born global: estratégias de internacionalização e capacidade de

Transcrição

born global: estratégias de internacionalização e capacidade de
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
CURSO DE GRADUCAÇÃO EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
BORN GLOBAL: ESTRATÉGIAS DE
INTERNACIONALIZAÇÃO E CAPACIDADE DE
INOVAÇÃO
Rogério Pires Costa
Santa Maria, RS, Brasil
2014
PGRI/UFSM, RS
COSTA, Rogério Pires
2014
BORN GLOBAL: ESTRATÉGIAS DE
INTERNACIONALIZAÇÃO E CAPACIDADE DE INOVAÇÃO
Rogério Pires Costa
Monografia apresentada ao curso de Graduação em Relações
Internacionais, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS),
como requisito parcial para obtenção do grau de
Internacionalista
Orientadora: Prof. Dra. Flavia Luciane Scherer
Santa Maria, RS, Brasil
2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
aprova a monografia de Graduação
BORN GLOBAL: ESTRATÉGIAS DE
INTERNACIONALIZAÇÃO E CAPACIDADE
DE INOVAÇÃO
elaborada por
Rogério Pires Costa
como requisito parcial para obtenção do grau de
Internacionalista
COMISSÃO EXAMINADORA
Flávia Luciane Scherer, Dr.
(Presidente/Orientador)
__________________, Dr. (UFSM)
__________________, Dr. (UFSM)
Santa Maria, 09 de janeiro de 2014.
RESUMO
Monografia de Graduação
Curso de Graduação em Relações Internacionais
Universidade Federal de Santa Maria
BORN GLOBAL: ESTRATÉGIAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO E
CAPACIDADE DE INOVAÇÃO
AUTOR: ROGÉRIO PIRES COSTA
ORIENTADORA: LUCIANE SCHERER
Data e Local da Defesa: 9 de Janeiro de 2014 – Santa Maria
Neste estudo foi relatado um fenômeno chamado Born Global, que nos últimos anos
vem ganhando grande importância por ter, na sua maioria, empresas ligadas à alta tecnologia.
Esse tema tem necessitado de novos entendimentos teóricos com relação a atuação destas
empresas
nascentes
no
mercado
internacional.
Nesse
trabalho
foi
analisada
a
internacionalização de empresas em geral e das Born Global, assim como o processo de
inovação a partir da internacionalização. A presente monografia contou com um estudo de
caso de uma empresa considerada Born Global, sendo que foi realizada uma entrevista para
obter dados sobre esta empresa, e tais dados foram analisados comparadamente com a teoria
citada neste estudo. Ao fim do estudo pôde-se concluir que são diversos os modos que as
empresas em geral escolhem para se internacionalizar, mostrando que a maioria escolhe
ingressar em um processo sequencial de fases, primeiramente no mercado interno e depois
partem para o mercado exterior. Nas Born Global, a velocidade da entrada no mercado
internacional é acelerada, fato comprovado na empresa estudada, que optou pela exportação
indireta, por meio de representantes em cada país-alvo. O presente tarabalho vem a contribuir
para o melhor entendimento do fenômeno Born Global e suprir a necessidade de estudos no
que se refere a importância da análise da inovação e internacionalização das empresas Born
Global.
Palavras-chave: Born Global. Internacionalização. Empresa.
ABSTRACT
This study approach a phenomenon that in the last years gained a great importance for
having, in majority, enterprises connected to high technology, this is called “Born Global”.
This theme needs new theoretical benchmarks in order to understand how this new enterprises
are born on the international market. This work contains an analysis of general and Born
Global business, as well as the process of innovation that comes from the internationalization.
The present monograph has a study case about a Born Global enterprise, and to obtain data
from this firm, interviews were made. This data was analyzed comparing the firm and the
theory used to develop this work. After all, it can be concluded that many methods were chose
by general enterprises in order to internationalize themselves, showing that the majority
chooses to begin in a sequential phase process, starting with internal market and reaching later
the external market. In Born Global cases, the “going in” speed to the international market is
quicker, fact proved in the present study, the enterprise chose indirect exportation, using
representatives in each target-country. This present work comes to contribute for a better
understanding of the Born Global phenomenon and to supply some gaps found on studies
about the importance of innovation and internationalization analyzes of Born Global
enterprises.
Key-words: Born Global. Internationalization. Enterprises.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Etapas do processo de internacionalização de uma empresa ................................... 13
Figura 2 - Empresa Imply ......................................................................................................... 33
Figura 3 - Estrutura organizacional .......................................................................................... 34
Figura 4 - Produção de terminais eletrônicos ........................................................................... 36
Figura 5 - Produção empresa Imply ......................................................................................... 37
Figura 6 - Máquina de produção da empresa Imply ................................................................. 39
Figura 7 - Pista Bowling Café, Niort - França .......................................................................... 42
Figura 8 - Feira RAAPA na Rússia 2012 ................................................................................. 44
Figura 9 - AMID - Anual Meeting of Distributors 2013 .......................................................... 47
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Teorias econômicas de internacionalização ........................................................... 15
Quadro 2 - Teorias comportamentais de internacionalização .................................................. 17
Quadro 3 - Formas de entrada e estratégias em mercados internacionais ................................ 19
Quadro 4 - Principais denominações para o novo tipo de empresa .......................................... 21
Quadro 5 - Fatores que afetam o processo de internacionalização Born Global ..................... 23
Quadro 6 - Principais características do processo de internacionalização das empresas Born
Global ....................................................................................................................................... 24
Quadro 7 - Principais características do empreendedor Born Global típico ............................ 25
Quadro 8 - Tipos de inovação................................................................................................... 28
LISTA DE APÊNDICES
Apêndice 1 - Roteiro para entrevista semi-estruturada.........................................................52
SUMÁRIO
RESUMO ............................................................................................................. 3
ABSTRACT ......................................................................................................... 4
LISTA DE ILUSTRAÇÕES............................................................................... 5
LISTA DE QUADROS ....................................................................................... 6
LISTA DE APÊNDICES .................................................................................... 7
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 9
2 OBJETIVOS ................................................................................................... 11
1.1 Geral .................................................................................................................................. 11
1.2 Objetivos específicos ......................................................................................................... 11
1.3 Justificativa ....................................................................................................................... 11
3 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................ 12
3.1 Internacionalização ......................................................................................................... 12
3.2 Modos de entrada ............................................................................................................. 17
3.3 As Born Global .................................................................................................................. 20
3.3.1 Internacionalização das Born Global ............................................................................. 22
3.4 Inovação em Born Global ................................................................................................. 26
3.5 Internacionalização e inovação........................................................................................ 28
4 MÉTODO ........................................................................................................ 30
5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ................................................... 32
5.1 Características da empresa .............................................................................................. 32
5.1.1 Perspectivas futuras ......................................................................................................... 38
5.2 Inovação............................................................................................................................. 38
5.3 Negócios internacionais .................................................................................................... 42
5.3.1 Processo de internacionalização ..................................................................................... 43
5.4 Internacionalização e inovação na Imply ....................................................................... 46
6 CONCLUSÃO ............................................................................................... 48
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 50
APÊNDICES ...................................................................................................... 52
9
1 INTRODUÇÃO
Os últimos anos têm evidenciado a crescente internacionalização dos negócios, de
sorte que empresas de todo o globo disputam mercados. Empresas de diferentes
nacionalidades têm ocupado posição de destaque nesse comércio globalizado e, dentre essas
organizações, um tipo em especial tem chamado a atenção dos pesquisadores: as Born Global.
Tal tipo de empresa reúne características que a diferenciam das demais, especialmente no que
diz respeito à velocidade da internacionalização. Algumas décadas atrás se tinham como
principais exemplos de empresas que ingressavam no comércio internacional empresas
maduras, de economias desenvolvidas e de grande porte de mercado. Nessas últimas duas
décadas o cenário tem se modificado, principalmente nos negócios internacionais.
Atualmente, as Born Global e outras pequenas e médias empresas razoavelmente
ativas nas exportações constituem uma considerável parcela das empresas de
atividades internacional. Sua relativa inexperiência e limitação de recursos financeiros
não mais impedem seu sucesso em mercados estrangeiros. (CAVUSGIL; KNINHT;
RIESENBERGER, 2010, p. 44).
As Born Global são empresas jovens com grande desenvolvimento tecnológico e, ao
contrário das grandes multinacionais que tiveram uma longa jornada até ingressar no
comércio internacional, as Born Global já deram seus primeiros passos ainda muito cedo fora
do mercado interno.
O fenômeno das Born Global transmite uma esperança para países em
desenvolvimento como o Brasil, a superar o desafio de internacionalizar suas empresas. Dib
(2008) acredita que, dadas as condições globais que estimulam e catalisam o surgimento das
empresas Born Global, os empresários e executivos brasileiros possuem uma nova chance de
superar as barreiras geográficas, linguísticas e culturais, acelerando a internacionalização de
suas empresas. Desta forma, para o cenário brasileiro, o estudo das empresas de
internacionalização precoce permite vislumbrar uma possibilidade de “atalho” para o maior
envolvimento do país com os negócios internacionais.
Sabe-se da importância de empresas com produtos de grande valor agregado para um
maior crescimento da economia do país, já que o maior número das nossas exportações é dado
por produtos de baixo valor agregado em principal, pelo primeiro setor. O presente trabalho
traz discussões acerca do fator tecnologia e inovação nas empresas, uma vez que as Born
10
Global têm este diferencial de serem altamente inovadoras e com um grau de tecnologia
muito elevado.
A tecnologia representa um dos fatores mais importantes para aumentar a
competitividade das empresas dentro e fora do país. O avanço tecnológico permite o
lançamento de produtos inovadores, com características superiores às da
concorrência (inovação de produto), além de impactar na redução de custos de
produção e de preços ao consumidor (inovação de processo). (STI/MDCI, 2009).
Arbix, Salerno e Negri (2004) indicam que, na maioria dos casos, a relação entre
estratégias de inovação e estratégias de internacionalização é uma via de mão dupla para as
empresas. Sendo assim, tanto a inovação influencia na internacionalização da empresa, quanto
o processo de internacionalização contribui para a evolução inovadora da própria empresa em
questão. Desta forma, a busca de se internacionalizar as empresas influencia para o
crescimento inovador de maneira que, essas empresas se colocam em contato com novos
mercados, em padrões altamente competitivos, diferentes produtos e inúmeras formas de
comercialização. Sendo assim, essa experiência será transformada em uma maior capacidade
de inovação, para a empresa conseguir se manter no mercado externo. Assim, dadas as
discussões prévias, definiu-se o seguinte problema de pesquisa que orientou a execução desse
estudo:
Como as estratégias de internacionalização de uma empresa considerada como Born
Global relacionam-se com sua capacidade inovadora?
