v02 – o perfil do administrador almejado pelo setor
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v02 – o perfil do administrador almejado pelo setor
v. 2 jul./ago./set. 2009 ISSN 1982-2065 O perfil do administrador almejado pelo setor empresarial produtivo da Região Metropolitana do Recife. Getúlio Tito Pereira de Oliveira (Administrador Graduado na Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco – FCAP) Glauber Quirino Falcão (Administrador Graduado na Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco – FCAP) RESUMO O presente artigo faz uma breve análise sobre o mercado de trabalho em Pernambuco, além de explanar a respeito das áreas de atuação do Administrador e o ambiente em que este profissional está inserido. Baseando-se numa pesquisa de campo realizada entre as principais empresas do setor produtivo da Região Metropolitana do Recife, pôde-se traçar um perfil dos administradores almejados por essas organizações. PALAVRAS-CHAVE: Perfil do administrador. Mercado de trabalho. Setor empresarial produtivo. ABSTRACT In this article the authors present a short analysis on the labor market in Pernambuco and describe the areas of acting of the administrator as well as the environment in which this professional is inserted. Database based on a field work carried out among the principal enterprises of the productive sector of the Recife Metropolitan Region made possible to draw a profile of the administrators longed by these organizations 1 INTRODUÇÃO Este artigo foi baseado em uma pesquisa que analisou de forma mais apurada os reais reflexos do antigo Exame Nacional de Cursos – ENC na absorção dos egressos do curso de Administração no mercado de trabalho da Região Metropolitana do Recife RMR, convergindo no sentido de conceber parâmetros confiáveis acerca da opinião do setor produtivo da região a respeito do Provão e suas possíveis repercussões na gestão de seus profissionais. No entanto, a concepção deste material ficou atrelada a uma análise específica das funções do Administrador, além de um delineamento do mercado de trabalho em que este profissional atua. Para poder entender o contexto sócio-econômico no qual o Administrador se insere, fez-se necessário um estudo bibliográfico mais aprofundado, evidenciando as tendências nacionais e identificando o cenário regional, como pode ser constatado no decorrer deste artigo. Com todo embasamento teórico, unido aos resultados obtidos da pesquisa realizada, conseguiu-se traçar o Perfil do Administrador requerido pelo setor produtivo da RMR. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.2, jul./ago./set. 2009 1 2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS 2.1 O mercado de trabalho para o profissional de Administração a) A visão sistêmica do mercado. Depois de décadas em convivência inseparável com altos índices de inflação, o cenário macroeconômico brasileiro viveu em 1994 um grande marco estrutural com a implementação do Plano Real. As principais consequências perceptíveis foram a estabilidade monetária e o controle do caos de hiperinflação que o país vivia. Contudo, apesar de resolver problemas conjunturais trazidos de longa data, a nova postura da política econômica revelou muitos efeitos colaterais, dos quais a abertura do mercado à concorrência dos importados, devido ao regime de câmbio adotado pelo governo, pressionou sensivelmente as empresas e industrias do Brasil a reduzirem seus custos e aumentarem sua produtividade, sob a condição de manterem um preço final superior ao do produto vindo de fora. Essa reformulação do setor industrial nacional o tornou certamente mais preparado para a conjuntura de mercado globalizado que começava a se consolidar. Porém, reações adversas da econômica internacional, como a crise de 1998, retraíram fortemente a indústria de transformação. A citada conquista da otimização da produção em cruzamento com a turbulência da macroeconomia internacional repercutiu diretamente na redução de aproximadamente 20% dos postos de trabalho na indústria1. Os setores do comércio e serviços absorveram, sob condições desfavoráveis, grande parte desse contingente. Na conjuntura da Região Metropolitana do Recife - RMR pode-se perceber, na Tabela 1, o nível de ocupação, bem como sua distribuição nos setores da economia: Tabela 1 - Estimativas da População Economicamente Ativa, da ocupada, segundo setor de atividade, e da desempregada na região metropolitana do recife 2002-2003 População Economicamente Ativa Estimativas Populacionais Jun-02 Mai-03 Jun-03 Variações Absoluta (em 1000 pessoas) Relativa (em %) Jun-03/Mai- Jun-03/Jun- Jun-03/MaiJun-03/Jun-02 03 02 03 TOTAL 1.527 1.546 1.537 -9 10 -0,6 0,7 Ocupados Indústria Comércio Serviços Construção Civil Outros * 1.197 1.177 1.170 109 111 110 244 230 223 632 632 632 53 53 49 159 151 156 -7 -1 -7 0 -4 5 -27 1 -21 0 -4 -3 -0,6 -0,9 -3,0 0,0 -7,5 3,3 -2,3 0,9 -8,6 0,0 -7,5 -1,9 -2 37 -0,5 11,2 Desempregados 330 369 367 Fonte: DIEESE/PED-RMR. Contrato SCPS - DIEESE/SEADE * Neste item estão incluídos os serviços domésticos e outras atividades não definidas. 