representações do feminino em baudelaire e vinicius de

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representações do feminino em baudelaire e vinicius de
Revista Eletrônica de Ciências Humanas, Letras e Artes
ESSAS MULHERES PASSANTES... PASSAM POR ONDE?
REPRESENTAÇÕES DO FEMININO EM BAUDELAIRE E VINICIUS DE MORAES
Aline Cristina Moura (UFU) 1
À une passante
Garota de Ipanema
La rue assourdissante autour de moi hurlait.
Longue, mince, en grand deuil, douleur majestueuse,
Une femme passe, d'une main fastueuse
Soulevant, balançant le feston et l'ourlet;
Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça
É ela a menina, que vem e que passa
Num doce balanço, caminho do mar
Agile et noble, avec sa jambe de statue.
Moi, je buvais, crispé comme un extravagant,
Dans son oeil, ciel livide où germe l'ouragan,
La douceur qui fascine et le plaisir qui tue.
Un éclair...puis la nuit! - Fugitive beauté
Dont le regard m'a fait soudainement renaître,
Ne te verrai-je plus que dans l'eternité?
Ailleurs, bien loin d'ici! trop tard! "jamais" peut-être!
Car j'ignore où tu fuis, tu ne sais où je vais,
Ô toi que j'eusse aimée, ô toi qui le savais!
(BAUDELAIRE, 1964, p. 114)
Moça do corpo dourado, do sol de Ipanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que eu já vi passar
Ah, por que estou tão sozinho?
Ah, por que tudo é tão triste?
Ah, a beleza que existe
A beleza que não é só minha
Que também passa sozinha
Ah, se ela soubesse que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo por causa do amor 2
E
ste ensaio tem como objetivo explicitar as representações do feminino, através de
uma comparação entre a canção de Vinicius de Moraes intitulada: “Garota de
Ipanema” e o poema de Baudelaire “À une passante”, presente na obra Les fleurs
du mal. A partir de uma análise inicial, percebe-se nesta canção a presença de ecos
baudelaireanos, podendo-se supor a existência de uma intertextualidade entre essa canção com
a poesia deste “poète maudit”, que sugere um convite ao pensamento crítico.
Com efeito, a questão de se notar um elo entre o poeta simbolista e o poeta/ cantor
modernista, Charles Baudelaire e Vinicius de Moraes, respectivamente, traz à tona alguns
desdobramentos que são por vezes contraditórios, uma vez que o poema em análise se
configura em uma obra característica do simbolismo de origem francesa e a canção do
“poetinha” se insere no chamado modernismo brasileiro que se manifesta em diversos aspectos
de nossa vida social, política ou cultural na atualidade, seja como afirmação, negação,
questionamento ou conflito e é nesse contexto de junção do passado com o momento
presente, que foi composta a canção de Vinicius de Moraes e Tom Jobim que, apesar de criada
em 1963, ainda apresenta elementos que são característicos da nossa sociedade atual,
guardando em seu cerne um ar de contemporaneidade.
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E-mail: [email protected]
Canção de Vinicius de Moraes e Tom Jobim, disponível em: <http://letras.terra.com.br/vinicius-de-moraes/49272>.
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Considerando esse ar de contemporaneidade, “Garota de Ipanema”, apresenta dupla
face, sendo que por um lado surge como se fosse manifestação espontânea, e por outro, como
fruto de um saber e um trabalho consciente de dois compositores que aprenderam, à custa de
muito esforço e hábil estudo, a buscar no cotidiano o material necessário para dar vida e
atualidade às palavras.
Isso pode ser vislumbrado através da primeira versão dessa canção, datada de 1962, hoje
um clássico da MPB, que originalmente se chamava “Menina que passa”, conforme informações
disponíveis no site “Clube do Tom”, tendo uma composição diversa da versão atual, como se vê
a seguir:
Vinha cansado de tudo
De tantos caminhos
Tão sem poesia
Tão sem passarinhos
Com medo da vida
Com medo de amar
Quando na tarde vazia
Tão linda no espaço
Eu vi a menina
Que vinha num passo
Cheio de balanço
Caminho do mar 3
Com efeito, nessa primeira versão, observa-se mais detalhadamente a inspiração que
essa canção resgata da poesia de Baudelaire intitulada: “À une passante”, que aqui é resgatada
também na tradução de Jamil Haddad, para melhor visualização dos elementos comuns que
nelas se encontram.
