ÉPOCA DE PODA E MÉTODOS DE POLINIZAÇÃO NA CULTURA

Transcrição

ÉPOCA DE PODA E MÉTODOS DE POLINIZAÇÃO NA CULTURA
INFLUÊNCIA DE ÉPOCAS DE PODA E MÉTODOS DE
POLINIZAÇÃO NA CULTURA DA PINHA (Annona squamosa L.) NO
NORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
ABDON SANTOS NOGUEIRA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO
CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ
JUNHO – 2002
INFLUÊNCIA DE ÉPOCAS DE PODA E MÉTODOS DE
POLINIZAÇÃO NA CULTURA DA PINHA (Annona squamosa L.) NO
NORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
ABDON SANTOS NOGUEIRA
“Tese apresentada ao Centro de Ciências e
Tecnologias Agropecuárias da Universidade
Estadual do Norte Fluminense, como parte
das exigências para obtenção do título de
Mestre em Produção Vegetal”
Orientador: Prof. Almy Junior Cordeiro de Carvalho
CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ
JUNHO – 2002
ii
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca do CCTA / UENF 0027/2002
Nogueira, Abdon Santos
Influência de épocas de poda e métodos de polinização na cultura
da pinha (Annona squamosa L.) no Norte do Estado do Rio de
Janeiro / Abdon Santos Nogueira. – 2002.
54 f. : il.
Orientador: Almy Junior Cordeiro de Carvalho
Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) – Universidade
Estadual do Norte Fluminense, Centro de Ciências e Tecnologias
Agropecuárias. Campos dos Goytacazes, RJ, 2002.
Bibliografia: f. 45-52
1. Fruta do conde 2. Pinha 3. Fenologia 4. Polinização 5.
Anonáceas I. Universidade Estadual do Norte Fluminense. Centro de
Ciências e Tecnologias Agropecuárias. II. Título.
CDD –
iii
634.41
INFLUÊNCIA DE ÉPOCAS DE PODA E MÉTODOS DE POLINIZAÇÃO
NA CULTURA DA PINHA (Annona squamosa L.) NO NORTE DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO
ABDON SANTOS NOGUEIRA
“Tese apresentada ao Centro de Ciências e
Tecnologias Agropecuárias da Universidade
Estadual do Norte Fluminense, como parte
das exigências para obtenção do título de
Mestre em Produção Vegetal”
Aprovada em 11 de junho de 2002
Comissão Examinadora:
Pesq. Alcílio Vieira (D.Sc., Fruticultura Tropical) – Pesagro-Rio
Profª Janie Jasmim Corabi Adell (D.Sc., Plantas Ornamentais) – UENF
Profª Cláudia Sales Marinho (D.Sc., Fruticultura Subtropical) – UENF
Prof. Almy Junior Cordeiro de Carvalho (D.Sc., Fruticultura Tropical) – UENF
Orientador
“ Toda vez que criticamos a experiência dos outros, estamos apontando
em nós mesmos os pontos fracos que precisamos emendar em nossas
próprias experiências”
Agradeço de todo o meu coração a DEUS, que sempre esteve ao
meu lado, nas horas de alegria e tristeza, me dando força e
coragem para seguir sempre em frente e confiante.
OFEREÇO
ii
Aos meus pais, Justo González Nogueira e Maria Lúcia
dos Santos Nogueira, pela constante dedicação e amor,
que sempre me deram tudo que possuem de melhor,
contribuindo
para
o
meu
crescimento
como
ser
humano. Ao meu irmão Guto, pelo carinho e incentivo.
DEDICO
iii
AGRADECIMENTOS
À Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF, pela oportunidade e
apoio para a realização do curso.
À Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio
de Janeiro – FAPERJ, pelo financiamento do projeto.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior –
CAPES, pela concessão da bolsa de estudos.
Ao orientador, Prof. Almy Junior Cordeiro de Carvalho, pela orientação e
ensinamentos na realização do presente trabalho.
Aos membros da banca, Professora Cláudia Sales Marinho, à Professora
Janie Jasmim Corabi Adell e ao Pesquisador Dr. Alcílio Vieira, pelas sugestões
para o enriquecimento do trabalho e apoio.
Ao Eng°. Agrônomo Laerte Werneck, pela concessão da área.
Ao Italvane, pela grande ajuda nos trabalhos de campo.
Ao meu grande amigo e compadre Asdrubal Viana dos Santos, pelo
incentivo e apoio para a realização deste trabalho.
Ao
Eng°.
Agrônomo
João
Carlos
Gomes
do
Nascimento,
pelo
companheirismo e apoio nas horas difíceis.
A todos os professores que até o momento tiveram grande contribuição
para a minha formação profissional.
Ao Sr. José Accácio, pelo auxílio constante e contribuição nas análises de
laboratório.
iv
Aos todos os funcionários do Centro de Ciências e Tecnologias
Agropecuárias – CCTA, pela colaboração.
Aos estudantes de graduação do curso de agronomia Patrícia Gomes
Pessanha e Bruno Cereja, pela ajuda durante a realização do trabalho.
Aos amigos e colegas, Alessandro, Kátia, Nádia, Susana, Dadu, Anselmo,
Juarez, Selma, Maria Elvira, Jolimar, Marta Simone, Mário, Daniel, Marcos,
Júnior, Romário, Romero, Patrícia, Alexandre.
A todos colegas de curso e contemporâneos com os quais tive a
oportunidade de conviver.
E a todos que, direta ou indiretamente, colaboraram, torceram e
incentivaram para a concretização do presente trabalho.
v
SUMÁRIO
RESUMO
viii
ABSTRACT
x
1. INTRODUÇÃO
1
2. REVISÃO DE LITERATURA
4
2.1 Aspectos gerais da cultura
4
2.2 Taxonomia e caracterização botânica da espécie
6
2.3 Morfologia floral, florescimento e frutificação
7
2.4 Poda
10
2.4.1Princípios fisiológicos e fundamentos da poda
12
2.5 Indução floral através da poda
13
2.6 Polinização e reprodução
14
2.7 Nutrição da pinha
16
3. MATERIAL E MÉTODOS
19
3.1 Local do experimento e caracterização climática
19
3.2 Delineamento experimental e tratamentos
20
3.3 Podas
21
3.4 Tratos culturais
21
vi
3.5 Preparo dos grãos de pólen
22
3.6 Polinização
23
3.7 Amostragens foliares e análises dos nutrientes foliares
23
3.8 Características avaliadas
24
3.8.1 Crescimento e desenvolvimento das plantas
24
3.8.2 Florescimento e frutificação
25
3.8.3 Nutrientes foliares
25
3.9 Análise estatística
25
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
26
4.1 Desenvolvimento de ramos
26
4.2 Período de florescimento após a poda
28
4.3 Fecundação de flores e frutificação
30
4.4 Nutrientes foliares
36
5. RESUMO E CONCLUSÕES
42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
45
APÊNDICE
53
vii
RESUMO
NOGUEIRA, Abdon Santos; Eng. Agrônomo, M.Sc.; Universidade Estadual do
Norte Fluminense; Junho de 2002; Influência de épocas de poda e métodos de
polinização na cultura da pinha (Annona squamosa L.) no Norte do Estado do Rio
de Janeiro; Prof. Orientador: Almy Junior Cordeiro de Carvalho
O experimento foi conduzido no município de São Francisco do Itabapoana-RJ,
no período compreendido entre abril de 2001 a fevereiro de 2002, com o objetivo
de avaliar os efeitos das épocas de poda (maio, junho, julho, agosto e setembro)
e dos métodos de polinização (polinização aberta ou natural, polinização com
bomba polinizadora e polinização com pincel). O delineamento experimental
utilizado foi em blocos casualizados com quatro repetições e três plantas úteis por
parcela. Para as condições de São Francisco do Itabapoana, o período entre a
poda e o florescimento foi de 37 dias, para poda realizada em maio, de 23 dias,
para poda realizada em junho, de 18 dias para podas realizadas em julho e
agosto e de 15 dias para poda realizada em setembro. O desenvolvimento das
brotações após a poda apresentou-se diferenciado, pois para a primeira época o
início da brotação foi retardado, além de ter ocorrido morte e ausência das
mesmas; talvez as condições climáticas no período tenham sido responsáveis por
isso. A utilização da polinização artificial elevou a fecundação das flores, tendo
sido obtido média de 94 e 87% de fecundação quando se utilizou a bomba
polinizadora e o pincel, respectivamente, e 7% para flores polinizadas
naturalmente. O crescimento dos frutos, até 60 dias após a polinização, variou em
função do método de polinização, tendo sido observados maiores valores quando
viii
se utilizou a polinização artificial. A polinização artificial promoveu, ainda,
uniformidade de fecundação dos carpelos, originando um fruto de formato bem
mais uniforme. Avaliou-se, ainda, os teores dos nutrientes N, P, K, Ca, Mg, Fe,
Zn, Mn, Cu e B na matéria seca foliar da pinha. Verificou-se variação, para os
nutrientes analisados, entre as diferentes épocas de amostragem. Observou-se
que os teores de N e P variaram em função da época de poda. Os métodos de
polinização não afetaram os teores de nutrientes nas folhas da pinha. Os teores
de K decresceram quando os de Ca e Mg cresceram nas folhas.
ix
ABSTRACT
NOGUEIRA, Abdon Santos; Agronomist Engineer, M.Sc.; Universidade Estadual
do Norte Fluminense; June 2002; Influence of pruning timing and pollination
methods on the sugar apple (Annona squamosa L.) in the North of Rio de Janeiro
State, Brazil; Adviser: Professor Almy Junior Cordeiro de Carvalho.
The experiment was carried out in the city of São Francisco do Itabapoana,
Northern Rio de Janeiro State, between April 2001 and February 2002, aiming to
evaluate the effects of different pruning times (May, June, July, August and
September) and pollination methods (open pollination or natural, pollination with
hand pump and pollination with brush). The experiment was in a complete
randomized block design, with five pruning times and four replications, three plants
per plot being sampled. For the conditions of São Francisco do Itabapoana, the
period between pruning and blooming was of 37 days, for pruning carried out in
May, 23 days for pruning carried out in June, 18 days for pruning carried out in
July and August and 15 days for pruning carried out in September. The
development of shoots after the pruning was a very specific once being delayed
after the first pruning time, maybe due to prevailing climatic conditions. The use of
artificial pollination increased the fecundation levels. Fecundation averages of 94
and 87% were obtained, respectively, for the hand pump and the brush methods,
and 7% for flowers pollinated naturally. The fruit growth, until 60 days after
pollination, varied as function of the pollination method with higher values
observed when artificial pollination was used. The artificial pollination enhanced
x
uniformity in fecundation of carpels generating a most uniform fruit shape. Leaf
nutrient contents were evaluated considering N, P, K, Ca, Mg, Fe, Zn, Mn, Cu and
B; leaf nutrient content variations were observed for different treatments. Leaf
contents of N and P varied as function of pruning time. The K levels decreased
while Ca and Mg increased. The pollination methods did not affect nutrient
concentrations in the sugar apple leaves.
xi
1. INTRODUÇÃO
Dentre as anonáceas mais cultivadas no mundo, pode-se destacar a
pinha ou fruta-do-conde (Annona squamosa L.), como normalmente é conhecida.
È originária da América Tropical, mais precisamente, nas terras baixas da
América Central. Apresenta boas perspectivas econômicas de cultivo para
diversas regiões do Brasil, devido a sua fácil adaptação edafoclimática, inclusive
às condições existentes no Estado do Rio de Janeiro.
Por apresentar boa qualidade de frutos, além de satisfatória rentabilidade,
esta espécie, vem despertando o interesse dos fruticultores, de várias partes do
país, para o seu cultivo, pois além das propriedades alimentares, as anonáceas
apresentam valor medicinal e, ainda, propriedades inseticidas.
