Isaías panorama 1

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Isaías panorama 1
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Sumário:
Apresentação: .................................................................................................................................. 3
Estudo 1 - Introdução: ................................................................................................................... 4
Estudo 2 - Isaías 6 .......................................................................................................................... 10
Estudo 3 - Isaías 7-12 ................................................................................................................... 15
Estudo 4 - Isaías 13-23 ................................................................................................................ 22
Estudo 5 - Isaías 24-27 ................................................................................................................ 35
Estudo 6 - Isaías 28-31 ................................................................................................................ 42
Estudo 7 - Isaías 32-35 ................................................................................................................ 52
Estudo 8 - Isaías 36-39 ................................................................................................................ 58
Estudo 9 - Isaías 40-41 ................................................................................................................ 68
Estudo 10 - Isaías 42.1-4............................................................................................................. 78
Estudo 11 - Isaías 44-45 ............................................................................................................. 86
Estudo 12 - Isaías 49-50 ............................................................................................................. 91
Estudo 13 - Isaías 52.13-53 ...................................................................................................... 98
Estudo 14 - Isaías 54-56.8 ....................................................................................................... 111
Estudo 15 - Isaías 56.9-57 ....................................................................................................... 117
Estudo 16 - Isaías 58 ................................................................................................................. 122
Estudo 17 - Isaías 59 ................................................................................................................. 128
Estudo 18 - Isaías 60-61 .......................................................................................................... 133
Estudo 19 - Isaías 62-64 .......................................................................................................... 138
Estudo 20 - Isaías 65 ................................................................................................................. 144
Estudo 21- Isaías 66 .................................................................................................................. 150
Referências ................................................................................................................................... 156
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Apresentação:
Com muita satisfação aceitei o convite para prefaciar o estudo de Isaías
ministrado pelo Rev. Jocarli Almeida Gonçalves Junior, jovem brilhante, homem de Deus,
dedicado e estudioso da Palavra. Confesso que fiquei surpresa com o convite que para
mim tornou-se um grande desafio. Faço-o com imenso prazer pela relevância do tema
pelo qual sempre me interessei e desejei aprender mais. Sinto-me honrada e agradecida
em poder apresentar o presente estudo mesmo que de forma sucinta, mas ao mesmo
tempo tão completo que vai levá-lo a desejar aprender mais sobre o que Deus tem
reservado para sua vida.
Este estudo é um precioso recurso para compreensão das Escrituras Sagradas,
em especial o livro do profeta Isaías tratado aqui de forma fidedigna com objetivo de
exaltar o nome do Senhor Jesus Cristo.
Isaías trata das coisas concernentes ao Reino de Deus e a maneira como Deus
usou para disciplinar o pecado do povo e nos convida a buscar a santidade com mais
zelo e cada vez mais afastar-nos do pecado.
Enfatiza a autoridade suprema de Deus sobre as nações como criador que domina
todo o universo, revela o juízo e a salvação de Deus que é Santo e não pode permitir a
impunidade do pecado. Retrata também o julgamento vindouro de Deus como fogo
consumidor, ao mesmo tempo Isaias compreende que Deus é um Deus de misericórdia,
graça e compaixão que vai trazer restauração, perdão e cura a Israel.
O livro de Isaias nos apresenta de forma inegável a graça maravilhosa do nosso
Deus, como único caminho que conduz ao céu. É maravilhoso saber que nossas vidas
estão nas mãos daquele que tudo governa, que em meio as lutas e provas prometeu-nos
presença consoladora.
Meu desejo é que este estudo o faça crescer mais no conhecimento do Senhor
Jesus e desperte o seu coração na busca incessante por uma vida plena com Cristo,
renunciando o seu próprio “eu” e deixando que a Paz que excede todo entendimento, o
Senhor da Glória guie a sua vida e assim desfrute de uma vida abundante e verdadeira.
A Deus toda Glória!
Rosângela Machado Ribeiro
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Introdução:
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O Livro de Isaías é um dos livros mais amados da Bíblia, é talvez o mais conhecido
dos livros proféticos. Ele contém diversas passagens que são bem conhecidas entre os
estudantes da Bíblia (por exemplo, 1.18; 7.14; 9.6-7; 26.8; 40.3; 31; 53).1
Isaías atravessou o palco da história mais ou menos à metade do caminho entre
Moisés e Cristo. Ele viveu durante os dias do poderoso Império Assírio. Ele antecipou a
queda desse império e a ascensão de seus dois sucessores, os caldeus e os persas. Este
profeta foi central na ênfase teológica. Ele proclamou em Judá os grandes princípios da
salvação pela fé, a expiação substitutiva, o reino e a ressurreição.
Isaías é citado diretamente no Novo Testamento em torno de 65 vezes, muito
mais do que qualquer outro profeta do Antigo Testamento, além de ser mencionado pelo
nome, cerca de 20 vezes.
I. O autor
“Visão de Isaías, filho de Amoz, que ele teve a respeito de Judá e Jerusalém,
nos dias de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá” (Is 1.1).
“Isaías” significa “O Senhor é salvação”, e a palavra salvação é repetida muitas
vezes no livro. Ainda que se saiba mais sobre Isaías do que a maioria dos outros
profetas, as informações sobre ele ainda são escassas. Provavelmente, Isaías residia em
Jerusalém, e teve acesso à corte real. Segundo a tradição, ele era primo do rei Uzias, mas
não existe nenhuma evidência sólida quanto a isso. Ele teve contato pessoal com pelo
menos dois dos reis de Judá: Acaz e Ezequias (7.3, 38.1, 39.3).
Isaías era filho de Amoz, mas não deve ser confundido com o profeta Amós. Ele
era casado, mas o nome de sua esposa não é conhecido. Ela é simplesmente chamada de
“a profetisa” (8.3). Seus filhos receberam nomes simbólicos: Sear-Jasube (7.3) significa
“Um-Resto-Volverá”.2 O segundo filho, Maer-Salal-Hás-Baz (8.1), que significa “RápidoDespojo-Presa-Segura”.3 Isaías começou o seu ministério perto do fim do reinado de
1 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1027). Wheaton, IL: Victor Books.
2 Esse nome devia recordar ao rei que o SENHOR não deixaria de manter a promessa feita a Davi
(2Sm 7.1-16), apesar da gravidade da situação.
3 Rápido-Despojo tem a ver com os invasores assírios que serão rápidos em espoliar a terra, não
deixando qualquer dúvida de quem será o vencedor na batalha. Presa segura pede que eles
apressem os passos para levar os despojos, ou seja, para saquear, de outra perspectiva, às
profecias que haviam sido anunciadas em 7.18-25. Soldados gritavam essas palavras para seus
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Uzias, cerca de 758 a.C. Seu ministério estendeu-se por cerca de sessenta anos, através
dos reinados de Jotão, Acaz e Ezequias.4 Segundo a tradição Isaías morreu como um
mártir, cerca de 680 a.C., no início do reinado do ímpio Manassés. Diz à lenda que ele foi
serrado por este rei (cf. Hb 11.37).
II. A mensagem do livro
O tema de Isaías é o mesmo do significado do seu nome: “O Senhor é a salvação”.
O objetivo imediato do livro era ensinar a verdade de que a salvação é pela graça. Isaías
demonstrou o papel de Judá, no plano de Deus, como instrumento através do qual o
Messias viria ao mundo.5
Muitos estudiosos modernos dividem o livro em duas ou mais partes e dizem
que cada parte possui um autor diferente. No entanto, de acordo com a tradição judaica
e cristã, o livro tem apenas um autor. Um único rolo de papel foi usado para todo o livro,
como aprendemos não apenas a partir de Qumran,6 mas a partir de Lc 4.17 (em que a
leitura foi escolhida a partir de um dos capítulos mais recentes).7
Assim, o livro de Isaías divide-se em duas seções, capítulos 1-39 e capítulos 40A primeira seção adverte os judeus sobre a invasão assíria iminente, enquanto a
segunda seção encoraja os cativos a retornam da Babilônia. O tema principal da primeira
seção é o castigo de Judá por seus pecados, enquanto o tema principal da segunda seção
é a consolação dos cativos após o seu sofrimento.
66.8
Isaías experimentou os acontecimentos dos primeiros trinta e nove capítulos,
mas profetizou os acontecimentos da última seção do livro. Na primeira seção, Assíria
era o principal inimigo, na última seção, o inimigo é a Babilônia. Em última análise, a
redenção para Israel deve vir do “Servo ideal”, o Messias, que realizará o que o servo nação não pode fazer. Isso explica os chamados “cânticos do servo” na segunda seção de
Isaías (42.1-9, 49.1-13, 50.4-11, 52.13-53.12).
O livro também enfatiza a soberania de Deus sobre as nações. Ele levantou a
Assíria e a Babilônia como instrumentos para punir o Seu povo rebelde, mas também
disciplinou tanto a Assíria quanto a Babilônia por causa da arrogância e crueldade. Desta
companheiros quando derrotavam e saqueavam seus inimigos. Watts, J. D. W. (1998). Isaiah 1–33
(Vol. 24, p. 112–113). Dallas: Word, Incorporated.
4 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is). Joplin, MO: College Press.
5 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is). Joplin, MO: College Press.
6 Qumran, Khirbet Qumran, “ruína da mancha cinzenta”, é um sítio arqueológico localizado a uma
milha da margem noroeste do Mar Morto, a 12 km de Jericó e a cerca de 22 quilômetros a leste de
Jerusalém, em Israel. Qumran tornou-se célebre em 1947 com a descoberta de manuscritos
antigos que ficaram conhecidos como os Manuscritos do Mar Morto. Achtemeier, P. J., Harper &
Row e Society of Biblical Literature. (1985). In Harper’s Bible dictionary. San Francisco: Harper &
Row.
7 Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible commentary:
21st century edition (4th ed., p. 630). Leicester, England; Downers Grove, IL: Inter-Varsity Press.
8 Wiersbe, W. W. (1993). Wiersbe’s Expository Outlines on the Old Testament (Is). Wheaton, IL:
Victor Books.
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forma, o Senhor declarou a Sua infinita superioridade sobre os ídolos e deuses das
nações. Eles eram produtos de mãos humanas e inativos, mas o Criador domina sobre
todo o universo.9
O Livro de Isaías é o primeiro dos 17 livros proféticos do Antigo Testamento não
porque seja o mais antigo, mas porque é o mais completo em conteúdo.10 Além disso,
tem sido sugerido que o livro de Isaías é como uma “Bíblia em miniatura”. Seus 66
capítulos são divididos em duas partes, 39 capítulos na primeira divisão (como o Antigo
Testamento) e 27 capítulos na segunda divisão (como o Novo Testamento). Os primeiros
39 capítulos enfatizam o julgamento, os últimos 27 enfatizam a misericórdia e conforto
divino.
III. Contexto histórico
A nação de Israel foi dividida após a morte de Salomão, as dez tribos do norte
foram organizadas como Israel, e as duas tribos do sul como Judá (1Rs 11.9-13, 43). A
capital de Israel era Samaria, a capital de Judá, Jerusalém. O profeta Isaías ministrou em
Jerusalém, mas suas mensagens tocaram tanto o norte quanto o reino do sul.11
Depois da morte do rei Uzias (c. 790-739 a.C.), seu filho Jotão (c. 750-731 a.C.)
teve que assumir as responsabilidades do reino. Durante o seu reinado (2Rs 15.19), a
Assíria começava a emergir como uma nova grande potência internacional sob a
liderança de Tiglate-Pileser (c. 745-727 a.C.). Nesse tempo, Judá começou a enfrentar
também a oposição de Israel e da Síria nas fronteiras do norte (2Rs 15.37). Durante os
últimos doze anos do reinado de Jotão, seu filho Acaz serviu como corregente.
Acaz tinha 25 anos quando começou a reinar em Judá e reinou até os 41 anos
(2Cr 28.1-8; c. 735-715 a.C.). Nesse tempo, a Síria e Israel fizeram uma aliança para
combater a emergente Assíria, que ameaçava pelo leste, mas Acaz recusou-se a
participar (2Rs 16.5; Is 7.6). Por causa disso, seu vizinho do norte queria destroná-lo, o
que resultou em guerra (734 a.C.).
Em vez de confiar no Senhor (Is 7.10-16), o rei Acaz pediu ajuda ao rei da
Assíria (2Rs 16.7), que lhe respondeu de bom grado. Ele derrotou Israel em 721 a.C., mas
Judá tornou-se um estado vassalo da Assíria, o preço que Acaz teve que pagar por sua
segurança. Como consequência da aliança de Acaz com a Assíria, ele construiu um altar
pagão no templo de Salomão (2Rs 16.10-16; 2Cr 28.3). Durante o seu reinado (722 a.C.),
a Assíria tomou Samaria, capital do Reino do Norte e levou muitas pessoas de Israel para
o cativeiro (2Rs 17.6, 24).
9
Chisholm, R. B. (1998). The Major Prophets. In D. S. Dockery (Org.), Holman concise Bible
commentary (p. 262–263). Nashville, TN: Broadman & Holman Publishers.
10 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1030). Wheaton, IL: Victor Books.
11 Wiersbe, W. W. (1993). Wiersbe’s Expository Outlines on the Old Testament (Is). Wheaton, IL:
Victor Books.
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Depois da morte de Acaz, Ezequias, seu filho, reinou em seu lugar. Ezequias
reinou durante 42 anos e foi um dos maiores reis de Judá (2Rs 18-20; 2Cr 29-32). Ele
não apenas fortaleceu a cidade de Jerusalém e a nação de Judá, mas levou o povo de
volta ao Senhor. Ele construiu o sistema de água famoso que ainda está de pé em
Jerusalém. O Túnel de Ezequias ou Tunel de Siloé é um túnel ou aqueduto que foi
escavado na rocha sólida, escavado embaixo de Ophel na cidade de Jerusalém por volta
de 701 a.C. durante o reinado de Ezequias. O túnel, que conduzia a Fonte de Giom até o
tanque de Siloé, foi projetado para agir como um Aqueduto para abastecer de água a
Jerusalém durante o cerco organizado pelos assírios, conduzidos por Senaqueribe.
A ameaça de uma invasão da Assíria forçou Judá a pagar pesados tributos a essa
grande potência. Em 701 a.C., Ezequias foi acometido de uma doença muito grave, que
ameaçava tirar a sua vida. No entanto, ele orou a Deus que, graciosamente, lhe deu mais
15 anos de vida (2Rs 20; Is 38), até 686 a.C. Quando a Assíria começou a enfraquecer,
por causa de disputas internas, Ezequias recusou-se a continuar pagando-lhe qualquer
tributo (2Rs 18.7). Como consequência, em 701 a.C., Senaqueribe, o rei assírio, invadiu
as fronteiras do reino de Judá, marchando rumo ao Egito pela parte sul de Israel.
Durante a investida, ele destruiu muitas cidades de Judá (2Rs 18.13).
Enquanto estava sitiando Laquis, ele enviou um contingente para sitiar
Jerusalém (2Rs 18.17-19.8; Is 36.2-37.8). A expedição falhou. Contudo, numa segunda
tentativa, ele enviou mensageiros a Jerusalém, exigindo rendição imediata (2Rs 19.10; Is
37.9). Mas, ao contrário de Acaz, Ezequias confiou no Senhor. Ele se prostrou diante de
Deus em oração, apresentou-lhe seu problema, e confiou nas palavras que Deus proferiu
através de Isaías (Is 37.14-35). Com o encorajamento de Isaías, Ezequias se recusou a
render-se e o exército de Senaqueribe caiu diante do Senhor. O Anjo do Senhor feriu no
arraial dos assírios, cento e oitenta e cinco mil soldados; e, quando os restantes se
levantaram pela manhã, eis que todos estes eram cadáveres (2Rs 19.35). Senaqueribe
retonou para Nínive e nunca mais ameaçou Judá.
A Assíria foi derrotada pelos egípcios, que em seguida, caíram diante dos
babilônios (606-587 a.C.). Depois, os babilônios levaram Judá para o cativeiro (Dn 1).
Assim, na primeira metade de seu livro, Isaías aconselhou a nação sobre a Assíria; na
última metade, ele consolou o remanescente relativo ao seu retorno da Babilônia.12
IV. Cristo em Isaías
Em Isaías encontramos um rico quadro profético a respeito de Jesus Cristo.
Vemos o Seu nascimento (Is 9.6, 7.14; Mt 1.23), o ministério de João Batista (Is 40.3-6;
Mt 3.1); Cristo ungido pelo Espírito (Is 61.1-2; Lc 4.17-19); Cristo Servo (Is 42.1-4; Mt
12.17-21); A rejeição de Israel contra Cristo (Is 6.9-11; Jo 12.38; Mt 13.10-15; At 28.2627; Rm 11.8); A pedra de tropeço (Is 8.14 e 28.16; Rm 9.32-33 e 10.11; 1Pe 2.6); O
ministério de Cristo aos gentios (Is 49.6; Lc 2.32; At 13.47; Mt 4.15-16); O sofrimento e a
morte de Cristo (52.13-53.12); Sua ressurreição (Is 55.3; At 13.34; 45.23; Fp 2.10-11 e
12
Wiersbe, W. W. (1993). Wiersbe’s Expository Outlines on the Old Testament (Is). Wheaton, IL:
Victor Books.
7
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Rm 14.11); e a vinda do Rei (Is 9.6 -7, 11.1; 32.1-2; 59.20-21; Rm 11.26-27; 63.2-3; Ap
19.13-15).
V. Esboço:
O esboço abaixo ajudará a obter uma visão geral deste magnífico livro.
Tema: A salvação do Senhor
I. A condenação - (1-39)
1. Sermões contra Judá e Israel - (1-12)
2. Encargos de julgamento contra os gentios - (13-23)
3. Canções sobre Futuro Glória - (24-27)
4. Desgraças do juízo vindouro da Assíria - (28-35)
5. Interlúdio - Histórico - (36-39)
a. Ezequias cercado pela Assíria - (36-37)
b. Ezequias enganado pela Babilônia -( 37-38)
II. A consolação - (40-66)
1. A grandeza de Deus - (40-48) (O pai contra ídolos)
2. A graça de Deus - (49-57) (O Filho, o Servo de Deus)
3. A glória de Deus - (58-66) (O Espírito e o reino)
Isaías começa com uma série de sermões denunciando o pecado: Os pecados
pessoais dos indivíduos (capítulos 1-6) e os pecados nacionais dos líderes (capítulos 712). Ele adverte sobre o julgamento e clama por arrependimento.
Nos capítulos (13-23), Isaías denuncia as nações por seus pecados e adverte
sobre o julgamento de Deus. Tanto Israel quanto Judá haviam pecado contra a Lei de
Deus e foram ainda mais culpados do que os seus vizinhos.
Ao estudar o Livro de Isaías, é possível observar que o profeta intercala
mensagens de esperança com palavras de julgamento. Por exemplo, Isaías 24-27 são
“cânticos de esperança” que descrevem a glória do reino futuro. Isaías vê um dia em que
os dois reinos (Israel e Judá) voltarão para a terra e entrarão nas bênçãos do reino
prometido.
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Os capítulos 28-35 focalizam a invasão iminente da Assíria contra Israel e Judá. O
reino do norte (Israel) será destruído e as dez tribos dominadas pelo Império Assírio.
(Esta é a origem dos samaritanos, que eram parte judeus e parte gentios).13
Neste ponto, Isaías passa da profecia para a história e focaliza dois principais
eventos que ocorreram durante o reinado de Ezequias: o livramento miraculoso de
Jerusalém (capítulos 36-37), e a cooperação tola de Ezequias com os babilônios
(capítulos 38-39). Esta seção faz uma transição entre a Assíria e a Babilônia. Já os
últimos vinte e sete capítulos olham para o retorno do remanescente judeu do cativeiro
babilônico.
Isaías 40-66 é chamado de “O Livro da Consolação”. Dividido em três seções, cada
um se concentra em uma pessoa diferente da Divindade. Os capítulos 40-48 exaltam a
grandeza de Deus, o Pai; Os capítulos 49-57, a graça de Deus, o Filho, Servo Sofredor de
Deus e os capítulos 58-66, a glória do reino futuro, quando o Espírito será derramado
sobre o povo de Deus (59.19 e 21; 61.l, e 63.10-11 e 14).14
Mas a maior mensagem de Isaías é a sua palavra de salvação, anunciando a vinda
do Messias, o Servo do Senhor, que morreria pelos pecadores e um dia retornará para
estabelecer o Seu reino glorioso (Is 53). Isaías é conhecido como “profeta evangélico”,
ele falou muito a respeito da graça de Deus para com Israel, especialmente nos últimos
27 capítulos. Ao estudar Isaías é possível notar a ênfase na mensagem pessoal do perdão
de Deus:
“Vinde, pois, e arrazoemos, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a
escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o
carmesim, se tornarão como a lã” (Is 1.18).
“Desfaço as tuas transgressões como a névoa e os teus pecados, como a nuvem; tornate para mim, porque eu te remi” (Is 44.22).
“Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus
pecados não me lembro” (Is 43.25).
Como pode um Deus justo e reto, perdoar os pecados e não mais se lembrar?
Através do Cordeiro de Deus que foi crucificado:
“Mas ele [Jesus] foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas
iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos
sarados” (Is 53.5).
13
14
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 13–14). Wheaton, IL: Victor Books.
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 15). Wheaton, IL: Victor Books.
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Isaías 6
O chamado do profeta Isaías
Introdução:
2
O rei Uzias estava morto e o trono de Judá permaneceu vazio. Como todos os
homens de fé, Isaías voltou-se para Deus por ajuda e conforto, e naquela hora de
aparente derrota, ele experimentou uma grande bênção espiritual. Isaías viu que o trono
do céu ainda estava ocupado por Deus!15
Embora este seja um dos capítulos mais conhecidos no Livro de Isaías, há um
problema que têm causado debate entre os teólogos. Isaías ministrou antes de ser
chamado por Deus ou o capítulo seis está fora da ordem cronológica, mas na ordem
lógica?
É provável que a visão do comissionamento de Isaías depois dos capítulos 1-5
seja o clímax lógico e apropriado diante das acusações dos capítulos anteriores. O
capítulo 6 enfatiza a depravação extrema do país, contrastando-a com a santidade de
Deus. Aqui Isaías também enfatizou que o povo não tinha discernimento espiritual e não
havia se arrependido de sua condição pecaminosa.16
I. A visão de Deus.
“No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e
sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo. Serafins estavam
por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas
cobria os seus pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros,
dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia
da sua glória. As bases do limiar se moveram à voz do que clamava, e a casa
se encheu de fumaça” (Isaías 6.1-4).
Isaías olhou para o alto. Como todos os cidadãos dedicados, Isaías respeitava o rei
Uzias. Durante 52 anos, o rei Uzias conduziu o povo de Judá, em um programa de paz e
prosperidade. Foi uma época de expansão e conquista. No entanto, é lamentável que o
rei houvesse se rebelado contra a Palavra de Deus e tenha morrido leproso (2Rs 15.1-7;
2Cr 26). Isaías percebeu que embora a nação tivesse prosperado materialmente, estava
em péssimas condições espirituais. O crescimento econômico e a paz temporária era
apenas um verniz que cobria uma nação com um coração perverso.
15
Wiersbe, W. W. (1993). Wiersbe’s Expository Outlines on the Old Testament (Is 6). Wheaton, IL:
Victor Books.
16 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1043–1044). Wheaton, IL: Victor Books.
10
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Isaías viu o Senhor como um rei exaltado sobre o trono do Seu templo celeste. 17
Como o apóstolo João escreveu: “Isto disse Isaías porque viu a glória dele e falou a seu
respeito” (Jo 12.41), Isaías pode ter visto o Cristo pré-encarnado, o Senhor. O profeta não
viu a própria essência de Deus porque ninguém pode vê-Lo (Êx 33.18; Jo 1.18; 1Tm 6.16;
1Jo 4.12). Uma vez que Ele é invisível (1Tm 1.17). Mas não havia nenhum problema em
Isaías ver Deus em uma visão ou uma teofania (manifestação de Deus), assim como fez
Ezequiel (Ez 1.3-28); Daniel (Dn 7.2, 9-10), e outros.
Isaías viu Deus assentado sobre um alto e sublime trono, sendo exaltado pelos
querubins e percebeu que as abas de Suas vestes enchiam o templo. Essa visão é muito
relevante porque no lugar mais sagrado do templo, em Jerusalém, a glória de Deus era
evidente entre os querubins no propiciatório sobre a arca da aliança. Portanto alguns
israelitas erroneamente pensavam que Deus era muito pequeno. No entanto, Salomão,
em sua oração dedicatória ao novo templo, havia afirmado que nenhum templo poderia
conter Deus e que, de fato, até mesmo os céus não podem conte-Lo (1Rs 8.27). Por isso
Isaías não viu Deus sobre a arca da aliança, mas em um trono. Para Isaías, o trono
enfatizava que o Senhor é de fato o verdadeiro Rei de Israel. Além disso, as longas vestes
do Senhor enfatizam Sua realeza e majestade. Ele é o Senhor do universo, o Deus
exaltado, não há na terra, no céu ou no mar Deus como o Senhor.
Essa é uma boa lição para os cristãos de hoje: quando o dia estiver escuro, levante
os olhos para o céu e veja o Senhor no trono. Para Isaías, o panorama era desolador, o rei
Uzias estava morto, seu país estava em perigo, e ele não podia fazer nada sobre isso. A
perspectiva era triste, mas a visão do alto foi gloriosa! Embora o trono em Jerusalém
estive vazio, o trono celestial estava ocupado: Deus está no trono e reina como o
Soberano do Universo! Do ponto de vista de Deus, “toda a terra” estava “cheia da Sua
glória” (Is 6.3; Nm 14.21-22; Sl 72.18-19).18 Quando a perspectiva é sombria, a melhor
atitude é olhar para as coisas do ponto de vista de Deus.
II. A visão de si mesmo
“Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios
impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos
viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos! Então, um dos serafins voou para mim,
trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; com a
brasa tocou a minha boca e disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua
iniquidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado” (Isaías 6.5-7).
A verdadeira visão de Deus e Sua santidade sempre nos faz perceber o nosso
próprio pecado e fracasso. Jó viu Deus e se arrependeu (Jó 42.6); o apóstolo Pedro diante
do Senhor Jesus gritou: “Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador” (Lc 5.8). O
apóstolo Paulo reconheceu que sua própria justiça era apenas “lixo” ao lado da glória de
17
18
Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 6.1–3). Joplin, MO: College Press.
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 27–28). Wheaton, IL: Victor Books.
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Cristo (At 9 e Fp 3). Quando os crentes têm uma verdadeira experiência com o Senhor,
não se tornam orgulhosos, mas, humildes e quebrantados.19 Invariavelmente, as
testemunhas mais eficazes são aqueles que tiveram uma visão exaltada do Senhor Jesus
Cristo e que são conscientes de sua própria indignidade. Foi o reconhecimento de Paulo
de si mesmo como o principal dos pecadores que o levou a pregar o evangelho (1Tm
1.15, 1Co 15.9, 10).
Tendo consciência da santidade de Deus, Isaías sabia que seu próprio pecado
significava uma tragédia (“Ai de mim! Estou perdido!”). Ele havia acabado de ouvir
lábios santos adorando a Deus, agora ele se torna consciente da impureza dos seus
próprios lábios. Ele era incapaz de pregar ou mesmo louvar a Deus em sua péssima
condição (Is 6.5).
Então, um dos serafins tocou os lábios de Isaías com uma brasa do altar do
incenso. Neste gesto simbólico, ele recebeu a garantia de que seus pecados haviam sido
expurgados (Is 6.6-7).20 Em seguida, Isaías havia pronunciado os problemas (ameaças de
julgamento) sobre a nação (Is 5.8-23), mas agora ao declarar “Ai de mim!” (cf. Is 24.16),
ele percebeu que estava sujeito ao mesmo julgamento divino. Quando visto ao lado da
pureza da santidade de Deus, a impureza do pecado humano é ainda mais evidente.
Isaías identificou-se com o seu povo que também era pecador (um povo de lábios
impuros).
III. A visão do serviço
“Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há
de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim. Então, disse ele: Vai e
dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais; vede, vede, mas não percebais.
Torna insensível o coração deste povo, endurece-lhe os ouvidos e fecha-lhe
os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos
e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo. Então, disse eu: até
quando, Senhor? Ele respondeu: Até que sejam desoladas as cidades e fiquem
sem habitantes, as casas fiquem sem moradores, e a terra seja de todo
assolada, e o SENHOR afaste dela os homens, e no meio da terra seja grande o
desamparo. Mas, se ainda ficar a décima parte dela, tornará a ser destruída.
Como terebinto e como carvalho, dos quais, depois de derribados, ainda fica
o toco, assim a santa semente é o seu toco” (Isaías 6.8-13).
Isaías ouviu a voz do Senhor, dizendo: “A quem enviarei, e quem há de ir por
nós?” O pronome no plural parece apontar para uma unidade pluralista da Divindade
(trindade). Um Deus fala, mas três pessoas distintas na Divindade estão envolvidas.21 A
19
Wiersbe, W. W. (1993). Wiersbe’s Expository Outlines on the Old Testament (Is 6.5–7). Wheaton,
IL: Victor Books.
20 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 6.5–7). Joplin, MO: College Press.
21 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1045). Wheaton, IL: Victor Books.
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reverência obriga Isaías a dizer o mínimo possível. Duas palavras em hebraico
descrevem sua resposta positiva: “... Eis-me aqui” (Is 6.8).
A pergunta “A quem enviarei?”. Não significa que Deus não sabia ou que apenas
esperava que alguém respondesse. Ele fez a pergunta para dar a Isaías, agora purificado,
uma oportunidade para o serviço. O profeta sabia que toda a nação precisava do mesmo
tipo de consciência acerca de Deus e a purificação do pecado que havia recebido. Então
ele respondeu que estaria disposto a servir ao Senhor: “... Eis-me aqui” (Is 6.8).
O chamado é uma evidência da graça de Deus. O Altíssimo está disposto em usar
seres humanos para realizar a Sua vontade na terra. Deus certamente poderia ter
enviado um dos serafins, que teria obedecido rapidamente e perfeitamente. Mas quando
se trata de proclamar a Sua Palavra, Deus usa lábios humanos. Deus ainda está
chamando os crentes de hoje e, infelizmente, poucos estão respondendo.
“Então, disse ele: Vai e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais...” (v. 9) –
Não foi uma comissão fácil para Isaías, pois a nação não estaria disposta a ouvir suas
mensagens sobre o pecado e juízo. No capítulo 1, Deus retrata a nação como um corpo
doente, coberto de chagas e feridas abertas, e como um animal teimoso e rebelde, muito
ignorante para ouvir seu próprio mestre (Is 1.3). No capítulo 5, a nação é descrita como
uma bela vinha, que não produzia boas uvas, apenas uvas bravas (Is 5.2). Ao ler os
capítulos 1-5, podemos entender o fardo que Deus deu a Isaías. A nação era próspera,
por que pregar sobre o pecado? As “donzelas eram vaidosas” e não gostariam de ouvi-lo
(Is 3.16-26), nem os principais governantes (Is 5.8).22 A soberba é capaz de cegar o
coração de qualquer pessoa. Alguém abastado e satisfeito, dificilmente crê na iminência
do julgamento.
“Então, disse eu: até quando, Senhor? Ele respondeu: Até que sejam desoladas
as cidades e fiquem sem habitantes, as casas fiquem sem moradores, e a terra seja
de todo assolada...” (Is 5.11) – Deus disse a Isaías que o seu ministério terminaria num
aparente fracasso, com a terra arruinada e as pessoas sendo levadas ao exílio (Is 6.11,
12). Contudo, um remanescente sobreviveria! Seria como o toco de uma árvore caída de
onde os rebentos (“a santa semente”) brotariam e dariam continuidade à verdadeira fé
na terra. Isaías precisava de uma perspectiva de longo alcance sobre o seu ministério, ou
então ele iria se sentir como se estivesse realizando nada.23 Embora a população de Judá
fosse quase totalmente exterminada ou exilada, Deus prometeu preservar um pequeno
número de crentes na terra.
22
Wiersbe, W. W. (1993). Wiersbe’s Expository Outlines on the Old Testament (Is 6.8–13). Wheaton,
IL: Victor Books.
23 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 29). Wheaton, IL: Victor Books.
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Conclusão:
O Senhor não deu a Isaías muitos incentivos (Is 6.9-13). Pelo contrário, o
ministério de Isaías deixaria algumas pessoas mais cegas, mais surdas e corações mais
endurecidos.
“Vai e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais; vede, vede, mas não
percebais. Torna insensível o coração deste povo, endurece-lhe os ouvidos e fechalhe os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a
entender com o coração, e se converta, e seja salvo” (Is 6.9–10) – Os versículos 9 e 10
são tão importantes que eles são citados seis vezes no Novo Testamento (Mt 13.13-15;
Mc 4.12; Lc 8.10; Jo 12.40; At 28.25-28; Rm 11.8). Mas o servo deve proclamar a Palavra,
não importa como as pessoas reagirão. O resultado de um bom ministério não é o
sucesso, mas a fidelidade ao Senhor. O Senhor não tem prazer em julgar o Seu povo, mas
a disciplina era necessária por causa da desobediência.
O comentarista Warrem Wiersbe acertadamente escreveu: “Vai e dize” ainda é a
ordem de Deus para o Seu povo (v. 9; ver Mt 28.7; Mr 5.19). Ele está esperando a nossa
resposta: “Eis-me aqui, envia-me a mim”.24 Qual tem sido a sua resposta?
24
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 29). Wheaton, IL: Victor Books.
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Isaías 7-12
A promessa a respeito do Emanuel
Introdução:
3
Existem dois princípios importantes ao estudar as profecias do Antigo
Testamento: (1) Os profetas contemplaram a vinda de Cristo na humilhação e na glória,
mas não viam o tempo entre esses eventos (1Pe 1.10-12), e (2) Cada profecia surgiu de
uma situação histórica definida, mas também, contemplava um futuro distante.25 É
exatamente isso que encontramos nos capítulos de 7 a 12, o profeta Isaías está lidando
com uma crise, o ataque iminente de Judá por Israel (o Reino do Norte) e a Síria, e ele
declara o que vai acontecer com a nação. Porém, Isaías também anuncia a vinda do
Messias.26
Os capítulos de 7 a 12 são conhecidos como “O Livro do Emanuel”. Eles contêm o
que o comentarista Delitzsch chama de “a grande trilogia das profecias messiânicas”. No
capítulo 7, o Messias está prestes a nascer, no capítulo 9, Ele é descrito como tendo
nascido, e no capítulo 11, Ele reina sobre o Seu povo.27 Creio que o comentarista Warren
Wiersbe estava certo quando declarou que nos capítulos de 7 a 12 quatro nomes
simbólicos estão envolvidos nessas mensagens de Isaías, cada um deles com um
significado muito especial: Emanuel, Maher-Salal-Hás-Baz, Sear-Jasube e Isaías.28
I. Emanuel: Uma mensagem de esperança (Is 7.1-25)
“Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e
dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel” (Is 7.14) – O medo tomou conta da
família real de Judá, quando chegou à notícia da iminente invasão pelas forças de Rezim
e Peca (Reino do Norte e Síria). Na expectativa de um cerco, o rei começou a inspecionar
suas defesas e, especialmente, o seu sistema de abastecimento de água (Is 7.3). Assim, o
Senhor mandou Isaías se aproximar do rei Acaz com uma palavra de encorajamento
neste momento de crise nacional.
O Senhor ordenou que Isaías levasse o próprio filho, Sear-Jasube (“Um-RestoVolverá”) e se encontrasse com o rei Acaz. O coração de Acaz estava atribulado, mas
Isaías proclamou uma mensagem de esperança: “Acautela-te e aquieta-te; não temas,
nem se desanime o teu coração por causa destes dois tocos de tições fumegantes; por causa
do ardor da ira de Rezim, e da Síria, e do filho de Remalias” (v. 4).
25
Wiersbe, W. W. (1993). Wiersbe’s Expository Outlines on the Old Testament (Is 7–12). Wheaton,
IL: Victor Books.
26 Wiersbe, W. W. (1993). Wiersbe’s Expository Outlines on the Old Testament (Is 7–12). Wheaton,
IL: Victor Books.
27 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 7.1–25). Joplin, MO: College Press.
28 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 29). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
É interessante que, aos olhos de Deus, os dois reis que ameaçavam a nação de
Judá não passavam de “dois tições fumegantes” (v. 4). Eles serão destruídos facilmente,
como uma lenha destruída pelo fogo. A mensagem de Isaías era de reafirmação. Os dois
reis invasores não prevalecerão.
“A promessa a respeito de Emanuel” (v. 10-16) – O Senhor deu um sinal a toda a
casa de Davi: “Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e
dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel” (Is 7.14). Este sinal foi cumprido em última
instância, no nascimento de Jesus Cristo (Mt 1.23). Ele nasceu da virgem Maria,
concebido pelo Espírito Santo (Lc 1.31-35). No entanto, este “sinal” possuía um
significado imediato para o rei Acaz e o povo de Judá. Uma mulher virgem se casaria,
engravidaria, e teria um filho, cujo nome seria “Emanuel”. Este filho seria um lembrete
de que Deus estava com Seu povo e cuidaria deles.
O sinal envolveu não apenas o nascimento e nome do menino (Emanuel, “Deus
conosco”), mas também um período designado de tempo: antes que o menino soubesse
desprezar o mal e escolher o bem, a terra dos dois reis será devastada (v. 15). Isto é,
dentro de cerca de três anos (nove meses de gravidez e dois ou três anos até que o
menino soubesse a diferença entre o bem e o mal) a aliança entre os invasores será
quebrada. Na verdade, a aliança foi quebrada em 732 a.C., quando Tiglate-Pileser III
destruiu Damasco.29 Depois de Tiglate-Pileser derrotou a Síria e Samaria em 721 a.C.
(2Rs 16.7-10).
Males sobre Jerusalém (7.17-25)
Acaz voluntariamente se submeteu ao rei da Assíria. Porém, essa aliança
conduzirá a nação de Judá a um estado de humilhação inigualável. Em quatro figuras,
Isaías descreve o que Judá enfrentará: Primeiro, ele comparou o inimigo a abelhas
assassinas. Esta praga será convocada pelo divino apicultor. As abelhas assassinas
assírias invadirão toda a terra (7.18f). Em segundo lugar, Isaías comparou o inimigo a
uma navalha alugada. O rei da Assíria, contratado por Acaz, raspará todo o cabelo,
simbolizando a nação de Judá. Remover o cabelo e a barba era um sinal de profunda
humilhação (7.20). No antigo Oriente Próximo raspar o cabelo e a barba era um sinal de
humilhação ou sofrimento profundo (cf. Jó 1.20; Is 15.2; Jr 47.5; 48.37; Ez 7.18; Am 8.10;
Mq 1.16).30 A terceira figura foi de escassez de alimento. Apenas alguns animais
sobreviverão à devastação. A população será forçada a comer apenas coalhada (do leite)
e mel encontrado na terra (7.21). Finalmente, Isaías pintou um quadro contendo um
terreno cheio de mato. Uma vez que as vinhas valiosas serão cobertas com espinhos. As
áreas, uma vez cultivadas, se tornarão pasto, serão invadidas por bovinos e ovinos (7.23-
29
Rei da Assíria (745–727 a.C.), também chamado de Pul, que invadiu o Norte de Israel no tempo
de Menaém e de Peca (2Rs 15.19,29). Acaz, rei de Judá, pediu auxílio a Tiglate (2Rs 16.5–10).
30 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1048–1050). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
25). A terra servirá apenas para pastagem de bovinos e ovinos. Judá experimentará a
privação e humilhação.
II. Maher-salal-has-baz: Um aviso de julgamento (Is 8.1-22)
O capítulo 8 desenvolve o tema do capítulo 7. A invasão pró-assíria falhará.
Porque Judá não havia colocado a sua confiança no Senhor, ela será confrontada com
uma ameaça ainda maior, a superpotência Assíria. Assim, o profeta Isaías exortou o povo
a se concentrar em Deus como a única fonte de libertação.31
Durante a crise de 734 a.C. Isaías recebeu uma revelação de quatro palavras
(Rápido-Despojo-Presa-Segura). Ele proclamou a revelação de duas maneiras. Primeiro,
em um grande “outdoor”, um cartaz para exposição pública, Isaías escreveu as quatro
palavras: Maer-Salal-Hás-Baz. Em segundo lugar, o profeta transformou a sua revelação
em um nome pessoal. Nove meses depois nasceu o filho de Isaías, cujo nome era MaherSalal-Hás-Baz. Este nome incomum transmitia uma profecia sobre o destino da Síria e
Efraim. Antes que o filho de Isaías pudesse pronunciar suas primeiras palavras, o rei da
Assíria levará os despojos de Samaria e Damasco (8.3).
No restante do capítulo, Isaías usou três contrastes para mostrar as principais
cidades de Judá, o erro que estavam cometendo ao confiar na Assíria, em vez de confiar
no Senhor.
Eles escolheram uma inundação em vez de um rio calmo (Is 8.5-10). A facção
pró-assíria em Judá se alegrou quando a Assíria derrotou a Síria e quando ambos, Peca e
Rezim foram mortos. Estas vitórias pareciam provar que uma aliança com a Assíria era o
caminho mais seguro para seguir. Em vez de confiar no Senhor (“As águas de Siloé, que
correm brandamente”, v. 6), eles confiaram no grande rio da Assíria. O que eles não
perceberam é que este rio se tornará uma inundação quando a Assíria invadir Israel e
Judá for devastado.32 Deus ofereceu ao Seu povo a paz, mas na incredulidade eles
optaram pela guerra.
Eles escolheram uma armadilha ao invés de um santuário (Is 8.11-15). Deus
advertiu Isaías a não seguir a maioria e apoiar o partido pró-assírio. Mesmo que sua
posição fosse encarada como traição, Isaías se opôs a todas as alianças estrangeiras e
instou as pessoas a colocar a sua fé no Senhor (7.9; 28.16; 30.15).33 Os líderes políticos
judeus estavam perguntando: “É popular? É seguro?” Mas o profeta questionava: “É
correto? É a vontade de Deus?”.
31
Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 8.1–22). Joplin, MO: College Press.
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 33–34). Wheaton, IL: Victor Books.
33 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 34). Wheaton, IL: Victor Books.
32
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Eles escolheram as trevas em vez da luz (Is 8.16-22). Diante da crise, ao invés
de buscar a Deus, o povo de Judá consultava os demônios (Is 8.19; Dt 18.10-12), e isso só
aumentava a escuridão moral e espiritual. Diante disto, o profeta Isaías proclamou:
“Respondam: ‘À lei e aos mandamentos!’ Se eles não falarem conforme esta palavra, vocês
jamais verão a luz!” (Is 8.20, NVI). Os líderes de Judá ansiosamente olhavam para o
amanhecer de um novo dia, mas só viam uma escuridão profunda.34 A Palavra de Deus é
a nossa única luz confiável nas trevas deste mundo (Sl 119.105; 2Pe 1.19-21). Espíritas e
médiuns e aqueles que os consultam, eventualmente, serão julgados por Deus (Is 8.2122).
Essa é uma imagem sombria para os que se encontravam frustrados,
desesperados e irados, a ponto de até mesmo amaldiçoarem a Deus, tudo porque se
recusaram a receber a veracidade das coisas que Isaías estava profetizando a respeito da
opressão que virá da parte de outras nações.
III. Sear-Jasube: Uma promessa de misericórdia (Is 9.1-11.16)
O filho do profeta Isaías será um lembrete de que Deus estava com Seu povo e
cuidará deles. Sear-Jasube significa “Um-Resto-Volverá” (cf. Is 7.2; 10.20-22; 11.11-12,
16). Quando a Assíria conquistou o Reino do Norte (Efraim), o país nunca foi restaurado,
mas tornou-se o que conhecemos como Samaria. Mas o Reino do Sul, depois do cativeiro
babilônico (606-586 a.C.), o povo de Judá receberá outra oportunidade de estabelecer-se
na terra, e por meio deles, o Senhor trará o Messias ao mundo.35 A misericórdia de Deus
é vista de quatro maneiras na vida de Judá.
O Senhor prometeu um Redentor ao Seu povo (Is 9.1-7). Isaías continuou o
tema da luz e da escuridão (8.20-22), ao anunciar: “Mas para a terra que estava aflita não
continuará a obscuridade” (Is 9.1). O Redentor virá e trará ao mundo o amanhecer de um
novo dia: “O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da
sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz” (Is 9.2; Lc 1.78-79; Jo 8.12; Mt 4.13-15).
“... Deus, nos primeiros tempos, tornou desprezível a terra de Zebulom e a
terra de Naftali...” (v. 1) – Zebulom e Naftali, situadas nas fronteiras a nordeste da
Galiléia e a oeste do rio Jordão, seriam as primeiras a sofrer com a invasão do rei da
Assíria (2Rs 15.29).
“... mas, nos últimos, tornará glorioso o caminho do mar, além do Jordão,
Galileia dos gentios” (v. 1) – Mas essas áreas serão especialmente honradas pelo
34
35
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 35). Wheaton, IL: Victor Books.
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 35–36). Wheaton, IL: Victor Books.
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ministério do Messias. Jesus foi identificado com “Galileia dos gentios” (Mt 4.15), e Seu
ministério de compaixão ao povo trouxe luz e alegria. Mas o profeta olhou além da
primeira vinda de Cristo. O profeta olhou para a segunda vinda de Cristo e o
estabelecimento do Seu reino justo (Is 9.3-7).
Em quatro belas figuras de linguagem, Isaías descreve o dia glorioso: Em primeiro
lugar, o dia do Messias será um dia de expansão. Deus ampliará a nação (9.3a). A
referência provavelmente é a inclusão, a igreja de Cristo. Em segundo lugar, será um dia
de alegria semelhante a uma grande colheita ou uma batalha bem sucedida (9.3b). Em
terceiro lugar, a vinda do Messias inaugurará um dia de libertação. A vara e o jugo do
opressor serão quebrados, como no dia em que Gideão esmagou o exército dos
midianitas (9.4). Por fim, será um dia de paz. A imagem é de uma limpeza após a guerra.
As botas do guerreiro e as roupas manchadas de sangue serão lançadas ao fogo (9.5).36
1. O Senhor julgou o pecado de Israel (Is 9.8-10.4).
Esta longa seção descreve o que acontecerá com o Reino do Norte, diante da
invasão dos assírios. Embora Isaías ministrasse ao povo de Judá, ele usou o povo de
Israel como uma lição para avisar ao Reino do Sul de que Deus leva a sério o pecado do
Seu povo.
Judá havia pecado, mas Deus, por amor de Davi (Is 37.35; 1Rs 11.13; 15.4; 2Cr
21.7), agiu com misericórdia. No entanto, a longanimidade de Deus não durará para
sempre. A declaração fundamental é: “... Com tudo isto, não se aparta a sua ira, e a mão
dele continua ainda estendida” (Is 9.12, 17, 21; 10.4; 5.25; 65.2; Rm 10.21). Deus os julgou
por seu orgulho (Is 9.8-12). Ele também os julgou por sua dureza de coração em sua
recusa a se arrepender e voltar para o Senhor (v. 13-17). Além disso, Israel estava sendo
desviada por falsos profetas e líderes tolos, a nação não quis ouvir a Palavra de Deus. A
maldade de Efraim estava destruindo a nação, da mesma maneira que um incêndio
destrói uma floresta ou um campo (Is 9.18-19).37 Em sua ganância, o povo do Reino do
Norte devorou uns aos outros (v. 20) e lutou entre si (v. 21), mas eles serão devorados e
derrotados pela Assíria.
2. O Senhor julgará o inimigo (Is 10.5-34).
Deus havia dado a Assíria uma comissão limitada dentro do Seu plano eterno. A
orgulhosa Assíria, no entanto, tinha ambições grandiosas (Is 10.8-11). “Ai da Assíria!” (Is
10. 5). Embora Deus houvesse utilizado a Assíria para disciplinar Judá, Ele não aceitaria
sua arrogância e orgulho. A Assíria foi Sua vara, machado e bastão (10.5, 15, 24), mas
eles trataram os judeus como a lama das ruas (v. 6) e saquearam a terra como um
fazendeiro recolhe ovos abandonados (v. 14). Os assírios se vangloriam de suas
conquistas (v. 8-14, ver 37.10-13).
36
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Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 9.1–5). Joplin, MO: College Press.
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 37–38). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Entretanto, a palavra de Deus para o povo foi: “Povo meu, que habitas em Sião, não
temas a Assíria, quando te ferir com a vara e contra ti levantar o seu bastão à maneira dos
egípcios” (v. 24). Isaías proclamou a mesma mensagem ao rei Ezequias quando o exército
assírio havia cercado Jerusalém em 701 a.C. (Is 37.1-7). Deus usou a Assíria para
disciplinar o Seu povo, mas Ele não permitiria que esta nação sem Deus fosse além dos
Seus propósitos.38 Deus pode usar incrédulos para realizar a Sua vontade, seja para
abençoar ou disciplinar o Seu povo, mas Ele está sempre no controle.
3. O reinado pacífico do rebento de Jessé (Is 11.1-5).
A Assíria será condenada, mas Judá terá um futuro maravilhoso. Fora da
devastação infligida por potências como a Assíria, um grande governante surgirá a partir
da casa de Davi.
O Reino do Messias será de Justiça (11.1-5). O destino da Assíria estava em
contraste direto com a do trono davídico. O Senhor derrubará o império assírio, mas Ele
levantará um novo governante, o Messias, surgirá a partir da raiz da família de Jessé.
Pelo poder do Espírito do Senhor, esse Rei possuirá sabedoria, justiça e fidelidade. Suas
decisões serão fundamentadas na verdade, não nas aparências superficiais. Defenderá os
pobres e reprimirá os maus.
O Reino do Messias será pacífico (11.6-10). Isaías indicou que o governo do
Messias será pacífico. Antigos inimigos conviverão harmoniosamente. Nenhum animal
fará qualquer coisa danosa aos seres humanos. “A criança de peito brincará sobre a toca
da áspide...” (Is 11.8). Uma criança poderá convier com um animal que consideramos
violento, hoje, que nada acontecerá com ela. Todo o mal do universo será eliminado.
Esse estado tranquilo será o resultado da disseminação do conhecimento do Senhor por
toda a terra (11.6-9).
4. A Restauração do povo de Deus (Is 11.11-12.6).
Embora exilado em todo o mundo, Deus restaurará o Seu povo. Como nos dias de
Moisés, Deus milagrosamente eliminará todos os obstáculos, fazendo com que o Seu
povo mais uma vez declare: “O SENHOR é a minha força e o meu cântico; ele me foi por
salvação; este é o meu Deus; portanto, eu o louvarei” (Êx 15.2). Como no primeiro êxodo, o
povo de Deus experimentará sua provisão e bênção abundante (Êx 12.3; 15.22-27).39 Ao
voltar para a terra, os reinos do norte e do sul, outrora inimigos, se reunirão como povo
do Senhor. Em contraste com os dias de Isaías, em que Israel “rejeitou o Santo de Israel”
(Is 1.4), o Santo de Israel será exaltado entre o Seu povo.
38
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 39). Wheaton, IL: Victor Books.
Chisholm, R. B. (1998). The Major Prophets. In D. S. Dockery (Org.), Holman concise Bible
commentary (p. 270–271). Nashville, TN: Broadman & Holman Publishers.
39
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
IV. Isaías: Uma canção de salvação (Is 12.1-6)
O refrão em Isaías 12.2 – “Eis que Deus é a minha salvação; confiarei e não temerei,
porque o SENHOR Deus é a minha força e o meu cântico” (Is 12.2), foi cantado em Êxodo
(Êx 15.2) e na reinauguração do templo em dia de Esdras (Sl 118.14). Foi entoado no
Mar Vermelho depois que os judeus foram libertados do Egito por Moisés, um profeta.
