Edição nº 36 - ano XIX - Jan a Mar de 2013
Transcrição
Edição nº 36 - ano XIX - Jan a Mar de 2013
Impresso Especial 9912278225/DR/SPM SBDens CORREIOS FILIADA À: Informativo Oficial da ABrASSO - Associação Brasileira de Avaliação Óssea, Osteoporose e Osteometabolismo Edição nº 36 - ano XIX - Jan a Mar de 2013 EDITORIAL O Conectividade está crescendo e mudando Informativo ganha nova identidade visual e novas seções V seus critérios de interpretação. Oportunidade para rever detalhes de métodos já consagrados e ser apresentado ao que há de mais novo no campo da investigação diagnóstica em doenças osteometabólicas. As seções: Artigo Comentado e o Artigo Original, Resumos de Teses de pós-graduação, bem como os Destaques continuam presentes e serão estimuladas. A programação de cursos oferecidos pela ABRASSO e eventos estará na Agenda (lembre-se que esse é o ano do 5º BRADOO! O site do evento já está disponível. Confira os dados para sua participação!). Aguardamos sua sugestão, crítica, aviso ou notícia pelo Canal do Leitor. Com uma proposta multidisciplinar agregando inovação e parceria entre os associados da ABRASSO, esperamos que esse boletim mantenha-se no propósito de servir como fórum de comunicação e troca de observações relacionadas aos temas em comum a diversas especialidades, fonte segura para dividir conhecimento e instigar novos desenvolvimentos para a osteoporose no Brasil. ocê deve ter notado que o projeto gráfico do nosso Conectividade Óssea mudou. A estreia deste modelo é oportuna e faz parte da consolidação da ABRASSO que, no seu segundo ano de vida, também se mostra de cara nova. A ideia central por traz dessa mudança é fazer nosso jornal mais interessante e útil aos nossos leitores. Antes de tudo, vale lembrar que esta edição marca o primeiro aniversário de falecimento do nosso amigo e estimado colega-fundador da ABRASSO, Sergio Ragi Eis. É sempre oportuno relembrar e agradecer sua dedicação e excelente serviço no campo da osteometabologia culminando com o histórico momento de união e criação da ABRASSO. Sergio ajudou a estabelecer o Conectividade Óssea como fórum científico e clínico para aqueles interessados no campo da osteoporose e das doenças osteometabólicas. A sua falta, sempre sentida, temnos impulsionado em busca de novos sonhos, horizontes e desafios. Inauguramos nesta edição três novas seções. A seção Internacional, com texto conciso e relevante do prof. Michael Lewicki acerca das perspectivas para o tratamento da osteoporose. Contribuições de experts internacionais passarão a figurar nesta seção abordando temas instigantes na nossa área. Seguindo o modelo multidisciplinar, abrimos espaço para profissionais das áreas da ciência básica e translacional. Na Conexão Básica o leitor encontrará conceitos da ciência básica, aplicados à osteoporose e doenças associadas. Aspectos da biologia celular e molecular que nos ajudam a compreender a fisiopatologia e o manejo da osteoporose serão abordados. A nova seção Conexão Diagnóstica foi desenhada para discutir aspectos relacionados aos métodos diagnósticos e ARTIGO COMENTADO internacional CONEXÃO DIAGNÓSTICA Cada país possui suas peculiaridades quando se fala em estratégias de prevenção e combate às doenças mais prevalentes. Na África, as doenças neonatais, a violência, as parasitoses endêmicas e a AIDS ocupam praticamente todas as (...) PG. 04 Postmenopausal osteoporosis is a disorder of high bone remodeling with an imbalance of bone resorption exceeding bone formation, resulting in decreased bone strength and increased risk of fractures.All approved drugs (...) PG. 05 As fraturas vertebrais são as mais comuns fraturas por fragilidade óssea e somente 30% apresentam sintomatologia clínica. A fratura vertebral está associada ao aumento do risco de novas fraturas por fragilidade, independente da densidade (...) PG. 08 Elaine de Azevedo Charlles H. de Moura Castro José Augusto Sisson de Castro Maria Celeste Osorio Wender Vera Lúcia Szejnfeld Edição nº 36 · ano XIX · jan a mar/2013 n ca al EXPEDIENTE Rua Itapeva, 518, Ed. Scientia - cj. 111/112 - Bela Vista CEP: 01332-000 - São Paulo (SP) - Tel: (11) 3253-6610 Fax: (11) 3262-1511 - E-mail: [email protected] Jornalista responsável: Renato H. S. Moreira (Mtb 338/86 - ES) Presidência: João Lindolfo Cunha Borges Vice-presidência: Bruno Muzzi Camargos Sebastião C. Radominski 1º Secretário: Sergio Setsuo Maeda 2º Secretário: Fernanda Cardoso Lopes 1º Tesoureiro: Luiz Claudio G. de Castro 2º Tesoureiro: Marcelo Medeiros Pinheiro Diretora Científica: Vera Lúcia Szejnfeld Diretoria do Programa de Qualidade: Jose Ricardo Anijar Diretoria de Comunicação: Elaine Azevedo Diretoria do Comitê Clínico: Marise Lazaretti Castro Diretoria do Comitê Diagnóstico: Bruno Muzzi Camargos Conselho Fiscal: Cristiano Augusto de Freitas Zerbini, João Francisco Marques Neto, Victória Zeghbi Cochenski Borba, Marise Lazaretti Castro Coordenador do Curso de Certificação: Bruno Muzzi Camargos Coordenador do Curso E-DXA: Guilherme Cardenaz de Souza Coordenador do Osteometa: Vera Lucia Szejnfeld Coordenador do TDOC: Laura Maria Carvalho de Mendonça Coordenador do Body Comp: Luiz Claudio Gonçalves de Castro Comitê de Comunicação: Elaine Azevedo, Charlles Heldan de Moura Castro, José Augusto Sisson de Castro, Maria Celeste Osorio Wender, Vera Lucia Szejnfeld Comitê Clínico (epidemiologia, osteometabolismo, básica): Marise Lazaretti Castro, Francisco Jose Albuquerque de Paula, Ben-Hur Albergaria, Bernardo Stolnicki, Carolina Aguiar Moreira Kulak, Cristiano Augusto de Freitas Zerbini, Dalisbor Marcelo Weber Silva, Diogo Souza Domiciano, Francisco Alfredo Bandeira e Farias, Henrique Mota Neto, Jaime Kulak, Jaime Sanson Danowski, João Francisco Marques Neto, Lindomar Guimarães Oliveira, Luiz Henrique Maciel Griz, Marcio Passini Gonçalves de Souza, Maria Marta Sarquis Soares, Nilson Roberto de Melo, Pérola Grinberg Plapler, Rosa Maria Rodrigues Pereira, Victoria Zeghbi Cochenski Borba, Ligia Araujo Martini, Cecilia Helena de Azevedo Gouveia Comitê Diagnóstico (DXA e outros métodos diagnósticos inclusive laboratoriais): Bruno Muzzi Camargos, Mirley do Prado, Cynthia Maria Álvares Brandão, Claudio Marcos Mancini Junior, Charlles Heldan de Moura Castro, Jose Ricardo Anijar, Francisco de Paula Paranhos Neto, Laura Maria Carvalho de Mendonça, Luiz Henrique de Gregório, Maria Lucia Fleiuss de Faria, Maria Guadalupe Barbosa Pippa, Guilherme Cardenaz de Souza TIRAGEM: 13.000 exemplares (especial) EDITORAÇÃO: 2 RH comuni cação INFORMATIVO OFICIAL DA ABrASSO o Informativo Oficial da ABrASSO - Associação Brasileira de Avaliação Óssea, Osteoporose e Osteometabolismo - ed. 36 · ano XIV · janeiro a março de 2013. al n Os editores ([email protected]). ca Sugestões, críticas, considerações serão muito bem recebidas. Aguardamos seu contato. do ESTE ESPAÇO É SEU! d Conheça um pouco o ENEBI O Encontro Nacional de Engenharia Biomecânica (ENEBI) surgiu com o objetivo de encorajar contatos nacionais e internacionais entre cientistas, promover a disseminação do conhecimento e expandir os grupos de estudo para a complementação e sedimentação dos novos conhecimentos no campo da Engenharia Biomecânica, além de fazer o elo entre a ciência, a indústria e a sociedade, transportando o resultado experimental para a tecnologia de equipamentos e aparelhos. Esse cenário, que reflete a necessidade de desenvolvimento científico e tecnológico nacional na área de Engenharia Biomecânica como forma de atender às necessidades de melhoria da saúde geral e de redução de custos envolvidos, torna importante a realização continuada do ENEBI. O número crescente de participantes nas diversas edições do ENEBI retrata o interesse profuso da comunidade científica por esse campo extremamente fértil e inovador da engenharia e da saúde. O ENEBI 2013 tem como objetivo estabelecer um fórum de avaliação do estágio atual da pesquisa na área de Engenharia Biomecânica no país e de discussões técnicocientíficas que possibilitem traçar diretrizes necessárias para o desenvolvimento e consolidação desta área no Brasil possibilitando que grupos de pesquisa geograficamente dispersos pelo país estabeleçam e/ou renovem cooperações