O acordo ortográfico - Escola Secundária de Santa Maria
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O acordo ortográfico - Escola Secundária de Santa Maria
O acordo ortográfico Área de formação CLC – UFCD 3 Formadora Anabela Ovídio Formandas Fátima Conde Fátima Alves Myroslava Levko Ana Teresa Ferreira Celeste Monteiro 1 Introdução Nesta unidade 3 de CLC, um dos temas dado pela formadora Anabela Ovídio foi o Acordo Ortográfico, sobre o qual foi-nos solicitado um trabalho com base em quatro questões: 1-Importância dos esclarecimentos sobre o atual acordo ortográfico; 2-Necessidade de rever os saberes sobre o léxico; 3-Exercitar as novas ortografias; 4-A importância do português no mundo. Este trabalho foi realizado com base nas fichas formativas, no Power Point dados nas aulas e alguma pesquisa feita na internet. 2 Importância dos esclarecimentos sobre o atual acordo ortográfico; Segundo Manuel Mendes de Carvalho “ Quando a língua portuguesa começou a ser escrita, quem escrevia procurava representar foneticamente os sons da fala”1 , ou seja, quando se começou a escrever o português, tentava-se reproduzir os sons na escrita, mas esta representação não agradava. Não havia norma, várias letras produziam o mesmo som, por exemplo, o som i era representado por i por y e por h. Nos documentos antigos usava-se a grafia fonética que ao longo dos tempos foi perdendo a simplicidade devido à influência do Latim. Começaram a aparecer grafias como fecto (feito), regno (reino) entre outras. Esta influência acabou por ser levada ao extremo, com o aparecimento de consoantes duplas ph, ch th, rh, dando origem a palavras como, lythografia, typoia, lyrio. O que originou um retrocesso na escrita, tornando-a demasiado complicada. Este facto levou a que houvesse reacções de gramáticos para simplificar a ortografia. Duarte Nunes de Leão escreve “Ortografia da Língua Portuguesa”, assim como Álvaro Ferreira de Vera no seu livro “Ortografia ou arte de escrever certo na língua portuguesa” ou ainda D. Francisco Manuel de Melo na sua obra “Segundas três musas de Melodino”. Mais tarde, ( sec.XVIII) também Luís António Verney apresentou uma proposta para a simplificação da ortografia. No entanto, a quase totalidade dos escritos eram redigidos na ortografia mais complicada, principalmente a partir da publicação em 1734 da “Ortographia ou arte de escrever e pronunciar com acerto a língua portuguesa” de João de Morais Madureyra Feyjó. 1 Manuel Mendes de Carvalho,”Ortografias”,net 3 Garrett (sec.XIX) defendia a simplificação ortográfica e criticava a ausência de norma, assim como Castilho. No decorrer do século XIX caiu-se no extremo, qualquer pessoa, mesmo sem as habilitações necessárias fazia a simplificação da escrita, originando uma total desordem ortográfica. Cada um escrevia como lhe parecia melhor. Isto deu origem a que o governo, em 1910 nomeasse uma comissão para estabelecer a ortografia a usar nos documentos oficiais. A nova ortografia, consistia praticamente, na adoção do projeto de ortografia simplificada do foneticista Gonçalo Viana, que foi oficializada por portaria de 1 de setembro de 1911. Esta foi a primeira reforma em Portugal e modificou completamente o aspeto da língua escrita, que ficou muito próximo da atual. Foi uma mudança radical e sem qualquer acordo com o Brasil. Nesta reforma desapareceram muitas consoantes dobradas, th, ph, rh, mas deixou-se ficar algumas consoantes mudas (homem, directo, sciência). Foram também introduzidos muitos acentos. Durante anos a ortografia de Portugal e Brasil foi diferente. Em 1924, os dois países procuraram uma ortografia comum. Em 1931 houve um acordo em que se adotava a ortografia portuguesa. A grande reforma seguinte foi a de1945 que resultou do acordo ortográfico entre Portugal e Brasil e que deu origem à ortografia oficial utilizada até hoje em Portugal. No ano de 1971 houve um novo acordo entre os dois países, aproximando um pouco mais as duas ortografias. Em 1986 tentou-se um novo acordo com os países de língua portuguesa, onde se pretendia alterar apenas o indispensável para conseguir a quase unificação da ortografia da língua portuguesa, mas este acordo não foi adiante. Em 1990 houve nova tentativa, mas sem efeito e só em 2009 é feito o novo acordo ortográfico, que entrou em vigor em janeiro de 2009, mas até 2015 ainda se pode usar a grafia atual. 