Popularidade de Sanders favorece agenda pró-Palestina
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Popularidade de Sanders favorece agenda pró-Palestina
INFORME OPEU – MAIO 2016 30/05/2016 Popularidade de Sanders favorece agenda pró-Palestina Política Bernie Sanders não tem praticamente qualquer chance de ganhar a nomeação pelo Partido Democrata. O alcance de sua campanha, no entanto, poderá tornar a agenda do partido mais progressista. Na semana passada, Sanders conseguiu indicar 5 nomes para o seleto grupos de 15 pessoas responsáveis pela elaboração da plataforma nacional do partido. Outros 6 membros foram escolhidos pela pré-candidata Hillary Clinton e os demais pela presidente do Comitê Nacional Democrata, Debby Schultz. A plataforma, que será aprovada na Convenção Nacional em julho, estabelece os princípios que orientarão a ação política dos candidatos eleitos em novembro para cargos legislativos e executivos. Dois dos nomes indicados por Sanders são opositores da política israelense para a Palestina: Cornel West e James Zogby. West foi professor em Harvard e é ativista social contra o racismo. Zogby é presidente do Arab American Institute e integrante do governo Obama para assuntos de liberdade religiosa. Ambos consideram que a paz e a justiça não serão atingidas sem que Israel encerre os assentamentos ilegais nos territórios palestinos. A presença deles no painel não garante que o Partido tomará a postura pró-Palestina, mas provavelmente colocará a questão sob os holofotes. Nesse caso, poderá forçar Hillary Clinton a fazer algum tipo de crítica à política israelense se for eleita presidente dos EUA. A indicação de Sanders, que é judeu, reflete uma tendência. Segundo pesquisa do Pew Research Center, 40% dos democratas progressistas são mais favoráveis à Palestina do que a Israel, contra 33% há dois anos. 26/05/2016 Trump anuncia plano energético com volta ao passado Energia, Política O pré-candidato Donald Trump apresentou, no dia 26, o America First Energy Plan. O plano de energia tem parte do título de sua plataforma de política externa, com a concepção comum de colocar os interesses e a segurança dos EUA acima de propostas globalistas. America First também foi o slogan usado no país, nos anos 1940, por um grupo isolacionista e antissemita que defendia o apaziguamento com Hitler. Para Trump, o presidente Barack Obama adota regulações contra o desenvolvimento doméstico de recursos minerais. Ponto central da crítica são as regulações da Agência de Proteção Ambiental para o setor de carvão. O republicano lamenta a rejeição do governo para estender um oleoduto canadense até o Texas. Também condena as barreiras regulatórias que impedem a exploração plena de recursos fósseis em terras federais, como no Alasca e na plataforma marítima continental. Sua visão é que a política atual levou à perda de empregos e à manutenção da dependência de fornecimento externo. Isso mesmo com Obama reduzindo o desemprego de 10%, em 2009, para 5,5%; e diminuído as importações de petróleo e derivados para menos de cerca de 40%, contra mais de 60% na década anterior. O republicano promete domínio e independência energética como metas estratégicas da política externa e econômica. Acabaria com regras ambientais, salvaria a indústria do carvão, liberaria a exploração em terras federais, aprovaria o Keystone e cancelaria o acordo climático assinado na ONU. Trump não deixa claro como atingiria os objetivos ou venceria a esperada resistência dos democratas no Congresso. Diz apenas que a agenda seria executada com reformas regulatórias, fiscais, energéticas, imigratórias e comerciais. http://www.opeu.org.br/ 1 INFORME OPEU – MAIO 2016 25/05/2016 Relatório do uso indevido de email afeta campanha de Clinton Política A pré-candidata Hillary Clinton voltou a enfrentar problemas pelo uso indevido de emails oficiais quando foi secretária de Estado no primeiro governo Obama. Um relatório do Departamento de Estado, divulgado