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Revista de Iniciação Científica da Libertas - ISSN 2238-782X
A Revista de Iniciação Científica da Libertas-Faculdades Integradas é um espaço de
publicação e divulgação de pesquisas realizadas em áreas correlatas aos cursos de
graduação mantidos pela Instituição. Tem o propósito de demonstrar à comunidade
acadêmica resultados e contribuições em âmbito de iniciação científica, proporcionando a
interação entre corpo docente e discente. O corpo editorial é composto por professores da
Libertas.
Periodicidade: Semestral
Cursos de graduação da Libertas - Faculdades Integradas
Mantenedora: Fundação Educacional Comunitária de São Sebastião do Paraíso (FECOM)
Endereço Postal:
Departamento de Pesquisa e Extensão
Libertas - Faculdades Integradas
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São Sebastião do Paraíso - MG CEP: 37.950-000
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Conselho Editorial:
Prof. Me. Alysson Alexander Naves Silva
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Prof. Dr. Darlan Einstein do Livramento
Prof. Me. Olney Bruno da Silveira Junior
Profa. Esp. Stefânia Aparecida Belute Queiroz
Profa. Ma. Stephanie Duarte Esteban
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APRESENTAÇÃO
É com muita satisfação que lançamos o segundo número do quinto volume da Revista
de Iniciação Científica da Libertas. Este volume conta com publicações dos Trabalhos de
Curso dos alunos concluintes da Libertas – Faculdades Integradas que se destacaram dentro
de cada curso no ano de 2015.
A Revista de Iniciação Científica da Libertas é um espaço de publicação e divulgação
de pesquisas realizadas nos cursos de graduação da instituição. Tendo um conselho editorial
formado por professores Libertas, a Revista prima por pesquisas diferenciadas e profundas,
aptas a contribuir para a formação dos acadêmicos nos cursos de graduação, assim como dos
egressos e demais profissionais da área.
O presente volume conta com publicações relevantes dentro da área de conhecimento
dos cursos de graduação, e se espera contribuir através dele para o debate acadêmico.
São Sebastião do Paraíso, 22 de agosto de 2016.
Conselho editorial.
SUMÁRIO
Estudo de caso: uma análise do comportamento do consumidor que freqüenta
uma estância balneária no distrito de Termópolis-MG
Alexandre Augusto Costa Alves, Flávio Aparecido Paulino e Stephanie Duarte
5
Estéban
Administração de materiais – estudo de caso do processo de estocagem da
empresa Medtronic
27
Thais Braghini Silva e Tânia Mara Pinto de Sousa
Instrumentos de análise financeira utilizados na concessão de crédito: um estudo
de caso voltado aos métodos adotados pelas cooperativas Sicoob e a relevância do
valor justo no momento da liberação do crédito ao produtor rural
45
Daiane Patrícia da Silva Jonas, Dayane Paiva de Andrade Pereira e Marisse
Dizaró Bonfim
Planejamento e controle financeiro: Dificuldades encontradas nas micro e
pequenas empresas do setor farmacêutico, de São Sebastião do Paraíso-MG
Dayane Vieira de Paula, Marina Elisa Soares Pedroso e Vilma Vieira Mião
66
Oliveira
Desenvolvimento de um sistema para organização de currículos
Jonathan Henrique Jeremias Souza e Fernando Roberto Proença
Técnicas de uso privativo da Internet
Weder Eduardo Pedro e Dorival Moreira Machado Junior
Reflexões acerca do Lúpus Eritematoso Sistêmico e gravidez: uma revisão
bibliográfica
Fernanda Sousa Dias, Mariana Gondim Mariutti Zeferino e Denize Alves de
84
102
120
Almeida
Depressão: Ponto de vista e conhecimento de enfermeiros do Programa Saúde da
Família de São Sebastião do Paraíso
Rafael Amorim Ferreira, Walisete de Almeida Godinho Rosa, Vanessa Luzia
Queiroz Silva, Denize Alves de Almeida e Iácara Santos Barbosa Oliveira
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Estudo de caso: uma análise do comportamento do consumidor que frequenta uma estância
balneária no distrito de Termópolis-MG
ALVES, A. A. C.; PAULINO, F. A.; ESTÉBAN, S. D. (2015)
ESTUDO DE CASO: UMA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DO
CONSUMIDOR QUE FREQUENTA UMA ESTÂNCIA BALNEÁRIA NO
DISTRITO DE TERMÓPOLIS-MG
Alexandre Augusto Costa Alves
Bacharel em Administração
Flávio Aparecido Paulino
Bacharel em Administração
Stephanie Duarte Estéban1
Mestre em Administração
RESUMO
Este artigo analisou o comportamento do consumidor turista que frequenta o Hotel
Termópolis, uma estância balneária no distrito homônimo, município de São Sebastião
do Paraíso - MG. O objetivo do presente estudo é compreender o que leva o consumidor
a tomar a decisão de escolher tal estância para frequentar. Para tanto, serão analisados
os fatores que influenciaram a tomada de decisão do consumidor, e ainda, se os serviços
oferecidos pela estância tem alguma influência. A presente pesquisa se justifica por ser
um assunto pertinente e pelo fato de existirem trabalhos semelhantes sobre estâncias,
porém em outros municípios mineiros. Dessa maneira, a pesquisa tem como propósito
contribuir para o estudo do comportamento do consumidor. A metodologia utilizada é
uma pesquisa de caráter qualitativo, com aplicação de uma entrevista semiestruturada, a
fim de apresentar dados resultantes identificando os fatores que influenciam no
planejamento e tomada de decisão dos consumidores, podendo ser: fatores culturais,
sociais, pessoais e psicológicos. A partir da análise dos dados, nota-se que a maioria dos
clientes são famílias, que possuem nível de escolaridade superior e estão em busca de
descanso e sossego.
Palavras-chave: comportamento do consumidor. turismo. estância balneária.
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ISSN 2238-782X.
São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.2, dez. 2015
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Estudo de caso: uma análise do comportamento do consumidor que frequenta uma estância
balneária no distrito de Termópolis-MG
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1 INTRODUÇÃO
A presente pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de analisar o
comportamento do consumidor turista que frequenta uma estância balneária localizada
no distrito de Termópolis, município de São Sebastião do Paraíso, Minas Gerais, bem
como identificar os motivos que influenciaram e levaram o consumidor a escolher tal
lugar como destino turístico.
A história sobre a existência da estância balneária Hotel Termópolis está
disponível em seu site oficial, o qual classifica a estância como um marco em lazer,
turismo e saúde. A estância é procurada por um público interessado em suas águas
termais minerais, não só pelos seus banhos de imersão à 30ºC, mas também por suas
ações terapêuticas no tratamento de diversas doenças como Reumatismo, Distúrbios
Gastrointestinais, Cálculos Renais, Eczemas, dentre outras.
Em entrevista com o gerente geral da estância, podemos notar que o maior atrativo
da estância balneária é o ambiente de fazenda. Inaugurado em 1921, o local mantém os
casarões, inclusive móveis rústicos e alguns objetos antigos como relógios de parede e
máquinas de costura. Uma pequena capela também foi levantada com as características de
séculos passados. Para caracterizar ainda mais o ambiente, a estância oferece passeios a
cavalo e de charrete. Outro atrativo é a ordenha, onde os hóspedes levantam bem cedo para
retirar e tomar o leite diretamente da vaca.
A estância possui diversos poços artesianos que juntos têm uma vazão de 400 mil
litros por hora e que é responsável por abastecer e renovar sete banheiras de imersão e cinco
piscinas, isentando a água de qualquer tratamento químico, conforme descrito no site do
Hotel Termópolis (2015).
O comportamento do consumidor estimula a curiosidade das empresas em
conhecer o perfil dos seus clientes e se faz presente em toda e qualquer sociedade.
Logo, Solomon (2011) acredita que conhecer a maneira como o consumidor reage a
determinadas situações de compra é de importância incontestável para o desempenho
empresarial.
No processo de compra de um bem ou serviço, são diversos os aspectos
relacionados à decisão de compra do consumidor. Geralmente a tomada de decisão de
compra está relacionada a uma resposta a partir de um estímulo inicial. As decisões de
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compra de um consumidor estão diretamente relacionadas às características do
comprador, aos estímulos existentes e a seus processos de decisão (KOTLER, 2000).
O conhecimento desses fatores para a organização proporciona estratégias de
negócio que visam entender, antecipar e administrar as necessidades dos clientes atuais
e potenciais de uma organização, bem como melhorar ou lançar produtos e serviços,
determinar preços, projetar canais, elaborar mensagens e desenvolver outras atividades
de marketing.
Kotler e Keller (2006) entendem que o marketing integra todo o conjunto de
atividades de planejamento, concepção e concretização, que visa à satisfação das
necessidades dos clientes, presentes e futuros, através de produtos e serviços existentes
ou novos.
Para Barbosa e Campbell (2006), o consumo vem ocupar um lugar central em
nossas vidas, uma vez que muitas atividades do cotidiano geralmente estão relacionadas
ao ato de consumir, tendo em vista que para muitos está relacionado com uma forma
prazerosa de preencher obrigações sociais. Muitos procuram suprir essas necessidades
comprando alguma roupa ou aparelho eletrônico, já outros saem pra algum lugar
diferente, em busca de experiências novas.
O indivíduo sofre influências por vários grupos, os mais importantes são os
grupos de cultura, subculturas e classes sociais, sendo os grupos de referência da pessoa
e a família, que influenciam o comportamento ao oferecer mensagens diretas e indiretas
sobre as atividades específicas (CHURCHILL e PETER, 2000).
Para Kotler e Keller (2006) o comportamento do consumidor pode ser
influenciado por diversos fatores dos quais podem ser citados: os culturais, sociais,
pessoais e psicológicos, sendo que os fatores culturais geralmente exercem maiores
influências.
O comportamento do consumidor consiste na procura por bens e serviços, com
os quais mantém uma relação, principalmente com relação aos fatores culturais, que
simulam as expectativas individuais sobre determinados produtos ou serviços. Os
costumes dos consumidores estão relacionados com sua renda, sua atividade
profissional, os tipos de lazer. Estes fatores são essenciais ao analisarmos o
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comportamento do consumidor, pois traduzem sua aceitação de estilos, sua resistência,
seus costumes e hábitos de consumo (KOTLER, 1998).
Ao se observar o comportamento do consumidor em turismo, nos mais diversos
ramos de atividades ligadas diretamente, pode-se perceber que não existe um padrão de
consumo, um modelo a ser seguido ou mesmo influenciado somente por uma estratégia
promocional, mas representa a união de distintos fatores sociais e psicológicos que o
fazem eleger um determinado produto e preferir outro.
O turismo é caracterizado pelo deslocamento no espaço (próximo ou distante) de
grupos de pessoas ou indivíduos que, a partir do tempo livre, irão usufruir momentos de
lazer e de divertimento. Na definição da OMT (Organização Mundial do Turismo), o
turismo pode ser entendido como um “deslocamento voluntário e temporário do homem
para fora de sua residência habitual, por uma razão diferente que a de exercer uma
atividade remunerada”.
Segundo Cobra (2001), o turismo é um estimulador do consumo, sendo assim, é
importante conhecer seus fatores comportamentais, suas necessidades, suas influências,
suas limitações, para assim minimizar erros que possam desagradar o cliente, pois um
cliente satisfeito volta a comprar uma hospedagem, uma viagem, ou simplesmente uma
nova visita à cidade, enquanto que um cliente insatisfeito passa a falar mal dos serviços
oferecidos para outras pessoas.
Com base no exposto, o presente artigo tem por problema de pesquisa: O que
leva o consumidor a frequentar a estância balneária Hotel Termópolis? Para solucionar
este problema de pesquisa, os objetivos específicos abordaram e pontuaram as
características do consumidor, além de identificar os motivos e os fatores que
influenciam e levam os consumidores a buscarem tal estância balneária como destino
turístico.
A metodologia utilizada para desenvolver esse trabalho acadêmico foi um estudo
de caso com aplicação de uma pesquisa de caráter qualitativo com aplicação de uma
entrevista semi-estruturada com os gerentes do empreendimento, funcionários,
visitantes e hóspedes, visando assim, identificar dados relevantes à pesquisa, em relação
ao comportamento do consumidor que frequenta a estância balneária no distrito de
Termópolis-MG.
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O presente artigo se justifica pelo fato de que o estudo do comportamento do
consumidor é muito complexo e se torna de grande importância para que as
organizações possam entender e compreender as necessidades e os desejos dos
consumidores, podendo assim atendê-las da melhor forma possível. Atualmente, o
cliente deve estar posicionado no topo da organização, para que seja observado por
todos os níveis desde o operacional, passando pelo intermediário até chegar ao nível
estratégico.
Por esta razão, a análise e o entendimento do comportamento dos consumidores
que formam o mercado onde se localiza a empresa, é fundamental para que os objetivos
sejam alcançados. Justifica-se ainda a importância desse trabalho para o meio
acadêmico, por ampliar os estudos na área do comportamento do consumidor.
Na seção 2 será abordado o referencial teórico onde será possível compreender o
significado de marketing, os fatores que influenciam o processo de decisão de compra
do consumidor e o que é turismo.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Conceito de marketing
Nesta seção o marketing é conceituado bem como o comportamento do
consumidor e o turismo.
Marketing é a função empresarial que identifica necessidades e desejos
insatisfeitos, define e mede o potencial de rentabilidade desse mercado insatisfeito,
especifica e selecionam quais serão os mercados-alvo atendidos pela empresa, decide
sobre produtos, serviços e programas adequados para servir a esses mercados
selecionados e estabelece ações organizacionais para que todos os envolvidos possam
pensar no cliente e atender ao cliente (KOTLER e KELLER, 2006).
Visto que o marketing é uma função que se dedica a identificar necessidades do
mercado e criar oportunidades de mercado, então, é uma função cada vez mais
estratégica para as empresas. Em um cenário como o atual, de profundas
transformações, ou as empresas se modernizam e pensam estrategicamente ou estão
fadadas ao fracasso. Portanto, é preciso desenvolver novas ações organizacionais, a fim
de atender os desejos e necessidades dos clientes.
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Desta forma o marketing em geral não pode ser visto apenas como o ato da
compra e venda, deve ser entendido como sendo a satisfação da necessidade dos
clientes, pois a venda e propaganda fazem parte do “mix do marketing” que Swarbrooke
e Horner (2002) entendem como as variáveis que as organizações podem transformar
para satisfazer as exigências dos clientes, tanto a curto ou longo prazo.
Solomon (2011) afirma que os profissionais de marketing podem dispor das
informações sobre os estilos de vida das pessoas para então alinhar seus produtos e
serviços a eles, explorando o potencial que esse segmento de estilos próprio pode
proporcionar a empresa.
É fato que existem diversos meios de influenciar o comportamento de compra do
consumidor, sabe-se também que essas influências são diferentes para cada tipo de
produto e mercado-alvo. Portanto, é impossível levar em consideração as inúmeras
possibilidades de cada situação, mas existem os chamados princípios comportamentais
gerais, ou modelos, que são utilizados para um maior conhecimento sobre os mercadosalvos específicos.
Fazer marketing significa satisfazer as necessidades e os desejos dos clientes,
para isso deve observar o comportamento do consumidor e procurar entender os
motivos que levam os consumidores a comprarem determinados tipos de produtos, com
isso os profissionais de marketing estudam os pensamentos, necessidades e sentimentos
dos consumidores, e a influencia sobre eles que determinam as mudanças de opiniões
durante a compra (CHURCHILL e PETER, 2000).
2.2 Comportamento do Consumidor
Segundo Rennó (2009), em função da evolução constante da competitividade
nos mercados e da concorrência acelerada, cresce a importância de monitorar os valores,
gostos e desejos dos consumidores. Além disso, considerando a preocupação das
empresas em conhecer motivações e identificar novos nichos de mercado, o final da
década de 1960 foi marcado pelo surgimento dos estudos sobre o comportamento do
consumidor, que passou a ser considerado um importante campo a ser explorado e uma
estratégia indispensável na construção do planejamento de marketing das empresas
(RENNÓ, 2009, p. 16).
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Schiffman e Kanuk (2009) ressaltam que o comportamento do consumidor faz
parte de um vasto campo de pesquisas representado pela sociedade como um todo. Este
aspecto pode ser observado em setores diversos, como nas organizações, nos costumes
adotados em muitos países e nos resultados de pesquisas realizadas por estudiosos do
comportamento humano, especialmente no que se refere aos clientes e seus hábitos de
compra.
Na visão de Solomon (2011) o comportamento do consumidor é uma sequência
ordenada e ininterrupta de ações que molda as pessoas de acordo com as experiências
que ela vivencia no decorrer de sua vida.
Solomon (2011) refere-se ao comportamento do consumidor da seguinte forma:
O comportamento do consumidor abrange uma ampla área: é o estudo dos
processos envolvidos quando indivíduos ou grupos selecionam, compram,
usam ou descartam produtos, serviços, ideias ou experiências para satisfazer
necessidades e desejos. (SOLOMON, 2011, p. 33).
Churchill e Peter (2000) dizem que muitos fatores interferem no comportamento
do consumidor, não apenas os produtos que os clientes elegem, mas qual processo eles
utilizam para chegar a uma decisão.
Para atender e satisfazer às necessidades e aos desejos dos consumidores tornase fundamental conhecer o seu comportamento de compra, e os principais fatores que
influenciam no processo de tomada de decisão de compra do consumidor (KOTLER, e
Keller, 2006).
2.3 Principais Fatores que Influenciam o Processo de Decisão de Compra do
Consumidor
Solomon (2011) considera que uma das principais características do estudo do
comportamento do consumidor é o fato de que os consumidores muitas vezes adquirem
produtos mais pelo que significam do que por causa das utilidades que possui, tendo em
vista que as características básicas de determinado produto deixam de representar um
fator importante, no sentido de estimular ou não a compra pelo cliente. Assim, é
importante a compreensão do comportamento do consumidor, tendo em vista que o
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mesmo não é conhecedor de seus motivos mais profundos ou daquilo que pode
influenciá-lo na opção por um produto ou serviço. Esta compreensão ocorre mais
facilmente através dos fatores, culturais, sociais, pessoais e psicológicos.
Kotler e Keller (2006) afirmam que tanto as empresas quanto os profissionais de
marketing devem ter um conhecimento aprofundado sobre o comportamento do
consumidor e seus aspectos influenciadores na hora da decisão de compra. Os autores
apontam quatro fatores determinantes, são eles: pessoais, sociais, culturais e
psicológicos.
2.3.1 Fatores Pessoais
Segundo Schiffman e Kanuk (2009), a personalidade de uma pessoa é
constituída pelas características individuais que a separam das outras. Tais
características representam fatores que influenciam o consumidor em seus hábitos de
compra e sua identificação permite às empresas colocar seus produtos de maneira mais
eficaz em determinados mercados.
Kotler e Armstrong (2008, p. 125) destacam que "o ato de comprar é moldado
também pelo estágio do ciclo de vida da família, estágios pelos quais as famílias passam
à medida que seus membros amadurecem". Assim, dentre os muitos fatores que
influenciam o comportamento de compra do consumidor, o convívio familiar surge
como aquele que contribui mais diretamente para a decisão de compra, em função da
convivência direta entre as pessoas.
Kotler e Keller (2006) afirmam que o consumidor escolhe e faz uso das marcas
cuja personalidade é coerente com a sua autoimagem. Entretanto, muitas vezes essa
personalidade é correspondente ao modo como essa pessoa gostaria de se ver e não
como os outros a veem.
2.3.2 Fatores Sociais
Kotler e Keller (2006) afirmam que outro fator indispensável ao estudo do
comportamento do consumidor é o fator social que está representado pelos grupos de
referência, família, papel social e status.
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[...] os grupos de referência de uma pessoa são aqueles que exercem alguma
influência direta (face a face) ou indireta sobre atitudes ou comportamento
dessa pessoa. Os grupos que exercem influência direta sobre uma pessoa são
chamados grupos de afinidade. Alguns grupos de afinidade são primários,
como família, amigos, vizinhos e colegas de trabalho, com os quais a pessoa
interage contínua e informalmente. As pessoas também pertencem a grupos
secundários, como grupos religiosos e profissionais e associações de classe,
que normalmente são formais e exigem menor interação contínua (KOTLER;
KELLER, 2006, p. 185).
Solomon (2011) mostra que as pessoas são induzidas a compartilhar dos mesmos
conceitos e definições dos seus grupos. Percebe-se então o quanto as pessoas são
influenciadas pelo meio em que estão inseridas, buscando o reconhecimento dos que o
cercam.
Schiffman e Kanuk (2009) consideram que a família influencia decisivamente o
comportamento das pessoas, tendo em vista que é a instituição onde o indivíduo se
desenvolve, fazendo parte da formação de sua personalidade, incluindo valores, crenças
e atitudes.
Solomon (2011) faz menção ao ímpeto humano de seguir atitudes de pessoas
que podem ou não fazer parte do seu cotidiano, mas que tenha poder de persuasão
apurado, dispondo de todos os artifícios necessários para induzir a determinados
comportamentos de compra, geralmente aparecem na mídia e são exaltados pelo papel
social e status que possuem, são formadores de opinião e conseguem angariar milhares
de seguidores que almejam fazer parte dos seus grupos, é o caso de atletas que
conseguem vender quantidades exorbitantes de produtos apenas associando seu nome a
marca.
2.3.3 Fatores Culturais
A primeira definição do termo “cultura” é aquela que se refere a todos os
aspectos gerais da realidade social. Para Santos (1994, p. 7), “cultura diz respeito às
maneiras de conceber e organizar a vida social e seus aspectos materiais, o modo de
produzir para garantir a sobrevivência e o modo de ver o mundo”. Por isso, segundo o
autor, ao se discutir sobre cultura, deve-se sempre ter em mente a humanidade em toda a
sua riqueza e multiplicidade de formas de existência.
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Kotler e Keller (2006) ressaltam que a cultura pode ser considerada o principal
fator que determina comportamento e desejos de um consumidor, sendo possível
compreender a grande influência dos hábitos culturais sobre os indivíduos por meio do
entendimento de que a cultura se constitui de subculturas capazes de identificar e
socializar seus componentes, a exemplo das nacionalidades, grupos sociais e religiões.
Para Kotler (1998) a cultura é o determinante fundamental dos desejos e do
comportamento de uma pessoa. Como exemplo a criança em desenvolvimento, que
adquire um conjunto de valores, percepções, preferências e comportamentos por meio
da vida familiar e de outras instituições básicas.
Para Solomon (2011, p. 371) a cultura é “a acumulação de significados, rituais,
normas e tradições compartilhadas entre os membros de uma organização ou
sociedade”. Nesse sentido, o autor ressalta que a mesma pode ser comparada à
personalidade de um contexto social, envolvendo aspectos concretos e subjetivos. Os
aspectos culturais são construídos de geração em geração dentro de uma mesma
sociedade.
O comportamento das pessoas através da cultura influencia a sociedade, a
cultura é um complexo de valores e comportamentos que são usados em comum por
uma sociedade e destinam-se a aumentar sua probabilidade de sobrevivência. Os
indivíduos mostram sua cultura ao afirmar que tem por importante seus costumes e
práticas (CHURCHILL e PETER, 2000).
2.3.4 Fatores psicológicos
Segundo Souza, Farias e Nicoluci (2005), os fatores psicológicos apresentados
por um cliente podem ter importantes significados em seu comportamento de compra.
Assim, fatores como motivação, percepção, aprendizagem e atitudes são muito
importantes para a compreensão dos hábitos de compra de uma pessoa.
O conjunto de fatores psicológicos combinados a determinadas características do
consumidor leva a processos de decisões de compra. O objetivo do profissional de
marketing é compreender o que acontece no consciente desse comprador, entre a
chegada do estímulo externo e a decisão de compra. Há inúmeros fatores psicológicos
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que influenciam na reação do consumidor aos estímulos de marketing, tais como a
motivação, a aprendizagem e a memória (KOTLER e KELLER, 2006).
2.4 Turismo
O turismo surgiu no século XIX, porém foi a partir do século XX, após a
Segunda Guerra Mundial, que de fato cresceu. Seu desenvolvimento ocorreu
principalmente em função do aumento da capacidade de compra, aumento do tempo de
lazer, melhoria dos
meios
de transporte
e das
necessidades
empresariais
(RUSCHMANN, 1999).
De acordo com Kotler (2000), o produto turístico, por sua vez, aparece na
categoria de bens intangíveis ou serviços, pois não pode ser estocado ou transferido
fisicamente.
Entender o motivo que leva uma pessoa a se deslocar de sua cidade, a fazer
turismo, bem como a identificação do tipo de turismo que as pessoas desejam fazer, são
fundamentais para o sucesso e desenvolvimento dos produtos turísticos.
Os serviços turísticos podem ser classificados como: serviços receptivos;
serviços de alimentação; serviços de transporte; serviços públicos; serviços de recreação
e entretenimento. Esses serviços são destinados à satisfação das motivações,
necessidades e preferências do turista (BENI, 2002).
2.4.1 Turismo no Espaço Rural
Atualmente, o turismo no meio rural é uma atividade que ganha espaço nas mais
diversas partes do mundo. Segundo Zimmermann (2002) ele ocorre sob as mais diversas
formas, obtendo índices de crescimento extraordinários. Vai desde modalidades
diretamente envolvidas com a vida agropecuária e a cultura local até empreendimentos
hoteleiros de grande porte, que têm no rural apenas o espaço físico para sua
implantação, sem interação com a realidade local.
Segundo Campanhola e Silva (2000, p. 147):
O turismo no meio rural consiste em atividades de lazer realizadas no meio
rural e abrange várias modalidades definidas com base em seus elementos de
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oferta: turismo rural, turismo ecológico ou ecoturismo, turismo de aventura,
turismo cultural, turismo de negócios, turismo jovem, turismo social, turismo
de saúde e turismo esportivo.
Em uma conceituação mais ampla, pode-se afirmar que o turismo rural consiste
de atividades de lazer realizadas neste ambiente. Este conceito genérico pode englobar,
entre outras, as modalidades do turismo ecológico, o de aventura, o cultural, o de
negócios, o destinado para jovens, o social, o de saúde e o turismo esportivo
(Campanhola e Graziano da Silva, 2000).
3 METODOLOGIA
Para realização desse trabalho foram utilizados pesquisas bibliográficas em
livros e artigos para fundamentação teórica, uma pesquisa de campo em razão da
investigação ter ocorrido dentro da organização (VERGARA, 2007). Em específico,
com os hóspedes da Estância Balneária Hotel Termópolis. A pesquisa é de caráter
qualitativo, com aplicação de uma entrevista semi-estruturada.
A entrevista semi-estruturada foi aplicada aos gerentes do empreendimento,
funcionários, visitantes e hóspedes, visando identificar, dentre outros dados relevantes à
pesquisa, o comportamento do consumidor que frequenta a Estância Balneária no
distrito de Termópolis-MG.
Segundo Triviños (1987), pode-se entender por entrevista semiestruturada, em
geral, aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e
hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de
interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as
respostas do informante. Desta maneira, o informante, seguindo espontaneamente a
linha de seu pensamento e de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo
investigador, começa a participar na elaboração do conteúdo da pesquisa.
Para Manzini (1991), a entrevista semiestruturada está focalizada em um assunto
sobre o qual confeccionamos um roteiro com perguntas principais, complementadas por
outras questões inerentes às circunstâncias momentâneas à entrevista. Para o autor, esse
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tipo de entrevista pode fazer emergir informações de forma mais livre e as respostas não
estão condicionadas a uma padronização de alternativas.
O objetivo é que, ao analisar as respostas obtidas, foi possível descrever o estilo
de vida, como também traçar o processo decisório de consumo de quem decidiu por esta
compra. Tornou-se importante também, traçar o perfil dos consumidores, e assim
descobriu-se fatores que possam ter influenciado no comportamento e nas decisões de
compra do indivíduo ou do grupo.
O tipo de pesquisa foi de campo, um estudo de caso, onde foram realizadas as
entrevistas na Estância Balneária, junto aos hóspedes consumidores, o que permitiu
aplicar o roteiro face a face.
De acordo com Minayo (2010) a pesquisa qualitativa deve ser utilizada para
trabalhos que não sejam necessário procedimento que se submetem a aplicação de
métodos estatísticos para alcançar os resultados esperados.
Para Martins (2008, p.74), “o protocolo é um instrumento orientador e regulador
da condução da estratégia de pesquisa”, momento em que o pesquisador entra em
contato com a situação a ser investigada pra definir o caso, confirmar ou não as questões
iniciais, estabelecer os contatos, localizar os sujeitos e definir os procedimentos e
instrumentos de coleta de dados; a fase de coleta dos dados ou de delimitação do estudo
e a fase de análise sistemática dos dados, traçadas como linhas gerais para condução
desse tipo de pesquisa, podendo ser em algum momento conjugada uma ou mais fases,
ou até mesmo sobrepor em outros, variando de acordo com a necessidade e criatividade
surgidas no desenrolar da pesquisa.
3.1 Amostra
A amostra pode ser caracterizada por acessibilidade ou por conveniência, ou
seja, aquela que prevalece a conveniência do investigador na escolha da amostra.
Segundo Gil (2010), o pesquisador pode optar por meios mais acessíveis, selecionando
elementos que possa justificar o “todo”, representando através destes, informações que
contemplem a maioria, diz ainda que “[...] universo ou população é um conjunto de
elementos que possuem determinadas características [...]” (p. 89).
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Pode-se observar a importância da coleta de dados numa pesquisa científica, já
que sem ela, não existe pesquisa, nem divulgação de informações que poderão
beneficiar uma empresa em todos os seus aspectos e setores que garantirão satisfação e
retorno dos clientes.
Sendo assim, para obtenção de dados foram aplicadas 13 (treze) entrevistas,
divididas em três grupos, sendo o primeiro grupo com a gerência da Estância, o qual
foram entrevistados o gerente geral e a gerente responsável apenas pelo hotel, o segundo
grupo contou com 9 (nove) entrevistas, sendo os consumidores hospedados no hotel e
aqueles que somente usufruíam da área de lazer em um único dia. O terceiro grupo
abrangeu 2 (duas) entrevistas com duas recepcionistas do hotel.
O critério de qualidade utilizado na presente pesquisa foi a descrição clara, rica e
detalhada, que segundo Gidens (2000) é um critério tanto de confiabilidade quanto de
validade.
A clareza nos procedimentos é um critério de confiabilidade que diz respeito à
boa documentação, à transparência e ao detalhamento de exposição dos procedimentos
na busca e na análise dos resultados. O importante é gerar condições para que outros
pesquisadores possam reconstruir o que foi realizado em cenários de pesquisa diferentes
(GIDENS, 2000).
4 ANÁLISE DE DADOS
A análise de dados foi realizada tendo como base, a teórica Kotler e Keller
(2006) que mostra a existência de fatores que influenciam no comportamento de compra
do consumidor. Assim, a partir desses fatores foram criadas as categorias de análise.
Inicialmente foi apresentado o perfil pessoal dos respondentes, em seguida será uma
apresentação das características que definem os aspectos de maior influência sobre a
decisão de compra do consumidor.
Na tabela a seguir, será apresentado o perfil pessoal dos entrevistados da
pesquisa, sendo eles: nome, gênero, profissão, faixa etária, cidade residencial, estado
civil e grau de escolaridade, uma vez que Kotler e Keller (2006) afirmam que há fortes
influências entre fatores pessoais e a decisão de compra.
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Nomes
Entrevistados
Entrevistado 1
Gênero
Profissão
Masculino Gerente
Comercial
Entrevistada 2
Feminino Medica
Entrevistada 3
Feminino Aposentada
Entrevistado 4
Masculino Empresário
Entrevistada 5
Feminino Psicóloga
Entrevistado 6
Masculino Engenheiro
Entrevistada 7
Feminino Recepcionista
Entrevistado 8
Masculino Mecânico
Entrevistado 9
Masculino Medico
Tabela 1 – Perfil dos entrevistados.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Faixa
etária
35
Cidade
Estado
civil
Ribeirão Preto-SP Casado
Escolaridade
36
60
60
23
27
26
23
50
Ribeirão Preto-SP
Cravinhos-SP
Guarulhos-SP
Ribeirão Preto-SP
Ribeirão Preto-SP
S.S. do Paraiso
S.S. do Paraiso
Ribeirão Preto-SP
Superior Completo
Médio Completo
Superior Incompleto
Superior Completo
Superior Completo
Superior Incompleto
Médio Completo
Superior Completo
Casado
Casado
Casado
Solteiro
Solteiro
Casado
Casado
Casado
Superior Completo
Verifica-se que 78% dos entrevistados são casados. Sendo que a maioria dos
clientes possui faixa etária superior a 30 anos, observa-se então que a empresa atende
um público mais maduro.
O conhecimento da idade de seus clientes é essencial para a empresa, pois como
afirma Kotler e Keller (2006) o gosto das pessoas varia conforme a sua idade, pois elas
passam a comprar diferentes artigos e mudam os seus padrões de acordo com o ciclo de
vida.
É possível observar que a maioria dos consumidores da estância possui nível
superior completo, totalizando 67 % dos entrevistados. Nesse contexto Kotler e Keller
(2006) mostram que o nível de educação influi no estilo de vida e nos gostos pessoais,
com isso é notório a participação do grau de educação no processo de compra, pois as
pessoas de diferentes níveis educacionais têm preferências distintas por produtos e
serviços.