1 Entre os anos de 1994 e 2002, segundo os Indicadores Industriais CNI apud IPEA, 2003 Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.2, jul./ago./set. 2009 2 No período de 2002 a 2003, o nível de ocupação na RMR apresentou uma redução de 2,3%, eliminando 27.000 postos de trabalho. Tal comportamento, quando analisado segundo setor de atividade, resultou, principalmente, das retrações observadas nos setores do Comércio (8,6%), da Construção Civil (7,5%) e do agregado Outros Setores (1,9%), atenuadas pelo crescimento de 0,9% registrado na Indústria de Transformação. O setor de Serviços – que representa mais da metade dos ocupados – manteve seu contingente de ocupados estabilizado. b)Identificando o Administrador e seu nível de interação com o mercado. I - O mercado de trabalho: um retrato do administrador Quando se fala do mercado de trabalho do administrador, comenta-se basicamente o retrato sócio-econômico no qual ele está inserido. A natureza dinâmica desse profissional o faz presente em todos os setores da economia, revelando o seu alto grau de adaptabilidade diante das variações do mercado de trabalho, por mais drásticas que sejam. O Artigo 2° da Lei 4769/65, que regulamentou a profissão, define campos que devem ser privativos do Administrador: Administração Financeira Administração de Material Administração Mercadológica/Marketing Administração da Produção Administração e Seleção de Pessoal/Recursos Humanos Orçamento Organização e Métodos e Programas de Trabalho Sabe-se que, apesar de relacionados em lei, muitos dos campos citados acima vivenciam uma concorrência considerável de profissionais não administradores. MAGRETTA (2002) apud PEREIRA (2003) focaliza que diferentemente da maioria das profissões não é necessário um registro profissional de Administrador para ser gerente. Deduz a autora que é um dos poucos campos no qual a prática precede uma formação regular. A formação acadêmica de qualidade é instrumento fundamental para a consolidação do Administrador como único profissional competente para a atuação em seus campos privados. Todavia, novas áreas começam a despontar como promissoras oportunidades de gestão. O Conselho Regional de Administração de São Paulo vem procurando estudar novos campos de atuação (como Administração Esportiva, Administração do Conhecimento, Gestão Ambiental e Administração Cultural), destacando-se recentemente no mercado o chamado “Terceiro Setor”, formado pelas organizações não governamentais - ONGs, cooperativas, e sociedades civis de interesse comunitário que têm ganho visibilidade e recursos governamentais e até internacionais para executar seus serviços. II - O Perfil do Administrador: um retrato do mercado As mudanças da economia brasileira, dentre elas sua adaptabilidade ao competitivo mercado internacional, estão exigindo das empresas a busca por uma gestão profissional. A presença do gestor criativo, com atributos técnicos capazes de fazê-lo Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.2, jul./ago./set. 2009 3 conviver com limitação de recursos e adversidades constantemente presentes no mercado de atuação, torna-se um requisito fundamental para o sucesso empresarial no mercado globalizado. Diante de um cenário que para muitos profissionais significou um entrave ainda não superado, o Administrador, com sua postura resiliente por formação, tenta transformar dificuldades em oportunidades, procurando se moldar rapidamente às necessidades demandadas pelo novo mercado de capital humano. Com um ambiente de plena competitividade, escolher a pessoa certa para o cargo certo se torna fator de sobrevivência, delegando ao processo de seleção um papel fundamental para o sucesso da contratação de um profissional. Os instrumentos e metodologias utilizados no processo podem ser vários (entrevistas, testes ou dinâmicas de grupo realizadas com os recrutados), objetivando sempre trazer ao selecionador um diagnóstico capaz de fazê-lo indicar qual dos candidatos é o mais apto para exercer o cargo disponível. Porém, antes de qualquer ação no sentido de recrutar e