Tranca Rua Das Almas

Transcrição

Tranca Rua Das Almas
Ano 1
Edição Nº 3
Agosto 2015
NESTA EDIÇÃO
Com a Vossa Licença Meus Irmão
Pág. 3
Tranca Rua das Almas
Pág. 4-5
A Geração de Yemanjá
Pág. 6
Yemanjá
Pág. 7-8
Tranca Rua Das Almas
O Guardião dos Caminhos
Pág 4-5
Oração do Perdão
Pág. 9
Depoimentos
Pág 14-15
Entrevista com Kaká Ferreira do
Anjos Da Noite
Pág. 16-24
E muito mais....
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
1
EDITORIAL
S
ou a mãe Roseli Proença médium
umbandista desde que nasci,
sou maga e sacerdotisa de umbanda,
e dirigente espiritual do “Terreiro de
Umbanda Iansã Guerreira e Baiano Zé
Pilintra” junto com Pai Ricardo Proença,
que luta incansavelmente contra a
intolerância religiosa dentro de nosso
segmento religioso umbandista.
Nasce o nosso Jornal Nossa
Voz Umbandista, e é uma alegria
imensurável para todos nós da
família Iansã Guerreira e Baiano Zé
Pilintra, e com ele vamos agregar
mais conhecimento e informação para
todos os nossos irmãos e também
aos amigos simpatizantes de nossa
religião linda e maravilhosa que
dentro dos ditames da lei maior e da
justiça divina trabalha na fé de Oxalá,
fundamentada nos tronos de Deus e
dos Orixás, religião essa brasileira que
nos foi trazida pelo “Caboclo das Sete
Encruzilhadas” no dia 15 de novembro
de 1908.
Nosso jornal terá sempre noticias
NESTA EDIÇÃO
pertinente a nossa religião de umbanda
sagrada e sempre focando também
tudo referente ao crescimento e
evolução da mesma.
Lembrando que nosso jornal vem
para agregar ao conhecimento e não
para criticar a doutrina de nenhum
segmento religioso, nossa intenção é
mostrar que a religião de umbanda
como todas, necessita-se crer em
Deus, ter fé em Deus, e que a umbanda
não é uma seita e sim uma religião
sagrada, e caritativa e que não tem
cobranças pecuniárias, a umbanda
é uma religião nova com cerca de
um século é sincrética e sua base
está dentro dos preceitos cristãos,
indígenas, e afros.
Apreciem a leitura do nosso jornal
nossa voz umbandista que está em
sua 3ª edição.
Agradecemos ao carinho de todos.
2
Editorial
3
Com Vossa Licença Meus Irmãos
4-5
Sr Tranca Rua das Almas
6
A Geração de Yemanjá
7-8
Yemanjá
9
Oração do Perdão
10-11
Orixá Ancestral, de Frente e
Adjuntó
11
Caminhar na Umbanda
12
Magia Divina
13
As Três Peneiras
13
O Médium Folgado
14-15
Trajetória de Alunos Depoimentos
16-24
Entrevista com Kaká - Anos Da
Noite
25
Homenagem ao Pai Rubens
Saraceni
26
Informações sobre o Site
27-31
Cursos
INFORMAÇÕES
TERREIRO DE UMBANDA IANSÃ
GUERREIRA E BAIANO ZÉ PILINTRA
Mãe Roseli Proença e Pai Ricardo
Proença
O Jornal Nossa Voz Umbandista deseja com muito carinho um
maravilhoso Dia dos Pais nesse dia 09/08/2015 a TODOS os nossos
leitores e amigos.
FELIZ DIA DOS PAIS
Fonte: Internet
ENDEREÇO
Rua Francisco Marengo, 308 - Altos - Tatuapé
São Paulo - SP,
TELEFONE (11) 9 7596-5939
EMAIL: [email protected]
REDAÇÃO
ESCRITORES
- Mãe Roseli Proença
- Pai Ricardo Proença
- Pai Rubens Saraceni
FOTOGRAFIA
FOTÓGRAFO
CONTRIBUIDORES - Mãe Roseli Proença
- Equipe do Jornal:
Ricardo, Rafael, Edson, Vinícius , Gilberto e Danielle Zanotta
EDITORIAL
EDITOR
- Mãe Roseli Proença
- Pai Ricardo Proença
CRIADOR
DESIGNER
- Carlos Rodrigues de Souza
E-mail: [email protected]
2
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
Com a Vossa licença Meus irmãos de Fé. Como ser de fato Religioso,
mas não seguir os Ditames da Lei.
Por Mãe Roseli Proença
Penso, quando teremos
verdadeiramente de fato
‘União’ dentro dos segmentos
Umbandista? Pois, só o que
vejo hoje é desunião, e
vieram me perguntar certo
dia: Irmã, porque dentro do
segmento Umbandista vemos
tantas brigas, e porque ao
invés disto, esses irmãos de
fé devíamos se Unir e Lutar
por um ideal em comum que
é o de ser trabalhador da Lei
Maior, e ser um verdadeiro
instrumento de Deus?
Muitos
dos
que
se
dizem religiosos, dentro do
segmento Umbandista, só o
que sabe fazer é “Denegrir”
os irmãos de fé, se julgando
melhores, sabedores de tudo
ao invés de fazer prevalecer
o que o Pai Caboclo das Sete
Encruzilhadas nos trouxe de
fato. Amor, Fé, Religiosidade,
Caridade e muita União para
nossa Evolução Espiritual.
Mas ao invés disto o que
ficamos vendo é apenas
indiferenças,
brigas,
e
irmãos tentando um parecer
melhor ou maior que o outro
e ainda hoje no século XXI,
só o que vemos são irmãos
de Fé se antagonizando um
com o outro, se vendo como
inimigos ou se vendo ou se
sentindo prejudicados. Vejo
irmãos pensando que o
Trabalho Espiritual do outro
pode afetar o seu. Mas,
como então sermos filhos de
Fé com esses pensamentos,
e com esses sentimentos? Se
a casa do irmão “CRESCE”
ou está “CHEIA” é porque
assim a LEI MAIOR, permitiu
e a Espiritualidade definiu e
permitiu a essa casa estar
cheia para seu ESTUDO, para
seus ATENDIMENTOS.
E que assim cada CASA
DE FÉ cresça no seu
merecimento e necessidade,
hoje e sempre na Lei na Fé de
Oxalá. Porque tantos irmãos
de Fé se julgam melhores
a ponto de excluir, seus
irmãos em Oxalá por causa
da maldade de algumas
pessoas,
“fofoqueiras
e
mentirosas, caluniadoras e
nefastas”, pois seus Guias a
orientam, pois eles os guias
não gostam de mentiras
e orientam seus médiuns,
sempre dizendo, é calunia
filho o que está dizendo
deste irmão. E se esses o
sabem porque na maioria
preferem compartilhar de
tal ‘MALDADE’. (NÃO SABE
QUE A LEI O ESTÁ A OLHAR)
e penso se somos todos
irmãos de FÉ trabalhadores
da ‘LUZ E DA LEI’ porque isto
acontece?
Salve todos os irmãos
trabalhadores da Lei de
Umbanda, e sempre peço
em minhas orações que um
dia sejamos de fato irmãos
fraternos em Oxalá.
Enquanto isto:
Vamos trabalhar contra
todo tipo de Intolerância
religiosa e Discriminação.
Esta Lei instituída nos
protege:
Lei Nº 11 635/07 aos 27
de Dezembro de 2007
Mãe Roseli Proença
Arraiá no Terreiro!!!!!
Maravilhoso
Rua Francisco Marengo
Nº 308 - altos Metrô Carrão
Dia 12/09/2015
Início as 17:00h
Barracas Típicas, Quadrilha
e Bingos
Contamos com Todos nossos
Amigos CONSULENTES
Filhos e Filhas.
Mãe Roseli
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
3
Tranca Rua das Almas
Capa
É
o
Guardião
dos
Caminhos, companheiro dos
Pretos Velhos, Caboclos,
aparador entre os homens e
os Orixás, lutador incansável,
sempre de frente, sem medo,
sem mandar recado. Senhor
da escuridão e do plano
negativo atuando dentro de
seus mistérios, regendo seus
domínios e os caminhos por
onde percorre a humanidade.
como se fosse um batalhão
- cada batalhão, um general.
3ª
Falange
comandada
por Tranca-Ruas das Ruas;
1ª Falange comandada por
Tranca-Ruas das Almas;
4ª
por
Falange
comandada
Tranca-Ruas
das
Dr. Tranca Ruas tem o
poder de fechar e abrir os
caminhos para o ser humano
e também de ter as almas
perdidas sem luz como
escravos para prestar-lhe
reverencias e fazer o que
ele ordenar. Este é um dos
motivos pelo qual ele foi
enviado aqui no plano físico,
para pegar as almas perdidas
e formar uma hierarquia para
que todas as almas perdidas
fossem transformadas em
seu exército, e desta forma
encontrem
o
caminho
novamente para a luz através
dele mesmo, podendo assim
vigiar, receber as oferendas
que são depositadas nas ruas
de qualquer cidade aonde
Exu Tranca Ruas tem o poder
absoluto (Dono da Rua).
Na UMBANDA, Exu Tranca
Ruas não é considerado como
um Deus, mas como uma
entidade em evolução que
busca, através da caridade,
a evolução de si mesmo.
Nao é uma peculiaridade só
dos Exus, mas de todos os
espíritos no infinito cosmo
espiritual. Não existe espírito
evoluído,como se fosse um
produto acabado. Todos
os espíritos, independente
da forma, estão em eterna
evolução,
partindo
do
pressuposto que só existe um
ser plenamente perfeito, um
modelo de absoluta perfeição,
o próprio e Absoluto, “DEUS”.
4
7ª Falange comandada por
Tranca-Ruas das 7 Giras;
...Em
síntese,
O
grande
agente
Mágico
do Equilíbrio Universal...
Senhor do mundo espiritual
onde está sua origem e
sua morada. Senhor dos
caminhos, orixá mensageiro
e vencedor de demandas.
A falange de TRANCARUAS é dividida em 7
sub-falanges. Cada subfalange tem a direção de
um Tranca-Ruas específico,
6ª Falange comandada por
Tranca-Ruas das 7 Luas;
2ª Falange comandada por
Tranca-Ruas de Embaré;
7
Encruzilhadas;
5ª Falange comandada por
Tranca-Ruas das Porteiras;
Seu vestuário... Cartola
sofisticada de época, sua
capa varia nas cores azul
turquesa, roxo e negro tendo
contrastes em vermelho
(decorada de safira de
preferência amarelo dourada
que simboliza sua riqueza
e a presença de seu reino).
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
Tranca Rua das Almas
Capa
É extremamente educado
e fino, poderoso e sinistro.
Transita além dos limites
monóculos da bondade e
da maldade. Guardião das
casas, das vilas, das pessoas.
Exu não tem nada haver
com demônios, pois ele é
a própria alegria da vida.
todas as magias e demandas
praticadas por seres sem
luz, interceda no caminho de
todos os filhos de fé, livrandonos de toda a energia que
possa atrapalhar a evolução
de todos os seres iluminados;
fazei de meus pensamentos
uma porta fechada para a
inveja, discórdia e egoísmo.
Dos sete caminhos por ti
ultrapassados, foi na rua que
passou a ser dono de direito,
abrindo as portas para os
espíritos que merecem ajuda
e evolução e fechando para
os que querem praticar a
maldade e a inveja contra
seus semelhantes. Fazei dos
nossos corações o mais puro
que nossos próprios atos;
fez a outra. Ele devolve, às
vezes com até mais força, os
trabalhos que alguns fizeram
contra outros. Por isso,
algumas pessoas consideram
esse
Orixá
malvado.
“O Guardião Tranca Ruas
pode ser tudo o que queiram,
menos como tentam mostrar:
Um demônio. Jamais foi ou é
o que este termo deturbado
significa na atualidade e nem
o aceita como qualificativo das
suas atribuições: Trancar a
evolução dos desqualificados,
desequilibrados
e
desvirtuados
espíritos
humanos. Odeia os que
odeiam, sente asco dos
blasfemos,
nojo
dos
invejosos, repulsa pelos
falsos, ira pelos soberbos
e pena dos libidinosos.
“Senhor (Pai) Tranca-Ruas
das Almas” agradecemos por
tudo que fizeste aprender
nesta vida e em outras que
passamos lado a lado, rogo
por vós a proteção, para os
irmãos de fé, para toda a
família e porque não para
todos os inimigos. Abençoe e
guarde esses filhos que um
dia entenderão o verdadeiro
sentido da palavra Umbanda.
Para finalizar, se você
vier pedir a um “Exu de Lei”
para prejudicar alguém...
Pode estar certo que você
será o primeiro a levar a
execução da Justiça. Mas,
se a entidade travestida ou
disfarçada de Exu aceitar o
seu pedido,... No outro lado...
Você será apenas cobrado!
Senhor “Tranca-Rua das
Almas”, senhor do Sétimo
Grau de Evolução da Lei Maior
de Ogum, conhecedor de
Exu não faz mal a ninguém,
mas joga para cima de quem
merece, quem realmente é
mau o mau que essa pessoa
Tranca ruas (O Guardião
dos Caminhos), não é
demônio
que
muitos
acreditam que ele seja.
Sua atribuição é trancar a
evolução dos desqualificados,
desequilibrados
e
desvirtuados
espíritos
humanos. Não deseja ser
amado ou odiado, mas apenas
respeitado e compreendido.