Foi cantado em Jerusalém, quando o segundo templo foi dedicado, sob a liderança de
Esdras, um sacerdote.
Esta canção alegre fecha esta seção de Isaías em que o profeta usou quatro nomes
significativos para dizer ao povo o que Deus havia planejado. Por causa do Emanuel, há
uma mensagem de esperança. Maher-Salal-Hás-Baz dá um aviso do julgamento, mas seu
irmão Sear-Jasube fala de uma promessa de misericórdia. O nome do pai, Isaías, traz
uma canção de alegria como as pessoas descobrirem que o Senhor é de fato a sua
salvação.40
Conclusão:
A Bíblia diz que, um dia Deus irá enxugar dos olhos toda lágrima (o grego diz
literalmente, “cada lágrima”). Naquele dia não haverá “olhos marejados”.
Tudo isso, porém está para acontecer. As primeiras coisas ainda não passaram,
elas ainda são as anteriores. Contudo, Deus tem um propósito soberano ao permitir que
suportemos o sofrimento.
Seja qual for a sua luta, quero encorajá-lo como fez o apóstolo Paulo - não
desfaleça o seu coração. Não desanime! O Senhor nunca abandonará o Seu povo. Não
importa quão difícil os dias sejam ou quanto tempo durará às noites. Para o povo de
Deus, o melhor ainda está por vir. Essa é a nossa esperança.
40
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 40–41). Wheaton, IL: Victor Books.
21
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Isaías 13-23
O julgamento sobre as nações.
Introdução:
4
Até aqui, vimos que o livro de Isaías se divide da seguinte forma:
Nos capítulos 1-5, Isaías apresentou uma série de sermões denunciando o
pecado do povo de Deus.
No capítulo 6, encontramos o chamado do profeta Isaías.
Nos capítulos 7-12, a grande trilogia de profecias messiânicas. Isaías
proclamou as mensagens de Deus durante o reinado de Acaz.
Agora, nos capítulos 13-23, Isaías reitera alguns dos mesmos temas que havia
manifestado: Deus usa vários meios para punir o pecado, e julgará as nações que são
arrogantes contra o povo da aliança. São mensagens contra nove nações dos gentios
pecadores ou cidades ao redor de Judá.41 Nesses capítulos, o profeta revela o plano de
Deus não apenas para Judá, mas também para as nações dos gentios.42
Podemos dividir Isaías 13 a 23 em 6 grupos de capítulos.
• Capítulos 13 e 14 profecias contra a Babilônia, Assíria e os Filisteus
• Capítulos 15 e 16 profecias contra Moabe
• Capítulos 17-18 profecias contra a Síria, Israel, Judá e Damasco
• Capítulos 19-20 profecias contra o Egito e Etiópia
• Capítulos 21 e 22 profecias contra a Babilônia, Edom, Arábia e Jerusalém
• Capítulo 23 profecia contra a cidade de Tiro.
Cada uma das seções começa com a expressão: “Sentença contra...”. A palavra
traduzida como “sentença” (massa’) vem de uma raiz hebraica que significa “suportar
um fardo”.43 Significa algo pesado, algo difícil de realizar ou algo difícil (pesado) de dizer.
O Profeta estava carregando um fardo muito pesado por causa da natureza solene de sua
mensagem (Jr 23.33). Ele estava anunciando julgamentos que envolviam a destruição de
cidades e do abate de milhares de pessoas. Não admira que ele se sentisse
sobrecarregado!44 Mas Isaías obedeceu a Deus e proclamou tudo!
41
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1058–1059). Wheaton, IL: Victor Books.
42 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 41). Wheaton, IL: Victor Books.
43 Kaiser, W. C. (1999). 1421 ‫נ ָׂשָ א‬. In R. L. Harris, G. L. Archer, Jr. & B. K. Waltke (Eds.), Theological
Wordbook of the Old Testament (R. L. Harris, G. L. Archer, Jr. & B. K. Waltke, Ed.) (electronic ed.)
(600). Chicago: Moody Press.
44 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 43). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
I. Profecia contra a Babilônia (Is 13.1-14.23; 21.1–10)
“Sentença que, numa visão, recebeu Isaías, filho de Amoz, contra a Babilônia” (Is
13.1) – A palavra Babilônia (Babel, em hebraico) significa “confusão” (Gn 10.8-10; 11.19). Nas Escrituras, a Babilônia simboliza o sistema mundial humano em rebelião contra
Deus. Jerusalém e Babilônia são cidades contrastantes: uma é a cidade escolhida de
Deus, outra, a cidade perversa do homem.45 Contudo, a cidade de Deus permanecerá
para sempre, mas a cidade rebelde do homem será destruída (Ap 14.8; 16.19; 17-18).
A. O Dia do Senhor (Is 13.1-16)
“Alçai um estandarte sobre o monte escalvado; levantai a voz para eles;
acenai-lhes com a mão, para que entrem pelas portas dos tiranos” (v. 2) – Como em
5.26, o Senhor convocou exércitos estrangeiros para conquistar a Babilônia em toda a
sua grandeza. “Uivai, pois está perto o Dia do SENHOR; vem do Todo-Poderoso como
assolação” (v. 6) – A destruição da Babilônia será “o Dia do Senhor”, ou seja, o dia da
vingança do Senhor. Será um dia de medo e fuga. Durante o julgamento de Deus, não
haverá escapatória (v. 6-16).
B. A destruição da Babilônia (Is 13.17-22)
“Eis que eu despertarei contra eles os medos, que não farão caso de prata,
nem tampouco desejarão ouro” (v. 17) – A cidade da Babilônia foi completamente
destruída em 689 a.C. por Senaqueribe e reconstruída pelo filho de Senaqueribe.46 Mas
em 539 a.C., Dario, o Medo, capturou a cidade (Dn 5.31), mas não a destruiu. Essa foi a
primeira de muitas conquistas sobre a Babilônia ao longo dos séculos. Após a morte do
seu último grande conquistador, Alexandre, o Grande, a cidade diminuiu e logo já não
existia.47 Eventualmente, o local ficou deserto. Tornou-se refúgio das criaturas do
deserto, assim como Isaías havia proclamado (v. 20-22).
C. O futuro de Israel (Is 14.1-4)
“Porque o SENHOR se compadecerá de Jacó, e ainda elegerá a Israel, e os porá
na sua própria terra; e unir-se-ão a eles os estrangeiros, e estes se achegarão à casa
de Jacó” (Is 14.1) – A queda da Babilônia foi parte do plano de Deus para o Seu povo.
Ajudado por nações gentias, o povo de Deus mais uma vez se estabelecerá na terra de
Canaã e os gentios serão servos do Senhor. Uma referência à igreja de Cristo
conquistando as nações através do poder do Evangelho.
45
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 43). Wheaton, IL: Victor Books.
O filho e sucessor de Senaqueribe foi Assaradão (681 - 669 a.C.), que expandiu seus domínios ao
Nilo, estabelecendo sobre o Egito uma dominação inicialmente precária, tendo também
reconstruído a Babilônia que fora destruída por seu pai, a qual pode ter se tornado a nova capital
do Império Assírio durante algum período.
47 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 13.17–22). Joplin, MO: College Press.
46
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
D. A queda do rei tirano (Is 14.4b-21)
“Povo de Israel, chegará o dia em que o SENHOR Deus vai livrá-los da
escravidão, e assim vocês ficarão livres dos sofrimentos e dos trabalhos pesados que
são forçados a fazer. Quando esse dia chegar, zombem do rei da Babilônia,
recitando esta poesia: Vejam como desapareceu o rei cruel! Vejam como acabou a
sua violência!” (Is 14.3-4, NTLH) – A canção de provocação sobre o rei da Babilônia é
um dos poemas mais marcantes do Antigo Testamento.48 Ela contém quatro estrofes
cada uma descrevendo uma cena diferente.
Na primeira, Isaías descreve a terra com a notícia da queda da Babilônia. Agora
que o tirano estava morto, a terra estava novamente tranquila (14.4b-8). No entanto, no
Sheol, não era o caso, tudo estava agitado.
Na segunda estrofe Isaías proclama como os espíritos dos mortos tiranos
cumprimentavam o agora morto, rei de Babilônia, com lembretes de que o seu orgulho o
havia humilhado. Ele foi enterrado com pompa apenas para ter o seu cadáver real
devorado por vermes (14.9-11).
Na terceira estrofe Isaías descreve a queda meteórica do tirano. “Como caíste do
céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que
debilitavas as nações!” (Is 14.12) – A cena muda abruptamente do mundo para o céu,
com o intuito de enfatizar o orgulho do rei da Babilônia e de Satanás que lhe de dá
poder. O brilho de uma estrela na madrugada de repente desaparece quando o sol
nasce.49
“Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva!” (Is 14.12) – A Vulgata
Latina (uma versão para o latim da Bíblia Sagrada) traduziu “estrela da manhã” por
“Lúcifer”, que veio a se tornar nome próprio e, depois, foi aplicado a Satanás. O rei da
Babilônia caiu como uma estrela do céu, ou seja, de grande altura política. Ele aspirava à
assembleia dos deuses nas alturas do norte. No entanto, ele foi abandonado nas
profundezas do abismo do inferno (14.12-15). Isaías viu neste evento algo muito mais
profundo do que a derrota de um império. Na queda do rei da Babilônia, ele viu a
derrota de Satanás, o “príncipe deste mundo”, (Jo 12.31; Ef 2.1-3).50 Nada poderia salválo da morte e da decadência no túmulo.
Na quarta estrofe Isaías proclama o espanto na terra sobre essa tragédia final. Os
espectadores não conseguiam acreditar no terrível destino do rei da Babilônia. Os
habitantes da Terra expressam a esperança de que o nome do tirano seja esquecido e
seus herdeiros destruídos (14.16-21).
Todos os reis não importam quão invencíveis possam parecer, sairão de cena. Em
sua morte, por exemplo, Senaqueribe não recebeu um enterro decente como a maioria
48
Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 14.4b–21). Joplin, MO: College Press.
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1061–1062). Wheaton, IL: Victor Books.
50 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 45). Wheaton, IL: Victor Books.
49
24
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
dos reis (v. 18). Ele foi assassinado por seus filhos Adrameleque e Sarezer, que foram
incapazes de governar em seu lugar (v. 21), porque tiveram que fugir para salvar suas
vidas (2Rs 19.37).51
II. Profecia contra Assíria (Is 14.24-27)
Deus está no controle da ascensão e queda das nações. A grande cidade do mundo
será possuída por ouriços, em vez de posteridade (14.22). Em segundo lugar, o
propósito imutável do Senhor era disciplinar a Assíria sobre os montes de Judá (14.2427). O plano da Assíria em destruir Jerusalém foi frustrado (10.7), mas os planos de Deus
serão concretizados (14.24). Ele esmagará os assírios em Sua terra, em Suas montanhas
(v. 25).52 Isaías viveu para ver esta profecia concretizada quando os exércitos de
Senaqueribe foram destruídos durante a tentativa de subjugar Judá (Is 37).
A Assíria invadiu Judá durante o reinado de Ezequias (701 a.C.), mas Deus
destruiu o exército enquanto ameaçava capturar Jerusalém (Is 37.36). Deus permitiu
que a Assíria disciplinasse Judá, mas Ele não permitirá que o inimigo destrua o Seu povo.
III. Profecia contra os Filisteus (Is 14.28-32)
Asdode, a cidade filistéia, e Judá se revoltarão contra a Assíria, mas em 711 a.C.,
apenas quatro anos após este oráculo, a Assíria derrotou Asdode e fez dela uma
província assíria. Isso aconteceu sob o governante da Assíria Sargão II (722-705; Cf.
20.1). Portanto os Filisteus se sentiam seguros (14.30), mas eles sofrerão uma derrota
por fome e pela espada. Na verdade, os Filisteus chorarão porque a Assíria estava
chegando como uma nuvem de fumaça incontrolável.
No entanto, este oráculo, embora escrito sobre os Filisteus, era para o benefício
de Judá (cf. v 32). Deus condenou as cidades dos filisteus por pensar que estavam a salvo
da destruição. Isaías comparou o governante assírio morto com uma cobra que deu à luz
a uma serpente ainda pior! “Uiva, ó porta; grita, ó cidade; tu, ó Filístia toda, treme; porque
do Norte vem fumaça, e ninguém há que se afaste das fileiras” (v. 31). A referência é,
provavelmente, a invasão de Senaqueribe em 701 a.C. O único lugar de refúgio durante
esta crise seria Sião (Jerusalém).
Mesmo os mais pobres entre os pobres terão comida e segurança (v. 30), e Sião
será livre do inimigo (v. 32; 37.36), mas os filisteus serão dizimados pela guerra e pela
fome (14.30). O exército assírio virá do norte como uma grande nuvem de fumaça (v.
31), e as portas das grandes cidades dos filisteus não os impedirão.53
51
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1062). Wheaton, IL: Victor Books.
52 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1062). Wheaton, IL: Victor Books.
53 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 46–47). Wheaton, IL: Victor Books.
25
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Os líderes mundiais precisam aprender a lição de que Nabucodonosor aprendeu
da maneira mais difícil, que “o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a
quem quer” (Dn 4.25). De fato, “a história é a sua história”.
IV. Profecia contra Moabe (Is 15.1-16.14)
“Sentença contra Moabe. Certamente, numa noite foi assolada Ar de Moabe e
ela está destruída...” (Is 15.1) – Os moabitas surgiram a partir de união incestuosa
entre Ló e sua filha (Gn 19.30-38) e tornaram-se inimigos declarados dos judeus (Nm 25,
31, Dt 23.3).
A situação de Moabe (Is 15.1-9). Encontramos, pelo menos, catorze referências
diferentes para lamentação no capítulo 15: choro, calvície, panos de saco, gritaria, etc. As
pessoas fugiram para seus templos e clamavam aos seus deuses, mas sem sucesso
(15.2). A Assíria invadiu Moabe e devastou a terra (v. 6-7). As águas em Moabe ficarão
manchadas de sangue, depois de tão grande carnificina (v. 9). Como os fracos moabitas
poderiam derrotar o grande leão assírio? (v. 9).54
Embora o exército assírio entrasse no reino de Judá e fizesse um grande estrago
na terra, não poderá capturar Jerusalém (Is 36-37). No entanto, em vez de fugir para o
Monte Sião, os fugitivos moabitas fugirão para o sul para os vaus do rio Arnom, a cidade
de Sela.
“Da cidade de Sela, no deserto, os moabitas enviam carneirinhos como
presente para aquele que governa no monte Sião” (Is 16.2, NTLH) – De Sela, os
fugitivos enviarão um apelo ao rei de Judá, para dar-lhes asilo contra o inimigo. Naquele
dia, o envio de animais para um governante era uma forma de homenagear (2Rs 34).55
Moabe implorou aos líderes de Judá para dar-lhes refúgio, como uma rocha protege em
um dia quente (16.3-4; ver 32.1-2). Mas Isaías avisou que será necessário mais do que
um pedido: eles terão de submeter-se ao rei de Judá, o que significava reconhecer o Deus
de Judá.
Mas eles se recusarão a fazê-lo. Por causa do seu orgulho, a certeza de que não
precisavam de Deus, a fecundidade e a produtividade de suas terras serão interrompidas
(16.7-10). Seu orgulho os impediu de submeter-se a Judá, e isso levou à sua derrota. Sua
jactância se transformará em choro e as suas canções em lamentações fúnebres. O ritual
religioso de Moabe em sacrificar nos montes não ajudará a aliviar o julgamento de Deus:
“Os moabitas se cansarão de tanto ir aos seus lugares de adoração nos montes para orar
aos seus deuses, mas isso não adiantará nada” (Is 16.12, NTLH).
A profecia contra Moabe termina com uma nota sobre o momento exato do
cumprimento da ameaça. Dentro de três anos a “glória” de Moabe seria desprezada
54
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 47–48). Wheaton, IL: Victor Books.
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1063–1064). Wheaton, IL: Victor Books.
55
26
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
(16.13). A previsão se cumpriu em 715 a.C., quando Sargon dirigiu uma campanha
contra os árabes. Ao chegar ao seu destino, Sargon varreu a terra de Moabe, de norte a
sul.
V. Profecia contra Damasco e Efraim (Is 17.1–14)
Tendo abordado os dois vizinhos do sul de Judá, Isaías agora trata dos dois
vizinhos ao norte. A profecia foi dirigida contra Damasco, capital da Síria. O Reino do
Norte de Israel havia se aliado com Damasco, a capital da Síria (algumas vezes, chamada
de Arã, Is 7.2), contra a ameaça assíria. No capítulo 17, Isaías estava novamente
observando que Arã e Israel seriam derrotados pelos assírios (cf. 8.4).
“Damasco não será mais uma cidade; ela vai virar um montão de ruínas” (Is
17.1) – Damasco se tornará um montão de ruínas, não mais uma cidade (17.1-3). A
profecia foi cumprida com a queda de Damasco aos assírios em 732 a.C, e a destruição de
Samaria pelas mesmas forças em 722 a.C.
“Está chegando o dia em que Israel perderá todo o seu poder, e todas as suas
riquezas acabarão” (Is 17.4) – A queda de Damasco foi uma advertência a Israel, o
Reino do Norte que havia rompido com Judá e o Deus de Judá (1Rs 12). O profeta usou
várias imagens para descrever a queda de Efraim: A destruição das cidades fortificadas
(Is 17.3); “A glória de Israel será diminuída” (v. 4); “Israel será como uma oliveira depois
da colheita” (v. 5-6 ) e a “decomposição de um jardim em um terreno baldio” (v. 9-11).
Em 722 a.C., a Assíria conquistou Israel, e o reino deixou de existir. A ênfase neste
capítulo é o Deus de Israel. Ele é o Senhor dos Exércitos (o Senhor Todo-Poderoso), que
controla os exércitos do céu e da terra (Is 17.3). Ele é o Senhor Deus de Israel (v. 6), que
o chamou, abençoou e advertiu a Israel sobre os seus pecados. Ele é o Deus da nossa
salvação e nossa Rocha (v. 10). Que tolice dos israelitas confiar em seus ídolos feitos pelo
homem, em vez de confiar no Deus vivo (v. 8; 1Rs 12.25-33).
VI. Etiópia (Is 18.1-7)
“Como vai sofrer a nação que fica às margens dos rios da Etiópia, a terra onde
se ouve o zumbido de insetos! (Is 18.1, NTLH) – Isaías chamou de “a terra onde se ouve
o zumbido de insetos!” (v. 1, NTLH), não apenas por causa dos insetos que infestavam a
terra, mas também por causa da frenética atividade diplomática em curso como a nação
buscava alianças para protegê-los contra a Assíria. Aparentemente, os etíopes
mandaram enviados em barcos de junco, muito velozes (cf. Jó 9.26) para sugerir que
Israel formasse uma aliança com eles contra os assírios.56 O profeta exortou os etíopes
56
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1065). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
para voltarem para casa e não tentarem formar uma aliança, porque o Senhor iria
derrotar o inimigo no momento adequado.
“Pois o SENHOR Deus me disse: “Do meu lar, no céu, olharei calmo e tranqüilo
como o sol que brilha num dia de verão, como as gotas de orvalho que aparecem no
tempo da colheita” (Is 18.4) – Em contraste com a atividade frenética dos homens na
terra está a paciência calma de Deus no céu (v. 4), enquanto aguarda o momento certo
para fazer a colheita de julgamento. Assíria é retratada como uma vinha amadurecendo
que nunca vai sobreviver, porque Deus podará a parreira com o seu facão, cortará os
galhos e os jogará fora (v. 5). No versículo 6, Isaías descreve o que vai acontece com os
185 mil soldados assírios, eles serão abandonados; no verão, serão comidos pelos
urubus, e no inverno os animais selvagens os devorarão (Is 18.6; 37.36; Ap 14.14-20;
19.17-21).
“Eles apresentarão as suas ofertas no monte Sião, no Templo onde o SENHOR
Todo-Poderoso é adorado” (Is 18.7) – O Monte Sião da profecia muitas vezes refere-se
a essa cidade espiritual, a Nova Jerusalém, em que cada cristão é um cidadão (Hb 12.22).
Essa previsão, provavelmente, se realiza na conversão da Etiópia ao cristianismo nos
primeiros séculos da história da Igreja.57
VII. Egito (Isaías 19.1-20.6)
A profecia contra o Egito é uma forte expressão da verdade que Deus fere a fim de
curar (veja o v. 22). Primeiro, o profeta Isaías falou negativamente do confronto do Egito
com o Senhor, em seguida, positivamente da conversão do Egito em adoração ao Deus
vivo.
A. O julgamento do Senhor (19.1-15).
“O SENHOR, montado numa nuvem, vai indo depressa para o Egito. Os ídolos
daquele país tremerão diante dele, e todos os egípcios ficarão com medo” (Is 19.1) –
À medida que a ameaça da Assíria surgia cada vez maior, os líderes de Judá, foram ao
Egito para obter assistência. Isaías primeiro indica como Deus iria expor a fraqueza total
de tudo o que o mundo considerado grande sobre o Egito. A terra dos faraós seria
envergonhada.
57
Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 17.12–18.7). Joplin, MO: College Press.
28
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Primeiro, Deus envergonhará a religião egípcia. Em uma carruagem de
nuvem, o Senhor mostrará a fraqueza dos deuses do Egito. Os ídolos do Egito
estremecerão diante dele, e o coração dos egípcios se derreterá.
Em segundo lugar, Deus envergonhará a economia egípcia. A inundação
anual do Nilo seria um fracasso, resultando em um colapso das indústrias básicas: a
agricultura, a pesca e têxteis (19.5-10). “As águas do Nilo vão baixar; o rio vai ficar
completamente seco” (Is 19.5).
Finalmente, Deus envergonhará a sabedoria egípcia. Incapaz de explicar
racionalmente a série de calamidades nacionais, a sabedoria egípcia entrará em colapso.
Isaías ridiculariza a incapacidade dos sábios em oferecer alguma solução. Eles ficarão
tão confusos como bêbados, e os seus conselhos confundirão ainda mais (19.11-15).
Esta profecia provavelmente foi cumprida em 670 a.C., quando o Egito foi
conquistado por Esar-Hadom, rei da Assíria.58 A conquista da Assíria provou que os
muitos deuses do Egito eram impotentes para ajudá-los (19.1), e que os médiuns e
assistentes não foram capazes de dar conselhos (v. 3). Nos dias de Moisés, Deus havia
triunfado sobre os deuses do Egito (Êx 12.12; Nm 33.4) e a sabedoria dos líderes
egípcios, e ele iria fazê-lo novamente.59
B. A conversão ao Senhor (19.16-25)
Em uma das profecias mais extraordinárias do livro, Isaías descreve a conversão
definitiva da terra do Egito, em cinco parágrafos, cada um dos quais começa com as
palavras “naquele dia”.
Primeiro, naquele dia o Egito reconhecerá a mão do Senhor (Is 19.16-17).
Em segundo lugar, naquele dia muitos egípcios (“cinco cidades”) se
arrependerão genuinamente diante de Deus. Alguns, no entanto, permanecerão
endurecidos no pecado (“cidade da destruição”). Egípcios convertidos falarão “a língua
de Canaã”, ou seja, a língua em que o verdadeiro Deus é adorado. Além disso, eles
jurarão obedecer ao Senhor (19.18). “... Uma delas se chamará Cidade do Sol” (v. 18) –
Heliópolis, uma das principais cidades do extremo sul do Delta do Egito, adorava ao deus
58
Filho de Senaqueribe, que, quando este foi assassinado, lhe sucedeu no reino da Assíria (2Rs
19.37 – Is 37.38).
59 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 50–51). Wheaton, IL: Victor Books.
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sol. Tal mudança é significativa (deixaram de adorar o deus Sol para adorar o Deus
verdadeiro) a fim de provar para o mundo e para Israel de que muitos egípicios haviam
se arrependido.60
Em terceiro lugar, naquele dia, os egípcios adorarão ao Senhor com
sinceridade e verdade. Um altar ou coluna ao Senhor será construído no meio da terra
do Egito, como a coluna de Jacó (Gn 28.16-22) marcará aquela terra como o local onde a
presença de Deus havia se manifestado. Os egípcios experimentarão opressão pelos
inimigos do Senhor (cf. Jo 15.19), mas seus gritos de socorro serão atendidos (19.19).
Deus enviará um “salvador” para libertá-los.
Em quarto lugar, naquele dia o Egito desfrutará de tranquilidade. “Naquele
dia, haverá uma estrada ligando o Egito com a Assíria: os egípcios irão até a Assíria, e os
assírios irão até o Egito, e juntos os dois povos adorarão o SENHOR” (v. 23) – No reino do
Messias, antigos inimigos se unirão em paz. Mesmo o Egito e a Assíria, que ficavam em
polos geográficos e politicamente opostos, experimentarão um novo relacionamento.
Esses antigos inimigos serão ligados por uma estrada, que Isaías se refere como
“adoração ao Senhor” (19.23). O Evangelho une os homens de todas as nações. Aqueles
que projetam o cumprimento desta profecia para o futuro milenar demonstram sua falta
de sensibilidade para as realidades espirituais da época atual.61
Finalmente, naquele dia o Egito seria parte de um grande reino espiritual.
Israel, Assíria e o Egito estarão em pé de igualdade perante o Senhor. Essa tríplice
Aliança - O povo do Novo Testamento de Deus, será uma bênção para toda a terra
(19.24). Assim, a bênção prometida a Abrão cerca de dois mil anos antes de Cristo (Gn
12.3) se concretizará.
VIII. Profecia contra Dumá (Is 21.11-12)
Dumá (“silêncio”) pode ser um nome para Edom. Era a maneira de dizer: “Edom
será silenciada, já não existirá”. Os edomitas eram descendentes de Esaú, cujo apelido
era “vermelho” (Gn 25.21-34). Edom era uma terra acidentada de arenito vermelho, suas
pessoas eram amargamente hostis aos judeus (Sl 137.7).62
Isaías era o “guarda” (Is 21.6; Ez 3.16-21; 33.1-11), que foi questionado: “Guarda,
a que hora estamos da noite? Guarda, a que horas?” (Is 21.11). O avanço do exército
assírio gerou temor em todas as nações, e Edom queria saber se havia alguma esperança,
60
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1066–1067). Wheaton, IL: Victor Books.
61 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 19.16–25). Joplin, MO: College Press.
62 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 52). Wheaton, IL: Victor Books.
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alguma luz. A resposta do profeta foi breve, mas adequada: “Respondeu o guarda: Vem a
manhã, e também a noite; se quereis perguntar, perguntai; voltai, vinde” (Is 21.12).
Em seguida, Isaías adicionou um convite que consiste em três palavras simples:
“perguntai; voltai, vinde”, exortou o profeta. Eles deveriam abandonar o pecado. Edom
não atendeu o convite. A nação foi tomada pela Babilônia, em seguida, pelos persas e,
finalmente, pelos romanos. Após a queda de Jerusalém em 70 d.C., Edom desapareceu de
cena.
IX. A profecia contra a Arábia (Is 21.13-17)
“Esta é a mensagem contra a Arábia: Os fugitivos da tribo de Dedã são
forçados a acampar no deserto” (Is 21.13) – O profeta viu as caravanas dos
mercadores árabes de Dedã deixando a rota de comércio e se escondendo no mato por
causa da invasão do exército assírio. Alimentos e água foram trazidos para os fugitivos
por pessoas de Tema, uma cidade oásis. Eventualmente, a caravana teve que fugir, pois
como poderiam os comerciantes competir com a cavalaria assíria ou seus arcos com as
armas dos invasores? Em exatamente um ano o esplendor de Kedar (Saudita) deixaria
de existir e seus arqueiros famosos seriam reduzidos. Os árabes seriam fugitivos,
correndo por suas vidas por causa da espada. Em 715 Sargão II escreveu que havia
derrotado uma série de tribos árabes e os havia deportado para Samaria.63
X. Profecia contra Jerusalém (Is 22.1-14)
Judá aparece no mesmo nível de julgamento das outras nações profetizadas por
Isaías. Lamentavelmente, o povo de Judá estava se comportando como seus vizinhos
pagãos, então era justo que Isaías deve incluí-los na lista de nações que Deus iria
julgar.64 “Sentença contra o vale da Visão...” (Is 21.1) – Embora Jerusalém situa-se nas
montanhas, a capital é aqui designada como “o vale da visão” porque era cercada por
montanhas.
Essa profecia contém dois discursos de julgamento, um oráculo contra o “Vale da
Visão” (Is 22.1-14) e uma mensagem dirigida ao funcionário real Sebná (Is 22.15-25).
Em Sua misericórdia, o Senhor livrará Jerusalém do exército assírio, mas não os livrará
da Babilônia. Isaías apontou dois pecados específicos que causaram o declínio de Judá e,
finalmente, o cativeiro na Babilônia.65
63
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1069). Wheaton, IL: Victor Books.
64 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 53–54). Wheaton, IL: Victor Books.
65 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 53–55). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
A incredulidade do povo (Is 22.1-14). Enquanto algumas partes desta profecia
se aplicam à invasão assíria nos dias de Ezequias (36-37; 2Rs 18-19; 2Cr 32), a
referência principal é a conquista de Jerusalém pela Babilônia em 586 a.C. Nos dias de
Isaías, Jerusalém era uma “cidade alegre” (Is 5.11-13; 32.12-13 ). A filosofia popular era:
“Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos” (22.13; 56.12; 1Co 15.32). Os
habitantes estão celebrando porque o exército invasor havia sido destruído. Todavia,
Isaías não poderia participar da celebração. Ele previu um cerco contra Jerusalém, onde
os soldados morreriam de fome na cidade. Sabendo que Jerusalém seria assolada, Isaías
chorou enquanto os outros se alegravam (Is 22.1-4).
“Tu, cidade que estavas cheia de aclamações, cidade estrepitosa, cidade
alegre! Os teus mortos não foram mortos à espada, nem morreram na guerra” (Is
22.2) – O profeta Isaías viu pessoas morrendo, não de ferimentos de batalha, mas de
fome e doenças. Ele viu os governantes do país fugindo de medo quando o exército
inimigo se aproximava (v. 3-7; 2Rs 25.1-10). As pessoas fariam todo o possível para se
preparar para um longo cerco (Is 22.8-11): fortalecendo os muros (Is 22.9-10),
verificando o abastecimento de água (v. 9; 2Cr 32.1-4, 30; 2Rs 20.20), e a construção de
um reservatório entre os muros (Is 22.11). Mas toda essa preparação frenética não seria
capaz de livrá-los do inimigo: “Judá não tinha nenhum meio de se defender” (v. 8, NTLH).
Em sua falsa confiança, eles disseram: “Assim como o Senhor libertou Jerusalém da
Assíria, Ele nos livrará da Babilônia”.
As pessoas fizeram tudo, mas não confiaram no Senhor (v. 11). Em vez de festa,
eles deveriam jejuar, chorar, usar pano de saco, e puxar os cabelos como sinal de tristeza
(v. 12; Ed 9.3; Tg 4.8-10). Deus havia enviado as nações muitos profetas para adverti-los,
mas o povo não deu ouvidos a voz do Altíssimo. Agora era tarde demais, Judá será
enviada ao cativeiro, e a palavra de Deus a Isaías seria cumprida (Is 6.9-13).
A infidelidade dos líderes (Is 22.15-25). Se os líderes fossem fiéis ao Senhor e
chamassem o povo ao arrependimento. O problema era que muitos dos líderes eram
como Sebna, pensavam apenas em si mesmos. Como tesoureiro (administrador), Sebna,
depois do rei Ezequias, era o segundo homem mais importante de Jerusalém (Is 36-37),
Mas ele usou a sua autoridade (e, possivelmente, o dinheiro do rei) para construir um
túmulo monumental (22.16) e adquirir carros (v. 18; 2.7).
Porém, o Senhor declarou que Sebna morrerá em uma terra estrangeira e nunca
ocupará o túmulo especialmente construído. Deus rebaixou-o (ele se tornou “escriba”, Is
36.3), desonrou-o e deportou-o. Eventualmente, ele foi jogado “como uma bola” (Is
22.18) para um país distante, onde morreu. Ele não teria um funeral suntuoso e não
seria enterrado em seu túmulo.
Além disso, Deus declarou que escolheria um homem chamado Eliaquim (“Deus
vai levantar”), e o chamou de “meu servo” (Is 22.20). Em vez de explorar o povo, ele
seria um pai e usaria sua “chave” (autoridade) para o bem da nação. Ele seria como uma
“estaca” fincada firmemente no chão (v. 23), uma base sólida para a nação. Todavia, nem
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
mesmo um líder piedoso como Eliaquim foi capaz de impedir a derradeira queda de Judá
(Is 22.25).66
XI. Profecia contra Tiro (Is 23.1–18)
As cidades de Tiro e Sidom foram edificadas pelos descendentes dos cananeus e
estava situada na região conhecida hoje como Líbano. Seus habitantes eram famosos por
navegarem habilmente, de modo que controlava todo o comércio marítimo e, por
conseguinte, todo o comércio da costa do Mediterrâneo (Is 23.1-2). Tanto o rei Davi
quanto Salomão negociaram com essas cidades materiais para a construção do Templo
(2Sm 5.11; 1Rs 5.8-9). O rei Acabe se casou com a princesa fenícia Jezabel, que
promoveu a adoração de Baal em Israel (1Rs 16.29-33).67
A. Lamentação (23.1-7)
“Esta é a mensagem contra Tiro: Chorem, marinheiros que estão em alto mar,
pois a cidade de Tiro está arrasada! Não há nenhuma casa de pé, e o porto foi
destruído. Vocês receberam essa notícia na ilha de Chipre” (Is 23.1) – A Fenícia era a
capital comercial do mundo mediterrâneo. Suas duas principais cidades, Tiro e Sidom,
estavam destinadas a destruição. Isaías descreve drasticamente o impacto que este
desastre teria sobre as colônias e parceiros comerciais ao longo da costa do
Mediterrâneo. Os marinheiros fenícios serão envergonhados (Is 23.1-7).
B. Explicação (Is 23.8-14)
“Quem foi que planejou tudo isso contra Tiro?” (v. 8, NTLH). O Senhor TodoPoderoso! Assim como Ele propôs destruir o Egito (19.23) e a Babilônia (14.27), Ele
propôs julgar a cidade de Tiro. O golpe contra os centros comerciais da Fenícia será
entregue pelos caldeus. Esses habitantes do sul da Mesopotâmia foram conquistados
pelos assírios. No entanto, os caldeus serão os agentes da ira de Deus contra Tiro. As
frotas mercantes fenícias lamentarão a destruição do seu porto de origem e a cidade de
Fortaleza (Is 23.13). A história registra o cumprimento destas previsões. O caldeu
Nabucodonosor sitiou Tiro durante 13 anos (598-585 a.C.). Em seguida, eles destruíram
completamente a cidade.
66
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1070). Wheaton, IL: Victor Books.
67 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 55–56). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
C. Restauração (Is 23.15-18)
“Está chegando o tempo em que Tiro ficará esquecida por setenta anos, que é
o tempo de vida de um rei” (Is 23.15) – A devastação de Tiro não será permanente. Os
70 anos mencionados por Isaías foram, provavelmente, cerca de 700-630 a.C. quando o
comércio da Fenícia foi bastante limitado pelos assírios.68 Isaías exortou a cidade de Tiro
a assumir a canção de uma meretriz na tentativa de reviver o interesse em si mesma. No
final dos setenta anos Tiro voltará a ser visitada pelo Senhor. A cidade voltará a sua
relação comercial com os reinos do mundo (23.15-17). Com a ajuda do Senhor, a cidade
retornará.
“Mas o dinheiro que ela ganhar com a sua profissão será dedicado a Deus, o
SENHOR” (Is 23.18) – Em algum momento nesta restauração, a renda de Tiro será
dedicada ao Senhor. Todos os ganhos obtidos por Tiro de modo pecaminoso deverá
sustentar Judá do mesmo modo que suas colônias haviam sustentado Tiro no passado.
Especificamente, ele seria usado para alimentar e vestir os funcionários oficiais do
Senhor (Is 23.18). Alguns dos materiais de construção para o segundo templo veio de
Tiro (Ed 3.7). Josefo e Jerônimo relatam como muitos na área da Fenícia foram
convertidos e apoiaram o trabalho do Senhor. Paulo encontrou almas piedosas lá nos
tempos do Novo Testamento (At 21.3). No segundo século Tiro tornou-se um importante
centro cristão.69
Conclusão:
Nossa jornada através desses onze capítulos nos ensinou que Deus está no trono
do universo. Nada escapa ao Seu controle. Ele governa e reina em majestade e glória. Ele
conhece todos os detalhes de nossa vida. Ao longo da história muitos tentaram
conquistar e dominar o mundo. O primeiro e mais poderoso usurpador foi Satanás.
Depois de sua rebelião contra Deus ele foi esmagado e seus seguidores foram expulsos
do céu (Lc 10.18; Ap 12.3-4), e se tornou o “deus deste mundo” (2Co 4.4). Ele inspirou
vários seres humanos, homens como Nabucodonosor, Dario, Alexandre, o Grande, os
imperadores de Roma, Átila o huno, Gengis Khan, Napoleão, Lenin, Stalin e Hitler.
Entretanto, todos eles têm algo em comum: eles falharam! Apenas um tem o
direito, o poder e a autoridade para governar a terra: O Senhor Jesus Cristo. Ele um dia
vai tomar de volta o que é Seu por direito.
68
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1071–1072). Wheaton, IL: Victor Books.
69 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 23.15–18). Joplin, MO: College Press.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Isaías 24-27
Um refúgio contra a tempestade.
Introdução:
5
Depois de profetizar sobre onze países diferentes, Isaías ampliou sua profecia e
proclamou um julgamento sobre o mundo inteiro. A palavra “terra” (erets, em hebraico)
aparece dezesseis vezes no capítulo 24. Nem sempre é fácil saber quando erets refere-se
a um país ou uma terra. Mas Isaías 24-27 descreve um julgamento global que acarretará
na destruição dos inimigos de Deus e a restauração do povo de Israel.70
Os quatro capítulos seguintes (24 a 27) apresentam certas semelhanças com a
chamada literatura apocalíptica. Os profetas chamam esta época do terrível julgamento
“Dia do Senhor”, e, no Novo Testamento ele é descrito em Mateus 24, Marcos 13, e
Apocalipse 6-19. Isaías advertiu o Reino do Norte dizendo que serão destruídos pelos
assírios, e disse a Judá, que os babilônios os levarão cativos, mas essas calamidades
locais foram apenas o início de uma grande catástrofe que alcançará o mundo inteiro.
Entretanto, Isaías faz três declarações capazes de confortar o povo escolhido de
Deus. Essas declarações nos encorajam, hoje, enquanto presenciamos o mundo
mergulhado no pecado e, em total rebelião contra Deus. Será que Deus vai lidar com o
ímpio? Que esperança há para os justos?
I. O julgamento do mundo (Is 24.1-23)
“Atenção! O SENHOR vai arrasar a terra e fazê-la virar um deserto; vai
estragar a terra e espalhar os seus moradores” (Is 24.1, NTLH) – O resultado do
julgamento de Deus será um mundo vazio, devastado, e cujos habitantes serão dispersos.
Quatro aspectos do julgamento são definidos em Isaías 24.
1. Um julgamento universal (Is 24.1-6). Isaías fez um anúncio chocante: “Eis
que o SENHOR vai devastar e desolar a terra...” (Is 24.1). A palavra “eis” (hennah, em
hebraico) significa atenção, veja, olhe, etc.71 O Senhor limpará a terra como um homem
limpa um vaso sujo. Todas as classes e categorias em todo o mundo serão afetadas. A
terra será completamente devastada. O mundo, juntamente com os seus cidadãos mais
proeminentes murcharão diante da ira de Deus (Is 24.1-6). Tal julgamento foi merecido,
na visão de Isaías. Os homens transgrediram as leis de Deus e quebraram a aliança.
Portanto poucos sobreviverão ao fogo do juízo (Is 24.5).
70
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 57). Wheaton, IL: Victor Books.
Strong, J. (2009). A Concise Dictionary of the Words in the Greek Testament and The Hebrew
Bible. Bellingham, WA: Logos Bible Software.
71
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
2. Um julgamento devastador (Is 24.7-16). Em toda a terra o impacto será
sentido. Nas áreas rurais, os vinhedos serão arruinados. A alegria associada com a
colheita da uva cessará (24.7-9). As casas permanecerão fechadas e os moradores
trancarão as portas das suas casas e não deixarão ninguém entrar (v. 10).
“Assim como poucas azeitonas ficam nas oliveiras e poucas uvas ficam nas
parreiras depois de terminada a colheita, assim também em todos os países do
mundo poucas pessoas ficarão com vida” (v. 13, NTLH) – Alguns sobreviverão, mas
serão poucos. Eles são comparados a azeitonas deixadas na árvore ou uvas deixadas na
videira após as colheitas.
“Os que ficarem com vida cantarão de alegria...” (v. 14) – No entanto, em todo
o mundo de leste a oeste o remanescente cantará de alegria com a vindicação da
majestade do Senhor (24.13-15). Isaías poderia ouvir, por assim dizer, o louvor alegre
até os confins da terra. Ele, no entanto, não participará desse louvor. Ele sabia que em
seu próprio dia a ameaça do juízo não terá nenhum efeito corretivo na maioria dos
pecadores. Eles não sobreviverão o julgamento de Deus. Este pregador tinha um fardo
para sua geração perdida (Is 24.16). A única maneira do profeta encontrar alívio era
pregando fielmente a mensagem de Deus. As pessoas podem não gostar, mas elas
precisam ouvir o que Deus tem a dizer.
3. Um julgamento inevitável (Is 24.17-20). Como animais aterrorizados
fugindo de um caçador implacável, os pecadores serão caçados. “... Covas e armadilhas
esperam por vocês...” (v.17). Ninguém escapará! Isaías proclamou esse julgamento
como sendo um terrível dilúvio e um violento terremoto (v. 18). A terra tremerá sob o
peso da transgressão (a desobediência deliberada).
4. Um julgamento ordenado (Is 24.21-23). Primeiro, “Naquele dia, o SENHOR
castigará os poderes do céu...” (v. 21). Ou seja, os anjos que se rebelaram contra Deus,
em algum momento no passado. Em seguida, o Senhor julgará os reis da terra. Todos
esses inimigos serão encarcerados e depois de um longo tempo serão punidos (v. 22).
Judas 6 e 2Pedro 2.4 têm o mesmo pensamento.
A derrota de Satanás e seus exércitos desencadeará uma explosão de louvor nas
regiões celestiais. Essas explosões súbitas pontuam a narrativa profética do Apocalipse
(por exemplo, 4.8-11, 5.9-10, 11-14; 7.9-12; 11.15-18; 15.3-4; 19.1-8).
“A lua terá vergonha de brilhar, e o sol ficará pálido de medo porque o
SENHOR Todo-Poderoso reinará no monte Sião, em Jerusalém. E, na presença dos
líderes do seu povo, ele mostrará a sua glória” (v. 23) – Para o Senhor será um dia
glorioso. Uma vez que seus adversários serão subjugados, o reino de Deus será visto em
toda a sua plenitude, em poder e glória. Ele reinará “no monte Sião e em Jerusalém”.
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Considerando que Isaías havia proclamado a destruição da Terra física, a referência aqui
deve ser ao Monte Sião celestial (Hb 12.22) e a Nova Jerusalém (Ap 21.1). Essa cidade
será tão brilhante que não terá necessidade do sol ou da lua (Ap 21.23). Em sua sala do
trono Deus vai sentar-se em glória, diante dos 24 anciãos e dos quatro seres viventes de
acordo com o Livro do Apocalipse (Ap 4; 2Ts 1.10).
II. O Senhor preservará o Seu povo (Is 25.1-12)
Este capítulo é um cântico de louvor ao Senhor do remanescente crente que foi
preservado durante o “Dia do Senhor”. Isaías (representando o povo de Deus) irrompeu
em uma canção de louvor. Ele declarou que Deus é fiel em Seu propósito (Is 25.1). Nesta
canção, três imagens marcantes se destacam.
Em primeiro lugar, Isaías declara como Deus protegerá o Seu povo. Ele
comparou as forças do mal a uma cidade que se opõe a Sião, a cidade de Deus. Ao longo
da história Deus transformou algumas cidades (como Nínive e Babilônia) em montões
de ruínas. A vitória do Senhor sobre o inimigo poderoso, em última análise resultará na
conversão dos gentios em grande número (Is 25.3). Como a sombra de uma nuvem que
traz alívio em um dia quente, do mesmo modo, Deus libertará o Seu povo do calor
opressivo da perseguição (Is 25.4). Ele silenciará a boca dos estrangeiros. O Senhor
calará os gritos de vitória de homens violentos (Is 25.5).
Em segundo lugar, Isaías declara a provisão de Deus para o Seu povo. Um
generoso banquete será preparado para todos os povos que aceitarem o convite do
Altíssimo (Is 25.6). Ali Ele acabará com a nuvem de tristeza e de choro que cobre todas
as nações (Is 25.7). “Tragará a morte para sempre, e, assim, enxugará o SENHOR
Deus as lágrimas...” (v. 8, NTLH). As lágrimas do Seu povo serão removidas para
sempre. Sentados à mesa do banquete, os santos que aguardavam a glorificação se
alegrão com o Senhor (Is 25.9).
Finalmente, Isaías declara a punição que aguarda os inimigos de Sião.
Enquanto o povo de Deus se alegra no Monte Sião, os inimigos do povo de Deus,
representados por Moabe, serão pisoteados como a palha (Is 25.10). Moabe ficava a leste
de Israel através do Mar Morto. Israel e Judá tiveram muitas brigas com Moabe, que era
conhecido por seu orgulho (cf. Is 16.6; Is 25.11). Moabe e todos os inimigos de Deus,
serão totalmente destruídos, pisoteados e derrubados (Is 26.5). Os moabitas orgulhosos
serão humilhados por Deus. Todas as suas fortificações serão abatidas e envergonhadas
(Is 25.10-12). Somente o povo de Deus aproveitará o tempo de prosperidade e bênção
de Deus.
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III. Confiança na proteção do Senhor (Is 26.1-21)
“Naquele dia, se entoará este cântico na terra de Judá: Temos uma cidade
forte; Deus lhe põe a salvação por muros e baluartes” (Is 26.1). O capítulo 26 é um
hino de confiança na proteção de Deus. A expressão “naquele dia” (Is 26.1; 27.1-2, 1213) se refere ao “Dia do Senhor”, e as bênçãos que se seguirão, quando o Senhor derrotar
Seus inimigos. Este hino se move através de três fases.
1. A descrição de Sião (Is 26.1-6).
Isaías comparou Sião a uma fortaleza. Ela estava protegida não por paredes de
pedras, mas por paredes de salvação (cf. Zc 2.5). Samaria caiu diante dos assírios e
Jerusalém diante dos babilônios, mas a Nova Jerusalém será inexpugnável. Seus portões
estarão abertos para uma nação fiel e justa. Seus cidadãos desfrutarão de uma medida
especial de paz, porque (1) Eles foram marcados por propósito firme, e (2) Eles
confiaram em Deus (Is 26.1-3). Em vista destes fatos, Isaías exortou aos seus leitores a
confiarem em Deus para sempre (Is 26.4). Ele ofereceu duas provas de que o Senhor era
digno de sua confiança. Em primeiro lugar, Deus é eterno, uma “rocha eterna”. Em
segundo lugar, Deus rebaixou os vaidosos e humilhou a cidade orgulhosa em que
moravam (Is 26.5). Porém, os pobres e humildes (povo de Deus) pisarão os escombros
daquele lugar outrora orgulhoso.
2. A reflexão de Sião (26.7-15).
“O caminho das pessoas direitas é fácil; tu, ó Deus justo, tornas plano o
caminho por onde elas andam” (Is 26.7) – Isaías refletiu enquanto contemplava os
benefícios dos juízos de Deus.
Em primeiro lugar, ele observou que a forma como o caminho dos justos através
da vida tornou-se plano, como resultado dos justos juízos do Senhor. Os obstáculos
perigosos foram removidos do caminho (v. 7). Aqueles que se recusam a atender os
caminhos de Deus aprenderão sobre a justiça do Altíssimo quando forem julgados.
Em segundo lugar, durante a sua peregrinação terrena o justo espera pelo
Senhor. O justo depende do Senhor e não de esquemas humanamente planejados (v. 8).
Em terceiro lugar, os santos esperam pelo Senhor a todo instante. Somente
através do julgamento divino os homens serão conduzidos ao arrependimento (v. 9).
Em quarto lugar, mesmo que a mão de Deus esteja sobre a vida dos ímpios, eles
não percebem o perigo. Um dia, porém, eles verão o zelo de Deus por seus verdadeiros
santos e sua ira ardente também (v. 10).
Em quinto lugar, os perversos, que estão cegos para a autoridade divina e para o
seu iminente castigo sobre eles, terão consciência do amor do Senhor pelo Seu povo de
Israel, para a sua própria vergonha (Is 26.11).
Em sexto lugar, embora o futuro de Israel pareça árido, Isaías expressa grande
confiança de que a nação finalmente prosperará (v. 12).
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Em sétimo lugar, as nações estrangeiras serão coisa do passado. Elas não
aparecerão no cenário da história dos povos. Isaías viu a expansão dos limites
territoriais de Israel como um fato consumado (Is 26.13-15).
3. A expectativa de Sião (26.16-19).
Além disso, Isaías descreve o remanescente confessando os seus fracassos ao
Senhor. Por causa de seus pecados, o povo de Israel havia se submetido a muitos tiranos
gentios; mas agora esses tiranos estavam mortos e não retornarão para escravizá-los.
Deus disciplinou o Seu povo e trouxe-os para o lugar onde tudo o que podiam fazer era
sussurrar suas orações (Is 26.16), mas Ele os ouviu e os entregou.
“Concebemos nós e nos contorcemos em dores de parto, mas o que demos à
luz foi vento...” (Is 26.18) – A agonia do “Dia do Senhor” é comparada com a dor de uma
mulher em trabalho de parto (Is 13.6-8; 1Ts 5.1-3). Israel não conseguiu dar à luz as
bênçãos que Deus queria que eles trouxessem ao mundo (Is 26.18). O que impediu Israel
de ser uma bênção para o mundo? Eles abandonaram a adoração sincera ao verdadeiro
Deus e se voltaram para os ídolos.
É interessante que o verbo hebraico traduzido no versículo 13 “tido domínio”
encontramos o substantivo baal, o nome de um deus cananeu cujos adoradores
trouxeram tantos problemas a Israel.72 Mas a palavra Baal significa também “marido”,
por isso a sugestão é que Israel não foi fiel a seu marido o Senhor, mas em sua
infidelidade virou-se para um outro deus.
“Como o orvalho que tu envias dá vida à terra, assim de dentro da terra os
mortos sairão vivos...” (v. 19) – Isaías imaginou um orvalho celeste suavemente, mas
poderosamente fazendo com que a terra desse à luz os seus mortos (26.19). Alguns
pensam que Isaías estivesse prevendo a ressurreição final. Outros concordam que o
esteja representado na linguagem poética a força do Evangelho que dá vida (Ef 5.14; Jo
5.25). Ainda outros pensam que a referência seja a restauração de Israel após o cativeiro
(cf. Os 6.2; Ez 37.1-14).73
4. A exortação a Sião (Is 26.20-21).
A restauração final de Israel não acontecerá de imediato. Portanto, a nação
deveria continuar orando pela restauração, até que o tempo da indignação de Deus
terminasse (Is 26.20). O período entre o momento da deportação assíria do Reino do
Norte (que começou em 745 a.C.) até a destruição de Jerusalém em 70 d.C. é tratado no
Antigo Testamento como o período de angústia para Jacó e o período de indignação (Jr
72
73
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 65). Wheaton, IL: Victor Books.
Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 26.16–19). Joplin, MO: College Press.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
30.7; Dn 8.19). Outros acham que a referência é a que o Novo Testamento chama de a
grande tribulação (Ap 2.22; 7.14). A ideia básica é que os crentes devem ser pacientes
em tempos de turbulência e em oração esperar no Senhor.
“Pois eis que o SENHOR sai do seu lugar, para castigar a iniquidade dos
moradores da terra; a terra descobrirá o sangue que embebeu e já não encobrirá
aqueles que foram mortos” (Is 26.21) – A fé exige que o justo continue vivendo na
expectativa até que Deus saia do Seu lugar para castigar a iniquidade. Todos os pecados
serão conhecidos (a terra descobrirá o sangue derramado sobre ela), se foram feitos em
segredo ou em público. Estas palavras incentivaram o remanescente nos dias de Isaías a
permanecer fiel ao Senhor, sabendo que Ele acabará por julgar o pecado.
IV. O futuro de Israel (Is 27.2-13)
No capítulo 27, Isaías olhou além do julgamento para o futuro glorioso que Deus
reservou ao Seu povo. Este capítulo pode ser dividido em três seções, cada um começa
com a expressão “naquele dia” (v. 1, v. 2-11, v. 12-13).
1. A canção da vinha (Is 27.1-6).
“Naquele dia, o SENHOR castigará com a sua dura espada, grande e forte, o
dragão, serpente veloz, e o dragão, serpente sinuosa, e matará o monstro que está
no mar” (Is 27.1) – Com uma espada o Senhor vai cortar uma grande serpente chamada
Leviatã, em hebraico. As nações ao redor de Israel tinham muitos mitos sobre monstros
marinhos, um dos quais era comparado com um crocodilo (Jó 3.8; 41.1).74 Matar o
leviatã era uma grande conquista (Sl 74.14), e o Senhor prometeu fazê-lo. Não há dúvida
de que o leviatã seja uma referência as nações que se rebelaram contra o povo de Deus.
“Naquele dia, dirá o SENHOR: Cantai a vinha deliciosa!” (Is 27.2) – Naquele
dia, em que as superpotências caírem, Deus protegerá Sua preciosa vinha, ou seja, o
verdadeiro Israel (cf. Is 5). Os inimigos da vinha “espinhos e abrolhos” terão duas
escolhas. Eles poderão enfrentar o Senhor na batalha e encontrar-se com a destruição
inevitável, ou poderão abraçar a Sua proteção, fazendo as pazes com Ele (v. 5). A vinha
em seguida, florescerá tão gloriosa que toda a terra será abençoada com o seu fruto.
74
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 66–67). Wheaton, IL: Victor Books.
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2. O juízo vindouro (Is 27.7-11).
“Porventura, feriu o SENHOR a Israel como àqueles que o feriram? Ou o
matou, assim como àqueles que o mataram?” (Is 27.7) – O castigo do povo de Deus
será muito menos do que os juízos que os povos pagãos experimentarão. Enquanto as
nações pagãs serão aniquiladas, Israel será peneirado ao ser banido para terras
estrangeiras. O julgamento de Deus será cuidadosamente controlado, isto é, o Senhor
não destruirá Israel, apenas o dispensará (Is 27.8). O perdão somente será possível se
“Jacó” renunciar à idolatria (v. 9).
Embora pareça dolorosa a destruição da terra de Judá, foi um passo necessário no
programa de recuperação de Deus. As ruínas da cidade fortificada, uma vez orgulhoso
(Samaria? Jerusalém?) serão um lugar para o gado pastar e para mulheres recolherem a
lenha. Esta devastação será necessária porque Israel foi um povo sem discernimento
espiritual (Is 27.10).
3. Um dia de recolhimento (Is 27.12-13).
“Naquele dia, em que o SENHOR debulhará o seu cereal desde o Eufrates até
ao ribeiro do Egito; e vós, ó filhos de Israel, sereis colhidos um a um” (Is 27.12) –
Como o trigo debulhado e os grãos separados da palha, assim os israelitas serão
separados e ajuntados um por um. O povo disperso de Deus será reunido em toda a
Terra Prometida. Desde a Assíria até o Egito, o povo de Deus disperso será reunido por
meio de uma trombeta (v. 13). Todo o povo de Deus, então, se unirá em culto no Monte
Sião. A trombeta é “o anúncio do Evangelho” que reuniu (e ainda está reunindo) o
verdadeiro Israel de Deus desde os confins do mundo.75 O Novo Testamento mostra o
chamado do evangelho já tendo esse efeito duplo de peneirar e salvar (1Co 1.23-24),
entre judeus e gentios.76
Conclusão:
Deus preservará Seu povo, mesmo através das tribulações mais intensas, para
desfrutar de Sua presença para sempre. Então, sejamos encorajados a permanecer
firmes tendo o Cordeiro de Deus como nosso Pastor.
Portanto, devemos diariamente nos lembrar de que o dia do juízo se aproxima.
Você está preparado para se encontrar com Cristo? Você se considera um cidadão deste
reino? Você vive como um verdadeiro servo que ama o seu Senhor e anseia pela Sua
vinda?
75
Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 27.12–13). Joplin, MO: College Press.
Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible commentary:
21st century edition (4th ed., p. 649–650). Leicester, England; Downers Grove, IL: Inter-Varsity
Press.
76
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Isaías 28-31
Tempestade sobre Jerusalém.
Introdução:
6
Os capítulos 28-31 trazem uma série de cinco “Ais” (Is 28.1; 29.1, 15; 30.1; 31.1),
que se concentram principalmente em Jerusalém. Um sexto “Ai” é encontrado em Is 33.1,
e se intercala com as “profecias” de julgamento e promessas de restauração e glória.77 O
termo “Ai” (howy, em hebraico) significa “calamidade”, “tragédia” ou “lamentação”.78
Isaías exorta ao povo de Deus a abandonar os “tratados internacionais” e começar
a confiar em Deus. A política externa não será capaz de salvar o povo. Todavia, eles
estavam confiando em sua riqueza (Is 28) e alianças estrangeiras (Is 30-31). Mas nada
disso, proclamou Isaías, poderia ajudá-los. Somente a vinda do Libertador poderia salválos dos inimigos (Is 32-33). Somente Deus é capaz de proporcionar paz e segurança ao
Seu povo.
I. “Ai” contra Efraim e Judá (Is 28)
“Ai da soberba coroa dos bêbados de Efraim...” (Is 28.1) – As fortes declarações
no capítulo 28 são dirigidas ao Reino do Norte (v. 1-13) e ao Reino do Sul (v. 14-29). Em
pouco tempo o Reino do Norte cairia diante dos assírios (722 a.C.). Escrevendo ao povo
do sul, Isaías os admoesta a não se comportarem como seus irmãos do Norte.
A. “Ai” contra Efraim (Is 28.1-13)
Neste primeiro “ai”, Efraim, o Reino do Norte, é comparado a um bêbado. A área
do Norte era muito fértil. Samaria, a capital construída por Onri (1Rs 16.24), possuía
uma vista para um vale frutífero (cf. Is 28.4). Por causa da beleza, Samaria é descrita
como uma guirlanda de flores a coroar o monte onde estava edificada (cf. v 3). Contudo,
a prosperidade os conduziu para longe do Altíssimo. O Reino do Norte estava jogando
fora as bênçãos de Deus, como um bêbado desperdiça o seu dinheiro em busca de vinho.
Aparentemente, a embriaguez era um problema tanto no Norte quanto no Reino do Sul.
77
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 68). Wheaton, IL: Victor Books.
Weber, C. P. (1999). 485 ‫הוֹי‬. (R. L. Harris, G. L. Archer Jr., & B. K. Waltke, Orgs.)Theological
Wordbook of the Old Testament. Chicago: Moody Press.
78
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1. O julgamento contra Efraim (Is 28.1-6)
“O Senhor vai enviar um homem forte e valente; ele virá como uma chuva de
pedra, como uma tempestade destruidora, como violentas trombas-d’água. Ele
arrasará tudo! (Is 28.2, NTLH) – Porém, uma tempestade vai destruir a coroa de flores.
Isaías previu que a Assíria, como uma tempestade de granizo e um forte vendaval,
devastaria as 10 tribos do norte. Samaria, como uma coroa de flores (cf. v 1), será pisada
pelos assírios. Samaria se tornará como um figo amadurecido, que será devorado por um
desconhecido antes de ser colhido (v. 4). Os figos eram considerados uma iguaria (cf. Os
9.10; Mq 7.1). Todavia, nesse dia de julgamento, Samaria aprenderá muito tarde que o
Senhor, não Samaria, é a “coroa de glória” e o “formoso diadema” (v. 5), e que Ele é um
Deus de justiça (v. 5-6).79 Essa tragédia nacional conduzirá alguns homens a
contemplarem a verdadeira coroa de Israel, o próprio Deus (28.5-6).80 No entanto, um
remanescente sobreviverá à catástrofe nacional e experimentará uma conversão
genuína.
2. A recusa de Efraim em confiar em Deus (Is 28.7-13)
“Eles falam mal de mim e perguntam: A quem é que esse profeta está
querendo ensinar? Será que ele pensa que vai explicar a mensagem para nós? Será
que somos bebês desmamados há pouco tempo?” (v. 9, NTLH) – Em seguida, o texto
apresenta a resposta dos líderes. Eles estavam irados contra Isaías, porque o Senhor
estava tentando corrigi-los como se fossem crianças (v. 9). Eles achavam que eram
adultos e que não tinham necessidade de alguém dizer-lhes o que fazer ou pensar. Então,
começaram a imitar Isaías como se estivesse falando como um “bebê”: “Porque é
preceito sobre preceito, preceito e mais preceito; regra sobre regra, regra e mais
regra; um pouco aqui, um pouco ali” (v. 10) – O hebraico é difícil de traduzir: “... regra
sobre regra, regra e mais regra” (sav lasav sav lasav / kav lakav kav lakav). Talvez seja
uma imitação do balbuciar dos bêbados, que ficavam arremedando desse modo as
mensagens proféticas, com o propósito de zombar do profeta. Pode significar também,
uma expressão de zombaria. Conforme D. A. Carson, essa frase é equivalente ao nosso
escárnio “blá, blá”.81 “... Um pouco aqui, um pouco ali” – Um pouco aqui, um pouco ali
era um método usado no ensino de crianças, inculcando um pouco de cada vez. Em
outras palavras, eles estavam se recusando a levar a sério as palavras de Isaías. 82
No entanto, Deus responderá a esses líderes no mesmo tom: eles acusaram o
profeta de tagarelar sem sentido; logo, serão forçados a ouvir a incompreensível
linguagem das nações estrangeiras enviadas para governar sobre eles: “Se vocês não
quiserem ouvir o que eu digo, então o SENHOR falará com vocês por meio de
estrangeiros, que falam uma língua estranha” (v. 11, NTLH). Embora Deus houvesse
79
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 70–71). Wheaton, IL: Victor Books.
Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 28.1–6). Joplin, MO: College Press.
81 Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible commentary:
21st century edition (4th ed., p. 650). Leicester, England; Downers Grove, IL: Inter-Varsity Press.
82 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1077). Wheaton, IL: Victor Books.
80
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oferecido descanso a Israel, eles se recusaram a ouvi-Lo e ao Seu Mensageiro (v. 12).
Portanto, o Senhor iria transformar a zombaria contra eles. O SENHOR vai ensinar-lhes o
bê-a-bá, como se fossem crianças. Eles tentarão andar, mas cairão de costas; serão
feridos, cairão em armadilhas e serão presos (v. 13). Deus espera que Seu povo ouça
atentamente Sua palavra e esteja disposto a compreendê-la (Dt 6.4-6; Mc 4.9).
B. “Ai” contra Judá (Is 28.14-29)
A mensagem de destruição a Israel por invasores estrangeiros também foi
direcionada a Judá. Embora não fosse completamente destruída, porque Jerusalém não
seria tomada, o povo de Judá iria enfrentará muito sofrimento. O Reino do Sul teve a
mesma atitude que os irmãos do Norte. Eles também zombaram da revelação de Deus
através de Isaías.
1. Contrariando a falsa segurança (Is 28.14-19).
Diante da invasão Assíria (“açoite”) Judá se sentia segura. Os líderes haviam
negociado um acordo sarcástico com o profeta Isaías, um “pacto com a morte” e um
pacto com o além (“sheol”, v. 18). Tal arranjo era totalmente enganoso (28.14). Muito
provavelmente, o profeta estava se referindo a um tratado feito com o Egito (cf. Is 31).
Ao colocar essas palavras na boca dos líderes, Isaías sugeriu que eles sabiam que o Egito
seria incapaz de fornecer qualquer ajuda diante dos poderosos assírios.
A verdadeira segurança só poderia ser encontrada na pedra que Deus proveria (v.
16). Os líderes haviam colocado sua confiança numa aliança ilusória. Deus, porém, está
edificando Jerusalém com materiais que inspiram segurança (Is 28.16-19). O apóstolo
Pedro cita essa passagem com referência a Cristo, a pedra angular, aquele em que
podemos ter absoluta confiança (1Pe 2.6).
Buscar a proteção dos deuses falsos seria tão inadequado quanto deitar em uma
cama que seja muito curta ou tentar cobrir-se com um cobertor que é muito pequeno.83
A destruição varreria Judá: “Vocês serão como o homem de que fala aquele provérbio: “A
cama é tão curta, que ele não pode se deitar, o cobertor é tão estreito, que não dá para ele
se cobrir” (v. 20, NTLH).
“Pois o SENHOR vai se levantar, como se levantou no monte Perazim; ele vai
ficar irado, como ficou no vale de Gibeão. Ele vai realizar o seu plano misterioso; vai
fazer o seu trabalho estranho” (v. 22, NTLH) – “Mas Deus defendeu o Seu povo no
passado!”, Eles argumentavam. “E quanto a vitória de Davi sobre os filisteus no monte
Perazim [2Sm 5.17-21], ou a vitória de Josué sobre os amorreus em Gibeão [Js 10]?” Mas
Josué e Davi eram líderes piedosos que confiavam e obedeciam a Deus.84
83
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1078). Wheaton, IL: Victor Books.
84 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 72–73). Wheaton, IL: Victor Books.
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“... Ele vai realizar o seu plano misterioso; vai fazer o seu trabalho estranho”
(v. 22, NTLH) – O que os adversários de Isaías não sabiam é que Deus fará um “trabalho
estranho”: Ele usará o inimigo para lutar contra o Seu próprio povo! Assim como o
agricultor tem diferentes tarefas a executar e deve adaptar-se a cada tarefa, seja arar ou
debulhar, então Deus deve fazer o trabalho que é necessário para trazer Seus propósitos
eternos. Ele sabe exatamente que ferramenta usar e quando usá-la. Martinho Lutero, por
exemplo, encontrou muito conforto ao refletir que, embora o julgamento seja um
“trabalho estranho”, a salvação é o seu “bom trabalho”.85
2. Contrariando o erro teológico (Is 28.23-29).
Isaías então proclama uma palavra de conforto nesta mensagem de aflição e
julgamento. O profeta usou duas parábolas para refutar a ideia de que a justiça de Deus o
impediria de trazer juízo sobre toda a terra.
“Porventura, lavra todo dia o lavrador, para semear? Ou todo dia sulca a sua
terra e a esterroa?” (Is 28.24) – O agricultor deve respeitar a ordem lógica da natureza
se quiser obter uma colheita bem-sucedida (Is 28.24-25). O agricultor não passa a vida
inteira arando a terra. É necessário um tempo para revolver a terra, lançar as sementes e
a colheita. Da mesma forma, o julgamento de Deus não durará para sempre. Assim como
o agricultor tem diferentes tarefas a executar e deve adaptar-se a cada tarefa, seja arar
ou debulhar, então Deus fará o trabalho que é necessário para concretizar Seus
propósitos eternos.86 Ele sabe exatamente que ferramenta usar e quando usá-la (28.2729). Ele é o Mestre “Fazendeiro”, que sabe como lidar com cada “colheita”. Portanto, o
Reino do Sul deve submeter-se, porque Ele é maravilhoso em conselho (cf. 9.6) e
magnífico em sabedoria (cf. 11.2).87
II. “Ai” contra Jerusalém (Is 29)
A. O juízo contra Jerusalém (Is 29.1-4)
“Ai da Lareira de Deus, cidade-lareira de Deus, em que Davi assentou o seu
arraial! Acrescentai ano a ano, deixai as festas que completem o seu ciclo” (Is 29.1) –
Este segundo dos cinco “ais” dos capítulos 28-33 Isaías continua com o tema da última
parte do primeiro ai (Is 28.14-29), o Julgamento contra Jerusalém. Ao contrário do
julgamento que varreria o Reino do Norte, esse julgamento em Jerusalém, apesar de
muito grave, seria evitado pelo Senhor. Jerusalém não cairá nas mãos dos assírios.
85
Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible commentary:
21st century edition (4th ed., p. 650). Leicester, England; Downers Grove, IL: Inter-Varsity Press.
86 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 73). Wheaton, IL: Victor Books.
87 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1078). Wheaton, IL: Victor Books.
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“Ai da Lareira de Deus...” (Is 29.1) – A expressão “lareira de Deus” (ariel, em
hebraico) refere-se a Jerusalém. O termo “Ariel” significa “leão de Deus”. O leão era um
símbolo da Assíria. Provavelmente, Isaías está declarando: “Assíria é agora o leão de
Deus, e Jerusalém é o leão de Deus apenas no nome”. Porém, a palavra hebraica também
significa “uma lareira do altar”, onde os holocaustos eram realizados (Ez 43.13-18). Isto
é, Jerusalém se tornará um local de sacrifícios.88
Embora os assírios sob a liderança de Senaqueribe cercassem Jerusalém em 701
a.C., era como se Deus tivesse feito isso (Eu ... Eu ... Meu, v. 2-3). “Então, porei a Lareira
de Deus em aperto, e haverá pranto e lamentação; e ela será para mim verdadeira
Lareira de Deus. Acamparei ao derredor de ti, cercar-te-ei com baluartes e
levantarei tranqueiras contra ti” (Is 29.2-3) – Em vez de rugir e assustar o inimigo, o
leão vai apenas sussurrar do pó (v. 4). Em vez de seus sacrifícios serem aceitos por Deus
(v. 1), toda a cidade se tornaria um altar, e Deus fará do Seu povo um sacrifício.89
Embora Jerusalém fosse cercada não seria tomada naquele momento.
B. A libertação de Jerusalém (Is 29.5-8)
“Mas a multidão dos teus inimigos será como o pó miúdo, e a multidão dos
tiranos, como a palha que voa; dar-se-á isto, de repente, num instante” (Is 29.5) – A
proteção de Jerusalém descrita nesses versículos refere-se a sua libertação contra a
Assíria, registrado no capítulo 37. Através das boas mãos soberanas de Deus, Jerusalém
foi poupada. Embora 29.5-8 refere-se aos soldados assírios tornando-se assim como “o
pó miúdo, e a multidão dos tiranos, como a palha que voa...”, esses versículos também
parecem ter uma conotação escatológica (Zc 14.1-3), o Senhor Todo-Poderoso virá e
destruirá cada nação. As ameaças dessas nações desaparecerão como um sonho. Quando
os soldados assírios foram destruídos nos dias de Isaías, sem dúvida, o povo de
Jerusalém estava delirando de alegria. Porém, ao invés de se voltarem para Deus à nação
ficou mais profundamente envolvida no pecado.
C. O Senhor apela para Jerusalém (Is 29.9-24)
“Estatelai-vos e ficai estatelados, cegai-vos e permanecei cegos; bêbados
estão, mas não de vinho; andam cambaleando, mas não de bebida forte” (Is 29.9) –
O pecado cega, e às vezes Deus aumenta essa cegueira e embriaguez espiritual (Is 29.912). Os falsos profetas e os videntes não viam nem entendiam claramente parte do
julgamento de Deus (v. 11-12).90 Na verdade, ninguém, nem mesmo as pessoas que
sabiam ler, seriam capazes de entender esta verdade.
88
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 73). Wheaton, IL: Victor Books.
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 73–74). Wheaton, IL: Victor Books.
90 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1079). Wheaton, IL: Victor Books.
89
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“O Senhor diz: Esse povo ora a mim com a boca e me louva com os lábios, mas
o seu coração está longe de mim. A religião que eles praticam não passa de
doutrinas e ensinamentos humanos que eles só sabem repetir de cor” (Is 29.13,
NTLH) – O povo de Jerusalém, que professava conhecer a Deus, estava envolvido
formalmente em atos de adoração, mas não adoravam a Deus em seus corações. Eles
estavam mais preocupados com as regras legalistas feitas pelo homem do que com a Lei
de Deus, que promove a misericórdia, a justiça e a equidade.91 Por causa disso, Deus irá
julgá-los, a sua sabedoria desapareceria (v. 14).
D. O Senhor apela para Jerusalém (Is 29.15-24)
“Ai dos que escondem os seus planos do SENHOR, que fazem as suas maldades
na escuridão e dizem: Ninguém nos pode ver! Ninguém sabe o que estamos
fazendo!” (v. 15, NTLH) – Este “Ai” expôs as táticas políticas tortuosas dos governantes
de Judá, que achavam que Deus não os disciplinaria pelo que estavam fazendo.92 Porém,
não se pode esconder nada de Deus (1Rs 3.9; Pv 7-8). Eles estavam tentando virar as
coisas de cabeça para baixo, o barro dizendo ao oleiro o que fazer: “Vocês invertem as
coisas, como se o barro valesse mais do que o oleiro!” (Is 29.17; 45.9; 64.8; Jr 18 e Rm 9.20).
Tal pensamento torcia os fatos e confundia o oleiro com o barro. Um vaso de barro, no
entanto, não pode negar que o oleiro o fez, ou dizer que o oleiro é ignorante. Na verdade,
as pessoas não sabiam nada sobre o que estava acontecendo, mas Deus sempre sabe de
tudo.
Em 29.17-24, Isaías pediu ao povo para olhar em frente e pensar no que Deus
havia planejado: “Naquele dia, os surdos ouvirão a mensagem que será lida no livro
fechado e lacrado, e os cegos ficarão livres da escuridão e poderão ver” (v. 18). A
terra devastada se tornará um paraíso, os deficientes serão curados, e os desterrados
serão enriquecidos e se alegrarão no Senhor. Não haverá mais escarnecedores ou
pessoas sem escrúpulos que praticam a injustiça nos tribunais. Os fundadores da nação,
Abraão e Jacó, verão seus muitos descendentes glorificando o Senhor.93 Os
desobedientes serão convertidos e a cegueira não prevalecerá, então, o povo conhecerá
os caminhos de Deus (Is 29.18).
III. “Ai” dos filhos obstinados (Isaías 30)
“Ai dos filhos rebeldes, diz o SENHOR, que executam planos que não procedem
de mim e fazem aliança sem a minha aprovação, para acrescentarem pecado sobre
pecado!” (Is 30.1) – Este oráculo e o próximo (cap. 31) descrevem a decisão tola do
povo de Deus em tentar fazer uma aliança com o Egito para afastar a ameaça assíria. Ao
invés de buscarem a Deus, “os filhos rebeldes” depositaram sua confiança no Egito.
91
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1079). Wheaton, IL: Victor Books.
92 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 75). Wheaton, IL: Victor Books.
93 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 75). Wheaton, IL: Victor Books.
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A. Denúncia (Is 30.1-17)
Isaías demonstrou a insensatez de se confiar no Egito de várias maneiras.94
1. Uma aliança humana (Is 30.1-5).
A aliança com o Egito não estava em harmonia com o Espírito divino, que através
de Isaías havia avisado de tais envolvimentos políticos. Enquanto confiavam em Faraó,
eles estavam adicionando o pecado desconfiando do Senhor! (301.1).
A aliança com o Egito era contrária ao propósito de Deus. Os enviados de Judá já
estavam em Hanes e Zoã, limites extremos do Baixo Egito. Seus esforços, porém, foram
desperdiçados. O Senhor já havia dito muitas vezes por meio de Isaías que Ele usaria
Assíria para acabar com o Reino do Norte e puniria o Reino do Sul.95 Assim, buscar a
ajuda do Egito era inútil (v. 3, 5).
2. Uma aliança inútil (Is 30.6-8)
“Sentença contra a Besta do Sul...” (v. 6) – Isaías falou acerca da viagem ao Egito
pelos mensageiros de Judá. Essa viagem foi difícil, perigosa, cara e inútil. O Egito
justamente merecia o apelido de “Gabarola” (Dragão Manso, v. 7, NTLH).96 O Egito
sempre se vangloriou mais do que podia ofereceu. No entanto, sua ajuda era vã e vazia.
3. Uma aliança rebelde (Is 30.9-14)
Os cidadãos de Judá eram filhos rebeldes que se recusavam ouvir a palavra de
Deus. Eles queriam que Isaías alterasse a sua mensagem e parasse de se intrometer nos
assuntos do Estado. Eles desejavam palavras positivas sobre as perspectivas imediatas
da nação (30.9-11). O juízo de Deus foi estabelecido em duas figuras marcantes (Is
30.13-14): (1) Uma parede com uma rachadura que cai de repente, e (2) Um vaso de
oleiro destruído totalmente e que para nada mais serve: “Vocês serão completamente
destruídos, como um vaso de barro que se quebra: não sobra nem um caco que
sirva...” (v. 14, NTLH).
94
Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 29.15–17). Joplin, MO: College Press.
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1080). Wheaton, IL: Victor Books.
96 Gabarola (rahab, em hebraico) era o nome de um monstro marinho fêmea associado a Leviatã
(Is 27.1; Cf. Jó 9.13; 26.12). Talvez uma referência ao hipopótamo, um animal que muitas vezes se
deita na água do Nilo, sem fazer nada. Compreensivelmente Raabe passou a ser um sinônimo
poético para o Egito, quando Deus dominou os soldados egípcios no mar no Êxodo (cf. Is 51.9; Sl
87.4; 89.10). Assim, a ajuda do Egito não vale nada.
95
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
4. Uma aliança arrogante (Is 30.15-18)
Como uma alternativa para a dependência sobre o Egito, Isaías defendeu a
neutralidade na política internacional e uma total dependência de Deus. Ele exortou o
povo à obediência (30.15).97
Os estrategistas em Jerusalém pensavam que os cavalos do Egito poderiam livrálos contra a Assíria. Pelo contrário, o profeta declarou que os cavalos só iriam ajudá-los a
fugir de seu inimigo. A cavalaria assíria era muito mais rápida: “Mil de vocês fugirão de
um só inimigo que os atacar, cinco inimigos farão com que todos vocês fujam. Os poucos
que restarem parecerão um mastro de bandeira sozinho no alto de um morro” (v. 17,
NTLH). A única esperança era confiar no Senhor, mas eles não quiseram ouvir e
obedecer.
B. Promessa (Is 30.19-33)
O fracasso de Judá em confiar em Deus levará à destruição. No entanto, no meio
do julgamento, Deus demonstrará a sua graça.
1. Um Mestre glorioso (Is 30.19-26)
No passado, o Senhor ensinou o Seu povo por meio de circunstâncias difíceis. No
futuro, no entanto, eles realmente verão o seu Mestre. Este professor por excelência
fornecerá a orientação diária para manter o Seu povo no caminho certo. Sob a influência
deste Mestre, o povo desenvolverá uma aversão a idolatria (30.19-22). Esta parece ser
uma profecia messiânica.
Isaías descreveu as bênçãos de trabalho do professor em termos de prosperidade
agrícola e pastoril. Água abundante e luz simbolizam a alegria e a prosperidade desse dia
(cf. Ml 4.2). Naquela época, Deus curará o Seu povo quebrado e machucado pela
mensagem vivificante do Evangelho (30.23-26). “Felizes são aqueles que põem a sua
esperança nele!” (Is 30.18, NTLH)
2. A libertação maravilhosa (Is 30.27-33)
No futuro mais próximo, o povo de Deus experimentará uma libertação
maravilhosa. A aliança com o Egito era desnecessária, pois o próprio Deus esmagará o
adversário. Deus será ao mesmo tempo um fogo consumidor e uma torrente de água.
Suas ações se agitarão e peneirarão o mundo político. O povo de Judá se regozijará com
grande libertação da dominação Assíria (30.27-29).
Deus desencadeará uma tempestade furiosa contra os assírios. Sua “voz
majestosa” (trovão) será ouvida, e “a descida do seu braço” (raios) será vista (v. 30). A
Assíria tremerá diante da voz e da “vara de castigo” de Deus (v. 31).
97
Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 30.15–18). Joplin, MO: College Press.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
“Porque há muito está preparada a fogueira, preparada para o rei; a pira é
profunda e larga, com fogo e lenha em abundância...” (v. 33). Este versículo contém
um jogo sutil de palavras. O termo hebraico para pira de fogo e fogueira é Tofete, nome
de um lugar situado no vale Hinom, onde, durante muito tempo, foram sacrificadas
crianças como oferenda ao deus Moloque (2Rs 23.10). Por outro lado, o nome Moloque
(melek, em hebraico) significa “rei”. Assim, nesta passagem deve ser uma referência ao
rei da Assíria. Esse jogo de palavras indica que o rei da Assíria será sacrificado, ao invés
de receber tais oferendas macabras (Lv 18.21). O exército assírio será destruído como
uma pilha de madeira ou um sacrifício em Tofete (2Rs 23.10; Jr 7.31-32; 19.6, 11-14).98
Ou seja, por algum tempo, o Senhor estava recolhendo madeira em Tofete (fogueira)
para a pira funerária do rei da Assíria e seus exércitos.
IV. “Ai” contra a aliança egípcia (Is 31-32)
Como a tragédia anterior (cap. 30) essa profecia também foi dirigida contra a
aliança egípcia (cap. 31). Mas esse oráculo também fala sobre o rei messiânico que um
dia libertará o Seu povo (cap. 32).99 O quinto “Ai” caiu sobre aqueles que propuseram
aliança com o Egito como solução para a situação nacional de Judá.
A. A denúncia (Is 31.1-3)
“Ai dos que descem ao Egito em busca de socorro e se estribam em cavalos;
que confiam em carros, porque são muitos, e em cavaleiros, porque são mui fortes,
mas não atentam para o Santo de Israel, nem buscam ao SENHOR!” (v. 1) – A aliança
com o Egito estava condenada. Do ponto de vista político, o movimento em direção Egito
talvez pudesse ser defendido. Essa política, no entanto, não era de Deus. Desta forma,
Deus se levantará contra “a casa dos malfeitores”, e qualquer um que possa ajudá-los (v.
2).
B. A promessa (Is 31.4-9)
“O SENHOR Deus falou comigo e disse: Um leão que pega e mata uma ovelha
não se assusta, nem foge quando os pastores vêm gritando, mesmo que sejam
muitos e gritem bem alto. Assim também eu, o SENHOR Todo-Poderoso, não me
assustarei quando descer para lutar no monte Sião” (v. 4) – Deus travará uma guerra
no Monte Sião. Deus será tão forte e determinado como um leão que encontrado sua
presa. No entanto, ao mesmo tempo, Deus cuidará do Seu povo como pássaro protege os
seus filhotes (v. 5). Diante da proteção divina, Isaías mais uma vez chama o povo ao
98
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1081). Wheaton, IL: Victor Books.
99 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1076–1082). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
arrependimento: “Povo de Israel, vocês se afastaram para longe de Deus; mas agora
arrependam-se e voltem para ele” (v. 6).
“Então, a Assíria cairá pela espada, não de homem; a espada, não de homem,
a devorará; fugirá diante da espada, e os seus jovens serão sujeitos a trabalhos
forçados” (v. 8) – Isaías afirmou de novo (cf. 30.31) que a Assíria cairá, mas somente por
causa da obra de Deus (por uma espada que não é de homem).100 A referência é à
destruição durante a noite do exército de Senaqueribe em 701 a.C.
“De medo não atinará com a sua rocha de refúgio; os seus príncipes,
espavoridos, desertarão a bandeira, diz o SENHOR, cujo fogo está em Sião e cuja
fornalha, em Jerusalém” (v. 9) – A expressão “rocha de refúgio” refere-se ao seu rei ou
a força do exército. Em qualquer caso, os assírios ficarão apavorados. Sião será uma
fornalha de Deus. Em uma noite, o exército assírio foi exterminado (Is 37.36). Os
comandantes assírios vendo que os soldados foram abatidos pelo Anjo do Senhor (Is
37.36), ficaram aterrorizados. O “fogo” pode referir-se ao fogo do altar do holocausto
que queimava continuamente.101
Conclusão:
Imagine o dinheiro que Judá teria economizado e o sofrimento que teria evitado
se tivessem apenas descansado no Senhor e obedecido a Sua vontade. Todas as suas
negociações políticas foram em vão. Eles optaram por confiar nas palavras dos egípcios,
mas se recusaram dar ouvidos à voz de Deus!102
Deus nunca está muito cansado ou ocupado demais para ouvir e ajudar aqueles
que com fé O buscam. Sua força se torna a nossa força, quando o Seu caminho se torna o
nosso caminho (Is 49.23b). Você tem confiado em Deus?
100
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1081–1082). Wheaton, IL: Victor Books.
101 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1082). Wheaton, IL: Victor Books.
102 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 79). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Isaías 32-35
Nossa esperança não será frustrada.
Introdução:
7
Nos quatro capítulos que concluem a primeira seção de sua profecia, Isaías
convida-nos a olhar para alguns eventos futuros e ver o que Deus tem planejado para o
Seu povo e o mundo. Embora as perspectivas para a Assíria fossem sombrias, a
perspectiva do povo de Deus era bem diferente.
I. O reinado do justo Rei
A. Renovação Prometida (Is 32.1-8)
“Eis aí está que reinará um rei com justiça, e em retidão governarão
príncipes” (Is 32.1) – O Governante messiânico e seus subordinados governarão com
justiça. Em contraste com os líderes condenados no capítulo 28, a nova liderança dará
refúgio e refrigério ao povo de Deus. Os cegos espiritualmente verão e entenderão a
verdade de Deus (32.1-4).
“Ao louco nunca mais se chamará nobre, e do fraudulento jamais se dirá que
é magnânimo” (v. 5) – O “louco” (nabel, em hebraico) e os “fraudulentos” (kelay) não
serão mais respeitados. Como no livro de Provérbios o tolo ensina falsidade e
desconsidera as necessidades dos outros (Pv 1.7, 32; 10.14). “Ninguém dirá que um semvergonha é uma pessoa de valor, nem que o malandro merece respeito” (v. 5, NTLH). Em
contraste com o salafrário que perversamente tenta se aproveitar dos pobres e
necessitados a pessoa nobre planeja fazer o bem aos outros.103
Nos dias de Isaías, como em nossos dias, as pessoas comuns admiram os “ricos e
famosos”, mesmo que o caráter e a conduta dessas “celebridades” não mereça respeito.
Porém, no reino, não haverá tal engano. Todos reconhecerão um homem mal e hipócrita
(v. 5-6).104 Os pobres e indefesos não serão mais enganados!
B. Renovação precedida por Desastres (Is 32.9-14)
“Levantai-vos, mulheres que viveis despreocupadamente, e ouvi a minha voz;
vós, filhas, que estais confiantes, inclinai os ouvidos às minhas palavras” (v. 9) –
103
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1082). Wheaton, IL: Victor Books.
104 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 81–82). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Atrás dos governantes egoístas de Judá, e influenciando-os para o mal, estavam as
“mulheres aristocráticas” de Jerusalém, que eram complacentes e autoconfiantes em um
momento de grave crise nacional (v. 9-14; 3.16-26; Am 4.1-3; 6.1-6). Isaías declarou que
“em pouco mais de um ano”, a terra e as cidades serão desoladas (v. 10).
Em pouco mais de um ano a oferta de uvas (e consequentemente do vinho) será
cortada. As mulheres são convidadas a entrar em amarga lamentação sobre o terrível
destino que se abateria sobre suas terras (32.9-12).
Isaías previu o abandono completo de Judá. Espinhos e abrolhos tomarão a terra.
Jerusalém se tornará um deserto e o palácio abandonado. Animais encontrariam refúgio
nas ruínas da cidade (32.13). Esta sentença divina contra Jerusalém começou a ser
executada pelos assírios em 701 a.C. No entanto, por causa do bom rei Ezequias, a cidade
foi poupada. A destruição foi finalmente efetuada pelos babilônios em 586 a.C.105
C. Renovação realizada pelo Espírito (Is 32.15-20)
“até que se derrame sobre nós o Espírito lá do alto; então, o deserto se
tornará em pomar, e o pomar será tido por bosque” (v. 15) – A condição desolada de
Jerusalém continuará até o derramamento do Espírito de Deus. De 586-538 a.C. a terra
de Judá permaneceu abandonada. Sob a liderança de Esdras, Neemias e os profetas pósexílio, o templo foi reconstruído e a cidade foi restaurada. Em 445 a.C., os muros de
Jerusalém foram reconstruídos. A cidade prosperou durante todo o período
intertestamentário. Todavia, durante a maior parte desse tempo, Jerusalém permaneceu
sob o domínio de alguma potência estrangeira. Primeiro, os persas, em seguida, os
gregos, e, finalmente, os romanos. A glória (Shekinah) já não residia no Santo dos Santos.
Deus permaneceu em silêncio. A terra ficou sem a voz viva da profecia. Por essas razões,
Jerusalém era considerada deserta durante o período entre os testamentos.
Entretanto, com o derramamento do Espírito no dia de Pentecostes, uma nova era
foi inaugurada. Isaías retratou as bênçãos associadas com a vinda do Espírito em termos
de campos férteis e florestas exuberantes. O princípio básico exposto neste versículo é
que a paz não é algo que Deus simplesmente derrama sobre uma sociedade corrupta: a
terra deve ser limpa e resemeada com justiça, cujo fruto é paz (16-17). Para isso, a
promessa do Espírito (15) é imprescindível.106
Isaías comparou os inimigos a uma floresta (cf. 10.18, 33) e uma cidade (cf. 24.10;
25.2; 26.5). Como na antiga guerra santa, Deus usará o granizo para derrubar os
inimigos. Por outro lado, aqueles que são cidadãos no reino, desfrutarão de bênçãos em
abundância. Novamente Isaías utiliza imagens agrícolas. As lavouras serão tão
abundantes que o agricultor não terá que se preocupar em estocar alimento (32.19).
105
Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 32.9–14). Joplin, MO: College Press.
Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible
commentary: 21st century edition (4th ed., p. 652). Leicester, England; Downers Grove, IL: InterVarsity Press.
106
53
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
II. A verdadeira solução (Is 33)
O capítulo 33 traz o Livro de “Ais” para esta grande conclusão: o opressor será
destruído e o Senhor será exaltado. Os seis primeiros versículos constituem uma
introdução aos principais temas do capítulo. O restante do capítulo pode ser dividido em
duas grandes unidades que falam da exaltação e do reino do Senhor.
A. Introdução (Is 33.1-6)
“Ai de ti, destruidor que não foste destruído, que procedes perfidamente e não
foste tratado com perfídia! Acabando tu de destruir, serás destruído, acabando de
tratar perfidamente, serás tratado com perfídia” (Is 33.1) – Ao contrário dos últimos
cinco “Ais”, o sexto não caiu sobre o povo de Deus (28.1; 29.1, 15; 30.1; 31.1). A palavra
“destruidor” é uma referência a Assíria. Durante algum tempo, pela guerra e pela
discrição este poder implacável dominou o antigo Oriente Próximo. Esse período de
opressão, no entanto, não seria interminável.
Em total descrença, o rei Ezequias havia tentado “subornar” os assírios (2Rs
18.13-15); mas Senaqueribe havia quebrado o acordo e invadido Judá de qualquer
maneira. Ele era um ladrão, um traidor, e um tirano; e Deus prometeu julgá-lo. Ele havia
destruído os outros, então será destruído.107 Deus não se deixa escarnecer; pecadores
colhem o que semeiam (Gl 6.7).
“SENHOR, tem misericórdia de nós; em ti temos esperado; sê tu o nosso braço
manhã após manhã e a nossa salvação no tempo da angústia” (Is 32.2) – Isaías 33.2
é uma oração do remanescente piedoso quando Jerusalém foi cercada pelo exército
assírio. Deus havia prometido que teria misericórdia daqueles que confiassem nEle (Is
30.18-19). Deus poupou Jerusalém por amor a Davi (37.35) e por um remanescente
crente que confiou e orou. Nunca subestime o poder de uma minoria orando. O rei
Ezequias fez uma coisa tola quando tomou os tesouros do templo e tentou subornar
Senaqueribe (2Rs 18.13-16), mas Deus o perdoou e lembrou-lhe que “o temor do Senhor
é o [seu] tesouro” (Is 33.6). A descrença olha para os recursos humanos para pedir
ajuda, mas a fé olha para Deus.108
B. O dia da exaltação (Is 33.7-16)
“Eis que os heróis pranteiam de fora, e os mensageiros de paz estão chorando
amargamente” (Is 33.7) – Isaías agora amplia o tema da exaltação de Deus. Primeiro,
ele esboçou a necessidade desesperada do povo. Antes da libertação, Jerusalém será
reduzida a um estado lamentável. Mesmo os homens valentes ficarão chocados.
Emissários de paz falharão em sua missão e as estradas ficarão desoladas e inseguras (Is
107
108
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 83). Wheaton, IL: Victor Books.
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 83–84). Wheaton, IL: Victor Books.
54
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
33.7-9). No entanto, na hora mais escura, Deus manifestará o Seu poder. Ele se dirigiu,
por assim dizer, aos invasores assírios. Seus planos sobre Judá eram fúteis. A luta para
subjugar Judá foi comparado a uma gestação dolorosa que resultou em nenhum
nascimento. Os invasores assírios serão consumidos rapidamente como espinhos e
abrolhos pela ira de Deus (Is 33.10-12). A libertação de Jerusalém não apenas glorificará
a Deus entre os gentios, mas também espalhará temor entre os judeus (Is 33.14-16).
Quando os judeus viram 185.000 soldados assírios mortos por Deus em uma noite, eles
perceberam novamente que o Deus de Israel era “um fogo consumidor” (Is 10.17; Hb
12.29).
Isaías descreve o tipo de pessoa que Deus aceitará e abençoará (Is 33.14-16; Sl 15
e 24). Quem poderá residir na presença de Deus? Isaías deu a resposta com a descrição
de seis características do homem justo. Primeiro, características positivas: (1) Aquele
que anda em justiça e (2) Fala com sinceridade. Segundo, as características negativas:
(1) Aquele que rejeita avareza, (2) Suborno e (4) Ou qualquer tipo de mal. Esse homem
desfrutará de segurança no dia do julgamento. Essas qualidades quando confiamos em
Jesus Cristo e crescemos na graça.
C. O reino glorioso (Is 33.17-24)
“Os teus olhos verão o rei na sua formosura, verão a terra que se estende até
longe” (v. 17) – Aqueles que sobreviveram ao julgamento temporal (ou seja, homens
justos) contemplarão com os olhos da fé “o rei na sua formosura”, isto é, o próprio Deus
(cf. 33.22) e, também, contemplarão “uma terra muito distante” (Is 33.17).
O reino do Messias será uma cidade segura. Ao contrário da Jerusalém histórica,
esta Sião, se situará ao lado de rios largos, mas não rios que permitirão ataques naval (Is
33.18-21). O pensamento é que Jerusalém teria uma fonte de água abundante (Hb
12.28).
A presença do Senhor na Sião Celestial funcionará de três formas: (1) Como juiz,
como um daqueles salvadores cheios do Espírito que poupará Israel dos opressores
estrangeiros; (2) Como legislador, ou seja, aquele que regula a vida através de Sua
instrução; e (3) Como rei, com soberania absoluta sobre todos os habitantes (Is 33.22).
Nos dias de Isaías Jerusalém parecia um grande navio, totalmente despreparado
para as águas agitadas da invasão assíria. No entanto, a cidade experimentará um
poderoso livramento. Mesmo os deficientes físicos serão capazes de participar do
espólio do invasor. Esse enriquecimento, no entanto, não será nada comparado com o
benção espiritual que resultará a partir do arrependimento nacional induzido pela
invasão. Deus perdoará a iniquidade dos Seus habitantes.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
III. O julgamento das nações e a restauração do povo de Deus
(Is 33-35)
“Ai de ti, destruidor que não foste destruído, que procedes perfidamente e não
foste tratado com perfídia! Acabando tu de destruir, serás destruído, acabando de
tratar perfidamente, serás tratado com perfídia” (Is 33.1) – O tema da soberania de
Deus sobre as nações hostis (Is 29.5-8; 30.27-33; 31.4-9; 33.1, 18-19) culmina no
capítulo 34 com uma vívida descrição do juízo universal. O Senhor julgará as nações,
resultando em carnificina generalizada e derramamento de sangue. Até os céus não
escaparão. As estrelas, talvez simbolizando oposição celeste a Deus (ver 24.21), são
retratadas como apodrecendo e caindo como uma folha de figo no chão (Is 34.4).
O Senhor destacou Edom como representante das nações (ver 63.1-6). O profeta
comparou o abate sangrento de Edom a um grande sacrifício de ovinos e bovinos. Esse
dia de vingança e retribuição em nome de Jerusalém reduzirá Edom a um estado de
desolação perpétua. Por decreto divino suas ruínas cobertas de ervas daninhas serão
povoadas apenas por criaturas do deserto como corujas e hienas.
“O deserto e a terra se alegrarão; o ermo exultará e florescerá como o
narciso. Florescerá abundantemente, jubilará de alegria e exultará; deu-se-lhes a
glória do Líbano, o esplendor do Carmelo e de Sarom; eles verão a glória do SENHOR,
o esplendor do nosso Deus” (Is 35.1-2) – Em contraste com Edom, Mas o deserto não
permanecerá um deserto, pois o Senhor transformará a Terra em um Jardim do Éden.
Toda a natureza parece ansiosamente pela vinda do Senhor (Is 55.12-13, Rm 8.19; Sl
96.11-13; 98.7-9), por que a natureza sabe que será libertada da maldição do pecado (Gn
3.17-19) e compartilhará a glória do reino. Líbano, Carmelo e Sarom foram três dos
lugares mais fecundos e belos na terra, e ainda o deserto será mais proveitoso e bonito
do que os três lugares juntos! Não haverá mais “terra seca” (Is 35.7), porque a terra se
tornará um jardim de glória.109
“Fortalecei as mãos frouxas e firmai os joelhos vacilantes. Dizei aos
desalentados de coração: Sede fortes, não temais. Eis o vosso Deus. A vingança vem,
a retribuição de Deus; ele vem e vos salvará” (v. 3-4) – As pessoas desanimadas serão
renovadas. Esta renovação é em comparação com a cura milagrosa de diversas
deficiências físicas e ao florescimento de um deserto quente e seco. Onde antes havia
apenas areia e criaturas do deserto, haverá agora flores, verdes pastos, água abundante
e densa vegetação.110
“E ali haverá bom caminho, caminho que se chamará o Caminho Santo; o
imundo não passará por ele, pois será somente para o seu povo; quem quer que por
109
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 88). Wheaton, IL: Victor Books.
Chisholm, R. B. (1998). The Major Prophets. In D. S. Dockery (Org.), Holman concise Bible
commentary (p. 278). Nashville, TN: Broadman & Holman Publishers.
110
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ele caminhe não errará, nem mesmo o louco” (Is 35.8) – Em cidades antigas, havia
muitas vezes estradas especiais que somente os reis e sacerdotes poderiam usar; mas
quando o Messias reinar, todo o Seu povo será convidado a utilizar este caminho.111
“Os resgatados do SENHOR voltarão e virão a Sião com cânticos de júbilo;
alegria eterna coroará a sua cabeça; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a
tristeza e o gemido” (Is 35.10) – Aqueles que choram são abençoados , porque eles
serão consolados. Quando o povo de Deus retornou de Babilônia eles voltaram chorando
(Jr 50.4); mas caminharão para o céu, para a Nova Jerusalém, com uma canção nos lábios
que nenhum homem aprenderá (Ap 14.3).
Conclusão:
Quando Isaías falou e escreveu estas palavras, é provável que os assírios
houvessem devastado a terra, destruído as colheitas e tornado as estradas inseguras
para viagens. O povo estava preso em Jerusalém, perguntando-se o que aconteceria em
seguida. O restante estava confiando nas promessas de Deus e orando pela ajuda de
Deus, e o Senhor respondeu suas orações. Se Deus cumpriu suas promessas ao Seu povo
há séculos e os libertou, será que Ele não cumprirá Suas promessas no futuro e
estabelecerá Seu reino glorioso para o Seu povo escolhido? Claro que Ele o fará!
O comentarista bíblico Warren Wiersbe estava certo quando declarou: “O futuro é
seu amigo quando Jesus Cristo é o seu Salvador e Senhor”.112
111
112
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 89). Wheaton, IL: Victor Books.
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 89). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Isaías 36-39
O livro de Ezequias.
Introdução:
8
O rei Ezequias enfrentou três crises em um curto espaço de tempo: uma crise
internacional (a invasão do exército assírio), uma crise pessoal (uma doença à beira da
morte) e uma crise nacional (a visita dos enviados da Babilônia). Ele se saiu,
vitoriosamente nas duas primeiras, mas tropeçou na terceira crise.113 O rei Ezequias foi
um grande e piedoso homem, mas era um homem sujeito a muitas falhas.
Os capítulos 36-39 nos ensinam algumas lições valiosas sobre fé, oração e o
perigo do orgulho. Embora a definição de hoje seja diferente, os problemas e as
tentações ainda são as mesmas; a história de Ezequias é a nossa história, e o Deus de
Ezequias é o nosso Deus.
I. O desafio inicial (Is 36.1-37.7)
“No ano décimo quarto do rei Ezequias, subiu Senaqueribe, rei da Assíria,
contra todas as cidades fortificadas de Judá e as tomou” (Is 36.1) – No décimo quarto
ano de Ezequias (701 a.C.) o exército assírio havia invadido Judá e avançado sobre
Jerusalém. De acordo com 2Reis 18.14-16, o rei Ezequias havia pagado tributos ao rei
Senaqueribe, a fim de que Jerusalém recebesse imunidade. Porém, a Assíria mudou de
ideia e decidiu invadir a cidade de Jerusalém. Nesta crise, o rei Ezequias escolheu o
caminho da confiança em Deus. Os capítulos 36-37 servem como contrapeso aos
capítulos 7-8 em que orgulhoso e teimoso rei Acaz em uma crise semelhante escolheu
colocar a sua confiança no homem.114
A. O ultimato de Rabsaqué (Is 36.1-20)
“Rabsaqué lhes disse: Dizei a Ezequias: Assim diz o sumo rei, o rei da Assíria:
Que confiança é essa em que te estribas?” (v. 40) – Senaqueribe teve pouca dificuldade
de conquistar todas as cidades fortificadas de Judá. A descoberta dos antigos Anais de
Senaqueribe revela quais foram as cidades conquistadas em sua campanha do sul de
Sidom até a costa do Mediterrâneo. Por sua própria contagem, havia quarenta e seis
dessas cidades.115 O assírio mantinha seu quartel-general em Laquis, uma cidade a cerca
113
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 91). Wheaton, IL: Victor Books.
Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 36.1–37.7). Joplin, MO: College Press.
