azul gps dente receptor HOLUX

Transcrição

azul gps dente receptor HOLUX
VidaBosch
Arnaldo Interata
Novembro | Dezembro de 2008 | Janeiro de 2009 • nº 16
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Beleza ainda pouco badalada
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de Praia dos Carneiros inspira contemplação
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É claro
magna risus non lacus.
Luz natural dá vida ao ambiente
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com mais limpeza e menor conta de energia
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Vermelho de saúde
Praesent ac mauris.
Frutas como framboesa e morango
Maecenas quis purus. Curabitur nisl.
ajudam a combater envelhecimento
editorial
02 20
Final, mas
também começo
2008 já está chegando ao fim e começamos
a nos questionar sobre o que fizemos ou
deixamos de fazer ao longo do ano. Quais
serão os próximos desafios, descobertas,
alegrias e realizações em nossas vidas,
tanto profissional como pessoal.
São esses pensamentos que nos motivam e nos estimulam a criar, a cada edição da VidaBosch, um roteiro de leitura
que surpreenda o nosso leitor. Por isso é
muito importante que você, leitor, participe da nossa pesquisa de satisfação,
que está encartada nesta edição, em que
poderá dar a sua opinião sobre esta revista, que busca não só apresentar tecnologias da Bosch para a sua vida, mas
também apresentar conteúdos com foco
em inovações, curiosidades, bem-estar
e saúde, entre outros.
É também no espírito de fim de ano que
damos nossa sugestão de passeio na seção viagem: a Praia de Carneiros, um
balneário de Pernambuco ainda pouco
explorado, ideal para descansar de 2008
e preparar-se para os desafios de 2009.
Quem prefere o interior pode escolher
cidades históricas brasileiras. Em atitude
cidadã, falamos de iniciativas para preservar imóveis que contam um pouco
da nossa história.
E que assim seja seu final de ano — com
um balanço prazeroso e instrutivo, em
que você recorde os bons momentos de
2008 e se estimule a fazer de 2009 um
ano melhor ainda.
36 46
Sumário
02 viagem | Praia dos Carneiros, uma Porto de Galinhas sem badalação
08 eu e meu carro | Ao viajar com suas peças, o ator Cláudio Fontana assume a direção
10 torque e potência | Picapes tomam “banho de loja” e conquistam as mulheres
14 casa e conforto | Visita diária da luz natural traz mais cores e limpeza ao lar
20 saudável e gostoso | Fruta vermelha conquista paladares até em pratos quentes
26 tendências | Com maior consumo, mercado de perfumes experimenta novos ares
30 grandes obras | Hidrelétrica “remove” montanha para rio passar
32 Brasil cresce | Com mais viajantes, investimentos em aeroportos decolam
Feliz Natal e feliz Ano Novo.
E boa leitura!
36 atitude cidadã | Morar em prédios históricos é caminho para preservá-los
Ellen Paula
46 áudio | Os sons que podem ajudar as crianças a aprender melhor
42 aquilo deu nisso | Antes do GPS, eram os mapas. Antes dos mapas, as estrelas
Expediente
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2 | VidaBosch |
viagem
Arnaldo Interata
Antes da maré encher
| Por Wilfred Gadêlha
Ainda preservada do assédio de turistas, Praia dos Carneiros (PE)
conta com natureza exuberante, passeios de barco e
muita calma – apesar da chegada de novos empreendimentos
4 | VidaBosch |
O
viagem
litoral de Pernambuco é conhecido
pelos seus cenários paradisíacos:
águas calmas, mar entre o verde e o azul,
areia branquinha e finíssima. Mas a idéia de
paraíso não combina com trânsito, praias
lotadas, falta de espaço na areia e filas nas
duchas, nos bares e nos restaurantes. A 110
quilômetros do Recife, a Praia dos Carneiros é a melhor opção para quem quer fugir
da confusão e da badalação no litoral sul
pernambucano, mas sem perder contato
com a natureza.
Carneiros faz parte do município de Tamandaré, na Zona da Mata Sul de Pernambuco. A região é marcada por uma certa
“esquizofrenia”: de um lado, hectares e
mais hectares de plantações de cana-deaçúcar, herança de mais de 400 anos da
monocultura e da indústria sucroalcooleira;
do outro, praias belíssimas, que têm atraído
turistas de dentro e de fora do país. É nesse
ambiente – e com uma concorrência acirradíssima de balneários como Guadalupe,
viagem | VidaBosch | 5
São cerca de 5 quilômetros
de praia, recheados com
altos coqueiros que parecem estar
cumprimentando os visitantes
Barra de Sirinhaém, Serrambi, Maracaípe,
Muro Alto e, claro, Porto de Galinhas – que
a Praia dos Carneiros se revela.
Um bom paralelo é comparar Carneiros
a Porto de Galinhas. Ambas têm a mesma
receita, com todos os ingredientes de belas
paisagens naturais que fazem a fama da
segunda. A diferença é que Porto de Galinhas está no limite da saturação na alta
temporada. Carneiros, não. Apesar de a
especulação imobiliária e do trade turístico darem seus primeiros passos na areia
branca, o local ainda guarda uma aura de
virgindade. A distância ajuda a explicar a
diferença: Porto de Galinhas é bem mais
perto do Recife (65 quilômetros) o que, obviamente, atrai mais gente. Some-se a isso
o fato de que a infra-estrutura em Carneiros é bem menos consolidada. Há muitos
acessos não-pavimentados, e não existem
tantas opções de diversão como na irmã
mais velha e rica. Ponto para quem prefere a calmaria.
Cumprimentos da natureza
Longe das comparações, quem vai a Carneiros deve estar preparado para se deslumbrar. São cerca de 5 quilômetros de praia,
recheados com altos coqueiros que parecem cumprimentar os visitantes. O som
das marolas se mistura ao das palhas das
árvores, criando um ambiente convidativo
para o ócio contemplativo – esporte mais
do que adequado nestes tempos de correria nas grandes cidades. Tudo sem buzina,
fumaça ou engarrafamento.
Mesmo na maré baixa, a faixa de areia
disponível não é muito grande – contribuem
para isso as propriedades particulares à
beira-mar, que reservam para si pedaços
Arnaldo Interata
extensos de areia. Bares, restaurantes e
hotéis ficam na praia. Mas é quando o mar
seca que se perde o fôlego: as croas (bancos de areia) são uma atração. Pertinho
ficam várias piscinas naturais, em meio
aos corais.
E o mar? O tom das águas de Carneiros
parece ter sido tirado da paleta de um pintor
impressionista. Um azul que se confunde
volta e meia com o verde. A temperatura,
nem fria, nem quente demais. Águas claras, refrescantes para amenizar o calorão
e, o melhor, sem um só sargaço (alga) para
contar história.
O banho de mar é delicioso, mas a contemplação da natureza tem um lugar especial na viagem. Principalmente na foz do
rio Ariquindá, que se encontra com os rios
Mariaçu e Formoso, separando Carneiros
das praias do Rio Formoso. A mistura de
água doce com salgada dá um charme especial ao local, completado por um pôrdo-sol deslumbrante.
Marcos Issa / Argosfoto
Areia fina,
água entre
o verde e o azul
e mar calmo
convidam
o turista
ao principal
esporte de
Carneiros:
o ócio
contemplativo
Melhor ainda é o passeio de catamarã.
Custa entre R$ 20 e R$ 25 por pessoa e dura
cerca de duas horas. A embarcação sai da
frente do bar Bora Bora e faz um pit-stop
em Guadalupe, para o tradicional banho
de argila – que os moradores dizem ser
medicinal e é recomendado com insistência pelos barqueiros. Na volta, manguezais e a simpática Capela de São Benedito,
construída no século 18, quando Carneiros
era uma acanhada vila de pescadores. Localizada a menos de dez metros do mar,
a capelinha, pintada em branco e verde,
ainda é utilizada em eventos especiais.
Quando a maré fica cheia, o Atlântico bate
na murada da igrejinha, criando um clima
de romance muito apreciado pelos casais
apaixonados.
Comes e bebes
O turista pode escolher entre alguns bares e restaurantes que ficam à beira-mar.
Um destaque recente é a filial do restau-
rante Beijupirá, cuja matriz fica em Porto
de Galinhas. Aberta no início deste ano, a
unidade já obteve uma estrela no tradicional Guia Quatro Rodas. O estabelecimento
agrada pelo clima rústico-despojado. Com
poucas mesas no salão, o Beijupirá fica de
frente para o mar, ao lado dos bangalôs
Pontal dos Carneiros Beach. No cardápio,
delícias como o Camaranga (camarões fritos na manteiga, com fatias de manga grelhadas e arroz de aipo) ou o Beijupitanga
(filé de peixe beijupirá na chapa, batatas
temperadas, arroz de castanha de caju e
molho de pitanga à parte). O Beijupirá oferece ainda coquetéis próprios como o Filomena Blue (curaçao, vodca e limonada)
ou o Severina Green (licor de kiwi, vodca
e limonada).
Outra opção – menos requintada, mas
recomendada igualmente – é o restaurante
O Pescador, em Tamandaré. O ambiente é
todo decorado com apetrechos dos homens
do mar, como chapéus de palha, samburás
viagem
(cestos de pesca) e outros utensílios, com
direito a uma jangada no meio do salão.
Uma boa pedida é o filé de cavala branca
ao molho de camarão.
Para curtir um bar à beira-mar, a melhor pedida é o Jobar – restaurante do hotel
Bangalôs do Gameleiro. O turista tem três
opções: ficar no salão, em cabanas com direito a rede e na areia da praia. O estabelecimento é da família Rocha, cujo patriarca
Rosalvo – falecido em 1972 – teve a genial
idéia de comprar 5,5 quilômetros quadrados de terras em Carneiros, o que ajudou
a preservar o local. Os descendentes do
ex-pedreiro são proprietários de vários
empreendimentos na praia.
O Jobar, de uns tempos para cá, começou
a atrair gente famosa. Um dos primeiros,
contam os funcionários, foi Chico Buarque. A ligação do cantor com Pernambuco
é antiga ¬– como ele mesmo diz na música
“Paratodos”: “Meu avô, pernambucano”.
Os olhos azuis de Chico se encantaram com
Carneiros, e o boca a boca ajudou. Depois
viagem | VidaBosch | 7
dele, vieram a filha Silvia Buarque e o marido Chico Diaz, Malu Mader, Mateus Nachtergaele, Alessandra Negrini (ex-mulher
do cantor pernambucano Otto), Arnaldo
Antunes, Vanessa da Matta, Marcelo Camelo
(ex-Los Hermanos) e Pelé. O eterno rei do
futebol já esteve lá pelo menos três vezes.
Orgulhoso, um garçom do Jobar faz questão
de dizer que “as fotos deles estão todas ali,
no mural”. É a mais pura verdade.
Expansão e ameaça
A atração que Carneiros exerce sobre os
famosos termina atraindo o olhar mais
aguçado do trade turístico. Há dezenas
de condomínios fechados e casas de veraneio, mas, para se hospedar, a variedade
ainda não é tão grande. A expectativa é
que, em um futuro breve, mais investimentos desembarquem na área.
Uma ponte sobre o rio Ariquindá, que
vai ligar Carneiros à rodovia PE-60, está
entre os projetos turísticos para a área.
Os recursos para a obra devem vir do se-
gundo Programa de Desenvolvimento do
Turismo no Nordeste (Prodetur II).
A construtora Moura Dubeux, uma
das maiores do Estado, também investe
na construção de um sofisticado resort. A
placa com o anúncio da obra já está fincada no terreno de 10 hectares, à beira-mar,
pertinho da Capela de São Benedito. Lá, a
holding pernambucana pretende levantar
160 bangalôs de, em média, 150 metros quadrados. O custo do empreendimento está
orçado em R$ 70 milhões.
O Banco do Nordeste, que libera os recursos para o Prodetur II, prevê que sejam
instalados cerca de mais 3 mil vagas para
turistas na Praia dos Carneiros nos próximos anos. Fora os condomínios fechados que também estão sendo construídos
e planejados. Se o avanço da especulação
imobiliária e turística vai tirar a aura paradisíaca de Carneiros, ainda não é possível
afirmar. Mas, certamente, esperar para ver
se o paraíso se transforma em outra praia
lotada não é a melhor opção.
Como chegar
São 110 quilômetros entre a capital pernambucana e a Praia
dos Carneiros. Saindo do Recife, pegar a BR-101 sentido
Sul. No Cabo de Santo Agostinho, seguir pela PE-60. Após
o município de Rio Formoso, entrar à esquerda na PE-76.
Em Tamandaré, pegar a estrada em direção à Praia dos
Carneiros. Nas BR-101, PE-60 e PE- 76, as estradas estão
em boas condições. O caminho para a Praia dos Carneiros
alterna trechos em asfalto, paralelepípedos e barro.
Adri Felden / Argosfoto
6 | VidaBosch |
Número de turistas em Carneiros tem crescido, mas calmaria
ainda é a maior atração do local
Limpo, seco e seguro
No litoral, o clima é úmido inclusive quando não chove — em razão da evaporação da
água do mar. Mesmo com o céu limpo, constantemente os vidros do carro ficam cobertos de gotículas de água e sal. Assim, numa viagem à Praia dos Carneiros ou a outras
praias a atenção às palhetas do limpador de pára-brisa deve ser ainda maior. Se elas não
estiverem em bom estado, comprometem a visibilidade e a segurança do motorista.
Para garantir o funcionamento adequado, a Bosch, fabricante de várias linhas de palhetas, recomenda que a limpeza do dispositivo seja feita somente com um pano umedecido em água, nunca com querosene ou outros produtos químicos.
