Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives
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Volume 5n. 3 – Jul/Set 2013 ISSN 2175-2338 www.fatesa.edu.br Expediente ISSN 2175-2338 Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives - EURP Publicação oficial FATESA - EURP Faculdade de Tecnologia em Saúde Diretor Administrativo Diretor Científico Francisco Mauad Neto Wellington de Paula Martins Presidente do Departamento Científico Diretor de Pesquisa Procópio de Freitas Fernando Marum Mauad Bibliotecária Secretária Geral Adileuza Cordeiro Souza Almeida Janete Cristina Parreira de Freitas Diretor Responsável pelo Setor Gráfico Presidente Michel da Silva Francisco Mauad Filho Professores Adilson Cunha Ferreira Fernando Marum Mauad Francisco Mauad Filho Jorge Garcia Procópio de Freitas Carlos César Montesino Nogueira Gerson Claudio Crott Jorge Rene Garcia Arevalo José Augusto Sisson de Castro José Eduardo Chúfalo João Francisco Jordão Luís Guilherme Carvalho Nicolau Simone Helena Caixe Wellington de Paula Martins EURP Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives Editor Científico Wellington de Paula Martins Editor Executivo Francisco Mauad Filho Conselho Editorial Adilson Cunha Ferreira Jorge Rene Garcia Arevalo Carlos César Montesino Nogueira José Eduardo Chúfalo Carolina Oliveira Nastri Luis Guilherme Nicolau Fernando Marum Mauad Procópio de Freitas Gerson Cláudio Crott Simone Helena Caixe João Francisco Jordão Secretária Executiva Adileuza Cordeiro Souza Almeida Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives EURP 2013 SUMÁRIO EURP v. 5, n. 3, p 76-119 ISSN 2175-2338 Jul/Set 2013 Doppler da artéria oftálmica em mulheres 76 Ophthalmic artery Doppler: importance in preeclampsia Leonardo da Rocha Santos Diagnóstico ultrassonográfico do aneurisma dissecante de aorta 83 Sonographic diagnosis of dissecting aneurysm of the aorta Alexandre Gomes Ribas Biometria fetal 89 Fetal biometry Karin Daniele Crestani Ceccato Contribuição do estudo Doppler na pré-eclâmpsia 95 Contribution of Doppler study on preeclampsia Cláudia Gonçalves Fernandes Neves Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives EURP 2013 Doppler das artérias uterinas no 1° trimestre gestacional e predição de pré-eclâmpsia 99 Uterine artery Doppler in the 1st trimester of pregnancy and prediction of preeclampsia Wellington Luís Alessi O papel da ultrassonografia nos nódulos de tireoide 104 The role of ultrasound in thyroid nodules Dugarth Amado Nina Garcia Importância da ecografia da valva mitral 109 Importance of mitral valve ultrasound Alexandre Mark Staviack O papel da ultrassonografia na litíase biliar 115 Safety aspects regarding the practice of obstetric ultrasound Polyana Domingos de Oliveira Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives EURP 2013 Artigo de Revisão Doppler da artéria oftálmica em mulheres Ophthalmic artery Doppler: importance in preeclampsia Leonardo da Rocha Santos 1 As doenças hipertensivas na gravidez são importante causa de morbimortalidade entre gestantes. A préeclampsia é uma doença cujos mecanismos ainda não são completamente esclarecidos, porém entre as suas manifestações observam-se efeitos sobre o sistema nervoso central das gestantes. A artéria oftálmica tem sido estudada neste contexto, pois se acredita que modificações no padrão de onda espectral ao estudo Doppler da artéria oftálmica possam refletir modificações no compartimento central das gestantes acometidas. Realizamos uma revisão sistematizada que resultou na inclusão de 16 estudos. São descritas modificações no padrão espectral da artéria oftálmica de gestantes com pré eclâmpsia quando comparadas a pacientes sem hipertensão e hipertensas sem pré eclâmpsia. Concluímos que o Doppler da artéria oftálmica poderá ser usado para monitorar a pré eclâmpsia, bem como a sua evolução para formas mais graves. Palavras-chave: Doppler; Artéria Oftálmica; Gravidez; Eclâmpsia. Escola de Ultrassonografia e Reciclagem Médica de Ribeirão Preto (EURP) 1 Recebido em 11/09/2013, aceito para publicação em 07/10/2013. Correspondências: Leonardo da Rocha Santos Departamento de Pesquisa da EURP - Rua Casemiro de Abreu, 660, Vila Seixas, Ribeirão Preto-SP. CEP 14020-060. Fone: (16) 3636-0311 Fax: (16) 3625-1555 Email: [email protected] Abstract Hypertensive disorders in pregnancy are a major cause of morbidity and mortality among pregnant women. Preeclampsia is a disease whose mechanisms are not completely understood, but among its manifestations observed the effects on the central nervous system of pregnant women. The ophthalmic artery has been studied in this context because it is believed that changes in the pattern of spectral wave Doppler study of the ophthalmic artery may reflect changes in the central compartment of the affected pregnant women. We conducted a systematic review that resulted in the inclusion of 16 studies. Modifications are described in the spectral pattern of the ophthalmic artery of pregnant women with preeclampsia compared to patients without hypertension and hypertensive patients without preeclampsia. We conclude that the Doppler ophthalmic artery may be used to monitor preeclampsia and its evolution to more severe forms. Keywords: Doppler; Ophthalmic Artery; Pregnant; Eclampsia. Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives EURP 2013; 5(3): 76-82 77 Santos – Doppler da oftálmica em mulheres Introdução A pré-eclâmpsia constitui importante causa de prematuridade e mortalidade perinatal, e é responsável por 1/5 a 1/3 de todos os óbitos maternos 1. Sabidamente as doenças hipertensivas e particularmente a pré-eclâmpsia provocam modificações no sistema nervoso central de gestantes 2. O estudo da circulação central em gestantes possui limitações de ordem técnicas e éticas pelo fato de algumas modalidades diagnósticas serem invasivas ou necessitarem do emprego de métodos radioativos. A artéria oftálmica é um vaso que apresenta semelhanças embrionárias, anatômicas e funcionais com os vasos centrais, portanto tem despertado interesse crescente em seu estudo 1. O Doppler da artéria oftálmica é um exame não invasivo, de fácil execução. Os achados obtidos através do Doppler da artéria oftálmica podem nos fornecer informações sobre o status hemodinâmico das artérias centrais intracranianas de pequeno calibre, não acessíveis aos exames não invasivos que dispomos atualmente. Este trabalho busca fazer pequena revisão sobre os conhecimentos atualmente disponíveis sobre este assunto. Métodos Para este estudo foi feita uma revisão sistematizada. Foi realizada busca no PubMed em 05/03/2012 com os seguintes termos: "ophthalmicartery (AND) Doppler (AND) preeclampsia" Retornaram da busca 19 registros, dos quais incluímos apenas aqueles em língua inglesa; sobraram 16 registros. Destes conseguimos acessar 09 estudos na íntegra e os demais 07 estudos foram incluídos apenas na forma de resumo. Adicionalmente realizamos buscas em sites de busca na internet e de manuais da FEBRASGO, além de livros da biblioteca própria do autor. Artigos citados pelos autores acima também foram objeto de pesquisa adicional. Figura 1. Ecografia orbital em modo B. Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives EURP 2013; 5(3): 76-82 78 Santos – Doppler da oftálmica em mulheres Técnica de exame O ângulo de insonação do Doppler utilizado deve ser abaixo de 20 graus, filtro de 50 Hz, PRF de aproximadamente 125 KHz, amostra volume de 2 mm. As pacientes deverão ficar entre 05 e 10 minutos em repouso em decúbito lateral esquerdo antes da realização do exame, abstendose de alimentações vultosas no dia do exame, bem como consumo de álcool ou tabaco 1, 3-5. O exame inicia-se com a paciente em decúbito dorsal, de olhos fechados, colocando-se o transdutor transversalmente sobre a pálpebra superior, após a colocação de uma bolsa de gel. O examinador deverá realizar movimentos no sentido craniocaudal, identificando inicialmente o nervo óptico, que será utilizado como ponto de referência para a identificação dos vasos sanguíneos (Figura 1). Posteriormente é acionada a amostra do Doppler colorido, que será posicionada próxima ao nervo óptico para a identificação dos vasos sanguíneos. Deve-se evitar pressionar o transdutor, para evitar a movimentação dos olhos, o que dificultará a execução do exame e levará a alteração dos índices Doppler. Identifica-se a artéria central da retina, visibilizada proximamente ao nervo óptico, e sua onda de velocidade de fluxo é pulsátil, com baixas velocidades 1, 3-5 (Figura 2). A artéria oftálmica é detectada mais profundamente na face temporal da região retro bulbar. Deve-se visualizar o seu cruzamento anterior ao nervo óptico, prosseguindo medialmente com relação ao nervo em sua porção mais superficial. O seu fluxo deve ser registrado a aproximadamente 15 mm do disco óptico (Figura 3) 1, 3-5. Figura 2. Mapeamento Doppler artéria central da retina. Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives EURP 2013; 5(3): 76-82 79 Santos – Doppler da oftálmica em mulheres Para quantificação da onda de velocidade de fluxo, utiliza-se o índice de pulsatilidade (IP), índice de resistência (IR), pico de velocidade sistólica (PVS), velocidade diastólica final (VDF) e a razão entre picos de velocidade (RPV). A RPV se aplica somente para a análise de ondas com padrão dicrótico, ou seja, ondas que apresentam duas incisuras diastólicas. É calculada a partir da fórmula: RPV = P2/P1, onde P1 representa o pico de velocidade sistólica inicial e P2 pico de velocidade diastólica, após a incisura 1, 6, 7 protodiastólica (Figura 3) . Padrão espectral da artéria oftálmica Os autores não demonstraram haver diferenças significativas entre os valores aferidos nas diferentes semanas da gestação. Também não foram observadas diferenças entre as medidas obtidas no olho direito e esquerdo. A opção de padronizar o exame no olho esquerdofoi opção de alguns autores, pois como a abordagem ao paciente se faz tecnicamente pelo lado direito, poderia garantir menor ângulo de insonação da artéria oftálmica. A onda padrão da artéria oftálmica em gestantes não hipertensas é caracterizada por: ascensão sistólica com pico agudo (afilado) seguido de desaceleração lenta. Na diástole, observam-se duas incisuras proto e mesodiastólicas, seguidas por discretas elevações de velocidades, o que caracteriza o padrão dicrótico desta artéria. O fluxo diastólico é anterógrado e não atinge a linha de base em nenhum momento do ciclo cardíaco (Figura 3). Nas pacientes com pré-eclâmpsia observa-se maior elevação do pico de velocidade diastólica o que leva à formação de uma alta “corcunda” diastólica, que é característica. Quanto maior a onda de velocidade diastólica, após a incisura protodiastólica, maior será a RPV, configurando quadro de hiperperfusão e vasodilatação neste território vascular (Figura 4) 4, 7-9. Figura 3. Doppler artéria oftálmica, padrão normal, dicroico. Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives EURP 2013; 5(3): 76-82 80 Santos – Doppler da oftálmica em mulheres Figura 4. Doppler artéria oftálmica em gestante com pré-eclâmpsia grave. Discussão Algumas teorias tentam explicar as modificações no território vascular da artéria oftálmica e as principais hipóteses incluem: Aumento do débito cardíaco levando a vasodilatação sistêmica compensatória, tentando manter a pressão arterial estável. Esta teoria se coaduna com os trabalhos que demonstraram elevação paradoxal tardia da resistência em pacientes graves, pois com a progressão da doença, aconteceria uma elevação da resistência vascular compensatória, por vasoconstrição; queda da resistência no território vascular orbital devida à abertura de leitos vasculares secundários, com desvio de sangue do sistema nervoso central e órbita para o sistema periférico, através dos shunts. Isso promoveria vasodilatação autorregulada das artérias orbitais, a fim de manter adequada irrigação para o sistema nervoso central e a órbita 3; o vasoespasmo na pré-eclâmpsia predominaria na microvasculatura, levando a isquemia local. Nessa situação, haveria processo de compensação inicial pela dilatação de artérias de maior calibre (artéria oftálmica), num esforço de aumentar a perfusão do tecido Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives isquemiado 10, 11 e queda na resistência nos leitos orbitais mediada por mecanismos auto regulatórios vasculares, visando preservar o aporte sanguíneo para os vasos nobres, caracterizando a centralização materna 12. Hata et al. 13 estudaram gestantes (20 normotensas e 07 com pré-eclâmpsia moderada) através do Doppler orbital e reportaram aumento da velocidade do fluxo e diminuição de IR e IP das pacientes com pré-eclâmpsia moderada na comparação com pacientes normotensas. Em dois casos de pré-eclâmpsia grave foi reportado aumento dos índices Doppler. Belfort et al. 3 examinaram as artérias central da retina, artéria oftálmica e artéria cerebral média de pacientes normotensas e com pré-eclâmpsia e concluíram que em mulheres com pré eclampsia existem diferenças na relação entre a pressão sanguínea e os índices de resistência dos vasos orbitais, não observadas na artéria cerebral média. Barbosa et al. 2 relacionaram a pré-eclâmpsia com índices de resistência no Doppler inferiores a 0,74. Nas gestantes portadoras de hipertensão EURP 2013; 5(3): 76-82 81 Santos – Doppler da oftálmica em mulheres crônica, verificaram que esses índices tinham valores superiores a 0,74. Nakatsuka 12 demonstrou a ação do óxido nítrico na modificação da circulação orbital. Ohno et al. 14 observaram fluxo oftálmico aumentado e decréscimo do IP após administração de prostaglandina E1. Ayaz et al. 1 comparou os índices de resistência e pulsatilidade em pacientes normotensas e com pré eclampsia moderada. Ambos os índices tiveram valores significativamente mais baixos na artéria oftálmica das gestantes com pré-eclâmpsia quando comparados com os das gestantes normotensas. Num baixo número de pacientes que evoluíram para pré-eclâmpsia grave, ambos os índices aumentaram, a semelhança do trabalho pioneiro de Hata em 1995 13, fortalecendo a hipótese da presença precoce da vasodilatação e tardiamente do vasoespasmo na etiologia dessa síndrome. Ayaz concluiu que os índices Doppler decrescem em pacientes com pré-eclâmpsia moderada, porém em um número limitado de casos foi encontrada correlação entre elevação dos índices Doppler e evolução para formas severas de pré-eclâmpsia 1. Diniz et al. 15 analisaram o IR, IP, PVS e VDF de três grupos de gestantes, 51 normotensas, 20 com pré-eclâmpsia moderada e 20 com pré-eclâmpsia grave e concluíram que as pacientes com evolução para formas graves apresentaram elevação dos índices Doppler associado a aumento do fluxo quando comparadas aos outros dois grupos. Eles concluíram que o Doppler da artéria oftálmica pode ser usado como marcador de evolução para formas graves de eclâmpsia. Barbosa 6 estudou as modificações nos índices Doppler das artérias oftálmicas em pacientes com pré-eclâmpsia grave e sugere que o IR da artéria oftálmica menor ou igual a 0,56 é marcador importante de manifestações clínicas de encefalopatia secundaria a pré-eclâmpsia. Os estudos avaliados neste artigo demonstram diferenças significativas entre o padrão Doppler das artérias oftálmicas entre gestantes não hipertensas e hipertensas com pré-eclâmpsia, sendo que a maioria deles reportam sinais de aumento da velocidade diastólica final e do fluxo pela artéria oftálmica associado a queda nos índices velocimétricos (IR, IP e RPV) em pacientes com pré-eclâmpsia moderada e aumento dos índices nas evoluções para as formas graves. Estes últimos achados também foram correlacionados com sinais de acometimento do Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives sistema nervoso central como dor de cabeça, fotofobia e distúrbios visuais. Alguns estudos também reportaram diferenças entre os índices Doppler obtidos entre pacientes com préeclâmpsia e aquelas com hipertensão superposta. Alguns trabalhos também indicam modificações nos índices das artérias oftálmicas após a administração de medicações como óxido nítrico e prostaglandina, sugerindo que o método pode ser usado para avaliar a resposta terapêutica a medicações em pacientes com pré-eclâmpsia. Conclusões A artéria oftálmica é o vaso de escolha para estudo da vascularização orbital. Os achados dos estudos levam a conclusão que o Doppler da artéria oftálmica tem papel importante e promissor nestas investigações e estudos com maior casuística poderão ajudar a consolidar estas conclusões, de modo a valorar o método como opção para a monitorização e manejo da préeclâmpsia e de sua evolução bem como ajudar na diferenciação entre a pré-eclâmpsia pura e a sobreposta a hipertensão secundária. Referências 1. Ayaz T, Akansel G, Hayirlioglu A, Arslan A, Suer N, Kuru I. Ophthalmic artery color Doppler ultrasonography in mild-to-moderate preeclampsia. European journal of radiology 2003; 46: 244-249. 