crescimento inicial do milho doce em função do estresse

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crescimento inicial do milho doce em função do estresse
XXV CONIRD – Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem
08 a 13 de novembro de 2015, UFS - São Cristóvão/SE
CRESCIMENTO INICIAL DO MILHO DOCE EM FUNÇÃO DO ESTRESSE
SALINO E BIORREGULADOR
R. C. CUNHA1, M. W. L. SOUZA1, L. A. LIMA1, P. A. A. COSTA1, F. M. S. BEZERRA1, J.
P. B. M. COSTA1, F. A. OLIVEIRA2
RESUMO: O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o uso de
bioestimulante como agente amenizador do estresse salino na cultura do milho doce. O
delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2 x 4,
sendo dois níveis de salinidade da água de irrigação (0,5 e 4,5 dS m-1) e quatro doses de
bioestimulante aplicado via tratamento de sementes (0, 5, 10 e 20 mL kg-1 de sementes). A
avaliação das plantas foi realizada aos 45 dias após a semeadura, analisado as seguintes
variáveis: diâmetro do colmo, altura de plantas, número de folhas, área foliar e massa seca
total. Pôde-se constatar que o uso de água salina provocou redução no crescimento da plantas.
Além disso, o tratamento de sementes com Stimulate® promove o desenvolvimento de plantas
de milho doce apenas na ausência de estresse salino, sendo eficiente como agente atenuador
do efeito da salinidade.
PALAVRAS-CHAVE: Zea mays, fitorregulador, qualidade de água
INITIAL GROWTH OF SWEET CORN UNDER SALT STRESS AND
BIORREGULATOR
SUMMARY: This work was to evaluate the use of bio-stimulant as reliever agent of salt
stress on sweet corn. The experimental design was completely randomized in a factorial 2 x 4,
two levels of irrigation water salinity (0.5 and 4.5 dS m-1) and four doses of biostimulant
applied via seed treatment (0, 5, 10 and 20 mL kg-1 seed). The evaluation of the plants was
performed 45dias after sowing, analyzed the following variables: stem diameter, plant height,
leaf number, leaf area and total dry mass. It could be observed that the use of brine reducing
the growth of plants. Besides, seed treatment with Stimulate® promotes the development of
1
Graduando (a) em Agronomia, Departamento de Ciências Ambientais e Tecnológicas, Universidade Federal
Rural do Semi-Árido (UFERSA), Mossoró, RN. E-mail: [email protected]
2
Prof. Dr, Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Mossoró, RN. E-mail: [email protected]
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sweet plants, but only in the absence of salt stress, being as efficient agent attenuator effect of
salinity.
KEYWORDS: Zea mays, plant regulator, water quality
INTRODUÇÃO
O milho doce (Zeamaysconvar. Saccharatavar. rugosa) é classificado como especial e
destina-se exclusivamente ao consumo humano. A principal diferença entre o milho
convencional e o milho doce é a presença de alelos mutantes que bloqueiam a conversão de
açúcares em amido no endosperma, conferindo caráter doce.
Na literatura são encontrados vários trabalhos sobre o uso deste e outros bioestimulantes
na cultura do milho comum, e na maioria dos estudos têm sido encontrados resultados
positivos, a exemplo do estudo desenvolvido por DOURADO NETO et al. (2014), os quais
verificaram que o uso de bioestimulante, proporciona aumento do diâmetro do colmo das
plantas de milho,número de grãos por fileira e número de grãos por espiga, porém não
interfere o rendimento da cultura.
Na região semiárida do Nordeste brasileiro, grande parte dos produtores da região
fazem uso de águas coletadas em reservatórios superficiais como pequenos açudes e poços
rasos perfurados no calcário Jandaíra, com alto teor de sais dissolvidos.
Estudo desenvolvido por OLIVEIRA et al. (2013) com a cultura do feijão caupi
mostrou que o efeito do bioestimulante pode ser reduzido ou inibido quando as plantas são
submetidas ao estresse salino, condições que estão tornando-se comum em regiões áridas e
semiáridas.
Diante do exposto, este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o uso de
bioestimulante Stimulate® no tratamento de sementes de milho doce, cv. super doce Aruba,
cultivado na ausência e presença de estresse salino.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado em cada de vegetação, no período de maio a junho de 2014,
na área experimental do Departamento de Ciências Ambientais e Tecnológicas da
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Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) em Mossoró, RN (5º 11’ 31” S; 37º
20’ 40” W; altitude de 18 m).
Como substrato foi utilizado material de solo classificado como Argissolo Vermelho
Amarelo, coletado na camada de 0-20 cm de profundidade, em área não cultivada localizada
no Campus da UFERSA, com as seguintes características: pH = 6,2 ; M.O = 1,05 %; P= 2,20
mg dm-3; K+= 0,14 ,Na+= 0,13, Ca+2= 0,40, Mg+2= 0,60, Al+3= 0,25, H+= 1,05 cmolcdm-3.
