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HORA LUTERANA Av. Vereador José Diniz, 2306 04604-004 - Brooklin - São Paulo, SP Tel.: (11) 5097-7600 www.horaluterana.org.br INTRODUÇÃO Algumas pessoas afirmam que quando um bebê está pronto para nascer, sente uma grande angústia. Acredita-se que é o momento de maior estresse que uma pessoa sofre durante toda a sua vida. O bebê se encontra tranquilo, seguro e bem. Já se adaptou à vida intrauterina, na barriga de sua mãe. Dela recebe alimento a força para viver. Mas, chegou a hora de sair desse lugar seguro. Sente-se muito angustiado. Uma força o impulsiona a abandonar o seu conforto e ir... mas ele não sabe para onde. A força torna-se irresistível. Sente medo, muito medo. Se o bebê soubesse que, do lado de fora desse seu mundo, o aguardam braços cheios de amor, que o receberão e lhe darão tudo o que há de melhor, tudo seria diferente. Nossa morte é similar ao nosso nascimento. Uma grande angústia nos invade no momento em que ela chega. Sentimos medo porque não sabemos o que acontecerá. Mas, se soubéssemos que no outro mundo nos esperam braços cheios de amor... isso mudaria algo em nossa atitude? Queremos incentivar você a “aprender a viver”, porque passamos grande parte da vida desperdiçando energia, preocupados com o nosso medo da morte, às vezes consciente, às vezes inconscientemente. A morte, como é natural, vem para todos. Mas, se estamos preparados para nos encontrarmos com ela, a vida muda bastante. E é exatamente nessa área da vida que precisamos de Deus. Ele tem respostas para as nossas dúvidas. E, o mais importante, tem o caminho e a força para enfrentarmos o angustiante tema da morte. 2 Pretendemos ser sinceros ao abordar esse tema. Falar com realismo. Lembrar a todo momento de onde viemos e para onde vamos. Buscar em Deus as respostas para a nossa existência e encontrar em Jesus Cristo os braços cheios de amor que nos esperam após essa vida, para nos presentear com uma vida muito melhor. 1 MEDO DE MORRER Apesar de que nos povos primitivos se ensinava a pensar na morte, a cultura moderna tornou esse assunto uma espécie de tabu, do qual se evita falar. Quando uma pessoa está agonizando, atravessa diversos estados de ânimo. Incredulidade, por exempolo, porque essas coisas só acontecem com os outros, e não conosco. Há o estado da rebeldia: “Por que eu?” E também os estados de aceitação da realidade, da depressão, e da busca de qualquer solução ou tratamento que permitam superar esse momento crítico. Em cada um desses estados a pessoa tem novas esperanças, melhorias, recaídas e retrocessos, até que finalmente aceita sua condição como “irreversível”. O homem, vítima do temor diante do desconhecido, com medo daquilo que ninguém até hoje voltou para contar como é, encontra-se diante da dolorosa possibilidade de não mais existir. Mas há um problema mais grave. Não pode falar da morte, da sua morte, praticamente com ninguém. O ambiente que o cerca obriga-o a ficar calado. Não deve sequer pensar na morte. Suas fantasias e seus medos a respeito da morte devem ser guardados em silêncio. 3 Por que, geralmente, chegamos às portas da morte nesse estado de angústia e desorientação? Por que devemos esperar até a última hora para nos preparamos para morrer? Tem-se observado que uma pessoa informada sobre aquilo que irá enfrentar, ainda que seja doloroso ou desagradável, em muitos casos consegue encarar essa experiência com menos medo, menos dor e menos problemas do que se o fizesse às cegas, sem nenhum preparo. Um dos recursos mais utilizados para enfrentar os problemas da vida são os grupos de autoajuda. Nesses grupos, pessoas com problemáticas semelhantes se reúnem para falar e compartilhar ansiedades e conflitos comuns. É importante estar aberto à possibilidade de pensar e falar sobre a morte, sem esperar que ela torne-se iminente. É preciso compartilhar com outras pessoas os temores e incertezas. É provável que, como um “outro lado da moeda”, chegaremos à mesma conclusão que o filósofo e pensador francês Michel de Montaigne: “O que ensina os homens a morrer, também os ensina a viver.” A morte é a maior certeza dessa vida. A partir do momento que nascemos, já estamos prontos para morrer. Sob certo aspecto, a morte é resultado de algo muito natural, como o desgaste do corpo em que vivemos, e deve ser aceita sem rebeldia. Mas, vista de um outro ângulo, a morte é também anti-natural. A morte é a consequência do pecado e, nesse sentido, deve ser temida. Essas duas formas de encarar a morte aparecem na Bíblia, e nenhuma das duas deve ser ignorada. A morte parece ser necessária 4 para o nosso corpo. Tudo o que o nosso corpo é hoje, irá se transformar em pó, e isso é inevitável. No entanto, a Bíblia fala sobre a morte também como consequência do pecado. “O pecado entrou no mundo por meio de um só homem, e o seu pecado trouxe consigo a morte” (Romanos 5.12). A morte é algo que atinge o ser humano por completo. O homem não morre somente com o corpo, mas morre como homem, com a totalidade do seu ser. Morre como ser espiritual e físico. Deus está acima de todas essas coisas, e apesar de ter decretado que a morte é o pagamento pelo nosso pecado, também criou a possibilidade de dar a vida eterna aos pecadores. Nas escrituras tratase da morte como se trata toda a realidade, mas o principal interesse está em torno da vida. A morte é tratada de forma mais ou menos incidental, como algo necessário para que o homem possa ser salvo. Salmo 23 O SENHOR é o meu pastor: nada me faltará. Ele me faz descansar em pastos verdes e me leva a águas tranquilas. O SENHOR renova as minhas forças e me guia por caminhos certos, como ele mesmo prometeu. Ainda que eu ande por um vale escuro como a morte, não terei medo de nada. Pois tu, ó SENHOR Deus, estás comigo; tu me proteges e me diriges. Preparas um banquete para mim, onde os meus inimigos me podem ver. Tu me recebes como convidado de honra e enches o meu copo até derramar. Certamente a tua bondade e o teu amor ficarão comigo enquanto eu viver. E na tua casa, ó SENHOR, morarei todos os dias da minha vida. 5 2 MORRER BEM De que maneira devemos morrer? Como estar preparado para o desconhecido? A morte acaba com tudo o que somos? Existe alguma coisa depois da morte? Haverá um céu com ruas douradas e pessoas tocando harpa? Um inferno com fogo e enxofre? Encontraremos um juiz justo? Será possível preparar-se para a morte? É possível relacionar a morte a uma filosofia de vida? Diante da perspectiva do desaparecimento total de nossos corpos, por ser o corpo aquilo que conhecemos como sólido e real, muitos fogem instintivamente da morte. A ninguém agrada a ideia de ser para sempre uma alma desencarnada. As pessoas não se entusiasmam muito com a garantia de que todas as almas, dos bons e dos maus, viverão eternamente. Este consolo, de que as almas viverão para sempre, é tão eficaz quanto dizer ao dono de um carro: “Olha, a lataria já desmanchou, não tem mais jeito. Mas o motor, ainda funciona perfeitamente.” Na filosofia Upanishads, que é parte do Hinduismo, o homem tem uma alma imortal, que não envelhece quando você envelhece, que não morre quando você morre. (Livro das Religiões, Cia. das Letras, pg. 43). Outras filosofias falam de uma vaga e indistinguível força no homem (chamada “alma”), que sobrevive à morte e à dissolução do corpo. A alma continua sua vida depois