11
2 OBJETIVOS
1.1 Geral
Descrever como as estratégias de internacionalização de uma empresa considerada
como Born Global se relacionam com sua capacidade de inovação.
1.2 Objetivos específicos

Conhecer as formas de internacionalização e modos de entrada das empresas em geral
e das Born Global em particular.

Descrever os processos de inovação tecnológica a partir da internacionalização de
Born Global.
1.3 Justificativa
A realização do estudo se justifica pelo fato da relevância de ambos os temas para o
comércio internacional brasileiro e este tendo grande importância econômica, social e política,
para qualquer país. Além disso, o aparecimento de Born Global pode ter implicações diretas
no desenvolvimento de economias emergentes como o Brasil (DIB, 2008), o que torna
oportuno e necessário a compreensão desse fenômeno de internacionalização. Assim,
acredita-se que estas empresas têm grande valor a agregar na economia brasileira. Outro
ponto de relevância é a falta de estudos sobre o tema com empresas brasileiras.
12
3 REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capítulo serão apresentadas algumas teorias, que darão respaldo ao estudo.
Inicialmente serão explanadas teorias sobre internacionalização de empresas, teorias estas que
têm a firma como análise. Na sequência serão abordados os modos de entrada das empresas
no comércio internacional, mostrando suas vantagens e desvantagens. Logo após, serão
apresentada as teorias sobre as Born Global e sua internacionalização, fatores que afetam o
seu processo de se internacionalizar, principais características deste processo e características
do empreendedor destas empresas. Para finalizar, será abordada a questão da inovação e
internacionalização.
3.1 Internacionalização
Modelos de estudo do processo de internacionalização de empresas foram
desenvolvidos a partir da década de 1970 para descrever a expansão das empresas para o
mercado externo (CAVUSGIL; KNIGHT; RIESENBERGER, 2010). Segundo o modelo de
processo de internacionalização as empresas na sua grande maioria seguem um processo
gradual, em etapas que dura um longo período. As empresas tradicionais têm uma sequência
que começa com a exportação e evoluem em fases, chegando ao investimento direto externo
(IDE), sendo esta, uma modalidade com mais complexidade.
O contato com a internacionalização é visto pela empresa como uma inovação, mas
que não tem um planejamento inicial ou uma análise racional por parte dos administradores
da empresa. Segundo Cavusgil, Knight e Riesenberger (2010) a natureza gradual, lenta e
incremental da internacionalização é um resultado de uma incerteza que os administradores
têm sobre informações inadequadas do mercado estrangeiro, e outro fator importante é a falta
de experiência em transações internacionais por parte dos responsáveis da área internacional
nas empresas.
A figura a seguir ilustra um modelo de processo de internacionalização de uma
empresa.
13
Foco doméstico
Etapa préexportação
Envolvimento
experimental
Envolvimento Ativo
Comprometimento
Figura 1 - Etapas do processo de internacionalização de uma empresa
Fonte: Cavusgil, Knight e Riesenberger (2010).
Seguindo as etapas do modelo de processo de internacionalização, uma empresa
começa na fase de foco doméstico e tem sua atenção voltada para a aquisição de negócios no
mercado local. Na grande maioria, estas empresas não estão interessadas em se envolver com
negócios internacionais devido a questões de preparo ou de obstáculos para se ingressar nos
mercados estrangeiros. Em algum momento a empresa pode receber um pedido do exterior,
então esta avança para a etapa pré-exportação. Desta maneira a administração da empresa
procura se informar sobre a viabilidade de realização de transações internacionais, sendo
assim, a empresa inicia o envolvimento experimental, desta forma começa uma atividade
limitada da empresa além de suas fronteiras, em sua grande maioria através da exportação.
Após esses primeiros passos, vendo uma expansão de seus negócios e tendo desta
forma uma experiência com o mercado estrangeiro a empresa passa a uma ação mais ativa,
passa ao envolvimento ativo em negócios internacionais explorando opções no exterior e um
maior comprometimento por parte da administração e de recursos para que esta tenha sucesso
além de suas fronteiras, um sucesso global. Em último a empresa pode chegar à etapa de
comprometimento, quando está com interesses e comprometimento de recursos para efetuar
muitos negócios internacionais, nesta etapa a empresa dedica atenção para diversos mercados
estrangeiros por meio de vários modos de entrada que serão explicados no decorrer do estudo.
Neste momento será feita a abordagem de algumas teorias que serão apresentadas para
tentar explicar a internacionalização de empresas. Carneiro e Dib (2007) usam duas linhas de
14
raciocínio para abordar as teorias de internacionalização. Primeiramente uma abordagem da
internacionalização com base em critérios econômicos, nesta abordagem prevalecem soluções
(pseudo) racionais para o processo de internacionalização, que teriam como norte um caminho
com decisões que buscassem a maximização de retornos econômicos. Em uma segunda
abordagem seria a internacionalização com base na evolução comportamental, neste o
processo de internacionalização seria dependente de atitudes, do comportamento, percepções
dos tomadores de decisão, que buscariam a redução de riscos de decisões sobre como, onde e
porque expandir.
Dib e Carneiro (2007) tomando como base alguns autores como Cantwell (1991) e
Letto-Gillies (1997) e trabalhos com teorias ligadas à abordagem econômica selecionaram três
teorias que são citadas e consagradas como influentes na literatura: Teoria do Poder de
Mercado, Teoria da Intenalização e o Paradigma Eclético. Foram priorizadas as teorias que
tem a firma como sua unidade de análise, por este motivo não foram escolhidas teorias
econômicas tradicionais como modelo do Ciclo de Vida Internacional do Produto (VERNON,
1996, 1997 apud DIB; CARNEIRO, 2007) e o modelos de Comércio Internacional (SMITH,
1776; RICARDO, 1817; OHLIN, HESELBORN, WISKMAM, 1977 apud DIB; CARNEIRO,
2007).
Teoria
Breve Resumo
Originada do trabalho seminal de Hymer (1960/1976), que
acreditava que nos estágios iniciais de seu crescimento as empresas
continuamente aumentariam sua participação em seus mercados
domésticos através de fusões, aquisições e extensões de sua
capacidade.
Conforme aumentasse a concentração industrial e o poder de
Teoria do Poder
mercado da empresa, também aumentariam os lucros. Entretanto,
de Mercado
existiria um ponto onde não seria fácil aumentar ainda mais a
concentração
no
mercado,
pois
apenas
poucas
empresas
permaneceriam. Neste momento, os lucros obtidos do alto grau de
poder monopolístico dentro do mercado doméstico seriam
investidos em operações externas, gerando processo similar de
concentração crescente em mercados estrangeiros.
Continua...
15
Foi formalmente proposta e depois revisitada por Buckley e Casson
(1976, 1998), mas tem a origem conceitual no seminal artigo de
Coase (1937). Sua ênfase recai na eficiência com a qual transações
entre unidades de atividade produtiva são organizadas e usa os
custos de transação (WILLIAMSON, 1975, 1979) como o racional
para justificar se deve ser utilizado um mercado (externo à empresa,
Teoria da
contratual)
ou
uma
internalização
(hierarquia)
para
uma
Internalização
determinada transação. Uma análise (supostamente racional) de
benefícios versus custos (TEECE, 1981, 1986) determinaria o grau
“certo” de integração da empresa em suas atividades internacionais.
É oriundo dos trabalhos de Dunning (1977, 1980 e 1988) e
considera que as empresas multinacionais (MNCs) possuem
vantagens competitivas ou de “propriedade” vis-à-vis seus
principais rivais, que elas utilizam para estabelecer produção em
locais que são atrativos devido a suas vantagens de “localização”.
Existiriam dois tipos de vantagens competitivas: derivadas da
propriedade particular de um ativo singular e intangível (como uma
tecnologia específica da empresa) ou derivadas da propriedade de
ativos complementares (como a capacidade de criar novas
tecnologias). MNCs possuem ainda vantagens de “internalização”
para reter controle sobre suas redes de ativos (produtivos,
Paradigma
comerciais, financeiros etc). Estas vantagens advêm da maior
Eclético
facilidade com a qual uma firma integrada pode apropriar retorno
integral de sua propriedade de ativos distintivos como sua própria
tecnologia, bem como da coordenação do uso de ativos
complementares, que seriam os benefícios transacionais. Dunning
defende que o Paradigma não deve ser encarado como mais uma
teoria de internacionalização, mas sim como um arcabouço para seu
estudo.
Quadro 1 - Teorias econômicas de internacionalização
Fonte: Carneiro e Dib (2007)
Conclusão
16
As abordagens comportamentais se originaram do chamado “Modelos de estágio”, o
modelo de Upssala foi o primeiro e o mais citado e testado empiricamente na literatura
(CARNEIRO; DIB, 2007). Outros desenvolvimentos teóricos importantes e que são
posteriores ao modelo de Uppsala frequentemente citados na literatura são o
empreendedorismo internacional e a perspectiva de networks, que estão citados neste estudo.
Teoria
Breve Resumo
Pretende ser um mecanismo explicativo básico sobre as etapas de
um processo de internacionalização. O foco é a empresa individual
e sua gradual aquisição, integração e uso de conhecimento sobre
mercados e operações estrangeiros; além de seu comprometimento
sucessivamente crescente com esses mercados, através de estágios
Modelo de Uppsala
sequenciais.
A
ordem
de
seleção
de
países
para
a
internacionalização seguiria uma relação inversa com a “distância
psíquica” entre o país alvo e o país de origem (JOHANSON;
WIEDERSHEIM, 1975; JOHANSON; VAHLNE, 1977). Outra
linha de pesquisa relacionada envolve os chamados modelos de
estágios no processo de exportação (BILKEY; TESAR, 1977;
WIEDERSHEIM et al, 1978; CAVUSGIL, 1980; REID, 1981;
CZINKOTA, 1982).
Esta abordagem considera que os próprios mercados devem ser
encarados como redes de empresas (JOHANSON; MATTSON,
1986; FORSGREN, 1989). Quando associada à internacionalização,
dela decorre que a empresa vai desenvolver posições em redes no
exterior. Embora sua premissa comportamental seja a mesma do
Networks
modelo de Uppsala
(JOHANSON; VAHLNE, 2003), as decisões acerca do processo de
internacionalização serão determinadas direta ou indiretamente
pelas relações no interior das redes de negócios. “Tanto o
aprendizado quando o desenvolvimento da rede influencia e são
influenciados pelo processo contínuo de internacionalização”
(WELCH; WELCH, 1996, p.14).