A uma passante
A rua em derredor era um ruído incomum,
Longa, magra, de luto e na dor majestosa,
Uma mulher passou e com a mão faustosa
Erguendo, balançando o festão e o debrum;
Nobre e ágil, tendo a perna assim de estátua exata.
Eu bebia perdido em minha crispação
No seu olhar, céu que germina o furacão,
A doçura que se embala e o frenesi que mata.
Um relâmpago, e após a noite! – Aérea beldade,
E cujo olhar me fez renascer de repente,
Só te verei um dia e já na eternidade?
Bem longe, tarde, além, "jamais" provavelmente!
Não sabes aonde vou, eu não sei aonde vais,
Tu que eu teria amado – e o sabias demais!
(HADDAD, 1984, p. 236)
Esses elementos comuns vão desde o título até o uso da figura feminina como
mensageira de valores passageiros, sendo que nesta primeira versão não há o ar expansivo da
versão atual de “Garota de Ipanema”, guardando assim ainda a melancolia simbolista, na qual há
um encontro com o mundo cotidiano, dando ênfase à mulher e localizando-a no espaço, pois se
antes era uma menina que passa, agora ela já ganha seu lugar, a praia carioca, ou dito de outra
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Letra esta disponível no site Clube do Tom, no endereço eletrônico: <http://www.jobim.com.br/cgibin/clubedotom/musicas3.cgi?cmd=musica&song=ipanema>.
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maneira, representa a mulher brasileira, pelo hipônimo garota de Ipanema.
Assim sendo, compreende-se que o aproveitamento levado a cabo por esses
compositores, representa uma renovação profunda dos tópicos por eles utilizados, que
souberam inseri-los em uma nova situação histórica, para deles extraírem sua mais íntima
essência.
Por isso, não se pode negar o peso desse aproveitamento de elementos diversos,
contudo vale frisar que eles adotam uma forma mesclada de uso dos mesmos, sendo esta
atitude impensável sem a herança da tradição, mas, paradoxalmente, se opõe a ela, como se
pode verificar pelo modo como é tratada a matéria que eles assimilam e fornecem nova
configuração.
Entretanto, cabe ressaltar que “a inovação não se torna menos nova por ser capaz de
revestir-se facilmente de um caráter de antiguidade” (HOBSBAWM, 1984, p. 13), pois é
submetida a um tratamento transformador para servir aos novos propósitos.
Assim, para não correr o risco de fazer tabula rasa sobre a questão da mulher e observar
as inovações, bem como seus liames com a tradição, julgamos necessário problematizar o papel
desta nas duas épocas, bem como observar o jogo de identidades.
I - Uma passante e Garota de Ipanema, quem são essas mulheres?
Tanto a canção “Garota de Ipanema” de Vinicius de Moraes e Tom Jobim, como o
poema “À une passante” de Charles Baudelaire, trazem à tona como elemento principal a figura
da mulher, que para nosso propósito servirá aqui como base para analisar as representações do
feminino em ambas as épocas.
Tal fato nos instiga a observar qual imagem de mulher esses escritos revelam, partindo
assim do poema de Baudelaire, este traz uma figura feminina que se desgarra da multidão e
chama a atenção do poeta mesmo com todo barulho ao seu redor, sendo o cenário um lugar
anti-poético por excelência, mas é em meio a tanto ruído que essa dama silenciosa que nada diz,
mas que se faz entender por meio de seus gestos será mostrada por Baudelaire.
Com efeito, ele mostra a mulher de 1860 com ar clássico, firme e elegante “uma mulher
passa, de uma mão faustosa/ Erguendo, balançando o festão e o debrum/ Ágil e nobre, com sua
perna de estátua”, porém de luto “longa, magra, em grande luto”, pode-se inferir que possa ser
uma representação da própria condição feminina da época, privada de liberdade (está de luto),
que está em meio à multidão, mas tal como ressalta Benjamin (1975) “não se trata de nenhuma
classe, de nenhum corpo coletivo articulado e estruturado. Trata-se, isto sim, da multidão
amorfa dos passantes, do público das ruas” (BENJAMIN, 1975, p. 46), que contraditoriamente
tentam manter sua aparência, aparência essa que é passageira “fugitiva beleza”, fugaz, é apenas
uma passante, não é livre, é uma pessoa que não vai permanecer “Não te verei mais, senão na
eternidade?”, que coloca o poeta em dúvida, divagando sobre possibilidades “nunca, talvez”, ele
é alguém que desconhece o passado desta, assim como ela desconhece seu presente “eu ignoro
onde tu fostes, tu não sabes onde eu vou”. Deixando visível esse aspecto de transitoriedade.