Segundo dados do IBGE (2002), a área de pinha no Brasil, em 1996, era
de 6.500 ha, sendo cultivada, principalmente nos estados de Pernambuco,
Alagoas, Bahia e São Paulo. No Nordeste, produziu-se 87% deste total, dos
quais, 18% em Pernambuco, estado em que há grande potencial produtivo, para o
cultivo desta anonácea. O estado do Rio de Janeiro, apesar do potencial existente
para o cultivo de fruteiras, ainda não é um grande produtor de frutas, com
destaque apenas para o maracujazeiro e o abacaxizeiro, sendo que existia em
1996 uma área cultivada com pinha de, aproximadamente, 35 ha.
O Brasil possui uma posição diferenciada e positiva em relação aos
demais países por apresentar uma grande diversidade de clima e solos, tornando
possível a exploração de diversas espécies frutíferas de clima tropical. De um
modo geral, a pinheira é uma planta pouco produtiva. No Estado de São Paulo,
produções de 8 t ha-1 são consideradas excelentes, sendo a produtividade média
de 3,2 t ha-1 (Kavati,1997). Segundo Donadio et al. (1998), a utilização de técnicas
de cultivo recomendadas para a cultura da pinheira, a produtividade pode
alcançar até 13 t ha-1 ano-1 em plantios acima de seis anos de idade.
A comercialização dos frutos de pinha, ainda é pouco eficiente, pois a
qualidade das frutas depende de um sistema adequado de infra-estrutura, que
atenda à demanda do mercado. Portanto, para um maior aumento de áreas de
plantio comercial, torna-se necessário um aprimoramento do processo de
comercialização, aliado à geração de tecnologias, que possibilitem a conservação
dos frutos por um período maior, buscando-se com isso uma maior qualidade, não
só visando o mercado interno, como o externo.
A pinha vem sendo cultivada, comercialmente, há vários anos, em
diversos estados do Brasil, com pomares formados basicamente por mudas
oriundas de sementes (pé franco), adaptando-se melhor em regiões de clima mais
quente.
Estudos de mercado, realizados nos principais centros consumidores,
mostraram que, de janeiro a março, os preços são os menores do ano, pois
devido a uma maior oferta do produto, com tendência de elevação de preços a
partir do mês de abril. No segundo semestre do ano, existe uma baixa oferta do
produto e, como conseqüência, os preços se elevam ainda mais. A caixa de 3,3
kg de pinha tem sido comercializada a R$ 2,20 em março chegando a R$ 10,00
em abril e R$ 25,00 em setembro (Embrapa, 1998).
Atualmente, os produtores do estado do Rio de Janeiro, mais
especificamente das Regiões Norte e Noroeste, vêm recebendo incentivos para a
diversificação da produção agrícola, já que a economia dessas regiões é
baseada, quase que exclusivamente, na monocultura da cana-de-açúcar.
Portanto, é nessa linha que a fruticultura, vem surgindo como uma alternativa
viável e rentável, visando o desenvolvimento de pequenas e médias propriedades
rurais, além da fixação dos trabalhadores no campo, devido à maior demanda de
mão-de-obra.
Apesar de não dispor de dados estatísticos mais concretos, sobre a
cultura da pinha, é notório o crescimento da demanda na comercialização dos
frutos. Dentro da região metropolitana do Rio de Janeiro, por exemplo, a
2
comercialização dos frutos da pinheira vem aumentando, significativamente, nas
centrais de abastecimento do estado do Rio de Janeiro (CEASA-RJ, 1999). Entre
os anos de 1998 e 1999, o incremento foi de 747 t para 2.951 t de frutos
comercializados, respectivamente. Quase a totalidade de frutos comercializados
nos mercados do Estado do Rio de Janeiro, são provenientes do Nordeste
Brasileiro.
Contudo, o desconhecimento de tecnologias, que permitam melhorias no
manejo da cultura, principalmente, no que concerne a épocas de produção,
métodos de polinização, qualidade e conservação pós-colheita de frutos,
irrigação, adubação e controle de pragas e doenças, vem limitando o crescimento
da área plantada no Brasil, apesar do interesse dos produtores, atraídos pelos
preços de mercado da fruta.
Os objetivos deste trabalho foram determinar:
a) A influência da época de poda no florescimento e na frutificação da
pinheira na região Norte do Estado do Rio de Janeiro;
b) A viabilidade do uso da polinização artificial na frutificação da cultura da
pinha;
c) Os teores foliares dos nutrientes N, P, K, Ca, Mg, B, Cu, Fe, Mn, e Zn
em função das épocas de poda e de amostragem foliar e de métodos
de polinização.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1.
Aspectos gerais da cultura
De acordo com o International Board for Plant Genetic Resources
(IBPGR, 1986), as quatro anonáceas mais cultivadas no mundo são: a graviola
(Annona muricata L.); a pinha (Annona squamosa L.); a condessa (Annona
reticulata L.); e a cherimólia (Annona cherimola Mill.). O IBPGR relaciona outras
espécies que, ocasionalmente, são cultivadas como frutas comestíveis. Ao todo,
aproximadamente 13 espécies de anonáceas têm frutos comestíveis.
O Brasil tem-se destacado mundialmente como grande produtor de frutas,
especialmente, tropicais e subtropicais. O cultivo das anonáceas tem sido feito, no
país, por longo tempo e têm aumentado nos últimos anos, devido aos elevados
preços que seus frutos alcançam no mercado. Entre aquelas de maior interesse
comercial a pinha, também conhecida como fruta do conde, vem se destacando
comercialmente. A produção desta fruta no Brasil a coloca, no momento, como a
principal espécie de anonácea cultivada em praticamente todos os estados da
região Nordeste e Sudeste do Brasil (Donadio et al., 1998). Das espécies
destinadas ao consumo in natura, a mais importante é a pinha. (Freitas e Couto,
1997, Silva e Silva, 1997).
A fruta-do-conde é pouco utilizada para indústria de sucos e polpa de
fruta, devido ao escurecimento da polpa, após o processamento.
A pinheira é uma anonácea de clima tropical e subtropical, tendo boa
produção em locais sem excesso de chuvas e altitude até 800 m, com estação
seca bem definida e invernos amenos, não tolerando temperaturas muito baixas
(principalmente geadas). Temperaturas baixas no período de florescimento e na
maturação dos frutos causam grandes prejuízos à cultura pela redução no
número de flores vingadas, diminuição no tamanho e qualidade dos frutos.
Excesso de chuvas nestas fases também provoca o abortamento de flores e
frutos e favorece maior incidência de antracnose, acarretando queda de
produção.
Para obtenção de safras comerciais, a planta exige condições de clima
quente e alta umidade, porém, é fundamental que durante o ano ocorra um
período de estresse climático, que dependendo da região pode ser frio ou seco,
capaz de promover um repouso vegetativo necessário a um melhor florescimento
(Kavati e Piza Jr., 1997).
A pinheira adapta-se bem a quase todos os tipos de solo, de preferência
bem drenados, (Donadio et al., 1998), preferindo os areno-argilosos, ricos em
matéria orgânica, férteis e próximos à neutralidade. As características físicas são
mais importantes que os aspectos químicos, uma vez que as anonáceas
geralmente não se desenvolvem bem em solos com textura argilosa, que
favorecem a ocorrência de podridões de raízes e do colo, causada por fungos
(Fleichtenberger et al., 1988).
Ramos e Valente (1992) explicaram que a baixa produtividade obtida com
a planta, nos estados nordestinos, está relacionada com a instalação de pomares
em solos pobres (areias quartzosas) e tratos culturais insuficientes, entre outros
pontos parâmetros. Nestas condições, existem pomares com mais de 50 anos,
ainda em produção comercial. O baixo nível tecnológico, ainda empregado
nessas áreas, induz a exploração dessa fruteira, a ser quase extrativista.
Lederman e Bezerra (1997), ressaltaram que o cultivo dessa fruteira, no estado
de Pernambuco, ainda está um tanto incipiente, devido a pouca incorporação, ao
longo dos anos, de tecnologias apropriadas para os produtores, acarretando baixa
produtividade no cultivo.
Outro grande problema, que foi observado por Silva e Silva (1997), no
estado da Paraíba, diz respeito, à implantação de pomares, ainda por meio de
5
sementes, o que causa grande heterogeneidade de plantas no pomar, além
dessas sementes provirem de frutos de procedência desconhecida.
Pesquisas realizadas por Freitas e Couto (1997), relataram que a maior
parte da pinha comercializada no Estado de Minas Gerais, é proveniente do
Nordeste, destacando-se a comercialização de frutos dos estados de Alagoas e
Pernambuco. Esses mesmos autores observaram ausência de oferta de pinha
nos meses de outubro, novembro e dezembro, entre os anos de 1991 a 1995, em
Minas Gerais.
Martelleto (1997) cita o cultivo da pinheira como sendo promissor para a
região Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, porém, poucos são os
produtores que adotam técnicas como irrigação, adubação, poda, entre outras,
que trariam um incremento de produtividade, além da melhoria da qualidade.
2.2.
Taxonomia e caracterização botânica da espécie
A pinheira, fruta-do-conde ou ata, pertence ao Reino Vegetal; Divisão:
Angiospermae;
Classe:
Dicotyledoneae;
Ordem:
Magnoliales;
Família:
Annonaceae; Subfamília: Annonoideae e Gênero: Annona (Brandão, 1979,
Manica, 1997).
No gênero Annona encontram-se a ata, fruta-do-conde ou pinha (Annona
squamosa L.), a cherimólia (Annona cherimola Mill.), a condessa (Annona
reticulata L.), a graviola (Annona muricata L.), a atemóia (híbrido de Annona
cherimola x Annona squamosa), o araticum-do-campo (Annona dioica), o
araticum-do-brejo (Annona paludosa), o cabeça de negro (Annona coriácea), a
ilama (Annona diversifolia) (Manica, 1997).
A família Annonaceae possui mais de 40 gêneros e 620 espécies. O
gênero Annona é o mais importante, com mais de 50 espécies. Popenoe (1920) e
Hoehne (1946) relataram a descrição botânica das Anonáceas.
Segundo Martius (1841), a pinha é originária das Antilhas, na América
Tropical, provavelmente, das Ilhas Trinidad. É encontrada hoje, bastante
disseminada, em toda faixa tropical do mundo, onde suas frutas são muito
apreciadas (Cañizares-Zayas, 1966).
Segundo Léon (1987), esta planta tem grande importância na Índia, onde
as populações espontâneas existem em grande número e crescem com
6
abundância, o que leva a acreditar que seria nativa deste país. No Brasil foi
introduzida na Bahia no ano de 1926, por Diogo Luiz de Oliveira, o conde de
Miranda. Daí a origem de um dos seus nomes populares, fruta-do-conde, sendo
cultivada em diversos estados brasileiros (Donadio et al., 1998).
Gomes (1972), Pinto e Genu (1984) e Simão (1998) também consideram
o Caribe como berço das Annonaceaes. Para Braga (1960) e Gomes (1975), a
ateira é uma árvore de 3 a 5 metros de altura, podendo atingir tamanhos maiores
em condições favoráveis ao seu desenvolvimento.
A pinheira é considerada uma árvore baixa, com 4 a 6 metros de altura e
muito ramificada, de coloração geral verde acinzentada (Piza Júnior, 1982). A raiz
principal é do tipo pivotante e tem um crescimento proporcional muito maior que a
parte aérea. Os ramos inicialmente são de coloração verde quando tenros e, à
medida que amadurecem, tornam-se amarronzados e, por fim, acinzentados na
sua maturidade.