selecionar profissionais, é preciso que a empresa defina solidamente suas necessidades e pretensões ante seu futuro funcionário, listando os requisitos a serem atendidos pelos candidatos, bem como delineando um conjunto de atributos e competências desejados para a investidura do cargo. Nessa linha de ação, a elaboração de perfis profissionais revela-se como um importante referencial no processo seletivo. A pesquisa: “Perfil, formação e oportunidade de trabalho do Administrador Profissional”, realizada em 1998 pelo Conselho Federal de Administração - CFA, teve como objetivo formular o perfil do Administrador profissional. Entre os dados apresentados, os empregadores pesquisados têm priorizado a contratação de colaboradores com formação universitária, mostrando assim que o mercado tem cada vez mais exigido escolaridade de seus profissionais. Por parte dos empregadores, os maiores atributos dos egressos do Curso de Administração são: Dispor de um diploma universitário (27%); Estar atualizado (26%); Dominar temas relevantes (24%); Dispor de uma visão geral e articulada da empresa (23%) e; Aprender fácil e rápido (19%). Ainda segundo a pesquisa do CFA, tanto o segmento de Administradores quanto o de Empregadores valorizam: Conhecimentos: em informática, idiomas, planejamento e conhecimento sistêmico da empresa. Habilidades: saber trabalhar em equipe, capacidade de planejar, capacidade para tomar decisão, capacidade para aprender, capacidade de comunicação verbal e escrita, capacidade de negociação, capacidade de assumir riscos e visão articulada das várias áreas da empresa. Atitudes: ter espírito empreendedor, motivar a equipe, ser ético, demonstrar entusiasmo pelo trabalho, comprometimento com a empresa, pré-disposição para trabalhar muitas horas”. Apesar da formação acadêmica e a atualização estarem no topo dos atributos desejáveis para o Administrador, o recém-formado insere-se em uma situação paradoxal: apesar de dispor do diploma universitário, encontra na sua efetiva absorção pelo mercado uma verdadeira barreira, ora pela saturação de profissionais (observada fortemente com a massificação do ensino superior de Administração), ora pela própria dificuldade de Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.2, jul./ago./set. 2009 4 atualização das Faculdades (que muitas vezes sentenciam ao egresso uma grade de conteúdos incompatível ou obsoleta à demanda empresarial). Essa situação sustenta a afirmativa que “só a formação acadêmica não é suficiente para manter o administrador no papel de gerente. É necessário mais do que isso, ou seja, uma constante atualização e aperfeiçoamento de seus conhecimentos. É um contínuo estudo sobre as mais variadas formas de se administrar, isto é, uma educação continuada.” (JULIATO, 2003) Outra análise de perfil foi apresentada através de estudo elaborado pela Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Administração - ANGRAD2, sendo sugerido por JULIATO (2003) a existência de três níveis de características que, juntos, contemplam o profissional de Administração almejado: O administrador deve ser “Generalista-Humanista”, visto a pesquisa apresentar o segmento Visão Global, com 26% e o Formação Humanista, com 20%, perfazendo praticamente metade do perfil sugerido. “O Administrador é um decididor ético e responsável, empreendendo transformações” e compreende 29% do perfil. Competência técnico-científica. Ao cruzar os resultados obtidos na pesquisa feita pela CFA (com as empresas que demandam profissionais) versus pesquisa elaborada pelo ANGRAD (realizada com as IES, que colocam novos profissionais no mercado), percebe-se uma alta convergência de opiniões, revelando a ciência e unanimidade de ambas as partes quanto às características que são necessárias ao mercado (empresas), por conseguinte, que precisam ser trabalhadas pelas entidades de formação superior. Sugere-se, a partir do Quadro I, um confronto do Perfil do Administrador, segundo ANGRAD, versus competências apontadas pelas empresas (pesquisa do CFA). Quadro I - Confrontando o Perfil do Administrador, segundo a ANGRAD, versus Competências apontadas pelas empresas (pesquisa do CFA). ANGRAD (Perfil) “Generalista – Humanista” Competência técnico-científica “Decididor ético e responsável, empreendendo transformações.” CFA (Competências) • Visão articulada das várias áreas da empresa; • Trabalhar em equipe e saber motivá-la; • Capacidade de comunicação verbal e escrita (relacionamentos humanos). • Conhecimento em informática, em idiomas e em planejamento (bagagem teórica). • Capacidade para aprender (atualização constante). • Ser ético; • Ter espírito empreendedor; • Capacidade para planejar, tomar decisões, negociar e assumir riscos. Fonte: Dados do ANGRAD e CFA Delimitar com precisão a sistemática do perfil do Administrador é uma tarefa bastante audaciosa. A Administração é uma ciência holística, inserida em um mercado de ampla abrangência de atuação, que se transforma em um ritmo extremamente elevado. O perfil do profissional de administração revela-se como um retrato momentâneo de uma 2 ANGRAD - “PHAD/96 - Perfil e habilidades do Administrador Relatório de pesquisa”. dez/1996. