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Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 A UTILIZAÇÃO DE ESPAÇOS EDUCATIVOS NÃO FORMAIS NA CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTOS – UMA EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL Flávia Nessrala Nascimento (Instituto Federal do Espírito Santo - IFES); Antonio Donizetti Sgarbi (Instituto Federal do Espírito Santo - IFES); Kleber Roldi (Instituto Federal do Espírito Santo - IFES). RESUMO A utilização dos espaços não formais de educação contribui para a construção contextualizada dos conhecimentos à medida que o aluno tem a oportunidade de investigar e problematizar situações. A turma do 9º ano do Ensino Fundamental da EMEIF Maria Luiza Flores participou no ano de 2013 de um projeto intitulado “Conhecendo os Ecossistemas do Espírito Santo”. Além das quatro aulas de campo abordando os principais ecossistemas da região, também foram realizados debates e exibição de documentários sobre os biomas brasileiros. Ao final do projeto,os alunos montaram uma mostra cultural sobre o assunto e responderam um questionário. Através desses instrumentos avaliativos percebe-se que eles se apropriaram de conceitos relativos à educação ambiental de forma crítica. Palavras-chave: espaço não formal, ecossistemas, construção do conhecimento INTRODUÇÃO Na pedagogia tradicional, o homem é visto como um receptor passivo que, ao adquirir certas informações, pode repeti-la a outros que ainda não as possuem. Nessa perspectiva, a educação é entendida como instrução, caracterizada pela transmissão de conhecimentos realizada exclusivamente por intermédio da ação da escola. Nesse modelo, a presença do professor, detentor de todo o conhecimento, é indispensável e as avaliações são exatamente a reprodução dos conteúdos comunicados em sala de aula. De acordo com as abordagens do processo ensino-aprendizagem apresentadas por Mizukami (1986), a educação tradicional é pautada em uma relação vertical entre professor e aluno e na transmissão mecânica de conhecimentos. Todavia, essa tendência já não atende mais às necessidades da educação da sociedade atual, na qual o aluno possui diversas formas de construir novos conhecimentos e buscar informações e, muitas vezes, possui maior habilidade em manipular ferramentas que o próprio professor, haja vista o avanço das novas tecnologias educacionais. 2130 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 A abordagem sociocultural da educação, por outro lado, considera o homem como sujeito da aprendizagem, inserido em um contexto histórico. Essa tendência defende a horizontalidade na relação entre professor e aluno,que a elaboração do conhecimento esteja ligada ao processo de conscientização, promovendo uma reflexão constante sobre o meio de vida do homem. Nessa perspectiva, o processo educativo apresenta características próprias no sentido de ser ativo, comprometido com o desenvolvimento social, cultural e histórico, destacando constantemente o diálogo crítico (MIZUKAMI, 1896). Fiel a essa concepção buscamos em Morin (2004) a compreensão de complexidade e de transversalidade, na medida em que tais reflexões dialogam com a proposta de educação crítica. Desta perspectiva, pensar educação é pensar também nos fatores sociais, econômicos, culturais e históricos do contexto, permitindo uma visão holística dos processosde ensino e aprendizagem. Reflexões assim se aproximam das ideias de uma educação ambiental crítica proposta por Carvalho (2006), para quem a formação do indivíduo só faz sentido se pensada em relação com o mundo em que vive,pelo qual é responsável. Buscando a superação de uma educação ambiental ingênua, que considera apenas o estudo e a preservação do ambiente por ele mesmo, a educação ambiental crítica promove uma discussão socioambiental na qual fatores culturais, sociais, políticos e históricos estão envolvidos e se apresentam de forma interdependente. Pensar a complexidade na educação significa, pois, pensar em diversos fatores que formam o sujeito, bem como olhar os conteúdos a partir do movimento tecnológico e científico. Para essa finalidade, são muito úteis os espaços não formais, institucionalizados, ou não, os quais vêm ao encontro da perspectiva de complexidade. Esses