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LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS (LIBRAS) AULA 03: O PROFISSIONAL TRADUTOR E INTÉRPRETE DA LÍNGUA DE SINAIS (TILS) TÓPICO 04: A SURDOCEGUEIRA E O PROFISSIONAL GUIA-INTÉRPRETE: O BRILHO DA DESCOBERTA DO MUNDO Não se desencoraje. Não tenha medo. Não se desespere. Há ainda uma oportunidade para que você aproveite a vida, não importando o quanto se sinta em posição desfavorável. Tenha animo, pois aquilo que eu mesma realizei,você pode realizar, desde que persista jamais desistindo. Seja capaz de ajudá-lo a ajudar-se a si mesmo. Helen Keller BREVE HISTÓRICO VERSÃO TEXTUAL Breve histórico - Antes de falar sobre essa especificidade, faz-se necessário esclarecer quem é a pessoa surda cega. Surdocego é o individuo que apresenta perda visual e auditiva combinadas; por isso é tratada como deficiência única. A perda destes sentidos leva a pessoa a ter necessidades específicas para ter acesso à comunicação, às informações e orientações, bem como à mobilidade. (1700 a 1860) - De acordo com Camacho (2002 apud PLAZAS, 2009) a história da surdocegueira no Brasil se inicia com Victoria Morriseau (1789-1832) como a primeira surdacega de quem se tem dados de ter uma atenção educativa em uma instituição voltada para surdos na França no final dos anos 1700. A partir daí, temos estudos que apontam para a inclusão de uma jovem surdacega em um asilo nos Estados Unidos em 1825. A criação da primeira escola para cegos em 1830, quando o então fundador interessado por uma estudante surdocega, aceitou-a como sua educanda e, ele mesmo, Dr. Howe, a ensinou. Mais adiante, em 1860, a França aceita nas escolas de meninas surdas, estudantes com surdocegueira. Dias atuais - Nos dias atuais, temos uma outra realidade, na qual muitas iniciativas têm sido tomadas no sentido de promover o desenvolvimento dos sujeitos surdocegos, quais sejam: (a) os avanços alcançados em saúde e educação; (b) O envolvimento da família e da sociedade colaborando com os profissionais; (c) A reflexão constante em busca dos objetivos que ainda faltam ser atingidos. (Cf. Entidades) Não poderíamos abordar a surdocegueira e não citar dentre tantas personalidades, uma que conseguiu conquistar o mundo com sua biografia. Nascida em 1880, nos Estados Unidos, Hellen Keller vivia com a família no campo e somente aos sete anos de idade começa a ser educada formalmente por uma professora especialista, Anne Sullivan. Esta professora, em tempo integral, ensinou-a a se comunicar por meio do alfabeto manual. Mais tarde, Hellen Keller aprendeu a fala – com Sara Fuller, professora de uma escola de surdos – por meio do tato, um método hoje conhecido porTADOMA.Tempos depois, Anne Sullivan passaria a ser sua guia-intérprete. Hellen Keller formou-se em Filosofia em 1904, conquistando o mundo com sua inteligência e sensibilidade. TADOMA Método de comunicação que consiste da percepção tátil da língua oral do emissor, mediante uso de uma das mãos do receptor surdocego. O posicionamento do polegar da pessoa surdocega sobre os lábios do interlocutor. Os demais dedos se mantêm na mandíbula, bochecha e pescoço do interlocutor. No Brasil, o trabalho com surdocego teve início em 1960, com a visita de Helen Keller ao País, despertando o interesse de educadores no estado de São Paulo, o que resultou na criação de escolas para atendimento às crianças surdocegas. Atualmente, existem várias entidades, principalmente em São Paulo, atendendo a todo Brasil com a formação, educação e profissionalização de surdocegos e guias-intérpretes. Tais entidades têm como objetivo promover a integração das pessoas surdocegas na sociedade, bem como tornar possível a elas o exercício de seu papel como cidadãs. CONTRIBUIÇÃO