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.2, jul./ago./set. 2009 5 obra em constante construção, sempre em aperfeiçoamento e atualização, tão flexível e dinâmico quanto o contexto sócio-econômico no qual o Administrador encontra-se inserido. Estamos tratando de um profissional concebido para ser, acima de tudo, um gestor de mudanças, assumindo um irrefutável papel de interação entre o mercado e a organização. III - Formação versus emprego: uma abordagem crítica Os primeiros relacionamentos da formação com o emprego remontam dos anos 50, tendo a formação surgido ... como um instrumento passível de favorecer a mudança que se procurava então: mudança nas instituições produtivas em termos de organização do trabalho bem como de relações de autoridade nas empresas, em razão da introdução do TWI (Training Within Industry) no âmbito do plano Marshall. (TANGUY, 1999) A formação é um fator de indiscutível importância na agregação de competências profissionais e, por conseguinte, na otimização do desempenho funcional. Com o advento da transformação sócio-econômica do então mundo globalizado, o diploma de nível superior transcendeu as barreiras educacionais e passou a ser adotado como um diferencial de competitividade na busca por um emprego, sendo tal raciocínio consolidado na já fadada crença de que o diploma é um fator de proteção contra o desemprego. Dados estatísticos realizados nesse sentido costumam revelar que, dentro de uma faixa etária, os mais expostos ao desemprego são os menos diplomados. Contudo, cabe ressaltar que “o diploma, em si, está longe de ser uma proteção contra o desemprego, uma vez que um aumento geral dos níveis de formação não exclui um aumento geral das taxas de desemprego nessa faixa etária. Assim conseguiu-se corrigir, em meados dos anos 90, uma idéia socialmente aceita, ao constatar que o diploma é uma condição necessária, porém não suficiente, para se ter acesso ao emprego e que ele não "protege" do desemprego senão de modo relativo” (TANGUY,1999). Deve-se enxergar o diploma como uma ferramenta que permita criar uma correspondência estreita entre a formação e a distribuição das atividades profissionais. Trata-se de um referencial , não mais um diferencial. 2.2 O Setor produtivo de Pernambuco Ao longo das últimas décadas, Pernambuco passou por importantes mudanças sócio-econômicas, em grande parte decorrentes das transformações no sistema econômico mundial e na sociedade e economia brasileiras. Em quase vinte anos, o Estado cresceu e modernizou-se, acompanhando e integrando-se à dinâmica nacional (com os impactos positivos e negativos na economia e na vida do pernambucano). A economia pernambucana apresenta uma forte presença do setor terciário, principal atividade do Estado, com 67,5% do total. Além da vocação histórica que Pernambuco possui no desenvolvimento de atividades comerciais, o setor cresceu rapidamente nas últimas décadas, tendo passado de uma participação de 57,1%, em 1970, para cerca de 67,5% do PIB estadual, em 1997. Como resultado, o Estado colocase como um importante centro regional de prestação de serviços, inclusive os de alto grau de especialização. A produção industrial vem em segundo lugar no ranking das atividades econômicas estaduais. Pernambuco possui uma base industrial diversificada, ao Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.2, jul./ago./set. 2009 6 contrário da indústria do Ceará e da Bahia. No Estado baiano, os três principais gêneros (química, metalurgia e produtos alimentares) respondem por 75% da produção estadual e no Ceará, os três gêneros mais importantes (têxtil, vestuário e produtos alimentares) respondem por 84% da produção do total. Em Pernambuco, os três primeiros segmentos (produtos alimentares, bebidas e metalurgia) não atingem sequer 57% da produção estadual. A seguir apresenta-se uma tabela contendo a ocupação percentual por setor de atividade no Estado de Pernambuco, onde se pode perceber uma participação significante de 14,9% da