Jornal Cultivando Água Boa Edição no. 10

Transcrição

Jornal Cultivando Água Boa Edição no. 10
Cultivando Água Boa
&
JUNHO DE 2007
O PROGRAMA SOCIOAMBIENTAL DA ITAIPU BINACIONAL - FOZ DO IGUAÇU, JUNHO DE 2007 - No 10
Samek, Lula, Nicanor e Bernal descerram a placa inaugural Presidente Nicanor: “Itaipu representa uma causa - a integração” Lula: “Uma poupança para brasileiros e paraguaios”
Itaipu encerra o ciclo da construção da usina
ao lado dos diretores
gerais de Itaipu, Jorge
Samek e Victor Bernal,
descerraram a placa
que marcou a inauguração oficial das novas unidades e a conclusão do projeto
da majestosa usina.
A cerimônia começou
com a exibição de um filme
de 15 minutos que mostra a
atuação da Itaipu no Brasil
e no Paraguai, especialmente no âmbito da missão de
responsabilidade social e
ambiental que a empresa
cumpre, e prosseguiu com
apresentação do Coral de
Itaipu, que interpretou o
cântico "Luar de luzes", de
autoria do funcionário da
Itaipu Cláudio Souza Farias.
Seguiram-se os pronunciamentos das autoridades.
"Conclui-se uma etapa vital
da central hidrelétrica de Itaipu", comemorou o diretor
geral paraguaio, Victor Bernal. "Chegou ao fim a instalação das 20 unidades geradoras, como estava contemplado no projeto original".
O diretor geral brasileiro, Jorge Samek, lembrou
que "Itaipu, hoje, junto com
a Eletrobrás, já começa a utilizar o know-how adquirido
ao longo dos 23 anos de operação da usina, oferecendo
apoio técnico inclusive à usina chinesa de Três Gargantas". Lembrou que "Itaipu foi
muito combatida no início,
porque, segundo os críticos,
poderia provocar catástrofes
ambientais, mas hoje é um
exemplo nessa área para as
atuais e futuras hidrelétricas".
Natural de Foz do Iguaçu, Samek lembrou que
acompanhou toda a trajetória da usina e que estava
emocionado por estar presente na etapa final da construção, e agradeceu emocionado ao presidente Lula:
"Obrigado pela oportunidade de servir ao meu país na
terra onde nasci."
"Carinho e
solidariedade"
O presidente Nicanor
Duarte Frutos não poupou
elogios à Itaipu e rebateu as
críticas contra a empresa,
que têm surgido principalmente nos jornais paraguaios. Ele destacou os benefícios que Itaipu trouxe à população carente do seu país,
particularmente com ações
nas áreas de educação e saúde. Enfatizou que hoje "o governo brasileiro tem uma
postura mais aberta a negociações". "Não recordo da
existência de um governo
brasileiro que tenha olhado
o Paraguai com tanto carinho, com tanta solidariedade, como o do presidente
Lula."
"O que seria do Brasil sem Itaipu? O que seria do
Paraguai sem Itaipu?"
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente Lula: "Uma nova
relação entre Paraguai e Brasil"
O presidente Lula também se
referiu às críticas. Embora as considere injustas, reconheceu que fazem parte do sistema democrático.
"Os adversários continuarão a protestar e criticar, mas o que seria de
nós sem os críticos? Quando as
obras de Itaipu tiveram início, o Brasil e o Paraguai viviam sob regimes
autoritários, e eu mesmo fui um crítico de tudo o que faziam então,
inclusive Itaipu. Mas a dinâmica da
política fez a maioria desses críticos compreender que Itaipu não foi
apenas uma obra de ditaduras, mas
uma prova da competência de brasileiros e paraguaios."
O presidente Lula sugeriu aos
diretores da Itaipu que convidem
alunos de escolas públicas brasileiras e paraguaias para que conheçam a usina. "As crianças e os jovens devem ver o monumento que
o Brasil e o Paraguai foram capazes de construir", disse. "Itaipu é
um exemplo de que nós tivemos
competência para construir. E hoje
temos consciência de que Itaipu é
uma espécie de poupança para
brasileiros e paraguaios que ainda
vão nascer". Lula concluiu afirmando que, depois da reunião com o
presidente Nicanor em Assunção,
saiu convencido de que "uma nova
era começa a acontecer na relação entre o Paraguai e o Brasil".
NA ESCASSEZ, CADA GOTA CONTA
nMarco Pasquali, reitor da Universidade de Pisa, em Foz do Iguaçu
Universidade de
Pisa, UFPR e Itaipu
selam cooperação
ACORDO ESTABELECE
DIRETRIZES E ÁREAS DE
AÇÃO ENTRE INSTITUIÇÕES
Páginas 14 e 15
Presenças ilustres no histórico evento (da esq. p. dir.) - pelo Brasil: Paulo
Mac Donald Ghisi, prefeito de Foz do Iguaçu; Jorge Samek, diretor geral
brasileiro da Itaipu; Paulo Bernardo, ministro do Planejamento; Reinhold
Stephanes, ministro da Agricultura; Silas Rondeau, ministro de Minas e
Energia; Celso Amorim, ministro de Relações Exteriores; Orlando Pessutti, vice-governador do Paraná; Marisa Silva, primeira-dama do Brasil; Luiz
Inácio Lula da Silva, presidente dda República. Pelo Paraguai: Nicanor
Duarte Frutos, presidente da República; Maria Glória, primeira-dama; Ruben Ramírez, ministro de Relações Exteriores; Rogelio Benítez, ministro
do Interior; Blanca Ovelar de Duarte, ministra de Educação; e Andrés Retamozo, prefeito de Hernandárias
ITAMARÃ
21 DE MAIO DE
2007 será para sempre um marco na história da Itaipu Binacional, do Brasil e do
Paraguai. Nesse dia, os
presidentes do Brasil, Luiz
Inácio Lula da Silva, e do
Paraguai, Nicanor Duarte
Frutos, descerraram a placa inaugural das duas últimas unidades geradoras
(9A e 18A) da maior hidrelétrica do mundo - Itaipu Binacional. Toda a capacidade geradora projetada está
instalada: 20 geradores,
14.000 MW.
"Termina hoje a construção de uma majestosa
obra", proclamou o presidente paraguaio. "Itaipu
representa mais que uma
empresa que gera energia;
representa uma causa, a integração de dois povos."
"Muita gente critica Itaipu,
do lado paraguaio e do lado
brasileiro", disse o presidente brasileiro. "Mas eu gostaria que esses críticos parassem um pouquinho para
pensar: o que seria do Brasil sem Itaipu? O que seria
do Paraguai sem Itaipu?"
Num grande palco
montado no interior da barragem, perante cerca de
1.500 pessoas, entre autoridades, convidados, empregados e jornalistas, os
presidentes Lula e Nicanor,
nPara celebrar o Dia Mundial da Água, 22 de março, a
FAO escolheu por palco a Itaipu e o Parque Nacional do
Iguaçu, em encontro que se
colocou diante do desafio:
“Enfrentando a escassez de
água”. Páginas 4 a 7
Indígenas
recebem terra
e formam
nova aldeia
Páginas 20 e 21
Ao entardecer do Dia da Água, nas Cataratas
do Iguaçu, a cantora Maria Bethânia lança ao
espaço um olhar apreensivo, momentos antes de apresentar, naquele cenário, o espetáculo Dentro do Mar tem Rio
PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS DE ÁGUA E SOLO COMEÇAM SEGUNDA
FASE
Páginas 22 e 23
JUNHO DE 2007
Cultivando Água Boa
Outro mundo é necessário
Nelton Miguel Friedrich
Em menor ou menor grau, todos já sabemos que o planeta Terra – nossa casa comum
– está enfermo. Os desequilíbrios socioambientais não são apenas coisa de “relatórios
de cientistas” ou catastrofistas São evidências concretas sentidas – e sofridas – em todos
os cantos do mundo. E tudo tende a ficar cada
vez pior, a menos que...
Aí estão a destruição da camada de ozônio; o aquecimento global; o esgotamento de
reservas de água potável; o aumento da poluição das águas, da atmosfera e dos solos; o
aumento do lixo; extinção massiva de espécies animais e vegetais; desmatamento; erosão; desertificação; exaustão e degradação
de terras cultiváveis; padrões dominantes de
produção e consumo causadores de devastação ambiental; injustiça, pobreza, ignorância e conflitos violentos se intensificando e
causando grande sofrimento.
Tudo seria simplesmente desesperador se
não tivéssemos possibilidade alguma de contornar a situação. Felizmente, ainda temos,
como garantem os mesmos cientistas que
alertam para o perigo. Se, contudo, a desperdiçarmos, será o inferno na Terra – não
em futuro remoto e incerto, mas logo ali adiante, na pele de cada habitante do planeta.
Colocam-se, então, duas questões: De
quem é a responsabilidade pelo deplorável
estado de coisas que se estabeleceu? E de quem
será a responsabilidade pela mudança salvadora? Simples. A resposta para as perguntas é
“de todos” – da humanidade em geral e de
cada indivíduo em particular, mesmo que em
graus diferentes. A ninguém é dado fugir do
problema ou jogá-lo às costas dos outros.
Um novo mundo não é apenas possível;
é necessário. Sua construção é tarefa de cada
um. Cada ser humano tem que colocar seu
tijolo nessa construção. Ou será que governos, algum país, grandes empresas, instituições renomadas “darão um jeito”? Evidentemente, eles todos têm papel fundamental,
mas igualmente fundamental é o papel de
cada pessoa.
“Não é só por intermédio dos negócios e
governos, mas também, possivelmente mais
importante, por intermédio da ação e do suporte generalizados dos indivíduos que a restauração e a preservação do meio ambiente
podem ser conquistadas”, afirma a ambientalista japonesa Wakako Hironaka, integrante
da Comissão da Carta da Terra.
A propósito, para quem tem dúvidas sobre seu papel nessa missão salvadora, a Carta da Terra é, provavelmente, o guia mais
sábio disponível. “A poderosa e abrangente
mensagem que a Carta da Terra contém precisa ser internalizada por todas as pessoas e
traduzida em ação em sua vida diária”, recomenda Wakako, sabiamente.
Precisamos estar preparados para pagar
o preço da salvação do nosso (único) planeta. Não basta cobrar dos outros, achar que
“alguém deve fazer alguma coisa”. A sociedade e cada um de seus integrantes têm que
fazer alguma coisa, dispor-se a mudar hábitos e abrir mão de certos confortos, fazer a
ponte entre o falar e o agir.
O outro mundo, que não só é possível,
mas necessário, só será edificado com um
novo jeito de ser, viver, produzir e consumir.
Exige uma nova cultura de relacionamento
entre os seres humanos e destes com a natureza, movido a solidariedade, cooperação e
cuidado mútuo. As atitudes necessárias são
em geral simples: conservar, não desperdiçar, reciclar, viver com menos, evitar o supérfluo, usar menos o carro, dar destino correto ao lixo, ser benevolente, cooperativo,
compartilhar, amar e cuidar.
EXPEDIENTE
Publicação da Diretoria de
Coordenação da Itaipu Binacional
Diretor Geral Brasileiro: Jorge Miguel Samek
Diretor de Coordenação: Nelton Miguel Friedrich
Superintendentes: Newton Kaminski (Obras), Jair Kotz (Meio Ambiente)
Gerente Executivo do Cultivando Água Boa: Odacir Fiorentin
Superintendente de Comunicação Social: Gilmar Piolla
Redação: Juvêncio Mazzarollo
Fotografia: Caio Coronel, Milton Rolin, Adenésio Zanella
Visual e DPT: HDS
Impressão: Jornal O Paraná
Diretoria de
Coordenação
Av. Tancredo Neves, 6731
Foz do Iguaçu - Paraná
CEP 85866-900
Fone (45) 3520-5724
Fax (45) 3520-6998
E-mail: [email protected]
Constelação de Libra
Liberato Vieira da Cunha
Os astrônomos acabam de descobrir uma segunda Terra extraviada no universo. Pelo que li, o novo planeta fica na constelação de Libra e reúne muitas das condições ideais para a invenção da vida, tal como a concebemos no cantinho perdido do
cosmos que todos nós fomos condenados a habitar. Seu nome é
pouco inspirador: GL 581c. Espero que seja apenas um pseudônimo.
Espero ainda que desconheça algumas das desgraciosas
realidades com que convivemos, como as guerras e a violência.
Bem ao contrário, desejo que GL não tenha a mais remota noção do que sejam a doença, a crueldade, o preconceito e a
injustiça. Almejo ainda que jamais tenha ouvido falar em terremotos, inundações, tsunamis ou no clima de Porto Alegre.
Creio que não seria demais supor que nosso colega na Via
Láctea seja dotado de vastas provisões de solidariedade, de reservas infinitas de generosidade e de imensas quantidades de
paz. Não me desagradaria descobrir que é habitado pelo diálogo,
ornado de esperança e revestido de ternura.
Não me desgostaria ouvir que são enormes suas jazidas de
compreensão entre os povos, de amor entre os seres e de respeito entre todas as espécies. E não duvidaria se me contassem
que, por um decreto ancestral e irrevogável, houvessem sido
exilados o ódio, a miséria e a dor. Ou de que fossem inesgotáveis
as porções de solidariedade, de entendimento e de boa vontade.
Torço aliás para que jamais enviemos expedição alguma ao
GL. Pois nós, os habitantes desta esfera azul, levaríamos em
nossas naves o egoísmo, a inveja, o orgulho e a arrogância. Não
esqueceríamos de colocar na bagagem a insensibilidade e a ira.
E ao transpormos o limiar do paraíso idealizado não esqueceríamos de contaminá-lo segundo nossa imagem e semelhança.
*Artigo publicado no jornal “Zero Hora”, de Porto Alegre, 08/05/2007;
reprodução autorizada pelo autor.([email protected])
PENSANDO BEM...
“Este mundo está acabando. Precisamos lançar
as bases para um novo. Temos uma grande
oportunidade de fazer um mundo melhor.”
Alice Klein, documentarista canadense
“Nossas sociedades dependem da natureza,
embora a tenhamos debilitado durante séculos.
Agora, com a mudança climática, estamos
atacando a própria base do mundo natural.”
Lara Hansen, cientista-chefe do Programa Internacional
de Mudança Climática do Fundo Mundial para a Natureza – WWF
“É fácil defender o meio ambiente
dos outros, não o nosso.”
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente
Cultivando Água Boa
JUNHO DE 2007
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Encontro em São Paulo avalia a aplicação
da Carta da Terra no Brasil e no Mundo
Evento também definiu ações em três eixos
principais: divulgação, educação e vivência
Com a presença de 120
pessoas, entre dirigentes,
conselheiros, coordenadores de ações baseadas
na Carta da Terra e convidados de diversos países
das Américas, Europa e África,
no dia 25/04, a Secretaria Internacional da Carta da Terra
promoveu encontro em São
Paulo, na sede do Grupo Amana-Key, com o objetivo, segundo o representante da Itaipu no
evento, o diretor de Coordenação Nelton Friedrich, de fazer
uma avaliação da aplicação dos
princípios da Carta da Terra
(CT) no Brasil e demais países,
além de definir ações em três
eixos estratégicos:
n DIVULGAÇÃO - fazer com
que a CT seja mais e mais conhecida no mundo;
nEDUCAÇÃO - criar a consciência da mudança necessária
proposta pela CT;
nVIVÊNCIA - fazer com que as
pessoas vivam a essência da
Carta da Terra.
O encontro também incluiu nos trabalhos o conhecimento e análise de experiências de aplicação dos princípios
da Carta da Terra, que são:
“Respeitar e cuidar da comunidade de vida; Integridade
ecológica; Justiça social e
econômica; Democracia, não-
violência e paz”.
Moacir Gadotti, diretor do Instituto Paulo
Freire e professor da
USP, apresentou balanço
intitulado “A Carta da Terra
no Brasil”, historiando desde
sua concepção como proposta
apresentada na Rio-92, até o
registro dos passos dados e experiências realizadas ou em andamento no país.
Em relação à prática da
Itaipu na aplicação da CT, Gadotti registrou o seguinte:
A hidrelétrica brasileiro-paraguaia ITAIPU, situada na bacia do Paraná, com a assessoria
de Leonardo Boff e Moema Viezzer e sob a liderança de Nelton
Friedrich, em parceira com o Ministério do Meio Ambiente e com
o Centro de Defesa dos Direitos
Humanos de Petrópolis (RJ),
tem feito formação de educadores populares, divulgando a Carta da Terra através de vídeos e
cadernos. O seu projeto Cultivando Água Boa usa a Carta da
Terra como referencial ético, começou em 2003 e envolveu mais
de 150 educadores sociais.
60.000 mil cópias da Carta da
Terra foram utilizadas na educação não-formal para a vida
sustentável, envolvendo 29 municípios, 145 ONGs e 318 escolas da região.
“Uma das mais belas experiências”
O Cultivando Água Boa também ganhou espaço na pauta do encontro, com palestra do diretor de Coordenação, Nelton Friedrich, que, além
de discorrer sobre o programa, lembrou do Prêmio Carta da Terra + 5,
conferido à Itaipu em evento realizado em Amsterdam, Holanda, em
2005, em comemoração aos cinco anos do lançamento do documento.
A americana Alide Roerink, membro da Comissão da CT e conhecedora de trabalhos ambientais fundamentados no documento em todo
mundo, disse sobre o Cultivando Água Boa: “É, sem dúvida, uma das
mais belas experiências que estão sendo feitas no mundo; não conheço outra empresa que faça isso”.
A Carta da Terra em Ação
No encontro foi lançado o livro The Earth Charter
in Action – Toward a Sustainable Earth (A Carta da Terra em Ação – Rumo a uma
Terra Sustentável), de 184
páginas, com artigos de 62
das mais destacadas personalidades do mundo em matéria de ecologia e luta ambiental e social, especialmente escolhidas entre as
que fazem da CT a fonte fundamental de inspiração para
seu trabalho.
Editado pela KIT Publishers, de Amsterdam, em cooperação
com a Iniciativa da Carta da Terra, de São José, Costa Rica, com
financiamento do NCDO (Comitê Nacional para a Cooperação Internacional e Desenvolvimento Sustentável), da Holanda, “o livro
é dedicado às aspirações da juventude por um mundo justo, pacífico e sustentável – e especialmente aos jovens da Iniciativa
Jovem da Carta da Terra que representam as elevadas esperanças e idealismo prático de sua geração colocando a Carta da
Terra em ação.”
Mikhail Gorbachev, ex-líder soviético, fundador e presidente
da Green Cross International (Cruz Verde Internacional), membro
e líder da Comissão da CT, escreve o prefácio do livro sob o titulo
The Third Pillar of Sustainable Development (O Terceiro Pilar do
Desenvolvimento Sustentável).
Os três pilares segundo Gorbachev
Escreve Gorbachev: O primeiro pilar é a Carta das Nações
Unidas, que regula as relações entre os estados e estabelece
regras para seu comportamento de modo a assegurar a paz e a
estabilidade. O segundo pilar é a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que regula as relações entre estados e indivíduos
e garante a todos cidadãos um conjunto de direitos que seus
respectivos governos devem garantir. A importância desses dois
documentos não pode ser superestimada. Mas tornou-se óbvio
que outro documento está faltando, um que regule as relações
entre estados, indivíduos e natureza, definindo os deveres humanos para com o meio ambiente.
Na minha opinião, a Carta da Terra deveria preencher este
vácuo, adquirir igual status e tornar-se o terceiro pilar sustentando o desenvolvimento pacífico do mundo moderno. O processo
desse endosso já começou – é endossado por um crescente
número de governos locais e nacionais, pela Organização das
Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e
muitas organizações não-governamentais. Entretanto, nós fundadores e defensores deveríamos considerar nossa missão cumprida somente quando a Carta da Terra fosse adotada universalmente pela comunidade internacional.
Personalidades
de renome
Entre os presentes ao encontro, Nelton Friedrich destaca as
seguintes personalidades:
MLeonardo Boff, teólogo, filósofo e ecologista brasileiro,
membro da Comissão da Carta da Terra;
MMirian Vilela, diretora executiva da Iniciativa da CT;
Wangari Muta Maathai, queniana, Prêmio Nobel da Paz de
2004;
MSteven Rockefeller, monge
americano e professor universitário de religião;
MMateo Castillo Ceja, do México, cuja experiência também
recebeu o Prêmio Carta da Terra + 5;
M Oscar Motomura, diretor
executivo do Grupo AmanaKey, dedicado ao desenvolvimento sustentável com base
na CT, referência global para
seus programas educacionais
de formação de lideranças tanto no setor corporativo como
governamental;
MMarcos Sorrentino, brasileiro, diretor do Programa de
Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente;
MRachel Trajber, brasileira,
coordenadora de Educação
Ambiental do Ministério da
Educação;
MPeter Blaze Corcoran, diretor do Centro de Educação
para o Meio Ambiente e Sustentabilidade da Universidade
da Flórida, EUA;
MMaurice Strong, sub-secretário da ONU, foi secretário da
Rio-92 e é membro da Comissão da CT, que não pôde participar mas enviou mensagem.
Cultivando Água Boa
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JUNHO DE 2007
GESTÃO DE ÁGUAS TRANSFRONTEIRIÇAS
Fotos: Caio Coronel
Brasil, Argentina e Paraguai se propõem a estabelecer
diretrizes para a gestão integrada de bacias hidrográficas
De 3 a 6 de junho
realiza-se em Foz do
Iguaçu o I Encontro Trinacional de Gestão de
Recursos Hídricos Transfronteiriços para abordar os
aspectos das bacias hidrográficas do Paraná III/ Médio Paraná e dos rios Santo Antônio e
Peperi-Guaçu, numa iniciativa
da Câmara Técnica de Gestão
dos Recursos Hídricos Transfronteiriços (CTGRHT) do
Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), que o
Governo do Paraná, a Itaipu
Binacional e instituições dos
governos Federal do Brasil,
de Santa Catarina, Paraguai
e Argentina estão promovendo.
O encontro reúne cerca de
200 representantes de instituições governamentais e não governamentais, usuários, convidados e atuantes nas bacias hidrográficas de recursos hídricos transfronteiriços dos afluentes que formam o reservató-
rio de Itaipu, com os seguintes objetivos:
n promover intercâmbio de conhecimentos e experiências entre organizações que atuam na região transfronteiriça das bacias do rio Paraná entre o Brasil/Paraná com o Paraguai/
Alto Paraná, e dos Rios Santo
Antônio e Peperi-Guaçu, compartilhadas com a Argentina/
Misiones, com a finalidade de
promover a articulação das instituições brasileiras, paraguaias e argentinas visando desenvolver mecanismos que possibilitem a gestão integrada e
compartilhada;
ndescentralizar as atividades da Câmara Técnica e proporcionar espaço para a ampliação dos atores sociais envolvidos no processo por meio da
Reunião da CTGRHT;
n promover a difusão de
informação sobre o processo
de gestão de bacias hidrográficas no Brasil, Paraguai e Ar-
ANTECEDENTES
A CTGRHT, no
âmbito do CNRH,
tem realizado reuniões de forma
descentralizada
em estados que
possuem sub-bacias com outros países, como Paraguai, Bolívia e
Rios Iguaçu e Paraná: águas compartilhadas por Brasil, Argentina e Paraguai
Uruguai. Em 2003
foram realizadas duas reunio Seminário de Gestão Transsil compartilha com os países
ões, uma em Mato Grosso do
fronteiriça apoiado pela
que integram a Bacia do Prata
Sul, na região da Bacia do Rio
CTGRHT em Epitaciolândia,
(Argentina, Bolívia, Paraguai e
Apa, compatilhada com o PaAcre, para discussão da bacia
Uruguai).
raguai, e no Rio Grande do Sul,
hidrográfica dividida com a
As reuniões e seminários
na região da Lagoa Mirim,
Bolívia e o Peru.
realizados tiveram a finalidade
compartilhada com o Uruguai.
Nessa primeira rodada de
de identificar mecanismos que
Em 2004 foi realizada houve
reuniões, a intenção foi idenpossam promover a implemenreunião na região da Bacia do
tificar demandas locais e regitação da gestão transfronteiriAlto Paraguai, no Mato Grosso
onais relacionadas à gestão de
ça dos recursos hídricos nas
do Sul, que comparte com a
recursos hídricos transfronteidiferentes regiões hidrográficas
Bolívia. E em 2006 realizou-se
riços em sub-bacias que o Brabrasileiras.
Professores querem entender recados da natureza
Em maio, a convite da coordenadora da
Equipe Pedagógica do Núcleo Regional de
Educação de Foz do Iguaçu, Djeue da Silva, o
diretor de Coordenação, Nelton Friedrich, e
seu assistente técnico Luís Suzuke, ministraram palestras e promoveram debates entre
aproximadamente 2.500 professores da rede
estadual de ensino dos municípios do extremo oeste do Paraná, sob o tema "Meio ambiente, aquecimento global e a valorização da
água".
No convite dirigido à Itaipu, a coordenadora Djeue manifestou o interesse dos professores em desenvolver uma "consciência de
vida mais saudável e comprometida com o
meio ambiente".
E acrescentou: "Frente aos recados da
natureza, sentimos urgência de uma orientação pessoal para aliviar futuras conseqüênci-
as que podem advir de comportamentos
inadequados que resultarão em prejuízos
para toda sociedade".
Os encontros se estendiam das 8h30
às 11h30 e tiveram por eixo a Cultivando
Água Boa, exemplo de trabalho adequando ao enfrentamento dos problemas que
afligem os professores, bem como toda
sociedade.
"Foi impressionante o interesse com
que os professores acompanharam e participaram das palestras", avaliou Suzuke.
"A preocupação é grande, e a vontade de
atuar na construção de um novo modelo
de vida e civilização também. Acredito
que, como esperava a professora que formulou o convite, ajudamos os professores a entender melhor os recados da
natureza."
Professores atentos às questões ambientais e aos valores ecológicos
!
AO ARQUEÓLOGO DO FUTURO
Entramos no reino da razão cordial
Leonardo Boff
gentina possibilitando firmar intercâmbio de cooperação técnica.
Cultivando Água Boa
JUNHO DE 2007
Da História aprendemos que
não aprendemos nada da História. Mas aprendemos tudo do sofrimento. E aprendemos.
Sabíamos dos alertas dos cientistas e sábios que nos advertiram acerca do aquecimento global que ocorria de forma irrefreável. Devíamos proteger e cuidar de
todos os ecossistemas, da imensa biodiversidade da Terra, da água
potável cada vez mais escassa. O
que não podíamos era romper o
limite do intransponível.
Eis que nos inícios de fevereiro de 2007, o organismo da ONU
que envolveu mais de 2.500 cientistas de 130 países - o Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) - comunicounos a trágica notícia: acabávamos
de romper a barreira de não retorno. A Terra encontraria um novo
equilíbrio subindo sua temperatura
entre 1,4 até 6 graus Celsius, estabilizando-se, provavelmente, por
volta de 3 graus Celsius.
Caso isso viesse a ocorrer,
representaria a inauguração da era
das devastações. Se nada fizéssemos até os anos 2030-2040,
conheceríamos a tribulação da desolação. Pelo final do século XXI,
teríamos um planeta devastado,
grande parte de nossas florestas
dizimadas, a biodiversidade tremendamente reduzida e milhões
de pessoas teriam desaparecido.
Nos recantos ainda habitáveis,
viveriam milhões de pessoas acotoveladas, com outros milhões de
refugiados do clima, forçando os
limites do espaço, na busca desesperada de alimentos e de
chances de sobrevivência.
Mas eis que algo inaudito
aconteceu. Estava dentro das possibilidades humanas a emergência da cooperação e da razão cordial, mas que, na civilização imperante, marcada pela competição e pela razão instrumental, tinha poucos espaços de realização.
Agora, face ao iminente perigo de
que não houvesse uma Arca de
tipo de colaboração.
Quando grande é o perigo,
grande também é a chance de
salvação submetida à condição de
que todos queiram ser salvos.
Quem é tão inimigo de si mesmo
e da vida a ponto de sucumbir ao
apego aos bens materiais que, na
verdade, apenas pesam, que não
nos podem assegurar a vida nem
podemos levá-los conosco junto
com a morte?
Noé que salvasse alguns e deixasMesmo com a relutância de
se perecer os demais e de que toum bom número de milhardários,
dos igualmente poderíamos peretodos convieram na seguinte decer, verificou-se uma lenta, mas
cisão, baseada na sabedoria anprogressiva transformação no estiga da humanidade: quando estado de consciência da humanitamos todos em perigo de vida,
dade.
tudo fica comum. Então os bens
Tomamos consciência de que
de todos os países e das pessoas
somos uma única e grande famídeveriam servir a todos no propólia habitando uma única casa cosito de salvar a todos e o nosso
mum, o planeta Terra. Temos que
querido planeta.
nos salvar a nós mesmos e o nosEsta decisão implicava fazer
so habitat humano.
uma moratória no desenvolvimenGovernos, grandes instituito e no crescimento. Parar para
ções multilaterais, empresas glopermitir universalizar todas as conbais, movimentos sociais mundiquistas em benefício de todos, a
ais, igrejas, religiões, centros de
começar pelos mais retardatários
pesquisa e universidades, articue pobres. Viu-se que com os calações de campitais acumulaponeses
do “Quem é tão inimigo de si dos nos bancos
mundo inteiro e mesmo e da vida a ponto de mundiais, nos
outros grupos sucumbir ao apego aos bens bancos cenmenores, mas
materiais que, na verdade, trais de cada
não menos impais, nas bolportantes, co- apenas pesam, que não nos sas do mundo
meçaram a fa- podem assegurar a vida inteiro e nas
zer encontros nem podemos levá-los co- contas de granpara buscar cades ricos e de
nosco junto com a morte?” todos, haveria
minhos salvadores. Houve muitas discussões,
tantos meios capazes de dar casa,
contraposições, propostas e consaúde, educação e lazer a todos
trapropostas. Mas todos viam a
os seres humanos.
urgência de encontrar pontos míLogicamente, esta moratória
nimos comuns. Ao redor deles
implicaria fechar milhões e midever-se-ia elaborar um consenlhões de postos de trabalho. As
so geral.
fábricas cessariam de produzir.
A primeira coisa que constaMas com os fundos globais da
taram foi que dispomos de meios
humanidade todos poderiam gatécnicos e econômicos mais do
nhar salário de subsistência e de
que suficientes para enfrentar com
decência. Não apenas para não
sucesso o risco. Apenas faltava o
morrer, mas para viver desafogaconsentimento de todos para pardos e felizes. Fariam os trabalhos
ticipar do projeto Salvação da Vida
de manutenção das cidades, das
e da Terra. Todos teriam que fazer
ruas, dos serviços essenciais, das
alguma renúncia e oferecer todo
fábricas e edifícios públicos. Gran-
de parte do trabalho seria feito no
do por causa da condição humaresgate da natureza, levando a
na deficiente. Com isso criou-se
sério os quatro erres: reduzir, reunas sociedades uma aura espiritilizar, reciclar e rearborizar.
tual que facilitou a aceitação das
Ninguém seria perdulário ou
diferenças e o apreço dos valores
viveria no luxo. O projeto de vida é
dos mais diferente povos. Elas nos
viver na simplicidade voluntária.
convenceram de que realmente
Mas todos, decentemente, podensomos irmãos e irmãs de uma
do comer três
mesma famí“O arqueólogo do futuro fica- lia habitando
ou mais vezes
ao dia de forma rá pasmado pelas mudanças a
mesma
mais que sufi- que foram possíveis quando os casa comum.
ciente. O efeiAs quatro
seres humanos, no maior
to seria um
virtudes básibem-estar ini- aperto e no instinto de sobre- cas do convím a g i n á v e l . vivência, aceitaram viver a vio humano
Anulariam-se razão cordial e o cuidado de foram cultivaas
causas
das com exuns para com os outros.”
principais que
tremo empelevam ao conflito e à vontade de
nho: a hospitalidade de todos com
dominação de uns sobre outros.
todos, o respeito por todas as diTodos decidiram fazer uma
ferenças de raça, religião, cultura
retirada sustentável das atividades
e valores, a convivência irrestrita
que implicavam em degradação da
que levou a superar a intolerância
natureza. O propósito coletivo era
e o fundamentalismo e, por fim, a
regenerar a Terra das feridas inflicomensalidade: todos sentados ao
gidas e prevenir feridas futuras. Era
redor da mesma mesa planetária,
o império da ética do cuidado e
como irmãos e irmãs em casa,
da compaixão.
desfrutando da generosidade dos
Mais ainda, cientistas dos
bens da mãe Terra.
mais sérios sugeriram utilizar a tecTodos se puseram a venerar
nologia mais avançada, a nanoteca fonte originária de onde nos vêm
nologia, para reduzir o aquecimentodas as coisas, valorizando os
to da Terra. Descobriram que midiferentes nomes que cada grupo
lhões de nanopartículas de ferro
humano lhe deu: Javé, Olorum,
colocadas nos oceanos diminuiriTao, Shiva, Tupã, Deus. Essa crenam o calor das águas ao mesmo
ça ensinou os seres humanos a
tempo que estimulariam os corais
confiarem o seu futuro a um Maie os plânctons a produzirem mais
or e sentir-se carregados na paloxigênio. Colocadas na estratosma de sua mão. Seu desígnio não
fera, refletiriam os raios solares
é a morte, mas a vida; não o caos,
para fora da Terra e assim a resfrimas o sentido. Eles detêm a últiariam. Haveria riscos com esta nama palavra.
notecnologia, cujos efeitos finais
Assim, todos, confiados na
ainda não controlamos. Mas face
salvação da humanidade e da Terà iminência do perigo coletivo, fora, inauguram o reino da razão
mos obrigados a aceitar certas
cordial.
ameaças.
