota-piloto-mor, sotaproa, sota-soberania, sota-ventar, sota-vento, sota-voga; soto-almirante, soto-capitães, soto-mestre, soto-soberania, soto-piloto-mor, soto-pôr (mas sobrepor), soto-posto, soto-soberania, soto-voga; vice-almirante, vicecampeão, vice-comandante, vice-diretor, vice-líder, vice-prefeito, vicepresidente, vice-rainha, vice-rei, vice-reinado, vice-reitor, vice-reitorado, vice-reitoria, vice-tutela, vizo-rei. f) Nas formações com os prefixos tônicos acentuados graficamente pós, pré e pró, quando o segundo elemento tem vida à parte (ao contrário do que acontece com as correspondentes formas átonas que se aglutinam com o elemento seguinte)2: pós-adolescência, pós-alveolar, pós-articulado, Com o prefixo hiper-, admitem-se formas com hífen e a presença do h, e formas aglutinadas, sem o h. Exemplos: hiper-hedônico / hiperedônico, hiper-hedonista / hiperedonista, hiper-hedonístico / hiperedonistico, hiper-hidratação / hiperidratação, hiper-hidrose / hiperidrose, hiper-hidortrofia / hiperidrotrofia, hiper-hepático / hiperepático. 1 2 Assim como o prefixo co, os prefixos átonos pos, pre, pro e re se aglutinam com o segundo elemento, mesmo quando iniciado por o ou e: pospasto, pospor, postônico, posfácio, preanunciação, preaquecer, preaquecimento, preconcebido, preconceito, precondição, predefinição, predeterminação, predeterminante, preeleito, preembrião, preeminência, preeminente, preenchido, preesclerose, preestabelecer, página 192 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA pós-barroco, pós-clássico, pós-coloniar, pós-comunhão, pós-conciliar, pósdatado, pós-datar, pós-diluviano, pós-dorsal, pós-doutorado, pósdoutorando, pós-eleitoral, pós-escolar, pós-escrito, pós-estruturalismo, pós-floração, pós-graduação, pós-graduado, pós-guerra, pósimpressionismo, pós-modernismo, pós-moderno, pós-nacionalismo, pósnupcial, pós-operatório, pós-parto, pós-romântico, pós-tônicos (mas pospor), pós-venda; pré-ariano, pré-atômico, pré-aviso, pré-burguês, précabralino, pré-capitalismo, pré-carnavalesco, pré-contrato, pré-eleitoral, pré-escolar, pré-escolaridade, pré-escolhido, pré-estreia, pré-exercício, pré-experiência, pré-fabricação, pré-fabricado, pré-gravação, pré-história, pré-histórico, pré-habilitação, pré-ignição, pré-inaugural, pré-industrial, pré-logico, pré-medicação, pré-modernismo, pré-molar, pré-moldado, prénatal (mas prever), pré-operatório, pré-primário, pré-profissional, prépuberdade, pré-qualificação, pré-reflexivo, pré-republicano, pré-requisito, pré-senil, pré-simbolista, pré-sistólico, pré-sumarização, pré-universitário, pré-vestibular; pró-africano, pró-análise, pro-ativo, pró-europeu (mas promover). 2º) Não se emprega, pois, o hífen:1 a) Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo1 termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s, devendo estas consoantes du- preestabelecido, preexistência, preexistir, prefiguração, prejulgado, premortalizar, prenotar, preordenar, procônsul, proembrião, proeminente, prolepse, promover, propor, proposição, reabastecer, reabertura, reabilitação, reabitar, reabjurar, reabrir, reabrir, reação, reacender, reacusar, readaptar, readequer, readmitir, readmissão, readoção, readquirir, reafirmar, reagir, reagravar, reajuste, realegrar, reamanhecer, reanimar, reaparecer, reaplicar, reapresentar, reaproximar, rearborizar, reatar, reaver, reavivar, rebaixar, rebater, rebatizar, rebobinar, rebrotar, recadastrar, recair, recapacitar, recapitalizar, recapturar, recasar, recauchutar, recivilizar, recolonizar, recombinar, recompor, recondução reconhecer, reconstrução, redeclarar, redesenhar, reedição, reedificar, reeducar, reencapar, reencarnar, reelaborar, reeleição, reeducação, reelaborar, reencontro, reenvio, reequipar, reenovelar, reentrar, reescrita, reexaminar, reexibir, reexposição, refazer, reflorir, refluir, reforçar, reformular, regravar, reimportar, reinscrever, reinvestir, relançar, relotear, remanejar, remobilizar, remodelar, renegar, renovar, reocupar, replantio, reposição, reprodução, reprovação, republicar, ressecar, ressocializar, retelhar, retraduzir, retravar, returno, reusar, revacinar, revalidar, revalorizar, reverdejar, revitalizar, 1 Também não se emprega o hífen com a palavra não e com a palavra quase – com função prefixal: não agressão, não beligerante, não cooperação, não fumante, não participação, não periódico, não violência, quase crime, quase estrela, quase nada, quase posse, quase renda etc. "Está claro que, para atender as especiais situações de expressividade estilística com a utilização de recursos ortográficos, se pode recorrer ao emprego do hífen nestes e em todos os outros casos que o uso permitir". (Academia, 2009, p. II). página 193 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA plicar-se, prática aliás já generalizada em palavras deste tipo pertencentes aos domínios científico e técnico. Assim: antessala, antirreligioso, antissemita, antissocial, autorregulamentação, biorritmo, biossatélite, contrarregra, contrassenha, cosseno, eletrossiderurgia, extrarregular, infrarrenal, infrassom, microrradiografia, microssistema, minissaia, neorrinoplastina, neorromano, protossatélite, pseudossigla, semirrígido, sobressaia, suprarrenal, ultrassonografia. b) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente, prática esta em geral já adotada também para os termos técnicos e científicos. Assim: aeroespacial, agroindustrial, anteaurora, antiaéreo, autoajuda, autoaprendizagem, autoestrada, coadministrar, coautor, coeducação, contraescritura, contraespionar, contraindicação, contraofensiva, extraescolar, extraoficial, extrauterino, hidroelétrico, infraestrutura, infraordem, infrauterino, neoafricano, neoimperialismo, plurianual, protoariano, pseudoalucinação, pseudoepígrafe, retroalimentação, retroiluminar, semiárido, sobreaquecer, supraesofágico, supraocular, ultraelevado. 3º) Nas formações por sufixação, o hífen só é empregado nos vocábulos terminados por sufixos [ou radicais pospositivos]de origem tupiguarani que representam formas adjetivas, como açu, guaçu e mirim, quando o primeiro elemento acaba em vogal acentuada graficamente ou quando a pronúncia exige a distinção gráfica dos dois elementos: abaréguaçu, açaí-mirim, acará-açu, acará-guaçu, acaraibá-guaçu, aguaraquiáaçu, aí-mirim, amoré-guaçu, anajá-mirim, anambé-açu, andá-açu, andiráaçu, andirá-guaçu, arumã-açu, auaí-guaçu, butiá-açu, caá-açu, caapiáaçu, caapiá-mirim, caeté-açu, caeté-mirim, cajá-açu, cajá-mirim, cambaráguaçu, camurim-açu, candiru-açu, capim-açu2, candiru-açu (ou candiruaçu)3, cará-açu, caraguatá-açu, caranaí-mirim, carandaí-guaçu, cuité-açu, Falso prefixo é o radical de origem grega ou latina que assume o sentido global de um vocábulo do qual antes era elemento componente. Exemplo: auto é radical grego que significa “por si mesmo, próprio”. Com esse sentido, entra na formação de palavras como automóvel: “veículo movido por si mesmo”. Com esse novo sentido, funcionando como primeiro elemento ou falso prefixo, entra na formação de outras palavras: autoestrada, autoescola. (Confira AZEREDO, 2008, p. 44) 1 A pronúncia de palavras como capim-açu, curumim-açu, mutum-açu e tucum-açu deixaria de ser com vogal nasal no final do primeiro elemento, se fossem escritas sem o hífen, pois a letra “m” passaria para a sílaba seguinte: “ca-pi-ma-çu”, “mu-tu-ma-çu” etc. É interessante lembrar também que o til sobre a letra “a”, ou as letras “m” e “n” pós-vocálicas são marcas gráficas do acento de nasalidade. 2 3 Apesar de não constar no VOLP, a grafia “candiru-açu” se justifica foneticamente. página 194 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA caruatá-açu, Ceará-Mirim, curumim-açu, gravatá-açu, ibijaú-guaçu, inajáguaçu, indaiá-mirim, ingá-açu, ingá-mirim, ituá-açu, jabuticaba-açu1, jacaré-açu, jacundá-açu, jataí-guaçu, jatobá-mirim, juá-mirim, jararaca-mirim, manacá-açu, mangará-mirim, maracanã-açu, maracanã-guaçu, maracujáaçu, maracujá-mirim, mirim-guaçu, mutum-açu, paraíba-mirim (também paraibamirim)2, paraná-mirim, peroba-açu, pitanguá-açu, sabiá-guaçu, saí-açu, saíra-açu (ou sairaçu), saíra-guaçu, socó-mirim, tamanduá-açu, tamanduá-mirim, tamanduá-açu, tangará-açu, tangará-guaçu, tangaracáaçu, taperebá-açu, tapiá-guaçu, tapiá-mirim, tarumã-mirim, teiú-açu, timbó-açu, timbó-mirim, tucum-açu, turumã-açu, uaçaí-mirim, xuê-açu, xuêguaçu. O VOLP não registra essa palavra, mas o HOUAISS a registra como “jabuticabaaçu”, apesar de informar que o plural é “jabuticabas-açus”. 1 2 Apesar de aceita pelo VOLP, a grafia “paraibamirim” leva a mudar a posição do acento na sílaba subtônica, pois a pronúncia normal do grupo vocálico “ai” é como ditongo e não como hiato, assim como na palavra “saíra-açu” / “sairaçu”. página 195 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA DO HÍFEN NA ÊNCLISE, NA TMESE E COM O VERBO HAVER 1º) Emprega-se o hífen na ênclise1 e na mesóclise (tmese):2 amá-lo, dá-se, deixa-o, partir-lhe; amá-lo-ei, enviar-lhe-emos. 2º) Não se emprega o hífen nas ligações da preposição de às formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver: hei de, hás de, hão de etc.3 Obs.: 1. Embora estejam consagradas pelo uso (em Portugal) as formas verbais quer e requer, dos verbos querer e requerer, em vez de quere e requere, estas últimas formas se conservam, no entanto, nos casos de ênclise: quere-o(s), requere-o(s). Nestes contextos, as formas (legítimas, aliás) qué-lo e requé-lo são pouco usadas. 2. Usa-se também o hífen nas ligações de formas pronominais enclíticas à palavra eis (eis-me, ei-lo) e ainda nas combinações de formas pronominais do tipo no-lo, vo-las, quando em próclise (por exemplo: esperamos que no-lo comprem). Ênclise é a incorporação, na pronúncia, de um vocábulo átono ao que o antecede, subordinando-se o átono ao acento tônico do outro. Exemplo: pequei-o. (Confira AZEREDO, 2008, p. 46) 1 2 Tmese ou mesóclise é a colocação do pronome oblíquo átono entre o tema e a desinência das formas verbais do futuro do presente e do futuro do pretérito. Exemplo: amá-la-ia. (Confira AZEREDO, 2008, p. 46). 3 Isto não é novidade para nós, brasileiros, mas apenas para os usuários da grafia lusitana. página 196 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA EXERCÍCIOS página 197 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 03/06/2011 – Emprego do hífen (p. 5-7, 131-134) e exercícios de ortografia 27 a 31 (p. 152-154) página 198 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 6. EMPREGO DO HÍFEN 6.1. Estado da questão No que respeita ao emprego do hífen, não há propriamente divergências assumidas entre a norma ortográfica lusitana e a brasileira. Ao consultarmos, porém, os dicionários portugueses e brasileiros e ao lermos, por exemplo, jornais e revistas, deparam-se-nos muitas oscilações e um largo número de formações vocabulares com grafia dupla, ou seja, com hífen e sem hífen, o que aumenta desmesurada e desnecessariamente as entradas lexicais dos dicionários. Estas oscilações se verificam sobretudo nas formações por prefixação e na chamada recomposição, ou seja, em formações com pseudoprefixos de origem grega ou latina. Eis alguns exemplos de tais oscilações: ante-rosto e anterrosto, coeducação e coeducação, pré-frontal e prefrontal, sobre-saia e sobressaia, sobre-saltar e sobressaltar, aero-espacial e aeroespacial, autoapendizagem e autoaprendizagem, agro-industrial e agroindustrial, agropecuária e agropecuária, alvéolo-dental e alveolodental, bolbo-raquidiano e bolborraquidiano, geo-história e geoistória, micro-ondas e microondas etc. Estas oscilações são, sem dúvida, devidas a certa ambiguidade e falta de sistematização das regras que foram consagradas no texto de 1945 sobre esta matéria. Tornava-se, pois, necessário reformulá-las de modo mais claro, sistemático e simples. Foi o que se tentou fazer em 1986. A simplificação e redução operadas nessa altura, nem sempre bem compreendidas, provocaram igualmente polêmica na opinião pública portuguesa, não tanto por uma ou outra incongruência resultante da aplicação das novas regras, mas sobretudo por alterarem bastante a prática ortográfica neste domínio. A posição que agora se adota, muito embora tenha tido em conta as críticas fundamentadas ao texto de 1986, resulta, sobretudo, do estudo do página 199 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA uso do hífen nos dicionários portugueses e brasileiros, assim como em jornais e revistas. 6.2. O hífen nos compostos (Base XV) Sintetizando, pode-se dizer que, quanto ao emprego do hífen nos compostos, locuções e encadeamentos vocabulares, se mantém o que foi estatuído em 1945, apenas se reformulando as regras de modo mais claro, sucinto e simples. De fato, neste domínio não se verificam praticamente divergências nem nos dicionários nem na imprensa escrita. 6.3. O hífen nas formas derivadas (Base XVI) Quanto ao emprego do hífen nas formações por prefixação e também por recomposição, isto é, nas formações com pseudoprefixos de origem grega e latina, apresenta-se alguma inovação. Assim, algumas regras são formuladas em termos contextuais, como sucede nos seguintes casos: a) Emprega-se o hífen quando o segundo elemento da formação começa por h ou pela mesma vogal ou consoante com que termina o prefixo ou pseudoprefixo (por exemplo: anti-higiênico, contra-almirante, hiper-resistente); b) Emprega-se o hífen quando o prefixo ou falso prefixo termina em m e o segundo elemento começa por vogal, h, m ou n (por exemplo: panhelênico, circum-navegação, circum-murado, pan-africano). As regras restantes são formuladas em termos de unidades lexicais, como acontece com oito delas (ex, sota e soto, vice e vizo, pós, pré e pró). Noutros casos, porém, uniformiza-se o não emprego do hífen, do seguinte modo: a) Nos casos em que o prefixo ou o pseudoprefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s, estas consoantes se duplicam, como já acontece com os termos técnicos e científicos (por exemplo: antirreligioso, microssistema); b) Nos casos em que o prefixo ou o pseudoprefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante ou por vogal diferente daquela, as duas formas se aglutinam, sem hífen, como já sucede página 200 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA igualmente no vocabulário científico e técnico (por exemplo: antiaéreo, aeroespacial, antipirético). 6.4. O hífen na ênclise e tmese [mesóclise] (Base XVII) Quanto ao emprego do hífen na ênclise e na mesóclise (tmese), mantêm-se as regras de 1945, exceto no caso das formas hei de, hás de, há de etc., em que o hífen passa a ser suprimido. Nestas formas verbais o uso do hífen não tem justificativa, já que a preposição de funciona ali como mero elemento de ligação ao infinitivo com que se forma a perífrase verbal (conferir hei de ler etc.), na qual de é mais proclítica do que enclítica (apoclítica)1. Apoclítico é o vocábulo que, não tendo acento próprio, se subordina ao acento da palavra anterior. Portanto, é sinônimo de enclítico. (Cf. Aulete, 1970) 1 página 201 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA EXERCÍCIOS DE ORTOGRAFIA 27) Assinale os vocábulos em que o uso do hífen não está de acordo com as normas ortográficas vigentes: 1. a) anterrosto; b) anteontem; c) antissemita; d) auto-didata. 2. a) contraindicação; b) infras-som; c) extranumerário; d) semiárido. 3. a) extrafino; b) neo-latino; c) supracitado; d) pseudocientífico. 4. a) antiaéreo; b) sobreaviso; c) arqui-irmandade; d) malagradecido. 5. a) pan-germânico; b) bem-soante; c) subchefe; d) subperíodo. 6. a) pré-figurar; b) pressentir; c) coirmão; d) co-herdeiro. 7. a) bissemanal; b) audiovisual; c) hidro-solúvel; d) termoelétrico. 28) Empregue o hífen, quando necessário. Quando os elementos forem escritos juntos, faça a junção: 1. couve flor 2. pé de moleque 3. guarda roupa 4. galinha d‘angola 5. pé de meia 6. bel prazer 7. el rei 8. a desoras 9. a fim de 10. luso brasileiro 11. fio dental 12. greco romano 13. anajá mirim 14. fim de semana 15. extra oficial 16. auto educação 17. ante histórico 18. vice diretor 19. pré escolar 20. contra almirante 29) Empregue o hífen, quando necessário. Quando os elementos forem escritos juntos, faça a junção: 1. ex diretor 2. ab rogar 3. sub rogar 4. super humano página 202 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 5. pan brasileiro 6. pan americano 7. pre anunciar 8. sem vergonha 9. sem cerimônia 10. pré escolar 11. supra renal 12. bem humorado 13. mal humorado 14. pro helênico 15. pro consul 16. arqui milionário 17. além túmulo 18. co irmão 19. co proprietário 20. néo republicano 30) Empregue o hífen, quando necessário, ou junte os elementos, se for o caso: 1. contra ordem 2. anti nacional 3. contra aviso 4. contra producente 5. auto suficiente 6. pan hispânico 7. proto mártir 8. pseudo revelação 9. ex prefeito 10. ante sala 11. super herói 12. anti escravagista 13. re inaugurar 14. anti eufônico 15. super lotar 16. extra terrestre 17. super sônico 18. anti histórico 19. sub raça 20. ultra marino 21. anti revolução 22. anti aéreo 23. anti rábico 24. extra curricular 25. re criar 26. anti tóxico 27. co réu 28. infra vermelho 29. ante braço 30. recém vindo 31. bem vindo 32. arqui milionário 33. super sensível 34. semi árido 35. semi culto 36. supra hepático 37. dá lhe 38. retro agir 39. semi sábio 40. pseudo machão 31) Empregue o hífen, quando necessário, ou junte os elementos, se for o caso: 1. bem ditoso 2. inter europeu 3. terça feira 4. extra hospitalar 5. super bacana 6. hidro avião 7. ab rogar 8. afro brasileira 9. auto sugestão 10. supra sumo 11. bem fazejo 12. pan cromático 13. intra ocular 14. pos tônico 15. pre tônico 16. extra legal 17. pre dizer 18. amarelo ouro 19. pan asiático 20. água de colônia 21. pós graduação 22. pré nupcial 23. semi aberto 24. pré operatório 25. luso brasileiro 26. bel prazer 27. gira sol 28. mal educado página 203 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 29. semi círculo 30. treme treme 31. grão duque 32. infra assinado 33. ultra uterino 34. multi colorido 35. inter pôr 36. auto admiração 37. co autoria 38. pré vestibular 39. super feliz 40. pro pugnar 31-a) Assinale a opção que contém erro na grafia de palavras compostas: a) recém-inaugurada, granfino; b) grão-rabino, tambor-mor; c) és-nordeste, acácia-negra; d) bico-de-lacre, girassol; e) quarta-feira, rio-grandense-do-sul 31-b) Assinale a opção que contém erro na grafia de palavras compostas: a) são-paulino, santo-amarense; b) santa-cruzense, dom-quixotismo; c) pica-pau, vaivém; d) ato-show, novo-horizontino; e) queda-de-braço, pé-de-moleque. página 204 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA GABARITO DOS EXERCÍCIOS DE ORTOGRAFIA 27) 1e, 2b, 3b, 4d, 5d, 6a, 7c. 28) 1.couve-flor, 3.guarda-roupa, 4.galinha-d‘angola, 6.bel-prazer, 10.luso-brasileiro, 12.greco-romano, 13.anajá-mirim, 15.extraoficial, 16.autoeducação, 17.ante-histórico, 18.vice-diretor, 19.pré-escolar, 20.contra-almirante. 29) 1.ex-diretor, 2.ab-rogar, 3.sub-rogar, 4.super-humano, 5.pambrasileiro, 6.pan-americano, 7.preanunciar, 8.sem-vergonha, 9.sem-cerimônia, 10.pré-escolar, 11.suprarrenal, 12.bemhumorado, 13.mal-humorado, 14.pró-helênico, 15.procônsul, 16.arquimilionário, 17.além-túmulo, 18.coirmão, 19.coproprietário, 20.neorrepublicano. 30) 1.contraordem, 2.antinacional, 3.contra-aviso, 4.contraproducente, 5.autossuficiente, 6.pan-hispânico, 7.protomártir, 8.pseudorrevelação, 9.ex-prefeito, 10.antessala, 11.super-herói, 12.antiescrevagista, 13.reinaugurar, 14.antieufônico, 15.superlotar, 16.extraterrestre, 17.supersônico, 18.anti-histórico, 19.sub-raça, 20.ultramarino, 21.antirrevolução, 22.antiaéreo, 23.antirrábico, 24.extracurricular, 25.recriar, 26.antitóxico, 27.corréu, 28.infravermelho, 29.antebraço, 30.recém-vindo, 31.benvindo, 32.arquimilionário, 33.supersensível, 34.semiárido, 35.semiculto, 36.supra-hepático, 37.dá-lhe, 38.retroagir, 39.semissábio, 40.pseudomachão. 31) 1.bem-ditoso, 2.intereuropeu, 3.terça-feira, 4.extra-hospitalar, 5.superbacana, 6.hidroavião, 7.ab-rogar, 8.afro-brasileira, 9.autossugestão, 10.suprassumo, 11.bem-fazejo, 12.pancromático, 13.intraocular, 14.postônico, 15.pretônico, 16.extralegal, 17.predizer, 18.amarelo-ouro, 19.pan-asiático, 20.água-de-colônia, 21.pósgraduação, 22.pré-nupcial, 23.semiaberto, 24.pré-operatório, 25.lusobrasileiro, 26.bel-prazer, 27.girassol, 28.mal-educado, 29.semicírculo, 30.treme-treme, 31.grão-duque, 32.infra-assinado, 33.ultrauterino, 34.multicolorido, 35.interpor, 36.autoadmiração, 37.coautoria, 38.prévestibular, 39.superfeliz, 40.propugnar. 31-a) a) grã-fino; 31-b) e) e) queda de braço, pé de moleque. página 205 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA página 206 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 10/06/2011 – A oficialização das letras K, W e Y, o uso de minúsculas e maiúsculas, divisão silábica, assinaturas e firmas (p. 103-109 e ARAÚJO, 2008, p. 78-82) página 207 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA DO ALFABETO E DOS NOMES PRÓPRIOS ESTRANGEIROS E SEUS DERIVADOS 1º) O alfabeto da língua portuguesa é formado por vinte e seis letras, cada uma delas com uma forma minúscula e outra maiúscula: a A (á), b B (bê), c C (cê), d D (dê), e E (é), f F (efe), g G (gê ou guê), h H (agá), i I (i), j J (jota), k K (capa ou cá)1, l L (ele), m M (eme), n N (ene), o O (ó), p P (pê), q Q (quê), r R (erre), s S (esse), t T (tê), u U (u), v V (vê), w W (dáblio)2, x X (xis), y Y (ípsilon)3, z Z (zê).4 Obs.: 1. Além destas letras, usam-se o ç (cê cedilhado) e os seguintes dígrafos5: rr (erre duplo), ss (esse duplo), ch (cê-agá), lh (ele-agá), nh (ene-agá), gu (guê-u) e qu (quê-u)1. O k representa uma consoante oclusiva velar surda, tal como o c (antes de a, o e u), o q ou o qu (em quatro e quero). 1 2O w representa o som de /u/ (vogal ou semivogal) em palavras de origem inglesa e o som consonantal /v/ em palavras de origem alemã, havendo situações em que pode ter ambas as realizações, como na palavra Darwin, que pode ser pronunciada como Dáruim ou como Dárvim. 3O y representa sempre o som de /i/, ora como vogal, ora como semivogal. Passam a integrar o alfabeto da língua portuguesa as letras k K (capa ou cá), w W (dáblio) e y Y (ípsilon), apesar de já serem usadas anteriormente sem fazerem parte do alfabeto. O “acordo” de 1943 não se referia ao fato de que há letras maiúsculas ou minúsculas, apesar de haver regras específicas para o uso de umas e de outras. Com isto, a partir de agora, os nossos dicionários incluirão tais letras, necessariamente nos seus respectivos lugares, assim como a numeração alfabética passará a contar com mais estas três letras. Como se vê, corrige-se uma incoerência da legislação anterior, apesar de ter sido de grande valor na simplificação ortográfica daquela época. 4 Naturalmente, tais letras continuarão a ser usadas nos mesmos casos especiais em que já eram usadas, como se verá adiante. Outra novidade é o fato de se sugerir nome para as letras, lembrando que se trata de meras sugestões, admitindo-se outros nomes locais e regionais, assim como a informação de que, além destas letras, usam-se outras letras e dígrafos. 