O que é o universalismo?

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O que é o universalismo?
O que é o universalismo?
por Mahajyoti Glassman
tradução: Henrique Monnerat Ekanath
Movamo-nos juntos,
Irradiemos um só pensamento,
Conheçamos nossas mentes juntos.
Compartilhemos fraternalmente nossos recursos,
como os sábios antigos,
Para, juntos, desfrutarmos o universo.
Rig Veda
Nós somos abençoados com uma gama de diversidade em nosso mundo. Muitas são as
capacidades físicas, mentais, emocionais, intelectuais e espirituais. Assim como as religiões,
gêneros, etnias, orientações sexuais, impostos, juros, famílias, educações, políticas e formas de
alimentação para ficarmos em poucos exemplos. Mas, ao invés de celebrar e desfrutar as
diferenças há muitos que estão determinados a criar sectarismo, divisão e desconfiança.
Talvez por conta da complexidade do universo físico as mentes se esforcem para ancorarse em opiniões, crenças, visões de mundo e predisposições. Nós enquanto humanos temos a
necessidade de definir nosso mundo e nosso lugar nele, assim nós podemos escolher como
iremos interagir e responder aos nossos muitos relacionamentos - com nós mesmos, com
nossos animais, plantas, relações minerais; com outros humanos, nosso meio-ambiente; e
enfim com o nosso Ser Cósmico.
Na realidade ainda que nos consideremos muitas vezes pessoas de mente aberta, nós
todos cultivamos vieses. Um viés não é nada mais que uma preferência, uma inclinação mental,
uma parcialidade. Eles não podem ser sempre percebidos como sendo negativos. Veja por
exemplo o caso do viés espiritual. P.R. Sarkar sugere que mesmo o viés espiritual pode ser
considerado excessivo no caso do aspirante espiritual que não só se aliena da sociedade como
também se exime da responsabilidade de prestar serviço aos outros. Cada indivíduo tem a
desgastante tarefa de manter o equilíbrio interno. Se um viés tona-se distorcido seja em
direção qual for corre-se o risco de se tornar preconceituoso. Como alguém pode determinar
que um viés está desequilibrado? Quando isso interfere no desenvolvimento adequado de si
mesmo ou dos outros levando à feridas causadas pelo pensamento, palavra ou ação.
O máximo desenvolvimento da sociedade será alcançado quando houver um
desenvolvimento equilibrado nas esferas física, mental e espiritual. P.R. Sarkar
Os estereótipos são generalizações baseadas em suposições. Elas se baseiam muitas
vezes em informações inexatas e opiniões pessoais, não na experiência e no fato. As
considerações de uma grande diversidade dentro de um grupo não são aparentes em
estereótipos causados pelo lugar, o tempo, a pessoa e suas inclinações espirituais
Todos esses -- inclinações, preconceitos e estereótipos - são aprendidos primariamente
com nossos pais e são reforçadas pela mídia, música, livros didáticos e propagandas.
Preconceitos parecem vicejar especialmente na ausência de experiências diretas. Eles podem se
tornar estereótipos enrijecidos baseados no medo, ignorância, hábito ou falta de exposição,
transformando-se em uma barreira ao seu modo teimosa que não pode ser dispersada mesmo
quando confrontada a uma lógica mais racional.
Nós limitamos as oportunidades para a expansão não só de nós mesmos, mas para a
comunidade mundial ao aderirmos ou ao não confrontarmos na sala de aula vieses negativos,
preconceitos e estereótipos. Enquanto a comunidade educacional tem exaltado um currículo
multicultural e não enviesado, o panorama pró-universalista é uma abordagem mais ampla que
merece sérias considerações. Pode não ser realmente possível ou aconselhável a eliminação
total do viés pessoal, mas antes é preciso procurar sincronizar nossos vieses e opiniões com o
intuito de nos direcionarmos para horizontes mais amplos com tolerância e mentes e corações
abertos.
