Construção do Sistema Nacional de Indicadores para Cidades
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Construção do Sistema Nacional de Indicadores para Cidades
Construção do Sistema Nacional de Indicadores para Cidades Consultora: MARIA INÊS PEDROSA NAHAS Sistema Nacional de Tema do Produto: Carta de Acordo Nº 4700001201 Identificação dos indicadores ideais Informações das Cidades Data de entrega do produto: 30 de agosto de 2005 Projeto PNUD: BRA/04/022 Número de páginas: 267 Ministério das Cidades Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável DIRETORA: Maria Beatriz Ribeiro de Oliveira Gonçalves Coordenadora Geral: Maria Inês Pedrosa Nahas Coordenador Adjunto: Maria Aparecida Machado Pereira Colaborador: Roberto Luiz de Melo Monte-Mór Pesquisadores: Éber Gonçalves Renata Guimarães Vieira de Souza Felipe Chaves Inácio Fernando Gomes Braga Patrícia Martinelli Assistentes de Pesquisa : Carine Martins Vieira Carlos Júnior Viana Flávio Apolinário Estagiários: Ana Luiza Peixoto Gonçalves Danielle Duarte Biaggi Lúcio Antônio Leite Alvarenga Botelho Marcelo Felipe Costa Pinto Rafaela Veríssimo Costa PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Simone Nogueira Sílvia Fonseca TEMA DO PRODUTO: Identificação dos indicadores ideais Data de entrega do produto: 30 de agosto de 2005 Número de páginas: 267 PROJETO PNUD: BRA/04/022 SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES DAS CIDADES CARTA DE ACORDO Nº 4700001201 Sumário Apresentação 1. Introdução .................................................................................... 6 2. Referências para construção do Índice ......................................... 8 2.1. Referência 1 – O conceito de qualidade de vida urbana ................................... 8 2.2. Referência 2 – A Consulta Nacional .................................................................. 9 2.3. Referência 3 – Abrangência geográfica do índice ............................................. 11 2.4. Referência 4 – Estrutura do índice .................................................................... 11 3. Identificação dos Indicadores Ideais ............................................ 13 3.1. Agrupamento temático 1: Condições Habitacionais .......................................... 15 3.2. Agrupamento temático 2: Organização Urbana e Ambiental............................. 48 3.3. Agrupamento temático 3: Estrutura de Apoio à Cidadania................................ 86 3.4. Agrupamento temático 4: Economia Municipal..................................................130 3.5. Agrupamento temático 5: Felicidade em geral/Satisfação com os Serviços Públicos ..................................................................................138 4. Proposição final para indicadores ideais ....................................... 146 Referências Bibliográficas.................................................................. 174 Anexos: Anexo I: Dos Pressupostos assumidos pelo Ministério das Cidades para o desenvolvimento do índice .............................................182 Anexo II: Síntese dos Resultados da Consulta Nacional ...............................................194 Anexo III: Texto elaborado como consultoria ao Projeto MCidades por Jupira Gomes de Mendonça para subsidiar a proposição de “indicadores ideais” ...254 Lista de Quadros: Quadro I: Temas selecionados para a composição do índice ........................................ 10 Quadro II: Estrutura do índice.......................................................................................... 12 Quadro III: Proposição final dos indicadores ideais por tema ..........................................174 Apresentação O presente documento apresenta o relatório referente às proposições teórico-metodológicas dos indicadores “ideais” para entrar na composição do índice de qualidade de vida urbana dos municípios brasileiros. As proposições foram elaboradas levando-se em consideração: os pressupostos assumidos pelo Ministério das Cidades para desenvolvimento do índice; os resultados da Consulta Nacional realizada como primeira etapa do projeto; textos de referência abordando a concepção geral do índice; literatura específica para cada tema a ser abordado pelo índice discussões com especialistas, particularmente sobre a temática prioritária do Ministério das Cidades: Habitação, Saneamento Ambiental; Mobilidade e Transportes. Para tornar mais claras as referências empregadas, foram elaborados textos específicos contendo as bases teóricas e discussões envolvendo o dimensionamento de cada tema ou grupos de temas. Ao final de cada texto são apresentadas proposições para formular os indicadores considerados ideais. Ao final apresenta-se um quadro contendo as proposições para formular os indicadores ideais. Tais proposições, juntamente com os dados selecionados, serão utilizadas como subsídio para a formulação dos indicadores que efetivamente entrarão no cálculo do índice. Ministério das Cidades 1. Introdução O presente documento representa a segunda etapa do Projeto MCidades e contém as proposições teórico-metodológicas de indicadores “ideais” para entrar na composição do índice de qualidade de vida urbana das cidades brasileiras. Tais proposições foram elaboradas a partir: I. Dos PRESSUPOSTOS assumidos pelo Ministério das Cidades para o desenvolvimento do índice (IDHS/ PUC MINAS, 2004), em especial: i) o conceito de qualidade de vida urbana, e ii) questões metodológicas relativas à formulação dos indicadores (Anexo I). II. Da CONSULTA NACIONAL1 (ver síntese no Anexo II) realizada como primeira etapa do Projeto MCidades (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2005-a), que resultou: - na escolha dos temas a serem abordados pelo índice - definição de certos aspectos teórico-metodológicos referentes ao modelo matemático para cálculo do índice e a questões sócio-espaciais a serem consideradas na formulação dos indicadores. III. LITERATURA QUE ABORDA OS TEMAS EM CONJUNTO, adotando o mesmo enfoque do índice em desenvolvimento, particularmente: - Texto elaborado como consultoria ao Projeto MCidades por Jupira Gomes de Mendonça (MENDONÇA, 2005) para subsidiar a proposição de “indicadores ideais”, inserido no Anexo III. - Experiência de construção, resultados alcançados e processo de atualização do Índice de Qualidade de Vida Urbana de Belo Horizonte (NAHAS, 2002). IV. LITERATURA ESPECÍFICA referente a cada um dos temas escolhido para entrar na composição do índice, citada nos textos apresentados a seguir. 1 A Consulta foi desenvolvida no período de dezembro de 2004 a maio de 2005, envolvendo cerca de 150 pessoas de diversas regiões brasileiras, entre pesquisadores, gestores públicos e membros de outras organizações da sociedade civil. Foi adotado como referência metodológica o método Delphi, que consiste numa dinâmica de grupo à distância, por escrito e de forma anônima, visando estabelecer o consenso acerca das questões em debate. Ao final desta Consulta Nacional foram definidos os temas para serem enfocados pelo índice, além de diversos aspectos teórico-metodológicos para cálculo do mesmo. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 6 Ministério das Cidades V. DISCUSSÕES COM GESTORES PÚBLICOS e ESPECIALISTAS nos temas “Habitação”2, “Transporte e Mobilidade”3 e “Saneamento Ambiental”4, prioridades do Ministério das Cidades. A partir deste conjunto de documentos e definições foram consolidadas as referências descritas a seguir, para nortear a construção do índice de qualidade de vida urbana das cidades brasileiras. 2 Foram consultados Júnia Santa Rosa, da Secretaria Nacional de Habitação (Ministério das Cidades) e o pesquisador Adauto Lúcio Cardoso do Instituto de Planejamento Urbano e Regional (IPPUR) da UFRJ. Rio de Janeiro/RJ. 3 Foi consultada a especialista Sabina Augusta Kauart Leite. Foram também consideradas as discussões do Encontro de Especialistas em Transporte, organizado pela equipe do projeto, para discutir o estabelecimento da “medida de acessibilidade” a considerada no cálculo do índice, do qual participaram pesquisadores e gestores públicos. São eles: Fábio Parolin, Paulo César Marques da Silva; Tito Lívio Pereira Queiroz e Silva; Carlos Felipe Granjeiro Loureiro; Marcelo Cintra do Amaral; Ramon Vítor César e Yaeko Yamashita. 4 Foram consultados Ernani Ciriaco e Ítalo Lopes da Secretaria Nacional de Saneamento (SNSA), Marcos Ubirajara, consultor da SNSA e Ricardo Aroeira, especialista na área de Saneamento. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 7 Ministério das Cidades 2. Referências para Construção do Índice 2.1. Referência 1 - O conceito de qualidade de vida urbana O conceito de qualidade de vida urbana assumido como pressuposto para a construção do índice, acha-se sinteticamente discutido no artigo inserido no Anexo I, publicado no seminário sobre Política Nacional de Desenvolvimento Urbano. Sinteticamente, pode-se dizer que o conceito reporta-se ao meio urbano, às cidades, e sua mensuração inclui três elementos fundamentais: O dimensionamento da eqüidade na distribuição espacial (acesso espacial) e no acesso da população (acesso social) a determinados serviços e recursos urbanos. A avaliação da qualidade ambiental, a partir de aspectos sócio-ambientais e aspectos ambientais “stricto-senso”, relacionados ao meio urbano. A produção de elementos teórico-metodológicos para a discussão da sustentabilidade do desenvolvimento humano. Comentário Apesar de ser fundamental na mensuração da qualidade de vida urbana, considerar o acesso social e espacial aos recursos urbanos, definiu-se, no decorrer do projeto, que o índice em elaboração deverá abranger somente o aspecto espacial. Esta opção foi feita levando-se em conta, primeiramente, o curto prazo estipulado para a construção do índice. Ao mesmo tempo, levou-se em consideração o fato de que o acesso social é o enfoque teórico-conceitual clássico dos indicadores sociais, desde a década de 60, existindo hoje no Brasil, grande diversidade de metodologias para elaboração de indicadores com este enfoque. Entretanto, não existe um índice de abrangência nacional que mensure a oferta de serviços e a possibilidade espacial de acesso aos mesmos pela população. Desta opção metodológica decorrem duas características, que foram consideradas para formular as proposições para formular os indicadores “ideais”: Os indicadores devem se referir exclusivamente à oferta dos serviços e recursos urbanos existentes no município. Os indicadores devem ser georreferenciados nos municípios. Além destas características, a mensuração do acesso espacial implica no estabelecimento de uma “medida de acessibilidade” no cálculo do índice, a exemplo do que foi feito no Índice de Qualidade de Vida Urbana de Belo Horizonte. A introdução desta medida de acessibilidade é uma forma de ajustar as ofertas existentes em cada município, aos deslocamentos das populações entre municípios vizinhos (ou não), em busca de escolas, trabalho, hospitais, lazer e diversos outros serviços urbanos. O modelo matemático para o cálculo do índice encontra-se em desenvolvimento e será apresentado juntamente com os resultados finais do cálculo, previstos para divulgação em Novembro de 2005. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 8 Ministério das Cidades 2.2. Referência 2 - A Consulta Nacional A Consulta Nacional (Anexo I) foi realizada de dezembro de 2004 a maio de 2005 e através dela foram estabelecidos: Os temas que o índice deve enfocar. A abrangência teórico-conceitual de cada um destes temas. Aspectos sócio-espaciais a serem considerados no cálculo do índice Comentário A Consulta Nacional é uma referência importante, mas não implica, necessariamente, em considerar todas as sugestões. Isto se aplica tanto aos temas e sua abrangência quanto às questões teórico-metodológicas. Assim, dentre os 26 temas propostos serão considerados 22. Optou-se por não considerar os temas: “Pobreza”; “Poder de Compra e de Consumo”; “Estado Nutricional” porque estes têm mais afinidade com a avaliação do acesso social do que o acesso espacial. Também foi excluído o tema “Demografia” considerado pela equipe do projeto como referência fundamental para cálculo dos indicadores (no denominador), mas não como temática específica, não se relacionando à oferta de recursos urbanos de forma direta. No que se refere às proposições teórico-metodológicas feitas pelos colaboradores, parte delas havia sido já assumida dentre os pressupostos teórico-metodológicos para construção do índice, e outra parte, foi incorporada como novas referências. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 9 Ministério das Cidades No conjunto, as proposições incorporadas a partir da Consulta são: I. Os temas a serem considerados listados no Quadro I. Quadro I: Temas selecionados para a composição do índice 1. Abastecimento Alimentar 2. Assistência Social 3. Cultura 4. Economia Municipal 5. Educação 6. Energia Elétrica 7. Esportes 8. Felicidade – Satisfação 9. Habitação 10. Infra-estrutura de Saneamento 11. Infra-estrutura de Telefonia e Telecomunicações 12. Infra-estrutura de Transporte / Mobilidade 13. Justiça 14. Lazer 15. Meio Ambiente e Aspectos ambientais “strictu senso” 16. Participação, Associativismo e Organização Político-Institucional 17. Saúde 18. Segurança / Violência 19. Serviços Urbanos 20. Trabalho / Emprego 21. Urbanismo e Uso do Solo II. Certas características dos indicadores: - Construir o índice na perspectiva de identificar um conjunto mínimo de indicadores a serem calculados para todos os municípios brasileiros. - Considerar a possibilidade de calcular o índice a partir de grupos diferentes de indicadores para diferentes portes de cidades, mantendo-se um núcleo mínimo comum a todas, como citado acima. - Considerar a possibilidade de elaborar indicadores diferenciados ou estabelecer pesos de forma diferenciada, de forma a expressar as peculiaridades das diferentes regiões brasileiras. - Para todas os temas elaborar indicadores de quantidade e de qualidade da oferta. Aqui é importante assinalar que a regularidade da oferta, proposta na Consulta, está sendo considerada como um dos atributos da qualidade. - Considerar a oferta de serviços públicos e privados para todas as variáveis temáticas, já que ambas influenciam na qualidade de vida urbana de uma cidade. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 10 Ministério das Cidades - Construir o índice para que seja instrumento de monitoramento das condições retratadas, empregando dados atualizáveis em curto ou médio prazo para formulação dos indicadores, possibilitando assim sua atualização periódica em tempo útil ao planejamento público. 2.3. Referência 3 – Abrangência geográfica do índice O índice será calculado para a totalidade dos municípios brasileiros e não somente para aqueles considerados urbanos ou conceituados como cidades. Após a análise de diversas classificações e conceituações sobre os municípios brasileiros5, bem como o debate existente sobre os conceitos de “urbano”, “rural”, “cidade” e outros termos relacionados, a equipe do projeto optou por considerar todos os municípios na mensuração. Assim, pretende-se produzir ao final, uma hierarquia, um “ranking”, incluindo os 5560 municípios existentes hoje no Brasil. 2.4. Referência 4 – Estrutura do índice O índice será estruturado em diferentes níveis de agregação, propondo-se de forma geral a estrutura representada no Quadro II que se segue. 5 CEF – Caixa Econômica Federal (2003). Taxonomia dos municípios brasileiros. Segundo sua dinâmica atual e potencial de crescimento e desenvolvimento urbano. Relatório Metodológico. CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente. (2002). Resolução nº 303, de 20 de março de 2002. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – Conceitos para utilizados nos microdados do Censo Demográfico de 2000. IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. (2000). Rede Urbana Brasileira: Hierarquia das Cidades. MONTE-MÓR, RL.(2005). O que é o urbano no mundo contemporâneo. Texto aceito para publicação em Cadernos de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, R.J., 2005. MONTE-MÓR, RL (2004). A questão urbana e o planejamento urbano-regional no Brasil contemporâneo. Trabalho encomendado pelo Ministério da Integração Nacional, dentro do projeto “Diretrizes para Formulação de Políticas de Desenvolvimento Regional e de Ordenação do Território Brasileiro”, contratado junto ao Cedeplar – Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional, da UFMG. MOURA, R. (2003) Rede urbana e reestruturação do território nacional um percurso por entre representações. Trabalho apresentado no VIII Simpósio Nacional de Geografia Urbana (SIMPURB), Cidade, Espaço, Tempo, Civilização: por “uma transformação radical da sociedade como sociedade política”, em Mesa de Debates. Recife, novembro de 2003. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 11 Ministério das Cidades Quadro II – Estrutura do índice NÍVEIS DE AGREGAÇÃO Índice Parcial 2 Índice Parcial 1 Indicadores 1.1.1- Abordagem do Tema (1.1) 1.1.21.1.3- etc Tema 1 1.2.1Abordagem do Tema (1.2) 1.2.21.2.3- etc ÍNDICE SÍNTESE etc etc 2.1.1- Abordagem do Tema (2.1) 2.1.22.1.3- etc Tema 2 2.2.1Abordagem do Tema (2.2) 2.2.22.2.3- etc etc etc etc Com base nestas referências, foram elaboradas as proposições de indicadores “ideais” apresentadas a seguir, descritas por tema ou grupos de temas, em textos específicos redigidos pela equipe do projeto. Para a organização geral das descrições que se seguem, foram adotados agrupamentos de temas baseados na proposição de MENDONÇA (2005), inserido no Anexo III anteriormente citado. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 12 Ministério das Cidades 3. Identificação dos Indicadores Ideais Os temas sugeridos a partir da Consulta Nacional serão apresentados em cinco agrupamentos temáticos6: Condições Habitacionais, Organização Urbana e Ambiental, Estrutura de Apoio à Cidadania, Economia Municipal, e Felicidade em geral/Satisfação com os Serviços Públicos. 1. O primeiro agrupamento temático se define pela centralidade da habitação na avaliação da qualidade de vida urbana. Além da edificação residencial, um conjunto de serviços de infra-estrutura urbana está diretamente vinculado à moradia, como o saneamento básico, energia elétrica, telefonia/telecomunicações, e transporte/trânsito. Os temas são os seguintes: Habitação, Infra-estrutura urbana: saneamento básico, drenagem, coleta e disposição de resíduos sólidos, Energia elétrica, Telefonia e telecomunicações. Transporte e trânsito. 2. O segundo agrupamento temático diz respeito à organização urbana e ambiental, a ocupação e ao uso do espaço urbano e os equipamentos urbanos, sendo os temas: Uso do solo, Urbanismo, Serviços urbanos, Meio ambiente, Abastecimento alimentar, e Espaços públicos e equipamentos culturais: cultura, esporte e lazer. 6 Definição inspirada pelas considerações de Jupira Gomes de Mendonça, em documento elaborado como consultoria a discussão sobre indicadores ideais. Professora do Núcleo de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo - Escola de Arquitetura/UFMG. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 13 Ministério das Cidades 3. O terceiro agrupamento se refere a estrutura de apoio a cidadania, aos mecanismos institucionais e ações da gestão pública voltados para a promoção do cidadão urbano. Este grupo inclui os mecanismos de democratização dos processos decisórios, através dos mecanismos de gestão participativa e as políticas e programas sociais voltados para garantir aos cidadãos condições essenciais de vida, como segurança, educação, saúde, trabalho, etc. Os temas são: Educação, Saúde, Trabalho e emprego, Segurança, Assistência jurídica, Assistência social, e Participação, associativismo e organização político-institucional. 4. O quarto agrupamento se refere à economia municipal abordada em três aspectos: finanças públicas, economia municipal, e renda. Em finanças públicas trata-se das atividades da administração pública voltada para a arrecadação e a aplicação os recursos públicos, como orçamento, gastos e investimentos, etc. No que diz respeito a economia municipal propriamente dita estão os aspectos relacionados à dimensão, diversidade, dinâmica e maturidade econômica do município. Por último, os aspectos relacionados à renda, como renda familiar, concentração e distribuição da renda, etc. 5. O quinto agrupamento trata da felicidade em geral e da satisfação com os serviços públicos. Este tema tem um enfoque do ponto de vista da percepção dos usuários dos serviços públicos podendo abordar assim todos os temas sobre esta perspectiva. A proposição se coloca a partir das possibilidades de medidas e de inclusão desta perspectiva na elaboração do índice de qualidade de vida dos municípios brasileiros. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 14 Agrupamento temático 1: Condições Habitacionais Habitação Infra-estrutura de saneamento básico Energia elétrica Telefonia e telecomunicações Transporte e trânsito – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 15 Ministério das Cidades TEMA: HABITAÇÃO Felipe Chaves Inácio7* Maria Inês Pedrosa Nahas8 Ana Luísa Peixoto Gonçalves9 Pressupostos teóricos O objetivo da presente proposta é reunir subsídios para orientar a discussão e construção de indicadores ideais relacionados à realidade da habitação nos municípios brasileiros. No que se refere às questões habitacionais no Brasil, existe relativo consenso a respeito da gravidade do problema. Entretanto há considerável divergência quanto aos cálculos das necessidades habitacionais e grande discrepância entre os números apresentados, sendo que cada versão sobre o déficit habitacional corresponde a uma metodologia diferente. No que se refere a essas metodologias, o trabalho da Fundação João Pinheiro se constitui no mais importante trabalho já realizado até agora no país. O principal mérito desse trabalho, segundo Cardoso (2004), foi “enfrentar o debate metodológico, discutindo, primeiro, os termos da metodologia a ser utilizada para calcular o déficit” (Cardoso, 2004, p.95). A Fundação João Pinheiro (FJP), desde seu primeiro trabalho, separou o conceito de déficit habitacional do conceito de inadequação dos domicílios existentes, definindo um conceito mais amplo: o de “necessidades habitacionais” que engloba o déficit habitacional e a inadequação. O conceito de déficit habitacional é entendido como a necessidade de construção de novas moradias, tanto em função da reposição quanto do incremento do estoque. Por outro lado, a inadequação reflete problemas na qualidade de vida dos moradores que não estão diretamente relacionadas ao estoque de moradias, mas às características internas do estoque existente. Nesse sentido, a FJP considera déficit habitacional, para fins operacionais, como o somatório de domicílios improvisados (aqueles que servem de moradia sem que tenham sido construídos com essa finalidade), os domicílios rústicos (aqueles que não apresentam paredes de alvenaria ou madeira aparelhada), coabitação familiar e ônus excessivo com aluguel (famílias urbanas com renda até três salários mínimos que despendem mais de 30% de sua renda com aluguel). Por outro lado, o conceito de inadequação 7 Professor da UNIPAC – Ipatinga, Mestre em Estatística pela Universidade Federal de Pernambuco, Graduado em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais. * Discussão e revisão Maria Inês Pedrosa Nahas – Coordenadora do Projeto 8 Doutora em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de São Carlos, Coordenadora do Projeto 9 Graduanda do 5º período do curso de Relações Internacionais da PUC Minas. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 16 Ministério das Cidades engloba os domicílios com carência de infra-estrutura, com adensamento excessivo de moradores, com problemas de natureza fundiária, e aqueles sem unidade sanitária domiciliar exclusiva.10 No presente texto, a problemática da habitação será tratada sob dois enfoques: o da habitabilidade e o da provisão habitacional. O enfoque da habitabilidade compreende o adensamento habitacional, o padrão da edificação, infra-estrutura, segurança habitacional e localização. Por outro lado, o enfoque da provisão habitacional engloba acesso ao crédito e a novos parcelamentos, déficit habitacional e terras ociosas, capacidade de financiamento do município e organização político-institucional para promover a urbanização de favelas e novas construções. Cabe ressaltar que essa divisão não é incompatível com aquela realizada pela Fundação João Pinheiro. De fato, o conceito de inadequação habitacional da FJP pode ser perfeitamente “encaixado” no conceito de habitabilidade aqui adotado, enquanto o conceito de déficit habitacional está explicitamente incluído no conceito de provisão habitacional. Apontamentos da Consulta Nacional O tema Habitação está entre os temas que obtiveram 100% de concordância, por parte dos colaborados, para que seja incluído no cálculo do índice de qualidade de vida dos municípios brasileiros. As abrangências e os tópicos sugeridos na Consulta Nacional são: 1. Oferta: - Programas de financiamento de moradias - Disponibilidade de moradia 2. Densidade domiciliar 10 - Área construída por habitante - Número de cômodos - Distribuição de famílias por domicílio - Número de moradores - Medida de adensamento excessivo (moradores por cômodo e/ou por banheiro, em cada domicílio) - Densidade de ocupação domiciliar (números de indivíduos por dormitório) É importante ressaltar que não é possível chegar a um número final de domicílios inadequados, uma vez que os componentes desse conceito não são mutuamente excludentes, podendo um domicílio ser classificado em mais de um deles. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 17 Ministério das Cidades - Indicadores de coabitação como o número de domicílios onde o uso de banheiro e cozinha é compartilhado por várias famílias (cortiços) 3. Padrão construtivo - Qualidade de construção do domicílio: padrão, conforto, higiene, segurança, estrutura, insolação e ventilação e outros - Número de domicílios com risco de desabamento em função da precariedade/ inadequação dos materiais e da construção - Habitação adequada (abrigos construídos adequadamente contra intempéries, epidemias e vetores patogênicos) 4. Existência de infra-estrutura - Localização do domicílio - Moradias providas de redes de infra-estrutura urbana - Acesso a equipamentos públicos em suas várias modalidades - Condições físicas dos bairros 5. Segurança Habitacional - Domicílios em áreas de risco: sujeitas a enchentes, desmoronamentos, deslizamentos (áreas de risco geotécnico), incêndios, explosões, vazamentos de substâncias químicas, e outros - Proximidade de córregos com problemas de poluição hídrica 6. Relação de posse - Situação de posse: porcentagem de habitações com direito assegurado à posse, Proprietários x Locatários - Loteamentos clandestinos - Legislação Fundiária (Regulamentação fundiária) - Segurança da posse: número de domicílios cujos moradores não detém segurança de posse e/ou domínio, seja por meio de título de propriedade registrado, de título de concessão de uso ou outro documento válido – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 18 Ministério das Cidades Proposição de Indicadores Ideais No que se refere aos indicadores ideais propriamente ditos, dentro do conceito de habitabilidade, seriam interessantes indicadores que permitissem avaliar: i. Infra-estrutura do domicílio: - Existência de serviços de coleta de lixo, rede de abastecimento de água com canalização interna, energia elétrica e rede coletora de esgoto ou fossa séptica.11 - Existência de banheiro de uso exclusivo do domicílio. - Existência de telefonia e telecomunicações. - Aqui, poderia também ser utilizado um indicador proposto por Piedade (2002) com base nos conceitos de habitabilidade da Comissão das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos / Habitat, qual seja: Proporção de domicílios adequados = Domicílios que satisfazem normas de “Habitabilidade” x 100 / Total de domicílios particulares. Ainda de acordo com Piedade (2000), entende-se por moradia adequada “aquela que permite usufruir de privacidade, espaço, segurança da posse, iluminação, ventilação, infra-estrutura de saneamento básico e de transporte, assim como localização acessível em relação ao trabalho e outros equipamentos básicos de saúde, educação, lazer, etc., que devem estar disponíveis à população a custos razoávies.” - O indicador de estruturas permanentes, definido como a proporção de domicílios que duram mais de vinte anos sob condições normais, é outro indicador proposto pelo programa Habitat que também poderia ser utilizado. - O indicador proporção das despesas municipais destinadas à infra-estrutura habitacional poderia também ser utilizado. Se confrontado com as informações relacionadas à proporção de domicílios em situação de carência em infra-estrutura, esse indicador permitiria avaliar a eficácia das ações governamentais destinadas a solucionar o problema dos domicílios inadequados nos municípios. ii. Segurança: 11 - Proporção de domicílios em áreas de risco de inundação e/ou deslizamentos. - Proporção de domicílios efetivamente atingidos por inundações e/ou deslizamentos. - Proporção de domicílios localizados em áreas alagadas e outras áreas inadequadas à habitação. Os domicílios que não contam com pelo menos um desses serviços são considerados carentes em infra-estrutura pela FJP e computados no item inadequação habitacional. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 19 Ministério das Cidades iii. Localização: - Proporção de domicílios próximos a externalidades positivas como áreas verdes, por exemplo. - Proporção de domicílios em áreas de favelas e/ou próximas a externalidades negativas como, por exemplo, fontes poluidoras12. - Proporção de domicílios em situação de inadequação fundiária.13 - É importante verificar se os domicílios se localizam em locais que permitam o acesso ao mercado de trabalho e a serviços de educação, saúde, lazer, etc. Nesse sentido, talvez fosse interessante conhecer a proporção de domicílios em área urbana isolada, de acordo com definição do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)14. iv. Conforto: - Entendido como adensamento habitacional, poderia ser medido pelo número de moradores por cômodo, assim como é feito pela FJP, ou pelo número de moradores por unidade sanitária domiciliar. - Também seria interessante medir o adensamento de domicílios por área, como o número de domicílios por Km2, por exemplo. No que se refere à provisão habitacional, os indicadores deveriam ser capazes de mensurar: i. O acesso ao crédito habitacional por faixa de renda, especialmente para aquelas famílias cuja renda se encontra abaixo de 12 salários mínimos. ii. A relação proporcional da área das novas produções habitacionais por faixa de renda. O objetivo é saber se as novas produções habitacionais têm sido destinadas a condomínios fechados que atendem à famílias de alta renda ou a habitações populares, que atenda à população de baixa renda. 12 A proximidade em relação às externalidades positivas e negativas será contemplada nos temas referentes à urbanização, uso do solo e meio ambiente. 13 A Fundação João Pinheiro acrescenta a inadequação fundiária no conceito mais amplo de inadequação habitacional. A inadequação fundiária é caracterizada pela não propriedade do terreno onde se situa o domicílio. 14 Essas informações seriam ainda mais elucidativas se pudessem ser confrontadas com indicadores de transporte, uma vez que os domicílios localizados em áreas afastadas da sede municipal podem estar bem integrados a ela através de um sistema de transportes adequado. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 20 Ministério das Cidades iii. O déficit habitacional15, entendido como “a noção mais imediata e intuitiva de necessidade de construção de novas moradias para a solução de problemas sociais e específicos de habitação, detectados em um certo momento” (FJP, 2005). Aqui, poderiam ser incluídas as moradias sem condições de serem habitadas e a necessidade de incremento do estoque devido à coabitação familiar e à moradia em domicílios improvisados, conforme definição da Fundação João Pinheiro16. - Um indicador proposto pela Comissão das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos / Habitat e que poderia ser utilizado aqui é o produto habitacional, definido como o número total de unidades habitacionais produzidas no município nos setores formal e informal durante o ano, por mil habitantes. iv. A proporção de domicílios vagos. - A existência de domicílios vagos em boas condições de habitabilidade pode minorar o problema da falta de moradias nos municípios. As informações sobre domicílios vagos poderiam ser confrontadas com informações sobre o déficit e a inadequação habitacionais para se ter uma idéia melhor sobre a gravidade da questão da moradia nos municípios. Deve-se, entretanto, ter em mente a baixa qualidade das informações a respeito dos domicílios vagos no país para evitar conclusões ingênuas e precipitadas no sentido de apontar a ocupação desses domicílios como uma solução do problema do déficit habitacional nos municípios brasileiros17. v. Existência de terras ociosas em boas condições de habitação. - O confronto entre o tamanho do déficit habitacional e das terras ociosas ou subtilizadas mostra, ao mesmo tempo, o grau de desigualdade habitacional presente no município e o grau de injustiça na distribuição dos recursos urbanos, bem como dos custos da urbanização. vi. A capacidade de obtenção de financiamentos por parte dos municípios. Nesse sentido, seria interessante conhecer: - 15 A proporção de famílias beneficiadas com programa de construção de unidades e oferta de lotes. Como proporção dos domicílios existentes no município. 16 Essas informações poderiam também ser estratificadas por faixa de renda. 17 Conclusões desse tipo podem ser “incentivadas” pela proximidade, muitas vezes observada, entre os dados referentes ao déficit habitacional e à domicílios vagos. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 21 Ministério das Cidades - A proporção de famílias beneficiadas com programa de urbanização de assentamentos regularização fundiária. - A proporção de famílias beneficiadas com programa de oferta de material de construção. vii. A capacidade de autofinanciamento dos municípios para o enfrentamento dos problemas habitacionais. - A política habitacional no Brasil é marcada por um forte movimento de municipalização a partir de meados da década de 80, fazendo com que os municípios deixassem de ser meros executores de políticas. Esse movimento potencializou a eficácia e a eficiência das políticas habitacionais, tendo ainda a virtude de poder integrar e conciliar as políticas de provisão de moradias com as políticas de urbanização e uso do solo. Nesse sentido, seria interessante conhecer as potencialidades do município na solução dos problemas habitacionais sem que ele dependa da existência e liberação de linhas de crédito federais e/ou estaduais. - Um indicador construído nessas linhas teria ainda a vantagem de informar a respeito do grau de dependência da municipalidade em relação a outros níveis de governo no que diz respeito à problemática da habitação. viii. Existência de organização político-institucional que atue na urbanização de favelas e na produção de habitações (nos moldes da URBEL de Belo Horizonte). ix. Existência de leis diretamente relacionadas ao direito à habitação / direito à posse. No que tange o direito à posse, seria interessante considerar a proporção de: - Domicílios em cada item da “condição do domicílio”, conforme definição do IBGE - Domicílios ocupados pelos donos. - Famílias em unidades domiciliares do governo. - Famílias em unidades domiciliares privadas. - Famílias em invasões. x. Existência de um mercado habitacional estável e bem desenvolvido no sentido de evitar altas volatilidades no preço das moradias e permitir o acesso democrático à habitação. - Aqui, poderia ser utilizado um indicador proposto pela Associação das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos / Habitat, qual seja: A proporção entre o preço médio de mercado de uma unidade habitacional e a renda média domiciliar. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 22 Ministério das Cidades - Poderia também ser utilizado o coeficiente entre preço médio da terra (em m2) e renda familiar. xi. Existência de políticas municipais de habitação destinadas à provisão de novas moradias e reforma das moradias inadequadas existentes. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 23 Ministério das Cidades TEMA: INFRA-ESTRUTURA DE SANEAMENTO Patrícia Martinelli18* Pressupostos teóricos A preocupação e necessidade de cuidados com a salubridade e higiene nas áreas urbanas não é recente. Todavia é com o advento da industrialização nos países europeus19, e mais tardiamente nos periféricos, que a percepção dos agravos a saúde e deterioração do ambiente urbano toma um corpo de preocupação mais generalizado. Embora no planejamento das cidades brasileiras tenha utilizado técnicas higienistas, desde meados do século XIX, essas intervenções concentraram-se nas maiores cidades. Somente na década de 1970 é que o Brasil apresenta seu primeiro plano para Saneamento (PLANASA) em âmbito nacional, conseguindo chegar a marca de 80% da população urbana brasileira com água tratada (NEFUSSI;LICCO, s/d) Contudo, a partir da década de 1970, os desafios para suprir a crescente demanda de saneamento em cidades em franco processo de crescimento populacional, aliado a complexidade das atividades humanas em áreas urbanas, fez do tema saneamento, no Brasil, ser o que guarda as relações mais estreitas da desigualdade dos (e entre) centros urbanos até os dias atuais. Nesse percurso, a abrangência das atividades relacionadas a saneamento e, consecutivamente seu conceito, sofreram transformações pela complexidade de manter saneado um ambiente cada vez mais diversificado em atividades e populoso. Dessa maneira, saneamento normalmente refere-se, na literatura especializada, a um conjunto de medidas visando preservar ou modificar as condições do meio ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde e qualidade de vida das populações. Há algumas décadas, as políticas públicas de universalização dos serviços de saneamento fixamse mais sobre questões relativas ao saneamento básico20. Entretanto, da crescente complexidade das atividades humanas, principalmente concentradas em áreas urbanas, emerge paulatinamente a necessidade de um conceito de saneamento que tivesse abrangência maior, abarcando as questões e novas problemáticas que surgem na sociedade contemporânea. 18 Mestre em Geografia pela Universidade Estadual Paulista, UNESP - Rio Claro. * Discussão e Revisão: Maria Inês Nahas, Coordenadora do Projeto. 19 Munfod (1965,p.603) ao falar da cidade Industrial do sèculo XIX afirma: ”(...)Fica evidente que não existem precedentes, na história escrita, de aglomerados tão grandes de pessoas a viver em ambientes tão degradadamente deteriorados(...)” 20 Por Saneamento básico, entende-se sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário, sendo que eventualmente há publicações que inserem a coleta e disposição de lixo nessa categoria (CARVALHO, 1981) – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 24 Ministério das Cidades Dessa forma, o uso do conceito de Saneamento Ambiental adotado pelo Ministério das Cidades e pela Política Nacional de Saneamento Ambiental (PNSA) refere-se ao “Conjunto de ações com o objetivo de alcançar níveis crescentes de salubridade ambiental, compreendendo o abastecimento de água; a coleta, tratamento e a disposição dos esgotos e dos resíduos sólidos e gasosos; e os demais serviços de limpeza urbana; o manejo das águas pluviais urbanas, o controle ambiental de vetores e reservatórios de doenças e a disciplina da ocupação do uso do solo, nas condições que maximizem a promoção e a melhoria das condições de vida nos meios urbanos e rurais” e está de acordo com as tendências mais recentes e adequadas de abordagem da questão. Cabe destacar que o uso desse conceito de Saneamento Ambiental, em linhas gerais, amplia a gestão em saneamento para uma visão que inclui aspectos de sustentabilidade urbana. Dessa forma, as práticas que envolvem princípios de eqüidade, respeito às condições locais na busca de soluções, uso responsável dos recursos naturais, informação e sensibilização da população, além do principio de precaução devem fazer parte da abordagem de todos os sub-temas inseridos. Pode-se confirmar essa postura ao avaliar, por exemplo, em relação à drenagem urbana, que o Governo Federal, através do Ministério das Cidades (MC), possui o Programa Drenagem Urbana Sustentável. Segundo o seu Manual para Apresentação de Projetos, o programa “objetiva promover, em articulação com as políticas de desenvolvimento urbano, de uso e ocupação do solo e de gestão das respectivas bacias hidrográficas, a gestão sustentável da drenagem urbana com ações estruturais e não-estruturais”. Assim, sempre que possível as medidas devem seguir as formas de controle baseadas em infiltração, ou ainda, no princípio de LID (Low Impact Development); principio o qual é descrito como uma tentativa de “atingir paisagens hidrológicas funcionais, com comportamento mais similar ao natural, por controlar não somente o pico de vazões, mas o volume, freqüência/duração além de qualidade dos escoamentos pluviais (TUCCI, 2005). Do mesmo modo, seguindo uma visão de sustentabilidade, o saneamento básico para coleta de lixo e esgoto amplia-se para sistemas de coleta, tratamento e disposição final dos resíduos. E para o abastecimento de água surgem questões de escassez e/ou abundância em curtos prazos de tempo, muitas vezes numa mesma localidade. Quanto à drenagem urbana, limpeza pública, uso do solo e qualidade do ar, todos estes se relacionam entre si e influenciam diretamente a salubridade do ambiente urbano. Para completar, há ainda, as redes de abastecimento de água e coletora de esgotos sanitários, a coleta, o tratamento e destinação final do lixo que também têm relação direta com as condições de higidez do meio ambiente e os indicadores de saúde. Todavia questões relacionadas a controle de vetores, uso e ocupação do solo e controle de resíduos gasosos, como consta na abrangência conceitual adotada para este trabalho, dada pela Política Nacional de Saneamento Ambiental (PNSA), não foram contempladas pelos especialistas entrevistados pela Consulta Nacional. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 25 Ministério das Cidades Apontamentos da Consulta Nacional O tema “Infra-estrutura de Saneamento” está entre os temas que obtiveram 100% de concordância, por parte dos colaborados, para que seja incluído no cálculo do índice de qualidade de vida dos municípios brasileiros. Especificamente para o Tema Infra-Estrutura de Saneamento foi sugerido utilizar somente o termo Saneamento, ou ainda Saneamento Ambiental. Assim, os apontamentos da consulta cabem no segundo conceito, por ser mais amplo e atual como se pode observar a seguir: 1. Água - Existência de rede de abastecimento de água - Existência de outras formas de abastecimento de água - Acesso à água tratada - Qualidade da água distribuída para a população - Regularidade no abastecimento de água 2. Esgoto - Existência de rede de esgotamento sanitário - Situação e tipo de esgotamento sanitário (rede, fossa séptica e outros) - Estação de tratamento de esgoto - Existência de estações de tratamento de esgotos para a bacia hidrográfica ou para a área urbana em questão 3. Lixo - Acesso aos serviços públicos de coleta de lixo - Existência de coleta de resíduos sólidos - Cobertura de domicílios com coleta de resíduos sólidos - Coleta de lixo com periodicidade adequada - Sistema adequado de disposição final do lixo - Sistema adequado de tratamento do lixo - Reciclagem de lixo doméstico - Reciclagem do lixo industrial 4. Drenagem - Sistema de drenagem de águas pluviais - Sistemas adequados de drenagem de águas pluviais – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 26 Ministério das Cidades 5. Limpeza urbana Todavia questões relacionadas a controle de vetores, uso e ocupação do solo e controle de resíduos gasosos, como consta na abrangência conceitual adotada para este trabalho, dada pela Política Nacional de Saneamento Ambiental (PNSA), não foram contempladas pelos especialistas entrevistados pela Consulta Nacional. Proposição de Indicadores Ideais Partindo das premissas conceituais acima descritas e que envolvem o objetivo deste trabalho podem ser sugeridos os seguintes indicadores ideais: i. Água: - Indicador de oferta à população de formas adequadas de abastecimento de água: incluir alternativas como abastecimento em fontes isoladas de qualidade; nascentes e poços:deve-se ainda considerar a quantidade de domicílios com canalização interna, em relação ao total de domicílios do município. - Indicador de Qualidade dos Serviços de Abastecimento de Água: tratar através da regularidade do abastecimento (existência de interrupções, racionamentos no sistema de fornecimento de água, por número e tempo de ocorrência das mesmas/quantidade da população ou domicílios atingidos), e existência de atendimento ao público disponibilizado pelas entidades prestadoras de serviço de abastecimento, por número de reclamações. - Indicador de Qualidade da Água disponibilizada para população: avaliar a presença de desconformidades dos padrões de potabilidade da água distribuída nas redes de abastecimento de água bem como a de consumo pela população em fontes isoladas (nascentes e poços). - Indicador Diferenciação Tarifária por Tipo de Consumo: verificar a existência de cobrança do serviço de abastecimento de água e se há tarifas diferentes para cada perfil de consumidor. - Indicador de Saturação dos Sistemas Produtores de Água (qualidade da oferta): comparação entre oferta (produção água tratada) e demanda (consumo água tratada) em relação ao crescimento da população do município e disponibilidade de mananciais, para programar ampliações, instalações de novos sistemas ou controle e redução de perdas. - Indicador de Qualidade da Água Bruta: desconformidades com os padrões definidos para classes de enquadramento dos cursos d´água. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 27 Ministério das Cidades ii. Esgoto: - Indicador de oferta à população de formas adequadas de esgotamento sanitário: considerar a alternativa de tanque séptico (fossa séptica) como alternativa adequada, dada pela quantidade de domicílios com esgotamento adequado em relação ao total de domicílios do município. Pode-se ainda utilizar neste indicador: banheiro ou sanitário no domicílio ou na propriedade de uso de somente um domicílio como adequação das instalações sanitárias. - Indicador de Qualidade dos Serviços de Esgotamento Sanitário: verificar o número de vazamentos da rede coletora, existência de Serviço de Atendimento ao Público, por número de reclamações, bem como o número de extravasamentos de esgotos. - Indicador de Controle dos Esgotos Industriais: avaliar o volume de efluentes industriais coletados e tratados (médias anuais/diárias). - Indicador de Tratamento de Esgotos Domésticos: avaliar o volume de efluentes domésticos coletados e tratados (médias anuais/diárias). - Existência de Cobrança para Serviço de Esgotamento Sanitário: aferir possibilidade de autofinanciamento de obras de melhorias/ampliações. iii. Limpeza Urbana e Resíduos Sólidos (Lixo): - Indicador de Coleta de Resíduos Sólidos Domiciliares Adequada: avaliar a coleta feita pelo diretamente pelo serviço de limpeza urbana; quantidades de domicílios com coleta adequada de lixo. - Indicador de Qualidade dos Serviços de Limpeza Urbana e Resíduos Sólidos (lixo): avaliar a regularidade adequada da coleta de lixo, existência de Serviço de Atendimento ao Público disponibilizado pela entidade prestadora de serviço, por número e tipo de reclamações. - Indicador de Limpeza Urbana Adequada: existência de serviço de varrição e capina de logradouros públicos, por abrangência e regularidade de serviços para as referidas áreas. - Manejo de Resíduos: volume de resíduos totais gerados per capita X resíduos manejados adequadamente, e volume de lixo produzido X volume reciclado; deve ainda avaliar a área de degradada por deposito de lixo (ano). - Indicador de Controle do Lixo Industrial: avaliar o volume coletado, tratamento, disposição final adequada. - Indicador de Controle do Lixo Séptico: existência de coleta nas unidades de saúde, por volume coletado e disposição adequada - Indicador de Saturação dos Locais de Destinação Adequada dos Resíduos: relação entre a oferta de áreas de disposição adequada dos resíduos urbanos e demanda (produção lixo municipal) para determinada população. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 28 Ministério das Cidades iv. Drenagem: - Indicador de Qualidade dos Serviços de Drenagem: existência e regularidade dos serviços de manutenção dos sistemas de drenagem/oferta de serviço de alerta à população (uso de sistemas de previsões de chuvas torrenciais). - Indicador de Impacto sobre População por Problemas de Drenagem: presença de assentamentos informais ou formais em áreas de risco (planícies de inundação, deslizamentos, manguezais), por número de domicílios. - Riscos Ambientais21: avaliar a existência e extensão de áreas urbanas ocupadas com possibilidade de inundação (planícies de inundação) por áreas e extensão de ocupação em encostas íngrimes ou áreas de proteção ambiental. v. Controle de Vetores: - Indicador de Controle de Vetores: avaliar a ocorrência das principais doenças causadas por vetores, inclusive considerando as doenças endêmicas que apresentam diferenciações regionais dadas, principalmente, pelas doenças de veiculação hídrica22 - Indicador de acompanhamento e medidas preventivas para vetores urbanos: identificar a necessidade de programas de redução e eliminação de vetores transmissores e/ou hospedeiros da doença (dengue, esquistossomose, etc.) e nível de informação e envolvimento da comunidade para o sucesso dos referidos programas. Indicadores Ideais Possíveis: Abastecimento de Água Adequado: este indicador foi calculado para o Índice de Condições de Vida (ICV) considera abastecimento adequado domicílio ligados a rede geral com água canalizada em ao menos um cômodo e por poço ou nascente (também com canalização interna). Esgotamento Sanitário Adequado: este indicador foi calculado para o Índice de Condições de Vida (ICV): considera adequado o esgotamento sanitário ligado à rede ou com fossa séptica em domicílios com instalações sanitárias não compartilhadas. 21 Os riscos ambientais podem ser naturais, humanos (explosões por materiais perigosos da Indústria) ou uma combinação de ambos. 22 Doenças de Veiculação Hídrica são aquelas transmitidas pela água. Muitas das doenças que afetam o homem podem ser transmitidas pelos microorganismos presentes no meio ambiente, e cerca de 80% das doenças dos países em desenvolvimento (como o Brasil) são provenientes da água de qualidade ruim. As enfermidades mais comuns que podem ser transmitidas pela água são: Febre Tifóide, Disenteria, Cólera, Diarréia, Hepatite, Leptospirose, Giardíase, dengue, febre amarela, tracoma, conjuntivites, poliomielite, escabioses, tifóide, esquistossomose e malária. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 29 Ministério das Cidades TEMA: ENERGIA ELÉTRICA Renata Guimarães Vieira de Souza23* Carlos Júnior Viana24 Carine Martins Vieira25 Os indicadores de energia elétrica serão analisados a partir da quantidade da oferta, sendo a qualidade mensurada pelo acesso da população ao serviço, incluindo alguns atributos como regularidade, cobertura e outros. Pressuposto Teórico No modelo atual do setor elétrico brasileiro as atividades socioeconômicas tornam-se cada vez mais dependentes dos recursos energéticos. O suprimento de energia elétrica tem-se tornado fator indispensável ao bem-estar social e ao crescimento econômico do Brasil, contudo, é ainda muito deficitário em várias regiões, seja pela falta de acesso ou pela precariedade do atendimento (ANEEL, 2002). Salgado (2001) afirma que a sustentabilidade energética pode ser encarada a partir de três dimensões: econômica, social e ambiental. A dimensão econômica avalia a dependência que o setor produtivo de um país tem em relação a sua capacidade de geração de energia. A segunda dimensão mostra que “o grau de acessibilidade a algumas fontes de melhor qualidade pode diferir segundo o grau de urbanização e pela amplitude da pobreza. Nas áreas rurais apresentam-se situações muito variadas no que se refere a abundância de opções de abastecimento energético e graus muito variados de cobertura elétrica” (tradução livre). A terceira e última dimensão destaca que “um maior uso de recursos renováveis significa menor exploração de recursos fósseis, menor dependência de fatores externos e menor emissão”. No Brasil, o mercado de distribuição de energia elétrica é atendido por 64 concessionárias, estatais ou privadas, de serviços públicos que abrangem todo o País. As concessionárias estatais estão sob controle dos governos federal, estaduais e municipais. Em várias concessionárias privadas verifica-se a presença, em seus grupos de controle, de diversas empresas nacionais, norte-americanas, espanholas e portuguesas. São atendidos cerca de 47 mi- 23 Mestranda em Demografia pelo CEDEPLAR/UFMG e graduada em Ciências Econômicas pela PUC Minas. * Discussão e revisão Maria Inês Pedrosa Nahas – Coordenadora do Projeto 24 Graduando do 8º período do curso de Geografia da UFMG 25 Graduanda do 8º período do curso de Geografia da UFMG – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 30 Ministério das Cidades lhões de unidades consumidoras, das quais 85% são consumidores residenciais, em mais de 99% dos municípios brasileiros (ANEEL, 2002). Em agosto de 2000, mais de 50% dos brasileiros viviam em cidades com população superior a 100 mil habitantes e a concentração demográfica do país é ainda mais expressiva em virtude da existência de grande número de pequenas cidades próximas dos grandes centros urbano-industriais. A desigualdade socioeconômica brasileira reflete também no setor elétrico através distribuição desigual de energia elétrica. O mapa da exclusão elétrica no país revela que as famílias sem acesso à energia estão majoritariamente nas localidades de menor Índice de Desenvolvimento Humano e nas famílias de baixa renda. Cerca de 90% destas famílias têm renda inferior a três salários-mínimos e, 80% estão no meio rural. As regiões Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste apresentam as melhores taxas de eletrificação residencial. Entre as regiões com baixas taxas, destacam-se a do Alto Solimões, no Amazonas, e grande parte do Estado do Pará, desde a fronteira com Mato Grosso até o Oceano Atlântico. Ainda na região Norte, observam-se índices muito baixos na região central do Acre, no sudoeste do Amazonas e leste do Tocantins. Na região Nordeste, verificam-se várias regiões com baixos índices, entre elas grande parte do Maranhão e Piauí e algumas regiões do Ceará e da Bahia. O maior déficit de atendimento está na área rural, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, o que dificulta a contabilização do contingente de brasileiros que vivem às escuras. Na zona rural, o índice de atendimento de energia elétrica é de 70,7% e, na urbana, é de 99,2% (ANEEL, 2002). Com o intuito de universalizar a distribuição de energia elétrica, o Governo Federal e a ANEEL elaboraram um programa para diminuir a exclusão elétrica, o LUZ PARA TODOS (MME, 2005). O objetivo do governo é utilizar a energia como vetor de desenvolvimento social e econômico destas comunidades, contribuindo para a redução da pobreza e aumento da renda familiar. O acesso à energia elétrica facilitará a integração dos programas sociais do governo federal, além do acesso a serviços de saúde, educação, abastecimento de água e saneamento. O prazo das metas foi baseado nos dados do Censo Demográfico do IBGE, que mostram que, atualmente, 2,5 milhões de domicílios brasileiros - cerca de 11 milhões de habitantes não têm acesso à energia elétrica. De acordo com as metas fixadas estima-se que em 2005 a universalização será concluída em 2.400 dos 5.507 municípios do país (43% do total). Em termos populacionais, o programa beneficiará cerca de 1,7 milhão de habitantes em 2004. Até o final de 2008, aproximadamente 4 mil municípios estarão universalizados, e cerca de 7 milhões de habitantes que hoje não têm acesso à energia terão atendimento pleno (MME, 2005). Paula (1997) afirma que a expansão da oferta de energia elétrica depende de duas condições. A primeira delas é o Capital para investimentos, uma vez que a implantação de uma Usina Hidrelétrica é bastante onerosa. Além disso, essa implantação traz problemas ao meio ambiente, tanto com relação ao custo de medidas mitigadoras dos impactos ambien– Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 31 Ministério das Cidades tais nas obras para fornecimento de energia, como também o custo com conservação e manutenção do ambiente entorna a mesma. Por isso, torna-se cada vez mais importante investimentos na diversificação das fontes de produção de energia, a co-geração e à conservação, além de priorizar os remanescentes hídricos próximos aos mercados consumidores. No Brasil, há uma predominância na geração de energia hidráulica que ainda é responsável por 84% da capacidade instalada no país. As fontes de energia alternativas são pouco exploradas no país devido à falta de informação consistente e atualizada. Há uma tendência de aumento na geração de energia através das Usinas Termelétricas e nas fontes renováveis, tais como a energia eólica e a biomassa (ANEEL, 2002). Apontamentos da Consulta Nacional Para 93,2% dos colaboradores, o tema Energia Elétrica deve ser incluído no cálculo do índice de qualidade de vida urbana dos municípios brasileiros. Os tópicos sugeridos para a oferta de serviços em energia elétrica são: Distribuição de energia no município (cobertura do serviço) Porcentagem da extensão da malha viária urbana que dispõe de iluminação pública Iluminação pública adequada Proposição de Indicadores Ideais i. Índice de Atendimento de Energia Elétrica: diferença entre o número de domicílios com energia e o total de domicílios estimados pelo Censo 2000. ii. Medida de continuidade dos serviços: conceito vinculado à duração e freqüência das interrupções no fornecimento de energia elétrica (CAPELLETO, 2005). Entre esses indicadores destaca-se: - Duração equivalente de interrupção de energia elétrica por consumidor – DEC Sendo: i - número de interrupção de 1 a n n - número de interrupções Ca (i) - número de consumidores atingidos pela i-ésima interrupção de energia elétrica T(i) - tempo de duração da i-ésima interrupção Cs - número total de consumidores do conjunto – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 32 Ministério das Cidades - Freqüência equivalente de interrupção de energia elétrica por consumidor – FEC Sendo: i - número de interrupção de 1 a n n - número de interrupções Ca (i) - número de clientes atingidos pela i-ésima interrupção de energia elétrica Cs - número total de consumidores do conjunto - Tempo médio de restabelecimento da energia ao consumidor após o comunicado à concessionária – TAC Sendo: n - número de interrupções de energia elétrica ti - tempo decorrido entre a reclamação e o restabelecimento do i-ésimo consumidore. Indicador desdobrado em TAC urbano e TAC rural. - Índice de Satisfação dos Consumidores – ISC Sendo: Pop.S - parcela da população satisfeita (Soma dos conceitos bons e ótimos ou soma dos conceitos satisfeito e muito satisfeito) com os serviços prestados pela empresa. Não incluir os conceitos regular (mais ou menos ou indiferente), ruim e péssimo ou insatisfeito e muito insatisfeito. Pop.T - população total iii. Medida de qualidade comercial: conceito vinculado à obrigatoriedade de garantir a defesa dos consumidores nas suas relações com as empresas concessionárias de energia elétrica, incluindo-se alguns aspectos de natureza técnica do atendimento (CAPELLETO, 2005). Destaca-se os seguintes indicadores: - Taxa percentual de reclamações de consumidores resolvidas em prazo inferior a 24 horas – TS – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 33 Ministério das Cidades Sendo: RR – número de reclamações de consumidores resolvidas satisfatoriamente (na ótica do consumidor) em 24 Horas R – número total de reclamações do período - Número de reclamações de consumidores por grupo de 100 mil consumidores – TRC Sendo: R – número de reclamações de consumidores à concessionária NC – número de consumidores do conjunto considerado - Percentual de reclamações de queda de tensão – PRTR Sendo: NRTR – número de reclamações de tensão resolvidas em menos de 60 dias NRT – número total de reclamações de tensão existentes iv. Medidas de universalização dos serviços26 - Universalização dos serviços de energia elétrica na área urbana - NUE(u) - Universalização dos serviços na área rural - NUE(r) Sendo: NDA(u) - número de domicílios urbanos atendidos por energia elétrica do conjunto no período NDA(r) - número de domicílios rurais atendidos por energia elétrica do conjunto no período NTD - número total de domicílios do conjunto considerado 26 Informação retirada de CAPALLETO, 2005. