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Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
A UTILIZAÇÃO DE ESPAÇOS EDUCATIVOS NÃO FORMAIS NA CONSTRUÇÃO
DE CONHECIMENTOS – UMA EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DO ENSINO
FUNDAMENTAL
Flávia Nessrala Nascimento (Instituto Federal do Espírito Santo - IFES); Antonio Donizetti
Sgarbi (Instituto Federal do Espírito Santo - IFES); Kleber Roldi (Instituto Federal do Espírito
Santo - IFES).
RESUMO
A utilização dos espaços não formais de educação contribui para a construção contextualizada
dos conhecimentos à medida que o aluno tem a oportunidade de investigar e problematizar
situações. A turma do 9º ano do Ensino Fundamental da EMEIF Maria Luiza Flores
participou no ano de 2013 de um projeto intitulado “Conhecendo os Ecossistemas do Espírito
Santo”. Além das quatro aulas de campo abordando os principais ecossistemas da região,
também foram realizados debates e exibição de documentários sobre os biomas brasileiros.
Ao final do projeto,os alunos montaram uma mostra cultural sobre o assunto e responderam
um questionário. Através desses instrumentos avaliativos percebe-se que eles se apropriaram
de conceitos relativos à educação ambiental de forma crítica.
Palavras-chave: espaço não formal, ecossistemas, construção do conhecimento
INTRODUÇÃO
Na pedagogia tradicional, o homem é visto como um receptor passivo que, ao adquirir
certas informações, pode repeti-la a outros que ainda não as possuem. Nessa perspectiva, a
educação é entendida como instrução, caracterizada pela transmissão de conhecimentos
realizada exclusivamente por intermédio da ação da escola. Nesse modelo, a presença do
professor, detentor de todo o conhecimento, é indispensável e as avaliações são exatamente a
reprodução dos conteúdos comunicados em sala de aula.
De acordo com as abordagens do processo ensino-aprendizagem apresentadas por
Mizukami (1986), a educação tradicional é pautada em uma relação vertical entre professor e
aluno e na transmissão mecânica de conhecimentos. Todavia, essa tendência já não atende
mais às necessidades da educação da sociedade atual, na qual o aluno possui diversas formas
de construir novos conhecimentos e buscar informações e, muitas vezes, possui maior
habilidade em manipular ferramentas que o próprio professor, haja vista o avanço das novas
tecnologias educacionais.
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A abordagem sociocultural da educação, por outro lado, considera o homem como
sujeito da aprendizagem, inserido em um contexto histórico. Essa tendência defende a
horizontalidade na relação entre professor e aluno,que a elaboração do conhecimento esteja
ligada ao processo de conscientização, promovendo uma reflexão constante sobre o meio de
vida do homem. Nessa perspectiva, o processo educativo apresenta características próprias no
sentido de ser ativo, comprometido com o desenvolvimento social, cultural e histórico,
destacando constantemente o diálogo crítico (MIZUKAMI, 1896).
Fiel a essa concepção buscamos em Morin (2004) a compreensão de complexidade e
de transversalidade, na medida em que tais reflexões dialogam com a proposta de educação
crítica. Desta perspectiva, pensar educação é pensar também nos fatores sociais, econômicos,
culturais e históricos do contexto, permitindo uma visão holística dos processosde ensino e
aprendizagem. Reflexões assim se aproximam das ideias de uma educação ambiental crítica
proposta por Carvalho (2006), para quem a formação do indivíduo só faz sentido se pensada
em relação com o mundo em que vive,pelo qual é responsável. Buscando a superação de uma
educação ambiental ingênua, que considera apenas o estudo e a preservação do ambiente por
ele mesmo, a educação ambiental crítica promove uma discussão socioambiental na qual
fatores culturais, sociais, políticos e históricos estão envolvidos e se apresentam de forma
interdependente.