espaços não podem permanecer ausentes ou desvinculados dos processos de ensino e aprendizagem, mas devem fazer parte dele de forma planejada, sistemática e articulada (POZO; CRESPO, 2009). Isso significa que as aulas de campo não devem ser vistas como um passeio ou uma atividade recreativa, mas como atividades intencionais na qual se busca a construção de conhecimentos científicos e a formação política e cidadã dos estudantes. De acordo com Gohn (2010), A educação não formal é um processo sociopolítico, cultural e pedagógico de formação para a cidadania, entendendo o político como formação do indivíduo para interagir com o outro em sociedade. Ela designa um conjunto de práticas socioculturais de aprendizagem e produção de saberes, que envolve organizações/instituições, atividades, meios e formas variadas, assim como uma multiplicidade de programas e projetos sociais. (GOHN, p. 33, 2010) 2131 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 A importância dos espaços não formais ampliou-se de maneira paralela ao desenvolvimento científico e tecnológico da humanidade e à decorrente necessidade de alfabetizar cientificamente os diversos estratos sociais (MARANDINO; SELLES; FERREIRA, 2009). Além dos muros da escola os alunos têm a oportunidade de visualizar a teoria dentro da prática, ou seja, a práxis educativa. A utilização desses espaços também induz a motivação para a construção do conhecimento e o estímulo da curiosidade dos discentes, bem como a construção efetiva de conhecimentos contextualizados. É por meio do trabalho de campo que o aluno consegue visualizar a teoria dentro da prática e, ainda, dentro do dia a dia (SILVA, SILVA; VAREJÃO, 2010). Na tentativa de classificar os espaços não formais de educação buscamos referencial em Jacobucci (2008) quando diz que espaço não formal é qualquer espaço diferente da escola onde possa ocorrer uma ação educativa. Ainda segundo esta autora, os espaços de educação não formal podem ser classificados da seguinte forma: locais que são instituições e locais que não são instituições. Instituições são os espaços regulamentados e que possuem equipe técnica responsável pelas atividades, por exemplo, museus, parques ecológicos, planetários, aquários, dentre outros. Já os que não são instituições não possuem estruturação institucional, são ambientes naturais ou urbanos temos, por exemplo, praias, lagoa, rios, praça, cinema, ruas dentre outros. Sendo assim, os ambientes naturais se configuram como espaço não formal podendo ser institucionalizados ou não. Segundo Silva, Silva e Varejão (2010) o ensino não permite a desconexão com o conjunto de matérias. O aluno percebe através de sua curiosidade que os conteúdos estão dentro da mesma rede e que o estudo não possui neutralidade. A aula de campo permite transformar o aluno em investigador, um ser ativo no processo de ensino aprendizagem e não um mero espectador e receptor de informações prontas. O uso de espaços não formais de ensino pelo ensino formal vem há algum tempo chamando atenção de educadores e pesquisadores de diversas áreas de educação (AMADO et al, 2012), pois favorece a conexão entre teoria e prática, cotidiano e aprendizagem, sujeito e objeto. CONTEXTUALIZANDO A Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental (EMEIF) Maria Luiza Flores está localizada no município de Anchieta, no sul do estado do Espírito Santo, na localidade de Mãe Bá. Essa comunidade é vizinha de uma grande empresa de mineração,sendo habitada, em grande parte, por trabalhadores diretos e terceirizados ou 2132 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 prestadores de serviço da referida empresa. É uma comunidade formada em sua maioriapor cidadãos da classe média a baixa. A escola funciona no turno matutino atendendo aproximadamente 160 alunos do ensino fundamental I (5° ano) e II (6° ao 9° ano), no vespertino, a alunos do ensino fundamental I (1° ao 5° ano) e no turno noturno, jovens e adultos no ensino fundamental II (6° ao 9° ano). No início do ano letivo de 2013 foi proposto um projeto denominado “Conhecendo os ecossistemas do Espírito Santo” com a finalidade de estudar mais profundamente os ecossistemas de restinga, praia, laguna e manguezal, formações associadas ao bioma Mata