As folhas são decíduas, medindo cerca de 5 a 15 cm de comprimento por
2 a 6 cm de largura. As lâminas foliares possuem formato oblongo-elíptico, de
ápice obtuso e acuminado e apresentam uma coloração verde brilhante na parte
superior (adaxial) e cor verde azulada na parte inferior (abaxial) (Simão, 1971,
Gomes, 1972, Manica, 1994). As folhas, quando novas, são pubescentes, mas
glabras na maturidade, cobertas por uma camada de cera mais visível na face
inferior, enquanto que na face superior é bem reduzida (Lemos e Cavalcanti,
1989, Kavati, 1997).
A disposição das folhas nos ramos é alterna e sobre um único plano
(dísticas). O pecíolo mede cerca de 1,5 cm de comprimento, apresenta-se mais
espesso junto a inserção dos ramos, protegendo as gemas. Estas gemas são
compostas, formadas de várias gemas individualizadas e invisíveis quando os
ramos estão enfolhados, podendo ser vegetativas ou floríferas. Em sua maioria,
para que elas se desenvolvam, torna-se necessária a completa desfolha dos
ramos (Kavati, 1997).
2.3. Morfologia floral, florescimento e frutificação
As flores de Annona squamosa L. são hermafroditas, isoladas ou em
grupos de duas a quatro, pendentes e surgem, na sua maioria, sobre os ramos de
7
crescimento anual. Elas são laterais, opostas às folhas ou terminais e surgem
sucessivamente durante o período da floração (Kavati, 1997).
As flores são formadas por três sépalas triangulares que medem de 2 a 3
cm de comprimento e três pétalas externas, carnosas e lanceoladas de corte
triangular, com 1,5 cm de comprimento formando uma câmara floral definida. Na
base da flor existem numerosos estames amarelados e na parte superior muitos
carpelos purpúreos. O botão floral eclode de uma gema subpeciolar após a queda
do pecíolo foliar, 15 a 20 dias antes da antese. A região basal do carpelo
permanece fundido a um sincarpo, enquanto a parte apical é destinada à fixação
do estigma e estilo, permanecendo livre durante todo o desenvolvimento da flor
(Manica, 1997).
A antese das flores é crepuscular, ocorrendo por volta das 17 horas, e a
duração das flores é de aproximadamente dois dias. Todo esse processo, que vai
da separação das pétalas até a abertura da flor, tem duração variada, podendo
ser de algumas horas até um dia. As pétalas caem entre um período de 2 a 3 dias
(Lederman e Bezerra, 1997).
As novas flores continuam a aparecer em direção ao ápice dos ramos
enquanto
as
flores
da
porção
basal
desses
ramos
se
desenvolvem
completamente (Kumar et al., 1977). Esses mesmos autores, trabalhando com
flores de pinha na Índia, determinaram um período que leva, aproximadamente,
35 dias para o completo desenvolvimento do botão floral, com o florescimento
ocorrendo entre os meses de março a agosto, com o máximo entre aos meses de
abril e maio.
Já Kshirsagar et al. (1975), trabalhando com atemóia na Índia, concluíram
que o período correspondente ao início da diferenciação floral até o estágio de
floração completa variou entre 27 e 31 dias, e que o período mais longo
observado ocorreu quando houve condição de baixa temperatura durante a
floração.
O tempo entre o início do aparecimento da gema floral até o momento
antes da antese, no qual o botão alcança diâmetro de 25 a 33 mm, varia em torno
de 60 a 82 dias (Escobar et al., 1986).
Segundo Nalawadi et al. (1975), o período de floração leva, em média, de
29 a 34 dias do início visual do botão floral até o completo florescimento. No
8
entanto, o tempo médio que os botões florais levaram até o completo
florescimento foi de 30,8 dias.
Kumar et al. (1977), trabalhando com pinha na Índia, visualizaram a
máxima antese entre 17 horas e 30 minutos e 5 horas e 30 minutos e a
deiscência foi máxima entre 11 horas e 30 minutos e 14 horas e 30 minutos.
Kshirsagar et al. (1975), também na Índia, citaram que a máxima antese ocorreu
entre as 6 e 8 horas e deiscência entre 12 e 14 horas.
Durante
este
processo
as
pétalas,
que
inicialmente
estavam
compactamente unidas, passam a ficar ligeiramente abertas, definindo o início da
fase feminina. Já a fase masculina começa quando as anteras se encontram
deiscentes, o que ocorre após as pétalas estarem totalmente abertas.
O período de abertura das flores de pinha varia muito em função do local,
das condições climáticas e da variedade (Lederman e Bezerra, 1997).
Embora sejam hermafroditas, as flores de pinha apresentam-se com o
gineceu receptivo nas primeiras 20 horas após a antese, e na fase deiscente das
anteras nas 20 horas seguintes, caracterizando assim a dicogamia protogínica,
antecipação da maturação do gineceu em relação ao androceu. Este fenômeno
fisiológico dificulta a polinização natural e, consequentemente, a frutificação.
Testes de viabilidade realizados por Kumar et al. (1977), na Índia, com
flores coletadas em diferentes épocas, mostram que o mês de agosto foi o mais
apropriado para obtenção de grãos de pólen mais viáveis, obtendo uma taxa de
73,3% de pólens férteis. Neste caso a alta umidade foi determinante para essa
taxa de fertilidade.
Kill e Costa (2000), estudando o sistema floral e reprodutivo da flor de
pinha na região de Petrolina - PE, observaram que esta espécie apresenta
características florais que permite classifica-la como cantarófila, que se constitui
na polinização por coleópteros. Com relação ao seu sistema reprodutivo os
mesmos autores concluem ser esta espécie autocompatível, produzindo frutos e
sementes por auto-polinização quanto por polinização cruzada.
A pinheira possui um fruto classificado como sincarpo, arredondado,
ovóide, esférico ou cordiforme, com 5 a 10 cm, originado de uma única flor e
formado pela fusão de vários carpelos simples, bastante salientes e bem
individualizados, podendo sua superfície ser lisa ou rugosa. O número de
carpelos varia muito, sendo frutas maiores possuidoras de um maior número de
9
carpelos (Kavati, 1997, Manica, 1997). O fruto pesa até 800 g (Ferreira 1997),
possui a superfície de coloração verde escura, coberta no início do
desenvolvimento do fruto por um pó esbranquiçado e, ao amadurecer, passa de
verde escuro ao verde-pardo-cinzento (Manica, 1997). Nesta fase, as saliências
se afastam tornando-se mais visíveis e são separadas por linhas claras e fundas.
O desenvolvimento do fruto da pinheira, segundo Pal e Kumar (1965), é
do tipo sigmoidal, com o crescimento apresentando dois picos, o primeiro dos
quais entre 45 e 60 dias após a antese e outro entre 90 e 105 dias.
A polpa é branca, perfumada, doce, muito saborosa, encerrando
considerável número de sementes de 51 a 75 grandes e pretas que variam, em
função do tamanho das frutas (Cañizares-Zayas, 1966).
O sabor extremamente doce dos frutos de pinha é dado pelo elevado teor
de frutose, que supera o teor de sacarose, uma vez que o poder adoçante da
frutose é de 1,7 vez superior ao da sacarose (Lehninger, 1976).
2.4. Poda
A poda é uma técnica de eliminação de partes vegetais vivas ou mortas,
com a finalidade de regularizar a produção, aumentar e melhorar a qualidade dos
frutos através do estabelecimento do equilíbrio entre o desenvolvimento
vegetativo e a frutificação. Trata-se de uma prática cultural indispensável na
exploração da cultura da pinha e requer conhecimento e habilidade para a sua
correta execução. Fatores como a produtividade, precocidade, formas de
condução e fase vegetativa da árvore podem ser seriamente afetados se não
houver uma poda correta.
Chaikiattiyos, citado por Kavati (1998), afirma que o florescimento em
plantas tropicais é geralmente induzido por uma parada no seu desenvolvimento
vegetativo. Em anonáceas esta observação é extremamente importante, pois a
maioria das espécies cultivada comercialmente é de clima tropical, com exceção
da cherimolia, que exige clima subtropical ou tropical de altitude para boas
produções. No entanto, para todas as espécies, sem exceção, o principal pico de
florescimento surge a partir de um período desfavorável ao desenvolvimento
vegetativo que, no caso das espécies do Grupo Attae, no descobrimento das
gemas subpeciolares pela queda das folhas. Portanto, no florescimento, as flores
10
podem surgir diretamente dos ramos de um ano de idade e, também, dos brotos
em início de desenvolvimento, que emergem a partir destes mesmos ramos
outonados.
Em uma mesma gema pode surgir flores e novos ramos. Este hábito de
florescimento também em ramos em desenvolvimento permite supor que qualquer
manejo que favoreça a emissão de novas brotações poderá provocar um novo
florescimento na planta, desde que outros fatores não afetem o desenvolvimento
da flor, o pegamento e o desenvolvimento da fruta, possa propiciar, assim, uma
safra adicional.
As podas, tanto de inverno quanto de verão, consistem no encurtamento
de todos os ramos de um ano cuja base se insira até 160 cm do solo, reduzindoos para 10 a 12 gemas na poda de inverno e 6 a 8 gemas na poda de verão.
Apesar de diversos fatores interferirem na produção, as podas realizadas no
verão produzem safras temporãs, indicando que esta operação estimula o
aumento da produtividade em atemóia (Kavati, 1998).
A poda pode ser longa, com um maior número de gemas por ramo, ou
curta, sendo que ambas estimulam novo fluxo vegetativo. Segundo Ferrari et al.,
(1998) os melhores resultados são obtidos quando se utiliza a poda longa.
Cavalcante et al. (1998) observaram, em experimento realizado com
graviola (Annona muricata L.), a ocorrência de maior concentração dos frutos no
terço médio da planta, tanto no caule como nos ramos, sendo a frutificação nos
ramos bastante superior à do caule, ramos com diâmetro entre 11 e 15 mm
apresentaram maior freqüência de frutificação.
Segundo Pinto e Ramos (1998), as podas longa e curta reduziram
significativamente a altura, porém, não afetaram o diâmetro da copa das plantas.
A produção não foi influenciada por nenhuma das podas, no entanto, a
polinização manual, influenciou no aumento da produção, resultando em 64% do
desenvolvimento de frutos, contra apenas 23% proveniente da polinização
natural.
A poda de verão na pinha é empregada para uniformizar uma segunda
safra natural, em pomares adequadamente nutridos. Para isso, ramos com mais
de 3 meses de idade, quando apresentam pelo menos 2/3 de seu comprimento já
maduro, com a casca lignificada, são encurtados, deixando-se cerca de 8 a 12
11
gemas, que devem ser estimuladas pela desfolha pela ocasião do desponte
(Kavati e Piza Jr, 1997).
Segundo Garcia et al. (2000), a poda, quando bem executada, promove
um novo fluxo de crescimento vegetativo, permitindo a obtenção de uma nova
safra na mesma estação. No entanto, os mesmos autores alertam que as
respostas ao estímulo para obtenção do novo ciclo são muito influenciadas pelas
condições climáticas. Portanto, existe a necessidade de regionalização dos
estudos para que se possa determinar a possibilidade de desenvolvimento dos
ramos, a partir da poda, em função das condições climáticas da região onde está
sendo realizado o estudo.
2.4.1. Princípios fisiológicos e fundamentos da poda
Segundo Simão (1998), os princípios fisiológicos da poda são os
seguintes:
O vigor e a fertilidade de uma planta dependem, em grande parte, das
condições edafoclimáticas; o vigor de uma planta depende da eficiência na
condução
dos
fotoassimilados;
existe
uma
estreita
relação
entre
o
desenvolvimento da copa e o sistema radicular esse equilíbrio afeta o vigor e a
longevidade das plantas; a produção e translocação de fotoassimilados ocorrem
com maior intensidade em ramos bem iluminados; folhas são órgãos
fotossintetizantes, sua redução ou exclusão afeta diretamente a planta; existem
espécies que frutificam apenas nos ramos formados no ano e outras produzem
durante vários anos nos mesmos ramos; o aumento do diâmetro do tronco está
em relação inversa com a intensidade da poda; o vigor das gemas depende da
sua posição e do seu número nos ramos; a poda drástica retarda a frutificação. As
funções reprodutivas e vegetativas são antagônicas.
