Eco-Polos Amazônica XXI - IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas

Transcrição

Eco-Polos Amazônica XXI - IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas
Manaus, fevereiro a agosto de 2014. Edição 04 - Ano 2
Destaque
Agricultores criam associação Rede Tucumã
Organização deve fortalecer a cadeia produtiva da agrobiodiversidade
IPÊ é aprovado como
Instituição de Assistência
Técnica e Extensão
Rural (ATER) -pág 6
Copa do Mundo gera
oportunidade para
artesãos do Baixo Rio
Negro - pág 10
Curso capacita
artesãos em
tingimento natural - pág 9
Mutirão beneficia 150
pessoas com emissão
de registro de agricultor
familiar - pág 7
Hortas
agroecológicas
estimulam
estudantes -pág 4
Doceiras recebem capacitação
de confeiteiro francês - pág 5
Roteiro turístico valoriza
sociobiodiversidade local - pág 8
Eco-Polos Amazônia XXI: transformação socioparticipativa
CBA apoia o desenvolvimento da agricultura familiar no Rio Negro
Projeto apoia a estruturação de cadeias produtivas sustentáveis no Baixo Rio Negro
Novas tecnologias para produtos da biodiversidade foram apresentadas às comunidades pelo centro de pesquisa
Frutas desidratadas são alternativas econômicas
« Desenhos de Sandra Faustino, 21 anos, comunidade de São Sebastião
P
ara desenvolver produtos atrativos ao
mercado a partir de insumos da sociobiodiversidade amazônica, o IPÊ buscou
uma parceria com o Centro de Biotecnologia
Mais de mil famílias ribeirinhas e indígenas são beneficiadas com projeto
O
milhão de hectares de área protegida.
As famílias da região desenvolvem diversos
tipos de atividades de forma integrada e baseada no ‘saber-fazer’, relacionados a agricultura, o artesanato, pesca e ao turismo. Para o
projeto do IPÊ, o artesanato e os produtos da
agrobiodiversidade foram escolhidos, em conjunto, para envolver e fortalecer todas as cadeias produtivas das comunidades.
A diversidade da produção de artesanato na
região superou as expectativas. Foram identificadas mais de 270 modelos de peças feitas
de madeiras, sementes ou fibras. Foram levantados, também, mais de 62 diferentes itens
da agrobiodiversidade, entre frutas, tubércu-
los e raízes. No total, mais de 490 roçados foram mapeados e 30 novas áreas implantadas,
com moderna práticas agroflorestais, sem uso
do fogo, no chamado Sistemas Agroflorestais
(SAF). Além de diversa, a produção agrícola
encontrada é de alta qualidade por ser genuinamente orgânica. Os produtores enfrentam
vários desafios, principalmente para a regularização da atividade, na emissão das carteiras
do artesão e do produtor, da Declaração de
Aptidão ao PRONAF (DAP), além da comunicação, transporte, logística e acesso ao mercado.
O projeto tem como objetivo apoiar as iniciativas e desenvolver estruturas viáveis para fomentar as cadeias produtivas como um todo.
banana maça, castanha, cubiu, tucumã e uxi
que passaram pela desidratação e foram bem
recebidas pelos agricultores.
A equipe do CBA retornou à comunidade para
levar os produtos desenvolvidos e avaliar os resultados. A produção de frutas desidratadas é
uma alternativa econômica para as comunidades do Baixo Rio Negro por conta da abundância na região, além de ser uma forma de evitar
o desperdício e agregar valor aos produtos.
O agricultor Antônio Vieira dos Santos, 48, da
comunidade São Sebastião, no Rio Cuieiras é
um dos que acreditam na parceria. “Assim, as
frutas não se estragam e têm muito mais valor
no mercado. Pode ser uma nova opção de venda. Nós queremos aprender para que um dia a
gente consiga com que esses produtos façam
parte da nossa realidade”, disse.