Atlântica, predominante no Estado. O projeto foi realizado, inicialmente com 17 alunos do 9° ano do turno matutino, mas por motivo de transferências e remanejamentos, finalizou com 14 alunos participantes. É interessante ressaltar que grande parte desses alunos nunca tinham ido a locais mais distantes do município de Anchieta, como Vitória, a capital do Estado. Desta forma, além dos conhecimentos científicos e ecológicos desenvolvidos, é importante ressaltar o desenvolvimento da autoestima e do conhecimento geral que pode ser proporcionado em aulas de campo. Para a efetivação do projeto, várias ações foram realizadas, de acordo com a sequência didática da tabela 1: aulas dialogadas e expositivas sobre os biomas brasileiros, documentários sobre os biomas do Brasil e sobre a lógica consumista do capitalismo vigente e aulas de campo em cinco espaços de educação não formal do Estado, contemplando os ecossistemas supracitados, a saber: Museu de Biologia Professor Mello Leitão, localizado no município de Santa Teresa, com enfoque na Mata Atlântica; Parque Municipal Morro da Pescaria, localizado no município de Guarapari, com enfoque nos ecossistemas de restinga, Mata Atlântica de encosta e ecossistema marinho; Parque Municipal Morro da Fonte Grande e Escola da Ciência Biologia e História, ambos localizados no município de Vitória contemplando os ecossistemas de Mata Atlântica de encosta e Manguezal e por fim, Parque Estadual Paulo César Vinha, localizado no município de Guarapari.contemplando os ecossistemas de restinga, laguna e praia. Segundo Marandino, Selles e Ferreira (2009), a visita a vários ecossistemas, ambientes e habitats específicos de determinados organismos pode oferecer um contato mais direto com esse conhecimento, além de proporcionar melhor entendimento dos procedimentos utilizados para a compreensão do ambiente natural. Desta forma, as aulas de campo proporcionam maior contato do aluno com o ambiente desmitificando a ideia de natureza com função apenas 2133 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 utilitarista, mostrada de forma irreal pelos livros didáticos, ou de natureza como um local assustador, berço de criaturas ruins, como evidenciada em alguns contos infantis, que ainda permeiam o imaginário de adolescentes. O PROJETO Ao ser apresentado aos alunos e à direção da escola, iniciaram-se as práticas pedagógicas em forma de sequência didática (tabela 1). Iniciamos, em duas aulas, discussão sobre os biomas brasileiros (Floresta Amazônica, Cerrado, Pantanal, Caatinga, Mata dos Cocais, Mata Atlântica, Campo Sulinos, Mata das Araucárias) e sobre o modo de vida da sociedade atual que consome recursos naturais a uma velocidade acima da capacidade de regeneração dos ambientes. Outras três aulas foram utilizadas para essa discussão inicial e para apresentação dos documentários. Em seguida, iniciamos as aulas decampo. A primeira ocorreu no dia 13 de julho de 2013 no Museu de Biologia Mello Leitão. Os alunos gostaram muito da experiência, conheceram as contribuições de Augusto Ruschi para a preservação da Mata Atlântica e para a biodiversidade de espécies animais e vegetais. Nessa aula, foi interessante notar as experiências sensoriais dos alunos. Eles observaram os beija flores de perto e várias espécimes de animais vivos e taxidermizados. “Professora, sente como o ar é puro, estou respirando até mais devagar” (Gustavo, 14 anos); “Aqui a temperatura é diferente da nossa cidade” (Robert, 14 anos)dentre outras frases sobre os hábitos dos animais e sobre o ar da cidade foram proferidas pelos discentes. A segunda aula de campo foi realizada no município de Guarapari, no Parque Municipal Morro da Pescaria. Apesar da pequena distância entre as duas cidades (26 km) nenhum aluno conhecia o espaço. Eles realizaram a trilha com o auxílio de um biólogo que foi explicando a dinâmica do parque, além de informações sobre biodiversidade, importância da Mata Atlântica, diferenças entre os ambientes terrestres e aquáticos, bioindicadores, dentre outros assuntos. Muitos alunos afirmaram que iriam retornar com seus familiares ao local, evidenciando uma das contribuições da aula de campo, que é fazer com que o aluno conheça o ambiente e leve as informações para seus amigos e familiares socializando o conhecimento construído e colaborando para a divulgação científica em outros locais, além do ambiente escolar. Nessa aula, os alunos deveriam apontar as ações e/ou modificações antrópicas no ambiente. A presença do calçamento na trilha, os deques para visualização de praias e o lixo na trilha e na praia foram algumas alterações apontadas pelos alunos. 