Um dado importante que pôde ser verificado é que a maioria dos clientes da
estância balneária tem domicílio em cidades do interior de São Paulo. Isso pode
acontecer devido ao número de cidades mineiras que oferecem também esse turismo
rural de águas termais, como Poços de Caldas, por exemplo. Uma implicação
mercadológica é que a comunicação do Hotel Termópolis deve focar principalmente no
público das cidades do interior do estado de São Paulo e nem tanto para os possíveis
clientes das cidades mineiras aos arredores, visto que esses clientes ficam somente uma
diária.
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Solomon (2011) mostra que quando o cliente entra em uma empresa ele busca
no mínimo ser bem atendido, mesmo que não vá com a intenção de comprar ele acaba
sendo influenciado pelo bom atendimento a efetuar a compra mesmo que não haja a
necessidade do produto.
Há vários critérios que exercem certa influência na decisão de compra de um
consumidor, um deles é o preço. Kotler e Keller (2006) acreditam que, apesar da
qualidade dos produtos ser um fator altamente influenciador na decisão de compra de
um consumidor, a grande maioria ainda prefere optar por produtos com o menor preço.
Todos os entrevistados acharam o preço cobrado pela diária bom, tendo em vista a
grande variedade de atrativos oferecidos pela estância.
Observando o nível de satisfação dos clientes em relação ao atendimento e aos
serviços prestados pela estância, todos os entrevistados elogiaram e classificam como
ótimo.
A Entrevistada 3 que reside em Cravinhos-SP, diz que frequenta a estância a
mais de 35 anos, em média duas vezes ao ano, diz ela: " Eu tinha o costume de vir aqui
com minha filha que era criança, hoje em dia a minha filha frequenta com minha neta ".
Em relação aos motivos que influenciaram a tomada de decisão dos
consumidores para frequentar a estância balneária, foi possível identificar que todos os
entrevistados estavam à procura de descanso e sossego, procurando sair da rotina do dia
a dia. Esse é um dado de grande relevância, pois nas entrevistas com os gerentes, os
mesmos afirmaram que o principal atrativo da estância balneária são as águas curativas,
no entanto nenhum dos entrevistados citou esse dado como uma motivação para
frequentar o Hotel Termópolis.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo do comportamento do consumidor é muito complexo e se torna de
grande importância para que as organizações possam entender e compreender as
necessidades e desejos dos consumidores, podendo assim atendê-los da melhor forma
possível.
Atendendo aos objetivos do trabalho, o levantamento do perfil dos participantes
indicou que a maioria dos clientes são famílias que buscam descanso.
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A partir da análise dos dados, nota-se que a maioria dos clientes são famílias,
que possuem alto nível de escolaridade. No que se refere aos critérios determinantes das
decisões do consumidor, verifica-se o preço, atendimento, condições de pagamento,
variedade dos produtos lazer, localização da estância, visto que à maior parte dos
clientes são de Ribeirão Preto-SP que fica a exatamente 130 quilômetros.
Outro propulsor responsável pela tomada de decisão que faz com que o
consumidor procure a estância balneária Hotel Termópolis para hospedagem é a
vontade de moradores de centros urbanos de reencontrar suas raízes, de conviver com a
natureza, com os modos de vida, costumes, tradições e formas de produção das
populações do interior.
O atendimento e os serviços prestados pela estância incluindo qualidade na
alimentação representam um atrativo muito forte para o seu público-alvo, contribuindo
para atrair mais clientes e consolidar a empresa.
Quanto ao campo acadêmico este trabalho contribuiu para o aprofundamento do
estudo sobre o comportamento do consumidor, no sentido de que os resultados obtidos
não são definitivos, e podem apresentar novas hipóteses que levem a novos estudos
sobre o tema.
Como uma das limitações da pesquisa, pode-se citar o fato da coleta ter ocorrido
somente durante um final de semana. Seria interessante verificar a opinião dos
consumidores em outras épocas do ano, sobretudo de alta temporada.
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APÊNDICE A - PROTOCOLO ÉTICO FORNECIDO AOS ENTREVISTADOS
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balneária no distrito de Termópolis-MG
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balneária no distrito de Termópolis-MG
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APÊNDICE B - ROTEIRO DA ENTREVISTA REALIZADA COM OS
GERENTES E RECEPCIONISTAS DO HOTEL TERMÓPOLIS
APÊNDICE C - ROTEIRO DA ENTREVISTA APLICADA AOS HÓSPEDES
DO HOTEL TERMOPÓLIS
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SILVA, SOUSA (2015)
ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS – ESTUDO DE CASO DO PROCESSO
DE ESTOCAGEM DA EMPRESA MEDTRONIC
Thais Braghini Silva
Bacharel em Administração
Tânia Mara Pinto de Sousa1
Mestre em Administração
RESUMO
A administração de materiais engloba todo o seu fluxo desde a programação/compras até o
armazenamento de produtos acabados. A essência do gerenciamento de estoque vai além do
suprimento do processo produtivo no momento certo, funciona também como um ponto de
equilíbrio entre todos os setores e processos da empresa. A justificativa pelo qual foi abordado
o gerenciamento de estoques como tema principal nesta pesquisa cientifica é que um dos
fatores que mais influenciam no custo final do produto é a eficácia na implantação do método
correto de estocagem para que não haja desperdícios. O presente artigo tem como problema
de pesquisa: quais os procedimentos utilizados pela empresa Medtronic para controlar seus
estoques? O objetivo geral é identificar a importância da administração de materiais e do
gerenciamento de estoques; objetivos específicos: descrever e identificar as ferramentas
utilizadas no gerenciamento de estoques e identificar os métodos de avaliação de estoque.
Abordando como metodologia a pesquisa bibliográfica com enfoque qualitativo, foi realizado
também um estudo de caso no qual a técnica utilizada na coleta de dados foi à aplicação de
um questionário que contemplou questões abertas e fechadas no qual foi respondido pelo
profissional responsável pelo gerenciamento de estoques e materiais da empresa Medtronic. Os
principais resultados obtidos a partir da realização deste artigo foram à necessidade das
organizações terem um profissional da administração de materiais, e a importância de um
gerenciamento de estoques eficiente.
Palavras-chave: administração de materiais; gerenciamento; estocagem; custos.
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INTRODUÇÃO
Toda empresa ou organização dispõe de recursos para que possa produzir bens ou
serviços e um desses recursos são os recursos materiais.
A estrutura da administração de materiais tem características adversas de acordo com o
tipo de empresa. Nas empresas primárias e secundárias caracterizada por uma estrutura
industrial a administração de materiais quase em sua maioria está subordinada à administração
da produção, já em empresas terciárias mais conhecidas como empresas de serviço, a
administração de materiais se subordina as diversas operações da empresa, sendo para ambas de
fundamental importância.
A administração de materiais consiste em ter os materiais necessários na quantidade,
local e tempo certo, envolvendo assim todo o fluxo de materiais dentro da empresa, buscando
principalmente controlar seus níveis de estoque, estabelecer lotes econômicos de compra,
sempre procurando minimizar custos. Para o profissional desta área há uma difícil decisão a ser
tomada, manter ou não um estoque e definir a quantidade mínima necessária para se manter em
um estoque de segurança que não possa prejudicar o processo produtivo com falta de materiais,
ou aumentar custos com materiais armazenados.
Para manter uma vantagem competitiva sobre as outras empresas, um fator crucial é a
liderança em custos. É no gerenciamento de estoques onde as mesmas conseguem reduzir
significativamente seus custos, por meio de aplicação de ferramentas ou métodos no qual
auxiliam o trabalho do administrador de materiais nas tomadas de decisão.
Pode-se verificar que são várias as ferramentas e métodos no qual o administrador de
materiais pode se embasar, uma das principais ferramentas utilizadas é a classificação ABC2
que consiste na classificação dos itens de acordo com sua importância ou o valor que representa
perante todo o estoque.
A justificativa pelo qual foi abordado a administração de materiais e o gerenciamento
de estoques como tema é que um dos fatores que mais influenciam no custo final do produto é
a eficácia na implantação do método correto de controle de estoque para uma adequada
utilização.
O presente artigo tem como fim responder o seguinte problema de pesquisa “Quais os
procedimentos utilizados pela empresa Medtronic para controlar seus estoques?” e atingir o
2
ABC: denominação da classe pelo qual os materiais são classificados.
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seguinte objetivo geral: identificar a importância da administração de materiais e do
gerenciamento de estoques; específicos: descrever e identificar as ferramentas utilizadas no
gerenciamento de estoques e identificar os métodos de avaliação de estoque.
A metodologia aplicada a esta pesquisa foi uma pesquisa bibliográfica com enfoque em
uma abordagem qualitativa, foi realizado também um estudo de caso no qual a técnica
utilizada na coleta de dados foi à aplicação de um questionário que contemplou questões
abertas e fechadas no qual foi respondido pelo profissional responsável pelo gerenciamento de
estoques e materiais da empresa Medtronic.
Para responder o problema de pesquisa e atender os objetivos geral e específicos foi
desenvolvido o referencial teórico que expondo uma breve introdução sobre a administração,
apontando os principais conceitos sobre a administração de materiais, gerenciamento de estoque
a utilização das classes ABC, dos métodos de avaliação de estoque e do sistema MRP3.
Os principais resultados obtidos a partir da realização deste artigo foram à necessidade
das organizações em ter um profissional da administração de materiais, e um gerenciamento de
estoques eficiente.
1
UMA BREVE ABORDAGEM SOBRE ADMINISTRAÇÃO
A essência da administração é todo o processo de planejar, coordenar, dirigir e
controlar uma organização com o intuito de atingir seus objetivos, com o foco na sua missão e
visão organizacional.
A tarefa da Administração é interpretar os objetivos propostos pela empresa e
transformá-los em ação empresarial por meio de planejamento, organização,
direção e controle de todos os esforços realizados em todas as áreas e em todos os
níveis da empresa a fim de atingir tais objetivos. Assim, a Administração é o
processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso dos recursos
organizacionais para alcançar determinados objetivos de maneira eficiente e eficaz
(CHIAVENATO, 2000, p.3).
É impossível falar de administração sem ao menos citar os primeiros e principais
administradores, representantes da escola clássica que norteiam o estudo da atual
administração.
3
MRP: (material requiriments planing) sistema inter-relacionado com previsão de vendas, programação de
materiais, compras e planejamento programação e controle de produção.
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Taylor ao desenvolver o sistema de administração de tarefas que se destacou na
administração científica procurando em seus estudos resolver problemas empresariais e
operacionais que atormentavam e atormentam até os dias atuais a maioria das organizações.
Henry Ford destacou-se com seus princípios de produção em massa, implantando a linha de
montagem na qual seu principal fundamento era a especialização do trabalhador e fabricação
de peças padronizadas, contribuindo para eficiência e eficácia da organização. Fayol com suas
teorias de processo é o que mais se aproxima aos tempos atuais com a determinação das
funções administrativas: planejamento, organização, comando e ou direção e controle
(MAXIMIANO, 2012).
Administradores para que tenham êxito em suas tomadas de decisões se baseiam na
coleta de dados, enfoques, paradigmas e teorias científicas, em contrapartida, devem usar sua
própria abordagem artística, ou seja, basear se em julgamentos intuições e subjeções
(MEGGINSON, MOSLEY, JR PIETRI, 1998).
Como ressalta Chiavenato (2008):
Administrar é muito mais do que uma mera função de supervisão de pessoas, de
recursos e de atividades. Quando tudo muda e as regras são engolfadas pela
mudança, deve se não apenas manter a situação, mas, sobretudo, inovar e renovar
continuamente a organização. O papel do administrador em época de mudança e
instabilidade centra-se na inovação – novos produtos, novos serviços novos
processos, novos formatos de negócio – do que na manutenção do status quo
organizacional (Chiavenato 2008, p.23, 24).
Conclui-se que o administrador é um profissional indispensável no âmbito
organizacional seja líder de setor, chefe, gestor ou diretor.
1.1
Administração de Materiais
Toda empresa ou organização dispõe de recursos para que possa produzir bens ou
serviços e um desses recursos são os recursos materiais (CHIAVENATO, 2005).
A administração de materiais consiste e envolve todo o fluxo de materiais dentro de
uma empresa e ou organização, desde sua programação até a sua saída sob forma de produto
acabado ou serviço ofertado. Assim a administração de materiais consiste em ter os materiais
necessários no local e tempo certo a disposições dos processos produtivos (CHIAVENATO,
2005).
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Os materiais não ficam parados – e nem devem ficar – estáticos ou parados nas
empresas. Eles seguem um movimento incessante que vai desde o recebimento do
fornecedor, passando pelas diversas etapas do processo produtivo, até chegarem ao
depósito de produtos acabados (CHIAVENATO, 2005, p.31).
À medida que os materiais seguem o fluxo de transformação pelo processo de produção estão
ganhando outras características outras denominações e assim sendo classificadas de acordo
com seu status. Conforme apresentado a seguir.
1.1.1 Classificação de Materiais
Chiavenato (2005) classifica a transformação dos materiais dentro do processo
produtivo da seguinte maneira.
Matérias – primas ou também chamados de insumos são materiais que ao decorrer do
processo produtivo serão transformados, ou seja, são os itens necessários à produção, essas
matérias primas são adquiridas a partir de fornecedores externos ou internos (quando a própria
empresa resolve produzir seus insumos). Materiais em processamento também denominado
em vias são materiais que se encontram dentro do processo produtivo, ou seções que serão
transformados em produto acabado. Materiais semi-acabados são materiais encontrados em
estágios finais, ou seja, que faltam alguns acabamentos e ajustes finais. Materiais acabados
são peças ou componentes já acabados prontos para a montagem final do produto acabado.
Produtos acabados são produtos já acabados que já passaram por todas as fases anteriores,
prontos para ser entregues ao cliente ou consumidor final (CHIAVENATO, 2005).
Assim os materiais são classificados em função do seu estágio no processo
produtivo da empresa. À medida que passam pelas diversas etapas do processo
produtivo, vão sofrendo acréscimos e alterações que provocam a sua gradativa
diferenciação até se tornarem PAs (CHIAVENTO 2005, p.36).
A classificação dos materiais varia de acordo com a necessidade de cada empresa e da
disponibilidade de alocação destes materiais intermediários no decorrer do processo
produtivo.
2
GERENCIAMENTO DE ESTOQUE
“Estoque é um conjunto de bens armazenados, com características próprias, e que
atende as necessidades da empresa” (MOURA, 2004, p.2). Complementando o que disse
Moura, estoque é a composição de todos os tipos materiais disponíveis dentro da empresa.
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Para Chiavenato (2005), o estoque é uma maneira de garantir que o processo produtivo
não sofra com gargalos por falta de materiais. Também destaca que os estoques compõem
uma parte do ativo circulante e representam enormes investimentos financeiros e afetam no
custo final do produto. É a partir dessa observação que vêm à importância de um controle
eficiente de estoque.
É importante ressaltar o que Moura (2004) diz:
Portanto, o significado de estoque, assim como de seu gerenciamento, é muito mais
amplo do que podemos imaginar. Vai além de armazenar e controlar. O estoque é o
que impulsiona, de forma correta ou não, a vida de uma empresa, e seu perfeito
gerenciamento é o que viabiliza a empresa de se tornar competitiva. O estoque tem
importância vital para o bom desempenho da empresa, pois as operações são
movimentadas por ele e contribuem para a satisfação do cliente (MOURA 2004,
p.3).
Pozo (2010) pontua os principais objetivos que norteiam o planejamento e controle de
estoque: garantir o fornecimento dos materiais necessários ao processo produtivo, manter o
mínimo de estoque possível, identificando itens obsoletos e assim eliminando-os, prevenir
contra perdas, manter as quantidades equiparadas com os registros do sistema, manter os
custos com estoque os mais baixos possíveis para que não afete o custo final do produto.
Para definir o gerenciamento de estoque Viana (2011) faz a seguinte consideração:
Gestão é um conjunto de atividades que visa, por meio das respectivas políticas de
estoque ao pleno atendimento das necessidades da empresa, com a máxima
eficiência e ao menor custo, através do maior giro possível para o capital investido
em materiais (VIANA 2011).
O gerenciamento dos estoques constitui uma série de funções e ações que permitem
ao administrador verificar se estão sendo bem manuseados, conservados, além de garantir o
suprimento do processo produtivo. Funciona como regulador, um ponto de equilíbrio entre
todo o processo da empresa para garantir a vantagem competitiva sobre as outras empresas.
2.1
Tipos de Estoque
Antes de se começar o controle de um estoque é importante que o administrador ou
gestor conheça quais os tipos de estoque são eles.
Estoques de matéria-prima: são constituídos de insumos e materiais básicos que são
transferidos ao processo produtivo que, posteriormente, serão processados e transformados
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em produto acabado. O volume de matéria prima em estoque depende do Lead Time4 do
fornecedor, da demanda da produção e das características físicas, como exemplo a
perecibilidade do produto, além do investimento financeiro disponível (DIAS, 2012).
Estoques de Produtos em processo: são constituídos de materiais que estão sendo
processados, materiais já processados, ou seja, um componente do produto acabado. Este tipo
de estoque é considerado como um estoque intermediário. O nível de estoques de produtos em
processo depende da extensão e complexidade do processo fabril (DIAS, 2012).
Estoques de produto acabado: refere-se a todos os produtos já processados, mas que
ainda não foram vendidos. O estoque de produtos acabados para algumas empresas está
contido em um CD5. O nível de estoque de produto acabado varia de acordo com o tipo de
empresa, ou seja, se a empresa produzir sob encomenda, o estoque de produto acabado será
relativamente baixo, já em empresas que produzem para sobre uma previsão de vendas, o
nível de estoque de produtos acabado poderá ser maior (DIAS, 2012).
2.2
Classificação ABC
O método da classificação ABC é uma ferramenta útil para os administradores que
necessitam tomar decisões em meio a um grande volume de dados podendo, ser utilizado em
diversos setores. No controle de estoque é uma ferramenta importante e eficiente quanto à
avaliação dos custos de estocagem. A utilização da classificação ABC controla rigorosamente
os itens “A” que representa menor volume de materiais, porém representa maior valor
monetário, e de modo superficial itens “B e C” que embora seja mais volumoso representam
menor valor monetário diz (POZO, 2010).
As maiorias das empresas utilizam o método de classificação ABC, para que se
obtenha um melhor controle de seus estoques e manter níveis de custos mais baixos. A
classificação ABC baseia-se em classificar os itens de acordo com sua importância na
utilização em relação a valores monetários comenta (ARNOLD, 2012).
A seguir será apresentado detalhadamente como é feita a classificação ABC (POZO,
2010).
4
Lead Time: É o tempo de entrada do material até a sua saída do inventário, nesse contexto tempo de suprimento
do fornecedor desde a entrega do pedido até a entrega do material.
5
CD: Centro de distribuição, denominação do local onde os produtos acabados são estocados.
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Itens A: itens mais importantes e que recebem maior atenção. Os materiais desta classe
representam 80% do valor monetário e em torno de 20% de todos os itens em estoque.
Itens B: itens intermediários e representam 15% do valor em termos monetários e 30%
de todos os itens em estoques.
Itens C: itens de menor importância representam 5% do valor monetário e mais de
50% de todos os itens em estoque.
Dias (2012, p. 75) diz que “essas porcentagens podem variar de caso para caso, de
acordo com as necessidades de tratamentos administrativos aplicados”.
Pozo (2010) ressalta que:
Dentro da logística empresarial e mais especificamente na administração de
materiais a Curva ABC tem seu uso mais específico para estudos de estoques de
acabado, vendas, prioridades de programação de produção, tomada de preços em
suprimentos e dimensionamento de estoque. Toda a sua ação tem como fundamento
primordial tomar uma decisão e ação rápida que possa levar seu resultado a um
grande impacto positivo no resultado da empresa. A Curva ABC assim é chamada
em razão de dividirmos os dados obtidos em três categorias distintas denominadas
classes A, B, e C (Pozo, 2010 p. 81).
A classificação ABC só é viável e bem aplicada a partir do adequado e eficiente
controle de estoque. A partir da classificação ABC o administrador de materiais deve
concentrar suas tomadas de decisões por meio da análise nos itens de classe “A” que
correspondem maior valor investido em estoque.
2.3
Métodos de avaliação de estoque
Outra atividade importante dentro do gerenciamento de estoques que Pozo (2010) é a
avaliação, que consiste em prever o valor de estoque, comparando com o planejado, tomando
como base os preços de custo e ou preço de mercado. Essa avaliação pode ser feita através de
dois processos diferentes um por meio de fichas de controle dos estoques ou por meio de
inventário.
O processo de avaliação dos estoques por meio de fichas consiste em quatro métodos
classifica (DIAS, 2012):
Custo Médio: baseado na fixação de um preço médio em relação a todas as entradas
saídas de materiais, ou seja, é dada baixa normalmente em cada item que sai do estoque
conforme ordem de manufatura e o saldo restante em estoque são dados pelo custo médio do
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suprimento total do item. Este método além de indicar em longo prazo os custos reais das
compras, serve também como um nivelador de preços.
PEPS ou FIFO: o mesmo que o primeiro que entra e primeiro que sai ou first in, first
out, baseado nas entradas de materiais como o próprio nome já diz o custo também é dado
pela ordem cronológica das entradas de materiais, assim a cada lote de produto que muda o
custo também será aplicado dessa forma. A vantagem da utilização deste método é que os
valores dos estoques estão sempre atualizados de acordo com a entrada de materiais.
UEPS ou LIFO: ao contrário do método anterior o último a entrar o primeiro a sair ou
last in, first out, o valor dos estoques é calculado através do custo do preço da última entrada.
Este método é muito utilizado em épocas de economia inflacionárias e reflete os custos mais
próximos da realidade de mercado o que ao final do ano fiscal produz um crédito positivo de
materiais.
Custo de reposição: É o que ajusta a avaliação financeira dos estoques, ou seja, os
custos praticados são relacionados à inflação, e é calculado através da seguinte fórmula:
CR= PU +ACR
Sendo:
CR: Custo de reposição;
PU: Preço unitário do material;
ACR: Acréscimo do custo de reposição, dado em %;
O estudo comparativo entre os quatro métodos, Dias (2012) destaca que:
Seja qual for o método utilizado, seja ele o PEPS, ou UEPS, ou qualquer outro, seu
emprego está condicionado ao tipo da empresa porque a avaliação do estoque final
influi diretamente no custo dos bens vendidos ou das matérias-primas utilizadas na
produção. Qualquer variação no valor do estoque repercute de imediato nos custos
operacionais e consequentemente no lucro (DIAS, 2012, p.154).
Como citado acima, outro método de avaliação de estoque muito utilizado pelas
empresas é o inventário, ou seja, uma contagem física e periódica de todos os itens em
estoque que são confrontados com o banco de dados de materiais a fim de eliminar
discrepâncias tanto em valor monetário tanto em quantidades. Pozo (2010) destaca também
que existem dois tipos de inventários, o geral ou também conhecido como periódico, e o
rotativo mais conhecido como cíclico.
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Inventário periódico: sistema de contagem anual realizado ao fim do ano fiscal da
empresa e que abrange todos os itens em estoques de uma única vez. Por se tratar de uma
empresa um deles é seu fechamento temporário o que afeta diretamente a produção.
Inventário rotativo: sistema de contagem cíclico ou continua, são realizadas várias
contagens ao longo do ano. A contagem dos itens segue de acordo com sua importância ou a
partir de uma programação predeterminada, quando um pedido é emitido ou recebido, quando
um registro de estoque chegar à zero, se ocorrer certo número de transações, se houver um
erro ou de acordo com a necessidade da empresa. Com esse tipo de contagem permite-se
detectar e corrigir erros em tempo hábil para que não haja reincidência do mesmo erro
(ARNOLD, 2012).
2.4
MRP - material requiriments planing
O MRP, em inglês material requiriments planing, nada mais é do que um sistema
inter-relacionado com previsão de vendas, programação de materiais, compras, planejamento
programação e controle da produção. O Ponto de partida do MRP é a necessidade de materiais
no qual se baseia na estrutura do produto. O MRP é carregado pela previsão de vendas e partir
daí é elaborado a programação da produção.
O MRP inicia-se a partir da informação de quanto e quando deseja produzir. Assim, as
principais operações que integram o MRP são: programa mestre de produção também
chamado de MPS (Master Production Schedule) é o que norteia e alimenta o MRP com todas
as definições do produto a partir da previsão de vendas ou carteira de pedidos; listas de
materiais são todos os componentes acompanhados das quantidades necessárias à produção do
produto final; registros de inventários são os registros de inventários que dão posições reais
dos estoques e dão segurança de Lead Times; relatórios de saídas acabado os processos o
programa libera alguns relatórios úteis para o gerenciamento de processo um exemplo é o
relatório de desempenho.
O programa MRP é baseado nas previsões de vendas, carteira de pedidos,
especificações do produto final e listas de materiais, sua principal função é transformar a
demanda em necessidades brutas de materiais (DIAS, 2012).
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Figura 1: Sistema MRP
Fonte: DIAS (2012)
Dias (2012), define MRP como:
O MRP mais precisamente definido é um sistema que estabelece uma série de
procedimentos e regras de decisão de modo a atender ás necessidades de produção
numa seqüência de tempo logicamente determinada para cada item componente do
produto final. O sistema MRP é capaz de planejar as necessidades de materiais a
cada alteração na programação da produção, registros de inventários ou composição
de produtos. Em outras palavras, trata-se de um sistema que se propõem a definir as
quantidades necessárias e o tempo exato para a utilização dos materiais na
fabricação dos produtos finais (DIAS 2012, p.120).
Assim o MRP é uma importante ferramenta que auxilia o administrador no
gerenciamento programação e controle de materiais, a partir da programação da produção.
3
METODOLOGIA
3.1
Tipologia do estudo
O presente artigo científico foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica que
conforme Severino (2007) diz consiste no levantamento de dados teorias e pesquisas já
registrados e publicado por outros autores e pesquisadores. Esse levantamento de dados e
teorias em sua maioria é encontrado em livros, artigos e publicações.
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Toda a pesquisa realizada foi de caráter qualitativo que se resume na subjeção e
interpretação do universo estudado, ou seja, é feita de forma analítica, no qual não requer a
utilização de números, e técnicas estatísticos (PEREIRA 2012).
Foi realizado também um estudo de caso na empresa Medtronic e Severino (2007),
salienta como deve ser o estudo escolhido:
O caso escolhido para a pesquisa deve ser significativo e bem representativo de
modo a ser apto a fundamentar uma generalização para situações análogas,
autorizando inferências. Os dados devem ser coletados e registrados com o
necessário rigor e seguindo todos os procedimentos da pesquisa de campo. Devem
ser trabalhados, mediante análise rigorosa, e apresentados em relatórios qualificados
(SEVERINO 2007 p.121).
A técnica utilizada na coleta de dados foi à aplicação de um questionário que
contemplou questões abertas e fechadas no qual foi respondido pelo profissional responsável
pelo gerenciamento de estoques e materiais da empresa Medtronic.
QUESTIONÁRIO Conjunto de questões, sistematicamente articuladas, que se
destinam a levantar informações escritas por parte dos sujeitos, pesquisado com
vistas a conhecer a opinião dos mesmos sobre is assuntos em estudo. As questões
devem ser pertinentes ao e claramente formuladas de modo a serem bem
compreendidas pelos sujeitos. As questões devem ser objetivas, de modo a suscitar
respostas igualmente objetivas, evitando provocar dúvidas, ambigüidades e respostas
lacônicas. Podem ser questões fechadas ou questões abertas (SEVERINO 2007,
126).
E por meio de uma autorização a empresa Medtronic esteve ciente da realização do
estudo de caso.
3.2
Empresa Estudada
A PolySuture Indústria e Comércio Ltda., está localizada na Avenida Gabriel Ramos
da Silva, nº 1245, Parque Industrial II, São Sebastião do Paraíso, Minas Gerais, Brasil, é uma
empresa produtora de fios cirúrgicos, cera para osso, adesivo cirúrgico e grampeadores.
Fundada no ano 2000, inicialmente dedicou-se para obter registros e certificações,
suas atividades comerciais só começaram a partir de 2001, atuando no mercado nacional e
internacional. Em Fevereiro de 2007, a multinacional americana TycoHealthCare adquiriu
100% da empresa, e a empresa recebeu outra denominação, Covidien mantendo a
administração atual, recebendo novos gestores designados pelo grupo.
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A Covidien atua globalmente em mais de 140 países possuindo aproximadamente
42.000 funcionários em todo o mundo, e mais de 60 plantas industriais distribuídas
estrategicamente e, a cada dia, vem se desenvolvendo mais.
Há pouco tempo a empresa Covidien passou por uma integralização, unindo-se a
empresa Medtronic.
4
ANÁLISE DE DADOS
O questionário aplicado na empresa Medtronic, foi respondido por Thiago Oliveira,
que está há onze anos e três meses na empresa e há dois anos e dois meses na área de
materiais. Sua formação profissional consiste nos cursos de Ciências Contábeis (FACEAC2007), MBA Comercial Internacional (FGV–2010), BSCM (APCIS/ACHAIN-2015), Lean
Lider (COVIDEN em processo de certificação).
O questionário contém dez perguntas abertas e fechadas, no qual procurou responder o
seguinte problema de pesquisa: qual o procedimento utilizado pela empresa Medtronic para
controlar seus estoques?
A fim de responder este problema de pesquisa inicialmente foi questionado como é
feito o controle de estoque? Todo o gerenciamento de estoque da empresa é realizado por
meio do sistema Microsiga, além do sistema operacional ERP6.
Alinhando com a questão acima, foram questionadas quais as ferramentas utilizadas
no controle de estoques? Sendo respondido que são várias as ferramentas que a empresa
utiliza para controlar seus estoques sendo: inventário de materiais, o sistema Kanban7,
controles em planilhas de Excel (estes controles são feitos tanto em valores monetários quanto
em volume).
Kanban é a palavra japonesa para cartão ou sinal. Ele é algumas vezes chamado de
“correia invisível”, que controla a transferência de material de um estágio a outro da
operação. Em sua forma mais simples, é um cartão utilizado por uma estágio cliente
para avisar seu estágio fornecedor que mais material deve ser enviado (Slack, et-al
1997, p.486).
A terceira pergunta indagou quais os tipos de estoques que a empresa possui? O
respondente informou que a empresa conta com três tipos de estoques: o de matéria prima
6
ERP: enterprise recourse planning (planejamento de recurso corporativo) é um sistema de informação que
integra todos os departamentos da empresa, armazenando todos os dados e processos da empresa.
7
Kanban: sistema de sinalização que indica o fluxo de materiais na empresa.
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(denominado almoxarifado), de produtos em processo (são os produtos intermediários que se
encontram dentro do processo produtivo) e o de produtos acabados (onde a empresa possui
seu próprio centro de distribuição localizado na sede da empresa).
A fim de avaliar seus estoques quais os métodos a empresa utiliza é o que consistia a
próxima questão. Thiago respondeu que para avaliar seus estoques são utilizados os métodos
do custo médio e o PEPS.
A questão de número cinco sobre a classificação ABC, verificou se é utilizada e como
é feita, sendo positiva a resposta, que é utilizada a classificação ABC, no qual é feita por meio
do cálculo das vendas dos últimos doze meses e uma minuciosa análise de representatividade,
tanto em valor monetário quanto em volume, assim os itens atualmente são classificados da
seguinte forma: itens A representam 85%, B - 10% e C - 5%.
Como destacado na primeira pergunta a empresa tem como ferramenta de controle de
estoque o inventário de materiais, então foi dado como alternativa qual tipo de inventário
utilizado: o anual, cíclico ou algum outro tipo, sendo que o respondente afirmou que a
empresa utiliza o sistema contagem cíclica.
Aproveitando o questionamento anterior, pede-se que a empresa exponha como é feito
este sistema de contagem cíclica, ou inventário cíclico e qual o benefício de se utilizar este
método? São realizados da seguinte maneira: os itens A são contados quatro vezes ao ano, os
itens B, contados duas vezes ao ano e C uma vez ao ano, essa contagem é feita a partir de um
plano mestre que indica quais itens deverão ser contados.
A empresa justifica que o target8 é bastante agressivo, tendo em vista que 95% de
acurácia. E assim desde o ano de 2012, a empresa vem apresentando resultados satisfatórios,
tendo como beneficio a rápida constatação de divergências dentro do fluxo de produção,
corrigindo-as em tempo hábil evitando assim, paralisações no processo e desperdício de
materiais.
Como foi informado pelo Thiago, que a empresa utiliza o programa MRP foi pedido
que explanasse como é empregado este programa na empresa? O que foi respondido que o
MRP é empregado apenas para a compra de matérias prima, pois, a empresa utiliza de outra
ferramenta para efeito de programação de produção.
Questionado sobre a questão se a empresa teve necessidade de criar outra ferramenta
para se obter melhoria no controle de estoque, respondendo que, como já citado na resposta
8
Target: meta objetivo a ser atingido
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anterior, houve sim a necessidade criar e implementar outra ferramenta para efeito de
programação de produção. Está ferramenta é o MOH9 um sistema puxado capaz de identificar
itens prioritários, riscos de faltas de material, além de excessos.
O MOH é controlado por meio de uma planilha excel onde o setor de planejamento da
empresa Medtronic controla a programação da produção, por meio deste controle é possível
identificar itens em excesso no estoque e itens em falta além de poder identificar itens que
estão a espera de matéria – prima para que possa ser produzido e também itens que estão
dentro do processo produtivo.
A fim de justificar a utilização de todos esses sistemas e ferramentas para o controle
de estoque, foi perguntado se existe confiabilidade nestes dados e a resposta foi que é
importantíssimo e de grande valia ressaltar que a empresa justifica ter um alto controle sobre
estes dados.