Vale ressaltar um fator importante no sentido de buscar estabelecer a comunicação com os referidos sujeitos. A priori é fundamental conhecer os tipos de surdocegueira, quais sejam: pré-linguística ou pós-linguística. O primeiro é aquele individuo que nasceu ou perdeu a visão e audição antes da aquisição da linguagem. Esses são casos sui generes. É comum encontrar o surdocego pós-linguístico, ou seja, aquela pessoa cuja surdocegueira ocorreu após a aquisição de uma língua, seja oral ou sinalizada. No próximo item temos mais informações sobre o acesso à comunicação/interação que pode ser proporcionada aos sujeitos em questão. A COMUNICAÇÃO COM O SURDOCEGO: O PROFISSIONAL GUIA-INTÉRPRETE Fonte (arquivo pessoal de Natália Almeida) Como qualquer pessoa, o surdocego anseia por participar da vida social, o que torna o guia-intérprete um profissional de suma importância. Nesse contexto, há diferentes formas de interação/comunicação, as quais variam de acordo com a língua ou especificidade adquiridas, ou seja, variam conforme o conhecimento que os mesmos têm do sistema Braille – aquele que inicialmente cego, adquiriu a surdez –, ou da Libras e do Português – aquele sujeito com surdez e tornou-se também cego. “... O mundo começa na ponta dos dedos” Daniel Alvarez O guia-intérprete é o profissional que domina diversas formas de comunicação utilizadas pelas pessoas com surdocegueira, podendo fazer interpretação ou transliteração. A primeira situação (Interpretação) ocorre quando o guia-intérprete recebe a mensagem em uma língua e deve transmiti-la em outra língua, como por exemplo, nos momentos em que recebe (ouve) a mensagem em língua oral – Português, no caso Brasil – e a transmite em Libras tátil. Já a transliteração ocorre quando o guia-intérprete recebe a mensagem em uma determinada língua e transmite à pessoa surdocega na mesma língua, porém usa uma forma de língua(gem) diferente, acessível ao surdocego. Um exemplo disso se dá quando o guia-intérprete recebe a mensagem em língua portuguesa e a transmite em Braille. A esse respeito, Plazas (2009) esclarece que El guía-interprete además de ser um facilitador linguístico y cultural entre usuários de diferentes lenguas o sistemas comunicativos, ayuda a conectar a la persona com surdoceguera com su entorno, actuando como sus ojos e sus oidos. De esta manera él promueve la integración y participación independente de la persona sordociega em su entorno. PARADA OBRIGATÓRIA Uma função também muito importante na atuação do guia-intérprete, é a contextualização das situações, a qual informa à pessoa surdocega as condições do ambiente, as pessoas presentes, descrição de objetos, entre outros. Vale ressaltar que a contextualização deve respeitar o tempo, a importância e a finalidade a que isto será empregada. Nesse sentido, deve-se informar inicialmente o geral e depois o mais específico. Isto é, se for preciso, por exemplo, descrever um auditório, primeiro explicar o ambiente e localização que deverá ocupar e só depois descrever quem está presente. É indispensável, ainda, ao guia-intérprete responder às perguntas da pessoa surdocega, pois isso denota seu interesse e quais informações ela está necessitando. O guia-intérprete também informa as expressões e reações das pessoas, porém, sem com isto fazer juízo de valor, pois, na descrição das pessoas e situações, deve-se ter o cuidado de não comentar opiniões próprias, buscando ser o mais fiel e discreto possível. No caso da descrição de objetos, deve-se colocar primeiramente o objeto na mão da pessoa surdocega e, então, depois descrevê-lo se ela necessitar. Nesse contexto, para que a comunicação seja também confortável/confiável, a priori, deve ser avisado à pessoa surdocega o sinal e o nome do