Pensar a complexidade na educação significa, pois, pensar em diversos fatores que
formam o sujeito, bem como olhar os conteúdos a partir do movimento tecnológico e
científico. Para essa finalidade, são muito úteis os espaços não formais, institucionalizados, ou
não, os quais vêm ao encontro da perspectiva de complexidade. Esses espaços não podem
permanecer ausentes ou desvinculados dos processos de ensino e aprendizagem, mas devem
fazer parte dele de forma planejada, sistemática e articulada (POZO; CRESPO, 2009). Isso
significa que as aulas de campo não devem ser vistas como um passeio ou uma atividade
recreativa, mas como atividades intencionais na qual se busca a construção de conhecimentos
científicos e a formação política e cidadã dos estudantes. De acordo com Gohn (2010),
A educação não formal é um processo sociopolítico, cultural e
pedagógico de formação para a cidadania, entendendo o político como
formação do indivíduo para interagir com o outro em sociedade. Ela
designa um conjunto de práticas socioculturais de aprendizagem e
produção de saberes, que envolve organizações/instituições,
atividades, meios e formas variadas, assim como uma multiplicidade
de programas e projetos sociais. (GOHN, p. 33, 2010)
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A importância dos espaços não formais ampliou-se de maneira paralela ao desenvolvimento
científico e tecnológico da humanidade e à decorrente necessidade de alfabetizar
cientificamente os diversos estratos sociais (MARANDINO; SELLES; FERREIRA, 2009).
Além dos muros da escola os alunos têm a oportunidade de visualizar a teoria dentro da
prática, ou seja, a práxis educativa. A utilização desses espaços também induz a motivação
para a construção do conhecimento e o estímulo da curiosidade dos discentes, bem como a
construção efetiva de conhecimentos contextualizados. É por meio do trabalho de campo que
o aluno consegue visualizar a teoria dentro da prática e, ainda, dentro do dia a dia (SILVA,
SILVA; VAREJÃO, 2010). Na tentativa de classificar os espaços não formais de educação
buscamos referencial em Jacobucci (2008) quando diz que espaço não formal é qualquer
espaço diferente da escola onde possa ocorrer uma ação educativa. Ainda segundo esta autora,
os espaços de educação não formal podem ser classificados da seguinte forma: locais que são
instituições e locais que não são instituições. Instituições são os espaços regulamentados e que
possuem equipe técnica responsável pelas atividades, por exemplo, museus, parques
ecológicos, planetários, aquários, dentre outros. Já os que não são instituições não possuem
estruturação institucional, são ambientes naturais ou urbanos temos, por exemplo, praias,
lagoa, rios, praça, cinema, ruas dentre outros. Sendo assim, os ambientes naturais se
configuram como espaço não formal podendo ser institucionalizados ou não.
Segundo Silva, Silva e Varejão (2010) o ensino não permite a desconexão com o
conjunto de matérias. O aluno percebe através de sua curiosidade que os conteúdos estão
dentro da mesma rede e que o estudo não possui neutralidade. A aula de campo permite
transformar o aluno em investigador, um ser ativo no processo de ensino aprendizagem e não
um mero espectador e receptor de informações prontas.
O uso de espaços não formais de ensino pelo ensino formal vem há algum tempo
chamando atenção de educadores e pesquisadores de diversas áreas de educação (AMADO et
al, 2012), pois favorece a conexão entre teoria e prática, cotidiano e aprendizagem, sujeito e
objeto.
CONTEXTUALIZANDO
A Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental (EMEIF) Maria Luiza
Flores está localizada no município de Anchieta, no sul do estado do Espírito Santo, na
localidade de Mãe Bá. Essa comunidade é vizinha de uma grande empresa de
mineração,sendo habitada, em grande parte, por trabalhadores diretos e terceirizados ou
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prestadores de serviço da referida empresa. É uma comunidade formada em sua maioriapor
cidadãos da classe média a baixa.
A escola funciona no turno matutino atendendo aproximadamente 160 alunos do
ensino fundamental I (5° ano) e II (6° ao 9° ano), no vespertino, a alunos do ensino
fundamental I (1° ao 5° ano) e no turno noturno, jovens e adultos no ensino fundamental II
(6° ao 9° ano).
No início do ano letivo de 2013 foi proposto um projeto denominado “Conhecendo os
ecossistemas do Espírito Santo” com a finalidade de estudar mais profundamente os
ecossistemas de restinga, praia, laguna e manguezal, formações associadas ao bioma Mata
Atlântica, predominante no Estado.
