Condomínios que parecem clubes
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Condomínios que parecem clubes
Economia fotos janine turco/nd Minha casa... Conjuntos passam a atrair pela estrutura para o lazer notícias do dia Florianópolis, sábado e domingo, 16 e 17 de junho DE 2012 Santinho. Piscina com raia semiolímpica e água tratada com sal é apenas um dos itens do condomínio localizado em Florianópolis Saraga Schiestl [email protected] @saraga_ND Florianópolis — O espaço planejado com academia, piscina comum, piscina aquecida e outras áreas de lazer precisou ter o projeto alterado para garantir um lugar voltado aos cães e gatos que fazem parte da mudança dos donos. Este exemplo ocorreu no Águas do Santinho Residence, um condomínio de classe A, em Florianópolis, e ilustra a guinada que as construtoras estão dando para atender aos novos hábitos do comprador. É óbvio que um edifício com a estrutura de um clube tem o preço mais elevado, mas a boa notícia é que o mesmo conceito começa a chegar nas moradias das classes B e C. Cada vez mais, o modelo basicão, com aquele parquinho medonho que reúne balanço, escorregador e vaivém num só equipamento, fica para trás. Fazer com que o condomínio ganhe a cara de clube e ainda reserve espaço para serviços que normalmente se encontra fora de casa, como restaurante e academia, é o desafio das construtoras. Os condomínios clube proporcionam ao morador a oportunidade de ficar mais tempo em casa. Os modelos adotados na região, que contam com uma área gourmet sofisticada, piscinas, praças, espaços de saúde e beleza, além dos parques infantis, são inspirados em São Paulo. “Foi lá que se começou a pensar em prédios com esse perfil, considerando principalmente a segurança”, explica a arquiteta Lucilia Ortega, da construtora Hantei. As áreas de lazer tornam-se 20% do total do empreendimento. A dificuldade de se locomover em Florianópolis aliada ao desejo de conquistar segurança para a família tem feito crescer esse tipo de construção na região. Segundo o presidente do Sinduscon (Sindicato da Indústria de Construção Civil), Hélio Bairros, o avanço dos condomínios clube ainda é recente, por isso, ainda não se sabe quantas unidades foram criadas nos últimos anos. “As pessoas das classes que vão de A até C investem nesses prédios para obter praticidade de não precisar sair de casa e ter segurança”, comenta. Mesmo sem números oficiais é possível ter ideia da dimensão desses residenciais. Um condomínio clube precisa ter uma área significativa, o que permite a construção de torres que, juntas, contam com mais de 250 apartamentos. e diminui o custo unitário. Apostar no conforto e beleza Os futuros moradores dos 240 apartamentos do condomínio clube Mirante 4 Estações, da incorporadora PDG, localizado no bairro Serraria em São José, terão à disposição ofurô, academia completa e um espaço dedicado à beleza feminina. Um salão de beleza equipado com espelhos, móveis para manicure e mesas para corte de cabelo está à espera das moradoras. Tudo em um melhor estilo camarim. Enquanto a mãe faz as unhas, o pai pode aproveitar a academia e deixar os filhos brincando em uma minicidade, formada por casinhas de boneca e pista para carrinhos. Um atrativo ao lado do outro. “O condomínio foi pensado para as famílias, mas temos uma procura intensa de pessoas que estão se aposentando e querem um lugar mais sossegado”, comentou a gerente de produto da incorporadora, Sandra Regina de Sousa. O condomínio, voltado à classe B, tem três e quatro quartos. Todas as unidades são equipadas com churrasqueira e varanda ampla. “Apesar de oferecer o espaço gourmet, há momentos que a família prefere receber seus amigos em casa, em um momento mais reservado”, destacou o diretor regional da PDG, André Marin. Quanto custa manter todo mês esta mordomia Condomínios que parecem clubes Esporte. Quadra tem as dimensões