de trabalho e desenvolvimentos conjuntos, compondo uma rede de Engenharia Biomecânica, nos moldes de outras redes de cooperação acadêmica e Empresarial no Brasil e no exterior. Obrigada pelo apoio! (Mildred Ballin Hecke – UFPr, Presidente do ENEBI – 2011) Vitamin D: Is It the Best Thing Under the Sun? Colegas, O link abaixo é do Medscape. http://www.medscape.com/features/slideshow/vitamin-d?nlid=28101_1522&src=wnl_edit_ medp_wir&spon=17#1. Trata-se de uma revisão didática sobre a Vitamina D numa apresentação de slides. Vivemos um momento no qual ela tem sido considerada um elixir da vida. A população está consumindo vorazmente este produto vendido sem necessidade de receita médica. Porém, há riscos e benefícios. E as dúvidas são mundiais. Fica a sugestão. Um abraço! (Bruno Muzzi Camargos) Ainda sobre a Vitamina D: confira resultados de pesquisas nacionais! A carência de vitamina D em grandes centros urbanos como São Paulo já atingiu índices alarmantes, especialmente entre os idosos. A Agência de Notícias da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP) divulga o link (http://agencia.fapesp.br/16745 ) sobre os trabalhos em vitamina D desenvolvidos nos últimos anos pelo grupo de pesquisadores liderados pela médica Marise Lazaretti Castro, professora da disciplina de Endocrinologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), chefe do Setor de Doenças Osteometabólicas da Escola Paulista de Medicina e pesquisadora do tema há mais de 15 anos. Esse foi um passo importante para sensibilizar autoridades e o Ministério da Saúde sobre a necessidade de suplementação desta vitamina, especialmente aos idosos. (Elaine de Azevedo) X Congresso Brasileiro Ortopédico de Osteometabolismo De 29 a 31 de agosto de 2013 realizar-se-á o X Congresso Brasileiro Ortopédico de Osteometabolismo, no Rio de Janeiro. Serão abordados os assuntos mais atuais sobre Osteoporose e Doenças Osteometabólicas, de forma prática, dinâmica e interativa. A promoção é da Associação Brasileira Ortopédica de Osteometabolismo (ABOOM) e do Comitê de Doenças Osteometabólicas da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). O Congresso é aberto a todos os interessados em Osteometabolismo e trará apresentações dos melhores especialistas do Brasil no assunto. No site da ABOOM há mais informações, ou quem quiser informações diretas pode acessar www.oitoeventosltda.co.br/xcboom. (Márcio Passini) Edição nº 36 · ano XIX · jan a mar/2013 DIVULGUE SUA TESE Efeitos de um programa de exercícios aquáticos de alta intensidade (HydrOS) sobre parâmetros neuromusculares e metabolismo ósseo de mulheres pós-menopausadas Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Endocrinologia do Depto. de Medicina da Universidade Federal de São Paulo para obtenção do título de Doutora em Ciências O objetivo desse estudo foi avaliar os efeitos de um programa de exercícios aquáticos de alta intensidade sobre os parâmetros neuromusculares, quedas, metabolismo ósseo e massa óssea de mulheres pós-menopausadas. METODOLOGIA: 108 mulheres pósmenopausadas (58,8±6,4 anos) foram randomizadas em Grupo Controle (GC, n=44) e Grupo de Exercícios Aquáticos (GEA, n=64). Ambos os grupos receberam 500 mg de cálcio elementar e 1.000 UI de colecalciferol/dia. Por 24 semanas o GEA participou de um programa de exercícios aquáticos de alta intensidade, com sessões 3 x semana. As seguintes variáveis foram mensuradas antes e após a intervenção: número de quedas e de caidoras; flexibilidade (FLEX) através do teste de sentar e alcançar de Wells; equilíbrio estático (EQUI) pelo teste de apoio unipodal de olhos abertos; mobilidade através do teste “Timed-up-and-go” (TUG); força de preensão manual da mão dominante (FPM); força isométrica máxima dos músculos extensores da coluna (FCOL), flexores do quadril (FQUA) e extensores do joelho (FJOE). Antes e após as 24 semanas de intervenção, todas as participantes tiveram seu sangue coletado em jejum para a análise da 25-hidroxivitamina D (25(OH)D) e dos seguintes marcadores de remodelação óssea: paratormônio intacto (iPTH), pró-peptídeo amino terminal do pró-colágeno tipo I (P1NP), telopeptídeo carboxiterminal do colágeno tipo I (CTx) e cálcio total (CaT). Antes e após a intervenção, as participantes também tiveram a densidade mineral óssea (DMO) da coluna, do fêmur e do corpo total avaliada pelo exame de densitometria óssea. Além disso, fizemos uma análise dos efeitos agudos de apenas uma sessão de treino de exercícios aquáticos de alta intensidade e, para tanto, tivemos 79 mulheres pós-menopausadas no GEA (58,69±5,6) e 16 mulheres no GC (60,1±3,00), em que analisamos os mesmos marcadores de remodelação óssea já citados. Os resultados (apresentados como Média+Desvio Padrão) foram considerados significativos quando p<0.05. RESULTADOS: A 25(OH)D teve um aumento de 21% no GC e de 23% no GEA. O número de quedas e de caidoras não mudou no GC após o protocolo, contudo, no GEA a média de quedas foi de 2,00 para 0,29 (p<0.0001) e o número de caidoras foi reduzido em 44% (p<0.0001) ao final do estudo. Todos os parâmetros neuromusculares sofreram uma melhora significativa no GEA: FLEX (26,6%), EQUI (14,1%), TUG (23,7%), FPM (13,4%), FCOL (26,2%), FQUA (18,5%), FJOE (7,7%). No GC, melhoras significativas foram observadas apenas na FLEX (12,2%), no EQUI (4,5%), no TUG (10%) e na FQUA (5,7%); essa melhora pode ser explicada pelo aumento da vitamina D sérica devido à suplementação. Como efeitos crônicos das 24 semanas de intervenção no metabolismo ósseo, observamos um aumento no marcador de formação óssea (P1NP) apenas no GEA (15,8%; p= 0,001), e apesar de ambos os grupos terem aumentado significativamente o marcador de reabsorção óssea (CTx) (15% no GEA e 29% no GC), esse aumento foi menos expressivo no GEA. O iPTH foi aumentado em 19% no GC (p= 0,003) ao final das 24 semanas. A DMO do trocânter femo- ral diminuiu em 1,2% no GC (p= 0,009), enquanto o GEA manteve a massa óssea nesse sítio (p= 0,069). Observamos também que houve um efeito agudo de uma única sessão de treino com exercícios aquáticos de alta intensidade sobre os marLinda Denise Fernandes Moreira Pfrimer cadores de remodelação óssea das participantes. CONCLUSÕES: O programa de exercícios aquáticos de alta intensidade testado nesse estudo, chamado HydrOS, se mostrou eficiente em melhorar a aptidão física e diminuir a incidência de quedas entre as mulheres pós-menopausadas estudadas. Também foi eficiente em atenuar o aumento da reabsorção óssea no GEA, evitando que as participantes desse grupo perdessem densidade mineral óssea no trocânter femoral, como ocorreu no GC. Portanto, a HydrOS deve ser implementada como parte da prevenção e do tratamento da Osteoporose em mulheres pós-menopausadas, como uma estratégia não-farmácológica importante capaz de melhorar a aptidão física, reduzir as quedas e manter a massa óssea nessa população. Palavras-chave: Menopausa, osteoporose, metabolismo ósseo, aptidão física, quedas, exercícios físicos, exercícios aquáticos. INFORMATIVO OFICIAL DA ABrASSO 3 Edição nº 36 · ano XIX · jan a mar/2013 ARTIGO COMENTADO Disparidade social e osteoporose Irene Hamrick et al JOURNAL OF WOMEN’S HEALTH, Volume 21, Number 12, 2012 C ada país possui suas peculiaridades quando se fala em estratégias de prevenção e combate às doenças mais prevalentes. Na África, as doenças neonatais, a violência, as parasitoses endêmicas e a AIDS ocupam praticamente todas as iniciativas de promoção da saúde. Na Suécia, são as doenças crônico-degenerativas que direcionam as ações voltadas para a saúde e bem estar da população. A diversidade étnica, cultural, territorial e social do Brasil faz com que tenhamos um pouco de tudo. Temos altas taxas de mortalidade infantil, parasitoses endêmicas, mortes violentas entre os 25 e 40 anos de idade e também um aumento consistente na expectativa de vida. A redução da mortalidade infantil se combate com saneamento básico e atenção médica primária. As endemias e mortes violentas demandam ações públicas complexas e o funcionamento adequado de diversos setores do poder público. E as doenças crônico-degenerativas são combatidas com estratégias eficazes de rastreamento populacional, bem