O projeto foi realizado, inicialmente com 17 alunos do 9° ano do turno matutino, mas
por motivo de transferências e remanejamentos, finalizou com 14 alunos participantes. É
interessante ressaltar que grande parte desses alunos nunca tinham ido a locais mais distantes
do município de Anchieta, como Vitória, a capital do Estado. Desta forma, além dos
conhecimentos
científicos
e
ecológicos
desenvolvidos,
é
importante
ressaltar
o
desenvolvimento da autoestima e do conhecimento geral que pode ser proporcionado em
aulas de campo.
Para a efetivação do projeto, várias ações foram realizadas, de acordo com a sequência
didática da tabela 1: aulas dialogadas e expositivas sobre os biomas brasileiros,
documentários sobre os biomas do Brasil e sobre a lógica consumista do capitalismo vigente e
aulas de campo em cinco espaços de educação não formal do Estado, contemplando os
ecossistemas supracitados, a saber: Museu de Biologia Professor Mello Leitão, localizado no
município de Santa Teresa, com enfoque na Mata Atlântica; Parque Municipal Morro da
Pescaria, localizado no município de Guarapari, com enfoque nos ecossistemas de restinga,
Mata Atlântica de encosta e ecossistema marinho; Parque Municipal Morro da Fonte Grande
e Escola da Ciência Biologia e História, ambos localizados no município de Vitória
contemplando os ecossistemas de Mata Atlântica de encosta e Manguezal e por fim, Parque
Estadual Paulo César Vinha, localizado no município de Guarapari.contemplando os
ecossistemas de restinga, laguna e praia.
Segundo Marandino, Selles e Ferreira (2009), a visita a vários ecossistemas, ambientes
e habitats específicos de determinados organismos pode oferecer um contato mais direto com
esse conhecimento, além de proporcionar melhor entendimento dos procedimentos utilizados
para a compreensão do ambiente natural. Desta forma, as aulas de campo proporcionam maior
contato do aluno com o ambiente desmitificando a ideia de natureza com função apenas
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utilitarista, mostrada de forma irreal pelos livros didáticos, ou de natureza como um local
assustador, berço de criaturas ruins, como evidenciada em alguns contos infantis, que ainda
permeiam o imaginário de adolescentes.
O PROJETO
Ao ser apresentado aos alunos e à direção da escola, iniciaram-se as práticas
pedagógicas em forma de sequência didática (tabela 1). Iniciamos, em duas aulas, discussão
sobre os biomas brasileiros (Floresta Amazônica, Cerrado, Pantanal, Caatinga, Mata dos
Cocais, Mata Atlântica, Campo Sulinos, Mata das Araucárias) e sobre o modo de vida da
sociedade atual que consome recursos naturais a uma velocidade acima da capacidade de
regeneração dos ambientes. Outras três aulas foram utilizadas para essa discussão inicial e
para apresentação dos documentários.
Em seguida, iniciamos as aulas decampo. A primeira ocorreu no dia 13 de julho de
2013 no Museu de Biologia Mello Leitão. Os alunos gostaram muito da experiência,
conheceram as contribuições de Augusto Ruschi para a preservação da Mata Atlântica e para
a biodiversidade de espécies animais e vegetais. Nessa aula, foi interessante notar as
experiências sensoriais dos alunos. Eles observaram os beija flores de perto e várias
espécimes de animais vivos e taxidermizados. “Professora, sente como o ar é puro, estou
respirando até mais devagar” (Gustavo, 14 anos); “Aqui a temperatura é diferente da nossa
cidade” (Robert, 14 anos)dentre outras frases sobre os hábitos dos animais e sobre o ar da
cidade foram proferidas pelos discentes.