que abandona o corpo que lhe serviu como morada. Depois da morte, vai a mundos desconhecidos aonde encontra recompensas ou castigos. De acordo com essa filosofia, a imortalidade é uma existência em um padrão 6 inferior, em que a pessoa mal tem consciência de que não mais está viva. É uma sombra, uma fumaça, é menos que uma vida. Quem deseja viver desse jeito depois da morte? Quem quer continuar a viver exatamente como hoje, com esperanças, temores, sofrimentos e problemas parecidos? Quem gostaria de viver eternamente, a não ser que fosse para ter uma qualidade de vida muito melhor? Quem gostaria de flutuar, de pairar sobre a terra sem objetivo, desencarnado? Os cristãos creem que a vida eterna é vida inteiramente nova, criada através do poder de Jesus Cristo, e não a triste sequência da vida presente. É uma vida consumada, completa, tornada possível pelo poder criador de Deus. A morte, esse inimigo perigoso, esse fato trágico, foi vencida por nada menos que o poder de Deus. Quem tem esta fé, fala aberta e conscientemente sobre a morte com o “último inimigo”, o “adversário formidável”, ou o “temível opositor”. Mas, ao mesmo tempo, confia no poder da ressurreição de Jesus Cristo, o Filho de Deus, que conquistou a morte. RECONHECENDO A MORTE COMO ELA É O primeiro passo para aprender a morrer é enfrentar a morte com um honesto reconhecimento do que ela realmente é. Se procurarmos disfarçála, deixá-la de lado, a morte nos ataca através do inconsciente, e pode ser devastadora. Devemos enfrentar a morte deixando que seja o que realmente é: um inimigo com poder trágico, inimigo que, neste mundo, sempre vence. Alguns pretendem morrer serenamente, ou ter uma morte nobre. Na Bíblia a morte é o rei 7 dos terrores. A morte é o salário do pecado, o fim amargo, o resultado direto da alienação e separação de Deus. A morte é a entrada para o mundo dos mortos, o lugar da escuridão, da ausência de Deus. Não é algo natural, planejado e desejado por Deus. É anti-natural, anormal e oposto a Deus. A morte é o final do orgulho e da rebeldia do homem. Não é um suave “descer à sepultura”, é o eterno aniquilamento, a separação de Deus, com toda a miséria que isso envolve. O trágico da morte é o pecado, a separação de Deus. O apóstolo Paulo afirma: “O que dá à morte o poder de ferir é o pecado” (1Coríntios 15.56). A morte é um inimigo terrível para o pecador. Um inimigo que leva a uma eternidade de terror, de coisas que não podem ser descritas literalmente, sendo apenas tratadas pela Bíblia de um modo figurado como um lago de fogo, ou um abismo sem fundo. A morte é uma tragédia, porque depois dela está o inferno. Da mesma forma como as pessoas negam a realidade da morte, muitos se recusam a aceitar a existência do inferno. Para esses, o Deus de amor tem amor infinito pelos pecadores, mas se esquecem de que a justiça de Deus também é infinita. Deus odeia o mal e se separa dele através de um terrível juízo. Se as pessoas vão para o inferno, não é porque ele assim o deseja. Estão sob a ira e a escuridão porque fizeram com Deus o mesmo que faz com a luz do sol aquele que arranca os próprios olhos. Não podemos imaginar um homem que arranca os próprios olhos, mas podemos imaginar uma pessoa que se torna cega para a luz de Deus através da indiferença, que se transformou em um hábito. 8 O inferno é a consequência de desprezar a Deus. Se uma pessoa fez tudo o que pôde para evitar sua união com Deus aqui na terra, o inferno é a consequência real e terrível desse fato, de uma vida vivida distante de Deus. O inferno, resultado do pecado, é o terrível poder da morte. CRER EM QUEM SUPEROU A MORTE A esperança que Deus nos oferece diante da morte não é um caminho que desvia dela, mas um caminho que passa através dela. Jesus Cristo, o Senhor da vida, lutou contra a morte e a venceu. Através da morte de quem foi verdadeiro homem e verdadeiro Deus, a morte foi aniquilada e seu poder foi dominado. (Leia mais sobre como Jesus venceu a morte em: Mateus 28.1-8; Lucas 24.1-12; João 20.1-10 e 1Coríntios 15.12-22). Qual é, então, a melhor maneira de morrer? Morrer confiando em Jesus Cristo, que venceu a morte. Através de Jesus, Deus luta contra o terrível poder da morte e vence esta batalha por nós. Com o nascimento de Jesus, Deus conquista grande parte do território dominado pela morte. Durante todo o seu ministério, Jesus trava uma batalha com a morte, fazendo esse inimigo retroceder a cada cura milagrosa e a cada manifestação do seu poder. A morte sabe que é agora ou nunca. O poder da morte dá tudo de si e todo o inferno entra em ação. E Jesus morre! Parece abatido, parece que perdeu a luta contra a morte. Mas Jesus Cristo ressuscitou dentre os mortos e fez brilhar a luz da vida e da imortalidade, provando que a sua morte na cruz não era uma derrota, e sim uma vitória. 9 Jesus Cristo deixou a morte atingir o seu corpo para abrir caminho para nós através dela. Para dar vida aos que vivem, ele morreu a morte que todos deveriam morrer. Passou pelo nosso processo de morte, para que possamos passar pelo seu processo de vida, e vida eterna. De qualquer jeito, precisamos morrer. Mas se cremos em Cristo, estamos salvos da segunda morte, do distanciamento final de Deus. A ação de Deus em Cristo nos dá a esperança segura de que a morte não é o fim, e sim a porta de entrada para a vida completa com Deus. ESPERAR A RESSURREIÇÃO Esta esperança de vida depois da morte não se fundamenta em uma teoria em torno da imortalidade da alma. Fundamenta-se naquilo que Deus faz através de Jesus Cristo. Em outras palavras, a esperança de vida depois da morte se fundamenta em eventos objetivos, históricos; não em pensamentos produzidos por desejos. Esta afirmação tem como ponto principal a morte e ressurreição de um homem num determinado tempo e lugar. A Bíblia trata do homem como um todo. Segundo a Bíblia, o homem é uma unidade indivisível, feito à imagem de Deus, corpo e alma, separados temporariamente pela morte, que voltarão a unir-se no dia da ressurreição. Vejamos uma comparação: Podemos pensar em um grão de trigo. Planta-se o grão. O grão morre e surge uma nova planta. É a mesma planta, mas houve uma transformação. O grão de trigo tem um “corpo” que é necessário para que cumpra sua função na natureza. O trigo que nasceu é a semente realizada. Seu destino se cumpriu. 