indústria de transformação unida com a construção civil. Tabela 2 – Ocupação setorial da economia de Pernambuco Ocupação por setor de Atividade Indústria de Transformação Construção Civil Comércio Serviços Outras Atividades Fonte: Amcham jan/2002 (%) 10,2 4,7 16,9 53,9 14,3 Uma visão geral de alguns índices do setor industrial, segundo pesquisas realizadas pela Confederação Nacional das Indústrias CNI/FIEPE em Pernambuco, indicam que o nível de confiança dos industriais pernambucanos com relação ao setor (o indicador de confiança reflete o desempenho da avaliação das condições atuais juntamente com as expectativas para o futuro próximo), em julho de 2003, foi considerado positivo, alcançando 51,9 pontos (índices acima de 50 pontos indicam confiança). Porém, tal índice sofreu uma queda de 10,2% comparativamente ao resultado de abril deste mesmo ano. Dados revelam que a situação em nível Brasil segue a mesma tendência, com o indicador nacional de confiança apresentando uma queda de 9,3% no mesmo comparativo. A queda nesses índices, tanto no Brasil como em Pernambuco, foi influenciada, de forma mais contundente, pela análise negativa que os empresários realizaram acerca das condições momentâneas, quer seja da economia brasileira, do seu setor de atividade e até mesmo de sua própria empresa. A avaliação do nível de atividade industrial em Pernambuco, realizada pela CNI/FIEPE, apresentou resultados desfavoráveis no 2º trimestre de 2003. Com 28,4 pontos na produção e 37,0 no emprego, o desempenho industrial de Pernambuco dá sequência a uma queda observada a partir do 4º Trimestre 2002 (indicadores acima de 50 pontos indicam situação favorável). Essa redução também foi observada, porém, numa proporção menor, nos indicadores do nível de atividade do Nordeste e do Brasil. Verificase tais informações, de forma mais detalhada, na tabela a seguir: Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.2, jul./ago./set. 2009 7 Tabela 3 Fonte: Pesquisa Sondagem Industrial realizada pela CNI/FIEPE 2003 Outro indicador levantado pela pesquisa Sondagem Industrial CNI/FIEPE são os principais problemas enfrentados pelas empresas no 2º Trimestre de 2003 e, como resposta, teve em destaque a questão referente à elevada carga tributária como principal problema. Essa indicação é majoritária seja para análise nacional, regional (Nordeste) ou estadual (Pernambuco). Levando em consideração alguns dos dados das pesquisas realizadas pela CNI/FIEPE, pode-se perceber que o setor industrial de Pernambuco encontra-se em situação semelhante das realidades encontradas a nível nacional. É inserido nesse contexto Pernambucano que se encontram as empresas do setor produtivo da RMR, responsáveis por grande parte da produção do Estado (procurar percentagem). A RMR está localizada em uma privilegiada posição geográfica, visto que está a 900 km das outras duas capitais mais populosas da Região: Salvador e Fortaleza; e ao se partir de Recife, num raio de 300 km, se alcançam três capitais nordestinas, João Pessoa, Natal e Maceió, além de cidades de porte médio, como Campina Grande, Caruaru, Garanhuns e Arapiraca. Tal fato facilita o processo de recebimento de matériaprima e distribuição de produtos no Nordeste, elevando a RMR ao posto de um dos maiores pólos logísticos do Brasil. 3 Metodologia Para uma melhor explanação a respeito da metodologia da pesquisa, que resultou na elaboração deste artigo, achou-se conveniente sua divisão em três tópicos, que são: Pesquisa bibliográfica e documental, Pesquisa de campo e Análise dos dados. 3.1 Pesquisa bibliográfica e documental A fundamentação teórica, da pesquisa realizada para elaboração deste artigo, foi embasada em um processo de consultas bibliográficas e documentais para coleta de dados e informações. Tal processo ocorreu por meio de visitas a sites na internet e consultas a livros, revistas e jornais. 3.2 Pesquisa de campo Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.2, jul./ago./set. 2009 8 O tópico “Pesquisa de Campo” foi subdividido em “Delimitação do Universo” e “Elaboração e Aplicação do Questionário”, com o intuito de facilitar uma maior compreensão das etapas da pesquisa realizada. a. Delimitação do Universo Durante o processo de elaboração da pesquisa, foi necessário delimitar o universo das empresas a serem analisadas. Então, foi adotado o critério de seleção intencional que estabelece uma amostra específica satisfatória, para atingir os propósitos da pesquisa. Com isso, o universo selecionado corresponde as empresas do setor produtivo da Região Metropolitana do Recife - RMR