no dia 25, revelou que Clinton nunca pediu autorização para usar email pessoal e servidor particular para envio ou recebimento de mensagens oficiais. O inspetor geral do Departamento disse que, mesmo em caso de solicitação, a permissão jamais teria sido concedida. A revelação desmente os argumentos de Clinton sobre não violação de regras. Para os críticos, além de ser estranho um membro da alta hierarquia do governo usar meios particulares para tratar de questões de Estado, a atitude colocava em risco a segurança nacional. Em 2011, Clinton foi alertada pelo Departamento sobre a importância da cibersegurança. Uma investigação paralela do FBI constatou que Clinton usou servidor e email pessoal em dezenas de mensagens sigilosas, sendo 22 altamente confidenciais recebidas da CIA. A questão afeta a pré-candidata em um dos seus pontos mais frágeis: uma pesquisa de março mostrava que apenas 37% da população a consideravam confiável. O relatório esquenta a controvérsia no momento em que a democrata entra em fase crítica da campanha. Apesar de ter a nomeação praticamente garantida em termos matemáticos, Clinton tem sofrido desgaste na disputa intrapartidária com Bernie Sanders. Isso a coloca em certa desvantagem diante de Donald Trump, que há algumas semanas tornou-se o único pré-candidato republicano. Algumas pesquisas recentes já apontam que Trump e Clinton estão em empate técnico para as eleições gerais de novembro. 22/05/2016 Embargo de armas ao Vietnã é suspenso em meio a tensões Segurança O presidente Barack Obama suspendeu o embargo de armas ao Vietnã. O anúncio foi feito em sua visita ao país, no dia 22. Os EUA mantinham a proibição há décadas, embora a restrição tenha começado a ser relaxada com a venda de equipamentos para defesa marítima, em 2014. A declaração de Obama encerra o bloqueio, inclusive de armas letais, mas as vendas serão normalizadas gradativamente. No início, serão vendidos apenas radares, drones e embarcações. Essa lista será ampliada conforme o Vietnã mostre avanços em direitos humanos, expectativa que o Human Rights Watch considera improvável. Recentemente, o grupo classificou o país como um Estado policial. O presidente negou que a decisão tenha como foco o crescimento militar chinês no Sudeste Asiático, sendo parte de um longo processo de aproximação. Obama é o terceiro presidente dos EUA a visitar o país desde a Guerra do Vietnã, seguindo Bill Clinton e George W. Bush. Em 1995, Clinton suspendeu o embargo comercial e iniciou a normalização das relações diplomáticas. Para a maioria da mídia, a real motivação dos EUA é a tensão geopolítica com as disputas territoriais no Mar do Sul da China. O Vietnã é um dos países que questiona a soberania de ilhas nas quais a China vem construindo infraestrutura. Analistas vão além, interpretando o gesto do presidente como parte do Pivot Asiático. Essa política instituída durante o governo Obama faz da Ásia a principal área de interesse estratégico dos EUA, para onde esforços militares, comerciais e financeiros vêm sendo destinados. http://www.opeu.org.br/ 2 INFORME OPEU – MAIO 2016 20/05/2016 Sanders fica na disputa para questionar regras partidárias Política O pré-candidato Bernie Sanders continua nas primárias apesar da pressão do Partido Democrata para conceder vitória antecipada à Hillary Clinton. Sanders pretende ir até a Convenção Democrata Nacional, entre 25 e 28 de julho, quando o candidato à presidência será escolhido com um mínimo de 2.383 delegados. Como suas chances são quase nulas, alguns analistas explicam a persistência como tentativa de aproveitar a popularidade para avançar uma agenda mais progressista. Outro motivo seria chamar atenção para as incoerências nas regras eleitorais democratas, que permitem que centenas de superdelegados mostrem preferência por um pré-candidato antes mesmo do início das primárias. Sanders pretende atacar Hillary em questões econômicas, embora também já tenha começado a mencionar os