2. Barbosa AS, Oliveira AA, Cabral ACV. Doppler das artérias oftálmicae central da retina: novo método de auxílio ao diagnóstico diferencial dos estados hipertensivos da gravidez. Femina 2000; 28: 507-508. 3. Belfort MA, Giannina G, Herd JA. Transcranial and orbital Doppler ultrasound in normal pregnancy and preeclampsia. Clinical obstetrics and gynecology 1999; 42: 479-506. 4. Matias DS, Costa RF, Matias BS, Claudio Lemos Correia L. Doppler velocimetry of the orbital vessels in pregnancies complicated by preeclampsia. Journal of clinical ultrasound : JCU 2012; 40: 576-585. 5. Takata M, Nakatsuka M, Kudo T. Differential blood flow in uterine, ophthalmic, and brachial arteries of preeclamptic women. Obstetrics and gynecology 2002; 100: 931-939. 6. Barbosa AS, Pereira AK, Reis ZS, Lage EM, Leite HV, Cabral AC. Ophthalmic artery-resistive index and evidence of overperfusion-related encephalopathy in severe preeclampsia. Hypertension 2010; 55: 189-193. 7. Diniz ALD, Moron AF, Santos MC, Sass N. Dopplervelocimetria colorida dos vasos orbitais: técnica de exame e anatomia vascular normal. Radiologia Brasileira 2004; 37: 287-290. 8. Hata T, Senoh D, Hata K, Kitao M. Ophthalmic artery velocimetry in pregnant women. Lancet 1992; 340: 182-183. EURP 2013; 5(3): 76-82 Santos – Doppler da oftálmica em mulheres 82 9. de Oliveira CA, de Sa RA, Velarde LG, Monteiro VN, Netto HC. Doppler velocimetry of the ophthalmic artery: reproducibility of blood flow velocity measurements. Journal of ultrasound in medicine : official journal of the American Institute of Ultrasound in Medicine 2012; 31: 879-884. 10. Kuo DM, Chiu TH, Hsieh TT. Maternal renal artery Doppler flow-velocity waveform in preeclampsia. A preliminary report. The Journal of reproductive medicine 1993; 38: 189-192. 11. Lindheimer MD, Katz AI. Hypertension in pregnancy. The New England journal of medicine 1985; 313: 675-680. 12. Nakatsuka M, Takata M, Tada K, Kudo T. Effect of a nitric oxide donor on the ophthalmic artery flow velocity waveform in preeclamptic women. Journal of ultrasound in medicine : official journal of the American Institute of Ultrasound in Medicine 2002; 21: 309-313. 13. Hata T, Senoh D, Hata K, Kitao M. Ophthalmic artery velocimetry in preeclampsia. Gynecologic and obstetric investigation 1995; 40: 32-35. 14. Ohno Y, Kawai M, Wakahara Y, Kitagawa T, Kakihara M, Arii Y. Ophthalmic artery velocimetry in normotensive and preeclamptic women with or without photophobia. Obstetrics and gynecology 1999; 94: 361-363. 15. Diniz AL, Moron AF, dos Santos MC, Sass N, Pires CR, Debs CL. Ophthalmic artery Doppler as a measure of severe pre-eclampsia. International journal of gynaecology and obstetrics: the official organ of the International Federation of Gynaecology and Obstetrics 2008; 100: 216-220. . Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives EURP 2013; 5(3): 76-82 Relato de caso Diagnóstico ultrassonográfico do aneurisma dissecante de aorta Sonographic diagnosis of dissecting aneurysm of the aorta Alexandre Gomes Ribas 1 O aneurisma dissecante de aorta é uma doença da camada média da parede arterial, sendo que a dissecção localiza-se em 68% dos casos na aorta ascendente. Há alguns sinais e sintomas que formam o quadro clínico do aneurisma dissecante de aorta e instigam a necessidade de realizar a ecocardiografia tais como: déficit de pulso, inconsciência, variação da pressão do membro superior direito e esquerdo, dor no peito, dispneia e hipotensão.O ecocardiograma é um método seguro, rápido e fácil e possui uma sensibilidade de 78-100% para dissecção de aorta ascendente. Quando há dúvidas, a ecocardiografia transesofágica fornece evidências diretas e comprobatórias. Devido ao aumento da incidência de aneurismas nos últimos anos, a sua alta taxa de mortalidade, a importância do diagnóstico precoce e ao importante papel da ecocardiografia no diagnóstico dessa patologia, escolhi esse tema para a construção do meu trabalho de conclusão do curso. Palavras-chave: Aneurisma Dissecante de Aorta; Ecocardiografia; Diagnóstico. Escola de Ultrassonografia e Reciclagem Médica de Ribeirão Preto (EURP) 1 Recebido em 22/07/2013, aceito para publicação em 07/10/2013. Correspondências: Alexandre Gomes Ribas Departamento de Pesquisa da EURP - Rua Casemiro de Abreu, 660, Vila Seixas, Ribeirão Preto-SP. CEP 14020-060. Fone: (16) 3636-0311 Fax: (16) 3625-1555 Email: [email protected] Abstract The dissecting aneurysm of the aort ais a disease of the medial layer of the arterial wall dissection of which is located in 68% of casesin the ascending aorta. Some signs and symptoms that form the clinical picture ofdissecting aneurysm of the aorta and instigatethe need for echocardiography suchas pulse deficit, unconsciousness, varying the pressure of the right armandleft chestpain, dyspneaand hypotension. Echocardiography isa safe, quick and easy and has sensitivity of 78-100% for dissectionofthe ascending aorta. When in doubt, echocardiography transesofágeaprovidesdirect andcorroborativeevidence. Due to the increased incidence ofaneurysmsin recent years, its high mortality rate, the importance of early diagnosis and the important role of echocardiography in the diagnosis of this pathology,chosethistheme tobuild mywork of course completion. Keywords: Dissecting Aneurysm Echocardiography; Diagnosis. Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives of the Aorta; EURP 2013; 5(3): 83-88 84 Ribas – aneurisma dissecante de aorta Introdução O aneurisma dissecante de aorta é um dos diagnósticos diferenciais no paciente com dor torácica, sendo que para este diagnóstico é necessária investigação clínica através da anamnese, do exame físico e das características dos sintomas. Os fatores de riscos associados também são primordiais para o diagnóstico. O aneurisma dissecante da aorta é uma doença da camada média da parede arterial, assim como a necrose cística da média, a Síndrome de Marfan, a arteriosclerose, além de quando associados com hipertensão arterial e outro fatores como coarctação da aorta e válvula tricúspide. Estatisticamente, a dissecção localiza-se 68% dos casos na aorta ascendente, 10% no arco aórtico transverso, 20% na aorta torácica descendente e 2% dos casos na aorta abdominal 1. Nos últimos anos temos observado que a incidência de aneurismas dissecantes da aorta tem aumentado. É provável que isto se explique devido à maior sobrevida da população, à melhoria dos meios diagnósticos, ao maior número de pessoas atendidas pela rede hospitalar ou, ainda, em decorrência ao aumento dos fatores causadores de dissecção. Por esse motivo resolvi dar importância a esse tema da pós-graduação de ultrassonografia cardiovascular, pois logo após o curso de ecocardiografia básica, tive um caso de dor torácica, em paciente aparentemente sem fator de risco cardiovascular, no qual acabei diagnosticando aneurisma dissecante de aorta. O diagnóstico somente foi possível através da ecocardiografia, sendo esta realizada em uma cidade que não contava com esse método diagnóstico. Descreverei o caso no desenvolvimento do trabalho. Doenças da aorta e métodos de diagnóstico ecocardiográfico O exame de imagem ecocardiográfico tornouse o mais utilizado na avaliação da doença cardiovascular e desempenha um importante papel no diagnóstico e acompanhamento das doenças da aorta 2. Mesmo não sendo a técnica de escolha para a avaliação da aorta em sua totalidade, a ecografia transtorácica é útil para o diagnóstico e acompanhamento de alguns segmentos da aorta, visto que ela permite a avaliação adequada da raiz da aorta e aorta ascendente proximal 2. Sendo a qualidade da imagem suficiente, é possível detectar dilatação, aneurisma, placa, calcificação ou trombo. No Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives entanto, se houver informações inconclusivas ou alguma anormalidade, é necessária outra modalidade de imagem para o correto diagnóstico 2. A aorta desempenha um papel importante na modulação do ventrículo esquerdo e função arterial de todo o sistema cardiovascular. A parede arterial é modificada em virtude de diversos fatores que afetam a parede, sendo que essa avaliação pode ser perfeitamente realizada através de métodos não invasivos, tais como o ecocardiograma 3. Um aumento da pressão de distensão, durante a sístole induz um aumento das dimensões da aorta, que está diretamente relacionado com o as propriedades elásticas da aorta. Diâmetro ou a área de modificações pode ser detectado utilizando tanto a ecocardiografia transtorácica, como a transexofágea. A alteração do diâmetro arterial pode ser medida ao nível da aorta ascendente, três centímetros acima da válvula da aorta. Porém, a apresença de atereosclerose, é mais precisamente vizualizada através da ecocardiografia transexofágea 2. O aneurisma de aorta é uma modalidade em que há dilatação da raiz da aorta, comum em pacientes com ectasia, síndrome de Marfan ou válvula aórtica bicúspide 4, 5. Para a indicação cirúrgica nos casos de aneurismas de raiz da aorta, o diâmetro é uma medida crucial conhecida através da ecocardiografia transtorácica e transexofágea 2. A síndrome aguda da aorta tem uma alta taxa de mortalidade, sendo a avaliação e conduta médica, seguido do tratamento cirúrgico, crucial. Portanto, rápidas e precisas técnicas de diagnóstico, as quais podem ser aplicadas em pacientes criticamente enfermos, são essenciais 2. Visto isso, comparada com outras técnicas de diagnóstico, como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética, a ecocardiografia possui a vantagem de ser facilmente aplicável em qualquer ambiente hospitalar, sem a necessidade de transferência do paciente para a realização do mesmo, o que se torna inviável, pois muitas vezes, este se encontra em uma situação de instabilidade hemodinâmica, monitorado, e recebendo oxigênio ou drogas intravenosas. O diagnóstico de dissecção aórtica clássica baseia-se na vizualização da presença de uma aba da íntima, a qual divide a aorta em duas, o verdadeiro e o falso lúmen. Em sua maioria, o Doppler colorido detecta o fluxo na falsa luz 2. EURP 2013; 5(3): 83-88 85 Ribas – aneurisma dissecante de aorta Classicamente, a ecocardiografia transtorácica foi considerado limitada no diagnóstico de dissecção aórtica. Recentemente, porém, devido à imagiologia harmônica e a utilização de contraste, os exames demonstram-se mais sensíveis e específicos, inclusive a ecocardiografia transtorácica no diagnóstico de dissecção de aorta. Em virtude da sua rapidez e qualidade de informações sobre estado cardíaco do paciente, a ecocardiografia pode ser usada como modalidade de imagem inicial, no momento em que a dissecção aórtica é uma suspeita clínica na emergência, sendo que, posteriormente, mais testes serão necessários se este exame for negativo 2. O valor do exame ecocardiográfico também torna-se limitado em pacientes com parede torácica anormal, obesidade, pulmonar enfisema e naqueles em ventilação mecânica. Durante o exame ecocardiográfico, deve ser dada atenção especial para pacientes apresentando dor torácica aguda, pois estes apresentam dilatação da raiz aórtica, regurgitação aórtica, e/ou derrame pericárdico. Estes resultados devem levantar a suspeita de infarto agudo 2. Ecocardiografia na avaliação de emergênciade síndromes aórticas agudas A dissecção de aorta é uma das modalidades da síndrome aguda da aorta. Classicamente, nessa síndrome, os pacientes apresentam dor torácica aguda, a qual pode irradiar para o pescoço 6. Na dissecção, pode haver insuficiência aórtica aguda associada à insuficiência cardíaca, podendo ainda haver diferença entre a pressão sanguínea do membro superior direito e esquerdo, déficit de pulso e perda transitória da consciência . Os principais fatores de risco incluem a hipertensão de longa data, aterosclerose e distúrbios de colágeno, tais como a síndrome de Marfan. Outros sinais que fazem parte do quadro clínico de pacientes com síndrome aguda da aorta podem incluir dores no peito, dispnéia e hipotensão 7. A camada íntima separa-se da parede aórtica formando uma falsa luz, a qual funciona ao lado do verdadeiro lúmem 8. As pressões elevadas propagam a dissecção proximal, distal ou em ambas direcções. Uma lágrima re-participante permitirá que o sangue circule através da falsa luz. Estatísticamente falando, 65% dos casos ocorrem dentro de 3 cm dos óstios coronarianos, 10% ocorrem dentro do arco e 10% na aorta torácica descendente. Os sistemas de classificação Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives têm sido desenvolvidos a fim de descrever a localização exata da dissecção aórtica. A classificação de Stanford foi desenvolvida a partir de uma abordagem funcional baseada na aorta ascendente, sendo que a 1ª classe trata da dissecção aórtica clássica com verdadeiroa e falsa luz, sem comunicação dos dois lúmem 9. Extensão para a luz pode resultar em dissecção em até 33% de os casos e, portanto, a gestão cirúrgica é geralmente necessária nos casos que envolvem a aorta ascendente. A úlcera aterosclerótica penetrante é causada por erosão de uma placa aterosclerótica, sendo que esta pode levar a formação de hematoma intramural e, possivelmente, ocasionar a dissecção. A erosão pode causar um aneurisma ou uma ruptura, visto que esta foi avaliada em até 42% dos casos 10. Após a apresentação, a dissecção evolui rapidamente, atingindo 1-2%/hora nas primeiras 48 horas, ou seja, há um aumento da taxa de mortalidade de 50% após 48 h. A partir da ruptura, em todas as modalidades da síndrome aguda da aorta, a morte pode acontecer. Assim, os efeitos da dissecção podem incluir dilatação aguda da raiz da aorta, prolapso da cúspide aórtica, prolapso da aba, oclusão coronária ostial, derrame pericárdico hemorrágico e tamponamento, ou até mesmo, acidente vascular cerebral 7. A ecocardiografia transtorácica é um método seguro, rápido e fácil, e que quase sempre está disponível no departamento de emergência. Ela deve ser realizadao quanto antes em pacientes com suspeita de síndrome aguda da aorta, a partir da avaliação da presença de características importantes para tal 1, 9. É importante perceber que a sua sensibilidade é 78-100% em dissecção de aorta ascendente e de apenas 31-55% na dissecção da aorta descendente 8. Se houver suspeita clínica ou dúvidas, a ecocardiografia transesofágea fornece evidências diretas ou comprobatórias para dissecção aórtica ascendente, e nesses casos, recomendamos a transferência do paciente imediatamente para uma unidade cardiotorácica, onde haverá a realização de outros exames de imagem alternativos, como tomografia computadorizada ou ressonância magnética. Os principais objetivos desses exames são identificar o mais rapidamente possível um rasgo ou hematoma na camada íntima, e delinear o grau de dissecação torácica. Os objetivos secundários são avaliar as possíveis EURP 2013; 5(3): 83-88 86 Ribas – aneurisma dissecante de aorta complicações patológicas. A escolha da modalidade de exame dependerá dos recursos disponíveis no centro emergencial e dos conhecimentos disponíveis pela parte médica 8. Quando realizar ecocardiografia anual A realização da ecocardiografia anual deve ser considerada nos casos de dissecção aórtica em quem a válvula foi suspensa, preservada ou substituída por uma prótese biológica 11. Pacientes com suspeita de doença da aorta torácica baseada na história famíliar, sintomas ou exame físico, devem ter o tórax examinado 11. A correção cirúrgica é recomendada quando a aorta ascendente ou a raíz aórtica exceder 5,5 centímetros 12. Figura 3. Imagem de eixo longo observa-se dilatação e flap de dissecção. Figura 4. Imagem de flaping de dissecção aórtica. Figura 1. Ecocardiográfica em eixo longo para esternal do paciente JW. Onde se observa dilatação sacular de aorta ascendente, com 5,37cm. Note que na região próxima a válvula já se visualiza imagem de flap de dissecção. Figura 5. Imagem de cajado aórtico, onde se observa banda que divide a luz em duas e ao Doppler que mostra fluxo em uma delas. Figura 2. A mesma imagem em eixo longo para esternal, onde foi efetuada medida da luz total e falsa luz por dissecção. Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives EURP 2013; 5(3): 83-88 87 Ribas – aneurisma dissecante de aorta Figura 6. Imagem de eixo longo para esternal com Doppler colorido mostrando turbulência e área de flap na falsa luz dissecada sem fluxo. Relato de caso Homem com 52 anos ingressou no prontosocorro, às 10:00 horas do dia 15/03/2012, apresentando dor retroesternal intensa, de início súbito, a qual irradia para a região posterior do tórax. Paciente sem fatores de risco e antecedentes cardiovasculares, não faz uso de medicação contínua. Sinais vitais de ingresso: PA: 140/90mmHg, FC: 75/min., Temp.: 36,6º C. Eletrocardiograma de ingresso apresenta rítmo sinusal com repolarização ventricular normal. Ecocradiograma transtorácico realizado em Itapiranga-SC, com equipamento PHILIPS Invaisor, apresenta: “dilatação aneurismática de aorta ascendente de 5,67cm em seu maior eixo, com imagem sugestiva de flap de dicecção, com imagem de dupla luz até cajado aórtico. Impressão diagnóstica: aneurisma dissecante de aorta” (Figuras 1 a 6). O motivo que justifica a minha escolha no relato desse caso, é que o paciente não tinha antecedentes para aneurisma dissecante de aorta e que o diagnóstico foi feito com ecocardiografia transtorácica, corroborando com o texto de revisão bibliográfica. O paciente foi encaminhado à referencia cardiológica da região, submetido à cirurgia e faleceu após 72 horas, no pós cirurgico. Conclusões O propósito desse trabalho foi estudar e disseminar a importância do exame ecocardiográfico no auxílio ao complexo diagnóstico de aneurisma dissecante de aorta, visto que, muitas vezes, os sintomas apresentados pelo paciente confundem e impedem o Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives diagnóstico precoce dessa patologia, sendo esse um fator crucial para a evolução positiva do paciente, pois a partir do diagnóstico, é possível seguir com o tratamento adequado ou cirurgicamente, se necessário. O aneurisma dissecante de aorta, mesmo possuindo uma altaincidêncianos dias atuais, é menos comum que um infarto, porém de maior gravidade. É fundamental que médicos que atendam em serviços de emergência conheçam, não só a fisiopatologia dessa doença, como também a conduta e tratamentos adequados e a metodologia diagnóstica. Ficou claro que a dificuldade para o diagnóstico por ecocardiografia transtorácica, ficou mais eficaz pelos equipamentos de ecocardiografia e recursos ecocardiográficos como a harmônica, sendo possível fazer diagnóstico em lugares remotos, como Itapiranga, basta à formação de recursos humanos. Referências 1. Appelbaum A, Karp RB, Kirklin JW. Ascending vs descending aortic dissections. Annals of surgery 1976;183:(3):296-300. 2. Evangelista A, Flachskampf FA, Erbel R, Antonini-Canterin F, Vlachopoulos C, Rocchi G, et al. Echocardiography in aortic diseases: EAE recommendations for clinical practice. European journal of echocardiography : the journal of the Working Group on Echocardiography of the European Society of Cardiology 2010;11:(8):645-658. 3. Antonini-Canterin F, Carerj S, Di Bello V, Di Salvo G, La Carrubba S, Vriz O, et al. Arterial stiffness and ventricular stiffness: a couple of diseases or a coupling disease? A review from the cardiologist's point of view. European journal of echocardiography : the journal of the Working Group on Echocardiography of the European Society of Cardiology 2009;10:(1):36-43. 4. Roman MJ, Devereux RB, Kramer-Fox R, O'Loughlin J. Twodimensional echocardiographic aortic root dimensions in normal children and adults. The American journal of cardiology 1989;64:(8):507-512. 5. Schaefer BM, Lewin MB, Stout KK, Gill E, Prueitt A, Byers PH, et al. The bicuspid aortic valve: an integrated phenotypic classification of leaflet morphology and aortic root shape. Heart 2008;94:(12):1634-1638. 6. Ince H, Nienaber CA. The concept of interventional therapy in acute aortic syndrome. Journal of cardiac surgery 2002;17:(2):135-142. 7. Brooke BS, Habashi JP, Judge DP, Patel N, Loeys B, Dietz HC, 3rd. Angiotensin II blockade and aortic-root dilation in Marfan's syndrome. The New England journal of medicine 2008;358:(26):2787-2795. 8. Meredith EL, Masani ND. Echocardiography in the emergency assessment of acute aortic syndromes. European journal of echocardiography : the journal of the Working Group on Echocardiography of the European Society of Cardiology 2009;10:(1):i31-39. EURP 2013; 5(3): 83-88 Ribas – aneurisma dissecante de aorta 88 9. Daily PO, Trueblood HW, Stinson EB, Wuerflein RD, Shumway NE. Management of acute aortic dissections. The Annals of thoracic surgery 1970;10:(3):237-247. 10. Coady MA, Rizzo JA, Elefteriades JA. Pathologic variants of thoracic aortic dissections. Penetrating atherosclerotic ulcers and intramural hematomas. Cardiology clinics 1999;17:(4):637-657. 11. Svensson LG, Adams DH, Bonow RO, Kouchoukos NT, Miller DC, O'Gara PT, et al. Aortic valve and ascending aorta guidelines for management and quality measures. The Annals of thoracic surgery 2013;95:(6 Suppl):S1-66. 12. Hiratzka LF BG, Beckman JA, Bersin RM, Carr VF, . Guidelines for the Diagnosis and Management of Patients With Thoracic Aortic Disease: Executive Summary. Catheter Cardiovasc Interv 2010;76:(2):E43-86. Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives EURP 2013; 5(3): 83-88 Artigo de Revisão Biometria fetal Fetal biometry Karin Daniele Crestani Ceccato 1 A avaliação do desenvolvimento e crescimento fetal constitui-se nos principais desafios da assistência pré-natal. A ultrassonografia é uma importante ferramenta para esta monitorizarão usando a biometria fetal, discernindo entre fetos com um risco de restrição de crescimento intrauterino (RCIU) ou macrossomia, proporcionando melhores resultados na relação risco- benefício. A padronização das medidas do feto em seus vários segmentos tem grande valor para evitar complicações peri e pósnatal. O conhecimento da idade gestacional é importante na avaliação do crescimento do concepto, porque a variação normal para o tamanho de qualquer parâmetro biométrico fetal alterase com o avançar da idade gestacional. Uma das mais fortes abordagens para a predição de RCIU é a combinação da biometria com a utilização do Doppler. Essa avaliação pode reduzir significativamente a mortalidade perinatal e indução desnecessárias de trabalho nos fetos pré-termos restritos. Embora as fórmulas bidimensionais sejam claramente o padrão ouro, no presente momento a diversas pesquisas para uma melhor predição do peso fetal através do uso da tecnologia em três dimensões, com base em parâmetros volumétricos. O objetivo deste estudo foi avaliar a utilização da biometria fetal e sua importância. Palavras-chave: Biometria Fetal; Restrição de Crescimento Intra-Uterino; Ultrassom; Doppler. Escola de Ultrassonografia e Reciclagem Médica de Ribeirão Preto (EURP) 1 Recebido em 02/05/2013, aceito para publicação em 08/10/2013. Correspondências: Karin Daniele Crestani Ceccato Departamento de Pesquisa da EURP - Rua Casemiro de Abreu, 660, Vila Seixas, Ribeirão Preto-SP. CEP 14020-060. Fone: (16) 3636-0311 Fax: (16) 3625-1555 Email: [email protected] Abstract The assessment of fetal growth and development is on the main challenges of prenatal care. The ultrasound is an important tool for this monitoring using fetal biometry, discerning between fetuses with an increased risk of intrauterine growth restriction (IUGR) and macrosomia, providing better results for risk-beneficial. The standardization of measurements of the fetus in its various segments has great value to prevent peri-and postnatal complications. The knowledge of gestational age is important in evaluating the growth of the fetus, because the normal range for the size of any fetal biometric parameter changes with advancing gestational age. One of the strongest approaches to the prediction of IUGR is a combination of biometrics using the Doppler shift. This assessment can significantly reduce perinatal mortality and unnecessary induction of labor in preterm fetuses restricted. Although the two-dimensional formulas are clearly the gold standard, at present the diverse research for better prediction of fetal weight through the use of technology in three dimensions, based on volumetric parameters. The aim of this study was to evaluate the use of fetal biometry and its importance. Keywords: Fetal Biometry; Restriction; Ultrasound; Doppler. Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives Intrauterine Growth EURP 2013; 5(3): 89-94 Ceccato – Biometria fetal Introdução As medidas de parâmetros ultra-sonográficos fetais são a base para a determinação precisa da idade gestacional e detecção de anormalidades de crescimento fetal. A ecografia é o exame complementar de diagnóstico mais importante para essa avaliação. A determinação da idade gestacional com a biometria fetal realizado no primeiro trimestre de gravidez é mais preciso do que datas menstruais. Além disse a medição da altura uterina e palpação clínica tem uma grande margem de erro. O crescimento e desenvolvimento fetal são dependentes da oferta adequada de oxigênio e substratos (glicose e aminoácidos) pela circulação materna, via placenta. Quando ocorre alguma alteração no crescimento fetal, devido insuficiência placentária ou desnutrição, o feto faz adaptações fisiológicas, metábolicas e hormonais aumentando o uso de outro substrato como aminoácidos e do lactato. Essas alterações endócrinas combinadas com o menor fornecimento de nutrientes altera o crescimento do tecido. Resultando em uma diminuição do crescimento dos rins, fígado, coração e outros orgãos. A ultrasonografia é uma importante ferramenta para monitorar o crescimento fetal seriado e avaliar a idade gestacional usando a biometria fetal. A padronização das medidas do feto em seus vários segmentos tem grande valor para evitar complicações peri e pósnatal 1. O objetivo deste estudo foi avaliar a utilização da biometria fetal e sua importância. Avaliação da Idade Gestacional A determinação da idade gestacional pode ser estabelecida, no período pré-natal, por história menstrual e por exame obstétrico com a medida da altura do fundo uterino, porém estes parâmetros mencionados são notoriamente imprecisos. A história menstrual apresenta vários fatores que podem estabelecer dados incorretos. Várias mulheres podem não lembrar com precisão o primeiro dia da ultima menstruação normal, particularmente se a gestação não foi programada. Além disso, naquelas que informam o último período menstrual normal, pode ter ocorrido ovulação tardia, ou sangramento em virtude da implantação entre outros. Sendo assim é fundamental a realização de uma ecografia precoce (primeiro trimestre) para confirmar a IG, Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives 90 uma vez que neste período a diferença de crescimento entre os fetos é muito pequena. A melhor medida nesta fase é CCN (comprimento crânio caudal), os estudos sobre CCN demonstraram que a precisão do método na previsão da idade gestacional foi de 5 a 7 dias 1. Em gestações mais avançada a avaliação da idade gestacional ocorre utilizando várias combinações de medidas como: diâmetro biparietal (BPD), fêmur (FL), circunferência abdominal (AC) e circunferência craneana (HC). Por causa da variabilidade biológica, a precisão da idade gestacional como o avanço da gravidez diminui. Principalmente no terceiro trimestre devido tamanho fetal, sombreamento das partes ósseas, diminuição do liquido amniótico e descida da apresentação na pelve 1. Assim a idade gestacional deve ser estabelecida mais precocemente possível e após essa primeira avaliação, a idade gestacional não se modificará com os próximos exames.A ultrassonografia além de avaliar com clareza a biometria e se aproximar da idade gestacional ideal, verifica o ganho de peso adequado do feto 2. Biometria Fetal- medidas padrão Várias fórmulas foram criadas para estimar o peso fetal a partir de medidas da biometria. Os trabalhos mostram serem necessárias, pelo menos, três medidas fetais, que são: o diâmetro biparietal ou a circunferência cefálica, como índice de crescimento da cabeça; circunferência abdominal, como índice de crescimento do corpo; e, por fim, o comprimento do fêmur, como índice de crescimento em estatura. As equações mais utilizadas para avaliação do peso fetal são a fórmula Hadlock e de Shepard 1. O diâmetro biparietal (DBP) foi o primeiro parâmetro a ser consistentemente medido. É verificado com a imagem transversal da cabeça com os cursores colocados na borda externa do crânio proximal para a borda interna do crânio distal. A imagem deve ser oval e medida ao nível do tálamo e cavum do septo pelúcido. Nem as órbitas nem o cerebelo podem ser 2. Pode ser afetado por pressões deformativas no crânio fetal como dolicocefalia. A circunferência abdominal (AC) é obtida através das medidas do diâmetro abdominal anteroposterior (APAD) e diâmetro abdominal transverso (TAD). São medidas a EURP 2013; 5(3): 89-94 Ceccato – Biometria fetal partir da pele numa vista transversal ao nível da junção da veia umbilical, veia portal e estômago fetal quando visível 2. Esta medição é particularmente vulnerável a aglomeração intrauterina, respiração e extensão do corpo, no entanto é uma medida confiável para excluir restrição de crescimento intra-uterino 1. O comprimento do fêmur (FL) pode ser medido após o primeiro trimestre e deve incluir o osso inteiro de metáfise a metáfise, excluindo a epífise distal do fêmur 2. Embora as fórmulas bidimensionais sejam claramente o padrão ouro, no presente momento a diversas pesquisas para uma melhor predição do peso fetal através do uso da tecnologia em três dimensões, com base em parâmetros volumétricos. Parece que a ultrassonografia tridimensional pode desempenhar um papel mais preciso na estimativa de peso ao nascimento, com menos influência por erros aleatórios 3. Crescimento Fetal A avaliação do desenvolvimento e crescimento fetal constitui-se nos principais desafios da assistência pré-natal. O principal objetivo do prénatal é a prevenção de morbidade e mortalidade. O crescimento fetal resulta do potencial genético do feto influenciado por fatores ambientais. Tanto o crescimento como uma manutenção normal do perfil de crescimento tem origens multifatoriais. Onde estão implicados vários fatores como: o potencial de crescimento intrínseco (determinado pela carga genética do feto e pelas características fisiológicas maternascomo peso e altura materna e paridade), além de fatores hormonais, ambientais e placentários, saúde materna, incluindo a sua própria condição nutricional e oferta de nutrientes. Contudo outras variáveis socioeconômicas, demográficas e geográficas podem estar também associadas ao crescimento fetal (JODI, 2004). Quanto à técnica, a estimativa do peso fetal pode sofrer variações com a fórmula utilizada e com o intra e interobservador 2. Aberrações do crescimento fetal tanto o baixo peso ao nascimento, como a macrossomia fetal são fatores determinantes da morbi-mortalidade perinatal. Existem evidências científicas que apontam que fetos nascidos com baixo peso podem desenvolver com maior freqüência Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives 91 prematuridade, óbito fetal e em longo prazo hipertensão, complicações cardiovasculares, distúrbios nutricionais quando adulto. Ao passo que crianças macrossômicas têm maior taxa de natimortos, trabalho de parto prolongado, partos traumáticos, lesões de plexo braquial e distúrbios metabólicos. Diante desse quadro, é fundamental a busca do rastreamento pré-natal dos fetos classificados como de alto risco que tenham um risco maior de desencadear a restrição de crescimento intra-útero (RCIU), utilizando métodos diagnósticos não invasivos e de fácil aplicabilidade, proporcionando os melhores resultados na relação risco-benefício 2. Restrição de crescimento Intra-uterino Cinco a dez por cento de todas as gestações apresentam restrição de crescimento intra-uterino (RCIU). No pré-natal antes da vigilância do ultrassom, era difícil fazer um diagnóstico preciso de RCIU e hoje, mesmo com o advento da ultrassonografia ainda é um desafio o diagnóstico de RCIU. Relatórios recentes apontam apenas 10 a 50 %da taxa de detecção no pré-natal 2. O diagnóstico de retardo de crescimento intraútero pode ser dado se existir desvio significativo dos padrões normais de crescimento, o que requer, no mínimo, duas medidas ultrassonográficas da biometria fetal, geralmente é definido com um feto com peso fetal estimado abaixo do percentil 10 para a idade gestacional 2. No entanto, nem todos os fetos menores que o percentil 10 tem risco aumentado para efeitos adversos, podem apenas ser fetos constitucionalmente pequenos (SGA). Essas crianças saudáveis, mas SGA não são resultado de um efeito adverso no ambiente intra-uterino e não experimentam uma falta de oxigênio ou nutrientes e também não estão em risco aumentado de morbidade e mortalidade perinatal 4. É fundamental o discernimento entre o baixo peso ao nascimento como conseqüência de retardo de crescimento intra-uterino e aquele resultante de baixo potencial de crescimento inerente (SGA), para que se possa entender e manejar clinicamente o retardo de crescimento intraútero 5. A verdadeira definição de RCIU implica um processo patológico que afeta o crescimento fetal normal e quando comparados com fetos normais da mesma idade, eles EURP 2013; 5(3): 89-94 Ceccato – Biometria fetal apresentam um risco maior de morbidade e mortalidade. Além disso, é preciso que se esteja atento à diferença entre o RCIU simétrico e o assimétrico. A etiologia da RCIU foi separada em 2 grupos distintos, baseados nos dados da biometria