Os principais objetivos da poda citados por Leão e Maia (1998) são:
impulsionar a produção precoce das plantas; uniformizar a produção, evitando
que o excesso de carga prejudique a próxima safra; melhorar a qualidade dos
frutos; distribuir os fotoassimilados de forma mais uniforme pelos órgãos vegetais;
proporcionar uma forma adequada e determinada à planta.
Dependendo da fase do ciclo vegetativo, podem ser realizados dois tipos
de poda: A seca ou de inverno, quando a planta encontra-se em fase de repouso
12
e a poda verde ou de verão, que é um complemento da anterior realizada durante
o crescimento vegetativo da planta.
A poda de verão ou verde é realizada durante o período de vegetação,
florescimento, frutificação e maturação dos frutos e tem por finalidade melhorar a
sua qualidade e manter a forma da copa, pela supressão de partes da planta.
Melhora o desenvolvimento dos ramos inferiores, elimina os brotos laterais
improdutivos que se desenvolvem a custa das reservas, em detrimento do
florescimento e da frutificação (Simão, 1998).
2.4.2. Indução floral através da poda
Apesar de ser fundamental a utilização da técnica da poda para as
anonáceas, bem como os métodos de polinização artificial, esses ainda são
pouco utilizados pelos produtores de pinheira como um processo de indução floral
e produção em épocas mais oportunas de mercado. Isso se deve principalmente
ao fato de que, no Brasil, poucas são as pesquisas nessa linha.
Pizza Júnior e Kavati (1997) mencionam que, na prática da poda de
produção para a atemóia, em Mirandópolis e Lins, os ramos são podados como
manejo de época de produção da segunda safra, concentrando a produção em
apenas um mês.
Martelleto (1997) recomendou o desponte e desfolha dos ramos terminais
para forçar o desenvolvimento de gemas e, conseqüente, a emissão de novas
brotações para as condições verificadas no estado do Rio de Janeiro. Com o uso
da poda de produção associada ao suprimento hídrico através da irrigação, têmse, concentrado parte da produção, nos meses de fevereiro e março e em junho e
julho.
Ferrari et al. (1998), estudando vários tipos de poda para a fruta-doconde, verificaram que a poda longa com apenas duas gemas apicais
descobertas, além de estimular um novo fluxo vegetativo, proporcionou também
bons resultados com relação ao florescimento.
Torna-se necessário que a prática de indução floral através da poda de
produção, juntamente com outras técnicas, como a desfolha e a polinização
artificial podem ser utilizadas pelos produtores para que se possa ter uma
resposta mais uniforme em relação à produção, além de um produto de melhor
13
qualidade, esperando-se com isso, uma maior regularidade de produção durante
o ano, o que representa uma remuneração maior ao produtor.
2.5. Polinização e reprodução
O cultivo racional da pinha requer o conhecimento do sistema reprodutivo
da planta. A polinização ineficiente é o principal fator que limita a produção da
espécie (Ledermam e Bezerra, 1997).
Apesar
das
anonáceas
apresentarem
flores
hermafroditas,
a
autofecundação se torna difícil devido ao processo fisiológico conhecido como
dicogamia protogínica. A taxa de polinização se reduz bastante na pinha,
podendo ser nula em determinadas condições de clima. Além disso, a ocorrência
de altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar, que ressecam o estigma, as
chuvas que impedem o transporte do pólen e baixas temperaturas, diminui a ação
de insetos polinizadores, justificando, assim, o baixo índice de polinização natural
da pinha (Kavati e Pizza Jr., 1997).
Algumas variedades de Anonáceas podem frutificar naturalmente melhor
que outras, no entanto, para assegurar uma produção satisfatória de frutos bem
formados, a polinização artificial é necessária (Shroeder, 1971).
Segundo Englehart (1974), em cherimólia pode haver frutificação natural,
porém a maior parte dos frutos serão pequenos e mal formados.
Ahmed (1936), nas condições do Egito, realizou dois experimentos de
polinização, com pinha, onde no primeiro experimento, quando foi realizada
polinização artificial, obteve-se um índice de pegamento de fruto de 92,2%, em
contraste às flores que foram polinizadas naturalmente, no mesmo experimento,
alcançando um percentual de 8,6% de pegamento. Já no segundo experimento,
obteve-se um índice de pegamento de frutos de 90,8% para as flores polinizadas
artificialmente e, para a polinização natural, este índice de pegamento foi de
9,6%.
A ocorrência de uma boa polinização natural em plantas do gênero
Annona depende de uma alta densidade de flores, da coincidência dos estádios
florais masculinos e feminino na mesma árvore, da presença de um alto número
de insetos polinizadores visitando as flores e das condições climáticas favoráveis
durante o período da floração (Fioravanço e Paiva, 1994).
14
O controle químico de pragas, como a broca-dos-frutos (Cerconata
anonella) ou a vespa da semente (Bephratelloides spp.), quando feito com muita
freqüência, prejudica a população natural de insetos polinizadores (Kavati e Piza
Jr., 1997).
Na Índia, foi constatado que a maioria das flores de pinha abrem-se
durante a noite, entre as 17 horas e 5h 30 minutos (Kumar et al., 1977).
A polinização artificial é uma técnica essencial na maior parte das
espécies cultivadas de anonáceas, pois o fruto necessita de sementes viáveis
para frutificar e se desenvolver e, sendo assim, quanto maior o número de
sementes, maior é o peso ou tamanho do fruto.
No gênero Annona, existe uma relação direta entre o número de
sementes e o peso do fruto. Na pinha, por exemplo, para cada 100 g de fruto
existem aproximadamente 30 sementes (Lederman e Bezerra, 1997).
Quando ocorre uma boa polinização, os frutos da pinha se desenvolvem
normalmente e têm uma forma arredondada, enquanto a presença de frutos
deformados pode indicar uma polinização irregular (Oppenheimer, 1980).
A polinização artificial dirigida é uma prática que pode ser realizada com o
objetivo de uniformizar a polinização, aumentar o vingamento dos frutos e,
consequentemente, a produtividade (Fioravanço e Paiva, 1994).
É possível polinizar de 100 a 150 flores por hora, e são necessários de 50
a 100 dias de trabalho para todas as atividades relacionadas com a polinização
artificial. Em experimentos realizados em Israel, com a atemóia, alcançou-se até
90% de frutificação e, na prática, pode-se obter de 100 a 200 kg de frutas em um
dia de trabalho com polinização (Oppenheimer, 1980).
Vale lembrar, também, que para ocorrer uma polinização efetiva, a flor
deve estar nos seus estágios mais receptivos, que são o pré-feminino e o
feminino, o período entre o início e o final da fase receptiva do estigma é variável
em função das condições climáticas, altas temperaturas e baixa umidade do ar, o
que faz com que esse período seja bastante breve, ocorrendo o ressecamento na
superfície do estigma da substância açucarada, que é exudada pelas papilas
estigmáticas, que têm a função de fixação dos grãos de pólen.
Kavati et al. (2000), estudando a ocorrência de auto-incompatibilidade em
material clonal de pinha, concluíram que não ocorre auto-incompatibilidade no
15
material estudado e que polinização artificial promove aumento de produtividade e
qualidade de frutos.
Savazaki et al. (2000), trabalhando com polinização artificial em pinha
usando a bomba polinizadora, concluíram que, pode-se trabalhar na proporção de
uma flor colhida para cada quatro flores polinizadas e que um operador bem
treinado consegue polinizar cerca de 1800 flores em 3 horas de trabalho.
O aumento da frutificação por meio da polinização artificial tem sido
divulgado em trabalhos científicos como uma prática viável. No entanto, tornamse necessários mais estudos regionalizados para que se possa otimizar e adaptar
esta prática à realidade dos agricultores.
2.6.
Nutrição da pinha
Segundo Silva e Silva (1997), as anonáceas, como as demais frutíferas,
retiram do solo grande quantidade de elementos minerais, sendo que a pinha
absorve quase que o dobro das quantidades absorvidas pela gravioleira.
De acordo com Recomendações...(1993), no Ceará deve-se aplicar,
parceladamente, durante o período chuvoso, a partir do 4º ano, 180 g de N, e, de
acordo com análise de solo, de 40 a 120 g de P2O5 e de 60 a 180 g de K2O. Este
boletim recomenda, ainda, de 15 a 20 L de esterco curtido por planta por ano.
Rego (1992), estudando o efeito da matéria orgânica fornecida como
esterco bovino curtido, nas dosagens 0, 5, 10, 15 e 20% em mudas de graviola
durante quatro meses, após analisar vários parâmetros de crescimento concluiu
que o nível de 15% foi o mais eficiente.
Vale salientar que as informações adequadas das quantidades de
fertilizantes a serem aplicados em cada condição de plantio permitem otimizar seu
cultivo, gerando melhor renda ao produtor, porém no caso da pinha, poucos
estudos foram realizados em relação à nutrição mineral e as recomendações de
adubações são muito diversas.
Couceiro (1973) ressaltou que a adubação em cobertura para o
desenvolvimento da pinha é importante e, quando estas entram em frutificação,
ele recomenda-se empregar 90 g de N, 120 g de P2O5 e 100 g de K2O, por planta
e por vez, em 2 a 3 aplicações em cobertura, durante o período de
desenvolvimento vegetativo.
16
Costa (2001), trabalhando com a cultura da pinha no Norte do Estado do
Rio de Janeiro, verificou que a composição mineral nos tratamentos que
proporcionaram maior produtividade apresentou variação para os diversos
elementos analisados, sendo que os teores dos elementos na matéria seca foliar,
relacionados com a máxima produtividade de frutos variaram de 26,5 a 39,4 g kg-1
de N, 1,43 a 2,49 kg-1 de P, 10,7 a 20,5 g kg-1 de K, 9,52 a 13,8 g kg-1 de Ca, 3,27
a 4,18 g kg-1 de Mg, 1,87 a 2,63 g kg-1 de S, 7,24 a 9,05 g kg-1 de Cl, 60,4 a 133
mg kg-1 de Fe, 13,5 a 22,8 mg kg-1 de Zn, 148 a 190 mg kg-1 de Mn, 8,07 a 15,6
mg kg-1 de Cu e 32,1 a 46,6 mg kg-1 de B.
Ainda, segundo Costa (2001), a adubação nitrogenada influenciou no
aumento no número de flores e de frutos e na percentagem de frutos formados, a
adubação nitrogenada e as aplicações de boro não influenciaram no comprimento
e no diâmetro dos frutos, porém aumentaram o número de frutos e a
produtividade das plantas. A aplicação de boro foliar elevou o vingamento dos
frutos.
Sadhu e Ghosh (1976) citaram que pinheiras deficientes em potássio têm
o seu crescimento reduzido, as folhas superiores tornam-se de coloração verdeclaro e as folhas inferiores mostram secamento do ápice com a lâmina foliar
parcialmente amarelada. Algumas florescem, porém não frutificam. Estes mesmos
autores, estudando deficiência do fósforo em pinheira, constataram que houve
baixo florescimento e frutificação, além de retardar o florescimento em 15 dias,
quando existia pequena disponibilidade este elemento.
17
3. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em um pomar localizado no distrito de Praça
João Pessoa, no município de São Francisco de Itabapoana/RJ, no período
compreendido entre maio de 2001 e fevereiro de 2002. O pomar possui uma área
de cultivo de um hectare de pinha, com cinco anos de idade e cultivadas num solo
tipo Argissolo Amarelo distrófico, desenvolvido a partir de sedimentos terciários.