5 Dígrafo ou digrama é a representação de um fonema pela combinação de duas letras página 208 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 2. Os nomes das letras acima sugeridos não excluem outras formas de as designar.2 2º) As letras k, w e y são usadas nos seguintes casos especiais: a) Em nomes próprios de pessoas (antropônimos) originários de outras línguas e seus derivados: Becker, Byron, byroniano; Chediak, Franklin, frankliniano; Kafka, kafkiano; Kant, kantismo, kantista; Kardec, kardecista, kardecismo; Kury, Darwin, darwinismo; Taylor, taylorista; Wagner, wagneriano; Walmirio; Zyngier. b) Em nomes próprios de lugares (topônimos) originários de outras línguas e seus derivados: Kwanza; Kuwait, kuwaitiano; Malawi, malawiano; Washington. c) Em siglas, símbolos e mesmo em palavras adotadas como unidades de medida de curso internacional: K-potássio (de kalium), KLM; TWA, W- oeste (West); kg- quilograma, km- quilômetro, kW- kilowatt, yd- jarda (yard); Watt. 3º) Em conformidade com o número anterior, mantêm-se nos vocábulos derivados eruditamente de nomes próprios estrangeiros quaisquer combinações gráficas ou sinais diacríticos3 não peculiares à nossa escrita que figurem nesses nomes: (mt) comtista, de Comte; (tt) garrettiano, de Garrett; (ff) jeffersônia, de Jefferson; (ü e ll) mülleriano, de Müller; (sh) shakespeariano, de Shakespeare. Os vocabulários autorizados registrarão grafias alternativas admissíveis em casos de divulgação de certas palavras de tal tipo de origem (a Além desses dígrafos, ainda existem os seguintes, que não foram relacionados no Acordo, provavelmente por causa de variações de pronúncia ou pela controvérsia teórica em relação a alguns deles: sc (esse-cê – nascer), sç (esse-cê cedilha – nasça), xc (xis-cê – exceto), xs (xis-esse – exsudar), am (áeme – campo), an (á-ene – canto), em (é-eme – tempo), en (é-ene – entre), im (i-eme – impor), in (i-ene – pinto), om (ó-eme – compra), on (ó-ene – ontem), um (u-eme – álbum), un (u-ene – junto). 1 Domício Proença Filho (2009, p. 40) nos lembra de que deixa também de ser citada no Acordo “a representação de dois fonemas por uma letra, caso do x, em vocábulos como fixar, reflexo, refluxo, e do y em estrangeirismos como byroniano (pronúncia: baironiano).” Na Bahia, por exemplo, as letras admitem outras designações, como, fê (f), guê (g), lê (l), mê (m), nê (n) e rê (r). Tanto ali, quanto em Sergipe e em Alagoas, o j é também conhecido como ji. (Confira PROENÇA FILHO, 2009, p. 39) 2 Sinais diacríticos são os que conferem às letras ou grupos de letras um valor fonológico especial. Os sinais diacríticos usados em português são: acento agudo (´), acento circunflexo (^), acento grave (`), cedilha (ç), til (~) e trema (¨). (Confira AZEREDO, 2008, p. 27) 3 página 209 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA exemplo de fúcsia/fúchsia e derivados, bungavília/buganvílea/bougainvíllea).1 4º) Os dígrafos finais de origem hebraica ch, ph e th podem ser conservados em formas onomásticas da tradição bíblica, como Baruch, Loth, Moloch, Ziph, ou então simplificados: Baruc, Lot, Moloc, Zif. Se qualquer um destes dígrafos, em formas do mesmo tipo, é invariavelmente mudo, é eliminado: José, Nazaré, em vez de Joseph, Nazareth; e se algum deles, por força do uso, permite adaptação, é substituído, recebendo uma adição vocálica: Judite, em vez de Judith.2 5º) As consoantes finais grafadas b, c, d, g e t se mantêm (ou não), quer sejam mudas, quer proferidas, nas formas onomásticas em que o uso as consagrou, nomeadamente antropônimos e topônimos da tradição bíblica: Bensabat/Bensabá, David/Davi, Gad, Gog, Isaac, Jacob/Jacó, Job/Jó, Josafat/Josafá, Magog, Moab. Integram-se também nesta forma: Cid, em que o d é sempre pronunciado; Madrid e Valladolid, em que o d ora é pronunciado, ora não; e Calecut, Calecute ou Calicut, em que o t se encontra nas mesmas condições. Nada impede, portanto, que os antropônimos em apreço sejam usados sem a consoante final Jó, Davi e Jacó. 6º) Recomenda-se que os topônimos de línguas estrangeiras sejam substituídos, tanto quanto possível, por formas da língua portuguesa (formas vernáculas), quando estas forem antigas (e mesmo vivas) em português ou quando entrarem (ou puderem entrar) no uso corrente. Exemplo: Anvers, substituído por Antuérpia; Cherbourg por Cherburgo; Garonne por Garona; Genève por Genebra; Jutland por Jutlândia; Milano por Milão; Mün- Em tais casos, é indispensável consultar o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, porque é o único documento que oficialmente autoriza as grafias alternativas admissíveis. 1 Fica explícito, portanto, que tais formas só permanecem quando os dígrafos ch, ph e th são pronunciados, podendo-se ainda ser substituídos por c, f e t. Caso não sejam pronunciados, devem ser eliminados, nos casos de palavras como Davi, José e Nazaré, por exemplo. 2 Como lembra Maurício Silva (2008, p. 30), “a intenção dessa regra é apenas consagrar um uso já comum na ortografia portuguesa, embora ainda não tivesse sido definida antes do acordo”, talvez porque, como lembra informalmente Afrânio Garcia, isto possa ser interpretado como discriminação religiosa. página 210 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA chen por Munique; Torino por Turim; Venezia por Veneza, Zürich por Zurique etc.1 EXPLICAÇÃO 7.1. Inserção do alfabeto (Base I) Uma inovação que o novo texto de unificação ortográfica apresenta, logo na Base I, é a inclusão do alfabeto, acompanhado das designações que usualmente são dadas às diferentes letras. No alfabeto português passam a incluir-se também as letras k, w e y, pelas seguintes razões: a) Os dicionários da língua já registram estas letras, pois existe um razoável número de palavras do léxico português iniciado por elas; b) Na aprendizagem do alfabeto é necessário fixar qual a ordem que elas ocupam; c) Nos países africanos de língua oficial portuguesa existem muitas palavras que se escrevem com elas. Apesar da inclusão no alfabeto das letras k, w e y, mantiveram-se, no entanto, as regras já fixadas anteriormente quanto ao seu uso restritivo, pois existem outros grafemas com o mesmo valor fônico daquelas. Se, de fato, fosse abolido o uso restritivo daquelas letras, introduzir-se-ia no sistema ortográfico do português mais um fator de perturbação, ou seja, a possibilidade de representar, indiscriminadamente, por aquelas letras fonemas que são transcritos por outras. 1O aportuguesamento dos topônimos estrangeiros é aconselhado, admitindo-se as situações em que isto não for possível, ao contrário do que se determinou em 1943, sem grande sucesso. Portanto, apesar de ser uma concessão que não existia antes, trata-se da adequação à realidade, pois a língua pertence ao povo e não apenas aos linguistas e filólogos. página 211 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA DAS MINÚSCULAS E MAIÚSCULAS 1º) A letra minúscula inicial é usada: a) Ordinariamente, em todos os vocábulos da língua nos usos correntes. b) Nos nomes dos dias, meses, estações do ano: segunda-feira; outubro; primavera. c) Nos bibliônimos1 (após o primeiro elemento, que é com maiúscula, os demais vocábulos podem (grifo nosso) ser escritos com minúscula, salvo nos nomes próprios nele contidos, tudo em grifo)2: O Senhor do Paço de Ninães ou O Senhor do paço de Ninães, Menino de Engenho ou Menino de engenho, Árvore e Tambor ou Árvore e tambor. d) Nos usos de fulano, sicrano, beltrano. e) Nos pontos cardeais (mas não nas suas abreviaturas): norte, sul (mas SW sudoeste). f) Nos axiônimos3 e hagiônimos4 (opcionalmente, neste1 caso, também com maiúscula), exceto nas abreviaturas, conforme o item h, no item Bibliônimo é o nome, título designativo ou intitulativo de livro impresso ou obra que lhe seja equiparada. (Confira HOUAISS, 2001) 1 Considerando-se a prática moderna de uso mais generalizado, é preferível que se escreva com inicial maiúscula apenas o primeiro elemento e os nomes próprios contidos no título, mas o uso das iniciais maiúsculas nos biblônimos pode ser importante destaque, no corpo do texto. Observe-se, no entanto, que há normatização específica para referência bibliográfica em trabalhos acadêmicos. (Cf. ABNT, NBR 6023 de 2002). 2 Axiônimo é a forma cortês de tratamento ou expressão de reverência. Exemplos: Sr., Dr., Vossa Santidade etc. (Confira AZEREDO, 2008, p. 30) 3 4 Hagiônimo é a designação comum aos nomes sagrados e aos nomes próprios referentes a crenças religiosas. Exemplos: Alá, Deus, Jeová, Ressurreição etc. (Confira AZEREDO, 2008, p. 50) página 212 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 2º, a seguir: senhor doutor Joaquim da Silva, bacharel Mário Abrantes, o cardeal Bembo, santa Filomena (ou Santa Filomena). g) Nos nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas (opcionalmente, também com maiúscula): português (ou Português), matemática (ou Matemática); línguas e literaturas modernas (ou Línguas e Literaturas Modernas). 2º) A letra maiúscula inicial é usada: a) Nos antropônimos, reais ou fictícios: 2 Pedro Marques, Branca de Neve, D. Quixote. b) Nos topônimos, reais ou fictícios: Lisboa, Luanda, Maputo, Rio de Janeiro; Atlântida, Hespéria. c) Nos nomes de seres antropomorfizados ou mitológicos: Adamastor; Netuno. d) Nos nomes que designam instituições: Instituto de Pensões e Aposentadorias da Previdência Social. e) Nos nomes de festas e festividades: Natal, Páscoa, Ramadão, Todos os Santos. f) Nos títulos de periódicos, que conservam o itálico: O Primeiro de Janeiro, O Estado de São Paulo (ou S. Paulo). g) Nos pontos cardeais ou equivalentes, quando empregados absolutamente: Nordeste, por nordeste do Brasil, Norte, por norte de Portugal, Meio-Dia, pelo sul da França ou de outros países, Ocidente, por ocidente europeu, Oriente, por oriente asiático.3 O uso do demonstrativo “este” trouxe ambiguidade para esta norma, pois há quem interprete o pronome como referindo-se ao “caso” dos “axiônimos e hagiônimos” e os que entendem que só se trata do último item (hagiônimos). (Conferir Azeredo, 2008, p. 100; Bechara, 2008a, p. 113; Estrela, 1993, p. 179 e Silva, 2008, p. 33) 1 Os nomes próprios de qualquer natureza (antropônimos, topônimos etc.) que entram na formação de palavras só devem ser escritos com letra inicial maiúscula quando mantiverem o seu significado primitivo, como em além-Brasil, aquém-Atlântico, doença de Chagas, mal de Alzheimer, sistema Didot, Anel de Saturno. Mas deverão ser escritas com minúsculas quando a nova palavra se afasta do sentido primitivo, como em água-de-colônia, joão-de-barro, erva-de-santa-maria, folha-de-flandres, negócio-da-china, melão-de-são-caetano, pão-do-chile, pão-de-são-joão. 2 Não se usa inicial maiúscula, portanto, nos nomes de idiomas (tupi, português, latim, inglês etc.) e nos adjetivos pátrios (latino, brasileiro, tupi, xavante etc.), exceto nas situações técnicas exigidas em traba3 página 213 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA h) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais ou nacionalmente reguladas com maiúsculas, iniciais ou mediais ou finais ou o todo em maiúsculas: FAO, NATO, ONU; H2O, Sr., V. Exª. i) Opcionalmente, em palavras usadas reverencialmente, aulicamente ou hierarquicamente1, em início de versos, em categorizações de logradouros públicos: (rua ou Rua da Liberdade, largo ou Largo dos Leões), de templos (igreja ou Igreja do Bonfim, templo ou Templo do Apostolado Positivista), de edifícios (palácio ou Palácio da Cultura, edifício ou Edifício Azevedo Cunha). Obs.: As disposições sobre os usos das minúsculas e maiúsculas não obstam a que obras especializadas observem regras próprias, provindas de códigos ou normalizações específicas (terminologias antropológica, geológica, bibliológica, botânica, zoológica etc.), procedentes de entidades científicas ou normalizadoras, reconhecidas internacionalmente. lhos de Etnografia, Antropologia etc. O uso indiscriminado de iniciais maiúsculas, nestes casos, é estrangeirismo gráfico intolerável. É isto que justifica a utilização de inicial maiúscula em palavras como "Acadêmico", presentes em documentos das academias, e "Professor", nos documentos dos sindicatos desta categoria profissional, por exemplo. 1 página 214 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA EXPLICAÇÃO DA DIVISÃO SILÁBICA A divisão silábica, que em regra se faz pela soletração (a-ba-de, bruma, ca-cho, lha-no, ma-lha, ma-nha, má-xi-mo, ó-xi-do, ro-xo, tme-se) e na qual, por isso, não tem de atender aos elementos constitutivos dos vocábulos segundo a etimologia (a-ba-li-e-nar, bi-sa-vó, de-sa-pa-re-cer, di-sú-rico, e-xâ-ni-me, hi-pe-ra-cús-ti-co, i-ná-bil, o-bo-val, o-bo-voi-de, o-bumbrar, su-bo-cu-lar, su-pe-rá-ci-do), obedece a vários preceitos particulares, que rigorosamente cumpre seguir, quando se tem de fazer em fim de linha, mediante o emprego do hífen, a partição de uma palavra: 1º) São indivisíveis no interior de palavra, tal como inicialmente, e formam, portanto, sílaba para a frente as sucessões de duas consoantes que constituem perfeitos grupos,1 ou (com exceção dos compostos cujos prefixos terminam em b ou d2: ab-legação, ad-ligar, ob-cecar, ob-ducente, objurgação, ob-nubilar, ob-rogar, ob-sidiar, ob-star, ob-stringir, ob-struir, ob-temperar, ob-turar, ob-viar, sobroda, sub-lunar etc., em vez de a-blegação, a-dligar, o-brogar, so-broda, su-blunar etc.) aquelas sucessões em que a primeira consoante é uma labial, uma velar, uma dental ou uma labiodental e a segunda um l ou um r: ablução, cele-brar, du-plicação, re-primir, a-clamar, de-creto, de-glutição, re-grado, a-tlético, cáte-dra, períme-tro, a-fluir, a-fricano, ne-vrose. 2º) São divisíveis no interior da palavra as sucessões de duas consoantes que não constituem propriamente grupos e igualmente as sucessões de m ou n, com valor de nasalidade, e uma consoante: ab-dicar, Ed-gar-do, op-tar, ab-soluto, ad-jetivo, af-ta, bet-samita, íp-silon, ob-viar, des-cer, disci-plina, flores-cer, nas-cer, res-cisão, ac-ne, ad-mirável, Daf-ne, dia-fragma, drac-ma, ét-nico, rit-mo, sub-meter, am-nésico, interam-nen-se, birreme, cor-roer, pror-rogar, as-segurar, bis-secular, sos-segar, bis-sex-to, con-tex-to, ex-citar, atroz-men-te, capaz-men-te, in-feliz-men-te, am-bição, desen-ganar, en-xame, man-chu, Mân-lio etc. 3º) As sucessões de mais de duas consoantes ou de m ou n, com o valor de nasalidade, e duas ou mais consoantes são divisíveis por um de 1 Os referidos encontros ou grupos consonantais perfeitos (bl, br, cl, cr, dr, fl, fr, gl, gr, pl, pr, tl, tr e vr) são indivisíveis. Os referidos prefixos terminados em b e d, que não admitem formar grupos com a consoantes seguintes, são: ab, ad, ob, sob e sub. 2 página 215 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA dois meios: se nelas entra um dos grupos que são indivisíveis (de acordo com o preceito 1º), esse grupo forma sílaba para diante, ficando a consoante ou consoantes que o precedem ligadas à sílaba anterior; se nelas não entra nenhum desses grupos, a divisão se dá sempre antes da última consoante. Exemplos dos dois casos: cam-braia, ec-tlip-se, em-blema, ex-plicar, incluir, ins-crição, subs-crever, trans-gredir; abs-ten-ção, disp-neia, in-terstelar, lamb-dacis-mo, sols-ticial, Terp-sícore, tungs-tênio. 4º) As vogais consecutivas que não pertencem a ditongos decrescentes (as que pertencem a ditongos deste tipo nunca se separam: ai-roso, cadei-ra, insti-tui, ora-ção, sacris-tães, traves-sões) podem, se a primeira delas não é u precedido de g ou q, e mesmo que sejam iguais, separar-se na escrita: ala-úde, áre-as, arei-a, cinco-enta, co-apeba, co-ordenar, correi-o, do-er, flu-idez, perdo-as, vo-os. O mesmo se aplica aos casos de contiguidade de ditongos, iguais ou diferentes, ou de ditongos e vogais: cai-ais, caíeis, ensai-os, flu-iu. 5º) Os dígrafos gu e qu nos quais o u não se pronuncia nunca se separam da vogal ou ditongo imediato (ne-gue, ne-guei; pe-que, pe-quei, do mesmo modo que as combinações gu e qu nas quais o u é pronunciado: água, ambí-guo, averi-gueis; longín-quos, lo-quaz, quais-quer. [Não se tratando do dígrafo nem de ditongos, o u dos grupos gu e qu pode ser separado da vogal seguinte. Exemplos: a-gu-e, a-gu-es, a-gu-em, ar-gu-em, a-veri-gu-e etc.]. 6º) Na translineação1 de uma palavra composta ou de uma combinação de palavras em que há um ou mais de um hífen, se a partição coincide com o final de um dos elementos ou membros, deve, por clareza gráfica, repetir-se o hífen no início da linha imediata: serená-los-emos ou serená-losemos, ex-alferes, vice-almirante, ex-vice-rei ou ex-vice-rei etc. Translineação é o ato de passar de uma linha para a outra, na escrita ou na impressão, ficando parte da palavra na linha superior e o resto na de baixo. (Confira AZEREDO, 2008, p. 52) 1 página 216 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA DAS ASSINATURAS E FIRMAS Para ressalva de direitos, cada qual pode manter a escrita que, por costume ou registro legal, adote na assinatura do seu nome. Com o mesmo fim, a grafia original de quaisquer firmas comerciais, nomes de sociedades, marcas e títulos que estejam inscritos em registro público pode ser mantida.1 Mesmo sendo o próprio que assine o nome, não está obrigado a fazê-lo conforme consta no registro, caso não esteja conforme as normas ortográficas, apesar de ser preferível para evitar transtornos burocráticos ou explicações desnecessárias. O professor Bechara é registrado como Evanildo Cavalcante Bechara, mas assina como Evanildo Bechara; o professor Leodegário, registrado como Leodegário Amarante de Azevedo Filho, assinava como Leodegário A. de Azevedo Filho. Ninguém está obrigado a escrever Amós Coêlho da Silva, com acento em Coelho, nem Carlos Eduardo Falcão Uchôa, com acento em Uchoa, mas pode. 1 Naturalmente, ninguém deve reclamar de outra pessoa que tenha usado a grafia correta para escrever o seu nome ou o nome de sua empresa, caso este esteja incorreto no registro. Não se trata de alteração de norma anterior, pois assim consta no texto das “Instruções para a organização do vocabulário ortográfico da língua portuguesa” que foram adotadas como normas ortográficas no Brasil em 1955: “40. Para salvaguardar direitos individuais, quem o quiser manterá em sua assinatura a forma consuetudinária. Poderá também ser mantida a grafia original de quaisquer firmas, sociedades, títulos e marcas que se achem inscritas em registro público”.(Apud LUFT, 2002, p. 276) página 217 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA EXERCÍCIOS DE ORTOGRAFIA 1) As palavras abaixo estão divididas em suas sílabas, mas um deles se separaria diferentemente na translineação. Identifique-a: a) abs-tra-ção; b) fic-ção; c) re-ssu-sci-tar; d) aus-cul-tar; e) con-sig-na-ção. 32) Em algumas palavras dos períodos seguintes, aparecem minúsculas em lugar de maiúsculas ou vice-versa. Emende, quando for preciso: 1. Na idade média, os povos da América do Sul não tinham laços de amizade com a Europa. 2. Diz o provérbio Árabe: ―a agulha veste os outros e vive nua‖. 3. A Avenida Afonso pena, em Belo Horizonte, foi ornamentada na época de Natal. 4. As abelhas se alvoroçaram e foi um Deus-nos-acuda! 5. Já estamos em pleno mês de Dezembro. 6. Os Americanos também cultuam a memória de seus vultos históricos. 7. Percorremos o país de Norte a Sul. 8. Toda a história do homem sobre a Terra constitui permanente esforço de comunicação. 9. A Primavera, o Verão, o Outono e o Inverno têm durações diferentes. 10. No hemisfério Sul, as estações são opostas às do hemisfério Norte. 11. A primeira ferrovia Brasileira foi inaugurada em 1854, pelo Visconde de Mauá. 12. Quem nasce em D. Pedro (Maranhão) é dom-Pedrense. 13. Existe uma planta com o nome de espinho-de-São-João. página 218 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 14. O espinafre-da-Guiana pode ser cultivado em jardineiras. 15. Olímpio e Mauricélia são Nordestinos. 16. Aproveitamos o feriado da sexta-feira santa para uma excursão ao nordeste. 17. Hoje não mais se justifica o seu exagerado romantismo. 18. O renascimento foi buscar seus modelos na antiguidade clássica. 19. A nave espacial voyager, dos estados unidos da América, revelounos aspectos insuspeitados de saturno, o planeta dos anéis. 20. O renascimento da democracia trouxe júbilo geral. 21. Cansado da terra, procura o homem conquistar outros planetas. 22. A rua do ouvidor, no rio de janeiro, conserva seu nome tradicional. 23. Um pensador já disse: ―o romantismo, mais do que uma escola, é um estado de espírito da época‖. 24. Dentre as obras de Machado de Assis, tenho especial estima pelos livros de contos chamados histórias sem data e várias histórias. 25. O jornal do Brasil é editado no rio de janeiro. 26. A união brasileira de escritores, sob a presidência de Edir Meireles, é uma instituição que defende os direitos do escritor nacional. 27. A igreja, a partir do pontificado do papa João XXIII, vem se modernizando. 28. A lei do ventre livre contribuiu para a extinção da escravatura. 29. A lei nº 5.765, de 18 de dezembro de 1971, simplificou a acentuação gráfica no Brasil. 30. Efetivamente, o acordo ortográfico da língua portuguesa de 1990 entra em vigor no Brasil no dia 1º de janeiro de 2009. 31. O presidente da república visitará vários países da África. 32. Todos aplaudiram o chefe da nação. 33. O chanceler Osvaldo Aranha teve papel saliente na criação do estado de Israel. página 219 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 34. Num regime parlamentarista há um primeiro-ministro como chefe do governo. 35. Aguardavam ansiosos os feriados da páscoa. 36. Embora formado em direito, trabalha como vendedor. 37. Os diplomatas precisam conhecer bem o direito internacional. 38. Aos europeus, agrada muito o clima dos trópicos. 39. O trópico de Câncer, que passa ao norte da ilha de Cuba, corta o México e uma ponta da península da Califórnia. 40. O latim era uma das numerosas línguas da península itálica. 41. A reforma do ensino praticamente extinguiu, entre outras disciplinas, o latim e a filosofia. 42. A idade moderna se inicia com a revolução francesa e com as grandes navegações. 43. O rei Ricardo I da Inglaterra era cognominado ―coração de leão‖. 44. O presidente Roosevelt, mesmo numa cadeira de rodas, consagrouse como grande estadista. 45. O duque de Caxias é o patrono do exército brasileiro. GABARITO DOS EXERCÍCIOS 1) c. 32) 1.Idade Média, 2.