Continua...
17
McDougall (1989) afirmou que a teoria tradicional sobre negócios
internacionais
assumia
implicitamente
que
as
empresas
internacionais já haviam sido constituídas há muito tempo. Já a
visão do empreendedorismo internacional (COVIELLO; MUNRO,
1995; MCDOUGALL; OVIATT, 1997; ANDERSSON, 2000) visa
Empreendedorismo
Internacional
explicar a expansão internacional de novas empresas ou start-ups
através da análise de como os empreendedores reconhecem e
exploram oportunidades. Também se busca estudar as diversas
motivações que os levam às operações internacionais (ZAHRA et
al., 2005). Entretanto, o empreendedorismo não está limitado a
novas empresas (BIRKINSHAW, 1997), pois empresas já
estabelecidas também precisariam se tornar empreendedoras para
competir de modo eficiente.
Conclusão
Quadro 2 - Teorias comportamentais de internacionalização
Fonte: DIB e CARNEIRO 2007
Os quadros 1 e 2 sintetizam os principais elementos teóricos que foram criados para
explicar a internacionalização de empresas, sob uma perspectiva tradicional. As Born Globals,
por suas características, não são plenamente explicadas pelas teorias supracitadas.
3.2 Modos de entrada
A internacionalização é entendida como o processo por meio do qual a empresa deixa
de operar nos limites do mercado nacional de origem e passa a explorar mercados estrangeiros
(RIBEIRO, 2012). Empresas podem entrar no mercado internacional por diferentes meios,
através de uma atuação mais simples que seria a exportação ou operações mais complexas que
exigem das empresas um maior comprometimento de seus recursos, como aquisições, fusões
e instalações de empresas no país de interesse.
O modo de entrada é tratado como uma decisão essencial para o sucesso da
internacionalização, pois é um momento complexo onde existem muitos fatores para serem
analisados. Diversos fatores influenciam na decisão da empresa sobre um modo de entrada,
tais como: o ambiente de concorrência do país de origem e do mercado-alvo, fatores de
18
produção, diferentes tipos de recursos, habilidades e competências de seus funcionários
(RIBEIRO, 2012).
As Born Global, empresas iniciantes e algumas vezes pequenas, em geral possuem
recursos escassos, principalmente no que diz respeito a recursos tangíveis, tais como
instalações, bens e equipamentos, recursos humanos e financeiros, que geralmente favorecem
a internacionalização de grandes empresas multinacionais (RIBEIRO, 2012). Este fenômeno
chamado Born Global tende a adotar uma internacionalização precoce e significativa, mesmo
com o escasso recurso como a autora se refere, elas atingem um nível de vendas externas
considerável em sua evolução.
No quadro a seguir estão diferentes modos de entrada que as empresas podem utilizar.
Cada estratégia de atuação tem suas vantagens e desvantagens e a escolha do modo
apropriado é crítica para o desempenho da firma nesses mercados (RIBEIRO, 2012).
Tipo de entrada
Exportação
Características
Não exige despesas para estabelecer operações em outros países, mas
os exportadores precisam estabelecer alguns meios para comercializar
e distribuir seus produtos. Em muitos casos, as firmas exportadoras
desenvolvem acordos contratuais com empresas do país anfitrião ou
abrem escritórios de vendas. As desvantagens de exportar incluem
custos de transporte e barreiras tarifárias. O exportador também tem
menos controle sobre a distribuição e comercialização de seus
produtos e em muitos casos precisa pagar um distribuidor, gerando
aumento de preços.
Licenciamento
Permite que uma firma estrangeira compre o direito de manufaturar
e/ou vender algum bem ou serviço no exterior em nome do
licenciador. O licenciado assume riscos e faz investimentos em
instalações para produção, distribuição e comercialização dos
produtos e/ou serviços. Essa é uma forma pouca dispendiosa de
expansão internacional. As desvantagens são o baixo controle sobre a
manufatura e comercialização dos produtos em outros países e
menores retornos potenciais. Além disso, há a possibilidade da firma
internacional aprender a tecnologia e produzir e vender um produto
similar depois que a licença terminar.
Continua...
19
As diferentes formas de alianças estratégicas internacionais permitem
Aliança estratégica
que as empresas compartilhem os riscos e os recursos para entrar em
e Joint-Ventures
mercados estrangeiros. Em muitos casos as alianças são feitas entre
uma firma do país anfitrião que conhece as condições competitivas,
as normas legais e culturais do país. As empresas muitas vezes
entram numa aliança para aprender novas competências e adquirir
tecnologias de produção ou de gerenciamento. As desvantagens desse
tipo de internacionalização podem incluir incompatibilidade e
conflito entre os parceiros e comportamento oportunista de uma das
firmas envolvidas.
Dentre as alternativas de entrada e atuação internacional as aquisições
Aquisição
podem se apresentar como a mais rápida para acessar um mercado.
As desvantagens dessa estratégia são que em muitos casos necessitam
de financiamento e geram custos de longo prazo. As negociações para
aquisições internacionais são complexas e podem gerar problemas
para fundir e adequar a nova firma na empresa adquirente. No caso de
aquisições internacionais a empresa que adquire precisa lidar não
somente com culturas corporativas diferentes, mas também com
culturas sociais e gerenciais potencialmente diferentes
O estabelecimento de uma subsidiária (greenfield venture) é um
Nova Subsidiaria
Totalmente
própria
processo mais complexo, de longo prazo e dispendioso, mas tem a
vantagem de garantir a firma o máximo controle sobre seus ativos.
Conclusão
Quadro 3 - Formas de entrada e estratégias em mercados internacionais
Fonte: Riberio (2012)
As grandes multinacionais tendem a expandir-se por meio de investimento direto
estrangeiro (IDE). As empresas de menor porte, inclusive as Born Global, tendem a exportar
(CAVUSGIL; KNIGHT; RIESENBERGER, 2010). As Born Global na grande maioria
dependem da exportação como modo de entrada para o exterior. Em muitos casos, oferecem
produtos avançados com expressivo potencial para geração de vendas internacionais. De
modo geral são ávidas usuárias da internet e das modernas tecnologias de comunicação, o que
20
facilita ainda mais as operações internacionais precoces e eficientes (CAVUSGIL; KNIGHT;
RIESENBERGER, 2010).
3.3 As Born Global
Os estudos sobre as Born Global são recentes e datam de pouco mais de uma década
(CAVUSGIL, KNIGHT, RESENBERGER, 2010). Este fenômeno chamado Born Global
representa uma nova geração de empresas, que muitas vezes tem escasso recursos, mas que
adotam uma internacionalização precoce. São empresas que assumem negócios no mercado
internacional, às vezes sem nenhuma experiência no mercado doméstico, simultaneamente ao
estabelecimento dos negócios doméstico, ou pouco tempo depois das operações domésticas
serem estabelecidas (RIBEIRO, 2012).
Na década de 90, um tipo diferente de empresa começou a intrigar e chamar atenção
de estudiosos da área de negócios internacionais. Em um estudo realizado por Rennie (1993
apud DIB, 2008) na Austrália, tendo como pesquisa exportadores de produtos de alto valor
agregado, o autor batizou estas empresas peculiares com o nome de Born Global. Tais
empresas não seguiram o caminho gradual e tradicional das demais empresas que se
internacionalizavam, elas já haviam nascidas globais.
Jolly, Alahuta e Jeannet (1992 apud DIB, 2008) também fizeram pesquisas com
empresas semelhantes que tinha alto valor agregado em seus produtos e rápido ingresso no
mercado internacional, e que tratavam sua própria globalização como forma de competir com
empresas já existentes em suas indústrias (incumbentes).
Dib (2008), cita que muitos foram os estudos quase que simultâneos com o de Rennie
(1993) que indicavam que, desde o final da década de 80, os especialistas em negócios
internacionais já apontavam um fenômeno recente e crescente de empreendimentos que eram
globais desde sua fundação.
As denominações para esse fenômeno de empreendimentos que se internacionalizam
desde sua fundação são variadas, para este estudo serão adotadas o termo Born Global mais
utilizado e conhecido. No quadro a seguir são demostradas as diversas denominações para tal
fenômeno.
Autor (Ano)
Denominação
dada
Denominação dada
(tradução)
21
(original)
Ganitsky (1989).
Innate exporters
McDougall (1989); Oviatt e McDougall (1994, International new
1997 e 1999); McDougall, Shane e Oviatt ventures (INVs)
(1994); McDougall e Oviatt (1996); Bloodgood,
Sapienza e Almeida (1996); Zahra e George
(2002); Kundu e Renko (2005).
Exportadores inatos
Novos
empreendimentos
internacionais
Jolly et al (1992); Oviatt e McDougall (1994 e Global start-ups
Novas
empresas
1995) – como um subconjunto dentro das INVs.
globais
Rennie (1993); Knight e Cavusgil (1996); Born Globals
Nascidas globais
Knight (1997); Madsen e Servais (1997); Autio
e Sapienza (2000); Autio, Sapienza e Almeida
(2000); Bell e McNaughton (2000); Bell,
McNaughton e Young (2001); Larimo (2001);
Rasmussen, Madsen e Evangelista (2001); Moen
(2002); Zuchella (2002); Dimitratos e
Plakoyiannaki (2003); Hurmerinta- Peltomäki
(2003); McNaughton (2003); Räisänen (2003);
Callaway (2004); Chetty e Campbell-Hunt
(2004); Dominguinhos e Simões (2004);
Gabrielsson e Kirpalani (2004); Gabrielsson,
Sasi e Darling (2004); Hashai e Almor (2004);
Knight, Madsen e Servais (2004); Kuivalainen e
Sundqvist (2004); Gabrielsson (2005); Simões e
Dominguinhos (2005); Zahra, Korri e Yu
(2005); Freeman, Edwards e Schroder (2006);
Loane (2006); McGaughey (2006); Mort e
Weerawardena (2006).
Bell (1995); Coviello e Munro (1995); Roberts e
Senturia (1996); Burgel e Murray (2000).
Abordam o fenômeno sem batizá-lo
Rialp, Rialp e Knight (2005)
Early
internationalizing
firms
Quadro 4 - Principais denominações para o novo tipo de empresa
Empresas com
Internacionalização
precoce
Fonte: Dib (2008)
Alguns autores como Hordes, Clandy e Baddaley citados por Dib (2008) fizeram
algumas críticas em torno do termo “global”. Segundo os autores, o termo seria inadequado a
empresas de alcance global mais restrito. Os autores citaram como exemplos empresas
brasileiras que só exportassem para o Mercosul ou empresas européias que só atuassem no
continente europeu. Citando dessa forma que os termos mais corretos seriam “internacional”
ou “multinacional”.