Dharma significa os estados equilibrados de todos aspectos da vida humana. P. R. Sarkar
O viés na literatura
Dentre os mais recorrentes preconceitos e estereótipos que são questionados em todo o
mundo estão as questões raciais e de gênero, assim como a discriminação étnica. Ainda que
esta lista abaixo seja primariamente direcionada às opressões de gênero e raça, ela pode ser
expandida para incluir outro grupo alvo. Esse guia pode ser aplicado não só quando
escolhemos os livros que vamos ler, mas também quando estamos criando ou compartilhando
histórias, experiências e músicas na sala de aula. Ao repassar essa lista, faça-se as seguintes
perguntas:
•O que acontece com a autoestima de alguém quando os outros cumprem as tarefas mais
importantes e corajosas?
•O que acontece com a autoestima quando restrições são impostas ao comportamento de um
grupo específico?
Listagem para a detecção de visões parciais em livros, estórias, literatura e canções.
Ilustrações e desenvolvimento das personagens:
•Quais são as preferências? Meninos versus meninas. Tipos de corpos magros versus outros
tipos?
•Quem são os agentes ativos e quem são os observadores passivos?
•As façanhas das garotas e das mulheres são baseadas em suas próprias iniciativas e
inteligência ou são um resultado de sua aparência ou de suas ligações com os garotos/homens?
•Estão em papéis coadjuvantes pessoas negras, ou as de condição social mais baixa, ou as
mulheres ou estes são simples observadores.
•Quem possui o poder, assume a liderança e toma as decisões importantes?
•As minorias cumprem papéis passivos ou subservientes?
•As pessoas negras ou das classes sociais exploradas são retratadas em ambientes de
gueto/favela?
•Julgamentos negativos estão implícitos em personagens não-brancos ou não-dominantes?
•Ao interesse de quem um personagem em particular está servindo?
Escrita, enredo, parâmetros de êxito e realização
•Os participantes da história para serem aceitos e ganharem aprovação têm que ser
extraordinariamente excelentes ou realizarem uma alta meta tal como ser vencedor nos
esportes, o que recebe os A's na escola, os prêmios, etc.?
•Como o sucesso financeiro é representado?
•As cenas são retratadas em ambientes suburbanos de classe média?
•Como estão vestidos os personagens?
•Como são descritas as relações familiares? (Em famílias afro-americanas é a mãe sempre
dominante? Nas famílias latinas há sempre muitas crianças?)
•São as normas estabelecidas limitadoras de alguma aspiração e autoconceito da criança?
Resolução de Problemas
•Como são apresentados e resolvidos os problemas?
•São alguns tipos de pessoas "o problema?"
•As opressões são inviabilizadas ou inevitáveis?
•Devido a crise econômica e/ou ambiental, é preferível a aceitação passiva ou a resistência
ativa?
(Adaptado do livro "10 Quick Ways to Analyze Children's Books for Racism e Sexism" (10
rápidas maneiras de analisar Racismo e Machismo em livros infantis) do Conselho Interracial de
livros para crianças - Council on Interracial Books for Children.
Há algo que a educação neo-humanista não tem tolerância: qualquer coisa que impeça o
desenvolvimento completo da personalidade.
... nós não excluímos nada nem ninguém e tampouco o faremos no futuro, pois queremos
utilizar os serviços de todos. P. R. Sarkar.
Linguagem dinâmica
É preciso atenção com as palavras e a linguagem que utilizamos na sala de aula. Para
demonstrar a aceitação de todos os gêneros é necessário que os professores façam alguns
ajustes e alternem o uso de pronomes para que nenhum pronome em particular seja favorecido
em músicas, estórias e diálogos. Algumas palavras devem ser modificadas com reflexão.