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
Palavra de ordem de Exu
é “compromisso”! Por tudo
isso ele não é e nem nunca
foi traidor ou do “mal”.
Existem entidades que
se dizem Exu e que fazem
somente o mau em troca de
presentes aos seus médiuns
ou por grandes e custosas
obrigações, serviços. Não se
engane, Exu que é Exu, não
faz mal, a não ser com quem
merece e além disso, quando
ajuda a uma pessoa não
pede nada em troca, a não
ser que a pessoa tome juízo,
se comporte bem na vida,
acredite em Deus e tenha fé.
Guiando todos os negócios
e afastando toda força do
mal,tirando o demônio e
qualquer mal fluido que
venha
me
atormentar
Exu Tranca Rua me proteja
hoje,amanhã e por todos os
meus dias,que meu caminho
seja aberto,e entrego ao
meu bom Exu guardião de
todas as porteiras e estradas.
Rogo que minhas passadas
sejam sempre livres,peço
que não existam berreiras
no meu caminho e te suplico
que meus adversários sejam
esclarecidos e assim seja!
LAROIÊ EXU É MOJUBÁ
LAROIÊ
RUA
EXU
É
TRANCA
MOJUBÁ
LAROIÊ EXU É MOJUBÁ
Fonte:
Internet
Muito
grande,
muito
forte, Seu Tranca Ruas
vem trazendo a sorte!
Louvado seja Tranca Rua
das Almas
Exu de grande força e
poder e que seja protetor,
guardião de todas as minhas
porteiras, caminhos e atalhos.
5
A Geração de Yemanjá
Por Rubens Saraceni
Olorun tem uma matriz
geradora onde gera a vida
em seu sentido mais amplo,
pois nela são geradas
todas as formas de vida.
Dentro
dessa
matriz
existem
tantos
“compartimentos”
geradores de formas de
vida
quanto
possamos
imaginar, e ainda assim não
chegamos à milionésima
parte da sua capacidade
de gerar formas de vida.
Nossas
mais
bem
informadas fontes revelam
que até o plasma divino
que deu origem aos Orixás
foi gerado nela, fato esse
que confunde um pouco
intérpretes dos Orixás pois,
como Yemanjá foi gerada
por Olorun nessa matriz,
então é atribuída a ela a
maternidade dos Orixás.
Mas o assunto é mais
complexo do que parece
ser
e
preferimos
não
elocubrar sobre algo que
escapa á nossa imaginação
e entendimento sobre o
nosso Divino Criador Olorun.
A verdade, segundo todas
as fontes, é que Yemanjá foi
gerada na matriz geradora
6
da
vida...e
ponto
final.
Bom, de posse dessa
informação confiabilíssima,
Yemanjá é um Orixá que
traz em si tantos mistérios
que é melhor nem tentar
quantificá-los, porque a vida
tem tantos mistérios em si
divinos, são uma das muitas
formas que a vida tem para
fluir. Só que neles ela flui de
forma divina, não é mesmo?
Então, ela é de direito a
mãe de todos, ainda que
não o seja de fato, pois, na
realidade, quem é a mãe de
é
muito
complexo
e
envolve
elaboradíssimos
conceitos
teogônicos
e
metafísicos, então o melhor
é simplificarmos as coisas
para que possamos entender
a importância de Yemanjá
na criação ou na morada
exterior de Olorun, certo?
Inclusive, o homônimo
nigeriano de Édipo, e que
é Orungã, não resistiu ao
desejo de possuir Yemanjá,
fato esse que, na lenda
nigeriana, levou-a a fugir
dele e durante a fuga acabou
sofrendo um acidente que
abriu seus fartos seios,
que... etc. etc. etc., sabem?
que seu número é infinito.
O que importa é que
todos saibam que, se a
vida é gerada nessa matriz
geradora e Yemanjá é a
mãe Orixá gerada nela,
então, em certo sentido,
a lenda que lhe atribui a
maternidade de diversos
Orixás não está errada, pois
eles, mesmo sendo seres
todos eles, que são vidas, é
a matriz geradora de “vidas”.
Mas como todas as
matrizes são suas realidades
em si mesmas e a que a
gerou é em si a realidade
da vida, então Yemanjá,
que a rege, é de fato a
mãe da vida. Ou não?
Mas Exu, o mais bem
informado dos Orixás, ainda
que seja o mais indiscreto,
revelou-nos que as coisas têm
outra versão, tão intrigante
quanto essa. E isso, segundo
Exu, criou a mais humana
das ciências, ainda que
ela seja a mais inexata de
todas, pois é a “Achologia”,
e todos os que a adotaram
e nela se formaram são
chamados de “achólogos”.
Fonte: Lendas da Criação.
Rubens Saraceni. Ed. Madras
(www.madras.com.br)
Bem, como o assunto
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
Yemanjá
Por Rubens Saraceni
Olorum cria e gera em Si
mesmo tudo o que existe
e tem nesta Sua faculdade
criativa e geradora uma de
Suas qualidades, através da
qual Sua gênese divina vai
surgindo e concretizando-se,
já como o meio e como os
seres que nele vivem.
de todos os orixás, e ela está
relativamente certa, já que
Bem,
o
caso
é
que
A qualidade genésica do
Divino Criador é a Fonte da
Vida e das coisas que dão
sustentação a ela.
Yemanjá, por ser em si
a Geração, está na gênese
de tudo como os próprios
processos genéticos. E se a
qualidade Oxum agrega, ou
funde o sêmen e o óvulo ,
Yemanjá é o processo genético
que inicia a multiplicação
celular, ordenada por Ogum,
comandada
por
Oxossi,
direcionada
por
Iansã,
equilibrada
por
Xangô,
estabilizada por Obaluaiyê
e cristalizada num novo ser
por Oxalá.
Olorum cria e gera em
Si mesmo, e criou e gerou
nessa Sua qualidade uma
divindade criativa e geradora,
que é essa Sua qualidade em
si mesma.
Então surgiu Yemanjá,
divindade unigênita gerada
na qualidade criativa e
geradora de Olorum, que a
tornou em si mesma a Sua
qualidade criativa e geradora.
Viram como um orixá
não dispensa a atuação
dos outros e como todos
são
fundamentais
e
indispensáveis a tudo o que
existe?
Ela é unigênita e por isso
tanto gera em si quanto gera
de si.
Quando gera em si, dá
origem à sua hierarquia de
tronos da Criação e tronos da
Geração, que são divindades
que manifestam uma dessas
duas naturezas de Yemanjá.
se algo existe é porque foi
gerado. E, porque Yemanjá é
em si mesma essa qualidade
geradora do Divino Criador,
então ela está na origem de
todas as divindades.
Quando gera de si, ela
irradia essa sua dupla
faculdade, e quem a absorve
torna-se criativo e gerador
no aspecto da vida a que se
dedicar.
Mas as coisas de Deus
não acontecem assim, e Ele,
quando começou a gerar, já
havia ordenado sua geração.
Então Ogum já existia e
ordenava a geração de
Yemanjá. Oxum já existia e
agregava o que ela estava
gerando, etc.
A lenda nos diz que
Yemanjá é tida como a mãe
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
O amor maternal é uma
característica
marcante
dessa divindade da Geração
e quem se coloca de forma
reta sob sua irradiação, logo
começa a vibrar este amor
maternal, que aflora e se
manifesta com intensidade.
Yemanjá é a “Mãe da Vida”,
e como tudo o que existe
só existe porque foi gerado,
então ela está na geração de
tudo o que existe.
Bem, Yemanjá, a nossa
Mãe da Vida é por demais
conhecida em alguns de seus
aspectos. Mas em outros, é
totalmente desconhecida.
Ela
tem
nessa
sua
qualidade
genésica
um
de seus aspectos mais
marcantes, pois atua com
intensidade
na
geração
dos seres, das criaturas e
das espécies, despertando
em cada um e em todos,
um amor único pela sua
hereditariedade.
Ela, por ser em si mesma a
qualidade criativa e geradora
de Olorum, então gera de
si duas hierarquias divinas:
uma é regaida pelo Trono
da Criatividade, que gera em
si mesmo essa qualidade e
a irradia de forma neutra a
tudo o que vive, tornando
todos os seres, criaturas e
7
Yemanjá
Por Rubens Saraceni
espécies muito criativos e
capazes de se adaptarem
às condições e meios mais
adversos; outra, é regida
pelo Trono da Geração, que
é em si mesmo a qualidade
genésica do Divino Criador, e
gera e irradia essa qualidade
a tudo e todos, concedendo a
tudo e todos a condição de se
fundirem com coisas ou seres
afins para multiplicarem-se e
repetirem-se.
- minerais afins fundem-se
e dão origem aos minérios;
- elementos afins fundemse e dão origem a novos
elementais;
- energias afins fundemse e dão origem a novas
energias;
- cores afins fundem-se e
dão origem a novas cores;
- seres afins (machos
e fêmeas de uma mesma
espécie) fundem-se e dão
origem a novos seres.
Os tronos da Geração
regem sobre este aspecto
ga gênese, e não só sobre
o sexo. O campo desses
tronos é tão vasto na vida
dos seres e na criação divina,
que os definimos melhor se
simplesmente
dissermos:
“Os Tronos da Geração estão
na gênese de tudo e de
todos porque são uma das
características de Yemanjá,
que é em si mesma a Geração
8
Divina”.
Portanto,
Criatividade
Geração são os dois lados
de uma mesma coisa:
Gênese Divina! E Yemanjá
as manifesta em suas duas
hierarquias de tronos: os da
Criatividade e os da Geração.
Por ser a divindade da
Criatividade e da Geração,
Yemanjá está em todas
as
outras
qualidades
divinas, mas polariza com
o Orixá Omulu e faz surgir
a irradiação da Geração,
que tem nele o recurso
de paralisar todo processo
criativo ou gerativo que se
desvirtuar, se degenerar, se
desequilibrar, se emocionar
ou se negativar.
Yemanjá
rege
sobre
a geração e simboliza a
maternidade,
o
amparo
materno, a mãe propriamente.
Ela se projeta e faz surgir
sete
pólos
magnéticos
ocupados por sete Yemanjás
intermediárias,
que
são
as regentes dos níveis
vibratórios positivos e são
as aplicadoras de seus
aspectos, todos positivos,
pois Yemanjá não possui
aspectos negativos.
Estas sete Yemanjás são
intermediárias e comandam
incontáveis linhas de trabalho
dentro da Umbanda. Suas
orixás
intermediadoras
estão
espalhadas
por
todos os níveis vibratórios
positivos, onde atuam como
mães da “criação”, sempre
estimulando nos seres os
sentimentos maternais ou
paternais.
Oferenda: velas brancas,
azuis e rosas; champagne,
calda de ameixa ou de
pêssego,manjar, arroz-doce
e melão; rosas e palmas
brancas, tudo depositado à
beira-mar.
Água de Yemanjá para
lavagem de cabeça (amaci):
água de fonte com pétalas
de rosas brancas e erva
cidreira maceradas e curtidas
por sete dias
POR RUBENS SARACENI
Fonte: Doutrina e Teologia
de
Umbanda.
Rubens
Saraceni. Ed. Madras (www.
madras.com.br)
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
Oração do Perdão
Fonte: Internet
Buscando
eliminar
todos os bloqueios que
atrapalham minha evolução,
dedicarei alguns minutos
para perdoar. A partir deste
momento, eu perdôo todas
as pessoas que de alguma
forma
me
ofenderam,
injuriaram,
prejudicaram
ou causaram dificuldades
desnecessárias.
Perdôo,
sinceramente, quem me
rejeitou, odiou, abandonou,
traiu, ridicularizou, humilhou,
amedrontou, iludiu.
Perdoo,
especialmente,
quem me provocou até que
eu perdesse a paciência
e reagisse violentamente,
para depois me fazer sentir
vergonha, remorso e culpa
inadequada.
Reconheço,
que também fui responsável
pelas agressões que recebi,
pois várias vezes confiei em
indivíduos negativos, permiti
que me fizessem de bobo e
descarregassem sobre mim
seu mau caráter.
Por longos anos suportei
maus tratos, humilhações,
perdendo tempo e energia, na
tentativa inútil de conseguir
um bom relacionamento com
essas criaturas.
Já
estou
livre
da
necessidade compulsiva de
sofrer, e livre da obrigação
de conviver com indivíduos
e ambientes tóxicos. Iniciei
agora, uma nova etapa de
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
minha vida, em companhia
de gente amiga, sadia
e
competente:
quero
compartilhar
sentimentos
nobres,
enquanto
trabalhamos pelo progresso
de todos nós.
Jamais voltarei a me
queixar,
falando
sobre
mágoas e pessoas negativas.
Se por acaso pensar nelas,
lembrarei que já estão
perdoadas e descartadas
de minha vida íntima
definitivamente. Agradeço
pelas dificuldades que essas
pessoas me causaram, que
me ajudaram a evoluir, do
nível humano comum ao
espiritualizado em que estou
agora.
Quando me lembrar das
pessoas que me fizeram
sofrer, procurarei valorizar
suas boas qualidades e
pedirei ao Criador que as
perdoe também, evitando
que sejam castigadas pela lei
da causa e efeito, nesta vida
ou em outras futuras. Dou
razão a todas as pessoas
que rejeitaram o meu amor e
minhas boas intenções, pois
reconheço que é um direito
que assiste a cada um me
repelir, não me corresponder
e me afastar de suas vidas.
(Fazer
uma
pausa,
respirar
profundamente
7x vezes, para acúmulo de
energia) .