Encontro reúne parceiros do Fundo Vale para intercâmbio técnico
Eco-Polos Amazônia XXI fortalece sociobiodiversidade e organizações locais
Projeto Ecopolos, conduzido pelo IPÊ –
Instituto de Pesquisas Ecológicas, com
apoio do Fundo Vale, atua junto às comunidades ribeirinhas e atores locais para desenvolver cadeias produtivas sustentáveis na zona
rural de Manaus. O projeto contempla 1.295
famílias distribuídas em 29 comunidades da
margem esquerda do Baixo Rio Negro.
Seis Unidades de Conservação estão envolvidas na área de abrangência do projeto, quatro
delas são de uso sustentável - APA Tarumã Açu,
RDS Puranga Conquista, RDS do Tupé, APA
Tarumã Mirim - e duas de proteção integral Parque Estadual Rio Negro Setor Sul e Parque
Nacional de Anavilhanas - totalizando 1,219
da Amazônia (CBA) para a introdução de tecnologias de produção que melhorem o valor
agregado dos itens fabricados pelas comunidades do Baixo Rio Negro, visando o desenvolvimento regional e a geração de renda.
O CBA é um Centro de Tecnologia vinculado à
Superintendência da Zona Franca de Manaus
(Suframa), que, por meio da inovação tecnológica, cria condições para o desenvolvimento
ou aprimoramento de processos e produtos
da biodiversidade amazônica. Uma das estratégias de ação da Unidade Tecnológica de
Bioprodutos (UTB) do CBA é a realização de
ensaios exploratórios que permitem que os
potenciais parceiros e clientes vislumbrem
a aplicabilidade de tecnologias disponíveis.
Neste sentido, foram realizados ensaios exploratórios com o IPÊ com amostras de abacaxi,
C
om o objetivo de aprofundar os debates
sobre o potencial de colaboração entre as
organizações e ampliar o conhecimento sobre
recuperação florestal, representantes de mais
de 20 organizações parceiras do Fundo Vale
estiveram reunidos na Reserva Natural Vale
(RNV), em Linhares (ES), de 21 a 23 de maio.
Entre os temas discutidos, destaca-se a produção sustentável como uma alternativa para
a nova economia e os arranjos institucionais
das políticas públicas e da governança para o
desenvolvimento sustentável dos territórios.
Durante o encontro, também aconteceu o lançamento do Relatório de Atividades 2013 do
Fundo Vale. A Diretora de Meio Ambiente da
Vale, Gleuza Jesué, ressaltou que o Fundo Vale
é um importante articulador e parceiro das
iniciativas, mas que os responsáveis pelos expressivos resultados são as organizações que
atuam diretamente em campo, e que estavam
ali representadas. Outra atividade do encontro
foi a feira de trocas, onde cada organização
identificou sua lista de ofertas e demandas
para colaboração em assuntos dos quais são
especialistas com o objetivo de melhorar o desempenho nos projetos.
De acordo com a gerente do Fundo Vale, Carina Pimenta, o encontro de parceiros existe
desde a criação do Fundo e há um ganho de
maturidade no processo. “Há experiências in-
teressantes realizadas por estes projetos, mas
de forma isolada, por isso a troca de informações é fundamental para qualificar as oportunidades de desenvolvimento sustentável”,
ressaltou.
Os pesquisadores Caroline Delelis e Leonardo
Kurihara representaram o IPÊ na edição deste ano. “Esse evento representa uma grande
oportunidade para trocar experiências entre
especialistas do socioambientalismo na Amazônia, além de favorecer a reflexão coletiva sobre temas estratégicos para o bioma como um
todo”, destacou Delelis.
*Com informações do Fundo Vale
Agricultores da margem esquerda do Rio Negro fundam Associação
Rede Tucumã foi criada para fortalecer a cadeia produtiva da agrobiodiversidade local
Uma pesquisa de mercado avaliou a receptividade e o valor de venda dos produtos
M
ais de 30 agricultores da margem esquerda do Baixo Rio Negro se reuniram
no Igarapé do Jaraqui, afluente do Negro,
para fundar a Rede Tucumã – Associação
dos Agricultores da Margem Esquerda do
Baixo Rio Negro, no dia 4 de agosto. Na assembléia foi realizada a eleição dos cargos e
aprovado o estatuto da nova organização. O
tucumã é um fruto reconhecido e valorizado
em todo o Amazonas, por suas propriedades
alimentares, qualidade e sabor único e ocorre em abundância na região. A homenagem
ao fruto feita pela associação foi uma forma
de valorizar a identidade local e empoderar
a rede.