fetal. Aproximadamente 20 a 30 % dos fetos restritos são simetricamente pequeno (Tipo1), enquanto que 70% apresentam características clínicas da restrição do crescimento assimétrico (tipo II) 1. RCIU simétrico - todas as medidas da biometria fetal encontram-se a, pelo menos, dois desvios-padrões abaixo da média, crescimento anormal envolvendo todas as medidas biométricas: cabeça, esquelético e abdômen. Estão associados a condições que reduzem o número absoluto de células fetais, como aneuploidia cromossômica ou infecção congênita precoce. RCIU assimétrico- Geralmente se desenvolve em fase mais tardia, com preservação das medidas do fêmur e cabeça, porém há diminuição da circunferência abdominal fetal. Ocorre por um reflexo de armazenamento diminuído de glicogênio, reduzindo o tamanho do fígado e da gordura subcutânea 1. Isto normalmente ocorre associado com a insuficiência útero-placentária e uma redistribuição do sangue fetal aos órgãos vitais, tais como o cérebro referido como “efeito poupador”. Aqui a restrição de crescimento é assimétrica devido a insulto ocorrido no momento em que o crescimento fetal desenvolve pelo crescimento de células, e não um aumento do número de células. Esses fetos exigem um acompanhamento mais próximo, com ultrassom seriado e análise Doppler para avaliar o fluxo de sangue de alguns vasos fetais 2. Critérios Adicionais para Diagnóstico na Variação de Crescimento O diagnóstico para alterações no crescimento fetal deve começar com a avaliação do paciente em risco. Buscar diversos fatores de riscos que possam alterar o desenvolvimento do feto, o qual existe uma gama de fatores que sofrem influências socioeconômicas e ambientais. Tais fatores risco como: doenças crônicas maternas, tabagismo materno, ganho de peso na gravidez, baixo status socioeconômico, mal passado obstétrico, história de natimorto, morte neonatal e RCIU prévia, são critérios para limitar para uma Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives 92 investigação mais apurada e uma vigilância maior no pré-natal. A ultrassonografia com a avaliação da biometria de série é considerada padrão ouro para o diagnóstico e vigilância desses fetos. Para gravidez de risco, o melhor preditor de restrição de crescimento intrauterino é a avaliação seriada do peso fetal ou circunferência abdominal, avaliada pela morfometria neonatal 4. Critérios adicionais de ultrassom para além da biometria tradicional foram desenvolvidos como ferramentas extras para a detecção de RCIU. A relação FL/ AC (comprimento do fêmur e circunferência abdominal) e a relação HC/AC (circunferência da cabeça/ circunferência abdominal), grau placentário e volume do líquido amniótico. Ultrassom pode detectar mudanças na quantidade de líquido amniótico fluido e a placenta, que pode correlacionar com alteração no crescimento. As mudanças no líquido amniótico estão associadas a uma menor perfusão dos rins fetais que podem refletir em uma produção menor de urina fetal e diminuição do liquido amniótico nos casos de RCIU 1.O volume de líquido amniótico é considerado um parâmetro crônico. Uma semana antes de deterioração aguda, 20-30% dos casos têm oligoidrâmnio 4. Uma das mais fortes abordagens para a predição de RCIU é a combinação da biometria com a utilização do Doppler. A maioria dos casos de restrição do crescimento correspondem a casos de insuficiência placentária. Avaliação da função placentária por Doppler da artéria umbilical é um padrão clínico para distinguir entre SGA e RCIU. Essa avaliação pode reduzir significativamente a mortalidade perinatal e indução desnecessárias de trabalho nos fetos pré-termos restritos 4. A Dopplervelocimetria avalia a impedância do fluxo através dos vasos fetais selecionados, para avaliar a condição fetal. Baseia-se na premissa de que a condição fetal é refletida pelas mudanças circulatórias. Os Índices Doppler reflete a resistência ao fluxo de sangue em uma determinada área. Em fetos de hipóxia, o fluxo de sangue preferencialmente é distribuído para o cérebro, glândulas, coração e suprarrenais, desta maneira o feto consegue preservar a oxigenação para o SNC. Os dois locais mais comumentes estudados na circulação fetal são a artéria umbilical e a artéria EURP 2013; 5(3): 89-94 93 Ceccato – Biometria fetal cerebral média. Para complementar o estudo, há também avaliação do sistema venoso fetal que prediz um maior risco de hipóxia e mortalidade. Essas alterações são observadas no ducto venoso e na veia umbilical. O efeito poupador do feto podem ser identificado no Doppler da artéria cerebral média. Localizada no polígono de wills, posicionamos o cursor ao longo da porção proximal do vaso. Onde observamos um fluxo diastólico final aumentado, o que reflete um menor índice de pulsatibilidade ou índice de resistência. Assim como a artéria umbilical (que normalmente funciona com um sistema de baixa resistência) quando há doenças que destroem as artérias musculares placentárias, resultam em uma dificudade para fluir o sangue na artéria umbilical. Assim o índice de resistência aumenta, até que com a progressão da doença altera o fluxo diastólico final para ausente ou até mesmo reverso. Isso demonstra um feto em um estágio avançado de comprometimento placentário. Esses padrões têm sido relatados para estar presente, em média, uma semana antes da deterioração aguda. Até 40% dos fetos com acidose mostram esse padrão de fluxo umbilical4. O ducto venoso é um regulador primário do retorno venoso em todos os fetos. Pode ser obtido a partir do corte trasnversal do abdome, logo após a entrada da veia umbilical. É sensível a alterações na oxigenação independente da função cardíaca. Assim em um quadro de hipoxemia o aumento da pressão venosa central pode ser visto como um aumento no fluxo inverso da díastole. Os fetos com RCIU e acidemia apresentam a onda do ducto venoso anormal, visualizada com a presença dadíastole zero ou reversa. E este sinal Doppler, está associada à mortalidade perinatal, independentemente da idade gestacional no parto. Com um risco entre 60% a 100% em fetos com CIUR precoce. No entanto, a sua sensibilidade para morte perinatal ainda é de 4070% 4. Macrossomia Fetal A definição mais comumente é um feto com peso maior de 4000g, ou peso fetal estimado acima do percentil noventa. Setenta por cento desses RN GIG são constitucionalmente grande e não relacionados com doença, enquanto os outros 30% são presumivelmente causada pela diabetes Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives materna, hiperglicemia durante a gravidez e obesidade materna. A maioria destes bebês são nascidos de mulheres normoglicêmicas. O aumento do peso fetal com diagnóstico de macrossomia acarreta desde mudança na conduta obstétrica até a necessidade de investigação mais apurada da glicemia materna e do recém-nascido. O interesse de investigar o risco de macrossomia é devido à alta taxa de distócia de ombro nestes partos traumáticos2. Assim RCIU e fetos macrossômicos são semelhantes na dificuldade para detectar antes do nascimento. Mas ao contrário de RCIU em que a mortalidade é aumentada, nos fetos macrossômicos não há nenhuma evidência que sua detecção precoce melhore os resultados. Apenas levaria a uma conduta para evitar complicações no parto. No entanto, a identificação correta de desvios do crescimento fetal é imprescindível, o que implica em uma melhor assistência materna, maior número de retornos à consulta médica e, inclusive, a realização de ecografias seriadas de controle2. Considerações Finais Atualmente um rigoroso acompanhamento do desenvolvimento fetal é um dos componentes mais importantes do atendimento pré-natal, onde a identificação precisa dos estados patológicos de crescimento fetal é um aspecto importante da obstetrícia moderna e é fundamental para continuar redução da morbidade perinatal. Quer muito grande, quer muito pequeno para a idade gestacional, Com o alcance e uso de ultrassom fetal medições foram gradualmente estendidos, e vários recursos foram acrescentados para auxiliar na tentativa de estimar o peso fetal e melhorar os extremos. Apesar de não serem perfeitamente precisas, tecnologias de monitoramento de ultrassom e outros melhoraram significativamente a capacidades de seguir anormalidades de crescimento fetal e decidir se a intervenção precoce é necessária ou não. Uma abordagem individual para cada gravidez é recomendada para avaliação do crescimento fetal. Os vários fatores epidemiológicos envolvidos no crescimento fetal devem ser considerados. A biometria de série é o padrão ouro recomendada para avaliar gestações EURP 2013; 5(3): 89-94 Ceccato – Biometria fetal 94 que são de alto risco. No entanto, estudos recentes sugerem a integração do estudo Doppler arterial e venoso para estratificar os fetos em categorias de risco de forma mais eficaz. Com os avanços nos estudos ultrassom tridimensional, aprimoramos nossa habilidade de medir o feto, deste modo também o campo da biometria fetal. Estas mudanças são positivas e ajudarão cada vez mais a melhorar o exame obstétrico. Referências 1. Platz E, Newman R. 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Escola de Ultrassonografia e Reciclagem Médica de Ribeirão Preto (EURP) 1 Recebido em 02/05/2013, aceito para publicação em 09/10/2013. Correspondências: Neves Cláudia Gonçalves Fernandes Departamento de Pesquisa da EURP - Rua Casemiro de Abreu, 660, Vila Seixas, Ribeirão Preto-SP. CEP 14020-060. Fone: (16) 3636-0311 Fax: (16) 3625-1555 Email: [email protected] Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives Abstract Pre-eclampsia is a pregnancy-specific syndrome characterized by the onset of hypertension and proteinuria after 20 weeks gestation. It is believed that its beginning is related to a failure during the establishment of the uteroplacental circulation. Doppler is used to evaluate the uteroplacental circulation, through the evaluation of uterine arteries and the fetal disease by evaluating umbilial artery, middle cerebral artery and ductus venosus. Through this evaluation, we seek to improve pre-natal care of pregnant women at risk of developing preeclampsia. Keywords: Circulation. Pre-Eclampsia; Doppler; Uteroplacental EURP 2013; 5(3): 95-98 96 Neves - Doppler na pré-eclâmpsia Introdução A pré-eclâmpsia é uma síndrome específica da gravidez, caracterizada pelo surgimento de hipertensão arterial e proteinúria após a 20ª semana de gestação. É considerada a principal causa de restrição de crescimento fetal1. A maioria dos casos ocorre em nulíparas, podendo acometer também multíparas com fatores de risco, como pré-eclâmpsia e restrição do crescimento intrauterino em gestação anterior 2. Afeta 2-5% das gestantes e países desenvolvidos e é a maior causa de morbidade e mortalidade materna e perinatal 3. Acredita-se que a má implantação placentária, levando a resistência placentária, contribui na fisiopatologia da pré-eclâmpsia4. Desde as primeiras investigações da circulação fetal através do método Doppler 5, ocorreu a modernização dos métodos de imagem e atualmente o Doppler é utilizado para avaliar várias condições clínicas 6, dentre elas a avaliação de gestantes com risco de desenvolver préeclâmpsia. Esta revisão tem como objetivo avaliar a contribuição do estudo Doppler na investigação de gestantes com risco de desenvolver préeclâmpsia. Etiologia A etiologia da pré-eclâmpsia permanece desconhecida. Muitas teorias já foram sugeridas e o conhecimento atual considera que a placentação anormal provoca o mau desenvolvimento da perfusão uteroplacentária, que então leva ao aumento da resposta inflamatória e disfunção endotelial da síndrome 1. O desenvolvimento da circulação uteroplacentária ocorre com a invasão das células trofoblásticas nas paredes das artérias espiraladas, aumentando o calibre do vaso e reduzindo a pressão no espaço interviloso. Isto deve ocorrer em duas etapas. Já no primeiro trimeste ocorre a primeira onda de invasão trofoblástica, que geralmente está completa até a 13ª semana. A segunda onda ocorre no segundo trimestre e normalmente está completa até a 19ª semana, podendo durar até a 24ª semana 6. Um defeito na invasão trofoblástica leva ao aumento na resistência placentária, o que pode contribuir para a fisiopatologia pra pré-eclâmpsia 4. Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives Quadro Clínico A pré-eclâmpsia é caracterizada pela presença de hipertesão arterial, com pressão arterial sistólica ≥140mmHg e/ou pressão arterial distólica ≥ 90 mmHg e proteinúria significativa, superior a 300mg/L na urina coletada nas 24hrs ou 1+ ou mais de proteínas em fita indicadora. Os sinais surgem após a 20ª semana de gestação e quanto mais precocemente a doença surge, maiores são as chances de gravidade e mau prognóstico materno e fetal. Doppler das artérias uterinas O Doppler das artérias uterinas demonstra através de seus índices se o fluxo uteroplacentário foi estabelecido de maneira adequada. Quando a invasão trofoblástica ocorre de maneira inadequada, o fluxo diastólico final permanece inalterado, e uma incisura muitas vezes está presente 6. Vários estudos foram realizados na última década sugerindo que as mudanças na resistência da artéria uterina detectadas entre o primeiro e segundo trimestres podem predizer o desenvolvimento de pré-eclâmpsia na gestação avançada 7. Quando indetificada a alteração antes da segunda fase de desenvolvimento da placenta, a intervenção terapêutica pode ser capaz de reduzir os efeitos adversos da doença 6. Em um estudo que utilizou as medidas do Doppler das artérias uterinas no início do segundo trimestre para prever o posterior desenvolvimento de pré-eclâmpsia, foi eviendiada pouca sensibilidade da técnica, porém teve utilidade na identificação da deficiência na invasão do trofoblasto, comprometendo severamente o fluxo uteroplacentário e levando ao início precoce da doença. Já outros estudos mostram que o Doppler realizado entre 11 e 14 semanas de gestação tem melhor utilidade para a previsão de parto antes de 32 semanas de gestação 8, 9 e, se realizado no segundo trimestre, poderá indetificar as gestantes que vão desenvolver pré-eclâmpsia ou restrição do crescimento intra-uterino 10. Em um dos estudos foi avaliada a relação das mudanças no índice de pulsatilidade (IP) da artéria uterina entre o primeiro e segundo EURP 2013; 5(3): 95-98 97 Neves - Doppler na pré-eclâmpsia trimestres com o subsequente desenvolvimento da pré-eclâmpsia. Os dados do estudo demonstraram que o melhor índice de predição para pré-eclampsia foi a diferença do IP da artéria unterina entre do segundo trimestre comparado ao primeiro trimestre 2. Doppler da artéria umbilical Na pré-eclâmpsia o fluxo uteroplacentário está comprometido, o que leva a uma baixa oxigenação fetal. Os achados do Doppler da artéria umbilical têm sido considerados um ótimo meio para detectar a hipoxemia fetal, através das variações no formato da onda. Dependo da gravidade do quadro, o componente diastólico da onda pode estar reduzido, ausente ou revertido 6. A presença de anormalidade na onda da artéria umbilical está associada a um mau prognóstico e elevada mortalidade perinatal 11. Em contrapartida, Doppler da artéria umbilical normal em fetos pequenos para a idade gestacional raramente estão associados com morbidade significativa 12. Doppler da artéria cerebral média Quando a insuficiência placentária leva a hipoxemia fetal grave, quimiorreceptores e barorreceptores podem tentar compensar com a redistribuição do fluxo de sangue para manter a perfusão dos órgãos fetais essenciais (coração e cérebro), comprometendo a perfusão de outros órgãos como intestino e rins. O aumento do fluxo sanguíneo no cérebro pode ser detectado pela queda do índice de resistência da artéria cerebral 6. A presença da diminuição na resistência da da artéria cerebral média associada ao aumento na resistência da artéria umbilical é um fenômeno conhecido como centralização fetal. Doppler do Ducto Venoso Quando a redistribuição compensatória do fluxo sanguíneo fetal chega ao seu limite superior, ocorre uma descompensação hemodinâmica que pode ser detectada pela alteração no Doppler do ducto venoso 6. A identificação do ducto venoso anormal requer atenção, já que da estudos mostram que o ducto venoso anormal está fortemente correlacionado com óbito fetal 13. Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives Conclusões A pré-eclâmpsia é uma síndrome específica da gestação que está associada a altos índices de mortalidade materna e perinatal. Sua etiologia não está bem estabelecida, mas acredita-se que falhas na invasão trofoblástica ocasionando deficiência na circulação uteroplacentária estaria diretamente interligada a fisiopatologia da préeclampsia. Através do Estudo Doppler é possível avaliar a circulação uteroplacentária através das artérias uterinas, assim como avaliar o comprometimento fetal através do Doppler da artéria umbilical, artéria cerebral média e ducto venoso. Apesar de ainda não haver uma terapêutica eficaz que impeça o desenvolvimento da pré-eclâmpsia em pacientes de risco, o estudo Doppler pode ajudar na antecipação do diagnóstico, fazendo com que aumente os cuidados durante o pré-natal. Referências 1. Myatt L, Clifton RG, Roberts JM, Spong CY, Hauth JC, Varner MW, et al. The utility of uterine artery Doppler velocimetry in prediction of preeclampsia in a low-risk population. Obstetrics and gynecology 2012;120:(4):815-822. 