Esse sentimento de transitoriedade pode ser vislumbrado também na canção “Garota de
Ipanema” que, traz antagonicamente uma mulher independente, bela, que tem seu corpo
parcialmente exposto aos olhos do observador “moça do corpo dourado” contrariamente a de
Baudelaire que está toda de luto e tem como única parte do corpo admirada pelo poeta seu
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olhar “cujo olhar me fez renascer de repente”, mas que não deixa de ser passageira.
Entretanto, o elemento caracterizador de ambas não é o mesmo, na poesia
baudelaireana o transitório é a aparência de que tem liberdade, porque há uma critica implícita
de repressão da mulher pelo meio, pela multidão que faz barulho, que impõe seus costumes
pelo “ruído”, pela pressão e a faz permanecer em “grande luto com dor majestosa”. Já na canção
de Vinicius é a beleza que é passageira, a “beleza que não é só minha/ que também passa
sozinha”, mas sem tom de critica, é algo natural para o cantor sozinho e triste, tal como o poeta,
pois esse teria amado e ela saberia. Percebe-se em ambos os casos desfechos que colocam seus
autores como analistas do meio, que são solitários nesta tarefa de observação.
Assim, há um clima hermético nesta poesia baudelaireana, trazendo a imagem de uma
passante séria, fria, que tendo um “olhar onde germina o furacão” aquece o poeta mesmo
mantendo distância, é uma mulher paradoxal que tenta se livrar de sua realidade e não
consegue, pois “permanece de luto, na dor majestosa” e apenas passa “balançando o festão e o
debrum”, o que mostra seu apego às convenções da época, impossibilitando ela de se afastar da
mesma.
No entanto a passante de Vinicius de Moraes é emblemática da contemporaneidade,
tem um clima de expansão, visto que representa uma mulher tranqüila, bela, despreocupada
com o que acontece ao seu redor, tanto que não nota a presença do observador (ah, se ela
soubesse...), bronzeada do sol, que anda despretensiosa pela praia, trazendo consigo algo de
sublime, uma vez que é colocada como alguém que ultrapassa o humano, que transcende, pois
ela é a menina “cheia de graça” que enche o mundo de graça e este fica mais bonito. Assim, vista
como a “menina/moça” transmite uma idéia de pessoa imaculada nesta ambientação poética, na
qual o bairro carioca de Ipanema se torna instância onde a metáfora da transcendência se
realiza.
Aqui e ali há a projeção de valores diferentes, motivados pela multidão, pela cultura da
sociedade e que são vitais na construção de uma canção e um poema determinados pelo seu
contexto, tal como o são os exemplos supramencionados.
Em ambos, tanto o cantor quanto o poeta, colocam-se na posição de flâneurs e como
relembra Benjamin (1975) “o flâneur de Baudelaire não é tanto um auto-retrato como se
poderia supor, pois nele não aparece o estado de devaneio. No flâneur é muito evidente o
prazer de olhar” (BENJAMIN, 1975, p. 8), ele registra imagens, idéias, sentimentos e atitudes, o
que enriquece esses escritos.
Por esse prisma, valendo de um grau apurado de sinestesia, própria do simbolismo,
estende-se esse uso apurado de elementos imagéticos também a Vinicius, que tal como o
primeiro não faz um reducionismo autobiográfico, mas sim, uma contemplação da realidade na
qual está inserido e é sujeito da história.
Entretanto, diferentemente de Baudelaire, este cantor coloca a mulher em uma posição
de destaque, pois é ela que quando passa faz com que o “mundo sorrindo, se encha de graça”. E
apesar de não conseguir modificar o poeta que está “tão triste e tão sozinho” tem relevância no
espaço, pois faz com que o mundo “fique mais lindo por causa do amor”.
Pode-se ainda acrescentar, tal como sugere Benjamin (2000), que Vinicius assim como
Baudelaire, pode ser considerado como um flâneur, um flâneur carioca, que de seu papel como
observador, nasce “Garota de Ipanema” exaltando a beleza da mulher carioca que passa por ele
na praia.
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Contudo, a fonte de inspiração que essa mulher lhe passa é de felicidade, é justamente a
alegria e a espontaneidade sua fonte de entusiasmo criador, mas esse é um contentamento
passageiro, tal qual a passante, que dura o tempo de sua presença, evidenciando, com efeito, a
importância dela para o cantor. Uma mulher sensual, “que vem e que passa, num doce balanço a
caminho do mar”, uma pessoa que incita ao pecado, que materializa os desejos masculinos,
mesmo sendo uma “moça” que é elevada à figura de santificação, “que enche o mundo de
graça” pelo autor.