115 Senaqueribe comemorava suas vitórias em Judá com um relevo de parede em seu palácio em
Nínive retratando o ataque e captura de Laquis. Ele sustentava que havia calado a boca de
Ezequias em Jerusalém “Como um pássaro em uma gaiola” e ofereceu um relato detalhado de suas
conquistas: “Eu cerquei 46 de suas cidades fortificadas, fortalezas muradas e as inúmeras
114
58
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
de 40 km a sudoeste de Jerusalém. Enquanto Senaqueribe permanecia em Laquis
dirigindo o ataque contra os filisteus, ele enviou três de seus principais executivos:
Tartã, Rabe-Saris e a Rabsaqué (2Rs 18.17) com tropas suficientes para intimidar
Ezequias. Isaías enfatizou a ironia de Rabsaqué (“comandante do campo”) desafiando a
confiança de Ezequias no mesmo lugar onde cerca de trinta e três anos antes Isaías havia
desafiado o rei Acaz a se comprometer com tal política. Os três homens foram recebidos
por três dos principais oficiais de Judá: Eliaquim, Sebna (Is 22.15-25) e Joá (36.3).
Rabsaqué emitiu dois desafios, um para o rei Ezequias e um para os defensores
de Jerusalém.
1. O desafio de Ezequias (Is 36.4-10).
Rabsaqué começou sua conversa com os nobres de Judá, atacando o que percebeu
serem os motivos que levaram a rebelião de Ezequias.
Primeiro, ele argumentou que a dependência sobre o Egito de nada serviria (v. 6).
Todos os que já haviam tentado se apoiar no Egito, “a cana esmagada” só haviam
perfurado a mão como um caniço quebrado (36.4 b-6). Neste ponto, Rabsaqué e Isaías
estavam em completo acordo.
Em segundo lugar, Rabsaqué argumentou que a dependência do Senhor seria
inútil contra a Assíria (v. 7).
Em seguida, o assírio apontou a fraqueza militar de Judá, a falta de cavalaria. Ele,
sarcasticamente, argumentou que mesmo que os assírios doassem dois mil cavalos aos
rebeldes, eles não seriam capazes de arrumar cavaleiros (36.8).
No auge do seu argumento Rabsaqué afirmou que o Senhor lhe havia ordenado
destruir a Judá (v. 10). Era uma maneira de aterrorizar as pessoas, fazendo-os pensar
que Deus havia realmente se voltado contra eles.116 No entanto, Isaías havia dito que
Jerusalém não cairia diante dos assírios, de modo que o comandante estava errado.
Rabsaqué estava tentando a todo o custo minar a esperança dos judeus.
2. O pedido dos funcionários (Is 36.11-12).
“Então, disseram Eliaquim, Sebna e Joá a Rabsaqué: Pedimos-te que fales em
aramaico aos teus servos, porque o entendemos, e não nos fales em judaico, aos
ouvidos do povo que está sobre os muros” (Is 36.11) – Os representantes de Ezequias
interromperam a Rabsaqué e fizeram um pedido, que as negociações fossem conduzidas
em língua internacional (aramaico), e não na língua dos judeus (hebraico). Eles ficaram
pequenas aldeias em suas imediações, e as conquistei... eu expulsei 200.150 pessoas, jovens e
velhos, homens e mulheres, cavalos, mulas, jumentos, camelos, gados grandes e pequenos além da
conta e os considerei despojos”. Cogan, M. (2011). Sennacherib. In (M. A. Powell, Org.)The
HarperCollins Bible Dictionary (Revised and Updated). New York: HarperCollins.
116 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1087). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
preocupados com o efeito que essas demandas poderiam ter sobre os defensores
sentados nos muros próximos. Com arrogância ainda maior, Rabsaqué rejeitou o pedido.
Ele queria que os soldados de Judá percebessem as terríveis privações que ocorreriam
se o rei Ezequias recusasse a entregar a cidade. Rabsaqué não havia sido enviado para
negociar, mas para minar a vontade de Jerusalém em resistir (v. 11-12).
3. O desafio dos assírios (Is 36.13-22)
“Então, Rabsaqué se pôs em pé, e clamou em alta voz em judaico, e disse: Ouvi
as palavras do sumo rei, do rei da Assíria” (v. 13) – Rabsaqué ergueu a voz e clamou
em nome de seu rei a todos os cidadãos de Jerusalém. Seu argumento era constituído por
cinco pontos.
Primeiro, Ezequias não seria capaz de salvar sua capital dos assírios (36.14).
Em segundo lugar, as promessas de Ezequias de que o Senhor não permitiria que
a cidade caísse diante do inimigo era em vão (3.15).
Em terceiro lugar, a renúncia significaria paz imediata. Os judeus seriam
autorizados a voltar para suas plantações e casas (36.16).
Em quarto lugar, a deportação não seria tão ruim, por que eles encontrariam uma
terra de abundância semelhante à sua própria (36.17).
Finalmente, o assírio argumentou que outros deuses haviam entregado suas
cidades. Até mesmo Samaria, que também adorava o Senhor, ainda que de uma forma
pervertida, havia caído. Por que seria diferente com Jerusalém? (36.18-20).
B. A reação ao desafio (Is 36.21-37.7)
O momento supremo no drama já havia chegado. Será que Judá se curvaria diante
da lógica do Rabsaqué? Ou buscaria a ajuda do Senhor? Isaías descreveu a reação ao
desafio do Rabsaqué em dois níveis.
1. A reação do rei (Is 36.21-37.5)
“Mas o povo ficou calado, como o rei Ezequias havia mandado; eles não
disseram nem uma só palavra” (v. 21, NTLH) – A equipe de negociação de Ezequias
recebeu ordens para não se envolver em debate com Rabsaqué. Ao entrar novamente no
complexo do palácio, porém, os três funcionários rasgaram suas vestes em angústia. Em
seguida, relataram a Ezequias as condições de rendição do adversário (Is 36.22).
Ao ouvir as exigências de Rabsaqué, o rei Ezequias rasgou as suas vestes e cobriuse com pano de saco para simbolizar sua agonia e entrou na Casa do Senhor. Aquele foi
um dia sombrio para Judá (v. 3). Ezequias enviou emissários ao profeta Isaías em busca
de ajuda (Is 37.1-5). Os homens informaram a Isaías da situação, pediram uma palavra
do Senhor contra os assírios, e então, pediram ao profeta para orar por eles. Ezequias
60
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
estava reconhecendo, assim, que o Senhor falava através de Isaías. Isto contrasta com a
atitude do rei Acaz, pai de Ezequias (Is 7; cf. 2Rs 18),
2. A reação do profeta (Is 37.6-7).
Como Isaías reagiria diante desses líderes que durante tantos anos haviam
ridicularizado a sua mensagem (cf. 30.8-11)? Isaías declarou que o rei não deveria temer
as palavras de Rabsaqué (v. 6). Ezequias deveria rejeitar a exigência de rendição. Então,
o profeta disse que o rei assírio voltaria para casa, onde seria morto (Is 36-38).
II. O desafio intensificado
“Voltou, pois, Rabsaqué e encontrou o rei da Assíria pelejando contra Libna;
porque ouvira que o rei já se havia retirado de Laquis” (v. 8) – Rabsaqué retornou ao
seu mestre para obter mais instruções. Ele encontrou-se com Senaqueribe em Libna,
onde o exército assírio estava conduzindo as operações do cerco. Ao ouvir sobre
rumores do avanço de Tiraca, o governante etíope do Egito, Senaqueribe percebeu que
seu tempo na Palestina poderia ser encurtado (v. 10). Resolveu fazer um último esforço
para manter a total submissão de Ezequias. Os mensageiros foram a Jerusalém levando
uma carta do grande Rei (37.14).
A. O conteúdo da carta (Is 37.10-13)
A carta pedia que Ezequias não se enganasse pensando que Jerusalém não seria
destruída. O rei de Judá não era certamente ignorante das muitas conquistas das forças
assírias (v. 12).117 Senaqueribe citou vários exemplos e, em seguida, perguntou por que
os deuses desses povos não os livraram do poder da Assíria. O “grande rei”, obviamente,
considerava o Senhor como um deus inferior de um reino inferior (Is 37.10-12).
Senaqueribe concluiu a carta com uma ameaça sinistra contra Ezequias. Ele lembrou ao
rei do que havia acontecido com os reis dessas nações conquistadas pela Assíria. O rei de
Judá era muito familiarizado com as terríveis torturas que os assírios infligiram aos reis
rebeldes (Is 37.13). Diante das ameaças de Senaqueribe, será que Ezequias continuaria
confiando no Senhor?
117
Senaqueribe disse Ezequias que os deuses de outras nações não foram capazes de ajudá-los
contra o avanço assírio (Is 36.18-20). Gozã, uma cidade às margens do rio Habor, foi conquistada
cerca de 100 anos antes pelos assírios. Harã, uma cidade na Síria, era naquele tempo uma
fortaleza assíria. Rezefe, também uma cidade aramaica, foi capturada cerca de 100 anos antes
pelos assírios. Éden estava localizada, provavelmente, no norte da Mesopotâmia, e pode se referir
a um território em Tel Assar. A localização de Hena e Iva são desconhecidas, mas, provavelmente,
estivessem localizadas na região da Babilônia.
61
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
B. A reação do rei Ezequias (Is 37.14-32)
“Tendo Ezequias recebido a carta das mãos dos mensageiros, leu-a; então,
subiu à Casa do SENHOR, estendeu-a perante o SENHOR” (v. 14) – Mais uma vez a
narrativa revela a reação de ambos, o rei e o profeta ao desafio da carta de Senaqueribe.
A resposta de Ezequias indicava que ele estava determinado mais do que nunca a
colocar tanto o seu próprio destino e de sua cidade nas mãos do Senhor.
1. A resposta do rei (Is 37.14-20).
Depois de ler a carta de Senaqueribe, Ezequias subiu ao Templo e a estendeu
perante o Senhor. Ele se dirigiu a Deus como o Senhor dos Exércitos. Embora
entronizado no Monte Sião sobre os querubins, Ele era o Deus de todos os reinos da
terra. Sua soberania divina sobre todos os povos era derivada do fato de que Ele era o
criador do céu e da terra (Is 37.14-16).
2. A resposta do profeta (Is 37.21-35).
“Então, Isaías, filho de Amoz, mandou dizer a Ezequias: Assim diz o SENHOR, o
Deus de Israel...” (v. 21) – Senaqueribe havia falado contra o Senhor; Ezequias havia
falado com o Senhor; agora finalmente Deus falava com o rei. Em resposta à oração de
Ezequias, o Senhor proclamou uma palavra de encorajamento. A resposta de Deus a esta
oração foi enviar ao rei Ezequias uma mensagem tríplice de garantia: Jerusalém não
seria tomada (v. 22, 31-35); os assírios partiriam (v. 23-29); e os judeus não iriam
morrer de fome (v. 30).
(1) Jerusalém não seria entregue (v. 22, 31-35). A “filha de Sião” ainda era
virgem, ela não havia sido devastada pelo inimigo. Ela podia olhar para os assírios e
balançar a cabeça com desprezo, pois não podia tocá-la.
(2) Os assírios partiriam (v. 23-29). Deus dirigiu-se ao rei assírio orgulhoso e
lembrou-se de todas as palavras arrogantes que ele e os seus servos haviam falado. “Eu”
e “meu” ocorrem sete vezes nessa passagem.118 A Assíria não conquistará Jerusalém e os
sobreviventes voltarão aos poucos à vida normal (v. 30-34).
(3) As pessoas não morrerão de fome. “Este é o sinal daquilo que vai
acontecer: neste ano e no ano que vem, vocês terão para comer somente o que
nascer por si mesmo, sem ser plantado. Mas no ano seguinte vocês poderão semear
e colher cereais e também plantar parreiras e comer as uvas” (v. 30-31) – As pessoas
terão que comer o que crescesse a partir do cultivo anterior. Eles também precisavam
renovar suas fazendas depois de todo o dano que os assírios haviam causado. Mas o
mesmo Deus que os livrou os sustentará. Será como os anos antes e depois do Ano do
Jubileu (Lv 25.1-24). Assim, o Senhor demonstrará o Seu amor duradouro por Davi, o
fundador da dinastia que governou Judá (Is 37.33-35).
118
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 97–98). Wheaton, IL: Victor Books.
62
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
C. A previsão cumprida (Is 37.36-38)
“Então, saiu o Anjo do SENHOR e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta
e cinco mil; e, quando se levantaram os restantes pela manhã, eis que todos estes
eram cadáveres” (v. 36) – Isaías descreveu em apenas três versículos um dos
momentos mais dramáticos da história de Israel. Desde o capítulo 7, Isaías havia
argumentado que a única maneira de Judá lidar com a crise era confiar no Senhor. O
anjo do Senhor visitou o acampamento assírio naquela noite e feriu 185 mil inimigos.
Rabssaqué havia declarado também que um oficial subalterno assírio era mais
forte do que 2.000 cavaleiros judeus (Is 36.8-9), mas foi necessário apenas um dos anjos
de Deus para destruir 185.000 soldados assírios! (Êx 12.12; 2Sm 24.15-17). Isaías havia
profetizado a destruição do exército assírio. Deus iria cortá-los como uma floresta (Is
10.33-34), devastá-los com uma tempestade (Is 30.27-30), e jogá-los no fogo como o lixo
no lixão da cidade (v. 31-33).
Com o exército dizimado, Senaqueribe não teve alternativa a não ser voltar para
casa. Rabsaqué havia chamado Senaqueribe de “o grande rei” (36.4); Deus o chamou
apenas de “o rei da Assíria”. Cerca de vinte anos depois, enquanto adorava no templo de
seu deus Nisroque, Senaqueribe foi assassinado.
III. O desafio individual (Is 38.1-39.8)
No capítulo 37, o rei da Assíria não conseguiu escapar do Senhor (Is 37.7, 38),
mas o que dizer do rei de Judá? No capítulo 38, o rei Ezequias é acometido de uma
doença que o levará à morte, no entanto, a primeira reação de Ezequias foi buscar o
Senhor. Isso aconteceu na época da invasão Assíria, porque Jerusalém não havia sido
entregue a Assíria ainda (Is 38.6). Os acontecimentos deste capítulo também são
registrados em 2Reis 20.1-11 e 2Cr 29-32.
A. A oração de Ezequias (Is 38.1-8)
“Naqueles dias, Ezequias adoeceu de uma enfermidade mortal; veio ter com
ele o profeta Isaías, filho de Amoz, e lhe disse: Assim diz o SENHOR: Põe em ordem a
tua casa, porque morrerás e não viverás” (Is 38.1) – Ezequias adoeceu mortalmente.
Não somos informados como Ezequias ficou doente. Pode ter sido por algo óbvio a todos,
ou pode ter sido uma enfermidade que somente Deus conhecia. No entanto, a doença de
Ezequias foi permitida pelo Senhor.
“Põe em ordem a tua casa, porque morrerás e não viverás” (Is 38.1) – A morte
é uma visitante horrível. A morte é uma grande intrusa. Ela não faz acepção de pessoas.
Não importa quem somos ou o que temos, a morte é a mesma para todos. Ela é universal.
No fim das contas, o mesmo que acontece com as pessoas acontece com os animais.
Tanto as pessoas como os animais morrem (Ec 3.18-20). O homem está à porta da
eternidade a cada dia de sua vida.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Porém, note que Deus foi extremamente gentil com Ezequias, dizendo-lhe que sua
morte estava próxima. Nem todas as pessoas têm a hora definida para colocar a sua casa
em ordem. Isaías pediu-lhe para colocar a casa em ordem, porque estava prestes a
morrer. Sabemos ao comparar 2Reis 18.2 com 2Reis 20.6, que Ezequias tinha 39 anos
quando soube que morreria. Então, Ezequias virou o rosto para a parede e orou como
nunca havia feito em sua vida. Chorando, ele pediu ao Senhor para considerar sua
caminhada e sua obra.
“Então, veio a palavra do SENHOR a Isaías, dizendo: Vai e dize a Ezequias:
Assim diz o SENHOR, o Deus de Davi, teu pai: Ouvi a tua oração e vi as tuas lágrimas;
acrescentarei, pois, aos teus dias quinze anos” (Is 38.4-5) – O pedido foi atendido
rapidamente, o profeta Isaías não tinha ido muito longe quando o Senhor deu-lhe a
resposta (2Rs 20.4). Deus ouviu a oração de Ezequias. Isaías foi enviado de volta para
dar ao doente a boa notícia. Quinze anos seriam acrescentados à sua vida. Além disso,
Deus prometeu livrar o rei e sua capital, das mãos do rei da Assíria (38.4-6). É
interessante notar que o profeta tornou-se o médico do rei e disse aos atendentes o que
fazer: “Ponham uma pasta de figos em cima da úlcera do rei, e ele ficará bom” (Is 38.21,
NTLH). Deus pode curar usando quaisquer meios que deseja.119
Além disso, Isaías ofereceu ao rei um sinal: “Na escadaria feita pelo rei Acaz, o
SENHOR fará com que a sombra volte dez degraus. E a sombra voltou dez degraus”
(v. 8, NTLH). A pedido do rei, a sombra do sol voltou na escada dez degraus. Deus
confirmou sua promessa. Aparentemente, uma escada especial havia sido construída
como um dispositivo de tempo, uma espécie de relógio de sol. Curiosamente o rei Acaz
havia rejeitado um sinal do Senhor (7.10-12), mas agora em uma escadaria feita por ele,
seu filho, Ezequias, recebeu um sinal do Senhor. Como esse milagre da reversão da
sombra do sol ocorreu não sabemos. Talvez a rotação da Terra tenha sido revertida ou
talvez os raios solares tenha sido de alguma forma refratado.120
B. O cântico de Ezequias (Is 38.9-20)
Depois de ter sido curado Ezequias escreveu uma música para expressar o seu
agradecimento a Deus.
1. A condição de Ezequias (Is 38.10-14)
O cântico começa com uma queixa: No auge da vida, Ezequias estava prestes a ser
(1) Conduzido à sepultura, a morada dos mortos; (2) Privado do culto público (“ver o
Senhor na terra dos viventes”); e (3) Cortado da comunhão com seus amigos (38.10).
119
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 100). Wheaton, IL: Victor Books.
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1089). Wheaton, IL: Victor Books.
120
64
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Ezequias refletiu sobre a brevidade da vida. A existência terrena é como (1) A tenda de
um pastor; (2) Uma peça de corte do tecido de tear; e (3) A rápida passagem do dia para
a noite (38.12). Ele comparou sua morte iminente ao ataque de um leão ao quebrar
todos os ossos de sua presa. Diante dessa perspectiva, Ezequias expressou à sua
angústia através dos gemidos de uma pomba (v. 14). No entanto, ele continuou olhando
para Deus (38.13).
2. A resposta de Deus (Is 38.15-20)
“Que direi? Como prometeu, assim me fez; passarei tranqüilamente por todos
os meus anos, depois desta amargura da minha alma” (Is 38.15) – O tom da mudança
do hino ocorreu no versículo 15. Deus havia prometido poupar sua vida, e havia mantido
Sua palavra. No entanto, Ezequias reconheceu que seu próximo encontro com a morte
havia produzido cinco resultados positivos. Primeiro, ele havia sido humilhado pela
experiência, e prometeu que seria humilde o resto de seus dias (38.15). Em segundo
lugar, ele percebeu mais uma vez que as palavras de Deus tem o poder de criar e
sustentar a vida (38.16). Em terceiro lugar, ele percebeu sua total dependência de Deus.
Assim, ele continuou a orar para que sua recuperação fosse completa: “... Portanto,
restaura-me a saúde e faze-me viver” (38.16b). Em quarto lugar, ele chegou a ter uma
maior valorização da graça de Deus: “... Tu, porém, amaste a minha alma e a livraste da
cova da corrupção” (Is 38.17). Finalmente, ele percebeu no prolongamento de sua vida
que Deus também o havia perdoado de todos os seus pecados (38.17 b).
A música termina com uma declaração confiante: “O SENHOR veio salvar-me; pelo
que, tangendo os instrumentos de cordas, nós o louvaremos todos os dias de nossa vida, na
Casa do SENHOR” (Is 38.20). Apesar desta conclusão triunfante, o ímpeto do poema não
se pode escapar. Todo ser humano, não importa quantas vezes seja curado, ainda é
mortal.
C. O fracasso de Ezequias (Is 39.1-8)
O tema principal dos capítulos 7-38 foi confiar no Senhor, e não nas nações, nem
mesmo nos ídolos, nem em qualquer outra coisa. Assim, a primeira metade do livro de
Isaías termina com uma advertência contra confiança equivocada nas riquezas e nos
planos deste mundo. Mesmo um homem tão piedoso como Ezequias, seria atraído a
aceitar os valores do mundo. Cada governante humano, não importa quantas vezes
confie em Deus, ainda está propenso a autossuficiência. No capítulo 39 Ezequias parece
confiar no acúmulo da riqueza e, talvez, em uma aliança com a Babilônia.
1. As circunstâncias (39.1-2).
“Nesse tempo, Merodaque-Baladã, filho de Baladã, rei da Babilônia, enviou
cartas e um presente a Ezequias, porque soube que estivera doente e já tinha
convalescido” (Is 39.1) – O rei Ezequias foi um grande rei. Não houve um rei como ele.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Ele foi o melhor, o mais piedoso de todos os reis de Judá (2Rs 18.5). No entanto, o seu
pecado destruiu sua casa e o seu povo.
Sem dúvida alguma, a visita amigável de Merodaque-Baladã após a doença de
Ezequias tinha a intenção de convencer o rei de Judá a uma aliança contra a Assíria.121 “E
Ezequias lhes deu ouvidos...” (2Rs 2.13, Revista e Corrigida). O cronista relata que
nesta situação Deus deixou Ezequias sozinho para testar-lhe para saber tudo o que
estava em seu coração (2Cr 32.31). O rei não passou no teste. O orgulho voltou ao seu
coração. Ezequias exibiu aos embaixadores da Babilônia toda a riqueza e o armamento
de seu reino. Nada foi retido (39.2).
2. O inquérito (Is 39.3).
Tão perto como conselheiro do rei, Isaías deve ter se sentido apreensivo por não
ser parte das discussões com as autoridades estrangeiras. Quando os emissários foram
embora, ele questionou o rei Ezequias sobre a visita. O que os homens haviam declarado
e de onde vieram. O rei respondeu apenas a segunda pergunta. Ele sabia que a posição
de Isaías sobre alianças com potências estrangeiras, e esse assunto com certeza deve ter
sido discutido durante a visita. Ezequias, talvez com algum embaraço, respondeu: “Viram
tudo quanto há em minha casa; coisa nenhuma há nos meus tesouros que eu não lhes
mostrasse” (Is 39.4).
3. O anúncio (Is 39.4-7).
“Eis que virão dias em que tudo quanto houver em tua casa, com o que
entesouraram teus pais até ao dia de hoje, será levado para a Babilônia; não ficará
coisa alguma, disse o SENHOR” (v. 6) – Isaías então fez um anúncio dramático. Assíria
não conquistará Jerusalém e levará consigo todos os tesouros da cidade. Essa será uma
obra da Babilônia. Até mesmo os membros da família real de Ezequias serão levados e se
tornarão “eunucos” (funcionários) no palácio do rei da Babilônia (39.5-7). Ezequias
viveria seus anos percebendo que sua exibição arrogante da riqueza real seria um fator
que culminará com a conquista de Jerusalém pela Babilônia.
4. A reação (Is 39.8).
“Então, disse Ezequias a Isaías: Boa é a palavra do SENHOR que disseste...” (v.
8) – Ezequias aceitou a profecia com humildade. A disciplina que chamou de “boa”, era
menos do que merecia. O exílio não ocorreria em seus dias (Is 39.8). Alguns têm acusado
Ezequias de ser egoísta por pensar que o julgamento seria algo “bom”, por não ocorrer
durante o seu reinado. Porém, Sua declaração é mais provável uma expressão de sua
humilde aceitação da vontade de Deus.
121
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1090). Wheaton, IL: Victor Books.
66
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O que aconteceu nos 15 anos que Ezequias recebeu? Nasceu o seu filho Manassés.
Um dos piores reis de Judá. Manassés, como diz as Escrituras várias vezes, por causa da
maldade, por causa do reino vil, por causa do sangue em suas mãos, por causa dos
pecados, Deus destruiu Judá, entregou a nação nas mãos dos caldeus, queimou o templo
e levou o povo para o cativeiro. É melhor que a vontade de Deus seja feita do que
tentarmos interferir ou orar contra ela.
Conclusão:
De todos os medos que afligem o coração do homem, nada é maior do que o medo
da morte. A vida é curta e tão incerta. “Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que
aparece por instante e logo se dissipa” (Tg 4.14). Moisés disse ao Senhor no Salmo 90: “Tu
acabas com a vida das pessoas; elas não duram mais do que um sonho. São como a erva
que brota de manhã, que cresce e abre em flor e de tarde seca e morre” (Sl 90.5-6, NTLH).
Diante de tudo isto, a questão mais importante é: “Será que a morte é grande
vitoriosa?” Entretanto, é importante que você saiba que a morte não é o fim da história
para aqueles que conhecem o Senhor. A morte está nas mãos do Senhor, e não temos
nada a temer.
Aqueles que olham pela fé para o dia em que receberão seus corpos glorificados,
para as perfeições da vida no céu, para o cumprimento do propósito de Deus, serão
capazes de dizer triunfantemente como Paulo: “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde
está, ó morte, o teu aguilhão?” (1Co 15.55).
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Isaías 40-41
O livro de Ciro.
Introdução:
9
O livro de Isaías pode ser chamado de “uma Bíblia em miniatura”. Há sessenta e
seis capítulos em Isaías e sessenta e seis livros na Bíblia. Os trinta e nove capítulos da
primeira parte de Isaías podem ser comparados com o Antigo Testamento, com seus
trinta e nove livros, e ambos se concentram principalmente no julgamento de Deus
contra o pecado. Os vinte e sete capítulos da segunda parte podem ser vistos em paralelo
com os vinte e sete livros do Novo Testamento, e ambos enfatizam a graça de Deus. Além
disso, a seção “Novo Testamento” de Isaías abre com o ministério de João Batista (40.35, Mr 1.1-4) e fecha com os novos céus e a nova terra (Is 65.17; 66.22); e no meio, há
muitas referências ao Senhor Jesus Cristo como Salvador e Rei.122
Com exceção de alguns trechos messiânicos (cap. 35), até o capítulo 40, Isaías
estava interessado no destino de Israel e Judá em curto prazo. O profeta tratou da
invasão dos assírios, do fim do reino de Israel e do livramento de Jerusalém sob o
comando de Ezequias (entre 722 e 704 a.C.). A partir desse momento, encontramos
profecias de longo prazo, entre elas, o cativeiro na Babilônia (em 539 a.C.) e o retorno
dos exilados (13.1 a 14.2 e 21.1-10). As profecias são dirigidas como se o cativeiro
babilônico já fosse uma realidade presente, embora esse cativeiro não tenha começado
senão em 605-586 a.C. Isaías escreveu para encorajar os judeus a viverem dignamente,
apesar das circunstâncias difíceis.123 O profeta viu no horizonte distante um grande
livramento do exílio e, além disso, uma libertação ainda maior do pecado. A libertação da
Babilônia é o foco dos capítulos 40-48. Esta seção foi designada “O livro de Ciro” devido
às várias referências a esse conquistador persa (Is 44.28; 45.1). Além disso, é
interessante que a segunda parte de Isaías (capítulos 40-66) se divide em três partes de
nove capítulos cada (capítulos 40-48; 49-57; 58-66).
Nesta seção, um dos objetivos de Isaías é mostrar a superioridade de Deus sobre
as nações e os seus ídolos.124 Além de enfatizar a esperança e o consolo de um futuro
abençoado depois da disciplina do cativeiro babilônico. Nesses capítulos, o profeta
descreve a grandeza de Deus em três diferentes áreas da vida.
122
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 103). Wheaton, IL: Victor Books.
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1091). Wheaton, IL: Victor Books.
124 Chisholm, R. B. (1998). The Major Prophets. In D. S. Dockery (Org.), Holman concise Bible
commentary (p. 283). Nashville, TN: Broadman & Holman Publishers.
123
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
I. Palavras de conforto do Deus incomparável (Is 40.1-11)
“Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus...” (Is 40.1) – O capítulo
começa com uma mensagem de encorajamento para Jerusalém. A cidade havia sofrido
mais do que suficiente; seu tempo de disciplina havia terminado. No entanto, o mesmo
braço poderoso que destruiu os inimigos (Is 51.9-10) protege o Seu povo. Isaías ouviu,
por assim dizer, quatro vozes que dão o tom para o que ele vai proclamar, nos capítulos
40-66.
Primeiro, Isaías ouviu uma voz que dirigiu os profetas a anunciar uma
mensagem de conforto para Jerusalém. “... Consolai, consolai o meu povo, diz o
vosso Deus. Falai ao coração de Jerusalém, bradai-lhe que já é findo o tempo da sua
milícia, que a sua iniquidade está perdoada e que já recebeu em dobro das mãos do
SENHOR por todos os seus pecados” (Is 40.1–2) – Sua “milícia” (“tsaba”, em hebraico,
“escravidão” na NTLH) havia terminado e a iniquidade perdoada; Jerusalém havia
pagado em “dobro” por sua transgressão. Parece estranho saber que os judeus
receberam “em dobro” por todos os pecados, mas isso não significa ser punido além do
que merecia, mas de acordo com o que merecia. Por exemplo, conforme Êxodo 22.9 um
homem deveria receber/pagar em dobro por qualquer transgressão. A deportação para
a Babilônia foi uma disciplina mais que suficiente e que agora começou o tempo do
perdão e da restauração (Is 43.25; 46.13).
A segunda voz anunciou a vinda de alguém que preparará o caminho do
Senhor. “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do SENHOR; endireitai no
ermo vereda a nosso Deus” (v. 3) – Os verdadeiros profetas eram “vozes”, pois falavam
em nome do Senhor. Eles chamavam a nação a voltarem arrependidos para o Senhor.
Cada escritor evangélico aplicou Isaías 40.3 a João Batista (Mt 3.1-4; Mc 1.1-4; Lc 1.7678; Jo 1.23).125 Ele foi um profeta no deserto, que preparou o caminho para Jesus Cristo
(cf. Mt 3.3). A figura utilizada é a de arautos reais que preparavam o caminho para que a
viagem do rei fosse um pouco mais fácil (v. 4). João tinha a tarefa de preparar as pessoas
para a chegada do Messias. Como resultado do trabalho deste mensageiro, “a glória do
Senhor”, uma manifestação visível da presença de Deus, será revelada (40.3-5).
A terceira voz salientou a eternidade da Palavra de Deus. “Toda a carne é
erva, e toda a sua glória, como a flor da erva...” (v. 6) – A Carne é temporal, mas a
Palavra de Deus permanece para sempre (40.6-8). Tanto a Assíria quanto a Babilônia
estavam extintas. Como a erva, as nações e seus líderes cumpriram seus propósitos e, em
seguida, desapareceram, mas a Palavra de Deus permanece para sempre (Sl 37.1-2;
90.1-6; 103.15-18; 1Pe 1.24-25).126 Porque a Palavra de Deus permanece, Sua profecia
sobre a restauração de Jerusalém será concretizada.
125
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1091–1092). Wheaton, IL: Victor Books.
126 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 109). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
A quarta voz é a do próprio Isaías. “Tu, ó Sião, que anuncias boas-novas, sobe
a um monte alto! Tu, que anuncias boas-novas a Jerusalém, ergue a tua voz
fortemente; levanta-a, não temas e dize às cidades de Judá: Eis aí está o vosso Deus!
(Is 40.9) – Como um mensageiro que está sobre a montanha, para que seja visto e
ouvido por todos, o profeta apelou à cidade que proclamasse em alta voz para todas as
outras cidades de Judá as boas-novas da presença de Deus ali (Cf. 12.3). Isaías exortou
Sião para anunciar às cidades de Judá: “Eis que o Senhor Deus virá com poder” (v. 10). Ele
imaginou o Senhor vindo: (1) Como um herói conquistador e, (2) Como um pastor gentil.
O conquistador recebeu como recompensa a ovelha que carregava nos braços (40.911).127 O braço de Deus é um braço forte para vencer a batalha (Is 40.10), mas é também
um braço amoroso para o carregar Suas ovelhas cansadas (v. 11). “Estamos em casa”
seria, certamente, uma boa notícia para as cidades devastadas de Judá (1.7; 36.1;
37.26).128
II. A majestade de Deus
“Quem na concha de sua mão mediu as águas e tomou a medida dos céus a
palmos?” (Is 40.12) – O principal objetivo dos capítulos 40-41 é demonstrar que o Deus
de Israel é superior a qualquer outro deus criado pelo homem. Ele é superior em (1)
comparação (2), confronto, e (3) compromisso.
A. Deus é superior em comparação (Is 40.12-31)
Os vários aspectos da majestade de Deus nesses versículos são repetidos muitas
vezes por Isaías ao longo dos próximos oito capítulos. Isaías fez uma série de perguntas
destinadas a colocar o homem no seu devido lugar.
Em primeiro lugar, Ele é maior do que o mundo criado. “Quem na concha de
sua mão mediu as águas e tomou a medida dos céus a palmos? Quem recolheu na
terça parte de um efa o pó da terra e pesou os montes em romana e os outeiros em
balança de precisão?” (Is 40.12) – A grandeza de Deus é indicada pela vastidão de Sua
criação. Deus é autossuficiente e independente. Ele não necessitou de conselhos ao criar
o mundo. O Senhor não precisa do homem para instruí-lo sobre o curso certo de cada
ação (40.12-14). Figurativamente, Isaías diz que Deus pode medir o vasto universo
estrelado com a amplitude de Sua mão. Também todo o pó da terra poderia ser colocado
em uma vasilha; e as montanhas e colinas, embora grandes, são tão pequenas em
comparação ao Eterno que podem ser pesadas em uma balança. Apesar da imensidão da
criação, ninguém na terra é igual a Deus.129
127
Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 40.1–11). Joplin, MO: College Press.
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 109). Wheaton, IL: Victor Books.
129 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1092). Wheaton, IL: Victor Books.
128
70
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Em segundo lugar, Deus é maior do que as nações. “Eis que as nações são
consideradas por ele como um pingo que cai de um balde e como um grão de pó na
balança; as ilhas são como pó fino que se levanta” (Is 40.15) – As nações são como
uma gota de água num balde, como um grão de poeira na balança. Se fosse para
construir um altar com todos os cedros do Líbano, e sacrificar todos os animais das
florestas, eles ainda não terão feito um sacrifício digno de um grande Deus (Is 40.15-17).
Para Ele, as nações não são nada; na presença dele, elas não têm nenhum valor (Is
40.17).
Em terceiro lugar, Deus é maior do que os ídolos. “O artífice funde a imagem,
e o ourives a cobre de ouro e cadeias de prata forja para ela” (v. 18) – Ídolos são
representações criadas pelo homem. Não importa quão bonito seja o artesanato, não
importa quão precioso sejam os materiais, os ídolos não podem capturar a essência de
Deus. O Senhor não é como uma imagem feita por um artista, que um ourives reveste de
ouro e cobre de enfeites de prata (v. 19).
“Quem não pode comprar ouro ou prata escolhe madeira de lei e procura um
artista competente que faça uma imagem que fique firme no seu lugar” (v. 20,
NTLH) – Com ironia Isaías escreveu cerca de dois ídolos feitos de metal por um artesão
e, em seguida, coberto de ouro e decorado com ornamentos de prata, e outros
selecionados por um homem pobre, um ídolo de madeira e trabalhado de modo que não
caia (Cf. Is 41.7; 44.9-20; 45.16, 20; 46.1-2, 6-7; Sl 115.4-7; 135.15-18; Jr 10.8-16; Hb
2.19). No entanto, ambos, utilizaram materiais que Deus criou, e as habilidades que Deus
lhes deu! Deus, porém, é diferente de qualquer ídolo. Ele é o Criador de todas as coisas,
incluindo as pessoas. Deus é único.130 Se os ídolos têm dificuldades para permanecer em
pé, como serão capazes de ajudar aqueles que os adoram? (40.18-20).
Em quarto lugar, Deus é maior do que os governantes. “Ele é o que está
assentado sobre a redondeza da terra, cujos moradores são como gafanhotos; é ele
quem estende os céus como cortina e os desenrola como tenda para neles habitar”
(v. 22) – Ele se senta no seu trono “sobre a redondeza da terra” providencialmente
defendendo e mantendo tudo o que existe. Os próprios céus são as cortinas de sua tenda!
Os governantes e poderosos deste mundo estão sob a Sua autoridade. Ele pode privá-los
do poder em um instante (v. 23). Ele simplesmente sopra sobre eles e eles murcham
como uma planta, e são arrancados de cena como palha sem valor (40.21-24).
130
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1093). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Em quinto lugar, Deus é maior do que as estrelas. “Levantai ao alto os olhos
e vede. Quem criou estas coisas? Aquele que faz sair o seu exército de estrelas, todas
bem contadas, as quais ele chama pelo nome; por ser ele grande em força e forte em
poder, nem uma só vem a faltar” (Is 40.26) – Corpos celestes não devem ser adorados
como na Mesopotâmia. O culto pertence apenas ao Santo, que criou as estrelas. Isaías
comparou Deus a um poderoso general que conduz suas tropas em todo o céu. Cada
estrela está no lugar exato que determinou. Implícito nesses versículos está um atentado
contra os princípios fundamentais da astrologia (40.25).
Finalmente, Deus é maior do que o desânimo. “Não sabes, não ouviste que o
eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da terra, nem se cansa, nem se fatiga?
Não se pode esquadrinhar o seu entendimento” (v. 28) – Diante da grandeza de Deus,
talvez sejamos tentados a pensar que somos pequenos demais para que Deus preste
atenção em nós: “Por que, pois, dizes, ó Jacó, e falas, ó Israel: O meu caminho está
encoberto ao SENHOR, e o meu direito passa despercebido ao meu Deus?” (Is 40.27, NTLH).
À luz do que Deus é, como poderia o povo pensar que ele os havia esquecido ou que
ignorava a situação em que se encontravam?
A conclusão errada da transcendência de Deus é que Ele é grande demais para
cuidar; o certo é que Ele é grande demais para falhar (28).131 O Senhor diz que não se
cansa e que o Seu conhecimento é infinito (v. 28). Uma vez que Deus, ao contrário dos
ídolos pagãos é eterno e Criador, nunca se cansa (v. 28), Ele pode dar força àqueles que
estão cansados ou fracos (v. 29 -31). Os israelitas desanimados nunca deveriam
esquecer quem é Deus! (1) Ele é eterno; (2) Ele é onipotente; (3) Ele é onipresente; (4)
Ele é onisciente; (5) Ele está sempre atento, e (6) Ele é compassivo. Ele pode fortalecer
os que esperam por Ele na fé. Esta infusão do poder espiritual faz com que os crentes,
sejam como (1) uma águia quando está voando, (2) um corredor em uma competição, e
(3) um andarilho em uma longa caminhada (40.27-31).132
C. Deus é superior em confronto (41.1-7, 21-29)
Isaías citou as palavras do Senhor durante todo o capítulo 41. O Senhor se dirigiu
pela primeira vez as nações, em seguida, ao povo de Israel e, finalmente, aos ídolos.
Todavia, a primeira e terceira parte foram escritas na forma de um confronto.
1. O confronto com as nações (41.1-7).
“O SENHOR Deus diz: “Povos das nações distantes, calem-se e escutem!
Renovem as suas forças e venham prontos para defender a sua causa. Vamos nos
reunir para resolver com quem está a razão” (Is 41.1, NTLH) – O Senhor ordenou as
131
Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible
commentary: 21st century edition (4th ed., p. 656). Leicester, England; Downers Grove, IL: InterVarsity Press.
132 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 40.12–31). Joplin, MO: College Press.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
nações distantes a ouvir, em seguida, reunir a sua força para que pudessem entrar no
tribunal contra Ele.
“Quem suscitou do Oriente aquele a cujos passos segue a vitória? (Is 41.2) –
Em seguida, as nações tomaram conhecimento de que Deus levantará um servo do
Oriente que dominará rapidamente os seus inimigos (v. 2). Esta é a primeira alusão ao
papel de Ciro, o persa (Is 44.28).133 Essas profecias foram, provavelmente, dadas
durante o reinado do Rei Ezequias, em torno de 700 a.C. Agora, Isaías profetiza a
ascensão de Ciro, o persa. O rei Ciro entrou em cena em 549 a.C. quando fez sua primeira
grande conquista ao superar Creso, rei da Lídia. Então o profeta Isaías está, pelo espírito
de Deus, olhando para o futuro distante, cerca de 150 anos a partir de seu próprio
tempo. Entretanto, nesta época, os filhos de Israel, estarão cativos na Babilônia (605-535
a.C.). E assim o profeta está olhando para o futuro e profetiza que Ciro vai entrar em
cena e vai ser o único, que abaixo de Deus, libertará o remanescente para que possam
voltar a cidade de Jerusalém.
Ciro será um pastor (44.28), ungido por Deus (45.1), uma ave de rapina que não
podia ser parada (46.11). “Ele pisa em cima de reis como se fossem lama; ele os trata como
um oleiro que amassa o barro com os pés” (41.25, NTLH). Embora, o rei Ciro não fosse de
fato um “servo de Deus”, alguém comprometido e temente, ele serviu ao Senhor,
cumprindo os propósitos de Deus na terra. Deus pode usar os líderes mundiais ainda
não convertidos para o bem do Seu povo e o progresso de Sua obra (Pv 21.1). Ele
levantou Faraó no Egito para demonstrar o Seu poder (Rm 9.17), usou o perverso
Herodes e o covarde Pôncio Pilatos para realizar Seu plano na crucificação de Cristo (At
4.24-28).134
Isaías proclamou que ao atravessar o território do leste ao norte da Terra Santa
(41.25), Ciro levará pânico ao reino da Lídia e as regiões costeiras mais distantes. Ciro
dominou com grande facilidade territórios em que ele nunca havia estado. Artesãos de
todos os tipos produzirão novos ídolos a fim de poupá-los do conquistador oriental (v.
7). Um operário incentiva o outro a ser rápida em terminar o ídolo, de modo a evitar o
perigo iminente. Porém, nenhum deus feito pelo homem será capaz deter o seu avanço
(41.5-7).
2. O confronto com os ídolos (41.21-29).
“Apresentai a vossa demanda, diz o SENHOR; alegai as vossas razões, diz o Rei
de Jacó” (Is 41.21) – Ao invés de se voltarem para o Senhor quando viram o seu ungido
Ciro se aproximando, as nações se voltaram para outro deus em busca de socorro e
fizeram mais ídolos. No entanto, o Rei de Jacó (Deus) desafiou os ídolos das nações a
provar que eles eram realmente deuses. Mais adiante, Isaías declarou: “Será que algum
de vocês anunciou que isso ia acontecer, para que nós ficássemos sabendo? Algum deus
falou disso no passado para que nós disséssemos: ‘Ele tinha razão’? Nenhuma imagem
anunciou nada a respeito disso, nenhuma nos avisou; não ouvimos vocês dizerem nem uma
133
134
Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 41.1–7). Joplin, MO: College Press.
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 112). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
só palavra” (Is 41.26, NTLH). Os ídolos não eram incapazes apenas de fazer qualquer
previsão, mas também, eram incapazes de falar: “Eis que todos são nada; as suas obras
são coisa nenhuma; as suas imagens de fundição, vento e vácuo” (Is 41.29).135 Os ídolos
não podiam predizer o futuro, nem podiam castigar ou libertar. Eles eram inúteis (Is
44.9; Sl 115.2-8; 1Co 8.4; 10.10; Gl 4.8). Nenhum ídolo foi capaz de prever o surgimento
de Ciro. No entanto, o Senhor havia anunciado esses eventos futuros a Sião, o Seu povo.
“Do Norte suscito a um, e ele vem, a um desde o nascimento do sol, e ele
invocará o meu nome; pisará magistrados como lodo e como o oleiro pisa o barro”
(Is 41.25) – Além disso, Ciro é conhecido pelo decreto que emitiu, permitindo que os
judeus retornassem à sua terra (cf. Ed 1.1-4). Ciro rapidamente e facilmente pisou todos
os seus inimigos (41.25). O anúncio foi recebido como uma boa notícia. Porém, entre os
representantes dos ídolos só havia silêncio.
A vida de Gideão é um bom exemplo de como Deus abomina a idolatria. A
primeira missão que Deus deu a Gideão não foi atacar os midianitas, mas a idolatria do
seu povo. Aliás, essa era a razão pela qual o povo de Israel não conseguia enfrentar os
midianitas. Eles estavam adorando a outros deuses e colocando sua fé em algo que não
era o Deus verdadeiro.
Essa foi a primeira batalha de Gideão e, provavelmente, a mais difícil porque em
seu próprio quintal havia um exemplo de idolatria. Joás, pai de Gideão, aparentemente,
havia construído um altar a Baal na propriedade dele e, também, um poste-ídolo (v. 26).
Não era apenas para uso privado da família. Obviamente, servia como o santuário da
aldeia e pai de Gideão, Joás, atuava como supervisor do culto pagão.
Deus disse a Gideão para levar um novilho e um boi de sete anos de idade, e usálos para derrubar o altar enorme de Baal. O jovem obedeceu, embora com grande
apreensão.
“Então, Gideão tomou dez homens dentre os seus servos e fez como o
SENHOR lhe dissera; temendo ele, porém, a casa de seu pai e os homens
daquela cidade, não o fez de dia, mas de noite” (Juízes 6.27).
Mais uma vez, a coragem não era uma virtude familiar para Gideão. No entanto,
ele havia mostrado uma vontade de obedecer ao Senhor, e que era um progresso em sua
fé.
Na manhã seguinte, os vizinhos de Gideão, quando viram o que ele havia feito,
exigiram sua morte, mas seu pai saiu em sua defesa e disse:
“— Vocês estão defendendo Baal? Se Baal é deus, que ele mesmo se
defenda. O altar dele é que foi derrubado” (Juízes 6.31, NTLH).
Daquele dia em diante, os vizinhos passaram a chamá-lo de Jerubaal, que
literalmente significa “Que Baal se defenda”. Assim, cada vez que o povo olhava para
135
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 114). Wheaton, IL: Victor Books.
74
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Gideão, eles se lembravam da fraqueza da Baal e do poder de Deus. Este valente
guerreiro ajudou a ver a importância de seguir apenas o único Deus verdadeiro.
Deus pode usar a nossa coragem em seguir a Jesus para motivar os outros a
segui-lo também. Deus deu a Gideão esta tarefa para que ele pudesse aprender que antes
de destruir os midianitas, Baal deveria ser destruído. Deus não tolera nenhum rival.
Verdadeiramente, grandes soldados seguem apenas UM comandante.
C. Superior no compromisso (Is 41.8-20)
Apesar do flerte de Israel com a idolatria, Deus permaneceu fiel à Sua aliança. Ele
garantiu ao Seu povo apoio e amor em quatro áreas.
Em primeiro lugar, Deus assegurou a posição do Seu povo. “Mas tu, ó Israel,
servo meu, tu, Jacó, a quem elegi, descendente de Abraão, meu amigo” (Is 41.8) –
Apesar de tudo o que aconteceu (o julgamento em Jerusalém) ou o que acontecerá
(ascensão de Ciro), os descendentes de Abraão ainda possuíam uma relação única com
Deus. Os termos “escolhido” e “meu servo” se aplicam a Israel (cf. 2Cr 20.7). Na pessoa
de Abraão, Deus chamou Israel “das extremidades da terra” (Ur dos Caldeus, At 7.2).
Assim, o “Servo” de Deus não precisa temer a ascensão de Ciro. O Senhor havia escolhido
o povo de Israel e, assim, fortalecerá, ajudará e sustentará o Seu com Sua destra fiel (Is
41.8-10). É interessante que Abraão é chamado de “amigo”. Essa é uma designação ainda
mais elevada do que “servo” (Jo 15.14-15; Tg 2.23) e fala de uma fidelidade ainda maior.
Mesmo que o povo de Israel estivesse exilado por causa do pecado e da descrença, eles
não foram rejeitados por Deus.136 Considerando que a aliança que o Senhor fez com
Abraão foi incondicional (Gn 15), Seus descendentes não precisavam temer. O Senhor
continuará sendo o Seu Deus (cf. Is 43.3) e continuará ao lado do Seu povo (cf. 43.5) e os
fortalecerá (cf. 40.31), os ajudará (cf. 41.13-14) e os preservará.
Em segundo lugar, Deus assegurou o livramento ao Seu povo. “Eis que
envergonhados e confundidos serão todos os que estão indignados contra ti; serão
reduzidos a nada, e os que contendem contigo perecerão” (Is 41.11) – Em contraste
com o povo de Israel, escolhido e preservado, Deus não vai proteger as nações inimigas
de Israel. A ascensão de Ciro, significará a libertação de Israel. Todas as nações hostis ao
povo de Deus serão envergonhadas. Os inimigos, finalmente, desaparecerão de cena da
história. Deus sempre estará presente para apoiar e incentivar o Seu povo. Portanto,
Israel não precisa ter medo (v. 14). O Santo de Israel será o Seu “Redentor” (goel, em
hebraico). A palavra “Redentor” significa aquele que tem a obrigação com outro (41.1114). Refere-se a um parente próximo que tinha a oportunidade e a responsabilidade de
136
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1094). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
adquirir de volta algo que um parente havia perdido (Rt 2.2). No livro de Rute, o
resgatador tinha neste caso uma dupla obrigação: resgatar a área de terra que Noemi
havia posto à venda (Rt 4.3) e casar-se com Rute para assegurar uma descendência a
Elimeleque (Rt 1.1–5). Assim, o resgatador era responsável por preservar o nome, a
integridade, a vida, a propriedade e a família do seu parente próximo ou a execução de
justiça sobre o seu assassino (Rt 4.5).137
“Não temas, ó vermezinho de Jacó...” (v. 14) – A mudança de tom é óbvia, mas os
intérpretes têm divergido sobre as suas implicações. No Antigo Testamento, a palavra
“vermezinho” (tôlāʿ, em hebraico), muitas vezes simboliza a fragilidade e insignificância
do homem (Jó 25.6; Is 41.14).138 Trata-se das de uma referência ao desprezo que as
nações ímpias sentiam por Israel; esse mesmo termo de maneira semelhante para o
Messias na cruz (Sl 22.6). Assim, essa expressão é mais compreensível como um
lembrete para Israel como advertência para não ter medo, mesmo que sejam apenas
erva, flores silvestres ou um vermezinho.139 Para Calvino, a palavra “verme” pode ser
entendida como um lamento pela condição vergonhosa do povo, e também, um incentivo
para valorizar a esperança.140
Em terceiro lugar, Deus assegurou a vitória ao Seu povo. “Eis que farei de ti
um trilho cortante e novo, armado de lâminas duplas; os montes trilharás, e moerás,
e os outeiros reduzirás a palha” (Is 41.15). Após a libertação através de Ciro, Israel se
tornará uma máquina de debulhar trigo. Esse instrumento era puxado por bois sobre a
eira, a fim de libertar as sementes do grão, a casca. Montanhas de grãos (as nações)
serão trilhadas por Israel. Enquanto o vento sopra essas cascas inúteis para longe, e o
povo de Israel se alegrará no Senhor (41.16).
Em quarto lugar, Deus assegurou ao Seu povo de Sua disposição. “Os aflitos
e necessitados buscam águas, e não as há, e a sua língua se seca de sede; mas eu, o
SENHOR, os ouvirei, eu, o Deus de Israel, não os desampararei” (Is 41.17). Quer sejam
atingidos, carentes ou sedentos, Deus responderá às orações do Seu povo. Ele lhes dará
abundância de águas e transformará seus desertos em florestas. Deus fará com que
árvores (sete tipos são mencionados) cresçam no deserto enquanto que normalmente a
maioria dessas árvores cresce somente em áreas férteis.141 Deus pode tomar o mais
árido deserto, e torná-lo uma floresta. Água abundante na literatura profética é uma
137
Vine, W. E., Unger, M. F., & White, W., Jr. (1996). Vine’s Complete Expository Dictionary of Old
and New Testament Words. Nashville, TN: T. Nelson.