22
O estudo sobre as Born Global tornou-se um dos tópicos de pesquisa na área de
negócios internacionais tão relevante que hoje é um dos mais populares tópicos para explicar
como empresas podem se tornar competitivas e ingressar de maneira mais sucedida no
mercado exterior. As Born Globals são uma nova realidade nos negócios internacionais, são
empresas que tem alto poder tecnológico e inovador. Em muitos casos, oferecem produtos
avançados com expressivo potencial para vendas internacionais (CAVUSGIL; KNIGHT;
RESENBERGER, 2010). Estas empresas têm alto conhecimento tecnológico, sendo assim,
seu principal meio de comunicação é a internet, trazendo uma maior facilidade para as
operações internacionais precoces e com maior eficiência.
3.3.1 Internacionalização das Born Global
Os estudos sobre as Born Global são limitados tornando assim muito difícil de
explicar ou chegar a conclusões sobre a sua real ocorrência (SILVA, 2012). Dib (2008)
procura chamar atenção para relevância de estudos sobre este tema que cada vez mais se torna
rotineiro nos dias atuais. Então será feita uma análise sobre pontos relevantes na
internacionalização de uma empresa considerada Born Global.
Fazendo uma sucinta pesquisa da literatura é possível identificar a existência de um
número crescente de empresas que se pode classificar como Born Global, isso indica que a
velocidade e complexidade do processo de internacionalização de empresas está aumentando
em todo mundo, estes fatos levam alguns autores a apontar que, empresas com esse
comportamento tenderiam a ser a norma em vez de ser a exceção nos negócios e mercados
internacionais (CAVUSGIL; KNIGHT; RIESENBERGER, 2010). O sucesso internacional
das Born Global, não é interpretado pela propriedade de ativos no exterior, como nas teorias
tradicionais, uma vez que as suas principais preocupações têm relação com o valor agregado
no produto e suas competências para mantê-lo e adaptá-lo e não com os ativos possuídos no
exterior (RIBEIRO, 2012). Estudo feito por com várias empresas, constatou que quatro
fatores se coordenados adequadamente levariam a empresa Born Global a ter ótimos
resultados no mercado externo, sendo estes, habilidade em marketing internacional, inovação
internacional, orientação internacional e orientação para o mercado internacional (RIBEIRO,
2012).
23
A orientação internacional diz respeito à importância da empresa ter uma abordagem
agressiva nos mercados internacionais, as habilidades em marketing internacional referem-se
à competência da empresa para criar valor para clientes estrangeiros por meio de segmentação
e orientação de mercado, a inovação internacional é a capacidade da empresa para
desenvolver e introduzir novos processos, produtos, serviços ou ideias para o mercado
internacional e a orientação para o mercado internacional é a medida que as atividades
internacionais, orientadas para os clientes e concorrentes no mercado externo, são
coordenadas entre as áreas funcionais da empresa (RIBEIRO, 2012).
As Born Global por terem em seu DNA a inovação conseguem suportar determinados
tipos de conhecimentos, que trarão o desenvolvimento de capacidades organizacionais que
suportam a internacionalização precoce e um grau de desempenho alto em diversos mercados
globais (RIBEIRO, 2012). Estas empresas em sua grande maioria tem em seu comando
empreendedores com forte visão internacional, que têm o foco em seus clientes e enfatizam as
competências de marketing, produtos diferenciados e de alta qualidade.
Dib (2008) fez uma revisão apontando as características de internacionalização das
empresas Born Global e de seus empreendedores, apresentadas a seguir.
Tendências
Fatores Ambientais
Fatores
Fatores
Fatores
Globais
do País
específicos da
específicos
individuais do
Indústria
da
Empreendedor
Empresa
Homogeneização
Políticas
Existência de
Posse de
Experiência de
dos mercados
governamentais de
cadeias de
ativos
trabalho no
globais
incentivo à
suprimento
únicos
exterior
internacionalização
globais
Avanços nos
Mercado doméstico
Mercados de
Inserção
Educação no
transportes e
saturado
nicho globais
numa
exterior
comunicação
network
Capacitações
Mercado doméstico
Características
Produtos
Conhecimento
pessoais mais
restrito no espaço
industriais
inovadores
técnico
elaboradas
Quadro 5 - Fatores que afetam o processo de internacionalização Born Global
Fonte: Adaptado de Dib (2008)
24
No quadro 5 pode-se observar que a homgenização dos mercados e a facilidade de
comunicação afetam os processos de internacionalização da Born Global, além de fatores
como políticas públicas que dão incentivo para que as empresas procurem novos mercados,
além de elementos como por exemplo ter uma rede de network e estar sempre inovando em
seus produtos.
Características das Empresas Born Global
Início das Atividades
"Logo após a fundação", sendo a "moda" da literatura três anos,
internacionais
embora existam indicações de até oito anos ou mais.
Relevância das
Uma fração das vendas totais deveria ser oriunda das atividades
atividades
internacionais, sendo a "moda" da literatura pelo menos 25%,
internacionais
com variações para menos ou mais.
Modo de Entrada
Flexível, tipicamente mais ativo como, por exemplo, o uso de
agentes (embora também possa existir o atendimento de pedidos
não solicitados).
Escopo das atividades
Quanto maior o número de atividades da cadeia de valor
internacionais
coordenada entre diferentes países, mais Born Global a empresa
seria
Abrangência geográfica Quanto maior a abrangência geográfica em relação ao número de
países (ou ainda a diferentes continentes), mais Born Global a
empresa seria.
Motivações para
Empresas Born Global teriam motivações mais ligadas a uma
internacionalização
estratégia clara e proativa, buscando ser internacional desde a
fundação e assumir posição de destaque em mercados de nicho
globais.
Dispersão geográfica
Especificamente no caso brasileiro, empresas com atuação
dos clientes no
nacional teriam maior propensão a se internacionalizar do que
mercado doméstico
empresas que ainda não atuassem em outras regiões do país.
Quadro 6 - Principais características do processo de internacionalização das empresas Born
Global
Fonte: Adaptado de Dib (2008)
25
Neste ponto pode-se analisar as principais características do processo de
internacionalização da empresa Born Global, no quadro 6 são citadas características
essenciais para essa internacionalização como, a internacionalização em seus primeiros anos
de vida da empresa e já apresentar em seu planejamento uma porcentagem da produção
destinada para o mercado externo, por exemplo 25% para exportação.
Características do empreendedor Born Global
Forte orientação internacional e/ou visão global
Experiência internacional de trabalho anterior à fundação da empresa
Educação no exterior
Maior tolerância ao risco
Conhecimento técnico ou científico, o qual permite o desenvolvimento de conceitos
inovadores e singulares
Relacionamentos pessoais e profissionais abrangentes e profundos (network pessoal, social)
Quadro 7 - Principais características do empreendedor Born Global típico
Fonte: Adaptado de Dib (2008)
No quadro 7 se análisa o empreendedor da empresa Born Global, este empreendedor
tem características peculiares, tendo forte visão global e já possuir experiência profissional,
ter estudado ou viajado para diversos países. Este empreendedor tem uma grande rede de
network, além do mais tem conhecimentos técnicos que permitem o desenvolvimento de
conceitos inovadores. A inovação é uma grande exigência no mercado internacional.
O crescimento agudo de empresas de rápida internacionalização deixa certo que não
são empresas Born Global simplesmente anomalias, como dão a entender alguns teóricos das
abordagens tradicionais. Sendo o contrário, por surgir inúmeros casos nestes últimos anos,
estas empresas estão se tornando regras e não exceção (SILVA, 2012).
26
3.4 Inovação em Born Global
É possível observar, pelas características das empresas e de seus empregados, que as
internacionalizadas que têm como foco a inovação tendem a serem maiores, aproveitando de
maneira mais eficiente os rendimentos crescentes de escala e são mais intensas ao se
inserirem no mercado externo, pois importam e exportam de maneira mais efetivas dos que as
demais categorias de firmas (ARBIX; SALERNO; DE NEGRI, 2004). Os autores também
citam além, das características anteriores, que essas empresas com foco na inovação têm sua
mão de obra melhor remunerada, possivelmente por serem mais produtivas, seus empregados
tem maior escolaridade e fazem algum tipo de treinamento para o seu pessoal ocupado.
Esses autores citados se referem a empresas em geral, mostrando que é fundamental para o
crescimento e sobrevivência das empresas terem um cuidado especial para estarem inovando
sempre. O presente estudo tem como foco principal empresas conhecidas como Born Global,
onde estas têm auto grau de inovação. Na literatura especializada existem pontos que são
enfatizados fortemente, e um desses pontos se referem à suposta existência da relação entre a
inovação e as empresas Born Global (SILVA, 2012). As Born Global procuram utilizar da
inovação em seus processos, conhecimentos e outros recursos intangíveis, pois tendem a ter
uma escassez de recursos tangíveis como, capital financeiro, através dos recursos intangíveis
as Born Global suprem as demais dificuldades para alcançar com sucesso o comércio
internacional (KNIGHT; CAVUSGIL, 2004). A internacionalização é considerada uma
grande ação inovadora por alguns autores, sendo assim, as Born Global seriam por si só
inovadoras (SILVA, 2012).
Estudos ligados ao comércio internacional acreditam que o conhecimento é uma
habilidade que facilita para a entrada em mercados externos. Desta forma, o conhecimento de
cada empresa, essa experiência única e intransferível é o mais importante recurso. Knight e
Cavulsgil (2004) indagam que as capacidades desenvolvidas por empresas, são resultados da
união desses conhecimentos específicos, e são associadas a competências organizacionais e
rotinas empresariais. Esses fenômenos chamados Born Global procuram desenvolver o
chamado conhecimento tácito para terem sucesso e desenvolver seus negócios, já que este
tipo de empresa não dispõem de muitos recursos tangíveis como foi comentado anteriormente.
Tentando explicar de onde vem essa capacidade inovadora em seus recursos
intangíveis ou específicos os autores Knight e Cavusgil (2004), afirmam que, empresas
antigas que tem seu sistema organizacional enraizado em um sistema burocrático, intimidam
27
atividades inovadoras, empresas novas, recém fundadas têm um sistema menos burocráticos,
sendo assim, têm condições internas favoráveis para atividades inovadoras (SILVA, 2012).