10 O paralelo com a ressurreição é evidente. Morremos, mas, pelo poder de Deus, ressuscitaremos com o mesmo corpo, agora transformado, glorioso, que nos tornará capazes de funcionar de uma maneira feliz e integral no mundo novo, no mundo sem fim. Jesus Cristo anula a morte. É por isso que a descreve como um sonho. Na morte, fechamos nossos olhos, mas Cristo voltará a abri-los. E o amanhecer desse grandioso acontecimento será o dia do juízo, da ressurreição, do cumprimento de tudo o que foi anunciado e prometido por Deus. Embora não saibamos quando isso acontecerá, vivemos confiantes, esperando em Deus, que pode dar a vida eterna após a morte. CRER EM UMA VIDA MELHOR A perspectiva de simplesmente ressuscitar não é necessariamente uma ideia maravilhosa. É possível ter um corpo novo e continuar em uma situação miserável. De acordo com a Bíblia, os que foram condenados também ressuscitarão. Mas os que creram em Jesus, esperam mais do que ressuscitar, esperam a vida eterna no céu. Assim como a essência do inferno é a separação total de Deus, a realidade central do céu é a união completa com Deus. E assim como a Bíblia descreve o inferno com uma linguagem poética, da mesma forma as descrições do céu estão cheias de imagens simbólicas. Ligados à vida que vivemos hoje, é difícil compreender a plenitude da alegria que teremos depois da ressurreição. Aqui e agora, nossa tendência é imaginar a felicidade baseados nas coisas boas da 11 vida presente. Mas o céu, conforme a Bíblia, será o cumprimento da relação de amor que temos com Deus e com as pessoas. Nossa alegria será indescritível. O céu não é somente um lugar; é uma comunhão com Deus e com os homens, uma qualidade de vida que tem um aspecto atemporal e especial. Veremos a Deus cara a cara. “Meus amigos, agora nós somos filhos de Deus, mas ainda não sabemos o que vamos ser. Porém sabemos isto: quando Cristo aparecer, ficaremos parecidos com ele, pois o veremos como ele realmente é” (1João 3.2). Não haverá dor, perturbação, ansiedade, frustração ou morte, porque tudo isso é o resultado final do pecado. Talvez pensemos que a vida eterna não será algo tão bom, que não terá graça. Deus não é um moralista de cara fechada que não toleras as pessoas felizes. É justamente o contrário. Foi ele quem inventou o prazer. E o maior prazer que poderá existir ao ser humano será viver conforme a vontade do Deus Criador e Salvador. “Irmãos, queremos que vocês saibam a verdade a respeito dos que já morreram, para que não fiquem tristes como ficam aqueles que não têm esperança. Nós cremos que Jesus morreu e ressuscitou; e assim cremos também que, depois que Jesus vier, Deus o levará de volta e, junto com ele, levará os que morreram crendo nele” (1Ts 4.13,14). 3 A MORTE DE UM ENTE QUERIDO As perdas mais dolorosas são as que ocorrem em nossa família. Quanto mais unida for a família, mais difícil é reparar os danos causados pela morte. Exigem-se grandes mudanças nas relações 12 familiares e sociais, e é preciso adaptar-se a uma nova forma de viver. Ainda que a morte tenha sido precedida por um longo período de preparo, como no caso de uma doença fatal que se desenvolve lentamente, ou o inevitável declínio da idade avançada, o significado emocional da mudança costuma ser maior do que se imagina ou para o qual se preparou. Mesmo que se tenha contado com um tempo suficiente para adaptar-se à possibilidade da morte, surgem reações emocionais, similares às produzidas quando a morte é repentina. A causa disso é que, quando morre um ente querido, despertamos para a realidade de que também somos mortais e também morreremos. Com a morte de um ente querido, não somente vislumbramos a nossa própria morte, mas também morremos um pouco. Porque o que aconteceu, no fundo do nosso ser, não é outra coisa senão a morte de um prolongamento de nós mesmos. O nosso “eu” é formado pela projeção desse “eu” em muitas direções. Não se trata apenas de nos relacionarmos com outras pessoas. De certa forma, vivemos nas outras pessoas. Sentimos com eles e eles sentem conosco. A mais espetacular experiência da vida nasce das relações do nosso ser com as vidas que nos rodeiam. COMO REAGIMOS NO MOMENTO As reações variam de acordo com a maneira como acontece a morte e com a pessoa que a sofre. A morte pode ocorrer subitamente, sem avisar. Pode vir sorrateira, aos poucos, sem que se perceba. Ou, às vezes, chega como um amigo esperado, após um longo período de insuportável sofrimento. As reações dependem, em grande parte, da forma 13 comque a morte se apresenta, e de acordo com a personalidade de cada um. Quando um ente querido morre trágica e repentinamente, é normal que se sinta oprimido pela angústia. Num primeiro momento a dor pode traduzir-se em reações físicas. Por exemplo, sentir um nó na garganta, com dificuldades para engolir e falar, e que pode ser seguido por um mal estar em todo o corpo. Pode-se dizer que é uma vaga sensação de padecimento em todo o corpo, mas que não atinge nenhum lugar em especial. Algumas vezes essas reações físicas se manifestam por espasmos e dificuldades respiratórias que são aliviadas através de suspiros profundos. Outras, tem-se a sensação moderada de náuseas e um vazio na “boca do estômago”. Também podem ocorrer as sensações de fraqueza e abatimento. Sentir que os braços pesam e que o andar está cambaleante. Na verdade, há uma clara perda do controle muscular provocada por uma força estranha que pode causar até um tremor muscular. Às vezes ocorrem calafrios, em seguida pode-se “suar frio”. E também podem surgir manifestações como dores de cabeça, mas diferentes daquelas habituais. Estas são formas normais de resposta do organismo diante da comoção causada pela morte. E não é raro estes sintomas retornarem a qualquer momento, especialmente quando se menciona o nome da pessoa falecida ou quando alguém apresenta suas condolências. As reações mentais e emocionais variam muito e é difícil controlá-las. Existe uma estranha miscelânea de ideias que se sucedem desordenadamente. Algumas delas podem ser a expressão de uma ansiedade sobre si mesmo e sobre o futuro. Outras 14 podem revelar um profundo ressentimento contra a vida, contra Deus e contra as circunstâncias de um golpe tão duro. No meio de tanta dor e confusão, é possível acreditar que há algo errado com as nossas ideias. Pode acontecer de inventarmos sentimentos, porque acreditamos que serão mais apropriados do que os que já temos. Resolvemos dizer e fazer coisas porque acreditamos que é isso que as outras pessoas esperam de nós. Com o tempo, as ideias perturbadoras desaparecem e se instala em nós um quadro mental mais racional e lógico. Precisamos ajudar a curar a tristeza, sendo honestos no que diz respeito aos sentimentos. Reprimi-los e evitar todas as circunstâncias que possam desencadeá-los, pode ser prejudicial. No entanto, reconhecê-los e expressá-los é saudável; e quanto mais rápido, melhor. As três reações mais comuns ao sofrimento causado pela perda podem ser: O pranto, que expressa sentimentos profundos e alivia a tensão; a inquietação, que inclui perturbações do sono; e a depressão. Com frequência também surge o desânimo e a desorganização. As atividades mais simples que antes eram feitas automaticamente, agora exigem grandes esforços e uma energia considerável. A maioria dos enlutados também experimenta reações em dias especiais. O aniversário, Natal, aniversário de casamento, depois da perda, podem ser dias especialmente difíceis, assim como também o dia da morte. Essas reações continuam, em alguns casos, durante anos. Em dias importantes ou diante de lembranças significativas a respeito da perda (por exemplo, visitar o hospital onde a 15 pessoa morreu), muitos dos sentimentos e reações que envolvem o luto voltam com muita intensidade. Em alguns casos, quando a pessoa não tem liberdade para se lamentar imediatamente após a morte, uma reação intensa pode surgir em um período posterior, diante de qualquer lembrança da morte do ente querido. As reações patológicas ao luto ocorrem quando esse processo normal de sofrimento é negado ou distorcido. Isso pode acontecer em algumas situações, como quando a morte é repentina; quando o enlutado dependia excessivamente do falecido; quando existe uma relação de amor misturado com ódio entre o enlutado e a pessoa que faleceu; quando ficam “assuntos pendentes”, como entre irmãos que não se falavam há anos, conflitos familiares, confissões