3.1. Local e Caracterização climática do experimento
O experimento a 21°19’22” de latitude sul e 41°07’42” de longitude oeste
e altitude média de 11 metros (Cide, 2002). A região é classificada, segundo
Köeppen (Ometto, 1981) como tropical chuvosa, clima de bosque (Am). As
características climáticas observadas na região estão apresentadas no Quadro 1.
Os resultados da análise de solo da área experimental no início da
implantação do experimento estão descritos no Quadro 2.
Quadro 1. Características climáticas observadas na região de implantação do
experimento com a cultura da pinha
Mês
Temp. média
(ºC)
Precipitação
(mm mês-1)
Umid. Relativa
(%)
ETo3
(mm dia-1)
Luz
(horas dia-1)
A1
B2
A1
B2
A1
B2
A1
B2
Jan.
27,1 26,8
119
50,3
76,5
75,7
5,10
4,70
13,3
Fev.
27,6 28,1
77
21,7
74,3
73,6
5,35
5,76
12,8
Mar.
26,2 27,4
85
31,9
76,3
75,4
5,50
4,86
12,2
Abr.
24,2 26,0
78
48,3
77,7
76,4
3,70
4,25
11,6
Mai.
22,4 23,2
51
54,1
77,2
77,0
3,10
2,95
11,2
Jun.
21,3 22,5
30
12,8
77,3
78,2
2,60
2,57
10,8
Jul.
21,4 21,7
34
4,9
74,8
76,5
2,80
2,77
10,9
Ago.
22,2 21,7
29
0,2
76,4
76,9
3,40
3,18
11,3
Set.
22,9 22,1
56
30,4
78,0
75,8
3,70
3,40
12,0
Out.
24,0 22,5
96
74,2
78,1
78,5
4,00
3,99
12,6
Nov.
25,1 24,7
155
118,3
78,8
83,1
4,50
4,15
13,2
Dez.
25,5 25,7
166
209,8
76,3
78,6
4,70
4,83
13,4
MÉDIA 24,2 24,4
81
54,7
76,8
77,2
4,03
3,95
12,1
1
A = média de 21 anos (1979 - 2000)
2
B = média em 2001
3
ETo obtida a partir da Evaporação do Tanque Classe A (ETo = Kt*EV) e
(Penman – Monteith)
Fonte: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Campus Leonel Miranda e
Estação Evapotranspirométrica – Convênio UENF/Pesagro-Rio
Quadro 2. Características químicas de amostras de solo da área de instalação do
experimento
pH em
P
H2O mg dm-3
6,30
62,00
SB
T
K
Ca
0,55
1,91
t
cmolc dm-3
2,96
4,66
2,96
Mg
Al
cmolc dm-3
0,32
0,00
m
V
Fe
H+Al
Na
1,70
0,17
C
g dm-3
7,20
Cu
Zn
Mn
%
0,00
64,00
24,58
0,63
mg dm-3
10,45 52,76
Extratores: P e K= Carolina do Norte
Laboratório de Análises de Solo da UFRRJ, Campos dos Goytacazes - RJ.
19
MO
g dm-3
12,44
B
0,88
3.2. Delineamento experimental e tratamentos
Para o presente trabalho de pesquisa, o delineamento experimental
adotado foi o delineamento em blocos casualizados com parcelas subdivididas,
em esquema fatorial 5x3, sendo 5 épocas de poda e 3 métodos de polinização,
com quatro repetições. As parcelas foram constituídas por 15 plantas, sendo as 3
centrais consideradas úteis. O espaçamento entre plantas foi de 4 x 4 metros.
As cinco épocas de poda foram: maio, junho, julho, agosto e setembro de
2001.
Os três métodos de polinização foram os seguintes:
Tro - Polinização aberta ou natural (Figura 1);
Tr1 - Polinização com pincel macio, realizada diretamente na flor (Figura 2);
Tr2 - Polinização realizada com bomba polinizadora e com pólen colhido no dia
anterior (Figura 3);
O pólen foi recolhido de flores em estádio feminino e acondicionado de
maneira eficiente (sob refrigeração) para manter-se viável até o dia seguinte no
momento da polinização. O horário de coleta das flores foi ao final da tarde por
volta das 18 horas, pois neste horário as condições climáticas, principalmente a
baixa umidade, favorecia o não ressecamento do pólen.
3.3. Podas
As plantas foram submetidas, em março de 2001, a uma poda de limpeza,
onde se teve o cuidado de retirar ramos secos, praguejados e doentes. Após está
etapa, ocorreram às podas de produção, efetuadas mensalmente a partir do mês
de maio de 2001 até setembro do mesmo ano, onde os ramos foram encurtados a
um comprimento médio de 25 cm.
Além da poda, houve ainda uma desfolha dos ramos, realizada
manualmente, iniciando-se da extremidade para sua base, para estimular o
desenvolvimento vegetativo das gemas localizadas nas axilas das folhas.
Após a poda dos ramos, eram marcados 12 ramos por planta, perfazendo
um total de 36 ramos por parcela, para posterior avaliação.
20
A
B
Figura 1. Flor de pinha em estádio feminino (A), período adequado para a
realização de polinização artificial, e em estádio masculino (B), período
em que ocorre a separação total dos estames e a liberação do pólen.
Figura 2. Processo
polinização
artificial
pinha utilizando pincel.
de
da
Figura 3. Processo de polinização utilizando a bomba polinizadora na cultura da
pinha.
21
3.4. Tratos culturais
Antes do início do experimento, todas as plantas receberam uma
aplicação de 750 g por planta de calcário e adubação de cobertura de acordo com
análise de solo.
Após a poda das plantas, em suas respectivas épocas, foi realizada uma
adubação com 40 g de nitrogênio. A partir do segundo mês, após a poda, cada
planta foi adubada com 40 g de N e 30 g de P2O5 e durante o período da
frutificação cada planta foi adubada com 100 g de K2O por mês, pois durante esse
período ocorre uma maior demanda dos frutos, que funcionam como fortes
drenos, por esse nutriente. Cada planta, na época da poda, foi adubada com 10 g
de ácido bórico e, a cada mês, foram pulverizadas com uma solução de 2,5 g de
ácido bórico por 100 L de água.
Além disso, em todas as plantas podadas houve uma pulverização
preventiva com calda bordalesa na concentração de 1 mL para 100 L de água,
para proteção dos ramos contra ataque de patógenos e pincelamento do tronco
com pasta bordalesa.
Foram realizados, ainda, tratos culturais tais como controle de plantas
daninhas e tratamentos fitossanitários para controle da broca do fruto (Cerconota
anonella), broca do tronco (Cratosomus bombinus bombinus) e antracnose
(Colletotrichum gloesporioides), além do controle de formigas.
Todo o experimento foi irrigado por sistema de microaspersão, com um
microaspersor por planta.
3.5. Preparo dos grãos de pólen
Para a realização da polinização com o polinizador manual ou bombinha,
foram utilizados grãos de pólen coletados de flores, em estádio feminino, de
tamanho médio no horário entre 17 horas e 30 minutos e 18 horas no dia anterior
ao processo.
Após esta coleta, as flores foram acondicionadas em bandejas plásticas,
cobertas com papel toalha umedecido para que não ocorresse o ressecamento
das mesmas e armazenadas sob refrigeração (20°C) até a manhã seguinte.
22
Passado este período de armazenamento, as flores foram retiradas da
geladeira, colocadas em peneira de malha de 1 mm, para separação de pétalas e
outros vestígios florais, e sobre uma cartolina preta, funcionando como contraste,
houve o recolhimento dos grãos de pólen que foram colocados dentro do
polinizador para realização da polinização das flores que se encontravam
receptivas em estádio feminino no campo.
O período estabelecido para a realização da polinização nas condições da
região foi de 6 horas até no máximo 9 horas e 30 minutos, pois, a partir desse
horário as flores já se encontravam pouco receptivas, com queda dos grãos de
pólen em decorrência de ventos, além do ressecamento do estigma.
3.6. Polinização
Após o preparo dos grãos de pólen das flores coletadas no dia anterior
em estádio feminino e a observação da ocorrência da antese dos botões florais,
realizava-se a polinização das flores.
Os grãos de pólen eram colocados dentro da câmara de pólen da bomba
de polinização artificial e, logo em seguida, fazia-se a polinização referente ao
tratamento 2. O bico do tubo polinizador era, então, direcionado para o estigma
floral, recoberto com uma camada mucilaginosa e brilhante, a uma distância
aproximada de 1,5 cm, e a câmara de ar pressionada duas vezes para saída do
pólen.
Para a polinização referente ao tratamento 1, foram igualmente
observados os horários de 6 a 9 horas e 30 minutos da manhã, para que não
existisse ressecamento do estigma. Neste tratamento, foi utilizado um pincel com
pêlos de seda e superfície plana, através de movimentos circulares leves,
realizou-se a polinização, diretamente em flores no estádio feminino, com pólen
recolhido de flores no estádio masculino, também no dia anterior.
A polinização artificial foi realizada em 15 flores por planta, perfazendo-se
um total de 45 flores por tratamento em cada bloco. As flores foram devidamente
marcadas, registrando-se, ainda, a data da polinização. Este processo foi
distribuído pelos quatro pontos cardeais da planta. Para a polinização aberta
marcou-se o mesmo número de flores.
23
3.7. Amostragens foliares e análises dos nutrientes foliares
A análise foliar foi feita através de amostras coletadas em períodos
mensais de novembro de 2001 a fevereiro de 2002. Coletaram-se, para análise,
folhas recém-maduras, com pecíolo, sem ataque de pragas ou doenças, sendo,
normalmente, o 3º ou 4º par de folhas, na altura do peito, a partir do ápice do
ramo. Foram coletadas oito folhas por planta, num total de 24 folhas por parcela.
As coletas foram sempre efetuadas pela manhã e nas mesmas datas para
todos os períodos. Nos períodos chuvosos esperava-se, para coleta de folhas, no
mínimo 48 horas após a última chuva.
Após a coleta, as folhas foram acondicionadas em sacos de papel e
levadas para o laboratório onde foram limpas com algodão embebido em água
deionizada. Após esse procedimento, as folhas foram secas em estufa com
circulação forçada de ar à temperatura de 70°C, durante 48 horas. Terminado
esse tempo de secagem, o material foi triturado em moinho (tipo Wiley) com
peneira de 20 mesh e armazenado em frascos fechados.
Foram analisados os seguintes elementos: nitrogênio (N), fósforo (P),
potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), ferro (Fe), zinco (Zn), cobre (Cu) e
manganês (Mn). As análises foram realizadas de acordo com metodologias
descritas por Malavolta et al. (1989) e Jones Jr. et al. (1991).
O N foi determinado pelo método de Nessler (Jackson, 1965), após
submeter o material vegetal à oxidação pela digestão sulfúrica (H2SO4 e H2O2).
O P foi determinado colorimetricamente pelo método azul de molibdato, e
os K, por espectrofotometria de emissão de chama, ambos determinados no
extrato obtidos a partir da digestão sulfúrica.
Os elementos Ca, Mg, Fe, Zn, Cu, e Mn foram quantificados em extratos
obtidos após oxidação do material vegetal pela digestão nitro-perclórica (HNO3 e
HCLO4). O Ca, Mg, Fe, Zn, Cu e Mn foram determinados por espectrofotometria
de absorção atômica Zeiss AAS4. O Boro (B) foi determinado, colorimetricamente,
pela azometina-H, após incineração em mufla.
24
3.8.
Avaliações realizadas
3.8.1. Crescimento e desenvolvimento das plantas
¾ Comprimento dos ramos - medido quinzenalmente, em 12 ramos/planta,
até 90 dias após a realização da poda.
¾ Diâmetro dos ramos - medido quinzenalmente, em 12 ramos/planta, até
90 dias após a realização da poda, na porção mediana, utilizando um
paquímetro digital.