escândalos dos emails que envolvem a rival. Outro ponto explorado são as pesquisas mostrando que o senador tem mais condição do que Clinton para vencer o republicano Donald Trump. A probabilidade de uma disputa turbulenta na reta final preocupa a liderança partidária, que apoia Clinton. Os caciques do partido esperam evitar a escalada da tensão para não desgastar ainda mais a imagem de Clinton. Os líderes do partido também pretendem evitar choques como o protagonizado por Debby Schultz, presidente do Comitê Democrata Nacional. A troca de farpas com Sanders deixou em risco o cargo de Schultz e obrigou o partido a fazer concessões importantes para o senador. Uma delas foi permitir que Sanders nomeie alguns membros do painel que definirá a plataforma democrata nacional, o que dará ao senador a chance de influenciar a agenda futura do partido. 15/05/2016 Alistamento militar feminino gera debate no Congresso Segurança A obrigatoriedade de alistamento militar para mulheres tem dividido opiniões em ambos os partidos. Senado e Câmara deverão votar, na próxima semana, as respectivas versões para a Lei de Autorização para Defesa Nacional de 2017 (NDAA, na sigla em inglês) com a inclusão do alistamento feminino obrigatório. Para alguns congressistas é uma questão de igualdade de gênero. O representante Steny Hoyer (D-MD) disse que caso o alistamento obrigatório continue válido no país e as mulheres sigam nas forças de combate é natural que sejam enquadradas na regra. Essa também é a opinião do veterano de guerra e senador, John McCain (R-AZ). Ao contrário de Hoyer e McCain, que são a favor da conscrição militar para homens e mulheres, Peter DeFazio (D-OR) entende que obrigar mulheres ao alistamento dobrará o número de pessoas punidas pelo governo com uma prática anacrônica. DeFazio defende o fim da obrigatoriedade inclusive para os homens. Diante da polêmica, os políticos vêm propondo as mais diversas emendas às versões da NDAA. O serviço militar nos EUA é voluntário desde o fim da Guerra do Vietnã, mas o alistamento nunca foi formalmente abolido. Homens entre 18 e 25 anos devem se registrar no Sistema de Serviço Seletivo sob a pena de perder direitos, como o financiamento universitário. As mulheres integram as Forças Armadas há muitas décadas, mas sua presença em missões de combate era vetada. Essa restrição foi extraoficialmente superada com a atuação feminina em algumas frentes de batalha no Iraque e no Afeganistão. Em 2015, o Departamento de Defesa cancelou formalmente todas as barreiras de gênero para missões de combate. http://www.opeu.org.br/ 3 INFORME OPEU – MAIO 2016 04/05/2016 Frieza marca visita de Obama à Arábia Saudita Segurança A visita do presidente Barack Obama a Riad, no dia 20 de março, mostrou o desgaste entre EUA e Arábia Saudita. Obama foi recebido no aeroporto pelo governador, e não pelo rei Salman bin Abdulaziz, um gesto visto pela mídia como representativo da tensão. A chegada também não teve destaque na televisão estatal, que preferiu mostrar a recepção do rei a líderes da região, ocorrida simultaneamente em uma base aérea. O descontentamento da monarquia com o presidente não é recente, já tendo ficado explícito na Primavera Árabe. Na época, a elite saudita considerou a falta de apoio dos EUA ao ex-presidente egípcio, Hosni Mubarak, uma traição a toda região. A desconfiança cresceu com a reaproximação de EUA e Irã, e a opção da Casa Branca por não bombardear as forças governistas na Síria. No encontro de apenas duas horas com o rei, Obama condenou a violação de direitos humanos e a severidade das penas aplicadas pelo sistema legal saudita. O presidente também criticou a preferência da Arábia Saudita pelo uso da força contra o terrorismo em detrimento de diplomacia regional. Seguindo nessa linha, Obama disse que os sauditas devem mudar a postura em relação ao Irã e depender menos dos EUA para segurança. O esfriamento das relações também aumentou devido a dois fatos recentes. O primeiro foi uma entrevista recente de Obama à revista The Atlantic, na qual o presidente responsabiliza a Arábia Saudita e outros países árabes por fomentar um radicalismo teológico que geraria o terrorismo. O segundo é um projeto de lei bipartidário que propõe a divulgação de um relatório sigiloso sobre o 11 de setembro. O documento contém informações sobre o possível envolvimento de autoridades sauditas nos ataques. 