Além da limpeza, a troca regular das palhetas também é importante — seja ela dianteira
ou traseira. Durante sua vida útil (por volta de um ano), cada palheta limpa uma área
equivalente a 60 campos oficiais de futebol. Com a constante exposição a sol, chuva,
chuva ácida, raios ultravioleta e mudanças de temperatura, elas acabam danificadas.
Aditivos usados na limpeza dos vidros também prejudicam os limpadores.
O Bosch Service aconselha trocar as palhetas pelo menos uma vez por ano (de preferência no início do período de chuvas), ou quando houver os seguintes sinais de desgaste:
• No pára-brisa, faixas, riscos ou áreas nas quais permanece uma camada de água (chamada de névoa) mesmo após o uso das palhetas. Ruído ou trepidação das palhetas
durante a limpeza também indicam que é hora de levar o componente para ser analisado em uma das oficinas Bosch Car Service.
• Borracha da palheta quebradiça, torta ou rasgada.
Ao substituir as palhetas, é importante verificar a condição do motor do limpador e se
o esguichador está desobstruído e corretamente posicionado.
Pousada do Farol
Rua Tancredo Neves, s/n, Praia dos Carneiros
Tel.: (81) 3676-0708
Pontal dos Carneiros Beach Bungalows
Sítio dos Manguinhos, s/n, Praia dos Carneiros
Tel.: (81) 3676 2365
Bangalôs do Gameleiro
Praia dos Carneiros
Tel.: (81) 3676 1421
Onde comer
Beijupirá
Sítio dos Manguinhos, Pontal dos Carneiros
Tel.: (81) 3676 1461
Jobar (frutos do mar)
Bangalôs do Gameleiro, Praia dos Carneiros
Tel.: 81 3676 1421
Arnaldo Interata
Arquivo Bosch
Dicas Bosch Service
Onde ficar
O Pescador
Rua Raul de Pompéia, s/n. Tamandaré
Tel.: 81 3676 1345
8 | VidaBosch |
eu e meu carro
| Por Sarah Fernandes
André Klotz
Vai, de carro, aonde o povo está
Amante de estradas
e dos palcos,
o ator Cláudio Fontana
tira o automóvel
da garagem
para viajar toda vez
que se apresenta
no interior de São Paulo
D
epois de encerrar sua participação
na novela das seis da Rede Globo
“Ciranda de Pedra”, onde vivia o jovem e
talentoso advogado Rogério, o ator Cláudio Fontana estreou, em março de 2008,
a peça “Andaime”, na qual protagonizou
um limpador de janelas que despertava
questionamentos sobre a liberdade. A
produção foi bem recebida pela crítica e,
além dos palcos do Teatro Vivo, na capital
paulista, ganhou os teatros de municípios
do interior e do litoral de São Paulo. Como
fez para acompanhar a turnê por cidades
diferentes? Simples: Fontana guiava (uma
de suas paixões) pelas estradas do Estado
até os locais que iriam receber a peça.
“Eu adoro dirigir, principalmente em
estrada. Até quando viajo para outros países alugo um carro para conhecer as cidades”, afirma o ator, que coleciona 18 anos
de carreira. Há cerca de um ano e meio ele
comprou o utilitário Mitsubishi Airtrek,
que virou o seu favorito. “É o melhor carro que já tive. É alto, muito confortável na
estrada e automático”, destaca.
“Sempre que tenho que viajar a uma
distância menor que 400 quilômetros eu
vou dirigindo. A peça esteve dois meses e
meio em Campinas e eu ia e voltava [para
São Paulo] todos os dias de apresentação”,
conta Fontana, vencedor do prêmio de ator
Revelação de 1990, da Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado
de São Paulo. Além das viagens a trabalho,
o ator costuma ir para um sítio em Minas
Gerais, e acaba passando por estradas de
terra, quando a suspensão do seu carro é
colocada em teste.
O que não pode faltar no carro dele? Arcondicionado. “Está cada vez mais quente,
e é muito desconfortável andar sem o ar,
ainda mais em São Paulo. Gosto muito do
câmbio automático, mas, se precisasse, abriria
mão dele para ter o ar”. Fontana confessa,
porém, que dirigir nas cidades se tornou
mais agradável com o câmbio que não exige
trocas de marchas constantemente. “Fiquei
mais tranqüilo com o automático, porque
sem ele é primeira... segunda... volta para
primeira... embreagem...”
Na cidade, o trânsito condiciona o ritmo
do artista. Na estrada, porém, ele conta
que os radares fizeram com que tirasse
um pouco o pé do acelerador. “Acho que,
às vezes, eu corria um pouquinho mais do
que devia. Mas a fiscalização me fez dirigir
mais devagar”, confessa o ator, que participou de sucessos da televisão brasileira como as novelas “Fera Ferida” (1993) e
“América” (2005).
Apaixãopordirigircomeçoucedo.Cláudio
aprendeu a guiar com 16 anos, no Guarujá,
onde a família tem casa de veraneio. “Meu
pai foi meu primeiro professor e na época
as ruas de lá eram muito tranqüilas.”
Quando passou no vestibular para cursar
Economia, ganhou do pai um Passat, que
dividia com seu irmão, em um esquema
“um para os dois”, lembra. “O carro era
a álcool e eu tinha que acordar mais cedo
para esquentar o motor.”
Depois de terminar a faculdade e trabalhar quase dez anos na área, trocou os
números pela dramaturgia. Ao ver um
cartaz de “Procura-se um ator”, resolveu
tentar a sorte e começou a atuar no Teatro Amador do Esporte Clube Pinheiros,
onde fazia atletismo. Durante seis anos
continuou como artista amador, até que
resolveu pegar a estrada das artes cênicas
como profissional e dedicar-se totalmente
a peças e participações na televisão. “Na
época foi uma decisão difícil. Eu tinha um
cargo bom, salário fixo, oportunidade de
viajar a trabalho, mas decidi arriscar.” O
público agradece.
A Bosch na sua vida
Arquivo Bosch
Para viajar tranqüilo
Quem faz da viagem por estradas
um hábito, como Cláudio Fontana
quando excursiona com suas peças,
precisa estar atento ao desgaste
das velas de ignição. O movimento do eixo e, portanto, das rodas
do automóvel depende de um sobe-e-desce de pistões dentro do
motor que só acontece porque lá
são geradas pequenas explosões.
Essas explosões são fruto de uma
combinação de ar, combustível e
faíscas, produzidas constantemente
pelas Velas Bosch.
Em veículos que acumulam muitas
quilometragens, esse componente
tem maior desgaste. Se ele estiver
em mau estado, o carro consome
mais combustível e libera na atmosfera uma quantidade maior de
gases poluentes.
A Bosch, que patenteou as velas há
mais de 100 anos, recomenda que
se faça uma revisão a cada 15 mil
quilômetros, para avaliar se é necessário algum ajuste ou troca.
No Brasil, a empresa fornece o produto às principais montadoras do
país, como Volkswagen, Peugeot,
Citröen, Fiat e GM.
As Velas Bosch são as ideais para
motores bicombustíveis — são as
únicas com tratamento de níquel
na carcaça metálica, o que evita a
corrosão provocada pelo álcool.
10 | VidaBosch |
torque e potência
| Por Talita Amorim
Utilitários
de salto alto
Maiores e mais robustos, as picapes
e os carros conquistam o público feminino
Polusvet / Shutterstock
H
elena Deyama já participou de dez edições do Rally Internacional dos Sertões; em oito, chegou entre os dez
primeiros. É a única mulher que já venceu um campeonato
de rali tanto no Brasil quanto no exterior. Ainda assim, quase
sempre que desce de sua picape Mitubishi L200 RS o público
se espanta. “Principalmente no interior do Brasil, as pessoas
ficam muito surpresas e falam: nossa, é uma mulher! Tão pequenininha e frágil”, brinca, referindo-se a seu pouco mais de
um metro e meio de altura.
Na cidade, porém, quando desce de sua picape Toyota Hilux
SRV 4x4, que usa para dirigir em São Paulo, a surpresa já não é
tão grande. Na capital, assim como na maioria das metrópoles
brasileiras, a campeã torna-se apenas mais uma mulher a bordo de um automóvel utilitário esportivo ou de uma picape — um
segmento que alguns especialistas consideram “a febre do momento”, principalmente entre o público feminino.
A presença pelas ruas de picapes como a que Helena dirige
em São Paulo aumentou 85% no país em cinco anos, segundo
a Jato Brasil, consultoria de informações automobilísticas. De
janeiro a agosto deste ano, foram 75.177 emplacamentos de veículos desse tipo — em 2004, no mesmo período, foram 40.477.
Considerando-se o setor de automóveis utilitários como um todo — o que inclui, além das picapes de tamanho grande, as de
tamanho médio e os utilitários esportivos o salto foi de 190%: de
81.321 emplacamentos de janeiro a agosto de 2004 para 235.479
em 2008. Em relação ao mesmo período do ano, o avanço mais
impressionante se deu entre os utilitários esportivos: de 12.207
emplacamentos, em 2004, para 92.130 em 2008 — seis vezes mais
em apenas quatro anos.
12 | VidaBosch |
torque e potência
Posição de dirigir — que
passa sensação de segurança — e
profusão de porta-objetos
chamam atenção das mulheres
“É uma febre. Esses carros estão vendendo mais porque são mais altos e fortes,
o que dá uma sensação maior de segurança.
Junto com isso, há a facilidade dos financiamentos, que ajudam a elevar as compras”,
comenta o diretor de vendas e marketing
da Jato Brasil, Luiz Carlos Augusto.
“Nas viagens, o carro vai super bem,
pega mais velocidade, e eu me sinto confortável e segura”, conta a secretária Sueli
Bonizze, que há três anos tem uma Blazer
a diesel. Na cidade, ela prefere usar um
carro menor, um Clio, mas na estrada não
abre mão de seu utilitário esportivo. “Tem
mais força no motor”, elogia.
O campeão de vendas nessa categoria é
o Ford EcoSport, que corresponde a 34%
dos veículos utilitários emplacados no primeiro semestre deste ano, de acordo com
a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). Cerca
de 50% das vendas do automóvel são para
as mulheres, segundo a Ford.
Não há uma estimativa de quanto o público feminino representa na venda dos
utilitários esportivos e das picapes, mas é
unanimidade no setor a percepção de que o
percentual de mulheres atrás dos volantes
desses automóveis tem crescido.
A Nissan do Brasil, por exemplo, estima que 35% das compras de seu utilitário
esportivo mais popular, o X-Trail, sejam
feitas por ou para mulheres. “Há dois anos,
esse número não passava de 20%”, diz o
gerente de marketing e produto da montadora, Mário Furtado.
Assim como o executivo da Jato Brasil,
ele também acredita que o preço seja um
fator relevante para o crescimento da procura por esse tipo de carro. A diferença
entre os sedãs e os utilitários esportivos
tem caído, segundo Furtado. “Além disso,
os juros para comprar carros novos estão
bastante acessíveis”, ressalta.
Ele destaca ainda que, para agradá-las,
as montadoras passaram a fazer veículos
mais suaves. “O motor e o câmbio melho-
torque e potência | VidaBosch | 13
raram muito. Esse crescimento entre as
mulheres é uma evolução natural da oferta
de mercado. As montadoras, em geral, hoje
se preocupam muito mais em atender esse público. E mudanças para elas também
beneficiam os homens.”
Fotos Divulgação
Carro “de mulher”?
A participação maior das mulheres não é algo
exclusivo desse segmento — a Volkswagen
estima que, a cada dez compras de carros
feitas no Brasil, pelo menos sete tenham
alguma participação delas. Uma pesquisa
feita em 2004 pela empresa detectou que
40% dos carros comprados são destinados
às mulheres e outros 30% são comprados
por homens influenciados por elas. De olho
nesse novo filão, as montadoras passaram
a investir mais em adaptações feitas especialmente para o segmento feminino. Avaliando que as mulheres compram carros
“de dentro para fora”, começaram a fazer
modificações no interior dos veículos.
Os utilitários esportivos apostam nessa
tendência. Eles fazem sucesso entre elas
não apenas pela posição de dirigir — que,
por ser mais alta, passa uma sensação maior
de segurança —, mas também pela grande
quantidade de porta-objetos. Isso mostra que, além de um design bonito dentro
e fora do carro e bancos confortáveis, as
compradoras querem praticidade.
Não por acaso, vários utilitários esportivos e picapes possuem recipientes internos para quase tudo: servem para esconder bolsas, notebooks, CDs e até livros. Os
porta-malas espaçosos também são fatores
de grande atração.
Esse setor também seguiu outras tendências do mercado automotivo. Os utilitários
esportivos passaram a ter regulagem de
altura nos bancos, o que ajuda a adequálos à menor estatura feminina (algo especialmente importante em carros grandes).
Ganharam espelhos no quebra-sol do motorista e do passageiro e muitas montadoras, inclusive, trocaram as maçanetas das
portas, por modelos que evitam a quebra
das unhas, e os tecidos dos bancos, para
dificultar que as meias-calças tenham os
fios puxados.
Apesar das mudanças bem-vindas, a
migração das mulheres para os utilitários
As pessoas ainda se admiram quando vêem sair de uma picape de competição a
piloto de rali Helena Deyama
esportivos pode ser vista como uma declaração de independência: elas não querem
mais dirigir “carros de mulher”. Querem,
sim, ter carros potentes como os dos homens,
com um pouco mais de conforto, destaca
Helena. “O mais importante é que eu não
preciso me preocupar com os buracos e
valetas da cidade. Com um utilitário, não
há problema para passar por esses obstáculos”. Ela elogia, nesse sentido, o fato
de sua picape ser movida a diesel. “É mais
resistente. Anda até embaixo d’água”.