E todos começaram a dançar
As religiões, as igrejas e as trae
a
louvar,
a louvar e a celebrar, a
dições espirituais esqueceram
celebrar
e
magnificar
a alegria de
suas diferenças e juntas colocaestarem
juntos,
irmanados
entre
ram-se a serviço da vida e dos vasi e reconciliados com a Terra,
lores que mais protegem a vida
contentes por terem ainda futuro
como a reverência e o respeito, a
e por estarem certos de que a
colaboração de todos com todos
aventura terrenal e cósmica pode
e a profunda compaixão por aqueseguir pelos séculos sem fim.
les que ainda continuam sofren-
Cultivando Água Boa
"
JUNHO DE 2007
Caio Coronel
Caio Coronel
JUNHO DE 2007
Cultivando Água Boa
#
Autoridades discutem criação na FPTI do
Instituto Mercosul de Estudos Avançados
Entidade tem como proposta principal promover a integração
entre universidades e entidades de fomento à ciência e tecnologia
Cerca de 500 pessoas celebraram o Dia da Água na Itaipu e no Parque Nacional do Iguaçu
No Dia Mundial da Água, o grito: SOS H20
“Enfrentando a escassez” foi tema de evento
alusivo à data realizado em Foz do Iguaçu
Para celebrar o Dia
Mundial da Água (2203-07), a representação
no Brasil da Organização das Nações Unidas
para a Alimentação e Agricultura (FAO) escolheu Foz do
Iguaçu como palco. Com a palavra-de-ordem “SOS H20”, o
lema “Cada gota conta” e o
tema “Enfrentando a escassez
de água”, o evento foi promovido por uma parceria entre a
FAO, o Ministério do Meio Ambiente, Agência Nacional das
Águas, Itaipu Binacional, Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI) e Fundação Roberto
Marinho.
A programação foi desenvolvida na Fundação Parque
Tecnológico Itaipu (FPTI) e no
Parque Nacional do Iguaçu. A
escolha de Foz do Iguaçu para
sede do evento levou em conta a abundância de água da
região e o trabalho socioambiental que vem sendo realizado
pela Itaipu e seus parceiros,
entre eles a própria FAO, na
Bacia do Paraná III, com o pro-
grama Cultivando Água
Boa.
O evento reuniu representantes de órgãos
governamentais gestores
dos recursos hídricos, grandes consumidores, organizações do terceiro setor e um público de aproximadamente 500
pessoas.
O início dos trabalhos foi
precedido pela interpretação
da canção “Planeta Água”, de
Guilherme Arantes, pelo Coral
da Itaipu, sob a regência do
maestro Gil Gonçalves, e execução do Hino Nacional.
Formaram a mesa de honra o governador do Paraná,
Roberto Requião; o prefeito de
Foz do Iguaçu, Paulo Mac Donald Ghisi; representante da
FAO no Brasil, José Tubino;
diretor geral brasileiro da
Itaipu Binacional, Jorge Miguel Samek; diretor presidente da ANA, José Machado; e
o gerente de Desenvolvimento Institucional da Fundação
Roberto Marinho, Ricardo
Piquet.
Todos pela água
Jorge Miguel Samek,
diretor geral brasileiro da Itaipu e anfitrião do encontro,
saudou e deu as boas-vindas
às autoridades, personalidades e ao público. Disse que “o
movimento SOS H2O marcou
o início de mudança de atitude do Brasil em relação aos
seus recursos hídricos”. E
acrescentou: “Demos o primeiro passo no sentido de mobilizar a sociedade brasileira
em torno da importância dos
rios, córregos, nascentes e lagos” e lembrou que “sem água
não há vida, nem energia nem
desenvolvimento”.
Roberto Requião, governador do Paraná, enfatizou que
“a Terra reage de forma dura
aos seus agressores”, e culpou o sistema capitalista, que
só visa ao lucro, sem considerar os limites do planeta. “Para
tentar salvar a vida na Terra,
temos de mudar a visão capitalista de ter lucro a todo custo.” Ele destacou a política ambiental do Estado dando ênfase às ações de conservação
Autoridades dizem que quadro é preocupante
dos recursos hídricos, repovoamento de rios e reflorestamento.
Paulo Mac Donald Ghisi,
prefeito de Foz do Iguaçu, abordou as ações ambientais implementadas no município, destacando a coleta seletiva e reciclagem
do lixo, o tratamento do esgoto doméstico, a preservação de rios e
a conscientização da população,
especialmente as crianças. “Queremos transformar cada estudante de 1ª a 4ª série num defensor
do meio ambiente”, disse.
José Tubino (foto), representante da FAO no Brasil, traçou um
panorama global e nacional da
água, definindo-a
como “bem vital cada
vez mais escasso”.
Lembrou que hoje, segundo a ONU, cerca de
1,3 bilhão de pessoas
não têm acesso a água
potável e 40% da população mundial não
dispõem de condições sanitárias
básicas. E acrescentou que, em
menos de 20 anos, a escassez de
água afetará 2,8 bilhões de pes-
soas.
“A escassez de água também vai comprometer a produção de alimentos”, alertou
Tubino. “Até 2030, a demanda por alimentos deverá aumentar 55%, mas é possível
que não haja água para atender a essa demanda”.
Tubino destacou o trabalho feito pelo Brasil em cumprimento das Metas do Milênio definidas no Plano da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada
na África do Sul em 2002. “A
ONU reconhece que o Brasil
teve avanços expressivos em
sua política de recursos hídricos”, afirmou. Mas
chamou atenção para
“a necessidade do envolvimento da sociedade e dos setores produtivos para que as políticas governamentais
de meio ambiente tenham resultado”. Citou
como modelo de gestão descentralizada e participativa os
comitês gestores do programa
Cultivando Água Boa.
MAIS CIÊNCIA,
MAIS TECNOLOGIA
Segundo Hélgio Trindade,
do Conselho Nacional de Educação Superior, o Instituto
Mercosul de Estudos Avançados promoverá intercâmbio e
cooperação entre instituições
FPTI
FPTI
Jorge Guimarães
Hélgio Trindade
nacionais, latino-americanas e
de outros continentes, além de
pesquisas nas áreas de ciência,
tecnologia, engenharias e meio
ambiente. “O instituto
vai impulsionar o processo de integração e
disseminação do conhecimento, principalmente
da região fronteiriça, e virá
se somar aos esforços desenvolvidos pela FPTI”, previu Hélgio.
Já o presidente da Capes,
Jorge Guimarães, destacou que
as pesquisas científicas e tecnológicas desenvolvidas no
âmbito do Imea poderão ser
financiadas pelo MEC e por
outras agências governamentais de apoio à pesquisa, em-
presas públicas, fundações nacionais e internacionais. “O
Instituto vai promover a integração entre universidades e
entidades de fomento, e assim
impulsionará o desenvolvimento científico e tecnológico”, afirmou Guimarães.
No ato de assinatura do
acordo UNIPI-UFPR-Itaipu, no
dia 22, o diretor geral da Itaipu, Jorge Samek, anunciou o
projeto de criação do órgão
como algo que terá forte impacto nacional e internacional.
“Guardem bem este nome –
Instituto Mercosul de Estudos
Avançados –, porque logo, logo
se ouvirá falar muito dele”, disse Samek.
FPTI
“Cada gota conta”: síntese da mensagem de autoridades e personalidades presentes
A Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI) poderá
abrigar, em breve, o Instituto
Mercosul de Estudos Avançados (Imea), ainda em fase de
discussão e planejamento. O
tema foi discutido durante reunião realizada na FPTI no dia
21 de maio, véspera da assinatura do acordo de cooperação entre a UNIPI, UFPR e Itaipu (ver páginas 14 e 15).
Participaram da reunião o
presidente da Capes, Jorge
Guimarães; o chefe da Assessoria Internacional do MEC,
Alessandro Candeas; o coordenador geral de Cooperação
Internacional da Capes,
Leonardo
Barchini
Rosa; o diretor do
CNPq, José Roberto
Drugowich; a secretária
da Ciência, Tecnologia e
Ensino Superior do Paraná,
Lygia Pupatto; o presidente da
Fundação Araucária, José Tarcisio Trindade; e os reitores Alcebíades Luiz Orlando, da Unioeste, e Mario Luiz Neves de
Azevedo, da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Para os próximos meses, as
instituições envolvidas projetaram assinar convênio para a
criação oficial do Instituto, que
será vinculado ao Ministério da
Educação do Brasil e que visa
à construção do que provisoriamente é chamado de Espaço
Regional de Educação Superior do Mercosul.
Caminhadas na Natureza
têm grande participação
Aproximadamente mil pessoas participaram da Caminhada na Natureza – Circuito Itaipu Binacional no domingo 3 de
junho, num percurso de onze
quilômetros entre belas paisagens do entorno da usina, bosques, trilha, o Canal da Piracema e muitas outras belezas.
com partida e chegada no CRV,
onde, simultaneamente, esteve montada a Feira Vida Orgânica. A Caminhada foi uma realização dos projetos “Reviver”
e “Turismo Rural na Agricultura Familiar”, e a Feira, do projeto “Agricultura Orgânica”, no
âmbito das ações do programa Cultivando Água Boa.
É a terceira caminhada de
2007. As outras duas foram
realizadas em 19 de abril – Dia
do Índio –, no Circuito Avá-Guarani, em Diamante do Oeste,
e em 1º de maio – Dia do Trabalhador – no Circuito do Trabalhador, em Medianeira. A
próxima está marcada para 25
de julho – Dia do Agricultor –
em Santa Terezinha de Itaipu,
também acompanhada da Feira Vida Orgânica. .
“ANDA, BRASIL”
Participantes da reunião realizada na Fundação PTI
As Caminhadas na Natureza integram o Programa Na-
cional de Turismo Rural na
Agricultura Familiar, dos ministérios do Turismo e do Desenvolvimento Agrário, que pretendem contribuir para que o
turismo contemple as diversidades regionais, a realidade
cultural do homem rural, lazer,
saúde e geração de emprego
e renda. Para isso, o programa preconiza a ampliação e a
qualificação dos produtos turísticos, estruturação dos destinos e aumento da permanência média dos turistas nos destinos que escolhem.
Esta modalidade de turismo vem se alastrando no mundo inteiro. No Brasil, o marco
de sua introdução é outubro
de 2003, numa iniciativa da
Associação Brasileira de Turismo Rural – Rio de Janeiro.
Na região da BP III estão
consolidados e credenciados
cinco circuitos pela “Anda, Brasil – Confederação Brasileira
de Caminhadas, Atividades
Não Competitivas e Inclusão
Social”, filiada à Federação Internacional de Esportes Populares, que congrega cerca de
6 mil circuitos distribuídos em
39 países. No Brasil estão credenciados 106 circuitos em
14 estados.
JUNHO DE 2007
Cultivando Água Boa
"
Como se faz criação de peixe em tanque-rede
Os técnicos da Itaipu responsáveis pelo programa “Produção de peixes em nossas águas”, dedicado à aqüicultura e
pesca, receberam de Edson Ribeiro, do município de Alferes,
Minas Gerais, o seguinte pedido:
“Até ontem não cheguei a ver alguma matéria sobre criação de peixe em tanque flutuante. Portanto, quero saber o
que vocês têm de material que possa me orientar quanto ao
manuseio, etapas de criação racional, tamanho de tanques,
modelos mais adequados, enfim, como começar neste novo
ramo, uma vez que em nossa região as águas de furnas nos
proporcionam um manejo adequado. Não conheço nenhuma
literatura sobre o assunto e preciso dela, e de como aplicar
as técnicas para este tipo de serviço.”
A resposta dada a Edson Ribeiro certamente interessa a
muitas pessoas que já ouviram falar da criação de peixe em
tanque-rede e têm interesse em investir nessa alternativa,
mas carecem de conhecimento técnico para adotá-la com êxito.
Por isso, os técnicos da Itaipu ensinam aqui como se faz.
Início: o registro
de aqüicultor
De acordo com a Instrução
Normativa Interministerial nº 6, de
28 de maio de 2004, para iniciar
esta atividade, é necessário obter
o Registro de Aqüicultor na Seap.
Para isso, o requerente deve ter a
assistência de um técnico na elaboração do projeto, a ser protocolado na Seap.
Verificada a adequação técnica do projeto, a Seap o submete ao Ibama para a emissão da
Licença Ambiental; à Agência Nacional de Águas (Ana) para emissão da outorga de uso da água;
ao Ministério da Marinha para anuência; e à Secretaria de Patrimônio da União (SPU) para a permissão de uso do bem público.
As quatro
fases de produção
REPRODUÇÃO - cultivo de
matrizes, cruzamento e obtenção
de larvas. Esta fase é realizada em
laboratório, portanto, requer considerável investimento e elevado
conhecimento técnico.
ALEVINAGEM - fase de transformação das larvas em alevinos.
No caso da espécie pacu, que até
agora é a que melhor tem respondido no lago de Itaipu, são necessários cerca de 60 dias para os
alevinos atingirem 50 gramas,
quando então são transferidos
para um açude.
As larvas se alimentam predominantemente de plâncton (comunidade de pequenos animais e
vegetais que vivem em suspensão
na água). Assim, o tanque escavado pode ser adubado para que
produza o alimento necessário ao
bom desenvolvimento dos alevinos, condição que não pode ser
criada no tanque-rede, por ser um
sistema aberto.
Em poucos dias, os alevinos
passam a receber ração triturada
com elevado teor de proteína
(32%). É importante salientar que,
ao iniciar esta atividade, as etapas de reprodução e alevinagem
podem ser superadas adquirindo
os juvenis de produtores especializados, com garantia de procedência, levando em conta qual é
o melhor material genético para
cada região.
CONFINAMENTO - fase de
crescimento e engorda. Os alevi-
Piscicultura da Itaipu no Globo Rural
O programa Globo Rural do dia 20 de maio levou ao ar uma
reportagem sobre o programa de piscicultura desenvolvido pela
Itaipu Binacional em seu reservatório. A origem da reportagem
foi uma carta enviada por um telespectador ao Globo Rural pedindo orientações sobre os procedimentos que devem ser adotados por quem pretende se dedicar à piscicultura em tanquerede. A reportagem da Globo foi buscar a resposta no Lago de
Itaipu, já que o sistema lá tem eficácia comprovada. Tanto que a
Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (SEAP), da Presidência da República, adotou o sistema como modelo.
Dimensões e
formas de tanques
No mercado existe grande variedade de tamanho e forma de
tanque (quadrado, retangular ou
circular). Mas o que mais importa
é o espaço que os peixes podem
explorar, pois ele determina quantos indivíduos podem ser colocados em cada unidade. No lago de
Itaipu são alojados de 40 a 50 peixes por m3. A densidade adequada depende da espécie cultivada. No caso da tilápia, por exemplo, os criadores podem alojar de
200 a 300 peixes por m3.
lTanque com 3,3 m3 (1,50
x 1,50 x 1,50 m) pode receber
148 peixes;
lTanque com 5,3 m3 (1,75 x
1,75 x 1,75 m) pode receber 238
peixes;
lTanque com 8,0 m3 (2,00 x
2,00 x 2,00 m) pode receber 360
peixes.
Qual é o
melhor modelo?
Quanto ao modelo, não há
uma regra estabelecida. A opção
deve considerar uma série de fatores locais, principalmente quan-
Fotos: Caio Coronel
#
Contrato da Itaipu com a
Fundação Roberto Marinho
No evento do Dia Mundial
da Água, a Itaipu Binacional assinou contrato com a Fundação
Roberto Marinho para o desenvolvimento e implantação do
Multicurso – Gestão de Bacias
Hidrográficas, cujo objetivo é
a melhoria da qualidade da
vida, com a divulgação nacional das ações ambientais bem
sucedidas, relativas à sustentabilidade, realizadas pela Itaipu
nas diversas comunidades em
que atua.
Numa primeira fase, as atividades consistirão no desenvolvimento de website, produção de programas temáticos e
Irineu Motter e o modelo de
tanque-rede usado no Lago de Itaipu
nos com 50 gramas ou mais podem ser transferidos para o tanque-rede, onde são alimentados
com ração flutuante com 28% de
proteína bruta. Não há um tempo
de permanência definido no tanque-rede. O pacu, por exemplo, se
desenvolve muito bem no verão,
quando a temperatura da água
atinge 25ºC. No tanque-rede, em
condições ambientais adequadas,
os peixes podem chegar ao ponto
de abate num prazo que varia de
três a cinco meses, dependendo
da espécie e do manejo adotado.
DEPESCA - As pesquisas realizadas no reservatório de Itaipu
indicam que a conversão alimentar do pacu é mais eficiente até
os peixes atingirem 1 a 1,5 kg,
quando consomem 2,5 kg de ração para produzir 1 kg de peso
vivo. A partir daí, a conversão diminui, ou seja, os peixes comem
mais ração para cada quilo de
crescimento.
Cultivando Água Boa
JUNHO DE 2007
de material impresso, que integrarão o kit educativo composto por dois programas de
vídeo com cerca de 30 minutos de duração; dois cadernos
temáticos com cerca de 50 páginas cada; um caderno de orientação para a utilização da
metodologia do projeto; cadernos de roteiros para atividades
pedagógicas; um CD Rom com
o conteúdo do projeto e fichas
técnicas.
Assinaram o contrato Jorge Samek, pela Itaipu Binacional, e José Roberto Marinho,
pela Fundação Roberto Marinho.
Participantes do evento assistem show de Maria Bethânia e Ballet do Teatro Guaíra no Parque Nacional
to à região e espécie a ser cultivada, uma vez que o princípio do tanque-rede é o mesmo. Trata-se de
uma gaiola apoiada em flutuantes.
Para maior segurança e durabilidade, é importante que todos
os componentes do tanque não
sofram oxidação. Para facilitar o
manejo, o material deve ser leve e
resistente, por isso recomenda-se
a armação em alumínio. O tanquerede deve também proporcionar
conforto aos peixes. Só assim poderão apresentar bom desenvolvimento. Por isso, é utilizada tela
sanfonada de arame galvanizado
com revestimento em PVC. Este
material, liso e flexível, evita que
os peixes se machuquem.
Manual para
o aqüicultor
A Itaipu Binacional, a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap), da Presidência da República, e o Instituto Água Viva, em
parceria, publicaram em 2005 o
manual “Boas práticas de manejo
em aqüicultura”, que está à disposição dos interessados no endereço: Itaipu Binacional – Av.
Tancredo Neves, 6731 – Foz do
Iguaçu - PR – CEP 85866-900).
Mais informações podem ser obtidas com o engenheiro agrônomo
Irineu Motter, responsável pelo projeto de cultivo de peixe em tanque-rede no reservatório de Itaipu. E-mail: [email protected]
– Telefone (45) 3520 6643 – Fax(45) 3520 6561.)
“Carta de Princípios Cooperativos pela Água”
À noite, no interior do Parque Nacional do Iguaçu,
em frente às Cataratas, as personalidades presentes assinaram e lançaram a “Carta de Princípios Cooperativos pela Água” (ver íntegra nas páginas 6 e 7), em solenidade que, além dos participantes das atividades desenvolvidas durante o dia na FPTI, teve a presença da
ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, e do presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia.
Assinaram o documento a ministra e o deputado, o
prefeito de Foz do Iguaçu, o diretor geral da Itaipu, o
representante da FAO no Brasil, o secretário nacional
de Recursos Hídricos, o secretário do Meio Ambiente
do Paraná e os representantes da ANA, Ibama, OAB,
ABRH, ABES, ABAS, CNA, CNI, Fundação Roberto Marinho e Fundação Banco do Brasil.
Protocolo de Intenções para a BP III
Outro instrumento firmado no evento foi o Protocolo de Intenções para a Gestão de Recursos Hídricos da BP III. Assinaram
Jorge Samek, pela Itaipu; Lindsey da Silva Rasca Rodrigues, pela
Secretaria de Estado do Maio Ambiente e Recursos Hídricos; Darcy Deitos, pela SUDERHSA – Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental; José Machado, pela Agência Nacional das Águas; e João Bosco Senra,
pela Secretaria Nacional de Recursos Hídricos.
Temas do encontro e expositores
I - Lei 9.433/97 + 10 – Balanço da gestão
integrada de recursos hídricos no Brasil
nJoão Bosco Senra (ver pág. 7)
nJosé Machado, presidente da ANA
nLuís Noronha, consultor em gestão de recursos hídricos
II - Políticas nacionais dos
setores usuários da água
nJerson Kelman, da ANEEL
nHypérides Macedo, do Ministério da Integração Nacional
nLuiz Eduardo Garcia, do Ministério dos Transportes
nLúcia de Carvalho, do Ministério das Cidades
III - Experiências da sociedade civil
e setores usuários da água
nPrograma Cultivando Água Boa - Nelton Frie-
drich, diretor de Coordenação da Itaipu
nGestão de bacias hidrográficas no Paraná
- Rasca Rodrigues, secretário do Meio Ambiente
do Paraná
nTecnologias sociais relacionadas ao tema água
- Jacques O. Pena, da Fundação BB
nProjetos ambientais relacionados à água
- Ricardo Piquet e Márcia Panno, da FRM
nA OAB e os recursos hídricos no Brasil
- Raimundo C. B. Aragão, presidente da OAB
nSoluções cooperativas para a água - Márcio Freitas e Ramon Belisário, da OCB
nContribuição das entidades - Rui Vieira da Silva
(ABRH/ABES/ABAS)
nÁgua e agricultura - Assuero Doca Veronez, da
CNA
nÁgua e indústria - Vítor Feitosa, da CNI
nÁgua no semi-árido - Valquíria Alves Smith Lima,
da Articulação do Semi-árido ASA.
Espetáculos
No encerramento, os presentes foram brindados com apresentação, pela cantora Maria Bethânia, do show denominado “Dentro
do mar tem rio”, com canções cujo
tema predominante é a água, e da
obra “O segundo sopro”, pelo Balé
do Tetatro Guaíra, de Curitiba, em
coreografia de Roseli Rodrigues,
música de Fábio Gardia e direção
de Carla Reinecke.
JUNHO DE 2007
Cultivando Água Boa
$
Carta de Princípios Cooperativos pela Água
principalmente na agricultura,
que é o segmento responsável
pelo uso de cerca de 70% dessa água retirada. Para isso contribuem os avanços tecnológicos na irrigação e os instrumentos de gestão da Política Nacional de Recursos Hídricos, em
implantação no país, que induzem à otimização do uso da
água.
Documento ambiental lançado no evento
alusivo ao Dia da Água em Foz do Iguaçu
A FAO foi designada
pelas Nações Unidas
para coordenar as 24
agências do Sistema
ONU envolvidas na celebração do Dia Mundial da
Água, cujo tema é: “A procura
de solução para a escassez da
água”. A FAO promove ações
de segurança alimentar e nutricional em todo o mundo,
como órgão das Nações Unidas
especializado em alimentação
e, nas últimas décadas, tem se
preocupado com a degradação
e a má distribuição da água no
globo terrestre.
A ONU reconhece o acesso à água de qualidade como
um direito humano básico e
prevê que, utilizando os padrões atuais de consumo, em
2050 mais de 45% da população mundial não poderá contar com a porção mínima individual de água para as necessidades básicas. Atualmente,
cerca de 1,1 bilhão de pessoas
não têm acesso à água potável.
A projeção indica um agravamento significativo quando a
população mundial atingir os
cerca de 10 bilhões de habitantes. As mudanças climáticas
poderão acarretar alterações
significativas dos padrões atuais de distribuição de chuvas
nos continentes.
A busca da sustentabilidade constitui elemento estruturante nos compromissos assumidos por todos os 191 Estados-Membros das Nações Unidas e que se constituem nos
“Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”, a serem cumpridos até o ano de 2015. Em
seu conjunto, o documento estabelece bases indispensáveis
para a construção de um mundo melhor, fundado no compromisso coletivo de respeitar
e defender os princípios da dignidade humana, em escala
mundial.
No âmbito dessa
agenda global se inserem, entre outras, as
preocupações com a necessidade de preservação
da água e de seu uso sustentável, enquanto um dos elementos essenciais à manutenção da saúde e qualidade de
vida, em todas as suas formas
conhecidas, e também como
base fundamental ao desenvolvimento econômico e social de
todos os povos, nações e continentes. A importância dessa
preservação intensifica-se, na
medida em que a população
cresce e a disponibilidade de
água se reduz ante o comprometimento cada vez maior de
sua qualidade.
A escassez decorre de três
possíveis situações. Primeira:
sob o ponto de vista do cidadão, a água de qualidade é escassa, mesmo quando seu volume é abundante na natureza. Isso ocorre nas comunidades não servidas pelo sistema
de abastecimento, constituído
por estações de tratamento,
adutoras e rede de distribuição. No Brasil, aproximadamente 10% dos domicílios estão nessa situação.
A disponibilização de água
nas torneiras é apenas metade
do caminho. A outra metade,
ainda não inteiramente percorrida no Brasil, consiste em coletar e dar destino adequado ao
esgoto que resulta do uso da
água. Apenas cerca de metade
dos domicílios brasileiros é
servida por um precário sistema de coleta de esgoto, constituído por tubulações que
conduzem o esgoto bruto de
volta aos rios, em geral sem a
necessária remoção da carga
poluidora, o que, por sua vez,
contamina a água captada pelas comunidades localizadas a
jusante.
Quanto ao esgoto não co-
letado, a maior parte polui os
aqüíferos subterrâneos ou escoa pelas valas que cortam os
bairros pobres, com alto risco
de disseminação de doenças
infecto-contagiosas, especialmente entre as crianças.
A segunda situação de escassez ocorre quando a quantidade de água é insuficiente
para atender ao consumo doméstico e à produção agrícola,
industrial ou energética. E a
terceira, quando a quantidade
de água é suficiente, mas de
tão má qualidade, que não
pode ser utilizada.
Com essa compreensão, é
possível encaminhar a discussão a respeito das iniciativas
necessárias para solucionar a
escassez de água.
NA PRIMEIRA SITUAÇÃO
` quando a água não chega às
torneiras – é preciso reconhecer que existe custo para a
construção e operação de infra-estrutura necessária à expansão do sistema de abastecimento. Quando uma concessionária de saneamento – pública ou privada – presta o serviço sem adequada remuneração, geralmente ela diminui o
investimento e, conseqüentemente, cai a qualidade do serviço e o índice de cobertura,
definido como a percentagem
de domicílios com água e adequada coleta e disposição final
do esgoto. Portanto, um marco regulatório estável, que possibilite às concessionárias prestar o serviço público de forma sustentável, é condição necessária
para a universalização, com qualidade, do abastecimento.
NA SEGUNDA SITUAÇÃO
– quando água superficial e
subterrânea é insuficiente para
atender aos domicílios e à produção – é preciso reduzir o uso,
NA TERCEIRA SITUAÇÃO
– quando há água em suficiente quantidade, mas sem qualidade – é preciso responsabilizar os poluidores. Diversos países adotam, com sucesso, o
princípio do “poluidor-pagador”, que obriga os poluidores,
tanto os municípios quanto os
produtores industriais e agrícolas, a pagar uma taxa para
constituir fundo financeiro destinado, principalmente, mas
não exclusivamente, a viabilizar novas estações de tratamento de esgoto.
No Brasil, este princípio
está contemplado pelo instrumento de cobrança do uso da
água, que é decidido pelos Comitês das Bacias Hidrográficas.
No âmbito institucional, os
princípios estabelecidos em
acordos e tratados internacionais estão consignados no Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), estabelecido pela
chamada Lei das Águas (nº
9433/1997) como um dos instrumentos de consolidação do
pacto entre o poder público,
usuários e sociedade civil, para
a gestão das águas no País.
Aprovado por unanimidade no
Conselho Nacional de Recursos
Hídricos (CNRH), em 30 de janeiro de 2006, é preciso agora
dar realidade ao conjunto de
diretrizes, metas e programas
desse plano, para assegurar o
uso racional da água no Brasil.
Neste cenário, esta Carta
de Princípios traduz a conjugação de esforços na articulação
de compromissos dos signatários no que se refere, especificamente, ao tema da escassez
de água. Sem negar os avan-
Cultivando Água Boa
JUNHO DE 2007
PACTOS DAS ÁGUAS
programados para junho/2007
DIA
HORA
MICROBACIA
MUNICÍPIO
14
14:00
Sanga Santa Maria
Diamante do Oeste
15
14:00
Todas
Itaipulândia
15
19:00
Sanga Leão
Entre Rios do Oeste
19
14:00
Rio Água Verde
Guaíra
19
19:00
Sanga Vira Volta
22
14:00
22
!
PROGRAMA 40 - GESTÃO POR BACIAS
CONVÊNIOS BP III - 2007/2008
MUNICÍPIO
615.620,00
Cascavel
Águas Claras e adjacência
625.450,00
3
Céu Azul
Rio Treze
4
Diamante D'Oeste
Santa Maria
439.040,00
Terra Roxa
5
Entre Rios do Oeste
Sanga Leão
146.910,00
Arroio Sabiá
Missal
6
Foz do Iguaçu
Rio Mathias Almada
246.800,00
19:00
Rio Tucano
Santa Terezinha
7
Guaíra
Água Verde
212.990,00
27
19:00
Sanga Xerê
Nova Santa Rosa
8
Itaipulândia
29
14:00
Sanga Barroca
Santa Helena
AÇÕES CONSERVACIONISTAS
DE ÁGUA E SOLO PREVISTAS PARA 2007/08 NA BP III
Educação ambiental ............................................ 29 gl
Adequação de estradas ......................... 1.628.860 m2
Cascalhamento de estradas ................... 1.465.500 m2
Pavimentação com pedra ............................ 63.680 m2
Altônia
2
INVESTIMENTO
TOTAL
Rio Ribeirão Olária
Nas demais microbacias os pactos estão sendo agendados
1
MICROBACIA
(será trabalhado
Tubo de concreto 0,30 m .................... 1.000 unidades
Tubo de concreto 0,80 m .................... 3.918 unidades
Terraço de base larga ............................ 1.316.200 ml
Terraço de base estreita ............................ 200.000 ml
Calcário ................................................ 500 toneladas
Terraceador ............................................... 4 unidades
Esteira ............................................... 670 h/máquina
Escavadeira ......................................... 625 h/máquina
Motoniveladora .................................... 450 h/máquina
Pá carregadeira .................................... 805 h/máquina
Abastecedouros comunitários .................... 66 unidades
Destinação de embalagens
de agrotóxicos ........................................ 45 toneladas
1.397.100,00
Córrego Curvado
1.433.214,00
Marechal C. Rondon
10
Maripá
11
Matelândia
Rio Sabiá
12
Medianeira
Baixo Alegria
972.323,00
13
Mercedes
Sanga Mineira e Sanga Mate
314.840,00
14
Missal
15
Mundo Novo
Rio 18 de Abril
Arroio Sabiá
757.505,00
1.274.530,00
84.332,00
Córrego Mamangaba
16
Nova Santa Rosa
17
Ouro Verde do Oeste
e Córrego do Fim
667.520,00
Sanga Xerê
989.640,50
Sanga Funda + Córrego largado e
Córrego alegre e Córrego da Varzea
+ Córrego poço grande
822.858,00
18
Pato Bragado
Sangas Naranjito e Louro
114.160,00
19
Quatro Pontes
Arroio Quatro Pontes
861.650,00
20
Ramilândia
Rio Cristalina e adjacentes
(Assentamento)
350.550,00
Córrego Barrócas
134.310,00
Córrego Descoberto e Rio Guavirá
466.200,00
Rio Tucano
121.000,00
Linha São João e Maria Gorete
231.410,00
871746,00
21
Santa Helena
22
Santa Tereza do Oeste
23
Santa Terezinha de Itaipu
24
São José das Palmeiras
25
São Miguel do Iguaçu
Rio Pinto
26
São Pedro do Iguaçu
Córregos Promessa,
Rosário e Palmital
Cerca tipo 1 ................................................... 646 km
Cerca tipo 2 ................................................ 108,6 km
em todo o município)
9
Tubulação 40 mm vazado .................... 3.700 unidades
Tubo de concreto 1,20 m .................... 2.564 unidades
1.774.650,00
27
Terra Roxa
28
Toledo
29
Vera Cruz do Oeste
(Assentamento Nova União)
137.880,00
Rio Vira Volta
373829,20
Rio Toledo
545.058,00
Arroio Pacheco
332.860,00
Espalhadores de
PARTICIPAÇÃO TOTAL (R$)
resíduos orgânicos ................................... 47 unidades
PARTICIPAÇÃO TOTAL (%)
17.315.975,70
0,47
JUNHO DE 2007
Cultivando Água Boa
Pactos pela conservação ambiental
Adenésio Zanella
Comunidades decidem democraticamente e
assumem propostas do Cultivando Água Boa
No período 20052006, as práticas conservacionistas de água e
solo do programa Cultivando Água Boa foram
desenvolvidas em uma microbacia em cada um dos 29
municípios da Bacia do Paraná III, a área de influência da
Itaipu Binacional no Brasil. Em
todas essas microbacias as
ações estão encerradas, à exceção de algumas pendências
que estão sendo resolvidas.
O programa entra agora,
então, na segunda etapa, para
o período 2007-2008, em que
os municípios, em conjunto
com os técnicos da Itaipu, elegem nova microbacia a ser trabalhada, em busca da correção
dos passivos ambientais e da
construção da sustentabilidade
do lugar.
O novo passo começou a
ser dado em reuniões de cada
prefeito da BP III e seus secretários com o diretor de Coordenação da Itaipu, Nelton Friedrich, e a equipe técnica do
Cultivando Água Boa, sendo
condição para partir para a segunda microbacia a conclusão
das ações na primeira. O reconhecimento de que as ações
estão ou não concluídas foi
dado por vistoria feita por uma
comissão técnica integrada por
membros do comitê gestor da
microbacia, da área técnica da
Itaipu, IAP, Emater e moradores de cada localidade. Em oito
municípios foram constatadas
pendências. Foi dado a eles o
prazo de 60 dias para concluírem os trabalhos e assim se
habilitarem a entrar na segunda etapa.
A escolha das microbacias
a serem trabalhadas de agora
em diante foi precedida de levantamento de problemas existentes e das ações corretivas
necessárias, para discussão
com os prefeitos, secretários e comunidades.