Quando contemplamos todos os alunos incondicionalmente e somos inclusivos por
completo um elemento dinâmico desabrocha e segue crescendo. Quando o universalismo é
entusiasticamente abraçado, novas atitudes começam a despontar lançando as bases de
sustentação para a transformação pessoal promovendo a dignidade para a vida de todos. Um
novo senso de si mesmo e de comunidade é então encorajado e cultivado.
Cada indivíduo ou comunidade vai avançar em virtude de sua própria vitalidade interior e
assistir o coletivo preenchimento de sua inteira humanidade. P. R. Sarkar
Celebrando a Diversidade
Em algumas escolas pode-se observar a tendência a ser excessivamente cuidadoso com o
que entra na sala de aula afim de evitar que nenhum indivíduo ou família seja ofendido. Houve
um caso recente em que o Dia de Ação de Graças (Thanksgiving) não foi comemorado pelo
fato de ter sido originalmente uma peregrinação religiosa. Aniversários foram evitados devido
às possíveis ofensas a certos grupos religiosos que não o celebram. O Dia das Bruxas foi
omitido porque era originalmente praticado por pagãos ou era percebido como algo que
provocasse medo. E, claro, todo mundo nos Estados Unidos sabe que o dia de São Patrick e
São Valentino se devem a certos líderes religiosos... Uma por uma, cada causa de celebração
de unidade foi sendo banida.
O maior obstáculo ao progresso coletivo da raça humana é a ignorância da mente
individual. O conhecimento é para todos... Deve ser aberto livro como a luz e o ar do céu. P. R.
Sarkar.
No último dezembro na pré-escola Morning Star nós celebramos o Hanukkah, um feriado
Judeu de um milagre, comemorando a determinação da fé; O Natal, celebrando o nascimento
do líder espiritual do cristianismo; e o Kwanzaa, um feriado afro-americano em respeito à
herança de um segmento importantíssimo de nossa comunidade. Todas as nossas famílias
amaram a diversidade de celebração. Os alunos que cresceram nessas tradições demonstraram
um franco reconhecimento de nosso respeito por suas especificidades. Todo mundo na escola
tirou um grande proveito dessas experiências pois em cada grupo religioso ou étnico há
elementos universais que são inspiradores para todos podem ser encontrados.
A religião no sentido do Dharma, é a força unificadora na humanidade. P. R. Sarkar
O educador pode fazer significativas contribuições para a manutenção de um equilíbrio
individual saudável da autoestima ao reconhecer e respeitar as diferentes etnias na sala de
aula. As diferenças devem ser reconhecidas ao invés de silenciadas. Os professores podem criar
oportunidades que permitam as crianças apreciarem e reconhecerem sua própria etnia também
como as outras. Atividades como essas fortalecem a conexão e os laços entre educadores e
educandos.
A única causa da fraqueza interna da sociedade humana é a sua ignorância. P. R. Sarkar
Pro-Universalismo
Nos Estados Unidos há com frequência um grande orgulho nacional devido ao fato de
termos nos tornado um grande caldeirão de culturas de afiliações étnicas. No entanto, no
processo de americanização nós todos nos tornamos algo mais próximo a uma massa
homogeneizada. A maioria de nós não celebra as tradições e os costumes de nossos ancestrais
e muito menos falamos nossas línguas de origem. Na educação neo-humanista nós não
procuramos manter a metáfora do caldeirão de culturas, mas ao invés disso a metáfora de uma
salada onde as diferenças das individualidades dos variados ingredientes melhor contribuem
para o desfrute da experiência do que a mistura e a assimilação sintética em um caldo de uma
mono-cultura.
A diversidade é a lei da natureza; A uniformidade nunca vai ocorrer. P. R. Sarkar
Exercícios no Universalismo.