O experimento foi instalado em delineamento estatístico inteiramente casualizados, em
esquema fatorial 2 x 4, sendo duas salinidades da água de irrigação (0,5 e 4,5 dS m-1) e quatro
doses de bioestimulanteStimulate®, aplicados via tratamento de sementes (0, 5, 10 e 20 mL
kg-1 de sementes); com cinco repetições. A unidade experimental foi representada por um
vaso com capacidade para 12 kg de solo, contendo uma planta.
Após o tratamento e secagem das sementes realizou-se a semeadura, colocando-se cinco
sementes de milho doce, cv. Super doce Aruba (Feltrim®), realizando-se o desbaste cinco dias
após a semeadura deixando-se em cada vaso a planta mais vigorosa.
Adotou-se o sistema de irrigação por gotejamento utilizando-se emissores tipo
microtubo, com vazão média de 1,6 L h-1, aplicando volume necessário para repor a
quantidade evapotranspirada pelas plantas.
As plantas foram coletadas e analisadas aos 45 dias após a semeadura, sendo avaliadas
as seguintes variáveis: altura de plantas (ALT), determinada utilizando uma trena, medindo-se
a distância entre local do corte e o ápice da planta; diâmetro do colmo (DC), determinada
utilizando um paquímetro digital, considerando a média entre duas medidas tomadas de forma
perpendiculares realizadas na seção de corte das plantas; número de folhas (NF),
contabilizadas apenas as folhas que apresentavam mais de 60% de coloração verde; área foliar
(AF), determinada partir de medidas lineares de comprimento e largura máxima do limbo
foliar, utilizando o fator de correção 0,75.
Para determinação da biomassa seca (MST), o material fresco foi acondicionado em
sacos de papel e posto para secar em estufa com circulação de ar forçada, à temperatura de
65ºC até atingir massa constante, sendo determinado em balança de precisão (0,01 g).
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, realizando-se o
desdobramento nas variáveis que apresentaram resposta significativa à interação entre os
fatores estudados. O efeito da salinidade foi avaliado aplicando-se o teste de Tukey (p<0,05),
enquanto o efeito do bioestimulante foi analisado através de análise de regressão.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não houve efeito do estresse salino sobre o número de folhas, obtendo-se o valor médio
de 9,4 folhas por planta. Nas demais variáveis verificou-se redução significativa quando as
plantas foram irrigadas com águas salina, obtendo-se os seguintes valores, para ausência e
presença de estresse salina, respectivamente: diâmetro do colmo, 12,31 e 11,08 mm; altura,
1,39 e 0,99 m; área foliar, 340 e 270 cm2 planta-1; massa seca total, 35,07 e 26,09 g planta-1.
Desta forma, verifica-se que as maiores perdas foram de 9,9; 28,8; 20,6 e 25,6% para
diâmetro do colmo, altura, área foliar e massa seca total, respectivamente.
Na literatura são escassos estudos sobre resposta do milho doce à salinidade, no entanto,
pesquisas desenvolvidas com outros tipos de milho têm demonstrado que o uso de água salina
resulta, maioria dos casos, provoca redução nas variáveis de crescimento e produção, a
exemplo de estudos desenvolvidos com milho pipoca (OLIVEIRA et al. 2009).
Quanto ao efeito do bioestimulante, verificaram respostas variadas de acordo com a
variável analisada. O diâmetro do colmo foi afetada pelo uso do biorregulador apenas nas
plantas irrigadas com água de menor salinidade, ocorrendo aumento linear de 0,108 mm por
aumento unitário nas doses de bioestimulante, de forma que o maior DC foi obtido na maior
dose. Nas plantas submetidas ao estresse salino não houve resposta ao bioestimulante e
obteve-se DC médio de 11,08 mm (Figura 1A).
Não houve resposta significativa para a altura das plantas em independentemente do uso
ou de estresse salino, obtendo-se valor médio de 1,19 m. Tal comportamento assemelha-se
aos resultados obtidos por MÜLLER (2013), em que não foi contatado efeito do uso de
bioestimulante sobre a altura das plantas.
O uso de bioestimulante afetou o número de folhas por planta e seu efeito foi variou de
acordo com a salinidade utilizada. Nas plantas irrigadas com água de menor salinidade foi
observada resposta quadrática, com maior valor obtido na dose de 10,2 mL kg-1 de sementes,
equivalente ao ganho de 15,7% em relação à ausência do biorregulador (Figura 1B). Quanto
se analisa as plantas cultivadas sob estresse salino, constatou-se que ocorreu comportamento
linear e decrescente nas plantas submetidas ao estresse salino, com maior número de folhas na
ausência de bioestimulante, enquanto na dose de 20 mL kg-1 de sementes obteve-se o menor
valor (Figura 1B).
