Diz outra lenda que ele morreu só, depois de recusar qualquer tipo

Transcrição

Diz outra lenda que ele morreu só, depois de recusar qualquer tipo
Escrito em:26/2/2009
LEMBRANÇAS DE LAURO CORONA
Um texto, enviado junto com duas fotos por Lara Simeão
Romero, me fez viajar no tempo e lembrar de Lauro Corona,
Laurinho para os íntimos. Uma das maiores promessas de galã da
televisão brasileira, um grande ator ainda na fase de aprendizado
de sua arte, que foi colhido precocemente pela morte em 1989.
Laurinho morreu de AIDS, numa época em que várias pessoas da
área artística tombaram vítimas do mesmo mal - segundo diz a
lenda, talvez contaminadas pela mesma pessoa. Ele, Cazuza,
Strazzer, Thales Pan Chacon, Cláudia Magno e muitos outros.
Diz outra lenda que ele morreu só, depois de recusar
qualquer tipo de tratamento. Mas isso não é bem
verdade, já que Lauro Corona contou até o fim com
a amizade e o companheirismo de sua irmã em arte,
a enorme Glória Pires, com quem ele viveu em
“Dancin Days” o jovem casal romântico mais
sensacional da televisão brasileira (vejam o vídeo
acima).
Numa época de galãs másculos e sólidos, Lauro
Corona quebrou essa tradição: ele era frágil, tinha
apenas 1,63m, mas compensava essas desvantagens
com um grande talento. Em sua última novela, Vida
Nova, da qual saiu antes do final por causa da
doença, teve um dos seus maiores e mais contidos
desempenhos apesar do problema que enfrentava.
Lauro Corona foi um dos primeiros de uma geração de atores
modernos que tomaria de assalto a televisão brasileira a partir dos
anos 70 e cujo maior exemplo foi Glória Pires. Nunca trabalhei
com ele – não tive esta honra -, mas sempre fui seu fã, e é com o
maior carinho que, por conta do texto abaixo de Lara Simeão
Romeiro, eu o lembro agora:
NO TÚNEL DO TEMPO COM LARA SIMEÃO ROMERO!
Era 1985 e eu queria tudo menos festa de 15 anos. Na minha
prepotência adolescente considerava os 15 anos uma coisa
ultrapassada, fora de moda (risos). Minha mãe insistiu muito e
acabei cedendo: compareci a famosa festa de debutantes
do Clube Campestre de Campina Grande (Paraíba), que teve
como padrinho o ator Lauro Corona. Fiz uma troca: a festa por
uma viagem. Não quis viajar pra Disney. Escolhi passear por
praias nordestinas (Natal, Fortaleza e Recife) hospedada em casa
de grandes amigas, sem a mommy por perto (of course).
Eita farra boa!
Mas como diz o Aguinaldíssimo, divaguei. Voltando ao baile:
Lauro Corona muito educado, cumprimentou um mar de gente,
dançou com todas as meninas, sempre com um sorriso no olhar, e
com 40 graus de febre! Sim, ele já mostrava indícios da doença, a
AIDS, que o matou precocemente aos 32 anos.
Depois de tudo aproveitei como nunca minha festa de 15 anos e
cheguei à conclusão de que quase fiz uma besteira em não querer
o baile: minha mãe estava coberta de razão! Fiquei triste ao
saber da real gravidade da doença do ator, e mais ainda quando
anunciaram sua morte. Lembro bem de Vida Nova e da cena final
de Lauro Corona: a chuva e o poema de Fernando Pessoa.
Lindo. Nunca me esqueci.
Agora as fotos: na primeira (cabelos e maquiagem anos 80)
estou meio zarolha de tão nervosa. Na segunda foto o Lauro
está ao fundo lendo alguma coisa sobre minhas preferências
pessoais, livro, música, aquele negócio todo.”
UMA PEQUENA BIOGRAFIA (FONTE: WIKIPEDIA)
"Lauro Corona (Rio de Janeiro, 6 de julho de 1957, e Rio de
Janeiro, 20 de julho de 1989) foi um ator brasileiro. Nascido na
classe média carioca, começou a trabalhar aos 16 anos como
vendedor na butique da mãe. Um ano depois, partiu para a
carreira de modelo e fez os primeiros filmes publicitários:
propagandas para a Coca-Cola e o Bob’s. Foi aí que chamou a
atenção do diretor Marcos de SÃ. Ao atuar na peça infantil
Simbad, o Marujo, no Rio de Janeiro, foi descoberto pelos
diretores e atores Ziembinski e Paulo José, que o convidaram para
participar do especial de televisão Ciranda, Cirandinha.
A partir daí, participou de diversas telenovelas e filmes, tendo se
destacado, inicialmente, em Dancin’ Days (1978), de Gilberto
Braga, em que era par da personagem de Glória Pires. Foi
também presença de destaque em Marina, Baila Comigo, Elas
por Elas, Louco Amor, Corpo a Corpo e Direito de Amar.
Estreou no cinema em O Sonho não Acabou, em 1982, e dois
anos depois fez Bete Balanço, como par romântico da
personagem de Débora Bloch.
Também alcançou algum sucesso como cantor e apresentador do
programa Globo de Ouro, nos anos 80.
A última telenovela de que participou foi Vida Nova, de 1988, no
papel de um imigrante português que namorava uma judia
brasileira, interpretada por Deborah Evelyn.
Foi uma das primeiras personalidades brasileiras a morrer de
complicações decorrentes do vírus da AIDS. O personagem na
telenovela Vida Nova teve um final apressado com uma viagem
para Israel, por causa da doença do ator. A última cena mostrava
um carro preto partindo numa noite chuvosa, ao som de um
poema de Fernando Pessoa, declamado em off pelo próprio ator.
(Nas fotos abaixo, Lauro Corona e sua pinta de galã, e numa foto de 1983
com sua eterna e grande amiga (e vizinha no bairro carioca do Recreio)
Glória Pires)
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-------------------------------------------------------------------------------------Escrito em:21/2/2009
BELEZA PÕE MESA... E DÁ VOTO!