As Born Global por não terem uma herança administrativa, têm nesse fator vantagem sobre
empresas antigas, pois dispõem de uma flexibilidade para desenvolver um sistema
administrativo voltado para o comércio internacional. As empresas que foram fundadas há
muitos anos e que começam a ter interesses de se internacionalizar, terão que antes de tudo,
desaprender as rotinas internas para depois fazer a internacionalização (KNIGHT;
CAVUSGIL, 2004). Esse “desaprendizado” é extremamente difícil ressaltam os autores,
dando assim, uma vantagem comparativa para as novas empresas com foco na
internacionalização.
De acordo com os autores Knight e Cavusgil (2004), através da inovação se pode criar
soluções novas e conseguir enfrentar desafios impostos pelos concorrentes, incluindo criação
de produtos inovadores e criar novos mercados, sendo assim, tentar ser líder e não apenas
seguidor dos que os concorrentes fazem (RIBEIRO, 2012). Os autores argumentam que
inovação é a capacidade das empresas tem para desenvolver e introduzir novos serviços,
processos e produtos para o mercado exterior.
Normalmente, as empresas Born Global estão inseridas em setores de alta tecnologia
que apresentam um ciclo de vida do produto efêmero, aonde se exige constante inovação e
recursos especializados, segundo autor (RIBEIRO, 2012). Há também estudos de autores que
discutem a questão da capacidade de inovação da empresa e uma busca constante por fazer
produtos diferenciados como uma forma de vantagem tecnológica ou competitiva.
O quadro a seguir traz definições de autores sobre inovação, tais definições envolvem
mudanças significativas no funcionamento das empresas (RIBEIRO, 2012).
Inovação de
Mudanças nos produtos ou serviços que uma empresa oferece.
produto
Envolvem mudanças significativas nas potencialidades de produtos e
serviços. Incluem-se bens e serviços totalmente novos e/ou
aperfeiçoamentos importantes para produtos existentes (TIDD et. al.,
2005). O “novo” produto ou serviço é entendido de forma ampla, de
maneira a abranger as capacidades de imitação, adaptação e
engenharia reversa da empresa (PINHO, 2005).
Continua...
28
Inovação de
Representam mudanças nos métodos de produção e de distribuição
processo
dos produtos ou serviços.
Inovações
Referem-se à implementação de novos métodos organizacionais, tais
organizacionais
como mudanças em práticas de negócios, na organização do local de
trabalho ou nas relações externas da empresa.
Nesse sentido, Tidd et. al. (2005) apresenta a noção de inovação de
paradigma que incluem as mudanças nos modelos mentais
subjacentes que orientam o que a empresa faz.
Conclusão
Quadro 8 - Tipos de inovação
Fonte: RIBEIRO (2012)
É apontado por autores em seus estudos que a precoce entrada no mercado
internacional por uma empresa, tem relação positiva com sua capacidade de inovação. Este
fator relevante que a empresa apresenta tem resultados positivos no market share
internacional, um acréscimo nas vendas no exterior, aumento dos lucros e intensidade de
produtos para exportação (RIBEIRO, 2012).
3.5 Internacionalização e inovação
Nos dias atuais onde vivemos com economias que não tem mais fronteiras, está cada
vez mais importante que os países e suas empresas tenham grande diferencial em seus
produtos, tendo sempre uma visão global. As empresas cada vez mais cedo estão se
internacionalizando, não seguindo mais a forma gradual de internacionalização, citando como
exemplo as Born Global que são o tema de pesquisa desse estudo.
Ao se internacionalizarem, as empresas estão expostas a uma pressão competitiva
muito maior que no mercado local (STI/MDIC, 2009). As empresas ao terem um avanço
tecnológico terão produtos mais inovadores, tendo vantagem sobre a concorrência, além do
mais, tal avanço tecnológico acaba impactando na redução de custos de produção e de preços
(STI/MDIC, 2008).
O mercado global é altamente competitivo e o acelerado desenvolvimento tecnológico
torna o produto com o ciclo de vida muito menor, exigindo das empresas uma maior
capacidade inovadora e rápida para desenvolverem produtos e serviços mais eficientes.
29
Portanto, a crescente integração de diferentes tecnologias torna a inovação cada vez mais
arriscada e com maior custo (STI/MDCI, 2008).
A internacionalização se torna um meio das empresas enfrentarem toda essa situação,
esse cenário desafiador para as empresas as torna muito mais ousadas, se aventurando no
mercado internacional.
As empresas internacionalizam cada vez mais suas atividades
intensivas em conhecimentos e junto abrem seus processos de inovação para colaboração com
parceiros externos, tendo como objetivo acessar novos conhecimentos e tecnologias de forma
mais rápida.
Estes pontos foram identificados pelo relatório “Science, Tecnology and Industry
Outlook 2008” (STI/MDCI, 2008), que trouxe as seguintes tendências no padrão mundial de
pesquisa e desenvolvimento:
Crescimento em termos absolutos das atividades de P&D (pesquisa e desenvolvimento):

Emergência dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) na área de ciência, tecnologia e
inovação;

Significativa globalização das atividades de P&D&I (pesquisa, desenvolvimento e
inovação);

Aumento de P&D no setor de serviços;

Ênfase crescente em inovações não tecnológicas;

Maior internacionalização e mobilidade de pessoas altamente qualificadas.
As empresas cada vez mais distribuem seus centros de P&D com o objetivo de
conhecer as tendências do mercado local, acessar o conhecimento da região e buscar novas
idéias e tecnologias (STI/MDCI, 2008). As empresas sabendo que seus clientes cada vez mais
exigentes principalmente com a questão inovação têm conectado suas redes de com pessoas,
instituições e empresas de diversos países (STI/MDCI, 2008).
30
4 MÉTODO
Neste capítulo serão apresentados os elementos metodológicos utilizados no
desenvolvimento deste estudo.
Para a coleta dos dados se escolheu o método qualitativo, por se tratar de uma empresa
e permitir que o entrevistado possa expor, com liberdade, seus progressos e inovações. Foi
escolhido o estudo de natureza qualitativa, pois se esperava “Descobrir relações entre
elementos e processos” (GONÇALVES; MEIRELLES, 2004).
A opção por um estudo com natureza qualitativa se mostrou oportuna e adequada aos
objetivos propostos no estudo. Segundo Godoy (1995) um fenômeno pode ser mais bem
compreendido no contexto em que ocorre e do qual é parte, devendo ser analisado numa
perspectiva integrada. Para tanto, o pesquisador vai a campo buscando “captar” o fenômeno
em estudo a partir da perspectiva das pessoas nele envolvidas, considerando todos os pontos
de vista relevantes.
Como características básicas da metodologia qualitativa têm-se, segundo Godoy
(1995): o ambiente natural é a fonte direta de dados, e o pesquisador é o instrumento
fundamental; a pesquisa é descritiva; os pesquisadores tentam compreender os fenômenos a
partir da perspectiva dos participantes; e pesquisadores não partem de hipóteses estabelecidas
a priori e sim de focos de interesses amplos.
Em relação à estratégia de pesquisa, foi realizado um estudo de caso com a empresa
Imply Tecnologia. Escolheu-se esta empresa por ter as características fundamentais para ser
considerada uma empresa Born Global, contribuindo assim para o objetivo do estudo. Outro
critério foi o da disponibilidade, já que a empresa se dispôs a participar do estudo, permitindo
o acesso à organização, o fornecimento de informações e a realização de entrevistas com o
representante da empresa.
A opção por se fazer uma pesquisa do tipo “estudo de caso” também foi orientada pela
essência do que compreende um estudo desse tipo. Segundo Yin (2005, p.32), “um estudo de
caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu
contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não
estão claramente definidos”.
Para o estudo, foram buscados dados de fontes primárias e secundárias. Dados
primários foram obtidos através de entrevista realizada, e os dados secundários, de
publicações, notícias, relatórios e site da empresa. Tal escolha encontra respaldo em Yin
31
(2005) que afirma ser razoável “corroborar os dados obtidos em entrevistas com informações
obtidas através de outras fontes”. Portanto, a análise de dados secundários serve como
estratégia para colaborar com as demais informações obtidas através da entrevista.
A entrevista foi o tipo semi-estruturada cujo roteiro se encontra no Apêndice 1, sendo
que esse roteiro foi estabelecido com base na literatura pesquisada. Utilizou-se deste formato
por permitir ao entrevistado, ao mesmo tempo em que abordasse os temas e assuntos
relevantes ao objetivo da pesquisa, apresentasse suas opiniões e pontos de vista com relativa
liberdade. Desta forma, a teoria apresentada no referencial teórico pôde ser questionada na
entrevista, verificando assim o real conhecimento e a realidade da empresa com relação ao
fenômeno Born Global.
A utilização de gravador não se fez necessário, o entrevistado optou por, ao mesmo
tempo em que respondia a entrevista, ir mostrando todos os setores da empresa e realizando
comentários, sendo assim, o pesquisador foi tomando nota de todos os pontos, procurando ser
o mais fiel possível ao relato do entrevistado. Ao término da entrevista, teve início a revisão
das anotações e complementação daquilo que havia sido anotado. A digitação para o meio
eletrônico foi feita logo em seguida.
Por último, foi realizada análise e tratamento dos dados obtidos, para assim torná-los
significativos e válidos. Esta análise consiste na interpretação dos dados brutos e comparação
com a teoria que serviu como base para este estudo, que será apresentado no capítulo a seguir.
32
5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos, sendo que os dados estão
divididos por seções: Características da empresa, perspectivas futuras, inovação, negócios
internacionais, processo de internacionalização, internacionalização e inovação na Imply.
5.1 Características da empresa
A Imply Tecnologia Eletrônica é uma empresa jovem e dinâmica, fundada no ano de
2003, tendo como seus idealizadores o CEO Tironi Paz Ortiz, administrador de empresas e
especialista em Marketing, e o Dr Rolf Fred Molz, pesquisador e coordenador do Curso de
Engenharia da Computação na Universidade de Santa Cruz do Sul, apoiados pela Prefeitura
Municipal de Santa Cruz do Sul, que adotou uma política de apoio favorável ao
desenvolvimento da empresa Imply. A Imply foi a primeira empresa a integrar o Polo
Cientifico e Tecnológico de Santa Cruz do Sul, tendo grande importância para a
diversificação e crescimento da economia no Vale do Rio Pardo. A empresa desenvolve novas
tecnologias através de parcerias com universidades, como a Universidade de Santa Cruz do
Sul (UNISC) e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), e órgãos nacionais e
mundiais do setor.