A possibilidade de carregar cargas maiores também atrai parte desse público. “Me
sinto mais auto-suficiente, posso carregar
motos e bicicletas na carroceria”, diz Helena. Foi a praticidade que fez a designer
de jóias Moara Facilott comprar um veículo que tem bem mais características de
utilitário do que de esportivo, um furgão
Sprinter 313, a diesel. “Transporto minhas
motos dentro do carro. Levo três motos e
quatro pessoas”, conta ela, que corre de
moto em ralis. “Acho carro a diesel mais
confiável e resistente. Tive outro carro igual
que durou por 12 anos”, recorda.
Helena chama atenção para outros itens.
“Esse tipo de carro tem coisas que ajudam a
facilitar minha vida, como guinchos, chave
de roda especial, que solta a roda com mais
facilidade para trocar os pneus, e uma bolsa inflável que eleva o carro sem que seja
preciso usar um macaco”, destaca. “Mas
é lógico que dentro eu quero espaço para
guardar minhas coisas, como protetor solar e labial e cremes. É preciso não perder
a feminilidade.”
A febre dos utilitários esportivos, porém, ainda precisa ser acompanhada de
ajustes — por serem grandes e pesados,
eles, em geral, poluem mais que os sedãs e
os carros menores, ainda que haja investimentos para que seus motores sejam mais
eficientes. Num ranking feito recentemente
pela Agência de Proteção Ambiental dos
Estados Unidos, a maioria dos veículos mais
poluentes eram utilitários esportivos movidos a diesel. “A emissão de poluentes é
muito maior. Tanto é que em países com
maior consciência ambiental, a venda deles
vem caindo. Na Europa, nos últimos anos,
houve uma redução de 30% a 40%”, afirma
Luiz Carlos Augusto, da Jato Brasil.
A Bosch na sua vida
Arquivo Bosch
Menos ruído na cidade
Com os utilitários saindo da terra e indo para o asfalto, um
baixo nível de ruído no motor e de emissão de poluentes
torna-se requisito indispensável no projeto do veículo. O
Brasil poderá contar, já no início de 2009, com uma tecnologia avançada para atacar esses aspectos: o Sistema
Common Rail PKW 2.2, criado para veículos de passeio
e utilitários leves. O equipamento da Bosch é dotado de
uma série de sensores e atuadores que permitem calcular o momento certo e a quantidade ideal de diesel a ser
injetado no motor para uma combustão mais homogênea,
o que significa menos barulho e menos poluição.
A partir de janeiro de 2009, o injetor CRI 2.2 passa a
ser fornecido pela unidade da Bosch de Curitiba, que
fabricará o equipamento. Com isso, as montadoras deixarão de arcar com custos de importação e os veículos
equipados com a versão mais antiga do sistema poderão se atualizar.
A nova geração tem a vantagem de trabalhar com mais
pressão (o que permite ao motor desenvolver maior potência específica) e com uma quantidade maior de injeções por ciclo de queima (são mais de mil por minuto),
o que leva a menos poluição. A tecnologia atende às mais
recentes normas de emissão de poluentes do Brasil.
14 | VidaBosch |
casa e conforto
| Por Mariana Martinez
Fotos Shutterstock
A iluminação natural economiza
energia elétrica, higieniza o ambiente
e faz do sol uma visita diária
Dê à luz
16 | VidaBosch |
casa e conforto
casa e conforto | VidaBosch | 17
Fotos Shutterstock
Além do
benefício
estético,
mais
luz em
todos os
ambientes
significa
economia
de energia
A
cordar, abrir as janelas, deixar o sol
invadir o ambiente aos poucos, perceber as cores mais vivas e o calor da manhã que reconforta. Eis uma receita prática
de bem-estar para começar o dia. Se uma
medida simples como essa já dá a idéia de
como a claridade modifica o espaço e influencia os nossos ânimos, imagine investir em maneiras mais eficientes para tirar,
permanentemente, o maior proveito da luz
natural dentro de casa?
Varandas, fendas de tamanhos diferentes
nas paredes e no teto, clarabóias, cúpulas,
pergolados e grandes vãos são algumas
propostas consideradas por arquitetos e
decoradores para clarear o ambiente. “Os
projetos contemplam, na medida do possível, janelas em todos os ambientes para
trazer luz e ventilação natural. Na arquitetura contemporânea, muitas vezes as paredes dão lugar aos painéis de vidro. Tudo
depende do caso e da necessidade”, afirma
o decorador Fernando Piva.
A estética e o conforto térmico são os
benefícios diretos mais evidentes, mas há
também a economia de energia elétrica
por conta de menos lâmpadas acesas, um
aspecto fundamental, principalmente em
meio ao presente debate sobre como tornar o planeta mais sustentável. Segundo o
arquiteto Leonardo Junqueira, outro efeito
positivo da iluminação natural é o poder
de higienização. “Ela naturalmente limpa
o espaço de determinados tipos de ácaros
e bactérias”, diz.
A iluminação zenital
(por meio de abertura no teto)
é uma grande vantagem
quando se quer obter mais
claridade, mas é necessário
cuidado para não trazer luz
em excesso ao ambiente
Pelo teto
Uma das apostas mais eficazes e charmosas para melhor usufruir os raios solares,
inclusive em ambientes menores, é a iluminação zenital. O termo pode parecer muito
técnico para quem é leigo no assunto, mas
a idéia se resume em criar uma abertura
no teto para deixar a claridade entrar o
dia inteiro.
No forro, o ângulo de incidência da luz
é maior do que por uma janela, aonde o sol
chega apenas durante uma parte do dia.
É uma grande vantagem quando se quer
obter mais claridade, mas, justamente por
isso, o recurso é mais adequado para áreas
de circulação ou curta permanência, como
corredores, escadas e banheiros, que podem receber luz o tempo todo sem oferecer
o incômodo do “efeito estufa” provocado
pela longa exposição aos raios solares. “O
que define a quantidade de luz satisfatória
dentro de um espaço na maioria das vezes
é o uso. Em áreas sociais, ela é sempre bem
vinda. Já em quartos, deve ser controlada”,
pondera Junqueira.
Segundo o arquiteto, uma das maneiras
de filtrar o excesso de luz nesses casos é o
uso de pergolados, que são estruturas de
vigas colocadas lado a lado em determinada fenda no teto, com um espaço entre
cada uma delas. As sombras que se formam conseguem “quebrar” a incidência
do sol e ainda criar um efeito decorativo.
Geralmente feitas em madeira, essas vigas
também são projetadas em concreto, aço
e outros materiais.
Por cima delas, deve vir uma cobertura
em vidro ou policarbonato. De acordo com
a arquiteta Fabiana Sá, a segunda opção
é mais vantajosa. “O policarbonato custa
menos do que o vidro, é leve, permite trabalhar com curvas e placas grandes, além
de ter menos chance de quebrar. No entanto, o vidro tem uma durabilidade bem
maior e a manutenção com limpeza é bem
mais fácil”, afirma. Em qualquer uma das
escolhas, a vedação precisa ser planejada,
de preferência por um profissional que
conheça bem a área, para evitar goteiras
inconvenientes.
Sob medida
Uma proposta mais simples de iluminação
zenital, que pode ser aproveitada em projetos menores sem o impacto de grandes
reformas, é o emprego de janelas de teto.
Feitas com madeira, alumínio, cobre, PVC
ou policarbonato, elas são fabricadas em
diversos tamanhos e facilmente instaladas
nos telhados das casas de acordo com o
grau de inclinação. Alguns modelos contam até com sistema de abertura motorizado, película para absorção de energia
e já vêm prontos para instalação. “Há duas maneiras de aumentar a incidência de
luz natural nos ambientes pequenos: aumentar os vãos de janelas e portas ou criar,
quando possível, uma iluminação zenital”,
observa Junqueira. A dica de Fernando Piva para espaços menos amplos é apostar
em espelhos, que duplicam o ambiente e
a iluminação.
Suaves ajustes na decoração que às vezes passam despercebidos podem valorizar ainda mais a luz natural que a casa ou o
apartamento proporciona. Com o simples
uso de cortinas, é possível dar um ar diferente ao ambiente, o que vai depender das
cores e do tipo de tecido escolhidos. Tons
mais claros costumam deixar os espaços
mais luminosos. A mesma incidência de
luz da rua pode ter um efeito totalmente
diferente se a cortina escolhida for laranja,
por exemplo. “Melhor descartar os tons
vibrantes, que podem ter o mesmo efeito
de uma lâmpada incandescente e deixar
Tons vibrantes de cortina
podem deixar tudo amarelado
e acabar com a grande
vantagem da luz natural:
permitir enxergar a cor original
dos móveis e objetos
tudo ao redor meio amarelado. A grande
vantagem da luz natural é justamente permitir enxergar a cor original das coisas.
Por isso ela deve ser bem usada”, explica
Fabiana.
Sem ofuscar
Sol demais não é prejudicial apenas para
a pele. Uma situação em que o excesso de
luz pode ser inconveniente é quando o espaço se torna desconfortável do ponto de
vista térmico, ou seja, superaquecido – o
que acaba anulando o possível benefício
de economia de eletricidade. “Em um país
tropical como o Brasil, esse é um problema comum. Alguns prédios têm enormes
fachadas de vidro, que seriam perfeitas
para países de clima temperado, mas não
servem para o nosso daqui. O resultado,
além do calor insuportável, é o consumo
exagerado de energia elétrica por conta
do uso constante de ar-condicionado”,
alerta Junqueira.
Outro ponto a ser pensado é o ofuscamento pela luz, que pode ser um incômodo
de acordo com o tipo de atividade exercida
em determinados espaços. “Em ambientes
de TV, muita claridade atrapalha, pois re-
18 | VidaBosch |
casa e conforto
casa e conforto | VidaBosch | 19
Fotos Shutterstock
A Bosch na sua vida
Arquivo Bosch
Verniz para
madeira
e persianas
ajudam
a evitar o
desbotamento
do piso e
dos móveis
flete na tela do aparelho”, avisa Piva.
Há também questões mais práticas,
como o desbotamento de tecidos, pisos
e móveis. Para não correr esse risco, Fabiana Sá destaca alguns materiais que
não sofrem tanto com a ação dos raios
solares. Pisos de mármore são melhores,
pois os de madeira descascam. Se a madeira for inevitável, há alguns tipos de
sinteco (tipo de verniz) mais resistentes
a estragos. Nos móveis, ipê e cumaru são
boas escolhas. “Sofás de couro desbotam
facilmente, portanto, é melhor ficar com
tecidos naturais, como algodão, linho e
Pode-se
abusar das
entradas de
luz em áreas
de circulação
ou curta
permanência,
como
corredores
e escadas
fibras”, sugere a arquiteta.
Persianas também podem ajudar a diminuir o prejuízo. Há diversos modelos
disponíveis no mercado. As mais tradicionais são as persianas de lâminas, mas
existem também as plissadas (com dobras
permanentes), feitas de tecido pregueado,
e as romanas, que são erguidas dobrando em camadas. Os rolôs são cortinas que,
quando recolhidas, ficam enroladas. Quanto aos materiais, há de alumínio, madeira,
algodão, poliéster, PVC, fibras naturais e
sintéticas. Todos protegem do sol quando
fechados, mas manter a persiana sempre
abaixada pode significar abrir mão da vista e da claridade. Somente a tela solar, nas
versões rolô e romana, controla o calor e
filtra os raios UV sem impedir a entrada
de luz natural nem esconder totalmente a
paisagem. A escolha depende do tipo de
ambiente e do objetivo desejado.
Deixe a luz decidir
Um ambiente que receba doses adequadas de iluminação natural durante o dia é o ideal para as plantas, o
piso e os móveis. Mas não dá para
ficar de prontidão e abrir a janela
quando o sol aparecer, ou fechá-la
quando a chuva começar. Não dá e
não precisa: o motor FPG, da Bosch,
faz isso automaticamente.
O Motor Levantador de Vidro tipo
FPG foi desenvolvido originalmente
para abertura de vidro automotivo,
mas também pode ser aplicado
em residências.
Por meio de uma programação simples, é possível definir a que horas
basculantes ou vidros de correr devem ser abertos e fechados. Pode-se
também deixar a decisão ao sabor
do tempo: um sensor detecta presença ou ausência de luz natural e
ordena ao FPG abrir ou fechar as
janelas. Há ainda um sensor que interrompe a programação e fecha o
vidro quando começa a chover.
Para a comodidade, o melhor é o
controle remoto, com o qual é possível comandar o motor sem sair
do sofá. O sistema ainda permite integração com aparelhos para
segurança domiciliar, abrindo ou
fechando ao sinal de presença indesejada, e com celulares. Está no
trabalho e quer fechar a janela de
casa? Mande um torpedo e o FPG
entra em ação. O aparelho, movido a eletricidade, conta com dispositivo de segurança acoplado a
uma bateria que fecha as janelas
se faltar energia.
20 | VidaBosch |
saudável e gostoso
| Por Maria Eduarda Mattar
Liviu Toader
Michel Brown
As damas de vermelho
Frutas como morango, cereja, amora e framboesa são ótimas para acompanhar e decorar
pratos doces e salgados, e ainda trazem substância que ajuda a combater envelhecimento
22 | VidaBosch |
saudável e gostoso
D
iscretas no tamanho, chamativas no
sabor e vestidas com a cor das emoções fortes, as frutas vermelhas posam de
vedetes em sobremesas, sorvetes, iogurtes,
caldas, sucos, drinks e até mesmo muito
longe de pratos e garfos, perfumando óleos
e cremes hidratantes. Morangos, amoras,
framboesas, mirtilos e groselhas estão neste
grupo, caracterizado por tamanho reduzido,
ausência de caroço e interior em tons que
variam do rosa claro ao roxo quase preto.
Trata-se das berries, como são chamadas na
língua inglesa, sufixo em comum que ajuda
a identificar o grupo dessas pequenas notáveis. Cerejas, apesar do caroço, também
acabam sendo incluídas nesse time.