como a disponibilização de medicamentos. Combater a violência e a desigualdade social é uma tarefa bem mais difícil do que realizar o rastreamento populacional de doenças crônico-degenerativas. Porém, o aumento da longevidade traz consigo maior tempo de aposentadoria, onerando duplamente os cofres públicos. O Latin American Audit, uma auditoria realizada em 17 países da América Latina, concluiu que o rastreamento da osteoporose não constitui uma prioridade de saúde pública no tocante às doenças crônico-degenerativas no 4 INFORMATIVO OFICIAL DA ABrASSO Brasil como o são hipertensão arterial e diabetes. É de conhecimento público que o Brasil experimenta um cenário de crescimento econômico. Porém, a paradoxal deterioração da saúde, educação, segurança e transportes faz-nos pensar se há alguma prioridade nos governos a não ser a de custear ações de marketing que visam a reeleição de seus correligionários para o mandato seguinte. Porém, não é somente no Brasil que encontramos disparidades. Em 2004, menos de um quarto das mulheres elegíveis para rastreamento da osteoporose foram efetivamente rastreadas nos Estados Unidos. O alerta foi um dos destaques do U.S. Surgeon General’s Report, o relatório anual norte-americano que avalia todas as estratégias de prevenção e tratamento de diversas doenças naquele país. Guidelines elaborados por entidades de saúde reconhecidas internacionalmente como a National Osteoporosis Foundation (NOF), American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG), American College of Rheumatologists (ACR) e United States Preventive Services Task Force (USPSTF) não incluem a raça como um fator capaz de influenciar rastreamento e conduta em osteoporose. Atualizado em 2011, o Surgeon General’s Report afirma que a osteoporose e as fraturas por fragilidade são erroneamente consideradas um problema restrito à população de mulheres brancas idosas. Para esclarecer se as estratégias de rastreamento e tratamento da osteoporose são igualmente eficazes entre brancos e negros, os pesquisadores Irene Hamrick, Qing Cao, Dorothy Agbafe-Mosley e Doyle M. Cummings realizaram um estudo retrospectivo. A amostra consistiu de mulheres com 60 anos ou mais referenciadas a partir de centros de atenção primária pertencentes a instituições acadêmicas universitárias do sudeste norte-americano no período compreendido entre 1998 e 2009. Um total de 4.748 mulheres foram identificadas. Destas, 44,7% eram negras, 52,8% eram brancas e 2,6% provenientes de outras raças. Do recrutamento original, foram randomizadas 1.000 mulheres que foram estratificadas por raça de modo a se obter números iguais entre negras (n=500) e brancas (n=500). Tal tamanho amostral conferiu 90% de poder estatístico capaz de detectar uma diferença de aproximadamente 10% entre os grupos em relação à taxa de encaminhamento para o exame de densitometria. Das 1.000 mulheres randomizadas (50% negras e 50% brancas), apenas 29,8% das mulheres negras foram encaminhadas para a densitometria de rastreamento se comparadas à 38,4% dos encaminhamentos feitos para as mulheres brancas ( p<0,05). Das mulheres negras que receberam a solicitação do exame, apenas 20,8% Edição nº 36 · ano XIX · jan a mar/2013 submeteram-se efetivamente à DXA frente à 27% no grupo das mulheres brancas. Das mulheres com indicação de tratamento, um número ainda significativamente menor de mulheres negras iniciaram o uso de medicamentos para osteoporose se comparado a mulheres brancas (79,6% vs. 89,2%; p<0,05). Os pontos positivos do estudo incluem: randomização adequada entre os grupos étnicos de negros e brancos e a regressão logística dos fatores de risco. As limitações do estudo incluem o fato de ser um estudo restrospectivo e sujeito à documentação incompleta do rastreamento pelos profissionais de saúde. Os autores concluem afirmando que, numa população advinda da atenção básica de ambulatórios universitários do sudeste dos Estados Unidos, disparidades raciais entre mulheres brancas e negras foram identificadas no rastreamento por DXA e no tratamento da osteoporose. Eles destacam a necessidade de adoção de novas estratégias para aumentar a identificação e trata- mento da osteoporose na população negra, compreendida nas classes sociais de menor poder aquisitivo. Se uma disparidade como essa é identificada nos Estados Unidos, é fácil imaginarmos que haja uma disparidade tanto maior aqui no nosso Brasil, onde um verdadeiro abismo tecnológico separa a população dependente do Sistema Único de Saúde da população que tem acesso à Saúde Suplementar. Mesmo considerando apenas o universo da Saúde Suplementar, responsável por 50% da população residente em grandes centros do Brasil, podemos supor que a etnia seja um fator capaz de influenciar a solicitação do exame de densitometria pelo médico assistente. Sendo assim, campanhas de divulgação dos fatores de risco, da prevenção, da importância da detecção e do tratamento precoce da osteoporose ainda têm espaço garantido nas ações públicas e privadas de promoção da saúde. A ABRASSO reconhece este papel e, conforme prevê seu Estatuto, sempre apoiará estratégias de sensibilização do governo, da população e da inicativa privada para que a prevenção osteoporose seja popularizada com ferramentas adequadas e condutas acessíveis à todas as classes sociais. Referências: 1) Auditoria Regional da AméRica Latina - Epidemiologia, custos e ônus da osteoporose em 2012 - http:// www.iofbonehealth.org. 2) Indicadores populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. http://www.ibge.gov.br/ home/estatistica/pesquisas/indicadores.php. 2) Bone health and osteoporosis: a report of the Surgeon General. United States Department of Health and Human Services. http://www.surgeongeneral. gov/ library/bonehealth/content.html. 3) Hamrick I, Steinweg KK, Cummings DM, Whetstone LM. Health care disparities in postmenopausal women referred for DXA screening. Fam Med 2006;38:265–269. 4) Hamrick I, Cao Q, Agbafe-Mosley D, Cummings DM. Osteoporosis Healthcare Disparities in Postmenopausal Women. Journal of Women’s Health Volume 21, Number 12, 2012. DOI: 10.1089/jwh.2012.3812 Bruno Muzzi Camargos INTERNACIONAL Osteoporosis Drugs on the Horizon P ostmenopausal osteoporosis is a disorder of high bone remodeling with an imbalance of bone resorption exceeding bone formation, resulting in decreased bone strength and increased risk of fractures. All approved drugs for the treatment of osteoporosis modulate bone remodeling in ways that improve bone strength and reduce fracture risk. However, despite the availability of therapeutic agents such as bisphosphonates (e.g., alendronate, risedronate, ibandronate, zoledronic acid), raloxifene, strontium ranelate, teriparatide, and parathyroid hormone (PTH) 1-84, most patients with osteoporosis are not treated (1). Of those who are treated, many do not take medication correctly or do not take it long enough to benefit (2). Strategies to improve the care of osteoporosis have included the development of new therapeutic agents with novel mechanisms of action having the potential for improved clinical outcomes. Receptor activator of nuclear factor kappa-B ligand (RANKL) is the principal regulator of osteoclast differentiation, activity, and survival. Denosumab (Prolia®, Amgen) is a fully human monoclonal antibody to RANKL (3). By binding to RANKL, denosumab prevents the interaction of RANKL with its receptor, RANK, and inhibits osteoclast differentiation, activity, and survival, thereby reducing bone resorption. The efficacy and safety of denosumab was evaluated in FREEDOM (Fracture REduction Evaluation of Denosumab in Osteoporosis every 6 Months), a three-year, randomized, placebocontrolled, phase 3 clinical trial in 7,868 postmenopausal women with osteoporosis (4). Treatment with denosumab was associated with a statistically significant 68% reduction in the risk of new vertebral fractures, 40% reduction in the risk of hip fractures, and 20% reduction in the risk of nonvertebral fractures. There were no significant differences in the total in- cidence of adverse events or serious adverse events between denosumab-treated patients and those receiving placebo. There