33
Figura 2 - Empresa Imply
Fonte: Departamento de marketing da Imply
A Imply está integrada pelas áreas de Entretenimento e Informação, tendo como
destaque a sua qualidade, criatividade e forte capacidade de P&D (20% da força de trabalho
da empresa está neste departamento) para o desenvolvimento de novas tecnologias e ideias.
Com 10 anos de atuação, a empresa tem expandido seu mercado diariamente, a Imply está
presente em todos os estados brasileiros com diversos clientes e parceiros de importância
internacional (como Odebrecht, OAS, Queiros Galvão, NEC, Jhonson Controls, Infraero),
suas exportações já atingiram os cinco continentes e estão presentes em mais de 45 países. A
Imply adquiriu o domínio imply.com e sua página na internet se destaca por apresentar as
informações em seis idiomas (português, inglês, espanhol, francês, russo e árabe).
A estrutura organizacional da empresa pode ser vista na figura 2, na qual estão
dispostos os departamentos e são evidenciadas as relações hierárquicas.
34
Figura 3 - Estrutura organizacional
Fonte: Departamento de Marketing da Imply
35
A empresa Imply desenvolve serviços e produtos diferenciados e únicos, nas áreas de
entretenimento e informação para o mercado brasileiro e mundial. Nesses dez anos de
existência a empresa vem expandindo sua participação, entre o clientes destacam-se: Governo
do Chile, Governo do Rio Grande do Sul, Governo do Estado do Ceará, Governo do Distrito
Federal, Governo do Estado de Minas Gerais, Governo do Estado do Paraná, INFRAERO –
Aeroportos Brasileiros, Universidade de São Paulo, Tribunal de Justiça – Estado de Goiás,
Universidade de São Paulo, Assembleia Legislativa SP, SABESP - Companhia de
Saneamento Básico do Estado de São Paulo, CORSAN - Companhia Riograndense de
Saneamento, COPASA - Companhia de Saneamento do Estado de Minas Gerais, PDG,
Universal Leaf Tabacos, Prefeitura de Guarulhos, Prefeitura de Porto Alegre, Prefeitura do
Recife, Prefeitura de Belo Horizonte, Philip Morris Brasil, Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense,
SESI – Serviço Social da Indústria, CREA RJ – Conselho Regional de Engenharia e
Agronomia do Rio de Janeiro, Magic Games, URBES – Trânsito e Transportes, Expointer,
North Empreendimentos Brasil, VOITH, Planeta Atlântida SC/RS, DETRAN/SE Departamento Estadual de Trânsito de Sergipe, DETRAN PE – Departamento Estadual de
Trânsito de Pernambuco, DETRAN PB – Departamento Estadual de Trânsito da Paraíba,
DETRAN RS – Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul, PETROBRAS
BRASIL, TCU - Tribunal de Contas da União, entre outros órgãos do Governo, Shoppings e
empresas. Além disso, proporciona modernas tecnologias para o a Arena Grêmio, Arena
Castelão, Estádio Presidente Vargas em Fortaleza/CE, Estádio Independência em Belo
Horizonte/MG, Estádio Olímpico em Porto Alegre/RS, entre outros.
A Imply tem hoje uma linha bastante diversificada de seus produtos, trabalhando
atualmente com mais de 65 produtos, nas áreas de informação e entretenimento.
Informação: Terminal de auto atendimento TAT, terminal de consulta TCI, terminal
de satisfação TPS, terminal 3i, monitores LCD, tela de toque touchscreen, painel informativo
rodoviário PER, Sistema de gerenciamento de acesso e bilhetagem SIGA, sistema de
informação aeroportuárias, sistema parlamentar de votação.
36
Figura 4 - Produção de terminais eletrônicos
Fonte: Departamento de Marketing da Imply
Entretenimento: Boliche oficial, bowling café, pino gigante, acessórios para boliche,
iAttack jungle, iBowl circus.
A fim de caracterizar a atuação da empresa, são destacados alguns projetos especiais e
cases de sucesso que a Imply Entretenimento realizou:
Arena do grêmio (Porto Alegre): O acesso ao estádio, às salas administrativas e
estacionamentos da Arena Grêmio é gerenciado pelo Sistema Imply, tendo o controle
integrado de 108 catracas imply, 279 portas prediais, 19 cancelas de estacionamento, e 30
PDV’s Imply para a venda de ingressos. Além da Arena Grêmio, a Imply também esta
presente em outras Arenas como, Arena Pernambuco, Arena da Baixada, Arena da Amazônia,
Arena das Dunas, Arena Fonte Nova e Arena Castelão, todos com o padrão internacional
FIFA de reconhecimento, a Imply teve concorrência de grandes empresas internacionais. Os
cases de sucesso, como a solução desenvolvida para o Grêmio, conquistaram clientes, levando
os projetos da empresa para um novo patamar. Graças a um planejamento estratégico
realizado desde 2006, quando se teve o anúncio que o Brasil iria sediar a Copa do Mundo
2014, a Imply hoje é a líder no fornecimento do Sistema de Gerenciamento de Acessos em
37
massa e Bilhetagem, e esta presente em 50% das 12 arenas que sediarão a Copa do Mundo
2014, como afirma Tironi (CEO IMPLY).
Figura 5 - Produção empresa Imply
Fonte: Departamento de marketing da Imply
A empresa Imply tem uma concorrência que está em uma curva crescente, para
conseguir se impor no mercado a empresa trabalha com estratégias de âmbito global, ela está
sempre presente em diversas feiras nacionais e internacionais, além de ações de benchmarking
com a análise competitiva. Também são desenvolvidas ações de pesquisa de novas
tecnologias em parcerias com as universidades UNISC e UFSM para manter seus produtos
em constante inovação no mercado. No boliche por exemplo, a empresa Imply tem como
principais concorrentes empresas de relevância mundial, empresas dos Estados Unidos,
Alemanha e China. Para estar à frente de seus concorrente a Imply inovou, no mercado
europeu a empresa criou o Bowling Café, que é uma pista de boliche mais curta, direcionada
para espaços pequenos. A cada ano a Imply lança novos produtos nas feiras de
entretenimentos, que são exclusividade no mercado.
38
5.1.1 Perspectivas futuras
No mês de maio de 2013 a empresa Imply anunciou um investimento de R$10 milhões
na qualificação do seu parque tecnológico. Até o final de 2014 pretende investir na ampliação
da estrutura física e aquisição de máquinas e equipamentos de última geração, como por
exemplo uma máquina de corte a laser. A empresa está sempre atenta a novas tecnologias que
aparecem
no mercado, que acrescentem qualidade a seu processo de produção e seus
produtos. Segundo o CEO Tironi Paz Ortiz, a expectativa é dobrar a geração de empregos até
2015, chegando a 300 colaboradores. Depois de ter ampliado o faturamento em 100% de 2011
para 2012, é esperado um crescimento de mais 50% no ano de 2013. A previsão de
faturamento até o final de 2015 é de R$100 milhões, além de duplicar o quadro de
funcionários.
Sobre a inserção internacional a expansão é considerada satisfatória, mesmo com a
crise mundial de 2008, a Empresa Imply pretende continuar expandindo seus negócios. A
empresa está presente em mais de 45 países, com as mais diversas culturas, para os próximos
anos esta previsto o ingresso em mercados que ainda não foram desbravados pela empresa. O
objetivo principal é atingir 50% das vendas para o mercado interno e 50% para o mercado
externo, pois hoje as exportações são de 30% das vendas da empresa. Os países que compram
os produtos Imply têm muita confiança na qualidade deles, e portanto, se pretende continuar
expandindo as vendas em novos mercados e seguir levando a tecnologia e qualidade gaúcha
para o mundo.
5.2 Inovação
A missão e os valores que norteiam as estratégias de posicionamento da Imply no
mercado têm como foco principal a inovação, como razão de seus negócios tanto no Brasil
como no mercado internacional. Desenvolvem desta forma produtos e serviços diferenciados
por meio de soluções inteligentes, que procuram atender às necessidades do mercado através
de tecnologias com ideias criativas e inovadoras.
O parque tecnológico Imply é composto pelas áreas de Pesquisa & Desenvolvimento
de produtos, fábrica de softwares, centro de usinagem com comando numérico
computadorizado (CNC) para corte de madeiras e metais, injetora plástica, cabine de pintura à
39
pó, impressora plotter, sistema de controle de estoque por código de barras. Neste ano 2013 a
imply está comprando uma nova máquina que faz cortes a laser, ratificando o fato de que a
empresa está sempre atenta a novas tecnologias que aparecem no mercado, que acrescentem
qualidade a seu processo de produção e seus produtos, desta forma agregando ainda mais
inovação e qualidade em sua linha de produção.
Figura 6 - Máquina de produção da empresa Imply
Fonte: Departamento de marketing da Imply
O parque tecnológico Imply foi projetado com a utilização de tecnologias ecológicas
corretas. Com mais de 10 mil metros quadrados o prédio da empresa, integra a campanha One
Degree Less, com telhado branco que reflete até 90% dos raios solares, reduzindo a
temperatura do ambiente. Possui um sistema inteligente de ventilação natural e um projeto
moderno de iluminação natural, com lentes prismáticas importadas. “Também optamos por
tecnologias ecológicas em nossos produtos, desde as matérias primas até os displays de LED
de baixo consumo” enfatiza Tironi Ortiz. Desta forma a Imply sempre está procurando inovar
não somente em seus produtos, mas também em seus processos.
Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e
Comunicação (Brasscom), o mercado brasileiro de software possui 79% dos programas
40
desenvolvidos
no
exterior.
A inovação não se restringe apenas ao desenvolvimento dos produtos, é algo que
envolve toda a empresa combinando processos. A Imply possui uma política de qualidade que
é desenvolver, produzir, comercializar e prestar serviços inovadores nas áreas de
entretenimento e informação, refletindo desta maneira, no comprometimento com a melhoria
contínua da eficácia do sistema de gestão da qualidade e com os requisitos do cliente. A Imply
é referencia no desenvolvimento de tecnologias e investimentos em inovação, com
importância fundamental na diversificação da economia na região de Santa Cruz do Sul,
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em
2010 haviam 4,5 milhões de empresas ativas no Brasil, e conforme dados da Agência
Brasileira de Promoção de Exportação e Investimento (APEX), são 21 mil empresas
exportadoras no país, representando dessa forma menos de 0,5% do total, e a Imply faz parte
desse percentual inovador, segundo Tironi Ortiz.