Algumas são originárias da Europa, outras da Ásia. Próprias de clima temperado,
em sua maioria, algumas só são cultivadas
em poucas quantidades no Brasil, sendo
encontradas com mais facilidade na forma
congelada. “Por isso, acabamos utilizando
muito em caldas e doces”, revela a chef e
nutricionista Clarissa Magalhães, do restaurante e boate Symbol, do Rio de Janeiro.
O cultivo é feito em solos brasileiros principalmente no sul de Minas Gerais, em São
Paulo e no Rio Grande do Sul.
Luis Antônio do Lago, da mineira cidade
saudável e gostoso | VidaBosch | 23
de Campestre, é um dos produtores das
frutas no Estado. Seu sítio — o Juranda —
produz amora há cinco anos e framboesa
há menos de um. A propriedade é situada
no alto da Serra da Cachoeira, a 1.300 metros de altitude. Lago ensina que o clima
frio de montanha é adequado ao cultivo das
duas frutas — tanto que abandonou quase
completamente a plantação de café, predominante na região, e pretende tentar o
cultivo de uma nova berry ainda neste ano:
o mirtilo, ou blueberry.
Lago produz 25 toneladas anuais de
amora e framboesa, em um universo de
aproximadamente 2.200 toneladas produzidas por ano no Brasil, segundo estimativas da unidade Clima Temperado da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), considerando-se os 250
hectares (ha) de amora e os cerca de 50 ha
de framboesa cultivados em todo o país.
As plantações de morango rendem 105 mil
toneladas anuais, em 3.500 ha cultivados;
já as de mirtilo se espalham por 150 ha e
rendem 600 toneladas por ano.
Segundo Luis Eduardo Corrêa Antunes,
pesquisador da Empraba Clima Temperado,
a maior parte dessa produção é direcionada
ao consumo interno, mais especificamen-
te para o mercado in natura. Ou seja, para
feiras e mercados. E, dali, para figurar nas
receitas em restaurantes e casas, garantindo a quem consome, além do prazer do
sabor ligeiramente azedo comum a quase
todas as frutas vermelhas, os benefícios do
ácido elágico. Presente em grande quantidade nesse tipo de fruta, ele já teve sua
ação antioxidante comprovada por diversos estudos internacionais e por pesquisas
nacionais. Uma destas é a da nutricionista
Janini Ginani, da Universidade de Brasília,
que concluiu o doutorado em 2005 com
uma tese sobre o assunto.
O ácido elágico não é produzido pelo
corpo humano — encontra-se apenas em
frutas, cascas de árvores, nozes e flores.
“Ele é um tipo de polifenol, substância
grosseiramente chamada de anticorpo
das plantas, porque as protege, principalmente quando ainda não estão maduras e são, portanto, mais suscetíveis a
ataques de parasitas, insetos e aos raios
ultravioleta”, explica Janini, que garante:
“não se tem ainda notícia de outros alimentos tão ricos em ácido elágico como
as frutas vermelhas”.
A ação antioxidante combate os radicais
livres, retardando o envelhecimento. Outra
Arquivo Bosch
A Bosch na sua vida
Pronto para o brinde
O Side by Side, um refrigerador de porta dupla lançado pela Bosch, permite servir bebidas na temperatura ideal, de modo prático e econômico. Quer oferecer a seus convidados um suco de frutas vermelhas geladinho? Basta acionar o home bar, uma abertura
na porta que dá acesso a uma prateleira interna, na qual você pode colocar a bebida que
for utilizar. Não é preciso, portanto, abrir o refrigerador toda hora — basta usar o home
bar. É mais fácil e economiza energia elétrica, já que entra menos calor na geladeira.
Prefere fazer um drink na hora e, em vez de colocá-lo no refrigerador, acrescentar gelo? O
Side by Side também facilita seu trabalho: na porta da esquerda, traz um dispenser que
libera água, gelo em cubo ou picado. Para selecionar um desses itens, basta apertar um
botão — se quiser mais do que a quantidade inicial, é só manter o botão pressionado.
Do lado de dentro, esse modelo da Bosch também traz funções úteis. Uma delas é o recurso super cool, que intensifica a refrigeração (é ideal para quem chega com as compras
do supermercado e quer conservar logo os produtos, como as frutas vermelhas). Outro
é o fast freezing, que pode ser usando quando for preciso congelar algo rapidamente.
Apesar da porta dupla e do grande volume interno (504 litros), o Side by Side tem pouca
profundidade (73,3 centímetros). Com isso, ele entra facilmente na cozinha — a entrega
e a instalação tornam-se mais simples.
Joseph C. Salonis
Morango é a fruta vermelha mais colhida no Brasil: são 105 mil toneladas por ano
ação comprovada da substância é a prevenção de alguns tipos de câncer e doenças
cardiovasculares. Márcia Vizzoto, pesquisadora na área de alimentos funcionais da
Embrapa Clima Temperado, lembra que a
ação é preventiva, e não profilática. “Não
se deve esperar ingerir essas frutas depois
que já está instalada alguma doença crônica
ou cardiovascular. Depois que já existe o
problema, é difícil resolver. Elas agem mais
no sentido de prevenir”, alerta a agrônoma.
Outro ponto positivo da substância é que
ela só ataca células cancerígenas.
“Não existe indicador de quantidade indicada de consumo diário. Mas é possível
dizer que, para ter uma proporção representativa, a quantidade de frutos que se teria de ingerir é grande”, reconhece Janini.
Consumindo 10 unidades de morango, o
corpo recebe 133 miligramas de ácido elágico. O mesmo número de amoras pretas
fornece 1,7 grama da substância.
Frutas vermelhas são
ricas em substâncias que ajudam
a prevenir o câncer e também
concentram grandes quantidades
de fibras e vitamina A e C
É importante sublinhar, no entanto, que
a ação do ácido elágico é local — depois da
digestão, não é muito absorvido pelo organismo e perde efeito. “Tanto que seu maior
poder é contra câncer de boca, de intestino
e de estômago”, ilustra a pesquisadora da
UnB. Por isso, o indicado é ingerir quantidades constantes de frutas vermelhas,
quase diariamente, apesar de seus preços
não serem baixos.
Se o preço é um empecilho, a variedade das frutas e a versatilidade nas formas
de preparo são um estímulo —- muito mais
atraente, por sinal. O consumo mais tradicional é em sobremesas — elas se destacam
em relação ao açúcar das tortas, avivam
caldas, misturam-se ao leite em sorvetes,
in natura, entre outras opções —, mas está
longe de ser o único. Em drinks, por exemplo, vão bem com vodcas ou espumantes,
aconselha o barman Rafael Santos, que comanda os balcões da Drinkeria Maldita, no
Rio de Janeiro, uma casa que oferece mais
de cem batidas.
“Morango e cranberry (em português,
oxicoco) são as que mais saem. Além, claro,
da caipirinha de frutas vermelhas, a caipirouge”, conta Santos, que usa no dia-a-dia
morango, framboesa, amora e cereja. Esta
última é bastante usada como decoração
ou combinada com espumantes. Para “beber” o morango, o barman sugere misturar
com hortelã, vodca e açúcar. “Na dúvida,
usem vodca, que combina com todas elas”,
recomenda.
É uma forma descontraída de aproveitar
todas as propriedades das frutas vermelhas, ricas não só em ácido elágico, mas
também em outros polifenóis presentes em
menor quantidade, como os ácidos caféico,
ferúlico e gálico. “Todos eles também são
antioxidantes e possuem atividade anticâncer. Além deles, encontramos grandes
quantidades de vitamina C, A, ácido fólico, fibras, cálcio, magnésio... A quantidade
de cada um varia de acordo com o tipo de
fruta, espécie, época do ano, local onde
foi cultivado e condição do solo”, ensina
Janini, da UnB.
Porém, mais que aproveitar as frutinhas
nos convencionais doces e bebidas, é possível
também ousar e combinar com peixes e carnes em pratos quentes. Clarissa Magalhães,
por exemplo, recomenda a preparação de
quiche de gorgonzola, com calda de frutas
vermelhas, ou rocambole de bacalhau com
as frutas no interior ou também na calda.
“O azedo da calda vai muito bem com o
queijo, e o doce das frutas contrasta com
o salgado do bacalhau”, detalha a chef da
Symbol. Clarissa diz que, entre as bebidas,
faz bastante sucesso o saquê misturado a
frutas vermelhas, e que “não pode faltar”
a caipirinha feita com elas. “Mesmo que eu
compre ‘um trilhão’ de caixas das frutas,
utilizamos todas”, diz a chef, revelando mais
uma das muitas paixões despertadas por
essas pequenas tentações púrpuras.
24 | VidaBosch |
saudável e gostoso
Fruta da terra
Fotos Alexandre Schneider
Chef de Campos do Jordão usa frutos
cultivados em sua própria fazenda para preparar
pratos doces e salgados
saudável e gostoso | VidaBosch | 25
E
la é responsável por cuidar de duas
cafeterias, um bistrô, a gerência geral de uma fazenda e, em breve, mais um
restaurante no Capivari, bairro mais badalado de Campos do Jordão (SP). É a chef de
todos os empreendimentos, responsável
pelas inovações nos pratos, nos ambientes, nos produtos. E tem apenas 23 anos.
Melissa Masotti é formada em hotelaria
e teve uma trajetória rápida à frente das
panelas e do cardápio do Baronesa Café,
da cafeteria Landscape e do Baronesa Von
Leithner Bistrô. “Tinha pânico de cozinha!
Sabia cozinhar, mas não gostava. Hoje sou
apaixonada por criar, desenvolver, buscar
novidades e tendências na gastronomia”,
conta ela, que ganhou as primeiras noções
à frente das panelas com a avó portuguesa,
que cozinhava nos almoços de família e com
quem a mãe a obrigava a aprender.
O caminho para se tornar chef, porém,
começou logo após o casamento, em 2004.
O casal resolveu tocar a fazenda Baronesa von Leithner, produtora de frutas vermelhas, da família do marido de Melissa.
Mudaram de São Paulo para Campos do
Jordão e iniciaram o trabalho. “Foi uma
das primeiras propriedades do município.
A primeira no país no cultivo de amora e
framboesa, com mudas da Suíça e da Áustria em meados da década de 40”, conta a
chef. Hoje, a fazenda produz 12 toneladas
de framboesas, amoras e mirtilos.
Percebendo que não havia cafeteria em
Campos do Jordão, Melissa e o marido fundaram, em 2005, o Baronesa Café, dentro da
fazenda. No ano seguinte, nasceu o Landscape, uma cafeteria no topo de uma colina
da propriedade, com direito a vista para o
vale e a Pedra do Baú, ponto turístico da
região. Em 2007, foi montado o Baronesa
Von Leithner Bistrô, também na fazenda.
O cardápio dos estabelecimentos esbanja
frutas vermelhas. A decisão de usá-las, foi,
em parte, circunstancial. Percebendo que
muitos restaurantes não utilizam essas frutas
em função do preço e da vida curta (algumas
começam a estragar três dias depois de colhidas), Melissa viu uma oportunidade. “Para
mim é o contrário: posso abusar. Criei comidas que harmonizassem com elas, não
só na sobremesa. Todo mundo conhece
na sobremesa, no cheesecake. Mas poucos
estão acostumados a comê-las nos pratos
quentes”, comenta.
Assim nasceram receitas como o ravió­li
de blueberry (mirtilo), recheado de amêndoas, alecrim e parmesão, com calda da
mesma fruta, e o peito de frango da serra,
empanado com queijo da Serra da Estrela e
framboesa, sobre ninho de pupunha e alhoporó. As combinações inusitadas têm tido
ótima aceitação, segundo a chef. “Foi um
desafio montar pratos bem combinados
que também agradassem ao público”, diz
Melissa. “O Brasil, infelizmente, ainda não
conhece muito a gastronomia aplicada às
frutas vermelhas. Elas têm fama de azedas,
de amargas, o que não é verdade.”
Ravióli de blueberry ao molho de mirtilos
Baronesa Von Leithner Bistrô
Av. Alto da Boa Vista, 3.025.
Alto da Boa Vista | Campos do Jordão | SP
Tel.: (12) 3662-1121 | (12) 3664-4136
Das 13h às 22h (fecha de seg. a qua.)
www.baronesavonleithner.com.br
Bouquet de
folhas orgânicas
com vinagrete
de framboesa
Rendimento 4 a 6 porções de salada.
Ingredientes
Salada (ingredientes na quantidade
que desejar)
Folhas de diversos tipos
Tomates cerejas
Queijo branco ou mussarela de búfala
Folhas de manjericão ou hortelã para
dar um perfume e decorar
Vinagrete de Framboesa
260 g de geléia de framboesa
50 ml de vinagre de vinho branco
Modo de preparo do vinagrete
Dilua a geléia no vinagre. Se desejar
um vinagrete liso, peneire as
sementes.
Rendimento
18 raviólis.
Ingredientes
Massa
200 g de farinha de
trigo
2 ovos inteiros
100 ml de extrato
de mirtilos
Recheio
200 g de parmesão
ralado
30 g de alecrim picado
50 g de lascas de
amêndoas picadas
Molho de mirtilo
300 g de geléia
de mirtilo
80 ml de vinho do
porto
50 ml de água
Sal e pimenta a gosto
Modo de preparo
Recheio
Misturar todos os ingredientes.
Massa
Para o extrato, bater os mirtilos no processador e
coar. Acrescentar esse sumo na massa.
Juntar todos os ingredientes e sovar até ficar uma
massa lisa e elástica, se necessário acrescente
farinha até formar essa massa lisa. Sovar por 3040 minutos.
Deixar descansar por 1 hora na geladeira.