were no fractures of the femoral shaft and no cases of osteonecrosis of the jaw (ONJ) in the denosumabtreated group in first 3 years of FREEDOM, although several subMichael Lewiecki jects receiving denosumab in extensions of FREEDOM have been reported to have femoral shaft fractures or ONJ. Denosumab, given subcutaneously in a dose of 60 mg every 6 months, is approved for the treatment of postmenopausal women with osteoporosis at high risk for fracture, treatment to increase bone mass in men with osteoporosis at high risk for fracture, treatment ERRATA: por meio da presente publicação, gostaríamos de retificar o texto publicado no informativo, “Conectividade Óssea”, veiculado em julho/setembro de 2012, para nele fazer constar que a GE Healthcare do Brasil Comércio e Serviços para equipamentos Médico-Hospitalares Ltda. também teve participação efetiva no 1º. Curso Internacional de Avaliação da Composição Corporal realizado em 15 de setembro de 2012, como principal patrocinadora do evento. INFORMATIVO OFICIAL DA ABrASSO 5 Edição nº 36 · ano XIX · jan a mar/2013 to increase bone mass in men at high risk for fracture receiving androgen deprivation therapy for nonmetastatic prostate cancer, and treatment to increase bone mass in women at high risk for fracture receiving adjuvant aromatase inhibitor therapy for breast cancer. Cathepsin K is a protease produced by activated osteoclasts that degrades the protein matrix of bone. Odanacatib (MK-0822, MK-822; Merck, Sharp, and Dohme) is an investigational compound that inhibits cathepsin K. It decreases bone resorption while appearing to suppress bone formation less than other antiresorptive agents. In a phase 2 study evaluating the effects of odanacatib in 399 postmenopausal women with low bone mineral density (BMD), there was a progressive dose-related increase in BMD over 24 months of treatment, with the 50 mg weekly dose resulting in a 5.5% increase at the lumbar spine and 3.2% increase at the total hip (5; 6). The antifracture efficacy and safety of odanacatib are currently being investigated in an ongoing fully enrolled phase 3 clinical trial in 16,716 women with postmenopausal osteoporosis. Although there are no published results for this data-driven study, a press release in July, 2012, reported that the Data Monitoring Committee had completed its first planned interim analysis for efficacy and recommended that the study be closed early due to robust efficacy and a favorable benefit-risk profile. Other cathepsin K inhibitors being investigated include ONO-5334 (Ono Pharma), which has completed a phase 2 trial in postmenopausal women with osteopenia or osteoporosis, VEL-0230 (Velcura Therapeutics), which has completed a phase 1 trial, and candidate drugs MIV710 and MIV-711 (Medivir Pharma). Sclerostin is an osteocyte-derived cytokine that inhibits osteoblastic bone formation. Monoclonal antibodies that inhibit sclerostin stimulate bone formation with potential clinical applications for the treatment of osteoporosis and enhancement of fracture healing. At least three pharmaceutical companies (Amgen/UCB, Novartis, Eli Lilly) are developing monoclonal antibodies to sclerostin and another (OsteoGeneX) is reportedly developing a small anti-sclerostin molecule (7). Romosozumab (AMG 785, Amgen) is the sclerostin inhibitor that has advanced the furthest in clinical development. In a report of a phase 2 dose ranging study with romosozumab, 6 INFORMATIVO OFICIAL DA ABrASSO there was a rapid and marked increase in BMD at the lumbar spine and hip that was superior to alendronate and teriparatide (8). A phase 3 study evaluating the antifracture efficacy of romosozumab in postmenopausal women with osteoporosis is now underway. Nitric oxide (NO) is a signaling molecule that plays a role in the regulation of bone formation and resorption (10). In some studies, isosorbide dinitrate and nitroglycerin, NO donors often used as vasodilators in the treatment of angina pectoris, have been reported to have beneficial skeletal effects, including an increase in BMD (11), reduction in bone resorption marker levels, an increase in markers of bone formation (12), and a reduction in fracture risk (13). Further study is needed to determine whether NO donors could be used in the treatment of patients with osteoporosis. Serotonin is a newly recognized regulator of osteoblastic bone formation. It seems to have opposite effects on osteoblastic bone formation, depending on whether it is produced in the gut or brain. Inhibition of gut-derived serotonin with LP533401, a small molecule that inhibits tryptophan hydroxylase-1 (Tph-1), has been reported to increase bone formation, prevent bone loss, and increase bone mass in ovariectomized rodents (9). Inhibition of gut-derived serotonin is a potential new strategy for the treatment of osteoporosis. Other lines of investigation with potential applications for the treatment of osteoporosis include inhibition of Dkk1 with fully human monoclonal antibodies (e.g., RH2-18, BHQ880) and pulsatile stimulation of endogenous PTH with calcium-sensing receptor antagonists (calcilytics) (14). Novel methods of administration of more traditional agents have been studied. For example, a delayed release formulation of risedronate has been developed and approved, allowing for the drug to be taken immediately after breakfast instead of following an overnight fast. Administration of PTH transdermally, orally, and by oral or nasal inhalation instead of daily SC injection has been studied. A new selective estrogen receptor modulator (SERM), bazedoxifene, has been combined with estrogen for the first in a novel class of drugs termed Tissue Selective Estrogen Complex (TSEC). In summary, as we achieve a better understanding of the regulators of bone remodeling, new targets for intervention have been identified. Novel therapeutic agents, with potential benefits in the care of patients with osteoporosis and other skeletal disorders, are being actively investigated. About the author Dr. Lewiecki is Clinical Assistant Professor of Medicine at University of New Mexico School of Medicine and Director of New Mexico Clinical Research & Osteoporosis Center in Albuquerque, NM, USA. He has been principal investigator for many osteoporosis clinical trials and author of numerous scientific publications on osteoporosis and bone densitometry. Reference List 1. Solomon DH, Finkelstein JS, Katz JN, Mogun H, Avorn J. 2003 Underuse of osteoporosis medications in elderly patients with fractures. Am J Med 115[5]:398-400. 2. Sheehy O, Kindundu C, Barbeau M, LeLorier J. 2009 Adherence to weekly oral bisphosphonate therapy: cost of wasted drugs and fractures. Osteoporos Int 20[9]:1583-1594. 3. Lewiecki EM. 2006 RANK ligand inhibition with denosumab for the management of osteoporosis. Expert Opin Biol Ther 6[10]:1041-1050. 4. Cummings SR, San Martin J, McClung MR et al. 2009 Denosumab for prevention of fractures in postmenopausal women with osteoporosis. N Engl J Med 361[8]:756-765. 5. Bone HG, McClung MR, Roux C et al. 2010 Odanacatib, a cathepsin-K inhibitor for osteoporosis: a two-year study in postmenopausal women with low bone density. J Bone Miner Res 25[5]:937-947. 6. McClung M, Bone H, Cosman F et al. 2008 A randomized, double-blind, placebo-controlled study of odanacatib (MK-822) in the treatment of postmenopausal women with low bone mineral density: 24 month results. J Bone Miner Res 23[Suppl 1]:S82. 7. Rey JP, Ellies DL. 2010 Wnt modulators in the biotech pipeline. Dev Dyn 239[1]:102-114. 8. McClung MR, Grauer A, Boonen S et al. 2012 Inhibition of sclerostin with AMG 785 in postmenopausal women with low bone mineral density: phase 2 trial results. J Bone Miner Res 27[Suppl 1]:S8. 9. Yadav VK, Balaji S, Suresh PS et al. 2010 Pharmacological inhibition of gut-derived serotonin synthesis is a potential bone anabolic treatment for osteoporosis. Nat Med 16[3]:308-312. 10. Wimalawansa SJ. 2008 Nitric oxide: novel therapy for osteoporosis. Expert Opin Pharmacother 9[17]:3025-3044. 11. Jamal SA, Browner WS, Bauer DC, Cummings SR. 1998 Intermittent use of nitrates increases bone mineral density: the study of osteoporotic fractures. J Bone Miner Res 13[11]:1755-1759. 