¾ Número de dias entre a poda e o início do florescimento - definido a
partir da emissão da primeira flor.
3.8.2. Florescimento e frutificação
¾ Número de flores por ramo - a partir do florescimento, a cada 15 dias.
O número de flores/ramo foi obtido a partir da média de flores de 12
ramos previamente marcados;
¾ Números de frutinhos por ramo - 15 dias após a polinização, para
determinar a fecundação de flores e o desenvolvimento dos frutos;
¾ Diâmetro e comprimento dos frutos até 60 dias após a polinização medidos a cada 15 dias depois de ocorrida a polinização.
3.8.3. Nutrientes foliares
¾ Teores dos nutrientes N, P, K, Ca, Mg, Mn, Fe, Zn, Cu e B na matéria
seca foliar da pinha em função das épocas de poda, métodos de
polinização e épocas de amostragem.
3.9.
Análises estatísticas
Foram realizadas análises de variância das características avaliadas.
Utilizou-se para os fatores “Dias após a poda” e “Dias após a polinização” a
análise de regressão polinomial, após o teste de F. Para os fatores “Época de
amostragem foliar” e “Métodos de polinização”, utilizou-se o Teste de Tukey a 5%
de probabilidade.
25
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Desenvolvimento de ramos
Com relação ao comprimento e diâmetro de ramos, observou-se que,
para a primeira época de poda houve uma brotação tardia, além de morte ou falta
de brotação, o que pode ser explicado pelas condições climáticas reinantes no
período (Quadro 1), com redução no desenvolvimento vegetativo. Além disso,
estas brotações proporcionaram um fluxo de florescimento pequeno, entretanto
ocorreu frutificação.
Os
resultados
apresentados
na
Figura
4,
mostram
crescimento
diferenciado, em relação ao comprimento, para cada época de poda, sendo que
as podas realizadas em agosto e setembro, proporcionaram maior crescimento de
ramo. Estes resultados indicam, que a planta não promove novas brotações, em
condições de temperaturas baixas, mesmo que estas ocorram durante períodos
curtos do dia, pois, como se observa no Quadro 1, as temperaturas médias foram
elevadas e havia disponibilidade de água, com o uso do sistema de irrigação.
Constata-se, na Figura 4, a grande variação no crescimento dos ramos, entre as
épocas de poda de maio e setembro, o que pode estar relacionado, tanto com as
condições climáticas, no período da poda, (Quadro 1) quanto com as reservas
acumuladas por aquelas plantas podadas na última época.
O desenvolvimento do diâmetro dos ramos foi semelhante àquele
observado para o comprimento (Figura 5).
26
300
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Comprimento (mm)
250
200
2
Y = -17,4 + 0,7377x R = 0,91**
2
2
Y = 4,2 - 0,637x + 0,0193x R = 0,99**
2
Y = -39,1 + 2475x R = 0,99**
2
2
Y = -58,6 + 4,49x - 0,0148x R = 0,99**
2
2
Y = 5,33 + 3,16x - 0,0077x R = 0,99**
150
100
50
0
0
15
30
45
60
75
90
Dias após poda
Figura 4. Comprimento do ramo de pinha em função da época de poda e de dias
após a poda em São Francisco do Itabapoana-RJ.
10
Setembro
Agosto
Julho
Junho
Maio
Diâmetro (mm)
8
2
2
Y = 2,32 + 0,061x - 0,0003x R = 0,99**
2
2
Y = -2,135 + 0,192x - 0,0012x R = 0,94**
2
2
Y = -2,07 + 0,1618x - 0,0012x R = 0,99**
2
2
Y = -0,858 + 0,0335x + 0,0003x R = 0,97**
2
2
Y = -0,723 + 0,0354x + 0,0001x R = 0,95**
6
4
2
0
0
15
30
45
Dias após poda
60
75
90
Figura 5. Diâmetro do ramo de pinha em função da época de poda e de dias
após a poda em São Francisco do Itabapoana-RJ.
27
4.2. Período de florescimento após a poda
Para as condições edafoclimáticas do Município de São Francisco do
Itabapoana, verificou-se que a pinha pode florescer praticamente durante o ano
todo, porém, há uma variação na intensidade de florescimento ao longo dos
meses no ano. Pode-se observar essa variação, para as diferentes épocas de
poda, com relação ao período compreendido entre a poda e o florescimento
(Figura 6).
Observou-se que a partir de maio, grande parte das folhas das plantas
perderam a coloração verde-intensa, passando a verde-claro (verde-amarelada),
ocorrendo nos meses seguintes (junho e julho), queda parcial destas folhas. Em
agosto, a planta começou a emissão de novas folhas, e, até final do mês de
outubro elas se encontravam em pleno vigor vegetativo.
Durante o período de queda de folhas senescentes e formação de novas
folhas, as plantas produziram um reduzido número de flores, com exceção ao
mês de setembro, onde ocorreu o máximo de floração, 15 dias após a poda de
produção (Figura 6 e Quadro 3).
Para a primeira época de poda (maio), o florescimento foi praticamente
nulo, até 31 dias após a poda de produção, tendo-se um incremento crescente, no
número de flores por ramo, a partir desta data (Figura 6). Na segunda época de
poda (junho), o pico máximo de florescimento, com 21 flores por ramo, ocorreu
aos 86 dias após a poda de produção (Figura 6). Nas podas realizadas nos
meses de julho e agosto o de máximo florescimento foi verificado aos 51 e 45
dias, respectivamente, com um total de 25 flores por ramo para os dois períodos
de poda de produção. O número de flores na última época de poda (setembro), foi
significativamente maior, quando comparado com as demais. Este fato pode ser
explicado pelas condições climáticas reinantes, o máximo de florescimento em
setembro foi aos 15 dias e depois houve um decréscimo (Figura 6 e Quadro 3).
O pequeno número de flores observado para a primeira época de poda de
produção, pode ser explicado pelo pequeno número de brotações e,
principalmente, pelo menor crescimento dos ramos, após a poda. Isto permite
concluir que as plantas tendem a um crescimento vegetativo em detrimento da
produção, fato este já observado por George e Nissen (1986).
28
2
2
Maio
Y = 7,17 - 0,5674x + 0,0091x R = 0,98**
2
2
Y = -14,4 + 0,8254x - 0,0048x R = 0,81**
Junho
2
2
Julho
Y = -23,0 + 1,91x - 0,0188x R = 0,82**
2
2
Agosto
Y = -8,34 + 1,478x - 0,0163x R = 0,55**
2
2
Setembro Y = 90,3 - 2,10x + 0,0121x R = 0,93**
60
50
Nº Flores/ramo
40
30
20
10
0
0
15
30
45
60
75
90
Dias após poda
Figura 6. Número de flores por ramo em plantas de pinheira, em função dos dias
decorridos após as diferentes épocas de poda em São Francisco do
Itabapoana-RJ.
Quadro 3. Número de flores por ramo em função da época de poda, avaliados até
os 90 dias após a poda de produção em São Francisco do ItabapoanaRJ
Época de
Dias Após a Poda
Poda
15
30
45
60
75
90
Média
Maio
0 b
0 d
0,2 c
3,4 c
18,3 a
29,6 a
8,6
Junho
0 b
0 d
15,3 b
15,3 a
26,3 a
17,5 b
12,4
Julho
0 b
15,6 c
33,2 a
21,2 a
6,9 b
0,7 c
13,0
Agosto
0 b
38,6 b
27,7 a
13,1 ab
3,3 b
0 c
13,4
Setembro 56,1 a
50,2 a
14,6 b
5,0 bc
0,1 b
0 c
21,0
Média
11,2
20,9
18,2
11,6
11,0
9,6
13,7
CV (%)
55,01
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha e na coluna, não diferem
entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
Observações feitas por Kavati (1997) indicaram que em plantas bem
nutridas, ocorreu um florescimento tardio, e que frutas originadas desse
florescimento, necessitaram de 150 a 180 dias para atingirem a maturação.
Provavelmente esse aumento no número de dias foi devido às reduções das
temperaturas no período do florescimento, até o completo desenvolvimento do
fruto, o que pode ser explicado pela redução do metabolismo da planta, como
29
ocorre em outras fruteiras sob temperaturas baixas. Este mesmo autor afirmou
ainda, que do ponto de vista fenológico, brotações de ramos outonados, são
iniciados em setembro, com o surgimento de um grande número de botões florais
e novos ramos. Quando existe um grande número de gemas, as excedentes, não
brotarão nesta primeira etapa, porém, mais tardiamente, entre novembro e
janeiro.
Freitas (1997), trabalhando com graviola em Viçosa-MG, afirmou que nem
todas as flores chegam a ser fecundadas, pois há uma taxa de abortamento
natural em torno de 48,2%, além disso, se há ocorrência de chuvas, no momento
máximo de florescimento, esse abortamento se acentua, reduzindo bastante a
quantidade de flores.
Durante o monitoramento do desenvolvimento das flores fecundadas e
dos frutos desenvolvidos, observou-se a identificação de três fases distintas,
sendo a primeira fase caracterizada pelo crescimento lento do botão floral, porém
as pétalas permanecem semi-abertas. Antes da completa abertura das flores,
tanto as pétalas exteriores como as interiores, caiam ao solo e nesse momento,
iniciou-se o desprendimento dos estames junto ao receptáculo, com abertura das
anteras e liberação dos grãos de pólen.
Em alguns casos, a receptividade estigmática (presença de secreção
brilhante e viscosa sobre o estigma), permaneceu durante a fase de
desprendimento dos estames, com a liberação dos grãos de pólen, favorecendo
com isso a autopolinização das flores. Resultados semelhantes foram obtidos por
Escobar et al. (1986), segundo os quais, existe um período de 36 a 48 horas,
durante o qual, os órgãos reprodutivos permitem a autopolinização.
4.3. Fecundação de flores e frutificação
As avaliações da eficiência dos métodos de polinização foram feitas duas
vezes, nos meses de novembro de 2001 e janeiro de 2002. A média de
fecundação de flores foi de 63,4%, não foram observadas diferenças significativas
entre as épocas testadas e, também, entre as épocas de poda. Verificou-se, que
o método que proporcionou maior fecundação de flores foi aquele onde se utilizou
à bomba polinizadora (Figura 7). Savazaki et al. (2000), trabalhando com
polinização artificial na cultura da pinha, usando o polinizador, encontraram
30
índice de pegamento de frutos superior a 95% para os diferentes tratamentos.
Observando-se a Figura 7, verifica-se que o método de polinização natural ou
aberta induziu o menor índice de pegamento de fruto, 7,59%. Estas observações
estão de acordo com o trabalho desenvolvido por Kumar et al. (1977), que em
condições ótimas de clima, obteve um índice de 8% para o pegamento de frutos.
Alguns resultados de pesquisa com polinização em flores de pinha,
citados por Kavati (1997), realizados com avaliação de desenvolvimento de fruto
mostraram que o baixo índice de fecundação para a polinização aberta ou natural
pode estar relacionado com alguns fatores, tais como: as fases diferenciadas de
amadurecimento das estruturas reprodutivas (dicogamia protogínica), chegando
até ser nula em algumas condições climáticas desfavoráveis, como altas
temperaturas e baixa umidade, que ressecam o estigma, a ocorrência de chuvas
impede o transporte dos grãos de pólen, e baixas temperaturas, diminuem ação
dos insetos polinizadores. Além disso, os frutos resultantes de polinizações
artificiais, apresentaram-se bem mais uniformes em relação ao seu formato, pois
ocorre, uma maior fecundação dos carpelos proporcionados por este processo,
em contrapartida, os frutos polinizados naturalmente, eram bem desuniformes e
de formato irregular.