Abrir a massa após o descanso, deixando-a com
aproximadamente 2 mm.
Cortar a massa em círculos de aproximadamente
8 cm de diâmetro e rechear. Selar com clara de
ovo as bordas do ravióli e pressionar com um
garfo.
Molho de mirtilo
Numa panela, coloque o vinho do porto e
afervente; acrescente a geléia, a água, o sal e a
pimenta. Deixe ferver até obter um molho.
Cozinhe a massa por 8 a 10 minutos. Escorra e
sirva com o molho em cima, com lascas de queijo
granna padanno.
26 | VidaBosch |
tendências
| Por Chantal Brissac
Joana Wnuk
Slowfish / shutterstock
Piotr Wardyski
Cheiro de novo
Maior participação de mulheres no mercado de trabalho, ganhos de renda de algumas
classes sociais e aumento de expectativa de vida renovam o mercado de perfumes
Kulish Viktoria
C
om pelo menos 10 milhões de células olfativas, somos sensíveis aos
mais diversos aromas que nos atiçam a
memória afetiva, nos despertam e nos levam ao paraíso. O bolo da infância, a terra
molhada da chuva, as rosas do jardim, a
lavanda depois do banho, o café recémpassado... O olfato funciona como uma máquina do tempo das emoções, registrando
na mente as mais diversas fragrâncias. “É
um mágico poderoso que nos transporta,
percorrendo a distância de milhares de
milhas e de todos os anos que vivemos”,
escreveu Helen Keller (1880-1968), autora
norte-americana cega, surda e muda, que
percorreu o mundo promovendo campanhas para melhorar a vida dos deficientes.
Keller era conhecida por decifrar nuances
de fragrâncias que passariam despercebidas pelas pessoas comuns, mas não é
preciso tanto para perceber a importância
do perfume na sociedade.
Desde os antigos egípcios, que usavam
loções tão místicas quanto preciosas, as
pessoas buscam aromas que lhes agradam. Hoje, as poções ritualísticas foram
substituídas por uma indústria sofisticada
que lança 600 novas fragrâncias por ano
e fatura cerca de US$ 30 bilhões no mundo, segundo a consultoria Euromonitor
International. Desse valor, o Brasil movimentou, em 2007, aproximadamente, R$
2,27 bilhões. A preservação da aparência
e do bem-estar, valores difundidos desde
a Antiguidade, são decisivos para a expansão desse segmento. “Estar bonita é
uma obrigação no mercado de trabalho.
A aparência é muito importante e o mercado cresceu em função disso”, afirma
Renata Ashcar, consultora especializada
em perfumaria e cosméticos, autora de
“Brasilessência: A Cultura do Perfume”
(Ed. Best Seller).
A valorização do setor no país não pode
apenas ser atribuída à crescente participação feminina no mercado de trabalho.
O segmento masculino também se tornou
alvo dessa indústria. “A partir da década
de 60, os homens começaram a valorizar
o perfume. Uma peculiaridade é que eles
costumam ser mais fiéis a marcas e tipologias aromáticas”, ressalta Renata. Já as
mulheres atrelam o uso de essências ao
estado de espírito, o que funciona como uma “arma poderosa”. “Dependendo da intenção, aderem a um estilo mais
romântico, mais sensual. Eu, por exemplo, uso ao menos dez tipos diferentes.
Isso faz parte da essência feminina”, crê
a especialista.
O Brasil é o segundo maior consumidor de perfumes e fragrâncias do mundo,
com uma participação de 11,1% no mercado global, de acordo com a Associação
Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec),
atrás apenas dos Estados Unidos. Além da
presença feminina no mercado, avanços
tecnológicos, constantes lançamentos e a
ascensão de novas classes sociais ao consumo conferem ao segmento o crescimento médio anual de 5% ao ano, de acordo
28 | VidaBosch |
tendências
tendências | VidaBosch | 29
Fotos Divulgação
A Bosch na sua vida
Arquivo Bosch
O museu
do perfume,
em Curitiba
(à esquerda
e à direita),
proporciona
uma viagem
sensorial
pela história
dos aromas
e fragrâncias
ao longo das
décadas
Um cheiro de história
Na Antiguidade, os egípcios acreditavam
que o uso de perfume após a morte permitiria que a alma pudesse ser tocada.
Essa idéia de permanência do espírito
levava a cuidados pessoais inclusive depois da morte.
A es­critora Diane Ackerman, autora de
“Uma História Natural dos Sentidos”
(Editora Bertrand Brasil), lembra que
Cleópatra, conhecida por sua devoção
às fragrâncias, costumava untar as mãos
com kyphi, que continha óleo de rosas,
açafrão e violetas, e perfumava os pés
com aegyptium, (uma loção feita com
óleo de amêndoas, mel, canela, flores
de laranjeira) e henna (planta encontrada no norte da África). Após o rito, ela
esperava suas visitas em um quarto que
recendia perfume de rosas – as paredes
do seu aposento eram enfeitadas com
redes contendo essa flor.
Os babilônios e assírios usavam jóias e
Museu interativo
penteados elaborados, com pequenos
caracóis embebidos em loções perfumadas, enquanto na Roma Antiga, a paixão por perfumes chegava a tal ponto
que homens e mulheres ensopavam
neles suas roupas e ainda aplicavam
as loções em seus cavalos e animais
domésticos.
Isso não é o mais longe a que a influência dos aromas chegou. No livro “Aroma,
A História Cultural dos Odores” (Jorge
Zahar Editora), os historiadores canadenses David Howes e Constance Classen
contam curiosidades cheirosas como as
de Mali, na África, onde adolescentes
fritam a cebola na manteiga e friccionam a mistura no corpo, como um desodorante. Na Etiópia, o cheiro de gado
simboliza fertilidade e status. Sinal de
sedução para os homens é se besuntar
com esterco de vaca, enquanto as mulheres se untam com manteiga.
Criado em 2004, o Espaço Perfume Arte & História, primeiro museu
brasileiro dedicado à perfumaria,
pretende levar às pessoas a cultura
do aroma. Salas sensoriais mostram
detalhes da indústria da perfumaria ao longo da história por meio
de imagens sincronizadas com uma
série de fragrâncias que envolvem
o visitante.
Nessa jornada multissensorial, é possível percorrer os últimos cinco mil
anos e apreciar mais de 900 peças –
o acervo tem preciosidades datadas
de 1400 a.C, procedentes de povos
fenícios, romanos e chineses.
Espaço Perfume Arte & História
Shopping Estação. Av. Sete de
Setembro, 2.775, Curitiba
De ter. a dom., das 12h30 às 20h30
Tel.: (41) 2101-9000. Grátis.
com a Associação Nacional do Comércio
de Artigos de Higiene Pessoal e Beleza
(Anabel). O aumento da expectativa de vida
da população, que traz a necessidade de
conservar uma aparência jovial, também
contribui para esquentar o setor. “Com
a maior expectativa de vida, as pessoas
procuram retardar o processo de envelhecimento”, afirma Roberto Mateus Ordine, presidente da Anabel.
Os cuidados que a nobreza egípcia mantinha com o corpo persistem, só que de
outra forma. Os perfumes contam com
novas funções, como identidade, status e
aspirações. “Socialmente falando, o costume
de se perfumar é também um processo de
aceitação. Ele nos remete a uma aspiração,
a um sonho. Deixa transparecer o envolvimento do indivíduo com uma marca e
com o conceito embutido nisso. O perfume é ainda uma maneira [mais barata] de
desfrutar o universo de mercado de luxo”,
analisa Renata. “Uma mulher que não pode
comprar um vestido Chanel pode investir
em um perfume dessa marca”, completa
Carlos Ferreirinha, diretor-presidente da
MCF Consultoria & Conhecimento, especializada no segmento de negócios de luxo. Para ele, a perfumaria é uma das áreas
mais representativas nesse setor. “Tanto pelo volume e pela distribuição, bem
significativos, como também por atrelar
emoções e sensações. O perfume é o eixo
da sensibilidade”, define.
Ferreirinha compara a força da perfumaria nos últimos 30 anos com a profissionalização do mercado de luxo. “No
mundo todo, o frasco de perfume é um
objeto adorado e cercado de sedução.”
Embora seja um segmento de reconhecida importância econômica, Ordine, presidente da Anabel, nota que ainda existe preconceito. “A nossa principal luta é
descaracterizar a imagem do setor de higiene e beleza como um negócio supérfluo. Lutamos pela legitimação da idéia
de que são produtos necessários, não só
como elementos de saúde preventiva, mas
também por melhorar a auto-estima das
pessoas”, completa.
Cheiro embalado
Para atender à vontade do brasileiro de se perfumar mais e melhor, os fabricantes não se concentram apenas na descoberta de
fragrâncias. A distribuição rápida
e precisa nos frascos e, por sua
vez, dos frascos nas embalagens,
é fundamental para que o consumidor sempre encontre seus produtos preferidos nas prateleiras
ou nas mãos de suas consultoras
de venda (venda direta).
As máquinas de embalagem CUK
e CART 5, produzidas pela Bosch
no Brasil, resolvem essa parte da
tarefa. Elas inserem os frascos com
as fragrâncias em caixas de diversos tamanhos – a maior delas com
pouco mais de 17 centímetros. Nos
dois modelos, é possível instalar
uma balança para verificar se o peso da embalagem condiz com o do
frasco preenchido pela quantidade
certa de perfume, o que empresta
precisão ao processo.
A máquina CART 5 tem capacidade
pa­ra embalar cerca de 70 frascos
por minuto, com trabalho manual
ou automático. A CUK, indicada para linhas de montagem de grande
porte, pode embalar entre 160 e
200 perfumes por minuto. No Brasil, empresas como Avon, Na­tu­ra e
L’Oréal usam as máquinas. Os equipamentos também são usados para
embalar outros cos­méticos, como
batons, esmaltes e xampus.
grandes obras
| Por Tiago Mali
Mergulho no subsolo
Túnel de sete quilômetros faz usina hidrelétrica reduzir áreas alagadas
P
ense em um toboágua fechado e gigante: quase sete quilômetros de extensão com uma descida de 195 metros de
altura (equivalente a um prédio de 65 andares). Algo muito semelhante a isso existe em
Santa Catarina, mas não dentro do parque
temático Beto Carreiro. Trata-se de uma
das três maiores usinas hidrelétricas subterrâneas do Brasil. A imensa tubulação vai
transportar, por dentro de uma formação
rochosa, parte das águas do Itajaí-Açu — um
dos principais rios do Estado — e colocar em
funcionamento as turbinas da usina Salto
Pilão, localizadas no final do “tobogã”.
O leito do Itajaí-Açu faz um caminho sinuoso: nasce no município de Rio do Sul, no
nordeste catarinense, percorre Lontras, na
fronteira com Ibirama, vai para a esquerda e volta, formando um “U” imperfeito,
segue pelo município de Apiúna e depois
em direção ao mar, até Itajaí.
Construir uma hidrelétrica tradicional
em Apiúna, desejo antigo de empresários da
região, significaria alagar um trecho enorme dos municípios, fazendo desaparecer
parte da rica área industrial do Vale do Itajaí
– cujas fábricas seriam o destino de parte
da eletricidade. Em busca de uma alternativa, foram chamados técnicos da Agência
Japonesa de Cooperação industrial, que
criaram o projeto de escoamento da água
por dentro das rochas – o que reduz significativamente o alagamento. A construção,
que emprega 1.100 pessoas, tem um custo
estimado de R$ 500 milhões.
As obras vão formar um atalho, unindo
as duas extremidades desse “U”. Do local
do desvio até o final da tubulação — quando o rio que seguiu pelo túnel volta ao leito
original –, há um desnível de cerca de 200
metros. Na usina, esse desnível se concentrará dentro do morro, fazendo com que as
águas ganhem velocidade e força para mover duas turbinas com potência conjunta de
182,3 MW, o suficiente para abastecer 700
mil pessoas (o equivalente à população da
região metropolitana de Florianópolis).
Nesse caminho pelo subsolo foram construídas duas aberturas adicionais de ar, as
chaminés. “Servem para equilibrar a formação de bolsões de ar, comuns quando se
movimenta muita água. Uma turbina funcionando com esses bolsões é como o motor
quando um carro anda devagar com a quinta
marcha engatada: engasga e não consegue
trabalhar”, explica Jair Fabiciack, assessor
de comunicação do Consórcio Empresarial
Santo Pilão, responsável pela usina.
Pelo cano
Somados aos 6,6 quilômetros do túnel principal, as escavações totalizam 10,5 quilômetros. Foram retirados da formação rochosa
700 mil metros cúbicos de terra e pedras.
Se tudo isso fosse transformado em brita,
seria o suficiente para pavimentar uma estrada de mais de 80 km — aliás, parte desse
material é, de fato, usada em obras de pavimentação nos municípios da região.
Construir uma abertura desse comprimento, com 8 metros de diâmetro, exige
mais do que apenas cavar. Foram usadas
2.400 toneladas de dinamite ao longo de
todo o percurso, abrindo caminho para a
retirada de terra. Sustentar essa abertura
sem desabamentos seria mais um grande
desafio. Porém, os engenheiros de Salto Pilão constataram, no decorrer da obra, que o
túnel principal passaria por um maciço de
granito, uma formação geológica com bastante firmeza. Assim, a abertura não necessitou de revestimento, vigas ou vergalhões
para ser escorada. Por conta disso, a obra
deve ser entregue com cinco meses de antecedência – em setembro de 2009.
Ainda assim, a obra usa bastante material
de construção. A parte da descida, trecho
de 300 metros no qual o túnel se divide em
dois canais chamados condutos forçados
para levar a água até as turbinas, tem de
ser concretada e revestida com aço para
agüentar a pressão da correnteza. Além
disso, há ainda a barragem e a casa de for-
Sistema da usina hidrelétrica a fio d’água
1
4
3
2
LONTRAS
IBIRAMA
5
7
8
APIÚNA
6
ça, entre outros trechos a serem erguidos.