12. Jamal SA, Cummings SR, Hawker GA. 2004 Isosorbide mononitrate increases bone formation and decreases bone resorption in postmenopausal women: a randomized trial. J Bone Miner Res 19[9]:1512-1517. 13. Rejnmark L, Vestergaard P, Mosekilde L. 2006 Decreased fracture risk in users of organic nitrates: a nationwide case-control study. J Bone Miner Res 21[11]:1811-1817. 14. Widler L. 2011 Calcilytics: antagonists of the calciumsensing receptor for the treatment of osteoporosis. Future Med Chem 3[5]:535-547. E. Michael Lewiecki, MD, FACP, FACE New Mexico Clinical Research & Osteoporosis Center, 300 Oak St. NE Albuquerque, New Mexico 87106 USA. Telephone 505-938-2117 Email [email protected] Edição nº 36 · ano XIX · jan a mar/2013 Com a GE, a Densitometria Óssea vai além da Osteoporose. Conheça as aplicações que a GE oferece: 6D~GHyVVHD 6D~GHPHWDEyOLFD 3HGLDWULD 2UWRSHGLD 0800 122 345 [email protected] www.gehealthcare.com.br INFORMATIVO OFICIAL DA ABrASSO 7 Edição nº 36 · ano XIX · jan a mar/2013 CONEXÃO DIAGNÓSTICA Avaliação de Fratura Vertebral por DXA (Vertebral FractureAssessment- VFA) A s fraturas vertebrais são as mais comuns fraturas por fragilidade óssea e somente 30% apresentam sintomatologia clínica (1). A fratura vertebral está associada ao aumento do risco de novas fraturas por fragilidade, independente da densidade mineral óssea (2). Além disso, após cinco anos da fratura vertebral clinicamente identificada, o índice de mortalidade é 20% maior que o esperado (3). A radiografia é considerada padrãoouro para o diagnóstico das fraturas vertebrais. Contudo, é importante salientar que a densitometria óssea (DXA) permite a obtenção de imagem lateral da coluna vertebral (VFA - Vertebral Fracture Assessment) para o diagnóstico de fraturas vertebrais (4). VFA apresenta claras diferenças em relação à radiografia convencional de coluna (Tabela 1) (5). Recentemente, nosso grupo publicou um estudo de base populacional que demonstrou o valor da VFA na identificação de fraturas vertebrais osteoporóticas em idosos da comunidade. Nossos achados demonstraram que a VFA e a radiografia de coluna são comparáveis em reconhecer fraturas vertebrais, especialmente para as moderadas e graves (6). VFA teve alto valor preditivo positivo para o diagnóstico e alto valor preditivo negativo para a exclusão de fratura (6). A especificidade e os valores preditivos negativos da VFA foram altos (acima de 90%) em todos os níveis vertebrais. Estes achados têm implicação clínica relevante, enfaFigura 1. Imagem de VFA tizando que os 8 INFORMATIVO OFICIAL DA ABrASSO Radiação Acesso Custo Raios X VFA 600 µSv 2-50 µSv Visitas separadas concomitante à obtenção da densidade mineral óssea +++ ++ Resolução Superior Inferior (acima de T7) Distorção Sim Não Tabela 1. Comparação entre a radiografia de coluna e VFA resultados falso-positivos são raros na avaliação pela VFA e sugerem que não é necessário realizar radiografia de coluna na ausência de fratura na VFA. Por outro lado, a concordância (avaliada pelo escore kappa) para o diagnóstico de fratura entre VFA e radiografia foi menor no segmento T4-T6, além de menor sensibilidade e menor valor preditivo positivo da VFA neste segmento. Isso significa que mais falsos-negativos podem ocorrer na coluna torácica superior (6). De fato, a visibilidade vertebral na coluna torácica superior (acima de T7) é a principal limitação de VFA devido à menor resolução da imagem nesta região da coluna. Entretanto, esta não parece ser uma desvantagem significativa, desde que a maioria das fraturas vertebrais estão localizadas na coluna torácica inferior e lombar (7), reforçando a noção de que VFA pode ser uma ferramenta importante para a prática clínica. A presença de uma fratura osteoporótica vertebral na imagem, mesmo subclínica, é uma indicação formal de terapia para osteoporose, independente da densidade mineral do osso (8). Assim, o conhecimento das fraturas vertebrais pode alterar as decisões de manejo do doente e resultar na introdução de terapia para reduzir o risco de fratura em alguns pacientes que, de outra forma, não seriam tratados. Portanto, a inclusão de VFA, concomitante com a aquisição da densidade mineral óssea, contribui objetivamente para melhorar a estimativa do risco de fraturas do paciente. Referências: 1 Grigoryan M, Guermazi A, Roemer FW, Delmas PD, Genant HK. Recognizing and reporting osteoporo- tic vertebral fractures. Eur Spine J. 2003; 12 Suppl 2:S104-12. 2 Melton LJ 3rd, Atkinson EJ, Cooper C, O’Fallon WM, Riggs BL. Vertebral fractures predict subsequent fractures. OsteoporosInt 1999; 10: 214-21. 3 Ismail AA, O’Neill TW, Cooper C, Finn JD, Bhalla AK, Cannata JB, et al. Mortality associated with vertebral deformity in men and women: results from the European Prospective Osteoporosis Study (EPOS). OsteoporosInt 1998; 8: 291-7. 4 Vokes TJ, Dixon LB, Favus MJ. Clinical utility of dualenergy vertebral assessment (DVA). Osteoporos Int 2003; 14: 871–878. 5 Fuerst T, Wu C, Genant HK, von Ingersleben G, Chen Y, Johnston C, et al. Evaluation of vertebral fracture assessment by dual X-ray absorptiometry in a multicenter setting. OsteoporosInt 2009; 20: 1199-205. 6 Domiciano D, Figueiredo C, Lopes J, Kuroishi M, Takayama L, Caparbo V, Fuller P, Menezes P, Scazufca M, Bonfa E, Pereira R. Vertebral fracture assessment by DXA: A valid tool to detect vertebral fractures in community-dwellingelders. The São Paulo Ageing & Health Study (SPAH). Arthritis Care Res (Hoboken).2012 [Epub ahead of print]. 7 Delmas PD, Ensrud KE, Adachi JD, Harper KD, Sarkar S, Gennari C, et al. Mulitple Outcomes of Raloxifene Evaluation Investigators. Efficacy of raloxifene on vertebral fracture risk reduction in postmenopausal women with osteoporosis: four-year results from a randomized clinical trial. J Clin Endocrinol Metab 2002; 87: 3609-17. 8 Watts NB, Lewiecki EM, Miller PD, Baim S. National Osteoporosis Foundation 2008 Clinician’s Guide to Prevention and Treatment of Osteoporosis and the World Health Organization Fracture Risk Assessment Tool (FRAX): what they mean to the bone densitometrist and bone technologist. J Clin Densitom 2008; 11: 473-7. Diogo Domiciano Médico –assistente da Disciplina de Reumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Rosa Maria Rodrigues Pereira Professora Associada da Disciplina de Reumatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Edição nº 36 · ano XIX · jan a mar/2013 ARTIGO CIENTÍFICO Anticorpos antiesclerostina: um novo agente anabólico em breve? A Figura 1. Inibição da esclerostina: outro mecanismo para estimular a formação óssea s fraturas osteoporóticas pós-menopausa, resultando são comuns e sua inciem ganho intenso de massa dência aumenta com a idade óssea pela inibição da esclecausando grande impacto na rostina de forma intermitente, Anticorpo osteócitos antiesclerostina morbi mortalidade destes paliberando a via anabólica Wnt. cientes e também em sua quaBiópsias realizadas revelaram lidade de vida. que a qualidade do osso estaNas últimas décadas, vários va preservada. Wnt fármacos foram investigados Estes estudos preliminares Esclerostina em ensaios clínicos controlados, levaram a ensaios clínicos de mostrando redução importante fase II em mulheres na pósMembrana do na taxa de fraturas e são usados menopausa para avaliação de osteoclasto correntemente na prática clinidose e resposta terapêutica, LRP5 Frizzled ca, sendo a maioria deles agencom resultados superiores ao citoplasma tes anti-reabsortivos. Alendronato e a Teriparatida B-catenina Apesar dos significativos no aumento de DMO(McClung, avanços no tratamento da ASBMR 2012 e JBMR 2012). osteoporose pós-menopausa, Estão em curso desde o 2º Transcrição gênica existem, ainda, necessidades semestre de 2012, dois estunão atendidas, especialmente dos multicentros mundiais de Formação no que se refere a agentes que fase III,com cerca de 6000 muóssea possam refazer o osso perdido lheres com osteoporose pósAdaptado de Lewiecki EM, Discov Med 12:263-73, 2011 e reduzir de forma significatimenopausa com a particiva as fraturas não vertebrais. pação de 5 centros brasileiros Para atingir este objetivo, noNestes