A associação envolverá agricultores de 29
comunidades da margem esquerda do Baixo Rio Negro e tem como principal objetivo
fortalecer a produção e comercialização de
produtos da agrobiodiversidade local. Após
uma série de reuniões e oficinas realizadas
no âmbito do projeto Eco-Polos Amazônia
XXI, a necessidade de criação da nova organização foi demandada pelos agricultores. O
amadurecimento da ideia sobre a formalização do grupo veio após a Oficina Devolutiva
dos resultados do levantamento da cadeia
produtiva da Agricultura, realizada no final
de maio. Com base no diagnóstico apresentado pelo consultor Márcio Menezes (veja
mais no quadro ao lado), os participantes
perceberam o enorme potencial de volume
de produção existente e as diversas possibilidades de comercialização com valores
mais atrativos do que os que normalmente
são praticados, caso fossem formalizados.
Em paralelo ao registro da associação, o grupo elaborou um plano de ação que já está
sendo implementado, como a participação
na feira orgânica para venda direta, o transporte fluvial para escoamento da pro- dução, a elaboração de um contrato com o
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)
da CONAB e a elaboração participativa de um
calendário de produção, com informa- ções sobre os períodos de safras das frutas e quantidade de produção por comunidade, para facilitar o
planejamento comercial.
O levantamento realizado pelo consultor Márcio
Menezes envolveu oficinas nas 29 comunidades
contempladas pelo Projeto Eco-Polos Amazônia
XXI, onde foram entre- vistadas 207 famílias, representando 15% da população da região. Além
disso, uma pes- quisa de mercado avaliou a receptividade dos produtos da região no comércio
local e os valores de comercialização.
Das famílias entrevistadas, 155 (75%) têm roça,
sendo que muitas são novas. Ao total foram
contabilizadas 261 áreas de roçado. A comercialização tanto de frutas como de farinha ocorreu
majoritariamente nas comunidades. No entanto, houve um grande desperdício da produção
de frutas que pode ser destinada a outros mercados. Do total, 18 produziam farinha somente
para consumo e apenas 69 comercializavam o
produto.
Dados do levantamento:
(Incluindo o desperdício)
«Açaí: 55 toneladas
«Buriti: 46 toneladas
«Cupuaçu: 45 toneladas
«Macaxeira: 20 toneladas
«Farinha: 60 toneladas
«Tucumã: 800 mil unidades
Agroecologia estimula
estudantes do interior
As comunidades Nova Esperança e Nova
Canãa receberam em março, pelo IPÊ, a oficina de Hortas Agroecológicas. As hortas
escolares são destaque entre as atividades
optativas do Programa Mais Educação do
Ministério da Educação (MEC). Desde a
implantação do programa, o IPÊ tem sido
procurado pelas diretorias das escolas da
região para ministrar oficinas e prestar assessoria técnica.
As oficinas de implantação das hortas envolveram desde o preparo do local até a
seleção e plantio das espécies. O acompanhamento e cuidado com as plantas,
entretanto, são de responsabilidade dos
alunos e professores. Para o plantio foram
utilizadas sementes e mudas de espécies
tradicionalmente cultivadas e consumidas pelas comunidades, como ariá e cará.
Assim como outras não encontradas facilmente na região, como tomate e pepino.
A ideia é fornecer alimentos frescos para
incrementar e diversificar a alimentação
escolar, além de tornar a horta um espaço
educativo.