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 34 Ministério das Cidades Indicadores Possíveis Percentual de pessoas que vivem em domicílios com energia elétrica e geladeira Percentual de pessoas que vivem em domicílios com energia elétrica e TV Percentual de pessoas que vivem em domicílios com energia elétrica Proporção de domicílios localizados em ruas com iluminação pública Proporção de moradores localizados em ruas com iluminação pública – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 35 Ministério das Cidades TEMA: INFRA-ESTRUTURA DE TELEFONIA E TELECOMUNICAÇÕES Fernando Gomes Braga 27* Considerações Preliminares O objetivo deste texto é propor indicadores ideais para o tema de infra-estrutura de telefonia e telecomunicações. A importância da expansão dos domínios da telecomunicação tem sido crescente nas últimas décadas, quando se defende que a humanidade entra na “Era da informação”. Levando este aspecto em consideração, é de se esperar que os meios de transmissão e controle das informações ampliem a sua importância estratégica em todos os níveis. A velocidade com que os meios de telefonia e telecomunicação evoluem em termos aporte tecnológico tornam a mensuração do alcance e da eficiência destes equipamentos uma tarefa complexa. No entanto é indispensável criar formas de medir a oferta destes equipamentos entre os municípios brasileiros, considerando que a inclusão das populações nas novas dinâmicas tecnológicas, encabeçadas pelos meios de transmissão de informação, são poderosos promotores da qualidade de vida. Como o objetivo central do índice aqui proposto é a medida da possibilidade espacial de acesso, mediada pela oferta, o tema Infra-estrutura de Telefonia e Telecomunicações não será abordado a partir de suas características mais técnicas, mas sim a partir da qualificação da diversidade de equipamentos proporcionados por estes meios e sua cobertura entre os municípios. Pressupostos Teóricos Para orientar a proposição de indicadores ideais de medição da oferta de infra-estrutura de telefonia e telecomunicações, foram considerados marcos teóricos que indiquem a importância do sistema técnico na sociedade atual. Para este tema, o trabalho de Milton Santos é uma contribuição valiosa. Segundo este geógrafo, a noção de espaço, hoje, passa por uma reformulação. Se nos períodos anteriores à Revolução Industrial o aparato técnico da humanidade encontrava-se disperso pelo planeta, sem uma unidade perceptível, as sucessivas revoluções tecnológicas iniciadas nos séculos XVIII e XIX fizeram com que os objetos técnicos que recobrem o espaço (sejam as infra-estruturas físicas, sejam os maquinários de apoio à produção) convergissem em direção a uma mesma lógica de reprodução social. 27 Mestre em Geografia pelo Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais. * Discussão e Revisão: Maria Inês Pedrosa Nahas, Coordenadora do Projeto. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 36 Ministério das Cidades Desta maneira Milton Santos (2002) considera que o espaço, hoje, constitui-se dentro da noção de sistemas, tanto de objetos como de ações. Os objetos técnicos vêm recobrindo os lugares de maneira crescente e o que antes se configurava como um conjunto de coisas transformou-se em um sistema de elementos artificiais, produtores e dependentes de informação, que formam uma camada sob a qual a sociedade atual repousa. O manejo da complexidade técnica destes objetos impõe uma lógica mais rígida às ações dos indivíduos, que se tornam também um conjunto sistêmico direcionado a organização da vida cotidiana. Sistemas de objetos e de ações, mediados pela técnica, transformam o espaço em um conjunto de fixos e fluxos, que colonizam o território de forma desigual, segundo a lógica do capital hegemônico. Baseado nos conceitos de Milton Santos, DUARTE (2002) discute a possibilidade de formulação de uma “lógica universal formadora do espaço, à qual todos os espaços conhecidos ou a conhecer estariam submetidos”. Se esta discussão ainda não traz resposta mais conclusiva ela também não deixa dúvidas sobre a emergência de grandes transformações na organização dos espaços, que, ao que tudo indica, convergem no sentido de constituir redes28 mais ou menos densas. Segundo SANTOS (2002), uma história geral dos instrumentos utilizados pelo homem poderia ser resumida em 3 palavras: a ferramenta, a máquina e o autônomo, no qual o homem evolui de um trato artesanal com as ferramentas, passando pelo desenvolvimento de máquinas que aceleram a produção até o momento em que se desenvolvem automatismos em função do controle de formas de energia e avanço tecnológico. No período pós-revolução industrial o domínio da técnica é caracterizado pelo avanço na mecanização e exploração de fontes de energia e matéria prima, seguido pelo posterior desenvolvimento de engenharias que possibilitaram a produção em massa culminando com expansão de tecnologias que trouxeram o domínio da informação e da comunicação29. A era da informação, que resulta da união entre várias tecnologias, imprime um grau de homogeneização na sociedade pela utilização de recursos e pelo domínio do tempo. Essa passagem corresponderia à transição entre três períodos distintos: i) o do meio natural, no qual a técnica incipiente convivia em simbiose com a natureza, sendo determinada e limitada por ela; ii) o do meio técnico que dá início a sobreposição do artificial no natural, com intensidades diferenciadas por todo o planeta, e onde a técnica já permite controle diferenciado do tempo; e iii) o do meio técnico-científico-informacional, que surge no pós-guerra e se estabelece definitivamente na expansão dos mercados globais durante a década de 70. Ele é o resultado da expansão, por todo o mundo, de um ambiente artificializado a partir dos 28 GEIGER (2000) afirma que a circulação de objetos, pessoas e informações em rede são o novo valor estratégico proveniente do aumento das velocidades no processo de desenvolvimento sócio-histórico. As redes seriam um rebatimento sobre instâncias sociais precedentes que, em cada local, reconstituem e renovam as formas de circulação de mercadorias e pessoas, atribuindo maior conteúdo técnico às relações econômicas e as redes já existentes. 29 Na sua versão atual, a técnica, aliada à ciência, esta na base material da ideologia, do discurso e da prática da globalização.O sistema técnico atual se diferencia dos restantes pela velocidade de assimilação das tecnologias e capacidade de invadir o mundo com as mesmas, numa relação direta com o nível de divisão do trabalho de cada lugar. Ela é capaz de estabelecer estilos de vida e produção que não mais podem dispensá-las SANTOS (2002). – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 37 Ministério das Cidades objetos tecno-científicos e informacionais, ligando os espaços e atendendo aos agentes hegemônicos do processo. Neste contexto a facilidade de conhecimento sobre um território vai definir novos condicionantes da DIT, as economias nacionais se internacionalizam abalando os limites físicos e conceituais de Território30. Desta maneira, a compreensão do presente passa pela consideração das potencialidades da informação, que agora se torna um recurso distribuído desigualmente sobre o espaço e atende as necessidades de reprodução do meio técnico-científico-informacional. O uso da informação no território brasileiro não é uma novidade do fim do século XX, entretanto, nunca houve uma convergência dos sistemas técnicos em um objetivo comum como se observa atualmente. Inicialmente os esforços de produção de informação sobre o território trilhavam caminhos independentes e produziam efeitos circunscritos. Atualmente as técnicas e as informações convergem produzindo conhecimento ampliado do território31. A informação torna-se globalmente organizada e, por isso, exige novos objetos técnicos que integrem sistemas em todo o planeta, a exemplo dos satélites. As imagens de satélite, a cada dia com melhor resolução, produzem conhecimento sobre a evolução da paisagem em tempo real. Os sistemas de localização criam novas possibilidades de controle sobre o território e ampliam a exploração econômica da produção de informações. Além das pesquisas meteorológicas, que, a disposição de agricultores e empresas contribuem para a eficiência produtiva. Evidentemente tais sistemas estão à disposição nas áreas mais concentradas do país, e as informações geradas necessitam de um esforço de tradução que automaticamente as tornam seletivas. As redes informatizadas ligam lugares diferentes ao mesmo tempo, permitindo que as ações decisórias tenham efeito imediato sobre pontos dispersos no espaço. A transmissão on-line de bancos de dados e capitais converte a informação em um elementos essencial a criação e reprodução da mais valia. Tais instrumentos de trabalho “colonizam o território de forma seletiva” criando espaços de maior densidade técnica, que aumentam sua disparidade com os lugares a margem destas inovações (SANTOS, 2001). A constituição recente do meio técnico-científico-informacional emana da integração dos sistemas de engenharia por todo o território. Estes sistemas sempre se restringiram a escala de ação local ou regional, mas, atualmente, eles já são construídos na intenção de promover a integração de certos agentes e certas regiões. Os chamados “macrossistemas técnicos” 30 Em função disto os lugares vão se aprofundar na especialização com vistas a atrair investimentos e consumidores, a “produtividade espacial” dá inicio à competitividade dos lugares. Entre aqueles pouco integrados nesta lógica, observa-se uma desorganização da produção socioeconômica e cultural a fim de introduzir pontos mais distantes do globo no que Milton Santos denomina de “alargamento dos contextos”, que seria a união de lugares, pelos sistemas de engenharia, dentro de um mesmo contexto de desenvolvimento SANTOS (2002). 31 Como exemplo SANTOS (2001) lembra do Sistema de Vigilância da Amazônia Legal (Sivam), que produz informações sobre áreas antes pouco exploradas: “abrangendo uma área de 5,2 milhões de quilômetros quadrados, o Sivam foi concebido para monitorar o trafego aéreo e terrestre, as queimadas, a meteorologia, a mineração ilegal, a devastação ambiental e o narcotráfico, assim como para elaborar uma cartografia das bacias hidrográficas, das jazidas de minérios e das plantas medicinais, além de inventariar outros recursos naturais” (p.94,95). – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 38 Ministério das Cidades promovem o povoamento do território por redes materiais e imateriais que transportam lugares isolados para o nível de interesse de capitais globais (SANTOS, 2001). Desta maneira, considera-se que a importância crescente das redes de telefonia e telecomunicações se explica pela difusão do meio técnico no período moderno. Assim, a identificação de áreas onde estas infra-estruturas estão mais bem ofertadas pode ser um importante indicativo dos níveis de inserção das diferentes áreas do país na lógica da era da informação. Apontamentos da Consulta Nacional No que diz respeito à telefonia e telecomunicações, 86,7% dos colaboradores concordam que deve ser incluído no cálculo do índice de qualidade de vida urbana dos municípios brasileiros. Quanto aos elementos a serem abordados na infra-estrutura de telefonia, é preciso reconhecer a divisão entre o sistema fixo e o sistema móvel, com relação à abrangência das redes de serviço telefônico e a infra-estrutura especifica de cada uma delas. Em relação à telecomunicação podem ser consideradas as redes de TV paga, a abrangência de provedores de Internet, discriminando aqueles que trabalham com a conexão discada e a conexão de banda larga. Deve ainda ser considerada a abrangência dos meios de comunicação e difusão de informações de acordo com o a taxa de atendimento destes a população. Os tópicos sugeridos para a oferta de Telefonia e Telecomunicações são respectivamente: 1. Oferta em telefonia - Rede de telefonia fixa - Telefonia móvel - Cobertura à telefonia - Número de linhas telefônicas 2. Oferta em telecomunicações - TV a cabo - Redes telemáticas - Provedores. Proposição de indicadores ideais Oferta de redes de telefonia fixa. Relação entre o número de domicílios atendidos pela rede de telefonia fixa e o total de domicílios. Mede a abrangência da oferta. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 39 Ministério das Cidades Oferta de redes de telefonia móvel. Relação entre o número de celulares e a população total. Também busca avaliar a abrangência da oferta. Nível de concorrência das redes de telefonia. Índice que mede o nível de concorrência a partir do número de empresas de telefonia que atendem determinado município. A medida parte do pressuposto que a concorrência é um indicador de qualidade da oferta, já que significa um maior leque de opções ao consumidor. Número de ligações realizadas por telefones fixos e celulares. Mede a efetiva utilização dos equipamentos e demonstra a capacidade de atendimento das empresas. Preços das tarifas telefônicas. Mede a variação das tarifas telefônicas em quatro níveis: ligações locais e interurbanas e as ligações para fixos e celulares. Pressupõe-se que a o preço baixo de tarifas significa qualidade da oferta para os clientes. Existência de estações de radio. Verifica se os municípios possuem estações de radio AM ou FM. O indicador mostra se há oferta de comunicação local nos municípios e sintetiza a oferta de determinados equipamentos. Cobertura dos canais de TV aberta. Número de canais da TV aberta captados pelos aparelhos receptores em cada um dos municípios. Mede a qualidade da oferta. Número de antenas parabólicas. Mede a quantidade de antenas parabólicas, este indicador deve considerar as cidades que tem um fraco sinal de transmissão das ondas de televisão. Numero de domicílios com TV por assinatura. Mede o alcance da oferta dos planos de TV por assinatura. Seria desejável discriminar aquelas disponibilizadas a cabo e aquelas com conexão por satélite. Número de provedores de internet. Verifica se o município é atendido por provedores de acesso a internet. O indicador qualifica a oferta diferenciando os lugares onde há maior concorrência. Número de usuários de Internet. Mede o número de usuários da Internet em cada município, discriminando aqueles que se utilizam de conexão discada e conexão por banda larga. Número de empresas com “web site”. Verifica se as empresas oferecem a população acesso a informações e serviços pela Rede Mundial de Computadores. Domicílios com equipamentos de acesso. Indicador que mede o numero de domicílios com TV, radio e microcomputador. Esta medida avalia a abrangência da oferta real dos meios de comunicação. Número de estabelecimentos que oferecem acesso à Internet. Verifica a existência de “ciber” café, “lan house” e outros estabelecimentos do gênero. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 40 Ministério das Cidades TEMA: TRANSPORTE E MOBILIDADE Maria Inês Pedrosa Nahas32 Renata Guimarães Vieira de Souza33 Considerações preliminares Preliminarmente é necessário esclarecer que a variável temática “Transportes e Mobilidade” será considerada no índice, de duas maneiras: I - Como “medida de acessibilidade” a ser incluída no modelo de cálculo do índice Uma vez que o índice deve expressar a oferta de recursos urbanos e a possibilidade espacial de acesso à mesma, por parte da população, é fundamental considerar tanto a oferta localizada no município quanto nos municípios vizinhos, estejam estes situados mais ou menos distantes do município de referência. Para isto, será estabelecida uma “medida de acessibilidade”, baseada nas condições de transporte existente entre municípios (e/ou no tempo de deslocamento), como forma de ajustar os valores das ofertas locais, à possibilidade de espacial de acesso às ofertas existentes em outros municípios34. Portanto, a oferta de serviços de transportes entre municípios não está colocada no debate aqui proposto uma vez que já está incluída no cálculo do índice. II - Como possibilitador de acesso a serviços no interior do município Em cidades de médio e grande porte, a oferta de serviços está distribuída de forma heterogênea no espaço. Em grandes cidades, a exemplo de Belo Horizonte e São Paulo, indicadores e índices intra-urbanos georreferenciados35 demonstram claramente que serviços como os de Saúde, Cultura e Esportes, por exemplo, localizam-se de forma concentrada em determinadas regiões da cidade. Neste contexto, o serviço de Transportes se torna fundamental para possibilitar à população o acesso a tal oferta e é nesta perspectiva que se propõe aqui a elaboração de indicadores para a variável “Transportes e Mobilidade”. Da mesma forma, em cidades médias e grandes, o serviço de Transportes possibilita também, à popu- 32 Doutora em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de São Carlos, Coordenadora do Projeto 33 Mestranda em Demografia pelo CEDEPLAR/UFMG e graduada em Ciências Econômicas pela PUC Minas. 34 O modelo matemático para cálculo do índice encontra-se em desenvolvimento e foi objeto de debate organizado pela equipe do projeto. A Reunião de Trabalho intitulada “A acessibilidade no índice de qualidade de vida urbana das cidades brasileiras”, realizou-se nos dias 07 e 08 de julho de 2005, em Belo Horizonte/MG, e contou com a participação de especialistas na área de transporte e trânsito. 35 O Índice de Qualidade de Vida Urbana de Belo Horizonte (IQVU-BH) e o Índice de Exclusão/Inclusão Social da cidade de São Paulo (IEX-SP). – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 41 Ministério das Cidades lação de baixa renda, a mobilidade necessária para acessar oportunidades de trabalho e renda. Assim, mesmo não se tratando aqui de um índice intra-urbano, considera-se fundamental a inclusão de alguma medida de quantidade e qualidade da oferta de serviços de Transportes no interior dos municípios, para que o índice pretendido esteja mais próximo do conceito de qualidade de vida urbana. Naturalmente que mensurar tal oferta não será fundamental para a totalidade dos municípios brasileiros, mas somente para aqueles que abrigam acima de determinada tamanho de população, tornando tornam necessários serviços públicos de Transporte intra-urbano. A partir destas considerações, apresenta-se a seguir uma proposição de indicadores de “Transportes e Mobilidade” para entrar na composição do índice, baseada em: Opinião de gestores públicos do Ministério das Cidades, colhida em reunião organizada para este fim, da qual participaram: Lia Bergman e Lúcia Malnati da Secretaria de Nacional de Transportes e Mobilidade Urbana, além de Tito Lívio Pereira Queiroz e Silva, da Secretaria Executiva. Documento de consultoria de Jupira Gomes de Mendonça (Dra. Em Planejamento Urbano) ao Projeto MCidades (MENDONÇA, 2005), inserido no ANEXO IV. Opinião de pesquisadores doutores em Transportes, colhida na Reunião de Trabalho36 já mencionada, da qual participaram: Fábio Parolin, Paulo César Marques da Silva; Sabina Augusta Kauart Leite; Tito Lívio Pereira Queiroz e Silva; Carlos Felipe Granjeiro Loureiro; Marcelo Cintra do Amaral; Ramon Vítor César e Yaeko Yamashita. Opinião dos colaboradores que participaram da Consulta Nacional (Anexo III, já mencionado) As proposições formuladas na Consulta Nacional e pela Secretaria de Transportes e Mobilidade Urbana são bastante abrangentes, detalhando aspectos da quantidade e qualidade da oferta, tanto no que se refere à infra-estrutura de transportes e mobilidade quanto no que se refere à qualidade da circulação de veículos e pessoas. De forma geral, entretanto, a síntese que se segue cobre a maior parte destas proposições. Pressuposto teórico A variável aqui discutida foi proposta na Consulta Nacional sob a denominação “Infraestrutura de Transportes e Mobilidade”. Entretanto, tomando-se como referência documento específico do Ministério das Cidades e debates com especialistas na área, optou-se pela denominação “Transportes e Mobilidade”, que é mais abrangente e está de acordo com as concepções contemporâneas acerca da temática. 36 A reunião foi organizada com outro objetivo, mas, durante as discussões os especialistas colocaram diversas opiniões pertinentes à presente discussão. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 42 Ministério das Cidades Neste contexto, assumiu-se como pressuposto teórico, da mesma forma que propõe o Ministério das Cidades, o conceito de “mobilidade sustentável” abaixo, para orientar a formulação dos indicadores: “... conjunto de políticas de transporte e circulação que visa proporcionar o acesso amplo e democrático ao espaço urbano, através da priorização dos modos nãomotorizados e coletivos de transporte, de forma efetiva, que não gere segregações espaciais, socialmente inclusivas e ecologicamente sustentáveis – baseado nas pessoas e não nos veículos 37...” Apesar da importância dos modos não-motorizados, a mensuração dos mesmos é muito difícil. A identificação de cidades que utilizam as bicicletas de forma mais intensa é complicada por que o registro da mesma como veículo de transporte não é obrigatório, de forma que a inclusão de um indicador com base nesse modo pode gerar distorções muito distintas da realidade. Além disso, a nível nacional, a infra-estrutura cicloviária ainda é pouco expressiva. A mobilidade é um indicador do potencial da cidade de usufruir os serviços existentes, ou seja, indica se a cidade permite o deslocamento da população. Além disto, a literatura que demonstra que em regiões metropolitanas brasileiras, a população que vive com menos de 3 salários mínimos não têm acesso ao transporte público, sendo este um aspecto que contribui para o agravamento da exclusão social e para a produção de lugares segregados, no espaço intra-urbano. A análise do serviço de transporte e da mobilidade intra-urbana deve ser baseada no porte da cidade. Não existem estudos que contemplem a amplitude necessária para a definição de porte com segurança, para isso, é necessário um estudo mais aprofundado sobre as condições de prestação dos serviços de transporte. A melhor aproximação seria utilizar o plano Diretor de cada município, que de acordo com o estatuto das cidades é de elaboração obrigatória em municípios com mais de 20 mil habitantes e integrantes de regiões metropolitanas. No caso de cidades com mais de quinhentos mil habitantes deve haver um plano de transporte urbano integrado, compatível com o plano diretor ou nele inserido.38 Apontamentos da Consulta Nacional O tema transporte e mobilidade estão dentre aqueles em que 100% dos colaboradores concordaram com a sua inclusão no índice de qualidade de vida urbana dos municípios brasileiros 37 Ministério das Cidades. Cadernos MCidades, v.6. Política Nacional de Mobilidade Urbana Sustentável. Brasília, novembro de 2004. 38 Informação prestada pela consultora do tema “Transporte e Mobilidade” – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 43 Ministério das Cidades As abordagens e tópicos sugeridos pelos colaboradores são os seguintes: 1. Pavimentação de vias - Malha viária pavimentada - Porcentagem da extensão da malha viária urbana pavimentada - Tipo de pavimentação - Rodovias pavimentadas de acesso à cidade - Densidade da malha de transporte - Estado de conservação das vias 2. Transporte Público - Rede de transporte público municipal (ônibus, metro, trem,etc) - Acesso ao transporte público (ônibus, metro, trem, etc) - Cobertura espacial dos sistemas de transporte público - Variação temporal da cobertura dos sistemas de transporte público - Existência de transporte público intermunicipal - Existência de transporte público interestadual - Qualidade do transporte público - Custo do transporte público - Segurança do transporte público - Tempo de espera do transporte público - Existência de linhas regulares de transporte público - Atendimento a todas as partes da cidade - Grau de lotação média das viagens por transporte coletivo - Extensão do sistema viário principal dotado de soluções de prioridade à circulação do transporte coletivo em relação à extensão do sistema viário principal total 3. Mobilidade - Mobilidade intra/extra-urbana: possibilidade de deslocar-se motorizado ou não, dentro e para fora da cidade. - Existência de equipamentos e infra-estrutura para deficientes - Número de viagens por dia por habitante incluindo viagens a pé - Modo de transporte intra-urbano - Adequação do sistema viário ao tipo de terreno - Adequação do sistema viário ao tipo de veículo - Adequação do sistema viário aos usos das vias (calçadas suficientes para o fluxo de pedestres, faixa para bicicletas e outros) – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 44 Ministério das Cidades - Oferta de espaço físico para deslocamentos a pé - Oferta de espaços físicos para deslocamento de bicicleta - Participação do modo bicicleta e a pé no total de viagens não motorizadas - Participação dos modos coletivo e individual nos modos de transporte motorizados 4. Trânsito e tráfego - Condições de circulação de pedestres e bicicletas - Tempo de espera no trânsito - Tempo médio de viagem das pessoas por modo de transporte - Controle de trânsito e tráfego de cargas - Velocidade média do tráfego de automóveis e de ônibus - Sinalização e demais ações em circulação urbana - Extensão média de vias com congestionamento de tráfego Proposição de Indicadores Ideais Para analisar esse serviço em todos os municípios brasileiros é necessário calcular um indicador mais geral, que espelhe as distorções mais graves entre os municípios brasileiros, de forma a orientar e priorizar a alocação dos recursos públicos a serem investidos na melhoria de qualidade da vida urbana, concorrendo para a redução das desigualdades e também para a otimização dos gastos públicos. Assim, o indicador deve trabalhar dados de oferta de serviços (linhas e número de viagens), frota de ônibus e de automóveis, sistema viário existente etc. Nesta perspectiva teórica e a partir das opiniões já mencionadas, podem-se sugerir como indicadores ideais, aqueles que permitissem avaliar: i. Facilidade com que os habitantes da cidade acessam locais onde se concentram as oportunidades de trabalho, as redes públicas de saúde e de educação incluindo: tempo de deslocamento;; condição econômica para acesso ao transporte coletivo avaliada pelo número de deslocamentos a pé para vencer grandes distâncias e/ou pela relação entre a renda familiar média e o gasto familiar médio com transporte coletivo (também denominada acessibilidade econômica ). ii. Sustentabilidade vista pelos meios de transporte utilizados no município: relação entre meios não motorizados e transporte coletivo versus outros meios motorizados. iii. Condições de segurança e infra-estrutura de apoio para mobilidade através de meios não-motorizados (ou acessibilidade física): existência e condições de ciclovias, particularmente em localidades com grande freqüência no uso da bicicleta, além da sinalização e existência de equipamentos de apoio, como pontos de embarque e desembarque. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 45 Ministério das Cidades iv. Condições de circulação de pedestres, considerando-se todos os meios de transporte utilizados no município: condições físicas do espaço de circulação, incluindo-se passeios públicos, existência e condições das vias exclusivas de pedestres, da sinalização viária, equipamentos e dispositivos para garantir a mobilidade de pessoas com restrição de mobilidade39 e portadores de necessidades especiais. v. Quantidade e qualidade da oferta de serviços de transporte coletivo ponderada pelo porte da cidade, que pode ser avaliada: pelo percentual de pessoas que se locomovem a pé para vencer grandes distâncias; adequação entre itinerários existentes e demandas de deslocamento da população do município; relação entre o número de viagens de transporte coletivo e a demanda da população (freqüência e horários de circulação); existência de integração entre itinerários e entre diferentes meios de transporte, principalmente em cidades de grande porte. É importante considerar ainda a informalidade do transporte coletivo, ou seja, a existência de transporte não regulamentado e a relação entre o total de passageiros que utilizam o serviço formal e informal de transporte coletivo. vi. Qualidade do trânsito: tempo médio de deslocamento (tempo de deslocamento casatrabalho / casa-escola, tanto para transporte coletivo quanto individual), condições de segurança avaliadas pela sinalização e pavimentação (existência e qualidade de ambas), bem como por taxas de mortalidade decorrente de acidentes de trânsito. vii. Aceitabilidade do sistema de transporte coletivo por parte dos usuários. viii. Transporte rodoviário: oferta de acesso pavimentado à rede principal (federal+estadual), oferta de linha regular de ônibus interurbano; frota de veículos registrados. viii.Transporte aéreo, ponderado por região de importância e tipo de região: distância até o aeroporto mais próximo; oferta de linha aérea regular. ix. Transporte hidroviário, valido para determinadas regiões: oferta regular de transporte de pessoas e existência de terminal com infra-estrutura básica. 39 Em função da idade, estado de saúde, estatura e outras condicionantes, várias pessoas têm necessidades especiais para receber informações, chegar até os terminais e pontos de parada, entrar nos veículos e realizar seu deslocamento através dos meios coletivos de transporte, ou, simplesmente, se deslocar no espaço público. Essas pessoas são consideradas como Pessoas com Restrição de Mobilidade e, neste grupo, estão incluídas as Pessoas com Deficiência. As deficiências podem ser divididas em cinco grupos que são deficiências físicas, mentais, sensoriais, orgânicas e múltiplas. Cada deficiência gera determinados tipos de incapacidades e desvantagens ocupacionais, de orientação, de independência física e de mobilidade. Ministério das Cidades, 2004b. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 46 Ministério das Cidades Indicadores Ideais Possíveis i. Índice de Mobilidade (IM) é possível que se utilize este índice que foi calculado a partir de pesquisa do Ministério das Cidades40, feita para municípios acima de 60 mil habitantes. Este índice avalia, para cada município, a quantidade de deslocamento motorizado e não motorizado, por faixa de renda. Tal indicador, entretanto, não faria parte do conjunto mínimo de indicadores a serem calculados para todos os municípios brasileiros. ii. Índice de Adequação do Transporte Público (IATP): na literatura consultada identificou-se este índice (GOMIDE et al, 2004) sinteticamente descrito abaixo, que foi considerado como proposição metodológica adequada aos propósitos do índice de qualidade de vida urbana das cidades brasileiras. Isto porque, por um lado, atende ao pressuposto de mobilidade sustentável - já que enfoca o Transporte Coletivo – e, por outro, trata-se de uma medida de adeqüabilidade do serviço no interior de uma grande cidade, como o que se pretende, já que foi calculado para Belo Horizonte. ATRIBUTO Acessibilidade financeira Média de viagens Disponibilidade Tempo de viagem Confiabilidade (ou Pontualidade) Acessibilidade Distância a pé Segurança Aceitabilidade Capacidade INDICADOR % da renda média mensal do chefe de família, gasto com transporte, por setor censitário Número médio de viagens por período de tempo, considerando-se dia/noite, dias de semana e finais de semana Distância do centróide do setor, ao principal local de oferta de trabalho Tamanho da menor rota entre o setor e o principal local de oferta de trabalho Média de 6 meses por rota* (jan-jun, 2003) de acompanhamento de horários de chegada e saída dos veículos Média da distância entre o setor e a parada de ônibus mais próxima Número de ocorrências policiais por mês, por rota * Índice médio de ocupação dos veículos em horários de pico da manhã e da tarde, por rota* e por direção * Por frota 40 Até o momento não foi possível ter acesso aos resultados da pesquisa por município: conhecem-se somente os resultados organizados em classes. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 47 Agrupamento temático 2: Organização Urbana e Ambiental Urbanismo e Uso do solo Serviços urbanos Meio ambiente Abastecimento alimentar Espaços públicos e equipamentos culturais: Cultura, Esporte e Lazer – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 48 Ministério das Cidades TEMA: URBANISMO E USO SOLO Roberto Luiz de Melo Monte-Mór41 Pressupostos teóricos Preliminarmente é necessário esclarecer que essa variável temática “Urbanismo e Uso do Solo” foi consolidada a partir de duas variáveis inicialmente tratadas de forma isolada: Urbanismo e Uso do Solo. Entretanto, considerou-se que qualquer tentativa de separar esses dois aspectos da realidade urbana, para os fins aqui pretendidos, implicaria em recortes arbitrários necessariamente duplicando aspectos comuns. Em verdade, recortes temáticos no complexo contexto urbano atual são necessariamente arbitrados segundo diversos aspectos e objetivos desejados na organização dos dados. Neste caso, serão privilegiados três aspectos principais: aqueles ligados à qualidade urbanística e ambiental dos espaços e equipamentos urbanos; aqueles referentes à ocupação e apropriação do solo em suas relações com as atividades básicas que determinam a qualidade de vida urbana; e aqueles ligados à legislação e gestão urbanística e ambiental. É importante salientar que a questão ambiental foi incorporada mais recentemente às questões urbanas e merece, portanto, uma atenção específica. De fato, existe uma temática em separado tratando das variáveis ambientais. No entanto, diversos dos aspectos ambientais não podem ser separados dos aspectos urbanísticos e do uso do solo, razão pela qual os aspectos ligados à legislação e gestão ambiental estarão também incluídos nesta temática. De modo similar, os serviços urbanos poderiam ser também tratados em conjunto com a temática do urbanismo e uso do solo, aqui abordada, como de fato foi proposto por diversos dos colaboradores da Consulta Nacional realizada. Entretanto, face a algumas especificidades dos serviços e considerando a experiência anterior do IQVU-BH, em que se baseia este trabalho, optamos por tratar essa temática em separado. É importante ressaltar que um dos princípios que orientam a elaboração do índice de qualidade de vida urbana é o acesso aos espaços urbanos e a distribuição relativa dos equipamentos considerando-se, portanto, a equidade na apropriação das vantagens e amenidades que o espaço urbano oferece aos seus habitantes. Neste sentido, aspectos relacionados ao caráter público do espaço urbano, em oposição à apropriação individual, classista ou corporativa de benesses e vantagens locacionais devem ser privilegiados. De forma similar, o caráter diversificado do espaço urbano e do uso e ocupação do solo urbano devem também ser considerados como parâmetro, considerando que 41 Professor Doutor do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional - CEDEPLAR/UFMG. Especialista em Planejamento Urbano e Regional, fundador e diretor da Associação Nacional de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (ANPUR). – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 49 Ministério das Cidades grandes concentrações de uso afeitas a dinâmicas hegemônicas funcionais, como o uso industrial ou de serviços produtivos, podem provocar ou acentuar impactos degradantes sobre o espaço urbano, como também excluir ou marginalizar populações dos recursos naturais e espaços que deveriam estar disponíveis para o conjunto dos habitantes. De modo similar, a diversidade sócio-espacial na apropriação do espaço é referencial para a avaliação da qualidade de vida urbana na medida em que promove o convívio entre os diversos grupos sociais e contribui para o fortalecimento da vida política local. Apontamentos da Consulta Nacional O tema “Urbanismo” foi consenso entre os colaboradores; 84,1% deles opinaram que o tema deve ser incluído no cálculo do índice de qualidade de vida urbana dos municípios brasileiros. Já o tema ”Uso do Solo” não atingiu o consenso, considerado como 2/3 de concordância entre os colaboradores; 56,8% deles afirmaram que o tema deveria ser incluído no cálculo do índice. As abrangências e tópicos sugeridos pelos colaboradores na Consulta nacional “Urbanismo” e “Uso do Solo” são respectivamente: Urbanismo: 1. Qualidade Urbanista e ambiental: - Existência de praças e jardins - Existência de áreas de preservação ambiental - Áreas verdes e parques públicos - Parques lineares - Área de calçadas em relação à área viária - Distribuição de parques públicos em relação à área urbana (distâncias médias) - Tipologia viária (extensão do sistema viário em relação à largura das vias) - Indicativo de horizonte de vista e condições de insolação - Extensão viária sem pavimento de qualquer tipo - Existência de áreas urbanas de preservação ambiental - Calçadas e passeios urbanos limpos e em bom estado - Obsolência de partes das cidades - Relação entre área verde e área urbanizada - Presença de favelas e similares - Área urbanizada sem rede de esgoto em relação à área urbanizada total - Área urbanizada sem rede de água em relação à área urbanizada total - Extensão de córregos e outros cursos d'água sem tratamento de suas margens ou canalizações em relação à área urbanizada – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 50 Ministério das Cidades 2. Legislação e Gestão Urbana e Ambiental - Legislação de ordenamento territorial urbano - Existência de Plano Diretor - Existência de Plano e/ou Legislação de Controle ambiental - Existência de Órgãos/Serviços de conservação de vias públicas - Existência de Órgãos/Serviços de controle de tráfego - Existência de Órgãos/Serviços de segurança pública - Existência de mecanismos jurídicos de estímulo a padrões urbanísticos sustentáveis - Existência de legislação urbanística e de proteção ambiental - Efetividade da legislação urbanística/ ambiental e existência de serviço público capacitado para impor a legislação existente - Regularidade das construções frente à legislação urbanística Uso do Solo: 1. Legislação - Uso e ocupação do lote, tipo de uso, gabarito, ampliação 2. Regularização e Controle - Acesso à terra urbana - Conflitos de uso do solo - Regularização fundiária - Urbanização e controle de assentamentos precários - Controle de ambulantes - Áreas centrais, edificações vazias, terreno e imóveis abandonados e/ou com pouca manutenção. Proposição de Indicadores Ideais A partir destas considerações e considerando-se o conjunto disponível de contribuições para a temática42, apresenta-se a seguir uma proposição de indicadores ideais de “Urbanismo e Uso do Solo” para entrar na composição do índice. Como dito acima, os indicadores estão organizados em três agrupamentos principais, apresentados a seguir: Qualidade Urbanística e Ambiental: - 42 Existência e distribuição de espaços públicos de convívio social São eles: documento de consultoria de Jupira Gomes de Mendonça a discussão sobre indicadores ideais (MENDONÇA, 2005); Opinião dos colaboradores que participaram da Consulta Nacional; e bibliografia especializada sobre o tema. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 51 Ministério das Cidades - Existência de espaços urbanos para pedestres - Existência de áreas urbanas degradadas ou em processo de degradação - Existência de cursos d’água tratados e/ou apropriados para lazer - Existência de áreas urbanas de preservação ambiental - Relação entre área verde e área urbanizada - Preservação e valorização de áreas urbanas lindeiras a rios e maciços florestais Ocupação e apropriação do solo: - Acesso à terra urbana - Percentual de terra urbana não regularizada - Utilização de vias para comércio ambulante - Existência de áreas de uso residencial exclusivo - Existência de áreas habitacionais massivas não-urbanizadas (periferias) - Existência de áreas habitacionais massivas ilegais (favelas) - Existência de cursos d’água com suas margens ocupadas por habitações clandestinas Concentrações de áreas industriais - Concentrações de áreas de serviços produtivos - Existência de lotes não-ocupados - Existência de edificações vazias e/ou abandonadas - Distribuição de centralidades de comércio local e serviços Gestão e legislação urbanística e ambiental: - Existência de Plano Diretor - Existência de legislação de ordenamento territorial urbano - Existência de Legislação Municipal de controle ambiental - Existência de órgãos/serviços de conservação de vias públicas - Existência de órgãos/serviços de segurança pública - Existência de mecanismos jurídicos de controle e estímulo a padrões urbanísticos - Existência de órgãos/serviços de fiscalização urbanística e ambiental - Existência de conselhos municipais de planejamento e controle urbanístico e ambiental - Existência de conselhos municipais de patrimônio urbano e ambiental – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 52 Ministério das Cidades TEMA: SERVIÇOS URBANOS Roberto Luiz de Melo Monte-Mór43 Pressupostos teóricos Preliminarmente é necessário esclarecer que essa variável temática “Serviços Urbanos” foi separada da temática Urbanismo e Uso do Solo. Considerou-se sua especificidade, por não se tratar de áreas massivas tais como expressas no Uso do Solo, ou de elementos isolados estritamente urbanísticos, como no Urbanismo, sendo assim necessário que fosse tratada de forma específica para abranger seu caráter funcional implicando a consideração de alguns serviços que possam expressar a dinâmica municipal diferenciada relativa à qualidade de vida urbana. Além disso, esta variável já foi tratada de forma isolada na metodologia do IQVU-BH, que foi tomado como referencial para este trabalho. Entretanto, dado o caráter intermunicipal do presente índice, diferentemente do IQVU-BH, um conjunto de outros serviços não contemplados deverão agora ser objeto de estudo. A definição de serviços urbanos é bastante ambígua e variada na literatura, podendo incluir aspectos físico-territoriais ligados à infraestrutura, como também aspectos funcionais relativos às condições sócio-econômicas, administrativas e culturais do município. De fato, os serviços urbanos podem incluir diversas outras categorias de serviços coletivos, tais como serviços de lazer, de educação, de saúde, de saneamento, de transporte, entre outros. Aqui, entretanto, serão considerados aqueles serviços coletivos que têm por característica precípua sua implantação na cidade (ou vila), referindo-se a serviços institucionais locais, serviços administrativos e alguns serviços produtivos básicos que expressam o acesso diferenciado de parcelas da população às vantagens da concentração urbana. O IQVU-BH apresenta uma distinção em dois grupos: serviços pessoais e serviços de comunicação44. Para a construção de um índice inter-municipal, entretanto, outros serviços principais necessitam ser considerados, envolvendo aspectos ligados à função políticoadministrativa, como também a serviços urbanos contemporâneos centrais ligados ao consumo coletivo e individual que hoje contribuem para definir, de forma diferenciada, a qualidade de vida urbana. Alguns desses serviços são necessariamente demandados pela popu- 43 Professor Doutor do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional - CEDEPLAR/UFMG. Especialista em Planejamento Urbano e Regional, fundador e diretor da Associação Nacional de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (ANPUR). 44 Ver Nahas, Maria Ines P. Bases Teóricas, metodologia de Elaboração e Aplicabilidade de Indicadores Intra-Urbanos na Gestão Municipal da Qualidade de Vida Urbana em Grandes Cidades: o caso de Belo Horizonte. (Tese de Doutorado). São Carlos, SP: Universidade Federal de São Carlos, 2002. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 53 Ministério das Cidades lação no exercício da cidadania e/ou na vida quotidiana, em muitos casos implicando deslocamentos para municípios vizinhos para seu acesso. Além da bibliografia, a seleção dos “Serviços Urbanos” se baseou nos seguintes textos: Documento de consultoria de Jupira Gomes de Mendonça (Dra. Em Planejamento Urbano) ao Projeto MCidades (MENDONÇA, 2005), inserido no ANEXO IV. Tese de Doutorado de Maria Ines P. Nahas, que apresenta a metodologia de construção dos indicadores intra-urbanos para a montagem do Índice de Qualidade de Vida Urbana em Belo Horizonte – IQVU-BH (NAHAS, 2002), do programa de pós-graduação em Ecologia e Recursos Naturais da Universidade Federal de São Carlos. Opinião dos colaboradores que participaram da Consulta Nacional (Anexo III, já mencionado) Apontamentos da Consulta Nacional Para 88,9% dos colaboradores o tema Serviços Urbanos deve ser incluído no cálculo do índice de qualidade de vida urbana dos municípios brasileiros. Os tópicos sugeridos para Serviços urbanos são os seguintes: Postos de gasolina (combustíveis) Atividades comerciais diversificadas Presença de prestadoras de serviços Presença de instituições financeiras Comércio Cartórios Agência dos correios Meios de comunicação Proposição de Indicadores Ideais A partir desta perspectiva teórica e das considerações apresentadas, sugere-se que os indicadores ideais de Serviços Urbanos sejam organizados em quatro agrupamentos: Serviços Urbanos Pessoais, Serviços Urbanos de Comunicação, Serviços Urbanos PolíticoAdministrativos e Serviços Urbanos de Consumo. Serviços Urbanos Pessoais Os serviços urbanos pessoais visam atender às demandas individualizadas de pessoas e/ou empresas, incluindo: - Agências bancárias - Serviços de táxi (incluindo, diferencialmente, moto-taxi) - Postos de gasolina – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 54 Ministério das Cidades - Oficinas de reparo automotor - Serviços de advocacia - Serviços de contabilidade - Empresa de construção civil Serviços Urbanos de Comunicação Os serviços urbanos de comunicação devem qualificar o acesso no município a serviços considerados essenciais à integração funcional do espaço social e econômico e assim, eventualmente definidores de hierarquias diferenciadas na rede urbana: - Agências de Correios - Bancas de jornais e revistas - Telefones públicos - Serviço de telefonia celular - Serviço de televisão a cabo - Provedor de acesso à Internet - Centro de serviços de computação (público e privado) Serviços Urbanos Político-Administrativos Os serviços urbanos administrativos dizem respeito à organização política e social, bem como às demandas administrativas que se colocam à população local, tais como agências de secretarias e autarquias estaduais e de órgãos federais, entre outros: - Cartórios - Serviço de proteção ao consumidor - Existência de agências estaduais reguladoras e/ou prestadoras de serviços - Existência de agências federais reguladoras e/ou prestadoras de serviços Serviços Urbanos de Consumo Os serviços urbanos de consumo dizem respeito a equipamentos comerciais que hoje expressam a contemporaneidade da vida urbana, permitindo o acesso a serviços e produtos próprios da vida quotidiana neste século: - Existência de shopping center - Existência de super mercado - Existência de loja de informática - Existência de revendedor de veículos automotores - Existência de livraria - Existência de cinema, teatro e/ou centro cultural - Existência de locadora de vídeos – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 55 Ministério das Cidades TEMA: MEIO AMBIENTE Patrícia Martinelli45* Pressupostos teóricos Para que se possa ter um entendimento mais específico sobre o ambiente urbano e sua qualidade é necessário elencar algumas considerações que fazem emergir a discussão da problemática ambiental nos centros urbanos. COSTA (2001, p. 12) sublinha que ao buscar as origens da questão ambiental, nem sempre se encontra uma única fonte, não há uma genealogia única para o tema. Consecutivamente, no presente trabalho, parte-se da história mais recente das cidades e determinados eventos de grande impacto nas mesmas, que levaram à cristalização gradativa da temática. Essa postura leva-nos a destacar os primeiros episódios que deixaram a população e opinião pública mundial em alerta para com um problema ambiental. Trata-se de ocorrências de poluição atmosférica aguda, em regiões altamente industrializadas46. Em seguida acontecimentos de contaminações por metais pesados, como a contaminação por mercúrio na Baía de Minamata, Japão em 1956 (COSTA, 2001, p23). Esses casos tornaram-se emblemáticos na percepção mais generalizada de como a degradação do ambiente, a industrialização acelerada afetavam a saúde das populações nas cidades. A partir da Conferência de Estocolmo, em 1972, o debate sobre ambiente nas cidades ganha notoriedade47 e resulta na publicação do Plano e Ação Mundial. Outros documentos internacionais foram sendo elaborados48 sobre questões ambientais e suscitaram, por sua vez, discussões sobre este tema em todas as escalas territoriais, influenciando as posturas político-ideológicas e inclusive, refletindo-se sobre o planejamento do espaço urbano. Já em 1975, o Governo Brasileiro demonstra sua preocupação ao reunir meio ambiente e ambiente urbano no capítulo do Projeto do II PND intitulado “Desenvolvimento Urbano: Controle da Poluição e Preservação do Meio Ambiente” cujo tema continua sendo atual. Dessa forma, deve-se ter o cuidado ao pensar que esses temas só agora estão sendo discutidos, e por isso não tiveram resolução. 45 Mestre e graduada em Geografia pela Universidade Estadual Paulista, UNESP - Rio Claro. * Discussão e Revisão: Maria Inês Nahas, Coordenadora do Projeto. 46 Embora as cidades Industriais desde o século XIX fossem extremamente insalubres, é com o Desastre em Donora, na Pennsylvania em 1948, que pela primeira vez há um esforço de investigação científica (registrada) de uma manifestação pública da repercussão de poluição atmosférica urbana. 47 O Programa Man And Biosphere reconhece, na década de 1970, o sentido ecológico das cidades (NUCCI, 1996, p. 06) 48 Entre eles Nosso Futuro Comum (1987), Agenda 21(1992), Agenda Habitat II, Declaração de Honnover – Cidades Sustentáveis(2000). – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 56 Ministério das Cidades Sobre as problemáticas que causam a queda da qualidade do ambiente nas cidades, as mais comumente abordadas, no Brasil, são questões de sistemas de saneamento inadequadas para suportar o fluxo de matérias e energias acumuladas e residuais, a perda de qualidade do ar e do solo (edáfica), deterioração da paisagem urbana, degradação da flora e fauna, mudanças climáticas, falta de áreas verdes e de lazer, falta de insolação, níveis de ruído, contaminação de corpos d’água superficiais e subsuperficiais, problemas de uso do solo relacionados ao grau de impermeabilização dos mesmos e por usos incompatíveis ou com fonte emissora de poluições sonoras, químicas, visuais, congestionamentos. NUCCI (1996,p. 123) ressalta que a alta densidade demográfica está diretamente relacionada a uma ampla incidência de uma gama maior de problemas de ambiente urbano. Entretanto, CAVALHEIRO (1991) afirma que os problemas ambientais urbanos também afetam cidades de médio e até pequeno porte, contudo, estes são menos visíveis. É fato que há uma forte relação entre industrialização, crescimento de população e meio ambiente. Todavia, sabe-se também que a atividade de extração mineral, por exemplo, pode ser fonte tanto de desenvolvimento econômico em áreas menos populosas, quanto podem causar degradação de ambientes urbanos de médio e pequeno porte. De uma maneira mais ampla, pode-se dizer que os problemas ambientais urbanos são frutos de uma lógica de produção do espaço/território. Assim, os problemas ambientais aparecem em localidades aparentemente distantes dos grandes centros, mas que sobretudo estão incluídas numa lógica de produção capitalista que busca sempre externalizar ônus, transferindo-o para o ambiente. Apontamentos da Consulta Nacional Para 97,7% dos colaboradores da Consulta nacional o tema Meio ambiente deve ser incluído no cálculo do índice de qualidade de vida urbana dos municípios brasileiros. As abrangências e tópicos sugeridos pelos colaboradores para o tema Meio Ambiente e a Aspectos Ambientais Stricto Senso são: 1. Disponibilidade de áreas verdes - Número de áreas verdes (parques, praças, jardIns) - Áreas verdes disponíveis para o lazer - Densidade de áreas verdes 2. Preservação / proteção ambiental - Disponibilidade de áreas de preservação ambiental - Existência de áreas verdes públicas ou particulares, legalmente protegidas, internas à área urbana considerada - Indicadores de proteção ambiental das pessoas – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 57 Ministério das Cidades - Indicadores de proteção ambiental da fauna - Indicadores de proteção ambiental da flora - Indicadores de proteção ambiental dos recursos hídricos - Reservas ambientais - Taxas locais referentes à conservação do suporte - Taxas referentes à biodiversidade e seus componentes 3. Paisagem urbana - Projetos urbanísticos - Projetos paisagísticos - Paisagem urbana com qualidade estética e provedora de condição de conforto térmico - Adequação entre ambiente construído e o meio natural - Arborização pública (de ruas, calçada gramada, vizinhança de áreas verdes e de lazer) - Identificação de desertos florísticos - cobertura vegetal e permeabilidade - Cobertura vegetal (jardim, quintal, etc, existência de inertes ou lixo) - Grau de arborização - Controle da poluição visual 4. Conforto ambiental - Clima - Índices de poluição sonora / ruídos - Níveis de poluição visual (cartazes, outdoors, etc.) - Conforto térmico / Ilhas de calor 5. Qualidade ambiental - Qualidade da água de lagos e rios - Qualidade das águas urbanas - Qualidade das águas - Qualidade do solo - Conservação e melhoria da qualidade ambiental. - Disponibilidade de água para paisagismo e lazer. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 58 Ministério das Cidades 6. Poluição / contaminação ambiental - Índice de poluição do ar (ou, qualidade do ar) - Poluição e contaminação da água - Poluição e contaminação do solo - Porcentagem da população que utiliza combustíveis sólidos - Emissão de poluentes 7. Exposição da população à contaminação / risco ambiental - Moradias em: vias expressas, áreas centrais (ambientes com maior poluição do ar), próximas a lixões, aterros ou áreas contaminadas por atividades industriais; próximas a cursos d´água que recebem esgotos. - População exposta a: abalos sísmicos (devido à proximidade com represas, por exemplo), enchentes, deslizamentos de encostas, fontes significativas de poluição atmosférica, hídrica e sonora (devido às atividades industriais e mineradoras, como em MG) - Risco Ambiental - Injustiça ambiental - Exposição à poluição e contaminação 8. Controle da qualidade ambiental - Indicadores de fiscalização - Existência de mecanismos de aferição e controle da poluição hídrica e atmosférica - Existência de serviços de vigilância sanitária e ambiental Para cada uma das abrangências foram pontuados alguns tópicos os quais foram também utilizados como referenciais para tratar as questões ambientais urbanas no presente trabalho. Proposição de Indicadores Ideais De acordo com o arcabouço teórico e as referências acima descritas, propõe-se os indicadores em dois blocos temáticos oferta de serviços e qualidade do ambiente49: 49 Cabe ressaltar que os tópicos de fiscalização e legislação serão contemplados no Tema “Urbanismo e Meio Ambiente”. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 59 Ministério das Cidades i. Qualidade do Ambiente Urbano: - Qualidade do ar para a população: deve permitir avaliar as seguintes situações; emissões de poluentes por fontes fixas (industrias) e móveis (automóveis) em t/ano bem como Partículas Totais em Suspensão (PTS); o número de dias do ano em desacordo com as normas da OMS (Organização Mundial da Saúde) e programas e redes de monitoramento para controle da qualidade do ar. - Indicador estético: existência de controle e manejo dos espaços residuais; harmonização e alinhamento de fachadas; existência de tombamentos de patrimônio histórico-cultural; e existência de instrumentos reguladores para veicular propagandas. - Indicador de águas urbanas: deve possibilitar avaliação da qualidade das águas subterrâneas e de corpos superficiais em área urbana e consumo per capta (em m³/habitante). - Qualidade dos solos: presença e extensão de áreas urbanas com contaminação de solos; área de perda de solo; grau de impermeabilização50, - Vegetação urbana: avaliar a quantidade total de manchas verdes51 na área urbana (m²/habitante ou porcentagem de manchas verdes pelo total áreas urbanizada), bem como a quantidade de área verde por habitante (m²), a acessibilidade destas áreas em tempo e sua adequada manutenção; existência considerável de espécies locais e diversidade florística em áreas urbanas. - Conforto climático: avaliar existência de alterações de vento, queda de insolação no nível do solo; aumento de pluviosidade em relação ao entorno com menores graus de urbanização; verticalização. - Áreas protegidas: existência de extensão de áreas urbanas protegidas; existência de parques lineares ao longo de planícies de inundação freqüentes. - Emissão de ruídos: deve possibilitar avaliar o desconforto causado pela poluição sonora seja pela identificação de pontos críticos, por vias de tráfego intenso; usos incompatíveis residencial e industrial ou presença de oficinas mecânicas em áreas residenciais, por exemplo, aeroportos em áreas centrais, outros. - Indicador de potencialidade de carga poluidora: abarca o número de pontos de lançamento do esgoto in natura em corpos d´água, por tipo de corpos receptores e existência de uso a jusante. - Indicador de reciclagem municipal: proporção de reciclagem de resíduos domésticos, industriais e materiais diversos, do total de lixo coletado pelo serviço de limpeza urbana. 50 O Grau de impermeabilização pode ser dado pela classificação entre áreas Construídas, Livres de Construção e de Integração do Sistema viário, sendo que quanto maior a porcentagem de áreas livres de construção, melhor drenagem. 51 Manchas Verdes diferencia-se de áreas verdes pelo fato de considerar qualquer área vegetada inclusive trecho viários, rotatórias, etc. Enquanto área verde refere-se a áreas vegetadas e para uso de lazer da população. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 60 Ministério das Cidades - Indicador de qualificação da macro-drenagem: tipo de tratamento dos fundos de vale (porcentagem de canalização X preservação do leito com vegetação nas margens). - Indicador de qualificação de micro drenagem: redes pluviais com presença de esgotamento sanitário conjuntamente X sistemas de drenagem de águas pluviais. - Indicador de permeabilidade do solo urbano: porcentagem de áreas construídas X porcentagem de áreas com maior permeabilidade (áreas de recreação ou verdes/solo exposto/estacionamentos não pavimentados/paisagens multifuncionais/coberturas verdes leves). ii. Oferta dos Serviços: - Institucional: qualifica a existência de Organizações não Governamentais, Programas de recuperação ambiental de áreas degradadas, Programas de Educação Ambiental e sua abrangência populacional. - Qualidade no sistema de controle do monitoramento de padrões adequados de ar: extensão da rede de monitoramento, substâncias avaliadas, por número e frequência de amostras. - Indicador de controle de fontes fixas: capacidade instalada de equipamentos para redução de NOX e SO2. - Indicador de impacto da queda de qualidade do ar na saúde da população: índice de incidência de doenças respiratórias (número de atendimentos em unidades de saúde por doenças respiratórias), taxa de morbidade ou mortalidade por doenças respiratórias em idosos e infantes. - Indicador de uso responsável: existência de programas de reuso e nãodesperdício por parte dos usuários, e índices de qualidade de água bruta a montante e jusante do município. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 61 Ministério das Cidades TEMA: ABASTECIMENTO ALIMENTAR Fernando Gomes Braga52* Pressupostos teóricos Este texto tem como objetivo a proposição de indicadores que sejam capazes de avaliar a oferta de abastecimento alimentar para os municípios brasileiros. Inicialmente, cabe considerar toda a complexidade de envolve esta temática, em função das diferentes visões que existem sobre a questão da alimentação. Tal diversidade decorre do fato de que a alimentação, mais do que uma necessidade básica de qualquer ser vivo, é, desde milênios de história das sociedades, um elemento de coesão cultural, que expressa valores e identidades típicos das civilizações. Desta maneira torna-se fundamental esclarecer qual enfoque será dado a esta temática, visto que sua abrangência excede aos propósitos mais específicos da formulação do Índice de Qualidade de Vida Urbana aqui proposto. Considerando que o enfoque principal é a avaliação da oferta, o abastecimento alimentar será considerado no âmbito da disponibilidade e diversidade de estruturas de produção e distribuição de alimentos para as populações dos municípios brasileiros. Desta maneira, não serão aqui considerados elementos referentes à possibilidade de acesso das populações aos produtos alimentares em função da sua condição social, tampouco aspectos relacionados às peculiaridades regionais envolvidas nos tipos de alimentos que compõe o cardápio básico dos diferentes grupos populacionais. O pressuposto implícito neste recorte temático é a idéia de que a qualidade de vida, considerada em termos da possibilidade espacial de acesso, deve ser medida em função da oferta de alimentos para a população nos diferentes níveis em que esta pode ocorrer. As bases conceituais da Segurança Alimentar Considerando que o “tema” da alimentação acompanha a humanidade desde os primórdios da história e que possui uma amplitude considerável de sub-temas, é importante lembrar que a abordagem aqui realizada concentra-se na idéia do abastecimento alimentar. Durante o século XX, as questões relativas ao acelerado crescimento populacional e as dificuldades de acesso à alimentação vivida pelos paises assolados pelas duas guerras mundiais, cria- 52 Mestre em Geografia pelo Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais. * Discussão e Revisão: Maria Inês Pedrosa Nahas, Coordenadora do Projeto. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 62 Ministério das Cidades ram novas preocupações em termos das demandas por abastecimento alimentar que deram origem ao conceito de Segurança Alimentar53. É importante ressaltar, no entanto, que as preocupações em relação à capacidade das sociedades de fornecer alimentos a toda população não é nova. Para citar um exemplo mais próximo, a teoria do crescimento populacional de Malthus, formulada no século XVIII, abalou as concepções a respeito da manutenção de níveis de produção de alimentos que atendessem a toda humanidade54. Mesmo que o quadro catastrófico previsto por Malthus tenha se mostrado inadequado, a repercussão que sua teoria alcança inicia uma preocupação sistemática com a questão do abastecimento alimentar aliado ao crescimento populacional. Mesmo considerando que em períodos passados a questão do abastecimento alimentar já tenha aparecido, a formulação do conceito de Segurança Alimentar foi o marco decisivo para que o tema da alimentação ganhasse maior sistematização e entrasse na agenda das prioridades dos paises. Num primeiro momento as preocupações em torno do abastecimento alimentar referiam-se mais propriamente a capacidade das nações de possuírem uma estrutura de produção auto-suficiente. A possibilidade de garantir, por meios próprios, a alimentação de toda a população ganha o “status” de prioridade estratégica, da mesma forma que a posse de recursos minerais e energéticos. Os primeiros esforços neste sentido foram concentrados na criação de políticas de subsídios para a produção agrícola, visando uma ampliação da produção. Esse princípio ganha força nas ações dos paises desenvolvidos ao ponto de, mesmo que a importação de alimentos básicos para o país fosse a alternativa economicamente mais atrativa, o beneficio da produção autônoma compensaria o alto investimento55. Juntamente com a criação de subsídios há, também, uma preocupação com o acesso diferenciado da população aos alimentos, expresso na criação de uma série de programas sociais, com vistas a possibilitar o consumo das camadas sociais inferiores56. 53 CUNHA e MACHADO (2003:1) relata que “o conceito de Segurança Alimentar (SA) tem origem nas políticas e iniciativas articuladas levadas à cabo em diversos países centrais - notadamente os países da CEE e Japão - no período do pós-guerra. A essência das iniciativas e políticas cobertas pelo guarda-chuva do conceito de SA está no reconhecimento dos alimentos como bem estratégico nacional”. 54 Analisando o crescimento populacional da população americana nas primeiras décadas do século XVIII, Thomas Malthus postula uma teoria na qual denuncia que, se não houver barreiras ao crescimento populacional este tenderia a ocorrer em escala geométrica, enquanto a produção de alimentos, segundo a teoria econômica dos rendimentos decrescentes, somente poderia ampliar-se de forma aritmética (DUPUY e POUSIN, 1975). 55 Sobre este aspecto CUNHA e LEMOS (1997) considera: “A visão de independência e soberania alimentar prepondera sobre a idéia de especialização e vantagens comparativas. Independente do fato de determinado país possuir desvantagens econômicas na produção de alimentos básicos (em relação a outros países que podem produzir estes alimentos a menores custos) este enfoque de Segurança Alimentar pressupõe um grau de auto-suficiência produtiva nacional que permite o fornecimento mínimo essencial para as necessidades nutricionais para a população destes países.” (p.3). 56 O sucesso destas duas formas de intervenção no abastecimento alimentar dos paises desenvolvidos logrou tanto sucesso que, atualmente, há incentivos no sentido de impedir a ampliação das áreas plantadas, em função da produção de excedentes em determinados produtos (CUNHA e LEMOS, 1997). – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 63 Ministério das Cidades Embora a experiência vivida pelos paises desenvolvidos tenha sido positiva, ela não se reproduziu com os mesmos efeitos entre as outras nações. Não obstante a execução de programas de acesso a subsídios agrícolas e a resultados das pesquisas de inovação tecnológica, estimulados por organismo internacionais criados a favor da melhoria das condições de vida nos paises em desenvolvimento, a questão do abastecimento sofreu poucos avanços57. Entre as possíveis justificativas para esse fenômeno está o fato de que, nestes paises, tais políticas favoreceram mais os produtores para exportação, que obtinham melhores condições de acesso às inovações tecnológicas. Diante de tais avanços e retrocessos, os fóruns de discussão realizados nas últimas décadas elaboraram um conceito de Segurança Alimentar baseado em quatro pilares principais: i) A suficiência, entendida enquanto capacidade de produzir em quantidade suficiente para atender a necessidade de consumo básico. ii) A estabilidade, como criação de uma estrutura de produção que possibilite a regularidade da oferta de alimentos, sempre que possível. iii) A autonomia, visando a criação de mecanismos para redução da dependência das importações, mesmo que isso possa significar, as vezes, aumento de custos e, iv) A sustentabilidade, focada na promoção de um sistema produtivo que respeita o meio ambiente, a fim de que a oferta a longo prazo não venha significar o esgotamento de recursos naturais (CUNHA e LEMOS, 1997). A relação entre estes princípios pode produzir diversas leituras a respeito da forma de ação das políticas de Segurança Alimentar, dependendo do conceito de “alimento” a ser tomado. Diante destas questões CUNHA e LEMOS (1997) propõe nove concepções possíveis sobre o conceito de alimento, a saber: alimento como bem salário, alimento seguro, alimento saudável, alimento prático, alimento típico, alimento natural, alimento produzido dignamente, alimento produzido com eficiência e alimento produzido como qualidade de vida urbana. Cada uma destas visões, não excludentes, é vista abaixo: 1) O alimento como bem salário é visto sob a ótica do acesso amplo a todos os cidadãos sob um preço cabível, já que a redução dos custos com alimentos leva a uma ampliação do salário real. As políticas públicas associadas a esta idéia centram-se na melhoria das técnicas de produção e distribuição e na criação de programas sociais de acesso a grupos específicos. 2) O alimento seguro seria aquele que, na sua produção e distribuição, oferece qualidade sanitária e comercial. Essa visão parte de organismos ligados a questão da saúde, que exigem a criação de leis específicas quanto a questões de ordem sanitária, normas de embalagem e conservação, além do estabelecimento e respeito aos prazos de validade. 57 CUNHA e LEMOS (1997) destaca a continuidade de vários problemas graves como: “a fome e doenças endêmicas, mortalidade infantil, o êxodo rural sem a incorporação urbana dos migrantes, a concentração da propriedade da terra, o alto custo de vida representado pelos alimentos para as classes mais baixas tornaram-se problemas de natureza supranacional.” (p.3) – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 64 Ministério das Cidades 3) O alimento saudável complementa a idéia da segurança sanitária ampliando a discussão para o acesso a uma quantidade balanceada de nutrientes. Dentro desta idéia três perspectivas de políticas podem aparecer associadas: i) para as populações que possuem um consumo alto de calorias, mas baixa quantidade de nutrientes necessários, evidenciando a “fome oculta”; ii) para a alteração dos hábitos alimentares urbanos, geralmente associados a déficits nutricionais sérios; iii) para o atendimento de necessidade nutricionais associados a grupos especiais, como é o caso de nutrizes, gestantes, crianças e portadores de enfermidades específicas como diabéticos ou alérgicos a determinados nutrientes. 4) O alimento prático envolve noções associadas a recentes modificações na organização familiar e nas relações de trabalho. Com a entrada das mulheres no mercado de trabalho e a aceleração das relações cotidianas cresce a necessidade de criação de estratégias para a produção de alimentos de preparação rápida e fácil, que possuam maiores prazos de validade e possam ser armazenados sob condições especiais. Tal demanda requer um nível alto de reorganização dos estabelecimentos comerciais que lidam com o comércio de alimentos. 5) O alimento típico seria uma visão associada à necessidade dos programas de Segurança Alimentar se concentrarem nas especificidades regionais do consumo. Mesmo que a alteração de alimentos por regiões possa trazer complicadores para as questões sanitárias, sobretudo ao desejar-se manter as formas de preparo, é preciso reconhecer que a alimentação é parte importante da identidade regional e da sociabilidade das civilizações, aspectos que não podem ser ignorados em políticas que visam a qualidade de vida. 6) O alimento natural vincula-se as novas exigências dadas por uma parte do mercado consumidor de que haja uma redução do processamento industrial dos alimentos e da adição de produtos químicos, como agrotóxicos ou conservantes e estabilizantes. Tais exigências também requerem uma renovação das formas de produção especialmente se considerar que elas partem das camadas sociais com maior poder aquisitivo e, por isso, maior capacidade de consumo. 7) O alimento produzido dignamente é aquele que não envolve, em nenhuma instância (por que passa até o consumidor final), o trabalho servil ou escravo, bem com o trabalho infantil. As políticas neste sentido envolvem a criação de leis específicas, a fiscalização e a punição dos contraventores. 8) O alimento produzido com eficiência concentra-se na idéia de que os esforços de produção e comercialização devem ser amplamente otimizados para um acesso mais democrático em todo o mundo. Os defensores desta corrente pregam que o livre comércio e a redução das barreiras tarifárias iriam melhorar a disponibilidade de alimentos, contrariando, assim, a visão de autonomia. Essa discussão, altamente polêmica e contraditória, encontra-se em pleno vigor nos fóruns de discussão sobre o comércio internacional. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 65 Ministério das Cidades 9) O alimento como qualidade de vida urbana envolve noções a respeito do papel social do alimento, considerando que ele possui uma função de sociabilidade, já que a alimentação deve ser considerada também como uma atividade de lazer, que possui padrões estéticos e contribui para a qualidade de vida neste nível. Assim, os esforços neste sentido referem-se a proximidade espacial dos estabelecimentos que oferecem produtos alimentares, a limpeza e a qualidade do atendimento destes estabelecimentos, entre outros elementos. Tais definições mostram a amplitude que o conceito de Segurança Alimentar alcançou nas ultimas décadas. A abrangência das concepções sobre os alimentos requerem a formulação de políticas que atendam interesses diversos, que vão desde a necessidade de disponibilização de uma quantidade mínima de calorias para as populações carentes até as mais sofisticadas demandas das populações de alta renda dos grandes centros urbanos. Tendo em conta tais necessidades, a Carta de Roma, formulada como resultado do Encontro Mundial sobre Alimentação, realizado em 1996, traz sete compromissos firmados entre as organizações participantes com respeito à questão do abastecimento alimentar nos paises: “1) Assegurar um ambiente político social e econômico que permita a criação de melhores condições de erradicação da pobreza e paz duradoura, baseado na participação completa e igualitária de homens e mulheres, que conduzirá a uma Segurança Alimentar Sustentável para todos. 2) A implementação de políticas direcionadas a erradicação da pobreza e da desigualdade, aperfeiçoando o acesso físico e econômico de todos, em todos os lugares e a qualquer momento a uma alimentação nutricionalmente adequada, suficiente e segura e a sua efetiva utilização. 3) Buscar políticas sustentáveis e participativas de desenvolvimento das atividades agrícolas, de pesca e exploração florestal em regiões com alto ou baixo potencial, que serão essenciais na adequação do abastecimento alimentar nos níveis familiar, regional, nacional e global, e ainda, no combate às pestes, desertificação e secas, considerando o caráter multifacetado da agricultura. 4) Assegurar que as políticas de comércio de alimentos e produtos agrícolas possibilitem a Segurança Alimentar em um sistema de mercado mundial justo. 5) Prevenção e preparação para os desastres e quaisquer emergências, originadas pela natureza ou pelo homem, que criem demandas transitórias de alimentos, ou então a criação de caminhos que estimulem a recuperação, reabilitação e desenvolvimento dos meios de satisfazer as futuras necessidades. 6) Promover a alocação e uso adequado dos investimentos públicos e privados para utilização dos recursos humanos, alimentação sustentável, agricultura, pesca e exploração florestal, além do desenvolvimento rural nas áreas de alto e baixo potencial. 7) Implementar, monitorar e seguir este plano de ação em todos os níveis de cooperação da comunidade internacional.” (FAO, 1996). Com base nestes pressupostos é que têm sido formuladas as mais bem sucedidas políticas de abastecimento alimentar. Desta maneira, resta ainda, nesta breve abordagem sobre o tema, levantar alguns aspectos norteadores das políticas de abastecimento no âmbito municipal. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 66 Ministério das Cidades Segurança Alimentar e políticas locais de abastecimento No Brasil, as políticas de subsídios implementadas desde a década de 70 favoreceram a concentração da terra e a criação de monoculturas de exportação, criando um quadro antagônico: Enquanto o país figura entre os maiores produtores de grãos, leite e carne, é também um dos maiores importadores destes produtos, prejudicando o acesso destes bens a população total58 (CUNHA e LEMOS, 1997b). As políticas de abastecimento nacionais são marcadas pela heterogeneidade, resultado da dispersão dos esforços pelas várias estruturas administrativas do Poder Federal, o que impede a criação de um sentido de unidade para todas as ações. Esse quadro faz com que os municípios tenham pouco incentivo concentrado na formulação de suas políticas locais, impedindo uma avaliação sistemática dos resultados por todo o país. A falta de acesso e comunicação em relação às práticas e metodologias faz com que as localidades desenvolvam projetos similares de forma autônoma, atrasando o melhor desenvolvimento das intervenções. Em outros casos a marca partidária dada a uma determinada política cria resistências para sua ampla aplicação em função das disputas políticas, podendo também comprometer a continuidade de bons projetos, que não resistem a uma mudança de mandato em função da ausência de planejamento e de metas bem formuladas (CUNHA et al, 2000). Tendo em conta tais questões CUNHA et al (2000), propõem que as políticas de abastecimento locais devem levar em conta quatro aspectos na sua dimensão organizacional, a saber: 1) A hierarquia da principal unidade administrativa: Revela o quanto à política de abastecimento alimentar ganha prioridade no governo, já que, se existem secretarias diretamente ligadas a prefeitura, com orçamentos próprios, as políticas podem ganhar maior autonomia e campo de ação. 58 “Esta contradição levou o Brasil a uma situação peculiar: grande produtor mundial de grãos, com vasta área agricultável, possuidor do maior rebanho comercial bovino do mundo, o Brasil é, atualmente, um dos principais importadores mundiais de leite e trigo, além de expressivo importador de milho e arroz. O acesso da população à proteína de origem animal é restrito e o consumo ponderado de carnes por faixas de renda é fortemente desigual.” (CUNHA e LEMOS, 1997:4). – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 67 Ministério das Cidades 2) Grau de nucleação de políticas: Trata da necessidade da existência de um agente nucleador das diferentes iniciativas, com vistas a conferir unidade a políticas de caráter diverso. Desta maneira o autor propõe que três eixos devem ser favorecidos na formulação de uma política conjunta: eixo da regulação, eixo das políticas compensatórias e o eixo das práticas urbanas59. 3) Parcerias, participação popular e articulação interinstitucional: Seria o incentivo a participação da população na elaboração e fiscalização das políticas, bem como maior interação entre as iniciativas dos governos Federal, Estadual e Municipal. 4) Os indicadores de cobertura e eficácia: Seria a formulação de indicadores que pudessem avaliar a eficiência da cobertura e do atendimento dos equipamentos e dos programas de abastecimento alimentar. Desta maneira conclui-se que o tema do abastecimento alimentar pode ser visualizado sob a perspectiva da Segurança Alimentar, considerando que esta visão trata de boa parte das atuais questões relacionadas ao tema da alimentação. Assim, entende-se que a medição da oferta destes produtos, em termos da qualidade de vida urbana, deve refletir o atendimento as exigências que o sistema de produção e consumo tem desenvolvido nas últimas décadas. Apontamentos da Consulta Nacional Para 84,8% dos colaboradores da Consulta Nacional, o tema Abastecimento Alimentar deve ser incluído no cálculo do índice de qualidade de vida urbana dos municípios brasileiros. Os colaboradores da Consulta Nacional indicaram algumas direções analíticas para o tema do abastecimento alimentar. De forma resumida, pode-se colocar que, primeiramente, em termos da abrangência que o tema poderia alcançar, ressalta-se a necessidade de verificação da existência de estruturas de oferta de alimentos para as populações mais carentes, entre elas a merenda escolar e os restaurantes populares, bem como os estabelecimentos 59 Entre as prioridades para cada um dos eixos o CUNHA et al (2000) ressalta: Eixo da Regulação - “i) controle de preços; ii) aumento da competição visando melhores serviços; iii) ampliação da oferta de produtos agroalimentares; iv) criação de oportunidades comerciais para produtos específicos e v) viabilização de circuitos comerciais que possibilitem a inserção de produtores ou comunidades rurais na cidade.” (p.5). Eixo das políticas compensatórias – “i) Fornecimento regular de refeições para instituições da rede pública municipal de ensino, com verbas próprias ou por repasse (transferências), ii)Fornecimento regular de gêneros alimentícios para rede pública/ou conveniada de saúde (hospitais, centros de saúde) e assistência social (asilos, creches, centros de apoio à infância e juventude, centros comunitários, etc.); iii) Fornecimento de suplementação alimentar para instituições sociais e de saúde consideradas de utilidade pública; iv) Fornecimento e coordenação de doações de alimentos para grupos sociais em situações de risco v) Comercialização subsidiada, seletivamente (focalizada) ou não, de refeições e gêneros alimentícios.” (p.6). Eixo das praticas urbanas – “i) Difusão de informações sobre preços praticados em estabelecimentos comerciais;. ii) Atendimento e informações diretamente aos cidadãos, através de balcões, telefones públicos, pela mídia ou pela internet; iii) Difusão e apoio a iniciativas de produção individual ou comunitária de alimentos; iv) Oficinas e material informativo sobre aproveitamento de alternativas alimentares e valores nutricionais; v) Oficinas ecológicas ou agro-ecológicas.” (p.6). – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 68 Ministério das Cidades de comércio que disponibilizem os alimentos a baixo preço, como os sacolões. Outro aspecto da abrangência seria a identificação de estabelecimentos do comércio de gêneros alimentícios com maior porte, como as mercearias e os supermercados. Os consultores destacaram a importância da utilização do conceito de Segurança Alimentar, ressaltando que os alimentos devem ser considerados na perspectiva da qualidade. Assim, as propostas de abordagem concentraram-se em algumas linhas básicas: o reconhecimento de serviços que subsidiem a alimentação em cada município, a existência de projetos que facilitem o acesso a alimentação, a articulação dos indicadores com um referencial de abastecimento mínimo (cesta básica), a consideração das condições sanitárias dos estabelecimentos, o trabalho com diferenças regionais em termos da dieta alimentar, uma maior valorização desta temática nas cidades de maior porte. Resumidamente, as abordagens e tópicos sugeridos pelos colaboradores são os seguintes: 1. Alimento de baixo custo - Fornecimento de merenda escolar - Alimentação em creches - Restaurantes populares - Comércio de gêneros alimentícios de baixo custo: sacolões e assemelhados 2. Equipamentos de abastecimento - Hiper e supermercados - Mercearias e assemelhados Proposição de Indicadores Ideais Cobertura dos investimentos para o desenvolvimento tecnológico da produção agrícola. Quantidade de municípios cobertos por investimentos públicos ou o privados direcionados para o aperfeiçoamento tecnológico da produção agrícola. Este indicador busca dialogar com questões acerca das demandas recentes por otimização da produção. Cobertura dos investimentos em infra-estrutura produtiva. Quantidade de municípios atendidos pelos programas de apoio governamental. Assim como a anterior, esta medida avalia a distribuição espacial dos incentivos a ampliação produtiva. Disponibilidade de recursos públicos gastos. Total de investimentos direcionados à otimização do abastecimento alimentar, desde o nível da produção até a comercialização. Existência de órgãos de planejamento do abastecimento alimentar. Verifica se os municípios possuem algum órgão específico (secretarias, conselhos) de planejamento – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 69 Ministério das Cidades do abastecimento alimentar. O objetivo desta medida é captar o grau de nucleação que as políticas locais de abastecimento possuem. Existência de órgãos de fiscalização sanitária dos estabelecimentos de comércio de alimentos. Verifica se os municípios possuem estrutura de fiscalização sanitária para os estabelecimentos de comércio. O propósito deste indicador é medir a qualidade da oferta. Oferta de estabelecimentos de comércio diversificados. Mede o número de estabelecimentos de comercialização de gêneros alimentícios nas cidades, discriminados segundo a especialização dos mesmos. A medida baseia-se na idéia de que o aumento da qualidade da oferta tem relação direta com o aumento da diversificação dos estabelecimentos. Cobertura dos estabelecimentos de grande porte. Segundo CUNHA e MACHADO (2003) os grandes estabelecimentos, como os supermercados e hipermercados, tem ampliado a sua ação no mercado brasileiro, sendo responsáveis por cerca de 85% do comércio interno de alimentos e produtos de limpeza. Desta maneira, um indicador que avalie os municípios atendidos por estes estabelecimentos pode identificar os lugares incluídos nos maiores círculos de oferta. Porte dos estabelecimentos de comércio. Relação entre o número de funcionários (ou área) dos estabelecimentos e o total da população atendida. O índice verifica se a estrutura existente de abastecimento é capaz de atender a população, a partir da definição de níveis que signifiquem déficits na oferta. Amplitude da oferta de opções de equipamentos de alimentação (restaurantes e lanchonetes). Relação entre a quantidade de lanchonetes e restaurantes e a população total atendida. Este índice considera a concepção de alimento como qualidade de vida, considerando que os restaurantes e lanchonetes são, entre outras atribuições, opções de lazer para a população. Assim, quanto maior a oferta deste tipo de serviço, maior possibilidade de utilização dos mesmos como opção de entretenimento. Presença de cooperativas de produtores. Verifica a existência de cooperativas de produtores nos municípios. As cooperativas são um indicador de que há canais de oferta de produtos alimentares fora os grandes eixos de comércio, o que pode significar preços mais reduzidos no produto final. Cobertura dos programas de merenda escolar. Verifica a oferta de merenda escolar para a população que freqüenta a escola. Esse indicador avalia um dos principais aspectos do caráter social da Segurança Alimentar. Cobertura dos programas sociais de acesso. Número de municípios atendidos por programas sociais de acesso a alimentação (como o bolsa alimentação). Busca, também, identificar os lugares onde há mecanismos de ampliação do acesso. Presença de estabelecimentos de comércio subsidiados. Existência de sacolões populares ou outros tipos de incitativas que ofereçam alimento a baixo custo para a população. A medida verifica a existência de medidas compensatórias por parte do poder público. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 70 Ministério das Cidades Presença de restaurantes populares. Existência de restaurantes subsidiados, que oferecem refeições a baixo custo para a população carente. Igualmente à proposta anterior, este índice verifica a cobertura das medidas de compensação. Relação entre preço do alimento e custo de vida. Mede a relação entre os valores da cesta básica e o salário mínimo praticado nos municípios. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 71 Ministério das Cidades TEMA: CULTURA Fernando Gomes Braga 60* Considerações Preliminares Esse breve texto tem como objetivo apresentar proposições de indicadores ideais a respeito do tema “cultura”. Identificar maneiras de medir a oferta cultural disponível em um município é tarefa indispensável para quem deseja tratar da questão da qualidade de vida urbana. No entanto, é fundamental reconhecer que a expressão cultural é imensurável na sua totalidade. O fato da cultura se relacionar a todos os campos da ação humana, desde características da organização dos territórios até simples relações domésticas, impõe severos limites à identificação dos elementos que sintetizariam a manifestação cultural de forma completa. Desta maneira, considerando a abordagem de qualidade de vida aqui proposta, serão priorizados alguns aspectos mais específicos da dimensão cultural. O tema é abordado a partir de alguns eixos básicos de interpretação, mais relacionados à oferta cultural em termos de infra-estrutura, equipamentos e organizações sociais que promovam uma difusão da cultura e/ou de valores culturais diversos para a população. A opção por este tipo de tratamento temático justifica-se diante dos propósitos mais específicos do índice, expressos em dois pressupostos básicos relacionados à definição de oferta de cultura: em primeiro lugar, admite-se que, em espaços onde há mais infra-estrutura, equipamentos e organizações de natureza cultural, a população encontra maior liberdade para expressão da sua cultura. Em segundo lugar, é necessário reconhecer que, para a formulação de políticas públicas voltadas para ampliação da oferta e do acesso à cultura é imprescindível a alimentação de um banco de dados que indique as tendências e comportamentos mais importantes no tempo. Pressupostos teóricos As possibilidades de abordagem teórica a respeito da cultura são amplas dentro dos vários campos do conhecimento das ciências humanas. Disciplinas como economia, sociologia, antropologia, história, geografia, psicologia, comunicação social, entre outras, se utilizam de matrizes de explicação articuladas a questões culturais para a descrição de fenômenos de natureza diversa. Tendo em conta o recorte conceitual proposto pelo índice para avaliação do tema, esta subseção apresenta algumas idéias gerais a respeito da amplitude do conceito de cultura e das possibilidades de intervenção do poder público na questão. 60 Mestre em Geografia pelo Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais. * Discussão e Revisão: Maria Inês Pedrosa Nahas, Coordenadora do Projeto. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 72 Ministério das Cidades No período atual, talvez a discussão mais calorosa a respeito do tema da cultura esteja relacionada à questão da diversidade. O relatório de desenvolvimento humano, publicado pelo PNUD em 2004, alerta que, mesmo que a convivência entre diferentes culturas não seja uma novidade na história humana, a grande interatividade entre as pessoas e espaços, acelerada pelas dinâmicas da globalização, tem produzido a necessidade de pensar a questão da diversidade cultural em outros níveis. Mais do que a possibilidade de geração de um ambiente de conflito, a diversidade cultural tem se tornado a lógica de organização dos territórios, abalando velhas perspectivas e conceitos a respeito da idéia de nação. “O que é novo, hoje, é a ascensão das políticas de identidade. Em contextos muito diferentes e de modos muitos diversos – desde os povos indígenas da América Latina às minorias religiosas na Ásia do Sul e às minorias étnicas nos Balcãs e na África, até aos imigrantes na Europa Ocidental – as pessoas mobilizam-se de novo em torno de velhas injustiças segundo linhas étnicas, religiosas, raciais e culturais, exigindo que a sua identidade seja reconhecida, apreciada e aceita pela sociedade mais ampla. Sofrendo de discriminação e marginalização em relação a oportunidades sociais, econômicas e políticas, também exigem justiça social. Igualmente nova é a ascensão de movimentos coercivos que ameaçam a liberdade cultural. E, nesta era de globalização, emergiu um novo tipo de reivindicações e exigências políticas dos indivíduos, comunidades e países que sentem que as suas culturas locais estão a ser eliminadas. Querem manter a sua diversidade num mundo globalizado” (PNUD, 2004:1). GERACE (2004) discute o papel da cultura como elemento de identidade nacional. O autor argumenta que os elementos justificadores da idéia de nação têm se tornado frágeis em função da acelerada miscigenação de culturas na atualidade. Fatores como raça, lingua, cor e etnia não aparecem de forma única na maioria das nações atuais, e, a cada dia, se enfraquecem como elementos de coesão. Esse quadro realça o papel da história como elemento de integração interna dos territórios. O nacionalismo seria, assim, fruto de construções simbólicas que reúnem os indivíduos sob a esfera de um passado comum, nascendo, portanto, antes da nação, já que a construção de uma unidade territorial é simplesmente a legitimação destes sentimentos coletivos. Elementos como esses corroboram a tese de que a “cultura” passa por um processo de reformulação dentro dos Estados Nacionais. Os governos atuais encontram um dilema grave nas mãos. Atualmente, a manutenção de políticas que não reconhecem as identidades culturais podem atravancar o desenvolvimento econômico, pela criação de um clima de instabilidade e incentivo ao aumento da violência. A diversidade cultural é um fato do mundo moderno e o desafio atual é encontrar modos de forjar a unidade nacional no meio da diversidade. Na era da globalização, as exigências de reconhecimento cultural precisam ser consideradas por todas as instâncias de participação política. A possibilidade de um aumento exponencial de conflitos envolvendo intolerância cultural por todo o mundo mostra o quanto são necessárias soluções mais eficazes para estes problemas. Assim, percebe-se a urgente necessidade de construir movimentos sociais que quebrem velhos mitos pautados na crença – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 73 Ministério das Cidades de que a diversidade cultural é oposta à unidade nacional61, expressos no incentivo ao crescimento das manifestações culturais de todos os tipos, em um clima de tolerância e respeito (PNUD, 2004). Desta maneira, é possível falar de uma cultura brasileira? O texto de ROSSI e SILVEIRA (2005), ao tratar da relação entre “marketing” e cultura, aponta alguns aspectos relevantes na compreensão do tema das culturas nacionais. Se, por um lado, a globalização estimula o crescimento das diversidades, tornando complexa a definição de tipos culturais separados territorialmente, por outro ela estimula o ressurgimento ou o fortalecimento de determinadas práticas culturais enraizadas, como um movimento de reação à imposição da cultura global62. Os autores propõem quatro elementos que podem servir de referência para identificação de comportamentos coletivos construídos dentro de certos preceitos culturais: a) A relação das populações com o poder, que identifica se as pessoas esperam que o poder seja distribuído de forma igual ou desigual entre os indivíduos. b) Existência de grande ou pequena aversão a incertezas, ou seja, a presença de comportamentos no sentido de evitar situações ambíguas, por meio de regras rígidas, não tolerância de desvios e crença em verdades absolutas. c) A masculinidade ou a feminilidade, indicando a influência que valores masculinos ou femininos possuem no comportamento coletivo. d) O individualismo e o coletivismo, diferenciando as culturas onde se valoriza a busca pelo crescimento pessoal e aquelas onde o altruísmo é incentivado (ROSSI e SILVEIRA, 2005). ESTANISLAU (1995) argumenta que os elementos da cultura urbana brasileira tiveram fortes influências das formas de vida das civilizações colonizadoras européias, aspecto expresso com muita clareza nas formas arquitetônicas. Entretanto, o que ocorreu aqui não foi uma reprodução fiel das condições existentes na Europa, em função da presença de outras populações com culturas diferenciadas e de que, em termos espaciais, havia sérias diferen- 61 Segundo o relatório do PNUD (2004) existem pelo menos cinco grandes mitos envolvendo a questão da incompatibilidade entre unidade nacional e diversidade cultural. Entretanto, os milênios de história conjunta de várias populações e as experiências reais de tolerância entre culturas precisam atuar na superação destes mitos, a saber: i) As identidades étnicas das pessoas concorrem com a sua ligação ao Estado, pelo que existe um “trade-off” entre reconhecer a diversidade e unificar o Estado. ii) Os grupos étnicos têm inclinação para o conflito violento mútuo, num choque de valores, pelo que existe um “trade-off” entre o respeito pela diversidade e a sustentação da paz. iii) A liberdade cultural exige a defesa das práticas tradicionais e, por isso, poderá haver um “trade-off” entre o reconhecimento da diversidade cultural e outras prioridades do desenvolvimento humano, tais como o progresso no desenvolvimento, na democracia e nos direitos humanos. iv) Os países etnicamente diversificados são menos capazes de se desenvolver, pelo que existe um “trade-off” entre o respeito pela diversidade e a promoção do desenvolvimento. v) Algumas culturas têm mais probabilidades de alcançar progressos desenvolvimentistas do que outras e algumas culturas têm valores democráticos inerentes, enquanto outras não, pelo que existe um “trade-off” entre a conciliação de certas culturas e a promoção do desenvolvimento e da democracia. 62 “Todavia, mesmo diante da universalização de alguns hábitos de consumo, os tempos da globalização não foram (nem parece que venham a ser) capazes de neutralizar o consumo de vinho dos franceses, o ritual do chá dos japoneses, a obsessão perfeccionista dos alemães, o espírito competitivo dos norte-americanos, a discrição dos suíços, o swing dos caribenhos, o carnaval dos brasileiros, o fundamentalismo dos iranianos ou o fervor budista dos tailandeses. Todos estes traços de identidade são autênticas e legítimas expressões de cultura em diferentes níveis de profundidade, abarcando valores, símbolos, rituais e heróis” (ROSSI e SILVEIRA, 2005). – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 74 Ministério das Cidades ças que influenciavam na organização do território. Assim, de uma matriz cultural européia, nasce uma cultura particular, que é o somatório das relações estabelecidas entre brancos, negros e índios63. Neste ponto cabem algumas considerações. Admitindo que a cultura é um elemento dinâmico no tempo, transformando-se continuamente e que, no período atual, as civilizações tem vivido um período de expansão da diversidade, como pensar em um projeto nacional para o tratamento do tema? A resposta para essa questão não é fácil, é necessário aceitar que a unidade nacional, hoje, deve ser construída em meio à diversidade cultural. Ao considerar a existência de uma cultural nacional, é preciso reconhecer que civilizações diferentes com um passando comum necessitam ampliar o espaço de manifestação das culturas, entendendo que a multiplicidade pode ser fator de coesão. Em um contexto de promoção da qualidade de vida, o incentivo à liberdade cultural torna-se fundamental, e a construção de mecanismo que possibilitem essa liberdade é papel do Estado e da sociedade civil. Discutindo formas de alcançar o desenvolvimento sustentável, o texto de VECCHIATTI (2004) propõe que o âmbito cultural deve ser priorizado entre as políticas públicas. O autor propõe três campos de ação para a promoção do desenvolvimento sustentável: o primeiro foca a questão de que, mesmo que determinados problemas tenham um caráter pontual eles devem ser pensados no nível da abrangência dos seus efeitos a longo prazo. O segundo reivindica a criação de uma gestão do espaço responsável, com a preservação ambiental e com a informação da população, a fim de mitigar os efeitos de uma exploração discriminada dos recursos naturais. No terceiro encontra-se a valorização das políticas de incentivo a cultura64 como forma de aperfeiçoar a identidade dos diferentes grupos e a responsabilidade dos mesmos em garantir a continuidade das políticas de produção social sustentável: “Pensar na cultura como fator de desenvolvimento significa valorizar identidades individuais e coletivas, promover a coesão em comunidades e levar em consideração que as características da cultura podem ser um fator de crescimento em determinado território, como é o caso de diferentes regiões rurais com relação aos seus produtos agrícolas, seus costumes e paisagens aproveitadas pelo turismo. Assim, não há fronteiras territoriais. A cultura é tão essencial em grandes metrópoles como em áreas rurais. Em cada local, diferentes agentes são envolvidos, com tarefas e formatos variados e, conseqüentemente, resultados distintos. Mas os processos são sempre muito similares, envolvendo, por meio de parcerias de médio e longo prazos, os agentes públicos, privados e do terceiro setor.” (VECCHIATTI, 2004) 63 “Acontece que um território não se esgota no projeto explorador da Metrópole. O território tem marcas próprias, tem sua particular dinâmica de relacionamento com o real, capaz de refazer ou pelo menos expor as regras do jogo dominante. Não se operou aqui nenhuma reprodução mecânica da urbanização ou da arquitetura estrangeiras, mas simulações. A cultura burguesa transplantada para o Brasil (simulando uma verdade para todos, quando era adorno de uma minoria), deixava ver que a cópia de esquemas intelectuais e espaciais europeus era excludente da maioria do povo.” (ESTANISLAU, 1995:36). 64 Sobre as possibilidades de ação do poder público no incentivo a cultura VECCHIATTI (2004) comenta: “o desenvolvimento e sua conciliação com o crescimento econômico não se darão a partir da implantação de um elemento específico da cultura, mas sim pela interação entre diferentes centros de influência (as artes, as escolas, as instituições públicas e privadas, por exemplo) e pelas políticas públicas, como balizadoras e direcionadoras das ações governamentais, certamente capazes de impulsionar o aperfeiçoamento e a interação desses centros”. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 75 Ministério das Cidades Tendo em conta esses referenciais, como trabalhar a questão da oferta cultural? Em termos gerais, medir esta oferta é demasiadamente complexo, já que os indivíduos podem ter acesso à cultura que desejam simplesmente no seu convívio familiar, pela reprodução hereditária das práticas e costumes. Mesmo considerando a importância deste aspecto da oferta cultural, é possível identificar certos elementos dentro das cidades que permitam uma avaliação da importância da cultura para o poder público e para a população. A existência de bens culturais ou de organizações sociais de produção cultural são um forte indicativo de que há canais de oferta para uma manifestação mais ampla das culturas. Em função disto os bens culturais não podem ser encarados segundo a ótica do mercado, já que reúnem mais do que a oportunidade de ganhos econômicos, sendo canais de expressão e legitimação dos costumes e práticas que permeiam a vida dos habitantes das cidades. Finalizando, cabe citar as considerações do relatório do PNUD (2004) sobre o tratamento com os bens culturais: “Portanto, tratar os bens culturais como qualquer outro bem comercial, ou torná-los uma exceção, passou a ser uma questão discutida acaloradamente nas negociações comerciais internacionais. As posições continuam polarizadas. De um lado estão os que consideram os produtos culturais tão comerciais como as maçãs, ou os automóveis e, por isso, sujeitos a todas as regras do comércio internacional. Do outro, estão aqueles que vêem os produtos culturais como ativos portadores de valores, idéias e significados e que, por isso, merecem tratamento especial” (PNUD, 2004:97). Apontamentos da Consulta Nacional Para 95,6% dos colaboradores da Consulta Nacional concordam que o tema Cultura deve ser incluído no índice de qualidade de vida urbana dos municípios brasileiros. A consulta contribuiu com algumas indicações para a seleção de elementos que medissem a oferta e a qualidade da oferta de bens culturais para a população dos municípios brasileiros. Em termos da abrangência que o índice deveria ter, os consultores indicaram três grandes conjuntos de elementos a serem avaliados: os equipamentos culturais, compreendendo todos os tipos de espaço existentes na cidade que se destinam a divulgação ou produção de cultura; as atividades culturais, que se referem à existência de eventos culturais abertos ao público e o patrimônio cultural, que abrange tanto a proteção de espaços que possuem significado cultural para a população como os canais de valorização e incentivo a cultura local e regional. Foram ainda sugeridas abordagens que identifiquem a presença de técnicos e pessoal qualificados em termos da produção cultural nas cidades, os níveis de participação popular e a presença de leis e programas de incentivo a cultura. Resumidamente, as abordagens e tópicos sugeridos pelos colaboradores da Consulta Nacional são os seguintes: 1. Equipamentos culturais - Existência de centros culturais - Espaços de cultura – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 76 Ministério das Cidades - Existência de teatros, cinemas, centros culturais, centros de espetáculos. - Bibliotecas, Museus, Salas de música, Livrarias - Existência de centros coletivos onde a comunidade possa se reunir. 2. Atividades culturais - Eventos abertos ao público (Festivais de música, teatro e artes em geral, Concertos, Shows, Ruas de Lazer, Feiras, Eventos Esportivos, etc.), 3. Patrimônio cultural - Preservação do patrimônio histórico material e imaterial - Preservação da Cultura - Preservação de valores culturais - Preservação do patrimônio arquitetônico, urbanístico e cultural - Acesso às diversas formas de cultura - Existência de manifestações culturais de diferentes ordens - Taxas referentes ao Patrimônio natural e histórico - Existência de manifestações culturais da identidade local - Produção cultural local. - Valorização da cultura local/regional nas suas diversas formas de manifestação. - Indicadores de produção cultural própria No documento redigido por MENDONÇA (2005) a importância dos equipamentos culturais é ressaltada. Segundo a autora eles compreendem “edificações e espaços públicos especificamente voltados para programas governamentais e para manifestações públicas culturais e de identidades locais (bibliotecas, museus e centros culturais a sedes de associações e grupos culturais).” (p.10). Proposição de Indicadores Ideais Oferta de patrimônio cultural. Cobertura, em área, das construções e bens tombados como patrimônio histórico e cultural em relação às áreas construídas na cidade ou em relação a população local. Esta medida busca avaliar a carga cultural existente na cidade, bem como a eficiência na ação do poder público no sentido de proteger os bens culturais. Existência de grupos culturais. Avalia a existência de grupos culturais em cada cidade, com o objetivo de reconhecer a existência de canais de manifestação da cultura. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 77 Ministério das Cidades Porte ou quantidade de grupos culturais. A relação entre o tamanho dos grupos culturais e a população, introduz a idéia de qualidade da oferta. Oferta de equipamentos de cultura. Existência de teatros, cinemas, bibliotecas, livrarias, galerias de arte e exposição e outros espaços culturais, em relação a população total. O indicador deve captar a diversidade e a qualidade da oferta dos equipamentos. Freqüência aos equipamentos culturais. Mede a taxa de freqüência da população aos equipamentos e eventos culturais. Avalia as condições da oferta, captando os municípios que possuem capacidade de atração dentro de suas respectivas regiões, funcionando como pólos de oferta cultural. Oferta de atividades culturais. Número de eventos culturais anuais realizados no município. O índice dimensiona a oferta de eventos culturais no município e a sai regularidade. Existência de legislação específica de apoio à cultura. Verifica a exigência de legislação de apoio a cultura no município. É um indicador de qualidade da oferta. Existência de profissionais na área de cultura. Número de profissionais em diferentes ramos da expressão cultural (escritores, poetas, atores, artistas em geral, dançarinos, cantores, etc.) em relação ao número de habitantes. A medida verifica o grau de especialização e a profundidade da produção cultural em cada município, a partir do nível de profissionalização. Oferta de cursos de graduação na área de cultura. Existência de cursos que confiram alguma formação vinculada à produção cultural (dança, música, belas artes, artes cênicas, cinema, teatro, etc.). Relacionar a quantidade de matriculas nestes cursos com a população total ou as matriculas totais fornece uma leitura interessante dos níveis de oferta. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 78 Ministério das Cidades TEMA: ESPORTES Felipe Chaves Inácio65 Carine Martins Vieira66 Ana Luísa Peixoto Gonçalves67 O objetivo da presente proposta é reunir subsídios para a discussão e construção de indicadores ideais relacionados às atividades esportivas nos municípios brasileiros como instrumento de inclusão social e cidadania. Apontamentos da Consulta Nacional Para 71,8% dos colaboradores da Consulta Nacional o tema Esportes deve ser incluído no cálculo do índice de qualidade de vida urbana dos municípios brasileiros. Na Consulta Nacional o tema a sugestão dos colaboradores é apresentada em duas abrangências: Oferta de equipamentos, e Equipamentos e atividades esportivas. Na primeira abrangência, estão relacionados tópicos como existência de áreas de esporte, existência de ginásio de esportes, centros coletivos, etc. Na segunda abrangência, estão incluídos tópicos como existência de programações esportivas gratuitas, oferta de atividades esportivas e práticas e expressões de esporte e de conhecimento construtivo. Resumidamente, as abrangências e os tópicos sugeridos pelos colaboradores da Consulta Nacional são os seguintes: 1. Oferta de equipamentos - Existência de áreas de esportes - Existência de praças esportivas - Centros coletivos - Existência de ginásios de esportes - Existência de clubes e piscinas - Campos de futebol de várzea 65 Professor da UNIPAC – Ipatinga, Mestre em Estatística pela Universidade Federal de Pernambuco, Graduado em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais. 66 Graduanda do 8º período do curso de Geografia da UFMG 67 Graduanda do 5º período do curso de Relações Internacionais da PUC Minas. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 79 Ministério das Cidades 2. Atividades esportivas - Programações esportivas acessíveis / gratuitas - Oferta de atividades esportivas - Práticas e expressões de esporte e de conhecimento construtivo Pressupostos Teóricos Outra estratificação possível, na temática dos esportes, é aquela que discrimina o Esporte de Participação do Esporte de Alto Rendimento. O esporte de participação expressa a idéia de prevalência do “sentido lúdico, caracterizado pela livre escolha, busca de satisfação e construção, pelos próprios sujeitos envolvidos, dos valores éticos, políticos a serem materializados” (Ministério das Cidades, 2005). Por outro lado, o esporte de alto rendimento se caracteriza pela “prática que busca a máxima performance do atleta, visando recordes na modalidade em que é praticado” (Ministério das Cidades, op. cit). Cabe ressaltar, no entanto, que o presente documento dará maior ênfase ao esporte de participação, por se entender que se trata daquele que, de fato, mais contribui para a qualidade de vida dos habitantes. Proposição de Indicadores Ideais Nesse sentido, em concordância com os tópicos da consulta, seriam interessantes indicadores que permitissem avaliar: i. 68 A oferta de equipamentos68. - É interessante saber se o município conta com áreas específicas para a prática de esportes, como quadras, praças de esportes, ginásios esportivos, etc. Algumas características dessas áreas também são importantes conhecer: os ginásios existentes são cobertos? As quadras são próprias para a prática de mais de uma modalidade? Os espaços existentes estão em pleno funcionamento? Aqui, talvez pudesse ser utilizado o número de quadras, ginásios, etc. por km². - Também seria interessante conhecer a proporção desses equipamentos que se localizam no interior de escolas municipais, estaduais e particulares, além da qualidade dos mesmos. - Proporção de quadras, ginásios e outras áreas destinadas à prática esportiva que se localizam em favelas e regiões de maior vulnerabilidade social. O conceito de equipamentos é adotado, neste documento, num sentido mais amplo que inclui áreas destinadas à prática de esportes e equipamentos propriamente ditos, como redes, bolas, petecas, etc. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 80 Ministério das Cidades ii. O acesso a equipamentos. - Proporção de crianças e adolescentes atendida pelos espaços e equipamentos destinados à prática de esportes. - Proporção de crianças e adolescentes atendida por programações esportivas. iii. Existência de atividades esportivas e oferta de serviços relacionados ao esporte. - Seria interessante saber se existem, no município, programas oficiais e não oficiais de incentivo ao esporte como forma de inclusão social e qual o número de pessoas beneficiadas por esses programas em relação ao tamanho da população. - Proporção de crianças e adolescentes que vivem em áreas de favelas e que são atendidos por programas/atividades relacionadas ao esporte. - Proporção das despesas totais do município destina à promoção da prática de esportes. - Também seria interessante saber qual a proporção dos recursos destinados ao esporte que é proveniente de repasses do estado ou da união. Esse indicador poderia ser utilizado para medir o grau de dependência da municipalidade em relação a outras esferas de governo, no que se refere a essa temática. - Existem, no município, programas e/ou atividades que buscam integrar os deficientes físicos através da prática de esportes? Qual a proporção de deficientes físicos atendidos por tais programas/atividades? - Existência de programas e/ou atividades específicas para pessoas idosas. Proporção de idosos atendidos por tais programas/atividades. - Seria interessante também conhecer o número de profissionais do esporte (por habitante) atuando no município. - Proporção da população atendida por programas relativos ao esporte desenvolvidos pela sociedade civil (ou Organizações Não Governamentais). iv. Existência de organização político-institucional e jurídica para a questão do esporte. - O município conta com secretaria de esporte? A questão do esporte, no município, é tratada por diretoria, departamento, etc. ou não há, no município, estrutura similar? - O município possui Conselho Municipal de Esporte? - Existência de convênios entre a prefeitura e outros órgãos, visando ao desenvolvimento de ações, projetos e programas na área do esporte. Qual a proporção da população atendida por tais projetos? - A temática do esporte é tratada na Lei Orgânica Municipal? Existem outras leis municipais que regulamentem o esporte? – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 81 Ministério das Cidades No que se refere ao esporte de alto rendimento, conforme definição adotada no presente texto, entende-se que sua maior contribuição para a qualidade de vida dos habitantes de um município é a externalidade que ele gera como “efeito multiplicador”, especialmente sobre crianças e adolescentes. Nesse sentido, seriam interessantes indicadores que permitissem avaliar: i. O número de atletas profissionais por habitante. ii. Existência, no município, de ligas esportivas regularmente constituídas e o número de atletas participantes de tais ligas, por habitante. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 82 Ministério das Cidades TEMA: LAZER Patrícia Martinelli69* Pressupostos teóricos A relação entre lazer e Qualidade de Vida na sociedade contemporânea não pode ser separada do entendimento da forte relação de como a sociedade atual se organiza através do trabalho, ou seja, de como o lazer pode também ser vivenciado através da lógica de se ter que consumir e dar uma funcionalidade ao tempo de “não trabalho”. Assim, pode-se notar que o binômio trabalho-lazer são faces de uma mesma moeda e podem ser abordados por três diferentes enfoques: o primeiro trata o lazer subordinado ao trabalho; o segundo onde o lazer é o grande objetivo da vida e o trabalho é o meio de alcançálo e, finalmente o terceiro, onde trabalho e lazer são vistos como partes igualmente importantes para uma vida saudável, e via de regra, são entendidos como fontes de enriquecimento recíproco. Partindo destes três enfoques, pode-se notar as diferentes formas de como as pessoas assumem uma postura de vida (atribuindo maior prioridade ao trabalho, ao lazer ou equilibrando ambos). Outras formas de associação entre lazer e trabalho são do o trabalho como atividade que desenvolve traços psicológicos, sociais e comportamentais no indivíduo, propiciando estilos de vida; o trabalho ao privar vontades do indivíduo, leva-o a buscar compensações no período de lazer. Na avaliação da importância relativa, que um indivíduo atribui na relação entre o trabalho e lazer, deve-se pontuar a “escolha feita pelas pessoas entre ter mais renda ou mais lazer” (PARKER, 1978 p. 81). Seguindo esses pressupostos, o lazer pode ser considerado: “continuador”, quando é escolhido em função do trabalho; “Lazer Escolhido ou Independente” (Ideal Grego); “Lazer Complementar”, que se refere àquele que é determinado por fatores estruturais sociais e do trabalho, mas que não tem relação direta com o trabalho e o “Lazer de Recuperação”, que é determinado pelo trabalho e relacionado a esse. Essa importância, dada atualmente ao lazer, nasce das conquistas sociais do movimento proletário que, com a diminuição da jornada de trabalho, aumenta o tempo de ócio. Os finais de semanas livres e férias remuneradas são os maiores exemplos. Tais direitos ganharam escalas nos mais diversificados estágios de desenvolvimento das sociedades industriais e um maior impulso no pós-guerra (RODRIGUES, 1999 p. 106). 69 Mestre em Geografia pela Universidade Estadual Paulista, UNESP - Rio Claro. * Discussão e Revisão: Maria Inês Nahas, Coordenadora do Projeto. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 83 Ministério das Cidades O Lazer, portanto, é uma construção histórica e deve ser vista como um direito social. A própria constituição Federal brasileira de 1988 assegura o direito ao lazer, quando no capítulo II, dos direitos sociais, fica definido “são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer (...)” OLIVEIRA (S/D) lembra que, ao contrário do que normalmente se imagina, são os trabalhadores assalariados que possuem uma melhor distinção entre os tempos de trabalho e não trabalho, ou seja, tempo livre. Pois são estes últimos que possuem sua vida regida por horários fixos e podem destinar, com regularidade, certos horários ou dias para si. Assim, trabalhadores com rotação de turnos e dias de folga, por exemplo, têm prejudicado seus horários de tempo livre e lazer, pelo fato de seu período de lazer não ser compatível com o de outras pessoas: como o da própria família, por exemplo. Outras questões que não se pode ignorar, em relação ao lazer no Brasil, é o fato de que a maior parte dos indivíduos ainda tem como principal atividade o trabalho, gastando nela quase toda sua energia. Além do fato de crises econômicas sucessivas no Brasil terem provocado achatamentos salariais, o que levou, mesmo os trabalhadores das classes formais, a encontrarem-se em situação de não gozar integralmente de seus direitos, ou seja, da redução da carga de trabalho assegurada pela legislação (CLT), e verem-se obrigados a trabalhar em mais de um turno, fazer horas extras e até mesmo venderem seus benefícios de férias para assegurar uma sobrevivência mais digna. Esses fatos comprometem o lazer de uma grande proporção de brasileiros. Em pesquisa qualitativa recente (FUNDAÇÃO PROCOM-SP) foram entrevistadas pessoas de diferentes classes sócio-econômicas (A,B,C,D e E). Nela, o tempo foi apontado, pela maioria dos entrevistados, como o principal dificultador para as atividades de lazer, mesmo para o lazer gratuito. Esse aspecto de “falta de tempo para lazer” que une diferentes classes sociais na pesquisa citada, esconde realidades muito diversas entre dificuldade de se ter tempo livre para usufruir o que se produz, de um lado, e, por outro lado, indivíduos que mesmo tendo algum tempo livre são expropriados da possibilidade de lazer pelo fato de entenderem, através da ideologia dominante, que o lazer é acima de tudo, a possibilidade de consumir. Até mesmo pelo fato, principalmente nos grandes centros, das possibilidades de lazer serem concentradas e necessitarem, no mínimo, de um deslocamento por transporte público (que é pago). Mas além dos trabalhadores formais, há na sociedade uma gama imensa de outros agentes sociais que também demandam oferta de lazer. Pode-se notar uma variedade enorme de demandas por lazer, seja na maior participação de idosos em atividades de lazer, de crianças e jovens de áreas carentes ou portadores de necessidades especiais, por exemplo. A partir das considerações feitas acima, pode-se entender que há ma necessidade de se contemplar nas cidades brasileiras, espaços públicos, principalmente, que propiciem uma alternativa de convívio e lazer sem necessariamente remeter ao consumo diretamente, considerando inclusive por grupos etários. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 84 Ministério das Cidades Apontamentos da Consulta Nacional O tema Lazer está entre aqueles em que 100% dos colaboradores concordaram que deve ser incluído no cálculo do índice de qualidade de vida urbana dos municípios brasileiros. Os tópicos sugeridos para a oferta de lazer são os seguintes: Áreas de Lazer Equipamentos de Lazer Centros Coletivos de Lazer Áreas e equipamentos voltados para o turismo Políticas de Incentivo ao Uso do espaço ao ar livre (público) Proposição de Indicadores Ideais População Atendida por Áreas de lazer (em espaços públicos); deve possibilitar avaliar a disponibilidade de espaços públicos s (para um lazer cotidiano de adolescentes, crianças e idosos principalmente). Números de Áreas de lazer, por faixa etária, para total da população.(disponibilidade de áreas destinadas as diferentes faixas etárias da população) Programas Locais de Incentivo ao Uso do Espaço Público ao Ar Livre.(programas que incentivem a população a utilizar espaços públicos, inclusive garantindo segurança para que viabilize tal fomento) Número de Equipamento de lazer públicos e privados, por tipo de equipamentos, para o total da população urbana. (avalia a oferta geral de equipamento de lazer) Existência de Áreas de Conservação Ambiental (municipais, estaduais ou federais), com Programas de Uso Público e (Monitoria e Recreação). Existência de Manutenção Adequada das Áreas Públicas de lazer. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 85 Agrupamento temático 3: Estrutura de Apoio à cidadania Educação Saúde Trabalho e emprego Segurança Justiça Assistência social Participação, associativismo e organização político-institucional – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 86 Ministério das Cidades TEMA: EDUCAÇÃO Fernando Gomes Braga 70* Considerações Preliminares Para a proposição de indicadores de qualidade de vida urbana há um consenso, sobretudo no período atual, que a educação deve figurar entre as principais variáveis. Isto ocorre, seja pela importância que o processo educacional alcançou ao longo da história da humanidade, adquirindo o “status” de direito universal dos cidadãos, seja pelas grandes implicações que a formação escolar possui na inserção dos indivíduos em esferas sociais que ampliam a qualidade de vida, segundo elementos já consagrados por estudos na área, a exemplo do acesso ao emprego, a cultura, as artes e a informações. No entanto, se não há dificuldades em considerar a temática da “educação”, os problemas se multiplicam na definição mais restrita do que compreenderia esta variável, sobretudo no âmbito da qualidade de vida urbana. Conceitualmente, o termo educação pode alcançar variadas concepções, que, pela sua multiplicidade, implicariam na consideração de uma gama sobremodo extensa de elementos, nem sempre diretamente associados à qualidade de vida da população. Tendo em conta estas dificuldades, a abordagem aqui referida a respeito da educação restringe-se as necessidades mais diretas da formulação do índice proposto neste trabalho. Isso significa que a educação será considerada na perspectiva da acessibilidade espacial, ou seja, na possibilidade das populações dos municípios brasileiros que precisam da educação acessar este serviço. Ao se admitir este recorte, evidentemente ficam de fora vários aspectos afeitos à temática da educação. Como exemplo tem-se: as relações mais diretas entre condição social e acesso (já que o indicador valoriza o acesso espacial), os elementos relacionados à dimensão do ensino, como as diferentes metodologias e abordagens pedagógicas, a discussão sobre os conteúdos programáticos vigentes. Assim, mesmo considerando que cada um destes aspectos tem importância fundamental dentro de determinadas abordagens sobre a educação, considera-se, dentro de uma perspectiva teórica direcionada para a formulação de indicadores de acessibilidade espacial, apenas os aspectos do fenômeno que traduzam a possibilidade que as populações têm, dentro do arcabouço urbano em que estão inseridas, de utilizar-se do sistema educacional brasileiro. 70 Mestre em Geografia pelo Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais. * Discussão e Revisão: Maria Inês Pedrosa Nahas, Coordenadora do Projeto. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 87 Ministério das Cidades Pressupostos teóricos Em termos históricos, as concepções sobre educação no Brasil nascem sobre as bases do colonialismo português. Os fundamentos que permeavam a unidade territorial no período eram a língua e a fé cristã, além da busca pela ocupação e dominação da terra, consubstanciada pela submissão dos povos indígenas e a proteção dos limites territoriais. De outro lado, a formação econômica diferenciada regionalmente segundo as intenções do colonizador e as vocações produtivas de cada porção do espaço viriam a sedimentar as características da sociedade brasileira, que também recebe fortes contribuições do escravismo e da atividade agrícola (LOURENÇO FILHO, 1944). A submissão do país a uma nação externa impedia que um projeto educacional alinhado com os anseios e necessidades da população fosse formulado. Mesmo após a independência isso não torna-se realidade, visto que as velhas bases do poder perpetuam sua permanência no controle do país. Apenas com as mudanças políticas da década de 1930 a educação veio a encontrar mais espaço dentro do projeto de desenvolvimento nacional, especialmente pela criação do Ministério da Educação e da Cultura. As constituições de 1934 e 1937 estabeleciam as competências da Governo Federal como elaborador e fiscalizador de uma política educacional para todo o país. Neste momento, em consonância com o processo socioeconômico vivido internamente e com as tendências observadas nos mercados de todo o mundo, a educação se estabelece dentro da perspectiva da preparação para o trabalho, havendo um estímulo para os cursos de formação técnica (LOURENÇO FILHO, 1944). Desta maneira, o sistema educacional brasileiro, quando conquista o status de projeto nacional, já nasce alinhado com as demandas mais recentes da sociedade moderna no que diz respeito ao processo produtivo e a organização social. Dentro desta perspectiva, três marcos teóricos podem balizar o entendimento sobre as discussões mais recentes em torno dos rumos da educação no mundo e também no Brasil. São eles: i) O predomínio da era da Ciência e Tecnologia (C&T); ii) A entrada das sociedades no denominado período pósmoderno; e iii) A inserção da produção social no paradigma da Qualidade Total (QT). Os acontecimentos dos últimos 150 anos marcaram, segundo alguns estudiosos, a entrada de algumas sociedades na era da Ciência e Tecnologia, considerando que as bases deste processo já estavam lançadas desde o século XVI. No período recente, a linguagem da C&T invade todos os campos do agir humano, tornando imprescindível considerá-la na elaboração dos projetos de ensino modernos. No entanto, vários autores alertam para o fato de que a tecnologia, utilizada como ponte para o conhecimento científico, deve ser utilizada como meio e nunca como um fim, visto que ela representa apenas uma “ferramenta”. Acredita-se que a C&T será capaz de ampliar a interface entre os diferentes campos do conhecimento, criando novas possibilidades de abordagem da realidade (OLIVEIRA et all, 2000). Assim, a educação do futuro deveria visar à formação de indivíduos capazes de trabalhar com tais linguagens, de modo a ser um articulador do conhecimento. A flexibilidade dos conteúdos deve ser ampla o bastante para exceder a formação de simples especialistas para profissionais com capacidade transdisciplinar: – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 88 Ministério das Cidades “Num quadro de crescente interação entre as diversas áreas do conhecimento, a expectativa é que o profissional do futuro formado pelo sistema de ensino venha a ser um “híbrido”, e não tão somente um especialista, seja ele, por exemplo, físico ou biólogo. Além de saber lidar com o formalismo das ciências duras e com o empirismo das ciências biológicas, tal profissional deverá cultivar a intuição do artista, de forma que desse cruzamento surjam características novas que não são contempladas em nenhuma das três opções isoladas.” ( OLIVEIRA et all, 2000:320). Debatendo com esta visão da realidade outros autores acreditam que a segunda metade do século XX conheceu a entrada de um novo período histórico: a pós-modernidade. Essa concepção, ainda não consensual entre historiadores e cientistas sociais, postula que as sociedades industriais clássicas vivem um período de ascensão da linguagem da informática e declínio das “metanarrativas”71. Entre os novos determinantes deste período está o aumento dos conflitos entre Estado Nação, Empresas e Sociedade Civil. Enquanto certos poderes dos Estados se enfraquecem e as grandes corporações tomam espaço no âmbito da ação política e econômica, a nova linguagem computacional proporciona aos indivíduos a níveis de conhecimento nunca antes alcançados, reconfigurando o binômio saber/poder. Desta forma, coloca-se o conflito entre a posse e o direito à informação (D’ANGELO, 2002). Tal embate insere a educação em discussões sobre a sua conversão em uma simples mercadoria, estabelecendo meios mais rigorosos de controle dos conhecimentos disponíveis e transmitidos. Isso funciona como uma contraproposta à democratização do conhecimento, observado com as atuais possibilidades de acesso dadas pela Rede Internacional de Computadores (Internet) e pelo Ensino à distância. De outra feita, o período pós-moderno é marcado por um incentivo a ampliação da formação técnica de uma parcela cada vez maior da população. Esse movimento se explica pelos novos requisitos que essa convergência de linguagens vem criando: se em períodos passados a formação superior destinava-se a criação de uma elite que dominaria as nações, hoje ela se presta a criação de uma inteligência profissional, que dará o suporte ao regime econômico mundial (D’ANGELO, 2002). Finalmente, é preciso também considerar como a educação se insere na atual discussão sobre a Qualidade Total. O percurso do conceito de Qualidade durante o século XX sofreu várias alterações em função dos processos históricos e econômicos vividos pelas nações. Durante a década de 60, os sistemas produtivos consideravam a qualidade sob a perspectiva da produção, assim, na medida que o lucro máximo fosse alcançado mediante a redução do erro no processo produtivo alcançar-se-ia a QT. Nas décadas seguintes essa concepção sofre alterações em função do reconhecimento das demandas dos consumidores, que pas- 71 Isso significa que as formas de comunicação e transmissão de informações no mundo moderno tendem a ser adequar unicamente aos padrões dados pela linguagem da informática, suprimindo construções anteriores: “Ao desuso desse dispositivo de legitimação da ciência corresponde a crise da filosofia metafísica e da instituição universitária que dela dependia. Com a incidência das transformações tecnológicas e da informática, tudo o que no saber constituído não puder ser traduzido para a linguagem de máquina tende a desaparecer. O declínio das metanarrativas está associado, portanto, ao domínio da linguagem da informática. O conhecimento desta tecnologia constitui uma condição indispensável para a circulação e legitimação dos saberes.” (D’ANGELO, 2002:65). – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 89 Ministério das Cidades sam a ser considerados sob a ótica de clientes e controladores da qualidade dos produtos. Neste momento emerge, ao lado da busca pelo aperfeiçoamento do processo produtivo, a importância do marketing e das opiniões e gostos do cliente na conformação do produto final. Por fim, nos últimos anos, o conceito de QT amplia-se para além das relações empresa/produto ou empresa/cliente, aperfeiçoando a noção da relação empresa/sociedade. Nesta perspectiva a busca pelo erro zero e pela satisfação plena deve considerar as condições de trabalho dos funcionários, os danos relativos ao meio ambiente, a contribuição social da instituição, etc. Assim, entende-se que o conceito de Qualidade Total aproxima-se da concepção de Qualidade de Vida (GOLDBARG, 1998). Os desafios impostos à escola na atualidade possuem uma relação intrínseca com os elementos colocados nesta mais recente formulação do conceito de qualidade. Na medida em que as atividades de ensino e aprendizagem não podem ser consideradas como um negócio qualquer, visto a complexa demanda dos sujeitos envolvidos e o papel social destas instituições, colocam-se sérias questões aos gestores. Ao mesmo tempo em que se deve buscar otimizar os processos de ensino e formar indivíduos preparados para o mercado de trabalho, é preciso considerar o papel de formação para a vida, de conscientização da cidadania, da construção de um espírito altruísta, mesmo dentro de uma sociedade competitiva. Tais demandas se justificam diante do consenso social de que uma maior escolarização reflete diretamente na qualidade dos indivíduos em qualquer parte do mundo (GOLDBARG, 1998). Tendo em conta tais referenciais teóricos, uma abordagem sobre a oferta e a possibilidade espacial de acesso a educação precisa levar em conta a maneira como as instituições e as formas de ensino se inserem nos novos condicionantes do período moderno. Se há acesso a poucas ou a várias escolas, resta indagar como tais instituições estão preparadas para formar seus alunos dentro de um contexto que visa a preparação para o mercado de trabalho sem perder de vista as funções mais essenciais que o ensino possui na formação de cidadãos. Apontamentos da Consulta Nacional Para 97,8% dos colaborados da Consulta Nacional, o tema educação deve ser incluído no cálculo do índice de qualidade de vida urbana dos municípios brasileiros. A Consulta reuniu um conjunto de apontamentos sobre o tema da educação, que se prestam como subsídio para a seleção de indicadores ideais. As sugestões reunidas a partir das contribuições podem ser agrupadas em dois níveis de abrangência do tema, a saber: a oferta e a qualidade. Como oferta entende-se a existência de escolas em todos os níveis de ensino, a cobertura espacial das mesmas e o número de vagas. Considera-se também os recursos disponíveis na escola, como os equipamentos básicos e também o número de professores, como atributos da qualidade da oferta. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 90 Ministério das Cidades Também como atributo da qualidade da oferta, considera-se a disponibilidade de instituições de instituições de ensino nas diferentes categorias administrativas, a possibilidade de utilização de equipamentos de inclusão digital ou então da existência de modalidades de ensino técnico ou profissionalizante. A presença de incentivos do poder público para a freqüência a escola, como o pagamento do Bolsa Escola e a quantidade de gasto público total e per capita em todos os níveis de ensino foram outros aspectos considerados. O conceito de qualidade foi tratado ainda com base na avaliação do perfil dos alunos e do desempenho dos mesmos no percurso escolar. Entre as variáveis citadas estão: o analfabetismo, a escolaridade média, as taxas de repetência e evasão, a eqüidade de participação na escola segundo o sexo e a cor dos alunos. Outra abordagem deste conceito toca na questão do número de alunos por classe, bem como da qualificação dos professores, indicando que as condições oferecidas pela escola podem ser indicadores de qualidade do ensino. Resumidamente, as abrangências e os tópicos sugeridos pelos colaboradores da Consulta Nacional são os seguintes: 1. Oferta - Nº de Escolas por rede de ensino e nível (1º, 2º grau e superior) - Equipamento escolares (todos os níveis) - Taxa de cobertura (todos os níveis) - Nº de Professores por rede de ensino e nível - Oferta de vagas por rede de ensino e nível de educação (em relação ao tamanho da população alvo) - Taxa Líquida e Bruta de Escolaridade - Oferta de vagas em cursos profissionalizantes - Oferta de vagas em curso superior por área 2. Qualidade - Taxas de analfabetismo - Média de anos de estudo - Média de anos de estudo dos responsáveis - Taxas de promoção, repetência e evasão (por nível e rede de ensino) - Equidade de participação entre meninos e meninas nos níveis fundamental, médio e superior - Equidade de participação entre brancos e negros nos níveis fundamental, médio e superior - Número de alunos por classe / turma (todos os níveis e rede de ensino) – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 91 Ministério das Cidades - Qualificação dos educadores: Média de anos de estudo dos professores - Disponibilidade ao sistema de educação de qualidade - Fluxo e processo escolar - Indicadores de desempenho do ensino formal Proposição de Indicadores Ideais Dentro das concepções teóricas apontadas, bem como a contribuição dos colaboradores na consulta nacional, propõe-se os seguintes indicadores ideais: Oferta de Instituições de ensino em diferentes níveis. Relação entre a população em cada faixa etária específica e as matriculas nos níveis de ensino, a saber: Creche, Préescola, Fundamental (1ª a 8ª séries), Médio, além da educação de Jovens e Adultos, que pode ser expresso na Taxa de Escolarização72 e Taxa de Atendimento73. O objetivo seria captar os lugares onde a população poderia estar excluída da escola, tanto na análise simples de cada nível de ensino, como na comparação entre os diferenciais dos mesmos. Indicadores disponíveis Fonte Taxa de escolarização INEP Taxa de atendimento INEP Taxa bruta de freqüência à escola IPEADATA Oferta de escolas com equipamento escolar de qualidade. Participação das escolas, em cada município, que possuam o equipamento básico, configurado, entre outros elementos, pelas bibliotecas, laboratórios, quadras de esporte, sistemas de água, esgoto e energia elétrica. A medida poder indicar elementos diretos e indiretos da relação entre qualidade de ensino e qualidade de vida. Cobertura do ensino superior. Relações entre a população segundo faixas etárias, ou outros recortes de interesse, e os dados de oferta do ensino superior: número de vagas, inscritos no vestibular e ingressos nas instituições. A comparação entre os três valores pode indicar elementos de grande interesse na compreensão de como o ensino superior tem atendido a população. Primeiramente uma avaliação da oferta simples, demonstrada pela relação entre vagas e número de ingressos, sobretudo considerando certas caracte- 72 Taxa de Escolarização Bruta: Trata-se de um indicador que permite comparar o total de matrículas de determinado nível de ensino com a população na faixa etária adequada a esse nível de ensino. Taxa de Escolarização Líquida: Trata-se de um indicador que identifica o percentual da população em determinada faixa etária matriculada no nível de ensino adequado a essa faixa etária (Fonte: INEP). 73 Taxa de Atendimento: Trata-se de um indicador que permite avaliar o acesso da população ao sistema educacional. É o percentual da população em idade escolar que freqüenta a escola, independente de nível/modalidade de ensino, podendo ser calculada para as faixas de 0 a 6, 7 a 14, 15 a 17, e 18 a 24 anos (Fonte: INEP). – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 92 Ministério das Cidades rísticas dos ingressos, como o sexo, a cor e os níveis de renda. Ademais, o número de inscritos fornece uma visão ampla da demanda pelo ensino, que, considerada por município, é capaz de mostrar a relação entre procura pelo ensino superior e a proximidade espacial das instituições. Oferta de oportunidades de inclusão digital. Participação das escolas que possuem microcomputadores e/ou acesso à Internet e laboratórios de informática. Podem ser considerados também, mas em separado, a presença de TV e Vídeo, como um princípio de hierarquização da capacidade das instituições de ensino em fornecer aos alunos algum tipo de acesso ao universo digital. Esse indicador tem importância capital dentro das considerações teóricas anteriormente colocadas, já que verifica a possibilidade das escolas de fornecerem aos alunos um instrumental de inserção na linguagem da informática. Disponibilidade de corpo docente. Avaliação do número de docentes em relação ao número de alunos. Cumpre o objetivo de especificar melhor a qualidade do ensino, partindo do principio que um mais professores per capita significaria um melhor atendimento as necessidades dos alunos. Níveis de formação do corpo docente. Participação dos professores em cada nível de formação no total dos professores de cada município. Esse indicador aperfeiçoa a idéia do anterior, agregando ao conceito de qualidade do ensino a formação acadêmica dos professores. Indicadores disponíveis Fonte Percentual de docentes com curso superior INEP Oferta de instituições de ensino técnico e profissionalizante. Presença de instituições que oferecem ensino profissional, bem como a relação entre a população interessada e as vagas ou matriculas. Cumpre outro importante objeto das considerações teóricas, relacionado à emergência da formação para o mercado de trabalho de um corpo técnico de suporte a um número cada vez maior de atividades. Cobertura dos programas governamentais de acesso à escola. Número de municípios ou escolas atendidos pelo Bolsa Escola ou outros projetos de acesso à educação. Capta como o poder público tem agido no sentido de otimizar o acesso a lugares onde as condições socioeconômicas criam barreiras. No âmbito do acesso espacial, este indicador pode mostrar onde há uma impossibilidade de acesso e em que medida existem ações do governo na reversão de iniqüidades sociais. Disponibilidade de recursos públicos aplicados em investimentos na educação: Gastos com a educação em cada município, discriminando os investimentos em assistência social e aqueles destinados à construção de estruturas físicas ou aparelhamento das instituições. Além de proporcionar uma visão das prioridades do governo em termos – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 93 Ministério das Cidades de investimento, identifica os locais mais e menos dinâmicos em termos da demanda por recursos públicos. Condições do sistema de ensino ofertado. Número médio de alunos por turma e de horas aula diária. Verifica aspectos da qualidade da educação acessada, partindo do princípio de que a qualidade estaria associada a um número menor de alunos por turma, bem como uma capacidade de atendimento por um maior número de horas, o que, evidentemente contemplaria, ao menos nos níveis regulares de ensino, um conteúdo programático mais extenso74. Indicadores disponíveis Fonte Número médio de alunos por turma INEP Número médio de horas aula diária INEP Rendimento escolar. Considerando os atributos da qualidade da oferta, as taxas de aprovação, reprovação e abandono75. Esses valores qualificam a regularidade do acesso ao ensino e o desempenho dos alunos. Indicadores disponíveis Fonte Taxa de aprovação INEP Taxa de reprovação INEP Taxa de abandono INEP Idade Mediana INEP Idade Mediana de Conclusão INEP Nível de oferta/demanda dos municípios. Relação entre a população que freqüenta a escola e que acessa esse serviço em municípios diferentes da residência e a população total que freqüenta a escola. Tal indicador revelaria a capacidade atração dos municípios pólos em relação à oferta de educação, além do nível de dependência das localidades desprovidas ou pouco providas de determinados níveis de ensino. Nível de mobilidade da população em idade escolar. Percentual de alunos em todos os níveis de ensino que são migrantes. O principio deste calculo seria captar os indivíduos que necessitam se deslocar definitivamente de município visando obter acesso à 74 Ao considerar que o aumento do número de horas aula possui uma relação positiva com a qualidade de vida da população, deve-se destacar que esta posição não é consensual entre os pesquisadores da educação. O debate sobre a validade de uma escola de tempo integral ainda é amplo, visto que há correntes de pensamento que reivindicam o papel formador a outras instancias diferentes da escola, como a família, os amigos, o trabalho e a igreja (GOLDBARG, 1998). 75 Taxa de Aprovação: É a proporção de alunos da matrícula total na série k, no ano t, que são aprovados. Taxa de Reprovação: É a proporção de alunos da matrícula total na série k, no ano t, que são reprovados. Taxa de Abandono: É a proporção de alunos da matrícula total na série k, no ano t, que abandonaram a escola (Fonte: INEP). – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 94 Ministério das Cidades educação, como uma indicação das possibilidades de acesso espacial, sobretudo se forem considerados movimentos em curta e longa distância. Atração das esferas administrativas nas suas respectivas competências. Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) cabem competências diferentes a União, aos Estados e aos municípios, que se responsabilizam, respectivamente, pela educação Superior, Básica e Infantil76. Esse indicador poderia verificar a realização destas competências e os lugares onde existem distorções, ou seja, níveis de ensino vinculados a dependências administrativas estranhas as competências previstas na LDB. Os valores do índice podem indicar os locais de intensa demanda e, que, por isso, requerem atendimento de todas as dependências ou então aqueles em que a carência de recurso impõe uma ação corretora de instâncias superiores. Relação público/privado na Educação. Segundo todos os níveis de ensino, avaliar a cobertura das escolas públicas e privadas. Tendo em consideração que a educação é um direito garantido, pelo menos no nível infantil e básico, cabe considerar a capacidade de atendimento do ensino privado, como sintoma de um maior status socioeconômico da população e da existência de alternativas a investimentos maiores do governo na ampliação do sistema de ensino. 76 Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, artigos 9, 10 e 11. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 95 Ministério das Cidades TEMA: SAÚDE Renata Guimarães Vieira de Souza77 Pressuposto teórico A temática da Saúde é muito importante para mensurar a qualidade de vida urbana, e a eqüidade é um elemento fundamental nessa mensuração. A eqüidade pode ser entendida como a superação de desigualdades que, em determinado contexto histórico e social, são evitáveis e consideradas injustas, implicando obviamente que necessidades diferenciadas da população sejam atendidas por meio de ações governamentais também diferenciadas. Parte-se do pressuposto que as desigualdades entre as pessoas não são dadas “naturalmente” e sim criadas pelo processo histórico e modo de produção e organização das sociedades (JUNQUEIRA, 2000). Assim, pessoas com o mesmo problema de saúde, independentemente de sua condição social e econômica, deveriam ter a mesma oportunidade de utilizar serviços de saúde e receber cuidados médicos adequados. O padrão de utilização de serviços em saúde de um determinado grupo populacional é explicado por seu perfil de necessidades em saúde. A disponibilidade, o tipo, a quantidade de serviços, recursos (financeiros, humanos, tecnológicos), a localização geográfica, a cultura médica local, a ideologia do prestador, entre outros, são aspectos da oferta que influenciam o padrão de consumo dos indivíduos (PINHEIRO, 2002). De acordo com PORTO (2002) a eqüidade pode ser dividida em várias categorias: Igualdade de despesa “per capita”: que parte do pressuposto de que a distribuição é eqüitativa quando efetuada em função do tamanho populacional. Igualdade de recursos “per capita”: que incorpora à distribuição realizada em base populacional correções em função das diferenças de preços observadas em cada região. Igualdade de recursos para necessidades iguais: estabelece que para obter distribuição eqüitativa devem ser consideradas as diferentes necessidades sanitárias existentes, efetuando-se correções a partir tanto do perfil demográfico quanto do epidemiológico. Igualdade de oportunidade de acesso para necessidades iguais: reconhece que além das diferentes necessidades determinadas pelos perfis demográfico e epidemiológico existem desigualdades no custo social do acesso, como por exemplo, a distância aos serviços de saúde. Sendo, nesse caso, o fator geográfico de extrema importância, pois mostra a capacidade da população de diferentes locais de acessar serviços de saúde. Igualdade de utilização para iguais necessidades: considera não só a distribuição da oferta e os custos sociais, mas também outros fatores condicionantes da demanda. Nes- 77 Mestranda em Demografia pelo CEDEPLAR/UFMG e graduada em Ciências Econômicas pela PUC Minas. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 96 Ministério das Cidades te caso, deverá efetuar-se uma discriminação positiva em favor dos grupos regionais ou sociais com menos predisposição para a utilização dos serviços de saúde. Igualdade de satisfação de necessidades marginais: parte do pressuposto de que as necessidades mantêm a mesma ordem de prioridades nas diferentes regiões. Assim, a eqüidade seria alcançada se, dado um incremento ou um corte nos recursos, o aumento ou a diminuição na cobertura das necessidades fosse o mesmo em todas as regiões. Igualdade nas condições de saúde: tem por objetivo a igualdade nos indicadores de saúde. Este conceito de eqüidade, diferentemente dos anteriores que priorizam a distribuição dos recursos, toma como ponto central os resultados obtidos. Os indicadores utilizados para medir a eqüidade no acesso aos serviços de saúde podem, então, ser agregados em três grandes blocos: 1. Tratamento igual para necessidades iguais; 2. Igualdade de acesso; e 3. Igualdade de saúde. Além disso, o acesso deve ser analisado não só no município em estudo, uma vez que alguns municípios não dispõem de hospitais ou postos de saúde. Por isso, a população que acessa um serviço de saúde não é somente a residente no município e sim a população da área de influência que corresponde àquela atendida pelas unidades de saúde. Outro importante fator a ser observado na análise de Saúde é a urbanização, que pode ser vista como um fenômeno descontrolado e um crescente problema de saúde pública. Os danos são expressos pelo rápido e intenso crescimento da população das grandes cidades, acompanhado do aumento excessivo da densidade populacional. Com isso há um aumento da ocupação de terras propensas a deslizamentos e inundações, da prevalência da pobreza, do aumento da poluição do ar, da água e da terra (em razão da industrialização, do transporte, da produção de energia e da administração imprópria do lixo), além da insuficiência de infra-estrutura física, social e de cuidados com a saúde (MACHADO, 2004). A urbanização crescente das cidades aumenta a possibilidade de contrair doenças que, na maioria das vezes, são atribuídas ao subdesenvolvimento e ao desenvolvimento. Com relação ao subdesenvolvimento, as doenças são originadas da escassez e da pobreza, como as infecciosas e parasitárias. As do desenvolvimento estão associadas ao estresse provocado pela vida urbana e fatores ambientais, tais como as doenças crônicas, homicídios, suicídios, acidentes de trânsito e outros provocados pela violência. De acordo com MACHADO (2004), em uma sociedade desigual, os grupos populacionais que não atingem patamares mínimos que lhes permitam acesso a bens e serviços básicos, sofrem privações similares tanto de bens materiais (principalmente alimentação, moradia e saneamento) como de bens culturais (educação, informação, entre outros). O primeiro caso dá origem às desigualdades observadas na ocorrência de doenças infecciosas e daquelas – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 97 Ministério das Cidades provocadas por deficiências nutricionais. O segundo caso origina as desigualdades observadas entre os sujeitos acometidos por doenças cardiovasculares e cânceres, entre aqueles expostos a agentes químicos. Apontamentos da Consulta Nacional O tema Saúde está entre aqueles em que 100% dos colaboradores concordaram com a sua inclusão no cálculo do índice de qualidade de vida urbana dos municípios brasileiros. As sugestões foram divididas em diferentes abrangências como: oferta, qualidade, políticas públicas e riscos à saúde. Os tópicos sugeridos são respectivamente os seguintes: 1. Oferta - Rede hospitalar de saúde - Oferta de serviços públicos e privados de saúde - Equipamentos de saúde (postos de saúde, hospitais, pronto socorro, núcleos de especialidades médicas, etc) - Quantidade de leitos disponíveis em hospitais da rede pública com relação à população da cidade e do município - Disponibilidade de médicos - Existência de atendimento de emergência - Existência de hospitais de média e alta complexidade - Enfermeiros por habitantes - Farmácias comunitárias - Disponibilidade de serviços privados de saúde altamente especializados 2. Qualidade - Qualidade do atendimento em saúde - Mortalidade infantil - Mortalidade materna - Mortalidade nas diversas faixas etárias - Expectativa de vida, etc 3. Políticas Públicas - Cuidados de Saúde Apropriados (cuidados para a redução da mortalidade, recursos, medicina preventiva) - Existência de serviços ativos municipais de controle epidemiológico - Saúde pública: Destaque para a existência de políticas públicas ativas de planejamento familiar de acesso universal à população – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 98 Ministério das Cidades - Controle de vetores e de doenças de veiculação hídrica. - Coberturas de equipes de PSF 4. Riscos à saúde - Morbidade: Relacionada aos fatores do ambiente que interferem na saúde da população - Inclui riscos químicos, microbiológicos, criadeiros de mosquitos vetores. - Mortalidade: Relacionada aos fatores do ambiente que interferem na saúde da população - Prevalência de determinadas moléstias - População exposta em áreas de risco de contaminação (atmosférica ou por agrotóxicos) - População exposta em áreas próximas a depósitos de resíduos perigosos - Imunização contra doenças (vacinação) Proposição de Indicadores Ideais Os indicadores ideais devem estar relacionados a oferta e disponibilidade do serviço e não ao acesso social. Com isso, a partir da teoria e dos aspectos da consulta, os seguintes indicadores para avaliar a quantidade e a qualidade da oferta devem ser analisados: i – Indicador de Qualidade da Oferta - Brechas Redutíveis de Mortalidade: é a diferença entre taxas do país ou grupo observado e aquelas tomadas como referência, ou seja, o quanto a taxa de mortalidade de local em estudo poderia diminuir, em relação ao local comparado. Os coeficientes de mortalidade infantil, neonatal e infantil tardia podem ser utilizados nessa medida. Brecha Coeficiente de Mortalidade Infantil (CMI) = CMI l − CMI r CMI r Onde: CMI l é o coeficiente de mortalidade infantil do local de análise CMI r é o coeficiente de mortalidade infantil de referência ii – Oferta de serviços: pode ser medida pelo número de hospitais, número de serviços de pré-natal de risco, número de leitos hospitalares e leitos de UTI disponíveis em hospitais da rede pública com relação à população do município, e ainda a quantidade de equipamentos de saúde (postos de saúde, hospitais, pronto socorro). iii – Recursos Humanos: número e disponibilidade de médicos e enfermeiros por habitantes, número de consultas por hora médica, número de intervenções cirúrgicas por hora – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 99 Ministério das Cidades de cirurgiões. Esse indicador é conhecido como Coeficiente de Atendimento e pode ser calculado da seguinte forma: CA = atendiment os / dia horas médico / dia iv – Medidas de qualidade e eficácia da oferta: taxa mortalidade infantil, taxa de mortalidade materna, expectativa de vida, mortalidade nas diversas faixas etárias, cobertura vacinal. v – Outras medidas de quantidade e qualidade da oferta: acesso aos serviços públicos e privados de saúde, proximidade de centros de saúde, percentual de pessoas que procuram um mesmo serviço de saúde quando necessitam de atendimento, freqüência de consulta ao médico e ao dentista. vi – Medidas de utilização dos serviços de saúde: Taxa de utilização de serviços de saúde: É um indicador que permite avaliar a utilização de hospitais, leitos e outros equipamentos de saúde. Se um município tem uma sobreutilização, significa que tem mais pessoas procurando o serviço do que o número de serviços utilizados. Por outro lado, um município com uma baixa taxa de utilização mostra que o número de pessoas atendidas é menor do que a população. A fórmula de cálculo é a seguinte: TU = número de pessoas atendidas * 100 habitantes população Taxa de Ocupação Hospitalar: Relaciona a produção de ações de saúde com os recursos físicos existentes. A fórmula de cálculo é a seguinte: TOH = Média de permanênci a (dias) * número de saídas número de leitos * 365 Coeficiente de utilização de leitos, consultórios e equipamentos: Reflete a utilização dos equipamentos por mês. Pode ser calculado da seguinte forma: – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 100 Ministério das Cidades CU = número de consultórios * total de atendiment os por mês capacidade de atendiment o por mês Prevalência de Atendimento: Mostra a proporção de pessoas que foram atendidas pelo serviço de saúde. É importante pois um município que tem uma alta prevalência mostra que está absorvendo a demanda por serviços de saúde. Por outro lado, uma baixa prevalência no atendimento indica que o município não consegue absorver toda a demanda. A fórmula de cálculo é a seguinte: Pr ev´= número de pessoas atendidas por um serviço de saúde * 100 número de pessoas que procuraram serviço vii – População da área de influência: A população da área de influência de um sistema de saúde é calculada através de um Índice de Dependência. Este índice mede a proporção da população que abrange cada unidade de saúde em uma área geográfica determinada (REZENDE, 2003). Por exemplo, o Índice de Dependência da Região A com o município 1 é: ID = total de atendimentos de pessoas do município 1/total de atendimentos na região A Indicadores ideais possíveis Alguns indicadores classificados como ideais já estão calculados para todos os municípios do Brasil, podendo, assim, ser utilizador para medir a qualidade e a oferta de serviços, são eles: 1. Esperança de vida ao nascer; 2. Mortalidade Infantil; 3. Consultórios médicos por mil habitantes; 4. Número de leitos por cem habitantes; 5. Número de internações por cem habitantes. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 101 Ministério das Cidades TEMA: TRABALHO E EMPREGO Éber Gonçalves78* Rafaela Veríssimo Costa79 Considerações preliminares Faz-se, neste texto, uma breve discussão de alguns aspectos da temática “Trabalho/Emprego”, tendo em vista a construção de indicadores que possam ser considerados ideais do ponto de vista da mensuração da qualidade de vida urbana. Foram utilizados, basicamente, quatro tipos de referências para nortear a discussão aqui desenvolvida: (1) relatório da Consulta Nacional; (2) documento de consultoria de Jupira Gomes de Mendonça; (3) relatório do levantamento de indicadores já calculados, realizado no âmbito do projeto de elaboração do índice de qualidade de vida urbana das cidades brasileira; e (4) outras referências bibliográficas que versam sobre trabalho e emprego. Desta forma, destacam-se, na seção seguinte, os principais pontos levantados pelos colaborados no processo de Consulta Nacional. Na segunda seção serão destacadas as proposições da consultora Jupira Gomes de Mendonça relacionadas com a temática do trabalho e do emprego. Algumas questões discutidas na literatura de trabalho e emprego serão expostas na terceira seção. Finalmente, com os elementos apresentados nas seções anteriores, procura-se propor, na quarta seção, um conjunto de indicadores para medir as condições de trabalho e emprego do ponto de vista da quantidade e da qualidade da oferta nos municípios brasileiros. Apontamentos da Consulta Nacional O tema “Trabalho/Emprego” é um dos sete (7) temas que obtiveram maior concordância entre os colaboradores, dentre os 26 propostos na Consulta Nacional, para constituição do índice de qualidade de vida. Todos os colaboradores (100%) concordam que o tema deve ser incluído. Esse número mostra que o grau de importância atribuído às questões de trabalho e emprego é expressivo. Dois aspectos (ou abrangências) foram considerados dentro do tema: (1) Oferta; e (2) Condições de Trabalho. Assim, os colaboradores consideram que a quantidade de trabalho ofertada em um município tem relevância na determinação da qualidade de vida de seus cidadãos. A forma, o ambiente, os instrumentos, a intensidade são aspectos relacionados às 78 Mestre em Economia pela Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais. * Discussão e revisão Maria Inês Nahas, Coordenadora do Projeto 79 Graduanda do 8º período do curso de Ciências Econômicas da PUC Minas – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 102 Ministério das Cidades condições em que o trabalhador realiza a sua atividade produtiva. Esses aspectos, segundo os colaborares, também devem ser levados em conta na mensuração da qualidade de vida urbana. Destacam-se alguns tópicos relacionados dentro das três abrangências: emprego formal e informal, emprego com carteira assinada, desemprego, rendimento, duração da jornada de trabalho, autonomia do trabalhador. Esses tópicos deveriam ser considerados na elaboração de indicadores, de acordo com os colaboradores. Resumidamente, as abrangências e os tópicos sugeridos pelos colaboradores da Consulta Nacional são: 1. Oferta - Empregos e atividades geradoras de trabalho e renda - Empregos existentes - Emprego formal e informal - Ambiente de trabalho desprovido de riscos 2. Condições de Trabalho - Formas de trabalho que limitam a autonomia do trabalhador - Jornadas prolongadas - Ocupação Portanto, pode-se sintetizar os pontos levantados na Consulta Nacional da seguinte maneira. A primeira condição para a qualidade de vida no município dentro do tema “Trabalho/Emprego” é a capacidade de criar e, ou, disponibilizar oportunidades de trabalho para os seus cidadãos. Essa é a condição de oferta. Partindo do pressuposto que oportunidades de trabalho são oferecidas, não deve existir impedimento ao seu acesso. Ou seja, as pessoas precisam conhecer as oportunidades e, muito mais do que isso, ter a possibilidade de ocupar as posições oferecidas. Uma vez ocupadas, as condições em que o trabalho é realizado tomam importância. Pressupostos Teóricos Trabalho e Emprego dentro de “Conceitos temáticos de qualidade de vida urbana para a construção do índice de qualidade de vida urbana para as cidades brasileiras” (MENDONÇA, 2005) MENDONÇA (2005), primeiro, destaca a questão da eqüidade na oferta e no acesso dos recursos urbanos citando o conceito de renda real de Harvey (1979) que tem um significado – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 103 Ministério das Cidades que vai além do monetário real. Nesse sentido, a questão da distribuição dos recursos, inclusive da renda, é colocada como importante na avaliação da qualidade de vida. Em nossa sociedade, o trabalho é principal instrumento de acesso a renda que, por sua vez, é o principal meio de acesso social. Partindo dessa proposição, a condição de acesso ao trabalho é colocada como fator que merece consideração na avaliação da qualidade de vida. “Em cidades que representam centralidade no espaço regional, polarizando regiões, é mais importante a presença de determinados serviços urbanos de suporte ao desenvolvimento econômico regional – e aqui trata-se de qualidade de vida, na medida em que significa distribuição regional de oportunidades de emprego e renda” (MENDONÇA, 2005, p. 2). A autora postula que a relação entre a localização da moradia e a localização das oportunidades de trabalho e renda é de importância capital. Assim, toda a infra-estrutura urbana deve favorecer o acesso das pessoas aos locais de trabalho. “..., o primeiro aspecto a ser avaliado é a facilidade com que os habitantes da cidade acessam os locais onde se concentram as oportunidades de trabalho, bem como as redes públicas de saúde e de educação” (MENDONÇA, 2005, p. 7). Verifica-se que MENDONÇA (2005) focaliza a questão do acesso espacial ao trabalho; o que, por conseguinte, vem sugerir que aspectos relacionados ao deslocamento do trabalhador para o local de exercício de suas atividade devem ser contemplados na construção dos indicadores. Algumas Questões Levantadas na Literatura Nesta seção, serão apresentadas algumas questões que aparecem recorrentemente na literatura de mercado de trabalho e emprego. A recorrência dessas questões pode indicar pontos importantes que se deve ter em mente no momento de construção de indicadores relacionados ao tema. Um primeiro ponto a destacar é a reestruturação produtiva por que passou a economia brasileira, que trouxe consigo grandes transformações no mercado de trabalho. A reestruturação reduziu a capacidade de geração, ou criação, de oportunidades de trabalho, uma vez que se adotam tecnologias e processos que otimizam a utilização da força de trabalho. Como conseqüência, observa-se uma elevação dos patamares das taxas de desemprego, principalmente nas regiões metropolitanas. “Resultam dessas transformações a redução do emprego industrial, a expansão e a consolidação das atividades de serviços e a deterioração das condições de inserção no mercado de trabalho na Região Metropolitana, expressa pela redução dos empregos regulamentados e pela elevação do patamar das taxas de desemprego” (MONTALI, 2003, p. 125). – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 104 Ministério das Cidades Com o intuito de superar a falta de oportunidades de trabalho, surgiram as formas alternativas de contratação. É o que se denomina de flexibilização das relações de trabalho. Em muitos casos, a flexibilização está associada à precarização das condições de trabalho. O contrato de trabalho na sua forma tradicional possibilitava ao trabalhador uma série de garantias que são reduzidas ou, até mesmo, deixam de existir nas modalidades alternativas. Apesar de existir alguma controvérsia na caracterização da informalidade, observa-se que o trabalho informal cresceu consideravelmente nos últimos anos. Trabalho formal sempre foi sinônimo de segurança. A formalidade assegurava um estado de “welfare ocupacional”, conforme expressa NORONHA (2003). O autor coloca ainda que a noção de formalidade esteja associada às noções de cidadania e de direito social. Outra questão a destacar nessa discussão é o processo de descentralização das políticas públicas, inclusive das políticas públicas de emprego. A responsabilidade por gerir serviços públicos e até por criar condições que propiciem a geração de oportunidades de trabalho tem recaído sobre os municípios. BAVA (1996) destaca a importância do governo local na melhoria das condições de vida dos cidadãos: “... importância crescente do processo de descentralização das políticas públicas e o fortalecimento dos governos locais para enfrentar o desafio da melhoria da qualidade de vida num mundo que a cada dia se torna mais urbano” (BAVA, 1996, p. 5). O autor discute, ainda, como o governo local pode agir para criação de oportunidades de trabalho e emprego, propondo uma série de caminhos: “É importante concretizar as mudanças institucionais que facilitem a geração de emprego e renda, a formação de cooperativas e micro e pequenas empresas, o acesso de linhas de crédito à população de baixa renda, a participação dos trabalhadores do setor informal em licitações públicas e a abertura de mercados para produtos alternativos de consumo de massa. E tudo isso requer vontade política, um processo amplo de debate social, novas leis, a efetiva participação da cidadania na gestão da coisa pública” (BAVA, 1996, p. 5). Um dos argumentos, freqüentemente colocado na literatura, que contribui para explicar a persistência do desemprego, é a falta de empregabilidade do trabalhador. O termo empregabilidade é uma nomenclatura recente para a capacidade de adequação da força de trabalho às mudanças no mercado de trabalho. Essa capacidade de adequação está estreitamente relacionada à qualificação do trabalhador. Nesse sentido, as políticas de emprego, trabalho e renda devem estar sempre associadas com programas de formação e/ou qualificação. É com essa visão que o Programa Nacional de Qualificação, do Ministério do Trabalho e Emprego, tem sido concebido: “..., a Qualificação é: parte indissociável das políticas públicas de emprego, trabalho e renda, voltadas à construção de um Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda no país” (BRASIL, 2005, p. 2). – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 105 Ministério das Cidades Uma série de outras questões relativas ao trabalho e ao emprego poderia ainda ser levantada. No entanto, o objetivo desse texto é apenas dar um direcionamento para a proposição de indicadores ideais. Dessa maneira, acredita-se que os pontos aqui levantados já podem contribuir nesse sentido. Proposição de Indicadores Ideais Os indicadores aqui propostos são de quantidade e de qualidade da oferta de trabalho e emprego: Razão entre as taxas de crescimento do número de postos de trabalho e da população economicamente ativa Número de oportunidades de trabalho oferecidas no mercado em relação ao tamanho da população economicamente ativa Duração do desemprego: tempo médio que uma pessoa fica desempregada Existência de conselho municipal de emprego (ou número de conselhos municipais de emprego) Taxa de desemprego Taxas específicas de desemprego Número de agências de emprego em relação à população total Tempo de deslocamento entre a moradia e o local de trabalho Número de vagas em cursos profissionalizantes em relação a população em idade ativa Razão entre o número de empregos formais e informais Duração média da jornada de trabalho Percentual de trabalhadores que realizam trabalho de risco Razão entre o número de empregados com carteira e sem carteira Percentual de estabelecimentos de trabalho que oferecem benefícios ao trabalhador (opções de lazer, espaço de convivência, dentre outros, planos de saúde, creche, dentre outros) Indicadores Possíveis Segue-se uma lista de alguns indicadores já existente no Brasil: Quantidade de trabalhadores com emprego formal sobre a população em idade adulta Percentual de pessoas ocupadas por setor de atividade Taxa de crescimento da população economicamente ativa Pressão demográfica no mercado de trabalho: relação entre a população de 5 a 14 anos e a população de 55 a 64 anos Proporção de trabalhadores com carteira assinada Tempo de permanência no emprego Número de trabalhadores por nível de formação em relação ao total de trabalhadores – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 106 Ministério das Cidades Número de trabalhadores por faixas de remuneração em relação ao total de trabalhadores Razão entre o total de empregados e o total de estabelecimentos Percentual de trabalhadores sem carteira Percentual de pessoas ocupadas por gênero Percentual de trabalhadores por posição na ocupação Tempo médio da jornada de trabalho semanal Taxa de atividade Taxa de ocupação – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 107 Ministério das Cidades TEMA: SEGURANÇA Renata Guimarães Vieira de Souza80* Lúcio Antônio Leite Alvarenga Botelho81 Considerações Preliminares O tema aqui denominado “Segurança” foi proposto na Consulta Nacional sob a denominação “Segurança/Violência”. A substituição da nomenclatura se deve ao fato de que o índice em desenvolvimento destina-se a mensurar o conceito de qualidade de vida urbana, referindo-se, portanto, a um atributo “positivo” da vida nas cidades. Assim sendo, imputar uma denominação “negativa”, ou seja, “Violência”, seria um contra-senso. Posta esta questão, é importante assinalar ainda que o tema será tratado aqui do ponto de vista da oferta dos serviços, procurando-se mensurar tanto a quantidade quanto a qualidade desta oferta. A quantidade da oferta é medida pelo número de equipamentos de segurança, tais como, número de policiais e delegacias. Por outro lado, a existência de violência pode ser vista como medidor da qualidade da oferta, uma vez que em um local com pouca segurança, espera-se que haja uma maior incidência de violência. Pressuposto teórico De acordo com a Constituição Federal de 1988 “a segurança pública, é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos e é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”, através dos seguintes órgãos: polícia federal, rodoviária federal, ferroviária federal, civil, militar e corpo de bombeiro. A polícia militar é uma força terrestre, armada, ostensiva e fardada e é subordinada ao Governo Estadual. Tem como principais atribuições o Policiamento ostensivo, visando a preservação da ordem pública e das pessoas e do patrimônio. Já a polícia civil é uma força terrestre, civil e armada, auxiliar do Poder Judiciário e tem como principais atribuições a Polícia Judiciária e apuração de infrações penais, resguardada a competência da União e excluídos os delitos militares (MUSUMECI, 2000). Alguns fatores são condicionantes que contribuem para o agravamento da segurança pública. Entre eles destaca-se o fluxo migratório para as grandes cidades associado a ocupação desordenada do solo urbano, o desemprego associado à situação de distribuição de renda, o apelo ao consumo aliado as péssimas condições de infra-estrutura, equipamentos urbanos 80 Mestranda em Demografia pelo CEDEPLAR/UFMG e graduada em Ciências Econômicas pela PUC Minas. * Discussão e revisão Maria Inês Pedrosa Nahas – Coordenadora do Projeto. 81 Graduando do 8º período do curso de Geografia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Sete Lagoas – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 108 Ministério das Cidades e serviços públicos às quais estão submetidas as comunidades populares que vivem em favelas, as demandas por cidadania associadas ao modelo institucional de distribuição de justiça .... (BRANCO, 2000). Com isso o crime está associado a fatores socioeconômicos que impedem o cidadão de ter acesso aos meios legais de ganhar a vida. A deterioração nas condições de vida ocorre, por um lado, devido ao acesso restrito de parte da população a oportunidade no mercado de trabalho e de bens e serviços, e por outro, na má socialização a que as pessoas são submetidas no convívio familiar, escolar e com subgrupos desviantes (BEATO, 2005). Logo, o controle da criminalidade passa por duas bases: Reformas sociais de profundidade e Reformas individuais de reeducação e de socialização Para tentar reduzir a criminalidade, algumas políticas deveriam ser implementadas: Políticas convencionais de geração de emprego e Políticas convencionais de combate à fome e a miséria. Estas ações ensinam novos valores aos jovens candidatos potenciais ao crime a partir de: Educação, Prática de Esportes, Ensino profissionalizante, Aprendizado das artes e Convivência pacifica e harmoniosa com seus semelhantes (BEATO, 2005). O modelo de segurança deve estar preocupado com a contenção e o controle do Estado em relação ao direito dos cidadãos, já que a segurança é um direito humano reconhecido. Por outro lado, o sistema de justiça criminal em geral e a atuação policial em particular, serão tanto mais eficientes no exercício de suas funções de dissuasão, quanto mais amparados pelas pessoas e comunidades na qual atua. O crime é muito sério para ficar somente no âmbito policial e judiciário, pois envolve vários fatores que dependem do Estado, sobretudo mobilização de forças importante na sociedade (BEATO, 2005). Nas últimas décadas, a violência urbana vem aumentando consideravelmente e é um dos fenômenos que mais preocupa os habitantes das grandes cidades brasileiras. Essa violência é caracterizada pelas experiências da população com crimes violentos, tais como: homicídio tentado e consumado, seqüestro e cárcere privado, roubo consumado, roubo à mão armada consumada, latrocínio, extorsão mediante seqüestro, estupro tentado, estupro consumado. O processo de violência urbana tem alterado paisagens e comportamentos. O medo tem transformado as cidades, principalmente de grande porte, em “cidades defensivas”, ou seja, sempre preparadas para defesa através de equipamentos de segurança. Do mesmo modo os cidadãos têm se transformado em “cidadãos defensivos”, passando a evitar certos pontos da cidade e agindo sempre desconfiados de tudo e de todos (DINIZ et al, 1997). Alguns fatores históricos, tais como, pobreza, desigualdades sociais e exclusão social, estão associados à criminalidade. Existem cinco grandes abordagens sintetizadas que explicam as causas da violência. São elas: Crimes violentos, sobretudo os homicídios, a distúrbios de personalidade. Crimes cometidos em legitima defesa. Homicídios e agressões como atos racionais. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 109 Ministério das Cidades Relações sociais específicas, nas quais vítima e agressor encontram-se “jogando com suas vidas”. Associação da criminalidade violenta a frustrações e agressões oriundas da exclusão social e da pobreza. É necessário cautela ao analisar esse tema, pois nenhum fator isolado tem o potencial de explicar o fenômeno da violência urbana e da segurança. Apesar de haver associação com a desigualdade social, grande parte da população pauperizada não envereda pelo mundo da delinqüência. Outro aspecto importante está relacionado com a estrutura e a composição populacional, de forma que áreas mais densamente povoadas tendem a ser mais acometidas por crimes violentos. O incremento da violência urbana está acompanhado também, da sensação de impunidade entre os cidadãos, juntamente a aspectos como: fragilidade do sistema de justiça criminal, a corrupção nos órgãos estatais, uso da força letal pela policia, emergência de cidades defensivas e de cidadãos defensivos, o vigilantismo, chacinas, linchamentos e o papel da mídia. Apontamentos da Consulta Nacional O tema Segurança está entre aqueles em que 100% dos colaboradores concordaram com a sua inclusão no cálculo do índice de qualidade de vida urbana dos municípios brasileiros. Na Consulta Nacional, a temática da Segurança foi sugerida em quatro diferentes abrangências: segurança em geral, violência, equipamentos de segurança e segurança privada. Os tópicos para cada abrangência são: 1. Segurança em geral - Condições de Segurança e Proteção aos cidadãos - Serviço de defesa civil, incluindo sistema de combate a incêndio - Serviço de controle da segurança de edificações e equipamentos que podem oferecer riscos - Segurança em relação à pessoa - Segurança em relação à propriedade - Segurança pública 2. Violência - Risco de ser objeto de violência - Ocorrências criminais (furtos, roubos, etc) - Mortes por causas externas (homicídios, acidentes de trânsito,...) – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 110 Ministério das Cidades - Número de acidentes de trânsito com vítimas (fatais e não fatais) com relação à população da cidade - Número de acidentes de trânsito com vítimas (fatais e não fatais) relacionado à extensão da malha viária urbana e ao número de veículos em circulação - Número de vítimas envolvidas em ocorrências policiais - Crimes notificados (homicídios, roubos, furtos, violência contra mulheres, prostituição infantil, abuso de menores) - Número de acidentes de trânsito (atropelamentos, colisões) - Conflitos de uso do solo 3. Equipamentos de segurança - Equipamentos e efetivo policial - Postos Policiais - Existência de serviços e equipamentos de segurança eficientes e atuantes - Condições das prisões e encarceramentos - Situação dos presos - Tratamento dado aos atos infracionais de adolescentes 4. Segurança privada - Gastos sociais com segurança privada Proposição de Indicadores Ideais Indicadores de crimes violentos: Ocorrências de: homicídios, tentativas de homicídio, roubos e furtos consumados a pessoas, roubo a mão armada consumado e estupro consumado, em relação à população do município. Indicadores de crimes contra a pessoa: Ocorrências de: homicídios, tentativas de homicídio, violações de domicilio e de estupros por habitantes. Indicadores de crimes contra a propriedade: Ocorrências de roubos e furtos consumados a pessoas, roubos e furtos tentados, qualificados e consumados a veículos, moradias e estabelecimentos, a mão armada ou não por habitantes. Indicadores de violência no trânsito: Ocorrências de diversos tipos de acidentes de transito (colisões, abalroamentos, capotamentos, direção perigosa de veiculo, choques, tombamentos e atropelamento) com e sem vitimas por habitantes. Indicadores de segurança: distribuição espacial do efetivo e das viaturas das polícias e da guarda municipal. Indicadores de cobertura policial: número de habitantes por policial militar ou civil efetivo existente, ou seja, por total de policiais na ativa. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 111 Ministério das Cidades Taxa de atendimento policial: composta pela Taxa de Oferta de equipamentos policiais (delegacias e batalhões), número de viaturas, efetivo policial e tempo de espera para atendimento pelo serviço 190. Indicadores Possíveis Existência de guarda municipal; Existência de guarda municipal, por tipo de atividade exercida; Número de guardas municipais na ativa por habitantes; Existência de delegacias de mulheres; Existência de defesa civil. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 112 Ministério das Cidades TEMA: JUSTIÇA Renata Guimarães Vieira de Souza82 Lúcio Antônio Leite Alvarenga Botelho83 Pressuposto teórico A Constituição Federal de 1988 reconhece inúmeros direitos a todas as pessoas e um desses é o de amplo acesso à Justiça. De acordo com a constituição, todas as pessoas podem levar ao poder judiciário qualquer conflito em que esteja envolvida, independente da condição financeira e social (MAFFEZOLI, 2004). O acesso jurídico dá condições ao cidadão de reivindicar seus direitos e/ou resolver seus litígios (CÉSAR, 2005). Acessar a justiça significa, ainda, aprimorar os caminhos processuais e institucionais que garantam a igualdade individual e coletiva, sem preconceitos de raça, cor, sexo, crença ou classe social para, assim, aumentar a possibilidade de adentrar no sistema jurídico caso dele necessite. É sabido que os pobres têm acesso precário à Justiça, porque carecem de recursos, para contratar bons advogados e que o patrocínio gratuito se revelou de alarmante deficiência. Por outro lado, os ricos, não têm acesso precário à Justiça, porque não carecem de recursos, para contratar bons advogados (PAULA, 2002). Para que haja igualdade no acesso é necessário um sistema jurídico moderno e igualitário, igualmente acessível a todos e que produzam resultados que sejam individual e socialmente justos (OLIVEIRA, 2001). Mas, para alcançar a equidade é preciso que as vias de chegada do cidadão à justiça sejam modificadas, pois existem muitos fatores de obstáculo ao acesso jurídico. Dentre esses fatores Carvalho (2005) destaca: Fator Econômico: impede que pessoas com situação econômica desfavorável consigam acessar a justiça devido ao elevado custo de uma demanda judicial, tais como despesas, taxas cartorárias, honorários advocatícios e periciais; Social: as pessoas mais pobres não se sentem seguras com a presença de desconhecidos e, muitas vezes, elas temem o poder judiciário; Cultural: A educação e os meios de comunicação social exercem um papel fundamental no acesso à justiça, pois esclarecem quais são os direitos fundamentais do indivíduo e da coletividade e quais os instrumentos jurídicos para sua reivindicação e proteção, além de estimular a busca da efetividade dos direitos. 82 Mestranda em Demografia pelo CEDEPLAR/UFMG e graduada em Ciências Econômicas pela PUC Minas. 83 Graduando do 8º período do curso de Geografia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Sete Lagoas – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 113 Ministério das Cidades Nalini (2005) destaca a existência de uma vertente institucional e outra pessoal, que também constituem barreiras ao acesso à justiça. Na vertente institucional, poderia haver uma diminuição nos empecilhos por parte das empresas através de uma maior divulgação de informações básicas que poderiam auxiliar o cidadão no processo jurídico. Além disso, os tribunais deveriam manter um serviço de atendimento facilitado para conseguir manter a população informada. Por outro lado, a vertente pessoal crê que o principal problema está na linguagem judiciária que dificulta o acesso e, nesse caso, a clareza se torna um importante caminho para tornar a população mais acessível. A justiça brasileira tem como função defender o Estado através da Advocacia Pública e as pessoas através do Ministério Público, Defensoria Pública e Advocacia Privada. A Defensoria Pública Estadual é muito importante no acesso à justiça pois funciona como um grande escritório de advocacia que atende gratuitamente a população carente. Dispõe também de assistentes sociais, psicólogos e estagiários, onde atendem assuntos jurídicos dos mais variados, desde uma simples separação até crime de homicídio, atende tanto a área criminal como a área cível. Mas a quantidade de defensores públicos é insuficiente para atender à demanda. Por isso, algumas ONGs estão elaborando projetos para tentar completar o atendimento das pessoas pertencentes à camada popular. Entre esses, destaca-se os Agentes Comunitários de Justiça, que são pessoas treinadas e capacitadas para atuar em questões que envolvem a defesa, a promoção e a prevenção de violação de direitos (FEIX, 2004). Em nível municipal, existe outro importante órgão, o Procon, que é responsável pela proteção e defesa do consumidor. É importante ressaltar que para os fins de administração da justiça o território do estado é dividido em comarcas. Cada comarca compreende vários municípios que são agrupados obedecendo ao critério de continuidade territorial, facilidade de comunicação e transporte em relação às respectivas sedes. Muitos serviços não estão disponíveis por município e sim por comarca. Outro problema que deve ser levado em conta na análise do Acesso à justiça é a lentidão dos processos, uma vez que toda Justiça, deve ser rápida. Por isso, a justiça tardia é rematada injustiça, ou seja, inacesso à justiça. Mas não pode haver justiça rápida para uns e lenta para outros, pois é considerada discriminação vedada pela Constituição, na medida em que todos são iguais perante a lei. O acesso à justiça, repetimos, não pode significar um mero adentrar com uma petição inicial. Há de ser solução efetiva, efetivação dos direitos fundamentais, obrigação primeira do Estado, que se pretende democrático e de Direito (PAULA, 2002). Portanto, a possibilidade de acesso à Justiça não é efetivamente igual para todos: são gritantes as desigualdades econômicas, sociais, culturais, regionais, etárias, mentais. A primeira onda nas soluções práticas para os problemas de acesso à Justiça deve ser a assistência judiciária para os pobres, já que se a distribuição de renda e a miséria não forem amenizadas com urgência, não se justificará a preservação do equipamento estatal chamado Justiça. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 114 Ministério das Cidades Alguns autores apresentaram algumas sugestões para aumentar o acesso. Carvalho (2005) defende que a Internet vem exercendo papel fundamental na inclusão e facilitação ao acesso à justiça. Os portais das instituições oferecem inúmeros serviços e produtos para facilitar a comunicação com a clientela efetiva ou potencial. Já Oliveira (2001) acredita que o caminho pode ser através das Faculdades e Universidades de Direito, que podem contribuir de forma efetiva para o acesso do Povo à Justiça. Se em cada Instituição fossem instalados Juizados Especiais, haveria uma grande contribuição para enfrentar a crise e também uma melhoria do ensino jurídico. Apontamentos da Consulta Nacional Para 91,3% dos colaboradores da Consulta Nacional o tema Justiça deve ser incluído no cálculo do índice de qualidade de vida urbana dos municípios brasileiros. Na Consulta nacional, a Justiça foi tratada a partir da oferta da sua oferta a partir da existência de: Equipamentos de justiça, tais como, Promotorias, Defensorias Públicas, Procons e outros órgãos de representação dos direitos dos consumidores. Proposição de Indicadores Ideais A temática da Justiça será abordada do ponto de vista do acesso à justiça, analisando a quantidade e a qualidade dessa oferta. Com isso, é possível identificar alguns indicadores para medir o acesso, dentre eles destaca-se: Assistência judiciária para os pobres: tendo em vista que, no Brasil, a maioria da população pertence à classe média baixa, esse indicador é fundamental para verificar se justiça é acessível a todos; Agilidade e eficácia no processo judicial: importante para medir a qualidade desta oferta; Participação ou atuação do Ministério Público na defesa dos interesses coletivos, uma vez que nem todas as cidades possuem Ministérios Públicos envolvidos e atuantes na vida das comunidades, defendendo o interesse público; Qualidade dos serviços quanto a sua correta aplicação Tempo médio que um processo tramita até ser concluído Oferta de serviços jurídicos gratuitos nos municípios por habitante Existência de PROCONs e Defensorias Públicas por habitante: instituições que lidam com questões relativas ao direito do cidadão. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 115 Ministério das Cidades Indicadores Possíveis Oferta: existência de comissão de defesa do consumidor, existência de tribunal ou juizado de pequenas causas; Conselho de Direito da Criança e do Adolescente: existência de Conselho municipal de direito da criança e do adolescente, existência de Fundo municipal especial na área de direito das crianças e dos adolescentes, etc; Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente: existência de Conselho tutelar da criança e do adolescente, total de conselhos tutelares existentes, etc; – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 116 Ministério das Cidades TEMA: ASSISTÊNCIA SOCIAL Flávio Apolinário84* Renata Guimarães Vieira de Souza85 Considerações Preliminares A assistência social é uma importante variável no contexto da qualidade de vida dos indivíduos e das comunidades. Será tratada no âmbito da oferta de programas sociais, observando-se o aspecto quantitativo e qualitativo desses serviços. A quantidade da oferta pode ser medida tanto pelo número de programas e ações sociais bem como pelo número de pessoas envolvidas. Já a qualidade da oferta pode ser avaliada pelo universo atendido, em relação ao universo que demanda. O estudo do tema em questão visa ainda subsidiar as políticas públicas quanto à acessibilidade aos programas sociais e a aceitação dos programas pela população. Pressupostos Teóricos Historicamente a assistência social baseia-se na caridade, filantropia e solidariedade religiosa, perdurando essa corrente até a década de 40. Em 1947 foi criada a Legião Brasileira de Assistência com o objetivo de atender as famílias dos pracinhas combatentes da 2ª Guerra Mundial, que inicialmente fazia atendimentos materno-infantis. Mas com o crescimento desta instituição, a linha programática foi ampliada de acordo com as demandas do desenvolvimento econômico e social do país e da população em estado de vulnerabilidade social. (MDS, 2000) O ano de 1985 foi o marco das mudanças do setor assistencial, que exigia práticas inovadoras para demandas impostas pela nova realidade nacional de transição democrática, em que eram exigidas respostas mais ágeis e efetivas de uma política assistencial. Desde então foi discutido de forma mais intensa o caminho para se formular uma política pública de assistência social através da inclusão de direitos sociais e, mais especificamente, do direito à seguridade social, acompanhado pela garantia à saúde, à assistência e previdência social na Constituição Federal. Vários movimentos sociais, como sindicatos, partidos políticos, trabalhadores da área, intelectuais, profissionais liberais, parcelas da igreja, organizações públicas e privadas entre ou- 84 Graduado em Geografia pelo PUC Minas * Discussão e revisão Maria Inês Pedrosa Nahas – Coordenadora do Projeto 85 Mestranda em Demografia pelo CEDEPLAR/UFMG e graduada em Ciências Econômicas pela PUC Minas. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 117 Ministério das Cidades tros, foram percussores na construção de uma proposta de Lei Orgânica e de Política de Assistência Social em favor das pessoas em situação de vulnerabilidade e exclusão.(MDS, op. Cit.) De acordo com o artigo primeiro da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), "a assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas". Segundo Neto (1997), durante sua palestra na II Conferência Nacional de Assistência Social: "Como componente da seguridade social, a assistência social é medida legal e legítima que visa oferecer segurança social aos cidadãos não cobertos (ou precariamente cobertos) pelo lado contributivo da seguridade social. A assistência social visa livrar esses cidadãos não só dos infortúnios do presente, mas também das incertezas do amanhã, protegendo-os das adversidades causadas 86 por enfermidades, velhice, abandono, desemprego, desagregação familiar, exclusão social." . No artigo 194 da Constituição Federal de 1988 é definido o novo perfil histórico da assistência social no País, que a qualifica como política de seguridade social: “Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Parágrafo único - Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: I - universalidade da cobertura e do atendimento; II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; V - eqüidade na forma de participação no custeio; VI - diversidade da base de financiamento; VII - caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com a participação da comunidade, em especial de trabalhadores, empresários e aposentados.” Na Constituição de 1988, há ainda uma seção específica para a Assistência Social, prevendo, inicialmente, em seu artigo 203, os destinatários deste segmento da ordem social. Já o artigo seguinte, o 204, não somente indica a fonte primária dos recursos que custearão tais ações, mas, sobretudo dita as diretrizes a serem adotadas na política de assistência social. No que diz respeito às ações a serem desenvolvidas neste setor, dois princípios contidos 86 Anais da II Conferência Nacional de Assistência Social – 1997, Pág.33. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 118 Ministério das Cidades nesse artigo são inovadores e de indiscutível importância para o seu completo êxito: o que se refere à descentralização político-administrativa e o relativo à participação da sociedade brasileira na discussão dos temas afetos ao setor. (MDS, 2000) A assistência social está diretamente ligada ao tema “pobreza”, pois ela é a causa direta das ações implementadas pelos governos. De acordo com UGÁ (2004) “o conceito de pobreza refere-se a um marco teórico bem definido – proposto pelo neoliberalismo –, que, ao priorizar os “pobres” como alvo de suas políticas, implica o deslocamento da política social da noção universalizada de “direito” e, em última instância, sugere a supressão da idéia e da realidade da cidadania social.” Além da pobreza, o assistencialismo social também tem interligação com outros temas. Entre eles destaca-se a educação, que em nosso país recebe pequenos investimentos, cerca de 3,6%, contra 12% investidos na seguridade social. Essa opção por não investir na formação de capital humano tende a perpetuar a pobreza, já que “o principal bem dos pobres é o tempo para trabalhar. A educação aumenta a produtividade deste bem e o resultado, no nível individual, é uma renda mais alta” (BANCO MUNDIAL, 1990 p.85). A idéia presente seria, portanto, que, à medida que o nível educacional aumenta, o indivíduo torna-se mais apto a competir com os outros por um emprego melhor no mercado e, conseqüentemente, a obter uma renda maior. Assim, haveria uma contínua necessidade dele buscar ser mais competitivo que os outros, por meio do aumento de sua “empregabilidade” (UGÁ,2004) Outros temas, tais como, saúde, saneamento e trabalho também estão interligados a Assistência Social, pois a menor ou maior oferta desses serviços ou oportunidades de trabalho faz com que os índices de pobreza cresçam proporcionalmente a eles. Ao tratar da questão da assistência social deve-se levar em conta também a extensão territorial do Brasil e suas diferenças econômicas, culturais e regionais. Essas diferenças determinam condicionantes do fator pobreza, uma vez que não se pode traçar metas ou ações inflexíveis com relação à assistência social sem levar em conta que as pessoas pobres de uma determinada região podem não ser assim consideradas em outra. Como, geralmente, os programas sociais adotados não levam em consideração esses questionamentos, temos uma universalização dos atendimentos sociais, o que faz com que as pessoas que realmente se encontram em situação de extrema pobreza no país tenham uma perda na qualidade dos programas devido ao uso dos recursos pela população que os acessa indevidamente. Desta forma, a qualidade de um determinado programa social, no sentido de atingir os objetivos propostos pela sociedade, depende: i. da escolha correta da clientela à qual está direcionado o programa; ii. do desenho do programa garantir que os recursos sejam efetivamente apropriados por esta clientela; – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 119 Ministério das Cidades ii. do desenho do programa estar de acordo com as necessidades desta clientela, gerando os incentivos corretos, ou seja, induzindo as pessoas a se comportarem de tal forma que os objetivos sejam atingidos. Os gastos do governo brasileiro com programas sociais na área de educação, saúde, previdência social, assistência social e trabalho chegam à casa dos R$200 bilhões anuais. Os gastos poderiam ser reduzidos a 4% desse total se as verbas fossem direcionadas exatamente àquelas pessoas que vivem em situação de extrema pobreza, promovendo uma eqüidade entre os diferentes grupos sociais que se encontram abaixo da linha de pobreza. A persistência da pobreza não decorre da falta de recursos investidos nos programas sociais, mas sim do mau direcionamento dos mesmos. O desenho dos programas sociais no país faz com que mais de 60% destes recursos sejam apropriados pelos 40% mais ricos da população. Alguns conceitos relacionados à Assistência Social Vulnerabilidade: “A vulnerabilidade pode ser entendida como a incapacidade de uma pessoa ou de um domicílio para aproveitar-se das oportunidades, disponíveis em distintos âmbitos sócio-econômicos, para melhorar sua situação de bem-estar ou impedir sua deterioração.” KAZTMAN (2001, pág.171 tradução livre) Pobreza: Segundo CAMAROTTI (2003, pág.13): “a pobreza retrata não apenas uma condição de insuficiência de renda, impedindo a aquisição de gêneros e bens, mas também a impossibilidade de acesso a serviços imprescindíveis ao bem-estar social. Nesse sentido, os pobres das diversas regiões brasileiras estariam, sobretudo, destituídos de seus direitos básicos e, portanto, privados ou com nível insuficiente de escolaridade, acesso a políticas de educação, atendimento médico-hospitalar, moradia digna, água potável, coleta de lixo, trabalho formal e segurança pública.” Exclusão: É a impossibilidade coletiva (e não individual) de se partilhar da sociedade hegemônica e/ou dominante (num certo período de tempo). Desta forma a exclusão social deve ser vista como um processo que segundo SPOSATI (1996): ”leva à vivência de privação, da recusa, do abandono e da expulsão, inclusive com violência, de uma parcela significativa da população. Não se restringe à insuficiência de renda ou escassez de bens, mercadorias e serviços como apontam alguns conceitos analisados. Vai além, ao incorporar outros aspectos econômicos, sociais, políticos e culturais de caráter objetivo ou subjetivo, vivenciados de forma coletiva. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 120 Ministério das Cidades Apontamentos da Consulta Nacional Para 82,2% dos colaboradores da Consulta Nacional o tema Assistência Social deve ser incluído no cálculo do índice de qualidade de vida urbana dos municípios brasileiros. Os tópicos sugeridos pelos colaboradores para a oferta de serviços de Assistência Social, medida pela oferta de Programas de Assistência Social, são os seguintes: Existência, acesso e cobertura de ações e programas de assistência social no município, frente à demanda potencial. Programas de solidariedade Programas de inclusão social Acesso à bolsa família Acesso à bolsa escola Acesso Creches Acesso a Programas de geração de emprego e renda Acesso a ensino profissionalizante O cuidado com as pessoas com necessidades especiais Atendimento a crianças e adolescentes em situação de risco social Proteção à infância (desenvolvimento cognitivo, social e emocional da criança). Segurança no planejamento familiar, na gestação e no parto (necessidades das mulheres) Proposição de Indicadores Ideais Recursos Humanos envolvidos no atendimento às famílias carentes em relação ao total de atendimentos. Através da quantidade de pessoas envolvidas nos trabalhos sociais em relação ao número de pessoas atendidas, pode se ter uma idéia da qualidade dos serviços. Proporção de famílias atendidas nos programas assistenciais em relação às famílias carentes existentes em cada município. Tendo sempre como denominador o número de pessoas, indivíduos ou comunidades pobres, podemos medir o nível de acessibilidade aos serviços sociais levando em conta o número de atendimentos realizados. Número de atendimentos em programas sociais em relação ao número de indivíduos considerados pobres. A razão entre a oferta dos programas sociais e o respectivo acesso por parte das comunidades é um indicador relevante. Número de pessoas atendidas pelos programas sociais em relação ao montante da verba destinada aos programas de assistência social de cada município. Quando calculamos a razão entre o valor repassado ao município e o número de atendimentos feitos por programas sociais, podemos saber o custo per capita de cada individuo beneficiado. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 121 Ministério das Cidades Percentual de jovens beneficiados por programas de profissionalização. O aumento da especialização da mão-de-obra nos dias atuais faz com que seja de grande relevância que se conheça a oferta em relação à demanda de programas de profissionalização. Existência de programas assistenciais no município, frente à demanda potencial. Em nosso país ainda existem municípios que não são contemplados com programas sociais, embora necessitem deles. Esse é um índice importante. Número de portadores de necessidades especiais atendidos em relação à demanda . Número de programas de planejamento familiar em relação ao número de pessoas que os acessam. O planejamento familiar é um importante fator de contenção da perpetuação da pobreza, por isso saber a oferta em relação a demanda desse serviço é um indicador importantíssimo. Nível de aceitabilidade das pessoas em relação aos programas de assistência social existentes. A funcionalidade de um programa social, pode ser medida se considerarmos o nível de aceitação das pessoas que o acessam. Um programa que oferece determinados serviços e não é acessado pela população pode estar subutilizando verbas públicas, merecendo atenção dos órgãos competentes. Número de profissionais especializados envolvidos em relação ao número de famílias atendidas. Podemos medir a qualidade do serviço oferecido, pelo grau de especialização dos profissionais envolvidos, tendo sempre como denominador o número de pessoas que acessaram o referido serviço. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 122 Ministério das Cidades TEMA: PARTICIPAÇÃO POLÍTICA, ASSOCIATIVISMO E ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ORGANIZACIONAL Éber Gonçalves87* Patrícia Martinelli88 Carlos Júnior Viana89 Danielle Duarte Biaggi90 Considerações Preliminares Apresentam-se, neste texto, algumas referências teóricas para nortear a construção de indicadores do tema “Participação, Associativismo e Organização Político-Institucional”. O ponto de partida para uma discussão sobre esses indicadores é relatório da Consulta Nacional. Os principais pontos levantados pelos colaboradores sobre o tema são discutidos na primeira seção. A segunda referência é o texto de MENDONÇA (2005), produzido especialmente para esta finalidade. Na terceira seção, apresentam-se algumas questões discutidas na literatura sobre o tema. Na quarta e última seção, propõe-se uma série de indicadores relacionados à “Participação, Associativismo e Organização Político-Institucional”. Apontamentos da Consulta Nacional 64,4% dos colaboradores da Consulta Nacional opinaram que o tema Participação, Associativismo e Organização Político-Institucional deve ser incluído na elaboração do índice de qualidade de vida urbana dos municípios brasileiros. Embora o percentual não tenha atingido o que foi chamado de consenso (2/3 do total), este percentual tem uma proporção expressiva entre os colaboradores. A discussão entre os colaboradores gerou quatro abrangências dentro do tema: (1) Redes de Interação Social; (2) Participação Política; (3) Organização Político-Institucional; e (4) Políticas Públicas. Observa-se que a temática é bem abrangente e cobre a participação social em diversos níveis. Dentro da abrangência “Redes de Interação Social” estão consideradas, basicamente, as questões relativas à existência e ao grau das interações sociais e de solidariedade. Na a- 87 Mestre em Economia pela Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais. * Discussão e Revisão: Maria Inês Pedrosa Nahas - Coordenadora do Projeto. 88 Mestre e graduada em Geografia pela Universidade Estadual Paulista, UNESP - Rio Claro. 89 Graduando do 8º período do curso de Geografia da UFMG 90 Graduanda do 5º período do curso de Relações Internacionais da PUC Minas – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 123 Ministério das Cidades brangência “Participação Política” levantou-se alguns pontos relativos à articulação, organização e participação das comunidades. No tocante à abrangência “Organização PolíticoInstitucional”, pontuaram-se os aspectos da participação direta e indireta da comunidade nos processos de tomada de decisão, no controle das ações públicas e em outras questões de interesse público. Foram colocados, ainda, pontos relativos à existência de instituições e organismos que propiciem a participação pública; à existência de uma estrutura administrativa descentralizada, que favoreça a proximidade da comunidade com o poder público; e à existência de aparato legal para regulamentar o uso do espaço e do bem público. A existência de postos de atendimento do governo local é o único tópico relacionado pelos colaboradores na abrangência “Políticas Públicas” do relatório da Consulta Nacional. Assim, resumidamente as abrangências e os tópicos sugeridos pelos colaboradores na Consulta Nacional são os seguintes: 1. Redes de Interação social - Grau de interação social (redes de relacionamento diversificadas) - Redes de Integração social - Existência de redes de integração social e de solidariedade entre os diferentes segmentos da sociedade local 2. Participação Política - Articulação e organização das comunidades, associações etc - Participação comunitária 3. Organização Política Institucional - Participação nos processos de tomada de decisão - Participação política efetiva no controle das ações públicas. - Presença do poder público local - Participação social, especialmente popular, em assuntos de interesse público - Existência de secretarias setoriais - Existência de estruturas institucionais relativas às atividades de planejamento urbano - Existência de cadastros técnicos básicos referentes à organização da cidade - Organização da cidade em administrações regionalizadas - Existência de conselhos para controle das políticas públicas: conselhos de saúde; do meio ambiente; do bem estar da criança e do adolescente; conselho da cidade - Instituições de viabilização dos direitos de cidadania - Instrumentos de incentivo à participação comunitária na gestão de recursos públicos – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 124 Ministério das Cidades - Orçamento participativo - Código de obras claro e transparente - Leis de uso do solo claras, explícitas e que não mudem toda hora - Leis que regulamentem o ruído urbano respeitadas - Controle de invasões de áreas públicas e privadas - Indicadores da existência e aplicação de ferramentas de planejamento urbano. - Existência e aplicação de Plano Diretor - Regulamento do uso e ocupação do solo e sua aplicação - Indicador de eficiência e eficácia de agentes públicos e privados - Grau de modernização administrativa 4. Políticas Públicas - Postos de atendimento do governo local “Participação, Associativismo e Organização Político-Institucional” em MENDONÇA (2005) Um ponto, relacionado ao tema, que pode ser tirado da leitura de MENDOÇA (2005) é a preocupação com o exercício pleno da cidadania. Seria muito desejável que as instituições, o governo local, estivessem estruturados, organizados, de maneira que o cidadão pudesse gozar de direitos que lhe permitisse participar ativamente da vida pública. A questão da participação e de organização político-institucional é tratada por MENDONA (2005) no terceiro agrupamento temático. Esse agrupamento é concernente à gestão pública e à democratização dos processos decisórios. Segundo a autora: “A qualidade de vida urbana depende muito da capacidade do governo local de exercer o planejamento e o controle do território da cidade, da sua estruturação para implementar políticas e fiscalizar o cumprimento da regulação urbana e da sua capacidade de investimento em equipamentos, serviços e infra-estrutura urbana” (MENDONÇA, 2005, p. 11). A autora lista uma série de questões que deveriam ser investigadas para se avaliar a capacidade do governo local com relação aos pontos levantados no parágrafo anterior. Essas questões estão divididas em quatro grupos: (1) Controle urbano e ambiental; (2) Democratização da gestão; (3) Estrutura de apoio à cidadania na cidade; e (4) Capacidade de investimento. Os três primeiros grupos estão relacionados com o tema ora desenvolvido. No que se refere ao “Controle urbano e ambiental”, a autora propõe que se investigue a existência e a qualidade dos processos de controle e regulação dos recursos urbanos. Com relação à “Democratização da gestão”, deve-se avaliar: (1) a quantidade e os tipos de mecanismos de gestão participativa e (2) o grau de democratização da informação. A “Estrutura – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 125 Ministério das Cidades de apoio à cidadania na cidade” trata do conjunto de mecanismos e ações voltados para a organização da vida cotidiana. Pontos levantados a partir de outras referências Nesta seção, apresentam-se alguns conceitos e levantam-se questões a partir de outras referências que podem contribui na construção de indicadores ideais. A começar pela visão do Ministério das Cidades, coloca-se em destaque o compromisso desse Ministério com uma gestão pública participativa e a sua intenção em estimular o desenvolvimento desse tipo de gestão nos governos locais. Para cumprir seus objetivos, o Ministério das Cidades formula e implementa uma política de desenvolvimento urbano e regional. “..., iniciamos um grande pacto de construção da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano – 91 PNDU, pautado na ação democrática, descentralizada e com participação popular , visando a coordenação e a integração dos investimentos e ações.” (BRASIL, 2004, p. 3). “Quando se abre a oportunidade de participação nas decisões àqueles que nunca tiveram vez e voz, objetiva-se fazer a justiça social. A democracia adquire outra dimensão quando a sociedade participa da elaboração, do acompanhamento e da execução dos programas que se referem às políticas públicas.” (BRASIL, 2004, p. 7). Entre os princípios da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano, encontra-se o princípio da gestão democrática e do controle social: “Devem ser garantidos mecanismo de gestão descentraliza e democrática, bem como o acesso à informação, à participação e ao controle social no processo de formulação, tomada de decisão, implementação e avaliação da política urbana. A gestão democrática deve reconhecer a autonomia dos movimentos sociais, sem discriminação, e estar sempre comprometida com o direito universal à educação, saúde, moradia, trabalho, previdência social, transporte, meio ambiente saudável, cultura e lazer.” (BRASIL, 2004, p. 25). Destacam-se, ainda, duas diretrizes da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano e Políticas Nacionais. A primeira se refere à estrutura institucional e a segunda a participação social. Portanto, o Ministério das Cidades pretende (BRASIL, 2004, p. 27): “1) Implementar a estrutura institucional pública necessária para efetivação da política urbana, promovendo a participação e a descentralização das decisões.” “2) Promover a organização de um sistema de conferências, conselhos em parcerias com usuários; setor produtivo; organizações sociais (movimentos sociais e ONGs); entidades profissionais, acadêmicas e de pesquisa; entidades sindicais; operadores e concessionários de serviços públicos; e órgãos governamentais para viabilizar a participação social na definição, execução, acompanhamento e avaliação da política urbana de forma continuada, respeitando a autonomia e as especifi- 91 Negrito do autor. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 126 Ministério das Cidades cidades dos movimentos e das entidades, e combinando democracia representativa com democracia participativa.” Observa-se que, dentre os muitos compromissos assumidos, o desenvolvimento da cidadania e da a participação social tem um lugar importante para o Ministério das Cidades. Desta forma, os pontos levantados da visão desse Ministério são uma boa referência que deve ser levada em consideração na construção de indicadores relacionados à “Participação, Associativismo e Organização Político-Institucional”. Em um estudo sobre o associativismo e participação política no meio urbano brasileiro, FERREIRA (1999) mostra que a estes são muito baixo no país. O autor coloca ainda que, além de baixa, a participação é desigual. Questiona-se sobre quais seriam os motivos para os baixos percentuais de associativismo, uma vez que não existem impedimentos para a participação. O associativismo e a participação política são mensurados por FERREIRA (1999) a partir de 10 variáveis: (1) filiação a sindicato; (2) filiação a associação de bairro; (3) filiação a partido político; (4) filiação a associação esportiva/cultural; (5) filiação a associação religiosa/filantrópica; (6) reivindicação a político; (7) reclamação a político; (8) pedido a político; (9) sugestão a político; e (10) filiação a associação de empregados. Analisando os dados dessas 10 variáveis no período entre 1988 e 1996, o autor verifica que o número de associações cresceu, mas este crescimento não está relacionado à participação individual nesses movimentos. Segundo ele a sociedade brasileira ainda continua desarticulada, apesar dos avanços socioeconômicos e da democracia. O autor ainda coloca que “..., a alienação associativa por ser entendida como uma resposta de vastas parcelas da população à total ausência do aparato estatal no seu cotidiano.” (FERREIRA, 1999, p. 99). Outro conceito muito presente na literatura recente é o de capital social. Capital social “... refere-se aos aspectos da organização social, tais como redes de comunicações, regras e confiança, que facilitam a coordenação e cooperação para a obtenção de benefício mútuo. Está falando sobre confiabilidade, na forma como as pessoas cooperativamente se comportam evitando lesar umas às outras. O capital social aumenta os benefícios do investimento em capital material e humano.” (JOHANNPETER, 2003). Esse conceito está fortemente associado com os pontos da temática da “Participação, Associativismo e Organização PolíticoInstitucional”. De acordo com PAVARINA (2003), o associativismo, o civismo e confiança entre membros de uma comunidade podem ser elementos representativos do capital social nos municípios. A autora utilizou a informação da presença de organizações e entidades que contribuem para a socialização dos indivíduos como medida do associativismo. O civismo foi tomado a partir de dados da participação eleitoral e nos meios de comunicação em massa. Na falta de informações melhores, a criminalidade foi utilizada, pela autora, como proxy da falta de confiança entre os cidadãos. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 127 Ministério das Cidades Acredita-se que os pontos destacados acima serão fonte de ajuda para se pensar nos indicadores ideais do tema “Participação, Associativismo e Organização Político-Institucional”, que são propostos na próxima seção. Proposição de Indicadores Proposição de indicadores ideais: Número de associações de bairros ativas em relação ao número total de bairros Percentual de famílias que participam das reuniões das associações de bairro em relação ao total de famílias Existência de orçamento participativo Média de participação das comunidades nas reuniões do orçamento participativo em relação ao total de comunidades Existência de associações de qualquer tipo Parcela da população filiada em algum tipo de associação Parcela da população engajada em algum tipo de luta social Número de redes de interação social Sugeridos por MENDONÇA (2005, p. 11-12): Existência de legislação de controle do uso e ocupação do solo e de legislação ambiental Presença na legislação municipal e utilização efetiva de instrumento de política urbana previstos no Estatuto da Cidade Existência de aparato administrativo para licenciamento e fiscalização (corpo técnico, estrutura organizacional) Grau de articulação entre as políticas urbanas e as políticas sócias; Capacidade administrativa e institucional para gestão intermunicipal compartilhada Quantidade e tipos de mecanismos de gestão participativa (conselhos municipais e comitês gestores de programas públicos) Grau de democratização da informação Programas de capacitação de lideranças populares – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 128 Ministério das Cidades Indicadores Possíveis Segue-se uma lista de alguns indicadores já existente no Brasil: Existência de conselhos municipais por tipo (paritários, deliberativos, que administram fundos, dentre outros) Instrumentos de gestão Instrumentos de planejamento Número de estabelecimentos na administração pública Número médio de conselhos regulamentados e instalados Participação político-eleitoral: relação entre o número de votantes na última eleição e o de eleitores Peso da imprensa local Peso eleitoral Taxa de crescimento eleitoral Número de eleitores por Km2 – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 129 Agrupamento temático 4: Economia Municipal Finanças públicas, Economia municipal e Renda – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 130 Ministério das Cidades TEMA: ECONOMIA MUNICIPAL Felipe Chaves Inácio92* Éber Gonçalves93 Pressupostos teóricos Os indicadores econômicos podem ser classificados, segundo Lourenço & Romero (2002), em cinco “subconjuntos de variáveis macroeconômicas relevantes”: 1) Nível de atividade; 2) Preços; 3) Setor externo; 4) Agregados monetários; 5) Setor público. Os indicadores do nível de atividade funcionam como “um termômetro das condições gerais dos elementos mais sensíveis às flutuações cíclicas do lado real da economia.” Esses indicadores traduzem o comportamento do produto interno bruto, da produção industrial e da situação do emprego e desemprego. Os indicadores de preço são aqueles que trazem consigo informações sobre o nível de inflação, considerando seus mais diversos fatores. Os indicadores relacionados ao setor externo trazem informações a respeito das exportações / importações de bens e serviços, bem como informações sobre dívida externa. No que se refere aos agregados monetários, os indicadores mais comuns são taxa de juros e poupança. Por fim, os indicadores da situação do setor público são aqueles que trazem informações sobre variáveis como dívida líquida, necessidade de financiamento e o grau de dependência da municipalidade em relação a outros níveis de governo. É importante ressaltar que essa divisão “clássica” dos indicadores econômicos, bem como alguns dos indicadores em si, possa não ser muito funcional para o propósito a que se destina o presente trabalho, uma vez que se pretende calcular indicadores que sejam válidos 92 Professor na UNIPAC – Ipatinga, Mestre em Estatística pela Universidade Federal de Pernambuco, Graduado em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais. * Discussão e revisão: Maria Inês Pedrosa Nahas – Coordenadora do Projeto 93 Mestre em Economia pela Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 131 Ministério das Cidades para todos os municípios brasileiros e meçam a acessibilidade espacial aos serviços urbanos. Apontamentos da Consulta Nacional Uma das referências consultadas para se pensar em indicadores da economia municipal que sejam determinantes para a qualidade de vida foram as sugestões dos colaboradores da Consulta Nacional. 91,2% dos colaboradores responderam que o tema Economia Municipal deve ser contemplado no cálculo do índice de qualidade de vida dos municípios brasileiros. Portanto, acredita-se que indicadores econômicos sejam importantes para aferição da qualidade de vida nos municípios. Na sugestão dos colaboradores, o tema Economia Municipal está dividido em três abrangências: Finanças Públicas, Economia Municipal, e Renda. Finanças Públicas trata das atividades realizadas pela administração pública para gerir a riqueza e o patrimônio público pela arrecadação e aplicação de recursos. Nesta abragência estão contidos tópicos como “Orçamento municipal”, “Gastos públicos”, “Investimentos Públicos”, dentre outros. Na abrangência Economia Municipal propriamente dita estão inseridos aspectos relacionados à dimensão, diversidade, dinâmica e maturidade econômica do município. A terceira abrangência contemplada no tema Economia Municipal é a renda. Nesta abrangência estão relacionadas as informações relativas à renda familiar, concentração e distribuição da renda. Resumidamente, as abrangências e os tópicos sugeridos pelos colaboradores da Consulta Nacional são os seguintes: 1. Finanças Públicas - PIB municipal - Orçamento municipal (reais por habitante) - Riqueza Municipal - Investimento público - Gastos públicos - Capacidade econômico financeira do município - Políticas geradoras de renda - Grau de dependência da municipalidade de outros níveis de governo 2. Economia municipal - Maturidade dos setores primário, secundário e terciário de produção - Criação de novos empreendimentos - Relação entre postos de trabalho e PEA - Informalidade – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 132 Ministério das Cidades - Fator de inserção produtiva e funcional - Custo marginal de oferta de serviços urbanos para cada novo habitante. - Diversidade das atividades econômicas - Falências/ fechamento de empresas - Diversidade Econômica 3. Renda - Padrão de renda média da população - Média salarial da cidade - Distribuição de renda - Concentração de renda - Desigualdade de renda - Desigualdade de acesso a bens e serviços públicos por renda Como o tema Economia Municipal é significativamente abrangente, suas abrangências serão tratadas, neste texto, de maneira separada. Proposição de Indicadores Ideais Finanças Públicas No que se refere ao tema Finanças Públicas, pode-se dizer que se trata do conjunto de atividades realizadas pela Administração Pública, direta e indireta, dos três poderes, de todas as unidades federadas e da União, com o objetivo de definir as riquezas do Estado, arrecadar receitas estabelecendo a aplicação e realização das despesas, bem como gerir o patrimônio público. O Índice de Qualidade Municipal - Sustentabilidade Fiscal (IQM-SF), da Fundação CIDE (Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro), é o único sistema de indicadores municipais no Brasil que trata especificamente de finanças públicas municipais, que é um tópico árido e excessivamente técnico. Por esse motivo, é interessante deter-se um pouco no conhecimento dos indicadores e das propostas do IQM-SF. O objetivo do IQM-SF, segundo seus autores, é contribuir para tornar a administração pública municipal mais eficiente. Para tanto, realizou-se um estudo do Impacto do Potencial Tributário a partir do Indicador de Esforço Fiscal Ajustado. Inicialmente, os autores levantam algumas questões sobre o federalismo fiscal no Brasil. A Constituição de 1988 reforça a natureza descentralizada do sistema federativo brasileiro. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 133 Ministério das Cidades Mais do que descentralização, houve um processo de municipalização das Finanças Públicas. Aos municípios cabe explorar as taxas relativas a: Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana (IPTU) Imposto sobre Transmissão de Bens Intervivos (ITBI) Imposto sobre Venda a Varejo de Combustível (IVVC) (revogado) i. Transferências federais: - Fundo de participação dos municípios (FPM) ii. Transferências estaduais: - Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) - Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) “O sistema tributário proposto pela Constituição instituiu os pilares de uma descentralização fiscal baseada no aumento da capacidade de gasto municipal, tendo como contrapartida o correspondente aumento da receita” (CIDE, 2002, p. 7). “A responsabilidades de cada nível de governo não foram definidas rigidamente pela Constituição de 1988, gerando um processo desordenado de descentralização das políticas públicas, cuja regulamentação vem sendo realizada paulatinamente” (p. 8). “Atualmente, os municípios respondem pela oferta de infra-estrutura urbana (transporte e saneamento) e gradualmente vêm aumentando sua participação na educação e saúde, através de políticas próprias ou em consórcio com outros entes da federação (Estados e Municípios), contribuindo assim para a melhoria da qualidade de vida da população” (p. 8). Uma citação recorrente no trabalho é a Lei de Responsabilidade Fiscal, que tem a finalidade de assegurar o equilíbrio fiscal intertemporal. iii. Sustentabilidade Fiscal No capítulo seguinte, os autores apresentam o conceito de Sustentabilidade Fiscal sobre o qual foi embasada a construção do IQM-SF. Seguem alguns pontos levantados no texto. “A defesa da transparência como um dos pressupostos da gestão fiscal está associada à concepção de sustentabilidade. O equilíbrio financeiro intertemporal supõe manter sob controle as variáveis fiscais” (p. 9). “A sustentabilidade fiscal, atrelada à transparência nas contas públicas, afastaria a possibilidade de surgimento de déficits no futuro” (p. 9). – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 134 Ministério das Cidades A sustentabilidade fiscal, nos termos da Lei de Responsabilidade Fiscal; “..., transparece na vinculação das despesas de caráter permanente à geração de receita (através de medidas como o aumento de alíquotas), assim como no tratamento conferido ao endividamento e aos Restos a Pagar. Uma das questões enfatizadas por esta Lei diz respeito à necessidade de cada ente da federação maximizar a sua base de arrecadação” (p. 9). “A sustentabilidade fiscal sugere uma concepção intertemporal de equilíbrio nas contas públicas, ou seja, um equilíbrio concebido como resultado de uma política fiscal ao longo do tempo” (pág. 10). No restante de do texto, os autores apresentam alguns conceitos e a definição de uma série de indicadores utilizados na elaboração do Índice de Qualidade Municipal – Sustentabilidade Fiscal. iv. Conceitos - Carga Tributária (ou Carga Tributária Efetiva): relação entre receita tributária e PIB. A carga tributária foi estabelecida como critério para avaliar o esforço fiscal dos municípios. - Esforço Fiscal: A eficiência na exploração dos tributos representa a capacidade dos municípios aproximarem a carga tributária efetiva da carga tributária potencial. “..., a arrecadação tributária no âmbito municipal deveria ser a mais próxima da potencial”. v. Indicador Principal - Indicador de Esforço Fiscal: relação entre a carga tributária efetiva e a potencial. Permite avaliar a capacidade dos municípios de aumentar a Receita Tributária. - Carga Tributária Potencial é a carga tributária desejável para uma determinada classe de municípios. vi. Indicadores Secundários - Indicador da Capacidade Potencial de Gasto (ICG): tem por finalidade detectar o potencial de gasto dos municípios. - Indicador de Receita Total (IRT): é a soma da Receita Corrente com a de Capital, tendo como parâmetro o PIB. - Indicador de Geração de Poupança (IPO): expressa o montante de recursos disponíveis. Contribui para a avaliação da saúde financeira dos municípios, em conjunto com informações sobre endividamento. - Indicador de Capacidade de Investimento (ICI): tem a finalidade de averiguar a efetiva capacidade de investimento dos municípios. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 135 Ministério das Cidades - Participação da Receita Corrente Líquida no PIB (PRP): exprime a relação da Receita com a atividade econômica do município. - Comprometimento de Receita com Despesas de Pessoal (CRP): mostra a participação da Despesa de Pessoal na Receita Corrente. - Comprometimento de Receita com Serviço da Dívida (CRS): revela o quanto da Receita Corrente Líquida está comprometida com os Serviços da Dívida. - Participação das Receitas no financiamento corrente dos governos municipais: para avaliar a composição da receita estadual. Tem finalidade de mensurar o peso de cada item de receita no financiamento corrente dos governos locais. - Participação das Transferências ICMS no PIB (ICP) - Relação da Dívida Fundada junto a Secretaria do Tesouro Nacional (DFR): relaciona o grau de endividamento (passivo) com a capacidade de pagamento dos municípios. vii. Indicadores Complementares - Indicador de Equilíbrio Orçamentário (IEO): mostra como ocorre a execução orçamentária revelando o quanto da Receita Arrecadada cobre a Despesa Realizada. - Indicador de Autonomia Financeira (IAF): relação entre Receita Tributária e Despesa Total - Indicador de Dependência Financeira (IDF): revela a participação das transferências no total das despesas. viii. Indicador existente Outro indicador que pode ser utilizado como um indicador do grau de dependência do município em relação a outros níveis de governo é Receita corrente X dívida que representa a relação entre a dívida do município e as suas receitas correntes líquidas e mede a capacidade do município quitar essa dívida no tempo. Economia municipal propriamente dita Os tópicos relacionados a essa abrangência, conforme mencionado anteriormente, dizem respeito à dimensão, diversidade, dinâmica e maturidade econômica do município, dentre os quais, se destaca aquele tópico relativo à informalidade. Nesse sentido, seria importante um indicador que permitisse medir a pujança do setor informal dos municípios brasileiros, tendo em vista que esse se constitui num dos grandes problemas econômicos atuais, especialmente no que tange à arrecadação de impostos e contribuição previdenciária. Também seriam interessantes indicadores que permitissem avaliar a produção de bens e serviços como um todo, a produção industrial e o produto per capita dos municípios. Esses – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 136 Ministério das Cidades indicadores trariam informações a respeito da riqueza do município, tópico também considerado no relatório da Consulta Nacional. Seriam igualmente importantes indicadores que dessem alguma medida do nível de desemprego no município e da relação entre postos de trabalho e população economicamente ativa, uma vez que a modernização tecnológica, a abertura econômica pouco criteriosa e outros fatores estruturais e conjunturais vêm agravando o desemprego e com isso diminuindo a qualidade de vida nos municípios. Outros tópicos que, do ponto de vista da oferta de postos de trabalho, têm grande importância e para os quais seria interessante construir indicadores são aqueles relacionados à falência/fechamento de empresas e criação de novos empreendimentos. Tais indicadores trariam informações sobre o que o município oferece em termos de possibilidade de emprego ou trabalho. No que se refere à dimensão e diversidade da economia municipal, seria interessante um indicador que informasse sobre as relações internacionais do município. Tais indicadores poderiam levar em consideração informações sobre o saldo da balança comercial, saldo em transações correntes, etc. A necessidade do cálculo de um indicador das relações comerciais internacionais dos municípios se justifica pelo fato do comércio exterior ser um importante agente da dinâmica econômica, além de ser, por si só, um indicador da qualidade dos bens produzidos no município, uma vez que bens destinados à exportação possuem, geralmente, qualidade superior para atender a mercados mais exigentes. Também as empresas que produzem para o mercado externo possuem uma estrutura tecnológica e de custos mais adequada para uma economia dinâmica94. Renda No relatório da Consulta Nacional, esta abrangência inclui tópicos referentes à renda dos habitantes e não à renda do município especificamente. Do ponto de vista do acesso à oferta de serviços, a renda da população estaria mais relacionada ao acesso social e não ao acesso espacial, objetivo do presente trabalho. De qualquer forma, seria interessante indicadores que permitissem avaliar, por exemplo, a desigualdade de acesso a bens e serviços por faixa de renda. Também poderia ser utilizado o Índice de desigualdade, calculado pela razão entre a quantidade de chefes de família que ganham acima de dez salários mínimos sobre o número de chefes de família que ganham abaixo disso. Este indicador foi calculado por Campos et al (2003) com dados do Censo Demográfico. 94 Não é demais ressaltar que um indicador do comércio exterior municipal deveria contar com algum tipo de ponderação que levasse em conta o tamanho da economia do município para fins de comparação. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 137 Agrupamento temático 5: Felicidade em geral/Satisfação com os serviços públicos – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 138 Ministério das Cidades TEMA: FELICIDADE E SATISFAÇÃO COM OS SERVIÇOS URBANOS Maria Aparecida Machado Pereira95 Apontamentos da Consulta Nacional A “Felicidade em geral” e a “Satisfação com a administração pública” estão entre os temas sugeridos pelos colaboradores da Consulta Nacional. Embora a opinião sobre a inclusão deste tema não tenha sido consensual (apenas 37% dos colaboradores manifestaram a favor da inclusão do tema no cálculo do índice), o interesse sobre este tema na discussão sobre indicadores de qualidade de vida urbana é crescente. Isso coloca a necessidade de uma discussão cuidadosa sobre os seus significados, possibilidades de medidas e de sua inclusão em um índice de qualidade de vida urbana. Como se pode ver abaixo, o entendimento desses colaboradores é o de que o conceito de qualidade de vida urbana deve levar em conta, além das informações objetivas das diferentes temáticas, o aspecto subjetivo relacionado à satisfação dos indivíduos com o “local onde vivem”, com a “administração pública em geral” (em seus diferentes níveis, federal, estadual e principalmente municipal), com os “serviços urbanos específicos oferecidos” e a “felicidade pessoal, familiar ou social”: “Partindo do texto, que define muito bem o termo “urbana” ao lado de “qualidade de vida” como ponto fundamental, para definirmos os indicadores relacionados com o desenvolvimento das cidades e seus problemas sócio-ambientais, pensamos que para construir o IQVU-BR precisamos trabalhar com os indicadores sociais, ambientais e urbanos, já conhecidos e mencionados no texto, acrescidos de indicadores que demonstrem o nível de satisfação dos usuários.” (Colaborador da Consulta Nacional, Projeto Ministério das Cidades, 2005) “A qualidade de vida urbana está diretamente relacionada com o grau de satisfação, não só do indivíduo, mas também de toda a coletividade, frente à oferta de serviços que ele tem acesso como: infra-estrutura, trabalho e renda, vida social e cultural, meio ambiente, lazer, saúde e educação.” (Colaborador da Consulta Nacional, Projeto Ministério das Cidades, 2005) “Este aspecto é de difícil mensuração por ser muito subjetivo e talvez só possa ser medido através de pesquisa quantitativa, envolvendo todas as camadas sociais e faixas etárias. Estes indicadores terão como finalidade cruzar informações objetivas com informações subjetivas, fornecidas pelos moradores do local.” (Colaborador da Consulta Nacional, Projeto Ministério das Cidades, 2005) “Associar a satisfação às condições de vida; dada pelas relações sociais e não somente pela gestão municipal.” (Colaborador da Consulta Nacional, Projeto Ministério das Cidades, 2005) 95 Socióloga, Doutoranda em Ciências Humanas: Sociologia e Política pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 139 Ministério das Cidades O contexto o qual se coloca a demanda de se levar em conta o levantamento sobre “a percepção dos indivíduos” deve considerar dois entendimentos fundamentais: um metodológico e outro enquanto instrumento para subsidiar à formulação de políticas públicas. O entendimento desses dois aspectos do levantamento sobre a percepção dos indivíduos está intrinsecamente vinculado na sua origem e desenvolvimento. Pressupostos Teóricos-metodológicos: Origem Histórica da Pesquisa de Survey e da pesquisa de opinião Do ponto de vista metodológico, a pesquisa quantitativa para estudo da “percepção dos indivíduos” – denominada “survey” – se caracteriza pela busca de procedimentos cientificamente válidos, empregando-se técnicas de amostragem e questionários, bem como aplicando-se técnicas de análise multivariada para análise de resultados96. Para a idéia de amostragem buscou-se princípios probalilísticos na teoria estatística para garantir a representação do universo pesquisado. O método de survey propõe estudar uma parcela (de população) amostrada para fazer estimativas sobre a natureza ou as características da população total. O grande inspirador da amostragem para o survey nas ciências humanas foi Leslie Kish97 que desenvolveu a aplicação da teoria probabilística para o survey por amostragem. Um princípio básico e fundamental da amostragem probabilística é a de que todos os membros da população a ser estudada tenham igual oportunidade de ser selecionada para a amostra, sendo assim a amostra será representativa. Embora nenhuma amostra seja perfeitamente representativa do universo a ser pesquisado, com a amostragem probabilística há maior possibilidade de ser representativa. Além disso, a teoria probabilística permite estimar a precisão ou representatividade da amostra. Para isso, é preciso conhecer a probabilidade de cada elemento envolvido na amostra de ser selecionado para se conhecer a sua precisão ou representatividade. Quanto à coleta de dados através de entrevista esta evolui da idéia de um “informante especializado” para uma a estruturação tendo em vista a entrevista direta, com respostas individualizadas – o questionário. Além disso, a estruturação do questionário vinculava-se à idéia de padronização da redação das questões com o objetivo de garantir a padronização dos significados (entre a intenção do pesquisador e o entendimento do entrevistado) para a comparabilidade dos dados. Como desdobramento da padronização a preocupação com os viesses introduzido pelos entrevistadores. A atenção quanto à elaboração do questionário ganhou novo significado, o que era orientado pela “intuição” que se intitulou como uma “arte” sustentada pela experiência pessoal, passou a preocupação com o entendimento das questões, que vai de encontro à contribuição dos estudos da psicologia social e da linguística, entendendo o processo de elaboração das respostas do entrevistado na sua dimensão cog- 96 Ver BABBIE, Earl. (2001) Métodos de Pesquisa de Survey Belo Horizonte: Editora UFMG. 97 Ver KISH, Leslie. (1965) Survey Sampling. New York: John Wiley & Sons. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 140 Ministério das Cidades nitiva e como interação social. Na década 50, Payne em The Art of Asking Questions (1951), representou a preocupação com a elaboração das questões e a construção do questionário baseando-se não só na experiência e intuição, mas também em evidências obtidas em experimentação rigorosa (os chamados split ballots). Outra referência clássica, já na década de 80, é Schuman & Presser – Question and Answer in Attitudes Surveys: experiments on question form, wording and context – que buscou na experimentação medidas rigorosas para apontar os efeitos do formato das questões na produção das respostas. Tornou-se fundamental a elaboração de instrumentos de avaliação antecipada do questionário através do preteste, como a entrevista cognitiva, que busca avaliar o entendimento das questões garantindo a confiabilidade e validade das medidas (Beatty 1995; Shuman and Presser 1981; S. Sudman, N. Bradburn, N. Schwarz 1996). E, por último, a análise dos dados de survey que buscou na análise multivariada o seu rigor científico. Do survey descritivo ao survey analítico. O survey descritivo tem por objetivo retratar das características dos indivíduos, situações ou grupos (em termos de comportamento, atitudes e disposição a ações) determinando a freqüência com que tais comportamentos ou atitudes ocorrem na população amostrada. Já o survey analítico está preocupado com o teste de hipóteses sobre as relações entre variáveis para compreender e explicar fenômenos. No seu desenvolvimento, os dois tipos de survey se desenvolveram simultaneamente e consolidaram em campos independentes. Até a década de 50, enquanto o survey com interesse mais estatístico e técnico crescia, poucos pesquisadores tinham interesse no survey orientado teoricamente. Uma referência clássica sobre o desenvolvimento do raciocínio causal no survey passa inevitavelmente por Paul Lazarsfeld. A sua capacidade intelectual, sua habilidade matemática e sensibilidade política e organizacional o colocaram a frente do Bureau for Apllied Social Research numa importante investida para o desenvolvimento do survey. Sua mais significativa contribuição é considerada a abordagem de análise do survey. Lazarsfeld estava preocupado em abordar uma complexa elaboração e explicitação do padrão de causalidade na associação de variáveis. Esta abordagem foi desenvolvida por autores como Rosemberg (1968) que destacou a importância da lógica analítica do survey, que pensa o levantamento de dados do ponto de vista da significação teórica “ao evidenciar como os princípios metodológicos gerais enunciados podem ser aplicados às questões de relevância teórica, e assim preocupar-se de que maneira os processos de análise de dados podem contribuir para enriquecer, comunicar vida e vigor à nossa compreensão dos fenômenos”. Assim, a ênfase no processo efetivo da análise de dados objetiva à simplicidade; “uma lógica de análise onde é colocado a claro os seus processos ao identificar o tipo de relação entre as variáveis e a introdução de uma terceira variável de análise, além da relação entre conceitos e índices, análise contextual, etc”. Esse processo analítico é o que veio receber o nome de “modelo de elaboração” inicialmente desenvolvido por Lazarsfeld (e associados na Universidade de Columbia) que ao tornar explícita a relação entre variáveis, demonstra os processos lógicos da análise científica (Babbie, 2001). A lógica do “modelo de elaboração” ofereceu a possibilidade de uma análise dos dados de survey mais sofisticado, como outras técnicas de análise de dados também utilizadas como correlação, regressão, fatorial, etc., enfatizadas quando o objetivo é o da explicação. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 141 Ministério das Cidades Do ponto de vista de um instrumento para subsidiar à formulação de políticas públicas, o desenvolvimento se deu através de uma demanda por informação capaz de proporcionar maior racionalidade nas decisões seja empresarial, marketing, política ou governamental. De um modo geral, as referências às técnicas e métodos de quantificação podem ser encontradas desde a antiguidade, onde os governantes já se preocupavam com contagem e descrição dos seus súditos; o que se identificaria hoje com o censo da população. O segundo momento em que se refere às técnicas e métodos de quantificação data no decorrer dos séculos XVII, XVIII e até o século XIX, correspondendo ao período em que o capitalismo trouxe grandes modificações na estrutura social e com isso a preocupação com o crescimento da população nas grandes cidades. Este segundo momento, se refere à origem da investigação social sistemática na Inglaterra com ênfase na idéia de “contagem dos fatos” ou como “informações estatísticas” identificadas com um interesse utilitarista na “cura das condições sociais patológicas” ou como “denúncia das condições miseráveis geradas pela industrialização”. A “aritmética política” associada aos nomes de Graunt e Petty, como uma primeira tentativa de uma ciência social sistemática na Inglaterra, e ao primeiro “estudo sociográfico” de Zeisel com uma detalhada descrição da pobreza da população, acreditando, como reformador que era, que os estudos da população proporcionaria maior racionalidade governamental (Babbie 2001; Marsh 1983). O representante clássico da pesquisa social (usando questionário estruturado) como denúncia das condições de vida da população na Inglaterra é Marx & Engels que se preocupava em descrever as condições de vida dos trabalhadores ingleses naquela fase de industrialização articulada à problemática marxista (Thiollent 1985). Tais atividades de pesquisa do final do século XIX e início do século XX marcam o desenvolvimento da pesquisa de survey culminando com o estabelecimento do welfare state e a intervenção regular dos governantes na mudança de vida dos seus cidadãos (Marsh 1982). A partir da década de 70, a ampla utilização dos métodos de survey aplicado como instrumento capaz de gerar subsídio para a formulação de políticas públicas, de ações empresariais, de marketing, ou mesmo como controle das ações dos governantes ao levantar a “opinião” dos cidadãos sobre suas ações se concretizou como pesquisa de opinião. Dos vários usos da pesquisa de opinião, hoje, o gestor público busca medir a satisfação dos cidadãos com os serviços públicos prestados com o objetivo de avaliar, por exemplo, a adequação dos investimentos segundo as necessidades e anseios da população, a qualidade dos serviços prestados, ou mesmo o desempenho das ações públicas no sentido mais político, etc. A avaliação feita é capaz de apontar setores a serem priorizados os quais demonstram maior insatisfação por parte dos cidadãos, focalizando as estratégias de atuação mais adequadas, maximizando o uso dos recursos públicos e atendendo melhor as necessidades dos cidadãos. No Brasil, o uso das pesquisas de opinião pelos gestores públicos é amplo tanto no nível federal, estadual ou municipal (ou utilizando outros recortes territoriais como bairros, vizinhanças, cidades, regiões, estados ou países). A avaliação dos padrões de qualidade do – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 142 Ministério das Cidades atendimento ao cidadão pelos órgãos públicos já foi formalmente estabelecido através do Sistema Nacional de Avaliação dos Serviços Públicos (Decreto federal n.º 3.507, 13/06/2000), que obriga todos os órgãos federais que atendem diretamente aos cidadãos a realizarem pesquisas de satisfação com os seus serviços. A necessidade de inclusão de indicadores “subjetivos” de satisfação com os serviços urbanos na análise de indicadores de qualidade de vida urbana já produziu algumas experiências no Brasil. As experiências em geral utilizam da pesquisa de opinião para analisar os resultados paralelamente aos resultados indicadores clássicos, como o trabalho de Adagenor Lobato Ribeiro, Modelo de indicadores para mensuração do desenvolvimento sustentável na Amazônia (2002). Em uma amostragem para o estado do Pará, a pesquisa de opinião abordou itens como: o que a população paraense pensa acerca do conceito de qualidade de vida; avaliação das políticas públicas adotadas pelo governo para a região e o reflexo dessas políticas na qualidade de vida da população; questões ligadas ao meio ambiente, como desmatamento e poluição, e do grau de influência desses fatores na qualidade de vida; bens e serviços disponíveis na sociedade, aos quais a população pode ou não ter acesso; e, questões sobre a participação sócio-política da comunidade e de recursos de comunicação. Em abrangência nacional temos como experiência a 1a Pesquisa Nacional de Satisfação do Usuário dos Serviços Públicos (1999) que abordou os temas específicos educação, saúde e previdência social e a pesquisa a qual produziu o Índice de Satisfação com os Serviços Públicos (FGV, 2002) que propôs avalizar os serviços públicos básicos: coleta de lixo; polícia; limpeza das ruas e calçadas; manutenção das ruas e calçadas da cidade; controle dos camelôs, mesas de bar e bancas de lojas; quadras, praças e espaços de lazer da cidade; escolas públicas; serviço de saúde pública; iluminação das ruas e praças; serviço de água; e serviço de esgoto. Além dessas experiências, o próprio IBGE já incorporou questões de percepção em suas pesquisas como a Pesquisa de Orçamentos Familiares (2002-2003). Além de investigar sobre as estruturas de consumo, dos gastos e dos rendimentos das famílias, a pesquisa levantou a avaliação de alguns aspectos da qualidade de vida dos moradores (através de entrevista com a pessoa responsável pela família): o grau de dificuldade ou de facilidade da família para chegar ao fim do mês com seu rendimento; o valor monetário mínimo necessário para cumprir com este objetivo e, de forma equivalente, o valor necessário para cobrir os gastos com alimentação; a avaliação quanto à quantidade e o tipo de alimentação consumida, e as razões de não estar se alimentando como quer; as condições de sua moradia em relação a alguns serviços e a existência de problemas nos domicílios e vizinhança; e a capacidade de pagamento de algumas despesas98. Certamente estas experiências são importantes para o entendimento do conceito de qualidade de vida urbana, e como estratégia metodológica na utilização de diferentes instrumentos para medir diferentes aspectos do conceito de qualidade de vida urbana. Do ponto de 98 Todas essas experiências utilizaram de estratégias amostrais que representasse o universo como um todo ou por regiões, mas não uma representação por município. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 143 Ministério das Cidades vista da construção de um índice de qualidade de vida urbana para as cidades brasileiras o maior desafio que se coloca é metodologicamente associar os dados “objetivos” aos dados de “percepção sobre a qualidade de vida urbana”. Como produzir uma pesquisa de representativa de cada município brasileiro para que pudéssemos produzir um “valor” de qualidade de vida urbana para cada um deles? Como abordar a diversidade de temas que fizesse sentido para todos os municípios brasileiros? Várias definições conceituais colocadas para o modelo do índice também estariam colocadas para a pesquisa de opinião sobre a qualidade dos serviços urbanos, como as especificidades regionais, a inserção regional, o porte da cidade, etc. A viabilidade operacional e financeira de um trabalho como este em âmbito nacional se coloca como um desafio, mas que já pode ser desenhado conceitualmente a partir do que já pode ser pensado em âmbito estadual ou municipal. Proposição de Indicadores Ideais Como medir a percepção sobre a qualidade de vida urbana? Se a própria consulta revelou a amplitude das temáticas e suas abordagens, este seria um desafio colocado para definir a abordagem sobre os diferentes setores ou áreas de prestação de serviços públicos. Quanto à natureza da medida a ser utilizada se faz necessária a distinção entre medidas de comportamento e medidas de atitude (que pode ser opinião, conhecimento, crenças, valores), ou o comportamento relatado e as medidas dos fenômenos subjetivos; diferença fundamental para o entendimento da natureza de cada medida e a relação entre essas dimensões para a análise dos dados. Segue abaixo uma sugestão de tópicos (que consideram temáticas e tipos de medidas) para serem desenvolvidos para uma pesquisa de opinião sobre serviços urbanos: i. Variáveis atitudinais: Entendimento, mais geral, sobre o conceito (a idéia) de qualidade de vida urbana Grau de satisfação com o local de moradia (bairro, município, região, etc) Percepção sobre mudança, no tempo, da qualidade de vida (melhor ou pior) Percepção sobre a perspectiva futura da qualidade de vida urbana. Percepção sobre dimensões diferentes da qualidade de vida urbana, como: condições econômicas, acesso a bens e serviços ofertados, etc. Percepção, mais geral, sobre a relação entre investimentos públicos e qualidade de vida urbana Percepção sobre políticas públicas específicas e a qualidade de vida urbana: - Coleta de lixo doméstico - Serviço de água - Serviço de esgoto - Limpeza e manutenção das ruas e calçadas da cidade - Controle dos camelôs, mesas de bar e bancas de lojas – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 144 Ministério das Cidades - Iluminação das ruas e praças - Disponibilidade de quadras, praças e espaços de lazer da cidade - Disponibilidade de espaços e equipamentos culturais - Disponibilidade de escolas públicas e qualidade do ensino - Serviço de saúde pública - Transporte coletivo/público e condições do trânsito - Condições ambientais: áreas verdes, qualidade do ar, da água, ruído, etc - Policiamento - Comércio e serviços - Oportunidade de trabalho e renda - Outros.... Percepção sobre prioridade de investimento público para cada serviço Percepção sobre comportamentos que têm impacto na qualidade de vida urbana (positivo e negativo) Percepção sobre problemas sociais, ambientais, econômicos e políticos existentes. Percepção sobre o impacto dos problemas sociais, ambientais, econômicos e políticos existentes na vida cotidiana. ii. Variáveis Comportamentais: Uso de meios de comunicação em geral: internet, rádio, tv e jornal. Uso dos meios de comunicação sobre política e políticas públicas Pertencimento e participação em associações comunitárias, entidades política, religiosa ou profissional. Utilização efetiva dos serviços urbanos especificamente iii. Variáveis sócio-demográficas: Ocupação Situação de trabalho Setor de atividade Escolaridade Renda – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 145 Ministério das Cidades 4. Proposição final para indicadores ideais Apresenta-se a seguir Quadro III com a proposição final dos indicadores ideais por tema, a serem calculados para cada município brasileiro. As proposições estão baseadas nos textos referentes a cada tema e na experiência do IQVU-BH. – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 146 Organização do poder público local 1ABASTECIMENTO ALIMENTAR Oferta de alimento de baixo custo Oferta de equipamentos de abastecimento alimentar Investimentos governamentais ABORDAGENS Existência de cooperativas de produtores agrícolas (nº de cooperativas) Existência de hiper e supermercados (área dos estabelecimentos/habitantes) Existência de restaurantes, lanchonetes e similares (Número de estabelecimentos/habitantes) Existência de outros equipamentos de abastecimento alimentar (Nº de Mercearias e Similares/habitantes) Porte médio dos equipamentos de comércio de alimentos (Área dos estabelecimentos/habitantes ou Vínculos no estabelecimento/habitantes) Incentivos para a ampliação produtiva por unidade e tipo de produção - (Valor em R$ do investimento por tipo de produção). Investimentos direcionados à otimização do abastecimento alimentar, desde a produção até a comercialização por unidade e tipo de produção - (Valor em R$ do investimento por tipo de produção). Existência de órgãos locais de fiscalização sanitária para os equipamentos de comércio alimentício Investimentos para desenvolvimento tecnológico por unidade e tipo de produção – (Valor em R$ do investimento por tipo de produção) Existência de órgãos locais de planejamento do abastecimento alimentar (número de órgãos) INDICADORES DE QUANTIDADE Cobertura em relação ao total da produção Qualidade do alimento fornecido Qualidade do alimento fornecido Qualidade do alimento fornecido Qualidade do alimento fornecido Cobertura da fiscalização Cobertura dos investimentos Cobertura dos incentivos Cobertura dos investimentos INDICADORES DE QUALIDADE QUADRO III: PROPOSIÇÃO FINAL DE INDICADORES IDEAIS PARA O INDICE DE QUALIDADE DE VIDA URBANA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS TEMA 147 148 TEMA Fiscalização ABORDAGENS Nº de órgãos fiscalizadores dos estabelecimentos Existência de equipamentos de comércio de alimentos subsidiados (Nº de estabelecimentos/População) Existência de restaurantes populares (Presença de restaurantes populares) Escolas com merenda escolar (matriculados em escolas com merenda/população na faixa etária do nível de ensino). Existência de programas sociais de acesso à alimentação (Existência do bolsa alimentação entre outros) INDICADORES DE QUANTIDADE Qualidade do alimento fornecido – fiscalização Cobertura (oferta / demanda) INDICADORES DE QUALIDADE Cobertura dos programas sociais de acesso ao alimento (População atendida/População que demanda o atendimento) Cobertura do atendimento da merenda (Nº de escolas com merenda/Nº total de escolas) Produção / demanda 149 2- ASSISTÊN-CIA SOCIAL TEMA Mobilização local Oferta de programas de assistência social Número de pessoas atendidas pelos programas sociais em relação ao montante da verba destinada aos programas de assistência social de cada município. (recursos disponibilizados/nº de atendidos – R$ per capita) Número de portadores de necessidades especiais atendidos em relação à demanda. (PNE atendidos/ PNE que carecem de atendimento) Existência de redes locais de assistência social (tipo “Rede Criança”) Taxa de jovens submetidos a medidas sócioeducativas Cobertura das redes (número de assistidos / público demandatário) Recursos Humanos especializados envolvidos em relação ao número de famílias atendidas (Profissionais qualificados na área/ nº de atendidos) Recursos Humanos envolvidos no atendimento à famílias carentes em relação ao total de atendimento. (Total de profissionais da área/nº de atendidos) Oferta / demanda Oferta / demanda Existência de programas de profissionalização e capacitação de jovens (pop. de 15-18 anos) Existência de programas destinados a famílias carentes Oferta / demanda Existência de órgãos locais de planejamento da assistência social Organização do poder público local Existência de equipamentos INDICADORES DE QUALIDADE Equipamentos para 0 a 6 anos (creches) INDICADORES DE QUANTIDADE ABORDAGENS TEMA 3CULTURA 150 Profissionais Patrimônio cultural Eventos culturais Número de profissionais da área de cultura (músicos, atores, pintores, escritores, etc.) por habitante Número de cursos de graduação ofertados para formação na área de cultura. Número de bens tombados pelo patrimônio público Ocorrência de grandes eventos culturais (grandes shows e outros grandes eventos culturais localizados) Numero de eventos culturais por ano e habitante Número de grupos culturais locais/habitante Existência de equipamentos culturais: Teatros, Museus, Galerias, Espaços culturais em geral (Área /habitante ou Capacidade de atendimento) Existência de órgãos locais de planejamento cultural (nº de órgãos) Existência de leis de incentivo/proteção à cultura Existência de grandes equipamentos culturais: (Área dos estabelecimentos/habitante) Organização do poder público local Legislação local Oferta de equipamentos INDICADORES DE QUANTIDADE ABORDAGENS Cobertura do tombamento (área ou no. de bens tombados/demanda) No. de eventos gratuitos anuais/habitante Comparecimento de público (público/população) Existência de formas de acesso para pessoas com restrição de mobilidade Estado de conservação dos equipamentos Alternativas de uso dos equipamentos/ faixa etária No. de equipamentos de acesso gratuito Existência de formas de acesso para pessoas com restrição de mobilidade INDICADORES DE QUALIDADE TEMA 4ECONOMIA MUNICIPAL 151 Maturidade Econômica Renda Economia Municipal “stricto-senso” Finanças Públicas: Sustentabilidade Fiscal ABORDAGENS Desigualdade de renda no município Relações comerciais internacionais do município: (saldo da balança comercial, em transações correntes e outros) Taxa de informalidade no município Produção Industrial per capita PIB per capita municipal Taxa de Desemprego (p.ex. Postos de Trabalho/ PEA) Taxa de falências X Taxa de abertura de novos empreendimentos/ ano (ou outro indicador de oferta de trabalho ou emprego) Indicador de Esforço Fiscal Carga Tributária Potencial Indicador da Capacidade Potencial de Gasto (ICG) Indicador de Receita Total (IRT) Indicador de Geração de Poupança (IPO) Indicador de Capacidade de Investimento (ICI) Participação da Receita Corrente Líquida no PIB (PRP) Comprometimento de Receita com Despesas de Pessoal (CRP) Comprometimento de Receita com Serviço da Dívida (CRS) Participação das Receitas no financiamento corrente dos governos municipais Participação das Transferências ICMS no PIB (ICP) Relação da Dívida Fundada junto a Secretaria do Tesouro Nacional (DFR) Indicador de Equilíbrio Orçamentário (IEO) Indicador de Autonomia Financeira (IAF) Indicador de Dependência Financeira (IDF) Receita corrente X dívida INDICADORES DE QUANTIDADE INDICADORES DE QUALIDADE 152 5EDUCAÇÃO TEMA Cobertura da Oferta - Taxa de Atendimento (população em idade escolar que freqüenta a escola/População em idade escolar) Disponibilidade de corpo docente (nº de docentes /nº de alunos). Infantil, Fundamental, Médio, Especial Infantil, Fundamental, Médio, Especial Taxa de escolarização Bruta (matriculas/faixa etária adequada) Taxa de escolas que possuem TV e Vídeo por nível de ensino Taxa de escolas que possuem computadores e/ou acesso à Internet e laboratórios de informática por nível de ensino. Oferta total de escolas no município segundo as faixas etárias adequadas. Existência de órgãos locais de planejamento local da Educação (Nº absoluto de órgãos) Existência de programas governamentais de acesso à escola (p. ex. Bolsa Escola) Taxa de Recursos públicos aplicados em investimentos na educação (em relação a outros setores de serviços) (recursos aplicados na educação/recursos totais) INDICADORES DE QUANTIDADE Infantil, Fundamental, Médio, Especial Inclusão digital Oferta de instituições Organização do poder público local ABORDAGENS Condições do sistema de ensino ofertado. (nº médio de horas aula diária) Condições do sistema de ensino ofertado. (nº médio de alunos por turma) Relação público/privado na Educação. (Matriculas totais no ensino Publico / Matriculas totais no Ensino Privado) Nível de oferta/demanda dos municípios. (População que estuda fora do município / População total que está estudando). Índice de cumprimento da LDB, em todas as esferas administrativas, para cada nível de ensino. (Quanto maior o índice, mais as outras esferas de governo atendem no nível de ensino que não consta das suas competências) Recursos “per capita” aplicados na educação segundo a demanda. (Recursos aplicados na educação/população que demanda o serviço) Taxa de analfabetismo INDICADORES DE QUALIDADE 153 TEMA Ensino Superior Fundamental, Médio, Especial Infantil, Fundamental, Médio, Especial Infantil, Fundamental, Médio, Especial ABORDAGENS Disponibilidade de corpo docente (nº de docentes /nº de alunos). Cobertura do ensino superior. (Vagas nas Universidades/ população por faixa etária) INDICADORES DE QUANTIDADE Taxa de escolas com equipamento escolar de qualidade (Existência de infra-estrutura básica, laboratórios, bibliotecas e outros) Demanda do Ensino Superior. (Inscrições no Vestibular/População por faixa etária) Níveis de formação do corpo docente. (Percentual de Docentes com Curso Graduação, Especialização, Mestrado e Doutorado). Rendimento Escolar. (Taxas de Aprovação, Taxa de reprovação e Taxa de Abandono) Níveis de formação do corpo docente. (Percentual de Docentes com Curso Superior ou Fundamental ou Média). INDICADORES DE QUALIDADE 154 7ESPORTES 6ENERGIA ELÉTRICA TEMA No. de eventos anuais No. de eventos gratuitos anuais/ hab No. de ligas esportivas Proporção de crianças e adolescentes atendidas pelos espaços e equipamentos destinados à prática de esportes. Dinâmica esportiva local Acesso a equipamentos Existência de equipamentos esportivos em geral (campos, piscinas, quadras, clubes, etc) Universalização dos serviços de energia elétrica na área urbana e na área rural Existência de equipamentos esportivos de grande porte (capacidade/ hab) Eventos esportivos Equipamentos esportivos Universalização dos serviços Razão entre o número de consumidores e o total da população Qualidade comercial Oferta de redes de energia Índice de Atendimento de Energia Elétrica Área do município atendida por redes de energia elétrica Taxa de domicílios atendidos por rede de energia elétrica Taxa de ruas com iluminação pública Continuidade dos serviços INDICADORES DE QUANTIDADE ABORDAGENS Freqüência de público/ hab Equipamentos de acesso gratuito/ hab Equipamentos com acesso para pessoas com restrição de mobilidade Freqüência de público/ hab Freqüência de público Existência, no município, de ligas esportivas regularmente constituídas e o número de atletas participantes de tais ligas, por habitante. Existência programas oficiais e não oficiais de incentivo ao esporte como forma de inclusão social (capacidade/ hab) Freqüência de público/ hab Cobertura do serviço Regularidade do fornecimento de energia Duração equivalente de interrupção de energia elétrica por consumidor; Freqüência equivalente de interrupção de energia elétrica por consumidor; Tempo médio de restabelecimento da energia ao consumidor após o comunicado à concessionária; Índice de Satisfação dos Consumidores Taxa percentual de reclamações de consumidores resolvidas em prazo inferior a 24 horas e Número de reclamações de consumidores por grupo de 100 mil consumidores Regularidade do fornecimento de energia Regularidade do fornecimento de energia INDICADORES DE QUALIDADE 155 8FELICIDADE – SATISFAÇÃO TEMA Percepção da população do município Esporte profissional Organização políticoinstitucional e jurídica Oferta de serviços ABORDAGENS Medida (grau) de satisfação da população dos municípios com a oferta passível de acesso espacial, referente a cada tema Proporção das despesas totais do município destinados à promoção da prática de esportes Proporção da população atendida por projetos e programas da prefeitura e outros órgãos na área do esporte Número de atletas profissionais por habitante. Existência de programas e/ou atividades específicas para pessoas idosas (capacidade/ hab) Número de profissionais do esporte (por habitante) atuando no município. Número de pessoas beneficiadas por programas de incentivo ao esporte em relação ao tamanho da população. Proporção de crianças e adolescentes que vivem em áreas de favelas e que são atendidos por programas/atividades relacionadas ao esporte. INDICADORES DE QUANTIDADE Proporção de idosos atendidos por tais programas/atividades. INDICADORES DE QUALIDADE TEMA 9HABITAÇÃO 156 NAL PROVISÃO HABITACIO- LIDADE HABITABI- Capacidade do município de obtenção de financiamento Organização do poder público local Adensamento domiciliar Segurança Conforto domiciliar ABORDAGENS Infraestrutura domiciliar Proporção de famílias beneficiadas com programa de oferta de material de construção Proporção de famílias beneficiadas com programa de urbanização de assentamentos regularização fundiária Proporção de domicílios que dura mais de 20 anos Proporção das despesas municipais destinadas à infraestrutura habitacional Produto habitacional: número total de unidades habitacionais produzidas no município nos setores formal e informal durante o ano, por mil habitantes. Existência de organização político-institucional que atue na urbanização de favelas e na produção de habitações Existência de políticas municipais de habitação destinadas à provisão de novas moradias e reforma das moradias inadequadas existentes Proporção de famílias beneficiadas com programa de construção de unidades e oferta de lotes Oferta de redes de abastecimento de água com existência de canalização interna ao domicílio; Oferta de redes coletoras de esgoto (e fossa séptica) Oferta de serviços de coleta de lixo Existência de banheiro de uso exclusivo do domicílio No. de moradores por cômodo ou número de moradores por unidade sanitária domiciliar Existência de telefonia no domicílio Existência de acesso à Internet no domicílio Número de domicílios por Km2 INDICADORES DE QUANTIDADE Taxa de Inadequação fundiária (não propriedade do terreno onde se situa o domicílio) Insegurança na relação de propriedade (Proporção de todos os domicílios não próprios e nem alugados) Proporção de domicílios com padrão construtivo precário INDICADORES DE QUALIDADE 157 TEMA Mercado habitacional Acesso à terra ABORDAGENS Proporção de famílias beneficiadas por programas financiados com recursos municipais/ outros recursos Proporção de famílias que obtiveram crédito habitacional/ famílias demandatárias (por faixa de renda) Proporção entre novos parcelamentos de terra destinados a habitações populares (pop. baixa renda)/ destinados a condomínios fechados (alta renda) Proporção de domicílios vagos Existência de terras ociosas em boas condições de habitação Proporção entre o preço médio de mercado de uma unidade habitacional e a renda média domiciliar. OU: Coeficiente entre preço médio da terra (em m2) e renda familiar. INDICADORES DE QUANTIDADE INDICADORES DE QUALIDADE 158 BIENTAL SANEAMENTO AM- 10- TEMA Oferta de esgotamento sanitário Oferta de abastecimento de água ABORDAGENS Quantidade de domicílios com esgotamento em Relação ao total de domicílios do município Numero de entidades prestadoras de serviços de abastecimento de água por município Proporção do município servido abastecimento de água Proporção do município servido abastecimento de água Proporção do município servido por abastecimento de água – Consumo Médio per Capita Proporção do município servido abastecimento de água Diferenciação Tarifária por Tipo de Consumo Atendimento ao público disponibilizado pelas entidades prestadoras de serviço de abastecimento de água, por número de reclamações Domicílios com esgotamento adequado em relação ao total de domicílios do município Disponibilidade de mananciais Desconformidades dos padrões de potabilidade da água consumida pela população Qualidade da Água Bruta: desconformidades com os padrões definidos para classes de enquadramento dos cursos d´água Saturação dos Sistemas Produtores de Água: Relação entre a oferta (produção água tratada) e a demanda (consumo água tratada) em relação ao crescimento da população do município Regularidade no abastecimento Proporção do município servido por abastecimento de água Proporção do município servido por abastecimento de água Proporção do município servido por formas de adequadas de abastecimento de água (rede, nascentes e poços) INDICADORES DE QUALIDADE Proporção do município servido por abastecimento de água INDICADORES DE QUANTIDADE 159 TEMA Oferta de limpeza urbana e resíduos sólidos ABORDAGENS Regularidade Adequada da Coleta de Lixo, Existência de Serviço de Atendimento ao Público disponibilizado pela entidade prestadora de Serviço, por número e tipo de reclamações Tipo de reclamações Extensão da área de coleta de lixo no município Existência de Serviço de Atendimento ao Público disponibilizado pela entidade prestadora de Serviço, por número e tipo de reclamações Ausência de Contaminação hídrica ou do solo por efluentes Industriais Número de Extravasamentos de Esgotos Existência de serviços de Esgotamento Sanitário no município Controle dos Esgotos Industriais: Volume de efluentes Industriais Coletados/Tratados (médias anuais/diárias), por município Tratamento de Esgotos Domésticos: Volume de efluentes domésticos Coletados/Tratados (médias anuais/diárias), por município Existência de Cobrança para Serviço de Esgotamento Sanitário, por município Coleta de Resíduos Sólidos Domiciliares: quantidades de domicílios com coleta adequada de lixo por município Existência de serviços de Esgotamento Sanitário pela área do município Verificar o número de Vazamentos da rede coletora Existência de Serviço de Atendimento ao Público, por número de reclamações Adequação das instalações sanitárias Proporção de banheiro ou sanitário no domicílio ou na propriedade de uso de somente um domicílio Existência de serviços de Esgotamento Sanitário pela área do município INDICADORES DE QUALIDADE INDICADORES DE QUANTIDADE 99 160 Oferta de serviços de drenagem ABORDAGENS Existência e extensão do Sistema e Serviço de Drenagem Número de Manutenções realizadas no sistema de drenagem Controle do Volume do Lixo Séptico nas unidades de saúde Relação entre a oferta de áreas de disposição adequada dos resíduos urbanos e demanda (produção lixo municipal) para determinada população Controle do Volume de Lixo Industrial Volume de resíduos gerados per capita X resíduos manejados adequadamente Volume de lixo produzido X volume reciclado Existência de Serviço de Atendimento ao Público disponibilizado pela entidade prestadora de Serviço, por número e tipo de reclamações INDICADORES DE QUANTIDADE Regularidade Existência de Serviços de Manutenção dos Sistemas de Drenagem Controle de Vetores: ocorrência das principais doenças causadas por vetores, inclusive considerando as doenças endêmicas que apresentam diferenciações regionais dadas, principalmente, pelas doenças de veiculação hídrica99 Disposição Adequada Lixo Séptico Disposição Adequada de Lixo Industrial Atendimento ao Público disponibilizado pela entidade prestadora de Serviço, por número e tipo de reclamações Área degradada por deposito de lixo (ha/ano) INDICADORES DE QUALIDADE Doenças de Veiculação Hídrica são aquelas transmitidas pela água. Muitas das doenças que afetam o homem podem ser transmitidas pelos microorganismos presentes no meio ambiente, e cerca de 80% das doenças dos países em desenvolvimento (como o Brasil) são provenientes da água de qualidade ruim. As enfermidades mais comuns que podem ser transmitidas pela água são: Febre Tifóide, Disenteria, Cólera, Diarréia, Hepatite, Leptospirose, Giardíase. , dengue, febre amarela, tracoma, conjuntivites, poliomielite, escabioses, tifóide, esquistossomose e malária. TEMA 161 11INFRA-ESTRUTURA DE TELEFONIA E TELECOMUNICAÇÕES TEMA Área degradada por deposito de lixo (há/ano) Disposição Adequada de Lixo Industrial Volume de resíduos gerados per capita X resíduos manejados adequadamente Volume de lixo produzido X volume reciclado; Controle do Volume de Lixo Industrial Oferta de redes de telefonia Oferta de serviços de Internet Oferta de serviços de Telecomunicação Nível de concorrência das redes de telefonia: Número de empresas de telefonia que atendem determinado município Número de provedores de internet Número de empresas com web site Numero de domicílios com TV por assinatura Número de estações de radio AM ou FM. Número de canais da TV aberta captados pelos aparelhos receptores em cada um dos municípios Número de antenas parabólicas Relação entre o número de celulares e a população total Tipo de disponibilidade (a cabo e ou com conexão por satélite) Número de usuários de Internet Numero de estabelecimentos que Preços das tarifas telefônicas: variação das tarifas telefônicas em quatro níveis: ligações locais e interurbanas e as ligações para fixos e celulares Disposição Adequada Lixo Séptico Atendimento ao Público disponibilizado pela entidade prestadora de Serviço, por número e tipo de reclamações Existência de Serviço de Atendimento ao Público disponibilizado pela entidade prestadora de Serviço, por número e tipo de reclamações Controle do Volume do Lixo Séptico nas unidades de saúde Relação entre o número de domicílios atendidos pela rede de telefonia fixa e o total de domicílios INDICADORES DE QUALIDADE INDICADORES DE QUANTIDADE Oferta de redes de telefonia móvel Oferta de redes de telefonia fixa ABORDAGENS 162 TEMA Oferta de linha regular de ônibus interurbano Condições de segurança avaliadas pela sinalização e pavimentação e idade média da frota Número de veículos por habitantes. Acesso pavimentado à rede principal (federal+estadual) Transporte rodoviário Oferta de linha regular de ônibus interurbano Tempo médio de deslocamento. Existência de vias exclusivas de pedestres Facilidade com que os habitantes acessam locais onde se concentram as oportunidades de trabalho, as redes públicas de saúde e de educação. Adequação entre itinerários existentes e demandas de deslocamento da população do município. Existência de integração entre itinerários e entre diferentes meios de transporte, principalmente em cidades de grande porte. Circulação de pedestres Relação entre meios não motorizados e transporte coletivo versus outros meios motorizados. Relação entre o total de passageiros que utilizam o serviço formal e informal de transporte coletivo. Relação entre o total de passageiros que utilizam o serviço formal e informal de transporte coletivo. Relação entre o total de passageiros que utilizam o serviço formal e informal de transporte coletivo. oferecem acesso a Internet (existência de “ciber café”, “lan house” e outros estabelecimentos do gênero) INDICADORES DE QUALIDADE Condições físicas do espaço de circulação, incluindo-se passeios públicos sinalização viária, equipamentos e dispositivos para garantir a mobilidade de pessoas com restrição de mobilidade. Sustentabilidade Oferta de equipamentos de transportes Domicílios com equipamentos de acesso Oferta dos meios de comunicação Percentual de pessoas que se locomovem a pé para vencer grandes distâncias INDICADORES DE QUANTIDADE ABORDAGENS 163 13JUSTIÇA MOBILIDADE DE TRANSPORTE / INFRA-ESTRUTURA 12- TEMA Assistência judiciária para os pobres Agilidade e eficácia no processo judicial Participação ou atuação do Ministério Público Qualidade dos serviços Tempo de tramitação do processo Oferta de serviços jurídicos gratuitos Transporte hidroviário, valido para determinadas regiões Oferta de linha aérea regular Transporte aéreo Tempo médio que um processo tramita até ser concluído Existência de assistência judiciária, por habitante Oferta de serviços jurídicos gratuitos nos municípios, por habitante Participação do Ministério Público na defesa dos interesses coletivos, por habitante Existência de assistência judiciária, por habitante Agilidade e eficácia do processo judicial INDICADORES DE QUALIDADE Participação ou atuação do Ministério Público na defesa dos interesses coletivos Qualidade dos serviços quanto a sua aplicação Existência de assistência judiciária, por habitante Existência de assistência judiciária para os pobres, por habitante Oferta regular de transporte de pessoas e existência de terminal com infra-estrutura básica. Distância até o aeroporto mais próximo. INDICADORES DE QUANTIDADE ABORDAGENS 164 LAZER 14- TEMA Existência de comissão de defesa do consumidor e de tribunal ou juizado de pequenas causas, por habitante Acesso à Justiça Programas Locais de Incentivo ao Uso do Espaço Público ao Ar Livre Equipamento de lazer públicos e privados Áreas de Conservação Ambiental com Programas de Uso Público Manutenção das áreas públicas de lazer Área de lazer Disponibilidade das equipamentos de lazer Disponibilidade das áreas de conservação Manutenção adequada Existência de Áreas de Conservação Ambiental com Programas de Uso Público, por município Existência de Manutenção Adequada das Áreas Públicas de lazer Freqüência da realização dos programas Disponibilidade das áreas de lazer Disponibilidade das áreas de lazer INDICADORES DE QUALIDADE Número de Equipamento de lazer públicos e privados, por tipo de equipamentos, para o total da população urbana Existência de Programas Locais de Incentivo ao Uso do Espaço Público ao Ar Livre em determinado período, por município Proporção da população atendida por área de lazer em espaços públicos Números de Áreas de lazer, por faixa etária, para total da população Existência de Conselho Tutelar da criança e do adolescente, por habitante Existência de Conselho de direito da criança e do adolescente, por habitante Existência de Procons e defensorias Públicas por habitante Existência de Procons e defensorias Públicas Conselho de direito da criança e do adolescente Conselho Tutelar da criança e do adolescente Área pública de lazer INDICADORES DE QUANTIDADE ABORDAGENS 165 15MEIO AMBIENTE E ASPECTOS AMBIENTAIS “STRICTO SENSO” TEMA Vegetação Urbana Qualidade dos Solos Indicador de Águas Urbanas Indicador estético Qualidade do ar para a população ABORDAGENS Existência de espécies locais em áreas urbanas por município Quantidade de área verde por habitante ( M²) Quantidade total de manchas verdes na área urbana (m²/habitante) Presença e extensão de áreas urbanas por município Dias do ano em desacordo com as normas da OMS por município Número de Programas e redes de monitoramento por município Existência de controle e manejo dos espaços residuais no Município Existência de Tombamentos de Patrimônio Histórico-Cultural por município Existência de instrumentos reguladores para veicular propagandas.por município Existência de harmonização e alinhamento de fachadas por imóvel Captação de recursos hídricos subterrâneos por município Existência de corpos superficiais por municípios Consumo per capita de água (em m³/habitante) Presença e extensão de áreas urbanas por município Presença e extensão de áreas urbanas por município INDICADORES DE QUANTIDADE Presença e extensão de áreas urbanas com contaminação de Solos Presença e extensão de áreas urbanas com perdas de solo Presença e extensão de áreas urbanas com grau de impermeabilização Acessibilidade em tempo às manchas verdes na área urbana Acessibilidade em tempo à área verde Manutenção adequada de espécies locais em áreas urbanas por município Qualidade de corpos Superficiais em área urbana Qualidade das águas subterrâneas Harmonização e alinhamento de fachadas Emissões de poluentes Índice de Emissões de poluentes INDICADORES DE QUALIDADE 166 TEMA Indicador de potencialidade de carga poluidora Indicador de Reciclagem Municipal Indicador de Qualificação da MacroDrenagem Indicador de Qualificação de Micro Drenagem Emissão de Ruídos Áreas Protegidas Conforto Climático ABORDAGENS Proporção de Redes Pluviais com Esgotamento Sanitário Conjuntamente X Sistemas de Drenagem Pluvial Proporção entre canais de drenagem canalizados X fundos de Vale preservados Volume de Lixo Reciclado no Município Número de pontos de Lançamento de Esgoto in natura e corpos receptores Existência e extensão de áreas urbanas protegidas por município Existência de parques lineares ao longo de planícies de inundação freqüentes, por município Existência de Tráfego Intenso em vias centrais Existência de Usos Incompatíveis residencial e Outros Pluviosidade média em Áreas urbanizadas/verticalizadas Ausência de enchentes em leito de rios Índice de Qualidade das águas dos Corpos Receptores Desconforto causado por emissões Desconforto causado pela poluição sonora Aumento de Pluviosidade em relação ao entorno com menores graus de urbanização/verticalização Manutenção adequada de diversidade florística em áreas urbanas por município Existência de diversidade florística em áreas urbanas por município Existência de alterações de Vento por município Existência de Falta de insolação nas ruas e prédios (no nível do solo por município) INDICADORES DE QUALIDADE INDICADORES DE QUANTIDADE 167 16- PARTICIPAÇÃO, ASSOCIATIVISMO E ORGANIZAÇÃO POLÍTICOINSTITUCIONAL TEMA Associativismo Participação Existência de orçamento participativo Existência de associações de bairro Quantidade de corpos D’água a Jusante e a Montante do município com Poluição Número de associações de bairros ativas em relação ao número total de bairros Número de Programas de Reuso da água e Não Desperdício Número de Atendimentos em Unidades de Saúde por doenças Respiratórias Número de Equipamentos Instalados para Controle de Fontes Fixas Percentual de famílias que participam das reuniões das associações de bairro em relação ao total de famílias Média de participação das comunidades nas reuniões do orçamento participativo em relação ao total de comunidades Índice de Qualidade das Águas a Jusante e a Montante do Município Taxa de Mortalidade por doenças Respiratórias entre Idosos e Crianças Índice de Qualidade do Ar Institucional Número de substâncias e Freqüência de Amostras Coletadas Índice de Qualidade do Ar Porcentagem de áreas Construídas X Porcentagem de área com Maior Permeabilidade Número de Programas de Recuperações de Áreas Degradadas Número de Organizações Não Governamentais Número e Extensão da Rede de Monitoramento Qualidade no sistema de Controle do Monitoramento de padrões adequados de Ar Indicador de Controle de Fontes Fixas Indicador de Impacto da queda de Qualidade do Ar Indicador de Uso Responsável INDICADORES DE QUALIDADE INDICADORES DE QUANTIDADE ABORDAGENS 168 SAÚDE 17- TEMA Número de hospitais por habitante. Número de serviços de saúde por habitante. Número de médicos e enfermeiros por habitantes. Recursos Humanos Medidas de utilização de serviços de saúde Número de equipamentos de saúde (hospitais, leitos hospitalares e leitos de UTI) por habitante. Mortalidade Infantil, neonatal e tardia. É a diferença entre taxas do país ou grupo observado e aquelas tomadas como referência Qualidade e eficácia da oferta: Taxas de mortalidade infantil, taxa de mortalidade materna, expectativa de vida, mortalidade nas diversas faixas etárias, cobertura vacinal. Coeficiente de atendimento: Razão entre o número de atendimentos por dia e hora médica por dia. Taxa de utilização de serviços de saúde Taxa de Ocupação Hospitalar Parcela da população filiada em algum tipo de associação Existência de associações de qualquer tipo Parcela da população engajada em algum tipo de luta social Número e tipo de redes de interação social Presença na legislação municipal e utilização efetiva de instrumento de política urbana previstos no Estatuto da Cidade Grau de articulação entre as políticas urbanas e as políticas sociais; Capacidade administrativa e institucional para gestão intermunicipal compartilhada Quantidade e tipos de mecanismos de gestão participativa (conselhos municipais e comitês gestores de programas públicos) Grau de democratização da informação Programas de capacitação de lideranças populares INDICADORES DE QUALIDADE INDICADORES DE QUANTIDADE Oferta de Serviços Brechas Redutíveis de Mortalidade Organização PolíticoInstitucional ABORDAGENS 169 19 SERVIÇOS URBANOS cial SEGURANÇA Serviços Pessoais Serviços de comunicação Cobertura poli- População da área de Influência ABORDAGENS 18- TEMA Prevalência de atendimento: proporção de pessoas que foram atendidas. Número de serviços de saúde por habitante. Ocorrências de crimes violentos, crimes contra a pessoa, contra a propriedade e violência no trânsito. Número de delegacias, batalhões, companhias por habitantes. No. de bancas de revista/ hab No. de postos de gasolina/ veículos automotores (ou área/ hab) No. de agências bancárias/ hab (ou ainda área ou recursos humanos/ hab) Existência de pontos de táxi (no./ hab) No. de agências dos correios/ hab Ocorrências de crimes violentos, crimes contra a pessoa, contra a propriedade e violência no trânsito. Ocorrências de crimes violentos, crimes contra a pessoa, contra a propriedade e violência no trânsito. Taxa de atendimento policial: composta pela Taxa de Oferta de equipamentos policiais (delegacias e batalhões), número de viaturas, efetivo policial e tempo de espera para atendimento pelo serviço 190. Número de habitantes por policial militar ou civil efetivo existente, ou seja, por total de policiais na ativa. Distribuição espacial do efetivo e das viaturas das polícias e da guarda municipal. Ocorrências de crimes violentos, crimes contra a pessoa, contra a propriedade e violência no trânsito. Coeficiente de utilização de serviços Número de equipamentos de saúde (hospitais, leitos hospitalares e leitos de UTI) por habitante. Índice de Dependência: mede a proporção da população que abrange cada unidade de saúde em uma determinada área geográfica. INDICADORES DE QUALIDADE INDICADORES DE QUANTIDADE 170 lho Oferta de Traba- 20 - TRABALHO / EMPREGO ABORDAGENS TEMA Número de oportunidades de trabalho oferecidas no mercado em relação ao tamanho da população economicamente ativa Razão entre as taxas de crescimento do número de postos de trabalho e da população economicamente ativa Número de oportunidades de trabalho oferecidas no mercado em relação ao tamanho da população economicamente ativa Duração do desemprego: tempo médio que uma pessoa fica desempregada Taxas específicas de desemprego Taxa de desemprego Número de oportunidades de trabalho oferecidas no mercado em relação ao tamanho da população economicamente ativa Número de oportunidades de trabalho oferecidas no mercado em relação ao tamanho da população economicamente ativa Número de oportunidades de trabalho oferecidas no mercado em relação ao tamanho da população economicamente ativa Número de oportunidades de trabalho oferecidas no mercado em relação ao tamanho da população economicamente ativa Número de oportunidades de trabalho oferecidas no mercado em relação ao tamanho da população economicamente ativa INDICADORES DE QUANTIDADE Percentual de estabelecimentos de trabalho que oferecem benefícios ao trabalhador (opções de lazer, espaço de convivência, dentre outros, planos de saúde, creche, dentre outros) Razão entre o número de empregados com carteira e sem carteira Percentual de trabalhadores que realizam trabalho de risco Duração média da jornada de trabalho Razão entre o número de empregos formais e informais Tempo de deslocamento entre a moradia e o local de trabalho INDICADORES DE QUALIDADE 171 TEMA Qualificação do Trabalhador Instituições de Trabalho ABORDAGENS Existência de conselho municipal de emprego (ou número de conselhos municipais de emprego) Número de agências de emprego em relação à população total Número de vagas em cursos profissionalizantes em relação à população em idade ativa Presença de externalidades positivas no município (áreas verdes, águas termais,etc) Taxa de ocupação Quantidade de trabalhadores com emprego formal sobre a população em idade adulta Número de oportunidades de trabalho oferecidas no mercado em relação ao tamanho da população economicamente ativa Número de oportunidades de trabalho oferecidas no mercado em relação ao tamanho da população economicamente ativa Número de oportunidades de trabalho oferecidas no mercado em relação ao tamanho da população economicamente ativa Número de oportunidades de trabalho oferecidas no mercado em relação ao tamanho da população economicamente ativa Razão entre o total de empregados e o total de estabelecimentos Número de oportunidades de trabalho oferecidas no mercado em relação ao tamanho da população economicamente ativa Número de oportunidades de trabalho oferecidas no mercado em relação ao tamanho da população economicamente ativa Percentual de trabalhadores por posição na ocupação Percentual de trabalhadores sem carteira Número de trabalhadores por faixas de remuneração em relação ao total de trabalhadores Tempo de permanência no emprego Proporção de trabalhadores com carteira assinada INDICADORES DE QUALIDADE INDICADORES DE QUANTIDADE 172 21 URBANISMO E USO DO SOLO TEMA ABORDAGENS Presença de externalidades negativas no município (estações de tratamento de lixo, grandes áreas favelizadas, ...) Proporção de domicílios sub-normais no município (=proporção de domicílios em favelas no município; área proporcional ocupada por favelas) Existência de legislação de controle do uso e ocupação do solo e de legislação ambiental Existência de espaços urbanos para pedestres Relação entre área verde e área urbanizada Existência de áreas urbanas degradadas ou em processo de degradação Existência e distribuição de espaços públicos de convívio social Existência de cursos d’água tratados e/ou apropriados para lazer Existência de áreas urbanas de preservação ambiental Preservação e valorização de áreas urbanas lindeiras a rios e maciços florestais Acesso à terra urbana Percentual de terra urbana não regularizada Utilização de vias para comércio ambulante Existência de Plano Diretor Existência de conselhos municipais de planejamento e controle urbanístico e ambiental Existência de conselhos municipais de patrimônio urbano e ambiental Existência de mecanismos jurídicos de controle e estímulo a padrões urbanísticos Concentrações de áreas industriais INDICADORES DE QUANTIDADE INDICADORES DE QUALIDADE 173 TEMA ABORDAGENS Concentrações de áreas de serviços produtivos Existência de lotes não-ocupados Existência de órgãos/serviços de segurança pública Utilização de vias para comércio ambulante Distribuição de centralidades de comércio local e serviços Existência de edificações vazias e/ou abandonadas Existência de legislação de ordenamento territorial urbano Existência de áreas habitacionais massivas não-urbanizadas (periferias) Existência de aparato administrativo para licenciamento e fiscalização (corpo técnico, estrutura organizacional) INDICADORES DE QUANTIDADE INDICADORES DE QUALIDADE Ministério das Cidades Referências Bibliográficas AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL. 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O movimento dos indicadores sociais que então emergiu, representou uma tentativa governamental de enfrentar a situação social do país, já que dominava o descontentamento cívico. A situação evidenciou o fato de que o progresso econômico, por ele mesmo, não era capaz de gerar o que era então chamado de “bem-estar social”. Tornava-se necessário enfocar novos ângulos e buscar novos indicadores – indicadores sociais – para revelar aspectos que não podiam ser captados pela abordagem estritamente econômica dominante na concepção de desenvolvimento. Condições e pressões sociais análogas acompanharam, na Europa e na América Latina, a emergência dos trabalhos de Indicadores Sociais. Muitos esforços foram empreendidos pela Comunidade Econômica Européia, Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico, e posteriormente, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), visando dimensionar os impactos sociais do desenvolvimento, bem como a proposição de programas de estudos e temas para construção de indicadores na área social. Assim, os primeiros anos da década de 1970 marcaram a tendência de difusão de Indicadores Sociais que, ao final da década, já se havia consolidado em grande parte dos países ocidentais. Também na década de 70, ganha força a preocupação com a qualidade ambiental, especialmente devido ao acelerado processo de urbanização e o conseqüente agravamento da degradação ambiental e dos problemas ambientais globais. Neste contexto se inicia também a produção de indicadores ambientais, vistos como instrumentos a serem inseridos nos processos de tomada de decisões na esfera do planejamento público. Esta tendência se aprofunda nos anos 80, gerando inúmeros debates e proposições teórico-metodológicas para formulação de indicadores ambientais, por parte de órgãos internacionais de estatísticas. Ao final dos anos 80 e início dos 90 é notório, mundialmente, o aumento da criminalidade, exclusão social e pobreza, aliados aos grandes problemas de habitação, transporte, infra-estrutura urbana e acesso a serviços, além da degradação ambiental crescente nas cidades. Observa-se que, ao contrário do início do século, quando as grandes cidades do mundo pertenciam a países que se industrializaram rapidamente, ao final deste século, são os países pobres, com grande quantidade de problemas, que abrigam a maior parte das grandes cidades, provocando o rompimento da conexão histórica entre tamanho de cidade e desenvolvimento econômico ou poder político. 1 Consultora do Ministério das Cidades. Professora e pesquisadora do IDHS/Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas, Belo Horizonte/MG. Doutora em Ecologia/UFSCar.Contatos: [email protected] - [email protected]. 