A Imply sempre está inovando em seus programas e projetos para melhorar seus
produtos e processos. Um dos programas que a Imply apresenta com muito orgulho é o
Programa de Participação nos lucros e Resultados da Imply que abrange todos os seus
colaboradores, valorizando e reconhecendo a participação de cada um. Outro mecanismo
apresentado pela Imply é algo muito inovador, que incentiva a ação inovadora de seus
colaboradores, trata-se do Programa 3i – Ideias Inovadoras Imply, que é uma política de
incentivo para novas ideias através de um sistema que a empresa desenvolveu, e que é
acessado por meio de terminais que ficam na própria empresa. O programa 3i é um sistema
para receber novas ideias dos colaboradores e clientes, possibilitando identificar
oportunidades para implantar processos e projetos voltados para a geração de valor para o
negócio através da inovação, estas contribuições passam por uma avaliação da administração
visando sua implantação.
O programa Parque Tecnológico Imply, tem como objetivo possibilitar a integração e
interação das pessoas e gerar mais qualidade de vida para todos os seus colaboradores.
Imply Universidade é outro programa inovador implantado na empresa Imply, e
configura-se em um sistema de treinamento interno e externo que já é uma tendência entre as
empresas nacionais e internacionais. Lançado em 2012 este programa consiste em uma sala
virtual da plataforma Moodle onde são ministrados treinamentos na modalidade de Ensino à
Distância. Os treinamentos são direcionados para colaboradores e clientes Imply. Estes
treinamentos são direcionados a clientes e colaboradores Imply, no primeiro caso, são de
ordem externa e contemplam cursos instrucionais de software, hardware, montagem,
41
desmontagem, reparos e manutenção dos produtos Imply. No segundo de ordem interna,
direcionado para seus colaboradores, abrange treinamentos de recursos humanos, como,
segurança no trabalho e programa 5s. Isto representa total acessibilidade ao Imply
Universidade, reafirmando o compromisso da Empresa Imply com a inovação. As vantagens
do Imply Universidadesão, baixo custo e agilidade de realização dos treinamentos, melhor
qualificação dos colaboradores e satisfação dos clientes em relação ao produto adquirido por
possibilitar a otimização de uso do mesmo.
Além dos programas apresentados a Imply procura sempre estar inovando com novos
projetos para manter a sua excelente qualidade. O projeto denominado Laboratório de
Inovação Tecnológica em Eletrônica e Microeletrônica (INOVALAB), a empresa em
conjunto com a Fundação de Apoio a Tecnologia e Ciência – FATEC, na Universidade
Federal de Santa Maria – UFSM, realizou o projeto com o objetivo de implantação de
laboratórios de inovação tecnológica, com a infra-estrutura necessária para o desenvolvimento
de projetos nas áreas da eletrônica e microeletrônica, criando um conjunto de condições
materiais e um ambiente propício para atividades de desenvolvimento de pesquisa e empresas
nesta área do conhecimento.
Durante a entrevista realizada, quando questionado sobre projetos inovadores da
empresa o entrevistado citou como exemplo de projeto da Bowling Café que foi feita pela
Imply para solucionar problemas de espaço principalmente no mercado europeu. Estas pistas
são menores do que as demais que têm o tamanho de 30 metros. Os americanos, considerado
pelo entrevistado como um de seus principais concorrentes, entraram em contato com a Imply
para conhecer como é feita essa pista inovadora.
42
Figura 7 - Pista Bowling Café, Niort - França
Fonte: Departamento de marketing da Imply
Os investimentos constantes da empresa Imply em qualidade, renderam a conquista do
ISO 9001, a conquista veio através do seus Sistema de Gestão em Qualidade. Segundo o
auditor Amilton Mello da empresa certificadoras BSI Brasil, a Imply dispõe de um sistema
inteligente de gestão da qualidade e e com uma infra-estrutura de alta tecnologia. A conquista
da ISO 9001 é sem dúvida um dos maiores desafios conquistados pela empresa em sua
trajetória, e reflete seu compromisso com a melhoria permanente em todos os seus processos.
5.3 Negócios internacionais
Um dos projetos que a empresa Imply realizou atualmente foi um ação em conjunto
com o distribuidor no Chile e com apoio do governo chileno, para o desenvolvimento de um
sistema de controle de acessos de pessoas nos estádios, trata-se de um projeto muito inovador.
O Chile é conhecido como um dos países com maior violência em seus estádios de
futebol, e o sistema desenvolvido pela Imply tem o objetivo de pacificar não só os estádios de
43
futebol, mas os eventos em gerais, já que o sistema desenvolvido pela empresa é móvel.
Através deste sistema o governo chileno poderá informar quais torcedores foram banidos de
assistir jogos, garantindo a segurança das pessoas que vão a um evento para se divertir. Em
seu primeiro mês de implantação, o sistema permitiu ao governo chileno a identificação de
mais de mil torcedores que tinham mau comportamento, os quais foram suspensos de assistir
jogos.
O projeto que foi batizado como Estádio Seguro, é composto por 29 containers
móveis, sendo 27 containers com catracas e 2 containers com centrais de monitoramento.
Estes containers possuem uma central de energia própria, o que possibilita o transporte para
qualquer estádio, as 95 catracas possuem leitores de impressão digital para identificação por
biometria e leitores de código de barras para conferência da RUT (carteira de identidade
chilena).
O sistema desenvolvido pela Imply vem sendo utilizado em diversos eventos como,
Copa Libertadores, classificatórias para a copa do mundo 2014 e torneio nacionais do Chile.
Segundo Cristtián Barra chefe do Projeto Estádio Seguro, o sistema desenvolvido pela Imply
permite controlar a identidade do público e o acesso exato aos estádios, para oferecer maior
segurança aos verdadeiros fãs do futebol. Esta foi uma encomenda feita pela governo do
Chile, fazendo com que a empresa Imply desenvolvesse com ideias criativas este sistema
móvel em um curto espaço de tempo, atendendo exatamente o que o governo estava buscando
para os estádios do Chile. “Para a Imply é um projeto muito importante e inovador. Ele
poderá servir de referência para outros países que também sofrem com violência nos estádios”
ressalta Tironi Paz Ortiz, Diretor Presidente da Imply.
Neste ano de 2013 a Imply ingressou em mais cinco novos centros de entretenimento
com suas modernas pistas de boliche Imply pelo mundo. Foram elas, Pian Medoc, na região
de Bordeaux na França, em Sarotov, na Rússia, na cidade de Nova Roma, em Angola e na
Arábia Saudita, no total são 12 pistas Imply que estão se internacionalizando.
5.3.1 Processo de internacionalização
O processo de internacionalização da empresa Imply se deu basicamente com busca de
parceiros nos mercado internacional, tendo a primeira exportação acontecido em seu ano de
fundação quando, ainda em 2003, foram encomendadas 4 pistas de boliche para a Espanha. A
44
negociação ocorreu basicamento, a partir de contatos já estabelecidos pelo CEO Tironi Paz
Ortiz, que tinha um network internacional. Assim, essas 4 pistas foram encomendas por um
contato de Tironi Paz Ortiz na Espanha. Esta primeira negociação foi fundamental para que a
empresa prosseguisse com suas atividades, o que vai ratificar, a importância dos contatos
(network) no mercado internacional como foi previamente apresentado no referencial teórico.
Figura 8 - Feira RAAPA na Rússia 2012
Fonte: Departamento de marketing da Imply
A partir dessa primeira venda para o exterior aconteceram vendas para Portugal,
fazendo com que a empresa começasse a desenvolver novos produtos baseados nas
necessidades destes mercados, principalmente na área de entretenimento. A estratégia de
internacionalização que a empresa usou foi, procurar identificar novos parceiros no mercado
internacional, clientes em potencial que poderiam ser representantes nessas regiões e procurar
aumentar a rede de distribuição através desses distribuidores ou agentes.
Mais recentemente em 2012 a empresa Imply ingressou nos mercados da Arábia
Saudita, China, Japão, Peru e Turquia. Neste ano conseguiu ingressar nos mercados do
45
Bahrein, Egito, Sérvia e Angola, todos com a estratégia de procurar parceiros como
representantes nestes países. Com isso a empresa Imply já esta presente em mais de 45 países
e nos 5 continentes.
Outra estratégia usada pela empresa para ingressar e se manter no mercado
internacional, onde tem uma crescente concorrência, tem sido, participar das principais feiras
mundiais dos setores para os quais a Imply desenvolve produtos. Suas principais inovações
são apresentadas ao mercado nas feiras internacionais.
No ano de 2013 a Imply esteve presente na feira de RAAPA 2013 na Rússia, esteve
também na maior feira de entretenimento da Índia e na maior feira internacional da indústria
de atrações, a IAAPA Attractions Expo, que é realizada em Orlando, Flórida. Nesta última a
Imply foi a única empresa brasileira expondo e apresentando pistas de boliche com bolas e
pinos oficiais, com o inovador conceito Bowling Café. A empresa tem essa estratégia desde
sua criação tendo participado desde 2004 da feira Salex, a maior feira sul-americana de
diversões, que ocorre em São Paulo, além de diversas feiras internacionais desde sua criação.
As estratégias que norteiam o posicionamento da Imply no mercado são focadas na
inovação. Segundo relato do entrevistado o crescimento da empresa é um resultado de
planejamento estratégico onde a internacionalização tem papel importante, pois a visão de
negócio tem como foco principal ser referência em tecnologia para sistemas de informação e
entretenimento por muitas gerações. A empresa entende que para ser referência em seu ramo
de atuação é necessário estar inserida no mercado internacional.
A empresa Imply se orgulha de sua coragem e ousadia por estar em busca de novos
mercados, mostrando competência para competir globalmente e o espírito inovador para
desenvolver produtos e serviços de alta qualidade, que fazem parte da história da empresa,
sendo assim, reconhecida com várias premiações como o 40° Prêmio Exportação RS –
Destaque Mercadológico 2012 ( ADVB/RS), 39° Prêmio Exportação RS – Destaque Avanço
Global 2011 ( ADVB/RS), Diploma RAAPA 2012: Reconhecimento da Associação Russa de
Parques de Diversão pelas conquistas da Imply no mercado de entretenimento da Rússia,
fazendo disso suas razões e motivos para estar sempre buscando novos mercados. A empresa
Imply pretende ampliar suas exportações em 20% até 2014, conforme enfatiza o CEO Tironi
Ortiz Paz.