No que tange a Baudelaire sua fonte de criação é a dor, o luto da mulher, a tristeza
velada é a essência de sua poesia, transmitindo sensações inéditas e intensas através de sua
forma de escrever, permeada de simbologia. Assim, após fazer uma descrição desta, ele entra
em estado de desespero e dá uma pausa nas exposições, como uma forma de intensificar o
significado do olhar “uma luz... depois à noite”. Em outras palavras, ela simboliza o claro, o
evidente, mas que de repente se torna misteriosa para o observador e o mesmo não apreende
mais do que o olhar dela, os fatos acontecem rapidamente, como é sugerido pela pontuação,
uma vez que ela tentar manter uma aparência que não é natural de sua situação, oscilante.
Tal aspecto sugere que ela é representação de algo divino, inexistente neste plano, por
isso ele duvidosamente diz: “não te verei mais, senão na eternidade?”, o que é corroborado pelo
fato de que seu olhar faz renascer o poeta, ou seja, há um elemento de energia, mágico, que dá
vida a quem não a possui, seu olhar é místico.
Conclusão
Pode-se perceber, com o exposto, que tanto o poeta quanto o cantor, valem-se dessa
enigmática passante para observar o meio no qual estão inseridos e para mostrar, com base em
um ponto de vista localizado a partir de um “eu poético” uma representante de um dos lugares
sociais, que na análise em questão é a mulher na criação poética. E, assim, estabelecendo com
respaldo nessa figura feminina um jogo paciente de uso das palavras, para dar carga poética a
essas criações com o uso de rimas e aliterações que, juntamente com as sinestesias dão um
clima de modernidade nos mesmos.
Nesse sentido, podemos concordar com Eduardo Peñuela Cañizal quando diz que em
Baudelaire a plasticidade das imagens, seriam “meios expressivos capazes de arrancar das coisas
do mundo significados que, nelas sua natural existência oculta”(1996, p. 355). Em comparação,
também atribuímos tal mérito ao músico Vinicius de Moraes, ainda pouco analisado pelos
acadêmicos, mas que como afirma Carlito Azevedo apud Sérgio Martins (2001) reconhecendo a
grandiosidade poética de Vinicius de Moraes, assim se pronuncia: “Sua bagagem literária lhe
permitia pôr uma gota de sofisticação até nas coisas mais simples que fazia” em matéria
publicada na veja on-line em 11 de julho de 2001.
Pode-se concordar que tal afirmação é pertinente, pois de fato a bagagem literária desse
autor contribuiu grandiosamente na adição de uma gota de sofisticação em tudo que ele fazia,
como é o caso da bela canção “Garota de Ipanema”. Acrescenta-se, ainda, que cada época traz
em si um ideal de beleza e de mulher, que é representado por diferentes formas de expressão
artística, como a canção e o poema.
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REFERÊNCIAS:
BAUDELAIRE, Charles. As flores do mal. Trad. Jamil Almansur Haddad. São Paulo: Abril Cultural, 1984.
BAUDELAIRE, Charles. Les fleurs du mal et autres poèmes. Paris: Garnier-flammarion, 1964.
BENJAMIN, Walter. A modernidade e os modernos. Trad. Heindrun Krieger Mendes Silva. Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro, 1975.
BENJAMIN, Walter. Charles Baudelaire, um lírico no auge do capitalismo. In: ___. Obras escolhidas. São Paulo:
Brasiliense, 2000.
CANIZÃL, Eduardo Peñuela. Cinema e poesia. In: XAVIER, Ismail. O cinema no século. Rio de Janeiro: Imago,
1996. p. 353- 364.
HOBSMAWN, Eric; RANGER, Terence (Orgs.). A invenção das tradições. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.
MARTINS, Sérgio. Poetinha ou poetão?: a crítica literária está reavaliando a obra poética de Vinicius de Moraes.
Veja on-line: abril.com, ed. 1708, 11 jul. 2001. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/110701/p_132.html>.
Acesso em: 5 abr. 2008.
MORAES, Vinicius; JOBIM, Tom. Garota de Ipanema. Disponível em: <http://letras.terra.com.br/vinicius-demoraes/49272>. Acesso em: 5 abr. 2008.
MORAES, Vinicius; JOBIM, Tom. Menina que passa. Disponível em: <http://www.jobim.com.br/cgibin/clubedotom/musicas3.cgi?cmd=musica&song=ipanema>. Acesso em: 05/04/2008.
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