2134 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 A terceira aula de campo realizou-se no dia 19 de outubro no Parque Municipal Morro da Fonte Grande e na Escola da Ciência – Biologia e História ambos em Vitória. Nesses locais, foram abordados conceitos de mata atlântica de encosta, manguezal e ocupação urbana. Mais uma vez, foi interessante observar o aspecto sensorial dos alunos, pois, durante essa aula, o tempo estava nublado e chuvoso proporcionando uma sensação diferenciada dentro da trilha. Em determinado local um aluno proferiu: “professora parece que estamos nas nuvens” (Ruan, 13 anos). Nessa aula os alunos puderam perceber com mais nitidez a preocupante ocupação desordenada do ambiente urbano, onde são construídas moradias em locais irregulares causando prejuízo não só ao meio ambiente, mas também à população de modo geral, devido às enchentes e desmoronamentos mais frequentes atualmente. A quarta e última aula de campo foi realizada em Guarapari, no Parque Estadual Paulo César Vinha (PEPCV), no dia 03 de dezembro de 2013,ambiente em que encontramos os ecossistemas de restinga, laguna e ambiente marinho e costeiro. A biodiversidade dessas formações, bem como os conflitos socioambientais, a história do biólogo Paulo César Vinha e as destruições provocadas atualmente por queimadas e retiradas de espécies nativas foram abordados. Apesar de a trilha ser um pouco cansativa e extensa para a maioria dos alunos que não estavam acostumados a realizar caminhadas, provocando algumas reclamações, principalmente sobre o calor muito forte no dia da atividade, todos os alunos realizaram a trilha com entusiasmo e conseguiram comparar os ambientes estudados durante todo o projeto, diferenciando-os em relação ao tipo de vegetação, fauna, temperatura, sensação térmica e localização. Segundo Pozo e Crespo (2009), essas pequenas pesquisas são úteis para estabelecer conexões entre conceitos teóricos e suas aplicações práticas, enquanto ajudam na transferência dos conhecimentos escolares para contextos mais cotidianos. Desta forma, em atividades envolvendoaulas de campo em espaços não formais de ensino, os alunos observam na prática os conceitos demonstrados em sala de aula e modificam seus conteúdos prévios e cotidianos para um saber elaborado e científico. Trata-se da passagem do senso comum para o senso científico. Para concluir a sequência didática, elaboramos uma pequena mostra cultural e avaliamos os estudantes de forma processual através da participação nas aulas na escola e nos espaços não formais de ensino. Ao final de cada aula de campo, os alunos escreveram relatório individual sobre as características dos locais e as impressões e aprendizagens que obtiveram em campo. Ao término das atividades, no mês de dezembro, os alunos responderam a um questionário proposto por Araújo e outros. (2012),composto por duas 2135 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 perguntas. A primeira com 14 afirmativas, nas quais os alunos tinham que julgar se as mesmas eram verdadeiras ou falsas; e, a segunda questão,que solicitava aos alunos a definição de ambiente em três palavras. A aplicação do questionário teve como objetivo avaliar a construção dos conhecimentos acerca dos ecossistemas e das relações antrópicas com o ambiente, dentre outros conceitos relacionados à ecologia. Através do percentual de acerto das respostas, percebemos que alguns conceitos foram bem apreendidos pelos estudantes sendo que, ao final do projeto, a maioria deles foi capaz de perceber a importância da biodiversidade do bioma mata atlântica, as principais ações que podem causar prejuízos aos ambientes, a relação entre alteração das propriedades do ambiente com a consequente ação direta na segurança e equilíbrio do ecossistema, o processo histórico que gerou perda da biodiversidade local e regional do bioma e, principalmente, puderam reconhecer que o ser