Enquanto educadores neo-humanistas que somos, devemos garantir que o ponto de vista
de todos seja levado e conta e que ninguém se sinta com menos valor. Diversidades são
respeitadas. Professores e alunos trabalham juntos para embarcarem em uma jornada de
celebração da diversidade, observando e reconhecendo as diferenças sem julgamentos. O quão
somos diferentes? Datas de nascimento, tipos de cabelo, a mão que escreve, respostas
emocionais em variadas situações, interesses, cores preferidas, habilidades, altura, atividades
esportistas... Essas oportunidades nos proporcionam o entendimento de quem nós somos na
verdade uma parte de muitos grupos e que o pertencimento a um grupo não nos explica nem
nos define quem somos nós em nossa totalidade.
A humanidade deve ser guiada para seguir o caminho da síntese e não o caminho da análise. P.
R. Sarkar.
Os professores facilitam interações positivas entre os estudantes quando observam e
notam nossas similaridades e diferenças, focando na unicidade e individualidade de toda
pessoa como um dom maravilhoso! Juntos nós olhamos e mudamos aquelas coisas que não
permitem as diferenças serem valorizadas.
Nós devemos descobrir a unidade no meio da diversidade multicolorida. P. R. Sarkar
A rememoração de eventos históricos específicos podem ajudam os estudantes a
sentirem a injustiça da discriminação - tais como as ações de Rosa Park que levaram ao fim da
segregação racial nos ônibus. Outras histórias e planos de aula podem ser formulados para
reforçar a bondade, a compaixão e o cuidado: 1) Todos dançam uma música. Quando ela parar
todos se dão um abraço de urso. 2) Lavar gentilmente a poeira que se acumula na folha da
planta em ambiente fechado. 3) Praticar como socorrer um amigo que se feriu no pátio. 4) Não
só cuidar de um bicho de estimação na escola como também aprender quando ele precisa de
alguma coisa. 5) Desenhar para outro aluno imagens que aumentem a autoestima. 6) Catar o
lixo da vizinhança que se acumula na Mãe Terra. 7) Formar pares de alunos para pintarem
juntos algo. 8) Fazer um desenho para um amigo com o seguinte título "Eu gosto de você
porque -------". 9) Guardar moedinhas para uma causa maior. 10) Ter tempo para sorrir, dar
risadas e se divertir juntos.
Auto realização
Para além de nossa identificação étnica existe o nosso ser emocional. Como nossos
alunos estão lidando com o medo e a ansiedade? Nós percebemos algum complexo de
inferioridade tão agudo a ponto de se manifestar enquanto complexo de superioridade? Há
derrotismo o perfeccionismo? Os complexos podem ser desafiadores de serem identificados e
acessados. Com frequência, quando há um déficit em uma área, a mente vai compensar de
maneira excessiva na direção oposta. "Eu sou o(a) mais bonito(a) aqui." "O meu desenho é o
mais legal da sala, não é?" "Eu sou mais forte que todos aqui." "Eu não posso"...A garantia de
uma rede de segurança emocional que substitua fraquezas e imperfeições com positividade e
alento está presente no Universalismo. Através do tratamento de nosso intelecto e intuição, o
professor neo-humanista busca entender cada educando, auxiliando-o a alçar seus sentimentos
e inseguranças em um equilíbrio maior.
Assim como o passarinho preso na gaiola desenvolve reumatismo em suas asas, a mente
humana devido aos constantes pensamentos negativos torna-se paralisada. P. R. Sarkar
Em nossas estratégias de empoeiramento para as crianças superarem seus complexos
e/ou tendências negativas, algumas habilidades simples de resolução de conflitos pode levá-los
longe. Ao invés dos professores sempre intervirem nos conflitos e disputas dos estudantes, nós
podemos dotá-los de "ferramentas" de apoio para serem auto-suficientes e independentes em
seus anseios. Nós podemos "armar um palco" para encenar as maneiras aceitáveis de reagir
quando alguém: 1) machuca seu amigo, 2) bate ou morde você, 3) está machucado, 4) diz que
o seu vestido não é tão bonito quanto o 'dela', 5) não compartilha com o outro, 6) xinga você,
7) fura a fila e fica na sua frente, 8) arrancha as folhas de um canteiro, 9) diz que é mais forte
que você, ou 10) diz "Eu não quero brincar com você". Há muitas técnicas disponíveis para se
construir algo baseado na coerência que possa lidar com comportamentos prejudiciais e
dolorosos fortalecendo a compaixão consigo mesmo e com os outros.