pacientes não há produção de para avaliação de eficácia antivos agentes anabólicos estão sendo de- esclerostina, levando, portanto, a libefraturas e segurança de um anticorpo senvolvidos. ração da via anabólica Wnt e produção mono clonal antiesclerostina da classe A remodelação óssea, que envolve a exagerada do osso. Como consequência, IgG2,o Romosozumab ,através de injereabsorçào e a formaçào óssea, é um há um aumento de DMO em todo o escões sub-cutâneas(SC) mensais,com térprocesso fisiológico pelo qual o esque- queleto, especialmente no crânio com mino previsto para 2015(Programa AMG leto é continuamente renovado através redução de foramens ósseos, compres785 Phase III Trial). de ações coordenadas de três tipos de sões de nervos cranianos e alterações Nos últimos 15 anos os osteócitos pascélulas: os osteoclastos, os osteoblastos fenotípicas faciais, podendo inclusive lesaram de papel secundário a atores prine os osteócitos. var à morte. Pacientes com Esclerosteose cipaisl no processo de formação óssea A formação óssea inicia-se após o hererozigotos avaliados mostraram auinfluenciando diretamente as vias anabótecido ósseo receber estímulos mecâ- mento consistente de DMO em relação licas (Wnt –β-Catenina) e vias catabólicas nicos de carga que são captados pelos à população geral, sem as complicações (esclerostina, DKK). A compressão da funmecano sensores dos osteócitos que clínicas observadas nos homozigotos. ção dos osteócitos tem gerado oportuniativam a via anabólica Wnt, resultando Baseado nesses conhecimentos genédade de desenvolvimento de novos alvos em transcriçào gênica para o núcleo e ticos, a inibição da esclerostina e, portanterapêuticos anabólicos como anticorpos formação óssea pelos osteoblastos. Em to, seu efeito anti-anabólico, passou a ser antiesclerostina e antiDKK, que esperasequência é produzida uma proteína um alvo terapêutico importante. Foram se em breve possam ser translacionados chamada esclerostina, também pelos desenvolvidos e testados anticorpos para a prática clínica diária osteócitos que é um inibidor natural monoclonais anti-esclerostina que, apliReferências: (freio) da via anabólica Wnt. Fig 1 cados de forma intermitente, inicialmen1 - Papapoulos,SE; Ann Rheum Dis 2011; 70 (Suppl 1):119-122 Estudos em pacientes com displasias te em ratas oforectomizadas, resultaram 2 - Bonewald,LF ; J of Bone and Minerl Res,vol 26, No ósseas genéticas raras como a Escle- em abundante ação anabólica com for2, Feb 2011, pp 229-238 rosteose e a doença de van Buchem mação óssea considerável observada 3 - Lewiwcki, EM; Discov Med 12;263-73,2011 caracterizadas por deficiência de escle- pelo aumento de pela DMO. 4 - McClung et a; J. Bone Miner Res 2012;27 (Suppl 1) rostina, tem mostrado que há formação Testes posteriores com os anticorpos óssea contínua, por toda a vida, em suas anti-esclerostina foram realizados em Sebastião César Radominski formas homozigotas. macacos e também em mulheres na Presidente eleito – ABRASSO - 2014 INFORMATIVO OFICIAL DA ABrASSO 9 Simultaneamente aumenta a formação óssea e diminui a reabsorção1 ÃO NO INOVAÇ TO DA EN TRATAM ROSE1 O OSTEOP Eficácia contra fraturas vertebrais e de quadril3-4 1. Marie PJ, Ammann P, Boivin G, Boivin G, et al. Calcif Tissue Int. 2001; 69: 121-129. 2. European Summary of Product Characteristics. 3. Meunier PJ, Roux C, Seeman E, et al. N Engl J Med. 2004; 350: 459-468 4. Reginster JY, Seeman E, De Vernejoul MC, et al. J Clin Endocrinol Metab. 2005;90(5):2816-2822 Contraindicação: Hipersensibilidade à substância ativa Interação Medicamentosa: Medicamentos que contenham cálcio Registro: MS-1.1278.0070 Apresentação e Composição: cada sachê contém 2 g de ranelato de estrôncio. Indicação: Tratamento da osteoporose da pós-menopausa para reduzir o risco de fratura vertebral e de quadril. Dose: Um sachê ao dia, ao se deitar, diluído em um copo com água. Propriedades: Agente para a osteoporose que aumenta a formação óssea ao mesmo tempo em que reduz a reabsorção óssea, resultando num reequilíbrio do turnover ósseo em favor da formação óssea. Protos reduz significativamente o risco de fraturas vertebrais em mulheres osteoporóticas na pós menopausa, com ou sem fratura prévia, e também reduz significativamente o risco de fraturas de quadril. Contraindicações: hipersensibilidade à substância ativa ou a qualquer dos excipientes. Interações: deve ser tomado com um intervalo de 2 horas da ingesta de alimentos, leite e seus derivados, e de medicações contendo cálcio. Deve ser tomado 2 horas antes do uso de antiácidos. O tratamento deve ser suspenso em caso de uso de tetraciclina oral ou antibioticoterapia com quinolona. Efeitos adversos: Comuns: Náusea, diarréia, fezes moles, cefaléia, dermatite, eczema, entre outros. Precauções: Não é recomendado a pacientes com clearance de creatinina abaixo de 30 mL/ min, por falta de dados. Contraindicado em pacientes com risco aumentado de tromboembolismo venoso (TEV), incluindo pacientes com história prévia de TEV. Use indutivamente associado a espectometria plasmática de emissão atômica ou espectometria de absorção atômica para avaliar a concentração urinária e plasmática de cálcio, pois o estrôncio interfere com métodos colorimétricos. Use com cautela em pacientes com fenilcetonúria, pois Protos contém fenilalanina. Venda sob prescrição médica. LABORATÓRIOS SERVIER DO BRASIL LTDA. Estrada dos Bandeirantes, 4211 - Jacarepaguá - RJ CEP 22775-113 Tel.: (21) 2142-1414 FAX: (21)2142-1415. Escritório: Av. Paulista, 1439/conj. 144 - CEP 01311-200 - São Paulo - SP - Tel.: (11) 3141-2841. Edição nº 36 · ano XIX · jan a mar/2013 CONEXÃO BÁSICA Modelos animais e a fisiopatologia da perda óssea associada ao envelhecimento Envelhecimento e modelos animais fenômeno de envelhecimento está associado a um certo número de alterações degenerativas em vários sistemas e órgãos, incluindo o esqueleto. Este é um órgão dinâmico que desempenha uma série de papéis críticos, incluindo locomoção, proteção dos órgãos internos, além de importante função metabólica atuando como um reservatório de cálcio durante o desenvolvimento fetal e a lactação em mamíferos [1]. Durante o desenvolvimento humano exibe três fases distintas: crescimento durante a infância, a homeostase esquelética na vida adulta, e perda óssea durante a velhice. Na infância, a taxa de formação óssea efetuada por células da linhagem do osteoblasto é muito superior ao da reabsorção óssea promovida por osteoclastos e isso conduz a ganho progressivo da massa óssea. Segue-se uma fase de homeostasia na vida adulta em que a taxa de formação óssea é igual à taxa de reabsorção com a manutenção da massa óssea. Nos últimos anos de vida, há uma perda gradual da massa óssea e deterioração da arquitetura do tecido em virtude da perda do delicado equilíbrio da remodelação óssea com excesso de reabsorção juntamente com uma diminuição na formação, o que leva à perda óssea que, em última análise, se manifesta como osteoporose [2]. Os modelos animais formam parte de evidência que nos auxiliam a compreender o complexo processo multifatorial por traz da fisiopatologia da osteoporose. Ambos, o rato e o camundongo, têm sido amplamente utilizados para caracterizar mudanças esqueléticas relacionadas à idade. Ratos Wistar exibem progressiva perda de densidade óssea tanto em sítios trabeculares, quanto corticais, juntamente com adelgaçamento cortical, após 12 meses de idade [3]. Diferenças sutis na taxa de perda de osso cortical e trabecular em camundongos C57/ BL6 também têm sido descritos durante o envelhecimento [4]. Nestes animais, O o volume de osso trabecular diminui a partir de 6 semanas a 24 meses, enquanto que o aumento da espessura cortical cresce até a obtenção do pico de massa óssea aos 6 meses de idade, seguido por um declínio progressivo [4]. Perda óssea diferenciada trabecular e cortical também é descrita para fêmeas C57/ BL6 durante o envelhecimento [5]. Em estudo longitudinal de camundongos BALB/c usando micro-tomografia computadorizada (microCT), embora sem aparente diferença entre gêneros, foi demonstrada deterioração na maioria dos parâmetros ósseos testados, mudanças globais na estrutura e força ósseas