que não foram feitas ou amor que não foi expresso. Também podemos esperar reações de fadiga quando a causa da morte foi violenta, acidental ou suicídio. Também quando o falecido deixa os sobreviventes em dificuldades financeiras, como a educação dos filhos ou decisões sobre negócios. A parte mais intensa do luto se completa em um ou dois anos. Se for prolongada muito além disso, é um indício claro da presença de um estado patológico. CADA UM SOFRE À SUA MANEIRA Cada pessoa reage de uma maneira muito particular diante da morte. Essa maneira de reagir é determinada por diversos fatores, entre os quais estão as crenças, a personalidade, o ambiente social e as circunstâncias que cercaram a morte da pessoa. Crenças: Existem, com frequência, períodos de dúvida, confusão e até ira contra Deus. Mas, com 16 o tempo, o poder da fé torna-se evidente. A fé no Deus verdadeiro proporciona apoio, significado, consolo e esperança para o futuro. Deus oferece consolo e paz especialmente quando sofremos a dor da perda de alguém querido. Quando uma pessoa enfrenta o sofrimento sem uma fé firme, sofre sem esperança. A dor é maior, o sofrimento pode ser mais difícil e existe também maior possibilidade de surgir uma tristeza patológica. Personalidade: As pessoas inseguras, dependentes, incapazes de controlar ou expressar seus sentimentos, e com tendências à depressão, geralmente, têm maior dificuldade para suportar a dor. A tristeza é tão pessoal que se torna impossível listar as suas reações típicas. Quem sofre é distinto em suas necessidades pessoais, em sua relação com a pessoa falecida, em sua maneira habitual de lidar com os sentimentos, e em sua capacidade para enfrentar a perda causada pela morte. A tristeza, no caso do luto, é sempre difícil. Mas, para algumas pessoas pode ser mais dura do que para outras. Ambiente social: A maioria das culturas, talvez todas, têm maneiras socialmente aprovadas de satisfazer as necessidades de quem está de luto. Esses costumes sociais baseiam-se em crenças ou práticas religiosas e, geralmente, existem grandes variações. Há diferenças em práticas relativas ao velório e ao comportamento das visitas e dos parentes. Da mesma forma os funerais diferem, já que envolvem a expressão dos valores, crenças e rituais religiosos de cada família ou sociedade. Apesar das variações sociais, culturais e religiosas, no entanto, alguns valores são comuns. Por exemplo, alguma forma de ver o corpo do morto e a tendência 17 a terminar em uma procissão que, segundo alguns escritores, é vista como a “jornada final”. Em um país que supervaloriza a eficiência, o intelectualismo, o racionalismo e o pragmatismo, a morte é vista como uma inconveniência ou algo constrangedor. As expressões emocionais não são manifestadas e o luto é tido como algo que precisa terminar o mais rápido possível. Por isso, a maioria das pessoas morre em hospitais, afastados de suas famílias. Dessa forma é mais fácil ignorar ou negar a realidade da morte. Isso pode tornar a morte mais traumática para os parentes próximos do morto, pois existem menos pessoas íntimas que possam dar apoio contínuo e consolo. Nesse tipo de sociedade, todos estão inclinados a negar a morte e responder ao luto de outros com, no máximo, uma coroa de flores ou uma carta de condolências. As circunstâncias: A morte de um líder nacional, ilustre e respeitado, pode entristecer milhares de pessoas. Mas, esta tristeza em massa certamente difere daquela experimentada pelo cônjuge ou pelos filhos do falecido. Se o morto era um ancião ou estava doente por muito tempo, a dor da perda provavelmente será menos prolongada ou patológica do que se a morte fosse súbita ou de um filho. Quando um irmão ou irmã morre, existe quase sempre uma ameaça pessoal, um sentimento de que “poderia ter sido eu”, o que torna o luto muito mais difícil. 1Corintios 15. 56-57 “O que dá à morte o poder de ferir é o pecado, e o que dá ao pecado o poder de ferir é a lei. Mas agradeçamos a Deus, que nos dá a vitória por meio do nosso Senhor Jesus Cristo!” 18 4 SUPERANDO A TRISTEZA A maioria de nós aprende sobre a morte de maneira natural. Incorporamos a noção da morte junto com outras coisas que fazem parte da vida. Mas, se tivéssemos uma consciência mais clara de nossas necessidades emocionais, estaríamos numa posição mais vantajosa para fazer frente à morte. Por isso é bom: · Enfrentar a realidade cara a cara. · Admitir os nossos sentimentos. · Aceitar ajuda e conforto que nos são oferecidos. ENFRENTAR A REALIDADE Uma das defesas atrás das quais nos refugiamos é quase sempre negar a dor que estamos sentindo. Os especialistas no tratamento da tristeza asseguram que é essencial romper as barreiras da negação e aceitar abertamente a dolorosa realidade. Só então se está em condições de iniciar o tratamento saudável, que consiste em soltar as rédeas das emoções e recuperar o equilíbrio perdido. ADMITIR NOSSOS SENTIMENTOS Pode-se acreditar que a capacidade de chorar não é importante. No entanto, uma das bemaventuranças que encontramos na Bíblia diz o contrário: “Felizes as pessoas que choram, pois Deus as consolará” (Mateus 5.4). O choro pode devolver à pessoa uma parte de si mesma que aparentemente se perdeu devido à morte de outra. Um choro saudável não só alivia a dor provocada pela perda, como também ajuda 19 a recuperar o equilíbrio emocional, afetado pela ausência da pessoa falecida. O choro serve como válvula de escape para as tensões emocionais e facilita o trabalho de enfrentar a realidade com franqueza. Um dos mistérios da aflição e do choro é que a pessoa que foi atingida pela perda e que pensa que não pode aguentar mais nenhum dia, de alguma maneira, descobre recursos interiores que permitem, com o tempo, olhar para trás e relembrar a experiência da morte como uma dor que passou. É possível lembrar dos momentos de tristeza, mas a dor insuportável pouco a pouco diminui. Geralmente a nossa maneira de agir tem relação com a nossa personalidade. Mas há ocasiões em que adotamos formas de comportamento que estão longe de ser uma expressão do nosso ser. Nosso pesar deve ser uma expressão autêntica, de nós mesmos e de como nos sentimos. A repressão dos sentimentos traz inumeráveis consequências. Os sentimentos reprimidos percorrem caminhos tortuosos e encontram outras formas de expressão que agravam o quadro de prostração. Muitas doenças, como úlcera, diabetes, asma e artrite, têm como causa um estado de tristeza profunda mal curado. A tristeza aguda pode transformar-se em crônica se for mal resolvida. Para dominar a tristeza não se pode reprimi-la. Se for reprimida de uma forma, aparecerá de outra, talvez como uma doença, como alteração da personalidade ou como uma deficiência de adaptação social. ACEITAR A AJUDA DOS OUTROS A Bíblia é um livro realista que descreve a morte 20 e o sofrimento de muitas pessoas. Na Bíblia, vemos a presença e o consolo de Deus quando “andamos por um vale escuro como a morte” (Salmo 23.4). Vemos descrições de pessoas sofrendo nos momentos de perda e perturbação. Aprendemos que a Palavra de Deus fortalece aos que sofrem. E nos apresenta a Jesus Cristo como o “homem das dores”, que sabe o que é padecer. Muitos são os que sofrem sem esperança. Para esses, a morte é o final de uma relação. Mas, quem crê que Jesus morreu e ressuscitou, sabe que Deus o tratará como tratou o seu único Filho