Cada mente humana não é nada mais do que a diversificada manifestação individual daquela
mesma indivisível Mente Cósmica. P. R. Sarkar
Diferenciações Psicológicas
Na sala de aula o professor distingue uma vasta diferença de personalidades assim como
de formas de aprendizagens. Alguns educandos fluem suavemente e sem esforço. Outros
parecem sempre trazer intriga e bagunça com uma crescente fome em consumir muito do
tempo e da energia do professor. Outros por sua vez se esforçam lentamente para dar o
próximo passo.
Cada indivíduo tem um método preferido de aprendizagem e de integrar informação. Por
exemplo, alguns são mais visuais, outros mais auditivos, táteis ou sinestésicos. O professor
mais efetivo é o que aplica todos os canais sensoriais da experiência no ensino com o objetivo
de maximizar a totalidade do potencial de cada criança. Volta e meia o professor ideal está
pesquisando e procurando expandir o conhecimento de um estudante para além das
dificuldades fisiológicas, psicológicas e emocionais que desafiam as situações de aprendizagem
e sociabilidade. Um rápido estudo de comunicação diversa e metodologias terapêuticas auxilia
no desenvolvimento de estratégias positivas que vão de encontro ao melhor da habilidade de
cada professor assegurando o progresso de cada aluno.
Você deve sempre estar alerta para que nem um único indivíduo de nosso corpo coletivo não
seja negligenciado ou ignorado em nada. P.R. Sarkar.
Universalismo no currículo e no meio ambiente.
Crianças pequenas são mestres na aguda observação científica. Por volta dos dois ou três
anos de idade eles já estão tomando notas e testando e confirmando com seus coleguinhas
opiniões, tendências, preconceitos e estereótipos. Quais passos um professor pode dar para pôr
em prática o universalismo na sala de aula? Com o objetivo de promover o espírito íntimo de
bem estar de felicidade e cuidado pela sociedade coletiva, é necessário examinar:
•Quais tipos de imagens temos em nossas paredes?
•Qual perspectiva é escutada? Qual é a silenciada?
•Como a cultura dominante e suas visões afetam nossos grupos não dominantes?
•Quais são as questões de poder e igualdade presentes?
•Quais unidades multiculturais são apresentadas?
•Quais tipos de festivais ou eventos são celebrados?
•Quis tipos de música são cantadas e tocadas?
Enquanto o interesse por si mesmo é um desenvolvimento natural, ele precisa ser
relativizado. A diversidade é para ser apresentada com sensibilidade, em uma abordagem sem
julgamentos e em pequenos pedaços sendo assim digerida com mais facilidade. Os professores
mostram através do exemplo que é possível honrar, validar e respeitar tradições diferentes das
que possuímos.
Imagens de revistas e jornais assim como os pôsteres afixados nas paredes podem
ajudar a fortalecer a autoestima. Algumas crianças precisam de uma imagem mais positiva de
si mesmas, pois tais imagens não são encontradas em seus lares e comunidades. Outras
precisam de uma imagem positiva das pessoas que lhe são diferentes.
O barato de brincar com materiais multiculturais como instrumentos musicais, cestos
artesanais, vestidos, bonecas, livros e músicas é que eles podem impulsionar os educandos a
ultrapassarem as barreiras do preconceito.
A influência do meio-ambiente possui um grande impacto na mente humana. P. R. Sarkar
Introspecção
Os professores que introduzem o universalismo na sala de aula devem estar sempre
praticando uma constante auto avaliação.