183 Este cenário marca a tendência mundial de fortalecer os governos no nível local e remetem para a necessidade de desenvolver sistemas para monitorar o desenvolvimento das cidades, gerando também um novo olhar para os indicadores. Assim, ao longo dos anos 90, multiplicaram-se as iniciativas locais de desenvolvimento dos denominados “indicadores de sustentabilidade” usando novas tecnologias da Rede Mundial de Computadores (Internet) e estratégias de mensuração menos acadêmicas, visando dotar as cidades de capacidade para conceber, desenhar e implementar projetos para aumentar a sustentabilidade local. Ao mesmo tempo, se dá a criação do IDH/ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO, elaborado inicialmente para comparar o nível de desenvolvimento entre países. A elaboração deste índice pelo PNUD reflete e reforça este novo olhar para os indicadores, estimulando iniciativas semelhantes por parte de governos e instituições. Estes passaram a buscar métodos para mensurar o desenvolvimento humano, as condições de vida e/ou a qualidade de vida, em áreas espaciais distintas − estados, regiões e cidades − impulsionando de maneira fundamental a elaboração e uso de indicadores para avaliar o meio urbano. Este “novo movimento de indicadores” (NAHAS, 2002) centra-se particularmente no espaço urbano, representando a busca por instrumentos para auxiliar as cidades na tarefa de monitorar seu desenvolvimento, incluindo iniciativas governamentais e não governamentais, além de cidadãos ativistas. No plano teórico, fortalecem-se os vínculos entre desenvolvimento sustentável, justiça social e qualidade ambiental e, neste contexto, os indicadores sociais passam a ser vistos como parte de um sistema holístico para monitorar o progresso das cidades. SISTEMAS DE INDICADORES MUNICIPAIS NO BRASIL A construção de indicadores sociais como subsídio ao planejamento público é tendência crescente no Brasil, desde 1990, quando se desenvolveu o IDH. A partir de então, cresce a produção de indicadores sociais como iniciativas de órgãos de planejamento público, visando mensurar conceitos como: condições de vida, qualidade de vida, desenvolvimento humano, pobreza, qualidade de vida urbana, vulnerabilidade social e/ou desenvolvimento sustentável. Em 1991, foi produzido o Índice de Desenvolvimento Social, próximo ao IDH na concepção teórica e na metodologia de cálculo, visando comparar as grandes regiões brasileiras (RODRIGUES, 1991). A partir de 1996 registra-se a elaboração do IDH-M, ou seja, o IDH ajustado ao nível municipal, calculado para dimensionar o desenvolvimento humano na totalidade dos municípios brasileiros. Atualizado periodicamente, este é o índice mais amplamente reconhecido para avaliar, comparativamente, o conjunto dos municípios no Brasil (PNUD; IPEA & FJP, 2000). Entretanto, desde 1995 já se produziram outros índices que permitem também comparar as condições de vida de municípios, como é o caso do Índice Social, que permite comparar 187 grandes municípios brasileiros e Índice Social Municipal, para comparar os maiores municípios do estado de São Paulo, ambos produzidos pelo Instituto Pólis (SOUTO et al, 1995). Também se podem citar os indicadores urbanos propostos pelo Habitat II e tomados para Curitiba, Rio de Janeiro, Brasília e Recife (MPO, 1996), além do ICV / Índice de Condições de Vida, calculado para a totalidade dos municípios do estado de Minas Gerais (FJP & IPEA, op. cit). Mais recentemente, governos de diversas Unidades da Federação criaram sistemas de indicadores para avaliar o conjunto dos municípios de sua área de abrangência, alguns dos quais citados abaixo: 184 - Índice Social Municipal Ampliado, do Rio Grande do Sul (FEE,1997), substituído, em 2004, pelo Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (FEE, 2004) Índice de Desenvolvimento dos Municípios do Espírito Santo (IPES, 2000) Índice de Qualidade dos Municípios do Rio de Janeiro (CIDE, 2002) IDS/Índice de Desenvolvimento Social de Resultados e o IDS/de Oferta dos municípios do Ceará (SEPLAN & IPECE, 2003) Paralelamente, foram também produzidos outros índices de abrangência nacional como o Índice de Exclusão Social (AMORIM & POCHMANN, 2003) e o Índice de Desenvolvimento Infantil (UNICEF, 2003), este calculado para a população até 6 anos de idade, em cada município. Todos estes índices e respectivos sistemas de indicadores se mostram úteis para instrumentalizar o planejamento urbano em nível estadual, regional ou federal. A partir de 1996, observa-se no Brasil, o desenvolvimento de uma segunda linha de indicadores, voltados para o planejamento local de cidades de maior porte (grandes e médias) e/ou Regiões Metropolitanas, para possibilitar a identificação e dimensionamento das desigualdades no interior destas cidades ou regiões. É importante lembrar que as cidades latino-americanas, principalmente as metrópoles, mostram quase completa dualidade social e espacial. De um lado, vive uma minoria da população que concentra volumes crescentes da riqueza (em vários países 10% da população concentra 40% da renda nacional) e constituem uma cidade legal, amparada e protegida por leis e mecanismos econômicos. De outro, uma maioria empobrecida, com escassas oportunidades de informação e progresso social que conforma, juntamente com a primeira, a cidade real. Em resumo, trata-se de pequeno grupo de ‘ilhas’ de bem-estar, rodeadas por um ‘mar de pobreza’. Neste contexto, é fundamental o emprego de indicadores georreferenciados no espaço intra-urbano, visando retratar o mosaico espacial de serviços, equipamentos, padrões de ocupação, condições ambientais e, naturalmente, de condições sociais, existentes no interior destas cidades. Nesta linha, as experiências brasileiras mais consolidadas são: - Índice Sintético de Satisfação da Qualidade de Vida de Curitiba (IPPUC, 2001) Índice de Qualidade de Vida Urbana de Belo Horizonte (PBH, 1996; NAHAS et al, 1996) Índice de Exclusão/ Inclusão Social da cidade de São Paulo (SPOSATI, 1996) Mapa da Pobreza de Curitiba (UFPR; IPARDES & IPPUC, 1997) Índice de Vulnerabilidade Social de Belo Horizonte (NAHAS et al, 2000) Índice de Vulnerabilidade Juvenil (SEADE, 2000) Índice Geral de Qualidade de Vida Urbana Belém (CORRÊA et al, 2001) Entretanto, enquanto se aprofundam nas administrações públicas a necessidade de se trabalhar com o uso de indicadores e refinam-se metodologias e recursos para produção dos mesmos, o Ministério das Cidades (MC) ainda não dispõe de um sistema de indicadores municipais adequado à sua linha de intervenção nas cidades, que sirva como referência para o estabelecimento de prioridades e definição de seus programas e projetos. UM SISTEMA DE INDICADORES PARA O MINISTÉRIO DAS CIDADES Como explicitado nas resoluções da Conferência Nacional das Cidades, a missão do Ministério das Cidades é: “Garantir o direito à cidade a todos os seus habitantes, promovendo a universalização do acesso à terra urbanizada e à moradia digna, ao saneamento ambiental, à água potável, 185 ao trânsito e à mobilidade com segurança, e ao ambiente saudável, por meio da gestão democrática. O direito à cidade implica na formulação e implementação de uma política de desenvolvimento urbano e regional, com a garantia de respeito aos direitos humanos relacionados à vida urbana, de forma sustentável para as gerações presentes e futuras.” (MC, 2003. Pág.2) Pode-se contatar que o interesse do MC é focado fundamentalmente no espaço urbano, na dimensão física deste espaço, incluindo-se aí a localização de serviços e equipamentos urbanos. Portanto, um sistema de indicadores adequado à sua missão deve possibilitar o dimensionamento das desigualdades sócio-espaciais existentes entre as cidades brasileiras, a partir desta abordagem. No entanto, não é este o foco das metodologias de abrangência nacional hoje existentes no Brasil, ou seja, o IDH Municipal, o Índice de Exclusão Social (IES) e o Índice de Desenvolvimento Infantil (IDI), já mencionados. Resguardada a relevância do desenvolvimento de cada um destes índices, é importante observar que, independentemente dos indicadores que os compõem, todos têm o mesmo objetivo: dimensionar o acesso da população - acesso social - aos bens e serviços oferecidos nos municípios. Assim, o IDH enfoca educação, renda e saúde e, o IES, além destas dimensões inclui aspectos demográficos, acesso ao trabalho e violência, temática vinculada ao processo de exclusão social, da mesma forma que o IDI, porém com recorte na população infantil. Para a formulação destes sistemas de indicadores utilizaram-se essencialmente dados demográficos (ou domiciliares), ou seja, informações centradas nas pessoas, na população. Tais índices, entretanto, não enfocam a dimensão física do espaço urbano e, menos ainda, a questão da localização de recursos urbanos e nem foram desenvolvidos com este objetivo. Tais metodologias não se destinam a avaliar, por exemplo, a qualidade ambiental urbana ou a eqüidade na oferta de recursos urbanos habitacionais e de saneamento. Assim, para o cálculo dos indicadores não se utilizam dados que reflitam aspectos físicos - naturais ou construídos - dos municípios e que criariam condições para avaliar a oferta recursos urbanos e a qualidade ambiental nestes municípios. Por esta razão, o Ministério das Cidades pretende desenvolver um índice que atenda à esta necessidade e, para tanto, optou por adotar o conceito contemporâneo de “qualidade de vida urbana” como referência teórica para elaboração deste índice. O ÍNDICE DE QUALIDADE DE VIDA URBANA DAS CIDADES BRASILEIRAS O conceito de “qualidade de vida urbana” vem se construindo, historicamente, a partir dos conceitos de bem-estar social, qualidade de vida, qualidade ambiental, pobreza, desigualdades sociais, exclusão social, vulnerabilidade social, desenvolvimento sustentável e sustentabilidade, e, desta maneira, sua história encontra-se estreitamente vinculada à história dos indicadores formulados com base nestes enfoques (NAHAS, 2002). De fato, o conceito tomou forma principalmente nos anos 70 e 80, face ao crescimento e expansão das cidades em todo o mundo, particularmente nos países em desenvolvimento. Como se sabe, o processo de urbanização foi uma das características marcantes do último século, fazendo com que, em nossos dias, mais de 50% da população mundial viva em cidades. O emprego da expressão “qualidade de vida urbana” resulta, assim, do enfoque nas conseqüências do desenvolvimento e expansão das cidades e seus problemas sócio-ambientais e da necessidade de monitorar este desenvolvimento no nível local. Por esta razão, esta foi a tendência marcante da formulação de indicadores sociais e ambientais na década de 90. Neste quadro de complexidade crescente, o dimensionamento da qualidade de vida urbana também cresce em complexidade, revestindo-se de dificuldade adicional quando o objetivo da mensuração é embasar políticas públicas que promovam a eqüidade no acesso da população aos benefícios da vida nas cidades. 186 De fato, pode-se afirmar que, em nossos dias, o conceito de qualidade de vida urbana reporta-se ao meio urbano, às cidades e sua mensuração requer a inclusão de três elementos fundamentais: i) O dimensionamento da eqüidade na distribuição espacial e no acesso da população a determinados serviços e recursos urbanos, ou seja, a mensuração do acesso espacial a serviços (ou seja, da possibilidade espacial de acesso) e do acesso social. Este é um aspecto fundamental, especialmente em se tratando de municípios de médio porte e Regiões Metropolitanas – alvos prioritários do MC. É essencial considerar que o acesso aos bens de cidadania implica no deslocamento até os mesmos, já que estes podem estar próximos ou muito distantes do local de moradia, exigindo tempo e recursos para acessálos. Portanto, para definir prioridades de investimentos, não basta dimensionar as condições em que se encontra a população desta ou daquela cidade: é indispensável saber também as condições materiais, físicas, oferecidas nos lugares, que possibilitam (ou não) o acesso da população aos bens e serviços urbanos. ii) A avaliação da qualidade ambiental, a partir de aspectos sócio-ambientais e aspectos ambientais “stricto-senso”, relacionados ao meio urbano. iii) A produção de elementos teórico-metodológicos para a discussão da sustentabilidade do desenvolvimento humano. Este é o referencial teórico no qual será baseada a construção do Índice de Qualidade de Vida Urbana das cidades brasileiras (IQVU/BR). Para elaboração deste índice, o Ministério das Cidades desenvolverá um processo de consultas de abrangência nacional. A aplicação de um processo desta natureza para construção do IQVU/BR se baseia na constatação de que, para se tornar útil à formulação de políticas públicas, como aqui se pretende, o sistema de indicadores deve contar com a validação política e institucional da sociedade. Em outras palavras, pouco adianta promover melhorias na qualidade de vida nas cidades com determinados critérios, se tais melhorias e critérios não são reconhecidas como legítimos e válidos pela sociedade. Considera-se fundamental que as decisões tomadas a partir do índice e as melhorias decorrentes de tais decisões, sejam reconhecidas como justas e adequadas à solução dos problemas. Naturalmente, este é um objetivo difícil de ser alcançado mas o Ministério das Cidades parte do princípio de que tal validação pode ser alcançada, ao menos em parte, através da participação direta de atores sociais na definição dos aspectos a serem considerados na mensuração do conceito e em outros momentos do processo de construção do índice. A consulta será desenvolvida tomando-se o Método Delphi como referência, técnica de dinâmica de grupo que promove um debate entre diversos participantes, buscando estabelecer um consenso entre os mesmos acerca das questões em discussão. Pretendese incluir cerca de 100 colaboradores, originários de universidades, centros de pesquisa, administração pública (municipal, estadual e federal), além de organizações da sociedade civil (ONGs e outras). A composição do grupo de colaboradores contempla também o critério espacial, incluindo-se colaboradores das diversas regiões do país. Os participantes responderão a uma primeira questão que deverá dar origem às perguntas subseqüentes, até se alcançar o consenso. As respostas às questões serão emitidas de forma anônima e por escrito, através da Internet. Encerradas as consultas será iniciada a elaboração do índice propriamente. Esta estratégia foi adotada em Belo Horizonte, na construção do Índice de Qualidade de Vida Urbana e do Índice de Vulnerabilidade Social, desenvolvidos com a participação de gestores públicos municipais e representantes de segmentos sociais diversos (universidades e organizações da sociedade civil). Tais índices gozam de amplo reconhecimento na cidade, em seus diversos segmentos - sociedade civil, academia e administração municipal - e são intensamente utilizados pela Administração Municipal na 187 distribuição de recursos, na formulação de projetos e para definir a localização de investimentos. Outro aspecto importante a ser assinalado é que para o desenvolvimento do IQVU/BR serão consideradas as metodologias existentes no Brasil para comparar municípios, além das experiências de indicadores intra-urbanos. Entretanto, é fundamental assinalar que, tais experiências não foram desenvolvidas para mensurar a qualidade de vida urbana, da forma como aqui conceituada, e nem tão pouco tiveram como objetivo enfatizar a temática prioritária do Ministério das Cidades. O Quadro I adiante apresenta a relação de temas considerados nos sistemas de indicadores elaborados para comparar os municípios de todo o Brasil de algumas Unidades da Federação. Os temas estão organizados segundo a freqüência em que aparecem nas experiências consideradas: os temas “Educação” e “Renda”, por exemplo, foram contemplados em todas as experiências. Quadro I: Freqüência dos temas nos sistemas de indicadores intermunicipais de abrangência nacional e de algumas Unidades da Federação* ORDEM DE FREQÜÊNCIA TEMAS Educação I Renda Saúde II Saneamento Pobreza Habitação Energia Elétrica III Transportes Telecomunicações Trabalho Violência IV Governo Municipal Agropecuária Comércio Demografia Esportes V Infra-estrutura para empreendimentos Meio Ambiente “stricto-senso” Serviços urbanos Controle do uso do solo * Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Ceará. Como se pode observar, tais metodologias não se centram no espaço urbano e a algumas delas nem abordam a temática da Habitação, Saneamento, Transporte e/ou a qualidade ambiental urbana. Além disto, em sua maior parte, tais sistemas consideram apenas o acesso social, enfocando somente a população. Algumas das metodologias abrangem também a questão espacial, embora parcialmente. Para ilustrar esta análise o Quadro II apresenta os indicadores mais freqüentes e seu enfoque, dentre os temas presentes em todas as experiências. 188 Quadro II: Enfoque dos indicadores intermunicipais, mais freqüentemente empregados para dimensionar os temas “Educação” e “Renda”. ORDEM DE ENFOQUE INDICADORES TEMAS FREQÜÊNCIA - Taxa de escolaridade Escolarização I - Anos de estudo (população) - Matrículas - Aproveitamento escolar Qualidade do ensino - Evasão escolar II (população) EDUCAÇÃO - Recursos humanos Equipamentos - Oferta de vagas III (lugar) Acesso à escola - Analfabetismo IV (população) I - PIB “per capita” - Renda familiar “per II capita” Gastos e consumo familiar RENDA (população) - Desigualdade (de III renda) IV - Consumo de energia Cabe ainda assinalar que índices intermunicipais desenvolvidos mais recentemente incorporam, ao menos em parte, a questão da oferta de serviços e equipamentos. A tentativa mais recente é o Índice de Desenvolvimento Social dos municípios do Ceará, composto por um bloco de Resultados (IDS-R) e outro de Oferta (IDS-O). Embora boa parte dos temas ainda não tenha sido efetivamente incluída na mensuração (devido à inexistência de informações), sua concepção geral é um dos caminhos a ser considerado na construção do sistema de indicadores do Ministério das Cidades. No que tange aos sistemas de indicadores intra-urbanos, a maior parte das experiências também inclui somente o acesso social aos bens e recursos considerados, embora, diferentemente dos sistemas intermunicipais, a temática do MC seja enfocada de forma mais abrangente. O Quadro III mostra a distribuição dos temas, de acordo com a freqüência em que aparecem nas experiências de grandes cidades brasileiras aqui consideradas. Observa-se que os temas “Educação” e “Saúde” são contemplados em todos os sistemas. Quadro III: Freqüência dos temas considerados nos sistemas de indicadores intra-urbanos de grandes cidades brasileiras* ORDEM DE FREQÜÊNCIA TEMAS Educação I Saúde Renda II Habitação Saneamento Pobreza Trabalho III Transporte Violência Abastecimento Alimentar Assistência Social Cultura IV Esportes Serviços Urbanos Justiça Meio Ambiente * Curitiba, Belo Horizonte, São Paulo e Belém. 189 Da mesma forma que ocorre com os sistemas intermunicipais, tais experiências privilegiam, na escolha dos indicadores a abordagem do acesso social aos serviços, através de indicadores populacionais e domiciliares. O Quadro IV apresenta os indicadores e o enfoque considerado na mensuração dos temas mais freqüentes, dentre as experiências contempladas na análise. Quadro IV: Enfoque dos indicadores mais freqüentes nos temas “Educação” e “Saúde” nos sistemas de indicadores intra-urbanos de grandes cidades brasileiras*. ORDEM DE ENFOQUE INDICADORES TEMAS FREQÜÊNCIA I Taxas de escolaridade II III EDUCAÇÃO IV V VI I II III IV SAÚDE V VI VII Taxas de alfabetização Analfabetismo Escolaridade do chefe de família Aproveitamento escolar Qualidade do ensino Defasagem idade/série (população) Qualidade do ensino (diversos) Mortalidade geral Mortalidade / Longevidade Longevidade (população) Mortalidade na infância Doenças Incidência de doenças (população) transmissíveis Oferta de equipamentos de Acesso a serviços de saúde saúde (população e lugar) Peso ao nascer Segurança alimentar Nível de escolarização (população) *Curitiba, Belo Horizonte, São Paulo e Belém. Cabe ainda assinalar que, dentre os sistemas de indicadores intra-urbanos, a experiência que mais se aproxima da conceituação de “qualidade de vida urbana” adotada pelo Ministério das Cidades, é o denominado “Sistema de Indicadores Intra-urbanos de Belo Horizonte”, composto pelo IQVU/Índice de Qualidade de Vida Urbana - indicador da possibilidade espacial de acesso a recursos e serviços urbanos - e pelo IVS/Índice de Vulnerabilidade Social, considerado como indicador de acesso social a tais bens (PBH, 1996 e 2000). O IQVU procura dimensionar a oferta de serviços e recursos urbanos referentes a 10 setores: Abastecimento Alimentar, Cultura, Educação, Esportes, Habitação, Infra-estrutura Urbana, Meio Ambiente, Saúde, Segurança Urbana, Serviços Urbanos. O IVS visa mensurar o efetivo acesso da população a 5 “Dimensões de Cidadania”: Ambiental (acesso à moradia de qualidade), Cultural (acesso à escolaridade adequada ao mercado de trabalho), Econômica (acesso ao trabalho formal e à renda), Jurídica (acesso à assistência jurídica de qualidade) e Segurança de Sobrevivência (acesso a serviços de saúde, ao alimento e à segurança na velhice). Estes dois índices – tomados como sistema para mensuração da qualidade de vida urbana – propiciam o dimensionamento das desigualdades intra-urbanas no que se refere à distribuição espacial e ao acesso, por parte da população, aos bens considerados. Desta maneira, o sistema se torna útil à formulação de políticas públicas de promoção da eqüidade. Além disto, propiciam importante subsídio para avaliar a qualidade ambiental em Belo Horizonte, permitindo identificar os lugares “mais sustentáveis” e “mais insustentáveis” da cidade. Estes últimos são lugares onde a população vive em situação de risco, em áreas onde se registram, ao mesmo tempo, os maiores valores da cidade para densidade populacional, vulnerabilidade social e predisposição do solo ao risco geológico. 190 Tal experiência sem dúvida será também um dos caminhos a serem considerados na construção do IQVU-BR, já que, em nossos dias, se mostra como a experiência mais consolidada no Brasil no enfoque do ambiente urbano. Finalmente, cabe discutir a questão do monitoramento, que deverá ser um aspecto norteador fundamental na construção do IQVU-BR. As experiências de indicadores intermunicipais e intra-urbanos aqui analisadas são, em sua maioria, iniciativas pontuais, desenvolvidas para um único período de tempo. É fundamental considerar que a garantia de atualização de um índice reside, primeiramente, no desenvolvimento de um modelo formal de cálculo consistente e que se mantenha estável ao longo do tempo, comportando a inclusão e/ou exclusão de novos temas e indicadores que se façam necessários à medida que se alterem as condições retratadas pelo sistema. Novas questões podem ser incluídas e algumas podem perder o sentido de serem consideradas na avaliação. O outro aspecto básico a ser considerado para garantir o uso do IQVU-BR enquanto ferramenta de monitoramento é a seleção das fontes de dados empregadas. Além da consistência metodológica na coleta dos dados e do alcance geográfico, será necessário considerar a temporalidade de atualização das informações já que o índice deverá ser atualizado a intervalos de tempo que atendam aos interesses e objetivos do Ministério das Cidades. 191 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMORIM, R. & POCHMANN, M. Índice de Exclusão Social. Cortez. São Paulo, 2003. CIDE/ Governo do Estado do RJ – CENTRO DE INFORMAÇÕES E DADOS DO RIO DE JANEIRO. Índice de Qualidade dos Municípios do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2002. CORRÊA, A. J. L., CORRÊA, P. O., LOBO, M. A. A. & TOURINHO, H. L. Z. Indicadores de Qualidade de Vida Urbana - Região Metropolitana de Belém. SEDURB/ COHAB/ UNAMA. Belém, 2001. FEE - Fundação Estadual Estatística – Índice Social Municipal Ampliado do Estado do Rio Grande do Sul. Governo de Estado do Rio Grande do Sul. 1997. IPECE - Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará - Inclusão social no Ceará: uma proposta metodológica – Texto para Discussão no. 4. Junho/2003. 30 pp. IPES - Instituto de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento “Jones dos Santos Neves” Índice de Desenvolvimento dos Municípios do Espírito Santo. Governo de Estado do Espírito Santo, 2000. IPPUC - INSTITUTO DE PESQUISA E PLANEJAMENTO URBANO DE CURITIBA. Indicadores de Qualidade de Vida em Curitiba. Relatório Gerencial. 73 p. 2001. MPO − MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO - Sistema Nacional de Indicadores Urbanos - Projeto PNUD BRA 92/028: SEPURB, 1996. NAHAS, MIP; MARTINS, VLAB; GUERRA,LP; SIMÕES, RF & ESTEVES, AO. O Índice de Qualidade de Vida Urbana de Belo Horizonte: um processo de geração de indicadores sociais. Cadernos de Ciências Sociais, v.5, n.8, p.88-109. 1997. NAHAS, MIP; RIBEIRO, CA; STEVES, OA; MOSCOVITCH, SK & MARTINS, VLAB. O Mapa da Exclusão Social de Belo Horizonte: metodologia de construção de um instrumento de gestão urbana. Cadernos de Ciências Sociais, v. 7, n. 10, p.75-88. 2000. NAHAS, M.I.P. Bases teóricas, metodologia de elaboração e aplicabilidade de indicadores intra-urbanos na gestão municipal da qualidade de vida urbana em grandes cidades: o caso de Belo Horizonte. Tese de Doutorado. Programa de Ecologia e Recursos Naturais. Universidade Federal de São Carlos. São Carlos: UFSCar / Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. 373 p. 2002 PBH - PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE - O Índice de Qualidade de Vida Urbana. Belo Horizonte, Assessoria de Comunicação Social da PBH., 1996. 31 p. PBH - PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE – Mapa da Exclusão Social de Belo Horizonte. Planejar BH, v.2, n.8. Secretaria Municipal de Planejamento/PBH. Ago/2000. PNUD; IPEA & FJP – PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO; INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA & FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. 2000. http://www.undp.org.br/default1.asp?par=24. Acesso em 06/05/2004. 192 RODRIGUES, M.C.P. O desenvolvimento social nas Regiões Brasileiras. Ciência Hoje, Rio de Janeiro, N. 76,V.13, p.39-45, set,1991. SOUTO, A. S. e outros. Como reconhecer um bom governo? O papel das Administrações municipais na melhoria da qualidade de vida. Publicações Pólis N. 21. São Paulo, 1995. 72 p. SPOSATI, A .Mapa da Inclusão/Exclusão Social da Cidade de São Paulo. São Paulo: EDUC,1996. 126 p. 1996. SEADE – FUNDAÇÃO SISTEMA ESTADUAL DE ANÁLISE DE DADOS. Índice de Vulnerabilidade Juvenil. Fundação SEADE São Paulo, 2000 - Disponível em www.seade.gov.br/ivj. UNICEF - O Índice de Desenvolvimento Infantil. 2003 UFPR ; IPARDES & IPPUC – UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ; INSTITUTO PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO SOCIAL & INSTITUTO DE PESQUISA E PLANEJAMENTO URBANO DE CURITIBA. Mapa da Pobreza de Curitiba. Curitiba, 1997. 193 Anexo II RESULTADOS DA CONSULTA NACIONAL Temas: denominação, abrangências e outras sugestões – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 194 SUMÁRIO 1. Texto da Primeira Consulta ................................................... 196 2. Resultados Finais ................................................................... 199 2.1. Aspectos Teóricos Metodológicos ................................... 200 2.2. Temas .............................................................................. 201 2.2.1 Sugestões sobre a abrangência de cada tema ................ 202 1 - Texto da Primeira Consulta 196 1a. consulta para embasar a construção do ÍNDICE DE QUALIDADE DE VIDA URBANA das cidades brasileiras Prezados colaboradores, Conforme previamente discutido, iniciamos aqui a consulta a 100 colaboradores –gestores públicos, acadêmicos e membros de organizações da sociedade civil – que concordaram em participar, como Juízes, neste processo de consultas que deverá subsidiar a construção do IQVU -BR / Índice de Qualidade de Vida Urbana das cidades brasileiras. Este índice deverá possibilitar comparações entre as cidades brasileiras, de forma a instrumentalizar o planejamento das ações do Ministério das Cidades, na formulação de políticas e programas que permitam o alcance de sua missão. Por que mensurar a qualidade de vida urbana? O que é qualidade de vida urbana? O conceito de “qualidade de vida urbana” vem se construindo historicamente, a partir dos conceitos de bem-estar social, pobreza, qualidade de vida, desigualdades sociais, exclusão social, vulnerabilidade social, qualidade ambiental, desenvolvimento sustentável e sustentabilidade e, sua história encontra-se estreitamente vinculada à dos indicadores sociais, ambientais e urbanos formulados com base nestes conceitos. A literatura demonstra que o acréscimo do termo “urbana” ao lado da expressão “qualidade de vida” não é desprovido de significado. Diferente de qualidade de vida - que remete ao indivíduo, à pessoa - o conceito de qualidade de vida urbana resulta do enfoque no desenvolvimento das cidades e seus problemas sócioambientais. Hoje se reconhece amplamente que a qualidade de vida urbana é influenciada pela eqüidade no acesso da população a certos ‘bens de cidadania’ (bens considerados essenciais à satisfação das necessidades básicas de uma sociedade, num dado momento) e pela qualidade ambiental urbana. Estas são, inclusive, a questões centrais no debate político e científico internacional acerca da sustentabilidade (ou insustentabilidade) do desenvolvimento humano, no mundo contemporâneo. Além disto, estudos mais recentes sobre a qualidade de vida urbana em grandes cidades, regiões metropolitanas e outras concentrações urbanas, demonstram que é fundamental enfocar a dimensão espacial do acesso aos bens, na mensuração do conceito, além da dimensão social avaliada pelos índices e indicadores sociais tradicionais. Assim tomado, o conceito qualidade de vida urbana se mostra como referência teóricometodológica para a construção do IQVU-BR, que deverá a ser empregado como mais um subsídio à formulação de políticas e programas do Ministério das Cidades, de acordo com sua missão, expressa nas resoluções da Conferência das Cidades: “Garantir o direito à cidade a todos os seus habitantes, promovendo a universalização do acesso à terra urbanizada e à moradia digna, ao saneamento ambiental, à água potável, ao trânsito e à mobilidade com segurança, e ao ambiente saudável, por meio da gestão democrática. O direito à cidade implica na formulação e implementação de uma política de desenvolvimento urbano e regional, com a garantia de respeito aos direitos humanos relacionados à vida urbana, de forma sustentável para as gerações presentes e futuras (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2003).” De fato, no caso do Brasil, o processo de urbanização caracterizou-se pelo agravamento da desigualdade na repartição da renda entre regiões e classes sociais, pelo crescimento desordenado das cidades, pela degradação do meio ambiente e pelo uso predatório dos recursos naturais. Assim, a maioria das cidades brasileiras apresenta sérios problemas sócio-ambientais de tal forma que exclusão social, poluição do ar e dos 197 recursos hídricos, transportes ineficientes, acidentes de trânsito e violência urbana são alguns dos temas recorrentes no cotidiano da vida urbana contemporânea no país. O IQVU-BR destina-se a embasar a formulação de políticas de promoção da eqüidade, entre os municípios brasileiros, no acesso da população aos benefícios da vida nas cidades, bem como políticas de melhoria da qualidade ambiental urbana nestes municípios. A mensuração produzirá elementos para a discussão da sustentabilidade do desenvolvimento, incluindo-se aí, em especial, questão do monitoramento das condições retratadas. Este conjunto de idéias embasa o debate a ser travado neste processo de consultas. Baseando-se nelas, responda à questão que se segue. “QUE ASPECTOS DEVEM SER CONSIDERADOS NA MENSURAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA URBANA NAS CIDADES BRASILEIRAS?” 198 2 – Resultados Finais 199 2.1 – Aspectos Teóricos Metodológicos Quadro 1 Aspectos teórico-metodológicos a serem considerados na construção do índice Quanto à oferta de serviços urbanos: Sim (%) Que o índice reflita a diversidade do conjunto dos serviços ofertados 100,0 Os indicadores avaliem também a regularidade da oferta 95,6 Que se considere “o fator de sustentabilidade como o de maior relevância analítica” 91,1 Que se considere a inclusão medidas subjetivas de satisfação com a oferta e/ou com o acesso 82,2 Quanto a questões territoriais: Sim (%) Que se considere o porte das cidades no cálculo do índice 97,8 Que se considere a inserção regional, ou seja, a articulação do município e sua função na rede urbana 95,6 Que se considere as diferenças e peculiaridades regionais na delimitação da abrangência dos temas e na formulação dos indicadores 95,6 Quanto à acessibilidade a serviços, considerar também os aspectos demográficos: Sim (%) Faixa Etária 95,7 Gênero 78,0 Raça/Cor 70,0 Quanto ao enfoque teórico dos indicadores: Formular os indicadores a partir da abordagem dos Direitos Humanos Sim (%) 81,8 200 2.2 – Temas Quadro 2. Temas a serem incluídos na composição do índice Temas Sim (%) Habitação 100,0 Infra-estrutura de Saneamento 100,0 Lazer 100,0 Saúde 100,0 Segurança / Violência 100,0 Trabalho / Emprego 100,0 Infra-estrutura de Transporte / Mobilidade 100,0 Educação 97,8 Meio Ambiente e Aspectos ambientais “stricto senso” 97,7 Cultura 95,6 Energia Elétrica 93,2 Justiça 91,3 Economia Municipal 91,2 Serviços Urbanos 88,9 Infra-estrutura de Telefonia e Telecomunicações 86,7 Pobreza 86,7 Abastecimento Alimentar 84,8 Urbanismo 84,1 Assistência Social 82,2 Demografia 80,4 Alimentação – Estado nutricional 76,1 Esportes 71,8 Participação, Associativismo e Organização Político-Institucional 64,4 Poder de Compra e de Consumo 63,7 Uso do Solo 56,8 Felicidade - Satisfação 37,0 201 2.2.1 Sugestões sobre a abrangência de cada tema Tema: Abastecimento Alimentar Abrangência: Acesso ao alimento de baixo custo Tópicos: Fornecimento de merenda escolar Alimentação em creches Restaurantes populares Comércio de gêneros alimentícios de baixo custo: sacolões e assemelhados Abrangência: Equipamentos de abastecimento Tópicos: Hiper e supermercados Mercearias e assemelhados Sugestões sobre denominação, abrangências, agregações, e comentários gerais: Abastecimento Alimentar - Sugestões Denominação Abrangência Proposta 1: Segurança alimentar Proposta 1: Serviços e projetos que subsidiam a suplementação alimentar ou que influam na regulação e controle dos preços Proposta 2: Acesso à Alimentação de Qualidade Proposta 2: Abastecimento alimentar não é importante, mas sim o preço desses alimentos (subsidiados pelo poder público?). Proposta 3: Articular com a cesta básica regional ou, por exemplo, merenda escolar regional. Proposta 4: Retirar “baixo custo” Proposta 5: Considerar as condições sanitárias dos equipamentos. Proposta 6: Retirar "equipamentos de abastecimento" 202 Abastecimento Alimentar - Agregações sugeridas “Alimentação - Estado nutricional” e “Abastecimento Alimentar” “Alimentação - Estado nutricional” em Estado de Saúde; “Uso do Solo” e “Abastecimento Alimentar” Abastecimento Alimentar - Comentários gerais Comentário 1: O importante é apontar o estado nutricional da população e não o preço dos alimentos. Comentário 2: Abastecimento Alimentar - Abordar as diferenças regionais. Há regiões em que não se têm acesso a grande diversidade de alimentos, mas o acesso a produtos locais garante condições satisfatórias de nutrição. O tema não exige a presença de supermercados ou similares. Comentário 3: Abastecimento Alimentar - Articulá-lo às diretrizes da política de segurança alimentar e nutricional otimizando os programas destinados às áreas urbanas. Comentário 4: Abastecimento Alimentar - A abrangência deve se ater à escala regional e a cidades de porte médio para cima. 203 Tema: Estado Nutricional Abrangência: Situação Nutricional da população Tópicos: Índice de desnutrição e assemelhados Obesidade e assemelhados Segurança alimentar Abrangência: Perfil nutricional da população Tópicos: Perfil nutricional da população, guardadas as peculiaridades regionais quanto à dieta praticada. Abrangência: Qualidade da alimentação Tópicos: Alimentação nutritiva Considerações sobre denominação, abrangências, agregações, e comentários gerais: Alimentação - Estado nutricional - Sugestões Denominação Abrangência Proposta 1: Segurança Alimentar e Nutricional Proposta 1: Programas e Políticas de Segurança Alimentar e Qualidade nutricional; Programas municipais de agricultura familiar e cooperativas de abastecimento; Programas municipais de parcerias de qualidade nutricional da merenda escolar. Proposta 2: Alimentação-Estado Nutricional da População de baixa renda Proposta 3: Segurança Alimentar Proposta 2: Subnutrição Proposta 4: Alimentação de Qualidade - Estado nutricional Proposta 5: Estado Nutricional Alimentação/Estado nutricional - Agregações sugeridas “Alimentação - Estado nutricional” e “Abastecimento Alimentar” “Alimentação - Estado nutricional” em Estado de Saúde; 204 Alimentação/Estado nutricional – Comentários gerais Comentário 1: É difícil medir isso em escala municipal. Comentário 2: Alimentação - Estado nutricional - Excluir “Alimentação - Estado nutricional” não tem a ver com a dimensão urbana. Comentário 3: Alimentação - Estado nutricional - A avaliação da "qualidade da alimentação" é muito subjetiva. Comentário 4: Alimentação - Estado nutricional - A avaliação da alimentação e nutricional se for considerando o impacto de programas de alimentares do governo como Fome Zero; distorceria a análise da capacidade da população em adquirir gêneros alimentícios e assegurar um bom nível nutricional com recursos próprios e não assistenciais? Comentário 5: Alimentação - Estado nutricional - Subnutrição - Nos paises mais pobres cerca de um quarto da carga de doenças esta relacionada com a desnutrição infantil e materna. Comentário 6: Alimentação - Estado nutricional - Contemplar no debate: alimentos naturais e o combate a produtos geneticamente modificados. 205 Tema: Assistência Social Abrangência: Oferta e acesso a programas de assistência social Tópicos: Existência, acesso e cobertura de ações e programas de assistência social no município, frente à demanda potencial. Programas de solidariedade Programas de inclusão social Acesso à bolsa família Acesso à bolsa escola Acesso Creches Acesso a Programas de geração de emprego e renda Acesso a ensino profissionalizante O cuidado com as pessoas com necessidades especiais Atendimento a crianças e adolescentes em situação de risco social Proteção à infância (desenvolvimento cognitivo, social e emocional da criança). Segurança no planejamento familiar, na gestação e no parto (necessidades das mulheres) Considerações sobre denominação, abrangências, agregações, e comentários gerais: Assistência Social - Sugestões Denominação Abrangência Proposta 1: Promoção e Inclusão Social Proposta 1: Promoção social para a emancipação cidadã Proposta 2: Reinclusão Social ou Resgate Social Proposta 2: Oferta e acesso a equipamentos sociais no território Acesso ao programa Bolsa Família Proposta 3: Oferta e acesso a programas de promoção social Acesso e oferta de equipamentos de promoção social Proposta 4: Programas para a superação dificuldades transitórias Programas voltados à emancipação Proposta 5: Separar assistência social governamental e assistência social de iniciativa privada 206 Assistência Social - Agregações sugeridas “Assistência social”, “Justiça” e “Segurança”. “Esporte” em “Assistência Social” Assistência Social - Comentários gerais Comentário 1: Avaliar a continuidade das políticas sociais já adotadas e a serem adotadas. Comentário 2: Assistência Social - Os programas que não têm uma preocupação no sentido de emancipar os cidadãos deveriam ter um caráter transitório. Comentário 3: Assistência Social - Os temas ligados ao Desenvolvimento Humano devem dar visibilidade à fronteira entre projetos de Promoção e de Resgate Comentário 4: Assistência Social - Distinguir os municípios habilitados no Fundo de Assistência Social que disponibiliza orçamento federal para programas relevantes na área social (Fome Zero; Escola Circo; Bolsa Alimentação; Auxílio Gás; etc.) 207 Tema: Cultura Abrangência: Equipamentos culturais Tópicos: Existência de centros culturais Espaços de cultura Existência de teatros, cinemas, centros culturais, centros de espetáculos. Bibliotecas, Museus, Salas de música, Livrarias Existência de centros coletivos onde a comunidade possa se reunir. Abrangência: Atividades culturais Tópicos: Eventos abertos ao público (Festivais de música, teatro e artes em geral, Concertos, Shows, Ruas de Lazer, Feiras, Eventos Esportivos, etc.), Abrangência: Patrimônio cultural Tópicos: Preservação do patrimônio histórico material e imaterial Preservação da Cultura Preservação de valores culturais Preservação do patrimônio arquitetônico, urbanístico e cultural Acesso às diversas formas de cultura Existência de manifestações culturais de diferentes ordens Taxas referentes ao Patrimônio natural e histórico Existência de manifestações culturais da identidade local Produção cultural local. Valorização da cultura local / regional nas suas diversas formas de manifestação. Indicadores de produção cultural própria Abrangência: Acesso Tópicos: Acesso a espaços de cultura (bibliotecas, museus, espetáculos teatrais e musicais, etc) Acesso a eventos, bens e serviços culturais 208 Considerações sobre denominação, abrangências, agregações, e comentários gerais: Cultura - Sugestões Denominação Abrangência Proposta 1: Cultura Regional Proposta 1: Produção Cultural; Distribuição de equipamentos e eventos culturais; Perfil do consumo cultural; Patrimônio Cultural edificado e não edificado (material ou imaterial) Proposta 2: Cultura Local Proposta 2: Técnicos e pessoal qualificado de gestão cultural; Programas de cultura continuados e permanentes Proposta 3: Participação do cidadão como sujeito ativo Proposta 4: Apoio ou estímulo às tradições culturais e sua diversidade. Proposta 5: Leis locais de incentivo a cultura. Proposta 6: Cultura popular e cultura formal Cultura - Agregações sugeridas “Cultura”, “Esportes” e “Lazer” Cultura – Comentários gerais Comentário 1: Acesso à cultura é vago. Como medir acessibilidade: distância? renda? Comentário 2: Cultura – Quer-se medir a provisão ou a apropriação e acesso à cultura? Comentário 3: Cultura - Valorizar a promoção do acesso à cultura do lugar e da região. Comentário 4: Cultura - Muitos programas sociais existentes nessa área - atuando diretamente sobre os jovens; crianças e adolescentes. Comentário 5: Cultura - O Segmento Cultural tem relevância em relação à apresentação pois Cultura é Desenvolvimento e Socialização. Comentário 6 Cultura - Considerar a questão étnica 209 Tema: Demografia Demografia – Sugestões Denominação Abrangência Proposta 1: Raça, gênero e idade - Proposta 2: Considerar também a relação com o espaço geográfico. Proposta 3: Mobilidade da população; migração e emigração Demografia - Agregações sugeridas Desigualdade na distribuição de renda e “Pobreza” em Demografia Demografia – Comentários gerais 210 Comentário 1: Entendo que as características demográficas são um dado a ser correlacionado com os indicadores e não compô-los. Comentário 2: Demografia - Não sei o que caracteriza o tema Demografia (este termo designa uma ciência com alcance muito amplo) Comentário 3: Demografia - Demografia é elemento de análise do resultado e não aspecto de construção desse resultado. Comentário 4: Demografia - Não consigo ver a abrangência deste item. O que se quer avaliar aqui? Penso que o problema no caso tem uma conseqüência; ou seja, pode-se concluir que cidades de determinado perfil demográfico apresentem, por exemplo, uma avaliação melhor. Penso que não se deve; em principio,definir esta questão como um parâmetro do indicador. Comentário 5: Demografia - Os dados de demografia quase sempre são incluídos no conceito de qualidade de vida como tema do grupo de critérios para classificação de informações; na Dimensão de Desenvolvimento Humano do Censo Demográfico. Comentário 6: Demografia – A demografia vista de forma isolada me parece inadequada para avaliar a qualidade de vida na cidade. Ela deve ser considerada como elemento para o cálculo de índices associados à avaliação da qualidade. Comentário 7: Demografia - O tema em pauta já agrega inúmeros medidores; o que nos remete à questão de fundo de agregação nos indicadores, medidores e variáveis, onde, até esta fase, não compreendemos o tratamento a ser dado para a hierarquia desses fatores na construção do IQVU-BR. Comentário 8: Demografia - O tema é indispensável porque permitirá verificar a relação população e serviços aos quais os diferentes segmentos têm acesso. Comentário 9: Demografia - O índice demográfico indubitavelmente é imprescindível, pois, é a partir dele, que se podem estabelecer critérios econômicos sociais de saúde etc. para a população existente. 211 Tema: Economia Municipal / Finanças Públicas / Renda Municipal Abrangência: Finanças Públicas Tópicos: PIB municipal Orçamento municipal (reais por habitante) Riqueza Municipal Investimento público Gastos públicos Capacidade econômico financeira do município Políticas geradoras de renda Grau de dependência da municipalidade de outros níveis de governo Abrangência: Economia municipal Tópicos: Maturidade dos setores primário, secundário e terciário de produção Criação de novos empreendimentos Relação entre postos de trabalho e PEA Informalidade Fator de inserção produtiva e funcional Custo marginal de oferta de serviços urbanos para cada novo habitante. Diversidade das atividades econômicas Falências/ fechamento de empresas Diversidade Econômica Abrangência: Renda Tópicos: Padrão de renda média da população Média salarial da cidade Distribuição de renda Concentração de renda Desigualdade de renda Desigualdade de acesso a bens e serviços públicos por renda 212 Considerações sobre denominação, abrangências, agregações, e comentários gerais: Economia Municipal - Sugestões Denominação Proposta 1: Algumas metodologias (SEADE) indicam Finanças Públicas ao invés de Economia Municipal. Seria interessante considerar a universalização do tema. Proposta 2: Destaque para a desigualdade na distribuição de renda. Abrangência Proposta 1: Renda do município (per capita) Saneamento fiscal (finanças públicas) desigualdade de renda Proposta 2: Deve ser restrito aos itens: renda do município e desigualdade na distribuição da renda Proposta 3: Economia municipal e economia local são "abrangências" que se confundem. Proposta 4: Desigualdade na distribuição da renda e prosperidade econômica e renda familiar. Proposta 5: Detalhar nos seguintes aspectos: Renda do responsável pelo domicílio; Renda familiar e desigualdade na distribuição da renda; Posse de bens; Atividades econômicas principais; Arranjos produtivos locais; Número e tipos de estabelecimentos; Número de empregados; Tamanho da economia informal Proposta 6: O item renda familiar pode trazer dificuldade de entendimento quanto a uma relação de causa e efeito com os demais. 213 Proposta 7: Capacidade fiscal e financeira Dinâmica econômica IDH-M Proposta 8: Finanças Familiares poderia ser excluído; uma vez que já estaria coberto pela renda familiar média e por uma medida de desigualdade na sua distribuição. Proposta 9: Economia Municipal, economia local, prosperidade econômica e renda do município expressam a mesma coisa. A abrangência pode ser resumida em: Finanças públicas, Renda familiar, Renda do Município e Distribuição de renda. Proposta 10: Arrecadação per capita de ICMS; IPTU e ISS Receita Municipal Total per capita Cota parte do FPM per capita Rendimento médio das pessoas responsáveis pelos domicílios Proposta 11: O aspecto da desigualdade na distribuição de renda poderia ser mais destacado; pois a prosperidade econômica do município estaria comprometida se a renda estiver concentrada; ou seja; os benefícios dos rendimentos não se refletem na sociedade. Proposta 12: Deverá haver uma distinção entre renda do município e economia local. Proposta 13: O componente "prosperidade econômica" pode se transformar numa armadilha metodológica, pela subjetividade de valores ideologizados na sua medição, devendo qualquer indicador em tal item se referenciar à função regional da cidade e aos limites conjunturais do seu crescimento econômico para, enfim, cotejá-lo perante a evolução demográfica local. Proposta 14: Substituir o termo renda do município por receita própria (arrecadação de tributos municipais). 214 Economia Municipal - Agregações sugeridas “Economia municipal”, “Poder de Compra e Consumo” e “Trabalho e Emprego” Agregar, ou rever as abrangências: “Economia Municipal”, “Poder de compra e consumo” e “Pobreza” As abrangências “Renda familiar ou domiciliar”; “Poder de compra e de consumo”; Finanças familiares; Prosperidade econômica; “Disponibilidade de bens de consumo” em Economia Familiar A abrangência Associatividade local em “Economia Municipal” Economia Municipal – Comentários gerais Comentário 1: A diversidade de resultados no gráfico mostra que esse tema merece ser melhor especificado. Comentário 2: Economia Municipal - Foram selecionados muitos itens. Alguns deles muito difíceis de serem mensurados como finanças familiares e economia familiar. Economia Municipal - Desagregações sugeridas A abrangência“Renda da população” retirada de “Economia Municipal” 215 Tema: Educação Abrangência: Oferta Tópicos: Nº de Escolas por rede de ensino e nível (1º, 2º grau e superior) Equipamento escolares (todos os níveis) Taxa de cobertura (todos os níveis) Nº de Professores por rede de ensino e nível Oferta de vagas por rede de ensino e nível de educação (em relação ao tamanho da população alvo) Taxa Líquida e Bruta de Escolaridade Oferta de vagas em cursos profissionalizantes Oferta de vagas em curso superior por área Abrangência: Acesso Tópicos: Acesso aos serviços de educação públicos e privados em todos os níveis Acesso à biblioteca e/ou tele-centros (equipamentos de inclusão digital) Acessibilidade à instituição de ensino técnico Acessibilidade à instituição de ensino profissionalizante e superior Distribuição da bolsa escola Gasto público em percentual do PIB Gasto público por aluno da rede pública em todos os níveis Abrangência: Qualidade Tópicos: Taxas de analfabetismo Média de anos de estudo Média de anos de estudo dos responsáveis Taxas de promoção, repetência e evasão (por nível e rede de ensino) Equidade de participação entre meninos e meninas nos níveis fundamental, médio e superior Equidade de participação entre brancos e negros nos níveis fundamental, médio e superior Número de alunos por classe / turma (todos os níveis e rede de ensino) Qualificação dos educadores: Média de anos de estudo dos professores Disponibilidade ao sistema de educação de qualidade Fluxo e processo escolar Indicadores de desempenho do ensino formal 216 Considerações sobre denominação, abrangências, agregações, e comentários gerais: Educação - Sugestões Denominação Abrangência Proposta 1: Número de anos de permanência na escola. Proposta 2: Disponibilidade de educação infantil de zero a cinco anos. Proposta 3 Nível de escolaridade Taxa de evasão escolar Taxa de analfabetismo Programas de formação e instrução complementar - Proposta 4: Devem ser também consideradas iniciativas de adaptação do currículo escolar às particularidades regionais e à educação ambiental. Proposta 5: Inclusão da distribuição espacial dos equipamentos Proposta 6: Evasão escolar Analfabetismo Educação de jovens e adultos. Educação - Agregações sugeridas “Educação”, “Saúde” e Renda em Condição de Vida (indicadores de Responsabilidade Social). Educação – Comentários gerais Comentário 1: Designação perfeita; se referenciada precisamente à função regional da cidade para incluir ou não as ofertas para os graus superiores de ensino. 217 Tema: Energia Elétrica Abrangência: Oferta Tópicos: Distribuição de energia no município (cobertura do serviço) Porcentagem da extensão da malha viária urbana que dispõe de iluminação pública Iluminação pública adequada Abrangência: Acesso Tópicos: Tarifas de energia elétrica (Tarifas de energia elétrica subsidiadas) Energia elétrica domiciliar Acesso à iluminação pública Acesso à rede de energia elétrica Considerações sobre denominação, abrangências, agregações, e comentários gerais: Energia Elétrica - Sugestões Denominação Abrangência 218 Proposta 1: Iluminação pública. Proposta 1: Iluminação pública e privada parece vago. Já Consumo Médio Familiar de Energia, como proxy de renda como proposto pela Fundação Seade no IPRS é mais claro. A iluminação pública, seria medida pela cobertura da iluminação das ruas? Neste caso, só das ruas legalizadas? Proposta 2: Nível de intermitência na prestação dos serviços de energia elétrica, de forma territorializada. Proposta 3: Comparar custo da conta de energia com a renda do domicílio Proposta 4: Incluir outras fontes de energia como as naturais e as fósseis (combustíveis). Proposta 5: Consumo anual de energia elétrica: no comércio, na agricultura, na indústria, nos serviços e na residência. Número de domicílios com iluminação elétrica (em %): informações presentes no censo demográficoIBGE Proposta 6: Incluir o consumo médio per capita; nas categorias residencial, comercial, industrial e etc. Proposta 7: Quantitativo de pagantes e de isentos. Programas de distribuição a famílias de baixa renda. Como contabilizar o acesso ilegal? Energia Elétrica - Agregações sugeridas “Energia Elétrica” e Infra-estrutura urbana “Energia Elétrica”; e as abrangências Medidores em redes de Comunicação; “Iluminação Pública”; “Saneamento”; “Drenagem”; “Arborização” e Sistema Viário em “Infra-estrutura” “Energia Elétrica”, se estiver restrita à iluminação pública e às redes de eletricidade, à “Infra-estrutura Urbana”. Energia Elétrica – Comentários gerais Comentário 1: São poucos os municípios que não dispõem deste serviço. Neste caso deve ser considerado um provimento de serviço básico que precisa ser implementado prioritariamente. Mas como um aspecto a compor um conjunto de indicadores; talvez seja dispensável; por sua própria universalidade. 219 Tema: Esportes Abrangência: Oferta de equipamentos Tópicos: Existência de áreas de esportes Existência de praças esportivas Centros coletivos Existência de ginásios de esportes Existência de clubes e piscinas Campos de futebol de várzea Abrangência: Acesso a equipamentos Tópicos: Acesso a equipamentos de esportes Acesso ao desporto Acesso e freqüência a áreas de esporte e lazer, parques, ginásios de esportes Acesso a equipamentos esportivos públicos e privados Abrangência: Atividades esportivas Tópicos: Programações esportivas acessíveis / gratuitas Oferta de atividades esportivas Práticas e expressões de esporte e de conhecimento construtivo Considerações sobre denominação, abrangências, agregações, e comentários gerais: Esportes - Sugestões Denominação Abrangência Proposta 1: Atividades aqui são modalidades e acesso? - Proposta 2: Oferta de programas de esporte. Inclusão social, cidadania. Proposta 3: Aspectos de integração comunitária e de desenvolvimento de jovens. Esportes – Agregações sugeridas “Esportes” e “Lazer” “Cultura”, “Esportes” e “Lazer” 220 Esportes – Comentários gerais Comentário 1: Item importante para a medida de opções de lazer para crianças e adolescentes vivendo em risco social. 221 Tema: Felicidade/Satisfação Abrangência: Satisfação com o poder público Tópicos: Grau de satisfação da população com a gestão municipal. Nível de satisfação de cada indivíduo em relação à cidade, por faixa etária e renda Abrangência: Felicidade Tópicos: Felicidade pessoal Felicidade familiar Felicidade social Considerações sobre denominação, abrangências, agregações, e comentários gerais: Felicidade/Satisfação - Sugestões Denominação Abrangência 222 Proposta 1: Retirar a palavra felicidade por se tratar de um termo muito subjetivo. Proposta 2: Substituir felicidade em geral por satisfação em geral. Proposta 1: Não é possível a junção de dois aspectos tão distintos (Satisfação com a gestão municipal e Felicidade em Geral). Proposta 2: Associar ao tema às Condições de Vida Proposta 3: Tema muito subjetivo; que pode ser demonstrado pelo resultado nas urnas. Proposta 4: Associar a 3 indicadores universais de Condições de Vida como: riqueza, longevidade e escolaridade; dado pelas relações sociais e não somente pela gestão municipal. Proposta 5: Por ser muito subjetiva esta informação; idealmente deveria ser captada de outras formas; por meio de outros indicadores. Proposta 6 No item felicidade em geral deveriam ser definidos critérios que expressassem a abrangência do conceito. Proposta 7 As possibilidades desse tema dependem de uma definição clara e precisa do conceito de "felicidade". Sugere-se introduzir a avaliação de resultados da ação pública em todos os campos de atuação podendo incluir percepção dos beneficiários. Proposta 8 Talvez desmembrar ou renomear o item "Felicidade Geral". Deveria haver uma referência clara à felicidade das pessoas no núcleo familiar e em sociedade; bem como outro item sobre a felicidade em seu ambiente de trabalho e/ou com a própria situação de emprego em sua cidade. Proposta 9 Incluir a satisfação com a gestão municipal com relação aos governos Estaduais e Federais. Felicidade/Satisfação - Agregações sugeridas As abrangências “Felicidade pessoal” (Nível de Satisfação) em “Organização Político-Institucional” Felicidade/Satisfação – Comentários gerais 223 Comentário 1: Eta conceito abstrato. Como medir? Pesquisando!!.O que é ser feliz? Felicidade é uma casinha pequenina com gerânios em flor na janela uma rede de malha branquinha e nós dois a sonhar dentro dela (de uma música bem popular)? Conceito extremamente relativo e conjuntural. Felizes para sempre...Só nos contos de fadas. Comentário 2: Felicidade - Satisfação - Não gostaria de perder a dimensão de avaliação da gestão, dada tanto por indicadores que apontassem para os "esforços" do poder público na melhoria de indicadores da cidade, quanto por avaliação da população. Talvez fosse importante avançarmos em propostas como a formulação de um questionário padrão, que devesse ser seguido em qualquer pesquisa avaliativa principalmente quando paga pelo poder público, para acumularmos neste campo. Por outro lado, não gostaria que suprimíssemos de vez a reflexão sobre o tema da felicidade das pessoas... Comentário 3: Felicidade - Satisfação - Dá forma como está colocado o tema me parece de extrema dificuldade e subjetividade para utilização na determinação do índice. Comentário 4: Felicidade - Satisfação - Por ser aspecto de grande subjetividade talvez possa comprometer as informações. Comentário 5: Felicidade - Satisfação - Impossível evitar os riscos de subjetividade já apontados para este tema, acima de tudo entre os indivíduos que responderão esse quesito. Não acreditamos em medidores nacionais; ou sequer macrorregionais; ou entre cidades; bairros ou pessoas. Há padrão de felicidade; afinal? Parece que o mais influente está na novela das oito de certa emissora nacional... Comentário 6: Felicidade - Satisfação - Acreditamos que Felicidade e Satisfação sejam critérios que não devam ser incluídos, pois, os pontos fundamentais são disponibilidade e qualidade na gestão municipal, a felicidade certamente será uma conseqüência. Comentário 7: Felicidade - Satisfação - Felicidade e satisfação juntos suscitam dúvidas. Satisfação, como já mencionamos, pode ser uma forma de aferição da qualidade dos serviços oferecidos. Nesse sentido somos favoráveis à inclusão. Felicidade parece muito subjetivo. 224 Tema: Habitação Abrangência: Acesso Tópicos: Acesso de moradia Abrangência: Oferta Tópicos: Programas de financiamento de moradias Disponibilidade de moradia Abrangência: Densidade domiciliar Tópicos: Área construída por habitante Número de cômodos Distribuição de famílias por domicílio Número de moradores Medida de adensamento excessivo (moradores por cômodo e/ou por banheiro, em cada domicílio) Densidade de ocupação domiciliar (números de indivíduos por dormitório) Indicadores de coabitação como o número de domicílios onde o uso de banheiro e cozinha são compartilhados por várias famílias (cortiços) Abrangência: Padrão construtivo Tópicos: Qualidade de construção do domicílio: padrão, conforto, higiene, segurança, estrutura, insolação e ventilação e outros Número de domicílios com risco de desabamento em função da precariedade/ inadequação dos materiais e da construção Habitação adequada (abrigos construídos adequadamente contra intempéries, epidemias e vetores patogênicos) Abrangência: Existência de infra-estrutura Tópicos: Localização do domicílio Moradias providas de redes de infra-estrutura urbana Acesso a equipamentos públicos em suas várias modalidades Condições físicas dos bairros Abrangência: Segurança Habitacional Tópicos: Domicílios em áreas de risco: sujeitas a enchentes, desmoronamentos, deslizamentos (áreas de risco geotécnico), incêndios, explosões, vazamentos de substâncias químicas, e outros Proximidade de córregos com problemas de poluição hídrica Abrangência: Relação de posse Tópicos: Situação de posse: porcentagem de habitações com direito assegurado à posse, Proprietários x Locatários Loteamentos clandestinos Legislação Fundiária (Regulamentação fundiária) 225 Segurança da posse: número de domicílios cujos moradores não detém segurança de posse e/ou domínio, seja por meio de título de propriedade registrado, de título de concessão de uso ou outro documento válido Considerações sobre denominação, abrangências, agregações, e comentários gerais: Habitação - Sugestões Denominação Proposta 1: Talvez o termo "habitação" seja muito restrito por se referir apenas à unidade habitacional. O conceito de "habitabilidade" é mais amplo sugerindo o tema "Acesso à habitabilidade". Proposta 2: "Habitação de Interesse Social", medindo os itens acima sugeridos, especificamente nos domicílios cuja renda de chefe está inferior à metade de renda mediana macrorregional; por exemplo. Proposta 3: Alterar a "situação de posse" por "situação fundiária". Abrangência Proposta 1: Situação e/ou segurança da posse? Proposta 2: Junto com a densidade da moradia, incluir densidade de ocupação territorial (dos lotes e da área urbana em geral). Proposta 3: Disponibilidade e oferta de infra-estrutura Conselho e Fundo Municipal de Habitação Indicadores de Regularização Fundiária de AEIS Instrumento urbanístico de ZEIS Indicadores de demanda habitacional por município, percentual de domicílios inadequados (censo demografico-IBGE) Produção habitacional: número de unidades per capita Habitação – Agregações sugeridas As abrangências dos temas “Habitação” e “Serviços Urbanos” “Habitação” e “Uso do Solo” “Habitação” e “Urbanismo” “Habitação” e Infra-estrutura urbana. O tema “Infra-Estrutura de Saneamento” em “Habitação” Habitação – Comentários gerais Comentário 1: Observa-se na Habitação que não é de interesse social ou em assentamentos com maior poder aquisitivo, mesmo nas disfunções urbanísticas de alta densidade como Copacabana, recupera-se razoável qualidade de vida mediante ações mitigadores ou compensatórias. Motivo porque se pode ir direto ao ponto, onde se sabe que indicador Habitação compromete a Qualidade de Vida Urbana da cidade como um todo, em proporção à produção "de mercado" na oferta de unidades habitacionais e à concentração de metros construídos por domicílio. 