4 Este acordo vem simplificar vários aspetos da ortografia, mas a pronúncia e o uso das palavras mantêm-se inalteráveis. Existiam várias diferenças ortográficas nos oito países de língua oficial portuguesa, os chamados, PALOP. Este acordo além de simplificar a escrita, faz com que se escreva da mesma maneira em todos eles. Como no português, também noutras línguas houve reformas e acordos ortográficos. Destacamos o caso da Turquia, em que o presidente Mustafá Kemal Ataturk aboliu (1928) o alfabeto até então usado, o árabe, substituindo-o pelo latino, o que provocou muitos protestos. Os turcos tiveram que reaprender a ler. Necessidade de rever os saberes sobre o léxico “Há que evitar que a língua seja um processo de fragmentação e, pelo contrário, seja um processo de uniformização/expansão. Isto faz-se através de um trabalho conjunto, solidário com todos os utilizadores”.2 A língua deve contribuir para a união dos povos e não para o seu afastamento, por este motivo os acordos ortográficos tornam-se necessários, para que seja possível que todos os falantes da mesma língua a escrevam da mesma forma, garantindo assim uma maior harmonização ortográfica, fundamental para os 249 milhões que falam português. Assim sendo a língua portuguesa vê garantido o seu papel como meio de comunicação e difusão do conhecimentos. Mas, para a sabermos escrever corretamente é necessário compreender e interpretar as regras gramaticais, o que na nossa opinião, nem sempre é fácil. Muitas vezes, ao escrevermos frases, acabamos por não fazer a concordância gramatical. Torna-se ainda mais complicado, visto a língua portuguesa 2 José António Pinto Ribeiro (Ministro da Cultura 2009 5 ser muita complexa. Além disso há muitas palavras, que ao pronunciá-las têm um som diferente da forma como são escritas, por exemplo “exame”. Exercitar as novas ortografias Para exercitar a nova ortografia há que conhecê-la. Para isso é fundamental saber quais as alterações do novo acordo. Reconhecemos que não vai ser, de imediato, fácil escrever com o novo acordo e que só praticando muito a escrita poderemos começar a interiorizar as alterações. Até lá ainda iremos dar muitos erros, mas segundo um ditado popular, “é com os erros que se aprende”, por isso, acreditamos que para o próximo ano letivo já sejamos competentes no uso da nova ortografia. Dificuldades de cada elemento do grupo em relação ao novo acordo. Dificuldades da Teresa - Com este novo acordo ortográfico, ainda tenho muitas dificuldades, pois estou habituada e aprendi a escrever de uma maneira, agora com esta mudança tenho de me concentrar de novo nas regras, principalmente do hífen e também dos acentos. Dificuldades da Myroslava - Como aprendi o português há pouco tempo, acho que vou ter dificuldades em empregar corretamente o novo acordo. Mas creio que com a prática irei aprender e para mim a escrita será mais fácil. Dificuldades da Celeste - Na minha opinião, o acordo ortográfico vem facilitar a escrita de algumas palavras. Esta nova forma de escrever é mais fácil para as 6 crianças, que estão a iniciar a vida escolar. Para mim vai ser mais difícil porque estou habituada da forma como aprendi. Dificuldades da Fátima C – Sei que irei dar muitos erros porque não domino as alterações do novo acordo. Mas acredito, que com a prática, irei aprendê-las. As minhas maiores dúvidas recaem sobre a supressão ou o uso do hífen, assim como a supressão dos acentos. Dificuldades da Fátima A - Na minha opinião o novo acordo é positivo, porque facilita a escrita, mas ainda nos baralha, porque ainda temos dúvidas na forma como se escreve. Uma das minhas dificuldades, é saber quando usar as Maiúsculas e minúsculas segundo o acordo. O novo Acordo Ortográfico entrou em vigor em janeiro de 2009. Mas, até 2015, decorre um período de transição, durante o qual ainda se pode utilizar a grafia atual. Seguem-se as alterações do novo acordo. “Com o acordo, o abecedário passa a ter 26 letras, com a inclusão de "k", "y" e "w". A utilização dessas letras permanece restrita a palavras de origem estrangeira e seus derivados, como "kafka" e "kafkiano".3 A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U, V, W, X, Y, Z Por curiosidade assinalamos que as letras “k” “y” e”w” já fizeram parte do nosso abecedário, antes do acordo de 1911. 