A segunda aula de campo foi realizada no município de Guarapari, no Parque
Municipal Morro da Pescaria. Apesar da pequena distância entre as duas cidades (26 km)
nenhum aluno conhecia o espaço. Eles realizaram a trilha com o auxílio de um biólogo que
foi explicando a dinâmica do parque, além de informações sobre biodiversidade, importância
da Mata Atlântica, diferenças entre os ambientes terrestres e aquáticos, bioindicadores, dentre
outros assuntos. Muitos alunos afirmaram que iriam retornar com seus familiares ao local,
evidenciando uma das contribuições da aula de campo, que é fazer com que o aluno conheça o
ambiente e leve as informações para seus amigos e familiares socializando o conhecimento
construído e colaborando para a divulgação científica em outros locais, além do ambiente
escolar.
Nessa aula, os alunos deveriam apontar as ações e/ou modificações antrópicas no
ambiente. A presença do calçamento na trilha, os deques para visualização de praias e o lixo
na trilha e na praia foram algumas alterações apontadas pelos alunos.
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A terceira aula de campo realizou-se no dia 19 de outubro no Parque Municipal Morro
da Fonte Grande e na Escola da Ciência – Biologia e História ambos em Vitória. Nesses
locais, foram abordados conceitos de mata atlântica de encosta, manguezal e ocupação
urbana. Mais uma vez, foi interessante observar o aspecto sensorial dos alunos, pois, durante
essa aula, o tempo estava nublado e chuvoso proporcionando uma sensação diferenciada
dentro da trilha. Em determinado local um aluno proferiu: “professora parece que estamos nas
nuvens” (Ruan, 13 anos). Nessa aula os alunos puderam perceber com mais nitidez a
preocupante ocupação desordenada do ambiente urbano, onde são construídas moradias em
locais irregulares causando prejuízo não só ao meio ambiente, mas também à população de
modo geral, devido às enchentes e desmoronamentos mais frequentes atualmente.
A quarta e última aula de campo foi realizada em Guarapari, no Parque Estadual Paulo
César Vinha (PEPCV), no dia 03 de dezembro de 2013,ambiente em que encontramos os
ecossistemas de restinga, laguna e ambiente marinho e costeiro. A biodiversidade dessas
formações, bem como os conflitos socioambientais, a história do biólogo Paulo César Vinha e
as destruições provocadas atualmente por queimadas e retiradas de espécies nativas foram
abordados. Apesar de a trilha ser um pouco cansativa e extensa para a maioria dos alunos que
não estavam acostumados a realizar caminhadas, provocando algumas reclamações,
principalmente sobre o calor muito forte no dia da atividade, todos os alunos realizaram a
trilha com entusiasmo e conseguiram comparar os ambientes estudados durante todo o
projeto, diferenciando-os em relação ao tipo de vegetação, fauna, temperatura, sensação
térmica e localização.
Segundo Pozo e Crespo (2009), essas pequenas pesquisas são úteis para estabelecer
conexões entre conceitos teóricos e suas aplicações práticas, enquanto ajudam na
transferência dos conhecimentos escolares para contextos mais cotidianos. Desta forma, em
atividades envolvendoaulas de campo em espaços não formais de ensino, os alunos observam
na prática os conceitos demonstrados em sala de aula e modificam seus conteúdos prévios e
cotidianos para um saber elaborado e científico. Trata-se da passagem do senso comum para o
senso científico.
Para concluir a sequência didática, elaboramos uma pequena mostra cultural e
avaliamos os estudantes de forma processual através da participação nas aulas na escola e nos
espaços não formais de ensino. Ao final de cada aula de campo, os alunos escreveram
relatório individual sobre as características dos locais e as impressões e aprendizagens que
obtiveram em campo. Ao término das atividades, no mês de dezembro, os alunos
responderam a um questionário proposto por Araújo e outros. (2012),composto por duas
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perguntas. A primeira com 14 afirmativas, nas quais os alunos tinham que julgar se as
mesmas eram verdadeiras ou falsas; e, a segunda questão,que solicitava aos alunos a definição
de ambiente em três palavras.
A aplicação do questionário teve como objetivo avaliar a construção dos
conhecimentos acerca dos ecossistemas e das relações antrópicas com o ambiente, dentre
outros conceitos relacionados à ecologia.
