caracterização da assembléia de peixes quanto aos diferentes

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caracterização da assembléia de peixes quanto aos diferentes
CARACTERIZAÇÃO DA ASSEMBLÉIA DE PEIXES QUANTO AOS
DIFERENTES MESOHABITATS DE PREFERÊNCIA, NA PORÇÃO
PRESERVADA DO RIO UBATIBA, MARICÁ, RIO DE JANEIRO,
BRASIL
Santos, T.P. F. dos & Mazzoni, R.
Laboratório Ecologia de
[email protected]
peixes,
Universidade
do
Estado
do
Rio
de
Janeiro,
Palavras-chave: Riachos de Mata Atlântica
INTRODUÇÃO
Nos riachos costeiros de mata atlântica observamos uma heterogeneidade de habitats, composta
principalmente por remansos, rápidos e corredeiras. O estudo foi realizado na porção montante
do rio Ubatiba, Márica, Rio de Janeiro, Brasil (22ᵒ51.93’S e 42ᵒ44.90’W). Estudos tem
demonstrado uma alta relação entre as espécies e os mesohabitats, (SCHLOSSER 1982, MOYLE
& SENANAYAKE 1984, BISSON et al. 1988, WIKRAMANAYAKE & Moyle 1989, GREENBERG
1991, LOBB & ORTH 1991, POUILLY 1993). No trecho amostrado encontramos uma diversidade
de 12 espécies distribuídas em 8 famílias. O presente estudo visa caracterizar a distribuição da
assembleia de peixes nos diferentes mesohabitats de um trecho do rio Ubatiba, Maricá, Rio de
Janeiro, Brasil e considerando as distâncias e proximidades filogenéticas, acreditamos que
espécies próximas filogeneticamente, e semelhantes morfologicamente optem por mesohabitats
semelhantes.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foram caracterizados visualmente três mesohabitas distintos utilizados por peixes de riachos;
remansos, rápidos e corredeiras. Foram realizadas amostragens mensais num trecho de 150
metros no período entre novembro 2011 a janeiro 2012. Obtivemos 5 réplicas de cada
mesohabitats, os mesmos foram separados através de redes (malha 15mm) dispostas
transversalmente ao sentido do rio, os indivíduos foram coletados através de pesca elétrica
(MAZZONI et all 2000), contabilizados e devolvidos aos respectivos ambientes. Foram
encontrados 12 espécies distribuídas em 8 famílias. Posteriormente foram realizadas medidas de
batimetria (largura, profundidade, velocidade - com um medidor de fluxo digital,Global Water
FP101 - e frequência relativa de diferentes substratos, folhiço, areia, cascalho fino, cascalho
grosso e pedra). No Laboratório de Ecologia de Peixes foram calculadas as frequências relativas
de ocorrência, abundância, riqueza de margalef, nos três mesohabitats distintos, além de ter
sido aplicado uma análise de componentes principais (Pcord4) com os dados de batimetria.
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A análise de componentes principais corroborou a escolha das réplicas, separando visivelmente
os três mesohabitats distintos. Comparando os mesohabitats notamos grandes variações quanto
ao tipo de substrato, remansos, 55,13% de folhiço, rápidos, 25,53% de areia e corredeiras com
40,5% de pedras; fluxos médios de água de 0,04m/s nos remansos, 0,6m/s nos rápidos e
0,9m/s nas corredeiras. Os Cálculos de frequências relativas de ocorrência das espécies em cada
mesohabitat mostraram maiores frequências de Loricariidae e Heptapteridae em corredeiras e
rápidos, com exceção de Characidium sp. (Crenuchidae), já citados como característico desses
ambientes, FERREIRA REZENDE, Carla et al. (2010) e CASATTI & CASTRO (1998), enquanto
Characidae, Erythrinidae, Cichlidae, Gobiidae e Poeciliidae em remansos. Essas variações
podem ser explicadas através do fato de que Loricariidae, Heptapteridae e Crenuchidae são
famílias predominantemente bentônicas e epibentônicas, o que pode facilitar a sobrevivência
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
em ambiente lóticos através de uma economia energética devido à sua posição na coluna d’água,
contrapondo, as famílias de Characidae, Erythrinidae, Cichlidae e Poeciliidae, com excessão de
Gobiidae possuem hábitos predominantemente nectônicos, característicos de organismos
viventes em ambientes lênticos. Notamos que a abundância total é maior nos remansos (1030
indivíduos), isso pode ser explicado pelo fato deles ocuparem um volume maior que os rápidos e
corredeiras, além de abrigarem 47% dos P. caudimaculatus e .43% das P. reticulata, as duas
espécies mais abundantes nos 150 metros amostrados. Observou-se através do índice de
margalef diversidades de 4.16 nos rápidos, 3.95 nos remansos e 3.53 nas corredeiras, essa
diversidade pode ser explicada pelo fato dos rápidos serem ambientes intermediários,
facilitando a colonização de um maior numero de espécies.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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headwater stream. Ecol. Monogr. 59: 41-57.
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WIKRAMANAYAKE, E.D. & P.B. Moyle. 1989. Ecological structure of tropical fish assemblages
in wet zone streams of Sri Lanka. J. Zool. 218: 503-526.

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