226 Tema: Infra-estrutura de Saneamento Abrangência: Água Tópicos: Existência de rede de abastecimento de água Existência de outras formas de abastecimento de água Acesso à água tratada Qualidade da água distribuída para a população Regularidade no abastecimento de água Abrangência: Esgoto Tópicos: Existência de rede de esgotamento sanitário Situação e tipo de esgotamento sanitário (rede, fossa séptica e outros) Estação de tratamento de esgoto Existência de estações de tratamento de esgotos para a bacia hidrográfica ou para a área urbana em questão Abrangência: Lixo Tópicos: Acesso aos serviços públicos de coleta de lixo Existência de coleta de resíduos sólidos Cobertura de domicílios com coleta de resíduos sólidos Coleta de lixo com periodicidade adequada Sistema adequado de disposição final do lixo Sistema adequado de tratamento do lixo Reciclagem de lixo doméstico Reciclagem do lixo industrial Abrangência: Drenagem Tópicos: Sistema de drenagem de águas pluviais Sistemas adequados de drenagem de águas pluviais Abrangência: Limpeza urbana Tópicos: Limpeza urbana 227 Considerações sobre denominação, abrangências, agregações, e comentários gerais: Infra-estrutura de Saneamento - Sugestões Denominação Proposta 1: Saneamento ambiental (que inclui: a universalização do abastecimento de água e dos serviços de esgotamento sanitário; coleta e tratamento dos resíduos sólidos; drenagem urbana e controle de vetores e reservatórios de doenças transmissíveis) Proposta 2: Saneamento ambiental Proposta 3: Alterar o termo rede de esgoto para destino adequado dos dejetos. O mesmo com coleta de lixo substituir para destino adequado dos resíduos sólidos ou coleta e destino final do lixo Proposta 4: Ou se tira a palavra Infra-estrutura e usa somente Saneamento, ou então se agrega neste tema os demais componentes de Infra-estrutura Urbana e retira-se a palavra saneamento. Proposta 5: Substituir "rede e serviços de"por "fonte de abastecimento" (rede; poço;etc.). Substituir "rede de esgoto.." por "sistema de esgotamento sanitário" (coleta e tratamento) Substituir "limpeza urbana" por "sistema de limpeza urbana" (coleta e destino final). Abrangência Proposta 1: Inclusão de Tratamento de esgotos e forma de disposição final do lixo Proposta 2: Universalização do abastecimento de água e dos serviços de esgotamento sanitário; Coleta e tratamento dos resíduos sólidos; Drenagem urbana e controle de vetores; Reservatórios de doenças transmissíveis Proposta 3: Tratamento ou não do esgoto domiciliar. Proposta 4: Os indicadores e variáveis associados à sistemática do SNIS-Sistema de Informações sobre Saneamento do Ministério das CidadesSecretaria Nacional de Saneamento Ambiental: Coleta seletiva de Resíduos Domiciliares; Serviços de Coleta; Manejo de RSU; Unidades de Processamento de RSU; Coleta de RSS Saúde; Catadores; Serviços de Varrição; etc.... Proposta 5: Incorporar o tratamento dos resíduos sólidos (lixo urbano) e dos efluentes de esgoto. Proposta 6: Considerar também as soluções individuais fossas sépticas - como destino adequado dos de objetos (esgoto). Proposta 7: Na parte relativa à Água e Esgotamento Sanitário, inserir o quantitativo de prestadores de serviços no município, identificando suas respectivas esferas administrativas e constituições jurídicas. Infra-estrutura de Saneamento - Agregações sugeridas “Infra-estrutura de Saneamento”; “Infra-estrutura de Transporte/ Mobilidade”; “Infra-estrutura de Telecomunicações”; “Infra-estrutura de Telefonia”; “Energia Elétrica”; “Acessibilidade” em “Serviços Urbanos” O tema “Infra-Estrutura de Saneamento” em “Habitação” 228 “Energia Elétrica”; e as abrangências Medidores em redes de Comunicação; “Iluminação Pública”; “Saneamento”; “Drenagem”; “Arborização” e Sistema Viário em “Infra-estrutura” 229 Tema: Infra-estrutura de Telefonia Abrangência: Oferta Tópicos: Rede de telefonia fixa Telefonia móvel Cobertura à telefonia Número de linhas telefônicas Abrangência: Acesso Tópicos: Acesso à telefonia fixa Acesso à telefonia móvel 230 Tema: Infra-estrutura de Telecomunicações Abrangência: Oferta Tópicos: TV a cabo Redes telemáticas Provedores Abrangência: Acesso Tópicos: - TV a cabo Acesso à internet Redes telemáticas Acesso público à internet através de banda larga Considerações sobre denominação, abrangências, agregações, e comentários gerais: Infra-estrutura de Telefonia e Telecomunicações - Sugestões Denominação Proposta 1: Telecomunicação Abrangência Proposta 1: Acessibilidade/oferta de programas de inclusão digital. Proposta 2: Contemplar neste item também a oferta do velho "orelhão" ou telefone público fixo por setor censitário ou bairro/distrito. Infra-estrutura de Telefonia e Telecomunicações - Agregações sugeridas “Infra-estrutura de Saneamento”; “Infra-estrutura de Transporte/ Mobilidade”; “Infra-estrutura de Telecomunicações”; “Infra-estrutura de Telefonia”; “Energia Elétrica”; “Acessibilidade” em “Serviços Urbanos” A abrangência “Meios de Comunicação” presente no tema “Serviços Urbanos”. em “Infra-estrutura de Telefonia e Telecomunicações” “Infra-estrutura de Transporte/Mobilidade” e Comunicações. Mobilidade tende a ser tratada como comunicação na sociedade dos fluxos que começamos a vivenciar. “Energia Elétrica”; e as abrangências Medidores em redes de Comunicação; “Iluminação Pública”; “Saneamento”; “Drenagem”; “Arborização” e Sistema Viário em “Infra-estrutura” Infra-estrutura de Telefonia e Telecomunicações Comentário 1: Este tema tem sua importância ampliada tendo em vista a política do MEC de explorar de maneira mais estruturada e enfática o ensino à distância. Pode ser um instrumento importantíssimo na complementação dos meios tradicionais utilizados na educação. Nesta perspectiva torna-se essencial que todos os recantos do país tenham acesso às tecnologias de telecomunicações. 231 Tema: Infra-estrutura de Transporte/Mobilidade Transporte Abrangência: Pavimentação de vias Tópicos: Malha viária pavimentada Porcentagem da extensão da malha viária urbana pavimentada Tipo de pavimentação Rodovias pavimentadas de acesso à cidade Densidade da malha de transporte Estado de conservação das vias Abrangência: Transporte Público Tópicos: Rede de transporte público municipal (ônibus, metro, trem,etc) Acesso ao transporte público (ônibus, metro, trem, etc) Cobertura espacial dos sistemas de transporte público Variação temporal da cobertura dos sistemas de transporte público Existência de transporte público intermunicipal Existência de transporte público interestadual Qualidade do transporte público Custo do transporte público Segurança do transporte público Tempo de espera do transporte público Existência de linhas regulares de transporte público Atendimento a todas as partes da cidade Grau de lotação média das viagens por transporte coletivo Extensão do sistema viário principal dotado de soluções de prioridade à circulação do transporte coletivo em relação à extensão do sistema viário principal total Abrangência: Mobilidade Tópicos: Mobilidade intra/extra urbana: possibilidade de deslocar-se motorizado ou não, dentro e para fora da cidade. Existência de equipamentos e infra-estrutura para deficientes Número de viagens por dia por habitante incluindo viagens a pé Modo de transporte intraurbano Adequação do sistema viário ao tipo de terreno Adequação do sistema viário ao tipo de veículo Adequação do sistema viário aos usos das vias (calçadas suficientes para o fluxo de pedestres, faixa para bicicletas e outros) Oferta de espaço físico para deslocamentos a pé Oferta de espaços físicos para deslocamento de bicicleta Participação do modo bicicleta e a pé no total de viagens não motorizadas Participação dos modos coletivo e individual nos modos de transporte motorizados Abrangência: Trânsito e tráfego Tópicos: Condições de circulação de pedestres e bicicletas Tempo de espera no trânsito Tempo médio de viagem das pessoas por modo de transporte Controle de trânsito e tráfego de cargas Velocidade média do tráfego de automóveis e de ônibus Sinalização e demais ações em circulação urbana Extensão média de vias com congestionamento de tráfego 232 Considerações sobre denominação, abrangências, agregações, e comentários gerais: Infra-estrutura de Transporte/Mobilidade - Sugestões Denominação Abrangência Proposta 1: Mobilidade e Transporte Público. Proposta 1: Focar mobilidade - Origem/Destino Proposta 2: Mobilidade e Acessibilidade de Transporte e Trânsito. Proposta 2: Análise da satisfação de políticas públicas. Proposta 3: Retirar a palavra Infra-estrutura ou usar Estrutura. Proposta 3: Acrescentar mobilidade dos portadores de necessidades especiais. Infra-estrutura de Transporte/Mobilidade – Agregações sugeridas “Infra-estrutura de Saneamento”; “Infra-estrutura de Transporte/ Mobilidade”; “Infra-estrutura de Telecomunicações”; “Infra-estrutura de Telefonia”; “Energia Elétrica”; “Acessibilidade” em “Serviços Urbanos” “Infra-estrutura de Transporte/Mobilidade” e Comunicações. Mobilidade tende a ser tratada como comunicação na sociedade dos fluxos que começamos a vivenciar. As abrangências dos temas “Habitação” e “Serviços Urbanos” “Energia Elétrica”; e as abrangências Medidores em redes de Comunicação; “Iluminação Pública”; “Saneamento”; “Drenagem”; “Arborização” e Sistema Viário em “Infra-estrutura” As abrangências “Pavimentações (pistas; calçadas e ciclovias)”; Equipamentos públicos para serviços coletivos; Equipamento de suporte ao transporte público; “Parques de lazer” etc. em Estrutura Urbana Infra-estrutura de Transporte/Mobilidade – Comentários gerais Comentário 1: Análise da satisfação de políticas públicas Infra-estrutura de Transporte/Mobilidade – Desagregações sugeridas A abrangência “Oferta e acesso a rede de transporte público” de “Infra-estrutura de Transporte” “Mobilidade” de “Infra-estrutura de transporte” 233 Tema: Justiça Abrangência: Acesso Tópicos: Acesso à justiça Abrangência: Oferta Tópicos: Existência de órgãos de representação dos direitos dos consumidores Considerações sobre denominação, abrangências, agregações, e comentários gerais: Justiça – Sugestões Denominação Abrangência - Proposta 1: Tema mais vago do que os demais. O que está sendo medido: Existência de promotorias e defensorias públicas? Existência de Tribunais? Existência de assessoria jurídica acessível? Agregações sugeridas “Assistência social”, “Justiça” e “Segurança”. Justiça – Comentários gerais Comentário 1: A medição do acesso à justiça é metafísica. Comentário 2: Tema mais vago do que os demais. O que está sendo medido: Existência de promotorias e defensorias públicas? Existência de Tribunais? Existência de assessoria jurídica acessível? 234 Tema: Lazer Abrangência: Oferta Tópicos: Áreas de lazer Equipamentos de Lazer Centros coletivos de lazer Áreas e equipamentos voltados para o Turismo Políticas de incentivo ao uso de espaço ao ar livre, público Abrangência: Acesso Tópicos: Acesso aos espaços de lazer Acesso a equipamentos de lazer públicos e privados Considerações sobre denominação, abrangências, agregações, e comentários gerais: Lazer - Agregações sugeridas “Esportes” e “Lazer” “Cultura”, “Esportes” e “Lazer” “Meio Ambiente e Aspectos Ambientais ‘stricto senso’ e “Lazer” 235 Tema: Meio Ambiente / Aspectos Ambientais "Stricto Senso" Abrangência: Disponibilidade de áreas verdes Tópicos: Número de áreas verdes (parques, praças, jardIns) Acesso às áreas verdes (parques, praças, jardIns) Áreas verdes disponíveis para o lazer Densidade de áreas verdes Abrangência: Preservação / proteção ambiental Tópicos: Disponibilidade de áreas de preservação ambiental Existência de áreas verdes públicas ou particulares, legalmente protegidas, internas à área urbana considerada Indicadores de proteção ambiental das pessoas Indicadores de proteção ambiental da fauna Indicadores de proteção ambiental da flora Indicadores de proteção ambiental dos recursos hídricos Reservas ambientais Taxas locais referentes à conservação do suporte Taxas referentes à biodiversidade e seus componentes Abrangência: Paisagem urbana Tópicos: Projetos urbanísticos Projetos paisagísticos Paisagem urbana com qualidade estética e provedora de condição de conforto térmico Adequação entre ambiente construído e o meio natural Arborização pública (de ruas, calçada gramada, vizinhança de áreas verdes e de lazer) Identificação de desertos florísticos - cobertura vegetal e permeabilidade Cobertura vegetal (jardim, quintal, etc, existência de inertes ou lixo) Grau de arborização Controle da poluição visual Abrangência: Conforto ambiental Tópicos: Clima Índices de poluição sonora / ruídos Níveis de poluição visual (cartazes, outdoors, etc.) Conforto térmico / Ilhas de calor Abrangência: Qualidade ambiental Tópicos: Qualidade da água de lagos e rios Qualidade das águas urbanas Qualidade das águas Qualidade do solo Conservação e melhoria da qualidade ambiental. Disponibilidade de água para paisagismo e lazer. Abrangência: Poluição / contaminação ambiental Tópicos: Índice de poluição do ar (ou, qualidade do ar) Poluição e contaminação da água 236 Poluição e contaminação do solo Porcentagem da população que utiliza combustíveis sólidos Emissão de poluentes Abrangência: Exposição da população à contaminação / risco ambiental Tópicos: Moradias em: i) vias expressas, ii) áreas centrais (ambientes com maior poluição do ar), iii) próximas a lixões, aterros ou áreas contaminadas por atividades industriais; iv) próximas a cursos d´água que recebem esgotos. População exposta a: i) abalos sísmicos (devido à proximidade com represas, por exemplo), ii) enchentes, iii) deslizamentos de encostas, iv) fontes significativas de poluição atmosférica, hídrica e sonora (devido às atividades industriais e mineradoras, como em MG) Risco Ambiental Injustiça ambiental Exposição à poluição e contaminação Abrangência: Controle da qualidade ambiental Tópicos: Indicadores de fiscalização Existência de mecanismos de aferição e controle da poluição hídrica e atmosférica Existência de serviços de vigilância sanitária e ambiental Considerações sobre denominação, abrangências, agregações, e comentários gerais: Meio Ambiente e Aspectos Ambientais “stricto senso” - Sugestões Denominação Abrangência Proposta 1: Há muitos aspectos diferentes sendo avaliados neste tema. Proposta 2: Separar em Disponibilidade/oferta e Controle. Meio Ambiente e Aspectos Ambientais “stricto senso” – Agregações sugeridas “Uso do Solo”, “Meio Ambiente e Aspectos Ambientais” e “Lazer” em “Urbanismo” “Urbanismo”, “Uso do solo” e “Meio Ambiente e Aspectos Ambientais ‘stricto senso’”. Rever abrangências de “Meio Ambiente e Aspectos Ambientais ‘stricto senso’” e de “Urbanismo” inserindo-os nos temas: Qualidade Ambiental Urbana e Gestão Urbana “Meio Ambiente e Aspectos Ambientais ‘stricto senso’” e “Lazer” Meio Ambiente e Aspectos Ambientais “stricto senso” – Comentários gerais 237 Comentário 1: Há muitos aspectos diferentes sendo avaliados neste tema. 238 Tema: Participação-Organização Política Institucional Abrangência: Redes de Interação social Tópicos: Grau de interação social (redes de relacionamento diversificadas) Redes de Integração social Existência de redes de integração social e de solidariedade entre os diferentes segmentos da sociedade local Abrangência: Participação Política Tópicos: Articulação e organização das comunidades, associações etc Participação comunitária Abrangência: Organização Política Institucional Tópicos: Participação nos processos de tomada de decisão Participação política efetiva no controle das ações públicas. Presença do poder público local Participação social, especialmente popular, em assuntos de interesse público Existência de secretarias setoriais Existência de estruturas institucionais relativas às atividades de planejamento urbano Existência de cadastros técnicos básicos referentes à organização da cidade Organização da cidade em administrações regionalizadas Existência de conselhos para controle das políticas públicas: conselhos de saúde; do meio ambiente; do bem estar da criança e do adolescente; conselho da cidade Instituições de viabilização dos direitos de cidadania Instrumentos de incentivo à participação comunitária na gestão de recursos públicos Orçamento participativo Código de obras claro e transparente Leis de uso do solo claras, explícitas e que não mudem toda hora Leis que regulamentem o ruído urbano respeitadas Controle de invasões de áreas públicas e privadas Indicadores da existência e aplicação de ferramentas de planejamento urbano. Existência e aplicação de Plano Diretor Regulamento do uso e ocupação do solo e sua aplicação Indicador de eficiência e eficácia de agentes públicos e privados Grau de modernização administrativa Abrangência: Políticas Públicas Tópicos: Postos de atendimento do governo local 239 Considerações sobre denominação, abrangências, agregações, e comentários gerais: Participação-Organização Política Institucional - Agregações sugeridas As abrangências “Felicidade pessoal” (Nível de Satisfação) em “Organização Político-Institucional” A abrangência Associatividade local em “Economia Municipal” Participação-Organização Política Institucional - Exclusões sugeridas “Participação Associativismo” e “Organização Político-Institucional”, são elementos para a análise. 240 Tema: Pobreza Abrangência: Público alvo – Demanda Tópicos: Famílias abaixo da linha de pobreza Famílias com problemas de necessidade especiais, saúde física e mental Abrangência: Incidência de políticas sociais Considerações sobre denominação, abrangências, agregações, e comentários gerais: Pobreza - Sugestões Denominação Abrangência Proposta 1: Renda da População Proposta 1: Renda e concentração de renda e não demandas políticas sociais . Proposta 2: Incluir geração de emprego e renda Pobreza - Agregações sugeridas Desigualdade na distribuição de renda e “Pobreza” em Demografia “Pobreza” e “Poder de compra e consumo” As abrangências de “Pobreza em “Poder de Compra” e “Trabalho/Emprego” Agregar, ou rever as abrangências: “Economia Municipal”, “Poder de compra e consumo” e “Pobreza” Pobreza – Comentários gerais Comentário 1: Identificação de público-alvo é fim e não meio Pobreza - Exclusões sugeridas “Pobreza”, já está coberto por outros. 241 Tema: Poder de Compra / Consumo Familiar Abrangência: Disponibilidade e Oferta Tópicos: Oferta de bens de consumo duráveis e não duráveis Abrangência: Acesso Tópicos: Acesso aos bens de consumo duráveis e não duráveis Acesso da população aos bens Abrangência: Capacidade de Endividamento/consumo Tópicos: Endividamento das famílias/ empresas Cheques sem fundo Segurança Econômica, resiliência individual e coletiva Capacidade e a possibilidade de consumo de bens e serviços Considerações sobre denominação, abrangências, agregações, e comentários gerais: Poder de compra e de consumo - Sugestões Denominação - Abrangência Proposta 1: Excluir Capacidade de endividamento e consumo. Poder de compra e de consumo – Agregações sugeridas “Pobreza” e “Poder de compra e consumo” “Economia municipal”, “Poder de Compra e Consumo” e “Trabalho e Emprego” As abrangências de “Pobreza em “Poder de Compra” e “Trabalho/Emprego” Agregar, ou rever as abrangências: “Economia Municipal”, “Poder de compra e consumo” e “Pobreza” As abrangências “Renda familiar ou domiciliar”; “Poder de compra e de consumo”; Finanças familiares; Prosperidade econômica; “Disponibilidade de bens de consumo” em Economia Familiar Poder de compra e de consumo – Comentários gerais Comentário 1: Serve para avaliar o nível de desenvolvimento da região. 242 Tema: Saúde Abrangência: Oferta Tópicos: Rede hospitalar de saúde Oferta de serviços públicos e privados de saúde Equipamentos de saúde (postos de saúde, hospitais, pronto socorro, núcleos de especialidades médicas, etc) Quantidade de leitos disponíveis em hospitais da rede pública com relação à população da cidade e do município Disponibilidade de médicos Existência de atendimento de emergência Existência de hospitais de média e alta complexidade Enfermeiros por habitantes Farmácias comunitárias Disponibilidade de serviços privados de saúde altamente especializados Abrangência: Qualidade Tópicos: Qualidade do atendimento em saúde Mortalidade infantil Mortalidade materna Mortalidade nas diversas faixas etárias Expectativa de vida, etc Abrangência: Acesso Tópicos: Acesso aos serviços públicos e privados de saúde Proximidade de centros de saúde Abrangência: Políticas Públicas Tópicos: Cuidados de Saúde Apropriados (cuidados para a redução da mortalidade, recursos, medicina preventiva) Existência de serviços ativos municipais de controle epidemiológico Saúde pública: Destaque para a existência de políticas públicas ativas de planejamento familiar de acesso universal à população Controle de vetores e de doenças de veiculação hídrica. Coberturas de equipes de PSF Abrangência: Riscos à saúde Tópicos: Morbidade: Relacionada aos fatores do ambiente que interferem na saúde da população - Inclui riscos químicos, microbiológicos, criadeiros de mosquitos vetores. Mortalidade: Relacionada aos fatores do ambiente que interferem na saúde da população Prevalência de determinadas moléstias População exposta em áreas de risco de contaminação (atmosférica ou por agrotóxicos) População exposta em áreas próximas a depósitos de resíduos perigosos Imunização contra doenças (vacinação) 243 Considerações sobre denominação, abrangências, agregações, e comentários gerais: Saúde - Agregações sugeridas “Educação”, “Saúde” e Renda em Condição de Vida (indicadores de Responsabilidade Social). 244 Tema: Segurança / Violência Abrangência: Segurança em geral Tópicos: Condições de Segurança e Proteção aos cidadãos Serviço de defesa civil, incluindo sistema de combate a incêndio Serviço de controle da segurança de edificações e equipamentos que podem oferecer riscos Segurança em relação à pessoa Segurança em relação à propriedade Segurança pública Abrangência: Violência Tópicos: Risco de ser objeto de violência Ocorrências criminais (furtos, roubos, etc) Mortes por causas externas (homicídios, acidentes de trânsito,...) Número de acidentes de trânsito com vítimas (fatais e não fatais) com relação à população da cidade Número de acidentes de trânsito com vítimas (fatais e não fatais) relacionado à extensão da malha viária urbana e ao número de veículos em circulação Número de vítimas envolvidas em ocorrências policiais Crimes notificados (homicídios, roubos, furtos, violência contra mulheres, prostituição infantil, abuso de menores) Número de acidentes de trânsito (atropelamentos, colisões) Conflitos de uso do solo Abrangência: Equipamentos de segurança Tópicos: Equipamentos e efetivo policial Postos Policiais Existência de serviços e equipamentos de segurança eficientes e atuantes Condições das prisões e encarceramentos Situação dos presos Tratamento dado aos atos infracionais de adolescentes Abrangência: Segurança privada Tópicos: Gastos sociais com segurança privada Considerações sobre denominação, abrangências, agregações, e comentários gerais: Segurança / Violência - Agregações sugeridas “Assistência social”, “Justiça” e “Segurança”. 245 Tema: Serviços Urbanos Abrangência: Equipamentos/Serviços urbanos Tópicos: Postos de gasolina (combustíveis) Atividades comerciais diversificadas Presença de prestadoras de serviços Presença de instituições financeiras Comércio Cartórios Agência dos correios Meios de comunicação Abrangência: Acesso aos Serviços Urbanos Tópicos: Acesso às redes e meios de comunicação (impresso, digital, etc.) Considerações sobre denominação, abrangências, agregações, e comentários gerais: Serviços Urbanos - Agregações sugeridas “Urbanismo” e “Serviços Urbanos” “Urbanismo”, “Uso do Solo” e “Serviços Urbanos” = Planejamento Urbano “Infra-estrutura de Saneamento”; “Infra-estrutura de Transporte/ Mobilidade”; “Infra-estrutura de Telecomunicações”; “Infra-estrutura de Telefonia”; “Energia Elétrica”; “Acessibilidade” em “Serviços Urbanos” A abrangência “Meios de Comunicação” presente no tema “Serviços Urbanos”. em “Infra-estrutura de Telefonia e Telecomunicações” As abrangências dos temas “Habitação” e “Serviços Urbanos” Serviços Urbanos - Exclusões sugeridas “Serviços Urbanos”, já contemplado em outros temas. 246 Tema: Trabalho/ Emprego Abrangência: Oferta Tópicos: Empregos e atividades geradoras de trabalho e renda Empregos existentes Emprego formal e informal Ambiente de trabalho desprovido de riscos Abrangência: Acesso Tópicos: Acesso ao emprego formal( com carteira assinada) Desemprego Oportunidades de Trabalho e Renda Abrangência: Condições de Trabalho Tópicos: Formas de trabalho que limitam a autonomia do trabalhador Jornadas prolongadas Ocupação Considerações sobre denominação, abrangências, agregações, e comentários gerais: Trabalho/Emprego - Agregações sugeridas “Economia municipal”, “Poder de Compra e Consumo” e “Trabalho e Emprego” As abrangências de “Pobreza em “Poder de Compra” e “Trabalho/Emprego” 247 Tema: Urbanismo Abrangência: Qualidade Urbanista e ambiental Tópicos: Existência de praças e jardins Existência de áreas de preservação ambiental Áreas verdes e parques públicos Parques lineares Área de calçadas em relação à área viária Distribuição de parques públicos em relação à área urbana (distâncias médias) Tipologia viária (extensão do sistema viário em relação à largura das vias) Indicativo de horizonte de vista e condições de insolação Extensão viária sem pavimento de qualquer tipo Existência de áreas urbanas de preservação ambiental Calçadas e passeios urbanos limpos e em bom estado Obsolência de partes das cidades Relação entre área verde e área urbanizada Presença de favelas e similares Área urbanizada sem rede de esgoto em relação à área urbanizada total Área urbanizada sem rede de água em relação à área urbanizada total Extensão de córregos e outros cursos d'água sem tratamento de suas margens ou canalizações em relação à área urbanizada Abrangência: Legislação e Gestão Urbana e Ambiental Tópicos: Legislação de ordenamento territorial urbano Existência de Plano Diretor Existência de Plano e/ou Legislação de Controle ambiental Existência de Órgãos/Serviços de conservação de vias públicas Existência de Órgãos/Serviços de controle de tráfego Existência de Órgãos/Serviços de segurança pública Existência de mecanismos jurídicos de estímulo a padrões urbanísticos sustentáveis Existência de legislação urbanística e de proteção ambiental Efetividade da legislação urbanística/ ambiental e existência de serviço público capacitado para impor a legislação existente Regularidade das construções frente à legislação urbanística Considerações sobre denominação, abrangências, agregações, e comentários gerais: Urbanismo - Agregações sugeridas “Uso do Solo” e “Urbanismo” “Urbanismo” e “Serviços Urbanos” “Uso do Solo”, “Meio Ambiente e Aspectos Ambientais” e “Lazer” em “Urbanismo” “Urbanismo”, “Uso do Solo” e “Serviços Urbanos” = Planejamento Urbano “Urbanismo”, “Uso do solo” e “Meio Ambiente e Aspectos Ambientais ‘stricto senso’”. Rever abrangências de “Meio Ambiente e Aspectos Ambientais ‘stricto senso’” e de “Urbanismo” inserindo-os nos temas: Qualidade Ambiental Urbana e Gestão Urbana 248 “Habitação” e “Urbanismo” Urbanismo – Comentários gerais Comentário 1: O nome urbanismo pode suscitar outras dimensões já consideradas em outros temas. Comentário 2: Difícil medição, mas muito importante dependendo do porte. Urbanismo – Desagregações sugeridas A abrangência “Existência da legislação urbanística” e aspectos físico-territoriais de Urbanismo, os quais apresentam superposição com meio ambiente, infra-estrutura de transporte, etc. 249 Tema: Uso do Solo Abrangência: Legislação Tópicos: Uso e ocupação do lote, tipo de uso, gabarito, ampliação Abrangência: Regularização e Controle Tópicos: Acesso à terra urbana Conflitos de uso do solo Regularização fundiária Urbanização e controle de assentamentos precários Controle de ambulantes Áreas centrais, edificações vazias, terreno e imóveis abandonados e/ou com pouca manutenção. Considerações sobre denominação, abrangências, agregações, e comentários gerais: Uso do solo - Sugestões Denominação Abrangência Proposta 1: Destacar: acesso à terra urbana e regularização e controle fundiário - Uso do solo - Agregações sugeridas “Uso do Solo” e “Abastecimento Alimentar” “Uso do Solo” e “Urbanismo” “Uso do Solo”, “Meio Ambiente e Aspectos Ambientais” e “Lazer” em “Urbanismo” “Urbanismo”, “Uso do Solo” e “Serviços Urbanos” = Planejamento Urbano “Urbanismo”, “Uso do solo” e “Meio Ambiente e Aspectos Ambientais ‘stricto senso’”. Uso do solo – Comentários gerais Comentário 1: De difícil mensuração e não retrata qualidade de vida e não permite a leitura da existência de conflitos de uso. Uso do solo – Exclusões sugeridas 250 “Uso do Solo”, já contemplado em outros temas. 251 COMENTÁRIOS GERAIS SOBRE A CONSULTA Comentários sobre critério para seleção de temas: Comentário 1: O conceito de qualidade de vida é extremamente relativo e opcional. Fica difícil optar, defender ou desabonar algum tema. O ministério tem que definir primeiro as respostas que almeja com o índice. Comentário 2: Considerar na definição dos temas: qualidade e a cobertura dos registros (dados) muito heterogênea entre os estados brasileiros. Comentário 3: Considerar os pesos para definir os cortes para a reduzir o número de temas. Critério de agregação: Comentário 1: Na 1a. Consulta sugeri um quadro contendo os 5 critérios de classificação do Sistema Urbano Brasileiro, considerando uma universalização, hierarquização e padronização territorial e espacial para efeito comparativo: 1.CENTRALIDADE : indicadores 2.CENTROS DECISÓRIOS : indicadores 3.ESCALA DE URBANIZAÇÃO : indicadores 4.COMPLEXIDADE: indicadores 5.DIVERSIFICAÇÃO SETOR TERCIÁRIO: indicadores Inclusão Comentário 1: Presença de favelas como tema à parte da habitação. Comentário 2: Inclusão Digital e Turismo. Comentário 3: Previdência Social Pública Número de aposentados do regime geral x número de salários; Aposentadoria por invalidez concedida; Número de pessoas acima de 60 anos sem nenhum benefício (IBGE X DATAPREV); Número de regimes próprios municipais; Número de contribuintes para o Regime Geral de Previdência (INSS). Comentário 3: Incluir o tema Riqueza, incluindo, entre outros, “Energia Elétrica”. Sugestão sobre a acessibilidade Comentário 1: Considerar a possibilidade de usufruir os serviços a partir das condições financeiras para arcar com os serviços não gratuitos e a disponibilidade de transporte necessários à vida urbana de qualidade (cobertura espacial e temporal da rede de transporte público, valor das tarifas frente ao poder aquisitivo dos cidadãos, conservação da malha viária, possibilidade do uso de transporte não motorizado com segurança, em termos da extensão e qualidade da rede de calçadas e ciclovias, dentre outros) 252 Dificuldade de mensuração Comentário 1: Situação nutricional da população, o poder de compra e de consumo. Vai ser feito um inquérito? Toda vez que o índice for atualizado o inquérito vai ser refeito? Críticas à formulação dos temas Erro na formulação do tema Uso do solo. 253 Anexo III – Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas 254 CONCEITOS TEMÁTICOS DE QUALIDADE DE VIDA URBANA PARA CONSTRUÇÃO DO ÍNDICE DE QUALIDADE DE VIDA URBANA PARA AS CIDADES BRASILEIRAS Jupira Gomes de Mendonça* Antes de sistematizar reflexões acerca dos temas urbanísticos a serem avaliados na construção de um índice de qualidade de vida urbana, agrupando-os em conjuntos temáticos, é necessário tecer algumas considerações sobre aspectos mais gerais para a avaliação da qualidade de vida nas (ou das) cidades, tendo em vista os princípios de universalidade, eqüidade, sustentabilidade e gestão democrática da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano, em construção, cujos principais objetivos são a inclusão social e territorial e a justa distribuição dos ônus e dos benefícios da urbanização. Em primeiro lugar, é importante lembrar que um elemento fundamental na discussão sobre o conceito de qualidade de vida é o dimensionamento da equidade na distribuição espacial e no acesso social a determinados serviços e recursos urbanos (Nahas, 2004:100), ou seja, é necessário ter em conta a equidade (ou o seu contrário, o grau de desigualdade) na oferta e também no acesso aos recursos urbanos. Pode-se, aqui, utilizar o conceito de renda real de Harvey (1979), que engloba o acesso a recursos – o controle dos recursos, que é nossa definição geral da renda real, está em função da acessibilidade e proximidade da localização (p.67). Como o poder sobre os recursos escassos de uma sociedade não pode ser determinado sem levar em conta a acessibilidade e o preço de tais recursos (Harvey,1979:49), aspectos como a relação entre a distribuição territorial da população e a distribuição dos recursos, bem como a distribuição de renda apresentam-se como importantes componentes na avaliação da qualidade de vida urbana. Deste modo, na construção de indicadores de qualidade de vida, é estreita a relação entre o IQVU, medidor da oferta de serviços e recursos urbanos, e o IVS, medidor do efetivo acesso da população às dimensões de cidadania. Não há como dissociar ambos aspectos: a oferta é esvaziada se não há possibilidade de efetivo acesso (ou é injusta se o acesso é absolutamente desigual), e o acesso só é pertinente na hipótese da existência da oferta. * Professora do Núcleo de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo - Escola de Arquitetura/UFMG 255 Ambos compõem o sistema para mensuração da qualidade de vida urbana (Nahas, 2004: 103). Em segundo lugar, é importante considerar a questão regional na avaliação da qualidade de vida urbana. Em cidades que representam centralidade no espaço regional, polarizando regiões, é mais importante a presença de determinados serviços urbanos de suporte ao desenvolvimento econômico regional – e aqui se trata de qualidade de vida na medida em que significa distribuição regional de oportunidades de emprego e renda. Além disto, em especial nas regiões de baixa renda e baixa variação do PIB1 a presença de – e o acesso a – determinados serviços de educação e saúde terão maior peso na qualidade de vida, não só urbana, como também regional, na medida em que se tratam de recursos que são mais escassos do que nas regiões de maior dinamismo e maior renda onde uma rede urbana mais densa significa mais opções de acesso. Assim, a questão regional interfere na avaliação da qualidade de vida, no que diz respeito ao acesso espacial a recursos e serviços urbanos. Por fim, é importante considerar, na avaliação da qualidade de vida urbana, a centralidade da habitação: a inserção cidadã (a inclusão, o direito à cidade) pressupõe um endereço. Mas o endereço com o significado de inclusão, por sua vez, pressupõe três condições: em primeiro lugar, que não implique a estigmatização negativa; em segundo lugar, que signifique acessibilidade a trabalho e renda. Em terceiro lugar, que signifique moradia servida de saneamento básico, acesso a equipamentos urbanos e controle ambiental. Primeiro conjunto temático Dadas as considerações iniciais, e tendo em vista, ainda, a importância capital da relação entre localização da moradia e localização das oportunidades de trabalho e renda, um primeiro agrupamento temático já se faz presente: habitação, infra-estrutura urbana e transporte e trânsito. Entende-se aqui por infra-estrutura urbana o conjunto de redes e serviços que compõem a moradia, além da edificação residencial: saneamento básico, drenagem, coleta e disposição de resíduos sólidos, energia elétrica, telefonia e telecomunicações. 1 Para a classificação das regiões e sua conceituação, ver Bacelar, T.A. e Galvão, A.C. (2004). 256 Vejamos os aspectos mais importantes a serem abordados na avaliação de cada um desses componentes. Habitação Dois aspectos devem balizar a avaliação da qualidade de vida, do ponto de vista da habitação: o déficit habitacional (quantitativo e qualitativo)2 e a presença de terras ociosas em boas condições de ocupação. O tamanho do déficit habitacional, comparativamente ao número total de domicílios indica o grau de precariedade das condições de vida urbana na localidade. Por outro lado, o conjunto de glebas e lotes ociosos localizados no interior da malha urbana, com acessibilidade e infra-estrutura, é indicativo da retenção especulativa de terras e da ausência do controle público sobre esse processo. O confronto entre o tamanho do déficit habitacional e das terras ociosas ou subtilizadas mostra, ao mesmo tempo, o grau de desigualdade habitacional presente no município e o grau de injustiça na distribuição dos recursos urbanos, bem como dos custos da urbanização. Alguns aspectos indicarão, stricto senso, a qualidade de vida do ponto de vista da edificação residencial, particularmente o padrão da edificação, as condições naturais da sua localização e a situação fundiária. a) A avaliação do padrão da edificação abrange os aspectos considerados no que chamamos de déficit qualitativo. Interessa, neste caso, não apenas a avaliação do padrão físico (materiais utilizados e existência de banheiro interno, por exemplo), mas também aspectos relativos ao conforto: adensamento domiciliar, especialmente em relação ao número de dormitórios, e adequação climática. b) A avaliação da moradia, do ponto de vista do lugar onde ela se situa, tem implicações que vão além das questões relativas à presença de infra-estrutura ou acessibilidade a serviços públicos e oportunidades de trabalho. A proximidade de externalidades 2 Compõem o déficit quantitativo, segundo estudo da Fundação João Pinheiro (2002): em primeiro lugar, o déficit por reposição de estoque (domicílios que devem ser restaurados ou substituídos, devido à qualidade dos materiais usados na sua construção - os domicílios rústicos - e os que se encontram fortemente deteriorados, tanto os muito antigos como os que apresentam estrutura física danificada - depreciação); em segundo lugar, o déficit por incremento de estoque, que inclui a soma da coabitação familiar com os domicílios improvisados, e também os domicílios com ônus excessivo com aluguel. Podemos classificar como déficit qualitativo o que o estudo da FJP denominou moradia inadequada: relaciona-se às necessidades de melhorias habitacionais ou precariedade de infra-estrutura - carência de serviços de infra-estrutura, adensamento excessivo, inadequação fundiária urbana e inexistência de unidade sanitária domiciliar interna. 257 negativas e de externalidades positivas dá ao lugar possibilidades concretas de conforto ou desconforto (proximidades de fontes poluidoras, ou, ao contrário, proximidade de áreas verdes exuberantes, por exemplo) e também um (re)conhecimento social – posição de prestígio, ou, ao contrário, estigma3 . Além disto, a presença de moradias em áreas de risco, seja de inundação ou de deslizamento, em áreas alagadas e outros tipos de áreas inadequadas à ocupação é representativa de baixa qualidade de vida urbana. c) A avaliação da situação fundiária também é importante na avaliação da qualidade de vida urbana, sob o aspecto da habitação, uma vez que a posse ou o uso legalizado do imóvel residencial (seja qual for o tipo de reconhecimento) implica segurança, muitas vezes lastro que permite capacidade de endividamento e outras vezes signo de mobilidade social ascendente. Infra-estrutura e serviços urbanos Superar as carências em abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos e de águas pluviais é um requisito fundamental para a saúde e a qualidade de vida das pessoas (Ministério das Cidades, 2004a: 9)4. Mas, do ponto de vista da infra-estrutura e dos serviços urbanos, é importante avaliar, além dos aspectos referentes ao saneamento básico (água, esgoto, lixo e drenagem), também aqueles referentes aos demais serviços de limpeza urbana, controle de vetores e reservatórios de doenças, e, ainda, os serviços de telefonia, energia elétrica e telecomunicações. Esse conjunto de serviços urbanos compõem as condições de habitabilidade e, portanto, permitem medir a qualidade da moradia em seu sentido amplo. Do ponto de vista do saneamento básico, obviamente é importante medir não apenas a extensão dos serviços, relativamente ao tamanho da população e do perímetro urbano, mas 3 A observação de dados do Censo Demográfico mostra, por exemplo, que, comparando-se os trabalhadores moradores de favela com outros, de mesma ocupação, que não moram em favela, os primeiros, em geral, têm renda menor. 4 O serviço público de saneamento básico é considerado universalizado em um território quando assegura o atendimento, no mínimo, das necessidades básicas vitais, sanitárias e higiênicas, de todas as pessoas, independentemente de sua condição sócio-econômica, em todos os domicílios e locais de trabalho e de convivência social, de modo ambientalmente aceitável e de forma adequada às condições locais (Projeto de Lei que Institui as diretrizes para os serviços públicos de saneamento básico e a Política Nacional de Saneamento Básico – PNS, Art. 6o, Inciso XXIII, Parágrafo Único). 258 também a qualidade dos serviços. Além disto, pode-se verificar a relação entre o custo dos serviços e a renda da população (verificada a sua distribuição), de modo a verificar as reais possibilidades de acesso. Particularmente, é preciso avaliar: a) abastecimento de água extensão do abastecimento - extensão da rede; freqüência do abastecimento; quantidade de domicílios com canalização interna, em relação ao total de domicílios; existência de fonte pública de água potável em áreas com baixo acesso à rede. qualidade da água – condições de proteção do manancial de captação; tratamento da água. b) esgotamento sanitário extensão do extensão da rede; quantidade de domicílios com canalização interna, em relação ao total de domicílios X quantidade de domicílios com lançamento através de fossa negra, diretamente nos cursos d’água ou na superfície do terreno. qualidade ambiental - destino dos esgotos (tratamento X lançamento in natura); existência e extensão relativa de interceptores de esgotos. c) limpeza urbana extensão da limpeza – área abrangida pela coleta de lixo doméstico; abrangência de varrição e de capina; qualidade ambiental – disposição do lixo doméstico (“lixão” a céu aberto X aterro sanitário); segurança e adequação do transporte; presença de lixo em cursos d’água ou em áreas costeiras; tratamento de esgoto industrial; coleta específica de lixo hospitalar; existência e quantidade relativa de coleta seletiva e reciclagem. d) drenagem qualificação da macro-drenagem – tipo de tratamento dos fundos de vale (canalização X preservação do leito e de vegetação marginal); presença de assoreamentos; presença de voçorocas; qualificação da micro-drenagem – presença de esgotos domésticos na rede pluvial. Do ponto de vista do controle de vetores e reservatórios de doenças, a avaliação do grau de controle poderia ser medido pela existência de políticas públicas de combate a vetores, legislação pertinente (código sanitário), fiscalização etc. No entanto, a eficácia da política e, portanto, o grau de controle são avaliados com maior precisão a partir da observação da presença de doenças transmissíveis por vetores e da quantidade de indivíduos doentes em relação à população total. 259 Com relação aos demais serviços urbanos – telefonia, energia elétrica e telecomunicações – mantém-se o critério de avaliar quantitativa e qualitativamente, isto é, a extensão dos serviços e a sua qualidade e custo, além das possibilidades de acesso: quantidade de domicílios atendidos, em relação ao total de domicílios; continuidade no funcionamento do serviço; abrangência das redes de telefones públicos e de iluminação pública. Com relação às telecomunicações, é importante ainda, face à necessidade de democratização da informação, avaliar o grau de universalização do acesso à internet internamente às residências e o acesso público à internet. Por fim, ainda que o controle ambiental não constitua um serviço ou infra-estrutura urbana, é importante, nesta seção, lembrar que o controle de emissão de poluentes é também aspecto fundamental a ser medido, na avaliação da qualidade de vida urbana. Os aspectos da poluição do solo na área urbana, bem como dos recursos hídricos, são observados na avaliação do saneamento básico, particularmente nos aspectos referentes à coleta, disposição e tratamento dos esgotos domésticos e industriais, bem como dos resíduos sólidos. É importante ainda considerar os aspectos referentes à poluição do ar (tanto por emissores de origem industrial como por veículos automotores) e à poluição sonora (presença de agentes poluidores; existência de canais de denúncia e fiscalização). Mobilidade urbana, transporte e trânsito A avaliação da qualidade de vida urbana do ponto de vista da mobilidade deve partir do princípio da Mobilidade Urbana Sustentável, entendida como um conjunto de políticas de transporte e circulação que visa proporcionar o acesso amplo e democrático ao espaço urbano, através da priorização dos modos não-motorizados e coletivos de transporte, de forma efetiva, que não gere segregações espaciais, socialmente inclusiva e ecologicamente sustentável – baseado nas pessoas e não nos veículos ((Ministério das Cidades, 2004b: 14 – grifos nossos). Deste modo, o primeiro aspecto a ser avaliado é a facilidade com que os habitantes da cidade acessam os locais onde se concentram as oportunidades de trabalho, bem como as redes públicas de saúde e de educação. Quanto menor o tempo de acesso, por meios nãomotorizados ou por sistema de transporte coletivo, melhor o nível da mobilidade. O segundo aspecto diz respeito às condições para a mobilidade através de meios nãomotorizados (bicicleta, charrete, carroça, cavalo, canoa), em especial segurança e infra260 estrutura de apoio. A existência de boas condições, neste caso, é indicativo de melhor qualidade da mobilidade dos mais pobres, além de denotar aspecto favorecedor de melhores condições ambientais, na medida em que se tratam de modalidades não poluentes. No caso das ciclovias, principalmente em localidades com grande freqüência no uso da bicicleta, é importante avaliar a qualidade do pavimento e da sinalização, verificar a existência de separação das pistas de circulação de veículos motorizados e a extensão das vias, em relação ao sistema de circulação de veículos motorizados. Nos demais casos, as condições dizem respeito principalmente à sinalização e equipamentos de apoio, em especial em pontos de embarque e desembarque, por exemplo. O terceiro aspecto é relativo às condições de circulação de pedestres: as condições dos passeios públicos; área de vias exclusivas de pedestre, principalmente nos espaços comerciais centrais, em relação às vias destinadas a veículos automotores; condições da sinalização viária; existência de equipamentos e dispositivos para garantir a mobilidade de pessoas com restrição de mobilidade, incluindo idosos, pessoas com deficiência5 e portadores de necessidades especiais, de modo seguro e confortável. Por outro lado, o percentual de pessoas que se locomovem a pé para vencer grandes distâncias pode ser indicativo do alto custo do transporte coletivo e, por conseqüência, da falta efetiva de acesso aos sistemas existentes ou pode ser indicativo, ainda, da ineficiência do transporte (itinerários inadequados, baixa freqüência, insegurança, falta de integração entre diversos modos de transporte, entre outros). Desta forma, a modalidade de transporte tem uma relação com as distâncias a serem percorridas. Com relação ao sistema de transporte coletivo, há dois grandes fatores que limitam a sua utilização e, portanto, colocam obstáculos à acessibilidade como fator de inclusão social: em primeiro lugar, o custo, vale dizer, o percentual de comprometimento da renda com transporte. Em segundo lugar, a inexistência de integração multimodal torna ainda mais onerosa a utilização do sistema e implica maior tempo de descolamento. Nas grandes cidades, é fator de qualidade de vida a existência de uma rede estrutural integrada de média 5 Em função da idade, estado de saúde, estatura e outras condicionantes, várias pessoas têm necessidades especiais para receber informações, chegar até os terminais e pontos de parada, entrar nos veículos e realizar seu deslocamento através dos meios coletivos de transporte, ou, simplesmente, se deslocar no espaço público. Essas pessoas são as consideradas Pessoas com Restrição de Mobilidade e, neste grupo, estão incluídas as Pessoas com Deficiência. As deficiências podem ser divididas em cinco grupos que são deficiências físicas, mentais, sensoriais, orgânicas e múltiplas. Cada deficiência gera determinados tipos de incapacidades e desvantagens ocupacionais, de orientação, de independência física e de mobilidade. (Ministério das Cidades, 2004b: 39). 261 e alta capacidade. As redes serão tanto mais eficazes quando compatibilizadas com as estratégias desenvolvimento urbano e as políticas de uso do solo. A informalidade no transporte coletivo, qual seja, a existência de transporte não regulamentado, é perniciosa para o funcionamento do sistema – a informalidade inicia a desregulamentação do setor de transporte coletivo, baseada na disputa pelo passageiro nas ruas e na sua auto-regulamentação, através das associações ou cooperativas, substituindo o Estado na organização do Transporte Público. Com o passar do tempo, os operadores evitam a queda de tarifa, estabelecem reserva de mercado, demarcam seus pontos de parada, criam terminais particulares e evitam a entrada de novos operadores (Ministério das Cidades, 2004b: 36). Por fim, alguns aspectos relativos especificamente ao trânsito devem ser objeto de avaliação: percentual de vias pavimentadas, principalmente aquelas que compõem os itinerários de ônibus, e sinalização adequada. A relação de mortes decorrentes de acidentes de trânsito em relação ao número total de óbitos é indicativo da qualidade do trânsito. Contribuem ainda, políticas de educação para o trânsito, as quais podem ser implementadas no nível municipal. Fator indicativo da qualidade e gestão do trânsito é também o tempo médio de locomoção: tempos muito baixos são produtos de congestionamentos viários, os quais têm impactos negativos também sobre a economia local. Segundo agrupamento temático Algumas questões decorrem do primeiro agrupamento temático acima desenvolvido: em que medida os governos locais estão aparelhados para alterar a qualidade de vida urbana? Que tipo de políticas públicas estão sendo implementadas nas cidades? Que instrumentos de controle urbano e gestão da cidade estão sendo utilizados? As respostas a estas questões ensejam outros dois agrupamentos temáticos: de um lado, a organização políticoinstitucional, o controle urbano e ambiental e a capacidade de investimento público municipal e, de outro, as formas de organização urbana e ambiental resultantes das políticas públicas. Comecemos por este último. 262 Uso do solo A análise da estrutura urbana resultante do processo de formação e crescimento de uma cidade permite identificar o grau de desigualdade socioespacial presente nessa estrutura. Nesse sentido, dois aspectos podem ser avaliados: em primeiro lugar, o grau de concentração ou, o seu contrário, de mescla de grupos sociais no território urbano. Este aspecto é importante, na medida em que alguns grupos sociais têm maior poder de pressão, não só econômico-financeira, como também política, na distribuição dos recursos. O segundo aspecto a ser avaliado é o grau de concentração e de centralização do uso do solo. Excetuando-se a concentração do uso industrial, que se justifica pelos impactos ambientais negativos, particularmente sobre o uso residencial, a concentração de usos residenciais ou de usos comerciais e de serviços tem resultados negativos para a qualidade de vida urbana: no último caso, vai representar ociosidade de infra-estrutura em períodos fora do horário comercial; no primeiro caso, em geral é indicativo de auto-segregação de grupos sociais elitizados, que buscam, no uso exclusivamente residencial, o controle da utilização do seu espaço de moradia por pessoas “de fora”. Ademais, a mescla de usos no território da cidade favorece maior proximidade na relação trabalho/moradia, com conseqüências favoráveis, como a locomoção a pé e por outros modos não-motorizados. Estas considerações não eliminam a possibilidade das concentrações comerciais e de serviços, desejáveis na medida em que permitem a competitividade e a complementaridade de atividades econômicas. No entanto, estas concentrações não necessariamente são expulsoras do uso residencial. Por outro lado, em cidades médias e grandes é desejável ainda a descentralização dos núcleos comerciais e de serviços, de modo a aproximar esse tipo de concentração das áreas mais residenciais, com impactos positivos no desenvolvimento econômico das diversas regiões da cidade e na mobilidade urbana. Espaços públicos e equipamentos culturais A existência e distribuição eqüitativa de espaços públicos e de equipamentos culturais é outro aspecto importante a ser abordado na avaliação da qualidade de vida urbana. Espaços públicos configuram conjuntos de áreas públicas de lazer, de prática esportiva, de encontro e de descanso, incluindo, praças, áreas verdes, calçadões e centros esportivos. Os 263 equipamentos culturais são edificações e espaços públicos especificamente voltados para programa governamentais e para manifestações públicas culturais e de identidades locais (de bibliotecas, museus e centros culturais a sedes de associações e grupos culturais). É importante avaliar: o seu tamanho, face à população moradora dos bairros dentro do seu raio de abrangência; a diversidade de usos propiciados, em relação às diversas faixas etárias; estado de conservação; acessibilidade a pessoas com restrições de mobilidade e a pluralidade social na sua utilização. Terceiro agrupamento temático O terceiro agrupamento temático diz respeito à gestão pública, em especial, capacidade de planejamento, ação e financiamento, além da democratização dos processos decisórios, nos diversos aspectos relativos à gestão da cidade. A qualidade de vida urbana depende muito da capacidade do governo local de exercer o planejamento e o controle do território da cidade, da sua estruturação para implementar políticas e fiscalizar o cumprimento da regulação urbana e da sua capacidade de investimento em equipamentos, serviços e infraestrutura urbana. 264 Controle urbano e ambiental O controle urbano e o controle ambiental, no nível local, constituem ações públicas que permitem orientar o processo de expansão urbana de forma racional e ecologicamente equilibrada, bem como promover a justa distribuição dos recursos urbanos. Não basta identificar, no entanto, a existência de processos de controle e regulação (ainda que estes são aspectos a serem abordados): é necessário qualificar o tipo de controle6. Desta forma, é importante avaliar: - existência de legislação de controle do uso e ocupação do solo e de legislação ambiental no nível municipal; - presença na legislação municipal e utilização efetiva de instrumentos de política urbana previstos no Estatuto da Cidade; - aparato administrativo para licenciamento e fiscalização (corpo técnico, estrutura organizacional); - grau de articulação entre as políticas urbanas e as políticas sociais; - capacidade administrativa e institucional para gestão inter-municipal compartilhada, particularmente nos municípios situados em aglomerações urbanas e regiões metropolitanas. Democratização da gestão Não há dúvidas de que a gestão democrática da cidade resulta em melhor distribuição dos recursos e, portanto, em melhor qualidade de vida urbana. Sob esse aspecto é importante avaliar: - quantidade e tipos de mecanismos de gestão participativa – conselhos municipais (caráter deliberativo ou não; paridade; autonomia de escolha da representação; freqüência de reuniões); comitês gestores de programas públicos (grau de participação das comunidades locais; grau de autonomia e poder de deliberação); orçamento participativo (avaliação qualitativa do grau de autonomia e da capacidade de decisão real sobre os investimentos); 6 Os seus resultados são avaliados no conjunto que compõe o primeiro agrupamento temático aqui proposto. 265 - grau de democratização da informação – formas de divulgação das contas públicas; existência, freqüência e abrangência de programas de capacitação. Estrutura de apoio à cidadania na cidade O que chamamos aqui de estrutura de apoio à cidadania é um conjunto de mecanismos e ações voltados para a organização da vida cotidiana na cidade, e que também devem ser avaliados no dimensionamento da qualidade de vida urbana: - aparato de assistência técnica e jurídica de apoio à habitação; - política de educação para o trânsito; - programas de capacitação de lideranças populares. Capacidade de investimento A capacidade de investimento mostra as condições locais para intervenções e o potencial de melhoria da qualidade de vida. É necessário medir: - tamanho das receitas próprias (captação pelo próprio Poder Público local), em relação ao total da receita; - grau de comprometimento das receitas com o custeio da máquina pública (pessoal, gastos administrativos e gastos com manutenção de equipamentos, serviços e infra-estrutura urbana) e conseqüente disponibilidade de receita para investimento urbano; - capacidade de endividamento. Referências bibliográficas Bacelar, Tânia de Araújo e Galvão, Antônio Carlos. “Política Nacional Desenvolvimento Regional: uma proposta para discussão”. In Limonad, Ester et al (org.). Brasil Século XXI: 266 por uma nova regionalização? Agentes, processos e escalas. São Paulo: Max Limonad. 2004. Congresso Federal - Projeto de Lei que Institui as diretrizes para os serviços públicos de saneamento básico e a Política Nacional de Saneamento Básico – PNS, 2003. Fundação João Pinheiro. Déficit Habitacional no Brasil 2000. Informativo CEI Demografia. Belo Horizonte, junho de 2002. Harvey, David. Urbanismo y desigualdad social. México, D.F.: Siglo Veintiuno Editores. 1979 (3a ed.). Ministério das Cidades. Cadernos Mcidades , v.5. Saneamento Ambiental. Brasília, outubro de 2004a. Ministério das Cidades. Cadernos Mcidades , v.6. Política Nacional de Mobilidade Urbana Sustentável. Brasília, outubro de 2004b. Nahas, Maria Inês Pedrosa. “Indicadores sociais como instrumentos para formulação de políticas públicas e monitoramento da qualidade de vida urbana nas cidades brasileiras”. In, Capacitação e informação. Cadernos Mcidades 8. Brasília: Ministério das Cidades, 2004. 267 Belo Horizonte, 30 de agosto de 2005. Instituto de Desenvolvimento Humano Sustentável da PUC Minas Rua Espírito Santo, 1.059 • 12º andar • Centro CEP 30160-922 • Belo Horizonte • MG www.virtual.idhs.pucminas.br