Através do percentual de acerto das respostas, percebemos que alguns conceitos foram
bem apreendidos pelos estudantes sendo que, ao final do projeto, a maioria deles foi capaz de
perceber a importância da biodiversidade do bioma mata atlântica, as principais ações que
podem causar prejuízos aos ambientes, a relação entre alteração das propriedades do ambiente
com a consequente ação direta na segurança e equilíbrio do ecossistema, o processo histórico
que gerou perda da biodiversidade local e regional do bioma e, principalmente, puderam
reconhecer que o ser humano também faz parte desse ambiente, interage, modifica e é
modificado constantemente pelo meio.
Em relação à pergunta número dois, as palavras mais citadas que se referem ao
ambiente na visão dos alunos foram: fauna, flora, local (espaço) onde vivemos, destruição,
importante e preservação. Através dessas respostas percebe-se que os alunos compreendem a
importância do ambiente equilibrado para a conservação das espécies e entendem que apesar
dos esforços relativamente recentes para conservar a escassa área de mata atlântica que ainda
resta no Espírito Santo, existem áreas que ainda sofrem degradação, principalmente por
questões econômicas como especulação imobiliária, agricultura, pecuária e plantação de
monoculturas como eucalipto e café. A mostra cultural contou com imagens colhidas nas
aulas de campo e com alguns relatórios produzidos pelos alunos. Esteve exposta por uma
semana para toda comunidade escolar.
Tabela 1: Sequencia didática para disciplina de Ciências
Sequência Didática para a disciplina de Ciências – Projeto Conhecendo os Ecossistemas do Espírito Santo
Título:
Sequencia didática para fomentação das discussões sobre ecossistemas
Problematização
Por que os ecossistemas possuem características distintas?
Objetivos Gerais
Discutir sobreos ecossistemas do nosso estado focando nas diferenças da fauna,
flora e características físico-químicas de cada um bem como os impactos
antrópicos no ambiente.
Conteúdos e métodos
Aula
Objetivos Específicos
Conteúdos
Dinâmicas
1
Discutir sobre o modo de Procedimentais
M1 – Exibição do documentário “A
vida
predominantemente Atitudinais
História das Coisas”. M2 - Discussão
consumista da sociedade
sobre o documentário e assuntos
atual.
relacionados: extração de recursos,
reutilização e reciclagem, bens de
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Conhecer as características
biológicas e físico-químicas
dos biomas brasileiros
Aprofundar
os
conhecimentos sobre os
biomas, visualizando suas
principais características.
Aprofundar
os
conhecimentos sobre os
biomas visualizando suas
principais características.
Compreender
as
características biológicas e
físico-químicas da Mata
Atlântica;
Conhecer a história e
contribuições de Augusto
Ruschi para a preservação de
espécies.
Observar e aprofundar os
conhecimentos sobre os
ecossistemas Mata Atlântica
de Encosta e ambiente
marinho.
Identificar
alterações
antrópicas no ambiente.
Conhecer
sobre
os
ecossistemas de Manguezal
e Mata Atlântica de encosta.
Discutir a respeito da
ocupação urbana no espaço
geográfico e da importância
sócio-cultural-econômica do
Manguezal.
Reconhecer
as
características da restinga,
laguna e ambiente costeiro;
Diferenciar e comparar as
características de todos os
ecossistemas
visitados;
Identificar as contribuições
do biólogo Paulo César
Vinha;
caracterizar
os
principais
conflitos
existentes no local.
Sistematizar e organizar os
conhecimentos adquiridos;
Conceituais
Conceituais
Procedimentais
Conceituais
Procedimentais
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consumo, exclusão social.
M3 – Aula expositiva dialogada sobre
os biomas brasileiros.
M4 – Exibição de reportagens do
programa Globo Repórter, da emissora
de TV Rede Globo sobre os biomas
brasileiros.
M4 – Continuação da exibição dos
documentários.
Conceituais
Procedimentais
Atitudinais
M5 – Aula de campo no Museu de
Biologia Mello Leitão.
Conceituais
Procedimentais
Atitudinais
M6 – Aula de campo no Parque
Municipal Morro da Pescaria.
Conceituais
Procedimentais
Atitudinais
M7– Aula de campo no Parque
Municipal Morro da Fonte Grande e na
Escola da Ciência – Biologia e
História.