São as garotas que cuidam da louça e das roupas enquanto os rapazes levam o tijolo pra
fora nos trabalhos e tarefas de limpeza? Quais ansiedades ou medos que possuímos estamos
de maneira consciente ou inconsciente transmitindo para nossos alunos? Essas questões
permitem que o professor adote uma atitude mais humilde e experimental no que concerne à
exatidão de nossos julgamentos e opiniões pessoais. Mas para possuir uma perspectiva
verdadeira universal nós devemos ter consciência do que os africanos, asiáticos, latinoamericanos e os povos originários dessa terra dizem e pensam. Para isso é necessário estar
aberta(o) à escuta de outros pontos de vista.
Biocultura e redução do preconceito ou medo.
O quanto estamos levando o universalismo para os nossos arredores e, afinal, para a
comunidade que vive neste planeta? Por exemplo, o que você sente quando pensa em coelhos,
gatos, cervos, filhotinhos de animais, pombos e golfinhos? E agora o que sente quando pensa
em cobras, aranhas, lobos, baratas, abelhas, insetos e animais carnívoros, especialmente
quando eles estão comendo? Todos nós nos apoiamos em certas tendências e preconceitos
bioculturais. Uma das maneiras mais efetivas de derrubar qualquer preconceito violento
(especialmente aquele que está fundamentado no medo) é através da ampliação da base de
conhecimento. Nós podemos aprender tudo sobre um assunto através da expansão do contexto
informacional de cada um. Educadores e educandos devem analisar como cada ser interage
com os humanos, assim como outras plantas e espécies de animais, com uma ênfase particular
em suas contribuições para a sociedade mundial.
A real educação nos guia para um senso universal de amor e compaixão por toda a criação. P.
R. Sarkar
Sumário
As escolas neo-humanistas são o reflexo microscópico do que achamos como deve ser a
sociedade ideal. Qual é a figura mais importante nas vidas das crianças depois de seus pais? Os
professores.
É da responsabilidade do professor expor os educandos à versatilidade da criação. Ainda
que seja da natureza humana recorrer a preconceitos estereótipos quando encontramos
circunstâncias para além de nossas experiências. Ao introduzirmos constantemente novas
situações e informações nós estamos mostrando aos estudantes como substituir o medo das
diferenças e do desconhecido com habilidades e práticas de um pensamento progressista.
O ambiente psíquico é mais poderoso na vida humana que o ambiente físico. P. R. Sarkar.
Ao mesmo tempo estamos cultivando e elevando a pintura incompleta da comunidade
mundial que está emergindo na tela na visão da mente da criança, aprendendo a olhar as
coisas por um outro ponto de vista. Através desse processo o professor fomenta o cuidado e a
compaixão para o bem estar de todos.
Uma a humanidade inteira sob uma bandera. P.R. Sarkar
Permanecer ancorado no universalismo é uma jornada sem fim e uma luta implacável
cujos conflitos serão inevitáveis. A medida que continuamos a praticar o universalismo em
nossas vidas cotidianas e aprendemos a perceber as parcialidades, preconceitos e estereótipos
nós estamos abrindo as janelas para a diversidade, para um maior equilíbrio e integridade
pessoal. Cultivar uma perspectiva universal é fundamentalmente mudar a panorama de alguém
e estender igual respeito a todas as diferenças existentes em nossa família mundial. No esforço
contínuo do professor de transformar a sala de aula em um porto seguro em meio a hostilidade
do mundo, nós incentivamos e expandimos o entendimento do bem estar universal e
ensinamos a magnanimidade da mente. O vigor dos educandos pode ser fortalecido através da
ênfase em valores neo-humanistas e na construção dos pilares de seu relacionamento com o
Ser Cósmico, pois Ele é o ponto inicial.
Ele é o ponto inicial e Ele é o ponto final de todas as criaturas. Pois aí existe um laço
inerente de fraternidade entre os seres humanos, entre todas as criaturas vivas. Vocês todos
são aspirantes espirituais. Vocês todos são devotos. Vocês todos serão um com o Criador. P. R.