Agora,
sinceramente,
peço
perdão
a
todas
as pessoas a quem, de
alguma forma, consciente
e inconscientemente, eu
ofendi, injuriei, prejudiquei
ou desagradei. Analisando e
fazendo julgamento de tudo
que realizei ao longo de toda
a minha vida, vejo que o
valor das minhas boas ações
é suficiente para pagar todas
as minhas dívidas e resgatar
todas as minhas culpas,
deixando um saldo positivo a
meu favor.
Agradeço de todo o
coração, a todas as pessoas
que
me
ajudaram
e
comprometo-me a retribuir
trabalhando para o meu
bem e do próximo, atuando
como agente catalisador do
entusiasmo, prosperidade e
auto realização. Tudo farei
em harmonia com as leis da
natureza e com a permissão
do nosso Criador, eterno,
infinito, indescritível que eu,
intuitivamente, sinto como
o único poder real, atuante
dentro e fora de mim.
Sinto-me em paz com
minha consciência e de
cabeça
erguida
respiro
profundamente, prendo o ar
e me concentro para enviar
uma corrente de energia
destinada ao Eu Superior. Ao
relaxar, minhas sensações
revelam, que este contato foi
estabelecido.
Assim seja, assim é e
assim será. AMÉM.
Agora
dirijo
uma
mensagem de fé ao meu Eu
Superior, pedindo orientação,
em ritmo acelerado, de um
projeto muito importante que
estou mentalizando e para
o qual já estou trabalhando
com dedicação e amor.
Observação:
Orar
diariamente,antes de dormir.
Pedir para que durante o sono
recebas sabedoria divina,
compaixão divina e força
divina. Jamais durma com
o corpo físico “sujo” e sem
alimentar a alma. Orações
e mantras são alimentos da
alma.
Fonte: Internet
“Após o final da oração, faça seu clamor a
DEUS e a seus Protetores para que de fato, todos
aqueles que por ventura você tenha prejudicado
ou aqueles que te prejudicou, ambos sejam
perdoados nos Mistérios Divinos de Deus”
Mãe Roseli
9
Orixá Ancestral, de Frente e Adjuntó
Por Rubens Saraceni
Uma dúvida, e a que mais
incomoda os umbandistas
é sobre seu Orixá. Nós
sabemos que Orixá Ancestral
não é o mesmo que Orixá
de Frente ou Adjuntó. O
Orixá Ancestral está ligado
à nossa ancestralidade e é
aquele que nos recepcionou
assim que, gerados por
Deus, fomos atraídos pelo
Seu magnetismo divino.
Todos somos gerados por
Deus e somos fatorados por
uma de suas divindades, que
nos magnetiza em sua onda
fatoradora e nos distingue
com sua qualidade divina.
Uns são distinguidos com
a qualidade congregadora e
são fatorados pelo Trono da
Fé. E, se forem machos, é
o Orixá Oxalá que assume
a condição de seu Orixá
Ancestral. Mas, se for fêmea,
aí é a Orixá Oyá Tempo que
assume sua ancestralidade.
Uns são distinguidos com
a qualidade agregadora e
são fatorados pelo Trono do
Amor. E, se forem machos é
o orixá Oxumaré que assume
a condição de seu orixá
ancestral. Mas, se forem
fêmeas, aí é a orixá Oxum que
assume suas ancestralidades.
Uns são distinguidos com
a qualidade expansora e
são fatorados pelo Trono do
Conhecimento. E, se forem
machos é o Orixá Oxóssi que
assume a condição de seu
Orixá Ancestral. Mas, se forem
fêmeas, aí é a Orixá Obá que
assume suas ancestralidades.
10
Uns são distinguidos com
a qualidade equilibradora e
são fatorados pelo Trono da
Razão. E, se forem machos
é o Orixá Xangô que assume
as suas ancestralidades.
Mas, se forem fêmeas, aí é
a Orixá Egunitá-Oroiná que
assume suas ancestralidades.
Uns são distinguidos com
a qualidade ordenadora e
são fatorados pelo Trono da
Lei. E, se forem machos é
o Orixá Ogum que assume
suas ancestralidades. Mas,
se forem fêmeas, aí é a
Orixá Iansã que assume
suas
ancestralidades.
Uns
são
distinguidos
com a qualidade evolutiva
(transmutadora)
e
são
fatorados pelo Trono da
Evolução. E, se forem machos
é o Orixá Obaluayê que
assume suas ancestralidades.
Mas, se forem fêmeas, aí é
a Orixá Nanã que assume
suas
ancestralidades
Uns são distinguidos com
a qualidade geradora e são
fatorados pelo Trono da
Geração. E, se forem machos
é o orixá Omulu que assume
suas ancestralidades. Mas,
se forem fêmeas, aí é a
orixá Iemanjá que assume
suas
ancestralidades.
Observem
que
não
estamos nos referindo ao
espírito que “encarnou” no
plano material e sim ao ser
que acabou de ser gerado
por Deus e foi atraído pelo
magnetismo de uma de suas
divindades, que, por serem
unigênitas (únicas geradas)
transmitem
naturalmente
a qualidade que são em si
mesmas aos seus “herdeiros”,
aos quais imantam com
seus magnetismos divinos
e dão aos seres uma
ancestralidade imutável, pois
é divina e jamais deixará de
guiá-los, porque a natureza
íntima de cada um será
formada na qualidade que
o distinguiu, fatorando-o.
Alguém pode reencarnar
mil vezes e sob as mais
diversas irradiações que
nunca mudará sua natureza
íntima.Agora,
a
cada
encarnação, ele será regido
por um Orixá de Frente (que
o guiará enquanto viver na
carne) e será equilibrado
por outro Orixá que será o
auxiliar (o Adjuntó) desse
Orixá de Frente ou “da
cabeça”. Usamos o termo
“Orixá da Cabeça” porque ele
regerá a encarnação do ser e
o influenciará o tempo todo
pois está de “Frente” para ele.
Sim, o Orixá da Cabeça está
à nossa frente nos atraindo
mentalmente para seu campo
de ação e para o seu mistério,
ao qual absorveremos e
desenvolveremos
algumas
faculdades regidas por Ele.
Já o Orixá Adjuntó é um
equilibrador do ser e atuará
através do seu emocional,
hora estimulando-o e hora
apassivando-o, pois só assim
o ser não se descaracterizará
e se tornará irreconhecível
dentro do seu grupo familiar
ou tronco hereditário, regido
pelo seu Orixá Ancestral.
A dúvida dos “médiuns” e
dos umbandistas se explica
pela
precariedade
dos
métodos divinatórios usados
para identificar o Orixá da
Cabeça e seu Adjuntó. Daí,
vemos pessoas reclamarem
que a cada Babalorixá ou
Ialorixá que consultaram
deu um Orixá diferente
a cada consulta, criando
uma confusão e levando ao
descrédito geral. Esta queixa
é muito comum e não são
poucos os médiuns que
estão confusos porque uma
consulta diz que é filho desse
Orixá e outra consulta diz
que é filho de outro Orixá.
Nós dizemos isto: na
ancestralidade, todo ser
macho é filho de um Orixá
masculino e todo ser fêmea
é filha de um Orixá feminino.
Na ancestralidade, Orixá
masculino só fatora seres
machos e os magnetiza com
sua qualidade, fatorandoos de forma tão marcante
que o Orixá feminino que
o secunda na fatoração só
participa como apassivadora
de sua natureza masculina.
E o inverso acontece com
os seres fêmeas, onde o
Orixá masculino só participa
como apassivador dessa
sua
natureza
feminina.
Portanto, no universo da
ancestralidade dos seres
machos há sete Orixás
masculinos e na dos seres
fêmeas há sete Orixás
femininos. Também há sete
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
Orixá Ancestral, de Frente e Adjuntó
Por Rubens Saraceni
naturezas masculinas e sete
naturezas femininas, tão
marcantes que é impossível
ao bom observador não
vê-las
nas
pessoas.
Saibam que, mesmo que
o Orixá da Cabeça ou de
Frente seja, digamos, a Orixá
Iansã, ainda assim, por trás
desta regência, poderemos
identificar a ancestralidade
se observarem bem o olhar,
as feições, os traços, os
gestos a postura, etc., pois
estes sinais são oriundos
da natureza íntima do ser,
apassivada pela regência
da encarnação, mas não
anulada por ela. Certo?
E o mesmo se aplica
ao Orixá Adjuntó, pois
podemos identificá-lo nos
gestos e nas iniciativas das
pessoas, já que é através
do emocional que ele atua.
Outra
forma
de
identificação é através do
Guia de frente e do Exu
Guardião dos Médiuns. Mas
esta identificação exige um
profundo
conhecimento
do simbolismo dos nomes
usados por eles para se
identificarem. E também, nem
sempre o Guia de frente ou
o Exu guardião se mostram,
pois preferem deixar isto para
o Guia e o Exu de trabalho.
Saber
interpretar
corretamente o simbolismo
é fundamental. Certo? Então,
que todos entendam isto:
• Orixá Ancestral é aquele
que magnetizou o ser assim
que ele foi gerado por Deus
e o distinguiu com sua
qualidade original e natureza
íntima, imutáveis e eternas;
• Orixá de Frente é aquele
que rege a atual encarnação
do ser e o conduz numa
direção na qual o ser
absorverá sua qualidade
e a incorporará às suas
faculdades,
abrindo-lhes
novos campos de atuação
e
crescimento
interno;
• Orixá Adjuntó é aquele
que forma par com o Orixá
de Frente, apassivando ou
estimulando o ser, sempre
visando
seu
equilíbrio
íntimo
interno
e
crescimento
permanente.
É por isso também que
muitos
encontram
em
si qualidades de vários
Orixás. A cada encarnação
há a troca de regência da
encarnação. E, nessa troca,
os seres vão evoluindo e
desenvolvendo faculdades
relativas a todos os Orixás.
Afinal,
se
somos
“humanos”,
absorvemos
energias
e
irradiações,
magnetismo e vibrações
de todos eles. Certo?
RUBENS SARACENI
Caminhar na Umbanda
Por Mãe Roseli Proença
Caminhar é uma Dádiva
Divina que Deus e os Orixás
nos permite alcançar através,
dos ensinamentos de luz que
nos chegam, através das
manifestações mediúnicas e
ao chegarem, nos enche de
vida e nos enfeita o espirito,
nos engrandece a alma.
São passos singelos, que
nos derrama conhecimento
e sabedoria, trazendo nos
evolução a partir de nossa
remodelação, que alcançando
nosso intimo transforma
nossas vidas, preenchendo
nossas almas com as
pétalas do conhecimento,
que penetra nosso âmago,
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
e nos enobrece, como Seres
Espirituais, renovando-nos a
vida e nossa religiosidade.
Ser filho de Umbanda, é
caminhar ao lado de nosso
presente Divino que nos
imbui a vida.
De Paz na Fé, de Amor
infinito, do Bálsamo de
conhecimento,
é
ser
ordenado nos mistérios da
Lei, nos abençoa no sentido
da justiça, nos presenteia com
evolução nos preenchendo a
vida e alma nos mistérios da
Geração.
E nos Sete Sentidos,
caminhamos nessa longa
estrada que chamamos de
Vida. Vida Mediúnica.
Ah!!! Como é bom ser filho
de Umbanda.
Caminhar na Umbanda
Mãe Roseli Proença
11
Magia Divina
Por Rubens Saraceni
A Magia Divina não recorre
à nenhuma prática contrária
à Vida, à Lei Maior e à Justiça
Divina. A Magia Divina,
ou Teurgia, é uma Magia
Iniciática ou Alta Magia que
pode ser praticada pelas
pessoas, independentemente
da formação doutrinária ou
crença religiosa delas. Não
pede nada mais que a crença
em um Deus Criador e a
crença em Hierarquias Divinas
regidas pelas Divindades.
A Magia Divina não tem
um “lado negativo” e os seus
praticantes não recorrem
aos mistérios opostos aos
mistérios da luz. Ela não é
“dual” e não tem nenhuma
possibilidade de ser invertida
e usada para prejudicar a
quem quer que seja. Aliás,
condena-se veementemente
o uso das “magias negras”
por pessoas que têm nela
um meio de extravasar de
forma covarde e traiçoeira
seus sentimentos de ódio,
ciúme, inveja e afins, já que
elas estão afrontando as
Leis de Deus e os princípios
da Vida e devem ser vistas
com piedade porque ainda
não desenvolveram uma
consciência e são pessoas
emotivas
e
instintivas.
Na Magia Divina, só se
evocam poderes Divinos
sustentadores da Vida e dos
meios onde ela se sustenta
e evolui e, justamente por
12
esse caráter, a Magia Divina
é um refreador poderoso de
todas as formas de “magias
negativas”. Seus praticantes
não se intimidam diante dos
supostos poderosos magos
das trevas encarnados ou não.
A Magia Divina traz em si
os meios (forças e poderes)
capazes de purificar de forma
positiva os espíritos à margem
da Lei Maior e, também, de
anular gradativamente o
negativismo e a maldade das
pessoas que a praticam, pois
as livra das hordas trevosas
que tanto auxiliam com
têm nessas pobres pessoas
seus portais encarnados.
Mas a Magia Divina não
se destina só ao combate
incessante às investidas dos
espíritos trevosos, já que
um Mago iniciado usa dos
conhecimentos que lhe foram
transmitidos durante as suas
aulas iniciatórias e usa dos
poderes Divinos perante os
quais se iniciou para plasmar
no lado etérico toda uma aura
luminosa e protetora das
pessoas que a ele recorrem.