Jesus Cristo. Dessa forma, compreende que a morte não é o final de tudo. Para quem compreende e aceita a obra de Cristo, a morte não é o fim de toda a existência, mas um passo para uma vida em comunhão completa com Deus. Ter consciência disso é consolador, mas não elimina a intensa dor do luto e a necessidade de apoio. Por isso é importante aceitar a ajuda de outras pessoas, que podem se manifestar de diversas maneiras, como descrevemos a seguir: Rituais e cerimônias: A tristeza é um processo de restauração. Se desejamos ser restaurados à plenitude da vida, devemos conhecer previamente a forma mais efetiva de cooperar com o processo de restauração. Algumas vezes, por ocasião da morte, os homens fazem coisas que podem parecer estranhas. Mas, se as observarmos mais de perto, perceberemos que, aos poucos, refletem uma forma sadia de satisfazer as necessidades da pessoa. Neste aspecto, os rituais e cerimônias que cercam a morte são os resultados dos sucessivos descobrimentos do 21 homem sobre as suas necessidades emocionais e a sua maneira de satisfazê-las. Os acontecimentos transcendentais da vida, o nascimento, a adolescência, o casamento e mesmo a morte, estão rodeados de uma atmosfera de ritualismo. Estas cerimônias permitem às pessoas manifestar sentimentos profundos demais para serem expressos por meio de palavras. E quando os sentimentos se expressam por meio de ações, a pessoa afligida pode desempenhar atividades positivas antes do esperado. O funeral, dependendo de como seja realizado, permite aos afligidos extravasar os seus sentimentos mais profundos numa atmosfera de bom acolhimento e compreensão. O funeral estimula a recuperação de um processo de tristeza, facilita o desafogar de sentimentos sinceros e permite o apoio das pessoas mais próximas. Além do mais, concede à comunidade a possibilidade de expressar sua solidariedade aos parentes e é ocasião para analisar em profundidade a sua própria natureza mortal. Este último permite a realização de um confronto antecipado com a morte, o que pode fortalecer o espírito para lidar com ela no futuro. Crenças que ajudam: Uma das principais funções das crenças tem sido, em todos os tempos, ajudar as pessoas a encarar de frente e conhecer a fundo os mistérios da morte. A crença na imortalidade espiritual é uma indispensável ajuda para afiançar a vida. Deus fez o homem à sua imagem e garantiu a sua natureza imortal. Até a ciência diz que no reino material nada se cria ou perde, tudo se transforma; e que existem realidades que escapam à nossa percepção sensorial. 22 Jesus pregou uma relação básica e inseparável do espírito do homem com o espírito de Deus. Sustentou que “Eu e o Pai somos um” (João 10.30). Era uma revelação integral e indestrutível. Assegurou a seus ouvintes que eles também poderiam fazer isso: “Quem crê em mim fará as coisas que eu faço e até maiores do que estas” (João 14.12). Jesus viveu, ensinou e praticou essa crença. Executaram Jesus, enterraram o seu corpo, mas alguma coisa em Jesus não morreu. Por isso ele passou por portas fechadas, sem abri-las, colocando à prova a nossa capacidade de crer. Mas sua presença foi tão real que operou em seus discípulos uma transformação profunda. Tornaram-se fortes, e em união com o Espírito de Deus, mudaram o mundo. A natureza do homem pertence a Deus, e por isso mesmo é tão infinita e eterna quanto Deus. Jesus tratou, por todos os meios, de fazer com que os seus discípulos entendessem essa verdade. E eles finalmente entenderam, mas não antes de Jesus morrer fisicamente e se manifestar ressuscitado. Compreendê-lo, mudou suas vidas. Deulhes uma nova imagem de suas próprias naturezas interiores que fez sumir o temor e a insegurança. Continuavam a ser homens, mas agora, eram homens diferentes. O poder da ressurreição mostra ao homem que não deve sentir-se amarrado ao corpo físico, uma vez que há um espírito, uma alma que não está presa a ele eternamente. A ressurreição de Jesus não é um simples acontecimento histórico do passado. É o ponto a partir do qual todo ser humano descobre o verdadeiro sentido de sua imortalidade. A fé em Jesus Cristo desafia o homem a crer em uma esperança 23 que nada tem a ver com os aspectos destrutivos da vida, e sim com suas capacidades criadoras. O apóstolo Paulo aprendeu a viver com esta esperança: “Se sofremos, é para que vocês recebam ajuda e salvação. Se somos ajudados, então vocês também são e recebem forças para suportar com paciência os mesmos sofrimentos que nós suportamos. Desse modo a esperança que temos em vocês está firme. Pois sabemos que, assim como vocês tomam parte nos nossos sofrimentos, assim também recebem a ajuda que Deus dá” (2Co 1.6-7). Às vezes, para superar as crises, somos tentados pelo desejo de renunciar a tudo aquilo que é justamente o que mais necessitamos. É o que, aos poucos, acontece com a fé. Negar a fé significa colocarmo-nos a mercê de nossos temores. Perder a esperança é abrir as portas para o desespero. Renunciar ao amor que tudo suporta é permitir a entrada da amargura, do ressentimento e do ódio. Existem muitos recursos que podem nos auxiliar a superar esse momento difícil, mas não serão úteis se, da nossa parte, não colaborarmos. Um acontecimento trágico como a morte é semelhante a uma batalha. Uma alternativa é ser derrotado pelo fato e abandonar a luta vencido, espiritual e emocionalmente, para o resto da vida. Outra opção, ao contrário, é ressurgir da batalha com uma fé renovada e fortalecida, uma sensibilidade mais profunda e uma melhor capacidade de tolerância e compreensão. Mesmo as piores experiências da vida podem ser aproveitadas para se obter melhores resultados. Grupos Terapêuticos: A família constitui o principal grupo terapêutico na área da reabilitação. 24 Nela não temos restrições de comportamento e podemos encontrar o apoio e a compreensão necessários para expressarmos nossos sentimentos. Mas, às vezes, ocorre que a família está submetida a tensões maiores do que as que pode suportar. Nesses casos é fundamental reconhecer a importância que têm as pessoas da comunidade em que vivemos. Isso explica a importância do funeral público, que permite uma reabilitação realmente surpreendente, enquanto o funeral privado nega sua natureza básica, ao reduzir a estreitos limites a oportunidade da comunicação terapêutica. A igreja, onde podemos nascer, crescer e firmar nossa fé, é um ótimo local para os que necessitam de apoio e compreensão. Cantar junto com uma comunidade pode ser uma terapia importante que demonstra o apoio do grupo. São alentadoras as grandes promessas de fé que se encontram na Bíblia Sagrada. O culto nos dá a oportunidade de meditar, e convida a um encontro com nossos sentimentos mais profundos. Também podemos sentir o apoio de um grupo que é capaz de nos compreender. A oração nos brinda com a possibilidade de uma conversa profunda com Deus e de um reencontro com a nossa verdadeira personalidade. Isso que mencionamos ressalta, em parte, a importância de participar de uma igreja. Ao enfrentar a experiência da morte, não é bom que a pessoa se feche e rejeite a mão consoladora e restauradora estendida pelas pessoas que fazem parte da nossa comunidade. Ajudando as crianças a entender a morte: A natureza da dor de uma criança é diferente de um adulto. Difere em intensidade e forma de expressão. 