Terminada a coleta de dados com a empresa, todas as questões foram respondidas de
maneira clara e concisa, no qual se obteve todos os dados necessários e esperados.
5
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por se tratar de uma empresa de grande porte o controle de estoque é um fator
fundamental. No qual Chiavenato (2005) afirma que os estoques compõem uma parte do ativo
circulante e representam enormes investimentos financeiros e afetam no custo final do
produto. É a partir dessa observação que vêm à importância de um controle eficiente de
estoque. E como o próprio profissional da administração de materiais da empresa Medtronic
disse o target referente ao gerenciamento de estoques é bem agressivo.
Contribuindo na coleta de dados, foi possível constatar por meio de horas de estágio
no setor de PCP realizado na empresa, que todas as ferramentas destacadas pelo profissional
de gestão de estoques são utilizadas e vivenciadas diariamente pelos profissionais que
trabalham na empresa, além de saberem da importância dessas ferramentas e do controle
sobre todos os tipos de estoques. Foi possível apurar, a utilização das ferramentas de controles
de estoques, no âmbito organizacional da empresa Medtronic, e identificar que auxiliam e
desempenham um papel importante na tomada de decisões.
9
MOH: uma ferramenta criada pela empresa, que tem como principal fundamento a identificação de quantos
meses de cobertura a empresa de um determinado item em estoque.
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Justificando a afirmação feita no referencial teórico onde foi dito que o gerenciamento
de estoque constitui uma série de funções e ações que permitem ao administrador de estoques
verificar se estão sendo bem manuseados, conservados, além de garantir o suprimento do
processo produtivo.
Importante destacar que o gestor da administração de materiais da empresa Medtronic
tem um vasto campo, e grande fonte de dados para se embasar em suas tomadas de decisões
onde tem total confiabilidade e controle sobre esses dados.
Através da coleta de dados foi possível entender quais os procedimentos e como a
empresa os utiliza no controle de estoques. Sendo os objetivos propostos no inicio da
pesquisa, alcançados, como o objetivo geral que consiste em entender a importância do
controle de estoques. Foi possível identificar que a manutenção e a utilização das ferramentas
de controle de estoque têm como principal função, não permitir a falta de insumos necessários
à fabricação do produto final, ainda contribuindo para que não extrapolem nos custos.
Da mesma forma em que Pozo (2010) pontua os principais objetivos pertinentes ao
planejamento e controle de estoque: garantir o fornecimento dos materiais necessários ao
processo produtivo, manter o mínimo de estoque possível, identificando itens obsoletos e
assim eliminando-os, prevenir contra perdas, manter as quantidades equiparadas com os
registros do sistema, manter os custos com estoque os mais baixos possíveis para que não
afete o custo final do produto.
Foi possível ter contato com as ferramentas fundamentadas dentro da administração de
materiais. Sendo estas ferramentas a classificação ABC que consiste no controle rigoroso dos
itens “A” que representa menor volume de materiais, porém representa maior valor
monetário, e de modo superficial itens “B e C” que embora seja mais volumoso representam
menor valor monetário. Os métodos de avaliação de estoques, que consiste em prever o valor
de estoque, comparando com o planejado, tomando como base os preços de custo e ou preço
de mercado. Controle de inventário, ou seja, uma contagem física e periódica de todos os itens
em estoque que são confrontados com o banco de dados de materiais a fim de eliminar
discrepâncias tanto em valor monetário tanto em quantidades. E a utilização do programa
MRP sistema inter-relacionado com previsão de vendas, programação de materiais, compras,
planejamento programação e controle da produção (POZO 2010).
Foi de grande valia ter realizado esta pesquisa para entender quais são as ferramentas e
técnicas utilizadas no controle de estoque, e entender que são muito úteis no âmbito
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organizacional além de que podem ser reestruturadas e modeladas de acordo com a
necessidade da empresa.
É interessante saber que de acordo com a necessidade da empresa é possível criar
ferramentas e técnicas que funcionam e trazem benefícios, e que a empresa estudada é
desprendida de só utilizar o que já foi teoricamente testado, corroborando para que sejam
estabelecidas novas formas de controle.
5
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VIANA, João José. Administração de Materiais. Um enfoque Prático 1º ed. São Paulo:
Atlas, 2011.
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Instrumentos de análise financeira utilizados na concessão de crédito: um estudo de caso voltado aos métodos
adotados pelas cooperativas Sicoob e a relevância do valor justo no momento da liberação do crédito ao produtor
rural.
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INSTRUMENTOS DE ANÁLISE FINANCEIRA UTILIZADOS NA
CONCESSÃO DE CRÉDITO: UM ESTUDO DE CASO VOLTADO AOS
MÉTODOS ADOTADOS PELAS COOPERATIVAS SICOOB E A
RELEVÂNCIA DO VALOR JUSTO NO MOMENTO DA LIBERAÇÃO
DO CRÉDITO AO PRODUTOR RURAL
Daiane Patrícia da Silva Jonas
Bacharel em Ciências Contábeis
Dayane Paiva de Andrade Pereira
Bacharel em Ciências Contábeis
Marisse Dizaró Bonfim1
Mestra em Ciências Contábeis
RESUMO
Este artigo é voltado à área da contabilidade, com relação às questões da mensuração para fins
de concessão de crédito rural. A procura pelo crédito rural oferecido pelas Cooperativas de
Crédito, que são sociedades de pessoas com natureza jurídica própria, sem fins lucrativos e
não sujeitas à falência tem aumentado nos últimos anos, devido à facilidade ao acesso ao
crédito e o oferecimento de taxas menores no mercado. Com esse aumento,
consequentemente, as Cooperativas estão mais expostas a riscos. O objetivo central do
presente trabalho é identificar se a estratégia de análise neste processo previne as cooperativas
de correrem riscos ao conceder crédito ao produtor rural. Foi realizada uma pesquisa
descritiva, através de um estudo de caso. Os dados para análise foram coletados por meio de
entrevista e questionário realizados respectivamente na Cooperativa Sicoob Nossocrédito de
São Sebastião do Paraíso - MG e Sicoob Saromcredi de São Roque de Minas - MG. Os
resultados após o estudo comprovam que as Cooperativas embora utilizem métodos distintos
de análises e concessão de crédito, possuem resultados satisfatórios, contribuindo com um
índice de inadimplência dentro dos parâmetros recomendados pelo Banco Central do Brasil.
Palavras-chave: Crédito Rural, Risco de crédito, CPC 46 - Valor Justo.
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adotados pelas cooperativas Sicoob e a relevância do valor justo no momento da liberação do crédito ao produtor
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1 INTRODUÇÃO
Atualmente, o crédito rural contribui com o movimento da economia nacional,
influenciando no crescimento do país. O crédito rural beneficia os produtores, possibilitando
que invistam nas suas propriedades, comprando novas máquinas, ou investindo em insumos
básicos da atividade e sua procura por ele é crescente.
Com o crescimento da procura do crédito, as cooperativas de crédito rural, que são as
que oferecem melhores condições aos associados, estão sujeitas a riscos. Por esse motivo é
importante uma análise criteriosa, que minimize o risco na concessão do crédito.
Este artigo pretende tratar dos Instrumentos de análise financeira utilizados na
concessão de crédito, e, para tanto, foi realizado um estudo de caso voltado ao modo pelo qual
as cooperativas concedem crédito aos produtores rurais, ponderando a utilização da
mensuração do valor justo no momento da análise.
Com base nesse conceito o problema de pesquisa buscou responder à seguinte
pergunta: O uso do valor justo agregado aos instrumentos de análise utilizados pelas
Cooperativas possibilita que o crédito concedido ao produtor rural seja liberado de
forma confiável e segura?
O presente artigo teve o intuito de demonstrar quais são as características que
possibilitam que o crédito seja concedido ao produtor, e identificar se os critérios utilizados na
análise são suficientes a fim de minimizar e contribuir para que a Instituição não incorra em
riscos com a inadimplência.
Na área relacionada ao Crédito Rural não foram encontrados trabalhos publicados que
mencionasse as premissas do valor justo como instrumento de análise no processo de
liberação do crédito ao produtor rural. A carência do assunto é umas das justificativas da
relevância do tema do estudo.
Outro ponto que justifica a realização do trabalho é que, com o aumento da
necessidade de produtores rurais recorrerem aos créditos, as cooperativas necessitam de uma
análise mais criteriosa. E como os produtores rurais usam seus bens como garantia pela
liberação do crédito, surge assim à necessidade de saber como as cooperativas avaliam essas
garantias e se é utilizado mensuração a Valor Justo, trazendo assim o ativo mais próximo da
realidade.
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Desta forma, o objetivo geral é identificar a estratégia de análise utilizada pelas
Cooperativas de Crédito, bem como o uso do Valor Justo no momento da avaliação das
garantias, prevenindo-as de correrem riscos ao concederem crédito ao produtor rural.
O trabalho apresenta no capítulo 2 o Referencial Teórico, onde traz a descrição das
Cooperativas e Análises de Crédito e seus riscos, as fases da análise e como é definido o
limite de crédito, bem como a utilização do valor justo e ativos biológicos.
Posteriormente no capítulo 3 encontra-se a metodologia aplicada para realização do
estudo, seguida pela análise e discussão dos dados com os resultados encontrados, e as
considerações finais no capítulo 5 e sugestão de trabalhos futuros. Por fim, as referências
bibliográficas.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Cooperativas de crédito no Brasil
As cooperativas de crédito são instituições financeiras, sem fins lucrativos, criadas por
pessoas voluntariamente unidas, de natureza civil e forma jurídica própria. De acordo com o
Banco Central do Brasil, as cooperativas são criadas com intuito de prestar serviços aos seus
associados de forma a possibilitar acesso ao crédito, e também a outros serviços como
empréstimos, financiamentos, aplicações financeiras entre outros.
Mesmo com as várias alterações feitas desde o surgimento das cooperativas, o
propósito dessas instituições vem sendo o mesmo: oferecer serviços de forma rápida e segura
aos seus associados, sendo eles pessoas jurídicas ou físicas. Pinheiro (2008) afirma que as
cooperativas de crédito surgiram na Alemanha em 1848, e no Brasil no ano de 1902. Desde
então as cooperativas vem movimentando a economia nacional, que de acordo com as
necessidades sofreram alterações, sendo regidas pela Resolução n. 3.442, de 2007, desde a
criação das cooperativas de livre admissão, onde pessoas de qualquer segmento podiam fazer
parte dessas cooperativas.
As cooperativas foram criadas com objetivo de suprir as necessidades de seus
associados, e seu principal foco não é a geração de acúmulo de resultados. Freitas, Amaral e
Braga (2008) afirmam que o cooperativismo tem sido eficaz na geração de empregos, na
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organização da população, no desenvolvimento socioeconômico do país, possibilitando o
acesso ao crédito a quem antes vivia as margens do tradicional sistema financeiro.
Dentre as cooperativas existentes no Brasil, destaca-se o Sicoob (Sistema de
Cooperativas de Crédito do Brasil), que desde seu surgimento vem trazendo melhorias aos
associados e a economia nacional.
No Brasil, as cooperativas atualmente trazem benefícios para seus cooperados
trabalhando com taxas de juros mais baixas, e com a livre admissão ficou mais acessível
conseguir o crédito desejado. É o que afirma Nunes (2011) que por se tratar de uma
cooperativa de crédito, o Sicoob oferece produtos bancários com juros abaixo do mercado e
vantagens especiais, tendo prazos mais longos e isenção de tarifas, com a vantagem do
dinheiro que é movimentado ser reinvestido no próprio município.
2.2 Análise de Crédito rural e seus riscos
A análise de crédito é um procedimento essencial para as Instituições Financeiras, pois
através dela se pode reconhecer a real capacidade que o produtor rural para honrar suas
obrigações. É nesse momento também que se consegue verificar qual é o montante que pode
ser liberado para o produtor. A análise de crédito para Nunes (2011) é o momento de se
avaliar se o tomador do crédito tem potencial de arcar com seus compromissos, e verificar os
riscos que a decisão de conceder o crédito possa oferecer para a instituição cedente
futuramente.
A importância da análise é que a concessão do crédito ocorre a partir das informações
contidas na documentação apresentada. Segundo Jesus et al. (2011), para que uma decisão
seja tomada com maior confiabilidade, é indispensável que as informações que são
apresentadas estejam na forma mais clara e detalhada possível.
É necessário que as Cooperativas de Crédito saibam dos riscos aos quais elas estão
vulneráveis. De acordo com Freitas, Amaral e Braga (2008), risco de crédito é a possibilidade
que existe de o tomador não honrar com o compromisso assumido no ato da concessão do
crédito, havendo possibilidade de haver perdas nesse tipo de operação.
Existem dois tipos de riscos financeiros, segundo Gonçalves e Braga (2008). Há o
risco sistemático, que é um risco que não tem como ser previsto ou evitado. Não está ao
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alcance da instituição a reversão desse tipo de situação, porém, ela precisa estar ciente do
acontecimento, para que possa tomar decisões para enfrentar os seus efeitos. Já o risco não
sistemático é uma consequência às tomadas de decisões, que são de exclusiva
responsabilidade da instituição.
Desta forma, o produtor rural está vulnerável a problemas que possam contribuir para
o não cumprimento da quitação do crédito, como o risco sistemático, pois ele fica exposto a
questões comuns no mundo agrícola, como problemas na colheita, que podem comprometer
safra.
2.3 Fases da análise de crédito
Para que seja concedido um crédito com segurança, a análise passa por fases, que tem
o objetivo de dar suporte no momento da avaliação e concessão do crédito.
Tradicionalmente a análise de crédito, de acordo com Nunes (2011), é conhecida como
os “Cs” do crédito, pelo fato de as variáveis analisadas serem: caráter, capacidade, condição,
capital e o colateral proponente. Sendo assim o Caráter é o histórico de pagamento do
solicitante, que determina o cumprimento de suas obrigações financeiras, contratuais e
morais. Já a Capacidade é o potencial que o cliente tem de quitar ou não o crédito que será
solicitado. O capital é a garantia financeira que o solicitante do crédito tem. O Colateral é a
quantia de ativos que são disponibilizados para que sejam usados como garantia do crédito. E
por último, as Condições, que mostra a qualidade econômica e empresarial vigente.
O processo de análise segue ainda um procedimento, que são informações obtidas
através do cadastro, que auxilia a Instituição financeira a conhecer o cliente que está
solicitando o crédito. Segundo Francisco (2007), neste cadastro deve conter fatores relevantes,
dados e informações do cliente, para possibilitar uma conclusão mais fiel possível do caráter e
perfil socioeconômico do cliente.
Uma das etapas da análise da concessão crédito é a visita ao cliente. Essa visita é
importante, pois nela será possível obter informações que muitas vezes no momento da
análise documental não é possível de obter. Segundo Nunes (2011) a visita ao cliente é
insubstituível, e é a oportunidade de obter informações sobre o nível de atividade da empresa
e seus aspectos quantitativos e qualitativos. Com essa visita é possível também verificar se as
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informações que foram apresentadas nos demonstrativos financeiros condizem com a real
situação que é obtida através desse procedimento.
2.4 Limite de crédito
O momento de definição do limite de crédito a ser concedido é uma das fases mais
delicadas do processo de análise. Para definição do limite de crédito, é essencial que a análise
realizada tenha sido feita minuciosamente, pois é através dela que pode ser reconhecida a
capacidade de pagamento do solicitante.
De acordo com Pazzini, Rogers e Rogers (2004), o limite de crédito deve ser
cuidadosamente analisado, pois mensurar em valores monetários a confiança que o credor
passa no momento da concessão de crédito é difícil. Segundo os autores, a análise do risco de
crédito é muito importante, pois através desse tipo de análise consegue-se quantificar e
qualificar o risco, contribuindo assim para determinação do limite.
2.5 CPC 46 – Mensuração do Valor Justo
Segundo Kehl (2005) com o tempo foi percebido que a mensuração a custo histórico já
estava defasada, e não trazia um resultado mais confiável. Isso pelo fato de que a mensuração
a custo histórico era mais objetiva, e a mensuração a valor justo, já era mais relevante, tendo
uma análise subjetiva.
A contabilidade sempre procura buscar maneiras que beneficiem e direcionem os
usuários internos e externos a tomarem decisões mais confiáveis possíveis. Para isso, de
acordo com Brito et. al (2014) é necessário que a mensuração e divulgação das informações
sejam o espelho da real situação econômico-financeira da empresa. Por esse motivo é que o
valor justo foi criado, com o intuito de dar maior credibilidade às informações.
De acordo com o Comitê de Pronunciamentos contábeis – CPC 46, o valor justo é o
preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência de um
passivo em uma transação não forçada entre participantes do mercado na data de mensuração.
Ou seja, é o valor real de um determinado bem, sendo que no momento de definir esse valor
não haja favorecimento e nem uma transação forçada entre as partes.
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Percebe-se que “valor justo” subentende-se o mesmo que “valor de mercado”, pelo
fato de que a avaliação é feita através dos valores disponíveis no mercado ativo, referente ao
ativo ou passivo a ser analisado. Segundo Iudícibus e Martins (2007) não pode haver essa
comparação na definição do valor justo, pois haverá situação em que não terá mercado para se
fazer a avaliação. E o valor justo surgiu exatamente para os casos de que não há mercado
ativo para a avaliação.
Para conseguir avaliar um ativo ou passivo a valor justo, é necessário saber quais são
as maneiras disponíveis de mensuração. De acordo com o CPC - 46, existem 3 níveis que
devem ser seguidos para mensurar um ativo ou passivo a valor justo, mas o princípio geral é
que deve-se maximizar o uso de dados observáveis e minimizar a utilização de dados não
observáveis.
A avaliação a Valor Justo é dividida em 3 níveis hierárquicos. A informação de nível 1
é a mais confiável (dados observáveis), pois o ativo ou passivo são avaliados através de um
mercado ativo, e o preço é determinado de acordo com ativo e passivo idêntico, tornando
assim a precificação mais confiável e sendo a avaliação mais utilizada quando possível. A
informação de nível 2 é utilizada quando não se tem um ativo ou passivo idêntico no mercado
ativo (dados não observáveis), utilizando assim, um semelhante ou similar para fazer a
avaliação. Quando a mensuração não se encaixa em nenhum dos dois níveis apresentados,
deverá ser utilizadas técnicas de avaliação, como fluxo de caixa descontado, exigindo
subjetividade e cautela dos avaliadores, mas jamais deixando que a conclusão do valor seja
confiável e segura.
2.7 Ativos Biológicos
O CPC 29 (Comitê de Pronunciamentos Contábeis), de 2009, nos traz no âmbito rural,
as definições dos termos que tem significado específico, dentre elas do que se tratam o Ativo
Biológico, que vem a ser um animal e/ou planta vivos considerados desde seu nascimento até
o ponto do abate ou da colheita.
O valor justo vem sendo cada vez mais usado como forma de mensuração, e desde
2001 o IASB (International Accouting Standards Board) publicou a norma IAS/41, sendo ela
usada para mensuração de produtos agrícolas e ativos biológicos, que antes eram mensurados
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pelo custo histórico. De acordo com o Portal do CFC, o reconhecimento e mensuração de um
ativo biológico se dão quando a entidade controla o ativo como resultado de eventos passados,
quando forem prováveis de geração de benefícios econômicos futuros e o custo do ativo ou
valor justo puderem ser confiáveis de mensuração.
Wanderley, Silva e Leal (2012) citam que de acordo com a IAS/41, as empresas que
possuem atividade agrícola sendo cultura de grãos, aumento de rebanho, estão sujeitas à
realização de valorização de seus ativos, a fim de determinar o valor justo dos mesmos,
baseando-se no conceito de mercado, nos encerramentos trimestrais e do exercício.
Dessa forma, o ajuste do preço de um ativo biológico existente à cotação de mercado
atualiza seu valor à realidade, sendo apurado o quanto o ativo valeria se fosse vendido
naquela data.
3 METODOLOGIA
O universo de estudo foram as Cooperativas Sicoob Nossocrédito de São Sebastião do
Paraíso e a Sicoob Saromcredi de São Roque de Minas, ambas situadas no sudeste de Minas
Gerais. Foram realizadas perguntas com o intuito de conhecer os Instrumentos de análise
utilizados e se esses métodos são suficientes para uma liberação de crédito segura.
Outro ponto questionado foi o uso do Valor Justo no momento de avaliação das
garantias reais, se as Cooperativas estudadas o utilizam como método de análise, onde foi
elaborada uma tabela comparativa, transcrita na íntegra com o objetivo de focar as
semelhanças e diferenças encontradas.
A metodologia de análise do presente trabalho é caracterizada como estudo de caso.
Segundo Yin (2010) o estudo de caso é uma pesquisa empírica, sendo recolhido dados de
fontes direta, investigando fenômeno do seu contexto real, onde múltiplas fontes de
evidências são utilizadas.
O estudo de caso segundo Yin (2010), deve apresentar de forma sumária informações
sobre o background teórico que sustenta o estudo. Deve também apresentar um documento
que possa informar à organização quais são os objetivos da pesquisa, e suas questões
orientadoras iniciais, sendo o entrevistador que deve se introduzir no mundo do objeto, e não
o contrário.
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O estudo de caso para estar completo deve seguir todos os passos de um protocolo, e
para ser considerado um trabalho exemplar os casos individuais são de interesse geral e
amplamente importantes, sendo um assunto atual, podendo ser de uma ou mais organizações,
onde caberá uma análise comparativa dos dados coletados.
Para fins de elaboração do artigo, foi realizado um estudo de caso múltiplo, pois foi
feito um comparativo entre duas cooperativas em suas respectivas regiões, com o intuito de
saber se seus critérios são os mesmos para concessão de crédito, e se estão de acordo com a
norma, utilizando o CPC 46 valor justo.
O estudo definiu-se como qualitativo e descritivo. De acordo com Melo et al. (2011) a
pesquisa descritiva caracteriza-se quando da exposição e estudo de características de uma
população determinada. A pesquisa qualitativa é definida por Neves (1996) como uma
pesquisa que é conduzida conforme o decorrer do estudo. Não segue um plano previamente
direcionado. E o contato com o pesquisador com o objeto de estudo é direto e interativo.
3.1 Procedimentos Metodológicos do trabalho
Como primeira etapa realizou-se uma visita ao Sicoob Nossocrédito de São Sebastião
do Paraíso para serem esclarecidas algumas dúvidas e analisar superficialmente como eram
feitas as análises. Estavam presentes a gerente responsável pela liberação do crédito e o
advogado responsável pela parte jurídica. Através dessa visita foi concluído que, para dar
mais credibilidade ao trabalho, seria necessário fazer uma pesquisa com mais uma
Cooperativa Sicoob, para que pudesse ser realizado um comparativo do modo de análise entre
elas. A Cooperativa escolhida foi a Sicoob Saromcredi de São Roque de Minas, por ser
destaque em ser uma instituição financeira propulsora do desenvolvimento econômico e social
dos associados.
A segunda etapa foi retornar ao Sicoob Nossocrédito realizando uma entrevista com o
Diretor Executivo, com perguntas que buscaram obter dados que auxiliassem a compreensão
das análises financeiras quanto à concessão de crédito, sendo observado a uniformidade e o
padrão de liberação para os associados. A entrevista é considerada uma das principais técnicas
de coleta de dados e a realização dela é feita através de uma conversa entre o pesquisador e o
entrevistado com o intuito de obter informações sobre determinado assunto. (Cervo e Bervian,
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2002, apud Oliveira, 2011).
Segundo Marconi e Lakatos (2010) através dessa conversa, que é de natureza
profissional, são coletados dados que auxiliam a conclusão e direciona a pesquisa a um
diagnóstico do tema pesquisado. A entrevista é semi-estruturada, pois é formulada através de
dúvidas que surgem depois de se apoiar em teorias e hipóteses que interessam à pesquisa. E
através de sua experiência adquirida sobre o assunto, no transcorrer da entrevista pode-se
surgir novas hipóteses gerando consequentemente novas dúvidas. (Triviños, 1987 apud
Beurenet al, 2009).
Na etapa seguinte foi enviado via e-mail um questionário com questões abertas para a
Sicoob Saromcredi, na qual o gerente administrativo respondeu todas elas contribuindo para a
conclusão do trabalho. Não foi possível realizar uma entrevista pelo fato da distância da
cidade das autoras com São Roque de Minas, onde se situa a Saromcredi.
O questionário possuía 12 questões abertas que abrangeu todo o objetivo do trabalho,
sendo as mesmas perguntas realizadas na entrevista com a Nossocrédito. Segundo Fonseca
(2012) o questionário é muito usado, pois através dele que é possível coletar os dados e ter
uma conclusão mais exata sobre o que se deseja. A função do questionário é extrair
informações de maneira dinâmica e padronizada, a respeito de uma investigação, em relação a
uma população ou amostra determinada.
O questionário é um conjunto de perguntas com o intuito de possibilitar atingir o
objetivo do projeto e que a formulação de um questionário não é uma tarefa fácil, sendo
necessário tempo e esforço para a sua elaboração (Parasuraman, 1991 apud Chagas, 2010). De
acordo com Chagas (2012), as questões abertas são respondidas de forma mais livre, pois os
respondentes se utilizam de suas próprias palavras, sem se limitar a um rol de alternativas.
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
A análise abaixo consiste em identificar pontos comuns e incomuns entre os
respondentes e verificar se os mesmos possuem afinidade com o conceito de valor justo.
Serão apresentados questões por questões, abaixo os comentários das autoras e a relação com
o referencial teórico. O quadro 1 traz um comparativo referente ao cenário da concessão de
crédito e de que forma houve mudanças neste panorama.
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SicoobSaromcredi
O café que é a base da nossa região é formado por um Nos três últimos exercícios houve um crescimento de
oligopsônio. Existem no mundo mais ou menos cinco ou 38,75% nas operações de crédito rural da Cooperativa.
seis empresas que compram café. E eles detêm esse O que levou a esse panorama foram à facilidade de
mercado. Eles manipulam os preços de acordo com seus acesso ao crédito, taxas de juros mais baixas,
interesses e seus estoques estimados. Em contra ponto estabilidade do país. Porém, no momento atual, com
você tem o conselho que tenta equilibrar, defender e políticas voltadas para controle de inflação, elevação da
atender aos interesses dos produtores e consequentemente taxa básica de juros, instabilidade do país, o cenário de
os seus próprios interesses. O que levou a esse panorama crescimento tende a estabilizar, podendo ate mesmo
foi a oscilação de preços e a carência do especulador no retrair.
mercado.
Quadro 1 – Cenário da concessão de crédito nos últimos anos e o que levou a este panorama.
Fonte: Autoras.
De acordo com os respondentes, nota-se que o cooperativismo teve um grande
crescimento nos últimos anos. O Sicoob Nossocrédito destaca que o café tem sido base da
região, porém com contrapontos de equilíbrio de preços que muitas vezes não conseguem
equilibrar, por falta de um especulador de mercado. Já a Saromcredi aposta nas facilidades
que as cooperativas oferecem aos seus associados, baixas taxas, estabilidade do país, estando
sempre atenta a movimentação do cenário atual. De acordo com (2011) as cooperativas de
crédito surgiram da necessidade de proporcionar melhores condições aos associados,
oferecendo produtos bancários com juros abaixo do mercado, com prazos mais longos e
isenção de tarifa. O quadro 2 refere-se ao modo pelo qual as análises são feitas. Nessa questão
buscou-se captar as exigibilidades junto às duas cooperativas de crédito no momento da
análise.
SicoobNossocrédito
SicoobSaromcredi
De acordo com o MCR – Manual de Crédito Rural 62 Existem 3 estruturas que auxiliam na liberação do crédito.
do Banco Central. Que exige um cadastro completo, As análises são realizadas pelos comitês de crédito nas
com endereço e renda comprovada e as garantias alçadas competentes de acordo com o valor do crédito
suficientes. Porém, as garantias exigidas são somente solicitado. As solicitações de crédito acima de R$
para atender a lei. Elas não influenciam no momento da 2.000.000,00 são avaliadas pelo conselho de
liberação do crédito. Para liberar o crédito é analisado Administração. Após essa análise passa pelo setor de
onde o produtor aplicará esse crédito solicitado. A Crédito do CAD – Centro Administrativo, onde é feita
Cooperativa analisa a expectativa futura de retorno do análise técnica minuciosa, análise de documentos, fatores
negócio. Se o retorno dá pra pagar o empréstimo internos e externos, etc. E por último, os engenheiros
adquirido e se ainda sobra uma margem para o agrônomos, quando necessário, auxiliam a análise com
produtor.
visitas técnicas in loco, onde são observados diversos
fatores, bem como produtividade, organização,
viabilidade do projeto a ser financiado, etc., e
posteriormente fiscalização da correta aplicação do
recurso, desenvolvimento das atividades financiadas e a
situação das garantias.
Quadro 2 – Como são feitas as análises.
Fonte: Autoras.
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Percebe-se que o método de análise utilizado por ambas as Cooperativas são
parecidos, pois além de analisar os documentos que são exigidos, elas também verificam a
viabilidade do investimento. A Saromcredi destaca a visita de um agrônomo à propriedade,
onde ele verificará a situação do cliente e a situação das garantias. De acordo com Nunes
(2011) a visita ao cliente é indispensável, tendo em vista que é nesse momento que a
instituição financeira terá a oportunidade de obter informações sobre a atividade da empresa e
verificar se as informações obtidas estão de acordo com sua real situação. O que diverge entre
elas são as garantias. Para a Nossocrédito as garantias são solicitadas somente para atender à
lei, não influencia em nada. O quadro 3 mostra os índices de inadimplência das duas
cooperativas. Ambas estão satisfeitas com os resultados.
SicoobNossocrédito
SicoobSaromcredi
Sim, pois o índice de inadimplência da Cooperativa está Consideramos que o método utilizado é suficiente. Todas
abaixo de 1,5%.
as operações contam com garantias reais correspondendo
ao valor mínimo de 130% do valor da operação ou
fidejussórias (aval). O índice de inadimplência da
Cooperativa está 1,28%.
Quadro 3 - Método utilizado é suficiente para que a decisão sobre o crédito seja seguro e confiável.
Fonte: Autoras.
Os respondentes indicaram que o método utilizado em ambas as Cooperativas é
suficiente, podendo-se afirmar que os Instrumentos de Análises utilizados possibilitam que o
crédito seja concedido de forma segura e confiável. Francisco (2007) cita a essencialidade de
uma análise de crédito criteriosa, pois assim podem-se minimizar os riscos aos quais as
cooperativas estão sujeitas, e de acordo com os dados coletados, as duas instituições têm esse
cuidado no momento da análise. O quadro 4 refere-se aos riscos que as cooperativas correm
ao fazer a liberação de crédito para o produtor, e quais as medidas tomadas quando não se
pode cumprir com o compromisso firmado.
SicoobNossocrédito
SicoobSaromcredi
Se houver perda da colheita a Cooperativa faz as A Cooperativa trabalha com seguros rurais que cubram
prorrogações caso a caso. É prorrogado de 2 até 5 anos aos itens financiados, sejam os plantios de lavouras, as
se for preciso e com juros compatíveis. Se for percebido construções de galpões, as aquisições de máquinas e
que o cliente não terá condição nenhuma de pagar a implementos. Para garantir os preços futuros,
Cooperativa, aí sim pode ser recebido um bem em forma trabalhamos com as vendas futuras, travas de preços de
de pagamento. Mas a prioridade é prorrogar o prazo.
percentual da produção.
Quadro 4 – Como a cooperativa lida com os riscos nas quais não podem ser previstos ou inevitáveis.
Fonte: Autoras.
Nessa questão percebe-se que as cooperativas trabalham de forma diferenciada. O
Sicoob Nossocrédito, no momento da percepção da falta de condições do associado de quitar
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adotados pelas cooperativas Sicoob e a relevância do valor justo no momento da liberação do crédito ao produtor
rural.
JONAS, PEREIRA e BONFIM (2015)
com seu compromisso, busca fazer uma análise do contrato do cliente, prorrogando prazos e
trabalhando com juros mais baixos, e em último caso buscando um bem como forma de
pagamento. A Saromcredi prefere trabalhar com a garantia de seguros rurais que podem cobrir
ao financiamento no caso de perda da plantação ou construções. De acordo com Gonçalves e
Braga (2008) existem dois tipos de riscos, sendo ele sistemático e não sistemático. Nesse caso
não está ao alcance da organização controlar esses riscos, porém como os respondentes
escreveram, podem-se buscar alternativas para que a instituição não perca seu capital
investido. O quadro 5 é referente as medidas tomadas quando o associado busca um crédito a
fim de utilizá-lo em outro investimento que não seja o concordado no momento da análise.
Nessa questão buscaram-se verificar quais medidas as cooperativas tomam quanto a essa
situação.
SicoobNossocrédito
SicoobSaromcredi
Desclassifica a operação do crédito rural. O produtor Comunica os fatos ao Banco Central do Brasil,
deixa de pagar 6,75% ao ano e passa a pagar 30% ao encaminhando os documentos comprobatórios das
ano. A operação é declarada vencida antecipadamente e irregularidades verificadas, com vistas à adoção das
ele fica impedido de operar no crédito rural por 2,3,4,5 providências cabíveis junto ao Ministério Público ou às
até 10 anos.
autoridades tributárias, conforme determina a Resolução
n 3.235. Quando são detectadas essas atitudes por parte
do associado, ficam registradas em nossos sistemas
restrições internas que afetam nas próximas análises de
crédito.