Sarkar.
Um resumo de passos para implementar o universalismo em uma sala de aula neohumanista.
•Organizar exposições multiculturais e diversificadas, materiais e currículos que proporcionem
uma reflexão que vá além da cultura local, biocultura, raça, língua e ecossistemas dominantes.
•Expor artesanatos, ferramentas e artefatos; desfrutar de instrumentos musicais, comidas,
roupas e artigos de outras culturas.
•Expandir as fronteiras do currículo dirigindo-se às questões dos diferentes contextos e das
alegrias da diversidade, incluindo a comemoração de feriados e eventos sociais que exaltem
muitos grupos culturais, raciais, étnicos e outros.
•Apresentar experiências sonoras (via apresentações ao vivo, cds, fitas, etc.) de várias culturas
e povos originários, línguas, músicas, canções assim como a diversidade sonora da vida
selvagem e os sons da natureza.
•Introduzir atividades e discussões na sala de aula onde as crianças possam conversar sobre os
gostos pessoais e as semelhanças/diferenças num ambiente acolhedor, sem julgamentos e
compassivo.
•Planejar uma exibição de imagens de homens, mulheres e crianças, dentro e fora de casa
realizando tarefas não estereotipadas, não tradicionais etc. Estar bem atento a nossas
interações e conversas com as crianças e assegurar a minimização de estereótipos de gênero
durante atividades e apresentações na sala de aula.
•Criar paneis com pessoas e suas diferenças; crianças de todas as idades, pessoas idosas; e
outros de vários contextos de trabalho e brincadeiras. Iniciar debates de sala de aula para a
observação das especificidades.
•Reforçar o respeito por todos os seres - forças da natureza, inanimadas, mineral, planta,
animal, humano, espírito.
•Resistir à tendência de discriminar qualquer animal, planta ou mineral por conta de seu
dharma ou tendência inata. Maximizar os conhecimentos e saberes existentes.
•Desenvolver e realizar atividades com crianças que questionem e tomem atitude frente às
injustiças cometidas não só contra a humanidade mas também contra a terra e suas variadas
espécies e biomas.
•Utilizar músicas, livros, danças, peças de teatro, estórias e linguagem cotidiana para melhor
estabelecer o universalismo dentro de nós mesmos e de nossas crianças.
•Não deixe escapar oportunidades para discutir tanto no plano individual quanto coletivo as
observações baseadas no preconceito e intolerância assim como as respostas apropriadas a
elas.
•Praticar exercícios de resolução de conflitos e as habilidades de comunicação tanto entre os
funcionários quanto entre os estudantes.
•Esforçar-se para continuamente reexaminar nossas certezas pessoais e atitudes, para reeducar
e aprofundar nosso entendimento acerca do universalismo no âmbito pessoal e coletivo.
•Empenhar-se em valorizar as perspectivas e pontos de vistas diferentes.
•Construir estratégias alternativas que contemplem os educandos com estilos de aprendizagem
e capacidades diferenciadas.
•Montar um plano para dar suporte aos educandos na conquista de um alicerce psicoemocional
mais forte, particularmente quando certos complexos e desequilíbrios se tornam evidentes.
•Desenvolver e implementar atividades de fortalecimento do caráter com ênfase no yama
niyama para os funcionários e os educandos.
•Interagir com as famílias das crianças de uma maneira autêntica, benevolente e respeitosa.
•Fortalecer a capacidade das crianças e da equipe escolar em buscar abrigo no Supremo e
lembrar nosso objetivo final.
A partir desse momento venturoso você deve fazer um voto para progredir individual e
coletivamente e construir uma nova sociedade no planeta Terra. Viemos para edificar uma nova
sociedade, construir e permanecer engajados em trabalhos coletivos durante nossa vida. Essa
seria a maior missão em nossas vidas. P. R. Sarkar.