Gestão inovada
Para a gestão das
ações na segunda microbacia houve uma inovação. Na
primeira etapa havia um comitê gestor em cada microbacia.
Mas além desse comitê, em
muitos municípios havia outros
comitês para demais programas e projetos do Cultivando
Água Boa (Agricultura Orgânica, Plantas Medicinais, Pesca,
etc.), o que sobrecarregava muitos dos seus integrantes, especialmente com a multiplicidade
de reuniões.
A gestão foi então simplificada com a constituição de um
comitê unificado por município
- o Comitês Gestor do Programa Cultivando Água Boa, responsável por todas suas ações.
Cada comitê é integrado, em
média, por 25 a 30 pessoas,
reunindo representantes dos
diversos campos de ação do
programa.
Sensibilização
Definida a nova microbacia a ser trabalhada, técnicos
da Itaipu partiram para as respectivas comunidades a fim de
fazer a sensibilização, que consiste na apresentação do programa, esclarecimento do porquê do programa, na informação sobre o que vai acontecer,
o investimento necessário e
quem arcará com ele.
Nesse processo, ao final da
exposição e discussão, em votação, a comunidade decide livremente fazer ou não o investimento, executar ou não as
ações recomendadas, uma vez
que elas serão desenvolvidas
em parceria, entre a Itaipu, a
Prefeitura do município e a comunidade. Numa evidência da
Comunidade da microbacia Água Verde, de Guaíra, em reunião de senbilização ambiental
consciência ambiental já formada na região, nenhuma comunidade se recusou a assumir as ações propostas.
Educação Ambiental
É o momento, então, de a
educação entrar em ação. A
equipe do programa Educação
Ambiental para Sustentabilidade, da Itaipu, reúne a comunidade da microbacia para os
exercícios pedagógicos das
chamadas Oficinas do Futuro,
procurando atingir o maior número possível de pessoas (homens, mulheres, idosos, jovens
e crianças) para gerar força total em torno da causa comum.
As oficinas compreendem
três momentos: Muro das lamentações - a comunidade
identifica suas (más) condutas
em relação ao meio ambiente,
em especial ao seu rio, e aponta os problemas a serem resolvidos. Árvore da esperança - traduz as aspirações da comunidade, que diz como gostaria
que fosse o pedaço do planeta
em que vive. Caminho adiante
- a comunidade escolhe as
ações prioritárias a serem executadas e se compromete com
nova conduta.
Para a preparação da segunda etapa de ações nas microbacias foram realizadas 52
oficinas nos municípios da BP
III, com participação de até
150 pessoas. Desta vez, a equipe de educação ambiental viuse diante de um diferencial em
relação à receptividade encon-
PACTOS DAS ÁGUAS
programados para junho/2007
DIA
14
15
15
19
19
22
22
27
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HORA
14:00
14:00
19:00
14:00
19:00
14:00
19:00
19:00
14:00
MICROBACIA
Sanga Santa Maria
Todas
Sanga Leão
Rio Água Verde
Sanga Vira Volta
Arroio Sabiá
Rio Tucano
Sanga Xerê
Sanga Barroca
MUNICÍPIO
Diamante do Oeste
Itaipulândia
Entre Rios do Oeste
Guaíra
Terra Roxa
Missal
Santa Terezinha
Nova Santa Rosa
Santa Helena
Nas demais microbacias os pactos estão sendo agendados
trada na primeira etapa: um
público mais acessível, mais
sensibilizado pela questão ambiental e menos resistente a admitir a necessidade de nova
atitude.
Pacto das Águas
Em evento que reúne todos
os atores envolvidos no trabalho a ser feito na microbacia é
celebrado o Pacto das Águas,
no qual a comunidade apresenta uma síntese das oficinas do
futuro, impressa no documento
Carta do Pacto das Águas, que é
assinado por todos os presentes.
A carta passa a ser a Agenda 21
do Pedaço - o compromisso da
comunidade com nova cultura,
baseada na ética do cuidado
para com a natureza.
A celebração dos pactos é
a etapa seguinte da implantação das ações do Cultivando
Água Boa nas microbacias escolhidas para a correção dos
passivos ambientais (veja no
quadro a programação para o
mês de junho).
No mesmo ato são assinados os convênios entre a Itaipu
e a Prefeitura do município, em
que são oficializados os compromissos com a execução das
obras e a participação de cada
parte no investimento necessário (veja pág. seguinte).
JUNHO DE 2007
ços já obtidos pelas ações do
poder público, das empresas
privadas e das organizações da
sociedade civil, trata-se de reconhecer a importância desse
desafio e a necessidade de buscar uma maior coordenação das iniciativas particulares e ampliar a dimensão cooperativa e o sinergismo
desses esforços.
No que concerne de modo específico ao tema
“escassez
de
água”, os presentes signatários se
comprometem em promover o
uso eficiente da água em todos os segmentos da sociedade, mobilizando para isso o
conhecimento e a experiência de cada instituição, no
sentido de executar e propor
ações para a:
lImplementação dos marcos regulatórios de saneamento nos estados e municípios;
lRegularização dos usos
da água junto aos respectivos
órgãos outorgantes, por meio
do cadastramento e emissão da
outorga de direito de uso;
l Implementação da cobrança pelo uso da água especialmente em bacias hidrográficas com escassez hídrica;
lRedução das perdas nos
sistemas de adução e armazenamento, aumento da eficiência das plantas industriais e
melhor uso da tecnologia disponível para irrigação;
lRedução do uso de recursos hídricos para diluição de
efluentes domésticos, industriais e agropecuários, por meio
da construção de estações de
tratamento de efluentes e da
disposição final adequada dos
resíduos sólidos;
lInclusão nos orçamentos
governamentais, na medida
das respectivas arrecadações
fiscais, de ações definidas pelos Planos de Recursos Hídri-
Cultivando Água Boa
cos aprovados pelos Comitês
de Bacia Hidrográfica;
%
A Política Nacional de Recursos Hídricos
lCapacitação dos setores
usuários da água para exercer
suas competências no Sistema
Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos, que tem
como fundamento a gestão descentralizada e
participativa;
l Adoção de
medidas preventivas visando à redução do risco de
ocorrência de acidentes que
possam causar contaminação
dos recursos hídricos;
lConsideração das dimensões ambiental, social e econômica, não apenas na escala local, mas também na global,
quando da produção de energia elétrica por fonte hídrica;
lParticipação ativa na realização de estudos sobre o impacto da mudança climática
nos sistemas hidrológicos brasileiros e outros problemas de
importância e no desenho de
políticas públicas necessárias
para sua mitigação;
lApoiar e incentivar outras
ações que tenham por objetivo
a educação e a informação sobre o uso racional da água.
Assinaram o documento o
presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia; a
ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva;o prefeito de Foz
do Iguaçu, Paulo Mac Donald
Ghisi; o diretor geral da Itaipu, Jorge Samek; o representante da FAO no Brasil, José Tubino; o secretário nacional de
Recursos Hídricos do MMA,
João Bosco Senra; o secretário
estadual do Estado do Meio
Ambiente do Paraná, Rasca Rodrigues; e os representantes da
Agência Nacional das Águas,
Ibama, OAB, ABRH, ABES,
ABAS, CNA, CNI, Fundação
Roberto Marinho e Fundação
Banco do Brasil.
João Bosco Senra: lei que instituiu a Política de Recursos Hídricos foi uma transposição de paradigamas
O balanço dos 10 anos de
vigência da Lei de Águas do
Brasil (Lei 9.433/97) foi um
dos eixos do evento alusivo ao
Dia Mundial da Água realizado em Foz do Iguaçu. A lei foi
tema da palestra do titular da
Secretaria Nacional de Recursos Hídricos do Ministério do
Meio Ambiente, João Bosco
Senra.
Senra abriu a exposição
citando o escritor Leonardo
Boff: “O ser humano entrou
no cenário da história da Terra quando 96% dessa história já estavam concluídos. (...)
Nós surgimos a partir dos elementos terrestres e cósmicos
que nos antecederam. Somos
nós, então, que pertencemos
à Terra, não a Terra que nos
pertence.”
Água é
um bem público
O palestrante lembrou
que a Constituição Federal
promulgada em 1988 definiu
a água como bem público de
domínio da União e dos Estados e estabeleceu que uma
legislação específica para o
uso desse recurso seria criada pelo Congresso Nacional.
Em obediência ao preceito constitucional, em 8 de janeiro de 1997, foi promulgada a Lei Federal 9.433, que
instituiu a Política Nacional
de Recursos Hídricos e criou
o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. “Foi um divisor de águas,
uma transposição de paradigmas”, disse Senra, passando
a enunciar as novas concepções contidas na lei:
l As águas, antes particulares, passaram a ser bem público.
lDa cultura da abundância,
que considerava a água como
recurso infinito e levava ao desperdício, deu lugar à cultura da
sustentabilidade, segundo a qual
a água é recurso finito com valor econômico e socioambiental
relevante.
lNo lugar da produção a
qualquer custo, dissociada do
respeito à natureza, a lei enfatizou o respeito à capacidade de
recomposição da natureza.
lEm vez do uso setorial
em detrimento dos demais,
instituiu o uso múltiplo, humano e animal, prioritários
em situação de escassez.
lA gestão fragmentada,
centralizada e burocrática deu
lugar à gestão integrada, descentralizada e participativa.
lÀ motivação imediatista, a lei contrapôs a ética intergerencial e do cuidado,
com vistas a assegurar qualidade e quantidade de água
necessária para as atuais e futuras gerações.
lO arcabouço legal e institucional do gerenciamento de
recursos hídricos no Brasil
aponta para um modelo de
Gestão Sistêmica de Integração
Participativa, superando os
modelos burocrático e gerencial. A bacia hidrográfica é a
unidade territorial para o planejamento e a gestão. Objetivo geral
O objetivo geral do Plano
Nacional de Recursos Hídricos
é estabelecer um pacto nacional para a definição de diretrizes e políticas públicas voltadas à melhoria da oferta de
água em quantidade e qualidade, gerenciando as demandas
e considerando ser a água um
elemento estruturante para a
implementação das políticas
setoriais, sob a ótica do desenvolvimento sustentável e da inclusão social.
Objetivos
estratégicos
lMelhoria das disponibilidades hídricas superficiais e
subterrâneas, em qualidade e
qualidade;
lredução dos conflitos reais e potenciais de uso da água,
bem como dos eventos hidrológicos críticos;
l percepção da conservação da água como valor socioambiental relevante.
&
Cultivando Água Boa
JUNHO DE 2007
Seminário em Toledo discute cadeia
produtiva das plantas medicinais
Evento reuniu técnicos, profissionais de saúde, produtores rurais, estudantes e
gestores municipais com o objetivo de impulsionar a produção e consumo de fitoterápicos
Nos dias
16 e 17 de
abril, no
Auditório
da PUC,
Campus de Toledo, foi realizado o V Seminário Regional de Plantas
Medicinais, organizado pelo
Comitê Gestor do projeto
Plantas Medicinais do programa Cultivando Água
Boa, com apoio da Prefeitura de Toledo, Unipar (Universidade Paranaense),
compus de Toledo, PUC/Toledo, Secretarias de Saúde
e Agricultura dos municípios da Bacia do Paraná III e
as 21 instituições integrantes do Comitê Gestor do projeto Plantas Medicinais.
O encontro contou ainda com a participação de
técnicos dos Ministérios da
Saúde e do Desenvolvimento Agrário, Agência Nacional de Vigilância Sanitária e Secretaria de Saúde
do Estado do Paraná, que
estiveram em Toledo para
contribuir com os estudos
e debates e conhecer as experiências de produção e
utilização de plantas medicinais desenvolvidas na
região. Entre técnicos, profissionais de saúde, agricultores, estudantes e gestores municipais, participaram do evento mais de
300 pessoas.
]Arranjos produtivos locais” foi o tema do seminário, com abordagem da forma como é trabalhada, em
conjunto, toda a cadeia produtiva de plantas medicinais
e fitoterápicos: cultivo, produção, processamento, manipulação, industrialização
e uso.
Fotos: Caio Coronel
Cerca de 300 pessoas dedicadas ao setor participaram do seminário em Toledo
Modelo da BP III é adequado
O seminário evidenciou que o projeto adotado na região da
Bacia do Paraná III pela Itaipu e seus parceiros é um modelo adequado para a implantação desta prática terapêutica, em três passos, de acordo com a política nacional para o setor:
lCultivo e beneficiamento de plantas medicinais pela agricultura familiar;
lModelo de produção de medicamentos fitoterápicos;
lUtilização de plantas medicinais e fitoterápicos como recurso
terapêutico no SUS – Sistema Único de Saúde.
No encontro de Toledo ficou evidenciado que a implantação
dessa política traz benefícios ambientais, sociais e econômicos,
valoriza as espécies medicinais nativas, oferece uma alternativa terapêutica à população e desenvolve produtos de alto valor agregado a partir de espécies locais. Mereceu destaque a estratégia adotada pelo projeto da Itaipu e seus parceiros, que consiste:
lna implantação de hortos medicinais nas unidades de saúde
e desenvolvimento de atividades de educação em saúde com o uso
de plantas medicinais;
lna distribuição de plantas medicinais na forma de chá nos
postos de saúde;
lna produção de fitoterápicos a partir de manipulação, dispensação e prescrição a cargo de profissionais.
Convênio Itaipu/MDA
Como a Itaipu Binacional mantém convênio com o MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário
para a disseminação e aperfeiçoamento da agricultura orgânica,
mediante projeto específico do Cultivando Água Boa, o de plantas medicinais passa a fazer interface com
ele. Assim, os agricultores orgânicos são incentivados a cultivar
plantas medicinais, até como forma de diversificação da produção.
Nessa tarefa já foram formados
quatro grupos de produtores, cada
um com cerca de 20 integrantes.
O convênio com o MDA foi debatido no seminário de Toledo com
enfoque no objetivo de produzir
plantas medicinais com qualidade
e processá-las de modo que possam ser utilizadas tanto na fabricação de medicamentos como na
alimentação, especialmente na
merenda escolar e nos postos de
saúde, na forma de chás.
Aspectos legais
O encontro debateu,
ainda, os aspectos legais
relativos às plantas medicinais e fitoterápicos,
com exposição do gerente responsável pela
área de Registro de Produtos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Edmundo
Machado Neto, que traçou as diretrizes que
devem orientar as ações
das agências locais, governos estaduais e municipais.
Nesse sentido, a representante da Escola
de Saúde Pública do Paraná, Mariângela sobrenome?, presente no encontro, afirmou que o
projeto Plantas Medicinais da região da Bacia
do Paraná III é prioritário porque se constitui
em referência, tanto
para a própria região
como para o Estado e a
União.
André Porto, da área
de Insumos Estratégicos
e Medicamentos do Ministério da Saúde, abordou o papel da instituição na implementação
da Política Nacional de
Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Segundo ele,
o papel do Ministério é
garantir a qualidade, o
acesso, a eficiência e eficácia desses produtos
para a população.
Cultivando Água Boa
JUNHO DE 2007
Fartura
de peixes
Fotos: Adenésio Zanella
Na primeira coleta
deste ano, a aldeia do
Ocoy retirou de dez tanques-rede que mantém
no lago de Itaipu cerca
de 3.000 quilos de peixe da espécie pacu, depois de cinco meses de
cultivo. A média de peso
dos peixes foi de 1,5 kg
a unidade – um desempenho que surpreendeu
os técnicos e os próprios índios, pois normalmente esse resultado é
atingido em seis meses,
não em cinco.
Logo após a coleta,
os tanques-rede foram
reabastecidos com alevinos que
deverão estar prontos para consumo dentro de seis meses, provavelmente com rendimento menor do que o lote agora colhido,
uma vez que durante o inverno os
peixes ficam preguiçosos até para
comer, e assim, obviamente, demoram mais para ganhar peso.
A piscicultura constitui um
importante reforço alimentar para
a aldeia, que tem pouca terra para
os cerca de 700 índios que a compõem.
Mais 30 tanques estão instalados e povoados naquela aldeia,
o que possibilitará a produção de
até 20 toneladas de pescado por
ano. Estudo da Itaipu sobre a capacidade de suporte da área concluiu que ela comporta até 600
tanques.
Índios resgatam artesanato
Edmundo Machado Neto
O Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural)
ministrou dois cursos de artesanato ao índios do Ocoy, com
duração de uma semana cada
– um de confecção de artefatos de fibra de bananeira e
outro de palha de milho, especialmente na confecção de
bolsas.
A atividade é fruto de parceria entre o Senar, a Prefeitura e o Sindicato Rural (pa-
tronal) de São Miguel do Iguaçu, com apoio da Itaipu.
É uma forma de resgatar
a cultura indígena e mais uma
alternativa que se oferece
àquela comunidade para o
melhor aproveitamento dos
materiais disponíveis na aldeia. Além disso, os produtos
confeccionados destinam-se à
comercialização, constituindose em mais uma fonte de renda para os índios.
Muita festa e arte marcam o Dia do Índio
Neste ano, o Diado Índio (19 de abril) foi comemorado com atividades que se
desenrolaram durante uma
semana, envolvendo comunidades do Brasil, Paraguai e
Argentina.
Nas comunidades do
Ocoy e São Miguel do Iguaçu
foi realizada a Semana Cultural Indígena, com representações das tradições, música, dança, mostra e venda de
produtos da medicina natural e artesanato dos índios,
encantando os visitantes, es-
pecialmente crianças.
No dia 19 houve a Caminhada na Natureza no circuito indígena de 12 quilômetros, da qual participaram mais de 300 pessoas,
numa iniciativa do projeto Turismo
Rural na Agricultura Familiar, do
Cultivando Água Boa.
A Fundação Parque Tecnológico Itaipu também foi palco de
muita movimentação, em especial com a 5ª Mostra de Culinária e
Cultura Indígena, da qual participaram cerca de 250 índios de seis
diferentes tribos do Brasil, Paraguai e Argentina. Este evento foi
uma promoção da Itaipu Binacional, da Fundação PTI e
da Associação de Gerentes de
Alimentos e Bebidas da Costa
Oeste.
Cerca de 2.000 estudantes de escolas públicas e particulares, além de acadêmicos
das faculdades de Foz do Iguaçu e cidades vizinhas, convidados e autoridades da região
prestigiaram esta parte da programação, numa demonstração de que a cultura indígena
está cada vez mais fortalecida e valorizada.
A foto enviada é
impraticável,
nao tem tamanho
nem dpi
Os índios da fronteira deram show no seu dia, especialmente com música e danças
Cultivando Água Boa
JUNHO DE 2007
Índios recebem terra e formam nova aldeia
Adenésio Zanella
lincentivo à produção de
cultivos naturais da tradição
guarani: milho branco, diversas espécies de mandioca, batata doce e outros;
l fornecimento de cestas
básicas dentro do programa de
nutrição;
lapoio a visitas técnicas e
viagens de intercâmbio;
l construção de casas na
aldeia Itamarã e mais unidades
na do Ocoy.
Além dessas ações comuns
às três aldeias, na Itamarâ está
previsto o preparo de 20 hec-
Na inauguração da Aldeia Itamarã, o líder religioso Teodoro Tupã expressou a alegria da comunidade indígena
tares de solo para plantio, incentivo à apicultura e à criação de suínos; e para a Añetete, o preparo de 150 hectares
de solo, cultivo de erva-mate e
cascalhamento de 15 quilômetros de estradas.
Prossegue ainda a luta da
aldeia do Ocoy para obter do
IAP e do Ibama a liberação do
cultivo de 83 hectares que fazem parte de área de preservação, bem como pela desapropriação de uma área em Matelândia, para reassentar famílias indígenas e assim desafogar
aquela comunidade, cuja terra é insuficiente para suas necessidades.
Conquista da terra foi cheia de tribulações
Em 2003, 17 famílias de índios avá-guarani
abandonaram a comunidade do Ocoy, de São Miguel do Iguaçu, lideradas politicamente por Teodoro Alves e orientados espiritualmente pelo pajé
Honório Benítez. Mas essas famílias não se desgarraram da comunidade de origem. Pelo contrário, como ocorre com qualquer núcleo familiar guarani, mantiveram com ela os laços de parentesco
e culturais.. Sua saída se deveu à desproporção
na relação entre terra disponível (pouca) e número de habitantes (muitos), o que causava um acentuado desequilíbrio, tornando a aldeia foco de conflitos. O grupo de 17 famílias partiu então em bus-
Adenésio Zanella
Ritmo do projeto
Adenésio Zanella
ca de outra área para poderem construir melhores
condições de sobrevivência e levar uma vida de
acordo com seus padrões culturais.
Inicialmente, o grupo ocupou uma área em
Terra Roxa, depois juntou-se ao tekoha Añetete,
em Diamante do Oeste, em seguida ocupou uma
área na faixa de proteção do reservatório da Itaipu em Santa Helena e, finalmente, voltou a Diamante do Oeste, estabelecendo-se em área cedida pela Prefeitura. Mas agora, com a entrega
da área adquirida pela Funai, consolida-se a aldeia Itamarã e acaba o problema da falta de terra para esse grupo.
Mandioca em abundância
A comunidade indígena Tekoha Añetete, de Diamante
do Oeste, na safra 2006-2007, colheu cerca de 400 toneladas de mandioca orgânica – o dobro da safra anterior.
A cultura é desenvolvida numa parceria da Associação
Indígena Añetete com a Cooperativa Agroindustrial Lar, a
Prefeitura de Diamante do Oeste e a Itaipu Binacional. Itaipu e Prefeitura participam especialmente no preparo do
solo para o plantio, e a Cooperativa Lar compra a produção.
O cultivo da mandioca praticamente garante a sustentabilidade alimentar e econômica daquela aldeia. Além de
terem o produto em abundância para consumo, os índios
têm garantia de compra do excedente pela Cooperativa
Lar, e com o rendimento adquirem outros itens da sua dieta alimentar e outros.
Adenésio Zanella
prefeituras de São Miguel
do Iguaçu e Diamante do
Oeste e as três comunidades indígenas (Ocoy,
Añetete e Itamarã) são as
seguintes:
lAquisição de insumos, sementes, animais de tração e
equipamentos (arriames) e ferramentas manuais agrícolas;
lincentivo ao projeto Plantas Medicinais com foco no
conhecimento tradicional guarani;
lapoio à fruticultura e à
piscicultura em tanques-rede;
l incentivo à produção e
comercialização de artesanato
indígena;
'
“A educação é o referencial da Itaipu”
O engenheiro agrônomo Ângelo Giovani Rodrigues, coordenador da área de Plantas Medicinais e Fitoterápicos do Ministério da Saúde, apresentou no seminário de Toledo a política nacional do Governo para o setor e concedeu esta entrevista.
Em área de 242 ha, em Diamante, nasce
a nova comunidade avá-guarani: Itamarã
No dia 3 de fevereiro, no município de Diamante do Oeste, dentro das ações do programa Sustentabilidade
das Comunidades Indígenas, do Cultivando Água Boa,
a Funai e a Itaipu Binacional
entregaram área de 242 hectares para implantação da aldeia Itamarã (palavra guarani
que significa “diamante”), no
município de Diamante do
Oeste.
Estiveram presentes ao
ato o prefeito de Diamante do
Oeste, Faustino Magalhães,
caciques e líderes das comunidades indígenas, o diretor geral e o diretor de Coordenação
da Itaipu, Jorge Samek e Nelton Friedrich, e o representante da Funai Glênio da Costa Alvarez.
No evento foram assinados
convênios relativos às ações
programadas para 2007 nas
comunidades indígenas, e já aí
o Conselho de Desenvolvimento dos Municípios Lindeiros
emitiu ordem de serviço para
o início da construção da Casa
de Reza no Tekoha Añetete.
As principais ações previstas para 2007 nos convênios
celebrados entre a Itaipu, as
Cultivando Água Boa
JUNHO DE 2007
– Qual é a importância das
plantas medicinais e dos fitoterápicos?
– A importância das plantas
medicinais nos cuidados básicos
da saúde da população é uma
questão muito antiga. São utilizadas pelo homem desde os tempos mais remotos. Os próprios animais utilizam. Aliás, os animais são
inclusive fonte da origem do conhecimento humano das plantas
medicinais. A observação dos animais consumindo determinada
planta para um determinado fim
tem levado o homem a fazer o
mesmo. Os índios observavam que
os lobos bebiam água suja e em
seguida eram acometidos pela diarréia. Partiam então para a mata,
cavavam da terra a batata da ipeca, comiam e ficavam curados. Os
índios passaram a imitar os animais
nisso. Essa batata é usada até hoje
para curar diarréia.
– Atualmente está havendo
uma redescoberta do valor das
plantas medicinais. A que atribui isso?
– Em 1978 houve uma conferência mundial de saúde em Almatá e a partir daí a Organização
Mundial da Saúde, da ONU, reconheceu a importância das plantas
medicinais nos cuidados com a
saúde. A OMS partiu da constatação de que 80% da população dos
países em desenvolvimento utilizam plantas medicinais e seus
derivados nos cuidados com a saúde, por isso estimulou os países
membros da ONU a adotar políticas voltadas à inserção dessas
práticas nos sistemas oficiais de
saúde, desde que sejam comprovadamente eficientes e validadas
pela ciência. Depois, a OMS publicou vários comunicados com recomendações sobre a matéria.
Ângelo Giovani Rodrigues
Viveiro produz e distribuiu milhares de mudas de plantas medicinais
– Essa posição da OMS obteve a devida repercussão na
comunidade de nações?
– Talvez menos do que seria
desejável. Porém, hoje, pelo menos 26 países têm políticas oficiais para o setor. O Brasil é um deles desde maio de 2006, quando
uma portaria do Governo Federal
definiu a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS, onde figuram as
plantas medicinais. A partir daí,
elaborou-se uma política abrangente, que abarca toda a cadeia
produtiva, do cultivo ao consumo.
Nessa formulação entra desde o
conhecimento tradicional indígena até o desenvolvido pela ciência. Foi criado, por decreto do presidente Lula, um grupo interministerial (Saúde, Educação e Cultura) encarregado de elaborar essa
política, aprovada em 22 de junho
de 2006. Ela dá diretrizes e define competências dos diversos ministérios na área, como também se
torna uma prioridade de governo.
sil tem todas as potencialidades
para o desenvolvimento do setor,
dada sua rica biodiversidade, riqueza étnica, estrutura de ciência e tecnologia para pesquisa e
desenvolvimento, área extensa
para a produção e uma agricultura familiar forte para desenvolver
este ramo da agricultura.
– Como o senhor avalia a
política definida pelo Governo
Federal para o setor?
– Na verdade, essa política é
uma resposta a uma demanda da
própria sociedade. A reivindicação
por uma política para esta área é
muito antiga. Além do mais, o Bra-
– O projeto Plantas Medicinais que se desenvolve na BP
III faz parte do programa Cultivando Água Boa, da Itaipu e
seus parceiros. Qual sua avaliação desse programa?
– É um programa socioambiental completo e muito bem fundamentado. No caso das plantas
medicinais, tem potencial para se
tornar referência no país, porque
estabelece a interação com diversas áreas: educação ambiental,
produção de matéria prima (agricultor), educação nas escolas,
educação em saúde, geração de
emprego e renda, produção do
medicamento, introdução do uso
pelo SUS, capacitação de profissionais... Por trabalhar em todas
essas vertentes que têm interface, é modelo, referência.
– Qual seria o mérito maior
deste projeto?
– Diria que é a educação da
população para o uso correto e
racional das plantas medicinais,
porque a idéia de que “se bem não
faz mal também não faz” é ruim.
Plantas medicinais ou fitoterápicos
mal ministrados podem causar
problemas. Eu vejo a educação
como o referencial do Cultivando
Água Boa. Tive oportunidade de
visitar o Horto Medicinal e o Ervanário da Itaipu e pude constatar a
qualidade como isso está sendo
feito. No Brasil há mais de 100
programas de plantas medicinais
dentro do sistema oficial de saúde, e o destaque é este aqui.
– Como o Ministério da Saúde atua na implementação da
política nacional de plantas medicinais e fitoterápicos?
– O Ministério da Saúde, coordenador dessa política nacional,
forma parcerias com órgãos governamentais, ONGs, instituições locais e regionais, e participa com
apoio financeiro em quatro frentes: capacitação de profissionais
de saúde; apoio à estruturação de
serviços de plantas medicinais nos
municípios; instalação de laboratórios para a produção de fitoterápicos; pesquisa e desenvolvimento de fitoterápicos; via Fundo Nacional de Saúde, repassando recursos aos fundos estaduais e municipais de saúde.
“É tão intenso isso
tudo, que no Paraná, pela
primeira vez, tivemos um
curso de pós-graduação
em plantas medicinais, lato
senso, em função do programa Cultivando Água
Boa e seu projeto Plantas
Medicinais”, diz o superintendente de Meio Ambiente da Itaipu, Jair Kotz.. “A
iniciativa pioneira é da Unipar, de Toledo, que já formou a primeira turma de
pós-graduados em plantas
medicinais.”
O projeto ostenta os
seguintes números:
l29 municípios com o
projeto implantado
l29 comitês gestores
constituídos, com 290
participantes
l4 seminários
realizados, com
600 participantes
l1.674 pessoas
treinadas e capacitadas
l1 Horto Medicinal
implantado, com 144
espécies cultivadas e
40 espécies produzidas
l45.000 mudas de
plantas distribuídas
l75 hortas escolares
formadas
l479 merendeiras
treinadas em curso
específico
l65 profissionais de
saúde formados
l70 profissionais de
saúde em formação
l1 Ervanário
implantado (o primeiro
da região)
lPesquisa laboratorial
em andamento
JUNHO DE 2007
Cultivando Água Boa
Milton Rolin
Milton Rolin
JUNHO DE 2007
Cultivando Água Boa
'
Itaipu e BB se unem em ações ambientais
Adenésio Zanella
Projeto inclui apoio à fruticultura como
alternativa para a agricultura familiar
daço de planeta onde vivem e
de "empoderamento" em relação
à tomada de decisões sobre o
trato com o meio ambiente.
Fundamento básico
do Cultivando Água Boa,
o programa Educação
Ambiental para Sustentabilidade atua em várias
frentes: Sensibilização Socioambiental na área de influência de Itaipu, Rede de Educação
Ambiental Linha Ecológica, Formação de Educadores/as Ambientais (FEA), Educação Ambiental nas Unidades do Complexo
Turístico Itaipu e Educação Ambiental Corporativa em Itaipu.
Formação de
Educadores
Ambientais
Educação Ambiental
nas Microbacias
Entre essas ações educativas, a de "Sensibilização socioambiental na área de influência
de Itaipu", realizada nas microbacias dos municípios da BPIII,
antes, durante e depois de executadas as práticas conservacionistas de água e solo, sempre
precedidas das Oficinas do Futuro, estimula as comunidades
a refletir sobre atitudes, práticas e conceitos e a decidir pelas
soluções sustentáveis para problemas diagnosticados coletivamente.
Nos primeiros meses de
2007, o programa de educação ambiental associado ao das práticas conservacionistas se concentrou
nas oficinas realizadas nas
novas microbacias escolhidas para serem trabalhadas na
segunda etapa do processo de
zeramento dos passivos ambientais na BP III (ver pág. 22).
Paralelamente, a educação
ambiental reforça um quarto
momento das oficinas: O Futuro no Presente, ou seja, a ação
que se realiza durante e após a
solução dos passivos ambientais,
por meio de reuniões de sensibilização e conscientização sobre a importância e a necessidade de toda a comunidade, individual e coletivamente, ajudar
a fazer e a cuidar do que é ou
está sendo feito, caso contrário,
tudo se perderá.
Assim, a educação ambiental constitui o cerne das práticas conservacionistas na construção da Agenda 21 do Pedaço, assumida como ação prioritária das comunidades no Pacto
das Águas. Desperta-se assim
nas pessoas o sentido de "pertencimento" em relação ao pe-
Ao mesmo tempo em que
realiza as ações de gestão ambiental para a correção dos passivos ambientais, Itaipu e seus
parceiros articulam um verdadeiro laboratório de educação
ambiental que permeia todos os
programas, mais diretamente os
de Gestão por Bacia, Agricultura Orgânica e Familiar, Plantas
Medicinais, Jovem Jardineiro e
Coleta Solidária.
Em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, Itaipu,
Ibama/Parque Nacional do Iguaçu, 42 instituições e 34 prefeituras, consolidou-se na região o
chamado Coletivo Educador,
que trabalha na implementação
e avaliação constante da Formação de Educadores e Educadoras Ambientais (FEA).
O FEA envolve diversos segmentos da sociedade em processos reflexivos, críticos e emancipatórios que têm na educação
ambiental sua maior força propulsora, no sentido das mudanças culturais e socioambientais
rumo à sustentabilidade.
Educadores ambientais formados pelo Programa FEA
Aprender participando
A metodologia adotada pelo programa FEA é o de pessoas que aprendem participando, por meio dos grupos de Pesquisa-Ação-Participante (PAP), que se desenvolve mediante o
enraizamento de conceitos e práticas socioambientais sustentáveis na comunidade da Bacia do Paraná III e do entorno do Parque
Nacional do Iguaçu. Há quatro instâncias de grupos PAP:
nPAP1 - formado pelos idealizadores nacionais da proposta (Ministérios do Meio Ambiente e da Educação), que
repassam conhecimentos e materiais de apoio às iniciativas
em andamento Brasil afora;
nPAP2 - coletivos educadores que resultam da aglutinação de experiências de instituições da BP III e do entorno do
Parque Nacional do Iguaçu, ancoradas pela Itaipu e Ibama,
para pensar a formação do PAP3, construindo uma metodologia de ensino que dê conta das especificidades locais;
nPAP3 - os 300 educadores ambientais em formação,
que têm a missão de enraizar a educação ambiental nas
diversas localidades de cada município e integram praticamente todo o tecido social regional;
nPAP4 - os diversos grupos presentes nos municípios,
resultantes das intervenções do PAP3, que se mobilizam por
políticas públicas de interesse de toda comunidade.