durante o crescimento e desenvolvimento que espelham as alterações encontradas em humanos [6]. O modelo clássico para o estudo da osteoporose associada ao envelhecimento é o camundongo SAM – “senescence accelerated mouse” [7]. Das várias cepas descritas, o SAMP6 foi estabelecido como modelo para a osteoporose senil caracterizada por baixa massa óssea no pico da maturação [8]. A baixa massa óssea nestes camundongos é associada à herança poligênica, uma situação semelhante à osteoporose em humanos [7]. O fenótipo nesse animal é de formação óssea reduzida devido a osteogênese comprometida a partir do osteoprogenitor na medula óssea, possivelmente devido a uma supressão da via de sinalização Wnt [7, 9], embora os efeitos sobre os osteoclastos tenham também sido relatados. Uma vez que o potencial osteogênico do progenitor da medula óssea de animais SAMP6 parece ser reduzido [7, 9], poderíamos esperar que o reparo a fraturas nesse modelo também apresentasse comprometimento. Estudos recentes demonstram que o reparo a fraturas em camundongos SAMP6 é normal e que a capacidade osteogênica de progenitores osteogênicos de origem periosteal compensa potenciais déficits de progenitores de origem medular no reparo a fraturas [10]. Esteroides sexuais e osteoporose Os esteroides sexuais -estrogênio e testosterona-, têm um papel importante na regulação do metabolismo ósseo. Sua redução está associada a uma perda óssea acelerada por aumento da remodelação óssea com aumento da reabsorção e redução relativa da formação óssea [11]. Em camundongos e roedores, bem como em humanos, a resposta do esqueleto aos esteroides sexuais é dependente da dose. Baixas doses de estrogênio previnem a perda óssea através da redução da reabsorção óssea, enquanto doses mais elevadas pode também estimular a formação óssea [12]. Estudos em humanos e em animais com deleção gênica de receptores de esteroides sexuais demonstram efeito mais importante do estrógeno que da testosterona sobre a homeostase esquelética em ambos os gêneros. Esses estudos levaram a proposta há quase uma década de um modelo “unitário” para a fisiopatogênese da osteoporose. Nesse modelo, a deprivação estrogênica é identificada como a causa predominante da perda óssea inicialmente acelerada e depois mais lenta em mulheres na pós-menopausa, e também como um contribuinte significativo para a perda óssea observada nos homens [13]. Tem sido demonstrado que o início da perda de massa óssea trabecular ocorre em ambos homens e mulheres a partir da terceira década de vida, quando os níveis de estrogênio são normais, enquanto a diminuições no osso cortical parecem coincidir em mulheres com o início da menopausa [14,15]. Estes dados sugerem que o osso cortical é mais sensível a alterações nos níveis de estrogênio do que o osso trabecular. A fêmea do camundongo não apresenta o equivalente à menopausa humana. Por outro lado, esses animais sofrem senescência reprodutiva, tornando-se acíclicos entre os 11 e os 16 meses de idade [15]. Estudos recentes tentam dissociar o efeito da deficiência estrogênica daqueles associados ao envelhecimento em modelo INFORMATIVO OFICIAL DA ABrASSO 11 Edição nº 36 · ano XIX · jan a mar/2013 animal (camundongo fêmea ovariectomizada com ou sem reposição estrogênica) [5]. Esses estudos demonstraram que osso trabecular sofre perda importante com o envelhecimento, independentemente da perda estrogênica. A perda óssea é ainda mais acentuada em animais mais velhos que são ovariectomizados. Por outro lado, a perda óssea cortical é amplamente dependente do estrogênio e pode ser revertida quando o mesmo é reposto. Esses achados de certa maneira modificaram e aprofundaram o modelo unitário de fisiopatologia da osteoporose. Envelhecimento, osteoporose e estresse oxidativo Os achados em camundongos são muito semelhantes aos observados em humanos, e indicam que ao menos parte da perda óssea associada ao envelhecimento ocorre de forma independente do estrógeno, pelo menos, no compartimento trabecular. Outros modelos animais apontam que a perda óssea associada ao envelhecimento, independente dos níveis de esteroides sexuais, pode estar relacionada ao estresse oxidativo [16], que, associado ao envelhecimento, ocasiona em vários tipos celulares incluindo o osteoblasto, um aumento da expressão de fatores de transcrição da família FOXO, os quais são importantes para a modulação dos mecanismos de defesa antioxidante. A deleção do gene FOXO1 seletivamente em osteoblastos diminuiu significativamente os índices de formação óssea e isto foi relacionado com uma falha nos mecanismos de defesa antioxidantes em camundongo [17]. O stress oxidativo também parece inibir in vitro a sinalização hedgehog, a qual está associada com a diferenciação osteogénica [18]. Outro ponto importante a despertar interesse nos mecanismos fisiopatológicos da osteoporose diz respeito ao da sirtuina Sirt-1, uma proteína desacetilase dependente de NAD com expressão nos tecidos ósseo e adiposo [19]. Foi observado que a deleção do gene sirt-1 em camundongos ocasiona diminuição da formação óssea e aumento da reabsorção. Camundongos idosos alimentados com resveratrol, um agonista da sirt-1 e conhecido antioxidante, apresentam preservação da massa óssea [20], corroborando a participação do estresse oxidativo no modelo fisiopatológico da fragilidade óssea. Em animais ooforectomizados recebendo terapia de reposição estrogênica observa-se um 12 INFORMATIVO OFICIAL DA ABrASSO aumento da expressão da sirt-1, bem como uma redução na expressão do fator de transcrição adipogênico PPARγ(peroxisome proliferator-activated receptor) em adipócitos da medula óssea. Tais achados estão de acordo com a redução da osteoblastogênese e com o aumento da adipogênese observada em mulheres na pós-menopausa. A participação e contribuição desses mecanismos de perda óssea independentes dos níveis de esteroides sexuais ainda aguardam estudos definitivos. O potencial efeito do estrógeno sobre tais mecanismos e as relações entres esses sistemas ainda precisam de ser estudados em maior detalhe. O modelo unitário para a deficiência estrogênica e a fisiopatogênese da osteoporose deverá ser modificado de modo a refletir os recentes avanços nessa área [21]. 5. Syed FA, Modder UI, Roforth M, Hensen I, Fraser DG, Peterson JM, et al. Effects of chronic estrogen treatment on modulating age related bone loss in female mice. J Bone Miner Res. 2010;25:2438–46. Conclusões Grandes avanços foram realizados para estender nosso conhecimento a cerca dos mecanismos celulares e moleculares responsáveis pelo aparecimento da perda óssea e da fragilidade esquelética associada ao envelhecimento. Estudos utilizando modelos de envelhecimento normal em camundongos ou ratos, ou de envelhecimento acelerado, como o camundongo SAMP6 poderão ainda acrescentar peças fundamentais para entender a participação de vários fatores extrínsecos e intrínsecos sobre o envelhecimento ósseo e as células que executam a tarefa de manter a homeostasia mineral. Da mesma forma, o estudo de modelos geneticamente modificados, específicos para hormônios, fatores de crescimento e fatores de transcrição gênica podem nos auxiliar na compreensão de novos mecanismos fisiopatogênicos e na busca de potenciais alvos farmacológicos para manejo da fragilidade esquelética. 11. Syed F, Khosla S. Mechanisms of sex steroid effects on bone. Biochem Biophys Res Commun. 2005;328:688–96. Referências 1. Kovacs CS, Kronenberg HM. Skeletal physiology: pregnancy and lactation. In: Favus MJ, editor. Primer on the metabolic bone diseases and disorders of mineral metabolism, Fifth Edition. Washington DC: American Society for Bone and Mineral Research; 2003. p. 80–6. 2. Riggs BL, Khosla S, Melton III LJ. Sex steroids and the construction and conservation of the adult skeleton. Endocr Rev. 2002;23:279–302. 3. Fukuda S, Lida H. Age related changes in bone mineral density, cross sectional area and strength of long bones in the hind limbs and first lumbar vertebra in female Wistar rats. J Vet Med Sci. 2004; 66:755–6. 4. Bikle DD, Sakata T, Leary C, Elalieh H, Ginzinger D, Rosen CJ, et al. Halloran B.P: insulin-like growth factor 1 is required for the anabolic actions of parathyroid hormone on mouse bone. J Bone Miner Res. 2002;17:1570–8. 