Dilma Roussef...
Ou Dulce Figueiredo?...
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O pessoal do Poder não é radical apenas em suas opiniões
políticas... Costuma ser mais radical ainda nas
intervenções cosméticas às quais se entrega. Nem vou
falar dos verdadeiros experimentos “in beauty” que são
Marta Suplicy e dona Marisa, assim como não vou falar
do Ministro Mantega (nem sei se ele fez alguma coisa,
mas o fato é que seu rosto ficaria ótimo num daqueles
antigos Budas de pedra). Mas vou falar do resultado da
mais recente dessas intervenções – a “new face” de Dilma.
A mídia babona foi unânime: a coitada ainda estava toda inchada
e deformada e já diziam - “ah, mas ela ficou ótima!”
Antes de emitir opinião preferi esperar que o pós-operatório se
cumprisse.
E agora que até no Maracatu de Olinda a Ministra e
presidenciável anda saracoteando, finalmente me sinto no direito,
como seu futuro eleitor (ou não), de dizer o que achei de sua
plástica:
Sim, ficou ótima!
Pois Dilma Rouseff deixou de ser aquela senhora carrancuda que
era pra se transformar numa espécie de... Digamos: Dona Dulce
Figueiredo!
Alguém aí ainda lembra da referida senhora? Era a esposa
do ex-Presidente João Figueiredo, aquele que foi bastante
sincero pra dizer que, ao cheiro da patuléia, da choldra,
preferia o odor dos seus cavalos.
Podem estar certos de que muita gente, com pequenas variações
quanto ao item “cavalos”, pensa o mesmo, e só não diz isso
porque lhes falta um elemento essencial chamado: CORAGEM.
Mas, como sempre acontece: divago.
Volto a Dilma e àquela a quem seu cirurgião plástico, sem saber
que estava se tornando um mero veículo da providência divina,
acabou clonando: dona Dulce Figueiredo.
A esposa do Presidente Figueiredo era uma senhora simpática,
mas que não tinha boa mídia. Com Dilma, antes da plástica já
acontecia o contrário. Agora então, que ela agregou a sua imagem
a eufórica aparência de dona Dulce...
Contrariando o Presidente Lula - pra quem, pelo menos no caso
da bela prefeita Micarla, de Natal, não se devia votar em beleza podemos dizer que, se o José Serra não fizer depressa uma
plástica pra ficar parecido com o early Fernando Collor...
Sim, Dilma Figueiredo já está eleita.
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OLHA O GIOVANNI AÍ, GENTE!
Pois é, fui atrás do comentário da Letícia e tentei achar no You
Tube a famosa cena do desfile de Giovanni Improtta com sua
escola de samba na avenida. Não achei... Mas achei esta cena do
pós-desfile, na qual a intimidade com que os atores lidam com
seus respectivos personagens e interagem uns com os outros
fica mais que evidente. Tanto fica, que depois de ver a cena
várias vezes, resolvi deixar a modéstia de lado e dizer: SENHORA
DO DESTINO gente, grande novela!
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DA FAVELA DA MARÉ PARA O MUNDO!
Não sei se já disse a vocês que, além da literatura,
minha outra “opção” artística na infância foi a
dança clássica. Mas desta tive que desistir logo
cedo por conta das extremas dificuldades que a
cercavam.
Havia apenas uma escola de balé no Recife, a de Flávia Barros, as
mensalidades eram caríssimas, e o preconceito contra bailarinos
era tão grande que só um rapaz chamado Alcides Muniz teve
coragem de estudar lá: contra tudo e contra todos ele seguiu em
frente e chegou a fazer carreira na Europa.
Quanto a mim, tive apenas uma semana de aula, eu, Fernando
Maysa e um rapaz nosso amigo comum que atendia pelo nome de
Virgínia... Embora, em todos os sentidos, fosse tudo menos isso.
Em sete dias de pliez e jetés eu descobri que o balé podia se
transformar em mais um karma em minha vida, e decidi que dali
pra frente nos espetáculos de dança seria apenas um expectador
assíduo.
E sou assíduo até hoje. Na verdade, beiro o fanatismo. Tenho
dezenas de DVDs de balé e, quando viajo, procuro ver todos que
valham a pena. De vez em quando, no meu quarto de 42 metros
quadrados, ainda arrisco uma dançadinha ao som de O Lago dos
Cisnes... Mas a verdade é que quase não tenho mais pernas ou
fôlego.
Dentre os meus orgulhos está o de ter visto
Nureyev e Margot Fonteyn dançarem juntos... E,
às 11 horas da manhã, numa sessão extra e
superlotada no Teatro Municipal, uma exibição
do late Barishnikov que ainda deu pro gasto.
Por conta do meu interesse pela dança é que fiquei emocionado ao
ler a história de Jordana Moreira, uma garotinha franzina de 16
anos da Favela da Maré, publicada no jornal Extra. Aluna da
academia de dança que funciona lá na comunidade, há três anos
ela foi uma das 60 mil crianças selecionadas para concorrer às
seis vagas oferecidas pela Academia Bolshoi em Joinville, Santa
Catarina, a única que funciona fora da Rússia.
Jordana cumpriu passo a passo a
verdadeira maratona que leva à
admissão no Bolshoi. Primeiro, junto
com os outros 60 mil candidatos, mandou
um vídeo... E foi uma das sete mil
selecionadas. Depois, junto com as outras
sete mil, se submeteu a uma audição, no
fim da qual sobraram apenas 50
candidatas. Mais uma bateria de exames
e testes, e quando os nomes das seis
finalistas foram divulgados Jordana
Moreira, a garotinha franzina da Favela
da Maré, era uma delas.
E foi aí que começaram os problemas. A Academia Bolshoi, pela
excelência do seu ensino, cobra caro. Filha de uma moradora da
favela, Jordana só poderia freqüentá-la se tivesse um
patrocinador, e esta foi a razão da matéria no jornal Extra que,
junto com Sandra Garcia, coordenadora educacional e cultural da
Vila Olímpica da Maré, tentava encontrar alguém disposto a
financiá-la.
