CONT. DE BACTERIOSE - FACUAL

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CONT. DE BACTERIOSE - FACUAL
CONTROLE QUÍMICO DA BACTERIOSE (Xanthomonas axonopodis pv. malvacearum) DO
ALGODOEIRO - SAFRA 2002-2003
Fabiano Victor Siqueri – Engº. Agr. Pesquisador da área de
[email protected]
Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso – FUNDAÇÃO MT.
Proteção
de
Plantas.
RESUMO
Foi realizado um ensaio para avaliar a eficácia de alguns produtos no controle da mancha angular
do algodoeiro (Xanthomonas axonopodis pv. malvacearum) e a influência dos mesmos na produtividade. Os
resultados demonstram que não houve diferença significativa entre os produtos aplicados em nenhum dos
parâmetros avaliados (Severidade, número de capulhos viáveis/m, peso de 20 capulhos e produtividade).
Apenas o produto Kasumin na dose de 3,0 l/ha causou sintomas de fitotoxicidade nas parcelas tratadas, que
desapareceram cerca de 20 dias após a última aplicação.
SUMMARY
An trial was carried through to evaluate the effectiveness of some products in the control of the
angular spot of the cotton plant (Xanthomonas axonopodis pv. malvacearum) and the influence of the same
ones in the productivity. The results demonstrate that it did not have significant difference enters the applied
products in none of the evaluated parameters (Severity, number of viable open bolls/m, weight of 20 open
bolls and productivity). But the Kasumin (3,0 l/ha) caused symptoms of fitotoxicity in the treated parcels, that
had disappeared after about 20 days the last application.
INTRODUÇÃO
A Bacteriose, também denominada crestamento bacteriano ou mancha angular do algodoeiro
apresenta ocorrência generalizada nas áreas produtoras de algodão. Vem se observando nos últimos anos
um aumento na ocorrência desta doença, especialmente devido ao uso de sementes infectadas, de
variedades susceptíveis e do monocultivo (Julliatti & Polizel, 2003).
Ao longo dos últimos anos a ocorrência da bacteriose (Xam) vem aumentando no Estado do Mato
Grosso e isto é agravado pela variedade mais plantada ser susceptível a esta doença que ataca o algodoeiro.
A demanda por informações relativas ao controle químico visando esta moléstia, por parte dos produtores, é
muito grande. Com isso torna-se importante a geração de dados relativos a este assunto, através da
realização de experimentos com metodologia científica para a determinação da eficiência e a influência dos
produtos aplicados no seu controle na diminuição de perdas na produtividade.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foram utilizados 10 tratamentos, com o delineamento experimental de blocos casualizados contendo
4 repetições (Tabela 1). As parcelas foram constituídas por 4 linhas de 6 metros de comprimento espaçadas
de 0,90 m entre si, onde a área útil de cada parcela foi composta por 2 linhas centrais de 5 metros de
comprimento. Todas as práticas culturais empregadas na condução de cada ensaio foram as mesmas para
todos os tratamentos, exceto a aplicação de bactericidas.
Tabela 1 – Relação dos tratamentos com seu respectivo nome comercial, nome comum e a dosagem (kg ou l
produto comercial/ha), utilizados no ensaio de controle de bacteriose, safra 2002-2003. Faz.
Rancho Bravo, Pedra Preta-MT.
TRATAMENTOS
Nome Comum
Dose
(Kg ou l p.c./ha)
Timing*
---Kasugamicin
Kasugamicin
Oxicloreto de cobre
Kasugamicin + Oxicloreto de cobre
Mancozeb + Oxicloreto de cobre
Oxitetraciclina & sulf. Cobre
Terramicina
Terramicina
Oxitetraciclina & sulf. Cobre + terramicina
--2,0
3,0
2,0
2,0 + 2,0
3,0 + 2,0
1,5
0,5
1,0
0,5 + 0,5
-01
01
01
01
01
01
01
01
01
Nome Comercial
1-Testemunha
2-KASUMIN
3-KASUMIN
4-HOKKO CUPRA 500
5-KASUMIN + HOKKO CUPRA 500
6-MANZATE + HOKKO CUPRA 500
7-AGRIMAICIN 500
8-AGRIMICINA
9-AGRIMICINA
10-AGRIMAICIN 500 + AGRIMICINA
*Timing 01- 3 aplicações, espaçadas de 15 dias
Nos tratamentos foram realizadas 3 aplicações de cada produto (tratamento), intercaladas a cada 15
dias. Todas as aplicações foram iniciadas na mesma data e realizadas com equipamento de pulverização
costal de pressão constante (CO2) e vazão de 120 l/ha. A infecção com a bactéria Xanthomonas axonopodis
pv. malvacearum se deu naturalmente. O objetivo foi avaliar o efeito curativo dos produtos para bacteriose e
sua influência na diminuição de percas na produtividade.