A área foliar foi afetada pela aplicação de bioestimulante de forma semelhante nas duas
salinidades. A maior área foliar foi obtida na ausência do biorregulador (487 cm2 panta-1), e o
aumento nas doses resultou em redução de área foliar, obtendo-se valore mínimo de 396,7
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cm2 planta-1 na dose 11,2 mL kg de sementes. A partir desta dose houve resposta positiva,
ocorrendo na maior dose (20 mL kg-1) área foliar de 451,6 cm2 planta-1 (Figura 1C).
Com relação à produção total de fotoassimilados, analisada através da massa seca total
(MST), houve respostas quadráticas ao aumento nas doses de bioestimulantes tanto presença
quanto na ausência de estresse salino nas plantas, no entanto, a resposta foi mais variada de
acordo com o tipo de água. A partir das equações de regressão ajustadas verificaram-se os
maiores valores as doses 8,7 e 10,3 mL kg-1 de sementes, com 37,3 e 33,4 g planta-1 nas
condições de ausência e presença de estresse salino, respectivamente. Apesar de ter havido
menores valores nas plantas sob estresse salino, verificou-se que estas apresentaram maior
ganho de MST com aplicação de bioestimulante ao comparar os valores máximos com
obtidos com a ausência de bioestimulante (0 mL kg-1), obtendo-se aumento de 8,4 %, nas na
ausência de estresse salino, e 52,4% nas plantas irrigadas com água de maior salinidade
(Figura 1D).
Estes resultados demonstram que o uso de bioestimulante pode ser uma ferramenta
importante para ser utilizada na cultura do milho submetido ao estresse salino, pois possibilita
aumento na taxa fotossintética das plantas, diferindo dos resultados obtidos por OLIVEIRA et
al. (2014), em que não o uso de água salina inibiu o efeito do biorregulador.
CONCLUSÕES
O uso de água salina reduziu todas as variáveis de crescimento analisadas e
independentemente do uso de bioestimulante.
O tratamento de sementes com bioestimulante com doses variando de 10 a 15 mL kg-1
de sementes estimulou o crescimento das plantas mesmo sob estresse salino, mas não inibiu o
efeito da salinidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DOURADO NETO, D.; DARIO, G. J. A.; BARBIERI, A. P. P.; MARTIN, T. N. Ação de
bioestimulante no desempenho agronômico de milho e feijão. Bioscience Journal, v. 30, p.
371-379, 2014.
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MÜLLER, T. M. Inoculação de Azospirillum brasilense associada a níveis crescentes de
adubação nitrogenada e o uso de bioestimulante vegetal na cultura do milho. 97 p.
Guarapuava. Universidade Estadual do Centro-Oeste, Unicentro. Dissertação mestrado em
Agronomia.
OLIVEIRA, F. A.; MEDEIROS, J. F.; OLIVEIRA, M. K. T.; LIMA, C. J. G. S.; ALMEIDA
JÚNIOR, A. B.; AMÂNCIO, M. G. Desenvolvimento inicial do milho pipoca irrigado com
água de diferentes níveis de salinidade. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, v.4, n.2,
p.149-155, 2009.
OLIVEIRA, F. A.; ALVES, R. C.; BEZERRA, F. M. S.; LIMA, L. A.; CAVALCANTE, A.
L. G.; MEDEIROS, J. F. Interação entre salinidade e bioestimulante no desenvolvimento
inicial do pinhão manso. Irriga, Botucatu, v. 19, n. 4, p. 694-704, 2014 694.
VIEIRA, E. L.; SANTOS, C. M. G. Efeito de bioestimulante no crescimento e
desenvolvimento inicial de plantas de algodoeiro. Magistra, Cruz das Almas, v. 17, n. 3, p.
124-130, 2005.
A.
Sem estresse
B.
Com estresse
Sem estresse
12
8
y (■) = 0,109x + 11,35
R² = 0,976
4
8
y (■) = -0,014x 2 + 0,286x + 8,874
R² = 0,906
4
y (□) = -0,108x + 10,52
R² = 0,815
y (□) = 11,08
0
0
0
5
10
15
20
0
Doses de Bioestimulante (mL kg-1 sementes)
C.
Sem estresse
Com estresse
5
10
15
20
Doses de Bioestimulante (mL kg-1 sementes)
D.
Média
600
Sem estresse
Com estresse
40
Massa seca total (g planta-1)
Área foliar (cm2 planta-1)
Com estresse
12
Número de folhas
Diâmetro do colmo (mm)
16
500
400
300
y (∆)
200
= 0,717x 2
- 16,11x + 487,0
R² = 0,952
100
0
30
y (■) = -0,040x 2 + 0,679x + 34,4
R² = 0,975
20
y (□) = -0,109x 2 + 2,240x + 21,95
R² = 0,999
10
0
0
5
10
15
20
Doses de Bioestimulante (mL kg-1 sementes)
0
5
10
15
20
Doses de Bioestimulante (mL kg-1 sementes)
Figura 1. Diâmetro o colmo (A), altura (B), área foliar (C) e massa seca total (D) em plantas
de milho doce submetidas a doses de bioestimulante, com e sem estresse salino
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