árabe, 3.Pena, 4.deus-nos-acuda, 5.dezembro, 6.americanos, 7.norte sul, 9.primavera verão outono inverno, 10.sul norte, 11.brasileira, 12.dom-pedrense, 13.são-joão, 14.guiana, 15.nordestinos, 16.Sexta-Feira Santa Nordeste, 18.Renascimento Antiguidade Clássica, 19.Voyager Estados Unidos Saturno, 21.Terra, 22.Ouvidor Rio de Janeiro, 23.Romantismo, 24.Histórias Várias, 25.Jornal Rio de Janeiro, 26.União Brasileira de Escritores, 27.Igreja, 28.Lei do Ventre Livre, 29.Lei, 30.Acordo, 35.Páscoa, 40.Península Itálica, 42.Idade Moderna Revolução Francesa, 43.Coração de Leão 45. Exército Brasileiro. página 220 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA LIÇÃO XIV (17/06/2011) Análise crítica do capítulo “Ortografia” da Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara (2009, p. 91-108, especialmente os tópicos “Hífen” (p. 96-101), “Emprego de maiúsculas” (p. 103-105) e “Regras de Acentuação” (p. 105-108) página 221 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA LIÇÃO XV (24/06/2011)Análise crítica do livro Guia Ortográfico e Ortofônico Sacconi, de Luiz Antônio Sacconi (2009). página 222 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA ALGUNS CASOS DE HOMONÍMIA A ≠ À ≠ Á ≠ Há A – Usa-se quando sua substituição por faz não é possível. Exemplos: Daqui a Niterói são poucos quilômetros. Chegaremos aí daqui a pouco. Nossas aulas terão início, realmente, a 14 de março. Voltei a São Gonçalo somente em março. À – contração da preposição ―a‖ com outro ―a‖, que pode ser artigo, pronome pessoal ou pronome demonstrativo. Vou à festa com você, mas não à que irá meu adversário. Á – O á é a primeira letra do alfabeto. Há – Usa-se quando sua substituição por faz é possível. Exemplos: Começou há pouco tempo nossa maratona. Voltamos das féais há três dias. Há quanto tempo!... Acender ≠ Ascender Acender é pôr fogo, incendiar. Ana Rita já sabe acender o forno do micro-ondas. Ascender é o mesmo que subir e elevar-se. O número de alunos da faculdade ascendeu ao dobro nos últimos anos. Acento ≠ Assento Acento é o destaque de pronúncia ou o sinal gráfico que se utiliza marcar a sílaba mais forte, na escrita. Toda palavra proparoxítona tem acento tônico na antepenúltima sílaba, que é sempre marcado com acento gráfico. página 223 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Assento é o lugar em que se senta. Esqueci meu celular no assento do carona. Acerca de ≠ Cerca de ≠ Há cerca de Acerca de equivale a sobre, a respeito de. Falaremos, hoje, acerca do acento de quantidade. Pesquise, por favor, acerca do acento tonal no grego antigo. Há cerca de equivale a faz aproximadamente. Há cerca de vinte dias que não vejo Ana Lúcia. A FFP tem cerca de três décadas. Acerto (correção) ≠ Asserto (afirmação, assertiva) Acessório (o que não é fundamental) ≠ Assessório (referente a assessor) Afiar (amolar) ≠ afear (tornar feio, tornar-se feio) Afim ≠ A fim de Afim equivale a igual, semelhante. Normalmente se usa no plural ou regido pela preposição com. Os docentes desempenham funções afins. Tenho atividade profissional afim com a de minha filha. A fim de equivale à preposição para, com intenção de ou com vontade de. Estou a fim de trabalhar. Viajou a fim de consolá-la. Alisar (tornar liso) ≠ Alizar (ombreira de portas e janelas) Apreçar (dar preço) ≠ Apressar (dar pressa) Ar-condicionado ≠ Ar condicionado página 224 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Ar-condicionado é o aparelho ou sistema que controla a umidade e a temperatura do ambiente. O ar-condicionado já foi consertado? Ar condicionado é o ar que sai do ar-condicionado. Arrear ≠ Arriar Arrear é por arreios ou arreamento em cavalgadura. Dom Quixote arreou e montou no magro Rocinante. Arriar é baixar, descer. Os melhores alunos são escolhedos para arriar a bandeira, ao final do dia. Assoar (tirar mudo do nariz, expirar com força) ≠ Assuar (vaiar) Bem-vindo ≠ Benvindo Bem-vindo é o mesmo que bem recebido. Bem-vindos ao nosso curso, Prezados Alunos!... Seja bem-vinda, Professora!... Benvindo é um antropônimo. Benvindo Floriano de Lima, escrivão de Dom Cavate, foi o seu primeiro vice-prefeito. Brisa (vento leve) ≠ Briza (gênero de planta leguminosa) Brocha (pincel) ≠ Broxa (prego) Bucho (barriga) ≠ Buxo (arbusto) Caçar ≠ Cassar Caçar é apanhar animais para aprisionar ou matar: caçar gambá; caçar onça; caçar jacaré. Caçar é também, procurar: João caçou o livro esgotado em todos os sebos. página 225 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Cassar é tornar sem efeito; anular. O congresso cassou o mandato do Presidente Collor. Cassar pode ser também restringir, recolher: O presidente da mesa cassou a palavra ao orador. Calção ≠ Caução Calção é calça de pernas curtas e entufadas da cintura até às virilhas, que se estende até o meio das coxa. É muito utilizado em diversos esportes. Caução é a coisa ou o meio com que se assegura o cumprimento de uma obrigação contraída. Depositei uma caução em dinheiro para garantir o negócio. Cardeal ≠ Cardial Cardeal (principal, fundamental; dignidade eclesiástica, ave) ≠ Cardial (relativo a cárdia, parte do estômago que recebe a porção abdominal do esôfago) Cartucho (carga de arma de fogo) ≠ Cartuxo (frade da confraria da Cartuxa)) Cavaleiro ≠ Cavalheiro Cavaleiro é aquele que sabe andar a cavalo. Cavalheiro é o homem educado, de ações nobres. Meu colega tem sido sempre um gentil cavalheiro. Cegar (ficar ou tornar cego) ≠ Segar (cortar cereais etc.) Cela (aposento) ≠ Sela (arreio) Censo ≠ Senso página 226 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Censo ou recenseamento é o alistamento geral da população. No censo de 2010, soubemos que éramos 190.732.694 habitantes no Brasil. Senso é faculdade de julgar, de sentir, de apreciar; juízo, entendimento, percepção, sentido (Senso de humor, senso prático, senso crítico). Censor (que exerce censura) ≠ Sensor (instrumento de medida) Cerrado (fechado, espesso, tipo de mata) ≠ Serrado (cortado com serra ou serrote) Cerrar ≠ Serrar Cerrar é fechar ou apertar. Serrar é cortar com serra ou serrote. Cessação (ação ou efeito de cessar) ≠ Sessação (ato de peneirar) Cessão ≠ Seção ≠ Sessão Cessão é o ato ou efeito de ceder; cedência, cedimento. Seção é o ato ou efeito de secionar(-se); porção retirada de um todo; segmento; ponto ou local onde algo foi cortado ou dividido; divisão de uma obra escrita ou cada uma das divisões correspondentes a determinado serviço público ou privado. Sessão é o tempo ou período em que uma assembleia, um congresso, um corpo deliberativo ou consultivo se mantém em reunião, estudando, discutindo, resolvendo ou deliberando acerca de fatos ou questões; essa própria reunião ou assembleia; ou o espaço de tempo em que se realiza determinada atividade ou parte dela. Cesta ≠ Sesta ≠ Sexta página 227 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Cesta é o utensílio próprio para a guarda de objetos diversos, feito de fibras entrançadas, provido ou não de alças e/ou tampa, conforme o uso; cesto. Sesta é o repouso após o almoço. Sexta é o numeral ordinal feminino entre a quinta e a sétima ou a abreviação de sexta-feira. Cevar (engordar) ≠ Sevar (ralar) Cervo (veado) ≠ Servo (serviçal) Chácara (quinta, sítio) ≠ Xácara (narrativa em verso) Cheque ≠ Xeque Cheque é o documento (normalmente fórmula impressa) por meio do qual o titular de uma conta-corrente emite ordem para o banco ou entidade congênere pagar ou creditar certa quantia a seu favor ou a favor de outra pessoa (o beneficiário). Xeque é o chefe muçulmano em território de extensão variada (país, cidade, bairro ou tribo); xeique; situação perigosa. Cidra (fruto da cidreira; laranja-toranja) ≠ Sidra (bebida preparada com suco fermentado de maçã; vinho de maçã) Círio (vela grande, de cera) ≠ Sírio (nascido na Síria) Comprimento ≠ Cumprimento Comprimento é a maior dimensão horizontal (de um objeto, de uma superfície) ou a dimensão que se encontra no eixo de sua orientação; ou a extensão de algo considerado de uma extremidade à outra. página 228 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Cumprimento é o ato ou efeito de cumprir; a execução de algogesto ou palavra (oral ou escrita) que denota delicadeza, cortesia, atenção para com outrem ou ainda agradecimento; ou gesto ou palavra de saudação. Concerto ≠ Conserto Concerto é o acordo entre pessoas ou entidades em vista de um objetivo; ou é uma peça musical extensa, que consiste na oposição de um ou mais instrumentos solistas a uma orquestra ou a um grupo instrumental. Conserto é a restauração ou recomposição de coisa rasgada, descolada, partida, deteriorada etc. Cocheira (abrigo de animais) ≠ Coxeira (marcha irregular de animal coxo) Cocho ≠ Coxo Cocho é um tabuleiro para transportar a cal amassada; bebedouro ou comedouro para o gado, de material vário e formato semelhante ao tronco escavado. Coxo pessoa ou objeto que apresenta uma extremidade mais curta que a outra ou a que falta uma perna ou um pé. Comprido (longo, extenso) ≠ Cumprido (executado, feito) Concelho (circunscrição administrativa) ≠ Conselho (recomendação) Concílio (reunião de deuses ou de prelados) ≠ Consílio (assembleia) Coser ≠ Cozer Coser é juntar com pontos feitos com agulha e qualquer tipo de linha, fio etc.; costurar. página 229 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Cozer preparar (alimentos) através da ação do fogo ou de qualquer outro processo; dar estado de cozido a; ter conhecimento culinário; exercer profissão de cozinheiro. Cosido (costurado) ≠ Cozido (cozinhado) Cotia (embarcação) ≠ Cutia (animal) Deferir (despachar favoravelmente) ≠ Diferir (adiar, retardar, procrastinar) Delatar (denunciar, acusar) ≠ Dilatar (alargar, ampliar, amplificar) Descrição ≠ Discrição Descrição é o ato ou efeito de descrever; reprodução, traçado, delimitação; a representação oral ou escrita de; exposição. Discrição é a qualidade de discreto; a qualidade do que não chama a atenção. Descriminar ≠ Discriminar Descriminar é isentar de culpa; tornar evidente a ausência de crime ou contravenção; absolver. Discriminar é perceber diferenças; distinguir, discernir (Discriminar bem as cores; Discriminar o certo do errado. Discriminar entre uma cópia e o original). Despensa (local da casa destinado à guarda de alimentos) ≠ Dispensa (ato de dispensar) Destinto (sem cor) ≠ Distinto (diferente) página 230 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Destorção (ato de destorcer) ≠ Distorção (deformação) Destratar (insultar) ≠ Distratar (desfazer contrato) Elidir (eliminar, neutralizar) ≠ Ilidir (refutar) Emerso (que emergiu, que veio à tona) ≠ Imerso (mergulhado, afundado) Eminente ≠ Iminente Eminente é o que está muito acima do que o que está em volta; proeminente, alto, elevado; é o que se destaca por sua qualidade ou importância; excelente, superior. Iminente é o que ameaça se concretizar, que está a ponto de acontecer; próximo, imediato. Emitir (pôr em circulação) ≠ Imitir (investir em) Empoçar (pôr num poço ou numa poça) ≠ Empossar (dar posse) Espectador ≠ Expectador Espectador é aquele que assiste a um espetáculo; aquele que presencia um fato; testemunha, presente; aquele que observa ou examina (algo); observador. Expectador é aquele que permanece na expectativa; esperando que algo aconteça. Esperto ≠ Experto Esperto é aquele que percebe tudo; atento, vigilante. página 231 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Experto é quem conta com experiência própria; que é especialista em determinado(s) assunto(s). Espiar ≠ Expiar Espiar é observar secretamente, com o intuito de obter informações; espionar; olhar às escondidas. Expiar é pagar (crimes ou faltas); remir(-se); sofrer as consequências de algo. Estático ≠ Extático Estático é o mesmo que sem movimento; parado, imóvel. Extático é caído em êxtase; causado por êxtase ou que envolve êxtase; encantado, enlevado, maravilhado. Estear (sustentar com esteios, escorar) ≠ Estiar (parar de chover) Esterno ≠ Externo Esterno é o osso geralmente longo e achatado, situado na parte vertebral do tórax dos vertebrados (com exceção dos peixes), e que no homem se articula com as primeiras sete costelas e a clavícula, composto de três partes: corpo, manúbrio e apêndice xifoide. Externo é o que está ou vem do lado de fora; em direção a ou no exterior de um órgão ou cavidade. Estrato ≠ Extrato Estrato é a unidade individual de rocha estratificada, diferenciada litologicamente dos estratos imediatamente superior e inferior; camada, leito; qualquer tipo de camada. Extrato é a passagem, trecho tirado de um texto; em um processo químico de extração com solventes, a fase que contém a(s) substância(s) ex- página 232 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA traída(s); qualquer produto aromático, medicamentoso etc. obtido por tal processo. Estropear (fazer tropel) ≠ Estropiar (desfigurar, adulterar) Flagrante ≠ Fragrante Flagrante é o que é visto ou registrado no próprio momento da realização; Fragrante é o que exala bom odor; aromático, cheiroso, perfumado. Fluir ≠ Fruir Fluir é correr com certa abundância ou em fio (a propósito de líquido); manar. Fruir é desfrutar, gozar, utilizar (vantagens, benefícios etc.). Fuzil ≠ Fusível Fuzil é a peça de metal com que se atritava uma pederneira para produzir centelhas; arma portátil de cano comprido; espécie de carabina; espingarda. Fusível é o fio de chumbo ou de alguma liga fundível que, colocado num circuito elétrico, se funde, cortando a corrente quando a intensidade desta atinge certo limite. Glosa ≠ Grosa Glosa é a anotação em um texto para explicar o sentido de uma palavra ou esclarecer uma passagem; tipo de composição poética que desenvolve um mote, em geral em tantas estrofes quantos são os versos deste e acabando cada estrofe com um deles. Grosa é o conjunto de doze dúzias; ou a lima grossa de ferro ou aço, us. para desbastar madeira, ferro, ou casco de cavalgaduras; página 233 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Houve ≠ Ouve Houve é forma do verbo haver, no passado. Ouve é forma do verbo ouvir, no presente. Incerto (duvidoso) ≠ Inserto (inserido) Incipiente ≠ Insipiente Incipiente é o iniciante, que está no começo; inicial, iniciante, principiante. Insipiente é o não sapiente; o ignorante, tolo, néscio; sem juízo; insensato, imprudente. Inflação ≠ Infração Inflação é o aumento de volume; inchação, intumescimento. Infração é o ato ou efeito de infringir; a transgressão das regras de um jogo; falta; a violação de norma de direito penal; ato de praticar qualquer ilícito penal. Infligir ≠ Infringir Infligir é impor, aplicar (pena, castigo, repreensão etc.); cominar. Infringir é desobedecer a; violar, transgredir, desrespeitar. Laço ≠ Lasso Laço é um nó corredio facilmente desatável, com uma, duas ou mais alças. Lasso é fatigado, esgotado (por trabalho excessivo do corpo ou da mente); cansado. Maça (porrete) ≠ Massa (pasta) página 234 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Mal ≠ Mau Mal é o modo irregular, ruim; diversamente do que convém ou do que se desejaria; o que é prejudicial ou fere; o que concorre para o dano ou a ruína de alguém ou de algo; o que é nocivo para a felicidade ou o bemestar físico ou moral; doença, enfermidade. Mau é o que se distingue pelo caráter ruim, moralmente condenável. Malgrado ≠ Mau grado Malgrado é falta de agrado; desagrado, desprazer. Exemplo: O livro, a malgrado do autor, saiu com muitos erros tipográficos. Significa também apesar de, não obstante. Mau grado, na expressão ―de mau grado‖, significa ―contra a vontade, com aborrecimento, com objeções‖. Exemplo: Aceita viajar de mau grado. Mas ≠ Más ≠ Mais Mas é conjunção que liga orações ou períodos com as mesmas propriedades sintáticas, introduzindo frase que denota basicamente oposição ou restrição ao que foi dito; porém, contudo, entretanto, todavia. Más é o adjetivo feminino plural de ―mau‖ ou o que atrapalha ou impede a progressão de alguém ou de algo; dificuldade, obstáculo, senão. Como substantivo, é utilizado nas locuções ―deixar de más‖ = pôr um termo às hesitações; ―haver sempre um más‖ = surgir em tudo um fator que dificulta, que contraria; ―nem más nem meio más‖ = fórmula com que se repelem peremptoriamente escusas ou controvérsias. Mais é o advérbio que significa em maior quantidade ou com maior intensidade. Mesinha (mesa pequena) ≠ Mezinha (remédio caseiro) Mocambo (habitação precária) ≠ Mucambo (ave) página 235 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Paço ≠ Passo Paço é habitação suntuosa para a realeza ou o episcopado; palácio. Passo é o ato de deslocar o apoio do corpo de um pé a outro enquanto se anda; ou o espaço compreendido em cada um desses deslocamentos. Patoá (falar de determinada região) ≠ Patuá (cesto de palha; bentinho) Pequenez ≠ Pequinez Pequenez é a qualidade de pequeno; o período da infância; meninice; a pequena altura, estatura reduzida. Pequinês significa relativo a Pequim ou que é seu natural ou habitante; diz-se de uma raça de cães de pequeno porte, nariz achatado, olhos saltados e pelo longo de cor variável, oriundos da China. Por hora ≠ Por ora Por hora é o mesmo que por tempo [empregada para medir a velocidade, a expressão é precedida de uma indicação da distância percorrida, geralmente por veículo (terrestre ou aéreo), no espaço de uma hora]. Exemplo: ―O automóvel estava a 130 km por hora‖. Por ora é o mesmo que por enquanto, por agora. Exemplo: ―Por ora, está liberado‖. Por que ≠ Por quê ≠ Porque ≠ Porquê Por que – o por e o que se escrevem separados quando este tem função de pronome relativo. Exemplo: ―Percebi logo a razão por que rias‖. Ou de pronome interrogativo. Exemplo: ―Por que você não voltou logo?‖. Por quê, vindo no final da frase ou antes de uma pausa forte, receberá acento gráfico. Exemplo: ―Você fez isto por quê?‖ Porque liga duas orações coordenadas, numa das quais se explica ou se justifica a asserção contida na outra; pois, porquanto, que. Exemplo: ―Enpágina 236 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA tre, porque já é tarde‖. Indica causa, motivo ou razão da ação contida na oração principal; que, como, visto que, já que. Exemplo: A juventude às vezes erra porque é muito ansiosa‖. Porquê significa explicação de um fato; razão, motivo. Exemplo: ―Não vai dizer-nos o p. de seu estranho procedimento?‖ Reboliço (que rebola) ≠ Rebuliço (agitação, confusão, desordem) Salário-mínimo ≠ Salário mínimo Salário-mínimo é um brasileirismo que significa ―trabalhador cuja remuneração é o salário mínimo‖; trabalhador mal remunerado. Salário mínimo é o salário abaixo do qual a lei proíbe remunerar um trabalhador, seja em geral, seja em relação a determinada categoria profissional. Se ≠ Si Se é pronome da terceira pessoa do singular, caso oblíquo, átono, para os dois gêneros, usado como complemento de verbo transitivo direto, podendo expressar reflexividade ou reciprocidade (Exemplos: Feriu-se. Agrediram-se.); como complemento de verbo pronominal transitivo indireto ou bitransitivo (Exemplo: Deu-se ao trabalho de ler o artigo.); em verbos pronominais que exprimem esp. sentimento ou mudança de estado (arrependerse, atrever-se, indignar-se, queixar-se, derreter-se etc.); como partícula apassivadora (Exemplo: Alugam-se quartos.); como índice de indeterminação do sujeito (Exemplo: Vive-se bem.) ou como palavra expletiva (para realçar nos verbos intransitivos movimento ou atitude do sujeito). Exemplo: Foi-se embora, chorando. Si é forma oblíqua tônica do pronome pessoal reto das terceiras pessoas do singular e do plural, sempre regido de preposição (exceto com). Exemplos: Andava cheio de si. Combinaram entre si o que deveriam fazer. Cair em si.). Se não ≠ Senão página 237 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Se não é a conjunção se seguida do advérbio não, equivalendo a ou, em oração em que há alternativa, incerteza (Fala três línguas, se não quatro) caso em que a repetição do verbo fica subentendida (Fala três línguas, se não [falar] quatro). Outros exemplos: ―Se não vierem todos, como será?‖ ―Heleninha é linda, se não lindíssima, não acha?‖. Senão é conjunção que significa ―de outro modo; do contrário‖. (Exemplo: Coma, senão ficará de castigo.); mas, mas sim, porém (Exemplo: Não obteve aplausos, senão escárnio.) ou preposição com o significado de ―com exceção de, salvo, exceto‖ (Exemplo: Todos, senão você, riram-se do tombo) ou, ainda, substantivo masculino, significando ―pequena imperfeição; falha, defeito, mácula‖. Soar (emitir ou produzir som, ecoar) ≠ Suar (transpirar) Sortir ≠ Surtir Sortir é prover (ou prover-se), abastecer (ou abastecer-se) de produtos, mercadorias, provisões etc. Exemplo: ―Sortiu a loja com mercadorias novas.‖); colocar junto (coisas diversas); misturar, combinar, mesclar. (Exemplo: ―Sortir as cores de um quadro.‖). Surtir é dar como resultado; dar origem a; provocar. Exemplo: ―Seu esforço não surtirá efeito‖. Tacha ≠ Taxa Tacha é pequeno prego de cabeça redonda, larga e chata, ger. us. por estofadores, sapateiros, tapeceiros etc. para fixar peças de tecido, couro, sola; tachinha. Taxa é o preço fixo regulamentado por convenção ou pelo uso; a quantia cobrada pela venda de alguns produtos e ger. embutida no preço; o preço cobrado ao usuário pela prestação de algum serviço; proporção de (algo) num conjunto, geralmente expresso em percentagem; a percentagem do capital investido que gera juros na unidade de tempo determinada (geralmente um ano); ou razão entre as variações de duas grandezas, das quais a primeira é dependente da segunda. página 238 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Taxar (acusar) ≠ Taxar (tributar) Tampouco ≠ Tão pouco Tampouco é usado para reforçar uma negação; também não, muito menos. Exemplo: Não gosto de jabá, tampouco de jerimum. Tão pouco estabelece alguma forma de relação com a ideia de ―pouco‖. Exemplos: ―Dormi tão pouco hoje, que nem tive tempo de sonhar.‖ ―Ganho tão pouco, que mal consigo sobreviver.‖ Tenção ≠ Tensão Tenção é o que se pretende fazer; propósito, desígnio, intenção (Exemplo: ―Sua tenção era enfrentar o adversário.‖); objeto de especial adoração; devoção (Exemplo: ―Era aquele o santo de sua t. particular.‖); conteúdo, assunto, tema, matéria (Exemplo: ―A tenção de um romance.‖). Tensão é a qualidade, condição ou estado do que é ou está tenso (Exemplo: ―A tensão de um cabo de aço.‖); estado do que ameaça romperse (Exemplo: ―Tensão nas relações entre palestinos e israelenses.‖). Trás ≠ Traz Trás é advérbio que significa ―depois de, após, na parte posterior, atrás, detrás‖ ou preposição que relaciona por subordinação e expressa anterioridade e/ou o que está sob falsa aparência (Exemplo: ―Trás aquela fala macia, existe uma grande raiva contida‖). No português atual aparece também como elemento de composição, por exemplo, em trás-os-montes. Traz é forma do presente do verbo trazer, que significa ―transportar, levar (alguém ou algo) em direção ao lugar onde está quem fala ou de quem se fala‖. Vadear ≠ Vadiar Vadear é atravessar (rio, brejo etc.) a vau, pelos lugares menos profundos. Exemplo: ―Vadeou o pantanal até a ilha mais próxima‖. página 239 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Vadiar é andar à toa, passear de um lado para outro; vaguear; viver na ociosidade; não trabalhar. Viagem ≠ Viajem Viagem é o ato de partir de um lugar para outro, relativamente distante, e o resultado desse ato (Exemplo: ―Chegou o dia da viagem.‖); o deslocamento que se faz para se chegar de um local a outro relativamente distante; percurso (Exemplo: ―Dormi durante a viagem.‖);espaço percorrido ou a percorrer; percurso (Exemplo: ―Tenho uma longa v. pela frente.‖). Viajem é terceira pessoa do plural do presente do subjuntivo do verbo viajar. Exemplo: ―Desejo-lhes que viajem tranquilos.‖ página 240 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA BIBLIOGRAFIA ABREU, Ana Lúcia Segadas Vianna. Problemas com a ortografia da língua portuguesa. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/cluerjsg/anais/iv/completos/comunicacoes/Ana%20L%C3%BAcia%20Segadas% 20Vianna%20Abreu.pdf>. Acesso em: 13-01-2011. ACADEMIA Brasileira de Letras. Vocabulário ortográfico da língua portuguesa. 5. ed. São Paulo: Global, 2009. ACADEMIA Brasileira de Letras. Pequeno vocabulário ortográfico da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1948. ACADEMIA Brasileira de Letras. Vocabulário onomástico da língua portuguesa. Rio de Janeiro: A Academia, 1999. ACADEMIA Brasileira de Letras. Vocabulário ortográfico da língua portuguesa. Rio de Janeiro: A Academia, 1998. ACADEMIA Brasileira de Letras; ACADEMIA das Ciências de Lisboa (Orgs.). Vocabulário ortográfico e ortoépico da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Gráfica Sauer, 1932. AGUIAR, Monalisa dos Reis. A ortografia portuguesa do século XVIII: Madureira Feijó e sua proposta pseudoetimológica. <http://www.filologia.org.br/cluerjsg/anais/iv/completos/comunicacoes/Monalisa%20dos%20Reis%20Aguiar. pdf>. Acesso em: 13-01-2011. ALMEIDA, Janaína Rabelo Cunha Ferreira de. A hipersegmentação da escrita entre alunos de 1ª série de Belo Horizonte: indícios da interação entre o conhecimento da língua falada e as convenções da escrita. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/iisinefil/resumos/a_hipersegmentacao_da_escr ita_entre_alunos.pdf>. Acesso em: 13-01-2011. página 241 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA ALMEIDA, Manoel Mourivaldo Santiago. Grafemas e diacríticos em manuscritos setecentistas. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/viicnlf/anais/caderno10-08.html>. Acesso em: 12-01-2011. AMARAL, Andrey do. Novo (e divertido) Acordo Ortográfico, Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2009. AMARAL, Fernando José do. Um acordo para tudo! Ambiguidades no léxico e a nova ortografia. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/revista/46/07.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. ANDRADE, Tadeu Luciano Siqueira. Os grafemas s e z nos sufixos da ortografia do português: contrastes e confrontos. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/vcnlf/anais%20v/civ4_09.htm>. Acesso em: 12-01-2011. AQUINO, Renato. Português para concursos: teoria e 900 questões. 26 ed. rev. Niterói: Impetus, 2010. AQUINO, Renato. Redação para concursos: Teoria e testes. 12. ed. Niterói: Impetus, 2010-a. ARAUJO, Ruy Magalhães de. Comentários ao emprego da crase. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/soletras/1/04.htm>. Acesso em: 12-012011. AZEREDO, José Carlos de (coord.). Escrevendo pela nova ortografia: como usar as regras do novo acordo ortográfico da língua portuguesa. 1. ed. Instituto Antônio Houaiss / Coordenação e assistência técnica de José Carlos de Azeredo. São Paulo: Publifolha, 2008. BARRETO, Ioam Franco. Ortografia da lingua portuguesa. Lisboa: Officina de João da Costa, 1671. BASES para a unificação da ortografia que deve ser adotada nas escolas e publicações oficiais. Relatório da comissão nomeada por portaria de 15 de fevereiro de 1911, novamente revisto pelo relator. Lisboa: Imprensa Nacional, 1911. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/textos/Bases.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. BASTOS, Neusa Barbosa. Uma reflexão sobre a ortografia – séculos XVI/XXI. In: MOREIRA, Maria Eunice; SMITH, Marisa Magnus; BOCCHESE, Jocelyne da Cunha (Orgs.). Novo acordo ortográfico da língua página 242 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA portuguesa: questões para além da escrita. Porto Alegre: Edipucrs, 2009, p. 47-62. BECHARA, Evanildo. A nova ortografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira (Lucerna), 2008a. BECHARA, Evanildo. Ortografia. In: ___. Gramática escolar da língua portuguesa: Para o ensino médio e cursos preparatórios. 1. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001, p. 596-653. BECHARA, Evanildo. Ortografia. In: ___. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Nova Fronteira/Lucerna, 2009, p. 91108. BECHARA, Evanildo. O que muda com o novo acordo ortográfico. Rio de Janeiro: Nova Fronteira (Lucerna), 2008b. BOTELHO, José Mario. A nova ortografia: aspecto positivo e negativos das mudanças, referentes à acentuação gráfica. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/xiiicnlf/resumos/a_nova_ortografia_aspecto_p ositivo_e_negativo_jose_mario.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. BOTELHO, José Mario. A nova ortografia: o que muda com o iminente (des)acordo ortográfico? Disponível em: <http://www.filologia.org.br/cluerjsg/anais/iv/completos/oficina/Jos%C3%A9%20Mario%20Botelho.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. BOTELHO, José Mario. Consequências (orto)gráficas e morfossintáticas das nominalizações em português. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/revista/46/02.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. BOTELHO, José Mario. Uma pequena digressão sobre a ortografia da língua portuguesa. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/revista/45/10.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. BRASIL, Luiz Antonio de Assis. Acordo ortográfico: uma questão de necessidade. In: MOREIRA, Maria Eunice; SMITH, Marisa Magnus; BOCCHESE, Jocelyne da Cunha (Orgs.). Novo acordo ortográfico da língua portuguesa: questões para além da escrita. Porto Alegre: Edipucrs, 2009, p. 63-72. CAETANO, Marcelo Moraes. Hífen e acentuação gráfica na língua portuguesa. In: ___. Gramática reflexiva da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Ferreira, 2009, p. 35-51 e 573-577. página 243 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA CAETANO, Marcelo Moraes. Ortografia. In: ___. Gramática reflexiva da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Ferreira, 2009, p. 53-92. CARDOSO, Eveline. T@h @fim de tc? Hibridismo e multimodalidade discursiva na notação escrita do msn-messenger. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/xiiicnlf/XIII_CNLF_04/tomo_3/ta_afim_de_tc _EVELINE.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. CASTELEIRO, João Malaca (Coord.). Vocabulário ortográfico da língua portuguesa. Porto: Porto Editora, 2009. CASTELEIRO, João Malaca; CORREIA, Pedro Dinis. Atual: O novo Acordo Ortográfico — O que vai mudar na grafia do português. Lisboa: Texto, 2007. CASTILHO, João Feliciano de. Orthographia portugueza. Rio de Janeiro: [s./ed.], 1860. CASTRO, Ivo. Curso de história da língua portuguesa. Lisboa: Universidade Aberta, 1991. CASTRO, Ivo; DUARTE, Inês; LEIRIA, Isabel (Orgs.). A demanda da ortografia portuguesa. Lisboa: João Sá da Costa, 1987. CLARE, Nícia de Andrade Verdini. Desvios ortográficos em redações do ensino médio e resultados fonéticos e fonológicos. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/xiicnlf/textos_completos/Desvios%20ortogr% C3%A1ficos%20em%20reda%C3%A7%C3%B5es%20do%20ensino%20m %C3%A9dio%20e%20resultados%20fon%C3%A9ticos%20e%20fonol%C 3%B3gicos%20-%20N%C3%8DCIA.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário etimológico da língua portuguesa. 4. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2010. DICIONÁRIO editora da língua portuguesa 2009 – Acordo Ortográfico. Porto: Porto Editora, 2008. EMILIANO, António. Foi você que pediu um Acordo Ortográfico? Lisboa: Guimarães, 2008. EMILIANO, António. O fim da ortografia. Lisboa: Guimarães Editores (Opúsculos), 2008. ESTRELA, Edite. A questão ortográfica: Reforma e acordos da língua portuguesa. Lisboa: Notícias, 1993. página 244 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA FEIJÓ, J. de M. Madureira. Orthographia, ou arte de escrever, e pronunciar com acerto a lingua portugueza. Lisboa: Officina de Miguel Rodriguez, 1739. FERNANDES, Ana Paula. A história da ortografia do português do Brasil. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/cluerjsg/anais/ii/completos/mesas/3/anapaulafernandes.pdf>. Acesso em: 12-012011. FERNANDES, Maria; RAGGIOTTI, Naiara. Ortografia sem segredos. Ilustrações: Daniel Kondo. [São Paulo]: Promo, 2008-2009, 8 vol. FIGUEIREDO, Candido de. A ortografia no Brasil: história e crítica. Lisboa: Clássica, 1908. FLORES, Valdir do Nascimento; FINATTO, Maria José Bocorny. Quantificação e argumento de autoridade no acordo ortográfico de 2009: aspectos enunciativos e estatísticos. In: MOREIRA, Maria Eunice; SMITH, Marisa Magnus; BOCCHESE, Jocelyne da Cunha (Orgs.). Novo acordo ortográfico da língua portuguesa: questões para além da escrita. Porto Alegre: Edipucrs, 2009, p. 109-135. FONTENELA, J. L.; ESTRAVIZ, I.; FIGUEROA, A. Comentários ao novo Acordo Ortográfico. Pontevedra/Braga: Irmandades da Fala da Galiza e Portugal, 1986. FREEMAN, L. A history of Portuguesa orthography since 1500 (dissertation). University of Pennsylvania, Philadelphia, 1965. GÂNDAVO, Pero de Magalhães de. Regras que ensinam a maneira de escrever a ortografia da língua portuguesa. Lisboa: Biblioteca Nacional, 1981. GANEM, Vanessa Stutzel. O acordo: a relevância da tradição nas normas ortográficas. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/xiiicnlf/XIII_CNLF_04/o_acordo_a_relevanci a_da_tradicao_nas_vanessa_stutzel.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. GARCIA, Afrânio da Silva. História da ortografia do português do Brasil. Tese de doutorado em Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: UFRJ/Faculdade de Letras, 1996, 172 fl. + 2 p. não numeradas. GARCIA, Afrânio da Silva. O acordo ortográfico de 1995: seus antecedentes, seus pontos positivos e negativos, suas possíveis consequências. Dispo- página 245 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA nível em: <http://www.filologia.org.br/revista/artigo/3(9)514.html>. Acesso em: 12-01-2011. GEIGER, Paulo; SILVA, Renata de Cássia Menezes da. A nova ortografia sem mistério: do ensino fundamental ao uso profissional. Rio de Janeiro: Lexikon, 2009. GOMES, Francisco Álvaro. O Acordo Ortográfico: Exercícios práticos com propostas de soluções. Porto: Edições Flumen e Porto Editora, 2008. GOMES, Nataniel dos Santos. Língua portuguesa no século XXI: um olhar preliminar para a escrita na era da internet. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/xiicnlf/04/07.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. GONÇALVES, Maria Filomena. As ideias ortográficas em Portugal de Madureira Feijó a Gonçalves Viana (1734-1911). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação para a Ciência e a Tecnologia, 2003. GONÇALVES, Rebelo. Tratado de ortografia da língua portuguesa. Coimbra: Atlântida, 1947. GRECCO, Fabiana Miraz de Freitas. A escrita pseudo-etimológica em domingos caldas barbosa carta a pedro rademaker (1780). Disponível em: <http://www.filologia.org.br/soletras/17sup/03.pdf>. Acesso em: 12-012011. GUIA prático do Acordo Ortográfico. Porto: Porto Editora, 2008. GUIMARÃES, Gilda; ROAZZI, Antonio. A importância do significado na aquisição da escrita ortográfica. In: MORAIS, Artur Gomes de. (Org.). O aprendizado da ortografia. 3. ed., 3. reimp. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, p. 61-75. HENRIQUES, Claudio Cezar. A nova ortografia: o que muda com o acordo ortográfico. São Paulo: Campus, 2009. HENRIQUES, Claudio Cezar. Actas da Academia Brazileira de Lettras, sendo Prezidente o Sr. Machado de Assis (1896-1908). Rio de Janeiro: UERJ, 2000. Tese de concurso para professor titular de Língua Portuguesa. 267 fl. + 184 fl. não numeradas. HENRIQUES, Claudio Cezar. Atas da Academia Brasileira de Letras: Presidência Machado de Assis (1896-1908). Apresentação de Evanildo Bechara. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 2001, 290 pp. ilustradas. página 246 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA HENRIQUES, Claudio Cezar. Fonética, fonologia e ortografia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. HOUAISS, Antônio. A nova ortografia da língua portuguesa. São Paulo: Ática, 1991. HOUAISS, Antônio. Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. IMAGUIRE, Lígia Maria Campos. Abordagem de erros de segmentação e juntura de palavras em crianças das quatro primeiras séries do primeiro grau: investigação linguística. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/revista/artigo/4(11)80-89.html>. Acesso em: 12-01-2011. JANSSEN, Maarten (Org.) et al. Ortografia em mudança. Vocabulário. As palavras que mudam com o Acordo Ortográfico. Instituto de Linguística Teórica e Computacional e Editorial Caminho, 2008. KIEFER, Charles. Questões táticas e estratégicas do acordo ortográfico. In: MOREIRA, Maria Eunice; SMITH, Marisa Magnus; BOCCHESE, Jocelyne da Cunha (Orgs.). Novo acordo ortográfico da língua portuguesa: questões para além da escrita. Porto Alegre: Edipucrs, 2009, p. 87-89. KURY, Adriano da Gama. Manual prático de ortografia. Rio de Janeiro: Agir, 1968. KURY, Adriano da Gama. Ortografia, pontuação, crase. 2. ed. 5. tir. Rio de Janeiro: FAE, 1992. LEAL, Telma Ferraz; ROAZZI, Antonio. A criança pensa... e aprende ortografia. In: MORAIS, Artur Gomes de. (Org.). O aprendizado da ortografia. 3. ed., 3. reimp. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, p. 99-120. LEÃO, Duarte Nunes de. Ortografia e origem da língua portuguesa. Edição organizada por Maria Leonor Carvalhão Buescu. Lisboa: Imprensa Nacional, 1983. LIMA, Rocha. Ortografia. In: ___. Gramática normativa da língua portuguesa. 48. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010, p. 77-105. LUFT, Celso Pedro. Grande manual de ortografia Globo. 2. ed. rev. e atual. 2. reimp. Superv.: Lya Luft. Org.: Marcelo Módolo. Consultoria técnica: Mário Eduardo Viaro. São Paulo: Globo, 2007. LUFT, Celso Pedro. Novo guia ortográfico. São Paulo: Globo, 2008. página 247 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA LUFT, Celso Pedro et alii. Ortografia oficial. In: ___. Novo manual de português: gramática, ortografia oficial, redação, literatura, textos e testes. 15. ed. São Paulo: Globo, 1990, p. 195-454. MACHADO, Marcos da Silva. Estudo diacrônico e sincrônico da ortografia do português do brasil: uma odisséia linguística. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/cluerjsg/anais/iii/completos%5cmesas%5cm%202%5cmarcos%20da%20silva%2 0machado.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. MACHADO FILHO, Aires da Mata. Ortografia oficial. Belo Horizonte: Itatiaia, 1958. MARTINS, Vicente. A guerra dos métodos na alfabetização. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/soletras/15sup/A%20guerra%20dos%20m%C 3%A9todos%20na%20alfabetiza%C3%A7%C3%A3o%20%20VICENTE.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. MARTINS, Vicente. Como conhecer o cérebro dos disléxicos. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/soletras/15sup/Como%20conhecer%20o%20c %C3%A9rebro%20dos%20disl%C3%A9xicos%20VICENTE.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. MARTINS, Vicente. Como melhorar o ensino do português na escola. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/soletras/15sup/como%20melhorar%20o%20en sino%20do%20portugu%c3%aas%20na%20escola%20-%20vicente.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. MARTINS, Vicente. Ensino e aprendizagem da ortografia na escola. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/soletras/15sup/Ensino%20e%20aprendizagem %20da%20ortografia%20na%20escola%20-%20VICENTE.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. MATTOS, Geraldo. Fundamentos históricos da língua portuguesa. Curitiva: IESDE Brasil, 2009. MEIRELES, Elisabet de Sousa; CORREA, Jane. Regras contextuais e morfossintáticas na aquisição da ortografia da língua portuguesa por criança. Disponível em: <Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102página 248 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 37722005000100011&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 12-012011. MICHAELIS: Dicionário escolar língua portuguesa com nova ortografia. São Paulo: Melhoramentos, 2008. MONTE CARMELO, Frei Luís do. Compêndio de orthografia. Lisboa: Officina de Antonio Rodrigues Galhardo, 1767. MONTEIRO, Ana Márcia Luna. ―Sebra – ssono – pessado – asado‖. O uso do ―S‖ sob a ótica daquele que aprende. In: MORAIS, Artur Gomes de. (Org.). O aprendizado da ortografia. 3. ed., 3. reimp. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, p. 43-60. MONTEIRO, Clóvis. Ortografia da língua portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Colégio Pedro II, 1956. MORAIS, Artur Gomes de. (Org.). O aprendizado da ortografia. 3. ed., 3. reimp. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. MORAIS, Artur Gomes de. ―Por que gozado não se escreve com U no final?‖ – os conhecimentos explícitos verbais da criança sobre a ortografia. In: ___. (Org.). O aprendizado da ortografia. 3. ed., 3. reimp. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, p. MORAIS, Artur Gomes de. Ortografia: ensinar e aprender. 4. ed., 9. impr., São Paulo: Ática, [2003]. MORAIS, Artur Gomes de. Ortografia: este peculiar objeto de conhecimento. In: ___ (Org.). O aprendizado da ortografia. 3. ed., 3. reimp. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, p. 7-19. MOREIRA, Maria Eunice; SMITH, Marisa Magnus; BOCCHESE, Jocelyne da Cunha (Orgs.). Novo acordo ortográfico da língua portuguesa: questões para além da escrita. Porto Alegre: Edipucrs, 2009. MOURA, Vasco Graça. Acordo ortográfico: A perspectiva do desastre. Lisboa: Alêtheia, 2008. NOGUEIRA, Sérgio. Ortografia: Dicas do professor Sérgio Nogueira. Rio de Janeiro: Rocco, 2009. NOGUEIRA, Sônia Maria. Estudos historiográficos e o ensino de língua portuguesa. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/xiiicnlf/XIII_CNLF_04/estudos_historiografic os_e_o_ensino_de_lingua_sonia.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. página 249 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA NOVO dicionário da língua portuguesa — Conforme Acordo Ortográfico. Lisboa: Texto, 2007. NOVO grande dicionário da língua portuguesa — Conforme Acordo Ortográfico. Lisboa: Texto, 2007. OLÍMPIO, Luciana Cláudia de Castro. Como formar leitores e escritores competentes. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/soletras/15sup/Como%20%20formar%20leitor es%20e%20escritores%20competentes%20-UCIANA.pdf>. Acesso em: 1201-2011. OLIVEIRA, J. Lourenço de. A ortografia de nossa língua. Belo Horizonte: Imprensa Oficial de MG, 1933. PEREIRA, Altamirano Nunes. O problema da ortografia e sua suoluão racional. Rio de Janiro: Record, [s./d.]. PEREYRA, Bento. Regras gerais, breves e comprehensivas da melhor orthografia com que se pódem evitar erros no escrever da língua latina, & portugueza. Coimbra: Oficina de Joseph Antunes da Silva, 1733. PESSOA, Fernando. O problema ortográfico. In: ___. A língua portuguesa. Edição e nota prévia de Luísa Medeiros. Lisboa: Assírio & Alvim, 1997. PROENÇA FILHO, Domício. (Nova) ortografia da língua portuguesa: guia prático. Rio de Janeiro: Record, 2009. PROENÇA FILHO, Domício. Por dentro das palavras da nossa língua portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2003. RANAURO, Hilma. Lexicografia e incorporação ortográfica de empréstimos: a solução brasileira. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/hilmaranauro/lexicograficaeincorporacao.html >. Acesso em: 12-01-2011. REGO, Lucia Lins Browne; BUARQUE, Lair Levi. Algumas fontes de dificuldade na aprendizagem de regras ortográficas. In: MORAIS, Artur Gomes de. (Org.). O aprendizado da ortografia. 3. ed., 3. reimp. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, p. 21-41. REGO, Lucia Lins Browne; BUARQUE, Lair Levi. Consciência sintática, consciência fonológica e aquisição de regras ortográficas. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010279721997000200003&script=sci_arttext&tlng=es>. Acesso em 12-01-2011. página 250 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA REIS, Carlos. Acordo ortográfico: para além de Portugal. In: MOREIRA, Maria Eunice; SMITH, Marisa Magnus; BOCCHESE, Jocelyne da Cunha (Orgs.). Novo acordo ortográfico da língua portuguesa: questões para além da escrita. Porto Alegre: Edipucrs, 2009, p. 73-85. RIBEIRO, Manoel Pinto. O novo acordo ortográfico: soluções, dúvidas e dificuldades para o ensino. Rio de Janeiro: Metáfora, 2008. RIBEIRO, Manoel Pinto. Ortografia. Gramática aplicada da língua portuguesa. 18. ed. Rio de Janeiro: Metáfora, 2009, p. 105-140. SACCONI, Luiz Antônio. Guia ortográfico e ortofônico Sacconi. São Paulo: Nova Geração, 2009. SANTOS, Daltro. Fundamentação da grafia simplificada. 2. ed. Rio de Janeiro: Laemmert, 1941. SANTOS, Juliana Pereira dos. Uma proposta metodológica para o ensino de acentuação gráfica. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/xiv_cnlf/tomo_2/1696-1703.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. SANTOS, Mariana Rodrigues dos. Ortografia brasileira: um novo capítulo. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/iijnlflp/textos/Ortografia_brasileira_um_novo_ cap%C3%ADtulo_MARIANA.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. SCARTON, Gilberto. A orthographia da lingoa portuguesa, que virou ortografia – história dos (des)acordos. In: MOREIRA, Maria Eunice; SMITH, Marisa Magnus; BOCCHESE, Jocelyne da Cunha (Orgs.). Novo acordo ortográfico da língua portuguesa: questões para além da escrita. Porto Alegre: Edipucrs, 2009, p. 21-46. SILVA, Cinara Santana da; BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi. Reflexões sobre o ensino e a aprendizagem da pontuação. In: MORAIS, Artur Gomes de. (Org.). O aprendizado da ortografia. 3. ed., 3. reimp. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, p. 121-139. SILVA, José Pereira da. (Org.). AOLP: Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. O texto e os comentários acadêmicos e jornalísticos. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/pereira/textos/AOLP.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. página 251 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA SILVA, José Pereira da. A acentuação gráfica em uma só regra a lógica da acentuação gráfica em português. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/revista/37/01.htm>. Acesso em: 12-01-2011. SILVA, José Pereira da. A necessidade de uma gramática portuguesa para começar os estudos. Edição atualizada e anotada da primeira carta do Verdadeiro Método de Estudar, de Luís Antônio Verney. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/pereira/textos/A%20necessidade%20de%20u ma%20gram%C3%A1tica.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. SILVA, José Pereira da. A nova ortografia da língua portuguesa. 2. ed. Niterói: Impetus, 2010. SILVA, José Pereira da. A nova ortografia da língua portuguesa: mudanças inseridas com o acordo de 1990. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/xiiicnlf/03/01.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. SILVA, José Pereira da. O que mudou para os brasileiros com o novo acordo ortográfica da língua portuguesa. In: MOREIRA, Maria Eunice; SMITH, Marisa Magnus; BOCCHESE, Jocelyne da Cunha (Orgs.). Novo acordo ortográfico da língua portuguesa: questões para além da escrita. Porto Alegre: Edipucrs, 2009, p. 11-19. SILVA, José Pereira da. Uma avaliação do primeiro ano de implantação do novo acordo ortográfico da língua portuguesa. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/soletras/19/12.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. SILVA, Juremir Machado da. A língua da comunicação e a comunicação da língua. In: MOREIRA, Maria Eunice; SMITH, Marisa Magnus; BOCCHESE, Jocelyne da Cunha (Orgs.). Novo acordo ortográfico da língua portuguesa: questões para além da escrita. Porto Alegre: Edipucrs, 2009, p. 137-144. SILVA, Maurício. Guia ortográfico e ortofônico Sacconi. Ilustrações Adolar Mendes. São Paulo: Nova Geração, 2009. SILVA, Maurício. O novo acordo ortográfico da língua portuguesa: o que muda, o que não muda. São Paulo: Contexto, 2008. SILVA, Maurício. Ortografia da língua portuguesa: história, discurso, representações. São Paulo: Contexto, 2009. SILVA, Maurício. Reforma ortográfica e nacionalismo linguístico no Brasil. Disponível em: página 252 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA <http://www.filologia.org.br/revista/artigo/5(15)58-67.html>. Acesso em: 12-01-2011. SILVA, Myrian B. da. Leitura, ortografia e fonologia. São Paulo: Ática, 1993. SILVEIRA, Jane Rita Caetano da. O acordo ortográfico e algumas implicações semântico-pragmáticas. In: MOREIRA, Maria Eunice; SMITH, Marisa Magnus; BOCCHESE, Jocelyne da Cunha (Orgs.). Novo acordo ortográfico da língua portuguesa: questões para além da escrita. Porto Alegre: Edipucrs, 2009, p. 91-107. SIMPÓSIO Luso-Brasileiro sobre a Língua Portuguesa Contemporânea, 1º, 1968. Coimbra: [s.n.e], 1968, 13 + 332 p. ilust. SMITH, Marisa Magnus. O acordo ortográfico na prática. In: MOREIRA, Maria Eunice; SMITH, Marisa Magnus; BOCCHESE, Jocelyne da Cunha (Orgs.). Novo acordo ortográfico da língua portuguesa: questões para além da escrita. Porto Alegre: Edipucrs, 2009, p. 145-161. SOUZA, Nazarete de. Aspectos da nasalidade na Carta de Pero Vaz de Caminha. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/revista/37/04.htm>. Acesso em: 12-01-2011. TORRES, Artur de Almeida; JOTA, Zélio dos Santos. Vocabulário ortográfico de nomes próprios. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1961. TUFANO, Douglas. Guia prático da nova ortografia. Saiba o que mudou na nova ortografia. [s.l.] Melhoramentos, 2008. Disponível em: <http://www.fidusinterpres.com/images/Guia_Reforma_Ortografica_CP.pdf >. Acessado em 01/10/2008 VALADA, Francisco Miguel. Demanda, Deriva, Desastre: Os três dês do Acordo Ortográfico. Alcochete: Textiverso, 2009. VERA, Álvaro Ferreira de. Orthographia ou modo de escrever certo na lingua portugueza. Lisboa: Officina de Matias Rodriguez, 1631. VIANA, Aniceto dos Reis Gonçalves. Ortografia nacional. Lisboa: Tavares Cardoso, 1904. VIANA, Aniceto dos Reis Gonçalves. Vocabulário ortográfico e remissimo da língua portuguesa. Lisboa: Bertrand, [s./d.]. VIARO, Mário Eduardo. Por trás das palavras: manual de etimologia do português. São Paulo: Globo, 2004. página 253 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA VIARO, Mário Eduardo. Etimologia. São Paulo: Contexto, 2011. VIEIRA, Jair Lot. Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. São Paulo: Edipro, 2008. WERNECK, Paula Curty. Para uma proposta metodológica das regras de uso do hífen segundo o acordo ortográfico da língua portuguesa. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/xiv_cnlf/resumos/para_uma_proposta_metodol ogica_das_regras_de_uso_PAULA.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. XIMENES, Expedito Eloísio. Aspectos da ortografia fonética em um texto seiscentista do Ceará. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/revista/45/01.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. ZORZI, Jaime Luiz. As inversões de letras na escrita: o "fantasma" do espelhamento. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/soletras/15sup/As%20invers%C3%B5es%20d e%20letras%20na%20escrita%20o%20'fantasma'%20do%20espelhamento.pdf>. Acesso em: 12-012011. ZORZI, Jaime Luiz. As trocas surdas sonoras no contexto das alterações ortográficas. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/soletras/15sup/As%20trocas%20surdas%20so noras%20no%20contexto%20das%20altera%C3%A7%C3%B5es%20ortogr% C3%A1ficas.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. ZORZI, Jaime Luiz; SERAPOMPA, Marisa T.; FARIA, Adriana T.; OLIVEIRA, Polyana S. A influência do perfil de leitor nas habilidades ortograficas. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/soletras/15sup/A%20influ%C3%AAncia%20d o%20perfil%20de%20leitor%20nas%20habilidades%20ortogr%C3%A1fica s.pdf>. Acesso em: 12-01-2011. página 254 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA ANEXOS página 255 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA ANEXO 1: A ORTOGRAFIA ANTES DO SÉCULO XVI DO LATIM AO ROMANCE1 Durante o período de efetiva dominação romana na Península Ibérica, estendendo-se até a Idade Média, não havia praticamente problemas ortográficos dignos de nota. A língua de prestígio, a língua escrita, a língua que era ensinada nas escolas e estudada pelos gramáticos era o latim2, o qual mantinha uma relação quase que absolutamente unívoca entre grafema e fonema, ou seja, cada fonema era representado por uma única letra e cada letra representava um único fonema. As exceções a essa regra restringiamse ao seguinte: A) As letras i e u tanto podiam ter valor de vogal, como em dicere e malum, como podiam ter valor de semivogal, como em iustum e uolo. No fim da Idade Média, introduziram-se as letras j (um i alongado) e v (uma variante gráfica do u) para indicar, respectivamente, o i e u consonânticos, mas seu uso só estará consolidado definitivamente no século XVI. É bom lembrar que as semivoais /y/ e /w/ do latim, por essa época, já haviam evoluído para /d/ (atual //) e /v/3. B) A letra k, de origem grega, tinha o mesmo valor, no latim, que a Capítulo 2 da tese de doutorado do professor Afrânio da Silva Garcia, defendida na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1996, folhas 5 a 20. 1 Cf. BUESCU, M. L. C., na Introdução à Gramática da Linguagem Portuguesa, de Fernão de Oliveira, p. 10, onde ela diz: “Gramática se tornou, por antonomásia, sinônimo da gramática lati ”. 2 Essa alteração ocorreu regularmente, quando essas letras antecediam as vogais, como semiconsoantes. Na posição posterior à base silábica, em regra, mantiveram-se o valor semivocálico: “v” = /w/ e “j” = /y/. 3 página 256 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA letra c, representando o fonema /k/. Era pouquíssimo usada, ficando seu uso restrito praticamente a duas palavras: kalendas e kyrie (da expressão ―kyrie eleison‖). C) A letra h, que não correspondia a som algum, embora tivesse sido marca de aspiração no latim clássico (originalmente o símbolo H indicava a letra eta, “e longo‖ do grego, o qual era normalmente aspirado, daí vir a ser símbolo de aspiração), continuava a ser escrito no latim vulgar e no romance, como em harmonia, homem, humilde. D) Da mesma forma, o latim mantinha os grupos th, ph, ch e rh, que indicavam certas consoantes aspiradas do grego, embora eles há muito tempo tivessem perdido sua aspiração (o grupo ph se confundia com a letra f e os demais grupos eram lidos como se o h (aspiração) não existisse, como é o caso de philosophia, theologia, rhetorica e sepulchrum. E) As letras gregas y e z (este lido como uma fricativa dental sonora) eram usadas apenas na transcrição de palavras gregas, tais como lynx, syllaba, zeugma, zoologia. No caso da letra z, havia ainda a possibilidade de ser lida como um som duplo, assim como dz ou sd; a letra y possivelmente representava em grego um i arredondado, haja vista a variação na sua transcrição: mys/mus, mylos/mulus etc. LEÃO, D. N. Ortografia e Origem da Língua Portuguesa, p. 78). F) O fonema /n/ possuía uma variante velar ou gutural, cuja ortografia indicava pela letra n antes de oclusiva velar, como em angulus, anceps, ou pela letra g antes de nasal, como em dignus, signum. Por ocorrer apenas em um ambiente sonoro muito específico, torna-se difícil dizer se este n velar constituía um fonema à parte ou simples variante do fonema n. G) A letra x representava o som duplo /ks/, como em rex e buxum. H) A letra l representava o fonema /l/, o qual já possuía uma variante velarizada em final de sílaba, mas que de forma alguma pode ser visto como um outro fonema, como em celsa e alter. Além disso, o latim possuía inúmeras palavras com consoantes dobradas ou geminadas, que soavam bem distintamente das consoantes simples, talvez como duas consoantes seguidas, com ligeira diferença de pronúncia ou entoação entre elas (a exemplo de certos grupos ingleses, como ―mad dog‖, que soa /mæd‘dg/, ou ―stop playing‖, que soa /stp‘pleyi/), talvez como uma consoante pronunciada com prolação alongada. Que havia uma distinção clara na pronunciação, no entanto, não há dúvidas, visto haver pares mínimos no latim baseados exclusivamente na oposição consopágina 257 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA ante simples X consoante geminada, como é o caso de agger (monte) X ager (campo), annus (ano) X anus (anel) etc. Some-se a isso o fato de tais palavras terem evoluído diferentemente do latim para o português: as consoantes geminadas simplesmente simplificam-se, em posição intervocálica, enquanto as simples desaparecem, se são sonoras, ou sonorizam-se, se são surdas, como podemos ver em: stuppa (estopa) X lupu (lobo); gutta (gota) X vita (vida), vacca (vaca) X lacu (lago) etc. (confira SILVEIRA, Sousa da. Lições de Português, p. 57 e 72). Como vimos, a ortografia do latim era, por definição, regular e, com exceção de uma ou outra palavra de origem grega ou estrangeira, não apresentava problemas. Mesmo com as mudanças do latim vulgar, a ortografia latina manteve sua relação quase unívoca entre letra e fonema, apenas readaptando-a para um novo contexto. Pode-se dizer, sem medo de errar, que enquanto o latim se manteve o idioma dominante da Hispânia, os problemas ortográficos foram mínimos. A partir do século XV, no entanto, as línguas românicas vão progressivamente se impondo como línguas oficiais, donde surge e necessidade de explicar sua gramática, bem como de estabelecer uma norma para sua ortografia. Essa necessidade se torna mais premente, em decorrência de uma série de acontecimentos de grande importância para a história europeia, quiçá para a história mundial, quais sejam (confira SILVEIRA, Sousa da. Lições de Português, p. 87-9): A) A invenção da imprensa (1436), que facilitou a divulgação do pensamento e ampliou consideravelmente o público leitor, à época praticamente circunscrito aos mosteiros e às universidades. B) A queda de Constantinopla (1453), com a consequente emigração dos sábios gregos lá residentes para a Europa. C) A vulgarização dos escritores gregos e latinos, em decorrência dessa emigração dos sábios que viviam em Constantinopla, os quais passam a ser traduzidos nas línguas românicas, facilitando a sua disseminação. D) O humanismo, resultante dos estudos das civilizações clássicas (grega e romana), levando a uma florescência inusitada das letras e das artes, caracterizando o que se convencionou chamar de Renascença ou Renascimento. E) A consequente valorização do passado latino das línguas românicas, como um resquício verificável dessa Antiguidade gloriosa, levando a um interesse acentuado pelos estudos etimológicos. página 258 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Tudo isso leva a uma florescência paralela dos estudos linguísticos, principalmente os de caráter ortográfico, visto haverem os fonemas latinos se modificado muito em sua evolução do latim para o romanço, surgindo novos fonemas, inexistentes na língua latina, o que tornava extremamente importante a questão da correta representação gráfica dos sons, uma vez que os escribas e gramáticos da época não podiam mais, como haviam feito até então, valer-se da gramática latina. Essa florescência dos estudos linguísticos nos países de língua românica levara a um intercâmbio entre eles na busca de soluções (como constataremos adiante) e, mais tarde, ao aparecimento de inúmeras gramáticas ortográficas, não só em Portugal (Fernão de Oliveira, João de Barros, Pero Magalhães de Gândavo e Duarte Nunes de Leão, entre outros), como na Itália (Lorenzo de Médici, 1466; Francesco Fortunio, 1516; Trissino, 1524; Pietro Bembo, 1525; Tolomei, 1550 etc.), na França (Robert Estienne, 1557; John Palsgrave, 1530; Loys Meigret, 1542 e 1550; Jacques Peletier, 1550; Pierre de la Raméé, 1562 etc.) e na Espanha (Nebrija, 1492 e 1517; Francisco de Robles, 1533; Juan de Valdés, 1535; Madariaga, 1565 etc.), conforme podemos conferir na magnífica obra de L. Kukenheim, Contributions à l’Époque de la Renaissance, p. 1-85 e 218-229. As primeiras soluções encontradas pelos gramáticos portugueses para o problema ortográfico têm um caráter marcadamente fonético, ou seja, procura-se escrever, na medida do possível, da maneira que se pronuncia. A seguir, daremos [a relação d]os problemas com que se defrontaram os primeiros gramáticos e estudiosos do português e as soluções encontradas: A) O problema das vogais abertas e fechadas – com a perda da noção de quantidade, as vogais breves e longas do latim evoluirão para o português da seguinte forma: i longo passa a /i/; i breve e e longo passam a /e/; e breve passa a //; a breve e a longo passam a /a/; u longo passa a /u/; u breve e o longo passam a /o/; e o breve passa a //. Acrescente-se a isso uma distinção entre um a mais aberto, tônico, e um a mais fechado, átono ou antes de consoante nasal ou ainda com til (compare-se, por exemplo, o a aberto de caso com o a mais fechado de cera, ou mano, ou irmã) e teremos no português um sistema fonético de oito vogais: a aberto, a fechado, e aberto, e fechado, i, o aberto, o fechado, u. Os gramáticos e estudiosos da época propõem várias soluções para resolver esse problema: adoção das letras gregas alfa (), épsilon () e ômega () para simbolizar as vogais a, e, e o abertas; uso de letras maiúsculas para as vogais abertas; duplicação da vogal para indicar que ela é aberta; acentuar com acento agudo ou grave as vogais abertas ou, vice-versa, acentuar com acento circunflexo (ou grave) página 259 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA as vogais fechadas etc. Nenhuma das soluções consegue êxito, sendo que a única que chega a ser adotada ocasionalmente é a duplicação da vogal (mas esta também era usada para indicar sílaba tônica, mesmo fechada). B) O problema da representação da nasalização de uma vogal em decorrência da queda de um n intervocálico – a tendência geral da evolução do latim ao português, de supressão da consoante sonora entre vogais, levara, no caso das consoantes nasais, a uma nasalização da vogal anterior. A manutenção da consoante nasal na representação gráfica da palavra torna-se impossível, visto levar a erros de pronúncia inevitáveis. A solução que os gramáticos e impressores da época acharam foi utilizar um velho sinal de abreviação, o til, corruptela de título (através do catalão ou provençal tilde), visto ser muito comum entre os escribas da época abreviar os títulos honoríficos ou nobiliárquicos. Mais tarde, o til passa a indicar não apenas a nasalidade de uma vogal por efeito da queda de um n intervocálico, como também a nasalidade de uma vogal final em decorrência da apócope de uma consoante nasal (como em bõ, atual bom, e sõ, atual são). C) O problema do i e do u consoantes – as semivogais i e u prévocálicas, ou seja, em ditongo crescente, do latim evoluíram, em que o i passou a soar /d/ e o u passou a soar /v/. A solução adotada para representar estes novos fonemas, a qual remonta à Idade Média, consiste no uso de um i alongado para baixo, ou seja, a letra j, para representar o i consoante, e a introdução da letra v, inicialmente uma simples variante da letra u em sua forma gráfica, para representar o u consoante. D) O problema da africada /ts/ – a som da letra c dos grupos latinos ce e ci, originalmente equivalente a /k/, assim como o som das letras c e t nos grupos compostos por ce/ci e te/ti + vogal, originalmente equivalente a /k/ e /t/, evoluíram, graças ao processo de palatalização, que deu origem a tantos novos fonemas da língua portuguesa, para a africada /ts/. A representação gráfica deste novo fonema não ofereceu problemas no primeiro caso, em que simplesmente se manteve a grafia latina ce e ci; no segundo caso, porem, a manutenção da grafia latina revelou-se problemática, visto a semivogal /y/, representada pela letra e ou i, já não mais soar, e a sua eliminação pura e simples levar aos grupos ca, co, cu, ta, to, tu, já existentes na língua com pronúncia bem diversa da de /tsa/, /tso/ e /tsu/. A solução encontrada pelos gramáticos e escribas da época foi valer-se de um sinal específico, à maneira dos ápices e pontos (sinais sobrepostos e sotopostos, auxiliares de leitura nos escritos hebraicos) da língua hebraica (confira BUESCU, M. L. C. Babel ou a Ruptura do Signo, p. 59-60), para indicar que, em determinadas palavras, a letra c tem o valor do fonema /ts/. Kukenheim insiste nessa página 260 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA hipótese, abrindo seu estudo da cedilha com o seguinte período: ―L’idée de mettre des signes auxiliares au-dessous des lettres peut avoir été inspirée aux grammairiens par l’hébreu‖ (A ideia de pôr sinais auxiliares debaixo das letras pode ter sido inspirado pelo hebreu. Confira Contributions à l’Histoire de la Grammaire Italienne, Espagnole et Française à l’Époque de la Renaissance, p. 48), além de citar vários autores (p. 48-49) que corroboram sua ideia. Apesar dessa inspiração oriunda do hebreu, acredita-se que o uso da cedilha tenha chegado a Portugal por influência espanhola (confira BUESCU, M. L. C. op. cit., p. 110-115), o que é confirmado pela etimologia da palavra cedilha (do espanhol cedilla); outra hipótese seria a de ser ela oriunda do provençal, visto ser seu uso muito antigo em França, remontando à Idade Média (confira KUKENHEIM, op. cit. p. 49), sendo igualmente atestado em manuscritos franceses do século XIII (confira BUESCU, op. cit. p. 115). E) O problema do n e do l palatalizados – durante o período de evolução do latim para o português, os grupos compostos pelas consoantes n ou l acompanhadas da semivogal /y/ (escrita i ou e), seguidos de vogal, palatalizaram-se, dando origem, respectivamente, às consoantes // e /λ/. Várias soluções foram propostas no intuito de representar graficamente esses novos fonemas: duplicação da consoante (como ocorreu no castelhano, em que se passou a usar ll), aposição de um til à letra n (também triunfante no castelhano), uso dos grupos gn ou ng (o primeiro dos quais tornou-se a norma ortográfica do francês), uso dos dígrafos nh e lh. Após uma certa oscilação entre o uso da consoante dobrada ou dos dígrafos nh e lh, foi adotada a última solução, originada do provençal (confira TEYSSIER, P. História da Língua Portuguesa, p. 24). F) O problema da africada /t/ – a evolução dos grupos cl, pl, fl do latim em posição inicial e, em certos casos, em posição medial levou ao surgimento da africada /t/. Os gramáticos e impressores de português, em face da necessidade de representação gráfica desse novo fonema, adotaram o dígrafo ch, de origem francesa, de longa tradição, também adotada pelo castelhano. G) O problema da africada /dz/ – como dissemos acima, a tendência da evolução do latim para o português foi transformar a consoante inicial dos grupos ce e ci e dos grupos formados por ce/ci ou te/ti seguidos de vogal na africada /ts/; houvesse certos casos, porém, em que a evolução continuou, com a sonorização da africada /ts/, convertida na africada /dz/. A solução para a representação desse novo fonema recorrer-se-á à letra grega zepágina 261 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA ta (z). Muito embora a africada /dz/ logo tenha perdido sua porção inicial, tal fato não acarretou um novo problema ortográfico, uma vez que o fonema representado pela letra z se manteve bastante distinto do fonema resultante da sonorização do s intervocálico até cerca de 1550, sendo o primeiro uma fricativa pré-dorsodental, pronunciada com a ponta da língua virada para baixo, e o segundo uma fricativa ápico-alveolar (confira TEYSSIER, op. cit., p. 50). H) O problema da fricativa // – com a evolução do latim para o português, três grupos fônicos evoluíram para a fricativa //: /ks/, representado no latim pela letra x; /sk/ antes das vogais e ou i, representado por sc (e, i); e o grupo formado pela consoante geminada ss seguida da semivogal /y/, grafada e ou i, formando ditongo crescente com a vogal seguinte, como podemos notar nos seguintes exemplos: saxu /‘saksu/, seixo /´seio/, /´buxu/ buxo arbusto) /‘buo/; pisce – peixe, miscere- mexer; passione – paixão, russeum – roxo. Com o grupo fônico /ks/ tinha praticamente desaparecido do português arcaico (as palavras portuguesas atuais em que a letra x soa /ks/ são, em sua quase totalidade, latinismos ou helenismos). Optou-se por representar a fricativa // pela letra x, a qual serviria também para a transcrição da letra xin das palavras tomadas de empréstimos ao árabe (confira LEÃO, D. N. de. Ortografia e Origem da Língua Portuguesa, p. 77). I) Outros problemas e soluções – os gramáticos e estudiosos da língua portuguesa de então tiveram de lidar ainda com os seguintes acontecimentos: a) a palatalização do g latino antes de e e i, resultando na africada /d/, fez com que esta tivesse duas grafias distintas: j, decorrente da evolução do i consonântico, e g, decorrendo da palatalização do /g/ latino, situação que será agravada ainda mais pela falta de critério ortográfico na representação da letra jin das palavras tomadas de empréstimos ao árabe, ora grafada g, como em gergelim, ora grafada j, como em alfanje, alforje; b) a letra y passa a ser usada frequentemente para indicar a semivogal /y/ dos ditongos decrescentes; c) as sílabas tônicas passam a ser marcadas de várias formas: com acento, com letra maiúscula, com duplicação da vogal, com a letra h em alguns monossílabos), sendo a duplicação da vogal o processo mais produtivo até o século XVI; página 262 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA d) os hiatos, principalmente aqueles cujo segundo elemento é i ou u, passam a ser assinalados com a letra h entre seus elementos. Esses foram os problemas e soluções encontrados pelos gramáticos, impressores e escribas do português durante a fase que atendeu às primeiras tentativas de fixação da ortografia portuguesa através das gramáticas de Fernão de Oliveira, João de Barros, Pero Magalhães de Gândavo e Duarte Nunes de Leão. Vale a pena notar, no entanto, que a ortografia portuguesa do século XV já apresenta bastante regularidade, principalmente se considerarmos não haver nenhum documento para norteá-la, talvez devido à preocupação dos impressores de então em imprimir seus textos numa escrita que fosse o mais possível fonética, ou seja, que reproduzisse da maneira mais fiel os sons da fala, talvez por ser já a ortografia alvo de preocupação das instituições educacionais. O texto abaixo, escrito em 1495, serve para demonstrar o que foi dito, visto que se parece bastante com o português atual, excetuando-se pequenas diferenças, localizadas na representação deste ou daquele fonema: E porque Estevam Cavaleiro he homem mui soficiente pêra teer hũu estudo em esta villa e fazer muito proveito em ella e he omeziado de vossos reinos, pedimos a vossa alteza que lhe queira dar esta villa e termo por Couto em ella teer as ditas scolas; no que Senhor esta villa receberá grande mercee e será serviço de Deus e vosso. (Capítulos do Conselho d Elvas, apud SILVA NETO, S. da. Historia da língua portuguesa. p. 411) Como podemos ver, as diferenças (considerando-se exclusivamente as diferenças ortográficas) se resumem ao acréscimo da letra h nas palavras é e ũu (ainda hiato, naquela época); à consoante dobrada ll das palavras villa e ella (provavelmente por influência do espanhol, em que soam distintamente); à oscilação entre en e em, uma característica ortográfica geral da época (presente ainda hoje nas camadas menos cultas); à letra o da palavra soficiente; à ausência do h inicial e ao uso da letra e na palavra omeziado; e à palavra scolas escrita sem a letra e inicial (provavelmente um latinismo). Também com respeito à ―Carta de Pero Vaz Caminha‖, de 1500, podemos dizer que não difere muito, no tocante à ortografia, da forma como escrevemos hoje, bastando-nos, para entendê-la, um pouquinho de conhecimento da evolução da língua portuguesa, como podemos ver abaixo: ...levava Njcolaao Coelho Cascavees e manjlhas e huũs dava huũ cascavel e a outros huũa manjlha de maneira que com aquela encarna casy nos queriam dar a maão. Dávamos daqueles arcos e seetas por sonbreiros e carapuças de ljnho e por qualqr coussa que lhes home queriã dar. daly se partirã os outros dous mancebos que nom os vimos mais. Amdavam aly mujtos deles ou casy a maior parte. Que todos traziam aqueles bicos de oso nos beiços e alguũs que amdavam sem eles página 263 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA traziam os beiços furados e nos buracos traziam huũs espelhos de paao que pareciam espelhos de boracha e alguũs deles traziam tres daqueles bicos. s. huũ na metade e os dous nos cabos. E amdavam hy outrros quartejados de cores. S. deles a meetade da sua propria cor e a meetade de timtura negra maneira de azulada e outros quartejados de escaques. aly amdavam antre eles tres ou quatro moças bem moças e bem jentijs com cabelos mujto pretos conprjdos pelas espadoas e sua vergonhas tam altas e tã çaradinhas e tam limpas das cabeleiras que de as nos mujto bem olharmos nõ tijnhamos nhuũa vergonha. aly por emtam nom ouve mais fala nẽ emtendimento cõ eles por a berberja deles seer tamanha que se nom emtendia nem ouvja njngẽ. acenamoslhe que se fossem e asy o fezeram e pasaranse do rrio e sairã tres ou quatro homeẽs nosos dos batees e emcherã nõ sey quantos barrijs d’agoa que nos levavamos e tornamonos aas naaos. e em nos asy vijndo acenarãnos que tornasemos. tornamos e eles mandarom o degredado e nom quiseram que ficasse la cõ eles. o qual levava huũa bacia pequena e duas ou tres carapuças vermelhas para darla ao Sor se o hy ouvese. Nõ curarã de lhes tomar nada e asy o mandaram com tudo e entam Bertolomeu Dijz o fez outra vez tornar que lhes dese aquilo. E ele tornou e deu aquilo ẽvista de nos aaquele que o da primª agasalhou e enteam veosse e trouvemolo. este que o agasalhou era ja de dias e amdava todo por louçaynha cheo de penas pegadas pelo corpo que parecia asseetado coma Sam Sabastiam. outros traziã carapouças de penas amarelas e outros de vermelhas e outros de verdes. e hua daquelas moças era toda timta de fumdo acjma daquela timtura a qual certo era tã bem feita e tam rredomda e sua vergonha que ela no tijinha tam graciossa que a mujtas molheres de nossa terra vendolhe taaes feições fezera vergonha por nom teerem a sua come ela. nhuũ deles nõ era fanado mas todos asy coma nos e com jsto nos tornamos e eles foramsse.aa tarde sayo o capitã moor ẽ seu batel cõ todos nos outros e com os outros capitaães das naaos em seus batees a folgar pela baya a caram da praya mas njnguem sayo em terra polo capitã nom querer sem embargo de njnguem neela estar. (...) ao domjngo de pascoela pola manhaã detremjnou o capitam de hir ouvir misa e preegaçam naquela jlheeo. e mandou a todolos capitães que se corejesem nos batees e fosem cõ ele asy foi feito. mandou naquele jlheeo armar huũ esperavel e dentro neele alevantar alta muy bem coregido e aly com todos nos outros fez dizer misa a qual dise o padre... (CASTRO, Sílvio. A carta de Pero Vaz Caminha (edição critica). 