Quadro 5 – Quais as medidas tomadas pela cooperativa se o valor adquirido pelo financiamento não foi aplicado
no local acordado.
Fonte: Autoras.
Segundo Jesus et al. (2011), a melhor forma de evitar riscos no momento da análise é
verificar se as informações prestadas pelo produtor são da forma mais clara e detalhada
possível, podendo assegurar a decisão mais segura e confiável.
Quando essas informações não condizem com a aplicação do financiamento, A
cooperativa Sicoob desclassifica de imediato a operação, e o produtor passa a pagar mais caro
pelo crédito além de ser impedido de operar com a cooperativa por anos, de acordo com cada
caso. Já a Saromcredi destaca que é comunicado ao Banco central o fato, podendo o associado
responder ao processo junto ao ministério Público, onde terá registro de restrições junto à
cooperativa perdendo seus direitos como associado.
O quadro 6 refere-se à questão da determinação do crédito a ser liberado. Buscou-se
identificar o que é analisado quando o associado solicita o crédito e como a cooperativa
trabalha para liberação do mesmo.
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Instrumentos de análise financeira utilizados na concessão de crédito: um estudo de caso voltado aos métodos
adotados pelas cooperativas Sicoob e a relevância do valor justo no momento da liberação do crédito ao produtor
rural.
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SicoobNossocrédito
SicoobSaromcredi
É definido de acordo com a área, produção e de acordo É de acordo com a capacidade de pagamento, garantias
com o retorno que ele vai ter em cima da atividade que compatíveis com a operação e viabilidade do
ele ta exercendo e o prazo.
investimento realizado pelo produtor.
Quadro 6 – Determinação do montante de crédito a ser liberado.
Fonte: Autoras.
Para o SicoobNossocrédito o que determina a liberação do crédito é o tamanho da
propriedade, o que será produzido e quão será o retorno da atividade. Já a Saromcredi verifica
a capacidade de pagamento e busca garantias compatíveis com a operação do investimento
realizado. Nunes (2014) afirma que a análise é o momento de se avaliar se o produtor terá
capacidade de arcar com seus compromissos, bem como avaliar se a concessão trará riscos
para a cooperativa no futuro.
O quadro 7 mostra se o contato do cliente ao longo do tempo com a cooperativa, traz
benefícios à liberação de novos créditos.
SicoobNossocrédito
SicoobSaromcredi
Sim, mas mesmo se ele tiver um histórico ótimo, Sim, pois quando conhecemos, sabemos bem para quem
sempre será analisada a capacidade econômica e estamos concedendo o crédito, e com base no histórico
financeira do cliente. De como a vida dele está hoje. E de vários anos de movimentação financeira, fidelidade e
se onde ele quer investir o dinheiro terá retorno.
reciprocidade com a Cooperativa, isso facilita muito a
análise. Mas em nenhum momento, no sentido de
privilegiar, mas sim, de procurar atender da melhor
forma possível, buscando o melhor investimento, o
melhor recurso, as melhores taxas, etc.
Quadro 7 – Verificar se o contato que a instituição tem o cliente faz com que ele tenha benefícios em relação à
liberação de novos créditos.
Fonte: Autoras.
Segundo Nunes (2011) as variáveis dos C’s do crédito que são caráter, capacidade,
condição, capital e o colateral são todas analisadas e auxiliam no momento da liberação do
crédito. Percebe-se através dos quadros que as duas Cooperativas concordam que o contato
com o cliente facilita no momento da análise do crédito, pois com o passar dos anos é possível
conhecer o seu caráter e a sua fidelidade junto a Instituição.
A Nossocrédito afirma que mesmo sendo solicitados novos créditos, as análises serão
realizadas normalmente, pois sempre será verificada a sua capacidade econômica e financeira
hoje e não baseada no passado, porém já se conhecerá o seu caráter conforme os históricos de
pagamentos dos créditos anteriores. Já a Saromcredi afirma que esse contato não privilegia e
sim beneficia no sentido em que se procura atender o cliente da melhor forma possível,
buscando melhores taxas e melhores investimentos.
O quadro 8 mostra como são avaliadas as garantias reais que são solicitadas ao cliente
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adotados pelas cooperativas Sicoob e a relevância do valor justo no momento da liberação do crédito ao produtor
rural.
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no momento da análise e se essas garantias são avaliadas conforme o CPC 46 – Valor justo.
SicoobNossocrédito
SicoobSaromcredi
Não é utilizado o valor justo.As garantias são acessórias. As Garantias reais devem compor ao valor mínimo de
É só para dar legalidade ao ato. Quando for preciso 130% do valor da operação. São avaliadas de acordo
avaliar, o engenheiro agrônomo valida os laudos que com o valor de mercado, levando em consideração,
vem dos agrônomos dos clientes, quando exigidos todas as suas características para cada tipo de garantia,
projetos. Em relação à plantação é analisada a sua bens móveis ou imóveis, destacamos, por exemplo, a
germinação e o potencial de produção. Não pega o qualidade, a raça, a conservação, a localização, as
penhor da planta, e sim o penhor do fruto pendente. benfeitorias, o relevo, o solo, a altitude, etc. Quanto à
Porém se uma planta está boa, com valor justo, pra nós é utilização do valor justo, é utilizado sim, pois as
irrelevante, o que importa é o que ela vai produzir. Mais avaliações são feitas com base no valor de mercado, no
esse penhor só pra garantia legal do Banco Central, ele preço real de venda.
não traduz em segurança para a cooperativa. Esse tipo de
garantia é inócuo.
Quadro 8 – Como são avaliadas as garantias e Valor Justo utilizado.
Fonte: Autoras.
Nunes (2011) afirma que as garantias são solicitadas para que sejam utilizadas como
garantia de pagamento do crédito adquirido, ou seja, caso o cliente não realize o pagamento
do crédito, as garantias são a forma do pagamento. Ao ser analisado o quadro acima, percebese que há divergências nos métodos utilizadas pelas cooperativas. O respondente da
Nossocrédito afirma que as garantias são avaliadas através da validação realizada pelo
agrônomo da cooperativa sobre o laudo que o agrônomo do cliente emite. Ele afirma que não
é utilizado o valor justo no momento dessa análise e ele novamente certifica de que as
garantias são solicitadas somente para atender à lei do Banco Central, e de que elas não
trazem para a cooperativa segurança, são inócuos.
Já o respondente da Saromcredi afirma que as garantias reais devem compor ao valor
mínimo de 130% do valor da operação. Ele afirma que é utilizado o valor justo no momento
da análise. Os ativos do produtor são avaliados de acordo com o valor do mercado, são
verificadas todas as características para cada tipo de garantia, sendo eles móveis ou imóveis.
De acordo com a norma IAS/41 publicada pelo IASB (InternationalAccouting Standards
Board) o valor justo desde 2001 está sendo utilizado para a mensuração de produtos agrícolas
e ativos biológicos, sendo que antes eles eram avaliados pelo custo histórico. Isso faz que com
a análise tenha se tornado mais próxima da realidade possível. O quadro 9 buscou refletir com
quais dificuldades a cooperativa se depara no momento da aplicabilidade do CPC 46 – Valor
justo na avaliação dos ativos dados como garantia.
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Instrumentos de análise financeira utilizados na concessão de crédito: um estudo de caso voltado aos métodos
adotados pelas cooperativas Sicoob e a relevância do valor justo no momento da liberação do crédito ao produtor
rural.
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SicoobNossocrédito
SicoobSaromcredi
- As dificuldades mais apontadas por nossos avaliadores
são a rápida valorização do preço de mercado,
principalmente as que vêm acontecendo no setor
imobiliário;
- as diversificações dos preços dos ativos por
microrregião ou localidades distintas dentro do próprio
município;
- condição do estado dos ativos, qual seja, conservação,
benfeitorias, cultivos.
Quadro 9 – Dificuldades encontradas para avaliar ativos a Valor Justo.
Fonte: Autoras.
Conforme visto no quadro 7, a Cooperativa Nossocrédito não utiliza o valor justo na
avaliação das garantias. Já a Saromcredi como utiliza desse método, ela aponta como uma das
dificuldades de avaliação a valorização rápida de determinados ativos, principalmente no
setor imobiliário.
Segundo o CPC-46 para avaliar um ativo ele deve se encaixar em um dos 3 níveis
hierárquicos de avaliação a valor justo. Sendo que o nível 1 (dados observáveis) são os ativos
idênticos, para que assim possa se fazer a avaliação comparando-os entre si. Já o nível 2
(dados não observáveis) são os ativos que tem características similares. Ou seja, deverá haver
um grau de subjetividade no momento da avaliação, devendo assim observar as características
entre esses ativos, suas semelhanças e conservação, para assim poder chegar a uma avaliação
final. E o nível 3, são os ativos que não se encaixam em nenhum dos níveis citados, onde não
há nenhum ativo idêntico ou semelhante para que seja possível usá-lo como comparativo.
A Saromcredi afirmou que uma das suas dificuldades é avaliar os ativos com
diversificações de preços por microrregião ou localidades dentro do próprio município, ou
seja, ativos que se encaixam nos níveis 1 e 2. Pois o valor do ativo, por mais que seja idêntico
ou similar, tem divergências de valores conforme a sua localização ou conservação.
O quadro 10 buscou-se compreender se avaliar os ativos a valor justo traz benefícios
ao produtor, à cooperativa, ou a ambos.
SicoobNossocrédito
SicoobSaromcredi
Quando se avalia bens a valor justo, estamos trabalhando
sempre dentro da realidade dos ativos. Quanto aos
benefícios, se dá em ambos os casos, para a Cooperativa
que tem ciência dos bens que recebeu como garantia e
seus valores de mercado, e para o produtor que ofereceu
bens a valores adequados, não comprometendo
patrimônio sem necessidade.
Quadro 10 – Benefícios da avaliação de ativos biológicos a valor justo.
Fonte: Autoras.
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adotados pelas cooperativas Sicoob e a relevância do valor justo no momento da liberação do crédito ao produtor
rural.
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Segundo Brito et. al (2014) o valor justo foi criado com intuito de dar maior
credibilidade às informações. Essa afirmação fundamenta a resposta da Saromcredi, que diz
que avaliar os bens a valor justo, é trabalhar dentro da realidade dos ativos. E que essa
avaliação traz benefícios tanto para a Cooperativa quanto para o cliente.
O benefício ao utilizar o valor justo que o respondente da Saromcredi cita é pelo fato
de que a Cooperativa tem a ciência de quanto o ativo usado como garantia está valendo no
mercado e já o produtor tem conhecimento de que os bens oferecidos para garantia estão com
seus valores adequados, e não corre o risco de comprometer bens além do que necessários.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os instrumentos de análise financeiras utilizados na concessão de crédito são
essenciais para que as Cooperativas concedam créditos ao produtor rural com total segurança.
É fundamental para a instituição conhecer onde será aplicado o crédito solicitado pelo cliente,
pois nesse momento a Cooperativa analisa se essa concessão é viável ou não.
A finalidade deste artigo foi realizar um estudo comparativo entre duas Cooperativas
de Crédito e analisar se as mesmas possuem métodos de análises suficientes para liberação de
crédito para o produtor rural, ponderando os riscos que as instituições estão sujeitas ao liberar
esse crédito e verificar a aplicabilidade do CPC 46 no momento da avaliação das garantias
reais.
Foi identificado, a princípio e de acordo com os respondentes, que as cooperativas
apesar de pertencer ao mesmo ramo, se baseiam em métodos diferenciados de análises, porém
ambas possuem eficiência derivando em resultados positivos. Os índices de inadimplência das
duas Cooperativas em estudo estão abaixo de 1,5%, sendo menor do que o recomendado pelo
Banco Central, comprovando assim a eficácia da liberação do crédito com segurança.
Concluiu-se que o Valor Justo, por mais que traga o patrimônio do produtor ao mais
próximo da realidade no quesito de mensuração, somente a Cooperativa Sicoob Saromcredi o
utiliza na avaliação dos bens dados em garantia, afirmando que dessa forma trabalha dentro da
realidade dos ativos. Já a Sicoob Nossocrédito, afirmou que não utiliza o Valor Justo como
método de análise das garantias, e que para ela as garantias são apenas para atender a lei, não
as consideram como segurança de pagamento.
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adotados pelas cooperativas Sicoob e a relevância do valor justo no momento da liberação do crédito ao produtor
rural.
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Os resultados da pesquisa evidenciaram que as Cooperativas em estudo utilizam
métodos de análise e concessão de crédito com algumas diferenças entre si, mas não deixam
de ser o que as teorias recomendam, obtendo assim, resultados satisfatórios.
Em relação ao CPC – 46 Mensuração a Valor Justo, concluiu-se que mesmo a
Cooperativa Sicoob Nossocrédito não o utilizando na análise das garantias, faz com que seu
resultado seja desfavorável em relação à Cooperativa Saromcredi. Porém, entende-se que a
Cooperativa que adota a Mensuração a Valor Justo trabalha dentro da realidade dos ativos,
passando mais credibilidade ao cliente.
Quanto à conclusão obtida no estudo, esclarece-se que os resultados não devem ser
generalizados no que se trata da aplicabilidade da Mensuração a Valor Justo no processo da
análise da liberação do crédito ao produtor rural.
O presente trabalho contribuiu para o conhecimento do tema haja vista que o assunto
abordado ainda foi pouco estudado, na formação das autoras enquanto pesquisadoras, além da
percepção da relevância da pesquisa na compreensão dos dados coletados, que mesmo sendo
adotadas práticas diferenciadas, não comprometeu o resultado do estudo.
Para dar continuidade a este trabalho, sugere-se que sejam feitos estudos em bancos
privados na concessão de crédito, para saber se há diferença na maneira de analisar o cliente e
se há o uso do Valor Justo como instrumento de análise.
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farmacêutico, de São Sebastião do Paraíso-MG
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PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO: DIFICULDADES
ENCONTRADAS NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DO SETOR
FARMACÊUTICO, DE SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO-MG
Dayane Vieira de Paula
Bacharel em Ciências Contábeis
Marina Elisa Soares Pedroso
Bacharel em Ciências Contábeis
Vilma Vieira Mião Oliveira1
Mestra em Ciências Contábeis
RESUMO
Um dos pilares da economia brasileira são as inúmeras micros e pequenas empresas
existentes. Conforme estudo do SEBRAE, há um percentual relevante de micros e pequenas
empresas que morrem antes de completar 05 anos de vida. Diante disto, este artigo tem como
objetivo verificar o grau das dificuldades encontradas pelos micros empresários do setor
farmacêutico de São Sebastião do Paraíso-MG na gestão do planejamento e controle
financeiro. Além disso, busca-se estudar se os empresários paraisenses estão satisfeitos com a
prestação de serviço oferecida pelos escritórios de contabilidade. O método utilizado foi
descritivo e a pesquisa realizada foi quantitativa e de campo.Foi aplicado um questionário em
33 empresas, as quais se predispôs a participar no processo de coleta de dados. Os fatores
investigados através dos questionários foram intrinsicamente ligados a gestão financeira das
micros e pequenas empresas e o grau de satisfação das mesmas em relação aos serviços
contábeis por elas adquiridos. Os resultados apontam, de uma maneira geral, que os
empresários estão realizando seu planejamento e controle financeiro, por ser um item
indispensável de gestão e que a maioria estão satisfeitos com os serviços prestados pelos
escritórios de contabilidade.
Palavras-Chave:Planejamento; controle financeiro; micro e pequenas empresas.
1
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1
INTRODUÇÃO
As empresas estão enfrentando inúmeros desafios com os avanços das tecnologias,
pois a cada dia que passa surge um novo produto no mercado, os clientes estão exigindo
melhor qualidade. Essas mudanças ajudam a elevar as incertezas dos negócios e com isso os
empresários encontram diversas dificuldades em obter uma administração eficaz, como por
exemplo: fluxo de caixa, controle do capital de giro, estoques entre outros, levando assim as
mortalidades das empresas.
Diante disto, este artigo visou estudar a seguinte questão: Quais as dificuldades
encontradas pelas micros e pequenas empresas do município de São Sebastião do
Paraíso em relação ao Planejamento Financeiro?
Justifica-se a importância deste tema, pois um bom planejamento financeiro é
fundamental para as empresas, pois ajudasaber, com antecedência quais os caminhos que a
empresa esta percorrendo, visando aumentar os resultados financeiros. As micros e pequenas
empresas são essenciais na geração de emprego e renda do país, fazendo base da formação do
produto interno bruto brasileiro (PIB), representando assim grande importância no
desenvolvimento sócio e econômico do país. Segundo o sitio do SEBRAE as micros e
pequenas empresas representam 27% do Produto Interno Bruto e 52% dos empregos formais.
Os empresários encontram dificuldades para gerir seus negócios, com isso muitas
vezes acabam levando as empresas à mortalidade.
Este trabalho tem como objetivo geral verificar o grau das dificuldades encontradas
pelos micros empresários de São Sebastião do Paraíso-MG, na gestão do planejamento e
controle financeiro.
E como objetivos específicos: descrever o que é planejamento, controle financeiroe
micro e pequena empresa; analisar as dificuldades encontradas em relação ao planejamento
financeiro;
Para atender aos objetivos propostos o trabalho foi estruturado da seguinte forma:
No capítulo 1 - Introdução, esclarece o problema de pesquisa, a justificativa o objetivo
geral e os específicos.No capítulo 2 - O referencial teórico procura-se esclarecer temáticas
relacionadas aos assuntos como: planejamento e controle financeiro, controle de caixa,
controle bancário, controle de contas a receber, controle de contar a pagar e despesas, controle
de estoque, capital de giro, demonstrações financeiras e suas análises, contextualização de
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micros e pequenas empresas e dificuldades encontradas em relação ao planejamento
financeiro.No capítulo 3 – Metodologia descreve-se a parte metodológica do trabalho.No
capítulo 4 – As análises e discussões dos dados. No capítulo 5, as considerações finais e por
fim as referências bibliográficas.
2
REFERENCIAL TEÓRICO
2.1
Planejamento e controle financeiro
O planejamento financeiro é o método utilizado para planejar o futuro, administrar as
finanças, dinheiro envolvido nas transações entre pessoas seja ela pessoa física ou jurídica. É
a mais importante tarefa de um empresário, pois através dele é possível manter uma
organização e uma logística eficaz da empresa. Segundo Bateman e Snell (1998, p. 28) o
planejamento é uma forma de atingir objetivos através de estratégias de negócios e
corporativas, para isso é necessário saber a atual situação da empresa e determinar metas a
serem alcançadas para que o futuro da organização seja promissor.
Gitman (2010, p 105) diz que o planejamento de caixa e de lucros são um dos pontos
principais para que ocorra um planejamento eficaz para uma boa gestão financeira. Sendo eles
fluxo de caixa que demonstra as operações de entradas e saídas do caixa da empresa e seu
planejamento serve para prever as necessidades em curto prazo do caixa dando o saldo final
de cada período analisado. O planejamento de lucros serve para fazer uma projeção de custos
e receitas esperadas para que de lucros suficientes para sanar as dificuldades da empresa e
ainda obter uma folga em regime de competência.
O controle financeiroé importante para uma empresa, pois ajuda o empresário na
tomada de decisões, ajuda também a identificar se há ou não dinheiro em caixa, se ele deve ou
não adquirir um equipamento ou pedir um empréstimo ao banco.
Realizando planejamento e controle financeiro, as micros e pequenas empresas
poderão ter diferentes oportunidades de desenvolvimento, um dos objetivos do financeiro é
evitar surpresas e desenvolver planos alternativos de providências a serem tomadas caso
ocorram imprevistos. Segundo Gitman (2010, p.250) os planos financeiros e orçamentos
oferecem informações estrutura adequada para atingir os objetivos da empresa e coordenar as
diversas atividades da empresa.
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Constata-se que o planejamento financeiro, além de especificar caminhos que levam a
alcançar os objetivos da empresa, tanto a curto como a longo prazo, gera mecanismos de
controle que envolvem todas as suas atividades operacionais e não operacionais.
2.1.1 Controle de caixa
A demonstração do fluxo de caixa é o método mais comum utilizado para fazer o
planejamento financeiro das empresas, na qual ajuda a demonstrar a variação de saldos de
caixa e aplicações financeiras.
De acordo com Assaf Neto (2002) a definição de caixa refere-se à liquidez imediata
dos ativos, saldo monetário guardado na empresa e saldos em bancos, podendo ser usado para
saldar dividas de diversas naturezas. Silva (2010) nos afirma também que a conta caixa
demonstra o valor monetário representado por dinheiro em espécie ou cheques recebidos
pelos clientes existentes na data de encerramento do balanço.
Para que seja mais evidente,os gestores tem como objetivo fazer um planejamento de
caixa, ou seja, um orçamento de caixa, uma projeção de entradas e saídas de dinheiro com
isso prevendo as necessidades financeiras em curto prazo como afirma Gitman (2010), o
orçamento de caixa é feito na maioria das vezes mensalmente e empresas com padrões de
fluxo de caixa estáveis podem ser feitos trimestralmente ou anuais. Seguindo o mesmo
conceito do orçamento de caixa tem-se a projeção de vendas umas das principais informações
para um bom planejamento financeiro, pois é nele que consiste qual a será a demanda de
venda, interligados ao desembolso à produção realizada as vendas e ao estoque.
Segundo Gitman (2010), a projeção de vendas pode ser embasada por analise de dados
internos, externos ou entre ambas, previsão externa é uma previsão de vendas das empresas e
certos indicadores econômicos externos fundamentais e previsão interna é uma previsão de
vendas baseada na acumulação ou no consenso de vendas efetuadas pelos canais de
distribuição da empresa.
O controle do fluxo de caixa para os gestores de micros e pequenas é essencial, pois é
ele que demonstra a saída e entrada de dinheiro em caixa, fator importante para a empresa.
2.1.2 Controle bancário
Fazer o controle bancário para os gestores é importante, pois é nele que ficam
registrados
todas
as
transações
bancarias
efetuadas
diariamente,
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mensalmente,
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trimestralmente ou anual. De acordo com Silva (2012, p.98) a conta bancos contem os saldos
em conta corrente, disponíveispara saques, aplicação financeira ou outro uso que a empresa
deseja efetuar, como por exemplo, pagar contas diretamente debitadas na conta bancaria.
Segundo SEBRAE (2005, p.18) o controle bancário possuem duas finalidades, a
primeira baseia-se em comparar os registros da empresa e os lançamentos gerados pelo banco,
se necessário usado para apurar as diferenças encontradas, a segunda é gerar informações
sobre os saldos bancários existentes e também se é capaz de pagar as obrigações do dia.
2.1.3 Controle de contas a receber
O controle de contas a receber ou também chamado de duplicatas a receber tem como
objetivo controlar os recebíveis existentes na empresa referente às vendas realizadas a prazo
para que se possa ter a informação do montante a ser recebidos, previsão de vencimentos e os
clientes que já possuem vencimento em atraso e daqueles que pagam em dia e por fim
fornecer dados para que seja efetuado o fluxo de caixa.
Silva (2012 p. 99) afirma que a conta patrimoniala receber de clientes também pode
ser duplicatas em carteira, que significa aquela em que o emitente fica à espera do vencimento
para serem recebidas; duplicatas dadas em penhor, realizadas de acordo a empréstimos;
duplicatas em cobrança bancária simples, ou seja, remetidas ao banco para cobrança.
2.1.4 Controle de contas a pagar e despesas
O controle de contas a pagar e despesas é essencial, pois estar em dia com as
obrigações financeiras é indispensável, obedecer ao vencimento de cada duplicata fazendo
uma projeção para ter o controle dos fornecedores, gastos e despesas.
2.1.5 Controle de estoque
Estoque são os materiais que ficam disponíveis de modo físico na empresa, até o
momento de sua comercialização ou transformação.
O controle de estoque é necessário para verificar e balancear os custos de manutenção
e aquisição das mercadorias.
Para Ballou (2006), os estoques servem para uma série de finalidades: melhoram o
nível de serviço, incentivam economias na produção, permitem economias de escala nas
compras e no transporte, agem como proteção contra aumento de preços protege a empresa de
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incertezas na demanda e no tempo de ressuprimento e, servem como segurança contra
contingência.
O objetivo do controle de estoque dentro das micros e pequenas empresas é atender a
demanda e promover o planejamento e o controle dos materiais existentes na empresa, já que
tais decisões influenciarão em todos os demais setores da organização.
2.1.6 Capital de giro
Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (2009, p.42) capital de giro líquido é igual ao ativo
circulante menos o passivo circulante, para que seja positivo o ativo circulante deve ser maior
que o passivo circulante, segundo Braga (2009, p.71) o ativo circulante é compostos pelas
disponibilidades financeiras (caixa, bancos, aplicações em títulos vinculados ao mercado
aberto, de liquidez imediata), direitos de créditos sobre clientes (contas a receber, duplicatas a
receber, clientes) os estoques (mercadorias, matérias-primas, produtos em elaboração e
acabados) e outros bens e direitos realizáveis do exercício seguinte.
Braga (2009, p. 75) também afirma que o passivo circulante são os débitos obtidos
pela empresa (dividas com fornecedores, salários, encargos e impostos a pagar, empréstimos e
etc.). O capital de giro é o dinheiro envolvido nas transações envolvidas para que a entidade
possa dar continuidade ao seu segmento. Com isso o SEBRAE (2005, p.29) nos afirma que “o
capital de giro está relacionado com todas as contas financeiras que giram ou movimentam o
dia-a-dia da empresa, como se fosse o sistema circulatório no corpo humano”.
2.1.7 Demonstrações financeiras e suas análises
Para Ross, Westerfield e Jaffe (2009, p.46) as demonstrações financeiras são divididas
em quatro áreas.
Solvência à curto prazo: capacidade de pagamento das obrigações da entidade a curto
prazo, os índices mais utilizados neste caso são o índice de liquidez corrente que é a divisão
entre o total de ativo circulante pelo total do passivo circulante, para que este índice seja mais
evidente o melhor é calcular em vários anos e fazer uma comparação e comparar o índice a
outras empresas do mesmo setor, pois quanto menor o valor do índice menor é a capacidade
financeira de saldar seus deveres. Índice de liquidez seca também utilizada, pois ele é a
divisão do ativo circulante de maior liquidez entre o total do passivo circulante que demonstra
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a capacidade de saldar as dividas sem depender da venda de estoques e por fim índice de
liquidez geral que segundo Marion (2012, p.81) demonstra a capacidade de a empresa saldar
suas dividas a longo prazo, ou seja, a divisão do ativo circulante mais o realizável a longo
prazo (liquidez financeira) com o passivo circulante mais o exigível a longo prazo (passivo
não circulante).
Ainda segundo Marion (2012, p.81) atividade: capacidade de gestão dos investimentos
em ativos, o índices utilizados são o giro do ativo total que busca identificar com que eficácia
a empresa esta utilizando seus ativos. O índice de contas a receber demonstra o prazo médio
de recebimento. Giro de estoque mede a capacidade em que o estoque é produzido, vendido e
prazo médio de pagamento, demonstram quantos dias a empresa leva para pagar seus
fornecedores.
Alavancagem financeira: demonstra qual a proporção em que a empresa utiliza de
recurso de terceiros, dividindo-se em índice de endividamento e cobertura de juros.
Rentabilidade: nível lucratividade da empresa divide-se em margem de lucro, retorno
sobre os ativos, retorno sobre o capital próprio e índice de payout, que demonstra a política de
dividendos.
2.2
Contextualizações de micro e pequena empresa
Atualmente existem pelo menos quatro definições utilizadas para micros e pequenas
empresas, a primeira delas é a Lei Geral das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte
instituída em 14 de dezembro de 2006 (Lei Complementar Federal 123/2006) para
regulamentar o disposto na Constituição Brasileira, que prevê o tratamento diferenciado e
favorecido à micro e pequena empresa.
O art. 3° da Lei complementar n° 139 de 2011 nos define que as microempresas
possuam no ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 e no caso de
empresas de pequeno porte a receita bruta no ano-calendário seja superior a R$ 360.000,00 e
igual ou inferior a R$ 3.600.000,00.
Outra definição vem do Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas
(SEBRAE, 2003-2005 p.11) quem tem como critério de classificação o número de
empregados da empresa, sendo assim as microempresas podem possuir até 19 empregados na
área da indústria e construção civil, já no comércio e prestação de serviços até 9 empregados.
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E nas pequenas empresas o número já cresce, a indústria e a construção civil podem possuir
de 20 a 99 empregados, e no comércio e serviços de 10 a 49 empregados.
Já o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) considerado
o melhor meio de financiamento a longo prazo para investimentos na economia, a
Microempresa deve possuir receita operacional bruta anual menor ou igual a R$ 2,4 milhões e
a Pequena empresa maior que R$ 2,4 milhões e menor ou igual a R$ 16 milhões.
A Lei societária 11.638/07 também define que as empresas de grande porte devem
possuir no exercício social anterior ativo total superior a R$ 240 milhões ou receita bruta
anual superior a R$ 300 milhões e as pequenas e médias o valor abaixo.
Um estudo do SEBRAE aponta que no Brasil existem 6,4 milhões de
estabelecimentos. Desse total, 99% são micros e pequenas empresas, elas respondem por 52%
dos empregos com carteira assinada no setor privado.
Os principais motivos para o bom desempenho dos pequenos negócios na economia
brasileira são a melhoria do ambiente de negócios, o aumento da escolaridade da população e
a ampliação do mercado consumidor, com o crescimento da classe média.
2.2.1 Mortalidade das micro e pequenas empresas
Quando uma empresa abre as portas pressupõe-se que ela continuará em operação no
futuro, o que muitas vezes não ocorre, devido à falta de planejamento.O empresário deve
diferenciar o seu patrimônio particular do patrimônio da empresa, isso o ajudará muito no
controle financeiro da empresa, conseguindo evitar a mortalidade precoce da empresa.
Previdelli (1995, p.179) levantou dados estatísticos que remetem as causas das
mortalidades das pequenas empresas e chegou à conclusão que existem falhas ou deficiências
na administração financeira, em sua tomada de decisões para dimensionar o capital de giro
para as diversas ações do dia a dia.
Segundo o SEBRAE-SP (2014) as principais causas do desaparecimento das micros e
pequenas empresas brasileiras são: falta de planejamento e informações do mercado;
complexidade tributária; brigas familiares ou de sócios; falência; encerramento espontâneo de
atividades.
No município de São Sebastião do Paraíso a maioria das micros e pequenas empresas
fecham as portas com menos de 5 anos de existência, conforme a figura 1 fornecidos pelo
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SEBRAE (2013, p. 2).
Figura 01-Mortalidade das micros e pequenas empresas.
2.3
Dificuldades encontradas em relação ao planejamento financeiro
A maioria dos micros e pequenos empresários não tem muito conhecimento sobre as
áreas administrativas e financeiras, consequentemente não planejam corretamente a abertura e
o andamento de sua empresa.Antes de abrir sua empresa o empresário precisa pensar no risco
do negócio, nos gastos que terá com mão de obra, impostos, para depois não se arrepender.
De acordo com o sitio Finanças Praticas (2014, p. 36) é natural que os microempresários
encontram dificuldades, obstáculos ao longo do caminho, porem é necessário encara-las como
aprendizado, sabendo identificar os erros ocorridos para que a empresa tenha uma boa saúde
financeira e com isso elevando o sucesso empresarial.
Halloran(1994, p. 22), fala sobre o planejamento financeiro e presume a sua
elaboração: “embora as projeções financeiras sejam apenas uma estimativa, elas tornam-se
mais concretas à medida que você colhe um numero maior de informações”.
Os empresários devem formular metas e objetivos a longo prazo, para que se possa ter
conhecimento sobre seu saldo em caixa, se pode ou não pagar um fornecedor a vista e se está
obtendo lucro.
3
METODOLOGIA
De acordo com os aspectos metodológicos a pesquisa classifica-se como descritiva, de
acordo com Silva (2010 p. 59) “é a descrição das características de uma determinada
população ou fenômeno, estabelecendo relação entre as variáveis possuindo técnicas
padronizadas como questionário”. Esta pesquisa foi descritiva porque teve como base um
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questionário aplicado para os gestores das micros e pequenas empresas do ramo farmacêutico
de São Sebastião do Paraíso – MG.
Visando verificar as dificuldades no planejamento e controle financeiro das micros e
pequenas empresas do setor farmacêutico do município de São Sebastião do Paraíso, foi feita
uma pesquisa de campo, através de um questionário aplicado.
Segundo Oliveira (2003, p. 65) a pesquisa de campo é “uma forma de coleta que
permite a obtenção de dados sobre um fenômeno de interesse, da maneira como este ocorre na
realidade.”
A coleta de dados será por meio de questionário fechado, dicotômicas, segundo Silva
(2010, p. 60) questionário é “um conjunto ordenado e consistente de perguntas a respeito de
variáveis e situações que se deseja medir ou descrever.”
E também uma pesquisa bibliográfica, que conforme Silva (2010, p.54) pesquisa
bibliográfica é “uma pesquisa que explica e discute um tema ou problema com base em
referencias teóricas já publicadas em livros, revistas, periódicos, artigos científicos e etc.”
As pesquisadoras utilizaram o método quantitativo, pois segundo Silva (2010, p. 28)
significa quantificar opiniões, dados, na forma de coleta de informações, muito utilizada no
desenvolvimento de pesquisas.A amostragem segundo Oliveira (2003) pode ser divido em
três partes: determinação das unidades de amostragem; seleção dos itens de amostragem e
determinação do tamanho da amostra; estimativas das características do universo por
intermédio dos dados amostrais.