ECOPEDAGOGIA
A missão é levar as comunidades a identificar
e corrigir os problemas e a cuidar do seu pedaço
Adenésio Zanella
Educação Ambiental é o cerne do programa
DE
Cena da peça teatral “A Matita - uma aventura orgânica”
REFERÊNCIA
Crianças em lição de Educação Ambiental no Ecomuseu
Em parceria com a
Itaipu Binacional, Emater, Unioeste e as prefeituras dos municípios da
BP III, o Banco do Brasil
está implantando na região
projeto "Desenvolvimento Regional Sustentável" (DRS),
com as seguintes propostas de
ação:
lSensibilizar a população
rural e urbana quanto aos aspectos ambientais geradores
de poluição difusa e pontual
em propriedades rurais.
lElaborar o planejamento
eco-desenvolvimentista nas
propriedades agropecuárias
por microbacias.
lImplantar práticas de uso
e conservação de solos e água
(terraceamento, plantio direto,
adequação de estradas, manejo
de pastagens, corredores de dessedentação, etc.).
lRecompor as matas ciliares e reservas legais com espécies florestais não-madeiráveis
(não destinadas a produzir
madeira) mas econômicas em
propriedades rurais da Bacia
do Paraná III.
l Implantar
ações de melhoria
dos sistemas de produção existentes e de
diversificação agropecuária das propriedades
rurais da BP III, buscando a sustentabilidade da
região e a melhoria da
qualidade de vida.
l Implantar o saneamento rural (adequação ou
relocação de instalações
agropecuárias, manejo e
destinação de embalagens
de agrotóxicos e dejetos orgânicos, construção de
abastecedouros comunitários, vetores de endemias,
poços, fossas sépticas, etc.).
l Implantar uma rede
de monitoramento ambiental participativo nas microbacias trabalhadas.
l Incentivar a obtenção
do licenciamento ambiental das propriedades, bem
como estabelecer um sistema de certificação conservacionista de propriedades.
No prazo de dois anos, o Banco do Brasil tem por meta
implantar o projeto em aproximadamente 5.800 hectares, distribuídos em 29 microbacias, num total de
20 propriedades por microbacia, totalizando 580 propriedades, a um custo de R$ 886,00 por hectare, totalizando R$ 5.138.800,00.
Entre as prioridades o Banco do Brasil coloca o controle
de aspectos e impactos ambientais originários da produção agropecuária.
Faz parte do projeto, ainda, pelo prazo de um ano, a
adoção de uma nascente urbana por município da BP
III para implantação de um espaço interativo de “EducAção” comunitária em área urbana, transformandose em ambiente de referência de “EcoPedagogia”.
O custo previsto para a formação das 29 praças – variável
para cada situação e dependente de projeto – está estimado em R$ 150.000,00 a 200.000,00 por praça, totalizando R$ 5.800.000,00.
Incremento à fruticultura orgânica: o bom exemplo de Guaíra
Indicativo do significado dessa iniciativa é o que vem sendo
feito em Guaíra, dentro dos projetos Diversificação da Produção e
Agricultura Orgânica, do Cultivando Água Boa, agora com participação do Banco do Brasil. Para
Guaíra, o projeto Desenvolvimento Regional Sustentável tem 4 objetivos e 19 ações programadas,
todas para o incremento da fruticultura orgânica, que vem tendo
excelentes resultados na região.
OBJETIVO 1 - aumentar o
número de produtores, dos 24 atuais para 50, especialmente na produção de abacaxi, banana e maracujá.
lFórum de debate entre os
atores do processo para o levan-
tamento das aspirações dos
produtores;
lcapacitação e conscientização dos produtores sobre a
necessidade de negócios sustentáveis (orgânicos);
lcriação de viveiro e de
unidade de compostagem;
aquisição de equipamentos;
lcriação de Associação de
Fruticultores e organizar grupos
para aquisição de insumos;
lcapacitação no aproveitamento de subprodutos da fruta;
ldisponibilização de crédito de custeio/investimento aos
produtores;
OBJETIVO 2 COMERCIALIZAÇÃO
lcriar unidades de recep-
ção, classificação, armazenagem, beneficiamento e comercialização;
lcriação de selo marca para produtos in natura ou industrializados.
OBJETIVO 3 - AMBIENTAL
lcriar condições para aproveitamento dos recursos hídricos;
lincentivar a formação da reserva legal nas propriedades;
lcriar plano de adequação ambiental das propriedades;
lestimular o plantio e beneficiamento de fitoterápicos.
OBJETIVO 4 - SOCIAL
lformação de agentes de saúde voltados à medicina alternativa;
linserir as comunidades indígenas e quilombolas nas ações do DRS;
lviabilizar o acesso à documentação de posse da terra.
Cultivando Água Boa
&
JUNHO DE 2007
MERENDA ESCOLAR
S. Miguel obtém Certificação de Ministério
“Tudo isso está alavancando muito a
agricultura familiar orgânica no município”
Para incentivar a busca pela maior eficiência
na aplicação de recursos,
o Programa Fome Zero,
do Ministério do Desenvolvimento Social, instituiu
a premiação e a certificação
para prefeituras que se destacam pela excelência da merenda escolar que oferecem aos
estudantes. Anualmente, 11
prefeituras são premiadas e 22,
certificadas. O objetivo é fazer
com que a Lei de Responsabilidade Fiscal seja cumprida, ou
seja, que tanto as verbas federais como municipais sejam
efetivamente aplicadas na merenda escolar da melhor maneira possível.
Em 2006 estavam inscritas
na ação 610 prefeituras de
todo o país, e a de São Miguel
do Iguaçu, que já participara
em 2005, figurou entre as 22
certificadas. "Foi uma grande
vitória, porque a certificação
significa que estamos perfeitamente dentro da legalidade,
cumprindo o papel de cidadão
e gestor eficiente", comemora
a coordenadora da merenda
escolar do município, a nutricionista Eveline Vandressa Valduga. "Não é estabelecida ordem de classificação para evitar que os municípios encarem
isso como competição, mas sabemos que estamos entre a 12ª
e a 22ª posição e que somos o
único município do oeste do
Paraná a obter a certificação."
para que atuassem diretamente na alimentação dos alunos", diz
Eveline. "Para isso investimos nas hortas das
escolas, que já existiam, e
inovamos. Elas usavam agrotóxicos, então, devagarinho fomos eliminando isso e introduzindo o sistema orgânico de
produção. Começamos com
cursos e palestras para as merendeiras, zeladores e pais de
alunos que trabalham nas hortas e fornecem adubo natural
para as hortas escolares."
Na conversão para o sistema orgânico vem sendo fundamental o apoio do projeto de
Agricultura Orgânica do programa socioambiental Cultivando Água Boa, da Itaipu Binacional.
No final de 2005, das 20
escolas e centros de educação
infantil do município, 12 já
produziam alimentos orgânicos diversificados, mas a meta,
Despensa da escola em dia de chegada dos produtos diretamente das granjas
segundo Eveline, é chegar a
100%, o que deve ocorrer em
2008, devido ao período necessário para a descontaminação
do solo, processo que leva de
dois a três anos e começa com
a suspensão do uso de agrotóxicos. "Em alguns casos houve
queda na produção e até perda de safra, mas preferimos
isso ao uso de agrotóxicos, em
quire produtos não orgânicos
quando não os encontra orgânicos na quantidade necessária. Assim, atualmente, 30% da
merenda escolar do município
é feita com produtos orgânicos.
E o número de fornecedores
pulou de 11 para 71, todos da
agricultura familiar. E o custo
por refeição caiu de R$ 0,63
para R$ 0,36.
Prato da Tia: criatividade das merendeiras
Projeto inovador
"Sabíamos que, para participar, tínhamos que ter um projeto inovador, que chamasse a
comunidade para dentro da
escola, especialmente os pais,
nome da saúde da terra e das
nossas crianças", diz Eveline.
Mas as hortas das escolas
ainda não garantem toda a
produção necessária para a
merenda, então é necessário
adquirir produtos com a verba
do programa Fome Zero, pela
fórmula da Compra Direta pelo
Governo Federal. No caso, a
Prefeitura de São Miguel só ad-
Evelinde servindo a merenda: “as crianças adoram”
Cultivando Água Boa
JUNHO DE 2007
Núcleos Formadores
Os municípios que integram o FEA estão organizados
em três Núcleos Formadores:
Núcleo de Cascavel, Céu Azul,
Matelândia, Vera Cruz do Oeste, Ramilândia, Santa Tereza,
Lindoeste, Capitão L. Marques,
Santa Lúcia, Capanema e Serranópolis; Núcleo de Foz do
Iguaçu, São Miguel, Medianeira, Santa Terezinha, Missal,
Itaipulândia, Diamante do Oeste e Santa Helena; Núcleo de
Toledo, Terra Roxa, Guaíra,
Mundo Novo, Altônia, Quatro
Pontes, Mercedes, Maripá, Marechal C. Rondon, Nova Santa
Rosa, Ouro Verde, São Pedro,
Entre Rios, São José das Palmeiras e Pato Bragado. Há
momentos no processo formativo em que os três núcleos se
reúnem para diálogos, troca de
experiências e busca de caminhos.
Rede de
Educação Ambiental
Linha Ecológica
Resultado da parceria entre Itaipu, Conselho de Desenvolvimento dos Municípios
Lindeiros ao Lago de Itaipu ,
Associação dos Municípios do
Oeste do Paraná e prefeituras,
a Rede de Educação Ambiental Linha Ecológica tem por
objetivo conectar projetos ambientais e sociais que buscam
a sustentabilidade e a melhoria da qualidade de vida na
região.
A rede é formada por monitores dos 29 municípios da
BP III, com representantes das
secretarias municipais de Educação, Agricultura, Meio Ambiente e Ação Social.
Como principal instrumento das ações, eles dispõem de
um ônibus com equipamentos
audiovisuais e materiais educativos - daí a denominação
Linha Ecológica (LE). Os monitores são levados a todos os
recantos da BP III para encontros de formação, construção
de saberes coletivos, socialização e difusão de experiências,
com atuação tanto na rede formal de ensino (escolas) quanto não informal (junto a agricultores e comunidades diversas).
Neste ano, na rede formal,
entre tantas atividades, a LE
distribuiu 45.000 exemplares
da cartilha Mundo Orgânico que versa sobre agricultura e
pecuária orgânicas - para alunos de 1ª e 2ª séries das escolas municipais; formou 318
professores das escolas municipais no curso Consumo Consciente; fez visitas técnicas a
projetos de educação ambiental e culturas alternativas com
agricultores da região; e
apoiou as caminhadas ecológicas.
Na rede não formal tem
atuado na formação de catadores de lixo e no apoio a sua
organização, no apoio ao FEA,
na articulação e realização das
oficinas do futuro.
A inovação na merenda escolar de São Miguel do Iguaçu incluiu a capacitação das merendeiras, o que foi feito pelo projeto "Prato da Tia", que consistiu
em um curso de três meses em que elas receberam orientação sobre alimentação e nutrição. "No curso, as merendeiras aprenderam, por exemplo, o que é
carboidrato, proteína, por que tem que haver tais e tais quantidades de nutrientes", relata Eveline. "Dentro do projeto Prato da Tia, as merendeiras têm um
dia por semana em que têm direito a fazer a merenda que elas querem, usando os conhecimentos adquiridos e a criatividade. Elas criaram, por exemplo,
uma feijoada de legumes que é uma delícia. Nela entra tudo quanto é legume,
bem picadinho, inclusive quiabo, que antes as crianças rejeitavam e agora
adoram." Até o fim deste ano, a coordenação da merenda escolar pretende
lançar um livro de receitas criadas pelo projeto Prato da Tia, anuncia Eveline.
"Tudo isso está alavancando muito a agricultura familiar orgânica no município, e nisso as próprias crianças têm papel fundamental", analisa Eveline.
"Elas sabem que o alimento orgânico faz bem e ajudam a propagar a produção
orgânica, especialmente nas suas famílias. Até a nossa feirinha teve aumento
da venda graças à divulgação que as crianças fazem."
Merendeiras aprendem a preparar alimentos ecologicamente corretos
Fotos: Milton Rolin
Panfletagem leva Educação Ambiental aos funcionários da Itaipu
Educação
Ambiental
Corporativa
Sessão de Educação Ambiental Corporativa no Refúgio Biológico
Educação Ambiental
no Complexo Turístico
NO ECOMUSEU - Além de
exibir importantes coleções arqueológicas, históricas, técnicas e científicas, o Ecomuseu
da Itaipu mantém espaços interativos, educativos, botânicos
e de artes, utilizados especialmente na educação ambiental,
que tem como alvos prioritários os bairros do seu entorno.
Quatro projetos visam a inclusão social e a valorização do
patrimônio: Ação Cidadã - desenvolvida com creches; Grupo Comunidade Crescer - para
crianças dos bairros do entorno; e Varanda - para as famílias do entorno.
NO REFÚGIO BIOLÓGICO - criadouro de animais silvestres, zoológico, hospital ve-
terinário, quarentenário, viveiro florestal, experimentos
florestais, ervanário, tanques-rede, além de uma estrutura de atendimento ao
turista e à educação ambiental - tudo isso atende pelo
nome de Refúgio Biológico
Bela Vista, um rico e diversificado espaço de aprendizagem, fonte de saber e vivência dos valores da natureza. A educação ambiental
é trabalhada com professores, estudantes, pesquisadores, comunidade do entorno e turistas no contato direto com a exuberância da
natureza do lugar, sua flora
e fauna. É nesse ambiente,
entre tantas atividades, que
se desenvolve o projeto Jovem Jardineiro, atualmente
40 meninos e meninas.
A educação ambiental
volta-se também para dentro
da comunidade dos trabalhadores da Itaipu Binacional,
com a missão de transformálos num grande coletivo de
aprendizagem permanente,
fundada nos princípios e valores globais da ética do cuidado. Para isso foi formada a
Rede Interna de Educadores
Ambientais da Itaipu, que já
tem um apreciável rol de atividades desenvolvidas:
lreuniões para definir estratégias de atuação na empresa;
ldiagnóstico participativo
mediante pesquisa de opinião
sobre a situação da empresa
em relação à qualidade do
meio ambiente e de vida;
lmobilizações em favor
do meio ambiente e da qualidade de vida;
lrevitalização do programa Vai e Vem, de gerenciamento de resíduos.
Atualmente está em curso a formação de um comitê
ambiental binacional envolvendo os trabalhadores brasileiros e paraguaios.
Cultivando Água Boa
JUNHO DE 2007
Agentes das Águas fazem
o monitoramento dos rios
pacitou mais de 90 voluntários de quatro municípios do oeste do Paraná
(Medianeira, Matelândia,
Céu Azul e Toledo), nos
quais monitora 45 locais estratégicos ao longo dos rios Xaxim, Sabiá, Toledo e Lopeí e seus
afluentes. A proposta da parceria entre Itaipu e a Fiocruz é de
envolver todos os 29 municípios que têm rios que deságuam
no reservatório da usina.
A participação da Itaipu se
dá no contexto do Cultivando
Água Boa, por meio do projeto
Monitoramento e Avaliação
Ambiental, numa ação integrada ao programa Educação Ambiental para Sustentabilidade.
Os agentes da água são voluntários que são introduzidos
na ação com um curso teóricoprático onde aprendem a determinar a qualidade das águas
dos rios mediante análises ambientais (que consideram aspectos ecológicos do ecossiste-
ma), físico-químicas (através
de kits simplificados) e biológicas.
As análises biológicas são
feitas a partir da observação da
presença de animais, geralmente insetos e caramujos, que
podem ser sensíveis ou tolerantes à poluição. A lógica é
que, se há muitos animais sensíveis à poluição, é porque a
água está limpa; e se há muitos animais tolerantes, é porque está mais poluída. A vantagem desse método sobre as
análises físico-químicas é que
estas analisam somente o
momento em que a análise foi realizada, enquanto com as análises biológicas pode-se obter informações sobre impactos ocorridos
há até duas semanas e causaram
a morte de animais.
Os voluntários têm gerado
dados importantes sobre a
qualidade da água dos seus
municípios e representado
suas comunidades na discus-
PRODUÇÃO DE LEITE
Voluntários conferem a qualidade da água em córrego
são com os comitês gestores e
prefeituras sobre como resolver
os problemas encontrados.
Para participar basta estar
interessado no assunto e querer ajudar a resolver os problemas dos rios. Mais do que um
projeto de educação ambiental,
este é um projeto de cidadania
que acredita que com a união
de todos, podemos deixar para
nossos filhos um mundo melhor do que o que recebemos.
Divulgação
e ampliação
Os voluntários do projeto
também fazem a divulgação
dos resultados das análises que
fazem das águas, para que a
população saiba as condições
em que se encontram e se
conscientizem da necessidade
de cuidá-las devidamente. Os
agentes das águas fazem isso
em palestras, como já ocorreu
nas escolas das localidades de
Bom Princípio Agrocafeeira, de
Matelândia, ministradas por
voluntários e estagiários de
Bom Princípio e Agrocafeeira,
Linha Gramado e Xaxim, e em
eventos como a Feleite.
Com vistas a sua ampliação, os objetivos e metas do
projeto Agentes das Águas já
foram expostos aos comitês
gestores do Cultivando Água
Boa de Itaipulândia, Ouro Verde do Oeste e Santa Terezinha
de Itaipu, onde recebeu total
aprovação. O próximo passo
será a apresentação às comunidades para em seguida ser
implantado nesses municípios.
Salas Verdes: democratização do acesso à informação ambiental
No dia 23 de março, na
Base Náutica de Entre Rios do
Oeste, foi realizado o Encontro Linha Ecológica 2007,
para tratar das atividades de
educação ambiental e agropecuária sustentável e agricultura orgânica, a serem desenvolvidas em 2007 no âmbito
do Cultivando Água Boa.
O encontro teve a participação da representante do Ministério do Meio Ambiente
(MMA), Valéria Casale, do prefeito de Santa Terezinha de
Itaipu e presidente do Conselho de Desenvolvimento dos
Municípios Lindeiros, Cláudio
Eberhard, dos prefeitos Rogério Lerner, de Entre Rios
do Oeste, e de
Mercedes, Vilson
Schuvantes, dirigentes e técnicos
da Itaipu, integrantes da Rede de
Educação Ambiental Linha Ecológica
e comunidade.
Na ocasião foi Inserção no Sistema de Educação pela Internet
oficializada a insTereza do Oeste, Marechal Cânditalação das chamadas "Salas Verdo Rondon, Nova Santa Rosa, Foz
des" em 14 municípios da região
do Iguaçu, Mercedes, Terra Roxa,
(Ouro Verde do Oeste, Guaíra, ToVera Cruz do Oeste, Medianeira e
ledo, Matelândia, Lindoeste, Santa
%
Seminário propõe sistema orgânico para viabilizar
Programa já capacitou mais de 90 pessoas em quatro municípios,
com atuação ao longo dos rios Xaxim, Sabiá, Lopeí e Toledo
Contando com a participação de voluntários
das comunidades para a
realização do monitoramento das águas dos rios
brasileiros, a Fiocruz (Fundação Instituto Oswaldo Cruz),
do Ministério da Saúde, e o Ministério do Meio Ambiente desenvolvem o projeto Agente das
Águas. É um programa eminentemente participativo porque
funciona por meio de parcerias diversas, de forma a democratizar as informações e dar
vez e voz a todos os atores sociais. Para isso são construídos
fóruns participativos que definem objetivos e metas, discutem os problemas e buscam
soluções.
Presente em vários Estados
brasileiros, no Paraná o projeto
conta com a parceria da Itaipu
Binacional, prefeituras, universidades locais, sociedade civil
organizada e comunidades da
BP III. Iniciado em 2006, já ca-
Cultivando Água Boa
JUNHO DE 2007
Cascavel). Sala Verde é um telecentro de educação ambiental à
distância e inserção no Sistema
Brasileiro de Educação Ambiental,
pela internet. Trata-se de projeto
desenvolvido pelo MMA, que fornece o material didático, em parceria com a Itaipu Binacional, que
doa cinco computadores por município, e as prefeituras, que entram com o espaço físico.
A representante do MMA
anunciou que em breve as Salas
Verdes serão instaladas em todos
os municípios da Bacia do Paraná
III e do entorno do Parque Nacional do Iguaçu. O projeto Salas Verdes, encarado como uma oportu-
nidade para a democratização
do acesso à informação socioambiental, constitui-se num
facilitador da sinergia entre instituições, sociedade civil, projetos, programas e ações locais
que fortalecem enraizamento
da Educação Ambiental na região, à medida que oferece um
espaço para debate, reflexão e
planejamento contínuos dos diversos atores sociais, na perspectiva da ética do cuidado, fortalecendo o relacionamento do
homem com o meio que habita
e fazendo com que se perceba
como parte de um sistema integrado.
Com o objetivo de gerar
subsídios e informações para
viabilizar e organizar a cadeia
produtiva de leite ecológico na
região da BP III, foi realizado
no dia 24/04,
em Pato Bragado, o 1º Seminário Regional de Produção Ecológica de
Leite, com participação de 300
produtores, especialmente os
ecológicos, ou orgânicos.
Foi uma realização da
Itaipu, dentro das ações do
projeto de Agricultura Orgânica, do Cultivando Água Boa,
CAOPA (Centro de Associações
da Agropecuária Familiar do
Oeste do Paraná), CAPA (Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor), APOP (Associação dos
Produtores Orgânicos de Pato
Bragado), EMATER, IAPAR
(Instituto Agronômico do Paraná) e Secretaria de Agricultura de Pato Bragado. Na
pauta:
lContextualização do programa Cultivando Água Boa;
lExperiências de cooperativas de leite da agricultura familiar;
lAções desenvolvidas pelo
projeto Itaipu/Iapar de produção ecológica de leite;
lAvaliação de sistemas na
produção leiteira – impactos e
medidas de condução, com palestra do professor Antônio C.
M. da Rosa, da UFSC;
lPastoreio racional Voisin,
tecnologia de ponta ao alcance do pequeno produtor, com
exposição do professor Alexandre Lenzi, também da UFSC.
A dura realidade do
setor leiteiro
No seminário, técnicos e
produtores traçaram um quadro de crise que precisa ser
Foto: Adenésio Zanella
Rostos de preocupação no encontro de produtores de leite realizado em Pato Bragado
superado para a viabilidade do
setor. A produção de leite situase num contexto da agricultura e pecuária brasileiras em
que, segundo a Fundação Getúlio Vargas, de 1994 a 2002,
os produtores sofreram uma
descapitalização de 44,4%.
Nesse período, os preços
recebidos pelos produtos aumentaram 89,7%, enquanto os
dos insumos subiram 134,7%,
o que indica a inviabilidade dos
métodos convencionais de gerar resultados positivos para os
produtores rurais.
Alternativas de produção leiteira
Na busca de saídas para a situação, o seminário trabalhou em cima dos seguintes objetivos
específicos:
lCompartilhar e aprofundar experiências na produção de leite em sistema ecológico de manejo;
lSensibilizar os produtores familiares para a produção sustentável de leite;
lIncentivar o uso de técnicas agroecológicas no manejo produtivo de leite;
lEstimular organizações locais e micro-regionais para o desenvolvimento da cadeia produtiva
de leite familiar ecológico;
lFavorecer a troca de experiências vivenciadas pelos produtores de leite ecológico e convencional;
lExpor aos produtores, técnicos, pesquisadores e autoridades a viabilidade da produção ecológica de leite;
lApresentar aos produtores as metas traçadas no projeto de leite ecológico para 2007.
Segundo o gestor do projeto de Agricultura Orgânica da Itaipu, o agrônomo João José Passini, a
partir desse encontro, “os produtores passarão a ser sensibilizados a receber assistência técnica visando à sustentabilidade do setor na região, e um grupo de trabalho será formado para difundir práticas
adequadas em toda a cadeia produtiva de leite, especialmente pelo sistema orgânico”.
Cultivando Água Boa
JUNHO DE 2007
MARCOS PALMEIRA
“Universo orgânico é uma viagem sem volta”
Anahi Fros/Divulgação
O ator Marcos Palmeira estranhou que
trabalhadores humildes da fazendo que recém havia comprado, em Teresópolis, RJ, não
tocavam nos hortigranjeiros que sobravam
da colheita diária. Na segunda semana
reuniu todos e informou que eles podiam
levar os produtos sem nenhum ônus. A resposta: “Para casa, não senhor. Nós não
vamos comer isso. Com todo o veneno que
colocamos...”
“Foi aí que caiu a ficha”, diz Palmeira,
descrevendo o seu ingresso no mundo da agricultura orgânica. O episódio fez Palmeira
buscar conhecimento sobre sistemas de produção, contratar técnicos e promover uma
revolução nas relações com a terra e com os
empregados. A nova forma de cultivo elimina qualquer substância química e reaproveita o máximo de dentro, com reciclagem,
e depende do mínimo de fora. Seus empregados ganharam casa, carteira assinada, tratamento dentário e escola para os filhos.
Dos 400 hectares da fazenda, hoje conhecida como Vale das Palmeiras, cerca de
30 são ocupados por lavouras e criação de
animais. Em sua propriedade, Palmeira implantou um sistema que produz semente orgânica, insumo e muda. Para tocar esse empreendimento, conta com o agrônomo senegalês Aly Ndyae, há 13 anos no Brasil.
A Vale das Palmeiras vende tudo o que
produz no Rio de Janeiro. Para isso ajuda,
também, o rosto conhecido dos telespectadores de telenovelas da Rede Globo estampado em cada embalagem. É esta forma que
Marcos Palmeira também usa para disseminar a idéia de que produzir e consumir orgânicos faz bem a todos.
Palmeira e Aly estiveram em Caxias do
Sul (RS) no final de fevereiro para palestras. Para cerca de 200 pessoas, disse que
mais do que certificar produtos é preciso “certificar a cabeça das pessoas”; que na agricultura não há praga, e sim desequilíbrio; e
que seu empenho maior é “construir relações”, enaltecendo que a agricultura orgânica é muito mais do que apenas um negócio –
envolve pessoas e um conceito de vida. “Esquecemos as relações e priorizamos o dinheiro. Por isso vivemos na atual situação de violência”, opinou. Na ocasião, Palmeira deu
ao jornal “Correio Riograndense” (edição
de14/03/07), daquela cidade, esta entrevista (reprodução autorizada):
Correio Riograndense
- O que dizer ao produtor
rural que se sente inseguro para aderir à agricultura orgânica?
Marcos Palmeira -Vá
em frente. Se ele está no
mercado, que mantenha
esse mercado no período de
transição e, paralelo a isso,
vá buscando outro. O universo orgânico é uma viagem
sem volta, porque ele te dá
uma amplitude, uma força
pessoal de trabalho ligada à
dignidade que é irreversível.
mão de comerciais em
que eu seria obrigado a
vender coisa na qual não
acredito. Mas faço pouca
publicidade, até em função de que sou rigoroso.
As grandes corporações
até podem tentar me contratar, mas terão de pagar muito mais caro.
CR - Até que ponto é
difícil construir relações
entre produtores e consumidores orgânicos?
Palmeira -Falta publicidade, divulgação,
marketing. A gente não
CR - Economicamente é
tem marketing. Por que a
viável?
gente acredita que o caPalmeira - No final das
Palmeira e o técnico Aly Ndyae com produtores da Serra Gaúcha
pitalismo deu certo, mescontas é.
mo sabendo que não
deu? Porque tem um marketing muito
CR - E quem não tem recursos
Palmeira -Você tem de ter um congrande em volta. Aqui não tem nenhupara investir?
tato com técnico, que vai te dar o camima empresa por trás da gente. MonsanPalmeira -Existem financiamentos
nho das pedras. Senão, vai ficar sempre
to, Purina, Cargil, Bayer... nenhuma está
do Banco do Brasil bem compatíveis com
com aquela visão ‘tô com praga’, ‘tô com
patrocinando este encontro.
a possibilidade do pequeno produtor, com
praga’... e não observa que a ‘praga’ quer
2% de juros ao ano.
dizer é que há desequilíbrio. Aqui em
CR - E como superar essa dificulCaxias do Sul há técnicos. O pessoal de
dade?
CR - Dois por cento? É menos que
Ipê está preparado.
Palmeira -Encontros como este (em
o Pronaf.
Caxias) são fundamentais para multipliPalmeira -Sim. Essa opção é pouCR - Qual a despesa e o faturacar as informações e pulverizar a idéia.
co difundida, mas existe. O difícil é a vimento de tua fazenda?
rada, onde o cara fica inseguro de largar
Palmeira - Tem um custo mensal
CR - Logicamente és contra os
uma coisa com a qual está viciado e enmédio de R$ 30 mil e fatura cerca de R$
transgênicos.
xergar longe. Com certeza lá na frente
45 mil. O lucro é todo investido na faPalmeira - Sou radicalmente
ele terá bons frutos.
zenda.
contra. Uma coisa é a pesquisa genética em relação à saúde humana;
CR - Como foi a conversão na Vale
CR - O ingresso na agricultura não
outra são os alimentos geneticamendas Palmeiras?
prejudicou contrato de publicidade?
te modificados, que só trazem bePalmeira - Eu tive mais dificuldaPalmeira - Ah! Com certeza. Já abri
nefício a quem tem a patente das
des porque quis acelerar muito o prosementes. Sou a favor das semencesso. O pequeno agricultor tem uma
BRASIL: 5º MAIOR
tes crioulas. Acho que a Monsanto
vantagem, porque já vive o exercício da
faz um mal enorme à humanidade.
profissão e sabe que a transição tem de
PRODUTOR MUNDIAL
Ela vende desenvolvimento promoser devagar.
A produção orgânica cresce entre
vendo a degradação. É muito bem
20% e 30% ao ano, no Brasil e
bolado. A gente tem de ficar muito
CR - Qual foi o investimento até
no mundo. Os campeões (em
esperto quanto a isso.
agora?
hectares cultivados) são:
Palmeira - É difícil avaliar. Durante
CR - Não pode nem contribuir
um tempo eu apliquei na fazenda tudo
1º Austrália e
para diminuir a fome?
que ganhava. Acho que eu poderia estar
Nova Zelândia .......... 11 milhões
Palmeira -Eles vendem o conceito
hoje no mesmo lugar com menos da
2º Argentina ........... 2,8 milhões
de que só o transgênico, só o convencimetade do que investi.
3º Itália ...................... 1 milhão
onal pode acabar com a fome. Está mais
4º Estados Unidos ..... 830.000
do que provado que o problema da fome
CR - Entrar nesse tipo de empre5º Brasil ..................... 803.000
não é falta de alimento, mas má distriendimento sem conhecimento técnibuição. Como a riqueza.
co ou orientação oferece riscos?
Cultivando Água Boa
JUNHO DE 2007
!
Coleta Solidária avança para além da BP III
Catadores de organizam, se equipam melhor,
ganham mais e melhoram qualidade de vida
Dentro do Cultivando
Água Boa e seu programa Educação e Sustentabilidade Social e Regional, é desenvolvido na
BP III o projeto Coleta Solidária, numa parceria entre a
Itaipu, o Instituto Lixo e Cidadania e associações de catadores de materiais recicláveis dos
municípios.
O projeto já atingiu 1.571
famílias de catadores de 27 dos
29 municípios da BPIII, e duas
cidades de fora dela (Palotina
e Guaraniaçu) foram contempladas com diferentes ações:
cursos de educação socioambiental; instrução sobre formas
mais convenientes e eficientes
de exercício do trabalho; incentivo à organização de associações ou cooperativas de catadores, e doação de equipamentos e materiais.
Na BP III foram doados
1.571 carrinhos, 2.850 uniformes, 14 prensas, 14 balanças
e os chamados passaportes da
cidadania – a documentação
pessoal dos catadores e seus familiares. Também estão insta-
lados na região 22 barracões de armazenamento e separação dos
materiais coletados.
Apenas dois municípios da BP III (Matelândia
e Altônia) ainda não implantaram o projeto, mas os materiais e equipamentos necessários já estão disponibilizados
pela Itaipu, faltando as respectivas prefeituras organizar a
concretização do Coleta Solidária.
O município de Medianeira decidiu fechar o “Lixão”,
onde muitas pessoas, inclusive
crianças, catavam materiais
recicláveis, tendo que ser encaminhadas ao Coleta Solidária. Para isso, técnicos da Itaipu e do Instituto Lixo e Cidadania ofereceram treinamento
a 60 agentes de endemias para
levar a todas as famílias da cidade orientações sobre como
fazer a correta separação do
lixo e disponibilizá-lo solidariamente aos catadores integrantes da sua associação.
O trabalho de acordo com
o que preconiza o projeto co-
Adenésio Zanella
Em Cascavel, Cooperativa de Catadores recebe da Itaipu equipamento de trabalho
meça no dia 10 de junho.
Em Cascavel, no dia 24 de
maio foi oficialmente constituída a Cooperativa do Catadores
de Materiais Recicláveis, com
eleição e possa da diretoria.
Para a Cooperativa dos
Agentes Ambientais de Foz do
Iguaçu o BNDES liberou verba
de R$ 870.000,00, valor que
será aplicado na construção de
barracão, compra de caminhão, aquisição de balança e
outros equipamentos.
Nos cinco primeiros meses
de 2007, o projeto desenvolveu, entre outras, as seguintes
atividades:
nparticipação remunerada
de catadores de Foz do Iguaçu
no combate à dengue;
nvisitas, reuniões, palestras nos municípios, tendo atingido, só em Foz do Iguaçu, perto de mil trabalhadores de uma
rede de supermercados, Guarda Municipal, Correios e estudantes; palestra sobre coopera-
tivismo para 70 catadores de
Toledo;
nentrega de equipamentos
(prensa, balança e uniformes)
a catadores de Entre Rios do
Oeste e Vera Cruz do Oeste;
npara atendimento em horário comercial, contatos telefônicos e pesquisa na internet
sobre rede de comercialização
na BP III, a catadora Viviane
Mertig dá expediente no escritório do Instituto Lixo e Cidadania, em Foz do Iguaçu.