Vingamento de flores (%)
100
a
b
80
60
40
20
c
0
Aberta
Pincel
Bomba
polinizadora
Método de Polinização
Figura 7. Porcentagem de fecundação de flores em função do método de
polinização utilizado. Médias seguidas pela mesma letra não diferem
entre si pelo Teste de Tukey a 5%. CV = 4,68%
31
Os resultados obtidos quanto à polinização, estão de acordo com os
obtidos Kumar et al. (1977), que observaram um índice de pegamento de frutos
em torno de 8%, em condições ótimas de clima, para a polinização natural. Já
Ahmed (1936), nas condições do Egito, observando a polinização natural de 200
flores de pinha, relatou que desse total, 19 formaram frutos, ou seja, um
percentual de 9,6%.
Silva (2000) observou em seu trabalho com polinização em pinha, que os
melhores índices de pegamento, aconteceram quando houve polinização artificial,
usando o pincel e a bomba polinizadora, estes índices ficaram em torno de
93,30% e 81,11%, respectivamente diferindo significativamente entre si. O menor
pegamento, de 3,33%, ocorreu quando as flores foram polinizadas naturalmente.
No Quadro 4 e na Figura 8 estão descritos os diâmetros, dos frutos
avaliados, até os 60 dias após a polinização e, observa-se que os frutos
polinizados, nas diferentes épocas de poda, apresentaram um desenvolvimento
diferenciado entre os métodos de polinização. O menor diâmetro foi obtido
quando a poda foi realizada em maio, com 16,8 mm, através da polinização
natural, seguido do maior diâmetro, com 56,7 mm, na poda realizada em junho,
também, por meio da polinização natural, diferindo dos demais métodos de
polinização.
Quadro 4. Diâmetro de frutos de pinheira avaliados aos 60 dias após a
polinização em São Francisco do Itabapoana-RJ
Métodos de Polinização
Natural ou
Bomba
Média
Pincel
CV (%)
Aberta
polinizadora
Maio
16,8 b C
43,0 a C
51,0 a A
36,9
Junho
56,7 a A
51,5 a AB
47,7 a A
52,9
15,87
Julho
17,8 b C
48,0 a BC
52,9 a A
39,5
Agosto
20,1 b C
55,2 a A
48,9 a A
41,4
Setembro
38,3 a B
52,6 a AB
50,9 a A
47,3
Média
29,9
50,0
50,3
43,6
CV (%)
5,94
Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na linha e maiúscula na coluna,
não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
Época de
Poda
Lima et al., (2000), trabalhando com polinização artificial em pinha,
concluíram, nas condições da baixada fluminense, que ocorreram aumento no
32
comprimento, número médio e produtividade de frutos, além da redução da taxa
de frutos mal formados.
O crescimento do fruto em relação ao comprimento e ao diâmetro, no
caso apresentado, diz respeito, ao primeiro pico de crescimento do fruto, e
mostrou-se com o mesmo comportamento, ou seja, foi bastante, uniforme para as
diferentes épocas de avaliação (Figuras 8 e 9). Considerando-se as épocas de
poda, e o período após a polinização das flores, pode dizer que os frutos
atingiram o maior diâmetro aos 55 dias após a polinização para o mês de agosto,
51 dias para setembro, 54 dias para julho, 52 dias para junho e 54 dias para maio
(Figura 8).
Em relação ao seu comprimento, observou-se que, para a época de poda
referente ao mês de maio, o fruto levou 58 dias após a polinização, para atingir o
seu comprimento máximo, por outro lado, quando consideramos o último mês de
poda (setembro), os mesmos levaram 51, dias após a polinização, para atingir
seu máximo desenvolvimento (Figura 9).
Maio
Junho
julho
Agosto
Setembro
100
Diâmetro (mm)
80
2
2
Y = -32,0 +3,12x -0,0284x R = 0,99**
2
2
Y = -46,3 +4,62x -0,0444x R = 0,99**
2
2
Y = -35,6 + 3,40x -0,0311x R = 0,99**
2
2
Y = -36,1 + 3,51x -0,0321x R = 0,99**
2
2
Y = -43,7 + 4,30x - 0,0416x R = 0,99**
60
40
20
0
10
20
30
40
50
60
Dias após polinização
Figura 8. Diâmetro do fruto de pinha em função da época de poda e do número de
dias após a polinização em São Francisco do Itabapoana-RJ.
33
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Comprimento (mm)
100
80
2
2
Y = -27,1 + 2,71x - 0,0231x R = 0,98**
2
2
Y = -40,6 + 4,05x - 0,0379x R = 0,99**
2
2
Y = 33,9 + 3,29x - 0,0303x R = 0,98**
2
2
Y = -33,4 + 3,34x - 0,0312x R = 0,99**
2
2
Y = -42,9 + 4,21x - 0,0413x R = 0,99**
60
40
20
0
10
20
30
40
Dias após polinização
50
60
Figura 9. Comprimento do fruto de pinha em função da época de poda e do
número de dias após a polinização em São Francisco do ItabapoanaRJ.
Com relação ao comprimento dos frutos, pode-se observar, que o maior
comprimento ocorreu entre a primeira época de poda (maio) e a segunda (junho),
tendo atingido o menor comprimento, na primeira época com 15,73 mm para a
polinização aberta ou natural e o maior, na segunda época também com o mesmo
método de polinização. No entanto, os outros dois métodos de polinização
artificial (pincel e bomba polinizadora), apresentaram aumento significativo para o
comprimento dos frutos nas diferentes épocas de poda, quando comparado com a
polinização aberta, não diferindo significativamente entre si. Todas as avaliações
foram feitas, até 60 dias após polinização (Quadro 5).
Dentro das diferentes épocas de poda, os métodos de polinização artificial
influenciaram para o aumento do diâmetro médio dos frutos, sendo a polinização
natural a que apresentou os menores valores, diferindo estatisticamente dos
outros dois métodos artificiais, que não diferiram entre si (Quadro 5).
34
Quadro 5. Comprimento de frutos de pinheira avaliados aos 60 dias após a
polinização em São Francisco do Itabapoana-RJ
Métodos de Polinização
Natural ou
Bomba
Pincel
Média
CV (%)
aberta
Polinizadora
Maio
15,7 b C
44,3 a A
46,1 a A
35,4
Junho
53,0 a A
45,1 a A
44,6 a A
47,6
Julho
19,9 b C
45,7 a A
48,9 a A
38,2
4,30
Agosto
20,8 b C
49,1 a A
47,8 a A
39,2
Setembro
34,4 b B
51,3 a A
50,5 a A
45,4
Média
28,8
47,1
47,6
41,1
CV (%)
19,8
Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na linha e maiúscula na coluna,
não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
Época de
poda
Os
métodos
de
polinização
artificial
proporcionaram
maior
desenvolvimento dos frutos do que os obtidos com a polinização aberta (Figuras
10 e 11). No período avaliado, até 60 dias após a polinização, o máximo
comprimento do fruto foi obtido aos 51, 55 e 54 dias após a polinização aberta.
Quando se utilizou o pincel e a bomba polinizadora, respectivamente, foram
obtido os comprimentos de 40,7, 68,9 e 67,7 mm (Figura 10). Resultados
semelhantes foram encontrados para o diâmetro dos frutos (Figura 11).
100
Comprimento (mm)
80
2
2
Aberta
Y = -25,5 + 2,575x - 0,02505x R = 0,97**
Pincel
Y = -37,6 + 3,813x - 0,0345x R = 0,99**
Bomba polinizadora
Y = -43,6 + 4,174x - 0,0387x R = 0,99**
2
2
2
2
60
40
20
0
0
15
30
Dias após polinização
45
60
Figura 10. Comprimento dos frutos de pinha em função do método de polinização e
do Nº de dias após a polinização em São Francisco do Itabapoana-RJ.
35
100
Aberta
Pincel
Bomba polinizadora
Diâmetro (mm)
80
2
2
Y = -26 + 2,577x - 0,0241x R = 0,99**
2
2
Y = -43,6 + 4,367x - 0,0415x R = 0,99**
2
2
Y = -46,7 + 4,424x - 0,0408x R = 0,99**
60
40
20
0
0
10
20
30
40
50
60
Dias após polinização
Figura 11. Diâmetro dos frutos de pinha em função do método de polinização e do
número de dias após a polinização em São Francisco do ItabapoanaRJ.
4.4. Nutrientes foliares
Observa-se na Figura 12, que os teores de N, P, K, Ca e Mg, variaram
muito em função da época de amostragem. Verifica-se, ainda, um comportamento
oposto na variação entre os teores de K, Ca e Mg. É provável, que o
desenvolvimento dos frutos (drenos fortes) provoquem decréscimos nos teores do
K nas folhas da cultura, o que pode promover aumentos na concentração de Ca e
Mg, já que existe competição entre eles, na absorção pela planta. Resultados
semelhantes foram obtidos por Costa (2001).
Assim como o K, também o N e o P decresceram em função das épocas
de amostragem (Figura 12). Os teores de N, na matéria seca foliar da pinha,
variaram de 40,1 a 28,8 g kg-1, para o P a variação foi de 2,1 a 1,76 g kg-1, para o
K os teores variaram de 19,1 a 11,8 g kg-1, para o Ca a variação foi de 8,1 a 12,2
g kg-1 e para o Mg de 2,5 a 3,8 g kg-1. Os resultados encontrados se assemelham
a aqueles obtidos por Costa (2001), em tratamentos com elevada produtividade.
36
2,2
35
1,9
30
1,6
25
1,3
20
4,0
16
3,2
12
2,4
8
1,6
4
N
P
20
1,0
K
Ca
Mg
0
nov/01 dez/01 jan/02 fev/02
Épocas de Coleta
0,8
Mg (g kg-1 na matéria seca)
40
K e Ca (g kg-1 na matéria seca)
2,5
P (g kg-1 na matéria seca)
N (g kg-1 na matéria seca)
45
0,0
nov/01 dez/01 jan/02 fev/02
Épocas de Coleta
Figura 12. Teores de macronutrientes na matéria seca foliar da cultura da pinha,
em função das épocas de coleta de folhas.
Costa (2001), trabalhando com adubação em pinha, observou que ocorre
variação nos teores dos nutrientes, dependendo das fases fenológicas em que a
planta se encontra, acredita-se que, a variação ocorrida para os teores de N e P,
verificada neste trabalho, também esteja sendo influenciada por este fato.
Com relação as época de poda, pode se observar na Figura 13, que os
teores de N e P também sofreram variação, sendo a última época de poda
(setembro) aquela que apresentou, em média, a maior variação, com 31,12 g mg-1
e 1,93 g mg-1 respectivamente. Possivelmente, para este caso, também a fase
fenológica em que a planta se encontra, esteja influenciando para essa variação
nos teores de nutrientes. Observa-se, também, que de acordo com Silva et al.
(1984) que os teores citados acima se encontram dentro da faixa estabelecidas
por esses autores.
37
32
2,3
29
2,1
26
1,9
23
1,7
20
1,5
K
Ca
Mg
5
18
4
16
3
14
2
12
1
10
Mg (g kg-1 na matéria seca)
20
2,5
K e Ca (g kg-1 na matéria seca)
N
P
P (g kg-1 na matéria seca)
N (g kg-1 na matéria seca)
35
0
mai/01 jun/01 jul/01 ago/01 set/01
mai/01jun/01 jul/01 ago/01set/01
Épocas de Poda
Épocas de Poda
Figura 13. Teores de macronutrientes, na matéria seca foliar da cultura da pinha,
em função das épocas de poda.
Gonzalez e Esteban (1973) verificaram que, durante o período de floração
e início de frutificação, em plantas de cherimólia, houve um decréscimo nos
teores de N na matéria seca foliar, com maior intensidade nos ramos reprodutivos
do que nos vegetativos. Segundo esses autores, tal comportamento, pode ter
origem na translocação do nutriente para os frutos em formação e por um efeito
de diluição devido ao crescimento das folhas recém-formadas. O comportamento
do P é contrário ao do N, devido ao sinergismo metabólico entre os dois
nutrientes, onde uma deficiência de N, pode levar ao acúmulo de P, por este não
ser utilizado.