guia-intérprete que está com ela, o que deve ocorrer também na apresentação das demais pessoas que se dirijam à mesma. Se necessário sair, deixando-a sozinha por um tempo, deve-se aproximá-la de um ponto fixo, como uma mesa ou coluna e avisar que está saindo. O guia-intérprete pode acompanhar ainda o surdocego durante os intervalos, idas ao banheiro, além das refeições. Neste caso, deve acomodá -lo primeiro, dizer o que tem para comer e em seguida servi-la. Nesse momento é importante perguntar se a pessoa quer ajuda para cortar um bife, por exemplo, e distribuir a comida no prato – mostrando com o garfo – onde esta o alimento, comparando com um relógio. Por exemplo, o arroz esta às 3 horas , o feijão às 6 horas, a carne as 9 horas e a verdura às 12 horas. O trabalho do guia-intérprete possibilita junto à pessoa surdocega a interação, acesso ao lazer, trabalho, educação, conhecimento de objetos, pessoas, como também favorece que a mesma tome suas decisões de maneira autônoma, efetivando seu direito de cidadão pleno. Tal profissão foi recentemente reconhecida pela Lei federal nº 12.319 de 1° de setembro de 2010. Destarte, vale ressaltar que para que o trabalho do guia-intérprete seja plenamente reconhecido e eficiente é necessário que seja encarado com respeito, ética e valor profissional. ATIVIDADE DE PORTFÓLIO PREENCHA O QUADRO A SEGUIR: O(A) PROFESSOR(A) DE SURDO É AQUELE(A) QUE... O(A) PROFESSOR(A) DE LIBRAS É AQUELE(A) QUE... O(A) INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS É AQUELE(A) QUE... O(A) TRADUTOR(A) DE LÍNGUA DE SINAIS É AQUELE(A) QUE... O(A) GUIA-INTÉRPRETE É AQUELE (A) QUE... O MITO 1 AQUI APRESENTADO É UM EQUÍVOCO PORQUE... O MITO 2 AQUI APRESENTADO É UM EQUÍVOCO PORQUE... O MITO 3 AQUI APRESENTADO É UM EQUÍVOCO PORQUE... PRÁTICA III – PEQUENOS DIÁLOGOS NO CONTEXTO FAMILIAR 1. DIÁLOGO 3 – “A FAMÍLIA E PROFISSÕES” Para assistir o vídeo acesse o http://www.youtube.com/embed/Hpxy4qDWo_I Atividade Prática: Baseado(a) no vídeo à disposição no ambiente virtual, treine o diálogo apresentado, aplicando os SINAIS em contextos. 2. MONTE SEU GLOSSÁRIO: clique aqui (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.) CONTRIBUIÇÃO Para aprender mais, faça uma pesquisa sobre os sinais do contexto apresentado na internet e no site: www.acessobrasil.org.br/libras [2] e monte o próprio glossário. REFERÊNCIAS Lilian. MAIA, Shirley R. SURDOCEGO PÓSLINGUISTICO. São Paulo: Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego, 2005. GIACOMINI, GLACERDA, Cristina B. INTÉRPRETE DE LIBRAS EM ATUAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL E NO ENSINO FUNDAMENTAL. Porto Alegre: Mediação/FAPESP, 2009 [2010, 2ª ed]. GPLAZAS, M. M. R. Papel del guia-interprete In: VI CONGRESSO NACIONAL DE LA SITUACION DEL SORDO EM COLOMBIA, I ECUENTRO LATINO AMERICANO DE INTERPRETES E GUIASLENGUA DE SENAS, 7,8,9 y 10 de Julio de 2009Bogota-Colombia. INTERPRETES DE GQUADROS, Ronice M. de. O TRADUTOR E INTERPRETE DE LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS E LÍNGUA PORTUGUESA. Brasilia: MEC/SEESP, 2004. GROSA, A da S. ENTRE A VISIBILIDADE DA TRADUÇÃO DA LÍNGUA DE SINAIS E A INVISIBILIDADE DA TAREFA DO INTÉRPRETE. Campinas, 2005. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Estadual de Campinas, 2000. GSOUZA, Margarida M. P. de. VOANDO COM GAIVOTAS: um estudo das interações na educação de surdos. Dissertação (Mestrado em Educação Brasileira). Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. Fortaleza: UFC, 2008. FONTES DAS IMAGENS 1. http://www.adobe.com/go/getflashplayer 2. http://www.acessobrasil.org.br/libras/ Responsável: Prof.ª Margarida M. P. de Souza Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual
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