Confeiteiro francês promove capacitação de
doceiras em comunidade do Baixo-Rio Negro
Daniel Briand trocou experiências e receitas com as mulheres
O workshop ajudou as mulheres a diversificarem a oferta de produtos
D
esde janeiro quem visita o Clube de
Mães Maria de Nazaré já pode se deliciar com os cookies de castanha, biscoitos de cumaru e jujubas de cupuaçu
que passaram a ser produzidos depois do
workshop realizado pelo IPÊ, na Comunidade São Sebastião, localizada no Rio Cueiras,
Baixo Rio Negro, com o pâtissier-chocolatier francês Daniel Briand. Estes produtos
são vendidos agora na comunidade junto
com as tradicionais geleias e bombons de
frutas regionais. Daniel e as participantes
testaram alguns dos processos tradicionais
da confeitaria francesa e das receitas das
mulheres com produtos como o abacaxi, o
cupuaçu e a castanha da Amazônia. As participantes aprenderam a técnica conhecida
como Temperagem, um processo de aquecimento e resfriamento do chocolate que
permite que ele seja utilizado em doces,
sem perder a textura.
Vivendo no Brasil há 18 anos, onde mantém um conceituado café e doceria em
Brasília, Daniel Briand ficou animado com
a oportunidade de colaborar com o Projeto Eco-Polos. “Fiquei muito contente com
o convite. Estou tendo o prazer de conhecer a Amazônia através da culinária, dos
doces, e espero poder contribuir com essa
experiência”, afirmou.
Para o confeiteiro, a troca de experiências
proporcionada pela atividade foi enriquecedora tanto para as mulheres, como para
ele, que disse estar impressionado com o
trabalho desenvolvido nas comunidades.
“Eu gosto muito dessa troca. Acredito que
com a experiência que tenho posso indicar
coisas para elas fazerem. É interessante trabalhar com esses produtos, tem coisas que
eu não conhecia, e tiro o chapéu”, disse.
Transformação de parte do parque em RDS beneficia comunidades
Mutirão do IPÊ com Incra e Idam beneficia 150 agricultores
Indígenas e ribeirinhos residiam na área, mas eram impedidos de utilizar recursos naturais
Documentação permite o acesso a políticas públicas de financiamento e comercialização
Lei definiu novos limites para o Parque
E
m Nheengatu, língua derivada do tupi, a
nova Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Amazonas Puranga Conquista,
significa Bela Conquista. Fruto de uma articulação comunitária junto ao poder público que
durou oito anos, a redelimitação e recategorização de parte do Parque Setor Sul é uma grande
vitória para as comunidades indígenas e ribeirinhas. Desde 1995, quando o parque foi criado
como uma unidade de conservação de proteção integral, eles já residiam na área, mas viviam
com limitações no uso de recursos e atividades
de geração de renda. Em 24 de Março, o projeto de Lei Estadual nº 4.015 alterou os limites do
Parque Estadual (Parest) do Rio Negro Setor Sul,
da Área de Proteção Ambiental (APA) Margem
Esquerda do Rio Negro Setor Aturiá/Apuauzinha estabelecendo a RDS Puranga Conquista.
Pelo decreto, a nova RDS passa a possuir uma
área de aproximadamente 76,9 mil hectares,
ocupando parte da APA Margem Esquerda (5,7
mil hectares) e uma grande parcela do Parest
Rio Negro Setor Sul (71,2 mil hectares).
Elaborado pelo IPÊ – Instituto de Pesquisas Eco-
lógicas, em parceria com a Secretaria Estadual
de Desenvolvimento Sustentável (SDS), em
2010, o Plano de Gestão previa a mudança de
categoria e os novos limites do Parque Rio Negro Setor Sul desde que não houvesse prejuízos
à conservação e às comunidades tradicionais
locais. A partir de então, os comunitários se organizaram para reivindicar a mudança de categoria.
Na avaliação do pesquisador do IPÊ, Leonardo
Kurihara, apesar da área do parque não ter sido
ampliada para novos limites, contemplando
e protegendo as cabeceiras das principais bacias do rio Cuieiras, “o projeto de Lei Estadual
nº 4.015 atendeu a demanda dos movimentos
sociais e resolveu um grande impasse fundiário
possibilitando o direito de uso da terra pelos
que habitam a região muito antes da criação do
Parque”, destacou.