2. ed. Porto Alegre, L&PM, 1987. p. 44-5) Podemos notar como traços característicos da ortografia de Pero Vaz Caminha: a) A justaposição ou aglutinação dos pronomes oblíquos aos verbos que os precedem, como em açenamoslhe, pasaranse e tornamonos; b) A oscilação entre s e ss para representar os fonemas /s/ e /z/ intervocálicos, como em oso (osso), nosos (nossos), nossa, asy (assim), casy (quase) e graciossa (graciosa); c) A oscilação entre s e ss para representar o fonema /s/ após consoante nasal (ou vogal nasalizada), como em pasaranse (passaram-se) e foramsse (foram-se); página 264 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA d) A oscilação entre r e rr para representar o fonema /R/ à época, provavelmente uma vibrante alveolar múltipla), com nítida preferência pela grafia rr em início de palavra, como em rrio (rio), rredomda (redonda), terra e boracha (borracha); e) A oscilação entre r e rr para representar o fonema /r/ (vibrante alveolar simples) nos grupos consonantais, como podemos notar em traziam, outros e outrros; f) O uso de vogais dobradas para indicar vogal aberta ou tônica (a par do seu uso para representar a profusão de hiatos ainda existentes à época), como em paao (pau), naaos (naus), aalem (além) e barrijs (barris); g) Um esboço de sistematização do uso das letras i, j e y, em que a letra j é usada como consoante ou semivogal ou ainda como segundo elemento quando o i é dobrado, a letra y indica vogal final tônica e a letra i se aplica aos demais casos (embora haja algumas exceções, como sey, casy, praya, sayo e jsto), como podemos constatar em quartejados, jentijs mujtos, hy (aí), aly, asy, timtura, rrio e própria; h) As vogais nasalizadas podiam vir seguidas de m ou n antes de qualquer consoante (embora haja uma preferência pela letra m), além de poderem vir com til em final de palavra (o qual também aparece como sinal de abreviatura em qualqr), como podemos notar em andavam, timtura, emcherã, sonbreiros, domjngo, vendolhes, tam, ta, som, e sõ; i) A africada /d/ é normalmente representada pela letra j, quer provenha de um i ou de um g latino, como podemos contatar em jentijs e corejesem (mas nem sempre, como é comprovado pela palavra coregido); j) A consoante velar /g/ tanto pode ser representada pela letra g sozinha quanto pelo dígrafo gu antes de vogal anterior alta, como podemos ver em njngẽ e njnguem (ninguém); k) A letra h em início de palavra não segue um princípio etimológico, servindo somente para enfatizar alguns monossílabos e dissílabos, como podemos notar em ouve (houve), hir (ir), huũa (uma); l) O sinal gráfico til costumava vir na segunda vogal das vogais dobradas, como em homeẽ, huũ e manhaã; m) A letra ç podia ocorrer em início de palavra, ao contrário do que sucede hoje em dia, como podemos notar em çerto e çaradinhas; página 265 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA n) Não se usavam acentos, com exceção do til, como podemos verificar em tres, tornasemos e tijnhamos; o) A semivogal /w/ podia ser representada pela letra o, como em paao, naaos e d’agoa (como ocorre até hoje nos ditongos nasais e em certas palavras: mão, ao, caos, nódoa etc.). Como pudemos observar acima, a ortografia portuguesa do século XV chegou, antes mesmo de sua codificação nas primeiras gramáticas, a um nível de regularidade tal que podemos, ainda hoje, compreendê-la, se considerarmos como normais certas oscilações gráficas, muitas das quais ainda presentes no português atual, embora de uma forma bem mais atenuada. página 266 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA ANEXO 2: A ORTOGRAFIA PORTUGUESA NO SÉCULO XX GONÇALVES VIANA E OS ACORDOS ORTOGRÁFICOS1 A ortografia portuguesa foi, até o século XX, uma simples questão de prestígio deste ou daquele autor. Assim sendo, durante vários séculos o prestígio de Duarte Nunes Leão norteou o trabalho dos ortógrafos subsequentes, os quais muito pouco acrescentavam ou discordavam desse modelo e, por consequência, da ortografia etimológica por ele pregada. Mesmo aqueles que dele discordavam, valiam-se, nas suas críticas, de outro modelo do século XVI; João de Barros, como suporte abalizado para suas afirmações, com sua defesa da ortografia fonética. Nos séculos XVIII e XIX, os modelos passam a ser, respectivamente, Madureira Feijó e Jeronymo Soares Barbosa, sendo que, no Brasil, grande influência terá, também, Ernesto Carneiro Ribeiro (mas este segue fielmente os passos de Jeronymo Soares Barbosa). Somente na virada do século XX é que se cogitará, seriamente (e João Feliciano de Castilho vai ser um dos primeiros a insistir nesse tópico, já em 1860), numa regularização e fixação da ortografia que parta não mais de um simples indivíduo, mas de uma instituição, seja ela cultural ou governamental. A partir de 1885, com Bases para a Ortografia Portuguesa, de 1885, de Gonçalves Viana e Vasconcellos Abreu (confira A Demanda da Ortografia, de Ivo Castro, p. 141-151), começa a avultar o nome de Gonçalves Viana como aquele que conseguirá tornar numa realidade de direito aquilo que sempre fora simples realidade de fato, variável e instável: a ortografia portuguesa. Alguns anos mais tarde, Gonçalves Viana lança a público aquela Capítulo 6 da tese de doutorado do professor Afrânio da Silva Garcia, defendida em 1996, na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, folhas 69 a 90. 1 página 267 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA que será a maior obra sobre ortografia da língua portuguesa jamais escrita, a Ortografia Nacional, de 1904, em que ele investiga minuciosamente a fonética e fonologia da língua portuguesa para, a partir daí, elaborar um sistema ortográfico baseado em três princípios essenciais: simplificação, regularidade e continuidade, alem da abrangência, ou seja, procurar elaborar regras que sejam válidas para todas as variantes da língua portuguesa. Um exemplo do princípio de simplificação seria a eliminação de consoantes dobradas; de regularidade, o uso das letras i e u para todos os ditongos decrescentes orais; de continuidade, a manutenção da variação entre as letras s e z para representar /z/ entre vogais. Os principais pontos abordados por Gonçalves Viana em sua Ortografia Nacional são: A) Uma descrição das tendências da pronúncia do português, no que tange à sílaba tônica, tais como: a) Vocábulo terminado em a, e, o, seguidos ou não de s, têm em geral a penúltima sílaba tônica, como casa(s), açougue(s), divino(s) etc. (confira VIANA, 1904, p. 158); b) Vocábulo terminado em i, u ou vogal nasal, seguidos ou não de s, ou em qualquer outra consoante, têm em geral a última sílaba tônica, como javali(s), peru(s), atum, atuns, barbacã(s), marfim, marfins, casal, altar, rapaz etc. (confira VIANA, 1904, p. 158); c) Vocábulo que termine em duas vogais, seguidas ou não de s, tem em geral o acento tônico na primeira dessas vogais, quer formem ditongo, quer não, como em louvai(s), louvareis, heróis, azuis, calhau(s), judeu(s), chapéu(s), uniu, louvou, cristão(s), escrivães, compõe(s), idea, Maria, gamboa, falua, assobio, amuo etc. (confira VIANA, 1904, p. 159); d) Vocábulo que contenha duas vogais na penúltima ou na antepenúltima sílaba (ou seja, que contenha um ditongo nessas sílabas) tem como predominante dessas vogais a primeira, sendo a segunda escrita i ou u, como causa, Cáucaso, raiva, louça, feito, fluido, feudo, cáustico etc. (confira VIANA, 1904, p.. 159); e) Vocábulo que contenha duas vogais na penúltima ou antepenúltima sílaba seguidas de consoante pertencente à mesma sílaba tem como tônica a segunda dessas vogais, como em faísca, maiúsculo, balaústre, ainda, painço (confira VIANA, 1904, p. página 268 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 159); f) Vocábulo terminado em duas ou três vogais seguidas de qualquer consoante, exceto s, tem como tônica a última vogal, como em sair, raiz, paul, ruim, arraial, paiol, maior (confira VIANA, 1904, p. 159); g) Vocábulo terminado em três vogais, seguidas ou não de s, tem como predominante a primeira vogal, como em passeio, ensaios, tapuio, joio, joias, comboio, comboios (confira VIANA, 1904, p. 159-160); h) Quando três vogais se unem no interior da sílaba tônica, a segunda é a predominante: fieira, poeira (confira VIANA, 1904, p. 160); i) Quando a última de três vogais não forma sílaba com as anteriores, ela é em geral a tônica, como em ensaiado, comboiar, alfaiate, saiote (confira VIANA, 1904, p. 160); j) Quando duas ou três vogais são seguidas por consoante na mesma sílaba, a última vogal é tônica, como em piorno, quiosque (confira VIANA, 1904, p. 160); k) Os monossílabos que não são átonos obedecem às regras dos vocábulos agudos, ou oxítonos (confira op. cit., p. 160). B) Um sistema de acentuação extremamente lúcido e fácil, em que seriam acentuados única e exclusivamente aqueles vocábulos que contrariassem as tendências acima expostas, além de fixar os valores dos acentos agudo, circunflexo e grave, como podemos ver abaixo: a) Todos os vocábulos exdrúxulos (proparoxítonos) serão marcados graficamente na vogal da sílaba predominante (tônica), quer sua última sílaba comece por consoante, quer por vogal, como em ápice, fécula, apóstolo, átrio, mágoa, côdea, fúria etc. (confira VIANA, 1904, p. 167-172 e 290); b) Acentuação gráfica em todos os vocábulos agudos (oxítonos) terminados em a(s), e(s), o(s), em e ens, como alvará, farás, maré(s), mercê, avô(s), avó(s), vintém, vinténs (confira VIANA, 1904, p. 172-173 e 290); c) Acentuação gráfica de todos os paroxítonos que não terminem em a(s), e(s), o(s), am, em, ens, como açúcar, amável, carácter, página 269 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA fértil, cônsul, quási, tríbu, alférez, órfão, Félix, abdômen etc. (confira op. cit., p. 173-174 e 291); d) Acentuação gráfica dos monossílabos tônicos terminados em a(s), e(s), o(s), como pá(s), pé(s), rês, pó(s), pôs (confira VIANA, 1904, p. 173 e 291); e) Acentuação gráfica das vogais i e u quando, sendo tônicas, vierem depois de outra vogal sem com ela formar ditongo nem ser seguida de consoante (exceto s) em final de sílaba ou dígrafo nh, como em saí, baú, viúvo, faísca, deísca, deísta (confira VIANA, 1904, p. p. 130-131, 189-192 e 197). f) Fixação do uso dos acentos agudo, circunflexo e grave, ficando o primeiro como marca de tonicidade em geral, o segundo como marca de tonicidade específica para as vogais â, ê e ô fechadas e o acento grave como indicativo de que a vogal permanece com timbre aberto mesmo não sendo tônica, como podemos notar em dá, sé, avó, saía, ataúde, louvâmos, (presente), avô, sê, mòlhinho (de molho, com ó aberto), dóninha, prègar, àquele, àparte (= à parte) etc. (confira VIANA, 1904, p. 165-166, 175178, 194-197 e 291-291). Além dessas regras de acentuação, Gonçalves Viana apresenta as seguintes, de aplicação mais restrita: a) Diferenciação por meio do acento circunflexo, visto serem menos comuns, duas vogais ê e ô fechadas de todos os parônimos paroxítonos, como sêde e sede, côrte e corte, sôbre e sobre (verbo), mêdos e medos (confira VIANA, 1904, p. 176-177 e 291); b) Acentuação marcada com acento agudo no á tônico aberto da primeira pessoa do plural do perfeito do indicativo dos verbos da 1ª conjugação, ficando o presente do indicativo sem acento, como em louvámos, do perfeito, e louvamos, do presente (confira VIANA, 1904, p. 175 e 291); c) Acentuação com acento agudo dos seguintes parônimos, em oposição a uma outra forma sem acento, ou a uma forma sem acento e a outra com acento circunflexo: pélo, péla(s), póla(s), pólo(s), pára, do verbo parar (confira VIANA, 1904, p. 181-183 e 291). página 270 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA d) Diferenciação por meio do acento grave dos parônimos em que vogais a, e, o, são abertas em sílabas não-tônicas, como em Sàbor (rio) e sabor, prègar, pregar (cravar), mòlhinho e molhinho (confira VIANA, 1904, p. 194-291); e) Emprego facultativo do acento grave sobre as vogais i e u, átonas, nos hiatos ou, ainda, na letra u dos grupos gu e qu, sempre que o u soar, como em deìcida ou deicida, reùnir ou reunir, argùir, eloqùente (confira VIANA, 1904, p. 200-201 e 291); f) Emprego exclusivo do acento agudo antes de consoante nasal, como em ánsia, génio, cómodo, brónzeo etc. (confira VIANA, 1904, p. 179-181 e 291). C) Proscrição absoluta das letras w e y em todos os vocábulos aportuguesados e aportuguesáveis, como Venceslau, vagom, iate, asilo etc. (confira VIANA, 1904, p. 42-51, 83-87 e 288). D) Eliminação do h medial, salvo nos dígrafos ch, lh e nh, como em sair, empreender, arcanjo, teatro, rodes, aderir, em lugar de sahir, emprehender, archanjo, theatro, Rhodes e adherir; o h inicial, no entanto, se mantém, mas só quando a etimologia da palavra o justificar, como em harmonia, mas nunca em palavras como hombro e húmido (confira VIANA, 1904, p. 56-61 e 288). E) Substituição de ph, por f e de ch (= k) por c ou qu, como em física, zoófito, côro, querubim e química por physica, zoophyto, choro, cherubim e chimica (confira VIANA, 1904, p. 44-45, 54-56 e 288). F) A letra x representando unicamente o valor que tem quando inicial, e ainda provisoriamente o de (e)is no prefixo ex, como em xadrez, peixe, luxo, exangue, expor, excepto; os valores de cs e de s, no entanto, passam a ser representados, respectivamente, por cs e s/ss, como em ficso, misto e próssimo no lugar de fixo, mixto e próximo (confira VIANA, 1904, p. 68-71 e 288). G) Redução de todas as consoantes geminadas a simples, com exceção de mn, nn, rr, ss, quando tenham valores diferentes de m, n, r, s, como em abade, afecto, aludir, flama, inocente, em vez de abbade, affecto, alludir, flamma, innocente, mas prorrogar, emmalar, annastrar (confira VIANA, 1904, p. 75-77 e 288-289). página 271 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA H) Supressão de todas as consoantes nulas, exceto quando sejam facultativamente proferidas, ou quando sirvam para marcar o valor aberto das vogais que as precedem, ou ainda quando hajam de ter valor em vocábulo de afinidade evidente como em escrito, dito, dano, salmo, em vez de escripto, dicto, damno, psalmo, mas acção, predilecção, exceptuar, pois mantêm as vogais abertas; e gimnásio, acto, excepto, Ejipto, devido a gimnástica, acção, excepção, ejípcio (confira VIANA, 1904, p. 72-75 e 289). I) Substituição de ge e gi mediais por je e ji, conservando-se provisoriamente ge e gi iniciais, como em elejer, reajir, rejeitar, rejeito, gesto, gigante (confira VIANA, 1904, p. 108-110 e 289). J) As subjuntivas (segundo termo) dos ditongos orais decrescentes serão sempre representadas por i e u, como em pai, pau, céu, judeu, viu, amais, faróis (confira VIANA, 1904, p. 289). L) As vogais i, u, tônicas que não formem ditongo com a vogal precedente, serão acentuadas, como em saída, ataúde (confira VIANA, 1904, p. 189-192 e 289). M) Conservação das letras e e o átonos antes de vogal, quer analógicas, quer etimológicas, como em cear, voar, leão; conservação do e e do o, igualmente, em início de palavra, como elogio, porteiro (confira VIANA, 1904, p. 92-99 e 289-290). N) Diferenciação rigorosa entre ô e ou, como em outro, ouço, touro, em lugar de ôtro, ôço, tôro; pôde, em lugar de poude (confira VIANA, 1904, p. 32 e 290). O) Distinção rigorosa entre c/ç e s/ss, entre s e z, e entre x e ch, como em paço e passo, Eça e essa, sossêgo, çarça; defesa, siso, avareza, juízo, portuguesa; português, simplez, três, Rodriguez, arroz, feliz, xá e chá, seixo e fecho, buxo e bucho (confira VIANA, 1904, p. 111-121 e 290). A excelência do trabalho de Gonçalves Viana provocou grande repercussão, fazendo com que o governo português nomeasse, em 1911, uma comissão, integrada por alguns dos maiores filólogos portugueses de então, como Leite de Vasconcelos, Carolina Michaëlis de Vasconcelos, Adolfo Coelho, Epifânio Dias, José Joaquim Nunes e Júlio Moreira, entre outros, para elaborar a Reforma da Ortografia. Nessa Reforma Ortográfica, oficializada ainda no ano de 1911, adotou o sistema de Gonçalves Viana, com pequenas modificações. página 272 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Podemos resumir o conteúdo da Reforma Ortográfica de 1911 nos seguintes pontos: A) Substituição dos símbolos ph, th, rh, y, ch (= k) e w, respectivamente, por f, t, r, i, c ou qu, e v ou u (confira VIANA, [s/d.], p. 10-11, 24, 26, 29, 31 e 33). B) Abolição das consoantes dobradas, exceto rr, ss, mm e nn, como em carro, cassa, emmalar, ennegrecer, em que acusam diferenças de pronunciação (confira VIANA, [s/d.], p. 11. 28 e 30). C) Supressão das consoantes mudas, exceto quando soarem facultativamente, soarem em vocábulos aparentados ou influenciarem a pronúncia das vogais precedentes mantendo-as abertas mesmo sendo átonos, como em caráter, excepção, adoptar, direção, acto, secção, espectador (confira VIANA, [s/d.], p. 11-12, 25 e 29). D) A acentuação das palavras seguirá em sua maior parte as regras de Gonçalves Viana. Assim sendo, temos: a) Os oxítonos terminados em a(s), e(s), o(s), em e ens serão acentuados, como em alvará(s), maré(s), mercê(s), portaló(s), vintêm, vintêns, armazêns; os monossílabos tônicos só serão acentuados se terminarem em a(s), e(s), e o(s), como em pá(s), sé(s), vê(s), pôs (confira VIANA, [s/d.], p. 17-18 e 36); b) Os paroxítonos terminados em i ou u, vogal nasal, ditongo, seguidos ou não de s ou em outras consoantes, excetuando-se as terminações am, em e ens, serão acentuados, como em quási, vênus, órfã(s), álbum, órfão(s), louváveis, fáceis, fácil, têxtil, cônsul, caráter, mártir, sóror, açúcar, córtex, sílex, gérmen, líquen (confira VIANA, [s/d.], p. 17-18 e 36-37); c) Todos os proparoxítonos serão acentuados, como em prática, sábado, câmara, gémeo, antimónio, brônzeo, concêntrico, lúgubre, lôbrego (confira VIANA, [s/d.], p. 18 e 37); d) O acento agudo serve marcar a sílaba tônica dos vocábulos, salvo quando ela contiver â, ê e ô fechados, que serão marcados com acento circunflexo. O acento grave tem as seguintes funções: marcar as vogais abertas átonos (à, è, ò), marcar os hiatos (―dissolver os ditongos‖) cujo segundo termo seja i ou u, e marcar a pronúncia do u átono dos grupos gu e qu antes de e e i. Veja-se, por exemplo, mágoa, cédula, pródigo, título, único, página 273 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA ânsia, mês, avô, àquele, prègar, mòlhada; saìmento, faìsca, saùdar, conseqùéncia, agùentar, argùir (confira VIANA, [s/d.], p. 18-19 e 37-38); Além dessas regras básicas, a reforma ortográfica de 1911 apresentou as seguintes regras, mais específicas: a) Marcar com acento circunflexo as formas verbais dêem, lêem, vêem e crêem (confira VIANA, [s/d.], p. 19); b) Marcar com acento circunflexo os homógrafos que contenham vogal tônica fechada, como em almôço, entêrro, sôbre, sêde, dêmos, pêlo (confira VIANA, [s/d.], p. 18 e 37); c) Marcar com acento agudo a primeira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo dos verbos da primeira conjugação, em oposição à mesma pessoa no presente do indicativo, como em louvámos, perfeito, e louvamos, presente (confira VIANA, [s/d.], p. 19 e 37); d) Marcar com acento agudo a pronúncia do u tônico dos grupos gu e qu antes de e e i, como em argúi (confira op. cit., p. 38); e) Marcar com acento agudo as vogais i e u tônicas que não formam ditongo com a vogal precedente, como em país, saída, baú, saúde (confira VIANA, [s/d.], p. 19 e 37); f) Marcar com acento agudo os homógrafos pélo, pólo e pára (confira VIANA, [s/d.], p. 19 e 37); g) Marcar com acento agudo os ditongos que contenham vogal aberta tônica, como réis, chapéu(s), herói(s), jóia, véu(s) etc. (confira VIANA, [s/d.], p. 19 e 37). E) Recomendação para a distinção rigorosa entre c/ç e s/ss, s e z, x e ch, j e g (antes de e e i), como em passo e paço, anarquizar e analisar, buxo e bucho, gente e Jesus (confira VIANA, [s/d.], p.. 26-32). F) Fixação da grafia dos ditongos orais decrescentes, sempre terminados em i ou u, e dos ditongos nasais, que serão escritos ãe, em (ou en), õe e ão, além de am usado exclusivamente no final átono dos verbos. Vejam-se os seguintes exemplos: mãe, bem, bens, põe, mão, órfão, louvarão (futuro), louvam, louvaram (pretérito) etc. (confira VIANA, [s/d.], p. 12-13). É interessante notar que justamente as regras propostas por Gonçalves Viana que não representavam a tendência majoritária da língua, como a página 274 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA substituição da letra g pela letra j, do dígrafo ch pela letra x e da letra x pelo grupo cs, é que foram deixados de lado ao elaborar-se a reforma ortográfica de 1911. Talvez se Gonçalves Viana tivesse proposto a substituição da letra j pela letra g antes de e e i, visto a letra g ser muito mais comum, ou a substituição da letra x pelo dígrafo ch, também mais comum, principalmente em posição inicial, com a manutenção da letra x apenas para o som duplo /ks/, em que ela é praticamente absoluta em meio de palavra, suas sugestões tivessem sido acatadas. Da maneira como foram propostas, porém, sacrificando o corriqueiro ao excepcional, dificilmente poderiam ser aceitas. O fato de a reforma ortográfica ser, em sua quase totalidade, sensata, bem elaborada e extremamente útil, não impediu que muitos gramáticos a ela se opusessem ou simplesmente a ignorassem. Um exemplo disso é a obra de Antenor Nascentes, O Idioma Nacional, de 1928, que adota certos postulados da reforma ortográfica, rejeita outros e acrescenta alguns, como podemos ver pelos seguintes tópicos por ele abordados: A) Manutenção das consoantes mudas, que haviam sido proscritas pela reforma ortográfica, como em indemne, desinfectar, dactilógrafo, psalmo etc. (confira NASCENTES, 1928, p. 44-45). B) A recomendação do uso do trema, atribuindo-lhe uma origem portuguesa, ao contrário do que preconiza a reforma ortográfica, como em eqüestre, qüinqüênio, freqüente etc. (confira NASCENTES, 1928, p. 2022). C) Ênfase na diferença de pronúncia entre Brasil e Portugal, no que tange a primeira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo, em contraste com a mesma pessoa do presente do indicativo, dos verbos da primeira conjugação, em que Portugal pronuncia a aberto no perfeito e a fechado no presente, enquanto o Brasil pronuncia o a fechado em ambos os casos, como em amámos, pretérito, e amamos, presente, em Portugal, mas amamos, pretérito e presente, no Brasil (confira NASCENTES, 1928, p. 28). Os demais pontos de O Idioma Nacional seguem as disposições contidas na reforma ortográfica de 1911. Essas divergências na aplicação da reforma ortográfica de 1911, aliadas ao entusiasmo com que ela foi acolhida no Brasil por muitos ilustres filólogos brasileiros, com Silva Ramos, Mário Barreto, Sousa da Silveira, Antenor Nascentes e Jacques Raimundo, levaram a que ela fosse reformulada, confirmada e estendida ao Brasil, através do Acordo Ortográfico firmado página 275 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA entre a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras, de 30 de abril de 1931, mais tarde tornado oficial pelo governo brasileiro, através do Decreto nº 20.108, de 15 de junho de 1931. Esse Acordo Ortográfico constituiu-se mais numa ratificação da Reforma Ortográfica de 1911 do que propriamente uma nova proposta. Os poucos pontos inovadores do Acordo Ortográfico de 1931 são os seguintes: A) Manutenção do h mudo nos vocábulos compostos com prefixo, quando existir na língua como palavra autônoma o último elemento, como em inhumano, deshabitar, deshonra, rehaver, o qual já havia sido proscrito pela Reforma Ortográfica de 1911 (confira ACADEMIA Brasileira de Letras & ACADEMIA das Ciências de Lisboa. Vocabulário Ortográfico e Ortoépico da Língua Portuguesa, 1932, p. XXII). B) Supressão da letra s do grupo inicial sc, como em ciência e ciática, a qual não fora suprimida na Reforma Ortográfica de 1911, num aparente contra-senso, visto haverem sido suprimidas as consoantes mudas, o que é o caso da letra s nessas palavras (confira ACADEMIA, 1932, p. XXII). C) Reintrodução do ditongo ue, de palavras como azues, que havia sido substituído por ui na Reforma Ortográfica de 1911, desfazendo, desse modo, a uniformidade dos ditongos orais recém-conquistada (confira ACADEMIA, 1932, p. XXIV). D) Recomendação do uso do trema para marcar o i e u átonos que não formam ditongo com a vogal precedente