138 Youngblood, R. F. (1999). 2516 ‫תלע‬. (R. L. Harris, G. L. Archer Jr., & B. K. Waltke,
Orgs.)Theological Wordbook of the Old Testament. Chicago: Moody Press.
139 Watts, J. D. W. (1998). Isaiah 34–66 (Vol. 25, p. 105–106). Dallas: Word, Incorporated.
140 Calvin, John Calvin. Commentary on Isaiah - Volume 3, Grand Rapids, MI: Christian Classics
Ethereal Library, p. 160.
141 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1094–1095). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
figura para a bênção espiritual; e a vegetação exuberante, a provisão do povo de Deus
(41.17-20). Certamente Isaías também estava olhando além do retorno da Babilônia
para o reino futuro, quando “O deserto se alegrará, e crescerão flores nas terras secas” (Is
35.1, NTLH).142
“para que todos vejam e saibam, considerem e juntamente entendam que a
mão do SENHOR fez isso, e o Santo de Israel o criou” (Is 41.20) – Esse versículo
resume a visão do profeta. Ele olha para o céu e diz que Deus criou as estrelas e as
colocou no espaço (Is 40.22). Ele olha para a história de Israel a partir do século VIII em
diante, as invasões da Assíria, a queda de Samaria e, finalmente, a queda de Jerusalém e
diz: O Senhor planejou e o fez (cap. 1-39). Ele olha para a ascensão da Assíria, a sua
queda, e agora o surgimento da Pérsia, e diz o Senhor fez isso (capítulos 7-10, 41.2).143
Em tudo isso, a profecia vê o plano e o propósito do Senhor, e convida a todos os crentes
a fazerem o mesmo.
Conclusão:
Isaías 41 foi escrito para dar ao povo de Israel coragem e confiança em meio a
circunstancias difícil. Além disso, foi escrito também para nos dar a bendita segurança
de que quando colocamos a nossa confiança em Deus, experimentamos a Sua presença e
a alegria da vitória sobre nossos inimigos.
A grande lição que encontramos no capítulo 41 pode ser resumida na forma como
Paulo coloca em Romanos: “Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós,
quem será contra nós?” (Rm 8.31).
Aos 27 anos, o artista holandês Rembrandt pintou a paisagem de “Cristo na
Tempestade” no Mar da Galiléia baseado na história em Marcos 4. Com o seu contraste
distintivo de luz e sombra, a pintura de Rembrandt mostra um pequeno barco ameaçado
de destruição em uma tempestade furiosa. Enquanto os discípulos lutavam contra o
vento e as ondas, Jesus permanecia tranquilo. No entanto, o aspecto mais inusitado, é a
presença no barco de um 13º discípulo a quem dizem os especialistas em arte
assemelha-se a Rembrandt.144
Também poderíamos nos colocar nessa história e descobrir, assim como os
discípulos, que, para cada pessoa que confia em Jesus Cristo, Ele revela Sua presença,
compaixão e controle em todas as tempestades da vida.
Por que confiar nos ídolos? Por que confiar em qualquer outro deus que não seja
o Deus verdadeiro que enviou Jesus Cristo? Não há esperança em nenhum outro.
142
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 113–114). Wheaton, IL: Victor Books.
Watts, J. D. W. (1998). Isaiah 34–66 (Vol. 25, p. 107–108). Dallas: Word, Incorporated.
144 http://odb.org/2014/04/29/christ-in-the-storm/
143
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Isaías 42.1-4
O Servo de Deus.
Introdução:
10
Como um arauto solitário diante de um povo desesperado, no capítulo 42, Isaías
começa com um chamado: “Eis aqui o meu servo...” (Is 42.1). A palavra “Eis” (hen, em
hebraico) é uma interjeição e serve para exprimir de modo enérgico e conciso um
sentimento, uma emoção ou uma ordem. A palavra significa “veja!”, “certamente!”,
“agora!” ou “oh!”.145 A palavra era utilizada, também, para chamar a atenção para algum
fato ou para a conclusão de um assunto.
É interessante que essa mesma palavra havia sido utilizada no capítulo anterior
quatro vezes (Is 41.11, 15, 24, 29). Mas nos últimos seis versículos do capítulo 41, a
palavra “Eis” aparece duas vezes (v. 24 e 29). Porém, nesses dois versículos, essa
interjeição chama a atenção para a idolatria. Assim, o contexto imediato de Isaías 42 é
sobre a idolatria de Israel. E, em resposta, vem à profecia sobre o Servo de Deus. Então,
Isaías usa as palavras: “Eis que” para chamar a atenção para o problema da idolatria em
Israel. E agora, no capítulo 42, ele usa a palavra: “Eis que” para chamar a atenção para a
solução, para onde realmente o povo de Israel deveria depositar sua esperança e
confiança - não em ídolos, mas no Deus vivo. Assim, o Servo é a promessa, a solução e a
resposta para o problema da idolatria de Israel.
Em Isaías 42, Deus graciosamente fala de um Servo que realmente é capaz de
fazer todas as coisas que Israel procura nos ídolos e não encontra. O profeta Isaías nos
apresenta quatro características do caráter e a função do Servo de Deus nesta passagem.
I. Um Servo escolhido por Deus
“Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a minha
alma se compraz; pus sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os
gentios” (Is 42.1) – O capítulo 42 começa com o primeiro dos cinco poemas em que o
foco está sobre aquele que é chamado de Servo de Deus (Is 42; 49.1-6; 50.4-9; 52.1353.12; Is 61).
A linguagem é pessoal, levando à conclusão de que o profeta estava prevendo o
surgimento de um único indivíduo. As declarações nos versículos 1-4 sugerem que aqui
o Servo seja o Messias.146 Tão certo como o Senhor levantará Ciro como um libertador
temporal, para Judá, Ele levantará o Messias que libertará todo o Seu povo. E Ele o fez. O
145
Brown, F., Driver, S. R., & Briggs, C. A. (2000). Enhanced Brown-Driver-Briggs Hebrew and
English Lexicon. Oak Harbor, WA: Logos Research Systems.
146 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1095). Wheaton, IL: Victor Books.
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Deus que soberanamente governa, enviou o Seu Servo, Jesus Cristo, para estabelecer Seu
reino para sempre.
Seria difícil para Judá pensar em tal promessa devido às ameaças do exílio. No
entanto, as promessas de Deus nunca falham; elas não são baseadas em nossas
circunstâncias, mas em decretos eternos de Deus. O Senhor enviou o Seu Servo (ʿebed,
em hebraico) para ser o nosso Libertador.147 Observe três lições a respeito deste Servo:
“Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a minha
alma se compraz...” (Is 42.1) – O Senhor Deus se identifica com o Servo – “Meu Servo”.
Este Servo é designado por Deus, escolhido por Deus e sustentado por Deus.
“... a quem sustenho” – Deus vai “sustentar” o Ungido, de tal forma que colocará
toda a carga sobre Ele, como mestres geralmente fazem com seus servos fiéis; é uma
prova de fidelidade extraordinária, que Deus o Pai vai entregar tudo a Ele, e vai colocar
na Sua mão o Seu próprio poder e autoridade (Jo 13.3, 17.10).148 A palavra “suster”
significa “agarrar, segurar com firmeza”. O verbo também é usado da ordem soberana de
Deus dos assuntos da história. Ele traz julgamento, quando necessário (Am 1.5, 8) até
envia Seu servo (Is 42.1). Da mesma forma no Salmo 16, Deus “sustenta” o Messias (Sl
16.5).149
“... Meu escolhido” – Nesta passagem, a palavra “escolhido” significa “excelente”,
como em muitas outras passagens; para os que estão na própria flor da idade são
chamados de jovens escolhidos (1Sm 26.2 e 2Sm 6.1).150 Jeová, portanto, o chama de
“um servo excelente”, porque traz a mensagem de reconciliação, e todas as Suas ações
são dirigidas por Deus. Ao mesmo tempo Ele demonstra Seu amor imerecido, pelo qual
nos abraçou, em Seu Filho unigênito, para que em Cristo, pudéssemos contemplar uma
exposição ilustre da eleição pela qual fomos adotados na esperança da vida eterna.
“... Em quem a minha alma se compraz...” (Is 42.1) – Além disso, Deus se
deleita neste Servo. Você pode ter um empregado ou alguém que presta um serviço
específico. Você pode até apreciar o trabalho deste funcionário, mas isso não significa
147
O uso mais importante do termo “servo” é como uma designação messiânica, o mais
proeminente, termo técnico pessoal para representar o ensino do Antigo Testamento sobre o
Messias. As passagens centrais de ensino sobre este tema encontram-se nos últimos vinte e sete
capítulos de Isaías. Kaiser, W. C. (1999). 1553 ‫ ָעבַד‬. (R. L. Harris, G. L. Archer Jr., & B. K. Waltke,
Orgs.)Theological Wordbook of the Old Testament. Chicago: Moody Press.
148 Calvin, John Calvin. Commentary on Isaiah - Volume 3, Grand Rapids, MI: Christian Classics
Ethereal Library, p. 175.
149 Patterson, R. D. (1999). 2520 ‫מך‬
ַ ָ‫תּ‬. (R. L. Harris, G. L. Archer Jr., & B. K. Waltke, Orgs.)Theological
Wordbook of the Old Testament. Chicago: Moody Press.
150 Vine, W. E., Unger, M. F., & White, W., Jr. (1996). Vine’s Complete Expository Dictionary of Old
and New Testament Words. Nashville, TN: T. Nelson.
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intimidade ou amizade verdadeira. Todavia, isso não acontece com o Servo de Deus.
Isaías diz que o Servo foi escolhido por Deus, Ele foi chamado por Deus para fazer uma
tarefa muito importante, mas o Senhor usa uma linguagem muito poderosa sobre Ele.
Olhe o que Ele diz - “... Em quem a minha alma se compraz...” (Is 42.1). Em outras palavras
é como se Deus dissesse: “Aqui está à solução, Israel. Vou dar-lhe o meu Servo em quem
a minha alma se deleita”. O Senhor tem prazer neste Servo. Ele se alegra com a vida do
Servo. Os escritores do Novo Testamento reiteraram isso quando registraram as
ocasiões de Deus expressando Sua alegria no Filho, Jesus Cristo.
No batismo de Cristo, a voz veio do céu dizendo: “Este é o meu Filho amado, em
quem me comprazo” (Mt 3.17). O batismo de Jesus recebeu a autenticação do céu.
Todas as Pessoas da Trindade estiveram presentes no evento: o Pai, que falou do Filho, o
Filho que estava sendo batizado e o Espírito que desceu sobre o Filho como uma pomba.
Ele também estava de acordo com a profecia de Isaías que o Espírito repousaria sobre o
Messias (Is 11.2). Quando iniciou o ministério, o Filho foi aprovado pelo Pai; Ao se
aproximar da cruz (Mt 17.5), Ele recebeu elogios novamente.
Na Transfiguração a voz foi ouvida novamente: “Este é o meu Filho amado, em
quem me comprazo; a ele ouvi” (Mt 17.5). A autenticação celestial, a voz de Deus foi
tão impactante que anos mais tarde, quando Pedro escreveu sua segunda epístola, ele se
referiu a este evento (2Pe 1.16-18).151
Em seguida, a voz do céu, afirmou o prazer de Deus com o sacrifício perfeito do
Filho: “Pai, glorifica o teu nome. Então, veio uma voz do céu: Eu já o glorifiquei e
ainda o glorificarei” (Jo 12.28). O Pai falou do céu com uma voz de trovão, confirmando
Sua obra em Jesus, tanto no passado quanto no futuro. A voz era audível, mas nem todos
entenderam (cf. v 30, At 9.7; 22.9).152 E, de fato, na ressurreição o Pai exibiu Seu prazer
perfeito no Filho quando Ele “foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai” (Rm
6.4), de modo que “Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o Nome que está acima de todo
nome” (Fp 2.9). De fato, o Senhor se deleita neste Servo.
“... Pus sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os gentios”
(Is 42.1) – Encontramos o Espírito Santo trabalhando de várias maneiras na vida do
Servo de Deus, Jesus Cristo.
1. Na concepção do Filho no ventre de Maria, foi-lhe dito: “Descerá sobre ti o
Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso,
também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus” (Lc 1.35).
2. No Seu batismo o Espírito Santo desceu sobre Cristo “Como uma pomba” (Mt
3.16).
151
Barbieri, L. A., Jr. (1985). Matthew. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 2, p. 60). Wheaton, IL: Victor Books.
152 Blum, E. A. (1985). John. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 2, p. 318). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
3. O Espírito, em seguida, levou Jesus para o deserto, onde nosso Senhor
enfrentou as tentações mais fortes que Satanás poderia arremessar. Ao
contrário do primeiro Adão, que sucumbiu à tentação de Satanás, o segundo
Adão perfeitamente resistiu ao diabo e permaneceu sem pecado (Mt 4.111).
4. Em Seu ministério público, Jesus demonstrou regularmente que o Espírito
Santo estava sobre Ele. Lucas nos diz que Cristo voltou do deserto “para a
Galiléia no poder do Espírito Santo” (Lc 4.14). Os demônios se sujeitaram a
Ele; assim como todas as enfermidades e os efeitos da queda que haviam
atormentado os homens desde que o pecado entrou no mundo e trouxe
consigo um grande sofrimento.
5. Finalmente, em Sua morte, ressurreição e ascensão, encontramos o Espírito
trabalhando de uma forma única. Foi através do Espírito eterno que Ele “se
ofereceu sem mácula a Deus” (Hb 9.14). Pedro nos diz que Cristo foi
condenado à morte na carne “mas vivificado pelo Espírito” (1Pe 3.18). Então
Cristo subiu de volta ao Pai, depois de ter recebido a promessa do Espírito, e
assim derramou o Seu Espírito sobre a Igreja como Seu dom de ascensão
para os remidos (At 2.33).
É através do ministério do Servo que Deus concretizará Seu grande plano de
salvação. Deus o escolheu, sustentou e permitiu que Ele tivesse sucesso em Sua missão.
Na cruz, o Senhor Jesus Cristo pagou o preço (o seu próprio sangue; 1Pe 1.18-19) para
resgatar os homens de cada tribo (descendência), língua (linguagem), povo (raça) e
nação (cultura) do mercado de escravos do pecado (cf. 1Co 6.20, 7.23, Gl 3.13; Ap 7.9,
11.9, 13.07, 14.6).
Um dia toda criação se juntará para adorar o Cordeiro de Deus (Ap 5). É
maravilhoso saber que a história não é tão assustadora como parece. Seja o que for que
enfrentemos, podemos descansar seguros com aquele que dá sentido e esperança, “o
Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi”. O povo de Deus pode celebrar ainda na que na
terra a vitória já decretada no céu. Um dia vamos fazer parte de um grande coral
celestial.
II. O trabalho do Servo
“... Pus sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os gentios”
(Is 42.1b) – O Servo vai estabelecer a justiça, ao contrário da liderança infiel e injusta de
Israel. Este servo vai governar com fidelidade e justiça. Israel e Judá haviam visto muitos
profetas, sacerdotes e reis. Alguns realizaram fielmente seus ofícios; outros não, levando
o povo a idolatria. Alguns abusaram dos Seus ofícios ao maltratarem as pessoas que eles
foram chamados para servir. No entanto, isso não pode ser dito do Servo de Deus, Jesus
Cristo.
81
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Três vezes nesses quatro versículos, encontramos a palavra “direito”. A repetição
enfatiza a certeza de que o Servo de Deus vai fazer. “Ele promulgará o direito para os
gentios” (Is 42.1). O que Ele quer dizer com “direito” (justiça)? A palavra “direito”
(mishpat, em hebraico) significa decidir casos de controvérsia como juiz em processos
civis, nacionais e religiosas. Em tais casos, era dever do juiz especificamente julgar com
mispat (justiça, ver Sl 72.2-4), “eles devem justificar os justos e condenar os ímpios” (Dt
25.1).153
Assim, o significado de justiça em Isaías 42.1-4, não é nada menos do que colocar
os planos de Deus para o Seu povo em todos os Seus efeitos, e tornar a verdade sobre o
Senhor, o Deus de Israel, conhecido em toda parte, especialmente o fato de que apenas
Ele é o criador soberano e Senhor da história. Não é nada menos do que a salvação de
Deus definida no Seu sentido mais amplo. Na linguagem do Novo Testamento, a justiça
refere-se à obra de Cristo no evangelho pelo qual foi estabelecida a justiça eterna para as
nações por meio da cruz de Cristo.
“... Ele anunciará a minha vontade a todos os povos” (Is 42.1b, NTLH) – Essa
justiça inclui a libertação do pecado. Mas como é que Ele faz isso? Logo visualizamos a
imagem de um rei conquistador, que era, certamente, a ideia principal que os judeus
tinham do Messias. Ele será um rei poderoso que levará suas tropas poderosas e
derrotará Seus inimigos. Mais tarde, Ciro fará exatamente isso em nome dos judeus
capturados e exilados, quando o rei persa libertará os judeus de seus captores
babilônicos.
“Não clamará, nem gritará, nem fará ouvir a sua voz na praça” (Is 42.2) –
Porém, ao contrário dos conquistadores estrangeiros, o Servo de Deus não surgirá
gritando Seus decretos nas ruas, nem esmagará os oprimidos ou desencorajados. Os
conquistadores usam o poder para esmagar, o Servo de Deus será radicalmente
diferente. Ele será compassivo e manso.
Nunca encontraremos autopromoção ou autoengrandecimento ou manipulação
no ministério de Cristo. Mesmo na entrada triunfal em Jerusalém Ele cavalga sobre um
jumentinho em vez de um cavalo real (Mt 21). Ele disse aos que estavam cansados:
“Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e
achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mt
11.29-30).
Sem gritar ou dar ordens, Jesus veio em silêncio e com humildade, como o
Salvador dos pecadores. Mesmo em Sua morte, Ele não lutou, não reclamou nem mesmo
chamou a atenção para Si. O último dos Cânticos do Servo coloca isso dessa forma: “Ele
foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro;
Culver, R. D. (1999). 2443 ‫שׁפַט‬
ָ . (R. L. Harris, G. L. Archer Jr., & B. K. Waltke, Orgs.)Theological
Wordbook of the Old Testament. Chicago: Moody Press.
153
82
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca” (Is 53.7). Jesus
calmamente e gentilmente abraçou a cruz em nosso nome.
Agora, essa não é a última vez que esse assunto aparece na Bíblia. Mateus cita
essa passagem no capítulo 12 do seu Evangelho. Os fariseus conspiravam contra Jesus,
procurando tirar-lhe a vida. Porém, em resposta a isso, Jesus foi embora, e muita gente o
seguiu. Ele curou todos os que estavam doentes e mandou que não contassem nada a
ninguém a respeito dele (Mt 12.15). Em outras palavras, Ele não entrou em uma
discussão com os fariseus, Ele não entrou em uma briga com eles, Ele não tentar
promover-se sobre os Seus planos, Ele simplesmente retirou-se e disse aos Seus
seguidores que não contassem nada a ninguém. E isso traz a mente de Mateus o que
disse o profeta Isaías. Veja o versículo 17: “para se cumprir o que foi dito por intermédio
do profeta Isaías: Eis aqui o meu servo, que escolhi, o meu amado, em quem a minha alma
se compraz. Farei repousar sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará juízo aos gentios” (Mt
12.17-18). Mateus está dizendo que Jesus é a concretização da promessa de Isaías 42.
Jesus é a resposta para o problema da idolatria. Jesus é a resposta de Deus.
III. A compaixão do Servo
“Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega; em
verdade, promulgará o direito” (Is 42.3) – Depois de ter declarado, em geral, de que
Cristo será diferente dos príncipes da terra, Isaías menciona Sua brandura ao sustentar
o fraco e o cansado.
“Não esmagará a cana quebrada...” – A palavra “cana” (pishteh, em hebraico)
significa linho (referindo-se à planta).154 A cana é uma haste alta, ou uma planta com
caule oco, geralmente, encontrada em área alagadiça ou junto a manancial de água. É
uma planta flexível, então pode se dobrar facilmente quando atacada por fortes ventos
ou água corrente. A “cana” ou “galho” poderia ser utilizado como “vara”. Mas uma vez
que estivesse “quebrada” ou “esmagada” não teria nenhuma utilizada nas mãos de um
pastor.
“... nem apagará a torcida que fumega; em verdade, promulgará o direito” (Is
42.3) – “... nem apagará a luz que já está fraca” (NTLH). A torcida é um pavio que
queima com fogo fraco por falta de combustível e está prestes a expirar.155 Essa
metáfora é da mesma importância que a anterior. A imagem do caniço
quebrado/rachado e o pavio fumegante são destinados a significar algo fraco, algo que
não está funcionando como deveria.
154
Swanson, J. (1997). Dictionary of Biblical Languages with Semantic Domains : Hebrew (Old
Testament). Oak Harbor: Logos Research Systems, Inc.
155 Freeman, J. M., & Chadwick, H. J. (1998). Manners & customs of the Bible (p. 361). North
Brunswick, NJ: Bridge-Logos Publishers.
83
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Entretanto, o nosso Salvador é compassivo. Ele não abandona os fracos, e
quebrados. Ninguém é digno dEle; todavia, o Seu objetivo não é encontrar os que são
dignos, mas aqueles que estão desesperados, impotentes e necessitados. Aqueles que
não podem oferecer nada a Deus. Ele veio para redimir os pecadores. Ele veio para as
pessoas fracas e indefesas. O ministério de Cristo foi direcionado para aqueles que
percebem que têm uma necessidade: Apenas pessoas doentes precisam de médico (Mt
9.12).
Quando leio essas palavras várias imagens surgem na minha mente, mas uma
delas é o encontro de Jesus com a mulher que havia sido apanhada em adultério. Ela
estava tão perto de ser apedrejada até a morte por um grupo de fariseus, mas estava
ainda mais perto de perder a presença de Deus por toda a eternidade por causa do seu
pecado. E Jesus não a desprezou. Pelo contrário, Ele disse: “Mulher, onde estão aqueles
teus acusadores? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém, Senhor! Então, lhe disse
Jesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais.] (Jo 8.10-11).
Jesus a libertou de sua escravidão e da condenação de uma vida de pecado e a
colocou no caminho da retidão e da bênção. Ele não esmagou a cana quebrada, nem
apagou a torcida que fumega (Is 42.3).
IV. A força do Servo
“Não desanimará, nem se quebrará até que ponha na terra o direito; e as
terras do mar aguardarão a sua doutrina” (Is 42.4) – Embora Ele seja manso
aprendemos no versículo 4, que Ele não é fraco. Embora possamos ser “feridos” o Servo
não será “esmagado”. Embora fiquemos desesperados, o Servo não fica “desanimado”. O
que nos afeta por causa do pecado não O afeta.
“... até que ponha na terra o direito” (Is 42.4) – Ele fielmente trará justiça
(direito). Nada pode detê-lo. Apesar de todos os exércitos do inferno procurar derrotáLo, ninguém foi capaz. Ele fielmente concretizou o plano redentor de Deus quando se
levantou em nosso lugar diante da ira de Deus e sentiu os golpes do julgamento divino
sobre nós. É por isso que Paulo declarou aos crentes de Filipos: “Estou plenamente certo
de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus”
(Fp 1.6). O que Deus começa, Ele termina!
“... E as terras do mar aguardarão a sua doutrina” (Is 42.4) – Israel tinha um
problema grave ao pensar que Deus era para eles e apenas eles. Mas a justiça da
salvação não era apenas para Israel, mas “para as nações”. A última frase expressa essa
verdade poeticamente, “e as terras do mar aguardarão a sua doutrina” (ou Sua instrução,
como Calvino aponta, em última análise se refere ao evangelho).156 “As terras do mar”
156
Calvin, John Calvin. Commentary on Isaiah - Volume 3, Grand Rapids, MI: Christian Classics
Ethereal Library, p. 178.
84
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
implica os confins da terra. É o que João descreve a identificar a obra redentora de Cristo
para as pessoas “de toda tribo, língua, povo e nação” (Ap 5.9). Nenhum grupo será
deixado de fora da obra redentora de Cristo. Esse é o poder da morte de Cristo e esse é o
alcance do Seu amor e misericórdia.
Conclusão:
Em Isaías 42, Deus anuncia o Seu caminho de salvação e libertação, não apenas
para Israel, mas para as nações. Ele enviará o Seu Servo, que será capacitado e orientado
pelo Seu Espírito. Ele vai estabelecer a justiça na terra e trazer a salvação, mesmo para
os gentios. Somente o único e verdadeiro Deus verdadeiro e poderoso poderia anunciar
algo tão notável e, em seguida, concretizá-lo.
Charles Colson é conhecido em todo o mundo como o fundador da Prison
Fellowship Ministries. O primeiro livro de Colson, Born Again, conta a dramática história
de sua conversão depois de ter sido condenado à prisão por seu papel no escândalo de
Watergate, durante a administração de Richard Nixon. Charles Colson era o conselheiro
chefe do presidente norte-americano entre 1969 e 1973. Investigações sobre seu
envolvimento no caso Watergate, criaram uma grave crise política.
Alguns meses mais tarde, Charles Colson foi preso e condenado a três anos de
prisão federal. Neste intervalo, converteu-se ao cristianismo e mudou radicalmente sua
vida. Após sete meses de prisão, Colson sai em condicional e passa a se dedicar a
promover assistência social e espiritual a presidiários, fundando a organização Prison
Fellowship Ministries.
Enquanto estava na prisão, Colson foi defendido pelo senador Harold Hughes, um
crente que se ofereceu para pagar a sentença de Colson. Porém, o juiz recusou, mas
Colson foi profundamente impactado pelo exemplo da liderança servidora que viu em
Hughes.
Charles Colson nunca tinha visto um sacrifício amoroso durante seus anos nos
círculos internos do poder político. Talvez seja porque o conceito de liderança servidora
não se originou na Terra. Ela veio direto do céu na pessoa de Jesus, o Messias, que “não
veio para ser servido, mas para servir” (Mc 10.45). Jesus não criou um alvoroço, por assim
dizer, Ele restaurou a mais quebrada das vidas. Ele foi o cumprimento das promessas da
aliança de Deus com Israel, e Ele trouxe luz aos gentios. Não é de admirar que Mateus
citou Isaías 42 ao se referir ao Senhor Jesus (Mt 12.18-21).
É interessante que o símbolo de Prison Fellowship é um caniço quebrado de Isaías
42.3. Essa passagem é uma lembrança maravilhosa de que Jesus Cristo pode restaurar
vidas quebradas.
Todos nós estamos quebrados em algum grau. Onde você se sente mais fraco e
inadequado em sua vida no serviço para Cristo? Esse é o lugar onde Ele deseja mostrarlhe o Seu poder. Ele pode trocar a sua fraqueza por Sua força hoje.
85
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Isaías 44-45
Ciro, um instrumento nas mãos de Deus.
Introdução:
11
O fato de Deus ser o Senhor da história, implica que tudo o que ocorre serve a Seu
propósito, seja de uma forma ou de outra. Nações e governantes estão completamente
nas mãos de Deus que, até mesmo, pode chamar o rei Ciro, de Seu pastor e ungido (Is
44.28; 45.1).157 O Senhor não precisa que as pessoas O conheçam ou reconheçam Sua
existência a fim de que possam servi-Lo. Todas as criaturas lhe estão sujeitas.
Deus havia anunciado três vezes, até agora, a sua intenção de levantar um
libertador gentio para o Seu povo (41.2-5; 41.25; 43.14). Em uma das previsões mais
extraordinárias da Bíblia, Isaías profetiza, cerca de 150 anos antes, o reinado de Ciro no
cenário da história.
I. O comissionamento de Ciro (Is 44.24-28)
“Eu sou o SENHOR, que faço todas as coisas, que sozinho estendi os céus e
sozinho espraiei a terra” (Is 44.24) – O Redentor de Israel, o todo-poderoso é o único
que (1) Formou Israel no ventre da escravidão no Egito (Is 44.24); e (2) Criou os céus e a
terra (Is 44.24); (3) Frustrou os presságios dos adivinhos (Is 44.25); (4) Concretiza Sua
palavra. Esse Deus todo-poderoso, que pode secar oceanos e rios, anunciou Sua intenção
de restaurar as cidades de Judá que seriam deixadas em ruínas pelos caldeus (Is 44.2627). Aqueles que disseram que Deus não poderia libertar o Seu povo da Babilônia serão
envergonhados quando as previsões fossem cumpridas.158 O agente humano por meio
do qual essa promessa será cumprida é especificamente nomeado. Ciro tornará possível
a restauração de Jerusalém e do Templo (Is 44.28).
“Ele é meu pastor e cumprirá tudo o que me apraz” (Is 44.28) – É curioso notar
que Ciro, um rei pagão, tornou-se instrumento de Deus para realizar algo de bom para o
povo de Deus. Jerusalém havia caído para a Babilônia e enfrentou 70 anos de cativeiro. O
Senhor prometeu através de Jeremias, o profeta, que eles voltariam para Judá um dia.
Ora, aquele dia estava chegando nos planos do Senhor.
Esta não foi a única vez que o Senhor usou um rei pagão para avançar o Seu reino.
Outros exemplos são Faraó e José, muito mais tarde, Faraó e Moisés. Já o rei
Nabucodonosor foi o instrumento do julgamento de Deus (Dn 1.1). Agora Ciro é
157
HOEKAMA, Anthony. A Bíblia e o futuro. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001, p. 220.
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1099). Wheaton, IL: Victor Books.
158
86
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
chamado de pastor, porque ele seria usado para cuidar do povo de Deus. Como são
surpreendentes os pensamentos e os planos do nosso Deus! (Jr 29.11).
II. O sucesso de Ciro (Is 45.1-8)
“Assim diz o SENHOR ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita,
para abater as nações ante a sua face, e para descingir os lombos dos reis, e para
abrir diante dele as portas, que não se fecharão” (Is 45.1) – O texto diz que Ciro era o
ungido do Senhor. A palavra “ungido” é uma referência aos dois primeiros reis de Israel,
Saul e Davi, que foram ungidos por Deus (1Sm 10.1, 16.6). Desde que Israel no exílio não
tinha rei, Ciro funcionava como o seu rei (o ungido) para trazer bênção. A palavra
“ungido” significa, literalmente, “Messias”. Assim, Ciro terá uma dupla missão: libertar o
povo, e trazer o julgamento de Deus sobre os descrentes.159 “A quem tomo pela mão
direita” – Ou seja, foi Deus quem conduziu Ciro em tudo. Não foi uma obra isolada de
Deus, mas uma obra realizada a dois. Ciro foi chamado para fazer o que Deus havia
determinado em prol de Judá e contra os inimigos de Judá, os babilônicos.
Ciro (o Grande) assumiu o trono em 559 a.C. Ele foi criado por um pastor depois
que o seu avô, Astiages, rei dos Medos, ordenou que ele fosse morto. Aparentemente,
Astiages havia sonhado que Ciro o sucederia como rei antes da morte do monarca. O
oficial encarregado da execução, ao invés de assassiná-lo, levou o menino para as colinas
e o entregou aos pastores.160 Quando adulto, Ciro organizou um exército persa (até
então um povo tributário dos Medos) e se revoltou contra o seu avô e pai (Cambises I).
Ele os derrotou e conquistou o trono. Um de seus primeiros atos como rei de MedoPersa foi lançar um ataque contra Lídia, capital de Sardes e saquear as riquezas do seu
rei, Creso. Voltando-se para o leste, Ciro continuou sua campanha até conquistar um
vasto império, que se estendeu desde o Mar Egeu até a Índia.
Em 539 a.C., Ciro conquistou a Babilônia. Em uma noite de 5/6 de outubro de 539
a.C., Ciro acampou em volta da Babilônia com seu exército. Enquanto os babilônicos
festejavam, Ciro desviou as águas do Rio Eufrates. Eles atravessaram o rio com a água na
altura da cintura e entraram sem lutar, visto que os portões estavam abertos.161 Em
seguida, os registros bíblicos informam que Ciro ordenou que os Judeus voltassem à
Palestina (Ed 1), pondo fim ao período do cativeiro Babilônico. Ciro permitiu que os
judeus exilados voltassem e reconstruíssem o templo em Jerusalém (2Cr 36.22-23; Ed
1.1-4). Ciro também ofereceu aos judeus uma concessão real para a reconstrução do
templo (3.7).
Entretanto, o sucesso arrebatador de Ciro deve ser atribuído ao Senhor. A
tradição judaica relatada por Josefo registra que o grande rei tomou conhecimento das
159
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1099–1100). Wheaton, IL: Victor Books.
160 Mitchell, M. (2003). Cyrus. In (C. Brand, C. Draper, A. England, S. Bond, E. R. Clendenen, & T. C.
Butler, Orgs.)Holman Illustrated Bible Dictionary. Nashville, TN: Holman Bible Publishers.
161 Wiseman, D. J. (1996). Cyrus. In (D. R. W. Wood, I. H. Marshall, A. R. Millard, & J. I. Packer,
Orgs.)New Bible dictionary. Leicester, England; Downers Grove, IL: InterVarsity Press.
87
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
profecias depois que havia conquistado a Babilônia em 539 aC.162 Embora Ciro tenha
sido uado pelo Senhor para proclamar o decreto e a libertação dos judeus (Ed 1.2), o
Cilindro de Ciro, que registra os feitos do rei, incluindo a captura da Babilônia e a
libertação dos exilados judeus, atribuiu suas vitórias a Marduque, o deus da Babilônia. A
Escritura afirma claramente que Ciro era um incrédulo (Is 45.4).163
Nada se sabe sobre a morte de Ciro. Provavelmente, o historiador grego Heródoto
estava certo ao indicar que Ciro morreu em um terrível desastre que atingiu o exército
persa enquanto lutavam com o massagetas (uma tribo dos desertos do sul de Khwarezm
e Kum Kyzyl na porção sul da região de estepes dos atuais países do Cazaquistão e o
Uzbequistão). O túmulo de Ciro ainda pode ser visto em Pasárgada no Irã.164
Ciro cumpriu a vontade do Senhor. O povo de Deus havia se rebelado contra a
vontade do Senhor. Ciro, no entanto, é descrito como fazendo a vontade de Deus. Como é
maravilhoso ver que o Senhor fará o que for preciso e usará quem Ele quer para
concretizar os Seus planos.
“Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o SENHOR, faço
todas estas coisas” (Is 45.7) – É interessante que os propósitos redentores de Deus são
cumpridos através da atividade de um homem ímpio. Ciro, o rei da Pérsia derrotou
violentamente os babilônicos, e conduziu de volta os exilados e ordenou a reconstrução
de Jerusalém. Todavia, ele não teria feito nada disso sem o concursus de Deus.165 Foi uma
boa obra feita por um homem ímpio.
Tudo o que poderia ser feito para e por Ciro foi feito por duas razões. Em
primeiro lugar, Deus usou este rei pagão para trazer libertação a “Jacó, meu servo”. Em
segundo lugar, o trabalho que Ciro realizou foi projetado para convencer todas as
pessoas que somente o Senhor é Deus. Somente Ele governa o universo. Seja através de
sua ação direta ou Sua vontade permissiva, tudo o que acontece deve ser atribuída a
(45.4-8).
III. A perfeição do plano de Deus (Is 45.9-25)
“Ai daquele que contende com o seu Criador! E não passa de um caco de barro
entre outros cacos. Acaso, dirá o barro ao que lhe dá forma: Que fazes? Ou: A tua
obra não tem alça” (Is 45.9) – Os versículos restantes do capítulo 45 defendem o plano
de Deus para utilizar Ciro. O chamado do rei persa seria o primeiro passo de um longo
162
Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 45.1–8). Joplin, MO: College Press.
Hughes, R. B., & Laney, J. C. (2001). Tyndale concise Bible commentary (p. 167). Wheaton, IL:
Tyndale House Publishers.
164 Elwell, W. A., & Comfort, P. W. (2001). In Tyndale Bible dictionary. Wheaton, IL: Tyndale House
Publishers.
165 A concorrência ou cooperação (concursus, co-operatio). O teólogo Louis Berkhof define-o como
“a cooperação do poder divino com os poderes subordinados, de acordo com as leis préestabelecidas para sua operação fazendo-as atuar, e que atuem precisamente como o fazem”.
BERKHOF Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001, p. 202.
163
88
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
programa para levar todos os homens a se submeterem ao Seu senhorio. Cinco pontos
são descritos no que diz respeito ao plano de Deus.
Em primeiro lugar, o plano de Deus é incontestável (Is 45.9-10). Aqueles que
poderiam questionar a decisão de Deus de usar Ciro foram repreendidos: “O barro não
pergunta ao oleiro: “O que é que você está fazendo?”, nem diz: “Você não sabe trabalhar”
(Is 45.9, NTLH). Que audácia é questionar a Deus sobre qualquer coisa! Ele é, afinal, o
criador e dono de tudo que existe.
Em segundo lugar, o plano de Deus é consistente (Is 45.11-13). Ele levantará
Ciro “na justiça”, isto é, com seu objetivo de salvar. “Eu mesmo ordenei a Ciro que
começasse a agir e lhe prometi a vitória. Eu aplanarei os caminhos por onde ele vai passar.
Ele reconstruirá Jerusalém, a minha cidade, e porá em liberdade o meu povo que está no
cativeiro, sem exigir nenhum pagamento para fazer isso” (Is 45.13, NTLH). Sem pensar em
compensação Ciro libertará os cativos judeus e permitirá que Jerusalém seja
reconstruída.
Em terceiro lugar, o plano de Deus é universal (Is 45.14). Após a restauração
de Ciro, Sião desfrutará de um futuro glorioso. Convertidos virão de longe e se juntarão
alegremente como se estivessem acorrentados a Sião, porque virão e reconhecerão que
o Senhor é o único Deus. É descrito aqui a conversão do Novo Testamento, através do
qual os homens irão ao Monte Sião (Hb 12.22) e tornarão parte do novo Israel de Deus
(Gl 6.16).
Em quarto lugar, o plano de Deus é correto (Is 45.15-17). Isaías irrompeu em
uma oração de adoração para a maneira misteriosa de Deus agir para com o Seu povo.
Deus se “esconde” quando permite que o Seu povo experimente a disciplina: “O Deus de
Israel, que salva o seu povo, é um Deus que se esconde das pessoas” (Is 45.15, NTLH). No
final, no entanto, os idólatras serão envergonhados, mas o povo de Deus nunca será
humilhado, nem passará vergonha (v. 17).
O Senhor apelou às nações a reconhecê-Lo como o único Deus. O Senhor defendeu
a Sua divindade, apontando para (1) A criação proposital; e (2) A revelação clara que Ele
deu. Por outro lado, Isaías diz respeito à tolice como absoluta confiança em colocar um
ídolo que deve ser carregado. Quanto ao profeta, o seu principal argumento é que Deus
havia previsto a ascensão de Ciro, muito antes de ocorrer.
Finalmente, o plano de Deus é evangelístico (Is 45.22-25). Deus prometeu
salvar todos os que se voltarem para Ele. Isaías antecipou um dia em que todos os
homens se submeterão à sua autoridade. Mesmo os piores inimigos se voltarão para Ele
por justiça e força espiritual. Somente no Senhor, todos os filhos de Israel encontrarão
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
salvação.166 O dia está chegando, quando todas as pessoas terão que comparecer diante
do tribunal de Deus.
Conclusão:
Os eventos no capítulo 45 de Isaías ilustra que Deus é soberano e se move de
acordo com Seus planos pré-determinados. No capítulo 45 de Isaías Deus mostra como
conduziu Ciro no cumprimento dos Seus planos. De fato, a história está nas mãos de
Deus, os grandes impérios deste mundo já caíram. Outros ainda cairão. Só o Reino de
Cristo triunfará (Dn 2).
Essa passagem é um incentivo aos crentes perseguidos a permanecerem firmes
no Senhor. É um lembrete de que Deus está no controle de toda situação. Isaías tem uma
mensagem para o povo de Deus nos dias de hoje, para os que estão sendo atacados pelo
inimigo e sofrendo por viver em retidão e dedicação ao Senhor. Não precisamos ter
medo quanto ao futuro, Deus já determinou o fim: sua vitória gloriosa!167
166
167
Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 45.9–25). Joplin, MO: College Press.
OLYOTT, Stuart. Ouse ser Firme. São José dos Campos: Editora Fiel, 1996, p. 32-36.
90
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Isaías 49-50
O livro do Servo.
Introdução:
12
No estudo anterior, abordamos a vida do rei Ciro, como servo do Senhor (Is 45), e
sua missão na libertação dos exilados da Babilônia e a restauração de Jerusalém (Ed 1).
Agora, os capítulos (49-50) tratam principalmente do Messias/Servo cumprindo Seu
ministério de restauração do povo da aliança. A palavra “servo” ocorre cerca de 20 vezes
nessa passagem que exalta Jesus com o Cordeiro de Deus que foi morto para redimir os
eleitos de Deus.
Esta seção está organizada em três partes (Is 49.1-50.3; 50.4-52.12; 52.13-54.17),
cada uma das quais começa com uma canção do Servo.168 Porém, entre as canções, há
um discurso que descreve o desânimo de Sião durante o tempo do seu cativeiro. A
doutrina da vinda Servo foi a resposta de Deus ao desânimo de Sião.169
I. A obra do Servo (Is 49.1-13)
A segunda canção do Servo se concentra no trabalho e o sucesso do Servo de
Deus. Ele é o orador nos versículos 1-5; Deus se dirige a Ele no versículo 6.
A. A tarefa do Servo (Is 49.1-6).
“Ouvi-me, terras do mar, e vós, povos de longe, escutai! O SENHOR me chamou
desde o meu nascimento, desde o ventre de minha mãe fez menção do meu nome” (s
49.1) – Com zelo missionário, o Servo clamará ao mundo inteiro para que todos ouçam
Sua voz. O Servo sabe de Sua vocação. Ele declara que foi chamado antes mesmo de
nascer, e separado por Deus (ou seja, reivindicado por Ele), imediatamente após o Seu
nascimento. Deste modo, o Messias/Servo será um ser humano, nascido como todos os
demais de uma mulher, e de mulher ainda virgem (cf. 7.14; Lc 1.30-33).
“fez a minha boca como uma espada aguda, na sombra da sua mão me
escondeu; fez-me como uma flecha polida, e me guardou na sua aljava...” (v. 2) – O
principal instrumento para realizar a obra do Servo é a palavra proclamada por Ele (Is
49.2). Sua boca seria como uma espada afiada (cf. Mt 10.34). Seu ministério seria uma
flecha polida (afiada). Isto é, Sua palavra é sempre eficiente (Is 55.11; Ef 6.17; Hb 4.12).
Sua boca era como uma espada afiada, ou seja, era uma arma para destruir os
168
Chisholm, R. B. (1998). The Major Prophets. In D. S. Dockery (Org.), Holman concise Bible
commentary (p. 285–286). Nashville, TN: Broadman & Holman Publishers.
169 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 49.1–50.9). Joplin, MO: College Press.
91
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
desobedientes (cf. 1.20; Ap 1.16; 19.15). Além disso, o Servo seria protegido em todo o
Seu ministério pela sombra da mão do Todo-Poderoso. O Messias estava escondido junto
de Deus, pronto para aparecer no momento preciso (cf. Gl 4.4-5).
“e me disse: Tu és o meu servo, és Israel, por quem hei de ser glorificado” (Is
49.3) – Por que o Servo aqui é chamado de Israel? Isso não pode se referir à nação
porque o Servo foi chamado para conduzir a nação de Israel de volta ao Senhor. O
Messias é chamado de Israel, porque Ele cumpre o que Israel deveria ter feito. Em Sua
pessoa e obra Ele simboliza a nação.170 Ele seria totalmente comprometido com a
vontade de Deus. Ele seria um novo Israel, o chefe de uma nação. Tudo o que Ele fizer
refletirá a glória de Deus (Is 49.2-3).
“Mas eu pensei: Todo o meu trabalho não adiantou nada; todo o meu esforço
foi à toa. Mesmo assim, eu sei que o SENHOR defenderá a minha causa” (Is 49.4,
NTLH) – O Servo antecipou a rejeição, mas Ele deixou toda a questão nas mãos de Deus.
Ele sabia que seu trabalho fiel seria recompensado. O Servo não deveria apenas conduzir
o povo de Israel de volta a Deus, ele também será “uma luz para as nações” (49.4-6).
Quando Jesus Cristo ministrava, especialmente, ao próprio povo de Israel, houve
momentos em que Sua obra parecia em vão (Is 49.4). Os líderes religiosos se opuseram a
Ele, os discípulos nem sempre o compreenderam, e aqueles que foram ajudados por Ele,
nem sempre o agradeceram. Ele viveu e trabalhou pela fé, e Deus lhe deu sucesso.171 Os
dois cânticos finais do Servo também enfatizam o seu sofrimento (Is 50.4-11; 52.1353.12). Porém, embora rejeitado pelos homens, o Servo manifesta a firme segurança de
que está realizando a obra de Deus e que será plenamente recompensado. Esse versículo
é citado no Novo Testamento como justificativa para pregar o Evangelho em todo o
mundo (At 13.47).
B. O triunfo do Servo (Is 49.7-13).
“Assim diz o SENHOR, o Redentor e Santo de Israel, ao que é desprezado, ao
aborrecido das nações, ao servo dos tiranos: Os reis o verão, e os príncipes se
levantarão; e eles te adorarão por amor do SENHOR, que é fiel, e do Santo de Israel,
que te escolheu” (Is 49.7) – O Servo será desprezado pelos homens, detestado pelas
nações e os governantes olharão para Ele com desdém. No entanto, o tempo virá em que
os reis e príncipes se prostrarão diante do Servo de Deus. Em sua primeira vinda, Jesus
Cristo foi rejeitado pelo Seu próprio povo (Jo 1.10-11), mas na Sua segunda vinda todos
se dobrarão diante dEle (cf. 55.12; Fp 2.10-11).172
170
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1103). Wheaton, IL: Victor Books.
171 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 121). Wheaton, IL: Victor Books.
172 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1103–1104). Wheaton, IL: Victor Books.
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“... No tempo aceitável, eu te ouvi e te socorri no dia da salvação...” (Is 49.8) –
Deus responderá ao grito do Servo por libertação. Isso inaugurará o “dia da salvação”. À
luz do uso de Paulo dessa passagem (2Co 6.2), o tempo de Deus é o período do
Evangelho. Neste período, o Servo se tornará um “mediador da aliança”, isto é, o
mediador de um pacto. O servo (1) “Estabelecerá” a terra, o reino messiânico; (2)
Liberará os cativos; (3) Fornecerá luz; e (4) Preservará aqueles que o seguem (49.8-10).
Ele construirá estradas para o Seu povo, mesmo em terrenos difíceis, de modo
que possam retornar a Sião (v. 12).173 As pessoas correrão para o reino do Servo de
todas as regiões, mesmo distante Sinim (Outra tradução possível: Assuã ou Sevene. Cf. Ez
29.10; 30.6). A obra do Servo trará conforto aos aflitos. Por esta razão o povo de Deus
cantará de alegria (49.11-13). Alguns estudiosos têm defendido que a região de Sinim é
uma referência a China, mas o máximo que podemos dizer com segurança é que
versículo 12 prevê a conversão de pessoas de terras distantes, dos quais Sinim era,
evidentemente, um exemplo notável.174
II. O desânimo de Sião (Is 49.14-50.3)
O trabalho inicial do Servo será “restaurar as tribos de Jacó e tornar a trazer os
remanescentes de Israel” (Is 49.6). Porém, o estado espiritual e emocional do povo de
Deus depois do exílio na Babilônia é descrito na última metade do capítulo 49. O povo se
sentiu abandonado por Deus, então, o Senhor lhes assegura do Seu amor ao se comparar
com uma mãe compassiva (v. 14-23), um guerreiro corajoso (v. 24-26) e um amante
constante (50.1-3).175
A. A queixa de Sião e a resposta do Senhor (Is 49.14-20).
“Mas Sião diz: O SENHOR me desamparou, o Senhor se esqueceu de mim...” (Is
49.14) – O povo de Sião se queixa de que Deus o havia abandonado. No entanto, Deus
respondeu que Ele certamente não havia se esquecido do Seu povo: “Acaso, pode uma
mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do
filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me
esquecerei de ti” (Is 49.15). No entanto, como uma criança de peito, totalmente
dependente, o Senhor jamais se esquece dos Seus filhos. Uma mãe pode até se esquecer
do filho ainda mama, porém, o Senhor jamais se esquece do Seu povo. Deus é
misericordioso e nos consola como uma mãe conforta os seus filhos (Is 66.15).
“Eis que nas palmas das minhas mãos te gravei; os teus muros estão
continuamente perante mim” (Is 49.16) – Além disso, a nação estava gravada, por
173
Watts, J. D. W. (1998). Isaiah 34–66 (Vol. 25, p. 188). Dallas: Word, Incorporated.
Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible
commentary: 21st century edition (4th ed., p. 661). Leicester, England; Downers Grove, IL: InterVarsity Press.
175 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 122–123). Wheaton, IL: Victor Books.
174
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assim dizer, em Suas mãos. Portanto, sempre que Ele, figurativamente falava e levantava
Suas mãos, o Senhor vê o nome do Seu povo.
O sumo sacerdote trazia os nomes das tribos de Israel em seus ombros e sobre o
coração (Êx 28.6-9), gravado em joias; mas Deus tem gravado o nome dos Seus filhos em
Suas mãos. É interessante notar que, a palavra “gravei” (chaqaq, em hebraico) significa
“cortar” em referência a sua permanência. Deus jamais se esquecerá de Sião.176
Moisés ao falar da necessidade da meditação constante sobre a Lei, declarou:
“Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos” (Dt 6.8). O
Senhor agora faz uso da mesma base de comparação. É verdade, de fato, que Deus não
tem nem mãos, nem forma física; mas a Escritura se acomoda à nossa capacidade fraca,
de modo a expressar a força do amor de Deus para conosco.177 Mães podem abandonar
seus bebês; mas Deus não pode se esquecer dos Seus filhos ou deixá-los no desespero.
Às vezes nos sentimos abandonados, desamparados ou órfãos. No entanto, Deus
jamais se esquece dos Seus filhos. A maior prova do Seu amor foi cravado na cruz.
Estávamos desamparados em nossos pecados e por eles merecíamos a condenação
eterna. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, “por causa do grande amor com que nos
amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela
graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares
celestiais em Cristo Jesus” (Ef 2.5-6). Isso é o que pode nos dar coragem e resistência
neste mundo, e no mundo vindouro, a vida eterna com Ele!
B. A perplexidade de Sião e o compromisso do Senhor (Is 49.2123).
Sião se sentia como uma criança abandonada e também, como uma mulher estéril
(v. 21). Porém, ela será tão abençoada por Deus que não haverá espaço para tantos
filhos! Eles serão como belos ornamentos de noivas, e não refugiados decrépitos do
cativeiro. Mais uma vez, o profeta olhou para frente até o fim dos tempos, quando os
gentios se prostrarão diante do Senhor.178
Sião ficará perplexa com o aumento populacional. “Então você pensará assim:
‘Quem me fez mãe destes filhos? Eu, uma mulher que não podia ter filhos,
abandonada, rejeitada e prisioneira — quem criou esses filhos para mim? Eu estava
sozinha — de onde vieram todos eles?’” (Is 49.21) – Israel não produziu filhos durante
o exílio. Então, como pode sua população crescer? A resposta para isso é simples, mas
gloriosa. O próprio Deus levantará a mão e dará um sinal de comando aos povos para
que tragam de volta a Jerusalém os filhos e as filhas de Jerusalém. Reis estrangeiros
cuidarão das suas crianças, e rainhas serão as suas babás (Is 49.22-23). Então, todos
saberão que, aqueles que esperaram no Senhor, jamais serão envergonhados (v. 23).