IPÊ é aprovado como instituição de ATER no Amazonas
O
Conselho de Desenvolvimento Rural
Sustentável do Amazonas (CEDRS/AM)
aprovou, em abril, a habilitação do IPÊ como
instituição de Assistência Técnica e Extensão
Rural (ATER) no Amazonas, por unanimidade. O
credenciamento permite que o IPÊ firme convênios com o poder público, por meio de chamadas públicas, para atuar em ATER no Amazonas.
A aprovação no Conselho foi a etapa final do
credenciamento, conforme o regulamento
do Ministério do Desenvolvimento Agrário
(MDA), e consolida o trabalho do IPÊ como referência em ATER no Baixo Rio Negro (AM). A
secretária executiva do CEDRS/AM, Alíria Noronha, atestou no parecer analítico que o IPÊ
tem competência clara para agir nas ações do
Sistema Informatizado (SIATER), porque é formado por uma equipe profissional multidisciplinar e já atua na assistência técnica rural
no Amazonas há mais de cinco anos. Para o
diretor de Assistência Técnica e Extensão Rural
do Instituto de Desenvolvimento Agroecuário
e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam),
José Ramonilson Gomes, o credenciamento
do IPÊ representa um passo rumo ao desenvolvimento da agricultura familiar no Estado.
“A experiência na coleta e divulgação de dados sobre as cadeias produtivas do Baixo Rio
Negro tem contribuído para o avanço das políticas públicas na região”, destacou também o
superintendente regional da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no Amazonas, Thomaz Silva.
clusas 70 companheiras nos cadastros.
O cadastro serve para se tornar um assentado junto ao Incra e facilita, entre outras coisas, o acesso à aposentadoria e às políticas
da reforma agrária. Junto a estas ações, o
Idam realizou o cadastro de produtores rurais para que eles possam receber a CPR, um
benefício do Governo do Estado do Amazonas. Segundo Leonardo Kurihara, do IPÊ,
foram realizados pelo menos 120 cadastros
durante as visitas às comunidades.
Seis comunidades receberam os funcionários do Incra e do Idam com o apoio do IPÊ
O
s agricultores das comunidades que
pertencem à área de assentamento do
Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (Incra) PDS Cuieiras/Anavilhanas puderam se cadastrar para a emissão da Carteira do Produtor Rural (CPR) e das Declarações
de Aptidão ao Pronaf (DAPs) durante mutirões realizados pelo IPÊ em parceria com o
Incra e o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam).
Os mutirões atenderam, em quatro dias, 150
agricultores que moram em assentamento
nas comunidades Monte Sinai, Nova Esperança do Apuaú, Nova Canaã do Aruaú, São
Sebastião, Nova Canaã do Cuieiras e Nova
Esperança. Os comunitários puderam ainda
esclarecer dúvidas referentes ao assentamento e benefícios da reforma agrária e da
documentação emitida no mutirão.
A engenheira agrônoma do Incra, Keila Cristina, explica as vantagens da posse da DAP
para o agricultor. “Através desse documento
o assentado pode ter acesso a algumas linhas de financiamento do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf) para investir na agricultura, ampliação das áreas de
produção, e também para comercialização,
como entrega de produtos para a Conab
(PAA) e participação em feiras da agricultura
familiar”. Foram emitidas 40 DAPs durante o
mutirão.
Outra ação importante foi o cadastro de novas famílias dos assentamentos e de mulheres que não estavam incluídas no cadastro
dos companheiros. “Muita gente já era assentado, depois casou e a mulher não estava cadastrada, é preciso fazer esse cadastro
para que os dois sejam beneficiados”, ressaltou Keila. Segundo a engenheira, foram in-
Entre os produtores rurais que já possuem a
carteira, estava o agricultor Edimar de Jesus
da Silva, 43. Ele trabalha na roça de mandioca e tem planos para utilização dos benefícios. “A gente sempre precisa desses descontos. Agora eu vou comprar enxada, pá e
terçado. Aproveitei que o Idam estaria aqui
e esqueci um pouco a roça pra buscar essa
ajuda”, brincou. Em posse da carteira, todo
produtor tem direito a descontos na hora de
comprar material para o trabalho e tem sua
atividade reconhecida.