Foi então que este bailarino frustrado que vos escreve entrou na
história. Resolvi apadrinhar Jordana, que este ano completa seu
terceiro ano no Bolshoi. Não só não me arrependi, como sinto o
maior orgulho dela. De férias no Rio, e às vésperas de viajar de
novo pra Joinville, ela veio me fazer uma visita durante a qual foi
feito o vídeo que vocês viram lá em cima.
Do Bolshoi ela me trouxe nada menos que um
diploma. Imaginem: eu que não consegui ser
bailarino, virei aluno honorário da maior de
todas as academias de dança clássica!
Jordana a essa altura já viajou... E com ela viajou Davi, um garoto
de 14 anos saído da escolinha de dança da Favela da Maré, e que,
pra chegar à Academia do Bolshoi, teve que cumprir a mesma
maratona que ela.
Vi, de novo no jornal, o vídeo que levou Davi tão longe, e outra
vez fiquei emocionado. O problema era o mesmo: achar quem o
patrocinasse. Felizmente essa parte da história se resolveu
rapidamente e a essa altura, meio que adotado por Jordana, que
agora é sua “irmã” mais velha, ele já está em Joinville estudando.
Pessoas como Jordana e Davi têm
histórias de realização pessoal que, pra
mim, são especialmente tocantes. Posso
dizer que não há nada de mais
compensador do que contribuir pra que
eles realizem seus sonhos.
É por isso, e só por isso, que divulgo aqui este meu assim chamado
“gesto”. Não para me vangloriar dele, mas para conclamar as
pessoas de boa vontade. Vamos ajudar os que merecem, minha
gente! Tantos Jordanas e Davis apareçam, devemos dar o nosso
apoio a todos.
E AS FOTOS?
Abaixo, duas fotos engraçadas. Tadeu dando pinta no meu sofá,
e eu, no alto da torre da matriz de Faro, aqui em
Portugal, fingindo que estou fazendo pose, mas na verdade
tentando recuperar o fôlego depois de subir mais de cem
degraus!
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-------------------------------------------------------------------------------------Escrito em:16/2/2009
A ÓPERA E A VITÓRIA DA PAIXÃO
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Gente, só agora recebi a foto, não resisti e resolvi postar. Vejam aí
embaixo, a nossa querida Cile, o seu Giuseppe e amigos deles festejando o
aniversário dela há apenas algumas horas lá em Bolonha. Parabéns,
querida!
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A propósito da “La Bohéme”, que fui assistir ontem à
noite no Teatro São Carlos, aqui em Lisboa, reproduzo o
comentário feito no blog, também ontem à noite, pela
nossa quereeeeedíssima comentarista Almarinda:
“Que maravilha assistir “La Bohème”. Uma das óperas mais
lindas (se não a mais) de Puccini!
“No mês de dezembro, meus patrões, e a filha deles com o
marido, fizeram uma viagem para New York e foram assistir
no Metropolitan à ópera “La Bohème”, com a direção de
Franco Zeffirelli; e eles disseram que foi inesquecivel,
emocionante, que foi uma choradeira... Rsrsrsrs.
“Então eu pedi para ouvir essa ópera e eles me presentearam
com o DVD e logicamente fiquei de boca aberta com tamanha
beleza: a música toca o coração de uma forma... Quando a
Musetta entra, linda,linda, e (tentando seduzir seu excompanheiro Marcello) canta "quando me’n vo", nossaaaaaa,
eu quase morri de tanta emoção!!!!!!
“Imagina ver isso ao vivo? Quem sabe um dia?
“Você foi no Teatro São Carlos, né aguinaldo? Muito
lindo!!!!”
Pois é Almarinda, alguém também escreveu aqui que a
ópera, por sua linguagem antiga, está fadada à extinção...
Mas eu duvido.
Sabe por quê?
É que a ópera é melodrama em estado puro! Mexe com
os sentimentos mais básicos da alma humana! É como
você mesma diz: provoca “uma choradeira”!
E que choradeira, Almarinda quereeeeeda: eu mesmo chorei
ontem à noite quando Musetta, magnificamente vivida pela
soprano Chelsey Schill, cantou “Quando me´n vo” para o seu
Marcello, interpretado pelo barítono Luís Ledesma (vejam a foto),
pra quem, aliás, até eu me esgolearia todo e emitiria alguns
trinados se tivesse uma chance...
“La Bohème”, escrita em 1896 por Giacomo
Puccini, desde então, foi encenada milhares de
vezes no mundo inteiro. E ainda o será,
provavelmente até que o final dos dias se
consuma. Pelo menos eu, que vivo de criar
melodramas e pra isso bebo constantemente na
ópera, prefiro acreditar que assim seja.
A noite de ontem foi grandiosa, os artistas, como se quisessem
adiar a hora de sair pro frio que fazia lá fora, deram tudo de si...
E, como acontece sempre que vou à ópera, eu me senti uma
pequena parte de um mundo melhor, mais bonito, mais humano e
mais civilizado.
Agora fiquem com as fotos. Não pude caprichar mais
nelas, pois são proibidas no São Carlos. Pela ordem: a
fachada do teatro, duas visões do seu interior com a
platéia já sentada, e o barítono Luís Ledesma que,
bem... Mais uma vez serviu pra mostrar à assistência o
quanto Musetta tem bom gosto.
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UMA ESTRELA MORRE EM
LISBOA!_______________________________________________________
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Viram aí em cima? Em primeira e absolutíssima
edição, a capa de 98 TIROS DE AUDIÊNCIA, que
está preste a ser lançado aqui em Portugal! Legal,
né não?
Hoje terei um dia cheio: daqui a pouco vou comprar uma gravata
nova pra ir em grande gala ao Teatro São Carlos, à noite, ver “La
Bohème”, de Puccini. Depois passarei no El Corte Inglês pra
comprar todos os cremes e poções mágicos sem os quais fico
apenas um pouco menos sexy, gostosão e lindo. Em seguida vou
ter uma primeira conversa com os editores sobre a estratégia de
lançamento do livro.