Aos
magos
iniciados
também é ensinado como
curar espíritos sofredores
“encostados” nas pessoas,
realizando isso unicamente
através de procedimentos
magísticos, dispensando o
“transporte” ou incorporação
deles para que sejam
beneficiados com o auxílio
indispensável
para
que
retomem suas evoluções.
Os espíritos mestres da
Magia
Divina
acolhem
todos os espíritos curados
e
abrigam
todos
eles
em
moradas
espirituais
destinadas ao amparo e
ao esclarecimento deles.
Mas um mago iniciado na
Magia Divina realiza mais que
isso e tem o conhecimento
indispensável e outorga
Divina necessários para atuar
nos corpos espirituais das
pessoas atendidas por ele, e é
capaz de alcançar seus níveis
mais profundos e realizar
“cirurgias espirituais” durante
as quais são retirados desses
corpos profundos “inclusões”
nocivas ao bem-estar delas.
Todo o trabalho magístico
realizado por um Mago
praticante da Magia Divina
visa
ao
benefício
das
pessoas atendidas por ele.
Assim, a Magia Divina é
um bem Divino, colocada à
disposição de todos os que
desejarem praticá-la com
fé, amor, respeito, confiança
e determinação. Com sua
dinâmica própria, adapta-se
às necessidades dos seus
praticantes, não obrigando
ninguém a renunciar ao seu
modo de ser, pensar ou agir.
o iniciado é “apresentado” a
Deus e às suas divindades, e
na sua iniciação consagra-se
a Ele como Seu servo, Mago
e instrumento de Sua Lei
Maior e da Sua Justiça Divina,
sempre pronto para servilo quando for necessária
a sua atuação magística.
O Mago praticante de
Magia Divina é um servo
de Deus, da Sua Lei Maior
e da Sua Justiça Divina e,
consciente disso, não espera
para si maiores benefícios
que os que Ele concedeulhe quando o criou. E não
alimenta o sentimento de
superioridade porque sabe
que não o é em momento
algum ante os olhos de Deus.
Um praticante da Magia
Divina sente-se um irmão
da humanidade e trabalha
magisticamente em benefício
dela,
não
esmorecendo
em momento algum e não
se
deixando
abater-se.
Rubens Saraceni
No estudo da Magia Divina,
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
As três peneiras (grande reflexão...)
Por Pai Ricardo Proença
Olavo
projeto.
foi
transferido
de
Logo no primeiro dia, para
fazer média com o novo chefe,
saiu-se com esta:
- Chefe, o senhor nem
imagina o que me contaram a
respeito do Silva. Disseram que
ele...
Nem chegou a terminar
a frase, e Juliano, o Chefe,
interrompeu:
- Espere um pouco, Olavo.
O que vai me contar já passou
pelo crivo das três peneiras?
- Peneiras? Que peneiras,
chefe?
- A primeira, Olavo, é a da
verdade. Você tem certeza de
que esse fato que vai me contar
é absolutamente verdadeiro?
- Não. Não tenho, não. Como
posso saber? O que sei foi o
que me contaram. Mas eu acho
que...
E novamente, Olavo
interrompido pelo Chefe.
é
- Então sua história já vazou
a primeira peneira. Vamos
então para a segunda peneira
que é a da bondade. O que você
vai me contar, gostaria que os
outros também dissessem a seu
respeito?
-
Claro
que
não!
Deus
me livre, chefe! – Diz Olavo,
assustado.
- Então, - continua o Chefe
– sua história vazou a segunda
peneira. Vamos ver a terceira
peneira, que é a da necessidade.
Você acha mesmo necessário
me contar esse fato ou mesmo
passá-lo adiante?
- Não Chefe. Passando
pelo crivo dessas peneiras, vi
que não sobrou nada do que
eu iria contar – Fala Olavo,
surpreendido.
- Pois é Olavo. Já pensou
como as pessoas seriam mais
felizes se todos usassem essas
peneiras? – Diz o Chefe sorrindo
e continua:
- Da próxima vez em
que surgir um boato por aí,
submeta-o ao crivo dessas três
peneiras: Verdade – Bondade –
Necessidade, antes de obedecer
ao impulso de passá-lo adiante,
porque:
- PESSOAS
INTELIGENTES FALAM
SOBRE IDÉIAS.
- PESSOAS COMUNS
FALAM SOBRE COISAS.
- PESSOAS MEDÍOCRES
FALAM MAL SOBRE AS
PESSOAS.
(Autor desconhecido.)
O médium folgado (reflexão...)
Por Mãe Roseli Proença
É o último a chegar e o
primeiro a ir embora.
Sempre com uma boa
desculpa na ponta da língua.
Chega no templo, troca de
roupa, põe a fofoca em dia e vai
para corrente.
Corpo físico e vaidade
presentes, espírito e caridade
ausentes.
Bate a cabeça diante do
congá, mas a sua cabeça
está em outro lugar… repete
mecanicamente
os
pontos
cantados feito robô ou papagaio,
sem sentir a emoção sagrada
que abre os portais do coração
para as dimensões superiores
da vida.
Durante
os
trabalhos,
confunde as sábias intuições
do Guia (que por um extremo
de
compaixão
AINDA
o
acompanha, sabe Deus até
quando…) com o lixo venenoso
de seu subconsciente.
Resultado:
passes
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
energéticos precários, consultas
e
conselhos
estúpidos…
coitados
dos
consulentes!
Trabalho
extra
para
os
trabalhadores invisíveis da casa.
Coitados
também
dos
outros médiuns, esses sérios
e responsáveis, que são
obrigados a triplicar sua doação
de energia na sustentação da
corrente para compensar a
negligência do médium folgado,
insensato e leviano.
Terminada
a
gira
de
atendimento, lá vai o médium
para o vestiário se trocar
rapidinho.
sair de fininho, pois tenho outro
compromisso!”.
Ao sair para rua, sente
uma coisa estranha: um peso
desagradável
nos
ombros
acompanhado
de
súbita
confusão mental, uma sensação
de vazio interior indefinível…
lá vai o médium folgado
arrastando atrás de si feito um
imã humano vários ”kiumbas
folgados” barrados na triagem
vibratória feita pelos guardiões
astrais na “porteira” do templo.
Todos eles pegando carona
em seu campo áurico totalmente
desequilibrado e “folgado”.
Varrer o chão do terreiro?
“Punição divina?”
Tirar o lixo dos banheiros?
“Castigo de Orixá?”
Ajudar
os
companheiros?
demais
Acertar as mensalidades em
atraso?
Que nada!
”Tem um montão de médium
aí à toa para cuidar disso. Melhor
Bobagem, meus caros! É
apenas aplicação pura e simples
da Lei.
Neste caso, a Lei das
afinidades. Ao contrário do
“médium folgado” e seus
colegas astrais igualmente
folgados, a Lei não folga.
A Lei não dorme.
“Cada um recebe o que
merece. E merece o que
recebe...”
Não está longe o dia em que
o médium folgado sairá deste
templo de Umbanda falando
mal de seu dirigente, do corpo
mediúnico, dos consulentes,
dos guias e protetores que
lhe deram amorosa acolhida
e oportunidade de serviço
regenerador… ele logo partirá
em busca de outro lugar, crença
ou distração que lhe forneça
apenas os benefícios passageiros
do “entretenimento” em vez
dos benefícios permanentes do
“comprometimento”.
Mensagem do Sr. Exú
Marabô recebida pelo
médium Vanderlei Alves.
13
Trajetória de alunos do Curso de Sacerdócio de Umbanda até chegarem ao
Terreiro de Umbanda Iansã Guerreira e Baiano Zé Pilintra
Depoimentos
Bom, o meu relato é o seguinte, meu nome é Valdane de Sousa, fui
iniciado na umbanda desde pequeno pela minha mãe, pois nasci no dia
27 de setembro de 1960, data essa que se comemora o dia de Cosme e
Damião. Naquela época haviam muitas crendices, então minha mãe fez
uma promessa em que faria todos os meus aniversários até completar
sete anos de idade no Centro de Umbanda onde ela frequentava. Desde
então sempre tive contato com a Religião Umbanda, mas em uma época
muito ruim, em que nada dava certo na minha vida, uma de minhas
irmãs ficou sabendo que tinha na cidade um médium que recebia uma
entidade de Marinheiro e foi consultá-lo. Lá, após a consulta, essa entidade
perguntou se ela tinha irmão,ela respondeu que sim. Então ele pediu que
eu lhe procurasse, com a finalidade de liberar o meu caminho, pois sem
isso eu ficaria sem emprego e tudo que eu fizesse daria errado. Fui então
conversar com essa tal entidade de Marinheiro, foi quando me disse que
eu era uma pessoa que atraia muita inveja, tinha que procurar uma
casa de Umbanda para abrir meus caminhos. De imediato disse a ele que
tinha medo de mexer com tal coisas, ele respondeu que quando saísse
encontraria uma Casa Espiritual.
Neste dia cheguei em casa tomei um banho, pedi a um amigo que me
levasse a algum lugar sem destino, ele me deixou em uma rua qualquer.
Foi quando encontrei um grupo de jovens e perguntei se por ali tinha
alguma Casa de Umbanda, me indicaram que sim e era bem próximo do
local. Chegando no Centro de Umbanda bati palmas e fui recebido por
uma senhora que me falou, que naquela data, um sábado, só poderia
frequentar os médiuns da casa, para minha surpresa, de dentro do
Centro saiu a Dirigente incorporada pelo Caboclo Tupinamba, pedindo
que eu adentrasse, fui até ele quando ele me disse “Nós estávamos te
esperando.” O caboclo pediu que eu comprasse roupa branca pois eu
tinha que girar, fiquei lá por um bom tempo, e assim a minha vida
ganhou outro rumo.
No ano de 1984 prestei concurso para Polícia Militar onde fui aprovado
e consequentemente teria que fazer o curso prático. Cheguei na minha
Mãe espiritual, a fim de avisá-la quanto ao concurso e fui autorizado a
me ausentar para fazer o curso da Policia Militar. Dai então casei-me,
tive filhos, e devido ao serviço ter escalas diferentes de horários ficou
Meu primeiro contato com a Umbanda foi em Petrópolis-RJ, 1993.
Passava por dificuldades, principalmente financeira. Não sabia como
resolver a situação, começava a faltar até o que comer em casa. Então,
uma vizinha do mesmo prédio, bateu a minha porta, me dizendo que
havia sonhado com sua mãe Yansã e que no sonho ela pedia para que ela
me ajudasse, pois eu estava passando por necessidades. Além da cesta
básica, a vizinha me convida para ir conhecer o centro que frequentava.
Eu aceitei, apesar do medo. Como aquela mulher poderia saber da minha
situação? Só poderia ser obra de Deus. Fomos até o centro e fui atendida
por uma Preta velha,Vó Cambina, que me ajudou muito. E sempre me
falava que eu era “burro de pemba”, mas que não me colocaria na gira
porque eu não ficaria naquela terra.
Por várias vezes duvidei, pois a situação tinha melhorado. Tínhamos
alguns problemas, mas nada fora do normal. Meu casamento era sólido,
uma filha com pouco mais de dois anos e não achava que sairia do Rio,
afinal tudo que construímos estava ali.
Dois anos depois veio a separação, voltei para São Paulo e fui morar
com minha irmã gêmea Marlene. Levei um tempo para me recuperar,
estava novamente em uma situação difícil, perdida, desempregada, e com
uma filha pequena para criar. Ela e o marido me deram total amparo.
Comecei a trabalhar no salão de cabeleireiro com minha irmã e conheci
14
difícil de frequentar qualquer lugar onde praticassem a Umbanda. Com
o passar dos anos retornei ao Kardecismo ficando por algum tempo, li
vários livros entre eles: os livros dos Médiuns, Evangelho Segundo o
Espiritismo, Ação e Reação, O Céu e o Inferno, entre outros. Apesar de
estar frequentando uma casa espiritual juntamente com a minha família,
não me sentia confortável. Com o passar dos anos em uma data especifica,
após a prática do futebol de final de semana, fui junto com alguns amigos
em um bar e bebemos cervejas. No bar comecei a passar mal, estava em
transe, vindo a agredir pessoas a minha volta. Um de meus amigos me
conteve e me levou para casa com o intuito de que eu não cometesse
mais prejuízos a ninguém.
Foi quando notei que a partir daquela data eu não podia mais frequentar
bares ou lugares com muitas pessoas e resolvi de novo procurar ajuda da
Umbanda. Fui até a cidade de Biritiba Mirim e lá encontrei uma Casa
onde resolvi frequentar. Daquela data em diante minha vida mudou em
todos os sentidos. Na casa de uma de minhas irmãs, comecei junto delas,
a tocar um trabalho espiritual, que decorreu com a formação de vários
médiuns. Depois disso, no ano de 2014, fiz o Curso de Magia das Sete
Chamas Sagradas, no Colégio de Umbanda Caboclo Pena Branca, onde
quem ministrava o Curso era o Mago Alexandre Cumino, dai então, senti
mais ainda a necessidade de estudar a fundo a nossa Religião. Em estudo
e pesquisa pela internet, descobri o síte do Terreiro Iansã Guerreira e
Baiano Zé Pilintra. Eles estavam formando novas turmas para o Curso
de Sacerdote de Umbanda, me interessei, fiz contato telefônico com o
responsável pelo curso, que me matriculei. Comecei o curso e até hoje
agradeço a Deus por ter conhecido essa Casa onde eu estou aprendendo
os fundamentos da Umbanda, conhecendo pessoas boas e humildes com
pensamentos só na evolução espiritual e caridade ao próximo.