e o u átono dos grupos gu e qu quando é pronunciado, como em saïmento e saüdar, por um lado, e freqüência, agüentar, argüir, por outro, sendo a primeira vez em que se recomenda seu uso na língua portuguesa (confira ACADEMIA, 1932, p. XXXVI). E) Acentuação dos oxítonos terminados em i(s) e u(s), como em colibrí(s), anís, funís, perú(s), urubú(s), os quais não levariam acento, conforme a Reforma Ortográfica de 1911 (confira ACADEMIA, 1932, p. XXXVIII). F) Recomendações quanto ao uso da letra s, o qual seria empregado nos seguintes casos: (confira ACADEMIA, 1932, p. XXVIII-XXX): a) Nos pronomes nós e vós; b) Nas formas de 2ª pessoa do singular dos verbos cuja última vogal for tônica, como em amarás, irás, porás e sorrís, dás, descrês; c) Nos plurais terminados em vogal tônica, como em pás, cafés, página 276 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA perús; d) Nos adjetivos gentílicos e nas palavras formadas com o sufixo ês (latim ense), como em francês, burguês, camponês; e) Nos latinismos de uso comum, com bis, jus, plus, vírus, pus (subst.); f) Em vários monossílabos e oxítonos, tais como aliás, após, atrás, convés, mês, obús, tris etc. g) Nos substantivos terminados na desinência esa ou isa, como baronesa, prioresa, sacerdotisa, poetisa; h) Nos adjetivos formados com o sufixo abundancial oso, como em doloroso, populoso, teimoso; i) Formas do verbo querer e pôr, como quis, quiseram, pus, pusemos; j) Palavras terminadas em eso ou esa consoante sua origem, como defesa, surpresa, represa, aceso, ileso, obeso; k) Nos verbos oriundos do latim, terminados em sar, como acusar, recusar; l) Substantivos, adjetivos e particípios terminados em aso, asa, iso, isa, oso, osa, uso, usa, como vaso, casa, siso, divisa, grosa, abuso, musa; m) O prefixo trans e suas variantes tras e tres, como em transição, tresandar, traseiro; n) Nomes terminados em ase, ese, ise e ose, como frase, tese, síntese, apófise, diagnose; o) Vocábulos compostos, derivados do grego, com isos, khrysos, lysis, mesos, nesos, physis, ptosis, stasis, thesis, como em isódico, crisóptero, análise, mesarterite, quersoneo, fisiologia, ptoseonomia, êxtase, síntese; p) Verbos terminados em isar por causa da derivação, como avisar (de aviso), analisar (de análise) e irisar (de íris). G) Recomendações quanto ao uso da letra z, a qual seria empregada nos seguintes casos (confira ACADEMIA, 1932, p. XX-XXXI): a) Nas palavras oxítonas terminadas em az, ez, iz, oz, uz, como em página 277 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA assaz, xadrez, perdiz, veloz, arcabuz; b) Nas palavras que no latim continham c, ci, ti, como azêdo (acetu), juízo (judicium), vizinho (vicinus), prazo (placitum), prezar (pretiare); c) Nos verbos terminados em zer ou zir, como dizer, jazer, conduzir, luzir (exceção: coser=costurar); d) Nas palavras flexionadas no diminutivo, com zinho ou zito, como em florzinha, paizinho, avezita, pobrezito; e) Nas palavras de origem arábica, oriental ou italiana, como azul, azeite, bazar, ojeriza, gazua, gazeta; f) Nos verbos terminados em izar (latim izare), como em autorizar, civilizar, colonizar; g) Nos substantivos formados dos adjetivos com o sufixo eza (latim itia), como em beleza, firmeza, pobreza; h) Nas palavras derivadas de outras que terminam em z, como apaziguar, cruzado, dezena. i) Proscrição das letras dobradas mn e nn, que ainda subsistiam na Reforma Ortográfica de 1911 (cp. op. cit., p. XXII). Após um curto período de vigência, o Acordo Ortográfico seria revogado pela Constituição Brasileira de 1934. Fizeram necessários, então, novos entendimentos entre a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras, dos quais resultou a Convenção Luso-Brasileira de 1943, que revigorou o Acordo Ortográfico de 1931, aumentando sua clareza, apesar de mantê-lo praticamente inalterado. As poucas inovações da Convenção Luso-Brasileira de 1943, também chamada de Acordo Ortográfico de 1943 pelos estudiosos, foram as seguintes: A) Recomendações quanto ao grupo sc, o qual continua proscrito em início de palavra, mas deve ser usado quando em vocábulos compostos formados no latim, como consciência, imprescindível, proscênio, rescisão.(§ 19 e 20). B) Recomendações quanto ao uso de ã, que pode figurar nas sílabas tônica, pré-tônica ou átona, como em ãatá, maçã, órfão, cristãmente, romãzeira. (§ 24). página 278 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA C) Descrição dos encontros vocálicos que podem soar como ditongos crescentes, quais sejam: ea, eo, ia, ie, io, oa, ua, ue, uo, como em áurea, cetáceo, colônia, espécie, exímio, nódoa, contínua, tênue, tríduo etc. (§ 29). D) Proscrição do uso da letra z em final de sílaba átona ou em final de sílaba tônica no interior do vocábulo, como em asteca, mesquita, gusla, Guipúscoa (§ 36, observação 2ª). E) Acentuação com circunflexo da terceira pessoa do plural das formas verbais terminadas em em, como (eles) contêm, (elas) convêm, (eles) têm, (elas) vêm (§ 43, regra 7ª, observação 2ª). F) Acentuação do penúltimo o fechado dos hiatos ôo nos paroxítonos, como em perdôo, abençôo, vôos (§ 43, regra 10ª). G) Proscrição das consoantes mudas, com uma única exceção: os vocábulos em que essas consoantes facultativamente se pronunciam, como contacto, secção, corruptela; essa determinação constitui uma mudança profunda em relação ao Acordo Ortográfico de 1931, que permitia o uso de consoantes mudas para marcar o valor aberto da vogal precedente ou quando havia uma palavra aparentada em que a consoante era proferida e, consequentemente, escrita (§ 16, § 17 e §18). A aceitação do Acordo Ortográfico de 1943 entre os filólogos brasileiros foi extremamente favorável; prova disso é o fato de Said Ali, na segunda edição de sua Gramática Secundária da Língua Portuguesa, limitarse, na seção dedicada à ortografia, a apresentar o texto integral do Acordo Ortográfico de 1943. Divergências surgidas na interpretação de algumas regras, no entanto, levaram a novo entendimento entre as academias, do qual resultou o Acordo Ortográfico Luso-Brasileiro, promulgado em 10 de agosto de 1945. As modificações introduzidas pelo novo acordo, porém, foram de tal monta que provocaram intensos protestos por parte dos mais prestigiosos professores brasileiros, principalmente Júlio Nogueira e Clóvis Monteiro. São eles: A) Aceitação das consoantes mudas, dos grupos ch (= k), ph e th, das letras k, w, y e de combinações gráficas não peculiares à escrita portuguesa em nomes próprios e seus derivados, como darwinismo, byroniano, comtista, jeffersónia, kantismo, Loth, Moloch, Ziph, Job, Isaac, Gog (bases I-IV e VIII). página 279 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA B) Reintrodução das consoantes mudas em situações em que elas já tinham sido proscritas pelo Acordo Ortográfico de 1943, quais sejam: após as vogais a, e, o, quando exercem influência no timbre da vogal precedente, como em director, baptismo, exceptuar; e para harmonizar-se graficamente com formas afins em que um c ou um p se mantêm, como em acto, árctico, colecta, dialecto, Egipto (baseVI). C) Supressão do acento agudo das vogais tônicas i e u das palavras paroxítonas, quando elas são precedidas de ditongos, como em baiuca, bocaiuva, cauila, tauismo; nos ditongos tônicos iu e ui, quando precedidos de vogal, como em atraiu, influi, pauis; e na vogal tônica u, quando numa palavra paroxítona, está precedida de i, e seguida de s ou outra consoante como em semiusto (base XV). D) Supressão do acento agudo dos ditongos éi e ói abertos das palavras paroxítonas, como em assembleia, ideia, plateia, epopeico, onomatopeico, comboi (mas combóio, do verbo comboiar), dezoito (base XVI). E) Acentuação da terminação ámos do pretérito perfeito do indicativo, para distingui-lo do presente do indicativo, como em louvámos, amámos; esta regra tinha sido suprimida do Acordo Ortográfico de 1943 (base XVII). F) Alternância entre o uso do acento agudo e o uso do acento circunflexo nas vogais tônicas a, e, o, antes de consoante nasal, como em câmara, fêmea, cômora, ânus, Dánae, género, fenómeno, bónus, Vénus; o Acordo Ortográfico de 1943 recomendava claramente que se usasse apenas o acento circunflexo antes de consoante nasal (base XIX). G) Supressão do uso do trema em todas as palavras portuguesas ou aportuguesadas, como em aguentar, linguístico, frequentar, tranquilo; o Acordo Ortográfico de 1943 recomendava seu uso no u átono proferido nos grupos gu e qu antes de e ou i e, facultativamente, para marcar os hiatos (base XXVII). H) Supressão do acento circunflexo dos homógrafos quando uma vogal tônica fechada se opuser a uma vogal tônica aberta, como em cerca (com o fechado) e cerca (com e aberto ) ou força (com o fechado) e força (com o aberto), embora o acento circunflexo diferencial se mantenha nos homógrafos que representam flexões da mesma palavra, como pôde e pode, dêmos e demos, ou nos homógrafos em que a uma vogal tônica fechada se opõe uma vogal átona, como em pêlo e pelo, pôr e por; o Acordo Ortográ- página 280 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA fico de 1943 recomendava o uso do acento circunflexo em todos os casos (base XXII). Além dessas modificações, o Acordo Ortográfico Luso-Brasileiro de 1945 apresenta as seguintes inovações: I) Listagem das palavras em que podem ocorrer os grupos consonânticos bd, bt, gd, gm, mn, ps, ft, tm, além de recomendar a supressão da letra s da sequência xs antes de p e de t (base VII). J) Discriminação bastante pormenorizada das situações em que se emprega a letra i ou a letra e, com farta exemplificação (base IX). A reação dos filólogos brasileiros contra o Acordo Ortográfico LusoBrasileiro de 1945, fazendo com que fosse promulgada a Lei nº 2.623, de 21 de outubro de 1955, a qual revogava o Decreto-Lei nº 8.286, de 5 de dezembro de 1945, no qual fora aprovado o Acordo Luso-Brasileiro de 1945, e restabelecia o sistema ortográfico do Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa de 1943. Como consequência desse estado de coisas, passaram a existir duas normas ortográficas distintas, uma para o Brasil, baseada no Acordo Ortográfico de 1943, e outra para Portugal, baseada no Acordo Ortográfico Luso-Brasileiro de 1945. Visto essa situação não ser vantajosa para nenhum dos dois países, esforços começaram a ser feitos para resolvê-la. O primeiro resultado de tais esforços foi a Proposta para a Unificação da Língua Portuguesa, de 1967, que pregava o seguinte: A) Supressão das consoantes mudas ainda existentes na ortografia lusitana, a exemplo do que já se fazia no Brasil. B) Supressão do acento circunflexo na distinção dos homógrafos, ainda usado no Brasil, já abandonado, embora seja permitida sua manutenção para evitar ambiguidade, como em fôrma e forma. C) Supressão do uso do trema, ainda vigente no Brasil, não mais empregados em Portugal, mantendo-se, no entanto, a possibilidade de seu emprego em casos especiais. D) Supressão total da acentuação dos proparoxítonos, de modo a evitar a dupla grafia da vogal tônica seguida de consoante nasal, como em Antônio, fenômeno e gênero (Brasil) e António, fenómeno, género. Essa proposta não entrou em vigor, principalmente pela sua quarta cláusula, da supressão da acentuação dos proparoxítonas, por representar página 281 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA uma transformação muito radical na ortografia portuguesa. Outras modificações menos radicais, no entanto, foram pouco a pouco sendo adotadas. A primeira tentativa de se uniformizar oficialmente a ortografia portuguesa será a Lei 5.765, de 18 de dezembro de 1971, na qual fica estabelecido o seguinte: a) Abolição do trema nos hiatos átonos; b) Abolição do acento circunflexo diferencial das palavras homógrafas de outras com vogal aberta, com exceção das formas verbais pôde e pode; c) Abolição dos acentos circunflexo e grave da sílaba subtônica1 dos vocábulos derivados em que figura sufixo mente ou sufixos iniciados por z. Como a ortografia portuguesa ainda mantinha os acentos circunflexo e grave nas subtônicas, a Lei 5.765 de 1971, ao mesmo tempo que uniformizava a escrita dos homógrafos e dos hiatos átonos, criavam um novo ponto de diferenciação entre as duas ortografias. Para sanar isso, foi promulgado, pelo governo português, o Decreto-Lei nº 32/73 em 6 de fevereiro de 1973, por meio da qual eram eliminados da ortografia oficial portuguesa os acentos circunflexo e grave que assinalam as sílabas subtônicas dos vocábulos derivados com o sufixo mente e com os sufixos iniciados por z. Em 1975, surge o primeiro projeto para um novo Acordo Ortográfico, o qual procura conciliar os aspectos das duas normas ortográficas, tornando facultativas as grafias de todos os pontos que provocam discórdia, como a grafia das consoantes mudas, o acento agudo das formas de primeira pessoa do plural dos verbos da primeira conjugação: amámos, louvámos, o acento agudo do ditongo éi aberto nas terminações eia/éia e eico/éico e do ditongo ói de algumas palavras paroxítonas, o uso de acento agudo ou circunflexo antes de consoante nasal, além do uso do hífen em vários casos. Os únicos pontos em que o projeto para um novo acordo é assertivo são a supressão do trema e a supressão do acento circunflexo dos homógrafos (confira CASTRO et alii, 1987, p. 186-197). Outros projetos foram apresentados e, numa certa medida, aprovados nos anos de 1986 e 1991, mas eles serão discutidos na seção seguinte do “As subtônicas caracterizam-se pela incidência da força da voz mais forte em relação às átonas e mais fraca em relação às tônicas: fe-li-ci-da-de, in-cons-ti-tu-ci-o-nal, di-fi-cil-men-t .” (PROENÇA FILHO, 2009, p. 16) 1 página 282 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA nosso trabalho. Quanto à abordagem da ortografia pelos nossos gramáticos a partir de 1950, trataremos na seção do nosso trabalho destinada à ortografia brasileira atual. página 283 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA ANEXO 3: A ORTOGRAFIA NA NORMALIZAÇÃO GERAL DO TEXTO1 Emanuel Araújo O domínio da ortografia (palavra grega composta de orthos, 'direito, justo', e de gráphō, 'gravar, escrever, desenhar') é o próprio domínio da escrita, representação da realidade linguística por meio de sinais grafados: hieroglíficos, lineares, cuneiformes, alfabéticos etc. A combinação desses sinais – letras, pontuação, acentos ou sinais diacríticos -, produzindo, por convenção, determinados sons, traduz a vivência da língua do sujeito falante, o que já observara Aristóteles no início de sua Lógica, ao afirmar que "as palavras faladas são os símbolos da experiência mental e as palavras escritas são os símbolos das palavras faladas" (16ª, cap. 1 de 'Da expressão'). O estádio ortográfico das línguas, naturalmente, varia no tempo, de modo que um mesmo sistema de notação apresenta sempre 'resíduos' de formas antigas de sua evolução.2 Assim, por exemplo, segundo a classificação estabelecida por Marcel Cohen,3 qualquer ortografia pode mostrar traços fonoligizantes e fonetizantes a um só tempo. Diz-se que há fonolização quando um fonema equivale a dois sons, embora se ache escrito pela mesma letra ou grupo de letras, como em português o s, que pode soar como uma alveolar sonora (casa, rosa) ou surda (consoante, estudo); e a fonetização Capítulo transcrito do livro A Construção do Livro, de Emanuel Araújo, 2ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon; São Paulo: UNESP, 2008, p.76-89. 1 2 Ver I. J. Gelh, A study of writing (2ª ed. rev., Chicago. The University of Chicago Press, 1965), p. 11 ss. 3 La grande invention de l'écriture et son évolution (3 vols., Paris, Klincksieck, 1958), vol. 1, p. 226. página 284 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA ocorre quando há mudança de letras que levam à variação da pronúncia, como em português a troca da terminação arcaica -am por -ão, por exemplo em capelam, transformado em capelão. A ortografia portuguesa, como é sabido, passou por três estádios bem delimitados: 1) o fonético, em que o sistema ortográfico era jovem, correspondendo à fase arcaica do idioma, quando havia a preocupação de escrever as palavras em harmonia com a pronúncia; 2) o etimológico ou 'pseudoetimológico', que se estende do Renascimento até o século XX, em que se pretendeu restaurar o modelo greco-latino clássico, inserindo-se nos hábitos gráficos inúmeros anacronismos, como letras dobradas (delle, communicar) e os dígrafos helenizantes rh, th, ph e ch; 3) o simplificado, quando, a partir do trabalho fundamental de Aniceto dos Reis Gonçalves Viana, Ortografia nacional (1904), se estabeleceram os princípios que nortearam os atuais padrões ortográficos. Desde a aceitação do sistema proposto por Viana, entretanto, o que se deu em 1911, a ortografia da língua portuguesa passou a ser pontificada por comissões de gramáticos e filólogos cujos estudos, por sua vez, também passaram a ser promulgados por decretos. E mais não bastou para que se estabelecesse, justamente a partir da interferência dos 'donos da língua', uma penosa confusão que persiste teimosamente em Portugal e no Brasil. A tendência universal, contudo, é para uma uniformização ortográfica que de tato corresponda à realidade fonológica. Este, aliás, foi o ponto de partida de Gonçalves Viana, que chegou a radicalizar suas propostas: além de recomendar a proscrição dos símbolos de etimologia grega (th, ph, rh, y e ch, este com valor de k), a redução das consoantes dobradas (com exceção de rr e ss mediais) e a eliminação de consoantes nulas, por certo exorbitou ao mandar substituir o x por cs (como em fixo = ficso), g por j (como em homenagem = homenajem) e restabelecer o z etimológico nos patronímicos (como em Rodrigues = Rodríguez). A normalização básica da ortografia da língua portuguesa encontrase solidamente legislada, embora persistam algumas diferenças entre as práticas brasileira e portuguesa; o I Simpósio Luso-Brasileiro sobre a Língua Portuguesa Contemporânea (Coimbra, 1967) recomendou essa unificação ortográfica, mas desde então pouco ou nada se fez de realmente importante para tanto, excetuando-se o parecer conjunto da Academia Brasileira de Letras e da Academia de Ciências de Lisboa que levou à supressão dos acentos diferenciais (em que pesem certas imperfeições de sua prática). Mas ainda resta muito por aperfeiçoar, principalmente no sentido de fixar-se um sistepágina 285 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA ma exaustivo que leve em conta as oscilações de pronúncia no tempo e no espaço, que atenue a força da tradição e que diminua a desproporção entre o número de fonemas e o das letras. Além do mais, há verdadeiros abismos entre certos usos recomendados oficialmente e os da prática editorial e bibliotecnímica, por exemplo, no emprego de maiúsculas e minúsculas; tais descompassos deviam ser urgentemente revistos pelos padronizadores da língua. Com isso, talvez se chegasse muito próximo do ideal simplificador da ortografia. Em 1990, representantes oficiais dos países lusófonos firmaram o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, cujo objetivo era alcançar uma ortografia unificada que envolvia algumas mudanças simplificadoras, pondo um ponto final na existência de duas normas divergentes e ambas oficiais: uma no Brasil e outra nos restantes países de língua portuguesa. Mesmo tendo sido relativamente tímido nas simplificações propostas (a unificação ortográfica acarretará alterações na forma de escrita de 1,6% do vocabulário usado em Portugal e de 0,5% no Brasil), o acordo somente entrou em vigor em 2008. O texto completo do acordo pode ser consultado no sítio da Internet http://www.necco.ca/faq_acordo_ortografico.htm. A falta de normalização sólida e coerente nessa área pode levar, com efeito, autores e editores ao desespero, como se depreende, por exemplo, da seguinte 'nota ortográfica' inserida no décimo volume da História da Companhia de Jesus no Brasil, de Serafim Leite:1 Em 1938, ao publicarem-se os dois primeiros tomos desta história, a lei era que se escrevesse Luís (com s). Pouco depois veio lei que fosse Luiz (com z). O livro do autor, publicado em 1940, com o título de Luiz Figueira – A sua vida heroica e a sua obra literária, obedece à lei (Luiz com z). Quando saíram os tomos III e IV (1943), a lei já era outra vez Luís (com s). Ora, citando estes tomos com frequência a Luiz Figueira, o autor não viu modo de escrever no texto Luís (com s) e citar o seu próprio livro Luiz Figueira (com z), sem estranheza do leitor. E deixou ficar Luiz (com z) até ver. Esta explicação vale para uma ou outra flutuação ortográfica do período em que se imprimiu esta obra (1938-1950). Na medida em que persistem dúvidas, muitos autores, quiçá a maioria, preferem deixar a cargo do preparador de originais decidir sobre as chamadas formas optativas de grafar certas palavras; o 'certo', por exemplo, seria Paissandu ou Paiçandu? A grafia preferencial seria hidrelétrica? Es- Lisboa/Rio de Janeiro, Portugália-Civilização Brasileira (vols.1-6) – Instituto Nacional do Livro (vols.710), 1938-1950, vol 10, p. xxi. 1 página 286 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA creveríamos Dom Pedro ou dom Pedro? As indagações poderiam continuar ao infinito, mas vale ressaltar de imediato que as respostas realmente conclusivas são poucas. Vejamos a seguir os principais critérios. (i) Maiúsculas A questão do emprego das maiúsculas jamais deixou da atormentar os preparadores de originais de língua portuguesa. E o problema não é novo. Ele aparece, a bem dizer, com o próprio desenvolvimento da escrita e seus desdobramentos (e dificuldades). Vale a pena assinalar que pelo menos há mais de quatro mil anos os egípcios sentiram a necessidade de utilizar o que hoje chamamos de destaque ou efeito de realce. Tal se dava, então, de três modos diferentes: 1. Grande número de sinais (cerca de duzentos, correntemente em torno de oitenta) não era lido, mas servia para distinguir palavras homófonas e nomes próprios, chamando a atenção para um vocábulo importante na frase. Os egiptólogos denominaram esses sinais de 'determinativos'. 2. Os nomes reais eram envolvidos em um círculo oval – os cartuchos -, o que indicava, além da reverência ao faraódivindade, uma distinção, ainda que restrita, entre nomes próprios e comuns. 3. Finalmente, estabeleceram um princípio de normalização que durou até os primeiros tempos da imprensa, no período dos incunábulos: o uso de rubricas, isto é, empregava-se tinta vermelha para obter o efeito de realce, por exemplo, em datas, medidas de peso e, sobretudo, em textos literários, nas aberturas de seções e em determinadas palavras iniciais. O princípio do destaque incorporou-se à norma alexandrina e daí, por caminhos diversos, foi seguida nos desenhos de letras capitulares e subcapitulares medievais até chegar à feição dada no Renascimento, que, com certas modificações, alcançou os nossos dias. O realce gráfico da maiúscula, destarte, passou a combinar-se, por convenção (como, aliás, nos velhos hieróglifos), com a própria sequência visual do escrito, ganhando sentido específico em certos casos, como em início de frase ou depois de alguns sinais página 287 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA de pontuação (interrogação, ponto, ponto de exclamação)1, nas classificações científicas (sobretudo de zoologia e botânica), em muitas abreviaturas e em normas bibliográficas e afins. Porém, as maiores dificuldades ocorrem nos casos abaixo: 1. Antropônimos a. Nomes e sobrenomes: Capistrano de Abreu, José de Alencar. b. Cognomes: Henrique, o Navegador; Ricardo Coração de Leão, João sem Terra. c. Alcunhas e hipocorísticos: Trinca-Fortes, Sete-Dedos, Chico, Zezé. d. Antonomásticos: Marechal de Ferro, Patriarca da Independência, Água de Haia. e. Pseudônimos: João do Rio, Lênin, Tristão de Ataíde. f. Nomes dinásticos: os Braganças, os Médicis, os Bourbons. 