As médias para os teores de K, Ca e Mg, na matéria seca foliar, dentro
das épocas de coleta de folhas foram, respectivamente, 18,8, 12,6 e 3,66 g kg-1
sendo que todos esses teores ficaram dentro das faixas estabelecidas por Silva et
al. (1984) e Costa (2001) obtidos na cultura da pinha, estabelecendo para K, Ca e
Mg a faixa para maior produtividade entre 8,27 – 13,4; 10,9 – 20,6; e 2,63 – 6,08 g
kg-1, respectivamente.
Já em relação as diferentes épocas de poda, observou-se no presente
trabalho, que não houve diferenças estatísticas significativas entre os teores dos
nutrientes Mg, K e Ca na matéria seca foliar.
Os teores de Mn variaram de acordo com as épocas de amostragem foliar
e não diferiram em função da época de poda (Quadro 6). Os teores de Mn, tanto
38
para as épocas de amostragem, como para as épocas de poda segundo Silva et
al., (1984) estão abaixo da faixa estabelecida por esses autores.
Costa (2001), trabalhando com adubação em pinha, observou que os
teores para Mn relacionados com a maior produtividade estavam entre 67 - 235
mg kg-1 na matéria seca foliar de pinha, e as plantas não apresentavam sintomas
de deficiência deste micronutriente. Portanto, de acordo com esse autor, os teores
encontrados estão dentro dessa faixa estabelecida (Quadro 6).
Quadro 6. Variação nos teores de Mn, em mg kg-1, na matéria seca foliar de
pinha, nas diferentes épocas de amostragem e poda
Épocas de
Épocas de Coleta
Poda
Nov/01
Dez/01
Jan/02
Fev/02
Média
CV (%)
Maio
30,2
157
100
123
103 A
Junho
29,6
160
103
114
101 A
Julho
32,7
166
124
126
112 A
25,02
Agosto
24,5
116
89
97
82 A
Setembro
27,9
129
105
136
100 A
Média
28,9 c
145 a
104 b
119 ab
100 A
CV (%)
23,29
Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na linha e maiúscula na coluna,
não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
Os teores de Zn, Fe, Cu, em mg kg-1, na matéria seca foliar de pinha,
também apresentaram uma redução para as diferentes épocas de amostragem
(Silva et al., 1984), porém de acordo com Costa (2001) todos os teores
encontram-se dentro da faixa adequada para alta produtividade.
Segundo Silva et al., (1984) os teores de Cu, tanto para as épocas de
amostragem, como para as épocas de poda, encontram-se elevados. O Zn, Fe,
Mn estão abaixo da faixa por eles estabelecida, em mg kg-1, na matéria seca foliar
de pinha (Quadros 7, 8, 9).
Observou-se uma interação entre os fatores época de amostragem x
época de poda, para os teores de Zn na matéria seca foliar da pinha (Quadro 7).
Os teores médios observados para este nutriente, variaram de 12 a 29,1 mg kg-1,
e verificou-se que, os teores decresceram com a evolução no desenvolvimento
das plantas. Resultados semelhantes foram obtidos por Costa (2001).
39
Quadro 7. Variação nos teores de Zn, em mg kg-1, na matéria seca foliar de pinha,
nas diferentes épocas de amostragem e poda
Épocas de
Épocas de Coleta
Poda
Nov/01
Dez/01
Jan/02
Fev/02
Média CV (%)
Maio
17,7 a C
14,5 b A
13,6 b A 12,5 b A
14,6
Junho
17,7 a C
13,0 b A
12,7 b A 12,3 b A
13,9
Julho
19,1 a C
13,5 b A
13,4 b A 12,0 b A
14,5
6,73
Agosto
23,8 a B
15,1 b A
12,7 c A 12,0 c A
15,8
Setembro
29,1 a A
16,0 b A
13,5 c A 12,1 c A
17,6
Média
21,5
14,4
13,2
12,2
15,3
CV (%)
12,96
Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na linha e maiúscula na coluna,
não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
Os teores de Fe diferiram para todas as épocas de amostragem, mas com
relação às épocas de poda não houve diferenças entre eles (Quadro 8). Essas
variações, para as épocas de amostragem, nos teores de Fe também foram
encontradas por Costa (2001), quando relacionou em seu trabalho as diferentes
fases de desenvolvimento (crescimento vegetativo, florescimento, frutificação,
desenvolvimento de frutos e colheita), em que se encontravam as plantas.
Comportamento semelhante foi observado para o nutriente cobre (Quadro 9).
Os resultados obtidos para o nutriente boro, variaram entre 44,6 e 87,6
mg kg-1 (Quadro 10). Estes resultados estão abaixo dos que Silva et al. (1984)
consideraram como adequados para o B na cultura da pinha, entretanto, Costa
(2001) encontrou, para produtividade superior a obtida por Silva et al. (1984),
teores do B, que variaram de 32,1 a 46,6 mg kg-1.
Quadro 8. Variação nos teores de Fe, em mg kg-1, na matéria seca foliar de pinha,
nas diferentes épocas de amostragem e de poda
Épocas de
Épocas de Coleta
Poda
Nov/01
Dez/01
Jan/02
Fev/02
Média
CV (%)
Maio
92,1
93,8
57,3
46,9
72,6 A
Junho
102
89,8
58,2
43,2
73,2 A
Julho
94,4
82,9
60,8
46,4
71,1 A
9,38
Agosto
106
81,5
62,7
46,3
74,1 A
Setembro
94,1
81,7
59,4
51,7
71,7 A
Média
97,6 a
85,9 b
59,7 c
46,9 d
72,5
CV (%)
13,30
Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na linha e maiúscula na coluna,
não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
40
Quadro 9. Variação nos teores de Cu, em mg kg-1, na matéria seca foliar de pinha,
nas diferentes épocas de amostragem e de poda
Épocas de
Épocas de Coleta
Poda
Nov/01
Dez/01
Jan/02
Fev/02
Média
CV (%)
Maio
15,4 a B 8,28 c A 9,98 b A
7,97 c A
10,42
Junho
14,8 a B 7,22 c A 9,83 b A
7,71 c A
9,89
5,06
Julho
15,6 a B 7,58 c A 9,96 b A
8,22 c A
10,34
Agosto
15,8 a B 7,59 c A 9,40 b A
7,79 c A
10,23
Setembro
18,3 a A 8,43 bc A 9,37 b A
7,80 c A
10,97
Média
15,9
7,89
9,71
7,90
10,37
CV (%)
10,11
Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na linha e maiúscula na coluna,
não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
Quadro 10. Variação nos teores de B, em mg kg-1, na matéria seca foliar de pinha,
nas diferentes épocas de amostragem e de poda
Épocas de
Épocas de Coleta
Poda
Nov/01
Dez/01
Jan/02
Fev/02
Média CV (%)
Maio
66,6
56,4
46,4
64,2
58,4 b
Junho
87,6
60,6
51,1
70,1
67,3 ab
Julho
87,3
64,6
53,8
71,3
69,2 a 14,29
Agosto
75,5
52,4
52,3
65,5
61,4 ab
Setembro
73,3
55,6
44,6
68,8
60,5 ab
Média
78,1 a
57,9 b
49,6 c
67,9 d 63,4
CV (%)
20,32
Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na linha e maiúscula na coluna,
não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
41
5. RESUMO E CONCLUSÕES
O presente trabalho foi desenvolvido em Praça João Pessoa, no
município de São Francisco do Itabapoana – RJ, localizado a 21º19’22” de latitude
sul e 41º07’42” de longitude oeste e altitude média de 11 metros, no período
compreendido entre os meses de abril de 2001 a fevereiro de 2002, em uma área
de 1 ha, onde as plantas, provenientes de propagação sexuada, se encontravam
com 5 anos de idade.
Os objetivos principais foram avaliar o emprego de diferentes épocas de
poda e de métodos de polinização, no desenvolvimento de plantas e de frutos da
cultura da pinha. Avaliaram-se, ainda, os teores de nutrientes foliares em
diferentes épocas de amostragem.
Durante a condução do experimento, foram efetuadas as medidas de
controle para a broca dos frutos e antracnose, com aplicação de inseticida e
fungicida, além da catação e queima dos frutos brocados, para um controle mais
efetivo.
No decorrer do experimento, foi estudado o efeito dos tratamentos, sobre
o período de florescimento (em dias) após a poda das plantas, o diâmetro e
comprimento de frutos, o diâmetro e comprimento de ramos e a composição
mineral das folhas.
Para a avaliação do diâmetro e comprimento de ramos foram marcados
nos quadrantes das plantas 3 brotações por ramo, perfazendo-se um total de 12
42
por planta e 36 por parcela. Para está avaliação, estabeleceu-se o período de 90
dias a partir da poda.
Em relação aos frutos, foram marcadas 15 flores por planta, num total de
45 flores por parcela. Nos tratamentos com polinização artificial, estas flores eram
polinizadas, e 15 dias após, foi quantificado o índice de fecundação de flores. A
avaliação do desenvolvimento dos frutos foi feita de 15 em 15, dias a partir da
polinização, até 60 dias após este procedimento.
As parcelas foram constituídas por três plantas úteis, com 4 repetições,
em espaçamento de 4 x 4 metros. As folhas para a análise foram coletadas
mensalmente no estágio de recém maduras (com pecíolo), sendo, normalmente,
escolhido o 3º ou 4º par de folhas, a partir do ápice do ramo. A coleta foi realizada
nos quatro quadrantes da planta, perfazendo um total de 24 folhas por parcela.
Os elementos analisados foram: nitrogênio orgânico (N), fósforo (P), potássio (K),
cálcio (Ca), magnésio (Mg), ferro (Fe), zinco (Zn), cobre (Cu), manganês (Mn) e
boro (B).
As principais conclusões foram:
• O comprimento e o diâmetro dos ramos foram influenciados pela época
de poda;
• Os dois métodos de polinização artificial aumentaram a porcentagem
de fecundação de frutos, em relação a polinização natural ou aberta;
• O florescimento foi influenciado pela época de poda, sendo que o
número de dias entre a poda e o aparecimento de flores foi maior em
maio e menor em setembro;
• Em média, o pico de desenvolvimento dos frutos foi verificado com,
aproximadamente, 50 dias após a polinização e foi superior quando se
utilizou a polinização artificial;
• Os teores de N, P, K, Zn e Fe, decresceram com a evolução no
desenvolvimento dos ramos;
• Observou-se variação nos teores dos nutrientes analisados para as
diferentes épocas de amostragem;
• Os teores de N e P variaram em função da época de poda;
• Os teores de Ca e Mg aumentaram ao longo do desenvolvimento das
plantas de pinha enquanto os teores de N, P e K diminuíram;
43
• Os teores de macronutrientes, na matéria seca foliar da pinha, variaram
de 40,1 a 28,8 g kg-1 para o N, de 2,1 a 1,76 g kg-1 para o P, de 19,1 a
11,8 g kg-1 para o K, de 12,2 a 8,1 g kg-1 para o Ca, de 3,8 a 2,5 g kg-1
para o Mg;
• Os teores de micronutrientes, na matéria seca foliar da pinha, variaram
de 24,5 a 166 mg kg-1 para o Mn, de 12 a 29,1 mg kg-1 para o Zn, de
43,2 a 106 mg kg-1 para o Fe, de 7,22 a 18,3 mg kg-1 para o Cu e 44,6 a
87,6 g kg-1 para o B.
44
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52
APÊNDICE
Figura 1A. Vista geral da cultura da pinha na área experimental em São Francisco
do Itabapoana – RJ.
A
B
Figura 2A. Frutos provenientes de polinização natural (A) e artificial (B)
B
B

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