Concluindo, neste momento estou satisfeito com tudo o que aprendi
e estava procurando na nossa religião. Espero continuar a aprender e
evoluir com o Pai
Ricardo Proença e Mãe Roseli Proença e praticar o ensino e a caridade
dos mais necessitados.
Valdane de Sousa
uma cliente, que dirigia um templo umbandista, que sabendo da minha
história me convida à visitar sua casa. Um mês frequentando o terreiro e o
chefe me convida para fazer parte da corrente como cambone, três meses
depois estava atendendo e dando consultas aos adeptos.
Vários questionamentos, muitas duvidas. Não sabia nada sobre a
religião e a dirigente pouco ensinava ou talvez ensinasse o que sabia.
Mesmo assim, fiquei 12 anos na casa até ficar seriamente doente.
Emagreci 12 quilos, a depressão tomava conta dos meus sentidos.
Infelizmente, tive que procurar ajuda fora do templo onde trabalhava.
Minhã irmã, desesperada por me ver daquele jeito, definhando mais a
cada dia, resolveu me levar até sua mãe de santo, que muito me ajudou.
Não abandonei a casa que trabalhava, pois tinha muita gratidão e amor
pelo terreiro, mas confesso que adentrar a outra casa, conhecer o real
valor dos Orixá, e dos Guardiões me fez repensar na espiritualidade.
Muitas perguntas, novamente! Mas dessa vez algumas respostas vieram,
meus guias me abraçaram e grandes coisas me ensinaram. Então refleti e
cheguei a conclusão de que não era um tempo perdido, que a casa tinha
me oferecido o que podia. Mas que era hora de procurar conhecimento,
então pedi afastamento da casa.
Em meio a dúvidas e incertezas, fui acompanhar minha irmã no vale
dos orixás, pois ela não dirige e eu me propus a levá-la. Enquanto ela
fazia suas coisas, eu fui caminhar pelo lugar e encontrei um jornal onde
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
Trajetória de alunos do Curso de Sacerdócio de Umbanda até chegarem ao
Terreiro de Umbanda Iansã Guerreira e Baiano Zé Pilintra
Depoimentos
li uma reportagem com o escritor Rubens Saraceni. Me encantei por suas
palavras e mais que depressa comprei dois de seus livros “O Guardião da
meia noite” e “Diálogo com executor”.
Essas leituras me fizeram enxergar uma outra umbanda. Comecei a
pesquisar sobre o autor e descobri que ele ministrava cursos, logo me
matriculei em um: “Magia divina do fogo”. Cinco meses de curso e eu nunca
tinha visto tanta humildade e sabedoria juntos num ser humano. Todas as
perguntas tinham respostas. Fiz logo em seguida “Teologia da Umbanda”.
Mal acabava um curso e já me matriculava em outro: “Sacerdócio de
Umbanda”, queria absorver ao máximo seus ensinamentos. Mas com oito
meses de curso, a vida nos surpreende, o marido da minha irmã sofre um
aneurisma cerebral e fica neurovegetativo.
Trabalhávamos por conta, ficamos com três crianças, uma casa e
muitas dividas. Com uma revolta sem fim, me perguntava a todo momento
o porquê de tanto sofrimento. Tive que parar o curso de sacerdócio, pois
todos dependiam de mim agora. Felizmente, nós seres humanos nos
adaptamos com tudo, com as coisas boas e com as ruins.
Alguns anos depois, minha sobrinha, Daniela, casou-se com um
dirigente espiritual do interior de São Paulo. Era feito no Candomblé e
também cultuava a Umbanda. Ficaram três anos juntos e separaram. Ela
voltou a morar comigo. Sabia que precisava de ajuda, pois estava em total
desequilíbrio emocional e espiritual. E o pior é que estava super revoltada
com a religião. Vivia falando que a espiritualidade não existia, que não
tinha mediunidade e me perguntava onde eles estavam que permitiram
tudo aquilo acontecer. Eu sempre pedindo que tivesse calma, que um dia
Passei longos períodos da minha vida com claros sintomas de
depressão e ansiedade. Tive que tomar remédios psiquiátricos e passar
por tratamentos com psicoterapeutas. Não entendia porque a tristeza
insistia em morar dentro de mim pois, graças a Deus, sempre tive uma
família presente e um trabalho que me proporciona uma vida confortável.
Sem forças para reagir, ia seguindo minha vida, certa de que a felicidade
não aconteceria para mim nesta encarnação. Duvidei da existência de
Deus e do meu anjo da guarda, insistindo no pensamento de que não era
merecedora da presença divina em minha vida.
Cresci no Centro Kardecista do meu bisavô, aprendendo os seus
ensinamentos, acreditando na reencarnação e na presença dos espíritos
a nossa volta. Quando criança, tive muitas visões e sentia os espíritos por
perto. Aos dezessete anos minha mediunidade aflorou e meus pais, agora
dirigentes do Centro Espírita, me ajudaram no desenvolvimento. Durante
alguns anos, frequentei as palestras e sessões mediúnicas. Porém a vida
a vida cotidiana agitada e outros compromissos foram aos poucos me
afastando da religião. Algumas vezes, fui até o Centro Perseverança para
tomar os passes coletivos. Mas de quase nada adiantava, porque eu não
assumia como compromisso, apenas como alívio para aquele momento
em que eu me sentia muito mal.
Sempre tive vontade de conhecer a Umbanda mas achava que isso
poderia entristecer meus pais que me criaram dentro do Kardecismo,
então, fui adiando essa minha vontade por medo de magoá-los. Como a
maioria das pessoas que não conhece os princípios da Umbanda, sentia
medo do que poderia acontecer no Terreiro. Minha ignorância sobre a
religião e o medo também me impediam de conhece la.
Com o coração apertado de tanta angústia, em uma tarde de terça feira
do mês de abril deste ano, lá estava eu buscando no Google o Centro de
Umbanda mais próximo de mim. Acredito que naquele instante meus guias
espirituais me intuíram porque, dentre tantos lugares que apareceram na
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
eles se mostrariam e que tudo tinha seu tempo certo! Exatamente, não
demorou, a encorporação começou em casa. Eu muito preocupada, deixei
que meu preto velho tomasse a frente e me auxiliasse. O fez e ainda me
deixou um recado, que havia chegado a hora de voltar a trabalhar e que
ele acharia uma casa!
Fomos em busca, passei por vários templos e nenhum conseguiu tocar
meu coração. Desisti de procurar e resolvi que iria estudar, assim poderia
cuidar dos meus e ajudar as pessoas.
Pesquisei na internet várias vezes por cursos de sacerdócio, só achava
em lugares distantes. O mais próximo era em Santos mas estava decidida
que iria. Numa ultima tentativa descobri o Terreiro Yasã Guerreira e Baiano
Zé Pilintra, que anunciavam o curso de Sacerdócio de Umbanda e uma
palestra explicativa. Fui assistir e era realmente o que eu procurava. Tudo
se encaixava perfeitamente com a minha situação, tudo que o Pai Ricardo
falava parecia que era exatamente pra mim. Sai da palestra matriculada
no curso. Resolvi conhecer a casa mais a fundo, e me encantei. É
completamente diferente de tudo que vi na espiritualidade. Conheci um
trabalho sério, onde todos são tratados com igualdade, respeito, amor,
dedicação e totalmente em prol da caridade ao seu semelhante. A Mãe
Roseli e o Pai Ricardo nos fazem sentir acolhidos, em casa e em família!
Nesta casa, quem quer evoluir está no lugar certo. A minha gratidão eterna
à casa que me devolveu a credibilidade no ser humano e o resgate da fé.
Marli Belmiro
busca, eu cliquei no link desta casa maravilhosa. Mandei uma mensagem
no Facebook do Terreiro falando sobre a situação em que me encontrava e
para minha surpresa, em alguns minutos, recebo a resposta carinhosa da
Mãe Roseli pedindo para que eu fosse assistir à Gira naquele mesmo dia.
Assim que entrei no Terreiro senti um arrepio percorrer o corpo todo, uma
energia que não entendia de onde vinha, pronto... foi amor à primeira
vista. Tudo pra mim era muito novo, encantador, diferente de tudo o que
eu tinha vivido ou sentido. No outro dia, lá estava eu novamente mas desta
vez, acompanhada do meu noivo e do meu filho para tomar passe com
os amados pretos velhos. Todo o medo e preconceitos que por acaso eu
ainda sentia sobre a religião de Umbanda, terminaram naquele momento.
Eu estava de frente com entidades espirituais e médiuns que estavam lá
com o único propósito de ajudar as pessoas sem cobrar nada, praticando
a mais pura caridade aos seus irmãos.
Desde aquele dia passei a frequentar as giras e o trabalho de
desenvolvimento mediúnico. Hoje, faço parte da corrente de trabalho e
me sinto muito privilegiada por, em tão pouco tempo de aprendizado, os
guias espirituais terem me escolhido para ajudar neste trabalho tão lindo
e gratificante. Meus dias passaram a ser muito mais proveitosos e felizes.
Consigo controlar melhor os sentimentos que antes me dominavam, e hoje
sei que muitos deles não eram meus, mas sim de irmãos desencarnados
em condições ruins que muitas vezes também procuravam ajuda. Ainda
tenho muito o que aprender e muito a fazer para continuar merecedora
de todas estas bênçãos que estão acontecendo em minha vida. Serei
eternamente grata por tudo.A cada dia aprendo um pouco mais, a cada
dia amo mais esta religião e essa família Iansã Guerreira e Baiano Zé
Pilintra que me abraçaram e me trouxeram de volta a vida, a fé em dias
melhores e a certeza de que nada nesta vida é por acaso.
Abraço fraterno a todos.
Alessandra Freitas
15
Entrevista com Kaká do Anjos Da Noite
Por Jornal Nossa Voz Umbandista
Kaká Ferreira - Anjos Da Noite
Nossa Voz Umbandista – “Como surgiu Anjos Da Noite ?”
Kaká – “Bom, eu sou o Kaká, Kaká Ferreira, sou presidente
do Anjos Da Noite. O Anjos Da Noite nasceu no dia 22 de
Agosto de 1989, então, como é que surgiu isso?! Neste dia,
22 de Agosto de 1989, São Paulo tinha uma temperatura
variando em torno dos 4°C e garoava, eu saia do trabalho,
trabalhava no Ministério Da Agricultura, onde estou até hoje,
e na esquina da Amaral Gurgel com a Marques de Itú um
senhor me pediu ajuda, eu olhei ele estava de ‘calção’, com
uma camiseta toda rasgada e descalço, o mesmo já estava
“roxo” de tanto frio, e eu pensei “este homem vai morrer
de hipotermia, né?!” E ai, imediatamente eu falei olha, eu
vou ajudar né, tinha acabado de voltar de uma viagem de
trabalho e minha mala estava dentro do carro, ai a minha
roupa servia certinha para ele. Dei calça, camisa, sapato e
um casaco, o rapaz se vestiu e eu o convidei para jantar, na
esquina tinha um barzinho de comida popular e falei “vamos
jantar ali”. E fui jantar com ele e “tal” e fiquei conversando
com ele um tempão, e ai ficou muito tarde e eu falei “tenho
que ir embora, amanhã eu trabalho”. Ai ele veio comigo até o
carro, olhou para mim e disse “você é um anjo da noite!”, eu
respondi “que anjo o quê?!”, e ele tornou a afirmar “você é
um anjo da noite!”. E aquilo me tocou lá dentro, e a princípio
eu achei que ele estava só elogiando, mas depois eu percebi
a maneira com que ele falou, ele estava afirmando.
- Retornei para casa, e fui dormir, e sonhei que estava
16
no mesmo lugar lá na Amaral Gurgel mesmo, e eu estava
servindo comida para o pessoal de rua, era um cenário
diferente, havia uma mesa grande cheia de panelas, e eu ao
lado dessa mesa servindo a comida para o pessoal de rua.
Quem me aparece na fila? “O cara”. Ele olhou para mim, deu
um sorrisão e disse “não falei que você é um anjo da noite?!”.
Ai eu acordei emocionado e “tal” e liguei pra um amigo, José
Mato “Zeca”, aconteceu isso e eu quero servir comida para o
pessoal de rua. Ai ele veio pra cá, trouxe a mulher dele com
os filhos e começamos a ligar para alguns amigos, e o pessoal
todo se solidarizando. Aqui era minha casa e do meu irmão,
e começaram a vir um monte de gente, foi um movimento na
casa o dia inteiro, gente trazendo legumes, trazendo coisas
para a gente fazer o tal do sopão para levar a noite na rua.
- Foi ai que surgiu o sopão em São Paulo, os Anjos Da Noite
é pioneiro neste trabalho. Ai durante o dia todo nós ficamos
preparando essa comida, foi nesta cozinha pequenininha aí,
fogãozinho de quatro bocas e o panelão quase do tamanho
desse sofá em cima do fogão, foi enchendo e uma hora
o fogão arreou uma perna, era muito peso né, ai então
calçamos o fogão com tijolo e continuamos fazendo a sopa
até o final. E enquanto eu estava fazendo a sopa, no final
da tarde, eu lembrei que não existia nenhuma estratégia de
conhecimento, ou seja, não houve nenhum planejamento, só
foi a emoção na base do amor, todo mundo no embalo, mas
esquecemos o principal, o planejamento. Tudo o que se faz
sem planejamento, não dá certo. E como eu sou administrador,
eu tenho obrigação de trabalhar com planejamento não é?.