176
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 123). Wheaton, IL: Victor Books.
Calvin, John Calvin. Commentary on Isaiah - Volume 4, Grand Rapids, MI: Christian Classics
Ethereal Library, p. 22.
178 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 123). Wheaton, IL: Victor Books.
177
94
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
C. A incredulidade de Sião e a garantia do Senhor (Is 49.24-26).
“Será que alguém pode tirar de um soldado as coisas que ele carrega depois
da batalha? Ou será que alguém pode pôr em liberdade os que estão sendo levados
como prisioneiros por um rei cruel?” (Is 49.24) – Sião simplesmente não conseguia
acreditar que pudessem ser libertados das mãos de um poderoso tirano, como a
Babilônia. O Senhor lhe assegura que Ele mesmo efetuará a salvação. Qualquer pessoa
que interferir, entrará em guerra contra Deus. A estratégia divina seria levantar os
opressores um contra o outro. Assim, através da liberação de Israel, os judeus e gentios,
saberão que o Senhor é o Redentor (v. 26).
D. A depressão de Sião e o poder do Senhor (Is 50.1-3).
“O SENHOR Deus diz ao seu povo: “Será que vocês acham que eu os mandei
embora como um homem manda embora a sua mulher? Então onde está o
documento de divórcio? Ou acham que eu os vendi como escravos a fim de pagar as
minhas dívidas? Não! Vocês foram levados prisioneiros por causa dos seus pecados;
eu os mandei embora por causa das suas maldades” (Is 50.1, NTLH) – Sião se sentia
como se o Senhor os estivesse abandonado. Então, o Senhor assegura a Sua fidelidade:
Quando Deus pergunta: “Então onde está o documento de divórcio?” (v. 1), parece
uma referência à situação apresentada pelo profeta Oséias, o qual compara o
relacionamento de Deus e Seu povo como um marido que procura reconciliar-se com
sua esposa, ainda que esta seja uma meretriz (Os 1-2).
A segunda pergunta de Deus: “Ou acham que eu os vendi como escravos a fim de
pagar as minhas dívidas?” (v. 1), lembra a situação da viúva que estava prestes a perder
os filhos a fim de saldar uma dívida do marido (2Rs 4.1-7).
Essas perguntas são retóricas. Deus jamais se divorciou do Seu povo, e nunca os
vendeu (Is 48.8-11; 49.15). O exílio ocorreu por causa dos pecados do povo (50.1b). Mas
Deus os busca e os auxilia (50.2-3).179
Como poderia o povo dizer que foram esquecidos e abandonados, quando o
Senhor trata o Seu povo como uma mãe compassiva, um guerreiro corajoso e um
cônjuge presente? Ele é fiel à Sua Palavra, mesmo quando somos infiéis (2Tm 2.11-13).
Ele é fiel para disciplinar quando nos rebelamos (Hb 12.1-11), mas Ele também é fiel
para perdoar quando nos arrependemos e confessamos nossos pecados (1Jo 1.9).
A mensagem do Servo para os gentios era de esperança e de bênção. Ele lidará
com o Seu povo, para que eles, por sua vez, possam compartilhar da bênção de Deus com
os gentios.180
179
ADEYEMO, Tokunboh (Editor). Comentário Bíblico Africano. São Paulo: Editora Mundo Cristão,
2010, p. 872.
180 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 124). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
E. A confiança do Servo (Is 50.4-9).
Em seguida, Isaías apresenta a terceira canção do Servo, que tornando a falar,
descreve como é instruído, disciplinado e fortalecido para sua missão.
“O SENHOR Deus me ensina o que devo dizer a fim de animar os que estão
cansados. Todas as manhãs, ele faz com que eu tenha vontade de ouvir com atenção
o que ele vai dizer” (Is 50.4) – Se o povo de Sião não tinha confiança no programa de
Deus, o Servo não. O Servo proclama sua confiança em três áreas.
Em primeiro lugar, o Servo estava confiante de sua preparação. Ele estava
certo de que havia recebido uma revelação constante de Deus. Ele estava igualmente
certo de que possuía a habilidade dada por Deus para comunicar o que havia recebido
de tal forma a sustentar as almas cansadas (Is 50.4). O apóstolo João escreve muito
sobre a obediência de Jesus a Deus em cumprimento da Sua vontade (Cf. Jo 5.19, 36;
6.38; 7.16, 29; 12.49-50).
Em segundo lugar, o Servo estava confiante no plano de Deus. Assim, Ele
voluntariamente submeteu seu coração, mente e corpo à obediência (Is 50.5). Jesus,
antes de ser crucificado, foi espancado, escarnecido e cuspido (Mc 14.65; 15.16-20).
Finalmente, o Servo estava confiante do cuidado de Deus. Ele permaneceu
firme apesar da perseguição. Ele sabia que poderia enfrentar qualquer desafio. Seus
inimigos e acusadores não terão sucesso (Is 50.7-9). Jesus demonstrou essa
determinação ao dirigir-se a Jerusalém para ali ser crucificado (Lc 9.51).
Conclusão:
A canção do Servo termina com uma imagem poderosa: “... Aquele que andou em
trevas, sem nenhuma luz, confie em o nome do SENHOR e se firme sobre o seu Deus” (Is
50.10). Ou seja, aqueles que confiam no Senhor muitas vezes sentem que andam na
escuridão, sem nenhuma luz. Todavia, em tais circunstâncias, precisam continuar
confiando em o nome do Senhor e andando a luz da Sua palavra, que indica o caminho
que deve ser seguido (Is 50.10; Sl 11.105). Eles não devem buscar outras fontes de luz,
pois estas são apenas tochas que em breve se apagarão, mas não antes de queimarem
aqueles que as procuram (Is 50.11).181
Além disso, Isaías utiliza a imagem de um joalheiro. Todos os exilados voltarão
para casa, os exilados serão restaurados: “Olhe para todos os lados e veja o que está
acontecendo! Os seus moradores estão voltando; eles estão chegando! Juro pela minha vida
que todos eles são como jóias que você usará com orgulho, assim como uma noiva se
enfeita com as suas jóias” (Is 49.18). Como um joalheiro, Deus surpreenderá o Seu povo
com a beleza do resultado final.
181
ADEYEMO, Tokunboh (Editor). Comentário Bíblico Africano. São Paulo: Editora Mundo Cristão,
2010, p. 873.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Um dia, também temos a certeza de que Deus vai colocar diante de nós em
esplêndida gama de suas muitas e muitas bênçãos. E elas enfeitarão nossas vidas como
ornamentos. Então, por que você não coloca a sua confiança em um Deus assim?
As mães podem esquecer - elas são humanas. Os cônjuges, lamentavelmente,
podem até abandonar a família. Porém, Deus nunca se esquece dos Seus filhos. Ele
sempre vai trazer beleza e alegria ao Seu coração. Essa é a maneira como Ele trabalha, e
é por isso que devemos colocar nossa confiança nEle.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Isaías 52.13-53
O livro do Servo – Parte II
Introdução:
13
O capítulo 53 seja talvez a porção mais conhecido do Livro de Isaías. Este poema é
composto por cinco parágrafos de três versículos cada. Esta “quarta canção do Servo”
centra-se na morte do Servo inocente do Senhor que se oferece pelas transgressões de
Israel.
O Servo que Isaías descreve é o Messias; e o Novo Testamento afirma que este
Servo/Messias é Jesus de Nazaré, o Filho de Deus (Mt 8.17; Mc 15.28, Lc 22.37, Jo 12.38;
At 8.27-40; 1Pe 2.21-24). Além disso, Isaías 53 é citado ou aludido no Novo Testamento
com mais frequência do que qualquer outro capítulo do Antigo Testamento.182 Para um
cristão, a leitura de Isaías 53 é uma peregrinação pela Via Dolorosa.183
Escrevendo 700 anos antes dos eventos ocorrerem, Isaías descreve a morte de
Cristo, de tal pormenor que não pode ser atribuída a qualquer outro que não seja o
trabalho direto de Deus.
Neste estudo, vamos descobrir o que cada estrofe nos ensina sobre a pessoa e
obra do Senhor Jesus Cristo.
I. O sucesso do Servo (Is 52.13-15)
A. Seu sucesso incomparável
“Eis que o meu Servo procederá com prudência; será exaltado e elevado e será
mui sublime” (Is 52.13) – O Servo será bem sucedido em sua missão. O texto começa
dizendo que Cristo agirá “com prudência”, o que significa que em cada situação Ele vai
perfeitamente cumprir a vontade do Pai.
Mas que “sabedoria” o conduzirá a esse sucesso? É a sabedoria de Deus que levou
Cristo à cruz sangrenta, onde o mundo crucificou o Salvador. “sabedoria essa que nenhum
dos poderosos deste século conheceu; porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam
crucificado o Senhor da glória” (1Co 2.8).
O mundo não entendeu quando Jesus andou sobre a terra, e o mundo não entende
até hoje. As pessoas estão mortas em seus delitos e pecados (Ef 2.1). Conforme Francis
Foulkes, a descrição aqui não é meramente metafórica, nem se refere apenas ao estado
futuro do pecador. Pelo contrário, descreve a sua condição atual, e na realidade, a Bíblia
182
183
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 130–132). Wheaton, IL: Victor Books.
Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 52.13–53.12). Joplin, MO: College Press.
98
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
frequentemente fala do homem como estando espiritualmente morto devido ao pecado
(Ez 37.1-14; Rm 6.23; 7.10, 24; Cl 2.13, e necessitando de nada menos que uma nova
vida da parte de Deus 5.14; Jo 3.3; 5.24).184
Um homem comprou um rato branco para utilizar como alimento para sua cobra
de estimação. Ele jogou o rato desavisado na gaiola, onde a cobra estava dormindo no
meio da serragem. O pequeno rato tinha um grave problema. A qualquer momento ele
poderia ser engolido vivo. Obviamente, o rato necessitava elaborar um plano brilhante.
O que ele fez? Ele rapidamente começou a cobrir a cobra com pedaços de serragem até
que ela ficasse completamente enterrada. Com isso, o rato, aparentemente, pensou que
havia resolvido seu problema.
Infelizmente, é assim que o ser humano sem Cristo tenta resolver a sua vida.
Somos demasiadamente rápidos para aplicar um band-aid em uma ferida mortal. Mas
Deus tem um plano muito melhor. Por causa do sacrifício de Cristo na cruz do calvário
há perdão até mesmo para o pior pecador. Além da voz vivificadora de Deus não há
esperança.185 Mas por causa dela, mesmo o pior rebelde pode ser salvo.
B. Sua desfiguração chocante
“Como pasmaram muitos à vista dele (pois o seu aspecto estava mui
desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua aparência, mais do que a dos
outros filhos dos homens) (v. 14) – O texto convida-nos a considerar uma disjunção
chocante: Cristo exaltado ao lugar mais alto (v. 13). Cristo desfigurado quando morre (v.
14). Como isso pôde acontecer? Quem fez isso com Jesus?
Naquele dia, no Calvário o cheiro da morte estava por toda parte. A crucificação
era uma forma medonha de morrer. A intenção dos romanos era tornar o sacrifício em
algo brutal e sangrento. Eles haviam dominado a arte do assassinato cruel. Os romanos
gostavam dessa maneira porque enviava a seguinte mensagem: “Isso é o que acontece
com desordeiros”.
Isaías nos lembra de que não havia nada de extraordinário sobre a cruz naquele
dia. Nada além de sangue, dor, agonia, tortura e morte.
C. Sua vitória universal
“assim causará admiração às nações, e os reis fecharão a sua boca por causa
dele; porque aquilo que não lhes foi anunciado verão, e aquilo que não ouviram
entenderão” (Is 52.15) – O Servo causará “admiração às nações”. A palavra “admirar”
(nazah, em hebraico) significa “fazer jorrar, borrifar sobre”.186 É provável que seja uma
184
FOULKES, Francis, Efésios Introdução e Comentário. São Paulo: Mundo Cristão, 1981, p. 59.
Boice, J. M. (1988). Ephesians : An expositional commentary (50). Grand Rapids, Mich.: Ministry
Resources Library.
186 Harris, R. L., Archer, G. L., Jr., & Waltke, B. K. (Orgs.). (1999). Theological Wordbook of the Old
Testament. Chicago: Moody Press.
185
99
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
referência à limpeza cerimonial que era uma parte importante do sistema sacrificial
realizada pelo sacerdote sob a Lei mosaica (Lv 4.6; 8.11; 14.7). A palavra “borrifar” fala
do poder purificador do sangue de Cristo. Neste contexto, o que significa que os efeitos
de Sua morte, não têm limites nacionais. Embora fosse um judeu morrendo em uma cruz
romana, Ele também era o Filho de Deus, o Seu sacrifício cruel proporcionará limpeza e
cura para muitas nações.
Quando Paulo estava explicando seu desejo de pregar o evangelho onde Cristo
ainda não era conhecido, ele citou Isaías 52.15 para justificar sua estratégia: “esforçandome, deste modo, por pregar o evangelho, não onde Cristo já fora anunciado, para não
edificar sobre fundamento alheio; antes, como está escrito: Hão de vê-lo aqueles que não
tiveram notícia dele, e compreendê-lo os que nada tinham ouvido a seu respeito” (Rm
15.20–21). No caso de Paulo, significou um chamado para pregar Cristo onde ainda não
tinha sido pregado, é por isso que Paulo pregou na Ásia Menor, em seguida, na Grécia, e,
finalmente, em Roma.
Da mesma forma, é por isso que temos Missionários em terras distantes que
bravamente levam o evangelho em “países fechados”. É por isso que Paulo cita Isaías
52.15, é uma profecia da vinda de Cristo, que causará “causará admiração às nações”,
limpando-as com o Seu próprio sangue. A limpeza não era apenas para Israel, mas para
os eleitos em todas as nações da terra. Esta deve ser a ambição de cada cristão: Espalhar
a Boa Nova de Jesus a fim de que aqueles que vivem na escuridão profunda vejam a luz
que brilha da cruz. O mundo inteiro precisa saber sobre Jesus.
“... e os reis fecharão a sua boca por causa dele” (v. 15) – Percebendo o grande
erro, os poderosos ficarão em silêncio. Eles foram surpreendidos com uma pessoa que
consideravam desprezível que afirmava ser o Messias; e ainda justificará e purificará às
nações.187 Em Sua primeira vinda, eles zombaram de Jesus. Eles não achavam que um
verdadeiro rei nasceria em um estábulo ou viria de uma aldeia como Nazaré. Eles
odiaram-no, rejeitaram-no, e, eventualmente, o crucificaram. Os líderes religiosos
uniram-se com aos líderes políticos para pregá-lo na cruz.
Mas para a surpresa de todos, Ele não morreu. Ele ressuscitou dos mortos, reuniu
os Seus discípulos, lhes deu Suas ordens, e então voltou para o Pai no céu. Enquanto isso,
Seus seguidores começaram a espalhar a notícia: “Ele está vivo!”
Primeiro, em Jerusalém. Em seguida, na Judéia. Então, em Samaria. Em seguida,
até os confins da terra. Nada os deteve. Nem perseguição, nem ódio e nem mesmo os
espancamentos. Ameaças não funcionaram. Nada foi capaz de calá-los. E até hoje, a
chama se espalha por todos os cantos da Terra.
Entretanto, um dia virá em que todo joelho se dobrará e toda língua confessará
que Jesus é Senhor, para glória de Deus Pai (Fp 2.11). Se você acha que os reis estão
“admirados” agora, basta esperar por esse dia!
187
Jamieson, R., Fausset, A. R., & Brown, D. (1997). Commentary Critical and Explanatory on the
Whole Bible (Is 52.15). Oak Harbor, WA: Logos Research Systems, Inc.
100
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
II. O Desprezo do Servo (Is 53.1-3)
A. Eles não acreditaram em Sua mensagem.
“Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do SENHOR?
(Is 53.1) – São boas perguntas. Mas a resposta é, quase ninguém (Rm 10.16-17, 21).
Jesus veio como Messias, mas Israel não O reconheceu. Sabemos que por um
tempo Jesus teve um ministério poderoso e crescente, especialmente na Galiléia (Lc
4.16–30). Milhares se reuniram para ouvi-lo e vê-lo curar os doentes. As pessoas comuns
O ouviam com prazer. Se eles não sabiam quem Ele era, instintivamente, sabiam que Ele
não era como os outros líderes religiosos.
Muitas pessoas O seguiam por motivos superficiais. Eles pensavam que Jesus
se tornaria rei e lideraria uma revolta contra Roma. Outros gostavam dos milagres.
Outros admiravam Sua coragem. Outros foram atraídos pela beleza dos Seus
ensinamentos. Mas as multidões O abandonaram quando confrontou os Seus ouvintes
com o chamado para se tornarem seguidores (Jo 6.67).
Muitos líderes O rejeitaram. Com poucas exceções, os líderes não queriam
nenhum envolvimento com Jesus. Acusaram-no de estar em conluio com o diabo (Mt
12.22-24). Eles O odiavam tanto que planejaram matá-lo. Por fim, eles conseguiram!
João diz assim: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1.11). Ele veio
para o Seu próprio povo, a nação de Israel, e eles não O receberam.
No entanto, cada livro, cada capítulo, cada página do Antigo Testamento atesta
uma grande verdade, “O Messias virá”. Esse é o tema do Antigo Testamento – De que um
dia Deus enviaria o Messias à Terra para libertar o povo Israel. Quando Jesus finalmente
chegou, eles não acreditaram. E alguns deles decidiram matá-Lo.
B. Eles julgaram-no insignificante.
“Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca;
não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos
agradasse” (v. 2) – Jesus não nasceu em Roma. Ele não nem mesmo nasceu em
Jerusalém. Ele não veio como um conquistador ou um líder mundial, mas como um bebê
indefeso, que nasceu num estábulo, na pequena aldeia de Belém. Anos mais tarde, Seus
críticos disseram: “Não é este o filho do carpinteiro?” (Mt 13.55). Não foi um elogio. Foi
um insulto! Eram pessoas de Sua cidade natal, Nazaré. Eles O viram crescer.
101
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
“Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca...”
(v. 2) – A palavra “renovo” significa que Ele era apenas uma pequena planta que as
pessoas olhavam como se fosse uma erva daninha.188 Você puxa e joga de lado. Ele era
como raiz de uma terra seca. Alguém sem valor que não vai durar porque não há água
para sustentá-lo.
“... não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza
havia que nos agradasse” (v. 2) – A primeira parte deste versículo refere-se ao seu
nascimento e infância; o último a sua primeira aparição pública.189 Jesus não nasceu na
realeza. Ele nasceu em um estábulo.
Há um grande contraste entre “o braço do Senhor”, que fala de grande poder, e “a
raiz de uma terra seca”, que é uma imagem de humilhação e fraqueza. Quando Deus
criou o universo, Ele usou seus dedos (Sl 8.3); e quando Ele libertou Israel do Egito, foi
pela Sua poderosa mão (Êx 13.3). Mas, para salvar os pecadores perdidos, Ele estendeu o
Seu braço poderoso! No entanto, as pessoas ainda se recusam em acreditar nesta grande
demonstração do poder de Deus (Rm 1.16; Jo 12.37-40).190
C. Eles O desprezaram por Seu sofrimento.
“Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que
sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era
desprezado, e dele não fizemos caso” (Is 53.3) – A nação de Israel desprezou e rejeitou
o Servo do Senhor. No entanto, Ele era a pessoa mais importante do mundo, era o Servo
do Senhor.191 Esta rejeição lhe causaria tristeza profunda.
“... homem de dores e que sabe o que é padecer...” (v. 3) – Quando Ele nasceu,
Herodes tentou matá-lo. Quando Ele começou o Seu ministério, as pessoas em Sua
cidade natal se ofenderam (Mc 6.3). Nas horas finais de Sua vida, Ele foi traído por Judas
e negado por Pedro. Seus sofrimentos não começaram na cruz, mas o Seu sofrimento O
levou à cruz.
Entretanto, Isaías 53 contém a boa notícia que todos nós precisamos. Ele foi
moído por nós. Ele foi ferido por nós. Ele foi espancado, traído, escarnecido, flagelado,
coroado de espinhos, crucificado - tudo por nós. Nossos pecados levaram Jesus à cruz.
Mas Ele não foi de má vontade. Se os nossos pecados O levaram lá, Seu amor por nós O
manteve lá.
Kaiser, W. C. (1999). 874 ‫יָנַק‬. (R. L. Harris, G. L. Archer Jr., & B. K. Waltke, Orgs.)Theological
Wordbook of the Old Testament. Chicago: Moody Press.
189 Jamieson, R., Fausset, A. R., & Brown, D. (1997). Commentary Critical and Explanatory on the
Whole Bible (Is 53.2). Oak Harbor, WA: Logos Research Systems, Inc.
190 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 135). Wheaton, IL: Victor Books.
191 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1107). Wheaton, IL: Victor Books.
188
102
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
“... e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele
não fizemos caso” (Is 53.3) – Duas vezes no versículo 3, Isaías nos lembra que as
pessoas “desprezaram” nosso Senhor. Isso vai além da rejeição a um tipo de ódio
estabelecido. Eles viram o Seu sofrimento, e diziam que não poderia ser o Messias
prometido.
“... e dele não fizemos caso” (Is 53.3) – Significa algo como: “Ele não é nada!”. A
expressão “não fizemos caso” (chashab, em hebraico) significa “calcular”, “pensar”,
“contar alguma coisa”, “somar todos os fatos e chegar a uma conclusão estabelecida”.192
Os líderes judeus calcularam tudo e decidiram que Jesus valia trinta moedas de prata
(Mt 26.15).
III. O sofrimento do Servo (Is 53.4-6)
A. Ele tomou sobre Si a nossa dor.
“Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores
levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido” (Is 53.4) –
Por que Jesus morreu? O Seu sofrimento foi vicário e redentor. Somente através desse
sofrimento todas as ovelhas desgarradas serão recuperadas. O contraste entre Cristo e
Suas ovelhas é impressionante e comovente.
Isaías declara que Jesus morreu por nós. O que Ele fez, Ele fez por nós. O que Ele
sofreu foi por nós. A dor e a brutalidade da cruz, foi tudo por nós. De nossa perspectiva,
podemos dizer que Jesus foi traído, julgado, espancado, escarnecido, humilhado, coroado
de espinhos, falsamente acusado, obrigado a carregar a Sua cruz, e depois publicamente
crucificado, a forma mais brutal de execução em Sua época. Se nos concentrarmos nesses
eventos, podemos chegar à conclusão de que Jesus não deveria ter morrido, foi tudo um
grande erro, que de alguma forma os poderes das trevas finalmente triunfaram sobre a
luz.
A Bíblia nunca nega a culpabilidade moral daqueles que levaram Jesus à morte.
Em Atos, Pedro diz: “sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus,
vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos” (At 2.23). Então, é perfeitamente
adequado dizer que Jesus foi assassinado por Seus inimigos. Mas esse não é o fim da
história. Longe disso. Os escritores da Bíblia se unem para declarar que Jesus deu a Sua
própria vida, que ninguém a tomou. Essa mensagem estava no coração do sistema
religioso de Israel, o sacrifício de um animal inocente pelo pecador (Lv 16).193
192
Vine, W. E., Unger, M. F., & White, W., Jr. (1996). Vine’s Complete Expository Dictionary of Old
and New Testament Words. Nashville, TN: T. Nelson.
193 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 136). Wheaton, IL: Victor Books.
103
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
“Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores
levou sobre si...” (v. 4) – A cura de doenças físicas de muitas pessoas (embora nem
todas) em Seu ministério terreno antecipou sua maior obra na Cruz.194 Embora o Senhor
ainda cure doenças físicas, hoje. Sua obra maior é a cura das almas, concedendo a
salvação do pecado. Este é o tema de Isaías 53 a partir das palavras “transgressões” (v.
5), “iniquidades” (v. 11), “iniquidade” (v. 6), “transgressões” (v. 8), “perversos” (v. 9),
“transgressores” (v. 12 [duas vezes]), e “pecado” (v. 12).195
É interessante notar que Mateus 8.14-17 aplica Isaías 53.4 ao ministério de cura
de nosso Senhor e não a Sua morte expiatória. O comentarista Bíblico, Warren Wiersbe
com sabedoria declarou: “Toda bênção que temos na vida cristã vem por causa da cruz,
mas este versículo não ensina que há “cura na expiação” e que, portanto, cada crente tem
o “direito” de ser curado. A profecia foi cumprida durante a vida de nosso Senhor, não
em Sua morte”.196
O Servo vicariamente tomou sobre Si todos os pecados (e angústia espiritual
causada pelo pecado) e levou (Sabal, em hebraico, “transportar um fardo”, cf. 46.4, 7)
sobre Si (cf. 1Pe 2.24; 3.18). Quando Jesus foi crucificado, Israel pensou que Seus
sofrimentos foram merecidos por ter supostamente blasfemado contra Deus. Porém, Ele
sofreu por nós!
Em Cristo não temos um Deus distante, mas nele encontramos um Deus que se
aproxima de nós, que veio a nós, que entrou em nosso mundo e tornou-se um de nós.
Todavia, Sua dor não tem a última palavra. Seus sofrimentos não vão durar para sempre.
Onde mais você pode encontrar um Salvador assim?
B. Ele tomou sobre Si o nosso castigo.
“Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas
iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras
fomos sarados” (v. 5) – A agonia física de Jesus na crucificação foi grande e intensa. Mas
Sua obediência ao Pai era o que contava (cf. Fp 2.8). Sua morte satisfez a ira de Deus
contra o pecado e lhe permite “esquecer/perdoar” os pecados da nação (e de outros que
creem), porque foram pagos pela morte substitutiva do Servo.
Mas Sua morte não é o fim da história. Jesus não falhou no que veio fazer. Ele
cumpriu perfeitamente a vontade do Pai: “o castigo que nos traz a paz estava sobre
ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (v. 5) – Nós temos paz com Deus. A palavra
significa integridade, saúde, ausência de guerra e segurança. Em um mundo bagunçado,
cheio de pessoas quebradas e promessas não cumpridas, por meio de Cristo temos paz
que excede todo o entendimento humano.
194
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1107–1108). Wheaton, IL: Victor Books.
195 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1107–1108). Wheaton, IL: Victor Books.
196 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 136). Wheaton, IL: Victor Books.
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Ele tomou nosso pecado, suportou nossas dores, e através da sua morte na cruz,
Ele nos curou de dentro para fora, de modo que agora vivemos em paz.
C. Ele tomou o nosso lugar.
“Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo
caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos” (v. 6) – Alguém
já disse que Isaías 53.6 é o “João 3.16 do Antigo Testamento”.
Note que a palavra “todos” é a primeira e a última palavra do versículo 6. Todos
nós pecamos. Todos nós andávamos desgarrados. Todos nós havíamos errado o alvo.
Todos nós estávamos em nosso próprio caminho. Estávamos no mesmo barco e se Deus
não tivesse feito alguma coisa, todos nós iríamos perecer eternamente. Neste ponto,
encontramos a verdade gloriosa do Evangelho, Deus fez alguma coisa!
“... mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos” (v. 6) – Isso é
Jesus! Esse é o grande Servo do Senhor que veio do céu em uma missão de resgate
divino. Deus colocou nossos pecados sobre Jesus. Essa é a doutrina da substituição. Esse
é o coração do evangelho. Ele tomou o meu lugar quando morreu na cruz. Deus colocou
os meus pecados sobre Ele.
Quando o presidente Dwight Eisenhower foi hospitalizado pela última vez antes
de morrer, Billy Graham o visitou. Em um ponto o presidente Eisenhower perguntou:
“Pode um pecador velho como eu ir para o céu?” Billy Graham assegurou-lhe que mesmo
os “velhos pecadores” podem ir para o céu, confiando em Jesus. Mas há uma boa notícia
para os “velhos pecadores”, “jovens pecadores”, “grandes pecadores”, “pequenos
pecadores” e todos os outros. Jesus pagou o preço por completo para que você possa ir
para o céu. Não importa quem você seja ou o que você fez ou o quão ruim seja o seu
histórico. Se você se considera um pecador, você pode ser salvo.
Como posso ter tanta certeza disso? Porque Jesus foi ferido por causa das nossas
transgressões e moído pelas nossas iniquidades.
IV. A submissão do Servo (Is 53.7-9)
A. Seu silêncio submisso
“Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi
levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não
abriu a boca” (Is 53.7) – Às vezes, você é conhecido por aquilo que você não diz. Neste
caso, Isaías profetizou que Cristo não abrirá a boca para defender-se, mesmo em face da
morte. Centenas de anos depois, essa profecia se tornou realidade quando Ele estava na
frente dos Seus acusadores:
105
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Jesus perante o Sinédrio - “Jesus, porém, guardou silêncio” (Mt 26.63; Mt
27.12; Mc 14.61).
Jesus perante Pilatos - “Jesus, porém, não respondeu palavra” (Mc 15.5).
Jesus perante Herodes - “Jesus, porém, nada lhe respondia” (Lc 23.9; Jo
19.9).
Isaías descreveu o silêncio do Servo durante o abuso do Seu julgamento. Embora
inocente de qualquer crime, Ele permaneceu em silêncio. Jesus Cristo ficou em silêncio
diante daqueles que O acusaram, bem como daqueles que o afligiram. Ele ficou em
silêncio diante de Caifás (Mt 26.62-63), os principais sacerdotes e anciãos (Mt 27.12),
Pilatos (Mt 27.14, Jo 19.9) e Herodes Antipas (Lc 23.9). Ele não falou quando os soldados
escarneciam e vencê-lo (1Pe 2.21-23). Isto foi o que impressionou o tesoureiro etíope ao
ler esta passagem de Isaías (Atos 8:26-40).197
Quando açoitado, Ele não retaliou. Quando os soldados colocaram a coroa de
espinhos em Sua cabeça, Ele não os amaldiçoou. Quando cuspiram nele, Ele não
retribuiu. Ele tinha o poder de invocar uma legião de anjos para libertá-Lo. Mas
permaneceu em silêncio. Ele era, verdadeiramente, o Salvador que silenciosamente,
tendo todo o poder em Suas mãos, decidiu não usá-lo contra aqueles que o
atormentavam.
B. Sua sentença injusta
“Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou?
Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu
povo, foi ele ferido” (v. 8) – Quem protestou contra a morte de Cristo? Quem falou
contra este erro judiciário? Quem saiu em Sua defesa? A resposta é: ninguém. De todas
as principais personalidades envolvidas na morte de Cristo, ironicamente foi Pôncio
Pilatos, o governador romano, que mostrou maior preocupação com Cristo. Ao contrário
do seu julgamento diante de Caifás, quando não se defendeu, Jesus iniciou um diálogo
com Pilatos porque o governador parecia buscar a verdade. Pelo menos Ele chegou à
conclusão certa. Por três vezes, ele disse: “Que mal fez ele?” (Lc 23.22). No fim, Pilatos
cedeu à pressão e condenou Jesus à morte. Sua culpa é, portanto, ainda maior, porque
ele sabia o que estava fazendo.
Ele foi cortado, diz Isaías. Ele morreu antes do Seu tempo. Ele era apenas um
homem jovem, em Seus primeiros 30 anos quando morreu. Depois de Sua opressão (ser
preso e obrigado, Jo 18.12, 24) e julgamento (condenado a morte, Jo 19.16) Jesus foi
levado a morte. Ele não morreu por causa dos Seus pecados (Ele não tinha pecado, 2Co
5.21; Hb 4.15; 1Jo 3.5), mas por causa dos pecados dos outros (cf. Is 53.5).
197
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 137–138). Wheaton, IL: Victor Books.
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Alguns verbos neste versículo (“foi arrebatado”, “foi cortado”), como aqueles no
versículo 4 (“ferido”, “moído”) e o versículo 5 (“traspassado”), na voz passiva, indicam
que essas ações foram feitas por Deus Pai (cf. v. 10; 2Co 5.21).198
Uma vez que Jesus Cristo pagou integralmente o preço pelos nossos pecados, a
obra da salvação está agora completa. Isso é o que queremos dizer quando falamos
sobre o “trabalho consumado” de Jesus Cristo. Isso não é apenas um slogan; é uma
verdade espiritual profunda. O Seu trabalho está “consumado”. Não há nada mais que
Deus poderia fazer para salvar a raça humana. Não havia plano B. O plano A (a morte de
Cristo) foi suficiente.
C. Seu túmulo humilde
“Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua
morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca” (v. 9) –
Quando Isaías escreveu essas palavras, ele, sem dúvida, deve ter se perguntado sobre as
mesmas. Os condenados e os ricos geralmente eram sepultados em lugares diferentes.
Uma pessoa considerada injusta era enterrada em uma cova anônima ou em local
afastado do cemitério. Mas os ricos eram enterrados com pompa, em monumentos com
flores e frases generosas.
Os soldados que crucificaram Jesus, aparentemente, tiveram a intenção de
enterrá-lo com os dois criminosos (Jo 19.31). No entanto, Ele foi sepultado com os ricos,
no túmulo de um homem rico chamado José (Mt 27.57-60). Assim, o sepultamento de
Jesus cumpriu a profecia do Antigo Testamento ao pé da letra. Mesmo que ninguém
pudesse ter previsto com antecedência, tanto a natureza da Sua morte (por crucificação)
e o local do Seu enterro (túmulo de um homem rico) a profecia foi proclamada 700 anos
antes. Tudo isso aconteceu, apesar de Jesus ser inocente. Ele nunca cometeu injustiça.
Ele não cometeu pecado. Ele não disse nenhuma mentira.
Apenas Deus poderia ter feito isso. “Mas Deus prova o seu próprio amor para
conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8). Note
a pequena palavra “ainda”. Éramos “ainda” pecadores quando Cristo morreu por nós. Ele
não morreu por nós, sendo nós ainda “membros da igreja” ou “pessoas boas” ou
“cidadãos do bem” ou “bons vizinhos” ou “grandes empreendedores”, mas Ele morreu
por nós quando ainda estávamos perdidos em nosso pecado e longe de Deus. Essa é a
verdade sobre todos nós. Cristo morreu pelos pecadores, porque apenas pecadores
podem ser salvos.
Você é um pecador? Se assim for, aqui está uma boa notícia para você. A única
coisa que resta é acreditar nele. Creia no Filho de Deus que o ama e morreu por você.
198
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1108). Wheaton, IL: Victor Books.
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V. A Satisfação do Servo (Is 53.10-12)
Tendo em vista que Isaías escreveu 700 anos antes do Calvário, ele utilizou as
palavras no tempo futuro. Faremos a mesma coisa que nós consideramos estes versos.
A. Ele será esmagado.
O profeta agora explica a crucificação do ponto de vista de Deus. “Todavia, ao
SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como
oferta pelo pecado...” (Is 53.10). Quem foi responsável pela morte de Jesus Cristo?
Mesmo que Jesus tenha sido crucificado pelas mãos de homens ímpios, Sua morte foi
determinada de antemão por Deus (At 2.22-23). Jesus não foi um mártir, Sua morte não
foi um acidente. Ele foi o sacrifício de Deus pelos pecados do mundo.199 Deus em Sua
graça e soberania permitiu que o Seu próprio Filho fosse esmagado. Ele planejou que o
Seu próprio Filho sofresse.
Isaías passa a falar sobre os bons resultados que fluirão do Seu sofrimento. Essas
são as glórias que se seguirão.
Primeiro, Ele verá os Seus descendentes: “... verá a sua posteridade e
prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos” (v. 10)
– Ele não permanecerá morto! “Ele prolongará os seus dias” (Is 53.10). Significa que o
Servo será ressuscitado para viver eternamente. Em Sua ressurreição, Jesus triunfou
sobre todos os inimigos (Ef 1.19-23; 4.8). Satanás ofereceu a Cristo um reino glorioso,
em troca de adoração (Mt 4.8-10), que teria significado ignorar a cruz. Jesus foi
“obediente até a morte”, e Deus “o exaltou sobremaneira” (Fp 2.8-10).200 Jesus, o Filho
eterno de Deus, vive pelos séculos dos séculos.
B. Ele ficará satisfeito.
Em segundo lugar, a vontade do Senhor prosperará na sua mão: “Ele verá o fruto
do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu
conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si” (v.
11) – Primeiro, Ele sofrerá. Então Ele verá. Em seguida, Ele ficará satisfeito. Ciente de
que a Sua obra substitutiva foi concluída (“Está consumado”, Jo 19.30), Ele agora pode
justificar (declarar justo aqueles que creem (Rm 1.17; 3.24). Ele morreu para que
pudéssemos viver.201 Sua morte não foi o fim da história. Jesus estava apenas
começando.
199
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 139). Wheaton, IL: Victor Books.
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 139). Wheaton, IL: Victor Books.
201 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1109). Wheaton, IL: Victor Books.
200
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
“... justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si” (v. 11) –
O único caminho para o céu é admitir que você não merece ir para lá, e confessar que
por causa do seu pecado merece a condenação eterna, e ao lançar-se sobre a
misericórdia de Jesus que te amou e morreu por você e pagou o preço por seu pecado,
quando morreu na cruz.
C. Ele será recompensado
“Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartirá
ele o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os
transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores
intercedeu” (v. 12) – Com estas palavras, Isaías termina com um círculo completo. Ele
começou declarando que o servo seria exaltado, apesar do Seu sofrimento (52.13-15).
Agora, ele declara que o servo será exaltado por causa do Seu sofrimento.
Usando uma terminologia militar, Isaías diz que Jesus vai dividir os despojos da
vitória. O Servo é comparado com um grande conquistador, alguém que partilha os
despojos da vitória com seus seguidores.202 Jesus conquistou a vitória justamente
porque foi obediente à vontade do Pai e se ofereceu na cruz.
“... E com os poderosos repartirá ele o despojo, porquanto derramou a sua
alma na morte...” (v. 12) – Isaías diz que Jesus vai repartir o despojo com os
“poderosos”. Mas quem são os poderosos? Uma vez que Jesus é o Capitão de nossa
Salvação, Ele vai dividir os despojos da vitória com todos os que o seguem.
Pense por um momento sobre a famosa história de Davi e Golias. Por que esses
dois homens lutaram sozinhos? A resposta é simples. Cada homem representava o seu
próprio exército. Davi lutava por Israel. Golias lutava pelos filisteus. Quando Davi
venceu, todo exército venceu com ele. Em seguida, o povo de Israel perseguiu os
filisteus. Em 1Samuel está escrito: “Então, voltaram os filhos de Israel de perseguirem os
filisteus e lhes despojaram os acampamentos” (1Sm 17.53). Davi venceu a batalha, mas os
israelitas compartilharam dos despojos da vitória.
O mesmo acontece com Jesus. Sua vitória na cruz é a nossa vitoria. Quando Ele
venceu, nós também vencemos.
Ele derramou a sua alma na morte – Ele morreu em nosso lugar.
Ele foi contado com os transgressores – Ele foi contado entre nós.
Ele levou sobre si o pecado de muitos – Ele estava levando o nosso pecado.
Ele intercedeu pelos transgressores – Ele intercedeu pelos nossos pecados.
202
Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 53.10–12). Joplin, MO: College Press.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
É isso que torna tudo tão extraordinário. Jesus Cristo, o vitorioso compartilhou
sua vitória conosco. Não merecíamos, mas Ele fez tudo isso por você. Aqui está a melhor
notícia para aqueles que creem em Jesus. Ele venceu!
O diabo não pode detê-lo,
A cruz não pode derrotá-lo,
A sepultura não pode segurá-lo.
Glórias sejam dadas a Ele pelos séculos dos séculos!
Conclusão:
O que fizeram com Jesus não foi certo. Foi injustiça monstruosa. Mas, antes de
condenar os outros, vamos fazer uma pergunta: Quem fez isto? Não culpe os judeus. Não
culpe os romanos. Se você deseja culpar alguém, olhe no espelho. Você fez isso. Eu fiz
isso. O chicote, os espancamentos, o cuspe no rosto, a coroa de espinhos, a zombaria, a
lança, o abandono e a traição. Nada disso aconteceu por acaso. Deus planejou tudo. E
Jesus fez tudo isso por você e por mim.
Deste modo, lembre-se dessas quatro palavras: Corra para a cruz! Corra para a
cruz e lance mão de Jesus Cristo que morreu por você. Deus está plenamente satisfeito
com o trabalho do Seu Filho. Lembre-se que Ele foi “traspassado pelas nossas
transgressões e moído pelas nossas iniquidades” (Is 53.5). Você acredita nisso? Então,
corra para a cruz e contemple o Seu salvador.
Não cometa o erro fatal de pensar que porque você é uma pessoa muito boa, não
precisa ser salvo. Jesus não se despojou da glória do céu e sofreu as agonias da cruz, para
que você tivesse uma vida melhor agora. Ele não morreu principalmente para que você
tivesse uma família feliz ou sucesso nos negócios. Ele morreu para salvá-lo dos seus
pecados. Ele vai te salvar se você reconhecer que não pode salvar a si mesmo e se
realmente você acreditar nele como seu Senhor e Salvador.
Se você confiar em Cristo, nenhum inimigo, seja a tribulação, angústia,
perseguição, fome, nudez, perigo, espada ou até mesmo a morte, será capaz de separá-lo
do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor (Rm 8.35-39)!
110
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Isaías 54-56.8
Imperativos para os crentes.
Introdução:
14
A agonia e a tristeza do capítulo 53 dão lugar, no capítulo 54 ao canto e a
segurança. A obra sacrificial do Servo será redimir e transformar. Apesar de não ser
mencionado pelo nome neste capítulo, não há dúvida de que os imperativos alegres são
dirigidos a Sião em Jerusalém.
I. O imperativo do alargamento (Is 54.1-3)
“Canta alegremente, ó estéril, que não deste à luz; exulta com alegre canto e
exclama, tu que não tiveste dores de parto...” (v. 1) – Como uma mulher estéril Sião
não gerou filhos durante o Exílio (cf. 49.14-23). Em Israel, uma mulher estéril era
desonrada, porque os filhos ajudavam nas tarefas familiares e cuidavam dos pais na
velhice. A fertilidade era um sinal da bênção de Deus. Por exemplo, quando Ana não
tinha filhos, ela era uma mulher atribulada de espírito, mas quando o Senhor lhe
permitiu ter um filho, ela cantou de alegria (1Sm 1.1-2.10). O profeta Isaías diz que o
povo de Israel era como uma mulher que não tinha filhos e estava, portanto, em um
contínuo estado de luto.
Isso, no entanto, não vai durar para sempre. Através da soberania e da graça de
Deus, o Senhor permitirá que Israel tenha muitos filhos: “Alarga o espaço da tua tenda;
estenda-se o toldo da tua habitação, e não o impeças; alonga as tuas cordas e firma
bem as tuas estacas” (v. 2).
Então, o povo de Deus cantará e gritará de alegria. Jerusalém, uma vez desolada
(Lm 1.1-5), será revitalizada e cheia de pessoas.203 A família dos crentes se tornará tão
numerosa que a tenda terá que ser ampliada (cf. Zc 9.10). Sião será espalhada em todas
as direções, devido ao fato de que “possuirá”, ou seja, conquistará, as nações com a
espada do Espírito de Deus. As cidades assoladas de Sião serão assim povoadas.204
II. O imperativo da confiança (Is 54.4-17)
“Não temas, porque não serás envergonhada; não te envergonhes, porque
não sofrerás humilhação...” (v. 4) – O Senhor resgatará Israel como um homem toma
de volta a sua esposa. A nação não precisa ter medo (cf. 41.10, 14; 43.5; 44.2, 8) do
opróbrio, pois não permanecerá desolada e impotente como uma viúva abandonada. A
203
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1109). Wheaton, IL: Victor Books.
204 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 54.1–3). Joplin, MO: College Press.
111
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
vergonha da mocidade de Sião (idolatria) e sua viuvez (exílio) não serão mais
lembradas. Deus, como um marido (cf. Jr 3.14; 31.32; Os 2.16), tomará de volta Israel,
Sua esposa. Ele é o Senhor Todo-Poderoso, o Santo de Israel, seu Redentor (cf. Is 54.8;
41.14), e em Sua singularidade Ele é o Deus de toda a terra, isto é, o Criador e
Sustentador.205
Por um breve momento Sião ficará separada do marido divino (v. 7). Agora, no
entanto, por causa de Sua grande compaixão, Ele restaurará o relacionamento. O novo
compromisso de Deus com o povo de Sião será irrevogável como o pacto feito com Noé
após o dilúvio (v. 9). Nunca mais o Senhor ficará irado com Sião (54.4-10).
“O SENHOR Deus diz: Ó Jerusalém, aflita e castigada pela tempestade, sem
ninguém que a console! Eu a reconstruirei com pedras preciosas, e os seus alicerces
serão de safiras” (v. 11, NTLH) – Na época de Isaías, Sião foi oprimida, castigada com a
tormenta e desconsolada. Porém, a Nova Jerusalém - a comunidade dos remidos será
edificada com materiais gloriosos (v. 12; cf. Ap 21.19). “As suas torres serão de rubis,
os seus portões serão de berilo, as suas muralhas, de pedras preciosas” (v. 12,
NTLH).
Entretanto, a restauração vai além de paredes e torres preciosas. “Eu mesmo
ensinarei todos os seus moradores, e eles viverão em paz e segurança” (v. 13, NTLH).
Todos os seus filhos serão ensinados sobre o Senhor.206 Os cidadãos desse lugar terão
um conhecimento superior da vontade de Deus (cf. Jo 6.45). Consequentemente, eles
gozarão de prosperidade e paz (v. 12). O povo de Deus será edificado sobre uma base de
justiça, e, assim, estarão seguros (v. 14). Aqueles que desejarem atacar Sião, serão
destruídos. Nenhuma arma feita pelo homem será poderosa o suficiente para destruir os
fiéis. Cada palavra falada contra Sião espiritual será condenada pela verdade que habita
no povo de Deus (54.11-17).
III. O imperativo do sustento (Is 55.1-5)
“Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes
dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço,
vinho e leite” (Is 55.1) – Você pode imaginar um Deus como esse? Quando pensamos em
Deus, no templo, isso está certo. Quando pensamos em Deus no santuário, isso está
correto. Quando pensamos em Deus no centro de nossa adoração, isso está certo. Mas
Deus vendendo mercadorias?
O Senhor convida todos os famintos e sedentos para um banquete. O Senhor
oferece água, vinho e leite - símbolos de bênçãos espirituais a todos os que possam
205
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1109–1110). Wheaton, IL: Victor Books.
206 Watts, J. D. W. (1998). Isaiah 34–66 (Vol. 25, p. 239). Dallas: Word, Incorporated.
112
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
desejá-las (cf. Jo 7.7). A novidade é que esse banquete é gratuito. Deus prometeu que
aqueles que O buscarem – “vinde”, ou seja, aqueles que tiveram comunhão com Deus,
comerão o melhor alimento (v. 2). Como resultado de uma nova e duradoura aliança que
incluía todas as bênçãos que haviam sido prometidas a Davi (v. 3). Entre essas bênçãos a
regra eterna do Messias, descendente de Davi, era fundamental (55.1-3).
No entanto, há duas coisas diferentes nas mercadorias que Deus oferece. Em
primeiro lugar, o que Ele oferece, satisfaz! Não há vazio no que Deus oferece. É pleno,
abundante e transbordante. Em segundo lugar, o que Ele oferece é de graça. Não tem
preço. Não é necessário dinheiro. É um presente de Deus.
“Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que
não satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom e vos deleitareis com finos
manjares” (Is 55.2) – Então o Senhor argumenta a seus potenciais compradores e
clientes. E Ele diz: “Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor,
naquilo que não satisfaz?” (v. 2). Por que vocês vivem atrás de coisas vazias e estéreis,
que trazem infelicidade e perda? Venha, venha! Tenho um presente abundante e
transbordante. Por que comprar algo que não tem plenitude e nenhuma alegria nem
felicidade?
A salvação é um dom de Deus. Não pode ser conquistada, comprada, trocada ou
roubada; ela está disponível gratuitamente a todos que a recebem pela fé (Jo 5.24; Rm
4.4-5; Ef 2.8-9, Tt 3.5).
Deus convida os necessitados. A palavra “vinde” aparece quatro vezes (v. 1, três
vezes; v. 3, uma vez). A palavra é tão ampla quanto à necessidade humana.207 A mulher
samaritana convidou os homens da aldeia dizendo: “Vinde comigo e vede um homem que
me disse tudo quanto tenho feito. Será este, porventura, o Cristo?!” (v. 29). No Evangelho
de Mateus, Jesus declarou: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados,
e eu vos aliviarei” (Mt 11.28). E a Bíblia termina com esta mensagem: “O Espírito e a noiva
dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba
de graça a água da vida” (Ap 22.17).
Será que a declaração de que todos estão convidados significa que esse versículo
pode ser utilizado para ensinar que todos serão salvos? Não! Mais adiante, no versículo
7, o profeta fala da necessidade de arrependimento.208
“porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis
misericórdias prometidas a Davi...” (Is 55.3) – As “fiéis misericórdias de Davi” ou
promessas feitas a Davi culminarão com aquele que será (1) Uma testemunha, (2) Um
207
Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible
commentary: 21st century edition (4th ed., p. 664). Leicester, England; Downers Grove, IL: InterVarsity Press.
208 ADEYEMO, Tokunboh (Editor). Comentário Bíblico Africano. São Paulo: Editora Mundo Cristão,
2010, p. 874.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
líder, e (3) O comandante dos povos (v. 4). Uma vez glorificado, Ele atrairá outros povos
para a Sua causa (55.4). O mundo todo irá a Ele como o Grande Rei (v. 5).
IV. O imperativo do perdão (Is 55.6-13)
“Buscai o SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto...”
(Is 55.6) – Aqui encontramos um dos mais claros convites de todo o Antigo Testamento
para a salvação. Deus convida-nos a reconhecer o perigo do pecado e, em seguida,
encontrar nEle a compaixão e o perdão que nos salva. Assim, o profeta chama, tanto
judeus quanto gentios a “buscarem ao Senhor”, ou seja, buscar a Sua vontade com a
intenção de se submeter a Ele.
O que está envolvido em “buscar ao Senhor”? Isso significa admitir que somos
pecadores e que temos ofendido ao Deus santo. Significa arrependimento (55.7). O
arrependimento e a fé caminham juntos: “a conversão a Deus, e a fé em nosso Senhor
Jesus Cristo” (At 20.21).209
“... invocai-o enquanto está perto...” (Is 55.6) – Porém, ninguém deve deixar
para o último momento. Aproxima-se o dia em que não haverá mais oportunidade para
nos entregarmos ao Criador em arrependimento e para recebermos Seu perdão e
auxílio. Na parábola da grande ceia, Deus fechou a porta sobre aqueles que desprezaram
o convite (Lc 14.16-24; Pv 1.20-33). “Eis agora o tempo aceitável; eis agora o dia da
salvação” (2Co 6.2).
“Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se
ao SENHOR, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em
perdoar” (Is 55.7) – O versículo 7 é uma declaração clássica de arrependimento,
desafiando a mente (cf. a palavra no Novo Testamento para “arrependimento”) e a
vontade, os hábitos (forma) e os planos (implícito no hebraico para pensamentos). É
tanto negativo (abandonar) quanto positivo (transformar), pessoal (ao Senhor) e
específico (por misericórdia); e o Seu apelo é reforçado pela falta de tempo (6) e a pura
generosidade da promessa (7).210
“Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos
caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR” (Is 55.8) – Os pensamentos de Deus são
mais abrangentes e mais férteis, bem como maiores do que os nossos. A graça de Deus
está muito além da compreensão humana.
209
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 146). Wheaton, IL: Victor Books.
Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible
commentary: 21st century edition (4th ed., p. 664). Leicester, England; Downers Grove, IL: InterVarsity Press.
210
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
“Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus e para lá não tornam,
sem que primeiro reguem a terra, e a fecundem, e a façam brotar, para dar semente
ao semeador e pão ao que come” (Is 55.10) – Como Deus vai chamar e salvar os
pecadores? Pelo poder da Sua Palavra (Is 55.10-11). A Palavra de Deus é uma semente
(Lc 8.11). Assim como a chuva e a neve nunca são desperdiçadas, mas cumprem Seus
propósitos, da mesma forma, a Sua Palavra nunca falha. “A Palavra de nosso Deus
permanece eternamente” (Is 40.8). A comparação da Sua palavra com a chuva e a neve,
sugere um trabalho lento e silencioso, transformando a face da terra, no devido
tempo.211 Do mesmo modo, nunca sabemos quando Deus utilizará até mesmo uma
palavra casual de testemunho para plantar e regar a semente no coração de alguém.
Por esta razão, quando ouvimos as promessas de Deus, devemos considerar o Seu
projeto em si; de modo que, quando Ele promete o perdão gratuito de nossos pecados,
podemos estar totalmente certos de que somos reconciliados através de Cristo.212
“Saireis com alegria e em paz sereis guiados; os montes e os outeiros
romperão em cânticos diante de vós, e todas as árvores do campo baterão palmas”
(Is 55.12) – Isaías 55.12-13 descreve tanto a alegria dos exilados em sua libertação do
cativeiro. O povo de Israel exilado retornará de sua dispersão regozijando-se em sua
libertação e livre da importunação de seus inimigos. Seu decreto é dado nesses
versículos (12-13), que combina as alegrias da libertação (12a), com a própria vinda do
Senhor (cf. 12a com 52.12; 12b com Sl 96.12-13) e a restauração das antigas devastações
(cf. 13a com 7.23-25 e talvez Gn 3.18). Observe sua fama especial como libertador (13b).
“... os montes e os outeiros romperão em cânticos diante de vós, e todas as
árvores do campo baterão palmas” (v. 12) – Como interpretar esse versículo? O que
significa a expressão “as árvores baterão palmas”? Isso é uma metáfora! Significa que
toda criação se curvará à vontade de Deus, e alegrar-se-á em cooperar com o trabalho de
Deus.213 O poder de Deus será visível na restauração do Seu povo. Ele concederá ao Seu
povo um caminho fácil.
“Em lugar do espinheiro, crescerá o cipreste, e em lugar da sarça crescerá a
murta; e será isto glória para o SENHOR e memorial eterno, que jamais será extinto”
(Is 55.13) – Depois que Adão e Eva pecaram no Jardim do Éden, espinhos e cardos
começaram a sufocar a boa vegetação (Gn 3.17-19). Mas, no futuro, até mesmo a
211
Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible
commentary: 21st century edition (4th ed., p. 664). Leicester, England; Downers Grove, IL: InterVarsity Press.
212 Calvin, John. Commentary on Isaiah - Volume 4, Grand Rapids, MI: Christian Classics Ethereal
Library, p. 106.
213 Calvin, John. Commentary on Isaiah - Volume 4, Grand Rapids, MI: Christian Classics Ethereal
Library, p. 106.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
natureza se alegrará (Is 55.12 b). Deus removerá todos os obstáculos, e fornecerá tudo o
que é necessário para conduzir o Seu povo em segurança.
Conclusão:
“Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes
dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço,
vinho e leite” (Is 55.1). Como as Escrituras deixam claro, o dom da vida eterna é de
graça. Ele foi pago pela morte de Cristo na cruz e foi estendido a todos os que estão
dispostos a recebê-lo por meio da fé.214
Deus oferece gratuitamente a água da vida àqueles cujos corações estão
sedentos de perdão, cujas mentes estão sedentas da verdade e cujas almas estão
sedentas por Ele.215 A água da vida é o próprio Jesus. Aqueles que o recebem têm a vida
eterna (v.14). De fato, Jesus é uma fonte inesgotável de água viva para um mundo
sedento.
214
Walvoord, John F. ; Zuck, Roy B. ; Dallas Theological Seminary: The Bible Knowledge
Commentary : An Exposition of the Scriptures. Wheaton, IL : Victor Books, 1983-c1985, S. 2:989
215 MacArthur, John: Revelation 12-22. Chicago, Ill. : Moody Press, 2000, S. 305
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Isaías 56.9-57
Imperativos para os crentes.
15
Introdução:
Durante a maior parte desta segunda divisão, dos nove capítulos de Isaías (caps.
49-57), a ênfase tem sido sobre o futuro glorioso do remanescente. Agora, em 56.9-57.
21, que conclui esses nove capítulos, Isaías trata sobre a situação espiritual de sua época.
Tendo em vista o futuro glorioso, seria natural o povo obedecesse ao Senhor.216 Mas não
foi isso o que eles fizeram. Isaías fala (1) dos líderes, (2) do pecado, e (3) do julgamento
de Judá. Apenas uma breve nota positiva aparece no fim do capítulo (57.14-19). Esses
capítulos servem para lembrar aos ouvintes de Isaías das razões para a recente invasão
humilhante por Senaqueribe (cap. 37) e a ameaça profética do exílio babilônico (cap.
39).
I. A descrição dos líderes de Judá (Is 56.9-57.2)
Foi a conduta ímpia dos líderes que causou a queda de Judá para a Babilônia (Lm
4.13-14).217 Ao invés de retornarem para Deus, eles persistiram em total rebelião contra
o Altíssimo. Assim, Judá estava prestes a ser atacada por animais do campo, ou seja, as
nações inimigas: “O SENHOR Deus diz: “Venham, animais selvagens, venham e devorem o
rebanho” (Is 56.9, NTLH).
Os líderes, no entanto, não temeram o perigo. Eles estavam mais interessados em
seu próprio benefício do que no bem-estar do povo. Isaías diz que eles eram como: (1)
Atalaias (vigias) cegos que não podem ver; (2) Cães (vigias) mudos que não podem
ladrar; e (3) Pastores que nada compreendem, que não sabem o que é melhor para o
rebanho (v. 11). Eles estavam totalmente entregues à ganância e autoindulgência. Eles
pensavam apenas no presente, não possuíam nenhuma preocupação com o futuro (56.912). Os líderes não estavam alertas; eles gostavam de dormir (eram preguiçosos), e
quando estavam acordados, eles gostavam de comer e beber: “Eles dizem uns aos outros:
Vamos procurar vinho e cerveja e cair na bebedeira. Amanhã, faremos a mesma coisa, e
ainda mais do que hoje!” (Is 56.12).
216
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1112). Wheaton, IL: Victor Books.
217 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 148). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
“As pessoas direitas morrem, e ninguém se importa; os bons desaparecem, e
ninguém percebe. É o poder do mal que os leva embora, mas eles encontram a paz.
Os que vivem uma vida correta descansam em paz na sepultura” (Is 57.1–2, NTLH) –
Deus estava lentamente removendo os justos prematuramente do meio de Jerusalém. Os
líderes não tomaram conhecimento do presente aviso.218
Quando o povo rejeita a Sua Palavra e prefere líderes mundanos, Deus pode darlhes exatamente o que desejam e deixá-los sofrer as consequências.219 A única maneira
do justo ser poupado de tal frustração era morrendo. Quando repousavam na cama dos
seus túmulos. Assim, Deus estava preservando os fiéis do mal moral de seus arredores, e
da calamidade que estava prestes a acontecer Judá (57.1-2).
II. A descrição do pecado de Judá (Is 57.3-10)
Durante os últimos dias de Judá e de Jerusalém, antes da Babilônia, a terra e a
cidade estavam contaminados com os ídolos. O Rei Ezequias e Josias levaram as pessoas
a destruírem os ídolos; mas quando um rei ímpio assumia o trono, o povo voltava para
os velhos hábitos. Tanto Isaías quanto Jeremias advertiram ao povo que Deus os puniria
por violar a Sua Lei, mas eles persistiram nos caminhos das nações ímpias ao seu redor.
“O SENHOR Deus diz: Venham cá para serem julgados, seus filhos de uma
feiticeira, raça de adúlteros e prostitutas!” (Is 57.3, NTLH) – Para sublinhar a sua
forte ligação com a idolatria e o ocultismo, Deus se refere aos habitantes de Jerusalém
como “filhos de uma feiticeira/agoureira”. Esses pecadores endurecidos ridicularizavam
aqueles que tentavam fielmente submeter-se à Lei de Deus (Is 57.3).
A maior parte do povo de Judá foi considerada culpada de uma ampla gama de
práticas repugnantes, seis dos quais são citados a título de exemplo. Eles (1) Se
entregavam a bebedeiras; (2) Sacrificavam crianças inocentes; (3) Envolviam-se em
imoralidade sexual em lugares altos; (5) Criar divindades particulares dentro de suas
casas; e (6) Viajou para santuários distantes para honrar o rei, ou seja, o deus Moloque
(57.5-10).
“Detrás das portas e das ombreiras pões os teus símbolos eróticos, puxas as
cobertas, sobes ao leito e o alargas para os adúlteros; dizes-lhes as tuas exigências,
amas-lhes a coabitação e lhes miras a nudez” (Is 57.8) – Suas casas deveriam ser
centros de aprendizagem sobre a Lei do Senhor, mas o povo transformou em locais de
adoração a ídolos e adultério (v. 8; cf. Dt 6.9). Leito e nudez podem se referir à
perversidade sexual envolvida nesse tipo de culto ou podem simbolizar a idolatria (que
era por vezes comparada ao adultério espiritual).
218
219
Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 56.9–57.2). Joplin, MO: College Press.
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 149). Wheaton, IL: Victor Books.
118
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Mas eles também foram considerados culpados de se juntarem a líderes pagãos e
confiarem neles para a proteção, em vez de confiar em Deus (v. 9). Confiar em um
governante pagão e seu exército era o mesmo que confiar no falso deus que eles
adoravam (Is 30.1-7; 31.1-3). Eles descobrirão que a confiança depositada em suas
alianças políticas foi um grande fracasso e se recusarão em admitir que esses tratados
foram em vão (Is 57.10). Deus mostrará o seu pecado e os julgará; e quando isso
acontecer, a coleção de ídolos não será capaz de salvá-los. Contudo, aqueles que
confiaram no Senhor, “possuirão a terra”.
Qualquer coisa que confiemos que não seja o Senhor se torna o nosso deus e,
portanto, é um ídolo. Podem ser a nossa formação, experiência, trabalho, dinheiro,
amigos ou posição.
III. A descrição do juízo de Judá (Is 57.11-13)
“Vocês têm tanto medo desses deuses! Mas quem são eles para que vocês me
contem mentiras e me esqueçam completamente? Será que é porque eu fiquei
calado tanto tempo, que vocês não me temem?” (Is 57.11) – Essas pessoas temiam os
falsos deus mais que o verdadeiro Deus, a quem serviam com hipocrisia, abusando da
paciência de Deus. Aqueles que confiaram no Senhor, no entanto, “possuirão a terra”.
“Eu publicarei essa justiça tua; e, quanto às tuas obras, elas não te
aproveitarão” (Is 57.12) – A maioria dos israelitas tinha esquecido o verdadeiro Deus,
aparentemente porque ele parecia ter ficado em silêncio. Assim, em ironia o Senhor
disse que publicará a “justiça” deles. Suas supostas obras de justiça, quando expostas,
mostrarão quem eles realmente eram, e como resultado suas obras serão de nenhuma
ajuda diante do Senhor.
As pessoas gostavam de frequentar o templo, obedeciam às leis de Deus,
jejuavam, e pareciam ansiosos para buscar o Senhor; mas o culto era apenas um show.
Seus corações estavam longe de Deus (1.10-15; 29.13; Mt 15.8-9).
“Quando vocês gritarem pedindo ajuda, os seus muitos deuses não os
atenderão. O vento levará esses deuses para longe, um sopro os fará desaparecer...”
(Is 57.13) – Quando estivessem em apuros, Deus declarou, ironicamente, que eles
deverão clamar aos seus deuses. Porém, quando a tempestade começar a soprar, os
ídolos serão arrasados como a palha (v. 13).
“... Mas os que confiam em mim morarão na Terra Prometida; o meu monte
santo será deles” (Is 57.13) – Em contraste aqueles que confiaram no Senhor herdarão
a terra (cf. Sl 25, 12-13, Sl 37. 9-11, 22, 29; Sl 69.35-36).
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
IV. A descrição da esperança de Judá (Is 57.14-19)
“Dir-se-á: Aterrai, aterrai, preparai o caminho, tirai os tropeços do caminho
do meu povo” (Is 57.14) – Deus tem uma palavra de encorajamento para o
remanescente fiel: O caminho de volta será construído e os obstáculos removidos, de
modo que os exilados voltarão à terra e servirão ao Senhor.
Este poderoso Deus havia escolhido fazer a Sua morada com os de espírito
contrito e humilde. Esta afirmação era um conforto para os humildes, mas um aviso aos
espiritualmente orgulhosos (Is 57.14; 66.2; Sl 34.18; Sl 51.17). O orgulho é um pecado
que Deus odeia (Pv 6.16-17) e que Deus resiste (1Pe 5.5-6). Mesmo que Deus seja
majestoso (alto e sublime; cf. 6, 1), eterno e santo (cf. Is 6.3), Ele habita com aqueles que
são contrito e abatidos de espírito (cf. Is 66.2).220
“Tenho visto como eles agem, mas eu os curarei e os guiarei; eu os consolarei.
Nos lábios dos que choram” (Is 57.18, NTLH) – Embora Deus conheça os caminhos do
Seu povo, Ele vai curar, ou seja, perdoá-los e restaurá-los. Ele os confortará e os levará
também. Por Sua parte, os redimidos do Senhor responderão a graça de Deus, louvandoo. Eles reconhecerão que a paz de Deus está disponível a todos os que estão perto e
longe, ou seja, judeus e gentios. A terra prometida foi reservada para aqueles que
confiaram no Senhor e demonstram um espírito arrependido. Havia chegado a hora de
Deus curá-los, orientá-los e consolá-los.
V. O aviso final (Is 57.20-21)
A maravilhosa paz que excede todo o entendimento não é a sorte dos ímpios. Eles
são como o mar agitado, que agita lama e sujeira, ou seja, pensamentos e más ações. Eles
não têm a paz aqui, ou daqui por diante.
“Porém os maus são como o mar agitado: as suas ondas não se acalmam e
trazem lama e sujeira para a terra. Não há segurança para esses pecadores. O meu
Deus falou” (Is 57.20–21) – Os perdoados desfrutar de paz, mas os ímpios não têm
descanso nem paz (cf. Is 48.22). Eles estão condenados porque se recusam a voltar para
o Senhor. Eles estão constantemente em movimento, mesmo no dia mais calmo. Como o
mar revolto jogando lixo e lama. Isto é, pensamentos, palavras e obras que são lixo e
sujeira.
A paz não está em nós e não podemos produzi-la, não importa o quanto tentemos.
A paz é apenas encontrada quando nos entregamos à vontade daquele que é poderoso.
Aquele é o Príncipe da paz!
220
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1112–1113). Wheaton, IL: Victor Books.
120
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Conclusão:
“Para os perversos, diz o meu Deus, não há paz” (Is 57.21). Isaías afirma que “a paz”
e a “herança” final pertence àqueles “que se refugiam” no Senhor. Os crentes de todas as
épocas devem reconhecer isso. “As portas do inferno não prevalecerão contra o povo de
Deus” (Mt 16.18). Em última análise, o mundo não pode superar a igreja, assim como a
escuridão não pode superar a luz (Is 42.16; 58.10; 59. 9; Jo 1. 5; 1Jo 1.5; 2.8).
Isso não significa que não enfrentaremos problemas. Deus nem sempre vai fazer
o que esperamos, mas Ele sempre vai fazer o que prometeu. Ele nunca prometeu
ausência de provações, mas sempre prometeu estar com conosco, até mesmo, em meio
às dificuldades da vida (Hb 13.5b).
Portanto, é hora de voltar para o Pai, ou como Tiago colocou: “chegai-vos a Deus e
Ele se chegará a vós outros” (Tg 4.8). Não há santidade sem confissão. Não há benção sem
a presença do Pai. Tenha coragem de mudar.
121
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Isaías 58
O livro da glória futura
Introdução:
16
Como vimos, a segunda seção de Isaías (capítulos 40-66) se divide em três partes
de nove capítulos cada (capítulos 40-48; 49-57; 58-66). A primeira e a segunda parte
terminam com a declaração divina de que “não há paz para os ímpios” (48.22; 57.21).
Nesta seção final de nove capítulos do livro, Isaías olhou para o presente e para o
futuro.221 No capítulo anterior (Is 57), Isaías falou aos idólatras (Is 57.3-13). Agora, o
profeta fala àqueles que adoravam ao Senhor com falsidade. Alguns judeus achavam que
poderiam ganhar o favor de Deus com jejuns e humilhações autoimpostas, e ficaram
surpresos quando essas privações não produziram o resultado esperado (Is 58.2-3).222
Deus queria fazer coisas maravilhosas para o seu povo. As dificuldades, no
entanto, estavam no caminho. O profeta identifica pela primeira vez esses obstáculos e,
em seguida, mostra o que acontece quando obedecemos a Deus.
I. Obstáculos identificados (Is 58.1-59.8)
Deus ordenou que Isaías anunciasse corajosamente e claramente à casa de Jacó as
suas transgressões (58.1). Em resposta, o profeta proclamou acerca de três pecados
específicos que se toraram impedimentos para a bênção celestial.
A. Um jejum hipócrita (Is 58.2-12)
“Clama a plenos pulmões, não te detenhas, ergue a voz como a trombeta e
anuncia ao meu povo a sua transgressão e à casa de Jacó, os seus pecados” (Is 58.1)
– Deus disse a Isaías para gritar em voz alta como o som de uma trombeta e anunciar os
pecados da nação. As pessoas frequentavam o templo, jejuavam e pareciam ansiosos
para buscar o Senhor; mas o culto era apenas uma aparência externa. Seus corações
estavam longe de Deus (Is 1.10-15; 29.13; Mt 15.8-9).223 Deus conhece o nosso coração e
as motivações de nossa adoração. Nossos exercícios espirituais podem impressionar os
outros, mas não podem enganar a Deus.
221
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1113). Wheaton, IL: Victor Books.
222 ADEYEMO, Tokunboh (Editor). Comentário Bíblico Africano. São Paulo: Editora Mundo Cristão,
2010, p. 876.
223 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 150–151). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
“Mesmo neste estado, ainda me procuram dia a dia, têm prazer em saber os
meus caminhos; como povo que pratica a justiça e não deixa o direito do seu Deus,
perguntam-me pelos direitos da justiça, têm prazer em se chegar a Deus...” (Is 58.2)
– Eles fingiam em ter alegria de conhecer a vontade de Deus. Eles se apresentavam como
uma nação justa, que merecia a justiça de Deus (58.2). Tendo exposto a hipocrisia geral
da nação, Isaías concentrou em um aspecto da falsa adoração, o jejum.
“dizendo: Por que jejuamos nós, e tu não atentas para isso? Por que afligimos
a nossa alma, e tu não o levas em conta? Eis que, no dia em que jejuais, cuidais dos
vossos próprios interesses e exigis que se faça todo o vosso trabalho” (Is 58.3) – A
expressão “No dia em que jejuais” provavelmente refere-se ao dia da expiação (Yom
Kippur), uma ocasião ordenada por Deus como um dia especial para jejuar a fim de
expiar o pecado (Lv 16.29-31). Além disso, o povo também poderia jejuar pessoalmente
se quisessem. No entanto, embora estivessem jejuando, eles reclamaram com o profeta
sobre o fato de que Deus não se importava com o que eles estavam fazendo. Warren
Wiersbe estava certo quando escreveu: “Adorar a Deus envolve mais do que observar
um ritual externo; deve haver uma obediência interna e submissão ao Senhor (Mt 6.1618)”.224
A explicação era simples, Isaías diz que enquanto jejuavam, eles comentiam os
seguintes pecados: (1) Faziam o que queriam (Is 58.3); (2) Oprimiam os empregados (Is
58.3); A palavra “exigir” no versículo três, (nagas, em hebraico) significa pressionar,
conduzir, oprimir, cobrar, exercer pressão.225 (3) Eles brigavam entre si (Is 58.4); e (4)
Faziam uma grande apresentação: “Será que desejo que passem fome, que se curvem como
um bambu, que vistam roupa feita de pano grosseiro e se deitem em cima de cinzas? É isso
o que vocês chamam de jejum? Acham que um dia de jejum assim me agrada?” (Is 58.5,
NTLH).
Humilhar-se é inútil se o objetivo é apenas parecer humilde. Não é suficiente
vestir-se aparentando de lamentação pelo pecado, mas sem nenhuma tristeza genuína
(Is 58.5; 15.3; 35.35-36). Jesus insistiu que, para evitar a hipocrisia diante de Deus, o
jejum e a abnegação deveriam ser praticados sem ostentação (Mt 6.5-6, 16-18). Deus
deve ser adorado em Espírito e verdade (Jo 4.24).226
“Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da
impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e
despedaces todo jugo?” (Is 58.6) – O verdadeiro jejum bíblico é mais do que um
exercício religioso. Jejum não é uma ferramenta de manipulação para obter algo de Deus.
O jejum deve ser antes de tudo uma expressão de anseio do coração por uma maior
224
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 151). Wheaton, IL: Victor Books.
Swanson, J. (1997). Dictionary of Biblical Languages with Semantic Domains : Hebrew (Old
Testament). Oak Harbor: Logos Research Systems, Inc.
226 ADEYEMO, Tokunboh (Editor). Comentário Bíblico Africano. São Paulo: Editora Mundo Cristão,
2010, p. 876.
225
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
intimidade com Deus. O jejum adequado deve ser acompanhado de uma vida obediente
(1Sm 15.22). O que Deus queria não era tanto a abstenção de alimento, mas (1) Que eles
libertassem os que estavam escravizados ilegalmente; (2) Que alimentassem os
famintos; e (3) Vestissem os pobres (Is 58.7). Esses atos de compaixão eram muito mais
importantes aos olhos de Deus do que negar a si mesmo sustento físico (Is 58.9-10).
O que o povo precisava entender era que o motivo bíblico principal de jejuar é
desenvolver um andar mais perto de Deus. Não podemos esperar as bênçãos de Deus
por meio do jejum, se os nossos corações não estão corretos diante dEle e se não
estamos vivendo de acordo com Sua Palavra.
No livro do profeta Malaquias, o povo questionou a Deus: “... Que nos aproveitou
...andar de luto diante do SENHOR dos Exércitos?” (Ml 3.14). Embora estivessem em
jejum e pano de saco e lamentassem sobre os pecados pessoais e nacionais, o jejum era
apenas uma fachada para mascarar a sua verdadeira condição espiritual.227 Em outras
palavras, eles estavam dizendo, “Deus, temos cumprido a lei através da realização de
nossas obrigações, mas o Senhor não tem cumprido suas promessas de nos abençoar”.
Eles estavam sutilmente sugerindo que Deus não estava mantendo suas promessas.228
Assim, o culto tinha sido sem nenhum “proveito”. O problema, é claro, não estava do lado
de Deus.
Há hipocrisia em sua vida? A questão pode ser resolvida rapidamente,
perguntando a si mesmo, “eu sou um ator, alguém que finge viver uma vida dedicada ao
Senhor, enquanto, na realidade, penso e vivo o contrário?” Somente você pode
responder a estas questões e fazer as mudanças necessárias em sua vida.
“Então, romperá a tua luz como a alva, a tua cura brotará sem detença, a tua
justiça irá adiante de ti, e a glória do SENHOR será a tua retaguarda” (Is 58.8) – Se o
povo obedecesse a Deus encontraria a resposta do Senhor. Esse tipo de jejum seria
abençoado por Deus a uma medida extraordinária. Pelo menos nove bem-aventuranças
são proferidas: (1) “Luz”, ou seja, bênção, símbolo da prosperidade (Jó 11.17). (2) A cura
de todos os males. (3) A justiça e a proteção de Deus (Is 58.8). Isso significa que eles
teriam a proteção em sua caminhada. (4) Orações respondidas (58.9a). (5) Deus vai
orientá-los, (6) O Senhor os sustentará, e (7) Serão fortalecidos. (8) Eles serão bemsucedidos em tudo o que fizerem. (9) Eles serão conhecidos como o “reparadores de
brechas e restauradores de veredas” (Is 58.12).
227
Levy, D. M. (1992). Malachi: Messenger of rebuke and renewal. Bellmawr, NJ: Friends of Israel
Gospel Ministry.
228 Walvoord, J. F., Zuck, R. B., & Dallas Theological Seminary. (1985). The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Ml 3.14). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
II. O abuso do sábado (Is 58.13-14).
“Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios
interesses no meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do
SENHOR, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não
pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs” (Is 58.13) – Os
contemporâneos de Isaías haviam falhado em santificar o sábado como um dia santo e
especial. Essa desconsideração insensível para o quarto mandamento foi um empecilho
para a bênção divina. O arrependimento em relação ao abuso de sábado levaria a (1) A
uma nova comunhão com Deus; (2) Superar as dificuldades e obstáculos; e (3)
Permanência na terra prometida.
Se o jejum era uma oportunidade para mostrar amor ao próximo, o sábado
deveria expressar, antes de tudo, o nosso amor a Deus.229 Obedecer ao Senhor na
questão do sábado era reconhecer a importância de adorar a Deus e mostrar total
dependência em Deus a fim de alcançar as bênçãos materiais. Ao colocar Deus em
primeiro lugar, fazendo o que Deus desejava, uma pessoa teria alegria, não apenas na
salvação espiritual (cavalgar sobre as alturas), mas também prosperidade (herança).
Tudo isso seria concretizado, porque o Senhor o mesmo havia prometido (cf. 1.20; 40.
5).230
Embora existam opiniões diferentes sobre se os cristãos devem guardar ou não o
sábado, a Bíblia diz que não estamos mais debaixo da Lei (Rm 6.14). Assim, o domingo
não é o sábado cristão, com uma lista de coisas que podemos ou não podemos fazer (Rm
14.5; Gl 4.10; Cl 2.16-17). Entretanto, ao mesmo tempo há princípio nas Leis do sábado
no Antigo Testamento que podemos e devemos aplicar hoje.
Murray afirma corretamente que “... o Shabbath... não deve ser definido em
termos de cessação das atividades, mas cessação do tipo de atividade que fazia parte do
trabalho nos outros seis dias”.231 Domingo é também um bom dia para investir tempo
com outros crentes, e tempo com o Senhor durante os horários que estávamos ocupados
durante a semana, no trabalho.
Conforme a Confissão de Fé de Westminster, “Deus designou particularmente um
dia em sete para ser um sábado (descanso) santificado por Ele; desde o princípio do
mundo, até a ressurreição de Cristo, esse dia foi o último da semana; e desde a
ressurreição de Cristo foi mudado para o primeiro dia da semana, dia que na Escritura é
chamado Domingo, ou dia do Senhor, e que há de continuar até ao fim do mundo como o
sábado cristão” (Ref. Êx 20.8-11; Gn 2.3; 1Co 16.1-2; At 20.7; Ap 1.10; Mt 5.17-18 Capítulo XXI, Do Culto Religioso e do Domingo, Seção VII).
229
Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible
commentary: 21st century edition (4th ed., p. 665–666). Leicester, England; Downers Grove, IL:
Inter-Varsity Press.
230 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1113–1114). Wheaton, IL: Victor Books.
231 MURRAY, John. Principles of conduct (Grand Rapids: Eerdmans, 1957), p. 33.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
O Dia do Senhor não é uma imposição.
O domingo (Dia do Senhor) deve ser um dia específico para um fim específico (Is
58.1). A questão principal é o que devemos fazer em vez do que não devemos fazer no
dia do Senhor.
Há coisas que não devemos fazer no Dia do Senhor? Certamente. Qualquer coisa
que venha a prejudicar nossa adoração não deve ser feita. Tudo o que possa roubar do
Dia do Senhor a prioridade da adoração, não deve ser feita.232 Nesse dia, devemos nos
envolver em atividades de adoração, ensino e aprendizado das Escrituras.
Para os cristãos, este dia não é um dia de regras humanas (Cl 2.16) para alcançar
a salvação (Gl 4.9-10). Pelo contrário, é o Dia do Senhor (Ap 1.10), o dia para celebrar a
ressurreição (Jo 20.1, 19) e da vinda do Espírito Santo (At 2.1). É um tempo de
renovação (Êx 20.8-11), bênção (Mt 12.9-14) e alegria (Is 58.13).
Logo, os cristãos não estão sob as Leis específicas do sábado do Antigo
Testamento (Gl 4.10). Mas nos foi dado um novo dia, o “Dia do Senhor”, para desfrutar. É
um dia de culto alegre e vivo. Mas será que realmente apreciamos como tal? Será que
realmente o utilizamos o domingo para o culto e testemunho cristão? Ou apenas
fingimos fazê-lo, ao passar alguns momentos formais na igreja e o restante assistindo
futebol ou simplesmente descansando?233
O autor e pregador americano John Piper em seu livro “Fome por Deus”
compartilha a história de um dos membros de sua igreja, Doug Nichols. Doug foi
diagnosticado com câncer de cólon em abril de 1993. Os médicos lhe deram uma chance
de 30% de vida após a cirurgia. Durante uma guerra civil em Ruanda, ele entrou num
avião e foi para com uma equipe de pessoas, incluindo alguns membros da Igreja Batista
Bethlehem. Seu oncologista não-cristão disse que ele iria morrer em Ruanda. Doug disse
que isso não seria problema porque ele estaria no céu. O oncologista ficou aflito e
telefonou para o cirurgião de Doug para pedir-lhe ajuda para fazer o Doug desistir de ir a
Ruanda. O cirurgião, que é um cristão, disse que Doug esta preparado para morrer e ir
para o céu.
Quando a igreja ficou sabendo que Doug iria – com seu câncer e sua colostomia –
para Ruanda, alguns dos obreiros da igreja Xe reunirão em ora para clamar por Doug. O
texto lido na reunião foi Isaías 58.10-11.
O grupo de irmão clamou especificamente para que a alimentação dos famintos e
desabrigados em Ruanda não matasse Doug Nichols, mas o curasse. De Ruanda, Doug
ligou para seu oncologista e lhe disse que não estava morto. E ao voltar ele fez uma
bateria de exames que resultaram no seguinte resultado: nenhuma evidência de doença.
Somente Deus sabe o futuro de Doug enquanto ele se derrama pelas crianças.234
232
MOHLER Jr. R. Albert. Palavras do fogo. Como ouvir a voz de Deus nos Dez Mandamentos. São
Paulo: Editora Cultura Cristã, 2010, p. 76.
233 Boice, J. M. (2005). Nehemiah: an expositional commentary (111). Grand Rapids, MI:
BakerBooks.
234 PIPER, John. Fome por Deus. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2006, p. 138-139.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Portanto, vamos confiar no Médico dos médicos. Vamos aceitar o jejum que Ele
prescreveu para nós. O resultado será luz, cura, direção, alívio, restauração e
desembaraço – e tudo isso com o próprio Deus adiante de nós, detrás de nós e no nosso
meio. E visto que é por nossas boas obras que as pessoas verão a luz e darão glórias ao
nosso Pai no céu (Mt 5.16). Se estivermos famintos por toda plenitude de Deus, aqui está
o jejum que nos saciará.235
III. Injustiça social (Is 59.1-8)
“Ninguém há que clame pela justiça, ninguém que compareça em juízo pela
verdade; confiam no que é nulo e andam falando mentiras; concebem o mal e dão à
luz a iniquidade” (Is 59.4) – Alguns questionaram a capacidade de Deus de fazer
cumprir Suas promessas. Eles se perguntavam se Deus realmente ouvia suas orações. A
falta de intervenção divina, no entanto, não tinha nada a ver com a capacidade de Deus.
Seu “braço”, ou seja, o poder, não era curto demais para estender a mão e ajudar. Ele não
estava com dificuldades de audição. Na verdade, a iniquidade e o pecado de Judá levou
Deus a se afastar deles. A barreira do pecado impediu o Senhor de ouvir suas orações
(59.1).
Conclusão:
O socialista e filósofo Karl Marx disse que “a religião é o ópio do povo”. Ele quis
dizer que a religião nos entorpece para que nossos opressores tenham menos problemas
para manter a supremacia. Mas Marx entendeu exatamente o contrário.236 Não é a
religião que nos entorpece e nos deixa alienados e paralisados, é o pecado. Os cegos
espiritualmente são muitas vezes iludidos e inconscientes de seu pecado e culpa.
O povo na época de Isaías desejava o favor de Deus, mas não queria se submeter à
vontade do Altíssimo. De fato, o Senhor não era prioridade para eles. O Senhor Jesus
declarou que devemos buscar em primeiro lugar o Seu reino e Sua justiça e todas as
coisas serão acrescentadas (Mt 6.33). Mas isso não se aplica apenas aos pastores,
missionários e outros trabalhadores. Isso se aplica a todos os seguidores de Jesus. Você
está buscando em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça em sua vida pessoal,
negócios, família e no seu tempo de lazer? O Senhor é prioridade em sua vida?
235 PIPER, John. Fome por Deus. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2006, p. 162-163.
236 Boice, James Montgomery: Daniel : An Expositional Commentary. Grand Rapids, Mich. : Baker
Books, 2003, S. 61
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Isaías 59
Quando a oração fica sem resposta.
Introdução:
17
No capítulo 59 o Senhor falou novamente dos pecados do povo e da sua oferta de
salvação por causa da aliança com Abraão.237 Enquanto o capítulo 58 descreve a
verdadeira justiça e suas bênçãos, o capítulo 59 descreve o pecado (3-8) e sua
obliteração de todos os valores (9-15). Apesar disso, Deus libertará o Seu povo,
puramente por causa do Seu próprio nome (v. 16-19). O profeta Isaías aqui corrige o
erro daqueles que haviam declarado que Deus não respondia as orações do povo (Is
58).238 Quais os pecados que levaram o Senhor a retira a Sua presença?
I. Os pecados de Israel
“Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar;
nem surdo o seu ouvido, para não poder ouvir” (Is 59.1) – Alguns questionaram a
capacidade de Deus de cumprir Suas promessas. Na verdade, a barreira do pecado
impediu o Senhor de ouvir as orações do Seu povo (59.1).
“Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os
vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Is 59.2) –
Embora o Senhor pudesse ouvi-los, Ele escolheu não ouvir o clamor do Seu povo (Is
59.2). O pecado impede as orações de serem respondidas (cf. Sl 66.18). Esses pecados
incluíam assassinato, mentira, injustiça (cf. Is 59.9, 11, 14-15), e o maquinar o mal (v. 34). Todos os tipos de injustiça foram praticados em Judá. Isaías apresentou uma
avaliação da cabeça aos pés da doença desta nação.
“Ninguém há que clame pela justiça, ninguém que compareça em juízo pela
verdade; confiam no que é nulo e andam falando mentiras; concebem o mal e dão à
luz a iniquidade” (Is 59.4) – As teias emaranhadas do engano não escondiam suas
verdadeiras intenções diante do Senhor. Seus pensamentos eram “pensamentos de
iniquidade”.
237
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1114). Wheaton, IL: Victor Books.
238 Henry, M. (1994). Matthew Henry’s commentary on the whole Bible: complete and unabridged in
one volume (p. 1197). Peabody: Hendrickson.
128
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
“Chocam ovos de áspide e tecem teias de aranha; o que comer os ovos dela
morrerá; se um dos ovos é pisado, sai-lhe uma víbora” (Is 59.5) – Os ovos de víboras e
teias de aranha revelam, por um lado, a influência venenosa de pessoas más, e em
segundo lugar, a futilidade de confiar em suas políticas ou promessas (6).239 Suas ações
eram como os de cobras venenosas mortais (víboras), pois estavam prejudicando os
outros.
“As suas teias não se prestam para vestes, os homens não poderão cobrir-se
com o que eles fazem, as obras deles são obras de iniqüidade, obra de violência há
nas suas mãos” (Is 59.6) – Seus pensamentos são vãos, como a teia de aranha, que
depois de pronta, torna-se algo frágil e insignificante. Os pensamentos dos homens
“Os seus pés correm para o mal, são velozes para derramar o sangue
inocente; os seus pensamentos são pensamentos de iniqüidade; nos seus caminhos
há desolação e abatimento” (Is 59.7) – Na pressa de fazer as coisas más, eles estavam
causando ruína para outros (v. 7) e estavam constantemente viajando por maus
caminhos. Como resultado, eles não desfrutavam de paz (v.8; cf. Is 48.22; 57.20-21).240
II. Obstáculos removidos (Is 59.9-21)
A única forma de acabar com a barreira do pecado é uma vida de
arrependimento. Somente assim, Deus pode mudar as circunstâncias humilhantes do
Seu povo.
A. Confissão do pecado (Is 59.9-15a)
“Por isso, está longe de nós o juízo, e a justiça não nos alcança; esperamos
pela luz, e eis que há só trevas; pelo resplendor, mas andamos na escuridão” (Is
59.9). Endireitar as questões com Deus sempre começa com a admissão do delito. Para
aqueles que uma vez andaram com o Senhor, alienação espiritual é uma experiência
terrível. O remanescente reconheceu que (a relação correta entre os homens) “juízo” e
“justiça” (relacionamento correto com Deus) não estavam em evidência. As coisas eram
escuras e sombrias. Sem a luz da revelação divina andavam como cegos. É interessante a
última parte do versículo dez: “... e, em plena flor da idade, parecemos mortos” (Is
59.10, NTLH). O pecado destrói nossa vida.
239
Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible
commentary: 21st century edition (4th ed., p. 666). Leicester, England; Downers Grove, IL: InterVarsity Press.
240 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1114). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
“Todos nós bramamos como ursos e gememos como pombas; esperamos o
juízo, e não o há; a salvação, e ela está longe de nós” (Is 59.11) – Os homens
resmungavam como ursos, e gemiam como as pombas. Eles ansiavam por “justiça” e
“salvação” e não encontravam (Is 59.9-11).
O remanescente reconheceu que seus problemas surgiram devido aos pecados
numerosos. Eles admitiram que (1) Os pecados do coração - traição e infidelidade; (2)
Pecados dos lábios - opressão, revolta, e falsidade; e (3) Perversão da justiça (Is 59.1215a).
B. A resposta de Deus (Is 59.15b-21)
Em resposta à confissão do profeta, em nome da nação, uma mensagem de
salvação surge agora. O Senhor quer julgará e retornará para governar o Seu povo
arrependido.
“Sim, a verdade sumiu, e quem se desvia do mal é tratado como presa. O
SENHOR viu isso e desaprovou o não haver justiça” (Is 59.15) – Deus estava ciente da
condição de Israel. Não havia ninguém que se levantasse para defender a causa dos
oprimidos (v. 16). Ele, então, determinou que devesse agir. Isaías não estava dizendo
que o Senhor não quer se envolver, mas que Israel era totalmente incapaz de ajudar a si
mesma. Somente Deus poderia ajudá-los. Isto é verdade para a salvação em qualquer
época. Ninguém pode salvar-se. Somente Deus é capaz de perdoar o pecado e mudar o
coração de uma pessoa.241
“Vestiu-se de justiça, como de uma couraça, e pôs o capacete da salvação na
cabeça; pôs sobre si a vestidura da vingança e se cobriu de zelo, como de um manto”
(Is 59.17) – Isaías descreveu Deus como se estivesse preparando-se para uma batalha
contra a injustiça e a transgressão. Como um guerreiro Deus sai para lutar em favor do
Seu povo. Ele utilizou a justiça, salvação, vingança e zelo.
“Temerão, pois, o nome do SENHOR desde o poente e a sua glória, desde o
nascente do sol; pois virá como torrente impetuosa, impelida pelo Espírito do
SENHOR” (Is 59.19) – Ele trará a recompensa aos seus inimigos dentro e fora Judá (v.
18). Devido a isso, as pessoas em todos os lugares reconhecerão a Sua glória, a
majestade esmagadora, e força (como uma torrente impetuosa). Quando virem o poder
irresistível do Seu juízo, os homens, tanto no Ocidente quanto no Oriente reconhecerão a
majestade do Senhor (Is 59.17-19).
241
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1114). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
“Virá o Redentor a Sião e aos de Jacó que se converterem, diz o SENHOR” (v.
20) – O Redentor virá a Sião. O termo “redentor” (go˒el, em hebraico) é usado treze vezes
por Isaías, todos nos últimos vinte e sete capítulos do livro. Este termo técnico refere-se
à pessoa que tinha o direito e a obrigação de comprar a liberdade de um parente que
havia caído em escravidão.242 O Senhor é o go˒el que resgatará o Seu povo da escravidão.
Aqueles que se desviarem da transgressão irão reconhecê-lo (v. 20).
“Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz o SENHOR: o meu
Espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua boca, não se
apartarão dela, nem da de teus filhos, nem da dos filhos de teus filhos, não se
apartarão desde agora e para todo o sempre, diz o SENHOR” (Is 59.21) – Associado a
este Redentor está uma nova aliança. Deus ungirá este Redentor com o Seu Espírito (cf.
Is 42.1). E colocará as palavras na boca do Redentor (cf. Is 50.4). O Redentor fielmente
transmitirá estas palavras à Sua descendência, ou seja, os Seus discípulos, e eles por sua
vez, proclamarão as palavras através das gerações (59.20f). Que este Redentor é Jesus
Cristo fica claro em Romanos 11.26.243 Os participantes desta aliança, não apenas
conhecem o Senhor, mas falam do Senhor (Jr 31.34), como uma nação de profetas (cf.
Nm 11.29; Jl 2.28).244
Calvino com muita inteireza declarou: “Esse é o tesouro mais valioso da Igreja,
saber que Deus escolheu habitar no coração dos crentes, pelo seu Espírito”.245
A glória do Senhor no reino prometido é o tema dos capítulos finais de Isaías.
Conclusão:
Em 1464 um escultor chamado Agostino di Duccio começou a trabalhar em um
grande pedaço de mármore bruto. Com a intenção de produzir uma magnífica escultura
de um homem do Antigo Testamento para uma catedral em Florença, Itália, ele
trabalhou por dois anos e depois abandonou a obra. Em 1476 Antonio Rossellino
começou a trabalhar no mesmo pedaço de mármore e, algum tempo depois, também
abandonou o projeto.
Em 1501, um escultor de 26 anos de idade chamado Michelangelo recebeu uma
soma considerável de dinheiro para produzir algo de valor do enorme bloco de mármore
chamado de “o gigante”. Quando ele começou o seu trabalho, Michelangelo viu uma
242
Vine, W. E., Unger, M. F., & White, W., Jr. (1996). Vine’s Complete Expository Dictionary of Old
and New Testament Words. Nashville, TN: T. Nelson.
243 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 59.15b–21). Joplin, MO: College Press.
244 Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible
commentary: 21st century edition (4th ed., p. 666). Leicester, England; Downers Grove, IL: InterVarsity Press.
245 Calvin, John Calvin. Commentary on Isaiah - Volume 3, Grand Rapids, MI: Christian Classics
Ethereal Library, p. 367.
131
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
grande falha na parte inferior do bloco que havia frustrado os outros escultores. Ele
decidiu transformar aquela parte da pedra em um toco de árvore quebrada que serviria
para apoiar a perna direita. O resto ele trabalhou por quatro anos, até que conseguiu
produzir o incomparável “Davi”. Hoje a estátua de mais de 5 metros de altura está em
exposição na Academia de Belas artes de Florença. Mais do que uma obra-prima, é uma
das maiores obras de arte já produzidas. Tem sido descrita como a estátua mais perfeita.
Como ele fez isso? Aqui está a resposta em suas próprias palavras:
“Em cada bloco de mármore vejo uma estátua tão simples como se estivesse
diante de mim, em forma, atitude e ação perfeita. Eu só tenho que retirar as imperfeições
que aprisionam a beleza para revelá-la aos outros”.
Disse em termos mais coloquiais, “eu retirei tudo o que não se parecia com Davi”.
Agora aplique isso a vida espiritual. Todos nós somos obras em andamento. Deus
é como um escultor que trabalha com um pedaço de mármore bruto. É um trabalho
difícil, porque o bloco possui várias imperfeições. É o pior pedaço de mármore que um
escultor poderia encontrar. Deus, porém, não se abala e trabalha pacientemente,
retirando as partes ruins, lapidando a pedra dura, parando ocasionalmente para polir
aqui e ali.
Pacientemente, Ele toma o cinzel e retira tudo o que não se parece com Jesus. É
evidente que Ele tem um longo caminho a percorrer. Mas somos encorajados em saber
que Ele não abandonará o projeto. O que Deus começa, Ele termina. Louvado seja Deus!
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Isaías 60-61
As glórias da salvação.
Introdução:
18
Os capítulos 60-62 são os mais otimistas no livro de Isaías. O Redentor (Is 59.20)
conduzirá o Seu povo à glória. Que contraste entre as condições humildes dos habitantes
de Sião (caps. 58-59) e as bênçãos grandiosas apreciadas por aqueles que viverão com o
Redentor!246
Note que Isaías começou o seu “Livro das consolações” (capítulos 40-66), com a
promessa de que “a glória do Senhor se manifestará” (40.5). Agora, Isaías conclui com a
descrição da glória. Quando a glória de Deus está em cena, tudo se renova.247
No entanto, sobre que Jerusalém Isaías está tratando? A Jerusalém da época de
Neemias ou a Jerusalém celestial? A Jerusalém reconstruída após o retorno dos exilados
da Babilônia nunca se igualou à cidade descrita neste capítulo. A única comparação
possível é com a Jerusalém celestial descrita no livro de Apocalipse (Ap 21.23-27).
I. A glória futura de Sião (Is 60.1-22)
Em seis parágrafos magistrais Isaías descreve a transformação em Sião após o
aparecimento do Redentor.
A. Jerusalém iluminará a terra
“Levante-se, Jerusalém! Que o seu rosto brilhe de alegria, pois já chegou a sua
luz! A glória do SENHOR está brilhando sobre você” (Is 60.1, NTLH) – Em primeiro
lugar, a glória do Senhor quebrará a escuridão moral e espiritual que envolvia todo o
mundo. Naquele dia, os fiéis refletirão a glória de Deus. Esta luz não é do sol, mas a glória
de Deus brilhando sobre a cidade.
A glória de Deus outrora no tabernáculo (Êx 40.34-38) foi removida por causa do
pecado de Israel (1Sm 4.21). Em seguida, a glória de Deus habitou no templo (1Rs 8.11),
mas partiu quando a nação se voltou para os ídolos (Ez 9.3; 10. 4, 18; 11.22-23). No
Novo Testamento, a glória veio a Israel, na pessoa de Jesus Cristo (Jo 1.14), mas a nação
pregou a glória em uma cruz. Agora, Isaías descreve a gloriosa luz que virá a Israel
quando o Messias voltar. Então, “A terra se encherá do conhecimento da glória do
SENHOR, como as águas cobrem o mar” (Hc 2.14).248
246
Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 60.1–61.11). Joplin, MO: College Press.
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 152). Wheaton, IL: Victor Books.
248 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 152–154). Wheaton, IL: Victor Books.
247
133
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
B. Jerusalém será visitada pelos gentios
“Atraídos pela sua luz, Jerusalém, os povos do mundo virão; o brilho do seu
novo dia fará com que os reis cheguem até você” (Is 60.3, NTLH) – Em segundo lugar,
Isaías proclamou que as nações e os reis serão atraídos pelo o brilho da Nova Jerusalém.
Pessoas de várias nacionalidades. Sião será um feixe de alegria. “... Os seus filhos vêm de
longe” (v. 4).
C. Jerusalém será honrada pelos gentios
“Quando você vir isso, ficará radiante de alegria; cheio de emoção, o seu
coração baterá forte. Os povos que vivem no outro lado do mar virão, trazendo
todas as suas riquezas para você” (Is 60.5) – Em terceiro lugar, o influxo de gentios
trará grande riqueza a Sião. Do leste (Midiã, Efa), a partir do sul (Sabá) e do deserto
(Quedar, Nebaiote) virão os recursos para manter o Templo e os sacrifícios adequados.
No Mar Mediterrâneo, o profeta podia ver as velas dos “navios de Társis” vindos do
oeste. Esses navios trarão mais adeptos e riqueza. Todas essas pessoas virão e
conhecerão o Senhor e, portanto, virão a Sião cantando louvores (60.59
D. Jerusalém será honrada pelos gentios
“O SENHOR diz a Jerusalém: Estrangeiros reconstruirão as suas muralhas, e
os reis deles trabalharão para você. Eu estava irado e por isso a castiguei, mas eu a
amo e tenho compaixão de você” (Is 60.10, NTLH) – Em quarto lugar, a reconstrução
de Sião será o amanhecer de um novo dia para as nações do mundo, bem como para
Israel (v. 3, 10-13). Estrangeiros destruíram as muralhas de Jerusalém física; mas
estrangeiros se juntarão na edificação da Sião espiritual. Assim como Hirão, rei de Tiro,
ajudou a construir o primeiro templo (1Rs 5), e assim como Ciro e Dario, reis da Pérsia,
ajudaram a construir o segundo templo (Ed 6), assim também, hoje em dia, pessoas de
muitas nações estão edificando a Igreja, o templo do Senhor (Ef 2.11-22).
“As tuas portas estarão abertas de contínuo; nem de dia nem de noite se
fecharão, para que te sejam trazidas riquezas das nações, e, conduzidos com elas, os
seus reis” (Is 60.11) – Ao invés de atacarem, as nações trarão tributo (Ap 21.25,26). Em
uma antiga cidade murada, os portões eram fechados ao cair da noite para manter os
invasores, saqueadores, criminosos e outros indivíduos potencialmente perigosos de
longe da cidade. Que não haverá noite, na eternidade, e que as portas da Nova Jerusalém
jamais serão fechadas, mostra completa segurança da cidade. Será um lugar de descanso,
segurança e refrigério, onde o povo de Deus “descansará dos seus trabalhos” (Ap 14.13).
Os moradores estarão plenamente seguros de todas as forças malignas que foram
condenadas no lago de fogo e enxofre.249
249
KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento, Apocalipse. São Paulo: Editora Cultura
Cristã, 2004, p. 721.
134
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Além do mais, será um lugar radiante da presença de Deus e do Cordeiro que
acabará com toda a escuridão. Na Bíblia, as trevas simbolizam a existência longe da
presença de Deus (Mt 6.23; 8.12; 22.13; 25.30).250
E. Jerusalém será protegida por Deus
“Nunca mais você será odiada, nunca mais será uma cidade abandonada, sem
moradores; eu farei com que você seja bela e poderosa, com que seja para sempre
uma cidade alegre” (Is 60.15, NTLH) – Em quinto lugar, Isaías foca na prosperidade de
Sião. Nos versículos 15-22, o Senhor descreve algumas das alegrias e maravilhas do
reino glorioso. A nação não será abandonada, mas será enriquecida pelos gentios e
tratada como um filho amado (v. 4, 16; 49.23; 61.6). Anteriormente, Jerusalém tinha sido
abandonada, mas isso mudará. Sião será uma fonte de alegria e orgulho. Os melhores
materiais de construção serão usados na construção, tornando o lugar tanto precioso
quanto indestrutível. Paz, justiça, salvação e louvor serão as marcas do lugar santo (v.
15-18).
F. Jerusalém será iluminada por Deus
“Nunca mais o sol a iluminará de dia, nem a lua, de noite; pois eu, o SENHOR,
serei para sempre a sua luz, e a minha glória brilhará sobre você” (Is 60.19) –
Finalmente, Isaías proclamou a coroação de Sião. Nesse novo dia, o sol e a lua não serão
necessários, pois Deus habitará no meio do Seu povo. Ele será a Sua luz (cf. Ap 21.23, 22.