Ao todo, a obra usará 46 mil toneladas de
concreto, 16 mil toneladas de cimento e
3,6 mil toneladas de aço.
Meio ambiente
Nem toda a água do Itajaí-Açu, porém, entra
pela tubulação. Para cumprir as normas ambientais, o consórcio é obrigado a construir
um “túnel de descarga”, por onde passa um
volume de água de, no mínimo, 10 metros
cúbicos por segundo. Esse fluxo continua
pelo leito natural do rio e se encontra mais
à frente com a parte que pegou o atalho. Isso é feito para preservar a fauna e a flora
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
Rio Itajaí-Açu
Barragem
Túnel principal
Chaminé de equilíbrio
Condutos forçados
Turbinas
Chaminé de equilíbrio
Rio Itajaí-Açu
dependentes do Itajaí-Açu. “Esse sistema
se chama ‘a fio d’água’, sem represamento:
todo o volume necessário para geração de
energia é desviado através do túnel e o excedente passa por cima da crista da pequena
barragem”, detalha Jair Fabiciack.
Tudo isso faz com que o lago da usina
não chegue a 3 hectares, o equivalente a
quatro campos oficiais de futebol. Para se
ter uma idéia, a usina de Jacuí (com potência praticamente igual, de 180 MW),
no Rio Grande do Sul, considerada uma
das mais “econômicas” em alagamentos,
inundou uma área de 5 km2, o equivalente
a 571 campos de futebol.
A Bosch na sua vida
Arquivo Bosch
Jair Fabiciack/Ascom/CESAP
30 | VidaBosch |
Conserto rápido
Em uma obra do tamanho da usina Salto Pilão, é comum que as máquinas ou os
equipamentos sofram desgaste. Por isso, há um setor específico para manutenção,
que conserta caçambas de caminhões, partes de guindastes, conchas e esteiras de
tratores usados para retirar terra de dentro do túnel. No conserto, é preciso cortar
metais e soldá-los. Além disso, é necessário identificar possíveis trincos na solda e
repará-los, para garantir uma estrutura firme.
A equipe de engenheiros de Salto Pilão escolheu as esmerilhadeiras GWS 26-180 e
GWS 26-230, da Bosch, para realizar os cortes e desbastes da manutenção. Entre
os fatores que levaram à escolha está a potência das ferramentas, de 2.600 W, que
se destaca entre os concorrentes. Essa característica permite cortar materiais mais
rapidamente e com menos esforço.
Além disso, as esmerilhadeiras contam com um punho traseiro que se desloca em um ângulo de até 90 graus (para a direita e a esquerda), o que proporciona maior conforto para
o usuário, que não precisa ficar em posições ruins para fazer reparos mais complexos.
As ferramentas também são usadas na construção da barragem da usina, onde fazem
acabamentos com discos de desbastes após as soldagens da estrutura e executam
cortes em tubulações e chapas de diâmetros variados.
32 | VidaBosch |
brasil cresce
| Por Kathlen Ramos
Nas asas do crescimento
Embarques e desembarques aumentam
63,7% em cinco anos, abrem discussão
sobre privatização e fazem previsão de
verbas para aeroportos decolar
Divulgação
O
crescimento de 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do
Brasil em 2007, o segundo melhor dos últimos 12 anos,
levou a economia do país a abrir suas asas. Com mais dinheiro
circulando, houve aumento das viagens de negócios e de turismo: a demanda do setor de transporte aéreo também decolou. “A
economia experimenta crescimento significativo, acompanhada
pelo setor de aviação, tanto no número de aeronaves como no
de passageiros transportados. Maior quantidade de assentos
ofertados, redução dos preços e facilitação do pagamento levaram mais brasileiros aos aeroportos”, afirma o vice-presidente
executivo da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), Ricardo Nogueira.
Mesmo com a crise aérea enfrentada pelo setor no ano passado, o volume de pessoas que viajaram de avião em 2007 aumentou 8,24% em relação a 2006, totalizando 110,6 milhões de
embarques e desembarques nos aeroportos, de acordo com a
Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero).
O crescimento, no entanto, vem de ares mais antigos. De janeiro a
agosto de 2008 foram contabilizados 76,3 milhões de embarques
e desembarques pelos aeroportos da Infraero, alta de 63,7% em
relação ao mesmo período em 2003, quando foram registrados
46,6 milhões de passageiros.
“Hoje, a maior parte das viagens brasileiras são a trabalho, e
tempo é dinheiro. O único meio viável para aproximação rápida entre as regiões é o transporte aéreo”, afirma Gilson de Lima
Garófalo, professor de economia da Universidade de São Paulo
e vice-presidente da Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).
Além da agilidade, benefícios como menor risco de assaltos e
acidentes fazem com que o setor não pare de crescer. “Nos últimos cinco anos, o transporte aéreo no Brasil tem crescido, em
média, 6% ao ano; incremento superior ao da média mundial que
está entre 3% e 4%”, complementa Nogueira.
Após uma queda de 35% na década de 90, os investimentos no
setor aeroportuário voltaram a crescer em ritmo acelerado. De
2000, quando foram gastos R$ 281 milhões, até 2007, as verbas
para a área praticamente duplicaram, chegando a R$ 548 milhões.
E seriam ainda maiores, caso, no ano passado, muitas das obras
34 | VidaBosch |
brasil cresce
brasil cresce | VidaBosch | 35
Divulgação
Investimentos
de destaque
nos últimos anos
1995
Novo terminal de passageiros
no Aeroporto Internacional
de Curitiba.
1998
Construção de um novo
terminal de passageiros
no Aeroporto Internacional
de Porto Alegre
2000
Conclusão das obras do
terminal de passageiros 2
no Aeroporto Internacional
do Galeão
2002
Obras de ampliação e
modernização do Aeroporto
Internacional de Salvador
2005
Entrega da segunda pista
de pousos e decolagens
do Aeroporto Internacional
de Brasília
2006
Construção de um novo
terminal de passageiros,
torre de controle, central de
utilidades e sistema de pista
no Aeroporto de Vitória
não tivessem sido interrompidas para avaliação do Tribunal de Contas da União. Isso
fez com que 2007 não conseguisse acompanhar os valores de 2006 (quando foram
aplicados R$ 797 milhões). Mas a tendência
de cada vez mais aplicações no setor, segundo a Infraero, já foi retomada.
E foi retomada porque, para atender a
atual demanda, é necessário um volume de
recursos muito maior. Grandes obras nos
principais aeroportos foram anunciadas
com a previsão de investir R$ 3,89 bilhões,
entre 2007 e 2010, em todo o Brasil, na área
de logística e infra-estrutura. Desse total, R$
2,89 bilhões serão repassados pela União e
R$ 1 bilhão virá da Infraero. A maior parte
das obras prioriza a reforma das pistas de
Investimento
da Infraero
em aeroportos
como de
Brasília saltou
de R$ 281
milhões, em
2000, para
R$ 548 milhões,
em 2007
pouso e decolagem, aumento da capacidade
dos terminais de passageiros e construção
de novos terminais de carga.
Os aeroportos brasileiros registraram
110,6 milhões de embarques e
desembarques em 2007
Obras também nos acessos
De acordo com especialistas, melhorar a
infra-estrutura da malha aeroviária não é
suficiente. É preciso investir, igualmente,
na melhoria dos acessos. “Durante muito
tempo, o planejamento dos aeroportos era
realizado com total ênfase na área aeroportuária, com esquecimento do acesso
terrestre e também do aéreo. Praticamente
todos os principais aeroportos brasileiros necessitam de melhorias nos acessos”,
constata Nogueira.
Algumas ações para melhorar essa ques-
tão começam a aparecer em São Paulo. A
Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) deve implantar os projetos
Trem de Guarulhos e Expresso Aeroporto,
com o objetivo de interligar as duas maiores cidades da Região Metropolitana (São
Paulo e Guarulhos, onde está o aeroporto
de Cumbica).
O Expresso Aeroporto deverá fazer a
ligação entre os terminais e a metrópole
percorrendo uma distância de 31 quilômetros em 20 minutos. Andando a mais de 100
quilômetros por hora, os veículos devem
partir com intervalo de 12 minutos e atender cerca de 20 mil usuários ao dia, a partir
de 2011. O Trem de Guarulhos também vai
se conectar à capital paulista, parando em
diversas estações, interligando-se à rede
metroferroviária. O valor total das duas
obras está estimado em R$ 1,7 bilhão.
Um megaaeroporto no Brasil
A Infraero também assinou um Termo de
Cooperação Mútua com a Prefeitura de
Campinas (SP) para desapropriar áreas
no entorno do aeroporto de Viracopos e
começar a construir a segunda pista de
pousos e decolagens até setembro de 2009.
Hoje, a unidade tem capacidade para um
movimento de até 2 milhões de pessoas
por ano, mas esse limite deve crescer exponencialmente. Com as obras, a expectativa é que Viracopos receba 9 milhões de
viajantes até 2015 e seja o aeroporto mais
importante do Brasil e o maior do hemisfério Sul até 2030, com movimento de cerca
de 60 milhões de passageiros por ano. A
ampliação ainda conta com um projeto –
incluído no Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC) do governo federal – de
construir um trem rápido para ligar Rio de
Janeiro, São Paulo e Campinas, o que deve
direcionar viajantes das duas metrópoles
ao aeroporto.
Para viabilizar a construção dessa obra
gigantesca, segundo proposta do ministro
da Defesa, Nelson Jobim, Viracopos, assim
como o aeroporto Tom Jobim (Galeão), no
Rio de Janeiro, devem ser concedidos à iniciativa privada. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
vai fazer o estudo e então será definido o
modelo de concessão dos dois aeroportos,
além da concessão para a construção de
um novo aeroporto em São Paulo.
Para especialistas do setor, essa iniciativa deve ser positiva. “A privatização é
uma tendência no Brasil como no mundo e deve ser válida, tendo em vista que
a administração de aeroportos não é o
core business [a preocupação central] do
governo, mas será o foco da empresa que
administrá-los”, avalia Amaryllis Romano,
analista do setor de aviação da Tendências
Consultoria.
No Brasil, já existem alguns aeroportos
privatizados, como o de Porto Seguro que,
desde 1999, começou a ser administrado
pela Sociedade Nacional de Apoio Rodoviário e Turístico (Sinart). De lá para cá, o
local começou a funcionar 24 horas por
dia (anteriormente eram apenas 8 horas),
ampliou o número de destinos para vôos
internacionais e mais do que duplicou o
número de passageiros.
Ainda para este ano, estão previstas
obras importantes, como as de ampliação do aeroporto de Guarulhos, que será
o maior investimento até 2010, quase R$
1 bilhão. Cumbica deve receber o terceiro
terminal, além do terceiro e do quarto pátio para aviões.
A Bosch na sua vida
Arquivo Bosch
Para não perder o avião
Tão ruim quanto esperar um vôo
atrasado é entrar no avião em cima
da hora, por não ter ouvido o anúncio do vôo. A situação é comum, já
que, em ambientes amplos e com
muito ruído, como aeroportos, é
difícil o som se propagar de maneira
clara. Esse problema é superado
pelo sistema de som Praesidio, da
Bosch. Para que o alto-falante reproduza a voz do locutor fielmente,
ele possui um controle automático
de volume conjugado a entradas e
saídas de áudio dotadas de equalizadores digitais.
O Praesidio pode ser interligado ao
Sistema Informativo de Vôo (SIV) do
aeroporto, possibilitando o anúncio automático de mensagens dos
números de vôos, portões e horários de embarques em intervalos
predefinidos. O sistema da Bosch também dispõe de um software
que simula o resultado acústico do
ambiente nos alto-falantes, antes
mesmo de eles funcionarem.
Essa tecnologia pode ser interligada
ao sistema de detecção de incêndio,
para gerar mensagens automáticas
e ajudar uma evacuação do aeroporto. Para situações como essa,
há amplificadores suplementares
que são acionados se algum falhar.
Tudo é ligado por fibras ópticas e
monitorado por um software.
O Praesidio pode ser conectado a
soluções de segurança da Bosch,
funcionando com a plataforma Building Integration System (BIS).
36 | VidaBosch |
atitude cidadã
Franck Camhi
Por dentro da história
Ouro Preto, em Minas Gerais
| Por Sarah Fernandes
Programas de recuperação do patrimônio tentam convencer moradores e comerciantes
a ocupar casas e prédios antigos como forma de garantir a preservação
38 | VidaBosch |
atitude cidadã
atitude cidadã | VidaBosch | 39
Alvaro Alkschbirs
Bruno Miranda / Folha Imagem
Alan Oliveira
Restauração
do Centro
de São Paulo
revigorou
edifícios como
a Estação
Júlio Prestes
(esquerda) e
a Estação da
Luz (à direita,
detalhe do
relógio e a
plataforma da
estação)
U
ma soleira de porta indica o estilo
dos antigos moradores de uma casa.
Uma jarra de louça do século 18 mostra um
pouco do cotidiano da época. Uma estátua
em pedra sabão traz reflexos da política
de um momento histórico. A observação
detalhada de utensílios, monumentos e
prédios históricos faz a imaginação voltar no tempo e permite saber um pouco
mais do passado.
A França foi a primeira nação a criar um
órgão para preservar e classificar prédios
e utensílios antigos, chamado Comissão de
Monumento Histórico, fundada em 1837.
No Brasil, a lei do tombamento, em 1937,
deu início a uma série de ações no setor.
De lá até 2007 somaram-se 793 prédios
e 77 centros urbanos reconhecidos pelo
governo como portadores de valor histórico, denominados tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan) .