A descrição do local (fazenda e município), cultivar utilizada, data de plantio, datas das aplicações dos
tratamentos e as condições climáticas no momento das aplicações do ensaio estão descritos na Tabela 2.
Tabela 2 – Descrição do local, cultivar utilizada, data de plantio, datas das aplicações e as condições
climáticas no momento das aplicações. Safra 2002-2003, Pedra Preta - MT.
Local
Fazenda/
Município
Rancho Bravo/
Pedra Preta
1
Cultivar
ITA 90
Data de
plantio
13/12/02
Condições climáticas
Data das aplicações
Horário
U.R.1
TEMP. 2
V.V. 3
% N4
15/01/03
15:00
68
29
2
80
29/01/03
11:10
72
26
3
60
17/02/03
9:30
74
26
2
100
Umidade relativa do ar (%); 2 Temperatura (ºC); 3 Velocidade do vento (Km/h); 4 Percentagem de nuvens.
As avaliações foram realizadas antes e aos 14, 31, 45 e 62 dias após a 1ª aplicação. Estas
avaliações foram baseadas em escala de notas observando-se a incidência e severidade dos sintomas nas
parcelas, conforme escala de notas descrita na Tabela 3.
Tabela 3 – Escala de notas de severidade de bacteriose utilizada no ensaio de controle de bacteriose. Faz.
Rancho bravo. Pedra Preta – MT. Safra 2002-2003.
Nota
Sintomas
1
planta sem sintomas;
2
planta apresentando até 5% de área foliar lesionada;
3
planta apresentando de 5 a 25% de área foliar lesionada;
4
planta apresentando de 25 a 50% de área foliar lesionada com rasgadura no limbo;
5
planta apresentando acima de 50% de área foliar lesionada, com rasgadura no limbo.
A colheita foi realizada na área útil de cada parcela, sendo a produtividade calculada a 11% de
umidade com a transformação para @/ha de algodão em caroço.
Foram realizadas avaliações, na fase de pré-colheita, contando-se o número de capulhos definidos
por metro em cada parcela e também a pesagem de 20 capulhos, coletados na 1ª posição (capulho mais
próximo do caule) da parte mediana da planta.
Os dados das avaliações e da produtividade foram submetidos a análise estatística e comparados
pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observa-se através da Tabela 4 que a infecção era uniforme entre as parcelas que iriam receber as
aplicações, como mostra a avaliação prévia, onde não havia diferença entre os tratamentos, com as notas de
severidade variando entre 1,38 (testemunha e tratamento 5) e 1,88 (tratamento 8). Os resultados mostram
que até os 14 dias após a primeira aplicação houve pequena evolução da doença, sendo que nenhum dos
tratamentos diferiu entre si e nem da testemunha, com os valores de severidade variando pouco, entre 1,50,
observada na testemunha e no tratamento 5, a 2,0, verificada no tratamento 9. Na avaliação de 30 DAT1,
também não foram observadas diferenças entre os tratamentos nem com relação à testemunha, que
encontrava-se com severidade igual a 2,50. Com a nota de 2,75, evidenciando uma baixa pressão da doença,
nenhum dos tratamentos diferiu dela também aos 45 DAT1, 14 dias após a última aplicação. Novamente, aos
62 DAT1, na última avaliação de severidade realizada, não foram verificadas diferenças significativas entre a
testemunha e os tratamentos avaliados, sendo que na testemunha e nos tratamentos 2, 5, 8, 9 e 10 a nota foi
de 2,50, nos tratamentos 2 e 6 a nota era 2,25, no número 4 de 2,38 e no de número 7 de 2,63.
Tabela 4 –
Notas de severidade de bacteriose, causada por Xanthomonas axonopodis pv. malvacearum,
comparado a testemunha, antes e aos 14, 31, 45 e 62 dias após a primeira aplicação de
bactericidas (DAT1) (variedade ITA-90). Safra 2002-2003. Pedra Preta-MT
Tratamentos
1-Testemunha
2-KASUMIN (2,0)
3-KASUMIN (3,0)
4-HOKKO CUPRA 500 (2,0)
5-KASUMIN + HOKKO CUPRA 500 (2,0+2,0)
6-MANZATE + HOKKO CUPRA 500 (3,0+2,0)
7-AGRIMAICIN 500 (1,5)
8-AGRIMICINA (0,5)
9-AGRIMICINA (1,0)
10-AGRIMAICIN 500 + AGRIMICINA (0,5+0,5)
CV (%)
* ns – não significativo a 5% de probabilidade
Notas de severidade**
31 DAT1
45DAT1
PRÉVIA
14 DAT1
1,38*
1,63
1,63
1,75
1,38
1,50
1,50
1,88
1,75
1,50
1,50*
1,75
1,63
1,88
1,50
1,75
1,63
1,63
2,00
1,75
2,50*
2,00
2,13
2,38
2,13
2,38
2,50
2,25
2,63
2,13
2,75*
2,75
2,50
2,38
2,50
2,25
2,63
2,63
2,38
2,75
19,6
13,4
14,6
11,7
62DAT1
2,50*
2,50
2,25
2,38
2,50
2,25
2,63
2,50
2,50
2,50
11,2
Através da Tabela 5, observa-se que os tratamentos também não diferiram da testemunha nem entre
si com relação ao número médio de capulhos/m, sendo que este variou de 76,5 na testemunha a 98,0 no
tratamento 4. Isto também ocorreu com o outro parâmetro avaliado, que foi o de peso médio de 20 capulhos,
em que os valores ficaram entre 116,6 g no tratamento 9 e 122,1 g verificado no tratamento de número 6.