2. Napolitano R, Melchiorre K, Arcangeli T, Dias T, Bhide A, Thilaganathan B. Screening for pre-eclampsia by using changes in uterine artery Doppler indices with advancing gestation. Prenatal diagnosis 2012;32:(2):180-184. 3. WHO. Make every mother and child count. Available at: http://www.who.int/whr/2005/en/. 4. Bower S, Schuchter K, Campbell S. Doppler ultrasound screening as part of routine antenatal scanning: prediction of pre-eclampsia and intrauterine growth retardation. 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Parra MD, Tuomola M, Cabezas-Herrera J, Ceron JJ. Use of a time-resolved immunofluorometric assay for determination of canine C-reactive protein concentrations in whole blood. American journal of veterinary research 2005;66:(1):62-66. EURP 2013; 5(3): 95-98 Neves - Doppler na pré-eclâmpsia 98 10. Papageorghiou AT, Yu CK, Nicolaides KH. The role of uterine artery Doppler in predicting adverse pregnancy outcome. Best practice & research. Clinical obstetrics & gynaecology 2004;18:(3):383-396. 11. Karsdorp VH, van Vugt JM, van Geijn HP, Kostense PJ, Arduini D, Montenegro N, et al. Clinical significance of absent or reversed end diastolic velocity waveforms in umbilical artery. Lancet 1994;344:(8938):1664-1668. 12. Burke G, Stuart B, Crowley P, Scanaill SN, Drumm J. Is intrauterine growth retardation with normal umbilical artery blood flow a benign condition? Bmj 1990;300:(6731):10441045. 13. Baschat AA, Gembruch U, Harman CR. The sequence of changes in Doppler and biophysical parameters as severe fetal growth restriction worsens. Ultrasound in obstetrics & gynecology : the official journal of the International Society of Ultrasound in Obstetrics and Gynecology 2001;18:(6):571-577. Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives EURP 2013; 5(3): 95-98 Artigo de Revisão Doppler das artérias uterinas no 1° trimestre gestacional e predição de pré-eclâmpsia Uterine artery Doppler in the 1st trimester of pregnancy and prediction of preeclampsia Wellington Luís Alessi 1 A pré-eclâmpsia é uma doença hipertensiva específica gestacional responsável por grande parte da morbimortalidade materno-fetal. Possui critérios diagnósticos bem estabelecidos. Atualmente está sendo subdividida em pré-eclâmpsia de início precoce e pré-eclâmpsia de início tardio. O único tratamento definitivo dessa comorbidade é a interrupção da gestação. Tendo isso como base é de extrema importância utilizar medidas preventivas como a principal medida terapêutica para essa entidade. Portanto o Doppler das artérias uterinas no 1° trimestre tem oferecido excelentes resultados no que diz respeito a rastreamento daquelas gestantes que irão apresentar um risco elevado de desenvolverem pré-eclâmpsia, para assim conseguirmos realizar a profilaxia o mais breve possível, diminuindo as chances de desenvolvimento da doença. Palavras-chave: Pré-Eclâmpsia; Doppler das Artérias Uterinas. Escola de Ultrassonografia e Reciclagem Médica de Ribeirão Preto (EURP) 1 Recebido em 28/08/2013, aceito para publicação em 10/10/2013. Correspondências: Wellington Luís Alessi Departamento de Pesquisa da EURP - Rua Casemiro de Abreu, 660, Vila Seixas, Ribeirão Preto-SP. CEP 14020-060. Fone: (16) 3636-0311 Fax: (16) 3625-1555 Email: [email protected] Abstract Preeclampsia is a hypertensive disorder gestational responsible for a large part of maternal and fetal morbidity and mortality. It has well-established diagnostic criteria. Currently being subdivided into early preeclampsia and late pre-eclampsia. The only definitive treatment of this comorbidity is the termination of pregnancy. With this as a basis is extremely important to use preventative measures as the primary therapeutic measure for that entity. Therefore uterine artery Doppler in the 1st quarter has provided excellent results with regard to tracing those women who will present a high risk of developing preeclampsia, to try to make prophylaxis as soon as possible, reducing the chances of developing 's disease. Keywords: Pre-Eclampsia; Uterine Artery Doppler. Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives EURP 2013; 5(3): 99-103 100 Alessi – Predição da pré-eclâmpsia Introdução A pré-eclampsia (PE) afeta cerca de 2-3% das gestações e é uma das principais causas de mortalidade materna 1. Ela é responsável por 10% dos óbitos fetais e 15% dos nascimentos prematuros 2. Por esses motivos essa é uma doença que possui alto impacto econômico. Sendo assim é de grande valia conseguir uma maneira de predizer de forma adequada àquelas mulheres que terão maior risco de desenvolverem PE. Embora a sua etiologia ainda não esteja totalmente estabelecida, várias linhas de evidência ligam a desordem à má invasão trofoblástica das artérias uterinas espiraladas. Nos últimos anos tem se subdivido a PE, em de início precoce e de início tardio. Ambas se diferenciam não somente pela idade gestacional de surgimento, mas também por possuírem características bioquímicas, histológicas e formas clínicas singulares 3. Portanto, quando se avalia um determinado teste ou a combinação de testes para predição de pré-eclâmpsia uma clara distinção tem de ser feita entre formas clínicas de início precoce e de início tardio. Existem vários marcadores de pré-eclâmpsia, alguns deles são conhecidos no momento pré concepcional e outros se tornam disponíveis a partir do primeiro trimestre. Características demográficas, história familiar, antecedente pessoal obstétrico são alguns dos fatores que quando presentes podem aumentar o risco de desenvolvimento de PE em duas a seis vezes 4. Atualmente os esforços estão sendo todos voltados para determinar um método de rastreio de PE, seja simples ou combinado, que possa predizer ainda no primeiro trimestre àquelas mulheres que terão maior risco de desenvolvimento de PE. Isso por que a maioria dos estudos tem mostrado que os maiores benefícios são alcançados quando a profilaxia para PE é iniciada ainda no primeiro trimestre. Para esse fim o Doppler das artérias uterinas no primeiro trimestre tem papel fundamental, pois além de ser um método não invasivo e de baixo custo, nos recentes estudos vem apresentando os melhores resultados de predição. Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives Doppler das Artérias Uterinas no primeiro trimestre e PE de início precoce Embora responsável por um número relativamente pequeno do total de casos de préeclâmpsia, a variedade precoce, diagnóstico e interrupção gestacional antes das 34 semanas, apresenta os maiores índices de complicações maternas e fetais quando comparada a variedade tardia. Devido ao impacto clínico desproporcional da pré-eclâmpsia precoce, é cada vez maior o interesse no Doppler das artérias uterinas no primeiro trimestre como forma de predição dessa variedade. Estudos vêm demonstrando que quando agregamos mais essa variável, além das já consagradas, para o cálculo de risco de desenvolvimento de PE, esse atinge valores extremamente satisfatórios. Como é o caso do estudo que envolveu 8366 gestações únicas, as quais foram submetidas à medição da espessura da translucência nucal entre 11 + 0 – 13 + 6 semanas de gestação como parte do exame para rastreamento de anomalias cromossômicas no primeiro trimestre 5. Esse estudo considerou os seguintes fatores maternos: idade, índice de massa corporal (IMC), origem racial, história de PE, hipertensão crônica e método de concepção, para desenvolver algoritmos de previsão de PE de início precoce, de início tardio e de hipertensão gestacional. As taxas de detecção estimadas para PE de início precoce, início tardio e para hipertensão gestacional (HG) foram cerca de 47%, 41% e 31%, respectivamente, com 10% de taxa de falso-positivo tendo como base somente os fatores maternos citados anteriormente. A adição do Doppler das artérias uterinas, com o cálculo da média do índice de pulsatilidade (IP) e da média da pressão arterial, aumentou as taxas de detecção para 89,2% (IC 95%, 74,6-96,9%) para a PE de início precoce, 57,0% (IC 95%, 48,0-65,7%) para a PE de início tardio, e 50,0% (IC 95%, 41,458,6%) para HG, para a mesma taxa de falsopositivo. Dessa maneira os autores demonstraram que a dopplervelocimetria das artérias uterinas no primeiro trimestre melhorou significativamente a precisão do diagnóstico para a previsão de PE de início precoce sobre a utilização dos fatores maternos e marcadores históricos convencionais. A utilização do Doppler também melhorou substancialmente a predição de PE de início tardio e hipertensão gestacional. EURP 2013; 5(3): 99-103 101 Alessi – Predição da pré-eclâmpsia Doppler das Artérias Uterinas no primeiro trimestre e PE de início tardio A PE de início tardio é a forma mais prevalente e parece ser uma conseqüência da doença vascular materna com subjacente desequilíbrio metabólico, resultando na deterioração da função placentária mais perto do termo da gestação. Portanto, pode-se prever que no primeiro trimestre a dopplervelocimetria pode ter precisão diagnóstica reduzida para esse subgrupo. Como visto anteriormente, no estudo citado 5, a taxa de detecção para PE de início tardio com base em marcadores maternos convencionais foi de 41%, atingindo uma taxa de cerca de 57%, quando adicionado a dopplervelocimetria das artérias uterinas e a média da pressão arterial, em comparação com 89,2% para a PE de início precoce. Não somente esse estudo, mas outros, também demonstram uma clara associação mais contundente entre o Doppler das artérias uterinas no primeiro trimestre e predição de PE de início precoce do que a de início tardio, fato esse decorrente da própria etiologia diferente dessas duas variedades. Doppler das Artérias Uterinas no primeiro trimestre e Marcadores Bioquímicos O desenvolvimento da pré-eclampsia se caracteriza por um desequilíbrio de fatores maternos angiogênicos e antiangiogênicos 6, 7. Variações nas concentrações séricas de marcadores relacionados à angiogênese ocorrem bem antes do desenvolvimento clínico da doença. As medições de marcadores bioquímicos no soro materno, em combinação com Doppler das artérias uterinas, tem sido, portanto, proposto para melhorar a detecção precoce de PE. Vários marcadores têm sido testados para a predição de pré-eclâmpsia. Entre eles estão produtos de origem fetal e placentária, marcadores de insuficiência renal ou de danos do endotélio, marcadores de estresse oxidativo e fatores angiogênicos. A inibina A parece ser o melhor parâmetro, com razões de verossimilhança positiva e negativa para a pré-eclâmpsia de 7,14 e 0,7, quando medida antes das 16 semanas de gestação 8. Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives Outro marcador de primeiro trimestre que tem sido proposto para a predição de PE de início precoce é o PP-13. O valor do rastreio de PE de início precoce combinando o Doppler das artérias uterinas no primeiro trimestre com a concentração sérica da proteína PP-13 foi evidenciado em um estudo de caso-controle prospectivo 9. Nesse estudo foram avaliadas gestações de 11 + 0 – 13 + 6 semanas. O IP do Doppler das artérias uterinas e a concentração sérica de PP-13 foram medidos em 10 mulheres que posteriormente desenvolveram PE de início precoce necessitando de interrupção da gestação antes das 34 semanas, e em 423 controles. A mediana do IP da artéria uterina foi significativamente maior (P <0,001) e a mediana do soro PP-13 foi significativamente inferior (P <0,001) nos casos, em comparação com os controles. Usando um limiar de taxa de detecção de 90%, a taxa de falso-positivos para PP-13 foi de 12%, para o IP Doppler da artéria uterina foi de 31%, e quando combinando as duas medições essa caiu para 9%. Para uma taxa fixa de falsos positivos de 10%, as taxas de detecção foram de 80% para o PP-13 (IC 95%, 44-98%), 40% para o IP (95% CI,12-74%), e 90% para os marcadores combinados (IC 95%, 55-100%). O fator de crescimento placentário (PLGF) é um fator de crescimento angiogênico relacionado ao fator vascular de crescimento endotelial e é exclusivamente produzido pelos trofoblastos. Em gestações normais, os níveis de PLGF aumentam no decorrer da gestação. Diminuição dos níveis de PLGF tem sido consistentemente encontrado, quando há o desenvolvimento posterior de PE10. Em 2008, AKOLEKAR E ZARAGOZA et al, mensuraram os níveis de PLFG entre 11 e 13 semanas 6 dias em combinação com o IP Doppler das artérias uterinas em 127 gestantes que desenvolveram PE 6, 7. Dessas, 29 tiveram PE de início precoce com interrupção da gestação antes das 34 semanas e 98 tiveram PE após as 34 semanas. Ainda houve 88 casos com hipertensão gestacional. O grupo controle continha 609 casos normais. Doppler das artérias uterinas IP teve uma sensibilidade (IC 95%) de 69,0% (49,2-84,7) para a previsão de PE de início precoce, com uma taxa de falso-positivo de 5%. A adição dos valores de PLGF melhorou essa sensibilidade (95% CI) para 75,9% (56,5-89,7). Para PE tardia, não houve diferença significativa de sensibilidade a adição dos valores do PLFG. EURP 2013; 5(3): 99-103 102 Alessi – Predição da pré-eclâmpsia Inibina-A é um heterodímero produzido pelo tecido trofloblástico que quando em níveis elevados no primeiro trimestre aumenta o risco de Síndrome de Down. Esses níveis elevados têm sido também relacionados com acréscimo de risco de desenvolvimento de PE. Alguns estudos demonstram claramente que quando a inibina-A é combinada com o IP Doppler das artérias uterinas a taxa de predição para PE, principalmente a de início precoce, é substancialmente maior quando comparada a realização somente da medida sérica materna da inibina-A 6. Outra glicoproteína, também produzida pelas células trofoblásticas, que quando encontra-se em baixos níveis no primeiro trimestre correlaciona-se com o risco aumentado de desenvolvimento subsequente de PE, é a PAPP-A. Da mesma forma que a inibina-A, quando combinada com IP Doppler das artérias uterinas a predição para PE é mais sensível do que quando mensurada isoladamente. Podemos concluir que esses marcadores bioquímicos quando medidos no primeiro trimestre podem ser combinados com as informações oriundas do Doppler das artérias uterinas, aumentando assim a acurácia para predição de PE. Doppler das Artérias Uterinas no primeiro trimestre e profilaxia para PE O real valor do desenvolvimento de testes de triagem, como os expostos acima, para distúrbios dos quais ainda não há uma terapia reconhecidamente eficaz para sua prevenção, é frequentemente questionado. Dados recentes que sugerem a eficácia do uso de aspirina iniciada precocemente têm aumentado o otimismo em relação à prevenção de PE. Na realidade, ainda há considerável discrepância entre os resultados dos estudos randomizados que avaliam o ácido acetilsalicílico (AAS) para profilaxia de PE. Essa variabilidade pode ser atribuída a alguns fatores, como diferenças de risco basal das participantes, idade gestacional na randomização, e diferenças na dosagem de AAS usado para a prevenção, entre outros. Apesar dessa diferença de resultados, revisões recentes sugerem um benefício geral da profilaxia com AAS na redução de desenvolvimento de distúrbios hipertensivos da gravidez. Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives Em 2007, Duley et al. realizaram uma metaanálise de todos os ensaios clínicos randomizados11, comparando agentes antiplaquetários com placebo ou com nenhum agente antiplaquetário para a prevenção de vários resultados adversos da gravidez, incluindo síndromes hipertensivas e pequeno para idade gestacional ao nascimento (PIG). As mulheres foram estratificadas, com base em seu risco basal e AAS foi iniciado em várias idades gestacionais, não sendo limitado o seu uso ao primeiro trimestre de gravidez. Cinquenta e nove ensaios foram avaliados (37.560 mulheres). A administração de AAS reduziu significativamente hipertensão gestacional em mulheres de alto risco RR (IC de 95%), 0,54 (0,41, 0,70), e, também reduziu significativamente a freqüência de PE em mulheres de risco moderado, RR (IC 95%), 0,86 (0,79, 0,95), e nas mulheres de alto risco, RR (IC 95%), 0,75 (0,66, 0,85). A freqüência de PIG foi reduzida em mulheres de risco moderado, RR (IC 95%), 0,91 (0,83, 0,99). Esse estudo demonstrou uma maior eficácia para a profilaxia quando a terapia com baixas doses de ácido acetilsalicílico foi iniciada antes de 20 semanas de gestação. Estudos sugerem que para a eficácia ideal, a profilaxia deve ser iniciada no primeiro trimestre, antes da invasão trofoblástica estar completa. Baixas doses de ácido acetilsalicílico, quando iniciadas entre 12 a 14 semanas de gestação, em gestantes de alto risco reduzem significativamente a incidência de hipertensão induzida pela gravidez e especialmente hipertensão com proteinúria 12. Conclusões Como já mencionado, a doença hipertensiva gestacional, em suas variadas formas, continua sendo uma das principais causas de morbimortalidade materno-fetal. Alto custo para os cofres públicos é observado em decorrência do difícil tratamento e diagnóstico dessa entidade. Assim sendo, todo esforço que é realizado para se obter dados que possam aprimorar a sua predição é inegavelmente justificável. A partir dos estudos já realizados e dos vários outros em andamento, fica claro que a capacidade de rastrear aquelas gestantes que apresentarão um risco aumentado de desenvolver algum distúrbio hipertensivo gestacional é aumentada EURP 2013; 5(3): 99-103 103 Alessi – Predição da pré-eclâmpsia quando utilizamos os métodos disponíveis de predição em conjunto. O Doppler das artérias uterinas no primeiro trimestre vem somar às outras variáveis de rastreio no que diz respeito à predição da doença hipertensiva gestacional, principalmente naquela de início precoce, melhorando dessa maneira o seu desfecho. O fato mais importante é o qual tangencia justamente poder iniciar medidas terapêuticas precocemente, visto que só assim será atingido o real benefício, ou seja, a profilaxia com agentes plaquetários somente tem valor ideal quando iniciada antes da invasão trofoblástica estar completa, o que ocorreria até o término do primeiro trimestre. Portanto, o uso dessa ferramenta, não invasiva, associada ou não há outros métodos, pode ser de extrema valia na predição de distúrbios hipertensivos gestacionais, justamente por alcançarmos melhores taxas de profilaxia quando essa se faz ainda no primeiro trimestre gestacional. 8. Morris RK, Cnossen JS, Langejans M, Robson SC, Kleijnen J, Ter Riet G, et al. Serum screening with Down's syndrome markers to predict pre-eclampsia and small for gestational age: systematic review and meta-analysis. BMC pregnancy and childbirth 2008;8:33. 9. Nicolaides KH, Bindra R, Turan OM, Chefetz I, Sammar M, Meiri H, et al. A novel approach to first-trimester screening for early pre-eclampsia combining serum PP-13 and Doppler ultrasound. Ultrasound in obstetrics & gynecology : the official journal of the International Society of Ultrasound in Obstetrics and Gynecology 2006;27:(1):13-17. 10. Dugoff L, Lynch AM, Cioffi-Ragan D, Hobbins JC, Schultz LK, Malone FD, et al. First trimester uterine artery Doppler abnormalities predict subsequent intrauterine growth restriction. American journal of obstetrics and gynecology 2005;193:(3 Pt 2):1208-1212. 11. Duley L, Henderson-Smart DJ, Meher S, King JF. Antiplatelet agents for preventing pre-eclampsia and its complications. The Cochrane database of systematic reviews 2007;(2):CD004659. 12. Vainio M, Riutta A, Koivisto AM, Maenpaa J. Prostacyclin, thromboxane A and the effect of low-dose ASA in pregnancies at high risk for hypertensive disorders. Acta obstetricia et gynecologica Scandinavica 2004;83:(12):1119-1123. Referências 1. WHO. Risking death to give life. 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Ultrasound in obstetrics & gynecology : the official journal of the International Society of Ultrasound in Obstetrics and Gynecology 2009;34:(5):497-502. 6. Akolekar R, Minekawa R, Veduta A, Romero XC, Nicolaides KH. Maternal plasma inhibin A at 11-13 weeks of gestation in hypertensive disorders of pregnancy. Prenatal diagnosis 2009;29:(8):753-760. 7. Akolekar R, Syngelaki A, Beta J, Kocylowski R, Nicolaides KH. Maternal serum placental protein 13 at 11-13 weeks of gestation in preeclampsia. Prenatal diagnosis 2009;29:(12):1103-1108. Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives EURP 2013; 5(3): 99-103 Artigo de Revisão O papel da ultrassonografia nos nódulos de tireoide The role of ultrasound in thyroid nodules André Luiz Carvalho de Vasconcelos 1 Resumo É muito comum o aparecimento de nódulos na tireoide, os quais provocam bastante preocupação na população em geral. A frequência de descoberta de nódulos na tireoide está aumentando dia após dia e na maioria dos casos a descoberta se dá por acaso, levando os pacientes a se preocuparem e procurarem cada vez mais ajuda médica. Essa descoberta causa preocupações exacerbadas, na maioria das vezes desnecessárias, pois apenas uma pequena parcela desses nódulos é maligna. A realização de exames diagnósticos tem grande importância na tentativa de diferenciar um nódulo de características benignas das de um nódulo maligno. Um dos exames que possui importância primordial é a ultrassonografia cervical. Ela mostra através de parâmetros confiáveis as características dos nódulos, indicando quais devem prosseguir com avaliação diagnóstica adequada. Palavras-chave: Tireóide; Ultrassonografia; Nódulo da Glândula Tireoide Escola de Ultrassonografia e Reciclagem Médica de Ribeirão Preto (EURP) 1 Recebido em 25/11/2013, aceito para publicação em 04/12/2013. Correspondências: Vasconcelos André Luiz Carvalho de Departamento de Pesquisa da EURP - Rua Casemiro de Abreu, 660, Vila Seixas, Ribeirão Preto-SP. CEP 14020-060. Fone: (16) 3636-0311 Fax: (16) 3625-1555 Email: [email protected] Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives Abstract The discovery of thyroid nodules is very common, which cause great concern in the general population. The rate of discovery of thyroid nodules is increasing day by day and, in most cases, the discovery occurs by chance, leading patients to be concerned and seek medical help more and more. This discovery causes exacerbated concerns, mostly unnecessary, since only a small portion of these nodules are malignant. The performance of diagnostic tests is very important in trying to differentiate a benign nodule from a malignant nodule. One of the tests that have primary importance is cervical ultrasonography. It shows through reliable parameters characteristics of nodules, indicating what should proceed with appropriate diagnostic evaluation. Keywords: Thyroid ; Ultrasonography; Thyroid Nodule EURP 2013; 5(3): 104-108 105 Vasconcelos – Nódulos de tireoide Introdução Nódulo de tireóide (NT) pode ser definido como qualquer lesão macroscópica distinguível no parênquima tireoideano normal. Esses nódulos possuem tamanhos variáveis, desde aqueles grandes o bastante para já serem percebidos em uma simples inspeção clínica até àqueles tão pequenos, detectáveis apenas por algum método de imagem. Por se tratar de uma patologia muito frequente, NT é uma das doenças endocrinológicas mais comuns em todo o mundo 1 e, embora tenha uma alta prevalência, a morbidade e a mortalidade provocada por ela é baixa já que cerca de 80 % dos nódulos são benignos. O papel da Ultrassonografia é de extrema importância na detecção desses nódulos, visto ser este um exame relativamente rápido, eficaz, não invasivo, de baixo custo e que está cada vez mais acessível à população em geral. Este trabalho tem a função de ilustrar o quão comum e eficiente é a detecção de NTs e a importância do acompanhamento deles através de exames ultrassonográficos. Prevalência de Nódulos Tireoideanos Uma grande parcela da população que descobre que tem um NT o faz por acaso. Geralmente, quando vão fazer exames de imagens de rotina ou para pesquisar outras doenças, acabam por encontrar um NT. A porcentagem de pessoas com NT tem aumentado ultimamente, entretanto este aumento não está associado à elevação da mortalidade e nem a maior incidência de câncer, mas sim a um maior e melhor acesso da população a agentes de saúde (médicos, enfermeiros, técnicos), a exames de imagens (ultrassonografia) e a aparelhos com melhores resoluções. Exames ultrassonográficos são muito mais sensíveis que os de palpação, detectando NT de qualquer tamanho em até 67% da população em geral 2. A grande maioria dos NT é causado por doenças benignas (80% casos), outros por NEO foliculares benignas (10% casos) e somente 5-10% é por CA. Logo se vê que várias doenças da tireoide (como bócios coloides, adenomas, adenocarcinomas, cistos e tireoidites) podem se manifestar em algum estágio de sua evolução como um nódulo. Um dos estudos mais conhecidos sobre a prevalência de NT foi realizado pela Mayo Clinic Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives em 1955 a partir de dados retirados de autópsias, onde foram encontrados NT em cerca de 50% das 821 autópsias realizadas em pacientes sem evidência de doença tireoideana. Estudos epidemiológicos mostram uma maior prevalência de NT palpáveis em mulheres que em Homens (5 a 10% contra 1 a 2%)1, 3. Embora não exista diferença na predominância de câncer de tireoide entre o sexo feminino e o sexo masculino 4, 5. Avaliação Clínica A grande maioria dos pacientes só procura um médico quando percebe um grande nódulo palpável no pescoço ou quando um nódulo é encontrado ocasionalmente em algum exame de imagem. Somente a partir dessa descoberta, ocasional, é que se vai iniciar a pesquisa e acompanhamento do NT. Como dito anteriormente, a maioria dos NT são ocasionados por doenças benignas e dados da história clínica e do exame físico do paciente são muito importantes para ajudar a prever uma maior probabilidade de ter uma doença maligna (5 a 10% dos NT). São achados importantes do exame físico e história clínica que aumentam a probabilidade de malignidade 6, 7: sexo masculino (17% x 8% mulher), idade <20 anos e >70 anos, paralisia de cordas vocais*, disfagia, disfonia, aderência do nódulo a outras estruturas, linfadenopatia cervical*, nódulos mais endurecidos, nódulos que estejam aumentando de tamanho, nódulos maiores que 4,0 cm(19,3% malignidade), pacientes que receberam irradiação externa prévia na região cervical ou cabeça na infância ou adolescência, história familiar de câncer medular de tireoide ou neoplasia endócrina múltipla. Os achados clínicos marcados com * apresentam valores preditivos de 100% para carcinoma de tireoide 8. Exames laboratoriais A maior parte dos pacientes que possuem algum nódulo na tireoide são eutireoideanos e os exames mais fáceis e rápidos de comprovar isso são os laboratoriais. Os exames frequentemente usados para acompanhamento de doenças tireoideanos são: níveis sérico de tirotrofina (TSH); tiroxina total ou livre (T4); triiodotironina total (T3); calcitonina. O primeiro exame a ser pedido deve ser o TSH, e se este estiver com alguma alteração em seus valores segue-se pedindo em sequência o T4 EURP 2013; 5(3): 104-108 106 Vasconcelos – Nódulos de tireoide e T3 para um melhor diagnóstico e conduta do caso. Adicionalmente pode-se pedir o hormônio calcitonina, o qual deve ser pedido somente nos casos em que o paciente tenha história familiar de: carcinoma medular de tireóide, Neoplasia endócrina múltipla tipo 2A ou B, feocromocitoma ou hiperparatireoidismo(Elisei R, 2004). Até porque a Calcitonina sozinha não ajuda a distinguir doenças benignas das doenças malignas 9. Cintilografia É um exame que tem a função de captar radioisótopos emitidos pela glândula tireoidiana, e com isso saber se os NT são hiperfuncionantes (quentes). Seu uso está sendo cada vez mais limitado, pois possui um valor diagnóstico um tanto limitado para NT iso ou hipo funcionantes (frios). Como a grande maioria dos NT são frios e destes somente a minoria (cerca de 5%) são hiperfuncionantes (quentes), e os nódulos quentes frequentemente são benignos. Já os nódulos frios, que não são captados pela cintilografia, tem uma probabilidade de 10 a 20% de risco de malignidade 4, 10, 11. Tomografia Computadorizada e Ressonância Nuclear Magnética Tanto a Tomografia Computadorizada (TC) quanto a Ressonância Nuclear Magnética(RNM) são exames caros, demorados e de difícil acesso para a grande maioria da população não servindo assim para serem exames iniciais para avaliação dos NT. Ultrassonografia Cervical É o exame de imagem de escolha para diagnóstico e estudo de NT. A emergência da ultrassonografia (US) como sendo um exame relativamente rápido, barato, de fácil disponibilidade, não invasivo e eficaz, modificou muito a prática médica com relação ao diagnóstico diferencial e seguimento dos NT. No início, o uso da US permitia somente diferenciar lesões de conteúdo cístico das lesões sólidas. Com o advento da melhoria tecnológica, melhores transdutores de alta frequência e melhor treinamento dos médicos, hoje já se tem condição de avaliar com segurança várias outras características ecográficas dos NT, como serão mostradas adiante. Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF) A PAAF ainda é o método mais importante para detecção de malignidade e indicação cirúrgica nos NTs. É um método rápido, não tão caro, bem tolerado e que possui um baixo índice de complicações. O preferível seria que a PAAF sempre fosse realizada e guiada por US, pois melhoraria a precisão do seu diagnóstico visto que diminuiria o número de espécimes inadequada coletados 12. A PAAF pode ter como resultados citopatológicos: benigno, maligno, indeterminado (suspeita de malignidade) ou não-diagnosticado, e para cada um deles o tipo de seguimento que vai ser tomado com relação ao NT é diferente. Marcadores tumorais de citologia da tireoide São exames bastante novos e ainda pouco utilizados na propedêutica clínica diária dos NT. Com um melhor aprimoramento, um maior acesso e uma maior utilização, os Marcadores Tumorais são uma ótima promessa de que no futuro o diagnóstico diferencial de NT malignos e benignos se tornem bem mais seguro. O papel da ultrassonografia nos nódulos tireoidianos A ultrassonografia desempenha hoje papel de rotina na prática médica diária, tanto para o rastreamento e avaliação de pacientes assintomáticos quanto para o acompanhamento e avaliação de pacientes com qualquer tipo de NT. É o exame de imagem de escolha para NT, pois é um excelente método, com sensibilidade de aproximadamente de 95% 7, superior a da TC e da RNM 13. A ultrassonografia tem condições de avaliar diversas características dos NT, desde o seu tamanho até servir como guia para procedimentos diagnóstico (PAAF), terapêuticos (aspiração de cistos, injeção de etanol) e monitorização de crescimento dos NT 5. Hoje em dia, com o aumento de investimentos na área médica, com a melhora tecnológica, uso de transdutores mais potentes e melhores treinamentos aos profissionais médicos, os exames de US são capazes de avaliar os NT sob várias características ecográficas, como: ecotextura, ecogenicidade, limites (bordas), presença ou não de Halo, sinais de degeneração cística, presença ou não de calcificações e avaliar também como se comporta o padrão vascular dos NT e quantificar o IR e IP através do estudo EURP 2013; 5(3): 104-108 107 Vasconcelos – Nódulos de tireoide Doppler, permitindo assim que um ultrassonografista experiente possa avaliar melhor sinais sugestivo de benignidade e malignidade. São critérios positivos para benignidade 14: • Nódulos anecóicos, isoecóicos ou hiperecóicos; • Presença de Macrocalcificações; • Bordas regulares; • Margens não infiltrativas; • Ausência de Linfonodos cervicais anormais; • Halo fino; • Alterações císticas de grande monta; • Ausência ou vascularização periférica ao Doppler. São critérios positivos para malignidade 14: • Nódulos sólidos e ausência de elementos císticos; • Hipoecogenicidade; • Presença de microcalcificações; • Bordas irregulares; • Margens infiltrativa; • Linfonodos cervicais anormais; • Ausência de halo e/ou presença de halo espesso e irregular; • Presença de vascularização predominantemente interna ou central; • IR aumentado. Nos casos em que a realização do US mostre um NT de tamanho maior que 1,0 cm ou encontre algum critério de malignidade para o NT estudado, deve ser realizado uma PAAF para uma melhor avaliação diagnóstica desse nódulo. Nos casos onde o resultado citológico da PAAF for benigno, pode-se fazer com segurança o acompanhamento destes pacientes com exames de US anualmente e, ocorrendo qualquer modificação no tamanho e/ou nas características ecográficas do NT, deve ser realizada uma nova PAAF. Connclusões Os NT são a patologia tireoidiana mais comum, a maioria é encontrada de forma incidental. A grande maioria dos NT é benigna e só uma pequena parte é maligna. Existem muitos métodos de diagnósticos para lesões nodulares da tireoide, entretanto o exame de imagem de escolha é a ultrassonografia. Nos dias atuais, o papel da Ultrassonografia é de extrema importância, por ser este um exame relativamente rápido, eficaz, não invasivo, de Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives baixo custo, que está cada vez mais acessível à população em geral e praticamente não possui contraindicações. Com o aumento dos investimentos na área da saúde e a melhora tecnológica, os atuais exames de US possuem um alto grau de sensibilidade e confiabilidade, apresentando melhores condições de avaliar várias características dos NT fazendo com que os próximos passos a serem tomados para seguimento dos nódulos vai depender destas características encontradas pelo US. O Acompanhamento de Nódulos benignos detectados pela PAAF pode ser feito seguramente através de exames de US anual onde, ocorrendo qualquer modificação no tamanho e/ou nas características ecográficas do NT, deve ser realizada uma nova PAAF. Visto isso, a realização de exames ultrassonográficos é de suma importância para diagnóstico e seguimento dos NT. Referências 1. Welker MJ, Orlov D. Thyroid nodules. American family physician 2003;67:(3):559-566. 