O tombamento é uma tentativa do governo federal de proteger imóveis da descaracterização: qualquer reforma deve ser
autorizada pelo Iphan. Em contrapartida,
os proprietários podem receber isenção
parcial de tributos como o IPTU e o ISS para
aplicar em obras de conservação. Qualquer
pessoa pode pedir o tombamento de um
imóvel, desde que justifique sua importância
histórica. O tempo dos processos varia de
acordo com a relevância e a emergência da
preservação. Em outubro de 2008, 19 bens
materiais com importância reconhecida pelo
governo aguardavam certidão de tombamento. Entre eles estão o Pátio Ferroviário
da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, em
Rondônia, a Vila Ferroviária de Paranapiacaba, em Santo André, e o centro histórico
da cidade de Arreia, na Paraíba
Além das obras tombadas pelo Iphan,
mais 17 bens brasileiros são reconhecidos
como Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Ciência e a Cultura (Unesco). Entre eles estão
as cidades de Ouro Preto e Diamantina, em
Minas Gerais, e o centro histórico de São
Luiz do Maranhão. Os bens reconhecidos
pela Unesco recebem assistência técnica
para preservação e têm apoio financeiro
em situações de risco, como aconteceu com
o centro histórico de Goiás quando sofreu
com enchentes no final de 2001. Além disso,
ganham mais visibilidade e podem, assim,
receber mais turistas.
Conservação
O estado dos bens tombados está diretamente ligado ao ganho das cidades com
esse tipo de patrimônio. Municípios bem
estruturados financeiramente costumam
ter o patrimônio mais preservado, de acordo com a diretora de patrimônio imaterial
do Iphan, Márcia Santana.
Muitos desses imóveis são particulares,
funcionam como residências ou como comércios. Nesses casos, o governo não pode
interferir diretamente nas obras de restauro,
apenas proibir alterações nas linhas originais dos edifícios. Os imóveis precisam ter
um uso adequado, para fins culturais e residenciais, por exemplo. Mas é importante
que eles sejam ocupados, porque se não
tiverem um dono e uma utilidade é muito
mais difícil preservá-los, avalia Márcia.
Exemplo disso é a restauração do Pelourinho, parte do centro histórico de Salvador, que tenta atrair moradores para as
casas antigas. As primeiras fases do projeto, iniciado em 1992, previam que a região
Os proprietários de imóveis
tombados podem receber
isenção parcial de tributos como
o IPTU e o ISS para aplicar em
obras de conservação
funcionasse como um centro de compras,
com lojas de grife e praças de alimentação.
“A idéia teve fôlego curto, porque, com o
crescimento de Salvador, muitos shoppings
foram inaugurados em outras partes da cidade”, relata Frederico Mendonça, diretor
geral do Instituto do Patrimônio Artístico e
Cultural da Bahia. A nova etapa do projeto
quer repovoar a área central do Pelourinho,
com dez quarteirões, compreendidos entre
o Cruzeiro de São Francisco e a Ladeira da
Praça. A região tem 300 unidades habitacionais, e um terço delas será reservado
para pessoas que já habitavam a área, afirma Mendonça.
Para incentivar a aquisição de imóveis no Pelourinho, a prefeitura firmou
um acordo com os governos federal e estadual a fim de incluir as residências em
um programa habitacional.
Assim como a presença de atividade econômica e a ocupação da região por moradores leva à preservação, a falta desses
componentes tende a fazer com que o espaço fique deteriorado. “Com o crescimento
das cidades, foram criados novos núcleos
financeiros, deixando as regiões centrais
em segundo plano, como em São Paulo e
no Rio de Janeiro”, afirma Márcia.
Foi o que aconteceu no bairro da Luz, na
capital paulista. Com a transferência de lojas
e de pessoas do centro histórico para outras
localidades, a região se transformou em um
local de comércio clandestino, prostituição
e venda de drogas — o que lhe rendeu o
apelido de Cracolândia. Para revitalizar o
bairro, a prefeitura iniciou, em 2005, um
projeto que prevê atrair empresas para o
local, abatendo até 80% do valor de impostos como o IPTU e o ISS, de acordo com a
verba investida em obras nos edifícios da
região. A idéia é que as empresas se mudem para o centro, inclusive para prédios
antigos, investindo em reformas, afirma
Valéria Rossi, assessora da Secretaria de
Coordenação das Subprefeituras de São
Paulo. As ações municipais prevêem ainda
reformas na iluminação e no calçamento,
além de passagem dos fios de eletricidade
e telefone por debaixo da terra.
Atrair moradores para o centro histórico é uma estratégia usada em São Paulo
desde a época de aniversário de 450 anos
da cidade, em 2004, quando o prédio que
foi a sede das indústrias Matarazzo, o Banespinha (ganhou esse nome depois de ser
controlado pelo banco Banespa), passou
a ser a sede da prefeitura. Além de levar
funcionários públicos e comércio para a
região, a ação foi acompanhada por obras
de revitalização, como reformas das praças
da Sé, República e Fernando Prestes, a restauração da Estação Júlio Prestes, abertura
de calçadões, recapeamento, implantação
de áreas verdes e aumento da limpeza no
local. Atualmente, o Teatro Municipal passa por restauração.
Investimento
As obras de revitalização geralmente acontecem por meio de parcerias público-privadas
ou por leis de incentivo, como a lei Rouanet.
No ranking de projetos financiados pela lei,
os de conservação do patrimônio histórico,
40 | VidaBosch |
atitude cidadã
atitude cidadã | VidaBosch | 41
Werner Rudhart / Kino.com.br
2083 projetos, foram a quinta categoria a
receber mais financiamento entre 1996 e
setembro de 2008, segundo o Ministério da
Cultura. À frente em quantidade de verbas,
estão áreas como Artes Cênicas e Música,
primeira e segunda colocadas.
Além desse tipo de investimentos, há
ações patrocinadas pelo Iphan (que conta com um orçamento anual de R$ 30 milhões) e o programa Monumenta, ligado
ao Ministério da Cultura. Criado em 2000,
o Monumenta tem o objetivo de restaurar
cidades históricas e ajudar os moradores a
desenvolverem novas atividades econômicas baseadas na preservação do patrimônio.
O programa inclui ações de incentivo ao
folclore tradicional e cursos de capacitação de agentes de turismo. Do orçamento
de US$ 125 milhões (para serem gastos até
o fim de 2009), o projeto investiu R$ 150
milhões até o momento.
O Monumenta possui também uma linha
de financiamento para restauração de imóveis históricos particulares. Os empréstimos
são realizados a juros zero, com prazo de
20 anos para serem quitados. A iniciativa
funciona com verba do governo federal, dos
Estados e dos municípios. Existem ações
desse tipo em 26 cidades em todas as regiões
do Brasil, como São Francisco do Sul, em
Santa Catarina, Natividade, no Tocantins, e
Cachoeira, na Bahia. A participação da sociedade no processo é fundamental, avalia
Robson Antonio de Almeida, coordenador
nacional adjunto do programa.
Turismo
Almeida destaca que a renda gerada com
o turismo não é o foco do programa. O lugar tem que ser primeiro bom para se viver, frisa. Entretanto, a atividade comercial
gerada tem sido um grande incentivo para
a conservação do patrimônio. Quem viaja
para conhecer obras de arte, edifícios antigos e museus não se preocupa tanto com
condições climáticas como outros tipos de
turistas, o que favorece as cidades históricas durante todo o ano, afirma relatório do
Ministério do Turismo publicado em 2008.
Os visitantes movimentam lojas, hotéis e
restaurantes, gerando mais verbas no orçamento no município.
É o que acontece, por exemplo, em Ouro
Preto (MG), na qual o turismo é a segunda
maior fonte de renda. O conjunto tombado
inclui capelas, casas, monumentos e arruamento, além da igreja de São Francisco
de Assis, projetada por Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Ao todo, são 13
igrejas, três delas restauradas. As obras
de restauro em Ouro Preto exigem atenção
para os ornamentos feitos em pedra sabão
e quartzito, típicos do Barroco. Para recuperar esse tipo de peça, é necessário um
profissional que esculpe as pedras. O ofício,
antes comum na cidade, hoje é raridade. A
Universidade Federal de Ouro Preto oferece
um curso para resgatar a profissão.
Trata-se de um claro exemplo de que a
preservação tem de envolver vários setores
da sociedade, e de que preservar o passado
exige investimentos no presente.
Preservação do patrimônio histórico, como em Diamantina (acima) e no Pelourinho de Salvador (abaixo), ajuda a fomentar o turismo
Jose Miguel Hernandez Leon
Arquivo Bosch
A Bosch na sua vida
Ajudando a refazer a história
O Instituto Robert Bosch apóia dois projetos que oferecem cursos de restauro para
profissionais da construção civil, um em São Paulo, outro em Salvador. O objetivo é
preparar os alunos para trabalharem em reformas de prédios históricos, aproveitando ornamentos antigos e respeitando as linhas originais. O conteúdo das aulas inclui
história da arte e discussões sobre a importância de conservar edifícios antigos.
Na capital baiana, duas turmas já foram formadas, num total de 22 alunos. Eles
ajudaram na restauração de seis prédios históricos, trabalhando em funções como
pedreiro e pintor. O foco do curso são prédios construídos nos séculos 19 e 20 e
que não foram tombados. “São residências e prédios particulares que passam por
reformas”, afirma o padre Hans Bonisch, coordenador da Associação Barroco na
Bahia, que realiza o curso. O Instituto Robert Bosch, braço social da empresa no
Brasil, apóia financeiramente a realização do projeto.
Em São Paulo, o Instituto firmou uma parceira com a Escola Paulista de Restauro para
oferecer cursos de capacitação a pedreiros e serventes de obras. Os cursos, previstos
para começar ainda neste ano, devem ser ministrados também para jovens internos
da Fundação Casa, antiga Fundação Estadual do Bem Estar do Menor (Febem). As
aulas para a primeira turma devem ter início em novembro, na unidade Pirituba.
Os alunos vão fazer a restauração de uma capela antiga dentro da unidade. Vários
endereços da fundação estão instalados em prédios históricos, afirma o coordenador do projeto, Francisco Zorzete. O Instituto Robert Bosch montou o Ateliê
Bosch de Restauro, doando para a escola ferramentas elétricas como furadeira,
politriz, martelete, vibrador de concreto e serra-mármore.
42 | VidaBosch |
aquilo deu nisso
| Por Luís Eblak
Navegar mais preciso
Tischenko Irina
Instrumentos que davam uma idéia vaga de onde uma embarcação se encontrava foram os
primórdios do GPS, sistema capaz de localizar qualquer ponto da Terra com pequena margem de erro
44 | VidaBosch |
aquilo deu nisso
O
s navegantes do século 15 portavam
quase uma dezena de instrumentos
para realizar as grandes expedições que
mudaram a cara do mundo. Hoje, esses equipamentos deram lugar a um aparelho de
navegação com possibilidades multiplicadas: o GPS (sigla em inglês que significa
Sistema de Posicionamento Global), que, ao
contrário dos antigos dispositivos, se disseminou muito além do universo marítimo e
tem inúmeras aplicações terrestres — pode
ser usado, por exemplo, como uma espécie
de mapa rodoviário ultramoderno.
Não há informações confiáveis sobre desde quando existiam esses aparelhos, mas
sabe-se que os chineses usavam algo similar a uma bússola no século 4º. O astrolábio
seria do século 5º. Os mapas de navegação
existiam desde a Antiguidade. O auge, de
qualquer maneira, foi bem posterior. “Esses
instrumentos foram melhorados e utilizados
de modo mais eficaz nas Grandes Navegações”, afirma Mauro Condé, professor de
história da ciência da UFMG.
Os portugueses do final do século 15 —
pioneiros das grandes descobertas marítimas – usavam o astrolábio (que determina,
tendo como referência o sol, a distância – no
sentido norte-sul – entre o ponto de partida
e o ponto onde se encontra a embarcação),
a bússola, a ampulheta e os mapas de navegação. Posteriormente, juntaram a esses instrumentos o sextante (um astrolábio
com apenas a sexta parte de um arco, cuja
referência é a estrela polar) e o quadrante
(quarta parte) – e tornaram as navegações
mais precisas. A diretora-associada do Ins-
aquilo deu nisso | VidaBosch | 45
tituto de Geociências da Unicamp, Silvia Figueirôa, acrescenta um equipamento a essa
lista: a sondareza (uma corda com nós para
checar a profundidade do mar).
Edobric
Hoje, o GPS pode ser usado
em ciclismo, escalada, caminhada,
rastreamento de cargas e como um
mapa rodoviário ultramoderno
Salto para fora do mapa
Condé lembra que, na época das grandes
descobertas marítimas, os mapas tinham
uma limitação: baseavam-se no livro “O Almagesto”, de Claudius Ptolomeu (cerca de
83-161 a.C.), que considerava a Terra, e não o
Sol, o centro do sistema solar. “Certamente,
uma carta astronômica – e os mapas derivados dela – baseada nesse princípio não tinha
muita abrangência, sobretudo no Hemisfério
Sul”, afirma o historiador. Somente com a
teoria heliocêntrica de Nicolau Copérnico
(1473-1543) é que aquela visão – chamada de
teoria geocêntrica – foi superada.
A partir do século 17 acontece o que o
engenheiro do ITA, Fernando Walter, chama
de “grande revolução”: a publicação dos
princípios matemáticos da filosofia natural,
de Isaac Newton (1643-1727). “Em 1670 começou-se a mapear o globo com técnicas de
determinação de latitude e tempo – essenciais
para a determinação precisa da longitude”,
afirma Walter, coordenador do Laboratório
GNSS (sigla em inglês para Sistema Global
de Navegação por Satélite).