5). Luz simboliza a presença de Deus, a salvação e a alegria. Os moradores da Nova
Jerusalém serão justos, serão como uma planta cuidada pelo próprio Deus.
Experimentarão um crescimento saudável para que o nome de Deus seja glorificado (v.
21-22).
II. O Salvador maravilhoso de Sião
“O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu
para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de
coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados”
(Isaías 61.1) – O pregador nos versículos de abertura do capítulo 61 não é identificado,
mas dificilmente se pode duvidar de que seja outra pessoa a não ser o Servo-Redentor.
Esses versículos devem, portanto, ser considerados como o quinto e último dos poemas
do Servo. Aqui, o Servo do Senhor afirma ter sido ungido com o Espírito com o propósito
de ser o Arauto de Deus.
250
LADD, George. Apocalipse, introdução e comentário. São Paulo: Editora Vida Nova, 1984, p. 210.
135
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Em seu pronunciamento o arauto realizará sete coisas.
(1) Ele pregará boas novas aos quebrantados;
(2) Ele curará os quebrantados de coração;
(3) Ele proclamará a libertação aos cativos
(4) Ele libertará os presos;
(5) Ele proclamará o ano da aceitação, ou seja, o período da graça de Deus;
(6) Ele anunciará o dia do juízo;
(7) Ele consolará os enlutados.
“A apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a
consolar todos os que choram e a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa
em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste de louvor, em vez de
espírito angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo
SENHOR para a sua glória” (Is 61.2–3) – É maravilhoso saber que esta profecia se
cumpriu em Cristo. Na sinagoga de Nazaré, Jesus leu esta passagem e anunciou que se
cumpriu em Seu ministério (Lc 4.17-21). No entanto, Ele não citou, “e o dia da vingança
do nosso Deus” no versículo 2, porque esse dia ainda virá (Is 34.8; 35.4; 63.4).
“A apregoar o ano aceitável do SENHOR...” (v. 2) – Por intermédio de Sua morte
e ressurreição, Jesus inaugurou o “dia da salvação” (2Co 6.2), no qual o evangelho está
sendo pregado pelo mundo inteiro. Agora, aqueles que estavam alienados podem
encontrar paz nEle (Ef 2.12,13; 3.5; 2Tm 1.10).
“... A consolar todos os que choram e a pôr sobre os que em Sião estão de luto
uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste de louvor, em
vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça...” (Is 61.2–
3) – No lugar de cinzas, pranto e um espírito angustiado, o povo de Deus receberá uma
coroa, óleo de alegria, um manto e um novo título (“carvalhos de justiça”). A expressão
“carvalhos de justiça” simboliza a força e a justiça, em vez de serem, como até então, uma
cana quebrada pelo pecado e calamidade (Is 1.29, 30; Is 42, 3; 1Rs 14.15; Sl 1.3; 92.12 14; Jr 17. 8).251
III. Outras bênçãos de Sião (Is 61.4-11)
“Edificarão os lugares antigamente assolados, restaurarão os de antes
destruídos e renovarão as cidades arruinadas, destruídas de geração em geração”
(Is 61.4) – Aqueles que foram abençoados pela obra do Servo serão “restaurarão os de
antes destruídos”. A referência é para a edificação da igreja dos estragos do pecado
251
Jamieson, R., Fausset, A. R., & Brown, D. (1997). Commentary Critical and Explanatory on the
Whole Bible (Is 61.3). Oak Harbor, WA: Logos Research Systems, Inc.
136
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
através dos tempos. Aqueles que antes eram “estranhos” trabalharão para Sião e
realizarão todo o trabalho necessário para manter o reino na terra (61.4).
Todos os cidadãos de Sião constituirão um sacerdócio para o mundo. Os cidadãos
desfrutarão de uma porção dupla da bênção divina (v. 7). Além disso, eles
experimentarão a alegria eterna (Is 61.7).
“A sua posteridade será conhecida entre as nações, os seus descendentes, no
meio dos povos; todos quantos os virem os reconhecerão como família bendita do
SENHOR” (Is 61.9) – Todas as nações reconhecerão a aliança de Deus com o Seu povo.
Isaías previu Sião se alegrando com seu traje divinamente providenciado. Deus vestirá o
Seu povo com “vestes de salvação” e com um “manto de justiça”. Isaías comparou estas
belas peças de vestuário com o traje de uma noiva e do noivo. Ele comparou a vinda
justiça a uma planta que Deus fez brotar diante das nações (Is 61.10).
Conclusão:
A Nova Jerusalém será um lugar de beleza indescritível e inimaginável. A glória de
Deus brilhará sobre o ouro e as pedras preciosas e assim, iluminará o novo céu e a nova
terra. Mas a realidade mais gloriosa de todas será o fato de que os justos desfrutarão de
intensa comunhão com Deus, servindo e reinando eternamente com a alegria e adoração
incessante.
Certamente, muitas perguntas podem ser feitas sobre a nossa futura morada
celestial, mas a maioria ficará sem resposta até chegarmos a nossa casa gloriosa. O
conhecimento de que Jesus voltará em breve não deve levar os cristãos a uma vida de
espera ociosa e relapsa (cf. 2Ts 3.10-12). Pelo contrário, deve produzir obediência e
adoração a Deus, e o desejo de proclamar o evangelho aos incrédulos.
Você está preparado para a vinda de Cristo? Caso contrário, hoje é tempo de
alinhar a sua vida com Deus.
137
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Isaías 62-64
A proximidade da salvação.
Introdução:
19
O anúncio da salvação no capítulo 61 vem acompanhado do anúncio da
restauração de Jerusalém no capítulo 62. Grande parte deste capítulo fala da preparação
que está sendo realizada para a vinda do Senhor e a restauração do Seu povo. Em Isaías
62, a palavra “Jerusalém” não se refere apenas a uma cidade antiga; refere-se ao povo de
Deus em um tempo futuro, o período da igreja.
Neste capítulo, Isaías descreve algumas das promessas de Deus para o Seu povo,
juntamente com suas expectativas:
I. A proximidade da Salvação
“Por amor de Sião, me não calarei e, por amor de Jerusalém, não me
aquietarei, até que saia a sua justiça como um resplendor, e a sua salvação, como
uma tocha acesa” (Is 62.1) – Deus prometeu que não ficará em silêncio, ou seja, Ele não
ficará de braços cruzados, até que tenha realizado Seus propósitos para Jerusalém. Esses
efeitos se resumem na palavra “justiça”, ou seja, vindicação e “salvação”.252 Isaías
comparou esta obra de Deus, em nome de Sião com uma tocha acesa (62.1).
“As nações verão a tua justiça, e todos os reis, a tua glória; e serás chamada
por um nome novo, que a boca do SENHOR designará” (v. 2) – Os gentios e seus
líderes tomarão nota da mudança da sorte de Sião. Além disso, o Senhor concederá um
nome ao Seu povo. Embora Isaías inicie o capítulo 62 chamando a atenção para a luz,
assunto abordado no capítulo anterior dedicado a Jerusalém, ele muda, logo em seguida,
e passa a descrever a cidade como uma noiva.
“Serás uma coroa de glória na mão do SENHOR, um diadema real na mão do
teu Deus” (v. 3) – O povo renovado de Deus será absolutamente glorioso, como uma
coroa, segura e admirada pelo rei. Ela será um ornamento precioso.
Em primeiro lugar, o Senhor promete a Jerusalém um nome novo – “Nunca
mais te chamarão Desamparada, nem a tua terra se denominará jamais Desolada; mas
chamar-te-ão Minha-Delícia; e à tua terra, Desposada; porque o SENHOR se delicia em ti;
e a tua terra se desposará” (v. 4) – Alguma vez você já pensou sobre o quão importante é
252
Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 62.1–63.6). Joplin, MO: College Press.
138
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
o seu nome? Tanto na cultura oriental quanto na cultura ocidental, a mudança de nome
implica um novo caráter e um novo destino (Gn 17.5, 15; 35.10-11; Mt 16.17-19). Na
Bíblia, lemos sobre pessoas que receberam novos nomes quando Deus designou-os para
fazer algo especial. Por exemplo, Abrão se tornou Abraão e Jacó se tornou Israel. Isaías
declara que Deus dará ao Seu povo um novo nome, porque eles se tornarão pessoas
novas, diferentes do que eram.
Antigamente a cidade era chamada de “Desamparada”, “Desolada” (Is 62.4),
nomes que serviam para lembrar sua semelhança com uma mulher abandonada e estéril
numa época em que essas condições causavam vergonha (Is 54.1, 7). Porém, a nova
relação da cidade com Deus é comparada com a felicidade de um casamento. O povo de
Deus receberá dois novos nomes: “Minha-delícia” e “Desposada”. Deus lidará com o Seu
povo como um noivo cuida de sua noiva (Is 62.2-5). Mais adiante, Jerusalém receberá
outros nomes: “Procurada” e “Cidade-não-Deserta” (Is 62.12).
Em segundo lugar, Deus colocará guardas ao redor de Jerusalém – “Sobre os
teus muros, ó Jerusalém, pus guardas, que todo o dia e toda a noite jamais se calarão; vós,
os que fareis lembrado o SENHOR, não descanseis, nem deis a ele descanso até que
restabeleça Jerusalém e a ponha por objeto de louvor na terra” (Is 62.6-7) – No mundo
antigo, os vigias ficavam nos muros da cidade (muitas vezes em torres) para verem os
inimigos que se aproximavam.253 Da mesma forma, Deus nomeará guardas, ou seja,
ministros fiéis, sobre os muros da Jerusalém espiritual. Os profetas foram chamados
para serem atalaias espirituais (21.6; Jr 6.17; Ez 3.17; 33.2-7). Eles advertirão os
cidadãos do erro. Eles constantemente clamarão em nome da cidade, e suas orações não
serão em vão.
Em terceiro lugar, o Senhor protegerá o Seu povo de qualquer ataque –
“Jurou o SENHOR pela sua mão direita e pelo seu braço poderoso: Nunca mais darei o teu
cereal por sustento aos teus inimigos, nem os estrangeiros beberão o teu vinho, fruto de
tuas fadigas” (v. 8) – Como um marido protetor, o Senhor protegerá o Seu povo de
qualquer ataque. Jerusalém nunca mais cairá diante dos inimigos (Is 62.8-9). O alimento
nunca mais será devorado pelos adversários. Seu braço poderoso, que utilizou no
passado para proteger o Seu povo (Cf. 51.9-10; 59.1), garantirá que Jerusalém nuca mais
seja invadida e saqueada, e desfrutará dos resultados do Seu trabalho (Is 62.8-9).254
Em quarto lugar, o Senhor voltará para o Seu povo – “Passai, passai pelas
portas; preparai o caminho ao povo; aterrai, aterrai a estrada, limpai-a das pedras;
arvorai bandeira aos povos” (Is 62.10) – Isaías exortou os cidadãos de Sião a saírem pelas
portas e preparar o caminho para as nações. Em seguida, eles deveriam levantar uma
253
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1117). Wheaton, IL: Victor Books.
254 ADEYEMO, Tokunboh (Editor). Comentário Bíblico Africano. São Paulo: Editora Mundo Cristão,
2010, p. 878.
139
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
bandeira como um ponto de encontro para os povos. Essa bandeira foi identificada como
a raiz de Jessé, o Messias (11.10), que o próprio Deus fornecerá (49.22).
Os versículos 10-12 foram escritos como se o Senhor estivesse a caminho, para
que seu povo se preparasse. As ordens repetidas, passar, passar e aterrar, aterrar,
transmitem um senso de urgência; as pessoas devem se preparar com urgência diante
da vinda do Senhor (Is 40.3-5, 9).
“Eis que o SENHOR fez ouvir até às extremidades da terra estas palavras:
Dizei à filha de Sião: Eis que vem o teu Salvador; vem com ele a sua recompensa, e
diante dele, o seu galardão” (Is 62.11) – O versículo 11 pede ao povo em todos os
lugares para proclamar ao mundo que o Salvador chegou. Em todo o mundo o Senhor
proclamará através dos Seus mensageiros a verdade gloriosa: A salvação chegou à “filha
de Sião”.
“Chamar-vos-ão Povo Santo, Remidos-Do-SENHOR; e tu, Sião, serás chamada
Procurada, Cidade-Não-Deserta” (Is 62.12) – Isaías identificou aqueles que percorrem
o caminho da salvação como povo santo, os remidos do Senhor. Eles têm sido
“procurado” por terem sido chamados do mundo. Com esta vasta multidão dos salvos
como seus habitantes, Jerusalém nunca mais será abandonada (62.10-12).
O primeiro resultado é que o Seu povo, a filha de Sião será chamada de “povo
santo”. Eles se tornarão, finalmente, “justos” como Deus é justo. O próximo nome que
Jerusalém receberá é “Procurada”. Ao invés de ignorada ou abandonada será chamada
de “Procurada” pelo Senhor.
II. O dia da vingança e da redenção
A. O dia da vingança
“Quem é este que vem de Edom, de Bozra, com vestes de vivas cores, que é
glorioso em sua vestidura, que marcha na plenitude da sua força? Sou eu que falo
em justiça, poderoso para salvar” (Is 63.1) – Pode parecer estranho que Isaías faça
uma mudança abrupta, passando da alegria de ver Jerusalém restaurada e sua glória
futura para uma cena de devastação acompanhada de uma oração desesperada. Porém,
uma questão a se considerar é que Isaías é um profeta, não um historiador.
Os inimigos de Sião (tipificados por Edom) serão destruídos antes das promessas
gloriosas feitas nos capítulos anteriores serem cumpridas. Bozra era uma importante
cidade de Edom, a 48 km a sudeste do mar Morto. Em uma visão Isaías viu o Senhor
caminhando triunfantemente para Sião. Suas vestes estão manchadas de vermelho como
o sangue dos Seus inimigos. O mesmo Deus que salva o justo arrependido também será
um juiz inflexível dos perversos teimosos.
140
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
“Na minha ira, pisei os povos, no meu furor, embriaguei-os, derramando por
terra o seu sangue” (Is 63.6) – Quando Jesus veio ao mundo pela primeira vez, foi para
inaugurar “o ano aceitável do Senhor” (Is 61.2; Lc 4.19). Quando Ele vier pela segunda
vez, será o clímax “o dia da vingança do nosso Deus” (Is 63.4.; 61.2). O inimigo será
esmagado como uvas e forçado a beber o próprio sangue do cálice da ira de Deus (51.17;
25; Jr 15-16.).255
B. A oração por redenção
A violência do julgamento de Deus perturbou profundamente o povo. Eles
ficaram tão preocupados que se voltaram para o Senhor por meio de uma longa oração
de intercessão e arrependimento (Is 63.7-64.12).
1. A fidelidade de Deus (Is 63.7-9)
Isaías descreve o que Deus fez por Israel. Ele louva a Deus por sua bondade,
benignidade e amor concedido a Israel. A gratidão e o louvor devem sempre preceder a
petição. O Senhor havia escolhido Israel como o Seu povo (v. 8). Ele se tornou o seu
Salvador. Ele enviou “o anjo da Sua presença” para salvá-los (cf. Êx 33.14). Ele redimiu o
Seu povo da escravidão egípcia e os “conduziu” através do deserto (Is 63.7-10). Que
amor maravilhoso!
2. A infidelidade do povo de Deus (Is 63.10-14)
Infelizmente Israel se rebelou contra Deus. “Mas eles foram rebeldes e
contristaram o seu Espírito Santo, pelo que se lhes tornou em inimigo e ele mesmo pelejou
contra eles” (Is 63.10). Apesar do amor eletivo de Deus, Israel virou as costas para o
Senhor. Ele, então, se tornou o Seu adversário e lutou contra eles através da agência de
potências estrangeiras. No exílio, o povo estava cheio de dúvidas sobre o Seu Deus. Por
que Deus ajudou o Seu povo durante a escravidão egípcia, mas não agora? (cf. Nm 11,
24-30; Dt 12.9f; Sl 95.11; Is 63.11-14).
C. A oração dos cativos (Is 63.14-64.1-12)
Isaías previu a oração que sairá dos lábios dos cativos penitentes. A oração
consiste em cinco partes. Contendo quatro petições e uma confissão de pecado.
Em primeiro lugar, Isaías descreve os cativos clamando a Deus por
reconhecimento. “Atenta do céu e olha da tua santa e gloriosa habitação. Onde estão o
teu zelo e as tuas obras poderosas? A ternura do teu coração e as tuas misericórdias se
detêm para comigo!” (Is 63.15) – Somente Deus poderia libertá-los. Ele conduziu Seu
255
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 158). Wheaton, IL: Victor Books.
141
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
povo no passado. Nas atuais circunstâncias, no entanto, eles não haviam testemunhado o
zelo e os milagres de Deus, nem percebido a compaixão do Senhor por eles. Os cativos
suplicaram que Deus “atentasse do céu”, ou seja, que mudasse a circunstância, porque
Ele era o pai da nação. Seus pais, na carne (Abraão e Jacó) não poderiam socorrê-los.
Somente o Senhor, o Redentor, poderia salvá-los (Is 63.14b-16).
Em segundo lugar, Isaías descreve os cativos clamando pela presença de
Deus. “... Volta para nós, ó Deus, pois somos os teus servos, somos o povo que escolheste” (Is
63.17, NTLH) – Em sua paciência Deus não havia punido o ímpio. Ele mesmo havia
permitido que o Templo fosse pisado pelo inimigo. Os babilônios, entre outros, haviam
ocupado a terra de Israel e profanado o Santuário de Deus (Sl 74.3-7). A aparente
injustiça de tudo isso havia levado muitos ao desespero, dureza e incredulidade. Assim, o
povo clama pela volta de Deus para o bem dos Seus servos (Is 63.17-19).
Em terceiro lugar, Isaías descreve os cativos clamando a Deus por
intervenção. “Oh! Se fendesses os céus e descesses! Se os montes tremessem na tua
presença, como quando o fogo inflama os gravetos, como quando faz ferver as águas, para
fazeres notório o teu nome aos teus adversários, de sorte que as nações tremessem da tua
presença!” (Is 64.1–2) – Eles queriam ver a manifestação de Deus contras seus inimigos.
As nações nunca tinham visto um Deus descendo em poder para ajudar o seu povo. Por
isso, eles clamam a Deus que venha “... O fogo inflama os gravetos, como quando faz ferver
as águas, para fazeres notório o teu nome aos teus adversários” (Is 64.2).
Em quarto lugar, Isaías descreve a confissão dos cativos a Deus. “Sais ao
encontro daquele que com alegria pratica justiça, daqueles que se lembram de ti nos teus
caminhos; eis que te iraste, porque pecamos; por muito tempo temos pecado e havemos de
ser salvos?” (Is 64.5) – Eles continuaram em pecado por um longo tempo. Havia alguma
esperança de salvação? Sentiam-se intocáveis (como leprosos). Cada boa ação que
qualquer um poderia nomear era nada além de uma peça de roupa suja. Os penitentes
compararam os efeitos do pecado como uma folha murcha e o vento que a arrebata (v.
6). Eles se consideraram indignos e não acreditavam que Deus pudesse respondê-los
(64.5b-7).
Em quinto lugar, Isaías descreveu os cativos clamando a Deus por
misericórdia. “Mas agora, ó SENHOR, tu és nosso Pai, nós somos o barro, e tu, o nosso
oleiro; e todos nós, obra das tuas mãos” (Is 64.8) – Mais uma vez Deus é chamado de Pai. O
povo pede para que Deus não fique calado enquanto eles sofrem (v. 11). Para eles, a
punição é maior do que podem suportar, portanto, clamam para que Deus nãos os aflija
sobremaneira (Is 64.9, 12).
142
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
“Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem
com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera” (Is
64.4) – De acordo com o versículo 4, Deus planejou para o Seu povo coisas maravilhosas
além da imaginação; mas os pecados os impediam de compartilhar suas bênçãos. (Cf.
1Co 2.9 e Ef 3.20-21). Há alguma esperança? Sim, porque Deus é um Pai perdoador e um
paciente Oleiro (Jr 18).256
A oração termina com uma pergunta: “Vendo tudo isso, ó SENHOR, não vais
fazer nada? Será que vais ficar calado e nos castigar mais ainda?” (Is 64.12, NTLH).
A resposta de Deus é encontrada nos próximos dois capítulos.
Conclusão:
“Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem
com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera” (Is
64.4). A Palavra de Deus é fiel e verdadeira. Os grandes impérios caíram, mas o império
de Cristo permanecerá eternamente. Só o Reino de Cristo triunfará. Consequentemente,
não precisamos ter medo quanto ao futuro, Deus já determinou o fim: nossa vitória em
Cristo Jesus.
Entretanto, o que esperamos deve afetar a maneira como vivemos. Jim Elliot, que
entregou a sua vida pela causa do Evangelho, escreveu em seu diário: “Onde quer que
você esteja, esteja todo lá. Viva ao máximo cada situação que você acredita ser a vontade
de Deus”.257 Comprometa-se com as coisas que importam para Deus. Essa é a única
maneira de fazer com que a vida realmente valha a pena!
256
257
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 159). Wheaton, IL: Victor Books.
ELLIOT, Elisabeth. Through gates of splendor [Spire Books], p. 19-20.
143
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Isaías 65
A resposta de Deus.
Introdução:
20
A acusação de abandono nos capítulos 63 e 64 incitou uma resposta de Deus. De
várias maneiras a resposta do Senhor resume a mensagem de todo o livro de Isaías.258
Ao longo do capítulo, bem como ao longo do livro, o profeta implicitamente implorou
para que as pessoas depositassem sua confiança no Senhor, sua comunhão com Deus, e
vivessem dignamente. Em Isaías 65, Deus responde a oração do Seu povo, oferecendo
uma perspectiva sobre o relacionamento que o povo de Israel manteve com Deus no
passado e, em seguida, uma promessa de “um novo céu e uma nova terra”. Os problemas
do passado serão esquecidos, e as bênçãos de Deus nunca faltarão.
Além disso, o capítulo 65 contrasta os respectivos destinos do justo e do ímpio.
Apesar das tentativas constantes do Senhor em receber a atenção de Israel, muitos O
rejeitaram e abraçaram práticas religiosas pagãs.259 Tal teimosia exigiu uma punição
severa.
I. Uma perspectiva sobre o passado
“O SENHOR Deus disse: Eu estava pronto para atender o meu povo, mas eles
não pediram a minha ajuda; estava pronto para ser achado, mas eles não me
procuraram...” (Is 65.1, NTLH) – O Senhor estendeu a mão para acolher o Seu povo,
mas estes nem se incomodaram em responder, uma vez que estavam muito ocupados
seguindo os seus próprios pensamentos (Is 65.2). Porém, Deus apresentou-se às nações
estrangeiras, povos que nem sequer estavam procurando por Ele.
“... A um povo que não orou a mim, eu disse: ‘Estou aqui! Estou aqui!’” (Is 65.1,
NTLH) – O dia virá quando os gentios, que nem sequer buscavam a graça de Deus O
encontrarão (Rm 10.20-21). Se Israel não queria o que Deus tinha para oferecer, então
Ele lhe daria a outros (Lc 14.16-24 e 21.10 e At 28.23-31). Os gentios não haviam
buscado a Deus, mas O encontraram facilmente; Deus procurou Israel, mas era
constantemente rejeitado pelo Seu povo.260
258
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1119). Wheaton, IL: Victor Books.
259 Chisholm, R. B. (1998). The Major Prophets. In D. S. Dockery (Org.), Holman concise Bible
commentary (p. 290). Nashville, TN: Broadman & Holman Publishers.
260 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 160). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
“povo que de contínuo me irrita abertamente, sacrificando em jardins e
queimando incenso sobre altares de tijolos” (v. 3) – O povo escolheu deliberadamente
andar por um caminho que não era bom, incluindo a prática da idolatria. Longe de
aceitar o apelo de Deus, os pecadores provocaram-Lhe abertamente. Então, Deus
descreve os pecados do Seu povo, que O impediu de responder as suas orações (Is 65.27). Eles foram culpados de: (1) Sacrificarem em jardins (v. 3); (2) Queimarem incenso
sobre tijolos, ou seja, os telhados de suas casas (v. 3); (3) Sentarem nos túmulos
praticando necromancia (v. 4); (4) Passarem a noite em lugares misteriosos a fim de
ganharem sabedoria de pessoas ilustres do passado (v. 4); (5) Comerem carne de porco
e outras carnes imundas (v. 4); (6) E ainda essas pessoas rebeldes se consideravam
melhores do que os outros! (v. 5). O significado exato de algumas destas práticas não é
conhecido.
“És no meu nariz como fumaça de fogo que arde o dia todo” (v. 5) – Porém,
tudo isso era como fumaça irritante nas narinas. Trata-se de uma alusão a fumaça de
seus sacrifícios hipócritas, uma irritação sem fim para Deus, que responde a essas
práticas com disciplina.
“Eis que está escrito diante de mim, e não me calarei; mas eu pagarei, vingarme-ei, totalmente, das vossas iniqüidades e, juntamente, das iniqüidades de vossos
pais, diz o SENHOR, os quais queimaram incenso nos montes e me afrontaram nos
outeiros; pelo que eu vos medirei totalmente a paga devida às suas obras antigas”
(Is 65.6-7) – Deus decidiu disciplinar os pecados do povo, bem como os pecados de seus
pais (Is 65.6-7). Essas palavras podem indicar que os filhos sofrerão as consequências do
pecado de seus pais (Êx 20.5) ou que Deus está fazendo referências ao julgamento final,
quando todas as gerações comparecerão diante dele (Mt 12.41-42). Na verdade, o que
Isaías está dizendo é que as iniquidades do povo foram amontoadas de geração em
geração.
II. Uma promessa para o futuro
“Assim diz o SENHOR: Como quando se acha vinho num cacho de uvas, dizem:
Não o desperdices, pois há bênção nele, assim farei por amor de meus servos e não
os destruirei a todos” (Is 65.8) – Deus, então, explica que julgará a nação por seus
pecados (65.8-16). Ele chamou os babilônios como um instrumento de punição para
ensinar ao Seu povo que não poderiam pecar e fugir sem consequências. No entanto, em
misericórdia, Deus preservou um remanescente como algumas uvas resgatadas, o
remanescente voltará para a terra e restaurará a nação.261 Isaías ilustra essa verdade
com outro exemplo tirado da vinha (cf. 5.1-7): o dono da vinha está prestes a jogar fora
261
Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 160). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
um cacho de uvas que apodreceu, porém alguém chama a sua atenção apontando que
algumas uvas não estão estragadas. O dono decide manter as uvas boas.262
“Farei sair de Jacó descendência e de Judá, um herdeiro que possua os meus
montes; e os meus eleitos herdarão a terra e os meus servos habitarão nela” (Is
65.9) – Embora o julgamento fosse dirigido a toda a nação (v. 6-7), não será total. Como
algumas uvas são deixadas quando as vinhas são recolhidas (Dt 24.21), de modo que um
remanescente será deixado e voltará para a terra (possuirão os meus montes) e a
cultivarão, e os seus rebanhos pastarão novamente.
“Sarom servirá de campo de pasto de ovelhas, e o vale de Acor, de lugar de
repouso de gado, para o meu povo que me buscar” (Is 65.10) – Sharon, o litoral sul da
planície do Monte Carmelo, é um lugar excelente para a agricultura, e o Vale de Acor (cf.
Os 2.15) ficava a leste, perto da cidade de Jericó.263 Juntos eles representavam toda a
terra prometida.
Os verdadeiros servos de Deus herdarão a terra prometida e desfrutarão de paz e
abundância. Somente o povo de Deus, que o procura experimentará a bênção aqui
descrita (65.8-10). É interessante que “o Vale de Acor” foi o lugar onde Acã foi
apedrejado até a morte porque ele desobedeceu ao Senhor (Js 7). Porém, é o lugar onde
o Senhor restaurou a esposa do profeta Oséias, uma representação do povo Israel, o vale
de Acor se tornará para eles “uma porta de esperança” (Os 2.15).
“Mas a vós outros, os que vos apartais do SENHOR, os que vos esqueceis do
meu santo monte, os que preparais mesa para a deusa Fortuna e misturais vinho
para o deus Destino, também vos destinarei à espada, e todos vos encurvareis à
matança; porquanto chamei, e não respondestes, falei, e não atendestes; mas
fizestes o que é mau perante mim e escolhestes aquilo em que eu não tinha prazer”
(Is 65.11-12) – Em Isaías 65.11-16, Deus vê dois tipos de pessoas na terra: os que
abandonaram o Senhor e aqueles que servem ao Senhor. Os que deixaram o Senhor
ignoraram o Seu templo e adoraram falsos deuses, como a deusa “Fortuna” e o deus
“Destino” (Gade e Meni, em hebraico). Esses judeus desobedientes não viverão, mas
serão destruídos. Na verdade, seus próprios nomes serão usados como maldições nos
próximos anos!264 Como o nome de Judas atualmente é utilizado, enquanto os servos de
Deus receberão um nome digno de honra (65.15).
262
ADEYEMO, Tokunboh (Editor). Comentário Bíblico Africano. São Paulo: Editora Mundo Cristão,
2010, p. 879.
263 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1119). Wheaton, IL: Victor Books.
264 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 160–161). Wheaton, IL: Victor Books.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
O Contraste dos destinos – Isaías 65.13-15
Os servos de Deus
Os perversos
Comerão
Passarão fome
Beberão
Passarão sede
Alegrar-se-ão
Serão envergonhados
Cantarão de alegria
Chorarão de tristeza
Receberão um novo nome.
Seus nomes serão amaldiçoados
“de sorte que aquele que se abençoar na terra, pelo Deus da verdade é que se
abençoará...” (v. 16) – O nome, o Deus da verdade é (literalmente) o Deus do “Amém”,
isto é, o que é certo e fiel; conforme a expressão de nosso Senhor: “Em verdade, em
verdade” (“Amém, amém”), e seu título em Apocalipse 3.14 (ver também 2Cor 1.1820).265 Nesse dia, todas as bênçãos e todos os juramentos serão em nome do único e
verdadeiro Deus, porque todos os ídolos serão destruídos.
Que futuro glorioso os fiéis poderiam antecipar! Antigos problemas seriam
esquecidos. Eles poderiam reconhecer o Senhor, naquele dia, como o Deus da Verdade, o
Deus do Amém!
III. A nova criação (Is 65.17-25).
“Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das
coisas passadas, jamais haverá memória delas” (Is 65.17) – Isaías 65.17-25 deve ser
entendido como descrevendo o estado final dos redimidos; observe o paralelo com
Apocalipse 21: “Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram,
e o mar já não existe” (Ap 21.1). De acordo com o Novo Testamento, a nova criação
começou com a obra de Cristo (2Co 5.17; Gl 6.15). A conclusão se dará no julgamento
final (2Pe 3.3-13; Ap 20.11-15).
265
Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible
commentary: 21st century edition (4th ed., p. 669). Leicester, England; Downers Grove, IL: InterVarsity Press.
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Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
O profeta Isaías declara seis bênçãos maravilhosas que aguardam os remidos do
Senhor.
Em primeiro lugar, será uma terra completamente diferente. “Pois eu estou
criando um novo céu e uma nova terra; o passado será esquecido, e ninguém lembrará
mais dele” (Is 65.17) – As “coisas antigas” não serão lembradas. O pecado, as
adversidades e as consequências do pecado. Isto inclui todos os elementos do sistema de
culto mosaico (65.17).
Em segundo lugar, a nova Jerusalém será um lugar de alegria indizível. “Mas
vós folgareis e exultareis perpetuamente no que eu crio; porque eis que crio para Jerusalém
alegria e para o seu povo, regozijo” (v. 18) – O choro e os gritos sobre a condição terrível
da cidade não serão ouvidos. Mesmo o próprio Deus se alegrará no destino glorioso do
Seu povo (Is 65.18-19).
Em terceiro lugar, a longevidade será outra bênção. “Não haverá mais nela
criança para viver poucos dias, nem velho que não cumpra os seus; porque morrer aos cem
anos é morrer ainda jovem, e quem pecar só aos cem anos será amaldiçoado” (Is 65.20) –
Temos de admitir que este é um texto difícil de se interpretar. Será que Isaías está
dizendo que haverá morte na nova terra? Creio que esta não seja a melhor interpretação,
à luz do que ele acabou de dizer no verso 19: “Nunca mais se ouvirá nela [a Jerusalém que
está sendo descrita] nem voz de choro nem de clamor” (Is 65.19). É significativo que, no
capítulo 25.8, Isaías claramente prediz que não haverá morte para o povo de Deus no
estado final. Assim, a melhor interpretação de Isaías 65.20 é entender como uma
linguagem figurada, o fato de que os habitantes da nova terra viverão vidas
incalculavelmente longas.266 Não haverá mortes prematuras. O cumprimento, como
explicado por Jesus a promessa é ainda mais maravilhosa, pois Ele prometeu aos seus
seguidores a vida eterna (Jo 3.15; 6.54).
Em quarto lugar, a vida na nova terra será abundante e totalmente
satisfatória. “Eles edificarão casas e nelas habitarão; plantarão vinhas e comerão o seu
fruto” (Is 65.21) – Por causa de sua longevidade e da ausência de guerra e calamidade, o
povo de Deus não estará sujeito à frustração de não viver e aproveitar o fruto do seu
trabalho. Suas vidas longas serão significativas e produtivas (Is 65.21-23).
Em quinto lugar, naquele dia Deus responderá suas orações antes mesmo
que elas sejam proferidas (65.24). “E será que, antes que clamem, eu responderei;
estando eles ainda falando, eu os ouvirei” (Is 65.24) – O relacionamento com Deus será tão
próximo que Ele antecipará o necessário para suprir toda as necessidades (Is 58.9).
266
HOEKAMA, Anthony. A Bíblia e o futuro. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001, p. 22.
148
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Em sexto lugar, será um lugar seguro. “O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e
o leão comerá palha como o boi; pó será a comida da serpente. Não se fará mal nem
dano algum em todo o meu santo monte, diz o SENHOR” (Is 65.25) – Os antigos
inimigos coexistirão pacificamente. Predadores carnívoros pastarão pacificamente com
animais domesticados. A tranquilidade, no entanto, será restrita ao “meu santo monte”,
ou seja, o Monte Sião, o reino de Deus (Hb 12.25). O pensamento aqui é o mesmo que em
11. 6-9.
A natureza nãomais será a nossa inimiga. Toda a fauna chegará ao ponto da
perfeição, como certamente era antes da queda. Depois da restauração do universo, na
nova terra, os animais serão restaurados à sua natureza original e viverão em plena
harmonia. O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá palha como o boi. As crias
desses animais crescerão juntas, sem que um animal ataque outro e o devore, como
acontece hoje sob a maldição.
“... pó será a comida da serpente” (Is 65.25) – Essa frase pode ser uma alusão a
Gênesis 3.15 e o anúncio da derrota completa do espírito maligno chamado serpente que
tentou os primeiros pais da raça humana. Ao que tudo indica, Deus retirará a maldição
sobre toda a fauna, mas, somente uma Ele não retirará – a maldição sobre a serpente. A
serpente ainda vai se arrastar e comer pó, o que não acontecia antes da queda, talvez
porque ela tenha sido o animal sagaz usado por Satanás.267
Conclusão:
O ensino do novo céu e a nova terra deve encher o nosso coração de esperança,
coragem e otimismo em tempos de desespero e depravação. Àqueles que focalizam as
glórias do céu podem suportar qualquer coisa nesta vida sem perder a alegria. Como
disse o apóstolo Paulo: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós
eterno peso de glória, acima de toda comparação” (2Co 4.17).
Para os crentes, o novo céu e a nova terra será um universo de felicidade eterna
na gloriosa presença de Deus. No entanto, para os incrédulos, será um lugar
aterrorizante de tormento insuportável e eternamente longe de Deus (2Ts 1.9). Warren
W. Wiersbe corretamente escreveu: “O mundo considera os cristãos “fracassados”, mas
na verdade, os não salvos é que são!”268
267
CAMPOS, Heber Carlos de. A Providência e a sua realização histórica. São Paulo: Editora Cultura
Cristã, 2001, p. 517.
268 Wiersbe, Warren W.: The Bible Exposition Commentary. Wheaton, Ill. : Victor Books, 1996,
c1989, S. Ap 21:1
149
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Isaías 66
A resposta de Deus.
Introdução:
21
O último capítulo de Isaías apresenta um resumo do livro. Isaías conclui com a
repetição dos temas que marcam não apenas as suas mensagens, mas os escritos de
todos os profetas do Antigo Testamento. De fato, Isaías trata sobre a maioria dos
principais tópicos: a denúncia de uma adoração hipócrita ao Senhor, a restauração de
Jerusalém, a intervenção de Deus como juiz e salvador, e a salvação de Israel e das
nações.269
I. O chamado à adoração sincera ao Senhor (Is 66 1-6)
Isaías termina o seu livro da mesma maneira como começou, um chamado a
adoração sincera (Is 66 1-6; Is 1.1-20). O último capítulo começa com o tema que vem
sendo apresentado desde o início: “Assim diz o SENHOR: O céu é o meu trono, e a
terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis vós? E qual é o lugar do meu
repouso?” (Is 66.1) – Deus não pode ser confinado a um templo. Deus não está
interessado em um templo feito por pedras. Ele é o Criador de todas as coisas. Isto é, o
universo é a Sua morada (At 7.49-50).
Na ocasião da dedicação do templo, Salomão deixou claro que Deus não está
confinado a um local específico (1Rs 8.27). Isso significa que ninguém pode obter algum
favor de Deus simplesmente por comparecer a um local sagrado.
“... Mas o homem para quem olharei é este: o aflito e abatido de espírito e que
treme da minha palavra” (Is 66.2) – No entanto, a presença do Senhor não está
limitada a um templo feito por mãos humanas. Na verdade, Deus condescende em olhar
com bons olhos aqueles que são humildes e que respeitam a Sua palavra. Ele habita em
corações aflitos e quebrantados. Falando a Salomão após a cerimônia de consagração do
templo, Deus salientou que as pessoas devem humilhar-se perante o Senhor (2Cr 7.14).
“Porém há pessoas que matam um touro para o oferecer em sacrifício e
matam também um homem; há pessoas que matam uma ovelha como sacrifício e
matam também um cachorro; há pessoas que me oferecem cereais e me oferecem
também sangue de porco; há pessoas que queimam incenso a mim e também
adoram uma imagem. Essas pessoas resolveram fazer o que querem e têm prazer
269
ADEYEMO, Tokunboh (Editor). Comentário Bíblico Africano. São Paulo: Editora Mundo Cristão,
2010, p. 880.
150
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
nas suas ações nojentas” (Is 66.3, NTLH) – As comparações estranhas no versículo 3
indicam que os sacrifícios e as ofertas eram apenas um ritual externo.270 Atos formais de
adoração sem obediência incondicional são considerados uma abominação para Deus,
como o assassinato. Isaías fala desses sacrifícios juntamente com outras ações
condenáveis pela lei de Moisés (Êx 20.13; Lv 11.1-7).
É possível que o povo estivesse, de fato, cometendo assassinatos e fazendo
ofertas imundas aos ídolos. Contudo, é possível que Isaías estivesse falando de modo
simbólico, isto é, que a oferta fingida é tão inaceitável quanto às ofertas imundas.271 Na
realidade, eles estavam seguindo os seus próprios caminhos (cf. Is 53.6), Em vez de
seguirem o caminho do Senhor. Porque o coração estava distante de Deus (Is 29.13),
suas ofertas foram consideradas impuras ao Senhor. É o coração do adorador que
determina o valor da oferta.272
As palavras em 66.1-4 inevitavelmente levarão ao fim do ritual de adoração. Jesus
deixará bem claro ao afirmar que a adoração não precisa estar associada ao templo e
que a verdadeira adoração a Deus ocorre “em espírito e em verdade” (Jo 4.21-24).273
“Por isso, eu decidi fazê-las sofrer e resolvi descarregar sobre elas os castigos
de que elas têm medo. Pois eu chamei, mas ninguém respondeu; falei, mas ninguém
me deu atenção. Pelo contrário, fizeram o que me desagrada, escolheram coisas que
me aborrecem” (Is 66.4) – Portanto o julgamento severo virá. As pessoas serão
envergonhadas quando o templo for destruído pelos babilônios. As pessoas na época de
Isaías eram semelhantes as da época de Jesus. Escarneciam dos verdadeiros adoradores
e lhes pediam sinais a fim de provar que aquela adoração era genuína (Is 66.5). Mas os
sinais que eles receberão não era o que esperavam (Is 66.6).
II. A glória de Jerusalém (Is 66.7-14)
Antes Isaías havia falado a respeito da cidade como uma noiva (Is 62.4-5, 12),
porém agora se refere a Jerusalém como uma mulher grávida. Os próximos oito
versículos utilizam o nascimento e o imaginário infantil para descrever o surgimento da
nova cidade. “Será que uma mulher dá à luz antes de sentir dores de parto? Será que
pode dar à luz um filho sem sofrer?” (Is 66.7) – Ou seja, Jerusalém sofrerá antes do
nascimento da nação. Porém, o sofrimento de Israel terminará com livramento.
270
Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1120). Wheaton, IL: Victor Books.
271 ADEYEMO, Tokunboh (Editor). Comentário Bíblico Africano. São Paulo: Editora Mundo Cristão,
2010, p. 880.
272 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 162). Wheaton, IL: Victor Books.
273 ADEYEMO, Tokunboh (Editor). Comentário Bíblico Africano. São Paulo: Editora Mundo Cristão,
2010, p. 881.
151
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
“Quem já ouviu falar de uma coisa assim? Quem já viu isso acontecer? Pois
será que um país pode nascer num dia só? Uma nação aparece assim num instante?
Mas foi isto mesmo que aconteceu com Sião: assim que sentiu dores de parto, ela deu
à luz os seus filhos” (Is 66.8, NTLH) – Nascerá uma criança do sexo masculino. Isaías
havia falado do nascimento milagroso de um descendente da casa de Davi (Is 7.14; 9.6) e
do nascimento do servo (Is 49.1). Quase imediatamente depois do nascimento do
Messias surgirá uma “nova nação”, “uma nova terra”, e “seus filhos”. Deus não permitirá
que Seu plano eterno seja anulado (v. 9). As dores de Sião terminarão assim que
começar um alegre nascimento (v. 10). Somos obrigados a pensar no nascimento súbito
da Igreja primitiva, no dia de Pentecostes.274 Deus não permitirá o sofrimento sem
conduzir o Seu povo ao reino glorioso. Um povo libertado da maldição do pecado.
“Regozijai-vos juntamente com Jerusalém e alegrai-vos por ela, vós todos os
que a amais; exultai com ela, todos os que por ela pranteastes” (Is 66.10) – Essas
coisas maravilhosas alegrarão a todos os que amam Sião. Os fiéis encontrarão
verdadeira satisfação, assim como uma criança no seio da mãe.
“Porque assim diz o SENHOR: Eis que estenderei sobre ela a paz como um rio,
e a glória das nações, como uma torrente que transborda; então, mamareis, nos
braços vos trarão e sobre os joelhos vos acalentarão” (Is 66.12) – Por esta figura
Isaías descreveu a tranquilidade (“a paz como um rio”) e alimentação (“a glória das
nações”), que a nova Sião desfrutará em seu nascimento. Deus confortará o Seu povo
como uma mãe consola o seu filho (Is 66.13).
“Vós o vereis, e o vosso coração se regozijará, e os vossos ossos revigorarão
como a erva tenra; então, o poder do SENHOR será notório aos seus servos, e ele se
indignará contra os seus inimigos” (Is 66.14) – Estes não são sonhos vãos, mas ricas
experiências que aguardam o povo de Deus. A alegria será profunda, as forças renovadas
e haverá prosperidade (Is 66.12-14). Porém, Isaías relembra que, embora Deus traga
salvação e bênçãos aos Seus servos, também traz julgamento ao perverso.
III. O sofrimento dos ímpios (Is 15-24)
“O SENHOR Deus virá no meio do fogo; os seus carros de guerra são como
uma forte ventania; ele virá descarregar sobre os inimigos a sua ira furiosa e as
chamas de fogo do seu castigo” (Is 66.15) – A Bíblia afirma várias vezes que o Senhor
virá em fogo (Is 66.15-16). Embora o fogo simbolize a purificação e santificação dos
crentes (Pv 17.3; Mt 3.11), aqui representa um símbolo da destruição dos inimigos de
274
Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 66.5–14). Joplin, MO: College Press.
152
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
Deus (Mt 3.12; Mc 9.47-48). Os pecados particulares que despertaram a fúria de Deus
são listados: O culto idólatra em jardins e comer coisas abomináveis (66.15-17).
“Porque conheço as suas obras e os seus pensamentos e venho para ajuntar
todas as nações e línguas; elas virão e contemplarão a minha glória” (Is 66.18) – O
Senhor julgará toda a carne (v. 16), mas salvará aqueles que nele confiam, incluindo não
apenas os judeus, mas pessoas de todas as nações e línguas (Is 66.18). Além disso, Deus
enviará os sobreviventes a proclamar Sua glória às nações longínquas.
“... Enviarei alguns para as nações mais distantes, onde nunca se ouviu falar
da minha fama, nem foi visto o meu poder. Eu os enviarei até a Espanha, a Líbia e a
Lídia, países onde há ótimos atiradores de flechas; irão também para Tubal e para a
Grécia. Em todas essas nações, eles anunciarão o meu grande poder” (Is 66.19,
NTLH) – Essas nações estavam espalhadas pelo mundo conhecido daquela época: desde
Társis na Espanha (no extremo oeste do mar Mediterrâneo), Pul (Líbia) ao norte da
África e Lude (Líbia) na Turquia, até Tubal (situada em algum ponto ao norte), Javã
(Grécia) e às terras do mar mais remotas”, que se referem ao restante do mundo. O povo
de Deus viajará a todos esses lugares proclamando a glória de Deus, assim como fizeram
os discípulos na época de Jesus, e como ainda hoje fazem os cristãos quando saem a
proclamar as boas-novas de Jesus Cristo.275
“Trarão todos os vossos irmãos, dentre todas as nações, por oferta ao
SENHOR, sobre cavalos, em liteiras e sobre mulas e dromedários, ao meu santo
monte, a Jerusalém, diz o SENHOR, como quando os filhos de Israel trazem as suas
ofertas de manjares, em vasos puros à Casa do SENHOR” (Is 66.20) – A atividade
missionária do remanescente trará gentios, agora considerados irmãos (cf. Ef 2.14), para
o monte santo (o Reino de Deus). Essas almas serão apresentadas como sacrifício vivo a
Deus.
“Também deles tomarei a alguns para sacerdotes e para levitas, diz o
SENHOR” (Is 66.21) – Os gentios passarão a fazer parte do sacerdócio real (Is 66.21).
Deus escolherá alguns como sacerdotes e levitas para servirem no templo. No passado,
as nações dos gentios iam a Jerusalém para atacar e destruir; mas agora, eles irão para
adorar e glorificar a Deus.
“Porque, como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante
de mim, diz o SENHOR, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome” (Is
66.22) – O Israel espiritual será tão duradouro como os novos céus e a nova terra. O
275
ADEYEMO, Tokunboh (Editor). Comentário Bíblico Africano. São Paulo: Editora Mundo Cristão,
2010, p. 881.
153
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014.
povo de Deus nunca mais sofrerá opróbrio, mas desfrutará da glória eterna. O antigo
Israel passará; mas surgirá o remanescente que sobreviverá ao julgamento, e junto com
ele trará um grande influxo de gentios, os quais formarão o verdadeiro Israel de Deus.276
“E será que, de uma Festa da Lua Nova à outra e de um sábado a outro, virá
toda a carne a adorar perante mim, diz o SENHOR” (Is 66.23) – Com os novos céus as
festas da Lua Nova e o sábado deixarão de ser obrigatórios para o cristão (cf. Cl 2.16).
Haverá adoração universal de Deus em seu tempo próprio (cf. Zc 14.16). De uma lua
nova à outra (seguinte) Lua Nova significa cada mês. Sábado a outro sábado significa
semanal. E a expressão “toda a carne” é um termo usado três vezes no capítulo 40 e três
vezes no capítulo 66 para descrever a congregação de Sião que representa toda a
humanidade. Todos adorarão diante do Senhor.277 O objetivo da restauração foi
alcançado.
“Eles sairão e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim;
porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e eles serão um
horror para toda a carne” (Is 66.24) – Isaías conclui com uma visão sombria do
destino dos ímpios (cf. 48.22; Is 57.20). O livro termina com uma nota negativa
descrevendo os adoradores olhando para os cadáveres profanados e deteriorados dos
rebeldes. Isaías concluiu sua mensagem não apenas com a esperança da vinda do reino,
e as glórias de um novo céu, mas com um aviso sobre a realidade da condenação eterna.
O inferno não é um tema agradável de falar, mas uma obrigação, porque Jesus deu
mais ensinamentos sobre o inferno do que o céu. Jesus usou a linguagem deste versículo
para descrever o destino eterno daqueles que rejeitam a salvação (Mc 9.48).
A mais clara e mais vívida das palavras do Novo Testamento usada para
descrever o inferno final, no lago de fogo, é geenna. Geena é um termo do Novo
Testamento para o vale do filho de Hinom (também chamado Tofete, 2Reis 23.10; Is
30.33; Jr 7.31-32; 19.6), localizado a sudoeste de Jerusalém. Nos tempos do Antigo
Testamento, os israelitas idólatras queimavam seus filhos no fogo como sacrifícios a
falsos deuses (Jr 19.2-6). Nos dias de Jesus, era o local de despejo do lixo de Jerusalém. O
fogo constante exalava mau cheiro e fumaça, e o lugar estava infestado de vermes. Às
vezes, os corpos de criminosos eram jogados lá. O vale do filho de Hinom era, portanto,
uma imagem do inferno usado repetidamente por Jesus (Mt 5.22, 29, 30; 10.28; 18.9;
23.15, 33, Mc 9.43, 45, 47, Lc 12.5).278 O inferno será o despejo eterno de Deus; seus
ocupantes sofrerão como lixo no vale do filho de Hinom pelos séculos dos séculos.
Isaías declara que o inferno será um lugar de fogo e sofrimento eterno. Um lugar
longe do Reino de Deus. Jesus ensinou que o castigo dos ímpios é tão eterno quanto à
vida eterna dos justos (Mt 25.46). Ele também ensinou que o inferno é um lugar de “fogo
inextinguível” (Mc 9.43), “onde o verme não morre” (Mc 9.48). O local mais sujo, mais
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doloroso e mais repugnante que se possa imaginar. Como declarou Jesus: “... Onde haverá
choro e ranger de dentes” (Lc 13.28).
Enquanto os inimigos de Deus serão atormentados pelos séculos dos séculos, a
igreja desfrutará da comunhão de Cristo nas bodas do Cordeiro para todo o sempre.
Conclusão:
Antes de Deus trazer o novo céu e a nova terra (Ap 21), o Senhor vai lidar em
definitivo com a questão do pecado. Todos terão que se apresentar diante do grande
Trono branco. Naquele dia não haverá graça nem misericórdia, apenas justiça. A única
forma de escapar desse julgamento é crendo no Senhor Jesus como Salvador pessoal.
Quem o fizer não experimentará os horrores da segunda morte, o lago de fogo.
Diante disto, você está preparado para o dia do juízo? O seu nome está escrito no
livro da vida do Cordeiro? Em breve Cristo voltará como o Rei dos reis e Senhor dos
senhores. É Cristo o senhor da sua vida, hoje?
“Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro” (Ap
19.9). Se você confia em Cristo e obedece aos Seus mandamentos já passou da morte
para a vida!
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