25 Às vezes, até pode parecer que a criança não está triste pelo falecimento de um ente querido. A resposta das crianças à perda sofrida varia de acordo com a idade. Quanto maior a idade, maior será seu grau de informação e maior o número de facetas de sua personalidade que serão afetadas pela perda. Uma criança com pouca idade que sofre uma perda, não entende o que é a morte, mas sente a ausência da pessoa com a qual esteve unida. O vazio deixado pela perda tem que ser preenchido com o melhor substituto emocional possível: amor terno e compassivo. Quando a criança é um pouco maior, entre quatro e sete anos de idade, já pode falar aquilo que sente. Pode formular perguntas concernentes à morte de uma maneira simples e direta. É importante que os adultos que a cercam respondam a estas perguntas de maneira simples, sem acrescentar informações além das que a criança pedir. A criança de oito a onze anos de idade entra em um novo mundo de ralações sociais, e necessitará de conhecimento suficiente para lidar com o significado social da morte. Os adolescentes estão tratando de descobrir o significado de sua própria vida, por isso a morte pode significar um trauma ou uma ameaça. A morte de um dos pais pode produzir um complexo de culpa que leva um adolescente a retrair-se para enfrentar sozinho os mistérios da vida, da morte e do remorso. Há três regras muito simples cujo conhecimento serve para lidar com as crianças que passaram pela experiência da morte em suas vidas. São elas: 26 · Nunca engane a criança. Mentir nos momentos de crise pode ser duplamente perigoso. · Não dê a elas informações além das que pedirem. · Nunca obrigue uma criança a realizar o que não tem vontade de fazer. Por exemplo: participar do velório, ir ao cemitério, etc. A ajuda que podemos oferecer uns aos outros, em momentos como a morte de um ente querido, permite que possamos assimilar melhor a perda, e dessa forma, podemos nos reconstruir melhor após essa difícil experiência. Salmo 46 Deus é o nosso refúgio e a nossa força, socorro que não falta em tempos de aflição. Por isso, não teremos medo, ainda que a terra seja abalada, e as montanhas caiam nas profundezas do oceano. Não teremos medo, ainda que os mares se agitem e rujam, e os montes tremam violentamente. Há um rio que alegra a cidade de Deus, a casa sagrada do Altíssimo. Deus vive nessa cidade, e ela nunca será destruída; de manhã bem cedo, Deus a ajudará. As nações ficam apavoradas, e os reinos são abalados. Deus troveja, e a terra se desfaz. O SENHOR Todo-Poderoso está do nosso lado; o Deus de Jacó é o nosso refúgio. Venham, vejam o que o SENHOR tem feito! Vejam que coisas espantosas ele tem feito na terra! Ele acaba com as guerras no mundo inteiro; quebra os arcos, despedaça as lanças e destrói os escudos no fogo. Ele diz: “Parem de lutar e fiquem sabendo que eu sou Deus. Eu sou o Rei das nações, o Rei do mundo inteiro.” O SENHOR Todo-Poderoso está do nosso lado; o Deus de Jacó é o nosso refúgio. 27 5 AJUDA PARA OS ENLUTADOS Ninguém quer aumentar a dor de outra pessoa na hora do luto. Pelo contrário, o que se quer é ajudar da melhor maneira possível. Mas as boas intenções nem sempre bastam. É necessário saber o que fazer para ajudar. A seguir apresentaremos três medidas práticas que ajudarão a prestar um verdadeiro serviço a outros quando mais necessitam. ESTAR DISPOSTO A ESCUTAR Muitas vezes, ao encontrarmos uma pessoa que está passando pela dor e pela consternação, nos vemos em apuros para dizer as palavras apropriadas. Esquecemos aquilo que a pessoa enlutada mais necessita: Alguém que a escute! Por isso, quando alguém estiver em uma crise diante da morte, em primeiro lugar devemos estar dispostos a ouvir. Só o fato de escutarmos pode ajudar mais do que qualquer outra coisa que digamos ou façamos. As pessoas que enfrentam a morte têm muito que dizer. E para elas é urgente falar sobre isso. Sentem emoções muito fortes e às vezes sentem que vão enlouquecer se não puderem contar a alguém o que estão passando. Se não souber o que dizer ou como responder, então não diga nada. O silêncio contém muita emoção e sentimento. O silêncio pode dizer: “Aqui estou, te acompanhando. Não sei o que dizer, mas vou ficar aqui ao teu lado e farei tudo o que puder fazer por você.” Essa mensagem permanecerá, mesmo quando todas as palavras ditas naquela hora tiverem sido esquecidas. DEIXAR QUE SINTAM O QUE SENTEM A segunda coisa que se pode fazer por alguém 28 que está envolvido pela dor e pela consternação da morte é deixar que sintam aquilo que estão sentindo. Ou seja, não tente dissuadi-lo de seus sentimentos e nem tente fazê-lo passar por cima deles. Muitas vezes nossos conselhos são para que a pessoa não expresse aquilo que sente. Isso geralmente acontece quando não pensamos nas necessidades do outro, mas somente nas nossas. É o fruto da nossa incapacidade de fazer frente aos sentimentos de aflição, do incômodo que nos causam as lágrimas e da nossa angústia frente à dor alheia. Pesquisas atuais no campo do sofrimento e da dor confirmaram o que a Bíblia já diz há séculos: “Alegrem-se com os que se alegram e chorem com os que choram” (Romanos 12.15). Deixe que a pessoa sinta e expresse tudo o que tem dentro de si: amargura, dor, medo, culpa, tristeza. Você não será prejudicado ao ouvir, e para a pessoa trará muito mais benefícios do que se pode imaginar. Não espere que as palavras e pensamentos de quem sofre sejam racionais e lógicos. Entenda que a pessoa pode mudar de um dia para o outro. As coisas que ela diz hoje num momento de raiva e confusão podem ser esquecidas amanhã, ou podem ser contrariadas. A dor tem sua própria lógica, que só pode ser compreendida com o tempo. OFERECER AJUDA EM COISAS PRÁTICAS Nos momentos de aflição pode-se cometer o erro de esquecer do bem-estar físico, como alimentarse bem, transporte e o pagamento de contas, por exemplo. Essas coisas simples podem tornar-se uma carga para quem está sofrendo. Pequenas 29 tarefas tornam-se tediosas, difíceis de cumprir. Mas, alguém tem que fazê-las. Preparar a roupa para o enterro ou avisar os parentes são tarefas necessárias e a ajuda é bem-vinda em momentos como esse. Se a pessoa não consegue dizer quais são as coisas de que necessita, e não é capaz de pedir ajuda, pergunte diretamente: “Você quer que eu cuide das crianças?” ou “Posso atender ao telefone?” Às vezes são coisas óbvias, em que se pode ajudar. E quem está debilitado e desgastado pela dor com certeza irá agradecer. O sofrimento, normal pela perda de um ente querido, é um processo de cura, difícil e lento, que geralmente não precisa de ajuda especial. Quem cuida de si mesmo, com o tempo se recupera e acaba sarando por completo. Em alguns casos as pessoas se negam a receber ajuda e persistem em um estado de sofrimento e fadiga. Nesses casos é preciso cuidar para que a pessoa possa transformar sua reação anormal de tristeza em uma reação normal. Para isso é necessário passar novamente pelo processo do luto, a fim de libertar-se da dependência da pessoa que morreu. Para se conseguir isso, pode ser útil a discussão em detalhes da relação com a pessoa falecida. Pode-se, também, estimular a expressão dos sentimentos e enfrentar, gentil e delicadamente, alguns dos pensamentos irracionais que possam haver se manifestado desde a morte do ente querido. Os conhecimentos e a perícia de um conselheiro especializado, como um psiquiatra ou psicólogo, podem