3 Professora Anabela Ovídio. Escola Secundária de Santa Maria - Sintra 10 -6 - 2011 7 Supressão de acentos “Em palavras graves com ditongos tónicos oi na penúltima sílaba: Exemplos: asteroide; boia, heroico; espermatozoide; jiboia; joia; paleozoico.”4 Nota: o acento continuará a ser usado em palavras agudas e monossílabas: herói, constrói, dói. Em formas verbais graves terminadas em -eem da 3.ª pessoa do plural do presente do indicativo ou do conjuntivo: Exemplos: creem; deem; descreem; leem; veem. “Em palavras graves homógrafas de palavras com vogal tónica aberta ou fechada: Exemplos: para (forma do verbo parar); pelo (forma do verbo pelar); pelo (pilosidade); polo (substantivo); pera e pero (substantivos). Nota: o acento circunflexo mantém-se nas formas pôde (3.ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo) que se diferencia da correspondente forma do presente do indicativo pode, e na forma verbal pôr, para assim a distinguir da preposição por. “5 Supressão do hífen “Na maior parte das locuções: Exemplos: cartão de visita; casca de noz; fim de semana. Em compostos em que se perdeu a noção de composição: Exemplos: mandachuva; paraquedas. Em compostos em que o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s, duplicando-se a consoante: autosserviço; Exemplos: antirreligioso; antirrugas; contrarregra; autorrádio; contrarrelógio; contrassenso; semirreta; ultrassónico. Em compostos em que o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente: Exemplos: autoestrada; extraescolar; intraósseo. 4 5 Idem Ibidem 8 Em compostos com o prefixo co-, mesmo quando o segundo elemento começa por o: Exemplos: coadministração; coautor; codireção; coobrigação; coocorrência; coorganizador; coprodutor. No verbo haver acompanhado da preposição de: Exemplos: hei de; hás de; há de; heis de; hão de.6” Supressão das consoantes mudas “Em sequências abstracionismo; consonânticas acionamento; -cc-: Exemplos: colecionador; confecionar; direcional; fracionar; lecionar; selecionar; transacionado. Em sequências consonânticas -cç-: Exemplos: ação; coleção; contração; correção; deteção; direção; distração; extração; fração; injeção; objeção; projeção; proteção; reação; seleção. Em sequências consonânticas -ct-: Exemplos: ativar; ator; atual; adjetivo; afeto; arquitetura; coletivo; correto; detetar; dialeto; direto; diretor; elétrico; espetáculo; exato; letivo; objetivo; objeto; projeto; refletir; teto. Em sequências consonânticas -pc-: Exemplos: anticoncecional; dececionante; excecional; percecionismo; rececionista. Em sequências consonânticas -pç-: Exemplos: aceção; adoção; deceção; interceção; receção. Em sequências consonânticas -pt-: Exemplos: Egito; adotar; batismo; ótimo; otimismo, perentório. Nota: a consoante mantém-se sempre que é articulada: faccioso, friccionar, perfeccionismo, convicção, ficção, fricção, sucção bactéria, compacto, convicto, facto, intelectual, invicta, lácteo, néctar, octógono, pacto, pictórico. capcioso, egípcio, núpcias, opcional, corrupção, erupção, interrupção, opção, adepto, apto, eucalipto, inepto, rapto.”7 6 7 Ibidem Ibidem 9 Uso do hífen “Em compostos que designam espécies botânicas ou zoológicas: Exemplos: abóbora-menina; andorinha-do-mar; bem-me-quer; cobra-capelo; couve-flor; ervilhade-cheiro; feijão-verde; formiga- branca. Em compostos em que o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa pela mesma vogal: Exemplos: anti-ibérico; contra-almirante; intra-arterial; micro-ondas; semi-interno. Em compostos com prefixos circum- e pan-, quando o segundo elemento começa por vogal, h, m ou n: Exemplos: circum-navegação; pan-africano. Em compostos com os prefixos hiper-, inter- e super-, quando o segundo elemento começa por r: Exemplos: hiper-realista; inter- racial; super-resistente.”8 Uso das Maiúsculas/minúsculas “Passam a escrever-se com minúscula os meses e estações do ano: Exemplos: janeiro; fevereiro; março; abril; maio; junho; julho; agosto; setembro; outubro; novembro; dezembro; primavera; verão; outono; inverno. Os pontos cardeais, colaterais e subcolaterais: Exemplos: norte; sul; este; oeste; nordeste; noroeste; sudeste; sueste; sudoeste; és-nordeste; nor-noroeste; oés-sudeste; su-sueste. Nota: mantém-se inicial maiúscula nas abreviaturas dos pontos cardeais e colaterais, bem como na designação de regiões com os mesmos nomes: Eu sou do Norte (de Portugal). Nas designações usadas para mencionar alguém cujo nome se desconhece e que são sinónimas de sujeito, pessoa, indivíduo: Exemplos: fulano; sicrano; beltrano.