6. Willinghamm MD, Brodt MD, Lee KL, Stephens AL, Ye J, Silva MJ. Age related changes in bone structure and strength in female and male BALB/c mice. Calcif Tissue Int. 2010;86:470–83. 7. Takeda T, Hosokawa M, Takeshita S, Irino M, Higuchi K, Matsushita T, et al. New murine model of accelerated senescence. Mech Aging Dev. 1981;17:183–94. 8. Matsushita M, Tsuboyama T, Kasai R, Okumura H, Yamamuro T, Higuchi K, et al. Age related changes in bone mass in the Senescence Accelerated Mouse (SAM) SAM-R/3 and SAM/6 as new models for osteoporosis. Am J Pathol. 1986;215:276–83. 9. Kajnekova O, Lecka-Czernik B, Gubrij I, Hauser SP, Takahashi K, Parfitt AM, et al. Increased adipogenesis and myelopoiesis in the bone marrow of SAMP6, a murine model of defective osteoblastogenesis and low turnover osteopenia. J Bone Miner Res. 1997;12:1772–9 10. Egermann M, Heil P, Tami A, Ito K, Janiciki P, Von Rechenberg B, Hofstetter W, Richards PJ. Influence of defective bone marrow osteogenesis on fracture repair in an experimental model of senile osteoporosis. J Orthop Res. 2010;28:798–804. 12. Priemel M, Schilling AF, Haberland M, Pogoda P, Rueger JM, Amling M. Osteopenic mice: animal models of the aging skeleton. J Musculoskel Neuron Interact. 2002;2:212–8. 13. Riggs BL, Khosla S, Melton III LJ. A unitary model for involutional osteoporosis: estrogen deficiency causes both type I and type II osteoporosis in postmenopausal women and contributes to bone loss in aging men. J Bone Miner Res. 1998;13:763–73. 14. Riggs BL, Melton III LJ, Robb RA, Camp JJ, Atkinson EJ, McDaniel L, et al. A population based assessment of rates of bone loss at multiple skeletal sites: evidence for substantial trabecular bone loss in young adult women and men. J Bone Miner Res. 2008;23:205–14. 15. Felicio LS, Nelson JF, Finch CE. Longitudinal studies of estrous cyclicity in aging C57BL/6J mice: II. Cessation of cyclicity and the duration of persistent vaginal cornification. Biol Reprod. 1984;31:446–53. 16. Almeida M, Martin-Millan M, Plotkin LI, et al. Skeletal involution by age associated oxidative stress and its acceleration by loss of sex steroids. J Biol Chem. 2007;282:27285–97. 17. Rached MT, Kode A, Xu L, Yoshikawa Y, Paik JH, DePinho RA, et al. FoxO1 is a positive regulator of bone formation by favouring protein synthesis and resistance to oxidative stress in osteoblasts. Cell Metab. 2010;11:147–60. 18. Kim WK, Meliton V, Bourquard N, Hahn TJ, Parhami F. Hedgehog signaling and osteogenic differentiation in multipotent bone marrow stromal cells are inhibited by oxidative stress. J Cell Biochem. 2010;111:1199–209. 19. Edwards JR, Zainabadi K, Lwin ST, et al. The longevity gene SIRT-1 independently controls both osteoblast and osteoclast functions. J Bone Miner Res. 2008;23(suppl):S28. 20. Bauer JA, Pearson KJ, Price NL, et al. Resveratrol improves health and survival of mice on a high calorie diet. Nature. 2006;444:337–42. 21. Khosla S, Melton III LJ, Riggs BL. The unitary model for estrogen deficiency and the pathogenesis of osteoporosis: is a revision needed? J Bone Miner Res. 2011;26:441–51. Charlles Heldan de Moura Castro Disciplina de Reumatologia – Universidade Federal de São Paulo Edição nº 36 · ano XIX · jan a mar/2013 DESTAQUES Regionais ABRASSO (SP e PR) iniciam 2013 com eventos concorridos O V Curso de Metabolismo Ósseo e Doenças Ósteo-Metabólicas organizado pela regional São Paulo da ABRASSOSOBEMOM, foi realizado no dia 23 de fevereiro, em São Paulo. O evento, sob o comando da incansável profa. dra. Rosa Pereira, contemplou uma programação variada e foi capaz de seduzir uma plateia ávida por novidades na área da osteometabologia. Paralelamente, a regional Paraná da ABRASSO organizou o III Curso Anual da ABRASSO-PR, nos dias 15 e 16 de março, em Curitiba. Destaque para a programação coordenada pelo dr. Jaime Kulak, que revisitou as interações entre a clínica e a fisiologia óssea, o papel do rim nas doenças ósseas e situações especiais do dia-a-dia do consultório. Seguindo o sucesso das edições anteriores, ambos os eventos reuniram especialistas de diversas áreas, possibilitando maior integração e troca de experiências, compartilhamento de informações e aprimoramento de conhecimentos no campo da osteometabologia. Curso realizado em São Paulo, dia 23 de fevereiro (acima) e em Curitiba (PR), dias 15 e 16 de março, ao lado. Participação em ambos superou as expectativas. Endocrinologista do HSPE recebe prêmio internacional Endocrinologia Feminina Telma Palomo de Oliveira, médica do Serviço de Endocrinologia do Hospital do Servidor Público Estadual e doutoranda da Unifesp, na área de fragilidade óssea, mais especificamente Osteogênese Imperfeita (tema do trabalho premiado), conquistou o prêmio Young Investigator Award, concedido pela Sociedade Americana de Osteometabolismo (ASBMR) a jovens pesquisadores não residentes nos Estados Unidos. A entrega do prêmio ocorreu em outubro do ano passado, durante a Reunião Anual ASBMR, na cidade de Minneapolis, no Estado de Minnesota, EUA. Especialista em endocrinologia e metabologia, a dra. Telma integra há dois anos o corpo clínico do Serviço de Endocrinologia e é preceptora dos médicos residentes do HSPE na área de osteoporose e metabolismo ósseo. Nosso reconhecimento e parabéns pela conquista! A ABRASSO tem a satisfação de participar a publicação recente do livro organizado pela Dra Ruth Clapauch: ENDOCRINOLOGIA FEMININA E ANDROLOGIA, que vem preencher uma lacuna na literatura médica brasileira ao congregar saberes sobre diversas patologias específicas de gênero feminino e masculino. O livro é composto por 39 capítulos, dentre os quais vale ressaltar os de Prevenção de Osteoporose, Osteoporose Pós-menopausa e Osteoporose em Homens, escritos por eminentes colegas bem conhecidos da ABRASSO como os Drs. Victoria Borba, Carolina e Jaime Kulak, Dalisbor Weber Silva e Marise Lazaretti Castro, dentre outros. Foi editado no formato tradicional, com 556 páginas com figuras coloridas e também está disponível como e-book. Dra. Telma Palomo de Oliveira INFORMATIVO OFICIAL DA ABrASSO 13 Edição nº 36 · ano XIX · jan a mar/2013 14 INFORMATIVO OFICIAL DA ABrASSO Edição nº 36 · ano XIX · jan a mar/2013 S T Q Q S S D ÁRIO CALEND ANOTE NA AGENDA Abril 17-20 Abril 19-20 Abril 25-27 Maio 18-22 Agosto 29-31 Outubro 04-07 Outubro 09-12 Outubro 14-16 Outubro 24-26 ECCEO 13-IOF EUROPEAN CONGRESS ON OSTEOPOROSIS AND OSTEOARTHRITIS Local: Roma- Itália www.ecceo13-iof.org 1º Curso de Doenças da Paratireoide Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da FMUSP Local: Centro de Convenções Rebouças, São Paulo – SP www.perfectaeventos.com.br/paratireoide 4º Encontro Nacional de Engenharia Biomecânica (Enebi 2013) Local: Vitória (ES) Hotel Sheraton www.enebi2013.com.br 40th European Symposium on Calcified Tissues – 50th Anniversary Local: Lisboa - Portugal www.ectsoc.org X Congresso Brasileiro Ortopédico de Osteometabolismo Local: Rio de Janeiro –RJ www.oitoeventosltda.com.br/xcboom ASBMR 2013 Annual Meeting Local: Baltimore – MD, EUA www.asbmr.org/Meetings/FutureAnnualMeetings.aspx 42º Congresso Brasileiro de Radiologia – CBR 2013 Local: Curitiba –PR http://www.cbr.org.br IV ECCOMAS Thematic Conference on Computational Vision and Medical Image Processing Local: Melia Madeira Mare Hotel, Funchal, Madeira - Portugal www.fe.up.pt/vipimage 5º Congresso Brasileiro de Densitometria, Osteoporose e Osteometabolismo - V BRADOO Local: Porto de Galinhas - PE www.bradoo.com.br Cursos ABRASSO – 2013 13/04 - Osteometa – curso intensivo em osteoporose e metabolismo ósseo 13/04 - Body Comp – curso de certificação em composição corporal 30/04-01/05 – Curso Oficial e Exame de Habilitação em Densitometria Clínica para Médicos www.abrasso.org.br INFORMATIVO OFICIAL DA ABrASSO 15 RESERVE ESTA DATA www.bradoo.com.br Realização Secretaria Executiva Consultoria Comercial Agência de Turismo [email protected] Fone: (81) 3366-6222 Fax: (81) 3366.6201 Av. Visconde Suassuna, 140 - Boa Vista CEP 50050-540 - Recife - Pernambuco Telefone: (81) 3423.1300 E-mail: [email protected] www.assessor-pe.com.br Apoio