Conceituais
Procedimentais
Atitudinais
M8 – Aula de campo no Parque
Estadual Paulo César Vinha.
Conceituais
M9 – Debate sobre as aulas de campo,
Procedimentais
preparação dos trabalhos para a mostra
Atidudinais
cultural e aplicação do questionário.
Mostra cultural: Será realizada uma mostra cultural com os temas abordados nas aulas teóricas e nas aulas
de campo. Pais e membros da comunidade serão convidados a participarem do evento.
Avaliação
A avaliação acontecerá de forma processual através da participação nos debates na sala
de aula, na participação nas aulas de campo e entrega dos relatórios referentes às
mesmas, resposta do questionário e na produção dos trabalhos para a mostra cultural
Referencial
Vídeo 1 –Documentário “A História das Coisas”
http://www.youtube.com/watch?v=7qFiGMSnNjw
bibliográfico
Vídeo 2 –Documentário do Globo Repórter: Serra da Bodoquena. Série: Brasil
Selvagem.
Vídeo 3 - Documentário do Globo Repórter: Amazônia Selvagem. Série: Brasil
Selvagem.
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Vídeo 4 - Documentário do Globo Repórter: Ilhas de Noé. Série: Brasil Selvagem.
Bibliografia
consultada
BRASIL, Ministério da Educação e do Meio Ambiente. Consumo sustentável:
manual da educação. Brasília. 2005.
BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Mata Atlântica. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/biomas/mata-atlantica.
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA. Biomas do Brasil, um mundo de biodiversidade.
2012. Disponível em: http://www.biomasdobrasil.com/.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com Gohn (2010), a educação não formal é um campo que vem se
consolidando desde as últimas décadas do século XX. Apesar das dificuldades enfrentadas
para arealização desta em espaços não formais, como falta de transporte nas escolas públicas,
obstáculos na organização da escola para a saída dos alunos e dos professores e questões
relacionadas à autorização dos pais/responsáveis, no que tange à permissão para a saída do
aluno do ambiente escolar, é significativo perceber, a cada retorno, como os discentes passam
a se interessar pelos conteúdosescolares como um todo, conseguindoestabelecer relações, com
mais facilidade, entre os conteúdos teóricos e os práticos. Ademais, é evidente a construção
de subjetividades como fortalecimento da identidade, oportunidade de outras vivências
psíquicas e construção de crenças e valoresalém da ampliação dos laços de solidariedade entre
os alunos.
As quatro aulas de campo realizadas com os alunos do 9º ano da EMEIF Maria Luiza
Flores, além dos debates e aulas dialogadas realizadas na escola, proporcionaram a construção
dos conhecimentos de forma ativa, por meio da qual os alunos deixaram de ser mero
expectadorese passaram a participar ativamente do processo de ensino-aprendizagem,
interagindo com o ambiente, com os monitores dos locais e com os professores, investigando
as questões levantadas em sala de aula e nos locais visitados.
Essa construção do conhecimento pode ser confirmada por intermédio da participação
dos estudantes durante as aulas e da aplicação do questionário final, no qual os índices de
acerto foram altos para questões relacionadas à biodiversidade, à importância da
conservação,aos malefícios dos desequilíbrios ambientais e ao reconhecimento do ser humano
como parte integrante e fator de modificação do ambiente natural.
Dialogando com Morin (2002), o conhecimento das informações ou dados isolados é
insuficiente, exigindo-nos situar as informações no seu contexto para que tomem sentido.
Desta forma, em todas as aulas de campo, procuramos abordar não apenas o aspecto biológico
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das formações dos ecossistemas, mas também aspectos sociais, econômicos, culturais e
históricos do entorno, potencializando a formação de uma cidadania socioambiental.
REFERÊNCIAS
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formal de ensino. In: LEITE, Sidnei Quezada Meireles. Práticas experimentais
investigativas em ensino de ciências. Vitória: Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Espírito Santo, 2012.
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Trancoso; COELHO, Jania Barcellos; BUBACH, Betânia Zardin; CRAVALHO, Ábia;
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identificação dos impactos ambientais antrópicos. In: LEITE, Sidnei Quezada Meireles.
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MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo:
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