2. Ezzat S, Sarti DA, Cain DR, Braunstein GD. Thyroid incidentalomas. Prevalence by palpation and ultrasonography. Archives of internal medicine 1994;154:(16):1838-1840. 3. Zeiger MA, Dackiw AP. Follicular thyroid lesions, elements that affect both diagnosis and prognosis. Journal of surgical oncology 2005;89:(3):108-113. 4. Eng CY, Quraishi MS, Bradley PJ. Management of Thyroid nodules in adult patients. Head & neck oncology 2010;2:11. 5. Maia AL, Ward LS, Carvalho GA. MAIA, et al. Nódulos de Tireóide e Câncer Diferenciado de Tireóide: Consenso Brasileiro Arq Bras Endocrinol Metab 2007;51:(5):867-893. 6. Ferrone S, Marincola FM. Loss of HLA class I antigens by melanoma cells: molecular mechanisms, functional significance and clinical relevance. Immunology today 1995;16:(10):487-494. 7. Hegedus L. Clinical practice. The thyroid nodule. The New England journal of medicine 2004;351:(17):1764-1771. 8. Raza SN, Shah MD, Palme CE, Hall FT, Eski S, Freeman JL. Risk factors for well-differentiated thyroid carcinoma in patients with thyroid nodular disease. 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Arquivos brasileiros de endocrinologia e metabologia 2007;51:(5):867-893. 12. Danese D, Sciacchitano S, Farsetti A, Andreoli M, Pontecorvi A. Diagnostic accuracy of conventional versus sonography-guided fine-needle aspiration biopsy of thyroid nodules. Thyroid : official journal of the American Thyroid Association 1998;8:(1):15-21. 13. Yamazaki CA, Mamone MCM, E.S. I. Incidência de Malignidade na Doença Nodular da Tiróide Com Baixa Suspeita Clínica: Estudo Observacional Prospectivo por Dois Anos Numa Coorte de 50 Pacientes. Arquivos brasileiros de endocrinologia e metabologia 48:(2):282-293. 14. Lew JI, Rodgers SE, Solorzano CC. Developments in the use of ultrasound for thyroid cancer. Current opinion in oncology 2010;22:(1):11-16. Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives EURP 2013; 5(3): 104-108 Artigo de Revisão Importância da ecografia da valva mitral Importance of mitral valve ultrasound Dugarth Amado Nina Garcia 1 Resumo A ecocardiografia é um método de investigação fundamental e de acompanhamento clínico. Apresenta-se como um método de estudo anatômico cardíaco não-invasivo, não-radiativo, com alta reprodutibilidade, fácil acesso, baixo custo e alta correlação com métodos hemodinâmicos. Ao longo de seu desenvolvimento apresenta modalidades diferentes como o modo M, bidimensional, tridimensional, transesofágico, análise de fluxo por Doppler pulsado e contínuo, mapeamento de fluxo em cores e ecocardiograma de estresse. O diagnóstico de estenose mitral é baseado na história clínica, exame físico e ecocardiograma como padrão-ouro assim como no prolapso de valva mitral. O ecocardiograma é sensível para diagnosticar insuficiência mitral e quantificar. Este artigo tem como objetivo revisar a importância da ecocardiografia na válvula mitral e abordar os principais métodos ecocardiográficos. Palavras-chave: Ultrassonografia; Estenose Mitral; Regurgitação Mitral; Prolapso da Válvula Mitral. Escola de Ultrassonografia e Reciclagem Médica de Ribeirão Preto (EURP) 1 Recebido em 30/05/2013, aceito para publicação em 15/10/2013. Correspondências: Dugarth Amado Nina Garcia Departamento de Pesquisa da EURP - Rua Casemiro de Abreu, 660, Vila Seixas, Ribeirão Preto-SP. CEP 14020-060. Fone: (16) 3636-0311 Fax: (16) 3625-1555 Email: [email protected] Abstract Echocardiography is a method of basic research and clinical monitoring. It is presented as a method of anatomical study cardiac non-invasive, non-radiative, with high reproducibility, easy access, low cost and high correlation with hemodynamic methods. Throughout its development presents different modalities such as Mmode, two-dimensional, three-dimensional transesophageal flow analysis by pulsed and continuous Doppler, color flow mapping and stress echocardiography. The diagnosis of mitral stenosis is based on clinical history, physical examination and echocardiography as the gold standard as well as in mitral valve prolapse. Echocardiography is sensitive to diagnose and quantify mitral regurgitation. This article aims to review the role of echocardiography in mitral valve and address the main methods. Keywords: Ultrasonography; Mitral Stenosis; Mitral Regurgitation; Mitral Valve Prolapse [ Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives EURP 2013; 5(3): 109-114 110 Garcia – Ecografia da valva mitral Introdução Estenose mitral (EM) por doença reumática e menos comumente por LES 1, artrite reumatoide, amiloidose, calcificação do anel, mixoma atrial esquerdo e a estenose mitral congênita 2 a ecocardiografia permite a avaliação anatômica, fisiopatológica, a indicação terapêutica, a monitorização intra-operatória e o seguimento clínico 3, 4, como a área valvar mitral 5. Estenose mitral (EM) O ecocardiograma é o padrão ouro para confirmar a EM e a pressão da artéria pulmonar 6. Ecocardiograma unidimensional (Modo M) Observa-se aumento da ecogenicidade dos folhetos, com diminuição da excursão e da separação dos folhetos e retificação da rampa E-F mitral de interesse histórico que clinico. O sinal patognomônico é a movimentação anterior da válvula posterior que se movimenta junto com a válvula anterior na diástole 7. Ecocardiograma bidimensional No corte paraesternal longitudinal e apical de 4 câmaras avalia-se espessamentos, calcificação e comprometimento subvalvar. Observa-se fusão comissural com imagem em cúpula, abertura em dome, ou válvula anterior em forma de bastão de hóquei 4 e no corte paraesternal transversal imagem em “boca de peixe” 7. Doppler pulsátil e continuo Observa-se aumento das velocidades de fluxo através da valva mitral, com maior tempo de desaceleração da onda E. Aferição da velocidade de pico de onda E não deve ser utilizada como indicativo de EM, pois é aumentada na IM 7. Mapeamento de fluxo em cores (MFC) Observa-se aumento das velocidades, fluxo turbulento após a estenose com a presença de mosaico em cores. Identifica a direção do jato diastólico turbulento facilitando a colocação do cursor do Doppler contínuo separando o jato da insuficiência aórtica e da IM 7. Calcificação do Anel Mitral Comum em idosos é maior a ecogenicidade no anel posterior resultando em IM discreta a moderada. A área fibrosa entre a raiz aórtica e a válvula mitral raramente e calcificada 6. Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives Quantificação da gravidade da estenose mitral: determinação da área valvar mitral Planimetria do orifício valvar Por ecocardiograma bidimensional delimita-se a borda interna do orifício no corte paraesternal transversal 7. Área valvar de 1,5 a 2 cm estima-se estenose leve; de 1 a 1,5 cm estenose moderada e < 1 cm estenose importante (Tabela 1). Tabela 1. Categorização da gravidade da EM. Parâmetros Discreta Grave Moderada GM (mmHg) <5 > 10 6a9 PP (mmHg) < 30 > 50 31 a 49 AV (cm²) >1,6 a 2,0 < 1,0 1,1 a 1,5 GM: Gradiente médio; PP: Pressão pulmonar; AV: Área valvar. Pelo tempo de meia pressão (PHT= pressure half-time) Mais empregado na prática clínica. O cálculo da área valvar baseia-se no princípio de que a taxa de declínio da pressão através do orifício estenótico é determinada pela sua área seccional: quanto menor a área mais lenta a queda de pressão 8. O PHT é definido como o intervalo de tempo (em milésimos de segundos) entre gradiente transmitral diastólico inicial máximo e o ponto onde a gradiente de pressão é igual à metade do valor máximo 8, 9. Comparando o Doppler com dados obtidos invasivamente, utilizando a fórmula de Gorlin determinaram uma relação linear, que um PHT de 220 ms corresponde a um área valvar de 1 cm² (CHEN, 1991): AVM (cm)=220/PHT 8. Equação de continuidade Afirma que o fluxo em todos os pontos de um tubo é constante e igual ao produto da velocidade media e a área. A fórmula é: área valvar mitral = π x r x VTI x VSVE / VTI transmitral 8. Fornece a área afetiva e não a área anatômica. Método da superfície de isovelocidade proximal (PISA=proximal isovelocity surface area) Próximo da estenose o fluxo de sangue acelera em camadas e forma-se uma hemisfera. A área da estenose é determinada a partir do fluxo de sangue que passa pelo orifício estenótico, EURP 2013; 5(3): 109-114 111 Garcia – Ecografia da valva mitral dividindo-se o fluxo instantâneo pela velocidade instantânea. Superior ao PHT e a equação de continuidade na insuficiência aórtica. A medida é trabalhosa. A fórmula é: Área valvar mitral = (2ᴫr²) x (α/180) x (Vn/Vpico) 7. Medida do gradiente transvalvar mitral Fornece informações funcionais da lesão estrutural em bidimensional. O gradiente transvalvar mitral é calculado pela equação de Bernoulli modificada: Gradiente de pressão = 4V² 7. Estima-se estenose discreta < 5 mmHg, moderada 5 a 15 mmHg e grave > de 15 mmHg 7. Tabela 2. Escore ecocardiográfico para avalição da valva mitral pré-valvoplastia com balão. Grau Mobilidade Acometimento do Espessamento Calcificação aparato sub-valvar 1 A mobilidade das Espessamento mínimo, Cúspides com Aumento a cúspides apresenta-se logo abaixo das espessura normal o ecogenecidade em preservada, com cúspides. minimamente uma única área. restrição observada espessado (4-5 mm) somente nas suas extremidades 2 3 Mobilidade normal na Espessamento das Espessamento maior Áreas esparsas de base das cúspides cordas que se estende ate nas extremidades da ecogenicidade um terço da extensão cúspide (9-8 aumentada restritas à proximal das cordas mm),porem as bases margem das são poupadas cúspides. As valvas só se Espessamento subvalvar Espessamento maior As áreas de moveram - menta se estendendo até o terço que se estende por ecogenicidade se anteriormente durante a distal das cordas. toda a cúspide (5-8 estendem para a mm) porção media das diástole, principalmente em sua porção mais cúspides. basal 4 Mobilidade ausente ou Espessamento acentuado Espessamento Aumento importante mínima das cúspides na de todas as estruturas do acentuado de toda a da ecogenicidade em diástole. aparato subvalvar se cúspide (>8-10 mm) toda a valva estendendo para músculos papilares Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives EURP 2013; 5(3): 109-114 Garcia – Ecografia da valva mitral 112 Tabela 3. Insuficiência mitral aguda x crônica. Parâmetro Etiologia (exemplos) Tamanho do VE Aguda Crônica EI, ruptura de cordoalha, ruptura Doença valvar mixomatosa ou de músculo papilar. reumática, dilatação anular. Normal Dilatação Função sistólica do VE Hiperdinâmica Tamanho do AE Normal Doppler contínuo Declínio sistólica. tardio Inicialmente hiperdinâmica pode ficar normal o deprimida com a doença em fase avançada. Dilatado da Ecocardiografia transesofagica Indicada quando não há janela transtorácica, na endocardite, trombo no apêndice atrial esquerdo, e na valvotomia por balão 7. Ecocardiografia tridimensional Obtêm várias imagens da valva durante a planimetria permitindo a seleção. Evita a sombra acústica em valvas calcificadas e apos comissurotomia por balão delimita o orifício valvar 7. Comissurotomia mitral por balão ou valvotomia mitral por balão Realizada em pacientes grávidas com EM 7, 8. Um escore ecocardiográfico foi desenvolvido por Wilkins e cols. Quanto menor o escore, maior o sucesso no tratamento 7, 8 (Tabela 2). A ecocardiografia avalia complicações, grau de lesão, presença de trombos, reestenoses valvar e a presença de defeito do septo interatrial 7, 8. Ecocardiografia sob estresse Avalia pacientes sintomáticos não condizentes como os achados ecocardiográficos. Recentemente o ecocardiograma sob estresse com dobutamina mostrou-se de grande valor na EM 7. Insuficiência mitral (IM) Frequente na prática clínica em indivíduos normais sem ausculta de sopro 10. Mínima insuficiência em 10 a 40% sem significância clinica 7. Disfunção de qualquer de seus componentes do aparelho valvar resulta em IM. Na IM aguda, podemos ter insuficiência grave com cavidades normais (Tabela 3). Quantificação da insuficiencia mitral Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives velocidade Alta velocidade durante toda a sístole. Na clínica avaliar a gravidade da IM e difícil, o ecocardiograma consegue avaliar 7. Avaliação semiquantitativa Doppler pulsátil A IM importante apresenta influxo mitral com velocidade de onde E (enchimento ventricular precoce) dominante, com ou sem aumento da pressão do átrio esquerdo. O Doppler avalia o fluxo das veias pulmonares e o fluxo reverso. No corte apical transtorácico de quatro câmaras é acessada a veia pulmonar superior direita. Com o refluxo no átrio esquerdo, temos: IM mínima, jato na região subvalvar; IM discreta, jato no terço proximal; IM moderada, no terço médio e IM grave, na porção distal 8. Doppler continuo Um contorno triangular da onda com pico precoce indica pressão de átrio esquerdo elevado 7 ou uma onda proeminente de pressão regurgitante. A densidade do sinal de Doppler contínuo (envelope) é um índice qualitativo de gravidade da IM. O Doppler avalia a pressão sistólica da artéria pulmonar 7. Mapeamento de fluxo em cores (MFC) ou doppler colorido A extensão da área do jato regurgitante é utilizada para analise da IM. Áreas < 20% predizem insuficiência discreta, 20% a 40% moderada e > 40% importante. O jato colorido representa a velocidade do jato regurgitante. Jatos centrais parecem maiores, enquanto que os excêntricos batem na parede atrial são chamados de efeito Coanda 7. Métodos quantitativos Medida da vena contracta (local de convergência do fluxo regurgitante) EURP 2013; 5(3): 109-114 113 Garcia – Ecografia da valva mitral É a região mais estreita do refluxo mitral, localizada abaixo do orifício regurgitante 11. Caracterizada por alta velocidade, fluxo laminar e discretamente menor do que o orifício anatômico 12. Diâmetro da vena contracta é < 1 cm (SILVA 2012), IM discreta < 0,3 cm, IM grave entre 0,6 a 0,8 cm e IM moderada > 0.3 a < 0.6 7, 8(Tabela 4). Tabela 4. Categorização da gravidade da IM. Regurgitação mitral Área Disco jato Discr Moder Gra eta ada ve >4 4>AJR> ≥8 regurgitante (AJR) (cm²) 8 Relação área do jato/área >20 20- ≥40 do átrio esquerdo % 40% % Vena contracta (VC) (mm) <2 2>VC ≥5 <5mm mm 30>VR ≥60 Volume regurgitante <30 (VR)(ml) <60 Área do orifício 0,1- 0,26- ≥0, regurgitante (cm²) 0,25 0,35 35 Quantificação Doppler-ecocardiográfica Avalia a sobrecarga de volume, expressada pelo volume regurgitante e pela fração de ejeção do ventrículo esquerdo. As medidas quantitativas são calculadas com base nos volumes mitral e aórtico com Doppler pulsátil. Os diâmetros são empregados na fórmula: Área=(π x diametro²)/4 7. O volume e a fração regurgitante são calculados da seguinte forma: VR = VST-VSS;FR (%) = 100 x VRT-VST. Convergência de fluxo proximal ou PISA (proximal isovelocity surfasse área) Parte do principio que a medida que o sangue se aproxima do orifício regurgitante sua velocidade aumenta, formando conchas hemisféricas concêntricas e diminuição de área de superfície, sendo visibilizado por MFC. O fluxo a traves do orifício regurgitante (ERO) é calculado: ERO = (2π x r² x Va)/ Vmáx. ERO ≥ 0,4 cm² é IM importante; de 0,20 a 0,39 cm², IM moderada e < 0,20 cm² IM discreta. Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives A grande maioria dos aparelhos já possui o calculo automático do PISA. Consequencias da insuficiencia mitral Átrio esquerdo na IM crônica dilata-se sem aumento das pressões atrial e pulmonar. Átrio acima de 5,5 cm apresenta maior morbidade pré e pós-operatória 13. - Fração de ejeção > de 60% apresenta em 10 anos sobrevida maior que aqueles com fração de ejeção menor que 50%. Outra variável sensível é o diâmetro sistólico final 3. Cirurgia da valva mitral Importante na indicação cirúrgica de plástia valvar, antes como durante o procedimento 14. O prolapso do folheto posterior é sujeito ao sucesso cirúrgico. A cirurgia é indicada quando fração de ejeção ≤ a 60% e diâmetro sistólico final do ventrículo esquerdo ≥ a 45 mm mesmo assintomáticos (recomendação da AHA/ACA) 7. Prolapso da valva mitral (PVM) É o deslocamento sistólico do folheto acima de dois milímetros do plano valvar no corte paraesternal longitudinal, é de evolução benigna 7. O ecocardiograma é padrão ouro no diagnostico de PVM, carece de critérios diagnósticos consensuais. Não há consenso na literatura para eleger critérios ecocardiograficos (Tabela 5). Duas informações tem contribuído para diminuir estas discrepâncias, o formato da valva e cortes de diferentes regiões da valva 7. Conclusões A ecocardiografia hoje é uma ferramenta fundamental não invasiva na analise de cardiopatias dentro de elas as doenças da válvula mitral, permite o diagnostico etiológico, o conhecimento fácil da fisiopatologia e o seguimento terapêutico (farmacológico, procedimento invasivo ou cirúrgico). Frequentemente as patologias da valva mitral podem ser diagnosticadas, mas muitas vezes os achados clínicos podem ser inconclusivos. Nestes casos os estudos por imagem são fundamentais e úteis. A ultrassonografia é um exame de baixo custo e de fácil acesso, quando comparada a outros exames, o ecocardiografista deve estar preparado para realizar este exame que proporcionam dados confiáveis para uma tomada de decisões na estenose mitral, na insuficiência EURP 2013; 5(3): 109-114 114 Garcia – Ecografia da valva mitral mitral como no prolapso da valva mitral. Isto será possível com um conhecimento amplo das estruturas anatômicas, da fisiopatologia da doença e dos critérios ecocardiográficos. Referências 1. Metz D, Jolly D, Graciet-Richard J, Nazeyrollas P, Chabert JP, Maillier B, et al. Prevalence of valvular involvement in systemic lupus erythematosus and association with antiphospholipid syndrome: a matched echocardiographic study. Cardiology 1994;85:(2):129-136. 2. FEIGENBAUM H. Ecocardiografia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2007. 3. Bonow RO, Carabello BA, Chatterjee K, de Leon AC, Jr., Faxon DP, Freed MD, et al. 2008 Focused update incorporated into the ACC/AHA 2006 guidelines for the management of patients with valvular heart disease: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines (Writing Committee to Revise the 1998 Guidelines for the Management of Patients With Valvular Heart Disease): endorsed by the Society of Cardiovascular Anesthesiologists, Society for Cardiovascular Angiography and Interventions, and Society of Thoracic Surgeons. Circulation 2008;118:(15):e523-661. 4. DRAGER LF. 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Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives EURP 2013; 5(3): 109-114 Artigo de Revisão Aspectos de segurança relacionados à prática da ultrassonografia obstétrica Safety aspects regarding the practice of obstetric ultrasound Polyana Domingos de Oliveira 1 Resumo A utilização da ultrassonografia como recurso complementar diagnóstico é uma prática consagrada na obstetrícia, assim como em outras áreas. Porém como é um recurso gerador de energia, muito tem se questionado sobre a segurança do seu uso durante o período pré-natal. Sobretudo em fases iniciais da gestação, onde o concepto sofre as influências do meio externo. Com o objetivo de monitorar as repercussões da sua utilização, foram discutidos meios de controle dos níveis de energia emitidos pelos aparelhos. Os índices térmicos e mecânico representam os principais bioefeitos que podem afetar o embrião ou feto. Esses níveis vêm sendo apresentados na tela dos monitores já há algum tempo. Mas o conhecimento acerca deles ainda deixa a desejar. E, principalmente há questionamentos sobre os limites seguros, capazes de assegurar que não haja repercussões aos tecidos biológicos. Este trabalho de revisão literária têm como objetivo identificar estes níveis, conscientizar os operadores sobre a sua observância e desta forma, atuar com maior controle sobre eles. Palavras-chave: Biossegurança; Bioefeitos; Ultrassonografia; Índice Térmico; Índice Mecânico. Escola de Ultrassonografia e Reciclagem Médica de Ribeirão Preto (EURP) 1 Recebido em 04/10/2013, aceito para publicação em 12/12/2013. Correspondências: Polyana Domingos de Oliveira Departamento de Pesquisa da EURP - Rua Casemiro de Abreu, 660, Vila Seixas, Ribeirão Preto-SP. CEP 14020-060. Fone: (16) 3636-0311 Fax: (16) 3625-1555 Email: [email protected] Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives Abstract The use of ultrasound as a complementary resource diagnosis is an established practice in obstetrics, as well as in other areas. But how is a resource generator, much has been asked about the safety of its use during the prenatal period. Especially in the early stages of pregnancy, where the fetus suffers the influences of the external environment. With the objective of monitoring the repercussions of its use were discussed means of controlling energy levels emitted by the devices. The mechanical and thermal indices represent the main bioeffects that may affect the embryo or fetus. Such levels have been shown in screen monitors for some time now. But knowledge about them still wanting. And above all there are questions about the safe limits, to ensure that no impacts to biological tissues. This work of literature review is intended to identify these levels, educate operators on compliance and thus act with greater control over them. Keywords: Biosafety; Bioeffects; Ultrasound; Thermal Index; Mechanical Index. EURP 2013; 5(3): 115-119 116 Oliveira – Segurança na ultrassonografia obstétrica Introdução A realização do diagnóstico pelo ultrasson na gestação já é uma prática consolidada, em todo o mundo. Estima-se que em cada gestação realizese uma média de três exames ultrassonográficos 1. Mas essa prática é segura, para os conceptos? Principalmente no primeiro trimestre, quando está ocorrendo a embriogênese? O ultrassom é um exame onde há a produção de calor, que é propagada aos tecidos insonados. Nos diversos modos de operação, modo B, Doppler; há diferentes coeficientes de temperatura gerados. Além da variação decorrente da constituição do tecido, como a densidade 2, 3, por exemplo. Os principais bioefeitos relatados na literatura são o efeito de cavitação e o aquecimento 4, 5. Os índices térmicos hoje são itens obrigatórios a serem exibidos na tela de operação dos aparelhos. Mas a observância destes itens de segurança não é uma prática rotineira. Isto porque a difusão dos possíveis efeitos deletérios do ultrason não é realizada no meio médico. No texto que segue abaixo, realiza-se uma análise reflexiva sobre a existência dos efeitos gerados, o conhecimento acerca deles e a possível interferência nos tecidos humanos. Indicações da ultrassonografia na gestação A prática médica, atualmente, tem utilizado cada vez mais os recursos de imagem como método complementar de diagnóstico. Em especial, na obstetrícia, o ultrassom se tornou meio fundamental no seguimento pré-natal. As indicações são as mais variadas, para datação da gestação, avaliação de risco para aneuploidias, acompanhamento do crescimento fetal, entre outras aplicações. O recurso Doppler tem sido utilizado nas mais diversas situações de diagnóstico, e sua importância tem sido uma crescente nesse meio. Mas é sabido que esse método é fonte de energia e pouco se sabe sobre a segurança na sua utilização, sobretudo em fases iniciais da gestação, quando a embriogenese está ocorrendo e a susceptibilidade a fatores externos é maior no concepto. Com a modernização dos aparelhos, a resolução foi melhorada e seu uso na detecção de Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives anomalias tem sido instituído cada vez mais precocemente durante a gestação. Isto implica numa exposição maior e mais numerosa do feto no que se refere a exames ultrassonográficos. Uma vez que em média a mulher seja submetida a três exames durante a gestação. A incrementação no uso do ultrassom permite que hoje se faça rastreios de forma mais abrangente na população. Seu uso pode ser indicado de forma rotineira no primeiro trimestre na medição da transnucência nucal e ainda com o recurso Doppler pode-se, em gestações iniciais, detectar alterações no ducto venoso e regurgitação na válvula tricúspide. Esses métodos servem para a estimativa de risco para trissomias e doenças congênitas, como as cardiovasculares 6, 7. Modificações nos tecidos biológicos O ultrassom é uma forma de energia, e suas ondas ao atravessarem os tecidos produzem calor como resultado aos processos de absorção e dispersão. Os índices de energia produzidos pelo modo B são inferiores ao modo color e Doppler. Nem por isso pode-se dizer que há maior segurança na sua utilização. Pois de fato não há como mensurar a alteração de temperatura que de fato é produzida no feto. Essas questões foram alvo de discussão em um fórum ocorrido em 2009, composto por especialistas em biossegurança e bioefeitos. Deste fórum saíram grande parte das normas de seguraça que se observa nos dias atuais. "Do ponto de vista clínico, a avaliação dos índices acústicos podem ser empregados como uma estimativa aproximada para comparar diferentes modos de análise" 8. Os principais índices que são observados podem ser divididos em: índice térmico (TI) e índice mecânico (MI), o primeiro ainda se subdivide em índice térmico aplicado a tecidos moles (TIS), índice térmico aplicado aos ossos (TIB) e aos ossos próximos a pele, como da calota craniana fetal, por isso índice térmico craniano (TIC). O cálculo destes índices é complexo, mas a exibição do resultado é item obrigatório, na tela do monitor, desde meados de 1992. Os índices TIS, TIB e TIC refletem o aumento de temperatura esperando, de acordo com o tecido insonado, durante a realização do exame. EURP 2013; 5(3): 115-119 Oliveira – Segurança na ultrassonografia obstétrica Enquanto o MI demonstra a capacidade para ocasionar danos mecânicos 9. Os bioefeitos referentes à exposição ao ultrassom Pouco se sabe, sobre os reais efeitos ocasionados pela exposição demasiadas ondas de ultrassom sobre a gestação humana. Esse é um assunto de interesse crescente e motivo de desenvolvimento de pesquisas. É conhecido que neste método há produção de calor e, este pode causar alterações nos tecidos que ele atravesa 4, 5. Os principais bioefeitos relatados na literatura são a cavitação e o aquecimento. Cavitação A cavitação é a produzida através da formação de bolhas na interface gás-líquido, e estas variam em tamanho e seu deslocamento. A cavitação inercial se refere a implosão destas bolhas dentro do tecido, que pelo seu deslocamento imprevisível pode danificar qualquer tecido circunvizinho. E esse potencial é expresso pelo índice mecânico. Afortunadamente não há relato de sua ocorrência em fetos de mamíferos, uma vez que não existe a interface necessária para sua ocorrência 3, 5, 10. Aquecimento O aquecimento por sua vez, é um teratógeno conhecido, capaz de realizar quebra nas cadeias cromossômicas. Visto que as ondas do ultrasson, se convertem em calor quando absorvida, há uma preocupação nos efeitos que isto pode causar ao feto 4, 10. Ocorre uma variação fisiológica da temperatura durante todo o perído pré-natal. Mas há também fatores externos modificadores, decorrentes do manuseio - como perfusão do tecido, distância do transdutor, presença de osso que não permitem a estimativa exata da produção de calor no feto (NCRP, 2002). Potenciais efeitos relacionados a exposição do ultrassom Quando se fala em efeitos nocivos ao feto, o fator importante se deve ao pico médio da Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives 117 intensidade espaço-temporal (IMTPE). E em pesquisas anteriores foi demonstrada que a intensidade deste é maior em modos de Doppler pulsado e modo de fluxo em cores, que no modo B. Os índices térmicos e mecânico são exibidos na tela do monitor, e recomenda-se que sejam atenciosamente observados até a décima semana de gestação (a partir do último período menstrual). Elevações de temperatura maiores que 0,7 no TI implicam numa limitação de tempo na realização do exame, que deve ser até quinze minutos 11. Em um estudo realizado por Ang et al 12, com embriões e fetos de ratos, demonstrou que houve retardo na migração neuronal, de acordo com a exposição mais prolongada – em períodos iguais ou superiores a trinta minutos. Mesmo sem o aumento da temperatura basal das ratazanas grávidas. O que nos faz pensar há envolvimento de fatores de radiação, além daqueles já conhecidamente como potencialmente deletérios, como os índices térmicos e mecânicos. Outro estudo de Schneider-Kolsky et al. 8 demonstrou haver associação da exposição do ultrassom com déficit cognitivo. Ao expor embriões de galinhas, sob o efeito Doppler pulsado, foi notado que em até quatro minutos não houve qualquer alteração na capacidade de aprender e na memória destes animais, depois de nascidos. A partir de cinco minutos já foram notadas alterações na memória a curto e médio prazo. Alterações hematológicas e baixo peso ao nascer, foram parâmetros de outro estudo , agora em seres humanos, demonstrando possíveis danos relacionados a exposição demasiada dos recursos do ultrassom. Foram encontradas alterações significativas até os três meses de seguimento pós-natal. Após esse período não houve mais diferenças significativas, parecendo ser um efeito transitório. Efeitos inquestionáveis não conseguiram ser estabelecidos. Assim, a repetição de exames ultrassonográficos foi sugerida a aquelas mulheres que possam se beneficiar da sua indicação 13. Estes estudos apresentaram relevância clínica individualmente falando e, devem ser repensados quando o uso se faça nos embriões e fetos humanos, mesmo sem que comprovadamente haja reprodução nesta situação. EURP 2013; 5(3): 115-119 118 Oliveira – Segurança na ultrassonografia obstétrica O tempo de exame também deve ser observado, mesmo sabendo que fatores extrínsecos podem interferir na duração, tais como a habilidade do operador e o biotipo materno. A recomendação atualmente é de cinco a dez minutos na sua realização 14. A incorporação dos conceitos de biossegurança deve estar bem consolidada, já que a utilização do Doppler ainda é de fundamental importância nos dias atuais, para o rastreio de aneuploidias. Apesar de outras alternativas estarem ganhando força, tais como a análise do DNA fetal e marcadores bioquímicos maternos 15, 16. A sua utilização consciente prevalece como método de escolha, considerando os altos custos dos outros recursos estudados e a baixa acessibilidade da população a eles. A ultrassonografia 3D e 4D A ultrassonografia em três dimensões – 3D ou em tempo real – 4D, tem ganhado espaço durante o período gestacional, tanto por avaliação da anatomia fetal e sua mal formações, quanto pelo aspecto familiar, como a obtenção de imagens para “albúm de família” 1. Em estudo comparando a ultrassonografia convencional e a 3D-4D, foi determinado intervalos maiores de tempo na sua realização. Entretanto, foi observado indíces mecânicos menores. O que de uma forma geral, mostrou resultados análogos entre os meios 17. Conclusões Infelizmente o conhecimento sobre as saídas de energia dos equipamentos não é muito satisfatória, como demonstrado em estudos anteriores, entre os especialistas na Europa 18 e nos Estados Unidos 19, 20 entre outros. Uma educação adequada entre os operadores, sobre os índices térmicos e mecânico, poderia incorrer em um controle maior sobre estes, na operação dos aparelhos. Como a regulamentação da caixa de Doppler em largura e profundidade, e a utilização de recursos de melhoramento, quando os resultados não forem satisfatórios. Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives Referências 1. Sheiner E, Abramowicz JS. A symposium on obstetrical ultrasound: is all this safe for the fetus? Clinical obstetrics and gynecology 2012;55:(1):188-198. 2. Abbott JG. Rationale and derivation of MI and TI--a review. Ultrasound in medicine & biology 1999;25:(3):431-441. 3. Lee W, Garra B, American Institute of Ultrasound in M. AIUM Technical Bulletin. How to interpret the ultrasound output display standard for higher acoustic output diagnostic ultrasound devices: version 2. Journal of ultrasound in medicine : official journal of the American Institute of Ultrasound in Medicine 2004;23:(5):723-726. 4. 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Ductus venosus Doppler in screening for trisomies 21, 18 and 13 and Turner syndrome at 11-13 weeks of gestation. Ultrasound in obstetrics & gynecology : the official journal of the International Society of Ultrasound in Obstetrics and Gynecology 2009;33:(5):512-517. 17. Sheiner E, Hackmon R, Shoham-Vardi I, Pombar X, Hussey MJ, Strassner HT, et al. A comparison between acoustic output indices in 2D and 3D/4D ultrasound in obstetrics. Ultrasound in obstetrics & gynecology : the official journal of the International Society of Ultrasound in Obstetrics and Gynecology 2007;29:(3):326-328. 18. Marsal K. The output display standard: has it missed its target? Ultrasound in obstetrics & gynecology : the official journal of the International Society of Ultrasound in Obstetrics and Gynecology 2005;25:(3):211-214. Experts in Ultrasound: Reviews and Perspectives 19. Houston LE, Allsworth J, Macones GA. 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