A amostra foi composta pelas micros e pequenas empresas do setor farmacêutico do
Município de São Sebastião do Paraíso – Minas Gerais, cadastradas no sitio Empresas do
Brasil. Composta por 62 empresas sendo 7 de pequeno porte; 52 micro empresas e 1 S/A a
qual será descartada de nossa pesquisa pois o intuito são as micros e pequenas empresas.
A coleta de dados foi embasada em questões elaboradas a partir do referencial teórico,
composta por 19 questões, 14 são relacionadas ao controle e planejamento financeiro, sendo
assim da questão 1 à 5 relacionadas ao gestor, se encontram facilidade, dificuldades e
conhecimento para gerir seu negócio através do planejamento e controle financeiro; da
questão 6 à 14 contendo dados do referencial teórico, evidenciando todos os métodos
utilizados para obter um controle financeiro eficaz. E por fim 5 questões (da 15 à 19) são
relacionadas aos serviços contábeis oferecidos, verificando se dispõe de serviços e assessoria
financeira.
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4
ANÁLISES E DISCUSSÕES DOS RESULTADOS
4.1
Contextualização do comércio farmacêutico no município
As micros e pequenas empresas são um dos principais apoios da economia brasileira,
tanto pelacapacidade de gerar empregos, quanto pelos inúmeros estabelecimentos distribuídos
pelo Brasil.
O município de São Sebastião do Paraíso, segundo dados do SEBRAE (2014, p.3), de
acordo com o gráfico1, possui 2.999 MPEs representando 99,07% dos estabelecimentos em
geral, sendo: 13,14% indústrias; 5,67% construção civil; 50,75% comércio e 30,44% serviços.
13% 6%
30%
Indústria
51%
Construção
Civil
Comércio
Gráfico 1- Composição de Mercados por setor ME e EPP.
Sendo assim a pesquisa focou-se no setor farmacêutico do município, que corresponde
a 62 estabelecimentos, ou seja, 3,95% do comércio em geral, conforme o gráfico 2. No
entanto, os dados foram coletados através de 33 questionários respondidos, pois 01 não quis
participar, 27 destas empresas já se encontram desativadas confirmando desta forma o índice
de mortalidades das micros e pequenas empresas e 01 não é ME e sim S/A.
4%
96%
Setor Farmaceutico
Demais setores
Gráfico 2 –ComércioX Setor Farmacêutico
Fonte: elaborado pelas autoras
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A análise dos dados dividiu-se em três eixos temáticos, no qual o primeiro é
relacionadoaos gestores, o segundo ao controle e planejamento exercido e por fim o terceiro
eixo é referente aos serviços contábeis.
4.2
Conhecimento dos gestores com relação ao planejamento financeiro
Este primeiro eixo temático, denominado como conhecimento dos gestores com
relação ao planejamento financeiro é composto por cinco perguntas, como está representado
no quadro 1.
Conhecimento dos gestores com relação ao planejamento financeiro
A empresa utiliza dos dados contábeis para tomada de decisões e projetos para o
1
crescimento da empresa?
SIM
NÃO
93,90% 6,10%
2 Antes da empresa iniciar suas atividades, houve planejamento financeiro?
81,80% 18,20%
3 Você encontra dificuldades para realizar controle financeiro?
33,30% 66,70%
4 Você tem conhecimento de movimentações financeiras?
81,80% 18,20%
5 Você possui conhecimento de administração ou contabilidade?
69,70% 30,30%
Quadro 1 –Conhecimento dos gestores com relação ao planejamento financeiro
Fonte: Dados da pesquisa
Com os resultados obtidos nas análises pode-se perceber que o planejamento e
controle financeiro é utilizado pela maioria dos gestores das empresas entrevistadas, por ser
de fácil aplicação e possuir uma função indispensável. Todo estabelecimento pode elaborar
seu orçamento, planejar seu futuro, projetar seus fluxos e promover seus ajustes a partir dos
dados obtidos com o planejamento. Sendo assim 93,90% dos gestores responderam que
utilizam dos dados contábeis para tomada de decisões, 81,80% possui o conhecimento de
todas as movimentações financeiras e 66,70% não possuem dificuldades para realizar o
controle financeiro. De acordo com Gitman (2010, p 3) o gestor de hoje está mais ativamente
envolvido com o desenvolvimento e estratégias empresarias que tem como objetivo obter o
crescimento da empresa com isso dando maior importância em realizar as tarefas financeiras.
Assim Sanvicente e Santos (2000, apud Filho, Soares e Vasconcelos, 2012, p. 31) diz
que uma das funções para um bom gestor é controlar, medir padrões, analisar, obter metas,
avaliar resultados entre outros, pois ter o controle empresarial tem vital importância porque o
ser humano apresenta limitações como fraqueza e incapacidade.
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PAULA, PEDROSO e OLIVEIRA (2015)
4.3
Gestão na elaboração de controle e planejamento financeiro
Neste segundo eixo temático, denominado como gestão na elaboração de controle e
planejamento financeiro é composto por nove perguntas, que seguem expostas no quadro 2:
Gestão na elaboração de controle e planejamento financeiro
SIM
NÃO
6
A empresa possui controle de caixa, onde registra todas as entradas e saídas de dinheiro,
apurando o saldo existente em caixa?
100%
0%
7
A empresa possui controle bancário? Nele ficam registradas todas as transações
bancarias, seu controle deve ser constante, referente a depósitos e créditos.
100%
0%
8
A empresa possui controle das vendas efetuadas diariamente e mensais, possibilitando
assim ao gestor tomar providencias e metas a serem alcançadas?
97%
3%
9 A empresa possui controle dos recebíveis, resultante das vendas a prazo?
10 A empresa possui controle das contas a pagar, obedecendo a datas pré-estabelecidas?
78,80% 21,20%
100%
0%
11 A empresa possui controle das despesas, uso/consumo?
93,90% 6,10%
12 A empresa realiza controle de estoque regularmente?
72,70% 27,30%
13
A empresa possui o controle do capital de giro, dinheiro utilizado para dar continuidade
diária às operações da empresa?
14 Você esta satisfeito com a atual situação financeira de sua empresa?
78,80% 21,20%
69,70% 30,30%
Quadro 2 –Gestão na elaboração de controle e planejamento financeiro
Fonte: Dados da pesquisa
É possívelverificar que todos os gestoresdas empresas entrevistadas realizam controle
de caixa e controle bancário, mostrando-se que 100% destes fazem controles de caixa,
controle bancário e controle de contas a pagar. 69,70% estão satisfeitos com a atual situação
financeira de sua empresa. Segundo Gitman (2010, p. 95) o fluxo de caixa é o foco principal
do gestor exercido nas decisões rotineiras do dia-a-dia, como o próprio autor nos diz “o fluxo
de caixa é como o sangue que corre pelas veias da empresa”.
A pesquisa nos mostra, que uma parte bem relevante dos entrevistados realizam o
controle de estoque da empresa regularmente, isso é importante, pois aperfeiçoa o
atendimento aos clientes, gera lucro para a empresa, evita gasto de capital excessivo. Como
nos afirma Groppelli e Nikbakht (2001 apud Heinem e Soutes 2014, p. 35) o planejamento
financeiro é o processo de estimar as quantias necessárias para continuar tendo
movimentações sem a necessidade de arrecadar fundos a serem financiados.
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Para que o administrador tenha maior controle de liquidez da empresa e com isso uma
boa gestão financeira Gitman (2010, p 4) diz que o administrador financeiro tem como base
controlar o fluxo de caixa, analisar, planejar e obter o seu controle para que possa obter uma
gestão mais eficiente para a tomada de decisões.
4.4
Gestão financeira X escritório de contabilidade
O ultimo eixo temático, denominado como gestão financeira X escritório de
contabilidade é composto por cinco perguntas, retratadas no quadro 3.
Gestão financeira X escritório de contabilidade
SIM
NÃO
15 O escritório de contabilidade oferece assessoria personalizada à empresa?
81,80% 18,20%
16 O escritório de contabilidade dispõe de serviços financeiros?
73,50% 26,50%
17
Caso a resposta da questão 16 for negativa. Você acha que o escritório de contabilidade
deveria prestar serviços financeiros?
88,20% 11,80%
18 Você já solicitou assessoria financeira ao contador?
33,30% 66,70%
19 Você esta satisfeito com os serviços contábeis contratados pela empresa?
87,90% 12,10%
Quadro 3 –Gestão na elaboração de controle e planejamento financeiro
Fonte: Dados da pesquisa
Em relação aos serviços prestados pelos escritórios de contabilidade aos empresários
do município, a pesquisa mostra que 73,50% dos entrevistados afirmam que sua contabilidade
oferece serviços financeiros.Foi verificado também que a maior parte dos entrevistados
estãosatisfeitos com osserviços prestados pelos escritórios de contabilidade representado
87,90% de satisfação. Pesquisa realizada e publicada na RCB de Contabilidade de nº 212 de
Março/Abril de 2015 confirma também que os empresários estão satisfeitos com os serviços
prestados pelo seu profissional de contabilidade e os indicassem a outras empresas (TRES e
ZIMMER, 2015 p. 27).
No entanto esta mesma pesquisa demonstra que 52% dos empresários citados acima
estão insatisfeitos com o profissional contábil quando o tema é auxilio nos assuntos gerenciais
revelando que ele ainda está muito focado na contabilidade fiscal.
De acordo com Figueiredo e Fabri (2000, p. 82) o profissional contábil tem como
umas de suas principais definições de serviço, oferecer a consultoria financeira, bem como
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gerencial entre outros. Diante disto os mesmos autores (2000, p 83) afirma que o mercado
contábil está concentrado nas micros e pequenas empresas, pois as grandes já possuem seu
pessoal contratado para isso, sendo assim as micros e pequenas contratam serviços de
terceiros para realizar tal função.
Thomé (2001 apud Tres e Zimmer, 2015 p. 31) aborda que o profissional contábil
pode se especializar em diversos segmentos para obter o seu diferencial, podendo ser nos
serviços normais, em contabilidade gerencial, se especializar nas micros e pequenas empresas
dando-a total apoio.
O profissional contábil tem como função exercer seus deveres éticos, prudentes e
sigilo, com isso atender a satisfação de seus clientes.
5
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do estudo foi verificarquais as dificuldades encontradas pelos
microsempresários do ramo de comércio farmacêutico, de São Sebastião do Paraíso – MGna
gestão do planejamento e controle financeiro.
Concluiu-se que a maioria dos gestores possuem conhecimento de todas as transações
financeiras realizadas e a minoria possuem dificuldades em realizar esse controle financeiro.
Referente à elaboração financeira a maioria dos gestores possuem controle de caixa adequado
ao seu ramo, controle bancário, controle de estoque, de despesas, de capital de giro e grande
partedos entrevistados estão satisfeitos com sua atual administração financeira.
De modo geral foi verificado que as farmácias existentes no município de São
Sebastião do Paraíso não possuem dificuldades financeiras, e exercem na prática o controle
das finanças de sua empresa.
Concluiu-se também que a maioria dos empresários estão satisfeitos com os serviços
prestados pelos escritórios de contabilidade.
Como recomendações para pesquisas futurassugere-se que se façam um estudopara
verificar quais as causas e fatores que provocaram o fechamento das 27 empresas do ramo
farmacêutico que atuavam em nosso município.
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Desenvolvimento de um sistema para organização de currículos
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DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA PARA ORGANIZAÇÃO DE CURRÍCULOS.
Jonathan Henrique Jeremias Souza
Bacharel em Sistemas de Informação
Fernando Roberto Proença1
Mestre em Ciência da Computação
RESUMO
Com o avanço da tecnologia, se faz cada vez mais necessário as empresas atualizarem e buscarem
soluções que tornem suas rotinas mais rápidas. Neste projeto é ressaltado o problema relacionado ao
tempo gasto no processo de controle de currículos, problema esse encontrado em diversas organizações
que utilizam o método tradicional para tal controle, armazenando os currículos em pastas físicas. Neste
projeto foi desenvolvido um sistema para auxiliar no controle de currículos e no processo de seleção dos
mesmos. O sistema desenvolvido é capaz de cadastrar as informações mais importantes dos currículos
recebidos e quando necessário filtrar os mais adequados à vaga em aberto, ou à solicitação do gestor,
trazendo benefícios consideráveis ao departamento de recursos humanos além de um melhor
aproveitamento do tempo no setor. É importante salientar que um dos objetivos do sistema consiste no
desenvolvimento de uma interface agradável e um software simples, pois o foco é facilitar todo o
processo de controle de currículos. Para o desenvolvimento do sistema foi utilizada a linguagem de
programação C# e os dados foram armazenados no banco de dados MySQL.
Palavras-chave: Currículo. Empresa. Processo de seleção. Sistema de Apoio à Decisão.
Desenvolvimento de Sistemas.
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Desenvolvimento de um sistema para organização de currículos
SOUZA, PROENÇA (2015)
1. INTRODUÇÃO
Atualmente as empresas buscam soluções simples e eficazes para os seus serviços
habituais, visando uma tomada decisões com celeridade para se destacar perante seus
concorrentes.
Um dos problemas notórios nas empresas está relacionado ao processo de seleção e
controle de currículos. Esse problema ocorre quando a empresa não possui um método ou
sistema para facilitar tal seleção e controle. Sendo assim surge uma questão que norteia este
projeto: Como tornar o processo de organização de currículos das empresas mais rápido e
eficaz?
A popularização dos computadores no ramo empresarial trouxe grandes melhorias
para as empresas em diversos aspectos. Logo, nos dias de hoje é comum e, ao mesmo tempo
necessário extrair ao máximo os benefícios que os computadores e os softwares podem
oferecer.
Tendo como base uma pesquisa realizada em oito empresas de diferentes ramos da
cidade de São Sebastião do Paraiso-MG, foi relatado que nenhuma dessas empresas possuem
um software que auxilie o processo de seleção e controle de currículos. A ausência desse
software justifica o desenvolvimento de um sistema para controle de currículos e processos de
seleção de candidatos.
O objetivo principal deste projeto consiste em desenvolver um sistema computacional
para gerenciar e auxiliar o controle de currículos e o processo de seleção dos candidatos para
vagas.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1.
Controle de Currículos
Segundo Ferreira (2001, p. 199) a palavra currículo representa a palavra Curriculum
Vitae, vinda do Latimcuja definição é: “Conjunto de dados relativos à vida estudantil,
profissional, etc. de quem se candidata a emprego, a concurso, etc.”.
Um dos métodos de se candidatar à uma vaga de trabalho, estando ela disponível ou
não, é através da entrega de um currículo.
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Desenvolvimento de um sistema para organização de currículos
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Os currículos recebidos pela empresa serão necessários quando o gestor ou o
responsável por novas vagas solicitar um novo funcionário. Após essa solicitação, o
departamento de recursos humanos da empresa analisará os currículos existentes e selecionará
os currículos que têm o perfil mais indicado para a vaga.
Quando a empresa recebe uma grande quantidade de currículos diariamente, o
gerenciamento dos mesmos torna-se complexo. Considerando a pesquisa realizada nas oito
empresas de diversos ramos de atividade em São Sebastião do Paraíso-MG, foi relatado que a
maioria delas armazena e controla os currículos recebidos em pastas físicas, organizando-os
de acordo com a empresa e, ao disponibilizar uma vaga, os candidatos para a vaga são
solicitados, os quais são buscados dentre os currículos que estão nas pastas físicas para o
processo de seleção.
2.2.
Processo de Seleção de Currículos
Segundo Chiavenato (2009) a seleção consiste em buscar o mais adequado aos cargos
da empresa entre os candidatos.
Segundo Bohlander e Snell (2013), seleção é o processo de redução desses números
por meio da escolha entre indivíduos com qualidades relevantes.
Inicialmente o processo de seleção de currículos se inicia quando uma vaga para
determinado cargo é disponibilizada e, a partir desse momento o gestor ou o responsável pela
contratação de novos funcionários solicita ao departamento de recursos humanos um novo
funcionário para preenchimento da vaga. Após essa solicitação, os currículos dos candidatos
existentes são analisados e são selecionados os candidatos que melhor se encaixam em tal
vaga. Para que isso ocorra é necessário definir padrões a serem seguidos na procura pelo
candidato, ou seja, definir as especificações e requisitos exigidos.
Cada uma das empresas pesquisadas organiza e controla os currículos recebidos de
formas diferentes. Porém o processo de seleção dos currículos é bastante similar.
Geralmente a seleção dos currículos é realizada através dos requisitos exigidos para a
vaga, com o objetivo de encontrar entre os candidatos disponíveis os que apresentam o maior
número de requisitos exigidos.
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Desenvolvimento de um sistema para organização de currículos
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2.3.
Sistemas de apoio à decisão (SAD)
O SAD é um tipo de sistema de informação que tem como função dar apoio à tomada
de decisões, ou seja, a partir do processamento de dados contidos no banco de dados, gerar
informação para o usuário utilizando de uma interface agradável de fácil utilização, a fim de
fundamentar as decisões à serem tomadas.
Segundo Rezende (2003), o sistema de apoio à decisão visa objetivos semelhantes,
fornecendo ao usuário informações que fundamentam as melhores decisões, a partir de dados
manipulados.Em um SAD as consultas podem ser realizadas com muita ou pouca frequência.
A Figura 1 ilustra os componentes básicos de um SAD.
Figura 1: Vista de um sistema SAD.
3. MATERIAL E MÉTODOS
Com base em uma pesquisa realizada em oito empresas de São Sebastião do ParaísoMG sobre a dificuldade das mesmas em administrarem o processo de seleção de novos
funcionários e em razão da numerosa quantidade de currículos recebidos diariamente, foi
identificado um problema a ser resolvido neste projeto. Além disso, foi constatado que o
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Desenvolvimento de um sistema para organização de currículos
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sistema operacional “Windows”, é utilizado em todos os departamentos de recursos humanos
dessas empresas.
O projeto foi dividido em etapas para um melhor entendimento do mesmo e para a
realização de uma análise detalhada dos resultados obtidos.
3.1.
Entendendo o problema
Inicialmente o problema foi analisado criteriosamente, ressaltando os pontos mais
relevantes no processo de recebimento de currículos em uma empresa. O principal impasse
estava relacionado à dificuldade de encontrar currículos com agilidade e os mesmos com
requisitos pré-determinados.
Quando o responsável pela contratação de novos funcionários solicitava currículos
com requisitos específicos, a pessoa encarregadaem organizar os currículostinha que analisar
muitos currículos atenciosamente a fim de encontrar os requisitos desejados. Assim, o tempo
gasto para realizar esse processo manualmente é proporcional à quantidade de currículos
existentes na empresa e, quanto mais currículos, maior o tempo gasto para responder tal
solicitação.
3.2.
Encontrando a solução
A facilidade pode ser considerada o “ponto chave” na solução do problema, visto que
atualmente o “tempo vale muito dinheiro” para as empresas. Partindo dessa premissa surgiu a
ideia de desenvolver um software capaz de tornar o processo de controle de currículos mais
rápido e preciso. A seguir são apresentados os requisitos fundamentais para o software
proposto.

Cadastrar, atualizar e excluir currículos;

Buscar os currículos cadastrados filtrando as informações;

Cadastrar, alterar e excluir situações dos currículos, considerando que as situações são
os possíveis estados que os currículos podem se encontrar. Essas situações definidas
pela própria empresa;

Cadastrar, alterar e excluir os setores existentes na empresa, visto que cada empresa
possui setores diferentes umas das outras.
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Desenvolvimento de um sistema para organização de currículos
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3.3.
Plataforma .NET
A plataforma .NET veio com o intuito de revolucionar o método de programar para
Windows, segundo Robinson (2004), o .NET é uma camada que se encontra entre o sistema
operacional e a aplicação, camada esta contida por milhares de classes.
De acordo com Moroni (2006), o C# quando parte da plataforma .NET executa
diversas operações úteis, sendo estas contidas nas classes.
“Classe é a raiz da palavra classificação. Ao projetar uma classe, você
sistematicamente organiza as informações e o comportamento em uma entidade com
significado. Essa organização é um ato de classificação e é algo que todos fazem.”
(SHARP, 2011, p. 161).
Portanto o programa quando executado é gerenciado pela plataforma .NET, na qual
fará a comunicação com o sistema operacional Windows e chamará todos os recursos
presentes no sistema, como por exemplo as janelas, as caixas de diálogos, entre outros.
Lippman (2003) cita em seu livro que bons programadores devem familiarizar-se com
as diversas classes presentes a plataforma .NET
3.4.
Ambiente de Desenvolvimento Integrado Utilizado
O ambiente de desenvolvimento integrado (IDE) utilizado para o desenvolvimento do
projeto foi o Visual Studio 2013. Essa IDE fornece ferramentas e a possibilidade de criar-se
uma interface dentro dos padrões atuais utilizados pelo Windows.
Segundo Sharp (2015) com Microsoft Visual Studio 2013 é possível programar
projetos pequenos ou grandes.O Visual Studio 2013 em relação à versão anterior conta com
atualizações que proporcionaram ferramentas compatíveis com a interface moderna do
Windows 8.1.
3.5.
Linguagem de Programação Utilizada
A linguagem de programação escolhida para o desenvolvimento do projeto foi o C#
(lê-se CSharp), por ser totalmente compatível e funcional com os sistemas operacionais da
Microsoft. Segundo Sharp (2011, p. 21) “a linguagem de programação Microsoft Visual C# é
a mais poderosa linguagem orientada para componentes da Microsoft [...]”.
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No desenvolvimento do projeto foi utilizado a tecnologia Windows FormsAplication,
o qual é um template (ambiente estabelecido como modelo, permitindo criar softwares
rapidamente).
A implementação do software foi realizada no IDE Microsoft Visual Studio 2013
Express, juntamente com a tecnologia Windows FormsApplication e a linguagem de
programação C#.
3.6.
Padrão de projeto
Quando um novo sistema é projetado, é de suma importância escolher um padrão de
projeto à ser utilizado, o qual irá estruturar o sistema. Devem ser levadas em consideração
possíveis manutenções, além de ser necessário o desenvolvimento de um código que forneça
uma maior comodidade ao programador, com a possibilidade da reutilização dos códigos no
próprio projeto ou entre os programadores. Quando o sistema possui uma complexidade
relevante, é conveniente separar a interface do usuário, as regras do negócio e a persistência
dos dados.
Com isso, para o desenvolvimento desse trabalho foi escolhido o padrão de projeto
MVC (ModelViewController), onde o projeto é separado em 3 camadas, sendo elas a camada
Model, que contém a parte de persistência dos dados, a camada View, que contém a interface
para o usuário do sistema e a camada Controller, na qual ocorre o processamento e respostas
aos eventos, como pode ser visto na figura 2.
Figura 2: Explicação padrão de projeto MVC.
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3.7.
Interface
A interface do sistema busca ser simples e intuitiva, seguindo o objetivo do projeto,
que é agilidade e precisão. A interatividade também está presente na interface do software.
Um dos focos no desenvolvimento do software foi a busca por uma interface moderna
e agradável ao usuário.
Para o desenvolvimento da interface foi utilizado conceitos de flat design, utilizando
como base a própria Microsoft que também utilizou esses conceitos em seus sistemas
operacionais Windows Phone e Windows 8.
Além disso, os botões presentes na tela principal do software foram desenvolvidos
utilizando o editor gráfico vetorial de código aberto Inkscape.
4. RESULTADOS
Com a conclusão do projeto, as empresas que não possuem um sistema responsável
por auxiliar o controle e seleção de currículos, poderão tornar tal processo mais ágil e eficaz.
“Eficácia consiste em alcançar resultados e atingir objetivos [...]” (CHIAVENATO, 2009, p.
192).
O software desenvolvido realiza o cadastro dos setores da empresa, das possíveis
situações dos currículos, das principais informações presentes nos currículos recebidos pela
empresa. Além disso, possui uma janela responsável pelas consultas à currículos, onde o
usuário definirá os filtros e o sistema exibirá somente os currículos dos candidatos indicados
de acordo com os filtros definidos.
Outra funcionalidade interessante do software consiste na exibição da imagem do
currículo por completo, podendo assim fazer uma análise mais precisa do candidato,
observando as experiências, cursos presentes e demais especificações. Os currículos devem
ser escaneados e salvos no formato JPG em qualquer diretório do computador, pois no
momento que for realizado o cadastro de um novo currículo o sistema conta com um botão
que permite encontrar dentre os diretórios docomputador a imagem do mesmo. Quando
selecionado o sistema cria uma cópia da imagem e a salva em outra pasta onde o sistema
acessa para exibir o currículo referente a cada candidato, a figura 3 mostra a parte do código
responsável por copiar a imagem.
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Figura 3:Código responsável por realizar a cópia da imagem do currículo.
A seguir é apresentado as tabelas e relacionamentos do banco de dados, os diagramas
UML e as principais telas do sistema.
4.1.
Banco de dados do Sistema
O software desenvolvidorealiza a persistência dos dados em um banco de dados
relacional, armazenando todas as informações que poderão ser recuperadas através de
consultas no banco de dados. O banco de dados utilizado foi o MySQL Server versão 5.5 e o
sistema gerenciador de banco de dados (SGBD) utilizado foi o MySQL Workbench.
No banco de dados do projeto foram criadas quatro tabelas conforme descrito a seguir:

Tabela ‘cadastro’: armazena as informações do candidato;

Tabela ‘situacao’: armazena as situações dos currículos;

Tabela ‘setor’: armazena os setores da empresa; e

Tabela‘cadastro_setor’: armazena o relacionamento entre candidatos e setores.
A Figura 4 mostra as tabelas do banco de dados do projeto no SGBD
MySQLWorkbench.
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Figura 4:Tabelas do banco de dados do sistema.
4.2.
Modelagem do Sistema
A Figura 5 mostra o diagrama de Casos de uso do sistema, onde o funcionário do RH,
ou o responsável por organizar os currículos da empresa, pode cadastrar no sistema os setores,
as situações os currículos e busca-los por meio de filtros quando for necessário.
Figura 5: A figura mostra o diagrama de Casos de Uso do sistema.
A Figura 6 mostra o diagrama de Classes do sistema.
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Figura 6: Diagrama de Classes do sistema.
A Figura 7 mostra como é realizado todo o processo de controle de recebimentos de
currículos e o processo de seleção, através do diagrama de atividades. O processo se inicia
quando o candidato entrega o currículo na empresa, a partir deste momento o RH analisa o
curriculo e identifica o destino deste curriculo dentro do sistema, em seguida realiza o
cadastro do mesmo. Quando o responsável por contratações solicita um novo candidato o
usuario do sistema procura nos registros e entrega o resultado para o solicitante, tendo em
mente que os candidatos selecionados podem ser aprovados ou não.
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Figura 7: Diagrama de atividades do processo em geral.
4.3.
Principais Telas do Sistema
4.3.1. Tela Inicial
Na tela inicial do sistema encontra-se os botões responsáveis por inicializar cada
funcionalidade específica do programa, sendo eles:

Botão Cadastrar: responsável por inicializar a janela onde serão inseridos os dados
para o cadastro do currículo;

Botão Alterar: responsável por inicializar a janela onde poderão serrealizadas
alterações nos cadastros de currículos já efetuados anteriormente;

Botão Procurar: inicializa a janela responsável pelas consultas e localização dos
currículos cadastrados e indicados para uma determinada vaga;

Botão Setor: inicializa a janela onde são realizados os cadastros, atualizações e
exclusões dos setores;

Botão Situação: inicializa a janela onde são realizados o controle das situações
possíveis que um candidato pode estar, como por exemplo, entrevistado, não
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entrevistado, entre outras. As situações são criadas pelo usuário, sendo assim cada
empresa adequa as situações conforme sua política;

Botão Sair: encerra o programa.
Além disso, a tela inicial também conta com o logotipo do software. A Figura 8
apresenta a tela inicial do sistema.
Figura 8:Tela inicial do sistema demostrando também as janelas setor e situação.
4.3.2. Tela de Cadastro de Currículos
Na tela de cadastro de currículos um código é gerado automaticamente evitando assim
a possibilidade de cadastro de currículos com o mesmo código. No campo „Data‟ é informado
a data que o currículo foi recebido. O campo „Nome‟é informado o nome completo do
candidato. No campo‘Prioridade‟ deve ser informado „sim‟, caso o currículo tenha uma
maior relevância ou „não‟, caso o currículo não tenha tanta prioridade quanto os demais. Já no
campo„Grau de Instrução‟encontra-se os níveis de escolaridade, onde deve ser informado a
escolaridade do candidato.Já o campo „Situação‟ deve ser informado a condição que se
encontra o currículo. Por fim, o campo „Observação‟ o usuário pode escrever qualquer
informação ou comentário relevante. Na tela de cadastro também há uma lista de setores,
onde o usuário seleciona quais setores são indicados para cada candidato. Por fim, nessa
janela encontra-se também botões cuja função é adicionar ao cadastro a imagem do currículo,
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podendo armazenar até quatro imagens do currículo.A Figura 9apresenta a tela de cadastro
dos currículos dos candidatos.
Figura 9:Tela de cadastro de currículos.
4.3.3. Tela de Consulta de Currículos
Na tela de consulta de currículos são realizadas as consultas ao banco de dados onde
estão armazenadas as informações dos currículos. Essa tela contém os filtros que deverão ser
escolhidos pelo usuário para a realização de uma consulta. A consulta poderá ser filtrada pelo
código, nome, data de chegada do currículo, intervalo de datas, prioridade, situação, grau de
instrução, setor indicado ou por currículos com observação. É possível informar mais de um
filtro.A Figura 10apresenta a tela deconsulta de currículos dos candidatos.
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Figura 10:Tela de consulta de currículos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho abordou assuntos pertinentes às rotinas de controle de currículos
nas empresas, na qual foi realizada uma pesquisa em oito empresas de diversos ramos de
atividade na cidade de São Sebastião do Paraíso-MG. Nessa pesquisa questionou-se sobre o
sistema operacional utilizado nos computadores de departamento de recursos humanos das
empresas devido à quantidade de currículos recebidos diariamente e se a empresa utiliza
algum software para este fim. Essa pesquisa teve como objetivo justificar o desenvolvimento
deste trabalho, bem como, ceder informações importantes para o desenvolvimento do mesmo.
Foi necessário realizar um estudo aprofundado sobre diversas tecnologias e recursos
computacionais, tais como, plataforma .NET, linguagem de programação C#, bando de dados
MySQL e conceitos de Flat Design para o desenvolvimento da interface gráfica do sistema,
visando uma interface moderna, agradável e intuitiva ao usuário. Além disso, foi realizado um
estudo detalhado sobre as rotinas presentes em departamentos de recursos humanos, como por
exemplo: processo de seleção de candidatos, processo de controle de currículos e métodos
utilizados para armazenar os currículos recebidos.
O sistema desenvolvido nesse projeto poderá auxiliar os funcionários do RH em
diversos pontos, sendo eles: poupando o tempo gasto para arquivar os currículos recebidos,
poupando também o tempo gasto na procura pelos currículos quando um determinado
candidato é solicitado, eficácia no processo de selecionar currículos, precisão na consultapor
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candidatos, e fazendo com que o tempo gasto no processo de controle de currículos sem a
utilização deste software, seja aproveitado em outras atividades importantes para o
departamento.
Em possíveis trabalhos futuros, poderá ser adicionado funcionalidades e melhorias ao
sistema, buscando aprimoramentos relacionados ao banco de dados, aos filtros, à segurança e
desempenho do mesmo, além da possibilidade da separação do sistema em versões, para
pequenas, médias e grandes empresas.
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6. REFERENCIAS
BOHLANDER, George; SNELL, Scott. Administração de Recursos Humanos. São Paulo:
Cengage Learning, 2013. 570 p.
CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos O capital humano das organizações. 9.ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 506 p.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio Século XXI Escolar: O
minidicionário da lingua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. 790 p.
LIPPMAN, Stanley B. C# Um guia prático. Porto Alegre: Bookman, 2003. 316 p.
MORONI, Herbert. Treinamento Profissional em C#. São Paulo: Digerati Books, 2006. 160
p.
REZENDE, Denis; ABREU, Aline. Tecnologia da Informação Aplicada a Sistemas de
Informação Empresariais. São Paulo: Atlas, 2003. 316 p.
ROBINSON, Simon de. et. al. C# Programando – De programador para programador.
São Paulo: Pearson Education, 2004. 1124 p.
SHARP, John. Microsoft Visual C# 2010 - passo a passo.Porto Alegre: Bookman, 2011. 780
p.
SHARP, John. Microsoft Visual C# 2013 – Step by step. United States of America:
Microsoft Press Books, 2015. 787p.
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Desenvolvimento de um sistema para organização de currículos
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APÊNDICE A – Pesquisa aplicada em oito empresas da cidade de São Sebastião do Paraiso –
MG, para coleta de informações.
ApêndiceA:Formulário de pesquisa.
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Técnicas de uso privativo da Internet
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TÉCNICAS DE USO PRIVATIVO DA INTERNET
Weder Eduardo Pedro
Bacharel em Sistemas de Informação
Dorival Moreira Machado Junior1
Mestre em Tecnologias da Inteligência e Design Digital
RESUMO
Independentemente das intenções, algumas pessoas possuem um grande poder nas mãos.
Trata-se da habilidade, ou, simplesmente,do fato de ter ao seu alcance recursos tecnológicos
que permitem o acesso às informações sigilosas, seja para vigilância e investigação de
ameaças terroristas, interceptação de mensagens particulares, ou até mesmo, monitoramento
dos dados de navegação, de usuários, de todo o mundo. Com o caso delatado, por Edward
Snowden, e outros casos espalhados pela mídia, torna-se viável adotar técnicas que possam
diminuir a vulnerabilidade do usuário. Este artigo, tem como objetivo apresentar formas mais
seguras de se utilizar a Internet, observando com maior critério a privacidade de identidade.