Tabela 5 –
Número médio de capulhos por metro e peso de 20 capulhos (g) da 1ª posição médios dos
tratamentos, comparados a testemunha (variedade ITA-90). Safra 2002-2003. Pedra Preta-MT.
Tratamentos
1-Testemunha
2-KASUMIN (2,0)
3-KASUMIN (3,0)
4-HOKKO CUPRA 500 (2,0)
5-KASUMIN + HOKKO CUPRA 500 (2,0+2,0)
6-MANZATE + HOKKO CUPRA 500 (3,0+2,0)
7-AGRIMAICIN 500 (1,5)
8-AGRIMICINA (0,5)
9-AGRIMICINA (1,0)
10-AGRIMAICIN 500 + AGRIMICINA (0,5+0,5)
CV (%)
* ns – não significativo a 5% de probabilidade
Nº médio de capulhos/m
76,5*
83,0
87,8
98,0
90,5
85,3
77,8
84,8
86,8
85,3
18,4
Peso médio 20 capulhos(g)
120,6*
118,3
120,9
122,0
121,3
122,1
119,0
120,8
116,6
119,3
3,57
Analisando a Tabela 6, observa-se que apenas o tratamento 3 (produtividade de 322,2 @/ha)
produziu numericamente a menos que a testemunha, que atingiu o valor de 325,6 @/ha. Entre os demais,
apesar de incrementarem em produção, não diferiram estatisticamente dela. O incremento variou entre 3,0
@/ha (0,9%), propiciada pelo tratamento 8, a 25,3 @/ha (7,8%) do tratamento 6. A precisão do ensaio com
relação à produtividade foi considerada excelente, com o valor de 6,88% de coeficiente de variação,
conferindo segurança aos dados obtidos.
Tabela 6 – Produtividade (@/ha), diferença de produção (% e @/ha) em relação a testemunha da variedade
ITA-90. Safra 2002-2003. Pedra Preta-MT.
Tratamentos
Produtividade (@/ha)
1-Testemunha
2-KASUMIN (2,0)
3-KASUMIN (3,0)
4-HOKKO CUPRA 500 (2,0)
5-KASUMIN + HOKKO CUPRA 500 (2,0+2,0)
6-MANZATE + HOKKO CUPRA 500 (3,0+2,0)
7-AGRIMAICIN 500 (1,5)
8-AGRIMICINA (0,5)
9-AGRIMICINA (1,0)
10-AGRIMAICIN 500 + AGRIMICINA (0,5+0,5)
CV (%)
325,6*
343,0
322,2
334,8
340,7
350,9
330,0
328,6
331,7
334,4
Diferença (%)
100,0
105,3
98,9
102,8
104,6
107,8
101,3
100,9
101,9
102,7
6,88
-
Diferença (@/ha)
17,4
-3,5
9,1
15,0
25,3
4,4
3,0
6,0
8,8
-
*Não significativo a 5% de probabilidade.
CONCLUSÃO
•
Nenhum dos tratamentos utilizados propiciou redução significativa na severidade da doença nas
condições em que foi realizado o experimento;
•
Nenhum dos tratamentos utilizados propiciou diminuição de perdas significativa em termos de número
médio e peso de capulhos nas condições em que foi realizado o experimento;
•
Apesar de apenas o tratamento Kasumin a 3,0 l/ha não ter propiciado incremento em produtividade,
nenhum dos demais tratamentos propiciou incremento significativo nas condições em que foi realizado o
experimento;
•
Um só experimento em apenas um local é muito pouco para se extrairem conclusões definitivas sobre o
controle químico da bacteriose, devendo-se realizar mais trabalhos afim de se verificar a viabilidade desta
ferramenta de manejo da doença;
•
O tratamento Kasumin a 3,0 l/ha provocou sintomas de fitotoxidez às plantas tratadas que
desapareceram cerca de 20 dias após a última aplicação.
BIBLIOGRAFIA
JULIATTI, F.C.; POLIZEL, A. C. Manejo Integrado de Doenças na Cotonicultura Brasileira. UFU,
Uberlândia – MG. 2003 p. 47.

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