Agricultura familiar em busca de novos caminhos para a auto-sustentabilidade
No primeiro semestre de
2007, a ação de apoio à agricultura familiar na BP III pautou-se pela preocupação de
encontrar alternativas de produção, especialmente com a
fruticultura e a agregação de
valor aos produtos, mediante
a implantação de agroindústrias. Em todos as situações, contudo, mantém-se a linha mestra que é encontrar uma nova
matriz tecnológica de produção
para a agricultura familiar, sem
utilização de insumos e defensivos químicos que, quando aplicados incorretamente,
Adenésio Zanella
$
Agricultores familiares em busca de alternativa tecnológica
causam tanto mal ao meio ambiente e ao sistema produtivo e
financeiro do agricultor.
Para atingir esses ideais fo-
ram promovidas dezenas de reuniões em diversos municípios com
associações de produtores e outras
entidades, visando à conscientiza-
ção do agricultor quanto à importância de perseguir a independência da atividade, investindo recursos e tecnologias em todas as fases da cadeia produtiva: produção,
transformação (industrialização) e
comercialização dos produtos.
Levantamento feito pelo Iapar
(Instituto Agronômico do Paraná)
indica que, de todas as frutas consumidas no oeste do Estado, em
média, cerca de 70% são oriundas de outros estados, apesar de
o solo e o clima da região serem
altamente propícios à produção de
praticamente todas elas, podendo constituir uma alternativa se-
gura e rentável para os produtores locais
Para o segundo semestre,
o projeto Agricultura Familiar
do Cultivando Água Boa planeja formar parceria com prefeituras, Incra, Banco do Brasil e outros agentes para a
concretização do objetivo de
promover uma profunda mudança na exploração da terra,
tanto no que se refere ao que
produzir como nos métodos de
produção, de modo que se
criem as condições para a
sustentabilidade da pequena
propriedade rural.
JUNHO DE 2007
Cultivando Água Boa
"
Cultivando Água Boa
Fotos: Caio Coronel
#
Premissas básicas
O Termo de Cooperação
que ora é assinado tem por objetivo “estabelecer diretrizes,
áreas de ação e cooperação técnico-científica” entre as instituições envolvidas, devendo as
atividades propostas estar alicerçadas nas seguintes premissas básicas: cultura da paz;
energia e recursos renováveis;
sustentabilidade ambiental e
econômica; meio ambiente;
energias alternativas; aplicações em software livre - código
aberto; metodologias alternativas de ensino.
Níveis de
cooperação
UFPR, Universidade de Pisa e Itaipu firmam Termo de Cooperação
Acordo estabelece diretrizes e áreas de
ação e cooperação entre as três instituições
No dia 22 de maio,
depois de participar, no
dia anterior, da inauguração das novas unidades geradoras da Itaipu
com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o reitor da Universidade de
Pisa (UNIPI), Itália, Marco Pasquali, o reitor da Universidade
Federal do Paraná (UFPR),
Carlos Augusto Moreira Júnior, o os diretores da Itaipu Binacional assinaram Termo de
Cooperação que estabelece diretrizes e define ações técnicocientíficas conjuntas por um
período de cinco anos, podendo ser prorrogado.
O evento foi realizado na
Fundação Parque Tecnológico
Itaipu (FPTI) e reuniu aproximadamente 200 pessoas. Além
dos reitores da UFPR e da UNIPI, diretores e conselheiros da
Itaipu, participaram do evento
o professor da UNIPI Roberto
Spandre; Flávio Zanette, próreitor de Administração e co-
ordenador do Acordo de
Cooperação pela UFPR;
Antônio Carlos Gondim,
assessor de Relações Internacionais da UFPR; a
secretária estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Lygia Pupatto, prefeitos
da BP III, reitores de universidades e diretores de faculdades da região, membros de
centros culturais italianos da
região, estudantes e professores da FPTI.
Fazendo o novo
Em seu pronunciamento
na solenidade, o reitor da
UFPR, Carlos Augusto Moreira Júnior, enfatizou “a necessidade de internacionalização
das instituições de ensino superior” para que cumpram sua
missão dentro das exigências
do mundo moderno. Disse que
esse é o caminho que a UFPR
está seguindo, pois já mantém
programas de cooperação com
outros países das Américas, da
Europa e África, a exemplo do
que agora se consolida com a
UNIPI, que definiu como
“irmã”. Destacou que nesse
processo o professor Roberto
Spandre tem sido o grande
protagonista.
Outro princípio que o reitor Moreira qualificou de essencial para a universidade é
o do conceito de parcerias “público-públicas”, assim como
existem as parcerias “públicoprivadas”. Ele defendeu a necessidade de as universidades
públicas trabalharem de maneira “solidária e irmanada”.
“Se as universidades não conversarem entre si, não vamos
avançar”, disse, e salientou que
vê na Unioeste um exemplo
nesse sentido.
Dirigindo-se a Jorge Samek, Moreira lembrou do que
o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva disse ao lhe dar posse
no cargo de diretor geral da
Itaipu: “produzir energia é sua
obrigação, mas fazer o novo,
essa é a diferença que você vai
fazer na Itaipu Binacional” . “É
exatamente isso que Samek
está fazendo”, afirmou o reitor.
Coroamento de uma série de gestões
Carlos Moreira, reitor da UFPR
Professor Roberto Spandre
Marco Pasquali, reitor da UNIPI
“Muitas realizações”
de Galileo Galilei”, pois o grande astrônomo italino foi seu
aluno e depois professor e pesquisador.
Os números da UNIPI impressionam: tem aproximadamente 50.000 estudantes,
1.900 professores, 1.600 técnicos e administradores, 18 bibliotecas, 13 museus e 58 departamentos. “Pisa é a cidade da
ciência, da pesquisa e da formação”, disse o reitor.
Marco Pasquali sinalizou
para as importantes conseqüências práticas do termo de
cooperação UNIPI-UFPRITAIPU. “Dentro de dois anos
estaremos nos reunindo aqui
novamente, e então teremos
a oportunidade de ver e avaliar as muitas e grandes realizações que vão resultar da
assinatura deste acordo”, afirmou, no que foi reforçado
pelo professor Roberto Spandre: “Se a cooperação que
aqui está sendo estabelecida
agora não é a mais importante já assumida pela UNIPI no
mundo, tenho certeza de que
no futuro será”.
O reitor Marco Pasquali
historiou e fez uma detalhada
descrição da Universidade de
Pisa em suas diversas dimensões. Disse que a cidade de Pisa
é pequena relativamente ao
porte da Universidade. “Seu
campus é tão grande quanto a
cidade e praticamente se confunde com ela.”
A UNIPI é uma das universidades mais antigas, maiores
e com mais prestígio no mundo. Foi fundada em 1343 e é
conhecida como a “Universida-
A assinatura do Termo de Cooperação é o coroamento de uma série de
gestões desenvolvidas em três encontros realizados entre 2005 e 2006 em
Florença e na UNIPI, na Itália, e na sede institucional da região de Toscana
em Bruxelas, Bélgica, no contexto da União Européia (EU). Significa a concretização do acordado no Protocolo de Intenções firmado pelas três instituições em Foz do Iguaçu em 2006.
Participaram dos encontros preparatórios os diretores brasileiro e paraguaio de Coordenação da Itaipu, Nelton Friedrich e Ramón Romero Roa,
respectivamente; o reitor da UNIPI, Marco Pasquali; o chefe do Departamento de Ciências e Meio Ambiente da UNIPI, Roberto Spandre; a embaixadora
do Brasil na UE, Maria Cecília de Azevedo Rodrigues; o embaixador da Itália
na UE, Annibale Marinelli; o embaixador do Paraguai na UE, José Maria
Ibañez; o coordenador da Escola de Altos Estudos para o Desenvolvimento
do Mercosul, Maurizio Vernassa; o diretor do Comitê das Regiões da EU,
Lucio Gussetti; Mario Badii, responsável pelo escritório da Região de Toscana de Bruxelas, Mario Badii; e cerca de uma centena de outras pessoas
representativas dessas instituições.
PROTOCOLO DE INTENÇÕES
Essas gestões e tratativas resultaram na assinatura, em 1006, de um
Protocolo de Intenções que definiu como “base conceitual” os documentos
“Agenda 21” e as “Metas do Milênio”, e como “temas de interesse comum”
os seguintes:
ngestão social, política e ambiental no desenvolvimento sustentável;
nuso sustentável dos recursos naturais, especialmente o solo, a água e
as florestas;
nplanificação de um ambiente humano e social seguro e de qualidade,
em especial para segmentos economicamente críticos e excluídos;
npromoção do desenvolvimento econômico local sustentável e da economia solidária;
nproteção, restauração e integração de uma base de biodiversidade
ecológica intata, da qual dependem a vida e a atividade a longo prazo.
ACADÊMICO -Mobilidade
estudantil – Brasil/Itália Graduação e Pós-graduação; Itália/Brasil “Láurea Specialistica”
e doutorandos; Mobilidade de
docentes e pesquisadores; Criação de modelos – estrutura de
formação do pensamento sistêmico; Desenvolvimento de metodologias de ensino à distância e operacionalização de cursos à distância; Formação
continuada;Fformação com titulação; e Pesquisa acadêmica
vinculada à formação.
PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO -Busca
de financiamento para projetos
multidisciplinares; projetos focados em problemáticas detectadas; e validação e construção
de replicabilidade do projeto
Cultivando Água Boa;
IMPLEMENTAÇÃO DE
PROJETOS ESPECIAIS - Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo (MDL); difusão de tecnologia – incubadoras; detectar e avaliar intercâmbios empresariais entre a Região Toscana e a Região Oeste do Paraná; e intercâmbio cultural.
Execução
Para a execução do objeto
do acordo, as instituições elaborarão projetos específicos
que serão formalizados por
Termos de Convênio e definidos em Planos de Trabalho devidamente aprovados e vinculados ao Termo de Cooperação.
Cada país disponibilizará a
mesma quantidade de meses
por ano para enviar ou receber estudantes, docentes e pesquisadores. A quantidade de
meses, o período e os custos da
mobilidade serão providos em
cada uma das instituições, em
consonância com um plano de
trabalho específico aprovado
pelas partes.
Na formação continuada
poderão ser propostos cursos
de curta duração, seminários,
oficinas, etc., com financiamento específico para cada
caso, acordado mediante um
plano de trabalho aprovado
pelas instituições envolvidas.
Na formação com titulação
será proposta a criação de cursos interinstitucionais, prioritariamente na área do meio ambiente, com preferência para a
gestão ambiental.
Produto concreto: euros para pesquisa
e desenvolvimento de tecnologias
A cooperação UFPR-UNIPIITAIPU já gerou um produto concreto: a apresentação à União Européia de uma proposta relacionada ao enfrentamento da mudança
climática. Está sendo solicitada à
EU a importância de 3,5 milhões
de euros para aplicação em pesquisa e desenvolvimento de atividades demonstrativas. Envolve,
além de outras instituições regionais e européias de ensino superior, UNIPI como coordenadora pela
Europa, a UFPR como coordena-
dora pelo Brasil e Universidade Nacional de Assunção pelo Paraguai.
Estão previstos estudos e desenvolvimento de tecnologias para
o aproveitamento de recursos florestais não madeiráveis, gestão de
recursos hídricos, produção de biogás a partir de dejetos agropecuários e esgoto urbano, com uma
planta no Brasil e outra no Paraguai. É o começo de uma das mais
importantes conexões estabelecidas pela Itaipu com instituições
nacionais e internacionais.
Cultivando Água Boa
JUNHO DE 2007
MARCOS PALMEIRA
“Universo orgânico é uma viagem sem volta”
Anahi Fros/Divulgação
O ator Marcos Palmeira estranhou que
trabalhadores humildes da fazendo que recém havia comprado, em Teresópolis, RJ, não
tocavam nos hortigranjeiros que sobravam
da colheita diária. Na segunda semana
reuniu todos e informou que eles podiam
levar os produtos sem nenhum ônus. A resposta: “Para casa, não senhor. Nós não
vamos comer isso. Com todo o veneno que
colocamos...”
“Foi aí que caiu a ficha”, diz Palmeira,
descrevendo o seu ingresso no mundo da agricultura orgânica. O episódio fez Palmeira
buscar conhecimento sobre sistemas de produção, contratar técnicos e promover uma
revolução nas relações com a terra e com os
empregados. A nova forma de cultivo elimina qualquer substância química e reaproveita o máximo de dentro, com reciclagem,
e depende do mínimo de fora. Seus empregados ganharam casa, carteira assinada, tratamento dentário e escola para os filhos.
Dos 400 hectares da fazenda, hoje conhecida como Vale das Palmeiras, cerca de
30 são ocupados por lavouras e criação de
animais. Em sua propriedade, Palmeira implantou um sistema que produz semente orgânica, insumo e muda. Para tocar esse empreendimento, conta com o agrônomo senegalês Aly Ndyae, há 13 anos no Brasil.
A Vale das Palmeiras vende tudo o que
produz no Rio de Janeiro. Para isso ajuda,
também, o rosto conhecido dos telespectadores de telenovelas da Rede Globo estampado em cada embalagem. É esta forma que
Marcos Palmeira também usa para disseminar a idéia de que produzir e consumir orgânicos faz bem a todos.
Palmeira e Aly estiveram em Caxias do
Sul (RS) no final de fevereiro para palestras. Para cerca de 200 pessoas, disse que
mais do que certificar produtos é preciso “certificar a cabeça das pessoas”; que na agricultura não há praga, e sim desequilíbrio; e
que seu empenho maior é “construir relações”, enaltecendo que a agricultura orgânica é muito mais do que apenas um negócio –
envolve pessoas e um conceito de vida. “Esquecemos as relações e priorizamos o dinheiro. Por isso vivemos na atual situação de violência”, opinou. Na ocasião, Palmeira deu
ao jornal “Correio Riograndense” (edição
de14/03/07), daquela cidade, esta entrevista (reprodução autorizada):
Correio Riograndense
- O que dizer ao produtor
rural que se sente inseguro para aderir à agricultura orgânica?
Marcos Palmeira -Vá
em frente. Se ele está no
mercado, que mantenha
esse mercado no período de
transição e, paralelo a isso,
vá buscando outro. O universo orgânico é uma viagem
sem volta, porque ele te dá
uma amplitude, uma força
pessoal de trabalho ligada à
dignidade que é irreversível.
mão de comerciais em
que eu seria obrigado a
vender coisa na qual não
acredito. Mas faço pouca
publicidade, até em função de que sou rigoroso.
As grandes corporações
até podem tentar me contratar, mas terão de pagar muito mais caro.
CR - Até que ponto é
difícil construir relações
entre produtores e consumidores orgânicos?
Palmeira -Falta publicidade, divulgação,
marketing. A gente não
CR - Economicamente é
tem marketing. Por que a
viável?
gente acredita que o caPalmeira - No final das
Palmeira e o técnico Aly Ndyae com produtores da Serra Gaúcha
pitalismo deu certo, mescontas é.
mo sabendo que não
deu? Porque tem um marketing muito
CR - E quem não tem recursos
Palmeira -Você tem de ter um congrande em volta. Aqui não tem nenhupara investir?
tato com técnico, que vai te dar o camima empresa por trás da gente. MonsanPalmeira -Existem financiamentos
nho das pedras. Senão, vai ficar sempre
to, Purina, Cargil, Bayer... nenhuma está
do Banco do Brasil bem compatíveis com
com aquela visão ‘tô com praga’, ‘tô com
patrocinando este encontro.
a possibilidade do pequeno produtor, com
praga’... e não observa que a ‘praga’ quer
2% de juros ao ano.
dizer é que há desequilíbrio. Aqui em
CR - E como superar essa dificulCaxias do Sul há técnicos. O pessoal de
dade?
CR - Dois por cento? É menos que
Ipê está preparado.
Palmeira -Encontros como este (em
o Pronaf.
Caxias) são fundamentais para multipliPalmeira -Sim. Essa opção é pouCR - Qual a despesa e o faturacar as informações e pulverizar a idéia.
co difundida, mas existe. O difícil é a vimento de tua fazenda?
rada, onde o cara fica inseguro de largar
Palmeira - Tem um custo mensal
CR - Logicamente és contra os
uma coisa com a qual está viciado e enmédio de R$ 30 mil e fatura cerca de R$
transgênicos.
xergar longe. Com certeza lá na frente
45 mil. O lucro é todo investido na faPalmeira - Sou radicalmente
ele terá bons frutos.
zenda.
contra. Uma coisa é a pesquisa genética em relação à saúde humana;
CR - Como foi a conversão na Vale
CR - O ingresso na agricultura não
outra são os alimentos geneticamendas Palmeiras?
prejudicou contrato de publicidade?
te modificados, que só trazem bePalmeira - Eu tive mais dificuldaPalmeira - Ah! Com certeza. Já abri
nefício a quem tem a patente das
des porque quis acelerar muito o prosementes. Sou a favor das semencesso. O pequeno agricultor tem uma
BRASIL: 5º MAIOR
tes crioulas. Acho que a Monsanto
vantagem, porque já vive o exercício da
faz um mal enorme à humanidade.
profissão e sabe que a transição tem de
PRODUTOR MUNDIAL
Ela vende desenvolvimento promoser devagar.
A produção orgânica cresce entre
vendo a degradação. É muito bem
20% e 30% ao ano, no Brasil e
bolado. A gente tem de ficar muito
CR - Qual foi o investimento até
no mundo. Os campeões (em
esperto quanto a isso.
agora?
hectares cultivados) são:
Palmeira - É difícil avaliar. Durante
CR - Não pode nem contribuir
um tempo eu apliquei na fazenda tudo
1º Austrália e
para diminuir a fome?
que ganhava. Acho que eu poderia estar
Nova Zelândia .......... 11 milhões
Palmeira -Eles vendem o conceito
hoje no mesmo lugar com menos da
2º Argentina ........... 2,8 milhões
de que só o transgênico, só o convencimetade do que investi.
3º Itália ...................... 1 milhão
onal pode acabar com a fome. Está mais
4º Estados Unidos ..... 830.000
do que provado que o problema da fome
CR - Entrar nesse tipo de empre5º Brasil ..................... 803.000
não é falta de alimento, mas má distriendimento sem conhecimento técnibuição. Como a riqueza.
co ou orientação oferece riscos?
Cultivando Água Boa
JUNHO DE 2007
!
Coleta Solidária avança para além da BP III
Catadores de organizam, se equipam melhor,
ganham mais e melhoram qualidade de vida
Dentro do Cultivando
Água Boa e seu programa Educação e Sustentabilidade Social e Regional, é desenvolvido na
BP III o projeto Coleta Solidária, numa parceria entre a
Itaipu, o Instituto Lixo e Cidadania e associações de catadores de materiais recicláveis dos
municípios.
O projeto já atingiu 1.571
famílias de catadores de 27 dos
29 municípios da BPIII, e duas
cidades de fora dela (Palotina
e Guaraniaçu) foram contempladas com diferentes ações:
cursos de educação socioambiental; instrução sobre formas
mais convenientes e eficientes
de exercício do trabalho; incentivo à organização de associações ou cooperativas de catadores, e doação de equipamentos e materiais.
Na BP III foram doados
1.571 carrinhos, 2.850 uniformes, 14 prensas, 14 balanças
e os chamados passaportes da
cidadania – a documentação
pessoal dos catadores e seus familiares. Também estão insta-
lados na região 22 barracões de armazenamento e separação dos
materiais coletados.
Apenas dois municípios da BP III (Matelândia
e Altônia) ainda não implantaram o projeto, mas os materiais e equipamentos necessários já estão disponibilizados
pela Itaipu, faltando as respectivas prefeituras organizar a
concretização do Coleta Solidária.
O município de Medianeira decidiu fechar o “Lixão”,
onde muitas pessoas, inclusive
crianças, catavam materiais
recicláveis, tendo que ser encaminhadas ao Coleta Solidária. Para isso, técnicos da Itaipu e do Instituto Lixo e Cidadania ofereceram treinamento
a 60 agentes de endemias para
levar a todas as famílias da cidade orientações sobre como
fazer a correta separação do
lixo e disponibilizá-lo solidariamente aos catadores integrantes da sua associação. O trabalho de acordo com o que preconiza projeto começa no dia
Em Cascavel, Cooperativa de Catadores recebe da equipamento da Itaipu
10 de junho.
Em Cascavel, no dia 24 de
maio foi oficialmente constituída a Cooperativa do Catadores de Materiais Recicláveis,
com eleição e possa da diretoria.
Para a Cooperativa dos
Agentes Ambientais de Foz do
Iguaçu o BNDES liberou verba
de R$ 870.000,00, valor que
será aplicado na construção de
barracão, compra de caminhão, aquisição de balança e
outros equipamentos.
Nos cinco primeiros meses
de 2007, o projeto desenvolveu, entre
outras,
as seguintes
Adenésio
Zanella
atividades:
nparticipação remunerada
de catadores de Foz do Iguaçu
no combate à dengue;
nvisitas, reuniões, palestras nos municípios, tendo
atingido, só em Foz do Iguaçu,
perto de mil trabalhadores de
uma rede de supermercados,
Guarda Municipal, Correios e
estudantes; palestra sobre cooperativismo para 70 catadores de Toledo;
nentrega de equipamentos
A diretoria da Cooperativa do
(prensa, balança e uniformes)
a catadores de Entre Rios do
Oeste e Vera Cruz do Oeste;
npara atendimento em horário comercial, contatos telefônicos e pesquisa na internet
sobre rede de comercialização
na BP III, a catadora Viviane
Mertig dá expediente no escritório do Instituto Lixo e Cidadania,
Foz do
gura
e em
rentável
paraIguaçu.
os pro-
Agricultura familiar em busca de novos caminhos para a auto-sustentabilidade
No primeiro semestre de
2007, a ação de apoio à agricultura familiar na BP III pautou-se pela preocupação de
encontrar alternativas de produção, especialmente com a
fruticultura e a agregação de
valor aos produtos, mediante
a implantação de agroindústrias. Em todos as situações, contudo, mantém-se a linha mestra que é encontrar uma nova
matriz tecnológica de produção
para a agricultura familiar, sem
utilização de insumos e defensivos químicos que, quando aplicados incorretamente,
Adenésio Zanella
$
Agricultores familiares em busca de alternativa tecnológica
causam tanto mal ao meio ambiente e ao sistema produtivo e
financeiro do agricultor.
Para atingir esses ideais fo-
ram promovidas dezenas de reuniões em diversos municípios com
associações de produtores e outras
entidades, visando à conscientiza-
ção do agricultor quanto à importância de perseguir a independência da atividade, investindo recursos e tecnologias em todas as fases da cadeia produtiva: produção,
transformação (industrialização) e
comercialização dos produtos.
Levantamento feito pelo Iapar
(Instituto Agronômico do Paraná)
indica que, de todas as frutas consumidas no oeste do Estado, em
média, cerca de 70% são oriundas de outros estados, apesar de
o solo e o clima da região serem
altamente propícios à produção de
praticamente todas elas, podendo constituir uma alternativa se-
dutores locais
Para o segundo semestre,
o projeto Agricultura Familiar
do Cultivando Água Boa planeja formar parceria com prefeituras, Incra, Banco do Brasil e outros agentes para a
concretização do objetivo de
promover uma profunda mudança na exploração da terra,
tanto no que se refere ao que
produzir como nos métodos de
produção, de modo que se
criem as condições para a
sustentabilidade da pequena
propriedade rural.
Cultivando Água Boa
JUNHO DE 2007
Agentes das Águas fazem
o monitoramento dos rios
pacitou mais de 90 voluntários de quatro municípios do oeste do Paraná
(Medianeira, Matelândia,
Céu Azul e Toledo), nos
quais monitora 45 locais estratégicos ao longo dos rios Xaxim, Sabiá, Toledo e Lopeí e seus
afluentes. A proposta da parceria entre Itaipu e a Fiocruz é de
envolver todos os 29 municípios que têm rios que deságuam
no reservatório da usina.
A participação da Itaipu se
dá no contexto do Cultivando
Água Boa, por meio do projeto
Monitoramento e Avaliação
Ambiental, numa ação integrada ao programa Educação Ambiental para Sustentabilidade.
Os agentes da água são voluntários que são introduzidos
na ação com um curso teóricoprático onde aprendem a determinar a qualidade das águas
dos rios mediante análises ambientais (que consideram aspectos ecológicos do ecossiste-
ma), físico-químicas (através
de kits simplificados) e biológicas.
As análises biológicas são
feitas a partir da observação da
presença de animais, geralmente insetos e caramujos, que
podem ser sensíveis ou tolerantes à poluição. A lógica é
que, se há muitos animais sensíveis à poluição, é porque a
água está limpa; e se há muitos animais tolerantes, é porque está mais poluída. A vantagem desse método sobre as
análises físico-químicas é que
estas analisam somente o
momento em que a análise foi realizada, enquanto com as análises biológicas pode-se obter informações sobre impactos ocorridos
há até duas semanas e causaram
a morte de animais.
Os voluntários têm gerado
dados importantes sobre a
qualidade da água dos seus
municípios e representado
suas comunidades na discus-
PRODUÇÃO DE LEITE
Voluntários conferem a qualidade da água em córrego
são com os comitês gestores e
prefeituras sobre como resolver
os problemas encontrados.
Para participar basta estar
interessado no assunto e querer ajudar a resolver os problemas dos rios. Mais do que um
projeto de educação ambiental,
este é um projeto de cidadania
que acredita que com a união
de todos, podemos deixar para
nossos filhos um mundo melhor do que o que recebemos.
Divulgação
e ampliação
Os voluntários do projeto
também fazem a divulgação
dos resultados das análises que
fazem das águas, para que a
população saiba as condições
em que se encontram e se
conscientizem da necessidade
de cuidá-las devidamente. Os
agentes das águas fazem isso
em palestras, como já ocorreu
nas escolas das localidades de
Bom Princípio Agrocafeeira, de
Matelândia, ministradas por
voluntários e estagiários de
Bom Princípio e Agrocafeeira,
Linha Gramado e Xaxim, e em
eventos como a Feleite.
Com vistas a sua ampliação, os objetivos e metas do
projeto Agentes das Águas já
foram expostos aos comitês
gestores do Cultivando Água
Boa de Itaipulândia, Ouro Verde do Oeste e Santa Terezinha
de Itaipu, onde recebeu total
aprovação. O próximo passo
será a apresentação às comunidades para em seguida ser
implantado nesses municípios.
Salas Verdes: democratização do acesso à informação ambiental
No dia 23 de março, na
Base Náutica de Entre Rios do
Oeste, foi realizado o Encontro Linha Ecológica 2007,
para tratar das atividades de
educação ambiental e agropecuária sustentável e agricultura orgânica, a serem desenvolvidas em 2007 no âmbito
do Cultivando Água Boa.
O encontro teve a participação da representante do Ministério do Meio Ambiente
(MMA), Valéria Casale, do prefeito de Santa Terezinha de
Itaipu e presidente do Conselho de Desenvolvimento dos
Municípios Lindeiros, Cláudio
Eberhard, dos prefeitos Rogério Lerner, de Entre Rios
do Oeste, e de
Mercedes, Vilson
Schuvantes, dirigentes e técnicos
da Itaipu, integrantes da Rede de
Educação Ambiental Linha Ecológica
e comunidade.
Na ocasião foi Inserção no Sistema de Educação pela Internet
oficializada a insTereza do Oeste, Marechal Cânditalação das chamadas "Salas Verdo Rondon, Nova Santa Rosa, Foz
des" em 14 municípios da região
do Iguaçu, Mercedes, Terra Roxa,
(Ouro Verde do Oeste, Guaíra, ToVera Cruz do Oeste, Medianeira e
ledo, Matelândia, Lindoeste, Santa
%
Seminário propõe sistema orgânico para viabilizar
Programa já capacitou mais de 90 pessoas em quatro municípios,
com atuação ao longo dos rios Xaxim, Sabiá, Lopeí e Toledo
Contando com a participação de voluntários
das comunidades para a
realização do monitoramento das águas dos rios
brasileiros, a Fiocruz (Fundação Instituto Oswaldo Cruz),
do Ministério da Saúde, e o Ministério do Meio Ambiente desenvolvem o projeto Agente das
Águas. É um programa eminentemente participativo porque
funciona por meio de parcerias diversas, de forma a democratizar as informações e dar
vez e voz a todos os atores sociais. Para isso são construídos
fóruns participativos que definem objetivos e metas, discutem os problemas e buscam
soluções.
Presente em vários Estados
brasileiros, no Paraná o projeto
conta com a parceria da Itaipu
Binacional, prefeituras, universidades locais, sociedade civil
organizada e comunidades da
BP III. Iniciado em 2006, já ca-
Cultivando Água Boa
JUNHO DE 2007
Cascavel). Sala Verde é um telecentro de educação ambiental à
distância e inserção no Sistema
Brasileiro de Educação Ambiental,
pela internet. Trata-se de projeto
desenvolvido pelo MMA, que fornece o material didático, em parceria com a Itaipu Binacional, que
doa cinco computadores por município, e as prefeituras, que entram com o espaço físico.
A representante do MMA
anunciou que em breve as Salas
Verdes serão instaladas em todos
os municípios da Bacia do Paraná
III e do entorno do Parque Nacional do Iguaçu. O projeto Salas Verdes, encarado como uma oportu-
nidade para a democratização
do acesso à informação socioambiental, constitui-se num
facilitador da sinergia entre instituições, sociedade civil, projetos, programas e ações locais
que fortalecem enraizamento
da Educação Ambiental na região, à medida que oferece um
espaço para debate, reflexão e
planejamento contínuos dos diversos atores sociais, na perspectiva da ética do cuidado, fortalecendo o relacionamento do
homem com o meio que habita
e fazendo com que se perceba
como parte de um sistema integrado.
Com o objetivo de gerar
subsídios e informações para
viabilizar e organizar a cadeia
produtiva de leite ecológico na
região da BP III, foi realizado
no dia 24/04,
em Pato Bragado, o 1º Seminário Regional de Produção Ecológica de
Leite, com participação de 300
produtores, especialmente os
ecológicos, ou orgânicos.
Foi uma realização da
Itaipu, dentro das ações do
projeto de Agricultura Orgânica, do Cultivando Água Boa,
CAOPA (Centro de Associações
da Agropecuária Familiar do
Oeste do Paraná), CAPA (Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor), APOP (Associação dos
Produtores Orgânicos de Pato
Bragado), EMATER, IAPAR
(Instituto Agronômico do Paraná) e Secretaria de Agricultura de Pato Bragado. Na
pauta:
lContextualização do programa Cultivando Água Boa;
lExperiências de cooperativas de leite da agricultura familiar;
lAções desenvolvidas pelo
projeto Itaipu/Iapar de produção ecológica de leite;
lAvaliação de sistemas na
produção leiteira – impactos e
medidas de condução, com palestra do professor Antônio C.
M. da Rosa, da UFSC;
lPastoreio racional Voisin,
tecnologia de ponta ao alcance do pequeno produtor, com
exposição do professor Alexandre Lenzi, também da UFSC.
A dura realidade do
setor leiteiro
No seminário, técnicos e
produtores traçaram um quadro de crise que precisa ser
Foto: Adenésio Zanella
Rostos de preocupação no encontro de produtores de leite realizado em Pato Bragado
superado para a viabilidade do
setor. A produção de leite situase num contexto da agricultura e pecuária brasileiras em
que, segundo a Fundação Getúlio Vargas, de 1994 a 2002,
os produtores sofreram uma
descapitalização de 44,4%.
Nesse período, os preços
recebidos pelos produtos aumentaram 89,7%, enquanto os
dos insumos subiram 134,7%,
o que indica a inviabilidade dos
métodos convencionais de gerar resultados positivos para os
produtores rurais.
Alternativas de produção leiteira
Na busca de saídas para a situação, o seminário trabalhou em cima dos seguintes objetivos
específicos:
lCompartilhar e aprofundar experiências na produção de leite em sistema ecológico de manejo;
lSensibilizar os produtores familiares para a produção sustentável de leite;
lIncentivar o uso de técnicas agroecológicas no manejo produtivo de leite;
lEstimular organizações locais e micro-regionais para o desenvolvimento da cadeia produtiva
de leite familiar ecológico;
lFavorecer a troca de experiências vivenciadas pelos produtores de leite ecológico e convencional;
lExpor aos produtores, técnicos, pesquisadores e autoridades a viabilidade da produção ecológica de leite;
lApresentar aos produtores as metas traçadas no projeto de leite ecológico para 2007.
Segundo o gestor do projeto de Agricultura Orgânica da Itaipu, o agrônomo João José Passini, a
partir desse encontro, “os produtores passarão a ser sensibilizados a receber assistência técnica visando à sustentabilidade do setor na região, e um grupo de trabalho será formado para difundir práticas
adequadas em toda a cadeia produtiva de leite, especialmente pelo sistema orgânico”.
Cultivando Água Boa
&
JUNHO DE 2007
MERENDA ESCOLAR
S. Miguel obtém Certificação de Ministério
“Tudo isso está alavancando muito a
agricultura familiar orgânica no município”
Para incentivar a busca pela maior eficiência
na aplicação de recursos,
o Programa Fome Zero,
do Ministério do Desenvolvimento Social, instituiu
a premiação e a certificação
para prefeituras que se destacam pela excelência da merenda escolar que oferecem aos
estudantes. Anualmente, 11
prefeituras são premiadas e 22,
certificadas. O objetivo é fazer
com que a Lei de Responsabilidade Fiscal seja cumprida, ou
seja, que tanto as verbas federais como municipais sejam
efetivamente aplicadas na merenda escolar da melhor maneira possível.