Tal pesquisa, então embasada nos relatos de Edward Snowden, refere-se às formas mais
comuns de uso na Internet e que são: a navegação, a troca de e-mails e a utilização de chats.
São demonstradas formas que dificultam o rastreamento e a aquisição de informações,
podendo tais recursos serem aplicáveis, desde a usuários domésticos, até aqueles com
conhecimentos mais avançados, que buscam maior privacidade.
Palavras-chave: Internet. Snowden. privacidade. rastreamento. informações.
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Técnicas de uso privativo da Internet
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1 INTRODUÇÃO
Tem sido destaque na mídia, vários casos de invasão de privacidade e quebra de
sigilo(CAMPI, 2015) (MACEDO, 2015), seja em e-mails, contas bancárias ou até mesmo nas
redes sociais. A repercussão desses acontecimentos deixa o questionamento se existe uma
forma mais segura de se navegar na Internet, resguardando a identidade do usuário. Edward
Snowden ex-agente da NSA (National Security Agency) revela a Glenn Greenwald, uma série
de documentos que conseguiu enquanto prestava serviços a NSA, que mostram dados de
monitoramento de usuários, do mundo inteiro, e algumas ferramentas que aumentam a
segurança mediante tal rastreamento (GRENNWALD, 2014).
Não compete, a este trabalho, realizar testes exaustivos buscando encontrar falhas ou
erros nas ferramentas, mas sim, poder apresentar a forma de uso e o funcionamento das
mesmas, bem como de que forma elas podem ajudar. Também não é objetivo fazer um
comparativo, nem eleição de ferramentas, mas realizar uma proposta de uso, com base nas
ferramentas mencionadas pelo ex-agente da NSA (GRENNWALD, 2014, p. 25).
O estudo em questão visa colaborar com usuários domésticos, etambém com aqueles
que tenham conhecimento avançado, pois, a maioria das pessoas que usam Internet, sequer
sabem, que existem ferramentas que ajudam a diminuir os riscos de invasão, ou até mesmo de
rastreamentos de suas atividades, ou seja, reforço na garantia da privacidade. Por motivos
como esses, faz-se necessário um estudo sobre o assunto, uma vez que é real o aumento de
usuários, da quantidade de dados colocados na rede (IX.BR, 2015), e do interesse das pessoas,
principalmente do meio político e econômico, querendo ter acesso a essas informações.
Para isto, foi realizada uma pesquisa exploratória, com base nos relatos de Edward
Snowden, recentemente publicado (GRENNWALD, 2014), no qual são relatadas informações
confidenciais de que, o Governo Americano estaria rastreando comunicações eletrônicas dos
americanos, e até mesmo de governantes de outros países. Estudando técnicas e ferramentas
citadas pelo Snowden, espera-se alcançar, como resultado, uma forma mais privativa de
utilizar a Internet.
Após as revelações pode-se observar uma grande movimentação em vários países,
entre eles o Brasil (DIAS, 2013), visando a melhoria nas condições dos usuários da Internet,
buscando alcançar a liberdade na “Grande Rede”.
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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Quem tem a facilidade de interceptar mensagens e levantar informações sigilosas, tem
um grande poder em suas mãos. Com o aumento de ameaças e riscos de ataques terroristas,
intensificaram-se as investigações, a vigilância e o rastreamento de possíveis conversas de
terroristas ou, com este fim. Ainda com outra visão, pessoas mal-intencionadas usam desse
poder para obstruir conversas, interceptar mensagens particulares e até mesmo criar uma
ampla rede de monitoramento e análise dos dados de navegação, de usuários, de vários
lugares do mundo, como a rede criada pela NSA (National Security Agency) delatada por
Edward Snowden, através de seus contatos com Glenn Greenwald e outros jornalistas.
GREENWALD, (2014, p. 97) afirma que os documentos levantados por Edward
Snowden “era espantoso” pelo tamanho e pela abrangência. Vários programas de vigilância
apresentados por Snowden tinham como alvo, países como França, Brasil, Índia e Alemanha.
Uma vigilância, em massa, indiscriminada. O acervo revela recursos técnicos usados para
interceptar comunicações, o monitoramento pela NSA de servidores de Internet, satélites,
redes de fibra ótica e telefonia. Uma enorme teia de vigilância de cidadãos, tanto americanos
quanto não americanos.
Todo acervo fornecido por Edward Snowden revela um grande plano de espionagem e
monitoramento, tanto de cidadãos norte-americanos, quanto de outros países, entre eles o
Brasil, tendo como principais alvos a Presidente Dilma Rousseff, o Ministério Minas de
Energias e a Estatal Petrobrás (G1, 2015).
Uma reportagem do Jornal de The Guardian (BALL, 2014) relata dados fornecidos por
Snowden sobre um programa de rastreamento chamado PRISM, o qual tem acesso a dados
das maiores empresas de Internet no mundo, entre elas, Facebook, Yahoo!, Apple, Google e o
Outlook. As empresas citadas alegaram não participar deste projeto, e, não proporcionar
acesso ilimitado a seus servidores. Elas relatam que só fornecem dados à NSA, quando
possuem um mandato para isso (ARRUDA, 2015).
Os documentos que Snowden apresentou, denunciando a espionagem de usuários do
mundo inteiro através do PRISM, entre eles referências à Presidente Dilma Rousseff,
cooperaram com o entendimento do governo brasileiro, de que, se tornava urgente a
necessidade da discussão e aprovação dos temas abordados naLei 12.965/14 (CASA CIVIL,
2015). Os relatos também levaram o governo a tomar medidas contra empresas como a
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Google e o Facebook, obrigando a hospedarem os dados dos usuários em território nacional
em vários servidores espalhado pelo Brasil (DIAS, 2013).
De acordo com CULTURA DIGITAL (2014), a Lei 12.965/14 conhecida como Marco
da Internet, foi sancionada pela Presidente Dilma Rousseff no dia 23/04/2014 e visa a
proteção à privacidade do usuário, à liberdade de expressão e à garantia da neutralidade da
rede. Tal texto é descrito da seguinte forma:
A proteção aos dados dos internautas é garantida e só pode ser quebrada mediante
ordem judicial. Isso quer dizer também que se você encerrar sua conta em uma rede
social ou serviço na Internet pode solicitar que seus dados pessoais sejam excluídos
de forma definitiva. Afinal, o Marco Civil da Internet estabelece que os dados são
seus, não de terceiros. Por isso, fique atento com relação à atualização dos termos de
uso dos serviços e aplicativos que você utiliza! Outra inovação promovida pelo
Marco Civil da Internet é a garantia da privacidade das comunicações. Até a Lei
entrar em vigor o sigilo de comunicações não era válido para e-mails, por exemplo.
A partir de agora o conteúdo das comunicações privadas em meios eletrônicos tem a
mesma proteção de privacidade que já estava garantida nos meios de comunicação
tradicionais, como cartas, conversas telefônicas, etc (CULTURADIGITAL,2014).
Medidas com o intuito de impedir esse amplo rastreamento, estão sendo tomadas em
vários países, segundo G1(2015). A partir do dia 01/06/2015 foi suspenso temporariamente o
programa de coleta de dados e registros telefônicos da NSA revelado por Edward Snowden
em 2013. Um projeto de lei chamado Freedom Act (Lei da Liberdade) dará acesso às
informações somente após estudosdos casos apresentados pela NSA. Caso haja a aprovação
da lei no senado, será mais um avanço conquistado através das revelações de Edward
Snowden.
Um outro fato que fortalece o embasamento deste trabalho nos relatos do Snowden é a
obtenção do prêmio “Nobel Alternativo” dos Direitos Humanos, como reconhecimento à
melhoria na condição de vida da humanidade. Em 2015 o documentário CitizenFour que
descreve o escândalo revelado por Edward Snowden ganhou o Oscar de melhor documentário
OGLOBO (2015).
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Para o desenvolvimento da pesquisa, foi realizado um experimento em laboratório,
replicandocada uma das situações básicas mais comumente realizadas pelos usuários e que
são: navegação, chat e envio de e-mail. Em um primeiro momento foi realizado o acesso na
forma tradicional, em seguida, os mesmos acessos, porém utilizando-se de recursos que
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Técnicas de uso privativo da Internet
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fortalecem a segurança dos dados, além de dificultar o seu rastreamento. É importante
salientar que não se pode garantir 100% de eficiência dos recursos então testados, porém com
base nos testes realizados, é visível que existe um processo de criptografia envolvido bem
como uma melhoria na questão da privacidade.
3.1 Descrição do laboratório de experimento
Para realização do experimento foi utilizado uma máquina com um processadorIntel
(R) core (™) I7-2640M CPU @ 2.80GHz, com 6GB de Memória RAM, com HD de 500GB e
o sistema operacional Windows 7 Professional Service Pack 1 de 64 bits. Em outras palavras,
uma máquina de porte comum e acessível.
3.2 Instalação e configuração básica dos recursos de segurança
Uma das principais ferramentas citadas por Snowden, e apontada como a mais
utilizada para se manter longe da espionagem da NSA, foi o Linux Tails ou Tails SO
(TAILS,2014). Este é um sistema operacional livre. O código fica disponível a qualquer um
que queira participar, com melhorias e estudos, principalmente, no que se refere à segurança e
privacidade.
Após os relatos de espionagem virem à tona, vários técnicos, estudiosos e até hackers,
começaram a colaborar para o desenvolvimento dessa ferramenta, deixando cada vez mais
invisível aos olhos dos que tentam espionar e obter informações acerca do que acontece na
Internet (TAILS, 2014).
Conforme TAILS (2014), o Tails funciona de forma simples e pode ser gravado em
um cd/dvd ou pendrive. Pode ser iniciado em qualquer máquina, com qualquer sistema
operacional. Basta iniciar com um Boot no cd/dvd ou pendrive, onde é carregado e iniciado,
usando somente a memória RAM da máquina.
Nenhum dado que é acessado, gravado ou transferido fica registrado na memória
(FOROUZAN; MOSHARRAF, 2011), pois, não envolve o uso de HD. O registro acontece,
somente se o usuário quiser, e mesmo assim, será necessário configurar senhas de acesso a
discos rígidos.
O Tails Linux, tem um recurso de segurança para auxílio na sua utilização em
ambientes tradicionais como um café, uma lan house, entre outros. É o recurso de
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camuflagem. Sua aparência simula o Windows 8.1. Quem observa um usuário operando o
Tails, não sabe que se trata de tal sistema. Este recurso parece ser algo irrelevante, porém
evita a atenção de curiosos em relação a um sistema operacional menos comum utilizado na
máquina.
Para conseguir uma forma de navegar mais segura e privativa, o Tails utiliza o
navegador Tor, impossibilitando o rastreio de seu IP inicial, pois ele força o uso de vários nós
intermediários no mundo inteiro, tornando sua navegação anônima.
O Tor também permite uma navegação sem censura alguma, permitindo você,
também,possa navegar no submundo da Internet. Desta forma é necessário que o usuário saiba
o que quer e o que vai acessar (TORPROJECT, 2014).
Utilizando o padrão de criptografia SSL (IBM, 2015), o Tor permite que os acessos
sejam de maneira segura, criando um canal criptografado entre um servidor Web e um
navegador para garantir que todos os dados transmitidos sejam seguros.
O Navegador Tor, trabalha como qualquer outro navegador. Inicia-se o aplicativo e
aguarda a conexão com um servidor Tor aleatório. Após a conexão, é criada a teia de rastreio
de IP. Compatível com outros sistemas operacionais, o Tor pode ser usado separadamente do
Tails, ou seja, não é uma ferramenta exclusiva Linux.
Para trabalhar com chat o Tails disponibiliza o Pidgin, um mensageiro instantâneo que
utiliza código aberto, que suporta vários protocolos de comunicação instantânea. Esta
ferramenta, também, se mostra muito útil trabalhando de forma separada em outros sistemas
operacionais com o Windows.
Quando se fala de segurança, o Pidgin vem configurado com a ferramenta de
criptografia de chat OTR (OTR, 2015), criando um ponto-a-ponto, enviando mensagens
criptografadas em um protocolo de alto nível de dificuldade de quebra (PIDGIN, 2015). O
chat OTR foi citado por GREENWALD, (2014, p.26) como ferramenta essencial para
comunicação com Edward Snowden sem que alguém interceptasse as mensagens.
O Pidgin, não diferente das outras ferramentas citadas, é simples e bem especifico. Na
parte de configuração, dependendo do provedor de mensagens que utilizar, pode ser
necessário liberar algumas permissões de acesso a outras máquinas e à aplicativos
considerados com menor segurança. No caso do teste com o Google Talk, foi necessário
ativar a opção de login, nas configurações de conta do Google.
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Após os relatos do Snowden, membros da MIT (Instituto de Tecnologia de
Massachusetts) em conjunto com desenvolvedores de Harvard e do CERN (Organização
Europeia para Pesquisa Nuclear) iniciaram um projeto chamado ProtonMail.
O ProtonMail consiste em um serviço de e-mail, com sua base na Suíça, e que permite
envio e recebimento de e-mails criptografados, tornando a comunicação mais segura possível.
O fato da base se localizar na Suíça, ajuda na segurança, pois, na Suíça as leis de proteção das
empresas e dos indivíduos são mais fortes, segundo MORAES, (2014).
3.2.1 Linux Tails
Para a instalação e configuração do Linux Tails, foi feito o download do site oficial do
projeto (TAILS, 2014), onde seguiu-se os passos de instalação sugeridos no próprio site. O
processo todo resume-se em gravar uma imagem em DVD ou Pendrive da ISO do Linux
Tails. Em seguida reinicializar o computador, utilizando este novo sistema no boot.
Comojáfoimencionado, o sistema executa em memória RAM, não fazendo qualquer tipo de
registro permanente no computador.
Feito isto o Linux Tails iniciou com suas telas de configuração de linguagem,
segurança e aparência, ao selecionar as opções desejadas o sistema inicializou-se com
sucesso.
Esta ferramenta já disponibiliza o navegador Tor e o Pidgin instalados e configurados.
3.2.2 Navegador Tor
Como o Tor já vem configurado no Tails, os testes foram realizados no Windows.
Para a configuração no Windows, o Navegador Tor foi baixado no site oficial do projeto
(TORPROJECT, 2014). Após instalado, utilizando as configurações padrões (tradicional nexnext-install), o aplicativo iniciou, funcionando normalmente, bastando executar o navegador e
estabelecer a ligação. O intuito geral do Tor, basicamente, é prover um caminho mais extenso
da conexão, forçando os pacotes a passarem por diversos roteadores antes de serem liberados
para a Internet. A FIGURA 1-a apresenta um traceroute (rastreamento de rota), que neste
caso foi feito através do YOU GET SIGNAL, (2015). Este demonstra os saltos que um pacote
faz até chegar ao endereço www.libertas.edu.br (escolhido aleatoriamente apenas para teste da
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pesquisa), enquanto que na FIGURA 1-b, é demonstrando o acesso ao mesmo destino, porém
utilizando-se do Tor.
Na FIGURA 1-a, observa-se que o traceroute detecta como ponto de origem o Brasil
(o que realmente é), passa por diversos nós, em específico o ntt.net (nó 20), local de
hospedagem do traceroute utilizado na pesquisa. Por fim, o caminho aponta ao Brasil, local
de destino onde o site www.libertas.edu.br está hospedado.
Na FIGURA 1-b, observa-se que o traceroute detecta como ponto de origem a Suíça (o
que não acontece na realidade, mas é o ponto que o Tor permitiu no momento do teste para
iniciar as conexões). A conexão passa por diversos nós, em especifico o ntt.net (neste teste
referenciado como nó 14), e por fim chega ao Brasil.
(a)
(b)
FIGURA 1 - Print da rota de acesso ao sitewww.libertas.edu.br
Fonte: Próprio autor
3.2.3 Pidgin Mensageiro Instantâneo
Para a configuração no Windows, o Pidgin foi baixado pelo site oficial do aplicativo
(PIDGIN, 2015), executado o setup e instalado. Após a instalação foi necessário baixar e
instalar o plug-in do chat OTR pelo site oficial do desenvolvedor (OTR, 2015).
Após a instalação foi iniciado o Pidgin e configurado conforme apresentado na
FIGURA 2.
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A FIGURA 2-a mostra a tela de configuração do Pidgin, onde está sendo escolhido o
provedor do chat, que no teste em questão é o Google Talk. A FIGURA 2-b mostra a inserção
do usuário e senha, ao clicar no botão adicionar a configuração da conta já estará realizada.
(a)
(b)
FIGURA 2 - Print da tela de configuração
Fonte: Próprio autor
A FIGURA 3 mostra a tela do Pidgin já conectado, informando a conta conectada, a
quantidade de amigos conectados, assim como total de amigos.
FIGURA 3 - Print da tela inicial do Pidgin conectado.
Fonte: Próprio autor
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3.2.4 ProtonMail
O ProtonMail é acessado pelo site oficial (PROTONMAIL, 2015), onde são inseridos
usuário e senha. O acesso ao ProtonMail é realizado de forma simples como em qualquer
outro gerenciador de e-mail, basta inserir o usuário e a senha que já se conecta.
Na FIGURA 4 pode-se observar o login no ProtonMail sendo realizado.
FIGURA 4 - Print da tela de login do ProtonMail
Fonte: Próprio autor
3.3 Realização dos testes
Os testes foram realizados no ambiente informado, e coletadas imagens como registro
dos testes realizados. Todas as ferramentas citadas foram testes de mesa em suas maneiras
básicas de uso, de modo que possam ser tiradas conclusões com base nos resultados obtidos.
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4 RESULTADOS
A seguir, são demonstradas as formas de uso tradicional e na sequência, estes mesmos
usos, porém utilizando-se de recursos de reforço na segurança e privacidade.
4.1 Uso do Tails
De acordo com os testes realizados, o Tails apresenta uma forma fácil de uso.
Possibilita logo no início a escolha do idioma desejado e a forma de conexão com a Internet,
além de te dar a opção de camuflar o sistema. Ele também disponibiliza um manual com os
meios de uso do sistema operacional, sempre aconselhando a utilizar o Tails e suas
ferramentas da maneira mais segura, mostrando que usando apenas a memória RAM, nada do
que foi acessado pode ser analisado depois de desligar a máquina.
4.2 Navegação na forma tradicional
Na FIGURA 5 pode-se observar que em um ambiente de navegação normal (no caso
apresentado, usando o navegador Chrome da Google) o Wireshark localiza o IP do site
acessado: www.libertas.edu.br, IP: 187.17.98.154. O Wireshark conseguiu também localizar
os pedidos de confirmação do DNS.
FIGURA 5 - Print da Busca do IP do Site da Libertas no Wireshark
Fonte: Próprio autor
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A FIGURA 6 apresenta o pacote localizado pelo Wireshark informando os dados do
site de destino (www.libertas.edu.br).
FIGURA 6 - Print da tela do Wireshark mostrando o pacote com os dados do site acessado
Fonte: Próprio autor
4.3 Navegação utilizando recurso de reforço na segurança
A FIGURA 7 mostra os nós do Tor até chegar no ponto de partida fictício (o ponto o
qual a rede Tor quer que a Internet acredite ser a origem). Nela pode-se observar que ele passa
por 3 camadas principais até chegar no site de destino.
FIGURA 7 - Print da tela do Tor acessando o site da Libertas e mostrando as camadas
Fonte: Próprio autor
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A FIGURA 8-a mostra a busca pelo IP do site acessado, desta vez com reforço de
segurança, usando o Navegador Tor. Como pode-se observar na imagem, após efetuada a
busca por pacotes com o IP 187.17.98.154, não retornou nenhum dado. Já a FIGURA 8-b
mostra a busca pelo último IP de saída do Tor e que não foi possível localizar também.
(a)
(b)
FIGURA 8 - Print da tela do Wireshark buscando o IP do site da Libertas e do IP de saída do Tor
Fonte: Próprio autor
A FIGURA 9 mostra a busca pelo primeiro IP de saída do Tor e seu pacote
completamente criptografado, impossibilitando a descoberta do destino e conteúdo do pacote.
FIGURA 9 - Print da tela do Wireshark buscando o pacote criptografado do primeiro Ip do Tor
Fonte: Próprio autor
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4.4 Chat Pidgin
Com o chat Pidgin, mesmo não ativando o OTR foi possível observar o reforço na
segurança. A FIGURA 10 apresenta um pacote do Pidgin usando o Google Talk capturado
pelo Wireshark com seus dados criptografados.
FIGURA 10 - Print do pacote criptografado do Pidgin capturado pelo Wireshark
Fonte: Próprio autor
4.5 Envio de e-mail pelo ProtonMail
Os testes com o ProtonMail foram realizados de forma mais simples, pois ele mesmo
faz todo o processo que aumenta e define a segurança e a privacidade do usuário.
O ProtonMail oferece a possibilidade de inserir chaves de segurança para que,
somente quem tiver a chave consiga abrir o e-mail e ler a mensagem escrita conforme
apresentado na FIGURA 11. Possibilita, também, que o destinatário possa responder o e-mail
pelo ProtonMail, mantendo a segurança da comunicação. O Proton oferece no momento da
leitura uma ferramenta de gerenciamento de e-mail, que possibilita responde-lo pelos mesmos
meios.
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Sendo assim, a comunicação usando o ProtonMail pode ser feita com segurança tanto
entre usuários ProtonMail, quanto um correspondente que não use o ProtonMail, esta
comunicação ficaria como apresentado na FIGURA 12.
FIGURA 11–Enviando e-mail pelo ProtonMail inserindo chave de segurança
Fonte: Próprio autor
FIGURA 12 - Diagrama de Atividade da comunicação com um correspondente tradicional
Fonte: Próprio autor
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Linux Tails usando a memória RAM da máquina, deixa a certeza de que os dados
acessados são eliminados assim que se desliga o equipamento, impossibilitando a verificação
do que foi acessado.
Nos testes realizados com o Navegador Tor, o Wireshark não conseguiu localizar
todos os Ips da cadeia criada, impossibilitando, assim,a localização do site que foi
acessado.Relatos recentes, informam que há estudos e testes que estão conseguindo, aos
poucos, quebrar a rede de camadas, criadas pelo Tor, para conseguirem localizar o IP de
origem, mas ainda não se tem nada confirmado, apenas, relatos de ataques aos servidores do
Tor. Um ponto que pode fazer com que os usuários não usem o Tor, é o fato de que para
criação de todas as camadas, os acessos aos sites são um pouco mais demorados.
Com o Pidgin pode-se identificar que mesmo não usando a criptografia OTR, os
pacotes são criptografados, o próprio Pidgin faz isto, dando sinais de aumento considerável de
segurança. Nos testes com o ProtonMail pode-se perceber que, apesar de ser mais trabalhoso,
todo o processo de decriptação do e-mail, torna-se bem mais seguro, pois o usuário pode ter
certeza que somente quem tem a chave pode descriptografar o e-mail.
Durante o teste pôde-se observar uma grande melhoria na segurança do usuário, uma
vez que não foram realizados testes exaustivos de todas as ferramentas. Porém, de uma forma
geral, acredita-se que são eficientes, os recursos apresentados.
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em
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Reflexões acerca do Lúpus Eritematoso Sistêmico e gravidez: uma revisão bibliográfica
DIAS, ZEFERINO, ALMEIDA (2015)
REFLEXÕES ACERCA DO LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO E GRAVIDEZ:
UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Fernanda Sousa Dias
Graduanda em Enfermagem
Mariana Gondim Mariutti Zeferino1
Doutora pelas EERP- USP em Enfermagem e professora da Libertas – Faculdades Integradas
e da UNIP Universidade Paulista – Ribeirão Preto - SP
Denize Alves de Almeida2
Mestre pela EERP-USP em Enfermagem e professora da Libertas – Faculdades Integradas
RESUMO
O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune, multissistêmica, caracterizada por
hiperatividade do sistema imunológico, sua freqüência é maior em mulheres do que em homens, sendo
que normalmente se inicia na fase reprodutiva podendo interferir na evolução de uma gestação.
Objetivou-se com este trabalho fazer uma reflexão acerca do Lúpus Eritematoso Sistêmico na gravidez
através de revisão da literatura. Trata-se de uma pesquisa não-experimental, de caráter descritivo e
exploratório, de revisão bibliográfica. Os dados foram coletados na Base de dados da Biblioteca
Virtual em Saúde (BIREME), sendo utilizadas as Palavras-chave: Lúpus eritematoso sistêmico,
gravidez e enfermagem, no idioma Português (Brasil). Após aplicação dos critérios de inclusão e
exclusão, foram selecionados 9 artigos científicos, que foram analisados por meio da análise temática
e dos quais emergiram três categorias temáticas:Efeito do LES na gravidez e complicações;
Atendimento aos portadores de LES e Ações de enfermagem no LES na gravidez. A enfermagem
exerce papel fundamental no cuidado dessas mulheres, não somente na terapia medicamentosa, como
no reforço à adesão, mas também vê-la de forma integral.Assim, observou-se que mulheres portadoras
de LES podem ter gestações bem sucedidas, sendo possível quando fazem um controle da doença,
planejando a gravidez, aderindo ao tratamento e com seguimento multidisciplinar, sendo
conscientizada da doença e de eventuais complicações durante a gestação. Verificou-se uma falta de
material da literatura que trata o LES e gravidez relacionando à assistência de enfermagem. Portanto,
há necessidade de estudos sobre esse assunto para ampliar os horizontes levando em conta a
importância para melhoria da qualidade do atendimento de enfermagem a essa população.
Palavras-chave: Lúpus eritematoso sistêmico, gravidez e enfermagem
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2
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1
INTRODUÇÃO
O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune, multissistêmica, caracterizada
por hiperatividade do sistema imunológico e pela produção de auto-anticorpos. Sua causa ainda não é
elucidada, mas parece ter influência de fatores genéticos e ambientais (LINDSEY; CRISWELL,
2008;CALABRICH; AZEVEDO; NOGUEIRA; SILVIA, 1994).
Esta doença pode prejudicar vários órgãos do corpo, sendo que as articulações, a pele e
os rins são mais freqüentemente afetados, também pode atingir ainda os sistemas cardíaco,
pulmonar, neuropsiquiátrico, gastrointestinal e hematológico. Sua freqüência é de 40 ou 50 em
100.000 pessoas e ocorre nove vezes mais em mulheres que homens, sendo que normalmente
se inicia na fase reprodutiva (FRONTERA; SLOVIK; DAWSON, 2006). O LES pode ocorrer
em crianças ou adolescentes e geralmente apresenta complicações severas, as quais limitam a
prática de exercícios físicos e requerem o uso de altas doses de medicamentos (HOUGHTON
et al., 2008).
O diagnóstico se baseia em critérios clínicos e laboratoriais manifestados ao longo do
tempo, principalmente em fases iniciais. A apresentação clássica é de lesões cutâneas em
mulheres
jovens,
no
período
fértil,
mas
há
imensa
variedade
sindrômica.
A evolução não é uniforme e são comuns os períodos de exacerbação, algumas vezes
com reconhecidos desencadeantes – exposição solar, alterações hormonais, estresse físico e
emocional. Um Pior prognóstico se associa ao acometimento renal, do sistema
nervoso central, do cardiovascular e do hematopoiético, seja por evolução natural ou exigência
de terapêutica mais agressiva (ASSIS; BAAKLINI, 2009).
Sua incidência é muito variável, de 1,8/100.000 habitantes/ano em Rochester (EUA)
7,6/100.000 habitantes/ano em São Francisco (EUA) 4,8/100.000 habitantes/ano na
Escandinávia e 4,0/100.000 habitantes/ano na Inglaterra. Em Natal (RN), conhecida como
“Cidade do Sol”, devido à forte exposição solar que ocorre em longo período do ano,
identificou-se a elevada incidência de 8,7/100.000 habitantes no ano de 2000, fazendo-se
pensar que a radiação ultravioleta, que comumente exacerba manifestações cutâneas do LES,
também possa ter um papel no seu desencadeamento. A maioria dos estudos identifica pico de
incidência na terceira década de vida, mas em alguns estudos europeus a média de idade é
mais alta, chegando aos 50 anos(ASSIS; BAAKLINI, 2009).
Existem cerca de três tipos de variação: Lúpus Discóide, Lúpus induzido por drogas e
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lúpus sistêmico. O Lúpus Discóide é sempre limitado à pele, é identificado por inflamações
cutâneas. Sendo que aproximadamente 10% a 20% desses casos acabam progredindo para o
estágio mais grave, que é o Lúpus Sistêmico. O Lúpus Sistêmico não fica limitado à pele,
chega a afetar quase todos os órgão e sistemas. Essa variação de lúpus, em algumas pessoas,
pode surgir na pele, como o Discóide, mas também provocar lesões nas articulações, já em
outras podem predominar articulações, rins, pulmões e outros órgãos (VIANNA, SIMÕES,
2010).
Como foi citado anteriormente, as doenças reumáticas sistêmicas são doenças
inflamatórias crônicas de etiologia desconhecida, que tem por base uma desregulação do
sistema imunitário. Na gravidez, associam-se a maior risco obstétrico e perinatal, com maior
incidência de desfechos adversos. Os riscos fetais provem da própria doença ou dos efeitos
dos fármacos usados no tratamento da mesma. O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é das
doenças reumáticas que comprometem a gestação, a mais freqüente (LOCKHIN; ERKAN,
2008; BORCHERS et al., 2010).A prevalência do Lúpus eritematoso é maior nas mulheres em
idade reprodutiva, em particular nas mulheres de raça negra, e o seu pico de incidência é aos
30 anos de idade (WITTER, 2007).Vários estudos foram efetuados ao longo do tempo para
determinar se haveria ou não um aumento da atividade do LES na gestação. Os resultados
destes estudos, embora não consensuais, apontam para a existência de um aumento da
atividade do LES durante a gravidez (CLOWSE M, 2007).
A incidência de atividade do LES na gestação varia entre 35 e 75%, sendo que, de uma
forma geral, 40 a 50% são atividade leve e 15 a 30% correspondem á atividade moderada á
grave. Estas exacerbações podem ocorrer em qualquer fase da gravidez, sendo consensual que
são mais freqüentes no terceiro trimestre (ANDREOLIL et al., 2012).
São fatores de risco para exacerbação do lúpus durante a gravidez, quando, o LES se
manteve ativo nos seis meses anteriores á concepção, a existência de LES grave no passado e
quando houve descontinuação abrupta da terapêutica usada para controle desta patologia. As
complicações são menores quando não se verifica fatores de mal prognóstico, quando a
gravidez foi devidamente planejada e quando se efetua uma vigilância multidisciplinar em
centros com experiência na vigilância desta patologia (SCHUR et al, 2010).
A maioria das mulheres portadoras de LES tem gestações bem sucedidas.
Possivelmente por um melhor controle da doença, a planificação das gestações, o uso de
glicocorticóides, o seguimento multidisciplinar e o melhor conhecimento e mensuração de
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Reflexões acerca do Lúpus Eritematoso Sistêmico e gravidez: uma revisão bibliográfica
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eventuais complicações durante a gestação, tem contribuído para estes resultados (SCHUR et
al., 2010).
Essa pesquisa pode mostrar as implicações da gestação para as mulheres portadoras de
LES e a assistência de enfermagem. Levantando o véu do desconhecido, proporcionando um
preparo e acompanhamento adequado no planejamento familiar. Sendo uma das doenças
reumáticas mais freqüentes que comprometem a gestação, necessita esclarecimento quanto à
importância do acompanhamento em centros especializados a fim de proporcionar uma
gestação bem sucedida. A enfermagem pode exercer papel fundamental no fato de ajudar as
gestantes a conhecer melhor a doença, suas manifestações, o tratamento e sua adesão à este, os
cuidados especiais, fazendo com que se sintam menos fragilizadas e mais preparadas e
informadas para ter uma evolução o mais saudável possível.
A mesma justifica-se pelo reconhecimento da importância do suporte adequado a este
grupo, com vista a melhorar a atenção e abordagem no atendimento à portadora de LES,
especialmente na situação de gestação.
2.
OBJETIVO
Descrever as reflexões em relação ao Lúpus Eritematoso Sistêmico na gestação a partir
da revisão da literatura.
3.
REFERENCIAL TEÓRICO
3.1
Histórico do Lúpus Eritematoso Sistêmico e conceitualização
No estudo de Spinelli, o Lúpus Eritematoso foi descrito por Hipócrates há 400 a.C,
como uma doença que apresentava lesões erosivas no rosto, a qual passou a denominar-se
Herpes Esthimeonos, segundo relatos, foram observadas várias pessoas com lesões que
cobria, a pele do nariz e das bochechas, sendo comparadas com a mordida de um lobo,
denominando-se Lúpus Eritematoso (Lúpus – lobo; Eritematoso – vermelho). À partir desse
fato , em 1985, um médico canadense Sir Willian Osler observou que a doença comprometia
também vários órgãos sendo denominada Lúpus Eritematoso Sistêmico, iniciando pesquisas
sobre a doença. (SPINELLI, 2002).
Todos os seres vivos apresentam sistema imunológico ativo. Este sistema imunológico
presente no organismo tem a habilidade de fazer com que o corpo reaja em forma de uma
resposta diligente contra qualquer antígeno, o eliminando como se fosse um “corpo estranho”.
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Reflexões acerca do Lúpus Eritematoso Sistêmico e gravidez: uma revisão bibliográfica
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Porém, o nosso sistema imunológico falha algumas vezes, em distinguir o próprio organismo
provocando as chamadas doenças autoimunes.