ser necessários para vencer a obsessão e os bloqueios. Lembre também que o Espírito Santo 30 pode remover cicatrizes; que mediante a oração e uma conversa sobre as lembranças, pode-se pedir a Jesus que sonde os lugares mais obscuros da nossa vida e apague as memórias perturbadoras e penosas do passado. O QUE FAZER DEPOIS DA MORTE? Em um certo sentido, a causa do sofrimento pode ser declarada com simplicidade: Quem sofre, perdeu alguém e está enfrentando a tarefa desgastante e lenta de reajustar-se. Essa tarefa que se segue após a morte de alguém querido, envolve três elementos: · Romper os laços que nos uniam à pessoa falecida; · Reajustar-se a um ambiente do qual a pessoa falecida não mais faz parte; · Criar novos relacionamentos. Este ajuste pode ser um trabalho duro, longo e penoso. Trata-se de pensar e sentir de novo, trabalhar outra vez as mesmas situações já passadas, as mesmas emoções; passando através da negação e incredulidade com relação à morte. É uma avaliação do passado, vendo cada pensamento, cada experiência íntima com a pessoa recém falecida. É observar tudo o que aconteceu desde determinado ponto da vida, até que o passado, da mesma forma que o morto, esteja finalmente pronto para ser enterrado. Dessa situação emerge uma pessoa inteiramente nova, com novas atitudes, novos conceitos, novos valores e uma nova forma de apreciar a vida. Lembre-se de que a tristeza nem sempre é boa. É possível distinguir a tristeza normal da tristeza 31 doentia, patológica. A tristeza normal envolve um intenso sofrimento, dor, saudade, ira, depressão, sintomas físicos e mudanças nas relações interpessoais, que podem durar até cerca de três anos ou mais. Também existe negação, fantasia, inquietude, desorganização, irritabilidade, desejo de falar muito sobre quem morreu. Pode-se, inclusive, adotar costumes da pessoa falecida e acreditar que a vida já não mais tem significado. Em vista da maneira peculiar com que sofrem os seres humanos, é difícil definir quando uma reação de tristeza normal está se tornando doentia. A tristeza normal não é complicada. Trata-se de um processo que segue um curso natural e esperado, e leva à restauração do bem-estar mental e físico. Algumas vezes, no entanto, o sofrimento é patológico. É intenso, demorado e prolongado. Às vezes resulta numa escravidão à pessoa que faleceu, o que impede que se enfrente adequadamente a vida. A pessoa não pôde expressar sua tristeza, preferiu dedicar-se a outras atividades, desanimou, sentiu culpa e fechou-se em si mesma, buscando uma solução no álcool ou nas drogas. Tais pessoas parecem incapazes de desligar-se do falecido. Geralmente, a pessoa afligida necessita de certas coisas que possam ajudá-la a sentir-se melhor. Por exemplo: Lugares seguros: Tem necessidade de estar em seu próprio lugar. Algumas pessoas preferem abandonar o lugar onde viviam, porque este traz lembranças da pessoa falecida. Mas, entregar uma casa e mudar cria uma perda ainda maior. Uma mudança temporária pode fazer bem, mas viver no ambiente conhecido é mais proveitoso. Gente de confiança: Os amigos, os familiares e pessoas conhecidas de uma igreja, por exemplo, 32 são necessários para dar apoio emocional à pessoa. É melhor visitar a pessoa aflita quatro vezes por semana por dez minutos, do que uma só vez por uma hora inteira. Isso proporciona um apoio mais contínuo sem chegar a ser desgastante. Situações seguras: Qualquer tipo de situação segura que permita à pessoa ser útil novamente é de grande ajuda. Lembre que tais situações não devem ser complicadas. Observar os exemplos de outros: A dor tornase mais suportável quando quem sofre começa a perceber o seguinte: · Esse caminho já foi percorrido por muitas outras pessoas; · O que aconteceu não foi um castigo; · Deus está disposto a nos consolar; · Não é bom fechar-se na dor; · Não é bom enganar a si próprio acreditando ser forte; · O sofrimento, bem resolvido, ajuda a crescer e a desenvolver-se. Salmo 121 Olho para os montes e pergunto: “De onde virá o meu socorro?” O meu socorro vem do SENHOR Deus, que fez o céu e a terra. Ele, o seu protetor, está sempre alerta e não deixará que você caia. O protetor do povo de Israel nunca dorme, nem cochila. O SENHOR guardará você; ele está sempre ao seu lado para protegê-lo. O sol não lhe fará mal de dia, nem a lua, de noite. O SENHOR guardará você de todo perigo; ele protegerá a sua vida. Ele o guardará quando você for e quando voltar, agora e sempre. 33 6 VIVER UMA VIDA NOVA ANTES DA MORTE É aconselhável que a preparação para a própria morte ou para o falecimento de um ente querido comece muito antes de a morte se aproximar. Esta preparação pode incluir: Desenvolver atitudes saudáveis: Quando os pais são abertos e sinceros com relação à morte, os filhos aprendem que esta é uma questão que deve ser enfrentada com sinceridade e discutida com franqueza. As ideias erradas podem, então, corrigir-se, e existe uma oportunidade natural para responder às perguntas que surgirem. Quando as pessoas têm uma enfermidade fatal, a família e os amigos geralmente fingem que tudo está bem e ninguém fala da despedida. Quando os pacientes e suas famílias podem falar sobre as possibilidades da morte iminente e ser sinceros em relação à sua tristeza, o luto é mais fácil de se enfrentar. Esta sinceridade, segundo se descobriu, também é importante ao se falar com crianças que enfrentam a morte. Desenvolver relações familiares sinceras: A tristeza pela morte de um familiar pode complicarse quando existe culpa, ira, amargura e outras questões não expressas ou resolvidas antes da morte. Isso pode ser evitado, e dessa forma diminuir a tristeza do pós-morte, se os membros da família aprendem a expressar e discutir seus sentimentos e frustrações; a perdoar e aceitar o perdão; a expressar amor e respeito; a desenvolver uma interdependência sábia que evite a manipulação ou a dependência nas relações. Construir 34 famílias melhores é um modo importante de evitar o luto doentio. Ter bons amigos: O luto é mais difícil quando não há uma rede de amigos que possam dar apoio íntimo nos momentos de tristeza. Cada um de nós precisa ter um grupo de relações de bom nível, em vez de depender exclusivamente de uma ou duas pessoas. A igreja é o melhor exemplo de uma comunidade formada por amizades fortes, que demonstram aceitação, compreensão e consolo. Depois da família, a igreja pode ser o primeiro ponto de apoio nos momentos de luto. Se uma pessoa participa de uma igreja antes de sofrer a perda, o apoio comunitário que receberá, por conhecimento e compreensão, será mais significativo durante todo o processo do luto. Desenvolver atividades: As pessoas envolvidas em diversas atividades possuem interesses significativos que os ajudam a suavizar a dor pela morte de alguém. Mas, envolver-se em muitas atividades pode se tornar perigoso quando isso for utilizado para fugir da realidade ou da solução de determinados problemas. Saber resolver os problemas comuns da vida: Geralmente, as pessoas que aprendem a tratar suas pequenas crises com êxito enfrentam o luto também de uma maneira positiva. Essas pessoas aprendem a expressar livremente suas emoções e suas frustrações. Aprendem também a admitir e discutir suas confusões e problemas. Conhecer e respeitar a morte: A educação para a morte é algo relativamente novo. Em escolas, igrejas e outros lugares, as