Em 2006 estavam inscritas
na ação 610 prefeituras de
todo o país, e a de São Miguel
do Iguaçu, que já participara
em 2005, figurou entre as 22
certificadas. "Foi uma grande
vitória, porque a certificação
significa que estamos perfeitamente dentro da legalidade,
cumprindo o papel de cidadão
e gestor eficiente", comemora
a coordenadora da merenda
escolar do município, a nutricionista Eveline Vandressa Valduga. "Não é estabelecida ordem de classificação para evitar que os municípios encarem
isso como competição, mas sabemos que estamos entre a 12ª
e a 22ª posição e que somos o
único município do oeste do
Paraná a obter a certificação."
para que atuassem diretamente na alimentação dos alunos", diz
Eveline. "Para isso investimos nas hortas das
escolas, que já existiam, e
inovamos. Elas usavam agrotóxicos, então, devagarinho fomos eliminando isso e introduzindo o sistema orgânico de
produção. Começamos com
cursos e palestras para as merendeiras, zeladores e pais de
alunos que trabalham nas hortas e fornecem adubo natural
para as hortas escolares."
Na conversão para o sistema orgânico vem sendo fundamental o apoio do projeto de
Agricultura Orgânica do programa socioambiental Cultivando Água Boa, da Itaipu Binacional.
No final de 2005, das 20
escolas e centros de educação
infantil do município, 12 já
produziam alimentos orgânicos diversificados, mas a meta,
Despensa da escola em dia de chegada dos produtos diretamente das granjas
segundo Eveline, é chegar a
100%, o que deve ocorrer em
2008, devido ao período necessário para a descontaminação
do solo, processo que leva de
dois a três anos e começa com
a suspensão do uso de agrotóxicos. "Em alguns casos houve
queda na produção e até perda de safra, mas preferimos
isso ao uso de agrotóxicos, em
quire produtos não orgânicos
quando não os encontra orgânicos na quantidade necessária. Assim, atualmente, 30% da
merenda escolar do município
é feita com produtos orgânicos.
E o número de fornecedores
pulou de 11 para 71, todos da
agricultura familiar. E o custo
por refeição caiu de R$ 0,63
para R$ 0,36.
Prato da Tia: criatividade das merendeiras
Projeto inovador
"Sabíamos que, para participar, tínhamos que ter um projeto inovador, que chamasse a
comunidade para dentro da
escola, especialmente os pais,
nome da saúde da terra e das
nossas crianças", diz Eveline.
Mas as hortas das escolas
ainda não garantem toda a
produção necessária para a
merenda, então é necessário
adquirir produtos com a verba
do programa Fome Zero, pela
fórmula da Compra Direta pelo
Governo Federal. No caso, a
Prefeitura de São Miguel só ad-
Evelinde servindo a merenda: “as crianças adoram”
Cultivando Água Boa
JUNHO DE 2007
Núcleos Formadores
Os municípios que integram o FEA estão organizados
em três Núcleos Formadores:
Núcleo de Cascavel, Céu Azul,
Matelândia, Vera Cruz do Oeste, Ramilândia, Santa Tereza,
Lindoeste, Capitão L. Marques,
Santa Lúcia, Capanema e Serranópolis; Núcleo de Foz do
Iguaçu, São Miguel, Medianeira, Santa Terezinha, Missal,
Itaipulândia, Diamante do Oeste e Santa Helena; Núcleo de
Toledo, Terra Roxa, Guaíra,
Mundo Novo, Altônia, Quatro
Pontes, Mercedes, Maripá, Marechal C. Rondon, Nova Santa
Rosa, Ouro Verde, São Pedro,
Entre Rios, São José das Palmeiras e Pato Bragado. Há
momentos no processo formativo em que os três núcleos se
reúnem para diálogos, troca de
experiências e busca de caminhos.
Rede de
Educação Ambiental
Linha Ecológica
Resultado da parceria entre Itaipu, Conselho de Desenvolvimento dos Municípios
Lindeiros ao Lago de Itaipu ,
Associação dos Municípios do
Oeste do Paraná e prefeituras,
a Rede de Educação Ambiental Linha Ecológica tem por
objetivo conectar projetos ambientais e sociais que buscam
a sustentabilidade e a melhoria da qualidade de vida na
região.
A rede é formada por monitores dos 29 municípios da
BP III, com representantes das
secretarias municipais de Educação, Agricultura, Meio Ambiente e Ação Social.
Como principal instrumento das ações, eles dispõem de
um ônibus com equipamentos
audiovisuais e materiais educativos - daí a denominação
Linha Ecológica (LE). Os monitores são levados a todos os
recantos da BP III para encontros de formação, construção
de saberes coletivos, socialização e difusão de experiências,
com atuação tanto na rede formal de ensino (escolas) quanto não informal (junto a agricultores e comunidades diversas).
Neste ano, na rede formal,
entre tantas atividades, a LE
distribuiu 45.000 exemplares
da cartilha Mundo Orgânico que versa sobre agricultura e
pecuária orgânicas - para alunos de 1ª e 2ª séries das escolas municipais; formou 318
professores das escolas municipais no curso Consumo Consciente; fez visitas técnicas a
projetos de educação ambiental e culturas alternativas com
agricultores da região; e
apoiou as caminhadas ecológicas.
Na rede não formal tem
atuado na formação de catadores de lixo e no apoio a sua
organização, no apoio ao FEA,
na articulação e realização das
oficinas do futuro.
A inovação na merenda escolar de São Miguel do Iguaçu incluiu a capacitação das merendeiras, o que foi feito pelo projeto "Prato da Tia", que consistiu
em um curso de três meses em que elas receberam orientação sobre alimentação e nutrição. "No curso, as merendeiras aprenderam, por exemplo, o que é
carboidrato, proteína, por que tem que haver tais e tais quantidades de nutrientes", relata Eveline. "Dentro do projeto Prato da Tia, as merendeiras têm um
dia por semana em que têm direito a fazer a merenda que elas querem, usando os conhecimentos adquiridos e a criatividade. Elas criaram, por exemplo,
uma feijoada de legumes que é uma delícia. Nela entra tudo quanto é legume,
bem picadinho, inclusive quiabo, que antes as crianças rejeitavam e agora
adoram." Até o fim deste ano, a coordenação da merenda escolar pretende
lançar um livro de receitas criadas pelo projeto Prato da Tia, anuncia Eveline.
"Tudo isso está alavancando muito a agricultura familiar orgânica no município, e nisso as próprias crianças têm papel fundamental", analisa Eveline.
"Elas sabem que o alimento orgânico faz bem e ajudam a propagar a produção
orgânica, especialmente nas suas famílias. Até a nossa feirinha teve aumento
da venda graças à divulgação que as crianças fazem."
legndar mamammmamammmama uccccccccnnnnnaaaaaaaaaaaaaa
Fotos: Milton Rolin
legndar mamammmamammmama uccccccccnnnnnaaaaaaaaaaaaaa
Educação
Ambiental
Corporativa
legndar mamammmamammmama uccccccccnnnnnaaaaaaaaaaaaaa
Educação Ambiental
no Complexo Turístico
No Ecomuseu - Além de
exibir importantes coleções arqueológicas, históricas, técnicas e científicas, o Ecomuseu
da Itaipu mantém espaços interativos, educativos, botânicos
e de artes, utilizados especialmente na educação ambiental,
que tem como alvos prioritários os bairros do seu entorno.
Quatro projetos visam a inclusão social e a valorização do
patrimônio: Ação Cidadã - desenvolvida com creches; Grupo Comunidade Crescer - para
crianças dos bairros do entorno; e Varanda - para as famílias do entorno.
No Refúgio Biológico - criadouro de animais silvestres,
zoológico, hospital veterinário,
quarentenário, viveiro florestal, experimentos florestais, ervanário, tanquesrede, além de uma estrutura de atendimento ao turista e à educação ambiental tudo isso atende pelo nome
de Refúgio Biológico Bela
Vista, um rico e diversificado espaço de aprendizagem,
fonte de saber e vivência dos
valores da natureza. A educação ambiental é trabalhada com professores, estudantes, pesquisadores, comunidade do entorno e turistas no contato direto com
a exuberância da natureza
do lugar, sua flora e fauna.
É nesse ambiente, entre tantas atividades, que se desenvolve o projeto Jovem Jardineiro, atualmente 40 meninos e meninas.
A educação ambiental
volta-se também para dentro
da comunidade dos trabalhadores da Itaipu Binacional,
com a missão de transformálos num grande coletivo de
aprendizagem permanente,
fundada nos princípios e valores globais da ética do cuidado. Para isso foi formada a
Rede Interna de Educadores
Ambientais da Itaipu, que já
tem um apreciável rol de atividades desenvolvidas:
lreuniões para definir estratégias de atuação na empresa;
ldiagnóstico participativo
mediante pesquisa de opinião
sobre a situação da empresa
em relação à qualidade do
meio ambiente e de vida;
lmobilizações em favor
do meio ambiente e da qualidade de vida;
lrevitalização do programa Vai e Vem, de gerenciamento de resíduos.
Atualmente está em curso a formação de um comitê
ambiental binacional envolvendo os trabalhadores brasileiros e paraguaios.
JUNHO DE 2007
Cultivando Água Boa
Fotos: Milton Rolin
JUNHO DE 2007
Cultivando Água Boa
'
Itaipu e BB se unem em ações ambientais
Fotos: Adenésio Zanella
Projeto inclui apoio à fruticultura como
alternativa para a agricultura familiar
A missão é levar as comunidades a identificar
e corrigir os problemas e a cuidar do seu pedaço
daço de planeta onde vivem e
de "empoderamento" em relação
à tomada de decisões sobre o
trato com o meio ambiente.
Fundamento básico
do Cultivando Água Boa,
o programa Educação
Ambiental para Sustentabilidade atua em várias
frentes: Sensibilização Socioambiental na área de influência de Itaipu, Rede de Educação
Ambiental Linha Ecológica, Formação de Educadores/as Ambientais (FEA), Educação Ambiental nas Unidades do Complexo
Turístico Itaipu e Educação Ambiental Corporativa em Itaipu.
Formação de
Educadores
Ambientais
Educação Ambiental
nas Microbacias
Entre essas ações educativas, a de "Sensibilização socioambiental na área de influência
de Itaipu", realizada nas microbacias dos municípios da BPIII,
antes, durante e depois de executadas as práticas conservacionistas de água e solo, sempre
precedidas das Oficinas do Futuro, estimula as comunidades
a refletir sobre atitudes, práticas e conceitos e a decidir pelas
soluções sustentáveis para problemas diagnosticados coletivamente.
Nos primeiros meses de
2007, o programa de educação ambiental associado ao das práticas conservacionistas se concentrou
nas oficinas realizadas nas
novas microbacias escolhidas para serem trabalhadas na
segunda etapa do processo de
zeramento dos passivos ambientais na BP III (ver pág. 22).
Paralelamente, a educação
ambiental reforça um quarto
momento das oficinas: O Futuro no Presente, ou seja, a ação
que se realiza durante e após a
solução dos passivos ambientais,
por meio de reuniões de sensibilização e conscientização sobre a importância e a necessidade de toda a comunidade, individual e coletivamente, ajudar
a fazer e a cuidar do que é ou
está sendo feito, caso contrário,
tudo se perderá.
Assim, a educação ambiental constitui o cerne das práticas conservacionistas na construção da Agenda 21 do Pedaço, assumida como ação prioritária das comunidades no Pacto
das Águas. Desperta-se assim
nas pessoas o sentido de "pertencimento" em relação ao pe-
Ao mesmo tempo em que
realiza as ações de gestão ambiental para a correção dos passivos ambientais, Itaipu e seus
parceiros articulam um verdadeiro laboratório de educação
ambiental que permeia todos os
programas, mais diretamente os
de Gestão por Bacia, Agricultura Orgânica e Familiar, Plantas
Medicinais, Jovem Jardineiro e
Coleta Solidária.
Em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, Itaipu,
Ibama/Parque Nacional do Iguaçu, 42 instituições e 34 prefeituras, consolidou-se na região o
chamado Coletivo Educador,
que trabalha na implementação
e avaliação constante da Formação de Educadores e Educadoras Ambientais (FEA).
O FEA envolve diversos segmentos da sociedade em processos reflexivos, críticos e emancipatórios que têm na educação
ambiental sua maior força propulsora, no sentido das mudanças culturais e socioambientais
rumo à sustentabilidade.
Aprender participando
A metodologia adotada pelo programa FEA é o de pessoas que aprendem participando, por meio dos grupos de Pesquisa-Ação-Participante (PAP), que se desenvolve mediante o
enraizamento de conceitos e práticas socioambientais sustentáveis na comunidade da Bacia do Paraná III e do entorno do Parque
Nacional do Iguaçu. Há quatro instâncias de grupos PAP:
nPAP1 - formado pelos idealizadores nacionais da proposta (Ministérios do Meio Ambiente e da Educação), que
repassam conhecimentos e materiais de apoio às iniciativas
em andamento Brasil afora;
nPAP2 - coletivos educadores que resultam da aglutinação de experiências de instituições da BP III e do entorno
do Parque Nacional do Iguaçu, ancoradas pela Itaipu Binacional e Ibama, para pensar a formação do PAP3, construindo
uma metodologia de ensino que dê conta das especificidades
locais;
nPAP3 - os 300 educadores ambientais em formação,
que têm a missão de enraizar a educação ambiental nas
diversas localidades de cada município e integram praticamente todo o tecido social regional;
nPAP4 - os diversos grupos presentes nos municípios,
resultantes das intervenções do PAP3, que se mobilizam por
políticas públicas de interesse de toda comunidade.
ECOPEDAGOGIA
Educação Ambiental é o cerne do programa
DE
Cena da peça teatral “A Matita - uma aventura orgânica”
REFERÊNCIA
Crianças em lição de Educação Ambiental no Ecomuseu
Em parceria com a
Itaipu Binacional, Emater, Unioeste e as prefeituras dos municípios da
BP III, o Banco do Brasil
está implantando na região
projeto "Desenvolvimento Regional Sustentável" (DRS),
com as seguintes propostas de
ação:
lSensibilizar a população
rural e urbana quanto aos aspectos ambientais geradores
de poluição difusa e pontual
em propriedades rurais.
lElaborar o planejamento
eco-desenvolvimentista nas
propriedades agropecuárias
por microbacias.
lImplantar práticas de uso
e conservação de solos e água
(terraceamento, plantio direto,
adequação de estradas, manejo
de pastagens, corredores de dessedentação, etc.).
lRecompor as matas ciliares e reservas legais com espécies florestais não-madeiráveis
(não destinadas a produzir
madeira) mas econômicas em
propriedades rurais da Bacia
do Paraná III.
l Implantar
ações de melhoria
dos sistemas de produção existentes e de
diversificação agropecuária das propriedades
rurais da BP III, buscando a sustentabilidade da
região e a melhoria da
qualidade de vida.
l Implantar o saneamento rural (adequação ou
relocação de instalações
agropecuárias, manejo e
destinação de embalagens
de agrotóxicos e dejetos orgânicos, construção de
abastecedouros comunitários, vetores de endemias,
poços, fossas sépticas, etc.).
l Implantar uma rede
de monitoramento ambiental participativo nas microbacias trabalhadas.
l Incentivar a obtenção
do licenciamento ambiental das propriedades, bem
como estabelecer um sistema de certificação conservacionista de propriedades.
No prazo de dois anos, o Banco do Brasil tem por meta
implantar o projeto em aproximadamente 5.800 hectares, distribuídos em 29 microbacias, num total de
20 propriedades por microbacia, totalizando 580 propriedades, a um custo de R$ 886,00 por hectare, totalizando R$ 5.138.800,00.
Entre as prioridades o Banco do Brasil coloca o controle
de aspectos e impactos ambientais originários da produção agropecuária.
Faz parte do projeto, ainda, pelo prazo de um ano, a
adoção de uma nascente urbana por município da BP
III para implantação de um espaço interativo de “EducAção” comunitária em área urbana, transformandose em ambiente de referência de “EcoPedagogia”.
O custo previsto para a formação das 29 praças – variável
para cada situação e dependente de projeto – está estimado em R$ 150.000,00 a 200.000,00 por praça, totalizando R$ 5.800.000,00.
Incremento à fruticultura orgânica: o bom exemplo de Guaíra
Indicativo do significado dessa iniciativa é o que vem sendo
feito em Guaíra, dentro dos projetos Diversificação da Produção e
Agricultura Orgânica, do Cultivando Água Boa, agora com participação do Banco do Brasil. Para
Guaíra, o projeto Desenvolvimento Regional Sustentável tem 4 objetivos e 19 ações programadas,
todas para o incremento da fruticultura orgânica, que vem tendo
excelentes resultados na região.
OBJETIVO 1 - aumentar o
número de produtores, dos 24 atuais para 50, especialmente na produção de abacaxi, banana e maracujá.
lFórum de debate entre os
atores do processo para o levan-
tamento das aspirações dos
produtores;
lcapacitação e conscientização dos produtores sobre a
necessidade de negócios sustentáveis (orgânicos);
lcriação de viveiro e de
unidade de compostagem;
aquisição de equipamentos;
lcriação de Associação de
Fruticultores e organizar grupos
para aquisição de insumos;
lcapacitação no aproveitamento de subprodutos da fruta;
ldisponibilização de crédito de custeio/investimento aos
produtores;
OBJETIVO 2 COMERCIALIZAÇÃO
lcriar unidades de recep-
ção, classificação, armazenagem, beneficiamento e comercialização;
lcriação de selo marca para produtos in natura ou industrializados.
OBJETIVO 3 - AMBIENTAL
lcriar condições para aproveitamento dos recursos hídricos;
lincentivar a formação da reserva legal nas propriedades;
lcriar plano de adequação ambiental das propriedades;
lestimular o plantio e beneficiamento de fitoterápicos.
OBJETIVO 4 - SOCIAL
lformação de agentes de saúde voltados à medicina alternativa;
linserir as comunidades indígenas e quilombolas nas ações do DRS;
lviabilizar o acesso à documentação de posse da terra.
Cultivando Água Boa
JUNHO DE 2007
Índios recebem terra e formam nova aldeia
Foto: Adenésio Zanella
Em área de 242 ha, em Diamante, nasce
a nova comunidade avá-guarani: Itamarã
No dia 3 de fevereiro, no município de Diamante do Oeste, dentro das ações do programa Sustentabilidade
das Comunidades Indígenas, do Cultivando Água Boa,
a Funai e a Itaipu Binacional
entregaram área de 242 hectares para implantação da aldeia Itamarã (palavra guarani
que significa “diamante”), no
município de Diamante do
Oeste.
Estiveram presentes ao
ato o prefeito de Diamante do
Oeste, Faustino Magalhães,
caciques e líderes das comunidades indígenas, o diretor geral e o diretor de Coordenação
da Itaipu, Jorge Samek e Nelton Friedrich, e o representante da Funai Glênio da Costa Alvarez.
No evento foram assinados
convênios relativos às ações
programadas para 2007 nas
comunidades indígenas, e já aí
o Conselho de Desenvolvimento dos Municípios Lindeiros
emitiu ordem de serviço para
o início da construção da Casa
de Reza no Tekoha Añetete.
As principais ações previstas para 2007 nos convênios
celebrados entre a Itaipu, as
prefeituras de São Miguel
do Iguaçu e Diamante do
Oeste e as três comunidades indígenas (Ocoy, Añetete e Itamarã) são as seguintes:
lAquisição de insumos, sementes, animais de tração e
equipamentos (arriames) e ferramentas manuais agrícolas;
lincentivo ao projeto Plantas Medicinais com foco no
conhecimento tradicional guarani;
lapoio à fruticultura e à
piscicultura em tanques-rede;
l incentivo à produção e
comercialização de artesanato
indígena;
lincentivo à produção de
cultivos naturais da tradição
guarani: milho branco, diversas espécies de mandioca, batata doce e outros;
l fornecimento de cestas
básicas dentro do programa de
nutrição;
lapoio a visitas técnicas e
viagens de intercâmbio;
l construção de casas na
aldeia Itamarã e mais unidades
na do Ocoy.
Além dessas ações comuns
às três aldeias, na Itamarâ está
previsto o preparo de 20 hec-
'
“Eu vejo a educação como o referencial
do projeto Plantas Medicinais da Itaipu”
Ângelo Giovani Rodrigues, engenheiro agrônomo, coordenador da área de Plantas
Medicinais e Fitoterápicos do Ministério da Saúde, participou do Seminário realizado em Toledo nos dias 16 e 17 de abril a convite da Itaipu para apresentar a política
nacional do Governo para o setor. Na ocasião, ele concedeu a seguinte entrevista.
Foto: Caio Coronel
Na inauguração da Aldeia Itamarã, o cacique expressou a alegria da comunidade indígena
tares de solo para plantio, incentivo à apicultura e à criação de suínos; e para a Añetete, o preparo de 150 hectares
de solo, cultivo de erva-mate e
cascalhamento de 15 quilômetros de estradas.
Prossegue ainda a luta da
aldeia do Ocoy para obter do
IAP e do Ibama a liberação do
cultivo de 83 hectares que fazem parte de área de preservação, bem como pela desapropriação de uma área em Matelândia, para reassentar famílias indígenas e assim desafogar
aquela comunidade, cuja terra é insuficiente para suas necessidades.
Conquista da terra foi cheia de tribulações
Em 2003, 17 famílias de índios avá-guarani
abandonaram a comunidade do Ocoy, de São Miguel do Iguaçu, lideradas politicamente por Teodoro Alves e orientados espiritualmente pelo pajé
Honório Benítez. Mas essas famílias não se desgarraram da comunidade de origem. Pelo contrário, como ocorre com qualquer núcleo familiar guarani, mantiveram com ela os laços de parentesco
e culturais.. Sua saída se deveu à desproporção
na relação entre terra disponível (pouca) e número de habitantes (muitos), o que causava um acentuado desequilíbrio, tornando a aldeia foco de conflitos. O grupo de 17 famílias partiu então em bus-
Cultivando Água Boa
JUNHO DE 2007
ca de outra área para poderem construir melhores
condições de sobrevivência e levar uma vida de
acordo com seus padrões culturais.
Inicialmente, o grupo ocupou uma área em
Terra Roxa, depois juntou-se ao tekoha Añetete,
em Diamante do Oeste, em seguida ocupou uma
área na faixa de proteção do reservatório da Itaipu em Santa Helena e, finalmente, voltou a Diamante do Oeste, estabelecendo-se em área cedida pela Prefeitura. Mas agora, com a entrega
da área adquirida pela Funai, consolida-se a aldeia Itamarã e acaba o problema da falta de terra para esse grupo.
Mandioca em abundância
A comunidade indígena Tekoha Añetete, de Diamante
do Oeste, na safra 2006-2007, colheu cerca de 400 toneladas de mandioca orgânica – o dobro da safra anterior.
A cultura é desenvolvida numa parceria da Associação
Indígena Añetete com a Cooperativa Agroindustrial Lar, a
Prefeitura de Diamante do Oeste e a Itaipu Binacional. Itaipu e Prefeitura participam especialmente no preparo do
solo para o plantio, e a Cooperativa Lar compra a produção.
O cultivo da mandioca praticamente garante a sustentabilidade alimentar e econômica daquela aldeia. Além de
terem o produto em abundância para consumo, os índios
têm garantia de compra do excedente pela Cooperativa
Lar, e com o rendimento adquirem outros itens da sua dieta alimentar e outros.
– No seu entendimento,
qual é a importância das
plantas medicinais e dos fitoterápicos?
– A importância das plantas medicinais nos cuidados
básicos da saúde da população
é uma questão muito antiga.
São utilizadas pelo homem desde os tempos mais remotos. Os
próprios animais utilizam. Aliás, os animais são inclusive
fonte da origem do conhecimento humano das plantas
medicinais. A observação dos
Ângelo Giovani Rodrigues
animais consumindo determisistemas oficiais de saúde, desde
nada planta para um determinaque sejam comprovadamente efido fim tem levado o homem a
cientes e validadas pela ciência.
fazer o mesmo. Um exemplo: os
Depois daquela conferência, a
índios observavam que os lobos
OMS publicou vários comunicabebiam água suja e em seguida
dos com recomendações sobre
eram acometidos pela diarréia.
a matéria.
Partiam então para a mata, cavavam da terra a batata da ipeca, comiam e ficavam curados.
Os índios passaram a imitar os
animais nisso. Aliás, essa batata é usada até hoje para curar diarréia.
– Atualmente está havendo o que se pode chamar de
redescoberta do valor das
plantas medicinais. A que atribui isso?
– Em 1978 houve uma
conferência mundial de saúde em
Almatá e a partir daí a OMS – Organização Mundial da Saúde, da
ONU, reconheceu a importância
das plantas medicinais nos cuidados com a saúde. A OMS partiu da constatação de que 80%
da população dos países em desenvolvimento utilizam plantas
medicinais e seus derivados nos
cuidados com a saúde, por isso
estimulou os países membros da
ONU a adotar políticas voltadas à
inserção dessas práticas nos seus
– Essa posição da OMS obteve a devida repercussão na
comunidade de nações?
– Talvez menos do que seria
desejável. Porém, hoje, pelo menos 26 países têm políticas oficiais para o setor. O Brasil é um deles desde maio de 2006, quando
uma portaria do Governo Federal
definiu a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS, onde figuram as
plantas medicinais. A partir daí,
elaborou-se uma política muito
abrangente, que abarca toda a
cadeia produtiva, do cultivo ao
consumo. Nessa formulação entra desde o conhecimento tradicional indígena até o desenvolvido
pela ciência. Foi criado, por decreto do presidente Lula, um grupo interministerial (Saúde, Educação e Cultura) encarregado de elaborar essa política, aprovada em
22 de junho de 2006. Ela dá as
diretrizes e define competências
dos diversos ministérios na
área,
como
também se torna uma prioridade de governo.
– Como o
senhor avalia a
política definida pelo Governo
Federal
para o setor?
– Na verdade, essa política
é uma resposta
a uma demanda da própria sociedade. A reivindicação por uma
política para esta área é muito
antiga. Além do mais, o Brasil tem
todas as potencialidades para o
desenvolvimento do setor, dada
sua rica biodiversidade, riqueza
étnica, estrutura de ciência e tecnologia para pesquisa e desenvolvimento, área extensa para a
produção e uma agricultura familiar forte para desenvolver este
ramo da agricultura.
– O projeto Plantas Medicinais que se desenvolve na Bacia do Paraná III faz parte do
programa Cultivando Água Boa,
da Itaipu Binacional e seus parceiros. Qual sua impressão ou
avaliação desse programa?
– É um programa socioambiental completo e muito bem fundamentado. No caso das plantas
medicinais, tem potencial para de
tornar referência no país, porque
estabelece a interação com diversas áreas: educação ambiental,
produção de matéria prima (agricultor), educação nas escolas,
educação em saúde, geração de
emprego e renda, produção do
medicamento, introdução do uso
pelo SUS, capacitação de profis-
sionais... Por trabalhar em todas
essas vertentes que têm interface, é modelo, referência.
– Qual seria o mérito maior,
a qualidade mais forte deste
projeto?
– Diria que é a educação da
população para o uso correto e
racional das plantas medicinais,
porque a idéia de que “se bem não
faz mal também não faz” é ruim.
Plantas medicinais ou fitoterápicos
mal ministrados podem causar
problemas. Eu vejo a educação
como o referencial do Cultivando
Água Boa. Tive oportunidade de
visitar o Horto Medicinal e o Ervanário da Itaipu e pude constatar a
qualidade como isso está sendo
feito. No brasil existem mais de
cem programas de plantas medicinais dentro do sistema oficial de
saúde, e o destaque é este aqui.
– Como o Ministério da Saúde atua e apoia, inclusive com
recursos, na implementação da
política nacional de plantas medicinais e fitoterápicos?
– O Ministério da Saúde, coordenador dessa política nacional,
forma parcerias com órgãos governamentais, ONGs, instituições locais e regionais, e participa com
apoio financeiro em quatro frentes:
ncapacitação de profissionais
de saúde;
napoio à estruturação de serviços de plantas medicinais nos
municípios;
n instalação de laboratórios
para a produção de fitoterápicos;
npesquisa e desenvolvimento
de fitoterápicos; via Fundo Nacional de Saúde, repassando recursos aos fundos estaduais e municipais de saúde.
Ritmo do projeto
“É tão intenso isso
tudo, que no Paraná, pela
primeira vez, tivemos um
curso de pós-graduação
em plantas medicinais, lato
senso, em função do programa Cultivando Água Boa
e seu projeto Plantas Medicinais”, diz superintendente de Meio Ambiente da
Itaipu, Jair Kotz.. “A iniciativa pioneira é da Unipar, de
Toledo, que já formou a primeira turma de pós-graduados em plantas medicinais.”
O projeto ostenta os
seguintes números:
l 29 municípios com o
projeto implantado
l 29 comitês gestores
constituídos, com 290 participantes
l 4 seminários realizados, com 600 participantes
l1.674 pessoas treinadas
e capacitadas
l 1 Horto Medicinal implantado, com 144 espécies cultivadas e 40 espécies produzidas
l45.000 mudas de plantas distribuídas
l75 hortas escolares formadas
l479 merendeiras treinadas em curso específico
l65 profissionais de saúde formados
l70 profissionais de saúde em formação
l1 Ervanário implantado
(o primeiro da região)
lPesquisa laboratorial em
andamento
JUNHO DE 2007
Seminário em Toledo discute cadeia
produtiva das plantas medicinais
Caio Coronel
Cerca de 300 pessoas dedicadas ao setor participaram do seminário em Toledo
O seminário evidenciou que o projeto adotado na região da
Bacia do Paraná III pela Itaipu e seus parceiros é um modelo adequado para a implantação desta prática terapêutica, em três passos, de acordo com a política nacional para o setor:
lCultivo e beneficiamento de plantas medicinais pela agricultura familiar;
lModelo de produção de medicamentos fitoterápicos;
lUtilização de plantas medicinais e fitoterápicos como recurso
terapêutico no SUS – Sistema Único de Saúde.
No encontro de Toledo ficou evidenciado que a implantação
dessa política traz benefícios ambientais, sociais e econômicos,
valoriza as espécies medicinais nativas, oferece uma alternativa terapêutica à população e desenvolve produtos de alto valor agregado a partir de espécies locais. Mereceu destaque a estratégia adotada pelo projeto da Itaipu e seus parceiros, que consiste:
lna implantação de hortos medicinais nas unidades de saúde
e desenvolvimento de atividades de educação em saúde com o uso
de plantas medicinais;
lna distribuição de plantas medicinais na forma de chá nos
postos de saúde;
lna produção de fitoterápicos a partir de manipulação, dispensação e prescrição a cargo de profissionais.
Convênio Itaipu/MDA
Como a Itaipu Binacional mantém convênio com o MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário
para a disseminação e aperfeiçoamento da agricultura orgânica,
mediante projeto específico do Cultivando Água Boa, o de plantas medicinais passa a fazer interface com
ele. Assim, os agricultores orgânicos são incentivados a cultivar
plantas medicinais, até como forma de diversificação da produção.
Nessa tarefa já foram formados
quatro grupos de produtores, cada
um com cerca de 20 integrantes.
O convênio com o MDA foi debatido no seminário de Toledo com
enfoque no objetivo de produzir
plantas medicinais com qualidade
e processá-las de modo que possam ser utilizadas tanto na fabricação de medicamentos como na
alimentação, especialmente na
merenda escolar e nos postos de
saúde, na forma de chás.
Na primeira coleta
deste ano, a aldeia do
Ocoy retirou de dez tanques-rede que mantém
no lago de Itaipu cerca
de 3.000 quilos de peixe da espécie pacu, depois de cinco meses de
cultivo. A média de peso
dos peixes foi de 1,5 kg
a unidade – um desempenho que surpreendeu
os técnicos e os próprios índios, pois normalmente esse resultado é
atingido em seis meses,
não em cinco.
Logo após a coleta,
os tanques-rede foram
reabastecidos com alevinos que
deverão estar prontos para consumo dentro de seis meses, provavelmente com rendimento menor do que o lote agora colhido,
uma vez que durante o inverno os
peixes ficam preguiçosos até para
comer, e assim, obviamente, demoram mais para ganhar peso.
A piscicultura constitui um
importante reforço alimentar para
Edmundo Machado Neto
O Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural)
ministrou dois cursos de artesanato ao índios do Ocoy, com
duração de uma semana cada
– um de confecção de artefatos de fibra de bananeira e
outro de palha de milho, especialmente na confecção de
bolsas.
A atividade é fruto de parceria entre o Senar, a Prefeitura e o Sindicato Rural (pa-
tronal) de São Miguel do Iguaçu, com apoio da Itaipu.
É uma forma de resgatar
a cultura indígena e mais uma
alternativa que se oferece
àquela comunidade para o
melhor aproveitamento dos
materiais disponíveis na aldeia. Além disso, os produtos
confeccionados destinam-se à
comercialização, constituindose em mais uma fonte de renda para os índios.
Adenésio Zanella
a aldeia, que tem pouca terra para
os cerca de 700 índios que a compõem.
Mais 30 tanques estão instalados e povoados naquela aldeia,
o que possibilitará a produção de
até 20 toneladas de pescado por
ano. Estudo da Itaipu sobre a capacidade de suporte da área concluiu que ela comporta até 600
tanques.
Índios resgatam artesanato
Caio Coronel
Modelo da BP III é adequado
Adenésio Zanella
Muita festa e arte marcam o Dia do Índio
Neste ano, o Diado Índio (19 de abril) foi comemorado com atividades que se
desenrolaram durante uma
semana, envolvendo comunidades do Brasil, Paraguai e
Argentina.
Nas comunidades do
Ocoy e São Miguel do Iguaçu
foi realizada a Semana Cultural Indígena, com representações das tradições, música, dança, mostra e venda de
produtos da medicina natural e artesanato dos índios,
encantando os visitantes, es-
Adenésio Zanella
Evento reuniu técnicos, profissionais de saúde, produtores rurais, estudantes e
gestores municipais com o objetivo de impulsionar a produção e consumo de fitoterápicos
Nos dias
16 e 17 de
abril, no
Auditório
da PUC,
Campus de Toledo, foi realizado o V Seminário Regional de Plantas
Medicinais, organizado pelo
Comitê Gestor do projeto
Plantas Medicinais do programa Cultivando Água
Boa, com apoio da Prefeitura de Toledo, Unipar (Universidade Paranaense),
compus de Toledo, PUC/Toledo, Secretarias de Saúde
e Agricultura dos municípios da Bacia do Paraná III e
as 21 instituições integrantes do Comitê Gestor do projeto Plantas Medicinais.