Emissão de documentos era um dos serviços disponíveis
9
8
Turismo e Artesanato
Roteiro Tucorin gera renda às comunidades do Baixo Rio Negro
Mudança nos processos de fabricação e apresentação dos produtos resultou em melhor desempenho econômico
Segundo Nailza Pereira, responsável pelo
Projeto Turismo de Base Comunitária do
IPÊ, a realidade das comunidades tem mudado bastante com o trabalho desenvolvido pelo instituto.
“Nós não implantamos o turismo aqui. Eles
já praticavam a atividade. Mas quando começamos a trabalhar vimos que existia
uma necessidade de qualificação. Desde
então atuamos na capacitação e assessoria
aos empreendimentos do roteiro”, contou.
O passeio é uma oportunidade para turistas que visitam Manaus conhecerem o artesanato local
G
erar renda por meio do turismo de
base comunitária e promover experiências turísticas sustentáveis são apenas
dois dos objetivos do Roteiro de Turismo
Comunitário no Rio Negro (Tucorin), que
tem beneficiado seis comunidades do Baixo Rio Negro, localizadas dentro de Unidades de Conservação: São Sebastião, Bela
Vista do Jaraqui, Nova Esperança, Sao João
do Tupé, Colônia Central e Julião, que hoje
podem oferecer desde comida regional a
passeios e hospedagens aos turistas que
visitam a região.
O trabalho desenvolvido nas comunidades
através do projeto Eco-Polos Amazônia XXI
munidades também sentiu o reflexo dos
programas. Entre junho de 2012 e julho
de 2013, a arrecadação dos grupos indicados pela Central de Turismo Comunitário
da Amazônia foi de R$ 20,3 mil, segundo
levantamento realizado pelo IPÊ.
Para divulgar e oferecer o roteiro como
uma opção para os turistas que visitaram Manaus durante a Copa do Mundo,
o IPÊ e a ONG Nymuendaju, em parceria
com as instituições membros do Fórum
de turismo de base comunitária do Baixo
Rio Negro, realizaram uma expedição que
contou com a presença de 46 pessoas no
dia 30 de maio.
do IPÊ, e parceiros como a ONG Nymuendaju, já traz resultados perceptíveis quanto
à qualidade na manipulação de alimentos,
atendimento ao cliente e apresentação.
Com a melhoria dos processos , empreendedorismo e estruturação das cadeias produtivas, o desempenho econômico das co-
Entre o grupo de visitantes, estiveram representantes da imprensa, de instituições
gestoras de meio ambiente e turismo,
além do Sindicato de Guias de Turismo do
Amazonas, da Associação Brasileira das
Agências de Viagens (ABAV-AM) e operadores de barcos de turismo.
A presidente da ABAV-AM, Maria Helena
Fônseca, participou da atividade e destacou que a melhoria nos serviços oferecidos pelas comunidades é o diferencial.
Turismo e Artesanato
Atividades oferecidas vão desde a culinária às trilhas pela floresta
pessoas dentro da floresta. Lá, a comunidade
também oferece hospedagem, passeio de canoa pelos igapós do Rio Negro, entre outras
opções.
Comunidade Nova Esperança
Conhecida pelo trabalho de seus artesãos indígenas da etnia Baré, a Comunidade Nova Esperança, no Rio Cuieiras, também mostrou seu
As casas de farinha são típicas da região
potencial tanto para o artesanato quanto para
a culinária. Hoje, com a ajuda do IPÊ, o grupo
Comunidade São Sebastião
já tem uma suíte para receber hóspedes e se
A primeira parada foi na Comunidade São Seprepara para expandir o negócio.
bastião, no Rio Cuieiras, onde o Clube de Mães
Maria de Nazaré mostrou um pouco do potencial com a culinária. Lá, as mulheres oferecem
café da manhã, almoço e produzem geleias,
biscoitos e bombons de chocolate.O café da
manhã, típico da região, é todo preparado por
elas. Atualmente, o grupo conta com seis mulheres que complementam a renda das famílias com o trabalho no Clube.