04/05/2016 Senado discute divulgar elo entre Riad e 11 de setembro Segurança Um projeto de lei bipartidário para divulgar informações sobre o possível envolvimento do governo saudita no 11 de setembro vem reavivando um trauma coletivo nos EUA. O Justice Against Sponsors of Terrorism Act foi apresentado no Senado, no ano passado, principalmente para atender à demanda das famílias das vítimas. Enquanto o relatório permanecer sigiloso, os familiares não podem processar o governo saudita nos tribunais dos EUA. Conhecido como 28 Pages, o documento incriminatório foi elaborado pelo FBI a pedido de uma força conjunta do Congresso logo após os ataques de 2001. Alguns congressistas que tiveram acesso ao relatório dizem que o conteúdo é bombástico por indicar o financiamento dos ataques por membros do governo saudita; outros alegam que as evidências são frágeis. A questão é sensível para a sociedade, mas também para o governo federal por colocar em risco a relação com um dos principais aliados no Oriente Médio. A Casa Branca é contra a divulgação e a tendência é de veto presidencial caso o projeto seja aprovado no Congresso. Mas a pressão pública e bipartidária fez com que Obama manifestasse um apoio vago à divulgação. Na véspera de viajar a Riad, no dia 20, o presidente disse esperar que o relatório seja revelado em breve. O governo saudita vem reagindo com ameaças. Segundo a grande mídia nos EUA, a Arábia Saudita planeja vender US$ 750 bilhões em ativos nos EUA caso o relatório se torne público. A advertência teria sido feita pessoalmente pelo ministro das Relações Exteriores, Adel al-Jubeir, em sua viagem a Washington no mês de março. http://www.opeu.org.br/ 4 INFORME OPEU – MAIO 2016 04/05/2016 Coalizão ambientalista exige regras para o lixo de fracking Energia A Agência de Proteção Ambiental está sendo processada por uma coalizão de grupos ambientalistas. A ação, aberta no dia 4, exige padrões para transporte, armazenagem e descarte do lixo derivado de fracking. Como as leis de mineração no país têm mais de 30 anos, as normas são inadequadas para prevenir os efeitos ambientais da técnica. A fratura hidráulica é aplicada na extração de petróleo e gás de xisto. Desde o fim dos anos 1990, quando começou a ser usada em larga escala, o país gerou bilhões de galões em lixo tóxico. Para que o procedimento rompa a rocha e libere os hidrocarbonetos são injetados água e produtos químicos como arsênio, rádio e benzeno no subsolo. As empresas chegam a usar 4 milhões de galões de água e mais de 500 aditivos químicos em único poço. Parte desse composto é recuperada, transportada e armazenada em poços fechados. Uma parcela do material usado passa por um processo de limpeza e é reaproveitada. O resíduo descartável, com alta salinidade, radiação e toxicidade, é reinserido no subsolo ou jogado em campos e estradas. Um estudo da US Geological Survey constatou aumento nas atividades sísmicas nos estados de Oklahoma, Texas e Kansas devido a perfuração de poços e descarte do lixo. A situação é tão grave que o risco de grandes terremotos em Kansas e Oklahoma já é igual ao da Califórnia. Entre 1973 e 2008, a região central dos EUA tinha em média 24 terremotos de magnitude superior a 3.0. A frequência subiu para 688 em 2014. A EPA ainda não se manifestou sobre a ação, mas sua capacidade de resposta é muito limitada. A maioria das normas compete aos estados e mudá-las dependeria de aprovação do Congresso, o que será improvável no curto prazo. http://www.opeu.org.br/ 5
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