O encontro contou ainda com a participação de
técnicos dos Ministérios da
Saúde e do Desenvolvimento Agrário, Agência Nacional de Vigilância Sanitária e Secretaria de Saúde
do Estado do Paraná, que
estiveram em Toledo para
contribuir com os estudos
e debates e conhecer as experiências de produção e
utilização de plantas medicinais desenvolvidas na
região. Entre técnicos, profissionais de saúde, agricultores, estudantes e gestores municipais, participaram do evento mais de
300 pessoas.
]Arranjos produtivos locais” foi o tema do seminário, com abordagem da forma como é trabalhada, em
conjunto, toda a cadeia produtiva de plantas medicinais
e fitoterápicos: cultivo, produção, processamento, manipulação, industrialização
e uso.
Fartura
de peixes
Aspectos legais
O encontro debateu,
ainda, os aspectos legais
relativos às plantas medicinais e fitoterápicos,
com exposição do gerente responsável pela
área de Registro de Produtos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Edmundo
Machado Neto, que traçou as diretrizes que
devem orientar as ações
das agências locais, governos estaduais e municipais.
Nesse sentido, a representante da Escola
de Saúde Pública do Paraná, Mariângela sobrenome?, presente no encontro, afirmou que o
projeto Plantas Medicinais da região da Bacia
do Paraná III é prioritário porque se constitui
em referência, tanto
para a própria região
como para o Estado e a
União.
André Porto, da área
de Insumos Estratégicos
e Medicamentos do Ministério da Saúde, abordou o papel da instituição na implementação
da Política Nacional de
Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Segundo ele,
o papel do Ministério é
garantir a qualidade, o
acesso, a eficiência e eficácia desses produtos
para a população.
Cultivando Água Boa
JUNHO DE 2007
pecialmente crianças.
No dia 19 houve a Caminhada na Natureza no circuito indígena de 12 quilômetros, da qual participaram mais de 300 pessoas,
numa iniciativa do projeto Turismo
Rural na Agricultura Familiar, do
Cultivando Água Boa.
A Fundação Parque Tecnológico Itaipu também foi palco de
muita movimentação, em especial com a 5ª Mostra de Culinária e
Cultura Indígena, da qual participaram cerca de 250 índios de seis
diferentes tribos do Brasil, Paraguai e Argentina. Este evento foi
uma promoção da Itaipu Binacional, da Fundação PTI e
da Associação de Gerentes de
Alimentos e Bebidas da Costa
Oeste.
Cerca de 2.000 estudantes de escolas públicas e particulares, além de acadêmicos
das faculdades de Foz do Iguaçu e cidades vizinhas, convidados e autoridades da região
prestigiaram esta parte da programação, numa demonstração de que a cultura indígena
está cada vez mais fortalecida e valorizada.
Adenésio Zanella
Cultivando Água Boa
&
Os índios da fronteira deram show no seu dia, especialmente com música e danças
JUNHO DE 2007
Cultivando Água Boa
Pactos pela conservação ambiental
Foto: Adenésio Zanella
Comunidades decidem democraticamente e
assumem propostas do Cultivando Água Boa
No período 20052006, as práticas conservacionistas de água e
solo do programa Cultivando Água Boa foram
desenvolvidas em uma microbacia em cada um dos 29
municípios da Bacia do Paraná III, a área de influência da
Itaipu Binacional no Brasil. Em
todas essas microbacias as
ações estão encerradas, à exceção de algumas pendências
que estão sendo resolvidas.
O programa entra agora,
então, na segunda etapa, para
o período 2007-2008, em que
os municípios, em conjunto
com os técnicos da Itaipu, elegem nova microbacia a ser trabalhada, em busca da correção
dos passivos ambientais e da
construção da sustentabilidade
do lugar.
O novo passo começou a
ser dado em reuniões de cada
prefeito da BP III e seus secretários com o diretor de Coordenação da Itaipu, Nelton Friedrich, e a equipe técnica do
Cultivando Água Boa, sendo
condição para partir para a segunda microbacia a conclusão
das ações na primeira. O reconhecimento de que as ações
estão ou não concluídas foi
dado por vistoria feita por uma
comissão técnica integrada por
membros do comitê gestor da
microbacia, da área técnica da
Itaipu, IAP, Emater e moradores de cada localidade. Em oito
municípios foram constatadas
pendências. Foi dado a eles o
prazo de 60 dias para concluírem os trabalhos e assim se
habilitarem a entrar na segunda etapa.
A escolha das microbacias
a serem trabalhadas de agora
em diante foi precedida de levantamento de problemas existentes e das ações corretivas
necessárias, para discussão
com os prefeitos, secretários e comunidades.
Gestão inovada
Para a gestão das
ações na segunda microbacia houve uma inovação. Na
primeira etapa havia um comitê gestor em cada microbacia.
Mas além desse comitê, em
muitos municípios havia outros
comitês para demais programas e projetos do Cultivando
Água Boa (Agricultura Orgânica, Plantas Medicinais, Pesca,
etc.), o que sobrecarregava muitos dos seus integrantes, especialmente com a multiplicidade
de reuniões.
A gestão foi então simplificada com a constituição de um
comitê unificado por município
- o Comitês Gestor do Programa Cultivando Água Boa, responsável por todas suas ações.
Cada comitê é integrado, em
média, por 25 a 30 pessoas,
reunindo representantes dos
diversos campos de ação do
programa.
Sensibilização
Definida a nova microbacia a ser trabalhada, técnicos
da Itaipu partiram para as respectivas comunidades a fim de
fazer a sensibilização, que consiste na apresentação do programa, esclarecimento do porquê do programa, na informação sobre o que vai acontecer,
o investimento necessário e
quem arcará com ele.
Nesse processo, ao final da
exposição e discussão, em votação, a comunidade decide livremente fazer ou não o investimento, executar ou não as
ações recomendadas, uma vez
que elas serão desenvolvidas
em parceria, entre a Itaipu, a
Prefeitura do município e a
comunidade. Numa evidência
Comunidade da microbacia Água Verde, de Guaíra, em reunião de senbilização ambiental
da consciência ambiental já
formada na região, nenhuma
comunidade se recusou a assumir as ações propostas.
Educação Ambiental
É o momento, então, de a
educação entrar em ação. A
equipe do programa Educação
Ambiental para Sustentabilidade, da Itaipu, reúne a comunidade da microbacia para os
exercícios pedagógicos das
chamadas Oficinas do Futuro,
procurando atingir o maior
número possível de pessoas
(homens, mulheres, idosos,
jovens e crianças) para gerar
força total em torno da causa
comum.
As oficinas compreendem
três momentos: Muro das la-
mentações - a comunidade
identifica suas (más) condutas
em relação ao meio ambiente,
em especial ao seu rio, e aponta os problemas a serem resolvidos. Árvore da esperança - traduz as aspirações da comunidade, que diz como gostaria
que fosse o pedaço do planeta
em que vive. Caminho adiante
- a comunidade escolhe as
ações prioritárias a serem executadas e se compromete com
nova conduta.
Para a preparação da segunda etapa de ações nas microbacias foram realizadas 52
oficinas nos municípios da BP
III, com participação de até
150 pessoas. Desta vez, a equipe de educação ambiental viuse diante de um diferencial em
Ações conservacionistas
entram na segunda etapa
À medida que foram sendo concluídas as obras nas microbacias trabalhadas na primeira etapa do programa Práticas Conservacionistas de Água e Solo, novas microbacias foram sendo
definidas nos municípios e orçados os custos das ações a serem
nelas executadas no período 2007-2008, conforme o exposto
nos quadros da página ao lado.
O objetivo fixado pelo Cultivando Água Boa é obter o manejo
sustentável de água e solo na região de influência do reservatório de Itaipu, consolidando a gestão por bacia hidrográfica, para
reduzir o aporte de sedimentos, nutrientes e outros poluentes, e
promover o desenvolvimento sustentável na região.
relação à receptividade encontrada na primeira etapa: um
público mais acessível, mais
sensibilizado pela questão ambiental e menos resistente a admitir a necessidade de nova
atitude.
Pacto das Águas
Em evento que reúne todos
os atores envolvidos no trabalho a ser feito na microbacia é
celebrado o Pacto das Águas,
no qual a comunidade apresenta uma síntese das oficinas do
futuro, impressa no documento
Carta do Pacto das Águas, que é
assinado por todos os presentes.
A carta passa a ser a Agenda 21
do Pedaço - o compromisso da
comunidade com nova cultura,
baseada na ética do cuidado
para com a natureza.
A celebração dos pactos é
a etapa seguinte da implantação das ações do Cultivando
Água Boa nas microbacias escolhidas para a correção dos
passivos ambientais (veja no
quadro a programação para o
mês de junho).
No mesmo ato são assinados os convênios entre a Itaipu
e a Prefeitura do município, em
que são oficializados os compromissos com a execução das
obras e a participação de cada
parte no investimento necessário (veja pág. seguinte).
JUNHO DE 2007
ços já obtidos pelas ações do
poder público, das empresas
privadas e das organizações da
sociedade civil, trata-se de reconhecer a importância desse
desafio e a necessidade de buscar uma maior coordenação das iniciativas particulares e ampliar a dimensão cooperativa e o sinergismo
desses esforços.
No que concerne de modo específico ao tema
“escassez
de
água”, os presentes signatários se
comprometem em promover o
uso eficiente da água em todos
os segmentos da sociedade,
mobilizando para isso o conhecimento e a experiência de
cada instituição, no sentido de
executar e propor ações para
a:
lImplementação dos marcos regulatórios de saneamento nos estados e municípios;
lRegularização dos usos
da água junto aos respectivos
órgãos outorgantes, por meio
do cadastramento e emissão da
outorga de direito de uso;
l Implementação da cobrança pelo uso da água especialmente em bacias hidrográficas com escassez hídrica;
lRedução das perdas nos
sistemas de adução e armazenamento, aumento da eficiência das plantas industriais e
melhor uso da tecnologia disponível para irrigação;
lRedução do uso de recursos hídricos para diluição de
efluentes domésticos, industriais e agropecuários, por meio
da construção de estações de
tratamento de efluentes e da
disposição final adequada dos
resíduos sólidos;
lInclusão nos orçamentos
governamentais, na medida
das respectivas arrecadações
fiscais, de ações definidas pelos Planos de Recursos Hídri-
Cultivando Água Boa
cos aprovados pelos Comitês
de Bacia Hidrográfica;
lCapacitação dos setores
usuários da água para exercer
suas competências no Sistema
Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos, que tem
como fundamento a gestão descentralizada e
participativa;
l Adoção de
medidas preventivas visando à redução do risco de
ocorrência de acidentes que
possam causar contaminação
dos recursos hídricos;
lConsideração das dimensões ambiental, social e econômica, não apenas na escala local, mas também na global,
quando da produção de energia elétrica por fonte hídrica;
lParticipação ativa na realização de estudos sobre o impacto da mudança climática
nos sistemas hidrológicos brasileiros e outros problemas de
importância e no desenho de
políticas públicas necessárias
para sua mitigação;
lApoiar e incentivar outras
ações que tenham por objetivo
a educação e a informação sobre o uso racional da água.
Assinaram o documento o
presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia; a
ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva;o prefeito de Foz
do Iguaçu, Paulo Mac Donald
Ghisi; o diretor geral da Itaipu, Jorge Samek; o representante da FAO no Brasil, José Tubino; o secretário nacional de
Recursos Hídricos do MMA,
João Bosco Senra; o secretário
estadual do Estado do Meio
Ambiente do Paraná, Rasca Rodrigues; e os representantes da
Agência Nacional das Águas,
Ibama, OAB, ABRH, ABES,
ABAS, CNA, CNI, Fundação
Roberto Marinho e Fundação
Banco do Brasil.
%
A Política Nacional de Recursos Hídricos
O balanço dos 10 anos de
vigência da Lei de Águas do
Brasil (Lei 9.433/97) foi um
dos eixos do evento alusivo
ao Dia Mundial da Água realizado em Foz do Iguaçu. A
lei foi tema da palestra do titular da Secretaria Nacional
de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente,
João Bosco Senra.
Senra abriu a exposição
citando o escritor Leonardo
Boff: “O ser humano entrou
no cenário da história da Terra quando 96% dessa história já estavam concluídos. (...)
Nós surgimos a partir dos elementos terrestres e cósmicos
que nos antecederam. Somos
nós, então, que pertencemos
à Terra, não a Terra que nos
pertence.”
O palestrante lembrou
que a Constituição Federal
promulgada em 1988 definiu
a água como bem público de
domínio da União e dos Estados e estabeleceu que uma
legislação específica para o
uso desse recurso seria criada pelo Congresso Nacional.
Em obediência ao preceito constitucional, em 8 de janeiro de 1997, foi promulgada a Lei Federal 9.433, que
instituiu a Política Nacional
de Recursos Hídricos e criou
o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. “Foi um divisor de águas,
uma transposição de paradigmas”, disse Senra, passando
a enunciar as novas concepções contidas na lei:
l As águas, antes particulares, passaram a ser bem público.
lDa cultura da abundância,
que considerava a água como
recurso infinito e levava ao desperdício, deu lugar à cultura da
sustentabilidade, segundo o qual
a água é recurso finito com valor econômico e socioambiental
relevante.
lNo lugar da produção a
qualquer custo, dissociada do
respeito à natureza, a lei enfatizou o respeito à capacidade de
recomposição da natureza.
João Bosco Senra
lEm vez do uso setorial
em detrimento dos demais,
instituiu o uso múltiplo, humano e animal, prioritários
em situação de escassez.
lA gestão fragmentada,
centralizada e burocrática deu
lugar à gestão integrada, descentralizada e participativa.
lÀ motivação imediatista, a lei contrapôs a ética intergerencial e do cuidado,
com vistas a assegurar qualidade e quantidade de água
necessária para as atuais e futuras gerações.
lO arcabouço legal e institucional do gerenciamento
de recursos hídricos no Brasil aponta para um modelo de
Gestão Sistêmica de Integração
Participativa, superando os
modelos burocrático e geren-
cial. A bacia hidrográfica é a
unidade territorial para o planejamento e a gestão. Objetivo geral
O objetivo geral do Plano
Nacional de Recursos Hídricos
é estabelecer um pacto nacional para a definição de diretrizes e políticas públicas voltadas à melhoria da oferta de
água em quantidade e qualidade, gerenciando as demandas e considerando ser a água
um elemento estruturante
para a implementação das políticas setoriais, sob a ótica do
desenvolvimento sustentável e
da inclusão social.
Objetivos
estratégicos
lMelhoria das disponibilidades hídricas superficiais e
subterrâneas, em qualidade e
qualidade;
lredução dos conflitos reais e potenciais de uso da
água, bem como dos eventos
hidrológicos críticos;
lpercepção da conservação da água como valor socioambiental relevante.
A escassez de água no mundo
lDe toda a água doce utilizada em atividades humanas, quase 70% se destina à produção de alimentos, chegando a 95% em alguns países subdesenvolvidos.
lEstima-se que a população mundial atingirá 8,1 bilhões
de pessoas até 2030 e que a necessidade de alimentos crescerá 55%, em comparação ao consumo de 1998. Ao mesmo
tempo, será necessária mais água para saneamento básico,
produção de energia, atividades industriais e urbanas.
lMais de 1,1 bilhão de pessoas no mundo não têm
acesso à quantidade mínima sugerida pela ONU – 20 a 50
litros de água potável por dia – para garantir a satisfação
de necessidades humanas básicas, como beber, cozinhar
e para higiene pessoal.
lEm uma cidade industrializada com grande disponibilidade de água, uma casa gasta em média 50 litros de água por
dia com a descarga do vaso sanitário.
lDuas de cada cinco pessoas carecem de condições
básicas de saneamento, e todo dia, 3,8 mil crianças morrem de doenças associadas à falta de acesso à água potável e a saneamento.
lO consumo de água no mundo cresceu seis vezes nos
últimos 100 anos. O resultado é que um terço da população
mundial vive em regiões onde a água é escassa, porcentagem
que deve dobrar até 2025.
JUNHO DE 2007
Cultivando Água Boa
$
Carta de Princípios Cooperativos pela Água
principalmente na agricultura,
que é o segmento responsável
pelo uso de cerca de 70% dessa água retirada. Para isso contribuem os avanços tecnológicos na irrigação e os instrumentos de gestão da Política Nacional de Recursos Hídricos, em
implantação no país, que induzem à otimização do uso da
água.
Documento ambiental lançado no evento
alusivo ao Dia da Água em Foz do Iguaçu
A FAO foi designada
pelas Nações Unidas
para coordenar as 24
agências do Sistema
ONU envolvidas na celebração do Dia Mundial da
Água, cujo tema é: “A procura
de solução para a escassez da
água”. A FAO promove ações
de segurança alimentar e nutricional em todo o mundo,
como órgão das Nações Unidas
especializado em alimentação
e, nas últimas décadas, tem se
preocupado com a degradação
e a má distribuição da água no
globo terrestre.
A ONU reconhece o acesso à água de qualidade como
um direito humano básico e
prevê que, utilizando os padrões atuais de consumo, em
2050 mais de 45% da população mundial não poderá contar com a porção mínima individual de água para as necessidades básicas. Atualmente,
cerca de 1,1 bilhão de pessoas
não têm acesso à água potável.
A projeção indica um agravamento significativo quando a
população mundial atingir os
cerca de 10 bilhões de habitantes. As mudanças climáticas
poderão acarretar alterações
significativas dos padrões atuais de distribuição de chuvas
nos continentes.
A busca da sustentabilidade constitui elemento estruturante nos compromissos assumidos por todos os 191 Estados-Membros das Nações Unidas e que se constituem nos
“Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”, a serem cumpridos até o ano de 2015. Em
seu conjunto, o documento estabelece bases indispensáveis
para a construção de um mundo melhor, fundado no compromisso coletivo de respeitar
e defender os princípios da dignidade humana, em escala
mundial.
No âmbito dessa
agenda global se inserem, entre outras, as
preocupações com a necessidade de preservação
da água e de seu uso sustentável, enquanto um dos elementos essenciais à manutenção da saúde e qualidade de
vida, em todas as suas formas
conhecidas, e também como
base fundamental ao desenvolvimento econômico e social de
todos os povos, nações e continentes. A importância dessa
preservação intensifica-se, na
medida em que a população
cresce e a disponibilidade de
água se reduz ante o comprometimento cada vez maior de
sua qualidade.
A escassez decorre de três
possíveis situações. Primeira:
sob o ponto de vista do cidadão, a água de qualidade é escassa, mesmo quando seu volume é abundante na natureza. Isso ocorre nas comunidades não servidas pelo sistema
de abastecimento, constituído
por estações de tratamento,
adutoras e rede de distribuição. No Brasil, aproximadamente 10% dos domicílios estão nessa situação.
A disponibilização de água
nas torneiras é apenas metade
do caminho. A outra metade,
ainda não inteiramente percorrida no Brasil, consiste em coletar e dar destino adequado ao
esgoto que resulta do uso da
água. Apenas cerca de metade
dos domicílios brasileiros é
servida por um precário sistema de coleta de esgoto, constituído por tubulações que
conduzem o esgoto bruto de
volta aos rios, em geral sem a
necessária remoção da carga
poluidora, o que, por sua vez,
contamina a água captada pelas comunidades localizadas a
jusante.
Quanto ao esgoto não co-
letado, a maior parte polui os
aqüíferos subterrâneos ou escoa pelas valas que cortam os
bairros pobres, com alto risco
de disseminação de doenças
infecto-contagiosas, especialmente entre as crianças.
A segunda situação de escassez ocorre quando a quantidade de água é insuficiente
para atender ao consumo doméstico e à produção agrícola,
industrial ou energética. E a
terceira, quando a quantidade
de água é suficiente, mas de
tão má qualidade, que não
pode ser utilizada.
Com essa compreensão, é
possível encaminhar a discussão a respeito das iniciativas
necessárias para solucionar a
escassez de água.
NA PRIMEIRA SITUAÇÃO
` quando a água não chega às
torneiras – é preciso reconhecer que existe custo para a
construção e operação de infra-estrutura necessária à expansão do sistema de abastecimento. Quando uma concessionária de saneamento – pública ou privada – presta o serviço sem adequada remuneração, geralmente ela diminui o
investimento e, conseqüentemente, cai a qualidade do serviço e o índice de cobertura,
definido como a percentagem
de domicílios com água e adequada coleta e disposição final
do esgoto. Portanto, um marco regulatório estável, que possibilite às concessionárias prestar o serviço público de forma sustentável, é condição necessária
para a universalização, com qualidade, do abastecimento.
NA SEGUNDA SITUAÇÃO
– quando água superficial e
subterrânea é insuficiente para
atender aos domicílios e à produção – é preciso reduzir o uso,
NA TERCEIRA SITUAÇÃO
– quando há água em suficiente quantidade, mas sem qualidade – é preciso responsabilizar os poluidores. Diversos países adotam, com sucesso, o
princípio do “poluidor-pagador”, que obriga os poluidores,
tanto os municípios quanto os
produtores industriais e agrícolas, a pagar uma taxa para
constituir fundo financeiro destinado, principalmente, mas
não exclusivamente, a viabilizar novas estações de tratamento de esgoto.
No Brasil, este princípio
está contemplado pelo instrumento de cobrança do uso da
água, que é decidido pelos Comitês das Bacias Hidrográficas.
No âmbito institucional, os
princípios estabelecidos em
acordos e tratados internacionais estão consignados no Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), estabelecido pela
chamada Lei das Águas (nº
9433/1997) como um dos instrumentos de consolidação do
pacto entre o poder público,
usuários e sociedade civil, para
a gestão das águas no País.
Aprovado por unanimidade no
Conselho Nacional de Recursos
Hídricos (CNRH), em 30 de janeiro de 2006, é preciso agora
dar realidade ao conjunto de
diretrizes, metas e programas
desse plano, para assegurar o
uso racional da água no Brasil.
Neste cenário, esta Carta
de Princípios traduz a conjugação de esforços na articulação
de compromissos dos signatários no que se refere, especificamente, ao tema da escassez
de água. Sem negar os avan-
JUNHO DE 2007
Cultivando Água Boa
Ações conservacionistas
entram na segunda etapa
PROGRAMA 40 - GESTÃO POR BACIAS
À medida que foram sendo concluídas
as obras nas microbacias trabalhadas na
primeira etapa do programa Práticas Conservacionistas de Água e Solo, novas microbacias foram sendo definidas nos municípios e orçados os custos das ações a
serem nelas executadas no período 20072008. O objetivo do Cultivando Água Boa
é obter o manejo sustentável da água e
do solo na região de influência do reservatório da usina, consolidando a gestão
por bacia hidrográfica, para reduzir o
aporte de sedimentos, nutrientes e outros
poluentes, e promover o desenvolvimento sustentável na região.
AÇÕES CONSERVACIONISTAS
DE ÁGUA E SOLO PREVISTAS PARA 2007/08 NA BP III
Educação ambiental (oficinas) ................................. 29
Adequação de estradas ......................... 1.628.860 m2
Cascalhamento de estradas ................... 1.465.500 m2
Pavimentação com pedra ............................ 63.680 m2
CONVÊNIOS BP III - 2007/2008
MUNICÍPIO
1
Altônia
2
MICROBACIA
Tubo de concreto 0,30 m .................... 1.000 unidades
Tubo de concreto 0,80 m .................... 3.918 unidades
Terraço de base larga ............................ 1.316.200 ml
Terraço de base estreita ............................ 200.000 ml
Calcário ................................................ 500 toneladas
Terraceador ............................................... 4 unidades
Esteira ............................................... 670 h/máquina
Escavadeira ......................................... 625 h/máquina
Motoniveladora .................................... 450 h/máquina
Pá carregadeira .................................... 805 h/máquina
615.620,00
Cascavel
Águas Claras e adjacência
625.450,00
3
Céu Azul
Rio Treze
4
Diamante D'Oeste
Santa Maria
439.040,00
5
Entre Rios do Oeste
Sanga Leão
146.910,00
6
Foz do Iguaçu
Rio Mathias Almada
246.800,00
7
Guaíra
Água Verde
212.990,00
8
Itaipulândia
Abastecedouros comunitários .................... 66 unidades
Destinação de embalagens
de agrotóxicos ........................................ 45 toneladas
Espalhadores de
resíduos orgânicos ................................... 47 unidades
1.774.650,00
(será trabalhado
em todo o município)
1.397.100,00
Córrego Curvado
1.433.214,00
9
Marechal C. Rondon
10
Maripá
11
Matelândia
Rio Sabiá
12
Medianeira
Baixo Alegria
972.323,00
13
Mercedes
Sanga Mineira e Sanga Mate
314.840,00
14
Missal
15
Mundo Novo
Rio 18 de Abril
Arroio Sabiá
757.505,00
1.274.530,00
84.332,00
Córrego Mamangaba
16
Nova Santa Rosa
17
Ouro Verde do Oeste
e Córrego do Fim
667.520,00
Sanga Xerê
989.640,50
Sanga Funda + Córrego largado e
Córrego alegre e Córrego da Varzea
+ Córrego poço grande
822.858,00
18
Pato Bragado
Sangas Naranjito e Louro
114.160,00
19
Quatro Pontes
Arroio Quatro Pontes
861.650,00
20
Ramilândia
Rio Cristalina e adjacentes
(Assentamento)
350.550,00
Córrego Barrócas
134.310,00
Córrego Descoberto e Rio Guavirá
466.200,00
Rio Tucano
121.000,00
Linha São João e Maria Gorete
231.410,00
871746,00
21
Santa Helena
22
Santa Tereza do Oeste
23
Santa Terezinha de Itaipu
24
São José das Palmeiras
25
São Miguel do Iguaçu
Rio Pinto
26
São Pedro do Iguaçu
Córregos Promessa,
Rosário e Palmital
Cerca tipo 1 ................................................... 646 km
Cerca tipo 2 ................................................ 108,6 km
INVESTIMENTO
TOTAL
Rio Ribeirão Olária
Tubulação 40 mm vazado .................... 3.700 unidades
Tubo de concreto 1,20 m .................... 2.564 unidades
!
27
Terra Roxa
28
Toledo
29
Vera Cruz do Oeste
TOTAL (R$)
(Assentamento Nova União)
137.880,00
Rio Vira Volta
373829,20
Rio Toledo
545.058,00
Arroio Pacheco
332.860,00
17.315.975,70
O investimento em cada microbacia varia de acordo com o volume de obras exigidas
e é dividido (1/3 cada) entre Itaipu, Prefeitura e demais parceiros.
JUNHO DE 2007
Cultivando Água Boa
"
Como se faz criação de peixe em tanque-rede
Os técnicos da Itaipu responsáveis pelo programa “Produção de peixes em nossas águas”, dedicado à aqüicultura e
pesca, receberam de Edson Ribeiro, do município de Alferes,
Minas Gerais, o seguinte pedido:
“Até ontem não cheguei a ver alguma matéria sobre criação de peixe em tanque flutuante. Portanto, quero saber o
que vocês têm de material que possa me orientar quanto ao
manuseio, etapas de criação racional, tamanho de tanques,
modelos mais adequados, enfim, como começar neste novo
ramo, uma vez que em nossa região as águas de furnas nos
proporcionam um manejo adequado. Não conheço nenhuma
literatura sobre o assunto e preciso dela, e de como aplicar
as técnicas para este tipo de serviço.”
A resposta dada a Edson Ribeiro certamente interessa a
muitas pessoas que já ouviram falar da criação de peixe em
tanque-rede e têm interesse em investir nessa alternativa,
mas carecem de conhecimento técnico para adotá-la com êxito.
Por isso, os técnicos da Itaipu ensinam aqui como se faz.
Início: o registro
de aqüicultor
De acordo com a Instrução
Normativa Interministerial nº 6, de
28 de maio de 2004, para iniciar
esta atividade, é necessário obter
o Registro de Aqüicultor na Seap.
Para isso, o requerente deve ter a
assistência de um técnico na elaboração do projeto, a ser protocolado na Seap.
Verificada a adequação técnica do projeto, a Seap o submete ao Ibama para a emissão da
Licença Ambiental; à Agência Nacional de Águas (Ana) para emissão da outorga de uso da água;
ao Ministério da Marinha para anuência; e à Secretaria de Patrimônio da União (SPU) para a permissão de uso do bem público.
As quatro
fases de produção
REPRODUÇÃO - cultivo de
matrizes, cruzamento e obtenção
de larvas. Esta fase é realizada em
laboratório, portanto, requer considerável investimento e elevado
conhecimento técnico.
ALEVINAGEM - fase de transformação das larvas em alevinos.
No caso da espécie pacu, que até
agora é a que melhor tem respondido no lago de Itaipu, são necessários cerca de 60 dias para os
alevinos atingirem 50 gramas,
quando então são transferidos
para um açude.
As larvas se alimentam predominantemente de plâncton (comunidade de pequenos animais e
vegetais que vivem em suspensão
na água). Assim, o tanque escavado pode ser adubado para que
produza o alimento necessário ao
bom desenvolvimento dos alevinos, condição que não pode ser
criada no tanque-rede, por ser um
sistema aberto.
Em poucos dias, os alevinos
passam a receber ração triturada
com elevado teor de proteína
(32%). É importante salientar que,
ao iniciar esta atividade, as etapas de reprodução e alevinagem
podem ser superadas adquirindo
os juvenis de produtores especializados, com garantia de procedência, levando em conta qual é
o melhor material genético para
cada região.
CONFINAMENTO - fase de
crescimento e engorda. Os alevi-
Piscicultura da Itaipu no Globo Rural
O programa Globo Rural do dia 20 de maio levou ao ar uma
reportagem sobre o programa de piscicultura desenvolvido pela
Itaipu Binacional em seu reservatório. A origem da reportagem
foi uma carta enviada por um telespectador ao Globo Rural pedindo orientações sobre os procedimentos que devem ser adotados por quem pretende se dedicar à piscicultura em tanquerede. A reportagem da Globo foi buscar a resposta no Lago de
Itaipu, já que o sistema lá tem eficácia comprovada. Tanto que a
Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (SEAP), da Presidência da República, adotou o sistema como modelo.
Dimensões e
formas de tanques
No mercado existe grande variedade de tamanho e forma de
tanque (quadrado, retangular ou
circular). Mas o que mais importa
é o espaço que os peixes podem
explorar, pois ele determina quantos indivíduos podem ser colocados em cada unidade. No lago de
Itaipu são alojados de 40 a 50 peixes por m3. A densidade adequada depende da espécie cultivada. No caso da tilápia, por exemplo, os criadores podem alojar de
200 a 300 peixes por m3.
lTanque com 3,3 m3 (1,50
x 1,50 x 1,50 m) pode receber
148 peixes;
lTanque com 5,3 m3 (1,75 x
1,75 x 1,75 m) pode receber 238
peixes;
lTanque com 8,0 m3 (2,00 x
2,00 x 2,00 m) pode receber 360
peixes.
Qual é o
melhor modelo?
Quanto ao modelo, não há
uma regra estabelecida. A opção
deve considerar uma série de fatores locais, principalmente quan-
Fotos: Caio Coronel
#
Contrato da Itaipu com a
Fundação Roberto Marinho
No evento do Dia Mundial
da Água, a Itaipu Binacional assinou contrato com a Fundação
Roberto Marinho para o desenvolvimento e implantação do
Multicurso – Gestão de Bacias
Hidrográficas, cujo objetivo é
a melhoria da qualidade da
vida, com a divulgação nacional das ações ambientais bem
sucedidas, relativas à sustentabilidade, realizadas pela Itaipu
nas diversas comunidades em
que atua.
Numa primeira fase, as atividades consistirão no desenvolvimento de website, produção de programas temáticos e
Irineu Motter e o modelo de
tanque-rede usado no Lago de Itaipu
nos com 50 gramas ou mais podem ser transferidos para o tanque-rede, onde são alimentados
com ração flutuante com 28% de
proteína bruta. Não há um tempo
de permanência definido no tanque-rede. O pacu, por exemplo, se
desenvolve muito bem no verão,
quando a temperatura da água
atinge 25ºC. No tanque-rede, em
condições ambientais adequadas,
os peixes podem chegar ao ponto
de abate num prazo que varia de
três a cinco meses, dependendo
da espécie e do manejo adotado.
DEPESCA - As pesquisas realizadas no reservatório de Itaipu
indicam que a conversão alimentar do pacu é mais eficiente até
os peixes atingirem 1 a 1,5 kg,
quando consomem 2,5 kg de ração para produzir 1 kg de peso
vivo. A partir daí, a conversão diminui, ou seja, os peixes comem
mais ração para cada quilo de
crescimento.
Cultivando Água Boa
JUNHO DE 2007
de material impresso, que integrarão o kit educativo composto por dois programas de
vídeo com cerca de 30 minutos de duração; dois cadernos
temáticos com cerca de 50 páginas cada; um caderno de orientação para a utilização da
metodologia do projeto; cadernos de roteiros para atividades
pedagógicas; um CD Rom com
o conteúdo do projeto e fichas
técnicas.
Assinaram o contrato Jorge Samek, pela Itaipu Binacional, e José Roberto Marinho,
pela Fundação Roberto Marinho.
Participantes do evento assistem show de Maria Bethânia e Ballet do Teatro Guaíra no Parque Nacional
to à região e espécie a ser cultivada, uma vez que o princípio do tanque-rede é o mesmo. Trata-se de
uma gaiola apoiada em flutuantes.
Para maior segurança e durabilidade, é importante que todos
os componentes do tanque não
sofram oxidação. Para facilitar o
manejo, o material deve ser leve e
resistente, por isso recomenda-se
a armação em alumínio. O tanquerede deve também proporcionar
conforto aos peixes. Só assim poderão apresentar bom desenvolvimento. Por isso, é utilizada tela
sanfonada de arame galvanizado
com revestimento em PVC. Este
material, liso e flexível, evita que
os peixes se machuquem.