Na comunidade do Tupé turistas asistem ao Ritual indígena
Novas técnicas de
tingimento natural
são temas de curso
A oficina contou com a experiência dos
instrutores da Cooperativa do Artesanato Sustentável do Amazonas (COOPASAM) e reuniu 45 artesãos do Baixo Rio
Negro na Comunidade Agrovila, nos dias
11 e 12 de março.
O curso apresentou alternativas em corantes e fixadores naturais para as peças
do artesanato.
Durante a oficina, os artesãos que integram o Projeto Eco-Polos Amazônia XXI
aprenderam novas técnicas e compartilharam suas experiências com tingimento natural em sementes, tecidos, penas
de galinha, fios de tucum, escamas de
peixes e tururi.
A pesquisadora do IPÊ, Nailza Pereira,
afirmou que está na agenda deste ano
cursos de artesanato em madeira, além
de outros temas para fortalecimento do
turismo no Baixo Rio Negro, como capacitação em culinária,
condução de trilhas,
RDS do Tupé
Café da manhã regional faz parte da oferta
As comunidades do Julião, São João do Tupé
e Colônia Central, fazem parte da Reserva de
Desenvolvimento Sustentável (RDS) Tupé,
onde o Projeto atua em parceria com a ONG
Viveiro de peixes na comunidade Bela Vista do Jaraqui
Nymuendaju atua. Nelas, o turista desfruta
Comunidade Bela Vista do Jaraqui da culinária local e de passeios em trilhas, canoagem, projetos sustentáveis, banhos de rio
Aqui, a aventura em trilhas pela mata é a prin- e outras atrações. Na comunidade São João
cipal atração. A trilha pode ser feita em grupo do Tupé, por exemplo, o visitante assiste uma
e tem acampamento com capacidade para 40 apresentação de rituais indígenas.
Técnica usa insumos naturais para coloração
Produto Local
Buriti
Comunidade na RDS do Tupé investe em estrutura para produção de biojóias
Fruto é uma das estrelas da culinária regional
Artesãos adquiriram maquinários e galpão para trabalhar
N
a Comunidade Agrovila, localizada na
Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé (RDS Tupé), o trabalho coletivo e a organização tem trazido bons frutos
para as 20 artesãs que produzem biojóia
no local. Liderados por Cristina Oliveira, o
grupo conseguiu que a construção de um
galpão saísse do papel e virasse realidade.
Agora elas concentram os investimentos na
aquisição de maquinário próprio para polir e
furar as sementes.
Segundo Nailza Pereira, que atua na comunidade com os projetos do IPÊ, o passo mais
importante foi dado. “Esse pontapé inicial
era o mais importante para a continuidade
do trabalho ”, ressaltou. A comunidade também conta com a ajuda da Associação Agrícola Amazonino Mendes que é regularizada
e tem como presidente José Selmarco da
Silva Gomes.
A comunidade surgiu em 1994, de uma propriedade privada que foi loteada, e abriga
famílias vindas da zona urbana de Manaus.
Muitos já trabalhavam com agricultura, com
dificuldades na produção.
Dentro do Projeto Ecopolos XXI, os comunitários de Agrovila são pioneiros e podem concentrar a produção de sementes para distribuir em
outras comunidades do Baixo Rio Negro onde
há produção de artesanato, com economia de
• 1 xícara e meia (chá) de massa de
buriti
• 5 xícaras (chá) de leite • 2 xícaras
(chá) de açúcar
Modo de fazer
Colocar os ingredientes no liqui-
Sementes tingidas naturalmente são vendidas
viagens, gasolina e outros custos. O projeto já
capacitou 45 comunitários para o beneficiamento de sementes e tingimento natural.