pessoas estão aprendendo a falar sobre a morte. Começa-se a 35 discutir questões como a forma que os doentes terminais enfrentam a morte e como as pessoas mostram sua tristeza nessas ocasiões. Não é fácil falar da própria morte, do funeral, da sepultura e de uma vida futura. Mas é mais fácil considerar essas questões quando todos os envolvidos ainda estão com saúde e, supostamente, nem pensariam em falar sobre isso. Ter uma fé firme: Depois do funeral, de nada serve falar sobre a esperança de uma vida eterna com Deus e sobre céu e inferno. A Bíblia diz muitas coisas sobre a morte, o significado da vida, a realidade da promessa de vida eterna com Cristo para os crentes e a dor da separação. Essas verdades devem ser ensinadas e compreendidas antes de ocorrer a morte. São um verdadeiro consolo, e serão especialmente assimiladas na hora do luto. Aprender a viver com Deus: Aprender sobre a melhor maneira de morrer consiste na preocupação verdadeira sobre como viver com Deus. Encarando a morte com calma e confiança podemos aprender a viver de uma maneira vencedora. Com a esperança da ressurreição e da vida eterna nossa vida pode tornar-se mais calma, e adquire um brilho especial. Para isso, é necessário: · Não apegar-se com tanta firmeza às coisas que não duram para sempre. Os cuidados, o egoísmo, a quase idolatria com os filhos, a busca pelo dinheiro, são coisas que não podemos levar conosco. É bom enfrentar a morte podendo ter compreendido essa verdade. Se amamos as coisas que morrem, morreremos com elas também. Se vivemos para as coisas que têm importância eterna, viveremos com elas eternamente. A vida eterna é uma presente livre, completo, que pode começar agora. 36 · Encarar a morte de frente. Procurar conhecê-la como realmente é. Então, começaremos a viver a vida eterna. Dessa forma saberemos que um dia vamos morrer, mas confiamos em Cristo. A vida aqui e agora entrará em foco. É como uma criança para a qual damos uma bola e lhe dizemos que será a única bola que ela terá. A criança ficará aterrorizada, e viverá com medo de perder essa bola. Uma outra criança para a qual dizemos que há uma bola melhor do que essa esperando por ela, não ficará em pânico, com medo de perder a primeira. Assim acontece com a pessoa que vive reduzida somente a esse mundo. Ainda que aproveitando bem a sua vida, estará sempre sob o medo de perdê-la e chegar ao fim. A sombra da morte irá acompanhá-la durante toda a sua vida. Mas aquele que acredita em Cristo e na vida eterna após a morte, tem a vantagem de ser feliz nesse mundo e no outro que o aguarda. Para ele, a vida é uma marcha firme na direção da vida eterna com Deus. QUANDO A MORTE CHEGA As horas e dias que se seguem à morte podem ter grande influência sobre o modo como se encara o luto. Não é fácil anunciar a morte. Por esta razão, os médicos, policiais e outros profissionais que lidam com ela sempre realizam essa dolorida tarefa o mais rápido e explicitamente possível. É aconselhável dar a notícia com delicadeza, de maneira gradual e, se possível, em um lugar com privacidade suficiente para permitir a livre expressão dos sentimentos e das emoções. É preciso dar tempo para a pessoa reagir, fazer perguntas e cercar-se de dois ou três amigos, a fim de proporcionar-lhe apoio. 37 Algumas pessoas enfrentam sua tristeza sem a companhia de outros que possam dar-lhe apoio e ajuda imediata em suas decisões. Isso torna o luto mais difícil. Em muitas sociedades é comum que um Ministro da igreja esteja próximo do enlutado nos primeiros momentos, que podem ser melhor atravessados se os amigos e membros da igreja proporcionarem apoio adicional. Isso é de essencial importância quando as circunstâncias da morte são pouco comuns ou em caso de morte violenta, como o suicídio ou assassinato. Nesses casos, o luto pode se mesclar com sentimentos de vergonha ou de medo de uma rejeição social. Deve-se lembrar que os rituais fúnebres servem para ajudar os parentes a aceitar a realidade da morte, e para tornar possível o apoio dos amigos. Os funerais devem desenvolver um equilíbrio entre o reconhecimento realista da tristeza e a alegria sincera por saber que os crentes em Cristo deixam o seu corpo para viver a vida eterna com Deus. Um funeral cuidadosamente planejado facilita o processo do luto e ajuda a impedir uma tristeza doentia. João 11.25-26 Então Jesus afirmou: —Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim nunca morrerá. Você acredita nisso? 38 CONCLUSÃO A morte, o luto e a tristeza são uma experiência universal. Os que conseguem atravessá-los, descobrem que passaram por um processo penoso de refinamento. Para tirar proveito de sua influência, devemos aceitá-los com sinceridade e passar por eles com ajuda de nossos amigos e, principalmente, de Deus. Uma coisa é certa: Quando um ente querido é chamado e temos que continuar a caminhada sozinhos, é um golpe muito duro. Mas de nada serve ficar acusando a si mesmo e condenandose diariamente. As coisas poderiam ser piores se, talvez, tivéssemos feito tudo diferente da maneira que, hoje, acreditamos que pudesse ser a melhor. É preciso colocar o passado, tudo o que foi bom ou malfeito e tudo o que poderia ter sido, nas mãos de Deus e, então, retomar a nossa caminhada. ORAÇÕES Bondoso e amado Deus, te agradecemos pelo dom da vida. Ensina-me a contar os nossos dias para que alcancemos sabedoria e sejamos salvos pela fé em Jesus Cristo. A morte me dá medo, mas sei que tu estás comigo. Dá-me paz e certeza de que nada acontece sem a tua permissão. Em nome de Jesus. Amém. Por uma pessoa em estado de agonia: Eterno Deus, em tuas mãos estão a vida e a morte. Pedimos tua misericórdia em favor de (nome da pessoa), cujo tempo de partida parece próximo. Para ti, nada é impossível, e ainda agora podes reerguer e prolongar os seus dias entre nós. Se assim for da tua vontade, faze o que for melhor, Senhor, para os 39 teus amados. Em teu nome o pedimos e colocamos em tuas mãos. Amém. No caso de morte de um ente querido: Ó Deus, Senhor da vida e da morte, que reduzes o homem ao pó. Agradecemos por todas as bênçãos que derramaste durante a vida de (nome da pessoa). Conforta os sobreviventes com o teu conforto soberano e anima-os com a doce esperança de um feliz reencontro no céu. Amém. BIBLIOGRAFIA: Todos os versículos desta edição estão baseados na Bíblia Nova Tradução na Linguagem de hoje - NTLH - da Sociedade Bíblica do Brasil. - Trobish, Ingrid. Aprendiendo a caminar en soledad. Ediciones Certeza – Abua. Buenos Aires. 1988. - Anderson, Colena N.. Gozo más Allá de la tristeza. Editorial La Aurora. Buenos Aires. 1975. - Jackson, Edgar N.. Cuando alguien muere. Editorial La Aurora. Buenos Aires. 1973. - Lutheran Laymen’s League. Como enfrentar a morte. Casa Publicadora Concórdia. Porto Alegre, 1962. - Collins, Gary R.. Aconselhamento Cristão, Vida Nova, São Paulo, 1985. - (Extracto de um artículo de David Albert. Revista “La Pura Verdad”, agosto de 1988). Clarín, 9 de abril de 1991, por Cristina Meyrialle, El miedo a la muerte. - Sociedade Bíblica do Brasil. Bíblia Nova Tradução na Linguagem de Hoje. 2000. - Meyer, F.B.. Paz, perfecta paz. Unilit. Miami. 1992. - Harrison, Everett F.. Diccionario de Teología. T.E.L.L. Jenison. 1988. - Douglas, J.D.. Nuevo Diccionario Bíblico. Ediciones Certeza. Buenos Aires. 1991. - Wright, Norman H. Al pasar el tiempo. Unilit. Miami. 1992. 40