- Ai eu lembrei que tenho um amigo que tem um restaurante,
e eu fui lá, “Marcelo, eu vou fazer isso e preciso da tua ajuda.
Vou dar comida para o pessoal de rua e preciso de algum
lugar para servir essa sopa”. E ele é meio “debochado” e me
Equipe do JNVU com Kaká Ferreira
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
Entrevista com Kaká do Anjos Da Noite
Por Jornal Nossa Voz Umbandista
Kaká Ferreira
disse “Poxa cara, você é fogo né?! Você quer entrar no céu,
quer que eu compre sua passagem e ainda faça o check in
ainda, né?!” (risos). Eu falei “não, tudo bem. Não precisa
fazer o check in não, mas você pode me ajudar?”. Ai ele
falou “bom, eu tenho umas cumbucas de feijoada que não
usamos mais, se você quiser eu te dou”. Eu estava fazendo
sopa pra cem pessoas, e ele tinha cem cumbucas. Quer dizer,
a conta começou a fechar certinho, né. Ai ele me deu as
cumbucas e eu sou meio pidão, e falei que eles iriam comer
como cachorro né, e como eles iriam comer a comida? Ai ele
me deu também as cem colheres de sopa. Ai eu vim todo
maravilhado, lavamos tudo direitinho. E como é que nós
vamos levar a sopa para rua? No carrinho? Na mão? Bom, ai
eu tinha um amigo que tinha uma “carretinha”, ai como eu
tinha um engate atrás do carro, eu liguei pra ele, e fui até
a casa dele, e ele me emprestou a “carretinha”. Engatamos
a carreta, vim pra cá e a carregamos, colocamos roupas as
cumbucas, a sopa, pão, foi tudo dentro da carreta, virou
uma “montanha”. E ai eu todo entusiasmado né, emoção mil,
equilíbrio nenhum né, era noventa e nove de emoção e razão
quase nada, mesmo porque o trabalho naquele momento, ele
pedia emoção, ele não pedia razão. A razão vem depois, eu
tinha uns lampejos de racionalidade quando eu pensava em
planejar, mas a emoção acabava tomando conta, e seja tudo
o que Deus quiser, né. Ai entramos no carro, e fomos para a
cidade. Dirigir um carro com carreta é diferente de dirigir um
carro sem nada, por que na hora de fazer curva é diferente,
passar em buraco é completamente diferente, e eu fui daqui
na cidade, desesperado para chegar logo para distribuir. A
hora em que chegamos lá, as roupas para doação “lavadas” de
sopa, pois foi pulando, mas ainda sobraram roupas limpas, e
decidimos distribuir somente as que estavam limpas, as sujas
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
nós levamos pra casa, lavamos, e depois trazemos de novo.
Ai distribuímos, servimos a sopa, e levamos um fogãozinho
para a sopa ficar aquecida lá na cidade, afinal, estava muito
frio né. Então servimos realmente uma comida quente para
o pessoal, só que na hora de vir embora precisava pegar as
cumbucas e tal, porque na minha cabeça a gente já sairia no
sábado seguinte também e fomos pedir as cumbucas para o
pessoal que já havia comido, e eles não quiseram devolver,
“não moço, deixa as cumbucas aqui pra gente”. Eu falei “mas
é que a gente quer voltar semana que vem, Mas por que vocês
querem a cumbuca?”. Eles responderam “É porque as vezes
a gente ganha alguma comida e não temos onde colocar, as
vezes a comida vem em caixa de leite, vem em saco plástico,
e foi tão legal isso que vocês fizeram, trazer tudo limpinho,
deixa com a gente aqui? E na hora eu pensei “bom, isso não
foi doado para mim, foi doado pra eles, então é deles, e, o Pai
é rico né, faz as coisas direitinho que acontece.
- Ai fomos embora, e o pessoal preocupado como iria fazer
na semana seguinte, uma vez que não tinham mais onde
servir. E eu falei, “semana que vem não chegou ainda, é a
semana que vem, então temos uma semana para pensar”. Ai
eu fui trabalhar na segunda feira e fui comer um lanche do Mc
Donald’s lá no shopping Paulista, ai estou sentado, comendo
e já pensando nos moradores de rua, afinal, eu estava
comendo lanche e os moradores lá... E tudo o que eu fazia
eu já relacionava com a pessoa de rua, ai eu estou sentado e
daqui a pouco, parecia uma projeção, eu vi na minha frente
aquelas mesas do Mc Donald’s como se fosse uma praça de
alimentação no meio da rua, em baixo do minhocão para ser
mais preciso, eu olhei e falei “é isso que eu vou fazer!”. E nesse
instante pensei “como é que vou fazer né, você é louco. Não
tem ‘grana’, não tem nada, como é que você vai fazer uma
Equipe do JNVU ajudando a preparar as “quentinhas”
17
Entrevista com Kaká do Anjos Da Noite
Por Jornal Nossa Voz Umbandista
Equipe do JNVU ajudando a preparar as “quentinhas”
praça de alimentação no meio da rua?!”. Ai eu vim pra casa já
com isso na cabeça, a noite uma senhora me liga, do interior
“fiquei sabendo que você está fazendo um trabalho assim
na rua, queria te parabenizar e me colocar a disposição para
ajudar. No que eu posso ajudar?”. Eu não sabia nem o que
falar, nem o que pedir, e ai eu falei pra ela que tinha projetado
isso na minha mente lá no Mc Donald’s, e sem me falar o que
ela fazia, disse “Então faz o seguinte, me manda o seu logo”.
E eu pensei “que logo?”, tinha três dias que eu havia ido na
rua, não tinha nada muito menos logo, mas mesmo assim eu
falei “a tá bom então, eu mando”, peguei o endereço, mas
não sabia nem o que era (risos). Ai desliguei o telefone e
pensei “e agora?”. Me sentei na mesa da cozinha e já imaginei
dois corações assim, um entrando dentro do outro, mas ai
nessa arte que eu fiz, eu tinha a ideia do amor e energia e do
amor físico, um entrando dentro do outro, ou seja, as coisas
se interligando, pra criar uma sinergia de amor. Quer dizer,
na hora fui poético, eu fui tudo isso, mas ficou tudo na minha
cabeça, mesmo por que eu achei que era “babaquice”, mas a
hora que eu desenhei eu pensei “é isso, muito legal!”. Ai eu
fiz tudo isso e escrevi embaixo ‘Anjos Da Noite – Porque amar
é preciso’, e veio, as coisas começaram a surgir, vocês sabem
de onde essas coisas vem né?! (risos).
- Ai no dia seguinte eu mandei pra essa senhora, passou a
semana, chegou no sábado, toca a campainha logo cedo, era
um caminhãozão, e o rapaz perguntou “Sr. Kaká?”, eu disse
“sim, sou eu mesmo”, eu não lembro o nome desta senhora,
mas o que ele dizia era o seguinte “Olha, eu vim lá do interior,
e essa senhora mandou eu entregar isso pra você, ela falou
pra você abrir e ver”. Ai, ele tirou uma caixa grande de dentro
do caminhão, na hora que eu abri, uma mesa dessas de
bar, que fecha, branquinha, com o logo dos ‘Anjos Da Noite
18
– porque amar é preciso’ no meio e em todas as cadeiras.
Eu não chorei... não chorei quase nada. Ai, já veio todo o
pessoal foi aquela emoção e tal, e arrumamos um caminhão
no mesmo dia, convoquei o dono do caminhão, que era meu
amigo para ir, e o avisei que não tinha dinheiro nenhum pra
pagar pra ele, e que isso tudo iria ser voluntário, ai fomos
com o caminhãozinho, levamos a comida, tudo bonitinho, e
montamos pela primeira vez a praça de alimentação onde é
hoje o terminal Arouche, lá era tudo aberto né, então nós
usávamos aquela praça lá para fazer a praça de alimentação
do Anjos, inclusive lá no site tem algumas fotos dessa época
ainda. Ai fizemos a primeira praça de alimentação, e o legal
é que na hora eu pensei “vamos estabelecer uma relação de
profunda igualdade com eles. Eu vim aqui fazer caridade,
não! Eu vim aqui interagir com vocês!”. Já era Anjos Da Noite
desde o primeiro dia, então eu achei interessante jantar junto
com eles, estabelece a igualdade, senta um morador de rua
e senta um de nós, entendeu? Você resgata a pessoa. Eu não
tinha nem intendido ainda que isto seria a missão fundamental
do Anjos, a missão de resgatar as pessoas. Ai o pessoal todos
sentados, e de vez em quando eu ia lá e olhava, chorava de
soluçar, aquela praça branquinha, era uma coisa muito bonita
de se ver. Ai começamos a fazer esse trabalho, e o Anjos
Da Noite começou a crescer, e surgiu a necessidade de criar
a personalidade jurídica, de criar uma instituição de direito
de fato, né?! Então criamos com um nome, e já projetamos
a ‘missão’ do Anjos Da Noite. Porque antigamente se falava
‘objeto social’, hoje, a gente quis ser mais “afrescalhado”
(brincou ele) então é missão, que é mais moderno né?! (risos).
- Então a missão é a seguinte: resgatar a autoestima dessas
pessoas em situações de rua para possibilitar a reintegração
social. Vejam só, que a gente não colocou ‘para reintegrá-lo’
Equipe do JNVU ajudando a preparar as “quentinhas”
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
Entrevista com Kaká do Anjos Da Noite
Por Jornal Nossa Voz Umbandista
e sim para ‘dar a possibilidade da reintegração’. Porque dar
a possibilidade? Você tem que respeitar o direito de escolha
deles, o que você pode é propor e não impor, e o Anjos Da
Noite, fundamentalmente ele propõe mudanças, então o
resgate da autoestima também é uma proposta, e para que
a pessoa seja resgatada o primeiro requisito é você interagir
de igual para igual, não com você lá na rua de catequizador,
como um religioso, como nada disso porque a rua não é
catequese, o nosso trabalho de rua fundamentalmente ele
é de reintegração social, então, eu tomei muito cuidado
com isso, de não usar a religião como plano de fundo ou até
pra sustentar o nosso trabalho até mesmo porque não tem
sentido isso, tanto que eu fui lá, nos resquícios do passado
e uma frase que eu já conheço desde criança de um escritor
francês “Seja qual for tua raça, crença ou cor, abraça-me, sou
teu irmão!”, eu lembrei desta frase e pensei, é isso o trabalho
dos Anjos Da Noite, ai já usamos isso um uma bandeirona
que eu fiz para os Anjos Da Noite, fiz a camiseta do anjos com
essa frase, que está bem legal, e começamos a mostrar para
as pessoas que pra você fazer um trabalho de assistência ao
próximo, você não precisa de religião, ou seja, para amar
o próximo o requisito fundamentar e principal é o querer e
não o rótulo da religião, porque religião cada um tem a sua,
o que quer que você tendo uma religião você vai amar ao
próximo, ou seja, não tem nada a ver uma coisa com a outra.
Tem gente que é super religioso, anda todo caricata e não
faz nada para o próximo mas o discurso é ótimo, e tem gente
também de igrejas e outros seguimentos que estão cheios de
discursos, mas também não fazem nada, assim como também
tem gente que tem o discurso e faz, e o Anjos Da Noite ele
quer mostrar ao contrário, não que nós somos melhores do
que os outros, a minha visão é que amor não se teoriza,
Equipe do JNVU ajudando a preparar as “quentinhas”
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
Equipe do JNVU ajudando a preparar as “quentinhas”
amor se vive. Eu não consigo escrever sobre o amor, mas
eu consigo exercitar na medida da minha capacidade, como
amor não tem teoria não dá pra você nem escrever e muito
menos codificar, você apenas vai doar, porque cada momento
é um momento único de amar.
- Hoje se tá com uma capacidade muito grande de amor,
mas será que é muito grande? Depende de quem recebe,
entendeu? Então é sempre uma incógnita né?! O que a pessoa
está precisando naquele momento, então a sua capacidade
de amar tem que ir de encontro à necessidade do próximo,
ou seja, coloque-se no lugar do próximo. Sempre que você
quiser fazer alguma coisa se for fazer bem pra você, também
faz bem para o próximo, isso pra mim é a prática do amor.
E é isso que o Anjos Da Noite vem nos ensinando todos os
dias em todos os nossos trabalhos que, o importante não é
teorizar o amor e sim vivenciar, por isso que cada caso é
um caso. Porque não dá pra você criar uma metodologia de
atendimento na rua por que você está lidando com pessoas,
e as pessoas reagem de acordo com o teu estado de espírito,
com o estado emocional teu e delas, da forma com que você
chega e da forma com que ela está, então e sempre uma
“via de mão dupla”. Eu não acho que o amor seria uma troca,
afinal, amor você não troca você dá o tempo todo, não dá
pra trocar, mas dá pra você interagir com uma profundidade
muito grande com o amor, quer dizer, como é que você cria
a sinergia do amor? Dando amor! Não tem outra forma, não
dá pra explicar, apenas sentir, e dá para amar. Amar como?