Copa do Mundo gera oportunidade para artesãos do Baixo Rio Negro
ciados com o trabalho do IPÊ - Instituto de Pesqui-
Rio Negro ganhou espaço na Loja Brasil Origi-
sas Ecológicas e entregues para venda e exposi-
nal, entre os dias 24 de maio e 27 de junho, em
ção aos turistas que visitaram a capital durante a
Manaus, uma das 12 cidades- sede da Copa do
primeira fase do mundial. Manaus recebeu quatro
Mundo da Fifa. A loja estava localizada no Ama-
jogos que movimentaram a cidade com a vinda de
zonas Shopping, na Avenida Djalma Batista, um
80 mil turistas estrangeiros.
dos principais centros de compras nas proximi-
A exposição foi uma iniciativa do Conselho Deliberativo
dades da Arena da Amazônia.
do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Em-
No total, foram 105 peças de seis artesão benefi-
presas (Sebrae), por meio do Programa Brasil Original.
SORVETE CASEIRO
Ingredientes
As máquinas pulem e furam as sementes
O artesanato produzido por moradores do Baixo
Receita
O
dificador, bater bem. Levar ao
Buriti é um dos vários tipos de palmeira en-
de um a dez cachos.
contradas no Brasil e pode chegar até 40m de
A polpa do fruto é alaranjada e comestível. Debai-
congelador por 5 horas. Bater no-
altura e de 13 a 55 cm de diâmetro. O nome científico
xo das escamas há uma pele amarelada, conhecida
vamente para o sorvete ficar mais
do Buriti é Mauritia flexuosa e conforme a região, a
como bucha, que parece isopor. A bucha envolve o
planta recebe diferentes nomes populares, como mi-
caroço, ou semente, e permite que os frutos bóiem
riti, muriti, palmeira-do-brejo, moriche, carangucha e
e sejam carregados pela água até um local propício
aguaje.
para germinar.
Cada folha da palmeira é composta de três partes: a
Os frutos são ricos em vitaminas A, B, C, E, em fibras,
capemba, o talo e a palha. A capemba é a parte mais
óleos insaturados e ferro. É uma das frutas que mais
larga do talo que fixa a folha ao caule do buriti. O talo é
contém vitamina A no mundo - 20 vezes mais que a
coberto por uma fibra dura, conhecida como tala, que
cenoura!
pode ser retirada para tecer cestos, esteiras e outros
Na margem esquerda do Baixo Rio Negro o Buriti é
artesanatos. A palha é o restante da folha, usada para
farto, uma parte é comercializada, mas a maioria é
cobrir o telhados.
desperdiçada. Já foram identificados, numa amostra
As frutas são comestíveis e o óleo, além de servir na
de 207 famílias, mais de 48 toneladas de Buriti na úl-
cozinha, tem propriedades medicinais e cosméticas.
tima safra, das quais 65% estão sendo desperdiçadas.
Tudo no Buriti pode ser reaproveitado, por isso ele
O potencial de valorização da fruta no mercado é
também é chamado “árvore da vida”.
grande.
Enquanto os machos produzem cachos que só dão
flores, as fêmeas produzem os cachos de flores que se
Fonte: “Boas práticas de manejo para o extrativismo sustentá-
tornarão frutos. Cada fêmea de buriti pode produzir
vel do Buriti”- Mauricio Bonesso Sampaio – Brasilia: ISPN, 2011
cremoso e levar ao congelador.
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redes sociais.
Agosto
5 a 7 - Capacitação de jovens empreendedores
na comunidade do Aruaú
25 a 29 - Reunião Trimestral do IPÊ em Manaus e
nas comunidades
Setembro
10 a 12 - Oficina de hortas agroecológicas e SAF
24 e 25 - Oficina de boas práticas
na culinária
30 a 7 de ago - Implementação do SISUC nas
comunidades da RDS Puranga Conquista
PARCERIA
Redação e Edição: Lívia Anselmo, Leonardo Kurihara,
Caroline Delelis, Mariana Semeghi, Marco Antônio
Lima, Nailza Pereira, Paula Piccin e Márcio Menezes.
Edição e revisão: Yes, Bananas! - Agência de Jornalismo da Amazônia
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