Com o desenvolvimento de outros meios
de transportes, os mapas ganharam outros
campos. Eles começaram a se popularizar
apenas no século 20, com os mapas rodoviários. O guia Michelin, por exemplo, confeccionou o primeiro mapa rodoviário da
França em 1913. Em São Paulo, o governo
estadual fez o primeiro mapa em 1936. O
Guia Quatro Rodas estreou em 1976.
Todos esses instrumentos podem ser
considerados os primórdios do GPS. Para
Walter, no século 20 o aparelho substituiu,
de uma vez só, bússola, astrolábio, sextante,
quadrante, sondareza e mapas. “O astrolábio e o sextante, através de observações
de estrelas, permitiam calcular a posição
do navegador com baixa precisão. O GPS
permite determinar a posição do usuário
com erro inferior a 20 metros”, concorda
Edvaldo Simões da Fonseca Junior, coordenador do Laboratório de Topografia e
Geodésia, da Escola Politécnica da USP.
A história do GPS, segundo Fonseca Junior, começa por volta de 1960, nos Estados
Unidos. Nasceu de dois projetos: um para
apoiar as operações das Forças Aéreas e o
outro, para a Marinha. “O Departamento
de Defesa resolveu juntar os dois e, a partir daí, surgiu o GPS.” Apesar de o projeto
ter começado na década de 60, apenas em
1974 ocorreu o lançamento do primeiro
satélite de GPS. Em 1995, o sistema ficou
plenamente operacional e passou a ser
usado para diversas aplicações.
Tecnologia de localização
Os outros sistemas de navegação desenvolvidos ao longo do século 20 se guiavam por
24 satélites enviam e recebem ondas de rádio para que o sistema GPS possa funcionar
Arquivo Bosch
A Bosch na sua vida
Mapa musical
Os GPS atuais já fazem muito mais que
apenas mostrar o local onde o usuário
está e dar as orientações para ir de um
lugar a outro. Em alguns equipamentos
é possível tocar arquivos de MP3, atender telefone celular ou reproduzir músicas e vídeos em cartões de memória ou
pen drives.
A Blaupunkt, marca do Grupo Bosch,
vai lançar em breve no Brasil o TravelPilot 300. O equipamento tem tecnologia
bluetooth, que permite ao usuário atender
chamadas de celular através do navegador, por um sistema viva-voz. A mesma
tecnologia torna possível transmitir diretamente arquivos de música (MP3) do
celular para o GPS.
Para novembro de 2008, a Blaupunkt já
traz para o Brasil o aparelho TravelPilot
100. Assim como o TP 300, esse equipamento conta com um sistema GPS, via satélite, que calcula rapidamente o caminho
até o destino desejado e cobre, ao todo,
1.259 cidades, com informações detalhadas — identificação das ruas e avenidas,
pontos de referência, estabelecimentos
comerciais (como bares e restaurantes)
e serviços (como oficinas mecânicas e
hospitais). O banco de dados dos dois
produtos agrupa um total de 54 mil
locais de interesse.
Tanto o TravelPilot 100 quanto o
300 têm uma tela de TFT (Thin Film
Transistor) de 3,5 polegadas e resolução de 320 por 240 pixels. Trazem ainda um display touch screen
— que permite realizar comandos
com um simples toque na tela — e
alto-falantes embutidos.
ondas de rádio emitidas de bases terrestres.
O GPS funciona a partir de uma série de satélites que transmitem sinais de rádio em
duas freqüências. “Sobre tais freqüências
é modulado o código C/A (para qualquer
usuário) e o código P (para usuários autorizados). Para determinar as coordenadas
do usuário [latitude, longitude e altitude]
é necessário que o receptor GPS receba os
sinais de pelo menos quatro satélites distintos”, observa Fonseca Junior.
A “constelação” na órbita da Terra é formada por 24 satélites, segundo Walter. “O
GPS é composto por três segmentos: espacial (constelação de satélites), de controle
(estações de monitoramento) e de usuário
(receptores).” Hoje, o ex-projeto militar é
usado para localização de aeronave, embarcação ou mesmo de veículo terrestre. “Já é
comum o uso de aparelhos em táxis. Nesse
caso, o receptor determina a coordenada e
a coloca sobre um mapa no mostrador do
equipamento, indicando a via onde se encontra o veículo, e sugere o melhor caminho
para se chegar ao destino. Hoje, qualquer
pessoa pode comprar um receptor GPS e
utilizar em ciclismo, escalada, caminhada,
corrida, localização e controle de frotas,
rastreamento de cargas e até mesmo de
pessoas”, diz Fonseca Junior.
No Brasil, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Gerenciamento
de Riscos e de Tecnologia de Rastreamento e Monitoramento (Gristec), o GPS em
automóveis existe há dois anos, e 2% da
frota de veículos do país tem o aparelho.
Dependendo do produto, o equipamento
cobre de 900 a mais de 4 mil municípios
brasileiros. E, assim como fazem mapas rodoviários mais recentes, trazem não só as
informações viárias, mas também pontos
de referência ou de interesse.
Fonseca Junior observa, porém, que
esse tipo de equipamento não funciona
dentro de prédios ou túneis. “Deve-se ter
em mente também que o GPS acaba com a
sua privacidade. Imagine um celular que
também tenha um receptor GPS. Qualquer
pessoa, autorizada, saberá onde você se
encontra.” Além disso, ao contrário de seus
antecessores, o GPS depende de pilhas.
Se esquecê-las, “você estará perdido na
certa”, destaca o especialista.
áudio
| Por Osmar Soares de Campos
Dragan Trifunovic/Shutterstock
46 | VidaBosch |
Conhecimento musical
D
e dentro da barriga, um feto de seis
meses já pode ouvir. A respiração da
mãe, as batidas do coração e os barulhos
do aparelho digestivo, embora sejam os
sons mais freqüentes, não são toda a trilha sonora da vida intra-uterina. Ruídos
externos também chegam aos ouvidos em
formação e trazem a voz do pai ou músicas
tocadas perto da gestante. Talvez esse seja
o primeiro contato do ser humano com o
universo musical. Contato que, durante
os primeiros anos de vida do bebê, pode
juntar-se a estímulos de linguagem para
impulsionar o aprendizado.
É isso o que pode acontecer, por exemplo, quando a música é relacionada ao ensino de idiomas estrangeiros. Uma pesquisa
divulgada em 2007 pela Universidade de
Granada, na Espanha, mostrou que crianças marroquinas de 4,5 anos aprendiam
melhor espanhol quando o método de
estudo incluía música. Submetidos a dois
anos de aprendizado de fonemas latinos,
o grupo que teve aulas com canções saiuse melhor em testes do que o grupo sem
contato com métodos musicais. “Crianças
que aprendem com música detectam fonemas mais rápido, com mais facilidade”,
sintetiza Beatriz Ilari, professora adjunta
de educação musical da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba.
Além desse benefício, a formação musical no começo da vida é relacionada, por
diversos estudos, a um bom desempenho
em matemática, a uma melhor introdução
ao mundo das letras e a um avanço na socialização da criança. O assunto, no entanto, não é consensual. E virou alvo de
ceticismo depois que uma pesquisa, divulgada em 1993, bradou um suposto efeito
positivo em testes de QI para estudantes
universitários que ouviam a “Sonata Para
Métodos de educação infantil que usam música podem agilizar o aprendizado de
outra língua e desenvolver habilidades como coordenação motora e socialização
Dois Pianos em Ré Maior”, de Mozart. O
trabalho ganhou sonora repercussão na
imprensa, impulsionou distribuição de
CDs a crianças nas escolas, mas nenhum
outro pesquisador conseguiu repetir a experiência com sucesso e o estudo perdeu
credibilidade.
Apesar da controvérsia, o “efeito Mozart”, como ficou conhecido, estimulou
uma série de estudos na área. A musicóloga Kathryn Vaughn, da Universidade de
Illinois, selecionou, em 2000, várias dessas
pesquisas e produziu uma análise na qual
afirma que grande parte dos experimentos
mostram relações positivas entre realizar
problemas matemáticos e escutar música.
Ela destaca, entretanto, que nenhum conseguiu responder conclusivamente se ouvir música, por si só, melhora o raciocínio
matemático.
Educando com música
Se as pesquisas científicas ainda dão seus
primeiros passos para desvendar a influência da música no aprendizado, quem atua
com educação musical já está convencido
dos benefícios há muito tempo. “O que nós,
educadores, notamos há décadas, a ciên-
cia está conseguindo provar hoje”, opina
Renato Sampaio, coordenador do curso de
musicoterapia da Universidade de Ribeirão
Preto (Unaerp). Sampaio, assim como outros professores, destaca o papel dos sons
em harmonia para trabalhar habilidades
como percepção auditiva, memorização,
imaginação, tolerância, expressividade e
socialização.
As técnicas para aperfeiçoar essas habilidades foram reunidas sob o nome de
musicalização. O conjunto de métodos inclui aulas formais, atividades de interação
com a música (sozinho e em grupo), identi-
48 | VidaBosch |
áudio
Especialistas usam a música
para trabalhar habilidades como
percepção auditiva, memorização,
imaginação, tolerância,
expressividade e socialização
ficação de sons durante a audição, criação
de instrumentos rudimentares e até mesmo exercícios lúdicos, como a brincadeira
estátua – quando a criança pára de dançar
assim que a música é interrompida, o que
é usado para melhorar a atenção.
Por meio de atividades como cantar fazendo gestos, dançar, bater palmas e bater
os pés, as crianças desenvolvem o senso
rítmico e a coordenação motora. Ao ver,
ouvir, tocar e identificar os instrumentos,
trabalham a acuidade auditiva. Já aulas musicais coletivas são usadas para favorecer
a capacidade de inserção das crianças em
um grupo, estimulando a compreensão da
hora certa de tocar e de ouvir além da cooperação. “A musicalização busca desenvolver a sensibilidade emocional e despertar
potencialidades musicais nas crianças”, diz
a professora, musicista e pesquisadora Lilia
Rosa, autora de livros de educação musical
na infância, há 30 anos na área .
Apesar dos benefícios, pesquisadores e
educadores são cuidadosos quanto a expectativas imediatistas: o ensino musical não
faz milagres. “Estudar música vai propiciar
um desenvolvimento, mas não é simplesmente o fato de escutar. Os efeitos aparecem a partir de técnicas e de um estudo
continuado”, afirma Sampaio. “Ela não é
um pozinho mágico que vai criar pessoas
mais inteligentes, mas pode tornar suas
vidas melhores.”
Primeiras notas
A introdução a esse universo começa desde
o nascimento, fortemente influenciada pelos
hábitos da família, diz Beatriz. “A música
que o pai ouve, o que a mãe canta, o que a
avó escuta no rádio, tudo vai musicalizar
a criança”, explica a especialista, que tem
doutorado em Educação Musical pela Universidade Mcgill, no Canadá. A professora
coordena desde 2003 o curso de musicalização infantil para crianças de 0 a 12 anos
na Universidade Federal do Paraná, mas
destaca o fato de que não só a escola deve incentivar esse tipo de formação. Em
casa, diz, os pais podem e devem mostrar
as canções que mais lhes agradam –— os
benefícios não têm a ver com um estilo específico, mas com o contato com as notas
ritmadas em harmonia.
O espaço escolar como local de desenvolvimento musical, no entanto, deve ganhar força em breve. O governo federal
sancionou em agosto de 2008 a lei nº 11.769,
que determina que a “música deverá ser
conteúdo obrigatório (…) do componente
curricular”. Ainda está sob discussão co-
mo a legislação será aplicada, mas a nova
diretriz vai introduzir, dentro de três anos,
a educação musical nas salas de aula do
ensino fundamental e médio. Lilia Rosa
foi designada pelo Sindicado dos Músicos
Independentes para chefiar a Secretaria
de Formação Profissional, cujo objetivo é
capacitar os profissionais que desejam trabalhar nas escolas. “A arte é fundamental
para o desenvolvimento da sensibilidade
do ser humano. Sem ela, todos os aspectos negativos que o mundo contemporâneo tem nos trazido vão pegar em cheio
essas crianças.”
A Bosch na sua vida
Arquivo Bosch
De pai para filho
A inserção das crianças no universo musical não precisa ficar restrita a ambientes domésticos (quarto do bebê, sala)
nem a locais específicos (escolas de
música). Os estímulos podem aparecer
em diversos momentos — no carro, por
exemplo. Você pode fazer seu filho escutar suas canções prediletas durante
o caminho para a escola ou nas viagens
de fim de semana.
A Blaupunkt, marca do grupo Bosch,
tem um auto-rádio que toca a seleção
musical de MP3 que você preparou para você mesmo ou para seu filho. E
faz isso a partir de diversas fontes —
afinal, se os benefícios da música são
tão variados (tolerância, socialização,
expressividade), por que as opções para
tocá-la têm de ser limitadas?
O som automotivo Brisbane SD48 permite tocar as músicas prediletas suas e
de seu filho em um mesmo dispositivo.
Você pode ligar o MP3 player ou iPod à
entrada auxiliar frontal. Outra opção é
a conexão USB (para pendrives). Ainda
há a possibilidade de conectar as músicas pela entrada de cartões de memória
SD/MMC (aqueles usados em máquinas
fotográficas). Qualquer uma dessas alternativas é mais segura do que ficar trocando CDs enquanto dirige. O aparelho
tem ainda rádio AM/FM, equalizador de
três bandas e painel destacável.
“O CD é uma tecnologia antiga, que ocupa
espaço, principalmente no caso daquelas
pessoas que têm muitos cases no carro”,
afirma Camila Loureiro, do marketing da
Blaupunkt. “As novas tecnologias permitem armazenar muito mais músicas,
ocupando menos espaço. Além disso,
permitem criar seleções de maneira bastante simples, incluindo apenas as faixas
que a pessoa quer ouvir.”

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