Tudo isso sem esquecer “Cinquentinha”, no qual eu e minha
parceira Maria Elisa Berredo estamos trabalhando lado a lado,
ainda que com um oceano inteiro entre nós. Se depender do nosso
esforço eu garanto: vai ser o maior sucesso. Afnal, não é todo dia
que se tem no ar Susana Vieira, Renata Sorrah e Marília Gabriela
disputando o mesmo poder, a mesma fortuna... E o mesmo exmarido, que pode ser ninguém menos que Antônio Fagundes.
Aqui fui recebido com sol e muito frio. As árvores estão todas
desfolhadas por causa do inverno, e a luz de Lisboa nunca esteve
tão linda. O Tejo, visto aqui de minha varanda, esbanja tons de
azul brilhantes e divinos.
Vou sair daqui a pouco pra flanar, e flanar muito. Mas a qualquer
momento eu volto pra lhes dar outras notícias... E à noite entro
aqui pra postar algumas fotos tiradas no teatro.
Me aguardem, quereeeeedos!
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A BELA ADORMECIDA
(Cheguei em casa aqui em Lisboa às 6 horas da manhã e ainda era noite.
Não resisti e fiz essa foto, aqui da minha varanda, pra postar no blog e
mostrar pra vocês como a paisagem que vejo daqui é linda)
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MILK E O VALOR DO SACRIFÍCIO
Belos tempos aqueles em que cada um de nós tinha uma causa e
todas elas, mesmo as mais pessoais, tinham a ver com o futuro e a
salvação do mundo: as mulheres queimavam sutiãs, os gays
brigavam - às vezes de modo literal - pelo reconhecimento do fato
elementar de que tinham direitos, e os negros aprendiam aos
tropeções a ter orgulho da raça, sem imaginar que, trinta anos
depois, todo aquele esforço lhes daria como prêmio a ascensão de
um afrodescendente ao poder máximo.
Éramos a ultima grande novidade do século: as minorias atuando.
E o auge dessa verdadeira farra foi em 1978.
No Brasil vivíamos sob uma ditadura. Dos ventos de liberdade
que sopravam pelo resto do mundo nos chegava apenas uma leve
brisa. Mesmo assim nos refrescávamos.
Naquele ano um grupo de jornalistas, do qual eu
participava, fundou o jornal gay Lampião da
Esquina, cujos passos iniciais foram dados à
maneira das guerrilhas: da impressão na Rua do
Livramento, à distribuição num galpão da Rua
da Relação, tudo era feito meio na
clandestinidade, às escondidas, por debaixo do
pano.
Lembro do modo como confrontávamos os jornaleiros, no galpão
da distribuição, na tentativa de convencê-los a expor o que eles
chamavam de “o jornal dos viados”. Éramos insistentes e, embora
eles manifestassem o seu horror pela “causa” que
representávamos no fim sempre nos entendíamos. Assim as
bancas do centro da cidade aderiram primeiro à novidade, mas
três meses depois de lançado o Lampião já podia ser visto em
exposição até mesmo nos redutos mais conservadores do Rio.
Éramos, com toda a honra, afrontosos e malditos.
Chegaríamos a ser processados é claro; mas não
por distribuir material pornográfico, e sim pela
Lei de Imprensa, o que comprovava o quanto a
nossa luta havia progredido: já não éramos mais
um bando de homossexuais, e sim um grupo de
jornalistas enfrentando a ditadura e
transgredindo. Tínhamos a impressão de que
passaríamos como um rolo compressor sobre os
defensores “da moral e dos bons costumes” e
afinal conquistaríamos nosso lugarzinho neste
mundo.
(Sean Penn na pele de Milk nos seus anos de desbunde em Nova
Iorque)
Foi aí, no auge deste nosso sentimento de absoluta esperança, que
lá em San Francisco, nos Estados Unidos, mataram Harvey Milk.
Estávamos a fechar mais um número do jornal quando Francisco
Bittencourt, um dos editores, entrou e nos deu a notícia em
prantos. Dias antes acontecera um atentado a bomba contra a sede
de outro jornal alternativo que era nosso vizinho de prédio.
Ninguém morrera, mas então pensáramos: e se fôssemos nós a
próxima vítima? Mas não fomos nós, foi Harvey Milk, que vivia
num país de regime aberto e democrático e que, de todos os gays
notórios de então, era o nosso grande ídolo
Ex-hippie desbundado, figurinha carimbada de Nova Iorque, Milk
se mudara para San Francisco e lá finalmente descobrira a sua
vocação – a política. Em poucos anos tinha sido eleito supervisor
(ou o que chamamos aqui no Rio de “prefeitinho”) do distrito de
Castro, onde os gays se concentravam. Opositor das leis
defendidas pelos radicais de direita Anita Bryant e James Briggs,
os quais queriam proibir que os homossexuais tivessem até
mesmo o direito ao emprego, ele começava a se destacar
nacionalmente e parecia ter um brilhante futuro pela frente
quando foi assassinado por um político rival dentro do seu
gabinete.
(Gus Van Sant, o diretor de “Milk”)
É dessa historia que fala “Milk”, o filme de Gus Van Sant que
estréia no Brasil por esses dias. À maneira dos filmes políticos
então em voga, com laivos documentais que se refletem até no
granulado da imagem e na câmera sempre nervosa, o cineasta um dos mais inquietos e controversos deste verdadeiro cemitério
de elefantes no qual vem se tornando Hollywood - nos remete de
volta, com toda a fidelidade possível, à efervescência – e à
ingenuidade – daquela época.
Pois se trata de uma história de época. Apenas trinta anos se
passaram. Mas, enquanto assistia ao filme eu pensava em
“Gladiador”, ou em histórias ainda mais remotas: será que foi
tudo assim tão difícil? E se foi, como então conseguimos ir tão
longe?