humano também faz parte desse ambiente, interage, modifica e é modificado constantemente pelo meio. Em relação à pergunta número dois, as palavras mais citadas que se referem ao ambiente na visão dos alunos foram: fauna, flora, local (espaço) onde vivemos, destruição, importante e preservação. Através dessas respostas percebe-se que os alunos compreendem a importância do ambiente equilibrado para a conservação das espécies e entendem que apesar dos esforços relativamente recentes para conservar a escassa área de mata atlântica que ainda resta no Espírito Santo, existem áreas que ainda sofrem degradação, principalmente por questões econômicas como especulação imobiliária, agricultura, pecuária e plantação de monoculturas como eucalipto e café. A mostra cultural contou com imagens colhidas nas aulas de campo e com alguns relatórios produzidos pelos alunos. Esteve exposta por uma semana para toda comunidade escolar. Tabela 1: Sequencia didática para disciplina de Ciências Sequência Didática para a disciplina de Ciências – Projeto Conhecendo os Ecossistemas do Espírito Santo Título: Sequencia didática para fomentação das discussões sobre ecossistemas Problematização Por que os ecossistemas possuem características distintas? Objetivos Gerais Discutir sobreos ecossistemas do nosso estado focando nas diferenças da fauna, flora e características físico-químicas de cada um bem como os impactos antrópicos no ambiente. Conteúdos e métodos Aula Objetivos Específicos Conteúdos Dinâmicas 1 Discutir sobre o modo de Procedimentais M1 – Exibição do documentário “A vida predominantemente Atitudinais História das Coisas”. M2 - Discussão consumista da sociedade sobre o documentário e assuntos atual. relacionados: extração de recursos, reutilização e reciclagem, bens de 2136 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 2 3 4 5 6 7 8 9 Conhecer as características biológicas e físico-químicas dos biomas brasileiros Aprofundar os conhecimentos sobre os biomas, visualizando suas principais características. Aprofundar os conhecimentos sobre os biomas visualizando suas principais características. Compreender as características biológicas e físico-químicas da Mata Atlântica; Conhecer a história e contribuições de Augusto Ruschi para a preservação de espécies. Observar e aprofundar os conhecimentos sobre os ecossistemas Mata Atlântica de Encosta e ambiente marinho. Identificar alterações antrópicas no ambiente. Conhecer sobre os ecossistemas de Manguezal e Mata Atlântica de encosta. Discutir a respeito da ocupação urbana no espaço geográfico e da importância sócio-cultural-econômica do Manguezal. Reconhecer as características da restinga, laguna e ambiente costeiro; Diferenciar e comparar as características de todos os ecossistemas visitados; Identificar as contribuições do biólogo Paulo César Vinha; caracterizar os principais conflitos existentes no local. Sistematizar e organizar os conhecimentos adquiridos; Conceituais Conceituais Procedimentais Conceituais Procedimentais V Enebio e II Erebio Regional 1 consumo, exclusão social. M3 – Aula expositiva dialogada sobre os biomas brasileiros. M4 – Exibição de reportagens do programa Globo Repórter, da emissora de TV Rede Globo sobre os biomas brasileiros. M4 – Continuação da exibição dos documentários. Conceituais Procedimentais Atitudinais M5 – Aula de campo no Museu de Biologia Mello Leitão. Conceituais Procedimentais Atitudinais M6 – Aula de campo no Parque Municipal Morro da Pescaria. Conceituais Procedimentais Atitudinais M7– Aula de campo no Parque Municipal Morro da Fonte Grande e na Escola da Ciência – Biologia e História. Conceituais Procedimentais Atitudinais M8 – Aula de campo no Parque Estadual Paulo César Vinha. Conceituais M9 – Debate sobre as aulas de campo, Procedimentais preparação dos trabalhos para a mostra Atidudinais cultural e aplicação do questionário. Mostra cultural: Será realizada uma mostra cultural com os temas abordados nas aulas teóricas e nas aulas de campo. Pais e membros da comunidade serão convidados a participarem do evento. Avaliação A avaliação acontecerá de forma processual através da participação nos debates na sala de aula, na participação nas aulas de campo e entrega dos relatórios referentes às mesmas, resposta do questionário e na produção dos trabalhos para a mostra cultural Referencial Vídeo 1 –Documentário “A História das Coisas” http://www.youtube.com/watch?v=7qFiGMSnNjw bibliográfico Vídeo 2 –Documentário do Globo Repórter: Serra da Bodoquena. Série: Brasil Selvagem. Vídeo 3 - Documentário do Globo Repórter: Amazônia Selvagem. Série: Brasil Selvagem. 