que possuem acima de 400 (quatrocentos) funcionários. O levantamento dessas organizações ocorreu por meio do Cadastro Industrial (2001-02) da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco FIEPE. Então, foi estabelecida uma triagem por meio do CD-ROM do Cadastro Industrial da FIEPE, onde foram selecionadas as empresas que possuíam as características almejadas na RMR. Após esse levantamento, foram excluídos alguns tipos de organizações, como: Empresas Públicas, pois os seus funcionários são efetivados por meio de concursos públicos; empresas do ramo de comunicação, devido à ausência de clareza com relação às atividades desenvolvidas (serviço ou produto); e Usinas por dificuldades de acesso. Chegou-se assim a um total de 37 empresas, entretanto, na verificação dos dados das organizações, tais como razão social, endereço e telefone, se constatou uma certa defasagem de informações. Após a confirmação dos dados necessários sobre as empresas, obteve-se o número de 32 organizações. Dessas, apenas 17 puderam colaborar com a pesquisa. b. Elaboração e aplicação do questionário O questionário foi elaborado e estruturado de forma que abrangesse os três pilares de sustentação da pesquisa, que são os tópicos: Mercado de Trabalho, Exame Nacional de Cursos (que foi desconsiderado em relação à elaboração deste artigo) e Recrutamento e Seleção. A aplicação do questionário ocorreu por meio de envio de emails e fax, como também, foram feitas visitas a algumas das empresas analisadas. A aplicação desse material foi direcionada aos responsáveis pelo setor de Recursos Humanos de cada organização. 3.3 Análise dos dados As análises dos dados ocorreram de forma quantitativa e qualitativa, para isso foram estabelecidos dois métodos de análise, que foram: Método análise-síntese , das quais as variáveis são analisadas uma por uma, para depois chegar a uma síntese das suas correlações e o Método Estatístico, utilizado para analisar e interpretar quantitativamente a frequência dos indicadores. 4 Contextualização da pesquisa 4.1 As empresas avaliadas Após todo um processo de identificação das unidades a serem questionadas, o universo a ser pesquisado restringiu-se a 32 empresas da RMR, das quais, apenas 17 colaboraram com o desenvolvimento da pesquisa. As organizações pesquisadas foram: Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.2, jul./ago./set. 2009 9 ALCOA ALUMÍNIO S/A BASE CONSTRUTORA LTDA BASF S/A COMPANHIA CERVEJARIA BRAHMA CORN PRODUCTS BRASIL INGREDIENTES INDUSTRIAIS LTDA FIABESA FIAÇÃO ÁGUAS BELAS S/A MOURA DUBEUX ENGENHARIA LTDA COMPANHIA INDUSTRIAL DE VIDROS CIV MUSASHI DO BRASIL LTDA COMPANHIA PRODUTOS CONFIANÇA PHOENIX DO BRASIL LTDA COMPANHIA PRODUTOS PILAR LTDA REFRESCOS GUARARAPES LTDA CONSTRUTORA NORBERTO ODEBRECHT S/A SANTISTA TÊXTIL S/A CONSTRUTORA OAS LTDA SORVANE S/A 4.2 Relação: quantidade de empresas por área de produção Quadro II – Relação das empresas pesquisadas por área de produção QUANTIDADE DE EMPRESAS ÁREA DE PRODUÇÃO 4 4 2 2 1 1 1 1 1 Alimentício Construção Civil Bebidas Transf. de Min. não Metálico Mecânica Material Elétrico Produtos de Matéria Plástica Químico Têxtil Fonte: Pesquisa de campo 5 Descrição e análise dos dados 5.1 O mercado de Administração Das 17 empresas pesquisadas, 16 alegaram ter funcionários graduados em Administração, enquanto uma organização afirmou não possuir tal tipo de profissional. Desse universo de 16 empresas, 15, ou 93,75%, alegaram possuir administradores na área de Recursos Humanos, enquanto 86,67% afirmaram ter tal tipo de profissional na área de Financeira. Já 68,75%, disse que possuem administradores em outras áreas que não foram mencionadas no questionário, tais como: Produção, Comercial, Material e Planejamento; 56,25%, ou 9 empresas, alegaram também possuir administradores na área de Marketing, percebendo-se a presença de administradores na área de Logística em 50,00% das organizações. Com relação às oportunidades de trabalho, 8 das 16 empresas (50,00%) afirmaram ser um mercado escasso com poucas oportunidades de trabalho. Outras 6 organizações (37,50%) alegaram que as oportunidades de trabalho encontram-se de forma equilibrada, ou seja, a oferta atende a demanda e vice versa. No entanto, Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.2, jul./ago./set. 2009 10 duas empresas (12,50%) consideram o mercado farto, com muitas oportunidades de trabalho para o administrador recém-formado. No ponto de vista da evolução do mercado, 50% acreditam que o mesmo encontra-se estável sem grandes variações no setor. Já 25,00% alegaram existir um mercado