Porque hoje, a não ser em países de fundamentalismo religioso ou
político, os homossexuais ostentam livremente seus direitos. Mas
o fato é que talvez isso não fosse possível sem a luta de Harvey
Milk em Castro Street e, mais ainda, sem o seu sacrifício.
É disso que o filme de Van Sant nos fala: do valor
do sacrifício. Obcecado pela sua luta Harvey
perde tudo - amigos, amantes, a própria vida. Em
troca dá à minoria da qual fazia parte uma ponte
para o futuro.
Mas se estou falando do ato político que o filme de Van Sant
representa, não posso deixar de dedicar pelo menos algumas
linhas ao próprio filme. E dele só posso dizer que me pareceu
“antigo”, mas no bom sentido. Pois resgata uma linguagem, um
gênero de filmes que teve o seu auge na própria década em que
viveu Harvey Milk,e que andava esquecido.
É fácil perceber que Van Sant viu estes filmes todos antes de
escolher que caminho seguiria em “Milk”. Por isso eu disse que
ele é “de época”: ele nos remete ao calor da hora, e nisso conta
com a fundamental ajuda de Sean Penn, esse ator magistral, aqui
num dos seus melhores – e mais “realistas” - trabalhos... Sem
esquecer a colaboração de luxo de Josh Brolin como o rival
político de Milk.
(Penn/Milk (e um assessor ao fundo) já com o figurino adaptado
à vida política)
Este pode não ser o melhor filme de Gus Van Sant (há quem
prefira “Gênio Indomável” ou, no outro extremo, “Elephant”).
Mas não creio que nenhum dos candidatos ao Oscar este ano seja
mais inovador e inquietante que “Milk”. Gus aqui é mais Van
Sant que nunca, como mostra a cena da morte de Milk quando
ele, agonizante, vê através das janelas os cartazes da ópera
“Tosca” no teatro ali em frente. É assim que o cineasta dá um
fecho brilhante à grande ópera que foi a vida do seu personagem.
_______________________________
E QUANTO ÀS FOTOS ABAIXO...
Nosso caríssimo Rodrigo Lima, com a tapioqueira Gilda, em foto
tirada lá no Alto da Sé, em Olinda; e o não menos caríssimo
Mourão.Lima, que aparece no quadro numa daquelas suas
fantásticas montagens digitais. Foram eles nossos dois últimos
premiados.
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Escrito em:11/2/2009
NAZARÉ E O GOLPE DA BARRIGA
Lembram deste rostinho adorável? É Adriana Esteves vivendo a
early Nazaré Tedesco. Para convencer o idiota interpretado por
Tarcísio Meira a deixar a família e ir casar com ela, Nazaré inventa
uma gravidez falsa, passa nove meses usando barrigas postiças,
sequestra o bebê de Maria do Carmo para apresentá-lo como seu
e, com o objetivo de dar mais "realismo" a cena do parto, chega a
se automutilar, picotando suas partes íntimas com uma tesoura.
E por mais que sua história pareça absurda, todo mundo acaba
acreditando nela. Tudo bem, era apenas uma novela. Mas a julgar
pelo desenrolar de ocorrências policiais recentes, parece que na
vida real coisas assim também acontecem. Aliás, foi justamente
na vida real que me inspirei pra escrever a história de Nazaré
Tedesco...
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NOVIDADES NO PEDAÇO: FOTO E VÍDEO!
Gente, não resisto e quero dividir com vocês. Olhem só a
preciosidade que achei, dobrada ao meio, no fundo de um baú de
guardados: uma foto da minha primeira noite de autógrafos, no
lançamento de "Redenção para Job" numa galeria de arte às
margens do Rio Capibaribe, no Recife... Em 1962! Eu tinha então
17 aninhos, e o terno de tropical, com direito a gravata e tudo, foi
feito especialmente para a ocasião! Fazia um calor do cão, eu
suava em bicas, mas estava mais feliz que pinto no lixo, pois
naquela noite era oficialmente reconhecido como "o mais jovem
escritor do Brasil" em minha própria terra! Infelizmente perdi o
título e hoje sou um Matusalém igual a vários outros. Observem o
casal que me pede autógrafos: não formam um par de
fofos? Repito aqui a pergunta que sempre me faço quando olho
minha coleção de fotos de anônimos: quem são, para onde
foram? Bons tempos...
_____________________________________________________________
ENTREM, QUE A CASA É VOSSA!
Lembram da minha idéia de incluir no blogão vídeos em que
falaria a vocês sobre determinados assuntos? Já fiz vários testes.
Acho que ainda não cheguei ao ponto ideal, mas este que postei
acima, que ainda está longe da perfeição, foi o que mais me
agradou, entre outras coisas porque mostra minha casa no
centro do Rio, e a paisagem que vejo dela. Vejam, digam o que
não funcionou, falem mal, esculhambem... Mas não se atrevam a
dizer que não sou sexy, gostosão e lindo.
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A VOLTA DO COWBOY DA MEIA-NOITE
Como já disse aqui, na segunda-feira viajo pra Portugal.
Anteontem à noite, na ânsia de entrar no clima da viagem, afinal
vi “O Céu de Lisboa”, filme de Win Wenders que desde sua
estréia em 1994, por conta de certa implicância que tenho com o
diretor, eu vinha relutando em assistir.
Mas o filme tinha credenciais bastante apreciáveis: alguns o
incluem na lista de obras primas do cinema. E na contracapa do
DVD o crítico Daniel Rocha escreveu: “além de uma trama bem
amarrada por personagens incríveis em interpretações seguras, o
mestre Wenders nos brinda com enquadramentos belíssimos,
iluminados e roteiro de rara sensibilidade”.
Pensei:
“Só pra ver as paisagens de Lisboa vale a pena”.
E finalmente cedi. Mas só vi até a metade. E então desliguei o
DVD e fui ver “Podia Acabar o Mundo”, a novela da SIC. Minha
opinião sobre “O Céu de Lisboa”? Vou dar, e ela será curta e
grossa: mas que merda!