· 8 Ibidem 10 Uso facultativo de maiúscula ou minúscula 1 - Títulos de livros: A Ilustre Casa de Ramires ou A ilustre casa de Ramires. 2 - Formas de tratamento: Senhor Professor ou senhor professor. 3 - Nomes de domínio do saber: Português ou português. 4 - Logradouros públicos: Avenida da Liberdade ou avenida da liberdade” 9 A importância do português no mundo. “Com o acordo, os países de língua portuguesa terão uma identidade mais forte e a língua portuguesa sai fortalecida. Haverá maior circulação de livros entre os países lusófonos. Com uma tiragem maior, a expetativa é que o livro saia mais barato, o que vai contribuir para a diminuição do analfabetismo. A unificação vai reforçar a influência da língua portuguesa na comunidade internacional. A produção científica dos países lusófonos vai poder ser veiculada mais facilmente e criará um bloco mais coeso na política global.” 10 “O português é a 6ª Língua falada no Mundo, em: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e na R.A.E. de Macau. 249 milhões de nativos + 20 milhões como segunda língua = 269 milhões no total. Wikipédia 9 Ibidem Godofredo de Oliveira Neto, presidente da Colip (Comissão da Língua Portuguesa), órgão ligado ao MEC (Ministério da Educação) 10 11 O português é a 3ªlíngua mais falada no Ocidente (depois do espanhol e do inglês). O acordo tem a finalidade de abrir um espaço maior para a língua portuguesa, além de definir uma norma jurídica única para o português. Hoje, em organismos internacionais, como a ONU e a UNESCO, os textos oficiais já serão redigidos numa só versão. Desta forma ajudará na promoção e funcionalidade do uso da língua portuguesa nos fóruns internacionais e definirá uma norma e uma regra para o desenvolvimento de tradutores automáticos, dicionários e vocabulários acessíveis online na Internet. Wikipédia “11 “A língua portuguesa (língua extensa e de cultura) é pois uma das nossas maiores riquezas. Se recentemente, na sua última deslocação à Europa, o Primeiro-ministro chinês escolheu apenas 4 países e se um destes, foi precisamente, Portugal, tal não se deveu ao nosso peso económico, militar ou político numa Europa que cada vez mais nos renega e quer diminuir. Tal deveu-se ao facto de, graças à língua termos hoje no mundo uma influência que extravasa em muito a nossa presença económica, demográfica e política e que se deve essencialmente à existência no mundo de 249 milhões de luso falantes. Se a língua é o nosso “petróleo”, devemos portanto assumi-la enquanto prioridade estratégica nacional. Investir na sua promoção, desenvolvimento e ensino, um valor que corresponda à sua importância para a nossa identidade nacional (cada vez mais importante numa Europa plena de ambições assimiladoras e federalistas) e que nos permita ombrear, lado a lado, com essa grande potência lusófona que é o Brasil, na defesa e na promoção do português pelo mundo fora.”12 A língua portuguesa impõe ao mundo um peso diplomático, que de outra forma nunca teríamos. 11 12 Professora Anabela Ovídio Escola Secundária de Santa Maria – Sintra 15-6-2011 Categories: Lusofonia, Nova Águia, Portugal http://www.google.pt/imgres?imgurl=http://www.sindigrafms 12 Bibliografia: Manuel Mendes de Carvalho, ”Ortografias”,net José António Pinto Ribeiro (Ministro da Cultura 2009 Professora Anabela Ovídio. Escola Secundária de Santa Maria - Sintra 10 -6- 2011 Godofredo de Oliveira Neto, presidente da Colip (Comissão da Língua Portuguesa), órgão ligado ao MEC (Ministério da Educação) Categories: Lusofonia, Nova Águia, Portugal http://www.google.pt/imgres?imgurl=http://www.sindigrafms 13 Trabalho realizado por: Fátima Conde Fátima Alves Myroslava Ana Teresa Ferreira Celeste Monteiro 14
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