Não sei, dá pra amar. Quando você olha pra uma pessoa e
você dá um sorriso, isso é amor, é uma forma carinhosa de
você estar perto das pessoas, de você mostrar pra pessoa
que ela é muito bem-vinda. Então, por exemplo, as pessoas
que veem até a nossa casa, eu quero que todas as pessoas
19
Entrevista com Kaká do Anjos Da Noite
Por Jornal Nossa Voz Umbandista
que vierem aqui, ou como voluntários ou como assistido, se
sintam muito bem acolhidas e, o primeiro requisito pra isso
qual é? É você acolher, ninguém vai se sentir acolhido se você
não se abrir, se você não permitir com que as pessoas se
aproximem, né?! Então é isso que os Anjos Da Noite procura,
não é ensinar para os outros não, é ensinar para todos nós,
porque o Gonzaguinha já dizia “não tenha vergonha de ser
um eterno aprendiz”, e o Anjos Da Noite nos ensina a ser
permanentemente um eterno aprendiz. Quando você se
coloca na situação de aprendiz, você já exercitou o requisito
principal para aprender que é a humildade de entender que
todo dia é um dia novo pra você aprender, pra você amar e
pra você passar esse amor para os outros.
- O Anjos Da Noite começou atendendo cem pessoas, e 26
anos depois nós estamos atendendo uma média de oitocentas
pessoas por noite. Agora, durante esta trajetória, lá no meu
trabalho no Ministério Da Agricultura, eu fui nomeado para
fazer parte do comitê de qualidade, ai é que surgiu essa
história de qualidade, e que valeu, porque eu peguei os
preceitos da qualidade que a gente utiliza lá e trouxe pra cá,
porque o preceito da qualidade ele não vale para empresa,
ele vale pra vida, como tudo na vida você tem que fazer com
qualidade, e ai eu comecei a entender o seguinte, o morador
de rua é o nosso principal cliente. Como cliente? Sim, ele é
o nosso cliente! Nós não prestamos um serviço à ele? “Á,
mas a gente não ganha nada”, não foi isso que eu falei, você
presta um serviço ao morador de rua, você presta assistência,
e assistência é serviço, não é?! Então, quem é o beneficiado
pelo nosso serviço? É o morador de rua, e ele tem que
estar profundamente satisfeito com o nosso trabalho, então
o nosso trabalho tem que ter qualidade, e qualidade você
Equipe do JNVU ajudando a preparar as “quentinhas”
20
Equipe do JNVU ajudando a preparar as “quentinhas”
só sabe quando você mede, tem que medir, você tem que
medir a satisfação do cliente. Eu coloquei em um formulário
“pesquisa de satisfação do cliente”, como é que o morador de
rua enxergava o nosso trabalho? Então nós saímos com as
pranchetas, e sem colocar nomes de ninguém e perguntávamos
“como é que você vê o presidente do Anjos Da Noite?”, “Como
é que você vê o trabalho?”, “qual é a expectativa que vocês
têm?”. E a gente colocou em uma linguagem muito acessível
para eles, “qual é o tipo de comida que vocês querem? Sopa?
Lanche?”. E com isso você está mostrando pra ele, que ele é
tão importante quanto a gente, mostrando que ele é, e para
ele entender que é e, se sentir assim também. E ai a gente
começou a pontuar, toda a unanimidade é “burra”, esse é o
princípio de qualidade, nenhuma pesquisa dá 100%, se der
100% a pesquisa foi feita errada, a abordagem está equivocada
ou “roubaram” na pesquisa, e eu não queria nada direcionado,
eu queria mesmo a visão do morador de rua, como é que ele
enxergava, até pra melhoria dos processos, se você não faz
melhoria de processos você não media a satisfação, e ai nessa
pesquisa deu mais ou menos que 70% queriam a comida com
mais sustância com arroz, feijão, carne, entre outros, e mais
ou menos 5% era sopa e o restante era lanche. Ai eu falei
“bem, a gente está fazendo tudo errado, porque o pessoal
não aguenta mais tomar sopa”, porque tomar uma vez tudo
bem, mas todo dia enjoa.
- A partir daí, fiz o mapa e chamei o pessoal para uma
reunião, e disse que o pessoal não quer mais sopa, e nós
temos que ter qualidade no nosso trabalho. Pra quem que
a gente trabalha? “Para o morador de rua”, então ele tem
que estar satisfeito com o nosso trabalho, se não, não tem
nem sentido ir até lá. As pessoas começaram a entender, né.
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
Entrevista com Kaká do Anjos Da Noite
Por Jornal Nossa Voz Umbandista
Nossa Voz Umbandista: Quais são as principais
ações dos Anjos da Noite?
Equipe do JNVU ajudando a fazer as “quentinhas”
Porque tem muita gente que trabalha como assistente e fala
“a gente é voluntário e a gente faz o que quer”. Não faz não!
Voluntario não faz o que quer, voluntario tem que fazer o que
está programado. A instituição tem um programa de trabalho,
e um bom voluntario é aquele que chega e soma com aquilo
que a casa propõe, porque tem muita gente com invenção,
está cheio de “achólogo” né?! Gente que faz pós-graduação
em “achologia” (brincou ele), e vem achar coisas do trabalho
que não conhece. E nessa instituição não é diferente das
outras, e tem muito de “á, mas eu acho que eu está errado”,
ai eu respondo “mas você acha porque, você já conhece o
trabalho?”, a pessoa fala “não, é a primeira vez que eu venho”.
Poxa, não pode né, está errado. E aí com essa pontuação
toda que nós montamos com os princípios da qualidade nós
montamos o trabalho e aí a “coisa” começou a melhorar,
porque? Porque eles vinham com mais satisfação comer a
nossa comida, eles sentavam e ficavam comendo lá na praça
de alimentação, e também na hora em que a gente comia
era melhor né, do que sempre sopa. E ai todo mundo comia,
ficava um clima legal, e não foi tão mais difícil assim fazer
comida, porque comida todo mundo faz em casa, e ai foi, e
os Anjos Da Noite durante este tempo todo que trabalhou, ele
sempre focou na figura do morador de rua. E enquanto eu for
presidente desta instituição a missão do Anjos Da Noite não
será alterada, porque não há a necessidade de alterar, porque
ela já é atual, o resgate da dignidade humana existe em todas
as épocas da humanidade, é sempre uma necessidade né,
então você sempre tem que trabalhar pra você melhorar a
forma de você resgatar, mas o princípio fundamental você não
muda, ou seja, o resgate, tudo isso não passa de um monte
de palavras bonitas, mas eu resumo tudo isso em amor.
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
Anjos da Noite: Trabalhar para que a missão seja cumprida.
Então, como é a ação para que a missão seja cumprida? Nós
vamos às ruas para interagir com as pessoas, usando como
meio a comida, a nossa presença, mas fundamentalmente,
priorizar as necessidades dele. E para priorizar, a primeira
coisa que tem que aprender, é escutar. Você não vai lá para
catequizar, você vai lá para escutar para saber a necessidade
dele e aí começa a trabalhar em torno disso. Porque quando
digo reintegração social, digo reintegração também com a
família. Então fazemos o “meio de campo” com a família,
pois há muitos moradores de rua que brigaram com suas
famílias, perdeu a referência familiar. Assim, entramos de uma
maneira muito leve para tentar trazer a família de volta, de
fazer aceitá-lo de novo. Além disso, reconduzi-lo ao mercado
de trabalho, quando possível. Muita gente diz que morador
de rua não trabalha porque não quer. Isso não é verdade.
Muitos empresários não aceitam. Até por uma questão legal,
pois é preciso que o trabalhador tenha carteira de trabalho,
moradia, não ter antecedentes criminais e referência. Tudo o
que eles não têm. Primeiro: Domicílio deles é a rua. Qualquer
rua, qualquer cidade. O principal ele não tem. Não tem onde
morar. Assim, a primeira coisa é tentar levá-lo de volta à sua
casa. Veja um caso de um amigo meu, empresário que prefere
se manter no anonimato, mais chorão do eu (risos) foi à rua
comigo pela primeira vez e começou a emitir sons, e eu não
sabia se estava recebendo espírito ou se estava chorando...é
brincadeira, pois eu sabia que ele estava chorando, pois uma
pessoa classe AAA e aquele pessoal sem bem nenhum. Foi
Equipe do JNVU ajudando a fazer as “quentinhas”
21
Entrevista com Kaká do Anjos Da Noite
Por Jornal Nossa Voz Umbandista
Equipe do Anjos Da Noite
quando me perguntou o que ele podia fazer. Foi aí que eu
pedi emprego para uma moça que estava lá. Em estado de
choque, me disse para levá-la na segunda-feira. No entanto,
era preciso que comprasse roupas e tivesse cuidados básicos.
Meu amigo então, deu-me, na época (há mais de 10 anos) R$
2.000,00 e disse: “Compre o que ela precisar. Faça o que for
preciso.”
Foram compradas roupas, se arrumou e foi à entrevista.
Passou pelo processo como se fosse em um processo normal
de contratação. No decorrer do seu trabalho, sua secretária
passava-lhe os detalhes e começaram a perceber que ela
tinha muito potencial. A partir disso, começaram a pagar
cursos para ela. E depois de 5 anos, já se tornara secretária
da presidência.
Avaliando hoje, se tivesse acontecido só isso, já teria valido
o trabalho dos Anjos da Noite. Tirou-se do nada para o tudo.
Outra coisa pitoresca que aconteceu, foi lá no interior, um
casal de idosos que moravam junto a uma carroça, queriam
casar. Nos mobilizamos e montamos uma casinha para eles.
Conseguimos todas as coisas novas, eletrodomésticos...então
fizemos um “chá de panela”. Em 15 dias, estávamos com a
casa montada. Até televisão. Trouxemos um juiz para fazer
o casamento. Ela queria um vestido de noiva e conseguimos
um na rua das noivas. Realizei então, o casamento. Fiz um
casamento espiritual. Num segmento muito maior do que seria
no casamento espírita. Sem manifestação mediúnica. Envolvia
todas as religiões. Tinha até tapete vermelho. Aqui no nosso
salão mesmo. De lá pra cá, já realizamos 18 casamentos. Foi
um casamento bem legal. Depois os levamos para a casa. Se
fosse hoje, daria até pra encher a Cantareira com tanto choro
(risos). Tudo começa com um sonho.
22
Algo interessante aconteceu também durante o casamento.
Estavam moradores de ruas no casamento e no meio deles,
havia um rapaz, meio “abobado” e via-se que não era pelo
uso de drogas. Eu sabia que o conhecia. Chamei um pessoal
para perguntar sobre ele e soube quem era e onde morava.
Aí então fui conversar com a mãe dele. Perguntei sobre o filho
dela para ter a certeza de que era ele mesmo. Me contou que
seu filho era pedreiro, mas havia caído de cabeça no chão em
uma obra e havia perdido sua memória. Estava sumido desde
então. Pois esteve num hospital público e o liberaram sem
tratamento. Quando eu disse que tinha localizado seu filho,
chorando, ela me pediu para levá-la até ele. Chegando lá,
abraçou seu filho chorando. Vendo isso, todos os moradores
de rua que estavam perto se levantaram e começaram a
aplaudir. Depois disso, conseguimos um com um amigo que
é médico. Hoje, curado, é um Anjo da Noite. Um excelente
voluntário. São coisas assim que nos fazem continuar a ser
um Anjo da Noite. Então Anjos da Noite é isso...lágrimas,
suor, alegria, sarro e amor!
Nossa Voz Umbandista: Em que regiões vocês
atuam?
Anjos da Noite: Atuamos no centro da cidade, atrás do
mercado municipal, na rua Carlos Souza Nazaré, esquina da
Rua Barão de Duprat. De lá, vamos à Praça da Sé, Pátio do
Colégio, Rua Boa Vista, Libero Badaró, Anhangabaú, Viaduto
do Chá, Praça Ramos e Largo São Francisco. São 800 pessoas
em média. Em todos os sábados.
Nossa Voz Umbandista: Como o projeto se mantém?
Kaká Ferreira e Equipe do Anjos Da Noite
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
Entrevista com Kaká do Anjos Da Noite
Por Jornal Nossa Voz Umbandista
Anjos da Noite: Com pessoas como vocês. Que vêm,
acreditam na gente, trazem a sua parcela de doação, nos
insumos. Todas as semanas utilizamos nossa rede social para
pedir os insumos. Até para poder manter o trabalho. Então,
todas as semanas temos as doações de alimentos e também
de recursos financeiros. Não dá pra manter uma casa com
arroz e feijão, porque é preciso pagar água, luz, imposto,
manutenção, abastecer carro etc. Na criação da página, a
gente pensou em várias possibilidades de doação, inclusive
da nossa conta bancária institucional. E assim, a gente vem
mantendo a casa. É claro que cada dia é uma batalha, porque
as coisas estão difíceis, principalmente num momento de
crise pelo qual nosso país está passando agora. As pessoas
estão doando muito menos e muitas não estão doando mais.
Nós perdemos muitas parcerias, porque muitas empresas
que nos ajudavam, simplesmente pararam. Havia empresas
que nos ajudavam, que hoje estão vendendo 11, 12% do
que vendiam. Assim, não estão conseguindo mais. Hoje está
muito mais difícil, mas dá pra fazer. Eu sempre digo, o Pai é
rico. Não foges do seu objetivo. Como diz o hino nacional,
“Verás que um filho teu não foge à luta”. Mas isso não é
política, é nossa prática do trabalho.
Nossa Voz Umbandista: Pensando em locomoção,
como vocês vão aos locais ajudar?
Anjos da Noite: Nós temos hoje uma frota de Kombis.