promissor que acena para um crescimento de oportunidades no segmento. Porém, os outros 25,00% das empresas acreditam que o mercado encontra-se restrito esboçando um cenário de retração de oportunidades no setor. Constatou-se, no quesito mercado de trabalho, que quase a totalidade das empresas, com mais de 400 funcionários no setor produtivo da RMR, possuem administradores graduados, levando a crer que o profissional de Administração é uma figura imprescindível nesse tipo de organização. Pode-se perceber, também, que os tipos de profissionais de Administração mais requisitados nesse setor é o Administrador de Recursos Humanos e o Administrador Financeiro. Porém, segundo a visão dos gestores pesquisados, pôde-se analisar que o mercado regional tende para uma realidade de escassez com relação às oportunidades de trabalho para os recém-formados em Administração. No entanto, de acordo com o ponto de vista dos mesmos, ao se tratar de evolução de mercado, a grande maioria visualiza uma condição de estabilidade. Entre os comentários feitos pelos gestores de RH foram encontradas algumas opiniões a respeito das oportunidades e evolução do mercado, como: “embora o mercado possa se encontrar escasso, sempre vai existir vaga para aquele administrador diferenciado que possui as habilidades e competências”. Alguns acreditam que o espaço para o administrador existe, pois sua presença é importante na organização, devendo o profissional buscar as oportunidades; enquanto que outros gestores alegaram que essa fase de Escassez e/ou Restrição do mercado ocorreu pela situação financeira do país vivida na época (2002-2003). 5.2 Recrutamento e seleção Um dado interessante levantado a respeito do processo de Recrutamento e Seleção das empresas que possuem administradores graduados, é que oito delas terceirizam esse tipo de serviço, mesmo que parcialmente, em alguns casos. As oito organizações restantes fazem todo o processo de recrutamento e seleção de forma autônoma. 5.2.1 Elenque as 5 características mais exigidas pela empresa, que devem compor o perfil do administrador: Todas as características citadas pelos gestores foram compiladas, cruzando, num segundo momento, todos os atributos que se faziam comuns. Os percentuais e números de citações de características por empresa encontram-se devidamente detalhados na Tabela 8. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.2, jul./ago./set. 2009 11 Tabela 4 - Características almejadas para o Perfil das empresas da RMR Característica apontada Capacidades de comunicação Criatividade Flexibilidade / Adaptabilidade Pró-atividade Dinâmico Trabalho em equipe Visão sistêmica Empreendedorismo Inovação Motivação Aberto a aprendizagem Comprometimento Capacidade de gerenciamento Disciplinado Ética Experiência Liderança Boa aparência Influenciar e ser influenciado (negociação) Controle e adaptação emocional Disponibilidade Maturidade Organização Pontualidade Rapidez de Raciocínio Seriedade TOTAL de citações Fonte: Pesquisa de campo Nº de citações Percentual de empresas 9 8 7 6 4 4 4 3 3 3 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 74 56,3% 50,0% 43,8% 37,5% 25,0% 25,0% 25,0% 18,8% 18,8% 18,8% 12,5% 12,5% 12,5% 12,5% 12,5% 12,5% 12,5% 6,3% 6,3% 6,3% 6,3% 6,3% 6,3% 6,3% 6,3% 6,3% Percebe-se no quesito Recrutamento e Seleção, que embora as empresas com administradores graduados possuam, em sua quase totalidade, profissionais na área de RH, a maioria delas terceirizam o serviço de recrutamento e seleção. É necessário um estudo mais aprofundado para entender esse fato, visto que, a referida pesquisa não possuiu subsídios suficientes para elucidar esse tipo de ação. Ao se analisar o conjunto de características elencadas pelas organizações, para a composição do Perfil do Administrador recém-formado, percebeu-se uma maior preocupação em se valorizar os atributos comportamentais, revelando a importância dada pelas empresas do setor produtivo da RMR em adotar como fundamento decisivo na hora da seleção a postura atitudinal do candidato. Segundo pôde-se constatar nos comentários dos gestores, muitas empresas preferem trabalhar as deficiências técnicas de um profissional de atitudes virtuosas do que selecionar pessoas com grande qualificação técnica, porém, com perfil comportamental incompatível ao cargo ou à filosofia da organização. Quanto à coerência entre o perfil desenvolvido pelas IES e o perfil demandado pelo mercado, constatou-se de forma bem definida em cerca de 65% dos comentários das empresas sua procedência, sendo feitas, contudo, várias ressalvas principalmente no tocante à falta de proximidade das IES com a realidade do mercado (reais necessidades e limitações). Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.2, jul./ago./set. 2009 12 6 Conclusões gerais Dentre as características citadas pelos gestores das empresas do setor produtivo da RMR, destacam-se as 10 mais comentadas, como pode ser observado no quadro a seguir. Quadro III – As 10 Características mais citadas pelas empresas do setor produtivo da RMR Capacidades de comunicação Criatividade Flexibilidade / Adaptabilidade Pró-atividade Dinâmico Trabalho em equipe Visão Sistêmica Empreendedorismo Inovação Motivação Fonte: Pesquisa de campo Ao se analisar o conjunto dos dez atributos mais citados pelas respondentes da pesquisa, foi possível traçar o perfil do administrador desejado pelo setor empresarial produtivo da RMR, conforme o quadro IV: Quadro IV - O Perfil para Administrador atuante no setor empresarial produtivo da RMR 1 - Competência para comunicar-se de maneira hábil, tanto na relação interpessoal como na elaboração de escritos, sempre considerando o contexto da sociedade globalizada. 2 - Ser um profissional flexível e adaptável aos cenários de mudanças, limitações e desafios. 3 - Competência para desempenhar sua atividade de forma pró-ativa, antecipando-se aos problemas, primando sempre por uma postura dinâmica e inovadora. 4 - Saber interagir e produzir competentemente em equipes de trabalho. 5 - Competência para interagir com o meio externo de sua atividade, de forma a buscar uma visibilidade sistêmica dos fatos organizacionais. 6 - Ser um empreendedor da sua função, mantendo uma permanente predisposição à inovação. Fonte: Pesquisa de Campo Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.2, jul./ago./set. 2009 13 Pontos como a compreensão acerca da necessidade de contínuo aperfeiçoamento profissional (predisposição à aprendizagem) e a capacidade de dimensionar riscos e tomar decisões não foram citados significativamente pelos gestores de RH na RMR. A postura pró-ativa foi um dos atributos que se mostrou claramente identificado no perfil regional, trazendo à tona a preocupação do empresariado do setor produtivo da RMR em deter profissionais com alto grau de iniciativa. Diante do exposto, pode-se considerar que o mercado regional busca um profissional de excelência humanista, capaz de comunicar-se com efetividade e agir flexivelmente ante as diversas situações organizacionais. REFERÊNCIAS - Associação Nacional dos Cursos de Graduação de Administração – ANGRAD. PHAD/96 - Perfil e Habilidades do Administrador - Relatório de pesquisa. Disponível em: www.angrad.com.br – Acesso em 03 set. 2003. - Câmara Americana – AMCHAM. Ocupação setorial da economia de Pernambuco. Disponível em: http://www.amcham.com.br/recife/pernambuco_html. Acesso em 20 set. 2003. - Conselho Federal de Administração – CFA. Perfil, formação e oportunidade de trabalho do Administrador Profissional. Disponível em: www.cfa.org.br - Acesso em 31 ago. 2003. - DIEESE/ Fundação SEADE - Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana do Recife (PED/RMR), Recife, 2003. - Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco – FIEPE. Cadastro Industrial – 2001 – 2002. Disponível em: www.fiepe.org.br - Acesso em 30 ago 2003. - Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco – FIEPE. Índice de Confiança do Empresário – Pernambuco, julho de 2003. Disponível em: www.fiepe.org.br - Acesso em 30 ago 2003. - Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco – FIEPE. Pesquisa Indicadores Industriais - Pernambuco, ano XI, nº 5, junho de 2003. Disponível em: www.fiepe.org.br - Acesso em 30 ago 2003. - Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco – FIEPE. Pesquisa Sondagem Industrial – Pernambuco, 2º trimestre de 2003. Disponível em: www.fiepe.org.br Acesso em 30 ago 2003. JULIATO, Antônio Carlos. A Formação profissional do Administrador de Empresas - A questão da Educação Continuada. In Anais do XIV – ENANGRAD. Foz do Iguaçu, 2003. Revista da Ciência da Administração versão eletrônica v.2, jul./ago./set. 2009 14 - LOPES, Simone Saísse. Balanço das políticas de emprego e renda no período 19952002, IPEA, Brasília, 2003 - MOTTA, P. Roberto. Gestão Contemporânea: a ciência e a arte de ser dirigente. 6. ed. Rio de Janeiro: Record, 1995. - OLIVEIRA, Getulio Tito P. e FALCÃO, Glauber Quirino. A influência da avaliação do MEC/INEP no processo de gestão das instituições de nível superior que ofertam cursos de Administração na Região metropolitana do Recife, 2002. 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