Ao contrário do que diz o crítico na contracapa do DVD a trama
não existe, os personagens são mal ajambrados, os atores, mesmo
os que não são amadores, tem interpretações amadorísticas, os
enquadramentos só servem para enfear uma das três cidades mais
bonitas do mundo, e o roteiro... Mas que roteiro ô Zé Ruela?
Aquilo lá não passa de uma patacoada sem o menor sentido!
Resultado: vou ficar mais 14 anos sem ver um
filme de Win Wenders.
Em compensação, na minha jornada pelos anos 70 adentro
(iniciada na manhã em que fui ver “Milk” na cabina da
Paramount), ontem à noite vesti o smoking e mandei estender o
red carpet no meu home theater pra rever, com toda a unção
possível, Midnight Cowboy, que no Brasil ganhou um título de
rara felicidade: Perdidos na Noite.
Recordemos: Midnight Cowboy, dirigido por John Schlesinger, e
interpretado por John Voight e Dustin Hoffman, foi o primeiro
filme X-rated - quer dizer, condenado pela censura - a conseguir
ganhar o Oscar (em 1970). E graças à decisão do produtor Jerome
Helmann de não cortar a cena que provocou a implicância dos
censores (nela Bob Balaban fazia um blow job em John Voight
num cinema da Rua 42), estes acabaram desmoralizados, pois,
mesmo com a tal cena chocante e a condenação da censura, o
filme virou um blockbuster.
Pra mim, Perdidos na Noite é um filme especial não só por tudo
isso. Fui vê-lo no Cinema Veneza, junto com minha amiga
Daniela Bianchi, na noite de 10 de fevereiro de 1970, no dia
mesmo em que saí da Ilha das Flores depois de ficar 70 dias
preso...
Pois eu também andei purgando minhas penas
nos porões da ditadura... Mas nunca pedi
indenização por causa disso. Primeiro porque
tenho vergonha na cara; e depois porque não
acho justo que o povo pague pelas violências que
sofri por conta das minhas convicções políticas.
Mas, como sempre acontece aqui, divago. Voltemos ao assunto.
Midnight Cowboy é mais que um grande filme: é um tratado
antropológico sobre certa fase da vida de Nova Iorque et pour
cause, dos Estados Unidos. E é também um clássico, pois,
quarenta anos depois de sua estréia ele nos toca de muito perto,
como se fosse um filme novo.
Nessa edição, identificável por causa da inscrição “Cinema
Reserve” no alto da capa do DVD, além do filme o comprador
ganha de brinde uma série de excelentes bônus, nos quais
pontificam o diretor John Schlesinger com sua cara de açougueiro
inglês e - falando por ele, já que Schlesinger a essa altura tinha
morrido – aquele que é apresentado nos créditos como “o seu
companheiro de toda a vida”.
Pois, John Schlesinger, embora este seja apenas um detalhe sem a
menor importância, apesar da sua cara de açougueiro inglês, era o
que meu vizinho aqui da direita costuma chamar de “marica”.
Vale a pena ver e rever os depoimentos de todos os envolvidos no
projeto, incluindo Hellman, Voight, Hoffman, o roteirista Waldo
Salt e sua filha Jenifer Salt, que faz um pequeno papel no filme,
além da monumental Sylvia Miles, que aparece apenas cinco
minutos, mas quase ganhou o Oscar de coadjuvante (que foi pras
mãos de outra atriz do filme, Brenda Vaccaro).
Todos são unânimes em ressaltar a grandeza e a ternura deste
grande homem do cinema que foi Schlesinger, cuja visão do que
seja um filme está no extremo oposto da visão de Wenders.
Schlesinger é humanista, Wenders é exibicionista.
E vocês, depois que leram tudo isso, ainda têm
alguma dúvida sobre qual deles eu prefiro?
Vejam no clip aí embaixo Herry Nilsson, o autor de
"Everybody’s Talkin", cantando esta canção que
foi imortalizada pelo filme.
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Escrito em:7/2/2009
PEQUENA CARMEM, NOTÁVEL E ETERNA
Não vou escrever sobre Carmem. O que eu poderia dizer de novo?
Afinal, nos últimos dias os jornais e revistas andam cheios de matérias
sobre ela. Prefiro apenas publicar fotos dela, quase todas da minha
coleção privada. E dizer que ela não foi só a única estrela
internacional brasileira. Foi uma das maiores do mundo. Se pudesse
dar um conselho a vocês sobre o que devem fazer hoje eu diria:
entrem no You Tube e vejam o maior número possível de vídeos de
Carmem Miranda. Não só para homenageá-la, mas também porque,
em matéria de divertimento, vale a pena.
Na foto acima, Carmem e sua irmã Aurora. Vejam como ela ficou, aí
embaixo, depois que, graças ao trabalho do nosso confrade Bruno
Joel, foi devidamente restaurada. Ótimo, não?
________________________________________________
VENENO QUE NÃO MATA ENGORDA!
Waldomiro, o rei do mármore (acima) e sua filha Maria Regina, a
malésima (abaixo).
Em outubro de 1997, mal A INDOMADA acabou, viajei pra
Portugal em companhia de um amigo, e lá constatei que a
saudação usada pela vilã Altiva a guisa de despedida – “trurirú!”
– virara bordão nacional e podia ser ouvida em cada esquina.
A novela ainda estava em seus momentos finais por lá, e assim eu
pude perceber, ao vivo e sem as pressões do trabalho diário, o
quanto ela funcionara: na Adega Irmãos Unidos ali na Praça da
Figueira não se falava de outra coisa senão do Cadeirudo.
Por conta disso a viagem foi muito prazerosa, ainda que
incidentes de percurso tenham resultado, numa desavença
sentimental seguida de uma separação que, prometi a mim
mesmo, seria a última da minha vida.
De volta ao Brasil, em breve eu estava livre, leve e solteiríssimo,
e disposto a não passar tão cedo na porta da TV Globo.