46
5.4 Internacionalização e inovação na Imply
O entrevistado, ao longo de sua fala, deixou bem claro que a empresa vê relação
entre internacionalização e inovação. Alguns fatores que refletem na empresa por ela ser
internacionalizada, forma citados a título de exemplo como, exigência de alta qualidade que o
mercado externo impõem em os produtos que estão ingressando em outros países. Citou como
exemplo os produtos feitos para os Estados Unidos onde tem que ter uma elevada qualidade e
customização para poder ser competitivo naquele mercado. Essas exigências trazem
consequências positivas para a empresa que está sempre inovando e se mantendo competitiva
tanto no mercado mundial como no mercado interno.
Outro exemplo de inovação e internacionalização é o sistema que foi desenvolvido
para o Chile, que foi citado anteriormente neste trabalho, que é uma criação inovadora da
empresa que poderá ser utilizada em outros países e no mercado interno. Os produtos
fabricados e desenvolvidos pela empresa Imply tem um rigoroso controle de qualidade, as
especificações dos produtos são padronizados por critérios definidos em normas elétricas
internacionais, sejam em relação às condições ambientais, normatização e níveis de tensão. Os
dispositivos de interface e conexão dos equipamentos Imply oferecem as mais variadas e
dinâmicas soluções de conectividade para comunicação com equipamentos de terceiros. A
adequação dos seus produtos às exigências internacionais é, portanto, outro elemento típico da
relação entre inovação e internacionalização na Imply.
O entrevistado fez questão de falar sobre a AMID – Anual Meeting of Distributors,
evento que foi realizado em 2011 e no mês de novembro de 2013 na sede da empresa. Neste
evento participam todos os distribuidores da Imply no mundo. Estes se reúnem com o intuito
de fomentar as vendas em todo o território. Os distribuidores trazem sugestões e opiniões de
produtos e serviços em relação ao mercado internacional, sendo assim, podem ter uma visão
do que há de inovador no mercado mundial. No ano de 2013 o evento contou com a
participação de distribuidores de 10 países, dos quatro continentes.
47
Figura 9 - AMID - Anual Meeting of Distributors 2013
Fonte: Departamento de marketing da Imply
Os produtos da Imply estão em constante inovação, e são lançados principalmente em
feiras mundiais das quais participa assiduamente. Como exemplo, o entrevistado, citou a feira
de entretenimento nos EUA, sendo a Imply a única empresas brasileira que participa. A
empresa destina 30% da produção à exportação, e até o ano de 2014 ela quer chegar aos 50%
da produção, por a empresa Imply acreditar que a internacionalização já é, em si, uma grande
inovação.
48
6 CONCLUSÃO
Este trabalho buscou trazer contribuições para um tema ainda pouco explorado na
literatura, mas que tem um grande potencial para acrescentar a economia do nosso país. O
estudo em um primeiro momento faz uma revisão de literatura com teorias que tivessem
alguma relação com empresas consideradas Born Global. Logo em seguida, foi feito um
estudo de caso com uma empresa Born Global, para analisar se existia uma relação entre a sua
internacionalização e a capacidade de inovação.
O trabalho foi desenvolvido com o objetivo de verificar a relação das estratégias de
internacionalização e a capacidade de inovação das empresas consideradas Born Global. Com
base no estudo de caso da empresa analisada, foi possível observar que a internacionalização
da empresa contribui fortemente para a sua capacidade de inovação.
Em relação ao objetivo geral, os dados levantados permitem concluir que a estratégia
da empresa ao se internacionalizar teve relação com sua capacidade de inovação. Pode se
observar que a partir das exportações de seus produtos a empresa obteve contato com novas
tecnologias e exigências impostas pelo mercado exterior, com destaque para os níveis de
qualidade. Além do mais, o modo de entrada que a empresa escolheu, optando pela entrada
indireta por meio de representantes nos outros países foi um fator essencial para o seu
sucesso, já que a empresa conseguiu absorver, rapidamente, a cultura dos países destino.
Além disso, destaca-se a prática de realizar eventos com seus representantes, que dão
sugestões em relação a novas formas de a empresa inovar em seus produtos nos países que
representam. Notou-se que a empresa necessita inovar para poder se adequar à demanda de
países que têm sua estrutura e cultura diferentes do país de origem da empresa.
Pôde-se também concluir que a participação da empresa em feiras internacionais faz
com que esta, esteja em contato com diferentes profissionais, ampliando desta forma sua rede
de network, que também é outro ponto que o trabalho mostrou ser de grande importância na
entrada e consolidação em mercados internacionais, conforme citado na teoria.
Conclui-se que são diversos os modos que as empresas em geral escolhem para se
internacionalizar, mostrando na teoria que a grande maioria escolhe ingressar em um processo
sequencial de fases, primeiramente no mercado interno e depois de se consolidar partem para
o mercado exterior. Nas Born Global, a velocidade da entrada no mercado internacional é
acelerada, fato comprovado na empresa estudada, que optou pela exportação indireta, por
meio de representantes em cada país-alvo.
49
Notou-se, ainda, que a inovação tecnológica permite fornecer o suporte necessário
para a empresa Born Global programar suas estratégias no mercado externo, estratégias essas
que vão desde seus processos internos até seus produtos tanto de informação quanto de
entretenimento. A inovação tecnológica possui o propósito claro de aumentar a
competitividade com os mercados estrangeiros e o crescimento empresarial da empresa.
Sendo assim, o conhecimento local que a empresa adquiriu através de seus agentes e por
estarem ativamente em feiras como já foi citado, gera adaptações, e consequentemente
aprendizado, desta forma sendo revertido tanto para o mercado interno quanto externo em
forma das inovações tecnológicas de seus produtos e processos.
Sugere-se que o tema da inovação em Born Global seja explorado em outros estudos a
fim de que se possa consolidar a teoria ora em construção sobre o tema.
50
REFERÊNCIAS
ARBIX, G.; SALERNO, M.; DE NEGRI, J. Inovação, via internacionalização, faz bem para
as exportações brasileiras. Brasília: IPEA, 2004. Disponível em: <http://www.xn-estudosavanados-omb.usp.br/iea/glauco3.pdf> Acesso em: 28 out. 2013.
CARNEIRO, J.; DIB, L. A. Avaliação comparativa do escopo descritivo e explanatório dos
principais modelos de internacionalização de empresas. INTERNEXT – Revista Eletrônica
de Negócios Internacionais da ESPM, São Paulo, v. 2, n. 1, p. 1-25, jan./jun. 2007.
CARPES, A. M. O papel do consórcio de exportação na aquisição de inovação e os impactos
na performance exportadora das empresas integrantes. 2012. 99 f. Dissertação (Mestrado em
Administração) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2012.
CAVUSGIL, S. T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. R. Negócios Internacionais:
Estratégia, Gestão e Novas Realidades. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.
DIB, L. A. O processo de internacionalização de pequenas e médias empresas e o
fenômeno Born Global: estudo do setor de software no Brasil. 2008. Tese (Doutorado em
Administração) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2008
GODOY, A. S. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração de
Empresas, São Paulo, v. 35, n. 3, p. 20-29, mai./jun. 1995.
GONÇALVES, C. A.; MEIRELLES, A. M. Projetos e relatórios de pesquisa em
administração. São Paulo: Atlas, 2004.
HITT, M. A.; HOSKISSON, R. E.; IRELAND, R. D. Administração estratégica:
competitividade e globalização; tradução de José Carlos Barbosa dos Santos e Luiz Antonio
Pedroso Rafael. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.
KNIGHT, G. A.; CAVUSGIL, S. T. Innovation, organizational capabilities, and the bornglobal firm. Journal of International Business Studies, v. 35, n. 2, p. 124-141, 2004.
ACIOLY, L.; SCHATZMANN, S. Políticas de promoção e apoio à internacionalização de
empresas. In: Internacionalização de empresas brasileiras. Brasília, dez. 2009. Disponível em:
< http://www.mdic.gov.br/arquivos/dwnl_1260377495.pdf>. Acesso em: 7 out. 2013.
51
RIBEIRO, F. C. F. Born Globals Brasileiras: estudo da internacionalização de empresas de
base tecnológica. 2012. 250 f. Tese (Doutorado em Administração) – Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012 .
SCHERER, F. L. Negócios internacionais: a consolidação de empresas brasileiras de
construção pesada em mercados externos. 2007. 338 f. Tese (Doutorado em Administração) –
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.
SECRETARIA DE TECNOLOGIA INDUSTRIAL DO MINISTÉRIO DO
DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR (STI/MDIC). Inovação:
o diferencial para conquista de mercados. In: Internacionalização de empresas brasileiras.
Brasília, dez. 2009. Disponível em:
< http://www.mdic.gov.br/arquivos/dwnl_1260377495.pdf>. Acesso em: 7 out. 2013.
SILVA, D. R. M. Internacionalização Born Global: perspectivas para um novo modelo de
desenvolvimento das empresas nacionais. In: I CIRCUITO DE DEBATES ACADÊMICOS
DAS CIÊNCIAS HUMANAS E II CONFERÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO, 2011,
Brasília. Anais do Circuito de Debates Acadêmicos. Brasília: Associações de PósGraduação e IPEA, 2012. 110 p.
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.
52
APÊNDICES
Apêndice 1: Roteiro para entrevista semi-estruturada
QUESTIONÁRIO:
Empresa:
Setor/Ramo:
Número de funcionários:
Nome do entrevistado:
Cargo do entrevistado:
1) Características da empresa :
1.1- Histórico da empresa
1.2- Como é o perfil do empreendedor?
1.3- Estrutura Organizacional (Organograma)
1.4- A empresa contem área especifica de inovação e negócios internacionais?
1.5- Quais são os produtos e mercados de atuação da empresa?
1.6- Quantos negócios internacionais a empresa participa? E quais são?
1.7- Como é a concorrência no Brasil e exterior, existem muitas empresas
concorrentes principalmente nos negócios internacionais?
1.8- O Network da empresa: Parcerias/redes/acordos
1.9- Os clientes priorizam preço ou qualidade? Já que a inovação tem custos
2) Processo de internacionalização:
2.1- Como foi o processo de internacionalização? Quais foram as fases que a empresa
passou para se internacionalizar?
2.2- Qual foi o tempo da criação da empresa e a primeira exportação?
2.3- As razões e motivos para internacionalização da empresa?
53
2.4- Quais são as perspectivas futuras da empresa?
3) Inovação:
3.1- A inovação e requisito para o mercado internacional?
3.2- A empresa sofreu impactos a partir das exportações de seus produtos? Que tipo de
impactos?
3.4- Como é o ciclo de vida do produto? Substituição programada ou forçada?

Documentos relacionados