Deste modo, doença autoimune é uma doença criada pelo organismo humano contra o
próprio corpo(VIANNA; SIMOES; INFORZATO, 2010).
O lúpus eritematoso sistêmico é uma doença autoimune de etiologia desconhecida que
pode acometer vários órgãos e sistemas. O LES é uma doença reumática, crônica,
inflamatória, multissistémica, do tecido conjuntivo. Seus aspectos clínicos e desenvolvimento
são incertos(CARVALHOet al., 2009). É uma doença que pode afetar qualquer órgão do
corpo, desde pele, rins, pulmões, sistema nervoso, articulações ou vasos sanguíneos. Noventa
por cento dos pacientes são do sexo feminino em idade fértil(CRUZ, 2011).
No começo, o LES pode abranger um ou vários sistemas do organismo humano, no
decorrer do tempo, podem ocorrer manifestações acrescentais da doença. A maioria dos
anticorpos típicos de cada pessoa está presente no momento em que as manifestações clínicas
surgem. De gravidade alterável, grande parte dos doentes tem exacerbações intercaladas com
alguns períodos de tranquilidade(CRUZ, 2011).
Assim, o LES trata se de uma doença crônica inflamatória de origem autoimune, cujos
sintomas podem surgir nos diversos órgãos de forma progressiva e lenta, sendo assim, demora
meses para acontecer, ou pode ocorrer também de forma rápida, em semanas, variando com
fases de atividade e de remissão. Os tipos mais conhecidos como já citados são o cutâneo que
se manifesta com manchas na pele (geralmente avermelhadas ou eritematosas) e daí que surge
o nome “eritematoso” e essas manchas ocorrem principalmente nas áreas expostas à luz do sol
como rosto, colo e braços e o sistêmico, o qual pode acometer órgãos internos (VIANNA;
SIMOES; INFORZATO, 2010;CARVALHO et al., 2009).
Por ser uma doença do sistema imunológico, a qual é responsável pela produção de
anticorpos e organização dos mecanismos de inflamação em todos os órgãos, quando a pessoa
é acometida pode ter diferentes tipos de sintomas em locais diversos do organismo. Um dos
sintomas mais comuns é emagrecimento, perda de apetite, febre, fraqueza e desânimo.
Existem alguns sintomas específicos para cada órgão como artralgia, manchas na pele,
inflamação na pleura, hipertensão e problemas renais(CARVALHO et al., 2009; CRUZ,
2011).
O LES apesar de ser ainda desconhecida a causa em si, pode ocorrer por fatores
genéticos, ambientais. Pessoas que nascem com como suscetibilidade genética, pode
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desenvolver a doença por influência de fatores como infecções virais ou por outros
microorganismos, irradiação solar, levando a alterações imunológicas, como desequilíbrio em
produzir anticorpos que reagem com órgãos como articulações, rins, pleura, mucosas e pele,
dentre outros, sendo assim observa-se que o sintoma que a pessoa desenvolve, depende do
tipo de autoanticorpo que a pessoa tem e, que como desenvolvimento de cada anticorpo se
relaciona aos fatores hereditários do indivíduo, sendo assim cada pessoa com LES tende a ter
sintomas específicos(VIANNA; SIMOES; INFORZATO, 2010; CARVALHO et al., 2009).
Em se tratando da causa da doença, CARVALHO et al (2009) dá ênfase que sua
origem não está esclarecida, concordando acerca da sua natureza multifatorial. Contudo a
melhor forma de explicação científica para existência de LES seria uma falha dos mecanismos
reguladores do sistema imunitário. Além disso, também cita o fator hereditário, pois uma
quantidade considerável dos doentes com LES têm um familiar com a doença. No entanto,
como citado no parágrafo acima existem outros diversos fatores em pessoa geneticamente
predispostas, tais como fatores ambientais, hormonais, fármacos, infecções, fumo de cigarro,
entre outros. Nos diferentes exemplos de doença, a enfermidade tem-se revelado poligênica,
com cerca de 100 genes envolvidos.
Em relação aos sintomas são diversos e variam de intensidade de acordo com a fase de
atividade ou remissão da doença. Muito comuns manifestações como desânimo, febre baixa,
mas em alguns casos raros pode ocorrer alta, cansaço, perda de apetite e emagrecimento. Os
sintomas podem ocorrer devido a inflamação cutânea, articulações, nervos, rins, cérebros,
pleura e pericárdio. Além dessas manifestações podem acontecer outras devido a diminuição
de eritrócitos e leucócitos, devido a anticorpos contra essas células. Essas manifestações
podem ocorrer isoladamente, ou em conjunto e pode acontecer de forma sequencial ou
simultaneamente. Crianças, adolescentes e até adultos podem apresentar gânglios palpáveis e
doloridos juntamente com febre, podendo ser confundido com outras doenças como rubéola,
dentre outras (VIANNA; SIMOES; INFORZATO, 2010; CARVALHO et al., 2009).
Das manifestações mais comuns, na pele ocorre em cerca de 80% como manchas
avermelhadas nas maças do rosto e no dorso no nariz, denominada em asas de borboleta e que
não deixam cicatriz. Lesões discoides que ocorrem com mais frequência em locais expostos
ao sol, podem deixar cicatrizes com atrofia e alterações na cor da pele e são melhores
delimitadas. Na pele também pode ocorrer inflamação de pequenos vasos, chamada vasculite
levando a manchas vinhosas ou avermelhadas que podem doer nas pontas dos dedos das mãos
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Reflexões acerca do Lúpus Eritematoso Sistêmico e gravidez: uma revisão bibliográfica
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ou dos pés. Pode ocorrer também a fotossensibilidade, que é o desenvolvimento de uma
sensibilidade desproporcional à luz solar. Assim, com apenas um pouco de exposição ao sol,
podem aparecer manchas na pele e sintomas gerais (fadiga) ou febre. Outra manifestação
muito frequente é a queda de cabelos que ocorre nas fases de atividade da doença e na maioria
das pessoas, o cabelo volta a crescer com o tratamento (CARVALHO et al., 2009; CRUZ,
2011).
Entre os sintomas ligados às articulações a dor com ou sem edema ocorre, em algum
momento, em mais de 90% das pessoas com LES e envolve principalmente as articulações
das mãos, punhos, joelhos e pés. A artrite (inflamação das juntas) tende a ser extremamente
dolorosa e ocorre de forma intermitente, intercalando períodos de melhora e de piora,
podendo surgir também tendinites(VIANNA; SIMOES; INFORZATO, 2010; CARVALHO
et al., 2009).
Na inflamação das membranas que recobrem o pulmão (pleuras) e coração
(pericardite) são relativamente comuns, podendo ser leves e assintomáticas, ou, manifestar
como precordialgia, palpitações e dispneia. No caso da pleura, a dor ocorre na inspiração,
podendo levar a tosse seca e dispneia(CARVALHO et al., 2009; CRUZ, 2011).
No caso de nefrite, é uma das manifestações mais preocupantes e pode atingir 50% das
pessoas com a doença, no entanto, seu início é assintomático, podendo apresentar apenas
alterações nos exames de sangue e/ou urina. Nas formas mais graves, surge hipertensão
arterial, edema de membros inferiores, a urina fica espumosa, podendo haver diminuição da
quantidade, se não tiver intervenção pode levar a insuficiência renal, podendo ter necessidade
de realizar diálise ou precisar de transplante renal(VIANNA; SIMOES; INFORZATO, 2010;
CARVALHO et al., 2009).
Sobre as alterações neuropsiquiátricas causadas por conta do LES, pode-se observar
que são menos frequentes, mas podem causar convulsões, alterações de humor ou
comportamento (psicoses), depressão e alterações dos nervos periféricos e da medula
espinhal(PISTORI; PASQUINI, 2009).
No sangue, as alterações nas células do sangue são devido aos anticorpos contra estas
células, causando sua destruição. Assim, se os anticorpos forem contra as hemácias podem
levar o indivíduo a apresentar anemia, e se atingir os leucócitos pode levar a leucopenia e se
atingirem as plaquetas levam a plaquetopenia, sendo os sintomas muito variáveis, desde
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anemia até sangramentos, hematomas e diminuição da defesa do organismo à outras
doenças(VIANNA; SIMOES; INFORZATO, 2010).
Em se tratamento de diagnóstico, este pode ser realizado através do reconhecimento
pelo médico da sintomatologia e exames de sangue e de urina. Exames comuns de sangue e
urina são úteis não só para o diagnóstico da doença, mas também são muito importantes para
definir se há atividade do LES. Embora não exista um exame que seja exclusivo do LES
(100% específico), a presença do exame chamado FAN (fator ou anticorpo antinuclear),
principalmente com títulos elevados, em uma pessoa com sinais e sintomas característicos de
LES, permite o diagnóstico com fidedignidade. Outros testes laboratoriais como os anticorpos
anti-Sm e anti-DNA são muito específicos, mas ocorrem em apenas 40% a 50% das pessoas
com LES. Ao mesmo tempo, alguns exames de sangue e/ou de urina podem ser solicitados
para auxiliar não no diagnóstico do LES, mas para identificar se há ou não sinais de atividade
da doença. Existem critérios desenvolvidos pelo Colégio Americano de Reumatologia, que
podem ser úteis para auxiliar no diagnóstico do LES, mas não é obrigatório que a pessoa com
LES seja enquadrada nesses critérios para que o diagnóstico de LES seja feito e que o
tratamento seja iniciado(PISTORI; PASQUINI, 2009).
O tratamento depende do tipo de manifestação apresentada e deve ser individualizado.
Portanto, o portador de Lúpus pode necessitar de um, dois ou mais medicamentos em uma
fase (ativa da doença) e, poucos ou nenhum medicamento em outras fases (não ativas ou em
remissão). Ao mesmo tempo, o tratamento sempre inclui remédios para regular as alterações
imunológicas do LES e de medicamentos gerais para regular alterações que a pessoa
apresente em consequência da inflamação causada pelo LES, como hipertensão, edema nas
pernas, hipertermia, algias etc. Os medicamentos que agem na modulação do sistema
imunológico no LES incluem os corticóides (cortisona), os antimaláricos e os
imunossupressores. É necessário enfatizar a importância do uso dos fotoprotetores que devem
ser aplicados diariamente em todas as áreas expostas à claridade. O produto deve ser
reaplicado, ao longo do dia, para assegurar o seu efeito protetor. Em alguns casos podem ser
usados cremes com corticosteróides ou com tacrolimus aplicados nas lesões de pele. Os
sintomas mais leves podem ser tratados com analgésicos, anti-inflamatórios e/ou doses baixas
dos corticóides (prednisona - 5 a 20 mg/ dia)(VIANNA; SIMOES; INFORZATO, 2010;
PISTORI; PASQUINI, 2009).
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Reflexões acerca do Lúpus Eritematoso Sistêmico e gravidez: uma revisão bibliográfica
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Na vigência de manifestações mais graves do LES, as doses dos corticóides podem ser
bem mais elevadas (prednisona - 60 a 80 mg/ dia). Geralmente, quando há envolvimento dos
rins, do sistema nervoso, pulmões ou vasculite é necessário o uso de imunossupressores em
doses que se modificam de acordo com a gravidade da doença. Um aspecto importante no uso
desses medicamentos é a atenção necessária quanto ao risco aumentado de infecções, pois
estes diminuem a resistência do portador, inclusive tuberculose. Em pacientes com LES
grave, com rápida evolução, pode-se utilizar altas doses de glicocorticóide por via
endovenosa. O uso da cloroquina (ou hidroxicloroquina) é indicado em formas leves e graves
devendo ser mantido mesmo que a doença esteja sob controle, ou seja, remissão, pois ajudam
na manutenção do controle da doença(PISTORI; PASQUINI, 2009; VIANNA; SIMOES;
INFORZATO, 2010).
3.2
Atendimento ao Portador do Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES)
Entre as diversas funções da enfermagem, podemos enfatizar a realização de
diagnósticos e as intervenções de enfermagem, fundamentada nos problemas reais e possíveis.
Para fazer um diagnóstico preciso e bem elaborado, é necessário que se tenha um bom
relacionamento entre o profissional de enfermagem e seu paciente, além do conhecimento
sobrea patologia.(PISTORI; PASQUINI, 2009)
Dentre os principais cuidados de enfermagem à pacientescom Lúpus foram citados:
avaliar nível de consciência; avaliar estado geral, nutricional e nível de dependência; avaliar
freqüentemente o local do acesso venoso quanto; à permeabilidade, infiltração, sinais
flogísticos e condiçõesda fixação; promover repouso (relativo ou absoluto considerando a
gravidade e tolerância de cada paciente); proporcionar condições para sono e repouso:
ambientesilencioso e com pouca luz; avaliar ocorrência de reações adversas (boca
amarga,náuseas e vômitos, hipertensão, hiperglicemia); conversar com o paciente encorajando
o enfrentamentoda situação; oferecer recipientes durante episódios de vômitos; interagir com
a nutricionista para reformulação da dieta; realizar higiene oral com bicarbonato de sódio,
apósepisódio de vômito; realizar curva térmica; fazer controle de pressão arterial; fazer
controle de diurese; realizar balanço hídrico rigorosamente; fazer controle de peso; fazer
controle de edemas; avaliar resultados de exames laboratoriais – de controle/ terapêuticos
(bioquímica: sódio, potássio, cálcio, ureia,creatinina, urina I, urocultura, hemograma, glicemia
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DIAS, ZEFERINO, ALMEIDA (2015)
e outros)e de diagnostico (raios-X, tomografia computadorizada,ultrassonografia, outros);
realizar glicemia capilar; atentar para sinais e sintomas de hiperglicemia; incentivar aceitação
da alimentação pela via estabelecida; solicitar avaliação/parecer/acompanhamento do
psicólogo, assistente sócia e do líder espiritual, se necessário; realizar higiene corporal
(considerar nível dedependência) com sabonete neutro (VIANNA; SIMOES; INFORZATO,
2010).
Segundo PISTORI, PASQUINI (2009) é papel da enfermagem conversar, apoiar o
portador durante a assistência,valorizando suas queixas e permitindo que este participe deseus
cuidados; orientar paciente e acompanhante durante a hospitalização quanto a: patologia,
esquema terapêutico enutricional, importância de adesão e manutenção dotratamento,
prevenção de complicações, uso de filtro solar,evitar contato com pessoas portadoras de
infecção, acompanhamento ginecológico, planejamento familiar, considerando estilo de vida
de cada paciente a partir de suahistória; orientar repouso e compressas mornas antes do
banhomorno, se apresentar artralgia matinal; orientar mudança de decúbito, movimentação
ativa epassiva das articulações.
Além de todas as intervenções citadas VIANNA; SIMOES; INFORZATO, (2010)
acrescentam tipo de repousoapropriado; interagir com acompanhante e pessoas próximas,
orientando a necessidade e de interação social, participação em eventos sociais significativos
para a paciente; transmitir informações positivas sobre os filhos, fatos epessoas significativas
a paciente; incentivar o auto cuidado adequado preferências elimitações como uso de
shampoo e sabonete neutros, evitartinturas nos cabelos e produtos desconhecidos sobre a
pele,usar maquiagem hipoalergênica, creme hidratante a base deágua para o corpo, manter
unhas limpas e aparadas, realizaratividades físicas moderada, respeitando a tolerância,
sugerirformas de aliviar o estresse; orientar quanto à proteção contra luz solar e outrasformas
de irradiação ultravioleta; o paciente deve ser orientado a controlar fatores derisco
relacionados à doença coronária, como dieta,tabagismo, obesidade, sedentarismo e níveis
lipídicossanguíneos; controlar de obesidade e a dislipidemia; usar filtro solar n°15 ou maior;
usar roupas protetoras, leves, de mangas compridas echapéus; aplicar corticosteróides tópicos
nas lesões segundoprescrição; sugerir cortes de cabelos alternativos e uso de perucas; para
cobrir áreas significativas de alopecia.
Outras práticas como incentivar boa higiene oral e inspecionar boca à procurade
úlceras orais; orientar a evitar alimentos quentes ou condimentadosque possam irritar a
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Reflexões acerca do Lúpus Eritematoso Sistêmico e gravidez: uma revisão bibliográfica
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mucosa oral; examinar diariamente a pele; ensinar quanto á limpeza das lesões com
saboneteantibacteriano;orientar quanto à necessidade de ingestão protéicaadequada com
redução de sal, de lipídios e de carboidrato fazem parte da orientação da enfermagem. A dieta
deve acompanhar as modificações do quadro clínico,como hipertensão arterial, diabetes
mellitus, insuficiênciacardíaca, insuficiência renal; observar sinais de edema nos membros
inferiores e na face e explicar reações adversas da corticoterapia.(VIANNA; SIMOES;
INFORZATO, 2010).
Além do tratamento com medicamentos, os portadores de LES devem ter cuidado
especiais como já citados acima e enfatizados por PISTORI;PISQUINI (2009) incluindo
atenção com a alimentação, repouso adequado, evitar condições que provoquem estresse e
atenção rigorosa com medidas de higiene, por ser mais susceptível à infecções). Idealmente
devem-se evitar alimentos ricos em gorduras e o álcool em excesso. O portador que estiver
em uso de anticoagulantes por ter apresentado trombose (muitas vezes relacionada à síndrome
antifosfolipídeo associada ao LES), deve ter um cuidado especial que é a manutenção de uma
dieta “monótona”, ou seja, parecida em qualidade e quantidade todos os dias, para que seja
possível um controle adequado da anticoagulação. Pessoas com hipertensão ou problemas
renais, devem diminuir o sal na dieta e os portadores de hiperglicemia, devem restringir o
consumo de açúcar e alimentos ricos em carboidratos. Outra conduta é evitar (ou suspender)
os anticoncepcionais com estrogênio e o tabagismo, ambas relacionadas à piora dos sintomas
do LES. Portadores de LES, independentemente de apresentarem ou não manchas na pele,
devem adotar medidas de proteção contra a irradiação solar, evitando ao máximo expor-se à
“claridade”, além de evitar a “luz do sol” diretamente na pele, pois além de provocarem lesões
cutâneas, também podem causar agravamento da inflamação em órgãos internos como os rins.
Outras medidas muito importantes são a manutenção de uma atividade física regular,
preferencialmente aeróbia que ajuda não só para o controle da pressão e da glicose no sangue,
mas também contribui para melhorar a qualidade dos ossos, evitando a osteoporose e
melhorando o sistema imunológico(VIANNA; SIMOES; INFORZATO, 2010).
O objetivo geral dos cuidados com a saúde (incluindo os remédios) para os portadores
com LES é permitir o controle da atividade inflamatória da doença e minimizar os efeitos
colaterais dos medicamentos. De uma forma geral, quando o tratamento é feito de forma
adequada, incluindo o uso correto dos medicamentos em suas doses e horários, com a
realização dos exames necessários nas épocas certas, comparecimento às consultas nos
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Reflexões acerca do Lúpus Eritematoso Sistêmico e gravidez: uma revisão bibliográfica
DIAS, ZEFERINO, ALMEIDA (2015)
períodos recomendados e os cuidados gerais acima descritos, é possível obter um bom
controle da doença e melhorar de forma significativa a qualidade de vida das pessoas com
LES (CARVALHO et al., 2009; CRUZ, 2011).
Em relação ao tempo do tratamento, o lúpus é uma doença crônica, assim como
tambémhipertensão, diabetes, várias doenças intestinais, alergias e outras doenças
reumatológicas. Todos os portadores que têm essas doenças necessitam de um
acompanhamento prolongado, mas isso não quer dizer que a doença vai estar sempre
causando sintomas, ou impedindo a pessoa de viver sua vida, trabalhar fora ou cuidar dos
filhos e da casa, pois a evolução natural do lúpus se caracteriza por períodos de maior e menor
atividade, ou seja, com quantidade maior ou menor de sintomas(VIANNA; SIMOES;
INFORZATO, 2010).
Ao mesmo tempo, o uso regular dos medicamentos auxilia na manutenção da doença
sob controlee, o uso irregular dos corticóides, antimaláricos (difosfato de cloroquina ou
hidroxicloroquina),
azatioprina
e
micofenolato
mofetil
favorece
a
reativação
da
doença(VIANNA; SIMOES; INFORZATO, 2010).
Quando o portador de lúpus, não aceita a existência da doença e não se conscientiza da
necessidade de certos cuidados especiais, há um risco de a doença exacerbar. Algumas
medidas são para a vida toda como proteção solar (chapéus, sombrinhas, etc., além dos
cremes fotoprotetores já citados), não fumar, exercícios físicos regulares, controle alimentar,
não faltar às consultas, realizar exames com a periodicidade recomendada e seguir as
orientações e sempre esclarecer dúvidas com seu médico reumatologista.
Quanto ao uso dos remédios, varia de acordo com a fase da doença. O reumatologista,
geralmente emprega os medicamentos nas menores doses possíveis, pelo menor tempo
possível, mas a decisão quanto a que doses utilizar em cada momento, depende de uma
avaliação especializada que é feita durante a consulta.
3.3 Lúpus Eritematoso Sistêmico e Gravidez
Durante muito tempo, estudiosos acreditavam que quem tinha lúpus não poderia ficar
grávida. No entanto, já há cerca de 20 anos, não há uma contra-indicação radical de mulheres
com lúpus para engravidarem, desde que essa gestação seja programada. O ideal é que o
portador de LES só engravide com a doença totalmente sob controle por pelo menos 6 meses,
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Reflexões acerca do Lúpus Eritematoso Sistêmico e gravidez: uma revisão bibliográfica
DIAS, ZEFERINO, ALMEIDA (2015)
assim antes de pensar em engravidar, procurar o reumatologista, pois alguns medicamentos
usados no tratamento do LES devem ser suspensos antes da gravidez YONEHARA, E;
SURITA, F. G. C; PARPINELLI, 2003).
O medicamento chamado, cloroquina por outro lado, pode e deve ser mantida durante
a gestação. Normalmente, os portadores de lúpus têm uma evolução normal da gravides e
nascem crianças normais. No entanto, existe uma pequena chance de ocorrer um abortamento,
ou do bebê nascer prematuro ou com baixo peso. Ao mesmo tempo, osportadores que têm
hipertensão (por qualquer razão e não só pelo LES), têm mais chances de desenvolver préeclâmpsia que é uma complicação grave da gestação. As mulheres com LES que também têm
a síndrome antifosfolipídeo (ou apenas os anticorpos antifosfolipídeos), têm mais chance de
perder a criança e podem necessitar de uso anticoagulantes (injeções de heparina ou
warfarina) durante toda a gravidez(SURITA, F. G. C; CECATTI, J. G; BARINI, R;
PARPINELLI, M. A; SILVA, 2010).
Uma situação especial que pode acontecer durante a gestação é o desenvolvimento de
um bloqueio cardíaco, que determina batidas mais lentas do coração do feto. Hoje em dia, já
se sabe que esse tipo de problema está relacionado à presença de um anticorpo no sangue da
mãe (anti Ro), que passa pela placenta e afeta o coração da criança. No entanto, a maioria dos
bebês filhos de mulheres com esse anticorpo, não tem nenhum problema. (YONEHARA, E;
SURITA, F. G. C; PARPINELLI, 2003; SURITA, F. G. C; CECATTI, J. G; BARINI, R;
PARPINELLI, M. A; SILVA, 2010).
Do ponto de vista genético, as chances de uma mulher com LES, ter um filho que
também desenvolve LES, são muito pequenas. Mas atualmente, sabe-se que pessoas que têm
um familiar com LES, têm mais chance de também desenvolver a doença. Ainda em relação à
gestação, alguns medicamentos podem ser usados durante toda a gravidez, outros (como
imunossupressores e alguns para hipertensão), devem ser evitados. Portanto, a gravidez de
uma mulher com LES, sempre deve ser planejada e sempre deve ser considerada uma
gestação de alto risco, para que medidas mais rigorosas de acompanhamento possam ser
instituídas. O acompanhamento do pré-natal deve ser iniciado no primeiro momento que a
pessoa com LES saiba da gravidez e é essencial a manutenção do acompanhamento no pósparto, incluindo programação dos medicamentos que podem ser usados durante a
amamentação. Ainda que a gestação em quem tem LES seja considerada sempre de alto risco,
se todos os cuidados forem tomados, a maioria das gestações tem uma boa evolução e é bem
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Reflexões acerca do Lúpus Eritematoso Sistêmico e gravidez: uma revisão bibliográfica
DIAS, ZEFERINO, ALMEIDA (2015)
sucedida (SURITA, F. G. C; CECATTI, J. G; BARINI, R; PARPINELLI, M. A; SILVA,
2010).
Assim, pode-seconcluir que pode há associação entre o Lúpus Eritematoso Sistêmico e
a gestação podendo interferir na evolução desta, gerando reflexões importantes na revisão
literária e quea enfermagem pode exercer papel importante na assistência ao portador do LES,
apesar de pouco material literário encontrado sobre o aspecto da enfermagem.
4.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão bibliográfica, de caráter descritiva e exploratória. A revisão
bibliográfica é um levantamento de material como livros e artigos científicos sobre
determinado tema, tendo como principal vantagem a cobertura mais ampla sobre determinado
fenômeno, não sendo necessário a investigação direta; porém é preciso que o pesquisador
observe atentamente, verificando possíveis incoerências ou interpretações inadequadas que
possam ter ocorrido comprometendo a qualidade da sua revisão(GIL, 2008; MINAYO, 1999).
Assim, as pesquisas descritivas têm por objetivo descrever as características de um
grupo, situações, fatos, a relação entre variáveis e muitas vezes propõe uma nova visão sobre
determinado assunto (MARCONI; LAKATOS, 2006; MINAYO, 1999).
Sendo que as pesquisas exploratórias visam maior abordagem do assunto, ampliando o
conhecimento, método flexível que permite uma observação variada e detalhada (GIL, 2008;
MARCONI; LAKATOS, 2006; MINAYO, 1999).
Os dados foram coletados na base de dados da Biblioteca Virtual em Saúde
(BIREME). Foram utilizadas as palavras-chave: Lúpus eritematoso sistêmico e gravidez.
Para este estudo foram definidos como critérios de inclusão: artigos em português
(Brasil), com disponibilidade de texto na íntegra, leitura do resumo e do artigo completo, ou
seja, verificando a compatibilidade dos artigos com o tema proposto nesse trabalho. Foram
definidos como critérios de exclusão: indisponibilidade do texto na íntegra e que após a
leitura do resumo e do artigo completo foi verificada a incompatibilidade com o tema
abordado no trabalho.
Os dados foram analisados por meio da análise temática, onde foi realizada a leitura
dos textos na íntegra em busca das idéias centrais e específicas do autor, e posteriormente a
criação das categorias.
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Reflexões acerca do Lúpus Eritematoso Sistêmico e gravidez: uma revisão bibliográfica
DIAS, ZEFERINO, ALMEIDA (2015)
Sendo a análise temática realizada em três fases, que consiste em uma pré-análise,
com seleção do material e leitura bruta; exploração do material, onde ocorre leitura detalhada
visando transformação dos dados e compreensão profunda das ideias do autor e a terceira fase
é o tratamento dos resultados obtidos e interpretação no qual os dados abordados são
organizados e expressos de maneira clara que identifiquem a relação do tema central e das
ideias secundárias (GIL, 2008; MARCONI, 2006; MINAYO, 1999).
5.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após ter realizado o fichamento, o ano de publicação dos artigos foi apresentado em
tabela com operações estatísticas simples de distribuição de frequência, considerando a
proporção de artigos publicados por ano, observa-se que a maior parte ocorreu entre 2009 a
2012 em que houve maior produção científica sobre o tema estudado, tendo apenas um artigo
sobre a assistência de enfermagem, pois os outros são relacionados à medicina.
Após realização da leitura flutuante e análise temática, os temas emergentes surgiram
de acordo com os objetivos propostos nessa pesquisa bibliográfica, ou seja, identificar a partir
dos artigos selecionados reflexões acerca do Lúpus Eritematoso Sistêmico e gravidez. Na
página inicial do Banco de Dados on-line na Biblioteca Virtual selecionou-se como método a
opção integrada e como local Brasil, utilizou-se as Palavras-chave: gravidez e enfermagem,
não sendo localizado nenhum artigo neste cruzamento. Ao utilizar o cruzamento LES e
gravidez foram encontrados 20 artigos, sendo utilizado 9 textos e somente 1 com citação da
assistência de enfermagem.
N°
Título do periódico
Anopublicação
Objetivo do estudo
1
Formação
dos autores
Médicos
LES e gravidez – um
estudo retrospectivo
de 49 casos
2009
Avaliar a evolução clínica, os desfechos
perinatais e as alterações placentárias mais
frequentemente encontradas em mulheres
grávidas com LES e relacioná-las com a
atividade da doença ao risco obstétrico
2
Médicos
2003
Identificar as complicações gestacionais, os
resultados perinatais e as alterações
placentárias mais freqüentes nessas mulheres
3
Médicos
LES
e
gravidez:
evoluções
clínica,
alterações placentárias
e resultados perinatais
LES e Gravidez
2012
4
Enfermeiras
Cuidados
orientações
2009
Identificar as implicações do LES na gravidez
e a importância do planejamento
Contribuir com a qualidade
e humanização da assistência de enfermagem
e
de
ISSN 2238-782X.
São Sebastião do Paraíso, v. 5, n.2, dez. 2015
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enfermagem
para
portadores de LES
aos pacientes
com LES.
5
Médicos
LES e gravidez
2010
6
Médicos
2010
7
Médicos
Atividade
Lúpica
durante a gestação
Consenso Brasileiro
para o tratamento do
LES
8
Médicos
LES e gestações:
séries de casos e
diferentes evoluções
2010
Relatar quatro casos de LES associados à
gestação, buscando esclarecer os aspectos da
doença e correlacionar os dados obtidos na
literatura com o quadro apresentado pelas
pacientes.
9
Médicos
Imunidade
na
gestação normal e na
paciente com LES
2005
Artigo de revisão das alterações
relacionadas com a resposta imune durante a
gestação normal e na da paciente com
LES
2002
Descrição de experiência do Serviço de
Obstetrícia do CAISM/UNICAMP com 40
Gestantes lúpicas e seus resultados perinatais
Revisão Bibliográfica da associação do LES e
gravidez
Elaborar recomendação baseada na melhor
evidênciacientífica para o tratamento das
diversas manifestações do lúpus eritematoso
sistêmico
Quadro 1 – Apresentação dos artigos selecionados para a revisão, de acordo com a numeração, a formação dos
autores, o título do periódico, o ano e o objetivo do estudo.
Após a seleção dos artigos estes foram lidos detalhadamente para melhor compreensão
das ideias dos autores, para com isso absorver a essência de cada um, elaborando categorias
que possam compor este trabalho, as quais emergiram dos estudos selecionados.
Após leitura minuciosa, foram criadas as seguintes categorias temáticas: efeitos do
LES na gravidez e complicações; Atendimento aos portadores de LES e ações de enfermagem
no LES na gravidez.
I - Efeito do LES na gravidez e complicações
Os artigos encontrados mostram que a associação do Lúpus e da gravidez colabora
grandemente para o aparecimento de complicações durante a gestação (FILHO et al., 2010;
AMADATSU; ANDRADE; ZUGAIB, 2009).O LES afeta, sobretudo mulheres em idade
fértil, tornando o desejo de ser mãe um fato clínico de grande relevância. Antigamente
aconselhavam-se as mulheres com lúpus e com desejo engravidarem a deixarem esse sonho,
por receio de que a doença pudesse ocasionar complicações tanto para a mãe quanto para o
filho. Hoje, com um maior entendimento da doença, e com uma equipe multidisciplinar, podeISSN 2238-782X.
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se obter melhores resultados na gestação com lúpus (AMADATSU; ANDRADE; ZUGAIB,
2009).
Através desses estudos, pode-se perceber o fato de que a maioria dos estudos
predomina a teoria que antigamente não era orientado que mulheres portadoras de
LES,pudessem engravidar, fazendo com que ainda hoje tenham muitas mulheres e
profissionais com desconhecimento da importância do avanço e controle da atividade da
doença, sendo muito importante nesse sentido, os profissionais ampliarem seu conhecimento
a respeito da doença e atuarem de maneira a conscientizar essas mulheres, do que é a doença,
o que esta pode trazer para ela e para a criança e a importância de um acompanhamento
durante esse período, antes mesmo de pensar em engravidar, providenciar exames, cuidados
especiais e tomar conduta para manutenção do quadro da doença e procurando previamente
acompanhamento médico.
Assim, os artigos evidenciam que houve grandes avanços em tratamentos e controle da
atividade da doença, levando essas mulheres a terem uma qualidade de vida melhor nos
últimos anos (CARVALHO et al., 2009). Ainda assim, a gestação pode afetar o curso da
doença, especialmente quando esta em atividade e sem um planejamento correto. Com no
mínimo seis meses de antecedência. (YONEHARA; SURITA; PARPINELLI, 2003).
“A associação de lúpus e gestação é freqüente, sendo que a presença
de certos fatores favorece o aparecimento de complicações durante a
gestação. Entre estes fatores pode-se citar a presença da atividade da
doença durante a gravidez, nefropatia prévia, hipertensão materna e
positividade para presença de anticorpos antifosfolípides.” (FILHO et
al., 2010)
De acordo com os artigos analisados, a gravidez nestas condições, sem o devido
acompanhamento, pode levar a muitas complicações também para o feto, como a Síndrome
do lúpus neonatal, distinguida por bloqueio cardiogênico e/ou lesões cutâneas associadas às
alterações hematológicas e hepáticas. Esta síndrome está associada à passagem transplacentária de autoanticorpos maternos, anti-Ro/SSA e anti-La/SSB, consistir emum modelo de
autoimunidade adquirida passivamente. Observa-se assim que um grande índice de
mortalidade ocorre a esta síndrome que causa o bloqueio cardíaco congênito isolado (FILHO
et al., 2010).