Fiquei assim, sem fazer nada durante alguns meses, até que em
julho de 1998 Daniel Filho me chamou pra dizer que a emissora
não tinha chegado a um consenso sobre a próxima novela das oito
e que, se eu aceitasse escrevê-la mesmo não sendo a minha vez,
eles me pagariam “qualquer coisa que eu pedisse”.
Segundo ele comentou depois, ao ouvir isso meus olhos piscaram.
Afinal, “qualquer coisa” significa “muito”...
E - vamos deixar de hipocrisia - se alguém aceita
carregar o fardo pesadíssimo que é escrever uma
novela, só pode ser por uma razão: é o dinheiro,
estúpido!
Pedi o que achava que era “muito” e, pela rapidez com que meu
pedido foi aceito, constatei que, idiota como sou, na verdade tinha
pedido “pouco”. Em desespero, fiz uma última exigência, que
achava impossível de ser atendida: eu só escreveria a novela se o
diretor fosse o próprio Daniel Filho.
A essa altura Daniel comandava toda a área de dramaturgia da TV
Globo, abaixo apenas de Marluce Dias da Silva, e há muitos anos
não dirigia uma novela. Pensei que ele se recusaria a fazê-lo, mas
pra minha surpresa ele aceitou, com a condição de passar a
direção, depois do capítulo 40, para Ricardo Waddington.
Nesse momento eu devia ter dito que, nesse caso, nada feito.
Mas achei que era tarde para voltar atrás, e
assim, em agosto de 1998, comecei a escrever uma
novela que depois seria horrivelmente batizada
de: SUAVE VENENO.
Quando pedi “muito” e levei “pouco”, em termos de história eu
ainda não tinha nada. Mas tratei de folhear durante algumas horas
as obras completas de Balzac, e logo havia amealhado meia dúzia
de tramas que, depois de transpostas para o presente e a realidade
brasileira, me deram a sensação de que eu teria uma boa novela.
Ainda mais porque, não satisfeito com o que já “chupara” de
Balzac, corri atrás de Shakespeare e desenterrei de lá o fantasma
do “Rei Lear”... E como se ainda não bastasse revi alguns filmes
de Hitchcock e tratei de me apossar da idéia central de “Vertigo”.
A essa altura vocês me perguntam: então é assim que se faz uma
novela? E eu respondo que às vezes: quando a gente não consegue
sacar um coelho da própria cartola visita as cartolas alheias e trata
de fazer uma bela sopa de letras... Mas dá a ela o nosso tempero
pessoal, e então ela vira uma receita inédita.
Um mês depois a sinopse estava pronta, e não deixava a menor
dúvida: eu tinha uma bela história. O problema é que já devia
produzir capítulos, e ainda não sabia como contá-la.
Pois isso acontece às vezes: você tem uma ótima
história, mas demora pra descobrir como
escrevê-la. E como a novela ia estrear dali a
quatro meses... Na pressa de fazê-lo, liguei o
motor, engrenei a primeira, e acabei entrando
num beco sem saída.
E não pensem que descobri o erro só agora. Mal a novela estreou
vi que estava contando a minha história da maneira mais tortuosa.
A essa altura já tinha 48 capítulos escritos e 24 gravados. Mas
mesmo assim não hesitei em mudar tudo.
Enquanto isso um elemento externo interferia decisivamente na
trajetória de SUAVE VENENO. O programa do Ratinho, exibido
pelo SBT no mesmo horário da novela, era a grande novidade
daquela temporada.
Foi um sufoco. Ao contrário do que reza a lenda
urbana, Ratinho nunca conseguiu ganhar da
novela. Nem mesmo conseguiu um empate. Mas,
sejamos honestos: algumas vezes, durante os
nossos comerciais, ele chegou perto.
No meio desse vendaval que varria a audiência do horário nobre,
eu fiz o que me cabia: atraquei-me com o meu trabalho. Fiz
mudanças radicais na novela enquanto ela era gravada e exibida.
Pra que vocês tenham uma idéia: SUAVE VENENO teve 209
capítulos, mas eu escrevi 242 no total, o que significa que atirei
33 deles na lata do lixo.
Sim, repito, foi um sufoco. Quando a novela afinal entrou nos
eixos, por volta do capítulo 120, e a audiência engrenou uma lenta
curva ascendente, eu já estava cansado demais pra sentir qualquer
alívio.
SUAVE VENENO foi meu karma. Tanto que no dia 19 de
setembro de 1999, quando o último capítulo foi ao ar, peguei todo
o material relacionado com ela, incluindo a sinopse, e joguei no
lixo. Tudo o que eu queria era esquecê-la.
E no entanto...
Quanto mais o tempo passava mais eu ficava
convencido do valor de sua trama. Até que, mal
terminei DUAS CARAS, decidi que um dia ainda
iria reescrevê-la.
Mas atenção: o que pretendo fazer não é um simples remake, e
sim uma nova versão da mesma história. Nem o nome restará,
porque chamá-la de SUAVE VENENO não foi uma idéia minha.
Claro que, ultrapassado o longo período de nojo, já posso dizer
que nem tudo neste meu trabalho me trouxe tristeza. Algumas
tramas e personagens foram muitíssimo bem resolvidos. E dentre
os atores eu destacaria os trabalhos inesquecíveis de José Wilker,
Letícia Spiller, Ângelo Antônio, Rodrigo Santoro, Luana Piovani,
Irene Ravache, Neson Xavier, Luiz Carlos Tourinho, Nívea
Maria, Patrícia França e Diogo Vilella.
E quanto a Glória Pires? Ah, Glorinha que me desculpe, mas ela,
que nunca é menos que brilhante, em SUAVE VENENO não fez
tudo que podia. Porém, se ela foi tão econômica, certamente a
culpa foi minha.
Outra lenda urbana a respeito da novela diz que Wilker apareceu
pra gravar as cenas finais com uma camiseta na qual estava
escrito: “eu sobrevivi a SUAVE VENENO”.