Temos duas (risos). Antes de termos uma personalidade
jurídica, eu financiei uma Kombi usada em 36 vezes. Hoje
está sendo reformada. Nesse interim, fui fazer uma palestra
Kaká Ferreira e Equipe JNVU
em uma empresa multinacional, a FS Vaz comunicações, de
tecnologia. Devia ter umas 400 pessoas no staff. Ao final da
palestra, o presidente pegou o microfone e disse: “Cacá, você
pode falar aqui durante uma semana, mas não irá conseguir
explicar o que os Anjos da Noite fazem, de tão grandioso. É
muito maior do que muitas pessoas dizem. Falo isso porque
coloquei dois funcionários como voluntários no Anjos da
Noite durante dois anos e fizeram um relatório da sua gestão
durante esse tempo. Vocês não falam, vocês fazem. Como a
gente acredita em vocês, vamos dar um presentinho. Uma
lembrancinha da nossa empresa. Vamos lá no fundo do
auditório para pegar.” Aí fui caminhando pelo auditório com
ele e quando chegamos no meio, acabou a luz. Enquanto
andávamos, todos aplaudiam. Quando chegamos ao final,
abriu-se a cortina, começou um monte de fogos de artifício
e estava lá a Kombi toda adesivada. Eu chorava muito, até
tremia. Me deu até falta de ar de emoção. Ela está lá, com
2700 km rodados, com 3 meses de uso. Então, isso é uma
injeção de ânimo, pois alguém está vendo seu trabalho e
ele está sendo aprovado. Não pelo público interno, mas pelo
público externo. O relatório de gestão é feito pelos auditores
da empresa. Fiquei super orgulhoso, satisfeito.
Nossa Voz Umbandista: Vocês já sofreram algum
tipo de preconceito na trajetória da Ong?
Kaká Ferreira e Equipe do Anjos Da Noite
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
Anjos da Noite: Sempre. Para alguns, esse trabalho
é “politicamente incorreto”. Esse é um clichê. O que é
politicamente correto? É criticar? Nós estabelecemos nessa
casa o seguinte jargão: “Todos os problemas são problemas
de todos”. Dessa forma, você se coloca no lugar da pessoa.
23
Entrevista com Kaká do Anjos Da Noite
Por Jornal Nossa Voz Umbandista
Equipe do Anjos Da Noite
Assim, você entende que o problema dela é seu problema. Isso não
significa que você trará o problema dela para si, mas irá participar
da vida dela pra ela ter força para resolver. Você é coadjuvante
do processo das mudanças necessárias. Na tua vida e na vida
da pessoa, porque quando você começa a fazer alguma coisa,
automaticamente quebra alguns paradigmas em que antes não
acreditava. Na rua, a primeira coisa que você desenvolve é o senso
de gratidão para as coisas que tem. Na rua, com uma marmitinha
que você leva, já deixa a pessoa feliz. Enquanto isso, você tem sua
casa, sua família, uma infraestrutura de vida legal. Todo aconchego
familiar e a gente se acha no direito de estar infeliz, reclamando.
Ou seja, a gente começa a valorizar aquilo que você tem. Então,
as mudanças começam com a gente. Então, a grande lição que a
gente traz é para nós mesmos. Faz sentido?
Nossa Voz Umbandista: Nesses 26 anos o Poder Público
nunca deu apoio ao seu projeto?
Anjos da Noite: Não. Inclusive estou tentando há vários anos,
o registro de utilidade pública. Sempre esbarro em uma série de
coisas. Vou até um ponto e depois disso sou barrado. Sempre tem
o interesse político por trás e como o Anjos da Noite é apolítico, não
consigo nada. A utilidade pública federal é através de decreto da
presidente. Até chegar na mão dela, acabou o mandato.
Nossa Voz Umbandista: Como as pessoas podem ajudar
ao Anjos da Noite?
Anjos da Noite: Para ajudar, você tem várias alternativas.
Entrando no nosso site: www.anjosdanoite.org.br . No
Facebook: Anjos da Noite Ong. Podem doar alimentos, roupas
e ajuda financeira, sempre através da nossa conta institucional.
Nos avise que nós mandamos o recibo. Qualquer tipo de ajuda fará
diferença na vida dos moradores de rua. Todos os problemas são
problemas de todos. Não se esqueçam disso.
24
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
Homenagem ao Colégio Pai Benedito de
Aruanda Por Mãe Roseli Proença e Pai Ricardo Proença
Ficamos nesta casa abençoada de 2001 até 2012, e
foram anos de muitos ensinamentos, respeito, amor,
dedicação, pois estávamos
por amor nesta casa e também por amor na religião.
Me lembro que quando chegamos, não sabíamos nada e
não conhecíamos ninguém,
e depois de muitos meses
ficamos sabendo que o pai
daquela casa era importante no meio umbandista, mas
para nós o importante era a
simplicidade dele e da família dele que nos acolheu com
tanto amor. Aprendemos o
valor verdadeiro que a religião tinha em nossas vidas,
a caridade e o amor que nos
trouxe tanta evolução, foram muitos ensinamentos
da querida Mãe Alzira no desenvolvimento, foram muitos
graus de estudo, mas graças
a Deus esta casa nos ensinou que lutar e o nosso ideal
dentro da umbanda contra
a intolerância religiosa, coisa essa que sofremos muito,
com muitas pessoas que cruzaram nossos caminhos, mas
a força dos orixás e dos guias
espirituais cada vez mais nos
fortalece, só posso agradecer
a Deus pelo ser humano maravilhoso que nos tornamos.
venciamos nessa casa maravilhosa...
Obrigado Pai, Obrigado Mãe,
obrigado Pai Arranca Toco,
vidas, pois para muitos vestir
o branco e como um prêmio
onde vencera o melhor.
Posso dizer que aqui aprendemos a fazer o bem sem
olhar a quem, aprendemos
que o que de graça recebemos e de graça que doamos,
e mais que seres “obsessores” encarnados sempre nos
perseguirão para tentar apagar a luz de nossa espiritualidade, mas todos que nos
amparam jamais deixarão,
pois nessa casa aprendemos
a ser guerreiros de Oxalá.
Obrigado, Casa de Pai Benedito que tanto já me orientou
e enxugou minhas lágrimas,
e somos fortes e guerreiros,
obrigado pelo vosso amparo.
Pai Rubens Saraceni
Através de todo esse amor
que a casa nos deu, e tenho certeza que a justiça da
lei maior está a olhar tudo e
sabe do nosso amor verdadeiro por essa casa ate hoje,
não importe o que aconteça
ou o que falam, o importante
foi o que nós vivemos e vi-
Pai Pena Verde e senhor,
e também ao meu caboclo
Pena Branca pela grande
oportunidade que a espiritualidade nos deu e por nos
permitir viver nesta casa, o
que muitas pessoas não entendem, o verdadeiro significado da religião em nossas
Mãe Roseli Proença e
Pai Ricardo Proença
Terreiro de Umbanda
Iansã Guerreira e Baiano
Zé Pilintra
“PAI AMIGO E MESTRE RUBENS SARACENI,ESTE DIA DOS PAIS FICOU
APAGADO POR NÃO TE LO AO LADO DE TODOS OS SEUS FILHOS
ESPIRITUAIS QUE TANTO O AMAVAM.PAI RUBENS NOSSO ETERNO AMOR
E GRATIDÃO PARA TODO SEMPRE. PARA SEMPRE SERÁ NOSSO PAI...”
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
25
http://www.iansaguerreiraezepilintra.com.br
Cursos
Textos em Geral
Nossa Voz Umbandista
Cursos com Inscrições Abertas:
Sacerdócio de Umbanda Sagrada
Desenvolvimento Mediúnico
Magia Divina dos Elementais
Magia dos 7 Dragões Sagrados
Veja em no site sobre o nosso Jornal
Nossa Voz Umbandista.
Leiam, baixem e compartilhe muita
informação com seus amigos, visitenos!!
Aqui você encontra muitos textos com
informações e particularidades dos
nossos Guias Espirituais.
Muita leitura e informação
compartilhada com você.
Funcionamento
Terreiro de Umbanda Iansã Guerreira e Baiano Zé Pilintra
Fundado em 27 de novembro de
2011. O Terreiro Iansã Guerreira e
Baiano Zé Pilintra na luta contra a
intolerância religiosa e transmitindo
os ensinamentos da nossa amada
Umbanda (baseado nos ensinamentos
do Mestre e Pai Rubens Saraceni).
Dia
INÍCIO
FIM
Quarta
19:00
22:00
Quinta
19:00
22:00
Sexta
20:00
22:00
Sábado
10:00
12:00
Sábado
18:00
22:30
Domingo
10:00
12:00
Domingo
19:00
22:30
Fone: (11) 97596-5939
Terreiro de Umbanda Iansã Guerreira e Baiano Zé Pilintra
Rua Francisco Marengo, 308 - Altos - Tatuapé - São Paulo - SP
Estamos a 500m do Metro Carrão do lado da Rua Monte Serrat e perpendicular a Rua Platina
26
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
Cursos
Curso de Desenvolvimento Mediúnico
com Mãe Roseli Proença
Novo dia e
horário
quintas-feiras das 20:00h as 22:00h
sábados das 18:00h as 20:00h
Aulas Práticas e Teóricas
Nos moldes do Pai Rubens Saraceni
Inscrições Abertas
mais informações
Fone: (11) 97596-5939
Terreiro de Umbanda Iansã Guerreira e Baiano Zé Pilintra
Rua Francisco Marengo, 308 - Altos - Tatuapé - São Paulo - SP
Estamos a 500m do Metro Carrão do lado da Rua Monte Serrat e perpendicular a Rua Platina
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
27
Cursos
Informações e Reservas
(11) 97596-5939
Curso de Magia Divina dos 7 Dragões Sagrados
Domingo das 10:00h às 12:00h
Curso Ministrado pela Maga Iniciadora Roseli Proença Nº 00.761 - Tatuapé
Curso de Magia Divina dos Elementais
sextas-feiras das 20:00h as 22h
Ambos os recursos
espiritual, encaminhar
são maravilhosos e
espíritos e muito mais.
nos ensina a cortar
Trabalhando nos Tronos
trabalhos de demandas,
de Deus nos Mistérios da
trabalhos negativos,
Fé, Conhecimento, amor,
cortar demandas, cortar
lei, justiça, evolução e
doenças de fundo
Geração.
Terreiro de Umbanda Iansã Guerreira e Baiano Zé Pilintra
Rua Francisco Marengo, 308 - Altos - Tatuapé
Estamos a 500 do metrô Carrão do lado da Rua Monte Serrat e perpendicular a Rua Platina
28
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
Cursos
Curso de Sacerdócio de Umbanda Sagrada
Com Pai Ricardo Proença
Nos moldes do mestre Rubens Saraceni
Para médiuns desenvolvidos e não-desenvolvidos
A duração do curso é de aproximadamente 2 anos
Requisito: Fazer a magia do fogo
Aulas aos sábados das 20:00h as 22:00h
Inscrições Abertas!!!
Fone: (11) 97596-5939
Terreiro de Umbanda Iansã Guerreira e Baiano Zé Pilintra
Rua Francisco Marengo, 308 - Altos - Tatuapé - São Paulo - SP
Estamos a 500m do Metro Carrão do lado da Rua Monte Serrat e perpendicular a Rua Platina
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
29
Cursos
Curso de Magia
Divina das 7 Chamas
Sagradas
(magia do fogo)
Maga Roseli Proença Nº 00.761 - Tatuapé
Novas Turmas da Magia do Fogo em BREVE!!
Neste curso iniciático, aprendemos formas simples e eficazes de limpar e descarregar pessoas e ambientes, cortar demandas e magias negras, encaminhar seres
desequilibrados e negativos, quebrar invejas, harmonizar lares e locais de trabalho, atrair prosperidade e saúde e muito mais.
Informações e Reservas
Fone: (11) 97596-5939
Terreiro de Umbanda Iansã Guerreira e Baiano Zé Pilintra
Rua Francisco Marengo, 308 - Altos - Tatuapé - São Paulo - SP
Estamos a 500m do Metro Carrão do lado da Rua Monte Serrat e perpendicular a Rua Platina
30
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
Cursos
Terreiro de Umbanda Iansã Guerreira e Baiano Zé Pilintra
Informações (11) 97596-5939
Inscrições Abertas
Inscrições Abertas
Inscrições Abertas
Desenvolvimento Mediúnico
Sacerdócio de Umbanda
Sagrada
Magia Divina das Sete
Chamas Sagradas
Nos moldes do Pai Rubens Saraceni
Maga Roseli Proença Nº 00.761
Tatuapé
Nos moldes do Pai Rubens Saraceni
Aulas Práticas e Teóricas
Quinta-feira das 20h às 22h
Sábados das 18:00h às 20h
Aulas Práticas e Teóricas
Sábados das 20h às 22h
Inscrições Abertas
Em breve
Magia Divina dos Elementais
Curso de Curimba
e OUTROS GRAUS DE MAGIA
Reservem suas vagas:
Nos moldes do Pai Rubens Saraceni
Fone: (11) 97596-5939
Aulas Práticas e Teóricas
FAÇA SUA RESERVA
Fone: (11) 97596-5939
Agosto/2015 - Nossa Voz Umbandista
31

Documentos relacionados

1 - Colégio Pena Branca

1 - Colégio Pena Branca estamos nos referindo ao espírito que “encarnou” no plano material, e sim, ao ser que acabou de ser gerado por Deus e foi atraído pelo magnetismo de uma de suas divindades, que, por serem unigênita...

Leia mais