oficiais Malhar. É classe B, mas parece para classe A Bicharada. Projeto mudou por causa dos cães Morador molda o residencial Se não fosse a conversa com os moradores, a arquiteta Lucilia Ortega não pensaria em uma área para os bichos de estimação. “Temos que nos adaptar às necessidades do público”, explicou. Depois de um replanejamento, um espaço ao lado das quadras esportivas do Águas do Santinho está reservado para os passeios dos animais. Com direito a circuito e até um bebedouro automático. No condomínio, são oferecidos três e quatro quartos, em 144 unidades, sendo que 4.000 m² (equivalente a meio campo de futebol) são de área de lazer. Segundo Lucilia, o público que investe em prédios com o perfil clube normalmente são famílias e aposentados. Entre os investidores estão catarinenses, gaúchos, paulistas, mineiros, cariocas e candangos (de Brasília). Como atrativo, o condomínio oferece quadra de tênis, piscinas interna e externa com raia semiolímpica e com tratamento com sal em vez de cloro, sala de jogos completa, fitness e fraldário. Mas é o espaço gourmet o que mais chama atenção. “No Carnaval foram feitas festas temáticas. Ninguém precisou sair daqui para curtir o feriado”, lembrou a arquiteta, que se preocupa com a estética do condomínio para atrair os compradores. Até talheres e copos do apartamento decorado devem estar sempre alinhados. 16/17 Lucilia. É preciso se adaptar às necessidades do público Quando um comprador em potencial entra em um condomínio clube, logo pede para fazer os cálculos de quanto será gasto para a manutenção da estrutura. No Águas do Santinho, o valor cobrado é de R$ 380 para apartamentos básicos de três dormitórios e duas vagas na garagem. “O condomínio é pensado para exigir o mínimo de manutenção”, definiu a arquiteta Lucilia Ortega, lembrando que a jardinagem foi planejada com plantas nativas, e a grama foi plantada em áreas grandes para facilitar a limpeza. No Mirante das 4 Estações, os valores do condomínio giram entre R$ 300 e R$ 500, dependendo do tipo do apartamento. “Quando todas as seis torres forem entregues, esse valor deverá diminuir porque haverá maior rateio”, explicou a gerente Sandra Regina de Sousa. Uma tática das construtoras é entregar o condomínio 100% equipado. “Assim evitamos briga entre moradores, que não entram em consenso quanto ao estilo de cada ambiente de uso comum”, explica Lucilia. “Esses condomínios representam a praticidade que as pessoas precisam. Em alguns é oferecido serviço de lavanderia em que o morador deixa a roupa pela manhã e a recebe seca e passada à noite”, diz o presidente do Sinduscon, Hélio Bairros. O estilo de condomínio clube com preço acessível está tão em alta que no feirão da Caixa foram vendidas 50 unidades de 200 de um prédio com áreas de lazer como piscina e salão de festas equipados. O preço de morar num clube Morar em um condomínio clube pode custar de R$ 334 mil a R$ 3 milhões, em apartamentos de três quartos ao de cinco suítes. Há opções mais em conta, mas que mantém o conceito de lazer. Nesse caso, é possível encontrar apartamentos de dois dormitórios por R$ 130 mil, como no bairro Canasvieiras, em Florianópolis. Esse modelo, voltado para as classes C e D, foi apresentado no feirão da Caixa, na semana passada, na Capital. Segundo o gerente regional de construção civil da Caixa, Marcelo Moser, no exemplo de Canasvieiras, um casal com renda conjunta de até R$ 3.500 mensais pode fazer a mudança, pagando R$ 1 mil por mês em 30 anos. “As pessoas procuram esse perfil para ter segurança”, diz. Mirante. Mesmo quem não está no topo da pirâmide social desfruta de boa área de lazer Valores Variação de preço Convivência. Moradores não precisam alugar salões para grandes festas com os equipamentos disponíveis nos condomínios R$ 130 mil (para classes C e D) R $ 334 mil a R$ 3 milhões (para classes A e B) Condomínio a partir de R$ 300