Sobrevivemos todos querido, tanto que depois dela fizemos juntos
dois trabalhos lindos... E, se o Senhor que está lá no céu assim o
quiser, ainda mais faremos.
(Betty Faria como Carlota Valdez)
(Diogo Vilela era Uálber, o mago meio finrinfinfim)
(Glorinha como Lavínia: fez uma poupança de lágrimas)
(Irene Ravache, ou Eleonor: grande dama na vida e na novela)
(Rodrigo e Luana: casados na vida real à época, mas sem
química na ficção)
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Escrito em:3/2/2009
CARMEM MIRANDA FAZ CEM ANOS
Ela faz cem anos no próximo dia 9, está em plena forma e vai viver
pra sempre, como vocês puderam constatar no vídeo acima. Tenho
fotos exclusivas de Carmem na minha coleção particular, e vou
publicar algumas no dia do aniversário dela, aguardem.
_______________________________________________________
Tô com cara de bunda amassada!
Um amigo meu chegou ontem aqui na minha casa em Itaipava,
olhou bem pra mim e falou:
- Ih, você tá com uma cara!...
Eu lhe perguntei:
- De que, criatura?
E ele, sem papas na língua respondeu:
- De quem levou um belo de um chute na bunda.
Eu não disse nada, mas pensei “antes fosse”. E na verdade devia
ter pensado: “foi mesmo”.
Porque foi isso que levei aqui no blogão domingo
à noite: um monte de chutes no meu respeitável
traseiro.
Vejam vocês: eu dou aqui o meu melhor. Procuro não apenas
agradar a quem me lê, mas dar informações, provocar debates,
fazer pensar. Eu sou quem eu sou. O nome que ostento no alto da
página é verdadeiro – é de batismo, e é o meu.
A foto também é verdadeira, pois eu não faço como certas
colunistas de jornal, que, com a maior cara de pau publicam fotos
tiradas há mais de quinze anos e ainda as submetem a um rigoroso
photoshop.
Eu sou como sou. E o meu modo de pensar, limpo e cristalino,
está exposto aqui.
Em troca dessa exposição, dessa sinceridade toda,
o que recebo? Chutes na bunda. Agressões as
mais deslavadas, e o que é pior: de pessoas que
nem sequer existem! Pois em geral, todos os que
entram aqui com propósitos deletérios tratam
antes de resguardar com o maior cuidado suas
identidades: são todas falsas.
O resultado é o que se viu domingo à noite: um bando de freaks,
pervertidos, arrombados, depravados, esfarrapados, mal lavados, a
escrever as coisas mais terríveis a meu respeito, a me dirigir os
maiores insultos, a pretexto de defender uma pessoa a quem eu
nem sequer tinha atacado e de cujo trabalho, aliás, até gosto.
Embora eu tenha reagido feito um leão deitado fora na caatinga,
confesso que ontem de manhã, quando acordei, descobri que
estava me sentindo perigosamente cansado. E a pergunta que eu
passei o dia todo me fazendo foi:
SERÁ QUE VALE A PENA?
Os amigos a quem eu consultei a respeito foram unânimes na
resposta: “não vale”. E explicaram por quê:
“Você está gastando boa parte do seu tempo com
a droga desse blog, e nem ao menos é pago! E
olha que o cara do Kibe Loco, fazendo o mesmo
que você, ta ganhando uma fortuna...”
E o pior é que eles estão certos: meu dia de trabalho custa
algumas centenas de salários mínimos! E aqui eu to trabalhando
por amor, pelos belos olhos de vocês... De graça!
Cheguei à conclusão de que todas as pessoas que perdem seu
tempo mantendo algum tipo de blog não passam de otários. O que
eles ganham com isso além de um bando de inimigos sem cara e
sem identidade?
Dirão vocês, as pessoas do bem que neste momento me estão
lendo:
“Também ganham um bando de amigos”.
Ganham isso, e também ganham uma espécie de febre que os faz,
a cada vez que editam um novo post, se lançar nos braços do
desconhecido.
Vocês mesmos viram o que aconteceu no domingo: é difícil
suportar tanto ódio e depois, na manhã seguinte, acordar, olhar
pro céu através da janela e dizer:
“Mas que dia tão lindo!”
Ontem eu acordei e levei um bom tempo antes de conseguir achar
de novo o meu eixo. Tive que jogar bola com o Tadeu – que é um
excelente goleiro –, depois preparar meu próprio almoço, ler o
jornal (e rasga-lo todo a seguir, de tanta raiva do noticiário), e
comer um doce de caju feito por dona Maria de Lourdes, a mãe
do meu amigo Fábio Maltez, antes de poder sentar diante do
computador e escrever mais 20 páginas de ROQUE SANTEIRO
– O FILME... Porque eu sou tinhoso.
No blog só entrei pra ler – e postar no Vale a Pena Ler de Novo –
o magnífico texto de Pedro.
Agora aqui estou, como vocês mesmos puderam constatar, um
tanto ou quanto fanéee, ou seja: desanimado.
Vou desistir do blog, será isso?
PRA DEIXAR ESSE BANDO DE ZÉ RUELAS FELIZ
DA VIDA?
MAS NEM MORTO!
Hoje era pra ser o post sobre SUAVE VENENO fica o suspense...
Vou escrevê-lo daqui a pouco. Depois vou atirar em torno da
minha casa um vidro inteirinho do pó de Vá se Fuder do Pai
Gentil, pro caso de haver algum safado me espreitando...
E AMANHÃ, MAIS SEXY, CHEIROSO E
GOSTOSÃO QUE NUNCA, MESMO SEM
GANHAR UM PUTO DE UM CENTAVO POR
CAUSA DISSO, EU PROMETO QUE VOLTO!
(Ah, sim, e quanto às fotos: lá no alto, Tadeu, o meu gatão, que
os jornalistas Fifis dizem ser um bofe disfarçado: já recuperado
e mais lindo que nunca; e aqui embaixo três gatões: eu com
Tadeu, e – surprise! – o nosso premiado Dhio Adhelino
esbanjando estilo)
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