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O mesmo autor refere que algumas complicações associadas ao lúpus também podem
ocorrer como, prematuridade, baixo peso ao nascer, abortamento e presença de alterações
neurológicas.
Filho et at (2010) acrescenta ainda que também podem ocorrer complicações
maternas, como hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia e nefropatia com proteinúria.
Carvalho (2000) enfatiza que outros aspectos encontrados são alterações imunológicas, artrite,
anticorpos anti-nucleares positivos, exantema malar em “asa de borboleta” e alterações renais,
sendo que na concepção,grande parte das mães lúpicas tem maior atividade na doença. Isso
ocorre, justamente por conta, das próprias modificações orgânicas na gestação, circunstância,
na qual ocorre diversas modificações nos diversos órgãos inclusive na filtragem renal. Esse
fato, deve ser explicado à mulher, a fim de que ela mantenha informada e se sinta mais
tranquila, o que auxilia na evolução de uma gravidez saudável.
Assim sendo, ciente de todas as complicações ao binômio (mãe-bebê) que podem
ocorrer durante a gravidez, relatadas pelos artigos encontrados, é necessário que tanto a
portadora do LES, como o profissional tenham conhecimento e conscientização da doença,
dos exames que devem ser realizados, dos tratamentos, dos sinais e sintomas e da importância
da adesão ao tratamento principalmente quando há intenção de engravidar. Assim a
enfermagem, enquanto equipe de saúde, exerce um papel fundamental não somente no
atendimento e cuidados em si à essas mulheres, mas na parte pedagógica de orientações e
conscientização dando ênfase a adesão ao tratamento e ao cuidado contínuo.
II – Atendimento e abordagem aos portadores de LES
O LES é uma doença que pode sobrevir a qualquer tipo de pessoa e em qualquer
localidade. O diagnóstico do LES se baseia em no mínimo quatro sinais e sintomas que
possam indicar a doença, os quais são: Lesões na pele (Eritema malar e lesão discóide);
fotossensibilidade, causado pela luz solar, com aparecimento de exatema cutâneo; úlcera nasal
ou oral; artrites em duas ou mais articulações com dor e edema; serosite; comprometimento
renal;
alterações
hematológicas;
alterações
imunológicas;
presença
de
anticorpos
antinuclearesNo entanto, apesar dos sinais e sintomas, muitas vezes pode ser assintomático, o
que faz como que ocorra a demora no diagnóstico(SATO et al., 2002; COSTA et al, 2012).
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De acordo com os artigos analisados observa-se um desconhecimento da maioria dos
profissionais em relação à doença, os sinais e sintomas levando a um atendimento de má
qualidade e uma falta de educação continuada em relação aos profissionais (PEREIRA et al.,
2005; COSTA, 2012). Segundo COSTA el al (2012) esse fato leva o portador a pensar que
tem pouca expectativa de vida, sendo que estudos mostram que um diagnóstico precoce, a
adesão ao tratamento e um cuidado contínuo com exames laboratoriais, um acompanhamento
e evolução do paciente podem melhorar a qualidade de vida desses pacientes. E quando se
trata de uma mulher em idade fértil com intenção de engravidar, esse acompanhamento deve
ser prévio por no mínimo 6 meses e se manter durante a gestação para evitar complicações ao
binômio (COSTA et al., 2012).
Se os profissionais de enfermagem não realizarem um atendimento sistematizado de
qualidade, os pacientes vão permanecerem incapacitados para alta hospitalar e
conseqüentemente terão um grande aumento nas re-internações por falha na aderência aos
tratamentos (PISTORI; PASQUINI, 2009).
Fica evidente nos artigos a importância de mais estudos sobre o assunto, pois há falta
de material adequado para ampliar os conhecimentos e também há falta de informação desses
profissionais fazendo com que muitas vezes, a maioria deles, não oriente adequadamente o
portador da doença e não tenha uma abordagem adequada e eficiente ao atendê-los, pois a
abordagem deve ser de maneira com que facilite o diagnóstico, já que muitas vezes pode ser
assintomático, deve ser uma abordagem que oriente o que é a doença, quais são suas
manifestações, como se dá o tratamento, a importância dos exames, da adesão e do contínuo
acompanhamento para evitar complicações.
III – Ações de enfermagem no LES na gravidez
Dos artigos selecionados pode-se dizer que o LES não é uma doença muito freqüente,
têm manifestações clínicas heterogêneas, é uma doença que varia muito, por isso seus
esquemas terapêuticos não têm muitos estudos (SATO et al., 2002). È uma doença autoimune crônica, inflamatória e multisistêmica. Sua evolução ocorre através de manifestações
clínicas que se apresentam de várias formas, com períodos de atividade da doença e sua
remissão (PISTORI; PASQUINI, 2009; SURITA et al, 2010).
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Os estudos enfatizam que as pacientes com LES e gestação, normalmente não
possuem o mesmo resultado gestacional que as mulheres sem a doença, tanto neste período,
quanto no momento da concepção. Isso ocorre, pelo pouco conhecimento da fisiologia da
doença, de todos os efeitos contrários do LES na gestação e pelas limitações terapêuticas. Ter
a doença, sem a gestação já é grave. Contudo, com as novas técnicas para a descoberta de
novos medicamentos com menor toxidade, deu uma nova esperança para essas mulheres,
conseqüentemente houve um aumento em gestações bem concedidas(SURITA et al., 2010).
Apesar de ter encontrado apenas um artigo na busca realizada no nosso estudo
relacionada ao aspecto da enfermagem sobre o tema, pode-se afirmar que a enfermagem
exerce um papel fundamental no cuidado dessas mulheres, não somente na terapia
medicamentosa, na adesão ao tratamento, mas também a ver a mulher como um todo, tendo
uma atenção maior na realização de diagnósticos, incluindo também, intervenções, vida
psicológica e social, conscientização e esclarecimentos sobre a doença, sinais e sintomas, o
auto cuidado para gerar a independência dessa paciente(PISTORI; PASQUINI, 2009).
“A utilização dos diagnósticos de enfermagem na prática de
enfermagem possibilita o aperfeiçoamento e a utilização dos
conhecimentos de enfermeiros, proporcionando raciocínio clínico ao
profissional.” (PISTORI; PASQUINI, 2009)
O tratamento do LES nas gestantes é basicamente o mesmo das pacientes que não
estão grávidas, elas só possuem um monitoramento maior e retirada de algumas drogas e/ou
suas diminuições quando possível (SURITA et al., 2010).
Algumas medidas a serem tomadas são a conscientizaçãoda paciente e os familiares
sobre o que é o LES, seus riscos e evolução, seu tratamento e principalmente ter a
compreensão da paciente quanto o cumprimento correto de todo o tratamento e medidas
estabelecidas pelo médico neste período tão importante que é a gestação. Dar apoio
psicológico à paciente, mostrando-se otimista quanto ao tratamento e os seus projetos de vida.
É importante também estimular a socialização desta paciente, com atividade física moderada
se esta for estabelecida pelo médico; recomendar sempre uma dieta balanceada, mesmo que
não exista nenhum alimento que desencadeie a doença, deve-se sempre evitar excessos de sal,
carboidratos e lipídeos; estar sempre se protegendo da luz solar e outras formas de irradiação
ultravioleta; evitar tabagismo pela doença, mas principalmente pela gestação (SATO et al.,
2002).
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A enfermagem deve orientá-la quanto aos exames que deverão ser feitos, sua importância e
para qual finalidade são, orientar também sobre a importância de fazer esses exames sempre
nas datas pedidas pelo medico, mesmo que sejam muitos e em períodos abreviados, estes
devem ser feitos corretamente para a monitoração da doença e sua evolução durante a
gestação. (PISTORI; PASQUINI, 2009).
6.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O LES é um problema de saúde, considerado uma doençainflamatória que ocorre de
maneira crônica, de origem autoimune que se manifesta quando tem presença autoanticorpos,
levando a manifestações clínicas eperíodos de exacerbações e remissões. A doença
desenvolve-se a partir de predisposição genética e fatores ambientais, como exposição à luz
ultravioleta e a alguns medicamentos. As mulheres com LES possuem riscos em suas
gestações, apresentando um maior número de abortos, partos prematuros, limitação do
crescimento fetal, morte perinatal e Síndrome do Lúpus Neonatal, sendo de grande
importância a conscientização dos profissionais de saúde de maneira multidisciplinar.
Com base no presente estudo e em atenção aos objetivos propostos foi possível
considerar que há uma associação importante entre o LES e a gravidez, podendo ter influência
no andamento da gestação, sendo o LES uma doença que possui manifestações clínicas,
causas, tratamentos, mas que, no entanto a maioria das vezes ocorre uma falta de informação
tanto dos portadores da doença como dos profissionais de saúde em geral.
Através dos estudos encontrados, consideramos que o LES pode aumentar o risco
materno, fetal e neonatal, assim as gestantes com LES devem ter uma vigília cuidadosa numa
consulta médica materno-fetal por uma equipe multidisciplinar e com suporte perinatal
diferenciado e que a enfermagem deve aumentar seus conhecimentos e habilidades em relação
à doença, principalmente na gravidez e possa ampliar suas ações neste momento. Todos os
períodos da vida da mulher, desde a pré-concepção ao puerpério apresentam particularidades
que devem ser encaradas e avaliadas de forma a diminuir a morbimortalidade e a aumentar a
evolução com sucesso destas gestações.
Na categoria sobre os efeitos do LES na gravidez e suas complicações, observa-se que
a maioria das gestantes tem alguma complicação no período gestacional, sendo estas
complicações de forma leve ou grave, atualmente são mais comuns exacerbações leves, pelos
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avanços em tratamentos e controle da atividade da doença, que levam essas mulheres a uma
gestação saudável; sobre o Atendimento aos portadores de LES, observa-se ainda atualmente
um desconhecimento e desinteresse profissionalem melhorar os conhecimentos e cuidados
sobre o LES.
Assim, quanto mais conscientização tiverem as mulheres portadoras de LES maior é a
possibilidade de terem gestações bem sucedidas. Possivelmente por um melhor controle da
doença, a planificação das gestações, o uso de glicocorticóides, o seguimento multidisciplinar
e o melhor conhecimento e mensuração de eventuais complicações durante a gestação, podem
contribuir para uma assistência de abordagem qualificada e eficaz.
7.
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Depressão: Ponto de vista e conhecimento de enfermeiros do Programa Saúde da Família de São
Sebastião do Paraíso
FERREIRA, ROSA, SILVA, ALMEIDA, OLIVEIRA
DEPRESSÃO: PONTO DE VISTA E CONHECIMENTO DE ENFERMEIROS
DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA DE SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO
Rafael Amorim Ferreira
Graduado em Enfermagem
Walisete de Almeida Godinho Rosa1
Doutora em Enfermagem
Vanessa Luzia Queiroz Silva2
Mestre em Enfermagem
Denize Alves de Almeida3
Mestre em Enfermagem
Iácara Santos Barbosa Oliveira4
Mestre em Enfermagem
Resumo
A depressão constitui segundo a Organização Mundial de Saúde um dos maiores problemas de
saúde do mundo, é uma alteração grave do humor, que pode acompanhar ou aparecer em
qualquer fase da vida. Considerada um problema de saúde pública é extremamente incapacitante
e ocupa 10% de todas as consultas na atenção básica. Nesse contexto, o enfermeiro do Programa
Saúde da Família por atuar diretamente com a população, tem papel fundamental na detecção
precoce dos transtornos do humor. Partindo dessas considerações, o presente estudo teve por
objetivo investigar o ponto de vista e o conhecimento de enfermeiros sobre a depressão. Foram
convidados a participar da pesquisa os enfermeiros que atuam nas 17 unidades do Programa
Saúde da Família de São Sebastião do Paraíso-MG. Para a coleta de dados utilizamos dois
questionários testados e auto-aplicáveis apresentados pela Organização Mundial de Saúde e
Organização Pan Americana de Saúde sobre pontos de vista e conhecimento de enfermeiros
sobre depressão. A análise dos dados foi realizada com base na estatística descritiva. Os
resultados revelam um distanciamento entre enfermeiro e o portador de depressão, devido à falta
de conhecimento ou desinteresse por questões relacionadas à saúde mental.
Palavras Chave: Enfermagem, Depressão, Programa Saúde da Família.
1 INTRODUÇÃO
A depressão é a forma mais comum de transtornos afetivos, e compõem categoria
de estados de ânimo como dificuldades no campo das emoções, na capacidade
cognitiva; no comportamento e na regularidade das funções corporais (OPAS; OMS,
1997).
1
2
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[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
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Depressão: Ponto de vista e conhecimento de enfermeiros do Programa Saúde da Família de São
Sebastião do Paraíso
FERREIRA, ROSA, SILVA, ALMEIDA, OLIVEIRA
A depressão trata-se de uma alteração grave do humor, que pode acompanhar ou
aparecer em qualquer fase da vida. As fases de maior prevalência são a adolescência e a
terceira idade, mesmo não tendo razões claras, vem se tornando cada vez mais
agravante e preocupante no século atual (LAFER et al.,2000; GONÇALVEZ;
MACHADO, 2008; FERREIRA, 2011).
De acordo com a ciência, a depressão é o resultado de um desequilíbrio
bioquímico no cérebro. Os neurônios utilizam os neurotransmissores para se comunicar.
Em pessoas com depressão, a liberação de alguns neurotransmissores como a serotonina
e a noradrenalina são reduzidos. Porém, as causas da depressão não estão apenas na
liberação dos citados neurotransmissores. Muitas vezes, quadros descritos como
depressivos resultam do advento do uso abusivo de psicotrópicos, do etilismo,
melancolias, e desgastes oriundos de sequelas de experiências diversas e traumatizantes
(COUTINHO; NETO FILHO, 2010).
Caracterizada por ser um processo patológico, que afeta a tranquilidade,
alimentação, sono, causa lentidão, desânimo, dificuldade de concentração, muitas vezes
observa-se a presença de sentimentos de culpa e desenvolvimento de atitudes suicidas,
podendo levar o depressivo à morte (LAFER et al., 2000; SIQUEIRA et al., 2009;
FERREIRA, 2011).
De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde) em 2020 a depressão
será a segunda causa de mortes e em 2030 ultrapassará as mortes por doenças
cardiovasculares e câncer. Será a doença de maior custo e atingirá principalmente países
pobres. (OMS, 2009).
Segundo dados norte-americanos do estudo “Epidemiologic Catchment
Area
Program” 30% dos entrevistados já apresentaram sentimentos depressivos por duas
semanas, onde 5 % já sofreram com a depressão e 3 % são distímicos. Com esse estudo,
calcula-se que 54 milhões de pessoas no Brasil irão ter pelo menos uma vez alguma
relação com a depressão e 7,4 milhões terão sérios problemas depressivos (LAFER et
al.,2000).
Uma gama de estudos realizados em diversas comunidades do Brasil revelou que
a prevalência de depressão está na faixa média de 8-12% e o grupo etário mais atingido
possui entre 25-45anos, faixa de grande produtividade, gerando alto nível de
incapacidade (VILLANO; NANHAY, 2011).
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Depressão: Ponto de vista e conhecimento de enfermeiros do Programa Saúde da Família de São
Sebastião do Paraíso
FERREIRA, ROSA, SILVA, ALMEIDA, OLIVEIRA
A depressão gera incapacidades e o diagnóstico tardio pode causar sérios danos à
saúde mental dos pacientes. Nesse contexto, ressalta-se a importância do enfermeiro na
detecção e atuação na prevenção, especialmente na atenção primária de saúde (FLECK
et al., 2003; FERREIRA, 2011).
Em serviços de cuidados primários e outros serviços médicos gerais, de 30 a 50%
dos eventos de depressão sequer ganham diagnóstico devido à razões inerentes aos
pacientes ou aos médicos. Existe, do lado dos pacientes, constrangimento diante do
diagnóstico de depressão, e ceticismo perante o tratamento. Da parte profissional há,
entre outros, a ausência do devido preparo, a constatação apenas dos sintomas físicos da
doença ou a conclusão de que a depressão é apenas uma reação “compreensível”, além
também do ceticismo diante do tratamento (FLECK et al., 2003).
A efetividade na abordagem de pacientes com depressão e outros problemas
mentais pelos profissionais da atenção primária de saúde é uma excelente alternativa
para um diagnóstico correto, podendo avaliar o desenvolvimento social, familiar e
verificar alterações a nível fisiológico desenvolvido pela doença (FERREIRA;
TAVARES, 2013).
Os portadores de sintomas depressivos são encontrados em todos os lugares e são
pessoas de todas as idades. Dessa forma, os enfermeiros necessitam de adquirir
conhecimentos de enfermagem psiquiátrica que lhes possibilitem prestarem os cuidados
adequados aos pacientes que apresentam problemas emocionais. O profissional
enfermeiro, independente do tipo de instituição em que atue, tem o dever de reconhecer
e de intervir de forma apropriada nos casos de indivíduos que sofrem de transtornos
depressivos, quer seja em casos de crises temporárias ou em casos crônicos (SILVA;
FUREGATO; COSTA JÚNIOR, 2003).
Ao se manifestarem os sintomas de qualquer doença o usuário procura uma
unidade básica de saúde e, quase sempre, os primeiros profissionais que têm contato
com este usuário são os enfermeiros. Muitos enfermeiros não conseguem identificar
pacientes com sintomatologia depressiva, quer seja pela falta de definição dos sintomas
apresentados ou por falta de conhecimento específico por parte do profissional. A
demora na identificação de quadros depressivos pode provocar o agravamento da
doença e, em muitos casos pode desencadear reações desastrosas na vida dos pacientes
(HARADA; SOARES, 2010).
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Depressão: Ponto de vista e conhecimento de enfermeiros do Programa Saúde da Família de São
Sebastião do Paraíso
FERREIRA, ROSA, SILVA, ALMEIDA, OLIVEIRA
Acredita-se que o objetivo da assistência de enfermagem em saúde mental vai
além do diagnóstico clínico e da intervenção medicamentosa. Segundo Andrade e
Pedrão (2005) a enfermagem tem um compromisso com a qualidade da vida cotidiana
do indivíduo em sofrimento que se coloca sob seus cuidados. É dentro deste novo
modelo que os enfermeiros devem ser preparados para atuar, assumindo novas tarefas e
adequando-se a novas mudanças características da atual política de saúde mental em
vigência no país.
Acredita-se que os enfermeiros necessitam de conhecimentos específicos de
saúde mental a fim de atuarem precocemente sobre as demandas evitando o
agravamento dos casos e a cronificação.
Desse modo, o presente estudo tem por objetivo identificar o ponto de vista e o
conhecimento de enfermeiros do Programa Saúde da Família de São Sebastião do
Paraíso-MG sobre a depressão.
2. TRAJETÓRIA METODOLÓGICA
2.1 Caracterização da pesquisa
O presente estudo trata-se de uma pesquisa de campo, descritiva de abordagem
quantitativa. De acordo com Marconi e Lakatos (2010) a pesquisa quantitativa utiliza
estratégia rigorosa, sistemática e objetiva para encontrar conhecimentos específicos. È
um método que utiliza técnicas estatísticas, é mais adequado para apurar opiniões e
atitudes conscientes dos entrevistados, uma vez que utiliza instrumentos padronizados,
que testam de forma precisa as hipóteses levantadas e fornecem índices que podem ser
comparados.
2.2 Contexto da pesquisa
O presente estudo foi realizado no município de São Sebastião do Paraíso,
sudoeste de Minas, junto aos enfermeiros que atuam nas unidades de saúde da família.
2.3 População e Amostra
Fizeram parte do estudo os 17 (dezessete) enfermeiros que atuam nas Unidades de
Saúde da Família da cidade de São Sebastião do Paraíso-MG, e, para selecioná-los,
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foram adotados os seguintes critérios: ter esclarecimentos prévios sobre a pesquisa e,
aceitarem participar do estudo de forma espontânea assinando um Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
2.4 Aspectos Éticos
A pesquisa foi realizada após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa das
Faculdades Integradas do Sudoeste Mineiro (FESP), parecer nº 507930.
2.5 Coleta de Dados
Para a coleta de dados utilizamos dois questionários testados e auto-aplicáveis
elaborados pela Organização Mundial de Saúde e Organização Pan Americana de Saúde
sobre pontos de vista e conhecimentos de enfermeiros sobre depressão, para
desenvolvimento de um programa educativo visando à redução e o controle dos
transtornos afetivos nas Américas.
O primeiro instrumento trata-se de uma escala sobre pontos de vista sobre
depressão, contém 10 afirmativas graduadas de 0 (desacordo) a 9 (acordo) e aponta
diferentes pontos de vista sobre depressão tais como o significado da saúde mental, a
procura por aperfeiçoamento e condutas adotadas na prática com portadores de
transtornos afetivos (Anexo A). O segundo instrumento (Anexo B) é um questionário de
conhecimento para o enfermeiro, contém 12 questões com 05 alternativas de respostas
fechadas de conhecimentos sobre depressão (OPAS; OMS 1999 apud SILVA, 2001).
Questionário é um instrumento montado para a realização de levantamento de
dados, que apresenta perguntas com certa ordem e não necessita da presença do
entrevistador. O questionário tem vantagem, pois atinge um grande numero de pessoas,
é econômico, rápido, não necessita de treinamento para aplicá-lo e garante o anonimato
dos participantes (MARCONI; LAKATOS, 2010).
2.6 Analise dos dados
Os resultados foram analisados por itens individualmente destacando os conjuntos
das respostas, através de análise quantitativa descritiva. A análise dos dados supõe a
quantificação dos eventos para submetê-los à classificação, mensuração e análise e tem
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por objetivo propor uma explicação do conjunto de dados reunidos a partir de uma
conceitualização da realidade percebida ou observada (CHIZZOTTI, 2004).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Características dos sujeitos
Das 17 enfermeiras participantes, todas (100 %) eram do sexo feminino.No que se
refere à idade, uma (01) não informou, correspondendo a (5,9%), 11 enfermeiras têm
entre 20 e 30 anos (64,7%), três (03) enfermeiras têm entre 31 e 40 anos (17,6%) e duas
(02) enfermeiras tem acima de 40 anos (11,8%).Quanto ao estado civil, oito (08)
enfermeiras são solteiras (47%), seis (06) são casadas (35,3%), duas são amasiadas
(11,8%) e uma não respondeu (5,9%).
A respeito do tempo de formação, 16 enfermeiras formaram-se entre três (03) e
oito (08) anos (94,1%), e uma 32 anos de formada (5,9%).Em relação ao tempo no
serviço atual, quatro (04) trabalham há menos de um (01) ano (23,6%), 10 trabalham
entre um (01) e cinco (05) anos (58,8%), duas (02) trabalham de seis (06) a 10 anos
(11,7%) e uma (01) trabalha há mais de 10 anos (5,9%).
3.2 Apresentação e discussão dos resultados dos pontos de vista sobre depressão
(A)
A escala identifica os pontos de vista do enfermeiro sobre depressão. As 10
afirmativas oferecem a opção de resposta entre desacordo e acordo, numa graduação
contínua de 10 opções.
Os escores utilizados para análise dos resultados foram: ponto de vista baixo (0 a
2,9); médio (3,0 a 6,0) ou alto (6,1 a 9,0) de acordo com a resposta esperada em cada
questão.
As questões 3, 4, 5, 8 e 10 têm a afirmativa correta situada no desacordo. Desta
forma, a análise estatística teve que considerar a inversão dos valores nestas questões.
Das 10 afirmativas, todas foram respondidas completamente. Os resultados gerais
dos pontos de vista dos enfermeiros sobre depressão estão apresentados na Tabela 1. Os
resultados destacados representam a resposta esperada.
Tabela 1 – Distribuição de resultados gerais (escores) do ponto de vista sobre depressão.
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Questões
escores 0 a 2,9
(Desacordo)
Nº / %
Escores 3 a 6
(Indecisos)
Nº /%
Escores de 6,1 a 9
(Acordo)
Nº / %
1
0 / 0%
9 / 53%
8 / 47%
2
6 / 35,3%
6 / 35,3%
5 / 29,4%
3
12 / 70,5%
2 / 11,8%
3 / 17,7%
4
8 / 47%
5 / 29,4%
4 / 23,6%
5
4 / 23,6%
11 / 64,6%
2 / 11,8%
6
1 / 5,9%
7 / 41,1%
9 / 53,%
7
0 / 0%
8 / 47%
9 / 53%
8
16 / 94,1%
1 / 5,9%
0 / 0%
9
1 / 5,9%
4 / 23,6%
12 / 70,5%
10
10/ 58,9%
7 / 41,1%
0 / 0%
Analisando cada uma das afirmativas do questionário sobre pontos de vista sobre a
depressão, os resultados por questão individual permitem a seguinte discussão:
1-Como enfermeiro (a), é fácil detectar pacientes deprimidos.
Todos responderam, mas apenas oito enfermeiras (47%) concordam totalmente que
é fácil detectar pacientes deprimidos, o restante, nove enfermeiras (53%) ficaram
indecisas quanto à reposta. A OPAS/OMS vem chamando atenção para alguns fatores
responsáveis pela falha na identificação e no trato com os portadores de transtornos do
humor: falta de conhecimento do profissional de enfermagem, falta de agilidade clínica,
limitação no tempo da consulta para escutar o cliente, falta de apoio especializado para
manejo e referência de pacientes com problemas complexos (CÂNDIDO; FUREGATO,
2005)..
2-Deprimir-se é um modo utilizado pelas pessoas frágeis para enfrentarem as
dificuldades da vida.
Nota-se que apenas cinco (29,4%) das enfermeiras tem conhecimento de que a
fragilidade é uma das características presentes nas pessoas que sofrem de depressão, e
12 enfermeiras (70,6%) desconhecem essa ligação da fragilidade com a depressão, o
que pode tornar um fator dificultador na identificação e no acolhimento à pessoa que
apresenta transtorno depressivo e procura a unidade de saúde.
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3-Pacientes deprimidos me irritam.
De acordo com as respostas das enfermeiras entrevistadas observa-se uma
diferença entre a teoria e a prática, uma vez que nas descrições de Dalgalarrondo (2008)
pode-se avaliar que muitas das vezes um paciente depressivo irrita os profissionais de
saúde, porém aqueles profissionais que tem um conhecimento sobre depressão
reconhecem como sintoma da depressão, tendo assim uma maior tolerância.
4- A depressão é a forma de ser de alguns pacientes, difícil de ser modificada.
Sabe-se que a depressão pode atingir qualquer pessoa e que existem pessoas que
tem uma maior predisposição para desenvolvê-la devido a inúmeros fatores. Das 17
enfermeiras que responderam cinco ficaram indecisas e quatro concordam que o a
depressão é a forma de ser de alguns pacientes, difícil de ser modificada se somados
representam nove (53%). pode-se concluir que as enfermeiras não estão preparadas para
atuar na saúde mental com estes pacientes, tendo em vista que eles não acreditam na
recuperação dos deprimidos.
5 Trabalhar com pacientes deprimidos é uma tarefa agradável.
Das enfermeiras entrevistadas a maioria (64,6%) ficaram indecisas em relação à
tarefa de trabalhar com pacientes deprimidos ser agradável, o que pode ser considerado
falta de interesse e/ou de experiência no atendimento a pacientes deprimidos.
Pacientes deprimidos são segundo Dalgalarrondo (2008) poliqueixosos, sentem
um vazio, perda da vontade, do prazer, são apáticos, entre outros sintomas, o que
demanda atenção e disponibilidade do profissional no atendimento que muita das vezes
é um atendimento difícil de ser realizado pela falta de motivação do paciente.
6- Grande parte dos pacientes depressivos podem ser assistidos em nível primário.
Somado-se as enfermeiras que não concordam que grande parte dos pacientes
depressivos podem ser assistidos em nível primário (5,9%) com as que ficaram
indecisas (53%), verifica-se que (58,9%) não percebem a possibilidade de atendimento
de saúde mental em nível primário de atenção o que pode-se inferir também, como falta
de capacitação e/ou conhecimento.
7- Como enfermeiro posso contribuir para diminuir o risco de suicídio de pacientes
deprimidos.
Essa questão foi respondida por todas participantes, oito (47%) das enfermeiras
ficaram indecisas quanto à contribuição do enfermeiro na diminuição do risco de
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suicídio de pacientes deprimidos e nove (53%) acreditam que podem contribuir. A
indecisão quanto à resposta pode ser caracterizada como falta de conhecimento sobre a
depressão, uma vez que o suicídio segundo Dalgalarrondo (2008) é um dos maiores
riscos para o paciente deprimido.
8- Atender pacientes deprimidos é uma perda de tempo, já que nada os faz melhor.
Observa-se que a grande maioria discordou desta afirmação (94,1%), acreditando
que o tratamento não é uma perda de tempo. Comparando com a questão 4, onde grande
parte dos enfermeiros concordaram que a depressão é uma forma de ser dos pacientes
difícil de ser modificada, verifica-se uma contradição.
9- Como enfermeiro posso contribuir para melhorar a adesão ao tratamento com
antidepressivos..
Um enfermeiro pode explicar o funcionamento de uma medicação, seus
benefícios, estimular o paciente a aderir ao tratamento, porém 5 enfermeiras (29,5%)
ficaram entre indecisas e desacordo quanto a essa contribuição para melhorar a adesão
ao tratamento com antidepressivo.
10- As pessoas deprimidas, em geral, querem compaixão, não procuram curar-se.
Todas enfermeiras entrevistadas responderam a questão, na qual 10 (58,9%)
desacordaram e sete (41,1%) ficaram indecisas.
A maioria dos pacientes deprimidos procuram atenção das pessoas para se
sentirem apoiados, desabafam, isso faz com que se sintam mais aliviados em relação ao
sufoco que a depressão causa na vida dessas pessoas ( FERREIRA, 2011)..
4. Apresentação dos resultados do conhecimento sobre depressão (B).
Questionário composto por 12 questões, cada uma com 5 cinco alternativas
fechadas, de conhecimento sobre depressão.Na análise dos resultados gerais, adotam-se
os escores de 0 a 4 para questões acertadas, significando pouco conhecimento, de 5 a 8
questões acertadas significando médio conhecimento e de 9 a 12 questões acertadas,
significando bom/ótimo conhecimento.
Nos resultados das respostas por questão, a avaliação de conhecimento dos
enfermeiros mostrou diferenças, conforme se observa na Tabela 2.
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Tabela 2 - Distribuição de resultados gerais do conhecimento sobre depressão (B).
Conhecimento
Sobre depressão
0 a 4 acertos
Pouco Conhecimento
Numero de
acertos
Numero de
pessoas
1
2
3
4
0
1
0
0
0%
5,9%
0%
0%
1
5,9%
Subtotal
5 a 8 acertos
Médio Conhecimento
5
2
10
58,8%
3
2
1
0
17,6%
11,8%
5,9%
0%
6
35,3%
17
100 %
1
Subtotal
9 a 12 acertos
Ótimo Conhecimento
4
3
11,8%
5,9%
23,5%
17,6%
6
7
8
9
10
11
12
Subtotal
Total
Porcentagem
Das 17 enfermeiras entrevistadas uma (5,9%) obteve pouco conhecimento sobre
depressão, 10 das enfermeiras (58,8%) médio conhecimento e seis (35,3%) possuem um
ótimo conhecimento sobre depressão.
Observa-se que a maioria dos enfermeiros tem dificuldade de reconhecer os
sintomas da depressão, isto novamente reflete a falta de conhecimento dos mesmos
sobre tal transtorno, visto que a pesquisa pelos sintomas segundo Nardi (2006) é a chave
para o diagnóstico correto, e educar a população sobre os sintomas é essencial para
conscientizar os pacientes sobre a necessidade de buscar auxílio profissional. Se o
próprio profissional tem dificuldade na identificação dos sintomas, a educação em saúde
no caso da depressão ficará comprometida.
É essencial que o enfermeiro saiba reconhecer a população vulnerável ao
adoecimento por depressão, uma vez que, tal transtorno está presente tanto na Unidade
Básica como em outros estabelecimentos de saúde, onde o enfermeiro deverá ter uma
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visão mais dimensionada para estar reconhecendo e intervindo adequadamente, pois sua
atuação é fundamental.
5. Conclusão
Os resultados dessa pesquisa com enfermeiros que atuam nas equipes das USF de
São Sebastião do Paraíso-MG, encontrados na análise das respostas dos questionários
elaborados pela OMS e OPAS para verificação de pontos de vista sobre depressão
(questionário A) e sobre conhecimentos do enfermeiro sobre depressão (questionário B)
revelaram que a maioria dos enfermeiros tem médio conhecimento sobre depressão.
Observou-se na análise dos dados que houve contradição entre as respostas, sendo
algumas induzidas pelo que acreditam ser o “politicamente correto”, uma vez que houve
contradições entre os pontos de vista e o conhecimento dos enfermeiros sobre
depressão.
Desse modo, a falta de prática, conhecimento e/ou interesse pelas questões de
saúde mental, pode ser verificada assim como o não reconhecimento pelo enfermeiro de
sua função terapêutica, num momento em que a atual política de saúde enfatiza o
acolhimento e a humanização nas práticas dos profissionais.
Os resultados do estudo sugerem a necessidade de reflexão dos enfermeiros acerca
do seu papel terapêutico.
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