Manual para
o aqüicultor
A Itaipu Binacional, a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap), da Presidência da República, e o Instituto Água Viva, em
parceria, publicaram em 2005 o
manual “Boas práticas de manejo
em aqüicultura”, que está à disposição dos interessados no endereço: Itaipu Binacional – Av.
Tancredo Neves, 6731 – Foz do
Iguaçu - PR – CEP 85866-900).
Mais informações podem ser obtidas com o engenheiro agrônomo
Irineu Motter, responsável pelo projeto de cultivo de peixe em tanque-rede no reservatório de Itaipu. E-mail: [email protected]
– Telefone (45) 3520 6643 – Fax(45) 3520 6561.)
“Carta de Princípios Cooperativos pela Água”
À noite, no interior do Parque Nacional do Iguaçu,
em frente às Cataratas, as personalidades presentes assinaram e lançaram a “Carta de Princípios Cooperativos pela Água” (ver íntegra nas páginas 6 e 7), em solenidade que, além dos participantes das atividades desenvolvidas durante o dia na FPTI, teve a presença da
ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, e do presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia.
Assinaram o documento a ministra e o deputado, o
prefeito de Foz do Iguaçu, o diretor geral da Itaipu, o
representante da FAO no Brasil, o secretário nacional
de Recursos Hídricos, o secretário do Meio Ambiente
do Paraná e os representantes da ANA, Ibama, OAB,
ABRH, ABES, ABAS, CNA, CNI, Fundação Roberto Marinho e Fundação Banco do Brasil.
Protocolo de Intenções para a BP III
Outro instrumento firmado no evento foi o Protocolo de Intenções para a Gestão de Recursos Hídricos da BP III. Assinaram
Jorge Samek, pela Itaipu; Lindsey da Silva Rasca Rodrigues, pela
Secretaria de Estado do Maio Ambiente e Recursos Hídricos; Darcy Deitos, pela SUDERHSA – Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental; José Machado, pela Agência Nacional das Águas; e João Bosco Senra,
pela Secretaria Nacional de Recursos Hídricos.
Temas do encontro e expositores
I - Lei 9.433/97 + 10 – Balanço da gestão
integrada de recursos hídricos no Brasil
nJoão Bosco Senra (ver pág. 7)
nJosé Machado, presidente da ANA
nLuís Noronha, consultor em gestão de recursos hídricos
II - Políticas nacionais dos
setores usuários da água
nJerson Kelman, da ANEEL
nHypérides Macedo, do Ministério da Integração Nacional
nLuiz Eduardo Garcia, do Ministério dos Transportes
nLúcia de Carvalho, do Ministério das Cidades
III - Experiências da sociedade civil
e setores usuários da água
nPrograma Cultivando Água Boa - Nelton Frie-
drich, diretor de Coordenação da Itaipu
nGestão de bacias hidrográficas no Paraná
- Rasca Rodrigues, secretário do Meio Ambiente
do Paraná
nTecnologias sociais relacionadas ao tema água
- Jacques O. Pena, da Fundação BB
nProjetos ambientais relacionados à água
- Ricardo Piquet e Márcia Panno, da FRM
nA OAB e os recursos hídricos no Brasil
- Raimundo C. B. Aragão, presidente da OAB
nSoluções cooperativas para a água - Márcio Freitas e Ramon Belisário, da OCB
nContribuição das entidades - Rui Vieira da Silva
(ABRH/ABES/ABAS)
nÁgua e agricultura - Assuero Doca Veronez, da
CNA
nÁgua e indústria - Vítor Feitosa, da CNI
nÁgua no semi-árido - Valquíria Alves Smith Lima,
da Articulação do Semi-árido ASA.
Espetáculos
No encerramento, os presentes foram brindados com apresentação, pela cantora Maria Bethânia, do show denominado “Dentro
do mar tem rio”, com canções cujo
tema predominante é a água, e da
obra “O segundo sopro”, pelo Balé
do Tetatro Guaíra, de Curitiba, em
coreografia de Roseli Rodrigues,
música de Fábio Gardia e direção
de Carla Reinecke.
Cultivando Água Boa
"
JUNHO DE 2007
Caio Coronel
Caio Coronel
JUNHO DE 2007
Cultivando Água Boa
#
Autoridades discutem criação na FPTI do
Instituto Mercosul de Estudos Avançados
Entidade tem como proposta principal promover a integração
entre universidades e entidades de fomento à ciência e tecnologia
Cerca de 500 pessoas celebraram o Dia da Água na Itaipu e no Parque Nacional do Iguaçu
No Dia Mundial da Água, o grito: SOS H20
“Enfrentando a escassez” foi tema de evento
alusivo à data realizado em Foz do Iguaçu
Para celebrar o Dia
Mundial da Água (2203-07), a representação
no Brasil da Organização das Nações Unidas
para a Alimentação e Agricultura (FAO) escolheu Foz do
Iguaçu como palco. Com a palavra-de-ordem “SOS H20”, o
lema “Cada gota conta” e o
tema “Enfrentando a escassez
de água”, o evento foi promovido por uma parceria entre a
FAO, o Ministério do Meio Ambiente, Agência Nacional das
Águas, Itaipu Binacional, Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI) e Fundação Roberto
Marinho.
A programação foi desenvolvida na Fundação Parque
Tecnológico Itaipu (FPTI) e no
Parque Nacional do Iguaçu. A
escolha de Foz do Iguaçu para
sede do evento levou em conta a abundância de água da
região e o trabalho socioambiental que vem sendo realizado
pela Itaipu e seus parceiros,
entre eles a própria FAO, na
Bacia do Paraná III, com o pro-
grama Cultivando Água
Boa.
O evento reuniu representantes de órgãos
governamentais gestores
dos recursos hídricos, grandes consumidores, organizações do terceiro setor e um público de aproximadamente 500
pessoas.
O início dos trabalhos foi
precedido pela interpretação
da canção “Planeta Água”, de
Guilherme Arantes, pelo Coral
da Itaipu, sob a regência do
maestro Gil Gonçalves, e execução do Hino Nacional.
Formaram a mesa de honra o governador do Paraná,
Roberto Requião; o prefeito de
Foz do Iguaçu, Paulo Mac Donald Ghisi; representante da
FAO no Brasil, José Tubino;
diretor geral brasileiro da
Itaipu Binacional, Jorge Miguel Samek; diretor presidente da ANA, José Machado; e
o gerente de Desenvolvimento Institucional da Fundação
Roberto Marinho, Ricardo
Piquet.
Todos pela água
Jorge Miguel Samek,
diretor geral brasileiro da Itaipu e anfitrião do encontro,
saudou e deu as boas-vindas
às autoridades, personalidades e ao público. Disse que “o
movimento SOS H2O marcou
o início de mudança de atitude do Brasil em relação aos
seus recursos hídricos”. E
acrescentou: “Demos o primeiro passo no sentido de mobilizar a sociedade brasileira
em torno da importância dos
rios, córregos, nascentes e lagos” e lembrou que “sem água
não há vida, nem energia nem
desenvolvimento”.
Roberto Requião, governador do Paraná, enfatizou que
“a Terra reage de forma dura
aos seus agressores”, e culpou o sistema capitalista, que
só visa ao lucro, sem considerar os limites do planeta. “Para
tentar salvar a vida na Terra,
temos de mudar a visão capitalista de ter lucro a todo custo.” Ele destacou a política ambiental do Estado dando ênfase às ações de conservação
Autoridades dizem que quadro é preocupante
dos recursos hídricos, repovoamento de rios e reflorestamento.
Paulo Mac Donald Ghisi,
prefeito de Foz do Iguaçu, abordou as ações ambientais implementadas no município, destacando a coleta seletiva e reciclagem
do lixo, o tratamento do esgoto doméstico, a preservação de rios e
a conscientização da população,
especialmente as crianças. “Queremos transformar cada estudante de 1ª a 4ª série num defensor
do meio ambiente”, disse.
José Tubino (foto), representante da FAO no Brasil, traçou um
panorama global e nacional da
água, definindo-a
como “bem vital cada
vez mais escasso”.
Lembrou que hoje, segundo a ONU, cerca de
1,3 bilhão de pessoas
não têm acesso a água
potável e 40% da população mundial não
dispõem de condições sanitárias
básicas. E acrescentou que, em
menos de 20 anos, a escassez de
água afetará 2,8 bilhões de pes-
soas.
“A escassez de água também vai comprometer a produção de alimentos”, alertou
Tubino. “Até 2030, a demanda por alimentos deverá aumentar 55%, mas é possível
que não haja água para atender a essa demanda”.
Tubino destacou o trabalho feito pelo Brasil em cumprimento das Metas do Milênio definidas no Plano da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada
na África do Sul em 2002. “A
ONU reconhece que o Brasil
teve avanços expressivos em
sua política de recursos hídricos”, afirmou. Mas
chamou atenção para
“a necessidade do envolvimento da sociedade e dos setores produtivos para que as políticas governamentais
de meio ambiente tenham resultado”. Citou
como modelo de gestão descentralizada e participativa os
comitês gestores do programa
Cultivando Água Boa.
MAIS CIÊNCIA,
MAIS TECNOLOGIA
Segundo Hélgio Trindade,
do Conselho Nacional de Educação Superior, o Instituto
Mercosul de Estudos Avançados promoverá intercâmbio e
cooperação entre instituições
FPTI
FPTI
Jorge Guimarães
Hélgio Trindade
nacionais, latino-americanas e
de outros continentes, além de
pesquisas nas áreas de ciência,
tecnologia, engenharias e meio
ambiente. “O instituto
vai impulsionar o processo de integração e
disseminação do conhecimento, principalmente
da região fronteiriça, e virá
se somar aos esforços desenvolvidos pela FPTI”, previu Hélgio.
Já o presidente da Capes,
Jorge Guimarães, destacou que
as pesquisas científicas e tecnológicas desenvolvidas no
âmbito do Imea poderão ser
financiadas pelo MEC e por
outras agências governamentais de apoio à pesquisa, em-
presas públicas, fundações nacionais e internacionais. “O
Instituto vai promover a integração entre universidades e
entidades de fomento, e assim
impulsionará o desenvolvimento científico e tecnológico”, afirmou Guimarães.
No ato de assinatura do
acordo UNIPI-UFPR-Itaipu, no
dia 22, o diretor geral da Itaipu, Jorge Samek, anunciou o
projeto de criação do órgão
como algo que terá forte impacto nacional e internacional.
“Guardem bem este nome –
Instituto Mercosul de Estudos
Avançados –, porque logo, logo
se ouvirá falar muito dele”, disse Samek.
FPTI
“Cada gota conta”: síntese da mensagem de autoridades e personalidades presentes
A Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI) poderá
abrigar, em breve, o Instituto
Mercosul de Estudos Avançados (Imea), ainda em fase de
discussão e planejamento. O
tema foi discutido durante reunião realizada na FPTI no dia
21 de maio, véspera da assinatura do acordo de cooperação entre a UNIPI, UFPR e Itaipu (ver páginas 14 e 15).
Participaram da reunião o
presidente da Capes, Jorge
Guimarães; o chefe da Assessoria Internacional do MEC,
Alessandro Candeas; o coordenador geral de Cooperação
Internacional da Capes,
Leonardo
Barchini
Rosa; o diretor do
CNPq, José Roberto
Drugowich; a secretária
da Ciência, Tecnologia e
Ensino Superior do Paraná,
Lygia Pupatto; o presidente da
Fundação Araucária, José Tarcisio Trindade; e os reitores Alcebíades Luiz Orlando, da Unioeste, e Mario Luiz Neves de
Azevedo, da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Para os próximos meses, as
instituições envolvidas projetaram assinar convênio para a
criação oficial do Instituto, que
será vinculado ao Ministério da
Educação do Brasil e que visa
à construção do que provisoriamente é chamado de Espaço
Regional de Educação Superior do Mercosul.
Caminhadas na Natureza
têm grande participação
Aproximadamente mil pessoas participaram da Caminhada na Natureza – Circuito Itaipu Binacional no domingo 3 de
junho, num percurso de onze
quilômetros entre belas paisagens do entorno da usina, bosques, trilha, o Canal da Piracema e muitas outras belezas.
com partida e chegada no CRV,
onde, simultaneamente, esteve montada a Feira Vida Orgânica. A Caminhada foi uma realização dos projetos “Reviver”
e “Turismo Rural na Agricultura Familiar”, e a Feira, do projeto “Agricultura Orgânica”, no
âmbito das ações do programa Cultivando Água Boa.
É a terceira caminhada de
2007. As outras duas foram
realizadas em 19 de abril – Dia
do Índio –, no Circuito Avá-Guarani, em Diamante do Oeste,
e em 1º de maio – Dia do Trabalhador – no Circuito do Trabalhador, em Medianeira. A
próxima está marcada para 25
de julho – Dia do Agricultor –
em Santa Terezinha de Itaipu,
também acompanhada da Feira Vida Orgânica. .
“ANDA, BRASIL”
Participantes da reunião realizada na Fundação PTI
As Caminhadas na Natureza integram o Programa Na-
cional de Turismo Rural na
Agricultura Familiar, dos ministérios do Turismo e do Desenvolvimento Agrário, que pretendem contribuir para que o
turismo contemple as diversidades regionais, a realidade
cultural do homem rural, lazer,
saúde e geração de emprego
e renda. Para isso, o programa preconiza a ampliação e a
qualificação dos produtos turísticos, estruturação dos destinos e aumento da permanência média dos turistas nos destinos que escolhem.
Esta modalidade de turismo vem se alastrando no mundo inteiro. No Brasil, o marco
de sua introdução é outubro
de 2003, numa iniciativa da
Associação Brasileira de Turismo Rural – Rio de Janeiro.
Na região da BP III estão
consolidados e credenciados
cinco circuitos pela “Anda, Brasil – Confederação Brasileira
de Caminhadas, Atividades
Não Competitivas e Inclusão
Social”, filiada à Federação Internacional de Esportes Populares, que congrega cerca de
6 mil circuitos distribuídos em
39 países. No Brasil estão credenciados 106 circuitos em
14 estados.
JUNHO DE 2007
Cultivando Água Boa
Outro mundo é necessário
Nelton Miguel Friedrich
Em menor ou menor grau, todos já sabemos que o planeta Terra – nossa casa comum
– está enfermo. Os desequilíbrios socioambientais não são apenas coisa de “relatórios
de cientistas” ou catastrofistas São evidências concretas sentidas – e sofridas – em todos
os cantos do mundo. E tudo tende a ficar cada
vez pior, a menos que...
Aí estão a destruição da camada de ozônio; o aquecimento global; o esgotamento de
reservas de água potável; o aumento da poluição das águas, da atmosfera e dos solos; o
aumento do lixo; extinção massiva de espécies animais e vegetais; desmatamento; erosão; desertificação; exaustão e degradação
de terras cultiváveis; padrões dominantes de
produção e consumo causadores de devastação ambiental; injustiça, pobreza, ignorância e conflitos violentos se intensificando e
causando grande sofrimento.
Tudo seria simplesmente desesperador se
não tivéssemos possibilidade alguma de contornar a situação. Felizmente, ainda temos,
como garantem os mesmos cientistas que
alertam para o perigo. Se, contudo, a desperdiçarmos, será o inferno na Terra – não
em futuro remoto e incerto, mas logo ali adiante, na pele de cada habitante do planeta.
Colocam-se, então, duas questões: De
quem é a responsabilidade pelo deplorável
estado de coisas que se estabeleceu? E de quem
será a responsabilidade pela mudança salvadora? Simples. A resposta para as perguntas é
“de todos” – da humanidade em geral e de
cada indivíduo em particular, mesmo que em
graus diferentes. A ninguém é dado fugir do
problema ou jogá-lo às costas dos outros.
Um novo mundo não é apenas possível;
é necessário. Sua construção é tarefa de cada
um. Cada ser humano tem que colocar seu
tijolo nessa construção. Ou será que governos, algum país, grandes empresas, instituições renomadas “darão um jeito”? Evidentemente, eles todos têm papel fundamental,
mas igualmente fundamental é o papel de
cada pessoa.
“Não é só por intermédio dos negócios e
governos, mas também, possivelmente mais
importante, por intermédio da ação e do suporte generalizados dos indivíduos que a restauração e a preservação do meio ambiente
podem ser conquistadas”, afirma a ambientalista japonesa Wakako Hironaka, integrante
da Comissão da Carta da Terra.
A propósito, para quem tem dúvidas sobre seu papel nessa missão salvadora, a Carta da Terra é, provavelmente, o guia mais
sábio disponível. “A poderosa e abrangente
mensagem que a Carta da Terra contém precisa ser internalizada por todas as pessoas e
traduzida em ação em sua vida diária”, recomenda Wakako, sabiamente.
Precisamos estar preparados para pagar
o preço da salvação do nosso (único) planeta. Não basta cobrar dos outros, achar que
“alguém deve fazer alguma coisa”. A sociedade e cada um de seus integrantes têm que
fazer alguma coisa, dispor-se a mudar hábitos e abrir mão de certos confortos, fazer a
ponte entre o falar e o agir.
O outro mundo, que não só é possível,
mas necessário, só será edificado com um
novo jeito de ser, viver, produzir e consumir.
Exige uma nova cultura de relacionamento
entre os seres humanos e destes com a natureza, movido a solidariedade, cooperação e
cuidado mútuo. As atitudes necessárias são
em geral simples: conservar, não desperdiçar, reciclar, viver com menos, evitar o supérfluo, usar menos o carro, dar destino correto ao lixo, ser benevolente, cooperativo,
compartilhar, amar e cuidar.
EXPEDIENTE
Publicação da Diretoria de
Coordenação da Itaipu Binacional
Diretor Geral Brasileiro: Jorge Miguel Samek
Diretor de Coordenação: Nelton Miguel Friedrich
Superintendentes: Newton Kaminski (Obras), Jair Kotz (Meio Ambiente)
Gerente Executivo do Cultivando Água Boa: Odacir Fiorentin
Superintendente de Comunicação Social: Gilmar Piolla
Redação: Juvêncio Mazzarollo
Fotografia: Caio Coronel, Milton Rolin, Adenésio Zanella
Visual e DPT: HDS
Impressão: Jornal O Paraná
Diretoria de
Coordenação
Av. Tancredo Neves, 6731
Foz do Iguaçu - Paraná
CEP 85866-900
Fone (45) 3520-5724
Fax (45) 3520-6998
E-mail: [email protected]
Constelação de Libra
Liberato Vieira da Cunha
Os astrônomos acabam de descobrir uma segunda Terra extraviada no universo. Pelo que li, o novo planeta fica na constelação de Libra e reúne muitas das condições ideais para a invenção da vida, tal como a concebemos no cantinho perdido do
cosmos que todos nós fomos condenados a habitar. Seu nome é
pouco inspirador: GL 581c. Espero que seja apenas um pseudônimo.
Espero ainda que desconheça algumas das desgraciosas
realidades com que convivemos, como as guerras e a violência.
Bem ao contrário, desejo que GL não tenha a mais remota noção do que sejam a doença, a crueldade, o preconceito e a
injustiça. Almejo ainda que jamais tenha ouvido falar em terremotos, inundações, tsunamis ou no clima de Porto Alegre.
Creio que não seria demais supor que nosso colega na Via
Láctea seja dotado de vastas provisões de solidariedade, de reservas infinitas de generosidade e de imensas quantidades de
paz. Não me desagradaria descobrir que é habitado pelo diálogo,
ornado de esperança e revestido de ternura.
Não me desgostaria ouvir que são enormes suas jazidas de
compreensão entre os povos, de amor entre os seres e de respeito entre todas as espécies. E não duvidaria se me contassem
que, por um decreto ancestral e irrevogável, houvessem sido
exilados o ódio, a miséria e a dor. Ou de que fossem inesgotáveis
as porções de solidariedade, de entendimento e de boa vontade.
Torço aliás para que jamais enviemos expedição alguma ao
GL. Pois nós, os habitantes desta esfera azul, levaríamos em
nossas naves o egoísmo, a inveja, o orgulho e a arrogância. Não
esqueceríamos de colocar na bagagem a insensibilidade e a ira.
E ao transpormos o limiar do paraíso idealizado não esqueceríamos de contaminá-lo segundo nossa imagem e semelhança.
*Artigo publicado no jornal “Zero Hora”, de Porto Alegre, 08/05/2007;
reprodução autorizada pelo autor.([email protected])
PENSANDO BEM...
“Este mundo está acabando. Precisamos lançar
as bases para um novo. Temos uma grande
oportunidade de fazer um mundo melhor.”
Alice Klein, documentarista canadense
“Nossas sociedades dependem da natureza,
embora a tenhamos debilitado durante séculos.
Agora, com a mudança climática, estamos
atacando a própria base do mundo natural.”
Lara Hansen, cientista-chefe do Programa Internacional
de Mudança Climática do Fundo Mundial para a Natureza – WWF
“É fácil defender o meio ambiente
dos outros, não o nosso.”
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente
Cultivando Água Boa
JUNHO DE 2007
%
Encontro em São Paulo avalia a aplicação
da Carta da Terra no Brasil e no Mundo
Evento também definiu ações em três eixos
principais: divulgação, educação e vivência
Com a presença de 120
pessoas, entre dirigentes,
conselheiros, coordenadores de ações baseadas
na Carta da Terra e convidados de diversos países
das Américas, Europa e África,
no dia 25/04, a Secretaria Internacional da Carta da Terra
promoveu encontro em São
Paulo, na sede do Grupo Amana-Key, com o objetivo, segundo o representante da Itaipu no
evento, o diretor de Coordenação Nelton Friedrich, de fazer
uma avaliação da aplicação dos
princípios da Carta da Terra
(CT) no Brasil e demais países,
além de definir ações em três
eixos estratégicos:
n DIVULGAÇÃO - fazer com
que a CT seja mais e mais conhecida no mundo;
nEDUCAÇÃO - criar a consciência da mudança necessária
proposta pela CT;
nVIVÊNCIA - fazer com que as
pessoas vivam a essência da
Carta da Terra.
O encontro também incluiu nos trabalhos o conhecimento e análise de experiências de aplicação dos princípios
da Carta da Terra, que são:
“Respeitar e cuidar da comunidade de vida; Integridade
ecológica; Justiça social e
econômica; Democracia, não-
violência e paz”.
Moacir Gadotti, diretor do Instituto Paulo
Freire e professor da
USP, apresentou balanço
intitulado “A Carta da Terra
no Brasil”, historiando desde
sua concepção como proposta
apresentada na Rio-92, até o
registro dos passos dados e experiências realizadas ou em andamento no país.
Em relação à prática da
Itaipu na aplicação da CT, Gadotti registrou o seguinte:
A hidrelétrica brasileiro-paraguaia ITAIPU, situada na bacia do Paraná, com a assessoria
de Leonardo Boff e Moema Viezzer e sob a liderança de Nelton
Friedrich, em parceira com o Ministério do Meio Ambiente e com
o Centro de Defesa dos Direitos
Humanos de Petrópolis (RJ),
tem feito formação de educadores populares, divulgando a Carta da Terra através de vídeos e
cadernos. O seu projeto Cultivando Água Boa usa a Carta da
Terra como referencial ético, começou em 2003 e envolveu mais
de 150 educadores sociais.
60.000 mil cópias da Carta da
Terra foram utilizadas na educação não-formal para a vida
sustentável, envolvendo 29 municípios, 145 ONGs e 318 escolas da região.
“Uma das mais belas experiências”
O Cultivando Água Boa também ganhou espaço na pauta do encontro, com palestra do diretor de Coordenação, Nelton Friedrich, que, além
de discorrer sobre o programa, lembrou do Prêmio Carta da Terra + 5,
conferido à Itaipu em evento realizado em Amsterdam, Holanda, em
2005, em comemoração aos cinco anos do lançamento do documento.
A americana Alide Roerink, membro da Comissão da CT e conhecedora de trabalhos ambientais fundamentados no documento em todo
mundo, disse sobre o Cultivando Água Boa: “É, sem dúvida, uma das
mais belas experiências que estão sendo feitas no mundo; não conheço outra empresa que faça isso”.
A Carta da Terra em Ação
No encontro foi lançado o livro The Earth Charter
in Action – Toward a Sustainable Earth (A Carta da Terra em Ação – Rumo a uma
Terra Sustentável), de 184
páginas, com artigos de 62
das mais destacadas personalidades do mundo em matéria de ecologia e luta ambiental e social, especialmente escolhidas entre as
que fazem da CT a fonte fundamental de inspiração para
seu trabalho.
Editado pela KIT Publishers, de Amsterdam, em cooperação
com a Iniciativa da Carta da Terra, de São José, Costa Rica, com
financiamento do NCDO (Comitê Nacional para a Cooperação Internacional e Desenvolvimento Sustentável), da Holanda, “o livro
é dedicado às aspirações da juventude por um mundo justo, pacífico e sustentável – e especialmente aos jovens da Iniciativa
Jovem da Carta da Terra que representam as elevadas esperanças e idealismo prático de sua geração colocando a Carta da
Terra em ação.”
Mikhail Gorbachev, ex-líder soviético, fundador e presidente
da Green Cross International (Cruz Verde Internacional), membro
e líder da Comissão da CT, escreve o prefácio do livro sob o titulo
The Third Pillar of Sustainable Development (O Terceiro Pilar do
Desenvolvimento Sustentável).
Os três pilares segundo Gorbachev
Escreve Gorbachev: O primeiro pilar é a Carta das Nações
Unidas, que regula as relações entre os estados e estabelece
regras para seu comportamento de modo a assegurar a paz e a
estabilidade. O segundo pilar é a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que regula as relações entre estados e indivíduos
e garante a todos cidadãos um conjunto de direitos que seus
respectivos governos devem garantir. A importância desses dois
documentos não pode ser superestimada. Mas tornou-se óbvio
que outro documento está faltando, um que regule as relações
entre estados, indivíduos e natureza, definindo os deveres humanos para com o meio ambiente.
Na minha opinião, a Carta da Terra deveria preencher este
vácuo, adquirir igual status e tornar-se o terceiro pilar sustentando o desenvolvimento pacífico do mundo moderno. O processo
desse endosso já começou – é endossado por um crescente
número de governos locais e nacionais, pela Organização das
Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e
muitas organizações não-governamentais. Entretanto, nós fundadores e defensores deveríamos considerar nossa missão cumprida somente quando a Carta da Terra fosse adotada universalmente pela comunidade internacional.
Personalidades
de renome
Entre os presentes ao encontro, Nelton Friedrich destaca as
seguintes personalidades:
MLeonardo Boff, teólogo, filósofo e ecologista brasileiro,
membro da Comissão da Carta da Terra;
MMirian Vilela, diretora executiva da Iniciativa da CT;
Wangari Muta Maathai, queniana, Prêmio Nobel da Paz de
2004;
MSteven Rockefeller, monge
americano e professor universitário de religião;
MMateo Castillo Ceja, do México, cuja experiência também
recebeu o Prêmio Carta da Terra + 5;
M Oscar Motomura, diretor
executivo do Grupo AmanaKey, dedicado ao desenvolvimento sustentável com base
na CT, referência global para
seus programas educacionais
de formação de lideranças tanto no setor corporativo como
governamental;
MMarcos Sorrentino, brasileiro, diretor do Programa de
Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente;
MRachel Trajber, brasileira,
coordenadora de Educação
Ambiental do Ministério da
Educação;
MPeter Blaze Corcoran, diretor do Centro de Educação
para o Meio Ambiente e Sustentabilidade da Universidade
da Flórida, EUA;
MMaurice Strong, sub-secretário da ONU, foi secretário da
Rio-92 e é membro da Comissão da CT, que não pôde participar mas enviou mensagem.
Cultivando Água Boa
&
JUNHO DE 2007
Samek, Lula, Nicanor e Bernal descerram a placa inaugural Presidente Nicanor: “Itaipu representa uma causa - a integração” Lula: “Uma poupança para brasileiros e paraguaios”
Itaipu encerra o ciclo da construção da usina
21 DE MAIO DE
2007 será para sempre um marco na história da Itaipu Binacional, do Brasil e do
Paraguai. Nesse dia, os
presidentes do Brasil, Luiz
Inácio Lula da Silva, e do
Paraguai, Nicanor Duarte
Frutos, descerraram a placa inaugural das duas últimas unidades geradoras
(9A e 18A) da maior hidrelétrica do mundo - Itaipu Binacional. Toda a capacidade geradora projetada está
instalada: 20 geradores,
14.000 MW.
"Termina hoje a construção de uma majestosa
obra", proclamou o presidente paraguaio. "Itaipu
representa mais que uma
empresa que gera energia;
representa uma causa, a integração de dois povos."
"Muita gente critica Itaipu,
do lado paraguaio e do lado
brasileiro", disse o presidente brasileiro. "Mas eu gostaria que esses críticos parassem um pouquinho para
pensar: o que seria do Brasil sem Itaipu? O que seria
do Paraguai sem Itaipu?"
Num grande palco
montado no interior da barragem, perante cerca de
1.500 pessoas, entre autoridades, convidados, empregados e jornalistas, os
presidentes Lula e Nicanor,
ao lado dos diretores
gerais de Itaipu, Jorge
Samek e Victor Bernal,
descerraram a placa
que marcou a inauguração oficial das novas unidades e a conclusão do projeto
da majestosa usina.
A cerimônia começou
com a exibição de um filme
de 15 minutos que mostra a
atuação da Itaipu no Brasil
e no Paraguai, especialmente no âmbito da missão de
responsabilidade social e
ambiental que a empresa
cumpre, e prosseguiu com
apresentação do Coral de
Itaipu, que interpretou o
cântico "Luar de luzes", de
autoria do funcionário da
Itaipu Cláudio Souza Farias.
Seguiram-se os pronunciamentos das autoridades.
"Conclui-se uma etapa vital
da central hidrelétrica de Itaipu", comemorou o diretor
geral paraguaio, Victor Bernal. "Chegou ao fim a instalação das 20 unidades geradoras, como estava contemplado no projeto original".
O diretor geral brasileiro, Jorge Samek, lembrou
que "Itaipu, hoje, junto com
a Eletrobrás, já começa a utilizar o know-how adquirido
ao longo dos 23 anos de operação da usina, oferecendo
apoio técnico inclusive à usina chinesa de Três Gargantas". Lembrou que "Itaipu foi
muito combatida no início,
porque, segundo os críticos,
poderia provocar catástrofes
ambientais, mas hoje é um
exemplo nessa área para as
atuais e futuras hidrelétricas".
Natural de Foz do Iguaçu, Samek lembrou que
acompanhou toda a trajetória da usina e que estava
emocionado por estar presente na etapa final da construção, e agradeceu emocionado ao presidente Lula:
"Obrigado pela oportunidade de servir ao meu país na
terra onde nasci."
"Carinho e
solidariedade"
O presidente Nicanor
Duarte Frutos não poupou
elogios à Itaipu e rebateu as
críticas contra a empresa,
que têm surgido principalmente nos jornais paraguaios. Ele destacou os benefícios que Itaipu trouxe à população carente do seu país,
particularmente com ações
nas áreas de educação e saúde. Enfatizou que hoje "o governo brasileiro tem uma
postura mais aberta a negociações". "Não recordo da
existência de um governo
brasileiro que tenha olhado
o Paraguai com tanto carinho, com tanta solidariedade, como o do presidente
Lula."
"O que seria do Brasil sem Itaipu? O que seria do
Paraguai sem Itaipu?"
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva
O PROGRAMA SOCIOAMBIENTAL DA ITAIPU BINACIONAL - FOZ DO IGUAÇU, NOVEMBRO DE 2006 - No 08
Presidente Lula: "Uma nova
relação entre Paraguai e Brasil"
O presidente Lula também se
referiu às críticas. Embora as considere injustas, reconheceu que fazem parte do sistema democrático.
"Os adversários continuarão a protestar e criticar, mas o que seria de
nós sem os críticos? Quando as
obras de Itaipu tiveram início, o Brasil e o Paraguai viviam sob regimes
autoritários, e eu mesmo fui um crítico de tudo o que faziam então,
inclusive Itaipu. Mas a dinâmica da
política fez a maioria desses críticos compreender que Itaipu não foi
apenas uma obra de ditaduras, mas
uma prova da competência de brasileiros e paraguaios."
O presidente Lula sugeriu aos
diretores da Itaipu que convidem
alunos de escolas públicas brasileiras e paraguaias para que conheçam a usina. "As crianças e os jovens devem ver o monumento que
o Brasil e o Paraguai foram capazes de construir", disse. "Itaipu é
um exemplo de que nós tivemos
competência para construir. E hoje
temos consciência de que Itaipu é
uma espécie de poupança para
brasileiros e paraguaios que ainda
vão nascer". Lula concluiu afirmando que, depois da reunião com o
presidente Nicanor em Assunção,
saiu convencido de que "uma nova
era começa a acontecer na relação entre o Paraguai e o Brasil".
Presenças ilustres no histórico evento (da esq. p. dir.) - pelo Brasil: Paulo
Mac Donald Ghisi, prefeito de Foz do Iguaçu; Jorge Samek, diretor geral
brasileiro da Itaipu; Paulo Bernardo, ministro do Planejamento; Reinhold
Stephanes, ministro da Agricultura; Silas Rondeau, ministro de Minas e
Energia; Celso Amorim, ministro de Relações Exteriores; Orlando Pessutti, vice-governador do Paraná; Marisa Silva, primeira-dama do Brasil; Luiz
Inácio Lula da Silva, presidente dda República. Pelo Paraguai: Nicanor
Duarte Frutos, presidente da República; Maria Glória, primeira-dama; Ruben Ramírez, ministro de Relações Exteriores; Rogelio Benítez, ministro
do Interior; Blanca Ovelar de Duarte, ministra de Educação; e Andrés Retamozo, prefeito de Hernandárias
ITAIPU E IAPAR LANÇAM LIVRO “PLANTIO DIRETO COM QUALIDADE”