2. Topônimos e locativos a. Topônimos: Rio de Janeiro, Berlim, Zona da Mata etc. Note-se, porém, que se escreve com inicial minúscula o substantivo que designa a espécie: mar Morto, serra do Mar, trópico de Câncer, península Ibérica, oceano Atlântico, vale do Paraíba, alto Amazonas, avenida Getúlio Vargas, baía de Guanabara, praça da República, rua Direita etc. Mesmo nesses casos, porém, é imperativo grafar-se em maiúscula quando se tratar de designativo oficial: – monte Belo e a cidade de Monte Belo; – cabo Frio (acidente) e Cabo Frio (cidade); – cabo Verde e ilha do Cabo Verde. b. Regiões: Norte, Nordeste, Sudeste, Sul, Centro-Oeste, Oeste, Ásia Menor, Oriente Médio, Magna Grécia, Extremo Oriente etc. Observe-se que adjuntos que delimitam a extensão ou a localização No Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que estamos implantando, não há referência à pontuação, apesar de não ser possível escrever com correção sem o conhecimento básico das normas de pontuação. Por isto, indicamos o capítulo PONTUAÇÃO, do livro do professor Adriano da Gama Kury, que disponibilizamos na página http://www.filologia.org.br/textos/pontuacao.pdf 1 página 288 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA dos topônimos permanecem em minúsculas: Brasil meridional, Rússia europeia etc. Todavia, quando tais elementos se incorporam no topônimo, fazendo parte de seu nome oficial ou do nome consagrado pelo uso, entram em maiúsculas: África Equatorial Francesa, Coreia do Sul, Alemanha Ocidental, Berlim Oriental, Baixada Fluminense, Planalto Central etc. 3. Intitulativos a. Instituições culturais, instituições profissionais e empresas: Faculdade de Direito do Recife, Associação Brasileira de Imprensa, Lojas Americanas. b. Entidades e instituições ligadas ao Estado: Ministério da Educação, Partido Republicano, Senado Federal, Câmara dos Deputados, Assembleia Nacional Constituinte, Poder Legislativo, Gabinete Civil da Presidência da República, Supremo Tribunal Federal, Fundação Nacional do Índio, Banco Central etc. Mesmo no caso das denominações de emprego costumeiro, empregase a maiúscula inicial, como Senado por Senado Federal, Câmara por Câmara dos Deputados, Constituinte por Assembleia (Nacional ou Estadual) Constituinte, Supremo por Supremo Tribunal Federal, Legislativo por Poder Legislativo etc. Contudo, quando a palavra toma o valor de substantivo comum que designa sua espécie, não se usa a inicial maiúscula, como em: – Assumiu o Ministério da Educação. No ministério..., – Ingressou no Partido Republicano. Pretendia que o partido... – Formou-se pela Faculdade de Direito do Recife. Na faculdade... – Nos países europeus, o papel do senado é... c. Forças armadas: Marinha, Exército, Aeronáutica, bem como suas divisões e corpos paralelos que constituem entidades. Comando Militar do Nordeste, 1º Distrito Naval, 1º Comando Aéreo Regional, 3º Regimento de Cavalaria, Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, EstadoMaior das Forças Armadas etc. Escrevem-se, porém, com inicial minúscula as armas (infantaria, cavalaria, artilharia etc.), assim como as entidades que assumem o valor de substantivo comum, a exemplo de: – A polícia reprimiu...; chefe de polícia; a polícia de São Paulo; delegacia de polícia. página 289 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA – Comandou a divisão que...; fazia parte daquele regimento. – O estado-maior do general... d. Períodos e episódios históricos: Antiguidade, Idade Média, Renascimento, Quinhentismo, Revolução Industrial, República Velha, Revolução de 1930, Estado Novo etc. Utiliza-se, no entanto, a inicial minúscula quando se emprega o termo em linguagem figurada ou de forma não usual: – Era a verdadeira renascença da xilogravura. – Durante o movimento de 1930... e. Coisas singulares e objetos de culto ou valia: a Caaba, o diamente Cruzeiro do Sul etc. f. Festividades ou comemorações cívicas, religiosas e tradicionais: Sete de Setembro, Quinze de Novembro, Natal, Quaresma, Sexta-Feira da Paixão, Hégira, Saturnais, Carnaval, Dia do Trabalho. Algumas outras palavras se prestam a certa confusão, ora usando-se com maiúscula, ora com minúscula, ou ainda exclusivamente sob uma dessas formas. Entre esses vocábulos, comparecem com inicial maiúscula: – Estado, quando tem o sentido de nação politicamente organizada ou de um conjunto de poderes políticos de uma nação: um Estado forte, os poderes do Estado, golpe de Estado etc. – República, quando substitui a palavra Brasil (os poderes da República, o presidente da República) ou quando designa o período histórico (com o advento da República...). O mesmo se dá, neste caso, com as palavras Colônia, Reinado e Império. – União, no sentido de associação dos estados federativos, poder central: os estados da União, as contas da União. – Igreja, como instituição ou no sentido de conjunto de fiéis ligados pelo mesmo credo religioso: a atuação da Igreja no Brasil, a Igreja adventista etc. (ii) Minúsculas É evidente que a história dos procedimentos ortográficos constitui um mesmo caso o emprego de maiúsculas e minúsculas. O fato de em determinada época ou em determinado círculo social grafarem-se certos vocábulos com maiúscula ou minúscula não é, de modo algum, casual. No sécupágina 290 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA lo XVIII, por exemplo, arriscar-se-ia à fogueira do Santo Ofício quem ousasse escrever o nome de Tomás de Aquino antepondo-lhe um santo com inicial minúscula; sobrepunha-se, aqui, não o qualificativo, mas a reverência ideológica, que de resto sobrevive nos meios religiosos. Esse tipo de advertência, aliás, manifesta-se contemporaneamente nos círculos profissionais em que se deve reconhecer a autoridade constituída; se um advogado, por exemplo, redigisse uma petição a qualquer juiz, grafando esta palavra – que indica apenas um exercício profissional – com inicial minúscula, teria seu pedido inapelavelmente indeferido por quebrar uma regra costumeira (deferência ao poder) e, assim, por deferir a vaidade do ―doutor‖ Juiz. O mesmo se pode dizer sobre o sentido palaciano, cortesão, submisso, do uso do realce da maiúscula nas designações de atos oficiais sem o valor de unicidade. Um decreto-lei, por exemplo, não passa de um instrumento administrativo articulado a regulamentos, portarias etc., cuja singularidade efetiva residiria, de fato, em seu número de registro. Sob essas considerações, a inicial minúscula deve comparecer nos casos relacionados a seguir. 1. Cargos e títulos a. nobiliárquicos: rei, duque, barão, lorde, dom etc. b. dignitários: cavaleiro, comendador, mestre etc. c. Axiônimos correntes: você, senhor, seu, dona, sinhá etc. Em caso de demonstração de eminência, usa-se maiúscula: Vossa Alteza, Sua Santidade, Vossa Senhoria, Sua Majestade etc. d. Culturais: reitor, deão, bacharel etc. e. Profissionais: desembargador, ministro, cônsul, deputado, embaixador, presidente, economista, médico, chefe, general, almirante, brigadeiro etc. f. Eclesiásticos: padre, frei, irmão, cardeal, papa etc. g. Hagionímicos: são, santo, beato etc. 2. Intitulativos gerais: página 291 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA a. Nomes de artes, ciências ou disciplinas: música, pintura, física, história, direito, sociologia etc. b. Doutrinas, correntes e escolas de pensamento, religiões: positivismo, romantismo, barroco, marxismo, catolicismo etc. c. Nomes gentílicos, de povos e de grupos étnicos: paulistas, iorubas, xavantes, franceses etc. Embora se faça, às vezes, uma distinção completamente arbitrária, entre grandes e pequenas extensões territoriais ou políticas ligadas a etnônimos, devem todos, sem exceção, grafar-se em minúsculas, não havendo razão plausível de, por exemplo, registrar com realces diferenciados ―os índios Canelas‖ e ―o povo judeu‖. d. Grupos ou movimentos políticos: jacobinos, tenentes, oligarcas, sovietes, udenistas etc. e. Grupos ou movimentos religiosos: pentecostalistas, umbandistas, protestantes, espíritas etc. f. Pontos cardeais quando designam direção, limites ou situação geográfica: o Brasil limita-se ao norte...; dirigindo-se para o oeste...; ao sul do estado... etc. Recorde-se que as regiões brasileiras se escrevem, ao contrário, com inicial maiúsculas (ver acima). g. Documentos públicos: alvará, carta-régia, foral, regimento, portaria, instrução, lei, ato, emenda etc. e suas subdivisões, como artigo, parágrafo, alínea, inciso. À designação sucede um número (lei nº..., instrução nº..., ato institucional nº...), mas quando o documento leva um nome, e não apenas um simples número de ordem, adquire o valor de unidade, caso em que se justifica o destaque das maiúsculas para caracterizar o intitulativo: Lei Áurea, Lei Afonso Arinos, Lei do Inquilinato etc. h. Nomes de prédios: palácio do Catete, catedral Metropolitana, igreja da Candelária, castelo de Versalhes etc. Quando não se indica somente o edifício, mas a instituição nele abrigada, emprega-se inicial maiúscula: Museu do Louvre, Arquivo Nacional, Biblioteca Pública do Estado de Minas Gerais etc. i. Unidades político-administrativas: capitania, província, estado, município, distrito, termo, cantão etc. página 292 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA A questão da onomástica (topônimos, antropônimos) seria, em princípio, bastante simples se não entrassem em consideração elementos como tradição familiar, apego bairrista e outros. O problema da toponímia já foi há muito resolvido, apesar dos hábitos arraigados, e seu resultado está exposto no Índice dos topônimos da carta do Brasil ao milionésimo publicado em 1971 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), onde Antenor Nascentes estabeleceu o critério normalizador pelo qual, sobretudo os nomes de origem indígena e africana, passam a ter as seguintes disposições: 1) o som chiante nos nomes de origem indígena e africana grafa-se x: assim, Xique-Xique e não Chique-Chique, Xuí e não Chuí; 2) a letra k é substituída pelo grupo qu antes de e, i e por c antes de qualquer outra letra: assim, Guaraqueçaba e não Guarakeçaba; 3) o grupo ss é substituído por ç: assim, Moçoró e não Mossoró, Açu e não Assu; 4) os grupos ge, gi são grafados com j e não com g: assim, Bajé e não Bagé, Cotejipe e não Cotegipe. Nos últimos anos surgiram (ou ressurgiram) formas que contrariam esses critérios. A cidade de Campos, no Estado do Rio de Janeiro, passou a denominar-se Campos dos Goytacazes; Lages, em Santa Catarina, grafa seu nome com g desde 1960; Bagé também prefere o g, assim como Cotegipe, na Bahia. E Mossoró não troca os dois s por cê-cedilha. Deve haver outros casos. O IBGE divulga em seu sítio na Internet (<www.ibge.gov.br>) a Tabela de Códigos de Municípios, que adota a ortografia reconhecida pelas leis municipais. As mesmas observações, aliás, são em princípio válidas para os nomes – topônimos ou antropônimos – traduzidos (ver, neste capítulo G (i)1. Se, entretanto, a forma onomástica estiver contida em padrões ortográficos desatualizados, numa designação oficial, num dístico e semelhantes (Estrada de Ferro Mogiana, Editora José Olympio por exemplo), a tendência é para o uso facultativo, ainda que o desejável fosse a atualização ortográfica, mesmo contrariando o registro com que se tornaram públicos. 1 Esse tópico trata das traduções na onomástica (cf. ARAÚJO, 2008, p. 118-119) página 293 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA O caso dos antropônimos, em tese, é o mais fácil. Seus usuários têm o direito de grafar Cavalcanti (e não Valter), Nelson (e não Nélson) etc.; visto que são nomes evidentemente de origem estrangeira. Mas nada obriga a grafarem-se nomes da língua portuguesa sob um sistema ortográfico ultrapassado, mesmo que seu usuário assim o faça, como em Ruy (por Rui), Mathias (por Matias), Freyre (por Freire), Cardozo (por Cardoso), Mattos (por Matos) etc. Observe-se, destarte, que: – as letras consonânticas dobradas sofrem simplificação, exceto rr e ss: Melo e não Mello, Ivone e não Ivonne; – o grupo vocálico ae é substituído por ai: Novais e não Novaes, Pais e não Paes; – as letras c, g e p antes de consoante são eliminadas: Vítor e não Victor, Inácio e não Ignácio, Batista e não Baptista; – o dígrafo helenizante ch com o som de k é substituído por c ou qu: Crisóstomo e não Chrisóstomo, Raquel e não Rachel; – o grupo vocálico ea é substituído por eia; Correia e não Corrêa, Oseias e não Oseas; – a letra h depois de consoante é eliminada, exceto nos dígrafos ch, lh e nh: Ataíde e não Athaíde; também se elimina o h intervocálico: Abraão e não Abrahão; – a letra o pré-tônica é substituída por u em certas grafias: Muniz e não Moniz, Aluísio e não Aloísio, Manuel e não Manoel; – a letra s inicial (dita ‗impura‘) seguida de consoante é substituída pelo grupo es: Espinosa e não Spinosa, Estênio e não Stênio; – dígrafo helenizante th é substituído por t: Temístocles e não Themístocles, Mateus e não Matheus; – a letra w é substituída por v: Vander e não Wander, Valfredo e ao Waldredo; – a letra y é substituída por i: Maia e não Maya, Cibele e não Cybele; – a letra z é substituída por s em certas grafias: Sousa e não Souza, Brás e não Braz. página 294 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Há situações, contudo, em que a conotação arcaizante ou a distorção ortográfica, sendo propositais, podem e devem figurar como tais: assim, por exemplo, no caso de Afonso Guimarães1, que adotou o nome autoral de Alphosus de Guimaraens, ou no de José Joaquim de Campos Leão, que assinava Qorpo Santo; restaurar a grafia, nessas circunstâncias, significaria, no mínimo, desvirtuar por inteiro a intenção do escritor. Exemplo de conotação arcaizante encontra-se também em Theatro Municipal, tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo. (iv) Substantivos comuns: formas optativas Ao lado do uso das maiúsculas, outro problema ortográfico que suscita muitas dúvidas está na aplicação das formas optativas de substantivos comuns. Observa-se, com efeito, que, em certas ocorrências, formas populares ou tradicionais vão de encontro à norma culta ou a regras estabelecidas oficialmente, não raro indicando ‗arcaísmos‘ de uso normal em determinada realidade linguística; nessa medida, o que, nas áreas ditas cultas seria, de fato, um arcaísmo, não o seria em outra, onde a vivência e a função do vocábulo se traduzem fonologicamente e, em consequência, na sua ortografia. Não resta ao preparador de originais, em problemas semelhantes, outra alternativa senão acatar a dualidade de formas como acessório e accessório, fleuma e fleugma, sapê e sapé, varrer e barrer etc. O mesmo se dá no concernente aos sincretismos vocabulares introduzidos na língua por via erudita, em que é permissível a aceitação de uma ou mais formas optativas, como em hidroelétrica e hidrelétrica, tireoide e tiroide, radioativo e radiativo, e assim por diante. Muitas vezes, porém, o autor deixa ao editor de texto a tarefa de eleger a forma ‗canônica‘ da grafia desse ou daquele vocábulo. E o preparador de originais deve, com efeito, ter o máximo cuidado para uniformizar as grafias optativas, pois é inconcebível, em circunstâncias normais, que na mesma obra se encontre a mesma palavra sob registros díspares, por exemplo o emprego simultâneo de afegão e afegane. Alguém – o autor, de preferência, ou o editor – deve optar por uma das formas. Claro está que a presença de um dado vocábulo, por mais estranho que este pareça, numa obra Ver, a propósito, Serafim da Silva Neto, Introdução ao estudo da língua portuguesa no Brasil (2. ed. ver. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1963), e Sílvio Elia, Ensaios de filologia e linguística (3. ed. ver. Rio de Janeiro: Grifo, 1976), em especial p. 109-116, 177-232 e 293-311. 1 página 295 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA de ficção, tem de ser respeitada, pois corresponde certamente a um determinado universo fonológico; o termo multirão, por exemplo, transmuda-se em ajuri, putirum, ajutório, ademão, riosca, puxirão, ganhadia, ajuntamento etc. de acordo com o local. Também no caso de autor morto convém respeitar certas escolhas ou maneiras de grafar vocábulos, desde que não constituam arcaísmos evidentes, e. g., louro ou loiro, jaboti ou jabuti, mas não assúcar, por açúcar ou frexa por flexa. (v) Divisão silábica Um dos problemas ortográficos mais complicados, em qualquer língua, é o da divisão silábica, em especial quando se trata da separação de palavras no final das linhas (ver capítulo 3, C). No caso da língua portuguesa não deveria haver, teoricamente, qualquer dúvida, visto que a divisão silábica mereceu tratamento particular na seção XV do acordo ortográfico de 1943. Entretanto, esse problema não foi tratado sob o ângulo das necessidades editoriais, vale dizer, do peso que têm as palavras, as sílabas, as letras quando impressas, do ponto de vista puramente gráfico, em seus desdobramentos semânticos ou apenas visuais. O acordo ortográfico de 1943 parece esgotar formalmente o assunto ‗divisão‘ silábica‘, mas ao editor de texto legou-se o fardo dessa divisão ao final das linhas, em que se tem de levar em conta, além do aspecto da correção ortográfica, o aspecto visual, com o objetivo de facilitar a leitura. Assim, idealmente, o editor deveria, quando possível, mesmo à custa de maior ou menor espacejamento interliteral na página impressa, levar em consideração os seguintes princípios: – É inconveniente separar a primeira sílaba da palavra no caso de vogal ou de ditongo: o-ráculo, eu-calipto. – Da mesma forma, deve-se evitar a separação de grupo vocálico no meio da palavra: Apre-ender, especi-almente. – Quando da divisão de palavra composta (já unida por hífen), o ideal está na quebra do primeiro elemento completo, e nunca antes ou depois: Livre-/pensador (não livre-pen-/sador ou li-/vre-pensador). – Também dificulta a leitura a separação de palavras dissílabas: página 296 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Ca-sa, va-le. – Como já se viu, ao preparador de originais cabe evitar aliterações, e o problema ressalta ainda mais quando ocorre em momento de separação de palavras: Cai-xa chata, ba-gre grande. – Finalmente, é inadmissível a divisão de quaisquer tipos de siglas: Unes-co, IN-OS Ressalta-se, de qualquer modo, que, se esses princípios normalizadores não se encontram previstos no acordo ortográfico de 1943, tal não ocorre devido a possíveis incoerências ou omissões, porquanto a finalidade a que se propôs foi a correção canônica, formal, segundo critérios linguísticos inatacáveis do ponto de vista científico. O editor, porém, afora todos os princípios levantados pelos linguistas, visa tanto à correção do escrito quanto à comodidade do leitor (com esta finalidade, aliás, se conceberam os acentos e as separações silábicas), mesmo à custa de elementos normalizadores à margem – mas não excludentes – do cânone oficial. Atualmente, programas de processamento de texto e de editoração eletrônica contam com o recurso de hifenização, com o qual a divisão silábica é aplicada automaticamente. Convém que o editor de texto ou o revisor observe se as divisões silábicas assim feitas estão corretas e se, mesmo corretas, não apresentam algum inconveniente. Quando o hífen é colocado manualmente e ocorre uma reformatação do texto, ele pode aparecer fora de lugar. (vi) Numerais 1. Números em geral Os números se escrevem, de regra, com algarismos arábicos, mas por extenso nos seguintes casos: a) de zero a nove: oito livros, cinco mil, três milhões etc. b) as dezenas ‗redondas‘: quatrocentos, setecentos, trezentos mil, oitocentos milhões etc. Em todos os casos só se usam palavras quando não houver nada nas ordens ou classes inferiores: 13 mil, mas 13.700 e não 13 mil e setecentos; página 297 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 247 mil, mas 247.320 e não 247 mil e trezentos e vinte. Acima do milhar, todavia, é possível recorrer a dois procedimentos: – aproximação do número fracionário, como em 23,6 milhões; – desdobramento dos dois termos numéricos, como em 23 milhões e 635 mil. As classes separam-se por pontos, exceto no caso de anos: 1.750, mas ‗no ano de 1750‘.1 Um parágrafo não deve ser iniciado com um algarismo, seja arábico ou romano. Dependendo da situação, escreve-se o valor por extenso ou se altera a construção da frase, de modo a deslocar o algarismo: ‗Seiscentas pessoas assistiram ao filme‘, mas não ‗600 pessoas...‘; ‗O filme 300 é uma adaptação de uma história de Frank Miller‘, mas não ‗300 é um filme adaptado...‘ 2. Frações São sempre indicadas por algarismos, exceto quando ambos os elementos se situam de um a dez: dois terços, um quarto, mas 2/12, 4/12 etc. As frações decimais, em qualquer caso, não escritas com algarismos: 0,3; 12,75. A separação entre a parte inteira e a decimal é feita com vírgula. O emprego de ‗ponto decimal‘ é prática anglo-saxônica. Não se deve deixar uma parte dos algarismos de um número no final da linha e sua continuação na linha seguinte, ou seja, o número não pode ser partido. 3. Percentagens São sempre indicadas por algarismos, sucedidos do símbolo próprio: 5%, 70%, 128% etc. O símbolo % deve figurar junto ao algarismo. O Sitema Internacional de Unidades (SI) recomenda que as classes de números sejam separadas por um espaço. Assim, teríamos 13 700 e 247 320. (N.E.) 1 página 298 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA 4. Ordinais São escritos por extenso de primeiro a décimo, porém, os demais se representam de forma numérica: terceiro, oitavo, 11º, 53° etc. 5. Datas Quando completas, são escritas das formas seguintes: o dia em algarismos, o mês por extenso e o ano em algarismos, ou indicando-se numericamente o mês com todos os elementos separados por barras ou pontos: 13/2/1941, 13.2.1941. Note-se, porém: – Indicados apenas o mês e o ano, o primeiro se escreve por extenso e o segundo em algarismos: maior de 1937, agosto de 1969 etc. – Os anos devem ser indicados por todos os números, e não apenas pela dezena final: 1980 e não 80, 1942 e não 42 etc. – A referência a décadas deve explicitar-se com as palavras décadas ou decênio (década de 1950 ou decênio de 1950), evitando-se expressões como ‗anos 30‘, ‗década de 60‘ etc.1 6. Horários São indicados em algarismos com a identificação das frações de tempo sendo feita com os símbolos h, min e s, como 9h; 10h15min; 13h30min57s etc. Note-se, porém, que quando a indicação for aproximativa, escrevem-se os números e a palavra horas por extenso: pouco depois das cinco horas; às nove e meia da manhã etc. 7. Quantias As quantias se escrevem por extenso de um a dez (quatro reais, sete mil dólares nove milhões de euros) e com algarismos daí em diante: 11 reais, 235 mil dólares, 48 milhões de euros. A norma para datar, da ABNT (NBR 5892:1989), recomenda que os dias e meses sejam indicados por dois algarismos e os anos por quatro, separados por ponto, assim 01.05.1937, 15.12.2007. (N.E.) 1 página 299 MANUAL DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA Entretanto, quando ocorrem frações (centravos, cents etc.) registra-se a quantia exclusivamente de forma numérica, acompanhada do símbolo respectivo: por exemplo: R$ 1.737,45, US$ 326,40. Em alguns países, como nos EUA, a separação da fração é feita com um ponto. No caso de textos em português, o apropriado é seguir a prática adotada no Brasil, isto é, vírgula no lugar de ponto. 8. Algarismos romanos Devem ser usados parcimoniosamente. Muitas vezes, podem ser de leitura menos fácil, além de ocupar desnecessariamente espaço no texto (por exemplo, XXXVIII, MCMXXXVIII). São usados normalmente nos casos seguintes: a) Séculos: século XIX, século IV a.C. etc. Mas existe uma tendência moderna de registrar séculos em arábicos: século 20. b) Reis, imperadores, papas etc. do mesmo nome: Filipe IV, Napoleão II, João XXIII etc. c) Denominações oficiais de instituições, empresas, conclaves etc. d) Dinastias reais, convencionalmente seguidas em seqüências: II dinastia, VII disnastia etc. e) Paginação de prefácio, contada a partir do reto da falsa folha de rosto. Ao contrário de todos os casos acima, a numeração pode comparecer em minúsculas: i, ii, iii, iv etc. Procede-se desta mesma forma para indicar subseções no corpo do livro. Os algarismos romanos não devem ser adotados nos nomes de acontecimentos históricos: Segunda Guerra Mundial, Terceira República, Segundo Reinado etc. página 300