2137 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 Vídeo 4 - Documentário do Globo Repórter: Ilhas de Noé. Série: Brasil Selvagem. Bibliografia consultada BRASIL, Ministério da Educação e do Meio Ambiente. Consumo sustentável: manual da educação. Brasília. 2005. BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Mata Atlântica. Disponível em: http://www.mma.gov.br/biomas/mata-atlantica. UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA. Biomas do Brasil, um mundo de biodiversidade. 2012. Disponível em: http://www.biomasdobrasil.com/. CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com Gohn (2010), a educação não formal é um campo que vem se consolidando desde as últimas décadas do século XX. Apesar das dificuldades enfrentadas para arealização desta em espaços não formais, como falta de transporte nas escolas públicas, obstáculos na organização da escola para a saída dos alunos e dos professores e questões relacionadas à autorização dos pais/responsáveis, no que tange à permissão para a saída do aluno do ambiente escolar, é significativo perceber, a cada retorno, como os discentes passam a se interessar pelos conteúdosescolares como um todo, conseguindoestabelecer relações, com mais facilidade, entre os conteúdos teóricos e os práticos. Ademais, é evidente a construção de subjetividades como fortalecimento da identidade, oportunidade de outras vivências psíquicas e construção de crenças e valoresalém da ampliação dos laços de solidariedade entre os alunos. As quatro aulas de campo realizadas com os alunos do 9º ano da EMEIF Maria Luiza Flores, além dos debates e aulas dialogadas realizadas na escola, proporcionaram a construção dos conhecimentos de forma ativa, por meio da qual os alunos deixaram de ser mero expectadorese passaram a participar ativamente do processo de ensino-aprendizagem, interagindo com o ambiente, com os monitores dos locais e com os professores, investigando as questões levantadas em sala de aula e nos locais visitados. Essa construção do conhecimento pode ser confirmada por intermédio da participação dos estudantes durante as aulas e da aplicação do questionário final, no qual os índices de acerto foram altos para questões relacionadas à biodiversidade, à importância da conservação,aos malefícios dos desequilíbrios ambientais e ao reconhecimento do ser humano como parte integrante e fator de modificação do ambiente natural. Dialogando com Morin (2002), o conhecimento das informações ou dados isolados é insuficiente, exigindo-nos situar as informações no seu contexto para que tomem sentido. Desta forma, em todas as aulas de campo, procuramos abordar não apenas o aspecto biológico 2138 SBEnBio - Associação Brasileira de Ensino de Biologia Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1 das formações dos ecossistemas, mas também aspectos sociais, econômicos, culturais e históricos do entorno, potencializando a formação de uma cidadania socioambiental. REFERÊNCIAS AMADO, Manuella Villar; CAZAROTO, Rafaela Barreto; ALENCAR, Isabel de Conte Carvalho. Educação ambiental: legislação e considerações sobre sua pratica em espaço não formal de ensino. In: LEITE, Sidnei Quezada Meireles. Práticas experimentais investigativas em ensino de ciências. Vitória: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, 2012. ARAÚJO, Brenda Odete Pfeifer; JÚNIOR, Carlos Alberto da Silva; FERREIRA, Edilson Trancoso; COELHO, Jania Barcellos; BUBACH, Betânia Zardin; CRAVALHO, Ábia; ALENCAR, Isabel de Conte Carvalho. O uso de fotografia para o estudo da biodiversidade e identificação dos impactos ambientais antrópicos. In: LEITE, Sidnei Quezada Meireles. Práticas experimentais investigativas em ensino de ciências. Vitória: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, 2012. CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2006. GOHN, Maria da Glória. 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